Download PDF
ads:
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
A ICTIOFAUNA DA SERRA DO JAPI (SP): BASES PARA
CONSERVAÇÃO
Ana Paula Pozzo Rios Rolla
Orientador: Katharina Eichbaum Esteves
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Aqüicultura e Pesca do Instituto
de Pesca APTA - SAA, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Setembro, 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
A ICTIOFAUNA DA SERRA DO JAPI (SP): BASES PARA
CONSERVAÇÃO
Ana Paula Pozzo Rios Rolla
Orientador: Katharina Eichbaum Esteves
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Aqüicultura e Pesca do Instituto
de Pesca APTA - SAA, como parte dos
requisitos para obtenção do titulo de Mestre em
Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Setembro, 2008
ads:
Aos meus pais, Mariete e Roberto, por todo
amor e carinho, por me ensinarem a lutar pelos meus
sonhos e a acreditar na possibilidade de conquistá-los.
Aos meus avós Eunice e Francisco (in memorian)
DEDICO EM ESPECIAL
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Elaborado pelo Núcleo de Informação e documentação. Instituto de Pesca, São Paulo
R749i Rolla, Ana Paula Pozzo Rios
A ictiofauna da Serra do Japi-SP : bases para conservação /
Ana Paula Pozzo Rios Rolla. – São Paulo, 2008.
viii, .117f. ; il. ; graf. ; tab.
Dissertação (Mestrado) apresentada ao programa de Pós-graduação
em Aqüicultura do Instituto de Pesca – APTA – Secretaria de
Agricultura e Abastecimento.
Orientadora: Katharina Eichbaum Esteves
1. Comunidade. 2. Peixes de riachos. 3. Alimentação.
4. Distribuição. 5. Mata Atlântica. I. Esteves, Katharina Eichbaum.
II. Título.
CDD 597
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram com
esse estudo, em especial:
À minha orientadora, Katharina E. Esteves, pela orientação, apoio, confiança e
dedicação a minha formação, pela paciência e por todos os ensinamentos
durante esse período de convivência.
À Dra. Luiza Ishikawa Ferreira pela participação na minha banca de
qualificação e pelas valiosas sugestões.
À Dra. Paula Maria Genova de Castro e Dra. Virginia Sanches Uieda por terem
feito parte da minha banca de dissertação trazendo valiosas sugestões e
críticas que enriqueceram muito meu trabalho
Ao professor Dr. Antônio Olinto Ávila-da-Silva do Instituto de Pesca de Santos,
pela orientação nas análises estatísticas e por me receber sempre que precisei
para tirar minhas dúvidas.
A todos os professores do curso de pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do
Instituto de Pesca pelos ensinamentos e convívio.
Ao Dr. Osvaldo Oyakawa do Museu de Zoologia da USP, pela ajuda na
identificação dos peixes.
Ao Sérgio Luiz da Silva e Natália Furlan, pelo auxílio no trabalho de campo.
À Claudia Eiko Yoshida, amiga e ex-professora, um exemplo de
profissionalismo e dedicação. Obrigada pela grande ajuda que sempre me deu
durante todo esse trabalho, por me socorrer em todos os momentos de sufoco
e pelas valiosas sugestões e críticas.
Aos meus amigos Mari, Ligia, Mel, Valéria, Felipe, Celso, Karla, Wilson, Beto e
Samantha, que fizeram desse mestrado momentos inesquecíveis e de muitas
risadas principalmente durante as disciplinas.
ii
À Mari e a Lígia que sempre me receberam em suas casas de braços abertos
todas as vezes que precisei. Adoro vcs!!!!
À Mel, grande amiga desde a graduação, uma pessoa muito especial e sempre
disposta a ajudar. Muito Obrigada por tudo!!!
Aos meus pais, que mesmo não entendendo muito bem por escolhi essa
profissão sempre me apoiaram, deixando muitas vezes de realizar seus sonhos
para que eu pudesse realizar os meus e principalmente por acreditar em mim
quando nem eu fui capaz. AMO MUITO VCS, MUITO OBRIGADA!!!!!
À minha avó, Eunice, que sempre me ajudou e me deu todo apoio para
realização de todos os meus sonhos. Muito obrigada por tudo!
Ao meu namorado Marcio por todos esses anos de convivência e pela
paciência que teve comigo principalmente neste momento finais da
dissertação. Amo você.
À minha prima Camila Iotte Donatti pela leitura do trabalho e pelas sugestões.
Ao Luis Envangelista do Santos, da Unidade Laboratorial de Referência em
Limnologia (ULRL), do Instituto de Pesca, pelas análises de água.
Ao Instituto de Pesca pelo apoio e condições oferecidas para realização desse
trabalho.
Ao IBAMA pela licença concedida.
Às prefeituras de Jundiaí e Cabreúva pelo fornecimento de mapas e
documentos para complementação desse trabalho.
iii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................1
Objetivos ............................................................................................ 6
1.2 Área de estudo .................................................................................. 7
1.2.1. Microbacia do Ribeirão Caguaçú ............................................ 9
1.2.2. Microbacia do Ribeirão Piraí ..................................................10
1.2.3. Microbacia do Rio Guapeva ...................................................10
1.2.4. Microbacia do Ribeirão Caxambú...........................................10
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................18
2.1 Coleta de dados ...............................................................................18
2.1.1. Características das estações de coleta ..................................18
2.1.2. Variáveis físicas e químicas da água .....................................19
2.1.3. Ictiofauna ................................................................................19
2.2. Análise de dados ............................................................................ 20
2.2.1. Estrutura da comunidade ..................................................... 20
2.2.2. Análises estatísticas.............................................................. 22
2.3. Análise da dieta e determinação dos grupos tróficos ..................... 23
3. RESULTADOS ....................................................................................... 27
3.1. Caracterização ambiental ............................................................... 27
3.2. Composição e estrutura da comunidade ........................................ 34
3.3. Relação entre os fatores abióticos e estrutura da comunidade ..... 51
3.4. Caracterização da dieta alimentar .................................................. 56
3.4.1. Variação sazonal da dieta .................................................... 58
3.4.2. Determinação dos grupos tróficos ........................................ 64
3.4.3. Relação entre as guildas tróficas e variáveis ambientais.......69
4. DISCUSSÃO .......................................................................................... 72
4.1. Características químicas da água .................................................. 72
4.2. Composição e estrutura da ictiofauna ............................................ 75
4.3. Dieta alimentar e variação sazonal ................................................ 84
4.4. Aspectos relacionados à conservação ........................................... 91
5. CONCLUSÕES ...................................................................................... 95
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 97
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Localização das estações de coleta na Serra do Japi (APA Jundiaí e
Cabreúva, SP), e sua inserção no Estado de São Paulo................................. 13
Figura 2a - Estações de coleta amostradas em riachos da Serra do Japi (APA
Jundiaí e Cabreúva, SP) em áreas mais preservadas. Códigos das estações de
acordo com Tabela 1........................................................................................ 14
Figura 2b - Estações de coleta amostradas em riachos da Serra do Japi (APA
Jundiaí e Cabreúva, SP) em locais antropizados. Códigos das estações de
acordo com Tabela 1........................................................................................ 15
Figura 3 - Mapa hidrográfico da Microbacia do Ribeirão Caguaçú (a) e
Microbacia do Ribeirão Piraí (b). Pontos em preto representam as estações de
coleta e em cinza, presença de represamentos .............................................. 16
Figura 4 - Mapa hidrográfico da Microbacia do Rio Guapeva (a) e Microbacia
do Ribeirão Caxambu (b). Pontos em preto representam as estações de coleta,
em cinza, presença de represamentos............................................................. 17
Figura 5 - Precipitação pluviométrica total mensal (mm) e temperatura média
do ar (°C) mensal no período de janeiro de 2007 a janeiro de 2008, para a
região de Jundiaí, SP (Dados obtidos no Centro Integrado de Informações
Agrometerológicas – CIIAGRO) ....................................................................... 27
Figura 6 - Variáveis físicas e químicas da água das 15 estações de coleta em
riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP), em 2007. Símbolo em
azul indica época chuvosa e em vermelho a época seca......................................
30
Figura 7 - Espécies coletadas em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e
Cabreúva, SP) no período de 2007 ................................................................. 37
Figura 8 - Percentual de espécies por Ordem, coletadas em 15 estações de
coleta na Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva , SP) para época chuvosa e
seca de 2007.................................................................................................... 41
Figura 9 - Percentual das espécies por Família coletadas em 15 estações de
coleta na Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) para as épocas chuvosa
e seca de 2007................................................................................................ 41
Figura 10. Curvas de K-dominância (valores do período chuvoso e seco) para
as 15 estações de coleta no período de 2007. (a) estações preservadas, (b)
estações antropizadas .................................................................................... 43
Figura 11. Dominância de Simpson (D), riqueza (R), diversidade de Shannon
(H’), equitabilidade (J’) e biomassa nas 15 estações de coleta em riachos da
v
Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP). Símbolos em azul indicam época
chuvosa e em vermelho a época seca............................................................. 48
Figura 12. Dendrograma de similaridade faunística entre as 15 estações de
coleta com dados de presença e ausência, utilizando distância de Bray-Curtis e
método de ligação de “Ward”, na época chuvosa (a) e seca (b)...................... 50
Figura 13. Diagrama de ordenação representado os dois primeiros eixos da
análise de Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS),
apresentando as estações de coleta na Serra do Japi na época chuvosa, as
variáveis ambientais e as espécies (em vermelho).......................................... 53
Figura 14. Diagrama de ordenação representado os dois primeiros eixos da
análise de Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS),
apresentando as estações de coleta na Serra do Japi na época seca, as
variáveis ambientais e as espécies (em vermelho).......................................... 54
Figura 15. Índice Alimentar (IAi %) de todos os itens consumidos pelas
espécies de peixes de riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP),
durante o período chuvoso (azul) e seco (branco) de 2007............................. 60
Figura 16. Dendrograma de similaridade baseado no IAi obtido para 22
espécies de peixes em riachos da Serra do Japi (APAs Jundiaí e Cabreúva,
SP). Linhas tracejadas indicam os grupos tróficos formados........................... 66
Figura 17. Escores para espécies de peixes (a) e seus itens alimentares (b)
nos eixos 1 e 2, derivados do Método de Escalonamento Multidimensional Não-
Métrico (NMDS).................................................................................................70
Figura 18. Biomassa dos diferentes grupos tróficos por estação de coleta em
2007 ................................................................................................................. 69
Figura 19. Diagrama de ordenação representando os dois primeiros eixos da
Análise de Correspondência Canônica (ACC) para os 15 trechos de riachos
amostrados, relacionando a biomassa dos grupos tróficos com as variáveis
ambientais ........................................................................................................ 71
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caracterização das 15 estações de coleta em riachos da Serra do
Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP).................................................................. 11
Tabela 2 Características físicas das 15 estações de coleta em riachos da
Serra do Japi (valores médios época chuvosa e seca) (APA Jundiaí e
Cabreúva, SP).................................................................................................. 33
Tabela 3 – Posição taxonômica das espécies de peixes coletadas em 15
estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP),
nas estações chuvosa (janeiro/fevereiro) e seca (junho) de 2007................... 36
Tabela 4 Abundância (n° de indivíduos) e biomassa total (g) das espécies
coletadas em 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí
e Cabreúva, SP) nas épocas chuvosa e seca de 2007. .................................. 44
Tabela 5 - Abundância (n° de indivíduos) e biomassa (g) das espécies
coletadas em 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí
e Cabreúva, SP) na época chuvosa de 2007................................................... 45
Tabela 6 - Abundância (n° de indivíduos) e biomassa (g) das espécies
coletadas em 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí
e Cabreúva, SP) na época seca de 2007 ....................................................... 46
Tabela 7- Análise de regressão múltipla realizada para as variáveis estudadas
durante a época chuvosa na Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) em
2007 ................................................................................................................. 55
Tabela 8- Análise de regressão múltipla realizada para as variáveis estudadas
durante a época seca na Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) em
2007 ................................................................................................................. 55
Tabela 9 - Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo
estomacal de 22 espécies de peixes de riachos da Serra do Japi pocas
chuvosa e seca) em 2007 ................................................................................ 57
Tabela 10 - Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo
estomacal de 22 espécies de peixes na época chuvosa em riachos da Serra do
Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) em 2007 .................................................. 63
Tabela 11 - Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo
estomacal de 22 espécies de peixes na época seca em riachos da Serra do
Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) em 2007 .................................................. 64
Tabela 12 - Resultado da Análise de Correspondência Canônica (ACC)
relacionando os grupos tróficos com as variáveis ambientais em riachos da
Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) em 2007.................................... 70
vii
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo estudar a estrutura e composição, bem
como caracterizar a estrutura trófica da comunidade peixes de riachos da Serra
do Japi, um remanescente de Mata Atlântica, localizado dentro das áreas de
Proteção Ambiental (APA) Jundiaí e Cabreúva (SP). Foram realizadas coletas
no período chuvoso (janeiro/fevereiro) e seco (junho) de 2007 em 15 estações
de coleta distribuídas pelas microbacias do Ribeirão Caguaçú, Caxambú, Piraí
e Rio Guapeva, utilizando-se um equipamento de pesca elétrica e avaliando-se
diferentes variáveis fisicas e químicas da água. Ao longo do período de estudo
foram coletadas 30 espécies, ocorrendo a predominância de Phalloceros spp,
Pareiorhina sp. e Geophagus brasiliensis. Através da análise de agrupamento
(“Cluster”), observou-se uma diferença na composição de espécies entre as
estações mais preservadas e aquelas sob maiores influências antrópicas,
durante o período chuvoso. A análise dos atributos ecológicos da comunidade
mostrou uma grande variação dos índices de riqueza, diversidade,
equitabilidade, dominância, densidade e biomassa nas diferentes estações de
coleta. Uma análise de Escalonamento Multidimensional Não-Métrico realizada
para épocas chuvosa e seca procurou estabelecer uma associação entre as
espécies, localidades e variáveis ambientais. Das 20 variáveis analisadas, a
distribuição das diferentes espécies foi explicada principalmente pelo nitrito,
fósforo total, nitrato, sólidos totais em suspensão, condutividade e temperatura.
Os grupos tróficos foram discriminados através de uma matriz de similaridade,
baseando-se em dados do Índice Alimentar (IAi). Os resultados mostraram a
formação de sete grupos com predomínio de espécies insetívoras e onívoras,
seguida pelas, detritívoras, piscívoras, herbívoras e onívoras com tendência a
carnivoria. Uma Análise de Correspondência Canônica, correlacionando a
biomassa dos grupos tróficos às variáveis ambientais, mostrou que as espécies
onívoras, insetívoras e onívoras com tendência a carnivoria mostraram uma
ampla distribuição na área de estudo, enquanto que as detritívoras, herbívoras
e piscívoras estiveram restritas a condições ambientais específicas, tais como
valores mais elevados de nitrogênio total, condutividade, temperatura. Embora
os resultados tenham indicado que alguns trechos estudados estejam
sujeitos a alterações físicas do habitat bem como da qualidade da água, em
decorrência das prováveis atividades antrópicas, a maioria das estações
analisadas ainda permanece relativamente preservada. Os resultados obtidos
sugerem a necessidade de se implementar medidas efetivas de manejo e
planos de conservação dos ambientes aquáticos da Serra do Japi, envolvendo
a comunidade local em planos de conservação e de educação ambiental.
Palavra chave: comunidade, peixes de riachos, alimentação, distribuição,
manejo
Abstract
This study aimed to investigate the structure and composition, and characterize
the trophic structure of the fish community of several streams of the Serra Japi,
an Atlantic Forest remnant located within the Environmental Protection Areas
(APA’s) of Jundiaí and Cabreúva, São Paulo State. Samples were collected in
the rainy (January / February) and dry season (June) of 2007 on 15 sites,
distributed through the Ribeirão Caguaçú, Caxambú, Piraí and Rio Guapeva
microbasins, using an electrofishing equipment and evaluating different
chemical and physical characteristics of the water. Over the period of study, 30
species were collected, occurring a predominance of Phalloceros spp,
Pareiorhina sp. and Geophagus brasiliensis. A cluster analysis indicated a
difference in species composition of more preserved and more impacted sites
during the rainy season. The analysis of the ecological attributes of the
community showed a large variation in richness, diversity, evenness,
dominance, density and biomass at the various collecting sites. A Nonmetric
Multidimensional Scaling (NMDS) analysis held for both seasons established an
association between species, localities and environmental variables. Of the 20
variables analyzed, the distribution of the different species was explained
mainly by nitrite, total phosphorus, nitrate, total suspended solids, temperature
and conductivity. The trophic groups were distinguished through a matrix of
similarity, based on data from the Food Index (IAi). The results showed the
formation of seven trophic groups with a predominance of insectivores and
omnivores, followed by detritivores, piscivores and herbivores and by omnivores
with a tendency to carnivory. A Canonical Correspondence Analysis,
correlating the biomass of trophic groups to environmental variables, showed
that omnivores, insectivores and omnivores with a tendency to carnivory
showed a wide distribution, while the detritivores, herbivores and piscivores
were restricted to specific sites, related to higher temperatures, total nitrogen
and conductivities. Results indicated that although some sites have suffered
physical and water quality changes as result of human activities, most of them
still remain relatively preserved. They also suggest the need to implement
effective measures and management plans for conservation of aquatic
environments of the Serra do Japi, involving the local community on
conservation and environmental education plans.
Keyword: community, stream fish, feeding, distribution, management
1. INTRODUÇÃO
Atualmente são conhecidas cerca de 25.000 espécies de peixes, das
quais 13.000 são encontradas em água doce, sendo que a grande maioria está
localizada na região Neotropical (WARD, 1998; CASTRO e MENEZES, 1998;
REIS, et al., 2003). Em termos de diversidade, BÖHLKE et al. (1978)
estimaram que o número final de espécies de água doce neotropicais chegaria
a 5.000. No entanto, no mais recente estudo sobre o número de espécies de
peixes dessa região, REIS et al. (2003) registraram a ocorrência de 4.475
espécies válidas e 1.550 ainda não descritas, totalizando 6.025 espécies.
A América do Sul contém a mais rica ictiofauna de água doce do mundo,
porém, a avaliação e compreensão dessa rica diversidade são negativamente
afetadas pelo conhecimento incompleto de sua ecologia, biologia e sistemática
(MENEZES, 1996). Somente no Brasil, registra-se a ocorrência de 2.587
espécies de peixes que ocorrem exclusivamente em ambientes de água doce,
sendo que deste total, 2.481 espécies foram descritas e 106 espécies ainda
estão em fase de descrição (BUCKUP et al., 2007).
O Estado de São Paulo abriga 30% das espécies de peixes conhecidas
do país, das quais 35% são pertencentes a ambientes de água doce. Das 6
ordens, 25 famílias e aproximadamente 261 espécies de peixes descritas no
Estado 92% pertencem à superordem Ostariophysi (CASTRO e MENEZES,
1998). Segundo esses mesmos autores, essa rica diversidade encontra-se
distribuída em grandes conjuntos de corpos d’água pertencentes às principais
bacias hidrográficas do país, e em pequenos cursos d’águas como ambientes
de riachos e cabeceiras.
As informações a respeito da ecologia de peixes de rios são
consideravelmente menores do que as disponíveis para as espécies marinhas.
Isso se deve, não somente ao maior valor comercial que estas últimas
apresentam, mas também devido às dificuldades envolvidas nas técnicas de
amostragem em rios (WHITTON, 1975). As informações o ainda mais
2
escassas quando se trata de estudos de comunidades e levantamentos de
peixes de riachos.
Os riachos, rios e outros ecossistemas aquáticos de Mata Atlântica,
abrigam uma fauna de peixes rica e diversificada que mantêm inter-relação
muito complexa entre seus membros e os componentes ambientais (MENEZES
et al., 1990). O traço mais marcante desta ictiofauna é o seu alto grau de
endemismo, resultante de um processo de evolução histórica das espécies em
uma área que se manteve geomorfologicamente isolada das outras áreas onde
se localizam as demais bacias hidrográficas brasileiras. Todavia a devastação
da floresta, hoje restrita a apenas 2 a 5% de sua extensão original, aliada à
degradação ambiental junto a grandes centros urbanos, reduziram em muito a
diversidade original. Em alguns casos localizados, é quase certo que algumas
espécies tenham desaparecido antes mesmo de se tornarem conhecidas
(MENEZES, 1994). Segundo este autor, ainda é necessário um investimento
muito grande de coletas, catalogação e identificação para o conhecimento da
composição taxonômica dos grupos de peixes de Mata Atlântica,
principalmente junto às cabeceiras de rios e riachos, sem o qual qualquer
tentativa para determinação da biodiversidade e conservação de peixes se
infrutífera.
Vários trabalhos têm abordado a biologia e ecologia da ictiofauna de
riachos de Mata Atlântica no sudeste do Brasil nas últimas cadas. SABINO e
CASTRO (1990), utilizando observações subaquáticas, estudaram a
distribuição espacial, o comportamento alimentar e dieta da comunidade de
peixes de um riacho de Mata Atlântica, na região de Ubatuba, Estado do São
Paulo. UIEDA (1995) estudou a composição e habitats da ictiofauna de um
riacho litorâneo, enfocando a distribuição espacial, hábito e dieta alimentar das
espécies de peixes ao longo de um gradiente longitudinal, partindo de um
trecho de cabeceira e explorando o trecho médio e a região de desembocadura
do rio no mar. GERHARD (1999) investigou quatro espécies de Heptapterinae
no rio Betari, bacia do Alto Ribeira, relacionando o comportamento, densidade
e distribuição espacial das espécies com o alto grau de heterogeneidade
ambiental do rio.
3
Outros estudos realizados mais recentemente, têm enfocado
principalmente a composição e a distribuição espacial e temporal das
comunidades de peixes em regiões de Mata Atlântica (BRAGA, 2004; BRAGA
e ANDRADE, 2005).
Riachos são corpos de água relativamente pequenos, com curso
moderado concentrado no canal durante a estação seca e com vazão ampliada
na estação chuvosa, sujeitos a enchentes que não perduram por muito tempo
(ARAÚJO-LIMA et al., 1995; CASATTI e CASTRO, 1998). Esses ambientes
caracterizam-se por apresentar uma grande heterogeneidade ambiental que
exerce efeitos sobre a distribuição e a diversidade das espécies, influenciando
os padrões de organização das comunidades de organismos aquáticos
(FLECKER, 1997; BARRETO e UIEDA, 1998; LUIZ et al., 1998; MATTHEWS,
1998).
O número de espécies contido em uma determinada área pode ser
influenciado por uma grande variedade de condições e mecanismos operando
a muitas escalas espaciais e temporais diferentes (PUSEY et al.,1998).
Segundo GROSSMAN et al. (1985), efeitos estocásticos tais como cheias e
secas de pequena escala podem determinar a composição de ictiocenoses de
riachos. Todavia, a maioria dos autores tem verificado que a estrutura física do
habitat é de fundamental importância na determinação tanto da abundância
quanto da composição da comunidade de peixes, seja representada pela
sucessão de habitats, seja pela estruturação interna de cada um deles
(GORMAN e KARR, 1978; ROSE e ECHELLE, 1981; FINGER, 1982;
LEVÊQUE, 1997). Aspectos importantes incluem a composição do substrato e
profundidade (ANGERMEIER e KARR, 1983; PUSEY et al., 1993),
disponibilidade de refúgios e velocidade da corrente (MEFFE e SHELDON,
1988), estruturação da cobertura vegetal (JONES III et al., 1999; BARRELLA,
et al., 2001), dentre outros.
Para SCHLOSSER (1990), três variáveis ambientais relacionadas
exercem grandes efeitos sobre as estratégias de vida e variações temporais na
4
estrutura da comunidade de peixes: a morfologia do canal, o regime de vazão e
os atributos físicos e químicos da água. Com relação à morfologia do canal, a
configuração e importância relativa dos poções influenciam a disponibilidade de
refúgios, tanto para as condições físicas adversas, como para a presença de
predadores. a variação no regime de vazão pode influenciar os peixes de
forma direta e indireta, através de alterações do habitat, ciclagem de nutrientes,
produção, disponibilidade alimentar, etc. Efeitos diretos incluem diminuição da
sobrevivência dos estágios jovens e efeitos letais de temperatura e oxigênio
sobre os adultos (LARIMORE et al., 1959; TRAMER, 1978).
A maioria dos estudos que visam relacionar os efeitos dos fatores
ambientais sobre as comunidades de peixes em rios e riachos tem sido
conduzidos principalmente em regiões temperadas (GORMAN e KARR, 1978;
POFF e ALLAN, 1995; MARTIN-SMITH, 1998; PIRES et al., 1999;
OBERDORFF et al., 2001). Dentre os estudos realizados em regiões tropicais
estão os trabalhos de ANGERMEIER e KARR (1983), MOYLE e
SENANAYAKE (1984), GALACATOS et al. (1996) e BOJSEN e BARRIGA
(2002).
No Brasil, alguns estudos enfocando essa relação vêm sendo
desenvolvidos, principalmente na região sudeste e sul. ABES e AGOSTNHO
(2001), estudando um pequeno tributário pertencente à bacia do Alto Rio
Paraná, procuraram elucidar a relação existente entre a distribuição espacial e
a estrutura da ictiocenoses com as características físicas e químicas desse
riacho. LANGEANI et al. (2005), compararam a diversidade, ocorrência, uso do
habitat e variação sazonal entre dois mesohabitats (poções e corredeiras) em
um importante tributário do Rio Tietê. No Estado de São Paulo, PINTO LOBO
(2006), procurou relacionar o efeito dos diferentes usos do solo sobre a
comunidade de peixes ao longo de um gradiente longitudinal no Rio Paraitinga.
Um outro parâmetro que reflete delicadas interações entre comunidade e
o ambiente, influenciando a manutenção das espécies em escala espacial e
temporal é a alimentação. A sobrevivência, crescimento e reprodução dos
5
peixes dependem da energia e nutrientes oriundos da atividade alimentar
(ZAVALLA-CAMIN, 1996).
HYSLOP (1980), WALSH e FITZGERALD (1984) e ZAVALA-CAMIN
(1996) discutem os diversos métodos de análise da dieta em peixes e suas
aplicações. ROSS (1986), revisando a literatura sobre o uso de recursos em
comunidades de peixes marinhos e de água doce, verificou que o alimento foi o
fator mais importante na segregação das espécies no ambiente, seguido pela
distribuição espacial e temporal.
Estudos sobre alimentação de peixes de riachos versam principalmente
sobre a estrutura trófica de assembléias e partilha de recursos entre
determinadas espécies dentro de um mesmo local (UIEDA et al., 1997;
ARANHA et al., 1998; HAHN et al., 2004; MOTTA e UIEDA, 2005; ESTEVES et
al., 2007), sobre a dieta das espécies (BUCK, 2000; VILELLA et al., 2002;
LAMPERT et al., 2003), bem como sobre as táticas e comportamento alimentar
(SAZIMA, 1986; SABINO e CASTRO, 1990; SABINO e ZYUNON, 1998;
CASATTI, 2002).
O estudo da utilização do alimento é um dos aspectos mais importantes
para a compreensão da estrutura de uma comunidade, permitindo identificar os
fatores que afetam sua abundância e distribuição (DEUS e PETRERE-JR,
2003). Além de revelar propriedades fundamentais sobre o ecossistema,
permite compreender a sua organização trófica, bem como avaliar a influência
de distúrbios físicos sobre a comunidade, subsidiando estratégias de
conservação (BARRETO e ARANHA, 2006).
A conservação da fauna e flora terrestre tem sido a principal razão para
o estabelecimento da maioria das áreas protegidas nas últimas décadas. No
Brasil, muitas destas áreas também protegem corpos d’água e importantes
áreas alagáveis, porém suas faunas terrestres e aquáticas tem sido pouco
estudadas, ou mesmo inventariadas. Dados recentes mostram que apenas 5%
das áreas protegidas dos trópicos foram inventariadas para um ou mais grupos
de organismos (HAWKSWORTH, 1995). Em levantamentos realizados em
6
menos de 10% de uma área de proteção ambiental da Planície do Alto Rio
Paraná, por exemplo, foram encontradas 50% das espécies de peixes
registradas para o bioma, o que indica que áreas protegidas nas quais os
organismos aquáticos m sido intensamente estudados são importantes para
a conservação da biodiversidade.
Desta forma, estudos semelhantes se fazem necessários em outras
áreas como a Serra do Japi, uma área de proteção ambiental no Estado de
São Paulo, que nas últimas três cadas tem estado sujeita à intensa pressão
de urbanização e especulação imobiliária. Essa área representa um dos
poucos fragmentos de Mata Atlântica do interior paulista, e pela sua dimensão
e elevado grau de conservação, é uma das melhores amostras de florestas
semidecíduas do Estado de São Paulo. Embora inventários sobre sua fauna e
flora terrestre tenham sido realizados, trabalhos sobre os organismos aquáticos
nesta área ainda são escassos (YOSHIDA e SANTOS, 2007).
O presente estudo aborda aspectos ecológicos da comunidade de
peixes de riachos da Serra do Japi, distribuídos pelas principais microbacias
nos municípios de Jundiaí e Cabreúva. Os conhecimentos adquiridos neste
estudo poderão fornecer informações sobre a ictiofauna local, contribuindo para
adoção de medidas de conservação e manejo adequado, visando à
preservação dos ecossistemas aquáticos.
