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incluídos no sistema regular de ensino, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino
Superior, o que foi determinante para a consolidação de um desejo profissional imperativo de
saber mais sobre a deficiência visual e lutar pela inclusão social do cego. Portanto, a vivência
diária dos obstáculos a inclusão escolar e o reconhecimento das reais possibilidades de
aprendizagem do indivíduo cego, proporcionados pela prática pedagógica, inspiraram esse
trabalho.
Ao discorrer sobre a relevância social da temática, observa-se que mesmo tendo
merecido destaque nos últimos anos, na mídia, na Campanha da Fraternidade (2006) e em
outros veículos de comunicação, assim como em vários espaços sociais, o tema ainda não
alcançou, na prática, o seu real significado no âmbito da organização de políticas públicas.
Por conseguinte, as reflexões aqui realizadas, possibilitaram revelar valores, hábitos, crenças e
práticas sociais relacionadas à inclusão escolar de pessoas com deficiência visual.
Para alargar essa compreensão sobre a inclusão escolar enquanto fenômeno humano e
social fez-se necessário entendê-la na dialética da cultura em que está inserida, optando-se
pelo estudo de caso etnográfico, tendo como contributo teórico as idéias de estudiosos como
Amiralian (1997), Aranha (2001), Baumel (1994), Caiado (2003), Dall’Acqua (2002),
Fonseca (2003), Mantoan (1997, 2002, 2003, 2005), Martínez (1995, 2006), Pessotti (1984),
Sassaki (2003), Silva e Vizim (2001, 2003), Telford e Sawrey (1978) e Vygotsky (1989,
1993, 2001), entre outros.
A pesquisa de campo realizou-se utilizando como instrumentos de pesquisa a
observação participante, diários de campo e entrevistas semi-estruturadas, que, nessa
perspectiva, deram ao fenômeno múltiplos níveis de interpretação. Desse modo, com o intuito
de promover ao leitor um acesso compreensivo e prazeroso às trilhas de construção da
pesquisa, o presente estudo foi organizado em seis partes assim distribuídas: Capítulo I: “O
indivíduo cego e o estigma da deficiência”; Capítulo II: “A educação de pessoas com
deficiência visual”; Capítulo III: “A trilha metodológica da investigação etnográfica”;
Capítulo IV: “Descrição sociocultural da comunidade”; Capítulo V: “O cotidiano de inclusão
da pessoa com deficiência visual” e as considerações finais, que compreendem, além de um
resumo dos tópicos mais relevantes, indicações para pesquisas futuras.
No Capítulo I, buscou-se descrever e analisar as concepções de deficiência quanto
descrever o tratamento social dado à pessoa deficiente nos vários períodos da história
humana. A seguir, mostra-se o panorama atual da deficiência no que se refere aos dados
quantitativos dessa realidade, de modo a fornecer informações importantes e necessárias à
discussão sobre a temática em estudo. Na seqüência, discorre-se sobre a deficiência visual no