Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA AMBIENTAL
ANÁLISE DA VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES A RESPEITO
DA COMUNIDADE DE PEIXES E DE VARIÁVEIS AMBIENTAIS NO
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM CANAIS DE MANGUEZAL
DO ESTUÁRIO DA BAÍA DE VITÓRIA
Fabrício Resende Fonseca
Orientador- Prof. Antônio Sérgio Ferreira Mendonça, Ph.D
Co Orientador- Prof. Jean-Christophe Joyeux, Ph.D
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Engenharia Ambiental, da
Universidade Federal do Espírito
Santo, como parte das
exigências para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia
Ambiental.
Vitória ES
Brasil
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA AMBIENTAL
ANÁLISE DA VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES A RESPEITO
DA COMUNIDADE DE PEIXES E DE VARIÁVEIS AMBIENTAIS NO
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM CANAIS DE MANGUEZAL
DO ESTUÁRIO DA BAÍA DE VITÓRIA
FABRÍCIO RESENDE FONSECA
Prof. Antônio Sérgio Ferreira Mendonça, Ph.D
Orientador- UFES
Jean-Christophe Joyeux, Ph.D
Co Orientador-- UFES
Prof. Dra.Edumar Ramos Cabral Coelho
Examinador Interno UFES
Prof. Dr. Henry Spach
Examinador Externo - UFPR
ads:
À minha noiva e companheira Letícia;
aos meus pais, Maurício e Ismênia; e
aos meus irmãos, Fabio e Lucas.
“Pelo apoio e dedicação em todas as
etapas de minha vida”
Agradecimentos
À Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) pela oportunidade oferecida por
meio do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA).
A Companhia Siderúrgica de Tubarão pelo apoio nas análises de qualidade de
água, realizadas no Laboratório de Utilidades e Meio Ambiente.
Ao Departamento de Ecologia e Recursos Naturais (UFES) pelo apoio no
armazenamento, triagem e identificação das amostras de peixes coletadas durante
o experimento.
Ao Grupo de Estudos e Ações em Recursos Hídricos (GEARH) pelo apoio nos
equipamentos de campo utilizados nas campanhas do experimento.
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pelo apoio financeiro no primeiro ano
do curso de Mestrado em Engenharia Ambiental.
Ao Centro de Tecnologia em Aqüicultura e Meio Ambiente (CTA) pelo apoio na
conclusão do trabalho.
Ao professor Antônio Sérgio Ferreira Mendonça pela orientação aplicada no
desenvolvimento deste trabalho.
Ao professor Jean-Christophe Joyeux pela orientação aplicada no
desenvolvimento deste trabalho.
Meus agradecimentos especiais-
Á minha noiva Letícia Alves Boni pela dedicação, companheirismo e incentivo em
todas as etapas do Mestrado em Engenharia Ambiental.
Meus pais, Maurício e Ismênia, grande incentivadores ao meu ingresso no
Mestrado em Engenharia Ambiental.
Á equipe da Divisão de Meio Ambiente da CST, em especial Luiz Antônio Rossi,
Eugênio Agrizzi e Giovanna Cypriano Lage.
A equipe do Laboratório de Utilidades e Meio Ambiente da CST, em especial José
Aparecido Lima
Á Alessandro Trazzi, pelo incentivo e trocas de experiências desenvolvidas no
presente estudo.
Aos companheiros Edmilson Bom e Humberto Ker, pelo incentivo a realização da
pesquisa.
Aos colegas de trabalho do Centro de Tecnologia em Aqüicultura e Meio Ambiente,
em especial a minha equipe de trabalho, Alan Marques Ribeiro e Fernando Tres
Valentim pelo apoio e compreensão nos momentos de dificuldade.
Ao companheiro Bruno Bicalho Pereira, pelo apoio e incentivo em todas etapas da
condução do presente estudo.
Ao companheiro José Mauro Sterza, pelo apoio nas análises estatísticas
realizadas nesta pesquisa.
E a todos aqui não citados, que contribuíram direta e indiretamente para o
desenvolvimento desta pesquisa.
RESUMO
Os estuários são complexos ecossistemas costeiros de transição entre os
ambientes terrestres e aquáticos. Estes sistemas possuem importantes funções
ecológicas que podem beneficiar o homem direta e indiretamente. Contudo,
mesmo apresentando bens e serviços ecológicos, os estuários são potencialmente
impactados pelas atividades antrópicas, as quais têm exercido profunda e,
normalmente, negativa influencia sobre a estrutura e o funcionamento desses
ecossistemas. Um dos principais impactos promovidos nestes sistemas está
relacionado com degradação da qualidade de água, devido ao descarte de
efluentes sanitários. Na tentativa de integrar a avaliação da qualidade de água de
canais de manguezal localizados na área interna do estuário da Baía de Vitória,
foram utilizados parâmetros físico-químicos e microbiológicos, além de dados
biológicos da comunidade de peixes, como os valores de abundância, número de
espécies, biomassa, diversidade, dominância e equitabilidade. A partir dos
resultados de fósforo total, amônia, DBO, pH, coliformes termotolerantes e totais
tornou-se possível verificar a influencia do lançamento de efluentes domésticos
sobre a qualidade da água das estações de amostragem do estudo (“controle” e
“impactada”). Pode-se constatar que a estação “impactada” (local de descarte de
esgoto doméstico) apresentou as maiores concentrações de nutrientes e os
menores valores de oxigênio dissolvido e pH. Quanto à abundância, número de
espécies, biomassa e os índices ecológicos não foram constatadas diferenças
significativas entre as estações de amostragem. Contudo, as análises descritivas e
os resultados gerados pela análise de agrupamento (espécies com mais de 5% de
importância numérica) e análise de correspondência canônica, demonstram que a
composição específica da comunidade de peixes entre as estações de
amostragem encontra-se significativamente diferente. Com base nos resultados
obtidos no presente estudo pôde-se concluir que a utilização da ictiofauna na
avaliação da qualidade de água no estuário da Baía de Vitória é viável. No
entanto, se faz necessário aumento do período amostral para que os dados
apresentem maior representatividade.
ABSTRACT
Estuaries are complex coastal ecosystems of transition between terrestrial and
aquatic environments. These systems have important ecological functions that can
benefit men direct, and indirectly. However exactly presenting ecological goods and
services, the estuaries potentially are impacted by the anthropogenic actions,
which have exerted deep and, normally, negative influence on the structure and the
functioning of these ecosystems. One of the main impacts on these systems is
related with degradation of the quality of water, by the sanitary effluent discharges.
In the attempt to integrate the evaluation of channels mangroves water quality at
the located in the internal area in the estuary of the Vitória Bay, were used
environmental and microbiological data, beyond biological data of the community
fish, as the values of abundance, number of species, biomass, diversity,
dominance and evenness. From the results for total phosphorus, ammonium, BDO,
pH, thermotolerants and total coliformes became possible to verify the influence of
the launching of effluent domestic servants on the water quality at the sampling
stations ("impacted and control"). It can be evidenced that "the impacted" station
(local of discarding of domestic wastewater discharges) presented the higglest
concentrations of nutrients and the low values of dissolved oxygen and pH.
Abundance, number of species, biomass and the ecological indices values not
show significant differences between the sampling stations. However the
descriptive analyses and the results generated for the grouping analysis (species
with more than 5% of numerical importance) and analysis of canonic
correspondence, demonstrate that the specific composition of the community of
fish between the are significantly different for the sampling stations. On the basis of
the results gotten in the present study it could be concluded that the use of
ictyophauna in the evaluation of the water quality in the Vitória Bay estuary is
viable. However it is necessary to increase the sampling period for better
representation.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tensores de origem antrópica e respectivos impactos sobre o
sistema estuarino do Rio Santana, Ilhéus, Bahia...............................................
34
Tabela 2 - Protocolo das coletas nas áreas do estudolocalizadas nos canais
de manguezal do estuário da Baía de Vitória - ES.............................................
47
Tabela 3 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
o parâmetro temperatura........................................................................................
55
Tabela 4 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
ao parâmetro salinidade.........................................................................................
57
Tabela 5 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
ao parâmetro fósforo total......................................................................................
60
Tabela 6 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
aos parâmetros nitrito e nitrato...............................................................................
62
Tabela 7 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
ao parâmetro amônia.............................................................................................
64
Tabela 8 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
ao parâmetro DBO.................................................................................................
66
Tabela 9 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
ao parâmetro oxigênio dissolvido.........................................................
68
Tabela 10 - Resultado da análise paramétrica de variância (ANOVAs) aplicada
ao parâmetro pH....................................................................................................
72
Tabela 11 - Resultado da análise paramétrica de variância (ANOVAs) aplicada
ao parâmetro cloreto..............................................................................................
73
Tabela 12 - Resultado da análise paramétrica de variância (ANOVAs) para
turbidez...................................................................................................................
76
Tabela 13 - Resultado da análise paramétrica de variância (ANOVAs) aplicada
aos parâmetros sólidos totais dissolvidos e sólidos sedimentáveis.......................
78
Tabela 14 - Resultado da análise paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada
aos parâmetros coliformes termotolerantes e totais.............................................
80
Tabela 15 Parâmetros de qualidade de água que apresentaram diferenças
significativas (p<0,05) entre as estações “controle” e “impactada” localizadas na
área interna da Baía de Vitória ES......................................................................
82
Tabela 16 Modelo gerado através da análise de regressão logística sobre os
parâmetros de qualidade de água monitorados durante o estudo nas duas
estações de amostragem.......................................................................................
84
Tabela 17 - Registros fotográficos e informações gerais sobre a biologia das
espécies registradas durante o exepeimento realizado na área interna da Baía
de Viória ES, nos meses de março, maio, junho e setembro 2003)..................
88
Tabela 18 - Inventário dos taxa identificados e os respectivos números de
exemplares capturados nas estações de amostragem localizadas na área
interna do estuário da Baía de Vitória ES..........................................................
95
Tabela 19 Abundância total e percentual das espécies que contribuíram com
mais de 5% do total de exemplares capturados na estação
“impactada”.........................................................................................................
109
Tabela 22 Abundância total e percentual das espécies que contribuíram com
mais de 5% do total de exemplares capturados na estação
“controle”.............................................................................................................
109
Tabela 23 - Valores máximos permitido pelo Art. 22º da Resolução CONAMA
357/05,paraos parâmetros de qualidade de água monitorados.........................
118
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa faciológico dos sedimentos de fundo do Canal da Passagem
e de um trecho da Baía de Vitória, realizado por PAIVA, 1999............................
27
Figura 2 - Foto de Satélite da Baía de Vitória, apresentando a localização das
áreas monitoradas durante a execução do experimento. Fonte- Imagem Lendsal,
modificada..................................................................................................................
44
Figura 3(a) - Vista externa do canal principal localizado na área “impactada” do
experimento................................................................................................................
45
Figura 3(b) - Vista interna do canal de manguezal localizado na área “impactada”
do experimento..........................................................................................................
45
Figura 4(a) - Vista externa do canal principal localizado na área “controle” do
experimento................................................................................................................
46
Figura 4(b) - Vista interna do canal de manguezal localizado na área “controle” do
experimento................................................................................................................
46
Figura 5 - Variação da temperatura (média + e) nas campanhas
realizadas na área
interna do estuário da Baía de Vitória
, durante períodos de maré alta e maré
baixa............................................................................................................................
56
Figura 6 - Variação da temperatura (média + e) entre as estações de
amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória-ES...................................................................................................................
57
Figura 7 - Variação da salinidade (média + e) nas campanhas realizadas na área
interna do estuário da Baía de Vitória - ES , durante o período de maré alta e
maré baixa..................................................................................................................
58
Figura 8 - Variação da salinidade (média + e) entre as áreas de amostragem,
localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES................................................................................................................
59
Figura 9 - Variação da concentração de Fósforo Total (média + e) nas
campanhas realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES,
durante o período de maré alta e maré baixa............................................................
60
Figura 10 - Variação da concentração do fósforo total (média + e) entre as áreas
de amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES.................................................................................................................
61
Figura 11 - Variação da concentração de nitrito e nitrato (média + e) nas
campanhas realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES,
durante o período de maré alta e maré baixa............................................................
63
Figura 12 - Variação da concentração de nitrito e nitrato (média + e) entre as
áreas de amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória ES................................................................................................................
63
Figura 13 - Variação da concentração de amônia (média + e) nas campanhas
realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES, durante o período
de maré alta e maré baixa.........................................................................................
65
Figura 14 - Variação da concentração de amônia (média + e) entre as áreas de
amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES.................................................................................................................
65
Figura 15 - Variação da concentração de DBO (média + e) nas campanhas
realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES, durante os
períodos de maré alta e maré baixa..........................................................................
67
Figura 16 - Variação da concentração de DBO (média + e) entre as áreas de
amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
|Vitória ES...............................................................................................................
67
Figura 17 - Variação da concentração de oxigênio dissolvido (média + e) nas
estações de amostragem localizada na área interna do estuário da Baía de Vitória
ES, durante o período de maré alta e maré baixa..................................................
69
Figura 18 - Variação da concentração de oxigênio dissolvido (média + e) entre as
estações de amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES. ...............................................................................................................
70
Figura 19 - Correlação da concentração de DBO e oxigênio dissolvido
mensurado nas estações de amostragem localizada na área interna do estuário
da Baía de Vitória - ES, durante o período de maré alta e maré baixa.....................
71
Figura 20 - Variação do pH (média + e) nas estações de amostragem localizada
na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES, durante o período de maré
alta e maré baixa........................................................................................................
72
Figura 21 - Variação do pH (média + e) entre as áreas de amostragem,
localizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES................................
73
Figura 22 - Variação da concentração de cloreto (média + e) nas estações de
amostragem localizada na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES,
durante o período de maré alta e maré baixa...........................................................
74
Figura 23 - Variação da concentração de cloreto (média + e) entre as áreas de
amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES.................................................................................................................
75
Figura 24 - Relação da concentração de cloretos com a salinidade registrada
durante as campanhas realizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES ...............................................................................................................
75
Figura 25 - Variação da turbidez (média + e) nas estações de amostragem
localizada na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES, durante o período
de maré alta e maré baixa.........................................................................................
76
Figura 26 - Variação da turbidez (média + e) entre as áreas de amostragem,
localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES.................................................................................................................
77
Figura 27 - Variação da concentração de sólidos totais dissolvidos (média + e) e
sólidos sedimentáveis (média + e) entre as áreas de amostragem, localizadas na
área interna do estuário da Baía de Vitória ES.......................................................
78
Figura 28 - Variação de sólidos totais dissolvidos (média + e) e sólidos
sedimentáveis (média + e) nas estações de amostragem localizada na área
interna do estuário da Baía de Vitória - ES, durante o período de maré alta e maré
baixa...........................................................................................................................
79
Figura 29 - Variação do número mais que provável de coliformes termotolerantes
(média + e) e totais (média + e) nas campanhas realizadas na área interna do
estuário da Baía de Vitória - ES durante o período de maré alta e
maré baixa.................................................................................................................
80
Figura 30 - Variação do número mais que provável de coliformes termotolerantes
(média + e) e totais (média + e) entre as áreas de amostragem, localizadas na
área interna do estuário da Baía de Vitória ES.......................................................
81
Figura 31 Variação da concentração de N-NH3, N-NO2 e N-NO3 nas
campanhas de campo realizadas na Região da Área Interna do Estuário da Baía
de Vitória....................................................................................................................
85
Figura 32 Variação da concentração de N-NH3 registrada nas estações de
amostragem, nos períodos de maré alta e baixa na Região da Área Interna do
Estuário da Baía de Vitória........................................................................................
86
Figura 33 Percentual de importância numérica das espécies mais abundantes
registradas no estudo realizado no interior da Baía de Vitória - ES .........................
87
Figura 34 Percentual de abundância das espécies mais abundantes registradas
nas estações “controle” e “impactada” do estudo realizado em no interior da Baía
de Vitória ES...........................................................................................................
96
Figura 35 Variação do número de exemplares capturados (média + e) nas
estações de amostragem durante as campanhas realizadas no experimento..........
97
Figura 36 Variação do número de taxa registrados (média + e) nas estações de
amostragem durante as campanhas realizadas no experimento..........................
97
Figura 37 Variação do número de exemplares (média + e) em função do
período da maré e das campanhas realizadas no interior da Baía de
Vitória ES................................................................................................................
98
Figura 38 Variação do número de espécies (média + e) em função do período
da maré e das campanhas realizadas no interior da Baía de Vitória ES................
98
Figura 39 Percentual de importância em peso dos taxa capturados no
estudorealizado no interior da Baía de Vitória ES ................................................
99
Figura 40 Dendograma das espécies com base nos valores de biomassa
quantificada................................................................................................................
100
Figura 41 Percentual de importância em peso dos taxa capturados nas
estações “controle” e “impactada” do estudo realizado em no interior da Baía de
Vitória ES................................................................................................................
101
Figura 42 Variação da biomassa (média + e) registrada nas campanhas de
campo realizadas nas estações “controle” e “impactada” do estudorealizado em
no interior da Baía de Vitória - ES.............................................................................
101
Figura 43 - Variação da biomassa (média + e) por período de maré nas estações
“controle” e “impactada” do estudo realizado em no interior da Baía de
Vitória - ES.................................................................................................................
102
Figura 44 - Variação do número de indivíduos por classe de tamanho
(média + e) nas estações “controle” e “impactado” do estudorealizado em no
interior da Baía de Vitória - ES...................................................................................
103
Figura 45 - Abundância total por classe de tamanho durante as campanhas de
campo do estudorealizado no interior da Baía de Vitória ES ........ .......................
103
Figura 46 - Índice de Shannon (média + e) calculado para as amostras das
estações de amostragem “controle” e “impactada” localizadas no interior da Baía
de Vitória - ES............................................................................................................
104
Figura 47 - Índice de Dominância (Simpson) (média + e) calculado para as
amostras das estações de amostragem “controle” e “impactada” localizadas no
interior da Baía de Vitória - ES..................................................................................
105
Figura 48 - Índice de equitabilidade calculado para as amostras das estações de
amostragem “controle” e “impactada” localizadas no interior da Baía de Vitória. A
barra em negrito representa o valor do erro padrão calculado para cada
amostra......................................................................................................................
105
Figura 49 - Valores do índice de Shannon (média + e) calculado para as amostras
coletadas nos períodos de maré alta e baixa na área nas estações de
amostragem localizadas na área interna da Baía de Vitória ES.............................
106
Figura 50 Valores de diversidade (média + e) calculado para as amostras
coletadas nos períodos de maré alta e baixa na área nas estações de
amostragem localizadas na área interna da Baía de Vitória......................................
106
Figura 51 - Índice de equitabilidade (média + e) entre os períodos de maré alta e
baixa no interior da Baía de Vitória - ES....................................................................
107
Figura 52 - Dendograma das estações de amostra
gem com base nos valores de
abundância de espécies registradas durante o estudo
(1ª campanha; 2ª campanha;
3ª campanha; C estação controle; I
estação impactada;
A maré alta; B maré baixa)..........................................................................................
108
Figura 53 - Dendograma
das espécies que apresentaram valores de importância
numérica acima de 5% na estação “impactada”.........................................................
110
Figura 54 - Dendograma das espécies que apresentaram valores de importância
numérica acima de 5% na estação “controle”............................................................
110
Figura 55 - Dendograma das estações de amostragem com base nos dados de
biomassa capturados nas campanhas de campo realizadas no estudo
(1ª campanha; 2ª campanha; 3ª campanha; C estação controle; I estação
impactada; A maré alta; B maré baixa)...............................................................
111
Figura 56 - Análise de Correspondência Canônica das variáveis ambientais
mensuradas nas estações amostrais durante as campanhas realizadas na área
interna do Estuário da Baía de Vitória. São apresentados os dois primeiros eixos
da ACC, o eixo 1 sendo horizontal e o eixo 2 vertical (1ª campanha; 2ª campanha;
3ª campanha; C estação controle; I estação impactada;
A maré alta; B maré baixa)..................................................................................
112
Figura 57 - Análise de Correspondência Canônica das amostras de qualidade de
água e peixes coletados e nas áreas amostrais durante as campanhas realizadas
na área interna do Estuário da Baía de Vitória. São apresentados os dois
primeiros eixos da ACC, o eixo 1 sendo horizontal e o eixo 2
vertical........................................................................................................................
114
Figura 58 Localização do tombo de maré determinado por Rigo e Sarmento
(1993), em uma região do canal da passagem, quando esta propaga-se no
entorno da Ilha de Vitória...........................................................................................
121
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
OD Oxigênio Dissolvido
pH Potencial Hidrogeniônico
N-NH
3
Amônia
N-NO
2
Nitrito
N-NO
3
Nitrato
H
2
S Ácido Sulfídrico
CH
4
Gás Metano
SS Sólidos Suspensos
STD Sólidos Totais Dissolvidos
ANOVA Análise Paramétrica de Variância
ACC Análise de Correspondência Canônica
pi Proporção da espécie i em relação ao total capturado
N Número total de indivíduos
ni Número de indivíduos da espécie i
? Somatória
1CA 1- 1ª Campanha; C - Estação “controle”; A - Maré Alta
1CB 1- 1ª Campanha; C - Estação “controle”; B - Maré Baixa
2CA 2 - 2ª Campanha; C - Estação “controle”; A - Maré Alta
2CB 2 - 2ª Campanha; C - Estação “controle”; B - Maré Baixa
3CA 3- 3ª Campanha; C - Estação “controle”; A - Maré Alta
3CB 3- 3ª Campanha; C - Estação “controle”; B - Maré Baixa
1IA 1 - 1ª Campanha; I - Estação “impactada”; A - Maré Alta
1IB 1 - 1ª Campanha; I - Estação “impactada”; B - Maré Baixa
2IA 2 - 2ª Campanha; I - Estação “impactada”; A - Maré Alta
2IB 2 - 2ª Campanha; I - Estação “impactada”; B - Maré Baixa
3IA 3 - 3ª Campanha; I - Estação “impactada”; A - Maré Alta
3IB 3 - 3ª Campanha; I - Estação “impactada”; B - Maré Baixa
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................20
2. OBJETIVOS ..................................................................................................................24
2.1. Objetivo geral.......................................................................................................24
2.2. Objetivos específicos.........................................................................................24
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................26
3.1. Estuário da Baía de Vitória ...............................................................................26
3.2. Estrutura e Funcionamento de Estuários.....................................................27
3.3. Produtividade em ecossistemas estuarinos................................................30
3.4. Regime da salinidade.........................................................................................31
3.5. Principais ações antrópicas em estuários...................................................32
3.7. Comunidade de peixes Indicadores biológicos......................................35
3.8. Parâmetros físico-químicos.............................................................................36
3.8.1. Temperatura.....................................................................................................36
3.8.2. Fósforo total .....................................................................................................36
3.8.3. Nitrogênio Amoniacal.....................................................................................37
3.8.4. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)....................................................38
3.8.5. Oxigênio dissolvido (OD)...............................................................................38
3.8.6. Potencial hidrogeniônico (pH).......................................................................39
3.8.7. Turbidez............................................................................................................39
3.7.8. Sólidos suspensos..........................................................................................40
3.9. Parâmetros bacteriológicos.............................................................................40
3.9.1. Coliformes termotolerantes ...........................................................................40
4. MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................43
4.1. Área de amostragem..........................................................................................43
4.2. Amostragens........................................................................................................46
4.3.Coleta.......................................................................................................................47
4.3.1 Ictiofauna ...........................................................................................................47
4.3.2. Massa D’Água .................................................................................................48
4.4.1. Ictiofauna ..........................................................................................................49
4.4.2. Massa D’Água .................................................................................................49
4.5. Tratamento de dados.........................................................................................49
4.5.1. Análises descritivas ........................................................................................49
4.5.2. Índices ecológicos...........................................................................................50
4.5.3. Análises estatísticas .......................................................................................51
4.5.3.1.Análise Paramétrica de Variância (ANOVAs)..........................................51
4.5.3.2. Regressão logarítmica................................................................................52
4.5.3.3. Análise de agrupamento.............................................................................52
4.5.3.4. Análise de correspondência canônica - ACC..........................................52
5. RESULTADOS..............................................................................................................55
5.2. Parâmetros físicos químicos........................................................................55
5.2.1. Temperatura.....................................................................................................55
5.2.2. Salinidade.........................................................................................................57
5.2.3. Fósforo total .....................................................................................................59
5.2.4. Nitrito e Nitrato .................................................................................................61
5.2.5. Nitrogênio Amoniacal.....................................................................................64
5.2.6. Demanda bioquímica de oxigênio - DBO....................................................66
5.2.7. Oxigênio Dissolvido........................................................................................68
5.2.8. Potencial hidrogênico - pH.............................................................................71
5.2.9. Cloretos.............................................................................................................73
5.2.10. Turbidez..........................................................................................................76
5.2.11. Sólidos totais dissolvidos e sólidos sedimentáveis.................................77
5.2.12. Coliformes Termotolerantes e Totais.........................................................79
5.3. Situação da qualidade de água registrada nas estações de
monitoramento ............................................................................................................82
5.4. Determinação das áreas “controle” e “impactada” do estudo..............83
5.5. Estrutura da comunidade de peixes..............................................................86
5.5.1. Composição.....................................................................................................86
5.5.1.1 Distribuição quantitativa das espécies......................................................94
5.5.1.2 Biomassa........................................................................................................99
5.5.1.3. Classe de tamanho...................................................................................102
5.5.1.4 Índices ecológicos......................................................................................104
5.6. Correlação entre parâmetros de qualidade de água e a comunidade de
peixes...........................................................................................................................107
5.6.1. Análise de agrupamento .............................................................................108
5.6.2. Análise de correspondência canônica ACC.........................................111
6. DISCUSSÃO...............................................................................................................116
7. CONCLUSÕES...........................................................................................................127
8. BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................129
INTRODUÇÃO
Introdução 20
1. INTRODUÇÃO
Os estuários são complexos ecossistemas costeiros de transição entre os
ambientes terrestres e aquáticos. Em regiões tropicais e sub-tropicais estes
sistemas são caracteristicamente rodeados por manguezais, os quais
desempenham importante papel na manutenção do estoque pesqueiro, pois
funcionam como áreas de desova, criação e refúgio para muitas espécies de
peixes, crustáceos e moluscos que utilizam essas áreas pelo menos durante uma
parte de seu ciclo de vida. (NAGELKERKEN et al, 2000).
Esses sistemas possuem importantes funções ecológicas que podem beneficiar a
sociedade humana de forma direta ou indireta, tais como- fontes de matéria
orgânica particulada e dissolvida para as águas costeiras adjacentes, constituindo
a base da cadeia trófica para espécies de importância econômica e/ou ecológica;
manutenção da biodiversidade das regiões costeiras, amenização do impacto do
mar sobre a terra, controle de erosão pelas raízes de mangue, estabilização física
da linha de costa, retenção de sedimentos terrestres de escoamento superficial,
absorção e imobilização de produtos químicos (por exemplo, metais pesados),
“filtro biológico” de sedimentos, nutrientes e até mesmo poluentes, impedindo o
assoreamento e a contaminação das áreas costeiras, além de serem fontes de
recreação e lazer, pelo fato de apresentarem grande beleza paisagística
(SCHAEFFER-NOVELLI, et al., 1997; RIVIERA-MONROY et al., 1999;
SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRÓN, 1999). Porém, mesmo apresentando todos
esses bens e serviços ecológicos, os estuários são potencialmente impactados
pelas atividades antrópicas, as quais têm exercido profunda e, normalmente,
negativa influencia sobre a estrutura e o funcionamento desses ecossistemas.
Alguns efeitos negativos são devido aos poluentes presentes nos efluentes
domésticos e industriais, enquanto outros estão associados às mudanças na
hidrologia da bacia, modificações no habitat e alterações das fontes de energia
das quais depende a biota aquática (ARAÚJO, 1998).
Introdução 21
O desenvolvimento destas áreas, quando mal planejado e gerenciado, promove a
quebra da estabilidade dos corpos d’água, podendo alterar os componentes físico-
químicos da água, causando reações em cadeia de causas e efeitos bem
evidentes sobre a comunidade biológica aquática (ESTEVES, 1998). Esses efeitos
podem ser observados na ictiofauna pelo surgimento de doenças, tumores,
ausência de espécies intolerantes, redução da composição e riqueza de espécies,
composição trófica e abundância (KARR, 1981).
Segundo KARR, 1981 a avaliação do grau de degradação de um ambiente
aquático requer, além da determinação dos parâmetros físico-químicos e
bacteriológicos, a utilização de dados biológicos para uma melhor análise do
problema, já que os impactos antropogênicos alteram a estrutura dos
ecossistemas aquáticos atuando diretamente sobre a integridade biótica de suas
comunidades, sendo refletidos em vários aspectos da biologia dos organismos. A
integridade biológica de uma região pode ser definida como “a capacidade de
sustentação e manutenção de uma comunidade de organismos balanceada,
integrada e adaptada, tendo uma composição de espécies, diversidade e
organização funcional comparáveis àquelas de ambientes naturais de uma região”
(ANGERMEIER & KARR, 1994). Entretanto, tradicionalmente os protocolos de
avaliação da qualidade dos recursos hídricos têm sido baseados principalmente
nos fatores físicos e nas concentrações de agentes químicos (ANGERMEIER &
KARR, 1986) em um tipo de avaliação que não considera, por exemplo, os efeitos
da degradação de micro-hábitats e os efeitos tóxicos e subletais que determinados
constituintes podem causar à comunidade biológica aquática (KARR, 1981).
Tais efeitos podem ser melhor avaliados através da utilização de organismos ou
comunidades, já que o efeito dos poluentes e das alterações dos habitas são
sensivelmente detectados pelos seres vivos. A escolha da comunidade de peixes
como parâmetro biológico apresenta numerosas vantagens nos programas de
monitoramento biológico (WHITFIELD & ELLIOT, 2002), citando dentre estas-
peixes são relativamente fáceis de serem identificados, apresentam longa vida e
Introdução 22
fornecem conseqüentemente um registro a longo prazo do esstress ambiental, são
sedentários ou móveis e ocupam diferentes nichos ecológicos, oferecendo assim
uma avaliação mais ampla dos efeitos provocados pelos impactos.
O estuário da Baía de Vitória - ES, apesar de sua enorme importância ecológica e
sócio econômica tem recebido pouca atenção do ponto de vista de estudos dos
ecossistemas e pouco tem sido reportado em relação a este ambiente. Estudos de
monitoramento biológico em áreas críticas do estuário, buscando diagnosticar o
atual “status” da qualidade da água e detectar eventuais tendências sazonais ou a
longo prazo são necessários. Neste estudo foram feitas análises comparativas dos
parâmetros físico-químicos e microbiológicos com a ocorrência (tendências
espaciais e temporais) da comunidade de peixes em duas áreas localizadas no
Estuário da Baía da Baía de Vitória ES, no intuito de avaliar a qualidade de água
de forma integrada, contribuindo assim com os programas de monitoramento e
manejo deste importante ecossistema costeiro do Espírito Santo.
OBJETIVO
Objetivo 24
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Analisar o uso da comunidade de peixes como ferramenta para o monitoramento
da qualidade da água nos canais de manguezal da Baía de Vitória - ES
2.2. Objetivos específicos
a) Obter maior conhecimento a respeito da qualidade da água estuarina nos
canais de manguezal da Baía de Vitória ES, que sofrem influencia do
descarte de efluentes sanitários, a partir do monitoramento de parâmetros
físico-químicos e microbiológicos (variáveis ambientais) da coluna d’água
em diferentes regimes de maré (cheia e vazia).
b) Identificar as áreas monitoradas por meio dos parâmetros de qualidade de
água utilizados.
c) Avaliar a composição, estrutura e variabilidade espacial e temporal da
comunidade de peixes nos canais de manguezal da Baía de Vitória - ES.
d) Correlacionar o padrão de variação da abundância e biomassa da
assembléia de peixes, bem como os índices de diversidade, dominância e
equitabilidade com as variáveis ambientais (parâmetros de qualidade de
água), em canais de manguezal com diferentes níveis de influencia de
efluentes sanitários.
e) Identificar espécies ou taxa indicadores de águas degradadas por efluentes
sanitários.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Revisão bibliográfica 26
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Estuário da Baía de Vitória
A Baía é influenciada por um conjunto de tributários de grande (rio Santa Maria da
Vitória) e pequeno porte (rio Bubú, Itanguá, Marinho, Aribiri). O aporte de água
continental, combinado com o aporte marinho através das marés, caracteriza um
sistema estuarino que, no passado, era quase inteiramente rodeado por
manguezais. As áreas de mangue atualmente ocupam uma área de 18 km
2
(representam cerca de 20% da área de todos os mangues do Estado do Espírito
Santo), e estão essencialmente localizados na zona norte. A Baía de
Vitória - ES possui um espelho d´água totalizando 35,47 km
2
(sendo 0,21 km
2
de
ilhas, ilhotas e rochedos), extensão de 20 km, largura média próxima de 1000 m e
profundidade média de 6 m (DONATELLI,1998). As águas costeiras adjacentes à
região estuarina de Vitória apresentam valores de temperatura entre 26 ºC no
verão e 23,0 ºC no inverno. Este parâmetro é instável, variando de acordo com a
sazonalidade. A caracterização faciológica dos sedimentos de fundo na área
interna do estuário da Baia de Vitória foi realizada por PAIVA (1999), o qual
registrou áreas de areia, areia lamosa, lama arenosa e lama (Figura 1).
Revisão bibliográfica 27
Figura 1 - Mapa faciológico dos sedimentos de fundo do Canal da Passagem e de um trecho
da Baía de Vitória, realizado por PAIVA, 1999.
3.2. Estrutura e Funcionamento de Estuários
A palavra estuário é originária do latim aestuarium. Muitas definições têm sido
propostas para os estuários. Um estuário pode ser definido como "um corpo de
água semi-fechado que possui uma conecção com o mar e em que a água
salgada se dilui de um modo mensurável com a água doce proveniente da
drenagem continental". Esta definição exclui diversos tipos de estuários,
nomeadamente os que são temporariamente isolados do mar durante a estação
seca e os estuários hipersalinos, entre outros. WHITFIELD, 1996 define um
estuário como- "Um corpo de água que se encontra permanentemente ou
periodicamente aberto ao mar e no seio do qual existe uma variação mensurável
da salinidade devido à mistura de água salgada com água doce proveniente da
drenagem terrestre". Em termos genéricos, estuários são, portanto complexos
Estação
“Impactada”
Estação
Controle”
Revisão bibliográfica 28
ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes terrestres e aquáticos.
Este conceito implica no estabelecimento e na realização de importantes e
complexas interações entre os dois meios postos em contato
(NAGELKERKEN et al, 2000).
Os ecossistemas estuarinos, assim como todos os ecossistemas localizados em
regiões costeiras, sofrem influencia da maré. Essas resultam da atração
gravitacional da Lua e do Sol exercida sobre a Terra. A Lua, por se encontrar mais
próximo da Terra relativamente ao Sol, exerce uma influencia cerca de duas vezes
superior. O regime de marés nos estuários é basicamente do tipo semi-diurno,
podendo existir variações entre os períodos de enchente e de vazante
relacionadas com a circulação geral das águas e, conseqüentemente, com a sua
fisiografia e geomorfologia. A maré alta e a maré baixa de águas vivas (sizígia) e
de “águas mortas” (quadratura) ocorrem quando a Lua e o Sol se encontram em
conjuntura e em quadratura respectivamente.
Em regiões tropicais, estes sistemas caracteristicamente são rodeados por
manguezais, áreas também conhecidas como berçários, as quais desempenham
importante papel na manutenção do estoque pesqueiro, pois funcionam como
áreas de desova, criação e refúgio para muitas espécies de peixes, crustáceos e
moluscos, entre outros grupos de vertebrados, e invertebrados marinhos que
utilizam essa área ao menos durante uma parte de seu ciclo de vida. (PATERSON
& WHITFIELD, 2000; NAGELKERKEN et al, 2000).
São sistemas semi-fechados com conexão com o mar e protegidos por algum tipo
de barreira; apresentando em suas regiões ventos e correntes naturais muito mais
fracas quando comparados com o mar aberto. Estes estão condicionados pelo
regime de marés, as quais, dependendo da sua condição (baixa ou alta),
modificam completamente a estrutura e o funcionamento destes ecossistemas
(DAY & YANES-ARANCIBIA, 1982).
Revisão bibliográfica 29
No que diz respeito à energia e à matéria, são sistemas abertos, recebendo, em
geral, um importante fluxo de água doce, sedimentos e nutrientes do ambiente
terrestre, os quais são exportados para o mar. A produção primária parece ser
reduzida, mas os estuários, evidentemente, constituem ricas áreas de
alimentação, sendo as cadeias alimentares baseadas em detritos de matéria
orgânica do material alóctone. PATERSON & WHITFIELD, 2000; NAGELKERKEN
et al, 2000).
O maior número habitats nos estuários está localizado nas regiões abaixo do nível
médio baixo das marés e de entre marés, que normalmente são áreas rasas e
lodosas, apresentando sedimentos bastante finos onde a comunidade de plantas
se desenvolve. Em estuários de países tropicais e sub-tropicais são encontrados
nas regiões de entre marés os manguezais, que representam 70% da vegetação
dominante destas áreas. Estes formam complexas florestas que desenvolveram
adaptações morfológicas, fisiológicas e reprodutivas, as quais têm permitido a
colonização de regiões que apresentam bruscas mudanças na salinidade, solo
lodos e com baixa concentração de oxigênio. Estas florestas apresentam alta taxa
de produtividade primária, funcionando também como locais de transferência de
nutrientes, em particular o carbono, do continente para o mar. (DAY & YANES-
ARANCIBIA, 1982).
Além do manguezal também são encontradas as microalgas que desempenham
grande importância na produção de material orgânico nos estuários. Estas
desenvolvem seu crescimento sobre o sedimento das áreas rasas abaixo do nível
médiobaixo das marés e nas áreas de entre marés. Estes organismos assim
como as árvores de manguezal, também encontram alguns fatores negativos para
seu desenvolvimento, como a alta turbidez que reduz a penetração de luz na
coluna d’água, o que conseqüentemente interfere no crescimento de algas,
principalmente em regiões abaixo do nível médio baixo das marés.
Revisão bibliográfica 30
Vários fatores ambientais como a variação na salinidade, concentração de
elementos químicos (concentração de sais como o Na
+
e Cl
-
, etc), turbidez,
padrões de circulação das correntes de água e até mesmo o formato morfológico
iram determinar quais os organismos que terão capacidade de habitar as regiões
estuarinas.
3.3. Produtividade em ecossistemas estuarinos
Segundo (SEWELL, 1978): os estuários, manguezais e recífais apresentam a
mesma proditividade das florestas úmidas tropicais, em torno de 20.000
Kcal/m
2
/ano, o que representa uma produção vegetal duas vezes superior a da
agricultura mecanizada. Sabe-se que os ecossistemas estuarinos são fertilizados
por no mínimo quatro mecanismos, material alóctone, procedente da lixiviação dos
nutrientes presentes no solo da bacia de drenagem destes sistemas;
decomposição de materiais orgânicos que são carreados dos rios para o estuário;
lançamento de efluentes domésticos nos rios que compõem o estuário e
penetração de águas costeiras, ricas em nutrientes, que vem das camadas mais
profundas do oceano.
A produção de matéria orgânica nos estuários deve ser considerada basicamente
pelas florestas de manguezal e microalgas (fitoplâncton). Um recente modelo de
escoamento de energia e material orgânico para dentro e para fora dos estuários,
tem mostrado a grande importância das microalgas que se desenvolvem no
sedimento e na coluna d’água. O aumento da produtividade está supostamente
correlacionado com o “input” de nutrientes para dentro dos estuários. Estes
normalmente são provenientes da bacia de drenagem (dos rios) e da massa
d’água de regiões costeiras localizadas próxima a foz do rio. De acordo com a
amplitude da maré (baixa-mar e preamar) a concentração destes compostos sofre
alterações devido a influencia, devido a influencia do alcance das marés, o que
consequentemente renovação de nutrientes na massa d’água de regiões
Revisão bibliográfica 31
estuarinas. A produtividade também parece aumentar a medida que os estuários
se aproximam do equador. (SHAEFTER-NOVELLI & CINTRÓN. G, 1999).
3.4. Regime da salinidade
Muitos estuários podem ser classificados de acordo com a distribuição da
salinidade. A variação da salinidade nestes sistemas sofre grande influencia do
regime das marés, podendo variar entre água doce (0%) e água salina (33%).
Devido a está variação é comum dividir as áreas do estuário de acordo com a
salinidade.
A salinidade da água nos estuários varia nãoao longo do eixo longitudinal
(deslocamento da massa d’água para cima e para baixo de acordo com a maré),
mas também no sentido vertical da coluna d’água, já que existe diferença de
densidade entre água doce e salgada. A estratificação da coluna d’água em
estuários é largamente influenciada pela geomorfologia da região onde o estuário
está localizado. Além deste fator, está estratificação é fortemente influenciada por
outros fatores: a entrada de água doce, o alcance das marés, balanço hidrológico
e a força dos ventos. A água doce tende a estratificar a coluna d’água, enquanto o
escoamento das marés e a direção do vento tende a promover o rompimento da
estratificação, através do processo de mistura entre as águas da superfície, meio e
fundo. (BARNES,1974).
Nos locais onde o fluxo do rio supera a ação das marés, desenvolve-se um padrão
de circulação estratificado do tipo “cunha salina”. A água doce tende a fluir pela
camada superficial enquanto a água salgada, mais densa, forma uma cunha que
avança lentamente pelo fundo. Neste caso, o único tipo de mistura ocorre por
advecção.
Revisão bibliográfica 32
Se o fluxo do rio se equivale ao fluxo da água do mar decorrente da ação da maré,
a mistura se dá por turbulência, além da advecção, caracterizando um estuário
parcialmente misturado, moderamente estratificado e de baixa salinidade. Onde a
ação das marés é superior à vazão dos rios, não há estratificação e o estuário é
classificado como verticalmente homogêneo, com os valores de salinidade
próximos ao de mar aberto. (ODUM, 1985).
3.5. Principais ações antrópicas em estuários
Uma característica marcante das áreas estuarinas é de serem pólos de
desenvolvimento e concentração de numerosas atividades humanas. O fator inicial
determinante para esta situação é a sua posição estratégica para implantação de
sítios portuários, os quais são favorecidos por serem vias de penetração
privilegiada para o interior do continente, área de trocas e intersecção entre os
transportes marítimos, fluviais e terrestres. Esta tem sido a causa principal do
estabelecimento de edificações de aglomerados urbanos associados a zonas de
produção industrial. Desta forma, a implantação e o desenvolvimento de atividades
sobre áreas estuarinas podem provocar perturbações no meio. Dentre as
atividades mais comuns, destacam-se o desenvolvimento urbano e industrial, as
instalações portuárias, a extração de agregado, que, além de lançarem uma carga
numerosa de rejeitos (principalmente águas servidas), causam modificações na
geometria dos canais e das margens (dragagens e aterros), implicando assim em
importantes perturbações da qualidade do meio natural.
O estuário de Baía de Vitória tem sofrido ao longo de várias décadas uma forte
degradação ambiental, seja por ocupação populacional de seu entorno, aterros,
implantação de industrias, atividades portuárias, e ao lançamento de esgotos
(a maioria in natura). Estes despejos têm alterado a qualidade da água dos rios
Marinho, Formate, Aribiri e no Canal da Passagem. Áreas mais preservadas
ocorrem nos rios Santa Maria da Vitória e Bubu. Nas zonas próximas á Rodovia
Norte-Sul (a qual contorna a Baía pelo oeste), o desmatamento de áreas de
Revisão bibliográfica 33
manguezal e a invasão por residências de baixa renda são ainda um fenômeno
freqüente. A região do Canal da Passagem/Canal do Lameirão é fortemente
afetada pelo lançamento de esgoto não tratado das populações ribeirinhas
(BARROSO & DIAS, 1997). De forma mais abrangente, diversas redes de esgoto
e galerias pluviais (por examplo: Galeria da rede Gazeta, Galeria Beira Mar, Cais
da Barca, Canal da Costa, Canal dos Escravos e Maria Hortiz) contribuem para o
aumento nos níveis de poluição orgânica, inorgânica e biológica em torno da Ilha
de Vitória.
A região Sudeste é a de maior densidade demográfica e constitui o maior pólo
econômico e industrial do país. Destaca-se o eixo Rio - São Paulo que, por sua
localização na zona costeira, exerce influencia direta como pressão
desestabilizadora dos ecossistemas aquáticos. Associados a isso, destacam-se a
urbanização descontrolada, os portos (fontes reais e potenciais de poluição
química), as dragagens, os terminais petrolíferos, as atividades de cultivo aquático
(incluindo a introdução de espécies exóticas), o aporte de águas fluviais contendo
fertilizantes e defensivos agrícolas e a pesca predatória.
Os principais tensores de origem antrópica e respectivos impactos sobre o sistema
estuarino de Rio Santana, Ilhéus, Bahia, segundo FIDELMAN (1999) são
apresentados na Tabela 1.
Revisão bibliográfica 34
Tabela 1- Tensores de origem antrópica e respectivos impactos sobre o sistema estuarino do Rio
Santana, Ilhéus, Bahia
TENSOR IMPACTOS PREJUÍZOS
Efluentes domésticos
e resíduos sólidos
- paisagem
- coluna d'água
- biota
- comunidade local
Qualidade da água para usos múltiplos, contami-
nação de organismos aquáticos, produtividade do
manguezal, perda de valores estéticos e paisa-
gísticos, potencial turístico, pesca, proliferação de
vetores patogênicos, sócio-economia.
Remoção da cobertura
vegetal
- paisagem
- solo
- coluna d'água
- cursos d’água
Erosão, perda de valores estéticos e
paisagísticos, potencial turístico, recreação e
turismo, navega-ção, qualidade da água,
produção primária, sócio-economia.
Redução do aporte
fluvial
- paisagem
- biota manguezal
circulação
estuarina
Ciclos de vida de espécies aquáticas, produção
primária, biodiversidade, pesca, qualidade da
água, perda de valores estéticos e paisagísticos,
potencial turístico, usos tradicionais, sócio-
economia
Redução do aporte de
nutrientes de origem
continental (runoff)
- produtores
primários-
fitoplâncton, algas,
manguezal.
Produção primária, pesca, habitat de espécies
aquáticas, sócio-economia.
Edificação/ estrutura
de concreto
- paisagem
- fauna aquática
Perda de valores estéticos e paisagísticos,
potencial turístico, ciclo reprodutivo da fauna
aquática, pesca, sócio-economia.
Os impactos promovidos pelo descarte de efluentes domésticos em regiões
estuarinas, são reportados por diversos autores como PEREIRA-FILHO et. al
(2001), que afirmaram que o aumento nas concentrações de nutrientes em
sistemas estuarinos situados é intensificada em regiões de elevada concentração
populacional, em função do aporte de efluentes domésticos e industriais e do
escoamento urbano, além de efluentes agrícolas. NIENCHESKI &
WINDOM (1994), a partir de um balanço de massa no estuário da Lagoa dos
Patos, numa região ocupada por uma refinaria de petróleo e indústrias de
fertilizantes, entre outras, demonstraram que o aporte antropogênico associado a
estas instalações foi o principal responsável pelas altas concentrações de
nitrogênio e fósforo inorgânico dissolvido na área. PEREIRA-FILHO &
SCHETTINI (2000), determinaram os fluxos de entrada e saída de nutrientes no
Revisão bibliográfica 35
estuário do Rio Camboriú, no estado de Santa Catarina, e concluíram que para
explicar a discrepância entre estes fluxos, um grande aporte origem antrópica seria
necessário. Este aporte poderia estar associado à entrada direta de esgotos
clandestinos e do efluente da estação de tratamento de esgotos do município, que
desemboca no estuário.
3.7. Comunidade de peixes Indicadores biológicos
Peixes apresentam numerosas vantagens como organismos indicadores nos
programas de monitoramento biológicos (WHITFIELD & ELLIOTT,2002), como por
exemplo:
Encontrados tipicamente em todos os sistemas aquáticos, à exceção das
águas altamente poluídas.
Comparados com muitos invertebrados, peixes são relativamente fáceis de
identificar e a maioria de amostras podem ser processadas no campo, sendo
ainda possível devolver para água os exemplares capturados, dependendo da
arte de pesca utilizada.
Os peixes, quando comparados com outros indicadores, apresentam longa vida
e fornecem conseqüentemente um registro a longo prazo do estresse
ambiental.
São sedentários e móveis, fornecendo assim grupos para uma avaliação mais
larga dos efeitos.
Em situações críticas, como mortalidade de peixes, podem ser informadas pelo
publico em geral, o que pode chamar a atenção para alterações nas condições
de qualidade de água dos ambientes.
Revisão bibliográfica 36
3.8. Parâmetros físico-químicos
3.8.1. Temperatura
As variações de temperatura são parte do regime climático normal, e corpos
d’água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem como
estratificação vertical. A temperatura é influenciada por fatores tais como latitude,
altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade
(CETESB, 2003).
A temperatura das águas estuarinas é muito variável devido, sobretudo à mistura
de massas de água com características físico-químicas diferentes e à ocorrência
de zonas pouco profundas. A temperatura é, em grande parte, determinada pela
razão entre a descarga fluvial e o fluxo de maré e é modificada pelo aquecimento
solar e pelo arrefecimento provocado pela evaporação. Grande parte dos
organismos estuarinos suporta variações importantes de temperatura, isto é, são
euritérmicos. A elevação acentuada da temperatura em um corpo d’ água
geralmente é provocada por despejos industriais e usinas termoelétricas,
influenciando processos biológicos, reações químicas e bioquímicas que ocorrem
na água e também outros processos como a solubilidade dos gases dissolvidos
(BRANCO, 1991). As alterações na temperatura afetam diretamente os
organismos aquáticos, já que, estes possuem limites de tolerância térmica
superior e inferior, temperaturas ótimas para o crescimento, temperaturas
preferidas ao longo de um gradiente térmico e limitações de temperatura para
migração, desova e incubação de ovo (CETESB, 2003).
3.8.2. Fósforo total
O fósforo na água apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato,
polifosfato e fósforo orgânico. Os ortofosfatos são diretamente disponíveis para o
Revisão bibliográfica 37
metabolismo biológico, sem necessidades de conversões para formas mais
simples. As formas em que os ortofosfatos se apresentam na água (PO
4
3-
, HPO
4
2-
,
H
2
PO
4
-
, H
3
PO
4
) dependem do pH, sendo a mais comum na faixa usual de pH o
HPO
4
2
. Os polifosfatos são moléculas mais complexas com dois ou mais átomos
de fósforo. O fosfato orgânico normalmente é de menor importância.
(VON SPERLING, 1996).
Na maioria dos corpos d’água o fósforo é o principal fator limitante nos processos
de produtividade. Além disso, tem sido apontado como o principal responsável
pela eutrofização artificial destes ecossistemas. Os aumentos das concentrações
de fósforo em águas continentais estão relacionados com o aumento da
população, da industrialização, do uso de fertilizantes químicos na agricultura e
com a produção, deste 1945, de produtos de limpeza contendo compostos
polifosfatos (ESTEVES, 1998).
3.8.3. Nitrogênio Amoniacal
O nitrogênio é um dos elementos de fundamental importância no funcionamento
do metabolismo de ecossistemas aquáticos, podendo atuar como fator limitante na
produção primária quando presente em baixas concentrações. Esta importância
deve-se principalmente à sua participação na formação de proteínas, um dos
componentes básicos da biomassa (ESTEVES, 1998).
Nos ambientes aquáticos o nitrogênio está presente sob várias formas, por
exemplo- nitrato (NO
3
-
), nitrito (NO
2
-
), amônia (NH
3
), íon amônio (NH
4
-
), óxido
nitroso (N
2
O), nitrogênio molecular (N
2
) nitrogênio orgânico dissolvido (peptídeos,
purinas, aminas, aminoácidos, etc.) e nitrogênio orgânico particulado (bactérias,
fitoplâncton, zooplâncton e detritos) (ESTEVES, 1998). As principais fontes de
nitrogênio podem ser as chuvas, o material orgânico e inorgânico de origem
alóctone, os efluentes domésticos, industriais e agropastorais, e a fixação de
nitrogênio molecular no interior do corpo d’água.
Revisão bibliográfica 38
3.8.4. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
A DBO divide-se em demanda carbonácea e demanda nitrogenada. Os
organismos inicialmente utilizam o OD para transformar o carbono orgânico em
CO
2
e, posteriormente, para transformar compostos nitrogenados em nitritos (NO
2
)
e nitratos (NO
3
) (BRANCO,1991)
A DBO da água é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria
orgânica por decomposição microbiana aeróbica para uma forma inorgânica
estável. Normalmente é considerada como a quantidade de oxigênio consumido
durante um determinado período de tempo, numa temperatura de incubação
específica. O consumo durante o período de tempo de 5 dias, na temperatura de
incubação de 20ºC é freqüentemente usado e referido como DBO
5
.
Em um corpo d’água os maiores aumentos em termos de DBO, são provocados
por despejos de origem predominantemente orgânicos. A presença de alto teor de
matéria orgânica pode induzir ao completo consumo do oxigênio da água,
provocando o desaparecimento de peixes e de outras formas de vida aquáticas.
Devido à DBO medir somente o oxigênio consumido num teste padronizado, este
não indica a presença de matéria não biodegradável e não leva em consideração
o efeito tóxico ou inibidor de materiais sobre a atividade microbiana
(CETESB, 2003).
3.8.5. Oxigênio dissolvido (OD)
Todos os organismos aeróbicos dependem de uma forma ou outra do oxigênio
para manter os processos metabólicos de produção de energia e de reprodução.
O oxigênio é um gás muito pouco solúvel em água, variando a solubilidade entre
14,6 mg/L a 0ºC até 7,6 mg/L a 30ºC, dependendo da pressão atmosférica
(altitude) e da concentração de sais dissolvidos. Em águas poluídas, a quantidade
de oxigênio dissolvido é menor do que em condições naturais (BRANCO,1991).
Revisão bibliográfica 39
Uma adequada provisão de oxigênio dissolvido é essencial para a manutenção de
processos de autodepuração em sistemas aquáticos naturais e estações de
tratamento de esgoto. Através da medição do oxigênio dissolvido, os efeitos de
resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a eficiência do tratamento de esgoto,
durante a oxidação bioquímica, podem ser avaliados. Os níveis de oxigênio
dissolvido também indicam a capacidade de um corpo d’ água natural manter a
vida aquática. (CETESB, 2003).
3.8.6. Potencial hidrogeniônico (pH)
O potencial hidrogeniônico, representa a concentração de íons de hidrogênio H
+
(em escala anti-logarítima), dando uma indicação sobre a condição de acidez,
neutralidade ou alcalinidade da água. A faixa de pH é de 0 a 14.
(VON SPERLING, 1996).
Os organismos aquáticos estão geralmente adaptados a condições de
neutralidade, e alterações bruscas do pH da água pode acarretar o
desaparecimento dos seres presentes na água. Valores fora das faixas
recomendadas podem alterar o sabor da água e contribuir para corrosão do
sistema de distribuição de água, provocando uma possível liberação de ferro,
cobre, chumbo, zinco e cádmio, e dificultando a descontaminação da água
(CETESB, 2003).
3.8.7. Turbidez
A turbidez representa o grau de interferência na passagem da luz através da água,
sendo influenciada pelo tipo e concentração da matéria em suspensão, que pode
ser constituída de silte, argila, partículas finas de substâncias orgânicas e
inorgânicas, compostos orgânicos solúveis, plâncton e outros organismos
microscópicos. (BRANCO, 1991).
Revisão bibliográfica 40
Corpos d’água que apresentam alta turbidez comprometem a fotossíntese da
vegetação aquática enraízada submersa e das algas (fitoplâncton).
(CETESB, 2003) A redução da fotossíntese promove déficit na produtividade
primária alterando todo metabolismo do ecossistema aquático, já que o consumo
de oxigênio e matéria orgânica pela comunidade biológica passa ser maior que a
produção realizada pelo fitoplâncton.
3.7.8. Sólidos suspensos
O despejo de grandes quantidades de partículas sólidas dá origem à formação de
plumas (verdadeiras “nuvens”) que depositadas nos órgãos respiratórios de
animais aquáticos causam sua asfixia. Além disso, este material acelera a
precipitação e soterra as partículas orgânicas em suspensão. As comunidades de
macroalgas, invertebrados bentônicos, peixes bentônicos e demersais
normalmente são prejudicadas em virtude do assoreamento provocado pela
sedimentação dos sólidos suspensos, que afetam as características de fundo e
destroem diversos habitats e locais de refugio, prejudicam a alimentação e a
reprodução de diversas espécies. (BRANCO, 1991).
3.9. Parâmetros bacteriológicos
3.9.1. Coliformes termotolerantes
As bactérias termotolerantes são utilizadas como indicadores de qualidade de
água, tendo como principal representante a Escherichia coli, um coliforme
presente exclusivamente em fezes humanas e de animais homeotermos.
(CERQUEIRA & SÁ, 1999).
No intestino dos seres humanos e de animais predominam em grande número os
coliformes termotolerantes. Para se ter uma idéia, um indivíduo elimina, em média,
10 bilhões de coliformes termotolerantes por dia. Além dos coliformes, existem, no
Revisão bibliográfica 41
meio intestinal, outras bactérias, vírus, protozoários e vermes, em números
significativamente menores. Nesse meio intestinal, podem conviver agentes
patogênicos, isto é, nocivos ao homem, como alguns tipos de bactérias que podem
provocar diarréias fortes, febre, náusea e lera, alguns tipos de protozoários,
responsáveis, inclusive, pela malária e vírus perigosos como aqueles que podem
levar a hepatite infecciosa, gastroenterite, dengue e a paralisia infantil
(VON SPERLING, 1996). Assim sendo, na prática, a medição do número de
coliformes termotolerantes em um corpo d’água é um indicador não só da
contaminação por fezes de origem humana e animal, como também da
possibilidade de presença de organismos patogênicos.
Os órgãos ambientais utilizam-se deste indicador para diagnosticar também as
condições para o banho de mar. Este serviço informa à população a
adequabilidade ou não de banho junto às águas litorâneas (excelente, muito boa,
satisfatória e imprópria) e é denominado como condições de balneabilidade
(CETESB, 2003).
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e métodos 43
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Área de amostragem
A Baía de Vitória - ES (20°19’S; 40°20’W) apresenta a particularidade de ter duas
aberturas para o Oceano Atlânticos, extremamente diferentes morfologicamente.
As duas entradas, situadas a cada extremidade da Baía, abrem próxima uma da
outra para o oceano. A entrada meridional, do Canal do Porto de Vitória, é de
origem tectônica, larga e funda. A entrada do norte, do Canal da Passagem é
estreita, rasa e canalizada através de paredes de concreto até a ponte da
Passagem.
O estudo foi realizado em dois pontos da área mais interna do canal da passagem
posicionados em frente a canais de manguezal (Figura 2). As áreas monitoradas
foram escolhidas após a realização de duas campanhas piloto, realizadas em
novembro e dezembro de 2003. O critério utilizado para escolha das estações foi
baseado no nível de influencia do descarte de efluentes domésticos em canais de
manguezal. Desta forma, foram escolhidas duas áreas, denominadas como
estações “controle” e “impactada”.
Materiais e métodos 44
Figura 2 - Foto de Satélite da Baía de Vitória, apresentando a localização das áreas monitoradas durante a execução do
experimento. Fonte- Imagem Lendsal, modificada.
Estação
Controle
Estação
Impactada
Materiais e métodos 45
Estação “impactada” região estuarina onde foram detectadas diversas fontes de
efluentes sanitários, além de áreas de mangue aterradas (Figuras 3(a), 3(b)) A
estação “controle” região onde não foram detectadas fontes pontuais de
efluentes sanitários, bem como a presença de casas construídas em áreas de
aterro localizadas nas margens do canal (Figuras 4(a) e 4(b)).
Figura 3(a) - Vista externa do canal principal localizado na área “impactada” do estudo
Figura 3(b) - Vista interna do canal de manguezal localizado na área “impactada” do estudo.
Materiais e métodos 46
Figura 4(a) - Vista externa do canal principal localizado na área “controle” do estudo.
Figura 4(b) - Vista interna do canal de manguezal localizado na área “controle” do estudo.
4.2. Amostragens
Foram realizadas 4 campanhas nos meses março, maio, julho e setembro de
2003. Cada campanha foi realizada em 2 dias consecutivos, durante a preamar e
a baixa-mar (Tabela 2), denominadas neste estudo de maré alta e maré baixa,
respectivamente.
Materiais e métodos 47
Tabela 2 - Protocolo do cronograma das coletas nas áreas do estudo localizadas na área interna
do canal da passagem do estuário da Baía de Vitória - ES.
Mês Campanha
Dia da
amostragem
Estação
amostral
Maré*
Esforço por estação
- arrasto -
Impactada Alta 3
Mar/03 1
a
1
Controle Alta 3
Controle Baixa 3
Mar/03 1
a
2
Impactada Baixa 3
Impactada Alta 3
Mai/03 2
a
1
Controle Alta 3
Controle Baixa 3
Mai/03 2
a
2
Impactada
Baixa 3
Impactada
Alta 3
Jul/03 3
a
1
Controle Alta 3
Controle Baixa 3
Jul/03 3
a
2
Impactada
Baixa 3
Impactada
Alta 3
Set/03 4
a
1
Controle Alta 3
Controle Baixa 3
Set/03 4
a
2
Impactada Baixa 3
*A ordem exata de amostragem foi dependente do horário da maré.
4.3.Coleta
4.3.1 Ictiofauna
Os peixes foram coletados com auxílio da rede de arrasto (Wing Trawl = balão),
com as seguintes características- tralha superior PES 5mm, 8,62m de
comprimento e tralha inferior PES 8mm, 10,43m de comprimento, com 27 pesos
de chumbo (60 gramas) distribuídos pela tralha inferior (totalizando de 1,62 kg). As
mangas e barriga da rede têm malha 13 mm e fio 210/09, o saco da rede tem
malha 5 mm e fio 210/12. Duas portas de madeira vazada com 70 cm x 42 cm e
de peso 9,3 kg cada mantêm a rede aberta e em contato com o fundo.
Materiais e métodos 48
Foram realizados em cada, estação amostral, 3 lances de arrasto de balão no
canal principal cada um com uma duração de 10 minutos. Os três arrastos
realizados em cada estação formaram uma amostra, ou seja, foi considerado no
tratamento de dados amostras compostas (3 1). Os peixes capturados foram
acondicionados em sacos plásticos, etiquetados, e mantidos em gelo até o
laboratório de triagem de peixes do Departamento de Ecologia e Recursos
Naturais da UFES, onde foram congelados até o processamento.
As amostras de peixes coletadas em mar/03 não foram utilizadas no tratamento de
dados, devido a problemas operacionais (quebra do arrosto de balão com portas)
durante a execução da 2ª dia da campanha, inviabilizando assim a aquisição de
dados das amostras de peixes do período de maré baixa.
4.3.2. Massa D’Água
A coleta da água foi realizada antes da coleta de peixes (para que não houvesse
influencia da arte de pesca sobre a qualidade da água, no que tange revolvimento
do sedimento depositado no fundo do canal). A coleta foi realizada no canal
principal e no canal de manguezal de cada estação de amostragem, durante o
período de maré cheia e baixa no intuito de possibilitar uma avaliação mais
integrada da qualidade da água nas áreas amostradas, já que o nível da maré (ou
seja, o fator de diluição dos constituintes) influencia diretamente nas
características hidrológicas, físico-químicas e biológicas destes ecossistemas.
A amostragem foi realizada na superfície e no fundo da coluna d’água utilizando
uma garrafa de Van Dorn (5 litros), enquanto a mensuração da temperatura,
oxigênio dissolvido, salinidade e pH foram realizadas com auxilio do
multiparâmetro marca HYDROLAB.
Materiais e métodos 49
4.4. Análises laboratoriais
4.4.1. Ictiofauna
A identificação foi feita através da literatura especializada- FIGUEIREDO &
MENEZES (1980, 2000), MENEZES & FIGUEIREDO (1980, 1985),
SMITH (1997) e CARVALHO FILHO (1999). Parte do material identificado foi
conservado em álcool 70%, formando uma coleção de referência para a região do
estudo. Após a identificação, os peixes foram medidos e contabilizados por táxon.
4.4.2. Massa D’Água
As amostras de água, quando necessário, foram colocadas em uma caixa de
isopor com gelo. Todas as amostras foram devidamente etiquetadas e levadas a
um laboratório de análises físico-quimicas e bacteriológicas (Laboratório de
Utilidades e Meio Ambiente da Companhia Siderúrgica de Tubarão). As análises
dos parâmetros: Cloretos, Coliformes Totais e Termotolerantes, D.B.O, Nitrogênio
Amoniacal, Nitrito, Nitrato, Fósforo Total, Turbidez, Sólidos Totais Dissolvidos e
Sólidos Suspensos, foram realizadas com base na metodologia preconizada pelo
Standard Methods for the Examination of water and wastewater 19ª edição
(APHA, 1995).
4.5. Tratamento de dados
4.5.1. Análises descritivas
Os dados de qualidade de água e da assembléia de peixes obtidos no estudo
foram plotados e compilados em gráficos e tabelas possibilitando assim uma
melhor compreensão do padrão de variação das variáveis ambientais e dos
valores de abundância, biomassa e dos índices ecológicos calculados a partir das
amostras de peixes coletadas. Os parâmetros de qualidade de água analisados
Materiais e métodos 50
foram comparados com os limites preconizados pelo Art. 22º da Resolução
CONAMA 357/05, o qual define limites e critérios para o enquadramento de corpos
d’ água salobras classe 2.
4.5.2. Índices ecológicos
Diversidade e Dominância
A diversidade de espécies foi estimada utilizando o índice de diversidade de
Shannon-Wiener, enquanto que a dominância foi através do índice de dominância
de Simpson. (ZAR, 1999)
O índice de Shannon Wiener pode ser expresso pela seguinte equação:
H' = - ? (ni/N). log (ni/N) = -? pi.logpi
onde- pi = proporção da espécie i em relação ao total capturado
ni = número de indivíduos da espécie i
N = número total de indivíduos
? = somatória
O índice de Simpson pode ser expresso pela seguinte equação:
c =? (ni/N)
2
onde- c = Dominância de Simpson
? = Somatória
ni = número de indivíduos da espécie i
N = número total de exemplares
Materiais e métodos 51
Equitabilidade - (índice da "igualdade")
É um dos componentes do índice de Shannon, representa a distribuição do
número de exemplares entre as espécies. Pode ser determinada utilizando-se a
razão entre o índice de diversidade de Shannon calculado e a diversidade máxima.
A equitabilidade é máxima quando o número de indivíduos é o mesmo para todas
as espécies (ZAR, 1999). Assim:
E = H'/H'máx.
onde-
H'máx. = índice de diversidade máxima ( =log S)
S = número de espécies
H' = índice de diversidade de Shannon
4.5.3. Análises estatísticas
4.5.3.1.Análise Paramétrica de Variância (ANOVAs)
As análises paramétricas de variância (ANOVAs) do tipo III foram aplicadas sobre
as variáveis de qualidade de água, número de taxa, número de indivíduos,
comprimento médio e nos índices ecológicos (diversidade, equitabilidade e
dominância).
As variáveis de qualidade de água foram testadas quanto à normalidade pelo teste
de Kolmogorov-Smirnov-Lilliefors (LEGENDRE & LEGENDRE, 1983). Após o teste
as variáveis que apresentaram distribuição de valores significativamente diferente
do normal (P> 0,05) foram log-transformadas (logaritmo neperiano (x+1), onde x é
o valor original da variável).
Materiais e métodos 52
As variáveis dependentes categoriais incluíram a Estação Amostral (“controle” e
“impactado”), Ponto Amostral (Canal Principal e Canal de Manguezal),
Profundidade de Coleta de Água (Superfície e Fundo), Fase da Maré (alta e
baixa). As variáveis independes incluíram os parâmetros de qualidade de água, os
dados básicos de descrição da comunidade de peixes (número de taxa, número de
indivíduos, comprimento média, dentre outros) e os índices ecológicos
(diversidade, equitabilidade e dominância).
4.5.3.2. Regressão logarítmica
A análise de regressão logarítimica, foi utilizada no intuito de verificar quais dos
parâmetros de qualidade de água monitorados poderiam ser utilizados como
variável chave para a identificação de condições “controle” e “impactada” na região
onde foi realizado o estudo.
4.5.3.3. Análise de agrupamento
O grau de similaridade (análise de cluster modos R e Q) entre as amostras de
peixes e as espécies foi apresentado na forma de dendrogramas, obtidos através
do cálculo da distância euclidiana sobre os valores da abundância e biomassa,
utilizando-se para tal o método de agrupamento das médias não ponderadas
(UPGMA). Este procedimento foi realizado com o programa Statistica
(StatSoft, 1995).
4.5.3.4. Análise de correspondência canônica - ACC
Para identificar a distribuição das amostras (“controle” e “impactada”) e da
abundância das espécies de peixes em função dos parâmetros de qualidade de
água, foi utilizada a análise de correspondência canônica (ACC, Canonical
Correspondence Analysis). Segundo TER BRAAK (1987), este método de
ordenação consiste basicamente em sintetizar, em um gráfico com eixos
perpendiculares, a variação multidimensional de um conjunto de variáveis. No
Materiais e métodos 53
presente estudo, espécies e variáveis ambientais foram transformadas em
coordenadas (scores) correspondentes às suas projeções em cada eixo de
ordenação (eigenvector). O autovalor (eigenvalue) é o peso relativo de cada eixo
na explicação da variância total dos dados. Parte-se do princípio de que a variação
da ictiofauna, em termos de abundância de espécies, está intimamente ligada às
variáveis ambientais.
Como requerido pela ACC, os dados foram organizados em duas matrizes: a de
espécies e a de variáveis ambientais (parâmetros de qualidade de água). A matriz
de espécies foi constituída pelos valores de abundância de cada espécie (número
de exemplares) por amostra. A matriz de dados ambientais incluiu, por amostra,
as propriedades físico-químicas e microbiológicas da água, independente de terem
apresentado diferenças significativas entre as estações de amostragem.
No processamento da ACC, utilizou-se o programa MVSP (TER BRAAK, 1987)
para produzir uma ordenação com vários eixos, no qual a distribuição das
espécies e as estações de amostragem são representadas por pontos, enquanto
que as variáveis ambientais são representadas por setas indicando a direção do
seu maior valor, sendo o comprimento da seta proporcional à correlação da
variável com os eixos. Para melhorar a compreensão, o gráfico de ordenação foi
separado em dois diagramas, um com a ordenação das espécies e outro com a
das estações de amostragem, sendo que, em ambos, as posições das variáveis
ambientais foram idênticas.
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
Resultados 55
5. RESULTADOS
5.2. Parâmetros físicos químicos
5.2.1. Temperatura
Mesmo tendo sido registrados valores absolutos de 19ºC no mês de junho e
27,9ºC no mês de março, os resultados referentes ao comportamento da
temperatura não evidenciaram variações significativas deste parâmetro nas quatro
campanhas realizadas durante o experimento, segundo o teste realizado
(Tabela 3).
Tabela 3- Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) para o parâmetro
temperatura
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL NS
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS
CAMPANHA NS
MARE NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE NS
NS=Não Significativa
A temperatura permaneceu mais elevada durante os períodos de maré alta em
todas as campanhas, com exceção da última (set/04) (Figura 5). Este resultado
provavelmente está relacionado com o fluxo da maré, que promove renovação da
massa d’água nas áreas estuarinas. Os dados registrados nas estações de
amostragem permitem inferir que as massas d’ água que penetram o sistema
estuarino da Baía de Vitória, por intermédio do Canal da Passagem,
provavelmente sofrem aumento de temperatura, devido à baixa profundidade
Resultados 56
desta área, o que permite que toda a coluna d’água seja aquecida. A redução da
temperatura nas áreas estudadas durante os períodos de maré baixa pode ser
explicada pelos processos de drenagem das regiões inundadas durante o período
de maré alta. A água que penetra nestas regiões passa, em média, 6 horas em
áreas sombreadas pelas florestas de manguezal, promovendo assim o
resfriamento da massa d’água.
20
21
22
23
24
25
26
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
Temperatura (ºC)
Maré Alta Maré Baixa
Figura 5 - Variação da temperatura (média + e) nas
campanhas realizadas na área interna do estuário da Baía
de Vitória - ES, durante períodos de maré alta e maré baixa.
A temperatura não apresentou diferenças significativas entre a superfície e fundo
nas estações de amostragem. Este resultado está provavelmente relacionado com
os processos de mistura da coluna d’água em zonas pouco profundas de regiões
estuarinas, como é o caso das áreas nas quais foram realizadas as amostragens
(Figura 6).
Mesmo não tendo sido constatadas diferenças significativas, entre os resultados
obtidos para as áreas de amostragem, foi observado que os pontos de coleta
localizados no canal principal apresentaram em média temperaturas mais amenas,
quando comparadas com as temperaturas registradas no canal de manguezal
(Figura 6). Este resultado pode estar associado com os maiores fluxos e as
maiores profundidades existentes no canal principal.
Resultados 57
22,5
23
23,5
24
24,5
25
25,5
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Temperatura (ºC)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup Impactado - Fundo
Figura 6 - Variação da temperatura (média + e) nas estações de
amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória ES.
5.2.2. Salinidade
Com relação à salinidade da água, observou-se uma ampla variação deste
parâmetro, com valores entre 6,7 e 33,9‰, nas áreas de amostragem. Foi
constatada diferença significativa (p=0,004) para os valores de salinidades
registrados durante os períodos de maré alta e baixa (Tabela 4).
Tabela 4 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicado para o parâmetro
salinidade
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL NS
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA 0,001
CAMPANHA 0,001
MARE 0,004
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA 0,001
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE 0,003
CAMPANHA * MARE 0,005
NS=Não Significativa
Resultados 58
Em média, a salinidade da água durante o período de maré alta foi de 23,7 %,
enquanto na maré baixa a média diminuiu para 21,3%. Como observado na
Figura 7, com exceção do mês de setembro, a salinidade permaneceu maior, em
todas as campanhas, nos períodos de maré alta. Este resultado já era esperado,
devido à entrada de águas costeiras mais salinas na região da área de estudo.
Além disso, a salinidade apresentou aumento entre os meses de março e
setembro (Figura 7), sendo os valores significativamente diferentes (Tabela 5).
0
5
10
15
20
25
30
35
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
Salinidade (% )
Maré Alta Maré Baixa
Figura 7 - Variação da salinidade (média + e) nas campanhas
realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES,
durante períodos de maré alta e maré baixa.
Conforme mostrado na Figura 8, as concentrações de sais dissolvidos nas águas
de fundo no fundo apresentaram-se significativamente maiores (p=0,001), quando
comparadas com os valores mensurados nas águas superficiais (Tabela 4). Estes
resultados parecem indicar que nas áreas onde foi realizado o estudo, o
escoamento da água mais salina e densa está próxima do fundo, enquanto que a
menos salina se desloca próximo, a superfície.
Resultados 59
0
5
10
15
20
25
30
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Salinidade %o
Controle - Sup
Controle - Fundo
Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 8 - Variação da salinidade (média + e) nas áreas de amostragem,
localizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória ES.
Não foram registradas diferenças significativas entre a salinidade medida nos
pontos amostrais (Tabela 4). Estas áreas podem ser caracterizadas como zonas
de mistura entre a água doce e salgada, tendo em vista que apresentaram em
média salinidade igual a 23,0 ‰, valor de concentração de sais dissolvidos comum
para áreas estuarinas.
5.2.3. Fósforo total
Em média, a concentração de fósforo total registrada nas estações de
monitoramento foi de 0,14 mg/L (± 0,10), sendo o maior valor registrado
0,56 mg/L (estação de amostragem “impactada”) e o menor de 0,016 mg/L
(estação de amostragem “controle”). As concentrações de fósforo total, em média,
apresentaram-se significativamente diferentes (p=0,001) entre as fases da maré
(Tabela 5).
Resultados 60
Tabela 5 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplica-se ao parâmetros
fósforo total
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL 0,001
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS
CAMPANHA 0,001
MARE 0,001
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA 0,001
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE 0,003
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE 0,030
NS=Não Significativa
Conforme observado na Figura 9, as maiores concentrações ocorreram durante
os períodos de maré baixa, enquanto as menores concentrações foram registradas
nos períodos de maré de cheia. Tal fato está associado à diluição dos constituintes
presentes na massa d’água durante o período de maré alta, já que o aporte da
água proveniente de regiões costeiras possibilita a dispersão e a mistura das
substâncias particuladas e dissolvidas na massa d’água.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
Fósforo Total (mg/L)
Maré Alta
Maré Baixa
Figura 9 - Variação da concentração de Fósforo Total (média +
e) nas campanhas realizadas na área interna do estuário da
Baía de Vitória - ES, durante o período de maré alta e maré
baixa.
Resultados 61
Nas quatro campanhas realizadas, a concentração de fósforo total apresentou
diferença significativa (p= 0,001), entre as condições de maré alta e maré baixa
(Tabela 5), resultado que reforça a influencia da maré sobre a concentração deste
parâmetro na água em regiões estuarinas.
As concentrações do fósforo total registradas nas estações de amostragem
localizadas na área “controle” (média de 0,09 mg/L) apresentaram diferenças
significativas (p=0,001) quando comparadas com as observadas na área
“impactada” (média de 0,18 mg/L) (Tabela 5). Porém, as concentrações deste
nutriente não apresentaram diferenças significativas entre as amostras coletadas
na superfície e no fundo dos pontos de amostragem (canal de manguezal e
principal) (Figura 10).
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Fósforo Toral (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 10 - Variação da concentração do fósforo total (média + e)
entre as áreas de amostragem, localizadas na área interna do
estuário da Baía de Vitória ES.
5.2.4. Nitrito e Nitrato
Os valores absolutos de N-NO
2
mensurados durante o estudo variaram entre 0,01
a 0,06 mg/L em ambas as fases de maré (baixa e alta), enquanto os valores de N-
NO
3
variaram entre 0,05 a 0,24 mg/L (maré alta) e 0,06 a 0,23 mg/L (maré baixa).
Considerando as concentrações mensuradas nos diferentes meses nos quais
Resultados 62
foram realizadas as campanhas, o nitrito não apresentou diferenças significativas,
diferentemente dos resultados relativos às concentrações de nitrato que
apresentaram diferenças significativas (p=0,001). Porém, as concentrações destes
parâmetros apresentaram diferenças significativas entre os períodos de maré
baixa e alta (Tabela 6).
Tabela 6 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicada aos
parâmetros nitrito e nitrato.
SIGNIFICÂNCIA
VARIÁVEIS FIXAS
NITRITO NITRATO
ESTAÇÃO AMOSTRAL NS NS
PONTO AMOSTRAL NS NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS 0,001
CAMPANHA NS 0,001
MARE NS NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS 0,008
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS 0,001
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS NS
CAMPANHA * MARE 0,007 NS
NS=Não Significativa
Em geral, os valores médios de nitrato foram superiores aos valores médios de
nitrito (Figura 11). Este resultado corrobora LITTLEPAGE (1998) que afirma que
em águas costeiras o nitrogênio em forma de nitrato é predominante, ocorrendo
quantidades muito menores de nitrito. Isto porque o nitrato é o produto final do
ciclo de regeneração do nitrogênio, sendo formado a partir do nitrito
(ESTEVES,1998).
Resultados 63
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
Maré Alta - Nitrito Maré Baixa - Nitrito Maré Alta - Nitrato
Maré Baixa - Nitrato
Figura 11 - Variação da concentração de nitrito e nitrato (média + e) nas
campanhas realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES,
durante períodos de maré alta e maré baixa.
Como observadas na Figura 12 as concentrações dos nutrientes nos pontos de
amostragem (canal do manguezal e canal principal) apresentaram o mesmo padrão
de variação, não sendo constatadas diferenças significativas nas concentrações de
nitrito e nitrato entre estas áreas. Também não significativas as diferenças de
concentração do nitrito e nitrato nas duas estações de amostragem (Tabela 6).
Os mesmos resultados de significância também foram registrados para as
concentrações destes parâmetros nas estações de amostragem.
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
N-NO2 (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo Impactado - Sup
Impactado - Fundo
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
N-NO3 (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup Impactado - Fundo
Figura 12 - Variação da concentração de nitrito (média + e) e nitrato (média + e) entre as áreas de
amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória ES. A barra em negrito
representa o valor do erro padrão calculado para cada amostra.
Resultados 64
Foram registradas diferenças significativas para as concentrações de nitrato nas
amostras de superfície e fundo. No entanto, o mesmo resultado não foi observado
para as concentrações de nitrito (Tabela 6).
5.2.5. Nitrogênio Amoniacal
Os valores absolutos de N-NH3 mensurados no período de maré alta se situaram
entre 0,014 e 0,61 mg/L, enquanto que no período de maré baixa a concentração
deste composto apresentou um aumento significativo (p=0,001), variando entre
0,58 e 1,41 mg/L. Também foram detectadas diferenças significativas (p=0,001)
entre os resultados das campanhas realizadas durante o estudo (Tabela 7).
Tabela 7 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicado ao parâmetro
amônia.
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL 0,001
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS
CAMPANHA 0,001
MARE 0,001
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL 0,005
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA 0,001
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE 0,001
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE NS
NS=Não Significativa
O aumento da concentração de amônia pode estar correlacionado com a perda da
capacidade de diluição dos compostos dissolvidos e particulados existentes em
águas estuarinas durante os períodos de maré vazante (Figura 13).
Resultados 65
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
N-NH3 (mg/L)
Maré Alta
Maré Baixa
Figura 13 - Variação da concentração de amônia (média + e) nas
campanhas realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória -
ES, durante períodos de maré alta e maré baixa.
As concentrações da amônia foram significativamente maiores (p=0,001) na
estação de amostragem “impactada”, quando comparadas com os valores obtidos
na estação “controle” (Tabela 7 e Figura 14).
Como observadas na Figura 14 as concentrações deste composto na superfície e
fundo das estações e pontos de amostragem não apresentaram grande variação,
não sendo detectadas diferenças significativas entre as amostras coletadas em
diferentes profundidades (Tabela 7).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
N-NH3 (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 14 - Variação da concentração de amônia (média + e) entre as
áreas de amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía
de Vitória ES..
Resultados 66
5.2.6. Demanda bioquímica de oxigênio - DBO
As demandas bioquímicas de oxigênio registradas nas estações de amostragem
apresentaram valor médio de 2,06 mg/L, máximo de 4,3 mg/L (“impactada”) e
mínimo de 1,0 mg/L (“controle”). As amostras coletadas durante o período de maré
alta apresentaram em média concentração de 1,053 mg/L, enquanto o período de
maré baixa apresentou média de 1,112 mg/L. Mesmo tendo sido registradas
concentrações mais elevadas nas amostras de maré baixa, quando comparadas
com as amostras de maré alta, não foram observadas diferenças significativas
para as concentrações de DBO entre as duas marés (Tabela 8).
Tabela 8- Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicadas ao parâmetro
Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO.
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL 0,003
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS
CAMPANHA 0,001
MARE NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA 0,003
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE NS
NS=Não Significante
Foi observada diferença significativa (p=0,001) da DBO entre as quatro
campanhas de campo realizadas (Tabela 8). Porém, pode-se observar que os
meses de março, maio e julho/04 apresentaram maior homogeneidade no que
tange as concentrações de DBO, enquanto o mês de setembro/04 apresentou
concentração discrepante, quando comparado com as demais meses onde
(Figura 15).
Resultados 67
1
1,25
1,5
1,75
2
2,25
2,5
2,75
3
3,25
3,5
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
DBO (mg/L)
Maré Alta
Maré Baixa
Figura 15 - Variação da concentração de DBO (média + e) nas
campanhas realizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES, durante os períodos de maré alta e maré baixa.
As concentrações da DBO foram significativamente diferentes (P=0,003) entre as
estações amostrais, sendo maiores na estação “impactada” e menores na estação
controle”. Foram reduzidas as variações das concentrações da DBO na superfície
e no fundo (Figura 16), não sendo constatada diferenças significativas nas
concentrações dos dois extratos (Tabela 8). Contudo ao correlacionar as variáveis
fixas, pontos de amostragem e campanhas foram constatadas diferenças
significativas (p=0,003) nas concentrações de DBO.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
DBO (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 16 - Variação da concentração de DBO (média + e) entre as
áreas de amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía
de Vitória ES.
Resultados 68
5.2.7. Oxigênio Dissolvido
O oxigênio dissolvido apresentou em média concentração maior durante o período
de maré alta (4,20 mg/L) e menor no período de maré baixa
(3,45 mg/L), ocorrendo diferença significativa (p=0,037) entre os resultados para
os dois períodos de maré (Figura 17 e Tabela 9). Também foram significativas as
diferenças entre as concentrações deste gás nas campanhas realizadas no estudo
(p=0,001) (Tabela 9). .
Tabela 9 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicado ao parâmetro
oxigênio dissolvido
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL NS
PONTO AMOSTRAL 0,001
PROFUNIDADE DE COLETA 0,001
CAMPANHA 0,001
MARE 0,037
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA 0,006
PONTO AMOSTRAL * MARE 0,001
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE 0,005
NS=Não Significativa
Resultados 69
0
1
2
3
4
5
6
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
Maré Alta
Maré Baixa
Figura 17 - Variação da concentração de oxigênio dissolvido
(média + e) nas estações de amostragem localizada na área
interna do estuário da Baía de Vitória ES, durante o período de
maré alta e maré baixa.
As concetrações de oxigênio dissolvido por ponto de amostragem (canal principal
e canal de manguezal) apresentaram-se significativamente diferentes (p=0,001),
fato que provavelmente está relacionado com processos hidrodinâmicos
estabelecidos em cada área (Tabela 10).
Como mostrado na Figura 18, as amostras de superfície apresentaram
concentrações de oxigênio mais elevadas em ambos os pontos amostrais, quando
comparadas com as concentrações obtidas nas amostras de fundo (p=0,001).
Entretanto, na comparação entre as concentrações mensuradas na área “controle”
e “impactada”, não foram observadas diferenças significativas (Tabela 9).
Resultados 70
0
1
2
3
4
5
6
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 18 - Variação da concentração de oxigênio dissolvido
(média + e) entre as estações de amostragem, localizadas na área
interna do estuário da Baía de Vitória - ES.
A concentração de oxigênio dissolvido apresentou correlação negativa com a
concentração da DBO registrada nas campanhas realizadas durante o
experimento. Segundo SPERLING, 1996 à medida que a concentração da DBO
aumenta a concentração do oxigênio dissolvido é reduzida (Figura 19). Este
fenômeno é atribuído à quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria
orgânica, via decomposição aeróbica, para uma forma inorgânica estável. Assim,
quanto maior for o teor de matéria orgânica, maior será o consumo de oxigênio
necessário para estabilizar a matéria orgânica presente na massa d’água e no
sedimento. Resultado semelhante para a relação de oxigênio dissolvido com a
DBO foi encontrado por KUSCHE et, al. (2002).
Resultados 71
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mês
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
DBO (mg/L)
OD - Maré Alta OD - Maré Baixa
DBO - Maré Alta DBO - Maré Baixa
Figura 19 - Correlação da concentração de DBO (mg/L) e
oxigênio dissolvido (mg/L) mensurado nas estações de
amostragem localizada na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES, durante períodos de maré alta e maré baixa.
5.2.8. Potencial hidrogênico - pH
O pH mostrou-se pouco variável, com valores ligeiramente alcalinos, oscilando em
março/04 entre 7,15 e 7,05, em maio/04 entre 7,45 e 7,19, em julho/04, entre 7,34
e 7,11 e setembro/04 entre 6,97 e 7,28 durante o período de maré alta e maré
baixa, respectivamente (Figura 20). Mesmo apresentando baixa variação, foram
detectadas diferenças significativas (P=0,012) entre as campanhas (Tabela 10).
Estes valores são comuns em corpos d’água onde existem misturas de água doce
com água salgada.
Em média, o pH registrado durante a maré alta foi de 7,2 (± 0,27), enquanto na
maré baixa a média foi 7,1 (± 0,20), não sendo observadas diferenças
significativas entre as duas marés (Tabela 10).
Resultados 72
Tabela 10 - Resultados das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicado ao
parâmetro pH
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL 0,044
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS
CAMPANHA 0,012
MARE NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE 0,001
NS=Não Significante
6,7
6,8
6,9
7
7,1
7,2
7,3
7,4
7,5
7,6
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
pH
Maré Alta
Maré Baixa
Figura 20 - Variação do pH (média + e) nas estações de
amostragem localizada na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES, durante o período de maré alta e maré baixa.
Como observado na Figura 21, os valores de pH registrados na estação de
amostragem “impactada” foram inferiores aos valores da estação “controle”, sendo
estes valores significativamente diferentes (p=0,044) (Tabela 10). Com relação
aos valores de pH obtidos na superfície e no fundo, estes não apresentaram
diferenças significativas.
Resultados 73
6,95
7
7,05
7,1
7,15
7,2
7,25
7,3
7,35
7,4
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
pH
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 21 - Variação do pH (média + e) entre as áreas de
amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória - ES.
5.2.9. Cloretos
Os valores absolutos de cloretos mensurados no período de maré alta variaram
entre 4524,62 e 15201,25 mg/L, enquanto no período de maré baixa a
concentração deste composto apresentou uma redução significativa (p=0,029),
variando entre 4184,0 e 13538,75mg/L. Foram detectadas também diferenças
significativas (p=0,001) entre os resultados das campanhas (Tabela 11).
Tabela 11 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicado ao parâmetro
cloretos.
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL NS
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA 0,001
CAMPANHA 0,001
MARE 0,029
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA 0,044
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA 0,005
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE NS
NS=Não Significativa
Resultados 74
Conforme observadas na Figura 22, as concentrações de cloretos apresentaram-
se elevadas. No entanto este resultado pode ser considerado normal para
ecossistemas costeiros, pois através da chamada intrusão da língua salina, são
encontrados águas com níveis altos de cloretos.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
Cloreto (mg/L)
Maré Alta Maré Baixa
Figura 22 - Variação da concentração de Cloretos (média +e) nas
estações de amostragem localizada na área interna do estuário da
Baía de Vitória - ES, durante períodos de maré alta e maré baixa..
Não foram detectadas diferenças significativas nas concentrações de cloretos
entre as estações e pontos de amostragem (Tabela 11). O mesmo resultado foi
constatado para os valores de salinidade entre as estações. A Figura 23
apresenta a variação das concentrações de Cloretos entre as estações de
amostragem.
Resultados 75
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Cloreto (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 23 - Variação da concentração de Cloretos (média + e) entre
as áreas de amostragem, localizadas na área interna do estuário da
Baía de Vitória - ES.
As maiores concentrações de Cloretos foram registradas nas amostras de fundo e
nas campanhas realizadas durante os períodos de maré alta (Figura 23). A partir
destes dados pode-se evidenciar com maior clareza a influencia da salinidade
sobre as concentrações de Cloretos. A Figura 24 apresenta a relação entre as
concentrações de cloretos e as salinidades registradas no estudo. Como
observado, à medida que as salinidades aumentam, ocorre aumento nas
concentrações de cloretos na água.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
Cloretos (mg/L)
Salinidade %0
Figura 24 - Relação da concentração de cloretos com a salinidade
registrada durante as campanhas realizadas na área interna do
estuário da Baía de Vitória ES.
Resultados 76
5.2.10. Turbidez
A turbidez registrada nas quatro campanhas de amostragem apresentou-se
relativamente baixa (Figura 25). Porém, foi constatada diferença significativa
(p=0,001) para este parâmetro entre as campanhas realizadas durante o
experimento (Tabela 12).
Tabela 12 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicado ao parâmetro
turbidez.
VARIÁVEIS FIXAS SIGNIFICÂNCIA
ESTAÇÃO AMOSTRAL NS
PONTO AMOSTRAL NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS
CAMPANHA 0,001
MARE NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS
CAMPANHA * MARE NS
NS=Não Significativa
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
Turbidez (NTU)
Maré Alta
Maré Baixa
Figura 25 - Variação da turbidez (média + e) nas estações de
amostragem localizada na área interna do estuário da Baía de Vitória
- ES, durante períodos de maré alta e maré baixa.
Resultados 77
Como observado na Figura 26, a turbidez apresentou bastante homogeneidade
entre amostras de água, não sendo constatadas diferenças significativas entre as
estações e pontos amostrais.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Turbidez NTU
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup
Impactado - Fundo
Figura 26 - Variação da concentração da Turbidez (média + e) entre
as áreas de amostragem, localizadas na área interna do estuário da
Baía de Vitória - ES.
5.2.11. Sólidos totais dissolvidos e sólidos sedimentáveis
Conforme observado na Tabela 13 os valores de sólidos sedimentáveis e de
sólidos totais dissolvidos apresentaram diferenças significativas (P=0,001) para
amostras de superfície e fundo. Este resultado era esperado, pelo fato das massas
d’água localizadas próximas ao fundo apresentarem maiores concentrações de
sólidos dissolvidos (Figura 27), devido os processos de decantação e
revolvimento do substrato. Não foram constatadas diferenças significativas para os
parâmetros entre as estações e os pontos de monitoramento.
Resultados 78
Tabela 13 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicados aos parâmetros
Sólidos Totais Dissolvidos e Sólidos Sedimentáveis.
SIGNIFICÂNCIA
VARIÁVEIS FIXAS
SÓLIDOS TOTAIS
DISSOLVIDOS
SÓLIDOS
SEDIMENTÁVEIS
ESTAÇÃO AMOSTRAL NS NS
PONTO AMOSTRAL NS NS
PROFUNIDADE DE COLETA 0,001 0,001
CAMPANHA 0,001 0,001
MARE 0,027 NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL 0,037 NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS 0,005
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS 0,018
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA 0,001 NS
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS NS
CAMPANHA * MARE NS 0,001
NS=Não Significativa
Também foi encontrada diferença significativa (P=0,001) entre os resultados para
as campanhas realizadas durante o estudo (Figura 27). Este resultado foi
provavelmente influenciado pelos índices pluviométricos registrados nos períodos
de execução do experimento.
0
5
10
15
20
25
30
35
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
SS (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup Impactado - Fundo
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
STD (mg/L)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup Impactado - Fundo
Figura 27 - Variação da concentração de Sólidos Totais Dissolvidos (média + e) e Sólidos Sedimentáveis
(média + e) entre as áreas de amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória ES.
Resultados 79
Com relação a variação em função da maré, apenas SS apresentou diferenças
significativas (p=0,037) entre as marés, enquanto STD não foram registradas
diferenças significativas (Tabela 13), resultado que provavelmente está
relacionando com homogeneidade deste parâmetro em ambas marés (Figura 28).
0
5
10
15
20
25
30
35
mar/04 mai/04 jul/04 set/04
Mes
SS (mg/L)
Maré Alta Maré Baixa
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
STD (mg/L)
Maré Alta Maré Baixa
Figura 28 - Variação do SS (média + e) e STD (média + e) nas estações de amostragem localizada na área
interna do estuário da Baía de Vitória - ES, durante o período de maré alta e maré baixa.
5.2.12. Coliformes Termotolerantes e Totais
Não foram constatadas diferenças significativas entre os números de coliformes
termotolerantes e totais registrados durante os períodos de maré alta e baixa
(Tabela 14). Em média, o número de coliformes termotolerantes foi de 11363 NTU
durante o período de maré alta e 11647 NTU durante o período de maré baixa,
enquanto que os números de coliformes totais em média foram de 13181 NTU e
14049 NTU nos períodos de maré alta e baixa, respectivamente (Figura 29).
Resultados 80
Tabela 14 - Resultado das análises paramétricas de variância (ANOVAs) aplicado aos parâmetros
Coliformes Termotolerantes e Totais
SIGNIFICÂNCIA
VARIÁVEIS FIXAS
COLIFORMES
TERMOTOLERANTES
COLIFORMES
TOTAIS
ESTAÇÃO AMOSTRAL 0,012 0,039
PONTO AMOSTRAL NS NS
PROFUNIDADE DE COLETA NS 0,025
CAMPANHA 0,001 0,001
MARE NS NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PONTO AMOSTRAL 0,006 NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS NS
ESTAÇÃO AMOSTRAL * CAMPANHA NS 0,046
ESTAÇÃO AMOSTRAL * MARE NS NS
PONTO AMOSTRAL * PROFUNIDADE DE COLETA NS NS
PONTO AMOSTRAL * CAMPANHA NS NS
PONTO AMOSTRAL * MARE NS NS
PROFUNIDADE DE COLETA * CAMPANHA 0,003 0,003
PROFUNIDADE DE COLETA * MARE NS NS
CAMPANHA * MARE 0,021 0,010
NS=Não Significante
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
mar-04 mai-04 jul-04 set-04
Mes
(NMP)
Maré Alta - Colif. Fecal Maré Baixa - Colif. Fecal
Maré Alta - Colif. Total Maré Baixa - Colif. Total
Figura 29 - Variação do número mais que provável de coliformes
termotolerantes (média + e) e totais média + e) nas campanhas
realizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória - ES, durante
os períodos de maré alta e maré baixa.
Também foram registradas diferenças significativas (p=0,001) entre os números de
coliformes termotolerantes e totais das campanhas de campo. Fato que está
relacionado aos valores de coliformes registrados em julho/04 (Figura 29). Com
relação às amostras de superfície e fundo, estas apresentaram diferenças
Resultados 81
significativas (p=0,025) para números de coliformes totais, não ocorrendo o
mesmo com os coliformes termotolerantes (Tabela 14).
Mesmo tendo sido registrado um elevado número de bactérias termotolerentes em
ambas as estações amostrais (“controle” e “impactada”), foi contatada diferenças
significativas no números de coliformes termotolerantes (p=0,012) e coliformes
totais (p=0,039) entre as estações. Na estação amostral “impactada” foram
registrados os maiores números de bactérias (Figura 30).
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Colif. Termotolerantes (NMP)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup Impactado - Fundo
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Canal de Manguezal Canal Principal
Estação de Amostragem
Coliformes Totais (NMP)
Controle - Sup Controle - Fundo
Impactado - Sup Impactado - Fundo
Figura 30 - Variação do número mais que provável de coliformes termotolerantes (média + e) e
totais (média + e) entre as áreas de amostragem, localizadas na área interna do estuário da Baía de
Vitória ES.
Os resultados mostram nitidamente a influencia do descarte inadequado dos
efluentes sanitários na área de estudo, pelo fato de que foram observados valores
elevadíssimos de coliformes termotolerantes e totais em todas as estações de
amostragem. Mesmo não ocorrendo descartes pontuais de efluentes sanitários
diretamente na área “controle”, esta é influenciada pelo lançamento de efluentes
em outros locais do estuário.
Resultados 82
5.3. Situação da qualidade de água registrada nas estações de
monitoramento
Por meio das análises paramétricas de variância tornou-se possível verificar quais
parâmetros de qualidade de água mensurados apresentaram diferenças
significativas entre as estações de amostragem (Tabela 15).
Tabela 15 Parâmetros de qualidade de água que apresentaram diferenças significativas
(p<0,05) entre as estações “controle” e “impactada” localizadas na área interna da Baía de
Vitória ES.
PARÂMETROS DE QUALIDADE DE ÁGUA SIGNIFICÂNCIA
Fosfóro Total 0,001
N-NH3 0,001
DBO 0,003
pH 0,044
Coliformes Termotolerantes 0,012
Coliformes Totais 0,039
Temperatura NS
Nitrito NS
Nitrato NS
STD NS
SS NS
Turbidez NS
Cloreto NS
NS - Não significativa
Com base nos dados obtidos pode-se constatar que a área denominada como
“impactada” apresentou concentração de fósforo total, amônia, DBO e número de
coliformes termotolerantes e totais mais elevados, quando comparado como os
valores registrados na estação “controle”. Cabe ainda ressaltar que os menores
valores de pH foram mensurados na área “impactada”. Um dos fatores que podem
contribuir na redução do valor de pH está associada a liberação do gases H
2
S
proveniente de processos de decomposição anearóbica.
Resultados 83
Estes resultados evidenciam a influencia do descarte de esgoto sanitário na área
“impactada”, já que estes efluentes apresentam em sua composição altos números
de bactérias termotolerantes, oriundas das fezes humanas, além de elevadas
concentrações de matéria orgânica (rica em compostos fosfatados e
nitrogenados), a qual contribui significativamente no aumento do consumo do
oxigênio utilizado nos processos decomposição.
Com relação aos aspectos legais, segundo o Art. 22º da Resolução
CONAMA 357/05, pode-se constatar que na área “impactada” as concentrações
de fósforo total, amônia, oxigênio (amostra de fundo) apresentaram concentrações
acima dos limites estabelecidos pela Resolução. Enquanto na estação “controle”
somente as concentrações de oxigênio dissolvido (amostras de fundo)
permaneceram acima do limite preconizado para água salobra classe 2.
5.4. Determinação das áreas “controle” e “impactada” do estudo
Por meio das ANOVAs foi possível verificar o nível de significância entre as
diferenças existentes nas concentrações dos parâmetros de qualidade de água
analisado nas estações de amostragem. Contudo, estas diferenças não são
suficientes para determinar as áreas “controle” e “impactada”. Desta maneira
tornou-se necessário a utilização da análise de regressão logarítmica, no intuito de
verificar quais dos parâmetros monitorados poderiam ser utilizados como variáveis
chave na determinação destas áreas. O modelo gerado pela regressão
logarítmica que apresentou maior percentual de acerto entre as amostras
observadas e previstas nas áreas “controle” e “impactada” (Tabela 16).
Resultados 84
Tabela 16 Modelo gerado através da análise de regressão logística sobre os parâmetros de
qualidade de água monitorados durante o estudo nas duas estações de amostragem.
Conforme observado na Tabela 16, o parâmetro N-NH
3
foi o que gerou o melhor
modelo na identificação das estações “controle” e “impactada” na área onde foi
realizado o experimento. No geral, o modelo gerado apresentou 73,44% de
chance em identificar estações “controle” e “impactadas”, utilizando apenas a
variável amônia. Também pode ser constado que o modelo gerado apresentou-se
mais eficiente em identificar áreas “controle” com 84,38% de confiabilidade, ou
seja, em 32 amostragens realizadas na estação “controle” o modelo reconheceu
27 como “controle” e 5 como “impactada”. Para reconhecimento de áreas
“impactadas”, este apresentou-se menos eficiente, com apenas 62,50% de
confiabilidade.
O fato do modelo ter apresentado maior confiabilidade em identificar área
“controle”, deve-se provavelmente à menor oscilação da N-NH
3
nesta área, já que
K quadrado
grau de liberdade
Modelo 18,077 1 ,0000
Bloco 18,077 1 ,0000
Etapa 18,077 1 ,0000
A tabela de classificação para a Estação de Monitoramento, o valor do
corte é 0,50.
Previsto
Impactado Controle Percentual de Acerto
I I C
Observado +---------+---------+
Impactado I I 20 I 12 I 62,50%
+---------+---------+
Controle C I 5 I 27 I 84,38%
+---------+---------+
Geral 73,44%
---------------------- Variáveis da Equação ---------------------
Viriável B S.E. Wald Grau de Liberdade Significância
N-NH3 -5,4098 1,7349 9,7230 1 0,0018
Constant 1,9795 ,6377 9,6355 1 0,0019
Resultados 85
a área considerada “impactada” apresentou a maior variação deste parâmetro,
devido ao fato de ser local de descarte direto de efluentes sanitários, os quais
apresentam concentrações elevadas de compostos nitrogenados, como é o caso
da amônia.
Dentre os compostos nitrogenados (N-NO
2
e N-NO
3
) monitorados no experimento,
a amônia foi o composto que melhor identificou as áreas, provavelmente por estar
relacionado com os processos de decomposição do nitrogênio orgânico. Em
média, os valores de N-NH
3
mantiveram-se mais elevados do que os de N-NO
2
e
N-NO
3
durante todas as campanhas de campo realizadas (Figura 31).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
mar/04 mai/04 jul/04 set/04
Mês
N-NH3 N-NO2 N-NO3
Figura 31 Variação da concentração de N-NH3, N-NO2 e N-NO3
nas campanhas de campo realizadas na Região da Área Interna do
Estuário da Baía de Vitória ES.
Devido à influencia da maré em áreas estuarinas, a estação de amostragem que
recebe lançamento contínuo de efluentes sanitários apresentou grande variação
na concentração deste parâmetro, em função da diluição dos constituintes durante
períodos de maré alta (Figura 32). Desta maneira pode-se inferir que um dos
fatores que levaram o modelo ter apresentado maior confiabilidade em identificar
área “controle”, deve-se provavelmente à menor oscilação de N-NH
3
nesta área, já
que nesta região não foram detectados lançamentos pontuais de efluentes
sanitários os quais contribui significativamente para o aumento deste composto
nos corpos d’água.
Resultados 86
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Estação Controle Estação Impactada
Estações de Amostragem
N-NH3 (mg/L)
N-NH3 - Maré Alta N-NH3 - Maré Baixa
Figura 32 Variação da concentração de N-NH3 registrada
nas estações de amostragem, nos períodos de maré alta e
baixa na Região da Área Interna do Estuário da Baía de
Vitória ES.
5.5. Estrutura da comunidade de peixes
5.5.1. Composição
Durante as campanhas realizadas nas áreas de amostragem do estudo foram
capturados 779 exemplares, sendo estes representados por 26 taxa. Porém,
devido a problemas operacionais com a arte de pesca utilizada no experimento,
não foi possível à realização da amostragem prevista para março/2004 durante o
período de maré baixa. No intuito de manter a padronização preconizada na
metodologia do estudo, optou-se pela utilização os dados das campanhas
realizadas em maio, julho e setembro/2004 como base de dados para descrição da
a estrutura da comunidade de peixes, bem como da sua variação em função de
variáveis fixas, tais como estação de monitoramento e período da maré. Desta
maneira, dos 779 indivíduos coletados inicialmente restaram apenas 426, os quais
perfizeram um total 25 taxa (Tabela 18). A espécie que apresentou o maior
número de exemplares, Sphoeroides testudineus, representou aproximadamente
16 % do total dos indivíduos coletados.
Resultados 87
Os taxa Anchoviella lepidentostole, Diapterus auratus, Eucinostomus gula, Achirus
lineatus e Lutjanus jocu representaram 13,15%, 11,3%, 8,4%, 8,2% e 6,5%
respectivamente, enquanto as demais espécies contribuíram com menos de 5%,
cada uma, sobre o total de peixes capturados (Figura 33).
E. gula
8,45%
Outros
36,15%
A. lineatus
8,22%
L. jocu
6,57%
A. lepidentostole
13,15%
S. testudineus
16,20%
D. auratus
11,27%
Figura 33 Percentual de importância numérica das
espécies mais abundantes registradas no estudorealizado
no interior da Baía de Vitória ES.
São apresentados na Tabela 17, registros fotográficos (Fonte- www.fishbase.org)
e informações gerais (FIGUEIREDO & MENEZES (1980, 1999, 2000), MENEZES
& FIGUEIREDO (1980, 1985), sobre a biologia das espécies registradas no
experimento.
Resultados 88
Tabela 17 - Registros fotográficos e informações gerais sobre a biologia das espécies registradas
durante o exepeimento realizado na área interna da Baía de Viória ES, nos meses de março,
maio, junho e setembro 2003).
Achirus lineatus (Linnaeus, 1758)
Nome vulgar- Linguado
Foto- Martins, L.A
Corpo o
valado, escuro, salpicado por numerosas
manchas negras arredondadas de tamanho
variados, as maiores situadas nas nadadeiras
dorsal, anal e caudal, cerca de 10 linhas escuras
irregulares estendem-
se transversalmente desde o
focinho até a base da nadadeira c
audal. O maior
exemplar da coleção mede 17,5 cm. Muito comum
em todo o litoral brasileiro. Vive em áreas
estuarinas, mas também ocorre com freqüência no
ambiente marinho, tendo sido coletado até cerca
de 20 m de profundidade no litoral sudeste.
Estende-se da Flórida ao norte da Argentina.
Achirus declivis (Chabanaud, 1940)
Nome vulgar- Linguado
Foto- Martins, L.A
Corpo ovalado. Olho comparativamente pequeno,
aproximadamente igual ao espaço interorbital,
contido 2,5-
3,0 vezes no comprimento do focinho e
8-
10 vezes no comprimento da cabeça. Coloração
geral marrom a marrom escura que se estende às
nadadeiras dorsal e anal; cerca de 12 linhas
escuras dispostas transversalmente desde o
focinho até a base da nadadeira caudal; sem
manchas negras arredondadas di
stintas no corpo.
O maior exemplar examinado mede 17,5 cm de
comprimento. É encontrada mais comumente em
regiões estuarinas. Distribui-se da Flórida
(EE. UU.) até Santa Catarina.
Genidens genidens (Cuvier, 1829)
Nome vulgar- Bagre - urutu
Foto- FAO
Dif
ere de todos os outros bagres por possuir os
dentes palatinos situados em duas protuerâncias
carnosas, uma de cada lado do palato. Estes
dentes são pouco desenvolvidos e aciculares,
reunidos em pequenos grupos de projeções
carnosas/ Corpo superiormente escuro, tornando-
se mais claro nos lados e na região ventral.
Nadadeiras enegrecidas. Em um dos bagres mais
comuns do litoral brasileiro, aparecendo em
grande número nos estuários e lagoas costeiras. O
maior exemplar da coleção mede 35 cm de
comprimento.
Resultados 89
ESPÉCIE INFORMAÇÕES GERAIS
Centropomus parallelus (Poey, 1860)
Nome vulgar- Robalo
Foto- Krumme, V
Corpo mais alongado, menos escuro na parte
dorsal e linha lateral menos pigmentada que em
C.
undecimalis
. Extremamente da nadadeira pélvica
geralmente atin
gindo e mesmo ultrapassando a
origem do ânus. Nadadeiras dorsais, caudal e
parte anterior da anal enegrecidas; peitorais e
pélvicas claras, com vestígios de pigmentação
escura. De porte menor que C. undecimalis
, os
maiores exemplares alcançam 60 cm de
comp
rimento, tamanho do maior exemplar
examinado. Ocorre da Flórida ao sul do Brasil.
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758)
Nome vulgar- Tilápia
Foto- www. wordfish.center
O grupo das tilápias representa um conjunto de
espécies exóticas, abundantes e melho
r
adaptadas aos corpos de água no País. São
originárias da África e pertencem à grande família
dos ciclídeos, como os acarás, tucunarés e
joaninhas. Da mesma forma que o acará, as
tilápias apresentam os primeiros raios das
nadadeiras dorsal, pélvicas e ana
l transformados
em espinhos defensivos, os quais os pescadores
devem prestar especial atenção. Sua alimentação
é extremamente diversificada, e
consequentemente, seu impacto deve ser muito
alto nas comunidades de peixes nativos, embora
ainda não existam est
udos a esse respeito. Devido
à sua grande adaptabilidade, têm alto potencial de
colonização de novos ambientes, e medidas
preventivas para sua propagação devem ser
consideradas como con
dicionantes para sua
produção.
Symphurus tesselatus (Quoy & Gaimard, 1824)
Nome vulgar- Linguado
Foto- Figueredo, J.L
Exemplares apresentam faixas transversais
escuras do tronco (5-
9) são mais largas e bem
evidentes e, na margem posterior inferior do
opérculo, aparece um mancha negra nítida,
ausente em S. Plasusia. O maior
exemplar mede
20,5 cm. Ocorre em águas estuarinas, baías e
enseadas, tendo sido encontrada no sudeste do
Brasil em até 32m de profundidade. No sul parece
ocorrer apenas em profundidade inferior a 10 m.
Distribui-se do Caribe até o Uruguai.
Ciclichthys spinosus (Linnaeus, 1758)
Nome vulgar- Baíacu Espinho
Parte superior do corpo acinzentada quase
uniforme, às vezes com máculas claras que
entretanto estas manchas claras situam-
se
d
orsalmente entre os espinhos, mas na parte
ventral são mais conspícuas, circundam a base
dos espinhos e contrastam com o colorido geral
mais escuro dessa região; três manchas negras na
parte dorso-
lateral do corpo, mais ou menos
circundadas por halos claro
s às vezes bem
evidentes. O maior exemplar examinado mede
25cm de comprimento. Ë encontrado desde águas
estuarinas até 190 m de profundidade, sendo
comum na costa sudeste brasileira.
Resultados 90
ESPÉCIE INFORMAÇÕES GERAIS
Anchoviella lepidentostole (Fowler,1911)
Nome Vulgar- Majunbinha
Foto- Krumme, V
Faixa lateral prateada no corpo muito nítida e
larga. O maior exemplar examinado mede 13 cm
de comprimento. É capturada em grandes
quantidades durante os meses quentes, na região
do rio Ribeira de Iguape, no Estado
de São Paulo.
Atualmente é a única espécie da família de
importância comercial no sudeste do brasileiro.
Ocorre das Guianas ao Estado do Paraná.
Anchovia clupeoides (Swainson, 1839)
Nome vulgar- Majunbinha
Foto- Krumme, V
Difere de Cetengraulis edentulus
pela posição
mais anterior da nadadeira anal, originada sob a
metade da base da nadadeira dorsal. Nadadeira
anal mais longa, com 30-
35 raios. O maxilar deixa
de atingir a borda do opérculo por uma distância
igual ao diâmetro da pupila. Rastros longos e
númerosos. Jovens com faixa lateral prateada no
corpo, expandindo-
se para baixo durante o
crescimento. Atinge 21 cm de comprimento.
Prefere águas salobras. Ocorre no Caribe e do
Paraná ao Estado de São Paulo, onde parece ser
rara.
Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782)
Nome vulgar- Parú Branco
Ocorre em águas costeiras, às vezes em pequena
profundidade. Costumam formar cardumes de
muitos indivíduos em regiões de pedras e recifes
de coral. Juvenis em fase de coloração negra são
encontradas em águas rasa
s do mangue e áreas
estuarinas com postura inclinada ou mesmo
horizontal, lembrando pequenas folhas e outras
partes vegetais. Alimenta-
se de uma grande
variedade de invertebrados marinhos. Atinge até
90 cm. No Atlântico ocidental distribui-
se da Nova
Inglaterra ao sul do brasil (Rio Grande do Sul).
Diapterus auratus (Ranzani, 1842)
Nome vulgar-
Foto- Duarte, L.O
Prateado escuro superiormente, maisclaro
inferiormente. Nadadeiras peitorais claras, dorsal
anterior com a margem superior enegrecida,
demais
nadadeiras com pigmentação escura
esparsa. Jovens com traços escuros aos lados do
corpo. Muito comum em estuáriuos e mesmo rio
acima. A desova parece ocorrer nas partes mais
fundas das áreas de distribuição da espécie e os
jovens se desenvolvem em água ras
as, junto a
praias e canais de mangue. Alimentam-
se de
algas e pequenos invertebrados. Cresce até cerca
de 35 cm. O exemplar de maior tamanho da
coleção mede 19,7 cm.
Resultados 91
ESPÉCIE INFORMAÇÕES GERAIS
Diapterus rhombeus (Cuvier, 1828)
Nome vulgar- Carapeba
Foto- Duarte, L.O
Prateado escuro superiormente, mais claro
inferiormente. Nadadeiras peitorais claras, dorsal
anterior com a margem superior enegrecida,
demais nadadeiras com pigmentação escura
esparsa. Jovens com traços escuros aos lados do
corpo. Muito
comum em estuários e mesmo rio
acima. A desova parece ocorrer nas partes mais
fundas das áreas de distribuição da espécie e os
jovens se desenvolvem em água rasas, junto a
praias e canais de mangue. Alimentam-
se de
algas e pequenos invertebrados. Cresce a
té cerca
de 35 cm. O exemplar de maior tamanho da
coleção mede 19,7 cm.
Eucinostomus gula ((Quoy & Gaimard, 1824)
Nome vulgar- Carapicu
Foto- Duarte, L.O
Corpo relativamente mais alto do que nas demais
espécies do gênero. Nadadeiras impares mais ou
me
nos escuras, pélvicas e peitorais claras. Jovens
com manchas e faixas diagonais escuras nos
lados do corpo. Comuns em águas estuarinas, os
adultos são encontrados mais frequentemente em
água salgada de pouca profundidade, nas praias
arenosas. O alimento co
nsiste principalmente de
pequenos crustáceos, moluscos e algas. Atinge
25 cm. O maior exemplar examinado mede
23,8 cm. Ocorre da Nova Inglaterra até a
Argentina.
Eucinostomus argenteus (Baird & Girard, 1855)
Nome vulgar- Carapicu
Foto- Duarte, L.O
Nad
adeiras peitorais, pélvicas e peitorais claras,
com alguma pigmentação escura; caudal e dorsal
mais escuras, a segunda com a extremidade
superior da parte espinhosa enegrecida. Jovens
com manchas e barras diagonais difusas na parte
superior do corpo. Alimenta-se de pequenos
invertebrados
e algas e alcança cerca de 30 cm. O
maior exemplar encontrado na coleção mede 28
cm. É a espécie de Eucinostomus
mais comum do
litoral brasileiro, aparecendo em grande número
em águas raras de praias arenosas e lagoas
coste
iras de água salobra. Freqüente em arrastos
de praia. Encontrada no Pacifico leste e no
Atlântico. No Atlântico ocidental, estende-
se de
New Jersy ao sul do Brasil
Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863)
Nome vulgar- Carapicu
Foto- Freitas, R
Parte su
perior do corpo mais escura. Nadadeiras
pélvicas claras, as demais com pigmentos escuros
esparsos. Exemplares jovens com manchas e
estrias escuras verticais difusas nos lados do
corpo, que desaparecem com o crescimento.
Relativamente comum no litoral brasi
leiro, sendo
frequentemente encontrada junto com
E. Argenteus
, porém menos abundante. O maior
exemplar examinado mede 22,2 cm. Ocorre da
Lousiana, Estados Unidos, ao sul do Brasil
(Rio Grande do Sul).
Resultados 92
ESPÉCIE INFORMAÇÕES GERAIS
Lutjanus analis (Cuvier, 1828)
Nome vulgar- Vermelho
Foto- Baumneir, E.
Corpo prateado, mais escuro superiormente, com
tonalidades avermelhadas inferiormente. Uma
estria azulada irregular (escura em álcool) da parte
média do maxilar até a margem inferior do olho.
Uma mancha a
rredondada acima da linha lateral,
abaixo dos primeiros raios da dorsal. Nadadeiras
avermelhadas, principalmente as pélvicas, anal e
lobo inferior da caudal.
Alimentação consiste
principalmente de crustáceos, moluscos e peixes.
Alcançam até cerca de 80 cm.
O maior exemplar
da coleção mede 35 cm.
Ocorre deste
Massachusetts até o sudeste do Brasil.
Lutjanus jocu (Bloch & Schneider, 1801)
Nome vulgar- Vermelho
Foto- Krumme, V
Curvatura superior do corpo mais acentuado que a
inferior. Focinho cônico e pontu
do. Uma faixa clara
aproximadamente triangular, abaixo do olho.
Corpo marrom escuro superiormente e
avermelhado, inferiormente. Os exemplares
pequenos são freqüentemente encontrados em
águas rasas de baias, lagoas estuarinas e fundos
rochosos e coralinos da zon entre
maré. Os
maiores ocorrem em águas de maior
profundidade. Atinge cerca de 70 cm de
comprimento. Alimenta-
se principalmente de
peixes e invertebrados de fundo. Distribui-
se da
Nova Inglaterra (Canadá) ao sudeste do Brasil.
Mugil liza (Valenciennes, 1836)
Nome vulgar- Tainha
Foto- Fonseca, R.F
O corpo é escuro superiormente, prateado nos
lados e inferiormente e percorrido por estrias
longitudinais escuras aproximadamente paralelas,
que passam pelo centro das escamas. As
nadadeiras pélvicas são pálidas ou fracamente
amareladas e as demais possuem pigmentação
escura, principalmente a segunda dorsal e a
caudal. A base da nadadeira peitoral possui uma
mancha negra, mais intensamente pigmentada no
lado interno des
ta nadadeira.Alcança até 1 m de
comprimento e 7 a 8 kg de peso. Ocorre no
Atlântico ocidental, das Bermudas no Rio de
Janeiro e esporadicamente mais ao sul.
Stellifer rastrifer (Jordan, 1889)
Nome vulgar- Curvina
Foto- Krumme, V
Corpo amarelo-acinzenta
do, mais escuro na parte
dorsal; nadadeira dorsal anterior com o terço
superior escuro, demais nadadeiras claras a
amareladas, com as partes terminais escuras.
Encontrada em águas litorâneas, sobre fundos de
areia ou lama, principalmente em regiões
estuari
nas, onde é abundante. O alimento consiste
principalmente de crustáceos diversos. É
abundante nos arrastos da pesca comercial, mas
tem pouco valor no mercado. Ocorre da Colômbia
ao sul do Brasil.
Resultados 93
ESPÉCIE INFORMAÇÕES GERAIS
Archosargus probatocephalus (Walbaum, 1792)
Nome vulgar- Sargento
Foto- Flescher, D
Corpo prateado, com 6 a 7 faixas verticais
escuras conspícuas, a primeira anterior a origem
da nadadeira dorsal, a última sobre
o pedúnculo
caudal e as intermediárias sob a nadadeira dorsal.
Vive em ág
uas litorâneas de pouca profundidade e
penetra em áreas estuarinas, onde exemplares
jovens são freqüentemente encontrados. Alcança
cerca de 75 cm. O maior exemplar examinado
mede 41 cm. Alimenta-
se principalmente de
moluscos e crustáceos.
Paralichthys brasiliensis (Ranzani, 1840)
Nome vulgar- Linguado
Foto- Figueredo, J.L
Nadadeiras com manchas escuras arredondadas ,
pouco evidentes, as das bases das nadadeiras
dorsal e anal maiores que as demais; nadadeira
peitoral com faixas escuras transversais curvas. O
maior exemplar que examinamos mede cerca de
30 cm de comprimento. Os poucos indivíduos da
coleção provém de águas rasas de baías e
estuários. A espécie é conhecida até o momento
desde São Luiz do Maranhão, MA, até a Baía de
Ilha Grande, RJ.
Citharichthys arenaceus (Everman &
Marsh,1902)
Nome vulgar- Linguado
Foto- Afscus, N.A
Nadadeira dorsal iniciando-
se mais próximo do
orifício nasal anterior que do posterior.
Extremidade posterior do maxilar localizada
aproximadamente sob a pupila de olho inferio
r.
Perfil superior da cabeça convexo, com um
entalhe pronunciado em frente ao olho superior.
Nadadeiras com pequenas manchas marrons
espalhadas; manchas maiores das nadadeiras
dorsal e anal regularmente espaçada. Alcança
pelo menos 15 cm de comprimento. Vi
ve em
águas rasas. Distribui-
se das Antilhas e Colômbia
até a costa do Estado do Paraná.
Pomadasys crocro (Cuvier, 1828)
Nome vulgar- Corcoroca
Foto- Krumme, V
Corpo escuro apenas um pouco mais claro
ventralmente. Estrias longitudinais escuras
indistin
tas nos lados do corpo, a da parte média
um pouco mais evidente. Aparece em águas
costeiras, mais comumente perto da
desembocadura de rios. É encontrada também em
lagoas estuarinas e mesmo em água doce.
Alimenta-
se de pequenos crustáceos e pequenos
peixes.
Cresce até aproximadamente 30 cm, mas
o maior exemplar examinado mediu 21,5 cm. Não
tem valor comercial. Ocorre da Florida, Estados
Unidos, ao sudeste do Brasil.
Resultados 94
5.5.1.1 Distribuição quantitativa das espécies
Dentre os 25 taxa registrados durante o experimento, 13 foram comuns em ambas
as estações de amostragem. Foram contabilizados 199 exemplares na estação
controle, representados por 20 taxa, enquanto na estação “impactada” o número
de exemplares quantificados foi igual a 277, perfazendo um total de
18 taxa (Tabela 18).
ESPÉCIE INFORMAÇÕES GERAIS
Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758)
Nome vulgar- Baíacu
Foto- Gasparini, J.L
São características
diagnosticadas desta espécie;
lateralmente aparecem manchas negras
arredondadas de tamanhos variados e geralmente
existe uma ou duas estrias brancas transversais
na região interorbital, nadadeira caudal escura
dis
talmente, clara anteriormente, com uma estria
escura indistinta na parte basal; demais
nadadeiras claras.
Alcança um comprimento
máximo de aproximadamente 25 cm. Vive em
baías e estuários, chegando a penetrar em água
doce e é, talvez, a espécie de Baíacu m
ais comum
do litoral brasileiro.Distribui-
se de Nova Jersey até
o Estado de Santa Catarina.
Prionotus punctatus (Bloch, 1793)
Nome- Cabrinha
Foto- Martins, I.A
Corpo castanho claro na parte dorsal, tornando-
se claro inferiormente; manchas escuras
arr
edondadas presentes principalmente nas partes
dorsal e lateral superior do corpo; Muito comum
em todo litoral brasileiro, encontrada em fundos de
areia, lama e também em poças de maré e perto
de áreas estuarinas. Alimenta-
se de crustáceos
em geral e pequen
os peixes. O maior exemplar
com 33 cm de comprimento.
Ocorre no Atlântico
ocidental, da América Central (Belize) à Argentina.
Nas costas do Brasil foi coletada desde Recife, PE
até o Rio Grande do Sul.
Resultados 95
Tabela 18 - Inventário dos taxa identificados e os respectivos números de exemplares capturados
nas estações de amostragem localizadas na área interna do estuário da Baía de Vitória ES.
Família Espécie
Estação
Controle
Estação
Impactada
ACHIIRIDAE Achirus lineatus (Linnaeus, 1758)
3 32
Achirus declivis (Chabanaud, 1940)
1 2
ARIDAE Genidens genidens (Cuvier, 1829)
1 4
CENTROPOMIDAE Centropomus parallelus (Poey, 1860)
2 1
CICLIDAE Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758)
1
CINOGLOSSIDAE Symphurus tesselatus (Quoy & Gaimard, 1824)
1 19
DIODONTIDAE Ciclichthys spinosus (Linnaeus, 1758)
4 16
ENGRAULIDAE Anchoviella lepidentostole (Fowler,1911)
56
Anchovia clupeoides (Swainson, 1839)
7
EPHIPIEDAE Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782)
1
GERREIDAE Diapterus auratus (Ranzani, 1842)
31 17
Diapterus rhombeus (Cuvier, 1828)
8 1
Eucinostomus gula ((Quoy & Gaimard, 1824)
31 5
Eucinostomus argenteus (Baird & Girard, 1855)
19
Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863)
15 2
LUTJANIDAE Lutjanus analis (Cuvier, 1828)
6
Lutjanus jocu (Bloch & Schneider, 1801)
25 3
MUGILIDAE Mugil liza (Valenciennes, 1836)
3
SCIAENIDAE Stellifer rastrifer (Jordan, 1889)
6 6
SPARIDAE Archosargus probatocephalus (Walbaum, 1792)
16
PARALICHTHYIDAE Paralichthys brasiliensis (Ranzani, 1840)
1
Citharichthys arenaceus (Everman &
Marsh,1902)
3
POMADASYIDAE Pomadasys crocro (Cuvier, 1828)
5
TETRAODONTIDAE Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758)
18 51
TRIGLIDAE Prionotus punctatus (Bloch, 1793)
3
Total de Táxon 20 18
Total de Exemplares 199 227
Resultados 96
Com relação aos taxa registrados, na estação “controle” sete espécies
contribuíram com aproximadamente 78% do número de exemplares capturados
nesta área, sendo D. auratus e E. gula os taxa com maior representatividade
(ambas com 15,58%), seguida por L. jocu (12,56%) E. argenteus (9,55%), S.
testudineus (9,05%), A. probatocephalus (8,04%) e E. melanopterus (7,54%).
Entre as espécies registradas na estação “impactada” A. lepidentostole apresentou
a maior abundância numérica (24,7%), seguida de S. testudineus (22,5%), A.
lineatus (14,10%), S. tesselatus (8,4%).D. auratus (7,5%) e C. spinosus (7,0%), as
quais juntas, representaram 82,% do total de exemplares capturados. As espécies
com maior representatividade numérica, não foram as mesma nas duas estações
de amostragem. Apenas D. auratus e S. testudineus foram abundantes em ambas
as estações de coleta. Entretanto é importante ressaltar que D. auratus foi mais
abundante na estação “controle” e S. testudineus na estação “impactada”
(Figura 34).
Figura 34 Percentual de abundância das espécies mais abundantes capturados nas estações
“controle” e “impactada” do estudo realizado em no interior da Baía de Vitória ES.
Ao verificar a variação do número de exemplares nas estações monitoradas
durante as campanhas realizadas, pode-se observar que estação “impactada”
apresentou o maior número medido de exemplares capturados em todas as
campanhas, quando comparada com a estação “controle”, porém esta diferença
não foi significativa. Contudo na análise do total de indivíduos coletados por
campanha, constatou-se diferenças significativas (p=0,038)
(Figura 35).
E. gula
15,58%
L. jocu
12,56%
Outros
22,11%
D. auratus
15,58%
A.
probatocephal
us
8,04%
S. testudineus
9,05%
E. melanopterus
7,54%
E. argenteus
9,55%
S.
testudineus
22,47%
A. lineatus
14,10%
Outros
15,86%
Controle
Impactado
Resultados 97
0
10
20
30
40
50
60
70
mai/04 jul/04 set/04
Mês
Nº de Exemplares
Controle Impactado
Figura 35 Variação do número de exemplares capturados
(média + e) nas estações de amostragem durante as
campanhas realizadas no experimento.
A variação do número de espécies não seguiu o mesmo padrão do número de
exemplares capturados nas campanhas. Com exceção da campanha realizada em
julho/2004, em todas as campanhas o número de taxa foi maior nas amostras
coletas na estação “controle” (Figura 36), entretanto as diferenças não foram
significativas. Também não mostraram significativas as diferenças entre o número
de espécies capturadas nas campanhas.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mai/04 jul/04 set/04
Mês
Nº de Espécies
Controle Impactado
Figura 36 Variação do número de taxa registrados
(média + e) nas estações de amostragem durante as
campanhas realizadas no estudo.
Resultados 98
Com relação à variação do número de indivíduos em função do período da maré,
notou-se que a estação “controle” apresentou maior número de indivíduos durante
a maré alta, enquanto a estação “impactada” durante a maré baixa (Figura 37), no
entanto, estes resultados não significativamente diferentes. Com relação ao
numero de espécies, este foi maior durante o período de maré alta em ambas
estações (Figura 38). Com base nestes resultados pode-se inferir que nas áreas
estudas o aumento do nível da maré influenciou positivamente no número de
espécies.
0
10
20
30
40
50
60
70
Baixa Alta
Mês
Nº de Exemplares
Controle Impactado
Figura 37 Variação do número de exemplares (média + e) em
função do período da maré e das campanhas realizadas no interior da
Baía de Vitória ES.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Baixa Alta
Mês
Nº de Espécies
Controle Impactado
Figura 38 Variação do número de espécies (média + e) em função
do período da maré e das campanhas realizadas no interior da Baía
de Vitória ES.
Resultados 99
5.5.1.2 Biomassa
A biomassa quantificada nesse estudo foi equivalente a 17.324,75g. O taxa que
apresentou maior contribuição para a biomassa foi M. liza com aproximadamente
(29,5%), seguido por S. testudineus (19,0%), L. jocu (11,5%), D. auratus (6,3%), C.
spinosus (5,1%) e A. probatocephalus (5%). As demais espécies contribuíram
cada com menos de 5% sobre o valor da biomassa acumulada durante o
estudo(Figura 39).
S. testudineus
19,07%
L. jocu
11,55%
M. liza
29,48%
D. auratus
6,28%
Outros
23,40%
C. spinosus
5,12%
A.
probatocephalus
5,10%
Figura 39 Percentual abundância em peso dos taxa
capturados no estudo realizado no interior da Baía de
Vitória ES.
Com base na biomassa das espécies, a análise de cluster mostra que as espécies
com maior contribuição em peso, formaram grupos isolados (Figura 40). M. liza foi
a espécie que apresentou a maior distância euclidiana, seguido de S. testudineus e
L. jocu, resultado que está relacionado com os valores de biomassa de cada
espécie.
Resultados 100
Figura 40 Dendograma com base nos valores de biomassa das espécies
Os taxa capturados nas estações de amostragem apresentaram contribuíram com
o percentuais para a biomassa de cada uma das áreas. Como observado na
Figura 41, M. liza foi a espécie que mais contribui com peso para biomassa na
estação “controle”, enquanto que na estação “impactada”.S. testudineus foi a
espécie mais contribuiu.
UPGMA
Euclidean
Eucinostomus melanopterus
Citharichthys arenaceus
Symphurus tesselatus
Anchoviella lepidentostole
Chaetodipterus faber
apterus auratus
Centropomus paralellus
Eucinostomus gula
Genidens genidens
Eucinostomus argenteus
Paralichthys brasiliensis
Stellifer rastrifer
Pomadasys crocro
Prionotus punctatus
Lutjanus analis
Cyclichthys spinosus
Diapterus auratus
Archossargus probatocephalus
Oreochromis niloticus
Lutjanus jocu
Sphoeroides testudineus
Mugil liza
6000 5000 4000 3000 2000 1000 0
Diapterus auratus
Resultados 101
Figura 41 Percentual de contribuição em peso dos taxa capturados nas estações “controle” e
“impactada” do estudo realizado no interior da Baía de Vitória ES.
Das 17.324,75g de peixe capturadas durante o estudo, 12.810,5g foram
capturados na estação “controle”, sendo o restante da estação “impactada”. Desta
forma pode-se afirmar que a estação “controle” apresentou exemplares com maior
porte, já que mesmo apresentando o maior número de indivíduos, a estação
“impactada” não foi a principal responsável pela biomassa coletada no estudo.
Este resultado também foi observado entre as campanhas realizadas
(Figura 42), porém mesmo sendo constatadas variações entre os valores de
biomassa, não foram constadas diferenças significativas entre as estações de
monitoramento e as campanhas de campo.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
mai/04 jul/04 set/04
Mês
Biomassa (g)
Controle
Impactado
Figura 42 Variação da biomassa (média + e) coleta nas campanhas
de campo realizadas nas estações “controle” e “impactada” do estudo
realizado em no interior da Baía de Vitória ES.
L. jocu
12,17%
Outros
19,48%
M. liza
39,87%
C. spinosus
14,10%
Outros
14,87%
S.
testudineus
44,19%
Resultados 102
Com relação a variação da biomassa em função da maré, a estação “controle”
apresentou valores de biomassa mais elevados em comparação com os valores
encontrados na estação “impactada”, durante os períodos de maré alta e baixa.
Resultado que estaria associado à presença de exemplares de maior porte
durante este período da maré, o que contribui para o incremento da biomassa. Em
ambas as áreas de estudo, os maiores valores de biomassa ocorreram na maré
alta (Figura 43).
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Alta Baixa
Mês
Biomassa (g)
Controle Impactado
Figura 43 - Variação da biomassa (média + e) nos períodos de maré
nas estações “controle” e “impactada” do estudo realizado em no
interior da Baía de Vitória ES.
5.5.1.3. Classe de tamanho
No intuito de classificar os exemplares capturados por classe de tamanho foram
criadas três categorias- pequeno (< 50mm); médio (> 50mm e < 100 mm) e grande
(>100 mm). Com isso foi possível avaliar de forma sistêmica a variação dos
exemplares em função do tamanho.
Dos 426 exemplares capturados no presente estudo 21% foram classificados
como “pequeno”, 38% como “grande” e 41% como “médio”. Não foram observadas
diferenças significativas entre os números médios por classe de tamanho e área.
Entretanto, a classe de tamanho “média” foi maior nas duas estações de
amostragem, como pode ser observado na Figura 44.
Resultados 103
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
pequeno médio grande
Classe de Tamanho
Número de Exemplares
Controle Impactado
Figura 44 - Variação do número de indivíduos por classe de
tamanho (média + e) nas amostragens nas estações “controle” e
“impactada” do estudo realizado em no interior da Baía de
Vitória ES.
Constatou-se que o número de exemplares classificados como “pequeno” e
“médio” apresentaram aumento entre as campanhas realizadas, enquanto o
número de exemplares pertencentes à classe de tamanho “grande” apresentou
redução (Figura 45).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
mai/04 jul/04 set/04
Mês
Nº de Exemplares
Pequeno Média Grande
Figura 45 Abundância total por classe de tamanho durante as
campanhas de campo do estudo realizado em no interior da Baía de
Vitória ES.
Resultados 104
5.5.1.4 Índices ecológicos
O índice de Shannon em todas as campanhas apresentou se maior que o índice
de dominância, não tendo sido detectadas por meio dos testes estatísticos
empregados, diferenças significativas dos dois índices entre as estações de
amostragem e as campanhas realizadas (Figura 46 e 47). Através deste resultado
pode-se constatar que o número de exemplares capturados por espécie
apresentou-se bastante eqüitativo, não sendo evidenciado, assim, espécies
dominantes entre as amostras coletadas nas estações de amostragem. Também
pode ser evidenciado, que a diversidade na estação “controle” foi maior nos mês
de maio de 2004, enquanto na estação “impactada” o maior valor de diversidade
foi registrada no mês de setembro de 2004.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
mai/04 jul/04 set/04
Mês
Diversidade de Shannon
Controle Impactado
Figura 46 - Índice de Shannon (média + e) calculado para as
amostras das estações de amostragem “controle” e “impactada”
localizadas no interior da Baía de Vitória ES.
Resultados 105
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
mai/04 jul/04 set/04
Mês
Dominância de Simpson
Controle Impactado
Figura 47 - Índice de Dominância (Simpson) (média + e) calculado
para as amostras das estações de amostragem “controle” e
“impactada” localizadas no interior da Baía de Vitória ES.
O índice de equitabilidade apresentou pouca variação entre as campanhas e as
estações de amostragem “controle” e “impactada”. Este resultado confirma a
homogeneidade das amostras, já observada através dos índices de diversidade e
dominância (Figura 48).
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
mai/04 jul/04 set/04
Mês
Equitabilidade
Controle Impactado
Figura 48 - Índice de equitabilidade (média + e) calculado para as
amostras das estações de amostragem “controle” e “impactada”
localizadas no interior da Baía de Vitória ES.
Os valores do índice de diversidade calculados para amostras coletadas na
estação “controle” apresentaram-se maiores do que os valores registrados na
estação “impactada” nos períodos de maré alta e baixa, no entanto estes não
apresentaram diferenças significativas (Figura 49). Tal fato está relacionado com
Resultados 106
surgimento de maior número de espécies de peixes residentes em ecossistemas
costeiros adjacentes ao estuário, como as espécies marinhas que visitam essas
regiões em períodos que os valores de salinidade são favoráveis.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
Baixa Alta
Mês
Diversidade de Shannon
Controle Impactado
Figura 49 - Valores do índice de Shannon (média + e) calculado para
as amostras coletadas nos períodos de maré alta e baixa na área nas
estações de amostragem localizadas na área interno da Baía de
Vitória ES.
O índice de dominância calculado foi maior na área ’’ impactada’’ em comparação
com a área controle, enquanto a diversidade de Shannon apresentou-se mais
elevada na área “controle”. Este resultado confirma a influencia que dos valores de
dominância sobre a diversidade e vice-versa (Figura 50).
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
Baixa Alta
Mês
Dominância de Simpson
Controle Impactado
Figura 50 Valores do Índice de Dominância (média + e) calculada
para as amostras coletadas nos períodos de maré alta e baixa na
área nas estações de amostragem localizadas na área interna da
Baía de Vitória ES.
Resultados 107
O índice de equitabilidade demonstrou heterogeneidade entre as amostras
coletadas, sendo estas diferenças significativas (p=0,006) (Figura 51).
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
Baixa Alta
Período da Maré
Equitabilidade
Controle
Impactado
Figura 51 - Índice de equitabilidade (média + e) entre os períodos de
maré alta e baixa no interior da Baía de Vitória ES.
Na maré baixa o índice de equitabilidade apresentou-se menor na estação
“impactada”, o que demonstra maior desigualdade na distribuição de exemplares
por espécie capturada. Já na maré alta ocorreu o inverso, o equitabilidade
aumentou nas amostras coletadas na área “impactada” e reduziu na área “controle”
(Figura 51).
5.6. Correlação entre parâmetros de qualidade de água e a comunidade de
peixes
Na tentativa de avaliar a qualidade de água com base nos valores de abundância
e biomassa das espécies de peixes e aos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos mensurados nas estações de amostragem foi utilizada a análise
de agrupamento e análise de correspondência canônica. A análise de
agrupamento foi realizada sobre os valores de biomassa e abundância das
espécies registradas em cada estação. Já a análise de correspondência canônica
integrou os valores de abundância com as variáveis ambientais (parâmetros de
qualidade de água).
Resultados 108
5.6.1. Análise de agrupamento
De acordo com os testes estatísticos empregados a abundância das espécies
coletadas não apresentou diferenças significativas entre as estações amostrais
(Item 5.5.1.2). Este resultado foi corroborado pela análise de agrupamento
realizada sobre esses dados, já que foram formados apenas dois grupos
pertencentes à mesma estação de amostragem (3CA/1CB e 1CA/2CA), o que
confirma que o número de exemplares entre as estações apresentaram-se
bastante homogêneos (Figura 52).
Figura 52 - Dendograma das estações de amostragem com base nos
valores de abundância de espécies capturadas durante o experimento.
(1= primeira campanha, 2= segunda campanha, 3= terceira campanha,
C= estações controle, I= estações impactada, A= maré alta e B= maré
baixa).
Mesmo não apresentado diferenças significativas em relação à abundância, ao
analisarmos os taxa que contribuíram com mais de 5% de importância numérica foi
observado que as estações “controle” e “impactada” apresentaram comunidades
compostas por diferentes espécies, com exceção de S. testudineus e D. auratus
que ocorreram em ambas as estações. Também foi constatado que a estação
“controle” apresentou valores de abundância mais homogêneos entre as espécies,
quando comparado à distribuição observada na estação “impactada”
(Tabela 19 e 20).
UPGMA
Euclidean
3IA
2IB
2CB
2IA
1IA
1IB
2CA
1CA
3CB
1CB
3CA
3IB
48 40 32 24 16 8 0
Distância Euclidiana
Resultados 109
Tabela 19 Abundância total e percentual das espécies que contribuíram com mais de 5% do total
de exemplares capturados na estação “impactada”.
Estação Impactada
Espécies Número de Exemplares % Importância Numérica
A. lepidentostole 56 24,66
S. testudineus 51 22,46
A. lineatus 32 14,09
S. tesselatus 19 8,37
D. auratus 17 7,48
C. spinosus 16 7,04
Número de Exemplares 191
Número de Espécies 7
Shannon 0,7228
Dominância 0,2102
Tabela 20 Abundância total e percentual das espécies que contribuíram com mais de 5% do total
de exemplares capturados na estação “controle”.
Estação Controle
Espécies Número de Exemplares % Importância Numérica
D. auratus 31 15,58
E. gula 31 15,58
L. jocu 25 12,56
E. argenteus 19 9,55
S. testudineus 18 9,05
A. probatocephalus 16 8,04
E. melanopterus 15 7,54
Número Total de Exemplares 155
Número de Espécies 7
Shannon 0,82
Dominância 0,15
Conforme observado nas Tabelas 19 e 20 o índice de Shannon foi maior na estação
“controle”, este resultado esta associado a maior equitabildade entre as espécies
capturadas nesta área do estudo, bem como ao menor índice de dominância
(Simpson).
A análise de cluster permitiu a visualização das similaridades entre os padrões
quantitativos das espécies com maior importância numérica nas estações de
amostragem (Figura 53 e 54).
Resultados 110
Figura 53 - Dendrograma das espécies que apresentaram valores de importância
numérica acima de 5% na estação “impactada”
Figura 54 - Dendrograma das espécies que apresentaram valores de importância
numérica acima de 5% na estação “controle”.
Outra forma de agrupar as estações de amostragem foi utilizando os dados de
biomassa quantificados para cada espécie. Conforme observado na Figura 55 as
amostras da estação “controle” e “impactada” formaram grupos diferentes, com
exceção da amostra 1CB, a qual apresentou a maior distância euglediana
formando um grupo isolado, e as amostras 2CA e 1IB que apesar de
pertencerem a estações diferentes foram agrupadas no mesmo grupo. Por meio
dos resultados da análise de agrupamento pode-se contatar que os valores de
biomassa demonstraram-se mais eficiente na separação de amostras “controle” e
Distância Euclidiana
Distância Euclidiana
UPGMA
Euclidean
L. jocu
D. auratus
E. gula
E. argenteus
S. testudineus
A. probatocephalus
E. melanopterus
15 12,5 10 7,5 5 2,5 0
Distância
Euclidiana
UPGMA
Euclidean
C. spinosus
D. auratus
S. tesselatus
A. lineatus
A. lepidentostole
S. testudineus
36 30 24 18 12 6 0
Distância Euclidiana
Resultados 111
“impactada”, quando comparado com agrupamento realizado com base nos
valores de abundância.
Figura 55 - Dendrograma das estações de amostragem com base nos dados de
biomassa capturados nas campanhas de campo realizadas no estudo. (1= primeira
campanha, 2= segunda campanha, 3= terceira campanha, C= estações controle,
I= estações impactada, A= maré alta e B= maré baixa).
Por meio dos resultados da análise de agrupamento pode-se contatar que os
valores de biomassa demonstraram-se mais eficiente na separação de amostras
“controle” e “impactada”, quando comparado com agrupamento realizado com
base nos valores de abundância.
5.6.2. Análise de correspondência canônica ACC
Os diagramas gerados pelo ACC em função das variáveis ambientais e
abundância das espécies de peixes tornaram possível a visualização da
distribuição das amostras das estações “controle” e “impactada”. Na tentativa de
evidenciar a separação das amostras, foi utilizada no diagrama uma marcação
vermelha para amostras da estação “controle” e uma marcação laranja para
amostras da estação “impactada” (Figura 56).
UPGMA
Euclidean
3IB
2IB
2IA
3IA
1IA
2CB
1CA
3CA
3CB
1IB
2CA
1CB
6000 5000 4000 3000 2000 1000 0
Distância Euclidiana
Resultados 112
A Figura 56 apresenta o diagrama de ordenação dos resultados da ACC para os
parâmetros de qualidade de água. Os dois primeiros eixos canônicos explicaram
60,9% da distribuição dos variáveis ambientais ao longo das estações de
amostragem. O eixo 1 explicou 34,2% da variação total. O pH, fósforo total, nitrato,
amônia, temperatura e oxigênio dissolvido estiveram positivamente relacionados a
este eixo, enquanto DBO, salinidade e turbidez estiveram negativamente
relacionados ao eixo 1. Já o eixo 2 explicou 26,7%, onde pH, fósforo total, nitrato e
amônia estiveram positivamente relacionados a este eixo, enquanto temperatura,
oxigênio dissolvido, cloreto, SDT, DBO, salinidade e turbidez foram negativamente
relacionados a este eixo.
Figura 56 - Análise de Correspondência Canônica das variáveis ambientais
mensuradas nas estações amostrais durante as campanhas realizadas na área
interna do Estuário da Baía de Vitória-ES. São apresentados os dois primeiros
eixos da ACC, o eixo 1 sendo horizontal e o eixo 2 vertical. (1= primeira campanha,
2= segunda campanha, 3= terceira campanha, C= estações controle, I= estações
impactada, A= maré alta e B= maré baixa).
CCA case scores
Axis 2
Axis 1
1CA
2CA
3CA
1IA
2IA
3IA
1CB
2CB
3CB
1IB
2IB
3IB
-
0.6
-
1.2
-
1.7
-
2.3
0.6
1.2
1.7
2.3
2.9
-
0.6
-
1.2
-
1.7
-
2.3
0.6
1.2
1.7
2.3
2.9
Turb
Clor
eto
Fósf
Total
DBO
N
-
NH3
N
-
NO2
N
-
NO3
SS
)
STD
Colif
Fecal
Coli
f
Total
Temp
Cond
ut
pH
OD
Sanil
Vector scaling: 3,50
Salin
Resultados 113
A partir do diagrama gerado pelo ACC (Figura 56) foi possível observar a
formação de dois grupos- um formado pelas amostras coletadas na estação
“controle” e outro pelas amostras coletadas na estação “impactada”, com exceção
da amostra da 3ª campanha/controle/maré alta (3CB).
A Figura 57 mostra a distribuição das espécies de peixes e das variáveis
ambientais. Quanto às espécies foram observados os seguintes padrões- A.
lineatus, A. lepidentoslole, A. clupeoides, S. tesselatus e O. niloticus estiveram
positivamente relacionados ao eixo 1 e negativamente ao eixo 2, estando
associadas principalmente a menores valores de temperatura e o oxigênio
dissolvido, já S. testudineus, P. brasiliensis, C. paralellus estiveram positivamente
relacionados ao eixo 1 e ao eixo 2, porém mais associadas a maiores valores de
pH, nitrato, fósforo total e amônia. Já as espécies C. spinosus, C. arenaceus, C.
faber e G. genidens estiveram negativamente relacionados ao eixo 1 e ao eixo 2,
sendo associadas principalmente a maiores valores de turbidez, salinidade e DBO.
Todas estas espécies apresentaram maior abundância nas amostras coletadas na
estação “impactada” com exceção do O. niloticus
As espécies P. punctatus, P. crocro, L. analis, A. probatocephalus, L. jocu, M. liza,
S. stellifer, S. rastrifer D. auratus, D. rhombeus, E. gula, E. argenteus,
E.melanopterus não estiveram diretamente relacionadas a nenhuma variável
ambiental. Estas apresentaram maior abundância nas amostras coletadas na
estação “controle” (Figura 57).
Resultados 114
CCA variable scores
Axis 2
Axis 1
A
lineatus
A.
clupeoides
A.
lepidentostole
A
probatocephalus
C.
paralellus
C.
faber
C.
arenaceus
C
spinosus
D
auratus
D.
rhombeus
E
argenteus
E.
gula
E.
melanopterus
G.
genidens
L.
analis
L.
jocu
M.
liza
O.
niloticus
P.
brasiliensis
P.
crocro
Prionotus punctatus
S.
testudineus
S.
rastrifer
S
tesselatus
-
0.6
-
1.1
-
1.7
-
2.3
0.6
1.1
1.7
2.3
2.8
-
0.6
-
1.1
-
1.7
-
2.3
0.6
1.1
1.7
2.3
2.8
Turb.
Cloretos
F
ósf.
Total
DBO (mg/L)
N
-
NH3
N
-
NO2
N
-
NO3
SS
STD
Colif.
Fecal
Col.
Total
Temp
Cond
pH
OD
Sanil
Vector scaling: 3,44
.Figura 57 - Análise de Correspondência Canônica das amostras de qualidade de
água e peixes coletados e nas áreas amostrais durante as campanhas realizadas
na área interna do Estuário da Baía de Vitória-ES. São apresentados os dois
primeiros eixos da ACC, o eixo 1 sendo horizontal e o eixo 2 vertical. (1= primeira
campanha, 2= segunda campanha, 3= terceira campanha, C= estações controle, I=
estações impactada, A= maré alta e B= maré baixa).
Salin
115
DISCUSSÃO
Discussão 116
6. DISCUSSÃO
Geograficamente, os ecossistemas estuarinos estão localizados em regiões
estratégicas para o homem, já que estes sistemas encontram-se protegidos por
algum tipo de barreira, não apresentando assim, fortes ventos e ondas, além de
apresentarem conexão com o mar, o que facilita os processos de escoamento de
produtos para importação e exportação. Por esta razão, a instalação de portos,
implantação de industrias e centros urbanos são ações antrópicas comuns nestas
áreas. O estuário da Baía de Vitória não foge à regra, visto que tem-se registrado
ao longo das décadas um crescimento desordenado nesta área, o que tem
provocado sérias modificações na estrutura e no funcionamento deste
ecossistema. Um dos principais impactos promovidos pela presença do homem é
o descarte de efluentes sanitários em diversos pontos do estuário, já que esgotos
industriais, hospitalares e de residências são lançados na baía, quase sempre sem
tratamento adequado.
PEREIRA-FILHO et. al (2000) destaca que um dos principais impactos provocados
no estuário do Rio Itajaí-Açu é o descarte de efluentes domésticos in natura e
parcialmente tratados do município de Itajaí. O sistema estuarino da Baixada
Santista, no litoral sul de São Paulo, é um outro exemplo de como os efluentes
domésticos e industriais provocam aumentos nas concentrações de nutrientes no
meio (BRAGA et al. 2000).
O descarte de efluentes sanitários promove uma série de alterações negativas no
corpo receptor, dentre os quais podem ser destacados os problemas de ordem
sanitária, visto que seus recursos naturais, tais como peixes, crustáceos e
moluscos, são amplamente consumidos pela população. Além disso, estes
efluentes podem causar problemas de ordem ecológica, como a redução do
oxigênio dissolvido, provocado pelo aumento da concentração de matéria orgânica
na massa d’água e no sedimento (SERRA et al, 2003).
Discussão 117
Os maiores aumentos em termos de DBO, num corpo d'água, são provocados por
despejos de origem predominantemente orgânica. A presença de um alto teor de
matéria orgânica pode induzir à completa exaustão do oxigênio dissolvido na água
o que pode provocar o desaparecimento de peixes e de outras formas de vida
aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis na água, devido à
produção de H
2
S e CH
4
, gases metabólicos gerados nos processos de
decomposição anaeróbica (CETESB, 2003).
É importante ressaltar que os valores de DBO registrados nas áreas deste estudo
não podem estar relacionados com a concentração de matéria orgânica disponível
para decomposição. Isto porque regiões estuarinas apresentam grande
capacidade de renovação de massa d’água e alto poder de diluição dos
constituintes, o que pode mascarar a concentração real de material orgânico
descartado nestas áreas.
Os resultados relativos aos parâmetros de qualidade de água monitorados foram
comparados com o limite estabelecido pelo Art. 22º da Resolução CONAMA
357/05 (Tabela 21), a qual estabelece padrões e critérios para o enquadramento
de águas salobras classe 2. Como observado, os valores de turbidez, cloreto,
DBO, temperatura, salinidade, sólidos suspensos, sólidos totais dissolvidos,
condutividade e coliformes totais não apresentam limites estabelecidos pelo Art.
22º da Resolução CONAMA 357/05.
Discussão 118
Tabela 21 - Valores máximos permitidos pelo Art. 22º da Resolução CONAMA 357/05, para os
parâmetros de qualidade de água monitorados.
Parâmetros Padrões de Qualidade de Água
Turbidez -
Cloreto -
Fósforo Total até 0,186 mg/L
DBO -
Amônia até 0,70 mg/L
Nitrito até 0,20 mg/L
Nitrato até 0,70 mg/L
Sólidos Suspensos -
Sólidos Totais Disssolvidos -
Coliformes Termotolerantes até 2.500 NMP/100mL
Coliformes Totais -
Temperatura -
Condutividade -
pH 6,5 - 8,5
Oxigênio Dissolvido superior a 4 mg/L
Salinidade -
Com relação aos padrões preconizados pelo Art. 22 da Resolução CONAMA
357/05, as concentrações de fósforo total permaneceram acima de 0,186 mg/L
apenas nas estações de amostragem “impactadas”; amônia apresentou valores
acima de 0,7 mg/L nas estações amostrais localizadas áreas “impactadas”; nitrito e
nitrato apresentaram concentrações abaixo de 0,20 mg/L e 0,70 mg/L,s
respectivamente, em ambas estações de amostragem; os coliformes
termotolerantes apresentaram valores acima de 2500 NTU em ambas estações de
amostragem; o pH apresentou valores, em ambas as áreas de amostragem,
dentro de 6,5 a 8,5 e o oxigênio dissolvido apresentou valores acima de 4mg/L
apenas nas amostras de superfície em ambas estações de amostragem.