1.1. Objetivos
O presente trabalho tem como objetivos principais:
Estudar a estrutura e composição da ictiofauna de riachos da Serra do
Japi, localizados em diferentes microbacias distribuídas pelos municípios
de Jundiaí e Cabreúva, no estado de São Paulo.
Identificar possíveis associações entre as localidades, espécies e as
diferentes variáveis ambientais.
7
Caracterizar a dieta das espécies, identificando as principais guildas
tróficas e sua relação com diferentes condições ambientais, bem como
possíveis variações sazonais na alimentação.
Identificar aspectos importantes para a conservação das espécies
nestes ecossistemas.
1.2. Área de estudo
A Serra do Japi é uma área de proteção ambiental, situada à oeste do
Planalto Atlântico, localizada nos municípios de Jundiaí, Cabreúva, Pirapora do
Bom Jesus e Cajamar, no Estado de São Paulo, região sudeste do Brasil.
Possui uma área de aproximadamente 350 km², caracterizada por elevações
de topo relativamente aplainados e encostas bastante íngremes (INSTITUTO
SERRA DO JAPI, 1998), com altitudes que variam de 700 a 1.300 metros
(PINTO et al., 1972) (Figura 1). As temperaturas médias anuais variam entre
15,7°C e 19,2°C, sendo julho o mês mais frio, com temperaturas médias que
variam entre 11,8°C e 15,3°C, e janeiro o mês mais quente, quando as
temperaturas chegam a 22,2°C (PINTO, 1992). A precipitação pluviométrica
anual é de aproximadamente 1.400 mm (INSTITUTO SERRA DO JAPI, 1998).
A região em estudo representa uma das últimas áreas de florestas
contínuas do estado de São Paulo (MORELLATO, 1992), sendo considerada
uma das melhores amostras de florestas semidecíduas do estado, com
florestas semidecíduas de altitude, floresta mesófila semidecídua e lajedos
rochosos (JOLY, 1992).
As florestas mesófilas semidecíduas ocupam grande parte da área
florestal da Serra do Japi. Essas florestas são caracterizadas por árvores de 20
a 25 metros de altura, com copas sobrepostas, em estágios sucessionais
variados. Nas regiões mais altas, particularmente em áreas com altitudes
superiores a 1.000 m, surge a floresta mesófila semidecídua de altitude, com
árvores variando de 10 a 15 m de altura. O estrato herbáceo é bem denso,
8
com árvores próximas e copas sobrepostas, o que garante um sombreamento
denso do solo (RODRIGUES et al., 1989).
Ao longo da Serra do Japi, surgem, esporadicamente, afloramentos
rochosos de dimensões variadas, onde se desenvolve um tipo de vegetação
bem característica, com plantas herbáceas e a eventual presença de arbustos
e árvores de pequeno porte, com troncos finos e às vezes retorcidos, formação
bastante diferenciada das demais, propiciando uma cena rara nas formações
florestais do planeta, onde aparecem muito próximas plantas características de
climas áridos e úmidos, como cactos e árvores de florestas tropicais (JOLY,
1992).
A preservação das áreas vegetadas se deve, em grande parte, à criação
da área Natural Tombada Serras do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara,
localizadas nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Jundiaí, Cabreúva e
Cajamar. Os limites do tombamento, decretados pelo CONDEPHAAT, através
da Resolução n°11, de 8 de março de 1983, foram definidos por um polígono
irregular com uma área de 19.170 ha., distribuídos pelos municípios que
abrangem esta área. As maiores proporções de área tombada estão nos
municípios de Jundiaí (9.140 ha, 47,7%) e Cabreúva (7.890 ha, 41,2%),
enquanto Pirapora do Bom Jesus possui 10% (2.010ha) e Cajamar, menos de
1% de área tombada (INSTITUTO SERRA DO JAPI, 1998).
A Serra do Japi por estar situada em uma região densamente povoada
do estado de São Paulo vem sofrendo, ao longo de toda sua extensão, uma
forte interferência antrópica quase três séculos, com a exploração de
madeira, tentativas de utilização agrícola e urbana, especulação imobiliária e
desmatamentos. Parte significativa da vegetação natural deu lugar a
reflorestamentos, principalmente de Pinus sp. e Eucalyptus sp., pastagens e
pequenas porções de culturas agrícolas (INSTITUTO SERRA DO JAPI, op.cit.).
A região apresenta grande quantidade de riachos de águas claras, que
se originam no topo dos morros, e que compreendem trechos encachoeirados,
rápidos e regiões de baixa correnteza. Para o presente estudo foram
9
consideradas 4 microbacias, pertencentes as sub-bacias do Sorocaba/Médio
Tietê e Piracicaba-Capivari-Jundiaí, todos pertencentes à Bacia do Tietê. A fim
de obter um panorama dos diferentes riachos existentes, a seleção dos pontos
de coleta baseou-se na diversidade de condições ambientais, representadas
por áreas preservadas e desmatadas, bem como a existência de trechos com
diferentes tipos de substrato.
A maioria das estações está localizada em áreas ainda relativamente
preservadas, onde ocorre um predomínio de mata ciliar (Cg1, Cg2, Cg5, Cg6,
Pr1, Pr2, Pr3) (Figura 2a). Os pontos Cg3 e Cx1 localizam-se em área de
pastagem, enquanto que as estações Cg7, Gp1, Gp2, Gp3, Cg4 e Pr4 estão
situadas em uma região mais antropizada (Figura 2b). Todas as estações
estudadas estão localizadas abaixo dos 1.000 metros de altitude (Tabela 1).
Os dados de uso e ocupação do solo das diferentes microbacias
estudadas foram baseados nos mapas fornecidos pelas prefeituras de Jundiaí
(fonte: Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente foto
interpretação aerofotogamétrico, 1993) e Cabreúva (fonte:Ortofotocarta
BASE aerofotogamética e projetos SA, 2005). As estações de coleta estiveram
distribuídas pelas seguintes microbacias:
1.2.1. Microbacia do Ribeirão Caguaçú
A área estudada desta microbacia está localizada principalmente dentro
da APA de Jundiaí. Esta microbacia é formada pelo Córrego São Jerônimo
(Cg1) e seus afluentes (Cg2, Cg3), Ribeirão Caguaçú (Cg5 e Cg6), e o córrego,
aqui denominado “Paiol Velho” (Cg4), um pequeno afluente do Ribeirão
Cachoeira. Na APA de Cabreúva um pequeno trecho do Ribeirão Jundiuvira
(Cg7), foi amostrado (Figura 3a). Nessa microbacia há um predomínio de áreas
florestadas, com presença de mata nativa em diferentes estágios de
regeneração e regiões com reflorestamento de Pinus sp. e Eucalyptus sp. Os
riachos desta microbacia desaguam diretamente no Rio Tietê.
10
1.2.2. Microbacia do Ribeirão Piraí
Toda área estudada está localizada dentro da APA de Cabreúva. Nesta
microbacia foram amostrados quatro trechos do Córrego Guaxinduva (Pr1, Pr2,
Pr3 e Pr4), com diferentes características ambientais (Figura 3b). Nas áreas
próximas às cabeceiras há presença de mata nativa e floresta semidecíduas
em recuperação. O trecho médio é formado por um verdadeiro mosaico,
composto por regiões de florestas semidecíduas em recuperação, áreas de
pasto cercadas com ou sem regeneração natural e áreas rurais. Um
predomínio de áreas de pasto sem regeneração natural e área rural ocorre no
trecho inferior desta microbacia, que deságua no Rio Tiête.
1.2.3. Microbacia do Rio Guapeva
Toda área estudada está localizada dentro da APA de Jundiaí, sendo os
córregos afluentes do rio Jundiaí. Nesta microbacia apenas o Córrego das
Pedreiras foi estudado, onde três trechos com diferentes características
ambientais foram amostrados (Gp1, Gp2 e Gp3) (Figura 4a). Nesta microbacia
as regiões de cabeceira possuem áreas com mata nativa em estágios
avançado, médio e inicial de regeneração, bem como áreas de reflorestamento
de eucaliptos. Na região do Córrego das Pedreiras são verificadas áreas de
adensamento populacional. Na parte inferior da microbacia predomínio de
gramíneas.
1.2.4. Microbacia do Ribeirão Caxambu
Nesta microbacia somente um trecho do Ribeirão Hermida foi estudado
(Cx1) (Figura 4b). As áreas de cabeceira possuem mata nativa em diferentes
estágios de regeneração, enquanto os trechos inferiores há ocorrência de
gramíneas. O trecho amostrado encontra-se em uma área de pastagem. Os
córregos desta microbacia deságuam no Rio Tietê.
11
Tabela 1.
Caracterização das 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva). MN= mata nativa; MS= mata
secundária; P= pasto. (*) baixo impacto antrópico, (**) moderado, (***) alto. As estações com (*) foram consideradas preservadas e as demais
(** e ***) antropizadas.
Córrego São Jerônimo
23°17'01.2'' S
46°56'21.4'' W
890 m
4
a
Afluente Córrego São Jerônimo
23°17'23.7'' S
46°56'52.2'' W
830 m
4
a
Córrego da Pedreira
23°14'44.1'' S
46°53'15.4'' W
geográficas
Estações de coleta
Altitude
Ordem
4
a
858 m
Vegetação
de entorno
MN
MN
Ribeirão Jundiuvira
23°19'32.2'' S
46°57'43.5'' W
807 m
5
a
MS
MS
Córrego do Paiol Velho
23°16'51.2'' S
46°53'42.4'' W
804 m
MS
3
a
Ribeirão Caguaçú
23°18'50.4'' S
46°56'52.7'' W
694 m
MN
5
a
Afluente Córrego São Jerônimo
23°15'38.9'' S
46°55'47.4'' W
927 m P
4
a
Ribeirão Caguaçú
23°18'34.8'' S
46°56'38.8'' W
798 m
MN
5
a
Microbacia do Ribeirão
Caguaçú
Microbacia do Rio Guapeva
Mesohabitat
Atividade Antrópica
Mata ciliar
Corredeira
rápidos
rápidos
rápidos
rápidos
rápidos
rápidos
rápidos
rápidos
Localizada em uma fazenda
com
criação de aves e bovinos (***)
Localizada dentro de propriedade
particular com grande concentração
de chácaras ao redor
(***)
Localizada dentro de uma
fazenda
com plantação de
Pinus
sp.
(**)
Localizada dentro de uma fazenda
plantação de
Eucalyptus
sp. (***)
ambas as margens
densa (ambas as
margens)
ausente
Sinuosidade
arbustiva (ambas as
margens)
baixa
moderada
moderada
moderada
moderada
baixa
baixa
baixa
ambas as margens
densa (ambas as
margens)
arbustiva (ambas as
margens)
Cultos religiosos (*)
ausente
ausente
ausente
Código
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
reflorestamento em
uma das margens
12
... Continuação Tabela 1.
Córrego da Pedreira
Córrego da Pedreira
23°15'08.1'' S
46°53'51.5'' W
23°15'11.3'' S
46°54'27.9" W
4
a
4
a
4
a
5
a
5
a
5
a
4
a
Córrego Guaxinduva
Córrego Guaxinduva
Córrego Guaxinduva
Córrego Guaxinduva
Ribeirão Hermida
23°17'36.5'' S
47°00'13.4'' W
23°17'15.3'' S
46°59'09.7'' W
23°17'01.8'' S
47°01'29.3'' W
23°16'18.1'' S
47°02'35.2''
W
23°12'15.9'' S
46°58'52.8'' W
802 m
805 m
930 m
924 m
857 m
861 m
740 m
MS
MS
MN
MN
MS
MS
P
Microbacia do Ribeirão
Piraí
Microbacia do Ribeirão
Caxambú
rápidos
rápidos
corredeira
rápidos
remanso
rápidos
rápidos
rápidos
rápidos
Localizado dentro de propriedade
particular com chácaras ao redor
e
pesqueiros a montante
(***)
Localizada dentro de propriedade
particular com pequena criação de
bovinos e tanques com peixes (**)
Localizada proximo à chácaras; local
é utilizado para recreação (*)
Presença de chácaras e fábricas ao
redor; o local é utilizado para
recreação (**).
Localizado dentro de uma
fazenda;
presença de pesqueiro
(***)
baixa
baixa
moderada
moderada
baixa
baixa
moderada
ausente
ambas as margens
ambas as margens
arbustiva
ambas as margens
arbustiva em uma das
margens
ambas as margens
Localizada dentro de fazenda (*)
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Gp2
Localizada dentro de
fazenda,
plantação de Pinus sp. próximo
ao
trecho amostrado (*).
13
CABREÚVA
CAJAMAR
PIRAPORA DO
BOM JESUS
JUNDIAÍ
7.425 km N
2
7
5
k
m
E
3
0
0
k
m
E
0
5
10 km
LEGENDA
Limite de município
Estações de coleta
Sede de município
Fonte: Atlas das Unidades de Conservação Ambiental
do Estado de o Paulo - Parte II - Interior, SMA, 1998
S
e
r
r
a
d
o
J
a
p
i
APA CABRVA
APA JUNDIAÍ
APA CAJAMAR
B R A S I L
ESTADO DEO PAULO
AMÉRICA DO SUL
20°S
25°2
51°W
45°W
Figura 1.
Localização das estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva,
SP) e sua inserção no Estado de São Paulo. Área cinza= APAs Jundiaí, Cabreúva e Cajamar, linha em
azul = área de tombamento. Fonte: Atlas das Unidades de Conservação Ambiental do Estado de São
Paulo – Parte II - Interior, SMA, 1998.
14
Cg 6
Cg 2 Cg1
Cg 5
Pr 2
Pr 1
Pr 3
Figura 2
a
. Estações de coleta amostradas em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP)
em áreas mais preservadas. Códigos das estações de acordo com Tabela 1.
15
Cg7
Gp 1
Gp 2
Cg 4
Gp 3
Pr 4
Cg 3
Cx 1
Figura 2
b
.
Estações de coleta amostradas em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva,
SP) em áreas antropizadas. Códigos das estações de acordo com Tabela 1.
16
Microbacia Ribeirão Caguaçú
Microbacia do Ribeirão Piraí
Figura 3.
Mapa hidrográfico da Microbacia do Ribeirão Caguaçú (a) e Microbacia do Ribeirão Piraí (b).
Pontos em preto representam as estações de coleta e em destaque, presença de represamentos.
a
b
17
Microbacia do Ribeirão Caxambu
Microbacia do Rio Guapeva
a
b
Figura 4.
Mapa hidrográfico da Microbacia do Rio Guapeva (a) e Microbacia do Ribeirão Caxambu
(b). Pontos em preto representam as estações de coleta e em destaque, presença de represamentos.
18
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Coleta de dados
As amostras de peixes, água e o registro das características do habitat
foram obtidos durante a época chuvosa (janeiro/fevereiro) e época seca (junho)
de 2007, em 15 estações de coleta distribuídas em riachos nas principais
microbacias da Serra do Japi.
Um receptor GPS foi usado para georreferenciamento das diferentes
estações, utilizando-se o datum Córrego Alegre para a determinação das
coordenadas geográficas e da altitude de cada estação de coleta.
Dados pluviométricos e de temperatura do ar, para a região estudada,
foram obtidos através do Centro Integrado de Informações Meterológicas
CIIAGRO (www.ciiagro.sp.gov.br, data de acesso 02/04/2008)
2.1.1. Características das estações de coleta
Para cada estação de coleta foram realizadas as seguintes medidas
ambientais:
Largura (m)
Profundidade (m)
Área total (m²)
Velocidade da água (m.s
-1
): foi utilizado o método do flutuador
(MARQUES e ARGENTO, 1988) que fornece uma estimativa da
velocidade máxima da água na superfície.
Vazão (m³.s
-1
): calculada através da fórmula, Q= L x A x V, onde
Q= vazão, L = largura, A= área e V= velocidade.
Cobertura vegetal (%): foi estimada calculando-se a proporção de
área aberta e sombreada de cada trecho amostrado.
Proporção de troncos e raízes (%): proporção de troncos e raízes
depositados nas margens e leito do rio.
Proporção de corredeira, rápidos e remansos (%)
19
Substrato predominante - foi avaliada a proporção de diferentes
categorias de substrato: areia (
3mm), cascalho fino (
3 a 49
mm), cascalho grosso (
50 a 149 mm), matacão pequeno (
150
a 300mm) e matacão grande (> 300mm), de acordo com
FROEHLICH (2003).
Presença de canalização/represamentos.
2.1.2. Variáveis físicas e químicas da água
Para cada estação de coleta foram registradas as seguintes variáveis
físicas e químicas da água, medidas através de uma multissonda Horiba U-22:
temperatura (°C), turbidez (NTU), condutividade elétrica (µS.cm
-1
), pH, oxigênio
dissolvido (mg.l
-1
) e sólidos totais dissolvidos (mg.l
-1
).
Para as demais análises, foram coletadas amostradas de água de
cada estação de coleta, mantidas em gelo e enviadas ao laboratório de
Limnologia do Instituto de Pesca, SP, para a análise das seguintes variáveis:
Amônia (mg.l
-1
) (APHA, 1989)
lidos Totais em Suspensão – STS (mg.l
-1
) (APHA, 1989)
Alcalinidade (mg.l
-1
) (APHA, 1989)
Nitrito (mg.l
-1
) (CETESB, 1978)
Nitrato (µg.l
-1
) (CETESB, 1978)
Nitrogênio total (mg.l
-1
) (STRICKLAND e PARSONS, 1968)
sforo total (µg.l
-1
) (STRICKLAND e PARSONS, 1968)
Ortofosfato (µg.l
-1
) (APHA, 1989)
2.1.3. Ictiofauna
Os peixes foram capturados utilizando-se um equipamento de pesca
elétrica (Gerador Honda 1000W, 120V, 60Hz >2,5 A, CA), com configuração
similar à utilizada por MAZZONI et al. (2000), que verificaram que a eficiência
da pesca elétrica em riachos de Mata Atlântica não foi afetada por variações da
20
condutividade. Para cada local amostrado foi empregada a metodologia de
três remoções sucessivas (ZIPPIN, 1958) em trechos de aproximadamente 50
m de extensão, resultando em um esforço de pesca constante. As
extremidades de cada área de coleta foram bloqueadas com redes de
fechamento de malha de 1,3 mm, para evitar o escape de peixes. Para a
coleta, os operadores percorriam uma extensão de 50 m no sentido jusante-
montante, capturando os peixes que estavam no campo de ação da
eletricidade. Em seguida, os exemplares de peixes capturados foram fixados
em formol 10% e transportados ao laboratório para posterior identificação e
análise.
A identificação dos exemplares foi realizada com base em chaves de
identificação de BRITSKI (1972) e BRITSKI et al. (1986) e confirmadas por
especialistas do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, onde os
exemplares testemunho foram depositados.
2.2. Análise de dados
2.2.1. Estrutura da comunidade
As seguintes análises foram aplicadas aos dados obtidos nas 15
estações de coleta, durante as épocas chuvosa e seca, utilizando-se o software
PRIMER 5 (CLARKE e GORLEY, 2001), com exceção das análises de
agrupamento e ordenação.
Riqueza de espécies (ODUM, 1988)
Foi calculada através da seguinte equação:
Onde,
R = riqueza de espécies
(
)
N
S
R
log
1
=
21
S = número de espécies
N = número de indivíduos
Diversidade de Shannon-Wiener
É o índice de medida de diversidade mais comumente empregado em
análises ecológicas. É utilizado para medir a ordem ou desordem contida
num dado sistema, sendo que atribui maior peso as espécies comuns e é
relativamente independente do tamanho da amostra (KREBS, 1989). O
índice foi calculado através da seguinte equação:
Onde,
H’ = função de Shannon-Wiener
pi = proporção da espécie i em relação ao total da amostra
Equitabilidade
Este índice de uniformidade é baseado na função do Índice de
Shannon (KREBS, 1989) e dado pela fórmula:
J’ = H’/H’max
Onde,
J’ = equitabilidade
H’ = diversidade de Shannon
Dominância de Simpson
A dominância exprime a influência numérica exercida por uma espécie
numa dada comunidade. SIMPSON (1949, apud KREBS, 1989) sugeriu que a
diversidade de uma comunidade é inversamente relacionada à probabilidade
de que dois indivíduos coletados aleatoriamente pertençam à mesma espécie.
Este índice atribui maior importância às espécies comuns, é dada pela seguinte
fórmula:
H’ = -Σpi. Log pi
22
Onde,
D = Dominância de Simpson
ni = Número de indivíduos da espécie i na amostra
N = Número total de indivíduos na comunidade
Densidade (número de indivíduos/m²)
Biomassa g/m
2
(balanças: Mettler Toledo - 0,01 g e Mettler AE 240
0,00001 g, peso úmido, pós fixação)
Curvas de K-dominância
A distribuição e abundância das espécies foram calculadas através de
um dos métodos comumente utilizados para esta análise, a K- dominância
(LAMBSHEAD et al., 1983). Indica a abundância cumulativa percentual
(eixo y) em relação ao “ranking” das espécies. Curvas mais elevadas
representam as comunidades menos diversas (MAGURRAN, 2004).
2.2.2. Análises estatísticas
Análise de agrupamento
Foi realizada uma análise de agrupamento hierárquico aglomerativo
(“cluster”) na matriz de presença e ausência das espécies nas diferentes
estações de coleta, com a finalidade de agrupá-las de acordo com sua
semelhança. Foi utilizada a distância de Bray-Curtis e o método de ligação de
Ward”, através do programa computacional R
(R DEVELOPMENT CORE TEAM,
2007)
e o pacote vegan (OKSANEN et al., 2007).
Análise de Ordenação
(
)
( )
=
1
1
NN
nini
D
23
A composição de espécies de uma comunidade pode ser interpretada
utilizando-se técnicas multivariadas, que procuram arranjar as unidades
amostrais ao longo de eixos criados a partir dos dados de composição de
espécies (VALENTIN, 1995). O resultado de uma ordenação é um diagrama
bidimensional, no qual as unidades mais próximas correspondam a unidades
amostrais semelhantes na composição das espécies.
Para verificar a relação existente entre as variáveis ambientais e a
distribuição das espécies nas duas épocas do ano, utilizou-se a análise de
Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS), uma técnica de
ordenação de gradiente indireta, que geralmente é considerado o todo de
ordenação mais efetivo para os dados de comunidades ecológicas, cujo cálculo
é baseado em uma matriz de similaridade ou dissimilaridade. O NMDS calcula
o stress entre esta matriz e a ordenação produzida na representação gráfica
dos eixos (CLARKE e WARWICK, 1994).
De acordo com VALENTIN (2000), o grande número de valores nulos
gerados por espécies raras é prejudicial para estabelecer associações
biológicas, sendo uma das soluções para este problema a eliminação dessas
espécies. Desta forma, estabeleceu-se que as espécies com uma participação
inferior ou igual a 0,25% da abundância total fossem eliminadas da análise
(ALEXANDRE, 2007).
A estabilidade e significância das variáveis foram testadas através de
uma análise de regressão múltipla, utilizando-se a função ENVIFIT do pacote
VEGAN (OKSANEN et al., 2007) após 2.000 permutações. As variáveis
ambientais foram padronizadas pela média (
x
) e desvio padrão (s) de cada
variável [(x
i
-
x
)/s)], e a matriz biológica transformada em log (x+1).
2.3. Análise da dieta e determinação dos grupos tróficos
Para a análise da dieta foi realizada uma subamostragem de 20
indivíduos por época do ano para as espécies mais abundantes, sendo que
24
para as demais, foram selecionadas espécies com no mínimo cinco indivíduos.
Os estômagos foram retirados e pesados, e seu conteúdo examinado sob
microscópio estereoscópio e óptico.
O conteúdo de cada estômago foi analisado de acordo com o método de
Freqüência de Ocorrência (HYSLOP, 1980) e método dos Pontos (HYNES,
1950). Para este último método, o estômago após ter sido aberto, recebeu uma
pontuação de 0 a 20, relacionada ao grau de preenchimento do mesmo. Os
itens foram agrupados em 12 diferentes categorias: algas (unicelulares e
filamentosas), insetos adultos, insetos jovens (larvas, ninfas e pupas),
fragmentos de insetos, matéria vegetal (fragmento de folhas e sementes),
matéria orgânica (material amorfo de origem animal ou vegetal), detritos
(material de origem vegetal e animal em decomposição associado a partículas
inorgânicas) crustáceos, peixes, nematóides, anelídeos (oligoqueta), outros
(inclui grupos de baixa ocorrência ou volume - microcrustáceos, escamas,
bivalves, aracnídeos, ácaros).
Para cada uma das categorias atribuiu-se um número de pontos de
acordo com o volume ocupado em relação àquele do conteúdo total. Para fazer
a análise comparativa dos diferentes itens encontrados no total de estômagos
analisados, considerou-se como 100% a soma de todos os pontos atribuídos a
cada item e calculou-se a porcentagem dos pontos totalizados pelos diferentes
itens (volume).
Na estimativa da freqüência relativa (%) de cada categoria não se
considerou como 100% o número total de estômagos analisados, e sim, o
número total de registros de ocorrência das diversas categorias para todos os
conteúdos analisados; esta modificação é recomendada por HYNES (1950)
com o objetivo de tornar os resultados obtidos pelo método de ocorrência, mais
seguramente comparáveis àqueles obtidos através do método de pontos.
Os dados obtidos através dos métodos de Freqüência de Ocorrência e
método dos Pontos foram combinados no Índice Alimentar (IAi), proposto por
KAWAKAMI e VAZZOLER (1980), e adaptado por HAHN et al. (1997):
25
100
)(
1
×
×
×
=
=
n
x
ii
ii
i
VF
VF
IA
Onde,
IAi= Índice Alimentar; i= 1,2,...., n itens alimentares;
F
i
= freqüência de ocorrência(%) do item i;
V
i
= volume (%) do item i.
A similaridade na dieta das espécies de peixes, baseada no IAi, foi
analisada através de uma matriz triangular entre pares de espécies, após a
transformação dos dados em raiz-quadrada. Baseado nesta matriz, um
dendrograma usando a distância de Bray-Curtis, o todo de ligação de
Ward” e a ordenação pelo todo de Escalonamento Multidimensional Não-
Métrico (NMDS) foram obtidos. NMDS é um procedimento não-paramétrico
que usa “ranks” de similaridade entre amostras para construir um mapa no qual
a posição das amostras reflete a dissimilaridade entre elas. O valor do stress é
uma medida de precisão desta representação e valores abaixo de 0,1 indicam
uma representação confiável (CLARKE e WARWICK, 1994).
Baseado na similaridade entre os grupos tróficos, obtidos pelo NMDS, a
comunidade de peixes foi agrupada em herbívoros, detritívoros, onívoros com
tendência a carnivoria, onívoros e insetívoros. Após a determinação dos grupos
tróficos, a biomassa de cada grupo (g.m
-2
), considerando ambas as épocas do
ano, foi totalizada e uma Análise de Correspondência Canônica (ACC) foi
usada para determinar a relação entre a biomassa dos diferentes grupos
tróficos e as variáveis ambientais, incluindo características do habitat e
parâmetros físicos e químicos da água. A matriz ambiental foi baseada nos
valores médios entre as épocas chuvosa e seca para cada trecho, e foi
padronizada [(x
i
-
x
)/s)], enquanto a matriz biológica foi transformada em log
(x+1).
26
Considerando que espécies podem ser enquadradas em diferentes
grupos tróficos de acordo com o nível de resolução adotada, o grupo dos
insetívoros bentônicos e insetívoros identificados através da NMDS foram
agrupados para o cálculo de biomassa, de acordo com procedimento também
adotado em outros estudos (JEPPESEN et al., 2000) que reuniram as espécies
em guildas que apresentavam as maiores semelhanças. A medida de
biomassa apresenta várias vantagens em relação à medida de abundância,
particularmente por representar uma medida mais direta da utilização de
recursos do que o número de indivíduos (GUO e RUNDEL, 1997). Além disto, a
biomassa facilita a comparação entre diferentes taxa nos quais os tamanhos
das populações variam de forma marcante (MAGURRAN, 2004).
A fim de ajustar a equação de regressão a um modelo definitivo, foram
selecionadas variáveis stepwise, utilizando o Critério de Informação de Akaike
AIC. Através deste método é feita uma seleção que parte do modelo
completo, e que exclui aquelas variáveis que não estavam causando efeito à
equação de regressão. Após esta etapa, verifica-se dentre as variáveis já
excluídas, a reinclusão de alguma que possa trazer benefícios ao modelo. A
análise é concluída quando não houver mais nenhuma melhora neste modelo.
Em seguida uma análise de variância (ANOVA) foi aplicada para testar a
significância do modelo escolhido. Todas as análises estatísticas foram
implementadas utilizando-se o programa computacional R (R Development
Core Team, 2007).
O Coeficiente de Correlação por postos de Spearman (α<0,05) foi
aplicado aos dados do IAi (%) para testar a existência ou não de associação
entre a dieta das espécies nas épocas chuvosa e seca. A análise considerou
as 12 categorias alimentares citadas anteriormente e foi realizada através do
programa computacional BIOESTAT 5.0.
27
3. RESULTADOS
3.1. Caracterização ambiental
A precipitação pluviométrica total mensal ao longo do período de estudo
variou de 0 mm no mês de agosto (período seco) a 378 mm em janeiro de 2007
(período chuvoso). O mês de julho foi marcado por uma alta precipitação, com
valores próximos a 200 mm, atípicos para esta época do ano (Figura 5). As
temperaturas médias variaram entre 17,5 °C no período seco (julho) e 24,8 °C
no mês de março (período chuvoso).
A figura 6 mostra as diferentes variáveis sicas e químicas da água
medidas para cada uma das 15 estações de coleta no período seco e chuvoso.
A temperatura da água variou entre 15,2°C a 23,3°C, apresentando valores
ligeiramente mais elevados no período chuvoso. Os maiores valores de
temperatura foram observados em Gp3, Pr4, Cg4 e Cx1 correspondendo às
áreas onde a cobertura vegetal é menos densa ou ausente.
Figura 5
. Precipitação pluviométrica total mensal (mm) e temperatura média do ar (°C) mensal
no período de janeiro de 2007 a janeiro de 2008, para a região de Jundiaí, SP (Dados obtidos
no Centro Integrado de Informações Agrometerológicas – CIIAGRO)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
meses
mm
0
5
10
15
20
25
30
°C
Pluviosidade Temperatura do ar
28
Os valores de oxigênio dissolvido (OD) foram superiores a 10 mg.l
-1
em
todas as estações de coleta, com a maior concentração ocorrendo
normalmente durante a época seca.
A condutividade variou entre 16 µS.cm
-1
e 110 µS.cm
-1
, com os valores
mais elevados sendo observados no período chuvoso, nas estações de coleta
sob maiores influências antrópicas (Cg4, Cg7, Gp1, Gp2 e Gp3), e em alguns
trechos de maior ordem (Cg6), conforme também verificado para Sólidos Totais
Dissolvidos (STD). Durante a época seca os valores de condutividade foram
inferiores a época chuvosa, situando-se abaixo de 50 µS.cm
-1
.
A turbidez variou de 2,7 a 31,3 NTU, com os maiores valores sendo
encontrados durante a época chuvosa, nas estações Cg7, Gp1 e Gp2,
enquanto que o pH apresentou pouca variação entre as diferentes épocas do
ano e as estações de coleta, com valores muito próximos a neutralidade.
A alcalinidade apresentou pouca variação entre as épocas chuvosa e
seca. Os valores mais elevados de alcalinidade foram obtidos para estação
Cg7 para época chuvosa.
Com relação à série nitrogenada, as concentrações de amônia variaram
entre 0,3 mg.l
-1
a 0,61 mg.l
-1
. Os maiores valores foram observados para as
estações Gp2, Gp3 e Cg4, tanto na época chuvosa quanto na seca. o nitrito
variou de 0,47 µg.l
-1
a 12,62 µg.l
-1
. Na época chuvosa os maiores valores foram
obtidos para as estações Gp3, Cg4 e Pr1. Em Cg1 e Cg2 ocorreram as
menores concentrações deste nutriente no período chuvoso. As concentrações
de nitrato e nitrogênio total, de modo geral o apresentaram diferenças
marcantes entre as duas épocas do ano, com valores que variaram entre 0,10
e 0,43 mg.l
-1
e 0,29 e 1,9 mg.l
-1
, na época chuvosa e seca respectivamente.
Os valores de fósforo total variaram entre 7,61 µg.l
-1
a 145 µg.l
-1
, sendo
mais elevados na época chuvosa. No período chuvoso as maiores
concentrações foram registradas nas estações Cg1, Cg4, Cg7, Gp1, Gp2 e
Gp3, enquanto que as demais estações apresentaram valores próximos a 57
29
µg.l
-1
. Na época seca todos os valores ficaram abaixo de 40 µg.l
-1
. Da mesma
forma, os valores de ortofosfato foram maiores na época chuvosa nas estações
localizadas em áreas antropizadas (Gp3 e Cg4).
A concentração de Sólidos Totais em Suspensão (STS) foi semelhante
entre épocas do ano e estações de coleta, com valores que se situaram abaixo
de 0,12 mg.l
-1
.
30
Figura 6
. Variáveis físicas e químicas da água das 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi
(APA Jundiaí e Cabreúva, SP) em 2007. Símbolo em azul indica época chuvosa e em vermelho a
época seca.
Oxigênio dissolvido
0
5
10
15
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
mg.l
-1
Temperatura
0
5
10
15
20
25
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
°C
Condutividade
0
50
100
150
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
µS.cm
-1
pH
0
2
4
6
8
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
pH
Alcalinidade
0
5
10
15
20
25
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
mg.l
-1
Amônia
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Pr1
Pr2
Pr3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
mg.l
-1
Turbidez
0
10
20
30
40
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
NTU
Sólidos Totais Dissolvidos - STD
0
0,02
0,04
0,06
0,08
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
mg.l
-1
31
Nitrato
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
mg.l-1
.... Continuação Figura 6.
Sólidos Totais em suspensão - STS
0,00
0,05
0,10
0,15
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
mg.l
-1
Nitrito
0
5
10
15
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
µg.l-1
Nitrogênio total
0
0,5
1
1,5
2
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
mg.l
-1
Ortofosfato
0
20
40
60
80
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
µg.l
-1
Fósforo total
0
25
50
75
100
125
150
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
µg.l
-1
32
As características físicas das diferentes estações de coleta são
mostradas na Tabela 2. A maioria das estações foi caracterizada por ambientes
rasos com predominância de “rápidos”, ausência de poções e predomínio de
areia e cascalho grosso no substrato. Ocorrências de represamentos são
comuns nas bacias amostradas, sendo geralmente de pequeno porte e para
criação de peixes.
As variações mais marcantes ocorreram para os dados de largura e
vazão, da estação Cg7 (Ribeirão Jundiuvira), que apresentou os valores mais
elevados. A porcentagem de cobertura vegetal também apresentou grande
amplitude de variação entre os pontos de coleta, com regiões abertas, como
áreas de pasto (estações Cg3 e Cx1) e locais de mata fechada e mais
preservada (estações Cg1, Cg2, Cg5, Cg6, Pr1, Pr2). Grande parte das
estações amostradas apresenta nas margens plantas da família
Zyngiberaceae, as quais são comuns em toda América tropical, especialmente
em terrenos brejosos ou bem úmidos.
33
Variáveis ambientais Estações de coleta
Cg1 Cg2 Cg3 Cg4 Cg5 Cg6 Cg7 Gp1 Gp2 Gp3 Pr1 Pr2 Pr3 Pr4 Cx1
Área (m²)
322,67 176,33 183 305,67 438,67 495 793,33 289,33 289,17 339,67 279,33 310 550 372,5 214,33
Largura (m)
3,23 1,76 1,35 3,06 4,39 4,95 7,93 2,89 2,89 3,40 2,79 3,12 5,50 3,73 2,14
Profundidade (m)
0,29 0,17 0,33 0,25 0,49 0,37 0,50 0,26 0,39 0,31 0,16 0,42 0,31 0,69 0,54
CV (%)
85,00 90,00 0,00 75,00 80,00 75,00 50,00 75,00 40,00 65,00 98,00 85,00 25,00 25,00 0,00
Vel. da água (m.s
-1
)
0,41 0,47 0,59 0,29 0,49 0,58 0,56 0,41 0,31 0,48 0,48 0,80 1,04 0,34 0,40
Vazão (Q) (m³s
-1
)
1,29 0,19 0,168 0,511 3,981 4,801 13,20 0,392 0,989 1,203 0,575 2,859 6,414 2,897 1,404
Substrato predominante
a/mp/mg a/cf/cg a/cg s/a a/cf a/cg a/cg cg/mp a/cg a/cg cg/mp a/cg a/mp a/cg a/cf
Vegetação
MN NM e Z P MS e B MN e Z MN MS e Z E e Z G, MS e Z MS, Z e B MN MN Z e MS G e MS P
Proporção de corredeiras
30 - - - - - - - - - - - 5 - -
Proporção de rápidos
60 90 85 65 75 70 60 80 90 100 80 85 95 20 90
Proporção de remansos
10 10 15 45 25 30 40 20 10 20 15 - 80 10
Troncos e raizes (%)
2,5 9,0 0,0 2,0 10,0 15,0 8,0 2,5 5,0 5,0 4,0 8,0 4,0 3,0 3,0
Represamento
- - lateral - - - - montante montante jusante montante montante - - montante
Canalização
- - + - + - - + + - + - + - +
a = areia; cf= cascalho fino; cg= cascalho grosso, mp= matacão pequeno; mg= matacão grande; MN= Mata Nativa; MS= Mata Secundária; Z= Zyngiberaceae; G=
gramíneas; P= Pasto; CV= Cobertura Vegetal E= Eucalipto; (-) ausente, (+) presente
Tabela 2
. Características físicas e ambientais das 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP)
(valores médios - estação chuvosa e seca de 2007).
34
3.2. Composição e estrutura da comunidade
Um total de 2.474 indivíduos pertencentes a 6 ordens, 11 famílias, 24
gêneros e 30 espécies foram capturados nas 15 estações de coleta durante o
período estudado (Tabela 3 e Figura 7). Das 30 espécies encontradas na Serra
do Japi, três são exóticas: Tilapia rendalli, Oreochromis niloticus e Poecilia
reticulata.
A Ordem Characiformes foi a mais representativa, com 12 espécies
(41,4% do total), seguida pela ordem Siluriformes, com 10 espécies (34,5%),
Perciformes, com 3 espécies (10,3%), Cyprinodontiformes com duas espécies
(6,9%) e por último as ordens Gymnotiformes e Synbranchiformes, com apenas
uma espécie cada (3,4%) (Figura 8). As famílias Characidae, Loricariidae,
Heptapteridae e Cichlidae foram as mais representativas, reunindo 65,7% das
espécies capturadas (Figura 9).
Quatro espécies contribuíram numericamente com 72,3% do total das
capturas: Phalloceros spp (45,9%), Pareiorhina sp. (11,4%), Geophagus
brasiliensis (9,1%) e Corydoras aeneus (5,9%) (Tabela 4). Verificou-se também
que um grande número de espécies apresentou abundâncias inferiores a 1%
(A. bockmanni, Astyanax sp., H. bifasciatus, B. stramineus, O. paranensis, P.
heterandria, P. anhembi, H. malabaricus, C. iheringi, R. quelen , H.
depressicauda, T. brasiliensis, T.rendalli, O. niloticus, S. marmoratus). Em
termos de biomassa, a espécie dominante foi Geophagus brasiliensis, com
2,6kg (28% do total), seguida por H. malabaricus, com 1,7 Kg (18,7%) e G.
carapo, com 1,05 Kg (11,4%).
Na tabela 4, verificou-se também que algumas espécies, além de se
encontrarem em número reduzido apresentaram distribuição restrita.
Cabe ressaltar que após a recente revisão do gênero Phalloceros feita
por LUCINDA (2008), que indicou a existência de 21 novas espécies, verificou-
se que as espécies que ocorrem nos riachos da Serra do Japi são P.reisi e
P.harpagos. No entanto, no presente estudo a espécie foi designada com
35
Phalloceros spp e as comparações feitas com relação à P.caudimaculatus,
espécie até o momento mais frequentemente citada na literatura.
36
Classe Osteichthyes
Nome comum Voucher Sigla
Subclasse Actinopterygii
Superordem Ostariophysi
Ordem Characiformes
Família Characidae
Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000
lambari 98805 Asal
Astyanax bockmanni Vari & Castro, 2007
lambari 98806 Asbo
Astyanax paranae Eigenmann, 1914
lambari 98807 Aspa
Astyanax sp.
lambari 98808 Assp
Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908
lambari 98809 Brst
Oligosarcus paranensis Menezes e Géry, 1983
tajibucu 98810 Olpa
Pseudocorynopoma heterandria Eigenmann, 1914
garrida 98811 Pshe
Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911
lambari-limão 98812 Hybi
Piabina anhembi Silva & Kaefer, 2003
lambari 98813 Pian
Família Crenuchidae
Characidium oiticicai Travassos, 1967
charutinho 98814 Choi
Characidium gomesi T ravassos, 1956
charutinho 98815 Chgo
Família Erythrinidae
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)
traíra 98816 Homa
Ordem Siluriformes
Família Heptapteridae
Imparfinis mirini Haseman, 1911
bagrinho 98817 Immi
Cetopsorhamdia iheringi Schubart & Gomes, 1959
bagrinho 98818 Ceih
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824)
jundiá 98827 Rhqu
Família Loricariidae
Hisonotus depressicauda (Miranda-Ribeiro, 1918)
cascudo 98819 Hide
Hypostomus ancistroides (Iheringi, 1911)
cascudo 98820 Hyan
Neoplecostomus paranensis Langeani, 1990
cascudinho 98821 Nepa
Pareiorhina sp.
cascudo 98822 Pasp
Família Trichomycteridae
Trichomycterus sp.
sobe-serra 98824 Trsp
Trichomycterus brasiliensis Lütken, 1874
cambeva 98826 Trbr
Família Callichthyidae
Corydoras aeneus (Gill, 1858)
coridora 98828 Coae
Ordem Perciformes
Família Cichlidae
Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824)
cará 98829 Gebr
Tilapia rendalli (Boulenger, 1758)
tilapia 98830 Tire
Oreochromis niloticus Linnaeus, 1758
tilapia Orni
Ordem Cyprinodontiformes
Família Poeciliidae
Phalloceros spp (Luncinda, 2008)
guaru 98831 Phca
Poecilia reticulata Peters, 1859
lebiste 98832 Pore
Ordem Gymnotiformes
Família Gymnotidae
Gymnotus carapo Linnaeus, 1758
tuvira 98833 Gyca
Superordem Acanthopterygii
Ordem Synbranchiformes
Família Synbranchidae
Synbranchus marmoratus (Bloch, 1795)
muçum 98834 Syma
Tabela 3:
Posição taxonômica das espécies de peixes coletadas em 15 estações de coleta
em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) nas estações chuvosa
(janeiro/fevereiro) e seca (junho) de 2007.
37
Oligosarcus paranensis
Bryconamericus stramineus
Astyanax altiparanae
Astyanax bockmanni
Astyanax paranae
Astyanax
sp
Pseudocorynopoma heterandria
Hyphessobrycon fasciatus
Figura 7
.
Espécies coletadas em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva,
SP).
38
...
Continuação Figura 7.
Piabina anhembi
Characidium oiticicai
Hoplias malabaricus
Cetopsorhamdia iheringi
Imparfinis mirini
Rhamdia quelen Neoplecostomus paranensis
Characidium gomesi
39
....
Continuação Figura 7.
Geophagus brasiliensis
Corydoras aeneus
Tilapia rendalli
Pareiorhina
sp
.
Hisonotus depressicauda
Hypostomus ancistroides
Trichomycterus sp.
Trichomycterus brasiliensis
40
...Continuação Figura 7.
Phalloceros spp
Gymnotus carapo
Oreochromis niloticus
Poecilia reticulata
Synbranchus marmoratus
41
Figura 9.
Percentual das espécies por Família coletadas em 15 estações de coleta na Serra do Japi
(APA Jundiaí e Cabreúva, SP), para as épocas chuvosa e seca de 2007.
0
5
10
15
20
25
30
35
%
C
h
aracidae
L
o
r
ica
r
i
idae
H
eptapt
e
r
id
ae
Cich
lid
ae
Cren
u
chi
d
ae
Poeci
l
i
id
a
e
Tric
h
omycterid
a
e
Callichthyidae
G
ymn
ot
i
d
a
e
E
r
yt
h
ry
n
idae
Synb
r
a
n
ch
id
a
e
Famílias
Figura 8
. Percentual de espécies por Ordem, coletadas em 15 estações de coleta na Serra do Japi
(APA Jundiaí e Cabreúva , SP), para as épocas chuvosa e seca de 2007.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
%
Characiformes
Silurifo
r
mes
Percifo
r
m
e
s
C
yp
r
ino
d
ontiform
e
s
Gym
n
ot
i
f
o
rmes
Sy
n
br
a
n
ch
ifo
r
mes
Ordens
42
Na época chuvosa foram coletadas 26 espécies de peixes, totalizando
1.161 exemplares, o que representa 46,8% da abundância total. Quatro
espécies foram exclusivas deste período:
Astyanax
sp.,
Piabina anhembi,
Hyphessobrycon bifasciatus
e
Synbranchus marmoratus
(Tabela 5). Na época
seca (junho/2007) 1.313 indivíduos (53,2%), pertencentes a 25 espécies foram
capturados, sendo
Oreochromis niloticus, Oligosarcus paranensis
e
Pseudocorynopoma heterandria
exclusivos deste período (Tabela 6).
Com a finalidade de verificar o padrão de distribuição e abundância das
espécies nas diferentes estações de coleta para os dados obtidos na seca e
chuvosa foram calculadas as curvas de K-dominância. Curvas mais elevadas,
representadas pelas estações Cg1, Cg2, Cg3 e Cg6, são características de
comunidade com baixa riqueza e diversidade e alta dominância de espécies
(baixa equitabilidade) (Figura 10 a), enquanto as curvas com os menores
valores no eixo y representam uma comunidade mais estável com alta
diversidade e baixa dominância de espécies (alta equitabilidade) (Gp3, Gp2 e
Cx1) (Figura 10 a).
43
Figura 10
. Curvas de K-dominância (valores do período chuvoso e seco) para as estações de coleta
estudadas no período de 2007. (a) estações preservadas e (b) estações antropizadas.
Abundância - preservadas
Cg1
Cg2
Cg6
Pr2
Pr1
Pr3
Cg5
Dominância Cumulativa %
Sequência de espécies
0
20
40
60
80
100
1 10010
Estações preservadas
Abundância
Gp3
Gp2
Gp1
Cg3
Cg4
Cg7
Pr4
Cx1
Dominância cumulativa %
Sequência de escies
0
20
40
60
80
100
1 10010
Estações antropizadas
a
b
44
Tabela 4. Abundância (n° de indivíduos) e biomassa total (g) das espécies coletadas em 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA
Jundiaí e Cabreúva, SP) para as épocas chuvosa e seca de 2007
Espécies Abundância Biomassa
Cg1 Cg2 Cg3 Cg4 Cg5 Cg6 Cg7 Gp1 Gp2 Gp3 Pr1 Pr2 Pr3 Pr4 Cx1 Total % Total %
Phalloceros
spp
5 107 256 196 91 77 140 4 21 75 24 8 56 74 2 1135 45,9 240,08 2,6
Pareiorhina
sp.*
82 7 66 25 101 281 11,4 457,04 4,9
Geophagus brasiliensis
17 15 1 7 77 37 60 10 2 226 9,1 2595,36 28,1
Corydoras aeneus
1 54 4 24 60 3 146 5,9 310,29 3,4
Astyanax paranae
1 10 8 1 4 18 1 1 29 6 2 7 88 3,6 478,47 5,2
Gymnotus carapo
7 10 35 16 4 1 73 3,0 1052,74 11,4
Poecilia reticulata
61 1 8 70 2,8 9,87 0,1
Characidium oiticicai
1 12 24 18 13 68 2,7 89,96 1,0
Hypostomus ancistroides
12 16 2 3 3 3 2 4 16 3 64 2,6 256,70 2,8
Characidium gomesi *
2 44 10 56 2,3 115,33 1,2
Trichomycterus
sp.
17 5 4 5 6 5 1 43 1,7 134,43 1,5
Imparfinis mirini
14 17 11 42 1,7 156,98 1,7
Astyanax altiparanae
19 6 1 1 27 1,1 161,47 1,7
Neoplecostoums paranensis
4 1 2 20 27 1,1 51,55 0,6
Trichomycterus brasiliensis *
3 21 24 1,0 96,16 1,0
Rhamdia quelen
1 2 2 5 5 1 3 1 20 0,8 636,81 6,9
Cetopsorhamdia iheringi *
5 13 18 0,7 28,48 0,3
Astyanax bockmani
2 3 6 2 1 1 15 0,6 37,10 0,4
Tilapia rendalli
11 2 13 0,5 202,74 2,2
Hoplias malabaricus
2 1 5 1 3 12 0,5 1732,22 18,7
Bryconamericus stramineus *
6 1 7 0,3 4,96 0,1
Hisonotus depressicauda *
4 2 6 0,2 3,24 0,0
Pseudocorynopoma heterandria *
3 4 0,2 9,77 0,1
Astyanax
sp.*
3 3 0,1 0,24 0,0
Piabina anhembi *
2 2 0,1 10,06 0,1
Hyphessobrycon bifasciatus *
1 1 0,0 0,40 0,0
Oligosarcus paranensis *
1 1 0,0 20,09 0,2
Synbranchus marmoratus *
1 1 0,0 17,47 0,2
Oreochromis niloticus
1 1 0,0 342,48 3,7
Total 94 136 319 356 138 89 205 167 111 253 149 66 246 113 32 2474 100 9252,49
100
Tabela 4
. Abundância (n° de indivíduos) e biomassa total (g) das espécies coletadas em 15 estações de coleta em riachos da Serra do
Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) para as épocas chuvosa e seca de 2007. * Espécies com distribuição restrita.
45
Espécies Abundância Biomassa
Cg1 Cg2 Cg3 Cg4 Cg5 Cg6 Cg7 Gp1 Gp2 Gp3 Pr1 Pr2 Pr3 Pr4 Cx1 Total % Total %
Phalloceros spp 2 69 102 98 46 43 113 2 20 33 11 3 3 53 598 51,33 130,1 4,0
Pareiorhina sp.
45 4 27 11 30 118 10,21 193,6 5,9
Geophagus brasiliensis 6 6 5 29 23 26 3 98 8,41 950,6 29,1
Astyanax paranae 7 4 1 4 13 1 23 3 1 2 59 5,06 358,4 11,0
Corydoras aeneus 1 10 2 6 19 3 41 3,52 74,25 2,3
Hypostomus ancistroides 5 10 2 1 1 3 2 0 0 2 9 1 36 3,09 93,04 2,9
Characidium oiticicai 2 17 10 6 35 3,00 56,13 1,7
Characidium gomesi 2 30 3 35 3,00 74,24 2,3
Gymnotus carapo 1 5 21 5 2 34 2,91 472,4 14,5
Poecilia reticulata 16 1 17 1,46 1,75 0,1
Trichomycterus brasiliensis 3 10 13 1,11 33,35 1,0
Trichomycterus sp.
3 1 3 4 1 1 13 1,11 50,95 1,6
Astyanax bockmani 2 5 2 1 1 11 0,95 27,07 0,8
Neoplecostoums paranensis 1 1 7 9 0,77 15,9 0,5
Tilapia rendalli 5 2 7 0,69 41,16 1,3
Astyanax altiparanae 3 3 1 7 0,60 42,13 1,3
Rhamdia quelen 1 2 1 1 2 7 0,60 168,4 5,2
Imparfinis mirini 3 1 2 6 0,51 23,71 0,7
Bryconamericus stramineus 3 1 4 0,34 3,91 0,1
Astyanax sp.
3 3 0,25 0,24 0,0
Hisonotus depressicauda 3 3 0,25 1,65 0,1
Piabina anhembi 2 2 0,17 10,06 0,3
Cetopsorhamdia iheringii 1 1 2 0,17 14,9 0,5
Synbranchus marmoratus 1 1 0,09 17,47 0,5
Hyphessobrycon bifasciatus 1 1 0,09 0,4 0,0
Hoplias malabaricus 1 1 0,09 405,4 12,4
Total 51 83 131 145 62 46 143 75 62 89 82 33 80 70 8 1161 100
3261 100,0
Tabela 5:
Abundância (n° de indivíduos) e biomassa total (g) das espécies coletadas em 15 estações de coleta em riachos na Serra do
Japi (APA Jundiaí e Cabreúva) na época chuvosa de 2007.
46
Espécies Abundância Biomassa
Cg1 Cg2 Cg3 Cg4 Cg5 Cg6 Cg7 Gp1 Gp2 Gp3 Pr1 Pr2 Pr3 Pr4 Cx1 Total % Total %
Phalloceros spp 3 38 154 97 45 34 26 2 1 43 13 5 53 21 2 537 86,33 110 1,84
Pareiorhina sp.
37 3 39 14 71 164 26,37 263,4 4,4
Geophagus brasiliensis 11 9 1 2 48 14 34 7 2 128 20,58 1645 27,5
Corydoras aeneus 44 2 18 41 105 16,88 236 3,94
Poecilia reticulata 45 8 53 8,52 8,12 0,14
Gymnotus carapo 6 5 14 11 2 1 39 6,27 580,3 9,69
Imparfinis mirini 11 16 9 36 5,79 133,3 2,22
Characidium oiticicai 1 10 7 8 7 33 5,31 33,83 0,56
Trichomycterus sp.
14 4 4 2 2 4 30 4,82 83,48 1,39
Astyanax paranae 1 3 4 5 1 6 3 1 5 29 4,66 120,1 2
Hypostomus ancistroides 7 6 2 2 2 7 2 28 4,50 163,7 2,73
Characidium gomesi 14 7 21 3,38 41,09 0,69
Astyanax altiparanae 16 3 1 20 3,22 119,3 1,99
Neoplecostoums paranensis 3 2 13 18 2,89 35,65 0,6
Cetopsorhamdia iheringii 4 12 16 2,57 13,58 0,23
Rhamdia quelen 2 4 5 1 1 13 2,09 468,4 7,82
Hoplias malabaricus 2 5 1 3 11 1,77 1327 22,1
Trichomycterus brasiliensis 11 11 1,77 62,81 1,05
Tilapia rendalli 6 6 0,96 161,6 2,7
Astyanax bockmani 3 1 4 0,30 10,03 0,17
Pseucorynopoma heterandria 3 3 0,48 9,77 0,16
Bryconamericus stramineus 3 3 0,48 1,05 0,02
Hisonotus depressicauda 1 2 3 0,48 1,59 0,03
Oligosarcus paranensis 1 1 0,16 20,09 0,34
Oreochromis niloticus 1 1 0,16 342,5 5,72
Total 43 53 188 210 76 43 61 92 49 165 67 33 166 43 24 1313
211,1
5991
100
Tabela 6:
Abundância (n° de indivíduos) e biomassa total (g) das espécies coletadas em 15 estações de coleta em riachos na Serra do Japi
(APA Jundiaí e Cabreúva) na época seca de 2007
47
A análise dos atributos ecológicos da comunidade mostrou uma grande
variação dos índices de riqueza, diversidade, equitabilidade e dominância, bem
como da densidade nos diferentes pontos amostrados (Figura 11).
Os valores de biomassa obtidos para as épocas chuvosa e seca
variaram de 0,09 a 997 g/m², sendo os maiores valores observados na seca em
riachos localizados em áreas mais antropizadas (Gp1, Gp2, Gp3 e Cg4) e os
menores na estação Cg6 em ambas as épocas do ano. Valores mais elevados
de densidade foram verificados nas estações Cg3 e Cg4, durante a época
seca, em decorrência do aumento da captura de
Phalloceros
spp
.
A diversidade (H’) variou de 0,45 a 2,71, com os valores mais baixos
ocorrendo na estação Cg6, um local com predomínio de mata e mais
preservado. Nas estações Cg7, Gp3 e Cx1 foram verificados valores mais
elevados, especialmente durante a seca. De modo geral a riqueza seguiu o
mesmo padrão da diversidade, com os maiores valores sendo registrados nas
estações Cg7 (R=2,42) e Gp3 (R=2,22). A equitabilidade (J’) apresentou ampla
variação entre as estações (0,22 a 0,95), apresentando o maior valor na
estação Cx1 durante a época seca.
48
Figura 11
. Dominância de Simpson (D), riqueza (R), diversidade de Shannon (H’), equitabilidade (J’) e
biomassa nas 15 estações de coleta em riachos da Serra do Japi (APA Jundi e Cabreúva, SP).
Símbolos em azul indicam época chuvosa e em vermelho a época seca.
Dominância
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
D
Riqueza
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
R
Biomassa
0
200
400
600
800
1000
1200
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
g.m
-2
Equitabilidade
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
J'
Densidade
0
50
100
150
200
250
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
Ind. m
-2
Diversidade - Shannon
0
1
2
3
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
H'
49
Analisando-se a similaridade faunística entre as estações de coleta na
época chuvosa (figura 12 a), observou-se a formação de 3 conjuntos principais,
sendo o primeiro formado pelas estações que estão sob maior influência
antrópica (I), e o segundo e terceiro por locais mais preservados (II e III). Nesta
época, espécies exclusivas do grupo I foram
A. altiparanae, A. bockmanni, B.
stramineus, H. malabaricus, H. depressicauda, C. aeneus, I. mirini, G.
brasiliensis, G. carapo, T. rendalli, P. reticulata .
O grupo ll, formado pelas
estações Cg1 e Cg2, caracterizou-se pela presença exclusiva de
T.
brasiliensis,
enquanto o terceiro e último grupo abriga apenas uma espécie
exclusiva a estes pontos:
C. oiticicai e Astyanax
sp.
No dendrograma obtido para o período de seca, também verificou-se a
presença de 3 grupos principais (Figura 12b). O grupo I foi formado por
estações com densa cobertura vegetal e presença exclusiva de
T. brasiliensis
.
O grupo ll, formado pelas estações Gp1, Gp2, Gp3 e Cg4 (locais antropizados)
caracterizou-se pela presença de
H. malabaricus, C. aeneus, P. reticulata e O.
niloticus.
O grupo lll, compreendeu estações com pouca semelhança nas
características do habitat e foi caracterizado pela presença exclusiva de
B.
stramineus, C. gomesi, H. depressicauda, O. paranensis, P. heterandria e T.
rendalli
.
50
Cg7
Pr4
Cx1
Gp1
Cg4
Gp3
Gp2
Cg3
Cg1
Cg2
Pr2
Pr1
Pr3
Cg6
Cg5
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
Distância
Cg5
Pr2
Pr1
Cg1
Cg2
Gp2
Gp1
Gp3
Cg4
Cg7
Cx1
Cg3
Pr4
Cg6
Pr3
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
Distância
Figura 12
. Dendrograma de similaridade faunística entre as 15 estações de coleta com dados de
presença e ausência, utilizando-se a distância de Bray-Curtis e o método de ligação de “Ward”, na
época chuvosa (a) e seca (b), em 2007.
a
b
I II III
I II
III
51
3.3 Relação entre fatores abióticos e estrutura da comunidade
A análise de Escalonamento Multidimensional Não-Métrico realizada
para as épocas chuvosa (Figura 13) e seca (Figura 14) procurou estabelecer
uma associação entre as espécies, estações de coleta e variáveis ambientais.
O valor de
stress
resultante dessa análise foi inferior a 0,1, o que indicou uma
boa ordenação e confiabilidade dos dados.
Considerando-se os resultados obtidos através da análise de regressão
múltipla (Tabela 7), verificou-se que as variáveis ambientais que melhor
explicaram as variações da densidade das espécies no período chuvoso foram:
fósforo total (FT), nitrato, Sólidos Totais Suspensão (STS), temperatura e
profundidade (Tabela 7). O eixo 1 apresentou uma maior associação ao STS
(-0,720) e temperatura (0,698), enquanto o eixo 2 esteve mais relacionado ao
fósforo total (FT) (0,922) e nitrato (0,837).
A Figura 13 indica que as estações de coleta Gp1, Gp2, Gp3 e Cg4
estiveram relacionadas a valores mais elevados de temperatura e baixas
concentrações de STS. Gp3 também esteve relacionado com altos valores de
fósforo total (FT). As espécies que apresentaram maior associação às
estações acima citadas foram
C. aeneus, G. carapo
e
G. brasiliensis.
Cg1 e Cg2 estiveram relacionadas a maiores concentrações de nitrato e
a baixas profundidades, com
Pareiorhina
sp. e
T.
brasiliensis
apresentando
maior associação a estas estações, enquanto Cx1 e Pr4 estiveram associadas
a uma maior profundidade e temperatura e a baixas concentrações de nitrato.
H. ancistroides,
embora possua ampla distribuição, esteve relacionado a esses
ambientes.
Ainda na época chuvosa, as estações Pr1, Pr2, Pr3 e Cg5 estiveram
associadas a concentrações mais altas de STS e a temperaturas mais baixas,
bem como a baixos valores de fósforo total. As espécies que estiveram
52
associadas a estas estações foram
Pareiorhina
sp.
, C. oiticicai R. quelen
e
Trichomycterus
sp.
Os resultados obtidos através da análise de regressão múltipla
indicaram que as variáveis nitrito e condutividade no eixo 1 e a temperatura e
largura no eixo 2 foram os fatores que mais importantes na distribuição das
espécies durante o período seco (Figura 14 e Tabela 8).
De modo geral, verificou-se uma distribuição mais ampla das espécies,
em relação a época chuvosa, com poucas associações marcantes em relação
as diferentes variáveis ambientais. Todavia, pode-se observar a associação de
H. malabaricus, C. aeneus, G.carapo
, e
G. brasiliensis
às estações Gp1, Gp2 e
Gp3 que apresentaram valores mais elevados de nitrito e temperatura mais
altas. A estação Cg4 esteve relacionada a maiores valores de condutividade,
estando
G. brasiliensis
,
C. aeneus
e
G. carapo
associados a esta estação.
Uma menor largura e vazão foram relacionadas à estação Cg3, à qual
T.
rendalli e H. ancistroides
estiveram associadas. As estações Cg1, Cg2, Pr1,
Pr2, Pr3 e Cg5 estiveram negativamente relacionadas à temperatura, nitrito e
condutividade, apresentando baixos valores dessas variáveis, com as
seguintes espécies associadas:
Pareiorhina
sp
, Trichomycterus
sp.,
T.brasiliensis
e
C. oiticicai
.
Phalloceros
spp.
foi a espécie que apresentou
maior distribuição dentro da área de estudo sendo capturada em todas as
estações de coleta.
53
Figura 13
. Diagrama de ordenação representado os dois primeiros eixos da análise de
Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS), apresentando as estações de coleta na Serra
do Japi na época chuvosa, as variáveis ambientais e as espécies (em vermelho). Variáveis
ambientais: Prof (profundidade), STS (Sólidos Totais em Suspensão), Temp (Temperatura), FT
(Fósforo total). Espécies: Trichomycterus brasiliensis (Trbr), Trichomycterus sp (Trsp)
Neoplecostomus paranensis (Nepa), Pareiorhina sp (Pasp), Hypostomus ancistroides (Hyan),
Phalloceros caudimaculatus (Phca), Characidium gomesi (Chgo), Characidium oiticicai (Choi),
Rhamdia quelen (Rhqu), Astyanax paranae (Aspa), Astyanax altiparanae (asal), Astyanax bockmanni
(Asbo), Bryconamericus stramineus (Brst), Cetopsorhamdia iheringii (Ceih), Tilapia rendalli (Tire),
Gymnotus carapo (Gyca), Geophagus brasiliensis (Gebr), Hoplias malabaricus (Homa), Corydoras
aeneus (Coae), Poecilia reticulata (Pore), Imparfinis mirini (Immi).
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
-0.5 0.0 0.5 1.0
NMDS1
NMDS2
Cg1
Cg2
Cg7
Gp3
Gp2
Gp1
Cg4
Cg6
Cg3
Pr2
Pr1
Pr3
Pr4
Cg5
Cx1
Aspa
Asal
Asbo
Brst
Choi
Chgo
Homa
Immi
Ceih
Hyan
Nepa
Pasp
Trbr
Trsp
Rhqu
Coae
Tire
Gebr
Phspp
Pore
Gyca
Temp
Nitrato
FT
STS
Prof
DIMENSÃO 1
DIMENSÃO 2
54
Figura 14
. Diagrama de ordenação representado os dois primeiros eixos da análise de Escalonamento
Multidimensional Não-Métrico (NMDS), apresentando as estações de coleta na Serra do Japi na época
seca, as variáveis ambientais e as espécies (em vermelho). Variáveis ambientais: Larg (Largura), Cond
(Condutividade), Temp (Temperatura). Espécies: Trichomycterus brasiliensis (Trbr), Trichomycterus sp
(Trsp) Neoplecostomus paranensis (Nepa), Pareiorhina sp (Pasp), Hypostomus ancistroides (Hyan),
Phalloceros caudimaculatus (Phca), Characidium gomesi (Chgo), Characidium oiticicai (Choi), Rhamdia
quelen (Rhqu), Astyanax paranae (Aspa), Astyanax altiparanae (asal), Astyanax bockmanni (Asbo),
Bryconamericus stramineus (Brst), Cetopsorhamdia iheringii (Ceih), Tilapia rendalli (Tire), Gymnotus
carapo (Gyca), Geophagus brasiliensis (Gebr), Hoplias malabaricus (Homa), Corydoras aeneus (Coae),
Poecilia reticulata (Pore), Imparfinis mirini (Immi).
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
-0.5 0.0 0.5 1.0
NMDS1
NMDS2
Cg1
Cg2
Cg7
Gp3
Gp2
Gp1
Cg4
Cg6
Cg3
Pr2
Pr1
Pr3
Pr4
Cg5
Cx1
Aspa
Asal
Asbo
Brst
Choi
Chgo
Homa
Immi
Ceih
Hyan
Nepa
Pasp
Trbr
Trsp
Rhqu
Coae
Gebr
Phspp
Pore
Gyca
Tire
Temp
Cond.
Nitrito
Larg
Vazão
DIMENSÃO 1
DIMENSÃO 2
55
Tabela 8.
Análise de regressão múltipla para as variáveis ambientais
estudadas durante a época chuvosa, na Serra do Japi (APA Jundiaí e
Cabreúva, SP) em 2007.
NMDS1 NMDS2 NMDS3 NMDS4 r2 Pr(>r)
pH -0,383 0,357 -0,258 -0,811 0,375 0,272
OD -0,932 -0,166 0,113 0,301 0,300 0,417
Temp 0,503 -0,253 0,818 -0,119 0,583 0,049
*
Turb -0,377 0,174 -0,201 0,887 0,330 0,355
STD 0,675 -0,406 -0,561 -0,254 0,565 0,058
.
Cond, 0,716 -0,090 -0,446 -0,530 0,616 0,029
*
Amônia 0,797 -0,268 0,113 -0,529 0,504 0,102
Nitrito 0,936 -0,208 0,247 -0,143 0,591 0,045
*
Nitrato -0,042 0,486 -0,298 -0,820 0,233 0,590
NT -0,012 0,417 0,004 0,909 0,357 0,297
FS 0,086 -0,509 0,642 0,567 0,077 0,931
FT 0,395 -0,287 0,863 -0,130 0,194 0,688
Alca 0,716 -0,140 -0,162 -0,665 0,564 0,063
.
STS -0,524 -0,344 -0,398 0,670 0,197 0,661
Larg -0,096 -0,110 -0,956 -0,256 0,675 0,013
*
Prof 0,015 0,106 -0,885 0,454 0,317 0,389
Veloc 0,636 0,677 -0,202 -0,311 0,428 0,198
CV -0,311 0,077 0,592 -0,739 0,272 0,481
Vazão -0,226 -0,098 -0,957 -0,150 0,619 0,028
*
Variáveis
Eixos
Nível de
significância
(.) Nível de significância 0,01; (*) vel de significância 0,05; (**) nível de significância
0,005
Tabela 7.
Análise de regressão múltipla para as variáveis ambientais
estudadas durante a época chuvosa, na Serra do Japi (APA Jundiaí e
Cabreúva, SP) em 2007.
NMDS1 NMDS2 NMDS3 NMDS4 r2 Pr(>r)
pH -0,497 -0,568 -0,431 -0,496 0,289 0,447
OD -0,379 0,760 -0,116 0,516 0,336 0,342
Temp 0,698 0,039 0,372 0,611 0,774 0,003
**
STD 0,613 0,719 0,256 -0,206 0,551 0,065
.
Turb 0,871 0,391 -0,122 -0,271 0,462 0,145
Cond. 0,556 0,771 0,231 -0,208 0,502 0,107
Amônia 0,806 0,501 0,039 -0,315 0,566 0,053
.
Nitrito 0,891 0,048 0,199 -0,406 0,261 0,515
Nitrato -0,342 0,837 0,379 0,196 0,588 0,038
*
NT 0,157 0,924 0,347 0,042 0,571 0,060
.
FS 0,756 0,539 0,364 -0,080 0,518 0,076
.
FT 0,336 0,922 -0,151 -0,120 0,708 0,011
*
Alca 0,408 0,397 -0,804 0,173 0,399 0,215
STS -0,720 -0,227 -0,478 0,448 0,683 0,014
*
Larg -0,028 -0,064 -0,506 0,860 0,411 0,209
Prof 0,340 -0,301 -0,274 0,848 0,692 0,014
*
Veloc 0,263 0,403 0,597 -0,642 0,228 0,597
CV -0,549 0,236 0,441 -0,670 0,415 0,218
Vazão 0,060 -0,087 -0,593 0,798 0,483 0,075
.
Variáveis
Eixos
Nível de
significância
(.) Nível de significância 0,01; (*) nível de significância 0,05; (**) nível de
significância 0,005
56
3.4. Caracterização da dieta alimentar
Das 30 espécies de peixes e 2474 exemplares coletados, foram
analisados um total de 589 indivíduos (23,8% do total amostrados)
pertencentes a 22 espécies, o que corresponde a 75,9% do total de espécies
capturadas neste estudo.
A análise dos recursos alimentares consumidos indicou que algumas
espécies apresentam uma dieta bastante diversificada (tabela 9) tais como
G.
brasiliensis, G. carapo, A. altiparanae, A. paranae, C. aeneus, I. mirini
, que
consumiram mais de 54% de todos os itens registrados.
Os itens alimentares mais utilizados pela comunidade de peixes foram
fragmentos de insetos, detritos, fragmentos vegetais e matéria orgânica.
Insetos aquáticos (Chironomidae, Simuliidae e Trichoptera) e algas
(diatomáceas e clorofíceas) também constituíram um recurso alimentar de
grande importância na alimentação da comunidade. Recursos alimentares de
origem indeterminada como fragmentos vegetais e matéria orgânica foram
consumidos por todas as espécies, enquanto itens de origem terrestre tiveram
uma menor participação na dieta, sendo utilizado por espécies que
normalmente vivem na coluna d’água como é o caso de
A. altiparanae, A.
bockmanni
e
A. paranae
.
57
Tabela 9
. Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo estomacal de 22 espécies de peixes de riachos da Serra do Japi (época chuvosa e seca) em
2007. Código das espécies de acordo com Tabela 3.
ESPÉCIES
Asal Asbo Aspa Brstr Ceih Chgo Choi Coae Gebr Gyca Hide Homa Hyan Immi Nepa Pasp Phspp Pore Rhqu Tire Trbr Trsp Total (%)
ORIGEM AQUÁTICA
Chironomidae 10,2 8,0 4,6 16,7 18,6 18,2 12,2 12,1 16,0 12,6 2,8 13,6 7,8 2,9 2,4 3,3 5,0 12,2 19,7 9,0
Ceratopogonidae 1,4 1,3 0,5 3,6 2,9 2,5 0,7 0,6
Culicidae 0,6 2,0 2,5 0,2
Diptera (não identificado) 1,6 2,0 2,0 6,7 1,3 1,3 4,3 1,9 1,4 1,3 2,5 2,7 2,2 1,4
Simuliidae 8,7 6,0 6,6 3,3 10,0 18,8 8,8 2,1 1,9 4,3 2,9 9,2 1,2 1,2 3,3 2,5 2,1 5,4 5,1 4,7
Ephemeroptera 1,6 0,7 3,3 2,9 6,5 9,5 2,8 0,6 1,4 2,2 1,4
Plecoptera 3,2 1,4 0,7 0,7 0,3
Coleoptera (jovem) 1,6 0,6 0,7 0,6 1,4 0,7 1,0 0,3
Coleoptera (adulto) 0,7 5,0 0,3
Trichoptera 5,5 5,3 3,3 14,3 6,5 15,5 0,8 6,3 7,9 10,7 2,1 1,2 2,5 4,1 10,2 4,4
Odonata 2,0 0,7 0,6 1,4 1,0 2,4 1,0 2,5 0,5
Cladocera 0,4 0,5 0,6 0,6 0,1
Copepoda 1,7 1,5 1,1 0,7 0,2
Ostracoda 0,8 5,0 3,4 2,9 0,6 1,4 0,7 0,7
Aeglidae 0,8 1,0 7,5 0,4
Isopoda 1,6 0,5 1,6 1,0 1,2 0,3
Decapoda 1,0 5,0 0,3
Nematoda 5,5 4,0 1,3 3,3 2,9 3,8 2,8 0,6 4,1 3,6 1,4
Oligochaeta 1,6 1,0 0,4 1,0 5,0 2,7 0,5
Acarina 1,3 3,4 0,8 1,0 0,3
Tecameba 4,2 1,0 2,8 0,6 2,7 0,5
Osteichthyes 2,0 0,5 0,8 62,5 7,5 4,2 0,7 3,6
Escamas 0,8 2,0 0,7 0,5 1,2 4,2 0,4
Bacillariophyceae 3,9 2,0 2,6 3,3 12,1 7,3 1,2 20,0 18,8 1,9 17,0 21,8 11,4 16,7 18,8 1,4 7,3
Chlorophyceae 3,1 4,0 3,3 3,3 1,4 0,6 7,1 5,8 2,0 6,7 11,6 1,9 12,1 8,2 7,2 10,0 12,5 4,6
Cyanophyceae 2,0 6,7 2,9 0,5 0,4 13,3 9,4 4,3 15,3 3,6 2,0 12,5 3,3
Bivalvia 2,5 0,1
ORIGEM TERRESTRE
Coleoptera (adulto) 2,0 0,6 0,4 0,1
Diptera 0,8 1,3 1,0 0,6 0,2
Hymenoptera 4,7 1,3 0,3
Lepidoptera (larva) 0,7 0,0
Arachnidae 0,8 0,7 0,1
ORIGEM INDETERMINADA
Fragmentos de insetos
13,4
24,0
21,5
20,0
21,4
20,9
25,0
13,4
10,2
16,0
12,5
1,1
22,3
5,0
1,2
9,6
11,3
17,5
6,3
25,7
24,1
14,6
Fragmentos vegetais 13,4 12,0 19,2 10,0 4,3 5,2 2,7 7,9 11,2 13,0 20,0 12,5 16,6 8,7 12,1 14,1 14,4 8,0 7,5 18,8 4,1 0,7 10,7
Sementes 3,1 2,0 3,3 0,4 0,5 0,4 1,0 0,5
Matéria orgânica 14,2 24,0 19,7 13,3 18,6 11,0 13,5 10,0 18,9 15,4 20,0 12,5 17,7 21,4 12,8 11,8 22,8 22,0 17,5 12,5 18,9 19,0 16,7
Detrito 3,1 6,0 1,3 3,3 2,9 3,2 2,0 12,1 9,2 5,9 20,0 19,3 1,0 12,1 22,9 22,8 22,0 5,0 8,3 13,5 9,5 9,3
Ovos 2,0 1,3 0,7 0,4 1,0 0,6 0,3
Estômagos com conteúdo 22 12 40 6 17 39 40 40 40 40 6 6 39 25 25 40 40 32 16 10 22 22 579
Tabela 9
. Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo estomacal de 22 espécies de peixes de riachos da Serra do
Japi (época chuvosa e seca) coletados em 2007. Código das espécies de acordo com Tabela 3.
58
3.4.1. Variação sazonal da dieta
Das 22 espécies de peixes que tiveram sua dieta analisada, apenas
H.
malabaricus
não apresentou diferença significativa na alimentação entre as
épocas chuvosa e seca, consumindo predominantemente peixes nas duas
épocas do ano (Figura 15). Das espécies que apresentaram variação sazonal,
T. rendalli
embora tenha consumido proporções semelhantes de fragmentos
vegetais em ambas as épocas do ano, consumiu uma maior quantidade de
algas (diatomáceas e clorofíceas) durante a seca.
Pareiorhina
sp.,
H. ancistroides e H. depressicauda
consumiram detritos
em ambas as épocas do ano, ocorrendo um aumento no consumo desse item
durante o período chuvoso, e um maior consumo de matéria orgânica na seca.
Para
N. paranensis,
além de detritos, algas foi um dos principais itens
alimentares durante a época chuvosa. Esta espécie apresentou uma mudança
significativa na dieta, passando a consumir principalmente insetos jovens,
como larvas de díptera (Chironomidae e Simuliidae) e matéria orgânica na
época seca (Figura 15 e Tabela 10). A exemplo de
N. plecostomus
, espécies
como
C. gomesi, B. stramineus
e
Trichomycterus
sp. também consumiram
maiores quantidades de insetos jovens durante a seca, diferenciando-se da
maioria das espécies, onde consumo deste recurso foi maior na época
chuvosa.
A espécie exótica
Poecilia reticulata,
mostrou variação sazonal bastante
significativa.
Proporções semelhantes de fragmentos de insetos (IAi = 30%),
matéria orgânica (IAi = 31%) e detritos (IAi = 26,7%) foram utilizados no
período de chuva, enquanto que na época seca apenas matéria orgânica (IAi =
42,5%) e detrito (IAi = 39,3%) foram consumidos em maiores proporções.
Para
A. bockmanni, C. iheringi, C. oiticicai, C.aeneus, I. mirini
e
T.
brasiliensis,
observou-se um maior consumo de insetos jovens durante o
período chuvoso. Uma análise mais detalhada da dieta dessas espécies
59
mostrou uma alimentação mais diversificada durante esse período (Tabela 10),
com exceção de
C. iheringi
, o qual apresentou maior diversidade de itens
ingeridos na época seca.
Astyanax altiparanae
consumiu proporções mais elevadas de insetos
jovens (Chironomidae, Simuliidae e Trichoptera) e matéria orgânica durante a
época chuvosa, como verificado na Figura 15 e Tabela 10. No entanto, durante
o período seco, os diferentes itens alimentares (insetos jovens, fragmentos de
insetos, matéria vegetal e orgânica) foram consumidos em proporções
semelhantes. Situação semelhante foi verificada para
Geophagus brasiliensis
.
Para
Phalloceros
spp
.
verificou-se um consumo mais elevado de detritos
e fragmentos de vegetais na época chuvosa. Um maior detalhamento da dieta
desta espécie (Tabela 10) mostrou uma diversidade mais alta de itens durante
esse período, com ocorrência de crustáceos (isopoda) e microcrustáceos
(cladoceros e ostracodas), não verificados no período de seca (Tabela 11).
Embora
A. paranae
e
G. carapo
tenham ingerido itens alimentares em
proporções semelhantes em ambas as épocas do ano, os resultados do teste
de Correlação de Spearman indicaram uma variação sazonal significativa
(Figura 15).
60
r = 0,73
p = 0,007
Figura 15
. Índice Alimentar (IAi %) dos itens alimentares consumidos pelas espécies de peixes de riachos
da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP), durante o período chuvoso (azul) e seco (amarelo) de
2007. (Al=algas; InA=instos adultos; InJ=insetos jovens; InFr=fragmentos de insetos; MtV= matéria vegetal;
MtOr=matéria orgânica; DT=detritos, Crs=crustáceos; Px=peixes; Nem=nematóides; Ane=anelídeos;
Ot=outros. Valores de r= Coeficiente de Correlação de Spearman; p= nível de significância. Abreviação do
nome das espécies de acordo com tabela 3.
0,2 0,5
0,1 0,2
100 99,0
0
20
40
60
80
100
IAi(%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Homa
r = 0,53
p = 0
,07
5,3
18,2
0,5
1,5
0,3
67,7
76,4
16,1
1,6
1,8
3,6
5,2
2,0
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Tire
13,5
18,1
0,0
0,7
0,0
3,6
1,5
4,5
13,4
82,8
66,2
0,0
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Pasp
r = 0,93
p <0,0001
10,6
2,3
5,7
2,7
16,8
30,5
67,0
64,5
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Hide
r = 0,80
p = 0,001
3,7
6,9
0,0
0,2
0,0 0,0
9,3
3,9
9,4
31,1
77,6
57,8
0,0 0,1
0,0
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Hyan
r = 0,80
p = 0,001
35,8
11,9
5,3
37,3
4,1
9,9
2,2
2,9
29,9
46,1
14,7
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Nepa
r = 0,78
p = 0,002
0,0
2,1
53,1
72,9
43,4
16,8
0,2
1,1
0,9
8,8
0,2
0,4
0,1
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Chgo
r = 0,80
p= 0,00
1
30,4
45,0
54,1
37,8
0,3
13,2
15,3
1,8
1,6
0,1
0,2
0,1 0,0
0,0
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Trsp
r = 0,78
p= 0,002
r = 0,73
p = 0,007
61
0,6
5,3
27,6
38,0
42,1
47,5
8,4
21,3
4,6
3,8
0,9
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Brst
r = 0,74
p= 0,005
0,6 0,4
17,1
0,2
48,1
33,6
2,3
4,7
30,4
57,5
0,8
3,5
0,3 0,3
0,0
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Asbo
r = 0,89
p< 0,000
1
0,0 0,1
45,4
22,3
30,8
59,1
15,2
0,2
7,8
18,1
0,2
0,8
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Ceih
r = 0,72
p = 0,007
0,3
0,0
0,0
32,5
15,5
46,1
53,1
1,8
4,1
8,8
27,2
0,3
2,6
4,7
3,0
0,0
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Immi
r = 0,62
p= 0,02
0,0
0,2
20,7
3,9
60,9
58,9
3,1
3,9
11,8
22,4
3,0
3,6
3,7
0,3
3,5
0,2
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Trbr
r = 0,78
p = 0,002
0,0
63,0
28,7
34,6
60,0
0,3
0,0
1,9
10,8
0,4
0,2
0,1
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Choi
r = 0,80
p = 0,00
1
3,1
14,0
7,9
0,6
30,0
2,6
1,3
0,9
31,0
42,5
26,7
39,4
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Pore
r = 0,94
p < 0,0001
0,0
0,2
1,5
1,9
43,5
26,7
7,3
19,6
9,1
26,5
31,4
23,2
0,6
0,7
4,0
0,8
0,9
0,2
1,7
0,4
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Asal
r = 0,86
p = 0,003
... Continuação Figura 15.
62
... Continuação
Figura 15
0,1
10,9
40,4
16,5
0,7
18,6
10,3
10,9
46,0
25,8
0,1
14,5
0,6
0,0 0,0
0,9
0,9
2,9
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Gebr
r = 0,60
p = 0,03
0,2
3,4
0,0
1,3
0,3
1,4
4,7
15,2
3,3
39,1
58,6
42,4
29,6
0,2
0,2
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Phspp
r = 0,83
p = 0,006
0,0
1,6 1,0
11,3
8,8
23,2
29,4
38,2
35,4
25,9
22,7
0,1
0,4
0,2
0,1
1,8
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Aspa
r = 0,82
p = 0,009
0,0
0,1
0,0
14,0
11,9
39,8
37,9
12,8
7,6
28,9
40,2
0,7
1,7 1,6
0,2
0,1
1,6
0,0 0,3
0,3
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Gyca
r = 0,61
p = 0,03
0,0 0,2
19,1
4,6
24,7
13,3
4,4
19,9
26,8
1,6
22,9
22,0 21,1
12,7
6,1
0,7
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Rhqu
r = 0,61
p = 0,03
1,1
4,6
19,7
1,6
8,9
18,5
4,8
1,4
44,1
64,9
14,3
4,3 4,7
0,0 2,3
4,5
0
20
40
60
80
100
IAi (%)
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
Coae
r = 0,70
p = 0,006
63
Tabela 11
. Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo estomacal de 22 espécies de peixes na época chuvosa em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e
Cabreúva, SP) em 2007. Código das espécies de acordo com Tabela 3
ESPÉCIES
Asal Asbo Aspa Brst Ceih Chgo Choi Coae Gebr Gyca Hide Homa Hyan Immi Nepa Pasp Phspp Pore Rhqu Tire Trbr Trsp Total (%)
ORIGEM AQUÁTICA
Chironomidae
6,1 5,7 6,8 17,6 18,6 15,7 7,2 17,9 19,8 13,8 1,3 16,7 7,9 2,6 2,7 3,6 7,7 14,3 17,8 9,3
Ceratopogonidae
1,1 3,1 0,2
Culicidae
1,4 2,8 7,7 0,5
Diptera (não identificado)
3,0 2,9 2,7 5,9 1,4 1,4 2,8 3,8 2,6 3,6 2,4 1,5
Simuliidae
9,1 8,6 6,8 5,9 10,0 18,6 2,9 4,7 3,5 5,4 10,0 2,6 1,3 5,4 3,1 2,4 4,4 4,8
Ephemeroptera
6,1 1,4 2,9 10,0 14,5 1,3 2,4 4,4 2,0
Plecoptera
1,4 2,9 0,2
Coleoptera (jovem)
3,0 1,4 2,9 0,8 0,4
Coleoptera (adulto)
0,0
Trichoptera
6,1 8,1 14,3 7,1 21,7 9,3 11,5 3,3 1,3 7,7 4,8 13,3 4,9
Odonata
2,9 1,4 2,9 1,2 1,5 3,3 7,7 1,0
Cladocera
0,9 1,2 1,3 1,3 0,2
Copepoda
2,8 1,2 2,6 0,0 0,3
Ostracoda
3,0 1,9 3,5 3,3 1,3 2,4 2,2 0,8
Aeglidae
1,5 7,7 0,4
Isopoda
3,0 3,3 1,3 0,3
Decapoda
2,3 3,3 7,7 0,6
Nematoda
9,1 2,9 2,7 2,9 8,5 3,8 1,3 2,2 1,5
Oligochaeta
3,0 2,3 0,8 3,3 7,7 2,4 0,9
Acarina
3,0 2,9 1,4 1,9 1,2 0,5
Tecameba
1,9 1,2 1,3 4,8 0,4
Osteichthyes
2,9 0,9 1,2 0,8 100,0 6,3 5,1
Escamas
1,4 6,3 0,3
Bacillariophyceae
3,0 2,7 1,4 10,4 7,0 0,8 18,8 18,4 6,7 15,8 26,0 6,7 7,1 18,8 2,4 6,6
Chlorophyceae
5,7 1,9 3,5 0,8 6,3 13,2 3,3 15,8 6,5 4,0 12,5 9,4 3,8
Cyanophyceae
1,4 11,8 18,8 7,9 15,8 18,2 2,7 0,0 15,6 4,2
Bivalvia
7,7 0,3
ORIGEM TERRESTRE
Coleoptera (adulto)
2,9 1,4 0,2
Diptera
1,4 0,1
Hymenoptera
9,1 2,7 0,5
Lepidoptera (larva)
1,4 0,1
Arachnidae
3,3 0,2
ORIGEM INDETERMINADA
Fragmentos de insetos
9,1 22,9 17,6 17,6 21,4 25,7 24,6 11,3 4,7 14,6 16,7 8,0 19,6 15,4 6,3 23,8 24,4 12,9
Fragmentos vegetais
12,1 11,4 21,6 17,6 4,3 2,9 4,3 11,3 11,6 13,1 18,8 18,4 3,3 15,8 16,9 17,3 5,4 15,6 7,1 2,2 10,5
Sementes
5,9 0,9 1,2 0,8 3,3 0,5
Matéria orgânica
12,1 22,9 23,0 17,6 19,6 7,1 10,1 22,1 14,6 18,8 15,8 13,3 7,9 2,6 24,0 23,1 12,5 16,7 17,8 13,7
Detrito
5,7 2,8 1,4 17,0 4,7 6,2 18,8 19,7 3,3 15,8 26,0 25,3 21,4 6,3 14,3 11,1 9,1
Ovos
2,9 1,4 1,4 1,3 21,4 1,3
Estômagos com conteúdo
5 8 20 3 2 19 20 20 20 20 3 1 19 5 6 20 20 12 5 6 12 12 258
Tabela 10
. Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo estomacal de 22 espécies de peixes de riachos da Serra do
Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) coletados na época chuvosa de 2007. Código das espécies de acordo com Tabela 3.
64
Tabela 11
. Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo estomacal de 22 espécies de peixes na época seca em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí
e Cabreúva, SP) em 2007. Código das espécies de acordo com Tabela 3
ESPÉCIES
Asal Asbo Aspa Brst Ceih Chgo Choi Coae Gebr Gyca Hide Homa Hyan Immi Nepa Pasp
Phspp
Pore Rhqu Tire Trbr Trsp Total (%)
ORIGEM AQUÁTICA
Chironomidae
11,7 7,7 4,9 15,4 18,8 20,2 16,5 7,5 13,3 11,5 3,8 12,3 7,2 3,2 2,2 3,2 3,7 8,6 20,7 8,7
Ceratopogonidae
1,6 0,8 4,1 4,1 3,7 1,1 0,7
Culicidae
0,0
Diptera
1,1 7,7 1,2 2,5 4,9 2,7 0,9 3,7 2,9 3,3 1,4
Simuliidae
8,5 6,2 9,4 20,2 13,9 0,8 3,3 10,8 2,2 1,1 2,1 3,7 8,6 5,4 4,4
Ephemeroptera
7,7 3,1 3,6 5,1 3,6 1,1 1,1
Plecoptera
4,8 0,9 1,1 0,3
Coleoptera (jovem)
1,6 0,8 2,7 0,2
Coleoptera (adulto)
3,7 0,2
Trichoptera
5,3 3,7 7,7 15,6 6,0 10,1 1,5 4,2 4,1 13,7 2,7 1,1 2,9 8,7 4,0
Odonata
1,2 0,8 3,3 0,2
Cladocera
0,0
Copepoda
0,7 1,7 1,1 0,2
Ostracoda
7,5 3,3 2,7 0,6
Aeglidae
7,4 0,3
Isopoda
1,1 0,8 0,1
Decapoda
3,7 0,2
Nematoda
4,3 2,5 7,7 1,6 0,8 1,6 8,6 4,3 1,4
Oligochaeta
1,1 3,7 2,9 0,3
Acarina
5,1 0,2
Tecameba
6,0 0,8 5,7 0,6
Osteichthyes
0,8 40,0 11,1 1,1 2,4
Escamas
1,1 3,7 0,8 2,5 0,4
Bacillariophyceae
4,3 7,7 2,5 7,7 13,4 7,5 1,6 21,4 19,2 16,2 18,3 15,2 22,3 18,8 8,0
Chlorophyceae
4,3 6,2 7,7 1,6 1,2 11,2 7,5 3,3 7,1 10,6 1,4 9,9 9,7 9,8 8,5 18,8 5,4
Cyanophyceae
0,0 2,5 5,2 0,8 0,8 7,1 10,6 12,9 4,3 3,2 6,3 2,4
Bivalvia
0,0
ORIGEM TERRESTRE
Coleoptera (adulto)
1,2 0,8 0,1
Diptera
1,1 1,4 1,1 0,2
Hymenoptera
3,2 0,1
Lepidoptera (larva)
0,0
Arachnidae
1,1 1,2 0,1
ORIGEM INDETERMINADA
Fragmentos de insetos
14,9 30,8 21,0 23,1 21,9 16,7 25,3 14,9 14,2 16,4 20,0 1,9 24,7 6,3 2,2 10,9 6,4 18,5 6,3 25,7 23,9 15,7
Fragmentos vegetais
13,8 15,4 16,0 3,1 7,1 1,3 5,2 10,8 13,1 21,4 20,0 15,4 11,0 9,9 11,8 12,0 9,6 11,1 25,0 8,6 11,0
Sementes
4,3 3,7 0,4
Matéria orgânica
14,9 30,8 21,0 7,7 18,8 14,3 16,5 17,9 16,7 16,4 21,4 20,0 19,2 23,3 16,2 19,4 21,7 22,3 18,5 12,5 20,0 19,6 18,6
Detrito
4,3 7,7 2,5 7,7 3,1 4,8 3,8 8,2 12,5 5,7 21,4 19,2 15,3 20,4 20,7 22,3 7,4 12,5 11,4 8,7 10,0
Ovos
0,7 1,7 0,1
Estômagos com conteúdo
17 4 20 3 15 20 20 20 20 20 3 5 20 20 19 20 20 20 11 4 10 20 331
Tabela 11. Freqüência de ocorrência (%) dos itens alimentares do conteúdo estomacal de 22 espécies de peixes de riachos da Serra do
Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) coletados na época seca de 2007. Código das espécies de acordo com Tabela 3.
65
3.4.2 Determinação dos grupos tróficos
O dendrograma de similaridade (Figura 16) e NMDS (Figura 17 a-b)
baseados nos resultados do IAi demonstraram a ocorrência de sete grupos
tróficos. O valor de
stress
resultante da análise de NMDS foi 0,05. De acordo
com estas análises, os grupos foram classificados da seguinte maneira:
Grupo l: Insetívoros bentônicos - Representado por:
Trichomycterus
sp.;
C.
gomesi
, e
C. oiticicai
. Este grupo compõe 13,6% das espécies analisadas, que
se alimentaram preferencialmente de insetos jovens de origem bentônica (IAi
de 40 a 65%) com elevada freqüência de ocorrência para Chironomidae,
Simuliidae, Trichoptera e Ephemeroptera (Tabela 9). Fragmentos de insetos
também contribuíram com proporções significativas na dieta destas espécies.
Grupo ll: Insetívoros Incluiu as seguintes espécies:
A. paranae
,
A.
altiparanae, A. bockmanni, G. carapo, B. stramineus, C. iheringi, I. mirini e T.
brasiliensis
; representando 36,3% do total das espécies analisadas. Este
grupo apresentou uma dieta onde predominaram fragmentos de insetos (IAi de
39 a 62%) seguido de insetos jovens (IAi de 12,5 a 27%) com destaque para
Chironomidae, Trichoptera, Simuliidae e jovens de díptera não identificados.
Outros itens em menor proporção também fizeram parte da dieta destas
espécies, incluindo algas (diatomáceas, clorofíceas e cianofíceas), fragmentos
vegetais, matéria orgânica, nematóides, crustáceos, detritos e outros.
Grupo llI: Detritívoros Este grupo foi formado por 3 espécies, que
representaram 13,6%
do total de espécies analisada
s: Pareiorhina
sp.
, H.
depressicauda
e
H. ancistroides,
exploraram exclusivamente o fundo, com
ingestão de grandes quantidade de detrito (IAi de 65 a 78%). Também
consumiram grandes proporções de material orgânico, provavelmente pela
deposição do mesmo junto ao sedimento. Algas (IAi de 5 a 16%) (diatomáceas,
clorofíceas e cianofíceas) também tiveram uma importante participação na
dieta dessas espécies (Tabela 9).
66
Grupo lV: Herbívoros - Composto por apenas uma espécie (4,5%),
T. rendalli
,
que se alimentou predominantemente de fragmentos de vegetais (IAi=72%).
Algas (principalmente diatomáceas) e matéria orgânica também foram comuns
na dieta. Insetos, detritos e peixes apresentaram uma baixa ocorrência na
alimentação desta espécie.
Grupo V: Onívoros As espécies classificadas nesta guilda trófica possuem
um hábito alimentar generalista, ingerindo desde algas (unicelulares e
filamentosas) e fragmentos de matéria vegetal, a fragmentos de insetos e
insetos jovens, detritos, nematóides, oligoquetas, matéria orgânica e outros.
Incluiu espécies como:
C. aeneus
,
G. brasiliensis
,
N. paranensis
,
Phalloceros
Figura 16.
Dendrograma de similaridade baseado no IAi obtido para 22 espécies de peixes em
riachos da Serra do Japi (APAs Jundiaí e Cabreúva, SP). Linhas tracejadas indicam os grupos
tróficos formados. I: Insetívoros bentônicos; II: insetívoros; III: detritívoros; IV: Herbívoros; V:
Onívoros; VI: Piscívoros; VII: Onívoro com tendência a carnivoria.
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Espécies
Distância
Pasp
Hide
Hyan
Tire
Phspp
Pore
Nepa
Gebr
Coae
Homa
Rhqu
Asbo
Gyca
Brstr
Immi
Ceih
Trbr
Aspa
Asal
Trsp
Chgo
Choi
III
I
V
V
V
I
V
I
I
II
I
67
spp
.
e
P. reticulata.
As últimas duas espécies apresentaram altas proporções
de detrito (IA= 40%) e matéria orgânica (IA= 36,3%) em sua dieta. Este grupo
representa 22,7% do total de espécies analisadas.
Grupo VI: Piscívoros - Apenas
H. malabaricus
foi identificada nesta guilda
trófica (4,5%), apresentando uma dieta baseada quase que exclusivamente em
peixes (IA= 99%). Itens como fragmentos de insetos, vegetais e matéria
orgânica foram considerados raros em sua dieta.
Grupo VII: Onívoros com tendência a carnivoria Formado pela espécie
R.
quelen
, representa 4,5% das espécies que tiveram sua dieta analisada. Esta
espécie alimentou-se de proporções semelhantes de fragmentos de insetos
(IAi=23,5%), crustáceos (IAi= 23,3%) e matéria orgânica (IAi= 24,5%). Outros
itens como peixes, anelídeos e insetos jovens também tiveram importante
participação na dieta dessa espécie.
68
Figura 17
.
Escores para espécies de peixes (a) e seus itens alimentares (b) nas dimensões 1 e 2,
derivados do Método de Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS). Os círculos e
retângulos (a) indicam os grupos determinados pelo “cluster”. (b) Al=algas; Dt = detritos; MtOrg=
matéria orgânica; MtV= matéria vegetal; Ot= outros, InJ= insetos jovens; InA= insetos adultos; InFr=
fragmentos de insetos, Nem= nematóides; Ane= anelídeo, Crs= crustáceos, Px= peixe.
-1.0 -0.5 0.0 0.5
-1.5 -1.0 -0.5 0.0
NMDS1
NMDS2
Asbo
Brstr
Ceih
Chgo
Choi
Coae
Gebr
Gyca
Immi
Trbr
Trsp
Asal
Aspa
Nepa
Hide
Hyan
Phspp
Pore
Pasp
Homa
Rhqu
Tire
-1.0 -0.5 0.0 0.5
-1.5 -1.0 -0.5 0.0
NMDS1
NMDS2
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Al
InA
InJ
InFr
MtV
MtOr
Dt
Crs
Px
Nem
Ane
Ot
DIMENSÃO 2
DIMENSÃO 2
DIMENSÃO
1
DIMENSÃO
1
69
3.4.3. Relação entre as guildas tróficas e variáveis ambientais
Considerando-se a biomassa dos diferentes grupos tróficos (g.m
-2
),
verificou-se um predomínio de onívoros (37%) e insetívoros (28%), seguido
por piscívoros (16%), onívoros com tendência a carnivoria (8%), detritívoros
(7%) e herbívoros (4%). A figura 18 mostra a proporção de biomassa dos
diferentes grupos tróficos para cada ponto amostrado.
O diagrama produzido pela ACC, baseado nos dados de biomassa dos
grupos tróficos e variáveis ambientais selecionadas (p>0,005) permitiu explicar
68% da variância dos dados (sendo 62% nos primeiros dois eixos), mostrando
que o nitrogênio total, temperatura e condutividade no eixo 1 e nitrogênio total
no eixo 2 foram os fatores mais importantes na distribuição dos grupos tróficos
(Tabela 10).
A ACC (Figura 19) indicou que o grupo dos onívoros, insetívoros e
onívoros com tendência a carnivoria apresentou ampla distribuição dentro da
área de estudo, não estando associados especificamente a nenhuma variável
ambiental. Por outro lado a biomassa de detritívoros, piscívoros e herbívoros
esteve associada à diferentes variáveis. O grupo dos detritívoros, de modo
geral, esteve associado a ambientes com baixa temperatura e condutividade,
enquanto que herbívoros mostraram uma forte associação com os altos valores
de nitrogênio total e menor velocidade da água conforme encontrado no ponto
Cg3. Uma maior biomassa de piscívoros esteve relacionada a valores mais
elevados de temperatura e condutividade nas estações Cg7, Gp3, Gp1 e Cg4.
70
Figura 18
. Biomassa dos diferentes grupos tróficos por estação de coleta, em riachos da Serra
do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP) em 2007.
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
800,0
Biomassa g.m
-2
Cg1
Cg2
Cg3
Cg4
Cg5
Cg6
Cg7
Gp1
Gp2
Gp3
Pr1
Pr2
Pr3
Pr4
Cx1
Estações de coleta
Onívoro/Carnívoro
Piscívoros
Herbívoros
Detritívoros
Insetívoros
Onívoros
Tabela 10.
Resultado da Análise de Correspondência Canônica (ACC) relacionando os grupos
tróficos as variáveis ambientais em riachos da Serra do Japi
Variável/Eixo 1 2 3 4
Temperatura 0,65 -0,23 0,58 0,23
Nitrogênio Total -0,73 -0,65 0,07 0,19
Velocidade 0,30 0,09 0,03 0,95
Condutividade 0,67 -0,35 -0,47 0,44
Eixo
Autovalores 0,21 0,16 0,02 0,01
Variação percentual cumulativa 0,35 0,62 0,67 0,68
Correlação Espécie/Ambiente 0,95 0,93 0,53 0,39
Tabela 12.
Resultado da Analise de Correspondência Canônica (ACC) relacionando os grupos
tróficos as variáveis ambientais em riachos da Serra do Japi (APA Jundiaí e Cabreúva, SP), em
2007. Variável/eixo = valores de projeção da variável no eixo
71
-2 -1 0 1
-2 -1 0 1
CCA1
CCA2
ONI
INS
DET
HER
PIS
O.CAR
Cg1
Cg2
Cg7
Gp3
Gp2
Gp1
Cg4
Cg6
Cg3
Pr2
Pr1
Pr3
Pr4
Cg5
Cx1
NitTotal
Temp
Veloc
Cond
-1
0
Figura 19
. Diagrama de ordenação representando os dois primeiros eixos da
Análise de
Correspondência Canônica (ACC) para os 15 trechos de riachos amostrados, relacionando a
biomassa dos diferentes grupos tróficos com as variáveis ambientais. Temp= temperatura;
Cond= condutividade; Nit Total= nitrogênio total; Veloc = velocidade da água; HER= herbívoros,
DET= detritívoros, PIS= piscívoros; INS= insetívoros, ONI= onívoros; O.CAR= onívoro com
tendência à carnivoria.
EIXO 1
EIXO 2
72
4. DISCUSSÃO
4.1 Características químicas da água
As características químicas da água em ambientes lóticos são
fortemente influenciadas pela geologia, clima, fisiografia (EGGLISHAW e
MORGAN, 1965; LEE, 1980; WENINGER, 1972), bem como pelas reações que
ocorrem entre a água e o solo ou entre a água e os sedimentos orgânicos e
inorgânicos sobre os quais ela escoa (MAIER, 1978), podendo influenciar a
biomassa e abundância dos organismos aquáticos (MINSHALL e MINSHALL,
1978).
De acordo com ARCOVA
et al.
(1998), os processos que controlam a
qualidade da água fazem parte de um frágil equilíbrio, e alterações de ordem
física, química ou climática, na bacia hidrográfica, podem modificar a sua
qualidade.
As variáveis limnológicas analisadas nos riachos da Serra do Japi foram
comparadas com os padrões estabelecidos pela resolução n° 357 do CONAMA
(2005), para corpos d’água classe 2, que determinam os limites máximos de
nutrientes, metais pesados e demais substâncias que podem estar presentes
em águas destinadas ao consumo humano, proteção de comunidades
aquáticas, recreação, aqüicultura e usos simulares.
As concentrações de oxigênio dissolvido encontrados na área de estudo
foram superiores aos valores mínimos estabelecidos pela legislação, bem
como aos valores encontrados para diversos rios brasileiros (ARCOVA e
CICCO, 1999; BUCK, 2000; PINTO LOBO, 2006; SILVA
et al
., 2007). Segundo
MAIER (1978), dois fatores podem contribuir para elevar os níveis de oxigênio
dissolvido em corpos d’água: a boa proteção vegetal que mantém a
temperatura da água pouco elevada e a presença de rochas do leito do rio, que
provocam o turbilhonamento da água e conseqüente dissolução do oxigênio
atmosférico, características comuns à maioria das estações amostradas.
73
Os Sólidos Totais Dissolvidos (STD), que compreendem diversos sais
inorgânicos (cálcio, magnésio, potássio, sódio, bicarbonato, cloretos e sulfetos)
bem como pequenas quantidades de matéria orgânica dissolvida na água,
ocorreram em baixas concentrações, estando dentro dos limites estabelecidos
pelo CONAMA de 500 mg.l
-1
. Valores elevados de STD podem ocorrer devido
a fatores naturais ou derivados de atividades antrópicas tais como fontes de
poluição pontual ou difusa provenientes da agricultura ou ainda em função do
tipo de solo (ELITEWATER, 2008).
A ampla variação dos valores de condutividade verificada nos riachos
estudados parece indicar que estes estão sujeitos a diferentes condições,
indicando a existência de trechos bastante preservados (16 µS.cm
-1
)
comparáveis aos descritos para outras regiões preservadas de Mata Atlântica
(VIEIRA e ESTEVES, 2002), bem como locais mais impactados (Cg4- 110
µS.cm
-1
) que indicariam influências de atividades antrópicas tais como o
lançamento de efluentes nestes locais.
A turbidez da água está relacionada à fenômenos de dispersão e
absorção de luz através da presença de materiais em suspensão. Nos rios, a
quantidade desses materiais depende em grande parte da vazão, bem como
das características físicas e geológicas da bacia e do leito. Os valores máximos
de turbidez registrados neste estudo não ultrapassaram 32 NTUs, estando
abaixo dos valores propostos pelo CONAMA (2005). A água cristalina, com
baixa turbidez, é característica de rios de Mata Atlântica (SABINO e CASTRO,
1990) e tem implicações na distribuição espacial dos peixes principalmente em
locais mais rasos, onde estes ficam expostos à predação (BUCK, 2000).
Valores de pH próximos à neutralidade como os encontrados nos
riachos da Serra do Japi (6,1 a 7,5), são comuns à maioria dos ambientes
aquáticos continentais, onde o pH varia entre 6 e 8 (ESTEVES, 1998). Valores
semelhantes ao observados neste estudo também foram encontrado por
VIEIRA e ESTEVES (2002), BRAGA e ANDRADE (2005) e CASATTI (2005),
para riachos de Mata Atlântica da região sudeste do Brasil. Segundo
74
TALAMONI (1995), baixas flutuações de pH sugerem que os corpos d’água
tem um eficiente sistema de tamponamento ou acelerada dinâmica metabólica.
De modo geral, baixos valores de nutrientes, especialmente nitrito,
nitrato e amônia foram observados nos trechos amostrados. A baixa
concentração destes nutrientes dissolvidos pode ser explicada pelo seu
consumo por algas e vegetais, pois quando estão na forma de nitratos e
fosfatos, estão mais disponíveis, sendo assim prontamente utilizados BOYD
(1997 apud PILARSKI
et al
., 2004). Resultados semelhantes também foram
verificados por PINTO-LOBO (2006) no rio Paraitinga (SP), onde os valores
foram nulos em diversas ocasiões. As concentrações de nitrogênio total,
embora não tenham ultrapassado os valores permitidos pela legislação,
mostraram-se mais elevadas na estação Cg3 durante a época seca. Esse
aumento pode estar relacionado a presença de fezes de aves próximos ao
trecho estudado, que podem causar grandes aumentos nas concentrações de
nitrogênio em corpos d’água (CAMARGO e AFONSO, 2001).
As concentrações mais elevadas de fósforo total observadas durante a
época chuvosa, podem ter ocorrido em função de um aumento da superfície de
escoamento do solo para o leito do rio, possivelmente causando o aporte de
substâncias alóctones contendo compostos de sforo, conforme observado
por MAIER (1978). Os altos valores encontrados nos pontos Cg7, Gp2, Cp3 e
Cg4 (100 µg.l
-1
) no entanto, sugerem a presença de fatores de poluição
orgânica. Segundo ALLAN (1995) as atividades antrópicas atualmente são as
principais contribuintes para entrada de nutrientes em rios e riachos, sendo o
aumento de sforo causado principalmente por descargas de esgoto e erosão
do solo. Os valores de ortofosfato estiveram abaixo dos valores preconizados
pela legislação.
Estudos sobre a química da água mostram que determinados
parâmetros tendem a ser relacionados ao uso de terra na bacia hidrográfica e
na zona ripária: fósforo total e sólidos em suspensão seriam mais controlados
pela zona ripária, enquanto amônia e sólidos totais dissolvidos seriam mais
influenciados pelo uso de terra na bacia (BECKER, 2002).
75
4.2 Composição e estrutura da ictiofauna
O presente estudo mostrou o predomínio de Characiformes e
Siluriformes nos riachos da Serra do Japi, refletindo a situação esperada para
riachos não estuarinos da região Neotropical (GOULDING, 1980; AGOSTINHO
et al
., 1997; LOWE-McCONNELL, 1999). A predominância de Characidae
também tem sido documentada em diversas regiões do sudeste do Brasil,
seguido por Loricariidae, Cichlidae e/ou Heptapteridae (CASTRO
el al
., 2003;
LANGEANI
et al
., 2005; OLIVEIRA e BENNEMANN, 2005), situação esta
também verificada nos riachos da Serra do Japi, nos quais as famílias
Characidae e Loricariidae foram as que apresentaram o maior número de
espécies.
Estudos sobre a ictiofauna de riachos em regiões de Mata Atlântica têm
mostrado que o número de espécies que ocorre nestes ecossistemas é
bastante variável. SABINO e CASTRO (1990) estudando um riacho litorâneo,
na região de Ubatuba (SP) encontraram oito espécies para a ictiofauna local,
enquanto MAZZONI (1998) registrou 22 espécies para rio Ubatiba (RJ) e seus
tributários, e BUCK (2000) um total de 26 espécies ao longo de um único
riacho, no Alto do Ribeira. Um número ainda maior (37 espécies) foi observado
por BRAGA e ANDRADE (2005) em estudos realizados em quatro riachos na
bacia do Ribeirão Grande, no Estado de São Paulo.
A variação no número de espécies encontradas em riachos nos
diferentes estudos pode estar relacionada a diversos fatores, como a utilização
de diferentes artes de pesca, ao porte e comprimento do trecho estudado, à
bacia hidrográfica, bem como às diferentes características dos ambientes
estudados. Desta forma, comparações dos resultados obtidos no presente
estudo com outros riachos tornam-se difíceis, principalmente em função do
número de trechos amostrados.
A ictiofauna de riachos da Serra do Japi, considerando-se os trechos
estudados, é dominada por espécies de pequeno porte, algumas típicas destes
ambientes, e outras que possuem ampla distribuição. Do total de espécies
76
coletadas (29),
Phalloceros
spp,
Pareiorhina
sp.,
Geophagus brasiliensis
e
Corydoras aeneus
foram as mais abundantes.
P.caudimaculatus
é
frequentemente citado entre as espécies mais abundantes em riachos do Alto
Paraná (CASTRO e CASATTI, 1997; PAVANELLI e CARAMASCHI, 2003),
tributários do Médio e Alto Tietê (ARRUDA, 2006; PINTO-LOBO, 2006) e em
riachos de Mata Atlântica (ESTEVES e LOBÓN-CERVIÁ, 2001; MAZZONI
et
al
., 2006). Embora seja muitas vezes associada à degradação ambiental
(CARAMASCHI, 1986; BARRETO, 1995; SUAREZ E PETRERE-JR, 2005),
essa espécie nativa de Poeciliidae é capaz de sobreviver tanto em ambientes
com mata ciliar quanto em locais desflorestados (CASTRO E CASATTI, 1997).
Segundo SABINO e CASTRO (1990
), P.caudimaculatus
e
G. brasiliensis
são
espécies de ampla distribuição no interior paulista, sendo que o hábito onívoro
destas espécies possibilita sua ocorrência desde áreas de cabeceira a rios de
grande porte.
Segundo OYAKAWA (com.pess.),
Pareiorhina
sp., que foi abundante em
alguns dos trechos estudados na Serra Japi, aparentemente representa uma
espécie nova, que atualmente, encontra-se em fase de descrição. Sua
ocorrência também foi registrada em riachos na região da Estação Biológica de
Boracéia (SP), sendo provavelmente uma espécie endêmica de Mata Atlântica.
Espécies de maior porte como
Hoplias malabaricus
e
Rhamdia quelen
são consideradas de ampla distribuição e comuns em riachos (BUCKUP,
1999). Embora tenham ocorrido em diversos trechos amostrados, foram pouco
abundantes. Estes resultados possivelmente refletem as preferências de
habitat de espécies como
R. quelen
que vive em lagos e poços fundos dos rios,
com preferência de águas mais calmas com fundo de areia e lama (GUEDES,
1980), ambiente pouco comum nos trechos amostrados.
A ocorrência de espécies exóticas, como
Tilapia rendalli
e
Oreochromis
niloticus
, foi registrada em apenas dois riachos. A presença dessas espécies
possivelmente está associada à presença de pesqueiros e pequenos
represamentos próximos ao trecho coletado, onde estas espécies foram
introduzidas. Embora um pequeno número de exemplares tenha sido coletado,
77
e aparentemente estes o tenham se disseminado para outros riachos, é
sabido que vários danos são causados pela introdução de espécies exóticas,
podendo ressaltar-se a predação de espécies nativas, alteração no habitat,
hibridização e transmissão de doenças e parasitas (AGOSTINHO e JULIO,
1999). Quanto à presença de
P. reticulata
, a espécie esteve sempre associada
a ambientes mais impactados, com modificação da vegetação ripária, como
verificado por diversos outros estudos (CASATTI
et al.,
2006; PINTO
et al
.,
2006; CUNICO,
et al
., 2006).
A maior abundância de peixes registrada durante a época seca também
foi verificada em outros estudos como os de PINTO-LOBO (2006) no Rio
Paraitinga, SP e PINTO e UIEDA (2005), em um afluente do rio
Paranapanema. Segundo estes autores, a maior abundância de indivíduos na
estação seca pode estar relacionada à redução do volume de água do riacho
neste período, causando uma maior concentração da fauna. Além disto, outras
condições como uma maior transparência da água e menor profundidade dos
trechos amostrados podem ter facilitado o manuseio do equipamento de pesca
elétrica e melhor visualização das espécies. Todavia, outros estudos realizados
em riachos relatam uma fauna mais abundante e diversificada no período
chuvoso, o que pode ser explicado pela intensificação do período reprodutivo
e/ou recrutamento de indivíduos de áreas adjacentes (GARUTTI, 1988; UIEDA
e BARRETO, 1999; LOWE-McCONNELL, 1999).
Três espécies – G
. brasiliensis, H. malabaricus
e
G. carapo
- foram
responsáveis por aproximadamente 60% da biomassa total capturada nos
riachos da Serra do Japi. Os valores de biomassa foram superiores na seca em
relação à chuvosa, o que possivelmente ocorreu pelo aumento da captura de
indivíduos de maior porte como
R. quelen
,
H. malabaricus
e
O. niloticus
.
Outros estudos (CASTRO
et al
., 2003) citam para bacia do Alto Rio
Paraná
A. altiparanae e G. brasiliensis
como as espécies com a maior
contribuição em termos de biomassa, enquanto CASTRO e CASATTI (1997)
verificaram que
A. bimaculatus
, juntamente com
A. fasciatus
e
R. quelen
foram
as espécies de maior biomassa em riachos desta mesma região. No presente
78
estudo, as espécies de
Astyanax
representaram menos de 8% da biomassa
capturada, o que pode ser explicado pela baixa profundidade e reduzido
volume de água nos diversos trechos estudados, o que dificultaria a ação
natatória desses caracídeos. Tal fato foi também observado por CASATTI
(2005) em um riacho na região do Alto Rio Paraná, onde a presença de
A.
altiparanae
esteve associada aos trechos inferiores do rio, local em que uma
maior profundidade permite a atividade natatória e a presença de cardumes de
indivíduos desta espécie.
Características ambientais são responsáveis pela formação e estrutura
das comunidades de organismos aquáticos (MATHEWS, 1998). Características
do habitat como tipo de substrato, profundidade, cobertura vegetal, velocidade
da corrente e variáveis limnológicas são alguns dos mais importantes fatores
que determinam a distribuição das comunidades de peixes de riachos
(SHELDON, 1968; GORMAN e KARR, 1978; ANGERMEIER e KARR, 1983).
As combinações de tais características ambientais produzem um mosaico de
micro-habitats que influenciam a composição, riqueza e diversidade nestes
ambientes (GORMAN e KARR, 1978).
O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) situa-se no grupo de
medidas de diversidade que se baseiam na abundância proporcional das
espécies (KREBS, 1989). Na Serra do Japi a diversidade variou de 0,45 a 2,7,
situando-se na faixa verificada por MARGALEF (1972), segundo o qual os
valores de H’ usualmente variam entre 1,5 a 3,5 e raramente superam 4,5.
ZALEWSKI (1992) cita que baixos valores de diversidade ocorrem em
ambientes “severos”, abioticamente regulados, isto é, onde fortes limitações
tróficas. Por outro lado, as mais altas diversidades são observadas em
ambientes onde os fatores abióticos se encontram flutuando entre o “ótimo
fisiológico” das espécies.
Os valores mais elevados de diversidade e riqueza verificados em
trechos que estão sujeitos a maiores influências antrópicas (região de maior
concentração humana ou em áreas de pastagem) poderiam ser explicadas por
diferentes fatores como uma maior heterogeneidade ambiental, ou pela
79
hipótese do distúrbio intermediário (CONNELL, 1978). Fatores como largura,
profundidade, tipo de vegetação marginal, bem como as diferentes proporções
dos tipos de substratos levam a uma diversificação de microhabitats, sendo
importante na determinação da ocorrência de determinadas espécies. a
hipótese de distúrbio intermediário, sugere que a diversidade de espécies pode
aumentar em função de pequenos a moderados distúrbios que, atuando sobre
a densidade populacional, permitem a ocorrência de um maior número de
espécies sem que a competição leve a exclusão de uma delas. No entanto,
grandes distúrbios podem passar a eliminar as espécies por estresse elevado,
levando novamente a uma diminuição na diversidade. WARD e STANFORD
(1983) afirmam que esta hipótese pode ser amplamente aplicada na explicação
de padrões de diversidade biótica observada em ecossistemas naturais e
mesmo naqueles alterados, onde a maior heterogeneidade de ambientes
promove condições de maior diversidade. Resultados semelhantes ao
encontrados no presente estudo foram verificados por LEIDY e FIELDER
(1985) em tributários do Rio São Francisco, EUA, que verificaram que tanto a
riqueza de espécies como a diversidade, aumentaram nos locais sujeitos a um
moderado distúrbio urbano.
Em relação à densidade, os valores estimados para os diferentes
trechos amostrados variaram de 740 a 21.000 ind/ha. Esses valores são
relativamente baixos quanto comparados ao obtidos por MAZZONI (1998) em
diversos trechos de um rio de Mata Atlântica (RJ), que verificou densidades
entre 15.000 ind/ha a 70.000 ind/ha, e aos obtidos por MARTIN-SMITH (1998)
em poções na região de Sabah, Malásia, onde a estimativa máxima de
densidade foi de até 70.000 ind/ha. Os altos valores de densidade verificados,
sobretudo nos pontos Cg4 e Cg3, ocorreram devido à predominância de
Phalloceros
spp
.
, cuja abundância parece estar relacionada a presença de
pequenas poças, micro-habitat onde gramíneas submersas são abundantes,
fornecendo proteção e alimentação para a espécie.
As curvas de K-dominância são frequentemente utilizadas como
indicadoras de estresse ambiental (GRAY, 1989). A lógica por trás do uso
destas curvas para avaliar o efeito de perturbações sobre o ecossistema,
80
consiste no fato de que espécies tolerantes passam a ocorrer em número muito
elevado em relação a espécies não tolerantes, que são raras quando diante de
estresse ambiental. No entanto, a alta dominância verificada em alguns locais
da Serra do Japi não parece estar associada a distúrbios antrópicos, mas sim a
características específicas de cada ambiente, o que também foi verificado por
BIANCHI
et al
. (2000) em ambientes marinhos e por BARRETO e UIEDA
(1998) em riachos no Estado de São Paulo.
Tal fato foi observado em alguns trechos estudados, como Cg1, Cg2 e
Cg6, onde a dominância de espécies como
Pareiorhina
sp. (Cg1) parece estar
associada a ambientes característicos com presença de rápidos, fundo arenoso
e presença de matacões, à semelhança do observado para esta espécie por
GARAVELLO & SANTANA (1998) em riachos da bacia do Paraíba e do Tietê.
De fato, conforme verificado pela NMDS, esta espécie esteve geralmente
associada a ambientes com baixas concentrações de sforo total, baixa
condutividade e baixas temperaturas, condições estas características dos
trechos de mata mais preservada. Da mesma forma, a dominância de
Phalloceros
spp
em trechos rasos de mata mais preservada, parece corroborar
a afirmação de BIANCHI (op.cit), indicando uma preferência da espécie por
habitats pouco complexos e com a ausência de predadores.
Os resultados relativos à similaridade entre as estações de coleta
indicaram diferenças entre as épocas chuvosa e seca, com uma clara
separação dos trechos que estiveram sob influências antrópicas (grupo l)
daqueles mais preservados no período chuvoso. na época seca, esse
padrão não foi verificado, devido ao agrupamento de estações (grupo IIl) que
incluíram tanto trechos preservados como áreas sujeitas a impactos antrópicos.
Estes resultados, bem como a diferença de distribuição das espécies no
período seco e chuvoso, verificados através da NMDS, sugerem uma maior
heterogeneidade das condições ambientais na época chuvosa, que poderia ser
explicada por possíveis efeitos do clima sobre a vegetação, e
consequentemente, sobre a dinâmica de entrada da matéria orgânica nos
riachos. Essa maior complexidade estrutural do habitat também pode ser
81
oriunda do aumento do número de microhabitats em função do maior volume
de água (UIEDA e MOTTA, 2007).
De acordo com SANSEVERINO & NESSIMINIAN (2008) a entrada de
“folhiço”, considerado toda matéria orgânica depositada no fundo do riacho,
composta por folhas, galhos, frutos e sementes, pode sofrer variações
sazonais, sendo o tempo de retenção de bolsões de folhiço influenciado, dentre
outros fatores, por condições hidrológicas e climáticas. Os depósitos de folhiço
podem aumentar a área de fundo a ser colonizada em riachos (WARD, 1992),
proporcionando a formação de nichos de proteção e abrigo para peixes,
conforme verificado em riachos da Amazônia (WALKER, 1992). Tal situação
foi verificada por SANSEVERINO & NESSIMINIAN (2008) em um riacho de
Mata Atlântica, onde no período chuvoso ocorreu um carreamento de material
acumulado no solo marginal ao riacho. A ocorrência de processo semelhante a
este no período chuvoso, poderia explicar o agrupamento dos trechos de mata
do presente estudo, em função da criação de nichos que favoreceriam a
presença de determinadas espécies.
Através da NMDS constatou-se que das 20 variáveis utilizadas para a
análise, a distribuição das diferentes espécies foi explicada principalmente pelo
nitrito, fósforo total, nitrato, sólidos totais em suspensão, condutividade,
temperatura, vazão e largura. Outros estudos realizados em riachos tropicais
constataram que o principal fator que diferenciou as comunidades estudadas
foi o volume, através da maior importância da profundidade e largura dos
riachos estudados (SUAREZ e PETRERE-JR, 2005). Esses autores também
verificaram a importância da temperatura sobre a ocorrência das espécies,
sugerindo uma influência sazonal sobre as mesmas.
As duas espécies de
Trichomycterus
encontradas ocorreram
principalmente em regiões de corredeira e rápidos com grande quantidade de
cascalho e areia, conforme também verificado por CASATTI (2003), em um
riacho no Parque Estadual do Morro do Diabo (SP) e PINTO-LOBO no Rio
Paraitinga (SP). Na Serra do Japi, estiveram associadas a ambientes com
densa cobertura vegetal e baixas concentrações de fósforo total, indicando
82
uma preferência por habitats mais preservados. É interessante notar que
Trichomycterus
sp. apresentou uma distribuição mais ampla que
T. brasiliensis
não co-ocorrendo com esta
,
que esteve restrita a trechos de baixa
profundidade (Cg1 e Cg2).
C. oiticicai
esteve associada às mesmas características ambientais que
Trichomycterus
sp. A presença de nadadeiras peitorais expandidas em
Characidium
e o pequeno porte são características que permitem a utilização
de locais com rápido fluxo (BRAGA, 2004).
Phalloceros
spp
.
foi considerada uma espécie de ampla distribuição
como verificado pela análise NMDS, pois o esteve associada
especificamente a nenhuma variável ambiental nas duas épocas do ano.
PENCZAK
et al
. (1994) também verificaram que
P. caudimaculatus
apresentou
uma distribuição ampla no córrego Água de Nanci, Alto Paraná, onde a espécie
mostrou uma preferência pelos trechos superiores do rio, sem cobertura
vegetal, o que foi relacionado à sua preferência por algas filamentosas.
A NMDS realizada para o período chuvoso mostrou que as estações
sujeitas a maiores impactos antrópicos (Cg3, Cg4, Cg7,Gp1,Cp2, Gp3), onde
ocorrem espécies tais como
A.altiparanae, P.reticulata
A. bockmanni, B.
stramineus, G.brasiliensis, T.rendalli, C. iheringi, G.carapo, H.malabaricus e
C.aeneus
estiveram
associadas a temperaturas mais elevadas, e em alguns
casos (Gp3) a maiores concentrações de fósforo total. Valores elevados desse
nutriente sugerem uma maior poluição orgânica derivada de atividades
antrópicas, dentre as quais aquelas provenientes da descarga de esgotos e
erosão do solo (ALLAN, 1995). A presença de
A. altiparanae
e
P.reticulata
tem
sido associada a locais mais degradados conforme verificado na bacia do Rio
Tibagi (ORSI
et al
., 2004) e em três córregos em Maringá (PR), sendo que a
última espécie apresentou relação a altas concentrações de fósforo (CUNICO
et al
., 2006).
Da mesma forma,
G. carapo
e
G.brasiliensis
foram abundantes em
estações com alterações físicas e químicas do habitat. Estas espécies têm sido
83
citadas na literatura, como espécies tolerantes a degradação (ARAÚJO,1998),
sendo
G. carapo
encontrado em ambientes com baixas concentrações de
oxigênio na água (ARAÚJO e GARUTTI, 2003; SHIBATTA e BENNEMANN,
2003). Embora espécies como
A. bockmanni
e
B. stramineus
sejam
frequentemente encontradas em ambientes com vegetação ripária preservada,
sendo muitas vezes utilizadas como indicadoras de boa qualidade do habitat
(HUED e BISTONI, 2005; CASATTI,
et al
., 2006, ABES e AGOSTINHO, 2006),
para os riachos da Serra do Japi, verificou-se que estas espécies ocorreram
tanto em locais mais preservados como nos mais antropizados, o que poderia
ser indicativo de que estas espécies toleram pequenas alterações do habitat.
As espécies de Loricariidae encontradas na Serra do Japi ocorreram em
grande parte dos pontos amostrados. No entanto, verificou-se através da
NMDS que estas estiveram associadas a diferentes profundidades durante o
período chuvoso. Assim como observado por BUCK (1994) em riachos de Mata
Atlântica, espécies de cascudos de menor porte (
Pareiorhina
sp. e
N.
paranensis
), de modo geral, foram observadas em ambientes mais rasos e de
maior correnteza, enquanto aquelas de maior porte, como
H. ancistroides,
foram encontradas predominantemente em locais de águas mais profundas.
Diversos autores (HELFMAN, 1986; KNEIB, 1987; POWER
et al.
, 1989)
ressaltam que espécies de pequeno porte, bem como classes menores de
tamanho das espécies de maior porte, evitariam águas mais profundas devido
à ação de peixes piscívoros.
Embora durante a época seca tenha sido observada uma maior
homogeneidade e uma distribuição mais ampla das espécies,
G. carapo,
G.brasiliensis, A. altiparanae, P. reticulata, C. aeneus e H. malabaricus,
à
semelhança do período chuvoso, estiveram associadas aos locais sob maiores
impactos antrópicos
.
C. aeneus
esteve relacionado a pontos de maior
condutividade corroborando as observações de VALÉRIO
et al
. (2007) em
cabeceiras de riachos na bacia do Alto Paraná-Paraguai. Estes autores
verificaram que a espécie também esteve relacionada a locais de pequena
largura e baixa velocidade da água, características semelhantes a estação Cg4
onde a espécie foi mais abundante.
C. aeneus
é normalmente encontrado em
84
ambientes relativamente preservados e sua presença em áreas de
condutividade mais elevada e que apresente certas degradações do habitat
e da qualidade da água podem ser indicativos de que a espécie possa ser
resistente a impactos de pequena ordem.
A comunidade biótica em determinado ecossistema está diretamente
relacionada à integridade de seu habitat (WILSON, 1994; HANSKI
et al
., 1995;
McNEELY, 1995), que é responsável pelo funcionamento de locais de
alimentação, reprodução e abrigo aos organismos (GOULDING
et al
., 1988;
DOWNING, 1991; SALE, 1991). Desta forma, pode-se concluir que a
manutenção da estrutura e diversidade dos habitats é fundamental para
sobrevivência das espécies encontradas nas Serra do Japi. Todavia, os dados
indicaram a existência de alguns locais em estágios iniciais de degradação
(Cg4, Cg7,Gp1, Gp2, Gp3, Pr4 e Cx1), sugerindo a necessidade de medidas
preventivas e de reabilitação dos trechos mais antropizados.
4.3 Dieta alimentar e variação sazonal
Embora em ambientes tropicais existam espécies de peixes com
marcadas especializações tróficas, a maioria apresenta uma dieta
relativamente generalizada (ANGERMEIER e KARR, 1983; AGOSTINHO
et al
.,
1995; LOWE-McCONNELL, 1999). KNÖPPEL (1970) considera que o
predomínio de grupos tróficos generalistas pode ser explicado pela flexibilidade
desses peixes em consumirem itens diversificados quando os alimentos
preferidos estiverem em pequeno suprimento.
A análise da origem dos itens alimentares utilizados pelas espécies de
peixes presentes em riachos da Serra do Japi indicou um predomínio de
recursos autóctones, especialmente formas imaturas de insetos como
Chironomidae, Simuliidae, Diptera não identificados, Ephemeroptera,
Trichoptera e algas (diatomáceas e clorofíceas). A predominância de recursos
autóctones foi igualmente registrada por SABINO e CASTRO (1990), UIEDA
et
al
. (1997), CASATTI (2002), DEUS e PETRERE-JR (2003) para riachos do
sudeste do Brasil. No entanto, diversos estudos sobre hábitos alimentares de
85
peixes tropicais destacam a importante participação de itens alóctones, visto
que estes constituem uma importante via de entrada de matéria orgânica para
o sistema (HENRY
et al
., 1994), considerada a base da cadeia trófica de
ecossistema de riachos (GREGORY
et al
., 1991). MELO
et al
. (2004) e DIAS
et
al
. (2005) afirmam que a importância relativa dos alimentos de origem terrestre
e aquáticos, varia de acordo com a composição da assembléia de peixes e
depende de condições ambientais dos riachos estudados.
Diversos estudos desenvolvidos em riachos tropicais têm evidenciado
mudanças estacionais na dieta dos peixes (COSTA, 1987; UIEDA, 1995;
MOTTA e UIEDA, 1997; SILVA, 1999; ESTEVES e ARANHA, 1999; CORRÊA
e UIEDA, 2008), como também verificado em riachos da Serra do Japi. De
acordo com POWER (1983), peixes de riachos neotropicais convivem com uma
considerável variação temporal e espacial do seu alimento e a disponibilidade
deste, depende de diversos fatores com vazão, morfologia do canal, bem como
as interações bióticas do ambiente. Mudanças na dieta também podem ocorrer
durante o desenvolvimento da espécie, como verificado para
R. quelen
, que
alimentou-se principalmente de insetos quando jovem, enquanto indivíduos
adultos consumiram maiores quantidades de peixes e crustáceos (obs. pess.).
Alterações ambientais podem obrigar as espécies a trocarem de
alimento, por levar à escassez um determinado recurso que seria o predileto de
uma espécie, bem como pela relação custo/beneficio na atividade de
forrageamento. Esta razão pode chegar a um limiar em que a escolha por um
alimento mais benéfico atual, poderia ter sido refutado anteriormente
(GERKING, 1994). Tais mudanças, segundo esse autor, são adaptativas, pois
os indivíduos sobrevivem sob circunstâncias que em outro momento poderiam
ser consideradas desvantajosas para seu crescimento máximo ou bem estar.
De acordo com PAYNE (1986), com o início das chuvas, ocorre um
aumento da velocidade da água que, além de produzir um aumento do volume
de água em torno dos animais, produz um aporte de silte, materiais orgânicos e
inorgânicos que foram acumulados no solo durante a seca. Este fato poderia
explicar o aumento do consumo de detritos por algumas espécies
86
principalmente durante o período chuvoso. UIEDA (1995) estudando a dieta de
peixes de riachos de Mata Atlântica constatou uma maior freqüência de grãos
de areia no conteúdo digestivo de algumas espécies durante o período
chuvoso, o que estaria, possivelmente, associado a uma maior dificuldade de
captura de alimento durante este período, em função da maior correnteza, que
dificultaria as manobras dos peixes durante a atividade alimentar.
Uma maior ingestão de insetos jovens, principalmente de larvas de
Díptera (Chironomidae e Simuliidae) e Trichoptera, na época chuvosa, pode
estar relacionada à maior disponibilidade destes itens no ambiente durante este
período (PINTO e UIEDA, 2007; TUPINAMBÁS
et al
., 2007; BISPO
et
al
.,2007). Diversos estudos mostram que entre os invertebrados aquáticos, os
dípteros constituem o táxon mais comum na dieta dos peixes (ANGERMEIER,
1982; ARCIFA
et al
., 1988; UIEDA, 1995; MOTTA e UIEDA., 1997).
Embora matéria vegetal (fragmentos vegetais, sementes) tenha
apresentado baixa importância para as diferentes espécies, quando analisada
a ocorrência para o total de espécies estudadas, constituiu um item importante
na dieta, conforme também verificado por UIEDA
et al.
(1997) no córrego
Itaúna. Em riachos de Mata Atlântica, UIEDA (1995) assinalou a importância
de vegetais superiores na dieta das espécies, onde a vegetação marginal
submersa poderia servir diretamente como fonte alimentar.
Mudanças na quantidade e qualidade dos recursos consumidos o
frequentemente observadas na dieta de peixes de riachos (DEUS e PETRERE,
2003; BARRETO e ARANHA, 2006; ARRUDA, 2007). No presente estudo, as
espécies consumiram praticamente os mesmos itens em ambas as épocas do
ano, apresentando uma maior variação na quantidade do que na composição
dos itens consumidos.
A análise da estrutura trófica da comunidade de peixes da Serra do Japi,
indicou a existência de sete grupos tróficos, com predomínio de espécie
insetívoras e onívoras, as quais apresentaram uma grande variedade de itens
na sua dieta. Segundo ANGERMEIER e KARR (1983), ARAÚJO-LIMA
et al
.
87
(1995) e ZAMBRANO
et al
. (2006), espécies com maior especialização trófica
são pouco comuns em comunidade de peixes de riachos, sendo mais
abundantes em lagos e rios de maior porte.
O número de grupos tróficos encontrado no presente trabalho é
semelhante ao descrito por ESTEVES e LOBÓN-CERVIÁ (2001) em riachos de
Mata Atlântica, no sudeste do Brasil, sendo, entretanto, superior ao observado
por SABINO e CASTRO (1990) para a ictiofauna de uma região preservada de
Mata Atlântica e por CASATTI (2002) em um riacho na Bacia do Alto Rio
Paraná. Segundo PUSEY
et al.
(1995) o número de grupos tróficos dentro de
uma comunidade é limitado pela diversidade de recursos base disponíveis,
pelo número e diversidade morfológica de espécies presentes e pela
disponibilidade de presas no ambiente, bem como pela análise empregada pelo
pesquisador.
Embora ocorram variações no número de guildas tróficas presentes em
riachos de diferentes localidades, o predomínio de insetívoros é
frequentemente observado em riachos de regiões tropicais (UIEDA
et al.
, 1997;
CASTRO e CASATTI, 1997; LUIZ
et al
., 1998; BUCK, 2000; CASATTI
et al.
,
2001). Invertebrados aquáticos, principalmente insetos, em diferentes fases de
desenvolvimento, são elementos constantes na dieta de espécies de peixes de
água doce (RUSSO
et al
., 2002). As espécies insetívoras da Serra do Japi
utilizaram grandes proporções de fragmentos de insetos e insetos aquáticos,
principalmente larvas de Diptera, Trichoptera e Ephemeroptera. A elevada
participação destes itens na dieta das espécies, sobretudo dos dois últimos
grupos, pode ser indicativa de boas condições de oxigenação dos diferentes
trechos amostrados, dados os requisitos básicos destes insetos em termos de
uma alta oxigenação da água (McCFFERTY, 1998).
Os dois grupos de insetívoros (l e ll) diferenciaram-se principalmente
pela proporção dos itens consumidos pelas espécies que os compõem.
C.
gomesi
,
C. oiticicai
e
Trichomycterus
sp. (grupo l) alimentaram-se
principalmente de insetos bentônicos, sendo estas espécies consideradas
como insetívoras com tendência a larvofagia (BARRETO e ARANHA, 2006).
88
Possíveis diferenças com relação ao grupo composto pelas espécies
I. mirini,
C. iheringi, T. brasiliensis
(grupo ll)
podem estar relacionadas a utilização de
diferentes microhabitats, períodos de atividade e táticas utilizadas na captura
do alimento, fato este verificado comumente em regiões tropicais (MOYLE e
SENANAYAKE, 1984; SABINO e CASTRO, 1990; ESTEVES e GALETTI
JR.,1995). Além disto, diferenças anatômicas, como as verificadas para
T.
brasiliensis
por RIBEIRO e MENIN (1996), poderiam possivelmente explicar as
diferenças no alimento ingerido em relação à
Trichomycterus
sp. De acordo
com estes autores,
T.brasiliensis
apresenta um intestino cefálico adaptado a
uma dieta variada, bem como rastros branquiais que contribuem para a
retenção de presas de maior porte, o que lhe confere a capacidade de ingerir
material de origem animal, podendo apresentar bitos ictiófagos, de acordo
com a disponibilidade de alimento.
Das espécies de Loricariidae encontradas na Serra do Japi, três foram
consideradas detritívoras. Presentes em habitats com predomínio de cascalho
e areia (
H. ancistroides e H. depressicauda
), matacões e ambientes de
correnteza (
Pareiorhina
sp.), estas espécies utilizaram proporções similares de
detrito como seu principal recurso alimentar, enquanto que o consumo de algas
variou principalmente para
Pareiorhina
sp., o que pode ser atribuído à
variações na cobertura vegetal verificada nos diferentes pontos onde esta
espécie foi encontrada. A presença de tufos de algas na dieta desta espécie
sugere a utilização da tática de pastejo, à semelhança de outros cascudos
como
Kronichthys heylandii
,
Harttia kronei
e
Schizolecis guentheri
, que ocupam
o leito rochoso ou arenoso de riachos da Mata Atlântica e pastejam
basicamente sobre algas (BUCK e SAZIMA, 1995).
De acordo com a Análise de Correspondência Canônica (ACC), os
diferentes grupos tróficos estiveram associados tanto a características físicas
do habitat, como velocidade e temperatura, como às variáveis físicas e
químicas da água (condutividade e nitrogênio total). Embora não possa ser
estabelecida uma correlação direta entre as variáveis selecionadas e a
presença de determinados grupos tróficos, pode-se inferir que algumas
condições ambientais favorecem a presença de determinadas espécies.
89
Resultados semelhantes foram verificados em estudos realizados em lagos no
leste da Inglaterra, onde a presença de piscívoros, zooplanctívoros e
bentívoros puderam ser associadas a diferentes condições do habitat, como a
presença ou ausência de macrófitas submersas, abundância de zooplâncton e
concentração de clorofila-a (ZAMBRANO
et al
., 2006).
O grupo dos herbívoros, composto unicamente por
T. rendalli
, ocorreu
em regiões de pasto com elevados valores de nitrogênio total (Cg3). Embora
neste local tenham ocorrido altos valores de nitrogênio total, o que pode estar
associado à presença de excrementos de aves e bovinos, a presença desta
espécie parece estar mais associada ao escape de pequenos represamentos
locais.
Embora as espécies de detritívoros encontradas na Serra do Japi
tenham ocorrido em grande parte dos pontos amostrados, a ACC mostrou este
grupo associado a ambientes com maior correnteza (principalmente
Pareiorhina
sp.), conforme também verificado por GARAVELLO e SANTANA
(1998) em ambientes mais preservados e com boa qualidade da água.
Os pontos Gp1, Gp2, Gp3 e Cg4 apresentaram valores elevados de
biomassa total, o que pode ser atribuído à presença de piscívoros de grande
porte como
H. malabaricus
, bem como a uma alta biomassa de insetívoros e
onívoros. Possivelmente os piscívoros ocorreram nestes locais em função da
maior disponibilidade de alimento. Nestes locais a ausência de uma cobertura
vegetal densa, refletindo-se em temperaturas mais elevadas, e uma maior
condutividade, possivelmente ocasionada por um aporte de efluentes
domésticos, poderiam estar contribuindo para um aumento de produtividade e,
conseqüentemente, uma maior disponibilidade de recursos alimentares.
Segundo diversos autores (TREVIÑO
et al
. 1988; PAUL e MEYER, 2001),
aumentos na carga de nutrientes podem estimular a produção de alimentos
para peixes, resultando em um maior crescimento dos mesmos, com
conseqüente aumento da produtividade. Tal fato foi verificado por SCOTT
et al.
(1986) em riachos da América do Norte, onde a produção de peixes em riachos
de uma região urbana foi três vezes superior ao das regiões florestadas, o que
90
foi atribuído às maiores temperaturas e biomassa mais elevada de
invertebrados nestes locais. No entanto o aumento de nutrientes, associado à
eutrofização, pode ter efeitos nocivos para as populações de peixes, reduzindo
o sucesso reprodutivo e causando mudanças na composição das espécies, o
que frequentemente resulta em uma redução da diversidade nestas
comunidades (TREVIÑO
et al
., 1988).
A variabilidade nas condições abióticas e o grau de degradação dos
locais determinam em grande parte os recursos alimentares disponíveis,
relacionando-se desta forma à estrutura trófica. Alterações nas características
físicas do leito podem promover alterações na disponibilidade de microhabitats,
enquanto que o uso do solo e conservação da zona ripária são fatores que
estão relacionados à manutenção da complexidade estrutural de riachos
(MARTIN-SMITH, 1998). Desta forma, alterações na qualidade do habitat, tem
resultado na dominância de espécies generalistas (CASATTI
et al.
, 2006).
Os resultados obtidos no presente estudo indicaram que embora
modificações pontuais tenham sido observadas em determinados riachos,
como aumento da biomassa de alguns grupos tróficos e a presença ocasional
de espécies exóticas, as condições dos diferentes pontos amostrados ainda se
encontram relativamente preservadas. Todavia, conforme verificado para
outros estudos em que já ocorreu perda da vegetação ripária, há indicações de
que estes trechos mantêm uma comunidade de peixes que apresenta poucas
alterações em função da manutenção de mosaicos de vegetação à montante,
que podem servir como locais de recolonização, fornecendo o alimento
necessário (JONES lll
et al
., 1999). Considerando que mudanças nas
assembléias não ocorrem imediatamente após os impactos antrópicos,
podendo levar muitos anos, com uma gradual substituição das espécies de
peixes (FITZGERALD
et al
., 1998), os resultados aqui obtidos reforçam a
importância de se promover a conservação da vegetação ripária e o controle de
lançamento de esgoto, a fim de manter a integridade dos habitats e de sua
ictiofauna.
91
4.4. Aspectos relacionados à conservação
Diante da degradação ambiental, contínua fragmentação de habitats,
poluição da água, do ar e dos solos, introdução de espécies exóticas e
conseqüente perda da diversidade biológica em todas as escalas, é nítida a
crescente preocupação com a conservação de recursos naturais (METZGER e
CASATTI, 2006). O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
criado em 18 de julho de 2000, através da Lei 9.985, vem se consolidando
de modo a ordenar as áreas protegidas, nos níveis federal, estadual e
municipal. De acordo com este sistema, a conservação da natureza é
considerada como todo tipo de manejo, incluindo desde a proteção integral até
a utilização sustentável e a restauração, visando a perpetuação das espécies e
manutenção da biodiversidade dos recursos naturais de forma sustentável.
As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois
grupos, com categorias específicas: l – Unidades de Proteção Integral (Estação
Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio
de Vida Silvestre); e II – Unidades de Uso Sustentável (Área de Proteção
Ambiental, Floresta Nacional, Reserva extrativista, Reserva de fauna, Reserva
de Desenvolvimento Sustentável, e Reserva Particular do Patrimônio Natural).
A Serra do Japi compreende regiões enquadradas na categoria de
Unidade de Proteção Integral bem como de Uso Sustentável, uma vez que é
formada por uma Reserva Biológica bem como por Áreas de Proteção
Ambiental. As Áreas de Proteção Ambiental, que incluem as APAs Jundiaí,
Cabreúva e Cajamar, foram criadas para proteger o conjunto de serras
conhecidas como ”Serra do Japi”, onde existe um dos últimos maciços de Mata
Atlântica do Estado de São Paulo. Ao contrário das Unidades de Proteção
Integral, como parques e Reservas Biológicas, nas Áreas de Proteção
Ambiental os proprietários são donos de suas terras, estando, porém, sujeitos
às normas de uso e ocupação do solo (INSTITUTO SERRA DO JAPI, 1998).
As restrições legais ao uso do solo obedecem ao zoneamento ambiental
definido no decreto de criação das APAs, que no caso de Jundiaí e Cabreúva
visam proteger a área de mata contínua que ocupa as serras (Zona de
92
Conservação da Vida Silvestre) e as bacias de captação representadas pelas
nascentes do rio Capivari, parte da bacia do rio Jundiaí-Mirim e as bacias do
Ribeirão Cabreúva e Piraí (Zona de Conservação Hídrica) (Decreto n° 43.284,
de 3 de julho de 1998).
Uma Área Natural Tombada Serras do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara
foi criada pela Secretaria de Estado da Cultura para preservar o importante
banco genético tropical ali existente. Essa área corresponde a um polígono
irregular com uma extensão aproximada de 19.170ha e abrange apenas uma
porção da Serra do Japi. No interior da Área Natural Tombada, dentro da APA
Jundiaí, foi criada a Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi, com uma
área de aproximadamente 2.071ha, cuja administração é responsabilidade da
Prefeitura Municipal de Jundiaí. Nesta área são desenvolvidas pesquisas
científicas e eventos de educação ambiental, não sendo permitidos consumo,
coleta, dano ou destruição dos recursos naturais (Lei n° 3.672, de 10 de janeiro
de 1991, Decreto n°13. 196 de 30 de dezembro de 1995).
Segundo LAKE (1990) e SKELTON
et al
. (1995), a criação de áreas
protegidas representa uma solução parcial para a proteção de habitats, uma
vez que poucas destas áreas têm sido criadas especificamente para proteção
de ambientes aquáticos. Segundo os autores, ambientes de água doce são
comumente protegidos acidentalmente como parte de sua inclusão dentro de
reservas terrestres, mas infelizmente nem sempre essa inclusão garante
proteção.
De acordo com ROTH
et al
. (1996), é necessária a integração de áreas
de conservação de sistemas terrestres e aquáticos. É consenso que a
integridade da biota aquática responde às atividades humanas que afetam o
uso e cobertura do solo ao longo da bacia de drenagem, principalmente na
área de entorno. Esta, por sua vez, atua como um tampão final para as
atividades exercidas no restante da bacia e regula o ciclo hidrológico. O esforço
para conservação de águas continentais superficiais deve também ser
direcionado para as cabeceiras (SAUNDERS
et al
., 2002), pois a biota de
cabeceiras e pequenos riachos é mais vulnerável às perturbações causadas
93
por múltiplos usos da terra (GREGORY
et al.
, 1991). Além disso, as cabeceiras
também desempenham papel importante na proteção de trechos inferiores de
cursos d’água (DALE JONES
et al
., 1999).
Diferentes práticas do uso do solo podem causar modificações na
quantidade de nutrientes, aumento de sedimentos, mudanças na temperatura
da água, aumento da poluição e assoreamento, resultando muitas vezes em
perda de habitats, que afetam negativamente a comunidade de organismos
aquáticos. Embora leis específicas para a Serra do Japi (Lei n° 2.405, de 10
julho de 1980; Decreto 43.284, de 3 de julho de 1998) apresentem algumas
diretrizes e normas para ocupação e utilização das terras, visando um manejo
regional com aplicação de programas conservacionistas, situações
semelhantes às citadas foram verificadas em alguns trechos estudados.
Os resultados do presente estudo mostraram uma diversidade de
condições ambientais que compreendem locais com diferentes tipos de
vegetação ripária, substratos e proporções de cobertura vegetal, condições
estas importantes para manutenção da biodiversidade aquática. Muitas das
estações de coleta amostradas possuem um substrato predominantemente
rochoso com presença de matacões, ambientes preferenciais de algumas
espécies como
Pareiorhina
sp. e espécies de
Characidium
. Desta forma,
qualquer processo que provoque modificações no substrato, como sua
cobertura por sedimento proveniente da erosão das margens, causará
modificações neste habitat e nos recursos alimentares disponíveis, modificando
a fauna a ele associada (BERKMAN e RABENI, 1987).
Além de atuar com filtro de sedimentos carreados pelas enxurradas, a
vegetação marginal tem importância na estruturação de microhabitats
aquáticos (MELO, 2000). Os galhos e troncos caídos são acumulados em
diferentes pontos, dificultando o fluxo de água e provocando a formação de
pequenas poças e remansos. Tais ambientes, observados em alguns trechos
estudados, são favoráveis para abrigar diferentes espécies de peixes. Raízes
submersas junto às margens abrigam predadores como
H. malabaricus
e
pequenos caracídeos, podendo também funcionar como abrigos contra
94
predação e a forte ação da correnteza. A alternância de tipos de habitats ao
longo dos riachos aumenta a heterogeneidade ambiental e consequentemente
a biodiversidade local (BARRELA
et al
., 2001).
Diversas influências antrópicas verificadas na área estudada, como a
prática de rituais religiosos às margens dos riachos, áreas com criação de
gado, lançamentos de esgoto e presença de pequenos represamentos e
pesqueiros, podem causar alterações na biota dos corpos d´água. A
introdução de espécies exóticas pode afetar a biodiversidade local, causando
um declínio de espécies nativas e mudanças na estrutura trófica que em última
análise causam modificações em todo ecossistema, a exemplo de alterações já
verificadas em riachos do Alto Paraná (LANGEANI
et al
., 2005) e na região
noroeste do Estado de São Paulo (CASATTI
et al
, 2006). Embora na Serra do
Japi não se tenha verificado uma dispersão das espécies introduzidas, é
necessária a conscientização junto aos moradores dos danos que espécies
não nativas podem causar ao ecossistema aquático. Do mesmo modo, faz-se
necessária uma fiscalização efetiva para o controle de lançamentos de esgotos
domésticos, a fim de se evitar a eutrofização dos corpos d´água.
Finalmente, podem ser considerados como elementos fundamentais
para a definição de políticas e programas de conservação de ecossistemas
aquáticos da Serra do Japi: i) a proteção da bacia de drenagem como um todo,
visando não apenas a preservação das regiões de cabeceiras, como também
trechos à jusante, de maior ordem, onde a diversidade de espécies é sempre
maior. ii) planos de manejo e conservação dentro das áreas consideradas
macrozonas de preservação ambiental, incorporando áreas terrestres e
aquáticas, visto a dependência que este último apresenta em relação aos
recursos provenientes da vegetação ripária, iii) aspectos sócio-econômicos,
que devem ser incluídos nos programas de conservação e manejo,
considerando-se que a melhoria da qualidade de vida das populações
humanas deve ser a principal meta, sem desconsiderar, porém que esta
qualidade de vida será tanto maior quanto menor for a degradação dos
recursos naturais.
95
5. CONCLUSÕES
De modo geral os riachos estudados apresentaram boa qualidade de
água, com elevada oxigenação e baixa turbidez. Apenas algumas
estações em regiões mais antropizadas apresentaram concentrações
elevadas de fósforo total e condutividade, o que poderia ser indicativo
de uma possível eutrofização causada pela descarga de efluentes
domésticos nestes locais.
As ordens Characiformes e Siluriformes foram as de maior
representatividade. Ao longo dos trechos estudados foram capturados
um total de 30 espécies de peixes, das quais três são exóticas (
T.
rendalli, O. niloticus
e
P. reticulata
).
Phalloceros
spp.,
Pareiorhina
sp e
G. brasiliensis
foram as espécies mais abundantes.
Foram observadas variações acentuadas da dominância, riqueza,
diversidade, equitabilidade, densidade e biomassa na comunidade de
peixes nas diferentes estações estudadas, bem como entre as épocas
do ano.
Uma maior homogeneidade na distribuição das espécies foi verificada
durante o período seco.
T. brasiliensis
foi encontrado exclusivamente
em locais preservados e com densa cobertura vegetal, enquanto as
espécies exóticas e mais tolerantes (
G. brasiliensis, G.carapo
e
C.
aeneus
) foram características de ambientes mais degradados e
vegetação ripária dispersa.
Devido a baixa abundância e distribuição restrita a poucas localidades,
espécies como
Cetopsorhamdia iheringi, Hisonotus depressicauda,
Pareiorhina sp, Trichomycterus brasiliensis, Bryconamericus
stramineus, Characidium gomesi, Hyphessobrycon bifasciatus, Piabina
anhembi
,
Pseudocorynopoma heterandria,
precisam ser monitoradas
para evitar a redução ou perda da população local.
96
Profundidade, temperatura, nitrato, sforo total, Sólidos Totais em
Suspensão, condutividade, vazão, largura e nitrito foram as variáveis
que melhor explicaram a variação na densidade das espécies.
A análise da estrutura trófica da comunidade de peixes de riachos da
Serra do Japi indicou a presença de sete grupos tróficos, com maior
participação de onívoros e insetívoros em termos de biomassa,
seguido por piscívoros, onívoros com tendência à carnivoria,
detritívoros e herbívoros. A comunidade de peixes estudada é
composta principalmente por espécies insetívoras e onívoras.
Alimentos de origem aquática foram predominantes na dieta das
espécies.
A ACC realizada para os diferentes grupos tróficos mostrou que
piscívoros, detritívoros e herbívoros estiveram associados a diferentes
variáveis ambientais, enquanto onívoros com tendência à carnivoria,
insetívoros e onívoros não estiveram associados a nenhuma variável
específica, apresentando ampla distribuição.
Foi verificada variação sazonal na dieta da maioria das espécies, com
exceção de
H. malabaricus
.
Foram verificadas alterações na comunidade de peixes nos trechos
sujeitos a maiores impactos antrópicos, o que sugere a necessidade
de se implementar programas de manejo e conservação voltados para
esses ecossistemas aquáticos, incluindo a preservação da vegetação
ripária, evitando assim o assoreamento dos córregos. Este conjunto de
medidas são importantes para a manutenção da ictiofauna ali
presente.
97
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABES, S. da S. e AGOSTINHO, A.A. 2001 Spatial patterns in fish distributions
and structure of the ichthyocenosis in the Água Nanci stream, upper Paraná
River basin, Brazil.
Hydrobiologia
,
445
: 217-227.
AGOSTNHO, A.A.; VAZOLLER, A.E.A.M.; THOMAZ, S.M. 1995 The High river
Paraná basin: limnological and ichthyological aspects. In: TUNDISI, J.C.;
BICUDO, C.E.M.; MATSUMURA-TUNDISI, T.
Limnology in Brazil
. ABC/SBL,
Rio de Janeiro. p 59-103.
AGOSTINHO, A.A.; BINI, L.M.; GOMES, L.C. 1997 Ecologia de comunidades
de peixes de áreas de influência do reservatório de Segredo. In:
AGOSTINHO, A.A e GOMES, L.C.
Reservatório de Segredo: bases
ecológicas para o manejo. Maringá
, EDUEM. p. 97-111.
AGOSTINHO, A.A. e JULIO JR, H.F. 1999 Peixes da bacia do alto Rio Paraná.
In: LOWE-McCONNELL, R.H.
Ecologia de peixes tropicais
. VAZZOLER,
A.E.M.; AGOSTINHO, A.A. e CUNNINGHAN, P.T.M. EDUSP, São Paulo:
p.374-400.
ALEXANDRE, C.V. 2007
Distribuição longitudinal da comunidade de peixes do
Ribeirão Guamium (Bacia do Piracicaba, SP), e avaliação da sua
integridade biológica.
São Paulo. 102 p. (Dissertação de Mestrado. Instituto
de Pesca, IP/SAA/APTA).
ALLAN, J.D. 1995
Stream ecology: structure and function of running waters
.
CHAPMAN e HALL, London, 388p.
ANGERMEIER, P.L. 1982 Resource seasonality and fish diets in Illinois stream.
Environmental Biology of Fishes
,
7
:251-264.
ANGERMEIER, P.L. e KARR J.R. 1983 Fish communities along environmental
gradients in a system of tropical streams.
Environmental Biology of Fishes,
9
:117-135.
APHA, 1989.
Standard methods for the examination of water and freshwater.
Washington
: American Public Health Association. 1286p.
98
ARANHA, J.MR.; TAKEUTI, D.F.; YOSHIMURA, T.M. 1998 Habitat use and
food partitioning of the fishes in coastal stream of Atlantic Forest, Brazil.
Revista de Biologia Tropical,
46
: 951-959.
ARAÚJO, F.G. 1998 Adaptação do índice de integridade biótica usando a
comunidade de peixes para o Rio Paraíba do Sul.
Revista Brasileira de
Biologia, 58(4): 547-558.
ARAÚJO-LIMA, C.A.R.M.; AGOSTINHO, A.A.; FABRÉ, N. N. 1995 Trophic
aspects of fish communities in brazilian rivers and reservoirs. In: TUNDISI,
J.G.; BICUDO, C.E.M.; T. MATSUMURA-TUNDISI.
Limnology in Brazil
.
ABC/SBL, Rio de Janeiro. p.105-136.
ARAÚJO, R.B. e GARUTTI, V. 2003 Ecology of a stream from the upper
Paraná river basin inhabited by
Aspidoras fuscoguttatus
Nijssen & Isbrücker,
1976 (Siluriformes, Callichthyidae).
Brazilian Journal of Biology, 63:
363-
372.
ARCIFA, M.S.; FROEHLICH, O.; NORTHCOTE, T.G. 1988 Distribution and
feeding ecology of fishes in a tropical Brazilian Reservoir.
Memorias de la
Sociedad de Ciências Naturales “ La Salle”,
68
: 301-326.
ARCOVA, F.C.S.; CESAR, S.F.; CICCO, V. de 1998 Qualidade da água em
microbacias recobertas por florestas de Mata Atlântica, Cunha, SP.
Revista
Instituto Florestal
, São Paulo,
10(2):
185-196.
ARCOVA, F.C.S. e CICCO, V. de 1999 Qualidade de água de microbacias
com diferentes usos do solo na região de Cunha, Estado de São Paulo.
Scientia Forestalis
,
56:
125-134.
ARRUDA, F.P.R de. 2007
História natural de riachos da fazenda experimental
Edgárdia, Bacia do Capivara, Botucatu, São Paulo.
p. 81. (Dissertação de
mestrado, Instituto de Biociência de Botucatu, UNESP).
AYRES, M.; AYRES, M. JR.; AYRES, D.L. 2007 BIOESTAT 5.0. Aplicações
estatístcas nas áreas das ciências bio-médicas. Brasil, Bélem (PA).
BARRELA, W., PETRERE JR, MIGUEL., SMITH, W. S., MONTAG, L. F. A .
2001 As relações entre as matas ciliares, os rios e os peixes. In:
RODRIGUES, R.M. e LEITÃO-FILHO, H.F.
Matas ciliares: Conservação e
Recuperação
. São Paulo: EDUSP: Fapesp. p. 187-208.
99
BARRETO, M.G. 1995
Caracterização da ictiofauna de quatro trechos de
diferentes ordens do rio Capivara, Bacia do Tietê, Botucatu, São Paulo
.
(Dissertação de mestrado, Instituto de Biociências, UNESP).
BARRETO, A.P. e UIEDA, V.S. 1998 Influence of the abiotic factors on the
ichthyofauna composition in different of Capivara River, São Paulo State.
Verhandlungen
Internationaler Vereinigung für Theoretische und
Angewandte Limnologie
,
26
: 2180-2183.
BARRETO, A.P. e ARANHA, J.M.R. 2006 Alimentação de quatro espécies de
Characiformes de um riacho da Floresta Atlântica, Guaraqueçaba, Paraná,
Brasil.
Revista Brasileira de Zoologia
,
23(3):
779-788.
BECKER, F.G. 2002
Distribuição e abundância de peixes de corredeiras e suas
relações com características do habitat local, bacia de drenagem e posição
espacial em riachos de Mata Atlântica (Bacia do Rio Maquiné, RS. Brasil),
São Carlos, p. 201. (Tese de doutoramento, UFSCAR).
BERKMAN, H.E. e RABENI, C.F. 1987 Effect of siltation on stream fish
communities.
Environmental Biology of Fishes
.
18(4):
285-294.
BIANCHI, G.; GISLASON, H.; GRABAM,K.; HILL,L. JIN, X.; KORANTENG, K.;
MANICKCHAND-HEILEMAN, K.; PAYA, I.; SAINSBUURY, K.; SANCHEZ,
F.; ZWANENBURG, K. 2000 Impact of fishing on size composition and
diversity of demersal fish communities.
Journal of Marine Science
,
57:
558-
571.
BISPO, P.C e OLIVEIRA, L.G. 2007 Diversity and structure of Ephemeroptera,
Plecoptera and Trichoptera (Insecta) assemblages from riflles in mountain
streams of Central Brazil.
Revista Brasileira de Zoologia , 24(2):
283-293.
BÖHLKE, J.; WEITZMAN, S.H; MENEZES, N.A. 1978 Estado atual da
sistemática de peixes de água doce da América do Sul.
Acta Amazônica
,
8:
657-677.
BOJSEN, B.H. e BARRIGA, R. 2002 Effects of deforestation on fish community
structure in Ecuadorian streams.
Freshwater of Biology
,
47:
2246-2260.
BRAGA, F.M. de S. 2004 Habitat, distribuição e aspectos adaptativos de
peixes da microbacia do ribeirão Grande, Estado de São Paulo, Brasil.
Acta
Scientiarum. Biological Sciences
. Maringá,
6(1):
31-36.
100
BRAGA, F.M. de S. e ANDRADE, P. de MORAES. 2005 Distribuição de peixes
na microbacia do Ribeirão Grande, Serra da Mantiqueira Oriental, São
Paulo, Brazil.
Iheringia, Série Zoologia,
95(2):
121-126.
BRITSKI, H.A. 1972 Peixes do Estado de São Paulo Sistemática. In:
COMISSÃO INTERESTADUAL DA BACIA PARANÁ-URUGUAI. Poluição e
Piscicultura. São Paulo. p. 79-108.
BRITSKI, H.A.; SATO, S.; ROSA, A.B.S. 1986
Manual de identificação de
peixes da região de Três Marias (com chaves de identificação para peixes
da Bacia do Rio São Francisco).
2ª ed. Brasília: CODEVASF, 115p.
BUCK, S. 1994.
História natural de uma comunidade de cascudos (Loricariidae)
na Mata Atlântica: habitat, atividade e alimentação
São Paulo
.
64p.
(Dissertação de Mestrado, Instituto de Biociências, UNESP).
BUCK, S. e SAZIMA, I. 1995 An assemblage of mailed catfishes (Loricariidae)
in southeastern Brazil: distribution, activity and feeding.
Ichthyological
Exploration of Freshwaters
,
6
:325-332.
BUCK, S. 2000.
Alimentação e reprodução em peixes Siluriformes (Teleostei)
em um rio de Mata Atlântica, Alto Ribeira, São Paulo
. São Paulo. 172
p.(Tese de doutoramento, Instituto de Biociências, USP).
BUCKUP, P.A. 1999 Sistemática e biogeografia de peixes de riachos. In:
CARAMASCHI, E.P.; MAZZONI, R.; BIZERRIL, C.R.S.F.; PERES-NETO,
P.R.
Ecologia de peixes de riachos: estado atual e perspectivas
. Rio de
Janeiro, Oecologia Brasiliensis, p. 91-135.
BUCKUP, P.A.; MENEZES, N.A.; GHAZZI, M.S. 2007
Catálogo das espécies
de peixes de água doce do Brasil.
ed. Rio de Janeiro: Museu Nacional.
195p.
CAMARGO, J.A. e A. ALONSO. 2007 Inorganic nitrogen pollution in aquatic
ecosystems: causes and consequences. In: Encyclopedia of Earth. Eds
Cutler J. Cleveland (Washington, D.C.: Environmental Information Coalition,
Nacional Council for Science and the Environmental). Disponível em:
http://www.eoearth.org/article/Inorganic_nitrogen_pollution_in_aquatic_ecos
sistems:_causes_and_consequences. Acesso em 10 de jan 2007.
101
CARAMASCHI, E.P. 1986
Distribuição da ictiofauna de riachos das bacias do
Tietê e do Paranapanema, junto ao divisor de águas (Botucatu, SP)
. São
Carlos. 245p. (Tese de doutoramento, Departamento de Ciência Biológicas,
UFSCAR).
CASATTI, L. & R.M.C.CASTRO. 1998 A fish community of the São Francisco
River headwater riffles, southeastern Brazil
. Ichthyological Exploration of
Freshwaters
,
9(3):
229-242.
CASATTI. L.; LANGEANI, F.; CASTRO, R.M.C. 2001 Peixes de riacho do
Parque Estatual do Morro do Diabo, bacia do Alto rio Paraná, SP.
Biota
Neotropica
,
1(1/2)
:1-15.
CASATTI. L. 2002 Alimentação dos peixes de um riacho do Parque Estadual
Morro do Diabo, Bacia do Alto rio Paraná, SP.
Biota Neotropica
,
2(2):
1-14.
CASATTI, L. 2003 Biology of a catfish ,
Trichomycterus
sp (Pisces, Siluriformes
in a pristine stream in the Morro do Diabo State Park, Southeastern Brazil.
Studies on Neotropical Fauna and Environment, 592( 2):
105-110.
CASATTI, L. 2005 Fish assemblage structure in a first order stream,
southeastern Brazil: longitudinal distribution, seasonality, and microhabitat
diversity.
Biota Neotropica
, Campinas,
5(1):
1-9.
CASATTI, L.; LANGEANI.; F.; FERREIRA, C.P. 2006 Effects of physical habitat
degradation on the stream fish assemblage structure in a pasture region.
Environmental Management
,
38:
974-982.
CASATTI, L.; LANGEANI, F.; SILVA, A.M.; CASTRO, R.M.C. 2006 Stream fish,
water and habitat quality in a pasture dominated basin, southeastern Brazil.
Brazilian Journal of Biology
,
66(2B):
681-696.
CASTRO, R.M.C. e MENEZES, N.A.1998 Estudo diagnóstico da diversidade de
peixes do estado de São Paulo.
In
JOLY, C.A. e BICUDO, C.E.M.
Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil; síntese do conhecimento ao
final do século XX;
6: Vertebrados. FAPESP, São Paulo, p. 1-13.
CASTRO, R.M.C. e CASATTI, L. 1997 The fish fauna of a small forest stream
of the upper Paraná river basin, southeastern Brazil.
Ichthyological
Explorations of Freshwaters,
7(4):
337-352.
102
CASTRO, R.M.C.; CASATTI,L.; SANTOS, H.F.; FERREIRA, K.M.; RIBEIRO,
A.C.; BENINE, R.C.; DARDIS, G.Z.P.; MELO, A.L.A.; STOPIGLIA, R.;
ABREU, T.X.; BOCKMAN, F.A.; CARVALHO, M.; GIBRAN, F.Z.; LIMA, F.T.
2003 Estrutura e composição da ictiofauna de riachos do Rio
Paranapanema, sudeste e sul do Brasil.
Biota Neotropica
,
3(1):
1-31.
CETESB. 1978
Normatização Técnica
. Companhia de Tecnologia e
Saneamento Ambiental de São Paulo. São Paulo : CETESB.
CIIAGRO (sem data). Disponível em http://www.ciiagro.sp.gov.br. Acesso em:
02 abr. 2008.
CLARKE, K.R. e WARWICK, R.M. 1994
Change in marine communities: an
approach to statistical analysis and interpretation
. Plymouth Marine
Laboratory, Plymouth, UK, 144p.
CLARKE, K.R e GORLEY, R.N. 2001 PRIMER v5:
User manual/tutorial
.
PRIMER-E, Plymouth, UK.
CONAMA, 2005 Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução n° 357 de
17 de março de 2005
. Brasília, Diário Oficial da União.
CONNELL, J.H. 1978 Diversity of tropical rain forest and reefs.
Science,
199:
1302-1309.
CORRÊA, M. de O.D.A. e UIEDA, V. S. 2007 Diet of the ichthyofauna
associated with marginal vegetation of a mangrove forest in southeastern
Brazil.
Iheringia, Série Zoologia
, Porto Alegre,
97(4):
486-497.
COSTA, W.J. 1987 Feeding habitats of a fish community in a tropical coastal
stream, Rio Mato Grosso, Brazil.
Studies on Neotropical Fauna and
Environment
,
22:
145-153.
CUNICO, A.M.; AGOSTINHO, A.A.; LATINI, J.D. 2006 Influência da
urbanização sobre assembléias de peixes em três córregos de Maringá
Paraná.
Revista Brasileira de Zoologia
,
23(4):
1101-1110.
DALE JONES, E.B.; HELFMAN, G.S.; HAPPER, J.O.; BOLSTAD, PV. 1999
Effects of riparian forest removal on the fish assemblages in southern
Appalachian streams.
Conservation of Biology
,
13:
1454-1465.
103
DEUS, C.P. e PETRERE-JR, M. 2003. Seasonal diet of seven fish species in
an Atlantic rainforest stream in southeastern Brazil.
Brazilian Journal of
Biology
,
63(4)
: 579-588.
DIAS, A.C.M.I.; BRANCO, C.W.C.; LOPES, V.G. 2005 Estudos da dieta natural
de peixes no reservatório de Ribeirão das Lajes, Rio de Janeiro, Brasil.
Acta
Scientiarum,
27(4):
355-364.
DOWNING, J.A. 1991 The effect of habitat structure on the spatial distribution
of freshwater invertebrate populations. In: BELL, S.S.; McMOY, E.D.;
MUSHINSKY, H.R.
Habitats structure: the physical arrangement of objects in
space.
Grate Britain, Champan and Hall. p. 87-106.
EGGLISHAW, H.J.; MORGAN, N.C. 1965 A survey of the bottom fauna of
streams in the Scottish Highlands. Par II. The relationship of the fauna to
the chemical and geological conditions
. Hydrobiologia, 26
:173 -183.
ELITEWATER TREATMENT. (sem data)
Total dissolved solids.
Disponível em
http://www.elitewater.com/tds.htm
.
Acesso em: 29 mar. 2008.
ESTEVES, F.A. 1998
Fundamentos da limnologia
. ed. Rio de Janeiro,
Interciências, 602p.
ESTEVES, K.E. e GALETTI JR, P.M. 1995 Food partitioning among some
characids of a small Brazilian foodplain lake from the Paraná River basin.
Environmental Biology of Fishes,
42:
375-389.
ESTEVES, K. E. e ARANHA, J.M.R. 1999 Ecologia trófica de peixes de
riachos. Pp. 157-182. In: CARAMASCHI, E.P., MAZONNI, R.; PERES-
NETO, P.R.
Ecologia de peixes de riachos
. Série Oecologia Brasiliensis. Vol
Vl. Rio de Janeiro, PPGE-UFRJ. p. 157-182.
ESTEVES, K.E. e LOBÓN-CERVIÁ, J. 2001. Composition and trophic structure
of a fish community of a clear water Atlantic rainforest stream in
southeastern Brazil.
Environmental Biology of Fishes
,
62:
429-440.
ESTEVES, K.E.; PINTO-LOBO, A.V.; FARIA, M.D.R. 2007 Trophic structure of
fish community along environmental gradients of a subtropical river
(Paraitinga River, Upper Tietê Riber Basin, Brazil).
Hydrobiologia
,
598:
373-
387.
104
FINGER, T.R. 1982 Interactive segregation among three species of sculpins
(Cottus).
Copeia (4):
680-94.
FLEEKER, A. 1997 Habitat modification by tropical fishes: environmental
heterogeneity and the variability of interation strength.
Journal of the North
American Benthological Society
,
16(1):
286-295.
FITZGERALD, D.G.; KOTT, E.; LANNO, R.P.; DIXON, D.G. 1998 A quarter
century of change in the fish assemblages of three small streams modified
by anthropogenic activities.
Journal of Aquatic Ecosystem Stress and
Recovery
,
6:
111-127.
FROEHLICH, O. 2003.
Padrões de variação da riqueza de espécies e
composição de comunidades de peixes em poções de um riacho da Serra
da Bodoquena, MS.
Campo Grande MS. 49p. (Dissertação de mestrado,
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).
GALACATOS, K., STEWART, D.J.; IBARRA, M. 1996 Fish community patterns
of lagoons and associated tributaries in the Ecuadorian Amazon.
Copeia
,
875-894.
GARAVELLO, J.C. e SANTANA, I.C. 1998 Functional morphology, ecology and
geographic distribution of the neotropical catfish genus
Pareiorhina
Gosline,
1947, from southeastern Brazilian rivers (Pisces, Loricariidae,
Hypostominae).
Verhandlungnen der Internationalen Vereinigung für
Limnologie
,
26:
2240-2243.
GARUTTI, V. 1988 Distribuição longitudinal da ictiofauna de um córrego na
região noroeste do estado de São Paulo, Bacia do Rio Paraná.
Revista
Brasileira de Biol
ogia,
48:
747-759.
GERARHD, P. 1999
. Ecologia de populações e comportamento de quatro
espécies de bagres Heptapteridae (Teleostei: Sluriformes) em riachos do
Alto Vale do rio Ribeira (Iporanga, São Paulo)
. São Paulo. 109p.
(Dissertação de mestrado, Instituto de Biociências , USP).
GERKING, S.D. 1994
Feeding Ecology of Fish
. Academic Press. 416p.
GORMAN, O.T e KARR, J.R. 1978 Habitat structure and stream fish
communities.
Ecology
,
59(3):
507-515.
105
GOULDING, M. 1980
The fishes and the forest: exploration in Amazonian
natural history.
California, University California Press, 280p.
GOULDING, M.; CARVALHO, M.L. e FERREIRA, E.G. 1988
Rio Negro, rich life
in poor water.
Netherlands, SPB Academic Publishing, 200p.
GRAY, J.S. 1989 Effects of environmental stress on species fish assemblage.
Biology Journal Limnology Society
,
37:
19-32.
GREGORY, S.V.; SWANSON, F.J.; McKEE. W.A.; CUMMINGS, K.W. 1991 An
ecosystem perspective of riparian zones: focus on links between land and
water.
Bioscience
,
41:
540-551.
GROSSMAN G.D.; FREEMAN, M.C.; MOYLE, P.B. & WHITAKER, J.O. 1985
Stochasticity and assemblage organization in an Indiana stream fish
assemblage.
The American Naturalist
,
126:
275-285
.
GUEDES, D.S. 1980
Contribuição ao estudo da sistemática e alimentação de
jundiás (Rhamdia spp) na região central do Rio Grande do Sul (Pisces,
Pimelodidae)
. Santa Maria RS. 99p. (Dissertação de mestrado,
Universidade Federal de Santa Maria).
GUO, Q. E RUNDEL, P.W. 1997 Measuring dominance and diversity in
ecological communities: choosing the right variables.
Journal of Vegetation
Science, 8:
405-408.
HAHN ,N.S.; ALMEIDA, V.L.L.; LUZ, K.D.G. 1997 Alimentação e ciclo alimentar
diário de
Hoplosternum littorale
(Hancock) (Siluriformes, Callichthyidae) nas
lagoas Guaraná e Patos da Planície do Alto Paraná, Brasil.
Revista
Brasileira de Zoologia
,
14(1) :
57-64.
HAHN, N.S.; FUGI, R.; ANDRIAN, I de F. 2004 Trophic ecology of the fish
assemblage. In: THOMAZ, S.M.; AGOSTINHO, A.A e HAHN, N.S.
The
Upper Paraná River and Floodplain: physical aspects, ecology and
conservation.
Backhuys Publishers, p. 247-269.
HANSKI, I.; CLOBERT, J.; REID, W. 1995 Ecology of extinctions. In:
HEYWOODM V.H e WATSON, R.T.
Global biodiversity assessment
.
Cambridge, Cambridge University Press, p. 232-245.
106
HAWKSWORTH, D.L. 1995 The resource base for biodiversity assessments.
In: HEYWOOD, V.H e WATSON, R.T.
Global biodiversity assessment.
Cambridge, United Kingdom: Cambridge University Press. p. 549-605.
HELFMAN, G.S. 1986 Behavioral responses of prey fishes during predator-prey
interactions. In: FEDER, M.E.; LAUDER, G.V.
Predator prey relationships:
perspectives and approaches from the study of lower vertebrates
. Chicago:
The University Chicago Press. p.135-156.
HENRY, R.; UIEDA, V.S.; AFONSO, A.A.O. e KIKUCHI, R.M. 1994 Input of
allochthonous matter and structure of fauna in brazilian headstream.
Verhandlungnen der Internationalen Vereinigung für Limnologie
,
25(3):
1866-1870
.
HYNES, H.B.N. 1950 The food of freshwater sticklebacks (
Gasterosteus
aculeatus
and
Pygosteus pungitius
) with a review of methods used in
studies of the food of fishes.
Journal of Animal Ecology
,
19:
36-58.
HYSLOP, E.J. 1980. Stomach contents analysis, a review of methods and their
application.
Journal of Fish Biology
,
17:
411-429.
HUED, A.C. e BISTONI, M. de los A. 2005 Development and validation of a
biotic for evoluation of environmental quality in central region of Argentina.
Hydrobiologia, 543:
279-298.
INSTITUTO SERRA DO JAPI. 1998
O Patrimônio Natural Serra do Japi
Riscos e Ações para Preservação
. 1ª ed. Literarte. 86p.
JOLY, C.A. 1992. Preservação da Serra do Japi. In: MORELLATO, L.P.C.
História Natural da Serra do Japi ecologia e preservação de uma área
florestal do sudeste do Brasil
. Campinas, Unicamp/FAPESP. p 310-321.
JONES III, E.B.D.; HELFMAN, G.S.; HARPER, J.O.; BOLSTADT, P. 1999.
Effects of riparian removal on fish assemblage in southern Appalachian
streams.
Conservation Biology
,
13:
1454-1465.
KAWAKAMI, E. e VAZZOLER, G. 1980 Método gráfico e estimativa de índice
alimentar aplicado no estudo de alimentação de peixes.
Boletim do Instituto
Oceanográfico
,
29:
205-207.
KNEIB, R.T. 1987 Predation risk and use of intertidal habitat by fishes and
shrimp.
Ecology
,
68(2):
379-386.
107
KNÖPPEL, H.A. 1970. Food of Central Amazonian fishes. Contribution to the
nutrient ecology of Amazonian rain forest streams.
Amazoniana.
2:
257-352.
KREBS, C.J. 1989.
Ecological Methodology
. New York: Harper Collins
Publishers, 654p.
LAKE, P.S. 1980. Conservation. In: WILLIAMS, W.D.
An ecological basis for
water resource management.
Canberra: Australian National University
Press. p.163-173.
LAMBSHEAD, P.J.D.; PLATT, H.M.; SHAW, K.M. 1983 The detection of
differences among assemblages of marine benthic species based on an
assessment of dominance and diversity.
Journal of Natural History
,
17:
859-
874.
LAMPERT, V.R.; AZEVEDO, M.A.; FIALHO, C.B. 2003 Hábito alimentar de
Mimagoniates microlepis Steindachner, 1897 (Characidae:
Glandulocaudinae) do canal de ligação entre as lagoas Emboaba e
Emboabinha, Rio Grande do Sul, Brasil.
Comunicações do Museu de
Ciências e Tecnologia
, PUCRS, Porto Alegre,
16(1):
3-16.
LANGEANI, F.; CASATTI, L.; GAMEIRO, H.S.; CARMO, A.B.; ROSSA-FERES,
D.C. 2005 Riffle and pool fish communities in a large stream of
shoutheastern Brazil.
Neotropical Ichthyology
,
3(2):
305-311.
LARIMORE, R.W., CHILDERS W.F.; HECKROTE, C. 1959 Destruction and
reestablishment of stream fishes and invertebrates affected by droughts.
Transactions of the American Fisheries Society, 88
: 261-285.
LEE, J.J. 1980 A conceptual model of marine detrital decomposition and the
organisms associated with the process. In: DROOP, M. R. e JANNASCH,
H.W.
Advances in Aquatic Microbiology
. New York: Academy Press, p. 257-
291.
LEIDY, R.A. e FIELDER, P.L. 1985 Human disturbance and patterns of fish
species diversity in San Francisco Bay drainage, California.
Biological
Conservation, 33:
247-267.
LÉVÊQUE, C. 1997
Biodiversity Dynamics and Conservation: The Freshwater
Fish of Tropical Africa
. Cambridge University Press, Cambridge, 438p.
108
LOWE-McCONNELL, R.H. 1999
Estudos ecológicos de comunidades de
peixes tropicais.
Editora da USP, São Paulo, 534p.
LUCINDA, P.H.F. 2008 Systematics and biogeography of the genus
Phalloceros
Eigenmann, 1907 (Cyprinodontiformes: Poeciliidae:
Poeciliinae), with the description of twenty-one new species.
Neotropical
Ichthyology
,
6(2):
113-158.
LUIZ, E.A., AGOSTINHO, A.A.; GOMES, L.C.; HANH, N.S. 1998 Ecologia
trófica de peixes em dois riachos da bacia do Rio Paraná.
Revista Brasileira
de Biologia
,
58(2):
273-285.
MAGURRAN, A.E. 2004
Measuring Biological Diversity
. Blackwell Science
Ltda. Blackwell Publishing Company. 256p.
MAIER, M.H. 1978 Considerações sobre características limnológicas de
ambientes lóticos.
Boletim do Instituto de Pesca
, São Paulo,
5(2):
75-90.
MARGALEF, R. 1972
Ecologia
. Barcelona: Omega, 951p.
MARQUES, V.S., ARGENTO, M.S.F. 1998 O uso de flutuadores para avaliação
da vazão de canais fluviais.
Geociência, 7
: 173-186.
MARTIN-SMITH, K.M. 1998 Relation between fishes and habitat in rainforest
stream in Sabah, Malaysia.
Journal of Fish Biology
,
52:
458-482.
MATTHEWS, W.J. 1998.
Patterns in freshwater fish ecology
. CHAPMAN e
HALL, Norwell, 790p.
MAZZONI, R.
1998
Estrutura das comunidades e Produção de Peixes de um
Sistema Fluvial Costeiro de Mata Atlântica, Rio de Janeiro
.
São Carlos. 100 p.
(Tese de doutoramento, Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde,UFSCAR).
MAZZONI, R. ; FENERICHVERANI, N. ; CARAMASCHI, E. P. ; IEGLIAS-RIOS,
R. 2006 Stream-dwelling fish communities from an Atlantic rain forest
drainage.
Brazilian Archives of Biology and Technology
, Curitiba,
49 (2):
249-256.
109
McCAFFERTY, W.P. 1998 Aquatic entomology: the fishermen’s and ecologist’s
illustred guide to insects and theirs relatives. Boston: Jones and Barlett.
448p.
McNEELY, J.A. 1995 The impact of human activity on biodiversity. In:
HEYWOOD, V.H e WATSON, R.T.
Global biodiversity assessment
.
Cambridge, Cambridge University Press, p. 733-783.
MEFFE, G.K. e SHELDON, A.L. 1988 The influence of habitat structure on fish
assemblage composition in southeastern blackwater streams.
The American
Midland Naturalist
127:
106-114.
MELO, C.E. 2000
Ecologia Comparada da Ictiofauna em Córregos de Cerrado
na Bacia Amazônica: bases para conservação das espécies.
São Carlos.
(Tese de doutoramento, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
UFSCAR).
MELO, C.E.; MACHADO, F.A.; PINTO-SILVA, V. 2004 Feeding habits of fish
from a stream in the savanna of Central Brazil, Araguaia Basin.
Neotropical
Ichthyology
,
2(1):
37-44.
MENEZES, N.A.; CASTRO, R.M.C.; WEITZMAN, S.; WEITZMAN, M.J. 1990
Peixes de riacho da Floresta Costeira Atlântica Brasileira: um conjunto
pouco conhecido e ameaçado de vertebrados. In: SIMPÓSIO DE
ECOSSISTEMAS DA COSTA SUL E SUDESTE BRASILERIA:
ESTRUTURA, FUNÇÃO E MANEJO. Academia de Ciências do Estado de
São Paulo. Águas de Lindóia, São Paulo, p. 290-295.
MENEZES, N.A. 1994 Importância da conservação da ictiofauna dos
ecossistemas aquáticos brasileiros. In: SEMINÁRIO SOBRE A FAUNA
AQUÁTICA E O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO. Conservação. Comitê
Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico COMASE.
Rio de Janeiro: Eletrobraz. Caderno 3. p 7-13.
MENEZES, N.A. 1996. Methods for assessing freswater fish diversity. In:
BICUDO, C.E.M. e MENEZES, N.A.
Biodiversity in Brazi
l. CNPq, São Paulo,
p.289-295.
METZGER, J.P e CASATTI, L. 2006 Do diagnóstico a conservação da
biodiversidade: o estado da arte do programa BIOTA/FAPESP.
Biota
Neotropica
.
6(2):
1-23.
110
MINSHALL, G.W., MINSHALL, J.N. 1978 Further evidence on the role of
chemical factors in determining the distribution of benthic invertebrates in the
River Duddon.
Archiv für Hydrobiologie
.
83:
324-355.
MORELLATO, L.P.C. 1992 Introdução. In: MORELLATO, L.P.C.
História
Natural da Serra do Japi ecologia e preservação de uma área florestal do
sudeste do Brasil.
Campinas, Unicamp/FAPESP. p. 8-11.
MOTTA, R.L e UIEDA, V.S. 1997 Dieta de duas espécies de peixes do Ribeirão
Atalho, Itatinga, SP.
Revista Brasileira de Zoociências
. Juiz de Fora,
6(2):
191-205.
MOTTA, R.L. & UIEDA, V.S. 2005 Food web structure in a tropical stream
ecossystem.
Austral Ecology
,
30:
58-73.
MOYLE, P.B. e SENANAYAKE, F.R. 1984 Resource partitioning among the
fishes of rainforest streams in Sri Lanka.
Journal of Zoology, 202:
195-223.
OBERDORFF, T.; UNGUENY, B.; VIGNERON, T. 2001 Is assemblage
variability related to environmental variability? An answer for riverine fish.
Oikos
,
93:
419-428.
ODUM, E.P. 1988
Ecologia
. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan. 434p.
OKSANEN, J.; KINDT, R.; LEGENDRE, P.; O’HARA, B.; B. STEVENS, M.H.H.
2007 Vegan: Community Ecology Package. R package version 1.8-8.
http://cran.r-project.org./; http://r-forge.r-project.org/projects/vegan/.
OLIVEIRA, D.C de. E BENNEMANN, S.T. 2005 Ictiofauna, recursos
alimentares e relação com as interferências antrópicas em um riacho urbano
no sul do Brasil.
Biota Neotropica
,
5(1):
95-107.
ORSI, M.L.; CARVALHO, E.D.; FORESTI, F. 2004 Biologia populacional de
Astyanax altiparanae
Garutti e Britski (Teleostei, Characidae) do médio rio
Paranapanema, Paraná, Brasil.
Revista Brasileira de Zoologia
, Curitiba,
21(2):
207-218.
PAUL, M.J. e MEYER, J.L. 2001 Streams in the urban landscape.
Annual
Review of Ecology and Systematics
,
32:
333-365.
111
PAVANELLI, C.S. e CRAMASCHI, E.P. 2003 Temporal and spatial distribution
of the ichthyofauna in two streams of the upper river Paraná basin.
Brazilian
Archives of Biology and Technology
, Curitiba,
46(2):
271-280.
PAYNE, A.I. 1986
The ecology of tropical lakes and rivers
. New York: Jonh
Willey e Sons. 301p.
PENZACK, T.; AGOSTINHO, A.A.; OKADA, E.K. 1994 Fish diversity and
community structure in two small tributaries of the Paraná River, Paraná
State, Brazil.
Hydrobiologia
,
294:
243-251.
PILARSKI, F.; TOMAZELLI, Jr.O.; CASACA, J.M.; GARCIA, F.R.M.;
TOMAZELLI, I.B.; SANTOS, I.R. 2004 Consórcio suíno-peixe: aspectos
ambientais e qualidade do pescado.
Revista Brasileira de Zootecnia
,
33(2):
267-276.
PINTO, H.S.; ORTOLANI, A.A.; ALFONI, R.R. 1972 Estimativas das
temperaturas médias mensais do Estado de São Paulo em função da
altitude e latitude. Instituto de Geografia da Universidade de São Paulo.
Ciência da Terra,
23.
PINTO, H.S. 1992. Clima da Serra do Japi. In: MORELLATO, L.P.C.
História
natural da Serra do Japi: ecologia e preservação de uma área florestal no
sudeste do Brasil.
Unicamp, Campinas, p. 30-39.
PINTO, T.L.F e UIEDA, V.S. 2005
Preferência alimentar em espécies de peixes
insetívoras de um riacho tropical
. Botucatu, São Paulo. (Monografia de
conclusão de curso, Departamento de Zoologia, UNESP).
PINTO, B.C.T.; PEIXOTO, M.G.; ARAÚJO, F.G. 2006 Effects of the proximity of
an industrial plant in fish assemblage in the rio Paraíba do Sul, southeastern
Brazil.
Neotropical Ichthyology
,
4(2):
269-278.
PINTO, T.L.F. e UIEDA, V.S. 2007 Aquatic insects select as food for fish of
tropical stream: Are there spatial and seasonal differences in their in the
selectivity?
Acta Limnologica Brasiliensia, 19(1):
67-78.
PINTO-LOBO, A.V. 2006
Avaliação da Comunidade de Peixes do Rio
Paraitinga (Alto Tietê, SP) em um mosaico de condições ambientais.
São
Paulo. 125p. (Dissertação de Mestrado, Universidade de Mogi das Cruzes).
112
PIRES, A.M.; COWX, G.I.; COELHO, M.M. 1999 Seasonal changes in fish
community structure in intermittent stream in the middle reaches of the
Guadiana basin, Portugal.
Journal of Fish Biology
,
54:
235-249.
POFF, N.L. e ALLAN, J.D. 1995 Functional organization of stream fish
assemblages in relation to hydrological variability.
Ecology
,
76:
606-627.
POWER, M.E. 1983 Grazing responses of tropical freshwater fishes to different
scales of variation in their food
. Environmental Biology of Fishes
,
9(2):
103-
115.
POWER, M.E.; DUDLEY, T.L.; COOPER, S.D.S. 1989 Grazing catfish, fishing
birds and attached algae in a Panamanian stream.
Environmental Biology of
Fishes
,
26:
285-294.
PUSEY, B. J.; ARTHINGTON, A. H.; READ, M.G. 1993. Spatial and temporal
variation in fish assemblage structure in the Mary river, south-eastern
Queensland: the influence of habitat structure.
Environmental Biology of
Fishes,
Norwell,
37:
355-380.
PUSEY, B.J.; READ, M.G.; ARTHINGTON, A.H. 1995 The feeding ecology of
freshwater fishes in two rivers of the Australian wet tropics.
Environmental
Biology of Fishes
,
43:
85-103.
PUSEY, B.J.; ARTHINGTON, A.H.; READ, M.G. 1998 Freshwater fishes of the
Burdekin River, Australia: biogeography, history and spatial variation in the
community structure.
Environmental Biology of Fishes
,
53:
303-318.
R DEVELOPMENT CORE TEAM. 2007 R: A language and environment for
statistical computing. R Foundation for Statistical Computing. Vienna,
Áustria. ISBN 3-900051-07-0, URL . Disponível em http://www.R-project.org.
RIBEIRO, C. A. de O. e MENIN, E. 1996 Anatomia da cavidade bucofaringeana
de
Trichomycterus brasiliensis
(Reinhart) e suas relações com os hábitos
alimentares (Siluroidei, Trichomycteridae).
Acta Biologica Paranaense
,
25:
159-171.
REIS, R.E.; KULLANDER, S.O.; FERRARI JUNIOR, C.J. 2003
Check list of the
freshwater fishes of South and Central América
. 1
a
ed. Porto Alegre:
EDIPUCRS. 729p.
113
RODRIGUES, R.R.; MORELLATO, L.P.C.; JOLY, C.A.; LEITÃO-FILHO, H.F.
1989 Estudo florísticos e fitossociológico em um gradiente altitudinal de
mata estacional mesófila semidecídua na Serra do Japi, Jundiaí, SP.
Revista Brasileira de Botânica
.
12:
71-84.
ROSE, S.T. & ECHELLE, A.A. 1981 Persistence of the fish assemblages:
effects of environmental change.
American Naturalist
,
126:
24-40.
ROSS, S.T. 1986 Resource partitioning in fish assemblages: a review of field
studies.
Copeia
, 2: 352-388.
ROTH, N.E.; ALLAN, J.D.; ERICKSON, DL. 1996 Landscape influences on
stream biotic integrity assessed at multiple spatial scales.
Landscape
Ecology,
23:
141-156.
RUSSO, M.R.; FERREIRA, A.; DIAS, R.M. 2002 Disponibilidade de
invertebrados aquáticos para peixes bentófagos de dois riachos da bacia do
rio Iguaçu, Estado do Paraná, Brasil.
Acta Scientiarum
,
24(2):
411-417.
SABINO, J. e CASTRO, R.M.C. 1990 Alimentação, período de atividade e
distribuição espacial dos peixes de um riacho de floresta Atlântica (Sudeste
do Brasil).
Revista Brasileira de Biologia
,
50:
23-36.
SABINO, J. e ZUANON, J. 1998 A stream fish assemblage in Central
Amazônia: distribution, activity patterns and feeding behavior.
Ichthyological
Explorations of Freshwater
,
8:
201-210.
SANSEVERINO, A.M. e NESSIMIAN, J.L. 2008 Larvas de Chironomidae
(Diptera) em depósitos de folhiços submersos em um riacho de primeira
ordem da Mata Atlântica (Rio de Janeiro, Brasil).
Revista Brasileira de
Entomologia
,
52(1):
95-104.
SALE, P.F. 1991 Habitat structure and recruitment in coral reef fishes. In: BELL,
S.S.; McCOY, E.D.; MUSHINSKY, H.R.
Habitat structure: the physical
arrangement of objects in space
. Lodon, Chapman and Hall, p. 197-210.
SAUNDERS, D.L.; MEEUWING, J.J.; VINCENT, A.C.J. 2002 Freshwater
protected areas: strategies for conservation.
Conservation Biology
,
16:
30-
41.
114
SAZIMA, I. 1986 Similarities in feeding behavior between some marine and
freshwater fishes in two tropical communities.
Journal of Fish Biology
,
29:
53-65.
SCHLOSSER, I.J. 1990. Environmental variation, life history attributes, and
community structure in stream fishes: implications for environmental
management and assessment.
Environmental Management
,
14(5):
621628.
SCOTT, J.B.; STEWARD, C.R.; STOBET, Q.J. 1986 Effects of urban
development on fish population dynamics in Kelsey Creek, Washington.
Transactions of the American Fisheries Society
,
115:
555-567.
SHELDON, A.L. 1968 Species diversity and longitudinal succession in stream
fishes. Washington.
Ecology
,
49(2):
193-198.
SHIBATTA, O.A. e BENNEMANN, S.T. 2003 Plasticidade alimentar em
Rivulus
pictus
Costa (Osteichthyes, Cyprinontiformes) de uma pequena lagoa em
Brasília, Distrito Federal, Brasil.
Revista Brasileira de Zoologia
,
20:
615-618.
SILVA, C.P de D. 1999
Estrutura, dieta e padrão longitudinal da comunidade de
peixes de dois rios da Estação Ecológica de Juréia-Itatins e sua regulação
por fatores bióticos e abióticos.
Campinas. 134p. (Tese de doutoramento,
Instituto de Biologia, UNICAMP).
SILVA, E.F. da; MELO, C.E.; VENÊRE, P.C. 2007 Fatores que influenciam a
comunidade de peixes em dois ambientes no baixo Rio das Mortes, Planície
do Bananal, Mato Grosso, Brasil.
Revista Brasileira de Zoologia
,
24(2):
482-
492.
SKELTON, P.H.; CAMBRAY, J.A.; LOMBARD, A.; BENN, G.A. 1995 Patterns
of distribution and conservation status of freshwater fishes in South Africa.
South African Journal of Ichthyology
,
30:
71-81.
STRICKLAND, J.D.H. e PARSONS T.R. 1968 A pratical handbook of seawater
analysis.
Fisheries Research Board of Canada Bulletin
,
167:
311p.
SÚAREZ, Y.R. e PETRERE-JR, M. 2005 Organização das assembléias de
peixes de riachos da bacia do rio Iguatemi, Mato Grosso do Sul.
Acta
Scientiarum
,
27(2):
161-167.
TALAMONI, J.L.B. 1995
Estudo comparativo das comunidades planctônicas de
lagoas de diferentes graus de trofia e uma análise do efeito de Microcystis
115
aeruginosa (Cyanophyceae) sobre algumas espécies de microcrustáceos.
São Carlos. 300p. (Tese de doutoramento, UFSCAR).
TRAMER, E.J. 1978. Catastrophic mortality of stream fishes trapped in shrinking
pools.
American Midland Naturalist
,
97:
469-478.
TREVIÑO, H.; TORRES, J.; CHOQUEHUANCA, P.; LEVY, D.A.;
NORTHCOTE, T.G. 1988 Effects of eutrophication on fish. In:
Eutrophication: causes and consequences. p. 115-128.
TUPINAMBÁS, T.H.; CALLISTO, M. e SANTOS, G.B. 2007 Benthic
macroinvertebrate assemblages structre in two headwater, south-eastern
Brazil.
Revista Brasileira de Zoologia, 24(4):
887-897.
UIEDA, V.S. 1995. Comunidades de peixes de um riacho litorâneo:
composição, habitat e hábitos. Campinas. 200p. (Tese de Doutoramento.
Instituto de Biologia, Campinas).
UIEDA, V.S., BUZZATO, P.; KIKUCHI, R. 1997 Partilha de recursos
alimentares em peixes em um riacho de serra do Sudeste do Brasil.
Anais
da Academia Brasileira de Ciências
,
69:
243-252.
UIEDA, V.S. e BARRETO, M.G. 1999 Composição da Ictiofauna de quatro
trechos de diferentes ordens do Rio Capivara, Bacia do Tietê, Botucatu, São
Paulo.
Revista Brasileira de Zoociências
,
1(1):
55-67.
VALENTIN, J.L. 1995 Agrupamento e Ordenação. In: PERES-NETO, P.R.;
VALENTIN, J.L. & FERNANDEZ, F.
Tópicos em tratamentos de dados
biológicos
. Oecologia Brasiliensis II. Instituto de Biologia, Universidade
Federal do Rio de Janeiro. p. 27-55.
VALENTIN, J.L. 2000
Ecologia Numérica Uma introdução à análise
multivariada de dados ecológicos
. 1ª ed. Rio de Janeiro: Interciência. 117 p.
VALÉRIO, S.B.; SÚAREZ, Y.R.; FELIPE, T.R.A.; TONDATO, K.K.; XIMENES,
L.Q.L. 2007 Organization patterns of headwater-stream fish communities in
the Upper Paraguay-Paraná basins.
Hydrobiologia
,
583:
241-250.
VIEIRA, M. da SILVA e ESTEVES, K.E. 2002 Limnology of coastal clear-water
stream of the Atlantic Rain Forest, Southeast Brazil.
Archiv für
Hydrobiologie
, Stuttgart,
154(2):
275-291.
116
VILELLA, F.S.; BECKER, F.G.; HARTZ, S. M. 2002 Diet of
Astyanax
species
(Teleostei, Characidae) in an Atlantic forest river in southern Brazil.
Brazilian
Archives of Biology an Technology
,
45(2):
223-232.
WALKER, I. 1992 The benthic litter habitat with its sediments load in the
inundation forest of the Central Amazonian blackwater river Tarumã Mirim.
Amazoniana
,
12:
143-153.
WALSH, G. e FITZGERALD, G. J. 1984 Bias inhérents à 1’ alimentation des
poisons. Cas de trois espécies d’èpinoches (Gasterosteidae). Analyses et
commentaries. Naturaliste Ca. Rev. Ècol. Syst.,
111:
193-202.
WARD, J.V. e STANFORD, J.A. 1983 The intermediate-disturbance hypothesis:
an exploration for biotic diversity patterns in lotic ecosystems.
Ann Arbor
Science Publishers
. Ann Arbor, Michigan, p. 347-356.
WARD, J.V. 1992 Aquatic insect ecology 1 - Biology and habitat. New York,
Jonh Wiley e Sons, Inc., 437p.
WARD, J.V. 1998. Riverine landscapes: biodiversity patterns, disturbance
regimes and aquatic conservation.
Biology of Conservation
, 83(3): 269-278.
WENINGER,G. 1972 Results of the Austrian Ceylonese Hydrobiological
Mission 1970 of the 1
st
Zoological Institute od the University of Vienna
(Austria) and the Department of Zoology of the Vidyalankara University of
Celyon, Kelaniya. Part ll Hydrochemical studies of mountain rivers in
Ceylon. Sri Lanka (Ceylon):
Bulletin of the Fisheries Experiment Station
,
23(1,2):
77-100.
WHITTTON, B.A. 1975.
River ecology.
University of California Press, Berkeley.
725 p.
WILSON, E.O. 1994
Diversidade da vida
. São Paulo, Companhia das Letras.
447p.
YOSHIDA, C.E e SANTOS, T.D dos. 2007 Ictiofauna das áreas marginais de
riachos da Serra do Japi APA Jundiaí-Cabreúva, SP. In: ENCONTRO
BRASILEIRO DE ICTIOLOGIA, 17., Itajaí, 28 jan- 01 fev./ 2007. Livro de
resumos. p.504.
117
ZALEWSKY, M. 1992 Ecotones at the river basin scale: Global land/water
interactions.
Proceeding of Ecotones Regional Workshop
, Bumera, South
Australia.
ZAMBRANO, L.; PERROW, M.R.; SAYER, C.D.; TOMLINSOM, M.L.;
DAVIDSON, T.A. 2006 Relationships between fish feeding guild and trophic
structure in English lowland shallow lakes subject to anthopogenic influence:
implications for lakes restoration.
Aquatic Ecology
,
40:
391-405.
ZAVALLA-CAMIN, L.A. 1996
Introdução aos estudos sobre alimentação natural
em peixes.
EDUEM. 128p.
ZIPPIN,C. 1958 The removal method of population estimation.
Journal of
Wildlife Management
,
22:
82
118
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo