1.2 Epidemiologia
Os enterococos fazem parte da microbiota normal do trato gastrintestinal do homem e de
outros animais
34
, podendo ainda ser encontrados na cavidade oral, vesícula biliar, uretra e
vagina. No ambiente, podem ser isolados do solo, alimentos e na água
34
. Podem causar
infecções como endocardites, infecções urinárias, infecções intra-abdominais, infecções em
feridas operatórias e bacteremias
15, 17, 29, 57
, sendo o foco inicial da infecção a microbiota do
paciente, bem como o contato destes com pessoas e/ou água e alimentos contaminados
34
. No
ambiente hospitalar, tornou-se patógenos emergentes de controle e erradicação difíceis por parte
das comissões de controle de infecção hospitalar (CCIHs)
60
. A importância destes
microrganismos decorre não somente da sua elevada freqüência em infecções humanas nos
últimos anos
29
, mas também da grande capacidade de disseminação e resistência aos processos
comuns de desinfecção de ambientes
29
, bem como de um variado número de antimicrobianos,
tais como beta-lactâmicos (penicilinas), aminoglicosídeos (gentamicina e estreptomicina) e, mais
recentemente, glicopeptídeos (vancomicina)
11, 34
.
A prevalência dos enterococos é observada em todo o mundo. Em 2005, na China, 396
isolados de enterococos foram assim identificados: E. faecalis 79,8%, E. faecium 11,1%, E.
hirae 3,0%, E. gallinarum 3,0% e E. casseliflavus 3,0%
2
. Em 2005, no norte da Índia, um estudo
demonstrou que num total de 105 espécies de enterococos identificados, 42,9% eram E. faecium
e 40% E. faecalis
46
.
A incidência de enterococos isolados de pacientes em unidade de tratamento intensivo (UTI)
em vários países foi relatada, em 2004, em um estudo sobre resistência emergente entre
patógenos bacterianos em UTIs, utilizando dados de estudo de vigilância norte-americano e
europeu do período entre 2000 e 2004. Entre as amostras dos Estados Unidos da América
(EUA), os enterococos aparecem em sexto lugar, representando 5,4% dos patógenos isolados e,
especificamente, E. faecalis está em oitavo lugar, com a incidência de 3,7% do total de bactérias
isoladas. No Canadá e Alemanha, estão em ambos os países em quinto lugar, porém com a
incidência de 7,6% e 7,4% , respectivamente. E. faecalis aparece, no entanto, em décimo lugar,
com 2,1% no Canadá e em oitavo lugar na Alemanha, com 4,3% de incidência. Na França, E.
faecalis aparece em sétimo lugar, com 3% de incidência, e os enterococos em décimo lugar, com
2,3% de incidência. Na Itália, E. faecalis aparece em quinto lugar, com 3,9% de incidência e os
enterococos em sétimo lugar, com 3,3% de incidência
1
.
Outra pesquisa, na França, em 2003, mostrou os enterococos apresentando a seguinte ordem
de incidência: 79,6% E. faecalis, 13,0% E. faecium, 6,0% E. durans e 1,4% E. avium
36
. Nos