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UNESP
Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratingue
Guaratingue
2010
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RENATA HELENA DA SILVA MOREIRA
Análise do comportamento biomecânico de fios
ortodônticos após tratamento de superfície
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia do Campus de
Guaratinguetá, Universidade Estadual
Paulista, para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Mecânica na
área de Materiais.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Rosifini Alves Claro
Guaratinguetá
2010
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M838a
Moreira, Renata Helena da Silva
Análise do comportamento biomecânico de fios ortodônticos após
tratamento de superfície. / Renata Helena da Silva Moreira –
Guaratinguetá : [s.n], 2010.
106f. : il.
Bibliografia: f. 77-86
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Engenharia de Guaratinguetá, 2010.
Orientador: Profª Drª Ana Paula Rosifini Alves Claro
1.
Fios ortodônticos
I. Título
CDU 612.766
DADOS CURRICULARES
RENATA HELENA DA SILVA MOREIRA
NASCIMENTO 24.03.1970 – São Paulo / SP
FILIAÇÃO Romeu da Silva Moreira
Maria Helena da Silva Moreira
1988/1991 Curso de Graduação em Odontologia
Universidade Taubaté – UNITAU
2000/2002 Curso de Especialização em Ortodontia
e Ortopedia Facial na Universidade
Camilo Castelo Branco – Unicastelo
2007/2010 Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica,
Nível de Mestrado, na Faculdade de Engenharia
do Campus de Guaratinguetá da Universidade Estadual
Paulista/ UNESP
DEDICATÓRIA
Esta dissertação é dedicada aos meus pais, Romeu e Maria Helena, pelo
carinho e apoio em todos os momentos de minha vida.
Aos meus filhos, Yasmin e Gabriel, que pelo simples fato de existirem,
me incentiva a lutar e a vencer,
Aos meus irmãos, Roberta e Ricardo, que sempre me incentivaram em
meus estudos.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, pela minha vida, minha inteligência, e
por ter me iluminado na concretização deste trabalho.
À minha orientadora Profª Drª Ana Paula Rosifini Alves Claro, pelo
incentivo, dedicação e amizade.
Ao Departamento de Materiais e Tecnologia da Engenharia Mecânica da
FEG –UNESP, pelas informações e apoio recebidos, tornando possível a
realização dessa dissertação de Mestrado.
Aos professores, Dr. Sérgio Schneider e Dra. Cristiane Aparecida de Assis
Claro, pela participação no exame de qualificação e argüição.
Ao Prof. Dr. Sérgio Schneider e Prof. Dra. Sandra G. Schneider pela
dedicação na realização dos ensaios de flexão em três pontos.
Ao aluno de graduação Leandro Martins pela dedicação e auxílio nos
ensaios de flexão em três pontos.
A Profa. Nazir Marins pela colaboração na realização deste estudo e apoio
na realização da Espectroscopia de Raman e Perfilometria.
Ao professor do Departamento de Física, Dr. Rogério Mota pelo apoio na
realização deste trabalho.
Ao professor do Departamento de Física, Dr. Konstantin Georgiev Kostov
pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.
Ao aluno de Mestrado Alessandro Luís Ribeiro dos Santos pelo apoio e
colaboração nas medidas do ângulo de contato e energia de superfície.
Ao Dr. João Paulo Barros Machado do Laboratório de Sensores e
Materiais - LAS - do Instituto de Pesquisa Espacial (INPE) em São José dos
Campos, que propiciou a realização das análises de Espectroscopia de Raman e
Perfilometria.
Aos funcionários da Seção de Pós-Graduação da FEG/UNESP, Regina
Célia Galvão Faria Alves, Elisa Mara de Carvalho Nunes, Sidney Eustáquio
Ramos Rabelo, Maria Cristina Silva de Oliva, Adriano Martins de Almeida pela
atenção no atendimento.
À secretária do Departamento de Materiais e Tecnologia Maria Aparecida
R. Vasconcelos pela gentileza no atendimento.
A minha família, que direta e indiretamente contribuiu para que meu
trabalho fosse possível de ser realizado.
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Mário Quintana
MOREIRA, R.H.S.
Análise do comportamento biomecânico de fios
ortodônticos após tratamento de superfície. 2010, Dissertação (Mestrado em
Engenharia Mecânica) - Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá,
São Paulo, Guaratinguetá, 2010.
RESUMO
Fios ortodônticos são fabricados com uma série de materiais como aço
inoxidável, metais, cerâmicas e polímeros. No meio bucal, eles estão sujeitos a
fluídos corrosivos e variação de pH podendo levar a liberação de íons níquel nos
tecidos e fluídos corpóreos. Neste estudo in vitro, filmes de carbono amorfo
hidrogenado A-C:H foram depositados em fios ortodônticos empregando a
técnica de PECVD para inibir a liberação de íons. O arranjo estrutural dos fios
foi estudado a partir de Espectroscopia Raman e a molhabilidade avaliada
medindo-se o ângulo de contato da superfície. Para avaliar a liberação de íons, os
arcos ortodônticos (com e sem filme) foram montados em modelos
confeccionados com resina e imersos em solução fisiológica a 37°C por 30 dias.
Durante o tempo de imersão as amostras foram lavadas e/ou imersas em
colutórios diariamente. Espectrofotometria de absorção atômica foi usada para
medir a liberação de elementos a partir de amostras. Os resultados mostraram que
o revestimento previne a liberação de Ni dos fios. O tratamento de superfície
alterou o comportamento mecânico dos fios avaliados.
PALAVRAS-CHAVE: Fios ortodônticos. NiTi. Tratamento de superfície.
Filme A:C-H .
MOREIRA, R.H.S.
Analysis of biomechanical behaviour of orthodontics
wires after surface treatment. 2010, Dissertation (Master in Science) College
of Engeneering, Campus of Guaratinguetá, São Paulo State University,
Guaratinguetá, 2010.
ABSTRACT
Orthodontics wires are made from a variety of metals such as stainless steel,
metals, ceramics and polymers. In oral environment, they are subjected to
aggressive fluids and pH variation that can lead to nickel ions releasing to body
tissues and fluids. In this in vitro study, A:C-H films were deposited on
orthodontics wires by radio-frequency plasma-enhanced chemical vapour
deposition (PECVD) from inhibited nickel ions release. The structural
arrangement of films was probed by Raman spectroscopy and contact angle
measurements were carried out in order to evaluate the wettability of surface. To
evaluate ions release, orthodontics wires (coated and uncoated) were mounted in
resin mould and immersed inn physiological serum for 30 days at 37°C. During
the immersion time the samples were brushed and/or immersed in mouthwashes
daily. Atomic absorption spectrophotometry was used to measure the release of
elements from the samples in solution. Results showed that the coating prevents
Ni release of orthodontics wires. Surface treatment change mechanical properties
of orthodontics wires.
KEYWORDS: Orthodontics wires. NiTi. Surface treatment. A:C-H films.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Componentes do aparelho ortodôntico.....................................
19
FIGURA 2 Evolução clínica demonstrando a utilização dos fios de
níquel-titânio (a) inicio do alinhamento e nivelamento, (b) e
(c) fase intermediária e (d) fase final .....................................
20
FIGURA 3 Curvas demonstrativas das propriedades de um fio de NiTi.... 25
FIGURA 4 Representação esquemática da transformação
austenita/martensita: (a) estrutura totalmente austenítica;(b)
interface austenita/martensita; (c) avanço da interface: cada
camada de átomos é deslocada somente uma pequena
disncia; (d) estrutura totalmente martentica .....................
27
FIGURA 5 Dois mecanismos de acomodação da forma devido ao
cisalhamento atômico da transformão martensitica: (a)
acomodação por deslizamento (irreversível); (b) acomodação
por maclagem (revervel)............................................................
28
FIGURA 6 Microscopia óptica de fios NiTi comerciais: (a) matriz
totalmente martensitica; (b) fase martensitica mais grosseira;
(c) microestrutura predominantemenete martensitica com
pequenas regiões austeniticas; (d) regiões alternadas de
martensita e austenita .............................................................
28
FIGURA 7 Diagrama de uma liga NiTi com efeito de memória de forma. 29
FIGURA 8
Efeito superestico nas ligas memória de forma: (a) austenita;
(b) inicio da transformão martensítica; (c) martensita; (d)
deformação elástica da martensita; (e) transformão
reversa............................................................................................
30
FIGURA 9
Diagrama ternário de fases do DLC......................................... 36
FIGURA 10 Espectros Raman de filmes de diamante excitados com três
diferentes comprimentos de onda............................................. 40
FIGURA 11
Espectros Raman de filmes de grafite excitados com três
diferentes comprimentos de onda..........................................
40
FIGURA 12
Espectros Raman de filmes de DLC excitados com três
diferentes comprimentos de onda..........................................
41
FIGURA 13 Esquema ilustrativo do ângulo de contato............................. 41
FIGURA 14 Fluxograma demonstrativo da metodologia empregada........ 43
FIGURA 15 Equipamentos utilizados para a deposição filmes DLC........ 44
FIGURA 16
Diagrama de blocos do sistema de deposição de filmes
DLC.........................................................................................
45
FIGURA 17 Deposição de filme DLC nas amostras de NiTi...................... 49
FIGURA 18 Perfilômetro Tencor Alpha Step 500...................................... 49
FIGURA 19 Esquema ilustrativo do degrau para medida da espessura do
filme de DLC..........................................................................
50
FIGURA 20 Goniômetro automatizado (Ramé-Hard–modelo 100-00)... 51
FIGURA 21 Deposição da gota para cálculo do ângulo de contato.......... 52
FIGURA 22 Imagem da gota obtida pelo programa de computador para
medida do ângulo de contato
(θ)
...............................................
53
FIGURA 23
(a) Modelo em resina e instrumental utilizado para fixação
arco/braquete; (b) detalhe do modelo com arco........................
53
FIGURA 24 Modelo acondicionado em recipiente com soro fisiológico..... 54
FIGURA 25 Aquário com recipientes simulando meio bucal.......................
55
FIGURA 26
Equipamento EMIC, Modelo EE 050, com célula de carga de
20N utilizado para o ensaio de flexão três pontos...................
56
FIGURA 27 Detalhamento do sistema para teste de flexão em três pontos 57
FIGURA 28
Vista superior do sistema para teste de flexão em três pontos
em amostras de fios de NiTi...................................................
58
FIGURA 29 Ensaio de flexão em três pontos em amostras NiTi(a) e (b).. 58
FIGURA 30 Equipamento para o ensaio de flexão em três pontos para fios
NiTi termoativado com sistema de temperatura....................... 59
FIGURA 31
a) Ensaio de flexão em três pontos realizada em amostra de
NiTi termoativada. (b) Detalhe do ensaio de flexão em três
pontos em amostra NiTi termoativada......................................
60
FIGURA 32 Curva representativa do ensaio de flexão em três pontos....... 60
FIGURA 33
Espectro Raman obtido a partir de um filme de carbono
amorfo hidrogenado (a-C:H).....................................................
63
FIGURA 34 Imagem da gota de água sobre o substrato com filme de a-
C:H............................................................................................
66
FIGURA 35 Liberação de íons níquel para as duas ligas avaliadas.............. 67
FIGURA 36
Curva força x deflexão de calibração obtida a partir do ensaio
de flexão empregando-se deflectômetro eletrônico da
EMIC........................................................................................
68
FIGURA 37 Curva força x deflexão da liga NiTi com e sem tratamento de
superfície...................................................................................
69
FIGURA 38 Curva força x deflexão da liga NiTi termoativada com e sem
tratamento de superfície............................................................
70
FIGURA 39 Curva tensão x deformação da liga NiTi superelástica com e
sem DLC...................................................................................
72
FIGURA 40 Curva tensão x deformação da liga NiTi termoativada com e
sem DLC...............................................................................
73
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
Valores do módulo de elasticidade (E) de ligas metálicas
para fios de mesmo diâmetro ............................................
21
QUADRO 2
Comparação das propriedades de carbonos amorfos com
diamante, grafite, C
60
e polietileno ...................................
37
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Grupos e condições de deposição...........................................
48
TABELA 2
Posição, largura e intensidade das bandas D e G do espectro
do filme a-C:H........................................................................
64
TABELA 3 Valores médios do ângulo de contato ....................................
65
TABELA 4 Valores das forças de desativação em função para diferentes
níveis de deflexão...................................................................
71
TABELA 5 Valores médios de tensões (MPa) em função para
diferentes níveis de deflexão...................................................
73
LISTA DE ABREVIATURAS
NiTi Liga de níquel-titânio
DLC Diamond-Like-Carbon
PECVD Deposição química por plasma de rádio frequência
TMA Liga de titânio molibdênio
TiNb Liga titânio-nióbio
NiTiCu Liga Níquel-titânio-cobre
AFM Microscopia atômica de força
SEM Microscopia eletrônica de varredura
M
s
Temperatura do início da transformação martensítica
M
f
Temperatura final da transformação martensítica
A
s
Temperatura do início da transformação austenítica
A
f
Temperatura final da transformação austenítica
M
ms
Máxima temperatura para formação da fase martensita superelástica
M
d
Máxima temperatura na qual a martensita pode ser formada
H Histerese
SME Efeito memória de forma
SMA Transformação martensítica induzida por tensão
TTR Intervalo de temperatura de transição
a-C:H Carbono amorfo hidrogenado
nm nanômetro
N Newton
MPa megapascal
h Altura h
ADA American Dental Association
MOD Com modificação (DLC)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
..................................................................................................
19
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 22
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................. 23
2 REVISÃO DE LITERATURA
.......................................................................... 24
2.1 CONSIDERAÇÃO GERAIS ............................................................................. 24
2.2 PROPRIEDADES DAS LIGAS DE NÍQUEL-TITÂNIO................................. 24
2.2.1
Efeito de memória d
e forma ou
memória de forma térmica
....................
2.2.2 Superelasticidade ………………………………………………….............
2.2.3 Biocompatibilidade e citotoxicidade das ligas Níquel-Titânio.................
25
30
31
2.3 TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE ............................................................... 34
2.3.1
Técnicas de
deposição
....................................................................................
37
2.3.2
Caracterização dos filmes de DLC
.............................................................. 39
3 MATERIAIS E MÉTODOS
………………………………........……..……..
3.1 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE ...................................................................
3.1.1 Processo de deposição dos filmes DLC ......................................................
3.1.2 Limpeza dos substratos ..............................................................................
3.1.3 Condições de deposição ...............................................................................
3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS FILMES .............................................................
3.2.1 Perfilometria .................................................................................................
3.2.2 Espectroscopia Raman ..................................................................................
3.2.3 Medida do ângulo de contato e energia de superfície ..............................
3.3 ENSAIO DE ESCOVAÇÃO ...........................................................................
3.3.1 Espectrôfotometro de absorção atômica ...................................................
3.4 ENSAIO DE FLEXÃO EM TRÊS PONTOS ...................................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................
4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS FILMES...............................................................
4.1.1 Perfilometria ................................................................................................
43
44
44
46
46
49
49
50
51
53
55
56
62
62
62
4.1.2
Espectroscopia Raman
...................................................................................
4..1.3 Medida do ângulo de contato e energia de superfície ...............................
4.1.4 Ensaio de escovação .......................................................................................
4.1.5 Ensaio de flexão em três pontos ....................................................................
4.1.5.1 Calibração do sistema de medidas.............................................................
4.1.5.2 Resultados dos ensaios de flexão................................................................
5 CONCLUSÃO .....................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
ANEXOS.................................................................................................................
62
65
66
67
67
68
75
77
87
1 INTRODUÇÃO
Na Ortodontia, é comum o emprego de materiais metálicos (ligas metálicas) e
não metálicos (cerâmicas, compósitos e policarbonatos) na confecção de aparelhos
corretivos fixos (GURGEL; RAMOS; KERR, 2001) formados por bandas, braquetes,
fios ortodônticos, amarrilhos e ligaduras (Figura 1), para a correção e posicionamento
de dentes e ossos maxilares (HENRIQUES; MACHADO; HAYASAKI, 2002).
Figura 1 - Componentes do aparelho ortodôntico (HENRIQUES; MACHADO;
HAYASAKI, 2002)
As ligas metálicas são as mais empregadas para a confecção de fios ortodônticos
devido às suas propriedades mecânicas (FERREIRA, 2005). Inicialmente, os fios
ortodônticos eram confeccionados com materiais nobres como ouro, platina, paládio,
sendo posteriormente substituídos por aço inoxidável austenítico. No início da década
de 60, foram desenvolvidas as ligas a base de cromo-cobalto conhecida como Elgiloy
(Rocky Mountain Orthodontics) que comparadas ao aço inoxidável apresentavam
propriedades semelhantes. Os fios de cromo-cobalto têm como característica maior
formabilidade, pois é fabricado em quatro têmperas com variação decrescente sendo
que o azul representa a mais maleável, seguida pelo amarelo (dúctil), verde (semi-
resiliente) e vermelho (resiliente) (GURGEL; RAMOS; KERR, 2001).
No início dos anos 60, Willian Buehler desenvolveu uma liga que ficou
conhecida como Nitinol (níquel, titânio e NOL - Naval Ordinance Laboratory)
Arco ortodôntico
Braquete
Amarrilho
Ligadura
20
composta por 55% p de níquel e 45% p de titânio. Sua introdução na Ortodontia
ocorreu na década de 1970, o que trouxe mudanças irreversíveis nas técnicas de
tratamento corretivo, tanto para o paciente quanto para o profissional, pois permitiu
grandes ativações com o uso de forças leves e constantes (GHERSEL, 2005).
A utilização de fios de NiTi nas fases iniciais do tratamento ortodôntico
simplifica esta etapa, pois não necessidade de troca constante de arcos de
nivelamento, como ocorre com os fios de aço inoxidável, aumentando assim a rigidez
(ACKERMAN et al., 1978; FERREIRA, 2005). Sabe-se que forças leves contribuem
para a redução de reabsorção radicular e diminuição do tempo de tratamento
ortodôntico como demonstrado na figura 2.
Figura 2- Evolução clínica demonstrando a utilização dos fios de níquel-titânio: (a)
inicio do alinhamento e nivelamento, (b) e (c) fase intermediária e (d) fase final
(FERREIRA, 2005)
A liga beta titânio TMA (Titanium Molybdenum Alloy), contendo 79% titânio,
11% molibdênio, 6% zircônio e 4% estanho, foi introduzida na Ortodontia em 1979.
Possui módulo de elasticidade menor que o aço inoxidável e maior que a liga de
níquel-titânio (Quadro 1), exibindo efeito memória de forma, excelente resistência à
corrosão, podendo ser soldada por caldeamento. As forças geradas por estes fios são
(
a
)
(b)
(c) (d)
Fio de NiTi Fio de NiTi
Fio de NiTi Fio de NiTi
21
intermediárias entre o aço inoxidável e o Nitinol, os fios aceitam dobras e são
indicados principalmente para pacientes com hipersensibilidade ao níquel sendo de
grande utilidade nas fases intermediária e final do tratamento ortodôntico. (KANEKO
et al., 2003; ANDRADE; SATO; KOZEL, 2007). No entanto, a principal desvantagem
desta liga é o alto atrito, sendo oito vezes maior que o aço (GURGEL; RAMOS;
KERR, 2001; KUSY, 1997).
Quadro 1 Valores do módulo de elasticidade (E) de ligas metálicas para fios de
mesmo diâmetro (GURGEL; RAMOS; KERR, 2001; ARRUDA,2002)
LIGA
Módulo de elasticidade
E (GPa)
Rigidez relativa ao aço
Aço inoxidável
189-205 GPa
1,00
Elgiloy 190-200 GPa 0,97
Beta-titânio
72 GPa
0,36
M-NiTi
33,8 GPa
0,17
As ligas de níquel-titânio podem ser classificadas em estáveis - ativas de acordo
com o seu comportamento mecânico. Uma das desvantagens dos fios de níquel-titânio
é a baixa tenacidade permitindo mínimas dobras (FERREIRA, 2005). Dentro do
grupo das ligas níquel-titânio estáveis, temos os fios de multifilamentos que
apresentam baixo nível de forças e são ideais para estágios iniciais do tratamento
ortodôntico (ANDRADE; SATO; KOZEL, 2007) principalmente em pacientes com
perda óssea acentuada e também para a fase de intercuspidação (GURGEL; RAMOS;
KERR, 2001).
Na década de 1990 foram desenvolvidos os fios de níquel-titânio ativo também
conhecido como termoativado ou superelástico. Esses materiais possuem diferentes
temperaturas de transição indicando a ação em intervalos de forças previamente
estabelecidos, possibilitando seu uso clínico quando solicitada maior ou menor rigidez.
Os fios Ni-Ti-Cu (27
o
C, 35
o
C e 40
o
C) diferenciam-se segundo a temperatura em que
o material encontra-se totalmente na fase austenítica e quanto maior a temperatura da
22
reversão martensítica, mais maleável torna-se o fio e menor a força exercida sobre os
dentes (GURGEL; RAMOS; KERR, 2001).
Posteriormente foram desenvolvidas as ligas de titânio-nióbio com propriedades
mecânicas semelhantes ao TMA, mas com menor rigidez sendo aplicadas como fios de
finalização (ANDRADE; SATO; KOZEL, 2007).
De um modo geral, as ligas a base de titânio (NiTi, TMA, TiNb e CuNiTi)
possuem elevada resistência a corrosão (SCHIFF; GROSGOGEAT; DALARD, 2004)
quando comparadas a liberação de íons de outras ligas metálicas (RAHILLY E
PRICE, 2003) devido à formação de um filme composto por óxido de titânio (TiO
2
)
em sua superfície (KANEKO et al., 2004).
A quebra da camada passiva pode levar a liberação de íons de níquel
(STAFFOLANI et al.,1999) que está associado à dermatite de contato, com casos de
reações alérgicas e processos patológicos (ELIADES E ATHANASIOU, 2002; EL
MEDAWAR et al., 2002; ELIADES et al., 2004). A prescrição do uso tópico de flúor
gel acidulado em pacientes portando aparelhos ortodônticos com fios de níquel-titânio
deve ser criteriosa, pois o meio bucal torna-se extremamente agressivo ao material,
ocorrendo dissolução intensa no período de aplicação devido a acidez do meio bucal,
induzindo a liberação de íons de níquel (BUCCI; CÂNDIDO; GOMES, 2003).
Os tratamentos superficiais são uma alternativa viável para minimizar a
liberação de íons associados ao processo de corrosão devido à formação de filmes
finos com maior resistência ao desgaste. De acordo com a literatura, o uso de filmes
DLC - Diamond-Like-carbon Film em arcos ortodônticos de níquel-titânio apresentou
excelente adesão mecânica durante escovação e melhorou a resistência a corrosão
destes arcos, mantendo suas propriedades mecânicas e proporcionando boa
compatibilidade em meio bucal (KOBAYASHI et al, 2005).
1.2. OBJETIVOS
O objetivo deste estudo foi avaliar a liberação de íons em arcos ortodônticos
fabricados com as ligas níquel-titânio superelásticos e termoativados, a partir de
tratamento de superfície por DLC (Diamond-Like-Carbon) empregando a técnica
23
PECVD (deposição
química por plasma de rádio freqüência) e verificar a influência
deste filmes nas propriedades mecânicas desses materiais.
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação é constituída por seis capítulos e pelas referências
bibliográficas, tendo conteúdo distribuído da seguinte forma:
Capítulo 1, Introdução: expõe aspectos gerais sobre a dissertação, proposta do
trabalho, justificativa, objetivos e a estrutura da dissertação.
Capítulo 2, Revisão da Literatura contém: Considerações Gerais sobre a liga de
NiTi, propriedades desta liga, biocompatibilidade e citotoxicidade, deposição de filmes
finos de a-C:H, ensaio de flexão em três pontos.
Capítulo 3, Materiais e Métodos: descreve a metodologia utilizada, a confecção
do corpo de prova, a deposição do filme de a-C:H, caracterização do filme, análise de
absorção atômica, teste de flexão em três pontos.
Capítulo 4, Resultados e Discussões: apresentação detalhada dos resultados
alcançados nos experimentos realizados no trabalho e suas respectivas análises, em
confronto com outros autores e trabalhos revisados na literatura.
Capítulo 5, Conclusões: são expostas as conclusões obtidas a partir da avaliação
criteriosa dos resultados encontrados neste estudo.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
A liga de níquel-titânio, com composição 55 % p de níquel e 45% p de
titânio, conhecida como Nitinol (Nickel Titanium Naval Ordinance Laboratory)
foi desenvolvida em 1962, pelo U.S. Naval Ordinance Laboratory. Os
pesquisadores buscavam um material não magnético, resistente à corrosão, de
elevada dureza, para ser usado na confecção de ferramentas e armas de mão
(PÉRTILE, 2005). A introdução dos fios de níquel-titânio na Ortodontia iniciou-
se na década de 1970, por Andreasen (CHEN et al, 1992) e a partir da década de
1990 produtos de níquel-titânio passaram a ser comercializados e empregados
também na medicina devido a sua superelasticidade e ao efeito memória de
forma, propriedades completamente novas na época em comparação a ligas
metálicas convencionais (RYHÄNEN, 1999).
Na Ortodontia as ligas de níquel-titânio são empregadas na fabricação de
fios ortodônticos podendo ser divididas em dois tipos, em função da composição
química da liga e do processo de fabricação, apresentando os fenômenos de
memória de forma (arcos termoativados - liga martensítica ativa) e
pseudoelasticidade (arcos superelásticos - liga austenítica ativa) que de acordo
com alguns autores são de interesse para a área ortodôntica (MULLINS;
BAGHY; NORMAN, 1996; OLTJEN et al., 1997; BRITO et al., 2004)
Vários
parâmetros, como a composição da liga, procedimentos de
recozimento e condições de carregamento, podem melhorar o efeito de memória
da forma (ERBSTOESZER et al, 2000).
2.2 PROPRIEDADES DAS LIGAS DE NÍQUEL-TITÂNIO
É bem conhecido que as ligas memória de forma não exibem apenas o efeito
memória de forma, mas também o comportamento pseudoelástico ou
superelasticidade.
25
Dessa forma, as propriedades dessas ligas são derivadas das mudanças
microestruturais que podem ocorrer devido à aplicação de tensão ou devido à
variação de temperatura. A transformão de fase induzida pela tensão permite que
uma deformão de 8% possa totalmente ser recuperada quando o material for
descarregado por meio de uma transformão de fase reversa (superelasticidade). O
termo memória de forma é derivado da habilidade da liga em lembrar uma forma
pré-determinada no aquecimento (EVANS et al, 2008) e na solicitação mecânica.
A liga NiTi pode apresentar duas características principais que seriam a
superelasticidade e a memória de forma, relacionada ao efeito termoelástico.
Essas características estão representadas na figura 3.
Figura 3 - Curvas demonstrativas das propriedades de um fio de NiTi
(DAYANANDA e SUBBARAO, 2008)
2.2.1 Efeito de memória de forma ou memória de forma térmica
A liga Nitinol obtém seu efeito memória de forma a partir de uma mudança
de fase reversível de uma microestrutura austetica para martensítica. A
temperatura de transformação é caracterizada por quatro temperaturas: M
S
e M
f
26
durante o resfriamento e A
S
e A
f
durante o aquecimento. M
S
e M
f
indicam as
temperaturas nas quais ocorre o inicio e final da transformação da fase β para
martensita, enquanto A
S
e A
f
indicam as temperaturas onde ocorre a
transformação reversa (HELSEN e BREME, 1998, SANTORO e BESHERS,
2000).
A transformação martensítica pode ser definida como uma transformação da
rede envolvendo cisalhamento e movimento atômico cooperativo. A cinética de
transformão possui dois tipos principais de transformação: atérmica e isotérmica.
Na transformação atérmica durante o processo de nucleação do cristal não existe
ativação térmica, dessa forma a quantidade da nova fase produzida depende apenas
da temperatura e o do período de tempo gasto para uma dada temperatura. Na
transformão isotérmica a quantidade de martensita formada é em fuão da
temperatura isormica do tratamento rmico, e principalmente do tempo. Assim,
as transformações isotérmicas se diferenciam das transformões atérmicas por
serem dependentes do tempo. A fase martentica é formada a partir da austenita
sendo interpretada como uma seqüência de dois eventos: deformão de Bain e
cisalhamento invariante da rede. A deformação de Bain ou deformação da rede
causa a movimentão de todos os átomos, necessária para produzir uma estrutura
nova a partir da velha. A figura 4a mostra esquematicamente a estrutura austetica
e a figura 4b-d a transformação martensítica (GIL e PLANELL, 1998).
A segunda parte na transformação martensítica é a acomodão: a martensita
produzida pela deformão de Bain tem forma e volume diferentes da austenita
circundante. A acomodação desta mudança na forma pode ocorrer por meio de dois
mecanismos: deslizamento (Figura 5a) ou maclagem (Figura 5b). O deslizamento é
um processo permanente e é um mecanismo de acomodação encontrado na maioria
das estruturas martensíticas. A maclagem permite a acomodação de maneira
revervel sendo o processo dominante em ligas com efeito de memória de forma
(GIL e PLANELL, 1998). Na figura 6 é possível observar as micrografias ópticas
encontradas na literatura, características destas fases.
Sob temperatura reduzida, estabelece-se a fase martensítica e, com o
aumento da temperatura, ocorre novamente uma transformação progressiva para
27
a fase austenítica. Com a redução da temperatura obtém novamente a martensita
o que resulta em maior rigidez ao fio. Esse processo de transformação reversível,
combinando tensão e temperatura, confere ao fio o efeito memória de forma. No
processo de fabricação esses fios são moldados no formato desejado em altas
temperaturas e, quando resfriados, podem ser dobrados com facilidade dentro dos
braquetes. Quando esses fios atingem a temperatura da boca, eles tendem a voltar
à forma dada na fabricação, gerando a ativação (MARINS e PROCACI, 2008).
Figura 4- Representação esquemática da transformão austenita/martensita: (a)
estrutura totalmente austenítica;(b) interface austenita/martensita; (c) avao da
interface: cada camada de átomos é deslocada somente uma pequena distância; (d)
estrutura totalmente martentica (GIL e PLANELL, 1998)
28
Figura 5 Dois mecanismos de acomodação da forma devido ao cisalhamento
atômico da transformação martensítica: (a) acomodação por deslizamento
(irreversível); (b) acomodação por maclagem (reversível) (GIL e PLANELL, 1998)
Figura 6 - Microscopia óptica de fios NiTi comerciais: (a) matriz totalmente
martensítica; (b) fase martensítica mais grosseira; (c) microestrutura
predominantemente martensítica com pequenas regiões austeníticas
(GEROLDO; NUNURA; SANTOS, 2008) (d) regiões alternadas de martensita e
austenita (JAFARI, ZEBARJAD E SAJJADI, 2008)
29
A propriedade de memória de forma desses materiais é resultante da
capacidade inerente de alterar a força de união, e também se relaciona à
temperatura, por meio do intervalo de temperatura de transição (TTR), que varia
dependendo da composição química da liga e de seu processamento (SANTORO
e BESHERS, 2000). Os fios de níquel-titânio termicamente ativados podem ser
encontrados em diferentes temperaturas de transição, indicando a ação em
intervalos de força previamente estabelecidos (ROSANI, 2001). Isto possibilita o
uso destes fios em diferentes situações clínicas, que podem requerer maior ou
menor rigidez (GOUVEA, 2006). O comportamento desses fios pode ser melhor
compreendido a partir da analise da figura 7.
Figura 7Diagrama de uma liga NiTi com efeito de memória de forma
Mi e Mf são as temperaturas inicial e final, respectivamente, em que a
martensita é formada; Mms é a máxima temperatura para a fase martensita
superelástica; Ai e Af são as temperaturas inicial e final na qual a austenita é
formada; H é a histerese. A austenita tem rigidez superior à martensita e maior
capacidade de aplicar forças na desativação. A martensita, de característica mais
dúctil, é conveniente na fase de ativação. Em aplicação na área ortodôntica, é
interessante que Af esteja um pouco abaixo da temperatura do meio bucal.
30
2.2.2 Superelasticidade
O efeito superelástico ocorre acima de A
f
e abaixo de M
d
conforme pode ser
observado na figura 8. No ponto (a) o material é totalmente austetico, sendo
carregado elasticamente a o ponto (b) onde se inicia a transformão martensítica.
No ponto (c) ocorre a transformação martensítica sendo no ponto (d) o
carregamento elástico dessa fase. A partir do ponto (e) ocorre a transformação
reversa da liga, ou seja, obtém-se a austenita novamente. M
d
é a temperatura mais
alta na qual a martensita pode ser formada e está localizada acima de Af e abaixo
da temperatura oral. A deflexão gera uma transformação martensítica localizada
que é o fenômeno conhecido como transformação martensítica induzida por
tensão - SIM (MELING e ODEGAARD, 2001).
Figura 8 – Efeito superestico nas ligas memória de forma: (a) austenita; (b) inicio
da transformão martensítica; (c) martensita; (d) deformão elástica da
martensita; (e) icio da transformão reversa (ROBERTSON, 2006)
tensão
deformação
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
31
O Nitinol pode apresentar até 11% de deformação enquanto a maioria dos
metais pode apresentar apenas 1% de deformação elástica (ROBERTSON,
2006).
A histerese é o comportamento apresentado nos platôs de ativação e
desativação em diferentes magnitudes de força. Histerese está associada ao atrito
com a movimentação de maclas no contorno da martensita e depende da
composição da liga (MELING e ODEGAARD, 2001).
2.2.3 Biocompatibilidade e citotoxicidade das ligas Níquel-Titânio
Para melhor entender as reações biológicas frente ao uso dos diversos
materiais, deve-se conhecer os conceitos de biocompatibilidade, toxicidade,
alergia e hipersensibilidade, a fim de compreender as condições de alguns
pacientes que apresentam alterações no sistema imune.
A biocompatibilidade ocorre quando os tecidos entram em contato com
um determinado material e não manifestam qualquer tipo de experiência tóxica,
irritante, inflamatória, alérgica ou de fundo mutagênico ou carcinogênico. A
ocorrência de qualquer reação adversa é chamada de toxicidade. Para a
biocompatibilidade de um determinado material é necessária uma resposta
adequada do hospedeiro, o que, em Odontologia, significa a não-ocorrência de
reações adversas, ou a ocorrência de reações adversas toleráveis, do organismo
frente a esse material (MENEZES; FREITAS; GONÇALVES, 2009).
A citotoxicidade, ou avaliação da toxicidade em cultura de células, é um
fenômeno in vivo complexo, o qual pode manifestar um amplo espectro de
efeitos, desde uma simples morte celular até aberrações metabólicas, nas quais
não ocorre morte celular, mas apenas alterações funcionais. A genotoxicidade
avalia o dano ao DNA e é, geralmente, utilizada para auxiliar na investigação de
potenciais efeitos, benéficos ou danosos, de diferentes agentes (MENEZES;
FREITAS; GONÇALVES, 2009).
32
As reações de hipersensibilidade são desordens que m origem numa
resposta imune que se torna exagerada ou inapropriada, ocasionando lesões sobre
células ou tecidos normais do organismo, enquanto alergia significa uma
hipersensibilidade específica adquirida do sistema imune, tanto de uma fonte
exógena quanto endógena (MENEZES; FREITAS; GONÇALVES, 2009).
Há uma preocupação em se definir a resistência a corrosão das ligas de Ni-
Ti uma vez que as mesmas são utilizadas como biomaterial, que seria identificar
se íons são liberados pelo processo corrosivo. A liberação do níquel, caso ocorra,
além de sensibilizar alguns pacientes, produzindo reação alérgica, pode afetar a
integridade mecânica do fio causando sua fratura e conseqüentemente, provocar
danos ao paciente (BUCCI; CÂNDIDO; GOMES, 2003).
A resistência à corrosão das ligas de níquel-titânio é dada pela formação
de um filme de passivação constituído de TiO
2
(BUCCI; CÂNDIDO; GOMES,
2003), pois a superfície do níquel-titânio consiste em grande quantidade de óxido
de titânio (TiO
2
), menores quantidades de óxidos de níquel (NiO e Ni
2
O
3
) e
níquel metálico sendo a camada interna constituída de níquel-titânio. A espessura
da camada de óxido varia entre 2-20 nm. A superfície de NiTi é na sua maioria
composta por oxigênio, carbono e óxido de titânio com resquícios de níquel, o
qual dissolve mais facilmente do que titânio porque seu óxido é menos estável
(PÉRTILE, 2005).
Estudo realizado por Rondelli e Vicentini (1999) demonstrou
comportamento localizado da corrosão de fios de NiTi em fluídos que simulam
os fluídos do corpo humano, comparando-os com fios feitos do aço inoxidável e
da liga base-cobalto. Os testes potenciodinâmicos realizados em saliva artificial a
40ºC indicaram uma resistência ao pite para os fios do NiTi, similar àquela do fio
da liga de cobalto, porém o fio de aço inoxidável apresentou baixo potencial de
resistência ao pite. Os testes potenciodinâmicos em 4 C em solução salina
isotônica (0.9% NaCl) para o NiTi e fios de aço inoxidáveis (em valores
potenciais de pite na escala 200-400 mV e 350 Mv), mostraram que estes
materiais devem ser considerados potencialmente susceptíveis ao pite, apenas a
33
liga cobalto-base foi considerada imune do pite. Os potenciais de corrosão
localizados determinados pelo teste de ASTM F 746 (0-200 mV e 130 mV para
NiTi e o aço inoxidável, respectivamente) indicam que estes materiais possuem
um risco mais elevado de corrosão localizada.
A resistência à corrosão da maioria dos metais, com exceção dos metais
nobres, é dada pela presença de um filme óxido. A formação deste filme de óxido
superficial é de grande importância para a resistência à corrosão da liga de NiTi,
pois age como barreira contra a migração e dissolução de íons de quel a partir
da superfície do metal (SHABALOVSKAYA, 2002).
Com o mero crescente de tratamentos ortodônticos utilizando
dispositivos que contenham níquel e a predominância crescente de alergia a esse
elemento desenvolvida pela população levaram ao desenvolvimento de pesquisas
buscando avaliar a resistência a corrosão desses materiais. Os fios de NiTi são
produzidos por vários processos de fabricação o que pode acarretar em
comportamentos distintos quanto a resistência à corrosão no meio bucal.
Figueira et al (2009) realizaram estudo sobre a corrosão de ligas de NiTi
em solução de Hank’s a 37° C utilizando método eletroquímico e comparando
esta liga com o titânio comercialmente puro, níquel comercialmente puro, com a
liga Ti-6Al-4V e o inoxidável 316L, materiais comumente utilizados em
implantes. Observaram que a corrosão foi menor na superfície do titânio que na
superfície do níquel, de acordo com a curva de polarização, devido à formação
de uma camada passiva de óxido. No entanto, fluoretos são inimigos dos metais
reativos, como o titânio e suas ligas, especialmente em meio ácido, causando
corrosão da camada passiva e perda das propriedades mecânicas (AL-MAYOUF,
2004). Esse fator é preocupante, pois os enxaguatórios contendo flúor são
amplamente utilizados na Odontologia para manutenção da boa higiene oral e
auxilia na diminuição do índice de cárie. O flúor promove a formação de
compostos fluoretados que aderem aos dentes e estimulam a remineralização,
enquanto protegem os dentes contra os ataques de ácidos (SHIFF;
GROSGOGEAT; DALARD, 2004).
34
Os efeitos dos fluoretos na resistência à corrosão do titânio e suas ligas
foram avaliados por Kaneko et al. em 2004. Os autores estudaram a degradação
de quatro fios ortodônticos (NiTi, beta-titânio, aço inoxidável e níquel-cromo-
cobalto) após a imersão desses materiais em solução acidulada do fluoreto do
fosfato de 2.0% em temperatura de 37ºC por 60 minutos. Observaram que as
propriedades mecânicas do níquel-titânio e titânio-beta foram alteradas
sensivelmente, sendo que o modo de fratura mudou de dúctil para frágil. Por
outro lado, a resistência à tração dos arcos de aço inoxidável e de níquel-cromo-
cobalto foi apenas levemente afetada pela imersão. Os autores sugerem que a
degradação de arcos ortodônticos de ligas de titânio ocorra por causa da absorção
do hidrogênio mesmo depois de curto período de imersão em soluções do
fluoreto.
Schiff, Grosgogeat e Dalard (2004) classificaram diferentes ligas
utilizadas de acordo com a resistência à corrosão. Quatro materiais foram
analisados (TMA, TiNb, NiTi e NiTiCu) e testados em três colutórios contendo
flúor (Elmex, Meridol e Acorea) e saliva artificial Fusayama-Meyer. Por meio de
estudo eletroquímico as ligas foram divididas em dois grupos: um grupo baseado
em ligas de NiTi sujeitas à forte corrosão na presença de monofluorfosfato
encontrado em solução de Acorea e outro grupo baseado em TiNb que foi mais
resistente à corrosão e TMA que corroeu fortemente na presença de fluoreto de
estanho encontrado no Meridol. Pelos resultados, pode-se recomendar o colutório
de acordo com a fase de tratamento e a liga que está sendo aplicada. Assim, é
propício indicar Elmex para pacientes que usam TMA e NiTi e Acorea ou
Meridol para pacientes que usam arco TiNb.
2.3 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE
Os materiais metálicos empregados em aplicações biomédicas, como aço
inoxidável, ligas cobalto-cromo e ligas níquel-titânio, apresentam como principal
desvantagem, após longo uso, a liberação de íons metálicos e conseqüentemente,
um aumento do efeito citotóxico. Por exemplo, o aço inoxidável quando
35
empregado na fabricação de vasos coronários pode corroer e liberar íons níquel e
cromo. Dessa forma, a modificação de superfície torna-se uma ferramenta
importante para melhorar a biocompatibilidade desses materiais (ROY e LEE,
2007).
Nos últimos anos, o carbono tipo diamante (DLC Diamond Like
Carbon) tem emergido com um material potencial para essas aplicações devido à
sua elevada dureza, baixo coeficiente de fricção, à elevada resistência ao desgaste
e à corrosão. Os filmes de DLC são materiais amorfos metaestáveis, compostos
principalmente por átomos de carbono ligados por hibridações sp
2
e sp
3
em uma
cadeia desordenada. É importante observar que o DLC o é um material
específico, mas um grupo de materiais com uma ampla faixa de estruturas com
ligações atômicas diferentes. Os carbonos hidrogenados podem ser classificados
em quatro tipos de acordo com o teor de hidrogênio (CASIRAGHI, FERRARI e
ROBERTSON, 2005):
(a) Filmes a-C:H com elevado conteúdo de H (40-60 %at); estes filmes
podem ter até 70% de ligações sp
3
. Entretanto, a maioria das ligações
sp
3
termina em hidrogênio, tornando-os materiais dúcteis e com baixa
densidade;
(b) Filmes a-C:H com conteúdo intermediário de H (20-40%at), possuem
menor quantidade de ligações sp
3
, o que lhes confere melhores
propriedades mecânicas.
(c) Filmes de carbono amorfo tetraédrico hidrogenado (ta-C:H) possuem
de 25-30% at de hidrogênio;
(d) a-C:H com baixo conteúdo de hidrogênio (menor do que 20% at). Eles
têm elevado conteúdo de sp
3
. Nós chamamos estes filmes de grafíticos
a-C:H.
Na figura 9 temos a representação do diagrama ternário de fases para o
DLC. Nos vértices do triângulo encontram-se os pontos para 100% de ligações
sp
2
, sp
3
e para H
2
. Outras regiões do diagrama definem grupos espeficos de
carbono, tais como os carbonos amorfos formados, os tetraédricos (ta-C), os
grafíticos (a-C), assim como suas fases hidrogenadas, representadas pelo ta-C:H
36
e a-C:H. Podem ser observadas também as regiões onde o carbono vítreo e
polímeros HC são formados e também a rego na qual não formação de filme .
Figura 9 – Diagrama ternário de fases do DLC (CASIRAGHI, FERRARI e
ROBERTSON, 2005)
No Quadro 2 temos a comparação das principais propriedades dos
compostos de carbonos amorfos com diamante, grafite, C
60
e polietileno
(ROBERTSON, 2002).
ta-C
a-C(:H)
ta-C:H
polímeros
Sem filme
Carbono vítreo grafitico
ta-C
37
Quadro 2 Comparação das propriedades de carbonos amorfos com diamante,
grafite, C
60
e polietileno (ROBERTSON, 2002)
sp
3
H(%)
densidade (g/cm
3
)
GAP (eV)
Dureza (GPa)
Diamante
100
0
3,525
55
100
Grafite
0
0
2,267
0
C
60
0
0
1,6
Carbono vítreo
0
0
1,3-1,55
0,01
3
ta-C
80-88
0
3,1
2,5
80
a-C:H(durezaelevada)
40
30-40
1,6-2,2
1,1-1,7
10-20
a-C:H(dureza baixa)
60
40-50
1,2-1,6
1,7-4
<10
ta-C:H
70
30
2,4
2,0-2,5
50
Polietileno
100
67
0,92
6
0,01
2.3.1 Técnicas de deposição
Os filmes de DLC vêm sendo produzidos por uma grande variedade de
métodos, incluindo deposição química a vapor, assistida por plasma DC e RF,
sputtering, ou deposição por feixe de íons, a partir de uma variedade de fontes
de carbono, seja como substrato, sólido ou fonte gasosa do material
(NOGUEIRA, 2002).
Os filmes a-C: H podem ser depositados à partir de várias fontes de
gases precursores, tais como: CH
4
, C
2
H
2
, C
2
H
4
e C
6
H
6
.
38
Jones et al (2000) estudaram a hemocompatibilidade dos revestimentos de
DLC, TiN e TiC depositado em substratos de titânio para uso em válvulas
cardíacas através da absorção de proteínas sanguíneas e a adesão plaquetária.
A absorção de albumina e do fibrinogênio nas superfícies dos revestimentos foi
avaliada. A formação de trombos foram observados nas superfícies de TiN e TiC,
exceto nos revestimentos de DLC. Sendo assim, a boa hemocompatibilidade do
DLC se pela hidrofobicidade e lisura superficial quando comparados a outras
superfícies.
Yang et al (2004) estudaram a relação entre as propriedades físicas do
revestimento de carbono amorfo hidrogenado (a-C:H) e sua compatibilidade com
o sangue humano. Os filmes de (a-C:H) foram produzidos usando a implantação
iônica por imersão a plasma (PIIID), com aquecimento a vácuo entre 200° e 600°
C. Observou-se que o aquecimento a baixas temperaturas não causou regressão
da biocompatibilidade sanguínea do filme de (a-C:H) sendo que a ação da
aderência plaquetária na superfície dos filmes foram elevadas para temperaturas
acima de 400 °C. Relatam também que a mudança das propriedades físicas do
filme (limitação tanto da banda gap como do fibrinogênio), aumenta a
concentração e condutividade. Sendo assim, a compatibilidade dos filmes de (a-
C:H) foram afetados pela estrutura eletrônica e constatou-se que a melhora desta
estrutura é importante para a inibição da ativação plaquetária.
Yang et al (2006) estudaram a estrutura e as propriedades das películas do
carbono amorfo hidrogenado (a-C: H) para aplicações biomédicas. Também
investigaram a relação entre as propriedades físicas destes filmes e sua
compatibilidade no sangue. Os filmes foram fabricados usando a técnica de
deposição por implantação iônica a plasma, seguido de recozimento a 200 e
600 ºC. Os filmes foram analisados por Espectroscopia Raman e microscopia de
força atômica (AFM). A adesão, a ativação e a morfologia das plaquetas foram
investigadas usando a microscopia eletrônica de varredura (SEM). A adesão
plaquetária e a ativação da a-C: H foram afetadas pelo recozimento acima de
400ºC. Dessa forma, a compatibilidade sanguínea dos filmes foi afetada pela
estrutura eletrônica.
39
Sui e Cai (2006) estudaram as ligas de níquel-titânio revestidas com DLC
empregando a implantação iônica. Os autores observaram que a deposição do
filme DLC levou a uma melhor resistência a corrosão e hemocompatibilidade
sanguínea, sem deterioração do efeito memória de forma e superelasticidade.
2.3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS FILMES DE DLC
A espectroscopia Raman é uma técnica analítica não destrutiva empregada
na caracterização de materiais carbonosos. É comumente realizada para avaliar
comprimentos de onda na região do espectro azul-verde (488-514,5 nm), mas
Espectroscopia Raman multi-comprimento de onda (MW Raman) é também
empregada (FERRARI, 2005).
Os espectros Raman de todos os materiais carbonosos exibem seus picos
característicos de 1ª ordem na região entre 1000 e 1800 cm
-1
para energia de
excitação no visível e infravermelho. Para os materiais grafíticos, essa região é
referente às bandas D (1200 a 1400 cm
-1
) e G (1500 a 1600 cm
-1
) atribuídas às
ligações sp
2
. Para filmes de diamante, um pico bem definido pode ser visto em
1332 cm
- 1
, referente às ligações do tipo sp
3
. Já, os espectros Raman de DLC
consistem em bandas largas, típicas de materiais amorfos desordenados,
apresentando ligações C-C do tipo sp
3
, sp
2
e sp
1
. As letras derivam de
diamante(D) e grafite(G) e a deconvolução do espectro permite visualização das
bandas as quais estão relacionadas com as ligações sp
3
e sp
2
.
Nas figuras 10, 11 e
12 temos os espectros dos filmes tipo diamante, tipo grafite e DLC (LOBO,
2005).
40
Figura 10 - Espectros Raman de filmes de diamante excitados com três diferentes
comprimentos de onda (LOBO et al, 2005)
Figura 11 - Espectros Raman de filmes de grafite excitados com três diferentes
comprimentos de onda (LOBO et al, 2005)
41
Figura 12- Espectros Raman de filmes de DLC excitados com três diferentes
comprimentos de onda (LOBO et al, 2005)
A adsorção de produtos químicos pela superfície dos materiais é um dos
fatores que podem afetar as aplicações destes materiais em vários ramos da
indústria. O acúmulo de material na superfície pode provocar a degradação local
do material, gerando pequenos defeitos como furos e corrosões localizadas.
Existem diversas técnicas que podem ser empregadas no estudo da adsorção de
produtos químicos pelos materiais. Uma das técnicas empregada é a de ângulo de
contato, que é uma medida macroscópica em que é pipetada uma gota de uma
dada solução sobre as amostras. Após a deposição da gota observa-se a forma da
gota e a curvatura da mesma, conforme demonstrado na figura 13.
Figura 13 - Representação esquemática do ângulo de contato
substrato
Gota
42
Pela medida do ângulo da curvatura pode-se relacionar ângulo de contato
com a tensão superficial apresentada pelo material em relação à solução
empregada. O aumento no ângulo de contato, que corresponde à menor tensão
superficial apresentada, significa menor aderência da solução aos materiais
empregados (NOGUEIRA, 2002).
Quando o ângulo de contato é menor que 90°, o material possui uma
característica hidrofílica e quando é maior que 90° apresenta característica
hidrofóbica. Essa propriedade é chamada de molhabilidade do material, e está
ligada com a energia de superficial do material.
O conceito de energia superficial pode ser explicado usando um líquido
como exemplo, onde átomos e moléculas do líquido se movem livremente
procurando ocupar uma posição de menor energia potencial, isto é, onde as
forças (atrativas e repulsivas) estejam em equilíbrio. Entretanto, as partículas na
superfície do material experimentam somente forças dirigidas para dentro do
líquido, garantindo à superfície maior energia. A energia superficial é dada pela
diferença entre as energias na superfície e no interior do material (BOYAN et al.,
2003).
Dois métodos de cálculos são usados para determinação da energia de
superfície, o método harmônico e o geométrico. Usando-se dois líquidos para a
medida dos ângulos de contato; cujas componentes polar e dispersiva sejam
conhecidas; pode-se determinar as componentes da energia de superfície do
sólido.
Atualmente, estas medidas o relativamente fáceis de serem obtidas
através de sistemas com microcâmera e computador. Estas fornecem os valores
de energia de superfície, calculadas por ambos os métodos, imediatamente após
as medidas dos ângulos de contato.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho foram utilizados amostras e arcos de fios ortodônticos
NiTi superelástico e termoativado, disponíveis no mercado. Na figura 14
verificamos a metodologia empregada para o desenvolvimento do presente
estudo.
Figura 14 - Fluxograma demonstrativo da metodologia empregada.
Tratamento de superfície
Caracterização
do Filme
Espectroscopia
Raman
Perfilometria
Ângulo de
Contato
Ensaio de escovação
Ensaio de Flexão
em 3 pontos
Absorção Atômica
44
3.1 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE
3.1.1 Processo de deposição dos filmes DLC
A técnica escolhida para a deposição dos filmes de carbono amorfo
hidrogenado foi a deposição química por plasma de rádio freqüência (Radio-
Frequency Plasma-Enhanced Chemical Vapor Deposition RF PECVD),
realizada no Laboratório de Plasma, Faculdade de Engenharia, Campus de
Guaratinguetá (UNESP). O reator e todo equipamento utilizado para a deposição
dos filmes é mostrado na figura 15.
Figura 15 - Equipamentos utilizados para a deposição filmes DLC
Para a realização da deposição foi empregado um sistema constituído por
um reator de vidro no formato cilíndrico medindo 180 mm de diâmetro por 140
mm de altura, com volume aproximado de 3 litros. O plasma é estabelecido
entre dois eletrodos circulares, internos planos e paralelos, sendo um deles
aterrado, medindo 100 mm de diâmetro.
Reator
RF
Eletrodos
Casador de
impedância
45
O processo de limpeza no interior da câmara foi efetuado por meio de uma
bomba mecânica (M18, Edwards). Esse equipamento possui uma válvula
solenóide, acoplada a sua saída, a qual é responsável pela admissão automática
de ar atmosférico no seu desligamento. Este procedimento evita o refluxo do óleo
da bomba para o interior da câmara de plasma, conectada à bomba por meio de
uma válvula esférica e um tubo flexível de o inoxidável. O controle da pressão
no interior do reator de plasma foi realizado por meio de um sensor (Edwards)
operando na faixa de pressão de 10
5
a 10
-2
Pa e a leitura do valor de pressão foi
realizada por meio de uma unidade digital controladora de pressão.
Os plasmas foram excitados por meio de uma fonte de radio freqüência
(modelo RF- 300 Tokyo HY-Power) operando na freqüência de 13,6 MHz com a
potência de 50 W, acoplada ao reator por meio de cabos coaxiais e um sistema
casador de impedância (modelo MB-300Tokyo HY-Power). Um diagrama de
blocos do sistema pode ser visualizado na figura 16.
Figura 16 – Diagrama de blocos do sistema de deposição de filmes DLC
Acetileno
Argônio
Fonte RF
Casador de
impedância
MEDIDOR
DE PRESSÃO
BOMBA
MECÂNICA
REATOR DE
VIDRO
Fluxô
metro
46
3.1.2 Limpeza dos substratos
Nesse estudo foram empregados três tipos de substratos: lâminas de vidro
e silício (para caracterização do filme depositado), os arcos ortodônticos (NiTi e
termoativados para ensaio de escovação e absorção atômica) e as amostras
destes fios para o ensaio de flexão).
As lâminas de vidro e o sílicio foram colocados em uma solução com
detergente próprio para limpeza de amostras, deixados por 15 minutos em cuba
ultrassônica e lavados em água corrente. Em seguida, foram imersos em água
destilada, colocados em ultrassom por mais 15 minutos e lavados
individualmente em água destilada. Posteriormente, foram mergulhados em
álcool isopropílico, e acondicionados em ultrassom por 15 minutos. Concluído
este processo de limpeza, foi realizada secagem em estufa a 160ºC por 30
minutos.
As amostras e os arcos foram limpos de acordo com as seguintes etapas:
primeiramente foi realizada lavagem manual com gaze e sabão (DET LIMP S
32) e enxaguados em água corrente com auxílio de uma peneira. Com o auxilio
de Becker, foram colocados em cuba ultrassônica Thomton T 14, com sabão de
laboratório por 20 minutos e lavagem em água corrente e água destilada. Depois
foi realizada imersão em água destilada e manutenção em cuba ultrassônica por
20 minutos, seguida de lavagem com água destilada e imersão em álcool
isopropílico com manutenção no ultrassom por 20 minutos. Em seguida, foi
realizada imersão em acetona com manutenção no ultrassom por 20 minutos.
Concluído este processo, foi realizada secagem em estufa a 160ºC por 30
minutos.
3.1.3 Condições de deposição
As condições empregadas para a deposição do filme foram as
preconizadas por Marins em seu estudo (MARINS, 2003). Os plasmas foram
excitados a partir de radiofreqüência, operando na freqüência de 13,56 Hz, na
47
faixa de pressão de 10 Pa, com potência de 50 W. Misturas de acetileno e argônio
foram empregadas na proporção de 70% de argônio e 30% de acetileno, com o
tempo de deposição de 5 minutos.
Para limpeza do reator de outros gases ou elementos químicos foi
realizado plasma de argônio com pressão de 2 x 10
-1
Torr, potência de 50W e
tempo de 20 minutos. Após a limpeza do reator anotou-se a pressão base de
trabalho (P
b
) marcada no medidor digital, pois é através desta P
b
que se calcula a
quantidade de argônio e de acetileno, ou seja, calcula-se a pressão de cada um
deles através da pressão base para depositar 70% de argônio e 30% de acetileno.
Para a obtenção de filme de DLC próximo da faixa de 10 Pa = 7,5 x 10
-2
Torr empregou-se os seguintes parâmetros:
Pressão argônio: 2,3 X 10
-2
Torr,
Pressão acetileno: 5,3 x 10
-2
Torr
Sendo assim, temos:
Acetileno 30% = P
b
+ P
C2H2
Argônio 70% = P
b
+ P
C2H2
+ Par
Após a deposição na base da amostra (lado 1), “quebrou-se” o vácuo e
abriu-se o reator para realização da deposição do filme do lado oposto (lado 2),
repetindo todo o processo desde a limpeza com plasma de argônio .
Para facilitar o entendimento de todo o processo de deposição, as amostras
foram divididas em quatro grupos, conforme Tabela 1:
Grupo I: 10 corpos de prova de fio ortodôntico de NiTi retangular de
0,0215” x 0,025”, marca comercial, lote 2878023, para o ensaio de flexão em três
pontos;
Grupo II: 10 corpos de prova de fios ortodônticos de NiTi Termoativado
retangular de 0,0215” x 0,025”, marca comercial, lote 2887001, para o ensaio de
48
flexão em três pontos;
Grupo III: 05 arcos ortodônticos NiTi retangular de 0,0215” x 0,025”,
marca comercial, lote 2878023, para o ensaio de escovação, e
Grupo IV: 05 arcos ortodônticos de NiTi Termoativado retangular de
0,0215” x 0,025”, marca comercial, lote 2887001, para o ensaio de escovação.
Tabela 1- Grupos e condições de deposição
Grupo Deposição Pressão base
de trabalho
Pressão
acetileno
30%
Pressão
argônio
70%
I
Lado 1 1,7 X 10
-
2
Torr 4,0 X 10
-
2
Torr 9,3X 10
-
2
Torr
Lado 2 1,2 X 10
-
2
Torr 3,5 X 10
-
2
Torr 8,8 X 10
-
2
Torr
II
Lado 1 2,0 X 10
-
2
Torr 4,3 X 10
-
2
Torr 9,6X 10
-
2
Torr
Lado 2 1,2 X 10
-
2
Torr 3,5 X 10
-
2
Torr 8,8 X 10
-
2
Torr
III
Lado 1 1,1 X 10
-
2
Torr 3,35 X 10
-
2
Torr 8,6 X 10
-
2
Torr
Lado 2 1,0 X 10
-
2
Torr 3,25 X 10
-
2
Torr 8,5 X 10
-
2
Torr
IV
Lado 1 1,8 X 10
-
2
Torr 4,1 X 10
-
2
Torr 9,4X 10
-
2
Torr
Lado 2 1,3 X 10
-
2
Torr 3,6 X 10
-
2
Torr 8,9X 10
-
2
Torr
O tempo aproximado de deposição foi de 300 segundos, sendo que a
polarização ocorreu pelo eletrodo inferior a fim de se proporcionar o crescimento
de filmes mais duros, aderentes e com mais carbono (Figura 17).
49
Figura 17 - Deposição de filme DLC nas amostras de NiTi
3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS FILMES
3.2.1 Perfilometria
A espessura do filme de a-C:H foi medida no Laboratório de Sensores e
Materiais - LAS - do Instituto de Pesquisa Espacial (INPE) em São José dos
Campos, por meio de um Perfilômetro TENCOR ALPHA STEP (AS) 500 como
mostra a figura 18.
Figura 18 – Perfilômetro Tencor Alpha Step 500
amostras
amostras
50
Os filmes foram depositados sobre substratos de vidro, onde parte da
superfície do substrato é coberta por uma máscara de vidro de modo a apresentar
um degrau entre a superfície do filme e a do substrato, como mostra a figura 19.
Este degrau formado e sua medida (altura h”) corresponde à espessura do filme
a qual é medida pela perfilometria.
Figura 19 - Esquema ilustrativo do degrau para medida da espessura do filme de
DLC
3.2.2 Espectroscopia Raman
A Espectroscopia Raman é uma técnica analítica que avalia a estrutura
molecular de filmes carbonosos, verificando se este filme é do tipo polimérico ou
DLC.
Os filmes de a-C:H foram caracterizados pela técnica de Espectroscopia
Raman, realizado no Laboratório de Sensores e Materiais (LAS) do Instituto de
Pesquisa Espacial (INPE) em São José dos Campos através do Espectrômetro
Renishaw Raman Imaging Microscope, por um Laser de Argônio excitados a
514 nm e a faixa de comprimento de onda analisado foi de 900 a 2000 cm
-1
.
O espectro Raman foi obtido através da incidência da luz monocromática
do laser de argônio (514 nm) sobre a amostra do filme de a-C:H. A luz
espalhada foi dispersa por uma rede de difração no espectrômetro e suas
componentes foram recolhidas em um detector que converte a intensidade da luz
Posição da máscara
DLC
DEGRAU
“h”
51
em sinais elétricos que foram interpretados em um computador na forma de um
espectro Raman. Os espectros obtidos eram deconvoluídos em duas curvas
gaussianas, denominadas banda G (associado a hibridização sp
2
) e banda D
(atribuído a hibridização sp
3
), segundo o procedimento proposto por Robertson
(2002).
3.2.3 Medida do ângulo de contato e energia de superficie
Os ângulos de contato (θ) e energia de superfície foram obtidos através de
um Goniômetro automatizado (Ramé-Hard–modelo 100-00), do Laboratório de
Plasma da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG/UNESP). Este
equipamento que é mostrado na figura 20 e é composto por uma câmera CCD,
que captura a imagem da gota depositada sobre o filme. Um programa de
tratamento de imagens determina o perfil desta gota, calculando o ângulo de
contato.
Figura 20 - Goniômetro automatizado (Ramé-Hard–modelo 100-00)
Nestas análises, utilizou-se o vidro como substratos dos filmes, a água
deionizada como líquido polar e o diodometano como líquido apolar ou
dispersivo. Para realização de análise estatística, três gotas foram depositadas
52
sobre diversas superfícies das amostras e medidas 10 vezes. Estas análises foram
realizadas 24 horas após as deposições como mostrado na figura 21.
Figura 21 – Deposição da gota para cálculo do ângulo de contato
Através da medida do ângulo de contato temos a propriedade de
molhabilidade do material, onde se este ângulo for menor que 90° o material
apresenta propriedade hidrofílica; e se for maior que 90°, o material tem uma
característica hidrofóbica.
A energia de superfície é dada pelo trabalho de trazer uma partícula de
dentro do líquido para fora, por unidade de superfície, num volume e temperatura
constantes. A energia livre total numa superfície é a soma de contribuições de
diferentes forças intermoleculares.
Dois métodos de cálculo são usados para determinação da energia de
superfície considerando as componentes, polar e dispersiva (não polar): o método
harmônico e o geométrico.
Atualmente, estas medidas são fáceis de serem obtidas através de sistemas
com microcâmera e computador. Estas fornecem os valores de energia de
superfície, calculadas por ambos os métodos, imediatamente após as medidas dos
ângulos de contato como demonstrado na figura 22.
ota
Agulha
53
Figura 22 Imagem da gota obtida pelo programa de computador para medida
do ângulo de contato
(θ)
3.3 ENSAIO DE ESCOVAÇÃO
O ensaio de escovação foi realizado na Faculdade de Engenharia de
Guaratinguetá (FEG/UNESP), para avaliação de liberação de íons. Foram
confeccionados modelos em resina acrílica Dencor, realizada a colagem de
braquetes poliméricos e a fixação dos arcos ortodônticos por meio de ligaduras
elásticas utilizando instrumento sputnik, conforme figura 23.
(a) (b)
Figura 23 - (a) Modelo em resina e instrumental utilizado para fixação
arco/braquete; (b) detalhe do modelo com arco
Arco
ortodôntico
Modelo em
resin
a
ligadur
a
sputnik
54
Os arcos utilizados foram os de secção retangular com dimensão 0,025” X
0,021”.
Os modelos foram divididos em dois grupos:
Grupo Experimental G1 (sem DLC + imersão em soro fisiológico +
escovação + colutório) composto por 05 arcos de NiTi e 05 arcos de NiTi
termoativado.
Grupo Experimental G2: (com DLC +imersão em soro fisiológico+
escovação + colutório) composto por 05 arcos de NiTi e 05 arcos de NiTi
termoativado.
O Grupo Controle, onde os modelos ficaram imersos em soro fisiológico sem
escovação, foi composto por 05 arcos de NiTi e 05 arcos de NiTi termoativado.
Estes modelos foram acondicionados em recipientes individuais e fechados,
contendo 120 ml de solução de soro fisiológico (cloreto de sódio a 0,9%)
conforme figura 24.
Figura 24 - Modelo acondicionado em recipiente com soro fisiológico
Os modelos foram colocados em um aquário de vidro contendo água a
aproximadamente 34º a 37 ºC simulando a cavidade oral como mostra a figura
25.
55
Figura 25 - Aquário com recipientes simulando meio bucal
Foi realizada a escovação manual dos arcos ortodônticos utilizando escova
Oral B 30 (macia) e uma pequena quantidade de creme dental Colgate Total 12
por um período de 15 minutos para cada arco. Após a escovação, os modelos
eram lavados em água destilada e imersos em colutório Cepacol por 05 minutos.
Posteriormente eram enxaguados com água destilada e novamente colocados em
seus respectivos recipientes contendo soro fisiológico.
Após 30 dias, as amostras foram retiradas dos potes e o líquido
encaminhado para realização de Espectroscopia de Absorção Atômica.
3.3.1 Espectrômetro de absorção atômica
Para análise de absorção atômica utilizou-se o Espectrômetro de Absorção
Atômica com atomização por Chama (Varian AA240Z) do Laboratório de
Análises Químicas, do Departamento de Materiais e Tecnologia, da Faculdade de
Engenharia Mecânica, do Campus de Guaratinguetá, UNESP, para avaliação da
quantidade de íons metálicos liberados dos arcos, com e sem filme de DLC.
56
3.4 ENSAIO DE FLEXÃO EM TRÊS PONTOS
O ensaio de flexão em três pontos foi realizado buscando-se avaliar a
influência do tratamento de superfície nas propriedades mecânicas dos fios
ortodônticos. Para isso, foram retiradas amostras da parte reta de secção
transversal dos fios ortodônticos retangulares (0,0215” x 0,025” ) de NiTi ( lote
2878023 ) e NiTi termoativados ( lote 2887001), com comprimento de 20 mm.
Foram divididos em dois grupos, sendo:
Grupo controle sem filme composto por 10 amostras de fios de NiTi e 10
amostras de NiTi termoativados.
Grupo experimental com filme composto por 10 amostras de fios de NiTi
e 10 amostras de NiTi termoativados.
Esses testes foram realizados em uma quina de ensaios mecânicos
(EMIC) Modelo DL 3000, com célula de carga de 20N pertencente ao
Departamento de Materiais da Escola de Engenharia de Lorena- USP. Foram
realizadas adaptações necessárias que podem ser observadas na figura 26. O
sistema construído consiste em um dispositivo de pequeno
porte
que utiliza
cargas menores que 20N, sendo possível o controle na velocidade de aplicação de
carga, tanto no carregamento quanto no descarregamento.
Figura 26- Equipamento EMIC, Modelo EE 050, com célula de carga de 20N
utilizado para o ensaio de flexão três pontos
57
Figura 27Detalhamento do sistema para teste de flexão em três pontos
O suporte de amostra foi fabricado em aço inoxidável e a distância entre
os apoios do fio nesse suporte é de 13 mm. As medidas de deflexões foram
obtidas utilizando-se um deflectômetro eletrônico da EMIC, modelo EE 050,
com objetivo de medir a deflexão máxima de até 3,1mm, conforme pode ser
observado na figura 27 e 28. O atuador consiste de uma haste com uma ponteira
em cunha feita de uma liga de titânio para minimizar seu peso.
Antes do início dos ensaios com os fios, o sistema foi calibrado com o
objetivo de verificar a influência da rigidez do deflectômetro nos resultados.
Atuador
Deflectômetro
Amostra
Suporte de
amostra
58
Figura 28 Vista superior do sistema para teste de flexão em três pontos em
amostras de fios de NiTi
Os ensaios de flexão em três pontos realizados nas amostras de NiTi são
mostrados nas figuras 29 ( a) e (b).
Figura 29 (a) e (b) - Ensaio de flexão em três pontos em amostras NiTi
Amostra
amostra
amostra
deflectômetro (a) (b)
59
Foi necessário fazer uma nova programação para que a aquisição de dados
do ensaio fosse feita também na etapa de descarregamento, além dos dados
obtidos no carregamento. Esse programa permite a entrada de dados da
geometria corpo de prova, distância entre apoios, velocidade do atuador, deflexão
final, etc.
Os corpos de prova constituídos de fios termoativados foram submetidos
ao ensaio de flexão, conforme metodologia estudada ADA n°32, conforme pode
ser observado na figura 30. Sendo assim, para os testes com os fios de NiTi
termoativado foi construída uma mara para simular a temperatura corporal.
Com este objetivo foi acoplada uma cuba de acrílico, com travas, e vedação em
silicone. A cuba de acrílico é transparente e permite uma boa visualização do
ensaio. O sistema foi testado e os resultados mostraram que após ajustar a
temperatura do conjunto em 37 °C ocorreu uma variação inferior a 1°C para um
intervalo de 10 minutos. Considerando que o tempo de um ensaio é inferior a 7
minutos pode se garantir que a temperatura ficou constante durante os ensaios,
por isso, não foi necessário utilizar um sistema de aquecimento auxiliar para
manter a temperatura constante.
Figura 30 Equipamento para o ensaio de flexão em três pontos para fios NiTi
termoativado com sistema de temperatura
60
Os ensaios de flexão em três pontos realizados nas amostras de NiTi
termoativadas são demonstradas nas figuras 31 (a) e (b).
Figura 31 - (a) Ensaio de flexão em três pontos realizada em amostra de NiTi
termoativada. (b) Detalhe do ensaio de flexão em três pontos em amostra NiTi
termoativada
Os dados de força e deflexão adquiridos durante os ensaios mecânicos de
flexão em três pontos foram traçados em forma de gráficos, conforme mostrado
na figura 32. Em cada ensaio foram registradas as forças, durante o
descarregamento, correspondentes às seguintes deflexões: 0,5, 1, 2 e 3 mm.
Figura 32 – Curva representativa do ensaio de flexão em três pontos
As formulações utilizadas na determinação das propriedades mecânicas
baseiam-se na teoria aplicada a vigas sujeita à flexão em três pontos,
considerando o material no regime elástico.
amostra
atuador
cuba
trava
Vedação de
silicone
amostra
(a)
(b)
amostra
61
O módulo de elasticidade (E) foi obtido empregando-se a equação:
Y
bh
PL
E
=
3
3
4
(1)
Em que:
P
é o incremento da carga aplicada;
L
é a distância entre apoios;
Y
é
o incremento de deflexão (flexa).
A tensão em flexão foi calculada usando a equação:
2
3
bh
PL
=
σ
(2)
A deformação foi obtida empregando-se a seguinte equação:
L
Yh
2
6
=
ε
(3)
Em que: ε é a deformação na superfície externa; Y é a deflexão máxima (ou
flexa).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste trabalho foram realizadas deposições de filme de a-C:H, sobre
amostras e também sobre arcos de NiTi superelástico e NiTi termoativado, com o
objetivo de inibir a liberação de íons metálicos. Os filmes foram depositados pela
técnica de deposição de vapor químico assistido por plasma PECVD,
utilizando-se radiofreqüência (13,56 MHz). Realizou-se a deposição do filme
com a proporção de 30% de acetileno e 70% de argônio, com pressão constante
igual a 10 Pa. Investigou-se o efeito da deposição deste filme sobre as amostras e
arcos por meio de ensaios de molhabilidade, perfilometria, Espectroscopia de
Raman,
Espectrofotometria de absorção atômica e Ensaio de flexão em três
pontos.
4.1. Caracterização dos filmes
4.1.1. Perfilometria
A partir da realização do ensaio de perfilometria foi possível medir a
espessura do filme de a-C:H, tomando-se a medida em seis pontos diferentes
sobre a mina de vidro, obtendo-se o valor médio equivalente a 228,25 nm e
288,25 nm para o NiTi e NiTi termoativado, respectivamente. Como a função do
filme era proteger as amostras do meio bucal a espessura foi considerada
satisfatória.
4.1.2. Espectroscopia Raman
Os espectros foram deconvoluídos segundo método proposto por
Robertson (2002), o qual consiste em fazer uma aproximação com número de
gaussianas iguais ao número de bandas associadas a ligações sp
3
e sp
2
,
respectivamente e, calcular a área relativa sob os picos (Fig. 33).
63
(a)
800 1000 1200 1400 1600 1800
-200
0
200
400
600
800
1000
R2 - 50W - 10Pa
30% C
2
H
2
+ 70% Ar
INTENSIDADE (u.a)
DESLOCAMENTO RAMAN (cm
-1
)
(b)
Figura 33- Espectro Raman obtido a partir de um filme de carbono amorfo
hidrogenado (a-C:H)
64
Para a liga NiTi a partir da análise do espectro verificou-se que os picos
deconvoluídos D e G se localizam nas zonas de 1357,9 cm
-1
e 1536,1 cm
-1
,
respectivamente. A aparição do pico D revela que uma desordem na estrutura
grafítica, portanto trata-se de um filme amorfo. Além disso, quanto mais larga a
linha do espectro Raman, mais amorfo o material se apresenta.
Da mesma forma o espectro obtido para o filme depositado sobre a liga
termicamente ativada apresentou as bandas D e G nas zonas de 1373,8 e 1545,2
cm
-1
, respectivamente. Na tabela 2 é possível verificar os valores obtidos para o
filme de a-C:H para os dois materiais estudados utilizando a potência de 50W.
Tabela 2 - Posição, largura e intensidade das bandas D e G do espectro do filme
a-C:H para os dois materiais avaliados
Potência (W)
50
Posição (cm
-
1
) Largura (cm
-
1
) Intensidade
Banda D Banda G
Banda D
Banda G Banda D
Banda G
NiTi 1357,9
1536,1 249,43 132,40 667,83
2501,7
NiTi termoativado 1373,8
1545,2 261,27 141,77 287,27
720,51
Para a liga NiTi a razão entre a intensidade das bandas (I
D
/I
G
) do espectro
do filme em função da potência foi equivalente a 0,26 e a taxa de deposição do
filme em relação a potência foi de 0,76 A/s [espessura do filme dividido pelo
tempo de deposição = (52,47 nm /300 s)]. Para a liga termicamente ativada a
razão entre a intensidade das bandas (I
D
/I
G
) do espectro do filme em função da
potência foi equivalente a 0,39 e a taxa de deposição do filme em relação à
potência foi de 0,96 A/s [espessura do filme dividido pelo tempo de deposição =
(52,47 nm /300 s)].
65
4.1.3. Medida do ângulo de contato e energia de superfície
Na tabela 3 é possível verificar os valores médios obtidos para o ângulo de
contato das amostras estudadas.
Como o mesmo tratamento foi empregado para todas as amostras os
valores do ângulo de contato foram bastante próximos. Superfícies que
apresentam ângulos próximos a 90º estão mais próximos de um caráter
hidrofóbico do que hidrofílico, sendo esta propriedade interessante para
aplicações onde não se deseja a adesão de placa bacteriana. Flint et al (2000)
verificaram que para amostras confeccionadas com aço inoxidável houve uma
maior adesão de bactérias para valores de ângulo de contato de aproximadamente
86º e menor para superfícies com ângulos de 64º.
Tabela 3 – Valores médios do ângulo de contato
Na figura 34 é possível observar o aspecto da gota durante a medida do
ângulo de contato.
Grupos avaliados Ângulo de contato
I
(fio de NiTi c/DLC)
75,59 ± 0,38
II
(fio de NiTi
termoativado c/ DLC)
77,31 ± 0,24
66
Figura 34 – Imagem da gota de água sobre o substrato com filme de a-C:H
4.2. ENSAIO DE ESCOVAÇÃO
Na figura 35 é possível observar os valores detectados para os íons níquel
presentes na solução após a escovação associada à imersão em soro fisiológico
por trinta dias. Os arcos do grupo controle ficaram apenas imersos em solução
salina não tendo sido submetidos è escovação.
Comparando-se os dois materiais avaliados observa-se graficamente que a
liberação de íons níquel foi maior no grupo da liga NiTi termicamente ativada
para as três condições avaliadas. No entanto, verifica-se que para os dois
materiais a presença de uma camada de DLC inibiu a liberação de íons níquel.
Kobayashi (2005)
67
Figura 35 – Liberação de íons níquel para as duas ligas avaliadas
4.3. ENSAIO DE FLEXÃO EM TRÊS PONTOS
4.3.1 Calibração do sistema de medidas
Antes de começar os testes de funcionalidade com os fios, foi realizada
uma aferição a fim de calibrar e verificar o efeito da rigidez do deflectômetro no
resultado dos testes. Foi realizado um ensaio, sem nenhum fio, tomando-se os
valores força- deflexão até uma amplitude de 3,1mm. O resultado está mostrado
na figura 36.
É possível observar um comportamento linear tanto no carregamento
quanto no descarregamento, obtendo-se uma constante linear de 0,118 N/mm
para calibração dos ensaios.
68
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Força (N)
Deflexمo (mm)
Figura 36– Curva força x deflexão de calibração obtida a partir do ensaio de
flexão empregando-se deflectômetro eletrônico da EMIC
4.3.2. Resultados dos ensaios de flexão
Na figura 37 é possível observar as curvas representativas de força x
deflexão para os fios superelásticos, nas duas condições avaliadas: com e sem
deposição de a:C-H. Observa-se que em ambos os casos o material apresentou o
laço de histerese não-linear característico do NiTi superelástico. O tratamento de
superfície deslocou levemente a curva do fio tratado para cima sem
comprometimento das propriedades superelásticas da liga.
A declividade da curva antes da transformação para martensita é constante
indicando que o material é completamente austenítico antes da formação da
martensita.
69
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Foa (N)
Defleo (mm)
Superelástico sem DLC
Superelástico com DLC
Figura 37 – Curva força x deflexão da liga NiTi com e sem tratamento de
superfície
A histerese das amostras de NiTi superelástico sem DLC e com DLC, foi
a mesma, verificando-se um aumento na tensão de ativação e desativação nas
amostras com DLC. A completa transformação em martensita ocorreu a 1667
MPa e 1796 MPa, para a amostra não tratada e tratada, respectivamente. Sui et al
(2006) observaram o mesmo comportamento para essas ligas após tratamento de
superfície por imersão a plasma e concluíram que essas diferenças não são
importantes para as aplicações a que esses materiais são destinados.
Para as amostras obtidas a partir de arcos de NiTi termoativados o
comportamento mecânico verificado foi bastante interessante, conforme pode ser
verificado na figura 38.
70
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Força (N)
Defleo (mm)
TERMO Sem MOD
TERMO Com MOD
Figura 38 Curva força x deflexão da liga NiTi termoativada com e sem
tratamento de superfície
Para ambas as condições o comportamento mecânico deste material foi
analisada, sendo que à temperatura de teste de 37 °C, os materiais encontram-se
inicialmente, antes de qualquer solicitação mecânica, na fase austenítica. No
entanto, isso não inibiu a formação da martensita induzida por tensão durante o
ensaio flexão, e as propriedades superelásticas do fio puderam ser observadas.
Além disso, houve um pequeno aumento da força no patamar superior (força de
ativação) para o fio com deposição, sendo que, no patamar inferior (região de
desativação) manteve-se praticamente igual ao fio sem tratamento, e isso
significa que a histerese é maior para o fio com deposição. Vale ressaltar que as
forças de desativação é que são responsáveis na correção dos dentes.
Após o tratamento de superfície a declividade correspondente ao módulo
de Young na região austenítica para o fio superelástico foi mais pronunciada não
sendo verificado esse comportamento previamente. A diferença verificada entre
os dois materiais (superelástico e termoativado) após tratamento deve-se a sua
71
composição química, pois as ligas termoativadas apresentam cobre em sua
composição levando a formação de uma fase intermediária romboedral
denonimada fase R.
A tabela 4 mostra os valores médios de força de desativação para
deflexões (mm) de 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5 e 3.0 mm, para os fios superelásticos
sem e com DLC e termoativados sem e com DLC.
Tabela 4 Valores das forças de desativação em função para diferentes níveis de
deflexão
MÉDIA DAS FORÇAS (N)
Deflexão (mm) 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
3.0
SUPER -S/DLC 3.1 ± 0.5 3.8 ± 0.5 4.4 ± 0.5 4.8 ± 0.5 5.7 ± 0.5 9.4 ± 0.2
SUPER -C/DLC 3.8± 0.2 4.5 ± 0.2 5.3 ± 0.4 5.7± 0.5 6.5 ± 0.2 10 ± 0,6
TERMO - S/DLC 2.0 ± 0.2 2.4 ± 0.2 2.7 ± 0.2 2.9 ± 0.2 3.6 ± 0.2 5.6± 0.1
TERMO - C/DLC 1.4 ± 0.4 2.0 ± 0.4 2.6 ± 0.4 3.0 ± 0.3 3.9 ± 0.2 8.5 ± 0.3
Observa-se que os fios termoativados antes do tratamento de superfície
apresentaram valores de ativação inferiores aos dos fios NiTi superelásticos. De
acordo com Gravina (2007) clinicamente esse comportamento é interessante uma
vez que quanto menores as cargas para se atingir os patamares constantes de
ativação, com cargas mais suaves e constantes as ativações ocorrem.
Após o tratamento de superfície o valor de ativação foi superior para os
fios superelásticos no início do patamar e superior em ambos os casos no final da
deformação. Sui et al. (2006) verificaram comportamentos semelhantes após
tratamento de superfície por imersão a plasma em fios superelásticos, no entanto,
contrariamente ao preconizado por Gravina (2007) esses autores acreditam que a
elevação nos valores de ativação não afetam o uso desses materiais.
Para obtenção dos valores de tensão e deformação correspondente ao
carregamento em flexão foi utilizada a teoria aplicada a vigas sujeita à flexão em
72
três pontos, considerando o material no regime elástico. O comportamento em
flexão, dado em termos de tensão x deformação, é mostrado nas figuras 39 e 40.
Para todos os materiais a deformação máxima foi de aproximadamente 6%. O
nível de tensão na fase de ativação em que a martensita começa a se formar
induzida por tensão difere quanto ao aspecto de ser superelástico ou
termoativado. Nos fios superelásticos essa tensão foi da ordem de 900 MPa,
enquanto que, para os fios termoativados a tensão foi de aproximadamente 700
MPa.
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Superelástico sem DLC
Superelástico com DLC
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
Figura 39 Curva tensão x deformação da liga NiTi superelástica com e
sem DLC
73
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Termoativado sem DLC
Termoativado com DLC
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
Figura 40 - Curva tensão x deformação da liga NiTi termoativada com e sem
DLC
A tabela 5 mostra os valores médios de tensões (MPa) para deflexões (mm)
de 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5 e 3.0 mm, para os fios superelásticos sem e com DLC e
termoativados sem e com DLC.
Tabela 5 Valores médios de tensões (MPa) em função para diferentes níveis de
deflexão
MÉDIA DAS TENSÕES (MPa)
Deflexão (mm) 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
3.0
SUPER -S/DLC
319 ± 51 391 ± 51 453 ± 51 494 ± 51 587 ± 51 968 ± 21
SUPER -C/DLC
391± 21 463 ± 31 546 ± 51 587 ± 51 669 ± 21 1030 ± 62
TERMO - S/DLC
206 ± 21 247± 21 278 ± 21 299 ± 21 371 ± 21 577± 10
TERMO - C/DLC
144 ± 41 206 ± 41 268 ± 41 309 ± 31 401 ± 21 875 ± 31
O patamar superior representa a tensão necessária para deformar o fio
(ativação) e o patamar inferior o descarregamento. A declividade inicial e final é
74
o módulo de Young das fases austenítica e martensítica, respectivamente. O
tratamento de superfície não alterou a declividade da região inicial do fio
superelástico, mantendo-se o valor do módulo de elasticidade em torno de 85
GPa. No entanto, o tratamento de superfície modificou a inclinação inicial da
curva tensão x deformação do fio termoativado, que significa um aumento do
módulo de elasticidade que apresentou um valor de 140 GPa.
5. CONCLUSÕES
Com a realização desta pesquisa, conclui-se que:
O emprego do tratamento de superfície com DLC propiciou menor liberação
de íons para os dois materiais estudados;
A espessura do filme de DLC para o NiTi superelástico e NiTi termoativado,
foi suficiente para inibir a liberação de íons quel protegendo as amostras do
meio bucal;
O tratamento de superfície foi mais efetivo para os materiais com
comportamento superelástico. As forças de desativação para os fios
superelásticos foram maiores que os termoativados, e os maiores valores
foram obtidos para o superelástico com tratamento de superfície;
A deposição do DLC promoveu aumento, tanto no carregamento quanto no
descarregamento, das forças e das propriedades mecânicas das amostras. O
tratamento de superfície alterou, mas não comprometeu as propriedades
superelásticas dos fios. Comparando-se os fios superelásticos com e sem
tratamento, verificou-se que naquele com tratamento de superfície, os
patamares de ativação e desativação foi ligeiramente deslocado para cima, ou
seja, teve um pequeno aumento de resistência à flexão. Para os temoativados,
o fio com tratamento mostrou essa elevação de resistência à flexão, com
maior destaque, apenas no patamar de ativação;
O nível de tensão em que a martensita começa a se formar induzida por
tensão difere quanto ao aspecto de ser superelástico ou termoativado.
Verificou-se que essa diferença foi de aproximadamente 200 MPa, ou seja,
nos fios superelásticos essa tensão foi da ordem de 900 MPa, enquanto que,
para os fios termoativados a tensão foi de aproximadamente 700 MPa;
O tratamento de superfície aumentou o módulo de elasticidade da fase
austenita do fio de NiTi termoativado;
76
A temperatura empregada na esterilização das amostras para deposição do
DLC afetou as propriedades das ligas termoativadas.
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modificação.
AMOSTRA 1
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
SUPER_S/MOD_1
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
AMOSTRA 2
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_2
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
88
AMOSTRA 3
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_3
Tensão (MPa)
Deformação (mm/m m)
AMOSTRA 4
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_4
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
89
AMOSTRA 5
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_5
Tensão (MPa)
Deform ação (m m/m m)
AMOSTRA 6
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_6
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
90
AMOSTRA 7
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_7
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 8
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_8
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
91
AMOSTRA 9
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_9
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
AMOSTRA 10
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_S/MOD_10
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
92
Curvas tensão X deformação das amostras de NiTi superelástico com
modificação
AMOSTRA 1
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_1
Teno (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 2
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_2
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
93
AMOSTRA 3
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_3
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
AMOSTRA 4
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_4
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
94
AMOSTRA 5
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_5
Tensão (MPa)
Deformação (mm/)mm
AMOSTRA 6
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_6
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
95
AMOSTRA 7
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_7
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
AMOSTRA 8
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_8
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
96
AMOSTRA 9
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_9
Deformão (mm/mm)
Tensão (MPa)
AMOSTRA 10
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
SUPER_C/MOD_DCL_10
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
97
Curvas tensão X deformação das amostras de NiTi termoativado sem
modificação.
AMOSTRA 1
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO _S.MOD_1
Tensão (MPa)
D eform ação (m m /m m )
AMOSTRA 2
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
TERMO_S/MOD_2
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
98
AMOSTRA 3
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
TERMO_S/MOD_3
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 4
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO_S/MOD_4
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
99
AMOSTRA 5
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO_S/MOD_5
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
AMOSTRA 6
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO_S/MOD_6
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
100
AMOSTRA 7
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO_S/MOD_7
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 8
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO_S/MOD_8
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
101
AMOSTRA 9
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO_S/MOD_9
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
AMOSTRA 10
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
TERMO_S/MOD_10
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
102
Curvas tensão X deformação das amostras de NiTi termoativado com
modificação
AMOSTRA 1
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_1
Tensão (MPa)
Deformação (mm/mm)
AMOSTRA 2
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_2
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
103
AMOSTRA 3
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_3
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 4
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_4
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
104
AMOSTRA 5
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_5
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 6
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_6
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
105
AMOSTRA 7
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_7
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 8
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_8
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
106
AMOSTRA 9
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_9
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
AMOSTRA 10
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
TERMO_C/MOD_DCL_10
Tensão (MPa)
Deformão (mm/mm)
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