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UNIVERSIDADEFEDERALDOPIAUÍ–UFPI
TERESINHADEJESUSARJOMAGALHÃESNOGUEIRA
EDUCÃOSUPERIORNOEXTREMOSUL
PIAUIENSE(1986 20 05):HISTÓRIAEMEMÓRIA
TERESINAPI
2006
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1
TERESINHADEJESUSARAÚJOMAGALHÃESNOGUEIRA
EDUCÃOSUPERIORNOEXTREMOSUL
PIAUIENSE(1986 20 05):HISTÓRIAEMEMÓRIA
Dissertação apresentada como exigência parcial à
obteão do título de Mestre em E ducação, ao
ProgramadesGraduaçãoemEducaçãodoCentro
deCiênciasda EducaçãodaUniversidadeFederaldo
Piauí.
Orientadora: Profª. Drª. M aria do Amparo Borges
Ferro.
TERESINA/PI
2006
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2
TERESINHADEJESUSARAÚJOMAGALHÃESNOGUEIRA
EDUCÃOSUPERIORNOEXTREMOSULPIAUIENSE
(19862005):HISTÓRIAEMEMÓRIA
DissertaçãosubmetidaàComissãoExamin adora
designada pelo Colegiado do Curso de s
Gradu açãodoCentrodeCiênciasdaEdu cação
daUniversidadeFederaldoPiauícomorequisito
parcial para obtenção do grau d e Me stre em
Educação.
Aprovadae m30demarçode2006.
BANCAEXAMINADORA
____ ___________________ ___________________ ___ _________
Profª.Drª.MariadoAmparoBorgesFerro(UFPI)
ORIENTADORA
____ ___________________ ___________________ ___ _________
Profª.Drª.MariadaGlóriaSoare sBarbosaLima(UFPI)
EXAMINADORA
____ ___________________ ___________________ ___ _________
Prof.Dr.JoRibamarTôrresRodrigue s(FAETE)
EXAMINADOR
____ ___________________ ___________________ ___ ________
Prof.Dr.LuísC arlosSales(UFPI)
SUPLENT E
3
Dedico este trabalho ao meu Deus, Senho r de minha
vida,quemesustentad urantetodososmomentos.
Aomeuesposo,Flávio AurélioNogueira,colaborad ore
apoiador fiel durante o tempo em que preparava este
trabalho.
Aosmeusfilhos,FlávioJúnio r,RafaeleKarine,q ueme
acompanharamcomcarinho.
Aos meus pais, ricles Magalhães Ricarti(em eterna
memória, sempre presente) e Raimunda Arjo
Magalhães, osquaisme ensinaramalutarpelos  meus
ideais,comcompromisso,sinceridadeehonestidade. 
Aos meus sogros, Onésimo de Seixas Nogueira (em
memória)eEdyGu erraNogueira.
Aos professores do Mestrado em Educ ação, à minha
orientadoraProf. Drª.Mariado Amparo  Borges Ferro,
aosProf.Dr.JoRibamarTôrresRodrigueseàProfª.
Drª. Maria da Glória Soares Barbosa Lima, pela
grandiosacontrib uão.
Aos diletos entrevistad os , que generosamente me
ajudaramnestacamin hada.
4
AGRADECIMENTOS
AoSenhormeuDeus,quemesustentacomsuainstruçãosadia,dandomeacertezadeque
“Tudoposson aquelequemefortalece!E porsempreencontrarnElerepousonashorasmais
difíceis.
Aomeuesposo,Flávio AurélioNogueira,eaosnoss osfilhos,FlávioJúnior,RafaeleKarine,
que, em rios momentos, me ajudaram nos problemas de computação. A todos, por
compreenderem minha auncia como esposa e mãe e pela co laboração constante nos
momentosdepesqu isa.
À professora Drª. Maria do Amparo Ferro, pe la confiança e por não me orientar na
pesquisa,mastambémpormeac ompanharcomoumaamigasincera.
Aos meus pais, Péricles Magalhães Ricarti (em eterna meria) e Raimunda Araújo
Magalhães,po rmeconduziremnoprivilégiodeconhecereamaraDeus,eaindaaosmeus
amados(as)irmãoseirmãs.
À professora Edy Guerra Nogueira, pela sua grandiosa colaboração neste trabalho, como
historiado raeprotagonistadestahistória.
Aos irmãosecunh ados,emespecialaEsdrasAugustoNogueiraeIreneFigueiredodeO.
Nogueira,peloapoioeincentivo.
AFranciscadasChagasdaSilvaSouz a,que,comopartedafamília,muitotemcolaborado,
pos sibilitandominhaausêncianasatividadesdolar.
ÀprofessoraDrª.MariadaGlóriaSoaresBarbosaLima,aoProf.Dr.JoséRibamarTôrres
RodrigueseaoProf.Dr.LuísCarlosSale s,pelavaliosacontribuição.
Aosprofess ores(as)doMestradoemEduc açãodequemtiveoprivilégiodeseralunaeàs
coordenadoras do Mestrad o, profess oras Drª. Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina e  Drª.
MariadoCarmoAlvesdoBomfim.
AossenhoresFranciscoCardosodoNascimento eAntônioB artolomeuVeloso,funcionários
da UFPI,pela gran decolaboraçãocomdatashow,filmagem,eaindaaoJoséMaria,e ntre
outros.
Aosquecolaboraramdeformadiretaeindiretaparaarealizaçãodestapesquisa,emesp ecial
osprofessoresDr.AgostinhoBotheJoãoRochaMascarenhas,que,se mpredisponíveis,me
forn eceramtodaadocumentaçãonecesria.
Atodososentrevistadosque,deformacarinhosaeamiga,partic iparamdestapesquisa.
Aoscolegasdo CursodeMestradopelosmomentosmaravilhososquepassamosestudandoe
pesquisando,emumclimadecompanheirismo,amizadeeajudatua.Ee specialmenteàs
amigasSandraLimaeFranciscaCarla.
5
[...] e ntender a [Universidade] c omo realidade
também imaginária significa aceitála como
produzida no interior de uma relação de
investimento de afetos . E da mane ira como
encaramos,existindoconcretamentenopresente
como resultante desta teia de relações  e como
virtualidadedoideal,dopro jeto,investimentodo
desejo que possui sempre uma temporalidade,
quecriaumpassadocomoidentidad e,quecriao
futurocomopossibilidadeecomointenção.
LíliandoValle
6
RESUMO
Esteestudoé frutode umapesqu isahistóricasobreaEducaçãoSuperiornoPiauí,tendocomo
objeto oprocessohisricodaEducaçãoSup eriornacidadedeCorrentePI,desde1986até
2005 . Objetivase reconstituir a história da Educaç ão Superior no extremo sul do Piauí,
particularmente na cidade de Corrente, a partir da percepção da realidade, trabalhando
perspectivas eanalisandopressupo stos,considerandoos aspectos econômicos, políticose
sociaisdessecontextohistóricoemquesedesenvolveofenômenoeducativo.Oproblemaque
instigouesteestudoestáassimconstituído:comoocorreuoprocessohisricodeEducação
Superiornamicrorregiã odaschapadasdoextremosulpiauiense,precisamentenacidadede
Corre ntePI? Justificaseesteestudodentrodeumanovaconcepçãohistóricaquepermite
perceberemseoutroslugares,culturas,outrasépocasmaispróximasdarealidadecotidiana.
Tratasedeumadastendênciasdahistoriografiacontemporânea,ouseja,d aNovaHistória
Cultural. Procurouse uma metodologia baseada naanálise histórica dedocumentos(atas,
manuais,editais,etc.)enahistóriaoral,dialogandocomoexistente,embuscad asidéiase
valore s, perspectivando compreender como o conhecimento histórico se relaciona, em
determinados momentos , com s eus ob jetos. A fu ndamentação teórica s obre história e
memória foi embasada nas idéias de Halbwacks (1990), Burke  (1992), Le Goff (1998),
Benjamim (1986), Meihy e Lang (200 4), Thompson (2002), Pollack (2000), Le Goff;
Chartier;Revel(1998),Souza(2004),Certeau(19822 003 ), Lopes;Galvão(2001), buscando
seemChauí(19822001),GentillieSilva(199 6),Brito(1996)eFerro(199 6),entreoutro s,
umaanálisedaEducaçã oSuperior,maisespecificamente,n oPiauí.Ametodologiaseguea
orientaçãodeRichardson(1999),Trivinõs(1995),Minayo(1986),Fazenda(2000),Bardin
(1977).Comoestudoobservousequeahis tóriadaEducaçãoSuperiornestaregiãoap rese nta
característicaspróprias,iniciandoporumatentativadeuniversidadecomunitária,passando
logodepoisporsituaçõ esdeconvêniocomaUniversidadeFederaldoPiauíe,finalmente,se
firmand ocomocampidaUniversidadeEstadual,desencadeandooprocessodeinteriorização
do ensino superior no estado. A Educação Superior em Corrente trans formou vidas,
pos sibilitandoaconstruçãod eumanovahistóriaporpartedese us protagonistas,umahistória
vista por ou tros sujeitos antes excluídos do  processo. Assim, neste e studo, a h isria da
EducaçãoSuperiorseconstróiporumnovoolhar...
PALAVRASCHAVE:EducaçãoSuperior.Interiorização. História.Memória.
7
ABSTRACT
This study is the result of ah istoricresearcho n theHigherEducation inthe Piauí State,
havingasobjectthehistoricprocessoftheHigherEducationinthecityofCorrente PI,from
1986  to 2005, period that re presents theexpansion  oftheHigherEducation inthismicro
region [ofthe state].The aim is to reconstitute thehistoryofthe HigherEduc ationinthe
ExtremoSulofPiauíState,particularlyinthecityofCorrente,formtheperceptionofthe
reality, working on perspectives and analyzing assumed views, considering the political,
economicandsocialas pectsofth ehistoricalcontext,inwhichtheeducationalphenomenonis
developed.Theproblemthatinstigatedth isstudyisthusstructured:howdidthehistorical
processofHigherEducation occurredintheMicroregionoftheChapadasdoExtremoSulin
thePiauíState,specificallyinthecity ofCorrente–PI?Thisstudyisjustifiedwithinanew
historicalconcep tionthatallowsustonoticeotherp laces,cultures,othertimesclosertothe
dailyreality.Thatisoneof thetrendsofthene wCulturalHistory.Amethodology basedon
thehistoricalanalysiso fdocument(acts,manuals,proclamations ,etc.)andonoralhistory
was sought, dialogu ing with the existing in search of the ide as and values, aiming to
understand how the historic knowledge  is related in certain moments, to its objects.The
theoreticalfoundationonhistoryandmemorywasbase dintheideasofHalbwacks(1 990),
Burke(1992),LeGoff(1998),Benjamim(1986),MeihyeL ang(2004),Thompson(2002),
Pollack(2000),LeGoff;Chartie Revel(1998),Souza(2004),Certeau(19822003), Lopes;
Galvão(2001), buscandoemChauí(19822001 ),GentillieSilva(1996),B rito(1996)eFerro
(1996), among others, an analysis of the Higher Education and in Piauí State. Th e
method ologyfollowstheorientationofRichardson(1999),Trivinõs(1995),Minayo(1986);
Fazenda(2000),Bardin(1977).ThehistoryoftheHigh erEducatio ninthisregionpresents
uniquecharacteristics,beginningwithanattempttoplantaco mmunitarianuniversity,and
thenmakingaccordswiththeFederalUniversityofPiauíand,finallybecomin gacampusof
theStateUniversity,startingtheprocessofin ternalizationofthehighereduc ationintheState.
TheHigherEducationin Corrente transformedlives,makingitpossible theconstructionofa
newhisto ry,byitsactors,ahisto rysee nbyo thersubjectsformerlyexc ludedoftheprocess.
Thehistoryofthe HigherEducatio nisbuiltthrough anewlook…
KEYWORDS:HigherEducation.Internalization. History.Memory.
8
LISTADEILUSTRÕES
ILUSTRAÇÃO01: Mapadainterioriz ação .............................................................................81
ILUSTRAÇÃO02:Prof.AlmirBittenco urt,exreitor
prótempore
daUESP I......................82
ILUSTRAÇÃO 03: Profª. Sandra Lima de Vasconcelos. Presidente d o NUCE P, em
2001...........................................................................................................89
ILUSTRAÇÃO 04: Prof. Geraldo, exaluno da 1ª Turma UESPI. Coordenado r da
UESPIemSantaRitadeCássia ..............................................................102
ILUSTRAÇÃO05:MapeamentodalocalizaçãodecampusenúcleosdaUESPI. ..............105
ILUSTRAÇÃO06:FotosdaatualreitoradaUESPI,Profª.ValériaMadeira........................108
ILUSTRAÇÃO07:GaleriadereitoresDADP/UESPI ...........................................................109
ILUSTRAÇÃO08:Prof. nathas deBarros Nunes,reitorUESPI(1995–2001)...............112
ILUSTRAÇÃO 09: Professora Edy Guerra Nogueira, historiadora, professora do
InstitutoBatistaCo rrentino,professoradoEstado................................128
ILUSTRAÇÃO 10: Irmãos Joaquim Nogueira Paranaguá e Coronel Benjamim José
Nogueira....................................................................................................133
ILUSTRAÇÃO11:FotosdoIBCantesdainstalaçãodaFaculdadedoCerrado .................139
ILUSTRAÇÃO12:FotodoexpadreJoséAnchietadeAlcân taraMelo,fundadordos
Colé giosImaculadaConceiçã oeSãoJos é............................................140
ILUSTRAÇÃO13:SededoCentroSocial ImaculadaConceição.........................................145
ILUSTRAÇÃO14:ColégioSãoJo.......................................................................................148
ILUSTRAÇÃO15:FrentedaEscolaVovôAntônioRocha...................................................151
ILUSTRAÇÃO16:Unidade EscolarDr.DionísioRod riguesNogueiravistadafrente
doCogioe umadassalasdeaula. .......................................................154
ILUSTRAÇÃO17:Esc olinhaReinoEncantado desfile/1999............................................155
ILUSTRAÇÃO18:ColégioAlternativodeCorre nte..............................................................156
ILUSTRAÇÃO19:CampusdeCorrente–UESPI..................................................................157
9
ILUSTRAÇÃO20:Biblioteca(esquerda)eMuse u. ..............................................................158
ILUSTRAÇÃO21:Auditório,alunosdocursodeZootecnia................................................158
ILUSTRAÇÃO22:CampusdaUnive rsidadedePassoFundo–UPF. .................................172
ILUSTRAÇÃO23:C ampus daUniversidade Estadual doPiauí – UESPI– es trutura
construídacomoidriodeumauniversidadecomunitária................172
ILUSTRAÇÃO 24: Foto do primeiro diretor (UFPI e UESPI): Dr. João Roch a
Mascarenhas ............................................................................................179
ILUSTRAÇÃO25:Foto–Profª.NehandearaNaz iraN.Guerra,2ªdireto rada UESPI 
Campu sdeCorrente. ...............................................................................182
ILUSTRAÇÃO 26: Prof. Carlos Alberto Ro cha de Araújo Nogueira, dire tor
administrativodaUESPI –campusCorrentePI....................................184
ILUSTRAÇÃO27:Prof.CarlosOmarMascarenhasdeAraújo,direto rdocampusde
Corre nte UESPI(janeiro/2005).. ..........................................................1 88
ILUSTRAÇÃO28: Prof. Antônio  Fran cisco Soares, professor da UESPI campus
Corre nte ....................................................................................................191
ILUSTRAÇÃO 29: Prof.ª Rita nica de Andrade Fonseca, mestra  coordenadora
pedagógicadaUESPI(20 05)..................................................................193
ILUSTRAÇÃO30:Prof.EdílsonNogueira profess ordaUESPI campusCorrentePI.....203
ILUSTRAÇÃO31: Dr.HélioParanaguá(exdiretordoIBC).................................................204
ILUSTRAÇÃO32:Profª.RaimundaMariadaC.RibeiroMestreemEducação.Ex
alunaUFPI campusC orrente................................................................205
ILUSTRAÇÃO33: ProfessorEtelvino,exalunodaUESPIPI,emsuaformatura...............212
ILUSTRAÇÃO34: formandosdaFESPI/UFPIUESPI –LICENCIATURAPLENAEM
PEDAGOGIA.TURMA:CORRENTEPEDAGÓGICA......................216
ILUSTRAÇÃO 35: Formandos 1997 .2: PRIMEIRA TURMA DE PEDAGOGIADA
UESPI CORRE NTE..............................................................................219
ILUSTRAÇÃO36: PlacadaprimeiraturmadaUESPI campusdeCorrentePI.................220
ILUSTRAÇÃO37:áreaexterna(àesquerda);prédioprincipal(àesquerda) .......................233
10
ILUSTRAÇÃO38:prédio II(direita);cantina(àesquerda) ..................................................233
ILUSTRAÇÃO39:áreaemfrenteàcantina(àe squerda);pátiointerno(àesquerda).........233
ILUSTRAÇÃO40:saladeaula(àesquerda);corredor(àesquerda).....................................233
ILUSTRAÇÃO41:biblioteca(àesquerda);laboratóriodein formáticao(àesquerda).......234
ILUSTRAÇÃO42:FCP salamu ltimeios(àesquerda);auditório(direita) .........................234
ILUSTRAÇÃO43:IIEncontroInterdisciplinardePesquisad oExtremoSuldoPiauí.......237
11
LISTADEQUADROSEGRÁFICOS
QUADROS
QUADRO01:Relaçãod ossujeitosda pesquisa .....................................................................32
QUADRO02:Traje tóriaedenominaçõesdosórgãosdaFADEP .........................................80
QUADRO03:RepresentativodocrescimentoquantitativodaUESPI 1995a20 00 .........85
QUADRO04:ExpanodaUESPI períodoregulareespecial(ofertasevagas)................87
QUADRO 05: VESTIBULAR 2001. Relação dos cursos de Graduaçã o Plena em
PeríodoRegular,PeríodoEspecialeSeqüen ciais ........................................88
QUADRO 06: VESTIBULAR 2002. Relação dos cursos de Graduaçã o Plena em
PeríodoRegular,PeríodoEspecialeSeqüen ciais ........................................88
QUADRO 07: Total de alunos matriculados, concludentes  e número de docentes
concludentes......................................................................................................106
QUADRO08:Populaçãoporsituaçãodedomicílio ...............................................................123
QUADRO09:Indicadoresdelongevidadeemortalidade–CorrentePI ..............................123
QUADRO10:Populaçãodejovensentre1991/2 000– Corrente PI.....................................124
QUADRO1 1:Relação p opulação adulta (de 25 anos acima), entre 19912000 –
Corre ntePI.........................................................................................................124
QUADRO12:Relaçãoeducação/longevidadeeren da –CorrentePI...................................124
QUADRO13:Indicadoresderendadacidaded eCorrente–PI,1991/20 00 ........................126
GRÁFICOS
GRÁFICO1:Populaçãoentre19912000–Corre ntePI........................................................122
GRÁFICO 2: Categorias de acordo c om a contribuão para o crescimento do
DesenvolvimentoHumano–CorrentePI.................................................................................125
12
LISTADESIGLAS
CDRH  CentrodeDesenvolvimentodeRecursosHu manosdoPiauí
CET EL –CentrodeTeleducação
CESPARAIM CentrodeEnsinoSuperiordoValedoParaim
CESP CentrodeEnsinoSuperiordoPiauí
CPTE CentrodePesquisaeTecnologiaEducacionais
CET EL CentrodeTeleducação
FADEP FundaçãodeApoioaoDesenvolvimentodaEducaçãodoEstadodoPiauí
FCP –FaculdadedoCerradoPiauiense
FESP I FundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldoPiauí
FUFPI –Fundação UniversidadeFederald oPiauí
GTRU GrupodeTrabalho daReformaUniversitária
IES InstituiçãodeEns inoSuperior
IBC–InstitutoBatistaCorrentino
IBI –Ins titutoBatistaIndustrial
LDBEN –Le idediretrizeseBasesdaEducaçãoNacional
MEB– MovimentodeEducaçãodeBas e
PNE Plano NacionaldeEducação
SEE SecretariaEs tadualdeEducação
UEP UniversidadedoPiauí
UESPI –UniversidadeEstadualdoPiauí
UFPI –UniversidadeFederaldoPiauí
UnB UniversidadedeBrasília
UNE Un iãoNacio naldos Estudantes.
USAID UnitedStates AgencyforInternationalDevelopment
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................15
CAPÍTULOICAMINHOSPERCORRIDOS..................................................................22
CAPÍTULO II  EDUCÃO SUPERIOR NO PIAUÍ: DETERMINANTES
CIOCULTURAIS ................................................................................................................40
2.1 Das primeiras tentativas de ensino superior no B rasil à implantação  da
UniversidadeFederaldoPiauí –UFPI:umavisãomacrohisrica.......................................46
2.2 AeducaçãosuperiornoPiauí,daFaculdadedeDireitoàUniversidadeFederaldo
Piauí:umsonhoantigo ...............................................................................................................53
2.3TennciasdaspolíticasdeEducaçãoSuperiornoBrasil:delineandomodelose
perspectivas.................................................................................................................................61
CAPÍTULO III – HISTÓRIA DA EDUCÃO SUPERIOR NA
MICRORREGIÃO DO EXTREMO SUL PIAUIENSE: PERSPECTIVAS E
REALIDADES...........................................................................................................................75
3.1UniversidadeEstadualdoPiau í:u molharporsuao rigemeexpansão ...........................76
3.2.AexpansãodaEducaçãoSupe riornaMicrorregiãodasChapadasdoExtremoSul
Piauiense:umavisãohisrica,soc ioculturalepolítica ..........................................................111
CAPÍTULOIVHISTÓRIAEMEMÓRIADAEDUCÃOEMCORRENTE:
DAEDUCÃOBÁSICA ÀEDUCÃOSUPERIOR ..................................................119
4.1Corrente :umavisãogeralemseusdiversosaspectos.......................................................120
4.2Corrente :hisriaememóriadasprimeirasinstitu ições ..................................................126
4.2.1DoprimeiroJardimdaInfânciaaoInstitutoBatistaCorrentino IBC:“luz parao
nordeste......................................................................................................................................128
4.2.2CogiodaImac uladaConceiçãoeCogioSãoJosé ...................................................140
4.2.3OutrasinstituõesdeEducaçãoBásicaemC orren te....................................................149
4.3AEducaçã oSuperioremCorrente......................................................................................15 7
14
4.3.1 O ideal de uma Educação  Superior em Corrente: perspectiva d e uma
UniversidadeComunitária .........................................................................................................158
4.3.1.1AtentativadeumaUniversidadeComunitária:integraçãodosideaisdosuld o
paíscomonordestepiauiens e ...................................................................................................166
4.3.2 A criação  da Fundaçã o de Ensino Superior do Sul d o Piauí – FESPIe os
Convêniosrealizado s:iníc iodaimplantaçãodeumaUniversidadeemCorrente ................173
4.4OcampusdaUESPIemCo rrente:efetivaçãodaEducaçãoPúblicaSuperior................179
4.5.AqualidadesocialdaEduc açãoSuperioremCorrente:“aHistóriavistadebaixo”.....196
4.5.1HistóriasdevidatransformadaspelaEducaçãoSuperior..............................................2 10
4.6 A expano da rede privada de Ensino Superio r no extremo sul do Piau í:
FaculdadedoCerradoPiauiense–FCP...................................................................................231
CONSIDERÕESFINAIS..................................................................................................239
REFERÊNCIA...........................................................................................................................247
APÊNDICES.............................................................................................................................263
ANEXOS....................................................................................................................................271
15
INTRODUÇÃO
Procurasenestetrabalhoreconstituirahistóriadaeducaçãosuperiornoextremo
suldoPiauí,assumindo,conformeavisãodeWalterBenjamin(1986),quebuscarohistórico
sup õe distanciarse da homogeneidade e aproximarse da percepção do campo das
pos sibilid ades, o q ual é constituído de “agoras”, que, a rigor, questionam “momentos”,
pos sibilitando trabalhar perspectivas e analisar pressupostos. A esse respeito, Dermeval
Saviani(1993)reconhecequeahisriafazseapartirdoco ncretoeque,paradarcontade ssa
probletica,énecessárioqueseassumaumaposturahistórica.
Nãosepretendeaqu iapontarsoluçõesparaosproblemasdacontemporaneidade
da educaçãosuperior,tampouco  projetaro  futuro daregiãopesquisada,poisnãoéessaa
funç ãodahistória,emboraestaparta,necessariamente,dequestõespresentes,queauxiliam
numamelhorc ompreensãodosfatos,oquepode s ubsidiarinterveõ es.
Propõ ese  uma reconstituiçãohisricae,emcertosmomentos,acons truçãod e
novoscaminhos.Reconhecese,de ssemodo,ai mpossibilidadedeseapresentare mresultados
definitivosourespostasacabadas.Osdadoserespostasoprovisórios,sujeitosamudanças de
acordocomosnovoscaminhostraçados,pois,porseremsubjetivos,nãopoderiamdeixarde
tambémrefletiropontodevistadapesquisadora.
Estapesquisa,portanto,voltaseuolharparao Piauíe temcomoobjetodeestudo
oprocessohistóricodaeducaçãosuperiornacidaded eCorrentePI,desde1986até2005,
períodoquerepresen taaexpansãodaeducaçãosuperiornessamicrorregiãod oextremosul
piauiense.
OPiauíapresentase,geograficamente,divididoem22 2municípios,agrupados
em quatro mesorregiões e em quinze micro rregiões geográficas
1
.Assim, aoseobservara
1
Essesdadospoderãoserencontradosnasseguintesfontes:IBGEPI CensoDemográfico2000;Diáriooficial
daUniãonº.198,de11/1 0/2002eFundaçãoCEPRO CentrodePesquisasEconômicaseSociaisdoPiauí;em
Rodrigues(2004).
16
pos içãogeográficadaregiãodaschapadasdoextremosulpiauiense,percebesearelevância
da realização  deste estudo, pois a expansão do ensino superiortornouse defundamental
importância para a construção da história individual e coletiva dos sujeito s protagonistas
desse processo e para toda a região, que se beneficia sóciocultural e econ omicamente,
principalmentepeladistânciadaregiãoemre laçã oàcapitald oEs tado.
Oprocess odeinteriorizaçãodaeducaçãosuperiornamicrorregiãodasc hapadas
do extremosul iniciouse porCorrente , em1992,comaUniversidad eFederaldoPiauí–
UFPI, intensificandose, no perío do entre 1995 e 2000, com o process o de expano,
denominado Interiorização da educação s uperior blica Estadual, efetivado pela
Universidade Estadual do Piauí  UESPI, a qual, nesse período, ampliou e diversificou  a
ofertadecursosdeGraduaçãoPlena,assimcomoinstituiuoCursosSuperioresSeqüenciais
de Formação Específica, ações que  represen taram, dentre outras, significativo aume nto
quantitativononúmero dealunos.
Nesse s entido, foram instigantes alguns questionamentos: por que a educação
sup eriornessamicrorregião?PorqueacidadedeCorrente?Algu nsoutrosmotivostambém
levaram a pesquisadora a voltarse para essa tetica. Primeiro o fato de considerarse
também protagonista dessa história, por ter residido e estudado em Corrente, após o
abandono,pormotivosdeforoíntimo,deumcursodegraduaçãonaUniversidadedeBrasília
–UnB,interrupçãoquedurou10anos,sendoque,so mentecomainstalaçãodae ducação
sup erioremCorrente,foipossívelretomarosestudos.Segundo,dentreoutrasrazões,pelo
desejodecontribuirparaapromoçãodaeducaçãodoestado.Terc eiro,pelap ossibilidadede
o só contar (escrever) essa história, mas inclu sive de contemplar seus protagonistas,
partindose da consideração de que foi a primeira cidade da região a ter implantada a
educaçãosuperior,fatoquemarcouoiníciod op rocessodeinteriorizaçãodaUESPI.
Oprocessoinvestigativo nãoselimitouapenasaoquepodeserco nsideradocomo
hisria da educação, voltandose para os aspectos ecomicos, po líticos e sociais desse
contexto hisrico em que se desenvolve o fenômen o educativo. Assim, o problema que
instigouesteestudoestáassimestruturado:comoocorreuoprocessohistóricodeeducação
sup eriorn amicrorregiã odasc hapadas doextremosulpiauiense,maisprecisamentenacidade
deCorrentePI?
No intuito de uma reconstrução de sse processo, constituíramse queses
norteadoras desta pesquisa, do tipo: como se desenvolveram as primeiras idéias de
implantaçãodoensinosuperiornoPiauíeemCorrente?Dequeformaaconteceuaexpano
da educação superior do ce ntro até o extremo  sul do Estado do Piauí? Quais motivos
17
impulsionaram essainteriorização?Qualaqualidadesocialdaexpanodaeducaçãosuperior
emC orrente?Correntepodese rconsideradaumpóloculturaldoextremosu lPiauiense?
Foram coletados dados por meio de questiorio aberto, en trevistas, relatos
escritos,hisriaoralde vidaeautobiografia,osquaispossibilitaramconheceroprocesso
hisrico eosdiversosaspectosqueemergiramnoseuco ntexto.Buscouseaperceãodesse
processo na visão dos sujeitos beneficiados, comparando fatos h isricos, memórias e
experiências atuais com a análise docume ntal (atas, editais, resoluções, diário oficial e
outros).
Partese do pressuposto de que, na recuperação his tórica do  passado, podese
entenderquestio namentoscolocadosnopresente,poissereconhecequeopassado temmuitos
elementos que integram a co nstituição da realidade contemporânea. Quanto à educação
sup erior,realizouseumresgatedaorigemdaeducaçãonoBrasilenoPiauídemodoadar
maiorconsistênciaàanálisedoobjetopesquisado.
Temse, portanto, uma pesquisa inédita pelo seu objeto. Mas as pesquisas se
diferenciam na forma como que cada olhar, focalizado no objeto, vai se modificando  de
acordocomoopesquisadorope rcebe.Éneces sário,portanto,queh ajau maintensainter
relaçãoentrepesquisador eobjetonocontextoemqueestãoinseridos .
Com base no problema citado e procurando responder aos questionamentos
propostos,buscouseumarelaçãoentreashistó riasregionalenacionaldemodoaamp liaro
ponto de historicidade que, para E valdo Vieira (1982), possibilita mostrar os processos
contraditórioseasdeterminaçõesh isricasdetempoeesp aço.Dessaforma,estapesquisa
apresenta cunho historiográficodando vozaosautore sdo processo (professores,alunos e
pessoasdacomunidade).
Justificase esseestudodentrodeumanovaconceãonaqualahistóriapermite
quesevejamou troslugares,culturaseoutrasépocasmaispróximasdarealidadecotidianade
cadaum.Acreditaseque esteestudopos sacontribuirnaconstruçã od aHistóriadaeducação
sup eriordoPiauíe,maisesp ecificamente,naregiãoinvestigada.
Admitese que, ao se fazer a construção do conhecimento histórico, na
reconstituão do passado, tal processo proporciona ao sujeito investigador adqu irir
informações sobre o objeto deste conhecimento, entendendo  que esse objeto pode ser
analisadosobváriosolhares.
Portanto , esta pes quisa realizouse por meio de uma análise das informações
relacionadasàe ducaçãosuperiornaregiãocitada,suaorigem,expansãoeimportânciaparaos
protagonistasdesseprocesso,procurandose traçarentreobjetoesujeitoumainterrelaçãona
18
construçãodoconhecimentohistóricooqualfazpartedetodo proc essodeconhecimento
humano.
Reconhecese aeducaçãocomouma“prá ticasocialhistórica”e,comotal,seu
conceito se constrói historicame nte. Logo, investigar algo em construção é p enetrar no
desconhecido, que, aos poucos, vai se deixando transparecer, interagindose com um
fenô menoquesósedesvendarápormeiodeumprocessoque,arigor,nuncasemostrarápor
completo, já que sempre haverá algo a ser co nstruído, d escoberto, revelado,visto quese
apresentadeformadinâmica,multidimensional.
Nessaperspectiva,procurouse fazerumaanálisesobreosriosaspectosqu e
compõemessa“teiaderelações”(ELIAS,1999),queéaeducaçãosu perior,umprocesso
hisrico social, dinâmico historicamente condicionado às interre lações com as diversas
instituiçõesdasoc iedadenaqualestáinserida.
Seguindoessavisão,natentativadereconstituiroprocessoestudado,partiusede
algunsobjetivosespecíficoscomo:conhecerasprimeiras tentativasdeeducaçãosu periorno
PiauíeemCorrente,relacionandoacomahistóriadoensinosuperiornoBrasil;descrevera
origemeexpansãodaeducaçãosuperiornessaregiãosegundoavisãodosprincipaisatores
desse processo;obterdados relativosà importân ciadaeducaçãos uperiorparaossujeitos
protagonistasdessahistória.
Este trabalho  está organizado em capítulos que partem inicialmente das
considerações teóricometodológicas da pesquisa, ou seja, da visão epistemogica do
pesquisador,datrajetóriapercorridanodecorrerdoe studo,dosinstrumentosutilizados ,do
tipo deinvestigaçãorealizada,enfim,d ospassosseguidosparaque,comsegurança,fosse
pos sívelchegaraosresultadoseconclue sdesteproce ssoinvestigativo.Assim,oprimeiro
capítulodenominouse“CAMINHOSPERCORRIDOS”.
Na análise deste estudo co ns ideraramse as idéias de diversos teóric o, como
RobertoRichardson (1999);AugustoTrivinõs(1995MariaCecíliaMinayo(1986 );Ivani
Fazenda(2000),LaurenceBardin (1977),MarinadeAndradeMarconEvaMariaLakatos
(2002),conduzindonodesenvolvimen todametodologiaaserseguida.
Noqueconcerneàhis tóriaememória,procurouseembasamentonasteoriasd e
MauriceHalbwacks(1990),quepossibilitamperceberque,apartirdeumaordemdeidéiase
de preocupações particulares, tornase possível a perceão de seus re flexos nas
personalidadesdeseusmembros,emumarelaçãoentreamemóriaindividualeacoletiva;
JoCarlosMe ihy(2002)queconduzaconceituaçãoobjetivadahistóriaoraledecomodeve
serrealizadooprocessodepesquisanessaárea;LeGoff(1998)queoferecesubsídio sparaa
19
hisriacomo umelementoessencialnaconstruçãodaidentidadeindividualecoletiva,por
meio da meria, no diálogo com outras c iências soc iais, expandindo seus problemas,
método seobjetivos.
Têmse ainda estudiosos como Pete r Burke (1992) mostrando  as novas
perspectivas represen tadas por u ma mostra significativa das recentes tendências da
metodo logia e prática historiográfica; Walter Benjamim (1986) bu scando pelo histórico
distan te da homogeneidade e próximo da percepç ão do campo de possibilidades q ueé a
hisria,constituídade“agoras”. JoseCarlosSebeBomMeihyeAliceBeatrizdaSilvaGordo
Lang(2004),PaulThompson(2002),MichelPollack(2000 ), LeGoff;Chartier;Revel(1998),
MeihyeLang(2004)desenvolvemmeiosparacompreenodametodologiadeHistóriaOral;
ElianaMartaTeixeiraLopeseAnaMariadeOliveiraGalvão(2001)levamapercebera inter
relaçãoentreohis toriadoresuasfontes;MicheldeCerteau(198220 03)possibilitouuma
análisetantosobreaescritadahisriaquantosobreocotid ianocomoumespoinventado
graçasàs“artesdefazer”.
Dando continuidade ao estudo, buscouse uma visão da educaçãosu periorno
Piauí, relacionandoa à educação nacional. Partiuse do ideal de um ensino superior,
mostrando ateiade relaçõesq ueconstitui todo proce ssohistórico.Estesegundocapítulo
recebeu o nome de “EDUCAÇÃO SUPERIOR NO PIAUÍ: PRINCIPAIS
DETERMINANTES SÓCIOCULTURAIS”. Essa visão possibilitou reconstituir desd e as
primeirastentativasdeensinosupe riornoBrasilàimplantaçãodaUniversidadeFederaldo
Piauí–UFPI,pormeiodamac rohisria;proporcionoutambémumaanálise d astendências
daspolíticasdeeducaçãosuperiornoBrasileosmodelosquesedelinearamnodecorrerdo
processo.
Neste momento, a análise históricosocial e política da educação superior
fundamentouseem DermevalSaviani(1993 ),CiprianoLuckesi(2001,2004),LuisFernan des
DouradoeAfrânioMendesCatani(1999),Mariade LourdesdeAlbuquerqueFávero(1977
1980 , 2004), Luiz Antonio Cunha (1988, 1983, 1980), Mariadas Graças Ribe iro (2002),
Selma Garrido Pimenta e Graças Camargo Anastasiou (2002), Jorge  Nagle (2001), que
pos sibilitaram a compreeno desses aspectos durante todo o proc esso investigativo, e
GuiomarPassos(2003),emumaaná lisedaUFPI,entreoutros.
Em umterceiromomento,temseaorigemdaeducaçãosuperiornamicrorregião
daschapadasdoextremosuldoPiauí,dandoseumamaiorênfaseàUniversidadeEstadualdo
Piauí e sua expano, que acompanhou a história da educação superior nessa região,
representada pela cidade de Corrente. Dessa maneira se c onstituiu o terceiro capítulo
20
“HISTÓRIADAEDUCAÇÃO SUPERIORNAMICROR REGIÃODASCHAPADASDO
EXTREMO SUL PIAUIENSE: PERSPECTIVAS E REALIDADES”, o qual ab orda a
UniversidadeEstadualdoPiauí UESPI,su aorigemeexpansão. 
Nestemomento,ap óiaseemteóricoscomoItamarSousaBrito (1996)eMariado
AmparoFerro(1996),quecontribuíramparaumaanálisedosdiversosaspectosdaeducação
noPiauí.
Oprocessoinvestigativo,dadasuapeculiaridade,fezemergirprobleticasque
levaram à reflexão s obre o início do processo de ed ucação em Corrente, remetendo a
pesquisadoraainvestigaçõessobreasprimeirasescolas.Procurouseob terumavisãogeraldo
processo da educação sica à educação superior, seus  aspectos políticos, sociais e
ecomicos.
Busco use,no  quarto capítulo, reconstituirahistóriadaeducação superiorem
Corre ntepormeio da meriade seus protagonistas, reconhecendoque“[...]aeducação
existeemtodaparteefazp arte delaexistirentreopostos”(BRANDÃO,200 4,p.100).Assim,
partiuse de uma visão dos novos sujeitos da História Cultural. Desta forma foi se
reconstituind o a “HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO EM CORRE NTE: DA
EDUCAÇÃO BÁSICA À EDUCAÇÃO SUPERIOR”. Temse aqui uma visão geral de
Corre nteemseusdiversosaspectoseumolharintensivoeextensivosob reasinstituições
educacionaisdestacidade.Nessasãodoestudo,oabordadosteóricosquetratamacerca
da história dessa região, como Edy Guerra No gueira (2003), Edilson Nogueira (2002),
ndidoCarvalhoGuerra(2004),JesualdoCavalcantiBarros(2005),SandraMaraK.Penno
(2005),ass ociandoseo diálogocomfontesoraisedocumentais.
Pormeiodasexperiênciaspessoaisdossujeitosdessahisria,fezseumaanálise
daimportância(qualidadesocial)daexp anodaeducação su periornoPiauí,notadamentena
microrregiãodaschapadasdoextremosulpiauiense,tendocomopóloacidade d eCorrente.
Paratanto,man teveseumdiálogocomteóricoscomo MarilenaChauí(1982 2001),emuma
visão históricocultural e política; com a concep ção de Roger Chartier (1 990 ), n o
entendimentodahistóriac ultural,indispensávelparaidentificarcomoemdifere nteslugarese
momentosumadeterminadarealidadesocialéconstruída;PabloGentilli;TosTadeuda
Silva(1996)eTerezinhaAzerêdoR ios(200 2),quepossibilitaramumavisãodaqualidade
social da educação. Nesta análise, recorreuse também a Roberto Damatta (2000), na
apresentaç ãocríticadaidéiadecidadaniaesociedadebrasileira,“numuniversorelacional”.
Aosetratardashistóriasdevida,adotouseo subtítulo“Aqualidadesoc ialda
educação su perior em Corrente: a história vis ta de baixo”, pois foi possível, a partir das
21
narrativas,percebe remse“históriasdevidatransformadaspelaeducaçãosuperior”.Assim,
realizouseumaanálisedaqualidade socialdaeducaçãoemCorrentepormeiodahistóriaoral
devidadeseissujeito sprotagonistasde sseproce ssohistórico,adotandoseumasubd ivisão
comdepoimentosquepossibilitamreflexõesacercadavisãodoss ujeitosquecons troemessa
hisria, com o subtítulo “A ed ucação superior em Corrente: Construç ão de uma nova
hisria”.Paralelamente,estendeuseumolharsobreaeducaçãosuperiordaRedePrivadaem
Corre nte. Por meio de u ma análise geral dos resultados obtido s, procurouseres ponderà
questãosobreserCorrenteumpóloculturaldamicrorregiãodoextremosulpiauiense.
NasREFLEXÕESFINAIS,fezseumasíntesedosdiversosaspectoshisricosda
educação su perior nessa região, verificandose que,na cidade de Corrente, possibilitou a
construçãodenovo scaminhos,trilhadospornovossujeitosqueemergemnodecorrerde sse
processo.
Paraarealizaçãodesteestudo,percebeuseanecessidadedesefazerumd iálogo
entre a teoria e as evidências, implicando, portanto, que os proc edimentos não fossem
determinados a priori, mas ao longo do processo investigativo. o significativas as
contribuições de outros auto res, que, embora o citados neste momento, também
pos sibilitaramumaanálisedosdiversosaspectosqueeme rgiramnodecorrerde stapesquisa,
ampliandoodiálo goentreapesquisadoraeasfontes.
Nessa perspectiva, preten dese contribuir para a reconstituão do processo
hisrico d aeducaçãosup erior,e,emsuaexpano,acompanharahistóriade staeducaçãona
cidadedeCorrente, possibilitandoemriosmomentosaconstruçãodeumanovavisãodes sa
hisria.
Opresenteestudopoderátambémcontribuirparaumamelhorcompree nsãoda
hisria sócioeducacional do Piauí, subsidiando profissionais da área no planejamento e
definiçãodepolíticaspúblicasdeexpansãodoens inosuperior,bemcomoproporcionarefletir
sob reosdesafiosqueauniversidadeenfrentadiantedepressõesemudançasquepõemem
questão,inclusive,asuaidentidadehisrica.
22
CAPÍTULOI
CAMINHOSPERCORRIDOS
Aoseestabelecerumacadeiaentreoproblemaeametodologiaaseraplicada,
fezseumainterrelaçãoentreambos,procurandose,paratanto, visualizálosapartirdeum
olhar histórico. Reco nhece se que questionamentos dive rsos surgiram no decorrer da
pesquisa, pois é esse “[...] processo de investigação que fará emergir a probletica
educacionalconcreta”(SAVIANI,1993,p.49).
Portanto ,partiusedac ompreensãodeque“[...]éaeducaçã o(oueducações)
quepõequestõesàhisria”(LOPES,1989,p.36)edoentendimentodaspalavrasdeSaviani
(1993)dequeoconcretoéhistórico.Nessese ntido,buscouseainte rrelaçãoentreoprocesso
deeducaçãosuperioresuahistória,procurandomanteroequilíbrioentreocontarahistória
daeducaçãoe umaabordagemdeseusdeterminantesestruturaiseconômicosepolíticosociais
(SAVIANI,1993).
Assim,p ormeiodeumainvestigaçãoqu eteve porbasequestionamentosde
situações reais sobre o processohistóricodaeducação superiornaregiãodo extremosul
piauiense, precisamente na cidade de CorrentePI, buscaramse respo stas às indagações
propostas,mantendoumdiálogoentreoquefoiinvestigado(asevidências)easteoriasque
fundamentaramapesquisa,naperspectivadeumareconstruçãohistóricaqueproporcion asse
“[...]ampliarose upontodehistoricidade,mostrandoosprocess oscontraditórios[...]enfim
suasdeterminaçõeshisricasdetempoeespaço(VIEIRA,1982,p.12).
Écomumverse,naatualidade,umaconstantepreocupaçãocomumfemeno
denominadoporHall(1995,p.6)de“[...]‘destruiçãodopassado’ou,maisprecisamente,a
destruição de mecanismos sociais que ligam noss as experiências co ntemporâneas e as
23
geraçõe santeriores”.Segundoo autor,essanovageraçãocresce“[...]numtipo depresen te
permanente,semne nhumarelaçãoorgânicacomopass adopúblicodeseutempo.Assim,
tornase imperativo an alisar as fontes históricas para se reconstituir o passado, mas essa
análisedevepartirdeumapro blematizaçãodo“agora”.
Esseprocessode investigaçãohistóricarequerdopesquisadorumaatitude de
intencionalid ade,vistoquesetornameiotemerárioacreditaremumahistórianeutra,apartir
domomentoqueestafazpressupostoseindagaarealidade.Logo,estapesquisanãovis ualiza,
nacomplexidadedostemposatuais,umprocessodecasualid ade,poispartedeinvestigaçõ es
sistemátic asdefontesoraiseescritasquevisamreconstituirfatoso squais,porsuavez,o
dinâmicos emultirreferenciais.
Nasúltimasdécadas,n ovoscaminhosoalmejadoscomofimdeatenderàs
necessidades e prositos atribuídos a uma nova visão histórica, que tenta superar a
linearidadee homogeneidadedosfatosisolados,porumaHistóriaemqueaênfaseestáno
problema, buscando um caráter científico, confirmandose c omo uma “ciência em árdu a
construção(LOPES,1989,p.27).
Assim,équeaHistóriadaEducaçãopassaaseguirumalinhadeinovaçõesem
bus cad enovosobjetos,novasfontesenovosproblemas,pondoemquestionamentoaprópria
História.Lopes(198 9,p.35),nessaperspectiva,afirmaque“[...]hoje,ape sq uisaemHistória
daEduc ação,tantonoBrasilcomoemoutrospaíses,émuitomaisimaginativaeinovadorado
queeraalgunsanosedoqueexpressamosmanuaisdidáticosdaárea”. Assim,apartirda
cadade1960,naEuropa,aHistóriadaEdu cação,sobinfluê ncia,sobretudo,daSociologia,
Antropologia, Teoria Literária e Lingüística, à semelhança do que ocorria em outros
domíniosdaHistória,iniciaumprocessoderenovaçã odeseusobjetos, sendoquesuasfontes
oalargadasediversificadas.
Partindo sedessacompreeno,considerase,nasúltimasc adas,apenetração
de duas grandes tenncias que influenciaram de forma decisiva o campo da História da
Educação.TratasedoMarxismoeda NovaHistória(LOPES;GALVÃO,2001).Aprosito,
GuyBo is(1998,p.241)fazaseguinteconsid eração:
Naturalmenteessasduascorrentesnãopodemignorarse.Alimentadas,amb as,pela
mesmarejeãodeumapráticahistóricaantiquada,elascaminhamladoalado,por
vezesmisturamindistintamentesuaságuas,mastambémrivalizamtantoemardor
comoemdesconfiançareproca.
24
Assim, assiste se, nos últimos vinte anos, a uma profunda renovação na áre a
científica.Aesserespeito,comportaevocarL eGoff,ChartiereRevel(1998,p.262 7)ao
consideraremque
Nesse campo renovado, uma ciência ocupa uma posição original: a História. Há
umahistó rianova, eumdeseuspioneirosHenriBerr,jáemp regavao termo em
1930 . A história deve esse lugar original a duas características essenciais: sua
renovaçãointegraleoarraigamentodesuamutaçãoemtradiçõesantigaselidas.
Muitas ciências modernizaramse num setor particular de seu domínio [...] a
geografiafoiumadasprimeirasciênciashumanasaserenovar.Ainfluenciadesses
geógrafossobreosmestresdaescolanova,LucienFebvre,MarcBlocheFernando
Braudel [...] Entretanto, a história não se contentou em abrir aqui e ali novos
horizontes,novossetoresparasi.ClaroumPierreGoubertabreparaahistórianova
o campo da demografia histórica, o enfoque desde o nascimento até a morte de
todososindivíduos,detodasasfamíliasdeumaregião[...]NatanWachtelcoma
“visãodosvencidos”,modeloeobraprimadahistórianova,dilataessahistóriaàs
dimensõessemfronteirasdaetnohistória.Contudo,ahistórianovanãosecontenta
com esses avanços. Ela se afirma como história global, total e reivindica a
renovaçãodetodoocampodahistória(grifodoautor).
A História Nova nasceu, des saforma,em oposição à Históriaque s eguiauma
abordagempositivistadoséculoXIX.Portanto,aHistóriaNovaampliouocampohistórico,
emumamu ltiplicidadededocumentosescritosdediversostipo scomo,documentosorais,
entreo utros.Éoqueosautoresconsideram uma“revoluçãodocumental”.Assim,“AHistória
desfruta tanto dessa conquista metodogica como de sua base universitária” (LE GOFF,
CHARTIER;REVEL1998,p.29).Nes seâmbito,acrescentaseaseguinteconsideração:
Aexp ressão‘anovahistória’émaisbemconhecidanaFrança.
Lanouvellehistoire
é o título de uma coleção de ensaios editada pelo renomado medievalista francês
JacquesLeGoff.[...]éumahistória
madeinFrance
,opaísda
nouvellevagueedo
nouveau roman
,semmencionar
l a nouvelle cui sine
.Maisexatamente,éahistó ria
associada à chamada
École dos Analles
, agrupada em torno da revista Annales:
économies,socies,civilisations(BURKE,20 03,p.9).
AHistórianovatemumatradiçãoprópria,voltadaàfundaçãodarevista“Annales
d’histoireéconomique etsociale”.FoiquandoLucienFebvreeMarcBlochlançaram,em
Estrasburgo,noanode1929,“[...]umarevistaqueretomava,modificado,umvelhoprojeto
deLucienFebvredeumarevistaintern acionaldehistóriaeconômicaqueab ortara[...]”(LE
GOFF,CHARTIER;REVEL,199 8p .2829).
Confirmasenasafirmaçõesdosautorescitadosque,nofinaldaprimeiraguerra
mundial,Febvreidealizouumarevistainternacional,voltada àhistóriaeconômica,queseria
dirigidapeloh istoriado rbelgaHenriPirenne.Oproje tosofreugrandedificuldade,razãopor
25
que foi abandonado . Em 1928, Bloc h ressuscita os planos de uma revista frances a, cuja
primeira edição c ircula em 15 de janeiro de 1929 , alcançando sucesso. Febvre e Bloch
tornamseseuseditores.
Os“An nales”nascemem1929,provocandorompimentos,encontrandosetanto
noeconômicocomonosocial,deformaqueseidentificavamseusfundadorescomoideal
social que permitia falar de tud o. Propunhase inve stir numa abordagem n ova e
interdisciplinardaHistória,como se podeperceberpeloComitêEditoriald aRevista,que
incluía um geógrafo  Albert Demangeon; um soclogo  Maurice Halbwachs; um
economista CharlesRisteumcientistapolítico AndréSie gried,entrehistoriadoresantigos
emodernos.
Observase q ue os “Annales” e os historiadores que compunham essa revista
procuravam “derrub ar as ve lhas paredes antiqu adas, os amontoados babilônicos de
preconceitos, rotinas, erros de concepção e de compreeno” (FEBVRE apud LE GOFF,
CHARTIEREREVEL,1998,p.29)Osfundadore sdos“Annales”tinhamcomobasedesuas
reflexões e análises não apenas o econômico, como também o social, de forma que
procuravamumcaráteramplopossibilitandodiversificarahisria.
Portanto , recusase uma história que se apre sente superficial e simplista,
reduzindo, investindo tudo num só  fator, como se as coisas fossem estáticas.Percebese,
eno,adinâmicadasrelaçõeseo“enfraqu ecimentodeumaanálisedemasiadoeclética,que
podeseperderna‘multiplicidadedosmotivos’,quenãodistingueentremotivoecausa”(LE 
GOFF;CHARTIER;REVEL,1998,p.31 32).Logo,hátambémmudançasnanãodoque
sejaumfatohisrico,nosentidodeque
Nãohárealidadehistóricaacabada,queseentregariaporsippriaaohistoriador.
Como todo homem de ciência, este conforme a exp ressão de Marc Bloch, deve,
‘diantedaimensaeconfusarealidade’,fazera‘suaopção’–oque,evidentemente,
não significa arbitrariedade, nem simples coleta, mas sim construção científica do
documento cuja análise deve possibilitar a reconstituição ou a explicação do
passado.
Emuma visãosimplistadahistória,temsequeohistoriadorpartedosfatoseda
documentação históricaque expressamessesfatos,como se estes pudessemrevelarsede
modoespo nneo,porsimesmos.Discordandodessavisãosimplista,reconhecesequeos
processossãoconstru ídosapartirde interrelaçõesentresujeitoseobjetos,demaneiraqu eo
historiado r,emsuapesq uisa,opartedosfato s,masdosvestígios,domaterialhistórico,das
diversasfon tes,para,apartirdeles,reconstituireconstru irosfatoshistóricos.Taisfatosnão
26
seconstituemempontodepartida,s endo,oresultadodecorren tedeumaseleçãodemateriais
disponíveis,apartirdecritériosestabelecidos.
Dessaforma,tornamsepossíveisdiferentesconstruçõeshisricas,ap artirdeum
mesmo material,pois,emcadarecons tituã o,estápresenteasubjetividade,interre lacionada
com os saberes dos su jeitos so bre a sociedade. Assim,nãomais se ace itaoparadigma
tradicional.
Kuhn(1962,p.218219)introduzotermoparadigmaemsuaobra“Aestrutura
das revoluções científicas” . Segund o o autor, esse termo “[...] de um lado indica toda a
constelaçãodecrenças,valores,cnicas,etc.,partilhadaspelosmembrosdeumacomunidade
determinada [...]”  poden do ser visto também co mo “[...] aquilo qu e os membros de uma
comunidade científica partilham e, inversamente, uma comunid ade científica consiste em
homens que partilham um paradigma” Observase que o paradigma apresenta caráter
exemplar e fuão normativa. Conside rase que uma crise de p aradigma acarreta uma
mudançaconceitual,ouseja,umamudançadevisãodemundo.
Compartilhan do de ssa conceã o, procurase, nesta pesquis a, desenvolver um
estudoqualitativosobreoprocessohistóricodaeducaçãosuperior,numaanálisequeinter
relacionateoriaemetodologia.
JoelMartins,emseuartigo“Apesquisaqualitativa”,consideraqueosconceitos
sob re os quais as Ciências Humanas, em u m p lano de pe squisa qualitativa, estão
fundamentadas,oproduzidospeladesc rição.Paraoautor,
No que serefere à pesquisa qualitativa, podesedizer queos dadossãocoletados
através da descrição feita pelos sujeitos [...] Na pesquisa qualitativa, uma questão
metodoló gicaimportante é a que se refereao fato de que nãosepodeinsistirem
procedimentossistemáticosquepossamserp revistos,empassosousucessões,como
umaescadaemdireçãoàgeneralizão(MARTINS,2000,p.58).
Tornaseimportanteres saltarque estapesquisa,porse rqualitativa,nãoseguiu
umaseqüênc iarígidadee tapasparaoseudesenvolvimento,poisasinformaçõesre colhidas,
ao serem interpretadas, originaram a exigência de novas buscas de dados. As descrições
presentesnosdiversosdepoimentosoraispossibilitaramabuscadenovasfontes,mostrando
serrelevante“[...]osentidodahis tória,oolharparatrás,irembuscadaapreenodotempo,
comasvivênciasdopresenteepodertomarconhecimentodequeopassadoserecriapela
memória,únicaformaderetêlo,deapreendêlo”(FÉLIX,1998,p.33).
27
Considero userelevante,portanto,umaanálisequenãofosseapenascentrada
emdocumentosoficiais,masfortalecidaporumc ruzamentodefontes,paraquefossepossível
uma reflexão entre memória e his tória da educ ação s uperior e a importância de sua
interiorização,empregandosecomofontesnãodocumentosescritos,mas,também“[...]
memóriascomodocumentoslocalizad osnacabeçadaspessoaseonosarquivospúblicos
[...]experiênciasvividasinteriormente[...]”(PIMENTEL;LEAL,2003,p.13).
Nareconstituãodessahistória,inicialmenterealizousebrevehistoriografia
sob reaeducaçãonoPiauí,relac ionandoaàeducaçãon oBrasil.Assim,avisãodamacro
hisriapossibilitouumamelhorc ompreensãoereconstituiçãodamicrohistória,ouseja,d o
processodeeducaçãodacidaded eCorrentePI.Nessesentido,entendesepormicrohistória
[...]essencialmenteumapráticahistoriográficaemquesuasreferênciasteóricaso
variadas e, em certo sentido, ecléticas. O todo está de fato relacionado em
primeiro lugar, e antes de mais nada, aos conhecimentos reais detalhados que
constituemotrabalhodohistoriador,eassim,amicrohistó rianãopodeserdefinida
emrelaçãoàsmicrodimensõesdeseuobjetodeestudo(LEVI,1 99,p.133135)
Destaforma,amicrohistóriaco nsisteemdescreverdeformamaisrealistao
comportamentohumano,empre gandoummodelodeaçãoeconflitodessecomportamento,
pos suindo uma posição espe cífica dentro da chamada Nova História. Analisouse  a
historicidadedaeducaçãosuperiornoPiauí,seguindoumatenncia deumestudo regional,
localizado,circunscrito,p artindosedacidadedeCo rrentePI.
Em busca d e elemento s direc ionais desse processo histórico, procurouse
questionaresseredirecionamentodasinterpretaçõesdopassadoenãomeramenteconfirmar
sup osições,seguindoseacorrentehistoriográfica,que,segundoMagalhães(1996,p.59),
[...] evolui dos Annales, pelaNovaHistória,embuscadaconstrução dos sujeitos,
dossentidosdassuasações,pelarelaçãoentreasestruturas,asracionalidadeseas
õ es desses sujeitos históricos; recuperando informações e fontes da informação
sobrecotidianos,suaspráticas,representõeseinvenções.
A historiografia possibilita ao pesquisador tentar “[...]vencer o esquecimento,
preencherosilêncio,recuperaraspalavras,aexpresovencidapelotempo[p ois]nela,o
historiado r sabe que escolhe seus objetosn o passadoe  osinterrogaapartirdo presente”
(REIS,1998,p.38),pro porcionandoumnovoolharna(re)construçãodessahistória.
Segund o Miche l Certeau (2003, p. 9798), temse a his toriografia como um
trabalho que visa“[...]encontrarumpresente que éumtérminodeumpercurso,maisou
28
menoslongo,natrajetóriacronogica(ahistóriadeumséculo,deumperíodooudeuma
riedeciclos)” .Nesteestudo,buscouseahistóriadeumasériedeciclosquecomp õemo
processohistóricodeeducaçãosuperior,reconhe cendoseadinâmicaeasteiasderelações
queconstituemesseprocesso.
A historio grafia tem rios sentidos, como a narração dos acontecime ntos
hisrico s,ocontar,ofalar,o escreversobreaHistória;aspráticasdoshistoriadores,ouseja,
como eles produzem a História e a metodologia, pois o discurso sobre o discurso do
historiado rtemregraspró priasdoseucampo.
Assim, percebida, a História ap rese ntase como uma ciência em construção.
Comotal,procurousenestapesquisaprosseguirnalinhadeumadastend ênciasmaisrecentes
da historiografia,aNovaHistóriaCultural.Enco ntrousenessatendênciaumamaneirade
identificararealidade nosdiferenteste mposelugares,naformacomovemsendoc onstru ída,
dando relencia à percepção de seus protagonistas, ou seja, daqueles que construírame
constroem a História da e ducação superior na microrregião do extremo sul piauiense,
representadospelacomu nidadedeCorrente.Pormeio desuasmemórias,descritasnasfalas
dos sujeitosprotagonistasdestahistória,foipossívelareconstituãodesseproc esso,tendo
emvis taque:
[...]ahistóriatantopodeserconcebidacomomemória àmemóriagregadenarraro
que é memorável para imortalizar os mortais – tanto como trabalho  à memória
dramáticacristãnaqualocursodotempoéresgateda eternidade.Epode,enfim,ser
concebidacomotrabalhomemorioso,quepõetodososacontecimentosnaordemdo
diaespiritualdopresente(CHAUÍ,1 982,p58 ).
Temse,portanto,umtrabalhomemoriosodosaconte cimentospresentes,em
bus cadecomoseconstruiu esseprocessodeeducaçãosupe riornamicro rregiãodoextremo
sul,oqualseinicioupelacidadedeCorrente.CorroboramseaspalavrasdeChauí,coma
conceãodeChartier(199 0,p.16),deque“[...]históriacultural,talcomoaentendemos,
temporprincipalobjecto(sic)id entificaromodocomoemdiferenteslugaresemomentos
umadeterminadarealidadesocialéconstruída,pensada,d adaaler”.Dessemodo,esteestudo
foi norteado por alguns eixos balizadores, citado s na introdução desta p esquisa, que
pos sibilitaramextrairouniversaldoparticular,tendoodesafiodeartic ulardeformaadequada
osprincípiosteóricometodológicos,explicitandoosdados enc ontradosduranteapesquisade
campo.
29
Contudo,sabeseque “[...]écientificamenteestériliraoe ncontrodoobjetode
pesquisacomumateoriapronta,forçandoosdadosaumameraconfirmaçãodessereferencial
teórico”(BUFFA,1996,p.25).Portanto,duranteainvestigaçãosurgiramquestõesligadas
aosaspectoshistóricosociais,polít icoseecomicosdacidadedeCorrente,ainterrelação
entre a educação básica e o processo de implantação da educação superiorna cidade;o
distan ciamentoexistenteentreCorrenteeosdemaiscentros,proporcionandoumatrajetóriade
lutas em busca da educação em geral; a importância da educação superior na vida dos
diversos sujeitos que co nstroemessahistória,consideradataleducaçãocomoumfatorde
qualidadesocial.
Na tentativa de re sponder aos questionamentos, procu rouse seguir essa
tendênciapormeiodeseleção realizadap elaautora,re conhecendoquenãoseesgotaráo
assunto equetambémnãoseconseguiráatenderatod osos seusprópriosanseios,partindodo
entendimentod eque:“[...]ahistóriaserásempreumconhecimentomutilado,poissó conta
aquiloquefoipossívelsaberarespeitodoquesequersaber”(SILVA,2001,p.79).Assim,na
medidadopossível,procurouseidentificarmateriaisdecadaépoca,tendocomocritério de
escolhaaquelesquedãose ntidoàinvestigação,propiciandoresponderaos q uestionamento s
sob reopro blema.
Partiusedeumadastennciasdahis toriografiaconte mporânea,ouseja,a
linhadanovaHistóriaCu ltural,procurouseumametodologiaquetemcomobaseaanálise
hisricad e documentos (atasdereuniões,editais,certificados,manuais,reso luções,en tre
outros) e história oral, dialogando com o existente, em busca das idéias e valo res,
perspectivandocompreendercomooconhe cimentohistóricoserelaciona,emdeterminados
momentos,co mseusdeterminadosobjetos.
Consc iente de  que somente os dados oficiaisnãoosuficientesparauma
compreeno do passado e de q ue a história se co nstrói a partirde qualquer traço que a
sociedadedeixoudu ranteasuatrajetória,procuraramsedadosdentreasnovasfontesque se
destacaramapartirdaterceira décadado s éculopassad o(XX),pois,nodecorrerdotempo,o s
tiposdefonteseaformadeco mpreenlastêmsofridoalterações.
Busco use, dentre essas fontes, a fala, que vem se co nstituindo como uma
forma também confiável de reconstrução his tórica, tomando um lugar de relevância na
historiografiacontemporânea.ParaLopeseGalvã o(2001),essamaneiradefazerh isriaé
chamadadeHistóriaOral,poisafontefala.
30
Fazseusotamb ém daHistóriaOralporseconsiderarqueestaseconstitui
comoinevitáveldo cumentoderegistroeanálisedafala.Portanto,concebeseHistóriaOral
como
[...]umrecursomodernousadoparaaelaboraçãodedocumentos,arquivamentose
estudosreferentesàexperiênciasocialdepessoase degrupos.E laésempreuma
história do tempo presente e também reconhecida como história viva.[...]éuma
prática de apreensão de narrativas feita por meio do uso de meios eletnicos e
destinada a recolher testemunhos, promover análises de processos sociais do
presenteefacilitaroconhecimentodomeioimediato(MEIHY,2002,p.13).
AoseescolheraHistóriaOralcomoumadasmetodologiasdeapoioàpesquisa,
tornaserelevantereconhe ceracomplexidadequeenvolveessaformadeestudo,oqualexige
sistematizaçãoecritérios,passandopor umaanálisecríticadasfalas,levan doemcontatodaa
sub jetividade que permeia as narrativas. Podemse perceber es sas características nas
afirmações de Meihy e Lang (2004, p. 13) em uma breve nota na Revista Brasileira de
HistóriaOral –ABHO,aomostraremq ue
Nesta direção, o juízo crítico com compromissos teóricos extrai a vivência da
história oral do limite da aventura despretensiosa, do mero registro de grupos
preocupados apenas com a coleta de elementos mantenedores da questão que os
levouaouso daoralidade.
Aexemplode todafonte,afaladeveseranalisadacriteriosamente,evitan dose
quepossatornarseproblemáticadevidoàimprevisibilidadeoupe lofatodequemuitasvezes
o se  tem um controle da situ ação,sen donecesrioaopesquisadormuitadisposição  e
habilidadeparaquepossaempreenderse ujuízocrítico.
Apesar de alguns cuidados ao se analisar a fala, o várias as vantagens e
pos sibilid adesdese trabalharaHistóriaOral.ParaThompson(2002,p.25),“Ahistóriao ral
oferece,quantoasuan atureza,umafontebastantesemelhanteàautobio grafiapublicada,mas
de muito maior alcance”. O auto r realça ainda que, ao se fazer a pesquisa oral, podese
escolher“[...]aquementrevistarearespeitodo queperguntar.Aentrevis taproporcionará,
também,ummeiodedescobrirdocumentosescritosefo tografiasque,deo utromodo,nã o
teriamsidolo calizados”.Percebeuse estefatoduranteainvestigação,demaneiraqueuma
entrevistalevavaapesquisadoraanovasfontes,novossujeitos.
Procurasenestapesquisaa“históriaoraldevida”,natentativades eentenderem
questõesqueemergiram,nodecorrerdoprocessoinve stigativo,sobre aqualidadesocialdos
alunosegres sosdasprimeirasturmasdaUESPI – Campusde CorrentePI.A“hisriaoralde
31
vida”,naconcepçãodeMeihy(2002,p.130)traduzsecomoa“[..]narrativadoconjuntoda
experiência de vida de uma pessoa”. Investigouse por meio da história oral de vida,
conhecidapor“hisriaoralsubjetiva”,emrazãodaatençãodopesquisadorservoltadaparao
valormoraldaexperiên ciape ssoal(MEIHY,2002),embu scadaimportânciadae ducação
sup eriornavid adosprotagonistasdesseprocesso.
Portanto , duran te os depoimentos, surgiram algumas  problemáticas, como a da
qualidadesocialdaexpanodaeducaçãosuperior,categoriaanalisadapormeiodahisria
oraldevidadeexestudantesdoCampusdeCorrente.Aanálisedess acategoriafoiiluminada
pelase guinteconcepçãodequalidade:
[...]totalizante,abrangente,multidimensional.Ésocialehistoricamentedeterminado
porqueemergeemumarealidadeespecíficadeum contextoconcreto.Portanto,uma
análise crítica da qualidade deverá considerar todos esses aspectos, articulando
aqueles de ordemtécnicaepedagógica aosdecaráter políticoideológico (RIOS,
2001 ,p.64).
Trabalhase essa visão de qualidade por meio da história e da memória, pois
pos sibilitamarealizaçãodeduasleiturassimu ltâneasdatemporalidade:umaquede fendeo
tempocomotempoprese nte,masrepletodepassadoefuturo,eoutraaqualdemonstrao
passado impregnado no tempo. Para melhor percepção dessas duas leituras, utilizouse a
entrevista,que “[...]configuraaformamaisusualdeobtençãodedadosnametodologiada
HistóriaOral,dadosprovenientesdodiálogoentreope squisadoreoentrevistado(LANG,
2004 ,p.7).
Iniciousee ste estudopela pesquisabibliográficaou  defontes secu ndárias,em
bus cadeseconheceremasprimeirastentativasdeeducaç ãosuperiornoPiauíeemCorrente,
relacionandoacomahistóriadoensinosuperiornoBrasil.Aose inic iarabu scapelaorigem
eexpanodaeducaçãoestadual,representadapelaUESPI,empreendeuseumainvestigação
dadocume ntaçãodireta,que“[...]constituise,emgeral,nolevantamentodedadosnopróprio
localondeosfemenosocorreram[...]”(LAKATOS;MARCONI,2002,p.83).Essesdados
foramobtidospormeiodatécnicadee ntrevista(observaçãodiretaintensiva).
Portanto , realizouse uma pes quisa de campo utilizan dose entrevistas semi
estruturadas para coleta de info rmaç ões, aspecto que promoveu uma interação entre
entrevistado e entrevistador, tendo em vista que a mencionada técnica favorece certa
flexibilidade,podendoseobterum climade confiançaeestímuloàsrespostas,queforam
dadaslivreeespontaneamente.Naverdade,entendeseporen trevistasemiestruturada
32
[...] aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e
hipóteses,queinteressamàpesquisa,eque,emseguida,oferecemamplocampode
interrogativas,frutodenovashipótesesquevãosurgindoàmedidaqueserecebem
asrespostas do informante[...]começa a participarnaelaboraçãodo conteúdo da
pesquisa. [...] essa perguntas fundamentais que constituem, em parte, a entrevista
semiestruturada,no enfoquequalitativo,nãonasceramapriori.[...]sãoresultados
não da teoria que alimenta a ação do investigador, mas tamb ém de toda a
informação que ele já recolheu sobre o fenômeno social que interessa [...]
(TRIVIÑOS ,1995 ,p.146)
Considerase esseformatodeentrevis taumencontrointerpessoal,demaneiraque
os protagonistas demonstram também suas subjetividades  e, ao mesmo tempo, constitu i
momentode construçãodeumnovoconhecimento,masnoslimitesdarepresentatividadeda
fala,consideradaindispenvel àpesquisa.
Apesardeaentre vistarepresentaroinstrumentocentraladotado,houveocasiões
emquesetornounecesriaaaplicação d equestionáriosabertos,aexemplodeumaamostra
de sete exalunos (as) da UFPI e da UESPI, os quais o quiseram ser entrevistados
oralmente.Essesquestioriosforamrealizadosemjulhode2004(osalunospreferiramnão
seridentificados).
Osquestiorios foramosprimeirosinstrumentosaplicados,sendorespondidos
poralunosdaprimeiraturmaquese formoupelaUFPI –Unive rsidadeFederaldoPiauíepor
alunosdaUESPI –UniversidadeEstadualdoPiauí, Campusde Corrente .Ressaltasequeos
instrumen tosparacoletadedadosforamsubmetidosaopréteste,ob jetivandoevitarpossíveis
viesescontido snasquestões,oquetambémpossibilitouacorreçãodefalh asexistentesno
quedizrespeitoasuaformulação.
Paraumarec onstituãodahistóriadaeducação,segundoaquelesquerealmente
construíram esse p rocesso, buscouse uma po pulação fo rmada por pe ssoas (reitora e ex
reitores, diretores (as), coordenadores (as), p rofessores (as), alu nos (as), pessoas da
comunidade)quep articiparamdaimplantaçãodaeducaçãosu periornoPiauíeemCorrente,
em uma amo stra to tal de quarenta e três (4 3) protagonistas, os quais, por meio d e su as
memórias,contaramessahistória.Podesec onfirmarestaamo stranoquadroabaixo:
SUJEITOS NOMEDOENTREVISTADO TÉCNICAS ATIVIDADE
01 PROF.DR. LUÍSSOARESA.FILHO ENT.SEMIESTRUTURADA AULAINAUGURAL/FADEP
02 PROF.DR.ALMIRBITTENCOURT ENT.SEMIESTRUTURADA EXREITORFADEP/UESPI
03 PROF.DR.JÔNATHASBNUNES ENT.SEMIESTRUTURADA EXREITORDAUESPI
04 PROF.VALÉRIAMADEIRA ENT.SEMIESTRUTURADA REITORADAUESPI
05 PROF.DR.CHARLESDASILVEIRA ENT.SEMIESTRUTURADA EXREITORDAUFPI
33
06 PROFª.EDYG.NOGUEIRA ENT.SEMIESTRUTURADA PROFESSORA/ESCRITORA
07 PROF.CÂNDIDOC.GUERRA ENT.SEMIESTRUTURADA PROFESSOR/ESCRITOR
08 PROF.DR. HÉLIOF.PARANAGUÁ ENT.SEMIESTRUTURADA PROFESSOR/EXDIRETORIBC
09 DR.FLÁVIOAURÉLIONOGUEIRA ENT.SEMIESTRUTURADA MÉDICO
10 PROFª.SANDRAMARAK.PENNO ENT.SEMIESTRUTURADA EXDIRETORADOIBC
11 PROFª.Mª.CONCEIÇÃOOLIVEIRA ENT.SEMIESTRUTURADA EX PROFESSORADOCOLÉGIO
OJOSÉ
12 PROFªELIENEROCHACUSTÓDIO DEPOIMENTOESCRITO DIRETORAESCOLA/ENS.FUND.
13 PROFªKEILAROSANENOGUEIRA DEPOIMENTOESCRITO DIRETORAESCOLA/ENS. FUND.
14 PROFª.ROSALYDIASHUBNER ENT..SEMIESTRUTURADA EXDIRETORADAESCOLA
SEMENTINHA
15 PROFª.HILDETEA.NOGUEIRA ENT.SEMIESTRUTURADA ATUALDIRETORASEMENTINHA
16 SR.RAIMUNDODIASREIS ENT.SEMIESTRUTURADA PEDREIROCAMPUS/UESPI
17 PROFª.RITAMÔNICAA.FONSECA ENT.SEMIESTRUTURADA. PROF.  COORDENADORA/UESPI
18 PROF.ANTONIOF.SOARES ENT.SEMIESTRUTURADA PROF.ECOORDENADOR/UESPI
19 PROF.EDILSONOGUEIRA ENT.SEMIESTRUTURADA. PROF.ECOORDENADOR/UESPI
20 PROF.JOÃOROCHA ENT.SEMIESTRUTURADA EXDIRETOR UFPI/CORRENTEE
UESPICAMPUSCORRENTE
21 PROFª.NEHANDEARANAZIRA ENT.SEMIESTRUTURADA EXDIRETORA–UESPI;
ATUAL/COORDENADORAUESPI
22 PROF.CARLOSALBERTO ENT.SEMIESTRUTURADA EXDIRETOR/UESPI
23 PROF.CARLOS OMAR ENT.SEMIESTRUTURADA. DIRETOR/UESPI–CAMPUS
CORRENTE
24 PROF.IBANÊSROCHABARROS ENT .SEMIESTRUTURADA PROF.ECOORDENADOR/UESPI
CAMPUSCORRENTE
25 PROF.AGOSTINHOBOTH ENT.SEMIESTRUT.RADA EXPRÓREITORUPF
26 PROFª.MIRIANFOLHA ENT.SEMIESTRUTURADA PROF.UESPICORRENTE
27 ALUNAA QUEST IONÁRIOABERTO EXALUNADAUFPICORRENTE
28 ALUNOB QUEST IONÁRIOABERTO
EXALUNODAUESPI –
CORRENTE
29 ALUNOC QUEST IONÁRIOABERTO EXALUNODAUFPICORRENTE
30 ALUNAD QUESTIONÁRIOABERTO EXALUNODAUESPICORRENTE
31 ALUNAE QUEST IONÁRIOABERTO EXALUNODAUESPICORRENTE
32 ALUNOF QUESTIONÁRIOABERTO EXALUNODAUESPICORRENTE
33 ALUNAG QUESTIONÁRIOABERTO EXALUNO DAUESPICORRENTE
34 PROF.ETELVINOVIANASOUZA HISTÓRIADEVIDA EXALUNODAUESPI/LETRAS
35 PROFA.RAIMUNDAC.RIBEIRO HISTÓRIADEVIDA EXALUNA/UFPI/PEDAGOGIA
36 PROFA.IVANILDEAVELINO HISTÓRIADEVIDA EXALUNA/UESPI/PEDAGOGIA
37 PROF.GESYFONSECADASILVA
FILHO
HISTÓRIADEVIDA EXALUNO/UESPI/PEDAGOGIA
38 PROF.GERALDOC.DASILVA HISTÓRIADEVIDA EXALUNO/UESPI/PEDAGOGIA
39 PROF..JOSÉALEIXOALVES
XAVIER
HISTÓRIADEVIDA EXALUNO/UESPI/PEDAGOGIA
40 PROFA.SANDRAL.VASCONCELOS ENTREVISTA PRESID.NUCEPE/COORD.UESPI
41 DEP.JOÃOMADISONNOGUEIRA ENTREVISTA DIRETORGERALDAFCP
34
42 PROFA..ANAALICESOUZA
AGUIAR
ENTREVISTA/DEP.ESCRITO EXALUNA/DIRETODEESCOLA
43 PROFA.NOEMIROCHABARROS ENTREVISTADEP.ESCRITO DIRETORAALTERNATIVO
QUADRO01:Relaçãodossujeitosdapesquisa
Fonte:elaboradopelaautora,2006.
Ainvestigaçãorealizadapro porcionouaossujeitosquedelaparticiparam,através
damemóriaedahistória,agarantiadeumsentido socialàvidadessesdepoentes,o squais
passarãoasentirse,de formamaisconcreta,comopartedocontexto,comoprotagonistas
desseprocesso.
Aoseremrealizadas entrevistase“históriaoraldevida”,utilizousegravador,pois
esteéconsideradocomoummeiomenicoqueauxiliaagravação dehistóriaspessoaisoude
hisriasemgrupos(MEIHY,2002).
Aproble matizaçãosurgedap rópriahistória,pormeiodoe xercício damemória,
que,porsuavez,assimcomoopassadotornasetambémobjetodahistória.Oexerc ícioda
memória,segundoCambi(1999,p.35),é“[...]re alizadoparacompreenderopresenteepara
neleleraspossibilidad esdefuturo,mesmoquesejadeumfuturoaconstruir,ae scolher,a
tornarpossível”.
Assim,paraserecon stituiroumesmoexplicaressep rocesso,buscouseaorigem
dahistóriadaeducaçãosuperiornoBrasilenoPiauí,no intuitodeobtermelhorcompree nsão
desse presente no qual se encontra contextualizado o objeto de sta pesquisa, qual seja o
processohistóricodaeducaçãosuperiornacidadedeCorrente,Piauí,nop eríodode1986até
2005 .
Nessa perspectiva, fezse um “olhar para trás”
2
, ao sefocalizaraeducação em
Corre nte.Paraessefim,re tornouseaoanode190 4,períodoemsu rgiuoprimeiroJARDIM
DAINFÂNCIAnacidade,espaçodainvestigaçãoqueposteriormentelevouàcriaçãodoIBI
(InstitutoBatistaIndustrial)edoIBC(InstitutoBatistaCorrentino),queproporcionaramà
Corre nteadenomin açãode‘CapitaldaCultura’.E sseolharfoiconsideradoneces sáriona
visão da pesquisadora,poisoprocessodeeducaçãosuperiortemsuaorigem,segundoos
depoentes,nalutapelaeducaçãosicacomopartedoidealdeeducaçãodessepovosingular,
naconquistapelaeducaçãoparaessacidade.
Observaseq ueessessentimentosrelacionadosàeducaçãoeculturafazemparte
deumdesejoedeesforçosdospioneirosdaeducaçãoemCorrente .Assim,comessereto rno
aopassado,ointuitofoiatenderaosobjetivospropostos,bemcomomelhorcompreen deras
2
ExpressãousadaporFelix(1998),designandoopassado,pormeiodoqualpormeiodeleépossívelsever,
imaginarerecordar.
35
interrelações que constituem o processo histórico da implantação de uma Universidad e,
inicialmentenoPiau íedepoisemCo rrente,relacionandooàeducaçãonoBrasil.
Percebeuse ,duranteaanálisedo sdepoimentosoraissobreaeducaçãobásica,que
adistânciaexistente entreCorrenteequalqueroutrograndecentrolevouessacomunidadea
umalutaaguerridaemb uscadaeducação.Compreendeusesernecessá riorelataralgu mas
hisriassobreasviagensrealizadasporalgunsfilhosdeCorrentenabatalhaporeducação,
colocandosenovamente afaladepessoasdacomunidad equepassaramporesseprocesso.
Cada procedimento  investigativo confirma de certa forma e ssa dinâmica da
pesquisa qualitativa,quenãope rmiteteralgofixamenteprogramado,fazendocomquese
trilhemcaminhosdesconhecidos ,quevãosemostrandoaospoucosaosolhosdoinvestigador.
OsdepoimentosremeteramapesquisadoraatéPassoFundo,ondeseprocurouo
mentordoidealdeumaUniversidadeC omunitáriaemCorrente.Realizouseumaentrevista
por telefone com o, na época,próreitor da Universidade dePass o Fund o,Dr.Agostinho
Both.Posteriormente ,essaentrevistafoirealizadatambémporemail.
Nesse mome nto, foi possível se reconstituir o processo de implantação de uma
UniversidadeComunitária(iníciodoidealdeeducaçãosuperioremCorrente),pormeiodas
entrevistas orais realizadas com os diversos sujeitos da comunidade e com o professor
AgostinhoBoth,bemcomope laan ális edeseulivro“Paraondeon ossascasas”(BOTH,
1990 ).Percebese, p ortanto,quetantoahistóriaoralcomoasdemaismetodologiasfuncionam
como“ponteentreteoriaeprática”(AMADO;FERREIRA,2002,p.xvi).
Ocaminhodoconhecimentoseguedeformadescontínua,noconstantevaievem,
mostrandoqueaHis tóriacomociênciasocialnãoexaminafatosindividuaisisolados,mas
consideraencadeamento seinterrelaçõesdefontesnareconstitu içãodosfatos,desvelandose
ateiaderelações.Nessateia,incluisetambémaeducaçãosuperio rdaFaculdadedoCerrado
Piauiense,so brecu jahistóriafocouseumolhar,empregandoseparaessefimocruzamen to
dasfontesoraisedocumentais.
Na perspectiva d a Nova His tória cu ltural, fo i possível d ar vez e voz  aos
novossu jeitosqueefetivamentefizeramefazempartedaconstruçãodes seprocesso
educacional, por meio das metod ologias utilizadas por esse novo  paradigma,
procurandosedarprioridadeàentrevistaoral.
HáaquelesquesãocéticosemrelaçãoàHistóriaOral,acreditandoqueestasótrata
dotrivial,mas,paradesconstruiresse tipoderejeão,temseo“movimentodahistóriaoral”,
quevemdemonstrandoasuarelevância,afirmandoque“[...]asquestõesqueestãoemdisputa
36
oreaiseestãoigualmentevinculadasàsfunçõesdamemóriaeaos prositosd ahistória,nas
sociedadescommodosdec omunicaçãodiferentes.outrostestes,alémdosrankeanos
3
,a
seremaplicados”(PRINS,1992,p.163).
Em alguns momen tos, a exemplo da reconstituiç ão histórica dos colégios
católicos,utilizouseaautobiografiadoPadreAnchietaeentrevistasorais,pois,conformese
iachegandoàcontemporaneidade,foipossívelenriquecerseesteestudoco mdepoimentos
oraisdosprotagonistasdessahistória.
Realizouseentãoocruzamento defontesorais,documentaisebibliográficas.Não
sedeixoudereconhecerqu easfontesprimáriasrepresentamtambémabas eprincipaldeuma
pesquisa,assim,semfugirdapreten sãodecontrib uircomnovosco nhecimentosaessec ampo
deestudo,apesquisadocumentalprocurouserextensivaàsfontesprimáriasesecundárias.A
análisedeconteúdodessasfontesrealizousedeformaque
Na interação dos materiais (documentos oficiais ou não e ainda das respostas de
outros instrumentos de pesquisa), no tipo de pesq uisa que nos interessa, não é
possível que o pesquisador detenha sua atenção exclusivamente no
conteúdo
manifesto
dosdocumentos.Eledeveaprofundarsuaanálisetratandodedesvendaro
conteúdolatente
queelespossuem.[...]abreperspectivas,semexcluirainformação
estática, muitas vezes,paradescobrirideologias,tendências,etc.dascaracterísticas
dosfenômenossociaisqueseanalisam e,aocontráriodaanáliseapenasdoconteúdo
manifesto, é dinâmico, estrutural e histórico. [...] É importante ter presente na
análise o contexto não só lingüístico, mas também histórico das expressões,
conceitosetc.(TRIVIÑOS,1995,p162163).
Considerase que a Hisria Oral possibilita ser essa análise  mais p rofunda,
demonstrada de  forma mais latente, pois o depoimento oral mos trase inesgotável em si
mesmo ,apresentandosenãoapenascomofo nteinformativamas,sobre tudo,comoumdo s
instrumen tos de pesquisa qualitativa quepropicia a co mpreensão maisampla e globaldo
significadodavivênciahumana.
Realizouse análise deconteúdoconsiderandoqueesta,porserp articularmente
utilizadaparaestudosdematerialdotipoqualitativo(RICHARDSON,1999).Comelase“[...]
procuraconheceraquiloqueestáportrásdaspalavrasso breasquaissedebru ça.[...]éuma
bus ca de o utras realidades através das mensagens” (BARDIN, 1977, p.4). Ao fazer essa
análise,realizouseumaleituranosentidodeseorganiz aremasidéiase,posteriormente,se
analisaremoutroselementosincluídosnosdadoscolhidos.Aliás,
3
Termousadoparadescreveroparadigmatradicional –“historiarankeana”,conformeograndehistoriador
alemãoLeopoldVonRanke(1795–1 886).Percebese,porém,que,assimcomo“Marxnãoeraummarxista,
Rankenãoeraumrankeano”(BURKE,1992).
37
38
Pelasuanaturezacientífica,aanálisedeconteúdodevesereficaz,rigorosaeprecisa.
Tratase de compreender melhor um discurso, de aprofundar suas características
(gramaticais, fonológicas, cognitivas, ideológicas etc.) e extrair os momentos mais
importantes. Portanto,devebasearseemteoriasrelevantes quesirvamdemarcode
explicãoparaasdescobertasdopesquisador(RICHARDSON,1999,p.224 ).
Aoseutilizarcomo p roced imentometodológicoaanálisedocumental,destacam
sedocumentoscomoos manuaisdevestibular, fontesdeinformaçõesacercadocrescimento
quantitativodoscampi,núcleosecursos,possibilitandoperceberseae xpanodaeducação
sup eriornoPiauí.
As apresentações dos manuais, enquanto materiais informativos tornaramse
rele vantes, pois serviram de referências para se  perceberem as políticas de expano dos
atuaisreitoresesuasinteõesquantoàgestãodaeducaçãosuperior.Analisaramsetambém
atas,resoluções,entreoutrosdocumentos.
É impo rtante destacar que análise desses documentos tornou poss ível a
compreenodaorigemeexpans ãodaedu caçãosuperiornaquelamicrorregião,representada
pela cidade deCorrente,promovendose umdiálogocom asentrevistass emiestruturadas
(APÊNDICEA).Estasapresentamguias detópicos previamen teelaboradossendoutilizadas
comosdiferentessegmentosqueparticipamdop rocessodeeducaçãosuperiornoPiauíeem
Corre nte
Ao se fazer a análise de documentos como atas, editais, relatos esc ritos,
certificados,entreoutroscitados,queconstituíramabaseparaaobservaçãodocumental,
objetivouseumaanálisedasmanifestaçõesqueregistramosfenômenosso ciaiseaspo ssíveis
idéiaselaboradasapartirdeles.Utilizaramsetambémoutroselemen tosq uepossuemvalor
documental,comofotografias.
Umavezrealizadaaanálisedoselementos,procu rouseclassificálos.“Aoperação
declassificaç ãodoselemen tosseguindodeterminadoscritériosdenominasecategorização”
(RICHARDSON, 1999, p. 239). Assim, pode se dizer que houve certa classificaçã o na
orientação do pensamento, para a concretização do caminho seguido, ou seja, a pesquisa
bibliográfica,edocu mentalserealizouparalelamen teàpesquisadecampo.
Portanto  surgiram no decorrer do processo d e pes quisa alguns fatores como os
seguintes:
· Aresisncia em se aceitar a idéia de uma universidade no Brasil,Piauíe
Corre nteeainterrelaçãodaeducaç ãosuperior(historicamente condicionada
aomodelopolíticoculturaleeconômico)easociedadeemqueestáins erida;
39
· Ateiaderelaçõesdepoderqueconfiguraramastentativasdeimp lantaçãoda
educação superior na sociedade  brasileira considerada um “universo
relacional”;
· Os aspectos históricosociais, políticos e e comicos e suas interrelações
comaeducaçãobásicaeoprocessodeimplantaçãodeumaed ucaçãosuperior
nacidadedeCorrente;
· O distanciamento existente entre C orren te e os demais centros,
proporcionandoumatrajetóriadelutasembuscadaeducaçãoemgeral;
· A importância da educação superior na vida dos diversos sujeitos que
constroemessahistória,aquicategorizadaporqualidadesocial.
Aclassificaç ãoacimafoirealizadaapartirdeanálisedocumentalestabe lecendose
um confronto dialógico entre a teoria e os dados recolhidos. Inicialme nte elaboraramse
algumas categorias partindose do refe rencial teórico, mas, aos poucos, foram surgindo as
demais categorias mencionadas, a partir das evidências observadas, prestigiandose essas
últimasporseconsiderarqueelasre spondemdeformamaisadequadaàproblemáticaco ncreta
dapesquisa.Analisouseateoria“àluzdosdados”,partindosesucessivamentedessaan álise
até s e conseguir um nível aceitá vel de confiabilidade,oque possibilitouaconstrução dos
capítulosqueconstituemestetexto.
Utilizouse a cnic a da triangulação, considerada necesria, pois possibilita
combin ar os diversos procedimentos metodogic os, procurandose abranger a máxima
amplitude  na descrição, explicações e compreensão do fato em estudo. Na cnica da
triangulação,“Éimpossívelconceberaexistê nciaisoladadeumfenômenosocial,semraízes
hisricas,semsignificadosculturaisesemvinculaçõesestreitaseessenciaiscomumamac ro
realidade social” (CHIZZOTTI, 1991, p. 5 8). Nesse sentido, percebese anecessidade de
contextualizar as bases teórico metodoló gicas que caracterizariam a história da e ducação
sup eriornaregiãod oextremosul.
