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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE
MESTRADO EM SAÚDE BRASILEIRA
JOSÉ MAURÍCIO DA ROCHA
AVALIAÇÃO DAS CARGAS DE ADESÃO E DAS SUPERFÍCIES DO ESMALTE
DENTÁRIO APÓS A REMOÇÃO DE BRÁQUETES ORTODÔNTICOS
CERÂMICOS E METÁLICOS:
UMA VISÃO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
JUIZ DE FORA
2010
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José Maurício da Rocha
AVALIAÇÃO DAS CARGAS DE ADESÃO E DAS SUPERFÍCIES DO ESMALTE
DENTÁRIO APÓS A REMOÇÃO DE BRÁQUETES ORTODÔNTICOS
CERÂMICOS E METÁLICOS:
UMA VISÃO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde. Área de
Concentração em Saúde Brasileira, da
Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Juiz de Fora como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre
em Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Robert Willer Farinazzo Vitral
Co-Orientador: Prof. Dr. Marco Abdo Gravina
Juiz de Fora
2010
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Rocha, José Maurício da
Avaliação das cargas de adesão e das superfícies do esmalte
dentário após a remoção de bráquetes ortodônticos
cerâmicos e metálicos: uma visão por microscopia eletrônica /
José Maurício da Rocha. – 2010.
97 f.: il.
Dissertação (Mestrado em Saúde) – Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.
1. Resistência ao cisalhamento. 2. Ortodontia. I. Titulo.
CDU 620.176.2
José Maurício da Rocha
AVALIAÇÃO DAS CARGAS DE ADESÃO E DAS SUPERFÍCIES DO ESMALTE
DENTÁRIO APÓS A REMOÇÃO DE BRÁQUETES ORTODÔNTICOS
CERÂMICOS E METÁLICOS:
UMA VISÃO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde. Área de
Concentração em Saúde Brasileira, da
Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Juiz de Fora como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre
em Saúde.
Aprovada em __ de ___________ de 2010
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
Prof. Dr. Robert Willer Farinazzo Vitral
Universidade Federal de Juiz de Fora
_________________________________________________________
Prof. Dr. Marco Abdo Gravina
Universidade Federal de Juiz de Fora
_________________________________________________________
Profª. Dra. Cátia Cardoso Abdo Quintão
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Dedico
A você
Lêda, minha esposa amada e
companheira, obrigado pelo incentivo e
pelo amor que tanto me fazem sentir feliz,
me devolvendo o equilíbrio nos momentos
em que as dificuldades surgem. A você
meu eterno amor!
Aos meus
filhos, noras e netos que
torceram por mim e me ampararam nos
momentos mais sacrificantes desta etapa.
AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro lugar, pelo dom da vida, pelos ensinamentos diários, pelas
pessoas que colocou em meu caminho, por tudo o que me proporciona e pela
oportunidade de realizar meus sonhos, dando-me forças nos momentos mais
difíceis. Obrigado Senhor!
De forma muito especial
ao meu incansável orientador, Professor Doutor Robert
Willer Farinazzo Vitral
, que apesar das inúmeras responsabilidades sempre
esteve pronto, com carinho e vontade para orientar-me no que foi preciso com
tamanha maestria, que me conduziu durante o desenvolvimento dessa pesquisa.
Orgulho-me de tê-lo como exemplo de profissional e de ser humano. Obrigado por
tornar-me um Mestre na admirável arte da Ortodontia.
Ao meu co-orientador Professor Doutor Marco Abdo Gravina, agradeço o
carinho, a presteza, os ensinamentos científicos que sempre foram prontamente a
mim direcionados. Tê-lo ao meu lado foi imprescindível para a concretização deste
trabalho. Tenho o maior orgulho de ter sido co-orientado pelo profissional de
tamanho gabarito como o seu. Muito obrigado!
Ao Magnífico Reitor, Professor Doutor Henrique Duque de Miranda Chaves
Filho
, um agradecimento especial, pois é de conhecimento de todos a vossa luta
pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
À Coordenadora do Curso de Pós-Graduação, Professora Darcília Maria
Nagen da Costa, pelo carinho e pelas palavras sempre generosas, nos momentos
mais difíceis do curso.
Aos Professores do Curso de Mestrado em Saúde Brasileira, pelos
ensinamentos tão sabiamente a nós repassados.
Aos funcionários do Instituto Militar de Engenharia, Srs. Joel e Leonardo,
pelo trabalho no Laboratório de Ensaios Clínicos e no Laboratório de Microscopia
Eletrônica de Varredura do Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro.
Ao Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz
de Fora, Professor Doutor Antônio Mário Resende do Carmo, pelo apoio e
disponibilização das dependências daquela instituição para desenvolvimento de
minha pesquisa.
A todos os professores e amigos da Faculdade de Odontologia, que se
solidarizaram durante o desenvolvimento deste trabalho.
Aos meus queridos amigos Ângela, Jeanne Melandre, Márcio José da Silva
Campos, Nathália Fregúglia e Sérgio Luiz Mota Júnior, pelo grande apoio
na confecção deste estudo.
À minha secretária Denise, pela dedicação e carinho de sempre.
Por fim, mas não menos importante, aos meus pacientes, pelo carinho e
compreensão nos momentos em que não foi possível atendê-los prontamente.
A todos, minha eterna gratidão...
“Vivemos em constante estado de
transição, sempre procurando
aprender, desaprender e reaprender”.
(Fritjof Capa, A Teia da Vida)
RESUMO
Este estudo objetivou avaliar, in vitro, a resistência ao cisalhamento apresentada por
três marcas comerciais de bráquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e uma
marca de bráquete metálico, todos com retenção mecânica, verificando os índices
de resina remanescentes após os ensaios, e analisar, através da microscopia
eletrônica de varredura, as topografias superficiais do esmalte pós-descolagem,
detectando o desprendimento de partículas minerais do esmalte após a remoção
dos bráquetes. Foram utilizados 60 incisivos inferiores bovinos recém-extraídos. Os
bráquetes cerâmicos policristalinos (Allure
®
, InVu
®
e Clarity
®
) e metálico (Geneus
®
)
foram colados utilizando-se o adesivo Transbond XT
. Para os resultados referentes
ao cisalhamento, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, com nível de significância de
5%. O teste de Mann-Whtiney foi utilizado para comparar os diferentes tipos de
bráquetes aos pares, quanto aos índices de resina remanescentes. Para a análise
dos resultados referentes às composições químicas do esmalte aplicou-se o teste de
Brown-Forsythe com significância estatística ao nível de 5%. As comparações entre
os grupos foram realizadas utilizando os testes Post Hoc de Games-Hoewell. Não
foram observadas diferenças estatisticamente significativas, quanto as cargas de
cisalhamento, durante a descolagem dos bráquetes. Em relação ao IRA, quando
comparados aos pares, foi possível observar diferenças estatísticas entre os
bráquetes Clarity
®
e InVu
®
(p = 0,002), Allure
®
e InVu
®
(p = 0,006) e, Clarity
®
e
Geneus
®
(p = 0,0022). Foi confirmada a prevalência do escore “4”, com um
percentual de 40,4%. Em relação à topografia superficial do esmalte, o Geneus
®
foi
o único que não apresentou perda de tecido superficial. O Clarity
®
foi o mais afetado
em relação à topografia superficial e ao desprendimento de partículas minerais do
esmalte (íons Ca). O InVu
®
e o Clarity
®
apresentaram fraturas coesivas de 33,3% de
suas amostras e o Allure
®
de 50%, sendo o que mais apresentou fraturas durante a
remoção.
Palavras-chave: Resistência ao cisalhamento. Bráquetes ortodônticos. Esmalte
dentário. Microscopia eletrônica de varredura.
ABSTRACT
This study aimed at evaluating, in vitro, the shear bond strength shown by three
different brands of polycrystalline ceramic orthodontic brackets and a brand of
metallic orthodontic bracket, all with mechanical retention, by verifying the adhesive
remnant index after trials, and to analyze, by means of scanning electronic
microscopy, the superficial enamel topographies after debonding, detecting the
release of mineral particles of enamel after bracket removal. Sixty recently extracted
mandibular bovine incisors were used in this study. Polycrystalline ceramic brackets
(Allure
, InVu
, and Clarity
), and metallic brackets (Geneus
) were bonded with
Transbond XT
. For the results concerning the shear bond strength the Kruskal-
Wallis test was applied with a significance level of 5%. The Mann Whitney test was
performed to compare the different types of brackets by pair, in relation to the
adhesive remnant. For the analysis of the results concerning the chemical
composition of the enamel the Brown-Forsythe test was applied with a significance
level of 5%. Comparisons between the groups were analyzed using the Games-
Howell Post Hoc test. No statistically significant differences were observed in relation
to shear loads during bracket debonding. In relation to ARI, when the pairs are
compared, it was possible to observe statistically significant differences between
Clarity and InVu brackets (p = 0,002), Allure and InVu (p = 0.006), and Clarity and
Geneus (p = 0.0022). The prevalence of score “4” was confirmed with a percentile of
40.4%. In relation to the superficial enamel topography, the Geneus
bracket was the
only one which did not show loss of superficial tissue. Clarity
brackets was the most
affected in relation to superficial topography and to the release of mineral particles of
enamel (Ca ions). InVu
and Clarity
brackets showed cohesive fractures in 33.3% of
their samples and the Allure
in 50%, the latter being the one that presented most
fractures during removal.
Keywords: Shear bond strength. Polycrystalline ceramic brackets. Adhesive remnant
index. Scanning electronic microscopy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Dentes observados em estereomicroscópio. Em A, um dente com
as características consideradas aceitas para a colagem. Em B, um
dente impróprio para o estudo............................................................ 48
Figura 2 - Fotografia do aparelho estereomicroscópio do tipo Stemi 2000-C do
fabricante Zeiss, do Departamento de Física da Universidade
Federal de Juiz de Fora...................................................................... 49
Figura 3 - Fotografia da guia confeccionada com fio de aço retangular 0,21” X
0.27,5” posicionada no slot do bráquete............................................ 51
Figura 4 - Fotografia da máquina universal de ensaio EMIC modelo DL 2000
(Faculdade de Odontologia – UFJF)................................................... 52
Figura 5 - Fotografia do microscópio eletrônico (JEOL, modelo JSM-5800LV)
utilizado para microscopia eletrônica de varredura............................. 52
Figura 6 - Gráfico demontrativo do IRA dos grupos de bráquete com base nos
escores analisados.............................................................................. 55
Figura 7 -
Amostra do esmalte do grupo Geneus
..............................................
57
Figura 8 -
Amostra do esmalte do grupo Allure
.................................................
57
Figura 9 -
Amostra do esmalte do grupo In Vu
..................................................
58
Figura 10 -
Amostra do esmalte do grupo Clarity
................................................
58
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e número de
dentes referentes aos ensaios mecânicos de cisalhamento (MPa).......
.
54
Tabela 2 - Escores para avaliação do IRA nos grupos estudados.......................... 55
Tabela 3 - Diferenças dos pares de bráquetes analisados pelo IRA....................... 56
Tabela 4 - Resultados obtidos em EDS, referentes às composições químicas do
esmalte após a remoção dos bráquetes................................................. 60
Tabela 5 - Resultado do tratamento estatístico referente ao elemento químico
Ca...........................................................................................................
.
61
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
cm - Centímetros
EDS - Energy Dispersive Spectroscopy
g -Gramas
°C -Graus Celsius
IRA - Índice de resina remanescente
IME - Instituto Militar de Engenharia
- Marca Registrada
MPa - Megapascal
MEV - Microscopia eletrônica de varredura
mm - Milímetros
mm
2
- Milímetros quadrados
N - Newton
nº. - Número
Kgf - Quilograma força
Kgf/cm -
Quilograma força por centímetros
Kgf/cm
2
-Quilograma força por centímetros quadrados
X - Vezes
LISTA DE SÍMBOLOS
Ca - Cálcio
= - Igual
+ - Mais
- Mais ou menos
< - Menor que
% -Percentual
” -Polegadas
Si - Silício
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 14
2
REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................
2.1 Trabalhos que avaliaram diferentes tipos de materiais de colagem......
2.2 Trabalhos que compararam diferentes tipos de bráquetes....................
2.3 Trabalhos que avaliaram diferentes métodos de descolagem...............
2.4 Trabalhos que avaliaram outras variáveis................................................
18
18
35
38
42
3
PROPOSIÇÃO.................................................................................................... 47
4
METODOLOGIA................................................................................................. 48
5
RESULTADOS.................................................................................................... 54
6
DISCUSSÃO....................................................................................................... 62
7
CONCLUSÃO..................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 66
APÊNDICES............................................................................................................ 72
14
1 INTRODUÇÃO
A exigência por tratamentos ortodônticos estéticos, principalmente por
parte dos pacientes adultos, culminou com o desenvolvimento dos primeiros
bráquetes cerâmicos na Ortodontia no final da década de 80. A partir de então vêm
sendo desenvolvidas novas tecnologias para manufatura dos bráquetes estéticos.
(KARAMOUZOS; ATHANASIOU; APADOPOULOS, 1997).
Os bráquetes cerâmicos podem ser policristalinos e monocristalinos,
sendo que a diferença está no processo de fabricação. Os bráquetes policristalinos
são produzidos pela precipitação de partículas de óxido de alumínio, combinadas
com um aglutinador, trabalhados e aquecidos para remover as imperfeições da
superfície e o estresse causado pelo processo de corte. Este processo de
manufatura pode produzir falhas estruturais nos acessórios. Os bráquetes
monocristalinos são feitos por um processo inteiramente diferente. Cristais únicos,
feitos de safira, envolvem a combinação das partículas de óxido de alumínio com um
aglutinador a 2100°C (OMANA; MOORE; BAGBY, 1992 VICENTE et al., 2006). Esta
massa é resfriada vagarosamente permitindo assim um cuidadoso controle da
cristalização. Esse material é adquirido pelos fabricantes e então recortado no
tamanho e formato dos bráquetes, por meio de técnicas de corte ultrassônico,
diamantado ou a combinação das duas. Após o corte, os cristais de safira são,
novamente, aquecidos para remover as imperfeições nas superfícies e para aliviar o
estresse produzido pelos procedimentos de corte. Desta maneira, a estrutura
cristalina do bráquete monocristalino é mais pura do que a do policristalino,
reduzindo assim as falhas estruturais, porém, elevando os custos de fabricação
(BIGARELLA, 2005; OMANA; MOORE; BAGBY, 1992; SWARTZ, 1988).
As cerâmicas são uma ampla classe de materiais que incluem pedras
preciosas, vidros, argilas, misturas de compostos cerâmicos e óxidos metálicos. Na
sua essência, a cerâmica não é nem metálica nem polimérica, sendo reconhecidas
pela sua dureza e pela sua resistência às altas temperaturas e à degradação
química, porém muito frágeis. Os metais podem se deformar consideravelmente sem
fraturar-se, mesmo na presença de impurezas, o que não acontece com as
cerâmicas, pois quando o estresse alcança níveis críticos, as ligações interatômicas
15
se rompem e ocorre a fratura, o que é chamado de “friabilidade” (OMANA; MOORE;
BAGBY, 1992; SWARTZ, 1988).
Para se desenhar bráquetes cerâmicos são utilizadas análises de
computadores e engenharia para analisar os níveis e a distribuição de estresse. Os
novos bráquetes cerâmicos que estão sendo produzidos oferecem propriedades
ópticas excelentes e a promessa de aparência estética adicional sem
comprometimento funcional significante. Eles ainda não são tão resistentes ou
duráveis como os de aço inoxidável, e as cerâmicas sempre serão quebradiças por
natureza. Apenas um modelo melhor, a pureza e a ausência de falhas na fabricação
podem superar a fragilidade inerente e maximizar as propriedades físicas das
cerâmicas (BIGARELLA, 2005).
A introdução do ataque ácido ao esmalte dentário por Buonocore (1955)
tornou a colagem de bráquetes uma rotina na terapia ortodôntica com aparelho
fixo. O pesquisador
propôs que a superfície do esmalte poderia ser alterada por
ácidos, para se tornar mais receptiva à adesão. Inicialmente, ele descobriu que a
resina acrílica poderia ser aderida ao esmalte, condicionando-se sua superfície com
ácido fosfórico a 85% por 30 segundos. Segundo o autor, isto poderia ser resultado
da exposição da estrutura orgânica do esmalte, com formação de novas substâncias
precipitadas sobre sua superfície e com a remoção do esmalte antigo e inerte e
exposição do esmalte fresco e reativo; o que aumentaria a permeabilidade da
superfície do mesmo, permitindo um contato mais íntimo entre a resina e o esmalte.
A técnica consistiu em efetuar previamente a profilaxia do esmalte e com o mesmo
já limpo, seco e isolado da saliva, em se aplicar o ácido sobre sua superfície. Vários
materiais foram desenvolvidos com essa finalidade. As resinas compostas tornaram-
se o principal material de colagem, devido as suas propriedades adesivas.
(FERNANDES, 2008).
Quando um bráquete é removido, a ruptura na união pode ocorrer na interface
bráquete/adesivo (adesiva), adesivo/esmalte (adesiva), na camada adesiva
(coesiva) e pode ser mista (adesiva e coesiva). Quando ocorre a quebra na interface
adesivo/esmalte, há maior risco de fragmentos de esmalte serem removidos
juntamente com a base dos bráquetes. Portanto, o ortodontista deve se preocupar
em utilizar a técnica que promova o deslocamento na interface bráquete/adesivo,
prevenindo danos à estrutura dentária (BENNETT; SHEN; WALDRON, 1984;
16
BUONOCORE, 1955; KATONA, 1997; NEWMAN, 1971; REED; SHIVAPUJA, 1991;
ZACHRISSON, 1996).
Devido à grande dificuldade em se obter dentes humanos extraídos, para
pesquisas odontológicas, torna-se necessário obter-se um substituto com as
mesmas características físicas. Como os dentes dos mamíferos são semelhantes,
pesquisadores têm utilizado dentes oriundos de bovinos, ovinos, eqüinos ou suínos
para conseguir quantidade de material suficiente e padronizado para seus estudos.
Os dentes humanos são morfológica e histologicamente semelhantes aos dentes de
outros mamíferos, entretanto o tamanho e a disponibilidade fazem dos incisivos
bovinos uma preferência para as pesquisas odontológicas (CAMPOS; CAMPOS;
VITRAL, 2008).
O teste de cisalhamento é um dos mais simples e amplamente utilizados
para a determinação da resistência de adesão à colagem de bráquetes ortodônticos
(FERNANDES, 2008). Neste teste, a união é rompida por uma força aplicada
paralelamente à interface adesiva. Dessa forma, pela divisão da força aplica pela
área adesiva total obter-se-á a resistência de união induzida pela tensão de
cisalhamento. O teste pode ser realizado por meio de uma haste metálica ou uma
alça de fio de aço, justapostas o mais próximo possível da interface adesiva
(GARCIA et al., 2002). A fratura se inicia no ponto onde a haste aplica uma força
normal e, portanto, a fratura nem sempre ocorre no ponto mais fraco (WATANABE;
NAKABAYASHI, 1994).
A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é utilizada em várias áreas
do conhecimento e o uso desta técnica vem se tornando mais freqüente por fornecer
informações de detalhe, com aumentos de até 300.000 vezes. A imagem eletrônica
de varredura é formada pela incidência de um feixe de elétrons, sob condições de
vácuo. Ao microscópio eletrônico pode ser acoplado o sistema de Energy Dispersive
Spectroscopy (EDS), o qual possibilita a determinação da composição qualitativa e
semiquantitativa das amostras, a partir da emissão de raios X característicos. O
limite de detecção é da ordem de 1%, mas pode variar de acordo com as
especificações utilizadas durante a análise, como o tempo de contagem, por
exemplo. Uma das vantagens da utilização da MEV com sistema EDS é a rapidez e
facilidade na preparação das amostras, que dependem dos objetivos da pesquisa.
Os minerais não condutores de corrente elétrica, para serem analisados por MEV
17
com sistema de microanálise EDS devem ser previamente metalizados (DUARTE et
al., 2003).
A realização de estudos in vivo pode apresentar muitas variáveis, o que
pode ser minimizado a partir do desenvolvimento de protocolos de pesquisa in vitro,
padronizando os procedimentos e limitando ao máximo as variáveis envolvidas.
Dessa forma, os resultados seriam mais representativos e passíveis de comparação.
Mediante ao exposto, este estudo objetivou avaliar, in vitro, a resistência
ao cisalhamento apresentada por três marcas comerciais de bráquetes ortodônticos
cerâmicos policristalinos e uma marca de bráquete ortodôntico metálico, avaliando
os índices de resina remanescentes (IRA) e analisando, através da microscopia
eletrônica de varredura, as topografias superficiais do esmalte após a descolagem
dos bráquetes, detectando o desprendimento de partículas minerais do esmalte
após a remoção dos mesmos.
18
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Trabalhos que avaliaram diferentes tipos de materiais de colagem
Maskeroni, Meyers e Lorton (1990) compararam in vitro a força de
cisalhamento de adesão a partir de três diferentes preparações de superfície de
esmalte: 1) condicionamento com ácido fosfórico a 37%; 2) condicionamento com
ácido poliacrílico sulfatado com remoção de cristais com enxágue vigoroso e; 3)
condicionamento com ácido poliacrílico com crescimento cristal. Quarenta dentes
pré-molares humanos extraídos foram divididos em quatro grupos (n = 10), sendo
que nos três primeiros foram utilizados bráquetes cerâmicos com diferentes tipos de
condicionamento e no quarto grupo foram utilizados bráquetes metálicos para
colagem em esmalte previamente condicionado com ácido fosfórico. O mesmo
cimento resinoso fotopolimerizável foi utilizado para todos os grupos. Os resultados
demonstraram que a força de cisalhamento necessária para descolar os bráquetes
cerâmicos foi 21% maior que aquela obtida para os bráquetes metálicos. O grupo
condicionado com ácido poliacrílico com crescimento cristal teve valores para a força
de cisalhamento aproximadamente 50% superior do que o grupo de
condicionamento com ácido fosfórico quando utilizados os bráquetes cerâmicos. À
MEV, as falhas de adesão no grupo de condicionamento com ácido fosfórico foram
na interface do bráquete/resina com maior percentual de resina permanecendo ao
dente quando comparados com o grupo condicionado com ácido poliacrílico no qual
a falha de adesão localizou-se, preferencialmente, na interface resina/esmalte. As
fraturas do esmalte não foram encontradas quando dentes saudáveis e sem
restaurações foram sujeitos a força de cisalhamento. No teste preliminar utilizando o
condicionamento com ácido fosfórico em dentes com esmalte comprometido
(grandes restaurações envolvendo três ou mais superfícies), 50% dos dentes
exibiram fraturas de esmalte durante a remoção de acessório. O estudo demonstrou
que o condicionamento com ácido poliacrílico na superfície do esmalte produziu
diferentes superfícies de retenção, dependendo da presença ou ausência de
crescimento cristal.
19
Garcia-Godoy e Martin (1995) compararam as forças de cisalhamento e a
morfologia da superfície do esmalte após a remoção de acessórios cerâmicos
policristalinos (Transcend 2000
®
) colados com resina fotopolimerizável
(Transbond
®
), sem condicionamento do esmalte ou com condicionamento do mesmo
por 15 segundos com ácido fosfórico a 10% e 37% ou com ácido malêico a 10%.
Quarenta pré-molares humanos sem cáries foram utilizados e divididos
aleatoriamente em quatro grupos de 10: grupo I – sem condicionamento do esmalte;
grupo II – condicionamento do esmalte por 15 segundos de ácido fosfórico a 37%;
grupo III – condicionamento do esmalte por 15 segundos com ácido fosfórico a 10%
e; grupo IV – condicionamento do esmalte por 15 segundos com de ácido malêico a
10%. Os bráquetes foram colados às superfícies do esmalte condicionado de acordo
com as instruções preconizadas pelo fabricante. Todos os dentes foram
armazenados em água destilada por 24 horas e após esse período termociclados
por 300 ciclos entre 5ºC e 55ºC. Os corpos de prova foram montados em gesso
especial e submetidos aos ensaios em máquina Instron em uma velocidade de
ensaio de 0.5 mm/minuto. Imediatamente após a remoção dos acessórios, a
superfície do esmalte e a interface do bráquete/esmalte foram avaliadas visualmente
e com estereomicroscópio. Amostras foram então examinadas a partir de MEV e
foram aplicados os testes ANOVA e t Student-Newman-Keuls. Os resultados (em
MPa) foram: grupo I: 11.83 (+3.9); grupo II: 28.80 (+12.6); grupo III: 26.25 (+5.3);
grupo IV: 18.06 (+6.9). Os grupos II e III apresentaram diferenças estatisticamente
significativas (p < 0.01) em relação aos grupos I e IV. O grupos II e III e os o grupos I
e IV não foram estatisticamente diferentes. Durante a remoção dos acessórios a
falha de adesão ocorreu principalmente na interface bráquete/resina em todos os
grupos, exceto o grupo II que exibiu duas amostras com falhas coesivas do esmalte
e duas fraturas dos bráquetes. A avaliação pela MEV revelou que após remoção dos
acessórios, o grupo condicionado com ácido fosfórico a 37% tinha a superfície mais
resistente e foi o único grupo que apresentou fraturas do esmalte. A descolagem dos
bráquetes no esmalte sem condicionamento e no esmalte condicionado com ácido
fosfórico a 10% deve ser clinicamente investigada utilizando os produtos testados.
Bishara et al. (1999b) determinaram a resistência ao cisalhamento de
bráquetes ortodônticos colados aos dentes de acordo com três protocolos: grupo 1 –
condicionamento com ácido fosfórico 37% e colagem com Transbond XT
®
; grupo II –
condicionamento com primer ácido Clearfil Liner Bond 2
®
e colagem com Transbond
20
XT
®
; grupo III – condicionamento do dente com ácido poliacrílico 20% e colagem
com ionômero de vidro Fuji Ortho LC
®
. As amostras foram armazenadas em água
deionizada a 37°C, por 48 horas e submetidas ao ensaio de resistência ao
cisalhamento a uma velocidade de 0,5 mm/minuto. Os dados foram submetidos à
análise de variância e ao teste de Ducan e mostraram que o grupo formado por
ácido fosfórico/compósito proporcionou maior resistência da colagem ao
cisalhamento (10,4 MPa), valor significantemente maior que os grupos III (6,5 MPa)
e II (2,8 MPa).
Meehan, Foley e Mamandras (1999) utilizaram 200 pré-molares com a
finalidade de comparar a resistência ao cisalhamento da colagem de dois cimentos
de ionômero de vidro fotopolimerizáveis (Ultra Band Lok
®
e
Fuji Ortho LC
®
) e um
compósito resinoso (Transbond XT
®
). Os dentes foram divididos em cinco grupos e
todos receberam profilaxia com pedra-pomes e água. No grupo I foi utilizado o
condicionador Reliance
®
em superfície seca e em seguida os bráquetes foram
colados com o cimento de ionômero de vidro Ultra Band Lok
®
; no grupo II foram
utilizados os mesmo produtos, porém em ambiente úmido; no grupo III, as colagens
foram feitas em ambiente úmido com Fuji Ortho LC
®
,
sem condicionamento do
esmalte; no grupo IV as superfícies de esmalte foram condicionadas com ácido
poliacrílico a 10% por 20 segundos, lavadas, mantidas umedecidas e as colagens
realizadas também com Fuji Ortho LC
®
; no grupo V, o esmalte foi condicionado com
ácido fosfórico a 37% por 60 segundos, lavado, seco e as colagens feitas com
compósito Transbond XT
®
. Os valores médios de resistência encontrados para os
cinco grupos foram: grupo I – 11,36 MPa; grupo II – 10,03 MPa; grupo III – 3,21
MPa; grupo IV – 7,68 MPa e grupo V – 11,23 MPa. Os grupos I, II e V obtiveram os
maiores valores de resistência sendo estatisticamente superiores aos grupos III e IV;
o cimento de ionômero de vidro Fuji Ortho LC
®
deve ser usado em dentes
condicionados com ácido poliacrílico para aumentar a resistência adesiva; o
Fuji
Ortho LC
®
utilizado sem prévio condicionamento ácido mostrou-se inadequado para
uso clínico; o Fuji Ortho LC
®
utilizado sem condicionamento, Ultra Band Lok
®
em
superfícies contaminadas e o Transbond XT
®
obtiveram valores médios do IRA
inferiores, indicando fratura na interface esmalte/adesivo, enquanto o Ultra Band
Lok
®
e Fuji Ortho LC
®
em superfícies, inicialmente secas e condicionadas e,
posteriormente mantidas umedecidas, antes das colagens, apresentam valores
superiores para o IRA, com fraturas na interface bráquete/adesivo.
21
Santos et al. (2000) avaliou a capacidade de retenção, por meio de forças
de tração, de bráquetes metálicos com malha na base (Abzil-Lancer
), de bráquetes
metálicos com sulcos retentivos na base (Dyna-Lock
) e de bráquetes cerâmicos
policristalinos (Clarity
) de segunda geração, colados em pré-molares humanos com
o cimento resinoso fotopolimerizável Transbond XT
associado ao agente adesivo
hidrófilo Transbond MIP
ou com o cimento de ionômero de vidro modificado
fotopolimerizável Fuji Ortho LC
, ambos em ambiente úmido, comparando os
resultados com o cimento resinoso quimicamente ativado Concise Ortodôntico
(controle), em ambiente seco. O IRA presente foi observado por MEV. Os bráquetes
Abzil-Lancer
, colados com Concise Ortodôntico
, em ambiente seco, ou com o
Transbond XT
associado ao Transbond MIP
, em ambiente úmido, mostraram
capacidade de retenção estatisticamente superior quando comparados aos
bráquetes Clarity
e aos bráquetes Dyna-Lock
, colados com os mesmos adesivos,
sem diferenças entre si. O cimento ionomérico fotopolimerizável Fuji Ortho LC
,
proporcionou capacidade de retenção precária para os três tipos de bráquetes. O
IRA foi mais baixo para os bráquetes Abzil-Lancer
colados com os três adesivos,
com maior incidência de falhas na interface esmalte/adesivo. Da mesma forma, os
três tipos de bráquetes colados com o Fuji Ortho LC
, exibiram percentuais de
fratura na interface adesivo/esmalte, associado a valores baixos para o IRA. O IRA
foi elevado, com maior freqüência de falhas na interface bráquete/adesivo, para os
bráquetes Clarity
e Dyna-Lock
colados com o adesivo Concise
ou com o
Transbond XT
associado ao Transbond MIP
. Houve somente um caso de fratura
do esmalte com um bráquete metálico Abzil-Lancer
colado com o Fuji Ortho LC
.
Gonçalves, Mandetta e Santos et al. (2000) compararam, in vitro, a
resistência à tração de bráquetes colados com compósitos fotopolimerizáveis, em
superfícies condicionadas e secas e condicionadas e úmidas, de acordo com a
técnica indicada por seus fabricantes. Em superfícies condicionadas e secas, foram
utilizados os materiais Fill Magic Ortodôntico
e o Transbond XT
. Em superfícies
condicionadas e úmidas, utilizou-se o Transbond XT
associado ao agente adesivo
hidrófilo Transbond MIP
. Também foi determinado o IRA. Foram utilizados 45 pré-
molares humanos, divididos em três grupos (n = 15). O grupo I foi composto por
superfícies dentárias condicionadas e secas, coladas com o Transbond XT
de
22
maneira convencional; o grupo II foi composto por superfícies dentárias
condicionadas e úmidas, coladas com o Transbond XT
em associação ao agente
adesivo hidrófilo Transbond MIP
e o grupo III foi composto por superfícies dentárias
condicionadas e secas, coladas com o Fill Magic
, sem a utilização de agente de
união. Os bráquetes foram colados nos dentes e posteriormente armazenados a
37ºC, por uma semana. A seguir foram submetidos a 700 ciclos térmicos (5ºC e
55ºC) e armazenadas a 37ºC em 100% de umidade relativa. Em seguida, as
amostras foram submetidas ao ensaio de resistência à tração em uma máquina de
ensaios mecânicos Instron, com velocidade de 0,5 mm/minuto. Os dados foram
submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey e mostraram que os valores
médios de resistência adesiva foram: grupo I = 9,89 MPa; grupo II = 12,37 MPa; e
GC = 5,64 MPa. O grupo formado pelo Transbond MIP
juntamente com Transbond
XT
foi estatisticamente superior aos demais. O grupo do Transbond XT
convencional foi estatisticamente superior ao Fill Magic
. Com os bráquetes colados
com o compósito Transbond XT
associado ao agente adesivo hidrófilo Transbond
MIP
em presença de umidade e, com os bráquetes colados com o compósito
Transbond XT
, associado ao agente adesivo Transbond XT
, em superfícies secas,
ocorreram falhas coesivas nos materiais, evidenciadas pelo IRA. Os autores
concluíram que, nos bráquetes colados com o compósito fotoativado Fill Magic
ortodôntico, sem a utilização do agente de união e, em superfícies condicionadas e
secas, ocorreram falhas na interface bráquete/adesivo, indicadas pelo IRA.
Pinzan, Pinzan e Francisconi (2001) avaliaram, in vitro, bráquetes
metálicos colados ao esmalte úmido e seco, utilizando o compósito Transbond XT
associado aos adesivos Transbond MIP
e Transbond XT
. Foram utilizados 60 pré-
molares hígidos, divididos em três grupos: grupo I) Transbond XT
+ Transbond
MIP
,em meio seco; grupo II) Transbond XT
+ Transbond MIP
, em meio úmido e;
grupo III) com Transbond XT
, de maneira convencional, em meio seco. Foram
mantidos constantes o tempo de condicionamento ácido, de lavagem e de secagem.
Após a colagem os corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de cisalhamento.
Os resultados foram analisados estatisticamente utilizando-se a análise de variância.
Concluíram que os grupos I, II e III apresentaram valores de resistência adesiva,
clinicamente aceitáveis; contudo o grupo II apresentou menor incidência de falhas,
comportando-se melhor.
23
David et al. (2002) realizaram um experimento com a finalidade de
comparar a resistência adesiva de bráquetes colados com um cimento de ionômero
de vidro modificado com resina (Fuji Ortho LC
), um compósito com liberação de
flúor (Advance
) e um compósito convencional (Transbond XT
). Avaliaram também
os IRA, quantificaram o tempo requerido para remoção dos resíduos de material e
avaliaram os dois métodos qualitativos usados para a obtenção do IRA. Foram
utilizados 40 incisivos inferiores humanos que receberam em suas faces vestibulares
profilaxia com pedra-pomes e água e divididos em quatro grupos (n = 10). Grupo I)
colado com Transbond XT
, após condicionamento com ácido fosfórico a 37%;
grupo II) colado com Fuji Ortho LC
, após condicionamento com ácido poliacrílico
(20%) e a superfície mantida úmida; grupo III) colado com Fuji Ortho LC
em
superfícies sem condicionamento e umedecidas e; grupo IV) colado com o
compósito Advance
em superfície seca, com utilização do adesivo Probond
Primer
. Após a colagem dos bráquetes os corpos-de-prova foram armazenados em
água destilada por 24 horas em temperatura ambiente. Os dados foram submetidos
à Análise de Variância e ao teste de Duncan e mostraram que a média do IRA foi
diferente entre o grupo colado com Advance
e Fuji Ortho LC
com esmalte
condicionado, deixando menor quantidade de resina remanescente que o Fuji Ortho
LC
em esmalte não condicionado; o Transbond XT
obteve valores intermediários
do IRA, superiores aos obtidos com a utilização do Advance
e do Fuji Ortho LC
em esmalte condicionado. Os valores encontrados pelas duas análises, quanto à
interpretação do IRA, variaram entre 0-5 e 0-6, e foram avaliados por dois
examinadores independentes. Advance
e Fuji Ortho LC
com condicionamento
ácido apresentaram menor quantidade de remanescente adesivo que o Fuji Ortho
LC sem condicionamento, demonstrando maior possibilidade de causar danos ao
esmalte dental do que o Transbond XT
. Todavia, o Fuji Ortho LC
sem
condicionamento ácido e o Transbond XT
necessitaram de um tempo maior para
limpeza da superfície dental após a descolagem.
Tortamano et al. (2002) compararam a resistência à tração de diferentes
cimentos utilizados na colagem de bráquetes ortodônticos metálicos (Abzil-Lancer
).
A amostra consistiu de seis grupos de 10 pré-molares humanos, sendo que todos
receberam profilaxia com pedra-pomes e água, antes da colagem. Os agentes
cimentantes e seus respectivos sistemas adesivos seguiram as especificações dos
24
fabricantes. No grupo I (controle), os bráquetes foram cimentados com resina
composta ortodôntica Concise Ortodôntica
, quimicamente ativada, largamente
utilizada pelos ortodontistas; no grupo II, os bráquetes foram colados com o sistema
adesivo Transbond XT
, de maneira convencional; no grupo III, a resina Transbond
XT
®
foi associada ao agente hidrofílico de união Transbond MIP
®
; no grupo IV foi
utilizado o agente de união Single Bond
seguido da colagem com Z-100
; no grupo
V, foi utilizado o agente de união Solid Bond S
seguido da colagem com Durafill
;
e, no grupo VI, foi utilizado o cimento ionomérico Fuji Ortho LC
, de maneira
convencional. As amostras foram submetidas a 700 ciclos térmicos (5ºC e 55ºC) e
posteriormente ao ensaio de resistência à tração, em uma velocidade de 1,0
mm/minuto. Os dados foram submetidos à Análise de Variância e ao teste de Tukey
e mostraram que o Transbond XT
apresentou os melhores resultados adesivos
(12,73 MPa), seguido do Concise Ortodôntico
(11,06 MPa), Durafill
(9,90 MPa), Z-
100
(9,82 MPa), Transbond XT
associado Transbond MIP
(7,61 MPa) e Fuji
Ortho LC
(3,23 MPa). Não foram encontradas diferenças estatísticas significantes
entre os materiais Concise Ortodôntico
, Transbond XT
, Z-100
e Durafill
. O
cimento de ionômero de vidro Fuji Ortho LC
apresentou resistência de adesão
inferior aos outros materiais avaliados. As resinas compostas apresentaram cargas
adesivas compatíveis com a utilização clínica. A resina composta ortodôntica
fotopolimerizável Transbond XT
, quando utilizada com o adesivo Transbond XT
,
apresentou os melhores resultados, ao passo que, quando utilizada com o adesivo
Transbond MIP
(desenvolvido para ambiente úmido), apresentou resultados
inferiores, porém, clinicamente aceitáveis. As resinas compostas restauradoras
analisadas apresentaram propriedades mecânicas e de manipulação adequadas,
sendo uma alternativa viável para a cimentação de bráquetes ortodônticos
metálicos.
Buyukilmaz, Usumez e Karaman (2003) estudaram a eficácia de três
diferentes primers-ácidos Self-Etching Primer
sobre a resistência ao cisalhamento
da colagem de bráquetes metálicos e observaram os IRA após a descolagem.
Compararam estes materiais ao ácido fosfórico. No estudo foram utilizados 80 pré-
molares humanos divididos em quatro grupos (n = 20). No grupo controle, o esmalte
foi condicionado com ácido fosfórico a 37% e nos grupos experimentais, com os
primers-ácidos Clearfil SE Bond
®
, Etch & Prime
®
e Transbond Plus Self Etching
25
Primer
®
. Todos os bráquetes do estudo foram colados com Transbond XT
®
. Após a
colagem, as amostras foram armazenadas em água destilada a 37°C, por 14 horas e
submetidas ao ensaio de tração em uma máquina Instron, com uma velocidade de
0,5 mm/minuto. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de
Ducan obtendo valores médios de resistência de 16,0 MPa para o grupo de
Transbond Plus Self Etching Primer
®
; 13,1 MPa para o ácido fosfórico; 11,5 MPa
para o Clearfil SE Bond
®
e; 9,9 MPa para o Etch & Prime
®
. Quando foi avaliada a
quantidade de adesivo remanescente, após a descolagem, observaram que havia
mais adesivo residual aderido ao esmalte no grupo controle do que nos grupos
tratados com Clearfil SE Bond
®
e com Etch & Prime
®
. Os locais de falha e a
quantidade de resina residual aderida ao dente foram semelhantes entre o grupo
controle e o adesivo Transbond Plus Self Etching Primer
®
. Concluíram que o
Transbond Plus Self Etching Primer
®
foi efetivo, porém estudos clínicos futuros são
necessários para comprovar sua eficiência.
Cacciafesta et al. (2003) avaliaram a resistência adesiva ao ensaio
mecânico de cisalhamento e o IRA de bráquetes colados com um primer
convencional, um hidrófilo e um autocondicionante, sob sete diferentes condições de
esmalte. Foram utilizados 315 incisivos inferiores bovinos divididos em 21 grupos,
sendo sete grupos para cada tipo de material (Transbond XT
; Transbond MIP
e
Transbond Plus Self Etching Primer
). Os materiais foram avaliados em esmalte
seco; umedecido antes da aplicação do primer; umedecido após aplicação do
primer; umedecido antes e depois da aplicação e contaminado com saliva na mesma
ordem citada acima. Os grupos que avaliaram o Transbond XT
e o Transbond MIP
foram condicionados previamente com ácido fosfórico a 37%, por 30 segundos,
lavados e secos. Em todos os grupos, os bráquetes foram colados com o compósito
Transbond XT
. Após armazenagem em água destilada em temperatura ambiente
por 24 horas, as amostras foram submetidas ao ensaio mecânico de cisalhamento
em uma máquina Instron com velocidade de 1,0 mm/minuto. Os resultados foram
submetidos ao teste de Kruskal-Wallis e mostraram que: 1) as superfícies de
esmalte secas obtiveram os maiores valores de resistência com todos os materiais
analisados; 2) nas colagens realizadas em superfícies secas não houve diferença
estatística significante entre os tipos de primer; 3) na maioria das condições úmidas
e contaminadas, o Transbond Plus Self Etching Primer
obteve os maiores valores
26
de resistência adesiva; 4) o primer Transbond MIP
em esmalte seco produziu
maiores valores de resistência adesiva em relação ao esmalte umedecido e
contaminado; 5) entre os três primers avaliados o Transbond Plus Self Etching
Primer
foi o menos influenciado em termos de resistência adesiva; 6) entre o tipo
de fratura em esmalte umedecido ou contaminado com saliva não ocorreu diferença
estatística significante em todas as condições quando se utilizou o Transbond Plus
Self Etching Primer
; 7) entre os materiais Transbond XT
e Transbond MIP
ocorreram diferenças estatísticas, dependendo da condição do esmalte. Concluíram
que o Transbond Plus Self Etching Primer
pode ser usado com sucesso como
agente condicionador e primer na colagem de bráquetes em condições de esmalte
seco, úmido ou contaminado com saliva.
Gia, William e Taloumis (2003) avaliaram e compararam a resistência
adesiva, ao ensaio de cisalhamento, de bráquetes ortodônticos APC
, colados por
meio da técnica indireta, usando a resina de colagem indireta de preparação rápida,
com bráquetes colados pela técnica direta por um método convencional utilizando a
resina Transbond XT
. Foram utilizados 54 pré-molares divididos em dois grupos:
G1) composto de 27 dentes e com os bráquetes colados pela técnica indireta e o G2
composto de 27 dentes colados pela técnica direta. Os grupos foram submetidos ao
ensaio mecânico de cisalhamento e os dados analisados estatisticamente. Os
autores concluíram que: nenhuma diferença significante, na resistência adesiva ao
cisalhamento, foi detectada; não houve correlação entre resistência adesiva e
porcentagem de restos de resina adesiva que permaneceram nos bráquetes;
nenhuma diferença significante foi constatada comparando-se as técnicas
empregadas.
Kula, Nash e Purk (2003), com a finalidade de avaliar se o Transbond
MIP
possuía resistência adesiva igual ou superior ao Transbond XT
em condições
secas e úmidas, utilizou 40 pré-molares humanos divididos em quatro grupos (n =
10), nos quais foram colados bráquetes (Morelli
). Em todos os grupos, as
superfícies vestibulares receberam profilaxia e condicionamento do esmalte. No
grupo I, os bráquetes foram colados com o Transbond XT
de modo convencional
(em ambiente seco); no grupo II, utilizaram como primer o Transbond MIP
em
ambiente seco; no GIII, o Transbond XT
sobre umidade e; no grupo IV, novamente
com o Transbond MIP
também em esmalte úmido. Após armazenagem em
27
temperatura ambiente, as amostras foram submetidas ao ensaio de resistência ao
cisalhamento em uma máquina Instron com velocidade de 0,5 mm/minuto. Os dados
foram submetidos à Análise de Variância e ao teste de Tukey e mostraram valores
de resistência ao cisalhamento de 8,30 MPa; 7,53 MPa; 0,84 MPa; e, 7,94 MPa,
respectivamente para os grupos I, II, III e IV, respectivamente. Não foram
encontradas diferenças estatísticas significantes entre os grupos I, II e IV, os quais
foram estatisticamente superiores ao grupo III. Os autores concluíram que o
Transbond MIP
pode ser usado em locais com umidade, sendo necessário mais
estudos clínicos.
Lopes et al. (2003) comparam a resistência de união de bráquetes
metálicos (Morelli
®
) ao esmalte tratado com dois sistemas condicionantes:
Transbond Self-Etching Primer
®
e o tradicional ácido fosfórico a 35% (Scoth Bond
Etchant Gel
®
) Além disso, o padrão de condicionamento do esmalte foi analisado por
meio de MEV. Para o teste de resistência de união, 20 incisivos inferiores humanos
livres de cáries foram montados em resina acrílica autopolimerizável (Dencor
®
) e
divididos aleatoriamente em dois grupos (n = 10). No grupo teste, o esmalte foi
tratado com o sistema adesivo autocondicionante Transbond Self-Etching Primer
®
,
seguindo as recomendações do fabricante (aplicar por 3 segundos, deixar em
repouso por mais 12 segundos e, em seguida, secar com leve jato de ar). No grupo
controle, o ácido fosfórico a 3,5% (Scoth Bond Etchant Gel
®
) foi aplicado durante 15
segundos e lavado abundantemente com jato de ar/água. Para ambos os grupos, a
resina fotopolimerizável Transbond XT
®
foi utilizada para colocar os bráquetes.
Depois de 24 horas em água, os corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de
cisalhamento em máquina Instron 4444 (0,5 mm/minuto). Os dados de resistência de
união foram analisados com teste t Student. Na análise microscópica, seis amostras
de esmalte polido foram divididas aleatoriamente em dois grupos (n = 3). No grupo
teste, o esmalte foi tratado com Transbond Self-Etching Primer
®
, aplicado durante 3
segundos, deixado em repouso por mais 12 segundos e, em seguida, seco com leve
jato de ar. No grupo controle, o ácido fosfórico a 35% foi aplicado durante 15
segundos e lavado da mesma forma. Na resistência de união, as médias de força de
união foram 26,0 ± 7,4 MPa para o Transbond Self-Etching Primer
®
e 26,6 ± 7,1 para
o grupo controle (ácido fosfórico a 35%). Na MEV, o padrão de condicionamento do
esmalte com o Transbond Self-Etching Primer
®
foi similar ao do ácido fosfórico a
35%, usado como controle. A alta capacidade de desmineralização do sistema
28
autocondicionante Transbond Self-Etching Primer
®
propiciou adequada resistência
de união para colagem de bráquetes ortodônticos, apresentando média de
resistência de união similar à do condicionador ácido fosfórico a 35%.
Romano (2003) comparou a resistência ao cisalhamento de bráquetes
metálicos colados em 114 incisivos inferiores permanentes bovinos com o compósito
Transbond XT
em várias preparações de esmalte e avaliou, após o processo de
descolagem, o IRA. Após o preparo, os dentes foram divididos em oito grupos: G1 –
compósito Transbond XT
®
de maneira convencional; G2 – o esmalte foi seco e
aplicado o Transbond MIP
®
; G3 – o esmalte foi contaminado com saliva humana e
aplicado o Transbond MIP
®
; no G4 – o esmalte foi umedecido com água destilada e
em seguida aplicado o Transbond MIP
®
; no G5 – foi realizado condicionamento do
esmalte com ácido fosfórico a 37%, lavagem, secagem e aplicação do mesmo
primer dos G2, G3 e G4; nos G6, G7 e G8 – aplicou-se o Transbond Plus Self
Etching Primer
®
em esmalte seco, contaminado com saliva e umedecido com água
destilada, respectivamente. Em todos os grupos, os bráquetes foram colados com o
compósito Transbond XT
®
. Após 24 horas, os bráquetes foram submetidos ao
ensaio de resistência ao cisalhamento em máquina universal de ensaios Instron à
velocidade de 0,5 mm/minuto. Os valores médios (em MPa) de resistência adesiva
encontrados foram de 6.12 para o G1; 1.94 para o G2; 1.46 para o G3; 1.99 para o
G4; 8.14 para o G5; 10.01 para o G6; 7.75 para o G7 e; 8.91 para o G8. Entre os
grupos 1, 5, 6, 7 e 8 não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes
nos valores médios de resistência ao cisalhamento. Entretanto, foram
estatisticamente superiores aos grupos 2, 3 e 4, que não diferiram entre si. As
mesmas diferenças estatísticas foram observadas em relação aos valores do IRA.
Grubisa et al. (2004) avaliaram a resistência ao cisalhamento do
Transbond Plus Self-Etching Primer
utilizado previamente à colagem com
compósito Transbond XT
e compararam a outros dois grupos em que a superfície
do esmalte foi condicionada com ácido fosfórico a 37% e os bráquetes colados com
Transbond XT
e Enlight
. Os bráquetes foram colados em 214 dentes humanos,
divididos em três grupos: grupo I) Transbond Self Etching Primer
+ colagem com
Transbond XT
; grupo II) condicionamento com ácido fosfórico 37%, por 15
segundos + colagem com Transbond XT
e; grupo III) condicionamento com ácido
fosfórico 37% por 15 segundos + colagem com a resina Enlight
. As amostras foram
29
submetidas ao ensaio mecânico de cisalhamento em uma máquina Instron com
velocidade de 1,0 mm/minuto. Os dados foram submetidos à análise estatística e
mostraram que o grupo II (9,8 MPa) obteve o maior valor médio de resistência ao
cisalhamento sendo estatisticamente superior ao grupo I (7,5 MPa) e ao grupo III
(7,3 MPa). Entre os grupos I e III não foram encontradas diferenças estatísticas
significantes. Nesse mesmo estudo, 60 dentes da amostra foram colados em pré-
molares, por três diferentes pesquisadores (n = 20), utilizando-se as técnicas dos
grupos I e II. Diferenças estatisticamente significativas foram observadas. Os valores
médios obtidos usando o Transbond Self Etching Primer
não foram
estatisticamente significantes entre os três pesquisadores, mas diferenças
significativas foram encontradas entre os mesmos quando a técnica do
condicionamento do esmalte com ácido fosfórico foi utilizada.
Romano et al. (2005) avaliaram se a associação de diferentes materiais
com o Transbond Plus Self-Etching Primer
®
poderia alterar a resistência ao
cisalhamento de bráquetes metálicos ao esmalte. Para tanto, foram utilizados 40
pré-molares divididos aleatoriamente em quatro grupos. No grupo I (controle) foi
utilizado o Transbond XT
®
de forma convencional. Nos grupos II a IV, o Transbond
Plus Self-Etching Primer
®
foi associado às resinas fotoativadas (Transbond XT
®
e Z-
100
®
) e quimicamente ativada (Concise Ortodôntico
), respectivamente. Após a
adesão, os espécimes foram armazenados em água destilada a 37°C por 24 horas
e, somente após este período, foram testados em uma máquina de ensaios
universal com velocidade de 0,5 mm/min. As médias de resistência de união foram,
em MPa, 6,43; 4,61; 4,74 e 0,02 respectivamente para os grupos I, II, III e IV. O
grupo I foi estatisticamente superior aos outros grupos. Nenhuma diferença
estatisticamente significante foi encontrada entre os grupos II e III, embora ambos
grupos tenham sido estatisticamente inferiores ao grupo I. A avaliação do índice de
adesivo remanescente demonstrou que a maioria das falhas ocorreram entre a
interface bráquete e resina composta (grupos I e II) e na interface esmalte e resina
composta (grupos III e IV). Os autores concluíram que o baixo valor de resistência
de união no grupo IV foi devido à incompatibilidade química entre o adesivo
autocondicionante, que é altamente ácido, e a resina quimicamente ativada. Os
melhores resultados foram alcançados com o adesivo convencional hidrofóbico
Transbond XT
®
.
30
Sponchiado et al. (2005) avaliaram a resistência de união ao
cisalhamento de bráquetes metálicos colados ao esmalte dentário bovino, utilizando
um sistema adesivo convencional, composto de ácido fosfórico 37% + primer +
resina adesiva e de um sistema autocondicionante que combina ácido primer em
uma única solução, avaliados em ambiente seco e úmido (com água). Quarenta e
oito incisivos bovinos inferiores foram divididos em três grupos (n = 16): grupo I
(controle) – ácido fosfórico 37% + primer + resina Transbond XT
; grupo II –
Transbond Plus Self Etching Primer
em ambiente seco + resina Transbond XT
e;
grupo III – Transbond Plus Self Etching Primer
aplicado em ambiente úmido com
água + Transbond XT
. Efetuada a colagem, procedeu-se o ensaio mecânico em
uma máquina Instron, com velocidade de 1,0 mm/min. As médias da resistência
adesiva ao cisalhamento, em MPa, foram: grupo I = 9,29 MPa; grupo II = 10,57 e;
grupo III = 7,45. Os três grupos apresentaram resistência compatível com o uso
clínico. Não houve diferença estatisticamente significante entre o sistema adesivo
convencional e o autocondicionante em ambiente seco. Houve redução significativa
na resistência adesiva ao cisalhamento para o Transbond Plus Self Etching Primer
em ambiente úmido quando comparado ao ambiente seco. Concluíram que o
Transbond Plus Self Etching Primer
apresentou resistência de união ao esmalte
similar ao sistema adesivo convencional composto de ácido fosfórico 37% + primer,
sendo indicado para uso clínico na colagem de bráquetes ortodônticos.
Vicente et al. (2006) mediram a resistência adesiva, ao ensaio mecânico
de cisalhamento, de bráquetes colados ao esmalte dental com auxílio de dois
cimentos de ionômero de vidro Fuji Ortho LC
e GIC
e de um sistema resinoso
Transbond XT
, por meio de seis técnicas diferentes de condicionamento do
esmalte. Os resultados mostram que o sistema resinoso Transbond XT
proporcionou a maior resistência adesiva dos bráquetes ao esmalte, no geral
(esmalte seco e condicionado com ácido), sendo significativamente maior que todos
os outros valores, comprovando que o esmalte dental deve se apresentar seco
quando um sistema resinoso de colagem for utilizado.
Analisando-se o fato de que até o presente momento a união
bráquete/resina é conseguida mecânica e quimicamente, Mondelli e Freitas (2007)
avaliaram: 1) a resistência adesiva da interface resina/bráquete sob esforços de
cisalhamento, empregando três marcas comerciais de resina composta, Concise
31
Ortodôntico
(polimerização química), Transbond XT
(fotopolimerizada) e Filtek Z-
250
(fotopolimerizada); 2) o efeito do jateamento com óxido de alumínio, aplicado
na base do bráquete metálico sobre a resistência adesiva, associado ou não ao
sistema adesivo resinoso dentário e; 3) a eficiência da metodologia empregada para
avaliação da força de união da interface resina/bráquete. Para o estudo foi utilizado
o bráquete metálico da Abzil
, cuja área de colagem linear é de 12,5 mm
2
. Os testes
de cisalhamento foram realizados em máquina Universal Kratos
. De acordo com a
metodologia empregada e após a análise e discussão dos resultados obtidos, os
autores concluíram que: 1) as resinas compostas Concise Ortodôntico
, Transbond
XT
e Filtek Z-250
, quando aplicadas nas bases metálicas dos bráquetes Abzil
,
sem nenhum tratamento prévio (Grupos Controle), apresentaram valores similares
de resistência adesiva sob esforços de cisalhamento; 2) no tratamento que inclui
aplicação do adesivo específico + resina composta na base do bráquete, o Concise
Ortodôntico
e o Transbond XT
apresentaram resultados semelhantes quanto à
adesão resina/bráquete, sendo superiores, estatisticamente, aos apresentados pelo
compósito Filtek Z-250
; 3) o jateamento com óxido de alumínio na base do
bráquete foi mais efetivo, estatisticamente, para as resinas compostas Concise
Ortodôntico
e Transbond XT
do que para a resina Filtek Z-250
; 4) o tratamento
que incluiu jateamento com óxido de alumínio + adesivo específico + resina
composta na base do bráquete foi mais efetivo, estatisticamente, para os sistemas
Concise Ortodôntico
e Transbond XT
do que para o sistema Filtek Z-250
; 5) de
maneira geral, a ocorrência 12,5% de fraturas coesivas pode ser considerada
mínima, indicando que a metodologia empregada pode ser considerada confiável
para avaliar especificamente a força de união da interface resina/bráquete.
Vilchis, Hotta e Yamamoto (2007) observaram e compararam, através da
microscopia eletrônica de varredura, a interface esmalte/adesivo após a ruptura de
bráquetes, colados em esmalte condicionado com ácido fosfórico 37% e com
Transbond Plus Self Etching Primer
. Foram utilizados quatro pré-molares recém-
extraídos com finalidade ortodôntica. Os dentes foram limpos com taça de borracha
com pasta contendo fluoreto, lavados e secos. O esmalte de dois dentes foi
condicionado com ácido fosfórico a 37% durante 30 segundos, lavado e seco; o
esmalte dos outros dois dentes foi condicionado com Transbond Plus Self Etching
Primer
durante 5 segundos. Foi utilizada para a colagem a resina Transbond XT
,
32
colocada na base dos bráquetes de acordo com as orientações do fabricante. Após
a ruptura os corpos de prova foram observados em MEV. Os resultados mostraram
que o ácido fosfórico 37% produziu mais perda de esmalte que o Transbond Plus
Self Etching Primer
. Além disso, a interface esmalte/adesivo foi mais irregular
quando o esmalte foi condicionado com ácido fosfórico 37%. Os autores concluíram
que, além de provocar menor abrasão no esmalte, o Transbond Plus Self Etching
Primer
poderia ser usado clinicamente, objetivando-se um procedimento mais
conservador na colagem ortodôntica. Concluíram, ainda, que nas interfaces
observadas, o Transbond Plus Self Etching Primer
não causou dano significativo ao
esmalte dentário.
Fleischmann, Sobral e Habib (2008) avaliaram in vitro a resistência de
união de bráquetes metálicos Discovery
®
colados à superfície planificada de esmalte
de 20 incisivos bovinos, segundo duas metodologias: 1) adesivo fluído Clearfil
Protect Bond
®
(que apresenta um novo agente antimicrobiano em sua formulação) +
compósito Transbond XT
®
e 2) adesivo fluído Magic Bond
®
+ compósito Fill Magic
Ortodôntico
®
(controle). Os espécimes foram submetidos ao ensaio de cisalhamento
à velocidade de 1,0 mm/min. A força máxima de deslocamento do bráquete foi
convertida em MPa de acordo com a área de união. O IRA foi avaliado nos
bráquetes descolados. Os autores desenvolveram um dispositivo específico para a
colagem dos bráquetes, com os seguintes objetivos: reter os bráquetes e os corpos
de prova, eliminar inclinações e torques dos bráquetes durante a colagem, permitir
uma linha de adesivo com espessura uniforme e auxiliar a remoção dos excessos de
adesivo sem deslocamento do bráquete. Vinte incisivos bovinos permanentes
recentemente extraídos, com a face vestibular íntegra, foram devidamente limpos,
cortados no terço cervical da raiz e armazenados em solução aquosa de timol a
0,1%, sob refrigeração a 5°C. Previamente à colagem, realizou-se profilaxia com
água e pedra-pomes usando taça de borracha em baixa rotação por 10 segundos,
seguido por lavagem por 10 segundos e secagem suave com seringa tríplice. As
taças de borracha foram substituídas a cada 15 dentes. A superfície de esmalte foi
condicionada com ácido fosfórico gel a 37% (Magic Acid
®
) por 30 segundos, lavada
com spray (ar/água) por 10 segundos e seca com suave jato de ar durante
aproximadamente 3 segundos, a uma distância de 15 cm, de modo a não desidratar
o esmalte condicionado. Os compósitos e os adesivos fluidos foram mantidos sob
33
refrigeração a 5°C e retirados uma hora antes de sua utilização, para que atingissem
a temperatura ambiente. Após a colagem, os corpos-de-prova foram armazenados
em água destilada por 72 horas, em estufa a 37 ± 1ºC. Para a realização do ensaio
mecânico, foi utilizada uma máquina de ensaio universal Emic DL 20.000
®
, dotada
de uma ponta ativa em cinzel para execução de um movimento vertical descendente
a uma velocidade de 1,0 mm/minuto. A borda lateral de todos os bráquetes estava
voltada para cima, a fim de se evitar o contato do cinzel com as aletas dos
bráquetes. Os dados foram analisados pelo teste t de Student, ao nível de
significância de 5%. Para a avaliação do IRA, foi utilizado um estereoscópio modelo
STEMI 2000-C
®
, com magnificação de 10X, observando-se a superfície da base do
bráquete após a descolagem. Utilizaram uma modificação do índice de Artun e
Bergland (1984), sendo que a única modificação em relação ao IRA foi o sítio de
leitura, utilizando os seguintes escores: 0 – sem adesivo remanescente no bráquete;
1 – menos da metade de adesivo remanescente no bráquete; 2 – mais da metade de
adesivo remanescente no bráquete e; 3 – adesivo cobrindo toda a área do bráquete.
Foi observada a base do bráquete, em vez da estrutura dentária, por ser a base
facilmente visualizada devido ao seu contraste com o compósito. A resistência de
união do grupo I (Transbond XT
®
/Clearfil Protec Bond
®
) foi significativamente maior
(24,55 ± 2,25 MPa) que a do grupo II (10,2 ± 3,0 MPa) (Fill Magic
Ortodôntico
®
/Magic Bond
®
(p = 0,001). Quanto ao IRA, 100% dos bráquetes
apresentaram mais da metade das suas bases cobertas por compósito, com
prevalência das fraturas na interface esmalte/adesivo, sendo para o grupo I (escores
2 e 3 = 5 dentes) e para grupo II (escore 2 = 2 dentes e escore 3 = 8 dentes). Houve
diferença entre os dois grupos testados (P < 0,01, χ
2
15,85) e boa concordância
intra-examinador (Kappa = 0,79). Concluíram que os dois grupos mostraram-se
aplicáveis para a colagem de bráquetes ortodônticos, e o grupo com adesivo
modificado com agente antimicrobiano e flúor apresentou maior resistência de união
que o grupo com adesivo convencional.
Rosa, Pinto e Habib (2008) avaliaram a resistência ao cisalhamento da
colagem ortodôntica de um adesivo hidrofílico (Transbond MIP
), de um adesivo
autocondicionante (Transbond Self Etching Primer
) e sem uso de adesivo, em
superfícies de esmalte secas ou contaminadas por saliva. Sessenta incisivos
bovinos foram extraídos, limpos e armazenados em solução aquosa de timol a 0,1%
34
em temperatura ambiente até a realização do experimento. Foram utilizados
bráquetes metálicos Edgewise de incisivo central superior (slot 0,022"), colados com
compósito Transbond XT
. Foi utilizado um fotopolimerizador de luz fria (ULTRALED
XP
). Após a colagem, os corpos-de-prova foram armazenados a 37ºC em ambiente
úmido até a realização do teste de cisalhamento (máquina EMIC, velocidade de 1
mm/minuto). Os dados obtidos foram, em seguida, submetidos à análise estatística
(teste t de Student) para determinar se havia diferenças significativas presentes
entre os grupos testados. Entre os grupos sem contaminação salivar, os resultados
não indicaram diferença significativa entre o grupo sem adesivo e o grupo
Transbond SEP
, apesar deste último ter apresentado uma média de força de
cisalhamento maior (12,55 ± 3,072 MPa). Diferenças estatísticas, no entanto, foram
observadas entre o grupos sem adesivo e Transbond MIP
(p = 0,000) e entre os
grupos Transbond SEP
e Transbond MIP
(p = 0,001). Nos grupos com
contaminação salivar, diferença significativa foi encontrada na força de cisalhamento
entre os grupo sem adesivo e Transbond SEP
(p = 0,000). Nenhuma diferença
estatística foi observada entre os grupos sem adesivo e Transbond MIP
(p = 0,062)
e entre os grupos Transbond SEP
e Transbond MIP
(p = 0,352). Os autores
concluíram que: 1) a resistência ao cisalhamento de bráquetes colados em
superfícies de esmalte secas sem uso de adesivo foi satisfatória e não apresentou
diferença significativa em relação ao adesivo autocondicionante; 2) o adesivo
hidrofílico obteve valores maiores de força de cisalhamento em ambiente seco; 3) a
resistência ao cisalhamento da colagem em superfícies com presença de
contaminação salivar, sem uso de adesivo, resultou em uma resistência abaixo
daquela que a literatura mostra como mínima aceitável para aplicação ortodôntica;
4) o adesivo autocondicionante, Transbond SEP
e o hidrofílico Transbond MIP
apresentaram altos valores de força de cisalhamento em esmalte seco e
contaminado por saliva. Desta forma, ambos adesivos podem ser utilizados em
situações clínicas em que o risco de contaminação salivar é evidente.
35
2.2 Trabalhos que compararam diferentes tipos de bráquetes
No estudo de Wang, Meng e Tarng (1997), dois tipos bráquetes
cerâmicos monocristalinos, além de dois tipos de bráquetes cerâmicos policristalinos
e um tipo de bráquete metálico foram selecionados para averiguação da adesão. A
amostra foi composta de 60 pré-molares extraídos e a força de adesão foi medida,
por cisalhamento, em uma máquina de testes Instron, sendo a interface de
descolagem examinada pela MEV com o sistema de microanálise EDS. Os
resultados mostraram que os bráquetes cerâmicos policristalinos, por exibirem
maiores percentuais de fratura na interface esmalte/resina, apresentaram as maiores
forças de adesão, enquanto que as forças de adesão mais fracas apresentadas
pelos bráquetes metálicos se deram em função de maiores percentuais de fratura na
interface bráquete/resina. Não existiu nenhuma diferença estatisticamente
significativa nas forças de adesão entre os bráquetes cerâmicos monocristalinos e
os bráquetes metálicos. Desprendimento do esmalte somente foi encontrado durante
a remoção dos bráquetes cerâmicos monocristalinos. Fraturas nos bráquetes
cerâmicos policristalinos não foram observadas durante a remoção. A base de
retenção mecânica do bráquete cerâmico policristalino combinou a força,
durabilidade e retenção do bráquete metálico e não houve desprendimento de
esmalte após a retirada dos acessórios. Os autores afirmaram que os bráquetes
cerâmicos monocristalinos estão mais sujeitos à fratura durante a descolagem do
que os policristalinos.
Vasques et al. (2005) avaliaram a resistência adesiva ao ensaio mecânico
de cisalhamento de diferentes bráquetes metálicos (Grupo I – Morelli
, Grupo II –
TP
, Grupo III – Abzil-Lancer
, Grupo IV – Acompany
e Grupo V – GAC
). Foram
utilizados 50 pré-molares humanos extraídos e suas faces vestibulares foram
condicionadas com ácido fosfórico 37% e os bráquetes colados com Transbond XT
.
Os corpos de prova foram armazenados em solução de soro fisiológico a 0,9% em
temperatura de 37ºC por 24 horas e submetidos ao ensaio mecânico de
cisalhamento em uma máquina universal de ensaios mecânicos EMIC MF 500 DL
,
com célula de carga de 500 N e velocidade de deslocamento vertical de 0,5
mm/minuto. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), que
36
não mostrou diferença significativa entre elas, quer seja nos valores de força
máxima quanto nos valores de tensão de ruptura. Os resultados mostraram: GI =
11,95 MPa, GII = 10,72 MPa, GIII = 13,12 MPa, GIV = 17,65 MPa e GV = 16.99
MPa. Concluíram que a técnica de colagem de bráquetes com resina composta
fotopolimerizável está dentro dos padrões de resistência mecânica necessária ao
uso clínico para movimentação dentária (de 5,9 a 7,9 MPa).
Diante das diferenças existentes nas características das bases dos
bráquetes utilizados, Park et al. (2005) compararam entre si três tipos de bases de
bráquetes metálicos (Monobloc
, Equilibrium
e Dyna-Lock
) em relação à
resistência ao cisalhamento da colagem e ao IRA. Foram utilizados 36 pré-molares
humanos recém-extraídos com finalidade ortodôntica, divididos em três grupos (n =
12), devidamente limpos e armazenados em recipientes plásticos contendo solução
de formol a 10%. Estes dentes foram incluídos em tubos de PVC com gesso pedra
tipo IV de maneira centralizada, posicionando suas faces vestibulares de forma
perpendicular à base do troquel, utilizando para tal, um posicionador de acrílico em
ângulo de 90°, especialmente projetado para este fim. A seguir, no centro da face
vestibular de cada dente foi delimitada uma área correspondente ao tamanho da
base do bráquete com fita adesiva. Na área previamente preparada foi realizada
profilaxia com pedra-pomes e água durante 15 segundos, lavagem abundante
também por 15 segundos e em seguida secagem pelo mesmo tempo. Esta região foi
submetida ao condicionamento com ácido fosfórico a 37% por 20 segundos,
lavagem com jato de ar/água por 15 segundos e secagem pelo mesmo tempo com
jato de ar isento de óleo e umidade. Para colagem dos bráquetes ao esmalte
dentário foi utilizado o compósito Concise Ortodôntico
, segundo as recomendações
do fabricante. Todas as colagens foram realizadas pelo mesmo operador utilizando
uma pinça para colagem (Morelli
), tomando-se o cuidado de pressionar todos os
bráquetes com a mesma intensidade. O posicionamento dos bráquetes foi avaliado
com um posicionador de acrílico e os excessos removidos com o auxílio de uma
sonda exploradora. Os bráquetes foram descolados por uma máquina universal de
ensaios mecânicos (EMIC – DL 2000
) com uma velocidade de 0,5 mm/minuto para
avaliar a resistência ao cisalhamento da amostra. Os valores de resistência obtidos
em Kgf foram então divididos pela área da base de cada tipo de bráquete testado,
com o objetivo de padronização dos resultados, sendo expressos em tensão
37
(Kgf/cm). Após a remoção dos acessórios, cada dente foi classificado de acordo com
a quantidade de compósito remanescente no esmalte, utilizando-se o IRA. Os dados
obtidos foram protocolados e submetidos ao teste estatístico. Para avaliação dos
dados referentes ao ensaio de cisalhamento, foi utilizada a análise de variância
múltipla e o teste complementar de Tukey. Os resultados do IRA foram submetidos
ao teste Qui-Quadrado de Pearson, para testar a hipótese de que as variáveis eram
independentes. Observaram diferenças significativas, ao nível de 99% de
probabilidade (p < 0,01) em relação ao teste de cisalhamento. O bráquete
Monobloc
(28,19 ± 7,90 Kgf/cm
2
) apresentou maior valor médio quando comparado
aos bráquetes Dyna-Lock
(18,24 ± 5,89 Kgf/cm
2
) e Equilibrium
(18,07 ± 7,03
Kgf/cm
2
). Em relação ao IRA, não foi encontrada diferença estatística entre os
bráquetes testados. Os autores concluíram que: 1) A força de adesão do grupo
formado por bráquetes Monobloc foi estatisticamente superior à dos grupos de
bráquetes Dyna-Lock
e Equilibrium
, em relação à resistência ao cisalhamento da
colagem; 2) Não houve diferença estatística significante entre os grupos com
bráquetes Dyna-Lock
e Equilibrium
em relação à resistência ao cisalhamento da
colagem; 3) Na avaliação do IRA, não houve diferença estatística significante entre
os grupos testados; 4) Durante o processo de descolagem o maior número de
fraturas ocorreu entre o esmalte e o bráquete nos três grupos estudados.
Fernandes (2008) avaliou, in vitro, a resistência adesiva, por
cisalhamento, de cinco diferentes bráquetes metálicos (GI – Victory
; G2 – Full
Size
; G3 – Morelli
; G4 – Abzil
e G5 – Geminni
), com indicação para pré-
molares, colados com resina composta em 150 pré-molares humanos íntegros,
extraídos com finalidade ortodôntica, utilizando-se três sistemas adesivos distintos
(A – Transbond MIP
; B – Adper Single Bond 2
e; C – Transbond Plus Self Etching
Primer
). Avaliou ainda, os tipos de ruptura ocorridos, por meio de inspeção visual
em estereomicroscópio com aumento de 20X. Para o condicionamento ácido do
esmalte, quando este se fez necessário (subgrupos A e B) utilizou-se o ácido
ortofosfórico a 37%, sob a forma de gel, aplicado por 30 segundos. Os agentes
adesivos Transbond MIP
e Adper Single Bond 2
foram aplicados ao esmalte, em
uma fina camada com o auxílio de um microbrush, com movimentos circulares, por
15 segundos. O agente adesivo Transbond Plus Self Etching Primer
foi aplicado à
superfície do esmalte por 5 segundos com movimentos circulares. Este
38
procedimento foi executado tanto no esmalte dentário como na base dos bráquetes.
A resina utilizada no experimento foi a Transbond XT
, manipulada de acordo com
as instruções do fabricante e acomodada sobre a malha do bráquete. A carga
aplicada foi de 450 Kg/f sobre os bráquetes, a partir de uma Agulha de Gilmore,
padronizando as forças exercidas. Os corpos de prova foram submetidos ao ensaio
mecânico de cisalhamento em uma máquina EMIC DL 2000
, a partir de mecanismo
especialmente projetado. A análise estatística que empregou ANOVA e Tukey
demonstrou em MPa, que o G4 obteve a maior média (14,83) seguido pelo G2
(13,56), o G1 (11,33), G5 (11,23) e G3 (9,46) (p < 0,05). Os grupos G1 e G5 não
apresentaram diferenças estatísticas significantes entre si, diferindo, entretanto, em
relação aos grupos G3, G2 e G4. Quanto aos resultados relacionados aos adesivos,
o subgrupo B foi estatisticamente superior (14,46) aos subgrupos A (10,84) e C
(10,94), os quais por sua vez não apresentaram diferenças significantes entre si.
Concluiu que os sistemas adesivos Transbond MIP
, Adper Single Bond 2
e
Transbond Plus Self Etching Primer
poderiam ser utilizados, efetivamente, para
colagem de bráquetes ao esmalte dentário, e que todos os bráquetes, com
prescrição MBT, avaliados (Victory
, Full Size
, Abzil
, Morelli
e Geminni
),
poderiam ser utilizados para a prática ortodôntica.
2.3 Trabalhos que avaliaram diferentes métodos de descolagem
Stratmann et al. (1996) investigaram o valor prático de dois métodos para
descolagem de bráquetes colados às superfícies de esmalte ácido-condicionados.
Quarenta e dois bráquetes metálicos Ultratrimm Standard
®
e 42 bráquetes
cerâmicos Fascination
®
foram removidos de pacientes adolescentes submetidos a
tratamento ortodôntico. Todos os bráquetes metálicos foram mecanicamente
descolados por um alicate de remoção convencional enquanto que os bráquetes
cerâmicos foram termicamente descolados por uma unidade de descolagem
cerâmica comercial Dentaurum
®
. Todos os bráquetes foram avaliados pela MEV
para averiguação da morfologia de suas superfícies de fratura adesiva e ocorrência
de partículas minerais ligadas às mesmas. Tais partículas foram analisadas a partir
39
de MEV com sistema de micro-análise EDS para obtenção dos valores Ca/P. Por
meio da análise das imagens da MEV e, utilizando as medidas das áreas de fratura,
quatro tipos de fraturas de descolagem do acessório foram observadas: tipo I)
interface bráquete-adesivo (adesiva); tipo II) interface adesivo-esmalte (adesiva);
tipo III) interface de fratura em parte do adesivo e/ou superfície de esmalte (coesiva)
e; tipo IV) interface de fratura em parte do adesivo e/ou superfície de esmalte, e em
parte dos bráquetes (coesiva). As fraturas observadas mais freqüentemente foram
as do tipo I (entre adesivo e base do bráquete) e a do tipo II (entre o adesivo e
superfície do esmalte). No grupo de bráquetes metálicos descolados
mecanicamente o tipo I (38%) e o tipo II (45%) mostraram uma freqüência parecida
enquanto que os bráquetes cerâmicos termicamente removidos mostraram,
predominantemente, a fratura tipo I (79%) e somente uma porcentagem menor do
tipo II (11%). Uma avaliação estatística foi aplicada para calcular o intervalo de
reprodutibilidade dos tipos de fratura com intervalo de confiança de 95% (nível de
significância alta = 5%). Em ambos os grupos, a MEV pelo sistema de microanálise
EDS realizado nas superfícies fraturadas estabelecidas completamente ou
parcialmente entre o adesivo e o esmalte identificou as partículas minerais como
mineral de esmalte. Ocorreram parcialmente como partículas únicas (variação de
espessura: 5-25m, área média: 3500m
2
) ou como uma cobertura coerente com
área total de 1.9-5.8 mm
2
. Os autores concluíram que a técnica de descolagem
térmica foi superior à descolagem mecânica convencional pela ocorrência freqüente
de fratura tipo I após a termodescolagem.
Bishara et al. (1999a) compararam a resistência da colagem de dois
bráquetes e a localização da falha da colagem quando os bráquetes foram
removidos com alicates. Utilizaram para tal, 61 bráquetes cerâmicos Clarity
®
e 66
bráquetes cerâmicos Mxi
®
(TP Orthodontics), colados aos dentes com o mesmo
sistema de adesivo. Foi utilizada a máquina de teste universal Zwick (Zwick Gm BH
& Co) para determinar a força da resistência à colagem necessária para remover os
bráquetes. Foram utilizados, ainda, alicates apropriados para remover os dois tipos
de bráquetes com o objetivo de se determinar o modo de falha da colagem. Após a
remoção, todos os dentes e bráquetes foram examinados em uma ampliação de
10X. Qualquer adesivo remanescente após a remoção do bráquete foi avaliado de
acordo com o IRA. Os resultados indicaram que a resistência da colagem dos
bráquetes cerâmicos Clarity
®
foi significantemente maior do que a dos bráquetes
40
cerâmicos Mxi
®
. No entanto, os dois tipos de bráquetes apresentaram forças
adequadas para utilização clínica. Os resultados referentes ao IRA indicaram um
padrão de falha de colagem semelhante quando os dois bráquetes cerâmicos foram
comparados sugerindo que, quando estes bráquetes são removidos com os alicates
Weingart
®
(Ormco) e 346
®
(ETM Ormco) houve uma tendência de permanência da
maior parte dos adesivos sobre a superfície do esmalte. Os autores concluíram que,
o método mais eficiente para remoção do bráquete cerâmico Mxi
®
é o da colocação
das lâminas dos alicates ETM 346
®
entre a base do bráquete e a superfície do
esmalte. Por outro lado, o método mais eficiente de remoção do bráquete Clarity
®
foi
com a utilização dos alicates Weingart
®
(Ormco) e a aplicação de pressão nas aletas
de amarração. A falha na interface bráquete/adesivo apesar de diminuir a
probabilidade de gerar danos ao esmalte aumenta a necessidade de remoção do
adesivo residual após a descolagem.
Utilizando a MEV, Chen et al. (2007) avaliaram os efeitos de diferentes
técnicas de descolagem in vitro e modos de falha dos bráquetes cerâmicos colados
ao esmalte. Três tipos de bráquetes cerâmicos Clarity
®
; Inspire
®
e Inspire Ice
®
foram
colados a pré-molares com o mesmo sistema de adesão. A maioria dos bráquetes
falhou na interface bráquete/adesivo. Fraturas coesivas foram notadas nos três tipos
de bráquetes cerâmicos onde a descolagem manual correspondeu a 70% do
Inspire
®
, 20% do Inspire Ice
®
e 10% do Clarity
®
e a descolagem por máquina ocorreu
em 75% de Inspire
®
, 30% de Inspire Ice
®
e 25% de Clarity
®
. As fraturas coesivas da
cerâmica dos bráquetes Clarity
®
foram localizadas na junção entre as asas e o corpo
e fenda. Entretanto, para os bráquetes Inspire
®
e Inspire Ice
®
, as fraturas coesivas
foram localizadas no aspecto oclusal da base. Nenhum dano ao esmalte foi
encontrado depois que os bráquetes foram removidos. Os resultados dos modos de
falha mostraram que os novos projetos no bráquete Inspire Ice
®
e a fenda de
descolagem vertical no bráquete Clarity
®
reduziram significativamente o risco de
fratura do bráquete cerâmico durante a descolagem. A força necessária para
descolar o bráquete Inspire Ice
®
foi significativamente mais baixa do que aquela do
bráquete Inspire
®
.
Pignatta (2006) avaliou por MEV a influência de quatro protocolos de
remoção de bráquetes e polimentos da superfície do esmalte e propôs um protocolo
que minimizasse os danos na superfície do esmalte. Para tanto, 12 incisivos
permanentes bovinos foram divididos em quatro grupos (grupos I e II, descolados
41
com o alicate de descolagem reto – Ormco
®
e grupos III e IV, com o instrumento de
descolagem Lift-Off
®
). Os remanescentes adesivos dos grupos I e III foram
removidos com o alicate removedor de resina longo (Ormco
®
) e dos grupos II e IV
com broca de carboneto de tungstênio (Beavers Dental
®
) em alta rotação com
constante refrigeração de água e as superfícies foram polidas com pedra-pomes e
taça de borracha. O centro da superfície do esmalte foi condicionado com ácido
fosfórico gel a 35% (Scotchbond Etchant
®
) por 15 segundos, lavado com água por
10 segundos e seco com jatos de ar comprimido livre de óleo por 10 segundos. Uma
fina e uniforme camada de Transbond XT
®
foi aplicada na superfície
desmineralizada, com microaplicadores descartáveis (Microbrush
®
) e espalhada com
um ligeiro jato de ar isento de umidade. O bráquete pré-programado de aço
inoxidável para incisivo central superior direito (Kirium line – Abzil
®
) foi posicionado
centralizado no longo eixo da coroa e colado com resina ortodôntica Transbond
XT
®
,
aplicando-se uma pressão mínima de 300 g com a finalidade de determinar o peso
mínimo de compressão e permitir o escoamento semelhante do material em todos os
dentes. A interface bráquete/esmalte foi fotopolimerizada com o aparelho Ultralux
®
,
sendo o potencial radiométrico de 500 mW/cm
2
, com distância aproximada de 5 mm,
por 10 segundos na face mesial e 10 segundos na face distal. As descolagens dos
bráquetes foram realizadas 24 horas pós-colagem. As superfícies, após cada etapa
da descolagem e polimento, foram avaliadas em réplicas de resina epóxica e foram
obtidas eletromicrografias por meio do microscópio eletrônico de varredura (JSM
T330A
®
) com uma voltagem aceleradora de 10 KV a uma distância de trabalho de 10
mm, com aumento de 50X e 200X em todos os grupos. No grupo I, a remoção do
adesivo com o alicate removedor de resina longo proporcionou irregularidades,
ranhuras e riscos verticais no esmalte. O polimento suavizou os riscos,
permanecendo apenas as ranhuras mais profundas. No grupo II, utilizando-se o
alicate de descolagem reto, permaneceu adesivo aderido ao esmalte. Porém, ao
remover-se o remanescente adesivo com a broca de carboneto de tungstênio, a
superfície apresentou tanto ranhuras verticais como horizontais, que foram
suavizadas com o polimento. No grupo III, utilizando-se o instrumento de
descolagem Lift-Off
®
, a maior parte do remanescente adesivo ficou aderida ao
esmalte. No entanto, a remoção do adesivo com o alicate removedor longo
proporcionou riscos e ranhuras verticais no esmalte, mas o polimento suavizou os
riscos, permanecendo apenas as ranhuras mais profundas. No grupo IV, utilizando-
42
se também o instrumento de descolagem Lift-Off
®
, permaneceu adesivo aderido ao
esmalte. Ao remover-se o remanescente adesivo com a broca de carboneto de
tungstênio, a superfície apresentou ranhuras horizontais, que foram suavizadas após
o polimento. A autora concluiu que os quatro protocolos de remoção de acessórios
ortodônticos e polimento ocasionaram irregularidades no esmalte. A remoção do
bráquete com alicate de descolagem reto, seguido da remoção do remanescente
adesivo com broca de carboneto de tungstênio e polimento final com pasta de
pedra-pomes foi o procedimento que ocasionou menos danos ao esmalte, sendo o
protocolo sugerido para a remoção dos acessórios ortodônticos.
2.4 Trabalhos que avaliaram outras variáveis
Forsberg e Hagberg (1992) mediram e compararam as forças de
cisalhamento de bráquetes cerâmicos com retenção química, cerâmicos com um
novo tipo de textura de base proporcionando retenção mecânica e metálicos com
base de malha de alumínio. Os testes foram realizados em 51 pré-molares humanos
extraídos aleatoriamente divididos em três grupos de 17 dentes. Após a remoção, o
local da falha foi identificado e a superfície de esmalte foi submetida à MEV. Os
resultados indicaram que os bráquetes cerâmicos com retenção química exibiram
significativamente maior força de cisalhamento do que os bráquetes cerâmicos com
retenção mecânica. Em comparação aos bráquetes metálicos, forças
significativamente superiores de cisalhamento foram obtidas para ambos os tipos de
bráquetes cerâmicos. Os bráquetes cerâmicos com retenção mecânica e os
bráquetes metálicos foram semelhantes quanto ao local de falha de adesão. Em
alguns casos a adesão química proporcionou valores muito elevados para a força de
cisalhamento. A falha de esmalte foi registrada em três dentes que haviam sido
colados com esse tipo de bráquete cerâmico.
Bishara, Olsen e Von Wald (1997) afirmaram que os ortodontistas, na
tentativa de minimizar o tempo de cadeira durante a colagem de acessórios, estão
utilizando bráquetes cerâmicos e metálicos pré-revestidos com material adesivo. O
adesivo utilizado nos bráquetes pré-revestidos é similar em composição àquele
utilizado para a colagem de bráquetes sem cobertura; sendo que a diferença é dada,
43
essencialmente pelas porcentagens de vários ingredientes incorporados ao material.
Desta forma, determinaram se tais mudanças quanto à composição afetariam a
força de cisalhamento de adesão e o local da falha de adesão após a remoção de
bráquetes cerâmicos e metálicos pré-revestidos ou não. Oitenta e cinco molares
humanos recentemente extraídos foram colados de acordo com as instruções dos
fabricantes. Uma carga ocluso-gengival foi aplicada aos bráquetes, produzindo
forças de cisalhamento na interface bráquete/dente por meio de uma máquina
universal Zwick
®
. Após a remoção dos acessórios, todos os dentes e bráquetes
foram examinados sob ampliação de 10X. Todo o adesivo remanescente após a
remoção dos bráquetes foi avaliado pelo IRA. Os resultados indicaram que: 1)
bráquetes cerâmicos pré-revestidos com adesivo modificado apresentaram forças de
cisalhamento similares àquelas proporcionadas pelo adesivo Transbond XT
®
em
bráquetes cerâmicos sem cobertura; 2) bráquetes metálicos pré-revestidos com o
mesmo adesivo apresentaram significativamente menor força de cisalhamento na
adesão do que bráquetes metálicos sem cobertura com colados com Transbond
XT
®
. Essas diferenças na força de cisalhamento entre os bráquetes cerâmicos e
metálicos foram atribuídas aos efeitos combinados das mudanças na composição
dos adesivos utilizados e nos mecanismos de retenção incorporados às bases dos
bráquetes nos diferentes tipos e; 3) todas as combinações de bráquete/adesivo
testadas proporcionaram forças de cisalhamento de adesão clinicamente aceitáveis.
Bishara et al. (1999c) compararam os efeitos do tempo de
armazenamento pós-colagem sobre a resistência adesiva e o IRA de um cimento de
ionômero de vidro modificado com resina (Fuji Ortho LC
®
) e um compósito
convencional (Transbond XT
®
). A colagem dos bráquetes foi realizada em 91
molares humanos, que receberam profilaxia com pedra-pomes e água. Na colagem
com Fuji Ortho LC
®
foi utilizado condicionamento do esmalte com ácido poliacrílico
35% por 10 segundos e na colagem com Transbond XT
®
empregou-se ácido
fosfórico a 37% por 30 segundos. Os materiais foram armazenados por 30 minutos e
por 24 horas e foram descolados a uma velocidade de 0,5 mm/minuto. Os dados
foram submetidos à análise de variância e ao teste de Duncan e mostraram que
após 30 minutos, ambos os materiais obtiveram valores de resistência clinicamente
aceitáveis, sendo o Transbond XT
®
(10.4 MPa) estatisticamente superior em relação
ao Fuji Ortho LC
®
(8,8 MPa). Na descolagem após 24 horas, ocorreu um aumento
acentuado dos valores médios da resistência dos materiais, não havendo diferença
44
estatística entre eles. Na avaliação do IRA, o Fuji Ortho LC
®
apresentou mais falhas
na interface esmalte/adesivo após 24 horas facilitando a remoção dos excessos
após a descolagem, enquanto que o compósito apresentou mais falhas na interface
bráquete/adesivo.
Sharman-Sayal et al. (2003) avaliaram a influência do desenho da base
do bráquete ortodôntico na resistência adesiva ao ensaio de cisalhamento, uma e 24
horas após a colagem. Para cada tempo empregado foram utilizados seis tipos
diferentes de bráquetes metálicos: Speed
com malha calibre 60; Time
com
pequenos pinos fixados à base; Séries Superiores Americana
com malha calibre
80; Orthos Optimesh XRT
com malha de configuração horizontal e vertical com liga
de metal pulverizada à base; Roth
com uma malha calibre 80, colada sobre outra
malha de calibre 150; bráquete Níquel-Free/NI-free
, com malha calibre 100. Cada
grupo foi composto por 12 corpos de prova. Os bráquetes foram colados em esmalte
de incisivo bovino com Transbond XT
. Os bráquetes foram descolados uma e 24
horas depois da colagem e a resistência adesiva foi registrada. Foram removidos de
cada grupo, 06 bráquetes e jateados com óxido de alumínio. Todos os 12 dentes de
cada grupo (uma e 24 horas) foram limpos. A metade foi colada com bráquetes
usados (jateados com oxido de alumínio) e a outra metade colada com bráquetes
novos. Após descolagem, os autores observaram que a base do bráquete afetou
significativamente a resistência adesiva. Os bráquetes de malha de calibre 60
alcançaram resistência adesiva superior no grupo de uma hora seguida pelos
bráquetes com pequenos suportes fixados à base; bráquete com malha calibre 80;
bráquetes com malha calibre 80 colada sobre outra malha de calibre 150, bráquetes
com malha de configuração horizontal e vertical com liga de metal pulverizada à
base, e finalmente bráquete com malha calibre 100. Os resultados de 24 horas
foram semelhantes aos de uma hora, exceto pelo fato dos bráquetes com pequenos
suportes fixados à base terem apresentado resistência adesiva superior aos demais.
Concluíram que bráquetes jateados com óxido de alumínio podem se utilizados
seguramente na prática clínica já que os resultados do teste de cisalhamento não se
mostraram com diferenças estatisticamente significativas entre os bráquetes novos e
os bráquetes recondicionados com óxido de alumínio.
Bishara et. al. (2004) compararam a resistência adesiva ao ensaio de
cisalhamento entre dois tipos de bráquetes metálicos, grupo I, Ovation
com malha
45
dupla e o grupo II, Victory
com malha única. Foram utilizados 40 pré-molares
humanos, divididos em dois grupos de 20 dentes cada. O sistema adesivo
Transbond XT
foi utilizado para colar todos os bráquetes aos dentes. Os dentes
foram colados e descolados dentro de meia hora após a colagem. Realizaram o
ensaio mecânico de cisalhamento e os resultados médios encontrados foram: no
grupo I (5,2 ± 3,9 MPa) e no grupo II (5,8 ± 2,8 MPa) mostrando-se estatisticamente
semelhantes entre si. A superfície do esmalte foi examinada sob microscópio com
ampliação de 10X, constatando-se que houve mais adesivo preso à superfície do
esmalte do que na base de ambos os tipos de bráquetes.
A influência do tempo de fotoativação do sistema adesivo (Transbond
XT
®
) sobre a resistência de união, utilizando bráquetes cerâmicos (Clarity
®
) foi
avaliada por Savaris e Meneses (2004). Sessenta dentes bovinos foram divididos
em quatro grupos de 15 unidades cada, sendo variados os tempos de fotoativação
do adesivo e da resina onde: GA e GB – sem fotoativação do adesivo e, com
fotoativação da resina por 10 e 20 segundos, respectivamente e; GC e GD – 10
segundos de fotoativação do adesivo e, com fotoativação da resina por 10 e 20
segundos, respectivamente. Constaram que não houve diferença significante entre
os valores médios obtidos (GA = 17,2 MPa, GB = 16,4 MPa, GC = 10,7 MPa, GD =
13,0 MPa). Foi avaliado por MEV o tipo e o local de falha na descolagem, por meio
do IRA e a ocorrência ou não de fratura de esmalte. Concluíram que a descolagem
ocorreu, predominantemente, na camada de resina (falha coesiva), sendo observada
fratura de esmalte em apenas um, dos 60 dentes avaliados.
Sfondrini et al. (2004) avaliaram o efeito da contaminação do esmalte com
sangue na colagem de bráquetes utilizando dois primers ortodônticos Transbond
XT
e Transbond Plus Self Etching Primer
. Foram utilizados 120 incisivos bovinos
superiores com esmalte intacto, divididos em oito grupos com 15 dentes. Foram
testadas quatro condições: 1) esmalte seco sem contaminação; 2) esmalte
contaminado antes da aplicação do primer; 3) contaminação após a aplicação do
primer e; 4) esmalte contaminado antes e após a aplicação do primer. Os grupos
foram submetidos ao teste de cisalhamento e as forças de ligação mais altas foram
com superfícies não contaminadas para ambos os primers. Na condição quatro, as
forças de ligação foram significativamente reduzidas. Os autores concluíram que
foram encontradas diferenças significantes nas localidades da descolagem entre os
46
grupos colados com os dois primers sob as várias condições da superfície do
esmalte.
Hajrassie e Khier (2007) compararam, in vivo e in vitro, forças de ruptura
de bráquetes ortodônticos unidos ao esmalte dental depois de vários períodos de
tempo. Um dispositivo foi validado para medir as forças no ambiente oral in vivo.
Para o estudo in vitro, 60 bráquetes metálicos Mini-twin
para pré-molares, foram
colados com Transbond XT
em 60 pré-molares extraídos. Os dentes foram
divididos em quatro grupos de 15 dentes. A força de cisalhamento foi executada em
uma máquina de ensaios universal Instron com velocidade de 1 mm/min em quatro
períodos de tempo diferentes: 10 minutos, 24 horas, uma semana e quatro semanas
pós-colagem. Para o estudo in vivo, 60 bráquetes metálicos Mini-twin
, colados em
pré-molares de 22 estudantes voluntários, foram divididos em quatro grupos; onde
as forças de ruptura dos bráquetes foram medidas 10 minutos, 24 horas, uma
semana e quatro semanas após as colagens. Utilizando a análise estatística one-
way ANOVA, com 95% de confiabilidade (p < 0,05), não foram observadas
diferenças, estatisticamente, significativas entre os grupos, tanto nos ensaios in vitro
quanto nos ensaios in vivo. Two-way ANOVA (p < 0.05) foi utilizado para comparar
os resultados in vitro com os resultados in vivo, ficando demonstrado que o grupo in
vivo apresentou média de resistência adesiva significativamente inferior ao grupo in
vitro. Além disso, a análise de sobrevivência, usada para calcular a probabilidade de
falha confirmou a diferença significativa entre os grupos in vitro e in vivo.
47
3 PROPOSIÇÃO
1. Avaliar, in vitro, a resistência ao cisalhamento apresentada por três marcas
comerciais de bráquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e por um
bráquete ortodôntico metálico, todos com retenção mecânica;
2. Avaliar, por microscopia óptica, os índices de resina remanescentes (IRA), após
a remoção dos bráquetes;
3. Avaliar, por microscopia eletrônica de varredura, a topografia superficial do
esmalte após a descolagem dos bráquetes;
4. Detectar o desprendimento de partículas minerais do esmalte após a remoção
dos bráquetes cerâmicos e metálicos, através da microscopia eletrônica de
varredura com sistema de microanálise EDS (Energy Dispersive Spectroscopy)
e;
5. Observar e calcular as fraturas dos bráquetes durante a remoção.
48
4 METODOLOGIA
Foram utilizados 60 incisivos inferiores bovinos recém-extraídos,
coletados no Matadouro Municipal de Juiz de fora. Os critérios de seleção para
inclusão dos dentes na amostra foram que os mesmos, apresentassem suas faces
vestibulares íntegras, sem cáries, fraturas, manchas ou qualquer tipo de lesão no
esmalte (Figura 1).
Figura 1 – Dentes observados em estereomicroscópio. Em A, um dente com as características
consideradas aceitas para a colagem. Em B, um dente impróprio para o estudo.
Para tal averiguação todos os elementos dentários foram submetidos à
microscopia óptica utilizando-se o aparelho estereomicroscópio do tipo Stemi 2000-
C do fabricante Zeiss, do Departamento de Física da Universidade Federal de Juiz
de Fora (Figura 2). Após a seleção dos dentes, os mesmos foram imersos por sete
dias em solução aquosa de timol a 0,1% (SANTOS et al., 2000), à temperatura
ambiente, para assepsia e prevenção de desidratação. Ao término deste período
procedeu-se a remoção dos tecidos moles remanescentes, cálculos e fragmentos
ósseos aderidos às raízes (SANTOS et al., 2000).
B
A
S
49
Figura 2 – Fotografia do aparelho estereomicroscópio do tipo
Stemi 2000-C do fabricante Zeiss, do Departamento de Física
da Universidade Federal de Juiz de Fora
.
Na sequência dos procedimentos, todos os dentes foram conservados em
água destilada a 4°C, substituída de sete em sete dias e mantidos por um período
máximo de três meses até a data da inclusão nos corpos de prova. Anteriormente à
inclusão, os dentes tiveram suas pontas radiculares seccionadas, com o objetivo de
apresentarem o mesmo comprimento das raízes (ROSA; PINTO; HABIB, 2008).
Retenções com o disco de carboril foram ainda realizadas nas raízes, anteriormente
à inclusão em gesso para aumento da retenção.
Foram utilizados três tipos de bráquetes ortodônticos cerâmicos
policristalinos com retenção mecânica (Allure
-GAC; InVu
-TP e Clarity
-3M Unitek)
e um bráquete ortodôntico metálico (Geneus
-GAC), também com retenção
mecânica subdivididos em quatro grupos com 15 bráquetes cada, de acordo com a
marca comercial. O trabalho experimental foi dividido em duas partes: 1) teste de
cisalhamento; 2) MEV com sistema de microanálise EDS.
Para montagem dos corpos de prova, foram utilizados tubos de PVC com
25 mm de diâmetro interno e 26 mm de altura. Os corpos de prova foram
preenchidos com gesso pedra especial, tipo IV, cor rosa (ROSA; PINTO; HABIB,
2008), fabricado pela Vigodent, Bonsucesso, Rio de Janeiro, Brasil. Para a fase de
colagem dos bráquetes, os dentes foram submetidos à profilaxia de suas faces
vestibulares com pasta de pedra-pomes, água e escova de Robinson montada em
50
motor de baixa rotação. A partir daí, os mesmos foram lavados com água por 10
segundos e secos com jato de ar, isento de óleo e umidade.
Todos os bráquetes foram colados utilizando-se o adesivo Transbond XT
(3M Unitek Ortodontics Products, Mowrovia, USA), de acordo com as
recomendações do fabricante. Inicialmente os dentes foram condicionados com
solução de ácido fosfórico a 37% por 15 segundos (Condal 3M, FGN, Joinvile, Santa
Catarina, Brasil), lavados com spray de água por 10 segundos e secos com jato de
ar, adquirindo a coloração branco-giz. Receberam a aplicação do adesivo (Primer
Transbond XT, 3M Unitek Ortodontics Products, Mowrovia, USA), sendo o mesmo
fotopolimerizado por 10 segundos (BUONOCORE, 1955). Por último, os bráquetes
foram posicionados no centro da face vestibular, os excessos de resina removidos e
a fotopolimerização realizada por 20 segundos nos bráquetes cerâmicos e por 40
segundos nos bráquetes metálicos. Utilizou-se o fotopolimerizador Opti Light digital
(Gnatus, São Paulo, Brasil) devidamente calibrado e com a capacidade de emissão
de luz necessária. Após a colagem os dentes ficaram imersos em água destilada a
37ºC, por 24 horas.
A fim de padronizar os corpos de prova para o teste de cisalhamento,
utilizou-se, para o posicionamento dos dentes nos tubos de PVC, um dispositivo
guia, confeccionado com fio de aço retangular 0.21” X 0.27,5”, o qual era inserido
nos slots dos bráquetes e preso por meio de ligaduras elastoméricas (Figura 3). Este
posicionador permitiu que todos os bráquetes estivessem a uma mesma altura em
relação às bases dos corpos de prova e que as superfícies vestibulares dos dentes
ficassem posicionadas em um plano vertical, paralelo à lâmina da máquina de
ensaios. Dessa forma, todos os corpos de prova tiveram seu posicionamento na
base da máquina de ensaio em posição que o cutelo incidisse entre a base e as
aletas oclusais dos bráquetes, possibilitando desta forma, uma força direcional
paralela à superfície da colagem.
51
Figura 3 – Fotografia da guia confeccionada com
Fio de aço retangular 0,21” X 0.27,5” posicionada
no slot do bráquete.
Os testes mecânicos de cisalhamentos foram realizados em uma máquina
universal de ensaios da marca EMIC modelo DL 2000, microprocessada (Figura 4).
Utilizou-se uma célula de carga de 50 Kgf e velocidade de ensaio de 0,5 mm/minuto,
sendo os ensaios realizados no Laboratório de Pós-Graduação da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Para se obter a descolagem
dos bráquetes, os valores das cargas de cisalhamento aplicadas foram aumentados
gradativamente. Os dados referentes a estes ensaios foram armazenados em um
computador diretamente acoplado ao dispositivo de ensaios mecânicos.
Para a análise da morfologia das superfícies de descolagem do esmalte,
empregou-se a técnica de análise de elétrons secundários por meio da microscopia
eletrônica de varredura, em microscópio eletrônico da marca JEOL, modelo JSM-
5800 LV, no Instituto Militar de Engenharia – IME (Figura 5). Todas as imagens
obtidas foram aumentadas em 200 vezes para observação de toda a superfície e, a
partir daí, fotografias foram obtidas. Para a detecção de elementos químicos
minerais do esmalte dentário, nas interfaces de descolagem, empregou-se a
microscopia eletrônica de varredura com sistema de microanálise EDS. Tal ensaio
avaliou os danos ocorridos no esmalte dentário, após a descolagem, sendo
realizado em apenas cinco elementos dentários de cada grupo, os quais
apresentaram os menores índices de resina remanescente (IRA).
52
Figura 4 – Fotografia da máquina universal de ensaio EMIC
modelo DL 2000 (Faculdade de Odontologia – UFJF).
Figura 5 – Fotografia do microscópio eletrônico (JEOL, modelo
JSM-5800 LV) utilizado para a microscopia eletrônica de varredura.
Além disso, duas outras variáveis foram avaliadas: 1) IRA após a
descolagem e; 2) frequência de fraturas coesivas dos bráquetes durante os testes
de cisalhamento.
Dessa forma, todos os elementos dentários foram analisados e
classificados quanto aos remanescentes de resina após a remoção dos bráquetes
(IRA) (ARTUN; BERGLAND, 1984; CHEN et al., 2007). Tais escores variaram de “0”
53
a “5”, onde: 0) indicou que nenhuma resina permaneceu aderida ao dente após a
descolagem; 1) que uma porcentagem inferior a 25% da resina permaneceu aderida
ao dente após descolagem; 2) uma porcentagem entre 25 e 50% da resina
permaneceu aderida ao dente após descolagem; 3) uma porcentagem entre 50 e
75% da resina permaneceu aderida ao dente após descolagem; 4) uma
porcentagem superior a 75% da resina permaneceu aderida ao dente após
descolagem e; 5) que toda a resina permaneceu aderida ao dente após a
descolagem.
Após obtenção dos resultados, os dados foram submetidos ao tratamento
estatístico, onde não foi observada normalidade da amostra por meio das provas de
Shapiro-Wilk. A homocedasticidade foi encontrada na amostra com a utilização do
teste de Levene. Dessa forma, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, com nível de
significância de 5%, para os resultados referentes ao ensaio de cisalhamento. Para
os resultados referentes ao IRA foi utilizada a prova de Mann-Whtiney com nível de
significância de 1,25% (equivalendo a 0,05/4), para comparar os diferentes tipos de
bráquetes aos pares. Para a análise dos resultados referentes à composição
química do esmalte (EDS) aplicou-se o teste de Brown-Forsythe com significância
estatística ao nível de 5%. As comparações entre os grupos foram realizadas
utilizando os testes Post Hoc de Games-Hoewell. 
54
5 RESULTADOS
A tabela 1 apresenta os resultados obtidos (em MPa) em relação aos
ensaios mecânicos de cisalhamento, onde se observa que os valores médios da
resistência de união ao cisalhamento dos grupos foram: GI (9,97 ± 5,29); GII (11,74
± 4,52), GIII (10,91 ± 4,37); GIV (12,71 ± 5,81). Utilizando-se o teste estatístico de
Kruskal-Wallis, com nível de significância de 5%, obteve-se um valor de p=0,43,
demonstrando que nenhum grupo se diferenciou do outro em relação à tendência
central.
Tabela 1 – Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e número de dentes
referentes aos ensaios mecânicos de cisalhamento (MPa).
Grupos Média Desvio-padrão nimo Máximo Nº. dentes
Geneus
®
- I 9,97 5,29 4,05 17,71 15
Allure
®
- II 11,74 4,52 5,72 22,00 14
InVu
®
- III 10,91 4,37 4,93 17,34 15
Clarity
®
- IV 12,71 5,81 6,16 23,22 15
Total 11,33 5,01 4,05 23,22 59
Prova de Kruskal-Wallis p = 0,43.
Dentre os grupos analisados, o GI (Geneus
®
) foi o único que não
apresentou fratura dos bráquetes durante os ensaios mecânicos. No entanto, o GII
(Allure
®
) apresentou 50,0% de fraturas; e os grupos GIII (InVu
®
) e GIV (Clarity
®
)
apresentaram fraturas de cinco bráquetes cada um, correspondendo a 33,3% da
amostra em cada grupo. Do total de bráquetes cerâmicos utilizados (n = 44), 17
fraturaram, representando 38,63% da amostra.
Em relação aos resultados do IRA, alguns dentes não puderam ser
analisados uma vez que toda a base do bráquete ficou aderida à coroa após a
remoção dos mesmos. Os resultados desta análise estão apresentados na Tabela 2.
55
Tabela 2 – Escores para avaliação do IRA nos grupos estudados.
Grupos
IRA
Escores Total
0 1 2 3 4 5
Geneus
®
- I 0 (0%) 5 (33,3%) 4 (26,7%) 0 (0%) 2 (13,3%) 4 (26,7%) 15
Allure
®
- II 0 (0%) 0 (0%) 1(7,1%) 0 (0%) 9 (64,3%) 4 (28,6%) 14
InVu
®
- III 2 (20%) 1(10%) 2 (20%) 1(10%) 4 (40%) 0 (0%) 10
Clarity
®
- IV 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1(7,7%) 6 (46,2%) 6 (46,2%) 13
Total 2 6 7 2 21 14 52
Ainda em relação aos resultados do IRA, observa-se que o GIV (Clarity
®
)
não esteve presente nos escores “0”, “1” e “2”; observa-se ainda que o GI (Geneus
®
)
não esteve presente nos escores “0” e “3”; que o GII (Allure
®
) não esteve presente
nos escores “0”, “1” e “3”; e que o GIII (InVu
®
) somente não esteve presente no
escore “5”, sendo o único grupo não presente nesse escore e presente no escore
“0”. No entanto, todos os grupos estiveram presentes no escore “4”, com prevalência
para o Allure
®
(GII) com nove dos 14 bráquetes avaliados presentes nesse escore.
Observou-se ainda que os três grupos de bráquetes cerâmicos apresentaram seus
maiores percentuais de descolagem com escore “4”, sendo que o GIV (Clarity
®
)
apresentou percentuais semelhantes de descolagem nos escores “4” e “5”. Em
relação ao GI (Geneus
®
), todavia, os maiores percentuais de descolagem
subdiviram-se quase que igualmente entre os escores “1”, “2” e “5” (Tabela 2).
A Figura 6 demonstra o total do IRA dos grupos analisados de acordo
com os escores, onde foi confirmada a prevalência do escore “4”, com um
percentual de 40,4% (n = 21).
Figura 6 – Gráfico demontrativo do IRA dos grupos de bráquete com base nos
escores analisados.
56
Na Tabela 3 são apresentadas as diferenças dos pares, quanto ao IRA
(teste de Mann Whitney), analisados com nível de significância geral (p = 0,003),
sendo que as específicas foram menor que 0,0125 (0,05/4), onde foi possível
observar diferenças estatísticas entre os bráquetes Clarity
®
e InVu
®
(p = 0,002);
Allure
®
e InVu
®
(p = 0,006) e Clarity
®
e Geneus
®
(p = 0,0022). Nas demais
comparações não houve diferença estatisticamente significativa entre os pares.
Tabela 3 – Diferenças dos pares de bráquetes analisados pelo IRA.
Clarity
®
- IV Allure
®
- II Geneus
®
- I InVu
®
- III
Clarity
®
- IV 0,488 0,0022* 0,002*
Allure
®
- II 0,488 0,057 0,006*
Geneus
®
- I 0,0022* 0,057 0,605
InVu
®
- III 0,0002* 0,006* 0,605
* (p < 0,0125) – Mann-Whtiney
Cinco elementos dentários de cada grupo foram selecionados para a
análise do esmalte em MEV. Tal escolha foi baseada nos corpos de prova que
apresentaram os mais baixos índices do IRA para cada grupo, já que os mesmos
seriam, supostamente, os elementos dentários que mais apresentaram lesões do
esmalte após o teste de cisalhamento e os que permitiam uma melhor análise da
superfície do esmalte. Após a verificação individual, sob MEV, dos 20 elementos
dentários (cinco de cada grupo), constatou-se que todos os corpos de prova
apresentaram características microscópicas topográficas do esmalte semelhantes
dentro de seu referido grupo. Tais características são demonstradas nas Figuras 7 a
10 (Geneus
, Allure
, InVu
e Clarity
, respectivamente).
57
Figura 7 – Amostra do esmalte do grupo Geneus
sem perda de tecido superficial, com
pequenas fissuras provavelmente decorrente da técnica (aumento de 200X).
Figura 8 – Amostra do grupo Allure
apresentando erosões (seta amarela) e poros já
estabelecidos (cabeças de seta verde), depressões (seta laranja) e discreta perda de
camada aprismática de esmalte (pontilhado azul) (aumento de 200X).
58
Figura 9 – Amostra do grupo InVu
mostrando alterações representadas por discretas
crateras (asterisco verde), em meio a áreas de perda da camada aprismática do esmalte,
poros (seta laranja), erosões (círculo vermelho) e depressões (cabeças de seta azul)
(aumento de 200X).
Figura 10 – Amostra do grupo Clarity
mostrando alterações significativas na microestrutura
do esmalte com áreas elétron lúcidas correspondentes a crateras “aprofundamento de erosões”
(asterisco verde), em meio à perda extensa da camada aprismática do esmalte (asterisco azul)
e depressões (setas amarelas) e algumas erosões (círculo vermelho).
59
Todos os corpos de prova selecionados para a análise em MEV foram
também analisados por EDS, para verificação da composição química do esmalte.
Os dados referentes às composições químicas foram descritos utilizando-se médias
e desvios-padrão intragrupos referentes aos percentuais dos elementos químicos
presentes (Tabela 4). Como a maioria dos elementos químicos encontrados não
estava presente em todos os grupos de bráquetes analisados, a utilização de testes
estatísticos foi inviabilizada para a maior parte desses elementos. Dessa forma,
somente as análises comparativas dos elementos Cálcio (Ca) e silício (Si) puderam
ser realizadas, por se tratarem dos únicos elementos químicos presentes em todos
os grupos de bráquetes. Para tal foi empregado o teste de Brown-Forsythe, já que
as provas de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilks e o teste de
igualdade de variância de Levenne não encontraram normalidade e semelhança de
variância entre os grupos.
Torna-se importante afirmar ainda, que entre todos os elementos
químicos, comprovadamente encontrados pelo teste EDS, os percentuais de Ca
presentes no esmalte dentário deveriam ser os mais dignos de atenção, já que
valores elevados para os mesmos indicariam pouco dano ao esmalte dentário após
a remoção dos bráquetes, enquanto que valores reduzidos para os mesmos
indicariam muito dano ao esmalte dentário após a remoção dos bráquetes, motivo
pelo qual somente os dados referentes ao elemento Ca foram apresentados no
presente trabalho. Dessa Forma, aplicando-se o teste de Brown-Forsythe obteve-se
uma significância estatística ao nível de 5% para o elemento Ca (p = 0,043). As
comparações entre os grupos foram realizadas utilizando os testes Post Hoc e
Games-Hoewel, onde observou-se que grupo Clarity
®
apresentou percentuais
estatisticamente inferiores de Ca em relação aos grupos Geneus
®
e InVu
®
. Em
relação ao grupo Allure
®
, não foram observadas diferenças estatísticas entre este e
os demais grupos (Tabela 5).
60
Tabela 4 – Resultados obtidos em EDS, referentes às composições químicas do
esmalte após a remoção dos bráquetes.
Geneus
5 1,1180 2,49992 0,00 5,59
Allure
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
In Vu
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 0,2795 1,24996 0,00 5,59
Geneus
5 6,3280 14,14984 0,00 31,64
Allure
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
In Vu
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 1,5820 7,07492 0,00 31,64
Geneus
5 1,1320 2,53123 0,00 5,66
Allure
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
In Vu
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 0,2830 1,26561 0,00 5,66
Geneus
5 52,7720 9,43941 36,99 59,85
Allure
5 33,6640 29,63367 0,83 72,22
In Vu
5 60,3120 3,51934 56,56 64,06
Clarity
5 7,2060 5,75423 1,27 15,72
Total
20 38,4885 25,61022 0,83 72,22
Geneus
5 8,6660 13,14386 0,00 30,45
Allure
5 44,3980 40,70605 0,24 97,12
In Vu
5 2,0340 1,92744 0,56 5,17
Clarity
5 52,3200 30,26281 0,89 80,83
Total
20 26,8545 32,85767 0,00 97,12
Geneus
5 28,5460 16,20367 0,00 39,53
Allure
5 18,9920 11,21850 1,30 29,82
In Vu
5 36,0740 3,43731 30,88 39,75
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 20,9030 16,61756 0,00 39,75
Geneus
5 0,4260 0,42294 0,00 0,98
Allure
5 0,2860 0,39431 0,00 0,78
In Vu
5 0,6080 0,15156 0,43 0,80
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 0,3300 0,35659 0,00 0,98
Geneus
5 0,5340 1,19406 0,00 2,67
Allure
5 2,5140 5,13317 0,00 11,67
In Vu
5 0,5440 0,75345 0,00 1,52
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 0,8980 2,63329 0,00 11,67
Geneus
5 0,4860 1,08673 0,00 2,43
Allure
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
In Vu
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 0,1215 0,54336 0,00 2,43
Geneus
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Allure
5 0,1480 0,33094 0,00 0,74
In Vu
5 0,2680 0,24974 0,00 0,51
Clarity
5 39,0760 35,01500 11,68 97,84
Total
20 9,8730 23,60921 0,00 97,84
Geneus
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Allure
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
In Vu
5 0,1560 0,22098 0,00 0,47
Clarity
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Total
20 0,0390 0,12281 0,00 0,47
Geneus
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Allure
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
In Vu
5 0,0000 0,00000 0,00 0,00
Clarity
5 1,9100 4,27089 0,00 9,55
Total
20 0,4775 2,13544 0,00 9,55
N Média Desvio-padão Mínimo Máximo
Elementos Grupos
Rb
Ir
Zr
Ca
Si
P
Cl
S
Pt
Al
Na
Mo
61
Tabela 5 – Resultado do tratamento estatístico referente ao elemento químico cálcio (Ca).
Elemento/Bráquetes
Diferença
média (I-J)
Erro
padrão
da média
p-valor
Intervalo de confiança
para 95%
Limite
inferior
Limite
superior
Ca
Geneus Allure 19,10800 13,90868 ,564 -33,0352 71,2512
In Vu -7,54000 4,50529 ,421 -24,0497 8,9697
Clarity 45,56600(*) 4,94396 ,000 28,9422 62,1898
Allure Geneus -19,10800 13,90868 ,564 -71,2512 33,0352
In Vu -26,64800 13,34571 ,320 -80,2400 26,9440
Clarity 26,45800 13,50011 ,327 -26,6228 79,5388
In Vu Geneus 7,54000 4,50529 ,421 -8,9697 24,0497
Allure 26,64800 13,34571 ,320 -26,9440 80,2400
Clarity 53,10600(*) 3,01652 ,000 42,9688 63,2432
Clarity Geneus -45,56600(*) 4,94396 ,000 -62,1898 -28,9422
Allure -26,45800 13,50011 ,327 -79,5388 26,6228
In Vu -53,10600(*) 3,01652 ,000 -63,2432 -42,9688
62
6 DISCUSSÃO
Santos et al. (2000) e Vicente et al. (2006) comprovaram a superioridade
do Transbond XT
®
em relação aos cimentos a base de ionômero de vidro,
demonstrando maior resistência adesiva dos bráquetes ao esmalte e maior
percentual de fraturas na interface bráquete-adesivo, motivo pelo qual este foi o
material de escolha para a colagem dos bráquetes no presente trabalho.
Todos os bráquetes foram colados de maneira convencional proposta por
Buonocore em 1955, ou seja, realizou-se profilaxia das superfícies dentárias de
colagem, ataque ácido das mesmas, seguido da aplicação e fotopolimerização do
adesivo Transbond XT
®
e da colagem com a resina Transbond XT
®
. Romano (2003)
observou a necessidade de condicionamento ácido do esmalte para a obtenção de
valores de resistência ao cisalhamento, compatíveis com a utilização clínica. Savaris
e Menezes (2004), por outro lado, não observaram diferenças estatisticamente
significativas nas cargas de cisalhamento entre amostras nas quais o adesivo
Transbond XT
®
(primer) foi fotopolimerizado e amostras nas quais não houve
fotopolimerização do mesmo. No presente estudo, optou-se pela realização do
condicionamento ácido do esmalte e da fotopolimerização do adesivo por se tratar
de um protocolo tradicionalmente utilizado em pesquisas de cisalhamento e análise
da superfície de esmalte.
Os ensaios mecânicos de cisalhamento foram realizados 24 horas após a
colagem dos bráquetes, sendo os corpos de prova mantidos, durante esse período,
em água destilada a 37ºC. Optou-se por tal intervalo de tempo amparado no trabalho
de Hajrassie e Khier (2007) que não observaram diferenças significativas, in vitro e
in vivo, nas cargas de descolagem de bráquetes metálicos, colados em pré-molares,
com Transbond XT
®
, após quatro diferentes tempos de colagem: 10 minutos, 24
horas, uma semana e quatro semanas.
Em relação aos valores obtidos pelos testes mecânicos de cisalhamento
(cargas entre 9,97 e 12,71 MPa), pôde-se concluir que todos os bráquetes
estudados poderiam ser utilizados clinicamente com sucesso, já que as cargas
mínimas de resistência ao cisalhamento necessárias à utilização clínica para
movimentação dentária situam-se entre 5,9 e 7,9 MPa (VASQUES et al., 2005).
63
Foram observadas fraturas coesivas das três marcas comerciais de
bráquetes cerâmicos durante os ensaios, sendo de 33,3% para os bráquetes InVu
e Clarity
e de 50% para o Allure
. No grupo dos bráquetes metálicos, conforme
esperado, as fraturas não ocorreram. Em relação à MEV, observou-se que as
amostras do grupo Clarity
apresentaram alterações significativas na microestrutura
do esmalte em relação aos demais grupos, com áreas elétron lúcidas
correspondentes a crateras, aprofundamento de erosões e perda extensa da
camada aprismática do esmalte. Tal fato foi comprovado pelo ensaio EDS, onde foi
demonstrado que o grupo Clarity
apresentou percentual significativamente inferior
de íons Ca no esmalte após a remoção dos bráquetes. Chen et al. (2007),
corroborando os achados do presente trabalho, observaram fraturas coesivas dos
bráquetes Clarity
na ordem de 25% após a descolagem por máquina dos mesmos.
Por outro lado, no mesmo trabalho, Chen et al. (2007), através da MEV, observaram
que a maioria das fraturas ocorreram na interface bráquete/adesivo, e que danos
significativos ao esmalte não foram encontrados após a remoção dos bráquetes.
Vale ressaltar, entretanto, que Chen et al. (2007) submeteram a totalidade de sua
amostra à MEV com sistema de microanálise EDS, enquanto que, no presente
trabalho, apenas os elementos dentários que apresentaram os menores valores do
IRA foram submetidos, o que poderia ter contribuído para a obtenção de resultados
menos favoráveis em relação à topografia superficial do esmalte.
Savaris e Menezes (2004), da mesma forma que Chen et al. (2007), não
observaram danos e fraturas importantes da superfície do esmalte após a remoção
de bráquetes Clarity
colados em dentes bovinos, constatando que a descolagem
ocorreu, predominantemente, na camada de resina (falha coesiva, índice “3” do IRA)
e observando fratura de esmalte em apenas um, dos 60 dentes avaliados. Da
mesma forma do que no trabalho de Chen et al. (2007), toda a amostra foi
submetida à MEV.
Wang, Meng e Tarng (1997), em contrapartida aos resultados obtidos
pelo presente trabalho e por Chen et al. (2007), não observaram fraturas coesivas
dos bráquetes cerâmicos policristalinos durante a remoção, citando que suas bases
de retenção mecânica combinavam força, durabilidade e retenção semelhantes às
dos bráquetes metálicos. Em adição, os autores não observaram desprendimento de
64
esmalte após a retirada dos acessórios, não corroborando os achados do presente
trabalho.
No presente estudo foram observadas, sob MEV, perdas substanciais de
esmalte e danos importantes no mesmo para todos os quatro grupos analisados.
Vilchis, Hotta e Yamamoto (2007), por sua vez, compararam e observaram, em
MEV, as topografias superficiais do esmalte de pré-molares submetidos à colagem
de bráquetes ortodônticos segundo duas metodologias: 1) condicionamento com
ácido fosfórico a 37% durante 30 segundos + adesivo Transbond XT
+ cimento
resinoso Transbond XT
e 2) Transbond Plus Self Etching Primer
(SEP) + cimento
resinoso Transbond XT
. Com base nos resultados, demonstraram que o grupo
condicionado com ácido fosfórico apresentou maior perda de esmalte do que o
Transbond Plus Self Etching Primer
, além das interfaces esmalte/adesivo terem se
apresentado mais irregulares quando o esmalte foi condicionado com ácido
fosfórico. Dessa forma, a diferença em relação a alguns trabalhos encontrados na
literatura pode estar relacionado a este condicionamento, já que o ácido fosfórico foi
o utilizado no presente estudo.
Buyukilmaz, Usumez e Karaman (2003), Lopes et al. (2003) e Romano et
al. (2005), por outro lado, citaram que o padrão de condicionamento do esmalte, o
local de falha e o IRA aderido ao dente foram semelhantes entre amostras
condicionadas com ácido fosfórico a 37% e com Transbond Plus Self Etching
Primer
. Demonstraram, ainda, que, para os dois tipos de materiais utilizados, a
maioria das falhas ocorreu entre a interface bráquete e resina composta.
Sugere-se, portanto, a realização de trabalhos posteriores comparando-se
o Transbond Plus Self Etching Primer
, o ácido fosfórico a 37% e os demais
materiais de condicionamento, na tentativa de se buscar, cientificamente, o material
ortodôntico de condicionamento que cause menos danos ao esmalte dentário após a
remoção dos bráquetes, objetivando-se um procedimento mais conservador na
colagem ortodôntica. Esse estudo comprovou que danos ao esmalte dentário são
passíveis de ocorrer, após a remoção de bráquetes, em dentes condicionados com
ácido fosfórico a 37%, sendo mais frequentes e extensos quando bráquetes
cerâmicos são utilizados.
65
7 CONCLUSÃO
1. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre as três
marcas de bráquetes comerciais cerâmicos e a marca de bráquetes metálico nas
cargas de cisalhamento necessárias para a promoção da descolagem dos
bráquetes;
2. Em relação aos índices de resina remanescentes, observou-se diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos Clarity
e InVu
; Allure
e InVu
e
Clarity
e Geneus
. Nas demais comparações não houve diferença
estatisticamente significativa entre os pares. Em um contexto geral, foi
confirmada a prevalência do escore “4”, com um percentual de 40,4%;
3. Na análise da topografia superficial do esmalte, observou-se que o grupo
Geneus
®
foi o único que não apresentou perda de tecido superficial, apenas
pequenas fissuras. Entre os grupos compostos pelos bráquetes cerâmicos, todos
apresentaram erosões, poros, depressões e perda de camada aprismática de
esmalte, sendo o grupo Clarity
®
o mais afetado, tendo demonstrado alterações
significativas na microestrutura do esmalte;
4. Em relação ao teste EDS, o grupo Clarity
®
apresentou percentual
significativamente inferior de íons Ca no esmalte após a remoção dos bráquetes;
5. Observou-se que os bráquetes metálicos não fraturam durante a remoção, os
grupos InVu
®
e Clarity
®
apresentaram fraturas de 33,3% de suas amostras e o
grupo Allure
®
de 50%.
66
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72
APÊNDICES
73
APÊNDICE A – SUBMISSÃO ARTIGO À REVISTA DENTAL PRESS DE
ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL
74
APÊNDICE B – ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA DENTAL PRESS DE
ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL
AVALIAÇÃO DAS CARGAS DE ADESÃO E DAS SUPERFÍCIES
DO ESMALTE DENTÁRIO APÓS A REMOÇÃO DE BRÁQUETES
ORTODÔNTICOS CERÂMICOS E METÁLICOS: UMA VISÃO POR
MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
SHEAR BOND AND RESISTANCE ENAMEL SURFACE COMPARISON
AFTER REMOVAL OF CERAMIC AND METALIC ORTHODONTIC BRACKETS:
A SCANNING ELECTRON MICROSCOPY APPROACH
José Maurício da Rocha
I
, Cátia Cardoso Abdo Quintão
II
; Marco Abdo Gravina
III
,
Robert Willer Farinazzo Vitral
IV
I
Mestrando em Saúde Brasileira – FM/UFJF; Especialista em Ortodontia – FO/UFRJ
Professor Adjunto IV – FO/UFJF.
II
Doutora em Odontologia – UFRJ/RJ; Professora Adjunto – UFRJ/RJ;
Coordenadora de projetos de mestrado e doutorado – UFRJ/RJ.
III
Doutor em Ortodontia – UERJ; Professor do Curso de Especialização em
Ortodontia – FO/UFJF; Professor Visitante do Curso de Mestrado em Clínica
Odontológica da FO/UFJF.
IV
Doutor em Ortodontia – UFRJ; Professor Associado – FO/UFJF; Coordenador do
Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado em Saúde Brasileira – FM/UFJF;
Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia – FO/UFJF.
Endereço para correspondência
José Maurício da Rocha
Rua Pedro Botti, 490 – Mundo Novo
36.026-290 – Juiz de Fora/MG

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Saúde
Brasileira, área de concentração Ortodontia, da Universidade Federal de Juiz de Fora.
75
ANÁLISE DAS CARGAS DE ADESÃO E DAS SUPERFÍCIES DO ESMALTE
DENTÁRIO APÓS A REMOÇÃO DE BRÁQUETES ORTODÔNTICOS
CERÂMICOS E METÁLICOS:
UMA VISÃO POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA
SHEAR BOND RESISTANCE AND ENAMEL SURFACE ANALYSIS AFTER
REMOVAL OF CERAMIC AND METALIC ORTHODONTIC BRACKETS:
A SCANNING ELECTRON MICROSCOPY APPROACH
RESUMO
OBJETIVO: Este estudo avaliou a resistência ao cisalhamento apresentada por três
marcas comerciais de bráquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e uma marca
de bráquete metálico, verificando os índices de resina remanescentes e analisou por
microscopia eletrônica de varredura, as topografias superficiais do esmalte pós-
descolagem, detectando o desprendimento de partículas minerais após a remoção
dos bráquetes.
MÉTODOS: Foram utilizados 60 incisivos inferiores bovinos recém-extraídos. Os
bráquetes cerâmicos policristalinos (Allure
®
, InVu
®
e Clarity
®
) e metálico (Geneus
®
)
foram colados utilizando-se o adesivo Transbond XT
. Para os resultados referentes
ao cisalhamento utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, com nível de significância de
5%. O teste de Mann-Whtiney foi utilizado para comparar os diferentes tipos de
bráquetes aos pares, quanto aos índices de resina remanescentes. Para a análise
dos resultados referentes às composições químicas do esmalte aplicou-se o teste de
Brown-Forsythe com significância estatística ao nível de 5%. As comparações entre
os grupos foram realizadas utilizando os testes Post Hoc de Games-Hoewell.
RESULTADOS E CONCLUSÕES: Não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas, quanto às cargas de cisalhamento. Em relação ao
IRA, quando comparados aos pares, foi possível observar diferenças estatísticas
entre os bráquetes Clarity
®
e InVu
®
(p = 0,002), Allure
®
e InVu
®
(p = 0,006) e,
Clarity
®
e Geneus
®
(p = 0,0022). Foi confirmada a prevalência do escore “4”, com
um percentual de 40,4%. Em relação à topografia superficial do esmalte, o Geneus
®
foi o único que não apresentou perda de tecido superficial. O Clarity
®
foi o mais
afetado em relação à topografia superficial e ao desprendimento de partículas
minerais do esmalte. O InVu
®
e o Clarity
®
apresentaram fraturas coesivas de 33,3%
de suas amostras e o Allure
®
de 50%, sendo o que mais apresentou fraturas durante
a remoção.
Palavras-chave: Resistência ao cisalhamento. Bráquetes ortodônticos. Esmalte
dentário. Microscopia eletrônica de varredura.
SUMMARY
OBJECTIVE: This study aimed at evaluating the shear bond strength shown by three
different polycrystalline ceramic brackets and a brand of metallic bracket by verifying
the adhesive remnant index, and to analyze, by means of scanning electronic
76
microscopy, the superficial enamel topographies after debonding, detecting the
release of mineral particles of enamel after removal.
METHODS: Sixty recently extracted mandibular bovine incisors were used in this
study. Polycrystalline brackets (Allure
®
, InVu
®
, and Clarity
®
), and metallic brackets
(Geneus
®
) were bonded with Transbond XT
®
. For the results concerning the shear
bond strength the Kruskal-Wallis test was applied (significance level of 5%). The
Mann Whitney test was performed for comparisons of brackets by pair, in relation to
adhesive remnant. For the analysis of the results concerning the chemical
composition of the enamel the Brown-Forsythe test was applied (significance level of
5%). Comparisons between the groups were analyzed using the Games-Howell Post
Hoc test.
RESULTS AND CONCLUSIONS: No statistically significant differences were
observed in relation to shear loads during bracket debonding. In relation to ARI,
when the pairs are compared, it was possible to observe statistically significant
differences between Clarity and InVu brackets (p = 0,002), Allure and InVu (p =
0.006), and Clarity and Geneus (p = 0.0022). The prevalence of score “4” was
confirmed with a percentile of 40.4%. In relation to the superficial enamel topography,
the Geneus
®
was the only one which did not show loss of superficial tissue. Clarity
®
brackets were the most affected in relation to superficial topography and to the
release of mineral particles of enamel. InVu
®
and Clarity
®
showed cohesive fractures
in 33.3% and Allure
®
in 50%, the latter being the one that presented most fractures
during removal.
Keywords: Shear strength. Orthodontic brackets. Dental enamel. Scanning
electronic microscopy.
INTRODUÇÃO
A exigência por tratamentos ortodônticos estéticos, principalmente por
parte dos pacientes adultos, culminou com o desenvolvimento dos primeiros
bráquetes cerâmicos na Ortodontia no final da década de 80. A partir de então vêm
sendo desenvolvidas novas tecnologias para manufatura dos bráquetes estéticos
10
.
Os bráquetes cerâmicos podem ser policristalinos e monocristalinos,
sendo que a diferença está no processo de fabricação. Os bráquetes policristalinos
são produzidos pela precipitação de partículas de óxido de alumínio, combinadas
com um aglutinador, trabalhados e aquecidos para remover as imperfeições da
superfície e o estresse causado pelo processo de corte. Este processo de
manufatura pode produzir falhas estruturais nos acessórios. Os bráquetes
monocristalinos são feitos por um processo inteiramente diferente. Cristais únicos,
feitos de safira, envolvem a combinação das partículas de óxido de alumínio com um
aglutinador a 2100°C
13,19
. Desta maneira, a estrutura cristalina do bráquete
77
monocristalino é mais pura do que a do policristalino, reduzindo assim as falhas
estruturais, porém, elevando os custos de fabricação
3
.
A introdução do ataque ácido ao esmalte dentário por Buonocore
4
tornou
a colagem de bráquetes uma rotina na terapia ortodôntica com aparelho fixo.
Buonocore
4
propôs que a superfície do esmalte poderia ser alterada por ácidos,
para se tornar mais receptiva à adesão. A técnica consistiu em efetuar previamente
a profilaxia do esmalte e com o mesmo já limpo, seco e isolado da saliva, em se
aplicar o ácido sobre sua superfície. Vários materiais foram desenvolvidos com essa
finalidade. As resinas compostas tornaram-se o principal material de colagem,
devido as suas propriedades adesivas
8
.
Quando um bráquete é removido, a ruptura na união pode ocorrer na
interface bráquete/adesivo (adesiva), adesivo/esmalte (adesiva), na camada adesiva
(coesiva) e pode ser mista (adesiva e coesiva). Quando ocorre a quebra na interface
adesivo/esmalte, há maior risco de fragmentos de esmalte serem removidos
juntamente com a resina da base dos bráquetes. Portanto, o ortodontista deve se
preocupar em utilizar a técnica que promova a fratura na interface bráquete/adesivo,
prevenindo danos à estrutura dentária
2,4,11,12,14,21
.
Devido à grande dificuldade em se obter dentes humanos extraídos, para
pesquisas odontológicas, tornou-se necessário obter-se um substituto com as
mesmas características físicas. Os dentes humanos são morfológica e
histologicamente semelhantes aos dentes de outros mamíferos, sendo que o
tamanho e a disponibilidade fazem dos incisivos bovinos uma boa opção para as
pesquisas odontológicas
5
.
O teste de cisalhamento é um dos mais simples e amplamente utilizados
para a determinação da resistência de adesão à colagem de bráquetes
ortodônticos
9
. Neste teste, a união é rompida por uma força aplicada paralelamente
à interface adesiva. O teste pode ser realizado por meio de uma haste metálica ou
uma alça de fio de aço, justapostas o mais próximo possível da interface adesiva
9
. A
fratura se inicia no ponto onde a haste aplica uma força normal e, portanto, a fratura
nem sempre ocorre no ponto mais fraco
21
.
A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é utilizada em várias áreas
do conhecimento e o uso desta técnica vem se tornando mais frequente por fornecer
informações de detalhe, com aumentos de até 300.000 vezes. Ao microscópio
eletrônico pode ser acoplado o sistema EDS (Energy Dispersive Spectroscopy), o
78
qual possibilita a determinação da composição qualitativa e semiquantitativa das
amostras, a partir da emissão de raios X característicos
7
.
A realização de estudos in vivo pode apresentar muitas variáveis, o que pode
ser minimizado a partir do desenvolvimento de protocolos de pesquisa in vitro,
padronizando os procedimentos e limitando ao máximo as variáveis envolvidas.
Dessa forma, os resultados seriam mais representativos e passíveis de comparação.
Este estudo objetivou avaliar, in vitro, a resistência ao cisalhamento apresentada
por três marcas comerciais de bráquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e
uma marca de bráquete ortodôntico metálico, analisando, através da microscopia
eletrônica de varredura, as topografias superficiais do esmalte após a descolagem
dos bráquetes, e detectando o desprendimento de partículas minerais do esmalte
após a remoção dos mesmos.
PROPOSIÇÃO
1. Avaliar, in vitro, a resistência ao cisalhamento apresentada por três marcas
comerciais de bráquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e por um
bráquete ortodôntico metálico, todos com retenção mecânica (Quadro 1);
2. Avaliar, por microscopia óptica, os índices de resina remanescentes (IRA),
após a remoção dos bráquetes;
3. Avaliar, por microscopia eletrônica de varredura, a topografia superficial do
esmalte após a descolagem dos bráquetes;
4. Detectar o desprendimento de partículas minerais do esmalte após a remoção
dos bráquetes cerâmicos e metálicos, através da microscopia eletrônica de
varredura com sistema de microanálise EDS (Energy Dispersive
Spectroscopy) e;
5. Observar e calcular as fraturas dos bráquetes durante a remoção.
METODOLOGIA
Foram utilizados 60 incisivos inferiores bovinos recém-extraídos,
coletados no Matadouro Municipal de Juiz de Fora. Os critérios de seleção para
inclusão dos dentes na amostra foram que os mesmos, apresentassem suas faces
79
vestibulares íntegras, sem cáries, fraturas, manchas ou qualquer tipo de lesão no
esmalte
Para tal averiguação todos os elementos dentários foram submetidos à
microscopia óptica utilizando-se o aparelho estereomicroscópio do tipo Stemi 2000-
C do fabricante Zeiss, do Departamento de Física da Universidade Federal de Juiz
de Fora. Após a seleção dos dentes, os mesmos foram imersos por sete dias em
solução aquosa de timol a 0,1%
17
, à temperatura ambiente, para assepsia e
prevenção de desidratação. Ao término deste período procedeu-se a remoção dos
tecidos moles remanescentes, cálculos e fragmentos ósseos aderidos às raízes
17
.
Na sequência dos procedimentos, todos os dentes foram conservados em
água destilada a 4°C, substituída de sete em sete dias e mantidos por um período
máximo de três meses até a data da inclusão nos corpos de prova. Anteriormente à
inclusão, os dentes tiveram suas pontas radiculares seccionadas, com o objetivo de
apresentarem o mesmo comprimento das raízes
16
. Retenções com o disco de
carboril foram ainda realizadas nas raízes, anteriormente a inclusão em gesso, para
aumento da retenção.
Foram utilizadas três marcas de bráquetes ortodônticos cerâmicos
policristalinos com retenção mecânica (Allure
- GAC; InVu
- TP e Clarity
- 3M
Unitek) e uma marca de bráquete ortodôntico metálico (Geneus
- GAC), também
com retenção mecânica subdivididos em quatro grupos com 15 bráquetes cada, de
acordo com a marca comercial. O trabalho experimental foi dividido em duas partes:
1) teste de cisalhamento; 2) MEV com sistema de microanálise EDS.
Para montagem dos corpos de prova, foram utilizados tubos de PVC com
25 mm de diâmetro interno e 26 mm de altura. Os corpos de prova foram
preenchidos com gesso pedra especial, tipo IV, cor rosa
15
, fabricado pela Vigodent,
Bonsucesso, Rio de Janeiro, Brasil. Para a fase de colagem dos bráquetes, os
dentes foram submetidos à profilaxia de suas faces vestibulares com pasta de
pedra-pomes, água e escova de Robinson montada em motor de baixa rotação. A
partir daí, os mesmos foram lavados com água por 10 segundos e secos com jato de
ar, isento de óleo e umidade.
Todos os bráquetes foram colados utilizando-se o adesivo Transbond XT
(3M Unitek Ortodontics Products, Mowrovia, USA), de acordo com as
recomendações do fabricante. Inicialmente os dentes foram condicionados com
solução de ácido fosfórico a 37% por 15 segundos (Condal 3M, FGN, Joinvile, Santa
80
Catarina, Brasil), lavados com spray de água por 10 segundos e secos com jato de
ar, adquirindo a coloração branco-giz. Receberam a aplicação do adesivo (Primer
Transbond XT, 3M Unitek Ortodontics Products, Mowrovia, USA), sendo o mesmo
fotopolimerizado por 10 segundos
4
. Por último, os bráquetes foram posicionados no
centro da face vestibular, os excessos de resina removidos e a fotopolimerização
realizada por 20 segundos nos bráquetes cerâmicos e por 40 segundos nos
bráquetes metálicos. Utilizou-se o fotopolimerizador Opti Light digital (Gnatus, São
Paulo, Brasil). Após a colagem os dentes ficaram imersos em água destilada a 37ºC,
por 24 horas.
A fim de padronizar os corpos de prova para o teste de cisalhamento,
utilizou-se, para o posicionamento dos dentes nos tubos de PVC, um dispositivo
guia, confeccionado com fio de aço retangular 0,21” X 0.27,5”, o qual era inserido
nos slots dos bráquetes e preso por meio de ligaduras elastoméricas. Este
posicionador permitiu que todos os bráquetes estivessem a uma mesma altura em
relação às bases dos corpos de prova e que as superfícies vestibulares dos dentes
ficassem posicionadas em um plano vertical, paralelo à lâmina da máquina de
ensaios. Dessa forma, todos os corpos de prova tiveram seu posicionamento na
base da máquina de ensaio em posição que o cutelo incidisse entre a base e as
aletas oclusais dos bráquetes, possibilitando desta forma, uma força direcional
paralela à superfície da colagem.
Os testes mecânicos de cisalhamentos foram realizados em uma máquina
universal de ensaios da marca EMIC modelo DL 2000, microprocessada (Figura 1).
Utilizou-se uma célula de carga de 50 Kgf e velocidade de ensaio de 0,5 mm/minuto,
sendo os ensaios realizados no Laboratório de Pós-Graduação da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Para se obter a descolagem
dos bráquetes, os valores das cargas de cisalhamento aplicadas foram aumentados
gradativamente. Os dados referentes a estes ensaios foram armazenados em um
computador diretamente acoplado ao dispositivo de ensaios mecânicos.
Para a análise da morfologia das superfícies de descolagem do esmalte,
empregou-se a técnica de análise de elétrons secundários por meio da microscopia
eletrônica de varredura, em microscópio eletrônico da marca JEOL, modelo JSM-
5800 LV, no Instituto Militar de Engenharia – IME (Figura 2). Todas as imagens
obtidas foram aumentadas em 200 vezes para observação de toda a superfície e, a
partir daí, fotografias foram obtidas. Para a detecção de elementos químicos
81
minerais do esmalte dentário, nas interfaces de descolagem, empregou-se a
microscopia eletrônica de varredura com sistema de microanálise EDS. Tal ensaio
avaliou os danos ocorridos no esmalte dentário, após a descolagem, sendo
realizado em apenas cinco elementos dentários de cada grupo, os quais
apresentaram os menores índices de resina remanescente (IRA).
Além disso, duas outras variáveis foram avaliadas: 1) IRA após a
descolagem e; 2) frequência de fraturas coesivas dos bráquetes durante os testes
de cisalhamento
Dessa forma, todos os elementos dentários foram analisados e
classificados quanto aos remanescentes de resina após a remoção dos bráquetes
(IRA)
1,6
. Tais escores variaram de zero a cinco, onde: 0) indicou que nenhuma resina
permaneceu aderida ao dente após a descolagem; 1) que uma porcentagem inferior
a 25% da resina permaneceu aderida ao dente após descolagem; 2) uma
porcentagem entre 25 e 50% da resina permaneceu aderida ao dente após
descolagem; 3) uma porcentagem entre 50 e 75% da resina permaneceu aderida ao
dente após descolagem; 4) uma porcentagem superior a 75% da resina permaneceu
aderida ao dente após descolagem e; 5) que toda a resina permaneceu aderida ao
dente após a descolagem.
Após obtenção dos resultados, os dados foram submetidos ao tratamento
estatístico, onde não foi observada normalidade da amostra por meio das provas de
Shapiro-Wilk. A homocedasticidade foi encontrada na amostra com a utilização do
teste de Levene. Dessa forma, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, com nível de
significância de 5%, para os resultados referentes ao ensaio de cisalhamento. Além
disso, a prova de Mann-Whtiney com nível de significância de 1,25% (equivalendo a
0,05/4) foi utilizada para comparar os diferentes tipos de bráquetes aos pares,
quanto ao IRA.
Para a análise dos resultados referentes à composição química do
esmalte (EDS) aplicou-se o teste de Brown-Forsythe com significância estatística ao
nível de 5%. As comparações entre os grupos foram realizadas utilizando os testes
Post Hoc de Games-Hoewell.
82
RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos (em MPa) em relação aos
ensaios mecânicos de cisalhamento, onde se observa que os valores médios da
resistência de união ao cisalhamento dos grupos foram: GI (9,97 ± 5,29); GII (11,74
± 4,52), GIII (10,91 ± 4,37); GIV (12,71 ± 5,81) (Figura 3). Utilizando-se o teste
estatístico de Kruskal-Wallis, com nível de significância de 5%, obteve-se um valor
de p=0,43, demonstrando que nenhum grupo se diferenciou do outro em relação à
tendência central.
Dentre os grupos analisados, o GI (Geneus
®
) foi o único que não
apresentou fratura dos bráquetes durante os ensaios mecânicos. No entanto, o GII
(Allure
®
) apresentou 50,0% de fraturas; e os grupos GIII (InVu
®
) e GIV (Clarity
®
)
apresentaram fraturas de cinco bráquetes cada um, correspondendo a 33,3% da
amostra em cada grupo. Do total de bráquetes cerâmicos utilizados (n = 44), 17
fraturaram, representando 38,63% da amostra.
Em relação aos resultados do IRA, alguns dentes não puderam ser
analisados uma vez que toda a base do bráquete ficou aderida à coroa após a
remoção dos mesmos. Os resultados desta análise estão apresentados na Tabela 2.
Na Tabela 3 são apresentadas as diferenças dos pares, quanto ao IRA,
analisados com nível de significância geral (p = 0,003), sendo que as específicas
foram menor que 0,0125 (0,05/4), onde foi possível observar diferenças estatísticas
entre os bráquetes Clarity
®
e InVu
®
(p = 0,002); Allure
®
e InVu
®
(p = 0,006) e Clarity
®
e Geneus
®
(p = 0,022) Nas demais comparações não houve diferença
estatisticamente significativa entre os pares.
Cinco elementos dentários de cada grupo foram selecionados para a
análise do esmalte em MEV. Tal escolha foi baseada nos corpos de prova que
apresentaram os mais baixos índices do IRA para cada grupo, já que os mesmos
seriam, supostamente, os elementos dentários que mais apresentaram lesões do
esmalte após o teste de cisalhamento e os que permitiam uma melhor análise da
superfície do esmalte. Após a verificação individual, sob MEV, dos 20 elementos
dentários (5 de cada grupo), constatou-se que todos os corpos de prova
apresentaram características microscópicas topográficas do esmalte semelhantes
dentro de seu referido grupo. Tais características são demonstradas nas Figuras 4 a
7.
83
Todos os corpos de prova selecionados para a análise em MEV foram
também analisados por EDS, para verificação da composição química do esmalte.
Os dados referentes às composições químicas foram descritos utilizando-se médias
e desvios-padrão intragrupos referentes aos percentuais dos elementos químicos
presentes (Tabela 4). Como a maioria dos elementos químicos encontrados não
estava presente em todos os grupos de bráquetes analisados, a utilização de testes
estatísticos foi inviabilizada para a maior parte desses elementos. Dessa forma,
somente as análises comparativas dos elementos Cálcio (Ca) e silício (Si) puderam
ser realizadas, por se tratarem dos únicos elementos químicos presentes em todos
os grupos de bráquetes. Para tal foi empregado o teste de Brown-Forsythe, já que
as provas de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilks e o teste de
igualdade de variância de Levenne não encontraram normalidade e semelhança de
variância entre os grupos.
Torna-se importante afirmar ainda, que entre todos os elementos
químicos, comprovadamente encontrados pelo teste EDS, os percentuais de Ca
presentes no esmalte dentário deveriam ser os mais dignos de atenção, já que
valores elevados para os mesmos indicariam pouco dano ao esmalte dentário após
a remoção dos bráquetes, enquanto que valores reduzidos para os mesmos
indicariam muito dano ao esmalte dentário após a remoção dos bráquetes, motivo
pelo qual somente os dados referentes ao elemento Ca foram apresentados no
presente trabalho. Dessa Forma, aplicando-se o teste de Brown-Forsythe obteve-se
uma significância estatística ao nível de 5% para o elemento Ca. As comparações
entre os grupos foram realizadas utilizando os testes Post Hoc e Games-Hoewel,
onde observou-se que grupo Clarity apresentou percentuais estatisticamente
inferiores de Ca em relação aos grupos Geneus e InVu. Em relação ao grupo Allure,
não foram observadas diferenças estatísticas entre este e os demais grupos (Tabela
5).
DISCUSSÃO
Santos et al.
16
e Vicente et al.
19
comprovaram a superioridade do Transbond
XT
em relação aos cimentos a base de ionômero de vidro, demonstrando maior
resistência adesiva dos bráquetes ao esmalte e maior percentual de fraturas na
interface bráquete-adesivo, motivo pelo qual este foi o material de escolha para a
colagem dos bráquetes no presente trabalho.
84
Todos os bráquetes foram colados de maneira convencional proposta por
Buonocore em 1955, ou seja, realizou-se profilaxia das superfícies dentárias de
colagem, ataque ácido das mesmas, seguido da aplicação e fotopolimerização do
adesivo Transbond XT
e da colagem com a resina Transbond XT
. Romano
15
observou a necessidade de condicionamento ácido do esmalte para a obtenção de
valores de resistência ao cisalhamento compatíveis com a utilização clínica. Savaris
e Menezes
17
, por outro lado, não observaram diferenças estatisticamente
significativas nas cargas de cisalhamento entre amostras nas quais o adesivo
Transbond XT
(primer) foi fotopolimerizado e amostras nas quais não houve
fotopolimerização do mesmo. No presente estudo, optou-se pela realização do
condicionamento ácido do esmalte e da fotopolimerização do adesivo por se tratar
de um protocolo tradicionalmente utilizado em pesquisas de cisalhamento e análise
da superfície de esmalte.
Os ensaios mecânicos de cisalhamento foram realizados 24 horas após a
colagem dos bráquetes, sendo os corpos de prova mantidos, durante esse período,
em água destilada a 37ºC. Optou-se por tal intervalo de tempo amparado no trabalho
de Hajrassie e Khier
9
que não observaram diferenças significativas, in vitro e in vivo,
nas cargas de descolagem de bráquetes metálicos, colados em pré-molares, com
Transbond XT
, após quatro diferentes tempos de colagem: 10 minutos, 24 horas,
uma semana e quatro semanas.
Em relação aos valores obtidos pelos testes mecânicos de cisalhamento
(cargas entre 9,97 e 12,71 MPa), pôde-se concluir que todos os bráquetes
estudados poderiam ser utilizados clinicamente com sucesso, já que as cargas
mínimas de resistência ao cisalhamento necessárias à utilização clínica para
movimentação dentária situam-se entre 5,9 e 7,9 MPa
18
.
Foram observadas fraturas coesivas das três marcas comerciais de bráquetes
cerâmicos durante os ensaios, sendo de 33,3% para os bráquetes InVu
e Clarity
e
de 50% para o Allure
. No grupo dos bráquetes metálicos, conforme esperado, as
fraturas não ocorreram. Em relação à microscopia eletrônica de varredura, observou-
se que as amostras do grupo Clarity
apresentaram alterações significativas na
microestrutura do esmalte em relação aos demais grupos, com áreas elétron lúcidas
correspondentes a crateras, aprofundamento de erosões e perda extensa da
camada aprismática do esmalte. Tal fato foi comprovado pelo ensaio EDS, onde foi
85
demonstrado que o grupo Clarity
apresentou percentual significativamente inferior
de íons Ca no esmalte após a remoção dos bráquetes. Chen et al.
6
, corroborando os
achados do presente trabalho, observaram fraturas coesivas dos bráquetes Clarity
na ordem de 25% após a descolagem por máquina dos mesmos. Por outro lado, no
mesmo trabalho, Chen et al.
6
, através da MEV, observaram que a maioria das
fraturas ocorreram na interface bráquete/adesivo, e que danos significativos ao
esmalte não foram encontrados após a remoção dos bráquetes. Vale ressaltar,
entretanto, que Chen et al.
6
submeteram a totalidade de sua amostra à MEV com
sistema de microanálise EDS, enquanto que, no presente trabalho, apenas os
elementos dentários que apresentaram os menores valores do IRA foram
submetidos, o que poderia ter contribuído para a obtenção de resultados menos
favoráveis em relação à topografia superficial do esmalte.
Savaris e Menezes
17
, da mesma forma que Chen et al.
6
não observaram
danos e fraturas importantes da superfície do esmalte após a remoção de bráquetes
Clarity
colados em dentes bovinos, constatando que a descolagem ocorreu,
predominantemente, na camada de resina (falha coesiva, índice 3 do IRA) e
observando fratura de esmalte em apenas um, dos 60 dentes avaliados. Da mesma
forma do que no trabalho de Chen et al.
6
, toda a amostra foi submetida à MEV.
No presente estudo foram observadas, sob MEV, perdas substanciais de
esmalte e danos importantes no mesmo para todos os quatro grupos analisados.
Vilchis, Hotta e Yamamoto
20
, por sua vez, compararam e observaram, em MEV, as
topografias superficiais do esmalte de pré-molares submetidos à colagem de
bráquetes ortodônticos segundo duas metodologias: 1) condicionamento com ácido
fosfórico a 37% durante 30 segundos + adesivo Transbond XT
+ cimento resinoso
Transbond XT
e 2) Transbond Plus Self Etching Primer
(SEP) + cimento resinoso
Transbond XT
. Com base nos resultados, demonstraram que o grupo
condicionado com ácido fosfórico apresentou maior perda de esmalte do que o
Transbond Plus Self Etching Primer, além das interfaces esmalte-adesivo terem se
apresentado mais irregulares quando o esmalte foi condicionado com ácido
fosfórico. Dessa forma, a diferença em relação a alguns trabalhos encontrados na
literatura pode estar relacionada a este condicionamento, já que o ácido fosfórico foi
o utilizado no presente estudo.
86
Sugere-se, portanto, a realização de trabalhos posteriores comparando-se o
Transbond Plus Self Etching Primer
, o ácido fosfórico a 37% e os demais materiais
de condicionamento, na tentativa de se buscar, cientificamente, o material
ortodôntico de condicionamento que cause menos danos ao esmalte dentário após a
remoção dos bráquetes, objetivando-se um procedimento mais conservador na
colagem ortodôntica. Esse estudo comprovou que danos ao esmalte dentário são
passíveis de ocorrer, após a remoção de bráquetes, em dentes condicionados com
ácido fosfórico a 37%, sendo mais frequentes e extensos quando bráquetes
cerâmicos são utilizados.
CONCLUSÃO
1. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre as três
marcas de bráquetes comerciais cerâmicos e a marca de bráquete metálico
nas cargas de cisalhamento necessárias para a promoção da descolagem
dos bráquetes;
2. Em relação aos índices de resina remanescentes, observou-se diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos Clarity
e InVu
; Allure
e
InVu
e Clarity
e Geneus. Nas demais comparações não houve diferença
estatisticamente significativa entre os pares. Em um contexto geral, foi
confirmada a prevalência do escore”4”, com um percentual de 40,4%;
3. Na análise da topografia superficial do esmalte, observou-se que o grupo
Geneus
®
foi o único que não apresentou perda de tecido superficial, apenas
pequenas fissuras. Entre os grupos compostos pelos bráquetes cerâmicos,
todos apresentaram erosões, poros, depressões e perda de camada
aprismática de esmalte, sendo o grupo Clarity
®
o mais afetado, tendo
demonstrado alterações significativas na microestrutura do esmalte;
4. Em relação ao teste EDS, o grupo Clarity
®
apresentou percentual
significativamente inferior de íons Ca no esmalte após a remoção dos
bráquetes;
5. Observou-se que os bráquetes metálicos não fraturam durante a remoção, os
grupos InVu
®
e Clarity
®
apresentaram fraturas de 33,3% de suas amostras e o
grupo Allure
®
de 50%.
87
REFERÊNCIAS
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alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod, St. Louis, v. 85, n. 4, p.
333-340, Apr. 1984.
2. BENNETT, C. G.; SHEN, C.; WALDRON, J. M. The effects of debonding on the
enamel surface. J Clin Orthod, Boulder, v. 18, n. 5, p. 330-334, May, 1984.
3. BIGARELLA, C. A. Avaliação in vitro da resistência friccional entre bráquetes
cerâmicos e metálico. 2005. 104 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de
Marília, Marília, São Paulo, 2005.
4. BUONOCORE, M. G. A. A simple method of increase the adhesion of acrylic filling
materials to enamel surfaces. J Dent Res, Chicago, v. 34, n. 6, p. 849-853, Dec.
1955.
5. CAMPOS, M. I. C.; CAMPOS, C. N.; VITRAL, R. W. F. O Uso de dentes bovinos
como substitutos de dentes humanos em pesquisas odontológicas: uma revisão da
literatura. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa, v. 8, n. 1, p. 127-132,
jan./abr. 2008.
6. CHEN, H. et al. Effects of different debonding techniques on the bonding forces
and failure modes of ceramic brackets in simulated clinical set-ups. Am J Orthod
Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 132, n. 5, p. 680-686, May 2007.
7. DUARTE, L. C. et al. Aplicações de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e
sistema de energia dispersiva (EDS) no estudo de gemas: exemplos brasileiros.
Pesq Geociências, Porto Alegre, v. 30, n. 2, p. 3-15, fev. 2003.
8. FERNANDES, R. M. Avaliação da resistência adesiva de bráquetes colados
com resina composta ao esmalte dental a partir de três sistemas adesivos.
2008. 68 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Vale do Rio Verde de Três
Corações, Faculdade de Odontologia, Três Corações/MG, 2008.
9. HAJRASSIE, M. K.; KHIER, S. E. In-vivo and in vitro comparison of bond strengths
of orthodontic brackets bonded to enamel and debonded at various times. Am J
Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 131, n. 3, p. 384-90, Mar. 2007.
10. KARAMOUZOS, A.; ATHANASIOU, A. E.; APADOPOULOS, M. A. Clinical
characteristics and properties of ceramic brackets: A comprehensive review. Am J
Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 112, n. 1, p. 34-40, July 1997.
11. KATONA, T. R. Stresses developed during clinical debonding of stainless steel
88
orthodontic brackets. Angle Orthod, Appleton, v. 67, n. 1, p. 39-46, Feb. 1997.
12. NEWMAN, G.V. A posttreatment surgery of directed bonding of metal brackets.
Am J Orthod, St. Louis, v. 60, n. 6, p.600-610, Dec.1971.
13. OMANA, H. M.; MOORE, R. N.; BAGBY, M. D. Frictional properties of metal and
ceramic brackets. J Clin Orthod, Boulder, v. 26, n. 7, p. 425-432, July 1992.
14. REDD, T. B.; SHIVAPUJA, P. K. Deboning ceramic brackets: Effects on
enamel. J Clin Orthod, Boulder, v. 25, n. 8, p.475-481, Aug. 1991.
15. ROMANO, F. L. Análise in vitro da resistência ao cisalhamento de bráquetes
metálicos colados em várias condições de esmalte. 2003. 108 f. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de
Piracicaba, São Paulo, 2003.
16. SANTOS, P. C. F. et al. Colagem em ambiente úmido:Avaliação da capacidade
de resistência à tração de bráquetes metálicos. Rev Dental Press Ortod Ortop
Facial, Maringá, v. 5, n. 6, p. 33-43, nov./dez. 2000.
17. SAVARIS, F. L.; MENEZES, L. M. Avaliação in vitro de diferentes tempos de
fotoativação na colagem de bráquetes cerâmicos. Rev Odonto Ciên, Porto Alegre,
v. 19, n. 44, p. 139-144, abr./jun. 2004.
18. VASQUES, W. O. et al. Resistência ao cisalhamento de diferentes bráquetes
metálicos: colados com resina composta fotoativada (Transbond). Estudo
comparativo "in vitro". Rev Goiana Odontol, Porto Alegre, v. 53, n. 3, p.186-190,
jul./set. 2005.
19. VICENTE, A. et al. Effects of 3 adhesion promoters on the shear bond strength of
orthodontic brackets: an in-vitro study. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis,
v. 129, n. 3, p. 390-395, Apr. 2006.
20. VILCHIS, R. J.; HOTTA, Y.; YAMAMOTO, K. Examination of enamel-adhesive
interface with focused ion beam and scanning electron microscopy. Am J Orthod
Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 131, n. 5, p. 646-50, May 2007.
21. ZACHRISSON, B. U. Colagem em Ortodontia. In: GRABER, T. M.;
VANARSDALL JÚNIOR, R. L. Ortodontia Princípios e Técnicas Atuais. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. cap. 12, p. 524-535.
89
ILUSTRAÇÕES DO ARTIGO PARA DENTAL PRESS
Figura 1 – Fotografia da máquina universal de ensaio EMIC modelo DL 2000
(Faculdade de Odontologia – UFJF).
Figura 2 – Fotografia do microscópio eletrônico utilizado para a MEV.
Tabela 1 – Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e número de dentes
referentes aos ensaios mecânicos de cisalhamento (MPa).
Grupos Média Desvio-padrão Mínimo Máximo Nº. de dentes
Geneus
®
- I 9,97 5,29 4,05 17,71 15
Allure
®
- II 11,74 4,52 5,72 22,00 14
InVu
®
- III 10,91 4,37 4,93 17,34 15
Clarity
®
- IV 12,71 5,81 6,16 23,22 15
Total 11,33 5,01 4,05 23,22 59
Prova de Kruskal-Wallis p = 0,43.
90
Figura 3 – Gráfico dos valores médios da resistência de união ao cisalhamento.
Tabela 2 – Escores para avaliação do IRA nos grupos estudados.
Grupos
IRA
Escores
Total de dentes
por grupos
0 1 2
3 4
5
Geneus
®
- I
0
(0,0%)
5
(33,3%)
4
(26,7%)
0
(0,0%)
2
(13,3%)
4
(26,7%)
15
Allure
®
- II
0
(0,0%)
0
(0,0%)
1
(7,1%)
0
(0,0%)
9
(64,3%)
4
(28,6%)
14
InVu
®
- III
2
(20,0%)
1
(10,0%)
2
(20,0%)
1
(10,0%)
4
(40,0%)
0
(0,0%)
10
Clarity
®
- IV
0
(0,0%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
1
(7,7%)
6
(46,2%)
6
(46,2%)
13
Total 2 6 7 2 21 14 52
Tabela 3 – Diferenças dos pares de bráquetes analisados pelo IRA.
Clarity
®
- IV Allure
®
- II Geneus
®
- I InVu
®
- III
Clarity
®
- IV 0,488 0,022* 0,002*
Allure
®
- II 0,488 0,057 0,006*
Geneus
®
- I 0,022* 0,057 0,605
InVu
®
- III 0,0002* 0,006* 0,605
* (p < 0,0125) – Mann-Whtiney
91
Figura 4 – Amostra do esmalte do grupo Geneus
sem perda de tecido superficial, com
pequenas fissuras provavelmente decorrente da técnica (aumento de 200X).
Figura 5 – Amostra do grupo Allure
apresentando erosões (seta amarela) e poros já
estabelecidos (cabeças de seta verde), depressões (seta laranja) e discreta perda de
camada aprismática de esmalte (pontilhado azul) (aumento de 200X).
92
Figura 6 – Amostra do grupo In Vu
mostrando alterações representadas por discretas
crateras (asterisco verde), em meio a áreas de perda da camada aprismática do esmalte,
poros (seta laranja), erosões (círculo vermelho) e depressões (cabeças de seta azul)
(aumento de 200X).
Figura 7 – Amostra do grupo Clarity
mostrando alterações significativas na microestrutura
do esmalte com áreas elétron lúcidas correspondentes a crateras “aprofundamento de
erosões” (asterisco verde), em meio à perda extensa da camada aprismática do esmalte
(asterisco azul) e depressões (setas amarelas) e algumas erosões (círculo vermelho).
93
Tabela 4 – Resultados obtidos em EDS, referente ao elemento químico (Ca) do esmalte
após a remoção dos bráquetes.
Elemento Grupos N Média Desvio-Padrão Mínimo Máximo
Ca
Geneus
Allure
InVu
Clarity
5
5
5
5
52,7720
33,6640
60,3120
7,2060
9,43941
29,63367
3,51934
5,75423
36,99
0,83
56,56
1,27
59,85
72,22
64,06
15,72
Total 20 38,4885 25,61022 0,83 72,22
Tabela 5 – Resultados do tratamento estatístico referente ao elemento químico (Ca).
(I)
Braquetes
(J)
Braquetes
Diferença
média (I-J)
Erro
padrão
da média
p-
valor
Intervalo de confiança
para 95%
Elemento
Limite
inferior
Limite
superior
Ca
Geneus Allure 19,10800 13,90868 ,564 -33,0352 71,2512
In Vu -7,54000 4,50529 ,421 -24,0497 8,9697
Clarity 45,56600(*) 4,94396 ,000 28,9422 62,1898
Allure Geneus -19,10800 13,90868 ,564 -71,2512 33,0352
In Vu -26,64800 13,34571 ,320 -80,2400 26,9440
Clarity 26,45800 13,50011 ,327 -26,6228 79,5388
In Vu Geneus 7,54000 4,50529 ,421 -8,9697 24,0497
Allure 26,64800 13,34571 ,320 -26,9440 80,2400
Clarity 53,10600(*) 3,01652 ,000 42,9688 63,2432
Clarity Geneus -45,56600(*) 4,94396 ,000 -62,1898 -28,9422
Allure -26,45800 13,50011 ,327 -79,5388 26,6228
In Vu -53,10600(*) 3,01652 ,000 -63,2432 -42,9688
94
APÊNDICE C – RESULTADOS DO ENSAIO DE CISALHAMENTO
Teste Kolmogorov-Smirnov
Estatísticas Descritivas da Força Máxima (kgf)
Grupos Média DesvioPadrão Mínimo Máximo
Númerode
casos
geneus 14,0627 7,45521 5,71 24,97 15
invu 15,3827 6,16668 6,95 24,45 15
allure 16,5571 6,37873 8,07 31,02 14
clarity 17,9213 8,18918 8,69 32,74 15
Total 15,9712 7,07109 5,71 32,74 59
Resultados do cisalhamento em MPa
Grupos Média
Desvio
Padrão Mínimo Máximo
Número
decasos
Geneus 9,97 5,29 4,05 17,71 15
Invu 10,91 4,37 4,93 17,34 15
Allure 11,74 4,52 5,72 22,00 14
Clarity 12,71 5,81 6,16 23,22 15
Total 11,33 5,01 4,05 23,22 59
95
Boxplot da variável ao longo dos grupos
O boxplot mostra que não há grandes diferenças entre as medianas dos
grupos.
Grupos
clarityallureinvugeneus
Força Máxima (kgf)
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
Mas, por inspeção nos histogramas seguido pelo teste de significância
Kolmogorov-Smirnov, notou-se uma pequena diferença entre os grupos Geneus
®
e
Clarity
®
, ao nível de significância de 0,07.
96
Histogramas da variável ao longo dos grupos
10%
20%
30%
40%
P
e
r
c
e
n
t
a
g
e
m
geneus invu
allure clarity
10,00 15,00 20,00 25,00 30,00
Força Máxima (kgf)
10%
20%
30%
40%
P
e
r
c
e
n
t
a
g
e
m
10,00 15,00 20,00 25,00 30,00
Força Máxima (kgf)
Note que o grupo Clarity é mais alongado para frente que o grupo Geneus, ou
seja, tem uma assimetria menor.
Bráquetes fraturados no ensaio de cisalhamento por grupo de bráquetes
Tipo Fraturas
Geneus 0
InVu 5
Allure 7
Clarity 5
Total 17
97
APÊNDICE B – RESULTADOS DO ÍNDICE DE RESINA REMANESCENTE
Casos
Válido Real Total
N Percent N Percent N Percentual
Esmalte *
Escore
52 100,0% 0 ,0% 52 100,0%
Escore do IRA no esmalte
ESCORE
total
0 1 2 3 4 5
Esmalte
CLARITY
Quant.
0 0 0 1 6 6 13
%
,0% ,0% ,0% 7,7% 46,2% 46,2%
100,0
%
ALLURE
Quant.
0 0 1 0 9 4 14
%
,0% ,0% 7,1% ,0% 64,3% 28,6%
100,0
%
GENEUS
Quant.
0 5 4 0 2 4 15
%
,0% 33,3% 26,7% ,0% 13,3% 26,7%
100,0
%
INVU
Quant.
2 1 2 1 4 0 10
%
20,0% 10,0% 20,0% 10,0% 40,0% ,0%
100,0
%
Total
Quant.
2 6 7 2 21 14 52
% Esmalte
3,8% 11,5% 13,5% 3,8% 40,4% 26,9%
100,0
%
Diferença dos pares quanto ao IRA
CLARITY ALLURE GENEUS INVU
CLARITY 0,488 0,0022* 0,002*
ALLURE 0,488 0,057 0,006*
GENEUS 0,0022* 0,057 0,605
INVU 0,002* 0,006* 0,605
Significância geral 0,003
Específicas devem ser menor que 0,0125 (0,05/4)
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