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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A
M B IE N T E DE
A
P RE N D I Z A G E M N A
E
S C O L A
N
O T U RN A
:
Ensinando e Aprendendo Matemática com Tecnologias da
Informação e Comunicação
D
O UG L AS
S
I L V A
F
O N S E C A
Uberlândia - MG
2009
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D
O UG L AS
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I L V A
F
O N S E C A
A
M B IE N T E DE
A
P RE N D I Z A G E M N A
E
S C O L A
N
O T U RN A
:
Ensinando e Aprendendo Matemática com Tecnologias da
Informação e Comunicação
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Brasileira da
Universidade Federal de Uberlândia como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Educação, sob a orientação do Prof. Dr. Arlindo
José de Souza Jr.
Uberlândia - MG
2009
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F676a
Fonseca, Douglas Silva 1976-
Ambiente de Aprendizagem na Escola Noturna : Ensinando e
Aprendendo Matemática com Tecnologias da Informação e Comunicação
/ Douglas Silva Fonseca. - 2009.
123 f. : il.
Orientador: Arlindo José de Souza Jr.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Progra-
ma de Pós-Graduação em Educação.
Inclui bibliografia.
1. Tecnologia educacional. – Teses. 2. Matemática - Estudo e ensino –
Teses. 3. Aprendizagem – Teses. 4. Escolas públicas – Teses
. I. Souza
Júnior, Arlindo José de. II. Universidade Federal de Uberlândia.
Programa de Pós-
Graduação em Educação. III. Título.
CDU: 37.01:007
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
D
O UG L AS
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M B IE N T E DE
A
P RE N D I Z A G E M N A
E
S C O L A
N
O T U RN A
:
Ensinando e Aprendendo Matemática com Tecnologias da
Informação e Comunicação
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Brasileira da
Universidade Federal de Uberlândia como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Educação.
Área de concentração: Saberes e Práticas em
Educação.
Orientador: Prof. Dr. Arlindo José de Souza Jr.
Dissertação defendida em ........./............/................... perante a Banca Examinadora
constituída pelos seguintes professores:
_____________________________________
Prof. Dr. Arlindo José de Souza Jr - Presidente
______________________________________
Prof. Dr. César Guilherme de Almeida – UFU
_____________________________________
Prof. Dr. Nilson Sergio Peres Stahl – UENF
Aos meus pais, João Bosco Fonseca e
Terezinha Maria Fonseca, por terem mostrado
aos seus quatro herdeiros (Douglas, Daniel,
Diogo e Débora) a verdadeira importância dos
estudos e o quanto é difícil não ter as mesmas
oportunidades na vida como outros e, nem por
isso, desistirmos dos nossos sonhos.
AGRADECIMENTOS
À minha família.
À minha filha Lissany, por compreender que, nas suas férias, aquelas viagens
programadas anteriormente tiveram que ser adiadas para a finalização deste
trabalho, mas que em breve, serão executadas.
Ao Professor orientador, Arlindo José de Souza JR., que sempre acreditou no
meu trabalho, pois, se assim não fosse, jamais estaria escrevendo estas palavras.
Ao professor de Educação Básica e meu “mano”, pois é muito mais que meu
amigo, Jean Carlo da Silva, que, acima de companheiro de grupo e de sonhos na
realização deste trabalho e de muitos outros que realizamos e realizaremos, ainda é
flamenguista e parceiro nos churrascos de fim de semana.
Ao meu fiel companheiro e mano Éliton, sem cujo auxílio não teria chegado a
terminar este trabalho e com quem espero em breve trocar de lugar nesses auxílio
acadêmicos.
Ao meu outro “mano” na caminhada de sonhos de uma Educação com
melhores dias não para alguns, mas sim para todos que dela necessitam, Alex.
“Mano”, esta é mais uma etapa que concluímos e da qual a sociedade aguarda
nosso retorno.
Aos professores e professoras e eternos colegas: Edinei, Vanessa e Maisa,
pelas grandes contribuições no decorrer dos nossos trabalhos coletivos.
Aos meus outros “manos” que são os “carregadores de fardos pesados” Deive,
Fernandinho e Ronicley, que realizaram um trabalho magnífico e extremamente
profissional. Fico muito feliz em saber que fazemos parte de um grupo investigativo
há tanto tempo e cada vez mais com menos vaidade entre nós.
Ao amigão Edson, que, se não me auxiliasse na tarefa diária de resolução de
problemas, quando se trata de lecionar conteúdos matemáticos exaustivamente na
rede de ensino, não conseguiria tempo para escrever esta Dissertação. Obrigado
parceiro.
Ao meu amigo Rafael, que sempre acelerou seu carro com responsabilidade
nas idas e vindas de Tupaciguara, quando íamos lecionar e voltar pido para que
eu escrevesse minha Dissertação.
À comunidade acadêmica da Escola Estadual do Parque São Jorge, onde
pesquisamos no decorrer de nosso trabalho e nos acolheu no seu cotidiano escolar.
Particularmente à Vaninha e à Regina.
Aos professores, professoras e funcionários do Programa de Mestrado em
Educação da Universidade Federal de Uberlândia pelos imensos subsídios
fornecidos e pela paciência que comigo tiveram.
Aos Prof.
s
Dr.
s
César Guilherme de Almeida e Rejane Maria G. da Silva, pelos
substanciais pareceres e auxílios fornecidos na ocasião do exame de qualificação.
À turma do Mestrado em Educação 2007, em especial à Bia, Sérgio e Lázara
(doutorandos), Neil, Raul, Lavine, Juliano, Eva e Janete (mestrandos).
Aos meus anjos da guarda, se bem que são femininas e anjos não têm sexo,
são elas: Patrícia Carvalho, Patrícia Oliveira e Marisa Mourão. Muito obrigado por
sempre me ouvirem e pelas contribuições durante todo este processo para minha
formação.
Ao Weverson, colega de profissão, que me auxiliou com sua sabedoria sobre a
língua espanhola, antes do meu exame.
Aos professores da Universidade Federal de Uberlândia, João Marcos
(Sociologia), Antônio de Almeida (História), Guimes (Química), Guido (Filosofia),
Simone (Educação), Antonio Carlos Nogueira, Eugenio de Paula, Cícero Fernandes
de Carvalho (Matemática), pelas inúmeras conversas dentro e fora do Universo
Acadêmico.
Às Prof
as
. Sandra Diniz e Ana Carolina Garcia Lima, pela revisão de Português.
A todos os meus colegas e companheiros de formação com os quais tive e/ou
tenho contato e que, de alguma forma, influenciaram/influenciam minha história. E
aos amigos, que sempre frequentaram minha casa nos fins de semana para
prosearmos e “queimarmos um carvão”, já que, nesse ambiente, sempre recarreguei
minhas forças para continuar este trabalho. Particularmente, à Kélbia, pelo
financiamento do meu PC; Martinha que sempre “segurou as pontas” para mim no
Promove, não colocando meu nome no paredão quando não entregava minhas
atividades escolares em dia; Décio, Eduardo, Ailton e Adaílton, por sempre me
incentivarem na continuidade do exercício de lecionar, vocês sim, sempre foram
meus mestres quando precisei, que existem muitos mestres na Educação sem o
título e vocês são, sem dúvida alguma, educadores.
Aos meus diretores/coordenadores pedagógicos das Escolas em que
trabalho, pois sempre me atenderam na disponibilidade de horários das aulas e
congressos de que eu participei até então, que sempre tive que conciliar, nesse
meio tempo, as tarefas de professor e de aluno do Mestrado. E sinto muito por a
administração pública do Estado de Minas Gerais não entender da mesma maneira.
Todas as pessoas que, antes de tudo, acreditaram que aquele rapaz
graduando em Licenciatura em Matemática, que não tinha dinheiro para participar de
eventos, que necessitava de alimentar-se no restaurante universitário da UFU, que
vendia camisetas, bolsas de cursos e rifas para se manter como pai de uma linda
filha e como aluno da UFU, um dia se formaria e ainda não se limitaria a isso, pois
iria requisitar mais e alcançar, neste momento, a grande oportunidade de
continuidade em seus estudos. Se, hoje, o fator financeiro não é limitante de minhas
ações, posso escrever tais palavras, porque jamais neguei minhas raízes e nem
pretendo me esquecer das pessoas que contribuíram para este momento. Muito
Obrigado!
“Nunca consegui entender o processo de motivação
fora da prática, antes da prática. É como se,
primeiro, se devesse estar motivado para, depois,
entrar em ação! Você percebe? Essa é uma forma
muito antidialética de entender a motivação. A
motivação faz parte da ação. É um momento da
própria ação. Isto é, vo se motiva à medida que
está atuando, e não antes de atuar”.
(Paulo Freire, 1995)
RESUMO
Nessa investigação, procuramos trabalhar com os saberes coletivos na escola
pública estadual na disciplina de Matemática em duas turmas do segundo ano do
ensino médio noturno no conteúdo de Trigonometria com a utilização das novas
tecnologias aplicadas ao ensino. Transformar a escola em um ambiente de
aprendizagem e não fixá-lo apenas à sala de aula, foi o início das nossas atividades
quando levamos as turmas para o laboratório de informática da escola que se
alocava em sua biblioteca. Problemas estruturais e organizacionais dificultam o
trabalho docente, mas quando o coletivo se une, as coisas acontecem. Foi desta
maneira nosso trabalho no ano de 2007 em uma escola estadual periférica na
cidade de Uberlândia, com utilização das tecnologias da informação e comunicação.
As escolas estão recebendo computadores, projetores, mas falta capacitação de
funcionários e professores para utilizarem estes mecanismos, e o principal é
entender que estas ferramentas tendem ao auxílio das tarefas escolares e não uma
maneira de retardar o processo de aprendizagem, que nossos alunos se deparam
a todo o momento com o uso de computador, seja na sua casa, seja em uma lan
house. Utilizamos os Objetos de aprendizagem, que são ferramentas produzidas por
nossas universidades públicas e voltadas para auxílio dos professores ao ensino
que em muitos casos, pode-se substituir a abstração por uma animação do objeto.
Entendemos que se alunos não tiverem acesso a estas tecnologias em seu ensino
regular, podem estar sujeitos a não terem outra oportunidade, e isto vai de alguma
maneira, influenciá-lo em seu futuro trabalho, já que possuir ensino básico e noções
de informática é requisito mínimo para se conseguir um emprego hoje em dia. Cabe
então ao Estado dar condições apropriadas às escolas para que este tipo de prática
docente que ocorreu nesta escola seja natural e não uma exceção.
Palavras-chave: Ambientes de Aprendizagem; Educação Matemática; Tecnologias
da Informação e Comunicação.
ABSTRACT
In this research, we work with the collective knowledge in public schools statewide in
the discipline of mathematics in two classes the second year of high school at night
in the content of Trigonometry with the use of new technologies applied to education.
Transforming the school into a learning environment and not just fix it in the
classroom, was the beginning of our activities when we take the classes in to the
school's computer laboratory that is placed in its library. Organizational and structural
problems hampering the teaching work, but when the group comes together, things
happen. It was this way our work in 2007 in a peripheral state school in the city of
Uberlândia, with use of information and communication technologies. Schools are
getting computers, projectors, but lack of training staff and teachers to use these
mechanisms, and the main view is that these tools tend to aid of school tasks and not
a way to slow the learning process, since our students are facing at any time using
the computer, either at home or in a LAN house. The use of learning objects, that are
produced by our public universities and aimed to aid the education of teachers as in
many cases, you can replace the abstraction of an animation of the object. We
believe that if students doesn’t have access to these technologies in their education,
may be subject to not have another chance, and this will in some way, influence it in
its future work, as have education and notions of information is required minimum to
get a job today. It is then up to the State to appropriate conditions to schools so that
this type of teaching that occurred in this school be natural and not an exception.
Keywords: Learning Environments; Mathematics Education, Information Technology
and Communication.
LISTA DE SIGLAS
CD - Disco Compacto.
CRV - Centro de Referência Virtual do Professor
DVD - Disco Digital de Vídeo.
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio.
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Fundeb - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação.
HTML - Linguagem de Marcação de Hipertexto
LINUX – Sistema Operacional.
NTIC – Novas Tecnologias da Informação e Comunicação.
OA – Objetos de Aprendizagem.
PACTO Programa de Apoio Científico e Tecnológico aos Assentamentos de
Reforma Agrária.
PAIES – Programa Alternativo de Ingresso ao Ensino Superior.
PCs - Computadores pessoais.
PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
PROEX - Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis.
ProInfo – Programa Nacional de Tecnologia Educacional.
RIVED – Rede Interativa Virtual de Educação.
TIC’s – Tecnologias da Informação e Comunicação.
UFU – Universidade Federal de Uberlândia.
Web Rede de alcance mundial
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Atividade 4 – OA Transbordando Conhecimento ...................................... 32
Figura 2 - Saberes Coletivos ..................................................................................... 49
Figura 3 - Foto Escola 1 ............................................................................................ 57
Figura 4 - Foto Escola 2 ............................................................................................ 57
Figura 5 - Foto Escola 3 ............................................................................................ 59
Figura 6 - Integração de Mídias ................................................................................. 61
Figura 7 - Webquest - Processo ................................................................................ 62
Figura 8 - Foto 1 do Laboratório de Informática ........................................................ 71
Figura 9 - Layout do Laboratório de Informática ........................................................ 72
Figura 10 - Porcentagem dos alunos que trabalham ................................................. 75
Figura 11 - Porcentagem dos alunos por idade......................................................... 76
Figura 12 - Porcentagem dos alunos por sexo .......................................................... 76
Figura 13 - Porcentagem dos alunos que utilizam computador................................. 77
Figura 14 - Local onde os alunos têm acesso ao computador .................................. 77
Figura 15 - Tempo médio, por dia, que um aluno utiliza o computador ..................... 78
Figura 16 - Programa que os alunos tem facilidade em manusear ........................... 78
Figura 17 - Porcentagem dos alunos que tem Orkut ................................................. 79
Figura 18 - Porcentagem dos alunos que tem MSN .................................................. 79
Figura 19 - Porcentagem dos alunos que tem e-mail ................................................ 79
Figura 20 - Foto 2 Laboratório de Informática ........................................................... 81
Figura 21 - Foto 3 Laboratório de Informática ........................................................... 82
Figura 22 - Foto da Sala de Aula ............................................................................... 86
Figura 23 - Página Secundária RIVED ...................................................................... 87
Figura 24 – Foto 1 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................ 88
Figura 25 - Foto 2 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 89
Figura 26 - Foto 3 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 89
Figura 27 - OA Trigonometria na Ponte .................................................................... 90
Figura 28 - Foto 4 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 90
Figura 29 - Foto 5 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 91
Figura 30 - Foto 6 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 91
Figura 31 - Foto 7 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 92
Figura 32 - Foto 8 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 92
Figura 33 - OA Trigonometria no Parque Atividade 5 ................................................ 93
Figura 34 - Foto 9 Apresentação dos Trabalhos Finais ............................................. 93
Figura 35 - Foto 10 Apresentação dos Trabalhos Finais ........................................... 94
Figura 36 - Foto 11 Apresentação dos Trabalhos Finais ........................................... 95
Figura 37 - OA Ampliando as Noções Trigonométricas – Créditos ........................... 95
Figura 38 - OA Arquitetura das Escadas - Introdução ............................................... 96
Figura 39 - OA Teodolito – Atividade 1 ..................................................................... 96
Figura 40 - Foto 1 do novo Laboratório de Informática ........................................... 105
Figura 41 - Foto do antigo Laboratório de Informática ............................................ 106
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 27
CAPITULO I
ESCOLA PÚBLICA NOTURNA E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS .......................................... 35
1.1 O Ensino Noturno e Organização Escolar ........................................................... 35
1.2 TIC’s na Escola Noturna...................................................................................... 40
CAPÍTULO II
SOBRE OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .................... 47
2.1 Constituição do Grupo ......................................................................................... 50
2.2 A escola e as turmas ........................................................................................... 51
CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................ 55
3.1 Desenvolvimento do Trabalho Educativo no Cotidiano da Escola Estadual
Parque das Flores ..................................................................................................... 55
3.2 A organização e funcionamento do laboratório de informática da escola ........... 68
3.3 O Trabalho educativo na Escola Noturna com objetos de aprendizagem ........... 83
3.3.1 Trabalho Educativo com Objetos de Aprendizagem ........................................ 84
3.3.2 Conteúdo de trigonometria e produção dos alunos .......................................... 85
3.3.3 Aprendizagem dos Alunos com OA .................................................................. 97
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 107
ANEXOS
ANEXO A - Lista de Escolas Referências e suas localizações na cidade de
Uberlândia-MG. ....................................................................................................... 113
ANEXO B - Pedido de construção da sala de Informática junto á secretaria estadual
de ensino ................................................................................................................. 114
ANEXO C - Proposta da chapa 1 ............................................................................ 115
ANEXO D - Proposta da chapa 2 ............................................................................ 116
ANEXO E - Normas de Utilização do laboratório .................................................... 117
ANEXO F - Questionário 1 ...................................................................................... 118
ANEXO G - Questionário 2...................................................................................... 121
ANEXO H - Lista de e-mail dos alunos do 2° G, 2°H e professores atuantes no
projeto ..................................................................................................................... 122
ANEXO I – Questionário da aluna do 2° G .............................................................. 123
INTRODUÇÃO
Na transformação do casulo em borboleta, todo um
processo de destruição da larva, à exceção de seu sistema
nervoso. Este trabalho de autodestruição é, ao mesmo
tempo, um trabalho de autocriação que emerge um novo ser,
outro, e, entretanto, com a mesma identidade. (Edgard
Morin)
Esta pesquisa é produto de muitas conversas de corredores da Universidade
e de pessoas que nos influenciam de maneiras distintas. Tecerei alguns fatos que
dão a devida ideia de onde se inicia este trabalho.
Atuei como professor de Educação Básica, pela primeira vez, na Escola
Estadual Hortêncio Diniz, no ano de 2000, ainda estudante de Graduação em
Licenciatura Plena em Matemática. Naquele ano, também, atuei na Escola Estadual
José Gomes Junqueira, até o fim do ano letivo, o que me deu a certeza de que havia
encontrado na docência o meu futuro. Para isso, necessitaria de finalizar minha
Graduação, então, dediquei-me ao curso e retornei à sala de aula como docente em
agosto de 2004, na Escola Estadual Neusa Rezende, quando terminara minha
Graduação.
Em meu primeiro ano do Curso de Licenciatura em Matemática na
Universidade Federal de Uberlândia - UFU, em 1998, tive a oportunidade de
conhecer uma sala inteira repleta de computadores e, claro, fiquei impressionado.
Basta fechar os olhos e volto a imaginar aquela sala do Bloco B (sala de laboratório
de informática comum a todos os cursos da UFU do Campus Santa nica) lotada
de máquinas e de pessoas sentadas frente a elas. Algumas cadeiras ficavam
próximas à porta, para que pudéssemos aguardar a saída de algum usuário e tomar
sua posição na utilização do computador. Lembro-me do dia em que fiz meu
primeiro e-mail. Foi o grande o nome que escolhi que, em pouco tempo, tive que
mudar meu login, ou seja, meu nome de usuário, para acessar minhas mensagens
na Internet, que a maioria das pessoas desistia de anotar o endereço eletrônico.
Começava, assim, minha introdução num mundo totalmente novo no contexto da
minha vida, que nossas condições econômicas nunca nos permitiram acesso às
novas tecnologias.
28
No primeiro semestre do Curso de Matemática, tínhamos uma disciplina
chamada Informática Básica e eu tinha receio de ter de sentar sozinho frente à
máquina, pois o sabia manuseá-la, nem mesmo sei se posso considerar que hoje
seja bom nisso. Mas, naquela época, sentava-me sempre com um amigo de curso,
para começar a entender o funcionamento do computador. Algo que me vem à
memória é que, no fim das aulas, eu sempre ficava um pouco mais para tentar
“investidas” mais ousadas e, assim, comecei a mandar e-mails, ficar nos bate-papos,
enfim, fui aprendendo dia-a-dia, na maioria com o auxílio do meu amigo de curso,
Stenio Costa.