Na estação “controle”, os valores de nitrito, nitrato, pH, DBO, oxigênio (amostras
de superfície), fósforo total e amônia respeitaram os critérios da Resolução
CONAMA 357/05, enquanto que apenas o oxigênio (amostras de fundo) e o
número de coliformes termotolerantes apresentaram valores fora dos limites
preconizados. Com relação à estação “impactada”, os parâmetros que
apresentaram concentrações e/ou valores fora dos limites estabelecidos foram-
Discussão 119
fósforo total, amônia, oxigênio dissolvido (amostras de fundo) e coliformes
termotolerantes. Os demais parâmetros (nitrito, nitrato, pH e DBO) respeitaram os
limites estabelecidos pela referida Resolução. Os parâmetros que apresentaram
valores significativamente diferentes entre as estações “controle” e “impactada”,
foram: fósforo total, amônia, DBO, pH e coliformes termotolerantes e totais. Tal
fato revela que estes parâmetros apresentaram-se mais suscetíveis à influencia do
descarte de efluentes domésticos. Sendo assim, estes parâmetros podem ser
utilizados como variareis ambientais determinantes para avaliação ou identificação
dos impactos provocados pelo descarte de esgotos (in natura) em regiões
estuarinas.
Dentre os parâmetros, a amônia caracterizou-se como variável chave na
determinação das áreas “controle” e “impactada”, demonstrando a influencia dos
efluentes sanitários sobre as concentrações dos compostos nitrogenados, em
especial, a amônia nos corpos d’água, visto que as maiores concentrações deste
composto foram mensuradas na área “impactada”. De acordo com SPERLING,
1996, a amônia é um composto nitrogenado que normalmente encontra-se em
elevadas concentrações no esgoto doméstico, pelo fato de ser o primeiro
composto nitrogenado a ser formado a partir da decomposição do nitrogênio
orgânico (proteínas, aminoácidos e uréia), o que promove elevação da
concentração deste composto em áreas que sofrem influencia direta do descarte
de efluentes sanitários. Segundo BRANCO (1992), efluentes sanitários constituem,
em geral, a principal fonte de nitrogênio, pois quando lançado na água, a uréia
(nitrogênio orgânico) sofre hidrólise, contribuindo significativamente para o
aumento na concentração da amônia.
É oportuno salientar que a amônia pode ocorrer na forma livre, que é o nitrogênio
amoniacal (NH3), tóxico para peixes, e na forma ionizada (NH
4
), não tóxica. Desta
forma pode-se inferir que a área “impactada” poderá funcionar como área de
exclusão para algumas espécies de peixes sensíveis as altas concentrações de
N-NH3, devido à toxicidade.
Discussão 120
Através da avaliação dos parâmetros de qualidade de água analisados, pôde-se
verificar que a qualidade de água na estação “impactada” es altamente alterada,
em função do descarte de efluentes sanitários (lançamento in natura e
parcialmente tratado Estação de Tratamento de Esgoto de Jardim Camburi),
quando comparada com a área “controle” do experimento, onde não foram
identificados descartes pontuais de esgoto doméstico. No entanto, é válido
ressaltar que, mesmo não apresentando lançamentos pontuais de efluentes
sanitários, a estação “controle” apresentou valores de coliformes termotolerantes e
totais característicos de corpos d’água impactados por efluentes domésticos. Tal
fato está relacionado com os processos hidrodinâmicos, que permitem a mistura
das massas d’água localizadas em diferentes regiões do estuário da Baía de
Vitória.
RIGO e SARMENTO (1993) determinaram uma região no canal da passagem,
onde ocorre o encontro da maré, quando esta se propaga no entorno da Ilha de
Vitória. Este fenômeno foi intitulado “Tombo de Maré”. Os dados registrados pelos
autores revelam que durante a maré de enchente, o local indicado na Figura 58 é
uma região de velocidade nula, e em suas proximidades o escoamento é
direcionado para está região vindo das duas entradas da Baía de Vitória. No início
da maré vazante a direção do escoamento se inverte e esta região de velocidade
nula percorre para norte até as proximidades da desembocadura do Rio Santa
Maria da Vitória, fazendo com que o escoamento em todo canal da passagem
ocorra em direção ao sul. Ao término da maré vazante a região de velocidade nula
faz o caminho inverso, retornando aproximadamente para área onde encontrava-
se durante a enchente.
Discussão 121
Figura 58 Localização do “Tombo de Maré” determinado por RIGO e
SARMENTO (1993), em uma região do canal da passagem quando está propaga-
se no entorno da Ilha de Vitória.
A variação da maré apresentou grande influencia sobre os valores e/ou
concentrações dos parâmetros de qualidade de água mensurados nas estações
de amostragem, especialmente a salinidade, o fósforo total, a amônia, o oxigênio
dissolvido e o cloreto, os quais apresentaram diferenças significativas para os
diferentes períodos de maré. De uma forma geral, na condição de maré alta,
constatou-se a redução da concentração de fósforo total, de amônia e de DBO e
nos valores de coliformes termotolerantes e totais, enquanto que na condição de
maré baixa, estes parâmetros apresentaram aumento em suas
concentrações/valores. Em contrapartida, os valores de salinidade, cloreto,
turbidez, nitrito, nitrato e pH tiveram aumento na maré alta e se reduziram na maré
baixa.
Mesmo não apresentando diferenças significativas entre as estações “controle” e
“impactada”, a abundância, a biomassa e os índices de diversidade, dominância e
equitabilidade apresentaram diferenças entre os períodos de maré baixa e maré
alta. Tal fato também deve estar relacionado com as alterações na qualidade da
água provocadas pela influencia da maré, conforme discutido anteriormente.
Tombo de Maré
Discussão 122
No que tange ao número de espécies e de exemplares coletados na estação
“impactada”, constatou-se uma relação de inversão. Na condição de maré baixa o
número de exemplares capturados foi maior do que na maré alta, ao contrário do
número de espécies registradas, que foi menor no período de vazante e maior no
período de enchente. Esta condição deve-se, basicamente, à diferença no volume
de água nos períodos de maré. Na enchente, com o aumento do fluxo de água, há
redução das concentrações dos principais parâmetros monitorados, bem como o
aumento do OD, favorecendo uma melhor condição da qualidade de água, que
interfere diretamente na distribuição dos organismos, conforme exposto por
BLAHER (1980) e ARAÚJO (1998).
Em situação inversa, sob condição de maré baixa, ocorreu a redução do volume
de água, conduzindo ao aumento da concentração dos principais constituintes e a
redução do OD, com o comprometimento da qualidade da água local. A análise
dos índices ecológicos corrobora com está afirmação. A deterioração da qualidade
da água limita a presença de espécies, resultando nos baixos valores dos índices
de diversidade e equitabilidade na estação “impactada”, bem como no aumento do
índice de dominância.
Na estação “controle”, o número de exemplares capturados durante a maré baixa
foi menor, quando comparado com número de exemplares na maré alta. Contudo
os números de espécies registrados em ambos os períodos de maré não
apresentaram diferenças significativas. Além disso, não foram registradas
reduções ou aumentos nos valores dos índices de diversidade e dominância de
espécies, o que demonstra que as alterações nas características físico-químicas
da massa d’água, desta área, promovidas pela influencia da maré, não geraram
grandes diferenças na composição específica e numérica da comunidade de
peixes.
Em ambas as estações de amostragem os números de espécies e exemplares
foram inferiores aos esperado para regiões estuarinas. Este fato provavelmente
Discussão 123
está relacionado com a degradação da qualidade de água, principalmente na
estação “impactada”, provocada pelo descarte de efluentes sanitários. Segundo
PALLER et al (1996), elevadas capturas por unidade de esforço (CPUE) são
frequentemente associadas a ecossistemas aquáticos de boa qualidade de água,
enquanto baixas CPUE são comuns em sistemas altamente degradados. A
abundância de peixes é peculiar a cada sistema, sendo um reflexo da capacidade
do ecossistema suportar uma comunidade aquática. Reduções no número de
indivíduos para um determinado esforço de amostragem poderiam indicar alguma
forma de estresse que estaria afetando os requisitos de sobrevivência de uma
comunidade. Os resultados obtidos no presente estudo contrapõem PALLER
(1996), já que os maiores valores das CPUEs foram encontradas na estação
“impactada”, local de descarte de efluentes sanitários.
A resposta da comunidade de peixes às alterações na qualidade de água,
provocadas pelo descarte de efluentes domésticos, pôde ser melhor avaliada a
partir dos taxa que apresentaram mais de 5% de importância numérica. Com
exceção de S. testudineus e D. auratus que ocorreram em ambas as estações,
constatou-se que a composição específica das áreas “controle” e “impactada”
foram formada por diferentes taxa. Além disso, observou-se que a distribuição do
número de indivíduos por espécie na estação “controle” foi mais homogênea,
quando comparada com a estação “impactada”. Tal fato demonstra a influencia do
descarte de efluentes domésticos sobre a estrutura da comunidade de peixes no
estuário da Baía de Vitória. Segundo ARAÚJO (1998), a qualidade da água e/ou a
degradação de habitas promovem o desaparecimento de espécies que não
suportam tais alterações, o que corrobora o observado no presente estudo,
embora tenha sido constatado o aparecimento de espécies que aparentemente
são mais tolerantes às alterações provocadas pelo descarte de efluentes.
Com relação aos valores de biomassa, constatou-se os maiores valores de peso
na área “controle”. Este resultado foi influenciado pela ocorrência de algumas
espécies de peixes como M. liza e L. jocu que, apesar de apresentarem baixa
Discussão 124
representatividade numérica, foram as que mais contribuíram em peso, visto que
ambas apresentaram grande porte, quando comparados com as demais espécies.
Ao longo do estudo notou-se que os valores de biomassa registrados
apresentaram redução cronológica na execução das campanhas (maio, junho e
setembro de 2003). Este resultado coincide com o reportado na literatura para
outros complexos estuarinos, que indica o outono como a estação de maior
abundância de juvenis/recrutas (com baixo peso), resultante da reprodução
realizada nas estações de primavera/verão marcadas pela maior freqüência de
peixes de maior peso (CORRÊA, 2001), já que, foi observado aumento do número
de exemplares classificados como “pequenos” (= 50 mm) e redução no número de
indivíduos classificados como ”grandes” (> 100 mm) ao longo do estudo.
A influencia de variáveis ambientais sobre o padrão de distribuição de peixes em
áreas estuarinas, como por exemplo, a variação de salinidade, turbidez e oxigênio
dissolvido (BLAHER, 1980) e características do sedimento, como: substratos com
ou sem vegetação, lamosos, argilosos e arenosos (MARCHAND,1993), foram
variáveis consideradas na distribuição da comunidade de peixes no presente
estudo.
Os parâmetros reportados por BLAHER (1980) apresentaram homogeneidade
(não foram constatadas diferenças significativas) entre as áreas estudas. No
entanto, os tipos de substrato existentes nas estações de amostragem não
apresentaram composição semelhante. Por meio do mapa faciológico realizado
por PAIVA (1999), foi constatado que o sedimento da estação “controle” é
constituído principalmente por lama arenosa e na estação “impactada” este é
constituído por areia lamosa. Com isso, a variável ambiental “tipo de substrato”
(MARCHAND,1993) provavelmente funcionou com um dos fatores na distribuição
dos peixes. É valido ressaltar que o teor de matéria orgânica mensurada por
PAIVA, (1999) foi semelhante entre as estações “controle” e “impactada”.
Discussão 125
A distribuição das espécies mostrou-se influenciada por algumas variáveis
ambientais conforme observado nos diagramas gerados pela análise de
correspondência canônica. Com base nessas informações evidenciou-se que
P. punctatus, L. jocu, P. crocro, L. analis, A. probatocephalus, M. liza, S. rastrifer,
D.auratus, D. rhombeus, E. gula, E. melanopterus e E. argenteus foram
registrados com maior freqüência na área “controle”, enquanto P. brasiliensis,
S. testudineus, A. lineatus, A. lepidentostole, A. clupeoides, G. genidens,
C. spinosus, C. arenaceus e C. faber foram mais comuns na área “impactada”,
sugerindo que estas espécies apresentam maior tolerância a ambientes que
sofrem com o aporte de efluentes sanitários. Com base nestes dados observa-se
viabilidade de utilizar a comunidade de peixes como indicador da qualidade de
água em regiões estuarinas que sofrem com descarte de efluentes domésticos.
CONCLUSÕES
Conclusões 127
7. CONCLUSÕES
A avaliação da qualidade da água em canais de manguezal do estuário da Baía de
Vitória, por intermédio de informações a respeito da comunidade de peixes e dos
parâmetros físico-químicos e microbiológicos realizada no presente estudo,
mesmo não validada estatisticamente, provavelmente devido ao pequeno número
de amostras e à influencia de variáveis ambientais, em especial, a sazonalidade e
a variação da maré, fornece informações que atestam a viabilidade do uso da
comunidade de peixes como ferramenta para avaliação da qualidade da água em
regiões estuarinas, uma vez que as analises descritivas da composição quali-
quantitativa da ictiofauna possibilitaram separar as duas áreas de estudo em
“controle” e “impactada”.
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia 129
8. BIBLIOGRAFIA
ANGERMEIER, P. A. & J. R. KARR. Biological integrity versus biological
diversity as policy directives. bioscience, 1994. 44- 690-697.
ANGERMEIER, P. L. & KARR, J. R. Applying and index of biotic integrity
based on stream-fish communities- considerations in sampling and
interpretation. N. AM. J. FISH. MANAG, 1986. 6- 418-429.
APHA- Standard Methods for the examination of water and wastewater -
19 th, Baltimore, 1995.
ARAÚJO, F. G. CRUZ-FILHO, A.G. AZEVÊDO, M.C. & SANTOS, A.C.A.
Estrutura e comunidade de peixes demersais da Baía de Sepetiba, RJ. Rev.
Brasil. Biol, 1998. 58 (3)- 417-430 p.
ARAÚJO, G.F. Adaptação do índice de integridade biótica usando a
comunidade de peixes para o rio Paraíba do Sul. Rev. Brasil. Biol, 1998. 58 (4)-
547-558 p.
BARROSO, G.F. & DIAS Jr, C. Avaliação preliminar da qualidade da água do
Canal da Passagem/manguezal Lameirão, Vitória (ES). In- SEMINÁRIO
REGIONAL DE ECOLOGIA, São Carlos. Anais. São Carlos , 1997. v8, 221-232 p.
BRAGA ES, CVDH BONETTI, L BURONE & J BONETTI FILHO. Eutrophication
and bacterial pollution caused by industrial and domestic wastes at the
baixada santista estuarine system- Brazil. Mar. Poll. Bull., 2000. 40 (2)- 165-
173.
BRANCO, S.M. A água e o homem. In - PORTO, R. 1a L. (Org) et al.
Hidrobiologia Ambiental, São Paulo, SP - Ed. USP. 1991.
Bibliografia 130
CARVALHO-FILHO, A. Peixes- costa brasileira. MELRO, SÃO PAULO, 1999.
CERQUEIRA, D. A.; SÁ, M. C. Coliformes fecais não existem In- Congresso
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 20º, 1999 Rio de Janeiro, Anais...
Rio de Janeiro; Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1999.
CD Room.
CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) Relatório de
qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo, 2003.
COSTA, E. A. Estudo de Metais Pesados em Sedimentos do Sistema
Estuarino da Baía de Vitória-ES. Tese de Mestrado do Curso de
Pós Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito
Santo, Espírito Santo, 2001.135 p.
CLARK, J. Coastal zone management handbook. New York- Lewis
Pubisher/CRC Press. 1996. 694 p.
DAY, J.W. JR. & YÁNEZ-ARANCIBA, A. Coastal lagoons and estuaries, an
ecosystem approach. Ciencia interamericana (Mar. Sci.)1982. V 22, n 1-2, p. 11-
26 p
DONATELLI, R.M. Modelagem Matemática da Hidrodinâmica e da Qualidade
de Água da Baía de Vitória. Tese de Mestrado do Curso de Pós Graduação em
Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo,
1998. 192 p.
ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro- FINEP/RJ, 1998.
578p.
Bibliografia 131
FIDELMAN, P.I.J. Impactos causados por tensores de origem antrópica no
sistema estuarino do rio santana, ilhéus, Bahia. XII Semana Nacional de
Oceanografia, Novembro de 1999, Rio de Janeiro-RJ. p. 405-407.
FIGUEIREDO,J.L. MENEZES, N.A. Manual de peixes marinhos do sudeste do
Brasil - III Teleostei (2). 1º.ed. São Paulo- Universidade de São Paulo, 1980. 90
p.
FIGUEIREDO,J.L.; MENEZES, N.A. Manual de peixes marinhos do sudeste do
Brasil - VI Teleostei (5). 1º.ed. São Paulo- Universidade de São Paulo, 2000. 116
p.
FONSECA, F.R. Distribuição espacial e temporal da ictiofauna da Baía de
Vitória, ES. Monografia de conclusão do curso de ciências biológicas da
Universidade Federal do Espírito Santo. 2003.
KARR, J.R. Assessment of biotic integry using fish comunities. Fisheries,
1981 6 (6)- 21-27.
LEGENDRE, L. & LEGENDRE, P. Numerical ecology 1ED. ELSEVIER,
AMSTERDAM. 1983. 419 P.
LITTLEPAGE, J. L. Oceanografia- Manual de técnicas oceanográficas para
trabalhos em laboratório e a bordo. (Tradução de Francisco de Assis Pereira
Costa). Fortaleza- EUFC. 99f. 1998.
MENEZES, N.A.; FIGUEIREDO,J.L. Manual de peixes marinhos do sudeste do
Brasil - IV Teleostei (3). 1.ed. São Paulo- Universidade de São Paulo, 1980. 96 p.
Bibliografia 132
MENEZES, N.A.; FIGUEIREDO,J.L. Manual de peixes marinhos do sudeste do
Brasil - V Teleostei (4). 1.ed. São Paulo- Universidade de São Paulo, 1985. 105
p.
NAGELKERKEN, I.VAN DER VELDE, G. GORISSEN, M.W. MEIJER, G.J. VAN’T
HOF, T. & DEN HARTOG, C. Importance of mangroves, seagrass beds and
shallow coral reefs as nursery for important coral reef fishes, using a visual
census technique. Marine and coastal resource management, the oottom, saba,
netherlands antilles. 2000. 51. 31-44 p.
NIENCHESKI LF & HL WINDOM. 1994.. Nutrient Flux and Bubget in Patos
Lagoon Estuary. The Sci of Total Envir., 149- 53-60.
ODUM, E.P. & ODUM, H.T. Natural areas as necessary components of man's
total environment. Thirthy-Seventh North American Wildlife and Natural
Resources Conference. 1972. 178-189 p.
PAIVA, D. Caracterização Faciológica do sedimento na área interna do
estuário da Baia de Vitória. Monografia do Programa de Especialização de
Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-
ES, 1999.
PALLER, M. H., REICHERT, M. J. M. & DEAN, J. M., 1996, Use of fish
communities to assess environmental impacts in South carolina coastal plain
streams. Trans.Amer. Fish. Soc., 125(5)- 633-644.
PATERSON, A.W. & WHITFIELD, A.K.. Do Shallow-water Habitats Function as
Refugia for Juvenile Fishes ? Estuarine, Coastal and Shelf Science 2000. 51,
359-364.p.
Bibliografia 133
PEREIRA FILHO J, CAF SCHETTINI, L RÖRIG & E SIEGLE. 2001. Intratidal
variation and net Trnasport of Dissolved Inorganic Nutrients, POC and
Chlorophyll a in the Camboriú River Estuary, Brazil. Estuar, Coastal and Shelf
Sci., 53- 249-257.
PEREIRA FILHO J. & CAF SCHETTINI. 2000 C N P Budget for Camboriu River
Estuary, Brazil. In- DUPRA V, SV SMITH, C MARSHALL.
RIGO, D & SARMENTO, R. Determinação do tombo da maré no canal da
Passagem. Anais do XII Seminário de Pesquisa da UFES. Resumos, Vitória-
UFES, 1993.
RIVIERA-MONROY, V. H.; TORRES, L. A.; BAHAMON, N.; NEWMARK, F. &
TWILLEY, R. R. 1999. The potential use of mangrove forests as nitrogen sinks
of shrimp aquaculture pond effluents- the role of denitrification. Journal of
the world aquaculture society.30 (1)- pp 12-25.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y. & CINTRÓN, G. 1999. Brasilian mangrove- a
historical ecology 500 Year Anniversary of Discovery. Ciência e Cultura. 51
(3/4)- 274-286.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y. perfil dos sistemas litorâneos brasileiros, com
especial ênfase sobre o ecossistema manguezal. Publicação Esp. Inst.
Oceanogr., São. Paulo, 1989. (7)-pag. 1-16.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y; SOARES, M. L. G. & COELHO-JR, C. A. Bioma em
maragojipe, recôncavo baiano, bahia, brasil. Seminário- ciência e
desenvolvimento sustentável. Iea/usp org. 1997. 86-96
SERRA, C.M.L.; CAVALCANTE, P.R.S.; COÊLHO, L.M.A.; NASCIMENTO, A. R.
DINIZ, C.C.S Avaliação de parâmetros físicos e químicos e pesquisa de Vibrio
Bibliografia 134
parahaemolyticus em águas do estuário do rio anil (são luís, estado do
maranhão) acta scientiarum. Biological sciences. Maringá, v. 25, no. 2, p. 261-
266, 2003
SMITH, C. L, National audubon society field guide to tropical marine fishes of
the caribbean, the gulf of mexico, florida, the bhamas, and bermuda. Chanticleer
pres, inc. New york, 1997. 720 p.
SPERLING, M.V. Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de
esgostos. Belo Horizonte- Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental,
Universidade Federal de Minas Gerais, 243p. 1996.
TER BRAAK, C.J.F. The analysis of environment relationships by canonical
correspondence analysis. Vegetatio, Dorderecht, v.69, .69-77, 1987.
WHITFIELD, A. K. Fishes and the environmental status of south african
estuaries. Fisheries management and ecology. 1996. 3, 45–57.
VON SPERLING, P.A., Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
Esgotos Belo Horizonte, DESA/UFMG, 1995.
ZAR, H. J. BIOSTATISTICAL ANALYSIS, 4A EDIÇÃO. PRENTICE-HALL, NEW
JERSEY. 1999. 663 P. MAIS APÊNDICES.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo