88
Literária José Coriolano,
226
a Arcádia dos Novos,
227
o Instituto Histórico e Geográfico
Piauiense,
228
e o Cenáculo Piauiense de Letras,
229
não conseguiram ter uma duração maior.
Desta forma, ao representar a tradição e a memória histórica da vida cultural piauiense,
memória, que por sua vez, encontra-se ameaçada pela voracidade do tempo, e por isso,
petrificada pelos lugares de memória, como as Academias de Letras, a APL passa a ser
imbuída de uma forte carga simbólica. Para Bourdieu, o poder simbólico é capaz de
“constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a
visão do mundo [...], poder quase mágico que permite obter o equivalente daquilo que é
obtido pela força (física ou econômica), graças ao efeito específico de mobilização.”
230
Por ter uma vida longa no meio literário local, os estatutos da Academia Piauiense de
Letras foram modificados três vezes, a primeira em 1940, no segundo mandato da presidência
de Higino Cunha (1929/1940), diante da filiação da APL à Federação das Academias de
Letras do Brasil, a segunda em 1967, na presidência de Simplício Mendes
231
(1959-1971) e a
última em 1986, na presidência de Arimathéa Tito Filho
232
(1971-1992).
226
Fundada por José Coriolano, Daniel Paz, Edmundo Genuíno de Oliveira, Antônio Tito Castelo
Branco, Raimundo Furtado, Maria José Batista, dentre outros. A finalidade da Oficina Literária era
aprimorar o fazer literário piauiense. Para a realização de seus objetivos a instituição editava a revista
quinzenal A Pena, que circulou pela primeira vez em 24.01.1902.
227
Fundada por J. Gualberto da Silva, João Martins de Morais, Mardocheu Marques, J. C. Soares, João
Emílio Costa, Rui Maranhão, Odilo Costa Filho, dentre outros. Em 1922, a agremiação editou a revista
Gente nova, em 1928, a Lotus, e em 1948, a revista mensal Mocidade.
228
Fundado em 23.06.1918, e tinha como objetivo o estudo da história, antropologia e geografia em
geral e especialmente sobre o estado do Piauí. Sua primeira diretoria foi constituída por Presidente:
Higino Cunha; secretário: Benjamin de Moura Baptista; tesoureiro: Simplício de Sousa Mendes;
bibliotecário: João Pinheiro; e orador: Valdivino Tito de Oliveira.
229
A primeira tentativa de criação do Cenáculo Piauiense de Letras ocorreu em 1913, mas a sua
efetivação só foi oficializada em 07.07.1927, em reunião realizada no prédio da Assembléia
Legislativa do Estado, em Teresina, e durou até os idos de 1932, tendo como principal articulador o
poeta Antônio Neves de Melo e como primeiro presidente Oton Rego Monteiro Dentre os seus
membros havia 27 homens e 3 mulheres, perfazendo um total de 30 cadeiras, cujos patronos eram os
membros da Academia Piauiense de Letras. Editou um periódico denominado A revista.
230
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 11. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. p.14.
231
Simplício de Sousa Mendes nasceu em União (PI), em 1882, e faleceu em Teresina no ano de 1971.
Formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1908, foi juiz, magistrado, professor da
Faculdade de Direito do Piauí e jornalista. Presidiu o Tribunal de Justiça do Piauí, o Conselho
Estadual de Cultura (1968-1971) e a Academia Piauiense de Letras (1959-1971). Foi diretor do
Arquivo Público do Estado do Piauí e da Imprensa Oficial do Piauí. Assinou colunas em jornais da
capital como: Folha do Nordeste, Folha da Manhã e O Dia, todas com o título de Televisão. Dentre as
obras publicadas destaca-se: O Homem, a sociedade, o direito e Propriedade territorial no Piauí.
232
José de Arimathéa Tito Filho nasceu em Barras (PI), em 27.10.1924 e faleceu em Teresina, em
23.06.1992. Foi historiador, cronista, jornalista, orador, professor, político, desportista e bacharel em
Direito. Presidiu a Academia Piauiense de Letras por 21 anos (1971-1992), também presidiu a
Associação Piauiense de Imprensa e o Conselho Estadual de Cultura. Dentre outros cargos que
exerceu foi diretor do Arquivo Público do Estado do Piauí, diretor do Liceu Piauiense, secretário de