Nesse período, passei por uma fase conturbada, com um processo de
separação e com a preocupação diária de ser pai e de ter de cumprir, no mínimo,
com pagamento de pensão alimentícia. Além disso, as reprovações, que se
tornaram naturais, e o meu envolvimento no movimento estudantil, foram fatores
consideráveis em minha vida acadêmica. Ocupando cargos na direção do Diretório
Acadêmico do meu curso, passei pelo Diretório Central dos Estudantes e fui a
representante da União Estadual dos Estudantes, até finalizar como representante
estudantil com direito a voz e voto nos maiores conselhos da Universidade, como o
Conselho de Graduação e o Conselho Universitário. Relato isso, porque a academia
não se conta de que existe um ser humano vestido de aluno e que, em certos
momentos, as datas de avaliações não são as tarefas mais importantes no contexto
diário de nós, alunos, mas sim, a sobrevivência. Nesse momento, comecei a atuar
em sala de aula como voluntário nas aulas de ensino noturno para Jovens e Adultos
e comecei, ali, a conhecer esse cenário de maiores dificuldades e passei a entender
por que era o difícil para mim conciliar a faculdade com a tarefa de ser pai, ao ver
essa mesma dificuldade em muitos dos meus alunos.
no segundo semestre de 2000, um professor recém-chegado de seu
Doutorado resolveu mudar as concepções até então vistas como regras do Curso de
Matemática e começou a procurar alunos em quem pudesse visualizar futuros
docentes comprometidos com a Educação Matemática. E, em sua visão, tais alunos
não teriam que necessariamente ser aqueles de maiores aproveitamentos e
rendimentos em concepções de notas, mas, sim, os que possuíssem diferentes
olhares. Naquele momento, tive a grande oportunidade de me empenhar no Curso,
porque, além da minha família, mais uma pessoa acreditava em mim.
29
Em agosto de 2000, acontecia um workshop de Informática na cidade de
Araraquara, São Paulo e conseguimos um micro-ônibus com quatorze lugares para
participarmos de tal evento. Lembro-me, como se fosse ontem, talvez porque aquele
foi meu primeiro evento fora da UFU. Como não tinha condições financeiras de
participar dele, fui com os demais alunos e o professor responsável pela nossa
viagem para o workshop. Quando digo que não tinha condições financeiras, quero
dizer que tinha dinheiro para me alimentar e não para pagar a hospedagem no
hotel. Pensei que o motorista me deixaria dormir no ônibus, mas ele não concordou
com essa situação e ficamos, Jander Amorim, aluno de Graduação em Matemática,
e eu na mesma situação. Todavia, o professor responsável pela viagem ajudou-nos
com uma quantia em dinheiro, que não era suficiente, mas um dos alunos
ingressantes, o meu grande amigo Rodrigo Masini, que acabava de nos conhecer,
ofereceu-se para nos ajudar, dizendo que receberia de nós em Uberlândia, quando
retornássemos. Ficamos todos no mesmo hotel e isso fortaleceu grandes amizades
e grandes sonhos.
Passado o problema de instalação na cidade, fomos ao evento e, mais uma
vez, fiquei deslumbrado com tantas pessoas reunidas, falando sobre o mesmo
assunto. Era muito diferente aquele momento para mim e teve toda influência para
minha mudança de concepção. Entretanto, todos tinham feito inscrição, menos eu,
então, o professor aconselhou-me a andar sempre junto ao grupo, caso fosse
sondado pela organização do evento. Aproveitamos ao máximo o evento, lembro-me
de todos os detalhes e, principalmente, do último momento nele, quando o professor
responsável de Uberlândia foi pedir ao professor organizador do evento um
certificado de participação para mim, que eu não tinha feito minha inscrição pela
situação financeira, mas havia assistido a todos os cursos em que minha delegação
esteve presente. O organizador, no mesmo instante, pediu para sua secretária
anotar meus dados e enviou a mim pelo correio, posteriormente, o certificado que se
encontra em minha pasta, sendo o primeiro e, sem dúvida, o mais importante de
todos os que possuo, que, naquele momento, eu começava a ver “portas se
abrindo”, as
que jamais imaginei um dia!
Voltando ao ensino noturno voluntário, eu tinha aquela imensa vontade em
ensinar Matemática utilizando o uso de computadores em certos conteúdos, mas
30
esbarrava com a instalação dos equipamentos nas Escolas, que o Proinfo
1
se
iniciava como a perspectiva de promover o uso pedagógico da informática na rede
pública dos ensinos Fundamental e Médio, o que hoje é verificado nas escolas
públicas brasileiras e, além disso, eu tinha muita vontade, mas não tinha o
conhecimento para dominar um conteúdo matemático com a utilização dos
computadores. Então repetia a metodologia tradicional de lousa e giz.
Os anos foram passando e recebi motivações a cada um deles, mesmo sem
ter bolsa de
incentivo à pesquisa, comecei a atuar nesse campo. Comecei como
voluntário na Educação de Jovens e Adultos acompanhando os alunos de Prática de
Ensino, atualmente conhecida como Estágio Supervisionado, matéria do final do
curso. Posteriormente passei a escrever com esse professor da UFU trabalhos, ora
pôsteres, ora comunicações orais, até chegar ao ponto de trabalhos completos,
todos eles apresentados nos muitos eventos pelo nosso País, sempre relacionados
à Educação e à Educação Matemática. A situação financeira não mudou tanto
assim, mas o empenho, este sim, mudou muito, para melhor. Acho que sou um dos
alunos de Graduação em Matemática da UFU que mais participou de eventos, e
para ir a eles, já fiz de tudo: vendi rifas, bolsas com nomes dos cursos, camisetas de
cursos, organizei festas, mas nunca mais deixei de participar de eventos que até
hoje revigoram minhas forças, e volto deles querendo e sabendo que posso e devo
empenhar-me cada dia mais na minha prática docente. Nesse meio tempo, fui
interagindo sempre com o uso do computador e em certos momentos, apaixonando-
me por ele no cotidiano escolar.
Trabalhei como estagiário-bolsista no projeto de Extensão Escola
Democrática ano II
2
, financiado pela PROEX (Pro - Reitoria de Extensão, Cultura e
Assuntos Estudantis) da UFU, no período de outubro a dezembro de 2003, atuando
em sala de aula na Educação de Jovens e Adultos dos assentamentos de reforma
agrária Rio das Pedras e Zumbi dos Palmares, localizados no município de
Uberlândia.
Atuei também, em meados de 2001, quando se deu início à elaboração do
Programa PACTO/MG-TM
3
, que estabelecia trabalho em três segmentos: Educação,
1
O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) é um programa educacional criado pela
Portaria nº 522, de 9 de abril de 1997, pelo Ministério da Educação.
2
Projeto registrado na PROEX sob o número: 42 PEIC/UFU2003.
3
Programa de Apoio Científico e Tecnológico aos Assentamentos de Reforma Agrária de Minas
Gerais – triangulo Mineiro. Projeto registrado no CNPQ sob o número: 500014/2005-9.
31
Saúde e Produção nos assentamentos do Zumbi dos Palmares e Rio das Pedras no
município de Uberlândia e Ezequias dos Reis e Bom Jardim, no município de
Araguari. Devido aos trâmites legais, esse projeto entrou em execução no ano de
2004, e eu atuei nele apenas por dois meses, que minha participação poderia
acontecer enquanto fosse aluno de Graduação. Como conclui minha Graduação em
julho de 2004, tive que desligar-me do projeto e, por isso, fui substituído pelo meu
amigo Ronicley Araújo.
Logo após minha formatura, em 2004, consegui trabalhar na rede estadual de
Minas Gerais, sob um regime de contrato, comum em nosso estado, até o fim do
ano e, com isso, consegui comprar meu tão sonhado computador, que, naquele
momento, servia para me deixar em contato com a Universidade, com as
tecnologias que, para mim, até então, nunca fizeram parte do meu contexto social,
sem falar na satisfação que sempre sentia ao montar minhas avaliações nele e não
entender por que muitos dos meus colegas de trabalho, que podiam ter um, ainda
utilizavam o mimeógrafo da escola para rodarem suas avaliações.
Nesse mesmo ano tentei o processo seletivo para o Mestrado em Educação
na UFU, entretanto, em minha primeira tentativa não obtive êxito. Fiquei frustrado,
por achar que era meu momento e nem tentei o processo em 2005, ficando apenas
lecionando. Participei de apenas um evento no decorrer do ano, mas, em 2006,
resolvi tentar novamente o processo seletivo e, dessa vez, a história foi diferente.
Em 2004, se tivesse entrado no programa de Mestrado, teria pesquisado
sobre a prática de Jovens e Adultos, mas nesse meio tempo, mudei o
meu foco de
atuação, envolvendo-me na área de utilização do laboratório de informática nas
aulas de Matemática na Escola Estadual José Ignácio de Sousa, em Uberlândia,
principalmente pelo fato de ter sido procurado pela mestranda Adriana Rodrigues,
que era orientanda do professor da UFU, responsável pelo meu crescimento na
época de graduando. Que ironia do destino: se eu tinha ficado frustrado por não ter
entrado no programa de 2005, estava eu, naquele momento, auxiliando a pessoa
que entrara com a “vaga para a qual havia concorrido”. Mas sem dúvida, quando
ouvimos dizer que “Deus escreve certo por linhas tortas”, nesse caso, foi verdade e
realizamos um grande trabalho coletivamente, nas minhas aulas de Matemática na
Escola, com uma grande equipe, composta pela pesquisadora, por alunos bolsistas
de Graduação, pelo professor da UFU
e por mim, todos excelentes profissionais.
32
Essa equipe trabalhou com o objeto de aprendizagem “Transbordando
Conhecimento” no cotidiano das aulas de Matemática no Ensino Médio. Para tanto,
investigou-se de que forma os saberes produzidos no dia a dia da escola poderiam
contribuir para a melhoria e para a eficácia do diálogo entre a equipe
desenvolvedora dos objetos de aprendizagem e os professores, sendo que este
trabalho investigativo foi realizado em dois momentos distintos, mas que se
complementaram: na Universidade e na escola. A figura 1 mostra a utilização do
conceito de Funções no enchimento dos recipientes.
Figura 1 - Atividade 4 – OA Transbordando Conhecimento
O grupo decidiu utilizar atividades contextualizadas e modelagem Matemática,
em consonância com a proposta pedagógica contida no Guia do Professor, do
objeto de aprendizagem “Transbordando Conhecimento” e, também, atividades que
suprissem a necessidade de criação de ligações entre a escola e o espaço além
muros, ensinando a Matemática da/para o cotidiano. O trabalho com os alunos foi
norteado pela pedagogia de projetos, cujo fio condutor foi o Tema Água. D’Ambrosio
(2003) apresenta algumas possibilidades de utilização desse tema:
A caixa d’água da cidade deveria ser tema de todas às séries, todos os
anos, todas as escolas. Falar tudo sobre caixa d’água. Quanta matemática,
quanta física, quanta biologia e saúde, quanta política está aí. Como aquela
água é abastecedora de toda a cidade? Como e por que sai de lá e vai para
a torneira? O que significa essa quantidade de água, qual a sua
capacidade? O que significa essa capacidade na quantidade de água para
cada habitante desta cidade? É material para trabalho o ano todo. É um
bom exemplo no campo de conscientização social. São as bases da
33
cidadania. Tudo isso pode ser trabalhado na escola, utilizando o ambiente
fora da escola (D’AMBRÓSIO, 2003, p.72).
Talvez por esse motivo, o conteúdo de Funções seja tão utilizado nos ensinos
Fundamental e Médio, todavia, não tão bem contextualizado com situações fora da
escola, como analisar as contas de energia das residências e, posteriormente,
montar seus respectivos gráficos de consumo.
A prática pedagógica que investigamos estava baseada na intenção de se
trabalhar um conteúdo matemático (funções), por meio da exploração do tema água
e da utilização do computador. A pesquisa nos revelou a importância da integração
com o livro didático e com fitas de vídeos, material fornecido por empresas de
tratamento de água (fitas de vídeos, informações sobre o processo de cobrança da
água e aplicativos de simulação), dados de pesquisa fornecidos por estações
meteorológicas, sites de escolas, entre outros.
Auxiliando a mestranda em sua pesquisa e envolvendo-me de vez no projeto,
surgiu esta ideia, que o é nova, mas, sim, uma continuidade do pensamento
coletivo que nosso grupo possui. A pergunta de pesquisa que se colocou foi: Como
se constitui o ambiente de aprendizagem com tecnologias de informação e
comunicação no processo de ensino e aprendizagem em Matemática da escola
estadual noturna?
Sabendo que as escolas estão recebendo computadores, projetores nas suas
instalações físicas, utilizamos nossos saberes coletivos na disciplina de Matemática
em uma escola pública estadual noturna para analisarmos como se constitui um
ambiente de aprendizagem, seja nas idas ao laboratório de informática e/ou na sala
de aula.
Decidimos estruturar esta Dissertação da seguinte forma:
No Capítulo I, procuramos realizar uma breve contextualização de alguns
aspectos que consideramos pertinentes à discussão sobre escola pública noturna e
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), nos Processos Educacionais.
No capítulo II, buscamos mostrar como a metodologia desta pesquisa foi
construída ao longo do ano em que permanecemos na Escola.
No capítulo III, analisamos os dados da pesquisa. Esse capítulo foi dividido
em três eixos de análise. No primeiro, procuramos compreender o desenvolvimento
do trabalho educativo realizado coletivamente no cotidiano da escola. No segundo
34
eixo, procuramos analisar a prática pedagógica desenvolvida no interior do
laboratório de informática da Escola e, no terceiro, procuramos discutir o processo
de produção coletiva de saberes docentes sobre o trabalho com objetos de
aprendizagem no processo de ensinar e aprender Matemática.
Nas
considerações finais, apresentamos as questões escolhidas para o
estudo e propomos algumas para um futuro próximo, que propiciarão a realização de
novas pesquisas que, no nosso entendimento, nunca cessarão.
CAPITULO I
ESCOLA PÚBLICA NOTURNA E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS
Com a Globalização, o Mundo sofre uma série de mudanças, que ocorre
devido principalmente pela implementação dos computadores no cotidiano
de todos e a internet fazendo também parte disso. No Brasil devemos
repensar as várias maneiras de se ensinar a Matemática, assim como as
outras disciplinas por que não? Se tudo tem evoluído com a informática
não ficaria a Educação fora desses padrões (Ubiratan D`Ambrosio)
A escola, como instituição social, possui vários problemas que dificultam ou
inviabilizam a concretização do seu papel na formação de cidadãos. Observamos
que, na escola noturna, essa dificuldade se torna mais complexa, devido ao fato de
o ensino ser uma cópia não tão bem feita do diurno, ainda mais quando se pretende
utilizar as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC´s) no trabalho educativo
com os alunos das classes populares, cujos laboratórios, na maior parte do tempo,
ficam trancados como cofres na escola.
1.1 O Ensino Noturno e Organização Escolar
Os cursos noturnos surgem para atender às necessidades específicas de
famílias das camadas populares que precisam da contribuição financeira de seus
membros para conseguirem a sua autossustentação. Tais membros atendem à
necessidade imediata de sobrevivência dessas famílias, inserindo-se precocemente
no mercado de trabalho. Em razão disso, buscam nos cursos noturnos a
possibilidade de, no futuro, poderem obter condições mais favoráveis de
sobrevivência.
A partir da década de 1940, o Estado brasileiro é pressionado a atender às
exigências sociais reivindicando ampliação do acesso à educação para o aluno
36
trabalhador. Beisegel (1997) cita nessa época a Campanha Nacional de Educação
de Adultos (1947), que
[...] mediante a instalação do maior número possível de classes noturnas de
ensino de adultos nas áreas rurais e urbanas de todo o território do País [...]
pretendia, progressivamente, com o tempo,estender a educação primária à
totalidade dos jovens e adultos ainda iletrados (BEISEGEL,1997, p. 211).
Desde então, o noturno tem sido uma válvula de escape face às pressões
sociais por Educação. De acordo com Almeida (1995):
[...] o poder público valeu-se da instalação de classes noturnas para a
expansão do ensino secundário. Assim, ao oferecer o ensino noturno, o fez
pensando em expandir a Escola diurna, sem considerar que esta última fora
organizada para atender ao aluno com tempo e condições diferentes
daquele do noturno (ALMEIDA, 1995, p. 22).
No cenário educacional brasileiro, o ensino noturno ministrado em escolas
públicas apresenta-se como uma modalidade de ensino destinada a alunos que
ultrapassaram a idade prevista para concluir os estudos. Por fazerem parte da
camada socioeconômica menos favorecida e tendo que trabalhar para o seu próprio
sustento ou da família, tais alunos, obrigam-se a estudar no período da noite.
Talvez a característica mais marcante do aluno do ensino noturno de 1º e 2º
graus seja sua condição de trabalhador, desqualificado e super explorado
ao peso de um salário vil e de uma insuportável dupla jornada de trabalho: a
da fábrica, loja ou escritório e a da escola noturna. (PUCCI et al.,1992,
p.32).
Ao tratar do tema escola noturna, temos a perspectiva do trabalho (e.g.
Carvalho, 1994). Na visão desse autor, é o trabalho que vai “imprimir” nos alunos do
horário noturno a sua característica mais marcante.
Podemos comparar a situação dos jovens estudantes trabalhadores com a
situação do índio, do negro, do caipira brasileiro, que foram abruptamente
arrancados de seu habitat natural e obrigados a trabalhar para outrem sob
chicote. Reagiam, produziam pouco, fugiam quando ganhavam algum
dinheiro, descansavam até que o dinheiro terminasse. Eram chamados de
indolentes e, muitas vezes, lamentavam-se os patrões desses trabalhadores
[...] (CARVALHO, 1994, p.125)
A escola pública, no período da noite, abriga uma clientela de alunos com um
histórico escolar marcado por muitas reprovações e/ou abandono à escola. São
jovens e adultos das camadas populares inseridos no mercado de trabalho ou na
expectativa de inserção, que buscam recuperar a oportunidade de se escolarizarem
para, no futuro, alcançarem melhores condições de sobrevivência, por meio da
melhoria profissional.
37
O valor da escola noturna para parte da população brasileira parece ser o de
uma entidade que reconhece o esforço desenvolvido por essa população de baixa
renda e que a promove a postos superiores na hierarquia salarial. É comum ouvir-
se, entre a população de baixa renda, a ideia de que “o ensino garante o futuro”;
sendo assim, o Ensino Fundamental incompleto mantém os indivíduos no posto de
trabalho em que se encontram atualmente; o Ensino Fundamental completo pode
significar a possibilidade de um salário maior em um emprego melhor.
O uso de novas tecnologias faz parte do mundo desses alunos em sua
maioria, seja no trabalho ou até mesmo em casa. Será que esses saberes poderiam
mudar suas situações para melhor?
O ensino noturno também se caracteriza por salas lotadas, pelo menos no
início do ano letivo, que a evasão é grande. E essa evasão se por vários
motivos, seja pelos lares longínquos dos alunos, ou por eles terem outros
compromissos, tais como cuidar dos filhos, pois nem sempre eles têm com quem
deixá-los, e também por causa do trabalho, porque grande parte de alunos tem
carga de trabalho diferenciado, além de folgas distintas das que a maioria dos
funcionários brasileiros possui, como o sábado e o domingo. Essa combinação
crítica de horários e dias afeta profundamente o rendimento escolar da maioria dos
alunos de escola noturna.
Nos dias atuais, propõe-se, no nível do Ensino Médio, a formação geral, em
oposição à formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar,
buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar,
formular, em vez do simples exercício de memorização (PCNEM, 2000). Mas a
grande questão da escola noturna é: como podemos cobrar uma análise dessa
dimensão de alunos que não se aguentam na escola por cansaço mental e físico
ocasionado por um dia de trabalho muitas vezes extenuante? Ao contrário disso,
deveríamos pensar uma estratégia de escolaridade que ainda assim mantivesse o
aluno, mesmo em seu estado exaustivo, motivado a continuar. Claro que uma guerra
assim não pode ser vencida todos os dias, mas valeriam a pena os dias em que
esses alunos não deixassem a escola.
Todavia, os relatos do cotidiano escolar apresentados pelos professores da
rede pública, no período noturno, referem-se a alunos desmotivados e sem
perspectivas de estudo. Muitos chegam à sala de aula sem vontade de aprender,
saindo constantemente do ambiente de aula e conversando com os colegas nos
38
momentos de explicação e de esclarecimento de dúvidas. Ainda, como mencionado,
pedem autorização à direção para saída antecipada. Enfim, buscam momentos de
fuga da rotina em sala de aula.
Vemos essa situação estampada em números, quando submetidos a alguma
avaliação institucional ENEM
4
, Prova Brasil
5
, em que percebemos no retorno um
resultado decepcionante. Fica claro que devemos mudar o contexto da escola
noturna e notamos isso na fala de Oliveira. (2004):
Enquanto a escola permanecer organizada segundo a lógica temporal
vigente, característica do modelo de organização escolar seriada, ela será
incompatível com a realidade de milhares de jovens que nela estão
inseridos e que tentam conciliar a necessidade de sobrevivência com seu
desejo incessante de estudar (OLIVEIRA, 2004, p.177).
Talvez estejamos mais à vontade para falar de ensino noturno, que
trabalhamos e estudamos nele durante vários anos de formação. Nele, todos os
eventos cotidianos escolares estão encaixados em ritmos e atividades relativamente
uniformes, que compõem a jornada de trabalho, que são muito semelhantes para os
professores. Por meio dessas ocupações encontram-se, de acordo com um
calendário em geral preestabelecido, períodos de disponibilidade, dedicados a
atividades como preparação, correção, encontros, sobretudo com os pais, as
jornadas pedagógicas etc.
Podemos dizer que a estruturação do trabalho escolar segue um modelo com
períodos de trabalho em classe, intervalos e atividades de preparação para os
professores. Esse ciclo é o tempo instituído da escola: com o tempo, todas as aulas,
todos os recreios, todos os professores ficam parecidos e se confundem. Ir à escola
é, portanto, viver uma experiência temporal nova, é integrar-se num universo ritmado
como um relógio, cadenciado por campainhas, lições e recreios.
As aulas começam e terminam, os alunos se instalam e saem, as campainhas
tocam, marcando o fim ou o começo de uma nova atividade. Ensinar, portanto, é
fundamentalmente repetir, para avançar, e progredir, mas repetindo. Os dias e os
anos escolares são cheios de marcadores temporais aulas, intervalos, inspeções,
exercícios, provas, comemorações, rias etc. A escola e o ensino repousam em
práticas coletivas institucionalizadas, portanto, sociais. Para compreender a
4
http://www.enem.inep.gov.br/
5
http://provabrasil.inep.gov.br/
39
importância dessas pequenas tarefas, é preciso considerar que elas ocorrem com
frequência, que se repetem dia após dia, o ano inteiro e durante anos.
Um dos desafios mais importantes da práxis pedagógica, no mundo
contemporâneo, é tornar mais prazeroso e significativo o conhecimento socializado
nas escolas. Em plena era tecnológica e globalizada, aumentaram-se as
responsabilidades da escola e do docente.
A aceleração propiciada pela tecnologia, a quantidade enorme de
informações a que estamos expostos diariamente habitam o cotidiano dos milhares
de alunos e professores que frequentam as escolas. Diante desse contexto, surgem
diversas cobranças em relação ao papel desempenhado pelo professor e à
aprendizagem dos alunos, tornando a tarefa da escola bem mais complexa na atual
conjuntura.
O discurso mais propagado é o de que o aluno precisa ser flexível para
atender às constantes mudanças presentes no mercado de trabalho e que o
professor precisa aprender a gerenciar vários espaços e informações, buscando
uma integração do conhecimento de forma inovadora, contextualizada e equilibrada.
A função que o professor desempenha não consiste na mera transposição da
produção científica e nem na elaboração do senso comum. A convivência, as
interações e as “apreensões” que se desenvolvem no interior da escola são
fundamentais para a sua construção humana. No atual contexto, a globalização
interfere na Educação como um todo e, especificamente, em sua atividade de
construção do conhecimento.
Neste sentido, a práxis educativa está marcada pelas sucessivas
responsabilidades e atribuições que o processo histórico lhe atribuiu. A incorporação
da tarefa de educar pela sociedade levou o homem a considerá-la como uma
obrigação que vai além da responsabilidade familiar e local, para se tornar uma
preocupação pública que afeta a sociedade maior e se torna responsabilidade do
Estado em sua dimensão de sistema educacional nacional.
Essa preocupação faz parte das universidades e particularmente, dos
cursos de Licenciatura espalhados pelo País, conforme vemos no texto Produção e
Desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem para o Ensino de Química:
Implicações na Formação Docente, de Silva, e Fernandes (2006 anais não
paginado).
40
Sem vida, uma das inquietações que se impõe a nós, formadores de
professores preocupados em tornar nossas ações pedagógicas condizentes
com o desenvolvimento tecnológico da sociedade, traduz-se pela
necessidade dos futuros professores não saberem apenas utilizar recursos
tecnológicos que tenham sido preparados e desenvolvidos por outros, mas,
sim, saberem fazer seus próprios materiais e, inclusive, saberem como usar
as novas tecnologias numa perspectiva de mediação pedagógica.
Todas essas mudanças no cenário mundial e tecnológico interferem
diretamente no campo da Matemática. A preocupação dos professores de
Matemática torna-se cada vez maior, devido aos problemas relativos ao ensino e à
aprendizagem de Matemática na transição entre Educação Básica e Educação
Superior. Todas essas questões levam a um crescente enfoque na pesquisa focada
nos aspectos cognitivos, pedagógicos e epistemológicos, em consonância com esse
momento de passagem.
1.2 TIC’s na Escola Noturna
tempos utilizamos as TIC’s sem nos darmos conta deste processo. Basta
lembrarmo-nos da substituição do cheque pelo cartão de crédito, em que vemos
propagandas divulgando e alertando para as “facilidades” da utilização desse último
recurso pelo consumidor em vez do “antigo” talão de cheques.
Podemos pensar a utilização das mídias como moda, num contexto geral,
que se repete em todos os setores, sendo comum a utilização, por exemplo, de um
mp3 para atividades físicas como numa simples caminhada ou mesmo para o lazer
ao escutar músicas ou gravar áudio em diversos ambientes.
O acessório mais utilizado do momento, que as pessoas trocam várias vezes
ao ano, para terem o aparelho mais recente, é o celular. Evoluído do antigo aparelho
de telefonia fixa apenas na sofisticação da ideia de localização de uma pessoa que
não se encontrava num ambiente com o telefone fixo, ou se locomovia
constantemente, mas necessitando de comunicação, o aparelho celular tem-se
aperfeiçoado e encontrado uma infinidade de outros caminhos dependendo do
interesse de seu usuário. Hoje servem desde uma simples calculadora a serviços de
navegação na Internet, passando por agendas eletrônicas, televisões portáteis, entre
outros. A esse respeito, Preti (1996, p.98) argumenta que:
41
A sociedade, ainda perplexa com os avanços do mundo tecnológico e da
comunicação, começa apresentar sinais de incorporação, aceitação e até
de intimidade com os novos procedimentos desta nova era (PRETI,1996, p.
98).
No âmbito educacional, as TIC’s atuam em grande escala, principalmente
pela sua grande aceitação entre os alunos, e daí surge a grande preocupação:
“Teremos pessoal capacitado para se apropriar dos benefícios da informática no
cotidiano escolar?” Sem dúvida, quando bem usadas, tais mudanças tendem a
beneficiar a rotina escolar tanto para o aluno quanto para seu mestre, como tem
ocorrido, por exemplo, na utilização dos computadores para elaboração de matérias
e de provas, ou será que algum professor ainda prefere montar suas provas no
mimeógrafo?
Observamos que as ‘fronteiras’ da sala de aula estão em processo de
mutação, facilitando cada vez mais o processo de consulta, ensino, aprendizado e
colaboração entre estudantes, professores e profissionais de várias especialidades.
Programar o trabalho com TIC’s no trabalho educativo em nossas escolas é
um grande desafio, que envolve uma complexidade de concepções e de interesses
e requer investimentos públicos em equipamentos e na formação de professores.
São consideradas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICs), entre
outras:
os computadores pessoais (PCs, personal computers)
a impressão por impressoras domésticas
as câmeras de vídeo e foto para computador ou webcams
a gravação doméstica de CDs e DVDs
os diversos suportes para guardar e portar dados como os disquetes (com os
tamanhos mais variados), discos rígidos ou hds, cartões de memória,
pendrives, zipdrives e assemelhados
a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celulares)
a TV por assinatura
a TV a cabo
a TV por antena parabólica
o correio eletrônico (e-mail)
as listas de discussão (mailing lists)
a Internet
42
a world wide web (principal interface gráfica da Internet)
os websites e home pages
os quadros de discussão (message boards)
o streaming (fluxo contínuo de áudio e vídeo via Internet)
o podcasting (transmissão sob demanda de áudio e vídeo via Internet)
a wikipedia, possível graças à Internet, à www e à invenção do wiki
as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons
a captura eletrônica ou digitalização de imagens (scanners)
a fotografia digital
o vídeo digital
o cinema digital (da captação à exibição)
o som digital
a TV digital e o rádio digital
as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless)
Wi-Fi
Bluetooth
De modo geral, as novas tecnologias estão associadas à interatividade e à
quebra do modelo comunicacional de um para todos, em que a informação é
transmitida de modo unidirecional, adotando o modelo todos-todos, em que aqueles
que integram redes de conexão operacionalizadas por meio das NTIC fazem parte
do envio e do recebimento das informações. Nesse sentido, muitas tecnologias são
questionadas quanto à sua inclusão no conceito de novas tecnologias da informação
e comunicação, ou meramente novos modelos de antigas tecnologias.
Uma forma atual utilizada é o uso de Objetos de Aprendizagem, que são
produzidos pelas Universidades, por meio do RIVED, programa patrocinado pelo
MEC, que os objetos de aprendizagem oferecem um modelo flexível de produção
que facilita a distribuição e reutilização de recursos educacionais digitais por meio de
um repositório virtual, acessado por um mecanismo de busca da WEB
6
.
6
Acesse o endereço eletrônico: www.rived.mec.gov.br/
Acessado em 11/08/09.
43
A utilização de Objetos de Aprendizagem pelo RIVED torna-se viável por ser
de domínio público e qualquer professor poder aplicá-lo e sanar dúvidas com o guia
do professor.
Num contexto geral, usando um ambiente virtual interativo de pesquisa, o
Banco Internacional de Objetos Educacionais
7
, os professores poderão diminuir a
“distância de gerações” existente entre eles e os alunos, que se sentem à vontade
num ambiente digital e que, em grande parte, utilizam essas ferramentas melhor do
que os próprios professores. As escolas recebem laboratórios de informática e
banda larga (acesso rápido à Internet) e o MEC, em conjunto com as universidades
e com os sistemas de ensino estaduais e municipais, qualifica os professores no uso
dessas ferramentas. A política desenvolvida pelo Ministério da Educação é realizada
em parceria com diversas áreas do Governo Federal, entre elas, os ministérios da
Ciência e Tecnologia, das Comunicações e da Cultura.
Pelo menos uma escola em cada um dos 5.564 municípios, conforme lista a
ser publicada na página eletrônica do FNDE
8
, vai ser beneficiada pelos 19.000
laboratórios comprados. Cada laboratório será composto por um servidor multimídia,
sete microcomputadores, dezesseis terminais de acesso, uma leitora de SmartCard,
nove estabilizadores, uma impressora laser/led e um roteador wireless. Está
previsto, ainda, o fornecimento de um computador para a administração das escolas.
Além de serem entregues e instalados nas escolas, os equipamentos terão
suporte e garantia de 36 meses. Todos deverão ser compatíveis com o Linux
Educacional 2.0, software livre elaborado especialmente para atender às escolas
públicas do Brasil, com conteúdos pedagógicos pré-selecionados dos quais se pode
fazer download na página eletrônica do Webeduc
9
.
As escolas terão acesso ao programa Banda Larga, que, pelo cronograma,
em 2008, seriam atendidas 40% das escolas previstas, e em 2009, outras 40%
sendo o processo finalizado em 2010 com as 20% restantes
10
.
O Programa Nacional de Tecnologia Educacional registrou a adesão de
92% dos municípios brasileiros. Do total de 5.564 municípios, apenas 432 não
7
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/
8
http://www.fnde.gov.br/home/index.jsp
9
http://webeduc.mec.gov.br/
10
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10897.
44
fizeram ainda a adesão ao programa. Para ser contemplada pelo ProInfo
11
, a escola
deve apresentar à coordenação estadual do programa, na Secretaria de Educação
do estado, um projeto político-pedagógico de uso das TIC’s na Educação e
formalizar o compromisso de prover a infraestrutura para o adequado funcionamento
dos núcleos.
Os computadores chegarão nas escolas, que ainda não foram atendidas,
repletos de conteúdos digitais, como hinos nacionais, mais de 200 objetos de
aprendizagem, 800 vídeos educacionais da programação da TV Escola, mais de
1.800 textos de literatura em português, espanhol e inglês, além de 50 aplicativos
educacionais livres, contemplando as grades de Física, Química, Biologia,
Matemática, Geografia, História e Português, além disso cada laboratório deverá ter
as seguintes características: Área urbana dez microcomputadores; uma
impressora laser; dez estabilizadores; roteador wireless. Área rural multiterminal
com cinco microcomputadores; monitor LCD; impressora jato de tinta; estabilizador;
roteador wireless; mobiliário
12
.
Fica claro, então, que o Governo Federal, enfim, entendeu a importância de
uma política de inclusão digital para nosso País se desenvolver com uma Educação
eficaz. Mas, para pensar em competir com grandes potencias educacionais
mundiais, deve-se trabalhar em três vertentes: infraestrutura (implantação de
computadores e redes), capacitação dos professores e desenvolvimento de
conteúdos digitais.
Ao abordarmos a temática de utilização de novas tecnologias na escola
pública noturna, essa questão se torna mais complexa ainda. Na Pesquisa de Silva
(2005), verificamos que o trabalho com informática educativa na escola noturna é
diferenciado em relação ao trabalho desenvolvido na mesma escola no período
diurno.
Para que pudéssemos obter maior controle e organização das atividades no
laboratório, (...) decidimos fazer uma divisão das turmas do período
matutino, sendo que cada turma, com aproximadamente quarenta alunos
matriculados (...). Contudo, o mesmo o aconteceu no período noturno.
Por decisão dos estagiários e da professora titular, a turma toda,
aproximadamente 35 alunos, acompanhou as atividades no laboratório
11
O ProInfo foi criado em abril de 1997 para promover o uso pedagógico da informática na rede
pública de ensino fundamental e médio. O programa é responsável pela doação e instalação de
computadores nas escolas públicas de educação básica, as quais passam a contar com a
assistência dos Núcleos de Tecnologia e Educacional.
12
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10782
45
durante as aulas negociadas com a professora, para que os alunos
tivessem a possibilidade de aproveitar melhor as aulas, visto que os
horários noturnos são reduzidos (SILVA, 2005, p.37).
A seguir, apresentamos uma pesquisa que aborda a questão do trabalho com
TIC´S na escola noturna. Souza Junior e Silva (2007), ao desenvolverem um
trabalho coletivo sobre a utilização de um determinado software para o processo de
ensinar e aprender ¨funções¨, no período diurno e noturno de uma escola pública,
discutem a questão de olhar o trabalho educativo desenvolvido no laboratório de
informática como um espaço de produção de saberes docentes que podem propiciar
um espaço de formação e desenvolvimento profissional.
A escola tem um papel fundamental na formação de cidadãos; porém,
enquanto instituição social que é a escola atual também possui vários
problemas que dificultam ou inviabilizam a concretização deste papel.
Atualmente observamos que esta dificuldade se torna mais complexa
devido ao fato de que diferentes estratégias pedagógicas provenientes da
utilização das tecnologias da informação e da comunicação estão ¨batendo
na porta da sala de aula¨. Compreendemos que ao se alterar a cultura
escolar a atividade profissional do professor também se torna mais
complexa (SOUZA JUNIOR e SILVA, 2007, p.89).
Temos também no trabalho de Togni (2007), uma prática com o uso de novas
tecnologias aplicadas na Educação quando essa autora aborda uma das
dificuldades do cotidiano escolar de conhecer professores que utilizam, em suas
aulas, o uso dos computadores, ou outras tecnologias no ensino:
Sabe-se, no entanto, que ao longo do tempo o professor sempre foi
considerado como aquele que tinha maior conhecimento do que seus
alunos, em nível teórico ou prático. O professor também era aquele que
dominava técnicas. Hoje, porém, percebe-se que frequentemente os alunos
têm mais familiaridade com a tecnologia que o professor (TOGNI, 2007, p.
78).
Sendo assim, as escolas públicas brasileiras começam a mudar o paradigma
de não aceitação das novas tecnologias, vislumbrando um novo contexto em que
essa utilização será o natural quanto o uso do quadro negro e giz; entretanto, não
nos devemos esquecer de que a implementação de novas tecnologias não será
suficiente, mas, sim, a criação de uma política permanente de capacitação dos
professores.
Além das novas tecnologias chegando, as escolas ainda se deparam com a
não diferenciação dos turnos de ensino e geralmente aplica a mesma maneira de
trabalho diurna à noturna, deixando de lado qualquer tipo de subjetividade. De
46
acordo com Ferreira (1998) encontramos uma grande diferença ao se trabalhar com
o ensino noturno que não se limita a idade dos alunos.
Com a mudança do turno de estudo, não apenas a idade da clientela é
diferente. Toda uma gama de experiências de vida, expectativas, objetivos,
necessidades e dificuldades se configuram. Dentro deste contexto se
desenvolve a aprendizagem da Matemática. Este aluno, geralmente
trabalhador, cotidianamente se depara com inúmeras situações onde a
Matemática é solicitada e, na maior parte das vezes, soluciona-as
satisfatoriamente. Contudo, na escola, quando questões semelhantes são
apresentadas, muitas vezes eles não conseguem resolvê-las. A
aprendizagem desta disciplina, para muitos associa-se à medo, dificuldade
e desânimo (Ferreira, 1998, p. 11).
Na mesma linha de raciocínio, Sousa e Oliveira (2008) nos propiciam grande
reflexão dos diferentes sujeitos usuários do ensino noturno em diversas regiões do
nosso país.
A existência do aluno e do trabalhador-estudante, do aluno que percorre a
trajetória de escolarização sem interrupções e daquele que retorna à escola
após períodos de abandono, sugere a necessidade de se contemplar a
possibilidade de oferta diversificada de ensino, no sentido de se criarem
ambientes escolares capazes de acolher os diferentes públicos que vêm
demandando o Ensino Médio noturno e potencializar suas escolhas futuras
(Sousa e Oliveira, 2008, p. 56).
Compreendemos então que não se trata apenas de colocar
professores e alunos nas salas de aulas, mas sim entender o porquê de cada um
destes sujeitos estarem ali naquele momento, além de suas subjetividades.
CAPÍTULO II
SOBRE OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
Não podemos esquecer que o sujeito é ativo. A realidade
também é. O conhecimento não é algo pronto. O
conhecimento é produzido através da utilização de
procedimentos adequados. Estes procedimentos são definidos
de acordo com o tipo de objeto em questão, com as
possibilidades, inclusive subjetivas, do pesquisador e com os
recursos metodológicos de cada época. (CUNHA, 2000, p. 86)
Em nossa investigação, pretendemos compreender o processo de trabalho
educativo com Tecnologias da Informação e Comunicação na constituição de um
ambiente de aprendizagem em que se ensine e se aprenda Matemática do período
noturno de uma Escola Estadual, situada na periferia da cidade de Uberlândia no
decorrer do ano de 2007.
O projeto na pesquisa qualitativa deve explicar o início da rota crítica
metodológica a ser empregada pelo pesquisador. Mais que uma sequência
rígida de etapas, na qual uma é condição da outra, o projeto representa um
instrumento prático de orientação, pois facilita o começo da pesquisa, a
qual, uma vez iniciada, se separa de todo o controle externo, convertendo-
se em um processo guiado pelo pesquisador, cujos momentos mais
significativos se definem no próprio curso da pesquisa (REY, 2005, p. 83).
Rey (2001) percebe o pesquisador na condição de sujeito e nos diz que um dos
elementos que definem a condição do sujeito é a reflexão, isso é, a capacidade de
produção intelectual permanentemente no curso da vida e, nesse caso, no processo
de pesquisa. O reconhecimento do caráter ativo do pesquisador não apenas é um
fato isolado obtido com um pouco de boa vontade, mas também é um momento
essencial de toda uma aproximação metodológica diferente e o metodológico se
torna necessariamente teórico, pois a manifestação parcial do sujeito não reflete de
forma direta e linear o sentido subjetivo, o qual é sempre construído.
Nesse sentido, pensamos que os instrumentos sejam compreendidos como
formas diferenciadas de expressão das pessoas e que adquirem sentido subjetivo
no contexto social da pesquisa. Eles representam uma via legítima para estimular a
reflexão e a construção do sujeito a partir de perspectivas diversas que podem
facilitar uma informação mais complexa e comprometida com o que estudamos.
48
Dessa forma, optamos por realizar uma pesquisa de natureza qualitativa
definida como estudo de caso etnográfico, pois sabemos que a maior preocupação
da etnografia é obter uma descrição densa, a mais completa possível sobre o que
um grupo particular de pessoas faz e o significado das perspectivas imediatas que
elas têm e fazem (MATTOS, 2001). Para tanto, decidimos mergulhar no trabalho de
campo da pesquisa e participar ativamente de todas as atividades desenvolvidas
pelos sujeitos desse estudo. A natureza qualitativa da pesquisa segue as
características básicas descritas por Ludke e André (1986, p. 11-13):
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de
dados e o pesquisador como seu principal instrumento. [...]
