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ADRIANA ANDRADE GUIMARÃES
MANEJO PÓS-COLHEITA DE HASTES FLORAIS DE Heliconia bihai
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
graduação em Fitotecnia, para
obtenção do título de Doctor Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2008
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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Guimarães, Adriana Andrade, 1971-
G963m Manejo pós-colheita de hastes florais de
2008 Heliconia bihai / Adriana Andrade Guimarães. – Viçosa,
MG, 2008.
xx, 159f. : il. (algumas col.) ; 29cm.
Inclui apêndice.
Orientador: Fernando Luiz Finger
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 139-155.
1. Heliconia bihai - Produção. 2. Flores - Trópicos.
3. Flores - Cultivo. 4. Plantas tropicais - Produção.
I. Universidade Federal de Viçosa. II.Título.
CDD 22.ed. 635.9523
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ADRIANA ANDRADE GUIMARÃES
MANEJO PÓS-COLHEITA DE HASTES FLORAIS DE Heliconia bihai
Tese apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em
Fitotecnia, para obtenção do título
de “Doctor Scientiae”.
APROVADA: 01 de abril de 2008.
Prof. José Geraldo Barbosa
(Conselheiro)
Prof. Mário Puiatti
Pesq. Marlei Rosa dos Santos Pesq. Pahlevi Augusto de Souza
Fernando Luiz Finger
(Orientador)
ii
Aos meus pais Wilson e Lílian pela confiança
e apoio depositados em mim.
Aos meus irmãos, Washington, Alexandre,
Cléber e Andréa pelo incentivo, confiança e
torcida a cada conquista.
Ao meu esposo Valério pelas palavras
encorajadouras nos momentos difíceis.
DEDICO
Aos meus sobrinhos André, Adriano,
Aline, Lara Letícia, Mariana, Marina
e Saulo pela doçura e contagiante
alegria de serem crianças.
OFEREÇO
“As dificuldades ensinam e fortalecem, as facilidades iludem e enfraquecem”.
(Amon de Mello)
iii
AGRADECIMENTOS
Á Deus, fonte de energia que me abastece de coragem e
perseverança para enfrentar os obstáculos e momentos difíceis.
Á Universidade Federal de Viçosa (UFV) pela oportunidade ímpar em
ampliar meus conhecimentos, e ao Conselho Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de estudos.
Aos Professores Fernando Luiz Finger, pela competência exímia,
valiosa orientação, conselhos e ensinamentos durante todo o curso e ao
conselheiro José Geraldo Barbosa pelas valiosas sugestões e
ensinamentos.
Ao professor Mário Puiatti pela colaboração valiosa na parte escrita
da tese e pela admirável paciência e competência.
Aos Doutores Pahlevi Souza e em especial a Marlei Rosa pelas
valiosas sugestões na parte escrita da tese e ajuda nas análises estatísticas.
Á Embrapa Agroindústria Tropical pelas condições no
desenvolvimento dos experimentos; e aos pesquisadores D. Sc. José Luiz
Mosca pela orientação e Marlos Dantas pela ajuda na leitura da intensidade
luminosa.
Ao professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Renato e ao
doutorando Álvaro Lima pela disponibilização da película utilizada no
experimento.
Aos ex-esamianos e pós-graduandos da UFV, Pahlevi Souza,
Georgiana Freire, Adriano Simões, Diana Freitas, Franciscleudo Bezerra,
Júlio Gomes, Marcelo Castro, Roberto Queiroga, pelo companheirismo,
agradável convivência e ajuda nos momentos precisos.
Aos amigos da UFV, Aline Rocha, Aurinete Borges, Andréia
Barroncas, Ana Hermelinda, Claúdia Fogaça, Juliana Lana, Mara Batirola,
Roberta Santos, Sandra Souza e em especial a Patrícia Ribeiro e Rosmeire
Batirola pela constante presença e apoio.
Aos laboratoristas do Departamento de Fitotecnina da UFV: Geraldo,
Sebastião e Ribeiro e a secretária da pós-graduação Mara Rodrigues pela
gentileza e constante disponibilidade em nos atender.
iv
Aos estagiários da Embrapa Agroindústria Tropical: Denise Josino,
Deuzenir Marques, Delane, Eliardo Carlos, Marcela Coêlho, Rafaella
Timóteo, Rafaelle e em especial a Alan Bernardes, Glauber Melo, Jonathas
Albuquerque, Robson Cavalcante e Suelane Moura pela ajuda na coleta dos
dados e pelo convívio agradabissímo e a laboratorista Márcia Régia e ao
pesquisador D. Sc. Carlos Farley pela gentileza e constante disponibilidade
em nos atender.
A Nájela e Aline Coelho pela valiosa amizade e gentileza ímpar.
A mestranda da UFC Aliciane Fontenelle e as amigas Cláudia e Ana
Dalva pela agradável convivência e momentos de descontração.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a execução
desse trabalho, meus sinceros agradecimentos.
v
BIOGRAFIA
ADRIANA ANDRADE GUIMARÃES, filha de Wilson Rosado
Guimarães e Lílian de Andrade Rosado, nasceu em 15 de abril, em
Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte.
Em janeiro de 1999 concluiu o curso de Agronomia na Escola
Superior de Agricultura de Mossoró - ESAM, atualmente Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Durante a graduação foi bolsista de
trabalho desenvolvendo atividades de produção de mudas frutíferas,
ornamentais e medicinais.
No período de junho de 1999 a dezembro de 2000, foi bolsista de
Desenvolvimento Tecnológico Industrial do CNPq junto ao projeto: Controle
de Qualidade dos Principais Frutos Produzidos no Vale do Açu – RN,
convênio ESAM / VALEFRUTAS / CNPq.
Em fevereiro de 2001, ingressou no curso de mestrado em Fitotecnia
pela ESAM, concluindo-o em dezembro de 2002.
Atuou no projeto de Produção Integrada de Frutas (PIF-Melão) em
convênio firmado entre o Comitê Executivo de Fitossanidade do Rio Grande
do Norte (COEX) e a EMBRAPA Agroindústria Tropical, no período de
fevereiro de 2003 a fevereiro de 2004.
Em março de 2004, iniciou o curso de Doutorado em Fitotecnia na
UFV, concluindo em abril de 2008.
vi
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS............................................................................... xiI
LISTA DE FIGURAS............................................................................... xiii
RESUMO ............................................................................................... xvii
ABSTRACT ............................................................................................ xIx
1. INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................... 01
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 04
2.1 Descrição Botânica da Espécie …………………………............... 04
2.2 Problemas Pós-Colheita das Helicônias....................................... 04
2.2.1 Oclusão dos Vasos Xilemáticos......................................... 04
2.2.2 Injúria pelo Frio ou Chilling................................................. 08
2.2.3 Transpiração...........................................…........................ 11
2.3 Tratamentos Pós-Colheita............................................................. 12
2.3.1 Inibidores Enzimáticos e Corte da Base da Haste.............. 12
2.3.2 Refrigeração...................................................................... 13
2.3.3 Atmosfera modificada......................................................... 15
2.3.4 Uso de Reguladores Vegetais..……………………………. 18
3. CAPÍTULO 1 - INFLUÊNCIA DE DIFERENTES CORTES DA BASE
DA HASTE SOBRE A LONGEVIDADE FLORAL DE Heliconia
bihai........................................................................................................
22
3.1 INTRODUÇÃO............................................................................ 23
3.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................... 25
3.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita.......................... 25
3.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais................... 25
3.2.3 Períodos de Corte e de Armazenamento das Hastes..... 26
3.2.4 Características Avaliadas............................................... 26
3.2.4.1 Aparência Visual................................................. 26
3.2.4.2 Longevidade Floral............................................. 27
3.2.4.3 Perda de Massa.................................................. 27
3.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
Pseudocaule (TRA P )....................................................
27
vii
3.2.4.5 Antocianina......................................................... 28
3.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxi-
dase (PPO).....................................................................
28
3.2.4.7 Proteína Total..................................................... 29
3.2.5 Delineamento Experimental e Análise Estatística........... 29
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO. ................................................ 31
3.3.1 Aparência Visual.............................................................. 31
3.3.2 Longevidade Floral.......................................................... 34
3.3.3 Perda de Massa.............................................................. 34
3.3.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
Pseudocaule (TRA P)......................................................
35
3.3.5 Antocianina...................................................................... 39
3.3.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase
(PPO)................................................................................
40
3.4 CONCLUSÕES........................................................................... 43
4. CAPÍTULO 2 - ENVOLVIMENTO DAS ENZIMAS PEROXIDASE E
POLIFENOLOXIDASE NA OCLUSÃO XILEMÁTICA DE Heliconia
bihai........................................................................................................
44
4.1 INTRODUÇÃO............................................................................ 46
4.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................... 48
4.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita.......................... 48
4.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais................... 48
4.2.3 Tratamento com Inibidor Enzimático e Períodos de
Armazenamento..............................................................
49
4.2.4 Características Avaliadas................................................ 49
4.2.4.1 Aparência Visual................................................ 49
4.2.4.2 Longevidade Floral............................................ 50
4.2.4.3 Perda de Massa................................................. 50
4.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRAB) e
Pseudocaule (TRA P)......................................
50
4.2.4.5 Antocianina....................................................... 51
4.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e
Polifenoloxidase (PPO).....................................
51
viii
4.2.4.7 Proteína Total..................................................... 52
4.2.5 Delineamento Experimental e Análise Estatística............ 52
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................. 54
4.3.1 Aparência Visual................................................................ 54
4.3.2 Longevidade Floral............................................................ 56
4.3.3 Perda de Massa................................................................ 58
4.3.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
Pseudocaule (TRA P).......................................................
59
4.3.5 Antocianina........................................................................ 62
4.3.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase
(PPO)................................................................................
63
4.4 CONCLUSÕES........................................................................... 66
5. CAPÍTULO 3 - AVALIAÇÃO DA LONGEVIDADE FLORAL DE
Heliconia bihai PULVERIZADAS COM SOLUÇÕES DE
BENZILADENINA...................................................................................
67
5.1 INTRODUÇÃO............................................................................ 68
5.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................... 70
5.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita......................... 70
5.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais................... 70
5.2.3 Tratamento com o Regulador Vegetal e Períodos de
Armazenamento.............................................................
71
5.2.4 Características Avaliadas................................................ 71
5.2.4.1 Aparência Visual................................................ 71
5.2.4.2 Longevidade Floral............................................ 71
5.2.4.3 Perda de Massa................................................. 72
5.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
Pseudocaule (TRA P).......................................
72
5.2.4.5 Antocianina........................................................ 73
5.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e
Polifenoloxidase (PPO).....................................
73
5.2.4.7 Proteína Total.................................................... 74
5.2.5 Delineamento Experimental e Análise Estatística............ 74
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................. 75
ix
5.3.1 Aparência Visual............................................................... 75
5.3.2 Longevidade Floral........................................................... 78
5.3.3 Perda de Massa............................................................... 80
5.3.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
Pseudocaule (TRA P)......................................................
80
5.3.5 Antocianina....................................................................... 82
5.3.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase
(PPO)................................................................................
84
5.4 CONCLUSÕES........................................................................... 87
6. CAPÍTULO 4 - AVALIAÇÃO DA SOLUÇÃO DE PULSING COM
ÁCIDO GIBERÉLICO NA VIDA DE VASO DE Heliconia
bihai........................................................................................................
88
6.1 INTRODUÇÃO............................................................................ 89
6.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................... 91
6.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita......................... 91
6.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais.................. 91
6.2.3 Tratamento com o Regulador Vegetal e Períodos de
Armazenamento.............................................................
92
6.2.4 Características Avaliadas............................................... 92
6.2.4.1 Aparência Visual................................................ 92
6.2.4.2 Longevidade Floral............................................ 92
6.2.4.3 Perda de Massa................................................. 93
6.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
Pseudocaule (TRA P).......................................
93
6.2.4.5 Antocianina........................................................ 94
6.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e
Polifenoloxidase (PPO).....................................
94
6.2.4.7 Proteína Total.................................................... 95
6.2.5 Delineamento Experimental e Análise Estatística............ 95
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................. 96
6.3.1 Aparência Visual................................................................ 96
6.3.2 Longevidade Floral........................................................... 99
x
6.3.3 Perda de Massa................................................................ 100
6.3.4 Teor Relativo de Água das Brácteas e (TRA B)
Pseudocaule (TRA P).......................................................
101
6.3.5 Antocianina........................................................................ 103
6.3.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase
(PPO)................................................................................
104
6.4 CONCLUSÕES...................................................................... 107
7. CAPÍTULO 5 - ARMAZENAMENTO REFRIGERADO DE Heliconia
bihai ASSOCIADO À ATMOSFERA MODIFICADA................................
108
7.1 INTRODUÇÃO............................................................................ 110
7.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................... 113
7.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita.......................... 113
7.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais................... 113
7.2.3 Preparo e Aplicação da Película Biodegradável.............. 114
7.2.4 Armazenamento das Hastes............................................ 115
7.2.5 Características Avaliadas................................................ 115
7.2.5.1 Aparência Visual................................................. 115
7.2.5.2 Longevidade Floral............................................. 115
7.2.5.3 Perda de Massa................................................ 116
7.2.5.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
Pseudocaule (TRA P).......................................
116
7.2.5.5 Antocianina......................................................... 117
7.2.5.6 Atividade da Peroxidase (POD) e
Polifenoloxidase (PPO).....................................
117
7.2.4.7 Proteína Total.................................................... 118
7.2.4.8 Vazamento de Eletrólitos................................... 118
7.2.6 Delineamento Experimental e Análise Estatística............ 119
7.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................. 120
7.3.1 Aparência Visual................................................................ 120
7.3.2 Longevidade Floral............................................................ 125
7.3.3 Perda de Massa................................................................ 126
7.3.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e
xi
Pseudocaule (TRA P)....................................................... 128
7.3.5 Antocianina........................................................................ 131
7.3.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase
(PPO)................................................................................
134
7.3.7 Vazamento de Eletrólitos................................................... 136
7.4 CONCLUSÕES........................................................................... 138
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 139
9. APÊNDICE.......................................................................................... 156
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
01
Valores médios da Perda de Massa (%) em hastes de
Heliconia bihai em função das temperaturas de
armazenamento (7 °C; 13 °C; 15 °C e 25 °C), e do uso ou
não da película................................................................... 128
02
Valores médios da Atividade da Peroxidase (ΔUA/min/mg
de proteína) em hastes de Heliconia bihai ao longo dos
períodos de armazenamento (0; 2; 4; 6; 8; 10; 12 e 14
dias após a colheita), em função das temperaturas (7 °C;
13 °C ; 15 °C e 25 °C)........................................................
135
03
V
Valores médios da Atividade da Polifenoloxidase
(ΔUA/min/mg de proteína) em hastes de Heliconia bihai
em função dos períodos de armazenamento (0; 2; 4; 6; 8;
10; 12 e 14 dias após a colheita), temperaturas (7 °C; 13
°C ; 15 °C e 25 °C), revestidas (A) ou não (B) com
película...............................................................................
136
04
Valores médios do Vazamento de Eletrólitos (%) em
hastes de Heliconia bihai em função dos períodos de
armazenamento (0; 2; 4; 6; 8; 10; 12 e 14 dias após a
colheita), e temperaturas (7 °C; 13 °C ; 15 °C e 25
°C).......................................................................................
137
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura
Página
01 Estimativas da aparência visual em hastes de Heliconia
bihai, sem corte da base da haste e corte a cada 24 e 48 h
após a colheita........................................................................ 32
02 Sintomas de antracnose em hastes de Heliconia bihai.
EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008....................................... 32
03 Aparência visual de hastes de Heliconia bihai armazenadas
sem o corte da base das hastes e cortadas a cada 24 e 48
horas após a colheita: A (caracterização); B, F e J (aos 3
dias); C, G e L (aos 6 dias); D, H e M (aos 9 dias); E, I e N
(aos 12 dias). EMBRAPA: Fortaleza – Ceará,
2008......................................................................................... 33
04 Estimativas da perda de massa em hastes de Heliconia
bihai, sem corte da base da haste e corte a cada 24 e 48 h
após a colheita........................................................................ 35
05 Estimativa do teor relativo de água das brácteas (TRA B)
em hastes de Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25
± 2 C° e umidade relativa de 60- 80%.....................................
38
06 Estimativa do teor relativo de água do pseudocaule (TRA P)
em hastes de Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25
± 2 C° e umidade relativa de 60- 80%.....................................
38
07 Estimativas da concentração de antocianina em hastes de
Heliconia bihai, sem corte da base da haste e corte a cada
24 e 48 h após a colheita........................................................ 40
08 Estimativa da atividade da peroxidase em hastes de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C° e
umidade relativa de 60- 80%................................................... 41
09 Estimativa da atividade da polifenoloxidase em hastes de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C° e
umidade relativa de 60- 80%...................................................
42
01 Estimativa da aparência visual em hastes de Heliconia bihai,
xiv
armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 °C e umidade relativa de
60-80%....................................................................................
55
02 Sintomas de antracnose em hastes de Heliconia bihai.
EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008....................................... 55
03 Aparência visual de hastes de Heliconia bihai submetidas ao
tratamento com 0, 10 e 15 mM de 2-mercaptoetanol: A
(caracterização); B, F e J (aos 3 dias); C, G e L (aos 6 dias);
D, H e M (aos 9 dias); E, I e N (aos 12 dias). EMBRAPA:
Fortaleza – Ceará, 2008................................................................ 57
04 Estimativa da perda de massa em hastes de Heliconia bihai,
armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C° e umidade relativa de
60- 80%...................................................................................
59
05 Estimativas do teor relativo de água das brácteas (TRA B)
de Heliconia bihai, submetidas à solução contendo 0; 10 e
15 mM de 2-mercaptoetanol........................................................ 61
06 Estimativa do teor relativo de água do pseudocaule (TRA P)
de Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C° e
umidade relativa de 60- 80%................................................... 61
07 Estimativas da concentração de antocianina em hastes de
Heliconia bihai, submetidas à solução contendo 0; 10 e 15
mM de 2-mercaptoetanol........................................................ 63
08 Estimativas da atividade da peroxidase em hastes de
Heliconia bihai, submetidas à solução contendo 0; 10 e 15
mM de 2-mercaptoetanol......................................................... 65
09 Estimativa da atividade da polifenoloxidase em hastes de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C° e
umidade relativa de 60- 80%...................................................
65
01 Estimativa da aparência visual em hastes de Heliconia bihai
armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e umidade relativa de
60-80%.................................................................................... 76
02 Sintomas de antracnose em hastes de Heliconia bihai.
EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008.......................................
76
03 Aparência visual de hastes de Heliconia bihai submetidas ao
xv
tratamento com 0, 150 e 300 mg L
-1
de benziladenina (BA):
A (caracterização); B, F e J (aos 3 dias); C, G e L (aos 6
dias); D, H e M (aos 9 dias); E, I e N (aos 12 dias).
EMBRAPA: Fortaleza – Ceará, 2008......................................
77
04 Estimativas da perda de massa em hastes de Heliconia
bihai, submetidas pulverizadas com soluções contendo 0;
150 e 300 mg L
-1
de benziladenina.........................................
81
05 Estimativa do teor relativo de água das brácteas (TRA B) de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e
umidade relativa de 60-80%.................................................... 82
06 Estimativas da concentração de antocianina de hastes
Heliconia bihai, submetidas pulverizadas com soluções
contendo 0; 150 e 300 mg L
-1
de benziladenina...................... 84
07 Estimativas da concentração de antocianina de hastes
Heliconia bihai, submetidas pulverizadas com soluções
contendo 0; 150 e 300 mg L
-1
de benziladenina...................... 85
08 Estimativas da atividade da polifenoloxidase de hastes
Heliconia bihai, submetidas pulverizadas com soluções
contendo 0; 150 e 300 mg. L
-1
de benziladenina.................... 86
01 Estimativas da atividade da aparência visual de hastes
Heliconia bihai, submetidas à solução de pulsing contendo
0; 50 e 100 mg L
-1
GA
3
............................................................ 97
02 Sintomas de antracnose em hastes de Heliconia bihai
EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008....................................... 97
03 Aparência visual de hastes de Heliconia bihai submetidas ao
tratamento com 0, 50 e 100 mg L
-1
de ácido giberélico
(GA
3
): A (caracterização); B, F e J (aos 3 dias); C, G e L
(aos 6 dias); D, H e M (aos 9 dias); E, I e N (aos 12 dias).
EMBRAPA: Fortaleza – Ceará, 2008......................................
98
04 Estimativa da perda de massa de Heliconia bihai,
armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e umidade relativa de
60-80%....................................................................................
101
05 Estimativas da atividade do teor relativo de água das
xvi
Brácteas (TRA B) de hastes Heliconia bihai, submetidas à
solução de pulsing contendo 0; 50 e 100 mg. L
-1
GA
3
.............
102
06 Estimativas da atividade do teor relativo de àgua do
pseudocaule (TRA P) de Heliconia bihai, armazenadas por
12 dias a 25 ± °C e umidade relativa de 60-80%....................
103
07 Estimativas da concentração de antocianina de hastes
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e
umidade relativa de 60-80%..................................................., 104
08 Estimativas da atividade da peroxidase de hastes Heliconia
bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e umidade relativa
de 60-80%...............................................................................
105
09 Estimativas da atividade da polifenoloxidase de hastes
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e
umidade relativa de 60-80%.................................................... 106
01 Estimativas da aparência visual em hastes de Heliconia
bihai, armazenadas a 7; 13; 15 e 25 °C com película (A) e
sem película (B)...................................................................... 121
02 Aparência visual de hastes de Heliconia bihai armazenadas
a 25; 15; 13 e 7 °C revestidas com película e não revestidas
com película: A (caracterização inicial); B, b, C, c, D, d, E, e
(aos 3 dias após a colheita). F, f, G, g, H, h, I, i (aos 6 dias);
J, j, L, l, M, m, N, n (aos 9 dias); O, P, Q, R (25 °C sem e
com película; 15 °C sem e com película aos 12 dias); p, q
(15 °C sem e com película aos 15 dias). EMBRAPA:
Fortaleza – Ceará, 2008.......................................................... 122
03 Estimativas do teor relativo de água das brácteas (TRA B)
em hastes de Heliconia bihai, armazenadas a 7; 13; 15 e 25
°C com película (CP) (A) e sem película (SP) (B)..................
130
04
05
Estimativas do teor relativo de água do pseudocaule (TRA
P) de Heliconia bihai, armazenadas por 15 dias.....................
Estimativas do Conteúdo de Antocianina em hastes de
Heliconia bihai, armazenadas a 7; 13; 15 e 25 °C com (A) e
sem película (B)......................................................................
133
131
xvii
RESUMO
GUIMARÃES, Adriana Andrade, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, abril
de 2008. Manejo pós-colheita de hastes florais de Heliconia bihai.
Orientador: Fernando Luiz Finger. Co-orientadores: José Geraldo
Barbosa e Paulo Roberto Cecon.
Objetivando avaliar a longevidade floral de hastes de Heliconia bihai
cinco experimentos foram instalados no Laboratório de Fisiologia e
Tecnologia, Pós-colheita da Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza-
CE. O primeiro consistiu em submeter às hastes ao recorte a cada 24 ou 48
horas após a colheita. O recorte a cada 24 horas promoveu maior
longevidade floral (12 dias), comparado aos demais tratamentos (controle e
hastes recortadas a cada 48 horas) com longevidade de 10 dias. Os recortes
promoveram menores decréscimos na aparência visual, perda de massa e
conteúdo de antocianina, no entanto, não influenciaram o teor relativo de
água das brácteas e pseudocaule e atividade da peroxidase e
polifenoloxidase comparado ao controle. O objetivo do segundo experimento
foi avaliar o uso do 2-mercaptoetanol sobre a longevidade floral. O 2-
mercaptoetanol não influenciou a aparência visual, atividade da enzima
peroxidase, perda de massa e teor relativo de água do pseudocaule. A
longevidade não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos,
estimada em 11 dias. O terceiro experimento foi instalado com o objetivo de
avaliar o uso de pulverizações com benziladenina nas concentrações de 150
e 300 mg L
-1
. A benziladenina promoveu menores perdas de massa e
melhores notas na aparência visual comparada ao controle. No entanto, não
apresentou efeito sobre o conteúdo de antocianina, teor relativo de água das
brácteas e pseudocaule e atividade das enzimas peroxidase e
polifenoloxidase. Baseado na aparência visual a benziladenina em ambas
concentrações, bem como o controle não apresentaram diferenças
significativas na longevidade floral, estimada em 10 dias. O quarto
experimento objetivou avaliar o efeito do pulsing com ácido giberélico nas
concentrações de 50 e 100 mg L
-1
. O ácido giberélico não influenciou na
perda de massa, teor relativo de água do pseudocaule, conteúdo de
xviii
antocianina e atividade da peroxidase e polifenoloxidase, no entanto,
apresentou efeito significativo na aparência visual e teor relativo de água das
brácteas. Baseada nas notas da aparência visual, a longevidade floral foi de
7 dias para o controle e de 9 dias para hastes tratadas com ácido giberélico.
O quinto experimento consistiu em armazenar as hastes em câmaras frias a
7 ºC (97 % U. R.); 13 ºC (92% U. R.) e 15 ºC (58 % U. R), revestidas ou não
com película à base de galactomana de sementes de Caesalpinia
pulcherrima por períodos de 3 (1 dia em temperatura refrigerada + 2 dias a
25 ºC); 6 (4 dias em temperatura refrigerada + 2 dias a 25 ºC); 9 (7 dias em
temperatura refrigerada + 2 dias a 25 ºC); 12 (10 dias em temperatura
refrigerada + 2 dias a 25 ºC) and 15 (13 dias em temperatura refrigerada + 2
dias a 25 ºC). Hastes de Heliconia bihai armazenadas a 7 e 13 °C
manifestaram sintomas de injúria por frio aos 6 após a colheita (4 dias em
temperatura refrigerada + 2 dias a 25 ºC) com e sem película. O uso da
película não influenciou nos sintomas de injúria por frio. A melhor
temperatura de armazenamento foi 15 °C. A longevidade das hastes
armazenadas a 15 °C foi 10 e 13 dias, para hastes revestidas e não
revestidas respectivamente. Menores longevidades foram observadas em
hastes armazenadas a 25 °C com e sem película, bem como para as
armazenadas a 7 e 13 °C revestidas com película.
xix
ABSTRACT
GUIMARÃES, Adriana Andrade, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa,
April, 2008. Postharvest handling of the stems of the Heliconia bihai.
Adviser: Fernando Luiz Finger. Co-Advisers: José Geraldo Barbosa and
Paulo Roberto Cecon.
Aiming to evaluate the floral longevity of Heliconia bihai stems five
experiments were performed at Laboratory of Postharvest Physiology and
Technology, Embrapa Tropical Agroindústria in Fortaleza-CE. The first one
consisted of submitting the stems to recuts at every 24 or 48 hours after
harvest. The re cut at every 24 hours promoted longer floral longevity (12
days) compared to the other treatments, (control and stems recuted at every
48 hours) with longevity of 10 days. The recuts promoted minor decreases in
the visual appearance, mass loss and anthocyanins content, however did not
influenced the water relative content of the bracts and pseudo stems and the
activity of peroxidase and polyphenol oxidase compared to control stems.
The goal of the second experiment was to evaluate the use of 2-mercapto-
ethanol on flower longevity. The 2-mercapto-ethanol not influenced the visual
appearance, activity of enzyme peroxidase, losses of mass and water
relative content of the pseudo stems. The longevity did not present significant
differences among treatments, lasting at about 11 days. The third experiment
was installed with the objetive to evaluate the use of spraying with
benzyladenine at concentrations of 150 and 300 mg L
-1
. The benzyladenine
promoted minors losses of mass and better grades for visual appearance of
stems compared with control. However, did not present effect on the
anthocyanins content, water relative content of the bracts and pseudo stems
and in the activity of enzymes peroxidase and polyphenol oxidase. Based on
the visual appearance the benzyladenine in both concentrations, as well as
the control did not significant differences in the floral longevity, lasting 10
days. The fourth experiment aimed at to evaluate effect of pulsing with
gibberellic acid at concentrations of 50 and 100 mg L
-1
. The gibberellic acid
did not influence the loss of mass, relative water content of pseudo stems,
anthocyanins content, activity of peroxidase and polyphenol oxidase.
However, presented significant effect in the visual appearance and water
relative content of the bracts. Based on grades of visual appearance, the
xx
floral longevity was 7 days for the control and 9 days for the gibberellic acid
treated stems. The fifth experiment consisted of storing the stems in cold
chambers at 7 ºC (97 % U. R.); 13 ºC (92% U. R.) e 15 ºC (58 % U. R.),
coated or not with film from galactomanann of seeds of Caesalpinia
pulcherrima for periods of 3 (1 day in cold temperature + 2 days at 25 ºC); 6
(4 days in cool temperature + 2 days at 25 ºC); 9 (7 days in cold temperature
+ 2 days at 25 ºC); 12 (10 days in cold temperature + 2 days at 25 ºC) and 15
(13 days in cold temperature + 2 days at 25 ºC). Stems of Heliconia bihai
stored at 7 e 13 °C showed chilling injury symptoms at 6 days after harvest (4
days at cold temperature + 2 days at 25 ºC) with and without film. The use of
the film did not influence the appearance of chilling injury. The best
temperature for storage was 15 °C. The longevity of the stems stored at 15
°C was 10 and 13 days, for coated and not coated stems respectively.
Shorter longevities were observed for stems stored at 25 °C with the film, as
well as for those at 7 e 13 °C coated with film.
57
1. INTRODUÇÃO GERAL
A produção de flores e plantas ornamentais é uma das atividades que
mais crescem no país e no mundo (FARIA et al., 2007), sendo que no
período de 2001 a 2006 o crescimento atingiu 124%, e já no primeiro
quadrimestre de 2007 o Brasil exportou US$ 10,15 milhões em flores e
plantas ornamentais, conferindo aumento de 9,64% comparado ao mesmo
período de 2006 (ANBA, 2007).
Apesar do carro-chefe das exportações ser ainda flores tradicionais
como rosas e crisântemos, verifica-se anualmente um aumento na
comercialização de flores tropicais tanto no mercado externo quanto interno,
e dentre essas flores, as helicônias são as espécies que mais têm
despertado interesse, por serem detentoras de uma beleza exótica, relativa
rusticidade e grande variabilidade de cores, formas, tamanhos podendo ser
utilizadas tanto como flores de jardim quanto de corte (CASTRO,1993).
Mesmo apresentando potencial para crescimento no mercado
floricultor, informações sobre o manejo pós-colheita de helicônias são ainda
reduzidas; embora existam relatos sobre as possíveis causas que afetam a
conservação, como a baixa capacidade de absorção de água, elevada taxa
transpiratória e sensibilidade à injúria por frio (JAROENKIT & PAULL, 2003).
A baixa absorção de água após a colheita em flores de corte é
decorrente do bloqueio dos vasos xilemáticos, que pode ser ocasionado pela
entrada de ar nos vasos ou ser de natureza microbiológica eou fisiológica
(HE et al., 2006). O bloqueio fisiológico envolve a formação de tiloses, que
são resultantes do crescimento anormal das células do xilema, formando
uma estrutura semelhante a um balão (VAN DOORN, 1997). Esse tipo de
bloqueio pode ainda ser decorrente da síntese e oxidação de compostos
fenólicos e formação de lignina e suberina em resposta ao estress que
ocorre pelo corte.
O segundo entrave na conservação pós-colheita de helicônias é
citado como elevada taxa transpiratória, que pode ser minimizada por alguns
tratamentos, dentre eles a modificação da atmosfera de armazenamento, ao
reduzir a capacidade do ar circundante em absorver vapor d’água da
superfície do produto. Essa modificação na atmosfera pode ser obtida por
2
meio de filmes plásticos, ceras, emulsões, dentre outros (LANA & FINGER,
2000). Contudo, a crescente preocupação na redução do volume do lixo e a
dificuldade em reciclar a maioria das embalagens, têm incentivado
pesquisas no desenvolvimento de materiais biodegradáveis. Esses
revestimentos podem criar uma atmosfera modificada, similar às obtidas
pelas embalagens. Contudo, apresentam vantagens adicionais de não
agredirem o meio ambiente e de possuirem baixo custo em comparação às
formulações ou embalagens encontradas no mercado (MAFTOOZANAD &
RAMASWAMY, 2005). Para que haja maior eficiência devem ser utilizados
em conjunto com a refrigeração, a exemplo dos métodos tradicionais de
modificação da atmosfera para que haja maior eficiência.
As helicônias como outras flores devem ser conservadas sob
refrigeração; porém, como outras flores tropicais têm predisposição à injúria
por frio. De acordo com JAROENKIT & PAULL (2003) as helicônias, assim
como a maioria das flores tropicais, são facilmente danificadas quando
armazenadas e/ou transportadas em temperaturas abaixo de 10°C, em
virtude de manifestarem escurecimento das brácteas já no segundo dia de
armazenamento. Por outro lado, não há nenhum registro na literatura
relatando qual a temperatura ótima para o armazenamento de Heliconia
bihai, quais sintomas caracterizam a injúria por frio nessa espécie ou ainda
sobre o uso de algum tratamento que possa auxiliar nem retardar tais
sintomas.
De forma geral, para prolongar a vida pós-colheita de produtos
hortícolas, é necessário impedir os mecanismos que conduzem à
senescência os quais são influenciados por fatores internos e externos,
podendo ainda ser mediados por interações complexas de diversos fatores
incluindo os hormônios vegetais (BUCHANAN et al., 2000). Dentre os
hormônios vegetais que auxiliam no retardo da senescência, são citadas as
citocininas e giberelinas as quais têm promovido resultados satisfatórios em
várias espécies de flores, conforme verificado em Heliconia latispatha por
MORAES et al. (2005) e helicônias das cvs. Andrômeda e Sexy Pink por
PAULL & CHANTRACHIT (2001) tratadas com soluções de benziladenina.
Semelhantemente, o uso do ácido giberélico tem promovido efeitos
benéficos no prolongamento da longevidade floral de várias espécies como
3
Zantedeschia elliottiana cvs. Florex Gold e Black Magic (JANOWSKA &
JERZY, 2004) e Tulipa gesneriana (KIM & MILLER, 2007), dentre outras. No
entanto, nenhum registro na literatura foi verificado sobre o uso desse
regulador de crescimento na longevidade de espécies de helicônias.
Adicionalmente os resultados com aplicação de reguladores de
crescimento podem variar conforme a época, forma de aplicação, espécie e
doses, dentre outros fatores.
Diante do exposto verifica-se que as informações sobre o manejo
pós-colheita de helicônias restringem-se a poucos tratamentos e poucas
espécies, tornando necessário investigar quais são de fato os principais
entraves na vida pós-colheita da espécie proposta nessa pesquisa. Dessa
forma, esse trabalho tem como objetivos avaliar períodos de corte da base
das hastes, uso de inibidor enzimático, reguladores vegetais e diferentes
temperaturas associadas ou não ao revestimento com película
biodegradável sobre a longevidade pós-colheita de Heliconia bihai.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Descrição Botânica da Espécie
De acordo com LORENZI & SOUZA (2001) a Heliconia bihai é
originária do Brasil e Hawaii, sendo a planta classificada como arbustiva de
textura herbácea, rizomatosa, entouceirada, medindo de 2,0 a 3,0 m de
altura. Suas folhas são grandes, glabras, com pecíolo longo, nervuras
paralelas e curvilíneas. As inflorescências são eretas, longas, apresentando
várias brácteas rijas, dispostas em um mesmo plano com formato
semelhante à de um barco de coloração vermelho-alaranjado com faixa
verde na margem em direção ao ápice e em parte do dorso, suas flores são
pequenas de coloração variando do branco ao creme.
2.2 Problemas Pós-colheita das Helicônias
2.2.1 Oclusão dos Vasos Xilemáticos
O decréscimo na absorção de água pode, dependendo da espécie,
ser devido a uma série de fatores, os quais podem ser classificados como
inerentes à haste, também chamados de bloqueio fisiológico, bloqueio
devido ao crescimento microbiano e bloqueio ocasionado por formação de
bolhas de ar (embolia) (HE et al., 2006; VAN DOORN, 1999a).
O bloqueio fisiológico ocorre como resposta ao estresse imposta pela
colheita, através da deposição de materiais da superfície do corte, que
dependendo de sua composição, são chamados de látex, goma, mucilagem
ou resina. Outro tipo de bloqueio fisiológico pode ser ocasionado pela
formação de tiloses, que é definida como o crescimento desordenado das
células que se sobressaem dentro do lúmem dos vasos xilemáticos, cuja
forma se assemelha à de um balão. Esses “balões” podem não ocorrer em
adequado número para explicar o bloqueio, mas sua formação é
acompanhada pela produção de substâncias de alto peso molecular, que
pode ocasionar a falta de fluidez da água nas hastes (VAN DOORN, 1999a).
5
As substâncias depositadas na superfície do corte, assim como as
tiloses, podem migrar para dentro dos vasos do xilema, servindo como
barreira à entrada de microrganismos, ao mesmo tempo em que ocasionam
sua obstrução, impedindo a absorção de água. A formação de tais
substâncias, segundo VASLIER & VAN DOORN (2003), provavelmente está
envolvida com a síntese de etileno e ação de enzimas peroxidase (POD),
fenilalanina amônia liase (PAL) e catecol oxidase (Polifenoloxidases - PPO).
As enzimas peroxidase e polifenoloxidase estão envolvidas no
bloqueio vascular de algumas espécies de flores, através da oxidação dos
álcoois ρ-cumaril, coniferil e sinapil que são precursores da lignina. A lignina
é um composto que faz parte do metabolismo secundário das plantas e,
apesar de dar sustentação e estrutura no transporte de água pelo xilema,
pode, em caso de estresse, funcionar como mecanismo de proteção contra
ataque de patógenos se depositando na superfície do corte impedindo,
também, a entrada de água nos vasos (BOERJAN et al., 2003).
O bloqueio fisiológico é encontrado em algumas espécies de flores,
por exemplo, em crisântemos cv. Viking. Nessa cultivar VAN DOORN &
CRUZ (2000) pesquisaram o envolvimento de bactérias, cavitação e
resposta fisiológica ao corte, concluindo que o bloqueio não foi causado por
bactérias devido estas se encontrarem, durante todo o armazenamento, em
níveis abaixo do crítico, o mesmo ocorrendo em relação à embolia, uma vez
o ar aspirado na superfície do corte cessou antes da redução da taxa de
consumo de água. Assim, devido ao atraso no murchamento das folhas
tratadas com antioxidantes, bem como à presença de material na superfície
do corte, os autores verificaram que o bloqueio xilemático dessa espécie foi
de natureza fisiológica.
Semelhantemente, em hastes florais de grevillea cv. Crimson Yul-lo, o
bloqueio vascular foi aparentemente de natureza fisiológica envolvendo a
síntese de fenólicos e oxidação, possivelmente com formação de suberina
(HE et al., 2006).
LOUBAUD & VAN DOORN (2004) também concluíram que o bloqueio
em hastes de Astilbe foi de natureza fisiológica envolvendo a atividade das
enzimas peroxidase e polifenoloxidase, uma vez que a oclusão se
desenvolveu tanto nas flores que foram armazenadas úmidas quanto no
6
armazenamento á seco, por outro lado, em rosas da cv. Red One e em
Viburnum opulus cv. Roseum, o bloqueio observado nessas hastes foi
aparentemente relacionado à presença de bactéria no xilema.
Segundo VAN DOORN (1990) o bloqueio promovido pela entrada de
ar pode ocorrer quando hastes florais são removidas de uma planta que se
encontrava em estado de estresse hídrico, pois a coluna de água presente
pode encontrar-se sob tensão e atrair bolhas de ar para o interior dos vasos
xilemáticos.
Alguns fatores podem interferir na predisposição ao bloqueio
promovido pelo ar, como cultivar, tempo de exposição, diâmetro dos vasos
xilemáticos e quantidade de água perdida durante o período de exposição ao
ar.
A presença de ar em Rosa hybrida L., cv. Sonia não foi uma barreira
ao subseqüente consumo de água após transferência para vasos contendo
água. Por outro lado, a exposição relativamente prolongada ao ar resultou
no bloqueio da parte mais baixa dessas hastes (VAN DOORN, 1990).
Em flores de crisântemos, embora os autores tenham verificado a
presença de ar nos vasos xilemáticos após o corte, tal fato por si só não foi
um sério obstáculo para a fluidez da água, pois os autores concluíram que a
oclusão encontrada nessas flores foi de natureza fisiológica, induzida pelo
dano ocasionado pelo corte na colheita pela atividade das enzimas
peroxidase e polifenoloxidase (VAN DOORN & VASLIER, 2002).
VAN DOORN & REID (1995), trabalhando com quatro cultivares de
rosas, verificaram que durante a exposição ao ar o decréscimo na taxa
transpiratória, peso fresco, abertura estomatal e potencial hídrico foram
semelhantes nas cvs. Sonia, Madelon, Cara Mia e Frisco, porém, essa
última perdeu menos água e apresentou menor transpiração em relação ás
demais cultivares.
Uma descrição física da restauração do processo de embolia dos
vasos do xilema, próximo à base do corte de uma flor, prediz que dentro de
poucas horas depois de colocadas em água, somente uma parte dos vasos
pode ser completamente preenchido com água e outros vasos
incompletamente (VAN IEPEREN et al., 2002). O que vai depender de
7
fatores como: cultivar, tempo de exposição, diâmetro dos vasos e
quantidade de água perdida durante o período de exposição ao ar.
Outra causa do bloqueio dos vasos xilemáticos é devido à presença
de bactérias na água, em decorrrência da deposição de polissacarídeos
extracelulares produzidos, bem como de produtos oriundos de bactérias
mortas e macromoléculas que são formadas sobre a degradação dessas
bactérias os quais podem cobrir a superfície cortada da haste.
Análogamente, a superfície do corte pode conter substratos para
crescimento da bactéria, como substâncias açucaradas que podem fluir por
algum tempo para fora das células do floema aberto e embora a oclusão
bacteriana ocorra em todas as flores, espécies e até mesmo cultivares
podem responder diferentemente (VAN DOORN, 1999a).
Algumas espécies de flores apresentam bloqueio devido à presença
de bactérias como verificado por LOUBAUD & VAN DOORN (2004), onde a
inclusão de antibactericidas na água de vaso de rosas (Rosa hybrida) da cv.
Red One e Viburnum opulus cv. Roseum retardou o bloqueio xilemático
dessas flores.
Semelhantemente, em rosas da cv. Ruimeva a presença de bactérias
na água influenciou a vida de vaso dessas flores. Inflorescências de
Dendrobium cv. Jew Yuay Tew apresentaram aumento na vida de vaso
quando mantidas em água esterilizada indicando que a presença de
bactérias afetou a longevidade dessas flores (RATTANAWISALANON et al.,
2003). Elevados conteúdos de bactérias na água de vaso reduziram também
a longevidade de cravos (Dianthus caryophyllus) das cvs. Scania e White
Sim.
Um ou mais tipos de bloqueio pode existir em uma mesma espécie
(VAN MEETEREN et al., 2006), onde a grande variabilidade entre espécies,
e até mesmo cultivares, de flores ao bloqueio dos vasos xilemáticos não são
completamente esclarecidas; contudo, podem estar relacionadas, a taxa
transpiratória, superfície do produto e abertura estomatal. Outros fatores
como anatômicos, condições na pré e pós-colheita podem também
determinar se uma espécie ou mesmo uma cultivar pode ou não ser passível
de bloqueio.
8
De acordo com VAN DOORN (1999b) hastes de diversas espécies
de helicônias não são sensíveis a problemas hídricos. No entanto, nessa
mesma pesquisa com Heliconia psittacorum, quando transportadas a seco
observou-se taxas de consumo de água muito baixas já no primeiro dia após
a colheita; resultados igualmente verificados nas inflorescências
transportadas úmidas, concluindo assim que o enrolamento prematuro das
folhas e descoloração das brácteas resultou na oclusão vascular, sendo esta
de natureza desconhecida.
2.2.2 Injúria pelo Frio ou Chilling
A utilização de temperatura baixa durante o armazenamento atrasa a
senescência de flores e folhas prolongando o período de armazenamento.
No entanto, a maioria das flores originárias de clima tropical requer
armazenamento na faixa de temperatura entre 7 a 15 ºC visto que
temperaturas baixas causam injúria por frio; os sintomas da injúria incluem,
dentre outros, descoloração das flores, lesões necróticas sobre pétalas e
folhas e atraso no desenvolvimento de botões (NOWAK & RUDNICKI, 1990).
As helicônias são sensíveis à injúria por frio. De acordo com
JAROENKIT & PAULL (2003) são facilmente danificadas quando
armazenadas e/ou transportadas em temperaturas abaixo de 8 a 10 °C em
que manifestam sintomas de escurecimento das brácteas quando mantidas
a 10 °C por um período de dois dias.
Injúria por frio ou chilling é o termo utilizado para descrever o distúrbio
fisiológico que ocorre em muitas plantas e produtos hortícolas como
resultado da exposição a temperaturas relativamente baixas, mas acima do
ponto de congelamento (PARKIN et al., 1989). Os sintomas variam de
espécie para espécie sendo mais comumente verificado o escurecimento e
descoloração dos tecidos que reduzem a aparência visual diminuindo a vida
de vaso (JOYCE et al., 2000).
Esse distúrbio fisiológico foi inicialmente dividido por LYONS &
RAISON em 1970 em duas fases. A primeira foi denominada de Teoria de
Transição de Fases, que se caracterizou pela mudança de estado dos
lipídeos que compõe as membranas, os quais passam de “gel líquido” para
9
“gel sólido”; isso ocorre em função de plantas sensíveis à injúria por frio
apresentarem menor percentagem de ácidos graxos saturados em relação a
plantas resistentes, e os ácidos graxos dessa natureza tendem a se
solidificar em temperaturas relativamente baixas (MARKHART, 1986). Nessa
fase não há manifestação de sintomas externos. Na segunda fase ocorre a
manifestação de alguns sintomas, dentre esses o escurecimento dos
tecidos, ocasionado principalmente pela oxidação dos compostos fenólicos
(ABREU, 1998), onde as enzimas peroxidase (POD) e polifenoloxidase
(PPO) podem estar envolvidas (HERSHKOVITZ et al., 2005), além disso,
ocorrem murcha, depressões e descolorações, dentre outros.
O escurecimento dos tecidos ocorre em conseqüência da
desestruturação das membranas, pois os compostos fenólicos que se
encontravam armazenados nos vacúolos são liberados ou alternativamente
são depositados nas paredes celulares, entrando em contato com as
enzimas oxidativas peroxidase e polifenoloxidase (NGUYEN et al., 2003).
A polifenoloxidase (PPO) (catecol oxidase EC 1.14.18.1) é uma
oxidase terminal de grande ocorrência em plantas; cataliza a oxidação de
fenólicos, resultando no escurecimento de tecidos de produtos hortícolas
através da conversão de monofenóis a difenóis (atividade da
monofenoloxidase) e oxidação desses últimos (atividade da difenoloxidase),
(ZHANG & QUANTICK, 1997). É requerida em pelo menos duas reações
que irão conduzir o escurecimento, a primeira é a conversão de dipacroma a
5,6-dihidroxindol, que logo após será convertido em indol-5,6-quinona
caracterizando a segunda reação.
As peroxidases (POD, EC. 1.11.17) são enzimas que catalisam
reação redox em vegetais usando tanto o peróxido de hidrogênio como o
oxigênio como aceptores de hidrogênio. Atuam na catálise de reações
oxidativas, peroxidativas e de hidroxilação. Oxidam diferentes doadores de
hidrogênio, tais como: fenólicos, aminas, leucobases e compostos
heterocíclicos. São encontrados no citoplasma (forma solúvel), na parede
celular (forma insolúvel), membranas e organelas. Participam de várias
etapas da oxidação do álcool cinamil, que é o precursor da lignina a qual
pode ser depositada no local do corte da haste evitando a entrada de
8
10
microrganismos; ao mesmo tempo impede a entrada de água via vasos
xilemáticos (CHITARRA & CHITARRA, 2005).
Porém, apesar dos compostos fenólicos serem considerados como
um dos fatores causais de escurecimento em produtos hortícolas, eles
apresentam também função de proteção contra Espécies Reativas de
Oxigênio, onde estão incluídos os ânions superóxidos (O
-
), radicais
hidroxilas (OH
) e peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
), que causam peroxidação
dos lipídeos, danificando as organelas (DE MARTINO et al., 2006). Segundo
PENNYCOOKE et al. (2005), essas espécies são induzidas quando as
situações de estresse tornam-se severas; são espécies altamente tóxicas,
podendo danificar importantes componentes como DNA, RNA, proteínas e
lipídeos.
A síntese de compostos fenólicos inicia-se com a desaminação da
fenilalanina pela fenilalanina amônia-liase (PAL EC 4.3.1.5) produzindo
trans-cinamato, um monofenol. Independentemente, a polifenoloxidase (PPO
catecol oxidase; EC 1.1418.1) converte monofenóis a difenóis (atividade da
difenoloxidase), que inicia uma cascata de eventos levando a formação de
pigmentos marrons e, em seguida, cataliza à oxidação de dopacromo a
quinonas (CHOEHOM et al., 2004).
Plantas submetidas a condições de estress pelo frio apresentam um
excedente nos processos metabólicos degradativos das células
(catabolismo) em relação aos processos de manutenção da integridade
celular (anabolismo) sendo estes mais severos quanto menor for o sistema
antioxidante presente (FRANCK et al., 2007).
Esse sistema oxidante, composto por lipídeos solúveis antioxidantes
(-tocoferol e β-caroteno), redutores solúveis em água (ascorbato e
glutationa), e enzimas como superóxido dismutase (SOD, EC. 1.15.1.1.),
catalase (CAT, EC 1.11.1.6), ascorbato peroxidase (APX, EC. 1.11.1.11) e
glutationa redutase (GR, EC 1.6.4.2.), protege as células vegetais contra os
efeitos das espécies reativas ao oxigênio. A atividade deve-se,
principalmente, ás propriedades redox, que têm a capacidade de absorver e
neutralizar radicais livres, seqüestrando o oxigênio singleto e tripleto ou
decompondo peróxidos.
11
Durante o armazenamento, além da temperatura e presença de um
sistema antioxidante funcional, outro fator que interfere na intensidade da
injúria por frio é o estádio de maturação, onde os produtos hortícolas
imaturos são mais susceptíveis, além do período de permanência do produto
sob condições de temperaturas relativamente baixas.
Contudo os mecanismos de tolerância à injúria por frio são
complexos. Podem agir juntamente com outros mecanismos bioquímicos e
fisiológicos para manter as funções fisiológicas normais sob situações de
estress e promovido pela injúria por frio (PENNYCOOKE et al., 2005).
2.2.3 Transpiração
Transpiração é o processo de transferência de massa, no qual o vapor
d’água se move do interior do órgão vegetal, por meio da sua superfície,
para o ambiente externo. É um fenômeno de superfície como conseqüência
do déficit de pressão de vapor (DVP) e do coeficiente de transpiração (perda
de umidade pelo produto em uma unidade de tempo por déficit de pressão
de vapor) (CHITARRA & CHITARRA, 2005).
A intensidade da transpiração é controlada pela temperatura, umidade
relativa e velocidade do ar, sendo diretamente proporcional à temperatura e
inversamente proporcional a umidade relativa. O nível de perda de água que
as flores suportam varia de espécie para espécie, no entanto, qualquer flor
que venha perder de 10 a 15% do seu peso em água por causa da
transpiração, certamente perderá qualidade e diminuirá sua longevidade
(OLIVEIRA, 1996).
Quando a taxa transpiratória é maior que a taxa de consumo de água,
ocorre um déficit hídrico. A magnitude da perda de água pela transpiração é
maior em flores com área foliar relativamente grande, como em lírios e
rosas, quando comparada ás que apresentam área foliar relativamente
pequena, como cravos (VAN DOORN, 1997).
12
2.3 Tratamentos Pós-Colheita
2.3.1 Inibidores Enzimáticos e Corte da Base da Haste
Segundo VAN IEPEREN et al. (2002) a formação do bloqueio
xilemático depende de fatores como altura da água no vaso, diâmetro dos
vasos xilemáticos, duração da exposição das hastes, situação de estresse
(VAN DOORN & JONES, 1994) e altura do corte da base da haste (VAN
DOORN, 1994), além de fatores genéticos.
A localização do bloqueio xilemático em flores de corte, segundo VAN
MEETEREN et al. (2006) e VAN IEPEREN et al. (2002), difere em relação a
sua natureza, ou seja, se for por entrada de ar ou presença de bactérias
geralmente resulta em uma pequena resistência aos vasos, sendo
comumente localizado nos primeiros 2,0 cm da base da haste. Por outro
lado, quando o bloqueio é de natureza fisiológica, resulta em alta resistência,
se inicia na base da haste, movendo-se para cima, sendo mais
freqüentemente verificado nos 5,0 cm da base da haste.
Dessa forma, a utilização do corte da base da haste é um tratamento
que tem apresentado efeitos positivos em várias espécies de flores, como
em Grevillea da cv. Crimson Yul-lo (HE et al., 2006), crisântemos (VAN
DOORN & VASLIER, 2002), Zínia elegans (CARNEIRO et al., 2002) e
Strelitzia reginae (CAMPANHA et al., 1997). Semelhantemente, em flores de
Bouvardia, VASLIER & VAN DOORN (2003) verificaram que o bloqueio
dessas hastes localizou-se nos 5,0 cm mais baixos e foi de natureza
fisiológica envolvendo a atividade das enzimas peroxidase e
polifenoloxidase.
Outros tratamentos visando reduzir o bloqueio dos vasos xilemáticos
têm sido realizados através da utilização de inibidores enzimáticos, onde
VAN MEETEREN et al. (2006) verificaram que hastes de crisântemo cv.
Cassa, tratadas com solução de tropolone (inibidor enzimático),
apresentaram maior percentagem de recuperação do peso inicial após
período de armazenamento à seco, quando comparada ao controle (pulsing
com água), provavelmente por agir na atividade das enzimas lacases.
13
Alguns inibidores enzimáticos podem ser responsáveis ainda pela
diminuição na tensão de superfície, como é o caso do hexilresorcinol e agral-
LN, conforme relatado por VASLIER & VAN DOORN (2003) em flores de
bouvardia. Nesse caso os resultados positivos no prolongamento da vida de
vaso podem ter sido confundidos se foi devido à inibição da atividade
enzimática ou a diminuição da tensão superficial da solução.
Outra questão a ser considerada com o uso de inibidores enzimáticos,
é que alguns têm a capacidade de baixar o pH para valores abaixo de 5 em
determinadas concentrações, como no caso do 2-mercaptoetanol, que
segundo VASLIER & VAN DOORN (2003), pode confundir se os resultados
foram devidos á acidez da solução ou a inibição de enzimas propriamente
dita.
2.3.2 Refrigeração
O mais importante fator na manutenção da qualidade e
prolongamento da vida de prateleira dos produtos hortícolas após a colheita
é a temperatura, uma vez que a maioria das reações física, bioquímicas,
microbiológicas e fisiológicas, as quais são responsáveis pela deterioração
dos produtos, é influenciada pela temperatura (TANO et al., 2007).
A refrigeração também possibilita estender o período de conservação,
transporte e distribuição (MORAES et al., 1999) e, desse modo, é um dos
mais importantes fatores de sucesso no armazenamento de flores de corte e
plantas herbáceas (VAN DOORN & CRUZ, 2000).
De um modo geral, temperaturas entre 0 e 1 °C são mais efetivas em
manter a qualidade de muitas flores de corte. No entanto, algumas espécies,
especialmente de origem tropical e subtropical, podem sofrer injúria por frio
quando submetidas a faixa de temperatura entre 0 e 15 °C (JOYCE et al.,
2000), porém, a faixa de temperatura ótima para o armazenamento varia de
espécie para espécie e até mesmo cultivar, Contudo, esses autores
verificaram que flores de Grevillea cv. Sylvia, embora de origem subtropical,
manteve qualidade comercial acima de 12 dias de armazenamento na
temperatura de 0 °C.
14
Temperaturas relativamete baixas podem também causar outros
efeitos adversos à longevidade de flores, como o estímulo à síntese de
etileno, fato esse ocorrido em rosas, as quais apresentaram aceleração da
senescência quando transferidas para a temperatura de 22 °C, após um
período de exposição a 2 °C (FARAGHER & MAYAK, 1984). Nesse caso, os
autores atribuíram essa aceleração da senescência ao avanço e estímulo do
pico da produção de etileno devido a temperatura mais baixa. Similarmente
em cravos (Dianthus caryophyllus) a temperatura de armazenamento de 0
°C por 4 ou 5 semanas causou um pico na produção de etileno (PAULIN et
al., 1985).
A temperatura ideal para o armazenamento de flores varia entre
espécieS e até mesmo dentro de cada espécie; contudo, algumas flores
tropicais como Anthurium andraeanum André, cvs. Nitta, Kaumana, Ozaki
tem sua longevidade prolongada quando armazenadas na faixa de
temperatura entre 14 e 17 ºC (PAULL, 1987). Já inflorescências de Strelitzia
reginae Ait., segundo MORAES et al. (1999), se mantém com excelente
qualidade até os 14 dias de armazenamento a 10 °C sem manifestar
nenhum sintoma de injúria por frio.
Flores de Narcissus tazetta L., cv. Paper White e Narcissus
pseudonarcissus L., cv. Geranium envasadas apresentaram o dobro da
longevidade pós-produção quando armazenadas a 0 °C, comparada às
flores mantidas a 12,5 °C (CEVALLOS & REID, 2000), indicando uma
correlação inversa entre a taxa respiratória e a vida de vaso dessas flores.
Armazenando flores de Leucocoryne coquimbensis a 2 °C por 3 ou 7
dias, ELGAR et al. (2003) verificou que a longevidade foi de 8 a 9 dias,
porém, quando mantidas a 12 ou 20 °C por 3 dias, apresentaram
longevidade apenas de 5 a 7 dias.
KELLEY et al. (2003) trabalhando com flores comestíveis verificaram
que Viola tricolor L. cv. Helen Mount; Viola x wittrockiana L., cv. Accord Clear
Mixture e Tropaeolum majus L. cv. Jewel Mix, podem ser armazenadas a 0 e
2,5 °C por duas semanas, com perfeita qualidade visual. Por esse mesmo
período, flores de Borago offcinalis L. podem ser armazenadas a -2,5 °C
com qualidade aceitável; já as flores de Phaseolus coccineus L., cv. Dwarf
15
Bees não exibiram qualidade satisfatória durante duas semanas de
armazenamento em nenhuma das temperaturas estudadas (-2,5; 0; 2,5, 5;
10 e 20 °C), exibindo necroses, mofo e colapso dos tecidos.
JOYCE & SHORTER (2000) verificaram que a faixa de temperatura
de segurança para o armazenamento de flores de Anigozanthos spp., cvs.
H1 e Bush Dawn é entre 2 e 5 °C, pois quando mantidas a 0 °C
apresentaram injúria por frio, cujos sintomas foram o murchamento e
descoloração das pétalas.
Em Gerbera jamesonii cv. Vesuvio e Helianthus annuus L. (ÇELIKEL
& REID, 2002) verificaram que é possível armazená-las em temperaturas
próximas a de congelamento sem exibir nenhum sintoma de injúria por frio.
Temperaturas relativamente baixas podem também causar outros
efeitos adversos à longevidade de flores, como o estímulo á síntese de
etileno, fato esse ocorrido e rosas, as quais apresentaram aceleração da
senescência quando transferidas para a temperatura de 22 °C, após um
período de exposição a 2 °C, onde FARAGHER & MAYAK (1984) atribuíram
o avanço e estímulo do pico da produção de etileno a temperatura mais
baixa. Similarmente em cravos (Dianthus caryophyllus) o armazenamento a
0 °C por 4 ou 5 semanas, causou um pico na produção de etileno (PAULIN
et al. 1985).
2.3.3 Atmosfera Modificada
A perda de água e o murchamento de produtos hortícolas
ocasionados pela elevada taxa respiratória e transpiratória durante o
armazenamento, podem ser minimizados pela modificação da atmosfera ao
redor do produto, cujo princípio básico baseia-se em reduzir a capacidade do
ar circundante em absorver vapor de água da sua superfície. Essa
modificação pode ser adquirida pela redução da temperatura, elevação da
umidade do ar e adição de barreiras protetoras, tais como, filmes plásticos
ou substâncias como ceras e emulsões, dentre outros (LANA & FINGER,
2000).
16
Contudo, a crescente preocupação em reduzir o volume do lixo e a
dificuldade em reciclar a maioria das embalagens, tem incentivado
pesquisas no sentido de buscar materiais extraídos de plantas que possuam
a capacidade de formar géis com propriedades semelhantes às obtidas nos
revestimentos comerciais, ou seja, formar barreira protetora contra perda de
água e passagem de O
2
e CO
2
criando, dessa forma, uma atmosfera
modificada ao redor do produto; apresenta ainda as vantagens de não
agredir o meio ambiente e possuir baixo custo em comparação às
formulações ou embalagens encontradas no mercado (MAFTOONAZAD &
RAMASWAMY, 2005).
Esses revestimentos podem ser fabricados a base de lipídeos e
polissacarídeos extraídos de sementes, folhas e/ou frutos, como é o caso de
películas fabricadas á base de sementes de Caesalpinia pulcherrima,
arbusto da família leguminosaea, cujas sementes são ricas em
polissacarídeos tipo galactomananas, hidrofóbicas e insolúveis em solventes
orgânicos.
A eficiência dos revestimentos biodegradáveis é dependente da
permeabilidade desses e da taxa respiratória do produto, que por sua vez
podem ser afetados pela temperatura de armazenamento (MAFTOONAZAD
& RAMASWAMY, 2005).
Contudo, os revestimentos a base de polissacarídeos apresentam
controvérsia em relação à permeabilidade aos gases O
2
e CO
2
e ao vapor
d’água. BALDWIN et al. (1999) citam que os revestimentos a base de
polissacarídeos são menos permeáveis aos gases O
2
e CO
2
e mais
permeáveis ao vapor d’água; já RIBEIRO et al. (2007), enfatizam que esses
possuem igualmente alta seletividade aos gases e vapor d’água.
Por outro lado, cerejas revestidas com películas á base de
polissacarídeos extraídos de Aloe vera L., apresentaram perdas reduzidas
de massa sem a incorporação de lipídeos em sua composição (MARTINEZ-
ROMERO et al., 2006).
Outra consideração em relação aos revestimentos biodegradáveis é
em relação ao uso dos plasticizantes VIÑA et al. (2007), citam que a adição
de glicerol (agente plasticizante) ao filme de PVC (Cloreto de Polivinil),
apesar de promover integridade física, reduzir a permeabilidade ao vapor
17
d’água e aos gases O
2
e CO
2
, promoveu perda de massa acima do limite
recomendável para repolho (Brassica oleraceae).
Outros trabalhos utilizando revestimentos biodegradáveis em frutos e
hortaliças são encontrados na literatura. A exemplo, cita-se películas à base
de metilcelulose em frutos de abacate que se mostrou benéfica em retardar
o amadurecimento, agindo como barreira física a troca de gás entre o fruto e
o ambiente; diminuiu a taxa de catabolismo do substrato e habilidade em
gerar energia requerida para conduzir as reações bioquímicas associadas ao
amadurecimento, além de influenciar favoravelmente diversas propriedades
do fruto durante o amadurecimento (MAFTOONAZAD & RAMASWAMY,
2005).
Películas a base de cactus, contendo ou não glicerol como agente
plasticizante, foram testadas em morango (Fragaria ananassa). Nesse caso,
DEL-VALE et al. (2005) verificaram que, após nove dias de armazenamento,
o revestimento contendo glicerol proporcionou melhor sabor e maiores notas
pelos jugadores; porém, a melhor aparência visual e brilho foram verificados
nos frutos revestidos com a película sem adição do glicerol.
O uso de películas à base de babosa (Aloe vera) em cereja (Prunus
avium) promoveu retardo na perda de umidade e mudança de coloração,
reduziu o amolecimento dos frutos, taxa respiratória, perda de massa e
acidez titulável (MARTINEZ-ROMERO et al., 2006). YAMAN &
BAYOINDIRLI (2002) trabalhando com cerejas, revestidas com película
comestível Semprefresh
TM
(composto de ésteres de sacarose de ácidos
graxos, carboximetil-celulose de sódio e monodiglicerídeos de ácidos
graxos), observaram que houve retardo nas mudanças de vários parâmetros
de amadurecimento como perda de massa, firmeza da polpa e coloração da
casca nos frutos revestidos.
Em tomates o revestimento a base de quitosana induziu reações de
defesa nos frutos e melhorou a resistência contra o mofo cinzento (LIU et al.,
2007). SCANAVACA JÚNIOR et al. (2007) utilizou película à base de fécula
de mandioca (Manihot esculentum) em mangas (Mangifera indica L.), cv.
Surpresa, onde verificaram que o revestimento propiciou redução na perda
de massa, menor incidência de antracnose, retardo na mudança de
18
coloração da casca prolongando, dessa forma, a vida de prateleira desses
frutos.
Outro efeito benéfico com o uso da atmosfera modificada, além dos
citados, é a capacidade de retardar ou minimizar os efeitos de injúria por frio.
Ao que tudo indica, esse é decorrente da elevação da umidade no interior do
produto, dos níveis de CO
2
e diminuição de O
2
. Esse último é citado como
principal fator atuante na redução dos sintomas de injúria por frio, já que as
enzimas oxidativas peroxidase, polifenoloxidase e fenilalanina amônia-liase,
causadoras do escurecimento dos tecidos, possuem baixa afinidade pelo
oxigênio.
Alguns trabalhos relatam os efeitos da atmosfera modificada e/ou
controlada sobre o retardo e/ou redução nos sintomas de injúria por frio. Por
exemplo: em bananas o filme de polietileno não perfurado proporcionou
redução nos sintomas de injúria por frio durante o armazenamento a 10 °C
(NGUYEN et al., 2004); em pêras (Punus pérsica L.) a atmosfera controlada
associada ao tratamento térmico após o pré-armazenamento foi eficaz em
retardar os sintomas de injúria por frio, proporcionando ótima qualidade aos
frutos após 3 a 4 semanas (MURRAY et al., 2007); em pepinos (Cucumis
sativus) filmes selados ou perfurados promoveram retardo nos sintomas de
injúria por frio, ao passo que os não embalados exibiram esses sintomas já
no sexto dia de armazenamento (WANG & QI, 1997).
2.3.4 Uso de Reguladores Vegetais
Hormônios vegetais são definidos por CASTRO et al. (2005) como
compostos orgânicos de ocorrência natural, produzidos pelas plantas, que
em baixas concentrações promove, inibe ou modifica processos
morfológicos e fisiológicos do vegetal.
Vários pesquisadores, visando retardar o processo de senescência
têm utilizado substâncias sintéticas que possuem propriedades semelhantes
a dos hormônios vegetais os quais são conhecidos como reguladores de
crescimento ou reguladores vegetais. Esses reguladores são utilizados em
preservativos florais, podendo ser aplicados de forma isolada, em conjunto
19
com outras substâncias reguladoras de crescimento ou em junção com
antagônicos dos hormônios vegetais (NOWAK & RUDNICKI, 1990).
O aumento na longevidade de flores tratadas com citocininas é o
resultado da somatória de muitos efeitos fisiológicos diferentes desse
hormônio nos tecidos florais. Podem atuar na manutenção da
permeabilidade das membranas, balanço hídrico e no metabolismo de
proteínas e de ácidos nucléicos, além de reduzir a produção de etileno
(CASTRO, 1993).
As citocininas também são descritas como estabilizadores da
respiração e inibidoras da degradação da clorofila (CASTRO, 1993). Esse
retardo na degradação da clorofila foi verificado em Brassica oleraceae L.,
onde os floretes tratados com benzilaminopurina (BAP), um regulador
vegetal com propriedades semelhantes ás das citocininas naturais, manteve
a cor verde por até 4 dias, ao passo que os tratados com ethefon
apresentaram descoloração já no segundo dia de armazenamento (COSTA
et al., 2005).
Outro regulador de crescimento com funções semelhantes ao das
citocininas naturais é a benziladenina (BA) que além de promover aumento
no conteúdo de clorofila, acarretou em menor perda de massa em folhas de
Crisântemos (Dendranthema grandiflora) cv. Reagan White (PETRIDOU et
al., 2001). Já em olivas (Olea europeae) esse regulador de crescimento foi
responsável pela diminuição da taxa respiratória (TSANTILI & PONTIKIS,
2004).
Em Heliconia latispatha tratada com 100, 200 e 300 mg L
-1
de
benziladenina (BA), MORAES et al. (2005) verificaram que a vida de vaso foi
diretamente proporcional ao aumento das doses. Semelhantemente a vida
de vaso de helicônias cvs. Andrômeda e Sexy Pink tratadas com 200 mg L
-1
de benziladenina aumentou 2,4 vezes em relação a testemunha, além disso,
o tratamento com BA promoveu atraso no escurecimento e na abscisão das
brácteas (PAULL & CHANTRACHIT, 2001).
Flores de Hemerocallis fulva cv. Royal Crown tratadas com
benzilaminopurina (BAP) e cinetina (ambas citocininas) apresentaram maior
longevidade, elevado peso fresco, além de maior conteúdo de água nos
tecidos (GULZAR et al., 2005).
20
Assim como as citocininas, outro fitormônio que tem apresentado
resultados positivos em prolongar a vida de vaso de flores e plantas
ornamentais são as giberelinas, os quais são considerados hormônios da
juvenilidade por retardarem os processos de senescência de produtos
hortícolas, através do retardo da degradação da clorofila, elevação da
síntese de carotenóides, redução da perda de firmeza dos tecidos e, a
exemplo das citocininas, também promovem a síntese de ácidos nucléicos e
proteínas (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Esses resultados foram
observados em crisântemos por FLÓREZ-RONCANCIO (1996).
Outros efeitos benéficos, com o uso desse regulador vegetal, podem
ser citados como prevenção do escurecimento e aborto dos botões florais
em lírios orientais e asiáticos, verificados por RANWALA & MILLER (2005) e
alongamento dos pedúnculos de hastes de Zantedeschia ellottiana (W.
Wats) citados por JANOWSKA & JERZY (2004).
Em Rosa x híbrida, cv. Mercedes, o ácido giberélico suprimiu o
desenvolvimento de do fungo Botrytis blight quando aplicados diretamente
na base das pétalas; porém, quando o tratamento foi realizado através de
pulverizações, necessitou um aumento de 17 vezes na concentração para
produzir efeito. Em Cactus pea esse regulador reduziu a incidência de
doenças após 45 dias de armazenamento refrigerado, porém, não foi efetivo
quando os frutos foram mantidos por quatro dias adicionais a 20 °C
(SCHIRRA et al., 1999).
Por outro lado, resultados depreciativos na longevidade de flores
utilizando ácido giberélico foram verificados em crisântemos, onde a
aceleração da senescência foi promovida á medida que aumentou as
concentrações desse regulador, tanto em flores como folhas. Segundo
BRACKMANN et al. (2005), isso pode ter sido atribuído à nutrição deficiente
veiculada pela solução conservante e intensidade luminosa, que foram
capazes de suprimir os assimilados, causando a aceleração dos processos
de senescência.
Em relação à forma de aplicação do ácido giberélico, SKUTNIK et al.
(2001) verificaram que a imersão de folhas em solução contendo esse
regulador foi mais eficiente que o tratamento de pulsing, provavelmente pelo
21
fornecimento diretamente no local de contato dos tecidos da folha com o
regulador vegetal evitando o transporte, dificultado através dos pecíolos.
Porém, CASTRO (1993), trabalhando com Heliconia aurorea verificou
que o ácido giberélico quando fornecido como solução de manutenção foi
mais eficiente por promover maior longevidade, brilho, firmeza, menor queda
das flores e maior número de inflorescências, quando comparado ao
tratamento em solução de pulsing, o que poderia ser devido a maior
permanência das hastes em contato com a solução, o que possibilitou maior
absorção dos compostos, otimizando os benefícios advindo desse
tratamento.
O ácido giberélico, assim como outros reguladores vegetais, pode ser
utilizado isolado ou em combinação com outros reguladores, como verificado
em híbridos de Sandersonia aurantiaca x Littonia modesta onde a
combinação de ácido giberélico e citocinina foram mais eficientes em
prevenir a clorose foliar quando comparado a utilização de ambos
reguladores de forma isolada (EASON et al., 2001).
A aplicação dos reguladores vegetais em flores é especialmente
recomendada antes do armazenamento prolongado ou transporte (NOWAK
& RUDNICKI, 1990). Contudo, as respostas à aplicação desses podem ser
atribuídas a grande capacidade dos tecidos em absorvê-los ou devido aos
baixos níveis desses nos tecidos (PAULL & CHANTRACHI, 2001). Porém, a
explicação para os efeitos benéficos das citocininas e ácido giberélico são
ainda de natureza desconhecida, porém, a teoria mais aceita é que ambos
reprimam a expressão de Gens Associados á Senescência, denominados
gens SAGs.
22
3. CAPÍTULO 1
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES CORTES DA BASE
DA HASTE SOBRE A LONGEVIDADE FLORAL DE Heliconia bihai
RESUMO
Objetivando avaliar a influência de diferentes períodos de corte da
base da haste sobre a longevidade floral de Heliconia bihai, foi instalado um
experimento em ambiente à 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60 - 80% e e
intensidade luminosa de 5 μmol m
-2
s
-1
, foram testados cortes a cada 24 e 48
após a colheita, o controle permaneceu sem corte até o fim do período
experimental (12 dias após a colheita). Todas as hastes foram mantidas em
água destilada, sendo essas trocadas a cada 48 horas. O experimento foi
conduzido em delineamento inteiramente casualizado, em esquema de
parcelas subdivididas no tempo, tendo nas parcelas os períodos de corte da
base da haste (sem corte; corte a cada 24 e 48 horas após a colheita) e na
subparcela os cinco períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9 e 12 dias), com
três repetições de três hastes para cada tratamento em cada tempo. As
características avaliadas foram: aparência visual; longevidade floral, perda
de massa, teor relativo de água das brácteas e pseudocaule, antocianina e
atividade da peroxidase e polifenoloxidase. O corte a cada 24 horas
promoveu maior longevidade floral (estimada em 12 dias) em relação aos
demais tratamentos (testemunha e hastes cortadas a cada 48 horas) cuja
longevidade foi de 10 dias. Os períodos de corte das hastes proporcionaram
menor decréscimo na aparência visual, perda de massa e concentração de
antocianina, porém, não influenciaram no teor relativo de água das brácteas
e pseudocaule e atividade da peroxidase e polifenoloxidase quando
comparado às hastes que não receberam corte.
23
3.1 INTRODUÇÃO
A vida de vaso da maioria das flores de corte depende de dois
principais fatores que são o controle hormonal da senescência e relações
hídricas. Nas espécies em que a vida de vaso é reduzida por mudanças no
controle hormonal, geralmente o nível da produção de etileno aumenta
drasticamente, conduzindo mudanças na coloração, murchamento e
abscisão de pétalas, sépalas, brácteas e folhas. Por outro lado, em muitas
espécies de flores o período da vida de vaso é limitado por um drástico
decréscimo no consumo de água (VAN DOORN, 1999a). Segundo HE et al.
(2006) esse decréscimo no consumo de água pode ser devido a uma série
de fatores, os quais podem ser classificados como inerentes á haste,
também chamado bloqueio fisiológico, bloqueio devido o crescimento
microbiano e os ocasionados por formação de bolhas de ar (embolia ou
cavitação).
A localização do bloqueio xilemático em flores de corte, segundo VAN
MEETEREN et al. (2006) e VAN IEPEREN et al. (2002), difere conforme sua
natureza, ou seja, se este for ocasionado por entrada de ar ou presença de
bactérias, comumente localiza-se nos primeiros 2,0 cm da região da base e,
geralmente, resulta em pequena resistência aos vasos; por outro lado,
quando o bloqueio é de natureza fisiológica, resulta em alta resistência,
iniciando-se na base da haste, podendo ser verificado nos 5,0 cm da base
desta.
Contudo, alguns tratamentos têm sido utilizados visando diminuir o
bloqueio dos vasos, dentre esses, uso de inibidores enzimáticos e corte da
base da haste. Dessa forma, vários trabalhos relatam o efeito positivo do
corte da base das hastes em flores, como verificado em Grevillea cv.
Crimson Yul-lo (HE et al., 2006), Bouvardia (VASLIER & VAN DOORN,
2003), crisântemos (VAN DOORN & VASLIER, 2002), Zínia elegans
(CARNEIRO et al., 2002) e Strelitzia reginae (CAMPANHA et al., 1997). No
entanto, o processo de redução do bloqueio depende de alguns fatores
como diâmetro dos vasos e fatores genéticos, dentre outros.
24
A maioria das espécies de helicônias segundo VAN DOORN (1999b)
não são sensíveis a problemas hídricos, no entanto, nessa mesma pesquisa
com Heliconia psittacorum transportadas a seco, o autor observou que já no
primeiro dia após a colheita, que ocorreu decréscimo acentuado nas taxas
de consumo de água. Resultados igualmente verificados nas inflorescências
transportadas úmidas, onde se concluiu que o prematuro enrolamento das
folhas e descoloração das brácteas foi resultante da oclusão vascular, sendo
esta de natureza desconhecida.
Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi verificar qual o
período do corte da base da haste que proporcionará maior vida de vaso de
hastes de Heliconia bihai.
25
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
3.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita
Hastes
*
florais de Heliconia bihai oriundas de propriedade comercial
localizada no distrito de Pacoti, pertencente ao município de Guaramiranga
Estado do Ceará (latitude 4° 15 48” S, longitude de 38° 55 59” W e altitude
de 736 m), distante 91 Km da capital Fortaleza, foram colhidas em junho de
2006, às 7:00 h da manhã, quando as inflorescências atingiram três a quatro
brácteas abertas mais o ponteiro.
Após a colheita as hastes foram submetidas a duas lavagens, a
primeira com a mistura de água e nim (Azadirachta indica) para desinfecção
de formigas, e a segunda com água e sabão neutro, para retirada de
impurezas oriundas do campo. Em seguida foram enxaguadas com água
potável e submetidas ao tratamento antifúngico utilizando o Super S20,
conforme recomendações.
As hastes foram acondicionadas em caixas de papelão tipo comercial
medindo 1,15 m de comprimento x 0,45 m de largura x 0,20 m de altura
previamente forrada com papel picado; a seguir foram transportadas ao
Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita da Embrapa
Agroindústria Tropical situada em Fortaleza.
3.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais
No Laboratório as hastes foram selecionadas e descartadas quanto à
presença de danos mecânicos doenças e/ou pragas. Logo após, procedeu-
se o corte da base das hastes padronizando em 70 cm de comprimento e a
hidratação por 15 a 20 minutos em baldes contendo água destilada.
Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos diferentes
tratamentos.
*
Neste trabalho adotou-se o termo haste floral para o conjunto que compreende o
pseudocaule e a inflorescência.
26
3.2.3 Períodos de Corte e de Armazenamento das Hastes
Hastes de Heliconia bihai foram divididas em três lotes de 45 hastes
cada, para compor os tratamentos; esses constaram de dois períodos de
corte da base da haste a cada 24 e 48 horas após a colheita. O corte foi de
cerca de 2,0 cm com auxílio de uma faca devidamente esterilizada com
hipoclorito de sódio a 10%. Dessa forma um lote foi submetido ao corte a
cada 24 horas após a colheita e o outro lote cortado a cada 48 horas; hastes
destinadas ao controle foram mantidas sem o corte até o final do período
experimental.
O armazenamento das hastes foi realizado por períodos de 0, 3, 6, 9
e 12 dias após a colheita sob condições de 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60
- 80% e intensidade luminosa de 5 μmol m
-2
s
-1
.
Durante todo o período experimental a base das hastes manteve-se
imersa em água destilada dentro de baldes, onde a cada 48 horas efetuou-
se a troca da água com o intuito de evitar a proliferação de microrganismos.
3.2.4 Características Avaliadas:
3.2.4.1 Aparência Visual
A aparência visual foi avaliada diariamente por meio de uma escala
de notas subjetiva a qual constou dos seguintes critérios: nota 3 = destinada
às hastes que não apresentavam nenhum sintoma de murcha e/ou
descoloração e escurecimento de brácteas e pecíolo das folhas; 2 = hastes
que apresentavam incidência de 10 a 30% de murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas; 1 = 40 a 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas e 0 = 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas, sendo considerada nota de descarte.
27
3.2.4.2 Longevidade Floral
Compreendeu o número de dias entre a colheita até 50% das hastes
florais obterem a nota 0, ou seja, apresentarem sintomas acentuados de
murcha e/ou necroses.
3.2.4.3 Perda de Massa
Foi obtida a cada dois dias de acordo com a seguinte fórmula:
PM = (P S/C – P C/C) 100
P C/C
Onde:
P S/C = Peso das hastes antes do corte
P C/C = Peso das hastes após o corte
3.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA
P)
Realizado a cada três dias, conforme metodologia proposta por
CATSKY (1974) e WEATHERLEY (1950). Foram coletados nove discos das
brácteas e pseudocaule para cada tratamento, com auxílio de um furador de
12 mm de diâmetro; esses discos foram pesados, inicialmente, para a
obtenção do peso da matéria fresca e, em seguida, hidratados em espuma
de 1,0 cm de espessura previamente umedecida com água destilada, sendo
esta constantemente monitorada para evitar o excesso ou a falta de
umidade. A cada 30 minutos procedeu-se a secagem, superficialmente em
papel absorvente, dos discos das brácteas e pseudocaule, efetuando-se a
pesagem até a obtenção do peso constante, que caracterizou como peso da
matéria túrgida. Logo após os discos das brácteas e pseudocaule foram
colocados para secar em estufa, com circulação de ar forçado a 70 °C por
um período de três dias, para a determinação do peso da matéria seca. O
teor relativo de água foi calculado de acordo com a fórmula:
28
TRA = (F-S/ T-S) x 100
Onde:
F = peso da matéria fresca (g)
T = peso da matéria túrgida (g)
S = peso da matéria seca (g)
3.2.4.5 Antocianina
Determinou-se, a cada 72 horas, conforme metodologia proposta por
MARKAKIS (1982). Foram pesados 0,1 g de peso fresco das brácteas,
homogeneizadas com 30 mL de solução de etanol: HCl (85:15) durante dois
minutos e transferidos, sem filtrar, para balão de 50 mL previamente
cobertos com papel alumínio, armazenados por uma noite em geladeira
comum. Transcorridos esse período, o homogeneizado foi filtrado em papel
de filtro quantitativo. O conteúdo de antocianina foi medido em
espectrofotômetro a 535 nm, e os resultados expressos em mg de
antocianina por peso de matéria fresca.
3.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
Os ensaios enzimáticos foram determinados conforme metodologia
proposta por WISSEMANN & LEE (1980) e MATSUNO & URITANI (1972). A
cada dois dias, discos do pseudocaule de aproximadamente 2,0 cm de
espessura foram congelados em nitrogênio líquido e armazenados em
ultrafreezer a -70 °C até a ocasião da determinação das atividades
enzimáticas. Ambas as enzimas foram extraídas com a maceração dos
discos em almofariz acrescidos com uma pitada de areia lavada,
previamente esterilizada, e cerca de 10 mL de tampão fosfato pH 7,0; em
seguida procedeu-se a pesagem do material para logo após acrescentar
tampão pH 7,0; e água destilada na proporção de 1:1:1 (amostra: tampão:
29
água) homogeneizando em seguida e centrifugando a 1.500 x g a 4°C por
10 minutos, sendo tomado como o extrato enzimático o sobrenadante.
A atividade da polifenoloxidase foi iniciada tomando-se uma alíquota
de 0,3 mL do extrato enzimático e 1,8 mL de catecol em tubo de ensaio que,
em seguida, foi agitado e colocado em banho-maria a 30 °C por 30 minutos.
Transcorridos esse período acrescentou-se 0,8 mL de ácido perclórico,
permanecendo em repouso por 5 a 10 minutos. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro a 395 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg de
proteína.
Para a determinação da atividade da peroxidase tomou-se como
alíquota 0,05 mL do extrato enzimático adicionando 2,95 mL de água
destilada; 5,5 de guaiacol e 0,5 mL de peróxido de hidrogênio; logo após foi
agitado e aquecido em banho-maria a 30ºC por cinco minutos. Decorrido
esse período acrescentou-se 1 mL de bissulfito de sódio a 30%. A leitura
feita em espectrofotômetro a 410 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg
de proteína
3.2.4.7 Proteína Total
As determinações da quantidade de proteína presente nos extratos
foram feitas a cada 48 horas pelo método de BRADFORD (1976), usando
Soroalbumina Bovina (BSA) como padrão.
3.2.5 Delineamento Experimental e Análise Estatística
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo, tendo nas
parcelas os três períodos de corte da base da haste (sem corte; corte a
cada 24 e 48 horas após a colheita) e na subparcela os cinco períodos de
armazenamento (0, 3; 6; 9 e 12 dias), com três repetições de três hastes
para cada tratamento e cada tempo.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância e
regressão. Para a análise de regressão os modelos foram escolhidos
30
baseados na significância dos coeficientes de regressão utilizando o teste “t”
adotando-se o nível de 5% de probabilidade, no coeficiente de determinação
(r
2
) e no fenômeno biológico.
.
31
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.4.1 Aparência Visual
A aparência visual nas hastes de Heliconia bihai apresentou interação
significativa entre os fatores estudados, períodos de corte da base da haste
x períodos de armazenamento. Se observa de acordo com a Figura 1 que as
maiores notas para essa variável foram obtidas nas hastes que receberam o
corte em ambos períodos, quando comparada as que não foram cortadas.
Contudo, no final do período experimental (12 dias após a colheita) apenas
as hastes que foram cortadas a cada 24 horas apresentaram aparência
visual comercializável (notas < 1,0 foram consideradas de descarte), ao
passo que a testemunha e hastes que receberam corte a cada 48 horas
exibiram notas na aparência visual respectivamente de 0,83 e 0,30, portanto,
impróprias à comercialização.
O decréscimo na aparência visual foi decorrente do surgimento de
manchas escuras no tecido das brácteas (Figura 2); além disso, ocorreu
amarelecimento e ressecamento da ponta das brácteas e pecíolo das folhas
(Figura 3), que pode ter sido ocasionado pela elevada taxa transpiratória.
Algumas manchas escuras na superfície das brácteas (Figura 2)
foram atribuídas à antracnose, doença comum em helicônias e que segundo
ASSIS et al. (2002) é causado pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides
(Penz.), cujos sintomas são manchas de colorações variadas de acordo com
a espécie.
Nesse experimento observou-se que o corte a cada 24 horas da base
das hastes de Heliconia bihai promoveu maior manutenção da aparência
visual. Esse resultado concorda com o verificado por CAMPANHA et al.
(1997) em ave-do-paraíso (Strelitzia reginae Ait.), cujos autores atribuíram a
maior manutenção da aparência dessas hastes, a área limpa e fresca na
superfície do fim da haste ocasionado pelo corte, quando comparada as
hastes não cortadas.
32
Ŷ = -0,89 + (12,09/[1 + exp(-(x + 7,21)/-11,11) R²=0,99
Ŷ = 0,92 + (2,18/[1 + exp(-(x – 7,22)/-1,52) R²=0,95
Ŷ = 0,51 + (3,56/[1 + exp(-(x – 10,26)/-1,44) R²=0,97
Figura 1: Estimativas da aparência visual
em hastes de Heliconia bihai, sem corte da
base da haste e corte a cada 24 e 48 h após
a colheita.
Figura 2: Sintomas de antracnose em
hastes de Heliconia bihai. EMBRAPA:
Fortaleza - Ceará, 2008.
33
Testemunha
3 dias
Corte 24 h
3 dias
Corte 48 h
3 dias
Tempo
0 dias
Testemunha
6 dias
Corte 24 h
6 dias
Testemunha
9 dias
Corte 24 h
9 dias
Corte 48 h
9 dias
Corte 48 h
6 dias
Testemunha
12 dias
Corte 24 h
Corte 48 h
12 dias
Corte 48 h
9 dias
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
Figura 3: Aparência visual de hastes de Heliconia bihai armazenadas sem o
corte da base das hastes e cortadas a cada 24 e 48 horas após a colheita:
A (caracterização); B, F e J (aos 3 dias); C, G e L (aos 6 dias); D, H e M
(aos 9 dias); E, I e N (aos 12 dias). EMBRAPA: Fortaleza – Ceará, 2008.
34
3.4.2 Longevidade Floral
De acordo com as notas na aparência visual das hastes pode-se
estimar a longevidade em 12 dias para hastes que receberam corte a cada
24 horas e de 10 dias para o controle (sem corte) e as hastes submetidas ao
corte a cada 48 horas.
Segundo CASTRO (1993) helicônias que apresentam longevidade
menor ou igual a 7 dias são classificadas como de vida curta, de 8 a 14 dias
média e para aquelas que se mantém com qualidade satisfatória de no
mínimo 14 dias possuem longevidade alta. Nesse mesmo trabalho o autor
verificou que a Heliconia bihai apresentou longevidade de 8 dias, portanto,
inferior às longevidades obtidas nesse experimento, que foram estimadas
em 10 e 12 dias, de acordo com o tratamento.
Ao contrário dos resultados em relação à longevidade obtida com o
corte a cada 48 horas em hastes de Heliconia bihai a qual não diferiu das
hastes destinadas ao controle, CAMPANHA et al. (1997) verificaram que em
hastes de ave-do-paraíso (Strelitzia reginae Ait) o corte a cada 48 horas
promoveu aumento da longevidade a qual foi estimada em 11,3 dias, ao
passo que hastes que não receberam corte mantiveram longevidade de 7,6
dias.
3.4.3 Perda de Massa
A perda de massa foi influenciada pela interação entre períodos de
corte x armazenamento que, mostrou comportamento crescente ao longo do
período de armazenamento em todas as hastes. Porém, esse aumento foi
mais acentuado na testemunha (hastes que não receberam o corte),
demonstrando que o corte da base da haste contribuiu significativamente
para a redução da perda (Figura 4). Assim, no final do período experimental
(12 dias) a perda de massa acumulada foi de 4,55; 2,04 e 1,44%,
respectivamente, para o controle e hastes cortadas a cada 24 e 48 horas.
MENSUALI-SODI & FERRANTE (2005), trabalhando com três
comprimentos de corte das hastes em girassol (Helianthus annuus)
verificaram que nos dois primeiros dias de vida de vaso, o peso fresco
35
aumentou mais em flores com 60 e 70 cm em comparação as que
apresentaram 50 cm, porém, a partir do quarto dia houve um decréscimo no
peso fresco líquido em todos os tratamentos.
A turgidez dos produtos hortícolas é resultante do balanço entre a
absorção e perda de água; sendo essa perda usualmente expressa como
percentual de massa perdida. Assim, perda maior que a absorção, indica
que há impedimento do consumo de água, ocasionado pelo bloqueio dos
vasos xilemáticos.
Ŷ = 0,02 + 0,10X R
2
= 0,99
Ŷ = -0,00 + 0,04X R
2
= 0,97
Ŷ = -0,02 + 0,03X R
2
= 0,97
3.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA
P)
A freqüência de corte da haste não influenciou no comportamento do
TRA das brácteas e pseudocaule, porém ambas variáveis apresentaram
Figura 4: Estimativas da perda de massa
em hastes de Heliconia bihai, sem corte da
base da haste e corte a cada 24 e 48 h após
a colheita.
36
diferenças significativas em função dos períodos de armazenamento
(Figuras 5 e 6).
Embora não tenha havido diferenças significativas entre os períodos
de corte da base da haste e o controle (hastes que não receberam corte)
para o TRA B, verifica-se de acordo com a Figura 5 uma tendência de
aumento nessa variável a partir do 3° dia de armazenamento, quando
comparado ao valor encontrado no início do período experimental. As taxas
de acréscimos foram de 5,47; 6,39 e 2,74%, respectivamente, aos 3, 6 e 9
dias de armazenamento. Porém, no final do período experimental registrou-
se decréscimo para essa variável de 5,48%, quando comparado ao valor no
início do período experimental.
Semelhantemente, o TRA P (Figura 6) apresentou ligeiro aumento no
3° dia de armazenamento cujos acréscimo foi de 0,14 % em relação ao valor
registrado no início do armazenamento. Após esse período, porém, verificou-
se um decréscimo, atingindo aos 12 dias de armazenamento redução de
11,84%.
Resultados contrários foram verificados em relação ao corte das
hastes em flores de Grevillea, cv. Crimson Yu-lo onde o corte a cada 24
horas de cerca de 2 cm proporcionou aumento da taxa de consumo da
solução de vaso, manutenção do potencial hídrico e do teor relativo de água
das inflorescências em relação a testemunha (hastes que não recebram
corte) (HE et al., 2006).
Semelhantemente, o corte de cerca de 5 cm de hastes florais de
Bouvardia, dentro de recipientes contendo água, resultou na completa
recuperação do turgor das folhas após 24 horas de armazenamento a seco
sob temperatura de 20 °C e umidade relativa de 60%; porém, em relação as
flores, a recuperação do turgor foi atingido mais tardiamente quando
comparado às folhas, indicando que a oclusão nessa espécie esteve
presente na parte mais baixa da haste (VASLIER & VAN DOORN, 2003). Já
em flores de crisântemos (Dedranthema grandiflora) o corte de 4 cm na base
da haste, após o armazenamento a seco resultou na recuperação de 67% da
capacidade hidráulica (VAN IEPEREN et al., 2002).
37
O corte da base da haste a cada 24 horas também promoveu efeito
positivo em hastes de ave-do-paraíso (Strelitzia reginae Ait.),
proporcionando manutenção do teor relativo de água de brácteas e sépalas,
cujos valores foram em média de 93,9 e 89,1%, respectivamente
(CAMPANHA et al., 1997). Em folhas de ave-do-paraíso o corte do pecíolo
não interferiu no teor relativo de água, cujos valores máximos foram
atingidos aos 14,86 dias, logo após esse período mantiveram-se estáveis
permanecendo em média em torno de 94% (CUNHA, 1998).
Uma possível explicação para o decréscimo menos acentuado no teor
relativo de água das brácteas em relação ao caule pode ser devido à
natureza esponjosa dos tecidos das brácteas os quais são capazes de
armazenar relativamente maiores quantidades de água.
De acordo com VAN DOORN & CRUZ (2000) a oclusão vascular
pode ser determinada pelo cálculo do balanço hídrico dado pela diferença
entre a taxa de consumo de água e transpiração, pois quando esse balanço
atinge valores negativos implica na presença de algum bloqueio.
A restauração do bloqueio depende de alguns fatores como diâmetro
dos vasos xilemáticos e a altura da água dos vasos, sendo esse último fator
efetivo somente para espécies que posssuem diâmetro grande dos vasos
xilmáticos (VAN IEPEREN et al., 2002), além do tempo de exposição das
hastes a situação de estresse (VAN DOORN & JONES, 1994); altura do
corte da base da haste (VAN DOORN, 1994) e de fatores genéticos.
38
Ŷ = 92,07 + 2,38x – 0,23x
2
R²=0,99
Ŷ = 98,53 + 0,38 x – 0,113x
2
R²=0,99
Figura 5: Estimativa do teor relativo de
água das brácteas (TRA B) em hastes de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a
25 ± 2 C° e umidade relativa de 60- 80%.
Figura 6: Estimativa do teor relativo de
água do pseudocaule (TRA P) em hastes de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a
25 ± 2 C° e umidade relativa de 60- 80%.
39
3.4.5 Antocianina
A concentração de antocianina foi influenciada pela interação entre os
fatores períodos de armazenamento e corte da haste (Figura 7). Hastes que
receberam corte a cada 48 horas apresentaram diminuição dessa variável a
partir do terceiro dia de armazenamento, no sexto dia foi verificado um
decréscimo de 37% (297,53 mg/100 g de brácteas) em relação à
concentração inicial (475,83 mg/100 g de brácteas); no entanto, após esse
período, o comportamento dessa variável manteve-se praticamente estável
até o final do período experimental.
Por outro lado, hastes que não receberam corte (testemunha) e
hastes cortadas a cada 24 horas praticamente não manisfestaram mudanças
para essa variável até o 6° e 9° dias, respectivamente. Após esse período de
estabilização, houve decréscimo da concentração de antocianina em ambos
os tratamentos, cujas taxas atingiram valores no final do período
experimental de 45,94 e 41,55%, respectivamente, para a testemunha e
hastes cortadas a cada 24 horas.
Dessa forma, verifica-se que o maior declínio da concentração de
antocianina foi verificado nas hastes cortadas a cada 48 horas, ao passo que
a maior retenção no conteúdo desse pigmento foi verificada nas hastes que
receberam o corte a cada 24 horas após a colheita.
As antocianinas são pigmentos que exercem fator de atratividade ao
consumidor e, portanto, fator de sucesso econômico em plantas ornamentais
(DELA et al., 2003), apresentam ainda algumas funções nas plantas, como
por exemplo: proteção aos raios ultravioleta e ataque de patógenos, além de
servirem como substrato para a atividade das enzimas oxidativas,
peroxidases e polifenoloxidases nas reações de escurecimento dos tecidos
(TAIZ & ZEIGER 2004).
40
Ŷ = 252,54 + (216,81/[1 + exp(-(x – 7,50)/-0,86) R²=0,99
Ŷ = -6673,68 + (7117,86/[1 + exp(-(x – 15,33)/-0,92) R²=0,78
Ŷ = 297,54 + (178,29/[1 + exp (-(x – 3,11)/-0,049) R²=0,98
3.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
Os períodos de corte da haste não influenciaram a atividade das
enzimas peroxidase e polifenoloxidase, no entanto, ambas enzimas foram
influenciadas pelos períodos de armazenamento onde revelou
comportamento decrescente ao longo de todo o armazenamento (Figuras 8
e 9). Por ocasião da colheita (início do armazenamento) os valores foram
respectivamente para POD e PPO de 7,26 e 5,34, atingindo no final do
período experimental (12 dias), 0,66 e 0,27 ΔUA/min/mg de proteína,
respectivamente.
O decréscimo na atividade de ambas enzimas verificado nesse
experimento, pode ser atribuído à diminuição dos compostos fenólicos que
atuam como substrato para as reações de escurecimento promovidas por
essas enzimas.
Figura 7: Estimativas da concentração de
antocianina em hastes de Heliconia bihai,
sem corte da base da haste e corte a cada
24 e 48 h após a colheita.
41
As enzimas peroxidase e polifenoloxidase podem estar envolvidas
também no bloqueio vascular de algumas espécies de flores, como
verificado em rosas, Astilbe x arendisii e Viburnum opulus (LOUBAUD &VAN
DOORN, 2004), Bouvardia (VASLIER & VAN DOORN, 2003); e crisântemos
(VAN DOORN & VASLIER, 2002); (VAN DOORN & CRUZ, 2000), por
participarem da síntese de lignina promovendo a oxidação dos álcools que
são precursores da lignina (álcool ρ-cumaril, coniferil e sinapil).
A lignina é um composto que faz parte do metabolismo secundário
das plantas e que, apesar de dar sustentação e estrutura no transporte de
água no xilema pode, em caso de estress, como por exemplo, na colheita,
funcionar como mecanismo de proteção contra ataque de patógenos
(BOERJAN et al., 2003).
Ŷ = 0,409 + 6,855 exp (-0,257x) R²=0,99
Figura 8: Estimativa da atividade da peroxidase
em hastes de Heliconia bihai, armazenadas por
12 dias a 25 ± 2 C° e umidade relativa de 60-
80%.
42
Ŷ = -0,302 + 5,646 exp (-0,190x) R²=0,98
Figura 9: Estimativa da atividade da
polifenoloxidase em hastes de Heliconia
bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C°
e umidade relativa de 60- 80%.
43
3.5 CONCLUSÕES
O corte a cada 24 horas promoveu maior longevidade floral (estimada
em 12 dias) em relação aos demais tratamentos (testemunha e hastes
cortadas a cada 48 horas) cuja longevidade foi de 10 dias.
Os períodos de corte das hastes proporcionaram menor decréscimo
na aparência visual, perda de massa e concentração de antocianina, porém,
não influenciaram no teor relativo de água das brácteas e pseudocaule e
atividade da peroxidase e polifenoloxidase quando comparado às hastes que
não receberam corte.
44
4. CAPÍTULO 2
ENVOLVIMENTO DAS ENZIMAS PEROXIDASE
E POLIFENOLOXIDASE NA OCLUSÃO XILEMÁTICA DE
Heliconia bihai
RESUMO
Com o intuito de verificar a influência das enzimas peroxidase e
polifenoloxidase no possível bloqueio dos vasos xilemáticos de hastes florais
de Heliconia bihai, utilizou-se o 2-mercaptoetanol (inibidor de ambas
enzimas) em solução de pulsing durante 5 horas nas concentrações de 10 e
15 mM, em ambiente à 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60-80%. (Hastes tidas
como controle foram mantidas em água destilada). Após o tratamento de
pulsing, as hastes foram mantidas em baldes contendo água destilada em
ambiente com temperatura de 13°C, umidade relativa de 90-95%,
permanecendo nessas condições durante 24 horas. Decorrido esse período,
as hastes foram mantidas novamente sob as mesmas condições de
temperatura e umidade relativa impostas na ocasião do pulsing, onde
permaneceram até o final do período experimental (12 dias). A intensidade
luminosa permaneceu constante durante todo o armazenamento atingindo
valores de 5 μmol m
-2
s
-1
. As características avaliadas foram: aparência
visual; longevidade floral, perda de massa, teor relativo de água das
brácteas e pseudocaule, antocianina e atividade da peroxidase e
polifenoloxidase. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo, tendo nas
parcelas as três concentrações de 2-mercaptoetanol (0; 10 e 15 mM) e na
subparcela os cinco períodos de armazenamento (0, 3; 6; 9 e 12 dias), com
três repetições de três hastes para cada tratamento em cada tempo. O uso
do inibidor enzimático 2-mercaptoetanol nas concentrações utilizadas não
prolongou a vida pós-colheita de hastes de Heliconia bihai indicando, que as
enzimas peroxidase e polifenoloxidase não estão envolvidas ou não foram a
principal causa para a instalação do bloqueio vascular. O comportamento do
teor relativo de água do pseudocaule revelou decréscimo acentuado no 3°
dia após a colheita, possivelmente indicando a instalação de um bloqueio
que foi posteriormente restaurado. O 2-mercaptoetanol não influenciou na
45
aparência visual, atividade da peroxidase, perda de massa e teor relativo de
água do pseudocaule de Heliconia bihai. A longevidade floral não diferiu
entre os tratamentos, sendo estimada em 11 dias.
46
4.1 INTRODUÇÃO
A taxa de absorção de água pode depender de alguns fatores, como
taxa transpiratória, temperatura e composição da água do vaso (VAN
DOORN, 1997). Por outro lado, o decréscimo na absorção, pode ser devido
a uma série de fatores, os quais podem ser classificados como inerentes a
haste, também chamados bloqueio fisiológico, bloqueio devido ao
crescimento microbiano e formação de bolhas de ar (embolia e cavitação)
(HE et al., 2006).
O bloqueio fisiológico ocorre como resposta a um estresse, por
reação ao corte, conduzindo à deposição de materiais como suberina,
lignina, taninos, gomas, ou exudação de substâncias como látex, mucilagens
ou resinas, no local lesionado que podem, parcialmente, entrar nos vasos do
xilema (VAN DOORN, 1997).
As substâncias depositadas na superfície do corte, apesar de
servirem como barreira à entrada de microrganismos no interior dos vasos,
podem também ocasionar obstrução desses, impedindo a entrada de água.
A ocorrência de tais substâncias pode estar envolvida com a síntese de
etileno e ação de enzimas peroxidase (POD), fenilalanina amônia-liase
(PAL) e polifenoloxidase (PPO), como determinado por VASLIER & VAN
DOORN, (2003) em flores de Bouvardia, cuja vida de vaso foi prolongada
após tratamento com inibidores das enzimas peroxidase e polifenoloxidase,
indicando que essas, provavelmente, poderiam estar envolvidas no bloqueio
xilemático dessa espécie.
Outro tipo de bloqueio imposto por situações de estresse pode ser
devido à formação de tiloses, as quais são definidas por VAN DOORN,
(1999a) como o crescimento desordenado das células do parênquima que
se sobressai dentro do lúmem dos vasos do xilema.
Alguns fatores como os genéticos, anatômicos, condições na pré e
pós-colheita podem determinar se uma espécie ou mesmo uma cultivar pode
ou não ser passível de bloqueio. Contudo, em uma mesma espécie ou
cultivar pode existir mais de um tipo de bloqueio, conforme verificado em
crisântemos da cv. Cassa (VAN MEETEREN et al., 2006).
47
A maioria das espécies de helicônias, segundo VAN DOORN (1999b)
não é sensível a problemas hídricos; no entanto, nessa mesma pesquisa
com Heliconia psittacorum transportada à seco, o autor observou, já no
primeiro dia após a colheita, decréscimo acentuado nas taxas de consumo
de água, resultados igualmente verificados nas inflorescências transportadas
úmidas, onde concluiu que o enrolamento prematuro das folhas e
descoloração das brácteas foi resultante da oclusão vascular, sendo esta de
natureza desconhecida.
Não há relatos na literatura sobre as relações hídricas em Heliconia
bihai. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi investigar o envolvimento
das enzimas peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PPO) no possível
bloqueio vascular de hastes desta espécie.
48
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita
Hastes
*
florais de Heliconia bihai oriundas de propriedade comercial
localizada no distrito de Pacoti, pertencente ao município de Guaramiranga
Estado do Ceará (latitude 4° 15 48” S, longitude de 38° 55 59” W e altitude
de 736 m), distante 91 Km da capital Fortaleza, foram colhidas em junho de
2006, às 7:00 h da manhã, quando as inflorescências atingiram três a quatro
brácteas abertas mais o ponteiro.
Após a colheita as hastes foram submetidas a duas lavagens, a
primeira com a mistura de água e nim (Azadirachta indica) para desinfecção
de formigas, e a segunda com água e sabão neutro, para retirada de
impurezas oriundas do campo. Em seguida foram enxaguadas com água
potável e submetidas ao tratamento antifúngico utilizando o Super S20,
conforme recomendações.
As hastes foram acondicionadas em caixas de papelão tipo comercial
medindo 1,15 m de comprimento x 0,45 m de largura x 0,20 m de altura
previamente forrada com papel picado; a seguir foram transportadas ao
Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita da Embrapa
Agroindústria Tropical situada em Fortaleza.
4.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais
No Laboratório as hastes foram selecionadas e descartadas quanto à
presença de danos mecânicos doenças e/ou pragas. Logo após, procedeu-
se o corte da base das hastes padronizando em 70 cm de comprimento e a
hidratação por 15 a 20 minutos em baldes contendo água destilada.
Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos diferentes
tratamentos. Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos
diferentes tratamentos.
*
Neste trabalho adotou-se o termo haste floral para o conjunto que compreende o
pseudocaule e a inflorescência.
49
4.2.3 Tratamento com Inibidor Enzimático e Períodos de
Armazenamento
Hastes de Heliconia bihai foram mantidas em solução de pulsing com
2-mercaptoetanol (inibidor das enzimas peroxidase e polifenoloxidase)
durante 5 horas nas concentrações de 10 e 15 mM, em ambiente á 25 ± 2
°C. Hastes destinadas ao controle foram tratadas com água destilada.
Após o tratamento de pulsing, as hastes foram transferidas para
baldes contendo água destilada em ambiente á 13°C, onde permaneceram
por 24 horas. Decorrido esse período, as hastes foram novamente
armazenadas a 25 ± 2 °C por períodos de 0, 3, 6, 9 e 12 dias após a
colheita, onde a cada 48 horas, efetuou-se o corte da base da base da haste
e a troca de água dos vasos. As condições de umidade relativa (60 - 80%) e
intensidade luminosa (5 μmol m
-2
s
-1
) permaneceram constantes durante
todo o período experimental.
4.2.4 Características avaliadas:
4.2.4.1 Aparência Visual
A aparência visual foi avaliada diariamente por meio de uma escala
de notas subjetiva a qual constou dos seguintes critérios: nota 3 = destinada
às hastes que não apresentavam nenhum sintoma de murcha e/ou
descoloração e escurecimento de brácteas e pecíolo das folhas; 2 = hastes
que apresentavam incidência de 10 a 30% de murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas; 1 = 40 a 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas e 0 = 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas, sendo considerada nota de descarte.
50
4.2.4.2 Longevidade Floral
Compreendeu o número de dias entre a colheita até 50% das hastes
florais obterem a nota 0, ou seja, apresentarem sintomas acentuados de
murcha e/ou necroses.
4.2.4.3 Perda de Massa
Foi obtida a cada dois dias de acordo com a seguinte fórmula:
PM = (P S/C – P C/C) 100
P C/C
Onde:
P S/C = Peso das hastes antes do corte
P C/C = Peso das hastes após o corte
4.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule
(TRA P)
Realizado a cada três dias, conforme metodologia proposta por
CATSKY (1974) e WEATHERLEY (1950). Foram coletados nove discos das
brácteas e pseudocaule para cada tratamento, com auxílio de um furador de
12 mm de diâmetro; esses discos foram pesados, inicialmente, para a
obtenção do peso da matéria fresca e, em seguida, hidratados em espuma
de 1,0 cm de espessura previamente umedecida com água destilada, sendo
esta constantemente monitorada para evitar o excesso ou a falta de
umidade. A cada 30 minutos procedeu-se a secagem, superficialmente, em
papel absorvente, dos discos das brácteas e pseudocaule, efetuando-se a
pesagem até a obtenção do peso constante, que caracterizou como peso da
matéria túrgida. Logo após os discos das brácteas e pseudocaule foram
colocados para secar em estufa, com circulação de ar forçado a 70 °C por
um período de três dias, para a determinação do peso da matéria seca. O
teor relativo de água foi calculado de acordo com a fórmula:
51
TRA = (F-S/ T-S) x 100
Onde:
F = peso da matéria fresca (g)
T = peso da matéria túrgida (g)
S = peso da matéria seca (g)
4.2.4.5 Antocianina
Determinou-se, a cada 72 horas, conforme metodologia proposta por
MARKAKIS (1982). Foram pesados 0,1 g de peso fresco das brácteas,
homogeneizadas com 30 mL de solução de etanol: HCl (85:15) durante dois
minutos e transferidos, sem filtrar, para balão de 50 mL previamente
cobertos com papel alumínio, armazenados por uma noite em geladeira
comum. Transcorridos esse período, o homogeneizado foi filtrado em papel
de filtro quantitativo. O conteúdo de antocianina foi medido em
espectrofotômetro a 535 nm, e os resultados expressos em mg de
antocianina por peso de matéria fresca.
4.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
Os ensaios enzimáticos foram determinados conforme metodologia
proposta por WISSEMANN & LEE (1980) e MATSUNO & URITANI (1972). A
cada dois dias, discos do pseudocaule de aproximadamente 2,0 cm de
espessura foram congelados em nitrogênio líquido e armazenados em
ultrafreezer a -70 °C até a ocasião da determinação das atividades
enzimáticas. Ambas as enzimas foram extraídas com a maceração dos
discos em almofariz acrescidos com uma pitada de areia lavada,
previamente esterilizada, e cerca de 10 mL de tampão fosfato pH 7,0; em
seguida procedeu-se a pesagem do material para logo após acrescentar
tampão pH 7,0; e água destilada na proporção de 1:1:1 (amostra: tampão:
52
água) homogeneizando em seguida e centrifugando a 1.500 x g a 4°C por
10 minutos, sendo tomado como o extrato enzimático o sobrenadante.
A atividade da polifenoloxidase foi iniciada tomando-se uma alíquota
de 0,3 mL do extrato enzimático e 1,8 mL de catecol em tubo de ensaio que,
em seguida, foi agitado e colocado em banho-maria a 30 °C por 30 minutos.
Transcorridos esse período acrescentou-se 0,8 mL de ácido perclórico,
permanecendo em repouso por 5 a 10 minutos. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro a 395 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg de
proteína.
Para a determinação da atividade da peroxidase tomou-se como
alíquota 0,05 mL do extrato enzimático adicionando 2,95 mL de água
destilada; 5,5 de guaiacol e 0,5 mL de peróxido de hidrogênio; logo após foi
agitado e aquecido em banho-maria a 30ºC por cinco minutos. Decorrido
esse período acrescentou-se 1 mL de bissulfito de sódio a 30%. A leitura
feita em espectrofotômetro a 410 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg
de proteína.
4.2.4.7 Proteína Total
As determinações da quantidade de proteína presente nos extratos
foram feitas a cada 48 horas pelo método de BRADFORD (1976), usando
Soroalbumina Bovina (BSA) como padrão.
4.2.5 Delineamento Experimental e Análise Estatística
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo, tendo nas
parcelas as três concentrações de 2-mercaptoetanol (0; 10 e 15 mM) e na
subparcela os cinco períodos de armazenamento (0, 3; 6; 9 e 12 dias), com
três repetições de três hastes para cada tratamento e cada tempo.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância e
regressão. Para a análise de regressão os modelos foram escolhidos
baseados na significância dos coeficientes de regressão utilizando o teste “t”
29
53
adotando-se o nível de 5% de probabilidade, no coeficiente de determinação
(r
2
) e no fenômeno biológico.
54
4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.4.1 Aparência Visual
O uso do 2-mercaptoetanol nas concentrações utilizadas não
influenciou a aparência visual de hastes de Heliconia bihai, porém, essa
variável apresentou diferença significativa em função dos períodos de
armazenamento ao nível de 1% de significância, apresentando ligeiro
decréscimo ao longo do armazenamento (Figura 1), tornando-se impróprias
à comercialização aos 12 dias após a colheita (hastes que apresentaram
notas < 1 foram consideradas impróprias à comercialização).
O decréscimo na aparência visual dessas hastes foi decorrente do
amarelecimento e ressecamento da ponta das brácteas e pecíolo das folhas,
além de manchas escuras no centro e inserção das brácteas (Figura 2). O
surgimento dessas manchas ocorreu no 5° dia de armazenamento, em todos
os tratamentos, sendo que no final do período experimental, 25% das hastes
submetidas ao tratamento com 10 mM de 2-mercaptoetanol apresentavam-
se com aparência visual comprometida (notas inferiores a 1) (Figura 3);
entretanto, nessa mesma ocasião, 50% da hastes submetidas aos demais
tratamentos (controle e 15 mM de 2-mercaptoetanol) foram descartadas em
decorrência do agravamento desses sintomas.
Uma possível explicação para o fato das hastes tratadas com o
inibidor enzimático na concentração de 15 mM apresentarem agravamento
dos sintomas depreciativos em relação as hastes tratadas com a
concentração de 10 mM pode ser devido a fitotoxidez nos tecidos.
Algumas manchas escuras na superfície das brácteas (Figura 2)
foram atribuídas à antracnose, doença comum em helicônias e que, segundo
ASSIS et al. (2002), é causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides,
(Penz.), cujos sintomas são manchas com colorações variadas de acordo
com a espécie. Já o amarelecimento das hastes foi, possivelmente,
decorrente da perda de água devido a elevada taxa transpiratória (Figura 3).
55
Ŷ = -3,79 + 7,47/exp[- (x - 15,18)/- 6,22] R
2
= 0,97
Figura 1 – Estimativa da aparência visual em
hastes de Heliconia bihai, armazenadas por 12
dias a 25 ± 2 °C e umidade relativa de 60-80%.
Figura 2: Sintomas de antracnose
em hastes de Heliconia bihai.
EMBRAPA: Fortaleza - Ceará,
2008.
56
Não foi verificada redução do pH nas soluções de 2-mercaptoetanol
em ambas concentrações utilizadas, o qual se manteve na faixa de 6 e 6,5
respectivamente para as concentrações de 10 e 15 mM, enquanto que
VASLIER & VAN DOORN (2003) e VAN DOORN & CRUZ, (2000)
observaram redução do pH abaixo de 5 quando utilizou o 2-mercaptoetanol
em flores de Bouvardia e em crisântemos respectivamente.
Alguns inibidores enzimáticos podem ser responsáveis ainda pela
diminuição na tensão de superfície, como é o caso do hexilresorcinol e agral-
LN, relatado por VASLIER & VAN DOORN (2003) em flores de Bouvardia.
Porém, nenhum registro foi encontrado atribuindo tal propriedade ao 2-
mercaptoetanol.
4.4.2 Longevidade Floral
De acordo com CASTRO (1993) helicônias que apresentam
longevidade menor ou igual a 7 dias são classificadas como de vida curta,
de 8 a 14 dias média e para aquelas que se mantém com qualidade
satisfatória de no mínimo 14 dias possuem longevidade alta. Esse mesmo
autor trabalhando com várias espécies de helicônias, verificou que H. bihai
apresentou longevidade de 8 dias, inferiores aos obtidos no presente
experimento, estimada em 11 dias em todos os tratamentos.
57
Testemunha
3 dias
10 mM
3 dias
10 mM
6 dias
10 mM
9 dias
15 mM
3 dias
15 mM
6 dias
15 mM
9 dias
Tempo
0 dias
Testemunha
9 dias
Testemunha
6 dias
Testemunha
12 dias
10 mM
12 dias
15 mM 2 - M
10 mM
12 dias
A
B C
D
E
F
G
HI
J L M
N
Figura 3: Aparência visual de hastes de Heliconia bihai submetidas ao
tratamento com 0, 10 e 15 mM de 2-mercaptoetanol: A (caracterização); B,
F e J (aos 3 dias); C, G e L (aos 6 dias); D, H e M (aos 9 dias); E, I e N (aos
12 dias). EMBRAPA: Fortaleza – Ceará, 2008.
58
4.4.3 Perda de Massa
A turgidez dos produtos hortícolas é resultante do balanço entre a
absorção e perda de água. Assim, quando a perda de água torna-se maior
que o consumo há aumento na perda de massa, indicando um impedimento
do consumo de água, que pode ser proveniente do bloqueio dos vasos
xilemáticos. Contudo, a capacidade de recuperação do peso inicial de flores
e folhagens de corte, após serem transferidas de condições de estresse para
condições normais de armazenamento, determina se uma espécie é
passível ou não ao bloqueio (VAN DOORN & REID, 1995).
O uso de 2-mercaptoetanol em ambas concentrações utilizadas não
influenciou o comportamento da perda de massa em hastes de Heliconia
bihai. Porém, essa variável apresentou comportamento crescente ao longo
do período de armazenamento (Figura 4), atingindo no final do período
experimental (12 dias) um percentual acumulado de perda de massa de
2,15%. Essa perda foi manifestada na forma de amarelecimento e
ressecamento da ponta das brácteas e pecíolos das folhas, todavia não
sendo visualizado nenhum sinal de perda de turgidez das brácteas (Figura
3).
Resultados contrários foram verificados utilizando outro inibidor
enzimático conhecido por s-carvone em flores de Grevillea, cv. Crinson Yul-
lo, o qual promoveu retardo da perda de massa, em função de inibir a
atividade da enzima fenilalanina amônia-liase, enzima chave no metabolismo
dos fenilpropanóides onde estão incluídos vários compostos fenólicos,
dentre eles a lignina (HE et al., 2006) que pode ser depositada na superfície
do corte das hastes e causar bloqueio dos vasos xilemáticos.
Outro inibidor enzimático que promove benefícios sobre o retardo na
perda de massa é o tropolone, cujo tratamento em crisântemos cv. Cassa,
foi responsável por maior percentagem de recuperação do peso inicial após
período de armazenamento a seco, quando comparada ao controle (pulsing
com água) provavelmente por agir na atividade das enzimas lacases (catecol
oxidase) (VAN MEETEREN et al., 2006).
59
Ŷ = 0,06 + 0,05 X R
2
= 0,97
4.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA
P)
Houve interação significativa entre concentrações de 2-
mercaptoetanol x períodos de armazenamento para o TRA B (Figura 5). Até
o 3° dia de armazenamento verificou-se discreta diminuição para essa
variável, em todos os tratamentos, cujos valores variaram de 2,49%; 2,02 e
1,04%, respectivamente, para o controle e hastes tratadas com 10 e 15 mM
de 2-mercaptoetanol. Porém, registrou-se decréscimos mais acentuados a
partir do 6° dia até o final do período experimental (12 dias) atingindo-se,
nessa ocasião, decréscimos no teor relativo de água das brácteas de 11,48;
16,73 e 12,25%, respectivamente, para o controle e hastes tratadas com 10
e 15 mM de 2-mercaptoetanol, em relação aos teores verificados no início do
armazenamento.
Figura 4 – Estimativa da perda de massa em
hastes de Heliconia bihai, armazenadas por
12 dias a 25 ± 2 C° e umidade relativa de 60-
80%.
60
Em relação ao TRA do pseudocaule verifica-se (Figura 6) decréscimo
até o 3° dia após a colheita atingindo-se, nessa ocasião, perda de 7,08% em
relação os valores encontrados na colheita, o que indica, possivelmente, a
instalação de um bloqueio nos vasos. Contudo esse bloqueio pode ter sido
restaurado pelos cortes da base efetuados a cada 48 horas em todas as
hastes, uma vez que foi registrado após o 3° dia um aumento para essa
variável até o final do armazenamento, ocasião em que atingiu valor
semelhante ao verificado no início do armazenamento (96,98%).
Dessa forma, observa-se que devido o comportamento distinto entre o
TRA brácteas (decréscimo até o fim do período experimental) e pseudocaule
(acréscimo até o final do período experimental), há indícios de que algum
fator poderia estar atuando para impedir que a água se deslocasse em
direção as brácteas, sendo esse fator de natureza desconhecida.
De acordo com VAN DOORN & CRUZ (2000), a oclusão vascular
pode ser determinada pelo cálculo do balanço hídrico dado pela diferença
entre a taxa de consumo de água e transpiração, pois quando esse balanço
atinge valores negativos implica na presença de um bloqueio.
No presente experimento, evidências descartam o envolvimento das
enzimas peroxidase e polifenoloxidase no bloqueio temporário da espécie
em estudo, e/ou pelo menos que a ação dessas enzimas não foi a principal
causa do decréscimo no TRA em brácteas e pseudocaule, uma vez a
restauração do bloqueio ocorreu em todos os tratamentos.
O bloqueio fisiológico além de estar relacionado à síntese e oxidação
de compostos fenólicos, lignina, suberina e tanino, que atuam como
mecanismo de defesa ao estresse imposto na colheita, pode também
envolver a formação de tiloses que, segundo CHITARRA & CHITARRA
(2005), correspondem ao supercrescimento dos protoplastos das células do
parênquima vascular de células adjacentes, as quais se expandem para
dentro dos vasos através de pontuações (tiloses) ocasionando obstrução
dos vasos.
61
Ŷ = 95,62 - 0,07 x
2
R
2
= 0,97
Ŷ = 96,20 - 0,11 x
2
R
2
= 0,97
Ŷ = 95,76 - 0,05 x
2
R
2
= 0,94
Ŷ = 96,95 - 20,78 exp{-0,5[(x - 4,37)/0,92)
2
]} R
2
= 0,94
Figura 6 – Estimativa do teor relativo de
água do pseudocaule (TRA P) de Heliconia
bihai, armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C°
e umidade relativa de 60- 80%.
Figura 5 – Estimativas do teor relativo de
água das brácteas (TRA B) de Heliconia
bihai, submetidas à solução contendo 0; 10 e
15 mM de 2-mercaptoetanol.
62
4.4.5 Antocianina
Os pigmentos são fatores de grande importância em flores de uma
maneira geral, pois são responsáveis por conferirem coloração e, assim,
exercerem atratividade ao consumidor. Na Figura 7 é mostrado o
comportamento da concentração de antocianina, onde se verifica
decréscimo ao longo do período de armazenamento em todos os
tratamentos. No entanto, hastes submetidas aos tratamentos com 10 e 15
mM de 2-mercaptoetanol apresentaram maior retenção desse pigmento,
quando comparado ao controle. Na ocasião da colheita os valores para
antocianina foram, respectivamente, de 528,16; 515,85 e 531,19, atingindo
no final do período experimental 212,18; 243,16 e 234,05 mg / 100 g de
brácteas, respectivamente; para o controle, hastes submetidas ao
tratamento com 10 e 15 mM de 2-mercaptoetanol.
As antocianinas pertencem ao grupo dos flavonóides, que de acordo
com TAIZ & ZEIGER (2004) são substâncias que fazem parte do
metabolismo secundário das plantas. Estas substâncias são caracterizadas
por possuir um grupo hidroxila em um anel aromático, um fitol; apresentam
várias funções nas plantas dentre elas, proteção aos raios ultra-violeta e
ataque de patógenos, além de atrair polinizadores.
Os compostos fenólicos também agem como substrato para a
atividade das enzimas oxidativas, como peroxidases e polifenoloxidases nas
reações de escurecimento.
63
Ŷ = 225,02 + 292,43/exp[-(x - 6,59)/-1,57] R
2
= 0,99
Ŷ = 197,49 + 357,09/exp[-(x - 5,34)/-2,11] R
2
= 0,98
Ŷ = 212,02 + 314,74/exp[-(x - 7,21)/-2,17] R
2
= 0,99
4.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
A atividade da POD foi influenciada pela interação entre os fatores
estudados, concentrações de 2-mercaptoetanol e períodos de
armazenamento (Figura 8). Houve decréscimo na atividade dessa enzima ao
longo do período de armazenamento, em todos os tratamentos. Porém, esse
foi mais acentuado até o 4° dia de armazenamento em hastes tratadas com
o inibidor enzimático, em ambas concentrações.
Comportamento semelhante ao da POD foi verificado na atividade da
PPO (Figura 9) detectando-se decréscimo ao longo do período de
armazenamento, independentemente do uso do inibidor enzimático, sendo
de razão desconhecida, já que o 2-mercaptoetanol é utilizado como inibidor
tanto da POD quanto da PPO.
Figura 7 – Estimativas da concentração de
antocianina em hastes de Heliconia bihai,
submetidas à solução contendo 0; 10 e 15 mM
de 2-mercaptoetanol.
64
O decréscimo na atividade de ambas enzimas verificado nesse
experimento, pode ser atribuído à diminuição dos compostos fenólicos que
atuam como substratos para as reações de escurecimento promovidas por
essas enzimas.
Em alguns produtos hortícolas, existe uma correlação positiva entre o
conteúdo de compostos fenólicos e a atividade das enzimas peroxidase e
polifenoloxidase, como verificados em Castanea henryi (XU, 2005). Em
outros produtos essa correlação pode ser negativa, como em frutos de lichia
(Litchi chinensis Sonn.) onde FINGER et al. (1997) verificaram que o
decréscimo no conteúdo de antocianina coincidiu com o aumento da
atividade da peroxidase; resultados semelhantes também foram encontrados
em duas cvs. de banana Kluai Khai e Kluai Hom Thong por NGUYEN et al.
(2003).
As enzimas peroxidase e polifenoloxidase podem estar envolvidas no
bloqueio vascular de algumas espécies de flores, como verificado em rosas,
Astilbe x arendisii e Viburnum opulus (LOUBAUD & VAN DOORN, 2004),
Bouvardia (VASLIER & VAN DOORN, 2003) e crisântemos (VAN DOORN &
VASLIER, 2002); (VAN DOORN & CRUZ, 2000), por participar da oxidação
dos álcools, ρ-cumaril, coniferil e sinapil que são precursores da lignina.
A lignina é um composto que faz parte do metabolismo secundário
das plantas e que, apesar de dar sustentação e estrutura para o transporte
de água no xilema pode, em caso de estresse, como por exemplo na
colheita, funcionar como mecanismo de proteção contra ataque de
patógenos (BOERJAN et al., 2003) pela oclusão dos vasos. Porém, pelo fato
do 2-mercaptoetanol não ter proporcionado aumento na longevidade floral
de hastes de Heliconia bihai possivelmente descarta-se o possível papel
dessas enzimas no bloqueio vascular dessas hastes.
65
Ŷ = 0,88 + 8,74/exp[-(x - 2,99)/-1,75] R
2
= 0,99
Ŷ = 0,77 + 1360,36/exp[-(x - 13,45)/-2,58] R
2
= 0,98
Ŷ = 0,70 + 1234,85/exp[-(x - 11,54)/-2,26] R
2
= 0,97
Ŷ = 0,20 + 5,84 exp (-x /3,85) R
2
= 0,98
Figura 8 – Estimativas da atividade da
peroxidase em hastes de Heliconia bihai,
submetidas à solução contendo 0; 10 e 15
mM de 2-mercaptoetanol.
Figura 9 – Estimativa da atividade da
polifenoloxidase em hastes de Heliconia bihai,
armazenadas por 12 dias a 25 ± 2 C° e
umidade relativa de 60- 80%.
66
4.5 CONCLUSÕES
O uso do inibidor enzimático 2-mercaptoetanol nas concentrações
utilizadas não prolongou a vida pós-colheita de hastes de Heliconia bihai
indicando, que as enzimas peroxidase e polifenoloxidase não estão
envolvidas ou não foram a principal causa para a instalação do bloqueio
vascular nessas hastes.
O comportamento do teor relativo de água do pseudocaule revelou
decréscimo acentuado no 3° dia após a colheita, possivelmente indicando a
instalação de um bloqueio que foi posteriormente restaurado.
O 2-mercaptoetanol não influenciou na aparência visual, atividade da
peroxidase, perda de massa e teor relativo de água do pseudocaule de
Heliconia bihai. A longevidade floral não diferiu entre os tratamentos, sendo
estimada em 11 dias.
67
5 CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO DA LONGEVIDADE FLORAL DE Heliconia bihai
PULVERIZADA COM SOLUÇÕES DE BENZILADENINA
RESUMO
Objetivando retardar a senescência de hastes de Heliconia bihai
utilizou-se pulverizações nessas hastes com soluções de benziladenina
(citocinina) nas concentrações de 150 e 300 mg L
-1
. Durante todo o período
experimental as hastes foram mantidas em baldes contendo água destilada.
A cada 48 horas foi efetuada a troca de água, bem como o corte de 2,0 cm
da base da haste. O armazenamento foi realizado aos 0, 3, 6, 9 e 12 dias em
ambiente a 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60 - 80% e intensidade luminosa
de 5 μmol m
-2
s
-1
. As características avaliadas foram: As características
avaliadas foram: aparência visual; longevidade floral, perda de massa, teor
relativo de água das brácteas e pseudocaule, antocianina e atividade da
peroxidase e polifenoloxidase. O experimento foi conduzido em
delineamento inteiramente casualizado, em esquema de parcelas
subdivididas no tempo, tendo nas parcelas as três concentrações de
benziladenina (0; 150 e 300 mg L
-1
) e na subparcela os cinco períodos de
armazenamento (0, 3; 6; 9 e 12 dias), com três repetições de três hastes
para cada tratamento em cada tempo. O uso de benziladenina promoveu
menores perdas de massa e melhor aparência visual de hastes de Heliconia
bihai. Não apresentou efeito sobre a concentração de antocianina, teor
relativo de água das brácteas e peseudocaule e na atividade das enzimas
peroxidase e polifenoloxidase. Baseado na aparência visual ao longo do
armazenamento verificou-se que hastes tratadas com benziladenina em
ambas concentrações, bem como hastes controle não apresentaram
diferenças significativas na longevidade floral, que foi estimada em 10 dias.
68
5.1 INTRODUÇÃO
A senescência é um fenômeno complexo do ponto de vista
histológico, fisiológico e genético-molecular que conduz a uma série de
fatores como ativação de enzimas, degradação e síntese de pigmentos,
ácidos nucléicos e proteínas. Diversos fatores interferem nesse processo
dentre eles, condições pré-colheita, e, principalmente, fatores genéticos. A
senescência pode ainda ser mediada por interações complexas onde estão
envolvidos açúcares, enzimas hidrolíticas e hormônios vegetais (EASON,
2006).
De acordo com CASTRO et al. (2005), pode-se definir os hormônios
vegetais como compostos orgânicos de ocorrência natural, produzidos em
baixas concentrações pela planta, promovendo, inibindo ou modificando
processos morfológicos e fisiológicos do vegetal. Cinco hormônios vegetais
participam da regulação endógena da senescência em flores e folhas; sendo
as auxinas, citocininas e giberelinas conhecidas como retardadores do
processo de senescência, cujas concentrações endógenas apresentam
considerável decréscimo após a colheita, e o etileno e ácido abscísico são
considerados os promotores da senescência, apresentando aumento
considerável após a colheita.
Dentre os reguladores vegetais, benziladenina (BA) e
benzilaminopurina (BAP), que possui ação semelhante a da citocinina, têm
sido utilizadas em produtos hortícolas, sobretudo em flores. De acordo com
CASTRO (1993), podem atuar como estabilizadores da respiração e do
metabolismo das proteínas e ácidos nucléicos, inibidores da degradação da
clorofila, auxiliando na manutenção da permeabilidade das membranas e
interferindo no balanço hídrico. Esses reguladores são também conhecidos
como agentes mobilizadores, dirigindo a translocação dos assimilados para
os órgãos tratados, além de inibir algumas enzimas como as nucleases e
proteases e aumentar a razão de RNA e proteína para DNA (FLÓREZ-
RONCÂNCIO et al.,1996).
Outras funções importantes relacionadas às citocininas são citadas
por MOK & MOCK (1994), como: inibição da respiração resistente ao
cianeto; seqüestro de radicais livres; inibição das enzimas lipoxigenases que
69
estão ligadas à perda da integridade das membranas celulares e das
peroxidases que estão envolvidas no estresse oxidativo e em reações de
escurecimento. Podem ainda controlar a formação do álcool deidrodiconiferil
glicosídeo relacionado à divisão celular.
Contudo, a explicação fisiológica para as citocininas retardarem a
senescência em flores e folhas foi inicialmente atribuída a um aumento da
intensidade dos drenos metabólicos em tecidos tratados. No entanto, o que
foi constatado por pesquisas recentes é de que plantas com gens super
expressados para a biossíntese de citocinina foram menos sensíveis ao
etileno exógeno, requerendo tratamento mais longo para induzir a produção
de etileno endógeno, fato esse já descrito por EISINGER (1977). Porém, a
teoria mais aceita atualmente é a de que a, citocinina reprime a expressão
dos genes associados à senescência.
Entretanto, a eficiência das citocininas como retardadores da
senescência é dependente da taxa de consumo da substância pelo vegetal,
da sensibilidade do tecido ao regulador (MORAES et al., 2005), além do
estádio de desenvolvimento do vegetal.
Assim, o objetivo desse trabalho foi verificar quais concentrações de
benziladenina promoverão maior vida pós-colheita em hastes de Heliconia
bihai.
70
5.2 MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita
Hastes
*
florais de Heliconia bihai oriundas de propriedade comercial
localizada no distrito de Pacoti, pertencente ao município de Guaramiranga
Estado do Ceará (latitude 4° 15 48” S, longitude de 38° 55 59” W e altitude
de 736 m), distante 91 Km da capital Fortaleza, foram colhidas em julho de
2006, às 7:00 h da manhã, quando as inflorescências atingiram três a quatro
brácteas abertas mais o ponteiro.
Após a colheita as hastes foram submetidas a duas lavagens, a
primeira com a mistura de água e nim (Azadirachta indica) para desinfecção
de formigas, e a segunda com água e sabão neutro, para retirada de
impurezas oriundas do campo. Em seguida foram enxaguadas com água
potável e submetidas ao tratamento antifúngico utilizando o Super S20,
conforme recomendações.
As hastes foram acondicionadas em caixas de papelão tipo comercial
medindo 1,15 m de comprimento x 0,45 m de largura x 0,20 m de altura
previamente forrada com papel picado; a seguir foram transportadas ao
Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita da Embrapa
Agroindústria Tropical situada em Fortaleza.
5.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais
No Laboratório as hastes foram selecionadas e descartadas quanto à
presença de danos mecânicos doenças e/ou pragas. Logo após, procedeu-
se o corte da base das hastes padronizando em 70 cm de comprimento e a
hidratação por 15 a 20 minutos em baldes contendo água destilada.
Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos diferentes
tratamentos. Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos
diferentes tratamentos.
*
Neste trabalho adotou-se o termo haste floral para o conjunto que compreende o
pseudocaule e a inflorescência.
71
5.2.3 Tratamento com o Regulador Vegetal e Períodos de Amazenamento
As hastes, acondicionadas em baldes contendo água destilada foram
pulverizadas com soluções de benziladenina (BA) nas concentrações de 150
e 300 mg L
-1
até obter o máximo de cobertura; hastes controle foram
pulverizadas com água destilada.
O armazenamento das hastes foi realizado por períodos de 0, 3, 6, 9
e 12 dias em ambiente a 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60 - 80% e
intensidade luminosa de 5 μmol m
-2
s
-1
. A cada 48 horas foram efetuadas a
troca da água do interior dos baldes com o intuito de evitar a proliferação de
microrganismos, bem como o corte de 2,0 cm da base das hastes.
5.2.4 Características avaliadas:
5.2.4.1 Aparência Visual
A aparência visual foi avaliada diariamente por meio de uma escala
de notas subjetiva a qual constou dos seguintes critérios: nota 3= destinada
às hastes que não apresentavam nenhum sintoma de murcha e/ou
descoloração e escurecimento de brácteas e pecíolo das folhas; 2 = hastes
que apresentavam incidência de 10 a 30% de murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas; 1 = 40 a 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas e 0 = 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas, sendo considerada nota de descarte.
5.2.4.2. Longevidade Floral
Compreendeu o número de dias entre a colheita até 50% das hastes
florais obterem a nota 0, ou seja, apresentarem sintomas acentuados de
murcha e/ou necroses.
72
5.2.4.3 Perda de Massa
Foi obtida a cada dois dias de acordo com a seguinte fórmula:
PM = (P S/C – P C/C) 100
P C/C
Onde:
P S/C = Peso das hastes antes do corte
P C/C = Peso das hastes após o corte
5.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule
(TRA P)
Realizado a cada três dias, conforme metodologia proposta por
CATSKY (1974) e WEATHERLEY (1950). Foram coletados nove discos das
brácteas e pseudocaule para cada tratamento, com auxílio de um furador de
12 mm de diâmetro; esses discos foram pesados, inicialmente, para a
obtenção do peso da matéria fresca e, em seguida, hidratados em espuma
de 1,0 cm de espessura previamente umedecida com água destilada, sendo
esta constantemente monitorada para evitar o excesso ou a falta de
umidade. A cada 30 minutos procedeu-se a secagem, superficialmente em
papel absorvente, dos discos das brácteas e pseudocaule, efetuando-se a
pesagem até a obtenção do peso constante, que caracterizou como peso da
matéria túrgida. Logo após os discos das brácteas e pseudocaule foram
colocados para secar em estufa, com circulação de ar forçado a 70 °C por
um período de três dias, para a determinação do peso da matéria seca. O
teor relativo de água foi calculado de acordo com a fórmula:
TRA = (F-S/ T-S) x 100
73
Onde:
F = peso da matéria fresca (g)
T = peso da matéria túrgida (g)
S = peso da matéria seca (g)
5.2.4.5 Antocianina
Determinou-se, a cada 72 horas, conforme metodologia proposta por
MARKAKIS (1982). Foram pesados 0,1 g de peso fresco das brácteas,
homogeneizadas com 30 mL de solução de etanol: HCl (85:15) durante dois
minutos e transferidos, sem filtrar, para balão de 50 mL previamente
cobertos com papel alumínio, armazenados por uma noite em geladeira
comum. Transcorridos esse período, o homogeneizado foi filtrado em papel
de filtro quantitativo. O conteúdo de antocianina foi medido em
espectrofotômetro a 535 nm, e os resultados expressos em mg de
antocianina por peso de matéria fresca.
5.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
Os ensaios enzimáticos foram determinados conforme metodologia
proposta por WISSEMANN & LEE (1980) e MATSUNO & URITANI (1972). A
cada dois dias, discos do pseudocaule de aproximadamente 2,0 cm de
espessura foram congelados em nitrogênio líquido e armazenados em
ultrafreezer a -70 °C até a ocasião da determinação das atividades
enzimáticas. Ambas as enzimas foram extraídas com a maceração dos
discos em almofariz acrescidos com uma pitada de areia lavada,
previamente esterilizada, e cerca de 10 mL de tampão fosfato pH 7,0; em
seguida procedeu-se a pesagem do material para logo após acrescentar
tampão pH 7,0; e água destilada na proporção de 1:1:1 (amostra: tampão:
água) homogeneizando em seguida e centrifugando a 1.500 x g a 4°C por
10 minutos, sendo tomado como o extrato enzimático o sobrenadante.
A atividade da polifenoloxidase foi iniciada tomando-se uma alíquota
de 0,3 mL do extrato enzimático e 1,8 mL de catecol em tubo de ensaio que,
74
em seguida, foi agitado e colocado em banho-maria a 30 °C por 30 minutos.
Transcorridos esse período acrescentou-se 0,8 mL de ácido perclórico,
permanecendo em repouso por 5 a 10 minutos. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro a 395 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg de
proteína.
Para a determinação da atividade da peroxidase tomou-se como
alíquota 0,05 mL do extrato enzimático adicionando 2,95 mL de água
destilada; 5,5 de guaiacol e 0,5 mL de peróxido de hidrogênio; logo após foi
agitado e aquecido em banho-maria a 30ºC por cinco minutos. Decorrido
esse período acrescentou-se 1 mL de bissulfito de sódio a 30%. A leitura
feita em espectrofotômetro a 410 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg
de proteína.
5.2.4.7 Determinação da Proteína Total
As determinações da quantidade de proteína presente nos extratos
foram feitas a cada 48 horas pelo método de BRADFORD (1976), usando
Soroalbumina Bovina (BSA) como padrão.
5.3. Delineamento Experimental e Análise Estatística
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo, tendo nas
parcelas as três concentrações de benziladenina (0; 150 e 300 mg L
-1
) e na
subparcela os cinco períodos de armazenamento (0, 3; 6; 9 e 12 dias), com
três repetições de três hastes para cada tratamento e cada tempo.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância e
regressão. Para a análise de regressão os modelos foram escolhidos
baseados na significância dos coeficientes de regressão utilizando o teste “t”
adotando-se o nível de 5% de probabilidade, no coeficiente de determinação
(r
2
) e no fenômeno biológico.
75
5.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.4.1 Aparência Visual
Não houve interação significativa entre os fatores: concentrações de
benziladenina e períodos de armazenamento para aparência visual. Todavia,
ambos fatores influenciaram de forma isolada essa variável. De acordo com
o teste de Tukey ao nível de 5% de significância as médias para essa
variável em hastes tratadas com BA nas concentrações de 150 e 300 mg L
-1
foram respectivamente 2,31 e 2,21 as quais não diferiram estatisticamente
entre si, no entanto, foram superiores as encontradas nas hastes destinadas
ao controle (pulverizadas com água destilada) que foi de 1,74.
Em relação aos períodos de armazenamento a aparência visual
apresentou comportamento decrescente ao longo do armazenamento
(Figura 1), onde aos 11 dias após a colheita as hastes apresentavam-se em
média com notas inferiores a 1 (notas < 1,0 foram consideradas de
descarte), ou seja, impróprias à comercialização.
O decréscimo na aparência visual foi decorrente do surgimento de
manchas escuras no tecido das brácteas (Figura 2), além do
amarelecimento e ressecamento da ponta das brácteas e pecíolo das folhas
(Figura 3), que pode ter sido ocasionado pela elevada taxa transpiratória.
Algumas manchas escuras na superfície das brácteas (Figura 2)
foram atribuídas à antracnose, doença comum em helicônias e que segundo
ASSIS et al. (2002) é causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides
(Penz.), tendo como sintomas manchas com colorações variadas de acordo
com a espécie. Já o amarelecimento das hastes foi, possivelmente,
decorrente da elevada taxa transpiratória (Figura 3).
MAYAK et al. (1972) foi um dos pioneiros a verificar que em pétalas
senescentes de rosas (Rosa hybrida) os níveis de citocinina foram mais
baixos quando comparados aos verificados em pétalas jovens, e que os
níveis desse fitormônio foram diretamente proporcionais à longevidade das
flores.
76
Ŷ = 2,94 – 0,017x
2
R²=0,96
Figura 1 – Estimativa da aparência visual
em hastes de Heliconia bihai armazenadas
por 12 dias a 25 ± °C e umidade relativa de
60-80%.
Figura 2: Sintomas de antracnose em
hastes de Heliconia bihai. EMBRAPA:
Fortaleza - Ceará, 2008.
77
Testemunha
3 dias
Tempo
0 dias
Testemunha
9 dias
Testemunha
6 dias
150 mg
6 dias
150 mg
6 dias
150 mg
9 dias
300 mg
9 dias
150 mg
3 dias
Testemunha
12 dias
150 mg
12 dias
300 mg
3 dias
300 mg
12 dias
A
B
CD
E
F
G
H
I
J
L
MN
Figura 3: Aparência visual de hastes de Heliconia bihai submetidas ao
tratamento com 0, 150 e 300 mg L
-1
de benziladenina (BA): A
(caracterização); B, F e J (aos 3 dias); C, G e L (aos 6 dias); D, H e M (aos
9 dias); E, I e N (aos 12 dias). EMBRAPA: Fortaleza – Ceará, 2008.
78
5.4.2 Longevidade Floral
Baseado nas notas da aparência visual pode-se estimar a
longevidade de Heliconia bihai em 10 dias, tanto nas hastes tratadas com
benziladenina quanto nas do controle.
Para PAULL & CHANTRACHIT, (2001) uma possível explicação para
o fato de algumas espécies responderem à aplicação de benziladenina pode
ser devido à grande capacidade dos tecidos de absorverem esse regulador
ou ainda que essas espécies possuam baixos teores em seus tecidos;
Ao contrário dos resultados verificados nesse experimento, encontra-
se na literatura vários trabalhos relatando efeitos positivos com reguladores
vegetais que possuem propriedades semelhantes a da citocinina. Por
exemplo, MORAES et al. (2005) verificaram que o uso de benziladenina (BA)
em Heliconia latispatha promoveu o aumento na vida de vaso que foi
dependente da concentração utilizada, constatando efeito linear na
concentração de 300 mg L
-1
desse regulador quando aplicado imediatamente
após a colheita.
Efeito positivo com a utilização de BA foi verificado também em
folhas de Heliconia andrômeda e inflorescências de Heliconia chartaceae
variedade Sexy Pink, cujas vidas de vaso foram prolongadas de 7 para 21
dias quando tratadas com 200 mg L
-1
, na forma de pulverização, e de 18
dias quando o BA foi aplicado por imersão na mesma concentração. Os
efeitos sobre o prolongamento foram decorrentes do atraso no
amarelecimento, escurecimento e abscisão das brácteas (PAULL &
CHANTRACHIT, 2001).
Alguns trabalhos relatam o uso da Promalina
®
, substância composta
por 100 mg L
-1
de benziladenina + GA
4+7
. Os efeitos de pulverizações
contendo esse composto foram relatados por RANWALA & MILLER (1999)
em flores de lírio da páscoa, que preveniu os sintomas de clorose. Além do
controle das já existentes, estimulou o elongamento do caule que foi
controlado quando a aplicação foi realizada mais tardiamente. Resultados
positivos com o uso de BA também foram verificados por RANWALA &
MILLER (2005) em cultivares de lírios oriental e asiático envasados, cujos
79
efeitos positivos foram o retardamento da abscisão e de clorose em botões e
folhas.
Por outro lado, em flores de tulipas, KAWA-MISZCZAK et al. (2005)
verificaram que BA só foi efetivo em retardar a senescência quando aplicada
de forma isolada, não apresentando efeito quando utilizado em conjunto com
o ácido abscísico.
As citocininas também podem agir suprimindo a produção de outros
fitormonios que causam efeitos deletérios, como encontrados por
SHANKHLA et al. (2005) em flores de Lupinus densiflorus Benth, cujo
tratamento com tidiazuron, composto que possui as mesmas propriedades
da citocinina, foi atribuído parcialmente à supressão da produção e
sensibilidade ao etileno. Todavia, em algumas espécies de flores como
Eustoma, o uso de benziladenina (BA) estimulou a produção de etileno; que
foi contida pelo tratamento com sacarose; segundo HUANG & CHEN (2002)
o estímulo à produção de etileno não foi suficiente para causar efeitos
deletérios às flores tratadas com BA, que apresentaram aumento da
longevidade, quando comparada às flores tratadas apenas com sacarose.
Segundo os autores tal fato pode ser devido à citocininas possuírem papel
complexo agindo em vários sistemas dentro da planta
SKUTNIK et al. (2001) investigando algumas substâncias dentre elas
benziladeniana (BA) sobre a longevidade de folhas de Zantedeschia
aethiopica, verificaram que a longevidade diminuiu com o aumento nas
concentrações desse regulador.
80
5.4.3 Perda de Massa
A turgidez dos produtos hortícolas é resultante do balanço entre a
absorção e perda de água; sendo essa perda usualmente expressa como
percentual de massa perdida.
Para a perda de massa em hastes de Heliconia bihai verificou-se
interação significativa entre os fatores estudados, concentrações de
benziladenina x períodos de armazenamento ao nível de 5% de
significância, onde se observa comportamento crescente ao longo do
armazenamento em todos os tratamentos (Figura 4).
Embora tenha verificado tendência de menores perdas de massa à
medida que se elevaram-se as concentrações de benziladenina, percebe-se
que esses valores não diferiram entre si no final do período experimental,
sendo as perdas de massa de 2,45; 2,23 e 2,00% para o controle e hastes
tratadas com 150 e 300 mg L
-1
de BA, respectivamente.
Resultados contrários aos do presente experimento foram verificados
com o uso de benzilaminopurina isolada ou em combinação com ácido
giberélico, que promoveu maiores perdas de massa em tubérculos de batata
(Solanum tuberosum L.) quando comparado aos verificados na testemunha
(tratados com água deionizada) (ALEXOPOULOS et al., 2007).
De acordo com CASTRO (1993) as citocininas podem atuar como
estabilizadoras da respiração e interferir no balanço hídrico; também podem
atuar como inibidores da respiração resistente ao cianeto (MOK & MOCK,
1994).
e
81
Ŷ = 0,05 + 0,05 X R
2
= 0,97
Ŷ = 0,04 + 0,04 X R
2
= 0,98
Ŷ = 0,03 + 0,04 X R
2
= 0,98
5.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA- B) e Pseudocaule (TRA-
P)
As concentrações de benziladenina não influenciaram no teor relativo
de água de brácteas (Figura 5) e pseudocaule, cujos comportamentos foram
influenciados pelos períodos de armazenamento.
Para o TRA B verifica-se decréscimo ao longo do período de
armazenamento, observando-se no final do período experimental, perda de
5,63% em relação ao valor verificado no início do período experimental. O
TRA do Pseudocaule atingiu valores médios de 94,73% durante o período
experimental.
Resultado contraditório ao verificado nesse experimento, em relação ao
uso da benziladenina em promover melhorias nas relações hídricas de
flores, pode ser encontrado, como por exemplo, em flores de antúrios, cv.
Figura 4 – Estimativas da perda de massa
em hastes de Heliconia bihai, submetidas
pulverizadas com soluções contendo 0;
150 e 300 mg L
-1
de benziladenina.
82
Leilane, cujo tratamento promoveu aumento no consumo de água três vezes
superior aos encontrados em flores não tratadas (PAULL & CHANTRACHIT,
2001).
Ŷ = 94,82 – 0,13 x
1,5
R²=0,98
5.4.5. Antocianina
A concentração de antocianina das brácteas de Heliconia bihai
apresentou decréscimo ao longo do período de armazenamento, (Figura 6).
Todavia, aos seis dias após a colheita a concentração de antocianina não
apresentou diferença entre os tratamentos, sendo verificado após esse
período um maior decréscimo nas hastes tratadas com a concentração mais
elevada de BA (300 mg L
-1
) em comparação aos demais tratamentos
(controle e 150 mg L
-1
).
Assim, ao final do período experimental, esse decréscimo foi de
50,5%; 46,4% e 63,8% para os tratamentos controle e hastes pulverizadas
Figura 5 – Estimativa do teor relativo de água
das brácteas (TRA B) de Heliconia bihai,
armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e umidade
relativa de 60-80%.
83
com 150 e 300 mg L
-1
de BA, respectivamente, em relação aos valores
encontrados nessas hastes no início do armazenamento.
O uso de reguladores vegetais com propriedades semelhantes aos da
citocinina tem retardado a degradação de pigmentos em algumas espécies
de flores, por exemplo, o tidiazuron (TDZ) e a benziladenina, que foram
testados por FERRANTE et al. (2002) em flores de Alstroemeria, onde
segundo os autores verificaram sua superioridade em prevenir o
amarelecimento das folhas, atribuindo alguns fatores como a possível
interação entre o TDZ e os receptores das folhas, conversão de nucleotídeos
da citocinina para ribonucleosídeos biologicamente mais ativos; indução no
acúmulo endógeno de adenina baseada em citocininas ou ou ainda pela
inibição da citocinina oxidase.
Semelhantemente no híbrido de Santonia aurantiaca x Littonia
modesta, a benziladenina proporcionou manutenção da cor verde das folhas
até aos 17 dias após a colheita, ao passo que as folhas destinadas ao
controle (tratadas com água deionizada) tornaram-se amarelecidas já no
quinto dia (EASON et al., 2001).
Outra espécie que repondeu positivamente ao tratamento com
benziladenina (BA) foi a Solidago canadensis, que apresentou atraso no
amarelecimento das folhas após 10 dias de armazenamento (PHILOSOPH-
HADAS et al., 1996).
Alguns trabalhos relatam o uso de regulador vegetal sobre a
manutenção de pigmentos também têm sido pesquisados em brócolis
(Brassica oleracea L.), por exemplo, COSTA et al. (2005) verificaram que o
início de mudanças de coloração nos floretes tratados com
benzilaminopurina ocorreu após o 4° dia de armazenamento; porém, os
floretes destinados ao controle (tratados com água) bem como os tratados
com etefon já apresentaram amarelecimento, respectivamente, entre 2 a 3 e
de 1 a 3 dias.
Também em brócolis o uso benzilaminopurina (BAP) retardou a
degradação de clorofila e da atividade das enzimas clorofilase e Mg
dequelatase (COSTA et al., 2005). Por outro lado, TIAN et al. (1995)
verificaram que embora a citocinina tenha estimulado a produção de etileno
84
em brócolis foi o uso desse regulador foi responsável pelo retardo da
degradação de clorofila.
O retardamento da senescência de folhas e flores pelas citocininas é
devido ao estímulo na síntese de enzimas fotossintéticas e DNA, formação
do grana, replicação e preservação dos cloroplastos.
Ŷ = 438,51 – 18,45x R²= 0,96
Ŷ = 432,17 – 16,72x R²= 0,95
Ŷ = 485,40 – 25,84x R²= 0,94
5.4.6. Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
Houve interação significativa entre as concentrações de benziladenina
e os períodos de armazenamento para a atividade da peroxidase, no
entanto, essa interação não foi significativa para a polifenoloxidase, cujo
comportamento foi influenciado pelos períodos de armazenamento (Figuras
7 e 8).
Figura 6 – Estimativas da concentração de
antocianina de hastes Heliconia bihai,
submetidas pulverizadas com soluções
contendo 0; 150 e 300 mg L
-1
de
benziladenina.
85
Para a peroxidase observa-se (Figura 7) que a atividade dessa
enzima manteve valores próximos em todos os tratamentos. Na colheita os
valores foram de 7,02; 7,48 e 6,36 ΔUA/min/mg de proteína,
respectivamente, para hastes controle e tratadas com 150 e 300 mg L
-1
de
BA, atingindo no final do período experimental (12 dias) valores de 0,57;
0,41 e 0,58.
Ŷ = 7,02. exp (-0,21x) R²= 0,98
Ŷ = 7,49. exp (-0,24x) R²= 0,96
Ŷ = 6,36. exp (-0,19x) R²= 0,98
Figura 7 – Estimativas da concentração de
antocianina de hastes Heliconia bihai,
submetidas pulverizadas com soluções
contendo 0; 150 e 300 mg L
-1
de
benziladenina.
86
Em relação à polifenoloxidase os valores variaram de 5,47
ΔUA/min/mg de proteína na ocasião da colheita, para 0,53 no final do
período experimental (Figura 8).
O decréscimo na atividade de ambas enzimas verificado nesse
experimento, pode ser atribuído à diminuição dos compostos fenólicos que
atuam como substrato para as reações de escurecimento promovidas por
essas enzimas, pois segundo XU (2005) há correlação significativa entre a
atividade da PPO e o conteúdo de compostos fenólicos.
COSTA et al. (2005), verificaram que a atividade da POD em
brócolis tratadas com benzilaminopurina permaneceu constante até o 3° dia
após a colheita, apresentando posterior acréscimo, porém, com taxas
inferiores às verificadas no controle.
Ŷ
= 5,48 . exp (-0,20x) R²=0,98
Figura 8 – Estimativas da atividade da
polifenoloxidase de hastes Heliconia bihai,
submetidas pulverizadas com soluções contendo
0; 150 e 300 mg. L
-1
de benziladenina.
87
5.5. CONCLUSÕES
O uso de benziladenina promoveu menores perdas de massa e melhor
aparência visual de hastes de Heliconia bihai. Não apresentou efeito sobre a
concentração de antocianina, teor relativo de água das brácteas e
peseudocaule e na atividade das enzimas peroxidase e polifenoloxidase.
Baseado na aparência visual ao longo do armazenamento verificou-se
que hastes tratadas com benziladenina em ambas concentrações, bem
como hastes controle não apresentaram diferenças significativas na
longevidade floral, que foi estimada em 10 dias.
88
6. CAPÍTULO 4
AVALIAÇÃO DA SOLUÇÃO DE PULSING COM ÁCIDO GIBERÉLICO NA
VIDA DE VASO DE Heliconia bihai
RESUMO
Objetivando avaliar a solução de pulsing durante seis horas com ácido
giberélico nas concentrações de 50 e 100 mg L
-1
sobre a vida de vaso de
Heliconia bihai, foi instalado um experimento em ambiente a 25 ± 2 °C,
umidade relativa de 60 - 80% e intensidade luminosa de 5 μmol m
-2
s
-1
. Após
o tratamento de pulsing as hastes foram transferidas para vasos contendo
água destilada, onde a cada 48 horas foram efetuadas a troca da água e o
corte de cerca de 2,0 cm da base das hastes. As hastes foram armazenadas
sob essas condições aos 0, 3, 6, 9 e 12 dias. As características avaliadas
foram: aparência visual; longevidade floral, perda de massa, teor relativo de
água das brácteas e pseudocaule, antocianina e atividade da peroxidase e
polifenoloxidase. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo, tendo nas
parcelas as três concentrações de ácido giberélico (0; 50 e 100 mg L
-1
) e na
subparcela os cinco períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9 e 12 dias), com
três repetições de três hastes para cada tratamento em cada tempo. O ácido
giberélico nas concentrações e forma utilizada não influenciou nas variáveis,
perda de massa, teor relativo de água do pseudocaule, antocianina,
atividade da peroxidase e polifenoloxidase. Porém, apresentou efeito
positivo na aparência visual. Baseado nas notas da aparência visual, a
longevidade floral de hastes de Heliconia bihai foi estimada em 7 dias para a
testemunha e de 9 dias para hastes tratadas com o ácido giberélico.
89
6.1 INTRODUÇÃO
As helicônias são espécies de flores que tem despertado grande
interesse no mercado interno e externo, por apresentarem ampla diversidade
de cores, forma e tamanho, podendo ser utilizadas tanto como flores de
corte como plantas de jardim. No entanto, apesar de algumas espécies
serem consideradas rústicas, por possuírem vida pós-colheita relativamente
longa, há registros na literatura indicando a existência de alguns entraves na
conservação de algumas espécies desse gênero, como alta taxa
transpiratória que conduz o amarelecimento e ressecamento da ponta das
brácteas e folhas, conduzindo à senescência rápida dessas espécies.
Uma das técnicas utilizadas no retardo da senescência foliar e floral é
a aplicação de reguladores vegetais, como auxinas, citocininas e giberelinas
(PHILOSOPH-HADAS et al., 1996). Segundo CASTRO et al. (2005)
reguladores vegetais são substâncias sintéticas que possuem ação similar à
dos hormônios vegetais conhecidos, auxinas, giberelinas, citocininas,
retardadores e/ou inibidores do etileno, que em concentrações relativamente
pequenas, promovem, inibem ou modificam os processos morfológicos e
fisiológicos dos tecidos vegetais.
Dentre os reguladores vegetais o ácido giberélico (GA
3
), a exemplo
da benzilaminopurina e benziladenina tem sido bastante utilizado por se
mostrar um potente inibidor da senescência foliar e floral de várias espécies.
No entanto, a eficiência da aplicação desse regulador como de outros, varia
conforme a concentração, forma de aplicação, época e a sensibilidade dos
tecidos ao regulador. Adicionalmente, o mecanismo fisiológico da ação do
ácido giberélico sobre os efeitos no retardo da senescência dos produtos
hortícolas permanece ainda desconhecido.
A aplicação dos reguladores vegetais em flores é especialmente
recomendada antes do armazenamento prolongado ou transporte (NOWAK
& RUDNICKI, 1990), podendo ser fornecido na forma de soluções de vaso
ou de pulsing. De acordo com MORAES et al. (1999), o uso de solução de
pulsing é considerado um tratamento rápido de pré-transporte ou
armazenamento que afeta a fase final da vida das flores, prolongando-a
90
mesmo após a transferência para a água ou para solução de vaso. Esse
tratamento é utilizado nas primeiras 24 ou 48 horas após a colheita, onde os
tecidos são saturadas com substâncias químicas, contendo açúcares, ácidos
orgânicos, inibidores da ação ou da síntese de etileno, além de reguladores
vegetais (CARNEIRO et al., 2002).
Em flores de Tulipa gesneriana envasadas, o uso desse regulador
aumentou significativamente a qualidade pós-produção tanto em flores
jovens quanto nas mais velhas (KIM & MILLER, 2007).
O uso do ácido giberélico prolongou a longevidade floral em
crisântemos (FLÓREZ-RONCANCIO, 1996). Semelhantemente em Heliconia
aurorea o tratamento com esse regulador se destacou em relação ao uso de
citocinina na manutenção da longevidade floral, proporcionando manutenção
do brilho das brácteas ao mesmo tempo impedindo a ocorrência de manchas
escuras, além de induzir a abertura floral (CASTRO, 1993). Outros efeitos
positivos do GA
3
sobre a manutenção da aparência visual foram verificados
em lírios asiáticos e orientais, como a prevenção do escurecimento e do
aborto de botões florais (RANWALA & MILLER, 2005) e em rosas a
supressão do ataque de Botrytis blight (SHAUL et al., 1995 e 1996).
Dessa forma, a literatura não relata o uso de ácido giberélico em
hastes de Heliconia bihai. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi verificar
a influência de doses de ácido giberélico aplicado em solução de pulsing na
vida de vaso de hastes de Heliconia bihai.
91
6.2 MATERIAL E MÉTODOS
6.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita
Hastes
*
florais de Heliconia bihai oriundas de propriedade comercial
localizada no distrito de Pacoti, pertencente ao município de Guaramiranga
Estado do Ceará (latitude 4° 15 48” S, longitude de 38° 55 59” W e altitude
de 736 m), distante 91 Km da capital Fortaleza, foram colhidas em agosto de
2006, às 7:00 h da manhã, quando as inflorescências atingiram três a quatro
brácteas abertas mais o ponteiro.
Após a colheita as hastes foram submetidas a duas lavagens, a
primeira com a mistura de água e nim (Azadirachta indica) para desinfecção
de formigas, e a segunda com água e sabão neutro, para retirada de
impurezas oriundas do campo. Em seguida foram enxaguadas com água
potável e submetidas ao tratamento antifúngico utilizando o Super S20,
conforme recomendações.
As hastes foram acondicionadas em caixas de papelão tipo comercial
medindo 1,15 m de comprimento x 0,45 m de largura x 0,20 m de altura
previamente forrada com papel picado; a seguir foram transportadas ao
Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita da Embrapa
Agroindústria Tropical situada em Fortaleza.
6.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais
No Laboratório as hastes foram selecionadas e descartadas quanto à
presença de danos mecânicos doenças e/ou pragas. Logo após, procedeu-
se o corte da base das hastes padronizando em 70 cm de comprimento e a
hidratação por 15 a 20 minutos em baldes contendo água destilada.
Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos diferentes
tratamentos. Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos
diferentes tratamentos.
*
Neste trabalho adotou-se o termo haste floral para o conjunto que compreende o
pseudocaule e a inflorescência.
92
6.2.3 Tratamento com o Regulador Vegetal e Períodos de Armazenamento
Hastes de Heliconia bihai foram mantidas em solução de pulsing com
ácido giberélico (GA
3
) nas concentrações de 50 e 100 mg/L durante seis
horas, em ambiente a 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60-80%, a e
intensidade luminosa de 5 μmol m
-2
s
-1
. Hastes controle foram mantidas em
água destilada.
Após o tratamento de pulsing as hastes foram transferidas para
baldes contendo água destilada, mantendo as mesmas condições de
temperatura, umidade relativa e intensidade luminosa e armazenadas por
períodos de 0, 3, 6, 9 e 12 dias após a colheita, onde a cada 48 horas foi
efetuada a troca da água com o intuito de evitar a proliferação de
microrganismos, além do de cerca de 2,0 cm da base da haste.
6.2.4 Características avaliadas:
6.2.4.1 Aparência Visual
A aparência visual foi avaliada diariamente por meio de uma escala
de notas subjetiva a qual constou dos seguintes critérios: nota 3= destinada
às hastes que não apresentavam nenhum sintoma de murcha e/ou
descoloração e escurecimento de brácteas e pecíolo das folhas; 2 = hastes
que apresentavam incidência de 10 a 30% de murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas; 1 = 40 a 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas e 0 = 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas, sendo considerada nota de descarte.
6.2.4.2 Longevidade Floral
Compreendeu o número de dias entre a colheita até 50% das hastes
florais obterem a nota 0, ou seja, apresentarem sintomas acentuados de
murcha e/ou necroses.
93
6.2.4.3 Perda de Massa
Foi obtida a cada dois dias de acordo com a seguinte fórmula:
PM = (P S/C – P C/C) 100
P C/C
Onde:
P S/C = Peso das hastes antes do corte
P C/C = Peso das hastes após o corte
6.2.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule
(TRA P)
Realizado a cada três dias, conforme metodologia proposta por
CATSKY (1974) e WEATHERLEY (1950). Foram coletados nove discos das
brácteas e pseudocaule para cada tratamento, com auxílio de um furador de
12 mm de diâmetro; esses discos foram pesados, inicialmente, para a
obtenção do peso da matéria fresca e, em seguida, hidratados em espuma
de 1,0 cm de espessura previamente umedecida com água destilada, sendo
esta constantemente monitorada para evitar o excesso ou a falta de
umidade. A cada 30 minutos procedeu-se a secagem, superficialmente em
papel absorvente, dos discos das brácteas e pseudocaule, efetuando-se a
pesagem até a obtenção do peso constante, que caracterizou como peso da
matéria túrgida. Logo após os discos das brácteas e pseudocaule foram
colocados para secar em estufa, com circulação de ar forçado a 70 °C por
um período de três dias, para a determinação do peso da matéria seca. O
teor relativo de água foi calculado de acordo com a fórmula:
94
TRA = (F-S/ T-S) x 100
Onde:
F = peso da matéria fresca (g)
T = peso da matéria túrgida (g)
S = peso da matéria seca (g)
6.2.4.5 Antocianina
Determinou-se, a cada 72 horas, conforme metodologia proposta por
MARKAKIS (1982). Foram pesados 0,1 g de peso fresco das brácteas,
homogeneizadas com 30 mL de solução de etanol: HCl (85:15) durante dois
minutos e transferidos, sem filtrar, para balão de 50 mL previamente
cobertos com papel alumínio, armazenados por uma noite em geladeira
comum. Transcorridos esse período, o homogeneizado foi filtrado em papel
de filtro quantitativo. O conteúdo de antocianina foi medido em
espectrofotômetro a 535 nm, e os resultados expressos em mg de
antocianina por peso de matéria fresca.
6.2.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
Os ensaios enzimáticos foram determinados conforme metodologia
proposta por WISSEMANN & LEE (1980) e MATSUNO & URITANI (1972). A
cada dois dias, discos do pseudocaule de aproximadamente 2,0 cm de
espessura foram congelados em nitrogênio líquido e armazenados em
ultrafreezer a -70 °C até a ocasião da determinação das atividades
enzimáticas. Ambas as enzimas foram extraídas com a maceração dos
discos em almofariz acrescidos com uma pitada de areia lavada,
previamente esterilizada, e cerca de 10 mL de tampão fosfato pH 7,0; em
seguida procedeu-se a pesagem do material para logo após acrescentar
tampão pH 7,0; e água destilada na proporção de 1:1:1 (amostra: tampão:
água) homogeneizando em seguida e centrifugando a 1.500 x g a 4°C por
10 minutos, sendo tomado como o extrato enzimático o sobrenadante.
95
A atividade da polifenoloxidase foi iniciada tomando-se uma alíquota
de 0,3 mL do extrato enzimático e 1,8 mL de catecol em tubo de ensaio que,
em seguida, foi agitado e colocado em banho-maria a 30 °C por 30 minutos.
Transcorridos esse período acrescentou-se 0,8 mL de ácido perclórico,
permanecendo em repouso por 5 a 10 minutos. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro a 395 nm e a atividade expressa ΔUA/min/mg de proteína.
Para a determinação da atividade da peroxidase tomou-se como
alíquota 0,05 mL do extrato enzimático adicionando 2,95 mL de água
destilada; 5,5 de guaiacol e 0,5 mL de peróxido de hidrogênio; logo após foi
agitado e aquecido em banho-maria a 30ºC por cinco minutos. Decorrido
esse período acrescentou-se 1 mL de bissulfito de sódio a 30%. A leitura
feita em espectrofotômetro a 410 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg
de proteína.
6.2.4.7 Proteína Total
As determinações da quantidade de proteína presente nos extratos
foram feitas a cada 48 horas pelo método de BRADFORD (1976), usando
Soroalbumina Bovina (BSA) como padrão.
6.2.5 Delineamento Experimental e Análise Estatística
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo, tendo nas
parcelas as três concentrações de ácido giberélico (0; 50 e 100 mg L
-1
) e na
subparcela os cinco períodos de armazenamento (0, 3; 6; 9 e 12 dias), com
três repetições de três hastes para cada tratamento em cada tempo.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância e
regressão. Para a análise de regressão os modelos foram escolhidos
baseados na significância dos coeficientes de regressão utilizando o teste “t”
adotando-se o nível de 5% de probabilidade, no coeficiente de determinação
(r
2
) e no fenômeno biológico.
96
6.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.4.1 Aparência Visual
A aparência visual em hastes de Heliconia bihai mostrou tendência de
estabilidade até o 4° dia após a colheita, em todos os tratamentos; no
entanto, após esse período, verificou-se decréscimo na qualidade de todas
as hastes, porém, com tendência mais acentuada na testemunha, seguido
do tratamento com 100 mg L
-1
de ácido giberélico
(GA
3
) (Figura 1). No
entanto, aos 8 e 9 dias após a colheita as hastes tratadas nas duas
concentrações de GA
3
não apresentaram diferenças entre si, sendo
superiores à testemunha.
O declínio na aparência visual tornou as hastes impróprias à
comercialização (nota inferiores a 1), respectivamente aos 8 dias para a
testemunha e 10 dias para hastes tratadas com 50 e 100 mg L
-1
de ácido
giberélico
(GA
3
). Desse modo, o uso do ácido giberélico promoveu aumento
de 20% na longevidade em comparação às hastes não tratadas.
O decréscimo na aparência visual foi decorrente do surgimento de
manchas escuras no tecido das brácteas (Figura 2), além do
amarelecimento e ressecamento da ponta das brácteas e pecíolo das folhas
(Figura 3), que pode ter sido ocasionado pela elevada taxa transpiratória.
Algumas manchas escuras na superfície das brácteas (Figura 2)
foram atribuídas à antracnose, doença comum em helicônias. Segundo
ASSIS et al. (2002) é causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides
(Penz.), cujos sintomas são caracterizados por manchas de colorações que
variam conforme a espécie. Já o amarelecimento das hastes (Figura 3) foi
possivelmente decorrente da elevada taxa transpiratória.
97
Ŷ = – 0,08 + (3,14/[1 + exp(– (x – 6,42)/ –1,09) R²=0,98
Ŷ = 0,69 + (2,35/[1 + exp(– (x – 7,58)/ – 0,86) R²=0,97
Ŷ = – 0,67 + (3,81/[1 + exp(– (x – 8,51)/ – 2,05) R²=0,98
Figura 1 – Estimativas da atividade da
aparência visual de hastes Heliconia bihai,
submetidas à solução de pulsing contendo
0; 50 e 100 mg L
-1
GA
3
.
Figura 2: Sintomas de antracnose
em hastes de Heliconia bihai
.EMBRAPA: Fortaleza - Ceará,
2008.
98
Testemunha
3 dias
50 mg
3 dias
50 mg
6 dias
50 mg
9 dias
Tempo
0 dias
Testemunha
9 dias
Testemunha
6 dias
100 mg
3 dias
100 mg
9 dias
Testemunha
12 dias
50 mg
Figura
100 mg
12 dias
6 dias
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
100 mg
Figura 3: Aparência visual de hastes de Heliconia bihai submetidas ao
tratamento com 0, 50 e 100 mg L
-1
de ácido giberélico (GA
3
): A
(caracterização); B, F e J (aos 3 dias); C, G e L (aos 6 dias); D, H e M (aos
9 dias); E, I e N (aos 12 dias). EMBRAPA: Fortaleza – Ceará, 2008.
99
6.4.2 Longevidade Floral
Baseado nas notas da aparência visual, a longevidade foi estimada
em 7 dias para hastes destinadas ao controle e de 9 dias para hastes
tratadas com o ácido giberélico, em ambas concentrações.
De acordo com CASTRO (1993) helicônias que apresentam
longevidade menor ou igual a 7 dias são classificadas como curtas, de 8 a
14 dias como média e acima de 14 dias como de longevidade alta. Esse
mesmo autor trabalhando com várias espécies de helicônias, verificou que
H. bihai apresentou longevidade de 8 dias, inferior ao obtido nesse
experimento, nas hastes tratadas com ácido giberélico em ambas
concentrações, que foi de 9 dias.
Alguns trabalhos relatam os efeitos positivos do ácido giberélico no
prolongamento da longevidade floral de espécies de flores. Por exemplo, em
Heliconia aurorea esse regulador destacou-se no prolongamento da
longevidade quando fornecido juntamente com nitrato de prata, sacarose,
ácido cítrico e 8-hidroquinolina, proporcionando longevidade floral de 21,85
dias, ao passo que a longevidade das flores mantidas nas demais
substâncias, sem a inclusão de ácido giberélico, foi de 8,8 dias (CASTRO,
1993).
Folhas de Zantedeschia aethiopica tratadas com ácido giberélico
(GA
3
) apresentaram prolongamento da longevidade à medida que as
concentrações de GA
3
foram aumentadas (SKUTNIK et al., 2001). Em Tulipa
gesneriana, cv. Seadov tratada com solução contendo GA
4+7
(giberelina) em
conjunto com benziladenina (citocinina), observou-se aumento da
longevidade quando a solução foi aplicada nos botões que já apresentavam
a coloração; porém, não proporcionaram aumento da longevidade quando os
botões foram tratados em estádio ainda verde (KIM & MILLER, 2007).
Em hastes de priprioca (Cyperus articulatus), o pulsing por 24 horas
com 100 mg L
-1
de ácido giberélico associado à hidratação, imediatamente
após a colheita, prolongou a durabilidade comercial em mais de 60% quando
comparado ao controle (ROBLES et al., 2007).
Hastes de Lilium longiflorum tratadas na pré-colheita com promalina
(GA
4+7
: benziladenina, 1:1) ou accel (GA
4+7
: benziladenina, 1:10)
100
apresentaram retardamento da senescência foliar, cujas taxas foram
respectivamente de 3 e 9%, para hastes tratadas com promalina e accel
respectivamente. Todavia, hastes não tratadas em nenhuma das
substâncias atingiram 21% de taxa de senescência (WHITMAN et al., 2001).
Por outro lado, resultados negativos com a aplicação de ácido
giberélico sobre a longevidade floral de crisântemos (Dedranthema
grandiflora), cvs. Flippo; Recita e Bronze Repim, apresentaram prematura
senescência, tanto de folhas como de flores, quando tratadas com todas as
concentrações de ácido giberélico utilizadas (10; 40; 60; 80 e 100 mg L
-1
)
(BRACKMANN et al., 2005). Também em crisântemo, cv. Rosa Repim a
utilização de ácido giberélico (GA
3
) na concentração de 20 mg L
-1
e
sacarose, bem como a mistura entre GA
3
e sacarose promoveu aceleração
da senescência tanto em folhas como nas flores (SANCHES & LASCHI,
2007).
6.4.3 Perda de Massa
O mecanismo inicial dessa perda é devido à difusão de vapor entre o
produto e ambiente, sendo diretamente proporcional à taxa respiratória,
aumento da temperatura, perda de água por transpiração e composição de
gases da atmosfera.
O tratamento com ácido giberélico não apresentou efeito significativo
sobre a perda de massa em hastes de Heliconia bihai, porém, essa foi
influenciada pelos períodos de armazenamento, onde apresentou
comportamento crescente. As taxas foram de 0,17; 0,26; 0,34; 0,43 e 0,51%
respectivamente aos 2; 4; 6; 8; 10 e 12 dias de armazenamento, atingindo,
no final do período experimental, perda cumulativa de 1,80% (Figura 4).
Essa perda não promoveu sintomas de murcha no tecido das brácteas,
porém, sinais de ressecamento na ponta das brácteas e pecíolo das folhas
foram constatados no presente experimento.
O ácido giberélico, nas mesmas concentrações utilizadas do presente
experimento, também foi testado em hastes de Zantedeschia elliottiana (W.
Wats) Engl., onde constatou-se aumento da perda de massa em hastes
101
mantidas em água destilada (testemunha) comparado àquelas tratadas com
50 e 100 mg L
-1
de ácido giberélico (JANOWSKA & JERZY, 2004).
Ŷ = 0,01 + 0,004 X R
2
=0,99
6.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA
P)
O teor relativo de água das brácteas foi influenciado pela interação
entre os fatores estudados, concentração de ácido giberélico x períodos de
armazenamento. Assim, em hastes submetidas ao tratamento com 100 e 50
mg L
-1
de ácido giberélico, ocorreu ligeiro decréscimo aos 3 e 6 dias após a
colheita, respectivamente em ambos os tratamentos (2,31 e 4,76%) em
relação aos valores encontrados na ocasião da colheita (Figura 5), porém,
no final do período experimental (12 dias) essa variável apresentou aumento
respectivamente de 6,63 e 1,93% em ambos os tratamentos.
Figura 4 – Estimativa da perda de massa de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a
25 ± °C e umidade relativa de 60-80%.
102
O teor relativo de água das brácteas controle (pulsing com água
destilada) apresentou acréscimo durante todo o período experimental,
alcançando, no final do período experimental, 4,09% de aumento em relação
aos valores encontrados na ocasião da colheita. De algum modo o uso do
ácido giberélico interferiu negativamente na absorção de água pelos tecidos
das brácteas, embora a causa para esse resultado seja de natureza
desconhecida.
Para o TRA do pseudocaule observou-se que as concentrações de
ácido giberélico não influenciaram o comportamento dessa variável, a qual
manteve-se praticamente estável até próximo ao final do período
experimental, ocasião em que apresentou um ligeiro aumento, atingindo um
acréscimo de 2,9% em relação aos valores verificados no início do período
experimental (Figura 6).
Figura 5 – Estimativas da atividade do teor
relativo de água das Brácteas (TRA B) de
hastes Heliconia bihai, submetidas à
solução de pulsing contendo 0; 50 e 100
mg. L
-1
GA
3
.
103
Ŷ = 96,67 – 0,75x + 0,081x
2
R²=0,68
6.4.5 Antocianina
O tratamento com ácido giberélico, no presente experimento não
mostram efeito significativo quanto a concentração de antocianina em
brácteas de Heliconia bihai. O comportamento foi decrescente em função
dos períodos de armazenamento, atingindo no final do período experimental
perda na concentração desse pigmento de 47% em relação aos valores
verificados na ocasião da colheita (Figura 7).
Ao contrário dos resultados obtidos nesse experimento, o ácido
giberélico tem promovido a manutenção da coloração de flores e folhas de
várias espécies ornamentais, tais como no híbrido Santonia (Sandersonia
aurantiaca x Littonia modesta), onde o tratamento com ácido giberélico,
preservou a coloração dessa espécie, sem a visualização de sinal de clorose
foliar durante 12 dias de vida de vaso (EASON et al., 2001).
Figura 6 – Estimativas da atividade do teor
relativo de àgua do pseudocaule (TRA P) de
Heliconia bihai, armazenadas por 12 dias a
25 ± °C e umidade relativa de 60-80%.
104
Folhas de Alstroemeria também responderam positivamente ao
tratamento com ácido giberélico, onde o teor de clorofila nas folhas tratadas
permaneceu mais alto quando comparado aos das folhas tratadas com água
e etileno (FERRANTE et al., 2002). Semelhantemente, efeitos positivos
utilizando o ácido giberélico também foram verificados em frutos de Cactus
pear [(Opuntia ficus-indica Miller (L.)], cujo tratamento pré-colheita com esse
regulador vegetal, associado ao tratamento hidrotérmico, retardou mudanças
de coloração durante 45 dias de armazenamento (SCHIRRA et al., 1999).
Ŷ = – 156,93 + (681,62/[1 + exp(– (x – 13,86)/ – 3,64) R²=0,99
6.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
As concentrações de ácido giberélico não influenciaram a atividade
das enzimas peroxidase e polifenoloxidase. No entanto, a atividade de
ambas enzimas foi influenciada pelos períodos de armazenamento com
comportamento decrescente ao longo de todo o período experimenta
(Figuras 8 e 9).
Figura 7 – Estimativas da concentração de
antocianina de hastes Heliconia bihai,
armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e
umidade relativa de 60-80%.
105
Por ocasião da colheita (início do armazenamento) as atividades da
POD e PPO foram respectivamente de 6,04 e 5,93, atingindo no final do
período experimental (12 dias); 0,26 e 0,31 ΔUA/min/mg de proteína.
O decréscimo na atividade de ambas enzimas, verificado nesse
experimento, pode ser atribuído à diminuição dos compostos fenólicos que
atuam como substrato nas reações de escurecimento promovidas por essas
enzimas.
Resultados contrários aos verificados no presente experimento foram
encontrados em Myrica rubra Bieb., onde o tratamento com ácido giberélico
durante a indução dos botões florais inibiu significativamente à atividade das
enzimas peroxidase e polifenoloxidase (LI et al., 2003).
Ŷ = 6,04 – 1,67 x
0,5
R²=0,98
Figura 8 – Estimativas da atividade da
peroxidase de hastes Heliconia bihai,
armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e
umidade relativa de 60-80%.
106
Ŷ = 5,93. exp(– x/ 4,06) R²=0,99
Figura 9 – Estimativas da atividade da
polifenoloxidase de hastes Heliconia bihai,
armazenadas por 12 dias a 25 ± °C e
umidade relativa de 60-80%.
107
6.4 CONCLUSÕES
O ácido giberélico nas concentrações e forma utilizada não influenciou
nas variáveis, perda de massa, teor relativo de água do pseudocaule,
antocianina, atividade da peroxidase e polifenoloxidase. Porém, apresentou
efeito positivo na aparência visual.
Baseado nas notas da aparência visual, a longevidade floral de hastes
de Heliconia bihai foi estimada em 7 dias para a testemunha e de 9 dias para
hastes tratadas com o ácido giberélico.
108
7. CAPÍTULO 5
ARMAZENAMENTO REFRIGERADO DE Heliconia bihai
ASSOCIADO À ATMOSFERA MODIFICADA
RESUMO
Objetivou-se definir a temperatura de injúria pelo frio e a eficácia da
película biodegradável à base de galactomanana em inibir esses sintomas, e
a temperatura associada ou não ao uso da película que proporciona maior
vida de vaso de hastes de Heliconia bihai. Para tal, hastes foram colhidas
quando apresentaram de três a quatro brácteas abertas mais o ponteiro e
armazenadas em câmaras frias com intensidade luminosa de 3,0 μmol m
-2
s
-1
,
nas temperaturas de 7 °C (97 % U. R.); 13 °C (92% U. R.) e 15 °C (58 % U.
R.), revestidas ou não com película, por períodos de 3 (1 dia em temperatura
refrigerada + 2 dias a 25 °C); 6 (4 dias em temperatura refrigerada + 2 dias a
25 °C); 9 (7 dias em temperatura refrigerada + 2 dias a 25 °C); 12 (10 dias em
temperatura refrigerada + 2 dias a 25 °C) e 15 (13 dias em temperatura
refrigerada + 2 dias a 25 °C) dias após a colheita. As testemunhas constaram
de hastes armazenadas a 25 °C revestidas ou não com película, umidade
relativa de 90% e intensidade luminosa de 3,0 μmol m
-2
s
-1
. As características
avaliadas foram: aparência visual; longevidade floral; antocianina, perda de
massa, atividade da peroxidase e polifenoloxidase; teor relativo de água das
brácteas e pseudocaule e vazamento de eletrólitos. O experimento foi
conduzido em delineamento inteiramente casualizado em esquema de
parcelas subdivididas no tempo, tendo na parcela um esquema fatorial 2x4
(sendo o primeiro fator referente ao uso ou não da película biodegradável; e o
segundo as temperaturas de armazenamento (7, 13, 15 e 25 °C) e na
subparcela os seis períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9, 12 e 15 dias), com
três repetições de três hastes para cada tratamento e cada período de
armazenamento. Hastes de Heliconia bihai armazenadas a 7 e 13 °C
manifestaram injúria por frio aos 6 dias após a colheita (4 dias em
temperatura refrigerada + 2 dias a 25 °C) em ambas atmosferas (com e sem
película). O uso da película não foi eficiente em inibir e/ou retardar os
109
sintomas de injúria por frio. Dentre as temperaturas utilizadas, a que
promoveu melhor aparência nas hastes foi a 15 °C. A longevidade em hastes
submetidas à temperatura de 15 °C foi estimada em 10 e 13 dias,
respectivamente para hastes não revestidas e revestidas com película.
Menores longevidades foram obtidas em hastes armazenadas a 25 °C sem
película, bem como nas submetidas a 7 e 13 °C revestidas com película.
110
7.1 INTRODUÇÃO
O uso de temperaturas relativamente baixas é um dos mais
importantes fatores de sucesso no armazenamento de flores e folhagens de
corte (VAN DOORN & CRUZ, 2000), pois essas retardam a senescência dos
produtos e prolongam a vida útil pós-colheita. Porém, algumas espécies de
origem tropical e subtropical sofrem injúria pelo frio em temperaturas de
armazenamento relativamente baixas (JOYCE et al., 2000).
Injúria pelo frio é o termo utilizado para definir o dano fisiológico que
ocorre em muitos produtos hortícolas resultantes da exposição a
temperaturas baixas. Porém, acima do ponto de congelamento (PARKIN et
al., 1999). Segundo CHITARRA & CHITARRA (2005), esse distúrbio é
dividido em duas fases, a primeira compreende uma resposta primária à
temperatura, usualmente considerada de natureza física, que acarreta em
alterações nas membranas celulares. A segunda inclui a manifestação dos
sintomas resultantes das alterações ocorridas na primeira fase.
Os sintomas variam de espécie para espécie sendo mais comumente
verificado o escurecimento, a descoloração e a perda da turgidez dos
tecidos reduzindo a aparência visual, e diminuindo a vida pós-colheita
(JOYCE et al., 2000). Esses sintomas podem ser visualizados já no segundo
dia de armazenamento e/ou transporte em temperaturas abaixo de 8 a 10 °C
em algumas espécies de helicônias (JAROENKIT & PAULL, 2003).
O escurecimento dos tecidos se dá principalmente pela oxidação dos
compostos fenólicos (ABREU, 1998), onde as enzimas fenilalanina amônia-
liase (PAL), peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PPO) podem estar
envolvidas (HERSHKOVITZ, 2005). Já a descoloração e perda da turgidez
dos tecidos podem ser decorrentes da elevação da taxa respiratória que é
um evento comum em situações de estress como na injúria por frio.
Contudo, algumas técnicas têm sido utilizadas visando retardar os sintomas
de injúria por frio. Dentre essas as mais utilizadas são: o pré-
condicionamento dos produtos hortícolas em temperaturas ligeiramente
acima da faixa crítica que provoca a injúria, calor intermitente; reguladores
de crescimento, ácido acetil salicílico e uso de atmosfera controlada e
modificada.
111
O efeito da atmosfera em retardar ou minimizar os efeitos de injúria
por frio é decorrente da elevação da umidade no interior do produto, além da
elevação nos níveis de CO
2
e diminuição nos de O
2
. Esse último é apontado
como o principal fator atuante na redução desses sintomas, já que as
enzimas oxidativas peroxidase, polifenoloxidase e fenilalanina amônia-liase,
causadoras do escurecimento dos tecidos, possuem baixa afinidade pelo
oxigênio.
A modificação da atmosfera pode ser obtida através de filmes
plásticos e revestimentos como ceras e emulsões
.
Porém, sua eficiência
está em função da permeabilidade aos gases O
2
e CO
2
e taxa respiratória
do produto, sendo esses diretamente afetados pela temperatura de
armazenamento (MAFTOOZANAD & RAMASWAMY, 2005). Outros
benefícios do uso da atmosfera modificada são atribuídos à capacidade de
minimizar as superfícies de abrasão e redução na propagação de doenças
(KADER & WATKINS, 2000).
No entanto, a crescente preocupação na redução do volume do lixo e
a dificuldade em reciclar a maioria das embalagens, têm incentivado
pesquisas no desenvolvimento de materiais biodegradáveis. Esses
revestimentos podem criar uma atmosfera modificada, similar às obtidas
pelas embalagens e apresentam vantagens adicionais de não agredirem o
meio ambiente e de terem baixo custo em comparação às formulações ou
embalagens encontradas no mercado (MAFTOOZANAD & RAMASWAMY,
2005).
Esses revestimentos podem ser fabricados a base de lipídeos e
polissacarídeos, os quais, na maioria das vezes, são extraídos de plantas
nativas, sendo de fácil acesso e, portanto, baixo custo. A exemplo disso cita-
se películas fabricadas à base de galactomanana de sementes de
Caesalpinia pulcherrima uma leguminosa de fácil ocorrência no Brasil,
sobretudo na região Nordeste. As sementes de C. pulcherrima são ricas em
polissacarídeos tipo galactomanas, são hidrofóbicas e insolúveis em
solventes orgânicos.
Diante do exposto, o trabalho objetivou avaliar os efeitos da
temperatura sobre o desenvolvimento de injúria pelo frio e a eficácia da
película biodegradável em inibir esses sintomas, visando definir a
112
temperatura associada ou não ao uso da película que proporciona maior
vida de vaso de hastes de Heliconia bihai.
113
7.2 MATERIAL E MÉTODOS
7.2.1 Origem do Material Utilizado e Colheita
Hastes
*
florais de Heliconia bihai oriundas de propriedade comercial
localizada no distrito de Pacoti, pertencente ao município de Guaramiranga
Estado do Ceará (latitude 4° 15 48” S, longitude de 38° 55 59” W e altitude
de 736 m), distante 91 Km da capital Fortaleza, foram colhidas em outubro
de 2006, às 7:00 h da manhã, quando as inflorescências atingiram três a
quatro brácteas abertas mais o ponteiro.
Após a colheita as hastes foram submetidas a duas lavagens, a
primeira com a mistura de água e nim (Azadirachta indica) para desinfecção
de formigas, e a segunda com água e sabão neutro, para retirada de
impurezas oriundas do campo. Em seguida foram enxaguadas com água
potável e submetidas ao tratamento antifúngico utilizando o Super S20,
conforme recomendações.
As hastes foram acondicionadas em caixas de papelão tipo comercial
medindo 1,15 m de comprimento x 0,45 m de largura x 0,20 m de altura
previamente forrada com papel picado; a seguir foram transportadas ao
Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita da Embrapa
Agroindústria Tropical situada em Fortaleza.
7.2.2 Seleção e Padronização das Hastes Florais
No Laboratório as hastes foram selecionadas e descartadas quanto à
presença de danos mecânicos doenças e/ou pragas. Logo após, procedeu-
se o corte da base das hastes padronizando em 70 cm de comprimento e a
hidratação por 15 a 20 minutos em baldes contendo água destilada.
Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos diferentes
tratamentos. Transcorrido esse período, foram distribuídas ao acaso, nos
diferentes tratamentos.
*
Neste trabalho adotou-se o termo haste floral para o conjunto que compreende o
pseudocaule e a inflorescência.
114
7.2.3 Preparo e Aplicação da Película Biodegradável
O preparo da película teve início com a extração da galactomana de
sementes de Caesalpinia pulcherrima em etanol e água destilada. Nesse
processo, as sementes foram removidas das vagens, limpas e colocadas em
um blender para que fosse retirada a película e separação do cotilédone, O
endosperma foi separado do cotilédone, despeliculado e suspendido em
etanol previamente aquecido por 15 minutos para inativação de algumas
enzimas que pudessem degradar o polissacarídeo. Logo após, o
polissacarídeo foi suspendido em etanol previamente aquecido por 15
minutos para inativação de algumas enzimas que causassem a degradação
do mesmo. Em seguida, o etanol foi decantado e foi adicionado água
destilada em proporção 1:1000 a este. A mistura permaneceu em repouso
por aproximadamente 1h, transcorrido esse período a mistura foi agitada em
um blender durante 5 min. Transcorrido esse período procedeu-se a
purificação da galactomanana por meio de filtração em tecido de nylon e a
centrifugação a 3200 g por 30 min. A galactomanana foi precipitada em
etanol na proporção 2:1 (etanol - solução de galactomanana). Para finalizar
o processo, a galactomanana precipitada foi liofilizada, e colocada em
freezer até a dissolução.
O procedimento da dissolução foi efetuado em água destilada
adicionando-se em seguida o agente plasticizante (glicerol), na proporção de
2: 2,6 (galactomana-glicerol). A solução foi homogeneizada durante cinco
minutos em temperatura ambiente sendo mantida em repouso por 10
minutos na mesma temperatura.
A aplicação da película nas hastes florais foi realizada com auxílio
de um pincel de cerdas macias, sendo distribuídas por toda a haste até o
completo encharcamento. Logo após, foram postas para secar ao natural em
posição vertical, dentro de baldes (Comunicação pessoal do professor
Álvaro Lima).
115
7.2.4 Armazenamento das Hastes
Oito lotes compostos por 45 hastes cada, foram distribuídos de
acordo com os seguintes tratamentos: hastes revestidas ou não com película
foram armazenadas em câmaras frias com intensidade luminosa de 3,0 μmol
m
-2
s
-1
, nas temperaturas de 7 °C (97 % U. R.); 13 °C (92% U. R.) e 15 °C
(58 % U. R.), revestidas ou não com película, por períodos de 3 (1 dia em
temperatura refrigerada + 2 dias a 25 °C); 6 (4 dias em temperatura
refrigerada + 2 dias a 25 °C); 9 (7 dias em temperatura refrigerada + 2 dias a
25 °C); 12 (10 dias em temperatura refrigerada + 2 dias a 25 °C) e 15 (13
dias em temperatura refrigerada + 2 dias a 25 °C) dias após a colheita.
Hastes controles foram revestidas ou não com película e mantidas a 25 °C e
umidade relativa de 90% e intensidade luminosa de 3,0 μmol m
-2
s
-1
.
7.2.5 Características avaliadas:
7.2.5.1 Aparência Visual
A aparência visual foi avaliada diariamente por meio de uma escala
de notas subjetiva a qual constou dos seguintes critérios: nota 3 = destinada
às hastes que não apresentavam nenhum sintoma de murcha e/ou
descoloração e escurecimento de brácteas e pecíolo das folhas; 2 = hastes
que apresentavam incidência de 10 a 30% de murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas; 1 = 40 a 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas e 0 = 50% murcha e/ou descoloração do
pecíolo das folhas e brácteas, sendo considerada nota de descarte.
7.2.5.2 Longevidade Floral
Compreendeu o número de dias entre a colheita até 50% das hastes
florais obterem a nota 0, ou seja, apresentarem sintomas acentuados de
murcha e/ou necroses.
116
7.2.5.3 Perda de Massa
Foi obtida a cada dois dias de acordo com a seguinte fórmula:
PM = (P S/C – P C/C) 100
P C/C
Onde:
P S/C = Peso das hastes antes do corte
P C/C = Peso das hastes após o corte
7.2.5.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule
(TRA P)
Realizado a cada três dias, conforme metodologia proposta por
CATSKY (1974) e WEATHERLEY (1950). Foram coletados nove discos das
brácteas e pseudocaule para cada tratamento, com auxílio de um furador de
rolhas de 12 mm de diâmetro; esses discos foram pesados, inicialmente,
para a obtenção do peso da matéria fresca e em seguida, hidratada em
espuma de 1,0 cm de espessura previamente umedecida com água
destilada, sendo esta constantemente monitorada para evitar o excesso ou a
falta de umidade. A cada 30 minutos procedeu-se a secagem,
superficialmente em papel absorvente, dos discos das brácteas e
pseudocaule, efetuando-se a pesagem até a obtenção do peso constante,
que caracterizou como peso da matéria túrgida. Logo após os discos das
brácteas e pseudocaule foram colocados para secar em estufa, com
circulação de ar forçado a 70 °C por um período de três dias, para a
determinação do peso da matéria seca. O teor relativo de água foi calculado
de acordo com a fórmula:
TRA = (F-S/ T-S) x 100
117
Onde:
F = peso da matéria fresca (g)
T = peso da matéria túrgida (g)
S = peso da matéria seca (g)
7.2.5.5 Antocianina
Determinou-se, a cada 72 horas, conforme metodologia proposta por
MARKAKIS (1982). Foram pesados 0,1 g de peso fresco das brácteas,
homogeneizadas com 30 mL de solução de etanol: HCl (85:15) durante dois
minutos e transferidos, sem filtrar, para balão de 50 mL previamente
cobertos com papel alumínio, armazenados por uma noite em geladeira
comum. Transcorridos esse período, o homogeneizado foi filtrado em papel
de filtro quantitativo. O conteúdo de antocianina foi medido em
espectrofotômetro a 535 nm, e os resultados expressos em mg de
antocianina por peso de matéria fresca.
7.2.5.6 Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO)
Os ensaios enzimáticos foram determinados conforme metodologia
proposta por WISSEMANN & LEE (1980) e MATSUNO & URITANI (1972). A
cada dois dias, discos do pseudocaule de aproximadamente 2,0 cm de
espessura foram congelados em nitrogênio líquido e armazenados em
ultrafreezer a -70 °C até a ocasião da determinação das atividades
enzimáticas. Para ambas as enzimas a maceração dos discos do
pseudocaule foi efetuado em almofariz acrescidos com uma pitada de areia
lavada previamente esterilizada e cerca de 10 mL de tampão fosfato pH 7,0,
em seguida procedeu-se a pesagem do material para logo após acrescentar
tampão pH 7,0; e água destilada na proporção de 1:1:1 (amostra: tampão:
água) homogeneizando em seguida e centrifugando a 1.500 x g a 4°C por
10 minutos, sendo tomado como o extrato enzimático o sobrenadante.
A atividade da polifenoloxidase foi iniciada tomando-se uma alíquota
de 0,3 mL do extrato enzimático e 1,8 mL de catecol em tubo de ensaio que,
118
em seguida, foi agitado e colocado em banho-maria a 30 °C por 30 minutos.
Transcorridos esse período acrescentou-se 0,8 mL de ácido perclórico,
permanecendo em repouso por 5 a 10 minutos. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro a 395 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg de
proteína.
Para a determinação da atividade da peroxidase tomou-se como
alíquota 0,05 mL do extrato enzimático adicionando 2,95 mL de água
destilada; 5,5 de guaiacol e 0,5 mL de peróxido de hidrogênio; logo após foi
agitado e aquecido em banho-maria a 30 ºC por cinco minutos. Decorrido
esse período acrescentou-se 1 mL de bissulfito de sódio a 30%. A leitura
feita em espectrofotômetro a 410 nm e a atividade expressa em ΔUA/min/mg
de proteína.
7.2.5.7 Proteína Total
As determinações da quantidade de proteína presente nos extratos
foram feitas a cada 48 horas pelo método de BRADFORD (1976), usando
Soroalbumina Bovina (BSA) como padrão.
7.2.5.8 Vazamento de Eletrólitos
O vazamento de eletrólitos foi medido a cada três dias, conforme
metodologia proposta por SEREK et al. (1995) com algumas modificações.
Foram retirados discos de cerca de 2,0 cm da região mediana da epiderme
das brácteas por meio de um furador de rolhas. Esses discos foram lavados
em água destilada e secos superficialmente em papel absorvente,
permanecendo em repouso por duas horas em tubos de ensaio contendo 18
mL de água destilada em condições ambiente. Após o repouso, mediu-se a
condutividade elétrica da água com um condutivímetro Schot modelo DM 20.
Posteriormente, os tubos de ensaio contendo os discos foram autoclavados
(121 °C a 1,5 atm) por 30 minutos, em seguida procedeu-se a leitura da
condutividade elétrica, onde resultados foram expressos como a razão entre
os valores obtidos na primeira e segunda medição da condutividade elétrica
119
multiplicadas por 100. A partir desses valores, foi composto a média dos
valores para o vazamento de eletrólitos das brácteas.
7.2.6 Delineamento Experimental e Análise Estatística
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado em esquema de parcelas subdivididas no tempo, tendo na
parcela um esquema fatorial 2 x 4 (sendo o primeiro fator referente ao uso
ou não da película biodegradável; e o segundo as temperaturas de
armazenamento 7; 13; 15 e 25 °C) e na subparcela os seis períodos de
armazenamento (0, 3; 6; 9; 12 e 15 dias), com três repetições de três hastes
para cada tratamento em cada tempo.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância. Para o
fator qualitativo as médias foram comparadas utilizando o teste de Tukey
adotando-se o nível de 5% de probabilidade. Para o fator quantitativo as
médias foram submetidas à análise de regressão, para isso os modelos
foram escolhidos baseados na significância dos coeficientes de regressão
utilizando o teste “t” adotando-se o nível de 5% de probabilidade, no
coeficiente de determinação (r
2
) e no fenômeno biológico.
120
7.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.4.1 Aparência Visual
Houve interação significativa entre os fatores estudados, períodos de
armazenamento x temperaturas x uso ou não da película (Figura 1). Nas
hastes submetidas às temperaturas de 7 e 13 °C os principais causadores
do decréscimo na aparência visual foram os sintomas de injúria por frio
(Figura 2). O surgimento desses sintomas ocorreu aos 6 dias após a colheita
(4 dias em temperatura refrigerada + 2 dias a temperatura ambiente) em
hastes submetidas a 7 °C em ambas atmosferas (com e sem película) e 13
°C com película (Figura 1 A e B), esses sintomas se intensificado aos 8
dias, tornando essas hastes impróprias à comercialização (notas na
aparência inferiores a 1).
No entanto, hastes armazenadas a 25 °C não revestidas com película
apresentaram decréscimo acentuado na aparência visual até o 5° dia após a
colheita (Figura 1B), em conseqüência do amarelecimento e ressecamento
da ponta das brácteas e pecíolo das folhas (Figura 2), que pode ter sido
conseqüência da elevação na taxa respiratória. Contudo, após o 5° dia, as
notas na aparência mantiveram-se constantes até o fim do período
experimental. Porém, as hastes armazenadas a 25 °C, revestidas com
película e as hastes armazenadas a 15 °C com e sem película apresentaram
declínio gradual ao longo do período de armazenamento (Figura 1).
Os sintomas de injúria por frio verificados em Heliconia bihai são
semelhantes aos verificados em Heliconia psittacorum x Heliconia
spathocircinata cv. Golden Adrian e Heliconia psittacorum cv. Suriname,
armazenadas a 10 e 12 °C, cujas brácteas apresentaram aspecto de
“queimado”, além de manchas escuras na inserção das brácteas e murcha
das extremidades do pecíolo das folhas e base das hastes (SOUZA et al.,
2007). Também são semelhantes aos observados por OLIVEIRA (1996) em
Heliconia Golden Torch armazenadas a 10 °C, que apresentaram
escurecimento total das brácteas aos 12 dias de armazenamento,
conduzindo à perda do valor comercial dessa espécie.
121
Ŷ = 3,38 – (0,56* x) + (0,02x
2
) R
2
= 0,97
Ŷ = 3,74 – (0,51* x) + (0,01x
2
) R
2
= 0,88
Ŷ = 3,12 – (0,11* x) – (0,00x
2
) R
2
= 0,94
Ŷ = 3,18 – (0,18* x) – (0,00x
2
) R
2
= 0,96
Ŷ = 3,64 – (0,50* x) + (0,01x
2
) R
2
= 0,91
Ŷ = 3,64 – (0,48* x) + (0,01x
2
) R
2
= 0,90
Ŷ = 3,64 – (0,50* x) + (0,01x
2
) R
2
= 0,94
Ŷ = 3,16 – (0,39* x) + (0,01x
2
) R
2
= 0,92
(B)
(A)
Figura 1 – Estimativas da aparência visual em
hastes de Heliconia bihai, armazenadas a 7; 13; 15
e 25 °C com película (A) e sem película (B).
122
25ºC sem película
3 dias
Tempo
0 dias
25ºC com película
3 dias
15ºC sem película
3 dias
15ºC com película
3 dias
13ºC sem película
3 dias
13ºC com película
3 dias
7ºC sem película
3 dias
7ºC com película
3 dias
A
B
D
C
E
b
d
c
e
123
25ºC sem película
6 dias
25ºC com película
6 dias
15ºC sem pecula
6 dias
15ºC com película
6 dias
13ºC sem película
6 dias
13ºC com película
6 dias
C sem pecula
6 dias
C com película
6 dias
25ºC sem película
9 dias
15ºC sem película
9 dias
13ºC sem película
9 dias
25ºC com película
9 dias
15ºC com película
9 dias
13ºC com película
9 dias
C sem pecula
9 dias
C com pecula
9 dias
F G H I
f
g h
i
J
L
M
N
j
l m n
124
Figura 2: Aparência visual de hastes de Heliconia bihai armazenadas a 25;
15; 13 e 7 °C revestidas com película e não revestidas com película: A
(caracterização inicial); B, b, C, c, D, d, E, e (aos 3 dias após a colheita). F,
f, G, g, H, h, I, i (aos 6 dias); J, j, L, l, M, m, N, n (aos 9 dias); O, P, Q, R (25
°C sem e com película; 15 °C sem e com película aos 12 dias); p, q (15 °C
sem e com película aos 15 dias). EMBRAPA: Fortaleza – Ceará, 2008.
Segundo JOYCE et al. (2000), embora os sintomas de injúria por frio
variem de espécie para espécie, os mais comumente verificados são o
escurecimento e descoloração dos tecidos. Os resultados verificados no
presente experimento, em relação ao uso da atmosfera modificada, sobre os
sintomas de injúria por frio são semelhantes aos encontrados por CASTRO
(1993) em Heliconia aurorea onde revestimento com cera Semprefresh
ocasionou escurecimento das brácteas por razão desconhecida. Porém, são
discordantes dos verificados por NERES et al. (2004), onde o uso de
embalagens de polietileno de baixa densidade (PEBD) em jiló foi eficiente
em impedir a ocorrência de injúria por frio nos frutos armazenados a 5 °C,
sendo tal resultado atribuído, segundo os autores, a maior permeabilidade
do filme aos gases O
2
e CO
2
.
25ºC sem película
12 dias
15ºC sem película
12 dias
25ºC com película
12 dias
15ºC com película
12 dias
15ºC sem película
15dias
15ºC com película
15 dias
p
O
P
Q
R
q
125
Hastes mantidas nas temperaturas de 7 e 13 °C não revestidas com a
película a base de sementes de Caesalpinia pulcherrima, apresentaram-se
com notas comercializáveis um dia a mais (longevidade de 7 dias) quando
comparadas às revestidas, indicando que o uso da película promoveu o
agravamento dos sintomas de injúria por frio nessas hastes.
Dessa forma, verifica-se que o uso da película a base de sementes de
C. pulcherrima não foi eficiente em inibir e/ou retardar os sintomas de injúria
por frio, que pode ser devido ao fato da película possuir elevada
permeabilidade ao O
2
e CO
2
, que pode não ter proporcionado redução de O
2
e o acúmulo de CO
2
necessários para impedir a ocorrência de injúria por frio,
já que a redução nos níveis de O
2
é
efetiva em inibir os sintomas de injúria
pelo frio pela redução da atividade das enzimas oxidativas (POD e PPO).
Todavia, hastes revestidas com a película, submetidas às
temperaturas de 15 e 25 °C apresentaram notas comercializáveis ( 1) até
aos 12 e 10 dias após a colheita, respectivamente, (Figura 1A); porém,
quando não foram revestidas (Figura 1B), mantiveram-se com notas
comercializáveis até 10 e 5 dias, respectivamente.
Revestimentos a base de polissacarídeos apresentam controvérsia
em relação à permeabilidade aos gases O
2
e CO
2
e ao vapor d’água. Por
exemplo: BALDWIN et al. (1999) cita que os revestimentos á base de
polissacarídeos são menos permeáveis aos gases O
2
e CO
2
e mais
permeáveis ao vapor d’água; já RIBEIRO et al. (2007) enfatiza que esses
possuem igualmente alta seletividade aos gases e vapor d’água.
7.4.2 Longevidade Floral
De acordo com os valores obtidos para aparência visual a
longevidade floral de hastes de Heliconia bihai revestidas com película e
submetidas às temperaturas de 7; 13; 15 e 25 °C foram de 5; 6; 13 e 10 dias
(Figura 1A); porém em hastes não revestidas (Figura 1B), a longevidade foi
de 7 dias para as menores temperaturas (7 e 13 °C) e de 10 e 5 dias para
hastes mantidas nas temperaturas de 15 e 25 °C, respectivamente.
126
O uso da atmosfera modificada em hastes de Heliconia bihai
promoveu aumento da longevidade em hastes que não sofreram injúria por
frio (armazendas a 15 e 25 °C) concordando com os resultados obtidos em
outra flor tropical, o sorvetão (Zingiber spectabilis Griff.), onde o uso da
atmosfera modificada prolongou a longevidade em 1 dia (longevidade de 12
dias) quando comparado às hastes não revestidas (CAVALCANTE et al.,
2007). Semelhantemente, o uso da atmosfera controlada com baixos níveis
de O
2
foi efetivo em prolongar a vida de prateleira de híbridos de lírios em
função de inibir o alongamento das hastes, que é um parâmetro indesejável
pelo consumidor (LEGNANI et al., 2004).
7.4.3 Perda de Massa
A perda de massa em hastes de Heliconia bihai foi influenciada pela
interação entre as atmosferas (uso ou não da película) e temperaturas de
armazenamento. Observa-se que menores perdas de massa foram
verificadas nas hastes armazenadas a 15 °C, cujos valores médios
praticamente não variaram em relação ao uso ou não da película (0,66 a
0,62% respectivamente); já as hastes submetidas às temperaturas de 7; 13
e 25 °C apresentaram percentuais de perda de massa em média de 0,82;
0,53; 0,65% para as revestidas com a película e de 0,70; 0,86 e 0,7% para
as não revestidas (Tabela 1).
Dessa forma, verifica-se que o uso da película foi responsável por
minimizar a perda de massa nas hastes armazenadas a 13 e 25 °C, porém,
promoveu ligeiro aumento nas hastes mantidas a 7°C, e não promoveu
mudanças nas hastes submetidas as temperaturas de 15 °C (Tabela 1).
As maiores perdas de massa foram obtidas nas hastes armazenadas
a 7 °C, em ambas atmosferas, e nas hastes a 13 °C não revestidas com a
película. Esses resultados podem ser atribuídos à elevada taxa metabólica
apresentada por essas hastes em decorrência do estresse de injúria por frio
e, no caso das armazenadas a 7 °C pode-se ainda somar o fator umidade
relativa baixo (58%), já que a umidade relativa das câmeras frias reguladas
nas demais temperaturas permaneceu acima de 90% (Tabela 1).
127
O mecanismo inicial da perda de umidade de produtos hortícolas dá-
se através da difusão de vapor dirigido por um gradiente de pressão, onde a
transferência de umidade é dirigida de um local mais concentrado para um
menos concentrado. Fatores como permeabilidade do revestimento,
temperatura e umidade relativa do ambiente de armazenamento exercem
importância nesse processo de transferência. Em relação à permeabilidade
dos revestimentos à base de polissacarídeos, algumas pesquisas relatam
resultados distintos. Assim, BALDWIN et al. (1999) afirmam que esse tipo de
revestimento é menos permeável aos gases (O
2
e CO
2
) e mais permeável
ao vapor d’água, em comparação à cêra de carnaúba; já RIBEIRO et al.
(2007) citam que esse tipo de película possui permeabilidade igualmente alta
ao vapor d’água e a gases.
Outras informações a serem consideradas sobre revestimentos de
uma maneira geral dizem respeito à adição de plasticizante, onde VIÑA et al.
(2007), citam que a adição de glicerol em revestimentos, apesar de
promover integridade física, proporciona reduzida barreira à difusão de vapor
d’água e aos gases, uma vez que esses autores verificaram que a adição de
glicerol ao filme de PVC (Cloreto de Polivinil) proporcionou perda de massa
acima do limite recomendável para o repolho (Brassica oleraceae L.) que é
de 8%.
Por outro lado, cerejas revestidas com películas à base de
polissacarídeos extraídos de Aloe vera L., apresentaram reduzidas perdas
de massa sem a incorporação de lipídeos em sua composição (MARTINEZ-
ROMERO et al., 2006). Outros tipos de revestimentos comumente utilizados
em produtos hortícolas foram efetivos em minimizar a perda de massa, como
o PVC utilizado em hastes florais de sorvetão (Zingiber spectabilis Griff.).
Nesse caso o PVC minimizou a perda de massa fresca quando comparado
às hastes não revestidas, cujos valores variaram de 2,6% e 2,4%,
respectivamente, para hastes embaladas com abertura incompleta e
completa da região apical; para as não embaladas, nos dois pontos de
colheita, a perda de massa foi de 10 e 11% (CAVALCANTE et al., 2007).
A utilização da cera SemperFresh
TM
na concentração de 20 g L
-1
reduziu a perda de massa em cerejas (Prunus avium) quando comparadas
as não revestidas (YAMAN & BAYOUNDIRLI, 2002).
128
De acordo com ZUÑIGA (1977), a perda de massa em produtos
hortícolas maior que 4%, é suficiente para comprometer a perda de
qualidade e o valor comercial do produto. Porém, nesse experimento,
apenas hastes submetidas às temperaturas de 7 e 13 °C apresentaram
sinais de murcha acentuada no tecido das brácteas. Por outro lado, hastes
armazenadas a 15 e 25 °C, que não sofreram injúria por frio e apresentaram
apenas sinais de ressecamento da ponta das brácteas e pecíolo das folhas,
não sendo verificado nenhum sinal de perda estrutural ou enrugamento no
tecido das brácteas.
Tabela 1 – Valores médios da Perda de Massa (%) em hastes de Heliconia
bihai em função das temperaturas de armazenamento (7 °C; 13 °C; 15 °C e
25 °C), e do uso ou não da película.
Temperatura (ºC)
Película
7 13 15 25
Com 0,82Aa
*
0,53Bb 0,66Ac 0,65Ac
Sem 0,70Bb 0,86Aa 0,62Ac 0,70Ab
*
Medias seguidas pela mesma letra maiúscula, na linha, e pela mesma letra minúscula, na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
.
7.4.4 Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA-B) e Pseudocaule (TRA-
P)
Houve interação significativa entre os fatores estudados: períodos de
armazenamento x temperaturas x uso ou não da película, para o teor relativo
de água das brácteas (Figura 3). Verifica-se decréscimo para essa variável
aos 6 dias após a colheita, para hastes armazenadas a 7 °C revestidas e
não revestidas com película (5,65 e 2,10%) e aos 9 dias para hastes
armazenadas a 15 °C sem película (5,9%) e 25 °C em ambas atmosferas,
(4,09 e 0,43%) em relação aos valores encontrados para essa variável no
início do armazenamento. No entanto, mesmo apresentando esses
decréscimos nos referidos períodos, verificou-se no final do período
experimental aumentos que variaram de 0,45; 7,17; 3,0 e 2,20% para hastes
armazenadas a 7; 13; 15 e 25 °C revestidas com película; para as não
revestidas os acréscimos foram de 7,16; 2,68; 4,74 e 2,88% em comparação
aos valores verificados na ocasião da colheita.
129
Os acréscimos verificados para o TRA B em todos os tratamentos no
final do período experimental, indica que, embora hastes armazenadas à 7;
15 e 25 °C tenham exibido decréscimo nessa variável, aos 6 e 9 dias de
armazenamento possivelmente em decorrência de algum tipo de bloqueio
dos vasos xilemáticos, esse foi restaurado, ao que tudo indica, devido a
freqüente área limpa e fresca promovida pelo corte da base da haste a cada
2 dias.
A redução no consumo de água pode estar relacionada ao bloqueio
dos vasos xilemáticos, que dependendo da espécie, pode ser devido a uma
série de fatores, os quais podem ser classificados como inerentes à haste,
também chamado bloqueio fisiológico, bloqueio devido ao crescimento
microbiano e bloqueio ocasionado por formação de bolhas de ar (embolia)
(VAN DOORN, 1999b; HE et al., 2006).
Para o TRA do pseudocaule, não houve mudança entre os
tratamentos. Todavia; os resultados foram semelhantes aos verificados no
TRA B (Figua 4) pois apesar do decréscimo de 3,5% registrado nessa
variável aos 12 dias de armazenamento houve, no final do período
experimental (15 dias), um acréscimo de 2,3% em relação ao TRA-P
encontrado nas hastes no início do armazenamento.
Em hastes de ave-do-paraíso (Strelitzia reginae Ait.), CAMPANHA et
al. (1997) verificaram que o TRA das brácteas apresentou aumento
crescente nas primeiras 10 horas em hastes mantidas em água, sendo esse
resultado atribuído, segundo os autores, à capacidade das brácteas
armazenar água nos espaços intercelulares.
130
(A)
(B)
Figura 3 – Estimativas do teor relativo de água
das brácteas (TRA B) em hastes de Heliconia
bihai, armazenadas a 7; 13; 15 e 25 °C com
película (CP) (A) e sem película (SP) (B).
131
7.4.5 Antocianina
Antocianinas pertencem à classe dos flavonóides, que fazem parte do
metabolismo secundário das plantas. São compostos derivados de
glicosídeos, solúveis, que se acumulam nos vacúolos das células de
brácteas e pétalas através do transporte realizado pela enzima Glutationa-S-
Transferase (GST) e transportadores. Desempenham papel importante na
proteção contra os raios ultravioleta, além de servirem como sinalizadores
entre plantas e agentes polinizadores (CASTRO et al., 2005). São grupos de
pigmentos responsáveis pela coloração vermelha, azul, violeta (OREN-
SHAMIR et al., 1999), rosa e laranja da maioria das flores (COUTO et al.,
1998).
O conteúdo de antocianina em hastes de H. bihai foi influenciado pela
interação entre os fatores estudados, temperatura, atmosfera (uso ou não da
película) e período de armazenamento. O conteúdo de antocianina
apresentou declínio ao longo do período experimental nas hastes
armazenadas em ambas as atmosferas (com e sem película) (Figura 5); os
Figura 4 – Estimativas do teor relativo de
água do pseudocaule (TRA P) de Heliconia
bihai, armazenadas por 15 dias.
132
decréscimos totais foram de 63,2; 67,3; 45,5 e 59,1% para hastes revestidas
e 52,6; 56,9; 44,9 e 52,3% para as não revestidas, em relação ao conteúdo
verificado no início do armazenamento, respectivamente para hastes
mantidas a 7; 13; 15 e 25 °C.
Os maiores decréscimos no conteúdo de antocianina nas hastes
armazenadas a 7 e 13 °C, ocorreram em ambas atmosferas, o que é
perfeitamente justificável já que as hastes mantidas sob essas temperaturas
apresentaram sintomas de injúria por frio, caracterizados por manchas
escuras, ao passo que hastes mantidas sob temperaturas mais elevadas (15
e 25 °C) , apresentaram sintomas de amarelecimento e ressecamento da
ponta das brácteas, possivelmente decorrentes da elevada taxa respiratória.
Alguns fatores podem afetar o conteúdo de antocianina, dentre eles a
composição da atmosfera e temperatura. Em cenouras de cor púrpura o
conteúdo de antocianina decresceu em atmosfera com 95% de O
2
+ 5% de
CO
2
, porém, quando foram mantidas em atmosfera composta por 5% de O
2
e CO
2
+ N
2
, o conteúdo de antocianina permaneceu praticamente estável
durante todo o armazenamento (ALASALVAR et al., 2005).
A temperatura de armazenamento influencia fortemente a expressão
dos genes para antocianina; temperaturas relativamente baixas
proporcionam aumento severo na transcrição destes (DELA et al., 2003),
como verificado em flores de Tibouchina semidecandra L., que
apresentaram menor decréscimo desse pigmento ao serem armazenadas a
25 °C quando comparadas às flores mantidas em ambiente a 31 °C (JANNA
et al., 2007).
Resultados semelhantes foram obtidos em morangos, onde, de
acordo com AYALA-ZAVALA et al. (2004), frutos armazenados a 10 °C
apresentaram aumento gradual no conteúdo de antocianina em função dos
períodos de armazenamento, atingindo valores mais altos próximo ao fim do
período experimental (cerca de 11 dias); enquanto comportamento inverso
foi observado em frutos mantidos em temperaturas mais baixas (0 e 5 °C),
com manifestaram decréscimo ao longo do período experimental. No
entanto, os autores não relacionarem esse resultado a ocorrência de injúria
sofrida por esses frutos.
133
Ŷ = 304,03 – 21,36x R
2
= 0,97
Ŷ = 270,42 – 19,15x R
2
= 0,92
Ŷ = 303,92 – 9,22x R
2
= 0,96
Ŷ = 283,26 – 13,31x R
2
= 0,99
Ŷ = 275,38 – 15,58x R
2
= 0,93
Ŷ = 297,65 – 18,81x R
2
= 0,96
Ŷ = 292,10 – 8,74x R
2
= 0,98
Ŷ = 289,66 – 12,62x R
2
= 0,94
Figura 5 – Estimativas do Conteúdo de
Antocianina em hastes de Heliconia bihai,
armazenadas a 7; 13; 15 e 25 °C com (A) e sem
película (B).
(A)
(B)
134
7.4.6 Atividade da Peroxidase (POD) e da Polifenoloxidase (PPO)
A atividade das enzimas POD e PPO declinou durante todo o período
experimental em todos os tratamentos (Tabelas 2 e 3). Porém, menor
decréscimo na atividade de ambas enzimas foi verificado aos 6 e 8 dias em
hastes armazenadas a 7 e 13 °C.
Essa tendência de menor decréscimo de ambas enzimas, verificada
nessa ocasião, coincidiu com o início dos sintomas de injúria pelo frio
visualizados nessas hastes. Dessa forma, é perfeitamente justificável o
decréscimo menos acentuado, já que a peroxidase e polifenoloxidase estaria
atuando na oxidação dos compostos fenólicos resultando em produtos de
coloração escura, os quais são característicos dos sintomas de injúria por
frio.
Para a atividade da PPO verifica-se, de acordo com a Tabela 3, que
houve interação significativa entre os fatores estudados, temperatura,
película e períodos de armazenamento. Constatou-se que a película
proporcionou maior retenção na atividade enzimática, em hastes
armazenadas a 7 °C, que foram estatisticamente superiores às não
revestidas. Contudo, resultados inversos em relação ao uso da película
foram verificados no 6° dia em hastes submetidas à temperatura de 13 °C.
O declínio na atividade da POD e PPO provavelmente foi devido a
diminuição dos compostos fenólicos que servem como substrato para ambas
as enzimas no processo de oxidação. Esse processo é resultante da junção
das enzimas e os compostos fenólicos, que em situações de estresse,
entram em contato devido à descompartimentalização das membranas das
células quando expostas a situações de estresse físicos e/ou fisiológicos
(TIAN et al., 2004).
Em relação ao comportamento da PPO, alguns resultados
semelhantes aos verificados no presente experimento, foram encontrados
por outros autores, como os de XU (2005) em Castanea henryi. Esse autor
atribuiu o decréscimo na atividade da PPO durante o armazenamento à
grande instabilidade dessa enzima, bem como sua rápida atividade; uma
135
diminuição na atividade dessa enzima foi também verificada em alface
(Lactuca sativa L.) por DEGL’INNOCENTI et al. (2006).
No entanto, o aumento da PPO em bananas foi verificado por
NGUYEN et al. (2003), sendo esse aumento relacionado positivamente com
o índice de escurecimento desses frutos. Em outro trabalho, realizado pelos
mesmos autores em 2004, o aumento na atividade dessa enzima durante o
armazenamento pôde ser retardado com a utilização do filme de polietileno,
que resultou também em menor índice dos sintomas de injúria por frio.
Porém, resultados contrários foram obtidos por CHOEHOM et al. (2004),
também em bananas embaladas com filme plástico, cuja atividade da PPO
em cascas de bananas aumentou mais rapidamente quando comparada aos
frutos não embalados.
Outros trabalhos relacionando a atividade dessas enzimas e a
modificação da atmosfera pode ser citada, como os encontrados em cerejas,
onde a atividade da POD foi mais alta nos frutos mantidos em atmosfera
controlada com 10% de CO
2
+ 5% de O
2
quando comparadas aos demais
tratamentos: atmosfera modificada (15-18% de O
2
+ 2-4% de CO
2
) e
controlada com 70% O
2
+ 0% CO
2
(TIAN et al., 2004).
Tabela 2 – Valores médios da Atividade da Peroxidase (ΔUA/min/mg de
proteína) em hastes de Heliconia bihai ao longo dos períodos de
armazenamento (0; 2; 4; 6; 8; 10; 12 e 14 dias após a colheita) em função das
temperaturas (7 °C; 13 °C ; 15 °C e 25 °C).
Períodos de Armazenamento Temperatura
ºC
0 2 4 6 8 10 12 14
7 5,83a* 4,73a 4,41a 2,55a 2,52a - - -
13 5,83a 4,15b 4,45a 2,56a 2,55a - - -
15 5,83a 4,71a 4,49a 1,99b 1,30b 0,78a 0,51a 0,26
25 5,83a 4,90a 4,42a 1,90b 1,27b 0,71a 0,42a -
*
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
136
Tabela 3 – Valores médios da Atividade da Polifenoloxidase (ΔUA/min/mg de
proteína) em hastes de Heliconia bihai em função dos períodos de
armazenamento (0; 2; 4; 6; 8; 10; 12 e 14 dias após a colheita), temperaturas (7
°C; 13 °C ; 15 °C e 25 °C), revestidas (A) ou não (B) com película.
(A)
Períodos de Armazenamento Temperatura
ºC
0 2 4 6 8 10 12 14
7 5,66a* 4,85b 4,38b 4,34a 4,28a - - -
13 5,66a 5,26a 4,13c 3,99b 4,20a - - -
15 5,66a 3,89c 3,50d 2,63c 1,85c 1,12a 0,45a 0,08
25 5,66a 5,23a 4,53a 2,47c 1,60c 0,99a 0,40a -
(B)
Períodos de Armazenamento Temperatura
ºC
0 2 4 6 8 10 12 14
7 5,66a
*
4,48c 3,36c 2,66b 2,62b - - -
13 5,66a 4,77b 4,20a 4,13a 4,03a - - -
15 5,66a 5,04a 4,35a 2,52b 1,93c 1,30a 0,47a 0,08
25 5,66a 4,75b 3,93b 2,42b 1,75c 0,95a 0,48a -
*
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
7.4.7 Vazamento de Eletrólitos
.
O vazamento de eletrólitos é medido por meio da condutividade
elétrica, sendo utilizado como indicador da integridade da membrana celular.
Hastes de H. bihai armazenadas a 7 e 13 °C apresentaram
percentagem de vazamento de eletrólitos estatisticamente superiores aos
demais tratamentos (hastes armazenadas a 15 e 25 °C) (Tabela 4). Isso é
perfeitamente justificável, já que essas hastes sofreram injúria por frio, cujos
sintomas foram, dentre outros, murcha acentuada no tecido de brácteas,
provavelmente em decorrência da perda estrutural da membrana (Figura 2).
A perda de integridade da membrana ocorre em situações de
estresse, (como injúria por frio); nessas condições os ácidos graxos
insaturados das membranas se tornam rígidos e viscosos, com baixa
mobilidade, e ao mesmo tempo, os fosfolipídeos das membranas diminuem
por ação das enzimas fosfolipases (EASON, 2006), conduzindo à perda da
integridade da membrana celular, que acarreta na liberação dos seus
componentes, os quais se unem desordenadamente fora das células
(PAULIN, 1997), promovendo aumento da perda de solutos citoplasmáticos
137
com propriedades eletrolíticas e da taxa de vazamento de eletrólitos (JIANG
et al., 2001). Nessas condições é comum ocorrer o catabolismo de proteínas
e outras macromoléculas que acompanham o início da senescência,
gerando aumento nas concentrações de aminoácidos, ácidos orgânicos e
ésteres fosfatos, bem como ânions e cátions que resultam no aumento da
condutividade elétrica do suco celular (SKUTNIK et al., 2001).
O uso da película à base de galactomanana utilizada nesse
experimento não influenciou no vazamento de eletrólitos, uma vez que esta
não foi eficiente em aliviar e/ou retardar os sintomas de injúria por frio.
Resultados semelhantes foram verificados em tomates injuriadas
mecanicamente e armazenados em atmosfera controlada (3% de O
2
e 4%
CO
2
+ balanço com N
2
) (MORETTI et al., 2002).
Tabela 4 – Valores médios do Vazamento de Eletrólitos (%) em hastes de
Heliconia bihai em função dos períodos de armazenamento (0; 2; 4; 6; 8; 10;
12 e 14 dias após a colheita) e temperaturas (7 °C; 13 °C ; 15 °C e 25 °C).
Tempo (Dias) Temperatura
ºC
0 3 6 9 12 15
7 96,64a* 85,21a 98,01a 87,77a - -
13 96,64a 86,00a 95,47b 84,54b - -
15 96,64a 82,02b 92,85c 79,40c 84,55a 72,52
25 96,64a 79,87c 93,67c 75,13d 80,32a -
*
Médias seguidas pela mesma letra dentro da coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
138
7.5 CONCLUSÕES
Hastes de Heliconia bihai armazenadas a 7 e 13 °C manifestaram injúria
por frio aos 6 dias após a colheita (4 dias em temperatura refrigerada + 2 dias
a 25 °C) em ambas atmosferas (com e sem película).
O uso da película não foi eficiente em inibir e/ou retardar os sintomas de
injúria por frio.
Dentre as temperaturas utilizadas, a que promoveu melhor aparência
nas hastes foi a 15 °C. A longevidade em hastes submetidas à temperatura
de 15 °C foi estimada em 10 e 13 dias, respectivamente para hastes não
revestidas e revestidas com película. Menores longevidades foram obtidas em
hastes armazenadas a 25 °C sem película, bem como nas submetidas a 7 e
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4+7
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Universidad de Chile. 1977.
156
APÊNDICE
157
Quadro 1- Resumo da análise de variância para as características Aparência Visual (AV); Perda de
Massa (PM); Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA P), Antocianina
(ANTO); Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO) armazenadas sem corte da base
da haste, corte a cada 24 e 48 h após a colheita e mantidas a 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60-
80%. EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008.
QUADRADO MÉDIO (Características)
FV GL
AV PM TRA B TRA P ANTO POD PPO
Corte (C) 2 2,15
ns
1,201
**
11,297
ns
25,891
ns
6106,92
ns
0,029
ns
0,078
ns
Erro a 6 0,51 0,013 6,381 13,578 5591,75 0,395 0,102
Tempo (T) 6 5,95
**
0,685 176,554
**
225,634
**
67511,73
**
46,916
**
27,247
**
C x T 12 0,36
**
0,072 19,846
ns
13,775
ns
9237,75
*
0,099
ns
0,189
ns
Erro b 36 0,11 0,002 10,642 13,957 3703,28 0,231 0,185
Média 2,15 0,383 93,75 94,73 384,60 2,83 2,16
CV(%) 15,07 11,990 3,47 3,94 15,82 16,99 19,97
**,*: Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de Snedecor. ns: Não significativo a 1 e 5% de probabilidade
pelo teste F de Snedecor
Quadro 2- Resumo da análise de variância para as características Aparência Visual (AV); Perda de
Massa (PM); Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA P), Antocianina
(ANTO); Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO) submetidas à solução contendo
0; 10 e 15 mM de 2-mercaptoetanol e mantidas a 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60-80%.
EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008.
QUADRADO MÉDIO (Características)
FV GL
AV PM TRA B TRA P ANTO POD PPO
DOSE (D) 2 2,26
ns
0,000 10,75
ns
6,65
ns
4012,09
ns
5,42
**
1,32
**
Erro a 6 0,99 0,005 7,98 22,91 3775,62 0,20 0,22
Tempo (T) 6 4,61
**
0,432
**
280,56
**
97,61
**
140599,95
**
67,06
**
37,61
**
D x T 12 0,17
ns
0,003 11,00
*
19,10
ns
1524,30
*
1,22
**
0,13
ns
Erro b 36 0,14 0,002 3,81 17,96 621,74 0,22 0,09
Média 2,12 0,307 90,87 94,72 379,05 2,89 2,20
CV(%) 46,93 16,735 3,11 5,05 16,21 15,47 21,32
**,*: Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de Snedecor. ns: Não significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de
Snedecor
158
Quadro 3- Resumo da análise de variância para as características Aparência Visual (AV); Perda de
Massa (PM); Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA P), Antocianina
(ANTO); Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO) pulverizadas com soluções
contendo 0; 150 e 300 mg L
-1
de benziladenina (BA) e mantidas a 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60-
80%. EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008.
QUADRADO MÉDIO (Características)
FV GL
AV PM TRA B TRA P ANTO POD PPO
DOSE (D) 2 3,521
**
0,023
**
0,142
ns
0,407
ns
63,215
ns
0,142
ns
0,407
ns
Erro a 6 0,145 0,003 0,213 0,378 1013,559 0,213 0,378
Tempo (T) 6 6,632
**
0,370
**
48,264
**
31,036
**
75150,286
**
48,264
**
31,036
**
D x T 12 0,160
ns
0,001
**
0,309
**
0,081
ns
8395,753
*
0,309
**
0,081
ns
Erro b 36 0,108 0,000 0,108 0,200 3436,611 0,108 0,200
Média 2,08 0,325 2,71 2,23 330,01 2,71 2,23
CV(%) 15,77 6,733 12,15 20,03 17,76 12,15 20,03
**,*: Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de Snedecor. ns: Não significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de
Snedecor
Quadro 4- Resumo da análise de variância para as características Aparência Visual (AV); Perda
de Massa (PM); Teor Relativo de Água das Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA P), Antocianina
(ANTO); Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO) submetidas a solução de pulsing
contendo 0; 50 e 100 mg L
-1
GA
3
e
mantidas a ± 25 ± 2 °C, umidade relativa de 60-80%.
EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008.
QUADRADO MÉDIO (Características)
FV GL
AV PM TRA B TRA P ANTO POD PPO
DOSE (D) 2 3,111
*
0,044
**
5,957
ns
3,01
ns
82,88
ns
0,782
ns
0,207
ns
Erro a 6 0,171 0,027 5,777 1,44 2688,62 0,840 0,450
Tempo (T) 6 12,045
*
0,289
**
25,297
*
41,76
**
86841,47
**
35,986
**
37,070
*
D x T 12 0,259
*
0,003 20,873
*
4,27
ns
661,19
ns
0,083
ns
0,284
ns
Erro b 36 0,059 0,004 7,05 1,97 1000,29 0,339
0,231
Média 1,88 0,259 94,32 96,61 421,52 2,38 2,13
CV(%) 13,01 26,89 2,81 1,45 7,50 24,37 22,60
**,*: Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de Snedecor. ns: Não significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de
Snedecor
.
159
Quadro 5- Resumo da análise de variância para as características Aparência Visual (AV); Perda de Massa (PM); Teor Relativo de Água das
Brácteas (TRA B) e Pseudocaule (TRA P), Antocianina (ANTO); Atividade da Peroxidase (POD) e Polifenoloxidase (PPO) e Vazamento de
Eletrólitos (VE), armazenadas a 25; 15; 13 e 7 °C com (A) e sem película (B). EMBRAPA: Fortaleza - Ceará, 2008.
QUADRADO MÉDIO (Características)
FV
GL AV PM TRA B TRAP ANTO POD PPO VE
Película (P) 1 0,39**
0,063
ns
5,02 3,61 1437,48
0,04 1,56 16,93
Temperatura (T) 3 13,73**
0,515
**
25,12 10,23 20247,31
**
0,92 4,80
*
170,59
**
P x T 3 1,46**
0,242
**
32,64
*
2,26 1912,68
**
0,20 2,23
*
12,63
Erro a 16 0,05
0,025
8,40 11,82 850,30 0,34 0,42 5,82
Tempo (t) 5 29,63**
1,217
**
96,56
**
93,80
**
66635,02
**
66,13
**
46,80
**
1117,71
**
t x P 5 0,11**
0,004
ns
9,75
5,13 404,05
**
0,18 0,14
19,10
t x T 15 0,71**
0,024
ns
36,99
**
15,08 2766,27
**
0,77
**
1,51
**
34,23
**
t x P x T 15 0,25**
0,002
ns
19,65
**
14,07 1247,18
**
0,12
0,42
**
19,16
Erro b 80 0,02
0,003
5,42 7,98 54,91 0,24 0,08 11,02
Média 1,37
0,063
ns
96,70 96,35 213,05 3,15 3,39 87,57
CV a (%) 12,51
0,515
**
3,00 3,57 13,69 18,51 19,12 2,75
CV b (%) 0,39**
0,242
**
2,43 2,93 3,48 15,45 8,18
3,80
**,*: Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de Snedecor. ns: Não significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F de Snedecor
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