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Fica evidente que a concepção de Berkhof contempla tanto a liberdade
do homem como também o fato dela ser limitada por leis impostas divinamente, e
nisto não vê incoerência, mas sim, duas realidades que caminham juntas. Ainda
mais, ele faz uma diferenciação de outros sistemas que procuraram uma espécie
de harmonização plena e irrestrita, como por exemplo os que seguem o conceito
de determinismo.
Outro ponto importante na concepção de Berkhof é a questão do
pecado original e sua relação com a liberdade humana, pois este é um ponto
decisivo em um dado momento para Agostinho. Berkhof não aceita a idéia de um
Livre-Arbítrio, no sentido de uma “vontade livre”. Contudo, como visto
anteriormente aceita a idéia da Livre Agência, sendo esta última entendida não de
modo irrestrito, mas sim limitado, já que em seu modo de ver a limitação não é
necessariamente o contrário de liberdade, antes parece ser um elemento
orientador desta.
No contexto da doutrina da incapacidade total do homem,
naturalmente surge a questão se, então, o pecado também
envolve a perda da liberdade, ou daquilo a que geralmente
chamam liberum arbitrium – livre arbítrio, vontade livre. Esta
questão deve ser respondida com discriminação pois colocada de
maneira geral, pode ser respondida negativa ou positivamente.
Em certo sentido, o homem perdeu a sua liberdade; noutro
sentido, não a perdeu. Há uma certa liberdade que é possessão
inalienável de um agente livre, a saber, a liberdade de escolher o
que lhe agrada, em pleno acordo com as disposições e
tendências predominantes da sua alma. O homem não perdeu
nenhuma das faculdades constitucionais necessárias para
constituí-lo um agente moral responsável. Ele ainda possui razão,
consciência e a liberdade de escolha. (...) Mas o homem perdeu
sua liberdade material, isto é, o poder racional de determinar o
procedimento, rumo ao bem supremo, que esteja em harmonia
com a constituição moral original de sua natureza. O homem tem,
por natureza, uma irresistível inclinação para o mal. Ele não é
capaz de compreender e de amar a excelência espiritual, de
procurar e realizar coisas espirituais, as coisas de Deus, que
pertencem à salvação. Esta posição, que é agostiniana e
calvinista, é peremptoriamente contraditada pelo pelagianismo e
pelo socinianismo e, em parte, também pelo semipelagianismo e
pelo arminianismo. O liberalismo modernista, que é
essencialmente pelagiano, julga a doutrina de que o homem
perdeu a capacidade de determinar sua vida em direção à real
justiça e santidade, altamente ofensiva, e se vangloria da
capacidade do homem, de escolher e fazer o que é reto e bom.
Por outro lado, a teologia dialética (o bartianismo) reafirma
vigorosamente a completa incapacidade do homem, de fazer