A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. [...]
O 'significado' que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de
atenção especial pelo pesquisador [...] (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p. 11-13).
O processo de construção/obtenção de materiais foi efetivado por meio de
distintos instrumentos de pesquisa, entre os quais figuram a observação
participante
13
, as entrevistas semiestruturadas
14
e a análise de documentos
15
, além
das conversas “informais” nos corredores da escola.
Ao procurarmos compreender o processo de utilização das Tecnologias da
Informação e Comunicação, como, por exemplo, o computador, levamos em
consideração que o desenvolvimento do conhecimento científico está
intrinsecamente relacionado com a motivação, a curiosidade e a intuição do
pesquisador para investigar problemas conhecidos e ainda não solucionados. Além
disso, propicia investigar novos caminhos, a fim de aprimorar a tecnologia existente
e criar outras originais, bem como descobrir problemas que ainda não foram
abordados.
O nosso processo coletivo de produção e de socialização de saberes docentes
relaciona-se à produção de material pedagógico digital. O nosso envolvimento no
13
Para Woods (1989, p. 49), o método mais importante da etnografía é a observação participante,
que, na prática, tende a ser uma combinação de métodos, o melhor estilo de investigação.
14
Triviños (1987, p. 146) defende que podemos entender por entrevista semiestruturada, em geral,
aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que
interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas
hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante.
15
Tais documentos (que chamaremos pastas portifólios) foram constituídos, em grande parte, pelos
próprios sujeitos da pesquisa, caracterizando-se por possuir a descrição das atividades
desenvolvidas durante todo o estágio supervisionado obrigatório (notas de campo, relatórios, etc.).
Os demais documentos utilizados foram obtidos a partir de pesquisas e negociações com seus
responsáveis.
49
projeto RIVED
16
nos direcionou a desenvolver uma prática de produção e análise de
objetos de aprendizagem. Adotamos, então, uma dinâmica de interação entre o
trabalho desenvolvido na universidade e as ações colaborativas desenvolvidas nas
escolas.
Rodrigues (2006), na sua pesquisa de caráter qualitativo, discutiu o processo
coletivo de produção de objetos de aprendizagem desenvolvido na Universidade e
na Escola. Ela apresenta o seguinte esquema sobre a produção social de saberes
docentes.
Figura 2 - Saberes Coletivos
16
RIVED Rede interativa Virtual de Educação. Disponível em http://rived.mec.gov.br/, Acesso em
27 Janeiro 2009.
50
2.1 Constituição do Grupo
O trabalho colaborativo e a pesquisa colaborativa, entre professores de
diferentes instituições e veis de ensino, têm surgido no mundo inteiro
como uma resposta às mudanças sociais, políticas, culturais e tecnológicas
que estão ocorrendo em escala mundial. Mudanças essas que colocam em
xeque as formas tradicionais de Educação e desenvolvimento profissional
de professores e de produção de conhecimentos.
Fiorentini (2004, p. 72)
Devido à complexidade de trabalho coletivo no cotidiano da escola pública,
um grupo se organizou para enfrentar o desafio de trabalhar com objetos de
aprendizagem no ensino de conteúdos matemáticos. O grupo foi constituído pelo
professor da Escola, na área de Matemática, por um professor da Universidade, por
três alunos do curso de Licenciatura em Matemática e por este pesquisador. Referir-
nos-emos aos alunos de Graduação como professores-estagiários que estão em
processo de finalização de curso. Silva (2005), em sua Dissertação de Mestrado,
comenta que
Alguns dos professores-estagiários não possuíam conhecimentos em
informática suficientes para desenvolverem com segurança, pelo menos
quanto ao aspecto técnico do uso de computadores, o estágio num
ambiente informatizado. Todavia, o fato de terem aceitado o desafio de
realizarem tal modalidade de estágio é por nós considerados como um fator
positivo na formação profissional docente, pois, dessa forma, puderam
demonstrar interesse em ampliar suas capacidades metodológicas de
ensino e se desenvolverem profissionalmente no sentido de trabalhar com
as novas tecnologias (SILVA, 2005, p. 25).
Pensado e montado pelo professor da Universidade, o grupo foi logo buscar a
aprovação de um projeto
17
de extensão, que, uma vez deferido, levou à organização
do trabalho coletivo. a escolha por essa Escola, Escola Estadual Parque das
Flores
18
, norteou-se por dois aspectos: o primeiro, por ser uma escola de periferia
que, diferentemente das escolas centrais
19
que oferecem proximidade, fácil acesso e
menor quantidade de problemas, abriga, em seu cotidiano, vários aspectos de
grande interesse, complexidade e por isso demasiadamente desafiadores.
Sabíamos que um projeto funciona bem em condições adequadas, mas quando é
17
Projeto objetos de Aprendizagem no Cotidiano da escola Pública Estadual,selecionado pelo
Programa Institucional de estágio acadêmico de extensão remunerado PIEEX/UFU 31,
coordenado pela Dr
a
Maria Teresa Menezes de Freitas.
18
Nome Fictício criado como forma de preservação ao nome verdadeiro.
19
Escolas Centrais acima, coincidentemente ou não, são Escolas Referências em nossa cidade. São
13 ao todo em Uberlândia e nem todas se localizam ao centro da cidade.
51
que mais precisamos de que algo funcione? Numa situação adversa. Escola de
Periferia.
O segundo aspecto diz respeito ao envolvimento de um professor efetivo
dessa escola. Esse profissional é comprometido com a Educação pública de
qualidade, possui Mestrado em Educação e investigou
20
o trabalho educativo com
informática no processo de formação inicial de professores e também participou do
processo de produção de objetos de aprendizagem da equipe da Matemática do
Projeto RIVED/UFU.
2.2 A escola e as turmas
Nossa primeira visita à escola foi em março de 2007, quando fomos verificar a
disponibilidade com a direção da mesma em aceitar o desenvolvimento da nossa
pesquisa naquela instituição. A diretora nos recebeu muito bem e disse que a
pessoa que ficaria responsável mais diretamente seria a vice-diretora do noturno,
que as visitas da diretora nesse turno de trabalho eram esporádicas. Depois de
sermos também muito bem aceitos pela responsável do noturno, tratamos de
desenvolver os horários de trabalho entre os membros da equipe.
O nosso objeto de estudo fixou-se nas aulas de Matemática do segundo ano
do Ensino Médio, mais particularmente sobre o conteúdo de Trigonometria. As aulas
do professor ocorrem sempre semanalmente na quantidade de três horas/aulas por
sala, tendo ele o 2° G e o H, turmas do turno da noite e com média de 32 alunos
por sala.
Os melhores dias para pesquisarmos foram, inicialmente, às terças-feiras com
três horas/aulas (sendo uma no H e as demais no G) e às sextas-feiras com
uma aula no H, para completarmos duas aulas em cada sala semanalmente.
Posteriormente, a escola alterou o quadro de horários e, com isso, mudamos nossa
rota de trabalho e, em vez das aulas de sexta, fomos alterados para as de quinta-
20
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da
Universidade Federal de Uberlândia em 2005 sob o título de Prática Colaborativa na Formação
de Professores: A Informática nas Aulas de Matemática no Cotidiano da Escola
52
feira. Não pedimos tal mudança, mas a agradecemos bastante, que a aula de
sexta-feira era no primeiro horário (18:30h). A evasão era muito grande, por se tratar
de um horário em que muitos alunos trabalhadores ainda estavam em trânsito
vindos do trabalho para suas casas. Devemos caracterizar também o que é uma
combinação crítica de horários no cotidiano das escolas noturnas. Nas quartas e nas
sextas-feiras, são os dias nos quais a maioria dos alunos não vai à escola, o
primeiro por se tratar de noite de jogos de futebol transmitidos pelas emissoras e o
segundo, por dizerem que se trata do início do fim de semana. Tendo em mente que
eles trabalham, em sua maioria, no período diurno, a escola compete com a
distração que é exigida também pelos nossos corpos e mentes todos os dias, até
mesmo para aguentar a bateria de esforços exigidos pelo trabalho na manhã
seguinte. E isso significa, na prática do dia a dia, competir com o passeio junto à
namorada, com os amigos ao barzinho, em outras palavras, num convívio social que
seria adequado para quem não é estudante.
Como as aulas foram desenvolvidas no período noturno e a escola fica na
periferia, tivemos que organizar o processo de deslocamento dos sujeitos que
participaram do trabalho coletivo no cotidiano da Escola.
Nossa ideia de trabalho era de visitarmos a escola sempre às terças-feiras e
às quintas-feiras, dividirmos a sala em dois grupos distintos, em que um
permaneceria na sala de aula com dois profissionais do grupo e a outra metade da
turma ficaria no laboratório de informática da escola com os outros dois
profissionais; assim, a turma teria duas aulas de conteúdo e uma de laboratório,
semanalmente. Isso posto, iniciamos, na prática, nossas atividades com alunos
humildes, de muitos sonhos e sempre com um ar de esperança em suas faces à
procura de dias melhores. E esses dias vieram, que a equipe estava com muito
empenho, queríamos, o mais rápido possível, abrir o laboratório de informática, que,
no mínimo, viria mudar o seu cotidiano escolar.
Souza Jr. (2002) traz importante destaque no que se refere o trabalho com
projetos, quando diz que:
Atualmente constatamos que a pedagogia de projetos está sendo
recuperada por muitos educadores devido à insatisfação do trabalho com a
pedagogia por objetivos, ou seja, o ensino reprodutivista es sendo
duramente criticado nos últimos anos e, cada vez mais, se sente à
necessidade de se trabalhar com o processo de ensino-aprendizagem numa
perspectiva na qual se valorize a autonomia dos alunos no seu processo de
produção de conhecimentos (SOUZA JR., 2002, p. 120).
53
O processo de construção dos dados desta pesquisa foi constituído de três
formas. Na primeira, os dados foram produzidos diretamente por este pesquisador,
por meio da aplicação de questionários
21
, pela produção de notas de campo e
filmagens das aulas.
Documentos coletados constituíram-se as notas de campo, na
forma estrita que Bogdan e Biklen (1994, p. 150) colocam:
[...] esse termo refere-se coletivamente a todos os dados recolhidos durante
o estudo, incluindo as notas de campo, transcrições de entrevistas,
documentos oficiais, estatísticas oficiais, imagens e outros materiais
(BIKLEN, 1994, p. 150).
A segunda forma foram os dados construídos coletivamente ou individualmente
pelos professores-estagiários no desenvolvimento dessa prática educativa. Eles
elaboravam planos de aulas e notas de campo em cada ida à Escola e,
posteriormente, discutíamos semanalmente nossa prática a fim de que pudéssemos
melhorar a cada dia de convívio a próxima atividade na Escola.
A última forma foi por meio da análise documental, baseada nos documentos
sobre políticas públicas envolvendo o trabalho educativo com tecnologias da
informação e comunicação e os documentos produzidos pela escola como a
proposta de criação de um espaço exclusivo ao laboratório de informática e pelos
alunos no cotidiano escolar.
A respeito da possibilidade de desenvolvimento de uma pesquisa colaborativa,
Fiorentini (2004) aponta:
[...] numa pesquisa colaborativa, não basta que o projeto e a pesquisa de
campo sejam compartilhados com todo o grupo. É preciso que a escrita e a
autoria do relatório final também sejam compartilhadas.
Nesse sentido [...] uma dissertação ou tese acadêmica nunca poderá ser
considerada uma pesquisa colaborativa, pois a autoria e o processo de
escrita [...] são reservados a uma única pessoa (FIORENTINI, 2004, p. 66).
Essa argumentação nos propiciou profundas reflexões acerca do significado da
natureza de nossa pesquisa. Não colocamos isso no sentido da necessidade de
uma “rotulação” metodológica do que foi realizado. Entretanto, consideramos que a
clareza nas definições em torno do processo de investigação favoreça o
entendimento sobre o desenvolvimento de nossa pesquisa. Dessa forma,
acreditamos que nossa investigação se deu sobre a prática colaborativa dos sujeitos
envolvidos.
21
Foram aplicados dois questionários aos alunos, conforme anexos VI e VII.
54
Como componente intrínseco às pesquisas de campo que assumem caráter
participativo/coletivo, o uso da observação participante se fez presente em todas as
ocasiões, bem como as posteriores anotações das situações constatadas no campo
da pesquisa. As anotações tomaram forma de notas de campo, em que os
apontamentos e comentários feitos são considerados a partir de experiências
precedentes do pesquisador. Isso faz com que pesquisas com tais características
apontem olhares particulares sobre os temas de estudo, possibilitando a abertura de
novos caminhos em busca das soluções dos problemas pesquisados.
CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS DADOS
A elaboração de estudos sobre a constituição de professores
no cotidiano escolar exige do pesquisador alguns
posicionamentos que envolvem questões polêmicas tais como
a própria definição de sujeito, da relação entre sujeito e
artefatos culturais, por exemplo, a linguagem, e também, entre
outras coisas, a definição de cultura e do lugar que esta ocupa
na vida dos homens.
( Cunha,2002 p. 67)
No processo de interpretação e análise dos dados produzidos no cotidiano de
uma escola pública periférica de Ensino Médio noturna, organizamos três eixos de
análise.
No primeiro, procuramos compreender o desenvolvimento do trabalho
educativo desenvolvido coletivamente no cotidiano da escola. No segundo eixo,
procuramos analisar a prática pedagógica desenvolvida no interior do laboratório de
informática da escola. No terceiro, procuramos discutir o processo de produção
coletiva de saberes docentes sobre o trabalho com objetos de aprendizagem no
processo de ensinar e aprender Matemática.
3.1 Desenvolvimento do Trabalho Educativo no Cotidiano da Escola Estadual
Parque das Flores
Para entendermos o funcionamento da escola, temos de passar pelos
caminhos que nos levam a ela. E o caminho que nos levava a essa escola passava
por pontos que não imaginávamos. Nos relatos de campo dos professores-
estagiários fica claro, como vemos no trecho abaixo, a grande surpresa que o
trajeto, universidade–escola trazia a todos.
Esse foi o primeiro fato que me chamou a atenção, nossa! Nunca
conseguiria chegar até a escola se não fosse a ajuda do Professor Douglas.
Admito que imaginava que a escola era bem mais próxima da universidade
56
que não ia me deparar com realidades tão diferentes durante o percurso
que se deu da universidade até o local de estágio. Em alguns trechos, não
havia casas, apenas uma grande avenida cercada por lotes vagos; em
outros, mais parecia uma cidade do interior dentro da metrópole Uberlândia,
pois os meninos brincavam na rua sem aquela preocupação de cidade
grande e os adultos conversavam sentados na calçada com a maior
tranquilidade de interior (Trecho da nota de campo de um dos professores-
estagiários).
Apesar da nossa percepção de Uberlândia ser uma metrópole, quando
passeamos pela cidade, percebemos realidades distintas devido ao poder aquisitivo
dos moradores dessa cidade que vai desde a infraestrutura dos bairros e de suas
casas até ao acesso dos ônibus, sem falar na (má) iluminação em certos pontos,
diferenciando bastantes pontos centrais de bairros periféricos.
Quando se chega à escola à noite, e fora dos horários que são de entrada e
saída dos alunos, deparamo-nos com portões trancados, o que acarreta, para
aqueles que desejam entrar, ficarem esperando do lado de fora, muitas vezes de
carro, numa rua mal iluminada.
A primeira visualização da escola foi interessante. Vimos o muro branco,
desses típicos de escola, mas um muro alto e de largo comprimento que
envolvia a escola numa vista de fora. Inclusive, esse muro gerou o apelido
de “cadeião” dado pelos próprios moradores do bairro, por acharem a
fachada parecida com a de uma cadeia, e ainda estimulados pela fama de
mau comportamento dos alunos de periferia, o que mostra um preconceito
vindo de dentro da própria comunidade (nota de campo do professor
estagiário).
Ao trabalharmos com pesquisas qualitativas notas de campo e entrevista
devemos investigar e analisar as inferências presentes nas falas, considerando
que o local em que estamos imersos, de alguma forma, está ligado a outras
realidades e que acabamos, por vez ou outra, reproduzindo e não criticando as
informações que coletamos. Devemos estar sempre atentos para saber distinguir o
momento de atuarmos como pesquisadores e ora moradores desta região.
Na entrada dos alunos pela escola, eles passavam pela cantina e passada
ela, chegávamos ao centro da escola, onde fica a quadra. As salas de aula estavam
localizadas em volta dessa quadra. O sinal fica localizado ao meio da quadra para
que o som seja ouvido em toda a escola.
Essa disposição das salas, conforme Figura 3, traz a lembrança de escolas
do século passado, como alguns mosteiros cuja disposição em círculo ou ferradura
era a metodologia para se trabalhar a disciplina e a ordem, que as salas ficam de
57
frente umas para as outras, e o sentimento implícito de “vigilância” mútua dos
educadores garantia bons resultados.
Figura 3 - Foto Escola 1
Figura 4 - Foto Escola 2
Todavia, o cotidiano nos traz outros fatos, como em um dia de aula, em que
temos o episódio retirado de uma nota de campo de um dos professores estagiários
no início de nossa investigação, tivemos a oportunidade de presenciar
um fato que foi único em nossa estada na escola durante todos os meses,
mas não deixou de ser assustador e mesmo preocupante no momento
inicial da pesquisa. Um ato de vandalismo. Logo no primeiro dia dos
professores-estagiários, algum aluno pôs fogo dentro de um latão de lixo,
localizado entre a quadra e as salas de aula. Ele havia colocado fogo num
papel e posto o papel dentro do cesto de lixo, que, por sinal, era de
borracha, então de fácil combustão.
O intrigante era que o cesto de lixo, além de ser de borracha, chegava a
um metro de altura, relativamente grande, estava ao lado da porta de uma
58
das salas de aula, entre a sala e a quadra. Dessa forma, era fácil alguém se
machucar em uma ação dessas.
Felizmente uma das cantineiras veio rapidamente com um balde de água e
controlou o pequeno incêndio, com outro balde de água ela conseguiu
cessar o acontecido. Não vimos o que aconteceu depois, nem mesmo se
descobriram quem tinha sido o responsável, mas lembro que todos nós
ficamos apreensivos com o fato, (nota de campo do professor estagiário).
Seria esse fato um caso isolado dessa escola pública noturna periférica, ou
tal realidade ocorreria de outras maneiras no cotidiano escolar das outras escolas
públicas?
Os alunos são de classe média baixa e classe baixa, tendo muitos
trabalhadores no período integral e outros desempregados à procura de uma
oportunidade de trabalho para ajudar no seu sustento e, às vezes, no sustento da
própria família, visto que alguns eram pais e mães com idades inferiores a vinte
anos de idade.
Nossa ideia de proposta de trabalho com os alunos era, sem dúvida, no
coletivo. A fim de conhecer os alunos; desenvolvemos, a partir da ideia do professor
da turma, um autódromo na lousa, como aqueles com que nos deparamos nos
circuitos mundiais de velocidade, colocando quatro carrinhos no autódromo,
representado cada grupo formado, grupo esse que era composto por cinco ou seis
alunos, dependendo da sala, já que o 2° H tinha um número maior de alunos
frequentes, quando comparado ao 2°G. Depois, criamos alguns obstáculos na pista,
tais como: voltar duas casas, pular para a casa de cima entre outros, que o jogo
era disputado entre os grupos de alunos e para cada resposta correta referente ao
conteúdo de Trigonometria, eles retiravam um dos papéis que continham a
numeração de 1 a 6, que não levamos um dado não viciado para essa atividade.
Conforme o número fosse retirado, a equipe caminharia pelo autódromo, sendo
vencedor o grupo que primeiro completasse o percurso.
Precisávamos descobrir como seria o trabalho desses alunos, se ainda
mantinham a ideia do individualismo ou se valorizavam o coletivo e ainda, como
seriam suas pesquisas para acertarem as respostas, utilizariam seus cadernos e
alguns livros para consultas ou não? Verificamos que, na prática, o coletivo
aconteceu seja nas discussões seja na interação entre os membros do grupo e nos
surpreendemos com a atividade, que estimulou todos os grupos, pelo fato de ser
uma competição e também por ser avaliativa em dois pontos por alunos que
participasse dela, além, é claro, de colocar em prática uma realização de exercícios
59
diferente do cotidiano escolar. Na Figura 5, ilustra-se a atividade, em que alunos do
grupo se empenham na realização das questões e o professor sempre se manifesta
ao final de cada exercício que era passado aos grupos com um tempo máximo de
cinco minutos para sua realização.
Figura 5 - Foto Escola 3
Alguns grupos se sentiram pressionados pelo tempo de realização das
questões e não as entregavam resolvidas. O fato de, em cada turma, existir um
grupo mais ágil que os demais também é um fator que jamais pode ser deixado de
lado, que, por mais que não incentivemos tal discriminação entre os alunos, ao se
montar trabalhos coletivos em sala de aula, muitos grupos se constituem por
afinidade e nesse caso, alguns grupos ficam mais vulneráveis que outros.
No fim da atividade, o professor da disciplina comentou que eles haviam
realizado oito questões durante aquela aula e esse número é bem maior do que eles
realizavam diariamente nas demais aulas de Matemática, sendo esse resultado
surpreendente, fruto do empenho de todos os alunos ao se ajudarem no trabalho
coletivo.
Tínhamos duas visitas semanais à escola e com uma carga horária de três aulas
semanais para o segundo ano do Ensino Médio, revezamos entre aulas teóricas em
sala de aula e idas ao laboratório de informática, sem esquecer, é claro, de que os
conteúdos de todo o ano letivo nos limitam em relação ao tempo, que, quando se
trabalha com a metodologia de trabalho de projetos, o calendário escolar não é o
fator principal mas sim, o produto final. Sem vida alguma, trabalhar com projetos
60
na escola blica, hoje, é muito difícil, pelos prazos que os professores m para
cumprir os seus conteúdos e com carga horária menor a cada ano, pelo menos aqui
no estado de Minas Gerais; sem falar na dificuldade de encontrar um docente que
queira algo novo em suas aulas cotidianas.
Decidimos-nos pelo trabalho de projetos. SOUZA JR, (2002) traz importante
destaque no que se refere ao trabalho com projetos:
Atualmente constatamos que a pedagogia de projetos esta sendo
recuperada por muitos educadores devido à insatisfação do trabalho com a
pedagogia por objetivos, ou seja, o ensino reprodutivista es sendo
duramente criticado nos últimos anos e, cada vez mais, se sente a
necessidade de se trabalhar com o processo de ensino-aprendizagem numa
perspectiva na qual se valorize a autonomia dos alunos no seu processo de
produção de conhecimentos (SOUZA JR, 2002, p. 120).
A metodologia de trabalho de projetos contribui para uma ressignificação dos
espaços de aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação de
sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes (HERNANDEZ, 1998). Ainda na
mesma linha, encontramos um resultado mais significativo, se acrescentamos a essa
metodologia uma reflexão sobre a realidade social, orientando os Projetos de
Trabalho para uma reflexão sobre as condições de vida da comunidade de que o
grupo faz parte, analisando-as em relação a um contexto sócio-político maior e
elaborando propostas de intervenção que visem à transformação social (FREIRE,
1997). Sendo assim, temos que um projeto gera situações de aprendizagem, ao
mesmo tempo, reais e diversificadas, possibilitando que os alunos debatam entre si,
opinem e construam sua autonomia e seu compromisso com o social, formando-se
como sujeitos culturais.
Souza JR. (2006, p.115), no artigo intitulado “Formação Docente: Saberes e
Práticas Pedagógicas”, dão-nos uma imensa contribuição, a partir da qual podemos
elaborar a seguinte ideia de integração do nosso trabalho na Escola, conforme
Gráfico 1:
61
Figura 6 - Integração de Mídias
Temos, por meio dessa proposta com trabalho de projetos, uma ligação entre
nosso coletivo e a prática com o conteúdo de Trigonometria, matéria vinculada ao
Ensino Médio brasileiro, que se deu na utilização de diferentes mídias, desde a
prática docente tradicional até o uso de softwares nos computadores dos
laboratórios de informática. Em meio a isso, apropriamo-nos de aplicações
exploradas nos objetos que citamos anteriormente e utilizando uma web quest,
formulamos uma metodologia de apresentação para que os alunos entendessem o
caminho a ser percorrido
Ao criarmos uma webquest
22
com todos estes objetos de aprendizagem,
ressaltamos o que cada um falava e suas particularidades. Essa webquest seria um
guia para que os alunos buscassem respostas às questões mais relevantes de cada
objeto, bem como uma pesquisa inicial na Internet sobre cada tema de que cada um
deles tratava.
A Webquest, que pode ser individual ou em grupo, proporciona ao professor a
possibilidade de passar tarefas e trabalhos para os alunos de forma que a resolução
dessas atividades exige uma pesquisar na Internet.
Para a criação dessa nossa webquest, uma aluna do Curso de Graduação em
Matemática da UFU teve papel fundamental, que ela foi a autora dessa dinâmica
22
Webquest é “aventura na Internet”, um método que desenvolve a criatividade nas tarefas de aula,
além de incentivar os alunos para a pesquisa. Ajuda o professor a criar aulas diferentes e mais
dinamizadas. Ela pode ser feita individualmente ou em grupo.
62
guiada pelas ideias de nossa equipe. Essa mesma aluna foi integrante do primeiro
grupo formado pela UFU para atuar no projeto RIVED na produção de um objeto de
aprendizagem.
A seguir vemos uma das páginas dessa webquest.
Figura 7 - Webquest - Processo
Começamos a refletir a respeito de algumas barreiras à nossa prática. Primeiro,
a questão da porta trancada: o acesso à sala da instituição não pode ser realizada
pelo próprio professor? Por que a funcionária da secretaria é que tem que abri-la?
Por que tanta morosidade?
Para a apresentação desses objetos de aprendizagem orientados pela
webquest, escolhemos uma sala de aula e tivemos que reorganizá--la de acordo
com a atividade que pretendíamos socializar. Foi dispendioso arrastar carteiras para
e para cá. A falta de um anfiteatro na escola dificultou esse tipo de atividade
escolar, visto que essa sala escolhida possuía apenas uma tomada. Isso foi um
problema, pois o data show necessitava de uma tomada para ele apenas, tamanha a
energia necessária para seu uso. E ainda tínhamos o Notebook, que também
precisaria de energia.
Em seguida vimos que as salas foram mal projetadas. Além de ter, como dito
antes, apenas uma tomada em toda a extensão do recinto, ela ainda se posicionava
quase que em cima da porta. Ficavam a mais ou menos uns dois metros do chão.
Disseram que era para evitar acidentes, mas devemos levar em conta que essa
63
estrutura é da década de 1980, época em que não se imaginava uma dinâmica
digital como a da nossa proposta de trabalho para os dias de hoje.
A metodologia dessa abordagem de produção e de socialização inviabiliza o
copiar/colar, pois o professor disponibiliza alguns links, por ele previamente
pesquisados, para a pesquisa do aluno, além da forma de avaliação da tarefa, que
exigirá que o aluno tenha aprendido o assunto em questão para que obtenha êxito
na atividade.
Deixamos claro que o trabalho com os OA seria realizado coletivamente, com
grupos formados por quatro alunos e o prazo de entrega da atividade para o dia 15
de setembro, ou seja, eles teriam exatamente dois meses para a execução das
atividades, que lhes propusemos o trabalho em meados de julho, pouco antes de
eles saírem para o recesso escolar.
Ao voltarmos do recesso escolar de julho, tivemos que retomar o início do
trabalho em agosto, que tudo o que fora proposto anteriormente não havia sido
executado pelos alunos antes do término do recesso. Sendo essa a situação que
nos era apresentada, pensamos que existe a necessidade de acompanhamento e
condução dos trabalhos pelo professor, mesmo que executado à distância, para a
efetivação dessa modalidade de atividade. Isso fez com que os prazos para a
apresentação final fossem repensados.
Esse atraso referente à atividade supracitada foi motivado por termos acordado
com os alunos que disponibilizaríamos a webquest na Internet ainda em julho para
que eles pudessem acessar as tarefas ou enviá-las por e-mail. No entanto, não
conseguimos cumprir o prazo de disponibilização da webquest.
Esse fato, somado à nossa ingenuidade de pensar que os alunos pesquisariam
em suas férias, sem dúvida foi algo negativo para a realização da atividade
proposta. Contudo, essas situações foram necessárias para nossa aprendizagem e
amadurecimento, visto que, depois de nossas discussões internas referentes às
nossas práticas, verificamos que deveríamos ter-nos preparado para apresentação
dos trabalhos da webquest no início de agosto, diferentemente daquilo que
havíamos planejado.
Posteriormente, quando retornaram as aulas, colocamos a webquest na
Internet para acesso dos alunos, que puderam ter o acompanhamento adequado
para a execução das tarefas.
64
Aproveitando o conhecimento do grupo sobre trabalho com mídias na
Educação e, em particular, sobre objetos de aprendizagens, que alguns
componentes desse mesmo grupo são autores de alguns objetos que se encontram
na página virtual do RIVED, resolvemos implementar um trabalho dinâmico que
trabalhasse vários OA num contexto ainda pouco explorado pelas pesquisas.
Selecionar oito objetos de aprendizagem para servirem de contexto junto aos alunos
foi nossa estratégia de pesquisa, sendo eles: Ampliando as noções
trigonométricas”; “Trigonometria com Molas”; “Construindo relações
Trigonométricas”; “Trigonometria na Ponte”; “Teodolito”; “Futebol no País da
Matemática”; “Diversão com Trigonometria” e “Arquitetura das Escadas”.
No processo de discussão coletiva sobre a implementação do trabalho
educativo no laboratório de informática, tínhamos muitos objetos de aprendizagem
para selecionar e optamos por deixar os alunos conhecerem todos, em vez de
selecionarmos apenas alguns para nosso trabalho de pesquisa. Tínhamos que nos
disciplinar semanalmente, que o tempo escolar muda quando feriados durante
a semana, ou paralisações e calendários escolares específicos para as avaliações,
entre outros. Tais mudanças transformam totalmente a rotina da escola e os
pesquisadores devem preparar-se para essa questão e não tratá-la como mero
detalhe.
Tínhamos o receio de que alguns objetos de aprendizagem tivessem mais
aceitação do que outros, por tratarem de assuntos mais interessantes, designs mais
atrativos etc., então orientamos que os alunos formassem grupos pela afinidade e
interviemos no procedimento apenas quanto à escolha dos OA, que foram sorteados
entre os grupos.
Sabemos que nossa ação de intervenção na escolha sobre qual OA o grupo iria
desenvolver o trabalho não foi necessariamente a melhor estratégia, todavia,
naquele momento fizemos uso da arbitrariedade. Nossa intenção, ao dividir os OA
entre os grupos, sorteando-os, tinha como objetivo maior o uso de todos os OA que
trabalhavam com o conteúdo a ser estudado, visando, também, a ampliar a
possibilidade de análise da metodologia de ensino utilizada pelos alunos, para que
eles se conscientizassem do potencial da informática no ensino. Pensamos que,
dessa forma, os alunos poderiam conhecer um maior número de objetos e verificar a
sua possibilidade de aprendizagem com o objeto mais adequado ao seu
desenvolvimento.
65
Refletimos sobre nossa atitude e, na outra sala, orientamos a escolha dos
objetos conforme a vontade dos alunos. No fim das escolhas, constatamos que
nossa preocupação de nada valeu, já que nenhum OA foi repetido na escolha.
Tínhamos dúvida se objetos como o do Futebol no País da Matemática e Diversão
com Trigonometria seriam os favoritos e outros objetos, como Escada, motor e
Teodolito, fossem deixados de lado.
Nessa investigação, compreendemos que a discussão sobre a forma de
organizar o trabalho de projeto na escola noturna é complexa, pois envolve alunos
que trabalham durante o dia e, geralmente, esses alunos não possuem tempo para
desenvolver a pesquisa proposta. Entendemos que o processo de organização da
escolha de temas dos projetos para os alunos trabalhadores deveria envolver uma
investigação mais detalhada dos seus diversos interesses e perspectivas.
Um dos grandes desafios atuais do professor que trabalha com as Tecnologias
da Informação e Comunicação é ter conhecimento dos diferentes materiais
pedagógicos (digitais ou o) existentes, para abordar um determinado conteúdo
específico. Outro desafio da mesma natureza é o de saber quais devem ser
aproveitados ou não, em função do contexto do cotidiano de uma determinada turma
de alunos. Os alunos, no questionário final, descreveram aspectos importantes
sobre nossa prática pedagógica desenvolvida.
Com relação aos aspectos positivos, encontramos respostas como:
O Trabalho em grupo como uma proposta prazerosa nas aulas foi comentado
pelos membros do mesmo grupo que trabalharam com objeto de aprendizagem
Bombeiro.
[...] todos trabalharam em União[...] (questionário 17)
[...] todos trabalhando em grupo[...] (questionário 18)
[...] trabalho em equipe[...] (questionário 19).
Com relação à perda de timidez na elaboração e na apresentação dos
trabalhos frente à turma, encontramos comentários de alunos do mesmo grupo onde
dizem:
[...] bom eu acho que sim já que aprendemos mais e perdemos a
vergonha[...] (questionário 17)
[...] pois perdemos a timidez em apresentar trabalhos em público[...] (
questionário 19).
66
A satisfação nos trabalhos finais produzidos fica clara na justificativas das
respostas dos alunos como podemos verificar abaixo:
[...] porque é bastante útil no dia a dia da pessoa. Foi bacana o que foi
criado sobre a mola em nossa pesquisa[...] (questionário 6)
[...] interessante porque nos uma ideia de como é feita uma ponte[...]
(questionário 7).
Analisando os questionários, notamos que a maioria dos alunos demonstra
satisfação em relação à atividade desenvolvida. Contudo, outros dados nos apontam
algumas falhas no processo de execução das atividades propostas, sendo a
comunicação entre os alunos uma delas:
[...] a dificuldade em comunicação entre o grupo[...] (questionário 21)
Sabemos que esse poderia ser um fato isolado e que outros grupos poderiam
ter notado o mesmo problema e não ter relatado. Talvez os alunos estejam
acostumados com a maneira tradicional de trabalho coletivo (em grupo), que é
oferecida nas escolas, em que um membro do grupo realiza as atividades do
trabalho e os demais componentes ficam alheios ao processo de desenvolvimento,
sendo-lhes atribuídas, finalmente, as mesmas avaliações conferidas aos que
realmente foram ativos.
Essa realidade pode ser notada em alguns questionários, em que alguns
alunos citam a falta de empenho de componentes do grupo na execução dos
trabalhos:
[...] não pudemos explicar mais sobre o trabalho, pois não contamos com a
colaboração de todo o grupo[...] (questionário 13)
[...] nem todos os elementos do grupo contribuíram para o trabalho
(questionário[...] 14).
A falta de tempo e recursos financeiros, fator excludente de nossa sociedade
nos dias atuais, foi citada pelos alunos como um obstáculo para o melhor
desenvolvimento das atividades do projeto na escola:
[...] falta de tempo de todos os integrantes do grupo [...] (questionário 8)
[...] que não tivemos recursos e tempo de trazer a maquete[...] (questionário
10).
Este último relato do aluno mostra que eles tiveram a ideia de fazer a maquete
de uma ponte para incrementar a exposição do trabalho - e gostariam de trazê-la
67
no dia da apresentação, contudo esbarraram na falta de recursos financeiros para
sua produção e no transporte da maquete até a escola sem que ela se danificasse.
Alguns grupos realmente se empenharam na produção de suas apresentações
e procuraram desenvolver os trabalhos da maneira mais satisfatória possível,
utilizando a criatividade para tornar mais inteligíveis as suas exposições.
Entretanto, encontramos nos questionários comentários que apontavam outras
dificuldades no desenvolvimento das atividades. Quando arguídos acerca dos
pontos negativos da metodologia adotada, um aluno citou o “excesso de trabalho”
(questionário 19) como agravante para o desenvolvimento adequado do projeto.
O sentimento de outro aluno aponta que sua participação poderia ter sido
maior, embora tenha-se empenhado bastante na execução das atividades do projeto
(questionário 4).
Outro apontamento feito por meio do questionário foi em relação à falta de
conhecimento do conteúdo: “não tivemos o conhecimento bastante para obter um
trabalho melhor” (questionário 7).
E ainda que não tiveram confiança no próprio trabalho, o que foi um empecilho
no desenvolvimento de um melhor trabalho para apresentação (questionário 27).
outros alunos afirmam que “nos exercícios haviam poucas perguntas”
(questionário 3). Nesse caso específico, notamos que alguns alunos fizeram críticas
e/ou avaliações dos objetos de aprendizagem, que possuíam poucas perguntas no
auxílio para produção das tarefas. Acreditamos que isso possibilite a elaboração de
avaliações acerca do potencial educativo dos objetos utilizados. Nesse sentido,
observamos que os alunos precisam de subsídios – do professor e do OA utilizado –
para o desenvolvimento das atividades por meio do uso dessa tecnologia.
Observando esses comentários dos alunos, procuramos entender melhor
nossos objetivos e nossos resultados no fim de nossa prática docente.
Entendemos que o planejamento de uma atividade educativa deve ser
realizado com vistas à maioria das possibilidades que o cotidiano escolar nos
oferece. Ainda, que esse planejamento deve ser flexível o bastante para se tornar
adaptável às diversas situações demandadas por uma instituição escolar.
O trabalho realizado utilizando as novas TICs se traduz em uma novidade para
a maioria dos alunos de nossos tempos. O cotidiano das escolas tem mudado com a
inserção das novas tecnologias nesse ambiente que, tradicionalmente, é visto como
inalterável.
68
Os profissionais da Educação, destacamos aqui os docentes, mas não nos
referimos apenas a eles, são cada vez mais questionados, mesmo que
implicitamente, acerca dessa (r)evolução no ambiente escolar. Nesse sentido,
vemos que o comentário de um dos professores-estagiários, nossos parceiros
durante as atividades, deve ser considerado:
[...] saber lidar com os alunos dentro de sala de aula, não é saber o
conteúdo, tem que se trabalhar a parte da docência, do real saber docente.
Que não é só saber o conteúdo, é bem mais que isso é saber com quem
está lidando, melhor é saber como lidar com os seus alunos da maneira que
o aprender se de maneira mais agradável e acessível aos seus alunos.
Por isso é que acho que aprendi muito, o real saber docente pode ser
adquirido na prática. Pode muito bem se dar orientado como é feito no
estágio, mas a aula de um professor nunca é igual à de outro.
Essa reflexão demonstra a preocupação dos futuros professores em relação
às suas atividades profissionais. A imersão na sala de aula, agora como profissional
docente, também requer a adrenalina dos dias iniciais de um novo ano de estudo,
com o diferencial de que o momento se como um início de um aprendizado lento,
prático e inacabável.
Trabalhamos o conceito do trabalho coletivo entre os alunos e notamos que
era o melhor momento para levarmos os mesmos a um outro ambiente de
aprendizagem, agora sim, utilizando o laboratório de informática e os OAs como
ferramentas de ensino e aprendizagem.
3.2 A organização e funcionamento do laboratório de informática da escola
Uma das questões que interferiu diretamente na constituição do ambiente de
aprendizagem com tecnologias da informação e comunicação no cotidiano da escola
está relacionada diretamente à forma pela qual foi constituído o espaço físico
designado para ser o laboratório de informática dessa instituição.
No nosso ¨tour¨ pela escola chegamos à sala dos professores, onde
ficávamos muito para discutir ões do dia e preparar também atividades
para as próximas aulas. Aqui também houve um caso interessante, que
merece ser divulgado. Durante os meses que ficamos na escola a sala dos
professores mudou de lugar duas vezes. Primeiro ela ficava na entrada da
escola, num espaço pequeno de cerca pouco mais de 15 metros quadrados,
contendo um banheiro exclusivo.
69
Logo ela se mudou para perto da diretoria, que ficava no canto oposto
donde se encontrava antes. Não chegamos a utilizar essa sala, pois ficou
nesse lugar por muito pouco tempo. para constar o antigo lugar seria
usado para ser a sala de dentista que não chegou a funcionar em toda
nossa estada. Quando se mudou a sala pela segunda vez ela foi para
dentro da biblioteca, que era pequena e dessa forma disputava espaço
também com o laboratório de informática. Para fazermos uma ideia do que
falamos, dentro da mesma sala ficavam a biblioteca, a sala dos professores
e dividido por uma persiana o laboratório de informática com oito
computadores. (nota de campo do pesquisador)
A “montagem” do laboratório de informática para aquela comunidade foi
muito importante e movimentou o cotidiano da escola de tal forma que fez parte da
proposta de duas chapas que concorreram para administrar a escola nos anos
seguintes.
Na Escola Estadual Parque das Flores no ano eleitoral para direção da
mesma, duas chapas candidatas colocam como prioridade a criação de um
espaço físico para utilização como laboratório de informática educativa,
conforme anexos III e IV.
A atual direção fez o pedido da construção da sala de informática junto à
Superintendência Regional de Ensino de Uberlândia, Minas Gerais,
conforme ofício sob número 50/2006 de 19 de Dezembro de 2006,
constante no anexo II. (nota de campo do pesquisador).
As propostas de implementação do laboratório de informática dentro da
escola têm como referência a meta do Estado, todavia, localmente, os projetos
políticos pedagógicos e a organização desse espaço são distintos de escola para
escola, daí a importância de caracterização do cotidiano escolar. Nessa perspectiva,
é importante conhecer as metas do Estado para poder dialogar a inserção do projeto
de laboratório na escola.
Em Minas Gerais, a inclusão digital nas escolas públicas estaduais passa pelo
projeto Escola em Rede, lançado em 2004, com um atendimento em seu ano inicial
de 25,4% das escolas da rede com acesso a Internet, beneficiando 902.000 alunos
de 359 municípios. O projeto teve como ideal beneficiar todas as escolas de Belo
Horizonte, da Região Metropolitana e mais 172 de outros municípios, inclusive das
regiões Norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri. Outras 290 escolas
contaram com a conexão via satélite, disponibilizada pelo programa Governo
Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), do Ministério das
Comunicações. Tal projeto contou com o apoio de empresas como a Copasa e
Telemar, que atuaram doando cerca de 630 microcomputadores e conexão Velox
para 371 escolas, respectivamente. A Secretaria Estadual de Educação entrou com
70
recursos para instalação e melhoria dos laboratórios de informática e compra de
2.870 novos computadores
23
.
Num apanhado geral, temos que o Projeto Escolas em Rede, instituído pela
Secretaria de Estado de Educação, visa a propiciar às escolas do sistema estadual
de ensino, oportunidades e condições de atuação de maneira mais articulada e
cooperativa por meio da cultura do trabalho em rede e da incorporação das novas
tecnologias da informação e comunicação (NTCI) às suas atividades educativas e
administrativas.
Os objetivos específicos desse projeto englobam:
¾ instalação de laboratório de informática em todas as escolas estaduais;
¾ implantação de sistema informatizado de gestão escolar em todas as escolas
da rede estadual;
¾ implementação do Centro de Referência Virtual do Professor - CRV, portal
destinado a tornar acessíveis a todos professores, serviços de orientação
pedagógica e de recursos didáticos indispensáveis ao ensino de qualidade;
¾ desenvolvimento de projetos didáticos, via web, com as finalidades de
explorar as possibilidades pedagógicas abertas pelas novas tecnologias e
desenvolver a cultura do trabalho colaborativo em rede;
¾ atualização e adequação dos equipamentos de informática existentes e
instalação de novos laboratórios de informática nas escolas estaduais que
ainda não os possuem;
¾ conexão das escolas à Internet de modo a facilitar a comunicação, o acesso e
a publicação de informações;
¾ realização de cursos de Formação Inicial para o Trabalho na área de
informática.
As metas do projeto giram em torno de viabilizar a utilização do computador
na escola em todas as áreas e, por isso, trabalhar com um público-alvo diversificado
dentro das unidades escolares: dirigentes, funcionários, especialistas, professores,
alunos e comunidade escolar.
O que se pretende é estabelecer um processo de interlocução que envolva
educadores e alunos, rompendo o isolamento em que muitas escolas têm vivido,
devido à extensão territorial e às desigualdades existentes em Minas, construindo,
23
http://www.idbrasil.gov.br/noticias/News_Item.2004-08-24.4258
71
dessa forma, uma rede de trabalho colaborativo que possibilite às escolas da rede
pública de ensino oportunidades de atuar de maneira mais articulada e cooperativa.
Com uma meta de atingir todas as 3.920 escolas estaduais, esse projeto
24
está
sendo implementado por etapas, de maneira modular e gradativa.
A partir dessas metas, o importante é discutir o espaço físico que o laboratório
dispunha durante todo nosso aprendizado. O laboratório de informática tinha um
formato retangular e, em seus lados maiores, ficavam sete computadores, quatro de
um lado e três do outro. Essa
disposição possibilitava livre acesso à porta. Nos
outros dois lados menores desse retângulo, ficava um computador cada, porém, um
deles não funcionava. Assim, computamos nove máquinas uma das quais não era
utilizada. O posicionamento desses computadores também deve ser tomado em
conta.
As máquinas ficavam no canto da sala voltadas suas telas para o centro.
Daria, assim, ao professor, uma clara visão do que estavam fazendo. Porém, a
aparência desse laboratório era a de uma Lan-house, que as máquinas eram
separadas visualmente por divisores de escritório. Isso impedia que os alunos
discutissem os trabalhos entre si, o que, em nossa pesquisa, é um ponto negativo,
visto que a proposta de comunicação entre os alunos é parte fundamental desse
avanço pretendido com a informática educativa.
Figura 8 - Foto 1 do Laboratório de Informática
24
http://200.198.28.154/sistema44/index.asp?id_projeto=37&id_objeto=275533&id_pai=275530&area
=atributo., acessado em 08 de junho de 2009.
72
Tivemos também no laboratório problemas com cadeiras para os alunos. Com
pouco espaço entre as máquinas e mais as cadeiras dos alunos, a movimentação do
professor para acompanhar as atividades, ficou comprometida.
Parece-nos que esse espaço não é o mais apropriado para que se utilizem os
computadores na escola, mas, como o equipamento havia chegado pelo projeto
Escola em Rede, deveria ser ali alocados, mas sem serem utilizados pelos
docentes, que se mostraram aparentemente apáticos à Educação desenvolvida
diariamente na Escola Estadual Ilha das Flores. Contudo, com nossa chegada,
diante de um projeto de utilização dessas máquinas no cotidiano escolar, mudamos
o paradigma com relação à sua utilização e algo começou a mudar na escola.
Figura 9 - Layout do Laboratório de Informática
Comecemos, então, a falar sobre nossa prática de campo. Eis uma ideia
inicial do que estaria por vir: queríamos ter os alunos da escola noturna trabalhando
com TIC’s. E nosso primeiro imprevisto foi o laboratório da escola, como vemos no
texto abaixo retirado de uma nota de campo de um professor estagiário, que nos diz:
Levar os alunos, mas sabemos que na prática, o funcionamento de um
laboratório não se dessa maneira. Quebramos a cabeça nas montagens
de nossos quebra-cabeças entre nossas teorias e práticas, como melhor
utilizar um laboratório de nove metros quadrados?
Pense em um grupo preparado e experiente para a tarefa de ensinar usando
tecnologias. Imaginávamos que fôssemos esse grupo, mas vimos que ambientes
mudam de tal forma que transformam o conhecimento obtido em conhecimento
inútil. Experiência em laboratórios de ensino o grupo tinha, mas nossa surpresa com
73
o tamanho do laboratório que a escola oferecia fez-nos repensar toda nossa prática
docente.
Tivemos muitos problemas no laboratório de informática, por vários motivos.
Descobrimos que os computadores eram ligados em rede, mas como usavam
sistema LINUX, nosso conhecimento ficava bastante limitado. A ideia de que nos
considerávamos um grupo experiente em trabalho com laboratórios de informática
caiu por terra. Nosso conhecimento era totalmente baseado no sistema operacional
Windows. Tivemos que aprender, em vários momentos de nosso caminho, o que
sabíamos no sistema Windows adaptado ao sistema LINUX. Levamos muito tempo
para constatar que mal sabíamos resolver os problemas encontrados na utilização
das quinas. Tudo nos parecia o estranho a ponto de não sabermos usar um
pen drive para trocar informações com a máquina, isso para não mencionar os
objetos de aprendizagem, para cuja utilização se fez necessário baixar plugins
25
,
durante semanas, para que os alunos pudessem trabalhar. Com o passar do tempo,
fomos familiarizando-nos paulatinamente com o sistema e conseguimos, enfim,
superar essas dificuldades iniciais no laboratório e partir para a prática.
Num desses dias de preparação do laboratório de informática, deparamo-nos
com a movimentação dos alunos frente ao laboratório. Esses alunos foram
orientados pela vice-diretora a utilizarem o espaço da informática para fazerem
inscrição ao PAIES
26
. Embora estivéssemos preparando nossa atividade,
entendemos que a inscrição dos alunos era mais importante naquele momento.
Nesse sentido, redirecionamos o nosso tempo para atender os alunos, tendo em
vista que, para alguns deles, a escola, naquele horário, seria a última possibilidade,
último dia de inscrição, para poder ingressar no processo seletivo do ano na única
Universidade Federal de nossa cidade.
O desencontro entre a nossa atividade e a organização da escola para
acompanharem os alunos em processos como a inscrição do PAIES gerou, de certa
forma desconforto, entre os professores e professores estagiários responsáveis e
com um cronograma de execução do projeto. Contudo, o nosso desconforto é
aliviado na perspectiva de que conseguimos que todos os alunos realizassem as
inscrições, e imprimissem os boletos de inscrição.
25
É um programa instalado no navegador que permite a utilização de recursos não presentes na
linguagem HTML, na qual são criadas as páginas.
26
Programa alternativo de ingresso ao ensino superior da Universidade Federal de Uberlândia.
74
Entretanto, uma situação com uma aluna nos incomodou muito, conforme
nota de campo abaixo de um dos professores estagiário
Essa discussão vai perante a preocupação de uma situação que presencie.
Uma aluna fazia cadastro para etapa do PAIES, segundo ano, ela falava
os dados dela e eu preenchia os questionários. No momento em que ela
deveria indicar o curso da sua escolha eu perguntei: “Você vai concorrer a
qual curso?”, nesse momento ela mudou a expressão, ficou alegre e com
muita satisfação disse “Eu gosto muito de cozinhar! Quero fazer culinária!”.
No momento eu fiquei muito sem jeito, pois na UFU não tem esse curso, e
para uma pessoa que está escolhendo um curso superior e já estava na
segunda etapa do PAIES devia ter isso claro. Falei para ela que não tinha o
curso de culinária, ela abaixou a cabeça por um momento e então
começamos a procurar os cursos que tinha no questionário. Ela ficou
calada, respondia só quando eu perguntava. Diante dessa situação pensei e
fiquei muito indignado, como a escola não repassava o mínimo de
informação para seus alunos, e o que me levou a pensar: será que os
professores estão preocupados e sensíveis aos alunos que estão
interessados em Vestibulares?
Como não sermos contraditórios e nos omitirmos a respeito das orientações
do MEC, da realidade, das perspectivas, e mesmo dos sonhos desses alunos?
Diante dessa realidade, que possibilidades do Ensino Médio poderá garantir-lhes?
Contudo, no cotidiano dessa escola, a Cultura Escolar que nos sensibiliza é a de
que a biblioteca não funciona no período noturno, o laboratório odontológico (o que
seria um avanço social) atende apenas pela manhã e à tarde, e a merenda escolar é
sempre uma luta diária. Tais fatos e constatações mostram que a vontade
política/pedagógica dos professores, muitas vezes, esbarra com a fraqueza e com a
pouca clareza dos objetivos éticos
27
da escola com as possibilidades de
transformação social.
O (des) compromisso social da escola com esses alunos desde a formação
social e sua perspectiva profissional, faz-nos pensar sobre a cultura escolar desse
aluno. Não deveríamos pensar em uma cultura digital que além do acesso ao
computador?
Nossas reflexões coletivas sobre a proposta do trabalho educativo a ser
desenvolvido no laboratório de informática da escola fizeram-nos investigar a
“cultura” digital dos alunos do período noturno. Isso nos levou a procurar
compreender: Quais são os seus “diálogos” com o computador? Saberiam utilizar a
máquina ou seria a primeira vez em que se deparavam com tal recurso?
27
Ético, referindo-me ao o sentido que Paulo Freire utiliza para falar da coerência ética, ética
pertence ao homem bom, coerente e solidário aos sofrimentos, fraquezas e perspectivas presentes
em processo de libertação e consciência possível em uma prática educativa humanizadora e
conscientizadora do mundo.
75
A estratégia escolhida para produzir esses dados foi a de levar os alunos a
responderem um questionário
28
utilizando os computadores da própria escola.
A ideia de não aplicar esse questionário da forma tradicional, impressa surgiu
da necessidade de não julgarmos os nossos alunos quanto à sua aptidão com a
máquina, mas, sim, verificarmos, na prática, como seria o preenchimento do referido
questionário na tela do computador, observando a familiaridade ou não com um
mouse, o tempo no preenchimento das respostas, a necessidade de ajuda quando
se deparassem com algum empecilho.
A maioria dos alunos da Escola Estadual Parque das Flores,
aproximadamente 60%, formada por trabalhadores e, mesmo assim, os alunos
empenham-se nas atividades escolares conforme Figura 15.
Porcentagem dos alunos que trabalham
59%
41%
Sim
Não
Figura 10 - Porcentagem dos alunos que trabalham
Descobrimos, então, que a faixa etária dos alunos gira em torno dos
dezesseis aos vinte anos, em sua maioria, totalizando 88% do total, a maioria do
sexo feminino, 63%.
28
O questionário encontra-se como anexo VI.
76
Porcentagem dos alunos por idade
14%
24%
24%
14%
12%
2%
4%
2% 4%
15 anos
16 anos
17 anos
18 anos
19 anos
20 anos
21 anos
22 anos
26 anos
Figura 11 - Porcentagem dos alunos por idade
Porcentagem dos alunos por sexo
63%
37%
Masculino
Feminino
Figura 12 - Porcentagem dos alunos por sexo
O fato de os alunos responderem o questionário nos computadores da escola
revelou-nos uma discrepância enorme em relação à questão da inclusão digital dos
alunos do curso noturno. No geral, a maioria dos alunos não apresentou nenhuma
dificuldade em responder esse questionário, entretanto em certos casos, o
preenchimento se deu com a ajuda dos professores estagiários.
A maioria dos alunos diz utilizar computador diariamente, uns no seu trabalho,
outros para lazer, como podemos verificar, a maioria utiliza os computadores em lan
houses, seja para se atualizarem quanto às notícias diárias, relacionamentos, entre
outros interesses pessoais. O tempo de utilização entre os alunos é de uma a duas
horas conectados à Internet e grande parte deles fez cursos básicos de
informática como Word e Excel.
77
Será que cursos como Word e Excell foram realizados pelos alunos para
buscar uma melhor classificação em seus trabalhos? Utilizar lan house significa
comodidade em ter acesso, a qualquer momento, em vários pontos de nossa cidade
ou mostra o fato de os alunos não terem computadores em casa?
Porcentagem dos alunos que utilizam
computador
78%
22%
Sim
Não
Figura 13 - Porcentagem dos alunos que utilizam computador
12
6
7
34
0
Casa Trabalho Escola Lan House Outros
Local onde os alunos tem acesso ao computador
Figura 14 - Local onde os alunos têm acesso ao computador
78
Tempo médio, por dia, que um aluno utiliza o
computador
67%
8%
5%
17%
3%
de 1 à 2 horas por dia
de 2 à 4 horas por dia
de 4 à 7 horas por dia
mais de 7 horas por dia
Outros
Figura 15 - Tempo médio, por dia, que um aluno utiliza o computador
27
17
29
5
16
4
Excel Power
Point
World Access Nenhum Outros
Programas que os alunos tem facilidade em
manusear
Figura 16 - Programa que os alunos tem facilidade em manusear
Será que a interação entre os alunos pelo MSN, e-mail e Orkut, pode vir a
auxiliar o trabalho docente nos dias atuais, com maior interação professor-aluno?
79
Porcentagem dos alunos que tem orkut
2%
49%
49%
Nunca ouviram falar
Sim
Não
Figura 17 - Porcentagem dos alunos que tem Orkut
Porcentagem dos alunos que tem MSN
4%
37%
59%
Nunca ouviram falar
Sim
Não
Figura 18 - Porcentagem dos alunos que tem MSN
Porcentagem dos alunos que tem e-mail
0%
39%
61%
Nunca ouviram falar
Sim
o
Figura 19 - Porcentagem dos alunos que tem e-mail
80
Essa primeira ação mostrou um pouco mais quem eram nossos alunos, o
quantitativo de alunos que possuem e-mail, Orkut, MSN nos fez entender por que
alguns alunos trabalham de forma dinâmica na busca e troca de informações nas
realizações das atividades.
Avaliamos que os questionários corroboram a proposta de trabalho, embora
não inovadora, os dados levantados possibilitam refletir sistematicamente sobre as
diferentes ações educativas a serem desenvolvidas no laboratório de informática da
escola.
Começamos, então, a colocar em prática a utilização do laboratório de
informática no auxílio às tarefas cotidianas de se ensinar Matemática em uma escola
pública noturna.
Os alunos dentro do laboratório reagiram bem quanto ao uso dos
computadores, poucos tiveram dificuldades em manuseá-los depois da experiência
com o questionário. Um dos sites trabalhado em laboratório com os alunos era
desenvolvido pela USP
29
, que abordava questões relacionadas ao conteúdo de
Trigonometria e seria uma iniciação, antes do trabalho com OA.
Quanto aos ambientes informatizados de aprendizagem na escola, temos que
a sala de aula é a referência mais viva na concepção de ambientes de
aprendizagem para professores e alunos. Nessa perspectiva, quando levamos o
computador ou qualquer outra tecnologia para seu interior, é possível ampliar as
possibilidades de uma condução interacionista do processo educativo, uma vez que
o uso dessas tecnologias favorece um trabalho pedagógico centrado na
aprendizagem do aluno.
A maior parte dos educadores encontra-se dividida entre os que acreditam
que a Internet deva ser censurada para os alunos e aqueles que acham que o
melhor a fazer é instrumentar esses alunos para que possam evitar os sites que
desviem sua atenção daquilo que buscam na Internet (Taffner, 1999). Esse último
procedimento por parte da escola estaria dentro de uma filosofia de ensino que
busca levar os alunos a uma autonomia de aprendizagem com repercussões
desejáveis para decisões perante a vida. É difícil, entretanto, a escola que se
disponha a atingir esse objetivo de forma consistente e coerente, talvez pela falta de
preparo dos docentes para uma tarefa tão árdua. Em que pese à falta de clareza
29
http://www.ludoteca.if.usp.br/ripe/Trigonometria.html
81
quanto à possibilidade de coexistência entre a necessidade de uma Educação mais
construtivista, educandos (ensino público) ou de se obter um lucro adequado com o
empreendimento (escola particular), uma premência para se resolver a questão
da navegação dos alunos pela Internet.
Decidimos que um dos grupos iria ao laboratório de informática colocando-se
dois alunos por micro, ou seja, dezesseis alunos, em média, orientados nas
atividades por um professor, geralmente “espremido” entre a porta e os alunos.
Enquanto isso, o restante da turma ficava à espera paciente, realizando outra
atividade em sala de aula, também orientada por um professor, até que os alunos
fossem chamados para a troca de lugares. Posteriormente, os papéis se invertiam e,
no final da noite, os alunos tinham feito a passagem de ambientes, que ora se
encontravam no laboratório de informática e ora na sala de aula convencional.
Os alunos também se dividiram em dois grupos para nossa análise, sendo o
primeiro o de sujeitos que indicavam ter os primeiros contato com a máquina; e o
segundo o dos que consideravam o computador da escola apenas uma extensão do
trabalho diário ou de interações provindas diariamente de lan houses. Esse último
grupo se familiarizou bem com o espaço, já que a sala possuía divisórias, tais como
as encontradas nas lan houses de nossa cidade. Fato curioso, que esse padrão
não é verificado nas demais escolas estaduais de nossa cidade, provavelmente isso
se dava pela política de utilização dos equipamentos pela escola, conforme
comentamos anteriormente.
Figura 20 - Foto 2 Laboratório de Informática
82
Figura 21 - Foto 3 Laboratório de Informática
Analisamos, posteriormente, os questionários finais respondidos pelos alunos,
ao final do trabalho com Objetos de Aprendizagem e pudemos verificar que o
trabalho educativo com o computador para eles significou:
[...]como o programa estava num site, encontrei mais facilidade, pois tenho
pc em casa[...] (questionário 29).
Nesse caso, temos a Internet como facilitadora da tarefa, que o aluno que
possui um computador com acesso a Internet em casa, realiza naturalmente seu
trabalho. A única questão com que devemos nos preocupar é que se trata de um
caso isolado que a maioria dos alunos sequer possuía computadores em seus
lares.
Esses possíveis obstáculos foram solucionados por alguns alunos, utilizando
a lan house, fato comum aos alunos de escolas públicas que não conseguem
acesso em casa e na escola, fora de seu período regular de aula.
[...]A boa explicação do objeto no site[...] (questionário 9)
[...]que tudo que encontramos não foi difícil, usamos a net[...] (questionário
13 e 14).
Com relação aos “benefícios” em se utilizar o laboratório de informática da escola,
na tarefa de aprendizagem escolar, os alunos registraram como satisfatória essa
oportunidade então inovadora na escola e em seus ciclos de estudos regulares.
[...]sim, a utilização do laboratório foi muito importante e uma experiência
ótima[...] (questionário 11)
83
[...]sim, as atividades em grupo proporcionaram mais conhecimento
individual de cada aluno, pois a utilização do laboratório foi ótimo para o
desenvolvimento do trabalho[...](questionário 15)
[...]sim, usando o laboratório os alunos tem mais força de vontade para
fazer o trabalho em grupo[...](questionário 18 e 20)
[...]foi muito bom, as pessoas aprendem mais assim do que na sala.
Achei muito extrovertido[...] (questionário 25).
Não podemos deixar de considerar respostas profundas que comovem a nós,
professores, como a de um dos alunos que disse que se não tivessem ido ao
laboratório para essa atividade, provavelmente não iriam para nenhuma outra no
decorrer do ano letivo (questionário 5), e também no questionário 9, em que o aluno
diz ser ótimo o trabalho em grupo e utilizar o laboratório de informática , mas ressalta
a demora em utilizar o computador em nossas atividades:
[...]foi muito devagar[...] (questionário 25).
Nessa mesma linha, como nossas visitas à escola ocorriam duas vezes por
semana e uma delas apenas ao laboratório de informática, encontramos
questionamento quanto à nossa prática e quanto ao espaço físico utilizado, que não
era o mais adequado, mas o único possível de ser utilizado pela escola.
[...]não foi melhor porque não era sempre que todos vinham para irmos ao
laboratório, que era também apertado[...]. (questionário 23)
Constatamos nesta fala que nossa prática se confundia com o interesse dos
alunos que sempre desejavam ir ao laboratório de informática ao nos ver e nem
sempre esta foi nossa proposta de trabalho.
3.3 O Trabalho educativo na Escola Noturna com objetos de aprendizagem
[...]O trabalho docente, no dia a dia, é fundamentalmente um
conjunto de interações personalizadas com os alunos para
obter a participação deles em seu próprio processo de
formação e atender às suas diferentes necessidades. Eis por
que esse trabalho exige, constantemente, um investimento
profundo, tanto do ponto de vista afetivo como cognitivo, nas
relações humanas com os alunos[...]. (Tardif 2003 p. 120)
84
3.3.1 Trabalho Educativo com Objetos de Aprendizagem
tempos se ouve falar de trabalho educativo envolvendo mídias. A mais
famosa e amplamente usada mídia, atualmente, é o computador.
Mídia
30
designa, de forma genérica, todos os meios de comunicação, ou seja,
os veículos que são utilizados para a divulgação de conteúdos de publicidade e de
propaganda.
Nesse âmbito, os objetos de aprendizagens servem como ferramentas de
auxílio às aulas do professor, já que são voltados para o ensino de certos conteúdos
e, em nosso caso, o conteúdo matemático sobre Trigonometria, que aborda tal teoria
com animações /simulações tornando-os veículos interessantes ao aprendizado do
aluno por divulgarem o conhecimento de maneira que o aluno se sinta atraído,
que ele descobre os seus limites no dia a dia, sem falar, ainda, que os OA possuam
sua distribuição livre. O uso do computador, aliado aos OA, torna-se o desafio dos
novos tempos acadêmicos no ensino básico.
Nessa visão, os cursos de licenciatura têm-se adequado cada vez mais a
utilizar e a discutir essas práticas educativas que envolvem mídia, tendo em vista
preparar profissionais que sejam capazes de usar com eficiência essas novas
tecnologias, tal como o objeto de aprendizagem, que surge como mais um degrau
na escala educativa.
Em pesquisas realizadas por Terçariol (2005), juntamente com sua equipe...
[...] constatou-se que a formação inadequada dos educadores é uma das
causas para não haver inclusão social, digital e principalmente escolar, pelo
menos não de maneira satisfatória. A maioria das instituições responsáveis
pela formação inicial dos educadores não contempla em seus currículos
disciplinas relacionadas à inclusão e ao uso de Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC) na Educação (TERÇARIOL, 2005, p. 234).
Nos anais do XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino,
encontramos o trabalho sob o título: Saberes Docentes no Trabalho Educativo com
Objetos de Aprendizagem, apresentado por Fonseca et al., (2008) que nos mostram
a utilização de OA:
30
Mídia é um termo inglês, plural de medium (=meio de comunicação): [Do ingl. (mass) media, ‘meios
de comunicação (de massa)’; o ingl. media advém do neutro pl. do lat. medium, ‘meio’, ‘centro’,
forma subst. do adj. lat. medius, a um, ‘que está no meio’, inicialmente us. na acepç. geral de ‘meio’,
‘meio termo’.(HOLANDA, 2000, versão eletrônica)
85
Ao desenvolvermos os objetos de aprendizagem observamos a
necessidade de estabelecer um trabalho coletivo entre os professores da
Educação básica, os alunos do curso de licenciatura em Matemática e os
professores formadores de professores. Durante o processo de produção de
cinco objetos de aprendizagem passamos a realizar um estudo coletivo e
sistemático sobre como eles poderiam contribuir para propiciar um dialogo
produtivo entre os alunos e o professor em torno do processo de ensinar e
aprender Trigonometria (FONSECA et al., 2008, não paginado).
Em nossa trajetória, procuramos desenvolver estudos que aprofundassem
questões relacionadas à aprendizagem dos alunos. Fato importante é que muitos
dos trabalhos registrados como relatos de experiências ou pesquisas, servem
constantemente de elementos para reflexões posteriores. Nosso grupo desenvolveu,
durante os últimos anos, alguns trabalhos educativos sobre o processo de utilização
de objetos de aprendizagem no processo de ensinar e aprender Matemática. A
seguir destacamos alguns.
Produção coletiva sobre saberes docentes relativos ao trabalho com
informática e Modelagem Matemática na IV Conferência Nacional sobre
Modelagem e Educação Matemática, Feira de Santana BA, 07 e 08 de novembro
de 2005;
Objeto de Aprendizagem e Modelagem Matemática: Saberes Docentes no
Cotidiano da Escola, IX ENEM IX Encontro Nacional de Educação Matemática,
Belo Horizonte - MG, 18 a 21 Julho de 2007; Trabalho de Projetos e Objetos de
Aprendizagem, XXX CNMAC XXX Congresso nacional de Matemática Aplicada e
Computacional, Florianópolis – SC, 03 a 06 de Setembro de 2007;
Água, o seu Papel Mor no Ensino, V CNMEM V Conferência nacional sobre
Modelagem na Educação Matemática – Ouro Preto, 08 a 10 de Novembro de 2007.
3.3.2 Conteúdo de trigonometria e produção dos alunos
Com o conteúdo de Trigonometria explicado na sala de aula, por meio de
exercícios ou de propostas como o autódromo e com nossas idas ao laboratório de
informática para pesquisarmos e analisarmos sites sobre esse conteúdo sentimos
que, enfim, os alunos poderiam colocar em prática seus trabalhos finais sobre o
86
conteúdo de Trigonometria com utilização dos OA, que haviam sido apresentados
a eles pela webquest anteriormente citada.
Os alunos tiveram, no decorrer de 30 dias, auxílio de todos da equipe para
entenderem melhor os objetos, suas teorias de sala ligadas com a prática e, ao final,
apresentariam seus trabalhos com a utilização do Data Show na sala de aula em
sua escola. Na Figura 27, temos o registro de um desses dias de apresentação e
funcionamento dos objetos em sala de aula antes de iniciarem a pesquisa no
laboratório de informática.
Figura 22 - Foto da Sala de Aula
Tavares (2007) no artigo de texto “Ambiente colaborativo on-line e a
aprendizagem significativa de Física”, ao descrever a utilização de OA, nos dizem
que:
O computador, ao invés do estudante, assumiria a responsabilidade de
solucionar as equações matemáticas pertinente ao sistema considerado no
sentido a permitir que o estudante explore o sistema complexo focalizando
inicialmente o entendimento conceitual. A grande vantagem desta situação
é a possibilidade do aprendiz poder estabelecer o seu ritmo de
aprendizagem. Ele tem o controle da flecha do tempo (podendo ir e vir
indefinidamente) e tem a liberdade de escolher as condições iniciais para o
evento simulado, e desse modo visualizar as diversas possibilidades de
evolução. Desse modo cada aluno escolherá um ritmo conveniente para
utilizar os recursos de uma animação, e ao agir dessa maneira ele evita
uma sobrecarga em sua memória de curto prazo. Quando se apresentam
informações num ritmo acima da capacidade de absorção do aprendiz, ele
simplesmente irá ignorar aquilo que se configurar como sobrecarga
cognitiva (
TAVARES, 2007, p.2)
.
87
No decorrer dos meses, os alunos acessavam links relacionados ao tema de
seus trabalhos além dos objetos de aprendizagem e, a seu tempo, montaram seus
trabalhos finais. Para visualizar e manusear os OA, os alunos acessavam a página
inicial e ao entrar nela, colocavam a disciplina para busca conforme a ilustração da
Figura 23:
Figura 23 - Página Secundária RIVED
Após as pesquisas dos sites e dos objetos, os alunos caminharam para o dia
da apresentação que, inicialmente, foi marcada para meados de setembro, teve que
ser remarcada e aconteceu no início de novembro. Esse fato chama a atenção para
a prática cotidiana da escola, que, em muitos momentos passa despercebida, como
regime de provas finais trimestrais, que a escola adota o regime trimestral. Nesse
período, tivemos que interromper nossas pesquisas e começarmos a atuar como
professores particulares, a fim de sanar dúvidas dos alunos para a realização dos
exames, isso sem falar nos feriados, que ocorrem em setembro e outubro, além, é
claro, da “semana do saco cheio”
31
. Quando estamos no período de trabalho, nem
prestamos atenção a esses aspectos, mas quando mudamos de lado e passamos
para a pesquisa, os prazos estipulados têm que ser cumpridos, embora a prática se
diferencie do que inicialmente se planejou.
31
Prática muito utilizada na maioria das escolas: uma semana de recesso, no meio do segundo
semestre, como uma espécie de férias antecipadas, para aliviar tensões.
88
Para a apresentação, montamos o data show da escola, empilhamos as
carteiras no final da sala e com as cadeiras espalhadas, montamos o cenário para a
noite de trabalho conforme Figura 24:
Figura 24 – Foto 1 Apresentação dos Trabalhos Finais
No que diz respeito aos trabalhos dos alunos, nem todos fizeram como
inicialmente esperávamos, por meio de apresentação de Power Point e com uma
utilização dos OA que eles haviam pesquisado. Tivemos que entender e, ao mesmo
tempo, aceitar que alguns alunos não tivessem considerado o trabalho como
diferenciado de tudo o que haviam feito em anos anteriores e, com isso, alguns
grupos realizaram a pesquisa da mesma forma pela qual faziam outros trabalhos
que a escola lhes pedia, com uso de uma cartolina, ou mesmo com um texto lido à
frente da sala de aula como forma de apresentação. Mas também houve grupos que
nos mostraram a utilização dos conceitos colocados na webquest, além de usarem
os objetos de aprendizagem e esmiuçarem o uso dessas ferramentas quanto à
abordagem do conteúdo de Trigonometria.
Começamos a noite, então, pelos trabalhos dos alunos que utilizaram a
abordagem do OA Trigonometria na Ponte. Alguns alunos não montaram a
apresentação em Power Point, mas ficou evidente, pelo desenho da cartolina, que
trabalharam com a metodologia do objeto analisado. Com relação à não utilização
da montagem de slides, quando perguntados se ela poderia não ter sido executada
por não saberem lidar com o programa, um dos alunos do grupo disse que:
[...]professor, saber mexer eu sei, mas num dei conta de passar os slides,
ele tava muito rápido.[...]
89
Nesse sentido, faltou participação maior nossa em auxiliar esse grupo ou
não?
Eles montaram uma lousa na parede com papel cartolina branca e, utilizando
pincéis, realizaram os cálculos e, acima desse quadro improvisado, havia a imagem
da explanação que o objeto de aprendizagem nos dá. E reafirmaram o entendimento
do conteúdo do objeto quando fizeram o mesmo desenho na lousa, tendo
exatamente o ângulo de 90° para usarem o conteúdo da Lei dos senos e o teorema
de Pitágoras, como podemos constatar nas Figura 25 e 26.
Figura 25 - Foto 2 Apresentação dos Trabalhos Finais
Figura 26 - Foto 3 Apresentação dos Trabalhos Finais
90
o objetivo principal do material didático digital denominado “Trigonometria
na Ponte” (Lagoa) é o de trabalhar a Lei dos Senos. É proposta uma simulação, em
que o personagem deve calcular a distância de um lado a outro de uma lagoa para
construir uma ponte.
Figura 27 - OA Trigonometria na Ponte
No trabalho relacionado com a utilização do OA Teodolito, que trabalha com
os conteúdos soma dos ângulos internos e tangente de um ângulo, o grupo utilizou o
objeto na apresentação, mostrando suas ações e lculos, além de citar que ele é
bastante utilizado nas construções civis, citando até mesmo uma obra federal de
nossa cidade, que é a construção de um viaduto próximo ao Parque do Sabiá.
Figura 28 - Foto 4 Apresentação dos Trabalhos Finais
91
No trabalho que aborda o OA Escada, os alunos trabalharam com conceitos
matemáticos relacionados aos Teoremas de Tales e de Pitágoras. Alguns alunos
sentiram-se menos à vontade na hora da explicação frente à turma, uns chegando
até a gaguejar em sua explanação, mas com tudo contornado, citaram detalhes dos
degraus da escada como altura não o alta, pois dificulta o acesso de pessoas
idosas e na parte horizontal, um tamanho adequado para os diferentes tamanhos
dos pés, seja pequeno ou grande.
Figura 29 - Foto 5 Apresentação dos Trabalhos Finais
Figura 30 - Foto 6 Apresentação dos Trabalhos Finais
Na apresentação do grupo que trabalhou com o OA Diversão com
Trigonometria, foi citada a utilização do período levado para completar o movimento
da roda-gigante e, com ele, a construção de gráficos. o foi utilizado o OA na
apresentação, mas a ideia se fez presente em toda a apresentação, inclusive com
92
comentários como o da Figura 31, em que o grupo declara não ter acreditado
inicialmente que encontraria tanta Matemática na roda-gigante.
Figura 31 - Foto 7 Apresentação dos Trabalhos Finais
Figura 32 - Foto 8 Apresentação dos Trabalhos Finais
O ambiente do objeto de aprendizagem “Diversão com Trigonometria” (Roda
Gigante) é um parque de diversões. Nesse objeto é simulado o movimento de uma
roda-gigante e oferecido aos estudantes um laboratório virtual que possibilita a
aprendizagem de alguns conceitos de função trigonométrica.
93
Figura 33 - OA Trigonometria no Parque Atividade 5
No trabalho relacionado ao OA Mola, os alunos comentaram que visualizaram
na aplicação do objeto, conceitos matemáticos como período da função, frequência
e amplitude, conforme constatamos na Figura 34.
Figura 34 - Foto 9 Apresentação dos Trabalhos Finais
Fato curioso é que o aluno da primeira fotografia, ao ser questionado por um
dos professores estagiários com relação ao tema do seu trabalho, não soube
responder tal pergunta e ainda completou:
[...]só me mandaram ler isso aqui e falaram que eu ganharia os pontos.[...]
Conhecemos esse tipo de prática, mas simplesmente fomos ingênuos em
acreditar que isso não ocorreria!
94
o objeto Trigonometria com Molas” (Molas) tem como objetivo principal
relacionar conceitos referentes às senoides (função seno e cosseno), círculo
trigonométrico e suas respectivas propriedades.
No trabalho que foi baseado no objeto Futebol no País da Matemática,
notamos que os alunos interagiram mais que nos outros trabalhos, talvez pela parte
inicial do objeto que traz cenas de lindos gols espalhados pelo mundo, feitos por
diversos “craques” do futebol masculino e isso agiu, sem vida, sobre a
subjetividade dos alunos, ficando muito claro para nós, principalmente no momento
em que eles se comparavam aos jogadores da apresentação.
O fato negativo a se destacar é que um dos grupos era composto apenas por
mulheres, já que pecamos ao sortear os objetos naquela turma e essas meninas não
demonstraram nenhuma satisfação na realização do trabalho e até tiveram em
certos momentos, ajuda dos amigos na apresentação.
O objeto de aprendizagem intitulado “Futebol no País da Matemática” tem o
objetivo de trabalhar a relação entre as medidas de ângulos centrais e arcos de
circunferências.
Figura 35 - Foto 10 Apresentação dos Trabalhos Finais
Para finalizar as apresentações, o grupo trabalhou com o OA Construindo
Relações Trigonométricas, que aborda os conteúdos matemáticos de razões
trigonométricas e triângulo retângulo entre outros, e que apresenta, ao final das
atividades executadas corretamente, uma frase de motivação aos alunos.
95
Figura 36 - Foto 11 Apresentação dos Trabalhos Finais
Para utilizar o objeto “Construindo relações Trigonométricas” (Bombeiros), o
aluno deverá ter conhecimento de ângulo, das relações entre os ângulos e lados do
triângulo retângulo e das razões seno, cosseno e tangente.
O OA Ampliando as noções Trigonométricas, o Motor, foi utilizado pelos
alunos, todavia como não foi apresentado no dia proposto, não existe registro dele
para o nosso grupo de pesquisa. Posteriormente, o professor da disciplina procurou
o grupo para que os alunos não ficassem sem notas quanto à avaliação do trabalho,
desde que executassem uma nova tarefa.
O Objeto de aprendizagem “Ampliando as noções trigonométricas” (Motor)
trabalha conceitos de Trigonometria no triângulo retângulo, Razões Trigonométricas
no triângulo retângulo e valores dos senos dos ângulos de 0° a 360°.
Figura 37 - OA Ampliando as Noções Trigonométricas – Créditos
96
Trabalhamos também com outros dois objetos de aprendizagem
denominados respectivamente “Arquitetura das Escadas” e o “Teodolito” que
operam no mesmo sentido dos objetos anteriores abordando conteúdos de
Trigonometria; no entanto, esses objetos de aprendizagem não foram produzidos
pela equipe da Universidade Federal de Uberlândia.
Figura 38 - OA Arquitetura das Escadas - Introdução
Semelhança de triângulo, Proporcionalidade e Teorema de Tales, são
conceitos abordados através do objeto “Arquitetura de escadas”, em que o aluno
construirá uma escada com objetivo de trabalhar as verificações experimentais e
suas aplicações.
Figura 39 - OA Teodolito – Atividade 1
97
Já o Objeto Teodolito, foi abordado anteriormente na apresentação de um dos
grupos.
3.3.3 Aprendizagem dos Alunos com OA
Resolvemos então, analisar os questionários finais, após a utilização dos
objetos de aprendizagem na produção final, questão por questão e não diferenciá-
los quanto ao objeto analisado. Adotamos uma numeração própria para
entendermos melhor essas respostas: do questionário 1 ao 6, todos foram
respondidos por alunos que utilizaram o Objeto mola”; do 7 ao 10, o objeto
analisado foi o da “lagoa”; do 11 ao 16, o da “roda-gigante”; 17 a 21, o do
“bombeiro”; do 22 ao 24 do “teodolito”; de 25 a 27 o “futebol no País da
Matemática”, 28 e 29, o da “escada”; o 30 o do “motor” e o 31 foi um questionário
assinado e devolvido com respostas em branco pelo aluno.
Com relação aos diversos OAs trabalhados, notamos grande satisfação pela
descoberta de sua funcionabilidade com a interatividade dos conteúdos aprendidos
em sala de aula.
[...]aprendemos mais sobre a lei do senos e o teorema de Pitágoras[...]
(questionário 8)
[...]gostei pois aprendi como se utiliza o instrumento teodolito[...]
(questionário 23)
[...]gostei pois pude aprender e conhecer alguns materiais que nunca tinha
visto[...] (questionário 24)
[...]e usar o futebol com referência no trabalho de trigonometria realizando
atividades inovadoras e criativas são um novo meio de se estudar essa
atividade[...] (questionário 26).
A utilização dos equipamentos eletrônicos pelos professores e pelos alunos
em suas apresentações possibilitou maior agilidade e maior apreensão dos
conteúdos estudados:
[...]os equipamentos oferecidos, facilitaram muito a explicação dos
trabalhos[...] (questionário 12)
[...]com o data show pegamos rápido a matéria trabalhada[...] (questionário
13 e 14)
[...]aprendi muito usando esse objeto para conhecer o tema que foi dado[...]
(questionário 26).
98
Será que, trabalhando dessa maneira, os professores podem ensinar mais e
melhor? Na visão de alguns alunos, a resposta é afirmativa.
[...]além de estarmos aprendendo a mexer em um PC, nós podemos ver
como esse instrumento funciona[...] (questionário 1)
[...]com os trabalhos, as regras ficam mais claras na mente das pessoas[...]
(questionário 8).
Além desses aspectos gerais dos alunos, ficamos impressionados com a
descoberta deles para a função do teodolito para as construções em geral, que os
alunos visitaram até obras federais de recuperação das rodovias, para ver o
instrumento em ação por profissionais. Sem falar na maquete de uma ponte que um
dos grupos havia começado a montar e não terminou por falta de recursos
financeiros, necessários para a sua montagem e para o seu transporte .
Com relação aos trabalhos finais, citamos o comentário abaixo do professor-
estagiário:
Vimos que os objetos foram utilizados de maneira correta, claro, com
alguma ajuda de nós professores. Vimos também que todo o conhecimento
que queríamos que eles mostrassem foi bem explorado. Alguns trabalhos
estavam aquém do esperado, deixando muito a desejar nas duas turmas;
mas o intrigante foi o resultado colhido com os alunos mais fracos das
turmas. Eles tiveram nada menos que os melhores trabalhos apresentados,
levando em conta também a apresentação.
Esse trabalho realizado na escola conseguiu chegar ao fim, sem dúvida
alguma, pelo coletivo, como fica claro num dos comentários de um dos professores-
estagiários.
Cada um trabalhou com uma função e como formigas fomos montando
nosso trabalho em conjunto. No fim tudo saiu bem. Existem inúmeros
exemplos, inclusive em filmes como [...]onze homens e um segredo[...], de
grupos imbuídos num projeto em que cada um deles contribui de uma
maneira inteligente e única e o resultado é um conjunto de ações que
culminam na solução de um problema maior.
Conseguimos então, levantar a autoestima desses alunos, dessa comunidade
que enfrenta tantos desafios de sobrevivência diariamente, e, além de tudo,
aprendemos muito com nossa prática.
D’Ambrósio (1990) também fala sobre a importância das novas tecnologias
que está sendo utilizadas na escola,
Creio que um dos maiores males que a escola pratica é tomar a atitude de
que computadores, calculadoras e coisas do gênero não são para as
escolas dos pobres. Ao contrário: uma escola de classe pobre necessita
expor seus alunos a esses equipamentos que estarão presentes em todo o
99
mercado de futuro imediato. Se uma criança de classe pobre não na
escola um computador, como jamais terá oportunidade de manejá-lo em
casa, estará condenada a aceitar os piores empregos que lhe ofereçam.
Nem mesmo estará capacitada para trabalhar como caixa num grande
magazine ou num banco. É inacreditável que a Educação Matemática
ignore isso. Ignorar a presença de computadores e calculadoras é condenar
os estudantes a uma subordinação total a subempregos (D’AMBRÓSIO,
1990, p.16).
A nossa proposta de trabalho com Objetos de Aprendizagem se transforma,
assim, numa mudança do cotidiano escolar, em que oscilamos entre os dois
paradigmas de sala de aula a todo momento. que o mais importante não está na
apresentação dos trabalhos dos alunos, nem nos relatos dos professores
estagiários, nem contido nos OA: o mais importante deste trabalho, sem vida
alguma, foi detectar que esses alunos do ensino noturno e de periferia necessitam,
mais que qualquer outra classe de alunos, desse tipo de prática, que, se não
tiverem esse contato com o uso de novas tecnologias na escola, podem não ter
outra oportunidade na sua vida. Falamos de cidadãos com menos oportunidades de
um futuro melhor, devido, sim, ao fator financeiro e à falta de oportunidades que a
sociedade impõe todos os dias às classes mais desfavorecidas de nosso país.
Constantemente, isso fica claro, quando constatamos algo do poder público para
tentar diminuir esse cenário de desigualdades, como política de cotas em
universidades, por exemplo.
Necessitamos na verdade, de uma política pública clara de inclusão digital
para as escolas blicas, que vai muito além da mera inserção de computadores
nas escolas. Foi muita ingenuidade de nossa parte achar que alunos que se
deparavam com o computador pela primeira vez fossem realizar um trabalho
usando-o, da mesma maneira que nós, pesquisadores, utilizamos em nosso dia a
dia. Essa prática não é natural para a maioria da população brasileira.
Em nosso trabalho na Escola Parque das Flores, tivemos alunos que não
sabiam ligar o computador, usar o mouse, e pretendíamos colher, no final, os
trabalhos a partir da utilização de OA, o que numa escola diurna particular seria
difícil, quanto mais numa escola pública noturna, cuja realidade é muito mais
complexa! Fica definido o nosso dilema: Utilizar ou não as novas tecnologias na
Educação pública?
Caso os educadores brasileiros venham a optar pela sua utilização, podem ter
certeza de que irão aumentar as diferenças entre os que sabem utilizar essa
100
ferramenta e aqueles que não sabem; por sua vez, se optarem por não as utilizarem,
esses alunos podem estar aptos ao fracasso, por, possivelmente, não terem uma
melhor perspectiva na vida, que, para muitos, a oportunidade de uma vida melhor,
de um emprego decente, de ser um cidadão, passa exclusivamente por uma
Educação pública e de qualidade.
Esta mudança passa pela idéia de ambiente de aprendizagem relacionado às
aulas de Matemática. Skovsmose (2000) nos fala que
[...]As práticas de sala de aula, em especial as aulas de matemática, devem
ser baseadas em um cenário de investigação em que a pergunta “o que
acontece se...?” deve ser umas das principais atividades que os alunos
devem aprender a fazer, pois, dessa forma eles se envolvem no processo
de exploração. O “Por que isso...?” dos aprendizes indica que eles estão
encarando o desafio e buscando explicações às indagações proposta.
Quando assumem o processo de exploração e explicação, o cenário para
investigação passa a constituir um novo ambiente de aprendizagem, em
que os alunos são responsáveis pelo processo. Se certo cenário pode ou
não dar suporte a uma abordagem de investigação é uma questão empírica
que tem que ser respondida por meio da prática dos professores e alunos
envolvidos[...] (Skovsmose, 2000, p. 71).
Quanto aos ambientes informatizados de aprendizagem na escola temos que
a sala de aula é a referência mais viva na concepção de ambientes de
aprendizagem para professores e alunos. Nesta perspectiva, quando levamos o
computador ou qualquer outra tecnologia para seu interior é possível ampliar as
chances de uma condução interacionista do processo educativo, uma vez que o uso
dessas tecnologias favorece um trabalho pedagógico centrado na aprendizagem do
aluno.
A abordagem do conteúdo, não pode se limitar a resolução de exercícios,
bem como não pode ser sempre refletida numa situação da vida, mas sim, deve ser
balanceada nestes dois aspectos. Para compreendermos o que acontece nesta
mudança de paradigma, citamos Skovsmose (2000), que nos diz:
Mover-se do paradigma do exercício em direção ao cenário para
investigação pode contribuir para o enfraquecimento da autoridade da sala
de aula tradicional de matemática e engajar os alunos ativamente em seus
processos de aprendizagem. Mover-se da referência à matemática pura
para a referência à vida real pode resultar em reflexões sobre a matemática
e suas aplicações. Minha expectativa é que caminhar entre os diferentes
ambientes de aprendizagem pode ser uma forma de engajar os alunos em
ação e reflexão e, dessa maneira, dar à educação matemática uma
dimensão crítica (Skovsmose, 2000, p.66).
101
Devemos então estar cientes de que a mudança de cenários no cotidiano
escolar, não é tarefa fácil, muito pelo contrário é bem complexa, mas sem dúvida, se
torna mais fácil com o trabalho coletivo. Não se trata aqui de se abolir a resolução de
exercícios, mas sim, flutuar entre os ambientes de aprendizagem, sabendo que o
docente não mais será o detentor do certo e do errado. E será questionado muitas
vezes e não terá resposta imediata para uma pergunta, diferentemente da prática de
resolução de exercícios, assim como, não se prenderá a aplicações de exames, mas
sim a elaborações de dinâmicas significativas onde não se restringirão meros
cálculos.Nesta linha, citamos o artigo de Moreschi (2002) que nos diz:
Construir um ambiente de aprendizagem estimulante e enriquecedor torna-
se um desafio para os professores e educadores de hoje. Utilizando-se das
ferramentas computacionais pode-se tentar elaborar tal ambiente, que
poderá “abrir” os sentidos do aluno para novas descobertas e maneiras de
construir o seu conhecimento. Qualquer escola, em qualquer disciplina,
deve disponibilizar seus recursos para mostrar ao aluno a essência do
trabalho, a cooperação e a interdependência, que faz de cada ser humano
um cidadão corporativo, com definidos papéis na construção do mundo.
(Moreschi, 2002, p.79)
A Utilização de material didático digital se faz necessária no processo de se
ensinar e aprender Matemática nos últimos tempos. Todos estes fatores juntos
tornam-se o grande desafio de se constituir um ambiente de aprendizagem na
escola utilizando tecnologias da informação e comunicação, em particular no ensino
noturno.
Mas cabem aqui também algumas sugestões às instituições formadoras de
professores. Não podemos simplesmente cobrar tais ações dos docentes se estes
não são preparados para atuarem nestas especificidades. As instituições devem
deixar a cargo de escolha dos futuros docentes, disciplinas optativas voltadas ao
interesse deles e voltadas ao desenvolvimento profissional do futuro professor.
Aquele docente que se ver no futuro, dando aulas no ensino noturno, deve ter uma
teoria específica, prática contextualizada e saberes docentes, assim como aqueles
que irão atuar em outras áreas distintas como atuar com alunos de necessidades
especiais, os alunos jovens e adultos, os de parte práticas (aulas de laboratório),
entre outros aspectos e não tratar como se todos fossem atuar na educação básica
regular de ensino que compreende o ensino fundamental e médio.
Tais mudanças podem significar grandes melhorias nas formações dos
docentes e isso se traduz em melhores práticas ao se ensinar os conteúdos na sala
102
de aula e sem dúvida, os alunos sentirão esta diferença que se não é tratada como
parte fundamental, não deve ser tida como mero detalhe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciarmos nosso trabalho frente a uma escola noturna estadual no estado
de Minas Gerais, num bairro periférico de Uberlândia, encontramos muitos
contratempos, no decorrer de nossos trabalhos, na utilização de objetos de
aprendizagem junto aos alunos do Ensino Médio no laboratório de informática. Volta
e meia sentíamo-nos impotentes e até mesmo um pouco desorientados com vários
acontecimentos. Claro que nem sempre é possível improvisar soluções rápidas, mas
aprendemos uma lição: salvaguarde o seu trabalho, tomando sempre precauções.
Um dos contratempos foi com o Linux que é um sistema operacional, que chega às
escolas, mas que a maioria dos professores não o domina, se bem que, nesse
último ano de 2008, o Governo estadual fez sua parte dando um curso sobre
utilização desse sistema para, pelo menos, um professor de cada escola e esse
iniciaria o processo multiplicativo do saber.
Atuar em escola pública é muito difícil, muitas realidades estampadas e
isso se agrava quando se trata do ensino noturno, talvez por isso seja tão difícil
encontrar pesquisas nessa área. Não se pode deixar de citar como complicações os
horários de aulas reduzidos no início e no fim das aulas, seja por questões de
locomoção dos alunos, que muitos utilizam transporte público seja pela violência
urbana, comum nos dias atuais. Essas estratégias comprometem o ensino com uma
redução do conteúdo que deveria ser lecionado, que o ensino noturno transcorre
em condições distintas.
Em contrapartida, grande parte dos professores do ensino noturno se sente
mais à vontade em trabalhar nesse grupo do que no ensino regular diurno.
Justificam essa atitude, em muitos casos, por se tratar de alunos com maturidade
diferenciada, que muitos, primeiro, trilharam o caminho que a vida lhes indicou.
Seja pelo trabalho, seja pelo casamento, ou até mesmo pela paternidade e/ou
maternidade assumidas juntamente com a responsabilidade de, nesse primeiro
momento, abdicar dos bancos escolares e, posteriormente, retornar ao ciclo natural
anteriormente iniciado e que pelas situações do dia a dia, não foi possível terminar
num primeiro momento.
104
Não podemos achar que somente a ocupação seja fator determinante para a
procura de alunos pelo ensino noturno. Devemos, sim, considerar significativamente
os alunos que, após sucessivas reprovações, sentem-se excluídos do contexto
escolar diurno e procuram outro cenário, que, naquele momento, mostra-se novo ao
aluno, seja por escolha própria seja da direção, que pelo fracasso escolar e/ou por
sua idade muita avançada, impõe sua matricula no ensino noturno.
Muitos alunos também procuram o ensino noturno pelo ciclo de amizade,
namoros, que, para eles, a escola noturna é um ambiente de se fazer e manter
amizades, um companheirismo, que não se encontra tão facilmente na escola diurna
que limita a matrícula de alunos adultos.
O ideal é combinar rigor e flexibilidade, ser rigoroso consigo e flexível perante as
situações e as circunstâncias e, dessa forma, saber lidar com os imprevistos.
Tivemos várias lições desse tipo e soubemos lidar com elas. Foi um importante
aprendizado esse de que imprevistos acontecem, mas é sempre bom e importante
saber sair deles com elegância. Não adianta trazer computadores, se não uma
pessoa responsável pela manutenção deles, como também não adianta dar curso de
formação para um professor; o treinamento deve ser dado a todos, e
constantemente, os professores passarem por cursos de reciclagem, de
aperfeiçoamento. Tudo isso tem efeito nas políticas públicas tornando-as mais claras
e eficientes, não só em épocas eleitorais.
A montagem do ambiente de aprendizagem, não se restringe à sala de aula,
mas, sim, a todos os componentes intrínsecos da Educação, que o inseparáveis.
Os objetos de aprendizagem são excelentes recursos didáticos para o professor
utilizar em suas aulas, estimulando aprendizagem de forma interativa e lúdica. Esses
objetos trazem as vantagens de oferecer ao aluno abordagens interdisciplinares e a
associação entre a teoria e a prática. Por se constituírem, na maioria das vezes, em
animações que incluem imagens, sons e movimentos, despertam o interesse dos
alunos e tornam a aprendizagem mais eficaz, além é claro de serem de domínio
público e possuírem um grande repositório.
A utilização de novas tecnologias aplicadas ao ensino nas escolas blicas
requer, antes de tudo, uma política pública clara, com investimentos pertinentes dos
órgãos públicos permanentes em infraestrutura, suporte técnico e cursos anuais de
aperfeiçoamento aos professores.
105
Devemos entender que muitos desses alunos terão contato com estas novas
tecnologias somente na escola. Então a escola deve adotar uma política que tenha
como meta, e não uma consequência como é atualmente, ter ou não um professor
usando estas tecnologias advindas dos órgãos públicos. As escolas públicas têm
como objetivo formar cidadãos aptos a entrar no mercado de trabalho ou a tentar a
continuidade de seus estudos em franca igualdade com alunos de escolas privadas
e, hoje, esse é o grande desafio. Para isso, devemos ter, sim, uma cultura digital nas
escolas blicas brasileiras, que, para muitos alunos, esse pode ser o primeiro
contato com as novas tecnologias e isso, sim, pode significar, melhores
oportunidades de emprego futuro e, com isso, melhor qualidade de vida.
Por fim, presenciamos o início desta cultura digital quando voltamos à escola
ao fim do ano de 2008 e constatamos que o espaço onde era o laboratório de
informática transformou-se numa sala de Xerox e a biblioteca se tornou espaço
multimídia, com a chegada de mais dez máquinas de cores negras se contrastando
com as de cores brancas do projeto antigo, que utilizamos no decorrer de 2007.
Essas novas máquinas se encontram com objetos de aprendizagem, para que os
professores que assim o quiserem, possam utilizar as ferramentas e flutuar entre os
ambientes de aprendizagem.
Figura 40 - Foto 1 do novo Laboratório de Informática
106
Figura 41 - Foto do antigo Laboratório de Informática
Nosso desejo é que atitudes como esta se espalhem por todas as escolas
públicas de Uberlândia e, se possível, do Brasil.
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http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10724
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10722
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=9129
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http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=7590
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=9845
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10897
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10782
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10562
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10170
http://www.idbrasil.gov.br/noticias/News_Item.2004-08-24.4258
http://200.198.28.154/sistema44/index.asp?ID_PROJETO=37&ID_OBJETO=275530
&ID_PAI=208018&AREA=ATRIBUTO
http://pt.wikipedia.org/wiki/Novas_tecnologias_de_informa%C3%A7%C3%A3o_e_co
munica%C3%A7%C3%A3o
http://www.espacoacademico.com.br/074/74amsf.htm
http://www.ludoteca.if.usp.br/ripe/trigonometria.html
http://www.foxmidia.com.br/midia.html
http://www.bomjesus.br/publicacoes/pdf/revista_PEC/o_site_ambiente_de_aprendiza
gem.pdf
ANEXOS
ANEXO A - Lista de Escolas Referências e suas localizações na cidade de
Uberlândia-MG.
(6&2/$
/2&$/,=$d2
(($0(5,&25(1(*,$11(77,
7DEDMDUDVUHJLmRFHQWUDO
(($1721,2/8,6%$6726
$SDUHFLGDUHJLmRFHQWUDO
((%8(12%5$1'$2
&HQWUR
(('(8%(5/$1',$086(8
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(()5(,(*,',23$5,6,
6WD0{QLFDUHJLmRFHQWUDO
((-2$25(=(1'(
&XVWyGLR3
((0(66,$63('5(,52
(UODQUHJLmRFHQWUDO
((1(8=$5(=(1'(
7RFDQWLQV
((352)$1721,20$548(6
6HPLQIRUPDomR
((352)-26(,*1$&,2'(628=$
%UDVLOUHJLmRFHQWUDO
((6(*,6081'23(5(,5$
6WD0{QLFD
((6(5*,2'()5(,7$63$&+(&2
7LEHU\
((7(2721,29,/(/$
3ODQDOWR
114
ANEXO B - Pedido de construção da sala de Informática junto á secretaria estadual
de ensino
115
ANEXO C - Proposta da chapa 1
116
ANEXO D - Proposta da chapa 2
117
ANEXO E - Normas de Utilização do laboratório
118
ANEXO F - Questionário 1
Escola Estadual do Parque São Jorge
Questionário
Nome:______________________________________________________________
___
Idade:_____ Data de Nascimento: ___/___/_____ 2°ano____ Sexo: ______
Nº. de Filhos: ( )zero ( ) 1 a 2 ( ) 3 a 4 ( ) mais de 4.
1) Você trabalha? ( )sim ( )não. Se sim, onde?
______________________________________________________________
__
2) Você faz uso do computador em sua vida? ( ) Sim ( ) Não
3) Se sua resposta foi sim na Questão 2 responda: Onde você tem acesso ao
computador? (
Nesta questão pode-se assinalar mais que uma opção
)
( ) Casa ( ) Trabalho ( ) Escola ( ) Lan House(onde se paga pra usar)
( ) Outros_________________
4) Se sua resposta foi sim na Questão 3 responda: Qual o tempo em média, por
dia, você passa trabalhando com o computador?
( ) de 1 à 2 horas por dia ( ) de 2 à 4 horas por dia ( ) de 4 à 7 horas por dia
( ) mais de 7 horas por dia ( ) outros
__________________________________
5) Se sua resposta foi sim na Questão 2 responda: O computador que vc utiliza
tem acesso a internet? ( ) Sim ( ) Não
119
Observações:
_____________________________________________________
6) Se vo respondeu positivamente na Questão 2 responda: Vo utiliza o
computador para que?
( ) Trabalho ( ) Pesquisa Escolar ( ) Diversão ( )
Outros_____________________
7) Já fez algum dia cursos sobre computadores? ( ) Sim ( ) Não
8) Assinale os programas que você tem facilidade em manusear:
( ) Excel
( ) Power Point
( ) World
( ) Access
( ) Nenhum
( ) Outros
__________________________________________________________
9) Você tem orkut? ( ) Nunca ouvi falar ( ) Sim ( ) Não
10) Se a resposta na Questão 9 foi sim, qual seu profile?(nome para te encontrar)
_________________________________________________________________
__
11) Você tem MSN?
( ) Nunca ouvi falar ( ) Sim, ____________________________________, ( )
Não
12) Você tem e-mail?
( ) Nunca ouvi falar ( ) Sim, ____________________________________, ( )
Não
120
13) O que você espera desse curso? Qual sua expectativa?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
______
_________________________________________________________________
__
"Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Receba essa herança, honre-a,
acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos."
Albert Einstein
121
ANEXO G - Questionário 2
123
ANEXO IQuestionário da aluna do 2° G
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo