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ANEXO B – Postagem do Blog Do Noblat
Enviado por Ricardo Noblat - 16.11.2009 | 8h03m 1
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Apagou geral 3
Apagão de bom senso: foi um micro incidente, segundo o ministro Tarso Genro, da Justiça. Não, não 4
foi. Em extensão, foi o maior apagão da história do país. Afetou 18 estados e 88 milhões de pessoas. 5
Sobrou para sete milhões de paraguaios. Durou cinco horas e 47 minutos. Pela primeira vez, pararam 6
todas as turbinas da hidrelétrica de Itaipu. 7
Apagão de gestão: não é aceitável que um ou três raios no interior de São Paulo desliguem Itaipu e 8
apaguem o país. Falhou o sistema de ―ilhamento‖ capaz de confinar o problema a uma só região. 9
Apagão de responsabilidade: no instante em que se fez o breu, Lula sumiu. Dilma Rousseff, a ex-10
ministra de Minas e Energia que desenhou o novo modelo do setor, também sumiu. Edison Lobão, o 11
atual ministro, foi escalado para ser "a cara do apagão". 12
Apagão de comunicação: o falatório desconexo das autoridades e dos técnicos adensou a escuridão. 13
As explicações desencontradas comprovaram que o governo não tinha a mínima idéia sobre o que 14
dizer à população no primeiro momento – nem no segundo. Foi então que Lula, assustado com o 15
estrago que o episódio pode causar na imagem do governo, concluiu que o melhor seria todo mundo 16
se calar. Mas antes... Bem, antes... 17
Apagão de compostura: quando parecia insustentável o sumiço da mãe de tudo o que o governo faz 18
de bom, Dilma finalmente falou. Antes não o tivesse feito. Olha aqui, minha filha: em vez de 19
explicações, Dilma foi grosseira com os jornalistas. Só faltou jogar nas costas da mídia a culpa pelo 20
apagão. Lembrou o destemperado Ciro Gomes (PSB-CE) de 2002, que conseguiu perder a eleição 21
presidencial para ele mesmo. 22
Apagão de respeito ao cidadão: em toda a algaravia produzida pelo governo havia apenas uma 23
preocupação comum: bater forte na tecla de que o apagão da dupla Lula/Dilma não era tão grave 24
quanto o apagão de Fernando Henrique Cardoso. A preocupação eleitoral ganhou linguagem 25
marqueteira: FHC teve apagão; Lula/Dilma, somente um blecaute. Como se o escuro do apagão 26
fosse diferente do escuro do blecaute. 27
Apagão de autoridade: empenhado em tentar esquecer o assunto, o governo atravessou a fronteira 28
que separa o legítimo exercício do mando do deplorável exercício do autoritarismo. Sem mais nem 29
menos, Dilma e Lobão deram o episódio por encerrado, como se fato ele pudesse estar, como se os 30
cidadãos não tivessem o direito de cobrar uma investigação rigorosa sobre as causas do apagão. 31
Apagão de gerência: um setor técnico e estratégico como o de energia foi loteado entre os dois 32
maiores partidos da base do governo: PT e PMDB. Agentes político-sindicais petistas comandam a 33
área de geração - Itaipu, Petrobras - enquanto agentes das várias etnias do PMDB comandam a área 34
de transmissão e distribuição - Furnas, Br Distribuidora. A Eletrobrás, que está nas duas pontas, é 35
feudo do senador José Sarney (PMDB-AP). 36
Apagão de regulação: criadas no governo FHC para regular os principais setores estratégicos com 37
base em critérios técnicos e a salvo de ingerências políticas, as agências foram desidratadas de 38
recursos e aparelhadas politicamente. O poder de regulação escapou das mãos dos técnicos e foi 39
devolvido às mãos dos ministros, esses políticos por excelência e, como tal, sujeitos às pressões dos 40
partidos. 41
Apagão de hierarquia: para evitar guerra interna e sabotagens entre aliados que dividem o comando 42
do setor de energia, Lula deu todo o poder a Dilma para comandar os comandantes. Resultado: 43
ministros e presidentes de grandes estatais têm os cargos e as verbas, mas não têm o poder de fato. 44
Em condições normais, governantes tendem a fazer o jogo de fugir às suas responsabilidades. O 45
governo Lula acentuou tal característica. 46
É sempre assim: na hora de faturar acertos proliferam seus verdadeiros e falsos pais, mães e avós. 47
Na hora de encarar problemas, some toda a família e a lambança fica órfã. O povo? Ora, fica no 48
escuro. 49