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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS (UFGD)
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AMBIENTAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA E
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
ALESSANDRA FEQUETIA FREITAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SELEÇÃO DE Metarhizium anisopliae (METSCH.) SOROK.
(DEUTEROMYCOTINA: HYPHOMYCETES) PARA O CONTROLE DE
Mahanarva fimbriolata (STAL, 1854) (HEMIPTERA: CERCOPIDAE) DA
REGIÃO DE MATO GROSSO DO SUL
DOURADOS MS
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS (UFGD)
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AMBIENTAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA E
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
ALESSANDRA FEQUETIA FREITAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SELEÇÃO DE Metarhizium anisopliae (METSCH.) SOROK.
(DEUTEROMYCOTINA: HYPHOMYCETES) PARA O CONTROLE DE
Mahanarva fimbriolata (STAL, 1854) (HEMIPTERA: CERCOPIDAE) DA
REGIÃO DE MATO GROSSO DO SUL
Orientador(a): Elisângela de Souza Loureiro
Defesa apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Entomologia e
Conservação da Biodiversidade,
Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD), como parte das
exigências para a obtenção do título
de mestre em Entomologia e
Conservação da Biodiversidade.
DOURADOS MS
2010
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i
RESUMO GERAL
O objetivo desta pesquisa foi selecionar isolados de Metarhizium anisopliae (Metsch.)
Sorok. Deuteromycotina: Hyphomycetes) e determinar sua produção e a viabilidade
visando o controle de cigarrinha-da-raiz Mahanarva fimbriolata (Stal, 1854)
(Hemiptera: Cercopidae). A seleção foi feita em condições de laboratório, utilizando-se
ninfas coletadas a campo que foram pulverizadas com o fungo e mantidas em câmara
climatizada a 25±1 ºC, 70±10 UR e 12 fotofase. Exemplares de ninfas de cigarrinha da
raiz foram separadas em grupos de 10 indivíduos e a seguir inoculadas em suspensões
de esporos da ordem de 1,0 x 10
9
; 0,5 x 10
9
; 1,0 x 10
8
; 5,0 x 10
8
e 1,0 x 10
7
conídios/mL. Na etapa de produção foram colocados em sacos de polipropileno
medindo 35 cm de comprimento e 22 cm de largura 100 g de arroz pré-cozido e
imediatamente autoclavado a 120 ºC por 25 min. Após o resfriamento do arroz,
inoculou-se 1 mL de uma suspensão contendo 1,0 x 10
9
conídios/mL, sendo
acondicionados em câmara climatizada à temperatura de 25±1 °C, 70±10% de UR e
fotofase de 12h, os quais foram incubados por 10 dias. Decorrido esse período, o
arroz+fungo foi acondicionado em bandejas plásticas para promover a conidiogênese do
fungo, dentro da câmara climática a 25±1 °C, 70±10% de UR e fotofase de 12h. As
bandejas ficaram empilhadas por 4 dias, cruzando-as por mais 4 dias. Foi observada a
mortalidade total, a mortalidade corrigida pela fórmula de Abbott e a mortalidade
confirmada. No geral, observou-se que a concentração de 1,0 x 10
9
conídios/mL foi a
que apresentou maior efeito sobre M. fimbriolata dentre as demais concentrações
testadas. O valor de TL
50
(2,75 dias) proporcionado pela concentração de 1,0 x 10
9
conídios/mL é menor dentre os demais TL
50
analisados. Na fase de seleção, entre os 24
isolados de M. anisopliae avaliados, sete isolados (UFGD 425, UFGD 22, PL 43, IBCB
ii
348, UFGD 28, UFGD 05 e UFGD 03) causaram maior porcentagem de mortalidade
confirmada das ninfas após o sétimo dia da inoculação, mostrando potencialidade como
agentes de controle de cigarrinha-da-raiz da cana-de-açúcar, matando pelo menos 70,0%
da população. Na etapa de produção o isolado IBCB 425 foi o que produziu mais
conídios em arroz com 1,82 x 10
9
conídios/g de arroz pré-cozido pelo método de
bandeja. Com relação à viabilidade dos isolados, o IBCB 425 também apresentou maior
capacidade de germinação dos conídios, com 94,84%.
PALAVRAS-CHAVE: Insecta, Controle biológico, Controle microbiano, Fungos
entomopatogênicos.
ABSTRACT
The objective of this research was to select isolates of Metarhizium anisopliae (Metsch.)
Sorok. Deuteromycotina: Hyphomycetes) and determine their production and viability
for the control of spitlebugs Mahanarva fimbriolata (Stal, 1854) (Hemiptera:
Cercopidae). The selection was carried out in laboratory conditions, using nymphs
collected in the field were sprayed with the fungus and kept in an incubator at 25 ± 1 ºC,
RH 70±10 and 12 h photophase. Samples of nymphs of spitlebugs were separated in
groups of ten insects and inoculated in suspension of spores containing 1.0 x 10
9
; 0.5 x
10
9
; 1.0 x 10
8
; 5.0 x 10
8
e 1.0 x 10
7
conidia/mL. In the stage of production the selected
isolates of Metarhizium anisopliae were placed in polypropylene bags measuring 35 cm
long and 22 cm wide 100 g of rice pre-cooked and immediately autoclaved at 120 °C
for 25 min. After cooling, the rice was inoculated with 1 mL of a suspension containing
1,0 x 10
9
conidia/mL, packed an incubator at 25±1 °C, 70±10% RH and 12h
photophase. Plastic bags containing rice+fungus were incubated for 10 days. After this
iii
period, rice+fungus was packed in plastic trays to promote conidia of the fungus, within
the climatic chamber at 25±1 °C, 70±10% RH and 12h photophase. The trays were
stacked in 4 days, crossing them for another 4 days. Was observed the total mortality,
mortality corrected by Abbott's formula and confirmed mortality. Overall, it was
observed that the concentration of 1.0 x 10
9
conidia/mL showed the greatest effect on
M. fimbriolata among the other concentrations. The value of TL
50
(2.75 days) provided
by the concentration of 1.0 x 10
9
conidia/ml is lower among the other TL
50
analyzed.
Among the 24 isolates of M. anisopliae evaluated, seven isolates (UFGD 425, UFGD
22, PL 43, IBCB 348, UFGD 28, UFGD 05 e UFGD 03) caused the highest percentage
of confirmed mortality of nymphs after the seventh day after inoculation, showing
potential as control agents of spitlebugs sugarcane, killing at least 70.0% of the
population. IBCB 425 isolate was the most produced conidia on rice with 1.82 x 10
9
conidia/g rice pre-cooked by the tray method. Regarding the viability of the isolates, the
IBCB 425 also showed a higher germination of conidia, with 94.84%.
KEY-WORDS: Insecta, Biological control, Microbial control, Entomopathogenic
fungi.
ÍNDICE
RESUMO GERAL ............................................................................................................ i
ABSTRACT ..................................................................................................................... ii
INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................. 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 4
Artigo 1: Seleção de Metarhizium anisopliae (METSCH.) SOROK.
(DEUTEROMYCOTINA: HYPHOMYCETES) para o controle de Mahanarva
fimbriolata (STAL, 1854) (HEMIPTERA: CERCOPIDAE) em laboratório .................. 7
Abstract ............................................................................................................................. 7
Resumo ............................................................................................................................. 8
Introdução ......................................................................................................................... 9
Material e Métodos ......................................................................................................... 11
Estabelecimento da concentração dos fungos entomopatogênicos ................................ 11
Seleção dos isolados de Metarhizium anisopliae ........................................................... 13
Resultado e Discussão .................................................................................................... 14
Estabelecimento da concentração ................................................................................... 14
Bioensaios de seleção de isolados .................................................................................. 16
Agradecimentos .............................................................................................................. 20
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 20
Tabela I: .......................................................................................................................... 24
Figura I ........................................................................................................................... 24
Tabela II. ......................................................................................................................... 25
Tabela III. ....................................................................................................................... 26
Figura II. ......................................................................................................................... 27
Artigo 2: Rendimento de conídios e germinação de diferentes isolados de Metarhizium
anisopliae (Metsch.) Sorok. (Deuteromycotina: Hyphomycetes) cultivados em arroz . 28
Abstract ........................................................................................................................... 28
Resumo ........................................................................................................................... 29
Introdução ....................................................................................................................... 30
Material e Métodos ......................................................................................................... 32
Produção de isolados em arroz ....................................................................................... 32
Resultados e Discussão ................................................................................................... 34
Produção em meio de arroz pré-cozido .......................................................................... 34
Agradecimentos .............................................................................................................. 37
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 37
Tabela I ........................................................................................................................... 40
Conclusões ...................................................................................................................... 41
1
INTRODUÇÃO GERAL
A cultura da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) se encontra em um momento de
grande expansão devido à boa rentabilidade que o comércio do açúcar e álcool
combustível tem proporcionado ao setor. O Brasil destaca-se como o maior produtor
mundial de cana de açúcar e exportador de açúcar e álcool tendo uma área cultivada em
torno de 8,9 milhões de hectares (Conab 2008).
Na colheita da cana-de-açúcar sem queima prévia, a palha e o palhiço são
deixados no campo após o corte, proporcionando modificações edáficas e alterações no
microclima da superfície do solo, como uma melhor manutenção da umidade, menor
temperatura e aumento da matéria orgânica no solo, quando comparadas com o sistema
de queima (Furlani Neto 1995; Barbosa 1998). Estas modificações têm favorecido o
aumento da incidência e severidade dos danos causados pela cigarrinha da raiz,
Mahanarva fimbriolata Stal (1854) (Hemiptera: Cercopidae) na cultura da cana-de-
açúcar (Dinardo-Miranda et al. 1999; Mendonça 2005).
Com isso a cigarrinha da raiz se tornou uma das pragas de maior importância
econômica para a cana de açúcar, sendo encontrada em altas populações em
praticamente todas as regiões de São Paulo especialmente nas regiões mais quentes e
úmidas causando danos significativos à cultura, por reduzir a produtividade agrícola e a
qualidade tecnológica da cana-de-açúcar, utilizada como matéria prima na indústria
(Dinardo-Miranda et al. 1999, 2000, 2002). Situação semelhante encontra-se nos
Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde é comum a ocorrência de
altas infestações da cigarrinha da raiz em cana planta e soqueiras de cana queimada,
devido à vizinhança da cultura com vastas áreas de pastagens, cujos capins também são
hospedeiros de M. fimbriolata (Dinardo-Miranda 2003).
2
As fêmeas da cigarrinha da raiz M. fimbriolata fazem a postura dos ovos nos
solos, próximos aos colmos. Suas ninfas vivem nas raízes, onde se fixam e sugam a
seiva, produzindo uma espuma branca típica por meio da secreção das glândulas de
Bateli e com o movimento de sua codícola, injetam bolhas de ar nesse fluido, dando
formação a espuma que protege e recobre todo o seu corpo contra dessecação e vários
inimigos naturais. Na seca, as ninfas deixam de produzir a espuma e morrem.
As ninfas ao se alimentarem das raízes provocam lesões no sistema vascular,
comprometendo o transporte de água e nutrientes para os pontos de crescimento aéreo
da planta. Os adultos sugam a seiva das folhas, injetando toxinas e causando clorose,
necrose e posterior secagem das folhas, reduzindo o processo fotossintético,
prejudicando a circulação da seiva do limbo foliar, ocasionando diminuição no conteúdo
de sacarose no colmo e retardando a maturação (El-Kadi 1977; Dinardo-Miranda et al.
2002).
O controle microbiano com fungos entomopatogênicos especialmente
Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. Deuteromycotina: Hyphomycetes), tem tido
sucesso com as cigarrinhas das raízes, uma vez que a espuma produzida pelas ninfas
proporciona uma condição favorável ao crescimento do fungo. Além de outros fatores
como sua facilidade de produção em labaratório, e por apresentar uma vantagem em
relação aos outros entomopatógenos, podendo infectar tanto via oral, através dos
espiráculos e pela superfície do tegumento (Alves 1998).
Outro fator para se utilizar o controle microbiano é a questão do custo, pois o
valor médio por ha do controle microbiano custa em torno de R$ 40,00, enquanto que o
valor do controle químico custa R$ 160,00/ha, ou seja, uma economia de R$ 120,00
(Almeida et al. 2008). Ressalvando que o controle com inseticidas é pouco eficiente para
as ninfas de cigarrinhas, pois estas se localizam nas touceiras e são protegidas por uma
3
espuma branca. A baixa eficiência dos produtos fitossanitários sintéticos gera a
necessidade de várias aplicações, o que inviabiliza o controle (Almeida et al. 2008).
No Nordeste, desde a década de 70, M. anisopliae vem sendo produzido e
comercializado com grande sucesso no controle da cigarrinha Mahanarva posticata Stal
(1855) (Hemiptera: Cercopidae) na cultura da cana-de-açúcar correspondendo a um dos
mais bem sucedidos programas de controle biológico na América Latina (Alves et al.
1998; Alves et al. 2008). No entanto, existem limitações para a utilização de fungos;
uma das mais importantes é a forma de conservação desses microrganismos, que
mantenha a sua patogenicidade e virulência por pelo menos dois anos, em condições de
fácil armazenamento e aplicação, fator que está intrinsecamente ligado às formulações
(Loureiro et al. 2005). Outra grande limitação no desenvolvimento e comercialização de
produtos microbianos é a correta caracterização e padronização da linhagem
selecionada, visando a preservação da sua identidade durante o processo produtivo
(Alves & Pereira 1998).
As técnicas de produção de fungos para controle de pragas devem ter baixo
custo e permitir a obtenção de alta concentração de formas viáveis e virulentas do
patógeno, que possam ser formuladas e utilizadas (Loureiro et al. 2005). A facilidade de
produção em larga escala viabiliza a utilização destes agentes de maneira inundativa
(Alves & Pereira 1998).
Assim, o objetivo do presente trabalho foi selecionar isolados de Metarhizium
anisopliae e avaliar sua produção e viabilidade para o controle de ninfas da cigarrinha
da raiz da cana-de-açúcar no Estado de Mato Grosso do Sul.
4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, J. E. M.; A. Batista Filho; S. B. Alves; L. G. Leite; P. Neves. 2008.
Formulação de entomopatógenos na América Latina, p. 257-278. In: S. B. Alves; R. B.
Lopes. (Org.). Controle Microbiano de Pragas na América Latina. Piracicaba:
FEALQ, viii+414p.
Alves, S. B. 1998. Fungos entomopatogênicos, p.289-381. In: S. B. Alves (ed.).
Controle Microbiano de Insetos. Piracicaba: FEALQ, xi+1163 p.
Alves, S. B.; J. R. S. Lopes; L. F. A. Alves & A. Moino Júnior. 1998. Controle
microbiano de artrópodos associados a doenças de plantas. In: I. S. Melo & J. L.
Azevedo. Controle biológico 1: 143-170.
Alves, S. B.; J. R. S. Lopes; S. A. Vieira & M. A. Tamai. 2008. Fungos
entomopatogênicos usados no controle de pragas na América Latina, p.71-103. In: S. B.
Alves & R. B. Lopes (ed.). Controle microbiano de pragas na América Latina.
FEALQ, Piracicaba, viii+414p.
Alves, S. B.; R. M. Pereira. 1998. Produção de fungos entomopatonicos, p. 845-869.
In: S. B. Alves (ed.). Controle microbiano de insetos. Piracicaba: FEALQ, xi+1163 p.
Barbosa, V. Cultivo de soqueira, adubação e reforma de canaviais sob sistema de cana
crua, p.31-32. In: SEMANA DA CANA-DE-AÇÚCAR DE PIRACICABA, 4., 1998,
Piracicaba, Anais... Piracicaba: 1998. p.31-32.
5
Conab, 2008 Disponível em http://www.conab.gov.br/conabweb/. Acesso em: 30 jul.
2009.
Dinardo-Miranda, L. L. 2003. Cigarrinha-das-raízes em cana-de-açúcar. Campinas:
Instituto Agronômico, 72p.
Dinardo-Miranda, L. L., J. M. G. Ferreira, A. M. P. R. Durigan & V. Barbosa. 2000.
Eficiência de inseticidas e medidas culturais no controle de Mahanarva fimbriolata em
cana-de-açúcar. STAB - Açúcar, Álcool e Subprodutos 18: 34-36.
Dinardo-Miranda, L. L., P. Figueiredo, M. G. A. Landell, J. M. G. Ferreira & P. A. M.
Carvalho. 1999. Danos causados pelas cigarrinhas das raízes (Mahanarva fimbriolata) a
diversos genótipos de cana-de-açúcar. STAB - Açúcar, Álcool e Subprodutos 17: 48-
52.
Dinardo-Miranda, L. L., V. Garcia & V. Parazzi. 2002. Efeito de inseticidas no controle
de Mahanarva fimbriolata (Stal) (Hemiptera: Cercopidae) e de nematóides
fitoparasitos, na qualidade tecnológica e na produtividade da cana-de-açúcar.
Neotropical Entomology 31: 609-614.
El-Kadi, M. K. Novas perspectivas no controle de cigarrinhas. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 4., Goiânia, 1977. Conferências, Palestras e
Exposições. Goiânia: SEB, 1977. p.58-67.
6
Furlani Neto, V. L. 1995. Colhedora de cana-de-açúcar (Saccharum spp) avaliação em
canaviais com e sem queima prévia. 105f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
Loureiro, E. S.; A. Batista Filho; J. E. M. Almeida; L. G. A. Pessoa. 2005. Produção de
isolados de Metarhizium anisopliae, selecionados para o controle de Mahanarva
fimbriolata (Stal, 1854). Arquivos do Instituto Biológico 72: 469-472.
Mendonça, A. F. 2005. Cigarrinhas da cana-de-açúcar: controle biológico. Maceió:
Insecta, 317 p.
7
SELEÇÃO DE Metarhizium anisopliae (METSCH.) SOROK.
(DEUTEROMYCOTINA: HYPHOMYCETES) PARA O CONTROLE DE
Mahanarva fimbriolata (STAL, 1854) (HEMIPTERA: CERCOPIDAE) EM
LABORATÓRIO
Alessandra Fequetia Freitas
1
& Elisângela de Souza Loureiro
1, 2
1
Programa de Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade,
Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (FCBA), Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD), Rodovia Dourados-Itahum, Km 12, Cidade Universitária,
Dourados-MS. lezinhafreitas@yahoo.com.br
2
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Campus de Chapadão do Sul
(CPCS), Antiga estrada da Fazenda Campo Bom, Caixa Posta 112, Chapadão do Sul-
MS; [email protected]; autor correspondente
SELECTION OF Metarhizium anisopliae (METSCH.) SOROK.
(DEUTEROMYCOTINA: HYPHOMYCETES) FOR THE CONTROL OF
Mahanarva fimbriolata (STAL, 1854) (HEMIPTERA: CERCOPIDAE) IN
LABORATORY
ABSTRACT
The objective of this research was to select isolates of Metarhizium anisopliae (Metsch.)
Sorok. Deuteromycotina: Hyphomycetes) pathogenic to spitlebugs Mahanarva
fimbriolata (Stal, 1854) (Hemiptera: Cercopidae). The selection was carried out in
laboratory conditions, using nymphs collected in the field were sprayed with the fungus
8
and kept in an incubator at 25±1 º C, RH 70±10 and 12 h photophase. Samples of
nymphs of spitlebugs were separated cautiously in groups of ten insects and inoculated
in suspension of spores containing 1.0 x 10
9
; 0.5 x 10
9
; 1.0 x 10
8
; 5.0 x 10
8
e 1.0 x 10
7
conidia/mL. Was observed the total mortality, mortality corrected by Abbott's formula
and confirmed mortality. Overall, it was observed that the concentration of 1.0 x 10
9
conidia/mL showed the greatest effect on M. fimbriolata among the other
concentrations, observing the lesser value of TL
50
(2.75 days). Among the 24 isolates of
M. anisopliae evaluated, seven isolates (UFGD 425, UFGD 22, PL 43, IBCB 348,
UFGD 28, UFGD 05 e UFGD 03) caused the highest percentage of confirmed mortality
of nymphs after the seventh day after inoculation, showing potential as control agents of
spitlebugs sugarcane, causing mortality confirmed of at least 70.0% of the population.
KEY-WORDS: Insecta, Biological control, Microbial control.
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi selecionar isolados de Metarhizium anisopliae (Metsch.)
Sorok. Deuteromycotina: Hyphomycetes) patogênicos para cigarrinha da raiz
Mahanarva fimbriolata. A seleção foi feita em condições de laboratório, utilizando-se
ninfas coletadas a campo que foram pulverizadas com o fungo e mantidas em câmara
climatizada a 25±1 ºC, 70±10 UR e 12 fotofase. Exemplares de ninfas de cigarrinha da
raiz foram cuidadosamente separadas em grupos de 10 indivíduos e a seguir inoculadas
em suspensões de esporos da ordem de 1,0 x 10
9
; 0,5 x 10
9
; 1,0 x 10
8
; 5,0 x 10
8
e 1,0 x
10
7
conídios/mL. Foi observada a mortalidade total, a mortalidade corrigida pela
fórmula de Abbott e a mortalidade confirmada. No geral, observou-se que a
concentração de 1,0 x 10
9
conídios/mL foi a que apresentou maior efeito sobre M.
9
fimbriolata dentre as demais concentrações testadas, observando-se o menor valor de
TL
50
(2,75 dias). Dentre os 24 isolados de M. anisopliae avaliados, sete isolados (UFGD
425, UFGD 22, PL 43, IBCB 348, UFGD 28, UFGD 05 e UFGD 03) causaram maior
porcentagem de mortalidade confirmada das ninfas após o sétimo dia da inoculação,
mostrando potencialidade como agentes de controle de cigarrinha da raiz da cana-de-
açúcar, causando mortalidade confirmada de pelo menos 70,0% da população.
PALAVRAS-CHAVE: Insecta, Controle biológico, Controle microbiano.
INTRODUÇÃO
A cultura da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) encontra-se em um momento de
grande expansão da área cultivada nas principias regiões produtoras do Brasil. Com a
proibição da queima como etapa da operação de colheita, amparada em leis federal e
estadual que estabeleceram um período de quatro anos para o fim desta prática agrícola
no Estado de Mato Grosso do Sul (Embrapa 2008). O incremento das áreas de colheita
de cana sem queima prévia (cana crua) têm favorecido o aumento da incidência e
severidade dos danos causados pela cigarrinha da raiz, Mahanarva fimbriolata (Stal,
1854) (Hemiptera: Cercopidae) na cultura da cana-de-açúcar nos Estados de São Paulo,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais (Dinardo-Miranda et al. 1999;
Mendonça 2005), beneficiadas pelo aumento de umidade no solo, em função do
depósito de palha sobre ele, e pela não destruição dos ovos diapáusicos, proporcionando
modificações edáficas e alterações no microclima da superfície do solo (Furlani Neto
1995).
Atualmente a cigarrinha é encontrada em altas populações em praticamente
todas as regiões de o Paulo especialmente nas regiões mais quentes e úmidas
10
causando danos significativos à cultura, por reduzir a produtividade agrícola e a
qualidade tecnológica da cana-de-açúcar, utilizada como matéria prima na indústria
(Dinardo-Miranda et al. 1999, 2000, 2002), sendo considerada atualmente uma das
pragas de maior importância econômica para a cana-de-açúcar. Situação semelhante
encontra-se em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde é comum a ocorrência
de altas infestações de cigarrinha em cana planta e soqueiras de cana queimada, devido
à vizinhança da cultura com vastas áreas de pastagens, cujos capins também são
hospedeiros de M. fimbriolata (Dinardo-Miranda 2003). Nos Estados do Nordeste,
Metarhizium anisopliae anisopliae (Metsch.) Sorok. Deuteromycotina: Hyphomycetes)
vem sendo utilizado com grande sucesso no controle da cigarrinha M. posticata (Stal
1854) (Hemiptera: Cercopidae) na cultura da cana-de-açúcar correspondendo a um dos
mais bem sucedidos programas de controle biológico na América Latina (Alves 1998).
As diferentes condições climáticas do Estado de São Paulo, quando comparada
aos estados produtores do Nordeste, e também a diferença de espécie predominante de
cigarrinha, exigem estudos para avaliar e viabilizar um programa de controle
microbiano por meio da utilização de M. anisopliae. Uma das etapas fundamentais para
o estabelecimento de tal programa é a seleção de isolados do entomopatógeno. Loureiro
et al. (2005) selecionaram, 8 isolados de M. anisopliae mais eficientes para o controle
das ninfas da cigarrinha da raiz da cana-de-açúcar, M. fimbriolata, nas condições do
Estado de São Paulo. O grau de virulência dos isolados de M. anisopliae em causar
mortalidade em ninfas de M. fimbriolata pode variar com as condições edafoclimáticas
de cada região e com a capacidade de susceptibilidade das populações dessa praga aos
isolados. Como o Estado do Mato Grosso do Sul, principalmente, a região da Grande
Dourados apresenta condições climáticas diferentes das encontradas nos estados de
origem dos isolados, torna-se necessário um estudo visando selecionar isolados de M.
11
anisopliae adaptados às condições climáticas locais, tendo em vista que, de acordo com
Almeida & Batista Filho (2001), a seleção de isolados de fungos entomopatogênicos
para o controle biológico de uma praga é uma das etapas mais importantes para a
determinação da virulência, aspectos reprodutivos e produção em meio de cultura
artificial, para a posterior utilização como bioinseticida, no intuito de aumentar a
eficiência do programa de controle biológico dessa praga, em cultivos comerciais de
cana-de-açúcar.
Assim, o objetivo do presente trabalho foi selecionar isolados virulentos do
fungo entomopatogênico M. anisopliae, em condições de laboratório, visando o controle
de ninfas da cigarrinha da raiz da cana-de-açúcar na região da Grande Dourados, Mato
Grosso do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Entomologia da
Faculdade de Ciências Biológicas (FCBA) e Ambientais da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD) e em condições de campo, na Usina Dourados Álcool e
Açúcar Ltda., localizada na zona rural do município de Dourados-MS, distrito de
Itahum.
Estabelecimento da concentração dos fungos entomopatogênicos
Foram utilizados os isolados de M. anisopliae pertencentes ao Banco de
Entomopatógenos do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências
Biológicas e Ambientais (FCBA), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
12
Dourados-MS, armazenados em “freezer” a -12C, na forma de conídios puros,
acondicionados em “eppendorfs”.
Inicialmente, foi realizado um bioensaio para estabelecimento da concentração
a ser utilizada nos experimentos de seleção de isolados. Foi utilizado, como padrão, o
isolado IBCB 425, por ser o inóculo de produção utilizado pela maioria das biofábricas
e usinas paulistas até a presente data, para o controle da cigarrinha da raiz da cana-de-
açúcar, no Estado de São Paulo (Loureiro et al. 2005). Foram testadas cinco
concentrações de M. anisopliae (1,0 x 10
9
; 0,5 x 10
9
; 1,0 x 10
8
; 0,5 x 10
8
e 1,0 x 10
7
conídios/mL) e um tratamento testemunha em que as cigarrinhas foram apenas
pulverizadas com água destilada estéril mais espalhante adesivo Tween
®
80 a 0,1%.
As suspensões de conídios foram preparadas após a conidiogênese do fungo
produzida em meio de cultura sólido BDA (batata-dextrose-ágar), com água destilada
esterilizada e espalhante adesivo (Tween 80) a 0,1%. A contagem do número de
conídios foi feita em câmara de Neubauer sob microscópio óptico.
As ninfas da cigarrinha da raiz cana-de-açúcar foram coletadas em canavial na
Usina Dourados Álcool e Açúcar Ltda. pertencente ao município de Dourados distrito
de Itahum-MS, isenta de pulverizações com produtos fitossanitários químicos. Após
coleta com pinça entomológica, as ninfas foram colocadas no interior de caixas de
isopor contendo folhas de cana levadas e transportadas para o laboratório.
Cada bioensaio foi composto por cinco placas de Petri (9 cm de diâmetro)
contendo uma folha de cana, lavada com água estéril, medindo 8 cm de comprimento e
envolvida nas extremidades por um pedaço de algodão umedecido com água. A
aplicação de 1 mL dos tratamentos foi feita sobre a folha de cana contendo as
cigarrinhas, com o auxílio de uma micropipeta. As placas de Petri contendo os insetos
13
foram fechadas e mantidas em câmara climatizada à temperatura de 251 C, com
fotofase de 12 horas e umidade relativa de 7010% (Loureiro et al. 2005).
A concentração a ser utilizada nos experimentos subseqüentes foi aquela que
causou porcentagem de mortalidade confirmada (porcentagem dos insetos nos quais
ocorreu esporulação do fungo) superior a 70,0%, pela análise de Probit (Alves 1998)
para obtenção dos valores de TL
50
(conídios/mL), 5 dias após a pulverização, pelo
padrão.
Foi avaliada a mortalidade diariamente. Cada inseto morto foi lavado em álcool
70% e água destilada esterilizada, para desinfestação superficial. Em seguida, os insetos
foram transferidos para placas de Petri contendo um chumaço de algodão umedecido,
mantidas em câmara climatizada à temperatura de 251 C, com fotofase de 12 horas e
umidade relativa de 7010%. Por meio deste procedimento é que se obteve a
confirmação da mortalidade causada pelo patógeno, observando-se o crescimento
micelial e conidiogênese no cadáver.
Para obtenção dos valores de TL
50
(em dias) foi realizada análise de Probit para
os diferentes tratamentos. Sobre as folhas de cana foram colocadas 10 ninfas de
cigarrinhas perfazendo um total de 50 insetos por tratamento. O delineamento
experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 50 insetos por tratamento,
divididos em 5 repetições (10 ninfas/repetição). Os dados referentes à mortalidade
confirmada em laboratório foram analisados através da Análise de Regressão.
Seleção dos isolados de Metarhizium anisopliae
Baseado na concentração selecionada no experimento anterior foi realizado um
bioensaio utilizando a metodologia descrita no item estabelecimento da concentração,
14
para testar a eficiência de 24 isolados de M. anisopliae. A seleção de isolados foi
baseada na porcentagem de mortalidade confirmada de M. fimbriolata.
O experimento de seleção foi composto por cinco bioensaios contendo os
diferentes isolados a uma concentração de 1 x 10
9
conídios/mL, um tratamento
testemunha e o isolado padrão IBCB 425.
A mortalidade foi verificada diariamente durante o período de avaliação
determinando-se a patogenicidade de cada isolado para o inseto. Os cadáveres foram
observados e aqueles que apresentaram extrusão e reprodução do patógeno foram
anotados e representaram a mortalidade confirmada. Os isolados que apresentaram
porcentagem de mortalidade confirmada maior ou igual 70,0% até o sexto dia após a
pulverização, mantida em câmara úmida, foram selecionados para a etapa de produção
em arroz pré-cozido.
Foram coletados os dados de mortalidade confirmada, mortalidade total
(mortalidade independente da causa) e mortalidade corrigida (calculada pela fórmula de
Abbott 1925), para o 4
o
, 6
o
e 7
o
dias após a inoculação. Os dados referentes à
mortalidade confirmada foram transformados em (x+0,5)
1/2
e submetidos à análise de
variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado
com 50 insetos por tratamento, divididos em 5 repetições (10 ninfas/repetição).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estabelecimento da concentração
Dentre as concentrações testadas houve diferença significativa entre a
concentração de 1,0 x 10
9
conídios/mL
e a concentração de 0,5 x 10
9
conídios/mL que
15
pôde ser observada através da análise de Probit (Tabela I). A concentração de 1,0 x 10
9
conídios/mL foi a mais patogênica às ninfas resultando em um menor tempo letal (TL
50
)
de 2,75 dias, valor este bastante expressivo, em relação as demais concentrações
testadas. Essa concentração promoveu maior mortalidade de ninfas de M. fimbriolata
dentre as demais concentrações testadas, diferentemente da concentração utilizada por
Macedo et al. (2006), que foi de 5,0 x 10
7
conídios/mL. De maneira geral, os tempos
letais foram decrescentes à medida que aumentou a concentração (Tabela I). Verificou-
se ainda que não ocorreu diferença significativa entre as demais concentrações testadas,
com base na sobreposição dos intervalos de confiança obtidos. Nessa avaliação foi
verificada grande diferença no tempo letal da menor concentração (7,10 dias), quando
comparado com o proporcionado pela maior concentração (2,75 dias) (Tabela I).
Por meio da análise de regressão, o número de insetos infectados mortos até o
5
o
dia foi maior para a concentração de 1,0 x 10
9
conídios/mL (Figura I). Esta
concentração foi superior àquela recomendada por Loureiro et al. (2005) para o controle
das ninfas de M. fimbriolata, nas condições do Estado de São Paulo, os quais
verificaram que o número de insetos infectados mortos até o 5
o
dia foi maior para de
1,2 x 10
7
conídios/mL. Batista Filho et al. (2003) recomendaram a aplicação de 1,0 x
10
7
conídios/mL em campo para os isolados IBCB 10, ESALQ 1037 e PL 43. Os
resultados deste estudo estão acima dos encontrados por Almeida et al. (2004), que
obtiveram nível de controle nas concentrações de 1,75 x 10
5
conídios/mL e dose de 1,75
x 10
12
conídios/ha. A divergência entre os resultados encontrados no presente trabalho e
os disponíveis na literatura pode estar relacionada aos vários graus de tolerância
verificados para os insetos em função de várias características fisiológicas relacionadas
ao habitat em que vive a praga (Guagliumi 1972).
16
Segundo Futuyma (1992) muitas das características dos organismos são
adaptações a seu ambiente. Grande parte da biologia, seja bioquímica, fisiologia ou
ecologia consiste, na realidade, do estudo das adapatações. Algumas cigarrinhas das
raízes que se apresentam tolerantes em uma região canavieira comportam-se melhor ou
pior em outra região, dependendo das diferentes condições de clima, solo, umidade,
temperatura, variedades de cana-de-açúcar.
Bioensaios de seleção de isolados
Nos experimentos ocorreram variação na mortalidade entre os isolados
testados de 24,0 a 72,0% para a mortalidade total e de 2,6 a 53,3% para a mortalidade
corrigida, após 4 dias da pulverização sobre as ninfas de M. fimbriolata, para os
isolados UFGD 05 e UFGD 23, respectivamente (Tabela II). O aparecimento de insetos
mortos ocorreu, principalmente, a partir do quarto dia da inoculação, o que corresponde
ao segundo e terceiro dias após a fase de penetração, conseqüência das diferenças de
população, alterações no tempo de manipulação do inseto e entre outros fatores (Alves
1998).
Macedo et al. (2006) relataram mortalidades corrigidas das ninfas de M.
fimbriolata variando entre 10,5 a 60,0%, cinco dias após a inoculação. Os mais
patogênicos foram IBCB 384, IBCB 348, ESALQ 1285, IBCB 345, ESALQ 319 e
ESALQ 1037 que causaram mortalidades médias de 59,7; 59,5; 57,9; 58,4; 53,9 e
46,5%, respectivamente, valores estes pelos autores foram semelhantes aos encontrados
no presente estudo. O isolado IBCB 374 e IBCB 348 provocaram mortalidade média de
47,7 e 58,4%, respectivamente (Macedo et al. 2006) e no presente estudo, os mesmos
isolados causaram 42,0 e 52,0%, respectivamente (Tabela II). Esta variação da
patogenicidade é observada com certa freqüência em bioensaios de seleção, podendo
17
estar associada a fatores como baixa virulência do isolado, especificidade e tolerância
do hospedeiro (Alves 1998).
A mortalidade de M. anisopliae variou de 90,0 a 100,0% (mortalidade total) e
55,0 a 85,7% (mortalidade corrigida) aos seis dias da inoculação sobre as ninfas de M.
fimbiolata para os isolados CG 423 e UFGD 18, respectivamente (Tabela II). Loureiro
et al. (2005) obtiveram variação na patogenicidade de 66,0 a 100,0% (mortalidade total)
e 0 a 100,0% (mortalidade corrigida) aos seis dias da inoculação sobre as ninfas de M.
fimbiolata coletadas no Estado de São Paulo. Aos sete dias da inoculação sobre as
ninfas, ocorreu variação de 92,0 a 100,0% para a mortalidade total e 63,6% a 100,0%
para a mortalidade corrigida dentre os isolados testados. O isolado IBCB 425 utilizado
como padrão nos bioensaios de seleção apresentou ao sexto dia da aplicação variações
de mortalidade total e corrigida de 96,0 a 100,0% e 12,8 a 75,0%, respectivamente. Este
isolado é aplicado contra ninfas da cigarrinha da raiz em cana-de-açúcar, com corte
mecanizado, proporcionando altos níveis de controle quando comparado aos resultados
observados pelos produtos fitossanitários químicos, e está sendo produzido em escala
comercial pela maioria das biofábricas e usinas do País.
Nos testes de patogenicidade com M. fimbriolata observou-se grande variação
na porcentagem de mortalidade para os 24 isolados provenientes de diferentes
hospedeiros e região, evidenciando a existência de variabilidade genética em relação a
esse parâmetro. A grande variabilidade genética presente em fungos entomopatogênicos
(Alves 1998) pode ser um dos principais fatores responsáveis pelas diferenças de
virulência entre isolados e espécies, como referido por Diehl-Fleig et al. (1988). Essa
variação tem sido identificada em outros caracteres além da patogenicidade que incluem
a dimensão dos conídios, taxas de crescimento e atividades enzimáticas (St. Leger et al.
1992).
18
A mortalidade total na testemunha variou de 22,0 a 40,0%, após 4 dias da
pulverização, dados estes superiores aos encontrados por Macedo et al. (2006) em
experimentos nos quais foram fornecidas raízes de mudas de cana-de-açúcar como
substrato para as ninfas, em que a mortalidade da testemunha, aos cinco dias após a
inoculação foi inferior a 20%. Os valores de mortalidade total observados por esses
autores, para o tratamento testemunha, ocorreram provavelmente, em função do nicho
ecológico das ninfas que são radicícolas desenvolvendo-se sugando as raízes
superficiais ou profundas no solo como sugerido por Mendonça (2005), diferentemente
da metodologia utilizada no presente trabalho. Essa suposição corrobora com os
resultados obtidos por Macedo et al. (2006) que fornecendo folhas de cana-de-açúcar
como alimento para as ninfas obtiveram, na testemunha mortalidade acima de 50,0%,
quatro dias após a inoculação. O mesmo foi observado por Loureiro et al. (2005)
quando utilizaram esta metodologia, os quais obtiveram mortalidades de até 90,0% na
testemunha, seis dias após a inoculação.
Deve-se levar em consideração que o objetivo do controle microbiano, como
em qualquer programa de controle biológico, não deve ser a total eliminação da
população da praga, pois, sendo ela um componente do agroecossistema, sua presença,
em níveis abaixo do nível de dano econômico, pode ser benéfica para a manutenção dos
predadores, parasitóides e patógenos presentes na área (Sosa-Gómez; Pereira; Alves
1998).
A mortalidade pelo fungo pôde ser confirmada pelo exame das ninfas
contaminadas que foram mantidas em câmara úmida após a morte, observando-se a
completa colonização do fungo e sua posterior esporulação. No grupo de ninfas em que
foi aplicado apenas o veículo das suspensões de conídios (testemunha), não ocorreu
esporulação dos fungos sobre os cadáveres das ninfas, indicando que a mortalidade
19
ocorrida nesse tratamento não foi resultado da infecção pelo fungo (Loureiro &
Monteiro 2005).
Dentre os 24 isolados de M. anisopliae avaliados, os isolados UFGD 425,
UFGD 22, PL 43, IBCB 348, UFGD 28, UFGD 05 e UFGD 03 foram mais patogênicos,
causando porcentagem de mortalidade confirmada das ninfas após o sétimo dia da
inoculação de 84,0; 82,0; 78,0; 76,0; 76,0; 74,0; 70,0%, respectivamente, mostrando
potencialidade como agentes de controle de cigarrinha da raiz da cana-de-açúcar
(Tabela III). Segundo Alves et al. (1998) o isolado PL 43 é o mais utilizado no nordeste
do Brasil para o controle de cigarrinha da folha M. posticata naquela região,
demonstrando a facilidade de adaptação desse microrganismo que, para ser mais
eficiente, não necessita ser aplicado no mesmo local de onde foi isolado (Almeida et al.
1997). A virulência e especificidade ao hospedeiro são duas características importantes
para a seleção de um microrganismo a ser usado no controle microbiano (Devi et al.
2001). Quatro isolados causaram mortalidade confirmada entre 71,0 a 80,0% e dois
isolados causaram mortalidade entre 81,0 a 90,0% decorridos sete dias da pulverização
sobre as ninfas de M. fimbriolata (Figura II). Loureiro et al. (2005) relataram que até o
4
0
dia a mortalidade confirmada máxima obtida pelos isolados variou de 61,0 a 70,0%,
enquanto que para o 6
o
dia, a mortalidade confirmada máxima foi ao redor de 81,0 a
90,0%.
Os resultados obtidos evidenciam a importância de efetuar bioensaios para a
seleção de isolados antes do desenvolvimento de um produto microbiano. Esses
bioensaios devem avaliar também a virulência das raças e dos patógenos visando
selecionar, os que apresentem maior virulência, patogenicidade e que possam ser
produzidos em meios artificiais (Alves 1998).
20
Agradecimentos
Agradecimentos ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico pela concessão de bolsa de mestrado, pelo financiamento do
projeto e a Usina Dourados Açúcar e Álcool Ltda. pelo apoio logístico.
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Tabela I: Tempos letais medianos (TL
50
) em dias, intervalos de confiança (IC)
(P<0,05), equações de regressão linear e valores de x
2
obtidos pela análise de
Probit, para o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae sobre
Mahanarva fimbriolata.
Isolado IBCB 425
TL
50
IC
Equação
X
2
1,0 x 10
9
conídios/mL
2,75
(2,52; 3,00)
Y= 3,81 + 2,68.logx
0,12
0,5 x10
9
conídios/mL
4,09
(2,42; 6,90)
Y= 3,58 + 2,31.logx
1,46
1,0 x 10
8
conídios/mL
4,26
(2,59; 7,00)
Y= 3,66 +2,12.logx
1,03
0,5 x 10
8
conídios/mL
5,30
(2,85; 9,85)
Y= 2,61+ 3,29.logx
1,62
1,0 x 10
7
conídios/mL
7,10
(3,52; 14,32)
Y= 2,74 + 2,64.logx
0,71
Figura I. Mortalidade (%) das ninfas de Mahanarva fimbriolata cinco dias após
aplicação com Metarhizium anisopliae (isolado IBCB 425), nas concentrações de 1 x
10
7
, 0,5 x 10
8
e 1 x 10
8
, 0,5 x 10
9
, 1,0 x 10
9
conídios/mL (25±1°C, fotofase de 12 horas
e 70±10% UR).
25
Tabela II. Média da mortalidade acumulada (total e corrigida) (%) no 4
0
, 6
0
e 7
0
dias
após a inoculação de isolados do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae em
ninfas de Mahanarva fimbriolata (251 C, fotofase de 12 horas e 7010% UR).
1º Bioensaio
4 dias após a inoculação
6 dias após a inoculação
7 dias após a inoculação
Isolados
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Testemunha
22,0
0,0
96,0
0,0
96,0
0,0
IBCB 425
32,0
12,8
100,0
12,8
100,0
100,0
IBCB 376
46,0
30,8
100,0
30,8
100,0
100,0
IBCB 410
34,0
15,4
100,0
15,4
100,0
100,0
PL 49
34,0
15,4
100,0
15,4
100,0
100,0
CG 863
48,0
33,3
100,0
33,3
100,0
100,0
UFGD 05
24,0
2,6
100,0
2,6
100,0
100,0
2º Bioensaio
4 dias após a inoculação
6 dias após a inoculação
7 dias após a inoculação
Isolados
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Testemunha
30,0
0,0
78,0
0,0
78,0
0,0
IBCB 425
50,0
28,6
98,0
75,0
98,0
90,9
IBCB 374
42,0
17,1
96,0
50,0
96,0
63,6
PL 43
40,0
14,3
100,0
85,0
100,0
100,0
CG 423
54,0
34,3
90,0
55,0
90,0
54,5
UFGD 03
44,0
20,0
100,0
75,0
100,0
100,0
UFGD 07
58,0
40,0
92,0
50,0
92,0
63,6
3º Bioensaio
4 dias após a inoculação
6 dias após a inoculação
7 dias após a inoculação
Isolados
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Testemunha
30,0
0,0
80,0
0,0
80,0
0,0
IBCB 425
46,0
11,5
96,0
30,0
96,0
80,0
IBCB 104
60,0
38,5
96,0
10,0
96,0
80,0
IBCB 403
46,0
19,2
100,0
60,0
100,0
100,0
IBCB 408
58,0
19,2
100,0
20,0
100,0
100,0
UFGD 12
44,0
30,8
94,0
50,0
94,0
70,0
UFGD 17
36,0
15,4
100,0
70,0
100,0
100,0
26
n=50 insetos
4º Bioensaio
4 dias após a inoculação
6 dias após a inoculação
7 dias após a inoculação
Isolados
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Testemunha
26,0
0,0
84,0
0,0
84,0
0,0
IBCB 425
52,0
35,1
98,0
70,0
98,0
87,5
IBCB 348
52,0
35,1
94,0
30,0
94,0
62,5
IBCB 373
52,0
35,1
98,0
70,0
98,0
87,5
UFGD 20
46,0
27,0
94,0
20,0
94,0
62,5
5º Bioensaio
4 dias após a inoculação
6 dias após a inoculação
7 dias após a inoculação
Isolados
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Mortalidade
Total
Mortalidade
Corrigida
Testemunha
40,0
0,0
96,0
0,0
48,0
0,0
IBCB 425
42,0
13,3
100,0
42,9
100,0
100,0
UFGD 18
42,0
3,3
100,0
85,7
100,0
100,0
UFGD 19
48,0
13,3
100,0
57,1
100,0
100,0
UFGD 22
58,0
30,0
100,0
14,3
100,0
100,0
UFGD 23
72,0
53,3
100,0
14,3
100,0
100,0
UFGD 28
42,0
3,3
100,0
42,9
100,0
100,0
Tabela III. Média da mortalidade acumulada confirmada (%) dos isolados do fungo
entomopatogênico Metarhizium anisopliae em ninfas de Mahanarva fimbriolata,
após sete dias da pulverização (251C, fotofase de 12 horas e 7010% UR).
CG 423
22,0 b
UFGD 12
24,0 b
UFGD 17
24,0 b
UFGD 20
26,0 b
IBCB 104
30,0 b
IBCB 408
32,0 b
PL 49
36,0 b
UFGD 07
36,0 b
IBCB 410
36,0 b
IBCB 374
36,0 b
CG 863
48,0 b
IBCB 403
54,0 a
UFGD 19
58,0 a
UFGD 23
60,0 a
IBCB 373
60,0 a
IBCB 376
64,0 a
UFGD 18
66,0 a
27
0
1
2
3
4
5
6
0-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90
% de Mortalidade
mero de isolados
Figura II. Distribuição de freqüência de isolados de Metarhizium anisopliae em relação
à mortalidade confirmada causada em ninfas de Mahanarva fimbriolata,
após sete dias da pulverização.
UFGD 03
70,0 a
UFGD 05
74,0 a
UFGD 28
76,0 a
IBCB 348
76,0 a
PL 43
78,0 a
UFGD 22
82,0 a
IBCB 425
84,0 a
CV (%)
44,31
28
Rendimento de conídios e germinação de diferentes isolados de Metarhizium
anisopliae (Metsch.) Sorok. (Deuteromycotina: Hyphomycetes) cultivados em
arroz.
Alessandra Fequetia Freitas
1
& Elisângela de Souza Loureiro
1, 2
1
Programa de Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade,
Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (FCBA), Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD), Rodovia Dourados-Itahum, Km 12, Cidade Universitária,
Dourados-MS. lezinhafreitas@yahoo.com.br
2
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Campus de Chapadão do Sul
(CPCS), Antiga estrada da Fazenda Campo Bom, Caixa Posta 112, Chapadão do Sul-
MS; [email protected]; autor correspondente
Yield and germination of conidia of different isolates of Metarhizium anisopliae
(Metsch) Sorok. (Deuteromycotina: Hyphomycetes) grown on rice.
ABSTRACT
In order to determine the production and viability of different isolates of Metarhizium
anisopliae (Metsch.) Sorok. (Deuteromycotina: Hyphomycetes), were placed 100 g of
rice pre-cooked in polypropylene bags measuring 35 cm long and 22 cm wide, which
were immediately autoclaved at 120 °C for 25 min. After cooling, the rice was
inoculated with 1 mL of a suspension containing 1.0 x 10
9
conidia/mL, packed an
incubator at 25±1 °C, 70±10% RH and 12h photophase. Plastic bags containing
rice+fungus were incubated for 10 days. After this period, rice+fungus was packed in
29
plastic trays to promote conidia of the fungus, within the climatic chamber at 25±1 °C,
70±10% RH and 12h photophase. The trays were stacked in 4 days, crossing them for
another 4 days. IBCB 425 isolate was the most produced conidia on rice with 1.82 x 10
9
conidia/g rice pre-cooked by the tray method. Regarding the viability of the isolates, the
IBCB 425 also showed a higher germination of conidia, with 94.84%.
KEYWORDS. Insecta, Microbial control, Entomopathogenic fungi.
RESUMO
Com o objetivo de determinar a produção e a viabilidade de diferentes isolados de
Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. (Deuteromycotina: Hyphomycetes), foram
colocadas 100 g de arroz pré-cozido em sacos de polipropileno medindo 35 cm de
comprimento e 22 cm de largura, os quais foram imediatamente autoclavados a 120 ºC,
por 25 min. Após o resfriamento do arroz, inoculou-se 1 mL de uma suspensão
contendo 1,0 x 10
9
conídios/mL, sendo acondicionados em câmara climatizada à
temperatura de 25±1 °C, 70±10% de UR e fotofase de 12h. Os sacos plásticos contendo
arroz + fungo foram incubados por 10 dias. Decorrido esse período, o arroz+fungo foi
acondicionado em bandejas plásticas para promover a conidiogênese do fungo, dentro
da câmara climática a 25±1 °C, 70±10% de UR e fotofase de 12h. As bandejas ficaram
empilhadas por 4 dias, cruzando-as por mais 4 dias. O isolado IBCB 425 foi o que mais
produziu conídios em arroz com 1,82 x 10
9
conídios/g de arroz pré-cozido pelo método
de bandeja. Com relação à viabilidade dos isolados, o IBCB 425 também apresentou
maior capacidade de germinação dos conídios, com 94,84%.
PALAVRAS-CHAVE: Insecta, Controle microbiano, Fungos entomopatogênicos.
30
INTRODUÇÃO
A colheita de cana-de-açúcar sem queima previa favoreceu a incidência da
cigarrinha da raiz Mahanarva fimbriolata Stal, 1854 (Hemíptera: Cercopidae). Não
havendo queima da palhada, ocorre um acúmulo desse material no solo e um aumento
da umidade facilitando assim o crescimento e a disseminação dessa praga (Batista Filho
et al. 2003) que atualmente se tornou uma das mais importantes, economicamente, para
a cana-de-açúcar, sendo encontrada em altas populações em praticamente todas as
regiões de São Paulo especialmente nas regiões mais quentes e úmidas causando danos
significativos à cultura, por reduzir a produtividade agrícola e a qualidade tecnológica
da cana-de-açúcar, utilizada como matéria prima na indústria (Dinardo-Miranda et al.
1999, 2000, 2002).
Situação semelhante encontra-se nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul e Goiás, onde é comum a ocorrência de altas infestações da cigarrinha da raiz em
cana planta e soqueiras de cana queimada, devido à vizinhança da cultura com vastas
áreas de pastagens, cujos capins também são hospedeiros de M. fimbriolata (Dinardo-
Miranda 2003).
Os danos provocados por M. fimbriolata ocorrem tanto na fase de ninfa como
de adulto. As ninfas, através de picadas nas raízes, provocam danos aos vasos
condutores impedindo o fluxo de água e de nutrientes. Os adultos provocam danos nas
folhas injetando toxinas que prejudicam sensivelmente a capacidade de fotossíntese das
plantas (Garcia et al. 2007). O que caracteriza a presença do inseto no canavial é a
grande quantidade de espuma branca na base da touceira envolvendo ninfas (Azzi;
Dodson 1971).
O controle microbiano com a aplicação do fungo entomopatogênico
Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. (Deuteromycotina: Hyphomycetes) tem tido
31
sucesso com as cigarrinhas das raízes, uma vez que a espuma produzida pelas ninfas
proporciona uma condição favorável ao crescimento do fungo. Além disso, outras
características desejáveis para esse patógeno ser efetivo como produto comercial devem
ser consideradas. Entre as características pode-se destacar a facilidade de produção e
aplicação, especificidade e a ausência de toxicidade, além de permitir a associação
destes organismos com outras táticas de controle, viabilizando sua utilização em
grandes áreas (Alves 1998).
A produção, em larga escala no Brasil do fungo M. anisopliae teve início na
região dos canaviais nordestinos, objetivando o controle biológico da cigarrinha da
folha da cana-de-açúcar, Mahanarva posticata Stal, 1855 (Hemíptera: Cercopidae)
(Pereira; Eira 1999) e vem sendo produzido e comercializado com grande sucesso
correspondendo a um dos mais bem sucedidos programas de controle biológico na
América Latina (Alves et al. 1998; Alves et al. 2008).
As técnicas de produção de fungos para controle de pragas devem ter baixo
custo e permitir a obtenção de alta concentração de formas viáveis e virulentas do
patógeno, que possam ser formuladas e utilizadas (Loureiro et al. 2005). A facilidade de
produção em larga escala viabiliza a utilização destes agentes de maneira inundativa
(Alves & Pereira 1998). O sistema para a produção de M. anisopliae que algumas
biofábricas e usinas de açúcar e álcool no Brasil utilizam é o desenvolvido por Alves &
Pereira (1989) conhecido pelo método de bandeja.
Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a produção e a viabilidade
dos isolados do fungo entomopatogênico M. anisopliae, selecionados em laboratório,
para o controle de ninfas da cigarrinha da raiz da cana-de-açúcar no Estado de Mato
Grosso do Sul.
32
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia da
Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (FCBA) da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD).
Produção de isolados em arroz
Foram utilizados os isolados de M. anisopliae IBCB 348 (isolado de M.
fimbriolata), IBCB 425 (isolado de lagarta), PL 43 (isolado de M. posticata), UFGD 03
(isolado de M. fimbriolata), UFGD 05 (isolado de Zulia entreriana), UFGD 22 (isolado
de M. fimbriolata) e UFGD 28 (isolados de Deois flavopicta), os quais foram mais
virulentos às ninfas de M. fimbriolata, apresentando mortalidade confirmada acima de
70,0%, determinada em ensaio anterior.
Esses isolados foram multiplicados em placas de Petri contendo meio BDA
(batata-dextrose-ágar) as quais foram incubadas durante dez dias em câmara climatizada
BOD a temperatura de 251 C, umidade relativa de 7010% e fotofase de 12 horas,
para promover o crescimento e esporulação do fungo. Após 10 dias, os conídios foram
retirados por meio de raspagem com alça metálica e então preparada uma suspensão
contendo 1,0 x 10
9
conídios/mL com água estéril mais espalhante adesivo (Tween 80
®
)
a 0,1%.
Inicialmente, foi realizado o cozimento do arroz por cerca de 15 minutos, até
que este apresentasse a textura “emborrachada”, sendo em seguida colocado em
bandejas. Após o resfriamento foram colocadas 100g de arroz em sacos de plástico de
polipropileno (35cm de comprimento x 22 cm de largura), os quais foram fechados
com grampos de metal, autoclavados por 25 minutos a 120 °C, e resfriados em condição
ambiente.
33
Foi utilizado uma seringa descartável para perfurar o saco plástico e inocular
1mL da suspensão de conídios com 1,0 x 10
9
conídios/mL de cada isolado de M.
anisopliae. O orifício foi fechado com uma etiqueta adesiva e agitando-se o saco
plástico para uma distribuição uniforme dos conídios nos grãos de arroz. Após a
inoculação, os sacos foram acondicionados, por 10 dias, em câmara climatizada a
temperatura de 251 C, umidade relativa de 7010% e fotofase de 12 horas, para a
germinação dos conídios e crescimento do fungo sobre o arroz. Foram realizadas
observações diárias avaliando-se, visualmente, a presença ou ausência de eventuais
contaminantes. Para cada isolado foram utilizados 12 sacos plásticos contendo arroz
inoculado.
Decorrido este período, foram selecionados, para cada isolado, seis sacos não
contaminados com crescimento uniforme de micélio e os seus conteúdos transferidos,
cada um, para uma bandeja plástica de 46 cm de comprimento, 30 cm de largura e 11cm
de altura. As bandejas foram mantidas empilhadas dentro da mara climatizada nas
mesmas condições ambientais descritas anteriormente por 8 dias. No quarto dia foram
cruzadas as bandejas empilhando-as, permitindo assim uma circulação de ar entre elas,
conseqüentemente uma secagem mais rápida do arroz com fungo. Decorridos os 8 dias,
o material contido na bandeja foi colocado em sacos plásticos, totalizando 6 sacos
plásticos para cada isolado, que serviram como repetição e foram armazenados em
geladeira (4 °C) (Alves & Pereira 1989).
Para exame da concentração dos conídios foram retirados, ao acaso, 6 amostras
de 1 grama de arroz com fungo a uma profundidade de 1,5 cm de cada bandeja,
adicionando-se a mesma 10 mL de água estéril mais espalhante adesivo (Tween 80
®
) a
0,1%, para a preparação de uma suspensão de conídios. A suspensão foi agitada por um
minuto em agitador tipo vórtex para promover a desagregação e homogeinização dos
34
conídios. Em seguida, as amostras foram diluídas em série e quantificada em câmara de
Neubauer, com auxílio do microscópio óptico com aumento de 400x. Dessa forma, foi
possível determinar o número de conídios produzidos por grama para cada isolado
(Alves & Pereira 1998).
Para avaliação da viabilidade, foram retirados, ao acaso, duas amostras de 1
grama de arroz com fungo de cada bandeja e, para cada amostra, foram preparadas 4
placas de Petri contendo meio de cultura BDA (batata-dextrose-ágar) inoculado com os
deferentes isolados do fungo, totalizando 8 placas por isolado. As placas foram
incubadas por 20 horas a 261C, umidade relativa de 7010% e 12 horas de fotofase.
Em seguida cada placa foi dividida em 4 quadrantes. Foi quantificado o número de
conídios germinados e não germinados, dos quadrantes, em microscópio óptico com
objetiva de 400x (Alves et al. 1998).
Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com 7 tratamentos e 6
repetições. Os valores de produção e da viabilidade dos conídios foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. Os dados dos valores de produção foram transformados em (x+0,5)
1/2
e
os de viabilidade para arsen (x/100)
1/2
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Produção em meio de arroz pré-cozido
Os isolados IBCB 425 e IBCB 348 foram os mais produtivos, não diferindo
estatisticamente entre si, com rendimentos de 1,82 x 10
9
e 1,75 x 10
9
conídios/grama de
arroz, respectivamente (Tabela I). Esses dados são superiores aos encontrados por
35
Loureiro et al. (2005) que obtiveram rendimento de 2,30 x 10
8
e 2,08 x 10
8
conídios/grama de arroz, para os isolados IBCB 425 e IBCB 348, respectivamente.
Os isolados UFGD 28 e UFGD 22 diferiram estatisticamente dos isolados
UFGD 03, UFGD 05 e PL 43, obtendo rendimento de 1,58 x 10
9
e 1,56 x 10
9
conídios/grama de arroz, respectivamente (Tabela I). Alves & Pereira (1989) utilizando
o mesmo processo, obtiveram um rendimento em conídios menor, com produção de até
8,8 x 10
8
conídios/g.
Segundo Alves & Pereira (1998), para M. anisopliae, o rendimento pode
chegar até 11% de conídios em relação ao peso de arroz utilizado na produção. Em
escala industrial, médias de rendimento em torno de 9% são mais prováveis.
Embora o isolado do fungo IBCB 348 seja o ingrediente ativo de algumas
biofábricas de fungos entomopatogênicos do País, Macedo (2005) demonstrou que a
produção de conídios do isolado ESALQ 1037, pelo método de bandeja, diferiu
estatisticamente da produção de conídios do isolado IBCB 348 nas mesmas condições.
O isolado ESALQ 1037 apresentou maior produção, 3,49 x 10
9
conídios/grama de
arroz, enquanto que o IBCB 348 apresentou 2,29 x 10
9
conídios/grama de arroz. Neves
(1998) selecionando isolados para o controle de Cornitermes cumulans (Kollar, 1832)
(Isoptera: Termitidae) não obteve diferença significativa entre o isolado E 9 com
rendimento de 1,54 x 10
9
conídios/g de arroz + fungo e os isolados ESALQ 1037,
ESALQ 1097 com rendimento de 3,37 x 10
9
e 1,04 x 10
9
conídios/g, respectivamente.
Essa diferença no rendimento depende não do isolado usado como da sua
adaptação ao método de produção. Também pode estar relacionado com o teor de
umidade, variação na temperatura da sala de incubação, diferentes condições de
armazenamento, níveis de contaminação, vigor do isolado, as variedades de arroz e
tempo de cozimento do arroz (Alves 1998). O acúmulo de proteína bruta em certas
36
variedades de arroz pode ser o fator responsável pela diferença no rendimento de
conídios, como observado para os isolados selecionados no presente trabalho quando
comparados em outros experimentos. Segundo Araújo et al. (2003) esse teor de proteína
bruta ainda pode variar para as mesmas variedades quando submetidas a diferentes
condições ambientais.
Assim como em experimentos realizados no Estado de São Paulo, os resultados
encontrados no presente trabalho, quanto à avaliação da produção e viabilidade, o
isolado IBCB 425 de M. anisopliae, em laboratório, foi bastante promissor,
apresentando um bom rendimento de conídios/grama de arroz esporulado. Esse isolado
desde 2004 está sendo produzido em escala comercial pela maioria das biofábricas e
usinas do País (J. M. Almeida, 2009 - dados não publicados).
Quanto à viabilidade dos conídios de M. anisopliae, o IBCB 425 apresentou
maior porcentagem de germinação (94,84%). Os isolados UFGD 22, IBCB 348 e
UFGD 28 apresentaram, respectivamente, 89,18; 89,46; 90,00% de germinação (Tabela
I). Esses valores foram inferiores aos encontrados por Loureiro et al. (2005), sendo
observada a viabilidade dos conídios de M. anisopliae para os isolados IBCB 425 e
IBCB 348 de 99,33 e 99,29%, respectivamente.
O poder germinativo dos esporos é visivelmente influenciado, em caráter
negativo, pelo aumento de manipulação, o que implica em que a viabilidade dos esporos
é alterada em função do tipo de preparo do fungo. Os baixos níveis de germinação em
“arroz + esporos” moído em relação ao arroz + esporos” são uma conseqüência da
operação de moagem, a excessiva manipulação da matéria-prima e o aquecimento do
moinho acarretam prejuízos aos esporos (Cruz et al. 1985).
Batista Filho et al. (2003) observaram que o controle de M. fimbriolata com
M. anisopliae é influenciado pelos isolados utilizados, sendo que em experimento
37
realizado, ficou evidente que houve diferenças entre os isolados produzidos, sendo
apenas o IBCB 425 o que mais produziu conídios em arroz pelo método de bandeja e
também o que apresentou maior capacidade de germinação em relação aos demais
isolados testados.
Agradecimentos
Agradecimentos ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico pela concessão de bolsa de mestrado, pelo financiamento do
projeto e a Usina Dourados Açúcar e Álcool Lda. pelo apoio logístico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tabela I. Produção dia de conídios/grama de arroz esporulado e viabilidade de
isolados do fungo Metarhizium anisopliae (T=251 C; UR= 7010%; fotofase de 12
horas).
Tratamentos
Produção de conídios (x 10
9
)
(1, 2)
Viabilidade (%)
(1, 3)
PL 43
1,11 d
85,46 c
UFGD 05
1,37 c
80,87 d
UFGD 03
1,41 c
85,87 c
UFGD 22
1,56 b
89,18 b
UFGD 28
1,58 b
90,00 b
IBCB 348
1,75 a
89,46 b
IBCB 425
1,82 a
94,84 a
CV (%)
23,29
6,48
1
Médias seguidas por letras distintas, nas colunas, diferem entre si ao nível de 5%
de significância pelo teste de Scott- Knott.
2
Dados transformados em (x+0,5)
1/2
.
3
Dados transformados em arsen (x/100)
1/2
.
41
CONCLUSÕES
A concentração de 1,0 x 10
9
conídios/mL de M. anisopliae provocou efeito
letal em menor tempo do que as demais concentrações testadas;
O fungo M. anisopliae é patogênico para ninfas de M. fimbriolata; Os isolados
apresentaram diferentes níveis de patogenicidade para ninfas de M. fimbriolata;
O isolado IBCB 425 foi o que mais produziu conídios em arroz pelo método de
bandeja e apresentou maior capacidade de germinação dos conídios.
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