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Romania, isto é, do Império Bizantino. Por fim, o Emir a convence também a se
converter e a voltar ao Império com ele.
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A segunda parte do poema narra os feitos do próprio Digenis Akrites e é
conhecida como Digenisroman, pois se assemelha a um gênero literário que surgiu no
século XII e é conhecido como “Romances Bizantinos”.
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Contudo, a forma narrativa
que perpassa toda a trama ainda a liga à tradição épica. Observamos uma série de
características que diferem bastante da primeira parte. O ambiente é mais fantástico,
onde amazonas e dragões estão presentes.
Os feitos de Digenis Akrites iniciam-se na adolescência, quando, aos doze anos,
ele insiste em ir caçar feras selvagens. Apesar da resistência paterna, que dizia que ele
era pequeno demais para caçar, Digenis consegue a permissão. Ao ir caçar com seu pai
e tios, dá uma primeira mostra de sua excepcionalidade, Digenis mata uma grande
variedade de animais ferozes, como uma família de ursos e um leão. No caminho de
volta, passa pela casa de um general, onde conhece e se apaixona pela filha deste.
Chegando à sua casa, Digenis recolhe suas armas, um alaúde e seu cavalo para ir cantar
para sua amada e propor fuga. A moça avisa que o seu pai iria persegui-los e matar o
herói por tal ato, assim como havia feito com todos os pretendentes anteriores.
Entretanto, Digenis não se intimida, foge com ela e ainda gaba-se, ao pé da janela do
quarto dos pais da donzela, do fato de a estar raptando. O General os persegue com seus
filhos e tropas, mas é derrotado por Digenis, que exige se casar com a filha dele. O
General, impotente, concorda. Depois de se casarem numa grande festa, Digenis decide
ir morar com sua esposa nas fronteiras.
A vida de Digenis com sua consorte é dividida entre passar momentos
agradáveis e combater inimigos que querem a todo o momento tomar sua esposa:
dragões, leões, bandidos da fronteira e uma amazona, que quer também tomar a esposa
de Digenis para cedê-la aos bandidos de fronteiras, seus aliados. No entanto, o herói
derrota todos os seus oponentes e, com a amazona Máximo, Digenis Akrites pratica
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Dig. Akr. G. I-III & Dig. Akr. E. 1-608.
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Pontuamos aqui que, apesar da multiplicidade de significados que o conceito “romance” carrega, essa
palavra será utilizada nesse trabalho para nomear certo gênero literário, uma vez que se convencionou,
por toda a produção acadêmica que estuda esse grupo de obras, utilizar tal nomenclatura. Para maior
informação vide BEATON, Roderick. The Medieval Greek Romance: 2nd Edition. Londres:
Routledge.1996, KAZHDAN. A. P. & EPSTEIN, Ann Wharton. Change in Byzantine Culture in the
Eleventh and Twelfht Centuries. Berkeley: University of California Press. 1985. pp.201-204,
MACLISTER, Suzanne. Byzantine Developments. In: MORGAN, J. R & STONEMAN, Richard. (org).
Greek Fiction: the Greek Novel in Context. Londres e Nova Iorque: Routledge. 1994. pp. 275-287.