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componentes em sua vegetação, no entorno da lagoa, como o pau-brasil, coqueiro e,
mais recentemente (31/03/2006), o Baobá
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, uma árvore africana, sagrada para o povo de
santo. O babalorixá Pecê do terreiro Oxumaré, em entrevista, assegura que ela representa
o Orixá Onilé, que protege o mundo. O local escolhido no Dique foi em frente à
escultura do orixá Ossain. A ação foi uma iniciativa da Secretaria Municipal da
Reparação (SEMUR), em parceria com as superintendências de Parques e Jardins (SPJ),
do Meio Ambiente (SMA) e do Centro de Estudos Afro-orientais (Ceao/UFBA).
Como complementação do projeto paisagístico e ornamental, estava prevista também a
criação de aves como: patos; marrecos; gansos e cisnes. A escolha destas aves, além de
sua beleza, se deu porque elas são facilmente adaptáveis aos locais de criação e muito
fácil de alimentarem; no geral, alimentam-se de algas, capins, larvas de insetos, peixes
pequenos.
Para finalizar a obra de embelezamento, foi colocada a Fonte Luminosa dos Orixás, com
oito esculturas dos Orixás, confeccionadas pelo artista plástico Tatti Moreno. Atendendo
e respeitando as entidades representantes de religiões afro-brasileiras, e assegurando a
preservação de espaços para a oferenda de presentes aos orixás, respeitando o ritual
dessas comunidades que utilizam o Dique desde o século XIX.
O artista plástico Tatti Moreno pensou inicialmente em oito esculturas, aumentando para
doze, depois de consultar a Mãe Cleuza do Terreiro do Gantois, situado no bairro da
Federação. De acordo com o artista plástico, a mãe de santo, jogando os búzios, o
aconselhou, no número dos Orixás e, ademais, quais seriam e onde ficariam
posicionados. Tatti Moreno também procurou a Fenacab, onde recebeu, também, a
coordenação de quais os Orixás escolhidos e onde colocá-los, que coincidiram com a da
39 O plantio desta árvore é uma tradição dos terreiros antigos da Bahia. A Secretária Municipal de Reparação (Semur), juntamente
com o Centro de Estudos Afro-orientais plantaram o Baobá nos terreiros, Ilê Axé Opó Aganju – Lauro de Freitas, no terreiro Bate
Folha – Mata Escura, no Olé Omin J’Oba e Mansu Dandalunga Cocuazenza – ambos na Estrada Velha do Aeroporto, no Parque São
Bartolomeu, Parque da Cidade – Pituba, na Universidade Federal e na Rótula do Aeroporto. Existe esta árvore plantada em outros
Estados, como, Pernambuco com maior número, além de Fortaleza e Rio Grande do Norte. Todas elas foram tombadas pelo
Patrimônio Histórico. Segundo a tradição oral no Senegal, se um morto for sepultado dentro dela, sua alma irá viver enquanto a
planta existir, e pode viver 6000 anos. O Baobá se transformou num dos principais personagens do livro O Pequeno Príncipe, de
Saint-Exupéry. Seu personagem se preocupava com o crescimento excessivo do Baobá, temendo que ele tomasse todo espaço
existente em seu asteróide.