Assim,consolidouseotrabalhod ecampoapartirdasarticulaçõesestabelecid as
pelapesq uisadora,destacandosearelaçãoentreosaportesteó ricossobreoobjetopesquisado
eocampoinves tigadocomo fundamentalp araodesenvolvimentodestapesquisa.
Realizouseesteestudocomapretensãodecontribuircomadiscusoacercada
educação su perior, marcada inicialmente pela re sistência em se aceitar a idéia de uma
universidade no Piauí e na microrregião estudada, decorrente do contexto sociocultural,
40
político e ecomico brasileiro, visto que a educação por ser uma prática social está
profundamentecomprometidacomarealidadedocontexto ondesedesenvolve,realizandose
pormeiodasin stituições,como porexemplo ,asuniversidades(FÁVERO,1980).Pretende se
tambémpossibilitardiscussõessobreaqualidadesocialdaeducaçãosupe riornoco ntexto das
diversaspolíticasdeeducação.
Buscase,aoreconstituirahis tóriadaeducaçãosuperiornacidadedeCorrente,
propiciarum novoolharsobreaeducaçãosuperiorpiauiense,porumavisãodo sprotagonistas
dessahistória,apartirdaquilo queosprend emintimame nte(doseucotidiano),possibilitando
que es sa história seja con tada pelos sujeitos queparticiparame participam daconstrução
desseprocesso.
Ac reditouse sermelhormanterum olharextern o,e vitandoseumaanáliseque
induzisseàvisãodossujeitospesquisados.Vistoquehácertoen volvimentodapesq uisadora
com o objeto de estudo, pretendeuse evitar um auto olhar, levado por paixões ou
preconceitos.Sabese queesteolharnãoéneutro,mascabeaopesquisador(a)saberd osálo
paraquepossachegararesultadosconfiáveis.
Aoadotaressedis tanciamento,foipossívelumaanálisedaproblemáticanavisão
real dos sujeitos pesquisados , sem se préestabelecer res ultados, possibilitando que eles
surgissemcomaproblemática concretadesseprocessohistórico.Há,portan to,nessesentido,
algunscaminhostrilhados,caminhosquecontinuam,podendoserseguidospormeiodeoutras
estradas,construídasapartirdeoutrosolhares.
No capítulo seguinte fazse um o lhar sobre a educação superior no Piauí, na
tentativadeumareconstituãohistó ricadesuatrajetó riadeexpansão.
41
CAPÍTULOII
EDUCÃOSUPERIORNOPIAUÍ:DETERMINANTES
CIOCULTURAIS
Neste capítulo,procurasereconstituirahistóriadaeducação superiornoPiauí
relacionandoa à brasileira, buscandose e ntender esse p rocesso desde s ua origem à
contemporaneidade,natentativatambémdee xplicarsuacomplexidadeedinâmicanasinter
relaçõescom aestruturade podervigente,procurandocaptarosfatoscomopartedeuma
realidade.
Paraessefim,buscouseumaanálisedosurgimentoedas transformaçõessofridas
nodecorrerd ostempos,tendoumacompreensãodasinterrelaçõesentreasinstituiçõeseas
estruturasdepoderqueconstituemessa“teiaderelaçõe s”
4
.ConformeFávero(1980,p.22),
Aeducãocomopráticasocialestáprofundamentecomprometidacomarealidade
do ps onde se desenvolve: realizase através das instituições, subordinadas ao
sistemaideológicoq uelegitimaejustificaasociedadecomoumtodo.[...]Partindo
do aspecto histórico social, da formação de nossas primeiras escolas e de nossas
primeirasuniversidades,observamosnessasinstituições– desdeasprimeirasatéas
atuais–umadependênciaestruturalq uedelimitaumarígidaestruturadeclassesedá
lugar a uma política cultural, onde o papelque exercem tem sido,em geral,o de
reforçar os laços de dependência, através da manutenção das classes dominantes.
[...] A relação fundamental com o Estado ou a estrutura de poder é considerada
condiçãohistóricadasuniversidades,naturalmenteconflitivas.
4
ExpressãoutilizadapeloautorNorbertEliasemsuaobra IntroduçãoàSociologia. .
42
Temse como estruturade podero conjunto decondiçõesquepossibilitamàs
classes dominantes exercerem domínio sobre as outras. O termo também indica “[...] a
ordenação sócio política institucionalizada num aparato jurídicoadministrativo (governo),
tendocomofinalidadeprecípuamantero
statusquo”
(FÁVERO,1980,p.2324).
No Brasil, a universidade, d esde sua origem, se constitui dentro do processo
hisrico  do capitalismo mundial d ependente  dos centros hegenicos. Segu ndo  vero
(1980),represen taavozdosdominantesdosistemac apitalistamundial,percebendoseessa
realidadeemrelaçãoaosEstadosUnidos,quenosúltimosanosmantémahegemoniasobrea
AricaLatina.
Na área educacional, temse a chamada “co operação internacio nal”, que,
conformeVieira(2001),apartirde1950,proporcionaarealiz açãodeconvêniosentreoBrasil
e os Estados Unidos po r meio da United States Agency for International Development –
Usaid,sendooschamados“AcordosMECUsaid”firmadosentre1964e1968,numtotalde
14acordos.
Desdeos anosde 1950,ocorreu odebate sobre propostasparaaeducaçãono
Brasil,“Movimentosdeeducação popular”oarticuladosnoiníciodosanosde1960.O
Governo João Goulart, em 1964 , propõe o PlanoNacionaldeAlfabetização,tendocomo
inspiraçãootododealfabetizaçãodePauloFreire ,planoquefracassoucomogoverno
imposto pelo golpe militar de 1964. O regime militar voltouse para uma educação que
assegurasse e co nsolidasse a estrutura de capital humano, como forma de acelerar o
desenvolvim entoeconômico.
Emrelaçã oàlegislaçãoeducacion al,foramimplementadasleised ecretosleis,
visando a uma política orgânica paraa edu cação nacionalque garantisseao Estado certo
controlepolíticoeideogic osobreaeducação.Apresentamse, entreoutras,aLei4.464de
9/11/64 regulamentouaparticipaçãoestudantil;Lei4.440de27/10/64 institucionalizouo
salário educação; Decreto 53 de 18/1 1/66 e Decreto 252 de 28/2/67 – reestruturam as
universidadesfe deraisemodificamarepresentaçãoestudantil;Decreto228d e28/11/67–
permitequereitoresediretoresenquadremomovimentoestudantilnalegislaçãopertinente;
Lei5.540,de28/11/68 fixouasnormasdeorganizaçãoefuncionamentod oensinosuperior;
Decretolei477de02/1962–proibiuocorpodocente,discenteeadminis trativodasescolas
dequalquermanifestaçãopolíticanauniversidade;Lei5.692de11/8/71 fixouasdiretrizese
basesparaoensinode1ºesegundograus.
Implica,dessemodo ,direcionarumolh arsobreocontextoatual,compreendidoa
partir d a crise do capitalismo nos anos de 1970, assim como sobre a intensificação do
43
processode mundializaçãodocapitaledaadoçãodepolíticaseducacionais,principalmente
nadécadade199 0.DeacordocomDourado,OliveiraeCatani(2003),omercadoap resenta
secomoportadorde su aprópriaracionalidadeecomica,tornandoseumprincípiofundador
e unificador responvel por autoregular a sociedade global competitiva. Segundo esses
autores,essa conjuntura determina e redefine aeducação superiore,de formaespecial,a
universidadepúblicaemdiferentespaíseseparticularmentenoBrasil.
Osanos1990,aexemplodopassado,protagonizammaisumariedeacordos
internacionais,redes cobrindoaed ucaçãocomoumcampop ropíciodeinves timentos.Assim,
orealizad osrioseventosemqueoelaboradasdeclaraçõesdeintenção,recomendações
ecompromissosdepaísesquerealizamessesaco rdos,estandooBrasilentreestes.Sãoesses
eventos: Conferência Mundial de Educação para Todos, Jontien, Tailândia, em 1990;
ConferênciadeNovaDelhi,em1993,entreoutros.
Nessadécada,desdeoin íciodogovernoFernandoHenriqueCardoso,noperíodo
de1995a1998,foramimplementadaspolíticaseumconjuntodemedidasqueconfigu rama
existênciadeumareestruturaçãodaeducaçãosuperiornopaís,aqualincluiumpadrãode
modernizaçãoe deumanovaformadegerenciaraeducaçãosuperior,pertence ntesaonovo
paradigmadeprodãocapitalistanareformadaad ministraçãopúblicadoEstado.
Percebesetambémqueogovernovemdefendendoeempreen dendoaçõespara
tornaroensinosuperiornoBrasilflexíveleco mpetitivo,seguindoagicadomercado,de
maneira que o Estado exerce o controle e avaliação sobre e ssa forma de ensino. Assim,
percebese o re flexo dessa política na maneira como vem acontecendo a expansão d a
educaçãosuperiornoPiauí.
Éperceptível,portanto,que,noBrasil,aeducaçãosuperiorsemprefoid ependente
deseuengajamentopolítico,desdeaidéiadeimplantaçãodeuniversidade,revelandose,no
decorrerdos tempos,certaresistênciaemaceitála,sendoqueessaidéiaprimeiramentefoi
negadaaosjesuítaspelaCoroaPortuguesa,se ndonegadanovamen teduranteoImpérioea
Reblic aVelha,comoserápercebido no decorrerdesteestudo. Somenteem1920,équese
consideratersidoimplantadaaprimeirauniversidadebrasileira–aUniversidadedoRiode
Janeiro,tendoseposteriormen teaUniversidadeFederaldeMinasGerais,noan ode1927,
sendoqueambasapresentamseconstituídasp oraglutinaçãodeunidadespreexistentes,forma
deimplantaçãoconsagradape loEstatutodasUniversidadesBrasileiras,de1931.
Nessapercepção,ente ndesequenenhumaanálisepodeserrealizadasempartir
daviodequeop rojetodeumauniversidadetemqueserrealizad od entrodeumarealidade
concreta, sob a orientação de  uma políticaculturale educacionalcoerentecom o projeto
44
político do país, acompanhando a dinâmica das interrelações entre a so ciedade e a
universidade,sendonecesriaumaaná lisedocontextohistóricosocialemqueestare alidade
estáinserida.
Essecontextoemtermodeensinosuperioreramarcadoporumapolíticanacional
autoritáriaq ue,paraCunha(1980,p.206),foiiniciadajáem1931porFranciscodeCampos
primeiro ministro da educação, o qual “[...] elaborou o Estatuto das Universidades
Brasileiras,vigentepor30anos .Tambémosliberais,porcontado elitismo[...],tinhamno
ensinosuperiorgrandepartedassuas preocup ações ”.
Nesse período, travavamse  debates políticos c om in teresse s voltados para
questõeseducacionais.Oidrioreformista,quevinhaseconsubstanciandodesdeosanosde
1910  e 1920,res ultou na Revolução de 19 30, adotando o princípio de que a reformada
sociedade tinha como pressuposto a reforma da educação e do  ensino. Os governantes,
tomando consciênciadafunç ão dae scolaemrelaçãoàquestão social,e,preocupadosem
realizarumamodernizaçãodaselitesembus cad econtertambémamigraçãodocampoparaa
cidade, adotam como medida a instalação do M inistério dos Ne gócios da Educação eda
Saúdeb lica,atendendotambémaantigasreivindicaçõesdeeducadoreseintelectuaisdo
país.
AestruturadeensinovigentenoBrasil,devidoaes truturafederalistadaPrimeira
Reblic a, apresentase até 1930 sem nenhuma organização de um sistema de educação
nacional inte grado, ou seja, não existia uma políticanacionalde educação comdiretrizes
geraisaseremseguidaspelosdemaissistemasestaduais.“Osprojetosimplementadospela
União,atéaquelemomento,limitavamse,quase queexclusivame nte,aoDistritoFederale,
emboraapresentados como‘modelo’,osestadosdaFederaçãonãoeramobrigadosaadotá
los”(SHIROMA,2 004 ,p.18).
Foiapartirdasreformas doGo vernoProvisórioqueteve inícioumaestrutura
orgânica,aqualpelaprimeiraveznahistóriadopaísumamudançaatingiaváriosn íveisde
ensino(secund ário,come rcialesu perior),estendendoseatodooterritórion acional.Temse,
entreestas,umareformanaáreaeducacionalconstituídapo rumasériededecre tos.
FranciscoCampos,aoassumiroMinistériodosNegócio sdaEducaçãoeSaúde
blica(18denovembrode1930),declaraque“[...]saneareeducaroBrasilconstituiráo
primeiro deverdeumarevoluçãoquesefezparalibertarosbrasileiros”(CAMPOS,1940
apud FÁVERO, 1 977 , p. 33). Com esse pensamento,ele elabora uma reformaconh ecida
como ‘ReformaFrancisco Campos’. Nessa Reforma o Projeto que diz re speito ao ensino
sup eriordivideseemtrêsDecretosass inadosem1931 , sen doeles:odenº.19.851(referese
45
aorganizaçãodasUniversid adesBrasileiras);oden.º19.852(dizrespeitoàreorganizaçãoda
UniversidadedoRiodeJaneiroedoEnsinoSuperiorBrasileiro);oden .º19.850(criao
Conse lhoNacionaldeEdu caçãoedefinesuasfunçõe s).
OMinistériotevecomogestoresFranciscoCampos(1930a1932),Washington
Pires(19321934)eGustavoCapanema(1934 1945).FranciscoCampos,emsuage stão,pelo
Decreto nº. 19 .851, de 11/4/1931, dispôs itens regulamentando e organizando o ens ino
sup erior no Brasil, adotando o “‘Regime Un iversitário” e, com o Decreto nº. 19.852 da
mesmadata,organizouaUniversidadedoRiodeJaneiro.Nessemesmoano,nodia14de
abril,aFaculdadedeDireitodoPiauíéinstalada(BRITO,1996).
Adécadade1930,comseus aresmodernizantes,fazcomquealgunsprojetosde
implantaçãode u mauniversidade tome mcorpo.Temse,assim,aUniversid adedeSão Paulo
USP,em1934eaUniversidadedoDistritoFe deral UDF,em1935,naqualse fazpresente
oespíritoliberalp rogressistadeseuidealizador,AnísioTeixeira.Noen tanto,aperspectivade
uma unidade autô noma, produtora de saber desinteressado, que procurava desenvolver
indivíduos críticos, ideais presente na implantação da UDF, provocou preocupações no
governo elitista conservador, rep rese ntado na época pelo Min istro Gustavo Capanema,
fazendosucumbiroprojetodaUDF.
Nesse contexto histórico, o ce nário ed ucacional caracterizase por reduzidos
debatesecirculaçãodeidéias,porforç adasusp enodasliberdadescivisepolíticasimpostas
peloEstadoNovo.OentãoministroGustavoCapanemaimplantoureformasden ominadasde
LeisOrgânicasdoEnsino,quefo ramco locadasemexecãonoperíodode1945e1946.
EssasLeiscomplementamoprocessopolíticoiniciad ocomacriaçãodoMinistérioem1930.
Assim,observasequeháre sistêncianocontextohistóricosocialeecomico
paraaimplantaçãodeUniversidadesno Brasil.AimplantaçãodoensinosuperiornoPiauí
o foi diferente, podendose afirmar que aconteceu de forma tardia em relação a outros
Estados,comorefereBrito(19 96,p. 84):essetipodeensino“[...]mostravasecauteloso.[...]
Oprimeiroestabelecimentodeensinosupe riornoEstado,aFaculdadedeDireitodoPiauí,
nasceudainiciativaprivada,comoresultadodoesforçodealgunsintelectuais”.Conformeo
autor, essa implantação ocorreu com o apoio do Interventor Federal Capitão Joaquim de
LemosCunha,sendoqueaFaculdadedeDireitodoPiauífoiinstaladanodia14deabrilde
1931 .
QuantoàimplantaçãodoensinosuperiornoPiauísertardiaemrelaçãoaosoutros
Estados, podese verificar o  mesmo em relação ao Brasil, em virtude de que n ão existia
vontade políticadePortugalemrelaçãoaesseassunto,oqueseconfirmaclaramentenas
46
palavrasdeLuckesi(200 1,p.34):“Po rtugalnãopermitia,apesardosesforçosdos jesuítas,a
criação de uma universidade no Brasil, já que nos demais países da América Latina, de
colonizaçãoespanhola,ocomportamento,foioutro”.
Az evedo(1976,p.3031)igualmenteconfirmaatardiaemergênciadaeducação
sup eriornoBrasil,oqueforçavaosjovensaprocurareme studossuperioresemCoimbraou
emoutrauniversidadedaEuropa:
[...] o havia escolas superiores no Brasil, ministravam os jesuítas o preparo
fundamental nos seus colégios [...] o cuidou Portugal de montar, sobre seu
sistema, uma faculdade sup erior, para qualquer especialidade (como direito civil,
canô nico e medicina, q ue eram disciplinas privativas de Coimbra), nem mesmo
conseguiramosjesuítasqueogovernoportuguêsreconhecesseocursodefilosofiae
ciências(curso deartes).
Ac resc entaaindaoautor:
Quantoaosestudossuperiores,semprepareceuàpolíticadaMetrópoleconveniente,
senão necessário, mantêlos centralizados em sua velha universidade para onde
comaram a afluir, desde o inicio do século XVII, estudantes brasileiros,
representantesdasclassesmaisabastardas.Assimsendo,aUniversidadedeCoimbra
passaaterumpapeldegrandeimportâncianaformaçãodenossaselitesculturais;
nelaformaramsequasetodososhomensgraduadosnoBrasilnosprimeirosséculos
denossaexisncia,atéosprimeirosanosdoséculoXIX(AZEVEDO,1963apud
FÁVERO,198 0,p.32).
NoBrasil,emconseqüênciadachegadadaCorteaoRiodeJaneiro,ouseja,da
vindadeD.JoãoVIparaaCo lônia,passouae xistirochamadoEnsinoSuperior,emresposta
às necessidad es militares da Colônia, nascendo as aulas gias, os cursos, as academias,
obs ervando se que, durante a era colonial, surgiram, como resultado da união de cursos,
algumas fac uldades, a exe mplo dos c ursos de  anatomia, cirurgia e medicina, os quais,
reunidos, formam a Faculdade de Medicina, na Bahia (1808); e ainda as Faculdades de
DireitodeSãoPauloeRecife,em1854,comoresultadodoscursosjurídicos.
Posteriormente,oscursoscivissese paramdosmilitares, constituindose aEscola
Militar e  a Escola Politécnica do Rio de Janeiro; logo após é inaugurada a Escola de
Engenhariaem Min asGerais.“Porvoltade 1900 estavaconsolidado,no Brasil,o ensino
sup erioremformadeFaculd adeouEscolaSuperior”(REISFILHO,1978,apudLUCKESI,
2001 ,p.34).ConformeRomanelli(2 001,p.132),
47
Embora o ensino superior tenha sido criado há mais de um século, durante a
permanência da família real p ortuguesa no Brasil, de 1808 a 1821, a primeira
organizaçãodesseensinoemUniversidade,por determinaçãodoGovernoFederal,
só apareceu em 1920, com a criação da Universidade do Rio de Janeiro, pelo
Decreton.º1 4.3 43,desetembrode1920,duranteoGovernoEpitácioPessoa.Não
passou, porém, essa primeira criação, da agregação de três escolas superiores
existentes no Rio: a Faculdade de Direito, a Faculdade de Medicina e a Escola
Politécnica.
Contudo,paraen tenderessarealidadeprecisasep artirdacompreenodequeo
é possível explicarnenhum acontecimento social sem, noentanto,rec onheceras relaçõ es
mantidas porestecomosoutrosfatosdotecidosocial.sempreumainterd ependência,
numaconexãoentreatotalidadedosfatoseo apenasumajustaposiçãodeles,comoseo
todo fosse apenas o somatório de suas partes. Assim, percebese a forma tardia de
implantação do ensino superior no  Piauí, como conseq üência da histórica resisncia em
aceitaraidéiadeumauniversidadenoBrasil.
Procuraseessacompreensãolançando seumbreveolh arsobreopassadoparase
perceberem as intenções, as idéias e realizações nesse contexto, tornandose necessá rio
focalizarso breasp rimeirastentativasdeimplantaçãodesseensinoemnoss opaís.
2.1Dasprimeirastentativas deensinosuperiornoBrasilàimplantaçãodaUniversidade
FederaldoPiauí– UFPI:umavisãomacrohistórica
EmumavisãomacrodahistóriadauniversidadenoBrasil,procurasefazeruma
análisesobreoidealdecriaçãodasprimeirasin stituiçõesdeensinosuperiorbrasileiras,a
partirdeumaabordagemd aslinhasfundamentaisdoensinosuperiornopaís.Concordase
com a opiniãode vero(1977,p.11) dequeaUniversidade“[...]éparteefrutodeum
modelo polít icocultural.Condicionadapelocontextoemqueestáinserida,seusobjetivos
estãonecessariamenterelacionadosc omosobjetivosdasociedade”.
Sendo assim,percebesequeas tentativasdecriaç ãodeuniversidadenoBrasil,
estãocondicionadasaessemodelopolíticoculturaleecomico,oqualestavapreocupado
apenas com a organização de uma economia complementar à da metrópole, cujo ensino
desenvolvido,segundo Cunha(1980,p.19),“[...]podeserentendidocomopartedeum
aparelhoeducacionalpostoaserviçodaexploraçãodaconiapelametrópole”.
48
Inicialme nte,acriaçãodeuniversidadenoBrasilsofreresistênciatanto porparte
de Portugal como da política decolonização,pois,comocitado,ohaviajustificativa
dessesgruposparaaimplantaç ãodeumainstituãodessen eron aconia,considerandose
sermelhorenviarsuaeliteparafazerestudossuperioresnaEuropa.
A primeira tentativa é realiz ada pelos jesuítas, mas “[...] negoua a Coroa
portuguesa aos jesuítas  que ainda no século XVI tentaram estruturála na Conia”
(FÁVERO,1 977 ,p.18).Conformeaautora,dentrodaprópriaCompanhiadeJesush avia
opinescontrárias,impedindoseassimaconcesodegrausacadêmicos peloColégioda
Bahia.
Oensinojesuítico oferecido noColégioCentraldaBahiaenoRiodeJaneiro
constituíaseem“[...]umcursointermediárioentreosestudosdehumanidadeeoscu rsos
sup eriores”.Percebeseacontradiçãoentreasopiniões,norelatórioenviadoaRomapelo
PadreMiguelGarcia,oqualsemostravare ceosodeque oscursoso ferecidosnoCogioda
Bahiasetornassemdenívelun iversitário.Emsuaspalavrasadverte:“Comdaremseneste
Colé gio graus e m letras parecem que qu erem meter ressaibos de Universidade” (LE ITE,
1938 ,p.38).Assim,aconcesodegrausac adêmicosnoBrasilprolongaseatéoperíodo
morquico.
Uma segun da tentativa de uma universidade no Brasil pode  ser percebida, de
acordocomvero(1977,p.20),nosplanosdaInconfidênciaMineira,osquaisaparec emnos
documentosdaépoca,quesecons tituemcomopartedos“AutosdeDevassadainc onfidência
Mineira”,sendoconsid eradadegrandesignificado“[...]acartadeDo mingosdeAbreuVieira
(28.05.1789).Entre outrasobservações,salientavaemseu depoimentoque,emVilaRica,
‘aviamdeporestudoscomoemCoimbra[...]’”(BRASIL,1936apudFÁVERO,1977,p.20).
Assim, as aspiraç ões da Conia acabam p or serem preteridas em favor dos
interessesdaMetrópolee,mesmocomavindadaFamíliaReal,tornandoseoBrasilsededa
Mon arquia(1808),sólh eéconcedidaacriação dealgumasescolassuperiores.Essasescolas
têmcomoin teresse principalate nderàpreparaçãodepessoasparadesempenharosinteresses
daCorte,comodizvero(19 77, p.21):“[...]asprimeirasescolasbrasileirasnasceram ese
estruturaramcomumcaráternitidamentepráticoeimediatista”.E ssaéaherançaherdadapelo
ensinos uperior,característicaspresentesatéhoje.Aquelasescolassup eriorestiveramduas
característicaspred ominantes:umsubstancial“caráterprofissionalizante”eumaorganização
deum“serviçoblico”,mantidoepreparadopelogovernoparaatenderàsneces sidadesjá
citadas.
49
CriasedessaformaaAcademiaRealdaMarinha,em18 08;posteriormente,n o
mesmo ano,ocursodeCirurgianaB ahia,instaladon oHospitalMilitareosdeCirurgiae
AnatomianoRiodeJaneiro,sen do,umanodepois,c riadoocursodeMedicina.Nasceem
1810 aAcademiaRealMilitar,quetinhaporobjetivoaformaçãodosoficiaiseengenheiros
civisemilitaresdaColônia,entãosededaMonarquia.
Observase também a criação de cursos  para a formação de  “técnicos”, que
atenderiamàsdemaisnecessidadesdaCorte.Oquesepercebeéque“[...]todaaobradeD.
João VI, em matéria de e nsino superior, foi não só marcada por um cará ter utilitário e
imediatista[...]mas,ficoupraticamentecircunscritaaoRiodeJaneiroeàBahia,deixand oa
descobertoamaiorpartedasprovíncias”(FÁVERO,1977,p.2122).Percebeseaíumdos
motivosdatardiaeducaçãos uperiornosdemaisestadose,especificamente,noPiauí.
Conformeaautorasupracitada,sem medod eexagerar,chegaseàIndepenncia
com“[...]apenasalgumas‘escolasprofissionais’”(FÁVERO,1977,p.22).Masasten tativas
oparamporaí,jáque,noperío doapósoconsideradoindependente(apartirde1822),é
feitaumatentativadecriaçãodepelomenosumauniversidadenoImpério ,situadanacidade
deoPaulo.ApropostapartiudoDeputadoJoséFelicianoFernandesPinheiro(Viscondede
SãoLeopoldo),pormeiodeumaindicaçãoàAssemb léiaConstituinteeLegislativa,noanode
1823 . Temse como respos ta qu e “[...] o problema não estava esquecido, mas aguardava
apenasumplanodeeducaçãoblicaprometid opeloDeputadoJoséBonifácio”(MOACYR,
1936 apudFÁVERO,1977,p.22).
Observaseque,emconseqüênciadasdivergên ciasdeinteresses,asituaçãode
manipulaçãoedesinteresseemimplantarumauniversidadep erdurapormaisalgumtemp o, 
passandosevinte anosparaumretornoàdiscussã odesseassuntopeloSenadoepelaCâmara
(em1847).Segundoosautores,até1827,sóhouveacriaçãodecursosjurídicos.
Az evedo(1963)esclareceque“[...]oensinosuperiorpermaneceuinteiramen te
dominad o p elo espírito  profissional e utilitário. Nenhum esforço real p ara criação de
universidades, nenhuma instituão de cultura e formação geral” (AZEVE DO, 1963 apud
FÁVERO,1977, p.2 3,grifodoautor).
Aindanoperíodoimperial,observamseváriastentativasquenãolograramêxito,
sendoqueaúltimapartiud opróprioImperador,comaidéiadeduasuniversidade s:umano
norteeoutranosul,mas,deacordocomFávero(1977 ,p. 26),“suaprop osta nãoencontrou
eco”.NofinaldoImpério,existiamnopaísseisestabelecimentoscivisdeensinosuperiore
nenhumauniversidade.Considerasequeessequadrosejaconseênciadafaltadevontade
50
política daqueles que estavam no poder, vistoque uma universidade ne ssemomentonão
estariadeacordoco mosseusinteresses..
Nodec orrerdahistó ria,oséculoXXiniciasecomnovasidéiasparaimplantação
deuniversidade. Em1903,oProfessorAzevedoSodrérecebe atarefaderealizarumprojeto
sob reo assunto. NesseProjetohá umaênfasenac riaç ãodequatrouniversidades(Riode
Janeiro,Sã oPau lo,SalvadoreRecife),quetambémnãoseconcretiza.
ApenascomaReformadeCarlosMaximiliano (1915),essaidéiatomaumaforma
legal, conforme o artigo 6º do Decreto nº 11.530, de 1915, determinando  ser tarefa do
GovernoFederal,
[...] quando achasse oportuno, reunir em universidade as Escolas
Politécnicas ede Medicina do Rio de Janeiro,incorporandoaelasuma das
FaculdadeslivresdeDireito,dispensandoasdetaxadefiscalizaçãoedando
lhegratuidade eedifícioparafuncionar(DECRETONº11.530, 1915a pud
FÁVERO,1977,p.2728).
Assim, em uma análise histórica, podese identificar, nas ações individuais ou
coletivas,representadaspelosinteressesdaIgreja,daMetrópole,oumesmoporinteresses
internosbrasileiros,intençõesepreme ditações,asquais,paraBourdieu (1989),representam
umavisão“teleogica”
5
,concebendoseumaaçãoouumainstituãocomosendoproduto
deumaestratégiaconsc iente,calculada,e ocomoresultadodalógicado contextoemque
seinserem.
Percebese que essa resistência àidéiade uma universidadeéprodutode uma
estratégia consciente de interesses alh eios aos interesses do Brasil. Podese resumir essa
trajetóriadasidéiasnas palavrasdeTeixeira(1976,p.231),jáanteriormentemencionadas:
AhistóriadaidéiadeuniversidadenoBrasilrevelaumasingularresistênciadopaís
a aceila. Negoua a Coroa portuguesa aos jesuítas, que ainda no século XVI
tentaram trazêla p ara a colônia. Com a independência, choravam os projetos, a
partirdo de José Bonifácio, durante mais de sessenta anos,semnenhumchegara
concretizarse.Depois,comaRepública,aidéianãotemmelhorêxito.Afinal,em
1920 écriadaaUniversidadedoRiodeJaneiro,comoumaconfederaçãodeescolas.
Esomenteem193 4e1935,oDistritoFederaleoEstadodeSãoPaulolançamas
basesdeumaUniversidadecommaiorintegração.
Assim,n adécadadetrinta,quandooimplantadasid éiasdeumauniversidade
comumamaiorintegração,jásepercebeumpanoramapolíticoquedemonstra uminíciode
5
Teleológico –quesecaracterizaporsuarelãocomafinalidade,quederivaseusentindodosfinsqueo
definem.
51
um esforço de arrumar e transformar o ensino superior no Brasil. De forma que “[...] o
ajuntamento de três ou mais faculdades podia legalme nte chamarse de Universidade”
(LUCKESI, 2001, p. 34).Nessavisão,sãofundad asaUniversidadede Min asGerais,em
1933 , eaUniversidadede oPaulo, umano após,estaexpressandoumaintençãode
sup erarosimplesagrupamento defaculdades. 
Noentanto,segu ndoRomane lli(2 001,p.132),anteriormenteàconsideradacomo
primeira universidade (1920), percebese que em “[...] 1912 havia sido criada a
Universidade do Paraná, oficializada pela Lei Estadual n.º 1.284. Dela faziam parte as
Faculdades de  Direito , Engenharia, Odontologia, Farmácia e Corcio”. Porém, essa
instituiçãosófoireconhecidaoficialmente em1946,poisexistiaum“Decreto lein11.530,
demarçode1915,quedeterminavaaaberturadeesco lass uperiores apenas emcidadescom
maisd e100.000habitantes”,o qu enãoerao casodeCuritiba.
Da colônia à República, pe rcebese a intensa resistência à idé ia da criação de
instituições por parte da elite dominante, no entanto, sob os princípios  liberais de
descentralização, iniciando a Reblic a, surgem du as instituições deno minadas de
universidades, qu e corroboram as afirmações anteriores de q ue, antes de 1920, existiram
instituiçõeslivrese deduraçãoefêmeras,q uesãoaUniversidadedeManaus,em1909 ,eado
Paraná,em1912,jácitada,mas,segundoFávero(1980,p.36),“Emboratenhamelasexistido
defato,osautores,emgeral,sãolevadosaconsiderarauniversidadedoRiodeJane iro,criada
em1920,comoaprimeirauniversidadebrasileira”.
Confirmase,naspalavrasdeFávero(1980),q ueaeducaçãocomopráticasocialé
comprometidacomocontextoemqueestáinserida,realizandosep ormeiodeinstituões
sub ordinadasaosistemaideogicoquedecertaformale gitimaejustificaestecontexto. 
Assim,segueseaconvennciadeseconsiderar aUniversidadedoRio deJaneiro
comosendoaprimeiranopaís.Observasenessemomentoavisãodesociedad ebrasileira
como“[...]en tidadequesefazerefazpormeiodeumsistemacomplexoderelaçõessoc iais,
elosqueseimpõemaosseusmembros[...] tudooqueéin dispensávelousuperficialparaque
sepossacriaresustentaroeventoq uesedesejaconstruir”(DAMATTA,1997,p.13).
Desta forma convencionouse ser a Unive rsidade do Rio de Janeiro,
historicamente,aprimeirainstituiçãouniversitáriacriadaporumGovernoCentral.Deacordo
comvero(1977),issoaconteceucomopartedashomenagensquedeveriamserprestadasao
ReidaBélgica,AlbertoI,que,emvisitaaoBrasil,receberiacomohomenagemaoutorgado
título de
Doctor honoris causa
, título  que só  poderia ser concedido por uma institu ição
universitária.Dessaforma,aUniversidade foiinstituídaem1920peloDecretonº.14.3 43,no
52
governodopresidenteEpitácioPe ssoa,sendoreferendadopelo,naé poca,ministroAlfredo
Pinto.
Quantoaesseepisódio,surgiramalgumascríticasco moadequeessauniversidade
“[...]processousesemdebatesoudiscuses,tendosidorecebidasemnenhumentusiasmo”
(FÁVERO,1977,p.29).Noentanto ,acriaçãodauniversidadeemnadaalterouasescolas
sup eriores existentes, tendo em vista que essa universidade, apesar de  recém criada,
apresentar uma existência, segundo vero (1977), “apenas n ominal”. o  h avia uma
preocupãoparaodesenvolvimentoeoprogressodaciência.De acordocomNagle(2001 ,p.
171), essauniversidadenãopass ouda“[...]existênciadetrêsinstitutosdeensino su perior,de
natureza profissional, que  fo ram reunidos co m preocup ações de ordem exclusivamente
administrativas”.
Apesar d e a Universidade doRio de Jan eiro serconsiderada“modelo”paraas
demaisuniversidades,passacomaLeinº.452,de5/7/1937,portransformações,recebendoa
denominãode“UniversidadedoBrasil”(FÁVER O,1977).Posteriormente(em5/11/1965),
pormeioaLeinº.4831,passaachamarse UniversidadeFederal doRiodeJan eiro.
A cada de 20 apresentase sem muitas inquietações, pois se observa que as
discus sõessobreore gimeuniversitárionãosurgiramcomainstituãodaUniversid adedo
Rio de Janeiro, mas podese dizer que é a partir desse acontecimento que se inicia u m
processodereflexãoprofundasobreauniversidadenoBrasil.
Considerasequ eomodelodaUniversidadedoRiodeJaneiroserviudereferência
paraanálisedos pontospositivosenegativos,orientandoreflexõ eseaçõesquele vassema
umapossívelorganizaçãouniversitárianopaís.
Nessadécada(1920),seestruturadeformasignificativaumpensamentobrasileiro
sob reauniversidade,oqualétransmiti doaodecênioposterior,possibilitandoumamaneira
mais p recisa de se pensar a universidade, o deixando de s e apresentarem grand es
modificações na análise desse pro blema. Observase,segundo Cunha (1980,p.189),que
anteriormenteàp rimeirainstitu içãodeensinoquevingoucomonomedeu niversidade,criada
em1920,foramrealizadas“trinta tentativas”.
Apesardeseremcriadasmaisdevinteescolasd eensinosuperio ratéofinalda
cadadevinte,oB rasilaindaviviamomentos críticos,pas sandoporumpe ríododetransição
daescolasuperiorparaainstituição un iversitária.
Surgementãoasprime irasexperiências reais,numatentativadesuperaro modelo
de universidade  existen te (Universidade do Rio de Janeiro), concretizada pela criação da
UniversidadedeoPaulo(1934)e,umanodepois,pelaUniversidadedoDistritoFederal,
53
consideradas por muitos autores como “marcos promissores na his tória da educação
brasileira”(FÁVERO,1977,p.38).
Mesmoessasexp eriênciastendosido,deacordocomvero(1977),‘malogradas’,
elasservememmuitosaspectosc omoexemplosparaacriaçãodaUniversidadedeBrasília,
quesurgeemb uscadeummodelointegradordeuniversidadequegarantisseaassociaçãodo
ensino com a pesquisa e uma coordenão de atividades em todas as unidadesbásicase
profissionais.
CriadaporiniciativadeDarcyRibeiro,foianalisadap orAnísioTeixeira(1998)
como “estrutura integrada”. Assim, a UnB é considerada como a unidade que mais se
aproximadomo delodeuniversidade,constituindoseemumainstituão‘integrada,orgânica
eatuante’. Entretantoaditaduramilitardesfazapromissoraexp eriênciadaUnB,promovendo
um espaço para implantação do modelo “[...] neohumboltdiano da Refo rma de 1968”
(FÁVERO,2004).
Nagle(2001,p.174),emumaanálisedauniversidadeemgeral,cons ideraquea
hisriatem mostrado que a “[...] evolução se faz nosentido de substituira universidade
profissionalpelauniversidadecientífica,éimperdoávelque,nocasobrasileiro,aconstrução
universitária se faça num sentido oposto, a partir de um sistema de escolas isoladas e
autônomas”.
Oensinosuperiorn op eríodode1920até1930,segundoBasbaum(1976,p.195),
“[...] estava melhor servido do pon to de vista numérico, Havia Faculdades deDireito em
váriascapitais,bemcomoEscolasdeEngenhariaedeMedicina,quenãotinham,como ho je,
limitedematrículas”.
Percebesequeumapreocupaçãocomaquantidadedecursosevagas,vistoque
arealidadesocialdaépocaocomportavaademandaprofissional,comosepodeperc eberna
afirmaçãod oautor:“NaFaculdadedeMedicinanoRiodeJaneiro ,nosanos de1927a1930
formaramseemmédia480méd icosp orano,oqueevidentementeprejudicavaoen sino,pois
o havia nem hospitais nem mesmo doentes disponíveis para tantos estudantes”
(BASBAUM,1976,p.195).
Tais características estão ainda presentes na contemp oraneidade, ou seja, um
crescimentoquantitativo,semqueseestabele çamcritérios,havendoumapreocupaçãoapenas
ematenderàdemanda,se m,contudoseproveremcondõesfísicasehumanasadequadas.
Nessecontexto,dosanosde1930,têminícioastentativasparaimplantaçãode
umauniversidadenoPiauí,pois,conformeGuio marPassos(2003),aidéiaéantiga,se ndo
queointeresseporumauniversidadevemdesdeacriação daFaculdadedeDireitodoPiauí
54
em1931,comogrupo queiniciouasuaorganização.Portantobuscasenopróximoitem
reconstituiresseprocesso,quevaidainstalaçãodaFaculdadedeDireitoàimplantaçãoda
UFPI.
2.2 A educaçãosuperior no Piauí: da FaculdadedeDireitoàUniversidadeFederaldo
Piauí:umsonhoantigo
A dé cada de 1930 apresenta em seu início a Reforma Francisco Campos e a
reorganizaçãodoens inosupe riornopaís.EssaR efo rmatemcomodiretrizesparaoensino
sup eriorosobjetivosdauniversidadequ esão,se gundoFranciscoCampos(1940),citadopor
Fávero(197 7):equipartecnicamenteaselitesprofissionaisdopaís,proporcionandoambie nte
adequado às voc ações  especulativas e des interessadas , destinadas à formaçã o da c ultura
nacional para a investigação da ciência pura. Como se percebe, essas refo rmas dão
contin uidadeaopensamentoelitistaedualquepe rmeiaaeducaçãonoBrasil.
Iniciase,assim,umperíododetransformaçõesnaformade p ensarafinalidadeda
universidaden oBrasil,altamente hierarquizadadesdesuagênese,apres entandoumaformade
pensarrígidaeelitista,comunicandosepoucocomasociedadedequefaziaparte.
Essas pretensões são consideradas poralgunsestudiosos,aexemplode vero
(1977), muito otimistas, em vista da realidade do momento, pois as escolas, além de se
apresentaremdistantesdoquepoderiase rconsiderado“razoável”,eramescassasmesmopara
aminoriaprivilegiad a.
Tornase importante relembrar a concepção de instituição universitáriaparaos
gruposdominantesn essaép oca,queédeumainstituãocujarazãode serseriaadeque“[...]
preparasse uma nova elite ilustradae modernizadora,capazde garantir a co ntinuidade  da
estruturadepoder.Énessecontextoque,em1931,éaprovadooEstatutodasUniversidades
Brasileiras”(FÁVERO,1980,p.45).
Podese eno dizer que c om o Estatuto começa a se efetivar a idéia de
universidadenopaís,ouse ja,surge“[...]omarcoestruturaldaconcepçãodeunive rsidadeem
nos sopaís”.ApesardascríticasàReformaFranciscoCampos,oEstatutocitadoco ns tituise
“[...]noprimeiroarcaboodenormasparaasinstituiçõe suniversitárias”(FÁVERO,1980,
p.53).
55
Observase que as Reformas Francisco Campo s, em p articular a Reforma do
EnsinoSuperior,refletemessas“configurações”
6
existentes,mostrandoqueauniversidade
oestáalheiaaoseumomentohistóricosocial. 
Assim,percebeseocaráterdúbiodealgumas afirmaçõesnaReforma: nelahá um
reforço à educação humanista e  elitista que reflete a época, mas não se pode deixar de
reconhecerseusméritos,poisp ossibilitouaaberturadep erspectivasrelevantesparaoensino
sup erior como, porexemplo,a organização deassociações,abrindo possibilidadesde um
diálogo  entre a universidade e a comunidade,aindaoalcançadodeformaefetiva.Mas
podese dizer que as Reformas possibilitaram, em muitos aspe ctos, mudanças no ensino
sup erioratéhojepres entes.
A União vinha implemen tando projetos q ue se  limitavam quase que
exclusivamenteaoDistritoFederal, oque levouaumatardiainstalaçãodaeducaçãosuperior 
nas demais regiões do país, princip almente no  Piauí, levando  também aos diversos
movimentosdasmassasquemarcaramadécadade1930.
Nessemomentoqueco rres pon deau manovafasenopaís,conhecidacomo a“Era
Vargas”,vivenciaseocome çodoproce ssodeindustrializaçãoeu rbanização.Dessaforma,
crescemossetoresde serviços,eapopulação,commaisintensid adeprocurap elaed ucação,
poiscomeçaanãoquere rmaissesu bmeteraotrabalhobraçal.OpresidenteGetulioVargas
atentoaessesfatos,tevecomoumadasprimeirasmedidasdoGo vernoProvisório,quese
instalou em 1930,acriaçãodoMinistériodosNeciosdaEducaçãoeSaúdeb lica,já
citado no dec orrer da pesquisa “[...] tratavase de adaptar a educação a diretrizes que,
notadamente, a partir daí se definiam tanto no campo político como no educacional”
(SHIROMA,MORAES;EVANGELISTA,2004,p.18).
Omomentohistóricodadécad ade1930pode,de ssemodo,sercaracterizado,nas
palavrasdeBasbau m(1976 ,p.p.13 9),c omoumperíodoemq ue
[...]apopulaçãovaiimpondoaospoucosasuaexistência,adquirindopersonalidade,
transformandoseempovoefazendorealmenteHistória.[...]Semvida1930será
a expressão máxima da sua existência [...] Esse período se caracterizará
precisamente por esse fato: a manifestação suprema do povo – o movimento das
massas  marcando uma época. Mas 1930 não é apenas o fim de um período. É
também o começo de um outro em que essa população aparentemente passiva
comaráaimpor,cadavezmais,asuapresença,navidaenahistóriadoBrasil.
[...]osimplescrescimentodapopulaçãogeranãoapenasnovascondiçõesdevida
social, mas também transformações no modo de produção, maior polarizão das
classes e, conseentemente, efeitos históricos.[...] É a confirmação do princípio
diaticodatransformaçãodaquantidadeemqualidade.
6
Expressãoutilizadapor NorbertElias,significandoasinterrelõesesuasconfiguraçõesideológicas.
56
Aestruturadauniversidadeno Brasilestevesobaregulamen taçã odoDecreto
19.851/1931, tornand ose esta a forma preferencial de organizar e ad ministrar o ensino
sup erior no Brasil atéoanode 1968,períodoemq uerealme nteauniversidadeem geral
sofreumudançassignificativas.Inicialmente,oEstatutodasUniversidad esBrasileirassofreu
modificaçõesemalgunsaspectos,masmantevesepreservadoemsuamaioria.Nes semesmo
ano,te mseoDecreto19.852,de11deabrilde1931,quedisssobreaorganizaçãoda
universidadedoRiodeJaneiro.
Dessaforma,segundoMonlevade (1997,p.343 5),emumperíodode40anos
(19311971)ocorreumaexpanoquantitativadoensinonoBrasil:“Aofertadevagasnas
Universidades blicas Federais e nas estaduais de o Paulo cresceu a ponto de poder
acolher muitíssimo s alunos oriundos das classes subalternas e de sexo feminino, coisas
inimagináveisnasdécadasanteriores”.Oautoresclareceque
Énesseperíodode40anos(1931a1971),balizadopelacriaçãodoMEC,quese
constrói um Sistema N acional de Educação Federativo: a União aumentou seus
conhecimentosnaeducaçãosuperior,fundandouniversidadesemtodososEstados:
os governos estaduaisampliaram explosivamente as vagasnas escolas primáriase
nos ginásios: e os munipios com recursos financeiroscarimbados, comaram a
assumir a educação infantil e a alfabetizão de adultos, além de abrir escolas
primáriasesecundáriasondefaltava apresençaestadual,ouondesobravamrecursos
de impostos, agora gerados pelo crescimento das indústrias e a circulação do
comércio. [...] Essa “febre” de cultura tinha uma explicação muito simples: a
sociedadeurbanaeindustrial,aocontráriodaagrária,exigeduplamenteaescola.
A educação, por ser esfera da vida social, é determinad a historicamente pelas
disputashegenicasentreosdiferentesgruposeclassessociais.Logo,“Ohomeméumser
nomundo .Elenãoéprimeiro,edepoiséno mundo .Sernomundojáéco ns tituinte dose user
homem”(RIOS,2002,p.30).
Reconhecese qu eesse “serho mem”épro dutodeumaconstanteconstrução,que
perpassapelasreflexõesdopassadoeporumaanálise do presente,desuasinterrelações,em
umainteraçãoentreseresedestesco manatureza,possibilitandoaconstruçãodesuahisria,
que lhe propicia, de forma autônoma, transformar seu entorn o, ao mesmo tempo em que
constrói e transforma sua própria identidade. Pode se observar nesse momento a
transformaçãoquevemserealizandonasociedade,aqual,construindoseuentorno,passade
umasociedadeagrária,quesecontentavaemrealizarotrabalhobraçal,paraumasociedad e
urbanaeindustrial,que,aocontráriodaanteriorexigeaescolarização.
Para atender a essas exigências sociais, de acordo com Monlevade (1997), a
educação apresentase aberta tamb ém àqueles antes excluídos do proce sso. Percebese
57
tambémque,nessemomentohisrico,erareconhecidaanecessidadedaeducação,enesse
casodaeducaçãosuperior,paraaso ciedadebrasileiraBrito(1996,p.85)afirma:
Aformaçãoversátildoscursosdedireitopossibilitavaaosbacharéisadaptarsecom
relativa facilidade às novas condições políticas e sociais de uma sociedade em
mudança.Daíobacharelismodominantenotadamentenaáreapolíticaeculturalea
conseenteproliferaçãodasfaculdadesdedireito.
Confirmase, segundo Jo Antônio Tobias (19 86, p. 199200), o ideal de
educaçãodaépocaeossentimentosdaspessoasquantoaocursodeDireito :
[...]oidealdaeducaçãoeraoDoutor(Dr.)bacharelemDireito;seopserapobre,
paupérrimoemescolassuperiores; setodamulher tinhasonho:casarcomDoutor,se
todohomemalmejavaserdoutor,eranaturalqueasemelhançadaleidaofertaeda
procura,houvessemultiplicaçãoanormaldasFaculdadesdeD ireito,deondenasceu
aproliferaçãodesmesuradadosdoutoresemDireito.
Mesmo nessa efervescência em prol da educação superior, com um grande
aumentonaofertadevagas,ecomaexistên ciadeensinosupe riore moutrosEstados,oPiauí
foitardionesseass unto.Poris so,osestudantespiauienses,nointuitodeprosseguiremseus
estudos, emigravamparaoutros Estados , embusca deescolassuperiores.De acordocom
Ferro(1996),haviavárias“tendências”desaídas:para:Recife,embuscadaFaculdadede
Direito,ouparaoSeminá riodeOlinda;parasalvadoriamaquelesquealmejavamoc ursona
áreadesaúde(MedicinaeFarmácia);paraoLuís,haviaumaprocurapeloSeminá riodas
Mercês,sendoprocuradotambémoRiodeJ aneiroparacursosdeMedicinaeEngenhariana
Escola Polit écnica. Observase que nessa época se privilegia o curso jurídico,
conseentementeas Facu ldadesd e Direito,valo resherdados dop eríodoimperialques e
projetaramnoc ontextopiauiense.EssavalorizaçãoapresentasemaisevidentenaPrimeira
Reblic a.
Em 193 0, existiam em todo o país cerca de 3 50 estabelecimentos de ensino
secunrio e 200 estabelecimentos de ensino superior. Temse nesse período o  chamado
bacharelismo,
considerado“[...]no piorsentido,significand oamaniagen eralizadaen treos
respectivospaisde formarosfilhos,darlhesdequalquermod oumtítulodedoutor.Umpai
quenãoformassepelomenosumfilhos entiaseenvergon hado[...]”(BASBAUM,19 76,p.
196).
É,portanto,ness ec ontexto,que,nodiaprimeirodejulhode1931,aFacu ldadede
Direitod o Pi auí iniciasuasatividades.Nasceass imoprimeiroestabelecimentodeensino
58
sup eriornoEstado.OPiauí,apesardeapresentarumaeconomiapredominantementeagro
pastoril,adotouomodelodeeducaçãovalorizadoeproporcionadonaquelemomento“[...]
privilegiandoaformaçãodebacharéisemdireitosobre aformaçãodeprofissionaisn ocampo
daagricultu raedapecria”(BRITO,1996,p.85).
O corpo docente da Faculdade era, segun do Brito (1996), formado pelos
professo resAntonioJodaCosta,CristinoCasteloBranco ,CromwellBarbosadeCarvalho,
DanielPaz,ErnestoJoséBatista,FranciscoPiresdeCastro,GiovaniCostaGonçalodeCastro
Gonçalves,MárioJo séBaptista,PedroBorgesdaSilva,RaimundodeBritoMelo,Simplício
deSousaMendese ValdemirdeAbreu.
Essegrupodedocen teselegeuparaadireçãodaFaculdadeFranciscoPiresde
Castro e como vicediretor Simplício de Sousa Mendes enquantoparasecretário, Joelde
AndradeSérvio.EntretantoBritorefereque“[...]emface darenú nciadoDiretorFrancisco
Pires de Castro e do Vic eDiretor Simplício de Souza M endes, assumem as respectivas
funç õesosprofessoresDanielPazeJoaquimVazdaCosta”(BRITO,1996,p.86).
Posteriormente,devidoàsgrandesdificuldadesencontradaspelosmantenedores
daFaculdade,trans ferisearesponsabilidadedemanuteã oparaoGovernoestadual,assim,
pelo Decreto nº. 1.471 de 16 de agosto de 1932, foi considerada a Faculdade c omo
estabelecimento de ensino superior do Estado, que por sua vez assume seu custeio e
manuteão. 
Porém,comoadventodoEstadoNo vo,ocorreramalteraçõesnoensinoe mto doo
país, de forma que a Faculdade de Direito do Piauí sofreu diretamente os reflexos de ssa
política,poisogovernoditatorial,emumdese usprimeirosatos,realizouad esofic ializaç ão
daFaculdad edeDireito peloDec.nº.30,de08/02 /38.
OsprofessoresassumiramaresponsabilidadeedecidirammanteraFaculdadede
Direitocomoestabelecimentoparticulardeensinosuperior,co moapoiodoGovernoestadual
daépoca,queassegurousu bveã oàFaculdadeedoouumlocalparaseufuncionamento,
conforme o Dec.nº. 55 e 56, de 11de novembro de1938.Masseurec onh ecimentoé
concedidono últimoanodaditaduraVargas,peloDec.Leinº.17.551,de9dejaneirode
1945 .
Assim,“[...]pormuitosanosaFaculdadedeDireitod oPiauíconstituisenaúnica
alternativap araformaçãoemnívelsuperiordajuventudepiauiense”(BRITO,1996,p.85),
quemdesejavaoutraprofissão tinhaquesedeslocarparaoutrosEstados,demaneiraqueo
custoerabastantealtoeapenasaqu elesquegozavamdeumaltopoderaquisitivopod iamsair,
ficandoagrandemaioriaapenascomaopçãojurídica.
59
Umfatorpreocupanteeraquenemsempreoegressodo cursodeDireitoseguiaa
carreirajurídica,poismuitosop tavampelomagistério,pelofuncionalismopúb licooumesmo
pela política. Na verdade, grande parte dos remformados ingressava no magistério
secunrioenormalsemterpreparaçãopedagógica. 
Dessafo rma,devido aconsideráveldemanda deprofessores,um grupo desses
profissionaisdeuinício,n osanosde1950,aumatentativadeorganizaçãodeumaFaculdade
deFilosofia,quenã ochegouafuncionar.
Mas, em fun ção de capacitar o corpo docente com uma específica fo rmaç ão
pedagógica,persisteanecessidadedeumaFaculdadedeFilosofia,tendosidocriada,soba
liderança de D.AvelarBrandão Vilela, em 1957, a Faculdade Católica de Filosofia, pela
Sociedade Piauiense de  Cultura, tendo como primeiro diretor o Prof. Clemente Horio
ParentesFortes.EessaFaculdadefoiinstituídaem16dejunhode1958,“[...]peloDec.nº.
43.402,de18/02/58,epassouafuncionarprovisoriamentenoColégioSagradoCoração de
Jesus,noturnodanoite(BR ITO,1996,p.88).Conformeoautor,seureconhecimentodeu
seseisanosapósaautorização,p orforçadoDec.nº.54.038,de23dejulhode1964.
Após a Faculdade  Católica de Filosofia, observo use a implantação de outras
faculdadesno Piauí,comoaFaculdadedeOdontologia,adeMedicinae,porúltimo,ade
Administraçã o. 
AssimcomoemtodooBrasil,essasunidadesisoladasdeensinosuperiorrnem
se possibilitando a instituão da Universidade Federal do Piauí, que, sob a forma de
Fundação,setornarealidadecomaLei5.357,de1968,quelheassegurarecursosparasua
manuteão,conformeoprojetodaLei5.540de1 968 ,quevaiinspirarseumodelo.
Segund oGuiomarPassos(2003),ointeresseda sociedadeporumauniversidade
noPiauíestavalatentedesdeacriaçãodaFaculdadedeDireitodoPiauí,em1931,como
grupoqueiniciouasuaorganização.Assim,aautoraafirma,ementrevistarealizadacomo
Prof.JoséPiresde GayosodeAlmendraFreitas,que:
O interesse pela Universidade vem de muito mais distante,iniciasena criaçãoda
FaculdadedeDireitodoPiauínoanode1931,poisaíoPiauípartiaparaoensino
superior e com isso começoua pensar emuniversidade.O grupo que começou a
organizaraFaculdadedeDireitop ensavanumauniversidade,embora,nãoatuasse
muitonessesentidoporque,naqueletempo,nãoerapossívelinfelizmente,porcausa
desse isolamento cultural do Piauí; o Piauí sofria de um isolamento, não só
geográfico,nãosópolítico,mastambémcultural(PASSOS,2003,p.39).
Passos(2003)referequealutapelacriaçãodeumauniversidadetemseuinício
emoutubrode1963,pelaUnoEstadualdosEstudantesdoPiauí,sendoseupresidente,na
60
época,oestudantedeOdontologiaOston TeixeiraDiniz.AcriaçãodaUniversidadeFe deral
doPiauíacontece uem12denovembrode1968,po rmeiodaLe i5.528assinadapeloentão
PresidentedaR epública,ArturdaCostaeSilva,tornandorealidadeoso nho dapopulação
piauiense.
Seguiamseasdeterminações,quetiveramc omopontodepartidaalegislaçãode
reestruturaçãodoensinosuperior,compreendendoacomooconjuntodeatosiniciadosem
1965 , decorren tes de acordos firmados entre o Governo brasileiro e a Agência Norte
Americana para o Desenvolvimento Internac ional (USAID), tendo sua conclusão com a
promulgaçãod aLeinº.5.540em28denovembrode1968.
AUniversidadeFederaldoPiau íconstituisecomofundaçãodedireitopúblico,
estabelecendo des de o primeiro estatuto uma organização com base em departamentos;
integraçãodoensinoedapesquisatividadedee xteno;siste madecrédito,entreoutras
característicasimportantesparaseufuncionamento,dentrodomodelovoltadoparaatenderao
contextohisricodaépoca.
Podeseobservara“teiaderelações”
7
,articuladaparacriaçãodess auniversidad e,
vistoque,n esse período, foiaúnicauniversidadefederalaseraprovada,po is,segundoa
professo raGuiomardeOliveiraPassos(2003),emsuas pesquisassobreaUnive rsidade,nã o
nalistagemdasuniversidadesfederais(elab oradapeloConselhoNacionaldeEducação,
emqueconstamosatosdecriaçãodeto dasasunidades)n enhumaoutrauniversidadecriada
nesseperío do.
Comaimp lantaçãodaUniversidadeFederaldoPiauí,confirmaseserasociedade
brasileiracaracterizad ac omouma“sociedaderelacional”,istoé,aquelaemqueasrelações
ofundamentais ,vistoque,nodecorrerdahistória,observaseque,p araaimplantaçãodas
instituiçõesdee ns inosuperior,segueseomesmo proces so“[...]nosentidodeseterdeabrir
um espaço social e político para as manifestações individuais e locais, já que tudo está
rigidamenteprevistoedominadopeloce ntralismopolític o,legalereligioso(DAMATTA,
2000 ,p.76).
Nessejogoderelações temseinicialmenteimplantadaaFundaçãoUniversidade
FederaldoPiauí –FUFPI,instituiçãoqueobjetivavacriaremanteraUniversidadeFederaldo
Piauí–UFPI.Portanto,nostermosdaLeiFederalnº.5.528 ,de12.11.1968,assinadap elo
PresidentedaReblica,naépoca,ArturdaCostae Silva,c riaseaUniversidadeFederaldo
Piauí  UFPI, sendo, no entanto, oficialmente instalada em 1º de  março de  1971, em
7
C.f.ELIAS,Norbert.IntroduçãoàSociologia.Lisboa:Ed.70,1999.
61
“memorávelsolenidade”,noClu bedosDiários,comapresençadoGove rnadorJoãoClímaco
d’Almeida,quepresidiuasole nidade,edoSenadorPetrônioPortelaNunes ,queproferiua
aulainaugural.
Assim, originando a UFPI, ocorreu a aglutin ação das faculdades e cu rsos que
existiam na época: Direito, Filosofia, Bacharelados em Geografia, História e Letras,
Odonto logia,Medicina,Ad ministraçãoeLicenciaturaemLetraseMatemática.
Podemse pe rceber nos objetivosda UFPI,idealizados porseus criadores,nos
escritos de  Silveira Filho (1965, p. 67), uma articulação da universidade  com o meio,
relacionandose com “[...] o processo regional de desenvolvimento ecomico [...] os
investimentosindustriaisnaregião[...]astecno logiassu scetíveisderacionalizaremultiplicar
o rendimento econômico geral”. Assim, para atender aos anseios  des ses gru pos, a
universidadeteriaopapeldeser:
[...]umcentrovivodopensamentoedasaspiraçõesdacomunidade,aptaainfluir
beneficamente na comunidade, inspirando os órgãos legislativos e executivos
fornecendolhes a sua contribuição científica e cultural, a fim de que os mesmo
possamdesempenharcommaisautenticidadeasuamissão (SILVEIRAFILHO
1965 ,p.67apudPASSOS,2003,p.143).
Ac ercadessefenômeno,Passos(2003,p.143)fazaseguinteapreciação:
Auniversidade,noP iauí,viriatornar qualificadooquadroadministrativodosenhor,
formandoaburocraciaqueoEstadopatrimonialnecessitava,conferindoumcaráter
moderno à dominaçãopolítica tradicional.Valedizer auniversidadepossibilitaria,
na expressão das vontades daquelas autoridades educacionais, que o
patrimonialismodoEstadoviesseasetornarburocrático.
Percebese que o  sistema de ensino superior, nos an os  sessenta, é , em sua
estruturaessencial,caracteriz adoporser“[...]póssecundáriode tempoparc ial,b aseado em
‘aulas’ supostame nte ‘magistrais’, dadas p or professores de tempo parcial e competência
discutível,emlocaisdequalquerordem,[...]”(TEIXEIRA,1998,p.171).
Desse modo, a filosofia desse sistema é a de que o ensino superior procu ra
familiarizaroalunocom um campo profissional,leváloaestudaretornáloemprecárias
condições,umprofissional.ParaTeixeira(1998,p.171 ),“[...]estabelecemosa‘liberdade’de
ensino,tornandoodireitodeabrirescolasumdireitoindividuale,naesferapública,apolítica
re almenteincrível!,deques eexpandeoensinopelacriaçãodeoutraescolaenãopelo
62
crescimentodaescolaexistente”.Écombasenessafilosofia,aindapresentenadécadade
noventa,quesedesenvolveaexpano do ensinosuperiornoPiauí.
Percebese,nosanosde 1960,abuscaporummodelodeuniversidade.Anísio
Teixeira (1998)defe ndia a reforma da universidade  para qu e fossecumprida a função de
universidadedepesquisacomestudos profundosafimdequesepudesseconstruiracultura
brasileira. Há  uma corrente do movimento estudantil, liderado pela Uno Nacional de
Estudantes–UNE,defendendoad emocratizaçãodauniversidade.Noentantoasforçasno
poder, após o golpe militar de 1964, impossibilitam mudanças radicais nas tenncias
modernizantesd aeducaçãosup erior.
Dessaforma,aeducaçãosuperiortornouseuminstrumentoamaisacontribuirno
projetodedesenvo lvimentodoscentroshegemônicosdocapitalis mointernacional,tendona
Lei5.540/6 8u maformadeprovereasseguraronovomodelodecrescimento.
Ainda qu e não se tenha firmado n o B rasil um modelo típico deuniversidade,
podese inferir que este surge em cada época com traços marcantes de algum modelo
idealizadodentreospredominan tes,podendosedizerqueháumainterposiçãodemodelona
realidade atual da universidade. Procurase, portanto, no próximo item, um olhar pelas
tendênciaspolíticasemodelosque conduzirameconduzemae ducaçãosuperior.
2.3TendênciasdaspolíticasdeeducaçãosuperiornoBrasil:delineandomodelose
perspectivas
Aoseestudaroprocessohistóricodeeducação superior,surgeanec essidadede
umaanálisepolítica,apartirdaqualsep odeidentificaro sverdadeirosinteressesqueestão
portrásdessasrelações,poisfazerumestudodesseproces soéprocuraraorigemhistóricae
tambémfazerumestudopolíticoesociogico,considerandosequeessasciênciastratamdos
problemasdasociedadeequeaeducaçãoéumapráticasocial.
EntendesequeumaPolít icaEducacionalrefere seàsmedidasqueoEstado,ou
seja,oGoverno deumEstado tomaemrelaçãoàsdiretrizes,aosru mosquese devemtraçar
paraaeducaçãoness epaís.Assim,ess asmedidassesituamnaáreasocial,send oconfiguradas
comouma“políticasocial”.Masoquevemaseru maPolíticaSocial?
63
Esse termo gera controvérsias, segundo Dermeval Saviani (1999, p. 1), por
apresentar uma redundância, pois, paraele, “Se a política é a ‘arte de administraro bem
comum’,todapolíticanãoénecessariamentesocial?”.
No en tanto, temse  necessidade de que a p olítica se torne social.Parao autor
sup racitado, a sociedade capitalista, com sua forma econômica centrada na propriedade
privadados bensproduzidoscoletivamente,fazcomqueaproduçãoso cialderiquezas,atenda
interessesprivado,subordinandose,portanto,àclassequedetémocontrolede ssesmeiosde
produção.
Assim,seasociedadetemcomoseue lementoreguladorumEstadoCapitalista,
tornasen aturalquesuapolíticaecomicatenhacomoobjetivodesenvolvereconsolid ara
ordemcapitalista,favorecend oosinteressesprivadosemdetrimentod osinteressescoletivos.
Para Saviani, isso se chama d e “caráter antisocial” da “política eco nômica” d os Estados
Capitalistas,queparadoxalmente,atuamnosentidodedesestabilizar“aordemcapitalista”,
fazendosenec essárias“políticassociais”paracon trabalançaressasituação.
Dessaforma,odes envolvidas“políticassociais”nasdiversasáreas,comosaúde,
previdênciaeassistênciasocial,cultura,co municaçã oeeducação.Temsenestaúltima,d e
maneirageral,aesperançadeinserçãodoindivíduonasociedadehumana.Masqualopapel
socialdaeducaçãosuperior,representad apelau niversidade?
StelaGracini (1984,p.21)“[...]situa a ed ucação comoum fenômenohistórico
preso à produção e à reprodução material da sociedade [...] considerando a Instituição
universitária,comoaparelhoideogicodominantenasformaçõessociaiscapitalistas”.Para
Chauí(2001,p.52),e ssavisãodeumaescolacomoumlugarderep roduçãodessasestruturas
foi algo do passado. Segundo a autora, hoje, nem e sse papel a universidade está
desempenhando,comoexplicitaaseguir;
Se,outrora,aescolafoiolugarprivilegiadoparareprodução daestruturade classes,
dasrelaçõesdepoderedaideologiadominante,ese,naconcepçãoliberal,aescola
superiorsedistinguiadasdemaisp orserumbemculturaldaselitesdirigentes,hoje,
comareformadoensino,aeducãoéencaradacomoadestramentodemãodeobra
paraomercado.Concebidacomocapital,éuminvestimentoe,portanto,devegerar
lucro social. Donde a ênfase nos cursosprofissionalizantesdo ensinodioe nas
licenciaturas curtas ou longas, em ciências, estudos sociais, e comunicação
expressão,nocasodasuniversidades.
Noentanto,osepodeesquecerqueauniversidade,as simcomoasociedade,é
historicamenteconstruídapeloindivíduo,estecomoparteconstituintedessaso ciedadequese
64
debate em torno de formas diferenciadas de p ensar sobre si mesma está também em
construção. Assim, o papel da universidade não pod e ser percebido unilateralmente, 
dependentes omentedainstituãouniversitária,massedevemlevaremcontao ssujeitosque
acompõem,ouseja,háumainterrelaçã o,umadinâmicaquefazcomqueascoisasnãos ejam
estáticas,lineares,emumarelaçãodecausaeefeito.
Ac reditasequeauniversidadereageàsinterrelaçõesdocontextohistóricoem
queestáinserida,dentrodeumamultirreferencialidade,dess aforma,auniversidade,podeser
umelementodereprodãooud etransformação.ParaFrigotto(2 001 ,p.37),
A educão escolar básica – ensino fundamental e dio e superior tem uma
função estragica central [...]Tratase, primeiramente, de concebêla comodireito
subjetivo de todos e o espaço social de organizão, produção e apropriaçãodos
conhecimentosmaisavançadosproduzidospelahumanidade.
Buscaseumaanálisedastendênciasqueorientamesse“sistemaeducacional”,
poisháu matendênciasobreap olíticaeducacionalbrasileira,queapontaparaumdiscurso
considerado“[...]‘neoliberaldadefesadaeducaçãocomoviadeacessoàmodern idade’como
elementoaglutinadord asprincipaistendênciasquetomamcorponoc enáriodaeducação”
(OLIVEIRA,1998,p.44).
Intensificase o proces so  de mundialização do capital financeiro e com e le a
adoção des sas políticas consideradas neoliberais, principalmente na década de 1990. O
merc ado,co mo o portadordaracionalidadeeconômica,é dessafo rmaconsideradoo “[...]
princípio fundador, unificado r e autoregulador da sociedade global competitiva [...]”
(DOURADO;OLIVEIRA;CATANI,2003,p.17).
Nesse cerio, desenvolveramse as políticas educacionais, efetuandose o
processo de reforma do sistema educativo no Brasil. Encaminhamse, ne sse contexto, as
reformasdaeducaçãosuperioreemespecialdaeducaçãopública.Logo,questionasecomo
esseprocessopode sersatisfatórioaosinteressespúblicos,vistoqueocorreemtaismomentos
de reestruturação capitalista,resultante da ampliaçãodaesferaprivada,contrap ondoseao
alargamentodosdireitossociais.
Devemse levar em conta essas mudanças conjunturais que, de certa fo rma,
influenciaramasp olíticaseagestãodaeducaçãosupe rior.InstituiçõescomooEstadovemse
esvaziando em suas políti cas sociais, manifestando seu poder nas re presentações de
segmentosprivilegiados.Asleis sãodeterminadaspelaeconomiadomercado,comosepode
percebernasafirmaç õesdeAn tonioJoaquimSeverino(2003,p.6061):
65
[...]autopiaédestruídapeloenviesamentoideológicodalegislaçãocomoumtodo.
[...]Alegislãoeducacionalp assaaserentãoestratagemaideológico,prometendo
exatamenteaquiloquenãopodeconceder.[...]Assim,nocontextodaglobalizão
de todos os setores da vida social, as elites responsáveis pela gestão político
administrativa do país rearticulam suas alianças com parceiros estrangeiros,
investindo na inserção do Brasil na ordem mundial desenhada pelo modelo
neoliberal.
Fazse,portanto,umaanálisehistóricareconhecend o,naspalavrasd ePauloFreire
(2001, p. 34), que “O indivíduo, de quem o s ocial depende, é o sujeito da hisria. Sua
consciênciaéafaze doraarbitráriadahistória”.
Acooperaçãointernacionalparaaeduc açãob rasileirainic iaseapartirdosanos
de1930,duranteumperíodoconside radoporFonseca(1998,p.88)como“[...]umestágio de
intensaintegraçãoe ntreassociaçõesdeeducad ores,brasileirasenorteamericanas”.Éapartir
daí que surge o ideal de universalização do ensino básico, no  início dos anos 60,
influenciandoaLeideDiretrizeseBasesdaEducaçãode20dedezembrode1961,Lei4.024,
querep rese ntoua vitóriad asforçascon servad oraseprivatistas,levandotambémapreju ízos
quanto à distribuição dos recursospúblicose à ampliaçãod e oportunidad eseducacio nais
(SHIROMA,2004).EssaLeiresultoudeumagestaç ãoiniciadaem1946equesomentese
completouem1961
8
.
Nesse período, as forças s e conjugam, pois a camada dia também tinha
interesse na industrializaçã o, considerandoainstrumentodeampliação  daspossibilid ades
paraumaascensãosocial.Po steriormente,maisprecisamentenafasefinaldesseprocessode
sub stituiçãodeimp ortações,nocomeçodadécadade1960,iniciaseumantagonismoen treo
modelo econ ômico queseformaeaideologiadapo líticavigente,apesardeoGovernona
época,JuscelinoKubitschek,te rproporcionadocertoeq uilíbrio,resultantedadialéticaentreo
estímulo à  política nacionalista (nacionalis mo desenvolvimentista) e o plano econômico,
levandoaindustrializaçãopormeiodeumadesnacionalizaçãodaeconomia.
Por volta de 1960, era possível afirmar que s e tinha atingid o a meta d a
industrializ ação. Forças antagônicas se uniam em torno de um mesmo interes se: a
industrializ ação.Pe rcebese,entretanto,que,queapesardointere ssecomum,osolhareso
diferentes,poisenquantoaburguesiaeacamadamédiad asociedade viamnaindustrialização
8
OBrasilnesseperíodoviviaummodeloeconômicoconfiguradoapósaRevoluçãode1930,denominadopelos
economistasde“substituiçãodeimportações”,comacrisedocafé.Conseqüênciadacrisemundialdaeconomia
paulista, levouàproduçãodemanufaturasaomomentoimportadas.Aindustrializãosurge,tornandose
umabandeiradasdiferentesforçassociais;a“industrialização”seconfundecomonacionalismo.
66
um fimem si mesmo,asforçasdeesquerdae ooperariadobusc amoutrasmetas,comoa
nacionalização dasempres as.
FoijustamentenesseperíododecontradiçõesqueaconteceuoqueSaviani(1988)
denomina de ensaio de uma maior aberturana direção das aspirações populares. Surgem
iniciativas como é o caso do MEB – Movimento de Educação de Bas e, Campanhas de
alfabetizaçãodeadultoseo utrasiniciativasqueseconstituíramcomosistemasparalelosà
organizaçãoe scolarregular,tornandoseessesmovimentosumesp açoondeosestud antes
universitários canalizavam seus interesses e reivindicações. Após 1964, a própria
universidadetornaseoespoeoobjetodereivindicaçõesdereformas.
Paracontrolarasituação,ogovernoprovidenciaaLeinº.4.464/65,comofimde
regulamentar a organização, o funcionamento e a gestão dos órgãos de representação
estudantil, assim como também as ass inaturas dos acordos chamados MECUSAID
9
. As
universidades,espaçoderesistênciamanifestaaoregime,acabamporencaminh aracrisede
1968 .
Segund o Saviani (1988, p. 86), o governo usou da mesma e stratégia da
indepenncia“façamosareformaantesqueoutrosfaçam”,apress andoseemdesencadearo
processo,se ndoque,noaugedacriseestudantil,baixouoDecretonº.62.937,instituindoo
“Grup odeTrabalhodaReforma”,confrontandoseaoGrupoEstudantil.
Emjulhode1968,foramdesenvolvidosestudospeloGrupode Trabalho,criado
pordecretodoPresidenteMarechalArthu rdaCostaeSilva, quedeuaessegrupoumprazo
de trin ta diasparapesquisare elaborarumapropostad e reformauniversitária.Segundoo
decreto, os estudos objetivavam garantir “[...] ‘eficncia, modernização e flexibilidade
administrativa’dauniversidadebrasileira,tendoemvistaa ‘formaçã oderecursoshumanosd e
altonívelparaodesenvolvimentodopaís’”(SAVIANI,1988,p.81).Esseestudodeuorigem
aoProjeto,queporsuavezoriginouaLei5.540/68 .
Podese ter idé ia, dentro dessa teia de relações,de paraquaisinteressesestão
voltados os resultados  dessesestudos,quefo ramconsubstanciadosno  RelatórioGeraldo
GTRU
10
, sendo essas propostas encaminhadas a um grupo de nível ministerial composto
pelosministrosAntônioDelfimNeto(Fazenda),JoãoPaulodosReisVelloso(Planejamento),
LuizAntôniod aGamaeSilva(Justiça)eTarsoDutra(Educação).
9
ConjuntodedozeacordosfirmadosentreoMinistériodaEducãoeCulturaeaAgencyforInternational
Develop ment,noperíodode1964ejaneirode1968,quecomprometeuapolíticaeducacionalbrasileiraàs
determinaçõesdetécnicosnorteamericanos.
10
GrupodeTrabalhodaReformaUniversiria
67
Comosepodeperceber,aLeinº.5.540/68éumproduto doregimepolíticod o
contextodaépoca,caracterizadopelosreflexosdo go lpemilitarde1964.SegundoFlorestan
Fernandes,osinteressesdogrupo
[...] não encarnam a vontade da Não, mas dos rculos conservadores que
emp almaramopoder,atravésdeumgolpedeEstadomilitar.Pormaisrespeitáveis
ou bemintencionados que sejam os seus componentes, eles se converteram,
individualecoletivamente, emdelegadosdos detentoresdopodereemarautosde
umareformauniversiriaconsentida(FERNANDES,1975,p.202 ).
Coma Lei5.540/68ep osteriormenteoAtoInstitucionalnº.5,de13de fevereiro
de 1969,há a consumaçã o de  uma rupturapolíticanoâmbito educacion al, sendo os etor
estudantilafas tadodemane iradeliberadad oregime.
Vêseaíumaestruturade ensino superiorpreconizadapelareforma,poisalei
instituiadepartamentalização,amatrículapordisciplina,o regimedecréditos,entreo utros
dispositivosadministrativosepedagógicos,comumpropó sitopolíticomascaradodecausara
desorganização dos aluno s, esp alhandoos por diferentes turmas e, dessa forma,
desmobilizando umgrupoantescoesodurantetodoumcurso.
ParaSaviani, a Lei cumpriu o seu papel de reformularoensinosuperior“[...]
definindose pela aplic ação, nesse campo particular, da estratégia do ‘au toritarismo
desmobilizador’acionadaemfunçãoda‘democraciaexcludente’”(SAVIANI,1988,p.98).
Emumaanáliserealizadapeloautorsupracitado,publicadanare vistaPrincípios,
Educação&Universidade,elecomentaofatodeareformade1968terprocuradoatendera
duas demandas contraditórias, que eram as demandas dos estudantes e professores e a
demanda do grupo ligado ao regime instalado pelo golpe militar, que buscava um maior
vínculo  do e ns ino superior com mecanismos de mercado e com o proje to político de
modernização.
OGrupodeTrabalhoprocurouaten deràd emandadosestudanteseprofessores
abolind o a tedra e proclamando a indissociabilidade entre ensino e pesquis elege a
instituição universitária como forma prefe rencial d e organização de ensino su perior e
especificacaracterísticasqu epromoviamaauton omiau niversitária.
Paraate nder à demandado grupoformado pelaelite políticaligadaaoregime
militar,foraminstituídasmedidascomoosistemadecréditoscommatrículapordisciplina, 
cursos de curta duraçã o, organizaç ão fund acional, assim como se procuro u racionalizar a
estruturaeofuncionamentodauniversidade.
68
Quantoàexpanodauniversidade,napráticaessasedeuporumaaberturade
forma indiscriminada, conforme autorização do Conselho Federal de Educação, com a
expansão de escolas privadas,ou seja, em direção contráriaàs demandas es tudantis e ao
própriotextoaprovado,qu e,segundooartigo2º,dalei5.540/68,estabelececomoregraa
organizaçãoun iversitáriaadmitindoapenasemcasodeexcãoestabelecimentosprivados
isolad os.AsdiretrizescontidasnaLei5.540/68referentesaoensinosup eriores tiveramem
vigoraté1 996,quando,apósváriasdiscussões,foivotadaaatualLDBEN –Leidediretrizes
eBasesdaEducaçãoNacional,denúmero9.394/96.
Apartirde19 68,foraminúmerasaspossibilidadesquelevaramaseinstalarno
paísumavastarededeestabelecimentosprivadosdeensinosuperior.Comoestímulodado
pelogoverno,p ormeiodesubsídiosdiretosouindiretos,comoaiseãodeimpostos,houve
tambémaausênciadefiscalizaçãoporpartedoMEC,facilitandosedessaformaaexpano
indiscriminadadaredeparticularereduçãodaredepública,originandoumaaltaco ncorrência
nos vestibulare sdarede pública,sendoessaconcorrênciadesleal,poispassamaquelesque
estudamemescolasparticularesporseremestasmelhoresdoqueasblicas,constituindose
ummecanismodediscriminaçãosocial.
No decorrer da h isria, observamse man ifestaçõ es de rua e greves contra o
Governo durante o período de 1964 até 1968. uma reação do Govern o por meio de
repressãoàcomunidadeuniversitária,repress ãoessaqueseiniciounoprimeirodiadogolpe
aoseincendiaroprédiodaUNE(UniãoNacionaldosEstudantes).
Coma Constituiçãode1988,sãoincorporadasreivindicaçõe srelativasaoensino
sup erior,taiscomoaautonomiauniversitária,aindissociabilidadeentreensino,pesquisae
exteno, garantia de gratuidade nos estabelecimentos oficiais, ass egurand ose também o
ingresso por conc urso público e regime jurídico único. Assim, passouse a re ivindicar a
expansãod asvagasdasuniversidadespúblicas .
NaConstituãode1988,Art.21 4,tomaformaumaidéiaquehaviasurgidohá
cinqüentaanos,ouseja,umPlano Nac ionaldeEducaçãocomforçadelei.Essaidéiafoise
desenvolvendoàmedidaemqueoq uadrociopolíticoeeconômicofoisetransfo rmando,
poisaeducaçãodeummodogeralcomeçaaimporsecomoumadascondõesfundamentais
paraodesenvolvimentobrasileiro.
Aospoucos,fois edesenhan doumplanoparaareconstruçãoeducacional,com
umalcancenacional,unitárioedebasescientíficas.Essasidéiastinh amsurgidoapartirda
cadade1930como“ManifestodosPioneirosdaEducação ”.Arepercusodessasidéias
levouàinc lusãodeumartigonaConstituãode1934(Art.150),declarandosercompetência
69
daUniãofixaroplanonacionaldeeducação,relativoaoensino“detodosos grauseramos,
comunseespecializados;ecoordenarefiscalizarasuaexecução”(BRASIL–PNE,2002,p.
13).
A idéia de um Plano Nacional de Educação é incorporadapelas constituições
(exceto aCartade1937),demaneiraqueoprimeiroPlan osurgiu em1962,navigênciadaLei
deDiretrizese Bas esdaEducação Nacional,aLei4.024/196 1.Nessemomento,temse“[...]
umconjuntodemetasquan titativasequalitativas[...]”.SegundoConstituiçãode1988,Art.
214: “A lei estabelecerá o plan o nacional de  educação, de duração plurianual, visando a
articulação eaodesenvolvimento  deemseusdiversos níveis eaintegração dasaçõesdo
poder blico (BRASIL . GOVER NO DO ESTADO DO PIAUÍ CONSTITUIÇÃO
FEDERALDE1988,1997,p.11).
NaLeideDiretrizeseBasedaEducaçãoNacional9.934 /96,consta,nosartigos9
e87,queéde verdaUniãoaelaboraçãodoPlanoNacionaldeEducação,emcolaboração
entre E stados, Dis trito Federal e Municípios. Essa LDB também institui a década da
educação.
Nofinalde1997,anodedicadoàelaboraçãodoPNE,oMECdivulgo uoPlano
Nacional deEducação,quefoiinstituídoem1998peloProjetodeLe i4.173/98.Noentan to,
dois projetos foram apresentados à Câmara dos Deputados: o citado de nº. 4 .17 3/98,
elaboradopeloM ECeapresentadopelogovernofederal,eodenº.4.155/98,subscritopelo
DeputadoIvanValente.ApóstrêsanosdetramitaçãolegislativanoCongressoNacional,local
em que se constituiu um espaço de amplos debates, onde foram apresentadas emendas e
sugestõ es,orelatordacasa,NelsonMarchezan,apresen touu mprojetosubstituto ,quepassou
porduasrevisõeseemendas,sendoaprovadoeencaminhadoaoSenadoFe deral,oqualo
aprovousemalteração.OpresidentesancionouenoaLeinº.10 .17 2,de9dejaneirode
2001 ,q ueinstituioPNEPlanoNacionaldeEducação,essaleisofreuvetosanovemetas,
entre elas as de orçamento  e gestão, as q uais aind a não foram submetidas à votação do
CongressoNacional.
O PNE, no âmbito d o e nsino superior, deixa explícita a diferença e ntre
“universidade depesquisa”e  “unive rsidade deensino”, econforme Saviani,“[...]prevê a
ampliação da oferta de e nsino público [...]um aumen to de 200%dasvagas públicas nos
próximo sdezanos.Como,noentanto,atingiressametasenãoseprevênenhuminvestimento
blic oadicional?”(SAVIANI,199 9,p.84).
OPlanoNacionaldeEducaç ãoestipu laque,até2011,30%dosjovensnafaixa
etáriade17e24anosdeverãoestarcursandooensinosuperiorequetambémdevemser
70
ampliadasasvagasnasuniversidadespúblicasem40%,demaneiraquepossaserfacilitadoo
acesso,até 2011, de jovenscarentes.Noentanto, oques e observaéque apenas9%dos
brasileirosnessafaixaetáriaestãonesseensinoe,quee mboraomerode matrículastenha
aumentadopara82,9%entre 1998 e 2003,aindase estádistante doestipuladop eloPNE
(ALMANAQUEABRIL,2005).
Deacordoco moPlanoNacionaldeEducação–PNE,asIEStêmmuitoafazer
para
[...]colocaroPsàalturadasexigênciasedesafiosdoSéculo21,encontrandoa
solução para os problemas atuais, em todos os campos da vida e da atividade
humanaeabrindoumhorizonteparaumfuturomelhorp araasociedadebrasileira,
reduzindo as desigualdades. [...] a elas compete primordialmente a formação dos
profissionais do magistério; a formação dos quadros profissionais, científicos e
culturaisdevelsuperior,aproduçãodepesquisaeinovação,abuscadesolução
paraosp roblemasatuaissãofunçõesquedestacamauniversidadenoobjetivode
projetarasociedadenumfuturomelhor(BRASIL –PNE,2003,p.65).
Nacitaçãoacimapercebeseu maidéiainnuadequeoplan opoderáresolver 
todososproblemasdaeducação.Ficatran sparenteainteãod ecooperarc omaspolíticas
internacionais,aosecolocar,entreumdospap éisfundamentaisdaeducaçãosuperior,ode
“promoveraqualidadeecooperaçãointernacional”.Outroaspectoquemereceateãoéo
fato de que, apesar de o plano se proporcomo um instrumentode viabilidadee  esforços
integradosentreastrêsesferasdogoverno,eleaindaapresentasefrágilnesseaspecto,pois,
deacordocomSaviani(1999),essepropósito
[...]praticamente nãosaiu dopapel,limitandoseaorientaralgumas ações
na esfera federal. Em verdade, ao que parece, o mencionado plano foi
formulado mais em função do objetivo pragmático de atender a  condições
internacionais de obtenção de financiamento para  a educação, em especial
aqueledealgummodoligadoaoBancoMundial.
Osistemadeeduc açãosu perioraprese ntasecomoumconjuntodiversific adode
instituições que ate ndem às diferentes demandas e funções. Mas consid erase que as
“universidades constituem, a partir da re flexã o e da pesquisa, o princ ipal instrumento de
transmisodaexperiênc iaculturalecientíficaacumuladapelahumanidade”(BRASILPNE,
p.54).
AtualmenteaLDB9.394/96torn ouosistemamaisheterogêneo,diversificandoo
com u ma variedade de tipos de instituões de ensino superior.Essas instituõ es são as
seguintes:
71
· Universidade – caracterizase por autonomia didátic a, administrativa e
financeira,pordesenvolverensino,extenoepesquisa,contandocomum
meroexpressivo demestreedoutores;
· CentroUniversitário–caracterizaseporatuaremumaoumaisáreas,com
autonomia paraabrir e fecharc ursos e vagas  de grad uão e ensino de
excelência;
· Faculdades integradas – reúnem instituiç ões de diferentes áreas  do
conhecimentoeofe recemensino,àsvezesextenoepesquis
· Institutos ou escolas superiores – atuam em área específica do
conhecimentoepodemounãofazerpesquisa,alémdoensino,depend endo
doConselhoNacionaldeEducaçãoparacriaçãodenovoscursos.
Há uma tendência de se tentar inserir ainda mais as instituõ es na lógica do
merc ado.Logo,sob aorientaçãodoB ancoMundial,oBrasil epraticamentetodos ospaíses
latinoamericanospassamporprofundastransformaçõesduranteasdécadasneoliberais,que
noBrasiliniciamse,segundoalgunsestudos,e m1989,comaeleiç ãodeFernandoCollor.
As políticas educacionais tendem, em nível nacional, a atender aos projetos
políticosee comicosinternacionais,existind oassimumaafinidadee ntreosdiscursosd os
governanteseosdiscursosdeinstituiçõesquerepresentamocapitalismointern acional,ou
seja,privilegiamseinteressesdis tantesdarealidadedoBrasil,desconsideran doseopapel
dos  agenteslocaisenacionais.Tais instituões estãorepresen tadas pelo BancoM und ial,
FMI,entreoutras.
Percebese que,ao procurar atender às políticas internacionais, a universidad e
perde s eu papel reconhe cido historicamente, que é o de ser uma “instituição social
multissecular”. Ao se analisar a historicidade dauniversidadeno Brasil,tornasepossível
identificar modelos e uropeus: “[...] o jesuíti co, o francês e o alemão, q ue tive ram sua
predominânciaemdiferentesmome ntoshistóricosenauniversidadesefazempresentesaté
hoje”(PIMENTANASTASIOU,2002,p.144).
Lançase , portanto,u m olharao passado,concordando com OteroLoiva Félix
(1998),paraquem,assimcomoofuturo,opassadotambéméumaforçaq ueimpulsionaa
hisria,poiséopassadoque,aolevaropesquisadorà origemdeseuobjetodepesquisa,
impulsionao para frente. Esse retorno ao passado, portanto, tornase inevitável ao
72
pesquisador,poisfazerhistóriaé,segundoCerteau(2003),realizarumainterrelaçãocomo
tempo.
Emu maanálisedosmodelosquevêmsedelineandoduranteoprocessohistórico
daeducação,percebeseque,nodecorrer dapráticauniversitária,esse smodelos aind ahojese
encontram presentes n a ão discente e docente, de modo bastante similar. Bourdieu
corroboraessavisão,afirmandoque
[...]omodelojesuíticoencontrase,pois,nanesedaspráticasemodosde
ensinar presentes nas universidades, configurandose como umhabitus, isto
é, um conjunto de esquemas que permite engendrar uma infinidade de
práticas, adaptadas a situações sempre renovadas, sem nunca constituir
princípiosexplícitos(BOURDIEU,1991a pudPIMENTA;ANASTASIOU
2002,p.147).
Noperíodocolonial(1808),foramcriadasesc olasisoladas,emconseênciado
pactocolonial entre as nações européias. Ness e momentodelineouseomodelo,segundo
Pimenta e Anas tasiou (2002), franconapoleônico, caracterizado por organizações não
universitárias,profissionalizantes,c omcursosefaculdadesquebuscavamaformaçãode
[...]burocratasparaodesempenhodasfunçõesdo Estado[...]tr atasedeum
modelo de universidade centralizador e fragmentado. Por impossibilitar e
dificultar processos divergentes de pensamento, criou uma unidade
impositiva que até hoje tem dificuldades em se atualizar (PIMENTA,
ANASTASIOU,2002,p.149).
Esse modelo franc ês inicio use no Brasil em um período em que  se
desenvolveramasfaculdadesisoladas,preocupandosecomaformaçãodeprofissionaisp ara
atenderàelite.Oprofessoraparecec omotransmissord econhecimento .
Quantoàinfluênciadomodeloalemãoouhumbold tiano,criadonaAlemanhano
Séc.XIX,elaaparecenosseguinte sitens :estabeleceseumnovopapelaoalunonadireçãoda
construção do conhecimento; o avanço da ciência por meio da pesquisa e das questões
nacionais é proposta co mo solução para renovações tecnológicas. Esse modelo marcou
presençanauniversidadebrasileira.
Esses elementos do modelo alemão, que dão destaque à produção do
conhecimento e ao processo de pesquisa, o assimilados ao sistema de
ensino superior norteamericano e chegam ao Brasil, em âmbito nacional,
no textoda Lei5.540/68, comoresultadodeumdosacordos MEC/Usaid,
73
conduzindo às r eformas educacionais do período da ditadura militar.
(PIMENTA;ANASTASIOU,2002,p.152).
Nessemomento,separamsep esquisaeensino,passando separaagraduação,
aresponsabilidadedeformarprofissionais(reforçandoocaráterprofissio nalizantedomodelo
napoleônico),ficandoapesquisasobaresponsabilid adedapósgradu ação.
Segund o Chauí (1999), a universidade passa por um período chamado de
“Universidade Func ional”. Para a autora, esse período corresponde à transformação da
conceão da Universidade como “instituição soc ial”, para uma “universidade
organizacional” ,quevemocorrendoduranteosúltimosanosdoprocessoneoliberal.
Talvezemd ecorrênciados fatoresacimacitados,auniversidadeapresentase
comdeficiênciasemseuscurrículosecomprofessoresvoltadosàtransmisodosconteúdos
desses currículos, os  qu ais o atendem à realidade social, além de  se apresentarem
fragmentadoseinque stioveis.Observase
Fortes resquícios da metodologia jesuítica e do modelo organizacional
francêsaindaseencontraminstaladosedominantes,muitasvezesimpedindo
a universidade de cumprir seu pa pel de possibilitar processo de construção
deconhecimento(PIMENTA;ANASTASIOU,2002,p.154).
Reconhecendoqueauniversidadeb rasileira,deummodogeral,mantémainda
característicasdosmodelosaquiapresentados,fazsenecessárioumestudomaisprofundo
sob reomodeloquecaracterizaopro cessodeexpansãodaeducaçãosuperior.
Oscritériosdedefiniçãodeu mmodelodeuniversidadetendemacontemplaros
quedizemrespeitoàassociaçãoentree nsino,pesquisaeextens ãoalémdaintegraçãoentreas
instituiçõesdeensino–IESeoutroselemen tostambémc onsideradosrelevantes(regimede
trabalho do corpo docente, qualificação docente para pesq uisa, estrutura de produção e
divulgaçãocientífica,pósgraduação
strictosensu
,etc).Considerase,paraefeitodeanálise,a
classific açãod eSguissardi(2004 ),poisparaele,deacordocomapresençamaioroumenor
dos  critérios supracitados, as IES serão classificadas como neonapoleônicas ou neo
humboldtianas.
Asuniversidadesconsideradasneonap oleônicasapresentamcaracterísticascomo
ausência de estrutura de pesquisa e pósgraduação
stricto sensu
reconhe cida, presen ça
majoritáriadedocentesemregimedetempoparcialou horistasesemqualificaçãoempós
74
graduaçã ocomhabilidadeparapesquisa,isolamentodasunidade s,dedicaçãoàsatividadesde
ensino de forma quaseexclusiva ec om estruturaadministrativoacadêmicavoltada paraa
formaçãodeprofissionais.
De outro lado, nas neohumboldtianas, p redomina a estrutura de prodão
científicae desgraduação
strictosensu
consolidadaereconhecida;presençamajoritáriade
docentesemregimedete mpointegral,qualificadoscompósgraduaçãocomhabilitaçã op ara
pesquisa;unidadesintegradasemto rnodeumprojetodeens inoepesquisa;diferentesníveis
deassociaçãoe ntreensino,pesquisaeextensão;es truturaadministrativoacadêmicavoltada
para a formação de p rofissionais e formação de p esquisadores na maioria das áreas de
conhecimento.
Percebemsenacitaçãoabaixoosinteressesdapolític adeensinoemestimular
escolassuperioresquesedediquemapenasaoensino,comp reocupãodeapen asatenderà
demandap orvagas.
Vêseassimqueapolíticadeensinosuperiorqueestáprocurandoimplementarse
baseia na dualidade entre “universidade de pesquisa”, constituída por poucos
centros de excelência mantidos diretamente ou fortemente subsidiados com
recursos públicos, e “universidades de ensino”, constituídas por uma ampla e
diversificadagamadeinstituiçõespúblicas,semipúb licaseprivadascomousem
finslucrativos,asquaisabsorveriamagrandemaioriadoalunado.Nessecontexto,
a última meta, a de mero 15, “generalização da prática de pesquisa como
elemento integrante e modernizador de todo o ensino póssecundário” (p.41 ),
resultadeslocada,emclaracontradiçãocomtodooespíritodaproposta.(PNEapud
SAVIANI,1999,p.85)
Percebesequeapolíticadeensinosuperiornãotemproporcionadoummodelo
únicodeuniversidade,masumadualidade,envolvendo fundamentalmentedoiselementos:a
associação ensino, pesquisa e exteno e a tentativa de integração entre o conjunto de
unidades,ouseja,entrefaculdades,instituões,centros,etc.
Combasenessesparâmetrosdeclassificação,autorescomoManceboevero
(Orgs.)(2 004)eSguissardi (2004)consideramque nãoháu mmodeloúnico,homogêneo
acompanhandoo proce ssode desenvolvimentoeexpansãodaeducaçã osuperiornoBrasile
simumasuperposiçãodemodelosquesedelinearamapartirdocontextohis tóricopolíticode
cada lo cal e época. No entanto, quantitativamente há uma predominância do modelo
neonapoleônico,“queremontaaoimpérioeàsesco lasprofissionais”(SGUISSARDI,2004,p.
42).Esses dois modelos podem estarpresentes ao mesmo tempo,superpondoseemuma
mesmaIE S.Emumaanáliserealizadapelaautora,apolíticad eeducaçãosu perior
75
[...]deuse,medianteosDecretos2207/97,2306/97e386001,amaisconcessiva
interpretação da letra e do espírito do artigo 207 da Constituição Federal, que
estabeleceaobediênciaaoprincipiodaindissociabilidadeentreensino,pesquisae
extensão.Poressesdecretos,ficaramliberadasdaobediênciaaesseprincípionada
menos que 1.024 IES sobre um total de 1.180 IES, em 2000; sendo apenas as
universidades a ele obrigadas.[...] um modelo “novo” irá adquirir cada vez mais
forma e conteúdo, a partir de meados dos anos 90: um modelo de universidade
(educão superior) “público” e privado – neoprofissional, heterônomo
11
e
comp etitivo. (SGUISSARDI,2004,p.4344)
Pelo Decreto 2306/97, ocorre o reconhecimento das IES p rivadas com fins
lucrativos,sendoesteDecretosubstituídopelodemero3860,quedispõesobreasentidad es
mantenedoras dessas IES, que assim o m mais as obrigações previstas no Decreto
anterior, não tendo que se submeter às auditorias do poder público. Isso favorece o
crescimentododenominadomodeloneoprofissional.Emumaanálisedaeducaçãosuperiorno
Piauí,deacordocomaFundaçãoCentrodePesquisa(2003 ),constaque
oEstadocontacomduasuniversidadeseumcentrotecnológicosuperiorblicos
depesquisae24faculdadesparticulares(dadosde2002).Sãoaotodo236cursos
de nível superior oferecidos, sendo que 89,0% ministrados pelas instituições
blicase11,0%,pelasparticulares(dados2002).[...]AUniversidadeFederaldo
Piauí[...]possui
Campi
UniversiriosnosmunicípiosdeParnaíbaePicos.[...]A
Universidade Estadual do Piauí colocase em evidência pelo maior mero de
cursos oferecidos (161 em 2001) e pela maior capilaridade: além da sede, na
Capital do Estado, em 2002 estava presente em nada menos do que em 30
munip ios piauienses, tendo oferecido 7.031 vagas e matriculado, nesse mesmo
ano,cercade18.622alunos.Comodestaque,implantouoscursosdeMedicinaede
Fisioterapia e o sistemadecursosde formaçãoespecífica ou seqüenciais.[...]No
âmb itoprivado[...]omerodeoitofaculdadesexistentesem2001foitriplicado
emumúnicoano,resultando,em2002,naexistênciade24estabelecimentos,dos
quais cerca de 90% estão situados na capital (BRASIL. FUNDAÇÃO CEPRO ,
2003 ,p.6162).
DeacordocomosdadosdaFundaçãoCentrodePesquisa,podesevisualizarno
Piauíumaexp anodoensinopú blico,pormeiodeu mcrescimen toemnúmerodecampie
cursosbemmaiordoqueocrescimentodoensinoprivado,diferentementedoq uesevem
delineandoe mníve lnacional.Essecrescimentofoimaio rnaUn iversidadeEstadu al.
Questionase:qualmodelodeuniversidadevemsedelineandocomessaexpans ão?
Direcionaseessaproblemáticaparaou trosestudo s,pois,nopróximocapítulolançaseum
olharsobreaorigemeexpansãodaeducaçãonaMic rorregiãodasChapadasdoExtremoSul
Piauienseembuscadesuasperspectivaserealidades.
11
Otermosignificaqueauniversidadepassaatersuapráticacotidianaregidapelalógicadomercadoedo
Estado.
76
CAPÍTULOIII
HISTÓRIADAEDUCÃOSUPERIORNAMICRORREGIÃODO
EXTREMOSULPIAUIENSE:PERSPECTIVASEREALIDADES
Nãosepodecontestarqueocarátercolon izadordoPiauí,aexemplodoBrasil,
concebeucaracterísticashistóricasdedesenvolvimentoglobalvoltadoparaasubordinaçãoe
dependênciaexterna,ques erefletenasdiversasáreas:social,econômicaecultural.
O Brasil aprese ntase com um alto níve l de desigu aldade entre seus Estados. 
Segund o o Programa das Nações Unidas (Pnu d), a desigualdade no Brasil é altamente
expressiva(85vezesmaior)emrelaçãoaoutrospaíses(ALMANAQUEABRIL,2005).
Estudos realiz ados por Barros, Henrique s e Mendonça (1999 apud SILVERA,
2002  p. 1617) revelam que, “em 1999, cerca de 14% da popu laçã o brasileiravivem em
famíliascomrendainferioràlinhadeindigênciae34%,emfamíliascomre ndainferiorà
linhadepobreza”.Observasequena“[...]porçãomaismiseráveldopaís–oNordeste–as
diferenças espac iaiso tênues”.OIns titutoBrasileirodeGeografiaeEstatística–IBGE,ao
divulgardadosdoCensoem2000,mostraqueoNordestereún eosmaisbaixosíndicesde
DesenvolvimentoHumano(IDH)eapre sentaamaisaltataxadeanalfabetosnopaís:23,4%
(ALMANAQUEABRIL,2006).
Diantedosdados,oquesedizdaMicrorregiãodasChapadasdoExtremoSul
Piauienseeprincipalmente deumacidadelocalizadanessaregiãoplanálticadoextremosul,
distan te874Kmdacapital(Teresin a)?
Para uma respos ta a esses questionamentos, tornase necessário conhecer a
divisã oadministrativadoestado.Geograficamente,oestadodoPiauíestádivididoem222
77
municípios,agrupadosemquatromesorregiõeseemquinz emicrorregiões geográficas,de
acordo com os últimos d ados d a Fundação CEPRO (BRASIL. PIAUÍ VISÃO GLOBAL,
2003 ).
Amicrorregiãogeográficadaschapadasdoextre mosulpiauienseéformadapelas
cidadesdeAvelinoLopes,Corrente,CristalândiadoPiauí,C urimatá,JúlioBorges,Morro
Caba no Tempo, Parnaguá, Riacho Frio e Se bastião Barros  (BRASIL. PIAUÍ VISÃO
GLOBAL, 2003). Dessas cidades, duas sã o contempladas com um campus da UESPI:
Corre nteeCurimatá.
Natessiturahistóricadaeducaçã o superiornoceriopiauiense,desenvolveuse
nessa seç ão do  estudo breve olhar sobre o processo de  origem e expano da educação
sup eriornessaregião.Esteproces so teveseuinícioemCorrenteeapartirdaíseexpandiu
paraoutrosmunicípioseCurimatá.Portanto,comoobjetivoderesponderco moocorreuoa
expansãodaeducaçãoatéessaregião,fazseumaabordagems obreaorigemeexpan sãoda
UESPI.
3.1UniversidadeEstadualdoPiauí:umolharparasuaorigemeexpano
A idéia de criação de uma universidade estadual remonta a desejos antigos, a
exemplodoqu efoiexplanadoacercadaUniversidadeFederaldoPiauí.Noqueco ncerneà
UESPI,essalutainiciouse,segundoGuiomar(2003,p.39),com“[...]aslutasdeestudantes,
professo resedu cadoreseintelectuaispelareestruturaçãodoensinosuperiorepelaampliação
donúmerodevagas”.
Assim, no dia “10 de janeiro de 1964, oGoverno PetrônioPortellaap rova,na
Assembia Legislativa, a Lei nº. 2.56 7, que autorizava a organizar, em Fundação, a
Universidaded oPiauí,aU.E.P”(PASSOS,2003 ,p.43),poré m,ainiciativadoGovern o não
saiudopapel.
Conformeaautora,osnoticiáriosdaépocademonstravamqueoGovernotinh aa
intençãode criarumaUniversid adeEstaduale,posteriormente,federalizála.Poré mafaltade
umconsensoquan toà“von tadepolítica” pelopoderhegemônicoemâmbitofederalmaisuma
vezfez comqu efosseadiadaessaidéia.Como mencionado,somenteem1 2d enovembrode
1968 ,foiassinadaaleicriandoaUniversidadeFederaldoPiauí,apóssucessivaslutas.
ApromulgaçãodaLeinº.1.523 dedezembrode1951,possibilitouapassagemde
75%dasuniversidades estaduaisparaaUn ião,ouseja,proporcio navaseafede ralizaçã o das
78
universidadesestaduais.NoPiauí,emre laçã oaoensinoblico,primeirofoiimplantadauma
universidadefederal.
Defato,diantedavida,indagase:quandorealmenteocorreuaimplantaçãode
umauniversidadeestadualnoPiauí?Paraumamelhorcompre enode ssefato,procurouseo
depoimento d o Prof.LuísSoaresde AraújoFilho,quen o dia28dejulhode 1 986 ,proferiua
aula inaugural do Centro de Ensino Superior do Piauí da Fundação de Apoio ao
Desenvolvimento da Educação do Estado do Piauí, solenidade ocorrida no Centro de
Convenções, em Te resinaPI. Temse, a seguir, seu depoimentoaqui transcrito,conforme
entrevistaoral(gravada)sobreaimplantaçãodessaantiga idé ia:
QuandoogovernadorHugoNapoleãoassumiuoGoverno,em19 82,convidouosecretárioAtília
Lira para ser seu Secrerio de Educação. Esse, por sua vez, nos convidou para coordenar os
trab alhos da Assessoria de Planejamento e, logo no entendimento para aquela função, disse o
secretárioAtilaLiraqueeravontade,compromissopolíticodogovernadorHugoNapoleãocriar
uma instituição de ensino superior voltada para atender às necessidades de qualificão dos
recursoshumanos,àsnecessidadesdepesquisaseàsnecessidadesderadiodifusão,q uerdizer,o
ensino à distância. E uma das funções que fora atribuída à Assessoria de P lanejamento àquela
época,eraexatamentedeviabilizarumapropostaq uedesenvolvesseestastrêsfunções,queseriam
umembriãodafuturaUniversidadeEstadualdoPiauí(PROF.LUÍSSOARES)
Na fala do Professor Dr. Luis Soares, percebese a imp ortância da “vontade
política”porpartedosdirigentes,confirmando“[...]quetodosessespontosparecemindicaré
queoBrasilconstituiumasociedadecomumsistemad otadodeltiplasesferasd eãoede
significação social (DAMATTA, 2000, p. 93)”. Assim, se concretiza essa vo ntade, esse
compromis sopolítico,comopodeserpercebidonaspalavrasdodepoente:
LogoaoassumirmosaAssessoriadePlanejamento,constituímosumgrupodetrabalhoepassamos
anosreunir,adiscutirmosqualseriaomodelo,qualseriaapropostaviável,exeqüível,paraesta
determinaçãopolíticadogovernadorHugoN apoleão.Evimosqueumauniversidadeestadualna
natureza de autarquia não seria recomendado. O mais recomendado pela flexibilidade, pela
autonomiaseriaadeumaFundação ebuscamosapoioexternojuntoaoMinistériodeEducação.O
MinistériodeEducação,porsuavez,estavanaquelaépoca,naqueleano,comumaprioridadede
PrimeiroGrau,inclusivedeumapropostade“Escolaparatodoseestavadesenvolvendoo“Projeto
Vencer”,quetinhapormetacolocartodasascriançasde7a14anosnaescola.E,discutindocom
ostécnicosedirigentesdaSecretariadePrimeiroGraudoMinistériodaEducação,vimosquenão
seria viável um apoio direto à constituição de uma instituição de ensino superior, mas
indiretamente sim, porque como uma das propostas do Projeto Vencer era também manter os
alunos da escola de Primeiro Grau, era preciso qualificar seus professores. Então qualquer
instituiçãoqueviessecomessapolíticadequalificãodeseusprofessoresseriabemvindaeentão
o MEC poderia ajudar de forma indireta. E a partir daí, então, com a ajuda de cnicos do
Ministério da Educação, identificamos umaconsultoria em Recife, quepudesse nos apoiar nos
estudoserealizãodessa vontadepolíticadoGovernadorHugoNapoleãoedoSecretárioÁtila
Lira.Efoicontratadaessaassessoria,essaconsultoria.Foifeitotodoodiagnósticodarealidadeda
educãodoEstadodoPiauíea partirdaífoielaboradaumapropostaquechamamos inicialmente
de FADEP – FundaçãodeApoioao Desenvolvimento daEducaçãodo Estadodo Piauí. E esta
Fundação que seria o grande guardachuva, ela abrigaria inicialmente três grandes centros: o
79
Centro de Ensino Superior de Educação do Piauí, o Centro de Pesquisa e um Centro de
Teleducação. Nessa concepção foi então desenvolvida a proposta, sendo que o compromisso
primeiro em termos de ensino seria voltado para as necessidades da educação, voltado para
qualificarosprofessores(PRO F.LUÍSSOARES).
Diante do de poimento do professor podese fazer uma comparação entre  os
caminhostraçadospelaUESPIepelaUFPI,poisaUESPIpercorreuuma trajetóriainversada
UFPI.Aprimeira,inicialmentevoltadap araaformaçãodequadrodocenteparaaEducação
sica,afastousedesseobjetivoparaenfatizarcursosconside radoselitizado s.Poroutrolado,
aUFPI,inicialmenteaserviçodeumaeliteestabele cida,foilentamente seampliandocom
cursostéc nicoseagropecuário s,emboranãotenhadeixadodeconsolidaroprojetodaselites
de ilustração cultural como meio de manter statu s e o po der. Consolidando essa teia de
relações, to rnase importante lembrar que o estudante do ens ino superior, na época de
implantaçãodaUniversidadeFederalpertenciaàe litelocal,quesecaracterizavapo rser
[...] articulista de jornais locais, muitas vezes integrante do ciclo de amizade ou
familiardosprofessoresuniversitáriosque,àsvezes,erammembrosdogovernoou
integrantesdojudiciário,figurasproeminentesdaculturalocal,ligadosp orlaçosde 
amizadeoufidelidadepolíticaaogovernoouaoseugrupopolítico(PASSOS,2003,
p.43). 
Quanto às  políticas educacionais da época, na visão de Damatta (2000,p.93),
poucosesabedessesistemaepoucoseentended esuagica,maspercebeseque,parase
penetrarnele,háumagrandenecessidad edeseter“[...]capacidadederelacionaredeassim
criarumaposiçãointermediária,posiçãoqueassumeap erspectivadarelaçãoequesetraduz
numa linguagem de conciliação, negociação, gradação”. Essa linguagem constituise em
atitudesconsiderad ascomunsnasocie dadebrasileira.
O contexto históricoso cial e político (em 1983, tomavam posse os primeiros
governadoresdeEstadoeleitos)mostravaqu easocied adeeaeducaçã obrasileirapassavam
porinúmerastransformações,emto dosossetores.Pormeiodafaladoprofessor,percebesea
intençãodeumauniversidadeembuscad eaten derademandavoltadaparaaformaçãode
docentesparaaEducaçãoBásica:
O Estado do Piauí, em Teresina, tinha um grande mero de professores não qualificados,
sobretudodaquintaàoitavasérieedo ensinodio,eessarealidadenointeriordoEstadoera
muito grande com um grande mero de professores autorizados a título precário. Então a
prioridademeroumseriaadequalificarosprofessoresdoprópriosistemaestadualdeensino.
Umasegundaprioridadesevoltaria,depoisdapolíticadequalificão,aqualificarosservidores
das diferentes Secretarias Estaduais. A segunda prioridade ainda relacionada a esta seria
desenvolver pesquisa e as pesquisas se voltariam para dar um suporte à ação docente. Seria
80
pesquisar para ver as causas das elevadas taxas de repetência, as causas da evasão e construir
mariasdeensino,elaborar textos,sobretudomaisadequadosàrealidadedoPiauí.Naép oca,o
Ministério da Educação apoiava a publicação de textos locais, porque os nossos livros vinham
todosdoSuleSudesteecomumarealidade,comuma linguagemqueosalunosnossos,sobretudo
dointerior,dazonarural,nem assimilavam,nemfaziamidéia,porexemplo,ostextosvinhamcom
estórias com exemplos de uva, de maçã e o que isso representava para os alunos? Era uma
linguagemparaelesqueotinhamumsentidodevidaimediato.Então,inclusive,àépoca,foram
constituídosalgunsgruposeforameditadosalgunslivros,textos.[...]Apesquisateriaessafunção
dedaressesuportetambémaocorpodocente.Earádiofusão,aTVeducativaeraexatamentepara
quebrarmos as grandes distâncias,o Piauítinha muita dificuldade, então umaeducaçãomaisde
umaperspectivapermanentenãosomentenaquesodoensinaroABC,ensinaroler,oescrever,
masumensinovoltado,paraaprópriavida,mostrar,porexemplo,determinadasépocasdoplantio,
como o agricultor da uma orientação de como ele poderia melhor aproveitar o milho, melhor
plantarofeio,qualamelhorépocado feio,asépocasadequadasparaoplantio.Emsíntese,
eratudovoltadoparaestarealidadedoPiauí.Entãofoicomessepropósitoquefoiconsideradaa
criãodaFADEPecomelaveiooembriãodahojeUniversidadeEstadualdoPiauí,oCentrode
educão superior. A FADEPI teve sua aula inaugural efetivada no dia 28 de julho de 1986
(PROF.LUÍSSOARES).
Portanto , temse inicialmente a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da
EducaçãodoEstadodoPiauí–FADEP,“criadapeloDecretoEstadualnº6.096 ,de22de
novembrode1984,entidademante nedora doCentrodeEnsinoSup eriordoPiauí–CESPe
doCentrodeTele ducação–CETEL”(MANUALDOCANDIDATO,1993,p.6 ).
AFADEPeraumaentidadevinculadaàSec retariaEstadualdaEd ucação,criada
pelopoderpúblicoestadual,co mofimdeapoiarosistemaestadualdeensinonarealização
de suas atividades. Assim, segundo os DOCUMENTOS BÁSICOS DA FADEP (1992),
faziampartede sua estruturaoCentrode Ensino Superiordo Piauí–CESP,oCentrode
Desenvolvimento de  Recursos Humanos do Piauí – CDRH e o Centro de Pesquisa e
TecnologiaEducacionais–CPTE.
Dessafo rma,em 1985,emTere sina,aTelevisãoedioEducativasinic iaram
suasatividadescomfinsestritamenteeducativos,fundamentadasnoDecreton º.91.316,de11
dejaneirode1985,sendoque,noanoseguinte (1986),oGovernodoEstadotemautorização
paraexplorarpormeiodaFADEPserviçoseducativosderadiodifusão.
Comointuitodeproduçãoe/ouveiculaçãodeprogramasderádioetelevisãocom
fins educativos, fundamentandose no Decreto nº. 92.372 de 06 de fevereiro de 19 86, o
Centro de Teleducação  CETEL tem s uas instalações de infraestrutura in auguradas no
mesmo ano.Em1987,oCETELfoiextinto,esuasfunç õespassaramaserdesenvolvidaspela
FundaçãoAntaresatémarçode1991.
Portanto ,ahistóriadaUniversidad eEstadualdoPiauí–UESPItemseuinício no
anode1984,comacriaçãodaFADEP,incluindoemsuaestruturaumórgãoresponvelp or
formarrecursoshumanosemníveldeterc eirograu.
81
Deacordocomosdepoimentosedocumentosemreferência,comooManualdo
aluno (1993 até 2000), Documentos sicos da FADEP (1992), Decretos, entre outros,
apresentase o quadro de nº.2 (abaixo), no qual se visualiza a trajetó ria e respectiva
denominão de alguns órgãos que constituíam a FADEP, ou seja, a UESPI, antes de
oficializarsecomotal:
ANO SIGLA NOME
1984 FADEP FundaçãodeApoioaoDesenvolvimentodaEducaçãodoEstadodoPiauí
1984 CESP CentrodeEnsinoSuperiordoPiauí
1984 CDRH CentrodeDesenvolvimentodeRecursosHumanosdo Piauí
1984 CPTE. CentrodePesquisaeTecnologiaEducacionais
1986 CETEL CentrodeTeleducão
QUADRO02:TrajetóriaedenominaçõesdosórgãosdaFADEP
Fonte:Relatórioatividades/ 2004UESPI..
Passaramse nove ano s en tre o marco inicial da UESPI e sua defin ição como
universidade.Sendoque,numasextafeira,dia26defevereirode1993,foipublicado,n o
DiárioOficialSeção1/2.359,oDecretoqueautorizavaofuncionamentodaUniversidade
EstadualdoPiauí–UESPI,ins taladanoCampusPirajáemTeresina,sendotambémcriados
oscampideParnaíba,Floriano,PicoseCorrente.
Assim,aResoluçãoNº.CSEPE03/93 ,de16deabrilde 199 3,aprovaoE ditalnº.
01/93doconcursovestibular93/2paraosCursosdeEngenhariaAgronômicaeLicenciatura
PlenaemPedagogia,comhabilitaçãoparaMagistériodasmatériaspedagógicasdo2ºGrau,
em Corrente e para os Cursos de Licenciaturade 1º Grau nas  áreasdeCiências e Letras
(RESOLUÇÃONº.CSEPE03/93,1993,p.9).
PercebesequeaUniversidadeEstadualexpandiuse desd eoiníciodeumextremo
ao outro, atendendo às cidades de Parnaíba, Piripiri, Campo Maior e Teresina (sede),
Floriano ,Picos,oRaimundoNonatoeCorrente.
Destaforma,foramoferecidas60(sessenta)vagasparaoCampusdeCorre ntee
504 (quinhentas e  quatro) vagas nas áreas de Ciênc ias e Letras, em regime especial e
parcelado,foradasede,destinadasaosservidore spúblicosdasredese stadualemunicipalde
ensino,conformeEditalnº.01/93.Nessemomentojásepodevisualizara“interiorização”em
seusmunicípiospólos:
82
ILUST RAÇÃO01:MapadaInteriorização
FONTE:Manualdoaluno –1993.
No anode1993,governavaoEstadooDr.AntoniodeAlmendraFreitasNeto,
tendo como vicegovernador o Dr. Guilherme Cavalcante de Melo,e como secretário de
educaçãoÁtilaFreitasLira.AFADEP/CESP,posteriormenteUESPI,tinhanessemomento
como diretor executivo o  Prof. Almir Bittencourt da Silva (19901994 como diretor de
Administraçã o Geral, o Prof. Francisco Amorim de Carvalho; c omo diretor de Ensino,
Pesq uisaeExtensão,oProf.JoséAugustodeCarvalhoMendesSobrinho;ec omodiretordo
CentrodeTeleducação,oProf.Franciscode AssisBarreto.
Nomesmoano(1 993),aconteceuoprimeirovestibulardaUESP IemCorrente,
dandoseapartirdaíaarrancadaparaainteriorizaçãodessauniversidade.Temseavisãode
quemnaépocaparticipouecontribuiuparaaco ns truçãod essahistória,comooProfes sor
AlmirBittencourtdaSilva(foto),enoreitordaUESPIeresponsávelpelaimplantaçãodo
Campu sdaUESPInacidaded eCorrente.Colocase aquisuafala(entrevistaoralgravada),
transcrita na íntegra para que o leitor possa fazer sua análise , independente do olhar do
pesquisador:
83
ILUST RAÇÃO02:Prof.AlmirBittencourtexreitor
prótempore
UESPI
Fonte: www.uespi.br.index.php?
Comeceiaatuarnaeducaçãodeformacasual,porque,emborajátendoparticipadocomomembro
doConselhoCuradordaFundaçãodeApoioaoDesenvolvimentodaEducaçãodoEstadodoPiauí
– FADEP, não tinha uma atuação direta na área de educação, porque minha formação é de
economista.EutinhamaisligaçãocomaSecretariadePlanejamentodoEstado,fuisecreriode
PlanejamentodaPrefeituradeTeresina,mas,quandooFreitasNetoganhouaeleiçãoem1990,eo
Átila foi designado p ara ser o Secretário de educação, ele me convidou para ser o Diretor
Executivo da FADEP e também chefiar a Televisão Educativa, e o Átila me convidou e me
colocou um desafio que era de transformar a FADEP, que era uma instituição que tinha certa
limitaçãoemseusobjetivoscomafinalidadedetentarqualificarosprofessoresdoE nsinoMédioe
doPrimeiroGraudeummodogeral,masaatuaçãodelaserestringiaaTeresina,nãotinhauma
atuação mais direta no interior do Estado.Entãospensamosnumauniversidadeestadualque
tivesse um papel importante de transformação do ensino, dotando o interior do estado de
professoresqualificadosprincipalmente emMatetica,sica,Química,Português,queeramas
grandes deficncias, identificadas no diagnóstico que fizemos inicialmente, de disciplinas no
interior do Estado. Havia municípios grandes como Parnaíba, por exemplo, em que essa
deficiênciaeramanifestaenósresolvemosentãoelaborarumprojetodeuniversidadequetentasse
reproduzir no interior do Estado o que estivesse mais pximo p ossível da comunidade, as
condições necessárias para melhorar, transformar essa educação, qualificando, formando
professores nessas áreas. Para poder expandir o ensino médio s nhamos dificuldades. O
PrimeiroGrauestavalimitadoaoPrimeiroGrauMenor,porcontadessadeficiência,entãohavia
escoladesegundograunointerior,masnãotinhaprofessoresesprecisávamosdeprofessores.
A educação é um elemento importante de transformação e desenvolvimento econômico de um
país;maspara queissoefetivamenteseconcretizehánecessidadedeseidentificarqualéousoque
sedáefetivamenteàeducação(PROF.ALMIRBITTENCOURT). 
Assim, inicialmente, o Prof. Almir Bittencourt descreve sua traje tória n a
educação,atéserchamadoparaserodire torexe cutivodaFADEPeposteriormentecolocaos
motivos que levaram à criaç ão de uma Universidade, o seu papel na transformação da
educaçãosicapormeiodaqualificaçãodosprofessoresemnívelde3ºgrau.Emseguida,
ele fala sobre as limitações existentes em relação a professores qualificados em áreas
específicasparatrabalharnacapitalenointerior.
84
Essalimitãoeramuitoforte.Oscustos,paratrazerprofessoresdo interiorparaTeresinaeram
elevadíssimos e, se s montássemos uma estrutura definitiva empólosdedesenvolvimentoem
microrregiões do Estado, que pudessem permanentemente estar atuando ali próximo da
comunidade,resolveriadoisproblemas:aquesodareduçãodenossoscustosdetransporteede
hospedagem,queeramextremamenteelevadose,alémdisso, aprópriacomunidade,poderia,aose
formar,continuartrabalhandonopp riolocalpornãoteraquelaaspiraçãode,umavezvindoa
Teresina o querer mais retornar ao município do interior. Essa foi a idéia central e s
resolvemosestabeleceralgunsobjetivosbásicosqueeramodefortalecerporexemplooensinoem
Parnaíb a,nasgrandescidades,emFlorianoemPicos,CorrentenoextremosuleemCampoMaior,
essafoianossametainicial.EmCampoMaior,tinhaumcleocomumaunidadefísicamais
ou menos estruturada, já vinha como centro de treinamento e s utilizamos esse centro de
treinamentoq uefoirepassadoàUESPI,aliasjátinhasidorep assadoàFADEPbemantesdenós
assumirmos e nós pretendíamos estalar ali um cleo da Universidade (PROF. ALMIR
BITTENCOURT).
Observase que o Campus de Corrente (objeto desse estudo) já  estava em
func ionamento desde 1992, por meio de um convênio FUFP I/FESPI, o qual será tratado
pos teriormente.Odepoe nte,emsuafala,descre veosprincipaisproblemasetratadoconvênio
realizadoparaofuncionamentodoC ampusemC orren te:
OproblemamaiscomplicadoeraodeCorrente,porcontadadistânciaetambémhaviaalgum
tipo de ão de uma entidade privada para instalar uma universidade. Inclusive já tinha uma
estruturafísica,laboratórios,livros,eumaestruturafísicarelativamenteboabemlocalizada.Então
a comunidade também manifestava interesse de aproveitamento dessas instalões e s então
celebramosumconvênioquefoiumconvêniohistóricoequeeuconsiderocomoopontapéinicial
do processo de interiorização da educão superior, q ue foi esse convênio celebrado com a
universidade de Corrente, a Universidade Federal do Piauí e a Universidade Estadual. Como a
UniversidadedeCorrentetinhaumprojetoparainstalarumcursodeAgronomiaporcontada
especificidadeedodesenvolvimentodaregiãoquetinhaumademandamuitograndeporcnicos
agrícolas em face da expansão dos Cerrados, s resolvemos tocar esse projeto com a 
UniversidadeFederal.snãotínhamosaindanaUniversidadeEstadualumcurso deAgronomia,
masauniversidadeFederaltinhaenó sfizemosesseconvênioparaumaconvergênciadeesforços
afimdeviabilizaresseprojeto(PROF.ALMIRBITTENCOURT).
Neste momento colocase a importância daexistênciado Camp us  deCorrente,
demonstrando que nessa cidade deuse início à interiorização da FADEP, posteriormente
UESPI.Dessaforma,aUESPInãosee xpandiuatéCorrente,pelocontrário,aexpanoda
UESPIpartiudeCorrenteparaasdemaisregiões,pormeiodec ursos delicenc iatura,q ue,na
realidade, limitavam as expectativas profissionais e sociais, embora momentaneamente
fossemassinaladoscomopromessaderealização.
Dando continuidade à fala do Professor Dr. Almir B ittencourt, confirmase a
expansãoapartirdeCorrenteetambémsedemonstramasintençõesiniciasdainteriorização:
Realmentefoiumacoisaqueeuconsiderodeumesforçomonstruoso,deumadeterminaçãomuito
grandedogovernadordeentão,paraqueselevasseadianteesseprojeto,comofinanciamentodo
Estado.AUniversidadeFederalcolaboroudeformadecisiva,enfim,sconseguimose,apartir
85
daí, s resolvemos do p rojeto da experiência de Corrente, implantar em Floriano, Picos e
Parnaíb a.Ejáconstruindoestruturasfísicasparaisso.Mas,vejabem,oProjetoeranosentido
dedarprioridadeàeducação,nãoeradereproduzirumauniversidadenosmoldesdaUniversidade
Federal,sejafazendoumacompetiçãodecursosetambémdeumaexpansãodesordenada,porque
nós não nhamos condições. Dada a estrutura de custos e de orçamentos do Estado s não
nhamoscondiçõesdeexpandirdeformadesordenadaporqueoensinoeragratuito,público.s
nãopodíamoscobrar,nósestávamoslimitadosaoorçamento(PROF.ALMIRBITTENCOURT).
Não há dúvidas sobre a importância da meria, priorizandose aqui a
reconstruçãodahistóriadaeducaçãorepresentad apelainstituãouniversitária(UESPI)em
suaexpansão,vistapelodepoentecomoalgopreocupantenaquelemomento.Surge,portanto, 
aquestãodaqualidadedoensino.
Verificávamostambémque,sehouvesseumaexpansãodesordenada,nósestaríamosperdendoum
poucodonossoobjetivo,queeradetransformartambémaqualidadedoensino,nãosimplesmente
formarprofessorporformar.Edistribuirdiplomas,deformaqueesseeraonossograndeobjetivo
inicial. Nós conseguimos de certa forma, fizemos nos quatro anos muitas atividades de
qualificão de professores, tanto em Teresina como no interior do Estado, mandamos muitos
professores não só da universidade Estadual, mas da Universidade Federal e de outras
Universidades parao interior, é...sdesenvolvemos programasno interiordo E stadoeforam
quatroanosdeintensos trabalhosnessesentido.E,alémdisso,aUniversidadeaquiemTeresina
ela também ampliou seus laboratórios, que praticamente não havia lab oratórios quando s
assumimos, a biblioteca: nós fizemos um novo espo de b iblioteca, expandimos a área física,
construímosáreafísica,masanossaintençãoeradeconstituirumauniversidadedequalidade,de
estabelecerumquadropermanentedeprofessoreseoprojetofoidesenvolvidocomessesentido,
tantoéquenósconseguimosaaprovaçãodoMinistériodaEducaçãonaépoca[...]quebaixouum
decretoreconhecendoaimportânciadauniversidadeestadualparaoPiauí.ÉesseDecretoqueeu
considerocomoefetivamenteoreconhecimentodoGovernoFederaldaexistênciadaUniversidade
Estadual,p orqueatéentãofalavasenaUniversidadeEstadualmasnãohaviaumreconhecimento
nemdoConselhoFederaldeEducaçãonemdopróprioMinistériodaEducaçãoe,comoDecreto
doMinistro,depoisde snossubmetermosaoConselhoFederaldeEducação,eleautorizouo
funcionamentodaUniversidadeEstadual,queaconteceupraticamentejánofinaldoGovernoem
1994 , e nós fomos então como Próreitor,
pro tempore
, encarregado de implementar a
Universidade,o que foiefetivamenteconcretizado.Foiumprojetoquetevelimitõesporconta
dosrecursos.OEstadodoPiauíatravessavaummomentodegrandesdificuldadesfinanceiras, mas
eu acredito que s fizemos um movimento realmente importante no Estado em favor da
Educação.Posteriormente,quandoagentesaiu,ahistóriamostraqueaconteceuumcrescimento
absurdodaUniversidade(PROF.ALMIRBITTENCOURT).
Na fala do Prof. Dr. Almir Bittencoourt, tornase po ssível “[...] ver o passado
atravésdosolhosdopresenteeàluzdese usproblemas;seuprincipaltrabalhonãoéregistrar,
mas avaliar[...](FÁVERO,1980,p.8),assim,épossívelavaliaravisãodo depoenteem
relaçãoàexpanodaUniversidadeEstadual,percebendose suareprovaçãoquantoàforma
comoelavemocorrendo,segundoele,demaneiradeso rdenad a.Reconheceseaintençãode
uma educação superior, conforme as palavras do professor, com o fim de  qualificar os
professo resdoEnsinodioedoPrimeiroGraudeummodogeral,emtodoo estadodo
Piauí.
86
Assim,osgestoresn aépocapensavamemumaUniversidadeEstadualcujopapel
fossetransformaroensinopormeiod aformaçãodeprofessoresnasáreasdeMatemática,
Física, Química e Português, que, segundo o depoente , eram as áreas mais carentes de
professo res(confirmamseosobjetivosexpostosnodepoimentodoProf.LuísSoares).Esse
idealestavapresentenapolíti caeducacionaldaépoca
Shiroma,MoraeseEvangelista(2004)evidenciamque,nacadade90,apolítica
educacionalquantoaoensinosuperiorfavoreceua expansãodaofe rtapública,mastambém
tornou pos sível a transferência de recursos públicos para in stituições privadas de ensino
sup erior, levando  a rede particular a atender 66,7% dos alunos. Dess e mo do, podem ser
identificadas algumas intenções das  políticas configuradas nas leis que justificam a
implantaçãodaUniversidadeEstadualeseusobjetivos:
O primeiro era de assegurar a ampliação da oferta do ensino fundamental para
garantir formação e qualificão mínima à inserção de amplos setores das classes
trab alhadoras[...]Osegundo,odecriarascondiçõesparaaformaçãodeumamão
deobra qualificada para os escalões mais altos da administração pública [...]
(SHIROMA;MORAES;EVANGELISTA,2004,p.36).
Nessemesmocontexto,posteriormenteàgestãodoProfe ssorAlmirBittencourt,
diantedenovaseleições,tomapossenogovernodoEstadooDr.FranciscodeAssisMoraes
Sousa –MãoSanta,quetemcomovicegovernadoroSr.AntonioOsmardeAraú jo,p assando
aserReitordaUESPI,oProf.Dr.nathasdeBarrosNunes,tendocomovic ereito raProfª.
MariaCristinadeMoraesSousaOliveira.ASecretariadeEstadodaEducaçãopassouaser 
administradape loProf.LuísUbiracydeCarvalho. 
EsseperíodoéconsideradocomooprimeiromomentodecrescimentodaUESPI,
queseexpandiup ortodooestado.Podeseperceberessecrescimento quantitativonoquadro
nº.3,representandooperíodode1995a2000,elaboradopelaautoraapartirdeinformações
decoordenadoresdaIns tituão:
QUADRODEEXPANSÃORETRATANDOOCRESCIMENTOQUANTITATIVODA
UESPINOPERÍODODE1995A2000
1995 2000
Alunos
2.500 21.000
CursosdeGraduaçãoPlena
15 24
87
CursosSuperioresSeqü enciaisde
FormaçãoEspecífica
00 24
TurmasdePósgraduação
00 28
InscritosnoVestibular
Semregistro 41.000
ProfessorescomPósgraduação
04mestres 19doutores
44doutorandos
92mestres
60mestrandos
Bolsistas
Semregistro 242
ProjetosdePesquisa(CNPq)
00 06cadastrados
35deIniciação
Científica
TrabalhosPublicadosemAnais
10 136
CampieNúcleosUniversitários
04 31
PrefeiturasConveniadas 00 220
QUADRO03:RepresentativodocrescimentoquantitativodaUESPI1995a2000.
Fonte:coordenaçãoUESPI.
Deacordo comShiroma,Moraese Evangelista(2004,p.9394),“nad écadade
1990 , a de mandaporvagasnoe nsinosupe riorcontinuavasendofatordepressãosobreo
governo federal”. Assim, o governo Fernando Henrique Cardo so  tem suas aspirações
atendidas, pois “A LDBEN e a copiosa le gislação complementar não decepcionaram as
expectativasreformistasdogoverno”.
Asuniversidades podemampliarsuaorganizaçãointerna,criandocu rsos,fixando
currículos,assinando contratos e convênios,proporcionandoautonomiaparaexecão de
planosdeinvestimentos,administraçã oderendimentos,rec ebimentosdesubvenções,enfim...
Faculta às universidades, públicas inclusive, implementar cursos pagos, vender
serviços, firmar convênios com setores privados, além de outras providências
lucrativas. Paralelamente à concessão de tão extensa autonomia, no entanto, o
Estado mantém o controle dessas organizações por meio de credenciamento de
cursos, diretrizes curriculares e avalião permanente dos cursos de graduação e
sgraduação(SHIROMA:MORAES;EVANGELISTA,2004,p.95).
Diantedaflexibilidad eeau tonomiagarantidaspelaLei,aUniversidadeEs tadual
doPiauí,duranteagestãodoProf.Dr.JônathasdeBarrosNunes,reitordaUESP Ide1995a
88
2001 , co m seu empenho e visão expansionista,levaaeducaçãosuperiorparaosdiversos
recantosdoestado,comosepodevisualiz arnoquad rodenº.4:
NÚMERODE
CAMPI/NÚCLEO
OFERTAVAGA
ANO
REGULAR ESPECIAL REGULAR ESPECIAL
GESTOR
1993 01
TERESINA
480  PROF.ALMIRBITTENCOURTDASILVA
1993.2 01
CORRENTE
06 60 504 PROF.ALMIRBITTENCOURTDASILVA
1993.3 03 10 120 740 PROF.ALMIRBITTENCOURTDASILVA
1994 02 720 PROF.ALMIRBITTENCOURTDASILVA
1995 05 840 PROF.JÔNATHASDEBARROSNUNES
1996 05 920 PROF.JÔNATHASDEBARROSNUNES
1997 08 1.120 PROF.JÔNATHASDEBARROSNUNES
1998 08 20 1.436 2.674 PROF.JÔNATHASDEBARROSNUNES
1999 08 24 2.030 3.772 PROF.JÔNATHASDEBARROSNUNES
2000 08 24 2.430 3.600 PROF.JÔNATHASDEBARROSNUNES
2001 19 30 3420 3355 PROF.JÔNATHASDEBARROSNUNES
QUADRO04:ExpansãodaUESPIperíodoregulareespecial(ofertasevagas)
Fonte:ManualdoCandidato19932001.
No quadro, tornase visível a e xpano, ou seja,ainteriorização  da UESPIem
grandecrescimento,poissetem,noanode1999,nagestãodoDr.nathasdeBarrosNu nes,
segundooEditalnº.02/98,2 .03 0(duasmiletrinta)vagasoferecidaspelaUESPI,emperíodo
regular,noscampideTeresina,CampoMaior,Corrente,Flo riano,Parnaíba,Picos,Pirip iri, 
SãoRaimundoNonato;sendo3.772(trêsmilsetecentosesetentaeduas)vagasoferecidasem
períodoespecialnos22campidosmunicípiospólo,entreeles,CorrenteeCurimatá.Nesse
momento,segun dooeditalcitado,sãooferecidas40vagasparaocursodeMedicinae40para
ocursodeFisioterapia,ambosnocampusdeTeresina.
Tornasepossívelvisualizarocrescimentoplanejadoemnúmerodecampi/núcleo
evagas,nos respectivosquadros,deacordocomosManuaisdeVestibular2001/2002 ,assim
comoocrescimentoo corridonoanode2002emnúmerodecursoseaexpansãoparaos
estadosdoMaranhãoeBahia.Paramelho rvisualização,seguemosquadrosdesseperíodo:
89
CURSOSDE
GRADUAÇÃOPLENA
EMPERÍODO
REGULAR
CURSOSSUPERIORES
SEQÜENCIAISDE
FORMÃO
ESPECÍFICA
CURSOSDE
GRADUAÇÃOPLENA
EMREGIMEESPECIAL
MODALIDADESDE
CURSO
24 24 11
VAGAS
3.380 3.690 5.366
CAMPI/NÚC LEOS
19 28 31
CONVÊNIOS
02SecretariasEstaduais 01ÓrgãoPúblicoFederal
219PrefeiturasMunicipais
doPiauí
02PrefeiturasdaBahia
01Prefeiturade
Pernambuco
06PrefeiturasdoMaranhão
01SecretariaEst adual
02Sindicatos
outros
TURNOS
Diurno,Notur noePré
matutino
Diurno,Notur no,Noturnão
ePrématutino
DiurnoeNoturno( no
períododeférias)
QUADRO05:VESTIBULAR2001.RelaçãocursosdeGraduaçãoP lenaemPeríodoRegular,Período
EspecialeSeqüenciais
Fonte:ManualVestibular2002
CURSOSDE
GRADUAÇÃOPLENA
EMPERÍODO
REGULAR
CURSOSSUPERIORES
SEQÜENCIAISDE
FORMÃO
ESPECÍFICA
CURSOSDE
GRADUAÇÃOPLENA
EMREGIMEESPECIAL
MODALIDADESDE
CURSO
26 21 11
VAGAS
4.300 3.308 7.343
CAMPI/NÚC LEOS
21 20 40noPiauí
07noMaranhão
03naBahia
CONVÊNIOS
01SecretariaEst adual 01ÓrgãoPúblicoFederal 222PrefeiturasMunicipais
doPiauí
07PrefeiturasdoMaranhão
03PrefeiturasdaBahia
outros
TURNOS
Diurno,Notur noePré
matutino
Diurno,Notur no,Noturnão
ePrématutino
DiurnoeNoturno( no
períododeférias)
QUADRO06:VESTIBULAR2002.RelaçãocursosdeGraduaçãoP lenaemPeríodoRegular,Período
EspecialeSeqüenciais.
Fonte:ManualVestibular2002
Segund o dados coletados nos ed itais vestibulares da UniversidadeEstadualdo
Piauínosanosde2001e2002,pe rcebesequeaexpansãodoensino su periorultrapassouas
fron teirasdoestadodoPiauí.Nessesanos,aUESPIfirmouconnios comprefeiturasdos
estadosdoMaranhão,PernambucoeBahia.Sobreessaexpano,apresidentedoNúcleode
Concursos e Promoção de Eve ntos (NUCE PE), que coordenou o vestibular de 200 1,
professo raSandraLimadeVasc oncelos,explica:
90
ILUST RAÇÃO03:Profª.Sa ndraLimadeVasconcelos
presidentedoNUCEPem2001.
Fonte:acervodadepoente.
OsconvêniosentreaUESPIealgumasprefeiturasmunicipaisdeestadoscircunvizinhosdoPiauí
causaram polêmica e foram extremamente criticados pelas representações políticas, devo dizer,
representaçõespartidáriasdenossoestado.Naverdade,haviaumtotaldesconhecimentoacercada
operacionalizãodessesconvênios.LembroquelialgumascríticasemjornaisdeTeresinasobre
o quanto era inaceitável que o Piauí investisse os escassos recursos financeiros piauienses em
outrosestados.Críticascomoessaseramtotalmentedescabidas!OscursosoferecidospelaUESPI
em parceria com as prefeituras, à semelhança das prefeituras piauienses, funcionavam com
recursosdessasprefeituras,.eramautosustentados!Naverdade,aUESPIentravacomaexpansão
de seus serviços acadêmicos, contribuindo para a democratizão do ensino superior e dando
oportunidade aos “brasileiros”, indistintamente, de ter acessoà universidade. O interesse desses
outros Estados pela educão superior oferecida pela UESPI, a meu ver, demonstra que essas
prefeiturasreconheceramaqualidadedosserviçosoferecidospelainstituição(PROFª.SANDRA
LIMADEVASCONCELOS).
De modo geral, nesse período, o processo de interiorização da UESPIrecebia
críticascontundentes.Aprincipaldelasdiziarespeitoaoseucrescimentoacelerado,semuma
preocupão com a manutenção da qualid ade de seus serviços, crescendo apenas
quantitativamente.Essecrescimentoquantitativoéclaramentecomprovadoatravésdosdados
estatístico s.
Deumanoparaooutro(20 01/2002),onúmerod evagasoferecidaspelaUESPI
passoude12.436para14.951,aumentandocercade9,1%.Alémdisso,aumentaramonúmero
demodalidades decursosoferec idos(de24para26)edecampi/núcleosdefuncio namentoda
instituição(de19para21).
OutranovidadequeexpandiuascondõesdeacessoàUniversidadefoiacriação
deturnosextras aosconvencionais(diurnoenoturno).Foramcriadososturnosp rématutino
(funcionandode5hàs8h)enotu rnão(de2 1h30às24h).Dessaforma,pessoasco muma
91
intensajornadadetrabalhoq uedese jassemumaformaçãos uperiorganhavamaoportunidade
de sequalificaratravés dos cursosoferecidos nesseshorário s,apesarde esse scursos não
corresponderemaosdegraduação.
ProcurouseanalisarosManu aisdeVestibulardosCandidatosparacompreensão
dasexpectativaseintençõesdosgestoresdaUESPI.OManualVestibular2000temoslogan:
“UESPI:ao seualcanceondequerquevoesteja”,demonstrandoaexpansãodainstitu ição
paraos diversosrecantos doEstado.NaapresentaçãodoManual,estãoascons ideraçõesdo
professo r Dr. Jônathas Nunes, tornandose possível também se perceber um considerável
aumentononúmerodecursos,surgindooscursosseenciaisdeformaçãoespecífica,como
umainovação.
No texto de “Apresentação do Manual 2000 (ANEXO A), está nítido o
‘espetacularcrescimento’daUESPI,emapenascincoanos.Háumapreocupaçãoemdestacar
que“ocre scimento horizontalésimultâneoaovertical.Qualidadeequantidade”.Tornase
tambémperceptíveloorgulhodoReitorpelotrabalhorealizadopercebidonafrase“o mais
elevadoíndicedecrescimentonoBrasil” .Noentanto,controvérsiasquantoàquestãoda
qualidade/quantidade .
Observaseo contextoemqueocorreainteriorizaçãodaUESPIe mumaanálise
dos  anos de 1990, que “[...] ficaram marcados, para os países da América Latina como
aquelesem que seaprofundou oprocessodasuainserçãonomercadoglobalizadoepela
aplicação de políticas neoliberais” (PER ONI, 2003, p. 11). Nesse contexto, a expans ão
prossegue,comose verificanoManualdoCandidato“Vestibular2001(ANEXOA),como
Slogan “UESPI... uma ave nida para o futuro”. Nesse Manual, através da mensage m de
apresentaç ão,oreitorreafirmaospropósitosexpan sionistasdessaIES,c omoseco nstatano
anexo.
Utilizandose d as palavras do exreitor da UESPI, o “estonteante”cresc imento
dessaIEScontinuacomomesmo slogan“UESPI –Umaavenidaparaofuturo”.Percebese
na apresentaç ão, em anexo, assim como no p oema do “Manual do Vestibular UESPI 
ProcessoSeletivo20 02”(ANEXOB),esse“estonteante”crescimento,tantoh orizontalcomo
vertical.Podeselernaslinhasenasentrelinhasdasme nsagensilustrativasdecadamanual,o
sentimentodeorgulho porumtrabalhorealizado,nacertezadeseestarfazendoomelhor.
O reitor faz a apresentação c om o título de “Un iversidade Caminhante”,
entendendosequeháumaintençãodemostrarqueaUESPIestáembu scadeno vos espaços
para se instalar enquanto instituão, implantando campi e cursos: “Assim é  a UESPI, a
92
Universidadecaminhante,es sametamorfoseambulante”(MANUALVESTIBULARUESP I,
2002 ).
Temseaconfirmação daconvicçãodoreitordeestarpelocaminhocertoeq uea
caminhada continua na frase: “A consciência me diz ter acertad o e e rrado na vida, mas
sempreporaç ão.Nuncaporomiso.Os desafiosnãoforamsuficientementepesadospara
impedir a caminhada”. Utilizandose de Confúcio, ele diz “Um quadro vale por dez mil
palavras”e,porúltimo ,expressaocrescimentoquantitativo,mostrandoquea“UESPIcom
seustrintamilalunoseessasquatorzemilseiscentoseseten taeumavagasparaovestibular
2002 ,transformousenaestradadofuturo,que,comosabem,nãoéfeitacomasfalto,esim
comEducação”(PROF.JÔNATHASNUNES,VESTIBULARUESPI,20 02).
Caberessaltarque ,duranteessecrescimento,nãoinvestimentosporpartedo
Governoeminstalações,acervos,ampliaçãodevagasparadocentespormeiodeconcursos
blic os,enfimumainfraestruturaadequada.
Osdocumentosescritoscomprovamdecertaformaosfatos,quedemonstrama
expansãocrescentedaUESPI,masos“re latosoraisrepresentampaisagensond eseesboçam
algumas das questões, afetos e produções que estão mobilizando certa existência”
(FERREIRA;GROSSI,2004,p.47).
Assim,podesevisualizarmelhor“ojeitodecaminhardaUESPI nesseperíodo,
por meio do depoime nto oral do  Prof. nathas Nunes, em en trevista na qual conta a
construção dessa história, possibilit ando a compreeno das inteões e os motivos que
impulsionaramaexpansãodessaUniversidade:
Quando a gente assumiu a UESPI, em 19 95, o Projeto Educacional do Estado visualizavaum
cleoSuperiornosuldoestado,emCorrente,eumoutroemFlorianoeemPicos.Mashaviapor
trásdissoumaidéiamaisforte.AquelesqueconcederamàUniversidadeEstadualumcleoque
foi Centro de Ensino Superior, criado ainda na década de 80, eles tinham a visão de uma
Instituição de Ensino Superior provavelmente não universiria e destinada exclusivamente à
formaçãodeprofessores,àqualificãodeprofessoresparaomagisrio.Éclaroquecomotempo
essaidéiaseriafatalmenterevista,porqueagentevivenomundoondeoprocessoeducativoestá
intrinsecamenteconectadocomoprocessodedesenvolvimentoeoprocessodedesenvolvimento
supõea existência,aformaçãodefuncionamentodaschamadascadeiasprodutivasdasociedade.
Essascadeiasprodutivas,umassãomeramentedenaturezatécnica,outrasnemtanto,éclaroentão
que uma instituição de ensino superior que se propõe em ser uma mola propulsora do
desenvolvimentoda sociedade, ela teria que diversificarsuas linhasdeatuaçãoenãosomentea
parte estritamente didáticometodológica do processo educativo (PROF. DR. JONATHAS
BARROSNUNES). 
Confirmase,emIsauraBelllonieObinoNeto(2000,p.1 98),comoumdospapéis
estratégicodasIESpúb licasodeofe recercursosequ alificarprofissional“[...]emtodasas
93
áreasde conhecimento,principalmenteas demaio r custo,duraçãoe complexidade,enas
regiões de menor nível de desenvolvimento social e e comico”. Assim, a funç ão d e
qualificação impõese inicialmente no papel da FADEP. Entretanto, parece  visível que a
propostaqueodepoentetemparaauniversidadevaialémdaqualificaç ãoprofissional,como
sepodeobservaremsuasafirmações:
Algumaspessoas,atéporinteressepprio,queriamqueaentãoFADEP,queeraumaInstituição
de Ensino Superior, mas não universitária, ficasse adstrita às disciplinas pedagógicas, ministrar
cursos de licenciatura e p reencheria totalmente o seu papel. Com o passar do tempo foise
verificandoquealgumasrespostastinhamqueserdadas.Porquê?PorqueaUniversidadeFederal
do Piauí que é a matriz, vamos dizer assim, do ensinosuperior no Piauí, então aUniversidade
Federal no inicio da década de 80, p ortanto há 25 anos, ela foi muito arrojada, ela procurou...
sentiuanecessidadedeseinteriorizar,porqueoPiauínãoésóTeresina.Entãoelaseramificou
paraParnaíba,FlorianoePicos.Esseprocessodeinteriorizãodelanãotevecontinuidade,nãosó
nãotevecomoelarefluiu,eladeixouessalinhadeavançodaeducaçãonoEstadoasuaprópria
sorte,issolevou quaseumadécada,daíporqueaUESPIsentiuanecessidadedeocuparosespaços
vazios,queaFederal doPiauítentouocuparedepoisabandonou.Oqueháhojedeconcretoéque
aUniversidadeFederaldo Piauíliteralmentehaviadeixadoo interiordoPiauí.Essesespaços,a
partirde95,principalmente,foramdeformamuitoconsistente,sendogalgados.Foramgalgadas
umaapósoutra,todasessaslinhasdeinteriorizão.FoiassimqueaUESPI,sobreesseargumento
principalmente,deaparenteabandonopelaUniversidadeFederal,queestavaaindanoqueestava
há vinte anos, praticamente, Floriano, Picos e Parnaíba e ainda de forma mida porque em
FlorianonemumcursoSuperioreemPicostinhaumcursosuperiorqueeraodeLetras.Então
havia, vamos dizer assim, uma reclamão generalizada da sociedade. Foi assim que a UESPI
então partiu para esse processorigoroso de interiorização e decrescimentohorizontale vertical
(PROF.DR.JÔNATHASBARROSNUNES).
Dessa fala emergem diferentes ide ais de instituões, de maneira que o reitor
distinguebemafuãodaFADEPIcomoinstituiç ãodeensinosuperioreafunçãodaUESPI
comoinstituãouniversitária.Vislumbrase,poisumainstituiçã o universitária,q ue,decerta
forma,propunhase a ocuparos espaçosdeixadospela UFPI.Assim éque,demonstrando
ênfase e entusiasmo, o Pro f. nathas prossegue  seu depoimento, expondo sua forma de
perceber aexpansãoecomofoiid ealizadotalcrescimento:
Muita gente imagina que a interiorização da UESPI foi feita só de forma horizontal. É uma
desinformação. Foi exatamente nessa época q ue a UESPI celebrou vários convênios de pós
graduação.ConvêniosdepósgraduaçãocomCuba.Lembromequeumacerimônia,talvezúnica
noBrasilaindanoanode2001,houveumasolenidadenoKarnaknaqualestavaoembaixadorde
Cuba, para entregar os diplomas de Mestrado a 52 estudantes piauienses, isso é que sechama
Educação.Cinqüentae doisdiplomasdemestre foramrecebidosnoprimeirosemestrede2001.
Então,foramcelebradosváriosoutrosconvênios,decrescimentoverticaldainstituição,cursosde 
MestradocomaUniversidadeFederaldaParaíba,comaUniversidadeFederaldoCeará,coma
Universidade de Coimbra. O convênio que s fizemos com a Universidade de Coimb ra, que 
inclusive é um fato marcante, a Universidade de Coimbra é uma das universidades mais
importantes do mundo, uma das mais antigas, criada no século XIII. Pois bem, o reitor da
Universidade de Coimbra veio ao Piauí, assinou o convênio na reitoria, na presença do
GovernadoroSanta,entendeu,então,oqueagentepodedizeréquepelomenosaparentemente
essecrescimentoverticalnãotevecontinuidade.
94
MuitagentedizequivocadamentequeaUESPIcresceuhorizontalmenteeesqueceessaoutraface.
AUESPI,em2001,jáestavacom28professorescomdoutorado,trintaepoucosprofessorescom
mestrado.Então,quandoagentefalaemqualidade,agenteserefereaindicadoresexatamentena
parte de p ósgraduação, principalmente na parte de qualificação docente. Agora, é claro que o
crescimentohorizontal,queainteriorizãofoiumaobrao estonteante,quesesobressaíacom
relãoaessesoutrosdadosdocrescimentovertical.Foitãoestonteanteocrescimentohorizontal
que a então governadora do Maranhão, Roseana Sarney, autorizou a entrada da UESPI no
Maranhãoefoiassimqueforamcriados18 núcleosuniversiriosnoMaranhão,núcleosestesque
hojeestãosendoextintos.SeisnúcleosuniversiriosnaBahia,naverdadeaUESP,elaestavanum
processodeconsolidaçãoofortequehoje,senãotivessehavidooterremotode2001para2002,
elaestarianoPará,elaestariaemTocantins(PROF.DR.JÔNATHASBARROSNUNES ).
As medidas do governo Fernando Henrique Cardoso (19951998) incluem um
novopadrãode modernizaçãoegerenciamentoparaocampouniversitário,queseincluino
quesechamade“novoparadigmadep roduçãocapitalista”enareformadaadministração
blic a do Estado:“[...] o governo vem advogando e empreendendo ações quetornamo
ensinosuperiorbrasileirocadavezmaisvariado, flexívelecompetitivosegundoagicado
merc ado”(CATANI;OLIVEIRA,200 0,p.6364).Évisível,pois,queocontextohistórico
político em que ocorre a gestão do Prof. nathas Nunes faculta, propicia a promoção,
autonomiaediversificaçãodasaçõesuniversitárias.Deacordocomodepoente,houveum
crescimentotambémverticaldainstituição,proporcionandoqualidadedeensinoaosegressos
dos cursos.Elemostraemseudepoimentocomos eefetivouaexpansãoparaforadoestado.
Bom,agoraistoquantoaocrescimentovertical.QuantoàinteriorizãodaUESPInoquetocaa
qualidade, deve ser aqui dito, q ue esses 2000, 3000 professores que estavam à frente desse
processo, que iam para o interior, levas e levas de professores de Teresina, todos eles iam
satisfeitos. Inclusive, posso dizer todos, mas principalmente nas áreas de Ciências Físicas,
BiológicaseQuímica,essesprofessores,muitoslevavammariasdelab oratóriocientesdeque,
na localidade pra onde iam,não havialaboratório.Essesprofessoresministravamum ensinode
qualidade,masemgrandepartepor umesforçodeles,elessabiamdasnaturaisdificuldades,das
deficiências. Tanto q ue com o ensino ministrado no interior, muitos desses alunos depois se
submeteramarealizaçãodeconcursosemBrasília,emTocantins,noMaranhão,naBahia,porque
oPiauíavançou.Muitosaprovados,muitosmesmos.
Entãoessalinhadeatuação,essasverdadeirasjornadasdeeducaçãoqueaUESPIempreendiano
interior,nãodoPiauí,masdoMaranhãoedaBahiafezcomqueaUESPI,fosseumnomeque
passourapidamenteaserconhecidonops.Eracomumsever naqueletempoachegadaàUESPI
deequipesdeprofessoresdeoutrosestadosparaconhecero“fenômeno”UESPI.Eumelembro
que recebiequipesdep rofessoresda Bahia,doMaranhão,doParádoRioGrandedoNorte,da
Paraíb a,deAlagoas.
AUESPIhoje,quemconsultarosdadosdaUNESCO,aUESPIestáláemnonolugar.OPiauí
comfamadetantosdadosnegativos,tantosaspectosnegativos,noentanto,lánaUNESCO,quem
forconsultarosdadosdaUNESCOveráqueoPiauísedestacounisso.Agoraéclaroqueagente
senteadescontinuidade.Porquê?Porquenosúltimosconvêniosqueagenteassinouem2001,
foi um convêniocomum grupodeUniversidadesdoMediterrâneo.No Mediterrâneoexisteum
grupo de 42 universidades, nós assinamos esse convênio em uma solenidadebonita [...]Íamos
construirumPortoBotânico,aparentementeissoacabou.Essas idéiasnãotiveramcontinuidade,
porqueem2001para2002,agentesentiuqueaUESPI,tendoatingidotodososrincõesdoPiauíe
entradopelaBahiaepeloMaranhão,agentesentiuqueelaestavapartindorigorosamentepara um
crescimentoverticalporforçadessesconvêniosquetinhamsidoassinados.Averdadeéque,para
os anos seguintes de 20 02, para20 05, 2006, a previsão era de levaselevasdeprofessoresda
95
UESPIsedeslocaremparaaEuropa,levaselevasdeprofessores(daEuropa)sedeslocaremp arao
Piauí.NosíamosfazerconvêniocomAngola,nãochegamosaassinar,maschegamosaentrarem
contato.síamosestender,abrirumaespéciedecleodaUESPInaÁfrica.Issotudomorreu!
(PROF.JÔNATHASNUNES).
DiantedoexpostopercebesequeosprojetosparaaUESPextrapolariamaind a
mais o previsto. A fala do exreitor demonstra que suas inteões tinham dimenes
gigantescas,deixandoaflorarseudesapontamentopornãove ressesprojetosencaminhados
ourealizados.Háemoçãonafaladodepoentequandoexpõequenãohouve continuidadede
suasões.Noen tanto,o bservamsenosoutrosdepo imentos,controvérsiasquantoae sses
ideais.
Deummodogeral,n ãohácontin uidadedeumagestãoparaoutra,pois,acada
mudança degoverno,mudamsetambémosprojetos,nãohave ndo umacontinuidadenoque
haviasidoplanejado.Portantoocorre mmomentosdec ontinuidadeededescontinuidadenos
projetoseman damento,sejapelamonumentalidadequeencerram(quasetodos),sejape la
interrupçãodomandatoreitoraldoProf. Dr.nathasBarrosNunes,emfacedamudançade
Governo,aoto marposseoGove rnadorHugo Napoleão,períodoemqueaUESPItevecomo
reitora
protempore
aProfessoraMariadoSocorroCavalcanti.
Nessa gestão, fazse uma análise d as mudanças que sofreu a instituão, pela
apresentaç ão do Manual da UESPI – Vestibular 2003 (ANEXO C). Segun do a reitora, a
Universidade Estadual do Piauí tem passado por grandes mudanças em s eu modelo
administrativo,noanode2002,pormeiodeinformatizaçãodocontroleacadêmico,bus cando
melhorqualidade no seuens ino.Demonstraaindaquequercontinuarcom ocrescimento
qualitativoq uandoafirmaqueuma“característica,entretantocontinuaintacta:ocompromisso
emoferecercadavezmaisop ortunidadesaosjovenspiauienses,particularmenteaquelesdo
interiordoPiauí,d efazerumcursouniversitário ”(VESTIBULAR,20 02,p.5).
OEditaln º.0 1/2002mostraaofertadevagas dosCursosdeLicenciaturaPlena–
RegimeEsp ecialparaoanode2003,quandoaUE SPIofereceu9.203vagas.Assim,temse
tambémoEditalnº.02/2002,comvalidadeparamatrículasomentedoanode2003,aoferta
de 4.650 vagas para os  C ursos de Graduação e 1.971 vagas para os Cursos Superiores
Seqüenciaisde Fo rmaç ãoEspecífica,totalizando6.621vagas,percebidasnaapresentaçãodos
Manuaisemanexo(ANEXOC),q ueregistraotextodaProfessoraSocorro Cavalcanti.
Um primeiro aspectoque pode serobservado nas afirmaçõesda Profª.Socorro
Cavalcanti é a relevânc ia dad a aos cursos seqüên cias, considerados por ela como uma
96
modalidade moderna e ágil. Perc ebese nas entrelinhas de apresentação, sua visão
expansionistaeointeresseemcontinuarainteriorização.
Napas sagemdaUESPIde2 001a2003,alguns cursosnãoforammaisoferecidos
comosepodepe rceberquantoaocursodeHistóriaeGeografia.Formaramem2001 e20002,
emAnísiodeAbreu,turmasdeHistóriaeGeografia,masocursooémaisoferecido.Da
mesmaforma,emBarras,formaramturmasdeGeografia,masnãomaisoofertadasvagas.
AcidadedeBomJesusteve,em2001e2002,formaturasdeturmasdoCursodeHistória,que
tambémnãotevemais ofertadevagas.
Em Canto do Buriti, no mesmo período de 2001 e  2002, formaramturmas de
História e Geografia, passando pelo mesmo processo. Em Corrente, o curso de História
chegouaformarturmanesseme smoperíodo,masnãofoimaisoferecido,sendoqueoCurso
de Enfermagem mal foi implan tado e teve de ser removido para o utro campus, pois foi
consideradoinadequadoparaalocalidade ,vistoqueocampusnãodispunhadecondições
paraatenderao  Curso. Deacordocom a atualreitora,houvepedidosdosprópriosalunos
nessesentido.Essecurso foiimplantadonage stãod aProfessoraSocorroCavalcanti.
Dando continuidade à reconstituão da expansã o da UESPI, observamse
momentosdeimplantaçãodenovoscursose,aomesmotempo,suspen sãodeoutros.Importa
salientarqueseprocuroumostrarasofertasdevagasecursosparaqueoleitorpossafazersua
avaliação crítica, tendo também como base avisão dosgestores su jeitos protagonistas na
conduçãodess eprocesso.
Dessa forma, após novas eleições,que prop orcionarammudanças noGoverno,
assumiucomogovernadordoEstadoosenhorJoWellingtonBarrosodeAraújoDias,que
nomeoucomoreitora
protempore
aProfessoraMariaOneideFialhoRocha,tendocomovice
reitora
protempore
aprofessoraValériaMadeiraMartinsRibeiro.Portantocolocamseaqui
algumas con siderações referentes à apresentação elaborada pela Magnífica Reitoraparao
ManualVestibular2004(ANEXOD).
No texto elab orado pela reitora, apresentamse os dados que revelam o
crescimentoqu antitativodaUESPI.Quantoaonúmerodealunos,observase umcrescimento
de2.500alunos,noanode1995,para4 3.653alun os,contandocomosalunosdaBahiaedo
Maranhão.DeacordocomoEditalnº.01/2003paraovestibular2004,foramofertadasaos
Curso s de Graduação em regime regular3.3 00vagas.Paraos CursosdeLicenciaturaem
RegimeEspecial foramoferec idas2.795vagas.
Posteriormente,comasaídadaPro fessoraOneideFialhoRocha,assumeareitoria
a vic ereito ra Valeria Made ira Martins Ribeiro. Nesse novo contexto, de preendese, nas
97
entrelinhasdaapresentaçãodoManualVestibularUESPI2005(ANEXOD),comoslogan
“Há18anosnossocompromissoécomvo” ,umavis ãodiferente,umrecuonaexpansão,
A Universidade Estadual do Piauí, considerada uma expressiva referência em
educaçãotem,segundooRelatóriodeAções/Atividades2004,oobjetivode“[...]contribuir
comod esenvolvim entosocioecomicoeculturaldoPiauíatravésdarealizaçãodeensino,
pesquisaeexteno”(RELATÓRIODEAÇÕES/AT IVIDADES,2004,p.6).
Aconcepçãodagestãosobreoprocessodeexpansão,apartirdoanode1996,
podeserperc ebidanoRelatório2004,citadoabaixo:
[...]aU ESPIpassaasofrercomosrevesesdeumaconcepçãodepolíticadeensino
superior onde o sentido de democratização se confunde com massificação. A
qualidade é atropelada pela quantidade caracterizada por um processo de
interiorizãosemplanejamento”(APRESENTAÇÃODORELARIO,200 4,p.
4).
Hánessemomentoumamanifes taçãodadesaprovaçãodagestãodesseperíodo.
ColocasetambémnoRelatórioainviabilidadedaUESPInoquedizrespeitoaotamanho:
“umainstituãocomumaestruturagigantesca,deatuaçãointerestadual,emumEstadoque
pos suiumadasmenoresarrecadaç õesdopaís”.Esseéoolhardaatualadminis traç ão.Toda
essapreocupação eaintençãoderetrairessecresc imentoestãoexp ressasn aspalavrasda
professo ra Valéria Madeira Martins R ibeiro, atual reitora. Inicialmente ela fala de sua
vivência enquanto profissional ecomosetornou reitora,podendoseanalisarsua falapor
meiodatranscrição abaixo:
Euinicieiosmeustrabalhosaquinauniversidadeem93.Entreiatravésdeconcursobicopara
professorefetivo,inclusivefoiumdosprimeirosconcursosparaprofessorefetivodaInstituição.
Teve19 93e1994edepoisnãotivemosmaisconcursoparaprofessorefetivonemservidore,delá
pra cá, trabalhei tanto em sala de aula como professora e trabalhei também no sindicato dos
professoresdaUESPI.Entãoaminhalutafoisemprepelaquestãodediscutirauniversidadeque
queríamos.Umalutapelatransparênciaeumaparticipaçãomaiordacomunidadenauniversidade,
nasdecisões,encaminhamentoediscussõessobreauniversidade.Eoqueeusentiquehaviapor
partedosgestores,primeiroeramgestoresexternosàuniversidade,erampessoasquenãofaziam
parte da universidade, eram indicados pelos Governos, e que eram pessoas que não eram da
Instituição, então essa era uma discordância do próprio movimento que eu fazia parte nessa
universidade. E aí,em2003,fui convidadaatrabalharaquicomovicereitora,naadministração
superioreeufuivendoumpoucosobreessa questãodauniversidade,principalmentesobreesta
questãodaexpansão,comoelasedeu.Porqueatéentãoascoisasocorriammuitointernamentede
forma muito fechada, semdiscussão, o quesabíamos no ximoerano momentodoEditaldo
Vestibular,esabíamossobreessasofertas.Masnão sabíamosbemporqueouquecririossedava
essaexpansãodauniversidadeecomoocorriaexatamente(PRO.VALÉRIAMADEIRA).
98
Observase nafalada professorareitoraValériaque elafaz partedo quadrode
professo resdesde1993,demaneiraquesu acríticaénosentidodequeagestãovem,no
decorrerd otempo,sen dorealizadaporpessoasquenãofaziampartedoquadrodaUESPI,
fato que ela c onside ra como aspecto negativo, colocando as sim a necessidade de uma
administraçãofeitaporpessoasqueconheçamaUESPI,fazendoatép arte deseuquadrode
profissionais.Posteriormente,emoutrapartedodepoimento,areitoratratadaexpansãoda
UESPI,evidenc iandosuavisãoecompreensão:
Eaíessaexpansão,elase deuprincipalmenteapartirdagestãodoprofessorJônathas,atéentãoela
estava centradamaisnoscleos queforamfundadorespodeseassimdizer,noscampiqueera
Corrente,queeraParnaíba,Picos,FlorianoeTeresina.,noperíododoprofessornathas,isso
expandiuemcleosecampusque,quandoeuchegueiaqui,euperguntavaoqueeracampuse
o queeracleo e cadasetormedavaumalistadiferenciada.Eu fui procurar estudaroquese
definia de campus e cleo. E aí foi feito um mapa para a gente trabalhar falando a mesma
linguagememcomum.Ocampuséqueeletinhaumcarátermaisdefinitivoatéporqueeletinha
umdiretor,umaestruturaadministrativamaior. E ocleotem umcarátertemporário,eraonde
atendia, a comp osição era de um maior mero de alunos do período especial e havia um
coordenadordocleo,ohaviaumdiretor.Eraumaestruturamenoradministrativa.Entãoesse
foiocritérioparasedefinir,porquepordecretonãoseexplicabemoporquêdocampusounão,
porquetemCampusquepelodecretonãobatecomaestruturaadministrativadiversa.Entãos
resolvemos encaminhar dessa forma para que todos aqui na UESPI fassemos a mesma
linguagem, foiumaformadenosorganizar.MasissoestáprevistoemnossoEstatutopragente
organizar umadiscussão, temos 180 diasparaformargrupos efazerumadiscussão sobreessa
expansão da UESPI. Ano passado, começamos a discutir por região,chamamosaS ecretariade
Planejamento, eles fizeram um estudo de 11 regiões, dividiram o Piauí em 1 1 regiõ es, s
pegamosessegrupoquefezessetrabalhoparatrabalharcomagente,paraelesnosdarosdados
socioeconômicoeculturaisdaquelaregião,p ragentetrabalharcomoestavaaeducaçãosuperior,
especificamenteaUESPInaq uelaregião.Entãofizemosváriosencontrosporregiãoeumaquiem
Teresina,comrepresentantesedelegadosdecadaregiãodessaparacolocarasuarealidade,oque
foi discutido lá nesse encontro regional. Foi muito produtivo, tivemos representão de
professores, alunos, diretores e coordenadores, de cleos e convidamos representantes do
Judicrio, do Legislativo. Infelizmente não tivemos essa participação expressiva, mas foram
convidadospara se fazerem presentes e pronunciaremsesobreaUESPInaquelelugar,naquela
região. Porqueagentequer discutiraUESPI,enquantocritérios,aexpansãoenquantocritérios,
porque no Brasil não existe nenhuma universidade estadual que se expandiu de tal forma.Não
existe nenhum Estado que mantenhauma Universidade na estrutura que aUESPItem(PROFª.
VALÉRIAMADEIRA).
Nesse segundo depoimento, como, a rigor, nas d emais falas, emerge a
compreeno de  que o crescimento vertiginoso da UESPI ocorreu na époc a do Professor
n athasNunes,mesmoque,nasentrelinhas,serevelecertacautelaqu andoaprofessorafala
da expansão,demonstrando sua reprovação.No entanto,elaprocuraesclarecerquenãoé
contra a expano, mas demonstra desaprovação em alguns  contexto s. Distingue  aind a a
diferençaentrenúcleoecampi,mostrandoqueaUE SPIemtermo sdeexpano,representa
umaexcão,tornan doseaúnicau niversidadeestadual,comtalcrescimento,comoreferend a
nessedepoimento:
99
Aexpansãonãosedeusóemquantidadenúcleosecampi,masemquantidadede cursoseesses
cursosforamcriadosquefaziamatéumaconcorrência porregião,porexemplo,omesmocurso
commenosdecemmetros,numoutrocleoseofertavaomesmocurso.Chegavaumponto
que o coordenador dizia o seguinte: “não oferte mais o vestibular porque não tem mais
demanda, todo mundo nessa cidade já está formado nesse curso” (PROFª. VALÉRIA
MADEIRA).
Nesseponto,háumacríticadareitoraemrelaçãoàcriaçãoeàs uspensãodecursos
praticadapelaUESPI,inclusivenasuaprópriage stão.Assim,percebesequenãoforamnas
gestõesante rioreseaindaoestãobemdefinidos,naatualgestãooscrité riosdeimplantação
decurso s.Urgeu mplanejamentoquerespeiteasnecessid adeseanseiosdecadaregião,afim
deseevitaroferecercu rsosquehistoricamenteovoltadosparaatenderamanutençãodo
statusquo
,sem,noentanto,aten deràsexpectativasdac omunidade.
AUniversidadenãopodeestarcriandoumaestruturadecursoseestartirando.Porquevocê,pra
criarumcurso,temquecriarumaestruturadeprofessores,apróprialegislaçãoexige,deefetivos,
ummeroXdeDoutoreseMestres,umainfraestrutura,temqueterlaboratórios,seéumcurso
queexige,temquesecriarumabiblioteca,combibliotecárioquetomeconta,quefaçafuncionar
essabibliotecáriaeagentevêquenãohaviaessasestruturasnoscleoseamaioriadoscampi
estava faltando, ou, se tinha, não funcionava porque não tem uma pessoa que tome conta do
lab oratório, não tem umlaboratorista, tantoéqueagenteestáfazendoconcursoparaservidor.
Onde tem laboratório, nós estamos ofertando; a mesma coisa com as bibliotecas, estamos
abrindovagaparabibliotecários p ra gentefazercomqueabibliotecarealmentefuncionecomo
deve realmente funcionar. Não adianta a gente comprar livros colocar livros e amanhã não ter
livros,essacoisaagentetemqueirestruturandoeestamosfazendo,tantoemtermosdepessoal;
estamos fazendo concurso agora, esse foi um critério para definir as vagas para o concurso de
servidor,quesnhamos58 servidoresefetivosos outrossãotudocontratadosoucedidos,
entãoháumagranderotatividade,vocênãoconsegueterumacontinuidadedetrabalhoeaoutra
caracterizaçãoéquesedeuumaexpansãocentralizada,queissoquerdizer, éumaexpansãoquese
deu,masosnúcleoseoscampinãotêmautonomianenhuma.Todososprocessostêmquepassar
poraqui,tantoosetoracadêmicocomoosetorjurídico,comoosetorfinanceiroporquenãotem
servidor que possa responder por essas ões, então isso também a gente já es comando,
abrimos vaga em alguns setores, pra tentar dar resp onsabilidades, descentralizar algumas ações,
principalmenteacadêmicas,decontroledehistóricosdealunos[...]
Então,oqueeuacho,éoseguinte,oqueeu fodaleiturahojedessaexpansão.Nãoéqueeuseja
contraaexpansão,querodeixarbemclaro.Quandoeuvouparaumacolãodegrau,quandovejo
aspessoasbempobresquenãoteriaoportunidadesdepagar,paraseusfilhosestudaremforaaté
mesmo aqui em Teresina, para que seus filhos viessem aqui para estudar e até a questão da
concorrência, mesmo no vestibular, é muito difícil seria ainda mais difícil, eu vejo isso como
positivo,maseunãopossodeixardeverqueparaleloaissosecrioumuitasfissuras,queeuchamo
...sãobrechas....problemas...muitograndesqueagoraaUniversidadetemquedarconta.Temos
alunos... eles estão aí no sistema, não estão cursando todos, mas estão no sistema (PROFª.
VALÉRIAMADEIRA).
A re itora faz uma caracterização dessa expansão, de acordo com o seu olhar,
afirmandoqueháumagrandepreocupaçãonãopelainteriorizaçãoem si,maspelaexpano
emmerodecursos,pois,segundoela,essescursosfazemumaconcorrênciadesnecessáriae
o aumento no número de cursos exige um alto custo, principalmente para que se tenha
100
qualidade,exigindoseinvestimentosnopessoalenaestruturadaUniversidade.Noentantoo
quesepercebenapráticaéque essescursoscontinuamsendoimplantadossemcritériospré
estabelecidos.
Outroaspectoenfatizadopeladepoente é que aexpan sãoapresentaumgrande
caráter de centralizaç ão: os campi, não m uma nec essária autonomia. também o
problemade p essoal,poisfaltamãodeobraqualificadatantonaáreadeprofessorescomode
técnicos paraos diversos cursos, como é o caso de Corrente, quetemum laboratório de
primeiraqualidade,masnãohápessoalqualificadoparatrabalharnele.
AProfª.ValériaMadeiradizque aUESPIestáiniciand ou manovafase,q ueéade
contrataçãodepessoaledeinformatização,comosepod epercebernodepoimentoseguinte:
Na época da professoraSocorro Cavalcante,elacomeçouainformatizar.Porquejápensouesse
processodeexpansão sem informatização.Então,nãosetinhadados,todososdadosdosalunos
estavamemprocessos,engavetados,nãosetinhaumarealidadedomerodealunos,ondeeles
estavam,deondeelesvinhamenesseprocessoquefoiiniciadopelaProfª.SocorroCavalcante
nósdemoscontinuidade.Hojepossodizerqueoperíodoregularestá95%regularizadocomuma
margem de erro menor, estamos agora passando para o especial, para fazer as correções
necessárias,masnãohaviaessecontroleacadêmicoporfaltadeinformatização,também.Nósjá
informatizamos,aInternet,implantamosem10camp ieestamostrabalhandopara expandirmais
pragenteterumacessomaisdireto,umarespostamaisrápidaenãoqueelesmandemumdiário
paraaindaserdigitadoaqui.Eagentetemquedarqualidade,elesqueremqualidade,comrazão,
nóstemosquepromoveressaqualidade.E ntãoassim,nósestamosaumentando,trip licandocom
esse concurso agora, estamos fazendo esse ano para professores efetivos, retomamos em 2003,
fizemos em 2004, estamos fazendo em 2005, estamos triplicando o mero de professores
efetivos, muitos doutores e mestres estão chegando, inclusive de outros estados para trabalhar
aqui,agentetemquedarcondiçõesparaessesp rofessoresseinstalarem,paracomeçartrabalharo
problemadaextensãoepesquisaporqueatéentãoéumacoisamuitovaga,queestáengatinhando.
Estamos aos poucos aumentando o mero de bolsas de iniciação científica, pra que o aluno
trab alhe. Nossos currículos estão sendo reformulados pra já termos monografias, para ir
preparandologooalunonagraduaçãoparaapesquisa.Issovaicriandoaculturanoalunoeno
professor,agentetemquecriaressaestrutura,praissoagenteprecisadelaboratório,praissoa
genteprecisadefinanciamentoseagenteconseguefinanciamentosetiverbonslaboratórios.
s estamos investindo, como emCorrente, lá tem um laboratório de solos,mastudofechado,
encaixotado, s fizemos um contrato com a EMBRAPA e desse contrato eu solicitei que a
EMBRAPAfosseefizesseumaanálisedarealidadedecomoestáesselaboratóriodesolo.Que
eu recebi em resposta: o relatório apontou que é um dos melhores laboratórios em termo de
equipamentodo Nordeste,queprecisavapouquíssimacoisaprafuncionar,maiseraarevisãode
umamáquinaqueestavaparadahámuitosanosematerialparainiciarumtrabalhodeanálisede
solo.Nósnãoconseguimosentrenossosprofessoresespecialistasparadarcontadesselaboratório.
Até hoje s não conseguimos retomar. Então s agora, no concurso, colocamospra servidor
administrativoefetivovagaparaumlaboratoristanívelsuperior,umlaboratoristanaáreadesolo,
paraeleficarresponsávelporesselaboratóriodefuncionareatenderàdemandaqueexistenaquela
região,queeuachoqueagrandevocaçãoéapartedeciênciasagrárias.Agentetemquemelhorar,
agentetemesselaboratórioenão podeficarcomelefechado,éumcrime.Nósestamosesperando
esseresultadopara colocarprafuncionar.Elefuncionoualgumtempo,logonoinício,quandoa
Universidade tomou conta do espaço de Corrente e depois ele deixou e funcionar. Mas, assim
mesmo,nãoatendiaatéporquearegiãonãotinhaodesenvolvimento,ademandaquetemhoje,era
maisp aradaraulaparaosalunos.Hojeo,alémdasaulasparaosalunosétambémparaprestar
um serviço p ara comunidade que p recisa e faz em laboratórios de outros estados. Hoje nós já
temosdoutores,temosmestresemCorrente,temosumagrandedificuldadenocursodeDireito,
estamosabrindovagasparaversemelhora.Nósnãoofertamosvagaspelagrandedificuldade
101
deprofessores.Recebiumabaixoassinadoondeametadedosalunoscolocavamquequeriamvir
para Teresina, cursar em Teresina, pela falta de professores e de infraestrutura (PROFª.
VALÉRIAMADEIRA)
Observase n a fala da de poente que há uma preocupação com a melhoria das
bibliotecasedasdemaisestruturasfísicasdaUESPIemseusdiversoscampi.Háo p rosito
em melhorarseus acervos,capacitaros profissionais , en fim,reforçaraspectos referentesà
qualidade,comooincrementodosacervosdasbiblio tecas,equipamento sdelaboratóriose
outros.
shojeestamoscomprandolivrostambém,emtornode380mildelivrosevamosmandarpara
os campi e núcleos, que é mais um projeto de atualização e dando condições porque estamos
fazendoconcurso para biblioterios, para tomarem de contadasbibliotecasefazeremqueisso
funcionedefato.Estamoscom19projetosqueserãofinanciadosporemendasparlamentaresesse
ano,jáestamoscompromessasdealgunsdep utadosfinanciaremalgumasemendas.Hojeagente
perceb equeaUESPI temumaculturaquenãoémais“euqueroisso”,“euqueroaquilo”,elejá
faz uma proposta, os campi estão mandando as suas propostas,do quequerem.Eles fazemum
projetoeagentevaiatrásdefinanciadoresetemosconseguidoatravésdeprojetos.Ofatoeque
m19emendasjáparaseremfinanciadas.Estamosaguardandoosrecursos,achegaraqualquer
momento, já estão fazendolicitão. Quando chegar, vamosgastarcomofoino anopassadona
FACIME.Oques vamosinauguraragora?Vamosinauguraragoraolaboratórioeaatualizão
dabibliotecadaFACIME.Então,hojeoqueeudigoéoseguinte,claroqueeuachoqueoaluno
pode superar e muito, de qualquer forma você não sai da mesma forma que entrou na
Universidade,masagentenãopodedizerqueissotemgarantidoumgrandedesenvolvimentopara
onossoEstadoeumdesenvolvimentohumanomaiornosentidodequeohomemrealmentepossa
terumaperspectivade continuidade. É umlevantamentoqueéinteressante:quantosdosnossos
alunosrealmenteestãoconseguindodarcontinuidade,sedestacandoprofissionalmenteetrazendo
contribuição efetiva para a região que ele mora, para o desenvolvimento daquela região? Ele
permanece ? Os alunos quevãofazervestibularnaquelaregiãosãode Teresinaou sãode?
Quantoporcentoéde?[...](PROFª.VALÉRIAMADEIRA).
Háe mcomumentreosgestoresumavontadede manterainteriorização.Aloísio
Pimenta(199 1,p.111)corroboraessepensamentoconsiderandoque“[...]umadasfuões
importantes da Universidade Estadual é interiorizarsuas fun ções.É preciso interioriz ar a
Universidade: o ensino,ape squisaeaexteno,nãoadian tadesenvolvermosapenasuma
universidade de alto nível nas capitais [...]”. Assim, reconhecese a interiorização c omo
necessária,tornaseurge ntequeelaestejavoltadaparaatenderàsnecessidadesd aregião,mas
sem perder sua função de associar ensino, pesquisa e e xteno com cursos de in teresse
regional.Areitoraexpressavontadedeconhecerasnec essidadesearealidadedecadaregião,
paraaimplantaçãodecursos:
squeremosdiscutir agora,avançarparadiscutirnãoémontarqualquercurso,masquecurso
colocaremos, que seria como uma referência para aquela região? E está muito ligado com o
desenvolvimentoeconômicoesocial,atéparagarantirasvagasdaspessoasdaquelelugarémais
fácilporqueuma pessoadaquinãovaisairparacursar,porexemplo,fazerumcursonaáreade
102
agráriaquandoelevêqueaqui nãotemtantocampo.MasqueCorrenteteriaumcampomaior,
vocêjádáumespaçomaiorparaasociedadedeCorrente,paraqueelesrealmentetenhammais
vagas.[...]Éfazeressesestudosparaquesepossammontarcursos[...]paraquepossaatendera
região.Parnaíbaestáfazendoespecificop araáreadelá[...]Éissoquesqueremosdespertar,
pra fazer uma regionalização da UESPI uma expansão mais trabalhada com dados, um
levantamentodemerosdealunospornívelmédio,qualapopulaçãodaquelaregiãoedaquela
populaçãoquantaspessoasrealmentetêmescolaridadeemnívelmédio,poderãosernossosfuturos
alunosefazerumestudojuntocomasoutrasinstituições.[...]Qualavocaçãodasuaregião.Quais
oscursosqueatenderáàvocação.Háfaltadememóriadauniversidade.Estamostentandoresgatar
essamemória[...]
Enfermagemtinhaemnovelugares,scolocamosagoraemquatroparapoderdarumamelhor
estruturaporquenósnãonhamosnemumquadrodocenteemCorrentequemministravaaulaem
CorrenteeramosprofessoresdoMaranhão,quetrabalhavamdedianoMaranhãoeanoiteiamdar
aula. Estamos trazendo hoje 247 alunos de enfermagem de Picos, Floriano e de Parnaíb a para
fazerempráticaaqui,porqueesseslugaresnãotêm,p orexemplo,elesmquefazerapráticade
UTI e esses hospitaisnão mUTI.E outra,hospitaisdedoençascontagiosas,hospitaisinfantil
[...]agentetemqueencontrarumespaçoparaqueelesvenham.Éumagranderesponsabilidade
trazeressepessoaltodoparacá.Entãoéassim,agenteabreumcurso,masagentetemquever,
tambémoquadrodedocentesqueagentetem,oconcursoquetivemosnuncapreencheutodasas
vagas. [...] Não podemos estar ofertando indiscriminadamente [...] Tem uma reforma , uma
proposta,umareformadeensinosup erior,paraaeducãosuperioremepreocupa,háexigência
de tantos mestrados, mero x de doutorados, tem que ter no quadro tantos doutores, tantos
mestres, isso nos preocupa, quando a gente não consegue preencher no concurso e quando
consegueésócomespecialista.[...]nomínimoaexigênciaéparaquetenhaumasgraduação,
entãoagenteabreprimeiroparamestreedoutoresedepoisagenteabreparaespecialista.Eisso
nós vamos ter que futuramente qualificar esse professor, dar condições para que ele fa seu
mestradoedoutorado(PROFª.VALÉRIAMADEIRA).
Diantedoexposto,oleitorpodefazersuaan álise.oinúmerososproble mas,
destacandoseagrandepreocupaçãocomaqualidade.ParaEnguita(1995,p.9596),essa
palavra, por sua polissemia, promove u ma mobilização de rios fatores como “[...] os
professo resquequere mmelhoressaláriosemaisrecursos[...]o sestudantesquereclamam
maiorliberdadeemaisconexãocommaisinteres se”.Assim,obse rvaseumavisãonosentido
dereconhecerqueestánahoradeseinvestirnosfatoresquepromovemaqualidade.
Segund o osatu aisgestores,ograndedesafioinicialégarantirofuncionamentode
umauniversidadecompostapor1 8 campi,48núcleos(25noestado,17noMaranhãoe6 na
Bahia).Observase, nomanualdoVestibular20 05,queaUESPIdecidiun ãomaisofertar
vagasparaosestadosdaBahiaedo M aranhão.
No e ntanto, pelo olhar daque les que estão inseridos de forma mais direta no
processo,houveumgrandedescon tentamentoquantoaofechamentodess escampi,podendo
serpercebidaaimportânciadelesparaaregião,n afaladeumdos coordenadoresdaUESPIna
cidaded eSantaRitadeCássia Bahia,Prof.GeraldoC.d aSilva:
103
ILUST RAÇÃO04:Prof.Geraldoexalunoda1ªturmaUESPI.
Coordenadorda UESPIemSantaR itadeCássia.
Fonte:arquivodaa utora,2005.
ArespeitodaexpansãodaUniversidadeEstadualdoPiauí,nãosóspiauienses,como
os maranhenses e os baianos o agraciados com essa Universidade [...] está havendo
umaqualificaçãodoprofessoradoe,lánessaregiãonoOesteBaiano,existeadificuldade
da própriaUNEBnãochegarnaregiãodeSantaRita,aquestãodaexpansãonãoéfácil,a
própriaquestãoburocrática,eaPrefeitur adeSantaRitadeCássiatemumconvêniocom
a Universidade Estadual do Piauí feito na época do Dr. Jônathas. E essas pessoas
realmente estão satisfeitas por ter a  oportunidade de fazer na própria cidade um vel
superior,porquesãomuita saspessoasquenãotinhamcondõesdeirparaBarreirasou
ir para Salvador, am disso, existe uma preocupação do poder municipal com a
qualificação desses profissionais. [...] É importantíssima essa expansão, sóquem sabeé
quemconhece,quemestálánessemeio,eeuestourealmente,vejoasatisfaçãodopovo
de Santa Rita, não só de Santa Rita mais da região do entorno, e existe a questão da
qualidade, mas a qualidade está surgindo, aqualidade coma pela própriaregião,vêm
professores de Teresina m professores de fora, realmente nóscontratamos eessa [...]
muitos o os pais de família que têm de trabalhar, estudam e trabalham ao mesmo
tempo, lá chegando em Barreiras que é a cidade mais próxima em torno e 120 mil
habitantes tem que ter despesas com a questãode aluguel,com o próprio, estudosua
família,seutrabalho,colocaemchequeavidadesseprofessor[...]oproblemamaioréa
questãodoprofessorado.Comoéquevoéprofessor,vaiformarfuturosprofessoresse
não tem uma formação mínima?Entãos estamos lá com esses cursos de licenciatura
qualificando esses profissionais que estão satisfeitos e procuram inclusive a continuidade
desseprocessonoscursosdePósgraduação(PROF.GERALDOC.DASILVA).
Conformeafala do depoente há uma grande preocupação com a extinção de
cursosdaUESPIemou trosEstados,questãoquesetornoupolêmicaentre gestoresepessoas
em geral, no que diz res peito à UESPIterse expandidoaté a Bahia e oMaranhão, sem, 
contudo,terresolvidosseusproblemasinternos,noseupróprioEstado.
104
Percebesequeadiscussãosobreofimdessesconvêniosrequerumaatenç ãoeu m
estudocriterioso.OquesepodeconstaréquedealgumaformaaUESPI,mudouahistóriada
RegiãodasChapadasdoe xtremoSuldoPiau íeestátambémmudandoahistóriadaRegião
deSantaRitadeCássia.
Entretanto, alguns gestores atuais alegam que se torna difícil viabilizar uma
estruturadeensino superiordotamanhodaUESPI,emco ndiçõesdemanteraqualidade,ou
seja,come spaçofísico ,laboratórios,bibliotecas,quadrodocentequalificado quedeforma
efetivagarantaessaq ualidade,pois,segundooRelatório20 04,oreconhecimentodoscursos
ofertadosexige umcustofinanceiro muitoalto,quevaialémdoslimitesorçamentá riosdo
Estado.
Noanode2004,deacordocomoRelatório,foramrealizadasaçõesvoltadas para
umapolíticadep articipaçãoetrans parência,sendoelasosSeminários deRegionalização,
citados no depoimento da reitora, cujo objetivo foi discutir a reestruturação da UESPI;
elaboração do Plano Diretor;elaboraçãodo EstatutodaUESPI,aprovado noIIrumda
Estatuinte ;Comestaaprovação ficoupermitidaarealizaçãodee leõesparaReitor,sendo
que,nesserumficougarantidooreconhecimentode11cursosalémdaintensific açãod a
PolíticadePe squisaeExteno.
AmisodaUESPI,segundooRelatóriodeAções/Atividades(2004,p.63 ),é
“formarumcidadãocrítico,éticoequete nhaumavisãorefle xivaehumanistadasociedade a
queelepertence”.Paratanto,relacionamseas diretrizesdaPolíticaInstitucionalconforme
transcritosdoreferidorelatório:
· Promover auniversalizaçãodo sabernassuasdiferentesformasde
manifestão.
· Produzir e disseminar o conhecimento nas áreas das ciências, das
letras,dasartesecnicoprofissionais.
· Assegurar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão
universitária.
· Garantir amplião entre o ensino, a pesq uisa e a extensão
universitária.
· Implantar mecanismos que assegurem um planejamento
organizacional comprometido comaqualidadeequepriorize umagestão
participativa.
· Estimular e fomentar as atividades de pesquisa nos campos social,
científico e tecnológico que contribuam para o desenvolvimento local e
regional.
Ainda de acordo com o Relatório de Ações / Atividades 2004, a universidade
constituise comoinstituãosócioed ucacional,cujosserviçospre stados p araacomunidade
105
fortalecemseuimportantepapelsocial“poisservedesuporteparaaelaboraçãoe criaçãode
conhecimentos,quetêm comofimaformaçãointegrald o homemeaconstru çãodeuma
sociedadelivre,justaeigualitária”.
Assim, a universidade, no caso a UESPI, deve apresentarse como um esp aço
propuls or do desenvo lvimento científico e tecnogico, promovendo e viab ilizando a
realizaçãodepesquisae ainvestigação científicanasdiversasáreasdosaber.Auniversidade
se propõe também a formar profission al, qualificando o de  forma a atuar no mercado de
trabalho “[...] c om capacidade para atender à demanda por serviços e odeobra com
excepcionalníveldequalificaçãoecapacidadeparaexercerquaisqu eratividadesnaes trutura
produtivoeconômica,socialecultural”(RELATORIOAÇOE S/ATIVIDADES2004,p.63
64). Sendo uma Instituão de Ensino Superior, a UESPI apresenta como principais
finalidades :“promoveroensino , a pe squisaeaextenointegradosnaformaçãocnico
profissional e na produção científica, tecnológica, filosófica e artística; participar na
elaboraçãodaPolíticadeDesenvolvimentodoEstadodonPiauí,realizandoestudosdesua
realidade”.EstáaUESPIalcanç andoessespropósitos?
ParaaUESPIcumpriroseupapel(serumagenteformadordecidadãoscríticos,
éticos e conscientes de su as p otencialidades intelectuais, mo rais e espirituais), tornase
necessárioquedisp onhaderecursosdiversos(técnicos,op eracionaisefinan ceiros),o u seja,
que apresente d ocentes qualificados em s eus quadros de pessoal, infraestrutura de
instalações, laboratórios, projetos pedagógicos espec íficos, bibliotecas e equipamentos
adequadosàsnecessidadesacadêmicaseadministrativas,assim,seráasseguradaaeficiê nciae
aeficáciadesse proces so,possibilitandoaformaçãodecidadãoscríticos,éticoseconscientes.
Oprimeiropassofoiousado,já queaUESPIseexpandiugraçasàcoragemeà
visãoexpansionistadegestoresquepossibilitaramess ecrescimento.Mas,seráqueamaneira
comoesseprocessovemocorrendo,emtodasasadministrações,estásendosatisfatória?
Temse,nessemo mento quesediscutiro papelesperadodauniversidad eaose
considerarem as pressõ es e mudanças q ue marcam o contexto atual, de forma que a
universidadetem quevoltaroo lharparaseuentorno,paraque,apartirdaí,possamelho r
compreendereassimilaro sfenômenos,produzindorespostas,reflexõessobreasmudanç as
sociais,demaneiraqu eseusegressosestejamprep arados paraacomple xidadedavida,em
bus cadeumaeducaçãonosentidodoser,“dahu manização”(PIMENTANASTASIOU,
2002 ).
106
Não se pode negar o considerável crescimento da UESPI, visualizado
geograficamentep ormeiodagravuraquemostraaproporçãodocrescimentoquantitativo
dessaUnive rsidadeemtodooEstado.
ILUST RAÇÃO 05: Mapeamento da localização de C ampi e Núcleos da
UESPI
Fonte::RelatórioDeAções/Atividades2004
Urge,portanto,àque lesquerepresentamaUESPIprocurar“[...]fazeraconexão
estreitaentreasdimenes–cnica,política,éticaeestética–daatividade do cente”(RIOS,
2001 ,p.63).Pois,aoseinvestigarofenômenoeducativoemsuatotalidade,estedeveser
vistoemtodososseusaspectos,sendoosprincipais :econômico(produçãodavidamaterial
comopartedotrabalhohumanonasociedade);político(relacionadoaopoder)eético(q uediz
respeitoao svaloresemrelaçãoàpráticaeducacional).
107
Ao se investigar a UESPI, como um fenômeno educativo, percebemse as
inúmerasnecessidades,qu eenvolvemumaeducaçãosuperiorde qualidade.Suasedelocaliza
senacapitaldoEstado,cidadedeTeresina,mantidap elaFundaçãoUniversidadeEstadualdo
Piauí.SucedâneadaFADEP,comoc itado,foiinstituídapelaLeiEstadualnº.3.967/84,
dandoinicioàsatividadesdeensinos uperiorem29/07/86,cujaaulainauguralfoiproferida
nodia28dejulh od e1986,pormeiodoCESPCentrodeensinosuperiordoPiauí,contando
comosseguintescursosdegraduaçãoplena:LicenciaturaemPedagogia –Magistério,Letras
 Portuguê s/Inglês, Matemática, Biologia e Bacharelado em Administração (e ste último
destinadoàsociedadeemgeral),destacandose queessescincoscursosiniciaispriorizavama
qualificaçãodeprofesso resdaredepúblicadeens ino.
Pelo exposto  em relação aos cursos oferecidos, constatase o crescimento da
UESPI,comparandoseosdiversosManuaise o “RelatórioAções/Atividades2004”(2004,
p. 24). De acordo  com dados da Coordenadoria de Planejamento – CPLAN, a UESP I
apresentasecom11cursosreconhecidos,com1 7Dossiêsp arareconhecimentodecursos,já
encaminhadosaoConselhoEstadualdeEducação;apresenta14convên iose158co ntratos;41
Projeto sdeReestruturaçãoelaboradose16Proje toscontempladoscomEmendaParlamentar.
Segund oo NUCEPE,em2004,foramofertadosumtotalde27cursos,2.800vagasnacapital
einterior,tendoumtotalde34.612inscritosnoVestibular2 004.
AestruturafísicadaUESPIcompõesedeumtotalde11 b ibliotecas,com40.395
títulose75.84 2exemplares,sendooto taldeperiódicos3.752títulose14.269exemplares.
ConformedadosdaPróReitoriadeEnsinoeGraduação–PREG,em2004,aUESPIco ntava
com14.101alunosmatriculadosecom638aluno sconcludentesdegraduação.
APróReitoriadosCursosSuperioresSeqüenciais PRESERap rese nta,conforme
a c oordenação do Período Especial, um total de 09 cursos ofe rtados em convênio co m
prefeituras,com22.3 23aluno smatriculadose5.412alu nosconcludentes.
ACoordenaçãodoSeqüencialapresentadadosdeumtotalde24cursosofertados
e de 1.78 1 alunos matriculados e 665 alunos concludentes, ass im, temse, conforme o
RelatórioAções/Atividades2004(2004,p.22):
RELAÇÃODEALUNOSUESPI/2004
TotaldealunosmatriculadosnaUESPIem2004:38.205alunos
Total dealunosconcludentesdaUESPIem2004:8.739alunos
108
· PróReitoriadeAdministraçãoeFinanças PRAD
Servidores:
· Docentesefetivos:371
· Docentesprovisórios:1.074
· Docentesportitulação:
VÍNCULO TITULAÇÃO QUANTIDADE
DOUTOR 14
ESPECIALISTA 171
GRADUADO 18
EFETIVOS
MESTRE 168
DOUTOR 05
ESPECIALISTA 538
GRADUADO 463
PROVISÓRIOS
MESTRE 68
TOTAL 1.445
QUADRO07:Totaldealunosmatriculados,concludenteserelaçãodenúmerosdedocentes
concludentes.
Fonte:Relatório/2004
AadministraçãoSuperior,comofoicitada,constituise,apartirde2003,pelo
seguintequadrodepessoal:
· Reitora (
pro tempore
)  Profª. Valéria M adeira Martins Ribeiro; PróReitora de
Administraçã o e Fi nanças  Profª. Joselita Isabel de Jesus; Pró Reitora de Ensino de
Gradu ação ProfªMariaCéliaLeald aSilva;PróReitordePesquisaesgraduaçã o
Prof. Carlos Alberto Pereira da Silva; PróReitora de Exteno, Assuntos estudantis e
Comunitários Profª.NormaSuelyCamposRamos;PróReitordosCursos Superiores
Seqüenciais Prof.PedroBispodeMirandaFilho;CoordenadoradePlanejamento Profª.
AntôniaAlvesPereiraSilva.
A UESPI tem os segu intes órgãos de assessoramento e seu s resp ectivos
representante s:
· ProcuradoriaJurídica –PROJUR Dr.Antônio GonçalvesHonório;
· AssessoriadeComunicação– ASCOM–An tonioJoséPessoadeAlencar;
· AuditoriaInterna – AUDI –LúciaVianadeMoraeseSilva;PrefeituraUniversitária –
JoEduardoVasconcelosdeCarvalho;BibliotecaCentral– ProfRitadessia
PereiraS.Carvalh
· NúcleodeConcursoePromoç ãodeEventos NUCEPE,Francisco Felipe;Comissão
PermanentedeLicitaç ão–CPL –CezimarGomesdaSilva.
Em uma última análise dos Manuais de Vestibular, temse , de aco rdo com o
Núcleo deConcursose PromoçãodeEventos(NUCEPE ),as condições de habilitaçãoàs
109
vagas para os Cursos de Graduação em Regime Regular, oferecidos parao anode 20 06.
Segund o oM anualVestibular2006(2005,p.7),“4.535(Quatromilquinhentasetrintae
cinco)vagas,ofertadasparaosCursosdeGraduaçãoemRegimeRegular”,deacordocomo
ManualVestibular2006,emsuaApresentação(ANEXOE).
Percebeseque,comtodoo discursoacercadequantidadee qualidade,aUE SPI
contin ua seu crescimento quantitativo. Acreditase  que esse crescimento seja inerente ao
própriocontextoemqueauniversidadeestáinserida.Assim,tornaserelevanteumaanális e
das contradições presentes n a realidade d as políticas educacionais que se refle tem na
universidadecomoinstituiçãosocialque,comotal, procuraatenderaessasrealidades. 
É preciso se diferenciar qual o verdadeiro papel da universid ade no q ue diz
respeitoaoseucompromisso,verificandoses eessecompromissoestávoltadoparaosocial
ouparaocapitalismo.Atualmente,aUESPIapresentouumavançoefetivonoprocessode
democratização, por meio de eleiç ões parareitor, cumprindo o Art.56  daLDB9394/96,
CapítuloIVdaeducaçãosuperior:
Art. 56  As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio
democrático da gestão democrática, assegurada a exisncia de órgãoscolegiados
deliberativos,dequeparticiparãoossegmentosdacomunidadeinstitucional,locale
regional(BRANDÃO,200 5,p.126).
Assim,ocorreuaprimeiraeleiçãoparareitornaUESPI,sendoaprofessoraValéria
Madeira(foto)ele itaparaocargo,com3.656votos.Foiaprimeiraeleiçãoparareitordaquela
instituição.Elaé ,p ortanto,aprimeirareitoraeleitanahistóriadaUESPI,oquenãosepo de
deixardeconsiderarmemorávele necesrio,mesmoqueum tan totardio.
ILUST RAÇÃO06:FotodaatualReitorada
UESPIProfª.ValériaMadeira.
110
Fonte: Jornal DIÁRIO do Povo do Piauí,
12.11.2005.
Entendese a forma tardia como as instituõ es pú blicas d e educação su perior
obedecemaoprincípiodagestãodemocrática,pelaprópriacontradiçãointrínsecanoArt.56
daLDB,pois,porumlado ,emseu
caput,
temseo“princípiodagestãodemocrática”eda
“composiçãodeórgãoscole giados delib erativos”,órgãosquetêmporfuãogarantiraquele
princípio,inclu indotambémaparticipaçãoda“co munidadeinstitucional”edas comunidades
locaiseregionais.Noentanto,emseuparágrafoúnicoconcedeàcategoriadosdocentes,em
qualquercaso,ope rcentualdesetentaporcentodosassentos(70%)emcadaórgãocolegiado
ecomiso,inclusivenosquetratamdaelaboraçãoemodificações estatutárias,regimentaise
daescolhadopresidente(BRANDÃO,2005).
Amdessacontradiçãointerna,oreferidoartigoexplicitadiferentesconcepções
de gestão democrática das instituões pú blicas d e gestão superior, as quais demonstram
muito pouca democracia. Seguem asfotosde todosdosgestoresquecontribuíramp araa
educaçãosuperiornoEstado,construindoessahistória:
ValmirMiranda MariaAdamirLealde
Sousa
PadreGetúliodeAlencar
111
IvelinedeMeloPrado AlmirBittencourt
JônathasdeBarrosNunes
MariadoPerpétuoSocorro
CavalcantiBarros
MariaOneideFialho
Rocha
ValériaMadeiraMartins
Ribeiro
ILUST RAÇÃO07:GaleriadeReitoresFADEP/UESPI.
Fonte:www.uespi.br.index.php?;fotoprof.Dr.JônathasNunes–arquivoprofª.SandraLima.
Assim,temserespectivamenteoDr.ValmirMiranda,quefoioprimeirodirigente
daFundaçã odeApoioaoDesen volvimentodoEstadodoPiauí–FADEP,quedeuorigema
Universidade Estadual do Piau í – UESPI; Profª. Maria Adamir Leal de Sousa, Diretora
ExecutivadaFundaçãodeApoioaoDesenvolvimentodaEducaçãodoEstadodoPiauí–
FADEPn operíodode26dedezembrode1985a20demarçode1987 .PadreGetúliode
Alencar,DiretorExe cutivo daFADEP–TeresinaPIde1987/1988.Cofundado reprimeiro
reitordaUniversidadeFederaldoPiauí–1989/1990;Prof.Iveline deMeloPradoReitorada
UniversidadeEstadualdoPiauí UESPI,noperíodode1990a199 1; Dr.AlmirBittencourt,
DiretorE xecutivodaUESPI(19921994Dr.JônathasdeBarrosNunes,reitordaUESPIno
períodode199 5a2001(acrescentouseestafoto,poisnãoconstanagaleriadainte rnet);
Profe ssoraMariadoperpétuosocorro emdezembrode2001assumiuocargodereitora
pro
112
tempore
daUniversidadeEstadualdoPiauí,queexerceuaté31dedezembro de2002;Prof.ª
Oneide, reitora
protempore
daUniversidadeEstadualdoPiauí UESPInoperíodo de0101
2003 a20012004;Profª.ValériaMadeiraMartinsRibeiro,exerceuocargodereitora
pró
tempore
de200 3a2005.AtualmentefoieleitareitoradaUESPIparaoperíod ode2006a
2009 .
3.2Aexpanodaeducaçãosuperiornamicrorregiãodaschapadasdoextremo sul
Piauiense:umavisãohistóricosocioculturalepolítica
Reconhecese aquiaedu caçãosuperiorcomopráticahistóricosociocultural.Es sa
perspectiva faz com que as políticas de expansã o dessa educação também devam ser
consideradascomoumprocessohistóricoesocial,condicionadoàs“teias” d einterrelações
inerentesàsociedadeondeemergiram.
Para a compreensão do processo d e interiorização, acreditouse ser relevante
ressaltarquestõesc omoafinalidadedasinstituõeseducativas,entreelasdauniversidade.
Nesseco ntextoodiscursoquedominaéodequeasinstitu içõeseducativasmporfuão
preparar para o mundo do trabalho, desenvolvendo  competências necesrias ao mundo
competit ivo.
DeacordocomFrigotto(2001,p.35 ),e ssesnovostemp ostêmcomoconseq üência
eaomesmomomentoumreforçoaochamado“[...]tempodaglobalização,damodernidade
competit iva,dareestruturaçãoprod utivaedareen genhariadoqualestamo sdefasadoseaque
devemosnosajustar”.
Portanto , diante desse contexto de imposição, buscase não somente uma
reconstituãodahistória,mastambémumareflexãosobreafunçãosocialdaspolíticasde
expansãodaedu caçãosuperiornoestadod oPiauí,naMicrorregiã odasChapadasdoExtremo
Sul Piauiense, mais espec ificame nte na cidade de Corrente, que, de acordo com os
depoimento sdosprimeirosgestores,constituiusenolocale mqueainteriorizaçãoteveseu
“pontapéinicial”(expressãousadapeloProf.Dr.AlmirBittencou rt),ouse ja,ain teriorizaçã o,
113
decertaforma,partiudeCorrente.Mas,paraessaanálisedopresente,énecessárioumretorno
aopassado .
Observaseque,nosúltimosanos,ahistóriadaeduc açãosu periornoPiauísofreu
mudançasextraordináriascomaexpanoeinteriorizaçãodesuaUniversidadeEstadual.Esse
processodeexpansão,emCorrente,teveseuiníciocomaUniversidadeFederaldoPiauí
UFPI,tendoseintensificado,segundoconsensodosdepoentesedasfontesobservadas,na
gestãodoProf.JônathasNunes,de1995a2001. 
Esse processo vem sendo denominado d e inte riorização do E nsino Superior
blic o estadu al, representado pela UESPI, que apresenta nesse momento um aume nto
quantitativoquantoao merodealunosenúmerodecu rsosdeGraduaçãoPlena,nacriação
de Cursos Sup eriores Seq üenciais de Formação  Específica, entre outros. Como se pode
obs ervarnodecorrerdes teestudo,se gund oopróprioProf.nathasB.Nunes,oco rreuum
aumentotantonavertentehoriz ontalcomonavertical.
Percebesenafalad osdepoentes,principalmentenode poime ntodoexreitorProf.
AlmirBitt encourt,queaexpano daUniversidadeEstadualteme mCorrente“opontapé
inicial”,podendosercomparada,segundoumadepoe nte(Prof.EdyNogueira),aumaárvore
dosaber,espalhandoseusgalhosnoextremosuldoPiauí,fatoquesepodeconfirmarnafala
doprimeirogestordaUESPI,jácitadaanteriormente:
[...] foi um convênio históric o e que eu considero como o pontapé inicial do pr ocesso de
interiori zaçãodaeducaç ãosuperiorquefoiesseconvêniocelebr adolácomauniversidadede
Corrente, aUniversidadeFederal do Piauíe aU niversidadeEstadual.ComoaUniversidadede
CorrentejátinhaumprojetoparainstalarumcursodeAgronomiaporcontadaespecificidadee
do desenvolvimento da região que tinha uma demanda muito grandepor cnicos agrícolas em
facedaexpansãodosCerrados, nósresolvemostocaresseprojetocomaUniversidadeFederal[...]
Realmentefoiumacoisaqueeuconsiderodeumesforçomonstruoso[...]enfim,nósconseguimos
eapartirdaí,nósresolvemosdoPr ojetodaexperiê nciadeCorrente,i mplantaremFloriano,
PicoseParnaíba (PROF.ALMIRBETTENCOURT,grifonosso).
Corre ntedáinícioaesseprocessodeinteriorizaçãodaUESPI,maseraalgoque
preocupava,segundoosgestores,primeiropelasdistâncias,comopodes ero bservadonos
depoimento se,segundo,pelosreaismotivosmencionados aolongodo estud o.Temseafala
doProf.Jônathas(foto):
114
ILUST RAÇÃO08:Prf.Dr.JônathasdeBarrosNunes.
ReitorUESPI(19952001).
Fonte:acervodaProfª.SandraLima, 2005
AoassumiraUESPIemjaneirode199 5,elajádispunhadeumcampusavançadoemCorrente,
que, aliás, foi uma excelente iniciativa realizada no Governo Freitas Neto. A forma como foi
instituídoessecampusavançadoéq uemepareciainicialmenteembaralhada,porqueoficialmente
haviaumcampusdaUniversidadeFederaldoPiauífuncionandodentrodeinstalaçõesquehaviam
sidoconstruídasporumafundaçãoprivada,aFundaçãodoEnsinoSuperiordoSuldoPiauí.Ao
quesoubeàépoca,aUniversidadeFederaldoPiauí,porrazõesquesóelapodeexplicar,elatentou
refluirdessecomedimentodedesenvolveroensinosuperiornosuldoEstado.Elanãocriounovos
vestibularesemCorrente,aparentementeocampusdeCorrenteseextinguiriacomaformaçãoda
primeiraturma,entãovamosdizerassim,seriaaprimeiraetambémaúltima,aidéiaeraessa.À
época o então governador Freitas Neto assinou um convênio entre o Estado, a Universidade
FederaldoPiauíeessaFundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldoPiauí.Poresseconvênio,oEstado
praticamenteassumiatodasassuasobrigaçõescomrelaçãoàcontinuidadedoensinosuperiorno
sul do Piauí, em Corrente. É claro que havia problemas de natureza administrativa no
encaminhamento disso,porque as instalaçõeshaviamsidoconstruídaspelaFundaçãodo Ensino
Superior do Sul do Piauí, uma Fundação privada. Na verdade, trocando em miúdos, o Poder
blicoestava funcionandodentro de uma fundaçãoprivada.Nãohouvealuguel,asinstalações
foramcedidasgratuitamenteparaaUESPI.AUespiencamp outodasasobrigaçõesqueatéentão
eram cometidas à Universidade Federal do Piauí, porque, se não tivesse feito, o campus ia se
extinguir.Osproblemasadministrativoscontinuaramàépoca,porquehaviadificuldadedeordem
administrativa no encaminhamento dos problemas institucionais de um campus universirio
(PROF.JÔNATHASNUNES).
Conformeesse sdepoimentos,anteriorme nteàpresençadaUESPIemCorrente,já
havianaquelacidadeumaestruturauniversitária,fato estequeseráexplicadomaisadiante
quando se tratará da educação ness a cidade. Observase, porém, que não existia um
satisfatóriorelac ionamentocomaFundaçãodoEnsinoSuperiordoSuld oPiauí,apesarde
que, conforme o depoime nto do Prof. nathas, “nãohouvealuguel,asinstalaçõesforam
cedidasgratuitamenteparaaUESPI”.Dandocontinuidadeafaladoexreitord aUESPI,“a
Uespiencampoutodasasobrigaçõesqueatéentãoeramcometid asàUniversidadeFederaldo
115
Piauí,porque,seotivessefeito,ocampusiaseextinguir”.Eleressaltaasdificuldadesem
relaçãoaofatodeque
[...]ocampusdaUESPI tinhaumdiretor,haviaduplicidadenofuncionamentonaparte
administra tiva institucional porque a Fundaçãotamm tinha umdiretor, então,éclaro,
quefuncionandotudonomesmopr édio,emborahouvesseumconvênio,nuncafuncionou
100%.Essaéa verdade.Àsvezes atéproblemasmesmopequenoscomoachavedeum
laboratório que está com o diretor da Fundação e não com o diretor do campus, eram
essesproblemasquesempreacarretavamalgumatropelonofuncionamentodocampus.A
soluçãopermanenteparaessetipodeproblemaseriaumcampuspróprio,ouaaquisição
por parte do Estado das instalações, ou a construção de um novo campus. O
encaminhamento desse tipo de assunto nunca chegou a  bom termo. Ao que se sabe, o
campus lá foi construído com recursos do Ministério da Educação, embora seja uma
instituição privada. E também com recursos me parece que oriundos das prefeituras,
portanto,naverdade,tudorecursospúblicos!Entãohaviaumquestionamentosobrecomo
fazer uma operação desta, tendo em vistao Estadocomprar, pagar, adquirir um prédio
queafinaltinhasidoconstruídocomdinheiropúblico.Eunãoseicomoseencontraessa
situaçãohoje,masoqueeugostariadedizeréoseguinte,dequalquerformaaFundação
de Ensino Superior lá do Sul do Piauí e a presença da UFPI também foi relevante, foi
marcante para permitir a continuidade do funcionamento de uma universidade no
ExtremoSuldoEstado(PROF.DR..JÔNATHASBARROSNUNES).
Observasequeomuitososfatoresqueinterferemnobomfuncionamentoda
educaçãosuperioremCorrente,sendoelespolíticos,históricosesociais.Perce be–se,nafala
doProfessor,oqueRios(2002,p.26)consideracomo“[...]umcomponente
político
,noque
dizrespeitoaopo derquepermeiaasrelaçõesnaeducação”.
Essesaspectosestãosemprepresentesnasinterrelações,deformaqueoprédiono
qualaUESPIfoiimplantadaem1 993atéhojepertenceàFundaçãodoEnsinoSuperiordo
SuldoPiauí,instituiçã odefundamentalimportânciaparaaimplantaçãodaeducaçãosuperior
emC orrente,noan ode1992,emconniocomaUniversidadeFederaldo Piauí,assuntoqu e
serátratadomaisadiante.Segueemanexo(ANEXOF),anotaquefoipublicadanoJornal“O
Dia”,em5deabrilde1988,paramelhoresclarecertalquestão.
Então,emCorrenten esseprimeiromomentoemqueaUESPIc hegou,existia
todaumaestruturafo rmada,inclusiveaUniversidadeFederaldoPiauíhaviarealizadoo
primeirovestibularcomoserátratad onopróximo capítulodesteestudo,comumaprimeira
turmaemandamento.Dessaforma,tornousepossívelaarrancadaparaaexpanoapartirde
Corre nte. Como a UFPI o deu continuidade  foi realizado um segundoconniocom a
UESPI,em1993.
Podeseperceberesseprocessoemumtrechodorelatoescritoqueo Prof.Jo
RochafezsobreoprocessodeimplantaçãodeumauniversidadeemCorre nte:
116
O prédio foi erguido, os laboratórios foram equipados, a biblioteca montada, os professores
qualificados,tudopronto;quandosolicitamosautorizãoparafuncionamentodoscursos,fomos
impedidos por força de Decreto Presidencial.Começandocoma2ªfasedaFESPI:1ºconvênio
comaUFPI–1 991;2ºconvêniocomaUESPI–quandodacriaçãodoCampusdeCorrenteem
1993 (PROF.JOROCHA).
Tornouse mais fácil para a UESPIcomeçarde Corrente , pe la existência dessa
estrutura,oquefacilitousuaextenoparaoutrasregiõesdosuldoestado.Comosepode
perceber no depoimento anterior d o Prof. Almir Bittencourt e na fala do exreitor Prof.
n athas Nunes aqui transcrita, demonstrando que Corrente possibilitou a expansão para
outrasregiõ es,che gandoaCurimatáeatéGilbs(pertencenteàMicrorregiãoGeográficado
AltoMédioGurguéia).Odepoenteexpõeos motivosqueolevouaessaexpansão:
QuandooCampusdaUESPIemCorrente foiseconsolidando,sentiuseanecessidadedeestender
ocampus deCorrenteparaoutrasregiõesdo extremosul do Piauí.Oprocessoeducativo,eleé
extremamentedinâmico,aliás,deveser.Namedidaemqueelenãosejadinâmicoeleseretrai. Ele
seretraindo,retrocedeeprejudicaaoutrasconquistasqueseconsegueatravésdaeducação.Por
exemplo, ali próximo a Corrente existe aquela região que tem problemas de conservação
amb iental, aquela região de Gilbués. A idéia de estender um braço de Corrente para Gilbués e
estenderdeformapermanenteeraeéprincipalmentecriaraliumcleopermanentedepessoas
interessadasemestudar,aliéumcampodepesquisasobreasdificuldadesdeconservaçãodomeio
amb iente.Ali,naregiãodoGilbués, éclaroqueoproblema nãoésóali.Essafoiaidéiaprincipal,
primeira, em estenderumcleoparaGilbués,criarumcleoforteepermanente.Portantona
medidaquesetenteacabarcomessenúcleodeGilbués,issoéumretrocesso.
PoroutroladoàquelaregiãodeCurima,envolvendoCurimatá,Parnaguá,JúlioBorges,Avelino
LopeseMorroCabeçadoTempo,aquelaregiãoéaregião,emtermosestritamenteeducacionala
mais esquecida do Estado, a mais esquecida! Até por razões geográficas. Até por razões
geográficas!Sentiisso,nasinúmerasvezesemqueandeipor,háumatendênciamuitofortedo
pessoalseligarmaiscomaBahia.S eaqueleE xtremoOestedaBahiativessesedesenvolvidoum
pouco mais no tempo, aquela região estaria hojetodadependentedaBahia.Agentesentiuque
haveria uma conveniência, a cadeia produtiva daquela microrregião de Curima, a Lagoa de
Parnaguá,aquelascriõesdegado,principalmentecaprinoeovinodaregiãodeCurima,aquilo
aliditavaaconveniênciadesecriartambémaliumcleopermanentedaUESPIcomoumfator
decomplementãodedesenvolvimentodaregião.Aidéiafoiogenerosaeareceptividadefoi
ogrande,quesrecebemosvisitadeprefeitosdoladodaBahiaquerendotambémseconsorciar
comainstalãodo NúcleodeCurima.EumelembrobemdaprefeitadeMansidão,maispra
cima Campo Alegre de Luz, até de Pilão Arcado s chegamos a receber proposta. Então, no
fundooqueestavahavendo?EraumaexpansãodoCampusdeCorrente.Masissosóocorreu por
causado CampusdeCorrente.Jamaisschegaríamosafazero que fizemosemGilbuéseem
CurimatásemprimeirotermosconsolidadooCampusdeCorrente. Comoconsolidalo? Tornando
o quase praticamente uma universidade.O curso emqueinicialmenteerasomenteumcursode
Agronomia e um curso de Pedagogia, previsto para ser simplesmente duas turmas: uma de
AgronomiaeumadePedagogia,querdizer,nemvestibulareramaisprevistoparaserfeitonesses
doiscursos.Nãosóessescursosforamconsolidadosnosentidodetervestibular,outodooano,ou
ano sim, outro não, mas foram criados outroscursos.Nocampus de Corrente,jáforamcriados
quasetodososcursosnaáreadeLicenciatura[...] (PROF.DR.JÔNATHASNUNES).
Foi por meio das idéias expansionistas do reitor da UESPI, Prof.Dr.nathas
Nunes,queoCampusPermanentedaUniversid adeEstaduald oPiauí UESP I,nomunicípio
117
deCurimatá,fo icriadopeloDecretonº.10353,de28dejulhode2000,apósautorizaçãodo
GovernodoEstadodoPiauí(governador“MãoSanta” ),nousodesuasatribuiçõesconferidas
peloincisoXIIIdoart.102 daConstituiçãoEstadualenostermosdosArts.62e63daLeinº.
9.394/1996.
Segund ooDecretonº.10.3 53,paraacriaçãodoCampusdaUESPIemCurimatá,
considerouseanecessidadede formaçã o superiordedocente sparaatuaremnaEducação
sica, sendo oferecida em Instituto Superior de Educação; o objetivo primord ial da
Educaçãoparaod esenvolvimento dacidadania;aimportânciageopolíticadamicrorregiãode
CurimatáparaodesenvolvimentodoEstadodoPiauí.
Assim,Curimatá,apartirdavontadepolíticadosgovernantesdaépocaedavisão
desuaspotencialidades,pas saaserbeneficiadac omaexpanodaUESPI,pois,conforme
ReitorProf.Dr.JônathasNu nes,sentiuse,“diante dacadeiaprodutivadaquelamicrorregião
de Curimatá, [...]a conveniência desecriartambémaliu mnúcleopermanentedaUESPI
comoumfatordecomplementaçãodedese nvolvimentodaregião”.Conformeore itor,aidéia
foiaceitacomgrandereceptividade,inclusivepelasprefeiturasdecidadesvizinhasdeEstados
limítrofes,comoaBahia.
PodeseperceberadistânciadeCurimatá,justificadapelapreocupaçãodoProf.
Dr.nathasNunes,eno reitordaUESPI,comoumfatorquelevouaq uelaregiãoaser,
durantemuitote mpo,esquecidapelosgovernante sdoEstadodoPiauí:“aquelaregiãoéa
regiã o,emtermosestritamenteeducacio nalamaisesquecidadoEstado,amaise squecida!
Aporrazõesgeográficas”.
Confirmamsees sasobservaçõesquandoseverificaadistânciadeCurimatáatéa
capital,queemlinhareta,éde569km,deacordocomaFUNDAÇÃOCEPRO–Perfildos
Mun icípios(1992,p.145).Aáreatotaléd e4.185km²,1,67%emrelaçãoàáread oE stado.
Limitaseaonortecom“RedençãodoGurguéiaeB omJesus;SulBahia;Leste Avelino
Lopes;Oeste–Parnaguá”.Éuma regiãode grandesriqu ezasnaturais:
Asriquezasnaturaisdegrandedestaquesãoargila,pedracalriaepedraume.As
riquezas vegetais são representadas pelos carnaub ais, maniçobais e matas para
extração de madeira e lenha. [...] A economia é baseada na agropecuária,
destacandoseos produtosagrícolas,feijão,mandioca,milho earroz.Na pecuária
destacamseosbovinos,suínosovinosecaprinos.Aextraçãodeceradecarnaúba,
fabrico de farinha e polvilho também o atividades desenvolvidas na área
(SALMITO,1987,p.112)
118
Entreasriquezasnaturais,deacordocomaFundaçãoCEPRO,no“PiauíVisão
Global” (2003, p. 99), encontramse, na região de Corrente, Parnaguá, Cristalândia e
Curimatámineralcomorutilo,cujoempregoprincipaléemformarligasmetálicas.
Aorigem domunic ípiodeCurimatá“[...]datade1717,quandooSr.Damásio
Mou rãoadquiriuumafaixadeterrasnaregiãodeParnaguádenominadadeGeti.”(BRASIL
FUNDAÇÃO CEPRO, PERFIL DOS MUNICÍPIOS, 1992, p. 145). Ess a faixa é hoje a
cidade deC urimatá.SeunomevemfatodeoMunicípioserbanhadoporumriachocomesse
nome (Riacho C urimatá), no qual há uma grande abunncia de p eixes denominados
curimatá.ALeiEstadualNº.895,de29deoutubrode1953,criouomunicípioeoinstalou
em1ºdejunhodoanoseguinte,desmembrandoodeParnaguá.
Segund o ahisriacontadapo rSalmito(1987),FundaçãoCEPRO(1992),noano
de1741,poriniciativadocapitãomorManoelMarquesPadilhadoAmaral,levantouseali
umacap elahomenageandoNossaSenhoradoBomSucesso.Comoamaioriadosp ovoados,
Curimatátambémseformouao spouc os ,emtornodacapela.Mas,deacordo comahistória,
em1922,opovoadodeCurimatáfoiabaladopelosc onflitosentrefazendeiroseposseiros,
sendopraticamentedestruído,oqueprovocouumatrasocioecomicoporquasenove
anos.
Posteriormente, Curimatá retoma seu c resc imento, com o início d e atividades
comerciais dos produtos da região. Outro fator de de senvolvime nto foi a implantação do
InstitutoEducacionalJuliãoGuerra,poriniciativadoProf.SamuelDou radoGuerra.Percebe
se a riqueza dessa região e a importân cia de um ensino superior, como, se observa no
depoimento d o médicoFlávioNogueira,filhodeCorrente,quetrabalhou18anosatendendo
naquelaregião:
O campus de Curima tornase necessário apesar da exisncia de um mesmo campus em
Corrente,poisacidadedeCurimatáficalocalizadanumaregiãodetransãoentreoscerradoseo
semiáridoa120KMdeestradacarroçáveldacidadedeCorrente,gastandoseumabasedequatro
horas de viagem. As cidades mais pximas a Curima são Avelino Lopes, Parnaguá, Júlio
BorgeseMorroCabeçanoTempo,cidadesestasquesetornamdistantes deCorrenteevemsendo
esquecidastantonaáreaeconômica,educacionalede saúde.
Oquesepercebeéqueacidaded eCurimatáems ioe staodistantedocampus
deCorrente,masficadifícilatenderdocampusdeCo rrenteàsoutrasc idadescomoMorro
Caba no Tempo, cujo aces so é bem mais complicado. Logo, em uma visão de en sino
democrático,to rnasenecessáriomanterocampusdeCurimatá,dandocondõesparaque
119
esse possa atendercom qualidadeà região,levando em conta tambémo poderaq uisitivo
daquelaspessoasparamanterseusestudosemoutracidade.
O campus de Curimatá teve  iníc io co m seu primeiro vestibular, em 2001,
ofertandose40vagasparaoCursoNormalSuperior.Em2002e2003,foramofertadas 40
vagas para Normal Superior no 1º semestre e 40 vagas para o Curso de Agronomia. No
ManualVestibularUESPI2004enomanualVestibularUESPI2005,nãoforamofe rtadas
vagas para o campus de Curimatá no Período Regular. Observase, porém, qu e, desde o
Vestibular2000,Edital1/99,sãoofertadasvagasparaoPeríodoEspecialemCurimatá,em
um total de 120 vagas para os cursos de Licenciatura, sendo 40 vagas para o Curso de
Licenciatura Pl ena Letras/Português, 40 vagas para Educação Física e 40 vagas para
LicenciaturaPlenaemCiênciaseInformática.
Percebese que as idéias expansionistas do Prof. Jônathas Nunes não pararam.
Segund o ele, “[...] ali pró ximo a Corrente existe aquela região que tem proble mas de
conservaçãoambiental,aqu elaregiãodeGilbués”.Assimeleconcretizouaidéiade“estender
umbraçodeCorrenteparaGilbseestenderd eformapermanente,criandoonúcleonessa
cidade. 
Reconhecendo o potenciald a região,conforme se podeobservarnoEditalNº.
02/2000paraoVestibular2001,essecleoteveseuiníciocomaofertade 40vagaspara
LicenciaturaPl enaLetras/Português,40vagasparaoNormalSuperiore40paraoCursode
LicenciaturaPlenaemCiências Biogicas,esteúltimo ,segundoodepoente,nointuitode
atenderoidealde“criaraliumnúcleo permanentedepessoasinteressadasemestudar.Alié
umcampodepesquisasobreasdificuldadesdecon servaçãodomeioambiente”.
Gilbs,conformeadivisãoadministrativacompõeaMicrorregiãoGeográficado
AltodioGurguéia,que,apesardeoseconstituircomoobjetodestapesquisa,inserese
comoumaproble máticaquesu rgiunodecorrerdestainvestigação .Assim,lançaseumligeiro
olhar sobre Gilbués, localizada em uma distância (em linha reta) da capital de 593 km
(PERFILDOSMUNICÍPIOS,1992,p.203).
Acidadetevesuaorigemp ormeiodeZeferinoVie ira,descendentedecearense s,
que, aproximadamente em 1850, che gou à região, fixando  uma fazenda de gado, a q ual
prosperoue,comadoaçãodeterrasparaumaparóquia,emumprocessohistóriconatu ral,em
torno desta capela foi formandose um povoado denomin ado Santo Antônio de Gilbués.
Segund opesquisas,hátamb émumaversãodequeoSr.AntônioNogueiraParanaguá,após
chegar das lutas  nos Campos Paraguaio s, doou terras para a cons trução da capela.
Posteriormente, porfo rçadoDe cretoLeiEs tadualnº.581,de09dejulhode1910,ainda
120
como Vila, recebeu a d enominão de “Gilbs”. Elevouse  à categoria de cidade pelo
Decreto–Le iE stadualnº.52,de29demarçode 19 38.
Indiscutivelmente,fazserelevanteumaanálisehisricadaexpano daeducação
sup erior, pois o Extremo Sul, na luta pela educaçã o, constrói sua história, silenciada no
esquecimentodosgovernantes,masrepresentadap elaconstantebuscadosaber,dainstrução,
fazendoseouvirpeloecodesuasaçõe s.Essessentimentosdebuscaedeesquec imentodessa
regiã oestãorepresentadosnosversosdoescritorCândidoCarvalhoGuerra(2004,p.2128),
emseuPoema“OSuldoPiauí”(ANEXOG).Nopróximocapítulo,desenhaseocenário
hisrico  da educação em Corrente, cidade que deu origem à educação superior nessa
microrregião.
121
CAPÍTULOIV
HISTÓRIAEMEMÓRIADAEDUCÃOEMCORRENTE:DA
EDUCÃOBÁSICAÀEDUCÃOSUPERIOR
Nestec apítuloapresentaseumareconstituiç ãohisricadaeducaçãosuperiorna
cidadedeCorrenteatéo sdiasatuais,numaperspectivadeque“[...]éprecisoconcederdireito
de cidadania à história dos humildes, ao lado da história dos poderosos” (LE GOFF;
CHARTIER; REVEL, 1998, p . 130), assim mantémse uma idéia multidimensional da
realidadesocial,resgatandoseavozdosdiversossujeitos aoesboçaremsuaprópriahistória,
seu mododeartic ularosacontecimentos,partindosedavalorizaçãodadimen sãodeseus
olhares,articulandoosaosdemaisacon tecimentosqueconstituemaqueleprocesso.
Dessaforma,ad otaseumavisãomacrodahisriadaeducaçãoemCorrente,no
intuito de compreender as intenções, anseios e singularidades de um povo, que, mesmo
morandoemumlu garlongínquo,transformouoem“terradosaber,doamoredacultura”,
palavrasexpressasemdepoimentosenaletradohinodacidaded eCorren te,comosepode
constatarnaprimeiraenaú ltimaestro fe:
Nosul,noextremosuldoPiauí
Brilhandocomoastroreluzente
Eusouoninhosantodacultura
EusouomunipiodeCorrente
Souformadoporelosdosaber
[...]
Souaterradoamoredacultura
Denobresideaiseaspirações
Deleitammeosecossonoros
Domugidodotouroemvibrações
122
Percebemse também, na letra do hino, as tenncias econ ômicas oriundas do
processodepovoamentodosuldoPiauí,feitoapartirdacriaçãodebovinos,alémdos hábitos
culturaisdacidade,que,desdeseuinício,de monstramabuscadeseupovopelaeducação,na
construçãoeconservaçãodesuacultura.
Inicialme nte, procurouse, neste capítulo,caracterizar a cidade de Corrente em
seusaspectosfísicos,econômicos eculturais,oqueseráconstatadonosdepoimentos,assim
comonasinterrelaçõesentreaed ucaçãosuperiorhojeeaslutasporumaeducaçãodesdeos
temposmaisremotos,visívelanseiodosprimeirosfilhosdaregião.Buscousenahisria,a
origem das primeiras instituições de educação nessa cidade até o surgir de uma idéia de
implantaçãodaEducaçãoSuperioremCorren te,visualizandoseesseprocessoatéo sdias
atuais.
Apresentamse,pois,algumasnarrativasoraisparaumabrevereconstituãoda
educaçãoemCorrente,desdeasprimeirasescolasdeens inobásicoàinstituãos uperior,
partindosedoidealdeumaun iversidadecomunitáriaatéaatualUESPIeaFaculdadedo
Cerrado Piauiense  FCP. Colocase tamb ém a discuso sobre o papel d a e xpano da
educaçãosuperior:suaqualidadeso cial.
4.1Corrente:umavisãogeraldeseusdiversosaspectos
Aoanalisarahistoriografiasobreaorige mdeCorrente,percebemsecontradições
entreo sautores,assim,paraumaanálisedoleitor,expõemseaquiasversões,deacordocom
cadaobra:FundaçãoCentrodePesq uisa EconômicaseSociaisdoPiauí–CEPRO,emsuas
public ações :PerfildosMunicípios(1977,1978,1992,2002Rodrigues(2004EdyNogueira
(1963EdílsonNogueira(2002)eBarros(2005).
Corre ntetemonomedoprincipalriodacidade,“RioCorrente”,e,deacordocom
EdílsonNogueira(2002,p.14 ),teve comopioneiro
CaetanoCarvalhodaCunha,fundadordeCorrente,comprouasesmariapelovalor
deduasarroubasdeouro[...]Noanode1754,pordeterminaçãodoReidePortugal
D.José I, o município de Corrente teve suas terras divididas e demarcadas pelo
engenheirodaCortePortuguesaJosédaSilvaBalmar,contandodoprimeiroparao
segundomarcoumtotalde6.300(seismiletrezentas)braças.[...]Em07deagosto
de1860,pordeterminaçãodaLeiProvincialnº500,foicriadaaParóquiadeNossa
Senhora da Conceão,termo de Parnaguá. Em decorrênciada Lei Provincial do
Piauínº782,de10dedezembrode1872,aparóquiafoielevadaàcategoriadeVila
123
[...]Mas,sóem08dedezembrode1873,diadosfestejosdapadroeiradeCorrente,
Nossa Senhora da Conceição, é que foi devidamente instalada a municipalidade
peloDr.JoséMarianoLustosadoAmaral,juizdeDireitodaComarca deP arnaguá
[...].
TemsetambémnapublicaçãoPerfildosMunicípiosasmesmasin formações:
Em1754,foramdivididosterrenosporordemdasCortesPortuguesas.Atravésde
requerimento, Caetano Carvalho da Cunha adquiriu a fazenda Corrente de Cima,
atual munip io de Corrente. [...] O crescimento da pecuária permitiu o
desenvolvimento[...]como desenvolvimentodaFazenda,criouseaParóquiade
NossaSenhoradaConceão,jánopovoadodeCorrente,em1860.Opovoadofoi
elevado à categoria de vila em1872, começando a funcionar suamunicipalidade
(BRASIL –FUNDAÇÃ OCEPRO,1992,p.133).
JesualdoCavalc anteBarros,emseulivro“Memóriadosconfins”,colocaque...
O pioneirodasuafundaçãoteriasidoCaetanoCarvalhodaCunha,queadquirira,
atravésdereq uerimentoosítioCorrentedeCima,com6.300braçasdoprimeiroao
segundomarco,neleestabelecendosuafazendadecriaçãodegadovacum,queera
entãoaatividadeeconômicapredominante(BARROS,2005,p.123).
Contudo o autor esc lare ce que essa versão n ão foi comprovada durante sua
pesquisa,pois,
[...]quepeseessaversãotersidorepetidaemtodososcompêndiosposteriores,não
encontramos, até o momento qualquer documento que a lastreasse [...] O que
consta,arespeitodadataCorrentedeCima,ésuaconcessãoaJoãoFernandes,em
1727 ,eaManoelLopesdeCarvalho,confirmadaem1747.
No en tanto,deacordoc om Correntino Paranaguá(1980,p.48 ),inicialmen te a
cidade de Corre nte fo i apenas uma fazenda, “um ponto inicial de ocupação da terra.
Comproua,noculoXIX, oportuguêsManoelJodaPaz.Aposseeradeléguae meiade
terra.Maistard eoutroposs uidor –JoséDamascenoNogueira –concedeuaáreanecesriaà
sededaVila”.Observaseque,nessaépoca,elafaziapartedaComarcad eParnaguá.Se gundo
oautor,osprimeirosmoradores eramemmaioriatemporários,c onstituídosporfazendeiros,
cujavidaestavamaisvoltadaparaasfazendasdoqueàvila.
As afirmações de Correntino coincidem com as informações da professora e
pesquisadora Edy Nogueira em seus escritos sobre o Piauí, resultados de uma pesquisa
realizadaem1963 :
OcidadãoManuelJoséPaz,naturaldePortugal,comprouafazendaCorrente,onde
124
seachasituadaacidade,por 8.600 cruzados.Aescrituradecompradeclaraquea
fazenda constava de uma gua e meia de sesmaria (5 léguas em quadro), 1300
cab eçasdegadovacum,30cavalose11escravosdefábrica.E mfrenteaosobrado
deManuelPaz,existiasuacapelaparticular,restauradapelosseusdescendentes,até
que em1.890ficouconcluídaa igrejamatriz,mandadaconstruirpelaExª.Sra.D.
InáciaNogueira,Baronesa(doBarão)deParaím(NOGUEIRA,1963,p.6).
Diantedasposiçõe scontráriasemrelaçãoaofundadordeCorrenteepelofatode
oexistirumadocumentaçãoqueco mproveessasversões,tornasenecessáriaumapesquisa
maisprofundaemrelaçãoàhistoriadeCorrente,quetambémnãofoirealizadaduranteesta
pesquisa,poisoéesseoseuobjetivo.Buscouseentãoapenasumab revevisãosobreos
diversosaspecto sdahisriadeCorrente.
Quantoaoaspectogeográfico,acidade estádistante874kmd aCapital Te resina
e faz parte d a Microrregião d as Chapadas do Extremo Sul Piauiense, localizada na
Mesorregião do Sudoes te Piauiense, de acordo com a divisão administrativa do Piauí.
Segund ooúltimocenso(IBGE,2000),Correnteapresentasecomumapopulaçãoresidente
de23.226habitantes,distribuídaemumaáreade3.051,16km²,co mumadensidadede7,6
hab/km².Pode seperce berqueCorrenteéumacidadedistanted equalqueroutracapital,fator
que,segundodepoimen tos,teveinfluên ciaspositivas,levandoseupovoalu tarpelaeducação,
poisodistanciamentodeCorrenteprovocouumesquecimentoporpartedosgovernantes.
Outroaspectoimportanterelacionaseà populaçãodeCorrente.SegundooAtlas
deDesenvolvimentoHumanoPe rfildoMunicípio(2000,p.1),p ercebeseque,n operíodo
1991 a2000,acidadeapresentouuma taxamédiadecrescimentoanualde1,82%,passando
de19.858habitan tesem1991,para23.226,em2000.Nográfico01podesevisualizarmelhor
oquadropopulacionaldesseperíodo.
GRÁFICO01:Populaçãoentre19912000–CorrentePI
FontePerfildoMunipio,2000.
125
A taxa de urbanização c resc eu 12,12 %, passando de 48,20% , em 1991 para
54,04%, em 2000. Nesse mesmo ano, a população do município representava 0,82% da
popu laçã od oEs tadoe0,01%dapop ulaçãodoPaís.
Apresentasenoquadro08apopu laçã op orsituaçã od edomicílio,noperíodode
1991 a2000,emrelaçãoàpopulaçãototal,urbana,ruraleataxade urbanizaçã o,observando
seumsignificativocrescimento:
POPULAÇÃOPORSITUAÇÃO DEDOMICÍLIO,199 1E2000
1991 2000
PopulaçãoTotal 19.858 23.226
Urbana 9.572 12.552
Rural 10.286 10.674
TaxadeUrbanizão 48,20% 54,04%
QUADRO08:Populaçãoporsituaçãodedomicílio
Fonte:PerfildoMunicípio –PerfildoMunicípiodeCorrente,2000.
Nesseperíodode1991a2000,percebe seumconside rávelaumentodapopulação
urbana, observandosetambém uma diminu ição nataxade mortalid adeinfantil,conforme
AtlasdeDesenvolvimentoHumanoPerfildo Mu nicípio(2000,p.2).Podesevisualizaressa
situaçãonoquadrodeindicadoresdelongevidadeemortalidadenacidadedeCorrente.
INDICADORESDELONGEVIDADE,MORTALIDAD EEFECUNDIDADE –19912000
1991 2000
Mortalidadea1anodeidade(por1000 nascidosvivos)
50,134,6
Esperançadevidaaonascer(anos)
63,667,4
TaxadeFecundidadeTotal(filhospormulher)
4,02,8
QUADRO09:Indicadoresdelongevidadeemortalidade –CorrentePI
Fonte:AtlasdeDesenvolvimentoHumano PerfildoMunicípiodeCorrente,2000.
Quantoàeducaçãopodesepe rceberumsignificativocrescimentoemrelaçãoao
níveldeeducaçãodapo pulaçãojovemnessepe ríodode19902000eemníveleducacionalda
popu laçã o adulta. Esses fatos podem ser observados nos dados coletados do Atlas do
DesenvolvimentoHumanonoBrasil PerfildosMunicípios(2000,p.5).
126
NÍVELEDUCACIONALDAPOPULAÇÃOJOVEM,1991E2000
FAIXA
ETÁRIA
ANOS
TAXADE
ANALFABETISMO
%COMMENOS
DE4ANOOSDE
ESTUDO
%COMMENOSDE
4ANOOSDEESTUDO
%FREQUENTANDOA
ESCOLA
1991 2000 1991 2000 1991  2000 1991  2000
7a14 50,7 25,5    72,0 91,5
10a14 37,5 13,9 87,8 72,2  76,1 92,5
15a17 22,8 8,9 48,1 35,2 91,4 87,4 66,4 79,6
18a24 19,3 7,6 41,5 30,2 73,8 73,6  
QUADRO10:Populaçãodejovensentre 1991/2000–CorrentePI.
Fonte:AtlasdeDesenvolvimentoHumanonoBrasil.PerfildoMunipiodeCorrente,2000.
Assim, obs ervase no  quadro acima uma considerável diminuição da taxa d e
analfabetismoemtodasasidades,sendoqueafaixademaiordecréscimofoiade10a14
anos. Nafalade algunsdepoente s,associaseamelhoriane sses índices àimplan taçã oda
educaçãosuperiornacidade.(1992 ).Temsetambémumamaiorfreqüênc ianasfaixasetárias
de 7 a 14 e de 10 a 14. Abaixo, podemse  observar índices correspondentes ao n ível
educacionaldapopulaçãoadultaeamédiaporanosdeestudo:
VELEDUCACIONALDAPOPULÃOADULTA(25ANOS OUMAIS), 1991E2000
1991 2000
TAXADEANALFABETISMO 43,5 26,4
%COMMENOSDE4ANOSDEESTUDO 60,6 47,6
%COMMENOSDE8ANOSDEESTUDO 84,1 80,3
MÉDIADEANOSDEESTUDO 3,1 4,3
QUADRO11:Relaçãopopulaçãoadulta(de25anosacima), entre19912000– CorrentePI. 
Fonte:AtlasdeDesenvolvimentoHumano.PerfildoMunicípiodeCorrente,2000.
Outrosdadosimportantes,referemseaodesenvolvimentohumanodapopulação
deCorrenteemrelaçãoalongevidadeerenda,comopodeserp ercebidonoquadroexposto
abaixo,quetem comofontedepesquisatambémo Atlas deDesenvolvimentoHumano –
PerfildoMunicípio deCorren te(2000,p.5):
DESENVOLVIMENTOHUMANO
1991 2000
ÍNDICEDEDESENV OLVIMENTOHUMANOMUNICIPAL 0,598 0,679
EDUCAÇÃO 0,645 0,762
LON GEVIDADE 0,643 0,706
RENDA 0,506 0,570
QUADRO12:Relaçãoeducação/longevidadeerenda–CorrentePI
Fonte:AtlasdeDesenvolvimentoHumano.PerfildoMunicípiodeCorrente,2000.
127
Aevoluçãonosanosde1991a20 00,segundoosdadosgeraissobreoIDH M,ou
seja,oÍndicedeDesenvolvimentoHumanoM unicipaldeCorrentecresceu13,55%,passando
de0,598,em1991,para0,679,em2000.Ofatorquemaiscontribuiuparaessecresc imento
foi,emprimeirolugar,aeducaç ão,com48,0%;seguidape larenda,com26,2 %;depoisp ela
longevid ade,com25,8 %.
Nesseperíodo,adistânciaentreoIDHdomun icípioeolimitemáximodoIDH,
ouseja,1–IDH,foireduzidoe m20,1%,o u seja,semantivesseessataxadecrescimentod o
IDHM,omunicípiolevaria20,6anosparaalcançarSãoCaetanodoSul(SP),consideradoo
município comomelhorIDHMdo Brasil(0,919),e8,2anosparaalcançarTeresinaPI,
representandoomunicípiocomomelhorIDHMdoEstado(0,7 66).
Em2000,temseumÍndicedeDesenvolvimento HumanoMunicipaldeC orrente
nopatamarde0,679.ConformedadosdoCenso2000,essaclassificaçãocolo caomunicípio
deCorren teentreasregiõesco nsideradas demédiodesenvolvimento humano,ouseja,entre
asquetêmumIDHentre0,5e0,8.
Aoseanalisarasituãoemrelaç ãoao soutrosmunicípiosdoBrasil,Co rrente
apresentaumas ituãointermediária,poisocupaa3308ªposição,sendoque3307municíp ios
(60,1%)estãoemsituaçãomelhore2199municípios(39,9 %)estãoemigualoupiorsituação.
EmrelaçãoaosoutrosmunicípiosdoEstado,apresentaCorrenteumasituãoboa:
ocupa a 8ª posição, sendo que 7 municípios (3,2%) estão em situação melhor e 213
municípios (96,8%) estão em situação pior ou igual. (BRASILATLAS DO
DESENVOLVIMENTO HUMANOPERFILDO MUNICÍPIODECORRENTE,2000,p.
5).Paramelhorvisualizaçãodoexposto,segueumgráficorepresentan doacontribuãode
categoriascomoeducação,rend aelongevidade.
GRÁFICO02:Categoriasdeacordocomacontribuiçãoparao
crescimentodoDesenvolvimentoHumano –CorrentePI.
Fonte:AtlasdoDesenvolvimentoHumanonoBrasil/2000.
128
Observasequeaeducaçãoteveamaiorcontribuão,comquase50%(48,0%).
Ac reditasequeessacontribuiçãotemnaEducação Superiorumdosprincipaisfatores,visto
que influencia direta e indiretamente  na qualidade de vida do povo correntino, além de
promoveraqualificaçãodosprofessoresda educaçãobásica.
Arendapercapitadiadomunicípio deCorren tecresceu46,83%,passandode
R$80,84,em1991,paraR$118,70,em2000.Apobreza(medidapelaproporçãodepessoas
comrendadomiciliarpercapitainferioraR$75,50,equivalenteàmetadedosaláriomínimo
vigenteemagostode2000)diminuiu18,42% ,passandode76,6% ,em1991,para62,5%,em
2000 ,dadosquesepode mvisualizarnoquadro13:
INDICADORESDERENDA,POBREZAEDESIGUALDADE,1991E2000
1991 2000
RENDAPERCAPITAMÉDIA(R$DE2000)
80,8 118,7
PROPORÇÃODEPOBRES(%) 76,6 62,5
QUADRO13:IndicadoresderendadacidadedeCorrente –PI,1991/2000.
Fonte:AtlasdoDesenvolvimentoHumanonoBrasil/2000.
EsseéoPerfildoMunicípiodeCorrente,maisde130anosdepoisdesua origem.
Percebendose todos esses aspectos demonstrados, procurase nes ta pesquisa um olh ar
hisrico sobreaeducaçãosuperiornessemunicípio s ituadoemumaregiãodistanted etodas
ascapitaisnordestinas.Paramelhorcomp reenodoprocessosegueseo caminhoconduzido
pelasan álisesdo sdepoimentos,nosquaissepercebequeoidealdeeducaçãosuperioréalgo
quenasc eujun tamentec omalutapelaedu caçãoinfantil,ouseja,desdeoprimeiroJardimda
Infância,já sepensavaemensinosu perior.Emvirtudedisso,buscouseaconheceraorigem
daEducaçãoBá sica,paramelhorcomp reend eroidealdeEducaçãoSuperior.
4.2Corrente:históriaememóriadasprimeirasinstituições
Nesteitemabordaseorelacionamentoentreahistóriaeameriaque,conforme
Arendt (1972), possibilita o  alargamento do “círculo dos herdeiros”, le gando “posses do
passadoparaofuturo”.Porme iodasmeriasdeváriossujeito sprotagonistasdoprocesso
investigado, buscouse reconstituir as histórias das primeiras instituões ed ucacionais de
Corre nte.ComungasenessemomentocomospensamentosdeNajmanovih(2001,p.131):
129
O desafio que enfrentamos é o de não permanecer “enredados”na rede, de uma
maneiraquerestrinjaaindamaisaautonomiaeasubjetividade,conduzindoauma
globalização homogeneizadora, e sim que sejamos capazes de aproveitar a
potencialidadedinâmicaeinterativaparamultiplicarosníveisdeliberdadedetodos
osatoressociais.
Procurousenãopartirsódosdocumentosescritos,mas,sobretudoprivilegiar,a
visãodosprofessores,exalunos,pessoasdacomun idadequeco nhece meguardamemsuas
memóriasaslemb rançasdehistórias,p ois,“[...]memóriad eixoudese rpalcodeexperiên cias,
raramentemodelares,mas sempree xemplares,capazes detrazerasabedoriaaopresentee
forn ecerreflexõesparaorientarofuturo”(SOUZA,2004,p.45).
Observasehojeumsentimentodepartic ipão,desentirsesujeitoagen tedesua
própriahistória,demaneiraquesepro jetaumtemponovo,emqueahistóriase manifestaem
umcenáriocoletivo,comopartedeumcompromiss ocomosocial, comavida,emtodasas
suas manifestações, apresentandose “como um desafio em que a carga do presente é
explicadanasversõ esdoseixosanteriormentetran smitido soralmente”(MEIHY,2002,p.9).
Ao se falar da hisria da educação básica em Corrente, tornase importante
ressaltarqueessacid adevemnodecorrerdahistóriasendoconsideradacomoa“Capitalda
Cultura”,denominaçãoesta,segundoosd epoentes,devidoàgrandemigraçãodeestud antes
para a cidade nas c adas de 20 a 70, oriunda do fato de qu e pessoas de todo o Brasil
procuravam o Instit uto Batista Industrial, ho je Instituto Batista Correntino, em busca da
educaçãoedosaber.
Corre ntetemuma históriasingularde luta pelaeducação,emfunçãodisso,no
próximo itemtemse,oquesechamoude“sementesdosaber”,ouseja,buscaseumbreve
olhar so bre as principais instituições educacionais de Corrente . Partiuse das primeiras
instituições(u mbrevehisrico ),fazendoseumapanhadodetodasas quecontribuírame
contribuemcomesseproce ssoedu cacional.
Colocase aqui o uso da História Oral“[...] como mais um instrume nto, como
outro qualquer, nos critérios de participação social. [...] um recurso aberto, tanto para os
excluídos como para as elites” (MEIHY, 2002, p. 98). Portanto, nas próximas páginas
procuraseumbreveh isricosobreprimeiras“sementesdosaber” .
130
4.2.1 Do primeiro Jardim da Infância ao Instituto Batista Correntino – IBC: “luz para o
nordeste”
ALERTA
Lançaatuasemente
Eficaavigiála
Umaárvorenascerá
Diantedosteusolhosfechados
EdyGuerraNogueira
Asgeraçõ espassadaslançaramasseme ntes.ConformeBrito(2004),Penno(2005)
e o relato oral da Profe ssora e historiadora Edy Nogueira (autora da poesia supracitada),
constataseque,em1904,foiimplantadooprimeirojard imdainfância piauiense,naVilade
Corre nte,sendoconsideradac omoaprimeiraEscolaEvan gélicanoEstado.
Temseaíap rimeira“s ementinhadosaber”,quege rminouerecebeudiferentes
nomeações, como Colé gio Corre ntino Piauiense, Co légio Benjamim No gueira, Instituto
BatistaIndustrial ehojeInstitutoBatistaCo rrentino.Aimportânciadessefatoseconstatana
faladaPro fª.Edy...
ILUST RAÇÃO 09: Professora Edy Guerra Nogueira.
Historiadora, professora do Instituto Batista Correntido,
professoradoEstado.Protagonistadestahistória.
Fonte:autora,2005.
pequenasementedosaberlançadaemCorrentesemultiplicoucomfrutosemaisfrutospreciosos
paratodaasuacomunidade.Deustemfeitofloresceratravésdotrabalhodedicadoecontínuode
cadaeducadorqueseempenhanaobradeeducarfloresquesetornaramfrutos.Muitosfrutosm
sidocolhidos.Estaéanossaoportunidade.Noentanto,logop assaremoseoutrosvirãoeépreciso
preparálosparaqueotrabalhonãosofrasoluçãodecontinuidade(PROF.EDYNOGUEIRA).
Buscase nes se mome nto reconstituir a hisria das primeiras “seme ntinhas do
Saber”,deno minãoutilizadapeladepoentesupracitadadurante asentrevistasquandose
131
tratoudasprimeirasins tituõesde ensinodeCorrente.Utilizouseessetermoporidentificar
secomaidéiadapes quisado ra.NatranscriçãodafaladaProfessoraEdyGuerraNogueira,
protagonista d essa história temse a c onfirmação das palavras de Aren dt (1972), pois a
professo ravoltaseparaoquesepo dechamarde“umautoolhardacomunidade”,quandoela
sereportaaoanode1904,diadezdeJaneiro:
Nestedia,foiinstaladooColégioCorrentinoPiauiense,sobadireçãodeMs.JulietBarlow,que
recebia crianças até 04 (quatro) anos de idade para o Jardim de infância. Logo depois, foi
inauguradaaBibliotecaCorrentina,sendoproferidosnaocasiãomuitosdiscursos.
Em1913 , Dr.JoaquimNogueira ParanaguápediuaoSecrerioExecutivodaJuntadeMissões
EstrangeirasdaConvençãoBatistadoSuldosEstadosUnidosquefundassemumcolégionosul
doPiauí.AcomissãoenviadapelaMissãoBatistadonortedoBrasil,sondandoaspossibilidades
dotrabalhonestaregião,ficouconvencidadeq uedeveriaserestabelecidoumcentromissionário,
(escola industrial– agrícola)paraajudarnaevangelizãodestavastaregião.Aprovadoentão o
pedido pela junta de Richmond, trêscasais de missionárioschegaram até Corrente: Dr.Adolph
JohnTerryeesposa,D.LuluTerry;Dr.ArnoldHayseesp osa,D.HelenHays,Dr.J.L.Downing
eesposa,D.IsabelDowning.
Assim foi que, no dia 20 de maio de 1 920, o Instituto Batista Industrial,hojeInstitutoBatista
Correntino, foi registrado oficialmente, surgindo então um “oásis” no deserto da ignorância,
prestandoserviçonaáreadaeducação,q ueDeuspodeavaliarosbenefíciosprestadosànossa
região,nãosónaáreadeensinocomonaáreadeevangelismo.
Eratantaaconfiançaquesedepositavanoensinodessainstituição,quevinhampessoasdetodas
asregiõesparaestudaremsistemadeinternato.Lembrome(disseaprofessora)deque,aoira
Teresinafazerumacirurgia,encontreimecomumexaluno(naturaldeTimon–MA),quehavia
estudadoemCorrente.(PROFESSORAEDYG.NOGUEIRA).
Como se pode observar no depoime nto, des de 1920, p eríodo em que foi
implantado oficialmenteo IBI,atéadécad ade70,muitosjovensdetodoBrasilprocuraramo
Instituto em busca do “saber”, da cultura, fazendo com que surgisse a deno minão de
“Corrente CapitaldaCultura”.
Diante de um proc esso de educação e considerando a como um fenômeno
hisrico  e social, su rge a neces sidade de refletir sobre a cultura, podendose ter uma
definição abrange nte: “[...]que educação é transmissão de cultura”,podendoserdefinida
tambémcomo“mundotransformadopeloshomens”(RIOS,2002,p.30).
Entendeseacultuacomoofrutodaneces sidade.“A inveãodanecessidadese
justamenteporqueohomeméumserdedesejos ”(ALVES,19 81,p.19). Essedesejodo
povo correntino por uma educaçãomelh orpossibilitou aparticipaçãonacriaçãocultural,
estabelecendonormasparasuasações,partilhandovaloresecrenças(RIOS,200 2).
ColocaseaquiavisãodeRios (2002,p.33)acercadoconceitodeculturavoltado
paraosaber,masumsabernavisãodotrabalho ,“olaborquefazosh omenssaberem.Éo
trabalho que faz os homens serem”, um saber destituído do significado de erudição,
conhecimentorefinado.Temseotrabalhocomo“aessê nciadohomem”.
132
No entanto, para Certeau (1995 , p. 141), a cultura tem um sign ificado mais
profundo:
Comcerteza,seéverdadequequalqueratividadehumana
possa
sercultura,elanão
o é necessariamente ou não é ainda forçosamente reconhecida como tal.Para que
hajaverdadeiramentecultura,nãobastaserautordepráticassociaiéprecisoque
essaspráticassociaistenhamsignificadoparaaquelequeasrealiza.
Corre nte, na categoria de “Capital da Cultura”, é o res ultado , segundo os
depoimento s,dequeumpovoquelutoupelatransformaçãodesuaeducação,emumaluta
significativa, podendose observar o trabalho de dois irmãos meos, entre outros que
construíramoselemen tosesse nciaisparaqueCorrentepudesseserumreferencialquetrazia
pessoas de todo  o  Brasil, em busca do saber que o era só o  sabe r erudito, mas a
transformaçãodeumasociedadequebusc avatambémasabed oriadivina.
Percebese, nos depoimentos, que, desde cedo, a comunidade de Corrente
apresentousedeformasingularnabuscadeumaeducaçãoemtodososníveis,comosepode
obs ervarnasafirmativasabaixo:
Correnteéumacidade,que,desdeosprimeirosdiasdesuafundaçãopriorizaaeducão.Quem
conheceumpoucodahistóriadeCorrentepercebequeoseupovocombateoanalfabetismop or
umavisãodeprosperidade(PROFA.EDYGUERRANOGUEIRA);
[...]sentindoavocaçãodaregiãoeodesejodoseupovopelaimp lantaçãodoEnsinoSuperiorem
Corrente [...] com o decorrer do tempo toda população se mobilizou para a crião da nossa
universidade(PROF.JOÃOROCHA);
ECorrentemereceessetítulode“CidadedaCultura”porquerealmenteemtermosdeeducãoo
povoaquiéinteressado,essemp rebuscandoenãoperde,nosconcursoselesestãosedestacando
emconcursosfora[...](PROF.SOARES);
A Cidade de Corrente foi chamada de “Capital da Cultura” justamente por causa do
desenvolvimento, da desenvoltura do pessoal dessa região. Graças aqueles abolicionistas que
trab alharam no começo da nossa educação aqui, criando o Instituto Batista Correntino. Como
sejam,osirmãosNogueira,oDr.JoaquimNogueiraParanaguáeCoronelBenjamim,[...]foramos
que trabalharamnascampanhasabolicionistasecriarametrouxeramparacáessasementinhada 
educãoeplantouaquinosuldoPiauí.Porisso,aquiéconsideradoumacapitaldacultura[...]
aqui já veio gente de vários outros estados e do pró prio Estado. Lá perto de Teresina,vieram
estudaraqui...nãosó naqueletempo dafundaçãodoInstituto,mas,nadécadade50,conheci
muita gente de Floriano, de Barras, Barreiras... estudando aqui em Corrente, que foi muito
desenvolvido,foimuitodesenvolvidoecontinua.Anossacidadeéconsideradacapitaldacultura,
sãocriativos!(P ROF.ETELVINOVIANA).
Aopergun tarsobre comosurgiuaidéiadeumauniversidadeemCorrente,afala
dos depoentesnosremeteàorigemdaeduc ação,àsprimeirasins tituõesdeensinonessa
cidade, c omo pode se perceber no  depo imento do Dr. Jesuald o Cavalcante Barros, em
entrevista ora.ODr.Jesualdo, naé poca daimplan taçã o de ssa universidade,eradepu tado
133
federaleus oude sua influênciapolíticaparaquesetornassepossívelessaconcretização.
Segund oo depoente
a criação da universidade em Corrente decorre da própria formação, é a conseqüência da
própriaformaçãoculturaldaquelemunipio.Emmuitosaspectosguardaumadiferençamuito
grandedosdemaismunicípiosdoEstado.Veja,em1854,foicriadaaprimeiraescolapública
no munipio, a partir daí, a rigor, a comunidade, ou digamos a comunidade católica,
praticamente assumiu o ensino. Com a criação da Igreja Batista em 1904, então houve um
incremento muito grandedo ensino,justamentepelaemulação queseverificouentreasduas
confissões religiosas, cada qual querendo fazer mais e melhor nessa área,naáreado ensino.
EntãooInstitutoBatistainstalouoseucursoem22,umcursoprimárionaqueletempo. Em47,
criavaoseuginásioequeeraumGinásioqueatendiatodaaquelavastaregião,nãodo
Piauímastambémda Bahia,do Maranhão,do Goiás.Comachegadado PadreAnchieta,os
católicos tomam impulso e resolvem colocar o estabelecimento nessa nova fase, q ue foi o
colégioImaculadaConceãoem1950.Em53,jáeracriadooGinásioSãoJosée,apartirdaí,
nósverificamosqueoInstitutoganhouseucursoPedagógicoe oscatólicosganharamaEscola
cnicaecomércio,finalizandocomoInstitutocriandooseucursodeTécnicasAgrícola(DR.
JESUALDOCAVALCANTEBARROS).
Odepoe ntedizque,desdeoinício,háumadeterminaçãodopovodeCorrenteem
bus ca da educaçã o em todo s os níveis culminan do na luta que levou à implantação da
universidade na comunidade. Percebemse aqui os embates entre católicos e evan gélicos
(Batistas), abordad os  pelo depoente de forma positiva, pois, segundo ele, essa disputa
impulsionou a educação em Co rrente. Assim a ed ucação religiosa, em sua disputa pela
catequese,le vaaocrescimentoculturaldacomunidade,vistoque,segundooDr.Jersualdo,o
Estadoesteve s empreausente,comosepercebeemsuasafirmações:
OqueseverificaéqueoEstadodurantetodoesseperíodoeleesteveausente.Porq uê?Porqueele
sóassumiurealmentecomumaformamaisestruturadadeensinoemCorrenteapartirdacriação
doComplexoEscolarem1975.AísiméqueoEstadopassouaoferecermatrículaemnívelde
Ginásiovêque36anosdepoisdefuncionamentodoGinásioBatista,nãoéisso?Eosegundograu
queoInstitutoinstalouem62,senãomefalhaamemória,foiinstaladopeloEstadoem1988,
com o colégioDr. Dionísio N ogueira. Vêseentãoqueo ensino, basicamente,emCorrente, foi
custeado, foi mantido pelas confissões religiosas.Então o terceirograu no caso nasceudesse
espíritodequenãoadiantavaesperarpeloEstado.Appriacomunidadetomouapeito,tomouo
encargo, eresolveuseestruturar.Tivemos afelicidadedaqueletempoeuserdeputadofederal,e
como deputado federal veio a influência que normalmente tem um deputado, para conseguir
recurso(DR..JESUALDOCAVALCANTE).
Inicialme nteodepoente fazsuaabord agemdoens inobásicoefinalizareferindose
àimplantaçãodeumaeducaçãosuperior.EnfatizatambémaresistênciadoEs tadoeminvestir
na e ducação, de forma que é por meio de lutas da comunidade e, no caso de C orren te,
aproveitandosedasb oasrelações entreospolíticoslocaisefederais,quetornousepossívela
liberaçãodeverbasparaimplantaçãodeumauniversidadeemCorrente.
134
Esseretornoàsprimeirasinstituiç õeseducacionaisemCorrenteestápresentena
fala das pessoas, percebendose que o desejo pela educação superior temsuaorigemem
tempos mais remo tos, conforme também a fala do Dr. Hélio Paranaguá, durante uma
entrevistaoral:
Olha,osonhoéantigo.Eumelembrodomeupaifalarqueomeuavôfalavaemtrêscoisas
fundamentais pra Corrente no processo de desenvolvimento. Seria uma escola que pudesse
abrigartodasascrianças;umhospitalquepudesseatenderaosdoentes,napartedesaúdeeuma
universidadepracomaraformartécnicospraaceleraremeagilizaremodesenvolvimentoda
região.Entãoosonhoéantigo,querdizer,eunãoeranascido,aturmaaquijásonhavaquando
isso aqui era uma vila, um vilarejo. E acoisa evoluiu de tal forma que, coma ascensão do
Instituto,eeucomodiretordoInstituto,sonhavatambémnessapossibilidade,maspelofato
dagenteencararumauniversidadecomq ualidadedeensino,euacheiquenãoestavanotempo,
queacomunidadenãotinhaacondiçãodeabsorver...
As sementesd essaidéia foramsemeadas desde o iníciocom a implantação do
primeirojardimdainfância,posteriormenteIBI,hojeIBC,instituãoevangélica(batista)e
pos teriormentedeoutrasin stituiçõesco mooCogio daImaculadaConceição(institu ição
católica),oqual,segun dooDr.JesualdoCavalcantiBarros ,emsuafala,nodepoimentojá
citado,eemseulivroatualmentepublicado,teveimplantação anterioràinstituãobatista,ou
seja,em1887:
[...]em16dejaneiroerainauguradosobadireçãodopadreEliseuCésarCavalcante
e de Augusto de Freitas Cavalcante, seu sobrinho, o primeiro estabelecimento de
ensinoconfessionaldeCorrente,denominadoColégiodaImaculadaConceão,em
solenidadebastanteconcorrida. Anoticiadainauguraçãofoipublicadanojornal
A
imprensa
de26demarçode1887(BARROS,2005,141,grifodoautor)
TambémaprofessoraSocorroR.CavalcanteBarros(2003),pesquisadora,esposa
doDr.JesualdoCavalcanteBarros,reconh eceoColégioImaculadaConceiçã o,inaugurado
em16dejaneirode1887comoaprimeiraescolacon fessional.
Noentanto,pornã osetermaioresinformaçõeseconsiderandoascontrovérsias
existentesentreosdepoentes,considerasequeoficialmenteoColégioImaculadaConceição
foifundadoporPadreAnchieta,conformeserávistonopróximoitem,noanode1949(versão
que é de consenso na comunidade). Considerase  aqui essa data p or o  se encontrarem
comprovantes dequetenhasidodiferente (exceto o depoimento doDr.Jesualdo eoque
assegura em seu  livro “Me mórias dos confins”   anexo XXI, p. 149). As pessoas que
depuseramsobreessefato,nãore produzemoquedizoDr.Jes ualdo,nãoseencontrando
tambémcomprovan tesoficiaisquecorroboremsuasafirmaçõ es.
135
Dessaforma,em1904,ocorreainstalaçãodoPrimeiroJardimdeInfância,fato
comprovadotambémemdepoimentos,n ãoseconseguiuencontrarumamaiorvalidade da
existênciaanteriord oCogioImaculadaConceão.
Posteriormente, outras sementes frutificaram, contribuindo  paraa promoção da
Educação sica para a Educação Superior, demonstrada nas  palavras da Profª. Edy
Nogueira:“Asgeraçõespassadasinspiraramasgeraçõesd ehojeapro sseguiremnomesmo
ideal”.
Essalutadacomunid adepelaescolarizaçãoemtodososníveisiniciousemuito
cedone ssaregião ,segundoaprofessoraEdyNogueira(2003),comoDr.JoaquimNogueira
Paranaguá e o Coronel Benjamim Jo sé Nogueira, foram que m tro uxeram o primeiro
educanrio para a região. A autora, em depoimentos orais, confirma não c onh ecer a
implantaçãodeumain stituiçãoconfessionalanterioràdaInstituãoBatista.
Em seu livro “Maravilhosa e abençoada história”, ela mostra que dois irmãos
gêmeos (foto abaixo)que nasceramno dia 11 de janeiro no ano de 1855, retornaram do
Seminário das M ercês no Maranhão, no qual estudaram durante algu ns anos para se
ordenarempadre.
ILUST RAÇÃO 10: Irmãos Joaquim Nogueira Paranaguá e
CoronelBenjamimJoséNogueira.
Fonte:EdyNogueira,2003.
Osirmãosdesistindodeserempadres,voltaramparaC orren te,masseupaihavia
falecido.Assim,oDr.JoaquimNogueiraresolveusegu irparaTeresinaPIe,logodepois,para
Salvador, local em qu e s e formou em Medicina. Posteriormente, segundo a Profª. Edy
136
Nogueira(2003,p.67),comovicegovernadordoPiauí,“ogovernoude04de junhode1890a
23 de agosto de 1890. Foi deputado federal e senad or pelo Rio de Jane iro”. O coronel
BenjaminficouemCorrentePI,cuidandodesuafamília,e,“[...]desejandoomelhorparao
seu povo, iniciou sua luta para conse guir escolae facilitarasinstruções dos correntinos”
(NOGUEIRA,2003,p.19).
Podesedizerqueessesgrandeshomensiniciaramalutapelaeducaçãodacidade,
segundoNogueira(2003,p.59),em:
[...]1891apósapromulgaçãodaprimeiraConstituiçãorepub licanaemnossoPaís,
o deputado federal Dr. Joaquim Nogueira Paranaguá adquiriu cinco (5) bíblias,
algumasporçõesdosEvangelhosefolhetosqueforamremetidosparaCorrentePI;
as cinco bíblias foram distribuídas aos Coronéis Benjamin José Nogueira,Numa
Pompílio Lustosa Nogueira, Francisco Carvalho Araújo, Francisco Alcanfor e o
Prof. Herculano Marques da Silva Costa. Os folhetos e porções dos Evangelhos
serviram para distribuição entre alunos dasescolas existentes,dadaa carência de
materialdidático.
Foicomdificuldades queosirmãosassumiramaresponsabilidadedecriaru ma
escolaparaodesenvolvimentodaeducaçãonacidadedeCo rrente,s endoque,nodia10de
janeiro de 1904, foi realizada a inauguração do primeiro Templo Batista na cidade de
Corre ntePI,aomesmotempoemqueocorreuafundaçãodoColégioCorrentinoPiauiensee
inauguraçãodap rimeirabiblioteca.ConformeNogueira(2003,p.40),osirmãos:
[...]sentiramdepertoqueeducaro seupovo,osseusconterrâneosseriaomelhor
investimentoquepoderiamfazer.Assim,oCel.BenjamimJoséNogueira,queaqui
ficara,inicioualutaparaconseguirescolaefacilitaraeducaçãodoseupovo,sem
distinçãoderaçaouclassesocial.
Nodia10dejaneirode1904,logoapósafundaçãodaIgrejaBatistaemCorrente,
foiinstaladooColégioCorrentinoPiauiense,sobadireção d eMissJulietB arlow.Temseaí
oprimeiroJardimdeInfânciadoPiauí,que,paraaépocafoiequipadocomexcelen tematerial
pedagógico.
Apósalgunsanos,conformeEdyNogueira(2003,p.28)nodia20demaiode
1920 ,oInstitutoBatistaIndustrialfoi oficialmenteregistrado ,surgindoum"oásisnodeserto ".
ObservasequeoIBIfoimotivo deCorre nteserconsideradaa“capitald acultura”,comojá
secitouanteriormente:
137
[...] o IBI promoveu uma arrancada na educaçãono sul do Piauí, tendo sua fama
atingindo várias outrascidades do Estado, taiscomoParnaguá,Curima,Avelino
Lopes, Gilbués, Barreiras do Piauí, Monte Alegre, Santa Filomena, até chegar a
Teresina. Na Bahia, suareputaçãochegouaFormosa,SantaRita,Barreiras,Barra
do Rio Grande, Lapa, Ibotirama; etc. No Maranhão, estendeuse a Balsas e Alto
Parnaíb a,entreoutras.[...]Sentimosab enéficainfluênciadoIBIaoverquemuitos
dosquepassaramporseusbancos projetaramsenasmaisdiversasáreasvocacionais
eprofissionais(EDYNOGUE IRA,2 004,p.29). 
Percebemsetodosossen timentosnaletradohinodoInstitutoBatistaIndustrial,
que,segundoaprofessoraEdyNogueira, édeautoriadaprofessoraArlindaC arme mViegas
(emsaudosamemória).Apartirdessemomentoaeducaçãotemsuasementinhaplantada,
difundindose,comodizohino,paratodaaregião:
Eisdasjóiasamai sluzenteonossoIBI.
QualastroresplandecenteaosuldoPiauí
Irradiaasualuzne stevastosero
Difundindoainstrução.
OInstitutoBatistaIn dustrialtemseuGinásiocriadonoanode19 47,so badireção
domédicoDr.MisaelDou radoGuerra.Em1962,foicriadaaEscolaNormal,cujaprimeira
diretorafoiaprofessoraSôniaMoraesParanaguá.Porém,aindanacadadese ssenta,oIBI
passaaserdirigidopeloDr.HélioFonsecaNogueiraParanaguá,quesetornouoprimeiro
brasileiro,filhodeCorrenteaassumirainstituão,tendocomovicediretoretesoureirooDr.
JimmieDaleCarterque,segundoaProf.EdyNogueira,juntamentecomsuaesposaD.Sue, 
viveramemCorrenteaproximadamentetrintaanos.Em1970,oInstitutoBatistaIndustrial
tevese un omemodificadoparaInstitutoBatis taCo rrentino.Em1978,foifundadooCursode
TécnicasAgrícolas,poriniciativadoDr.Hélioe do Dr.Carter.
Comosepercebe,ainstituãopormuitosanos,foiadmin istradaporcasaisnorte
americanos,passandonadécadadesessenta,paraagestãodeumbrasileiro edeumcasal
representante daJuntadeMissõesEstrangeirasdaConveãodoSu ldosEstadosUnidos.
Em março de 19 93, todo seu patrimônio é repassado para a Junta de Mises
Nacionais,assumindoadireçãooSr.EdsonPereiraMoreira,quepermaneceuna funçãoaté
julhode1994.SegundoaProfessoraEdyNogueira(2003,p.3 2),apósagestãodoSr.Edson,
cujaadministraçãofoiinsatisfatória,
A "Jóia Luzente" passa às mãos do Pr. Antônio Martins e de sua esposa
Clarissa Macedo Martins. Tamm a atuaçãodo casalnãofoisatisfatória.
138
[...]De1995a2000,assumeadireçãodopatrimôniooDr.ValterHenrique
Penno,ficandosuaesposaSandracomodiretorapedagógicadoIBC.Aparte
dapecuáriafoimelhoradapelosesforçosdoDr.Valter.NadireçãodoIBC,
Sandra Penno encontrou algumas resistências, mas revelouse uma
competenteeducadora.Entretanto,diantedasdificuldadesporquepassava,a
Junta de Missões Nacionais resolve fechar o nosso querido IBC, "astro
resplandecente ao suldo Piauí", quecustara  aosnossosantepassadospreço
muito alto para obtêlo. [...] O que fazer? A comunidade evanlica de
Corrente e de todoo Piauí protesta e se une orando, chorando e clamando
diante de Deus e Ele ouviunosso clamorenosdeuavitória,poisaTocha
nãoseapagará;elacontinuaacesaeahistóriadoIBCnãosesóopassado
e o presente, mas também o futuro. Hoje, o IBC é a dministrado por um
ConselhodaIgrejaCentenária,compostopor8(oito)membros,tendocomo
Presidente o Dr . Elvídio de Seixas Nogueira; como Diretor do Patrimônio,
Manoel de Araújo Nogueira; e como Diretora Pedagógica, a Professora
MirianFolhadeAraújoOliveira.Assim,firme,continue,IBC,sendobênção
para o nosso sertão e brilhante luz em todo o grande Brasil, pois o nosso
Mestr ejamaisdeixaráaTochaseapagar.
PercebesenahistóriaqueoInstitutoBatistavempassandoporgrandesproblemas
deordemadministrativa.Noentanto ,apesardasdificuldadesenfrentadas,n operíodoqueo
IBC foi administrado pelo casal Penno, a Educação Infantil foi revitalizada pela diretora
pedagógica,aProfª.SandraM.K.Penno.Nesseperíodo,aprofessoradeuadenominaçãode
“sementinha” a essa etapa da educação,“em homenagem aos missionários pioneiros que
trouxeramaoPiauíasemente daeducação”(PENNO,2005,p.205).
Posteriormente,segundoaatadaIgrejaBatista,emsesoordináriarealizadana
manhãde23defevereirode1997,ainstitu içãonovamentepassaporoutromomentodifícil.
Comosepercebenodecorrerdahistória,aeducaçãoinfantilnãoécolocadacomoprioridade
umaprop ostadas Missões,que,pelovisto,tambémcompartilhadessaco ncepç ãopara
fecharapréescola.
Tendo a junta de Missões Nacionais reconhecido o momento de dificuldade
financeirapeloqualpassaoInstitutoBatistaCorrentinoebuscandoalcancedesua
reorganizão tomou algumas resoluções.Entreelasasuspensãodo cursodepré
escolar(sic)(jardimIeII)denomesementinha.Apósanálisesobdiversosângulos,
a comissão traz a Igreja a sua conclusão. 1º Que a Igreja assuma as duas classes
(JardimI eII)2ºQuesejamutilizadasasinstalaçõesdoprédiode Ed.Religiosapara
funcionamentodasmesmas[...]Quefosseincluído(sic)aclassedomaternal,visto
que o nosso prédio de Ed. Religiosa conta com espaço físico.[...] (ATA DA
SESOEXTRAORDIRIADAIGREJABATISTA,1997,p.9)
Diantedasuspensãodapréescola,aIgrejaBatistasemanifestouetomouparasi
essaresponsabilid ade.Assim,a“Sementinha”,provenientedoprimeiroJardimdeInfância
139
(primeirasementinhanão só  deCorrente,masdoPiauí),estáatéhojeemfuncionamento.
Continua sendo um ramo do IBC, mas com instalações no prédio de educaçã o religiosa.
Iniciousuasatividadesc omaprofessoraRosalyDiasHubnernadireçãoe,em2000,passou
paraagestãoda professoraHildete,quepe rmaneceatéh oje.Colocamsedepoimentosorais
de suas diretoras parauma melhorconstituão dessa história.Ao se pe rguntarporquea
Escola Sementinha separouse do  espaço do IBC, estando hoje sob gestão da Igreja, foi
afirmado:
Naverdadeováriosmotivos.Oprimeiro:aJuntadeMissõesNacionaistomouadeciodeque
nãoiamaisteraescolainfantillánoIBC,essentimosmuitoporqueospaisgostavamdaescola
equeriamqueagentecontinuasseeagentefoianalisarcomoéque aigrejapoderiacontinuarcom
esse trabalho. Aí nó s fizemos uma pesquisa e percebemos tamb ém que, por as crianças serem
pequenas, a distância estava sendo um problema,por isso também percebemosque era um dos
motivosdepoucosalunosnaquelaépocanoensinoinfantil.E ntãojuntandoisso,essaquestãode
poucosalunoseporcausadadistânciaetambémaquestãodeMissõesnãoquerermaiscontinuar,
nóstrouxemosoassuntoparaaIgrejaenumasessãodaIgrejafoidecididoqueaIgrejaassumiriae
quetrariaparaoprédiodeeducaçãoreligiosadaigreja,jáqueoprédiocomportavaváriassalasque
poderiamentãoabrigaressascrianças.Quandostrouxemospra,nósnhamospouquíssimos
alunos,mas,graçasaDeus,sfizemosumaboacampanhaelogoassalasdeJardimI,IIeIII
foramacrescidasde váriosalunos,tivemosummeromuitobom.Eoutropensamentoques
tivemos tambémfoia questãodacriãodo maternal.[...]D eusmesmodizquetudotem o seu
tempo,euacheiqueem2000eraomeutempodeentregar.Entreguei,aHildeteassumiu...[...]as
pessoas que nó s convidamos para trabalhar,as professoras. Nós conversamos e falamos que no
inícioteriaqueserumtrabalhoquasevoluntário.Opagamento,o salárioseriaumacoisaassim,
realmente uma oferta de gratidão, mas o sucesso foi tão grande que s em pouco tempo
conseguimos regularizar o salário de todas elas, conforme as professoras do IBC recebiam,
professorasde ensino fundamentalmenor.E, graças,atéaqui,Deustemabençoadoeessaescola
temsidoumsucesso(PROFESSORAROSALYDIASHUBNER).
Confirmam a fala da ProfessoraRosaly o de poimento da Profª. Hildete Araújo
Nogueira,atualdiretorada“Sementinha”:
AeducaçãoinfantilelatemseuiníciocomJulietBarlow,umaamericanatrazidapra
Corrente,queveioassimmunidademuitomaterialmetodológicobastanteavançado
para aquela ép oca, que era um material que as crianças sensoriavam, contavam,
bastantematerialconcreto.Eaquielaveiocomopropósitodeatenderessascrianças
queestavamnafaixa,acreditoeu,de5e6anosdeidade,buscandoprincip almenteo
processo de alfabetizão. E tinha aqui em Corrente turmas de pessoas que já
estavamsepreocupandocomoprocessoeducativoaquiemCorrenteeachavampor
bemtambématenderacrianças.JulietBarlowchegou,depois,quandoelajáestava
noIBC,quandojáeranaquelaépocaInstitutoBatistaIndustrial,quandoelachegou
aqui.Foitomandocorpo,cadavezmais,aeducaçãoinfantil,atéquepodiaatender
criançasbemmenores,jánojardimedandoseqüênciaoquehojes chamamosde
ensinofundamentalmenor.
A professora inicialmente fala sobre  a origem da educação infantil, a p artir da
memória de lembranças isoladas e factuais que podem serguardadasporanosesegundo
140
Passos(2003,p.102),“[...]semanifestardediferentesformas,acrescidasdedadosnovos
[...]”. Assim, a depoente relata também suas experiências , o que aconteceu e o que foi
construídodomomentolembradoatéhoje:
Quandoeuestava,voufalarumpoucodaminhaexperiêncianomaternal,no2°ano
de magistério, então fui convidada para assumir uma turma de maternal,
possivelmentea2ªturminhadematernal.Umaturmagrandede27alunosondeláeu
tive auxiliar e essa foi a 1ª turma de maternal de Corrente que visavaatenderas
criançasmenorzinhas.[...]esurgiuomaternalnessaépocaporD.Sonia,quejátinha
umavisãomaioreumavivênciamaiornessaáreanacidadedeFortaleza,entãoela
achou por bem implantar o maternal aqui no Instituto. A partir daí ficou algum
tempo e depois foi suspensa a turma de maternal. O maternal em si volta a
funcionarligadoaoInstitutoquandoentãoaSementinha,préescolacomcodinome
“Sementinha”, passa pra Igreja, então é reaberta a turma de maternal, atendendo
criançasde2anose3anosdeidade[...](PRO Fª.HILDETEA.NOGUEIRA).
Assimsepercebequelembranças“[...] doqueseviveu fazosujeitoagirdeforma
determinada [...] A meria é reorganizadora de açõe s e espaços e se  realiza a partirda
afetividade(PASSSOS,2 003 ,p.103).
Ac resc entaseofatodeque aslembrançassãomaisnítidassobrealgoquemarca,
sejaalgopositivoounegativoparaapessoa.Percebeseessarelaçãoafetivadaprofes sora
Hildetecoma“Sementinha”emseudepoimento:
Eu vou voltar prafalar do nome Sementinha.FoiquandoaEscolaSementinhajá
adotada, assumida pelaMissõ es Nacionais, então ocorreque algumaspessoassão
enviadas para para dirigir o Instituto. Dentre essas pessoas chegou aqui a
professoraSandraPennoeela,deumavisãomuitoamplaemtermosdeeducaçãoe
o coração em Educação Infantil. Então o foco dela inicialmente foi investir em
EducaçãoInfantile veio com várias idéias, vários sonhosequerendocolocarisso
em prática. Conseguiu colocaralguns,dentreeles,foicriarumespaço unicamente
para a Educação Infantil, que até então ela acontecia no mesmoprédiode1ªa4ª
série. Foi quando mudou de prédio e ficou um ambiente somente para Educação
Infantil, com local mais amplo para brincadeiras, com caracóis no chão, com
amarelinhas.Criouumambientemaislúdico[...]AJuntadeMissõesNacionaisque
nãopoderiamaiscontinuarcomapréescola,efoilevadaasituaçãopraIgrejaea
Igrejaentãodecidiuemsessãoassumirapréescola,nessemomento elajátinhao
nome de Sementinha e com a mudança do prédio foi criado esse nome fantasia,
criadopelaprofessoraSandra.
[...]em2000fuiconvidadapraassumiradireçãodaescola[...]esseano(2005)s
estamoscomasreservaspraticamentecheias,foioprimeiroanoquenósvamoster
duasturmasdejardimIIpelofluxodealunos.Temturmasquesnãopodemos
recebermaisnenhumalunopelolimitequenóstemos,nomáximode25alunospor
sala.Noanopassado,sficamos,porexemplo,comumasaladejardimIcom27
alunos.(PROFª.HILDETHARAUJONO GUEIRA).
Aeducação infantildoIBCcontinua,hojeco monomede“Sementinha”,com
suasatividadesnoprédiodeEducaçãoReligiosadaIgrejaBatista.Pelasentrevistas,percebe
141
se que há uma tendência de se d issociar o M aternal e Préescola “Sementinha” do IBC,
embora,fiqueclaroqueconstituemumamesmainstituão.Atualmente,oInstitutoBatista
Corre ntino está so b a direção pedagógica e administrativa da Profª. Dirce Miquetichuc
Nogueira,eleitaparaocargoemnove mbrode2004.Ainstituãocontinuafirmediantede
todososobstáculos.Seguemabaixo fotosdoIBC:
.ILUSTRAÇÃO11:fotosdoIBCantesdareformarealizadapelaFaculdadedoCerrado;entradado
sítio (1ª esquerda), o chamado de “salão nobre” (direita); Abaixo: prédio onde funcionava oEnsino
InfantileFundamental(esquerda);corredores(direita).
Fonte:Arquivopessoaldaautora, 2004.
Mas essas não foram as únicas sementes qu e frutificaram outras brotaram,
disseminaramo  saber e contribuíramde formasingularparaaeducação dosC orren tinos.
Assim,apresentamse,naspróximassubsõ es, e ssasoutrasse mentesdosaber,entreasquais
algumas b rotaram cresceram e permanecem até hoje, enquanto outras deram a sua
contribuiçãoporumdeterminadoperíodo.
142
4.2.2CogiodaImac uladaConceiçãoeCogioSãoJosé
Colocase o olhar sobre as “sementes da esperan ça” expreso utilizada pelo
fundadord osCogios:ImaculadaConceiçãoeoJ osé,PadreJoAn chietadeAlcântara
Melo(fotodoProf.Alcâ ntara):
ILUST RAÇÃO12:FotodoexpadreJoséAnchietade
Alcântara Melo, fundador dos Cogios Imaculada
ConceiçãoeSã oJosé.
Fonte:Alcântar a–Autobiografia–Rastr osdeumavida.
Observase que haviaumagrande preocupação daIgrejaCatólicacomoqueo
padreAnchietachamade “aspectosócioreligioso”dacidadedeCorrente .Segundoopad re,
emsuaautobiografia,publicadaemcomemoraçãoaoscine ntaanosdoscolégios,“[...]os
protestantes faziam cresc er, a olhos vistos, o contingente de seus seguidores. E em
conseênciaoscatólicos,desinformad os edesassistidos,iamdebandandoumaumdesua
fé”(ANCHIETA,[2003?],p. 57).Percebeseumafunçãodo ensinoreligiosojesuíticoainda
bem presente nesse momento: a catequese. Assim, a implantaçã o inicial da educação em
Corre nte,realizadapelosbatistas,está,segu ndoopad reAn chieta,tambéminterrelacionada
comodifundirdareligião,ouseja,comacateque se.
Percebesequ e,inicialmente,temseoidealdeumfilhodeC orren tedetrazera
educaçãoparasuacidade,posteriormenteesseidealcaminho ujunto comaevangelização.No
143
casodoscolégioscatólicos,estessurgiramapartirde umapreocupaçãodaIgrejaCatólica
comoseurebanho.SegundoAlcântara([2003?],p.57)
a missão protestante dispunha de um pequeno monomotor para seu trabalho
religioso; de um educandário quase gratuito em regime de internato e externato,
ondeinobstantealiberdadereligiosaconstitucionaleareaçãodealgumasfamílias
católicas,adoutrinaprotestanteeramariaprincipaledecaráterobrigatório.Eles
contavam,ainda,comumambulatóriodico,assistidopermanentementeporum
exímioprofissional,Dr.MisaelDouradoGuerra[...]Eramestasgrandesevaliosas
armas da catequese protestante, naquela região. Por sinal, muito eficientes e
perseverantes[...].
Coma misodejuntaroseureb anho,opadreAnchietacolocouseacaminhode
Corre nte:
[...]pusmeacaminhodeCorrente,nodia28deoutubrode1949.Dirigindoum
jeep no encalçodeumcaminho carregadocomtodaaquelabagagem,saídoRio,
passandop orBeloHorizonteemdireçãoaoportofluvialdeS ãoRomão,noestado
deMinasGerais[...]tivequeparareaguardar,calmamente,apassagemdealgum
navio[...]paracidadedeBarradoRiogrande,noestadodaBahia.Minhaespera,
naquele porto, foi de cinco dias cheios de lazer com caçadas e pescarias na
comp anhia de três Frades Carmelitas [...] passou o navio Juraci Magalhães em
direçãoàquelacidadedondetudofoiembarcadononavioJansenMelocomdestino
a ItajuíBa, cidade litrofe com Corrente, no sul do Piauí,últimaetapa de todo
percursofluvial.Agoramefaltavapercorrer90quilômetros,acavalo,deItajuía
Corrente. [...] Envergando uma b atina preta de casimira, eu, inexperiente e sem
qualquerequipamentopessoaldemontariadeiinícioàquelaprimeirae inesquecível
viagemacavalo,naaltamadrugadade18denovembrode1949(ALCÂNTARA,
[2003?], p.6566).
Está presente na autobiografia do Padre Jo de  Anchieta Alcântara Melo, a
dificuldadedeacessoaCorrente,que,porsuavez,dificultavaaopovocorrentinooalcanceda
instruçãoemtodososníveis,inclusivesuperior.Noentantoessepovonã oaban donaessaluta
emromperasdistâncias.Osdepoimentosdemonstramavontadeeasdificuldadesdopovo
correntinoembuscadeseusideais,embuscadosaber,daescolarização.
[...]eraumaaventura!Chegandoapassarde1 5a20diasdeviagem,noqualsesaíaacavalo,
pegavaum“vapor”,enfrentavaseoRioGrandeeposteriormenteSãoFrancisco,chegavaaté
Juazeiroelásepegavaumbarco aremoparaPetrolina(Pernambuco),daísepassavaparauma
“marinete”, um carro que comp ortava de 15 a 20 pessoas, rumo a Recife (PROFESSORA
EDY,JULHO).
QuandoeuviajeiparaSantoAntôniodeJesus,emfevereirode1959,eufuidejeepdaquide
CorrenteparaBarradoRioGrande –Bahia.ChegandoemBarra,passeiumasemana,depoisde
umasemanaconseguipegarumvaporo“SiqueiraCampos”,viajeipelaságuasdoRioSão
Francisconessevapor,foramtrêsdiascomtrêsnoites.ChegamosemJuazeirodaBahia,passei
mais dois dias, peguei um trem e fui nesse trem de Juazeiro até Salvador. Em Salvador eu
pegueiumbarcopequenopelaBaíadeTodososSantosefizdeSalvadoratéNazaré,q ueéuma
144
cidadepróxima,edeNazaréeufuinovamentedetrematéSantoAntôniodeJesus,pareceque
foideunsoitoadezdiasdeviagemnaquelaépoca.Issoaviagemdeida.[...]Edevolta,em
dezembro,aviajemfoimaisengraçada.[...]deBarraparaSantaRitaviajeinumcaminhão,de
SantaRitapraCorrente,viajeisetediasmontadanumjumento.ParaCorrente,foramsetedias
deviagem(PRO.CONCEIÇÃOAVELINO).
Concordandose com Certeau (2003, p. 31), não se deve esquecer o ‘mu ndo
memória’,poiséummundo amadoprofundamente:osdepoentesaprese ntamguardados,na
“memóriaolfativa”,certosodores,a“memóriadoslugares”,enfimdosge stos,podendose
perceberqueessasmemóriasorelatadascomo“memóriasdosprazeres”,queserevelana
satisfãocomqueaslembrançaso relatadaspelosdepoente s,como,porexemplo,nafala
doDr. lioParanaguá:
É uma historia que pra mim é muito interessante, porque a gente falando hojeé motivo até de
brincadeira,achamqueépiada!Eucompletei16anosesaídaquicomocursoprimárioprairpara
oRiodeJaneiro,issofoiem46,praprestaroexamedeadmissãonoRio,queeranessetempofeito
nopaísinteiro.Nomesmodiafaziaseoexamedeadmissão;sóqueeusaícomumintervalode20
dias pra chegar no Rio de Janeiroe nós chegamos com vinte e três dias, e o admissão játinha
acontecido, então eu perdi mais um ano de ensino. Só não perdi porque eu me matriculei no
admissão,no5°anodeadmissão...e cursei...Enessaépoca,nesseperíodoeufizminhaadaptação
aoRiodeJaneiro...Sóque,quandoeutermineioadmissão,quefizoexamenofimdoano,sendo
aprovadop aracursaroginasial,euacheiquejáestavacomascanelasde16/17anosecoma
altura que eu tenho hoje; no meio de menino irresponsável, menino de 11 anos, 12 anos que
brincavaàtoaeeujáeramaduro,tinhatrabalhado2anoscomoadministradordefazenda,então
não me adaptei maisàquele ambiente de meninoe resolvi fazero artigo 91 e, depois que fiz o
artigo91,fizo2°graueentreinauniversidade.
Agoranaqueletempo,quefoidifícilpramim,poisgastarvinteetrêsdiasparachegarnoRiode
Janeiro era difícil para todo mundo, era uma dificuldade tremenda e só quem tinha condições
econô micas, o suportemuitograndedafamíliaéquepodiasair.Hojenão,hojetodo mundosai
dependendo do esforço pessoal, uma vontade, uma determinação, sai pra qualquer parte e pode
cursarocursosuperior.
Assim,odepoentenarrade talhesdecomoforamaqueles23diasdeviagematéo
RiodeJaneiro.Observasec omess esdepoimentosaco nfirmaçãode queopovodeCorrente,
ou melhor, dessa Microrregiã o, mantinh a uma maior ligação com outras cidade s fora do
Estado,comunicandosemuitopoucocomacapital,deformaqu emuitosnemaconheciam.
Bom,nóssaímosdaquiatéSantaRita,acavalo;deládeSantaRitanaBahia,fomosatéPontal
ondeoRioPretoseencontracomoRioGrande,deságuanoRioGrandeespegamose
ficamos dois dias esperando o vapor que vinha de Barreiras. E com um tiro dado pelo
telefonista, ládopostotelefônico,ovaporencostoues entramosnovaporefomosatéBarra.
LáemBarras esperamos é... um vapor que vinhadeJuazeiroePetrolinaespegamos
depoisdeunsdoisdias,trêsdiasdeespera,spegamosessevaporefomosatéPirapora.Em
Pirapora,pegamosumtremaBeloHorizonte, depoisoutrotrematéoRiodeJaneiro,certo?
Então foi assim um percurso que eu gostaria até de repetir pra sentir as emoções daquele
momento,maseuachoquevaificarsónamemória(DR. HÉLIOFONSECAPARANAGUÁ).
145
Seguemoutrosde poimentoscorrob orandoasinformaçõessobreasdificuldades
enfrentadas naquela época, decorrentes da posição geográfica da cid ade de Corrente.
Ac reditasequetodaagarraeointere ssep oreducaçãoestãoligado saessasdificuldadesde
comunicaçãoqueopovo temenfrentadoembuscadeseusideais.ObservasequeCorrente
temumgrandenúmerodepessoasquealcançaramsucesso.Abaixosegu emoutrasentrevistas
queconfirmamodifícilacessoatéacidade.
[...]asaga,alutaparasefazerumcursosuperior...Naquelaépocaacidademaispróximaera
Teresina(maisoumenos900km),sendoBrasíliaumpoucomaisperto(maisoumenos850
Km).TermineioGinásioem1964,noIBI,hojeIBC.Nomesmoano,emdezembro,empreendi
viagem para Brasília com o objetivo de fazer na época o curso Científico, gastando nesta
primeira viagem 16 dias, em um caminhão “paudearara”, a um custo de cinqüenta mil
cruzeiros,sendoqueoboimaiscarovendidoparatalempreendimentoforanovalorde33mil
cruzeiros. Nas estradas não existiam restaurantes, assim, carregavase carne seca, farinha,
enfim, alimentão básica, que erapreparada em paradasrealizadas àsmargensdos rios,era
umafesta!EmFormosa,tinhaoRioPretoeoutros.Alotaçãodocaminhãoeraumaloucura,
pois levava em média umas cinqüenta pessoas. Todos iam juntos, homens e mulheres,
juntamentecomsuamalaaolado[...](DR.FLÁVIOAURÉLIONOGUEIRA).
Observaseq uealgunsd epoimento ssereferemaépocasanteriores àchegadado
padreAnch ietaaCorrente,equeasituaçãodedificuldadesdeacessoperduroupormuito
tempo.Atualmentepassase,emumônibusco marcondicionado ,umamédiade12horasde
viagemnopercursoCorrente Teresina.
Reto mandoahisria,segundoopadre,em1949,Correntejáeraumacidadezinha
decinc omilhabitantes,cujapopulaçãoapresentavasedivid ida
ora pelo ódio de facçõespolíticas,oraporsentimentosadversosde religiosidade.
Por isso, defrontavamse, acirradamente dois de seus mais importantes troncos
familiares – os Cavalcanti e os Nogueira. Naquele difícil convívio, o espírito
religioso se confundia, muitas vezes, com os sentimentos das correntes políticas.
Católicas, ali, em regra quase geral, era Cavalcanti e Udenista. Protestante,
NogueiraePessedista(ALNTARA, [2003?], p.70)
DessaformatrêsmesesapósasuachegadaopadreAnc hietadeuinícioaoseu
plano de catequese por meio da educação, fundando, na ép oca, o chamado Cogio da
ImaculadaConceição:
Trêsmesesdepoisdeminhaposse,deiinícioaomeuplanodeeducão,fundando
o Colégio da Imaculada Conceição. Este igualmente à semente da esperança,
nasceualicerçadonaforçadaboavontadedeummutirão emquetomaramparte
ativaDr.FaustoLustosaFilho,JuizdeDireitodacomarca;AntonioRegisFurtado,
coletor federal;CândidoCarvalho Guerra,funcionáriodo IBGE;OrleiCavalcanti
Pacheco, funcionário dos Correios e Telégrafos; Cleomar Cavalcanti Barros e
146
IldeteCavalcantiBarros,alunasdoInstitutoBatistaIndustrialde Corrente;
Odete Cavalcante Barros, auxiliar de enfermagem e, finalmente, Albetiza
Cavalcanti Pacheco, professora recémformada na Escola Normal de Porto
Nacional, no estado de Goiás. Todo esse corpo docente nada ou quase nada
ganhava. Osalunosnadaouquasenadap agavam.Ascarteiraseramtábuassoltas
sobre pilhas de tijolos. Tudo naquele coleginho nascente era simplicidade e
pobreza.Seudestinocomosementefértillançadaaocampodaeducaçãoseriasóde
vitória. E o foi, sem vida. Pois ainda hoje mais de cinqü enta anos depois ,
persiste a produzir, como antes, frutos sazonados e abundantes sob a constante
viginciadasIrmãsMercedáriasdoBrasil,nascidasdocoraçãogenerosodeDom
InocêncioLopezSantamaría,exBispoPreladodeBomJesusdoGurguéia,noSul
doestadodoPiauí(ALNTARA, [2003?],p.767 7). 
Conformesepode perceb ernodepoimentoacima,comoaprimeiraseme ntinha
plantada (sementinha evangélica), a sementinh a católica também frutificou e difundiu a
educação,apesar dequeoobjetivoera,antesdequalquercoisa,aideologiacatólicaaolado
da educação. Ficam claros os objetivos, do padre voltad o paras as áreas “religiosa,
educacionalesoc ial,emC orren te[...]”(ALCÂNTARA,[2003?],p.77).
O padre Anc hieta de Alcântara ([2003?], p. 78), destaca também o bom
relacionamentoquee lemantinha comosmis sioriosbatistas:
Por ser ainda carente dos apetrechos pprios de montaria, solicitei ao pastor
protestante Elton Johnson umacarona no tecotecoda missão até Parnaguá.Não
deu outra. E, em poucos dias, s democraticamente, estávamos aterrissando,
naquelacidade,bemàmargemdalagoa.
Aco munidade,noentanto,nãotinhaessemesmoespírito“democrata”,po sição
representadanatranscriçã oabaixo,tornandoseposs ível perceberasrelaçõesentrebatistase
católicos,an terioresàche gadadopadreAnchieta:
Minha chegada àquela cidade com o pastor causou espanto a católicos e
protestantes, posto que, anteriormente, suas relações sócioreligiosas eram
semelhantes às de cão e gato, estranhandose a mais não poder. Agora, ambos
entendiamse muito amistosamente. Pregavam, livremente, suas convicções
estavamcertosdequereligiãosepropõe,nãoseimpõe.[...]AIgrejaMatriz,ali,se
achavaemruínas.Eafécatólicatambém(ALCÂNTARA, [2003?],p.78). 
Ademais,ficam claros os ideais de educação nesse momento,e, segun doRios
(2002),nasoc iedadecapitalis ta,aescolaenquantoinstituãotemsidooespaçodeinserção
dos sujeitosnosvalo resecrençasdasocie dadedominante.Assim,“Aáreadeeducação ,como
147
vêmmos trandoalgunstrabalhosrealizadosnosúltimos anos,estáprofundamenteimpregn ada
deumethos
12
religioso”(LOPEZ;GALVÃO,2001,p.28).
Corre ntetambémpos suiseu
ethos
,jeitodes er,que lheconfereumcaráter.Como
organizaçãosocial,opovo de Corrente“trabalh aeconsome,aprende ecria,reivindicae
consente,participaerece be:auniversalidadesedes dob raeparticularizaemethoseconômico,
ethospolítico,ethossocialpropriamentedito”(VAZ,1988,p.22).AssimCorrenteconstrói
suahistória.
Nodia15dedezembrode1950,oColégioImaculadaConceiçãofezseuprimeiro
aniversário de fundação.Segundo  o Pe.Anchieta “[...] tudo me levava a cre r que aquela
abençoadasementehaviacaídoemterraboaequeprenunciavaaesperançadeumfuturo
altamentepromissorparaCorrente.[...]”.No,entantosegundoopadre,“algodeimportante ,
porém, ainda mefaltava:asirmãsMercedáriasdoBrasil à testa dadireçãodo co légioda
ImaculadaConceição”(ALCÂNTARA,[2003?],p.8182)
Osdesejosdopadreforamaten didos,MadreLúcia,“[...]aceitaafund açãodeuma
casadeMiso,emCorren te,suldoPiauí.AfinalidadedessaobraeradirigirumaE scola
PrimáriaParoquialeauxiliarojovemvigário[...]”(IRMÃSMERCEDÁRIASDOBRASIL,
1987 ,p.49).Assim,jánoseusegu ndo aniversário,oCogioImaculadaConceiçãojá estava
sob adireçãodasre ligiosas,queprocuravam“in struir,educandosocialereligiosamente,[pois
este]semprefoi seu objetivoprimordial”(ALCÂNTARA, [2003?],p.8182).Comotempo
esseseducandáriosforamseconsolidandoe ,nodia10dejunhode1962,emCorrente,foi
lançadaapedrafundamentaldoCentroSocial“ImaculadaConceição”(fotoabaixo):
ILUST RAÇÃO13:SededoCentroSocialImaculadaConceão
Fonte:acervodaautora,2005.
12
aorigemetmológicadapalavraethos(grego),significacostume,jeitodeser.SegundoRiosocostumeremete
àcriaçãocultural.,poisnãohácostumena natureza.Oethos,segundoVazéacasadohomem,esseesp aço
enquantoespohumano,esseespaçonãoédadoaohomem,masporeleconstruído,reconstruído
148
EssecentrofoideiniciativadoInstitutoReligiosoIrsMercedáriasMissionárias
do Brasil. Segundo a ata da reunião,esta tinhaporobjetivoaaquisição  deverbas paraa
fundaçãodoCentro(fotoanterior).
Mas, voltando o olhar para o período an terior à construç ão do  Centro, padre
Anchie ta n ão e stava satisfeito, pois, ao terminarem o curso primário, os alunos (as) do
Colé gio Imacu lada Conceição, p rincipalmente os católicos, “[...] ao  se transferirem no
términodo seucursoprimárioparaoginásioBatista,deixavamseinduzir peloproselitismo
protestante”(ALCÂNTARA,[2003?],83).Ficabemexplícitaapreocupaçãoecontrariedade
do padre, demonstrados em sua autobiografia; “Daí, terme convencido da premente
necessidadedacriaçãodeumginásiocatólico,emCorrente”(ALCÂNTARA,[2003?],p.83
84).
Motivad o por esses id eais, padre Anc hieta dirigiuse para o Ministério de
EducaçãoeCultura,noRiodeJane iro(poisqu alquerestabelecimentodeensinosecundário,
naquelaépoca,tinhaqueteraaprovaçãodoMinistério).Eassimconfirmamse,maisuma
vez,aforçadas“boasrelações”,determinando,s egundoDamatta(2 000,p.80),ummund o
social brasileiro,quereconhece,humanizaepersonaliza assituaç õesformais.“Pertencea
nos sa consciê ncia social a distinção do tratamento  por meio da regra geral (e dos seus
respectivospapéissociais)”.EssasrelaçõespodemserconfirmadasnasmemóriasdoPad re:
[...]deiopassoinicial.FuiaoMinistériodaE ducaçãoeCultura,noRio,embusca
desoluçãoparameuproblema.Inicialmente,soliciteiaajudadeDa.InêsCarvalho,
SecreriadoDiretordoDepartamentoNacionaldoEnsinoSecundário.“Hoje,Pe
José, nemsequerpossoatendêlo.Volteamanhãàs10horas”.Evolteimaisdoque
contente. Q uando retornei, Da. Inês já tinha engendrado um plano de ação.
Providenciou uma pia fiel do processo de criação do Ginásio da cidade de
Floriano, no centro de Piauí, para ser apresentado ao Inspetor Federal, como se
fosseoprocessodoGinásioSãoJosédeCorrentePi.Claroquetudoissojátinha
sidoapalavrado e autorizado peloDr.GildásioAmado,Diretordo Departamento
NacionaldoEnsinoSecundário.OinspetordeveriairaCorrenteparainspecionar
proforma,aspresumidasinstalõesdoGinásioSãoJoséeprepararocompetente
relatório,quedeveriaserencaminhadoaoMinistériodaEducaçãoeCultura.[...]
Tudoisso,inobstanteafarsadeinspão,estavaporacontecersobacondiçãodeeu
construir o prédio daquele estabelecimento de ensino e entregálo devidamente
equipado no prazo de dois anos. Conforme as exigências legais da Portaria
Ministerialnº501.DezdiasdepoisdavoltadoinspetoraoRio,jáestavapublicada
noDrioOficialdaUniãoaaprovaçãodoGinásioSãoJosé
adti tulumpre carium
com autorização de funcionamento condicional por dois anos. Tudo isso se
confirmou. Em dois anos, precisamente, meu compromisso estava realizado, a
contento. E nós todos, muito embora cúmplices nesta ão, nos demos por
contentesetranqüilos(ALNTARA,[2003?],p.8385).
149
ConfirmasetambémaimplantaçãodoGinásioSãoJosé,funcionando,em març o
de1953,a1ª.série,c omalunosdaprimeiraturma,pormeiodeumrelatodeumaexalunae
professo radoColégio:
OGinásioSãoJoséfoiconstruídocomajudadamãodeobratambémdeseusalunose,comotem
o nome do santo cujo onomástico é 19 de março, o Padre Anchieta escolheu este dia para
consideraradatadefundação.Portantoesteano,nodia19demarço,elecompletou50anosde
fundaçãoetrabalhojuntoacidadedeCorrente.Foioseujubileudeouro,comemorado,também
agora no dia 13 de Setembro pelos seus atuais alunos e professores (PROFª. CONCEIÇÃO
AVELINO).
Observasetambémno sescritosdaprofess oraarelaçãodosprimeirosdocen tesdo
Ginásio:Pe.José deAnchietaMelo,diretor;Pro fª.IldeteCavalcanteBarros,secretá ria;Irmã
Maria da Purificação; Irmã Marta; Prof. Roberto; Onorina Rios de  Melo; Olga Angélica;
Maria Jos é; Cleide C. Lemos. Como profess ores substitutos, o Dr.J oaquim Nogueira
ParanaguáeD.ÉsterGuerra.SegundoaprofessoraConceição, 
Osobjetivosdesuafundaçãoforamosmesmos:aeducãodosjovensecatequese
na doutrina cris católica, poisele via seus alunos aoterminaro Primáriosaírem
paraasescolasdecredodiferente;paraeleissoeramotivodetristeza.Entãobuscou
estasolução,oqueajudoumuitoacidadedeCorrente:maisumGinásio,oqueas
cidadesvizinhasnãodesfrutavam.[...]
Hoje este Ginásio tem suas instalações ampliadas, sala de computadores, uma
excelente quadra de esportes, novas salas de aula, novos pavimentos, graças aos
esforçosdeseusdiretores:PadreJoséLuiz,PadreCristóbaleP adreRoque,nãose
esquecendodedizerqueoutrostambémtêmseusnomesnalistadosreformadores,
comoPadreFernando,PadrePedro,PadreCarlos,querenovouasaulasdemúsica
comacriãodeumcoraldejovensecrianças.[...]
FazendopartedoCOLÉGIOSÃOJOSÉ,foramcriadosCursosdeContabilidade.E
padre Roque criouo curso profissionalizante de Magistério(cursomodulado),em
2002 . Possui o Colégio São Josécursosde 2 º graude três séries e que funciona
desde1997pelamanhã.(RELATOESCRITO PROFª.CONCEIÇÃO).
Percebesenosdepo imentosqueamemóriadaescolapo ssibilitaaopesqu isadoro
reconhecimento e  a reconstituão da história, com suas subjetividades e interrelações.
ConfirmamseaspalavrasdeL eGoff(2003),dequeahistóriaéduração,deformaqueo
passadoéaomesmotempo“passadoepresente”.Essefato édemonstradotambémnorelato
oraldaProfª.MariaConceãoAvelinoOliveira,qu econtasuavivêncianoColégiooJosé.
Pormeio da memória,ela conta a hisria, informando  sobre fato spassado seaindabem
presentes em suas lemb ranças, como a estrutura física da instituão, o currículo escolar,
metodo logias utilizadas, material didático, numa visão que envolve sentimentos,
150
sub jetividades,enfimpercebemseassingularidades presen tesnasexpressões,naênfaseao
falar,noolhar...
A sala era com carteiras formadas por bancos compridos, uns mais altos para
escrever, e outros baixos para sentar. O material era um lápis, caneta ou pena,
tinteiro ecaderno.A escolaeramantida porsubvençõesvindasdoRiodeJaneiro
(associãodepatronesseeirmãsreligiosasqueajudavamcommateriais)[...].
Naquelaépoca, as atividades eram desenvolvidasdurante quatro anos, 1ª série,2ª
série, 3ª série e 4ª série, assim s chamávamos. As disciplinas eram Português,
Matemática, História do Brasil e Geral, Geografia do Brasil e Geral, Línguas:
Francês, Latim, Inglês. Estudávamos também Moral e Cívica, Educação Física,
EconomiaDoméstica,CantoOrfeônicoetc.[...]
O materialdidáticoqueelesusavam,lembromebemqueerao q uadro negroeo
giz;algunsmapasnomomentodas aulasdeHistóriaseGeografia;p aradesenhonós
nhamos um caderno branco, folha grande lisa, também o compasso, os pis de
cores, etc. Não tinha muito material não, como hoje, não, eram aulas muito bem
dadas, professores quefalavamportuguêscorretamente,queexigiaquefalássemos
certo também,que lêssemos certo esnaquelaépocafalávamos corretamenteo
portuguêsolatim,poiseramaulasmuitobemministradasenósnãonhamos oque
fazeremergulhávamosnoslivros...Ospasseioserampoucosenossaobrigaçãoera
estudar.
Aosereconstituíremmemó rias,possibilitamsenovass ignificaçõeseapercepção
dasdiversas categoriasqueconstituemasin terrelações.Passase,portanto,porumprocesso
de reinveão, de forma que se percebe, no depoimento da professora Conceão, um
mergulharnamemóriad ocotidianod aépoca,evocandocores,luzes,enfimassingularidades
domomento.Dianted aslembran çasdaprofessoraC onceão,percebemsebitosculturais
deCorrente,osvaloresestabelecidosnaquelaépoca.SegueafotodasededoCogio o
Jo(hoje).
·
ILUST RAÇÃO14:ColégioSãoJosé
Fonte:Arquivodaautora,2005.
151
Temse,portanto,nasmemóriasdaprofessoraareconstituiçãod ahistóriadessa
instituição.Perceberahistóriasignificaparticipardainfluênciadopresente ,deformaquenão
se busca apenasuma influênciad o passado,“[...]mas , alémdisso,umaseleçãodo que é
consideradoimportante.Ameriaconstrói,reconstrói,reelaboraeressignificaopassado”
(FERRO,2000,p.22),tornan dosepossívelumamelhorc ompreensãodoprocesso.
Assim, bus case no próximo item, por meio da memória, reconstituir novas
hisriassobreoutrasse mentinhas qu econtribuíramp araaeducaçãodeCorrente.
4.2.3OutrasinstituõesdeEducaçãoBásicaemC orren te
Reconhecese aeducaç ãocomoumprocesso,destaformap rocurasereconstruira
hisriadasinstituõesquederamasbasesdaformação inicialdoeducando,fornecendolhes
sub sídios na construção do processo educativo, q ue resulta no objeto de estudo aqui
pesquisado:aeducaçãosuperior.
Segund o Lope s e  Galvão (2001, p. 4445), “o próprio objeto que se estuda
certamentevaimostrarquesó épossívelcompreendêlo quandopostoemrelaçãocomoutros
objeto s,aspectos,fenômenos[...]”,as sim,proc urasecompreenderoprocessodeeducação
sup eriorsempe rderdevistaaeducaçãocomoumsistemacontín uo,quevaidaeducação
sicaatéasuperior.
Definise como sistema o “[...] conjunto de ele mento s, mate riais ou não, que
dependem reciprocamente uns dos outro s, de maneira a formar um todo o rganizado”
(LALANDE, apud SAVIANI, 2000 , p. 89). Para Saviani (2000), a própria não de
educação sica e superior determina uma continuidade,demonstrando que ambas fazem
parte deumamesmaunidade.Comofimdeapreendê la,lançase umbreveolharsobreas
primeirassementesdaredepúblicadeeducação,re sponveispelasocializaçãoefetivado
saberedosrecu rsosparaapreendêloetransformálo,poisé essaafinalidadedaeducação
quesedeseja.Noentantooqueseobservaéqueasescolasotêmcumpridoafinalidadeda
educaçãodesejada(RIOS,2002).Entretantonãoseprocuraaq uiumaanálisedaeducação,
nemdafinalidadedaescola;propõeseapenasumlevantamentodasinstitu ições,nointuitode
umbrevehistóricodasmesmas.Assim,segund oEdílsonNogueira(2002),asementin hado
ensinopúblicofoiplantadac omaedific açãodoGrupoMarquêsdeParanaguá,noanode
1929 ,quetinhacomodiretoraeprimeirapro fessoradoensinopúblicoestadualpiauiensea
Prof.MariaLuizaNogueira,chamadaportodosdeBiia.
152
Parareco nstituirahisriadasprimeirasescolasblic asdeCorrente,foramde
grandevaliaasmemóriasdahistoriadoraeprofessoraEdyGuerraNogueira:
A1ª.U nidadeEscolarestadualdeCorrente,UnidadeEscolarMarquêsdeParanaguá.Aprimeira
Prof. Estadual, Maria Luiza Araújo Nogueira.Atualmente na sede temos as seguintes Unidades
Escolares Estaduais – Cel. Justino Cavalcante Barros; Unidade Mario Lobato; Unidade João
CavalcantUnidadeManueldacunha;UnidadeDr.DionísioNogueira.
AprimeiraUnidadeEscolarMunicipaldeCorrente,UnidadeEscolarrioN ogueira,construída
na gestão de Dr. Josué José Nogueira, com recursos federais do MEC, conseguidos por Dr.
OnésimoNogueiraFilho.
Unidades Municipais na sede: Unidade Firmino Marques Maciel: Judith Cavalcante, Orley
Cavalcante,MarinhoLemos,LuizAvelino.
Nointerior–regiãodoAraticumespaçosaUnidadeEscolarnagestãodoDr.FilemonNogueira,
comapoiodoloNordeste.EscolasMunicipais:PaudeTerra,Sta.Marta,Araçá,RiachoGrande,
Vereda, Boqueirão, Fazendade Cima, Beira o Rio Corrente, Paraim, Veredada Porta, Batalha,
Caxingó,RiachoEscuro,Varzinha,Pastores,Limeira,Ci.
Observamse também outras sementinhas como as que deram origem ao
“EDUCANDÁRIO LUSTOSA SOBRINHO”, escola fun dada em 1959, sob a direção de
ndido Carvalho Guerra e Ilia Lustosa Cavalcante Guerra, funcionando em nível de
primárioatéa4ªsérieaté1998.Pormeiodameriadoexdiretor,escritoreeducador,Sr.
ndido Carvalho Guerra, tornase possível conhecer os motivos e os sentimentos que
levaramàimplantaç ãodessaescola:
Eu,sondandoessasescolaspúblicasporaqui,eunoteioseguinte:jádepoisquehaviaaEscola
Normaldo Instituto, muitagenteseformavaedepoisdeformadaéqueviriaanomeação,só
queessanomeãovinha,geralmenteosgovernadoreseramdomesmopartido,vinham,masos
professoresnãotinhaminteressedeensinarosmeninos,eeufiqueicommuitapenalembrando
demim.Viaos meninossentados no chão,osprofessoreschegavam,matriculavameiamdá
palestra pra lá, não tinham muito interesse em ensinar, achei que deveria ter uma escola
intermediária que ensinassefilhos de pobres, disse: “eu vou criarumaescola,vou criaruma
escolapraessesmeninosprahoraqueeutivertempo”.Eusótrabalhavaumturno,paraeudar
degraçaessaescolaaeles.AínessetempoeraDeputadooDr.LustosaSobrinho.Eufaleicom
ele,eledisse“olhecrieaescolaqueeuvoucriarasubvençãoordináriapravocê”.Euchameios
pais,porquenaquelecomeçoeunãotinhanadaparaessaescola,eunãotinhadinheiro,eunão
tinha...sótinhaaminhavontademesmo.
Mas tinha muita pena desses meninos que queriam aprender e não aprendiam. Mas eu
convoquei os pais aqui em casa e disse a eles que eu ia começar aquela escola e queria a
cooperaçãodeles,queelesmedessem,quemeajudassempelomenosenquantoeufizesseo
prédio,comoqueelesganhassememumdiadeserviçoelesmedessempormês,enquantoeu
faziaaescola.escrevioestatutosdessaescola,mandeiparaoMEC,eucrieiaescolacomo
nomedeEducandárioLustosaSobrinho,em1959.Comoeunãotinhaprédioparaensinare
pediaodiretordoMarquêsdeParanaguá,queeunãomelembronemquemera,seiqueme
cederam,napartedatarde,elemecedeu,eunãolembronemonome,ondeéhojeoBancodo
Brasil.
DessaformapercebesequeoEducandárioLusto saSobrinhonasceudo desejode
umeducad or,quesomenteaos16anosconseguiuestudare,deacordocomsuaspalavras,o
153
maisdeixoudelereestudar,jáescreveurioslivros,continuandodessaformadandosua
contribuiçãoparaaeducaçãonãosódeCorrente,masdetodooEstado.
Segund ooentrevistado,aletrado hinodoColégiooJofoiporeleescrita,
assim como outros hinos. O Prof. n dido Guerra relata que todo s os documentos do
Educanrioforamextraviados,queimados,fatoquelhetrazmuitatristeza,p oisame mória
desuaescolaficoucomprometida,nãorestandonenhumdocumentoemarquivo.
Nesse processo, percebese que novas instituições surgem,  p ois outros (as)
educadorestambémse s ensibilizaramesemearamnovassementes,dandoorigemàESCOLA
VOVÔANTÔNIOROCHA:sementinhaevanlicacontribuindo naformaçãodecidadãos
críticoseagentesdemudanças.Aseguirafotodaatualsededaescola.
ILUST RAÇÃO15:FrentedaEscolaVovôAnnioRocha
Fonte:Arquivoautora–EmJunho2005.
Maisumasementinh adaeducaçãobásica,temsuahistóriareconstituídapormeio
damemória.AProfª.KeilaRosaneRochaNogu eira,atualdiretoraefilhadafundadorada
escola“VovôAntônioRocha”,ProfessoraElyeneNogueiraRoc haCusdio.Asd uas,contam
estahistória:
Tudo começou assim: A professora Eliene Nogueira Rocha Custódio, com vasta
experiência em educão, sendo uma das pioneiras no ensino do Magistério na
cidadedeCorrente,comoincentivo eapoiodeumgrupodemãesdestacomunidade
fundouaescola“VovôAntônioRocha”.Istosedeuem10demarçode1984,com
43alunoscomidadeescolarentre3e6anos.Em1987iniciouaprimeiraturmade
sérieeem1988játinha93alunosmatriculadosdomaternalà2ªsérie.Em1990
concluiua1ªturmadomaternalà2ª série.Em1990,concluiua1ªturmade4ªsérie.
A escola se firma na cidade com os cursos de Educação Infantil e Ensino
Fundamental.AescolatemonomedeAntônioRocha,emhomenagemaopaidesua
fundadora.Aatividadeescolarteveiníciona casa,nocentrodacidade,ondemorava
a professora Elyene, seu esposo senhor Jesy Custódio de Souza, e seus filhos
154
Eduardo Antônio NogueiraRochaCustódioeKeila Rosane RochaNogueira. Aos
poucosacasafoidandolugaraoprédioescolar.Em2000,comabênçãodeD euse
oapoiodepais,familiareseamigos,acasa foitotalmentederrubadaparadarlugara
um prédio moderno, com salas arejadas e espaçosas. Pedagogicamente a escola
também cresce, dando início, em 2002, ao Ensino Fundamental II de forma
gradativa,coma 5ª série. Hoje a escola oferece os cursosdeEducaçãoinfantile
Ensino Fundamental – 1ª a 8ª série com 244 alunos. Em dezembro de 2005, se
formaráa1ªturmada8ªriedaescola.Professoresqualificadosecomprometidos,
funcionários pais e alunos formam agrande família Antônio Rocha.A professora
Elyene hoje, com 66 anos, conta com seus filhos Eduardo e Keila, professores,
matetico e psicopedagoga, respectivamente, na administração da escola, com
projetosdecontinuarcrescendo,semodernizando,masmantendoafilosofiainicial
da mesma.
Oferecer educação integral baseada nos princípios de moral e
pedagogia cristã, fomentando valores, contribuindo na formação de cidaos
críticoseagentesdemudançasemsuacomunidade.(ProjetoPolíticoPedagógico
daescolaPPE).
Nodecorrerdos21anosdeexistência,muitossãoosexalunoseprofessoresque
poraquipassaram.Comcertezalevaramconsigoedeixaramtambémasmarcasdo
amor vivenciado nas diversas atividades educacionais aqui, na Escola Antônio
Rocha.(KEILAROSANEEELYENENOGUEIRA).
O relato supracitado possibilit a ao leitor conhecer a história da Escola Vovô
AntônioRocha, contadaporseusfundadores.Nãoseprocuranessemomentopenetrarnodia
adia da escola, nem em seus métodos de ensino ou nas relações existentes. Buscase,
somente, conhecer essa história e reconhecer a relevância de todas ess as instituões na
construçãodeumprocessohistórico.Aescolamantémsecomomaisumaopçãodeensino
sico (educação infantil, ensino fundamental e médio), funcionando a e ducação infantil
desdesuainstalaçãoecontan dohojecomoe ns inofundamental,comosepodeco nstatarna
entrevistatranscrita.
As sementes continuam sendo plan tadas, agora semeadas por outro grupo de
“filhosdaterra”,pessoasquedesd eoiníciosofreramasagrurasdoprocessodeeducaçãoem
Corre nte,tendoquesairdecasaeenfrentarestradasdifíceis,caminho sto rtuososembuscade
saber.Estegrupocompostodedicos,p rofesso res,odontólogo,bioquímico s,enfermeiras, 
técnicos,entreoutraspessoasquejáhaviamtrilhadoocaminhodaeducaçãobásica,diae
sup erior,conh ecedoresdasdificu ldadesquepassaram,semobilizaramelutarampeloensino
deSegundoGrauemCorrente(hojeEnsinoMédio).
Aproveitando  a vontade política do Governador Alberto Silva, um grupo de
profissionaisfavoreceusedateiaderelaçõesnecessárias,tendocomoseurepresentante o
Padre Getúlio, que, a pedido desse grupo, composto por Dr. Flávio Aurélio Nogueira
(médico),quetomouafrentedesseemprendimento,juntamentecomDr.JenisonNogueira
(odonlogo),ElyeneNogueiraRochaCusdio(professora),CarlosAlbertoRochadeAraújo
Nogueira(veteriná rio e professor), Stélio Julião JadineGuerra(professorde Matemática),
155
Edy Guerra Nogueira (professora de História e Português), Noemi Frasão Nogu eira
(enfermeira e professora), Helder Aires de Sousa (bioquímico), Prof. Raimundo Turíbio
GalvãoNeto(emmeria);TeresinhadeJesusAraújoM agalhã esNogueira(estudantede
enfermagem),Edile neMarquesLustosadoAmaralNogueira,entreoutrosquelhesderam
apoionotrabalhorealizado.
Assimseconseguiuqu efosse(im)plantadamaisessasemente,queproporcionou
aos filhos de Corrente, principalmente aos  empobrecidos, no decorrer da h isria, a
oportunidadedegalgaremoensinopúblicodeSegundoGrau(atualEn sinoMédio).Aqueles
professo res,pormaisd eano,prestaramserviçosgratuitamenteparaacomunidade.
Foidesta maneiraquese implantou oCOLÉGIODR.DIONÍSIO NOGUEIRA:
contin uidade da germinação dessas sementinhas que possibilitaram à comunidade mais
carenterealizarsonhodaEdu caçãoSuperior.
Busco use também nos apontamentos da Professora E lyene Nogueira Rocha
Custódio(naépocadireto radain stituição)ahistóriadaprimeirainstituiçãodee nsinomé dio,
naépoca“Ensinode2ºGrau”.Transcreveuseorascunhodaprofessoraparaarealizaçãode
umapalestraemumasolenidadedocolégio:
Dia trinta (30) de ab ril de 1988, na cidade de Corrente (PI),concretizavaseum
sonho alimentado p or muitos de seus filhos, principalmente de educadores que
sentiam de perto a ansiedade de muitos jovens, cuja renda familiar o lhes
concedia odireitodecursaremo2ºgrauemescolasparticulares.
Foiplenamente gratificantepresenciarmos,na Casa da Cultura,a fundaçãodo 2º
GraudaRedeEstadualdeEducaçãodoEstadodoPiauí;Claroquefoiumdesafioe
muitosob stáculostiveramquesercontornadospararealizaçãodosonhocujaúnica
finalidadeéservirajudandoaconstruirumasociedademelhor.
NãopodemosdeixardeagradeceraDeuspelavitóriaeamuitaspessoasgenerosas
que contribuíram para que as pedras da trajetória fossem contornadas e os
problemasfossemvencidos.
Aqui citaremos Padre Getúlio Alencar, respeitado educador que, atendendo ao
apeloinsistentedodicoDr,FlávioAurélioNogueira,lutouepessoalmenteveio
nosentregarograndepresente:oSegundoGraudaRedeEstadualdeEducaçãodo
EstadodoPiauí,sediadoemCorrente,na15ªRegionalde Educação.Eosheróicos
professores e funcionários que se empenharam na luta,a p rincipio semqualquer
remuneração,comafinalidadeúnicadeservir.Aelesagratidãosinceradetodosos
quesetêmbeneficiadodosricosensinosdestecurso.Forameles:
Diretora:Profª.ElyeneNogueiraRochaCustódio
Secreria:EdileneMarquesLustosadoAmaralNogueira
Professores:CarlosAlbertoRochadeAraújoNogueira
StélioJuliãoJadineGuerra
EdyGuerraNogueira
NoemiFraoNogueira
HelderAiresdeSousa
FlávioAurélioNogueira
TeresinhadeJesusA.MagalhãesNogueira
156
JênissonRodriguesNogueira
MiriandeOliveiraFolha
RaimundoSantana
LianaNogueiraChavesMascarenhas
Eoutros.
Nasolenidadedefundaçãoficouregistradaemataqueo2ºGraudaRedeEstadual
deEducaçãodoPiauíemCorrente,recebesseo nomedeDr. DionísioRodrigues
Nogueira,homenageandoassimummédico,ilustrefilhodestaterra.
Eagoraquedevemosfazereenfrentar?
Iniciamos o nosso trabalho com amor, coragem e muita vontade de servir aos
jovensque,sedentospelosaber,chegavamàsnossassalasdeaula.Entretantonão
imaginávamosqueaomeiodetantasolidariedadeealegriademuitos,aparecessem
as picadas de espinhos com as críticas destrutivas, descrendo na legalidade do
curso. Assim, paratirar “dúvidas”, veiode Teresina um cnico da Secretariade
Educaçãoejuntamentecomadiretoraelaboraramoregimento,enodia04deabril
de1988foiremetidoàsecretariaqueoaprovou.
Ganhamos aos poucos a credibilidade da sociedade e na primeira turma de
formandostivemosagrandefelicidadedeverdoisdosnossosalunosaprovadosno
vestibular: Odílio Cândido França Guedes, hoje ocupando cargo de destaque em
Linhares(ES)eumfilhodeGilbués,honrandoonossocursoemBrasília(DF).
Eoprocessofoisedesenvolvendoemaisexalunosconseguindoaprovaçãoecom
os cursos da UESP I em nossa cidade, em 1998, sete dos alunos conseguiram
aprovaçãonovestibular.Sópodemoshojedizer:
Até aqui nos aj udou o Senhor
(PROFª. ELYENE NOGUEIRA ROCHA
CUSTÓDIO).
A UNIDADE ESCOLAR DR. DIONÍSIO NOGUEIRA hoje funciona em sede
própria(conformefoto)inauguradaem20 05,p eloatualgovernadorWellingtonDiaseseu
Secretário de  Es tado Prof. Dr. Antonio José Medeiros (sonho de lutas antigas que se
concretizou).
ILUST RAÇÃO16:UnidadeEscolarDr.DionísioRodriguesNogueira.Vistada Frentedo
ColégioeumadasSalasdeAula.
Fonte:Arquivodaautora,2005.
Percebemse, portanto, s ituões que antecederam a implantação da educ ação
sup erior e que sã o fundamentaisnadinâmicade construçãodesseprocesso.Dentree ssas
157
situações,temseaimplantaçãodoensinopúblicoemCorrente,nestecasodoEnsinoMédio,
obs ervando sequeosprofessoresdaredepúblicaoosmesmosdaredeprivadaetambém,
emmaioria,sãoprofessoresdocampusdaUESPIemCorrente.
Outrasementinha,plantadafoio“REINOENCANTADO”,sobadireçãodaProfª.
AnaAlicedeAguiar,min istrandoaeducaçãoinfantileoensinofundamentalde1ªa4ªsérie.
Essasementeperten ciaàredede ensinoprivada,iniciandoem1989,semeouaeducação atéo
anode20 04.LocalizavaseaRuadoEstudantes/n,nocentrodacidadedeCorrente PItinha
pordiretoraAnaAliceSouzaAguiareporsecretáriaMariadaConceição SirqueiradeSouza.
AprofessoraAnaAlice,formadaemPe dagogiapelaprimeiraturmad aUESPIem
Corre nte,realizousuaPós graduaçãoemDocênciadoEnsinoSuperiortambé memCorrente,
pelaUniversidadeEstadual.Perman eceunadireçãodaescolanop eríodode1993até2004.
Conforme a professora“aescolafoifun dadaem1989porJoãoBatistaSouzaAguiar,em
1993 elepassouparamim,AnaAlicedeSouzaAguiar,quedeucontinuidadeaté2004.Em
2005 ,foramparalisadasasatividades”.
ILUST RAÇÃO17:EscolinhaReinoEncantado;Desfile/1999
Fonte:ArquivodaProfessoraAnaAlice,2005.
As duas fotos represen tam os momentos que mantêm vivas as lembranças da
Escolin haReinoEncantado:podendosepe rcebero uniformedasalunasentrandonaescolae
otradicional“desfiledodia7de Setembro”,queerarealizadopelaescola.
Aescolapossuía“sedeprópriacomumaestruturacompostapor7salasdeaula,01
secretaria,01biblioteca,01cantina,03banheiros,umaáreaparalazercomdevidasegu rança
ebrinquedosadequadosparaosalunos”.
158
Neste momento se pretendeu lançar apenas um breve  olhar sobre  a existência
dessasementinhaque,apesardeterencerradosuasatividadesprestouumrelevantetrabalhoà
sociedadedeCorrente.
Continuaseareconstitu içãodahistóriadasseme ntinhasdosabe r,colocando se
outra instituição que veio dar continuidade à ação da rede privada, o COLÉGIO
ALTERNATIVO DE CORRENTE (foto – atual sede). E ssa semente foi plantada pelas
professo ras No eme R ocha Barros, Cle onice Moreira Lino e Raimunda Maria Ribeiro da
Cunha,eseinicioucomocursodeSegundoGrau.
ILUST RAÇÃO18:ColégioAlternativodeCorrente.
Fonte:Arquivoparticulardaautora,2005.
Segund o a atual diretora do Colégio “a esco la foi fun dada po r Noeme Roch a
Barros,CleoniceMoreiraeRaimundaMariadaCunhaRibeiro,nodia10/10/1996.Começou
a funcionar efetivamente em fevereiro de 1997. Noeme (diretora geral), Cle onice e
Raimunda”(DIRETORAPEDAGÓGICA).
A professora Noeme expõe que o Colégio surgiu do ideal das educadoras
sup racitadas,cujacontribu içãoparaacidadetemsido“atravésdaPedagogiadeprojetoscom
promoçãodeeventosqueultrapassamaco nscientização,e fetivandoaçõessignificativaspara
asoluçãodosproblemas dacomunidadecorrentina”.
Assim,deacordocominformaçõesda secretáriadoColégio,LeniceHelenaRocha
Barros,eleteveseuinício,comoCursodeFormaçãodeProfessoresnamodalidadeNormal
emNíveldio,posteriormenteo“Científico”,tendo hojequatroturmasdeEnsinodio, 
sendo 2 (duas) d e te rceiro ano(uma última turmadeNormal).O Colégio,desde oinício
func ionacomoEnsinoFundamental(8turmas)eMédio.Apartirdomeiod oanode2004,
159
iniciaramasturmas dePréVestibular.AtualmenteoColégiomantémcomoDiretoraGerala
Profª.NoemeeaProfª.Cleonicecomodiretorape dagógica.
Peloexposto,p odeseperceberqueCorrentetemsuaeducaçãobásicabemservida
deescolaspúblicaseprivadas,sendo todassementesquecontribuíramecon tribuemparaa
efetivação do s onhodaeducaçã osuperior,temadopróximosubitem.
4.3AEducaçãoSuperior emCorrente
Forammuitososobs táculosenfrentadosparaqueosso nhosdeimplantaçãode
uma educação superiorse tornassem realidade. Como se p ercebe na reconstitu ição dessa
hisria,muitoslutaramparaqueosideaissetransformassememrealizações.
Inicialme nte,caminhouseparaumCentrodeEns inoSuperiordoValedoParaím
(CESPARAIM),mantido pelaFundãodeEnsinoSuperiordo SuldoPiauí(FESPI),emum
idealdeumauniversidadecomunitária,quenãoteveprosseguimento,masquerepres entouo
passofundamentalparaquesecontinuasseacaminh ada,deformaque,noprimeiromomento,
teveseapreseadaUniversidadeFederaldoPiauí– UFPI,aqual,mesmopo rumcerto
período, possibilitou convênios com a Universidade Estadu al e promoveu o primeiro
vestib ulardeCorrente.PosteriormenteassumeaUniversidadeEstadualdoPiauí–UESPI
campusdeCorrente,hojepresente no s uldoPiauí.
Oquesepercebeéqueumsonhoantigodeumaunive rsidadeseconcretizou.Um
esforçopolítico?o !Oresultadodelu tasdosfilhosdeCorrente.Coloc amseas fotosdo
campusconstruídopeloGovernoFederalparaumauniversidadeemCorrente:hojeUESPI.
ILUST RAÇÃO19:CampusdeCorrente –UESPI–direita:entradadoprédio;Esquerda:quadrade
esporte.
Fonte:Arquivoparticulardaautora,2005.
160
ILUST RAÇÃO20:Esquerda–Biblioteca(mesmoacervodesdeafundação);Museu(Prof.Edílson 
historiadoreadvogado –organizadordoMuseu).
Fonte:Arquivoparticulardaautora,2005.
ILUST RAÇÃO21:Auditório,alunosdocursodeZootecnia.
Fonte:Arquivoparticulardaautora,2005.
AuniversidadeemCorrenteéofrutode umidealantigoquefoiseconstru indo,da
educação básica até uma universidade pública, deixando de ser um sonho e tornandose
realidade. Mas, como tudo isso  aconteceu? Expõese em seguida como esse projeto foi
idealizado.
4.3.1 O ideal de Educação Supe rior em Corrente: perspectiva de uma universidade
comunitária
Comojácitado hámuitosepensaem u mauniversidadeparaacidadedeCorrente.
Aed ucaçãosuperio r,portan to,aconteceimbu ídaporumdesejodacomunidade,nasinter
relaçõesentreacomunid adeeseusrepresentantespolíticos,confirmandoseassimaspalavras
deRobertoDamatta(2000,p.8 3):
161
[...] presgio socialé algo quese localizana teia de relações – e nasrelações–
tantoquantonosindivíduos,umapessoapodeefetivamentecolocar àdisposiçãode
outrassuasredesderelaçõespessoais,fazendocomquetodasasinstituiçõessociais
possamsubitamentesetornareficientes.
Nosdepoimentostranscritos,destacaseaforçadessasrelações,dopre stígioeda
vontadedefilh os deCorren teparaaimplantaçãodeumau niversidade.
Inicialme ntetêmseasmeriasdo professordaUniversidad eFederal,residente
em Correntee exdiretordaUESPIcampus Corrente,Dr.J oão RochaMascarenhas.Ele
descrevecomosurgiuaidéiadeumauniversidadenacidadedeC orren te.
O professor Camilo foi reitor da FUFPI, muito identificado com essa região. Inicialmente pela
presença do Projeto Piauí quando aqui esteve que, naquela oportunidade, era um órgão da
UniversidadeFederal.Posteriormente,maisespecificamenteem1990,oprofessorCamilonomeou
uma comissão e essa comissão constituída pelo Prof. Fabiano Cristo Rios Nogueira, o Prof.
Edimar Rodrigues Júnior e o Prof. João Rocha Mascarenhas (que lhes fala), para que na
oportunidade elaborasse uma proposta de um Colégio Agrícola aqui em Corrente pela
UniversidadeFederal,nosmoldesdoColégioAgrícoladeTeresina,deFlorianoedeBomJesus
hoje. No ano seguinte, mais precisamente em meados de 1991, o Prof. Camilo nomeia nova
comissãoconstituídaportrêsnomes,eunãomerecordoprecisamentequemforamosprofessores
naquela época, mas asseguro que eram professores do Colégio Agrícola e do CCA, e s,
novamentepraquefizéssemosumaavaliaçãonãoapenasemCorrente,masemtodaaregião,de
umapropostaparacriaçãode umaEscoladeVeterinárianaregião.Istoporqueédoconhecimento
detodosvocêsdapopulaçãoedoEstado,queosuldoestadoéumaregiãoconhecidapelasua
vocação,oupelasuaintimidadecomapecuária.BasicamenteapropostadoprofessorCamilo,ela
foitransmitidaparaoP rof.CharleseposteriormentecontinuamosotrabalhodoProf.Camilojá
depois que deixou a reitoria [...] e o Prof. Charles que ficou em Teresina que veio a ser
inicialmentevicereitoreposteriormentereitordaUniversidade,deucontinuaçãoasuavontadee
desenvolveu o trabalho que o pai gostaria de desenvolver na Região (DR. JOÃO ROCHA
MASCARENHAS).
AspalavrasdoprofessorJoã oRoc haseconfirmamnode poimentodoexreitorda
UniversidadeFederaldoPiauí,Prof.Dr.CharlesC arvalh oCamilodaSilveira:
No reitorado do Professor José Camilo da Silveira Filho, houve uma ão no sentido da
interiorizãodaUniversidade.ForamcriadososCampidePicos,deFlorianoehaviaaintenção
de criar em Bom Jesus e em Corrente. Em Bom Jesus, foi criado o Colégio
Agrícola de Bom Jesus e, em Corrente, diante das dificuldades de ordem orçamentária e
financeira,não foi possível a concretizão desse sonho de instalação de um espaço pprio da
Universidadeparadesenvolverassuasatividadesdaíaaçãodospolíticosdaregiãonosentidode
possibilitarcomaFundaçãoComuniria,comaaçãodoMinistériodaEducação,comaaçãoda
Universidade uma junção de esforços parase iniciar a administração de cursos deterceirograu
naquelaregião.Euapenasobservooseguinte,queagrandedificuldadequenóstivemosdurante
todos esses anos e q ue permanece é a falta de definição de uma política de interiorizão das
Universidadespúblicasbrasileiras(DR.JOÃOROCHAMASCARENHAS)
Essas idéias inicialmente não se concretizam, sendo inúmeros os motivos,
principalmente a distância de Co rrente, mas, diante dessa primeira proposta n ão ter s e
162
efetivadotemse acontinuidadedesseprocess onafaladoProf.Joã oRochaMascarenh as,
que,desdeoinício,participoud oprocessodeimplantaçãodeumauniversidade:
Posteriormente,nosegundosemestrede198 7,nacorridaàprocuradeterrasemgrandequantidade
ecustoextremamentebarato,eisquechegaaCorrenteumgrupodegaúchoscomestafinalidade,
entre eles o vicereitor da UPF, professor Agostinho Both. Nos dias que esteve em Corrente,
contatoucompessoasligadasàeducão(IBCeSãoJosé),comagropecuaristas eváriasoutras
pessoas da comunidade. Sentindo a vocação da região e o desejo do povo pelaimplantaçãodo
ensino superior em Corrente, nos procura informado de que éramos professor da Universidade
FederaldoPiauí.Desteprimeirocontato,recomendamosqueaoretornaraoRioGrandedoSul,
mantivessecontatocomoDep.JesualdoCavalcante(PROF.JOR.MASCARENHAS).
Nesseprimeiromomentopercebesequeessaidéiaapesardeserantigaentreos
correntinos,foiimpulsionadaporumvisitantegaúchoda cidadedePassoFundo.Segun doo
depoente, ele foi encaminhado para os políticos da região, como se pode comprovar na
transcriçãoabaixo:
O deputado se interessou pela idéia e imediatamente o fez chegar ao ministro da Educação,
senadorHugoNapoleão.Oministroconvocaseusecretário,Prof.CamilodaSilveira,discutema
questão e decidem levar o p rojeto a termo. Nomeia uma comissão constituída por técnicos e
professoresdacomunidadedeCorrenteedeterminaquefizessemumaviajemaPassoFundopara
verificar se o modelo educacional que aquela instituição praticava era o que se desejava para
Corrente. Com o decorrer do tempo toda a população se mobilizou para a criação da nossa
universidade. As igrejas (Batista e Católica), os colégios (IBC e São José), agricultores,
pecuaristas,comerciantes,prefeituras,escritórios,enfimhouveumamobilizaçãogeral.Nodia26
defevereirode1988,naCasadaCultura,reunimostodasaspessoaseinstituiçõesrepresentadas,
quando passamosparaapopulaçãoorelatóriodaviagemaPassoFundoediscutimosoaspecto
jurídico da instituição a ser criada. Reconheço que foi o momentomais emocionante de minha
vida, quando via Prefeitos, Pastores, Padres, Pecuaristas e p essoas mais humildes possíveis,
fazendoassuasdoações.ReconheçoquefoioprimeiroegrandemomentoPRÓFESPI.Corrente,
naquelaépoca,comohoje,congregavaatravésdaeducaçãoedocomérciotodasasoutrascidades
circunvizinhasdaregião,principalmentepelapresençadoscolégiosIBCeSãoJosé,tradicionais
naregiãoenoestado.[...]Preocup adoscomaseriedadeeaextensãodoprojeto,umadasnossas
primeirasprovidenciasfoiacapacitaçãodofuturocorpodocentedainstituição.Paratanto,aUPF
foicontratadaparanosassessorar,oferecendoocursodesgraduação
Latusensu
foradasede,
emMetodologiadoEnsinoSuperior.O snossosalunosefuturosprofessoresdaépocasãohojeos
professores da UESPI em Corrente, nos seus mais variados cursos ou áreas (PROF. JO ÃO
ROCHAMASCARENHAS).
TêmseaíasprimeirasinformaçõesacercadahistóriadaEducaç ãoSuperiorem
Corre nte,odesenro lardosprimeirossonhos.Nessesentido,comodizLo peseGalvão(2001,
p.83),“asensibilidadedopes quisadoréconvocada,tantoquantoseurigor,paraan alisaro
quetememmã os[...]”,logo,essecontatocomoProf.JoãoRochapos sibilitouoacessoa
documentos como a ata de reunião na Casa da Cultura, realizada pelo Dr. João Rocha,
conformecitado;aatadaimplantaçãodaFundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldoPiauíe
demaisdocumentosquecorroboramoafirmadonorelatosup racitado..
163
ConsideraseaquiavisãodeHalbwachs(1990,p.60),deq ue“nãoénahistória
aprendida,énahistóriavividaqueseapóianossameria”.Assim,buscasenamemóriade
outrosprotagonistas dessahis tóriaaconfirmaç ãodosdepoimentosanterioreseaprocurade
novos fatos,de elementosquepossamvirasurgirnac onfrontaçãodessasmerias,pois
estas,aosetornaremexp eriênciavivida,apresentamseestre itamentelimitadaspelotempoe
peloespaço.
Valoriz andose a memória, buscouse o Prof.Ibanê s Rocha Barros, professorda
UESPI e mestre em Educação, na área d e Política e Administração Educacional, pela
UniversidadeCató licaemBrasília.Ahisriaécontadadeacordoaslembrançasdocotidiano
vivenciadopelodepoentenaquelaépoca:
EuparticipeidacriãodaFundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldoPia –FESP,naépocaquese
pretendia instalar em Corrente uma universidade comunitária, nos moldes da Universidade de
Passo Fundo – UPS. Surgiu com um encontro do Agostinho Both, a Salete, e vários outros
professoresdaregiãodePassoFundoquevieramconhecerCorrenteetiveramaoportunidadede
externaropensamento.Auniversidadecomunitáriaéumauniversidadequeédopovo,éopovo
que colabora para a manutenção, bem como as prefeituras locais e, essa idéia jádeu frutos em
váriaspartesdopaís,principalmentehojenaregiãodePassoFundonoRioGrandedoSul,onde
existemváriasuniversidadescomunitárias,mantidasrealmentepelacomunidade,pelopessoal.Eu
fizpartedaprimeiracomitiva,numaseleçãodeprofessoresparafazeraPós–Graduaçãoemnível
de especialização lato sensu. As aulas foram dadas em Corrente e complementadas em Passo
Fundo,foiumaexperiênciamuitoboa,porqueconhecemosa realidade.HojeaUniversidadede
PassoFundoéreferênciaeépontodeapoiodetodasasprefeiturasnaáreadeEducação(PROF.
IBANÊ SR.BARROS).
Os re latos  o se confirmando, como se pode percebe r nas palavras do Prof.
Ibanês,supracitadas,tambémaslembrançasdoDr.JesualdoCavalcanteBarro s(naépocao
deputadofederalq ueintermediouaimplantaçãojuntoaoGovernoFederal)e,emseguida,a
entrevistada ProfessoraMirianFolha,que feza sgraduaçãona Universidade dePasso
Fundo.
[...] com a chegada dos produtores do sul do ps, s fizemos contato com o vicereitor da
UniversidadedePassoFundoRioGrandedoSul,queeratambémumauniversidadedecunho
comunitárioesescolhemoscomomodeloestaUniversidadedePassoFundo.Logo,essevice
reitor que era o Prof. Agostinho Both, se interessou em nos assessorar, tivemos também a
felicidade do Ministro da Educação ser um piauiense o senador Hugo Nap oleão, então nó s
propusemos ao Ministério da Educação, fizemos um proposta no sentido de q ue o Minisrio
assumisseosencargosfinanceiros,quantoaestruturaçãodeumaFundaçãoComunitária,nocasoa
Fundaçãode Ensino Superiordo Suldo Piauí,conhecidacomoFESPI.OMinistérioabraçoua
idéia,logocelebrouoconvênio,logoaU niversidadedePassoFundofoicontratadaparaprestar
esseassessoramentoeapartirdaíatétrêsanosdepoissjáestávamoscomtudoestruturado,isto
é,oprédioconstruídocomumaáreadetrêsmilmetrosedevidamentemobiliadoetambémtodoo
corpo docente, o futuro corpo docente qualificadocomo cursodeEspecializãoemEnsino
Superior, Metodologia do Ensino Superior. Avançamos muito, o azar que nós tivemos foi
justamenteapreocupãodogovernodeevitaraproliferaçãodeescolasnointerior,entãooItamar
Franco... houve uma suspeição das concessões de novas autorizõ es e nós ficamos com tudo
pronto:bibliotecasestruturadas,lab oratóriosinstalados,semcondiçõesdeobterautorizãop ara
164
realizarmos o primeiro vestibular. D aí surgiu a idéia de que tendo a antiga FADEPI, isso nós
comamos em 198 8, nosso primeiro vestibular tinha que ser realizado em 91, não deu para
realizarjustamenteporquenãosaiuaautorizão.Em92conseguimos,sensibilizarogovernodo
Estado para um convênio em que a Universidade Federal, assumiria ou daria o nome para
realizaçãodovestibularparaAgronomiaeaUESPIqueaindanãoeranemUESPIdariaonome
paraovestibulardepedagogia(DR.JESUALDOCAVALCAN TIBARROS).
Observase, na visão do Dr. Jesualdo, que hou ve a intenção de que a UESPI
participasseinicialmentedoprimeirovestibular,masofatoéqueelefo irealizadocomdois
cursos:Agronomiae Pedagogia,ambospelaUniversidadeFederaldoPiauí,queinclusive
forn eceu osdiplomas paraessas turmas.Observaseapresenteinfluência das relaçõ es do
enodeputadofederalcomosdemaisqueestãonopoder.
ConfirmasenafaladoDr.Jesu aldooquejátinh asidoditopeloprofess orJo ão
Rocha,de quehouveumimpe dimentolegalqueimpossibilitouacriaçãodauniversidade
comunitária. Vejase também a hisria contada de acordo com a me mória da professora
MirianFolha,umadasqu eparticiparamda viagemparaqualificaçãodosfuturosprofessores
dauniversidadecomunitária:
Bom, a idéia de uma universidade comuniria em Corrente surgiu na cabeça do professor
AgostinhoBoth.NaépocaeleeravicereitordaUniversidadedePassofundo –RioGrandedoSul,
e ele, tendo um sobrinho que pleiteava comprar uma fazenda em Corrente, fez uma viagem de
PassoFundoàCorrenteenocaminhoelepercebeuq ueCorrenteeraumacidademuitolongínqua
e,aochegaraqui,eledep aroucomumacidadepequenaeumníveldeinstruçãodaspessoasmuito
elevado e, ele começou a pesquisar e soub e da existência do Instituto Batista Correntino e do
Colégio São José, duas escolas de educação básica que foram fundadas em Corrente há muito
tempo equetodasasduastinhamumahistóriamuitopromissora,deresultadosmuitopositivos.
Entãoeleimaginouoseguinte,emumacidadequetinhaumaeducaçãobásicatãoconsolidada
cabia uma educão de nível superior. E ele começou a entrevistar as pessoas na rua,
aleatoriamente e, na cabeça dele, começou a surgir a idéia de se criar em Corrente uma
universidadenosmesmosmoldesdePassoFundo,queéuniversidadecomunitária,sustentadapor
prefeituras da microrregião de Passo Fundo. E ele então achou que aqui em Corrente uma
universidadecomuniriateriatambémo mesmosucessoq ue umauniversidadeem Passofundo.
Fez váriasreuniões, etc.; mas,na épocaesbarrouse num decreto presidencialqueimpediaabrir
cursosemcidadespequenas.EntãoaidéiadaUniversidadeComunitáriafoiindoatéváriaspessoas
fazendodoações,terras,etcmas,quandoseesb arrounumdecretoquenãopodiaabrircursosem
cidadespequenas,nãotinhacomosurgirumaUniversidadeemCorrente,entãoapartirdaí,jáquea
estrutura estava montada, na época Hugo Napoleão era ministro da Educação e Jesualdo era
deputado, então eles carrearam muitos recursos para Corrente, os dois piauienses, Jesualdo
correntino[...](PROFª.MIRIANFOLHA).
Podese perceber a confirmação da hisria nos depoimentos. Nesse caso a
professo raMirianexpressaexatamenteoquejáse tinhaouvidodoprofess orJoãoRochaedo
próprioAgostinhoBoth,quantoaofatodeelesemprefrisarque“seoColégioBatistaeo
cogioCatólicoderamcerto,auniversidadecomunitáriapodedarcertotambém”.Percebese
no Professor Agostinho Both o início de uma luta, acreditando n o potencial do povo de
165
Corre nte,baseandoseemexperiênciasanteriorescomaedu caçãobásicarealizadapeloIBCe
pelo Cogio  o Jo. A profª. Mirian Folha continua o depoimento, falando sobre os
convêniosrealizados:
[...] carrearamrecursos e construíram o prédio. Construído! E agora? Fazer o que? A opção foi
fazerumconvêniocomaFederal,aUniversidadeFederaldoPiauí,cConvênioestequedurousó
até a conclusão da primeira turma de Agronomia e a primeira de Pedagogia. Depois disso, a
Federalnãoquismaisassumir,achouqueseriaumriscomuitograndeassumircursosolongede
Teresina,elesficaramcommedodaqualidadedocurso,nãoseioqueelesgostariamquefosse.
EntãoasoluçãofoiFreitasNeto,quandoeragovernador,instalarumcampusdaUESPIaquiem
Corrente. Então de comuniria passou pra Federal do Piauí, de Federal do Piauí passou para
UESPIeagoratemosaUESPI(PROFª.MIRIANFOLHA).
Observaseque,quantoaoperíododeduraçãodoconvên io,estefoid eumano,
masaUFPIficouresponvelporemitirosdiplomasdessasduasprimeirasturmas.Portanto,
inicialmenteteveseaidéiadeumauniversidad eco munitáriaaosmoldesdePassoFundo,que
chegouatéaqualificarprofes soresparamin istraremaulasnessafutu raunive rsidade,comojá
foi citado na fala dos depoentes, send o confirmado na fala da Profª. Mirian, uma das
professo rasqualificadaspelaFaculdadedePasso Fundo.Elade talhessobreessemomento:
AnossaidaaPassoFundo[...]tudoissovaleuapenacomoconhecimento,masnãocomoplano
paraimplantarauniversidadecomunitária.Fizemos umaespecializaçãoemMetodologiadoEnsino
superiorfoiaUniversidadequeministrou,osprofessoresvieramemtrêsetapas,aúltima etapanós
ficamosquinzediaslánaUniversidadeconcluindonossocurso...teveacerimônia,etc.[...]Foi
um ônibus da Real Expresso lotado, então 44 professores. Eles abriram para todo mundo em
Correntequetivesseonívelsuperioretivesseinteresseinfelizmentemuitosfizeram,masnãoestão
atuandoemnívelsuperior(PROFª.MIRIANFOLHA).
OProf.Ib anêsconfirmaessasafirmaçõesmostrando queoprofessorAgostinho
Botheoutraspessoasdacomunidadeparticiparamdessahis tória:
A minha p articipação como professor da UESPI, porque com a tentativa de implantar a
universidade comuniria, s conseguimos bons frutos porque o Ministério da Educação se
sensibilizou com o problema e liberou verbas para a construção das estruturas físicas e dos
lab oratórios,temoshojeessaestruturaaquiagradeçaaonaépocaMinistroHugoNapoleãoeaos
políticosdaregião,principalmenteaJesualdoCavalcante,queempenhoutodaabancadapiauiense
no sentido de conseguir, e foram liberados recursos e foram construídas as estruturas físicasda
universidade. Com a não aprovação da universidade comunitária, do projeto de universidade
Comuniria,aUniversidadeFederaldoPiauíassumiuumconvêniocomaUniversidadeEstaduala
UESPI,amanutençãodoscursosdeAgronomiaePedagogia,entãotinhaoapoiopedagógicoda
Universidade Federal e o apóio financeiro de professores da UE SPI e com isso ela manteve e
formou algumas turmas na área de Pedagogia e Agronomia. Logo em seguida a Universidade
FederaldoPiauí,porrazõesquenósatédesconhecemos,retirousedoCampusedamanutenção
dos cursos, foi quando então a Universidade Estadual assumiu plenamente os cursos aqui em
Corrente, isso nos idos de 1993, maisou menos, senão me falhaa memória(P ROF. IBANÊS
ROCHABARROS).
166
Percebemse,norelatodoProf.Ibanês,osdiversosaspectosqueconstituírama
hisriadaEducaçãoSu perioremCorrentePI.Observasenoaspectodasrelaçõespolítico
sociaisoqu eRo bertoDamatta(2000,p.14)colocacomoacapacidadequeopovo brasileiro
temdese“[...]relacionar(oupretenderligarcomforça,sugestividad eeinigualáveldesejo)o
altocomobaixo;océucomaterra;ofracocomo poderoso;ohumanocomodivino,eo
passado com o presente...”. Essas palavras do autor se confirmam nas afirmações dos
depoentes,podendosepercebernasinfluênciaspolíticasdosfilhosdeCorrente,naépoca
deputados e políticos qu e conseguiram ligar “o fraco com o poderoso”, poss ibilit ando a
construçãod aestruturaondefuncionariaaUniversidadeComu nitária,hojesededaUESPI.
Procurase reconstituir essa história também na visão  do Professor Agostinho
Both,que,po rmeiodeumemail,narraahistória(ANEXOH):
Aqui o, em breves palavras, um pequeno relato de um grande esforço de
integração entre a Universidade de Passo Fundo e a FESPI, do qual surgiu a
experiência do ensino Superior do Sul do Piauí. É verdade as palavras não
respeitam, nem contém, as preocupações, a atenção, as tensões, todos os
movimentos,todostrabalhos,ossonhospostosnasterrasdeCorrenteparaqueos
jovensdaquelaregiãopudessem tornaremsesereshumanosexcelentese,porsua
vez,pudessemtornarmelhoresasesperançaseasrealidades dasua gente.Não são
contados os profundos sentimentos de solidariedade, pois as lembranças nem
sempreofiéisatudoeatodos.Deumacoisa,porém,garanto:oquefoifeito,foi
feito com desprendimento de lucros ou qualquer outro bem material. A vida
humanaesuagrandezapodemsermedidasempequenaproporçãoporaquiloque
foi feito, reunindose o respeito de Passo Fundo e de educadores verdadeiros de
Corrente pelosjovensdoSuldoPiauí.
Carinhosamente
AgostinhoBoth.
O Prof. Agostinho Both mostra os motivos que o levaram até  Corrente e
pos teriormenteescre vesobreoidealdeumauniversidade comun itárianestacidade,tendoo
feitoememailcommaioresdetalhes(ANEXOH).
Percebemse,nas informaçõ esdadaspeloprofessorAgostinhoBoth,asinteões
de uma universidade comunitária, e mais  detalhes sobre a sua implantação podem ser
encontradoemseulivro.Ementrevistaportelefone,ele falasobreesselivro“Paraondevão
nos sascasas”,publicadoemPass oFundoem1990,eencaminh aapesquisadoraaprocurarna
obra ahisria de sua ida até Corrente, lugar em que ele identificou o desejo pelo
conhecimento,pelosaber,explícitonas“gentesdeCorrente”.
Nolivro,elerelatasuaviagemeoutrosaspectosdahistória,mostrandoosaspectos
comunsentreo suldopaíseosuldoestadodoPiauí:“naterraagreste,sejadosuloudo
norte,aforçadohomememanadopéquesefirma”(BOTH,1990,3).
167
TambémRodriguesfazessaassociaçãoentreaspectosseme lhantesdosu ldopaís
edoPiau í.SegundoRod rigues(1996,p.IX),oPiauíeoRioGrandedoSultêmemcomum
serem“[...]frutosdapenetraçãobandeiranteedaexpanodapecuária,ambasrealizadasno
finaldoséculoXVII.”.Assim,podeseentenderessaintensamigraçãodepessoasdoSul,
principalmentedoRioGrandedoSul,paraodoPiauí.
Nessateiadere lações,foipossívelseconcretizaro sonhodeumauniversidade.De
acordocomoDr.JesualdoCavalcanti,oEstadotemumadívidacomCorrente:
OEstadohojedetémoterceirograuemCorrente,semgastarumtostão.Quandofoiestruturadoa
Universidade do Piauí, o Presidente da Repúblicaassinou um Ato,um Decreto reconhecendoa
existênciadedoiscampi,CorrenteeParnaíba.ParaconstruirocampusdeParnaíba,oGovernodo
Estadoadquiriuoterreno,contratouaconstruçãoegastouummundodedinheiro.EmCorrente,o
campusavançadofoiinstalado sem o Estado gastarumtostãosequer,porqueencontroutodo
mobiliado inclusive com uma biblioteca com os títulos específicos para os cursos iniciais, que
foram selecionados, de Agronomia e Pedagogia. E assim tem sido. Vê que a região maispobre
nossa,oumaisdistante,maisdifícil,carentedetudo,éjustamenteaquelaqueassumeoencargode
praticamentemanteroensinosuperior.VêqueéumadívidamuitograndequeoEstadotempara
comanossaregião(DR.JESUALDOCAVALCANTI).
Oquesepercebeéquesetemumauniversidadeconstruídacomverbasfederais,
conseguidasnaépocagraçasaofatodeque“aquioquadroédosamigosecorreligiorios
que,umavezno poder,terãotudo!Ealógicaédaslealdadesrelacionais[...]”,confirmando
semaisumavezaspalavrasdeDamatta(1997,p.8788):“[...]aestratégiaso cialepolítica
maisvisívelnoBrasiléadebuscararelação”.Correnteteveoprivilégiodeterumfilhoda
cidade eumfilhodoestadocompond o essateia,seinterrelacionandodemaneirapositiva,o
quepossibilitouaimplantaçãod auniversidade.
Graçasaessa“[...]capacidadederelacionarnumacorrentecomumnãopessoas,
partidosegrupos,mastambémtradiçõessociaisepolíticasdiferentes”(DAMATTA,2000,p.
7778),équesetornoupossívelarealização do s onh od eumauniversidadeemCorrente.
Destacase, no  próximo item, algunsdetalhesdessahistória,reconstruin doaa
partirdavisã odoProf.AgostinhoBoth,emseulivro“Paraondeonossascasas”,no qual
seencontratodaasubjetividade,ossentimentos deumgaúchoqueseidentificacomosideais
nordestinosdebe nefíciopúblicodoqueelechamade“meupedaçodo sertão”.Assim,ele
lançasu asidéias,pois,comoelemesmodiz,“asidéiastê mluz própria”(BOTH,1990).
168
4.3.1.1Atentativadeumauniversidadecomunitária:integraçã odo sid eaisdosuldopaíscom
onordestepiauiense
OprofessorAgostinhoBoth,emse ulivro“Paraondevãonossascasas” ,segundo
Celi Costi Ribeiro, narra “a história do homem imigran te que sonha, chora, luta sofre,
enfrentaodesconhecidoeacredita,acimad etudoqueécapazdevencer.[...]Naterraagre ste,
sejadosu loud onorte[...]”.Nesselivro,oProf.AgostinhoBoth,utilizandosedenomes
fictícios,narraentreoutrashistórias,asuatrajetóriaporCorre nte,d escrevecomexatidãoa
viagem,seuscontatoscomopovo daregião.Ementrevistaportelefoneeleorientouquese
poderiasaberumpoucodahisriadoidealdeumauniversidadecomunitá riapormeiodo
personagemcriadoporelecomoonomedePipp o Elias,“ouniversitárioqueparteembusc a
deoutrospedaçosdechão”.
Assim, de acordo com Tânia Mriz K. sing, autorada apresentação do livro
sup racitado, “ouniversoficcionalcriadoporAgostinh o Bothrevelamarcascontunden tesd e
suas vivências [...]”. Em sua narrativa, tornase possível confirmar as  falas de outros
protagonistasquecontaramessahisria:
ChegueiemdefinitivoemCorrentenofinaldeabrilde1986.[...]Fuiter,antesde
vir,naUniversidadedePassoFundo,paraavaliaremanálise,asterrasquecomprei
[...] Além dessa particular intenção, fui ter junto à alta direção, para assuntar o
interessedaquelainstituiçãoemassessoraraimplantãodeummodelosimilarde
ensinosuperior,nosuldoPiauí.Assunteieobtiveahumanacompreensão.(BOTH,
1990 ,p.267).
Conformedepoimen tosdacomunidadeedopróprioprofessorAgostinho,tantoem
suafalaportelefonecomonahisriaporele narrada,percebesequesuainteãoinicialera,
comprarterrasnessaregião.Percebesetambémque,posteriormen te,envolvesecomadéia
deumauniversidade,obtendo“compreeno”,oque podeserentendidocomoconsentimento,
ouseja,adireçãodaUniversidadedePassoFundomostrousefavorávelàidéiade assessorar
aimplantaçãodeummodelod euniversidadeemCo rrente.Mascomosurgiuessaidéia?
ConformeBoth(1990,p.265),depoisdapossedasuaterra,devoltadafazenda
paraacidadedeCorrente,jánasubidadeSantaMarta(zonaruraldeCo rrente),
DiviseiCorrenteemeapraziainterrogar:“jánãovilugarassim?Nãoseapresenta
semelhanteaumaJerusam?[...]Ajuizeiconsiderações:Quempoderádemovêla
desuapacncia? Deveráa minhacidadeterpropósitopróprio.Nãopoderáficar
desvanecida na sua forma causal de ser”:se tem a metade da pobreza feita, sem
comp leta instrução, outra metade não tem vez para continuar estudo superior, a
maioria de parco recurso nasaúde:nãoseráoportunoumcomplementocultural?
169
Aperfeiçoeiopiniões:“Seaculturadesmazelaanatureza,proíbeavirtude,entãose
pode alterar, se houver vontade, o entendimento por parte de quem seproduziu
nessemododeser”.Avalieiemseguida:“Étudopossívelesemofensa.Nãoestáo
Instituto,nãoestáaEscolaParticularSãoJosé?Ah,pois...édelesumainiciativa
vigorosa.Comamãodelesfoiespancadoomalescurodamíseravisão”.havia
decisão:“nãosetiranemseinvadequandoseconcedealiberdade.Eoqueelaé,
senãooabandonodoslimites?Ondeestáamorteaos60 ,queestejaaos80,ondea
noiteéobreu,sefaaluz,ondeadorsemesperança,queelasejadiminuída,onde
seperde o caju, que seja feitoo suco,ondeadébilpercepção,tenhauma luzna 
informação, onde o nada um pouco de tudoe do melhor”. Nasceu da opinião o
ardordeumaidéia:U maUniversidadenosertão.SePassoFundofeznaextrema
dificuldadeasua,comsuperiorfinalidade,p orquenãoofaráCorrente?
Confirmaseoidealdeumauniversidadecomunitáriapartindodealguémquese
identificoucomop ovodeCorrente, fazendosepartedela,quandoafirma:“Deveráaminha
cidadeterprositopróprio”.Oidealdeumdescendentedeimigrantealemãodac idadede
PassoFundo,RioGrandedoSul,que,porsuavez,comungoutambémcomoidealdopovo
deCorrente,comosep odep ercebernacontinuaçãodanarrativadoProf.AgostinhoBoth
(1990,p.266),fazcomquesejaplantadamaisumasementedaeducaçãoemCorre nte:
Roncavaomeuraciocíniobarulhento.Nãoeradeluxo,masmeconduzia.Enquanto
isso, um pensamento sonhava com uma Universidade: “o interior terá vez, A
Fundação é um bela obra; É a pura cidadania competente. Não se instala na
indolentevantagem estatal,criaçãocapitalista disfarçandoprivigio”.Fuiter com
SolanoSevero,oComandantedoInstitutoquetinhaump átioqueimitavaospátios
de Universidades americanas,mas com jeitolatino.[...] No dia seguinte encontrei
José, oamigodeoutravezeeuestavaanimadocomomeuprópriodizer.Faloume
orapaz:esteéumsonhoantigo.Seusolhosbrilhavamdefelicidade.Potente,se
redefiniaparaeleumanovasorte.Falouclaroeembomtom:Estoutrabalhando
noProjetoPiauí.[..]Orapazvibroucomaidéiadeumainstituiçãodeproporção
regional, com autonomia em casa, sem escape nas distâncias. Eu assumo teu
pensar,vamosnafrente.
Eassimfoisec onstruindoes sahistó ria,podend oseidentificaropersonagemcom
nome fictício de Solano Severo como o diretor do Instituto Batista Correntino, Dr.Hélio
Paranaguá e como José, o Sr. João Roc ha, que é funciorio da Universidade Federal à
disposição  do Projeto Piauí. É interessante ressaltar o  deslumbre expre sso pelo auto r ao
descreveroInstitutoBatistaCorrentino:
E a casa era igual a uma jesuítica missão. Havia um átrio de colunas sisudas e
fortes, como q ue dizendo: ‘Ei você, menino, ponha tento na virtude, é ela que
sustenta! Em tudo se punha um ar de Deus. Era o Instituto Batista austero,
garantidodemelhorpensarparaosertão(BOTH,1990,p266).
170
Cresciao idealdeumauniversidadeque, aospoucos,foiseespalhandoetomando
contadacabeçadopovocorrentino,oqualofalavaemoutracoisa.Nesseímp etodeuma
instituiçãosuperioremCorrente,oautorconversacomopadre,quedizque:“UmaIdeade
una universidade, es buena,pero impraticable porel costumbre”. Continuaopadre:“Em
AricadoSul,launiversidade sparalaelites”.Porémoauto rdeixaexpressasuaperceão
sob reauniversidadequ equeriaparaCorrente:
Afirmeilhe,categórico,queestanãoeraaminhapercepção,umavezquetantoos
padres como os batistas haviam conseguido erguer suas instituições com a
contribuição da comunidade. [...] É justamente a diferença. Esta instituição,
pelo suste nto que possui vindo da região, deverá devolver os benefícios em
favordela.Oensino,aextenoeumaexperimentaçãodeoportunidadesem
busca da preservação da cultura deverão ter o per fil regional. Se uma
universidade do estado deveria conceder excencia de progresso ao estado,uma
instituição universiria regional deve resp onder, com inteligência, aos reclamos
agudosdolugardesuainserção(BOTH,1990,p.271 ,grifonosso).
Ossentimentosdaqu elaépo caemrelaçãoàeducação(UNIVERSIDADEÉPARA
ELITE),estãopresentesatéhoje,resultadosdaresistênciaemrelaçãoàinteriorização.Masa
idéiaeradeumauniversidadequesevoltasseparaosinteressesdaregião.Segundooautor,
ele “encaminhou seus interess es para Teresin a: Queria “a bênç ão do Estado” para
constituãodoquenascia:“[...]Fuiprocuraro SecretáriodeEdu caçãodoEstado,queme
encaminhou a um padre, tido como confiável educador”. Percebemse nas entrelinhas a
decepçãodoau tor:“aelee xpusamaneirano sul.Olhoumecomplenosaberdesprezando
minhaingenuidadeecategoricamentefalou:Sãocoisasqueoc ertonoRioGrandedoSul.
Opovodaquinãotemomesmocostume”.
Comooautordestaca,“n ãohaviaaprendidotudosobreosinconvenie ntesus os
políticos [...]” (BOTH, 1990, p. 273). Foi como se tive ssem jogado água gelada em um
caldeirãodeideaisqueferviamnamen tedogaúcho.Eleaindanãotinhaentendido asrelações
einteressesdosgrupospolíticosdaregião.
Continuandoessahistória,oProfessor,representadonafigurad ePippo,encontra
secomumpolíticonaturaldeCorrente,segundoele“primogênitodaspolíticasvirtudes”,
quandovoltavadeTeresina.Eraumdeputadofe deral,aoqual“falaramlhesobreosprimeiros
contatosparasefazerums ábio nordeste,iniciado numafundaçãoondesefariaumsaber
apropriado.Arespostadodep utadofoi: “Épossível!Chamaalgu émdaUniversidade.[...] 
VoumarcaraudnciacomoMinistrodaEd ucação”(BOTH,1990,p.274).
171
OProf.AgostinhoBoth(1990,p .274275)emsuanarraçãod emonstratodosos
passosparaarealizaçã odosonhodau niversidadecomunitária:
Agradoumeo Deputado Federal. Estava no usufruto de suas funções,nãop odia
esperarparaoutrahora.Estavacomoministroumseuconterrâneo.Telefoneipara
PassoFundoeexpliqueiquedessejeitoandavaomovimentoeque,porquegente
dosulsederramavanonordeste,nãosepoderiaperderaricavezdeemprestaros
costumesculturais,quehaviadisposiçãopararecebêlos.Seriaumahumanidade,
uma prestação de serviço de um novo tempo, para a região empobrecida.
Argumentei:  Olha Passo Fundo ergueu um modelo de instituição com muita
dificuldade quepoderáserviràsgentesdaquiassim comoserviuasde lá.Houve
sensibilidade.Nãofiqueinamão.Seavolumavamaspositivascondições.
Segund ooautor,estavaalguémdaUniversidadedePassofundodeviagempara
Brasília,poishaviasidocombinadoumencontroentreorepresentantedaUPF,oministroeo
deputado federal. Assim, “em pouco tempo, veio o resultado positivo. O ministro [Hugo
Napoleão]apoiariaestalivreiniciativacomresultadofin al exclusivoaobene fíciopúblicodo
meu p edaço do sertão [...] As idéias m luz própria”. Segundo  o autor com a vinda do
representante daUPF,aidéiasemultiplicou ,provocandodiscussõesgerais.
Conforme o Prof.AgostinhoBoth(1990,274),“foramesc olhidasasáre aspara
implantaçãodo saber”.João Rocha,a quem elechamouficticiamentedeJo,juntocom
outroscompanheirosforam“[...]vernolocal,oqueeraumataldeinstituição vo ltadaparao
benefíciodeumaregião,ondedonoera,naescritadecartório,acomunidaderepresen tada
pelaPromotoriaPúb licadoEstado[...]’.Continuaramseasdiscuseseospreparativosp ara
aconsolidaç ãodessaidéia,comosepodepercebernanarrativadopro fessor:
De conversa em conversa, foise imitando e, mais que tudo, aperfeiçoando um
modeloconsorciado,quaseummutirão,ondeopoderbliconadamaisfosseque
umvigiadeumaobradecidadãcapacidade.Paraprovarqueaidéianãoestavapara
brinquedo, vieram: aquela que seriaaCoordenadoradapreparaçãodosRecursos
humanos e mais duas pessoas responsáveispelos projetos dos cursos queseriam
implantados, a saber: Agronomia e Pedagogia das Séries Iniciais. As Prefeituras
teriam,nosdoiscursos,especialistas,umcorpotécnicoquedariaconsubstanciado
progressopopular.Assimeraosonho[...].
Fizeramaselãodosparticipantes,enquantosepreparavajánosul,oencaminhar
daautorizaçãodocursodeespecializão.
Observase na narrativa de Both, bem como nos depoimentos, que a UPF
qualificouprofessores paraexerc erem a função na novaUniversidade Comunitária.Dessa
forma, como diz o profess or, “é só levantar uma causa que se eleve acima de partidos e
igrejas,queasgentespõemdeladosuasvestidurasearmaduras”.Comessaspalavras,oque
172
sequisd izeréqueacomunidadeen tendeuqueaquelalutanãoeradeumgrupopolítico,mas
dopovodaregião,demaneiraqueoforammedidosesforçosporpartedessepovoparaa
consolidaçãodessaidéia.Foie noprovidenciadaumareu nocomunitáriaparaaformação
deumaFundão:
No dia da fundação, houve o maior discurso pronunciado sem titubeio. [...] ‘A
vantagem de nossa ão é exuberante, é econômica, é apropriada, demonstra a
elevaçãodeumpovoláondemoraoabandono.[...]Éumaobradifícil.Nopouco
apoio estatal e no muito esforço das gentes, se supre o que definha’. [...] Quem
construiuoSãoJoséeoInstitutoBatistaconstiumafundação.
Oconvencimentofoi,palmoapalmo,atéomomentodasesperadasdoações:nada
ficou de poupança, ninguém deu um pouquinho . Deram até da substancial
herança. Foi a generosidade. Naquele momento, levantouse um moreno, rapaz
esperto,pobre,quepronunciou: Nadapossodarporquenadatenho,douminha
esperança.
Desta forma deuse continuidade à reunião, de maneira que as doações foram
sendo feitas. O diretor do Instituto Batista de acordo com Both (1990, p.276),“jáhavia
conseguidodaMissãoBatis taagenerosaofertade20hectaresdeumasterrasquasedentroda
cidade”.Areuniãocontinu oucomoSr.JoãoRochanomeadocomopresidentep rovisório, 
quesegundooautor,“[...]falou,tomouânimomaisdoqueopossuídoefoirecebendoas
ofertasdabondade,enquantodiziaàsecretária:Escrevaaí![...]confessoqueseapagados
foramosmeusrestantesdias,tenhoumparalevar:esse”.Comessafraseoautordeixabe m
nítidaaimportânciades sesmomentosemsuavida.
Bothdácon tinuidadeasuanarrativaexpressando q ue“osgrandespropósito stêm
seusdias,masasustentaçãod iáriadapromessaésóparaosvalentes.Aspalavrassãofáceis,
masafelicidadecustaumpoucomais”,dessaformaco ntinuadizendoque ,“tinhaseacendido
umlumequees tavanasosdetodos.Houveumaplauso,depé,àbondadeeleitaeaoato
feito. Alguém s e lembrou de uma luz que vem do alto” (BOTH, 1 990, p. 276). Assim,
conformeoautor,
comouoerguimentodaobranaconfrontaçãodasnecessidades.DasPrefeituras,
consistenteapoiodeCorrenteeCristandia.OcursodesGraduaçãoinicioue
avançoucoeso,lanudoeaturmadeprofessorestomousinceroapreçopelosonho
que se alevantava. Cada dia que passava, se tornava mais real o que fora
consideradopossível.
Percebeseoen volvimentoe mocionaldoautorcomessaimplantaçãoaoafirmar
que“[...]sobreasdificuldadeseosméritosdaFund açãocriadaum pou coporminhasmãos”
(BOTH,1990,p.278),concretizaseaimplantaçã odaFundaçãode En sinoSuperiordoSul
173
doPiauí.Depoisd eimp lantadaaFund ação,oautordizque“nofinaldeabrildeixeiCorrente,
poisnadamaispodiafazernoescritórioenosapoiosdaInstituição”(BOTH,p.284).Este
fatoocorreujánoanode1 987 .
Assim, certificase a importân cia do Professor Agostinho Both nesse  enredo.
Comoeleprópriodizemseulivro:“Tambémvouterumapequenapartenestahis tória.Me
orgulhava(sic)porestaraprendendoaen contrarumaverdadeparaasterrasdosuldoPiauí”
(BOTH,1990,p.2 94).
Temseaconstruçãodahistórianavisãodeumdeseusprincipaisprotagonistas:
Agostinho Both, idealizador do sonho, e, c omo ele mesmo escreve em seu livro sobre a
UniversidadedePassoFundo:
Nessecontextodeidéias,podeseafirmarqueohomemregionalsuperouolimite
socialimpostopelaconstruçãohistórica,quedeterminavaqueregiõesperiféricasse
ausentassem do saber e, desta forma, fossem afastadas do poder e de melhores
oportunidadesnaconstruçãodocrescimentohumano(BOTH,1993,p.8)
AidéiadeumaUniversidadeComunitáriaemCorrentetinhacomomodeloaUPF, 
quenasceud eumaFu ndação ,masdiferentementedeCorrente,emPassoFundoexistiam
seis estabelecimentos de ensino superior, que reuniam 18 00 alunos, uma realidade be m
diferentedeCorrente.
Portanto ,deacordocomB oth(1 993,p.27),asentidadesmantenedorasdoensino
sup eriordePassoFundo,aSPU,eoConrcioUniversitárioCatólico,em1967,aprovama
sua transformação numa única Fundação Educacional para a criação da Universidade de
PassoFundo:“[...]foiaprovadaacriaçãodaUniversidadedePassoFund oem0 6dejaneiro
de1968”,seguindo apráticacomumnoBrasil,onde,dauniãodefaculdades,con stituiseuma
universidade.
O s onho d e Corrente  partiu de u m ideal comum entre dois povos (gaúchos e
nordestinos) com lutas e anseios de certa forma parecidos , e realidades, que, mesmo
diferentes,possibilitaramoinícioeaconcretizaçãodessaidéiacomumaambos:aEducação
Superior.
A universidad e comunitária nã o aconteceu, pois Corrente tinha a estrutura
física, mas nenhuma experiência anterior de e ns ino superior, nem atendia as exigências
federais.MasasidéiasdePassoFundoforamsu ficientesparareavivarodesejodeimplantar
essasementedoensinos uperiorepossibilitarabuscadeverbasparaarealizaçãodeuma
estruturanaqualsepodepe rceberainfluênciadaarquite turadosuldo país.Seguem asfotos
174
doCamp usdaUPFeoC ampusdaUniversidadeComunitária(hojeUESPI,quemantéma
mesmaestruturadesuafundação,páginaseguinte).
ILUST RAÇÃO22:CampusdaUniversidadedePassoFundo –UPF.
Fonte:ArquivoPessoaldaautora.
PercebesequeocampusdacidadedeCo rrenteapresentainfluênciasdoestilo
arquitetônico dos prédios do sul do país, construídos paraum clima frio, com otelhado,
segundoosalunos,muitoquenteparaaregiãodoPiauí.Mas oqueesses campirealmentem
em comum é o fato, de ambos nasceram“[...] do esforço e da coragem de um grupo de
pioneirosdainteriorização doensin osuperior”(CARTÃOPOSTALDAUPF).
ILUST RAÇÃO23:CampusdaUniversidadeEstadualdoPiauí –UESPI–estrutura
construídacomoideár iodeumauniversidadecomunitária.
Fonte:ArquivoPessoaldaautora,2005.
175
Concordandoco maspalavrasdeBoth(1993,p.7),“osacontecimentosdeuma
determinada região estão impregnados das tradições cu lturais, das idéias da época e dos
eventosvinculadosàstensõ esnasfon tesdopoder”.Deformaquesepercebetodaumateiade
interrelações para a concretização des sa Universid ade Co munitária, que  apesarde rias
ações, nã o foi possível de ser concluída, que não houve vontade p olíticaporpartedo
GovernoFederal.
Partiuseeno deu ma idéiadeUniversidadeComunitária,emCorrenteparao
“CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO TÉCNICOCIENTÍFICA que entre si celeb raram a
FundaçãoUnive rsidadeFederaldoPiauí FUFPIeaFundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldo
Piauí –FESPI”,noan od e1989,queserátratadoposteriormente.
4.3.2AcriaçãodaFundãodeEnsinoSup eriordoSuldoPiauí–FESPIeosConvênios
realizados:iníciodaimplantaçãodeumauniversidad eemCorrente
Diante de toda uma luta pelo ideal de implantação de uma universidade
comunitária aos moldes da Universidade de Passo Fundo, procurouse o rganizar uma
FundaçãodeEnsinoSuperiorquepossib ilitassee ssesonho.Deaco rdocomasmemóriasde
JoãoRocha,“comodecorrerdotempo,todaapopulaçãosemobilizouparaacriaçãodanossa
universidade. As igrejas (batistas e católicas), os cogios (IBC e o Jo sé), agricultores,
pecuaristas,comerciantes,prefeituras,escritórios,enfimhouveumamobilizaç ãogeral”.
No dia 26 de  fevereiro de 1988, de acordo com a ata da reunião, na Casa da
Cultura, reuniramse, entre ou tras pessoas e instituões, o Dr.João Rocha Mascarenhas,
coordenadordaCo miso,oq ualnarraoocorridonaqueledia:“passamosparaapopulaçã oo
relatóriodaviagemaPassoFundo ediscutimosoaspectojuríd icodainstituãoasercriada”.
AatadasessãoextraordináriaparacriaçãodaFundaçãodeEnsinoSuperiordoSul
doPiauí FESPIcon firmaofatoacima,bemcomoaversãodoProf.Dr.AgostinhoBoth.Na
leituradasataspodemsecomp rovarasdiversasin formaçõescolhidasnosdepoimentos.
Dessa forma, foi possível confirmar a ida da comissão a Passo Fundo, para
conhecerotrabalhorealizadoporláetambémanalisaraspossibilidadesdeimplantaçãodo
mesmo trabalhoe mCorrente.Talcomissã oconstituíaseporDr.JoRoch aMascarenhas,
176
Pe.RaimundoDiasde Negreiros,Dr.HamiltonPachecoCavalcanteJúnio r,SilviaParanaguá
OlivereMisaelCavalcanteGuerra.ForamaconvitedoministrodaEducação.Segundoas
informações, voltaram encantados e convencidos  da necessidade de realizarem aquele
trabalhotambémemCorrente,deformaquecadaumexpressousuaopiniãoduranteareunião
sup racitada.
Confirmamse também os dep oimentos e os escritos do livro do professor 
AgostinhoBothnaatadeinstituiçãodaFundaçã odeEnsinoSup eriordoSuldoPiauí FESP.
Segund oamesma,todossemanifestamafavordaFundação.Oprefeitodacidadecolocaseà
disposição decolaborarnãosócomos5%obrigatóriosporlei.
Naoportunidade,asp essoaspresentesin iciamumdebateesepropõemafazer
doõesparaaconstruçãodauniversidade.Segundoosparticipantes,essemomentofoide
grandeemoção.SegueumtrechotranscritodaatadeinstituãodaFundão(29/03/88):
Dr.HélioFonsecaNogueiraParanaguá,emocionadodeuseuap oioefezaseguinte
doação:dez(10)bezerrosPOdurante10(dez)anos,podendoseracrescidodemais
um(01),bezerrop oranosomandoassimmaisdezbezerros,equecomodiretordo
InstitutoareferidaInstituiçãoestariapresenteajudandocomoprédio,oficinaeque
após uma reunião [...] teria certeza do que o Instituto daria a FESPI
(TRANSCRIÇÃODAATADESESOEXTRAORDINARIAPARACRIAÇÃO
DAFESPI).
Areunoprosseguecommuitasdoaçõesporpartedas pessoas,finalizandocom
“uma salva de p almas para a FESPI. Assim, continuase buscando  nos documentos a
confirmação dos depoimentos para a reconstitu ição dessa história. Observandose a
documentaçãoexistente,como,porexemplo ,acertidãoemitidapelaPrefeituraMunicipalde
Corre nte,de07deabrilde1988,n elasedeclaraserde “[...]utilidadepúblicaMunicipala
FUNDAÇÃODEENSINOSUPERIORDOSULDOPIAUÍ(FESPI)”(LEINº093,1988),
juntamentecomaleiEstad ualLeinº.4.418/810/1 991emseuart.1º.
ConformedocumentaçãodaimplantaçãodaFESPI,comoataeopróprioes tatuto,
a FESPI tem por objetivo manter o Centro de Ensino Superior do Vale do Paraim
(CESPARAIM),comsedenacidaded eCorrente,c ompreendendoumaInstituãodeEnsino
Superior,pesquisaeextenodecarátercomunitá riovoltadaparaasoluçãodeproblemas
regionaisde naturezatécnicocientífica,ecomica,socialecultural.
Com a Fundação organizada, foi providenciada, junto ao Minisrio, a
viabilizaçãodaconstruçãodeumaestruturafísica.ComdoisfilhosdoPiauíàfrentedopoder 
federal,tornousepossívellibe rarverbasquepropiciaramaconstruçãodeprédios,comprad e
materialparalaboratórioagrícola(consideradoatéhojeumdosmelhoresdoPiauí),acervode
177
livros,oquesepodeconstatarnafaladoDr.JesualdoCavalc anteBarros,naépocadeputado
federal:
[...]sjáestávamoscomtudoestruturado,istoé,oprédioconstruídocomumaáreadetrês
milmetrosedevidamentemobiliadoetambémtodoocorpodocente,ofuturocorpodocentejá
qualificado com o curso de Especializão em Ensino Superior, Metodologia do Ensino
Superior.Avançamosmuito,oazarquenóstivemosfoijustamenteapreocupaçãodogoverno
deevitaraproliferaçãodeescolasnointerior,entãooItamarFranco...houveumasuspeiçãoda
concessão de novas autorizões e s ficamos com tudo pronto, bibliotecas estruturadas,
lab oratórios instalados sem condições de obter autorização para realizarmos o primeiro
vestibular(DR.JESUALDOCAVALCANTI).
De acordo com os depoimentos, foi realizado um convê nio para viabiliz ar a
implantação de uma universidade pública em Corren te, visto que não havia mais a
pos sibilid ade de uma universidade comunitária. Percebemse as teias de relações que
propiciamosacontecimentos, fic ando,decertaforma,acomunidadedependend odavontade
políticaparaqueseusdireitossejamconcretizados .
Comotodoproces so,aEducaçã oSuperioremCorrente,vaiaospoucosganhando
seue spaço,constituindosedefato.Dandocontinuidadeaoprocesso,realizouseumconvênio
quefoichamadodeCONVÊNIODECOOPERAÇÃOTÉCNICOCIENTÍFICA.
Esse con vêniofoicelebradoentreaFundaçãoUniversidadeFederaldoPiauí–
FUFPIe aFundaçãodeEnsinoSuperiordoSu ldoPiauíFESPI,noanode19 89.AFUFPI
foi,nesseato,repre sentadapeloseureitor,Prof.AnfrísioNeto LobãoCasteloBranco,sendoa
FESP Irepresentadanoatopeloseupresidente,Prof.JoRochaMascarenhas,residenteem
Corre ntePI.
Deacordocomacópiadoconnio,esteobteveoapoiodaSecretariaEducação
SuperiordoMEC,daFundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldoPiauí,instituiçãodecaráte r
comunitário implantadana cidadedeCorrente,doCentrodeEnsinoSuperiordoValedo
Paraim,comoobjetivodeoferecercursosdegraduaçãonasáreasdeAgronomia,Pe dagogiae
Administraçã o “[...]considerando a recomendação que a SecretariadaEdu caçãoSuperior
MEC fez à Fundação Universidade Federal d o Piauí, no sentido de apoiar a in iciativa”.
Resolvemfirmaresseconvênio,cujacláusulaprimeiratemporobjetivoacooperaçãocnico
científica entre a FUFPIea FESPI,com vistasaimplantarefazerfuncionaro Centrode
EnsinoSuperiordoValedoParaimnacidadedeCorrentePI.
OConvêniofoiaprovadope loConselhoDiretordaFundação,emreunonodia
09/08/89,segundoaResoluçãonº.076/89,de17deagostode1989,que“Aprovaotermode
ConvênioentreaFUFPIeaFESPI”.Assim,foidadooprimeiropassoparaaconcretização
178
deumaEducaçãoSuperioremCorrente.Percebesequequantoàvigênc ia,“Esteconvênio
entraemvigornadatadesuaassinaturaevigorarápeloprazode03(três)ano s”.
Desta forma temse a FUFPI, o Governo do Estado, SEE, FADEP e FESPI,
representados pelos seus titulares, Professor Charles Carvalho Camillo da Silveira,
GovernadorAntoniodeAlmendraFreitasNeto,SecretárioÁtilaFreitasLira,Profe ssorAlmir
BittencourtdaSilvae ProfessorJoRochaMascarenhas,quecelebramentresioconnio
nos termosdalegislaçãopertinente,conso antecomsuasatribuõese encargos.
Em 199 1,érealizadoumnovoconnioentreFundaçãoUniversidadeFederaldo
Piauí–FUFPI;FundaçãodeAp oioao DesenvolvimentodaEducaçãodoPiauí–FADEP;o
GovernodoEstadodo PiauíSecretariaE stadualdeEducaçãoSEE;Fundaçã odeEnsino
SuperiordoSuldoPiauíFESPI,p araarealizaçãodeConcursoVestibulareoferecimento
dos cursosdePedagogiaeAgro nomia,n o municípiodeCorrentePI,realizadoemjaneirode
1992 ,namesmadatadocampusdeT eres ina.
Observase que a FADEP, cumprindo com o que foi acordado em Convênio
SEEDFADEP/FUFPI/FESPI,promoveoprimeiroconcursop úblico,deacordocomoEdital
nº001/93,tornandopúblicasascondiçõesp araaseleçãodeprofessorauxiliar,portempo
determinado, para ministrar aulas nos cursos de Agronomia e Pedagogia da Fundação de
Ensino Superior do Sul do Piauí  FESPI, em CorrentePI (CONVÊNIO: SEED
FADEPFUFPI/FESPI).
Conformeoconnio,realizouseop rimeiroVestibularnomun icípiodeCo rrente,
emjaneirode 1992,namesmad atadorealizadonocampusde Teres ina.Oscandidatosque
fossemselecio nadosn ovestibularteriamseuingressoapartirdemarçode1992eagostodo
mesmo ano,deacordocomoparâmetroclassificatório,demaneiraqueas60vagasoferecidas
paraocursodePedagogiaseriamdivididasentre març oeagosto(30paracadasemestre).Da
mesmaforma,oCursodeAgronomia,com50vagas,preenc heria25emmarçode 1992e25
emagosto.
Cinqüentaporcento(50%)dasvagasdestinadasaocursodePedagogiaseriam
preferencialmente para professores da Rede blica Estadual e Municip al. Quanto à
gratuidadedoscursos,conformeacláusulaquarta,“se rãopúblicose gratuitos,deacordocom
osdaFUFPI”.
Paracoordenaro scursossuperio res,aUniversidadeFederaldoPiauí,napessoado
vicereitor,noexercíciodareitoria,nomeiaoProf.Jo RochaMascarenhas,nodia20de
janeirode1992,deacordocomoAto/1992.
179
Sob a coordenação do Prof. J oão Rocha, é realizado o primeiro vestibular de
Corre nte.Posteriormente,em1 993,eleénomeado paraexerceroCargodediretordocampus
avançado“Deputado JesualdoCavalcanti”, daUniversidadeEstadual doPiauíUESPI,e m
Corre nte–PI.Suano meaçãoocorreuem08deoutubrode1993,ass umindoeleadireçãoda
ESPIedaUESPI.
Assim,p ercebeseque,em1993,umafastamentototaldaUFPIdoprocesso,
por não ter ocorrido uma renovação do convênio. Os motivos pelos quais não houve
contin uidadeporpartedaUniversid adeFederalforamosmaisdiversospossíveis.Segund oo
atual Diretor do Campus de Corrente, professor Carlos Omar havia na época um
descontentamento por parte dos alunos d a UFPI em relação a esse convênio, pois eles
acreditavamque haveriaumprejuízoparaocampusdeTeresina,comosepodeperce berna
faladoprofessor:
[...] com o convenio feito com a Universidade Federal para a realização dos dois primeiros
cursosdeensinosuperioraquiemCorrente,queforamoscursosdeAgronomiaeocursode
Pedagogia.DepoisdesseconvêniofoiumapressãodacomunidadeuniversiriadaFUFPIem
Teresina,queenxergavacommausolhosesseconvênio,pelofato daUniversidadeFederalnão
estarse dando bem em Teresina, querdizer, tem muitas deficiências,então elesenxergavam
issocomovocêtirarumpoucodequemnãotemnada.Entãoeuparticipeicomolíderestudantil
daU ESPI,acomp anheiamobilizãodosestudantesedosprofessoresem Teresinacontraesse
processodeconvêniodaUniversidadeFederalcomaFESPIaquiemCorrente(aviabilizão
desses cursos). Posteriormente, isso foi feito com o convênio entre U niversidade Estadual,
FESPI e U niversidade Federal, que viabilizou a conclusão dessas duas turmas (PROF.
CARLOSOMAR).
Assim, temse uma visão mais externa do processo, o olhar da comunidade
estudantil da ép oca quanto a esse convênio, percebeuse que a administração da FUFPI
recebeupresoparaqueelenãotivesse continuidade.NavisãodoprofessorCharlesCamilo
daSilveira(MagníficoreitordaUFPInaépocadoconvênio),
OconvêniofoiobjetodeumaãoqueanteriormentedirigiaacriaçãodeumCampusemCorrente.
s tivemos várias ações de reitores anteriores a mim, que buscavam implantarao expandiras
õ es da Universidade Federal do Piauí um p rocesso de interiorização. Especificamente com
relãoaCorrente,houveumaaçãodoagentepolíticoJesualdoCavalcantenosentidodequefosse
levado para aquela cidade um curso superior. Foi criada uma Fundação comunitária visando a
administraçãodeensinodeterceirograu,foramfeitososcontatoscomoMinistériodaEducação
governodoEstadoeUniversidadeFederaldoPiauí.AformadeatuaçãodaUniversidadeFederal
doPiauíserestringia,nocasoespecífico,ofertarasvagasparaqueoscursosfossemministrados,
dois: que houvesse a intermediação tambémdo governodo Estadoetrês:os recursosexistentes
comoespaçoseinstrumentalparaministraçãodoscursospelaFESPI.
Esse convênio foi efetivado, os cursos aconteceram. Ao final da p rimeiraturma de Pedagogia e
Agronomia, houve uma tentativa de continuação do convênio e o Conselho Universitário da
Universidadedeliberoupelamaioriadeseusmembrosdequenãodeveriahaverarenovação,uma
vez que se caracterizava naquele momento a impossibilidade da administração de um Ensino
180
Superiordequalidade,porfaltaprincipalmentedeprofessoresqualificadosparaadministraremas
aulas.
A Universidade Federal... o papel dela era de ofertar as vagas, possibilitar a chancela de um
diploma.Eseverificou,naexecuçãodoprojeto,aimpossibilidadedequenósmantivéssemospor
tempoindeterminado.Essafoiagrandediscussão:nósvamosrenovarosprogramasounãovamos
renovar? O Conselho da Universidade deliberou pela não renovação dos programas pela
impossibilidadedeumensinode qualidade(DR.CHARLESCAMILODASILVEIRA).
PercebesenafaladoprofessorDr.CharlesCamilodaSilveiraqueforamváriosos
fatores internos eexternosque levarama Universidade Federalanãomanteroconvênio,
inclusive algumas d ificuldades ad ministrativas que poderiam comprometer a qualidade
desejada,levand oo colegiadoaoptarpelanãorenovaçãodoconnio.
PercebesequeaUniversidade Estadualvemparticipandodoprocessodesdeo
início,comoFundaçãodeApoioaoDesenvolvimentodaEducaçãodoPiauí–FADEP,ao
assinarcon vêniocomaFUFPI,oGovernodoEstado,aSEEeaFESPI,paraarealizaçãodo
Concurso Ve stibular e o oferecimento do s Cursos de Pedagogia e Agronomia, surgindo
novamente,jácomoUESPI –UniversidadeEstadualdoPiauí,nointu itodesupriraausência
daFUFPInoprocesso.Assim,noanode1993,écelebradoumconvênioentre oGovernode
EstadodoPiauí,aSecretariadaEducaçãoeaUniversidade EstadualdoPiauí UESPI,deum
lado, e, do outro lado a Fundão de Ensino Superior do Sul do Piauí – FESPI, para
func ionamentodoCampusAvançadodeCorrente,nasinstalaçõesfísicasdaFESPI.Apartir
desseato,temseaUESPIassumindoefetivamenteaquelecampus.
OGovernodoEstadodoPiauí,aSecretariadaEducaçãoeaUniversidadeEstadual
doPiauíUESPI,deumlado,e,deoutroladoaFundaçãodeEnsinoSuperiordo
SuldoPiauí–FESPI,ostrêsprimeiroscomsedeemT eresina –P iauí,representados
pelos seus titulares – Governador Antonio de Almendra Freitas Neto, Secretário
Átila Freitas Lira, Reitor Almir Bittencourt da Silva e Presidente João Rocha
Mascarenhas,celebramentresiopresenteconvênio[...](CONVÊNIO,199 3)
Portanto ,comoobjetivodefazerfuncionaroCampus AvançadodeCorrente,a
UESPIfirmaoconnio,cujoprazoédedoisanos,comcompetênciaparaministraroscursos
de Pedagogia e de Agronomia em caráter público e gratuito e outros cursos que julgar
adequados.Nacusulaquinta,forammantidostodosostermosdoconvênioanterior,coma
UniversidadeFederaldoPiauí.Consolid aseaEducaçãoSu perioremCorrente.Finalmente
umacertezadeumaEducaçãoSuperior!NessemomentotemseocampusdaUniversidad e
Estadualdandoin ícioaoprocessodeinteriorização,comesse“pontapéinic ial”,quefoio
181
convêniocomCorrente(palavrasdoreitor,Prof.AlmirBittencourtementrevista).Procurase
umaabord agemsobreoCampusdaUESPIemCorrentenopróximoitem.
4.4OCampusdaUESPI emCorrente:efetivaçãodaEducaçãoPúblicaSuperior
QuandoaUESPIentrouemCorrenteexistiatodaumae struturafísicamontada
paraumaun iversidade,comofoide monstradoanteriormente.Assim,obse rvasequeo
houveinvestime ntossignificativosnaestruturafísicadaUESPIduranteesseperíodo,talvez
peloimpasseexisten tequantoaofatodessae struturaserapenascedidaparaessecampus,
comosepodeobservaremdocumentosedepoimentos.
Observasetambémque, nesseperíodode1993,oCentrodeEnsinoSuperiordo
Piauí–CESP(autorizad opeloDecretoFederalnº.91.851,de30deoutubrode1985),que
tinhacomoentidademantenedoraaFundaçãodeApoioaoDesenvolvime ntod aEducaçãodo
EstadodoPiauí–FADEP,criadapeloDecretoEstadualnº.6.096,de 22denovembrode
1984 , foi transformado em Universidade Estadual do PiauíUESPI, através do Decreto
Estadualdenº.8.788,de29 denovembro de1992.Dessaforma,quandoac onteceuoprimeiro
vestib ulardaUESPIemCorrente,essauniversidadeaindaencontravasecomseuprocessode
autorização tramitando no Ministério da Educação (MANUAL DO ALUNO
FADEP/UESPI/1993).
O primeiro vestibular da UESPI em Co rrente realizase de acordo com a
RESOLUÇÃO CSEPE Nº. 03/93 que aprova o EDITAL Nº. 001/93. Expõese a seguir a
visãodaquelesqueadministraramocampusdeCorrente,doprimeirodireto raoatual,para
umamelhorconstruçãodesseprocesso.OProf.Dr.JoãoRochaMascarenhas(fotoabaixo),
expõesuavisão:
182
ILUST RAÇÃO24:Fotodoprimeirodiretor(UFPIe
UESPI):Dr.JoãoRochaMascar enhas
Fonte:acervoProf. Etelvino,2005
A Universidade Estadual do Piauí participa do processo desde o início. P rimeiro quando a
Universidade, ou quando s oferecemos o primeiro vestibular, este vestibular era para que se
formassemalunosdaUniversidadeFederaldoPiauíeoconvênioestabeleciaqueaFESPI,anossa
Instituição ou aInstituiçãorecémcriadaentrassecomtodaasuaestrutura,salasdeaulaprontas,
lab oratóriosprontos,bibliotecapronta,todaumaestruturaparaaulaspráticasestavamconcluídas,
ouseja,ocampusestavapronto.EntãoessaeraaparticipaçãodaFESPI.AUniversidadeFederal
entrava como representante, ou emprestando seu nome para os alunos que aqui se formassem
fossem alunos da Federal, e a Universidade Estadual, naquela época FADEP, ela participou do
processonosdandoosprofessores,osprofessoresquesnhamosemCorrente,queministravam
aulaspara os cursos de Agronomiae Pedagogia eramprofessoresdaUniversidadeEstadual do
Piauí,entãoessefoioprimeiroconvênioquesmontamos.Assimquefoioferecidooprimeiro
vestibularem1992,aUniversidadeFederalachouporbemquehaviadadootoqueinicial,havia
lançadoaidéia,masqueotinhacondiçãofinanceiraparamanteraquelaestruturaemCorrentee
foiaíquespartimosparaumasegundafaseequenessafaseaUESPIcriavaoseucampus,ou
seja,ocampus‘JesualdoCavalcante’,efoicriadoatravésdeDecretoFederaldodia25defevereiro
de 93 e o Campus instalado no dia 21 de setembro do mesmo ano, ou seja, de 93. Com o
afastamento da UniversidadeFederal,aUniversidadeEstadual assumiudefinitivamenteoscursos
dePedagogiaeAgronomiadeCorrente,ficandooconvênioapenasFESPI/UESPI,comocontinua
atéhoje.Naquela época,quandonóspartimosparaessabuscadoensinopúblico,quenaverdade,a
universidadecomunitária,síamoscobrar,elateriaquecobrarumataxadoalunoparasemanter,
entãossentimosqueasdificuldadesfinanceirasdasfamíliasdaregiãoparalevarseus filhospara
universidade era muito difíceis. Hoje s tiramos pela presença dos Cerrados aqui, que é uma
Universidadeparticularetemdificuldadesdeinadimplência.EntãofoiaíaondeoEnsinoPúblico
entroudefinitivamentenaRegião,inicialmenteFESPI/FUFPI/FADEPeposteriormente,comoaté
hoje,aFESPIeaUESPI(PROFESSORJOÃ OROCHAMASCARNHAS).
Dialogamse lembranças e expe riências vividas , re ssignificando o  passado no
espaço/tempopresente(DEJESUS,2003),percebidosnafaladoprofesso r:
QuandofoicriadoocampusdaUESPIemCorrente,eufuinomeadopeloGovernadordoEstadoo
seuDiretor.Nestaépoca,nósacumulávamosafunçãodediretorpresidentedaFESPI,quesomos
até hoje e diretor do campus, até para facilitar para s não termos duas estruturas jurídicas
funcionando dentrode uma base sica só. Então s ficamos na direçãodo campus e facilitava
pelofatode tambémsermos, comodissemos,presidentedaFundação.E staFundaçãoqueexistia
naépoca,senãomeengano,eram12salasdeaulaeeuquerodizerquenaquelaoportunidadenós
nhamos ociosidade de salas, hoje não, hoje as salas não atendem á demanda, s temos
dificuldade, tem períodos que nó s temos que deslocar os alunos de uma determinada sala para
atender,oufazertodoummecanismoparaquenãofiqueumesperandoqueooutrosaiaparapoder
entrar,entãohojeaestruturaépeq uenaparaoscursosquesãooferecidos.Masnaquelaépocas
nhamos uma disponibilidade de salas muito grande. Quando nós adquirimos o nosso acervo
bibliográfico, ou q uando s montamos a biblioteca, s tínhamos naquela época cinco mil
volumespara apenas dois cursos,issoeramuitacoisa,snhamosdoistratores,nó s tínhamos
plantadeiras,stínhamosarado,gradearadora,stínhamostodaumaestruturademecanizão
agrícolaparaatendermuitobemocursodeAgronomia.Etínhamoslaboratórios,esseslaboratórios
équeeram“avedete”destecursodeAgronomia.P orqueeumerecordoque,em1992,quando
funcionouaprimeiraturmadeAgronomia[...]masnaépocanóstínhamosumequipamentoqueera
umespectmetrodeabsorçãoatômica,entendeu?[...]Nósnaépocajá sabíamos...queissoaqui,o
cerrado, porque a última fronteira agrícola do Ps estava exatamente no sul do Piauí e s já
imaginávamosessaexploraçãodocerradoaquinaregiãocomoestáacontecendohoje.Entãonósjá
preparamosolaboratóriodeanálisedesoloparaatenderademandadoscerrados.[...]nóstínhamos
naquelaépocatodaumaestruturadelaboratórioparafuncionarmuitobemalémdeatenderaparte
183
pedagógica,ouseja,onossoaluno.AtenderademandadetodaessaregiãodeBomJesuspracá.
Esseequipamento,quenósdissemos,noEstado,tinhaapenasdois,umdaUniversidadeFederal,do
lab oratório de solos da Universidade Federal, e o outro da FESPI em Corrente, o do curso de
Agronomia em Corrente, então uma estrutura muito pesada, essa estrutura hoje continua
funcionando.Issoébomqueagentecoloqueparaqueopoderblicotenhaconhecimento,seja
levadoaopoderpúblicoparaquesejafeitoummelhoraproveitamentodoqueexisteemCorrentee
queopoderblicoseinteressemaisporissoaqui,porqueéissoquenósprecisamos,éissoque
nós queremos. É que o nosso ensino se torne de qualidade pela estrutura que s temos aqui
(PROFESSORJOÃOROCHAMASCARNHAS).
AUE SPIfuncionounesseperíodona“modalidadedemulticampiinstaladosem
Teresina,Floriano,Picos,ParnaíbaeCorrenteparaoferecercursosdegrad uãonasáreas
fundamentais do conhecimen to humano e té cnicopro fissional” (MANUAL DO ALUNO
FADEP/UESPI/1993,1992,p.6).Mas,ninguémmelhorqueoprofessorJoãoRochapara
contaressahistória,vivenciadaporele.Sendo assim,deixousenaíntegraoseudepoime nto,
colocandoo para análise direta do leitor, possibilitando se confirmarem as p alavras do
protagonistacomasfontesdocumentais.Observasequeoprofessorfaladoexcelenteacervo
quen a épocae rasomenteparadoisc ursos.AUESPI até hojecontinuaco messemesmo
acervo, mas, a área onde  ele fica está mais reduzida, podendo se r observada na foto
(IL USTRAÇÃO15).
Segund o o Prof.AgostinhoBoth,foipormeiodaamizadepositivadeJoãoR ocha
comoreitordaUniversidadequeesseconniofoiposs ível.E quandosetratadetersido
uma u niversidade pública e não uma comunitária, o Prof. Agostinho , em sua entrevista
realizadaportelefone,informaque,graçasaocarinhoeboavontadedoProf.JoãoRochapelo
povodeCo rrente,elebuscouumensinopúblico.
Apósamudanç adegoverno,oprofessorJoãoRochadeixaocargodedire torda
UESPI, continuando, no entanto, presidente da FESPI, ficand o praticamente duas
administraçõesconjuntas,p orémdeideologiasdiferentes.
Comosepodeperceber,aUESPItevesuaprimeiraeleãoparareitorem2 005,
sendo seus d iretore s nomeados pelo grupo político local, de maneira que, mu dando o
Governo, mudava (e ainda mu da) toda a administraçã o da Universidade e de todas as
instituiçõespúblicasestaduaisdacidade.
Assim, em 1 995,toma posse o Governador Francisco de Assis Moraes Souza,
conhecidocomooSanta,que,porsuavez,nomeiaoProf.nathasdeBarrosNunescomo
reitordaUESPI.Atendendoaogrupopolítico,aUESPIdeCorrentepassaparaadire çãoda
Profª.NehandearaNazira Nogue ira Guerra. Expõese a foto daexdiretoradoCampus de
Corre nteeoolhardessanovaadministração:
184
ILUST RAÇÃO 25: Foto – Profª. Nehandeara
NaziraN.Guerra 2ªdiretoradaUESPIcampus
deCorrente.
Fonte:acervodaprofessora.
Bem, é sabido que havia um convênio entre a UFPI, que era a Universidade Federal. UESPI e
FESPI,queseriaaFundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldoPiauí.Esseconvênionosproporcionou
o primeiro vestibular p romovido pela Universidade Federal. Ingressaram duas turmas: uma de
PedagogiaeumadeAgronomia;depoisesseconvêniofoirompidoeficouamantenedoraUESPIe
aindaumaparceriaUESPI/FESPI,sendoque aUESPIseriaaresponsávelpelaestruturafísicae
pagamento de professores. Foi que fomos indicada para a direção do campus, nomeada pela
portarian°0087,de19dejaneirode1995eficandonocargoaproximadamentedoisanos.
E...apenasasduasturmasprimeirasforamdiplomadaspelaFederal emantidaspelaEstadual.A
primeiraturmadiplomadapelaEstadualfoiade1997[...]equetambémmelegaramoprivilégio
desermadrinha,oficiandoaauladasaudadedessaturma.Entãoinicialmentesobreesseconvênio
seriabasicamenteisso(PRO.NEHANDEARA).
A professora confirma o que foi ob servado nesta pesquisa por meio de
documentosedepoimentosorais.Continuandosuafala,elacontaasuaexperiênciaenquanto
diretoradocampus.
Bem, em primeiro lugar, vamos falar da experiência como diretora e, como todos sabem, s
enfrentamosmuitosproblemasdeordemadministrativa,pelofatodesermoscampusenãotermos
autonomia, e a distância da sede, tanto geográfica como burocráticoadministrativa e também
financeiranosdavaessamargemdifícil deenfrentar.
Quantoàestruturafísicadocampuséboa...Aindanosabrigaenaépocanósfazíamosfuncionaros
lab oratóriosquetêmumaboaestruturaefuncionavacomalgumasdificuldadesélógico,quantoa
equipamentoequantoàodeobraqualificadaqueeranimaearespeitodo corpodocente,
aindacontamoscomamaioriadeles,todosselecionadosp orconcursoeamaioriahojeespecialista
emestreeumagrandepartefeitapelaUESPI,elaédegrandeimportânciananossacomunidade.
Em umoutroolhardadiretora,elademonstrasuasd ificuldadesemrelaçãoaos
problemas administrativos, pois o campus universitário estava em s eu início, ainda
185
consolidando secomotal.Aseguirtemseavisãodaprofessora(nãomaiscomogestorae
simc omodocente),demonstrandoseussentimentosemrelaçãoàinstituiç ão:
sestamosaí,aUESPIemCorrentetemsidodegrandevalianãosópranossacomunidadecomo
tambémtematingidoumagrandepartedaBahia,Maranhão,todooPiauíeatéosuldopaís,haja
vista a demanda desses atraídos principalmente pela agricultura. Então pessoas que não tinha
perspectivade ter um curso superior por causadeoportunidades,condiçõesfinanceiraseoutros
fatores, estão agora qualificadas graças a UESPI. E, como professora, sintome gratificada com
isso,p oiséanossacompensação.Eàsvezeseucostumodizeratéhoje,quesoususpeitaprafalar
principalmentedocursode PedagogiaemCorrente, pois euconsideroumdosmelhorescursosque
aUESP Item,nãosóemníveldecampus,masemníveldeuniversidade.
[...]Eugostariadefalaremparticularminhaexperiênciacomoprofessoranessainstituição.Nãosó
nessainstituição,masjátemalgumtempoqueagenteministraaulasouestánomagistério,porque
fizocursopedagógicoaquimesmonacidadedeCorrente,ouMagistériooucursoNormalcomo
era chamado na época,não que eu seja o velha,mas (risos), então depois eu me licencieiem
PedagogiacomhabilitaçãoemMagisrio,orientaçãoesupervisãoescolarporquetinhaascadeiras
distintas, em 88 e Bacharelado em Direito em 89 pelo Estado de Pernambuco. Voltamos p ra
CorrenteeingressamosnaUESPIporconcursoemaisprecisamentenacadeiradeFilosofia,em24
de agosto de 1992, então há quase 13 anos. Ministrando aulas, portanto de Filosofia em toda
extensãodadisciplina,Psicologiaeoutras,meespecializeiemEducaçãopelaUESPI,Metodologia
doEnsinoSuperioreexerciporduasvezesocargodeassessoracnicadessecampusehojeestou
cedidaparaocursodeDireitoondeexerçoafunçãodecoordenadoraeprofessoratambémdesse
curso(PROFª.NEHANDEARANAZIRANOGUEIRAGUERRA).
Observasequeosprofessores(as)deummodogeraladministramaulasemáreas
diversas, como conseq üência da carência de mão de obra (pro fessores qualificados), e
tambémdeumapolíticadegovernoqueabrevagasparaprofessoressubstitutossem vínculo
com a Universidade. A falta de concursos p úblicos para seleção de profes sores efetivos
provoca uma situão difícil para os poucos professores q ue se sobrecarregam em suas
atividades.Dandocontinuidade,aprofessorafalasobreaimportânciadaUESPI.
Emsetratandodaqualidadesocialquea UESPItemnacomunidade,como jádissemos,nãosó
nossacomunidade,masemumraiodemaisde2milquilômetros,elaéaúnicaquenosservee...a
procuradessaUniversidade,nessecampus,maisprecisamentequeéondeagentetemaintençãode
lá, onde a gente trabalha há 13 anos, é grandiosa, pelo fato da necessidade que temos de
qualificãodeprofessores,tantomunicipalcomoestadualcomocomunitária.Elatemsidoassim...
a única porta ou a porta maislarga de ingresso dessas pessoas e a gente tem conscncia dessa
importância, daí não só pelo fato da distância com nossa sede, mas a gente costuma ser bem
indep endente quanto a isso; os professores são comprometidos, sabemdessa conscncia, sabem
dessa importância, os alunos cada vez mais procuram,pra ter uma idéia,o último vestibulardo
cursodeDireito,queéoquehojesestamoscoordenando,deumaisde9 candidatosporuma
vaga.Éumapenaqueessevestibularnãoretornou,agentetemapenas2turmas.Masocursode
Pedagogia com rodízio do Normal Superior não foi tão aceito o NormalSuperior como é o de
Pedagogia, pela grade curricular, pela oportunidade, pela q uestão de emprego gerado na
comunidade e, essas turmas que ingressaram no Normal Superior hoje fazem complemento em
PedagogiaeovestibularatualfoifeitoparaPedagogia,nãomaisoNormalSuperior.Estemos
maisde11cursosabrigadosnessecampus,entreoperíodoespecialeoperíodoregular.
NoPeríodoRegular,stemosDireito,nóstemosPedagogia,nóstemosZootecnia,Agronomiae
Biologia. E, no Período Especial, s temos além desses, com exceção de Zootecnia, temos
Matemática, temos Ciência Informática, temos Biologia, Química, Física, Pedagogia também,
186
Historia,Geografia,todosnaparteesp ecificaetemfuncionadocompessoasdaquidacomunidade,
formadospelaUESP I,especialistaspelaUESPI, campus de Corrente,ondeagenteestátendo
periodicamente, após terminando as pósgraduações outras especializões, hoje na área e a
procuradealunosconcludentesdeimediatoeaquelesqueconcluíramháalgumtempo.
Entãonósestamosbuscandoessaqualificaçãosempreprapoderconcorrernomercadodetrabalho.
Como uma das pioneiras nessa casa, s temos a satisfão de termos como colegas, como
coordenadores,comochefesdedepartamentososnossosexalunos.
Eprafinalizar,tambémnãoétudo!Agentesabequenãoétudoàsmilmaravilhas!Ea genteainda
temaolongodessesanosenfrentadomuitasdificuldades,nãodápragenteesconder.Porexemplo:
acervosbibliográficos, que éescasso,ejáestáhámuitotempo,desdeafundaçãodessaescolae
precisamos dessa renovação, precisamos de doação e de pessoas qualificadas pra trabalhar em
outros departamentos, não na biblioteca, mas laboratórios. Também o mero de salas está
reduzidopelaquantidadedealunos,comoagentefalouanteriormente,sãomuitos,sãomuitosos
cursos,eporcontadagreveexistentetambémsestamosadentrandoperíodoaperíodoeondea
gentevêapartetambémdoperíododeférias,dopessoalregular,quedeveriasercedidoparaode
regimeespecialeagenteestáadentrandoesseespaço.
Entãoassalasesoreduzidaspraquantidadedepessoas.Enó stemostido,aolongodesse tempo,
heróis,malabaristas,equilibristas,artistasdetodo gêneroparamantêloporcontadaconsciência
que temosdessagrandeimportânciaqueo campusdaUESPIemCorrenteépras.Eanossa
esperança é que possa melhorarequeaspessoasquemaconsciênciadisso também,quetêm
autonomia,quetêmautoridadeequepossalutarjuntoconoscoparamelhoriadesseCampus.s
estamosaí,aguardando[...](PRO..NEHANDEARANAZIRAN.GUERRA).
Percebese,nafaladae xdiretoraeatualprofessoraecoordenadoradoCursode
Direito,que éde relenciaqueocampuspe rmana,co mofertadecursos,masháuma
grandenecessidadedequeseinvistaemmateriaiseemmãodeobra,éurgenteanecessidade
deconcu rsos.Assim,comodisseaprofes soraNehande ara,elapermaneceusomentepordois
anos, e, como se percebe em sua fala, os problemas administrativos foram de grande
influênciaparaqueelapusesse ocargoàdisposiçãodoreitor,po isaUESPIem Correntetem
atéhojepraticamenteduas administrações.De ummodogeralapesardosco nflitos,queo
inerentes,elaschegamsempreaumconsenso.Po rtanto,apósages tãod aProfª.Nehandeara
NaziraNo gueiraGuerra,temseàfrentedaUESPIoProf.CarlosAlbertoRochadeAraújo
Nogueira(fotoabaixo):
187
ILUST RAÇÃO26:Prof.CarlosAlbertoRocha
de Araújo Nogueira. Diretor Administra tivo da
UESPI–campiCorrentePI.
Fonte:acervododepoente,2006.
TranscreveseaentrevistarealizadaemCorren te(2004),paraumamelhoranálise
dessemomento.InicialmenteoprofessorfalouumpoucocomoelechegouàUnive rsidadee
também,emumsegundomomento,abordouaexpansãodaUESPI,queocorreuco mgrande
intensidad eemsuaadministração:
Chegamos na Universidade para dar aula em ab ril de1996, e, estando dando aula, fomos
convidados a participar da direção [...] a Universidade expandiu, havia essas turmas de
Agronomia e Pedagogia, poucas turmas, e depois houve uma expansão muito maior da
universidade.ForamcriadoscursosdeBiologia,criadocursodeZootecnia,criadocursodeDireito,
isso nos períodos regulares. E, nos p eríodos especiais, vários cursos também foram criados:
LaboratóriodeInformática,noperíododoProfJonathas,evárioscursospraatenderanecessidade
tambémdasprefeiturasedaregiãocomoumtodo(PROF.CARLOSALBERTOR. DEARAÚJO
NOGUEIRA).
Observase q ue o período da administração do Prof. Carlos Alberto Rocha d e
AraújoNogueirafoiode maiorcrescimento daUESPI,também emnúmerodecursos.O
depoentedes tacaaimportânciadessaexpanoparaacidade:
[...] a expansãofoimuito importante,Corrente sempre foiumacidade muito preocupada com a
educão, e muitas pessoas devido à distância não podiam sair de Corrente pra fazer um curso
superior.EchegandoaUniversidadeaquiemCorrente,foimuitosalutarpratodaaregião.Muitas
pessoasingressaramnaUniversidadeehouvecomissoamelhoriadevidaetambémpessoalmente
para cada indivíduo que fez o curso superior. Foi uma coisa muito boa [...] melhoria social,
econô micaparaessaspessoas:professoresqueforampreparadosaquinaUniversidade.Graçasa
isso,a chegadadaUniversidade aqui emCorrente,teveesse privigiodos professorescursarem
aquinasuaprópriaregião.
ObservaseaquioqueCerteau(1995,p.101)afirmasobreaUniversidadediante
daculturademassa.Paraele,auniversidad edevesolucionarumprob lema“paraoqualsua
tradiçãonãoapreparou:arelaçãoentreaculturaeamassific açãodeseurec rutamento.A
conjunturarequerqu eelap roduzaumaculturademassa”.
Noentanto,asu niversidadesnão recebemverbasparainvestirememsu aestrutura
física e humana (qualificação de profess ores,concursos, melhores salários), apresentando
assimessacaracterísticademassificação.Quantoao desempenhodauniversidadeoprofessor
CarlosAlbertodiz:
EuachoqueaU niversidadevairegular!Poderiahavermelhoranisso,eunãoseiaonde!Oques
vamosfazerparamelhorar?Talvezumvestibularcomataxatalvezde30%deíndicedasprovas,
188
isso deve ser minha opinião; pra que haja uma melhor selão desse alunado que chega à 
universidade. Que a dificuldade depois para preparar esses alunos é muito grande, mas a
universidadeéfundamentalparaCorrente,paraessascircunvizinhançasdeBarreiras...Etemgente
atédeFlorianoquevemestudaraquiemCorrente.
O papel da universidade nesse contexto  é q uestionável. Em relaçã o ao
atendimento, Certeau (1 995 , p. 101) afirma que elas acabam se tornando “[...]
demasiadamente grande, igualmente incapazes (sejam quais forem os seus motivos) de
responder à demand a que leva às su as portas o fluxo inc essante dos candidatos e à dos
estudantescujamentalidadee cujofuturosãoestranhosaosobjetivospresentesdoensino”.
Nafaladoprofessor,confirmamseaspreoc upaçõesemrelaç ãoaoensinoeao
fato dea institu ição nãocorresponderànecessidadedeumensinovoltadoparaatenderà
demandad eformaefetiva.
Bom,estudarrealmenteaquiemCorrentefoiumapreocupaçãoaquidaregião,masfazerumcurso
superioréprivigioparapoucaspessoasaindaatéhoje.ComachegadadaUESPI,melhorouainda
em alguma coisa. Agora, precisava melhorar mais! Fortalecer mais a educação! Fortalecer! Ter
incentivomaisdogoverno,paraatenderaoscoordenadoresnessesentido,paramelhoraroensino
comoumtodo(PROF.CARLOSALBERTOROCHADEARAÚJONOGUEIRA).
O Prof. Carlos Alberto falou um pouco também sobre  sua vida como filho de
Corre nteesobreasuasituaçãonaUESPI:
[...] estivemos saindo daqui de Corrente em19 70, tivemos o privilégio de um primonossonos
chamarpraestudarforaesaímosdeavião,queeraprivilégioparapoucos naquelaépoca.Muita
gentesaíadecaminhãoepassava5,6 dias parachegaremBrasília.EfomosestudaremBelém,
fizemos cientifico por lá, servimos o Exército, aí fomos pra Goiânia, eu fiz Veterinária na
UniversidadeFederaldeGoiás,depoisem88nósretornamosaCorrente.
Somosprofessortemporário,podiadizer:substituto,desde96atéapresentedata.Acada2anos,a
gente passa por uma nova selão, um novo teste [...] Mas estamos dando nossa parcela de
contribuiçãoetentamosfazeromelhorapesardasnossaslimitações.E stamosbuscandoaprendere
a Universidade foi muito boa pra isso, porque a gente tem buscado aprender maise maispara
ensinar novas disciplinas aos alunos isso faz bem a todos nós (PROF. CARLOS ALBERTO
ROCHADEARAÚJONOGUEIRA).
Dandocontinuid adeaoprocesso,nadinâmicad asrelações,ocorreoafastamento
do govern adoroSan ta, antesde terminarseu último dia de mandato , sendo afastadas,
juntocomelepessoasdaáreaestadualquede certaformacompartilhavamamesmaideologia
política.Sendoassim,saioPro f.CarlosAlbertoR.A.Nogueira,antesmesmodeterminara
suagestão.
189
Nosdiversosmo mento semqueocorremudançadeGoverno,percebeseoque
Damatta(2000,p.13)consideraemumadesuas“categoriassociogicas”
13
:
Aqui a sociedade é uma entidade que se faz e refaz por meio de um sistema
comp lexoderelaçõessociais,elosqueseimpõemaosseusmembros,indicando–
tal como acontece numa peça de teatro ou num cerimonial – tudo aquilo que é
estritamentenecessárioetudoqueédisponívelousuperficialparaquesepossacriar
esustentaroeventoquesedesejaconstruir.
Portanto , no dia 13 de deze mbro de 2001, assume a reitoria da UESPIaPro f.
Maria do Perpétuo Socorro Rocha Cavalcanti Barros, que como presidente do Conselho
DiretordaFundaçãoereitorap
rotempore
daUniversidadeEstadualdoPiauí–UESPI,n o
uso  das atribuiçõ es legais, nomeia para o cargo em comiso
14
o professor João Rocha
Mascarenhas ,símboloDAS4,em13dedezembrode2001,conformePortariaGR/UESPI
Nº.896/2001.
Oprofes sorJoão RochaMascarenhas,umdosidealizadoresdaUESPI,quefoi
pioneiro na implan taçã o da FESPI, retoma a gestão da UESPI.M as,2001 foiumanode
eleões,send oqueoGovernadorHugoNapoleão,emexercíciotemporárionogove rnodo
Estado,perdeaseleiçõesenovamentesecumpreoqueDamatta (2000,p.14)colocacomoo
sistemadeaçõesdasociedadebrasileira“[...]oseusistemadeaçãoqueéreferid oeembebido
nos seusvalores”.Logo,assumeparaocu parocargodegovernadoroentãodeputadofederal
WelingtonDias,assumindoaProf.ªMariaOneideFialhoRochacomoreitorap
rotempore
da
UESPI.
CarlosEduardoBaldijão,pesquisadoreprofessordaUn iversidadedeoPaulo,
coloca a relaçã o estado, sociedade e  universidade como algo baseado no princípio da
autonomiadauniversidade,demaneiraqueesta“”[...]nãopodeestarsujeitaàsmudançasde
governoe,p oroutrolado,comoinstituãopermanente,oEstado,ocupadoporquemqu er
queseja,temaobrigaçãodesustentarfinanceiramenteaun iversidade”(BALDIJÃO,1991,p.
306).Masoqueseobservaéoutrare alidade,d emaneiraqueosinvestimentossã omínimose
umatendênciadagestãoserindicadadeacordocomoconse nsopolíticoadminis trativo,
issonãosónaUESPI,masdeumamodogeralnap olíticaadministrativabrasileira.
Dessemodo,umnovoGovernon oPoder,significamu danças naadministração
local,sendoentãonomeadoparaadiretoriadocampusdaUESPIemCorrenteoProf.Carlos
OmarMascarenhasdeAraújo.
13
SegundoDamatta(2000)‘categoriasociológica’comoumconceitoquepretendedarcontadaquiloque uma
sociedadepensa,seucódigodevaloreseidéias;aquiloqueumasociedadeviveefazconcretamente.
14
Cargoconsideradodelivrenomeãoeexoneraçãodoreitor.
190
Assim, na entrevista transcrita a seguir, realizada com o diretor do Campus de
Corre nte,ProfessorCarlosOmarMascarenhasdeAraújo(foto),sepodepercebercomoaos
poucosaUESPIfo iseconsolidand oemCorrente.Oprofessorapresentaumavisãogeraldo
processohistóricodainstitu ição.
ILUST RAÇÃO 27: Prof. Carlos Omar
Mascarenhas de Ara újo, diretor do campus de
Corrente UESPI(janeiro/2005).
Fonte:arquivoautora,2005.
[...]Eu queroestenderumpouquinhoatécomoumdos orgulhosdeminha vida.Conhecimuito
bemaUESPI,euacompanheiosurgimentodaUESPI,desdeasuaaulainauguralemTeresina.Eu
fui aprovado no primeiro vestibular do CESPI (Centro de Ensino Superior do Piauí), depois
FADEPIeacompanheitodooprocessoatéacriãodaUESPI,eu,comoaluno,acompanheiesse
processo, participei ativamenteporq ue fui líder estudantil,1°presidentedo centro acadêmicodo
meu curso, curso de Letras, 1 ° presidente do DCE da Universidade Estadual e ao retornar a
Corrente,comeceitrabalhandonoscursosdeRegimeEspecial,porquenãohaviaaindarecebidoo
certificadodeconclusão.Euparticipeidaprimeiraturma,entãodemorouumtempoparaocurso
serreconhecido,eporissoeunãopudeparticip ardoprimeiroprocessoseletivodeprofessoresaqui
para o campus de Corrente. Mas, em 94, eu entrei aqui como professor. Em janeiro de 95,eu
assumiacoordenaçãodoscursosdeRegimeEspecial.AUESPIpassouaoferecernovecursosde
LicenciaturaemRegimeEspecialaquiemCorrente.Durante7anos,fuicoordenadordoscursosde
RegimeEspecialeprofessordoRegimeRegular.
Nesseprimeiro momentoodepoente contextualizaaUESPI,comoUniversidade
Estadual,ouseja,emníveldeEstadoedepoiscomoCampusdeCorrenteesuatrajetóriapela
UESPI,inicialmentenadocência,de poisnacoordenaçãoehojenadireçãoadministrativado
campus.
O queeutenhoadizer éoseguinte:aUespiaquiemCorrente,elaéassim,euconcebocomoa
molapropulsoradodesenvolvimentodessaregião.E laétalvezhoje,emtermosdesignificância,a
instituiçãopúblicamaisimportantequestemosemtodoocentrosuldoPiauí!ÉaUESPIde
Corrente!Aprincípio,comaexpansãoaquiparaoutrascidadesvizinhas,agenteficouumpouco
191
sentido, porque, quando você pulveriza demais a instituição de ensino superior, ela perde
qualidade. E a nossa cidade ficou prejudicada porque recebia uma quantidade significativa de
alunosdetodasascidadesedeixoudereceberessesalunos,masentendoqueessefoiumprocesso
queteveseuperíododeexistência,teveseuvalor.
Em su a fala percebese a importância de uma universidade para a região, no
entantod iscordadaimplantaçãodenúcleosmuitopróximos,pensand onessemomentona
cidadedeCorrente.Reconh eceaUESPIcomoespaçodedebatesdeidéias,mostrandoque
estavemseconsolidan donodecorrer desuahistóriaepassandoporumnovomomento:
AUESPIpassaagoraporumareformulaçãodeprincípiosdeseunorte,deseurumo.Euachoque
deverealmenteexistir.Comoeupude,nesseperíodoquefuiprofessoraqui,pudeperceberquenós
temos muitas deficiências devido à distância que nos separa. Muitas deficiências não, muitas
dificuldades devido à distância que nos separa de Teresina, à dificuldade de comunicação. A
UESPI éextremamentecentralizada,querdizer,asdecisõessãotodastomadasemTeresina,s
aquisomossimplesmenteoexecutordasdecisõ estomadasenosdáciênciadeque,boapartedas
pessoasquedirigiramaadministraçãosuperiorequedirigematualmentenãoconhecearealidade
da UESPI como todo, por isso terminam prejudicando, privilegiando Teresina e deixando em
segundoplano,talveznãointencionalmente,masporumaquestãonaturaldevocêatenderaqueles
queesomaispróximos.
EntãonossoCampusqueéo maisestruturadofisicamentefalandodetodososcampidaUESPI,
mas,mesmoassim,eleterminasendoprejudicado.stemosprejuízoemvirtudedisso.Etambém
nóssabemosqueaquestãodapolíticapartidária,elaàsvezesébenéfica,masàsvezestambémé
negativa no que diz respeito ao ensino e ao oferecimento de condições de funcionamento de
determinadoscursos,daformacomoforamimplantadosalgunscursos.stivemos,porexemplo,
ocursodeEnfermagem,ocursodeDireito,queforamcriadossemnenhumprojeto,foramcriados
em cimado palanque, numa atitude de desespero de  um grupo políticoque queriaatodocusto
ganhar uma eleição estadual anunciando no palanque sem nenhuma estrutura. A prova é queo
cursodeEnfermagemtevedesertransferido,queocursodedireito,pravocêver,quecomeçou
com 40 alunos, hojetem só 19 daturmaque começoucom40no primeirobloco,hojeestáno
quintobloco,aliás,temsó16alunos.
[...]umpercentualelevadíssimodemaisde60%dosalunosjáevadiramoujáforamtransferidos
ou deixaram naturalmente a instituição. Então essa falta de um projeto de observar qual é a
tendênciadaregião,qualocursoqueencaixamelhornanossarealidadedeixoudeserlevadoem
consideração em alguns casos. Eu acho que a UESPI tem que mudar a filosofia de crião de 
cursos, eu acho que Corrente não cabe uma quantidade significativa de cursos, s temos que
melhoraraqualidadedoquetemos.Acomunidadedurantemuitotemposeacostumoua:Qualo
curso que a Uespi vai trazer esse ano? s agora estamos com a política de conscientizar a
comunidade que diferentemente de trazer cursos diferentes,eladeveperguntaré:O queéquea
Uespi está fazendo pra melhorar os cursos que tem? Quais as p rovidências que estão sendo
tomadas? Os laboratórios estão funcionando? A qualificaçãodosprofessoresestáexistindo?Está
melhorandoaqualidadedeensino?Abibliotecaesadquirindolivrossuficientesparaatenderaos
alunos?Achoqueesseséquedevemserosquestionamentos.
O professor Carlos Omar faz u ma ob servação semelhante à da reitoraValéria,
demonstrandoumapreocupaçãocomacriaçãodecursos,denunciandoqueessescursosestão
sendo esvaziados no  de correr do processo, ou  seja, há uma evasão sign ificativa,
principalmentenoscu rsosrecémcriadoscomoodeDireito,demaneiraquesetornouum
192
bito  por parte da comunidade a p rocura de cursos variados, preterindose outras
característicasdefundamentalimportânciacitadaspelode poente.
Acomunidade,elaficaansiosa,peladiversidade,pessoascomdesejosdecursosexistentesporaí,
sempre cada um quer um curso diferente, mas a gente não pode atender a todos, então vamos
atender bem aqueles que se tem possibilidade de atender. Acho q ue o caminho está seabrindo
nessa direção, a administração superior parece que está tendo essa concepção, da necessidade
dessasmudanças.Comodiretordessainstituiçãoqueestamosdesde8 dejaneirode2003,agente
temenfrentadoinúmerasdificuldades,algumasporessesp roblemasqueeuapontei,decursosque
foramcriadosdeformaerrônea,outros,pelafaltadecomunicação,comoeujáciteianteriormente
também; algumas questões políticopartidárias que sempre vão existir, que é de pessoas que às
vezesficamumpoucotristeporalguémqueestáaquienãoeles.Enfim,essesproblemassempre
vãoexistir,mastambémnóstemosmuitafelicidadeemdizerqueacompanhamosevoluções,avida
acadêmicadosalunos,atualmenteelaestáorganizada.
Foi implantado o sistema online que facilitou demais a regularizão da vida acadêmica dos
alunos; nós melhoramos sensivelmente o q uadro de professores, hoje s temos 9 mestres e 1
doutor, o que orgulha a toda a comunidade, quer dizer, nó s temos um total de 50 professores,
desses cinqüenta, dezenove o efetivos. Vai haver um concurso blico agora e achoqueesse
númerocomcertezairáaumentare,desseuniversotodo,stemosumaboaqualificão.Temos
só 1 professorcomgraduação,graduação,osoutrostêmpelomenosumaespecialização.Não
achamosqueissosejaideal,achamosqueaspessoasdevembuscarumamelhorqualificação,mas
também que a instituição deve procurar uma fórmula de qualificar os professores aqui ou em
parceria de forma modulada, oferecer o mestrado porque fica muito difícil a distância que nos
separadosgrandescentros,agentequalificareprestaroserviçoaomesmotempo.Opercentual
que destinam para UESP I que seja liberado com bolsa é muito pequeno, termina não sendo
privilegiadoocampusdeCorrente.Temosafelicidadedever,depoisde12anosdeimplantadoe
semfuncionar,olaboratóriodesolos,devêloab erto,funcionandodesdesegundafeiradasemana
passada. Dia 2 de maio, o laboratório de solos, que é a menina dos olhos da instituição, um
lab oratório riqssimos, o material foi adquirido, mas nunca funcionou e ele agora está
funcionando. Algum complemento para que funcione a todo vapor, está sendo adquirido pela
instituição;umcompromissoassumidopelogovernador,decolocaraserviçodacomunidadeatéo
s de julho, ele já está funcionando, mas falta algum aparelho, o espectofotomêtro falta ser
recuperadopraserpostoemfuncionamento,queéumaparelho“topdelinha”,assimmuitoeficaz
naanálisedesolo.Pravocêterumaidéia,nemaEmbrapameionortetemum aparelhodesseporte
emTeresina.EaUESPItemesseaparelhoaqui,quenuncafuncionouevamosmandálopraSão
Paulo agora, para que ele seja recuperado; seja dada uma revisada nele [...](PROF. CARLOS
OMARM.ARAÚJO)
Percebese, como já foi citado no deco rrer do estudo, que os laboratórios
implantado s desde o in ício para uma universidade comunitária apresentam até hoje
dificuldade em seu funcionamento , por falta de mão de obra, como citou a reitora
(depoimentoan terior),ou mesmoporprob lemasadministrativosentreasmantenedoras,como
sepodeperce bernafaladoatualdiretor:
A FESPI na verdade, a construção dos laboratórios, laboratórios de solos que hoje deve estar
avaliadoparaserimplantadodaquelejeito,emmaisde 2milhõesdereais.Entãoacomunidade
não tinha condição de implantar. Coincidiu que na época o ministro de Educação era Hugo
Napoleão, através do Jesualdo, eles conseguiram fazer com que o Ministério financiasse a
implantação do laboratório de solo, laboratório de semente, laboratório de biologi são os 3
lab oratóriosbemequipadosquestemosaquinocampus.
193
Aindaháesse impassepor questõespolíticopartidárias, agorareacenderamessachama,depois
que viram o laboratório funcionando, então a FESPIpraticamente nem existia mais, a diretoria
estavacaduca,elesestavamhámaisde8anossemrenovaradireção,aíentão,nasemanapassada
eles renovaram a direção da FESPI. Houve até um probleminha aqui. Eles quiseram tirar uns
tratoresdaquieeurecebiautorizaçãodaadministraçãosuperiorquenãopermitisseisso.Ea gente
prevêqueproblemasirãoacontecerporquehá umciúmerealmenteeenquantoainstituiçãoUESPI
não encampar isso aq ui como p ertencente ao seu patrimônio, porque até no estatuto da FESPI
constacomotal,querdizer,nodiaqueeladeixassedeprestaroserviçoparaoqualelafoicriada,
elateriaquetransferirparaoEstadotodooseupatrimônio.Elasónasceu,masnuncaexistiude
fato.Quandoo convênioexistiu entreFESPIeUESPI...Quando aUESPIassumiuissoaqui,a
FESPIperdeusuarazãodeexisnciaesnãoconcebemosquehojeissosejaretomadoporum
grupodecincopessoas.Nãohámaisointuitoinicial,nãohámaisamobilizãoinicial;quemhoje
estáàfrentedaFESPIsãoquatrooucincopessoasquepoliticamentetêmumaposiçãocontráriaà
atual administração, não só da UESPI aqui em Corrente, mas do Governo do Estado e que...
queremretomarissoaqui.
Agentepercebeissonasconversas,nasdiscussõesquetivemosacirradascomoprefeitopor causa
desse problema e a gente percebe que elesestão com o intuito de fazer isso.O que é triste se 
perceberessesonhodeles.Tomaraqueissonãoserealize.
Eu duvido q ue eles tenham a coragem, peito, de tomar essa iniciativa,porqueelesterãotodaa
comunidadecontraeles...toda,toda,toda,toda!(PROF.CARLOSOMAR).
Assim, observase, no decorre r da fala dos gestores da UESPI, que há certa
dificuldade em conciliar duas administrações, de certa forma, com ideologias políticas
contrárias.
PercebeseemambasaintençãodomelhorparaCorrente,masépre cisoh averum
desprendimentop orp arte  delas paraque ocampusdaUESPIemCorrentesejarealmente
conseência d o ideal de uma comunidade, daquele in ício quando d iversas pessoas se
dispuseram a doar o que tinham e  até sua força de  trabalho para que essa universidade
acontecesse.
AUESPIdeCorrentehojeéumarealidadequeseapresentadeformapositivapara
a comunidade, podendose perceber, nos diversos depoimentos realizados, uma grande
satisfão por parte dos professores, gestore s e alunos . Deacordocom osdepoimentosa
EducaçãoSuperiorvematen dendoaosinteressessociaisdacomunidade.Aseguirtemseo
depoimento d op rofesso rdaUESPI,queveiodeTe resinaministraraulanaprimeiraturmado
cursodePedago gia,Prof.AntonioFranciscoSoares(foto).Inicialmente,elefaladesuavida
profissionale,posteriormente,narrasuatrajetórianaUESPI.
194
ILUST RAÇÃO 28: Prof. Antônio Francisco
Soares.ProfessorUESPICampusCorrente
Fonte:acervodaautora,2005.
Euformeiem92naUniversidadeEstadualdoP iauí,emPedagogia–Magistério.Em93,eufiza
Especialização em Supervisão Escolar. Em94, surgiu um concurso, por incrível que pareçasó
tinhaumavagaparaPedagogianaUESPI,queeraemCorrente.Eu nãosabianemondeficava
Corrente...Econcorri,fuicontempladocomavaga.Vimpracásemsaber...sabendoapenasonde
eranomapa.Chegueiaqui,fuimuitobemrecebidoecomeceiatrabalharnocursodePedagogia
logoemabrilde94,dia4deabrilde1994.
Em 95, assumi coordenação do curso de Pedagogia, fui assessor do campus. Eu tenho uma
experiêncianesses 11 anosde convivência aqui no campus, tenhoumalarga experiênciaetem
enriq uecido muito. Depois voltei a fazer uma outra Especialização em Ensino Superior, o
Mestrado também em Ensino. Esta foi a forma de como cheguei, foi por concurso, e fui me
adap tandoaospoucos.
Quando eu cheguei aqui, s nhamos ap enas o curso de Pedagogia e Agronomia no Período
Regular,porque,noEspecial,tinhaLetraseBiologiaetrabalheitambémnessesoutroscursosno
PeríodoEspecial.Aestruturafísicadocampuséamesma:laboratório,biblioteca,masocampus
cresceu muito na época; depois disso já houve concurso novamente, selão de professor
substitutoeeulembroque,quandoeuassumiacoordenaçãodocursodePedagogiaem95,ocurso
estavanoinício,entãoacadaanoiaentrandonovasdisciplinaseprecisandodenovosprofessores.
Podemse perceber os reflexos da Educação Superior na qualificação de
profissionaisnaáreadeeducação;observase tambémovalordaHisriaoral,porpermitira
perceãodossentimentos,eavisualizaçãodesituaçõ es.Oprofessor,emsuafala,transp orta
se no tempo, vivenciando situações que lhes parecem nítidas em suas lembranças.
Reconstitue mse ainda as transformações proporcionadas pela Educação Superior em
Corre nte:
Em95,quandoeuassumiacoordenação,houveumavagapraprofessor,professorsubstituto.
Abriu inscrição, não apareceu ninguém. Smos na cidade, fomos fazer uma pesquisa na
cidade: encontramos 3 pedagoga 2 recémaposentadas. Uma pela rede estadual,outratinha
aposentadoemBrasíliaeumaoutraquetinhacriançapequena,nãoaceitouvir.Ficamosassim
numasituação.passouoperíododeinscrição,reabrimosasinscrições,comoeranaáreade
Sociologia, a disciplina q ue estavaprecisando,apareceuuma assistentesocialquetinhas
graduação emMetodologia do Ensino e foi esta que veio a assumir.Entãonaqueletempoa
cidadecontavacompoucosprofissionaisnessaáreaenóspercebemoshojeque,quandoabre
uma seleção de professor substituto ou contrato temporário, a concorrência, ela é imensa, e
todoscomPósgraduaçãoporquehojeaquino CampussoferecemosPósgraduaçãona
áreadaEducaçãopelaUespi.Houvesgraduaçãoconveniadacomoutras instituições,hojea
própriaUESPIjáoferecePósgraduaçãoaqui.Entãonóstemosumquadrodeprofessores,que
eu diria, de boa qualidade,porq ue todos comPósgraduaçãoe,quandoseabreseleçãopara
professor substituto, contrato temp orário, o mero de inscrição surpreende. Àquele tempo
agente saía na casa pedindo: “gente vá se inscrever! – “Não, recémaposentadae quero
descansar”; “não,tenhocriança pequena, não posso ir”. Encontramosnaépoca, comoeujá
falei,trêspedagogasnacidade.[...](PROF.ANTONIOFRANCISCOSOARES).
195
Inicialme nte, percebese que o campus de Corrente passou por grandes
dificuldadesdeadaptação.Nacontinuidadedafaladoprofessor,sãonítidasastransformações
queaimplantaçãodeumcampusemCorrentetemproporcionadoàcidade,prin cipalmenteno
quedizrespeitoàqualificaçãoprofissional.Emseguida,oprofessorretomasuas experiências
comocoordenadoreseurelacionamentoatualcomosdemaiscolegas:
Quantoàminhaexperiência,nãosócomoprofessor,comofalei,tamb émfuicoordenadordocurso
porumbomperíodoehoje,naPedagogia,nóstemosumaboarelação.Mudadecoordenador,mas
todomundocontinuanumaunião.Éumcursoqueagentenãotemnenhumarivalidade.Acasa,no
período político como é de costume, muda as coordenações, mas nós continuamos na mesma
harmonia,eumajudandoooutro,passandoasexperiênciasquejáteve...
Minhaexperiênciacomocoordenadoreupossodizerquefoimuitopositiva.Muitobomtrabalhar
com os professores aqui, porque todos têm assim uma contribuição a dar, todo mundo é
preocupado na hora de se fazer um horário, que a coisa mais complicada aqui é elaborar um
horário de funcionamentodo Curso, um horáriodos professores,distribuírema cargahorária...
Mas, todo mundocolabora,umcededaqui,outrocedeali.Quandoseprecisadeumaatividade
extraclasse, uma atividade que exija a interdisciplinaridade, a gente percebe que todos os
professoresestãojuntos.
AgoramesmosvamosterumanovamudançanocursodePedagogia,osalunosprecisamter
umaquantidadedehorasextras,extracurriculares,comominicurso,queelestenhamp articipado,
atividadedepesquisadeextensão,então,quandochegouessapropostaaqui,acoordenadoranos
convocou,acoordenadoraatual,enós,cadaprofessor,deuumasugestãoejáfoielaborandoum
projeto, entãosestamosassim...o cursodePedagogia,semmenosprezarosoutros, porqueé
minhaárea,maséum cursoque temcrescidomuitoporcontadessaamizade,dessacooperação
dosprofessores.
Então hoje eu vejo o campus de Corrente como uma peça indispensável para o
desenvolvimentodosuldoEstado;vejoocrescimentodaUESP Icomoalgopositivoevejoque 
aUESPIhoje...A reclamãoquestemosaquihoje é:porquenãovemummestradopra
UESPI?Entãoosalunosdizem:sjáatingimosasgraduação,fizemosalgunscursosde
sgraduação,entãosjáestamosquerendooMestrado.Entãojáseriaalgomaisexigente.
Masacreditoque,atravésdeconvênios(nóshojenocampustemos7mestrese1doutor,não
temoscondiçãodeterumcursodeMestrado)poderíamosatenderessepedidodacomunidade.
AUESPI sóveioajudaracrescerepramimaexperiênciadesairdacapitalevirparaointerior
foi um ap rendizado a mais e estou medando muito bem(PROF. ANTONIO FRANCISCO
SOARES).
Na fala, percebemse mudanças quanto à coorden ação re lacionadas à política
local,deman eiraque,aomudaraes truturapolíticadogoverno,mudatodaaadministração
dos campi.Ficaclaraaexistê nciadessesembatespolíticos,oquenãoimpedeumclimad e
amizade e colaboração entre professores e gestores. Segue o depoime nto da atual
coordenadora,Prof.ªRitaMônicaFonseca(fotoabaixo):
196
ILUST RAÇÃO 29: Prof.ª Ms. R ita Mônica de
Andrade Fonseca. C oordenadora Pedagógica da
UESPI(2005).
Fonte:acervopessoaldaautora,2005.
Bom, minha experiência como professora aqui da UESPI começou há mais ou menos 9 anos.
Então s passamos por um teste seletivo em Teresina pra trabalharprimeiramente no Período
Especial. Minha primeira experiência foi no Período Especial. E daí em diante s fomos
participandodeoutrostesteseestamosnoPeríodoRegular.
Estou trabalhando como professora do Período Regular e também como coordenadora e esta
últimaatividadecomocoordenadoratemsidogratificanteparanós,porquesãonovasexperiências.
s temos vivido, temos acompanhado mais de perto as dificuldades dos alunose também do
campusdeCorrente,emtermosdeestrutura,emtermosdoprópriodesempenhodoprofessor,nos
quesitos metodologia[...] a forma como elesministramaula,issotemsidoparasumgrande
desafioporquenóspercebemosqueocampusdeCorrentecomocentrodointerior,háumagrande
diferençacomrelação aoscampiqueestãosituados nascap itais. Mas,mesmoassim,stemos
visto,quediantedestasdificuldades,ocampusdeCorrentetemsesaídomuitobem,temcrescido,
temsedesenvolvido,especialmenteocursodePedagogia.
Comocoordenadora,stemossentidode perto o problemadonossocampus,onossocampus
temaestruturafísicamuitoboa,masfaltamequipamentosnecessáriosparaqueelefuncionebem;
nóstemosbiblioteca,stemoslaboratóriodeinformática,debiologia,desolos;temosrecursos
humanosparatrabalharemnesseslaboratórios,masfaltaoqueédeimportânciatambém,quesão
osinstrumentos,osequipamentosparaqueessesdepartamentosfuncionembem.
Apartefinanceiraéalgoquenosdeixamuitopreocupadosporquenósnãotemosfinanciamento...
e nosso campus não arrecada o suficiente para que se invista nesses departamentos. O que se
arrecadamaldáparasetirarcópiasdeprovas,oqueémaisfácilparaasobrevivênciadoCampus
(PROFESSORARITAMÔNICADEA.FONSE CA).
Deacordoco messesdepoimentos,aUESPIdeCorrentetemcrescidoeumdos
fatoresq ueproporcionamessecresc imentoéo compromissodosprofessores.Nafalados
entrevistados, principalmente a do Prof. Soares,percebeuseadiferença en treo iníciodo
cursocomagrandedificuldadedeseconseguirprofessores,eaatualidad e,queapresentauma
boaconcorrênciaentrepessoasqueseformaramnaprópriainstituãoemuitosque fize ram
s graduaçãonaprópriaUESPI.Podesedizerqueaeducaçãosuperiorestátransformand o
vidas?
Um fator preocupante  é a faltade critérios definidos quanto ao surgimento de
algunscursoseasuspenodeoutros.EmCorrente,te vese ocursode Dire ito,cujaofertade
vagasfoisuspensa,enovamente estásendoofertadoparaovestibular2006.Observaseque
oacervonessaáreaetambémq uecarênc ia dep rofesso res,oquedificultaaexistência
dessecurso,sendoelec riticadoementrevistap elaprópriareitora.OcursodeEnfermagem
também foioferecido semnenhumcritério,poissegundoasentrevistascomreitores,esse
197
curso não tinha estrutura física e humana pra funcionar e m Corrente, fato q ue levou à
transferênciadecampus.
DeacordocomomanualVestibular2006(2005,p.15),aUE SPId eCorrente,hoje
(2005),apresentaofertasdevagase mRegimeRe gular 2006,paraoscursosde:
· Licenciatura Plena em Cncias Biogicas – 30 vagas , parao  primeiro
semestre,noturnodatarde;
· LicenciaturaplenaemPedagogia40vagasparaosegundos emestren o
turnodanoite;
· Direito 40vagasparaoprimeirosemestre,noite;
· AgronomiaeZootecnia ofe rtade30vagasparacadacursonoperíododa
manhã,paraoprimeirosemestrede2006.
Mantêmseemfuncionamentooscu rsosde(dezembro,2006):
· LicenciaturaPlenaemBiologia:Bloco0130alunos;Bloco0328alunos;
Bloc o0 4 24alunoseBloco08 30aluno
· LicenciaturaPlenaemPedagogia:Bloco01c om3 8alunos;Bloco04–35
alunos;Bloco06–28alunos;Bloco 08– 36alunos;Bloco10–34alunos;
· Direito;Bloco04–31 alunos ;Bloco06:16alunos.
· Agronomia:Bloco02 34aluno s;Bloco03 20alunos;Bloco06 15alu nos;
Bloc o0 8–14alun os;
· Zootecnia:Bloco02–24alunos;Bloco06–19alunos;Bloco08:1 9 alunos;
Bloc o0 9–05alun os;Bloco10–16alunos.
Percebeseque,principalmentenocursod eZootecniaeDireito,umfatorcitado
pelareito raepelodiretordocampus deCorrenteemdep oimentos,queserefereàdesistência
dealunosemalgunscursos,havendonecessidadedeumestudolocalizadosobreos interesses
daregião.Mas,mesmocomesseimpasse ,ocursodeDireitoretornacomumaturmaànoite.
Ainstituãoapresenta um quadro adminis trativo(dezembrode2005)fo rmado
pelodiretor,oPro fessorCarlosOmarMascarenhasdeAraújo,o sseguintescoordenadores:
Nehandeara Nazira Nogueira Guerra – Direito; Rita nica de Andrade Fonseca –
Pedagogia; Maria Iolanda Leal Lustosa Santana – Biologia; Estácio Alves d os Santos –
Zootecnia;AdrianodaSilvaAlmeida –Agronomia.
EmrelaçãoaUniversidadeemgeral,percebese,segundooRelatórioAtividades
2004 , que a UESPI tem um quadro efetivo de apenas 371 docentes, para1074  docen tes
198
provisórios (professoressubstitutos).Essesdocentes,portitulação,formamumquadrode14
doutores efe tivos e 5 p rovisórios ; especialistas efetivos são 171, para 538 provisórios,
havendo18docen tesefetivosapenascomgraduãoe463provisórios,contandoaindacom
168 mestres com vínculo e fetivo,para68comvínculoprovisório.É flagranteumgrande
mero de professores que tem grad uão, os quais n ormalmente estão nos campi do
interior.Percebesequeessegrandequadrodeprofessoressubstitutostornousehojeuma
realidadepresentenasuniversidades.
Diante des se contexto, indagase: Qual a qualidade social da expansão
(interiorização)daeducaçãosuperior?Esseaspectodaqualidadeestevepresenteem todosos
depoimento s. Alguns (poucos entre os entrevistados) questionam ess a qualidade, outros
(maioria) em s ua fala enfatizam a qualidade como algo presente, satisfatória apesar das
dificuldades.Observasequeosquequestionamoaq uelesqueforamgestoresouq ue
fazemparte da comunidadeemgeral,mas,naamostraentrecoordenado res,professorese
principalmentealunos,temseumarespostabastantepositiva.MuitosatribuemàUESPIuma
funç ãoredentora,ouseja,defundamentalimportânciaemsuasvidas.
Observasequeessaproblemáticasurgiunadinâmicadasrelaçõesentrevistadore
entrevistado,levandoapesquisadoraarealizarahistória oraldevidadeexalunos(1ªturma
UFPI e UESPI), que serão contadas no próximo subitem. Segue, portanto, dando
prosseguimento a essa reconstituã o histórica, a abordage m d e um dos aspectos
sociopo líticosdaeducação:aqualidade.
4.5AqualidadesocialdaeducaçãosuperioremCorrente:“a históriavistade baixo”
Buscasenessemomentoumarefleoentreamemó riaeahisriadossujeitos
queparticiparamdeformadiretadoprocessohistóricoinvestigado.Adotaseumavisãode
que,“[...]parasefazerhistória,ouparase lero mundo comou mdispo sitivohistoriador,
parte se,antesdemaisnada,deumadispos içãoradicalparaler,ver,ouvirecon tar...ooutro”
(LOPES;GALVÃO,2001,p.16).
Énestatentativadele rnoolhar,devernaexpressãodecadasujeitopesquisado,
deouvirtodososdetalhes,que seprocuracontar“ooutro”,representadonapessoadecada
exalu noeprofessorquevivencioues seprocess o.Acreditase,que apartirdessasmemórias,
seresgatamosdiversosaspectosdahistória,tendose,nestec apítulo,umavisãohistóricados
aspectossóciopolíticosdaeducaç ão.
199
Considerandoseque“talcomoo passadooéahistória,masseuobjeto,também
amerianãoéahistória,masumdeseusobjetos e,simultaneamente,umnívelelementar
deelaboraçãohistórica”(LEGOFF,2003,p.49).Assim,procurouseameriacomoobjeto
dessemomentoparaareconstruçãodaimpo rtânciadaeducaçãosuperiornasvidasdeseus
protagonistassociais,entendendose,segundoFerro(2000,p.22),que
a memó ria é sempreumainterpretãoinfluenciadapelaexperiênciadopresente.
Todootrabalhodohistoriadoré umarepresentaçãodopassado.Mas,éalémdisso,
uma selão do que é considerado importante. A memória constrói, reconstrói,
reelaboraeressignificaopassado.
Por meio da hisria oral temse um compromisso de e xtrair a vivência da
oralidade,parasee stabelecerum“juízocrítico”,que,navisãodeMeihyeLang(2004),é
fundamental para se coletarem e lementos . Assim, tentase siste matizar os critério s ao se
transcreve rem as falas de acord o com o q ue foi dito pelo depo ente, possibilitando, à
pesquisadora e ao le itor, uma análise crítica das entrevistas e histórias de vida de cada
protagonistadesseprocesso.
Procurasenãoapenasbuscarrespostasteóricaspormeiodahistóriaoral,poisos
encaminhamentos e soluções serão encontrados na área d a teoria, reconhecendo nesla a
fundamentação para sepensarasquestõesoriundasda prática,tendo sea metod ologiacomo
umamediadoraquepossibilitafazerainterrelaçãoen treteoriaeprática.
Portanto ,apre sentasenessemomentoaimportânciasocialdaeducaç ãosuperior
noquesepode chamarde“qualidadeso cial”dessaexpano,navisãod essessujeitosao
darem seus depoimentos, ao narrarem suas histórias de vida, consideradas por Barros e
Lehfeld(2003,p.84)comouma“importantefontededadosqualitativo s”.
Questionaseessa“qualidadesocial”,pois,nacadade 1990,percebeuseum
período em que aUn iversidadeEstadualteve umagrande expansão quantitativa,ge rando
questionamento ss obreaqualidade dessaeducação, tambémporessecrescime ntonãotersido
acompanhadodeoutrosfatorese ssenciaisàqualidade(infraestrutura,q uadrodeprofessores,
acervosbibliográficosetc.).
Percebesequedevidoao momento históricopolíticoem quefoi implantadoo
ensinosuperioremCorrenteeemqueocorreuainteriorizaçãodaeducaçãoemtodooestado,
énaturalhaverpreocupaçõesquantoàqualidadedesseprocesso,ten doseemvistaque,na
“[...]cadade 199 0,ademanda porvagas noensin o superiorcontinuavasendofatorde
pressãosobreogoverno[...]”(SHIROMA; MORAES;EVANGELISTA,2004,p.93).Ocorre
200
dessafo rmaumapolíticadeexpansãopreocupadacomaquantidade,ouseja,ematenderà
demanda. 
Questionamentosestãonosdiscursosdosge storesqueiniciaramoproce sso,como
sepodeobservarnosdepo imentosdoprofessor Dr.LuísSoaresdeAraújoFilho etambémno
depoimento do Pro fessorAlmirBittencourt,respectivamente:
AformaondeelamaiscresceufoinaadministraçãodoProf.JonathasdeBarrosNunes, pareceme
queasuavocaçãoeralevaraUESPIatodososmunicípiosexistentesnoEstado.Deumlado,há
um asp ecto positivo, a democratização; do outro lado, há a questão da qualidade, do
comp rometimentodaqualidade,agoramaisrecentemente[...]aUESP Iparecequeganhaumnovo
percurso,umanovatendência,sofreuumcertofreiamentonessasuavocaçãoexpansionista(PROF.
LUÍS SOARES).
Em relação à q uestão da qualidade, a discussão da qualidade/quantidade, s nhamos uma
comp reensão exata das demandas do Estado, que eram extremamente grandes, mas s não
podíamos expandir de formadesordenada,porquesnãotínhamoscomo, nãotínhamosmeios,
nãonhamosprofessores,nãotínhamoscomoatenderessascondiçõesenempodíamoscobrar.
Posteriormentequandoagentesaiueahistóriamostraq ueseverificouumcrescimentoabsurdoda
universidade,inclusiverecentementeeuouvium relatóriodoMinistériodaEducação,dramático,
informando,porexemplo,queaUniversidadeEstadualdoPiauí,cercade75%dosprofessoresda
Universidadesãoprofessoressubstitutos,oqueéumacoisainconcebível,porque,seumagrande
maioria dos professores é substituto, isso demonstra uma certa fragilidade na estrutura
administrativa. Eu reconheço que houve, depois que s saímos, grandes avanços, mas o
crescimento foi desordenado, tanto é q ue se implantaram na Universidade cursos de discutíveis
objetivos,deatuaçãocompletamentediscutível,inclusiveatuandoemoutrosestados,comcobrança
de mensalidades de taxas elevadíssimas o que não era efetivamente o projeto original (PROF.
ALMIRBITTENCOURT).
Oprofessordestacaemseudepoimentounsdoseixosdareformapreconizadapelo
Governonaépoca,que“facultaàsUniversidadesumaamplaelasticidadeemsuaorganização
interna[...]inclusive,implementarcursospagos,venderserviços,firmarconcorrênciacom
setores privados além de outras providências lucrativas” (SHIROMA; MORAES;
EVANGELISTA,2004,p.9495).
Essaquestãodaautonomiaé tratadanoartigo53daLDBEN,oqu efazcomse
torne legal essa forma como a UESPI e outrasuniversidade smcrescendo.Oprofesso r
Almir Bittencourt expressa o s pon tos disco rdantes em relação à expano realizada e  os
prositosidealizadospelosfundadores:
Além disso, a universidade passou a procurar reproduzir, houve o que eu considero de
desvirtuamentoporqueelapassouareproduziroqueaUniversidadeFederalvinhafazendo,com
comp etiçãodecursos,umasuperposiçãoderecursosematividadesqueoEstadodoPiauípoderia
ter destinado para outros tipos de atuação e não simplesmente competir com a Universidade
Federal, com cursos tradicionais, cursos que, em grande parte, a qualidade é discutível, com
professoressubstitutos,enfim,euconsideroqueesseaspectodeveseravaliadomelhor.Noentanto,
deummodogeralUniversidadeteveumpapelimportanteparaasociedade,porquesepassoua
discutir a necessidade de olhar com mais atenção o interior do Estado, queestava complemente
abandonadoemtermosdeeducação,eraumasituaçãotãogravequenãoseencontravaprofessorde
Física, Matetica em cidades grandes, imagine em uma cidade pequena do Estado, e a
201
UniversidadedeCorrentefoiaomeumododeverumadecisãoacertada,poisgrandepartedos
alunosdirigiaseaoutrosestadosparapoderteracessoaoensinosuperiorecomaUE SPIinstalada
elespassaramentãoatercondiçõesdefreentarumauniversidade,póloimportantenosuldo
Piauí,quetemumpotencialmuitograndedeinvestimentosnofuturo.Éumaregiãoricapximo
daBahia.
Observase no depo imento acima uma crítica à interiorização da Educação
sup erior,mas,aomesmotempo,oreconhecime ntodasuaimportânciasocial.Des tacasea
necessidadedeumaeducaçãosuperiordequalidade,masoquevemaseressaqualidade?
Ao tratar dessa que stão, observase que ela também decorre do paradigma
escolhidoparadirigiraçõeseduc acionais,poisosepodeconsiderarqualidadeapenascomo
umconjuntodecritérios,sendopercebidaporGracindo(1994,p.253)como“[...]reflexo de
uma con ceão de mundo e deso ciedade, retratada nabusca daformaçãode um tipode
indivíduoquesejacompatívelcomaqu elac oncepção”.Assim,aautoraconsideraqueserão
desenvolvidosconhecimentos,habilidadeseatitudesquede verãoencaminharamaneiracomo
osindivíduos s erelacionarãocomasociedade ,comanaturezaeconsigomesmo.
Aosefazerumaanálisehistóricad aqualidade socialdaEducaçãoSuperior,tem
sequepartirdeumestud oprofundodessesaspectos,oqualnãoéoobjetivodestapesquisa.A
qualidade social da educação está aqui tratada como mais uma probletica conc reta da
educação, que surgiu a partir do p rocesso investigativo, ou seja, dos depoimentos , das
hisriasdevidanarrad aspelossujeitosinvestigados.
Aoseolharahistória,nãosepodeconte starqueaUESPIe xpandiuseatépara
outrosestados,deformaque,nocontextogeraldahistó riadaeducaçãosuperior,ae xpanoe
interiorização da UESPI apresentou um vertiginoso crescimento, sendo considerado por
algunscomoademocratizaçãodoensinoeporoutroscomoamassificaçãodomesmo,visto
quetalcrescimentonãofoiacompanhadodemelho rescondiçõesdetrabalho,estruturafísica
eprofissional,entreoutras.Mas,oqueseentendepormassificação?
ParaChauí(2001,p.5051),costumasedizerqueocorremassificaçãodoensino
universitárioquandoháu maumentononúmerodeestudanteseumrebaixamentononível
dos cursos.Paraautoraoquecaracterizaesseprocessoé
o fato de que o elemento quantitativopredomine sob todos os aspectos(desde a
proporção inteiramente arbitráriaqueseestabeleceentreo merodealunospor
professor,semnenhumaconsideraçãosobre anaturezadocursoaserministrado,
até o sistema de créditos por horasaula) é suficiente para aq uilatarmos a
massificação.Porémháumpontoquenossasanálisescostumamdeixarnasombra,
asaber,queaidéiademassificãotemcomopressupostoumaconcepçãoelitista
do saber, [mas] se com a entrada das “massas” na universidade o houve
crescimento prop orcional da infraestrutura (bibliotecas, laboratórios), nem do
corpodocente,éporqueestáimplícitaaidéiadequepara“massa”,qualquersaberé
202
suficiente, não sendo necessário ampliar a universidade de modo a fazer que o
aumentodaquantidadenãoimplicassediminuiçãodaqualidade.
Considerandoacomplexid adequeenvolveaqualidade,nãosepodedeixardelado
adinâmicadesseconceito ,suamúltipladimenoe separtirdaanáliselinear,deumdiscurso
sob requantidadeversusqualidade.Tornasenecessárioreconhecerosdiversosaspectosque
abrangemessepro cesso,considerandoseque,p elapolissemiadapalavra,podesemobilizar
emtornodaqualidadetodaumanãodeperspectivacríticaedialéticarelativaaotrabalho
educativo.
Considerando,pois,afamosacartarespo stadosíndios ,d ivulgadaporB enjamim
Franklin,naparteondedizque“[...]diferentesnaçõestêmconcepçõesdiferentesdascoisase
[...]vossaidéiadeeducaçãonãoéamesmaqueanossa[...]”(BRANDÃO,2004,p.8),e
concordando que a educação tem que e star voltada para atender à nece ssidade de seus
verdadeirossujeito s,sereconheceane cessidaded eumolharsobreahistóriadessessujeitos.
ArespostasobreestarounãoaUESPIpromovendoumaeducaçãoquepossibilite
incluodeseusalunosnasocie dadeemquevivemeseestáapresentandoq ualidadesocialsó
épossívelapósumaanálised oolhardealunos,professores,coordenadores,enfim,dosatores
desseprocesso,pormeiodasexperiênciasdecadaum,conformesuaconcepçãodeeducação
esuasvivências.
Escolheuseseguirumadastendênc iasatuaisdahis tória,“[...]aques eocupade
uma hisria do vivido” (LE GOFF, 20 03, p. 5 7), assim, temse as respostas aos
questionamento srealizados,aos einiciaroprocessoinvestigativo(janeirode2004).Realiz ou
sequestionárioaberto,quefoiaplicadoparaosexalunosdaUFPIeUESPIemCorrente(a
popu laçã o eraconstituídapor22alunosdaprimeiraturmaUFPIe16da2ªturmaUESPI,um
totalde38alunos,emumaamostraabaixorepresentadaporsetedessesalunos).Asre spostas
quantoàimportânciad ainteriorizaçãos egundooolharde ssesalunosforamasseguintes:
Foiimportante porque introduziuna nossacidadebastanteconhecimentoparaacomunidadeem
queesta(UESPI)estáinserida(2ºVESTIBULAR UESPI –ENTREVISTA01);
Foi importante, pois se abriram portas p ara conquista de conhecimento na sua complexidade.
Resgateculturalnosentidodefortalecerdesenvolvimentocognitivo,político,econômico,artístico,
social, e acima de tudo o crescimento profissional de cada ser humano não da cidade de
Corrente(PI),masdeoutraslocalidades(2ºVESTIBULAR UESPI –ENTREVISTA02);
Para a minha vida essainteriorizaçãoabriucaminhosparao meuaperfeiçoamentoprofissionale 
possibilitou a comunidade a b eneficiarse, principalmente no campo da educão, através dos
professoresealunosdaUESPI.Jáparticipeideconcurso,sendoap rovada.DepoisdaUESPI,abriu
seum“leque”deoportunidadesnaminhavida,possibilitandomeampliarosmeusconhecimentos
203
sobre educação e ensinoume a questionar conscientemente o sistema educacional vigente e a
sociedadeemgeral(2ºVESTIBULAR UESPI –ENTREVISTA03);
Eu era uma profissional com 2º Grau Magistério. Depois da UESPI, sou uma profissional em
Educação com duas graduações: Pedagogia e Letras/ Português e Especialização em Docência
Superior.Já participeide concursoefui aprovada(1ºVESTIBULARUFPI– ENTREVISTA
04);
A “cara” da educão no sul do Piauí e em Corrente mudou consideravelmente. A formação
profissionalearealizaçãopessoalajudamamelhoraraqualidadedoensino.AntesdaUESPI,tinha
apenasocursoNormaleeraprofessoraeganhavaapenasumsalárionimo.DepoisdaUESPI,
passei,após6meses,naselãodeprofessoresdaUESPI,umanodepoismetorneicoordenadora
do curso de Pedagogia, fiz sgraduação em Filosofia, trabalhei no programa Alfabetização
Solidária e no Proformação. Fiz Mestrado em Educação na UCB (Universidade Católica de
Brasília),souprofessoraefetivadaUESPI,inclusivenapósgraduação,daSecretariaEstaduale da
Prefeitura(todosempregosconcursados)(1ºVESTIBULAR UFPI –ENTREVISTA05);
Oscaminhospercorridospelaeducaçãosuperiormproporcionadooportunidadesaestudantesde
diversas classes sociais que queiram alcançar um grau melhor dentro da educação. Há de se
lembrar que essa interiorização deve ser feita de forma organizada e consciente dos problemas
futuros[...](1ºVESTIBULAR –UFPI –ENTREVISTA06);
Excelente, pois proporcionou novos horizontes para minha vida e a comunidade em geral.
“LouvadosejaoDeusdepoder”(2ºVESTIBULAR –UESPI –ENTREVISTA07).
Perguntouseaossujeitoss upracitad osseelesteriamcondiçõesdefazerumcurso
degraduaçãocasoainteriorizaçãonãotivesseocorrido,eseobtiveramasseguintesrespostas :
Entrevistadonº.1–Não,poisteriaq uedeixaromeutrab alhoenãoteriacondições financeirasde
manterumcursodenívelsuperior[...]”;
Entrevistado nº. 2 – “Teria, apesar de algumas dificuldades, pois não é tarefa fácil fazer uma
graduaçãona capital”;
Entrevistado nº. 3“Não, porque para quem tem um baixo poder aquisitivo é difícil somente
estudarfora”;
Entrevistadonº.04–“Sim,commuitasdificuldades,nacapital”;
Entrevistada nº. 5 “Provavelmente não, certo que depois saí para fazer mestrado, só  que nesta
ocasiãojátrabalhavae,portanto,foipossívelsairapesardasinúmerasdificuldades”;
Entrevistadonº.06–“Teria”;
Entrevistadonº.07 “Não,pelasituaçãoeconômicaeporjápossuirfamília”.
Percebesenasrespostasque,emgrandemaioria,osegressosdasprime irasturmas
(UFPIeUESP I)sãopessoassimplesdaregiãoequeotinh amcomosairpararealizaruma
educaçãodenívelsuperior.
Aseguirtemseavisãodeumprofessor,funcioriodaredeestadualdeCorrente,
exalu nodaUESPI,sobreaimportânciadaEducaçãoSuperiornessac idade,voltandosepara
seusreflexosnaeducaçãobásica,pormeiodaq ualificaçãodosprofissionaisdaeducação:
204
stemosdeagradeceratodasasuniversidades,stemosdeagradeceràspessoas,eunão posso
deixardecitaronomedessaspessoasq ueseinteressaramporessasduasuniversidades.stemos
odeputadoeexconselheiroJesualdoCavalcanti,quesemvidafoiquemconseguiutrazeressa
Universidade Estadual, mas s temos também o exdeputado, Dr. Flávio, juntamente com seu
irmão, Dr. João Madison, que é deputadoatual, quetrouxea Faculdadedos Cerrados, que está
trazendoparaCorrenteumacontribuiçãomuitograndeparaanossacidade.
Hoje a nossa cidade, ela é vista em um ângulo bem diferente. Todos quando estão fora
conversamcomopessoalqueestáviajando,eumavezeuestavaemSalvador,quandoestavaem
Salvador conversando com algumas pessoas, eles ficavam admirados. Tem uma universidade
estadual de qualidade e uma universidade particular de qualidade. Então essas universidades, a
importânciadelasaquiéassimdeumagranderelevância.Nóssótemosaagradeceressaspessoas
quesempreseinteressaramemtrazerobempraCorrente(PROF.ALEIXO).
Percebese nos depoimentos a imp ortância social da Educação Superior em
Corre nte,confirmadanodepoimentodo ProfessorCarlosOmar,atualdiretordocampusda
UESPInessacidade,quando seempolgaparafalardaimportânciade ssainstituição,nãosó
paraCorrente,masparatodooextremosuldoestado.
s poderíamos fazer uma comparação. Seria bom se s tivéssemos só  cidades
superdesenvolvidas, com saneamento básico, com casas bem construídas, com tudo organizado.
Agora, s até temos isso, mas aspessoasquemacessoa issosãoemmeropequeno,uma
pequenaquantidadedepessoasnototaldapopulaçãodonossopqueéumpaísque,queiramos
ounão,éumpsquedevemuitoaoseupovo.EutivediscussõescomalgunscolegasemTeresina,
professores da U ESPI, quando iniciou o processo de expansãoatravés da criãodos cursosde
licenciatura deRegimeEspecial.Quandoeudefendiessescursoseapresentavaargumentopraisso,
os meus colegas de Teresina se contrapunham a essa minha idéia ,dizendo que ia perder na
qualidade.Fernandopessoatematéumtrechodeumpoemaquedizassim:“OTejo”,queéorio
maisimportantedePortuga“OTejoémaisbeloqueorioquecorrepelaminhaaldeia,masoT ejo
nãoémaisbeloqueorioquecorrepelaminhaaldeia; porqueoTejonãocorre pelaminhaaldeia”.
OQueeuquerodizercomisso?Oqueagentepodetrazerpraessarealidade?Umauniversidade
combonslaboratórios,comumaboaestrutura,comumbomquadrodeprofessores,compesquisas
de qualidade sendo feitas, é o ideal. Agora, quantas pessoas têm acesso a essa universidade de
qualidade, de primeiro mundo? Quantas pessoas têm acesso a uma USP? Quantas pessoas m
acessoaumaUNICAMP?QuantaspessoastêmacessoaumaUnB?Éumapequenapartedaelite.
Ameuver,aUESPIprestouetemprestadoumdosmaisbelostrabalhosdesocializaçãodoensino,
dedemocratizaçãodoensinoqueumainstituiçãodopaísfez.Erainconcebívelimaginarhá15anos
atrásque,daqueladata,15anosdepois,umacidadecomoRiachoFrio,comoCristalândiativesse
80%dosseusprofessorescomnívelsuperior.Eseauniversidadeficasseenclausuradanacapital
como era sonho, e às vezessonho de pessoas quefazem partedessa instituição, s teríamos a
maioriadascidadesdoPiauísemformarseusprofessores.Porq uequemtemcondiçãodesairpara
estudaremTeresina?Quemtem?Ehojevocêvê,aquinanossarealidade,aUES PIabastecendoo
estado de Tocantins com profissionais formados; a UESPI abastecendo o Distrito Federal com
significativonú merodeprofissionaisnaáreadeeducão,na áreadeagropecuária.Nó stemoshoje
na Embrapa, em Teresina, na Embrapa em Palmas, na Embrapa em Goiânia, na Embrap a em
Brasília, alunos saídos do cursodeZootecniadaqui,entãoissoéaprovadeque, mesmonão
tendoaq ualidadesonhadapors,porquesqueremosqualidade,masagentenãopodeabrir
o de uma instituição aqui no sul do Piauí, pelo fato de ser longe,não ter os professores dos
sonhosdetodoss,simplesmentepensandoemqualidade.
Quandoeuassumiaqui,eucoloqueiparaaspessoasoseguinte:àsvezesumanota“E”deumaluno
aquideCorrente,elatemmuitomaisvalorprasociedade,paraaquelapessoa,doqueumanota“A”
deumalunoqueestudounaUSPounaUFRJ.Porqueláforamdadastodasascondiçõesevocê
nãopodeavaliarum alunodaU SP comalunodaUESPI;querdizer, elesmqueterumnível
nimo. Agorateríamosquedarascondiçõespraelesdomesmojeito,masnãodandoascondições
eusoufavorávelquesedemocratizeaprincípioequeseofereçaqualidadeàmedidadopossível.
205
Porqueseformosesperarsóconstruirumacasaquandonóstivermostodoomaterialadquirido,boa
partedacomunidadenãoconstróisuacasa.
Agentepodeirconstruindoaospoucos.Umainstituiçãodeensinopodeserconstruídaaospoucos.
AUESPInãoestáfeita,aUE SPInãoestápronta,aUESPInãoestáacabada,elaéumconstante
construir.sestamosemprocessoinicialainda.Em97scolocamosnomercadodetrabalhoos
primeiros profissionais e 1997 es bem aí! Estamos completando 7 anos agora, colocando
profissionais.Énecessárioquesefaçaumapesquisadessespósgraduados,q uerdizer,doegresso,
doalunoquesaiudaqui,paraveremquecondiçãoeleestá.Serealmenteeleéumprofissionalque
nãotemqualidadeouse,comasdificuldadesnaturaisdeumainstituiçãoquetemsuasdificuldades,
seeleconseguiusuperálasehojeesbemnomercadodetrabalho.
Eu convoco aqui os professores que estão querendo desenvolver pesquisas; está aí um filão de
pesquisainteressanteprasefazer.SaberdoalunoegressodaAgronomia,daPedagogia,dosoutros
cursosdelicenciatura.Comoeleestáhoje?EmqueaspectoeleimputaaUespi?Seeleestábem.
Deq ueformaeleachaqueaUespicontribuiupraeleestábem?Seeleestámal,eleculpaaUESPI
em que aspecto, pelo fato de estar mal? De não ter progredido profissionalmente? Mesmo
emp iricamente imaginando aqui, o resultado seria positivo, quer dizer,s teríamos muito mais
ganhos do que prejuízo pelo fato de uns iluminados, pessoas de boa visão, terem trazido e
expandidoaUESPInointeriordoPiauí.OPiauítemqueseorgulhardaexpansãodaUESPI.Se
hojenósnãosomosobscurosemtermosdeeducaçãocomoéramoshápoucotempo,nósdevemos
muitoaUESPI,muitomesmo.Elaprestouumtrabalhomaravilhosonesseaspectoaí.
OprofessorCarlosOmarenfatizaoque GentillieSilva(Orgs.)(1996)consideram
a“qualidadeco moumdireitodasmaiorias” .Necessitasedeq ualidadecomodireitoe não
comomercadoria.Enguita(1990),poroutrolado,mostraqueessediscurso de“excelência”e
“qualidade”simbolizau mdiscursocujapreocupãoéaseleçãodosmelhores,efetivandoa
aceitação deumaeducaçãodual.
O Prof. Edílson A. Nogueiratambém mostra seu entusiasmo,sua confian çana
qualidadedaeducaçãosuperioremCorrente ,posiçãoexpress aduranteaentrevistaoralaq ui
transcrita:
ILUST RAÇÃO30:Prof.EdílsonNogueira
ProfessordaUESPIcampusCorrentePI
Fonte:acervopessoaldaautora,2005.
[...] essa universidade foi a transformação cultural, intelectual no Piauí. Anteriormente só  tinha
acessoàeducãoaselitesdominantes.Com aintroduçãodasuniversidades,aclasseassalariada
206
ou a camadachamadabaixateveaop ortunidadedecapacitar,qualificar.Essaspessoasvoltaram
tambémparaserprofessoresnointeriorenascomunidadesinterioranas.Comessaconscientização,
com essa capacitão, com a qualificação, eles estão transformando a sociedade para uma
sociedademaisprogressista,maisdemocráticaemaisconsciente.Entãoopapeldauniversidadee
do campus de Corrente nada mais é de que o centro transformador da sociedade piauiense,
mostrandoqueasociedadepiauienseécapazdebuscarconhecimentoparaessemundochamado
globalizado.
Observasetambémque,apesardeh averumconsensoemrelaçãoàimportânciae
àqualidadedaeducaçãoproporcionadap elaformacomoaUESPIvemseexpandindo,há
preocupãonosentidodesemelhoraremessascondições,c omosep odepercebernafala
(transcriçãodagravação)doDr.HélioParanaguá:
ILUST RAÇÃO 31: Dr. lio Paranaguá
(exdiretordoIBC)
Fonte:arquivodaa utora.
[...] a UESPIencampou, desenvolveu, procurou ampliar, com uma preocupação assim muito de
amp liar, de grandeza sem preocuparmuitocom aqualidade.Isso nos preocupouepreocupa,eu
achoqueprimeirostemosqueterumpequenocursocomgrandequalidade,comqualidade,do
queumaexpansãoassim,generalizada,massificadaesemapreocupaçãodeumaqualidade,porque
omercadode hojeexigeumaqualidade,eé umaquestãoagoradepararpensareconduzirpraesse
prismadaqualidadedoensino.
NafaladoDr.Hélio(“umpequenocursocomgrandequalidade”),podeseteruma
idéiadeumaqualidadeparapoucos,cons ideradaporGentillicomoprivilégio.Percebe seque
apreocupaçãocomaqualidad eprofissionalestápresentenosdiscursosemrelaçãoàexpansão
daUESPI,oqueoseverificanafaladepessoasmaissimplesdacomun idadeetambém
daqueles que se beneficiaram com o  processo, como exalunos (as), professores,
coordenadore s.ÉocasodaexcoordenadoradocursodePedagogia,exalunadaprimeira
turmadaUESPI,Profª.Raimu ndinha.
207
ILUST RAÇÃO32:Prof.ªRaimundaMariadaC.Ribeiro
Mestr eemEducação.ExalunaUFPIcampusCorr ente.
Fonte:arquivodaa utora,2005.
Percebese na fala des ses sujeitos que a e ducação superior em Corrente vem
proporcionandoumaqualidadedevidaparaoss eusegressose tambémparaacomunidade,
poisessaeducaçãoserefletenoensinobásico,melhorandoaqualificaçãodeseusprofessores,
avisãodoconhecimento,enfim,proporcionandotambématransformaçãodesseensino.
Paraapro fessora,aeducaçãosuperiorvemnãoapenascomoprivilégiodepou cos,
pos sibilitandomelhorianaq ualidadesocial,como s epodeperceb ernode poime nto:
AUESPIenquantoinstituiçãodeensinosuperiortevesuaprimeiraturmainiciandoem1993,com
oprimeirovestibular.Dentão,mesmocontandocomaprimeiraturmadaUniversidadeFederal,
nósjápodemosverquemudançasvêmocorrendoeelassãonotórias,porqueaentãoquempodia
estudar em Corrente era quem tinha condições de ir pra Teresina ou pra Brasília, ou Salvador,
Recife com muita dificuldade. Hoje nós podemos ver que esse quadro, ele tem mudado
significativamente,issoéimportânciasocialporque,quandonóstemosomaiornúmerodepessoas
graduadas numa comunidade, nós podemos ver a qualidade dos serviços prestados por esses
profissionaisaessacomunidade.Elessãodeumaqualificãobemmaisnítida.
E a educação em Corrente, pegando mais especificamente pessoas das áreas de licenciatura, a
educão, ela mudou, ela tem mostrado uma nova cara. O quadro de professores da Secretaria
Estadual, da Secretaria Municipal de Educação, mudou de perfil, por quê? Q uem era professor
antesdaUESPIchegaremCorrente?ErampessoasquetinhamoCursoNormalouquenãotinham
nemo2°grau,hojeEnsinoMédio,tornavaseprofessor,porindicãopolítica.ComanovaLDB,
quejánãoétãonovaassim,oprofessornãoémaisadmitidode formaimposta,masemconcursoe,
para passar numconcurso, precisa ser digno, de certa forma, de conhecimento; e não é uma
questãodoconhecimentoparapassarnumconcurso,porqueoprofessor,hoje,éumprofessorque
tem consciência do seu trabalho, ele tem comp romisso, ele conhece a estrutura, o sistema da
educãodenossopaís,denossoestadoedenossomunipio.Eagentevêqu,semaUESPIter
chegadoaqui,operfildosprofissionaisdanossaregião,quenãoésóCorrente,eleseriadeoutra
forma,porquehojeamaioriadaspessoastemcursosuperior,nóstemosumnúmeromuitoreduzido
deprofessoresquenãotemcursosuperioreissooéruim,eaUESPIesaíparaqualificaros
professores que faltam. s temos profissionais da área de Agronomia, p reparados que têm
prestado serviço a nossa comunidade e a outras comunidades, é uma universidade respeitada, a
gentesabequeaU ESPIseexpandiumuitoequesereclamadaqualidadedoensino,masnóstemos
procuradomelhorar,enossatendênciaémelhoraraindamais.
Agentecontahoje,naUESPI,especificamente,com4mestresnaáreadeEducação,2naáreade
Agronomia, 1 na área de Zootecnia e um doutor na área de Zootecnia, então é um quadro
208
privilegiado.Istomostraqueéumainstituiçãoimportanteetemimpactadonastransformaçõesem
buscadamelhorqualidadedevidadessepovo.EntãoaUESPIrealmentetemsepreocupadocoma
quantidade,masosprofissionaisdessainstituiçãotamb émmsepreocupadocomaqualidade,de
forma que isso tem se refletidono contexto profissionaldestaspessoase na construçãode uma
sociedade.Epodemosassimdizerquemostramososerviçocomumapreocupaçãonaqualidade,
não na quantidade. A gente vê como uma mudança, como algo positivo (DEPOIMENTO
PRO.RAIMUNDINHA).
TambémnafaladoProf.IbanêsRochaBarros,entreoutros depoimentoscitados
nodecorrerdapesquisa,háademonstraçãode qu e,emmaioria,seconcordacomaqualidade
socialdaUESPIparaCorrente:
Daí então nos só tivemos que agradecero empenho de todoo GovernodoEstadodo Piauí, no
sentido de ampliar e de dinamizar, veja bem, s temos hoje uma universidade centrada em
Corrente, que dista dos grandes pólos e das grandes universidades em torno de 1000 Km de
distância,queserianonimoadeSalvador,BrasíliaoudeTeresina.Àdistânciaquenósestamos,
nesseraio,nãoexistianenhumcursosuperior.Ehávantagemdeterumcursosuperiornumaregião
comoCorrente.Tratasedeumaregiãoextremamenteprodutiva,portadeentradaparaocerrado,a
novafronteiraagrícoladoBrasilegrandeprodutoradegadodecorte,omaiorrebanhodegadode
cortedoPiauíescentradoaquinaregiãodeCorrente,polarizadoporCorrente,entãohaviauma
grande necessidade. Poucas pessoas tinham condições de mandar seus filhos para os grandes
centros,porq ueédifícilamanutençãodeumalunoestudandoemumauniversidade,custeadopor
pessoasdeumníveldepodereconômicopobre,vejabem,oPiauíjáéoúltimoestadoemrendaper
cap ita, é o mais atrasado, imagine o interior do Piauí, então s estávamos aqui quase sem
perspectiva.Comavindadauniversidade,issofoiumagrandealavancaparaoprogressodaregião,
hojeparavocêterumaidéiasjáformamosaquimaisdemilprofessores,podesechamaruma
leva bastante significativa, que tem acentuado o progresso da região, tanto a educão, como a
pecuária,comoaagriculturatêmsentidooefeitodobenefíciotrazidopelauniversidade,realmente
é sem precedentes. Você vê hoje a filha da empregada doméstica, do vaqueiro recebendo seu
diplomadeagrônomo,zootecnista,debiólogo,pedagogo,enfim,dosdiversoscursosmantidospela
universidadequechegouaatingiraté18cursos.Issoédeumalcancesocialquenãotemnem
como se medir, eu já fiz algumas experiências dos benefícios trazidos pela formação de cinco
turmas de Agronomia e cinco de Pedagogia, e confirmo hoje cientificamente que os benefícios
foramosmaiorespossíveisquesepoderiaesperarparaessaregião,trouxerealmenteumbenefício
muitogrande.AUESPImantémaindaoscursosecontinuamantendo,atendênciaéregionalizar
porquenósterminamosexpandindodemaisauniversidade,eunãodigoquehouvealgumerronisso
porquenósocupamososespaçosvaziose,comodiziaoprofessorJônathas,entãoreitornaépoca,e
depois que a gente expandir, vamos q ualificar, colocarbiblioteca, colocarlaboratórioedispora
Universidadedainfraestruturanecessária.Issonãofoifeitoaolongodessetempotodoehojenós
estamosnos recolhendoaalgunscampi,Aalgunspólos,Correntetendeaserhoje umdosonze
losquesequercriarnauniversidadeenãomaisos60comotemoshoje,sereduzirde60para11
e dermosum suporte a essescampi, pois todos oscursossãoreconhecidosou estãoemfasede
reconhecimento,eteremosaestruturanecessáriaparamanutençãoeampliãodoscursos.
Hoje nós já estamos trabalhando muito na área de pesquisa,Corrente hojejáformouquaseque
trezentos pósgraduados na área de Docência Superior, Gestão Escolar, concluímos agora uma
turmademais80alunosemGestãoEscolar,estamosagoracomumaturmaabertaparamais80,
estamos sendo convidado para dar curso de pósgraduação em Tocantins, Riachão das Neves,
Barreiras,enfim,hojes somosreferênciaemtermosdepósgraduação,portantoeuacredito
que épossívelquesesigao caminhoeograndetripéda universidadequeéensino,pesquisae
extensão.Naáreadepesquisa,sóeumesmotenho96 pesquisasrealizadasemconjuntocomos
alunos e eu pprio, então os demais colegas, já temos aqui 5  mestres, doutores e todos os
professoressãoespecialistasemníveldepósgraduação,entãovocêvejaoefeitoquesurgiucomo
adventodessaUniversidade.Euacreditoq ueessaexpansãofoiválida,parabénsparaquempensou
como estadista em implantar a Universidade e dar prosseguimento ao seu trabalho (PROF.
IBANÊ SROCHABARROS).
209
Conforme se observa, o papel da universidade em Corrente é  fundamental na
formação docente, pois “a re sponsabilidade da universidade na formação social desse
profissionalcrescediantedaprecariedadedaredeescolarde1ºe2ºGraus[educaçãosica]”
(GADOTTI, 2001, p 150). Tornase, portanto, necessário “[...] orientar os jovens
universitários paraaconvivênciacomosdeserdadosdaeducação,formarprofissionaisdo
ensino,atentos àsnecessidadeseducacionaisdapopulaçãoesquecida”(GADOTTI,2001,p
150).Observasequ eumamaioriadosegress os daeducaçãosuperiordeCorrentefazparte
dessa pop ulação esquecida, tornandose conhecedores da realidade po r sua própria
experiênciadevida.
TemseaseguiravisãodoSr.RaimundoDiasReis,quetrabalhoun aconstrução
doprédio(daFESPI),quefuncionacomocampusdaUESPIemCorrente:
Euvejocomo...éumaesperançaparaosuldoestado,porqueémuitodifícildealgunsestudantes
quequeiraalcançaralgumacoisanavidasairdaquipraTeresina,SãoPaulo,RiodeJaneiroporque
a condição é muito pouca aqui no sul do estado, a gente vive isolado.Q uando falaram isso, eu
fiquei muito satisfeito e quando trabalhava lá, eu fui o pedreirodos banheiros etrabalhavacom
muito prazer porque eu já tinha filho e esperava que um dia meus filhos precisassem daquela
instituiçãoeseservissedela[...]PeçoaDeusqueospolíticos,algumaspessoas,osdirigentesdelá
procureumamaneiradecrescer,eamelhorarasituaçãodeláporqueéumgrandevalorpranossa
cidadeCorrente.[...]
Sempreagente,naqueleshoráriosqueagentetinhaaqueledescanso,unscomentava“olhaaqui,
issoaquiéfeitopras,pranossosfilho,istoaquiagenteaindavaiveralguémdagente formado
doutores, tudo aqui, através disso aqui, s devemos fazer força até algumas reunião que
convocava a gente, a gente ia, dava a colaboração da gente pra que naquelas reuniões se
concretizasse omelhorpranossacidade.
Játemmuitosfilhosdeamigosmeu,inclusivedessaépocaquestrabalhamonaconstrução,já
temdelesformado[...]encontroelesmuitosatisfeito.Eladecaiuumpouco,nãocomonoinício,
maseuesperoquedechegaralguémp ararecuperarecrescercadavezmais.[...]Semoraaqui
nosuldoestadoacoisaaquisóvemmaisdevagardoquenosgrandescentros(SR.RAIMUND O
DIAS PEDREIRODECORRENTE).
Ao se analisar o depoimento do Sr. Raimundo, têmse as considerações, os
sentimentos e os valores desses novos sujeitos  da novahisriacultural,das pessoas que
contribuíramdeformaefetivaparaosucesso daimplantação do ensinosu perioremCorrente, 
pois,graçasaelas,hojesetemumaestruturaqueperman ecefirme,comofoiconstruída.Por
meiodessedepoimentopodeseperceberaopiniãodosoutrostrabalhado res,quejuntocom
ele compartilhavam o sonho  de ver seus filhos forman dose nessa universidade.Tratase,
portanto,“debu scarahistóriadosvencidos”(LOPES,1 989 ,p.30).
Essemergulhonopassado(naconstruçãodoprédioondehojefun cionaaUESPI)
pos sibilitouolharo prese ntecomumanovaperspectiva,pois,aosetrabalharcomamemória
de um tempo vivido por pedreiro s, exalunos, professo res, coordenadores, enfim com os
210
verdadeirosato resdaeducaçãosup erioremCorrente,podesedesvelaropassadoe refletir
sob reopresentepe nsandoseemumoutrofuturo(FREITAS,2000).
Percebesequ eessa“[...]abordagemalternativa,ahistóriavistadebaixo,abrea
pos sibilid adede umasíntesemaisricadacompreensãohistórica,deumafusãodahistóriada
experiênciadocotidianodaspessoascomatemáticadostiposmaistradicionaisdehistoria”
(BURKE,1992,p.54).
Outrodepoimento,doProf.AntônioSoares,levaaseperceberoimportantepapel
dauniversidadenessacomunidade.
[...] hoje na cidade, eu acredito que a UESPIteve assim um papel importante, ou seja,aqui no
extremosul, especialmenteemCorrente.Naépoca,aindanãohaviasidocriado outroslosem
outros municípios, então Corrente concentrava alunos desde Bom Jesus até Alto Parnaíba no
Maranhão,tudovinhaestudaraqui.
Aindahojetemalunosdeoutrosmunicípios,entãostemosassim,alunosdeboaqualidade,eu
posso dizer por que há sempre uma concorrência no vestibular. Não é aquele vestibular sem
concorrência;ovestibulartemsempreconcorrência,entãoagenteacreditaqueaquelesqueentram
realmenteforamosmelhoresesabesedissopelodesempenhoqueosalunostêmtido.stemos
hoje, aqui na casa, a professora Raimunda Maria, que foi aluna nossa na primeira turma, já fez
mestradoehojeéprofessoraconcursada.
Então tudo isso a gente pode contar como uma melhoria do nível de formação desse pessoal e
também se esse aluno que saiu daqui conseguiu se destacar fazer uma pósgraduação lá fora,
porqueeudeiesseexemplo,masstemosoutrosalunosnaáreadeAgronomiaquejáfizeram
mestradoemBrasíliaemesmoacharamempregoeestãobemcolocados,entãoissoéprova
queosalunosaquimumaqualidade,diríamosatésuperior,demuitosoutrosporaí.
[...]osquefazemlicenciaturaaquieagenteàsvezesachaumdesperdíciodenãoseraproveitado
aqui.Muitos,quandoterminamaquiefazconcursonaFundaçãoEducacionalláemBrasília,no
Tocantins, todos se destacam nos concursos. Então eu acredito que s temos dado uma
contribuiçãonessesentido,nessamelhoriadaeducão.
Percebesenafaladoprofessorgrandeconvicçãoquantoàqualidadedaeducação
deCorrente.Issose co mprovanobomdes empenhodosegressosemcursosdesgraduação
eemconcursospúblicos.
TemsetambémnafaladaProfª.RitaM ônica,coordenadoradecurso,umavisã o
desseprocesso;
EuvejoaUniversidadeEstadualdoPiauí,campusdeCorrente,campusdeTeresina
e muitos outros lugares onde ela es espalhada como grande referencial da
educão. A UESPI tem crescido, tem desenvolvido, a U ESPI tem encontrado
diretrizes,caminhos,paraaqualidadedoensino,daextensãoedapesquisa.
O vestib ulardaUESPIémuitoconcorrido.Nóstemospercebidoqueingressarna
UniversidadeEstadualdoPiauítemsidoosonhodemuitosjovens,istoporcausada
credibilidade dos vestibulares, a credibilidade do ensino, da estrutura da UESPI.
Entãonósvemosque,acadaanoquepassa,independentedegestores,independente
dereitoresqueestãoassumindoesaindodosseuscargosnóstemospercebidoquea
Universidade não tem perdido seu caminho, a UESPI não tem fugido do seu
211
propósitoprimeiro,queéformarestudantesemtodososaspectos:aspectotécnico,
aspectoéticoeoaspectoprofissional.
Atendênciadelaéestarenriquecendo,cadavezmais,estesaspectos,investindona
qualificãodeprofessores,mestres,doutores,enóstemosobservadoqueaUESPI
temencontradoestecaminho,tematendidoaosobjetivos etambémàdemandada
sociedade,quernacapital,quernascidadesinterioranas(PROFª.RITAMÔNICA).
Duran teapesquisacons tatousee starsemprepresentenosdepoimentosaquestão
daqualidadedaeducaçãop romovidapelocresc imentoquantitativodecampienúcleosda
UESPInasdiversasre giõesd oestadoeatéemoutros,comoBahiaeM aranhão.
Expõese a seguir o olhar daqueles que estiveram à frente desse proc esso
expansionista.Assimcolocaseafalad eSandraLima deVasconcelos,chefedaAssessoriade
Comunicação da UESPI em 2001, considerado como o período em que a ins tituã o
apresentouumvertiginosoc rescimentorumoàinteriorização:
QuandoestavaàfrentedaAssessoriadeComunicaçãodaUESPI(ASCOM),tivea
oportunidade de coordenar os eventos de formatura de inúmeros municípios do
Estado.Aprendi aamaroPiauíexatamentepor ocasiãodessasviagens.Estive em
munip iosondeninguémpossuíaformaçãouniversitáriaatéachegadadaU ESPI.
Após a formatura das primeiras turmas, de uma hora para outra, aquela cidade
ganhavadezenasdeprofissionaisgraduados...Alémdisso,eralindodesevercomo
todaadinâmicadacidademudavaduranteasaulasdaUESPI(emperíododeférias).
No períododeaulas, como fluxodealunos(vindosdemunicípiosvizinhos)ede
professores,acidadeganhavaumanovavida.Ganhavaaresdecidadeuniversitária!
Aspensõescheias,ocomérciorevitalizado,novasopçõesdeentretenimento!Jamais
esquecerei o que pudepresenciarduranteo cerimonialdasformaturas:semblantes
transbordantes de satisfação e alegria, dos formandos, dos familiares, dos
professores.Umaalegriaquesomentearealizãodeumsonhorealizadoécapazde
provocar.Daquelesquenuncaseimaginariamformados,portotalfaltadecondições
de se deslocar paraasgrandescidadesembuscadeumaformaçãoprofissional.E
que agora...não precisavam sair de suas cidades, ou percorrer grandes distâncias,
paraingressarnauniversidade.Jamaisesquecereiaquelesrostos!Meapaixoneipelo
Piauí (sou cearense)epelospiauienses!Porsuagarra,corageme,principalmente,
peloseuespíritoempreendedor!Dequemacreditaque“sonhoquesesonhajunto,
nãoésonho,érealidade”(SANDRALIMADEVASCONCELOS).
Hácontrovérsias,masosfatosfalamporsimesmos,assim,arealidadedecadaum
mostraastransformaçõesd avidaapósaeducaçãosupe rior.Algunsestu dantesficaramem
suas cidades, abandonaram o curso, até mesmo porque a de preparo, impossib ilitava o
acompanhamento,masoimportanteéquefoidadaaoportunidadeparaaquelesquequeriam
criarassasevoar,fazeremgraduaçã o,pósgraduaçã o,enfim,estendeuseaoportunidadepara
todos.
Desta forma, buscase saber se e como a interiorização está promovendo
qualidadesocialparaseusegressos.Apartirdessaindagação,fezserelevanteumaanáliseda
vivênciade cadasuje itoconvidadoacontarsuahistória.Procurasenessashistóriasd evida
212
“[...] aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior” (CERTEAU 1996, p. 31).
Intentase uma análise de mais uma problemática que emergiu do processo histórico da
interiorização: qu al a qualidade da educação superior proporcionada por tal p rocesso?
Estabelecese,portanto,umarespostanodiálogoentre ateoriaeashistóriasdevidadeex
estudantesegressosdasprimeirasturmasdocampusdeCorrente(UFPIeUESPI).
4.5.1HistóriasdevidatransformadaspelaEducaçãoSuperior
Buscasenesteitemavisãodossujeitossociaisacerc adas questõesqueemergiram
com a investigação,  procurando levaressa visão aos leitores,através dastranscrições das
falasafimdequepossamfazersuaprópriaanálise.
Ahistóriadevidaé consideradacomou maestratégiaque,deacordocomLavillee
Dione(1999,p.158),caiuemd esuso,masquevemserevitalizan doháalgunsanos .Sua
rele vância está em extrair dos indivíduos a sua vivência. De acordo com os autores
sup racitadas,“batiz adade
históriaounarrativadevida
,po deserdefinidacomoanarração,
porumapessoadesu ae xperiênciavivida.Estanarraçãoéau tobiográfica,umavezq ueéa
própriapersonagemqueconstró ieaproduz[...]”.Essaprodãopartedoco tidianodecada
personagem.Certeau(2003,p.31)entendepo rcotidianotudoaquiloqueserecebeacadadia,
queseassume,aodespertar:“Éumahistóriaameiodenósmesmos,quasee mretirada,às
vezesvelada”.
Assim,paraseobte rahistóriadevidadessaspessoas,foifeitaapropostadeque
falassemumpoucod o seucotidianoantesedepo isdaexpanodaeducaçãoatéacidadede
Corre nteedoquemudouapósaeducaçãosuperior.Ashistóriasdevidaforamgravadasem
fitasetranscritasparaesteestudo.
Isso pos sibilitou uma visão geral da importân cia da Educação Superior para a
regiã o,pois,conformePollak(s.d,p.200),“apriori,ameriapareceserumfenômeno
individual, algo relativamen te íntimo, próprio da pes soa”, mas é também entendida por
estudiososcomoMauriceHalbwachs(1990)comoumfenô menocoletivoesocial,c onstruído
coletivamenteesubmetidoaconstantesflu tuões,transformaçõesemudanças.R econhecese
aquiaimportânciad amemóriaindividualdessessujeitosparaumaanálisedoconjunto,pois
“[...] cad a memó ria in dividual é um ponto de vista sobre a meria coletiva [...]”
(HALBWACHS,19 90,p.51).
213
Percebese qu e a memória fazse presente “qu ando o olhar pode atravessar a
espessurad o tempo ,distinguevestígiosreconhecíveisdesuahistó ria” (SOUZA,2004,p.7).
Assim, por meio desse olhar que cada exaluno lança ao seu p assado, relacionandoo ao
presente, foi po ssível a análise da qualidade social da educação  superio r na cidade de
Corre nte,sendoque,pormeiodafaladessessujeitos,pe rcebeseaimportânciadaeducação,
obs ervadanarelaçãoentreamemóriaeavidaprática.
Foramescolhidasseisentrevistas,poisserecon heceq ue,pormaisparecidasque
sejam,todasasve zesreditas,asnarrativascarregamdifere nçassignificativas.Observamse
pontoscomuns ne ssas narrativas,mas sepercebeaconfirmaçãodeMeihy(2002),q uehá
significativasdiferençasentre ase xperiênciasvividasnocotidianodecadaumdossujeitos
dessashisrias.
Duran teainvestigação,procurouseinicialmenteouvirashistórias,numaescuta
sensível das falas d os d epoentes, percebe ndose que a realidade apresentase através de
situações que se impõem comomomentos jamais  vistos.Lançaramse novosolharespara
antigasquestões,como:
· Qualaqualidadesocialdaeducaçãosuperiornoextremosulpiauiense?
· Oquetemsidoainte riorizaçãodaEducaçãoSuperiorparaavidadessas
pessoas?
Nasnarrativasdossujeitos,selecionaramsefrasesc onsideradaspelaautoracomo
caracterizadorasdavisãodecadadepoente,afimde comporossubtítulosaquiapresentados.
Comoc ritériodeescolhadessaamostraoptousepelofatodeseremexalunosdaprimeira
turma,escolhid osaquelesquesecolocaramàdisposiçãoparacontarsuahistória,entreos
quaistemseapenasumaalu nadaprimeiraturma(UFPI/1992).
Transcreveuse também a narrativa de um exaluno da turma de Letras com
habilitaçãoemPortuguês,pois,duranteapesq uisa,aonarrarsuahistóriadevida,eleinspirou
aautoraabuscaroutrash isrias.Apesardeodepoente nãofaze rpartedasprimeirasturmas,
seud epoimentoto rnousefundamentalparaaanálisedaqualidadesocialfocalizadanesse
capítulo.Os(as)demaise xalunos(as)odasegundaturma(UESPI).
ParaSouza(2004,p.15),“amemóriacriaumimagináriohistórico,defin idopela
apropriação pessoalepeladoaçã odeu msentidopeculiaraumad eterminadatrajetóriade
contato e de  construçãode umpatrimônioculturalcomum”.Obtemseenop ormeioda
hisriadevidadecadaexaluno,umavisãocoletivaqueprop orcionarespostasadiversas
questões.
214
AExpansãodaEducação Superio r:marcoimportanteparaoPiauí.
Buscaseocotidianodo entrevistado,deformaqueessaconstruçãodarealidade
estabeleceuseapartirdosvínculosmantidosentrepesquisador,protagonistaeessamesma
realidade.ConfirmaseassimcomMinayo(1986,p. 18)que,paraquealgosejaconsiderado
umproblema,temquee starrelacionadoàvidaprática:“Asquestõesd einvestigaçã oestão,
portanto,relacionadasai nteressesecircun stânciassocialmentecondicion ados.Sãofrutosde
determinadainserçãonoreal,neleencontrandosuasrazões eseusobjetivos”.
HistóriadevidadoprofessorEtelvino:amantedasLetras:
oProf.Etelvinoéex
alunodaUESP IefeztambémumaespecializaçãonaprópriaInstituãoemEnsinoSuperior.
Alcançou rios cargos administrativos em Corrente, entre estes, o de Chefe de  Ensino
Regio naldeEducação.Exvereadortrabalhoucomo professornaUESPInoPeríodoEspecial
eatualmente,atuacomoprofessorestadualemunicipal.
ILUST RAÇÃO 33: Professor Etelvino, exaluno
daUESPIPI,emsuaformatura.
Fonte:arquivopessoaldoprofessor,2005.
Apresentaseumabre vehisriadevidadeEtelvino,representan do“umele mento
de um grupodeexestudantes daEducaçãoSuperioremCorre nte,considerandoseaqui
gruponãosomentecomoumconjuntodeindivídu osdefinidos,cujarealidadeoseesgota
emimagensquesão enumeradaseapartirdasquaissãoreconstituídas,esimnaidéiadeque,
“Pelocontrário,oqueoconstituiessencialmente,éuminteresse,umaorde mdeidéiasede
preocupões,quese mvidaseparticularizamerefletememcertamedidaaspersonalidades
deseusmembros[...]”(HALBWACHS,1990,p.121122).Buscase,portanto,porme iodas
215
hisriasdevidaumconh ecimentodessasidéias,preocupaçõesesentimen tosdogrupodeex
alunosemrelaçãoàEducaçãoSuperioremC orren te.
EuentreinaUES PIem1994epasseidoisanosemeioestudandoporqueeufiznaquelePeríodo
Especial.Entãoeram2 turnosqueequivaliama5anos.OcursoqueeufizfoiLetras,Letrascom
habilitaçãoemPortuguês.Eujáeraprofessor,sóquenãotinhaqualificação.Aquiagentefazia2º
grauedavaaulanopprio2ºgrau.Nãotinhaprofessorespecializado,osprofessoresquasetodos
eramdeclassediabaixaenãopodiamsairdaquiparairsequalificarfora.Entãotinhaquever
sea leiabria um parágrafo e dizia quequem tinha feito o 3º ano do 2º graupodiaensinarpro
próprio3ºano,porq uenãotinhaqualificaçãonomomento,naquelaépoca.
EuresidiaaquimesmoemCorrente,nomunicípio,primeironointerior,edepoispasseipracidade.
Comeceiaestudarnauniversidadeefoiumpassomuitoimportante,nemparamim,maspara
todosaquelesquenãotinhamcondiçãodesequalificarporqueatéentãoeramuitodifícil,sóquem
tinhacondiçãosaíadaquieiapraoutracidadeprasequalificar.
FoiummarcomuitoimportanteaexpansãodaUniversidadeEstadualdoPiauí,tantodentrocomo
fora do estado que ela passou até para algumas cidades circunvizinhas nossa. Aqui é muito
importante.Deuumpassomuitoimportantepravidaeducacionaldanossaregião.Entãopramim
foimuitoimportante.
Antes de entrar na Universidade, a gente, é como diz, empurrando com a barriga, fazendo da
fraquezaforça,masotinhatanto...Nãotinhaconhecimento.Sópassava,davaaula,porforçado
destinoomeninoaindapassavaporquenãotinhacomomelhorar.Depois,euachoquefoimuito
mais importante. Por quê? Porq ue a gente fazia as coisas sabendo o que tava fazendo,tinha
conhecimentodoquetavafazendo.Antes,não!Vocêfaziaassim...comosendouma...uminstinto,
você faz a coisa porque vê o outro fazer, passa de tradição pra tradição. Agora. não! Com a
universidade, a gente desenvolveu a personalidade, a criatividade. Foi muito mais importante,
emb oracritiquem.Algumaspessoascriticamonossocurso;queonossoensinoaquisejavaziode
conhecimentos. Mas foi muito importante! E outra coisa: que quando vem professor de outra
cidade achando que a gente aqui é lá embaixo... fraco! Não! Chega aqui, surpreende. Tem
surpreendido aqui alguns professores que vieram, até na época mesmo que eu cursava, vieram
alguns professores de Teresinaachandoqueaqui agentenãoeranada.Quandochegouaqui,se
surpreendeu!Agentetinhaconhecimento!Écomodiz:queotemescolaruimquandooalunoé
bom.
Nossaregiãoaquiéfaladadecapitaldaculturaeosalunosomuitointeligentes!Porissonósnão
nossentimosmaisfracosdoqueosdasoutrascapitais,não,deoutroslugares,não!
Aoterconcluídoo terceirograu,comoacrescentou!Acrescentouosconhecimentos,eumesenti,
sintohojecapaz.Naqueletempoagentenãopodianemconversarnomeiodequemsabiaporque
nãosabiadenada.Hojemesintocapazdeconversarnumarodadeamigosquetenhaformatura
quetenha,comodiz,aquelaformaçãoculta.
Fuibeneficiado porque o primeiroconcurso que eu fiz,depois da universidade, tirei o primeiro
lugaraquidaregião.EmprimeirolugarfizparaacadeiradeLetrasehabilitãoemPortuguêse
tireio primeirolugarno concursodo Estado,então,daípra,todocursoqueeufo,graçasa 
Deus,tenhopassadobem.FizumcursoemTeresina,apósaconclusãodomeucurso,esaímuito
bem, que foi aquele curso do Projeto Vida, que veio de São Paulo e daqui eu que fui
beneficiado,poisfizeramumapesquisaaqui,enessetempoeutinhaconcluídoafaculdadeehouve
assimumprimeirolugareeuquefuipraláchamadoefizocursoduranteumano,capacitãodo
professorparao2 ºgrau,paraoensinomédio.
Aí, depois desse curso, eu fiz a pósgraduaçãona áreadeMetodologiado Ensino Superior.Era
primeiroumamonografia,mas,depoisfoitransformadoemartigo.Meuartigoeufiz...otemaera
evasãoescolar.Eaquioprofessorqueerapraorientarnãoveionaépoca.Entãoquempô de,quem
tevedinheiro,p rocurou umprofessorparticularparaorientar,masop rofessorcobrouumsalário
nimo.Eu,comonãotinhaumsaláriomínimo,fizomeup orcontaprópriaeosoutrostiraram
216
dez,quemteveajudadoprofessor,eunãotiveajudadoprofessortirei8,6,masmesintohonrado
comissoporque8,6émeu!Efoioqueeuaprendinauniversidade.
Trabalheicomoquehojechamamdecoordenadordeensinoeaprendizagem,naqueletempoera
chefe de ensino. Eu fui chefe de ensino no período do governo Mão Santa durante 8 anos.
Desenvolviumbomtrabalhonoquedizrespeitoaoficinaspedagicas:reuniaosprofessorestodo
s e a gente trabalhava. Não eu ensinando a eles porque eles não soubessem, não. Mas nós
trab alhandoparamelhoraroensinoefoiproveitosoporquenaquelaépocaosmeninosterminaram
o ginásio, depois foram pro ensino médio. Passaram 18 naquela época, naquele ano, na rede
estadual.Depoisissofoideixadodemãoehojetámaisfraco.Eprapassarprimeiroagentetem
que fazer uma base bem feita do aluno. Trabalhei como chefe de Ensino Regional e deixei um
trab alho implantado nas outras cidadese todo mundo gostoudo trabalho. Desenvolveubastante
naquelaépocaqueasuperintendente,ouseja,adiretoraregionaleraaprofessoraCéresParanaguá.
A interiorização da educação superior foi um passo muito importanteno desenvolvimento tanto
paramimquantodasoutraspessoasquenãotinhamcondiçõesdeirfazerumcursosuperiorfora,
não podiam sequalificarfora.E dappriaregiãoemtermoseconômicosfoiproveitosoporque
veio para cá muita gente e que consumia muita coisa aqui, então eu acho que em termos de
comércio foi bom, no termo econômico e educacional, melhor ainda. Porque a gente pode
desenvolvernossapersonalidade,criareajudaradesenvolvernossaregiãoeanossacidade.
Aminhaturmaerade44alunoseeuolhandoassimoperfildeles,eupossodizerque12tinham
condição de fazer fora, mas a maior parte da turma, se não tem criado a interiorizão da
universidade, ainda hoje estava sem a graduação. Amanhã tava sendo encostado ou tava sendo
vigia. Porqueagoranãopodemaissemcursosuperior,né?E agentefoi,estudouemelhoroue
procuramosdesenvolver,ehojeagenteestánaativa,trabalhandocomtodoovapor.
Sonhavatodavidacomosestudos,anteseutinhavontadedeestudar.Mas,sabe,naqueletempoo
pai da gentedizia:não, esseanovocênãovaiporqueeuvoubotarumaroça,entãoagentevai
trab alhar.Quandoeuvimmealfabetizar,eutinha16anos...fizalfab etizãoeaindafizumcurso
superior.Entãoissoaíprovaqueagentetinhavontade,né?Fizocursodeensinomédiotrêsvezes
aqui,porq ue não tinha condições desairparairestudarfora.Entãofizprimeirono colégioSão
José, depois fiz no Instituto Batista, estava parado demais! Fiz um curso por correspondência,
depoisveioo4°anoadicionalnoInstitutoAntoninoFreiredeTeresinarealizadoaquiemCorrente
e toda a vida a gente sonhava em desenvolver mais a vida estudantil. Mas não tinha condição,
nuncativecondiçãodepagar.AífoiquandochegouaUniversidade,issofoifeitograçasaobom
senso do governador Francisco de Assis Moraes Sousa, que, andando, percorrendo todo Piauí,
naqueletempo,nacampanha,sentiuanecessidadequetinhaprincipalmenteaquinosul,quefica
afastado lá do centro, de criar a universidade no interior do estado. Isso foi feito e foi muito
importante,nemsóparamim,maseuseiquepramuitagentedessaregião.Foimuitoimportante!
Umdiadesses,agenteestavanumencontro,alidealfabetizaçãodeadultos,dumaturminhaládo
interior.Aíquandodisse:“desenheoquevocêmaisseidentifiqueedigaporquevocêdesenhou
isto”.Eufalei...eupeguei,desenheiumlivroeumacaneta,aíeufuiprocentro.
Porquevocêdesenhou?
Desenheiumlivroporque,emboraeutenhacomeçadominhavidaestudantilmuitotarde,é...fiz
umcursosuperioremeconsideroq uesouumamantedasletras!(sorriso).
AoseanalisarahistóriadevidadeEtelvino,percebeses ualutaporumavida
melhor,pois elecresceunazonaru raleprocurouestudar.Conformesuanarrativa,oestudo
sempre foi algo  imp ortanteemsuavida.Assim,aofazero3 º ano do segundograu (hoje
médio)tornouseprofessor,massempreprocurand osequalificar.
217
Quantoàeducaçãosu perior,eleconsid eraqueelamudoumu itosuavida,jáque,
anteriormente, ele afirma, o sabia nem falar. Assim, se percebe a importância daquele
ensinoemváriosmomentosdesuanarrativa.
Percebesetambémemsuafalaaimportânciadessaedu caçãonaqualificaçãodos
profissionaisquejáestãoemsalade aulaequeestão,deformaass istemática,copiandou mdo
outro,semrealmenteterumacompreensãodoprocessodeensinoaprendizagem.
Etelvin ohojefazpartedeu maeliteintelectualepolíticadacidadedeCorrente.
Graças à Educação Superior, aconteceu sua inserção em d iversos cargos públicos, como
vereadoreaprovaçãoemconcursosnoEstad o,Prefeiturae,emBrasília,paraprofe ssorclasse
“C”. Podese considerar que a inte riorização vem possibilitando a construção de novas
hisrias?
ExpansãodaEducaçãoSuperior:qualidadeprofissional
Resgatar a memória ganha uma nova significação de fundamentalimportância,
pois transparecem sentimentos, valores, levandose a p ensar com Galeano (1994, p. 96)
quandodizser amemória“[...]umpontodepartida”.
Logo, partindo da meria da Profª. Raimundinha, mse representados “[...]
indivíduosqueselembram,e nqu antomembrosdogru po”(HALB WACHS,199 0,p.51).A
professo raRaimund inha,representaogrupo deexalunos daprimeiraturmadovestibular
realizadopelaUFPI.
Percebesequeatravés derelatospodese desvendarocontexto em que osex
alunos vivem suas experiências  e seus anseios. A investigação proporcionou entre cruzar
hisriasdevid ac omahistóriadaeducaçãoemCorrenteesuaimportâncianavidadessas
pessoas.Portanto,pormeiodafaladosdepo entes,tornousepossível“[...]surpreende ruma
hisriapessoalseentrecruzandocomacoletiva,deixandoaflorarimportantesquestõesque
nos ajudaramamelhor compreenderahis tóriadaeducação[emCorrente]”(FREITAS,200 0, 
p.5).
Confirmase nas palavras de Thompson (1992, p. 198 ), o  valor histórico do
passado, que quando lembrado, proporciona “[...] informações  sign ificativas e, porvezes,
únicasobre opass ado.[...]pod etambémtransmitirac onsciênciaindividualecoletivaqueé
parte integrantedessemesmopassado.
218
Assim, a história de vida da Profª. Raimunda Maria da C. Ribeiro expõe
sentimentos e valores da turma, problemas e anseios que se tornaram comuns durante o
processodeeducaçãoc ompartilhadopelogrupo.Abaixoafotodosformandos daprimeira
turmadeLicenciaturaemPedagogia –UFPI CorrentePI,quecolougraun odia24deagosto
de1996.
ILUST RAÇÃO 34: formandos da FESPI/UFPIUESPI – LICENCIATURA PLENA
EMPEDAGOGIA.TURMA:CORRENTEPEDAGÓGICA:CarmeniBatistaLimada
Silva,CleoniceMoreiraLino,EdilenedaCunhadeSouza,ElizabeteMarquesCardoso
de Souza, Enilde Vieira da Luz Silva, Evancy F. dos S antos Nascimento, Florenice
Nascimento da Silva, Francimar Soares Diógenes, Galdoana da Silva Vieira Bispo,
IanêMascarenhasRibeiro,InáciaMariaNerydaS.Lira,IzaneiGuerraLustosa,Luiz
Damasceno Marques, Maria Aurora D. Mascarenhas, Maria do Car mo N. Pinheiro,
Maria Elzair da S. G. Ara újo, Maria Lúcia B. Aguiar, Maria Rodrigues B. Silva,
Nivaldo França, Guedes, Raimunda Maria da C. Ribeiro, Rosymar Lustosa L.
Rodrigues,RuberamSantanaLacerda,SueliGomesAguiar.
Fonte: Convite de Formatura  Acervo da Professora Maria doCarmo N. Pinheiro –
primeiraà esquerda.
HistóriadeVidadaProfessoraRaimundinha:
professo radaUESPI,coordenadora
daFaculdadedoCerradoPiauiense,exalunada1ªturmadaFESPI/UFPI/UESPI,especialista
e mestre em Educação pela Universidade Cató lica de  Brasília. Ob servase que ela tem
realizadodiversostrabalhosnacidade ,tendoparticipadocomoc iafundad oradoCo légio
AlternativodeCorrente.Destaformatranscreveseessabrevehistória:
219
EstudeiemumaescolaparticularemCorrente,EducandárioLustosaSobrinho,quehojenãoexiste
mais.Depoisqueeufiza4ªsérie,eufuiparaoColégioSãoJosé,queéumaescolacatólica,fizaté
a8ªsérie,depoiseufuip araoInstitutoBatistaCorrentino,quetambéméumaescolaevangélicae
eufiz,naquelaépoca,o2ºgrau,modalidadeNormal,queéoMagistériohoje.Eeutermineiem
88,epasseialgumtemposemestudar.
Em1992,eupasseinovestibularparaPedagogia,naquelaépoca,naUniversidadeFederaldoPiauí,
primeiraturmaquefuncionounoCampusnaépocadasinstalaçõesdaFESPIeemseguidadeuse
continuidadeaoscursossuperiores,masnãomaisdaUniversidadeFederal.Depoisdaminhaturma
veioaUniversidadeEstadual–1ªturma.Então,quandoeuestudei,minhaturmadePedagogiaera
daUniversidadeFederaldoPiauí,souformadapelaUniversidadeFederaldoPiauí.Nessetempoeu
eraprofessora,játrabalhavacomoprofessoraefuiparalelamentetrabalhandoeestudando.
Quando terminei o meu curso de Pedagogia em 96, eu também passei um tempo sem estudar,
depoiseufizumaespecializaçãoemníveldel
atosensu
naUniversidadeCatólicadeBrasília;era
umcursosemipresencialondefaziatodasasatividadesaqui,tinhaosencontroseeramoduladoe
eu fiz o curso Filosofia e Existência. Então nesse momento eu fiz o concurso pra Secretaria
EstadualdeEducação,fuiaprovada.
No ano de1996,quandoeutermineiocursodePedagogia,emjulho,emmarçode97,eufiza
selãoparaprofessordaUESPIefuiaprovadacomoprofessora.Entãoeucomeceiatrabalhar
naUESPIcomoprofessoraem1997.Nestemesmoano,eumetorneicoordenadoradocursode
Pedagogiaeprofessora.EntãofizocursodeFilosofiaeE xistênciapelaUniversidadeCatólicade
Brasília, terminandonoanode2000.Em2001,eufizselãoparao mestradonaU niversidade
Católica de Brasília também. Passei a moraremBrasílianos anosde2002 e2003 e láfizmeu
mestrado.Nessetempodemestrado,eufizminhapesq uisaemCorrente.Foinomomentoemque
eumedesvinculeidaUESPI,nãoporvontade,masporoutrasquestõeseeutivequearcarcomas
despesasdo mestradosemaajudadasinstituiçõesqueeutrabalhava.Eufiqueicomlicençasem
vencimentodaPrefeituraetiveumperíodocomvencimentodaSecretaria,maspeloperíodode
umano, noanoseguinteeufiqueicomlicençasemvencimento.
Então, em 2003, eu terminei o mestrado na Universidade Católica de Brasília, aí eu voltei pra
Correnteetrabalheio anode2003,aqui.O segundosemestre,oanode2004eagoraem2005
continuotrabalhandocomoprofessora.Em2003eupasseinoconcursodaUESPIejátrabalhava
naFaculdadedosCerradosPiauiense,entãocomoexperiênciadedocênciasuperioreutenhonas
duasinstituições,apública,queéaUniversidadeEstadual,eaparticular,FaculdadedosCerrados
Piauiense.Hojeeutrabalhonessasduasinstituições,fopesquisas,orientandoalgunsalunosdas
duasinstituições.
SemumainstituiçãodeensinosuperioremCorrente,osuldoestadoteriaummeroreduzidode
profissionaisformados,nosentidodecursossuperioresecomestaequipespercebemosqueo
oestedaBahia,osuldoestadodoPiauí,pessoasdeoutrosestadostêmsepreparado.Issorealmente
vem sendo mostrado pela qualidade dos serviços prestados, pela postura dos profissionais, pelo
incentivoaocrescimentoedesenvolvimentodomunicípio.[...]
Bom,inicialmenteeufizacolocaçãodequesouformadapelaU niversidadeFederaldoPiauí,mas
como a UFPI realizou um trab alho apenas com uma turmana área de Pedagogia,emseguidaa
UESPIdeucontinuidadeaessetrabalho;eeuconsideroaUESPIcomosendoaminhainstituição
no sentido onde eu tenha me formado, porque eu me formei pela Federal, maso que existe na
verdade hoje é a UESPI em Corrente. E a instituição, podemos assim dizer, sem especificar a
UESPI ou a Universidade Federal, ela contribuiu especificamente pra mim, a minha formação
enquanto profissional e a minharealizão enquanto pessoa, porque, se eu não tivesse feito um
cursosuperior,eu seriaumaprofessorade ensino fundamentalcomum cursode Magistérioem
nívelde2°grau,enãoteriameexpandido,talvezpornãoteracondiçãodeirparaTeresinaoude
irpraBrasília,ouaumcentromaisdesenvolvidoemaispróximodeCorrente.Bom,comoeume
formeiaqui,eucomeceiaverqueoutrasjanelaseoutrasportasseabririamemdecorrênciadessa
formação em nível superior. Eu p rocurei utilizar essas portas e rever esses caminhos que se
abriram. E ntão, com a oportunidade de um curso superior, eu pude expandir, eu pude fazer
especialização,pudefazermestrado,pretendocursarmeudoutorado.
220
Eespecificamenteenq uantoprofissional,eupossodizerqueestainstituiçãodeensinosuperior,ela
modificou a minha vida comomodificou tantas outras vidas, não no sentido de uma preparação
profissional,masnumarealizãoenquantopessoa,desenvolvimentoenquantocidadão,porqueeu
vejoquecomoprofessorasermaisdoqueaop çãodedaraulas.Agentesabequeaeducaçãotem
queterumcompromissosocial,temqueterumaresponsabilidadecomacomunidadeeissonósjá
abrimos a caba. Quando s estudamos, quando s lemos, quando nó s b uscamos, e essa
instituiçãomefezperceberdesdeoseuinicio,quenó stemosqueestarsempreaprendendo,sempre
buscando...sempreprocurandoconhecereatualizarse.
s vivemosnaerado conhecimento,p ortantoéassim:possodizerque semessainstituiçãode 
ensino superior certamente não seria a professora que eu sou hoje. Eu sou uma professora que
trab alhocomcursosuperior,trabalhocompósgraduaçãoemnívelde
latosensu
eem decorrência
da minha formação na educação sup erior eu procurei abrirnovos horizontes para trabalharcom
aquiloquerealmenteeutenhofeitomelhor,queéfazerpesquisa,queéoqueeumaisgosto.E,em
segundolugar,orientarpesquisacomalunoseoutraspessoasquenecessitamedaraulanocurso
superior,comalunosdocursosuperiorealunosdepósgraduação;portantoeumesintorealizada
enquanto profissional, por fazer construção de conhecimento. Q uem me p ossibilitou isso? A
Educação Superior em Corrente. Sem ela talvez eu não teria chegado aonde cheguei, não teria
produzido o que eu tenho produzido hoje, não eu, enquanto profissional, mas tantos outros
profissionais dessaregiãoquetêmprocuradoseaperfeiçoar,buscado fazerumasgraduação a
nívelde
latosensu
é...estudar,fazerconcurso,mostrarrealmentequevaleuapena..
Fazerumcursosuperiorvaleuapena!Buscarnovosconhecimentos,issoéreflexoeéalgopositivo
que tem ocorrido e q ue advém sobre a existência da educação superior em Corrente, que tem
construídoessaconscnciadeumabuscadeconstruçãodeconhecimentoemtantaspessoas,em
tantos profissionais. Quando s passamos p or um curso superior, nós aprendemos que
conhecimentoé construçãoequeserum profissionalébuscaressa construçãoacadadia.Issoa
educãosuperiornospossibilita,nosfazverquenóstemosmuitoquebuscar,nospossibilitavero
contextoprofissionaltambémcomoumaconstruçãoecomoumaperfeiçoamento.
[...]Eutenteifazerovestibular,alias,eufizvestibularemTeresina,tenteinaUniversidadeFederal
doPiauí,nãoconseguipassar,depoisfuiparaBrasília,fazernaUniversidadedeBrasília,também
nãoconsegui.EntãovolteipraCorrente sem nenhumaperspectiva,entãoq uando eupercebique
aqui eu p oderia construir uma profissão, me construir como profissional, aproveitei essa
oportunidade. Fiz vestibular para Pedagogia. Talvez hoje se eu fizesse vestib ular seria para
Pedagogia,porqueéumcursoqueeumevejorealizada,portanto,semessaEducaçãoSuperiorem
Corrente,aUniversidadeFederalqueiniciou,eaUESPIjáseinstalouenquantocampus,entãoeu
nãoteriacondições,provavelmentenãoteriaessacondiçãodeseressaprofissionalqueeusouhoje.
As subje tividades o construídas social e culturalmente. A professora foi
construindo  sua identidade ao participar de situões diversas na comunidade, na
universidade,enfimtransitando por uma d iversidade de grupos. A educação Superiorlhe
pos sibilitou uma construção  singular que proporciona perceber as diversidades e a
pos sibilid adedeformaçãodaid entidadeprofissional.
PodesesentirnafaladaprofessoraodesenvolvimentodoqueGadotti(2001,p.
149150)consideracomo“visãosocialepolítica”,uma formaçãodepro fissionaise nqu anto
“agentesculturais”.Perce besenafaladadepoentees savisão.
A história de vida de Raimundinha possibilitou uma percepção das diversas
dimenes oferecid as pela educação em Corrente : introdã o no mercado de trabalho,
qualificação proporcional, conhecime ntos técnicos científicos (proporciona aos alunos
221
passarememconcursos,em Corrente eemoutrosEstados),qualidaded evida(melhorandoa
moradia, carros, etc.), formação da ide ntidad e profissional e individual (possibilita a
autonomia).
Concluisequ eaeducaçãosuperiornacidadefezcomqueaprofª.Raimund inha
construísseumanovahisria,que,segundoela,oseriapossívelsemainteriorizaçãoda
educaçãosuperior.
Históriasdevidadosexalunosda primeiraturmadaUESPI CorrentePI:novasperspectivas
Expõese a seguir as histórias de vida d e exalunos (as) da primeira turma da
UESPI –campusdeCorrente PI.
.
ILUST RAÇÃO 35: F ORMANDOS 1997.2: PRIMEIRA TURMA DE
PEDAGOGIADAUESPICORRENTE.Daesquerdaparadireita–emcima estão:
JoséAleixoAlvesXavier,GeraldoCoradodaSilva,rioRenanGomesdeSouza,
Rogério Vieira da Silva, Cantídio Paulo Barros Rocha, Osmar Modesto Nogueira
Júnior, Gesy Fonseca da Silva Filho, Geilton Fonseca Mendes; As mulheres da
direita para esquerda– embaixo:CeriseAméliaSousadeO.Danta,ReginaCélia
Rocha Modesto, Marilu P ereira de Oliveira, Diana de Souza Cunha, Loyde Leia
Mendes de C. e Silva, Ivanilde Barbosa Avelino P. Cavalcanti. Ana Alice Souza
Aguiar. Mª do Socorro M. de C.  Oliveira. Alunos ealunasquetem suas histórias
vidaacadêmica,decertaformarepresentadaspelasmemóriasaquinarradas.
Fonte:arquivodoProf.Gesy(2ºdaesquerdaparadireita),2005.
222
Essa primeira turma recebeu o nome de TURMA PROF. IBANÊS ROCHA
BARROS.ÈcabívelaafirmaçãodeFrigo tto(200 0),noprefáciodaobra:Histó riasdevida,
Históriadeesc oladeMoll(2000,p.10):“Aescolaprodu znatramaderelaçõessociaisque
compreende o microuniverso d os sujeitos sociais na prodão so cial de sua existência,
articuladospormediaçõesmaisamplaseglobais”.Podesedizerdamesmaformaquantoa
universidadequeoeducativonemc omeçanela,nemacabanela.“Oed ucativocomeçana
complexidadedas açõeshumanasno
mundodavida
enaprodãodesuasvidastotaise,por
isso,vaialémdaes cola”(FRIGOTTO,2000,p.10).
Percebese,nash isriasdevidasdessesprotagonistasdaEducaçãoSup eriorem
Corre nte, a presença de um pass ado compartilhado, cujas diferenças não estão mais nas
categorias comumente e stabelecidas como raça, cor etnia, entre outras, mas na área do
simbólico,davalorização,dos sentimentosdaautonomia,daqualidadedevida.Colocase
abaixoaplaca,daprimeiraturmadaUESPI,queemsuas imbologiarepresentaoregistro
hisrico dessavitória,co nseqüênciad eumpassadoco mpartilhado.
ILUST RAÇÃO36:PlacadaprimeiraturmadaUESPIcampus
deCorrentePI
Fonte:acervodaautora,2005.
223
ExpansãodaEducaçãoSuperior:oportunidadesparaaspessoas
Halbwachs (1990) mostra que a meriac oletiva tem a função dereforçarou
constituirum sentim ento depertinênc iaagruposeclassesqueparticipemdeumpassado
comum.DeacordocomLefebvre(1991,p.37),aproduçãodoserhumanoestádiretamente
ligadaàcriaçãodeobras,enestasestãoincluídosotempoeoespaçosocial,oqueoautor
chama de prodão “espiritual”, que funciona como base da produção material p ara
fabricaçãodascoisasnocotidianodaproduçãodasinterrelaçõessoc iais.Assim,apresentam
seessashistórias:
HistóriadevidadaprofessoraIvanildeAvelinoagradecimentosdeCoração:
É
nessecotidianoqueIvanildeconstróis uahistóriadevida.Comoexalunadaprimeiraturma
da UESPI,atualmente professora daInstituição,especialista em Ensino Superior,tamb ém
sup ervisorapedagó gicado Ensino Municipal.Adepoente,pormeio damemória,falaum
poucodesuavida:
A minha história de vida é muito parecida com a história de muitas pessoas que fazem
partedaUESPIhoje.Eunascinointeriorestudeiemescolasdointerior,emseguidavim
pracidade, moreiemcasadefamíliapraestudar.Estudeinaescolapública,na5ªrie
fui para escola particular, no Instituto Batista Correntino. Fiz o Ginásio, como era
chamadonaépoca,e,emseguida,fizoMagistério,EscolaNormal,fizo4°anoadicional
eemseguidafiqueiparadasemoportunidadedeestudo.Depoisveioocasamento,filho,e
fiqueiparada.
A UESPIfoi uma mudança muito grandenaminhavidaenavidademuitaspessoasde
nossa cidade que estavam sem oportunidade de estudo, sem expectativa de
conhecimentos, de melhoria de qualidade de vida, e a UESPI nos proporcionou essa
mudança.Eufizovestibularnasegundavez,fiznaprimeiraturmadaUESPIehojeme
sintoassim,muitofeliz,porquepossocolaborarcomainstituição,comminhacidade,com
omeu estado... Assim, hoje eusoufrutodessa instituição,entãoeusoumuitofelizpela
UESPIexistirnonossomunicípio.
No momento eu estou ministrando na UESPI História e conteúdo em Metodologia e
Educação em Movimentos Sociais. Mas já ministrei muitas outras disciplinas aqui na
instituição,tantonoPeríodoRegularquantonoRegimeNormal.Nomódulopassado,eu
ministreiSociologiadaEducaçãoeTeoriadeCurrículo,entã oessasforamasdisciplinas
doPeríodoNormal.
A UESPInos proporcionou muitasoutras oportunidades.Em seguida, fizoconcurso,já
concluídoocursodegraduaçãoefuiaprovadanoconcursodoMunipioehojetrabalho
comosupervisorapedagógicadoensinomunicipal.Entãoessaoportunidadetambéméum
frutopeloestudoaquidaUniversidadeEstadualdoPiauí,campusdeCorrente.Bom,um
outro a specto muitopositivoda universidade foia criaçãodos cursosde pósgraduação.
Eu fiz Docência Superior e hoje já estou me inscrevendo pra fazer a Supervisão
Pedagica,quevaisertambémimplantadoaquinaUESPI.
224
Bom, falando daqualidade social daUESP I,muitas críticas,muitasvezes, existem,mas
eu acredito muito na qualidade da instituição, porque eu estudei aqui e acredito que a
qualidade da UESPI é muitoboa, e isso depende não sóda instituição. Sevoobserva
alunosqueestudammuitasvezesemescolasparticulares,quetemaqualidadeláemcima
enãoconseguemsedestacar.Issodependemuitotambémdaqualidade,dointeresseedo
compromissodoa lunocomainstituiçãoecomoscursosquefazem.
Olha, a UESPI aqui em Corrente mudou a vida de muitas pessoas, inclusive a minha,
porquesemaUESPI eunãoteriaoportunidadedefazerumagraduação.Entã oeujáestava
casada, já tinha oprimeirofilhoenãotinha como deslocar daquipara  Teresina, eunão
tinha condições financeiras para me manter numa cidade maior pra fazer a graduação.
Entã o,euagradeçoa ssim,decoração,aexpansãodaUESPIparaosuldoestado,quedeu
oportunidade,nãoamim,masamuitaspessoas.
Temseno vamenteaeducaç ãosuperiorcomopropulsoradeoportunidadesd evida
para seus e gressos. Encontramse na fala da Profª. Ivanilde oportunidades consideradas
comunsnavid adosexalunoscomoingressonomercadodetrabalho ,aprovaçãoemrios
concursos,qualific ação profissional (pósgraduaçãona própriaUESPI).Ob servasequeas
pessoasre latamquenãoseriapos sívelsairdeCorrenteparacursaremumagraduação;outro
fatoréaqualificaçãodeprofess oresdaeducaçãobásica.Ivanilde,comooutrosdepoentes,já
davaaulaemescolaparticularantesdagraduação,pois fezoMagistériodesegundograuno
IBC.
Segund o a depoe nte, a educação superior tem mudado sua vida e a de outras
pessoas.Assim,“ae ducaçãoé,ainda,umespaçodecisivoparaatransmisointergeracional
devaloresedebenssimbólicos;eespaçopotencialdeautoconsciênciaedereflexividade
socialnãofacilmentesubstituível”(FOLLARI,2001,p.73).
ExpansãodaEducaçãoSuperior:mudançanaqualidadedevida
Procuraseaquiapráxis,naqualoserhumanoseproduzemsuasinterrelações
consigomesmoecomanatureza,deformaque,aotransformaranaturezacomseutrabalho,
ele setransforma.Assim,aose buscara históriadevidados protagon istas dessa história,
focalizaseocotidiano,paraoentendimen todecomoaeducação ,emseucontextosocial,é
percebidaevividapelosagentesenvolvidos,bus candoseastransformaçõesporelacausadas.
História deVidadoProfessor Aleixo:
temseaquiahistóriaco ntadaapartirda
memóriademaisumexestudanteda1ªturmadaUESPICampusdeCorrente.Especialista
emensinosu perior,exdiretorregio naldeEducação,professordoEstadoedoMunicípio,
225
atualmentesupervisor daR edeMunicipaldeEnsino,oProf.JoAle ixoAlvesXavier narra
suahistória:
EunasciemumlugarchamadoCaxingó,municípiodeCorrente,soufilhodeumvaqueiroeuma
doméstica.euinicieiosmeusestudosindoparaoParaím,ParaímdeCima,nafazendadoseu
Zuzinha, com uma professora chamada Maria Benedita, estudei desde as primeiras séries até a
terceirasérie.Comonãohaviaasoutrasséries,em19 74,fuiconvidadopelafamíliaCunhapara
virmorareestudaremCorrente,meupaiaceitouoconvite.EuvimparaoColégiodasIrmãsem
1974 ,fizotesteparaentrarna4ªsérieefuiaprovado.Concluia4ªsérieem74.Em1975,eufui
paraoSãoJosé.Chegandolátambémcomoalunopobreehumilde,opadremedoouumabolsa,
elaeraumabolsaespecial,quandoelavinhaalémdemeajudaracompraromaterial,comprava
tambémminharoupaparaestudar.EmoravanacasadosCunha,juntocomaprofessora,quehojeé
professoraemSãoPaulo,[...]Moreilá17,anosestudando.ConcluioGinásionoColégioSãoJosé
em79,foiem78,em79fizoprimeiroanobásico.Em81concluioEnsinoMédio,antigoEscola
TécnicadeContabilidade.
Mas, eu não me senti satisfeito com esse curso e fiz o teste de selão do Instituto Batista
Correntino.Naquelaépoca,paraentrarnoInstitutoBatista,teriaquefazerumtestedeseleçãopara
quevocêcursasseaEscolaNormal.Fizoteste,lembroqueeutireinaminhaprova9,5eingressei
naEscolaNormalno2°anoNormaletambémpagavaalgumasdisciplinas do1°ano,porqueno
SãoJoséeupagueifoimatériamaisdirecionadaaContabilidade.Aíestudeiem84.Quandofoiem
85,concluíaEscolaNormal.
Em86,maio,eufizoconcursoparaserprofessordoEstado,epasseinoconcurso,nodia12de
maio fui convidado a ser professor concluinte, e iniciei minha carreira como professor aquiem
Corrente,noCoronelJustino.Naquelaépoca,substituíprofessores,oprofessorHamiltimquedava
matetica;professorRosaldoquehojeéaposentado;aprofessoraD.Florenice[...]Edepoiseu
passeiaterminhacadeirap rópriacomoprofessordemateticaedeciênciasnoCoronelJustino.
Conseguiminhas40horasecomeceitrabalhar.Umdia,euiano7desetembro,umapessoapegou
nomeuombroefaloucomigo:vocêéqueéoprofessorAleixo?Eudisse:sim.sestamoscom
problema no nosso colégio e nó s gostaríamos de que você fosse lá segundafeira pra gente
conversar. Tá Bem! Segundafeira eu me apresentei no colégio. Era uma freira chamada Irmã
Benedita, do ColégioImaculadaConceão, eelameconvidouparaqueeufizessepartedaquele
quadrodocente.Mecontouoproblemaqueestavaacontecendoeeupasseia serprofessordaquela
escola.Trabalhei6anosnessaescola.
Depois, no governo Freitas N eto, eu fui convidado p ara ser diretor no Marquês, quando eu fui
convidadoparaserdiretornoMarquêsnãodavaparaeuassimilarasduasescolas,daíeutiveque
deixar o Colégio das Irmãs e passei a trabalhar só no Coronel e trabalhar também no Marquês
como diretor. Logo em seguida eu passo no vestibular para Pedagogia, quando eu passei para
Pedagogiaafaculdadeeraà tardeeeudirigiaÁtardetambémnoMarquês.Tambémdirigi6
meseseentregueiadireçãoeopteip orfazerafaculdade.
Terminei a faculdade, nesseperíodo houve uma greve... não melembro qual foi o ano, sei que
houveumagreveesatrasamosumsemestre.Maseutermineino2°semestrede97,cursode
Pedagogia. Mas, antes de terminar o curso de Pedagogia, houve vestibularpara Licenciatura de
Curta Duração, eu fiz o vestibular. Eu gostaria de fazer Matemática, naquela época. Passei no
vestibular para Matemática,parafazero cursode5ªa8ªserienaárea deCiênciaeMatetica.
DepoisogovernodoMãoSanta,eletransformouessecursoemLicenciaturaPlenaemBiologiae
eu passei a cursar também o curso. Levando 2 faculdades, continuei com Pedagogia e levando
tambémocursodeBiologia.
Termineiumemfevereiroeooutroeuconcluiemmaio,aformaturadeBiologia.T erminandoo
curso, logo em seguida que eu terminei o curso, houve um concurso aqui em Corrente para
professorde1ªa4ªserieeeumeinscrevinoconcursoetambémhouveoconcursoemBrasília,eu
meinscrevinosdoisconcursos,emCorrenteeinscrevitambémparaoconcursoemBrasíliaparaa
classeC,queéo3°nível.Eufizasduasprovas,fizaquiemCorrenteelogoemseguida,(fizaqui
emCorrenteemagosto)efizemBrasíliaemdezembro;elogreiêxito,passeinosdoisconcursos.
PasseiemCorrenteepasseitambémemBrasília.Fuiclassificadonosdois.OdeCorrente,logoem
226
98, março de 98 eu fui chamado. O prefeito da ép oca que era o prefeito Terto Viana, ele me
convidou para ser professor e até logo diretor ali no Bairro Vermelhão, no turno da tarde e eu
aceitei. Logo em seguida, ele me deu as 40 horas também. Aceitei. Lecionava um período e
outroaquinoFirmino,emBrasília,umanoapóseufuichamadotambém.Fuilá,assineiocontrato
emBrasíliaparaserprofessoremBrasília,masdep oiseufizumaanálise.Eueraprofessordo
Estado e também do Município, aí eu optei para ficar em Corrente e desisti do concurso em
Brasília,maschegueiaassumirláemBrasília.
DepoisnogovernodeMãoSantatambémveioa1ªturmasgraduaçãoemDocênciaSuperiore
eufizpartetambémdessaprimeiraturmaeconcluiomeucursodePósgraduaçãoemDocência
Superior.Pretendodarcontinuidade,estudarmaisainda,irmaislonge,fazermestradonaáreatanto
deBiologiacomonaáreadePedagogia.Nãoseiquandoporquenósnãotemoscondições,meupai
épobreeutambémsoupobre,nãotemassimessacondição,maseutenhoessaesperançaeessa
confiançaemDeusqueumdiaeuvoufazer.
LánoVermelhãofiqueisendodiretordaescolaVermelhão7 anos,quandofoiem2001,novembro
de2001,naépocaemqueogovernooSanta,teveumproblemanogovernoMãoSanta,eo
Hugo participou, entrou como governador, eu fazia parte do grupo de Hugo Napoleão, fui
convidado pra ser diretor regional da Educação, substituindo a exprofessora, minha professora
Ceris Paranaguá, que tenho uma grande admiração, respeito e carinho. Fiquei até um pouco
constrangido quando fui convidado para substituirdona Ceris,mas depois eu vi quenãoestava
prejudicandoninguém,comoelatambémentendeu,eufuiassumirocargo...elafoimuitoboa,me
entregouocargo,fiquei1anoe2mesesnadireçãodaDiretoriaRegionaldeeducão.
Procurei fazer um trabalho sem perseguir meus colegas, me coloquei como professor, apenas
estavaocupandoumcargo,maseueraigualatodososoutrosprofessores,nãotinhadireitomaisdo
queeles;sabiadarealidadedaqui,eprocureitrab alharsemusarapolítica,masmostrando,meus
colegastãoaí,quenãodeixameumentir,queeuprocureifazerumtrabalho...medoumuitobem
comasduasfamílias,comasduasfacçõespolíticas,doPMD BcomoafacçãopolíticadoPFL,eu
procureifazeressetrabalho,emboraeusoudoPFL masprocurofazerumtrabalhovoltadopara
agradar às duas facções políticas, que s temos que trabalhar em favor do povo e a favor da
comunidade,nãoéafavor departidos,euachoqueissonãolevaanada.
[...]DeixandoaDiretoriaRegionaldeEducaçãoeufuiconvidadoparaserdiretordoEnsinoMédio
no Caxingó. O  prefeito Tertuliano me convidou, queria criar a 1ª turma de Ensino dio no
Caxingó,nolugarondeeunasci,minhaterranatal,umaterraqueeumuitoamo,queeutenhoum
amormuitogrande,ondeatéhojemeuspaisresidem,minhafamíliamoratoda...eeuporserdo
lugar,aceiteiseroprimeirodiretordoEnsinoMédionoCaxingó;fiqueiláem2003,nofinaldo
ano eu entreguei a direção,estavacansado,entregueiadireçãoedissepra o prefeitoquenãoia
continuar, que ia prasala de aula, masde imediato, surge anecessidadedeuma substituiçãode
diretornoVermelhãoondeeuhaviasidodiretorhá6anosatrás.Souconvidadonovamentepra
serdiretordoturnoàtardenoVermelhão.Aceitoadireção,voltoem2004–dirijo.
Nofinalde2004,comohavia atransãodegoverno,deumprefeitopraoutro,entãoeuaproveitei
que era o prefeito Terto que ia entregar pra o João, João Barros, eu pego e entrego a direção.
Entregandoadireção,euviajopraBrasília,q uandoeuchegodeBrasíliatemummemorandome
convidandopraqueeuparticipassedeumareunião,eeufuiprareunião.Chegandolá,oDr.João
Barros me convidou pra que eu assumisse o cargo de gerente de ensino. Como eu tinha mais
habilidade com a área de estastica e tinha a gerencia de estatística, eu optei pela Gerência de
Estastica, mas aí depois, observando a lei fiscal, viuse que eu não poderia continuar sendo
gerenteporcausadoacúmulodecargos,eusoudemitidoimediatamente,maslogoemseguidaeu
souconvidadoparasersupervisor,namesmaárea,porque,comosupervisorsim,aleimepermitia,
tantonaáreadeestastica comotambémnaáreaadministrativa.
Estou sendo supervisor nessa área, estou procurandofazerumtrabalhoapolíticoondeeu possa
agradarnãoaquelesquevotaramoudeixaramdevotarnoprefeito,massimtodasaspessoasda
cidadedeCorrente,todososprofessores,funcionários.[...]fazerumtrabalhosemusaressahistória
de política, fazer um trab alho voltado para o bem estar de Corrente. Estou procurando fazer o
trab alho,nãoestásendofácildefazer[...]hojeemqualquer área,vocêfazpartedeumórgão,nãoé
fácil,porquevocêtemqueterdomínio,vocêtemque tercoragemparaquevocêsaibadizersimou
227
não,nãoémuitocil,masestoufazendootrabalho,estoutentandoagradaratodomundo,nãosei
seestouagradandoporquenemCristoagradouatodos,masestouprocurandofazerumtrabalhode 
qualidade.Queremosumaeducaçãodequalidade,éoqueoprefeitoquer,queeutambémtenho
interessedefazerumaeducaçãodequalidadeelutarp elobemdenossacidade.Continuofazendo
essaeducação.
Euachoqueaexpansãodauniversidade,nãosónacidadedeCorrente,daEstadualparaCorrente,
elafoidegrandeimportânciaparaoensinodeCorrente,paraavidasocialdosCorrentinos.Houve
umamudançadevida,dopessoalaquideCorrente,eumesmosouumdosexemplos,eujáfaleipra
vocês,anossavidamudou.Euachoquesnãonhamosumacasapramorar,nósnãonhamos
umemprego,nãotinhaalgumacoisa,ehojeeuconseguiterumaqualidadedevidamelhor,devido
ao estudo que eu consegui através dessa universidade. Como eu falei pra você, eu fiz pós
graduaçãonelatambém,eudevotudoàUniversidadeEstadualdeCorrente,soumuitogratoaessa
universidade.
Maisumavezs etemumahistóriadereco nhecimentodaimportânciadaeducação
sup eriorparaocrescimentopessoaldossujeitosoquevaipossibilitando q ueelesconstruam
suahisria,suaidentid ade,concordandosecomvoa(19 95,p.16)que“[...]aidentidade
oéumdadoadquirido,oéump roduto.Aidentidade éumlugardelutasedeconflitos ,é
umespaçodeconstruçãodemane irasdeseredeestarnaprofissão”.Ashistórias,mesmo
singulares,mcaracterísticascomuns:pessoassimples,semperspectivasdeumaeducaç ão
sup erior,masquedesdecedosonh amcome ssepropósito,participandodaeducaçãolocal.
Comaimplantaçãodeumcampusuniversitáriotransformaramsuasvidas.Aseguircontinua
oolharsobreavidadessesalunosegres sosdaeducaçãosuperioremCorrente.
ExpansãodaEducaçãoSuperior:avançoparaaregião
Noentrelaç amentodashistóriasdossujeitosenvolvidosnesseprocessodeeucação
sup eriorna cidadedeCorrente,aorepensarsuahistóriadevida,tornasepossívelfazercom
que coloquem em diálogo suas narrativas, fazendose entender cada significado dessas
experiências.Procurase,portanto,essessignificad osnavivênciadoprofessorGesyFonseca
daSilvaFilho.
História de vida do professor Gesy: grandes avanços:
Prof. Gesy Fonseca,
especialista em Ensino Superior, graduado em Pedagogia (todos os cursos re alizados em
Corre nte),coordenadorpedagógicodoIBC,professordaUESPI,daFaculdadedoCerrado,
doEstadoedoMunicípio,acionasuasmemó rianaconstruçãodessasexperiênciasvividas:
Sou correntino, moro aqui desde o meu nascimento, estudei semp re aqui, graças a Deus numa
escola particular. Como falamos anteriormente, tive a felicidade de estudar no IBC, lá desde as
séries iniciais, e terminei o Ensino Médio p rofissionalizante. Na época, existia como técnico
agropecuário.EmseguidafizocursoNormalanívelmédioedepoisdistotivemosumperíodosem
estudar, praticamente dois anos, exatamente porque na época a nossa cidade não dispunha de
228
nenhumauniversidadenemumcampusestivemosquedarumasaída;umtiomeupatrocinoua
minhaidaatéGoiânia,tenteiovestibularumavez,nãoconsegui.
VolteiparaCorrente,e,comosempredefamíliasimples,euconseguiumempregonãonaminha
cidade, mas em outro estado, da Paraíba, pra eu fui e não tivemaisoportunidadedeestudar,
exatamente porque o emprego não me permitia e, diante disto, foi um período que a gente
conseguiualgunsavanços,nãonaáreadeeducação,masnaagropecuáriaechegouoperíododa
gente procurar alguém pra estar junto, e mesmo na Paraíba eu me casei e, infelizmente no
mesmoanoqueeumecasei,oprojetoseencerrou,porqueeutrabalhavanumprojeto.
Voltei pra Corrente, a minha esposa ainda estudante também, e aqui s passamos por muita
dificuldadenesseperíodo,játínhamosumafilhinha,fomosmorardefavor,eagentedágraçasa
DeusaIgrejaBatistaejuntamentecomoIBC,quenosacolheu;aminhaesposatamb émtinha
formatura a nível médio, era professora e ali ela passou a dar aulas de Gramática na ngua
portuguesa e eu consegui um programa de dio patrocinado pela Igreja onde tinha uma
gratificação.Eaquificamosumbomperíododessaforma.
Quandofoinoiniciodosanos90,abriramocampusdaUESPIaq uiemCorrente.Aprincípioera
praserumauniversidadecomuniria,masinfelizmenteoprojetonãodeuetentandoparceriacom
aUniversidadeFederal,aquifundaramumcleodaUFPIeapós2anostambémaUFPIdesistiu
dessaparceria,maslogoemseguidaentrouaU niversidadeEstadual.Eessecampusfoiabertoaqui
emCorrentecomasturmasdePedagogiaeAgronomia,estivemosafelicidadedeseralunosda
primeiraturmadePedagogia,jánadireçãodaUESPI,daUniversidadeEstadualdoPiauí.Naépoca
passamosostrês,euemaisdoisirmãos.
E,cursandocommuitadificuldade,jásendopaidefamília,nhamosquetrabalharprimeiramente,
depoisestudar,comoanossaentrevistadoraétestemunhadisso,adificuldadequeagenteenfrentou
praconseguiressecurso,mas,graçasaDeus,schegamosaofim,efoiumcursodegrandevalia,
porquehojenóstemososresultados.
JáfomosdiretordaEscolaEstadual,hojessomoscoordenadores.SoucoordenadordoInstituto
BatistaCorrentino, escolaque meformouaté o EnsinoMédio.Temosessagratasatisfação.Sou
professortambémdaUESPIetambémsouprofessordaFaculdadedoCerradoPiauienseeainda
tambémfaçopartedocorpodocentedaRedeEstadualdeEnsino.Continuamoscomoprofessor.
EoqueagentetemquedizeréqueessaexpansãodaUESPIportodooestadodoPiauíeatépor
estadosvizinhostemsidoalgodegrandeavançopraregião,naformaçãosocial;queagentetem
conversadocompessoas,comexalunos,é...aexpectativadequesenãofosseessecampusnunca
elesteriamaoportunidadedeconcluirumcursosuperior.E ntãoagentevêquemuitasvezesalgo
queécriticado,algoquefoiquestionado,hojevêseosfrutos,esevêquerealmentetudoaquilo
que se faz da vida tem os pontos negativos e, mais do que isso, tem os pontos positivos, e
principalmentenoqueserefereàeducão.Porquequalqueriniciativaquesefazemmelhoria,em
expansão,emtransformaçãodessaeducãoparaumaeducaçãodemocráticaaoalcancedetodos,
tudoquesefazaindaépouco.
Entãoo queagentevêéquearegiãodeCorrentehojetomounovosares,inclusive,atravésde
pesquisasrecentes,éumdosmunicípiosquetemomenoríndicedeanalfabetismosdoEstadodo
Piauí, e um dos índices de maior mero de alunos freqüentando a escola, não pelo fato das
iniciativasdaspolíticaseducacionaispromovidasemníveldeGovernoFederaleE stadual,maseu
creioetenhocertezaqueéumgrandeprazer,umgrandevalorqueopessoaldaregiãodeCorrente
tem dado à educação e principalmente pela participação da UE SPI através do campus aqui em
Corrente.Eeuacreditoetenhovistoque,apósisto,comofaleianteriormente,ocampusdaUESPI
aquiemCorrentedeuumgrandeimpulsonaeducãonoextremosuldoPiauíemummodogeral.
Temsemaisumdepo imentosobreaimportânciadaeducaçã osu periornavida
dessessujeitos,confirmandosetambémqueaidentidadedecadasujeitonãoéúnicanemse
229
construirá plenamente, pois se trata de um processo, “realçando a mescla dinâmica qu e
caracterizaamaneiracomocadaumsen te[...]”(NÓVOA,1995 ,p.16).
As histórias de vida possib ilitam informaçõ es da história da implantação do
campus,desuaimportância,enfim,promovemumdlogoentreessas eoutrasfontes,como
entrevistas, questioná rios abertos, etc. e os diversos  textos que fundamentaram o estudo.
Podeseen tãoafirmarquea educaçãosuperiornessaregiãoestápromovendoatransformação
devidas?
AEducação Superioracessívelàsclasses s ociaismenosfavorecid as
Segund o Saguissard,(2000,p.13),aeducaçãosuperior“[...]aind anãocon tacom
atotalidadedapopulaçãoemidadedeingressonaesco la,aeducaç ãosuperiorapenasinclui
emtornode10%daperspectivafaixaetária
15
ou1,3%dapopulação”.OB rasilaindaestá
“[...] entre os de pior de sempenho educacional no terceiro grau entre os países desse
contin ente”.
SeessaéarealidadedoBrasil,podeseimaginararealidaded oPiauí.Tornase
assim defundamental importânciapensaremse“[...]construirumauniversidadeplantada
numarealidadeconcreta,naqu alterásuasraízes,paraquepossacriticamenteide ntificare
estudar seus reais e signific ativos problemas e desafios” (LUCKE SI et. al. 200, p. 42).
Situados nessa realidade concreta estão os problemas de exestudantes da UESPI,
consubstanciadosnosquesãoapresentados peloProf.GeraldoCorad od aSilva.
História de vida do Professor Geraldo: a UESPI  pramimé tudo.
Essahistória
iniciacomavisãod eumestudantebrasiliensecujospaissãofilhosdeCorrente.Geraldo,
comoosd emais,éexalunodaUESPI,estudanteda1ªturma,professoretambémtemuma
hisriaquevaisedelin eandodeacordo comossucessosalcançadospelaeducaç ãosuperior.
Minhavida,eu sou brasiliense,masminhasraízessãoaquideCorrenteehojeSeb astiãoBarros,
então minha família édaqui.EstudeiemBrasíliadurante 14anos,vindosempreaquinasférias,
após terminar o Ensino Médio e acabei trabalhando na zonaruralcomoprofessor,mas sempre
querendoretornaraBrasíliaparafazerumvestib ular.FoijustamentequesurgiuaUniversidade
EstadualdoPiauíemecandidateiaténumcursodeLicenciaturaCurtadeLetraseposteriormente
fizumoutrovestibulartambémparaPedagogia,acabeisendoaprovadonosdois,entãoestudeiem
épocasparalelas,tantonocursodeLetrascomonocursode Pedagogia.OEnsinoMédioeufizem
BrasíliaerealmenteapóstererradicadoaquinessaregiãoestudandonaUniversidade,eutiveuma
visão totalmente diferente, aquela espontaneidade, aquela ânsia de entrar no nível superior e
realmentenãovimamearrepender,atéporqueosconteúdosqueforamensinadosaquinaregiãode
Corrente, quando s chegamos aos Congressos, realmente era a mesma coisa. Porque vem
15
Opercentualdejovensfreqüentandooterceirograutemcomofaixaetáriaos19anos.
230
sempreaquelemedo,aquelaquestão:seráquenósestamosemdesvantagensemrelaçãoàspessoas
doCentroOeste,doSul?Entãoéclaroqueoquefoivistoaquirealmentetambémestavasendo
vistopelosoutros colegas.Eomaisinteressanteapartirdissoéquenósfizemosodebateatítulo
deestarmosnomesmopatamardeinformações,comistoeufiqueibastantefeliz.
Bom,masaimportânciadaUES PI,naminhaopinião,aUESPI pramimétudo,estudeinaUESPI,
soufilhodaUE SPIegraçasaDeusvenhomededicandoechegueiagoranafunçãodeprofessore
estou dando uma continuidade ao meu trabalho e fico feliz porque sou testemunhaocular desse
processo. Além de estar como aluno, estou como professor e é primordial esse papel da
universidade, da UESPI, para a comunidade, porque a universidade ela é formada como um
verdadeiro tripé ensino, pesquisa e extensão e a Universidade de Corrente está atendendo à 
demandadapopulação,esqualificandoprofessores,entãoficofelizporque aparcelaapopulação
correntina es usufruindo dessa universidade, está fazendo curso de extensão porque a
universidade não é só para universitários, tem que atender à população. São vários cursos que
estamosoferecendo,sejaumcursonapartedeofidismo,sejaumcursonapartedealfabetizaçãoe
issoaíémuitoimportantenessaligaçãoentrecomunidadeeaUESPI,né?
Hoje eu estou ministrando aula no curso de Biologia e tambémno curso de Pedagogia, recém
contratado,concursado. E ficomuito feliz porque o que eu ap rendi estoucolocandoemprática,
certo... E a educação superior com esses profissionais e com outros que estão se qualificando
fazendomestradoeatédoutorado,issoémuitobom.Quemtemaganharéapopulaçãocorrentina.
É auniversidade,certo?Eauniversidadeelarealmenteestáseexpandindo,éumfatorbenéfico,
umfatorq uerealmentenosdeixasatisfeitoporqueoquesdevemosaveriguaréqueaeducão
hoje,principalmenteaeducaçãosuperior,essendoacessível,aquestãodasclassessociaismenos
favorecidas.EmCorrente,aUniversidadeEstadualdoPiauíesdandooportunidades,issoémais
importante,quetodosvenhamateronívelsuperior,terumconhecimento,terumavisãodemundo
diferente, não ser encabrestado, por exemplo terumaconsciência crítica dos fatos e isso é mais
importante,eaUniversidadeacimadetudodevedesenvolvernoeducandoessadesenvolturapelo
sensocrítico.
PercebesequeamaioriadashistóriasdevidadosestudantesfilhosdeCorrente
estão voltadas para as dificuldades de busca por educação. Subente ndese na fala dos
depoentes que eles alcançaram certa autonomia, com “d esenvoltura pelo senso crítico”,
considerada peloProf.Geraldo,proporcionadapelaedu caçãosuperior.
Estãopresentes nanarrativado Prof. Geraldoosmesmos aspectos comuns  aos
demais d epoentes, que destacam a educação s uperior nessa região como propulsora da
qualidade de vida. Conforme  Saguiss ard, (2000, p. 13), é imperativo reafirmar que “a
educaçãosuperiorcontinuaelitistaecadavezmaisprivatizada”,noentanto,percebesenos
depoimento senashistóriasdevidaqu eaeducaçãosuperioremCorrentetemp ossibilitado
quepessoasdo interior,esquecidaseempobrecidas,possamfreqüentarumcursosuperior,
historicamentevoltadoparaatenderàseliteslocais.
A universidade traz elementos construtivos e desafiadores, apresenta uma
multifuncionalidade,ouse ja,apresentadiversasmissõesemseuinterior(doncia,pesquisae
exteno),regendose:
231
[...]porcomplexosprocessosdeinteraçãoentreoestatutodaciênciaasprofissõese
as disciplinas, a exp ansão ou a contração do mercado de trabalho, as diferenças
entre classes sociais, as minorias étnicas, o poder, os gêneros ou a respectiva
localizão do trabalho manual e intelectual na escala de valores sociais. Neste
sentido,auniversidadeseconstróicomoumainstânciadeprodução,decontrolede
legitimão,emumcontextodetensãoconstanteentreoqueasociedade,oEstado
e o mercado produtivo delegam e suas tradicionais funções de produção e de
difusãodosaber(MOLLIS,2001,p.138).
A partir dessas histórias de vidas que se transformam em função da educação
sup erioremCorrente,podeseconsiderarqueessaeducaçãotempropo rcionadomudançasna
qualidadedevidadessaspessoas,p os sibilitandoqueosegressosconstru amnovashistórias.
OportunassefazemaquiaspalavrasdeGentilli eSilva(1996,p.1 72),nosentido
deque:
[...] tratase de conquistar e impor um novo sentido aos cririos de qualidade
emp regadosnocampoeducacionalpor(neo)conservadorese(neo)liberais.[...]não
existeumcritério universaldequalidade[...]Existemdiversoscritérioshistóricos
que respondem a diversos critérios e intencionalidades políticas. Um é o que
pretendemimporossetoreshegemônicos:ocririodequalidade comomecanismo
de diferencião e dualizão social. O utro [...] o da qualidade como fator
indissoluvelmente unido a uma democratizão radical da educação e a um
fortalecimentoprogressivodaescolapública.[...].
Assim,nãosepodecon fundiraqualid adesocialquesedesejacomaexistentenos
“modernosprocessosprodutivos”,jáqu e,naterminologiadomercadomundial,“qualidade”
significa“excelência”,“privilégio”,nunca“direito”(GENTILLI;SILVA,1996,p.174176).
Tornase,portantonecess árioavaliarproc essoseoprodutos,pois“umnovod iscursoda
qualidade deve in serirse na democratizaç ão radical do direito à educação”. Esse direito
consis teemumaeducaçãoigualparatodos,quantoaoacessoequantoàqualidaderecebida
portodocidadão .“Qualidadeparapoucosnãoé‘qualidade’éprivilégio”.[...]“Nãoexiste
‘qualidade’ com dualização social” (GENTILLI; SILVA, 1996, p. 176 177 ). Devese
conceberqualidadecomoumdireitodamaioria:
Dado que não pode existir quantidade sem qualidade (economia sem cultura,
atividadepráticaseminteligência,eviceversa),qualquercontraposiçãodostermos
é,racionalmente,umcontrasenso.Erealmente,quandosecontrapõeaqualidadeà
quantidade,[...]oqueemrealidadesefazécertaqualidadeaoutraqualidade,certa
quantidadea outra quantidade, istoé,fazseumadeterminadapolíticaenãouma
afirmaçãofilosófica(GRAMSCI,1975,p.4 6 apudGENTILLI;SILVA,1996,p.
171).
Diante do exposto percebese a importância do autoolhar da comunidade,
expresso nas palavras, nos ges tos, nos suspiros, na determinação de lutar por uma
232
universidademelho r,masreconhecendoaimportância dessainteriorizaçãoe msuaqualidade,
que é correspondente à força da dialética que  transformaodiscursosobreaexpano da
educaçãosuperior,alémdadicotomiadodiscursosobrequantidade/qualidade,possibilitando
ocrescimentoquevemdoesforçodecadaumdemelhorar,debuscarnovoscaminhos,novos
horizontes.
Nesteestudointeressaéaco ncepçãodequeosfenômenossedistinguemporsua
qualidade, ou seja, pelo conjunto de suas propriedades característic as, a qualidade
representandodessaforma,oqueoobjetoé.SegundoTriviños(1995,p.6768),
aquantidadeeaqualidadeesounidasesãointerdependentes.[...]Apassagemdas
mudançasquantitativasàsqualitativaséumaleigeraldodesenvolvimentodomundo
material. [...] estas mudanças se realizam quando se rompem os limites da medida
Mas as mudanças qualitativas, por sua vez, produzem mudanças quantitativas. [...]
Temos falado das mudanças quantitativas que originam as mudanças qualitativas e
viceversa. Temos expressado também que estas mudanças quantitativas não
produzemmudançasqualitativassenãorompemoslimitesdamedida.
Considerandoseessare laçãodialéticae ntreosfen ômenos ,p rocurase,portanto,
comoocorreoromperessepontodemedida,comod aresse“salto”paraatransformação,para
uma melhor qualidad e. Está a interiorização da universidade alcançando uma efetiva
qualidadesocial?Qualoimpactodessainterioriz açãonaeducaçãobásicadeCorrenteenos
outros municípios circunvizinhos? Qual o verdadeiro pap el da educação superior em sua
expansão?
Essaseoutrasquestõesaindaestãosemrespostas.Sabesequeosproce ssosque
envolvemosfenômenossociaisdependemdasc ondiçõesconcretase mquetaisp rocessosse
realizameocorrem,deformagradual,nodec orrerdotempo.
Como disse o professorCarlos Omar,a primeiraturmadaUESPIem Corrente
formouseem1997,podendoseco nsideraraindacomoalgorecente,sendoaprimeiraturma
daimplantaçãodoensinosuperior(primeirovestibulardeCorrenterealizadopelaUFPI)de
1996 .Apropriase aquidaspalavrasdeLuckesi(et.al.2001,p.43),nosentidodeque
queremos uma universidade em contínuo fazerse. Não imaginamos um modelo
definitivo de universidade, mas pretendemos achar, inventar, conquistar nosso
modelo,namedidaemqueaestivermosconstruindo.[...]queremoscriaruminter
relacionamento[entreosquecompõemauniversidade],fundamentadonoprincípio
doincentivoàcriatividade,àcrítica,aodebate,aoestudoe,comisso,marcandoa
coresponsabilidadenaproduçãodopróprioprocesso.
233
Ashis tóriasdevidaedepoimen tosap ontamparaumaqualid adesoc iald osato res
desseprocesso,proporcionadapelaeducaçãosuperior.Noentanto,ainteãod estapesquisa
oédeumaanálisepolíticadaqualid ade,ten doseestacomoumaproblemáticaconcretada
educaçãoqueemergiunode correrdess ahistória.
Odebate daqualidade requerumaanálisemuitomais profun da,oq uefogeao
objetivodesteestudo,queéodeumareconstituãohisrica,assimcomoaconstruçãode
umanovahistóriadaeducaçãoemCorre nteescritaporessesn ovossuje itoshojereconhecid os
comoprotagonistasnaco nstruçãode sseprocesso.
4.6AexpanodaredeprivadadeensinosuperiornoextremosuldoPiauí:Faculdade
doCerrado Piauiense–FCP
De acordo com Pimenta e  Anastasiou (200 2), “o ensino superior se insere no
contextosocialglob alquedeterminaeédeterminadotambémpelaaçãodossujeitosqueaí
atuam”. Assim, percebese, desde o iníc io, no ideal daqueles que lutaram pela educação
sup erioremC orrente,açõesvoltadasparaumainteãodeumauniversid adecomunitária,
que,decertaforma,ap esardenãoterfinslucrativos,seriaumauniversidadeparticular,pois
teriaqueterverbasparafuncionar.
OcontextosocialglobalemqueestáinseridaaeducaçãosuperiornoBrasil,faz
parte deumarealidadequetemgeradoumproces so de
[...] inserção dependente ou de exclusão tecnoló gica de países e regiões que não
interessamaosistemaprodutordemercadoriasdocapitalismomundializado,issosem
falardocrescimentodavalorizãodocapitalpormeiodaesferafinanceira[..]trata
se de dinheiro gerandomais dinheiro [...]A concentração de capitaltêm levado as
grandescorporaçõese outrosinvestidoresumaaçãoautodestrutivanamedidaemque,
não produzem valor por meio do empregoda força humana de trabalho. O capital
produtivo não se contenta com a exploração da força humana de trabalho na
obtençãodemaisvalia.EssecenáriodeminimizãodopapeldoEstado,noquese
refere às políticas blicas, resultantes desses arranjos macroeconômico,
redimensiona as políticas, especialmente no campo educativo (DOURADO ;
OLIVEIRA;CATANI,2003,p.19).
Assim, o cenário é de intensa preocupação com a ampliação da demanda e a
expansão e interiorização da educação superior. Os autoressupracitados, emumaanálise
geral no campo da educaçã o superior no Brasil, percebem a ocorrência de movimentos
234
voltadosparaum“[...]processode democratização,privatizaçãoe massificaçãodaedu cação
sup erior,ten doporbasesarelaçãoentreasesferaspúblicaeprivada[...]”.
Natentativadesefazeru mabrevehistoriografiades sesmovimentos,percebese,
segundo Cunha (2000),Dourado(2001),entreoutros,queelesseintensificamap artirdo
períodopopulista,principalmentepormeiodafederalizaçãodeinstituiç õesdeensinosuperior
nasdécadasde1940e1950.MasénafaseapósaReformaUniversitáriade1968,que
[...] o processo expansionista assumiu feições predominantemente privatista,
consubstanciada pelas políticas de liberação adotadas pelo Conselho Federal de
Educação(CFE).Adécadade1980 [...]oresultounumaexpansãosignificativa
da educação superior pública no país. Pelo contrário, estabeleceuse certa
estagnaçãonaoferta devagasnofinaldosanosde198 0 eprimeirametadedosanos
de 199 0, apesar da criação de IES vinculadas ao Poder Público estadual e ao
municip al. A “era” FHC (19952 002), no entanto, constituise período marcante
como movimento expansionista e de reconfiguração do campo universitário
brasileiro, assumindo feição nitidamente privada. [...] O resultado de oito anos
desse governo foi a exp ansão acelerada do sistema levando as IES privadas a 
responderem por mais de 70%das matrículas [...] (DOURADO, 2001 apud
DOURADO;CATANI;OLIVEIRA,2003,p.2324). 
Temse,portantoaexpansãodae ducaçãosuperiorcomoumademandalegitimada
sociedade brasile ira, sendo esta implementada a partir da cada de 1990. No entan to
obs ervaseque oGovernodeFHCfacilitouaexpansãodevagasno setorprivadodeensino
sup erior.
Assim,a expansãodo ensino  privado,represen tadopela FaculdadedoCerrado
Piauiense FCP,deacordocomseusfundadores, éresultad odeumproje toqueobjetivalevar
oensinosuperioreodesenvolvimentoeducacionalà mic rorregiãodeCorrente,bemcomoà
regiã odocerradopiauiense,vistoque essaregiãoéumaáreaemdesenvolvimento.
AFCPéumestabelecimentoisoladoparticulardeensinosuperior,sendomantid a
pelaSociedadedeEnsinoSuperiordoSuldoPiauí,pessoajurídicadedireitoprivadocom
finslucrativos,conformeatadefundação damantenedoradodia02.06.199 9,registradano
CartóriodeRegistroCivildo2ºofício,sobonº.145doLivroA,nº.0l,folhas411a420,com
foro nacidadedeCorrente.
AFaculdadedoCerradoPiauiensefuncionaemumprédio locado,nasmesmas
instalaçõesdoInstitutoBatistaCorrentino,noSítioIBC,nacidadedeCorrente,dispondodos
seguintesespaçosfísicos queforamre formadosparafuncionamentodaFaculdade,comose
podeobservarnasfotos:
235
ILUST RAÇÃO37:áreaexterna(àesquerda);prédioprincipal(à esquerda)
Fonte:Internet,sitedaFaculdadedoCerradoPiauiense – FCP,2005.
ILUST RAÇÃO38:prédioII(direita);cantina(àesquerda)
Fonte:Internet,sitedaFaculdadedoCerradoPiauiense FCP
ILUST RAÇÃO39:áreaemfrenteàcantina (àesquerda);pátiointerno(àesquerda)
Fonte:Internet,sitedaFaculdadedoCerradoPiauiense – FCP,2005
ILUST RAÇÃO40:SaladeAula(à esquerda);Corredor(àesquerda).
Fonte:Internet,sitedaFaculdadedoCerradoPiauiense – FCP,2005.
236
ILUST RAÇÃO41:Biblioteca (àesquerda);laboratóriodeInformáticao(àesquerda)
Fonte:Internet,sitedaFaculdadedoCerradoPiauiense – FCP,2005.
ILUST RAÇÃO42:FCPsalamultimeios(àesquerda);auditório(direita)
Fonte:Internet,sitedaFaculdadedoCerradoPiauiense – FCP,2005.
Algumasdasinstalaçõ esacimasãotambémutilizadasp eloIBCduranteoperíodo
damanhã ,comoassalasde aula,corredo res,pátios,entreou tras,conformefico u combinado
nocontratorealizado entreasinstituões.
Observase que a parte física da Faculdade es tá disposta emPrédioI: diretoria
geral, diretoria administrativofinanceira; diretoria acadêmica; secretaria acadêmica;
tesouraria;auditóriocom427,60m;Áre adeCirc ulação.Hájardins;cantina,WCmasculino
professo resefun ciorios;WCmasculino–alunos ; WCfeminino–alunas;depósito; 06
salas de aula; 01 sala de multimeios; laboratório  de informática com 100 m², 01 sala de
professo res;01salaparacoordenação,xérox.
OPrédioIItemaseguintees trutura:05salasdeaula,WCmasculino professores
efu ncionários;WCmasculin o–alunos; WCfeminino–alunas,áreadecirculação,jardim,
01salaempresanior,01saladevídeo.AInstituiçãodispõetambé mdeduasquadrasde
esporte.Funcionatambémnaárea(PrédioIII)o “JuizadoEspecialCívileCriminalSenado r
237
oSanta–JECC”.Perce besequetodaaá reaép rivilegiada,situandoseemumespaço
comcaracterísticasru raiseoconfortourbano.
Procuramse, por meio da entrevista oral, as visõe s acerca desse processo de
implantação do ensin o superior privado em Co rrente. Como surgiu essa idéia? Quais as
intençõesdaquelesquepossibilitaramquetudoissoseconsolidasse?Assim,segueseafala
daprofessoraSandraM.K.Penno,naépoca,diretoradoInstitutoBatistaCorrentino.
Quando assumimos a direção do Instituto Batista de Corrente, assumimos a
continuidade de uma história marcada por uma influência cristã e acadêmica que
tinha marcado e feito diferença na vida de muitas pessoas, na comunidade e em
outrosestados, inclusivenavidadepessoasquehojevivemnoexterior.
No entanto, o período que assumimos precisamos lutar tanto pela renovação
pedagógica da escola, como pela reestruturação do prédio, que, sendo antigo,
necessitavaconstantementedemuitosreparos.
AvisitadoatualdeputadoJoãoMadisonemnossaescolacomeçouamudarorumo
destahistória.Inicialmenteelenosprocuroucomaintençãodecomprarumaárea
doterrenodoIBC,aoladodaUESPI,paraconstruirosprédiosdafaculdadeque
desejava implantar em Corrente. Ao longo da conversa, fomosexpondo motivos
pelos quais víamos mais possibilidades de sucesso se houvesse um contrato de
alugueldosprédiosdoIBC(nosturnosdatardeenoite,queestavamdesocupados)
doqueaconstruçãodeumanovasede,sendoquepara,aescola,eramuitodifícil
levantar a verba necessária para as reformas, e o estado dos prédios estava
colocandoemriscoseufuncionamento,especialmente,aparteelétrica.Nocontrato
de aluguel, pensamos que poderíamos também solicitar que a nova faculdade
assumisse o pagamento dos gastosdo telefone,taxasdeáguae luz, bemcomoo
pagamentodazeladoria.
Reconhecemos que iniciar uma nova construção em um novo espaço, sem o
comp romissoqueo Instituto,por suaprópriahistória, já impunha à comunidade
seriamais fácil, entretanto, era necessário q ue pessoascomoo JoãoMadison, da
própria comunidade, apresentasse possíveis soluções para que a instituição se
adeq uasseaos novostemposecontinuassemarcandoecolaborandonaformaçãode
tantaspessoasdacomunidade(PROFª.SANDRAM.K.PENNO).
AprofessoraexpõeaquioseuolharcomodiretoradoIBC,embusca desoluções
paraosproblemasdaquelainstituão.Segundoela,aimplantaç ãodaFCPnasinstalaçõesdo
IBC,favoreceuocrescimentoeamodernizaçãodopréd io,possibilitandoqueoIB Cpudesse
dar continuidade às suas atividades. Pode ser observado por meio das fotos (páginas
anteriores)oinvestimentoda FCPnasinstalaçõesdoIBC.Temsetambémod epoimento d e
umdosse usfundadores,oDr.JoãoMadison,deputadoestadualefilhodeCorrente:
Bem,a nossaintençãodeuma FaculdadeemCorrentefoiadelevar ummaiordesenvolvimento
para a região, visto que Corrente está a uma disncia de quase 900 Km de qualquer capital,
distante das decisões políticoadministrativas, do q ue acontece no estado e no ps, fica numa
regiãorica,porémesquecidae,comofilhodacidade,procuramostrazeraquiloqueestáaonosso
alcancepararegião.Àsvezesmeperguntamporq ueeunãoleveiaFaculdadeparaBomJesusou
mesmoTeresina,queláeuteriamaislucro,porserumafaculdadeparticular,maseucolocoquea
nossaintenção foiprincipalmenteadelevar odesenvolvimentoparaCorrente,paraosuldoestado,
poisnóssabemosqueoensinosuperiorproporcionaqualidadedevida,dandomaisumaopção.[...]
238
AoseimplantarumafaculdadeemCorrente,proporcionamosqualidadedeensino.AFCPtemum 
bomacervobibliográfico,laboratóriodeinformáticaetambémpossibilitouinvestirnosprédiosdo
Instituto, atendendo a pedidos da Prof. Sandra, então diretora, e outra pessoas da comunidade,
comoumaformadeajudartambémoensinobásico(JOÃOMADISO NNOGUEIRA).
ObservasequepessoasdetodasasregiõesprocuramhojeacidadedeCorrenteem
bus cadeu maeducaçãosupe rior,tantonaredePública–UESP Icomonaredeprivada FCP.
Assim, com a educaçãosuperiorproporcionada poressasinstituições,podemse perce ber
transformações d iversasnaregião,evidentesno depoimentodeumexalunodaUESPIsob re
aqualidadedaeducaçãoemCorrente.
[...] eu digo pra você, não a U niversidade Estadual, como tamb ém a Faculdade do Cerrado
tambémtemcontribuídobastante,ssentimososreflexosemboraaindanãotenhasaídonem
uma turma concluída, que ainda concluiu, mas dá pra se perceber a contribuição. Nós temos
comoexemploumacrechequeatendeasp essoas,elatambémévoltadaparaasolidariedadedas
pessoas necessitadas, as pessoas que realmente precisamdo ensino. Se você fizeruma pesquisa
hojeemCorrente,paravercomoéqueestá ocorpodocente,ograudeinstruçãodocorpodocente
deCorrente,vaip erceberquequasetodososprofessoresdeCorrentetêmcursosuperior,emtodos
os níveis de ensino, tanto ensino privado como ensino particular; blico municipal e blico
estadual(PROF.ALEIXO).
Assim,percebeseaimportânciadaeducaçãosuperiorness emunicípio.Quandose
questionaserCorrenteumpólocultural,essa questãoremeteapesquisadoraparaumaoutra
quevemsend ocolocadapelacomunidadedeCorrentedesdeo iníciodesuahisria,poisesta
cidadetemrecebido,deseupovoedealgunsalunos eprofissionaisqueporlápassaram,a
denominãode“capitaldacu ltura”.
Estenome,segundodepoimentosjátranscritos,decorre ud ofatodeoCorrenteter
atraídoinúmerosestudantesdetodooBrasilparaestudarnoInstitutoBatista Industrial,hoje
Instituto Batista Correntino. No entanto, Corrente havia perdido um pouco desse caráter
cultural, já que não havia a mesma efervesncia,talvezpelofato  do InstitutoBatistavir
passandopordiversosp roblemas.Hojeseobservaque,comachegad adaeducaçãosuperior,
retornaessaimagem.Acidadetemumauniversidadepúblicaeumafaculdadeparticular,o
que, como se percebe, tem trazido s ensíveis contribuições em todos os setores (político,
socioeconômicoecultural).
Em diversos aspec tos, a cultura de Corrente vem se desenvolvendo, com
intensificaçãonoartesanato,n ofolcloreenoquedizrespeitoàeducação.Percebemsevários
eventospromovidostantopelaUniversidadeE stadualcomopelaFaculdadedoC errado,as
quaistêmtrazidocurso sdes graduação,entreoutros.Alunosdetodooestadoedeoutras
regiõessedeslocamparacursaroensino s uperioremCorrente.
239
A cidade apresentou, no período de 1991 a 2000, um IDHM ndice de
DesenvolvimentodoMu nicíp io)comcrescimentosignificativode13,55%,e,deacordocom
osórgãosdep esquisacitados,quemmaiscontribuiuemtermosdimensionaisparaesse
crescimento foi a educ ação, com 48,0%. Corrente ocupa, as sim, a 8ª posição em níve l
estadual.
Corre nte tem se constitu ído também em palco de evento s cu lturais, como os
Encontros Interdisciplinares de Pes quisa (foto abaixo),iniciativa do Prof.RibamarTôrres
Rodrigues(coordenadordonúcleodepes quisaNIEPSEF
16
),que,juntamentec omaUFPI,
vemproporcionandoessesencon tros,comoapoiodaFaculdadedoCerradoPiauiense.
ILUST RAÇÃO 43: II Encontro Interdisciplinar de Pesquisa do Extremo Sul do Piauí. Palestra
Professora Drª. Maria do Carmo Bérdad (acima à esquerda); palestra Prof. Dr. Ribamar Torres
Rodrigues, coordenador NIEPSEF (acima à direita) e Profª Drª.  Lídia Noronha (auditório, após
palestra/3ªàesquerda).ProfessoresemestrandosdaUFPIeUESPI/2004(fotoà direita).
Fonte:ArquivodoNúcleo NIEPSEFPI,2004.
16
cleoInterinstitucionaleInterdisciplinardeEstudosePesquisasSaberes,EscolaeFormação,cleode
pesquisadaUniversidadeFederaldoPiauí.
240
Assim,oIEncontroInterdisciplinard ePesquisad oE xtremoSuldoPiau ícontou
comaparticipaçãodeprofessoresdoutoresdaUFPI,comoaProfªDrª.MariaD’AlvaMacedo
Ferreira,Prof. Dr.ValdemarRodrigues,ProfªDrª.Mariado Carmo Bérdad,Prof.Dr.José
RibamarTôrresRodrigues,participandotambémcomopalestranteo Dr.JoaquimAlmeida,n a
épocasecretáriodoGoverno,queproferiupalestranaáreadeDireitoConstitucional.Estavam
tambémpresentesalunasdomestradoemeducaçãodaUFPI,aProfªMs.LedaMariadaS.
Barbosaeaartis taplásticaProfª.IolandaC.Carvalho(UESPI).
NoIIEncontroInterdisciplinardePesquisadoExtremoSuldoPiauí,participaram:
Profª.Drª.LídiaNoron ha–UFPI;Profª.Drª.MariadoCarmoBérdad(professoraaposentada
da UFPI, palestrante e ministrante de oficina); Prof. Dr. Jo Ribamar Tôrre s Rodrigues
(professorap osentadodaUFPI,coordenadorNIEPSEFpalestrante).Participaramtambém
alunasdomestradoemEduc ação:Profª.JulineteVieiraCasteloBran co(mestradoHistória–
ministrantedeoficina);PatríciaMelo(psicóloga –palestranteeministrantedeoficina);Profª.
MestreAnaliaO.de Sousa–FSA(palestrante);mestreedoutorandaProfª.BeateHüttl –
UniversidadeCarlVonOssietzky –Alemanha cidadeOldenburg(palestrante);professorae
artista plá stica Iolanda Carvalho (palestrante e ministrante de oficina); Profª. Jovina Silva
(professora FSA, ministrante de oficina), professora mestranda Te resinha Nogueira
(coordenadoraadjuntadoNIEPSEF);professoraSandraLima(palestranteeministrantede
oficina); professor Jacques Douglas Ribeiro FSA (ministrante  de oficina), entre outros
participantesdaUESPIdeCorrenteedaFaculdadedoCerradoPiauien se.
Os Encontros Interdisciplinares d e Pesquisa proporcionam aos alunos e
profissionais da educação dessa regiã o um espo de construção do conhecimen to,
pos sibilitandodiscusesnasdiversasáre aseasocializaçãodasproduçõe scientíficasdos
alunosepro fissionaisd aregião,pormeiodecomunicações.Comocitado,jáforamrealizados
doisencontroscomdiversosprofissionaisdaeducação(doutoresdaUniversidadeFederaldo
Piauíealunosdomestradodessainstituição),entreoutros.Assim,historicamente,Corrente
vem,pormeiodaeducação,tornandoseumpóloculturaldaMicrorregiãodoExtremoSul
Piauiense.
241
CONSIDERÕESFINAIS
Na busca da reconstituição do processo histórico da educação superior da
microrregiãodoextremosulpiauiense,iniciadopelacidadedeCorrentePI,duranteoperíodo
de1986a2005 ,partiusedeumanovaconceãonaqualahistóriapermitequesevejam
outroslugares,culturaseépocas maispróximasdarealidadecotidianadecadaum,emuma
análisedoobjetoàluzdasteoriasexistente s.
Aospoucos,nodecorrerdapesquisa,foisereconstituindoahistóriaapartirdas
informaçõesobtidasemfontesoraiseescritas.Rec onheceseaquiaimportânciadaHistó ria
culturalco moreferencialteóricometodológicoquepossibilitouareconstituiçãohistóricapor
meiodeumaan álisedoolhardosprópriossujeitosprotagonistasd op rocesso.
A p esquisadora foi levada à percepç ão e utilização das diversas fontes para
reconstituão dos fatos  na compreensão de que essa história não foi construída em sua
totalidadeedequeaquiseapres entaoresultadodeumolharapartirdosquestionamentos
propostosedasproblemáticasqueemergiram,inerentesaoprocesso.
Aosetentarresponderaosquestionamentos,istoé,mostrarcomo aconteceuesse
processo, partiuse d e uma visão ac erca das primeiras universidades ao atual p anorama
universitário piauiense, com a UESPI, des tacandose que a educação superio r está
historicamentecondicionadaaomodelopolítico,culturaleecomicodasociedadee mque
estáinserida.Auniversidadec onstituiseemumainstituãoproduzidapela sociedade,que,
porsuavezareproduz.
Esta p esquisa possibilitou um desvelamen to sobre  a forma como a educação
sup erior tem sido desenvolvida no interior doestado doPiauí,inserida nas interrelações
sociais constituídas a partir do entrelaçamento das exigências postas pela soc iedade às
instituiçõesdeeduc açãosuperior,numcontextodepressãoemudanças,umavezquee ssa
educação é re sp onvel pela reprodução dos homens e mulheres de que a sociedade
contemporâneanecessitaparaconstituirsecomotal.
242
Como toda história, essa também se ap rese nta de maneira singular, mas com
característicasbemdistintasdaformadeeducaçãosuperiorno Brasil,noquedizrespeitoao
aspectodaexpansã o,cadavezmaiselitistaemaisprivatizada.Aspolíticasempree ndidasno
processo expansionista da educaçã o sup erior caracterizamse por seu caráter excludente,
flexível e instituidor de espaços diferenciados, efetivandose historicamente por meio da
privatização. No entanto, no Piauí, naregiãodo extremosul,precisamente na cidadede
Corre nte,diferentementedoquevemocorrendohistoricamente, temseaeducaçãosuperior
atendendoàpopulaçãomaiscarentepormeiodoensinopúblicoestadual.
Aexpansãodaeducaçãosuperior,setornouumademandalegítima dasociedad e
brasileira,implementadaprecisamentenadécadade1990,comopartedasprioridadesdas
açõesestataisquevemseapresentandoc omnovospadrõesdere gulaçãoegestão,deforma
maisinte ns aapósaaprovaçãodaLeideDiretrizeseBasesdaEduc açãoNacional LDBNnº.
9394 de1996,queapresentacomo eixosartic uladoresaflexibilidadeeaavaliação. 
Aosevoltarparaamic rorregiãodaschapadasdoextremosuldoPiauí,percebese
alutadacomunidadeembuscadaescolarização,nãodifere ntementedasdemaisregiões.Ali
também há um reconhecimento histórico da necessidade da educação, sendo essa visão
construídanodecorrerdesseprocesso,apartirdoidealdaquelesquesepropõemalutarem
proldaeducaç ão.
Devese destacar que, naquela região, mais precisamente em Corrente, as
distâ nciase mrelaçãoàsdemaiscapitaisseconstituíramemumfatorpreponderantedelutado
seu p ovo pela educação, luta que se iniciou com os irmã os gêmeos Joaquim Nogueira
Paranaguá e o coronel Benjamim José Nogueira, com a implantação das sementes da
educaçãobásica(primeiroJardimdaInfânciadoEstado),possibilitandoocaminharparauma
educaçãosuperior.
Essaeducação,naquelacidade,foifeitaapartirdaintegraçãodeideaisdeculturas
diferentes, que têm em comum o e sforço e a coragem de um grupo de pioneiros na
interiorizaçãodoensinosuperior.Uniramseosesforçosdo“homemdaregiãodoRioGrande
doSul”,queseintegrouao“homemnordestino”,ambos compartilhandoumalutapelaterra,
pelasobrevivência,representadospe loPro f.AgostinhoBoth(PassoFundoRS)eoProf.Jo ão
Rocha(CorrentePI),osquais,entreoutros,sonhandojuntos,alcançaramaimplantaçãode
umauniversidadenaquelaregião.
A figura do professor Agostinho Bo th emergiu na problemática da pesquisa
pos sibilitandoaconstruçãod ahistóriadeac ordocomseuo lhar,registradonaobra“Paraonde
vãonossascasas”.Assim,pormeiodosregistrosdoprofessorBoth,dialogan docomateoria
243
easentrevistas,tornousepossívelperceberasteiasderelaçõeseodesenrolardoprocessode
implantaçãodaeducaçãosuperioremCorrentePI.
Sãomuitososquefizeramparted essateia,quep roporcionaram,a partirdoideal
deumauniversidadecomunitária,aimplantaçãodeumcampusdaUniversidadeEstadualdo
PiauínacidadedeCorrente.
Como enfatizado anteriormente, ao se buscar responder como ac onteceu o
processo de  educação superior na microrregião do e xtremo sul piauiense, fezse uma
reconstituãohistó ricadesseprocesso.Assim,percebe seaeducaçãosuperioremCorrente
comoorigináriadoprocessodeexpansãodaeducaçã osup eriorrealizadainicialmentepela
UFPIeposteriorme ntepossibilitando aexpansãodaUniversidadeEstadualdoPiauí UESPI,
naquelaeemoutrasregiões.
Nesse retorno ao p assado, no cenário  dos anos de 1980, com a chegada do
Profe ssorAgostinhoBoth(1986),reencontramse os ideaiscomunsporumauniversidadeem
Corre nte,pois a comunidadecorrentina,desd eostemposmaisremotos,lutaembuscada
educação.Dessaforma,asensibilidadedoProf.Agostinholevaoaperceberasingularidade
do povo  e sua garra em prol da educação, desenvolvendose interrelações e ões que
pos sibilitaramaimplantaçãodaFundaçãodeEn sinoSuperior,dandoseinícioaoprocessode
educaçãonacidade. 
Houveamobilizaçãodapopulaçãoparaacriaçãodessauniversidade.Asigrejas
(Batista e  Católica),os colégios (IBCe SãoJos é),agricultores,pecuaristas,comerciantes,
prefeituras,escritórios,participandodere unescomunitárias,manifestaramsecomdoações,
aprovandoaidéiadeumaFundação.Assim,apóssucessivasreunes ,criouseaFundaçãode
EnsinoSuperiordo Sul doPiauí– FESPI,com o objetivo de manteroCentrodeEnsino
Superior do  Vale do Paraim (CESPARAIM), com sede na c idade de C orren te,
compreendendo uma instituição  de  en sino superior, pesquisa e exteno, de caráter
comunitário, voltadaparaasoluçãodeproblemasregionaisdenaturezacnicocientífica,
ecomica,socialecultural.Ess aFun dãopossibilitariaaconstruçãodetodaumaestrutura
paraumauniversidadenomodelodaUniversidadedePassoFundo(RioGrandedoSul).
Percebemse,nodecorrerdoprocesso,característicasqueindicamaexistênciade
umsistemadotadodemúltiplasesferasdeaçãoedesignificaçãosocial,queseconcretizapor
meiodecompromisso s políticos.
Portanto ,aconstruçãodaseded oCen trodeEnsinoSuperiordoValedoParaim –
CESPARAIM,foipossívelgraçasàspessoasdacomunidadelocalque,demonstrandogran de
capacidaded erelacionarsecomoGovernoEstadualeFederal(representadosna épocap or
244
umdeputadofederalfilhodeCorrente–JesualdoCavalcanteBarros,eumministropiauiense
HugoNapoleão),criaramumaposiçãointermedria,qu eassumiuaperspectivadarelaçãoe
que se traduz numa linguagem de conciliação, negociação e gradação, reconhecida por
Damatta(2000 ),comoumalinguagemqueseconstituiematitudesconsideradasco munsna
sociedadebrasileira,conseguindo ,assim,aliberaçãodeverbasparaaconstruçãod oprédiodo
CESPARAIM.
Noentanto,ohavendovontadepolític aporpartedetodososenvolvidos,nãofoi
pos sível a implantação de u ma universidad e co munitária por impedimento de uma Lei
Federal. De sta fo rma, realizaramse novas co nciliações e negociações que levaram à
realização de um con vênio paraviabilizara implantaçãodeumauniversidadepúblicaem
Corre nte. Esse convênio recebe a de nominação de “Convênio de Cooperação Técnico
Cien tífica” ,sendocele bradoentreaFundaç ãoUniversidadeFederaldoPiauí–FUFPIea
FundaçãodeEnsinoSuperiordoSuldoPiauíFESPI,n oanode1989.AFUFPIfoi,nesse
ato, representada pelo seu re itor, Prof. Anfrísio Neto Lobão Castelo Branco, e a FESPI,
representadapeloseupres idente,Prof.JoãoRochaMascarenhas,reside nteemCorrentePI.
Assim,como sesforçosdacomunidadeedeumgrupopolíticorepresentantede
Corre nte, se criou a Fundação de Ensino Superior do Sul do Piauí – FESPI,com verbas
federaisco ns eguidaspeloenoministroHugoNapoleãoed oõesdacomunidade,comoo
terreno doadopeloInstitutoBatistaCorrentino – IBC,ondesefezaco nstruçãodetodaa
estruturaqueéhojeocampusdeCorrente.
Posteriormente,noanode1991,érealizadoumnovoconnioentreaFundação
Universidade Fe deral do Piauí – FUFPI, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da
Educação do Piauí – FADEP, o Go verno do Estado do Piauí  Secretaria Estadual de
Educação SEE,Fundação deEnsinoSuperiord oSuldoPiauí FESPI,cujotermocelebrado
teveporobjetivoarealizaçãodeConcursoVestibulareofe recimen todoscursosdePedagogia
eAgronomianomunicípiodeCorre nte.Dessemodofoiimplantadaaeducaç ãosuperiorna
cidade,aqualrepresentaaeducaçãonamicrorregiãodaschapadasdoextremosuldoPiauí.
Asduas primeirasturmastiveramosseusdiplomase mitidos pelaUniversidadeFederald o
Piauí.
AFund açãoUniversidadeFe deraldoPiauí FUFPIfez comqueesse s onhofosse
pos sível,poismesmotemporariamenteparticipandodessateiadeinterre lações,emprestou
seunome,deuseuapoio,juntamentecomaFADEP,atualmenteUESPI,quedes deoiníc io
estevepresente,possibilitan doae fetivaçãodesseprocesso.
245
Considerase que a in teriorização da educação superior, na microrregião d o
extre mosuldoPiauíinicio useporCorrente,em1992,comaFundaçã oUniversidadeFederal
doPiauí FUFPI,intensificandoseapartirde1995comoprocessodeexpanodenominad o
interiorizaçãodaeducaçãosuperiorblicaestadual,efetivadopelaUniversidade Estadualdo
Piauí UESPI,aqual,em20 012002,ampliouediversificouaofertadecursosdeGrad uão
Plena,assimc omoinstituiuCursosSuperioresSeenciaisdeFormaçãoEspecífica,ões
querepresentaram,dentreo utras,signific ativoaumentoquantitativononúmerodealunos,
expandindosetambémparaoutrosestados.
Esseprocessode expano,comosepodeperceber,temseuinícionadécadade
1990 ,e,apartirdoGovernoFernandoHenriqueCardoso,noperíodode1995a1998,são
implemen tadaspolíticaseumconjuntodemedidasqueconfiguraramaexistênciadeuma
reestruturaçãodaeducaçãosuperiornopaís,incluindoumpadrãodemodernizaçãoeuma
novaformadegerenciaraeducaçãosuperior,deaco rdocomonovop aradigmadeprodução
capitalista,nareformadaadministraçãopúblicadoEs tado.
Ogovern o vemdefendendoeempreendendo ações ,nosentidodetornaroensino
sup eriorno Brasilflexívelecompetitivo,seguindoagicadomercado,possibilitando ao
Estadoexercercontroleeavaliação sobreessaformadeensino,condicionandoaeducação
sup erioraosreflexosdessapolítica.
Diantedacomplexidadedapesquisahistórica,surgiramproblemáticasquantoao s
motivos que impulsionaram a interiorizaçã o e qual a qualid ade social da expano da
educação superior, aqui denominada de interiorização, neste contexto históricosocial e
político. Procuraramse as respostas para essas questões com base na perceã o de que
nenhumaanálisepodeserrealizadasempartirdavisãodequeoprojetodeumauniversidade
tem queserrealizadodentro deumarealidade concreta,sobaorientaçã odeumapolítica
cultural eeducacionalcoerentecomoprojetopolíticodop aís,acompanhandoadinâmicadas
interrelaçõesentreasociedadeeauniversidade,sendo,portanto,necesriaumaaná lisedo
contextohisricosocialemqueessarealidadeestáinserida.
Partindo se desse pressuposto, buscaramse repostas a partir do olhar dos
protagonistasdessahistória,pormeiodeentrevistasedahisriaoraldevidadessessujeitos.
Tendoseinicialme nteavisãodequesãoinúmerososmotivosquelevaramàimplantaçãoda
educação superior nessa região, iniciadas no desejo e na lu ta da própria comunidade
246
engajadoscomosideaispolíticossociaiseecomicos,mediadosporaçõese interrelaç ões
sociais(emuma“sociedaderelacional”
17
).
Nesse universo de relações, temse a visão expansionista de gestores da
UFPI/UESPI, inicialme nte aqueles que viram em Corrente o “pontapé” inicial para a
expansão e, a partir daí, deram pros seguimento ao  processo para, posteriormente , com a
coragemaudaciosadaq uelesquedirigiramaUESPI,fazeressainstituiçãochegaralugares
inusitados,proporcionandoaeducaçãosuperioraos queatéentãoestavamexcluídosdosonho
deumdiacursarumagraduação.
Questionase o fato da expan são quantitativa constituirse em detrimento da
qualidade.Masmes moaquelesquequestionamaqualidadereco nhece maimportânciasocial
daeducaçãosuperioremCorrenteenaregião,jáqueossujeitosinvestigados reconhec emque
aeducaçãotemproporcionadomudançasnaqualidaded evidadosegressosdaUniversidadee
tambémpara acomunidade,refletindosenoensinobásico,melhorando aqualificaç ãodeseus
professo res, a visão d e co nhecimento, e nfim, proporcionando a formação social des se
profissional.Todosconsideramqueaeducaçãosuperiortransformousuasvidas.
Assim, resta uma questão acerc a da qualidade qu e se busca. Qualidade para
poucos?Aquestãodaqualidadenaeducaç ãotambémdecorre doparadigmaescolhidopara
dirigiraçõeseducacionais,poisnãose p odeconsiderarqualidadeapenas comoumconjunto
decritérios ,sendoperc ebidaporGracindo(1994)dentrodosreflexosdeumaconcepçãode
mundoe desociedadeque,seretratadanabuscadaformaçã oidentitáriadoindivíduo ,seja
compatível comaquelaconcepção, ou  seja,voltada paraquestionamentosereflexõesque
devemserrealizadosporaquelesqueestãoàfrentedasdecisões,mas,principalmente,pelos
docentes,discentes,gestores,entreoutros.
Esses questionamentos são: Que cidadã o se quer formar? Que educação? Que
saberes?Queescola?Tratasedebuscaraeducaçãonosentidodeser(humano)eacidad ania
quep romova a autonomia;não prepararparaoexercício da cidadaniae,sim,promovera
construçãodessacidadania.Assim,aed ucaçãodevedesenvolverconhe cimentos,habilidades
e atitud es qu e deverão encaminhar a maneira como os indivíduos se relacionarão com a
sociedade,comanaturezaecomelesmesmos.
Observamse,entretanto,característicademassificaçãonopro cessodeexpansão
daeducaçãosuperior,poisaestruturafísicaeh umana(professoresqualificados),entreou tras,
oe stáacompanhandoocresc imentoqueo própriocon textohistórico,sociocultural,político
17
TermousadoporDamatta,emsuasconsideraçõessobreasociedadebrasileira.Tornandosedefundamental
importânciacomp reenderaforçadessasrelaçõesnamediãodasdecisões.
247
eecomicoemque aUniversidadeestáinseridaexige.Semcontarquees saeducaçãote m
queaten dertambémàsdemandasdadinâmicadaspolíticasglobais.
Portanto , a partir doolharquedirecionou esta investigaç ão,percebeusequea
educaçãosuperiornacidadedeCorrentetempossibilitadomelhoriadaqualidadedevidadas
pessoas,transforman doacidadedeC orrente,segundoavisãodaspe ssoasdacomunidade,em
umloculturaldaregiã odoextremosuldoPiauí,proporcionandotambémdesenvolvimento
socioeconômicoecultural.
Aeducação,porserinerenteàsociedadehumana,originasedomesmoprocess o
quedeuorigemaohomem,poiseleviveemsociedadeesedesenvolvepelamediaçãoda
educação,possibilitandoac onstru çãodos eupróprioconhecimento,aomesmotempoemque
constróisuahisria,suaidentidade.
Reconhecese queesse“serhomem”éprodutodeumacons tanteconstrução,a
qualéperpassadapelasreflexõesdopassadoeporumaanálisedopresente,d esuasinter
relações, em uma interação entre seres e deles com a natureza, possibilitandolhes a
construçãodesuahistória,aquallheco ndiçõesdetransformars euentorno,aomesmo
tempoemqueconstróie transformasuaprópriaide ntidade.Observaseissonoscampido
interior,ondedoce ntesediscentesmesmoprecariamente,apartirdainiciativadelhesa
oportunidadedetambémp articipar,conseguemconstruirsuasprópriascondiçõesparauma
melhorqualidade.
Com base nos resultados desta pesquisa, perce bese que um dos aspectos que
surgiunodecorrerdoprocessoinvestigativodahistóriada educaçãosuperior,foiofatodea
educaçãoestarpromovendomelhoranaq ualidadedevidada região investigada.
No entanto,ainteriorização, emboratenhap rovocado impactonaqualidadede
vida, tem por trás intere sses políticos como fachada de  uma pseudoconceão de auto
realização,preterindoseasverdadeirasnecessidadesdaregião.
As evidências desses interesses se comprovam pelos  cursosimplantadosnessa
expansão (licenciaturas),que servem aoajustamento de expectativas deasceno social e
profissional, atendendo à demanda das políticas da educação  superior, limitando as
expectativasprofissionaisesociaisdo sjovensdasregiõesdointerior.Outraquestãoquedeve
serdiscutidaéquantoaoscritériosdeimplantaçãodecursos,que oofertadosmesmoapós
seremconsideradosinviáveisparaaregião.
De um modo geral, não se pode  garantiruma efetiva expans ãocom qualidade
socialdiantedessen ovocerioparaaeducaçãosuperior,quepreconizaagarantiadoacesso
aessamodalidadedeeducação a30%dapopulaçãoc omid adede18a24anosd eforma
248
imediata.Essasituãorequerq uesedesenvolvaumprocessoexpansionistadess enívelde
ensino, configurado por políticas que pro porcionemumaefetivaexpano comqualidade
social,principalmenteaexpanopública,oqueaindanãosepercebenarealidadeemque
essae xpanovemserealizando.Portanto,devesebuscaraimplementaçãodemecanismos
de acesso e permanência da popu laçã o historicamente excluída, proporcionandolhes
condiçõesparaconstruçãodacidadania.
Percebese,portantoanecessidadedemudançasnaeducaçãosuperior,sabendose
queéfundamentalenecesrias uaexpano,contantoqueaconteçapormeiodepolíticas e
mecanismos criteriososdereestruturaçãodesseníveldeens ino,p artindosedabuscapela
qualidadesocialdaeducaçãosuperior,pautadanaindissociabilidadeentreensino/pesquisae
extenoenocompromissocomafuãosocialdauniversidade.
Esperase que esta pesquisa possa contribuir p ara a construção da história da
educaçãosuperiornoestadodoPiauí,possibilitando umavisãodossujeitosdaNovaHistória
Cultural.Considerasequeesteestudo, alémdeumareconstituãohistóricadoprocessode
educaçãosuperior,proporcionereflexõessobreacomplexidadedoprocessoedosdiversos
aspectospolíticos,sociaiseecomicosqueenvolvemaeducaçãosuperioreas políticasque
aconduz.
Quantoàeducaçãosu periores tarproporcionandoaqualidadesocialpormeiod e
sua interiorização isso, requer uma pesquisa profunda, ficando aqui o desafio  para essa
análise.Noentanto,tornasenecessário nãoapenasdiscussões, masaçõesnoq uedizrespeito
àeducaçãos uperior,pormeiodepolíticas deeducaçãosuperiorvoltadasparaatenderemaos
interessessociaisdecadaregião,percebendosuasdiferenças.
AeducaçãosuperioremCorrentepossibilitouaconstruçãode umano vahis tória
porp arte  deseus protagonistas,umahistoriavistaporoutrossujeitosqueantesnãoeram
consideradoscomopartedoprocess o.Ahistória daeducaçãosupe riorseconstróiassimpor
umnovoolhar...
249
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FUNDAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DO SUL DO PIA. Ata de Sessão
Extraordinária.Corrente,PI,26.0 2.1 988.
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FUNDAÇÃODOENSINOSUPERIORDOSULDOPIAUÍ.EstatutoFESPI.Corrente,PI,
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FUNDAÇÃOUNIVERSIDADEFEDERALDOPIA.ConvêniodeCooperaçãotécnico
científica.Tere sina,PI,1989.
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ. Edital nº. 001/93. Convênio SEE –
FADEP/FUFPI/FESPI.Teresin a,PI,1993.
GOVERNODOESTADODOPIAUÍ. Leinº4.418/1991:reco nhece deutilidadeblicaa
FESP I.Teresina,PI,1991 .
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ. Resolução: nomeação diretor campus avançado
DeputadoJe sualdoCavalcantiemCorrente,PI.Teresina,PI,1993 .
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MINISTÉRIODAEDUCAÇÃOECULTURA.CONSELHONACIONALDESERVIÇOS.
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SERVIÇOPÚBLICOFEDERAL. AtestadodeRegistro. Brasília,DF,1996.
UNIVERSIDADEFEDERALDOPIAUÍ.AtodaReitoria;nomeaçãodocoordenadordos
cursosde3ºGraudoconnioFUFPI/FADEP/FESPI.Teresin a,PI,1992.
ENTREVISTAS
ARAÚJO, Carlos Omar Mascarenhas de.Entrevista oralconcedida a Teresinhade Jesus
AraújoMagalhãesNogueira.Teresina,jun ho2005.
BARROS,Ibanêis Roc haEntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesusAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,junho2004.
BARROS, Jesualdo Cavalcanti. Entrevista oral concedida a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,março,2005.
BITTENCOURT,Almir.EntrevistaoralconcedidaaTeres inhadeJesusAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,janeiro200 6. 
BOHT, Agostinho. Entrevista oral concedida a Teresinha de Jesus Araújo Magalhães
Nogueira..Te resina,maio 20 05.
CAVALCANT I, Ivanilde Barbosa Ave1ino P. Entrevista oral conc edida a Teresinha de
JesusAraújoMagalhãesNogueira.Teresina,dezembro2004.
FONSECAFILHO,GesydaSilva.EntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesusAraújo
MagalhãesNogueira.Teresina,dezembro2004.
FONSECA,RitaMônicaA. Entrevistaoral concedidaaTeresinhadeJ esusAraújo
MagalhãesNogueira..Te resina,julho2005.
GUERRA,CandidoCarvalho. Entrevistaoral concedidaaTeresinhadeJ~usAraújo
MagalhãesNogueira..Te resina,d ezembro2004 .
264
GUERRA, Nehande ara Nazira N.Entrevista oralconcedida a Teresinhad e J esus Araújo
MagalhãesNogueira..Te resina,d ezembro2004 .
HUBNER,RosalyDias.EntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesu sAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,dezembro2004
MASCARNHAS, Jo Rocha. Entrevista oral concedida a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,dezembro2004
NOGUEIRA,CarlosAlbertoR.deA. Entrevistaoral concedidaaTeresinhadeJesusAraújo
MagalhãesNogueira.Teresinajulho2005.
NOGUEIRA, Edilson de A. Entrevista oral c oncedida a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresinajulho2005.
NOGUEIRA,EdyGuerra. Entrevistaoral concedidaaTeresinhadeJ esusAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,julho 20 04.
NOGUEIRA, Flávio Aurélio. Entrevista oral concedida a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,julho 20 04
NOGUEIRA, Hildete  Araújo. Entrevista oral concedida a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,dezembro2005.
NOGUEIRA, Jo Madison. Entrevista oral concedida a Teres inha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,dezembro2005.
NUNES, nathas de Barros. Entrevista oral conced ida a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,agosto2004.
OLIVEIRA, Maria Conc eão Avelino. Entrevista oral concedida a Teresinha de Jesus
AraújoMagalhãesNogueira.Teresina,agosto2004. 
OLIVEIRA,MirianFolhadeAraújo. EntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesusAraújo
MagalhãesNogueira.Teresina,julho 20 05.
PARANÁGUA, lio Fonseca. Entrevista oral concedida a Teres inha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,julho 20 05.
265
PENNO,Sandra MaraK.EntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesusAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,julho 20 05.
REIS,RaimundoDias. Entrevistaoral concedidaaTeresinhadeJesusAraújo M agalhães
Nogueira.Teresina,dezembro2005.
RIBEIRO,RaimundaMariadaC. Entrevistaoral c oncedidaaTeresinha~JesusAraújo
MagalhãesNogueira.Teresina,dezembro2004.
RIBEIRO,ValériaMadeiraMartins.EntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesusAraújo
MagalhãesNogueira.Teresina,setembro2005.
SILVA,Ge raldoC.da.EntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesusAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,dezembro2005.
SILVEIRA, Charles Camilo da. Entrevista oral co ncedida a Teresinh a de Jesus Araú jo
MagalhãesNogueira.Teresinafevereiro2006.
SOARES, Antonio Francisco. Entrevista oral concedida a Teresinha de J esus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresinajulho2005.
SOARES,FilhoLuísA.EntrevistaoralconcedidaaTeresinhadeJesusAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,julho 20 05.
SOUZA,EtelvinoViana. Entrevistaoralco ncedidaaTeres inhadeJesusAraújo Magalhães
Nogueira.Teresina,dezembro2004.
VASCONCELOS, Sandra Lima. Entrevista oral concedida a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,dezembro2005.
XAVIER, José Aleixo Alves Geraldo Corado da Silva. Entrevista oral concedida a
TeresinhadeJesusAraújoMagalhãesNogueira.Te resina,d ezembro,2004.
DEPOIMENTOSESCRITOS
AGUIAR,AnaAliceSouza. DepoimentoconcedidoaTeresinhadeJesusAraújo Magalhães
Nogueira.Teresina,julho 20 05.
266
BARROS, Noemi Rocha.Depoimento concedidoaTeresinhadeJesusAraújoMagalhães
Nogueira.Teresina,julho 20 05.
CUSTÓDIO,ElyeneNogueiraRocha.DepoimentoconcedidoaTeresinhadeJesusAraú jo
MagalhãesNogueira.Teresina,agosto2005.
MASCARNHAS, Jo Rocha Depoimento conce dido a Teresinha de Jesus Araú jo
MagalhãesNogueira.Teresina,julho 20 04.
NOGUEIRA,EdyGuerra.DepoimentoconcedidoaTeresin hadeJesusAraújoM agalhã es
Nogueira.Teresina,julho 20 04.
NOGUEIRA, Keila Ros ane Rocha. Depoimento concedido a Teresinha de Jesus Araújo
MagalhãesNogueira.Teresina,agosto2005.
267
APÊNDICES
268
APÊNDICEA–QUESTIONÁRIOABERTOPARACOLETADEDADOS
VocêqueparticipoudaprimeiraturmadaUE SPIemCorrente,éu mprotagonista
dahistóriadaeducaçãosuperiordessaregião,sendoassimescolhido(a)pararespondereste
questionário.Agradecemos suacolaboraçãoqueéfundamentalpararealizaçãodestapesquisa.
Pedimosquerespo ndademaneirasinceraaspergu ntasabaixoecasodesconheçaoassunto
deixeembranco.Peçoqueassineaauto rizaçãoparaousodestasrespostasnapesquisade
mestrado.Muitoobrigada!.
NOME:___________ ___________________ ___ ___________________ ______________
PROFISSÃOATUAL:___________________ ___________________ ___ ____________
INSTITUIÇÃOEMQUETRABALHAATUALMENTE:_____ ___________________ _
LECIONAOUJÁLECIONOUNAUESPI:___________________ _PERÍODO:____ ___
IDADEEMQUEINGRESSOUNAUNIVERSIDADE:___________________________
1. Antesdevoingressarnauniversidadevocêmorava:
()nazonaurbana()nazonarural()emoutracidade–nome:_____ _______
2. Oquevocêfaziaantesdeingressarnauniversidade?
3. QualaimportânciadainteriorizaçãodaeducaçãosuperioratéCorrenteemsuavidae
paraacomunidadeemgeral?
4. Seoensin osuperiornãochegasseatéCorrente,vocêteriacomosairparafazerem
outracidade?
5. Contesobreoquevosabedain teriorizaçãodaUESPI.
6. Faleumpo ucodasuavida:
a) antesdaUESPI:
b) b)depoisdaUESPI:
7. vocêjá participoudecon cursos?Foiaprovado?
8. Quaisasperspectivasquevocêteriaparaseufuturosenãotivesseocorridoa
interiorizaçãodaeducaçãosuperio ratéestacidade?
9. Aoterminarseucursodegraduaçãovosesen tia:
()preparado(a)paraomercadode trabalho()d espreparado(a)paraomercadode
trabalho()poucopreparado(a)paraomercadodetrabalho.
10. OquelevouCorrenteaserchamadode“capitaldacultura”emépocasatrás ?
11. Vo cêcons ideraq ueCorrenteaindaéacapitaldacultura?
269
APÊNDICEBENTREVISTASSEMIESTRUTURADAS
ENTREVISTASEMIESTRUTURADA –01
Esteéumroteirode entrevista,queob jetivagarantiravalidadedapesquisaqualitativacoma
obteão de informações detalhadas sobre a história da Educação  Superiorno Piauí, sua
expansãoeimportânciaparaossujeitosprotagonistasdesseprocesso.
1. Tendo e m vista sua participação como estudante do Campus de Cporrente
(UFPI/UESPI),gostariaquefalassesobre:
1. Umpoucodesuavida,ondemorava,quandocome çouaestudar,quandoeonde
fezoen sinomédio,quandofezovestibular,enfimsobre suavidaantesedepoisda
educaçãosuperior.
2. Qual a importância da universid ade em sua opinião para a comunidade e
particularmenteparasuavida?
3. Umpoucod asuavidahoje,oquefaz,oqueaEducaçãoSuperio ratéCorrente
pos sibilitouvorealizar?
4. SuaopinosobreaexpanodaUESPIqu antoàqualidadeso cial.
Essaentrevistafazpartedeumprojetodepesq uisaparaPó sgraduãoemMestradode
educaçãodaUFPI,gostariaqueassinasseestepapelautorizandoousodessaentrevistaem
nos sapesquisa.Caso,nãoqueiraseridentificadocoloqueumnomefictícioparanossa
identificação.
()identificaçãonormal()identificaçãoporumnomefictício(________ _______) 
____ ___________________ _____________
ASSINATURADODEPOENT E
270
ENTREVISTASEMIESTRUTURADA –02
Esteéumroteirodeentrevistaoral,queobjetivaco letarinformaçõesque garantaavalidade
destapesquisaqualitativas obreaEdu caçãoSuperiornoPiauí,suaexp anoeimportância
paraoss ujeitosprotagonistasde sseprocesso.
A Tendoemvistasuaparticipação,comodiretordaFADEP,gostariaquefalassesobreess e
processodeimplantaçãodaEducaçãoSuperiornoPiauí,c ontempland oosseguintesaspectos :
1.Faleumpou codesuarelaçãocomaUESPI.
2.Comoocorreuaimp lantaçãodaeducaçãosu periorestadualnoPiauíeemCorren te?
3. Qual a importância da UE SPI em sua opin ião para a comunidade (qualidade social) e
particularmenteparasuavida;
4.ComovêaUESP Ihoje.
271
ENTREVISTASEMIESTRUTURADA –03
Esteéumroteirodeentrevistaoral,queobjetivagarantiravalidadedapesquisaqualitativa
comaobteãodeinformaçõesdetalhadassobreaEducaçãoSuperiornoPiauí, suaexpansão
eimportânciaparaossuje itosprotagonistasdesse processo.
ATendoemvistas uaparticipaçãoc omoDiretordaUESPICampusdeCorrente,gostaria
que falasse sobre esse processo de implantação da Educaç ão Superior em Corrente,
contemplandoosseguintesaspectos:
1.Oquevos abesobreaimplantaçãodeumaUniversidadeComunitáriaemCorrentee
essapas sagemdeComunitáriaparablica;
5. Faleumpouc odesu asexpe riênciasenquantodiretordesseCampusdeCorrente.
A estruturafísica do prédio;ocorpodocente,enfimo quevocê lembrardesse
período.
6. Qual a importância da UESPI em sua opinião para a comunidade (qualidade
social)eparticularmenteparasuavida;
7. ComovêaUESPIhoje.
272
ENTREVISTASEMIESTRUTURADA –04
Esteéumroteirode entrevista,queob jetivagarantiravalidadedapesquisaqualitativacoma
obteão de informaç ões detalhadassobreaEdu caçãoSuperiorno Piauí,suaexpano e
importânciaparaossujeitosprotagonistasdesseprocesso.
I  Tendo em vista sua participação como Professor (a) da UESPI Campus de Corrente,
gostariaquefalassesobreesseprocessod eimplantaçã odaEducaçãoSuperioremCorrente,
contemplandoosseguintesaspectos:
1. Quandoquecomovocêchegouaserprofessor(a)dess aIns tituã otendoemvistaque
morava fora de Corrente (oquemotivou a irparaestacidade, quando iniciou seu
trabalhones saIES,ouseja,tudoquevocêlembresobrees seperíodo).
2. Faleumpo ucodesuasexperiênciasenquantoprofessordesseCampus deCorrente.A
estruturafísicadoprédio;ocorpodocente,osalunos(sehaviamuitadiferençaem
termodeníveldosalunosdeCorrenteemrelaçãoaosalun osdaCapital,se haviaouhá
diferença quanto à qualidade do ensino d e Corre nte em relação  a o utras cidades ,
principalmentequan toàCapital).
3. QualaimportânciadaUESPIemsuaopinoparaacomunidade(qualidadesocial)e
particularmenteparasuavida;
4. SejáocupououtroscargosnessaIES,falesobreessasexperiências;
5. ComovêaUESPIhoje.
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ANEXOS
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