Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA
PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO-CONVENCIONAIS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE, RS
Valdely Ferreira Kinupp
Biólogo, Mestre em Botânica
Tese apresentada como um dos
requisitos à obtenção do Grau de
Doutor em Fitotecnia
Área de Concentração Horticultura
Porto Alegre (RS), Brasil
Novembro de 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
ads:
iii
Dedicatória
A minha mãe Maria de Lourdes (in memoriam);
A meu pai Francisco Thuribi Kinupp
Aos meus irmãos;
A Cristina Motta Bührnheim;
Ao amigo, grande mestre e entusiasta da Botânica:
Bruno E. Irgang (in memoriam)
E a todos que ao longo da história e da evolução humana experimentaram, PROVARAM e
deixaram o maior de todos os legados:
As espécies que podem ser utilizadas na alimentação!
Dedico também a aqueles que se encarregaram e se encarregam de resgatar, difundir e
incrementar este legado...
iv
AGRADECIMENTOS
Agradecimento especial à Professora Dra. Ingrid B.I. de Barros pela “ousadia ou
coragem” de aceitar esta orientação, possibilitando a realização deste trabalho e pelos
ensinamentos e experiências transmitidos...
Ao CNPq pela bolsa de estudos durante 36 meses.
Às instituições: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, especialmente à Faculdade
de Agronomia (Departamento de Horticultura e Silvicultura - DHS e Laboratório de
Análises de Solos e Tecidos Vegetais - LASTV); Departamento de Botânica e ao
Instituto de Ciências e Tecnologia de Alimentos (ICTA), especialmente aos
Laboratórios de Bromatologia e Análise Sensorial de Alimentos. E ao Jardim Botânico
de Porto Alegre (JBPOA).
Ao Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., na pessoa de Harri Lorenzi, pelo
apoio e amizade.
Aos professores do DHS e ou PPG Fitotecnia Paulo Vitor Dutra de Souza, Otto Carlos
Koller, Gilmar Marodin, Sérgio Schwarz e Renar Bender, Lucia Brandão Franke pelo
apoio e ensinamentos...Aos funcionários do DHS sempre prontos para ajudar Cleusa P.
Comelli, Ernani Pezzi, Detamar A. da Rocha e ao apoio dos técnicos César
(Micropropagação), Idenir Conto, José & Antônio Vieira Nunes e Valter Fraga Nunes
do Laboratório de Biotecnologia Vegetal e Casa de Vegetação do DHS. Aos colegas
Claudimar S. Fior, Agda R.Y. Ikuta e Gilmar Schäfer pelo apoio, ajudas e conversas
amistosas...ao Prof. Cruz (Agronomia – UFRGS) pela identificação de alguns insetos...
À Marisa Bello pela atenção, eficiência e simpatia na Secretaria do PPG Fitotecnia. À
equipe do LASTV, especialmente à Lisandra e Marriete pelo empenho e atenção nos
encaminhamentos das análises minerais...
Aos amigos e colegas botânicos que muito contribuíram direta ou indiretamente para
meu conhecimento da Flora da RS e mais especificamente da RMPA: Prof. João André
Jarenkow, Prof. Paulo Brack, Prof. Bruno Irgang (in memoriam), Marcos Sobral, Prof.
Renato Záchia, Profa. Lilian Auler Mentz, Prof. Sérgio Bordignon, Profa. Silvia Miotto,
Prof. Nelson I. Matzenbacher e dezenas de outros competentes botânicos que sempre
colaboram informalmente e seria muito difícil citar todos, mas aqueles que ajudaram de
alguma forma saibam que foi muito importante...
Aos Herbários consultados e seus curadores, funcionários, estagiários, coletores e
v
usuários assíduos, com destaque para o Herbário ICN onde minha coleção do RS está
incorporada, especialmente pela atenção da Profa. Mara Ritter e dos muitos ICNenses
que lá me ajudaram: Rumi, Jair, Joana, Regina e cia...A Rosana Senna e funcionários do
herbário HAS e Salette Marchioretto e equipe do agradável Herbário PACA.
Aos colegas do PPG Fitotecnia: Adriana R. Corrent, Sergiomar Theissen, Bibiana Della
Pasqua Ferreira, Ana Carolina Roso, Anderson de Césaro, Cândida Raquel Scherer
Montero, Rose Antes, Cecília Maciel Barroso, Denis Salvatti Guerra, Frederico Daudt
Flack, Geraldo L. Chavarria Lamas Jr., José L. da S. Nunes, Mônica Spier, Gilmar Nava
e muitos outros que mesmo com pouco contato contribuíram de alguma forma e
enfrentaram as mesmas dificuldades...Especialmente aos colegas e amigos mais
próximos pela convivência amistosa, trocas de idéias e que muito colaboraram: Irany
Arteche, Francisco Amaro, Gema Conte Piccinini, Andréa Becker Delwing...
Aos que foram meus alunos nas disciplinas do Depto. de Botânica da UFRGS pelo
apoio, carinho e companheirismo nas aulas e “Expedições” de campo pelo RS.
Especialmente aos apaixonados pela Botânica e àqueles que passaram conhecer e a
GOSTAR um pouco mais...Aos colegas e amigos do PPG Botânica Claudia Giongo,
Fernando Rocha, Daniel Ruschel, Edson Soares, Márcia Vignoli da Silva, Ângelo
Schneider, Rodney Schmidt, Luís Fernando Lima e muitos outros pela atenção sempre
dispensada, convivência agradável e ajudas diversas...
Aos parceiros de trabalhos de campo (capinas e cia), de coleta e plantio, Karin Luísa
Lütkemeier e Rodrigo Cossio na fase inicial, Felipe Schenkel (Pipo) na fase final e
especialmente ao Biólogo Paulo Augusto Motta que colaborou braçalmente e pelo
entusiasmo de sempre...e ao escravo mais cativo de todos e entusiasta das nativas
Gustavo N. Lisbôa pela ajuda imprescindível, dedicação, empolgação e amizade...e
muitas outras pessoas (centenas...) pelo apoio moral ao trabalho nas conversas
corriqueiras...
Aos amigos e padrinhos Ronaldo (naturalista nato) e Cátia Hilgert e Fernando Rocha,
insigne botânico...
Ao Pastor Arenas e Gustavo Scarpa pela permuta de bibliografias importantes...
Aos professores Eduardo H. Rapoport, Geraldo Luiz Gonçalves Soares e Maria Teresa
Schifino-Wittmann que compuseram a Comissão Orientadora...ao Rapoport
especialmente pelas bibliografias iniciais e exemplo de vida e trabalho...ao Geraldo
pelos alertas químicos e empolgação e a Maria Teresa também pelas questões
vi
provocantes do Exame de Qualificação...Ao Dr. Arione da Silva Pereira pelas sugestões
e questionamentos do Exame de Qualificação...
Aos colegas do JBPOA Ari D. Nilson, Fernando Vargas, Bruno e Andréia Maranhão
Carneiro pelo acesso irrestrito ao Jardim, informações e ajudas preciosas. Especialmente
à amiga Andréia pelas bibliografias básicas iniciais, sugestões...
À equipe do Laboratório de Bromatologia do ICTA, Heloísa Helena C. Carvalho (Helô)
e estagiários e muito especialmente aos eficientes e colaboradores vitais Roberval
Bittencourt de Souza e Mariângela Flores Terra. A Helô agradeço ainda pela cessão de
partes dos reagentes químicos e pela ajuda essencial nas fórmulas para conversão das
diferentes unidades que os resultados dos estudos bromatológicos são publicados...
A Profa. Simone Hickmann Flôres (ICTA) pela disponibilização do Laboratório de
Análise Sensorial de Alimentos e parcerias; às estagiárias Laura Moura Kohmann &
Karina Marquardt pela dedicação e auxílio imprescindível na realização das análises
sensoriais com as espécies nativas...
Aos amigos do Sítio Capororoca pela parceria e apoio constantes. Agradeço
imensamente a Agrônoma e Produtora Agroecológica Silvana Beatriz Bohrer pelo
interesse e empolgação com as nativas e plantas não-convencionais e aos seus
funcionários e amigos nossos Renir e Marília pelo carinho, respeito, simpatia e alegria
constantes e pelo trabalho pesado no campo e na cozinha. Marília valeu mesmo pelos
muitos pães, bolinhos e cia e, especialmente, pelos incentivos freqüentes...Zanir &
Silvana Bohrer obrigado por compartilhar o refúgio de vocês comigo e pela
receptividade as novidades gastronômicas...
À amiga Frida, a comedora de urtiguinha e apaixonada pela botânica e pela vida, um
exemplo a ser seguido...muito obrigado pelo carinho, atenção e parcerias na Fazenda
Xafri...
Aos amigos Alexandre Coletto e Evandro Bernardi pelo apoio moral no momento final
da redação...ao amigo Botânico Mike Hopkins pela revisão do Abstract...
E mais do que especialmente agradeço a minha mulher Cristina pelo amor, carinho e
apoio constante em todas as fases deste trabalho, além da leitura crítica de parte do
manuscrito, sugestões e operações de salvamento computacionais e cia...
Enfim, a todos que ao longo da minha vida pessoal e profissional contribuíram, mesmo
que pontualmente, para minha formação geral....meu muito obrigado!
vii
PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO-CONVENCIONAIS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE, RS
1
Autor: Valdely Ferreira Kinupp
Orientadora: Ingrid Bergman Inchausti de Barros
RESUMO
Muitas espécies de plantas espontâneas ou silvestres são chamadas de “daninhas”,
“inços”, “matos” e outras denominações reducionistas ou pejorativas, pois suas utilidades e
potencialidades econômicas são desconhecidas. No Brasil não se conhecem estudos sobre
o percentual de sua flora alimentícia e poucas espécies nativas foram estudadas em relação
à composição bromatológica e avaliadas sob o aspecto sensorial e fitotécnico. Visando
minimizar parte destas lacunas foi executado o presente estudo na Região Metropolitana de
Porto Alegre (RMPA), Rio Grande do Sul. Realizaram-se consultas aos herbários da região
e revisões bibliográficas exaustivas tanto do aspecto florístico da RMPA quanto da
literatura sobre plantas utilizadas na alimentação humana. As análises bromatológicas, dos
minerais e sensoriais foram realizadas de acordo com os protocolos usuais e os cultivos e
manejos experimentais foram realizados dentro dos preceitos agroecológicos, em parceria
com uma produtora rural. Estimou-se a riqueza florística da RMPA em 1.500 espécies
nativas, sendo que 311 delas (21%) possuem potencial alimentício. Destas, 153 (49%) são
acréscimos à maior listagem mundial do tema e 253 (76%) foram consumidas e ou
experimentadas no presente estudo. Desta flora alimentícia foram selecionadas 69 espécies
(22%) para análises dos minerais e proteínas das partes de interesse de alimentício; quatro
outras espécies de grande potencial (Acanthosyris spinescens, Melothria cucumis, M.
fluminensis e Vasconcellea quercifolia) tiveram suas composições bromatológica e mineral
determinadas e foram caracterizadas em relação a aspectos biológicos e ou fitotécnicos e
duas espécies (M. cucumis e V. quercifolia) foram avaliadas sensorialmente. Os estudos
realizados mostraram o inequívoco potencial alimentício de um número significativo de
espécies autóctones subutilizadas, cujo aproveitamento econômico poderá contribuir para o
enriquecimento da dieta alimentar humana e o incremento da matriz agrícola brasileira e
ou mundial.
1
Tese de Doutorado em Fitotecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil, (562 p.) Novembro, 2007.
viii
UNCONVENTIONAL FOOD PLANTS FROM METROPOLITAN REGION OF
PORTO ALEGRE, RS
1
Author: Valdely Ferreira Kinupp
Adviser: Ingrid Bergman Inchausti de Barros
ABSTRACT
Many species of spontaneous or wild plants are generally referred to as “weeds” or
other reductionist or pejorative terms (“daninhas”, “inços”, “matos”), despite their uses
and economic potentials not being known. There have been no previous studies in Brazil of
the percentage of the flora that is edible, and few native species have been studied for their
bromatological composition or evaluated sensorially. The present study aims to reduce this
gap for the Metropolitan Region of Porto Alegre (MRPA), Rio Grande do Sul State. The
regional herbaria and the floristic literature relating to the MRPA were exhaustively
studied for references to plants being used as human food. Bromatological, mineral and
sensorial analyses were made following the usual protocols, and cultivation and
experimental management were carried out according agroecological principles, in
partnership with an agricultural producer. The MRPA is estimated to have about 1,500
native species, of which 311 (21%) are potentially edible. Of these, 153 (49%) are
additions to the largest international listing of edible plants and 253 (76%) were consumed
or tasted during the present study. Of this potentially edible flora, 69 species (22%) were
selected for analysis of the mineral and protein content of their edible parts; the
bromatological and mineral composition of four other species of high potential
(Acanthosyris spinescens, Melothria cucumis, M. fluminensis and Vasconcellea
quercifolia) were determined, and their biological and phytotechnical characteristics
described. Of these, two species (M. cucumis and V. quercifolia) were evaluated
sensorially. These studies show the strong alimentary potential of a significant number of
under-utilized native species whose economic use would contribute for the enrichment of
the human diet and to the development of the Brazilian and world agricultural matrix.
1
Doctoral thesis in Agronomy, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil. (562 p.) November, 2007.
ix
SUMÁRIO
Página
1. CAPÍTULO I – Introdução geral...................................................................................
1.1. Referências bibliográficas......................................................................................
2. CAPÍTULO II – Riqueza e caracterização de plantas alimentícias não-convencionais
na Região Metropolitana de Porto Alegre, RS..............................................................
2.1. Introdução..............................................................................................................
2.2. Material e métodos................................................................................................
2.3. Resultados e discussão...........................................................................................
2.4. Referências bibliográficas......................................................................................
3. CAPÍTULO III – Teores de proteína e minerais de plantas alimentícias não-
convencionais no Rio Grande do Sul............................................................................
3.1. Introdução...............................................................................................................
3.2. Material e métodos.................................................................................................
3.3. Resultados e discussão............................................................................................
3.4. Conclusões..............................................................................................................
3.5. Referências bibliográficas......................................................................................
4. CAPÍTULO IV - Observações biológicas, estudo bromatológico e mineral e
potencial econômico de sombra-de-touro (Acanthosyris spinescens (Mart. & Eichl.)
Griseb. - Santalaceae) ...................................................................................................
4.1. Introdução...............................................................................................................
4.2. Material e métodos.................................................................................................
4.3. Resultados e discussão............................................................................................
4.4. Conclusões..............................................................................................................
4.5. Referências bibliográficas......................................................................................
5. CAPÍTULO V – Caracterização biológica, cultivo, composição bromatológica e
mineral e análise de pepininhos-silvestres (Melothria cucumis Vell. & M.
fluminensis Gardn. – Cucurbitaceae).............................................................................
5.1. Introdução...............................................................................................................
5.2. Material e métodos.................................................................................................
5.3. Resultados e discussão............................................................................................
5.4. Conclusões..............................................................................................................
5.5. Referências bibliográficas......................................................................................
1
13
15
15
19
22
397
428
428
431
437
454
455
458
458
460
462
478
479
482
482
484
490
515
516
x
Página
6. CAPÍTULO VI – Estudos biofitotécnico, bromatológico, mineral e sensorial de
jaracatiá(Vasconcellea quercifolia A St.-Hil. – Caricaceae)...............................................
6.1. Introdução...............................................................................................................
6.2. Material e métodos.................................................................................................
6.3. Resultados e discussão............................................................................................
6.4. Considerações finais...............................................................................................
6.5. Conclusões..............................................................................................................
6.6. Referências bibliográficas......................................................................................
7. CAPÍTULO VII – Conclusões gerais..............................................................................
519
519
522
528
552
555
556
561
xi
RELAÇÃO DE TABELAS
Página
1. Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre
(RMPA) com potencial alimentício...Porto Alegre, RS,
2007..................................................................................................................
2. Total de espécies (N) com potencial alimentício da Região Metropolitana de
Porto Alegre (RMPA) distribuída por hábito e partes de uso potencial; e o
percentual (%) destes em relação à riqueza total de espécies nativas da
RMPA (312 espécies). Porto Alegre, RS, 2007...............................................
3. Lista das famílias botânicas, nomes científicos e populares das espécies
alimentícias analisadas no presente estudo e, respectivo número do material
testemunho (voucher) depositado nos Herbários ICN (UFRGS), PACA
(Unisinos) ou HAS (Fundação Zoobotânica/RS). Faculdade de Agronomia -
UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007. * Número de coletor de V.F. Kinupp
depositados também no Herbário ICN.............................................................
4. Composição protéica e mineral (em base seca) de plantas alimentícias não-
convencionais. Prot. - teor de proteína; P/S - polpa/suco; FM - Frutos
maduros; FI - frutos imaturos; PA - partes aéreas; F - folhas; P - pólen; PAL
- palmitos; F&R - folhas e ramos; RT - raízes tuberosas; CL - cladódios; R -
rizomas; M - medulas; PF - pseudofrutos (epimatium); FL - flores; I -
inflorescências (flores ou escapo/eixo); C - cascas dos frutos; T -
tubérculos. Faculdade de Agronomia – UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007.....
5. Composição centesimal de amêndoas frescas (cruas) de sombra-de-touro
(Acanthosyris spinescens - AS), comparada à composição centesimal das
castanhas cruas de castanha-do-pará (Bertholletia excelsa - BE), das
castanhas torradas e com sal de caju (Anacardium occidentale - AO), das
sementes cruas de amendoim (Arachis hypogea - AH), das castanhas cruas
de coco-da-bahia (Cocos nucifera - CN) e das nozes cruas de noz-pecã
(Carya illinoensis - CI). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto
Alegre/RS, 2007...............................................................................................
28
81
432
439
474
xii
Página
6. Composição mineral de amêndoas frescas (cruas) de sombra-de-touro
(Acanthosyris spinescens - AS), comparada à composição mineral das
castanhas cruas de castanha-do-pará (Bertholletia excelsa - BE), das
castanhas torradas e com sal de caju (Anacardium occidentale - AO), das
sementes cruas de amendoim (Arachis hypogea - AH), das castanhas cruas
de coco-da-bahia (Cocos nucifera - CN) e das nozes cruas de noz-pecã
(Carya illinoensis - CI). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto
Alegre/RS, 2007...............................................................................................
7. Composição mineral aproximada da polpa de frutos de sombra-de-touro
(Acanthosyris spinescens - AS) comparada à composição mineral da polpa
de frutos ameixa (Prunus salicina - PS) e polpa de frutos de serigüela
(Spondias purpurea - SP). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto
Alegre/RS, 2007...............................................................................................
8. Comprimento, diâmetro e massas dos frutos frescos (n = 100) de pepininho-
silvestre (Melothria cucumis - Cucurbitaceae), Faculdade de Agronomia,
UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007......................................................................
10. Comprimento, diâmetro e massas dos frutos frescos (n = 100) de
pepininho-silvestre (Melothria fluminensis - Cucurbitaceae), Faculdade de
Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007...............................................
11. Composição centesimal dos frutos frescos de pepininhos-silvestres
(Melothria cucumis e M. fluminensis - Cucurbitaceae), comparada à
composição centesimal de frutos frescos de pepinillo silvestre (M. pendula),
maxixe (Cucumis anguria) e pepino (C. sativus). Faculdade de Agronomia,
UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007................................................................
12. Composição mineral dos frutos frescos de pepininhos-silvestres (Melothria
cucumis e M. fluminensis - Cucurbitaceae), comparada à composição
mineral de frutos frescos de maxixe (Cucumis anguria) e pepino (C.
sativus). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre, RS.
2007..................................................................................................................
476
477
497
598
513
513
xiii
Página
13. Comprimento, diâmetro e massa dos frutos frescos (n = 86) no ponto de
colheita ("de vez" ou maduros) de jaracatiá (Vasconcellea quercifolia -
Caricaceae). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.......
14. Comprimento e diâmetro das sementes (n = 100) de frutos maduros de
jaracatiá (Vasconcellea quercifolia - Caricaceae). Faculdade de Agronomia,
UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007......................................................................
15. Composição mineral aproximada dos frutos crus de jaracatiá (Vasconcellea
quercifolia - Caricaceae) comparada à composição mineral de frutos frescos
da mesma espécie na Argentina, frutos crus do mamoeiro (Carica papaya)
e frutos crus (infrutescências - sicônios) da figueira (Ficus carica).
Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS,
2007..................................................................................................................
16. Composição mineral aproximada de medula caulinar de jaracatiá
(Vasconcellea quercifolia - Caricaceae) comparada à composição mineral
de medula caulinar de jaracatiá-de-espinho (Jacaratia spinosa), castanhas
cruas de coco-da-bahia (Cocos nucifera) e frutos crus de chuchu (Sechium
edule). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS,
2007..................................................................................................................
17. Composição centesimal dos frutos crus de jaracatiá (Vasconcellea
quercifolia - Caricaceae) comparada à composição centesimal de frutos
frescos da mesma espécie na Argentina, frutos crus do mamoeiro (Carica
papaya) e frutos crus (infrutescências - sicônios) da figueira comum
cultivada (Ficus carica). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto
Alegre/RS, 2007...............................................................................................
18. Composição centesimal da medula caulinar crua de jaracatiá (Vasconcellea
quercifolia - Caricaceae) comparada à composição centesimal de medula
caulinar crua de mamoeiro (Carica papaya), castanhas cruas de coco-da-
bahia (Cocos nucifera) e frutos crus de chuchu (Sechium edule). Faculdade
de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.............................................
537
537
548
549
550
551
xiv
RELAÇÃO DE FIGURAS
Página
1. a) Sambucus australis - flor; b) S. australis – frutos jovens; c) Echinodorus
grandiflorus – flores e frutos jovens; d) Refrigerante misto de guaraná e
chapéu-de-couro (Echinodorus spp.) fabricado em São Gonçalo, RJ –
Mineirinho®; e, f) Nothoscordum gracile – vista geral das folhas escapo
floral e detalhe das inflorescências, respectivamente; g, h, i) Bomarea
edulis – vista geral de uma planta jovem com raízes tuberosas, detalhe das
batatas e de um ramo florido; j, l) Alternanthera philoxeroides - florida; m)
Amaranthus spinosus - florido e ou com frutos...............................................
2. a) Nothoscordum gracile – bulbos; b, c) Bomarea edulis - detalhe das raízes;
d, e) B. edulis - frutos imaturos, mas já com sementes viáveis e maduros
deiscentes com sementes envoltas por arilo vermelho, respectivamente; f)
Schinus molle – frutos maduros secos prontos para consumo; g) S.
terebinthifolius – frutos maduros secos prontos para consumo; h) Rollinia
rugulosa – frutos maduros; i) R. sylvatica – frutos maduros; j) Daucus
pusillus – vista folhas em roseta e parte da longa raiz pivotante. (escala azul
em cm).............................................................................................................
3. a) Amaranthus viridis – morfotipo com máculas foliares florido e ou com
frutos; b) Chamissoa altissima - florida; c) Chenopodium ambrosioides
indivíduo jovem estéril; d) Schinus molle – detalhe de um ramo com frutos
maduros; e) S. terebinthifolius – detalhe de um ramo com frutos imaturos
(de vez); f) S. weinmannifolius – detalhe de um ramo com frutos maduros;
g) Annona cacans – detalhe de um ramo com botão floral e fruto jovem; h)
Duguetia lanceolata – ramo florido; i) Annona maritima – com frutos
maduros; j, l) R. rugulosa –fruto maduro e flores; m) R. sylvatica
flores................................................................................................................
4. a) Apium leptophyllum – indivíduo florido; b) Centella asiatica folhas
jovens colhidas para consumo em ambiente sombreado e reunidas em feixe;
c)
Daucus pusillus – ramo florido; d) E. elegans – indivíduo jovem com
folhas centrais tenras; e) E. elegans – escapos florais jovens no ponto ideal
para consumo; f) E. nudicaule - indivíduo jovem sob cultivo; g) Araujia
sericifera – frutos imaturos; h) Hydrocotyle bonariensis - florido; i)
Araucaria angustifolia - broto; j, l) Syagrus romanzoffiana – dois
indivíduos com frutos e detalhe do palmito; m) Trithrinax brasiliensis
frutos maduros.................................................................................................
106
107
108
135
xv
Página
5. a, b) Eryngium pandanifolium – vista geral e detalhe dos ‘palmitos’
extraídos da região central de cada planta; c) Araujia sericifera – detalhe
dos frutos imaturos; d) Philodendron bipinnatifidum – infrutescência
madura, apenas as partes macias (com pontos marrons) são comestíveis; e,
f) Araucaria angustifolia – pinha aberta mostrando pinhões e frasco com
‘picles’ destas sementes cozidas e descascadas; g) Bactris setosa – cacho de
frutos maduros aderidos à planta-mãe (Foto: Paulo Motta); h) B. setosa
frutos maduros; i, j) Butia capitata – cacho com frutos maduros e detalhe
destes. (escala azul em
cm)........................................................................................
6. a) Butia capitata – frutos abertos e sem caroço pronto para o fabrico de
geléias, sucos e outros derivados; b) Euterpe edulis – polpa dos frutos
congelada; c) Syagrus romanzoffiana – detalhe dos frutos maduros,
excepcionalmente grandes; d) S. romanzoffiana – extração do palmito de
um indivíduo jovem por V.F. Kinupp (Foto: Rodney Schmidt); e) S.
romanzoffiana – detalhe do palmito de grande diâmetro; f) xButyagrus
nabonnandii – vista geral de um indivíduo cultivado (com inflorescência);
g) Trithrinax brasiliensis – detalhe dos frutos maduros colhidos; h)
Achyrocline satureioides – população manejada florida; i) Hypochaeris
chillensis – folhas lavadas e reunidas em feixes (‘molho’) para
comercialização; j) Smallanthus connatus – detalhe de parte das raízes
desenvolvidas e fibrosas. (escala azul em
cm)...................................................................................................................
7. a) Baccharis articulata – ramo florido; b) ‘Cerveja’ caseira de B. articulata;
c) Bidens pilosa – ramo florido; d) Eclipta prostrata – ramo florido; e)
Erechtites valerianifolius – ramo florido; f) Galinsoga quadriradiata
população espontânea com alguns indivíduos floridos; g) Porophyllum
ruderale – indivíduo com frutos jovens; h) Smallanthus connatus – ramo
florido e ou com frutos jovens; i) Soliva pterosperma – indivíduo jovem; j)
Soliva sp. – indivíduo com frutos imaturos; l) Tagetes minuta – ramos
jovens e com frutos secos; m) Begonia cucullata
– florida e com frutos
imaturos............................................................................................................
158
136
157
xvi
Página
8. a) Anredera cordifolia – tutoramento com taquara cruzada; b) A. cordifolia
– ramos floridos; c) A. cordifolia – folha cordiforme típica; d) A. cordifolia
– ramo com tubérculos aéreos; e, f) A. krapovickasii – plantio em
espaldeira; g, h) A. krapovickasii – detalhe de ramos estéril e florido,
respectivamente; i) A. krapovickasii – produto da colheita e manejo de poda
simultânea; j) A. cordifolia e A. krapovickasii – folhas selecionadas
embaladas para a comercialização; l, m) A. krapovickasii – sistema
subterrâneo sublenhoso saudável (silvestre/florestal) e infectado por
nematóides (final de cultivo), respectivamente..............................................
9. a, b, c d) A. cordifolia – tubérculos (a), aéreos (b) e dois tipos juntos (c, d).
Nota-se a variabilidade, pois são acessos distintos; e, f) Pães de tubérculos
de A. cordifolia, crus e assados, respectivamente; g) Detalhe das folhas
selecionadas embaladas para a comercialização de A. cordifolia e A.
krapovickasii. Nota-se pecíolos vináceos da segunda espécie (E); h) Patê ou
pasta verde com folhas de A. cordifolia sobre biscoito para análise
sensorial; i) A. krapovickasii – cultivada em espaldeira. Nota-se única
espécie viva (verde) no Sítio Capororoca na severa estiagem do verão de
2005; j) Mudas de A. krapovickasii formadas a partir de estacas em casca de
arroz carbonizada. Nota-se abundância de folhas e vigor. (escala azul em
cm)...................................................................................................................
10. a) Macfadyena unguis-cati – indivíduos floridos sobre árvore; b) Lepidium
bonariense – jovem; c) Ananas bracteatus – detalhe da inflorescência; d)
Bromelia antiacantha – detalhe da inflorescência; e) Cereus hildmannianus
– cladódios com espinhos eliminados usados no fabrico de sucos verdes; f)
Lepismium cruciforme – com frutos maduros, cultivado; g) Canna denudata
– florida; h, i) C. glauca – flores e frutos jovens e rizomas, respectivamente;
j) C. indica - florida; l) Jacaratia spinosa – ramo de indivíduo masculino
florido; m) J. spinosa – vista geral de um indivíduo masculino cultivado no
Jardim Botânico; em primeiro plano (estacas) indivíduo jovem desta
espécie..............................................................................................................
11. a, b) Macfadyena unguis-cati – raízes tuberosas ao natural e cozidas para
consumo, respectivamente; c) Cordia ecalyculata – frutos maduros; d, e, f)
Coronopus didymus – jovem sob cultivo, detalhe de um indivíduo e
embalagem com dezenas de ‘pés’ como a espécie é comercializada,
respectivamente; g, h) Ananas bracteatus – população em frutificação
(infrutescências jovens) e infrutescências (frutos) maduros comercializados
em Porto Alegre (Feira Ecológica); i, j) Bromelia antiacantha
variabilidade e detalhe de frutos maduros. (escala azul em
cm)...................................................................................................................
163
164
178
179
xvii
Página
12. a, b, c, d) Cereus hildmannianus – população silvestre em morro na
RMPA; cladódios usados para fazer sucos (nota-se a direita cladódios de
Opuntia ficus-indica); barraca tradicional especializada na elaboração de
sucos verdes com caules de Cactaceae na Feira Ecológica da Rua José
Bonifácio (Porto Alegre) e frutos maduros desta espécie; e, f; g) Opuntia
monacantha – cladódios com grande carga de frutos maduros; detalhe dos
frutos (nota-se cochonilhas brancas e manchas vermelho-intenso formado a
partir dos esmagamento destas) e frutos maduros evidenciando a porção
comestível como fruta; h) Celtis iguanaea – frutos maduros; i; j) Jacaratia
spinosa – detalhe dos frutos maduros e da medula caulinar no ponto para
ralar. (escala azul em cm)................................................................................
13. Pereskia aculeata – a, b) Detalhe de ramos floridos. Nota-se estames
alaranjados típicos; c) Detalhe de uma flor com estames amarelados a
esverdeados de um acesso distinto (Foto: Zanir Bohrer); d, e, f, g) Frutos
em diferentes estádios. Nota-se a variabilidade; h) Plântulas em bandeja.
Nota-se expressiva germinabilidade e uniformidade; i) Mudas formadas a
partir de estacas; j, l, m) Plantio a campo em espaldeira e em sistema
consorciado......................................................................................................
14. Pereskia aculeata – a, b) Flores isoladas com hipanto aculeado e com
brácteas (a) e limpas prontas para o consumo (b); c, d) Visitantes florais –
abelha mamangava-listrada (a) e abelha africanizada (Apis mellifera) em
(d), esta capturada por uma aranha que camufla-se nos estames, reforçando
a importância do cultivo orgânico e das espécies nativas para a fauna; e)
Vista geral do indivíduo com estames esverdeados (acesso do Morro da
Extrema, Porto Alegre) cultivada no Sítio Capororoca (Foto: Zanir Bohrer);
f) Frutos maduros; g) Sementes; h) “Brotos” viçosos consumidos crus e ou
cozidos, proposição do presente estudo; i) Larva (lagarta) não identificada
que afeta o broto apical (medula) sem causar danos maiores na incidência
observada; j) Folhas de plantas jovens infestadas pelo fungo Sphaceloma
sp., não causou danos sérios, auto-controlando-se com diminuição das
chuvas e crescimento das plantas. (escala azul em
cm)...................................................................................................................
180
191
192
xviii
Página
15. a, b) Jacaratia spinosa – mudas jovens (nota-se forte heterofilia e galhas
de nematóides) e galhos grossos semi-processados para obtenção da medula
caulinar; c) Drymaria cordata – detalhe de plantas floridas; d) Commelina
erecta - florida; e) Tradescantia fluminensis - florida; f) Tripogandra
diuretica - florida; g) Schoenoplectus californicus - florido; h) Dioscorea
dodecaneura - florida; i) Diospyros inconstans – ramo com frutos maduros;
j) Ephedra tweediana – ‘frutos’ maduros (escamas carnosas envolvendo
sementes pretas); l) Gaylussacia brasiliensis – frutos maduros e ‘de vez’;
m) Bauhinia forficata – ramo florido..............................................................
16. a) Senna occidentalis – ramo com flores e frutos imaturos; b) Erythrina
falcata – ramo florido; c) Vigna luteola – botões florais, flores, frutos
(vagens) imaturos verdes e maduros (secos) com sementes marrom-claro;
d) Inga marginata – ramo densamente florido; e) I. vera – ramo com frutos
maduros; f) Hypoxis decumbens – evidenciando flores amarelas, frutos
maduros deiscentes (sementes pretas) e cormo desenvolvido; g) Herbertia
lahue – flores e bulbo; h) Cypella coelestis - florida; i) Ocimum selloi -
florido; j, l) Salvia guaranitica – flores e raízes tuberosas; m) Vitex
megapotamica – frutos inchados.....................................................................
17. a) Garcinia gardneriana – frutos maduros; b) Merremia dissecta – flores;
c) Pteridium aquilinum – indivíduos jovens; d, e) Dioscorea dodecaneura
tubérculos (rizóforos); f) Diospyros inconstans – frutos maduros; g)
Gaylussacia brasiliensis – frutos maduros e ‘de vez’; h) Inga marginata
frutos maduros; i) I. vera – frutos maduros; j) Vitex megapotamica – frutos
‘de vez’. (escala azul em cm)...........................................................................
18. a, b) Dicella nucifera – flores e frutos maduros, respectivamente; c)
Abutilon megapotamicum – flores, cultivado; d) Ceiba speciosa – árvore
com frutos maduros, deiscentes (paina branca); e) Guazuma ulmifolia
ramo com flores e frutos imaturos verdes; f) Hibiscus diversifolius – botões
e flores; g) H. striatus – botões, flores e frutos imaturos; h) Maranta
divaricata – flores e frutos; i) Ibicella lutea – flores e frutos imaturos; j)
Leandra australis – ramo com flores, frutos imaturos e maduros; l, m)
Hyperbaena domingensis – indivíduo jovem sob cultivo e exsicata (ICN)
com frutos maduros.................................................................................
193
244
245
246
xix
Página
19. a) Vitex megapotamica – frutos maduros; b, c, d, e) Dicella nucifera
frutos com sementes germinadas, detalhe dos frutos e das amêndoas e raiz
tuberosa lenhosa (8 kg); f) Ceiba speciosa – folhas jovens no estádio ideal
para consumo como verdura; g, h, i) Guazuma ulmifolia – frutos maduros
evidenciando as sementes, detalhe das sementes maduras e picolé
industrializado (Fruta do Cerrado®) elaborado a partir de suas sementes; j)
Maranta divaricata – rizomas jovens. (escala azul em cm)............................
20. a, b) Ficus enormis – Vista geral de um ramo evidenciando alta produção
(ramifloria) e detalhe de um ramo com sicônios imaturos; c) Acca
sellowiana – ramo florido (nota-se pétalas róseas carnosas); d)
Campomanesia aurea – frutos imaturos; e) C. guazumifolia - flores; f) C.
rhombea - flores; g, h, i) C. xanthocarpa – flores, frutos imaturos e suco
concentrado (agroindustrializado – Família Bellé); j) Eugenia florida
frutos verdes e ‘de vez’; l, m) – Eugenia multicostata – Tronco típico de
uma árvore de cerca de 15 m de altura no interior de mata e ramos com
frutos jovens.....................................................................................................
21. a) Ibicella lutea – frutos imaturos no ponto para preparo de ‘picles’; b)
Leandra australis – detalhes dos frutos maduros; c) Ficus enormis – frutos
maduros cortados e lavados para o fabrico de geléia; d, e) Acca sellowiana
– frutos comercializados nas feiras ecológicas de Porto Alegre e detalhe dos
frutos; f) Campomanesia aurea – frutos maduros; g) C. guazumifolia
frutos maduros; h) C. rhombea – frutos maduros e ‘de vez’; i) E. florida
frutos maduros e ‘de vez’; j) E. involucrata – indivíduo cultivado (podado)
como ornamental no Shopping DC Navegantes (Porto Alegre), nota-se
pessoas colhendo frutos. (escala azul em cm).................................................
22. a) E. multicostata – ramo com frutos maduros e ‘de vez’; b, c) E.
myrcianthes – indivíduo florido em borda de mata arenosa e ramo com
frutos jovens; d, e) E. pyriformis – ramo florífero e árvore fartamente
carregada de frutos maduros; f) E. rostrifolia – ramo com flores (restos) e
fruto maduro; g) E. schuechiana – ramo com frutos maduros e folhas
jovens; h, i) E. speciosa – indivíduo sob cultivo carregado com frutos
maduros e detalhe de um de seus ramos; j) E. uniflora – frutos maduros e
‘de vez’, sob cultivo; l) Myrcia bombycina – frutos imaturos verdes e ‘de
vez’; m) M. multiflora – botões e frutos imaturos...........................................
247
266
267
268
xx
Página
23. a, b) E. involucrata – Bandejas à venda no Mercado Público de Porto
Alegre e detalhe dos frutos maduros; c, d) E. multicostata – variabilidade de
frutos de duas árvores em diferentes estádios de maturação e detalhe destes
frutos maduros; e) E. myrcianthes – variabilidade de frutos maduros; f) E.
pyriformis – detalhe dos frutos maduros; g) E. rostrifolia – detalhe dos
frutos maduros; h) E. schuechiana – detalhe dos frutos maduros e ‘de vez’;
i) E. speciosa – detalhe dos frutos maduros; j) E. uniflora – detalhe dos
frutos maduros da variedade com frutos pretos (pitanga-mulata), freqüente e
abundante na RMPA. (escala azul em cm)......................................................
24. a) Myrcianthes pungens – ramo com frutos maduros; b) Myrciaria
delicatula – ramo com folhas jovens e frutos maduros e ‘de vez’; c) M.
plinioides – ramo com fruto maduro; d, e, f) Plinia rivularis – vista geral de
um indivíduo cultivado; ramos com frutos em diferentes estádios de
maturação e ramos com frutos maduros, respectivamente; g) Psidium
cattleianum – indivíduo, sob cultivo, com frutos vermelhos; h) Agonandra
excelsa – ramo com frutos imaturos; i) Passiflora actinia – frutos maduros;
j) P. caerulea – ramo florífero; l) P. elegans - florida; m) P. tenuifila
ramo dobrado com frutos maduros amarelos e imaturos verdes pruinosos
(glauco)............................................................................................................
25. a) Eugenia uniflora – detalhe dos frutos em diferentes estádios de
maturação de indivíduo com frutos grandes (sob cultivo); b) Myrcianthes
pungens – detalhe dos frutos maduros; c) Myrciaria cuspidata – detalhe dos
frutos maduros e ‘de vez’ da variedade com frutos roxos; d) M. delicatula
detalhe dos frutos maduros e ‘de vez’; e, f) Plinia rivularis – colheita com
uso de lona plástica e detalhe dos frutos maduros; g, h, i) Psidium
cattleianum – frutos maduros de cor amarela; vermelha e sorvete
industrializado (Tamaju®) destes frutos, respectivamente; j) Oenothera
ravenii – canteiro com indivíduos jovens sob cultivo. (escala azul em cm)....
26. a) Phytolacca dioica – ramo com frutos imaturos; b) Plantago australis
indivíduo florido; c) Scoparia dulcis
– ramos com flores e ou frutos; d)
Eleusine tristachya – espiguetas frutíferas; e) Merostachys multiramea
ramo florífero; f) Muehlenbeckia sagittifolia – florida; g) Eichhornia
azurea - florida; h) Heteranthera reniformis – ramo florido; i) Pontederia
cordata – ramo florido; j) Portulaca mucronata – ramo estéril; l) P.
oleracea – ramo com flores e frutos (ponto preto no centro é um fruto
aberto); m) Talinum paniculatum – ramos jovens colhidos para
consumo...........................................................................................................
269
279
280
319
xxi
Página
27. a, b, c, d) Oenothera ravenii – indivíduo jovem silvestre; mudas formadas
a partir de sementes (semeadura); população silvestre florida (noturna) e
estas flores colhidas, lavadas e servidas como salada; e, f) Agonandra
excelsa – detalhe dos frutos maduros e das ‘sementes’ (endocarpos - nota-se
dois abertos, um deles evidenciando a amêndoa); g) Passiflora actinia
detalhe dos frutos maduros; h, i) P. alata – flores e frutos jovens e detalhe
dos frutos maduros, oriundos de indivíduos espontâneos na RMPA (nota-se
diferenças em relação aos frutos comerciais desta espécie); j) P. caerulea
frutos maduros e ‘de vez’ (nota-se arilo vermelho intenso típico). (escala
azul em cm)......................................................................................................
28. a) Passiflora caerulea – flores e fruto maduro, sob cultivo; b) P. edulis
flor sendo polinizada por mamangava, sob cultivo; c) P. elegans – detalhe
dos frutos maduros; d) P. foetida – frutos imaturos revestidos pelas brácteas
persistentes; e) P. tenuifila – frutos imaturos verdes recobertos uma camada
cerosa e maduros amarelo-pálidos (nota-se a polpa envolvida por câmara
isolada do restante do fruto); f, g, h) Merostachys multiramea – ramo
florífero; detalhe das cariopses com páleas (palhas) e cariopses sem páleas;
i) Podocarpus lambertii – ‘pseudofruto’ (pedúnculo carnoso maduro -
epimatium) (nota-se no ápice uma ou duas sementes com coloração verde,
as quais não devem ingeridas); j) Rubus erythroclados – frutos
(infrutescências) maduras (nota-se coloração verde-clara e frutos
suculentos. (escala azul em cm).......................................................................
29. a) Margyricarpus pinnatus – ramos com frutos maduros; b) Rubus
brasiliensis – infrutescências jovens; c) R. erythroclados – ramo florido e
com infrutescências jovens (nota-se acúleos vermelhos característicos); d)
R. imperialis – infrutescências imaturas e maduras (estas verde-amareladas,
intumescidas); e, f) Rubus rosifolius var. rosifolius – flores e infrutescências
jovens e detalhe da flor; g) R. sellowii – ramo com infrutescências ‘de vez’
e madura (preta); h i) R. urticifolius – ramo florífero e frutífero
(infrutescências em diferentes estádios, maduras pretas); j) Guettarda
uruguensis – ramo florido; l) Posoqueria latifolia – frutos imaturos e
maduros; m) Randia armata – ramo com frutos maduros...............................
320
321
342
xxii
Página
30. a) Rubus imperialis – infrutescências imaturas e maduras (estas verde-
amareladas, intumescidas); b) Rubus rosifolius var. rosifolius – frutos
maduros. Nota-se receptáculo oco típico; c) R. sellowii – infrutescências ‘de
vez’ e maduras atropurpúreas; d) R. urticifolius – infrutescências maduras
atropurpúreas; e) Guettarda uruguensis – frutos maduros; f, g) Posoqueria
latifolia – frutos maduros e sementes; h) Randia armata –frutos maduros
(polpa preta); i) Casearia decandra – infrutescências com frutos maduros;
j) Iodina rhombifolia – frutos maduros (polpa fina creme). (escala azul em
cm)...................................................................................................................
31. a, b) Casearia decandra – ramos frutíferos; c) Iodina rhombifolia – ramo
com frutos maduros; d, e, f, g) Allophylus edulis – galho com frutos em
diferentes estádios; detalhe de ramo com frutos maduros; frutos colhidos,
lavados na peneira para extração manual da polpa (nota-se algumas
sementes expostas) e polpa pura; h) Cardiospermum halicacabum – ramo
com frutos imaturos; i) Chrysophyllum marginatum – ramo com frutos
imaturos e ‘de vez’; j, l, m) Pouteria gardneriana – árvore cultivada em
passeio público; ramo florífero e frutífero, respectivamente...........................
32. a, b) Sideroxylon obtusifolium – ramos florífero e com frutos maduros; c,
d) Capsicum baccatum var. baccatum – ramos com flores e frutos verdes e
maduros e detalhe de parte deste ramo; e, f) C. flexuosum – ramo com flores
e frutos verdes e maduros e detalhe da flor; g, h, i) Physalis angulata
ramos com frutos (g, h) e detalhe evidenciando caules angulosos e frutos
maduros com cálice acrescente aberto (i); j, l, m) P. pubescens – ramos com
flores (nota-se face interna da corola arroxeada) e frutos imaturos (nota-se
variabilidade morfológica das folhas) e frutos maduros desprovidos dos
cálice acrescente (m).......................................................................................
343
344
345
xxiii
Página
33. a) Allophylus edulis – detalhe dos frutos maduros; b) Chrysophyllum
marginatum – detalhe dos frutos maduros e ‘de vez’ (nota-se acima à direita
suas sementes assimétricas); c) Pouteria gardneriana – detalhe dos frutos
maduros; d) Sideroxylon obtusifolium – detalhe dos frutos maduros (nota-se
polpa suculenta esverdeada); e) Capsicum baccatum var. baccatum
detalhe dos frutos; f) C. flexuosum – detalhe dos frutos maduros (nota-se as
sementes pretas); g) Physalis angulata – detalhe dos frutos maduros (nota-
se a coloração pálida e sementes marrons) ; h) P. pubescens – detalhe dos
frutos maduros (nota-se a cor amarelo-ouro); i) Salpichroa origanifolia
frutos maduros branco-gelo com sementes marrons e imaturos verdes
(ressalta-se que os cálices acrescentes foram eliminados); j) Solanum
americanum – frutos maduros. (escala azul em cm)........................................
34. a) Physalis viscosa – flores e frutos jovens; b, c, d) Salpichroa origanifolia
– população espontânea sobre casca de arroz (nota-se muitos caídos);
detalhe de ramo florido (corola urceolada) e frutos imaturos com cálices
acrescentes (c); tigela com frutos colhidos para consumo (d); e, f) Solanum
americanum – indivíduos e detalhe de ramo jovem no ponto para colheita
para uso como verdura; g) S. capsicoides – ramo com frutos maduros e
verdes; h) S. concinnum – ramo com frutos imaturos esbranquiçados e
maduros roxos; i, j, l, m) Solanum corymbiflorum – indivíduo cultivado em
floração; detalhe de ramo florido; frutos imaturos desenvolvidos e folhas
jovens (nota-se máculas pretas).......................................................................
35. a, b) Solanum paniculatum – frutos no ponto de maturação ideal para
consumo (nota-se máculas mais claras pela retirada do cálice); c) S.
sisymbriifolium – frutos maduros colhidos para consumo (nota-se abertura
natural do cálice); d) Vassobia breviflora – ramo florido; e, f, g h) Typha
domingensis – detalhe das inflorescências masculinas (pólen) e femininas
imaturas (basais) (e); detalhe do ‘palmito’ (f); pólen amarelo-ouro (g, h); i)
Boehmeria caudata – ramo jovem; j) Cecropia pachystachya – ramo com
infrutescências imaturas; l) Coussapoa microcarpa – inflorescências
masculinas; m) Parietaria debilis – ramos com flores e ou frutos..................
346
366
367
xxiv
Página
36. a, b) Solanum capsicoides – detalhe dos frutos maduros (nota-se cálice
acrescente com acúleos) e mesocarpo carnoso branco (parte comestível) ; c)
S. concinnum – frutos maduros; d, e) S. corymbiflorum – detalhes flores e
dos frutos maduros verde-claros; f, g) S. paniculatum – detalhe dos frutos
(nota-se máculas claras pela eliminação do cálice acrescente) e conservas
agroindustrializadas comercializadas no Mercado Público de Goiânia, GO;
h, i, j) S. sisymbriifolium – detalhe de um indivíduo florido (nota-se nuances
do branco ao lilás das flores); população espontânea e extrativismo dos
frutos; detalhe dos frutos maduros (nota-se acúleos marrons-avermelhados
típicos). (escala azul em cm)............................................................................
37. a) Vassobia breviflora – frutos maduros; b) Typha domingensis – taboal ou
tifal; c) Boehmeria caudata – indivíduos jovens; d) Cecropia pachystachya
– infrutescências maduras (nota-se o consumo por morcegos); e) Urera
aurantiaca – indivíduo com folhas viçosas e ‘frutos’ (perigônios
suculentos) maduros (Foto: Paulo Brack); f) Cissus verticillata – frutos
maduros. (escala azul em cm).........................................................................
38. Tropaeolum pentaphyllum - a) Detalhe de ramos com flores de cor salmão
intenso de indivíduo silvestre; b, c) Cultivo em espaldeira no Sítio
Capororoca. Nota-se variabilidade na coloração das flores; d) Mudas
originadas de sementes - tuberização imediata; e) Sistema de raízes e
tubérculos jovens escavados em cultivo tradicional em Ipê, RS; f)
Comercialização em Bento Gonçalves, RS (R$ 13, 00/kg, 2005); g, h)
Tubérculos velhos oriundos de extrativismo em Ipê, RS (cerca de 1,6 kg
cada); i) Espaldeira em floração; j) Torção típica do pecíolo para fixação no
suporte - ráfia; l) Plantio em canteiro contínuo. Nota-se taquara (tutor) com
brotação (roxa) distante da área central; m) Plantio em “murundus” isolados
para limitar a área para emersão dos brotos....................................................
39. Tropaeolum pentaphyllum – a, b) Espaldeira florida e o visitante floral
beija-flor-dourado (Hylocharis chrysura); c) Flores reunidas em “molhos”,
oriundas do cultivo experimental, comercializadas nas feiras ecológicas de
Porto Alegre; d) Frutos maduros; e, f) Sistema de cultivo tradicional em
Ipê, RS – caixa e “canteiro” com solo rico em matéria orgânica,
respectivamente. Tutor é uma figueira (Ficus carica) em (f); g) Tubérculos
de um ciclo de cultivo (10 meses). Nota-se que o mais escuro é o tubérculo-
semente; h) Tubérculos oriundos de cultivo doméstico de São Marcos, RS
(cerca de 2 anos após o plantio); i) Tubérculo comercializado no Mercado
Público de Porto Alegre; j) Tubérculos jovens (de um ciclo = 10 meses) do
cultivo experimental cozidos e fritos, uma das novas formas de consumo
testada e aprovada pelo presente estudo. (escala azul em
cm)...................................................................................................................
368
392
393
394
xxv
Página
40. a) Phenax organensis – flores e ou frutos; b) P. uliginosus – ramo jovem;
c, d, e) Urera aurantiaca – ramo estéril cultivado em Porto Alegre (a);
ramo com florífero cultivado em Pedro Leopoldo (MG), onde é uma
verdura muito conhecida e consumida (d) e indivíduo com ‘frutos’ maduros
silvestre no RS (Foto: Paulo Brack); f, g, h) U. baccifera – ramo florífero
(f); indivíduo com ‘frutos’ (perigônios carnosos) maduros (g); detalhe dos
perigônios maduros (nota-se os frutos verdadeiros – aquênios marrons (h);
i) U. nitida – ramo com ‘frutos’ maduros; j) Aloysia gratissima – ramo
florido; l) A. triphylla – ramo florido; m) Bouchea fluminensis – ramo
florífero............................................................................................................
41. a) Cissus verticillata – ramo florido e com frutos maduros; b, c) Drimys
brasiliensis – ramos com frutos imaturos (nota-se face abaxial acinzentada
em c).................................................................................................................
42. Acanthosyris spinescens – a, b) Indivíduos da população silvestre do
Morro do Coco (Viamão) no inverno e no verão, respectivamente. Nota-se
variações foliares, fezes de gado e altura da copa em relação ao solo; c, d)
Dois indivíduos cultivados no Jardim Botânico de Porto Alegre (JBPOA);
e, f, g) Detalhe de ramos floridos; h, i, j) Detalhe de ramos com frutos em
diferentes estádios – nota-se epicarpo acinzentado; l) Ramos com frutos
maduros na planta-mãe; m) Frutos e endocarpos secos caídos sob a copa de
árvore do JBPOA.............................................................................................
43. Acanthosyris spinescens – a, b) Plantas cultivadas no Sítio Capororoca (a –
nota-se parte basal desprovida de espinhos e folhas largas; b – ramos jovens
(secundários com espinhos axilares em desenvolvimento: Fotos a, b: Zanir
Bohrer); c) Vista lateral da população silvestre do Morro do Coco
(Viamão). Nota-se ausência de frutos e ou endocarpos no chão e existência
de cocho para sal para o gado; d) Detalhe dos frutos e endocarpos sob
árvore cultivada no Jardim Botânico de Porto Alegre (JBPOA); e, f) Frutos
maduros em diferentes graus de maturação (escala em cm). Nota-se polpa
sucosa nos frutos sobremaduros e polpa firme no fruto “de vez” cortado; g,
h) Endocarpos lenhosos inteiros e alguns quebrados, evidenciando as
amêndoas; i, j) Detalhe das amêndoas oleaginosas.........................................
395
396
469
470
xxvi
Página
44. Melothria cucumis – a, b, c) Ramos com flores femininas e frutos em
desenvolvimento, frutos no ponto de colheita e frutos jovens afetados pela
broca-do-pepino (Diaphania nitidalis), respectivamente; d, e, f, g) Cultivo
experimental no Sítio Capororoca em espaldeira tutorada com tela contra-
inseto: dois indivíduos tutorados com galhos para alcançar a tela,
inadequadamente, muito distante do solo (d, e), plantas já fixas na tela (f) e
plantas com sinais de senescência (g); h) Plantas espontâneas em
floricultura de Gravataí, RS; i) Frutos atacados por larvas de D. nitidalis
oriundos de Gravataí; j) Fruto do cultivo atacado pelas mesmas larvas; l, m)
Folhas infectadas pela bactéria Pseudomonas syringae pv. lachrymans
(mancha angular) no cultivo experimental tutorado com galhos.....................
45. a, b, c, d, e) Melothria cucumis - cultivo em espaldeira tutorado com
galhos de árvores nativas em diferentes etapas do ciclo: Inicial (a),
desenvolvimento vegetativo e início da frutificação (b, c), plantas maduras
(d) e senescência (e); f) Frutos de M. cucumis secos para análise mineral; g,
h) Mudas de M. cucumis em “saquinhos”, nota-se processo de gutação
(fotos feita nas primeiras horas do dia), i) Muda de M. cucumis plantadas a
campo; j) M. fluminensis – ramos com frutos no ponto ideal de colheita
para consumo e flores com frutos em desenvolvimento..................................
46. Melothria cucumis - a, b) Indivíduos silvestres na base do Morro Santana
(UFRGS, Porto Alegre). Nota-se “pescoço” nos frutos; c, d) Ramos com
frutos e flores do cultivo tutorado com tela contra-inseto; e) Plantas em
pleno vigor no cultivo tutorado com galhos. Nota-se garrafas pet fincadas
para maximizar a irrigação ocasional; f) Detalhe de uma flor feminina no
tutoramento com galho; g, h) Plantas com sinais iniciais da infecção por
Pseudomonas syringae pv. lachrymans (mancha angular); i) Produção; j)
Picles recém feitos...........................................................................................
47. Melothria cucumis – a, b, c) variabilidade dos frutos; d) Sementes com o
arilo típico (mucilagem); e f) Fruto totalmente consumido pela larva de
Diaphania nitidalis (e) e inseto (mariposa) adulto (f); g, h) Picles
produzidos com frutos do cultivo experimental (g) e frutos cortados para
servir em canapés (h); i) Montagem dos testes sensoriais; j) Picles
produzido com a mesma espécie por um agricultor de Caxias do Sul (Foto:
Paulo Motta).....................................................................................................
504
505
506
507
xxvii
Página
48. Melothria cucumis – a, b) Vista lateral da espaldeira tutorada com galhos
(a), detalhe dos sintomas da mancha angular causada por Pseudomonas
syringae pv. lachrymans na face superior e inferior das folhas (b); c, d, e, f)
M. cucumis de Gravataí, RS, espontaneamente crescendo sobre tela tipo
Sombrite® (c, d, e). Nota-se fruto jovem totalmente consumido (e) e frutos
adultos com larvas em distintos estádios; g, h, i, j) M. fluminensis – frutos
no ponto de colheita para consumo (g), frutos (E) firmes no ponto ideal de
consumo e frutos (D) maduros, amolecidos para sementes (h, i) e frutos
secos para análise mineral (j)...........................................................................
49. Gráfico mostrando produção (g) de 22 plantas de Melothria cucumis
durante 14 colheitas (espaldeira 1) distribuídas entre 10 de fevereiro (A) a
27 de março (O) com pico de produção na metade do ciclo produtivo...........
50. Gráfico mostrando produção (g) de 14 plantas de Melothria cucumis
durante nove colheitas (espaldeira 2) distribuídas entre 05 de março (A) a
19 abril (I) com pico de produção na oitava colheita.......................................
51. Vasconcellea quercifolia – a) Indivíduo feminino silvestre isolado; b, c)
Ramos com flores masculinas; d, e) Ramos com flores femininas e frutos
jovens (e- detalhe das flores – nota-se estigmas); f) Ramo com frutos
imaturos; g) Indivíduo masculino com folhas jovens (nota-se copa
altamente ramificada); h, i) Indivíduo manejado (nota-se abscisão foliar
total e cicatrizes das podas seletivas – detalhe em i); j) Tronco basal de uma
árvore adulta (velha) em mata; l) Detalhe do tronco (nota-se lenticelas e
cicatrizes das folhas); m) Dois indivíduos cultivados arrancados para uso da
medula (E originário de semente e a D de estaca)...........................................
52. Vasconcellea quercifolia – a) Fruto ‘de vez’ ainda mostrando abundância
de látex (fonte de papaína) quando ferido; b) Detalhe dos frutos maduros
(nota-se sementes ‘imersas’ na polpa); c) Variabilidade morfológica e
morfométrica de frutos maduros e ‘de vez’ oriundos de árvores silvestres;
d) Detalhe das sementes limpas e secas à sombra ; e) Brotos jovens após
apenas 1 (um) mês da poda de um ramo ; f) Processo de retirada da casca
dos ramos; g) Ramos descascados prontos para serem ralados; h) Medula
ralada com ralador caseiro manual (nota-se tiras longas e finas, técnica de
uma doçaria tradicional de Arvorezinha); i) Medula cortada em rodela para
ser processado em ralador elétrico; j) Ralador e medula ralada (nota-se tiras
mais largas e mais curtas – Figura i-j oriunda da dos indivíduos da Figura
1m)...................................................................................................................
508
510
511
532
533
xxviii
Página
53. Vasconcellea quercifolia – a) Doces em calda agroindustrializado
(Arvorezinha); b) Doce em calda servido no coquetel de abertura da
Exposição Homem-Natureza (Museu da UFRGS, 2006) e utilizado nas
análises sensoriais; c) Jaracatiada (doce em tablete) utilizado nas análises
sensoriais; d, e) Propagação por estaquias sem AIB – acesso de Santo
Ângelo); f, g, h) Propagação por estaquias (nota-se corte em cunha no ápice
visando evitar acúmulo de água; lenticelas ligeiramente hipertrofiadas em
h); i) Plantas oriundas das estacas de Santo Ângelo cultivadas (nota-se
policultivo) na margem de valo de drenagem (abril de 2006); j) Ângulo
similar, mostrando valo cheio (Junho de 2006, nota-se início da abscisão
foliar)...............................................................................................................
54. Vasconcellea quercifolia – a, b) Experimento de emergência mostrando
boa, mas desuniforme germinação; c, d) Vista das plântulas repicadas para
saquinhos mantidos a campo em ambiente protegido por tela tipo sombrite;
e) Área úmida (mal drenada) escolhida para plantio da maior parte das
mudas (nota-se covas inadequadamente preparadas, com cavidades
permitindo o acúmulo de água); f, g, h) Mudas plantadas no local definitivo
(nota-se proteção solar com galhos de plantas); i) Vista geral do cultivo em
dezembro de 2006 (Nota-se o crescimento da plantas oriundas de estacas –
vide Figura 3i-j; Foto: Gustavo N. Lisbôa); j) Ângulo similar mostrando o
crescimento da vegetação espontânea (fevereiro de 2007); nota-se que o
jaracatiá atrás do autor (V.F. Kinupp) da fotografia anterior foi cortado (=
Figura 1m – D)...........................................................................................
55. Vasconcellea quercifolia – a, b, c, d) Propagação por estaquias sem AIB –
acesso de Santo Ângelo; e, f) Indivíduo feminino e masculino,
respectivamente, originários de sementes plantados a campo no mesmo dia
(origem: Viveiro de Pareci Novo); g, h) Dois indivíduos originários das
estacas de Santo Ângelo (g – folhas jovens e botões; h – folhas
desenvolvidas e flores); i) Acesso de Morro Ferrabrás (Sapiranga)
mostrando folhas altamente partidas; j, l, m) Indivíduos originários do
experimento de emergência cerca de cinco (5) meses após o plantio no local
definitivo (nota-se plantio consorciado, policultivo; l-m – flores e frutos
jovens: Janeiro 2007).......................................................................................
534
535
536
Capítulo I
INTRODUÇÃO GERAL
Muitas plantas são denominadas "daninhas" ou "inços" pois medram entre as
plantas cultivadas, no entanto, são espécies com grande importância ecológica e
econômica. Muitas destas espécies, por exemplo, são alimentícias mesmo que atualmente
em desuso (ou quase) pela maior parte da população. O mesmo é válido para plantas
silvestres, as quais são genericamente chamadas de "mato" ou "planta do mato", as quais,
no entanto, são recursos genéticos com usos potenciais inexplorados.
O homem obtém seu alimento dos recursos naturais e para isto os vegetais
contribuem majoritariamente. Assim, desde sempre precisou e precisa saber diferenciar as
espécies vegetais. Forçado pela necessidade de saber distinguir o que era útil e qual sua
utilidade do que era nocivo ou não tinha nenhum uso prático imediato, o homem
“primitivo” precisou nomear as plantas. Os termos empregados, via de regra,
caracterizavam-nas, facilitando o processo de identificação e transmissão destas
informações. Segundo Rodrigues (1905), os índios sul-americanos, pelas suas observações
acumuladas foram aperfeiçoando e ampliando o conhecimento sobre as plantas, o qual era
transmitido de geração a geração, desenvolvendo uma nomenclatura bem estruturada. A
observação deste autor deve-se ao fato dos nomes utilizados pelos ameríndios, em sua
maioria, referir-se a um uso, cor, aspecto e ou similaridade com espécie(s) de uso(s)
conhecido(s).
2
Todos os povos da humanidade tiveram, na gênese de sua existência, grandes
privações e duras necessidades. As necessidades de alimento, de vestimenta, de abrigo das
intempéries e a da cura de seus males sempre foram as mais importantes (RODRIGUES,
1905). Em relação aos alimentos, a humanidade vem sofrendo com crises de fome
recorrentes em escala local (endêmica) e, mais raramente, de fome generalizada
(pandêmica), como as crises que afetaram a Europa durante muitos séculos (RAPOPORT
& LADIO, 1999).
A fome pode ser causada por catástrofes ambientais diversas, guerras, crises
econômicas e problemas políticos, como a má distribuição de renda. A produção mundial
de gêneros alimentícios atual é maior do que a necessária para alimentar a população do
planeta, contudo há especulações econômicas, má distribuição dos alimentos, usos
indevidos e grandes desperdícios. Um percentual considerável do que é produzido é usado
para alimentação de rebanhos (bovinos em confinamento, suínos, aves, entre outros) em
países desenvolvidos. Assim, há países superalimentados em detrimento de países com
grandes deficiências nutricionais. É uma contradição, entretanto, constantemente são
veiculadas manchetes na mídia nas quais a safra boa também é tratada como preocupante.
Ou seja, há um excesso de oferta e os produtores jogam no lixo parte da produção ou
deixam de colher. O mesmo acontece inclusive com cereais e outros alimentos já
armazenados em depósitos estatais que, por má administração estragam e desperdícios
rotineiros também ocorrem durante a colheita, transporte, comercialização e, por último, na
própria mesa do consumidor final.
Adas (1988) afirma categoricamente que o problema da fome não é uma crise (falta
de alimentos) e sim um escândalo (mal-uso, desperdício e concentração de riquezas).
Países exportadores de alimentos também têm algumas camadas da população em situação
3
de miséria e deficiências nutricionais, por exemplo, Argentina e Brasil, apesar de ser algo
de difícil mensuração.
Além dos desperdícios de grandes quantidades dos alimentos convencionais
produzidos, ou seja, dos cereais, tubérculos, rizomas, raízes tuberosas, frutas e hortaliças
mais comuns e conhecidos, a humanidade não utiliza ou subutiliza as espécies nativas ou
adventícias com potencial para complementação alimentar, diversificação dos cardápios e
da renda familiar e, até com grande potencial econômico. Sobretudo, nos países tropicais e
subtropicais, a fitodiversidade tem um grande potencial de uso alimentar a ser pesquisado.
Em 1985 a FAO iniciou um programa sobre o papel da silvicultura na alimentação.
Como resultado deste programa foi publicado "Silvicultura y Seguridad Alimentaria"
(FAO, 1991). Esta publicação cita que 800 milhões de pessoas no mundo sofriam então
com a desnutrição e que 20 milhões morrem por inanição ou por causas indiretas ligadas à
fome e afirma que a silvicultura (com espécies alimentícias) poderia vir a maximizar a
produção de alimentos diferenciados, tanto na qualidade, quantidade e, em especial, na
diversificação alimentar.
A conservação da diversidade de espécies vegetais comestíveis é chave para o
abastecimento de alimentos, especialmente para populações mais pobres e com menos terra
(PRESCOTT-ALLEN & PRESCOTT-ALLEN, 1990). Segundo Rapoport & Ladio (1999)
em numerosas comunidades rurais ou suburbanas o uso de plantas silvestres está sofrendo
um processo de abandono. Estes autores afirmam que diversos fatores sócio-ecológicos
contribuem para o abandono dos recursos naturais. Entre eles, destaca-se o fato dos hábitos
alimentares, em sociedades tradicionais, serem transmitidos por via oral e, atualmente, com
as propagandas veiculadas na mídia, principalmente na televisão, os produtos de origem
silvestre não têm grande aceitabilidade, sendo tidos como "coisas do passado" e de pessoas
4
carentes. De acordo com Grossman (1998) o aumento da fonte de renda também pode
afetar a intensidade de uso de recursos silvestres, dado a facilidade para aquisição nos
mercados. Carneiro (2004) também afirma que o principal motivo para não utilização de
plantas alimentícias não cultivadas (ruderais) por entrevistados em quatro municípios do
Rio Grande do Sul (RS) é a facilidade de aquisição de verduras nos mercados, seguido pela
dificuldade de identificação das espécies e pela indisponibilidade das plantas. O presente
estudo visa em seu bojo contribuir para sanar e ou amenizar estes três motivos principais
para a falta de uso real, dando ênfase a necessidade de cultivo e de estudos fitotécnicos e
pela condução de cultivos experimentais de algumas espécies subutilizadas e
desconhecidas do grande público, as quais foram produzidas e disponibilizadas localmente
e a produção deste documento que, espera-se que sirva de base para professores,
pesquisadores e interessados em geral incrementar suas pesquisas e também fontes
alimentícias.
Com o crescimento das cidades, das monoculturas e a conseqüente contaminação
da natureza, sobretudo no entorno das cidades, as dificuldades de encontrar recursos
alimentícios limpos e as distâncias para colhê-los tornam-se muito grandes. Hawkes et al.
(1997) frisam ainda a diminuição da abundância destes recursos naturais devido à estas
interferências antrópicas, fato também apontado por Carneiro (2004).
Um artigo reflexivo publicado há 23 anos sob o título "O que comeremos dentro de vinte
anos?" (DAM, 1984) faz algumas considerações importantes. Em uma delas afirma que é
necessário pesquisar e desenvolver usos de outros vegetais nutritivos. Em outra, menciona
a necessidade de estudos de engenharia genética para obter novas "espécies" ou novos
alimentos de espécies conhecidas. Este autor também frisa que na América Latina a
5
alimentação dependerá do poder de adaptação dos seus recursos naturais às preferências e
necessidades alimentares e da opção que será feita pela agricultura moderna, com altos
custos financeiros, ou pela agricultura tradicional, que requer mais mão-de-obra, menos
insumos externos à propriedade e é mais sustentável.
Cabe aqui ressaltar que além dos custos econômicos com insumos, sementes
(atualmente, existe a necessidade de pagamento de royalties pelo plantio de plantas
transgênicas e na aquisição de sementes de variedades agrícolas patenteadas),
mecanização, entre outros, há custos e prejuízos ambientais, os quais comprometem a
saúde humana e da biota em geral na agricultura moderna mal conduzida. Por outro lado,
nos modos de produção tradicionais, os insumos, em sua maioria, podem ser produzidos na
própria propriedade e o grau de dependência externa é muito menor, com redução de
impactos ambientais e fixação do homem ao campo.
Os valores alimentícios dos produtos locais também precisam ser melhor
pesquisados e divulgados. Segundo Dam (1984) é necessária uma forte campanha
educativa para mudar os hábitos alimentares, possibilitando o aproveitamento de recursos
mais nutritivos e que podem ser obtidos de plantas locais. Segundo a FAO (1992) um
programa educativo que utilizasse os meios de comunicação poderia reverter os
preconceitos e criar um orgulho nacional na utilização dos recursos naturais. Contudo, este
documento assinala que haveria necessidade de preços competitivos e de controle de
qualidade dos produtos naturais.
As chamadas plantas "daninhas" (ruderais) ou “plantas do mato” (silvestres) podem ser
fontes complementares de alimentos interessantes para assentamentos humanos de porte
pequeno a médio e nas grandes cidades, as populações da periferia e dos arredores,
6
também podem fazer uso destas plantas espontâneas comestíveis (DÍAZ-BETANCOURT
et al., 1999). Inclusive, terrenos baldios, quintais, jardins, muros-vivos e cercas-vivas
poderiam ser aproveitados para obtenção de fontes complementares de alimentos, seja
através do extrativismo e manejo de plantas espontâneas ou cultivo de espécies adaptadas
importantes. Sacadas de apartamentos também poderiam ser aproveitadas para cultivo de
plantas alimentícias. Isto é praticado com maior ou menor intensidade em diferentes
cidades e residências do mundo, a chamada Agricultura Urbana. O paisagismo também
precisa ser repensado, evitando-se plantas tóxicas e dando primazia para plantas bonitas e
também com possibilidade de uso alimentício, o chamado Paisagismo Produtivo.
As plantas atualmente cultivadas foram domesticadas, algumas melhoradas e por
seleção tornaram-se mais produtivas e mais adequadas ao consumo humano. Vislumbra-se
assim o grande potencial de novas culturas de importância econômica de plantas tratadas,
neste momento, por algumas pessoas e autores, como "daninhas", "invasoras",
"concorrentes" e "nocivas", entre outras denominações pejorativas e limitadas.
Atualmente, algumas plantas silvestres vêm recebendo atenção, já sendo
pesquisadas, cultivadas e mantidas nos chamados bancos ativos de germoplasmas (BAG).
Algumas, inclusive, já são comercializadas em feiras e em redes de supermercados, mesmo
que em pequenas quantidades e a preços pouco acessíveis ou estimuladores do consumo.
Por exemplo, algumas espécies são comercializadas em vários países, tais como juá-de-
capote (com os nomes comerciais: fisális, tomate-de-capote ou uchuva - Physalis spp. -
Solanaceae), cacto-dama-da-noite (pitahaya, pitaya - Hylocereus spp. e Selenicereus spp. -
Cactaceae) e algumas regionalmente como a batata-crem ou crem - Tropaeolum
pentaphyllum Lam. – Tropaeolaceae), comercializado (R$ 25,00/kg dos tubérculos) no
7
Mercado Público de Porto Alegre, RS (cotação de 2004-2006), entre outras espécies já
comercializadas.
Na história da alimentação humana há modismos temporários e a alimentação sofre
influências da mídia e de interesses econômicos, mas também dos resultados das pesquisas
acadêmicas e das leis de mercado. Sendo assim, o homem acabou optando pela
especialização ao invés da diversificação alimentar. Segundo a FAO (1992), os produtos
indígenas são tratados como inferiores frente aos oriundos de outros países, sobretudo, os
gostos e preferências alimentares (do conquistador) foram e são rapidamente incorporados.
Com o predomínio dos interesses econômicos e desenvolvimento de monoculturas, onde
poucas espécies melhoradas são cultivadas em diversas regiões do mundo e com a
globalização dos mercados, conhecimentos tradicionais estão sendo perdidos, assim como
a agrobiodiversidade está sofrendo com perda das sementes e variedades crioulas e das
roças heterogêneas.
As dificuldades de vida do pequeno produtor no campo, sobrepujada pela moto-
mecanização permitida e exigida pelas monoculturas, conduzem ao êxodo rural.
Atualmente, mesmo as pessoas oriundas do meio rural já perderam muito dos
conhecimentos práticos sobre as plantas que poderiam ser usadas como alimento. Muitas
pessoas que ainda detêm algum conhecimento do que pode ser utilizado como fonte
complementar na alimentação parecem ter vergonha de colher plantas em seus quintais ou
sair para colher em terrenos baldios, sítios e outras áreas limítrofes não poluídas ou devem
achar que estão regredindo ao Paleolítico, uma vez que muitos não fazem mais uso destas
fontes alimentícias. Contudo, dados disponíveis na literatura específica (DÍAZ-
BETANCOURT et al., 1999; RAPOPORT et al., 1997; RAPOPORT et al., 1998) mostram
8
que o fator preponderante para o desuso é a falta de informação do que pode ser utilizado
como alimento e os modos de preparo.
No Brasil existem poucos trabalhos acadêmicos e mesmo de divulgação sobre
plantas alimentícias não-convencionais. Em relação às frutas indígenas brasileiras merece
menção Hoehne (1946), que além de ilustrativos desenhos botânicos, faz uma importante
reflexão sobre o valor das frutíferas nativas e as necessidades de sua conservação, usos,
valorização e valoração. Esta obra clássica demonstra que as idéias estimuladoras do
aproveitamento dos recursos naturais nativos são antigas no Brasil, no entanto, recebe
pouca atenção do poder público, sendo ainda carente de pesquisas detalhadas a longo
prazo. Dentre as referências gerais sobre esta temática, outra obra importante é Zurlo &
Brandão (1990), onde são descritas e ilustradas e fornecidas algumas receitas e modos de
preparo de cerca de 50 espécies comestíveis.
Entretanto, a quantidade e qualidade das plantas que podem e deveriam ser pesquisadas e
ou utilizadas como complemento alimentar no Brasil é muito maior. Em uma obra sobre os
alimentos regionais brasileiros (BRASIL, 2002) cita as espécies alimentícias por região do
país, contudo, o número de espécies tratadas ainda é incipiente. No Rio Grande do Sul
foram desenvolvidos dois trabalhos sobre plantas adventícias comestíveis (CARNEIRO,
1999; 2004), além de trabalhos sobre frutíferas nativas comestíveis desenvolvidos por
Mattos (1954; 1978; 1988). Uma listagem de todas as plantas comestíveis do mundo não
existe. Uma das mais completas é de Kunkel (1984) onde são enumeradas cerca de 12.500
espécies potencialmente alimentícias, perfazendo 3.100 gêneros e cerca de 400 famílias,
em sua maioria pteridófitas e angiospermas. Rapoport & Drausal (2001) estimam em
27.000 espécies a riqueza de plantas com potencial alimentício. Wilson (1994) comenta
que aproximadamente 30.000 espécies vegetais possuem partes comestíveis, sendo que
9
destas 7.000 foram cultivadas ou colhidas com este fim ao longo da história. Tangley &
Miller (1991) estimam a riqueza global de plantas alimentícias em 75.000 espécies. Estes
autores citam que cerca de 5.000 espécies são utilizadas no planeta com fins alimentícios.
Mesmo assim, 90% do alimento mundial vêm de apenas 20 espécies, as mesmas
descobertas por nossos antepassados do Neolítico, em diversas regiões onde a agricultura
teve início e que foram incorporadas por quase todas as culturas existentes. Uma
verdadeira especialização alimentar que ignora a diversidade de opções alimentícias
existentes para uso imediato e para pesquisas correlatas.
A quantidade disponível de fitomassa comestível fornecida por plantas alimentícias
não-convencionais também varia muito em função de fatores climáticos, edáficos e o
histórico de ocupação da área. Díaz-Betancourt et al. (1999) em trabalho de quantificação
em Bariloche, Argentina, registraram 1,3 tonelada por hectare de fitomassa comestível e no
México, em amostragem similar, registraram uma média de 2,1 toneladas/ha. Em ambas as
pesquisas foram consideradas basicamente plantas ruderais ou arvenses.
Em relação à origem das espécies mais importantes utilizadas como alimentos em
diferentes regiões do mundo, os resultados são unânimes. Ou seja, além do imperialismo
cultural e econômico há no mundo globalizado o imperialismo gastronômico-alimentar.
Segundo Rapoport et al. (1998), dentre as espécies consumidas em larga escala no mundo,
52% provêm da Eurásia. Obviamente, a mesma região que dominou e conquistou a
América, a África e a Oceania, como magistralmente reportado por Diamond (2001).
Outro aspecto é que não existem informações básicas detalhadas sobre a
disponibilidade de recursos alimentícios nativos, seu rendimento e produtividade,
qualidade, modos de preparo e utilização, bem como de sua importância para as economias
(rural e urbana locais) e, menos ainda, os valores potenciais destes recursos genéticos para
10
economia nacional. Ressalta-se que o extrativismo sustentável de plantas alimentícias
nativas, apenas para espécies que ocorrem em populações espontâneas abundantes, poderia
estimular a conservação de ambientes naturais, especialmente àqueles mais desprezados
(campos, brejos e banhados) pela sua valorização econômica real. Além de estimular a
fixação dos agricultores tradicionais no campo, os quais além do extrativismo poderiam, se
devidamente assistidos pelos órgãos de pesquisa e com apoio e incentivos governamentais,
passar a cultivar, selecionar e domesticar espécies até então desprezadas ou subutilizadas
como alimento.
Portanto, torna-se premente a realização de pesquisas sobre o potencial alimentício
das espécies silvestres em desuso e ou desconhecidas. Devido ao grande crescimento
populacional, migração da população rural para regiões urbanas e aumento das
disparidades sociais, a fome e as deficiências nutricionais ainda persistem e em algumas
camadas da população vêm aumentando. As plantas nativas e exóticas naturalizadas,
apesar de não serem a solução final para este problema, podem ter um papel importante
como suplemento da dieta alimentar, fonte de renda complementar, fixação do homem no
campo, redução dos impactos ambientais e uma medida de valorização e valoração real dos
recursos naturais.
Além disso, frisa-se que muitas das plantas alimentícias nativas, especialmente as
herbáceas e arbustivas, são comuns em áreas abertas e em ambientes antrópicos, sendo
consideradas "inços". Entre elas citam-se os gravatás (Eryngium spp. - Apiaceae), nas
quais são aplicados herbicidas potentes e despendidos grandes esforços para a sua
eliminação mecânica. Logo, sua colheita sustentável para uso alimentício não prejudicaria
ecossistemas naturais, podendo ainda favorecê-los.
11
Finalmente, porém não menos importante, destaca-se que atualmente, com o
crescimento da consciência ecológica, produtos diferenciados oriundos de atividades
menos impactantes e desprovidos de agrotóxicos têm grande aceitação do consumidor. No
tocante à carência de informação nutricional, mesmo para as plantas alimentícias
convencionais, pouco é conhecido sobre sua composição, especialmente, considerando-se a
diversidade genética das espécies e variabilidade de solos, ambientes e manejos. Para
tentar suprir estas deficiências recentemente foi implantado o Projeto Taco (Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos), cuja primeira versão lançada em 2003
contemplava 198 alimentos e na segunda versão publicada e disponível na rede mundial de
computadores foram acrescentados mais 256 alimentos, portanto totalizando 454 alimentos
analisados, incluso carnes, peixes e derivados (NEPA/UNICAMP, 2006). Nesta segunda
versão são cerca de 122 espécies de plantas analisadas, sendo que 24 espécies (20%)
podem ser consideradas nativas do Brasil. Destas, três espécies são herbáceas (Amaranthus
deflexus L.; Xanthosoma sagittifolium Schott; Ananas comosus (L.) Merril); duas são
trepadeiras (Paullinia cupana Kunth; Passiflora edulis Sims) e as 19 restantes são
arbóreas, incluindo duas palmeiras (Bactris gasipaes K. e Euterpe oleracea Mart.) e uma
conífera (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze). Entre as espontâneas e ruderais grupo
que abrange, geralmente, várias espécies utilizadas por populações rurais e mesmo
algumas comercializadas, apenas duas espécies (Sonchus oleraceus L., a popular serralha e
Amaranthus deflexus, o conhecido caruru) estão disponíveis na TACO.
Em relação aos teores de macro e micronutrientes dos tecidos vegetais usados como
alimento, parece que esta escassez ou carência de dados é ainda maior, e.g., a clássica
Tabela de Composição Química dos Alimentos (FRANCO, 2004), onde para a maior parte
das espécies, especialmente, as menos convencionais raramente há informações para os
diferentes minerais. Já na tabela TACO (NEPA/UNICAMP, 2006), os dados minerais são
12
apresentados para todos os alimentos analisados, mas o número de espécies não-
convencionais contemplado ainda é pequeno. Neste sentido, análises de composição
bromatológica e mineral de espécies nativas na Região Metropolitana de Porto Alegre
(RMPA), Rio Grande do Sul (RS) também foram executadas no presente estudo. O
trabalho baseia-se na hipótese de que existe uma rica diversidade de plantas com potencial
alimentício negligenciado, desconhecido ou subutilizado na RMPA, com significativo
valor nutricional e ou nutracêutico, versatilidade de usos e com potencial econômico.
O objetivo geral do presente estudo foi realizar um levantamento das espécies
nativas na RMPA potencialmente alimentícias, estabelecendo a riqueza percentual da flora
com potencial alimentício em relação à riqueza de espécies total, suas formas de uso e
partes utilizadas e apresentação geral de seus potenciais, necessidades de estudos futuros e
o estado da arte de todas as espécies inventariadas. A partir deste rol de espécies algumas
foram selecionadas para trabalhos fitotécnicos básicos, para análises bromatológicas e
minerais e outras para análises de sua aceitabilidade sensorial.
Para atender aos objetivos propostos, o trabalho está dividido em capítulos, sendo
este primeiro capítulo constituído pela introdução geral e breve revisão bibliográfica. O
segundo capítulo constitui o escopo central do trabalho que é o levantamento do percentual
de espécies nativas na RMPA com potencial alimentício, seus nomes populares, suas
formas de uso, partes utilizadas, bem como a apresentação do estado da arte de cada
espécie. No terceiro capítulo são apresentados os dados minerais (macro e micronutrientes
e alguns elementos traço) das porções com usos alimentícios potenciais de 69 espécies
selecionadas da riqueza total do capítulo anterior. Nos capítulos quatro, cinco e seis
espécies selecionadas são avaliadas em relação às composições bromatológica e mineral e
ou suas partes alimentícias são avaliadas sensorialmente, bem como são feitas observações
13
biofitotécnicas preliminares destas espécies. E no sétimo capítulo são concatenadas as
conclusões gerais. Espera-se que os resultados desta pesquisa forneçam informações
básicas para criação e fortalecimento de linhas de pesquisa em áreas correlatas, como
Nutrição, Engenharia de Alimentos, Química, Farmácia, Agronomia, entre outras.
1.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAS, M. A Fome: crise ou escândalo? 2ª. ed. São Paulo: Moderna, 1988. 103 p. Coleção
Polêmica.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação Geral de
Política de Alimentação e Nutrição. Alimentos regionais brasileiros. Brasília:
Comunicação e Educação em Saúde, 2002. 140 p. (Série F, 21)
CARNEIRO, A.M. Vegetação ruderal da Vila de Santo Amaro, município de General
Câmara, RS, Brasil: ruas, muros, terrenos baldios e passeios públicos. 1999. 174 f.
Dissertação (Mestrado em Botânica) – Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto
de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.
CARNEIRO, A.M. Espécies ruderais com potencial alimentício em quatro municípios
do Rio Grande do Sul. 2004. 111 f Tese (Doutorado em Botânica) - Programa de Pós-
Graduação em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2004.
DAM, A. van. ¿Que comeremos dentro de veinte años? Interciencia, Caracas, v. 9, n. 1, p.
35-36, 1984.
DIAMOND, J. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro:
Record, 2001. 472 p.
DÍAZ-BETANCOURT, M. et al. Weeds as a source for human consumption. A
comparison between tropical and temperate Latin America. Revista Biología Tropical,
San José, v. 47, n. 3, p. 329-338, 1999.
FAO. Silvicultura y seguridad alimentaria. Roma, 1991. 133 p. (Estudio FAO Montes.
Publicación, 90)
FAO. Productos forestales no madereros; posibilidades. Roma, 1992. 35 p. (Estudio
FAO Montes. Publicación, 97)
GROSSMAN, L. Diet, income, and agriculture in an eastern Caribbean village. Human
Ecology, New York, v. 26, n. 1, p. 21-42, 1998.
14
HAWKES, K.; O'CONNELL, J.F.; ROGERS, L. The behavioral ecology of modern
hunter-gatherers, and human evolution. Trends in Ecology & Evolution, London, v. 12,
n. 1, p. 29-32, 1997.
HOEHNE, F.C. Frutas indígenas. São Paulo: Instituto de Botânica: Secretaria da
Agricultura, Indústria e Comércio, 1946. 88 p. (Publicação da Série "D").
KUNKEL, G. Plants for human consumption: an annotated checklist of the edible
phanerogams and ferns. Koenigstein: Koeltz Scientific Books, 1984. 393 p.
MATTOS, J.R. Estudo pomológico dos frutos indígenas do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: Imprensa Oficial, 1954. 110 p.
MATTOS, J.R. Frutos indígenas comestíveis do Rio Grande do Sul. 2
ª
ed. Porto Alegre:
Publicação IPRNR, N. 1, 1978. 37 p.
MATTOS, J.R. Uvalheira: fruteiras nativas do Brasil. Porto Alegre : [s.n.], 1988. 36 p.
TANGLEY, K.R.; MILLER, L. Trees of life: saving tropical forests and their biological
wealth. Washington: WRI Beacon Press, 1991. 218 p.
PRESCOTT-ALLEN, R.; PRESCOTT-ALLEN, C. How many plants feed the world?
Conservation Biology, Gainesville, v. 4, n. 4, p. 365-374, 1990.
RAPOPORT, E.H.; MARGUTTI, L.; SANZ, E.H. Plantas silvestres comestibles de la
Patagonia Andina: exóticas. Parte I. Bariloche: Imaginaria, 1997. 50 p.
RAPOPORT, E.H. et al. Malezas comestibles - hay yuyos y yuyos...Ciencia Hoy, Buenos
Aires, v. 9, n. 49, p. 30-43, 1998.
RAPOPORT, E.H.; LADIO, A. Los bosques andino-patagónicos como fuentes de
alimento. Bosque, Valdivia, v. 20, n. 2, p. 55-64, 1999.
RAPOPORT, E.H.; DRAUSAL, B. S. Edible plants. In: LEVIN, S. (Ed.). Encyclopedia of
biodiversity. New York: Academic Press, 2001. p. 375-382.
RODRIGUES, J.B. A Botânica: nomenclatura indígena e seringueiras. Edição fac-similar
das obras Mbaé Kaá - Tapyiyetá Enoyndava e as Heveas. Rio de Janeiro: Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, 1905. 86 p.
WILSON, E.O. Diversidade da Vida. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. 447 p.
ZURLO, C.; BRANDÃO, M. As ervas comestíveis: descrição, ilustração e receitas. 2. ed.
São Paulo: Globo, 1990. 167 p.
Capítulo II
RIQUEZA E CARACTERIZAÇÃO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO-
CONVENCIONAIS NA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE, RS
2.1. INTRODUÇÃO
Muitas plantas são denominadas "daninhas" ou "inços" pois medram entre as plantas
cultivadas, no entanto, são espécies com grande importância ecológica e econômica.
Muitas destas espécies, por exemplo, são alimentícias mesmo que atualmente em desuso
(ou quase) pela maior parte da população. O mesmo é válido para plantas silvestres, as
quais são genericamente chamadas de "mato" ou "planta do mato", as quais, no entanto,
são recursos genéticos com usos potenciais inexplorados.
Plantas alimentícias sensu lato são aquelas que possuem uma ou mais partes (e ou
derivados destas) que podem ser utilizados na alimentação humana, tais como: raízes
tuberosas, tubérculos, bulbos, rizomas, cormos, ramos tenros, folhas, brotos, flores, frutos e
sementes ou ainda látex, resina e goma, ou que são usadas para obtenção de óleos e
gorduras comestíveis. Inclui-se neste conceito também as especiarias, substâncias
condimentares e aromáticas, assim como plantas que são utilizadas como substitutas do sal,
como edulcorantes, amaciantes de carnes, corantes alimentares e no fabrico de bebidas,
tonificantes e infusões. Conceito modificado de Tanaka (1976), Kunkel (1984) e da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO (FAO, 1992).
16
O homem obtém seu alimento dos recursos naturais e para isto as plantas contribuem
majoritariamente. Assim desde sempre precisou e precisa saber diferenciar as espécies
vegetais. Forçado pela necessidade de saber distinguir o que era útil e qual sua utilidade do
que era nocivo ou não tinha nenhum uso prático imediato, o homem primitivo precisou
nomear as plantas. Os termos empregados, via de regra, às caracterizavam, facilitando o
processo de identificação e transmissão destas informações. Segundo Rodrigues (1905) os
índios pelas suas observações acumuladas foram aperfeiçoando e ampliando o
conhecimento sobre as plantas, o qual era transmitido de geração a geração, desenvolvendo
uma nomenclatura bem estruturada. A observação deste autor deve-se ao fato dos nomes
utilizados pelos ameríndios, em sua maioria, referirem-se a um uso, a cor, aspecto e ou
similaridade com espécie(s) de uso(s) conhecido(s).
Todos os povos tiveram, na gênese de sua existência, grandes privações e duras
necessidades. As necessidades de alimento, de vestimenta, de abrigo das intempéries e a da
cura de seus males sempre foram as mais importantes (RODRIGUES, 1905). Em relação
aos alimentos, a humanidade vem sofrendo com crises de fome recorrentes em escala local
(endêmica) e, mais raramente, de fome generalizada (pandêmica), como as crises que
afetaram a Europa durante muitos séculos (RAPOPORT & LADIO, 1999).
A fome pode ser causada por catástrofes ambientais diversas, guerras, crises
econômicas e problemas políticos, como a má distribuição de renda. A produção mundial
de gêneros alimentícios atual é maior que a necessária para alimentar a população do
planeta, contudo há especulações econômicas, má distribuição dos alimentos, usos
indevidos e grandes desperdícios. Além dos desperdícios de grandes quantidades dos
alimentos convencionais produzidos, ou seja, dos cereais, tubérculos, rizomas, raízes
tuberosas, frutas e hortaliças mais comuns e conhecidos, a humanidade não utiliza ou
subutiliza as espécies nativas ou adventícias com potencial para complementação
17
alimentar, diversificação dos cardápios e fonte de renda familiar e, mesmo muitas espécies
com grande potencial econômico. Sobretudo, nos países tropicais e subtropicais, a
biodiversidade tem um grande potencial de uso alimentar a ser pesquisado.
Uma listagem de todas as plantas comestíveis do mundo não existe. Uma das mais
completas é de Kunkel (1984) onde são enumeradas cerca de 12.500 espécies
potencialmente alimentícias, perfazendo 3.100 gêneros e cerca de 400 famílias, em sua
maioria pteridófitas e angiospermas. Rapoport & Drausal (2001) propõem a existência de
cerca de 27.000 espécies. Wilson (1994) comenta que, aproximadamente, 30.000 espécies
vegetais possuem partes comestíveis, sendo que destas 7.000 foram cultivadas ou colhidas
com este fim ao longo da história. Mesmo assim, 90% do alimento mundial vêm de apenas
20 espécies, as mesmas descobertas por nossos antepassados do Neolítico, em diversas
regiões onde a agricultura teve início e que foram incorporadas por quase todas as culturas
existentes.
No Brasil existem poucos trabalhos científicos e mesmo de divulgação sobre
plantas alimentícias não-convencionais. Há alguns compêndios que listam espécies nativas
e cultivadas e suas possibilidades de uso de forma genérica. Nesta categoria merece
destaque Côrrea (Vol. I-II) e Côrrea & Penna (Vol. III-VI) na clássica coleção Dicionário
das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, obra publicada de 1926-1978 e
reimpressa conjuntamente em 1984, ano adotado para as citações do presente estudo. Esta
obra contempla as variadas formas de usos, apesar de para muitas espécies apresentar
somente a descrição sem mencionar nenhuma utilidade conhecida à época pelos autores.
Em relação às frutas indígenas brasileiras merece menção Hoehne (1946), que além de
ilustrativos desenhos botânicos, faz uma importante reflexão sobre o valor das frutíferas
nativas e as necessidades de sua conservação, usos e valoração. Esta obra clássica
demonstra que as idéias estimuladoras do aproveitamento dos recursos naturais nativos são
18
antigas no Brasil, no entanto, recebem pouca atenção do poder público, sendo ainda
carente de pesquisas detalhadas e a longo prazo. Dentre as referências gerais sobre esta
temática, uma das obras mais importantes é Zurlo & Brandão (1990), onde são descritas e
ilustradas cerca de 50 espécies comestíveis, em sua maioria, exóticas naturalizadas, além
de receitas e modos de preparo. Entretanto, a riqueza de espécies vegetais com potencial
alimentício no Brasil é muito maior. Brasil (2002) cita algumas das espécies alimentícias
por região do país, contudo, o número de espécies tratadas ainda é incipiente. No Rio
Grande do Sul (RS) foram desenvolvidos dois trabalhos sobre plantas adventícias
comestíveis, incluindo as nativas (CARNEIRO, 1999; 2004). Além de trabalhos
importantes sobre frutíferas nativas comestíveis desenvolvidos por Mattos (1954; 1978;
1988).
Contudo, não há informação sobre qual o percentual da flora nativa possui
potencial alimentício. Em função desta carência de informações básicas sobre a
disponibilidade de recursos alimentícios nativos, suas formas de usos, partes utilizadas e
das perspectivas econômicas destes recursos alimentares desconhecidos e ou
negligenciados foi realizado o presente estudo de levantamento da riqueza de espécies
potencialmente alimentícias disponíveis nas diferentes formações vegetais da Região
Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), RS. Outro objetivo deste estudo foi compilar e
apresentar uma listagem o mais completa possível de nomes populares, incluindo nomes
em idiomas estrangeiros (países e ou regiões onde a espécie ocorre e ou é utilizada) e
nomes étnicos de diferentes sociedades. Bem como apresentar o estado da arte das espécies
propostas a partir de revisão bibliográfica, dados próprios e experiência do presente estudo
e ilustrar, com fotografias coloridas, a maioria das espécies. Vislumbra-se que a partir
deste inventário da diversidade vegetal com potencial alimentício, muitas destas espécies
possam vir a serem alvo de pesquisas fitotécnicas, fitoquímicas e bromatológicas
19
contribuindo para o conhecimento básico da flora nativa e fornecendo subsídios básicos ao
uso adequado, valorização e valoração da fitodiversidade da RMPA, que pode ser
extrapolada para o RS e para Brasil. Muitas das espécies aqui apresentadas têm potencial
como complemento alimentar, fonte de renda adicional e ou são recursos genéticos
potenciais para o enriquecimento da matriz agrícola do país.
2.2. MATERIAL E MÉTODOS
2.2.1. ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi realizado na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), Rio
Grande do Sul - Brasil. A RMPA segundo HABITAT (2003) compreende 31 municípios,
que em ordem alfabética são: Alvorada, Araricá, Arroio dos Ratos, Cachoeirinha, Campo
Bom, Canoas, Capela de Santana, Charqueadas, Dois Irmãos, Eldorado do Sul, Estância
Velha, Esteio, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Ivoti, Montenegro, Nova Hartz, Nova Santa
Rita, Novo Hamburgo, Parobé, Portão, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, São
Jerônimo, São Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara, Triunfo e Viamão. Sendo
que a distância média dos municípios que a compõem em relação ao marco zero da capital,
Porto Alegre, é de 42,9 km, sendo os mais próximos Viamão e Eldorado do Sul, que ficam
a 10 km de distância e o mais distante, Parobé, o qual fica a 79 km. A RMPA ocupa uma
área de 9.825,61 km
2
, representando 3,65% da área do estado do RS. O menor município é
Esteio com um território de 32,50 km
2
(0,7% da RMPA) e o maior e também o que possui
maior renda agrícola é Viamão, que ocupa uma área de 1.612 km
2
, representando 16,4% da
RMPA (HABITAT, 2003).
Segundo o Censo Demográfico (IBGE, 2000) a população da RMPA é de
3.718.778 habitantes, representando 36,5% da população total do RS, que é de 10.187.798
20
habitantes. De acordo com este censo, nesta região 95,5% da população vivem em áreas
urbanas. Entretanto, segundo HABITAT (2003) também há alguns municípios com cerca
de 25% da população residindo na zona rural. Destaca-se Glorinha, município este com
77,5% de sua população na área rural.
A RMPA é razoavelmente bem conhecida em relação à sua vegetação e flora e com
coletas representativas nos principais herbários regionais. No entanto, não há estudos
florísticos amplos e atualizados concatenando todas informações produzidas sobre a flora
da região. Logo, no presente estudo adotou-se os clássicos e mais completos trabalhos
sobre a flora de Porto Alegre (RAMBO, 1954; LUIS, 1960) e trabalhos mais específicos
sobre determinados grupos botânicos (e.g., famílias, hábitos selecionados) e ou região
geográfica limitada deste e de alguns outros municípios que, atualmente, fazem parte da
RMPA, e.g., Longhi-Wagner & Ramos (1981), Aguiar et al. (1982), Jacques et al. (1982),
Fernandes & Baptista (1988), Brack et al. (1998) e muitos outros citados na Tabela 1.
Nestas referências estão disponíveis as caracterizações gerais da fitofisionomia dos
diferentes municípios e ou áreas inventariadas e suas peculiaridades geomorfológicas.
2.2.2. Metodologia
Realizou-se uma revisão da bibliografia de interesse disponível sobre inventários
florísticos realizados na RMPA. Foram contemplados trabalhos de monografias,
dissertações, teses, artigos e livros sobre as diversas formações vegetais ocorrentes na
RMPA e sua flora. Os dados foram complementados através de consultas aos principais
herbários da RMPA: Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (ICN); Herbário Alarich Schultz, Fundação Zoobotânica do Rio Grande
do Sul (HAS) e Herbário da Universidade do Vale do Rio Sinos – UNISINOS (PACA).
Além de consultas a especialistas botânicos e monografias taxonômicas em geral. Todas as
espécies citadas são respaldadas por número de material testemunho (voucher) coletado em
21
um dos municípios da RMPA sensu HABITAT (2003) e depositadas em um dos herbários
citados (Tabela 1). Os acrônimos destes herbários estão de acordo com o Index
Herbariorum (2007). Além destes herbários para Drimys brasiliensis Miers cita-se uma
coleta do Herbário LA SALLE (Centro Universitário La Salle, Canoas – herbário ainda
não indexado), pois não foi encontrada nenhuma exsicata originária de coleta na RMPA
nos acervos dos herbários anteriormente mencionados. Considerou-se no presente estudo
espécies de todos os hábitos: árvores, arvoretas, arbustos, subarbustos, arborescentes,
trepadeiras ou apoiantes e ervas em geral (terrícolas, epífitas, rupícolas, paludícolas e
aquáticas).
As identificações de quais espécies de plantas possuem potencial alimentício foram
realizadas a partir de bibliografia específica, além das já citadas na introdução,
principalmente Hedrick (1972); Duke (2001); Facciola (1998) e demais artigos e
publicações em geral consultados e referenciados neste estudo. Além de dados próprios,
experimentações e descobertas feitas durante a presente pesquisa, estas últimas baseadas,
sobretudo em conhecimento de quimiotaxonomia existente sobre as famílias e ou gêneros
botânicos. Foram também efetuadas consultas informais a especialistas e a conhecedores e
ou consumidores tradicionais durante o estudo.
As famílias de Angiospermas foram classificadas de acordo com a circunscrição da
APG II (Angiosperm Phylogeny Group) e demais trabalhos filogenéticos, seguindo a
classificação apresentada em Souza & Lorenzi (2005). Para as Gimnospermas e as
Pteridófitas seguiu-se as delimitações clássicas.
22
2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Encontrou-se 312 espécies de plantas com potencial alimentício distribuídas em
190 gêneros agrupados em 78 famílias botânicas, sendo três famílias de Gimnospermas
(três espécies) e duas de Pteridófitas (duas espécies) e o restante das famílias e espécies
(306) pertencentes às Angiospermas (Tabela 1). Ressalta-se que 29 famílias (37,17% do
total de famílias) são representadas por uma única espécie com potencial alimentício na
RMPA; 14 famílias são compostas por duas espécies cada; sete famílias possuem três
espécies cada; nove famílias apresentam quatro espécies e duas famílias possuem cinco
espécies de interesse alimentício. As famílias restantes possuem seis ou mais espécies com
usos alimentícios potenciais, sendo que as com maior riqueza de espécies são: Myrtaceae
(32 espécies), Asteraceae (25), Solanaceae (16), Urticaceae (12), Passifloraceae (11),
Apiaceae (10) e Malvaceae (10).
Os hábitos de crescimento das espécies, suas categorias de usos e porções com usos
alimentícios potenciais são sumarizados na Tabela 2. Em relação aos hábitos estes foram
limitados a cinco categorias não excludentes ou rigidamente delimitados. Para efeito de
contagem considerou-se somente o primeiro assinalado na Tabela 1, quando a espécie
possui variações ou diferentes interpretações. A proporção percentual por categoria é
similar à média mundial apresentada por Rapoport & Drausal (2001), onde as ervas
perfazem 40,4%; árvores 25,9%; arbustos 23,2% e trepadeiras (vines) 10,4%.
Em relação às categorias de uso os conceitos são bastante abrangentes, não
excludentes e incorporando espécies de difícil categorização. Por exemplo, “hortaliças”
incluem espécies produtoras de folhas e palmitos comestíveis, frutos, órgãos subterrâneos
de reserva, flores, ramos tenros, caules aéreos (e.g., ramos tenros, parênquima medular e
23
cladódios). A categoria “bebidas” contempla produtos obtidos de folhas e outros órgãos
(e.g., rizomas) através de fermentação e ou decocção ou infusão (chás e tisanas),
desconsiderando sucos frescos ou licores. Dentre as “frutíferas” há frutas propriamente,
além de espécies produtoras de sementes alimentícias (e.g., Araucaria angustifolia e
Guazuma ulmifolia, que não se enquadram adequadamente nas demais categorias). Além
disso, esta categoria engloba espécies que nem fruto produzem (Gimnospermas), além da
araucária citada, Podocarpus lambertii e Ephedra tweediana, que produzem estruturas
carnosas, suculentas e adocicadas, portanto consumidas como frutas. A categoria
“condimento” abrange espécies utilizadas para temperar ou condimentar pratos diversos,
geralmente em quantidades limitadas e de usos não rotineiros. Algumas destas são também
hortaliças. A categoria “(pseudo)cereal” inclui representantes da família Poaceae,
geralmente parentes silvestres do arroz e também os pseudocereais com algum potencial,
e.g., da família Amaranthaceae. A categoria “oleaginosa” engloba sementes ricas em
lipídios. As plantas produtoras de óleo essencial nas folhas e em outros tecidos com uso
efetivo e potencial para aromatizar alimentos são categorizadas como “aromatizante” e,
geralmente, também na categoria “bebida” e ou “condimento”. A categoria “edulcorante”
engloba duas espécies propostas pelo presente estudo como fonte de inulina e adoçante,
mas que necessitam de estudos toxicológicos e bioquímicos básicos. As categorias
“bromelina” e “papaína” contemplam representantes das famílias Bromeliaceae e
Caricaceae, respectivamente, que são fontes destes compostos a partir de diferentes
tecidos. O somatório das diferentes categorias sobrepuja o número total de espécies, pois a
maioria das espécies apresenta mais de uma forma de uso, o mesmo sendo válido para
porções ou partes da planta com uso alimentício das diferentes espécies (Tabela 2).
Segundo Díaz-Betancourt et al. (1999), em média 10% do total de espécies vegetais
de qualquer bioma é comestível. Naturalmente que há ambientes mais ricos e outros onde a
24
riqueza e a abundância são menores. Em hábitats naturais, em média, a riqueza de espécies
de plantas com potencial alimentício varia de 6% (Terra do Fogo) a 21% (Amazônia
boliviana) e em solos férteis de regiões tropicais, subtropicais, especialmente em áreas com
interferência antrópica este percentual cresce vertiginosamente. Nos ambientes sob ação do
homem e considerando-se apenas as espécies ruderais, invasoras ou “daninhas” (weeds)
este percentual de uso alimentício potencial pode alcançar até 89% das espécies (DÍAZ-
BETANCOURT et al., 1999).
No Brasil não são conhecidos trabalhos publicados que abordem, em detalhe, o
percentual total de plantas com potencial alimentício em ambientes naturais e em áreas
geográficas maiores. Devido à grande carência de pesquisa com este enfoque espera-se que
o presente estudo seja útil para embasar e instigar novas pesquisas sobre a riqueza
alimentícia em outros Estados e em diferentes biomas do imenso território brasileiro. No
entanto, para este tipo de estudo é necessário conhecer, minimamente, a flora da região
alvo. A RMPA é relativamente bem conhecida botanicamente, apesar da inexistência de
um estudo sumarizador da riqueza florística geral inventariada, com os devidos ajustes
nomenclaturais, taxonômicos e efetiva confirmação da ocorrência da espécie a partir de
material examinado incorporado em herbários. O número máximo de espécies citado para
Porto Alegre (que na época possuía uma área geográfica maior, portanto inclusa dentro da
atual RMPA) é de 1.490 espécies (LUIS, 1960). Apesar não existir um estudo minucioso
que corrobore, é possível apontar, baseado na literatura citada na Tabela 1 e demais
monografias taxonômicas existentes e exame dos acervos dos principais herbários da
RMPA, que algumas das espécies citadas por este autor não foram efetivamente
confirmadas na região, outras são consideradas exóticas e muitos dos nomes citados estão
em sinonímias atualmente. Por outro lado, com a continuidade dos estudos, novas espécies
foram registradas, trabalhos de revisão taxonômica conduziram a novas combinações e até
25
mesmo espécies novas para a ciência, nativas na RMPA, foram descritas. Portanto, não é
possível afirmar categoricamente o número de espécies vegetais nativas desta região. Mas,
na ausência de estudos atualizados adotou-se para efeito de cálculo a riqueza de 1500
espécies nativas na RMPA, ou seja, um arredondamento da riqueza proposta por Luis
(1960). Sendo assim, pelos resultados deste estudo (312 espécies), a RMPA possui 21% de
sua flora com potencial alimentício. Apesar de não ser possível estabelecer comparação
entre o percentual do presente estudo e os percentuais das duas pesquisas a seguir, as quais
baseiam-se em levantamentos etnobotânicos, ou seja, consideram apenas as espécies
conhecidas e ou citadas pelos informantes, devido à falta de conhecimento sobre a
existência de estudos similares a este, grosseiramente, os dados são comparados. O
percentual do presente é similar ao detectado por Boom (1987) em um trabalho de
etnobotânica da Amazônia boliviana, onde das 360 espécies citadas pelos informantes, 75
(= 21%) possuem potencial alimentício e também é próximo aos dados etnobotânicos de
López et al. (2002), na Colômbia, que entre as 496 espécies de plantas úteis indicadas
pelos informantes, 123 (= 25%) foram citadas como alimentícias.
Das 312 espécies apresentadas no presente estudo 153 (49%) não são listadas por
Kunkel (1984), portanto chamadas aqui de extra Kunkel. Estas espécies são identificadas
na Tabela 1, pela ausência do I, número que remete a fonte Kunkel (op. cit.), na coluna
“comestibilidade”. O outro aspecto inédito do presente estudo em relação aos demais
trabalhos sobre alimentícias não-convencionais é a distinção dada às espécies consumidas
pelo autor (V.F. Kinupp) durante o estudo e ou ao longo de sua vida. Espécies são
destacadas pelo CPE (consumidas no presente estudo) na coluna “comestibilidade” (Tabela
1). Esta distinção inclui todas as formas, intensidades e freqüências de consumo, desde
àquelas amplamente consumidas, as intermediárias, as ocasionais e aquelas apenas
experimentadas uma ou algumas vezes. Mais detalhes são apresentados na discussão
26
individual por espécie feita adiante. Da riqueza total, 235 espécies (76%) foram
experimentadas e ou consumidas no presente estudo – CPE (Tabela 1) e 16 espécies (5%)
são propostas pelo presente estudo (PE) na coluna “comestibilidade” (Tabela 1), sem terem
sido provadas pelo autor, mas foram indicadas por algum informante e ou são muito afins
às espécies consumidas. Ao total são cerca de 64 espécies (21%) de proposições novas
(unicamente CPE e PE na coluna “comestibilidade” da Tabela 1), ou seja, acréscimos às
listagens de plantas com potencial alimentício de toda a bibliografia consultada.
A listagem de nomes populares apresentada no presente estudo é a compilação e
sistematização mais completa para as espécies consideradas (Tabela 1) e nota-se que as
plantas com usos mais difundidos e conhecidos e, naturalmente, com maior distribuição
geográfica possuem maior diversidade de denominações. No entanto, mesmo localmente
ou em um mesmo país e ou idioma, a maior quantidade de nomes, alguns dos quais,
eventualmente, até rementendo à(s) forma(s) de uso(s) e ou caracaterística(s), é para as
espécies com usos mais consolidados. Plantas com usos restritos ou desconhecidos
possuem poucas denominações populares ou estas são genéricas. A partir do uso no
presente estudo e sua difusão, foram propostos alguns nomes populares e ou gastronômicos
pelo autor e ou por outras pessoas que conheceram e ou experimentaram algumas destas
espécies. Salienta-se também o número de espécies ilustradas e ou a diversidade de
fotografias para algumas espécies como diferencial do presente estudo. Contudo, ressalva-
se que a maioria das fotografias é meramente ilustrativa para facilitar a correta
identificação das espécies por pessoas relativamente familiarizadas com a botânica e ou
com vivência de campo e que consultas à literatura taxonômica complementar,
confrontação com material de herbário e ou consulta a botânicos são recomendáveis para
àquelas pessoas que não se sentirem seguras com a correta identificação da espécie que
pretendem estudar, cultivar e ou consumir.
27
Ressalta-se que o conceito de “nativas” adotado no presente estudo inclui algumas
espécies cosmopolitas ou pantropicais de origem desconhecida e ou que pairam dúvidas
sobre a real origem geográfica e que são naturalizadas na RMPA e em várias regiões do
Brasil. As devidas ponderações e considerações fitogeográficas e taxonômicas são
realizadas na discussão individualizada apresentada para cada uma 312 espécies aqui
consideradas. No entanto, para que pelo menos as espécies mais promissoras apresentadas
aqui deslanchem comercialmente, mesmo que em escala local e ou regional ou tornem-se,
minimamente, conhecidas pelas pessoas em geral, há necessidade de quebrar o ciclo
vicioso da falta de produção que impede a criação de demanda, ou seja, não vende porque
não tem no mercado e não há mercado porque não tem produção. E para que isso ocorra
faz-se necessário romper com a xenofilia alimentícia tanto ao nível da pesquisa e de
investimentos em produção quanto ao nível da aquisição, do extrativismo, do plantio e do
consumo. A xenofilia alimentícia é a valorização exagerada das espécies exóticas em
detrimento de espécies nativas, mesmo que estas possuam frutos e ou características
similares e até superiores àquelas. Este fenômeno conduz a negligência e falta de
conhecimento sobre os recursos genéticos autóctones.
28
Tabela 1 - Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B - bulbos, R - ramos, FR - Frutos, S - sementes, RT - raízes tuberosas, FL - flores, IJ - inflorescências jovens, BF - bases foliares, PI - plantas inteiras, TB - tubérculos, CL - cladódios, RZ - rizomas, M - medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Família Espécie F. Ocor. No. Her. Nomes Populares Uso(s) P.U. Hab. Comestibilidade
Adoxaceae
Sambucus australis
Cham. & Schltdl.
PE HAS 24142
sabugueiro;
acapora; sabugueiro-da-terra;
FRU FR ARV XV; XXXIII
sabugueiro-do-rio-grande; sabugueiro-do-brasil;
elderberry
(Ing.);
sauco
(Arg.);
Holunderbaum
,
Holunder
(Al.);
um'á piroî
(G.);
sauco, saúco
(Cas.)
Alismataceae
Echinodorus grandiflorus
1; 2; 4; 7; 9 ICN 34527
chapéu-de-couro; chá-mineiro; '
leather hat
'(Ing.);
BE F ER CPE
(Cham. & Schltdl.) Micheli* congonha-do-brejo; aguapé; erva-do-brejo;
erva-do-pântano; erva-do-banhado;
chá-da-campanha;
tropica marble queen, water-plant
(Ing.);
achira del agua
(Ur.);
cucharón
(Arg.)
Alliaceae
Nothoscordum gracile
(Aiton) Stearn.
1; 4; 9 ICN 127275 cebolinha-de-perdiz; alho-de-cheiro; alho-bravo; HO; CO F; B ER I; II; CPE; X
alho-silvestre; alho-nativo; cebolinha-cheirosa;
lágrima-de-virgem;
ail odorant
(Fr.);
false garlic, onion weed
(Ing.);
coifün,
lágrima de la virgem, ajo macho
(Arg./Ch.)
Alstroemeriaceae
Bomarea edulis
(Tussac) Herb.*
PE PACA33947
cará-de-caboclo;
coyolxochitl
(América Central);
HO RT TH I; CPE; LXII
jaranganha (MG); cará-do-mato;
white jerusalem artichoke
(Ing.);
tupinamor blanco
(São Domingos);
papa guasca, iguitsi, tetona, petacas
cortapicos
(Col.);
sullu-sullu
(Bol./Pe.)
Amaranthaceae
Alternanthera philoxeroides
(Mart.)
1; 2; 4; 9; ICN 40815 perna-de-saracura; bredo-d'água; lagunilha; HO F; R ER I; XIV; CPE
Griseb.* 34 tripa-de-galinha; erva-de-jacaré;
pé-de-pomba; periquito-saracura; alternantera;
alligator weed, Joseph' coat
(Ing.);
papegocjoblad
(Din.);
Pagageienblatt
(Al.);
29
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
alternathère
(Fr.);
alternantera
(It.);
alternantera, lagunilla
(Esp.);
Amaranthaceae
Amaranthus deflexus
L.
4; 34 ICN 42098 caruru; bredo-rasteiro; caruru-rasteiro; HO; CER F; R; S ER XIV; XVII; CPE
pigweed
(Ing.);
yuyu, yuyo
(Pe.);
amarantes
(Fr.)
Amaranthaceae
Amaranthus hybridus
L.
9; 34 ICN 7747 caruru; caruru-gigante; bredo; caruru-bravo; HO; CER F; R; S ER I; II; LXI; CPE
bredo-gigante;
pigweed, cockscomb
(Ing.);
ka'a ruru
(G.);
imbuya
(Zulu);
cheke, levavi,
makiningi, cheke ra valungu, theepe,
theepe ya makgowaa
(África do Sul);
mchicha mweupe
(Tan.);
quiltonil
(Mex.)
celuanta
(Okiek - Quênia);
katila
(Etiópia)
quiltonil
(Mex.)
Amaranthaceae
Amaranthus muricatus
(Moq.) Hieron.
PE; 34 PACA 60559 caruru HO; CER F; R; S ER PE
Amaranthaceae
Amaranthus spinosus
L.
2; 34 ICN 34541 caruru-de-espinho; bredo-de-espinho; HO; CER F; R; S ER I; II; XVII; CPE
bredo-bravo; bredo; caruru-brabo;
bledo
(Esp.);
pigweed, spiny amaranth, spiny pigweed,
prickly amaranth
(Ing.);
épineuse, épinard piquant
(Fr.);
ka'a ruru eté
(G.);
kánte-máth
(Índia);
yuyo, ataco, casha, hierba de la horcada
(Pe.);
imbuya
(Zulu);
bayam duri
(Mal.);
bwasi
(Tan.)
xidlaya mesisa
(África do Sul);
pala, medu
(China - Xishuangbanna)
Amaranthaceae
Amaranthus viridis
L.
4; 34 ICN 7750 caruru; caruru-da-mancha; caruru-miúdo; HO; CER F; R; S ER I; II; XVII; CPE;
yuyo, ataco
(Pe.); caruru-de-porco; caruru-alto;
LXI
caruru-verde; amaranto-verde;
caruru-de-soldado; bredo;
ka'a ruru eté
(G.);
duck's spinach, pigweed, slender amaranth
(Ing.)
30
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
kil keerai soppu
(Índia);
bayam panjang
(Mal.);
pahongee, yachigeye
(China - Xishuangbanna);
chow roi bhajee, calulu
(Guiana);
bán nati
(Índia);
bledo blanco
(Cuba);
kulitis
(Filipinas);
kurú-tamapala
(Sri Lanka)
Amaranthaceae
Chamissoa altissima
(Jacq.) Kunth
PE HAS 50907 erva-das-pombas; mofungo-gigante; fumo-bravo HO; CER ? F; S? SARB CPE
Amaranthaceae
Chenopodium ambrosioides
L.
1; 2; 4 ICN 4872 erva-de-santa-maria; erva-lombrigueira; CO; AR; F; S ER I; II; XXX;
mastruz; chá-do-méxico; mastruço;
BE XLVII; LXI;
mastruço; mentrusto; menstrusto; ambrósia; CPE
caacia; erva-das-cobras; erva-das-lombrigas;
cravinho-do-mato; erva-mata-pulgas;
erva-santa;
ca'á re
(G.);
caá-né
(Par.);
mexican tea, wormseed, american wormseed,
goosefoot, american goosefoot,
(Ing.);
pasote, epasote, epazote, yerba sagrada
(Ven.);
payco, paico, camatai, cashiva
(Pe.);
wayketom, wayke aktom
(L.-M.);
paico
(Cas.);
paico macho
(Arg.);
epazote
(Mex.);
paiko, pazotl, té de Méjico
(Bol.);
apasote
(Cuba);
hierba fatua, té español,hierba hormiguera
(Esp.);
ambroisie, ambroisine américaine, ansérine,
ansérine odorante, tanaisie, herbe aux vers
(Fr.);
Gaensefuss, Mexicanisches Traubenkraut,
Wurm-kraut
(Al.);
paico, pacote
(Col.)
Anacardiaceae
Schinus molle
L.*
1; 4; 6; 7 ICN 95101 aroeira-salso; aroeira-mole; aroeira-periquita; CO FR; S ARV I; II; XV; CPE
8; 9; 11 aroeira-mansa; anacauita; molho; molhe; BE; OL G? XLVIII; LXI;
aroeira-folha-de-salso; aroeira-piriquiteira; LXII
corneíba; terebinto; bálsamo; pimenteira-do-peru;
anacauíta; aguará-ibaguaçu;
árbol del Perú,
31
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade - fonte que cita o uso potencial. Em negrito (sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
pimiento, pimientillo, pimienta del Perú
(Cas.);
bálsamo sanalodoto, terebinto
(Arg.);
anacahuita, aguaribay, molle, gualeguay,
molle, mulli
(Pe.);
agwara yva
(G.)
pimentero, árbol de la pimienta
(Ur.; Cas.);
california pepper tree, pink pepper,
pepper tree; australian pepper
(Ing.) ;
pirú
(Mex.);
Pfefferstrauch
(Al.);
faux poivrier, piment d'amérique
(Fr.)
Anacardiaceae
Schinus polygamus
(Cav.) Cabrera
4; 6; 7; 8; ICN 53777 aroeira-assobiadeira; molho; molhe; assobiadeira; CO; BE FR; S ARV I; XV; LXII;
9; 11; 17 assobio; assovio; assoviadeira; árvore-de-assobio; LXIII
assobieira; incenso; coquinho; molho; aroeira;
assovieira; catinga-de-porco; pau-de-espinho;
huingán, huinghan
(Ch.);
molle, incienso, molle do incienso
(Cas./Arg.)
Anacardiaceae
Schinus terebinthifolius
Raddi*
1; 6; 7; 9; ICN 113346 aroeira-vermelha; aroeira-precoce; pimenta-rosa; CO; BE FR; S ARV II; LIV; CPE
11; 12; 19 aroeira-de-beira-de-rio; aroeira-periquita;
aroeira-da-praia; aguaraíba; aroeira-de-sabiá;
aroeira-paulista; aroeira-de-minas; corneíba;
aroeira-mansa; fruta-de-sabiá;
agwara yva, molle mi
(G.);
aroeira-do-brejo; cabuí; cambuí; aroeira-negra;
brazilian pepper, pink peppercorn
(Ing.);
burundú í
(Bol.);
pink pepper
(Ing.);
Christmas-berry
(Havaí; Guam);
chichita
(Arg.);
false pepper, fauxpoivrier
(Fr. - Riviera);
copal
(Cuba);
pimienta de Brasil
(Porto Rico)
Anacardiaceae
Schinus weinmannifolius
Engl.
1; 4; 6; 7; ICN 42591 aroeirinha; aroeira-rasteira; aroeira-do-campo; CO; BE? FR; S SARB XXIV; PE
9; 12; 17
molle, molle-í
(G.)
32
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Annonaceae
Annona cacans
Warm.
4; 8; 19; 26 ICN 98205 araticum-cagão, ariticum-cagão; corticeira; FRU FR ARV I; V; XII;
corticeira-braba; quaresmão; quaresma; XXXVII; CPE;
araticum-de-paca; cortição; anona-cagona; XLII
coração-de-boi;
aratiku
(G.)
Annonaceae
Annona maritima (Záchia) H.Ranier
26; 33 ICN 94130 quaresma; araticum FRU FR ARV CPE
Annonaceae
Duguetia lanceolata
A.St.-Hil.
PE PACA58085 pindabuna; pindaíba; pindavuna; perovana; FRU FR ARV XLII; XLIX
pindaíva; corticeira; pinauva;
Annonaceae
Rollinia rugulosa
Schltdl.
19; 26 PACA 39918 araticum; cortiça; quaresma; ariticum; FRU FR ARV CPE; XXXVII
embira;
kokrey-tán
(K. - RS);
aratiku py
(G.)
araticum-de-porco;
Affenbeere
(Al. - RS);
araticum-preto; araticum-verde;
araticum-graúdo; coresma; embira
Annonaceae
Rollinia sylvatica
A.St.-Hil.
6; 9; 10; ICN 89236 araticum; cortiça; araticum-do-morro; embira; FRU FR ARV I; XIII; CPE;
11; 12
quaresma-miúda; ariticum;
aratiku gwasu
(G.);
XXXVII; XLII
araticum-alvadio; fruto-da-china; quaresma
Apiaceae
Apium leptophyllum (Pers.) F.Muell.
4; 7 ICN 8746
aipo-chimarão; aipo-bravo;
HO; CO; F; R ER CPE; XXXIII
aipinzinho-do-campo (SC);
yawané ka'á
(G.)
BE
coentro-bravo; gertrudes;
culantrillo
(Cas.)
apio cimarron, apio de las piedras, eneldo
(Ur.);
alo'Go, 'mola ha 'loq, pi'dyagata'Gae
(P.)
Apiaceae
Apium sellowianum
H.Wolff
9 ICN 134021 aipo-bravo; aipo-do-banhado; salsão; HO; CO F; R ER CPE; V; LXVIII
aipo-do-rio-grande; aipo-de-montevidéu
Apiaceae
Centella asiatica
(L.) Urb.*
1; 4; 8; 9 ICN 4847 pé-de-cavalo; pata-de-cavalo; pata-de-mula; HO; BE F ER I; II; XIV; CPE
pé-de-burro; cairuçu; cairussu; patinha-de-mula;
codagem; orelha-de-urso; centela; corcel (SC);
dinheiro-em-penca; pata-de-burro; cairussú;
coayrussu
(G.?);
yerba de clavo
(Cuba);
indian pennywort, marsh pennywort,
asiatic pennywort
(Ing.);
panuo, dagu,
33
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
mijiupamao
(China - Xishuangbanna);
ji xue cao
(Chin.);
hierba de clavo
(Esp.);
ondelaga, brahmi leaves, khoburwali
(Índia);
pegaga, pancaga
(Mal.); vallarai (Sri Lanka);
asiatisk centella
(Din.);
leaudwane
(Zulu);
ecuelle d'eau, hydrocotyle asiatique
(Fr.);
braham-manduki, khulakhudi
(Hindu);
gotukola, tsubo-kusa
(Japão);
xikekecana,
sekeketsane
(África do Sul)
Apiaceae
Daucus pusillus
Michx.*
4 PACA 26565 cenoura-selvagem; cenoura-do-mato; HO RT; FL?; ER I, II (RT); CPE
cenoura-silvestre; cenoura-do-rio-grande; F?; S?
cenoura-de-montevidéu;
zanahoria silvestre
(Cas.);
american carrot, rattlesnake weed
(Ing.)
Apiaceae
Eryngium elegans
Cham. & Schltdl.*
27 ICN 9762
gravatá; salsa-gaúcha-da-folha-larga;
HO; CO F; IJ ER CPE
karagwata'y, turututu' i
(G.);
carda
(Ur.);
moo pya'apa
(L.-M.);
cardilla
(Arg.)
Apiaceae
Eryngium ebracteatum
Lam.
27 ICN 17021
gravatá; gravatá-do-campo;
ya'apa
(L.-M.);
HO BF; IJ ER XLVI
alo´Go
(T.P.);
karagwata'y
(G.)
Apiaceae
Eryngium horridum
Malme
1; 4; 7; 8; ICN 7808 aspargo-gaúcho; gravatá; caraguatá; HO IJ; BF ER CPE; XIV
aspargo-do-campo; eríngio-dos-pampas;
9; 12; 27
karagwata'y
(G.);
cardilla
(Cas.)
Apiaceae
Eryngium nudicaule
Lam.*
1; 4; 9; 27 ICN 127303
salsa-da-praia; salsa-gaúcha;
karagwata'y
(G.);
HO; CO F; RT ER I; CPE
gravatázinho;
cardilla, cardo
(Ur.);
zanahoria pampa
(Arg.)
Apiaceae
Eryngium pandanifolium
Cham.
2; 9; ICN 7831
aspargo-gaúcho; grava-cebola;
karagwata'y
(G.);
HO IJ; BF ER CPE
& Schltdl.* 12; 27 gravatá-do-banhado; caraguatá-do-banhado;
carandaí; gravatá-branco; caraguatá-branco;
caraguatá, escorzonera
(Arg./Ur.);
34
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
panicault
(Fr. - cultivada -ornamental)
Apiaceae
Eryngium paniculatum
27 ICN 9875
gravatá;
cardoncillo, quisco
(Cas.);
HO IJ; BF; ER CPE; X
Cavan. & Domb. ex F. Delaroche
chupalla
(Quéchua);
añü-dücho
(Mapuche);
RZ
karagwata'y
(G.);
jupallia
(Ch.)
Apocynaceae
Araujia sericifera
Brot.
4; PE ICN 7466 angélica-de-rama; cipó-de-paina; paina-de-seda; HO FR TSL I; VI; XV
payaguá-rembiú
= comida de Payaguá (Par.)
tasi, tas, doca
(Cas.);
moth-plant,
cruel-vine, cruel-plant
(Ing.)
Araceae
Lemna aequinoctialis
Welw.
2; PE ICN 8022
lentilha-d'água;
duckweed, duckmeat
(Ing.);
HO PI ER II; CPE
lenteja de agua, lampazo
(Cas./Esp.);
Wasserlinsen
(Al.)
Araceae
Lemna valdiviana
Phil.
2; PE ICN 10245
lentilha-d'água;
duckweed, duckmeat
(Ing.);
HO PI ER II; CPE
lenteja de agua, lampazo
(Cas./Esp.);
Wasserlinsen
(Al.)
Araceae
Philodendron bipinnatifidum
Schott ex Endl.
PE HAS 17838 cipó-imbé; banana-de-imbé; banana-de-morcego; FRU FR ARB I; CPE
cipó-de-imbé; cipó-guibé; cipó-guimbé;
banana-timbó; fruto-de-macaco;
guaimbê; banana-de-macaco; imbé; guaimbé;
guaembé, mbuambé, wembé, guembé
(G.);
lacy tree philodendron
(Ing.)
Araceae
Spirodela intermedia
W. Koch
2; PE PACA 33771
lentilha-d'água;
maleza de pato
(Esp.);
HO PI ER I; PE
giant duckweed, big duckweed
(Ing.)
Araliaceae
Hydrocotyle bonariensis
Lam.*
1; 4; 9 ICN 5187 erva-do-capitão; erva-capitão; acariçoba; HO F ER CPE; XIV; XXX
redondita del agua
(Cas.);
paragüita
(Arg.)
Araliaceae
Hydrocotyle ranunculoides
L.f.
1; 2; 4; ICN 4331 erva-capitão-do-brejo; cairuçu-do-brejo; acariçoba HO F ER I
chapéu-de-sapo;
paragüita
(Arg.);
water pennywort
(Ing.);
sombrerito de agua,redondito de agua
(Esp.)
Araucariaceae
Araucaria angustifolia
(Bertol.) Kuntze
PE ICN 18477 araucária; pinheiro-brasileiro; pinho-do-paraná; HO; "FRU" S; BT ARV I; XV; CPE
35
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
pinheiro-do-paraná; pinho; curii, curi, curiúva;
pinhão;
Brazilian pine, Paraná pine
(Ing.);
curiy, pino, pino misionero
(Cas.);
kuri'i
(G.);
pino del Brasil
(Esp.);
pin du paraná
(Fr.);
piño del Paraguay
(Par.);
pinõ del Brasil
(Ur.)
Arecaceae
Bactris setosa
Mart.
6; 7; 8; ICN 4760 tucum; tucunzeiro; uva-do-mato; coco-tucum; FRU; HO FR; S; ARB I; XIII; XLII;
11; 12; 19 tucum-do-brejo; tucum-piranga; jacum; ticum; OL PA LIV; CPE
coco-de-tucum; coco-de-ticum; coco-de-natal;
marajá-iba; marajá; tucum-bravo;
karanda'i
(G.);
tucum palm
(Ing.);
palma petiza
(Arg.);
Arecaceae
Butia capitata
(Mart.) Becc.*
1; 2; 4; 8; ICN 34139 butiá; butiazeiro; butiá-azedo; cabeçudo; FRU; OL; FR; S ARV I; V; CPE; XIII
but-da-praia; but-branco; butiá-roxo; BE XLII
but-miúdo; butiá-grado;
9; 12; 17
but-de-vinagre; coqueiro-cabeçudo;
mbotia
(G.)
coquinho-azedo, guariroba-do-campo (MG);
pindo palm, wine palm, jelly palm
(Ing.);
palmera de la jalea
(Esp.);
palma butiá
(Ur.)
Arecaceae
Euterpe edulis
Mart.
28; PE ICN 34370 palmito; juçara; ripa; ripeiro; içara; FRU; HO FR; PA ARV I; XLII; CPE
jiçara; ensarova; palmito-juçara; joçara; açaí;
palmito-doce; palmito-jussara; palmito-açaí;
iuçara;
yayih
(Arg.);
yuy'y
(G.);
jussara palm, euterpe palm, assai
(Ing.)
Arecaceae
Syagrus romanzoffiana
(Cham.) Glassman*
1; 2; 4; 6; ICN 49444
jerivá; coqueirinho; coquinho;
pindó
(G.)
FRU; HO; FR; S; ARV I; XV; XXXIII;
7; 8; 9; 33 jeribá; coqueiro-jerivá; coquinho-babão; pindó; OL PA; FL; XLII
pindoba-do-sul; coqueiro; coco-de-cachorro; G
baba-de-boi (RJ); coco-de-catarro;
yaryuá
(G.)
cherio; jeribá; coco-de-sapo; coco-juvena;
imburi-de-cachorro; jureva; tâmara-da-terra;
chirivá, palma chirivá, palma del monte
(Ur.);
36
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
queen palm;giriba palm
(Ing.);
til, pindó
(Cas.);
jeri'wa
(T.)
Arecaceae
x Butyagrus nabonnandii
(Proschowsky)
PE Registro butivá FRU FR; S? ARV PE
Vorster Visual
Arecaceae
Trithrinax brasiliensis
Mart.
PE PACA 3195 buriti; carandaí; juriti; buriti-pa
lito; caraná; FRU; OL; FR; S ARV I; VI
carandá; carandá-moroti; carandá-piranga; BE
carandá-uba; carandaúba; árvore-dos-palitos;
Facherpalme
(Al.);
palma de escoba
(Ur.);
palmera caranday
(Ur.);
spiny fiber palm
(Ing.)
Asteraceae
Achyrocline satureioides
(Lam.) DC.
4; 5; 8; ICN 120840
marcela; macela; paina;
jate'i ka'a
(G.);
HO; BE FL ER XIX; CPE
9; 12
marcela hembra, marcela del campo
(Arg./Ur.)
Asteraceae
Acmella decumbens
(Sm.) R.K.Jansen
4; 9; ICN 127166 jambu-gaúcho; jambu-da-praia; CO F; FL ER CPE
12; 13
folha-anestesia;
ñhamby
(G.);
ñil-ñil
(Arg.)
Asteraceae
Ageratum conyzoides
L.
2; 7; 9; ICN 53054 erva-são-joão; erva-de-são-joão; celestina; HO F? ER XIV; LXIV
catinga-de-bode; picão-roxo; maria-preta;
cama-apeba; erva-de-santa-lúcia;
mentrasto; erva-de-santa-luzia;
catinga-de-barão; erva-de-são-josé
billy-goat weed
(Ing.);
chivo
(Col.);
curia
(Ven.);
oochunti
(Índia)
Asteraceae
Ambrosia elatior
L.
1; 4; 13 ICN 5509 losna-selvagem; cravorana; losna-do-campo; OL S ER I
carprineira; ambrosia; ambrosia-americana;
artemisia; cravo-da-roça;
bitter-weed,
hog-weed, ragweed, roman wormwoody
(Ing.);
altamisa
(Arg.; Par.)
Asteraceae
Baccharis articulata
(Lam.) Pers.
ICN 83301 carqueja-branca; carquejinha; vassoura; BE CPE
vassoura-de-carqueja; carqueja-miúda; c.-doce;
carqueja-do-morro;
carquejilla, carqueija
(Arg.)
Asteraceae
Baccharis trimera
(Less.) A. P. DC.
ICN 119249
carqueja-verdadeira;
chirca melosa
(Par.);
BE F; R ER; I
37
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
carqueja-amargosa; vassoura, cacália-amarga; SARB
bacanta
(Arg.); carqueja;
jaguarete ka'a
(Par.);
quimsa cuchu, cuchu-cuchu
(Bol. Quechua)
Asteraceae
Bidens bipinnata
L.
4; 13; ICN 98593 cosmos; beijo-de-moça; amor-de-moça; picão; HO; BE F; R ER; I; CPE
spanish needles, shepherds needles
(Ing.);
SARB
muxidyi, muxitjie
(África do Sul);
chipaca, masiquia
(Col.)
Asteraceae
Bidens pilosa
L.*
7; 8; 9; 11; ICN 4635 picão-preto; picão; carrapicho-de-agulha; HO; BE F; R; FL ER I; II; IV; XIV;
13 carrapicho; picão-amarelo; coambi; goambu; XVII; CPE
pico-pico; carrapicho-de-duas-pontas; picon;
cuambu; picão-do-campo;
fura-capa; picão-do-campo; piolho-de-padre;
amor-de-burro; pega-pega;
nyangundi
(Tan.);
spanish needles, beggar´s ticks, beggarticks,
shepherds needles, sticktights, black jack,
black felleows, railway daisy, bur marigold,
railway begger-ticks
(Ing.);
amor seco, saetilla, té de campo, asta de cabra,
cacho de cabra,cadillo, cadillo negro, papunga,
cambray menudo, moriseco, té de milpa, moso,
acahual blanco,aceitilla, mozote
(Cas./Esp.);
amalenjane
(Zulu);
herbeiguilles, sorne
(Fr.);
forbicina pelosa, forbicina
(It.);
pirca, sicllayuyu, quico, yuyu
(Pe.);
ki, ki nehe, ki pipili, nehe
(Hawaí);
kuambu
(G.);
san yeh kuci jen tsao
(Chin.);
broendsel
(Din.);
tarrelzaad naaldekruid
(Hol.);
bident pileux
(Fr.);
kanching baju, subang puteri batek
(Mal.);
mositsa, muxidyi
(África do Sul);
zouqie,
38
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
shengniangbaicuo
(China - Xishuangbanna);
junqqu
(Etiópia);
cadillo rocero, puinca
(Ven.);
arponcito, cadillo, sirvulaca
(Pan.);
margarita, romerillo (
Porto Rico);
mozote
(Costa Rica);
mozotillo
(Am. Central);
purikel
(Filipinas);
tangamagnia
(Congo);
Asteraceae
Bidens subalternans
DC.
13 ICN 51041 picão; picão-do-campo; picão-preto; HO; BE F; R ER CPE
carrapicho-de-pontas; goambu; coambi
Asteraceae
Conyza bonariensis
(L.) Cronquist
4; ICN 124888 rabo-de-foguete; rabo-de-rojão; voadeira; buva; HO; CO ER I; CPE; XIV
capiçoba; capetiçoba; buba; I; CPE
rama negra
(Arg./Ur.);
carnicera
(Cas.);
hairy horseweed, lani wela
(Hawaí)
Asteraceae
Eclipta prostrata
(L.) L.
1; 4; ICN 35849
erva-de-botão; agro-do-brejo;
false daisy
(Ing.);
HO F; R ER I; CPE; LXII
tangaracá; suricuina; ervanço; perpétua-do-mato;
surucuína;
kesari, keshuti, tandale
(Índia);
huangjiu
(China - Xishuangbanna)
Asteraceae
Erechtites hieraciifolius
(L.) Raf. ex DC.
1; 2; 4; 9 ICN 42230 cariçoba; capiçoba; serralha-brava; caramuru; HO F ER I; XX; CPE
caruru-amargo; caruru-amargoso;
erva-gorda; caperiçoba; caperiçoba-vermelha;
almeirãozinho;
ka'ape rugwai
(G.);
achichoria de cabra,
lechuga de cabro
(Antilhas; Arica Central);
tabaquillo
(Pan.);
té del diablo
(El Salvador)
american burnweed, fireweed, pilewort
(Ing.)
Asteraceae
Erechtites valerianifolius
(Link ex Spreng.)
1; 4;7; 9 ICN 87235 cariçoba; capiçoba; capiçoba-vermelha; HO F ER I; II; XIV; XX;
DC.* caruru-amargo; caperiçoba-vermelha; CPE
cariçova-vermelha; maria-gomes;
capariçoba-vermelha; voadeira-preta;
caraçova; erva-gorda; caruru-amargoso;
39
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
maria-gomes;
brazilian firewed
(Ing.)
Asteraceae
Galinsoga parviflora
Cav.
1; 2; 4; ICN 34576 picão-branco; botão-de-ouro; fazendeiro; HO; CO F; R; ER I; II; IV; CPE;
7; 9; 13 brinco-de-princesa; galinsoga; erva-da-moda; FL XVII; LXI; LXIV
picão-bravo;
galinsoga de flores pequeñas
(Esp.);
pacoyuyo, saetilla, albahaca silvestre
(Cas.);
estrellita
(Méx.);
soldado galante
(Esp.);
quickweed, gallant soldier, smallflower galinsoga,
soldiers of the queen, galinsoga, guasca
(Ing.);
pacoyuyo, guasca(s)
(Pe.);
ushukeyana
(Zulu);
galinsoga comune
(It.);
klein knopkruid
(Hol.);
Franzosenkraut, kleinblütiges Knopfkraut
(Al.);
haret korststrale
(Din.);
galinsoga glabre
(Fr.);
galinsoga
(Tagalogue - Filipinas);
mamboleo
(Tan.);
Unkraut
(Al.);
nwakhosa, sekogelamaroka
(África do Sul)
Asteraceae
Galinsoga quadriradiata Ruiz & Pav.*
13 ICN 98604 picão-branco; botão-de-ouro; fazendeiro-peludo; HO; CO F; R; ER I; IV; CPE; XVII;
fazendeiro; fazendeiro-da-folha-denteada; FL LXIV
brinco-de-princesa;
pacoyuyo, paconquilla
(Pe.)
cominillo, mielilla
(Cas.)
Asteraceae
Hypochaeris chillensis
Hieron.*
1; 4; ICN 67424 radite; almeirão-branco; almeirão-do-mato; HO F; FL ER I; CPE; XIV;
9; 14 chicória-do-campo; dente-de-leão (RS); chicória; XXXIII
radite-do-campo;almeio; radicha-do-mato;
almeirão-do-campo;
chikória mirí, ka'ape
(G.);
falso-dente-de-leão; almeirão-do-cafezal;
achichoria del monte, a. del campo
(Cas.);
Asteraceae
Mikania glomerata
Spreng.
1; 12; ICN 133885 guaco; guaco-de-cheiro; guaco-liso BE F TSL CPE
Asteraceae
Mikania laevigata
Sch. Bip. ex Baker
PE ICN 132134 guaco; guaco-de-casa; BE F TSL CPE
coração-de-jesus
Asteraceae
Porophyllum ruderale
(Jacq.) Cass.
1; 4; ICN 94852 couvinha; arnica; erva-couvinha; HO; CO F ER I; II; XXIII; CPE
40
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
8; 9; 12 couve-cravinho; erva-fresca; arnica-paulista;
cravo-de-urubu;
meepe'yaamît
(L.-M.);
papalo quelite, papaloquelite,quillquiña
(Mex.);
quirquiña, kilkina, quilquina, quilquinã
(Cas.);
yerba del ciervo
(Arg.);
poreleaf
(Ing.)
yerba porosa
(Porto Rico)
Asteraceae
Smallanthus connatus
(Spreng.) H. Rob.
1; 4; 13 ICN 137625 yacon-gaúcho; yacon-nativo ED; OL? RT; S? ER CPE
Asteraceae
Soliva anthemifolia
(Juss.) Sweet
4; Registro roseta; cuspe-de-tropeiro; cuspe-de-caipira; HO F ER CPE
Visual espinho-de-cachorro
Asteraceae
S
oliva macrocephala
Cabrera
PE Registro roseta; cuspe-de-tropeiro; cuspe-de-caipira; HO F ER CPE
Visual espinho-de-cachorro; roseta-rasteira
Asteraceae
Soliva pterosperma
(Juss.) Less.*
1; 2; 12; ICN 53827 roseta; cuspe-de-tropeiro; cuspe-de-caipira; HO F ER XIV; CPE
espinho-de-cachorro; roseta-rasteira;
jo-jo weed
(Ing. - Austrália)
Asteraceae
Tagetes minuta
L.
1; 2; 4; ICN 94864 cravo-de-defunto; cravo-de-vva; chinchilho; CO; OL; F; FL ER I; II; CPE;
8; 9; 12 coari; erva-fedorenta; cravo-do-mato; BE; AR XXIII
coari-bravo; cravo-bravo; rabo-de-rojão;
alfinete-do-mato; coará-bravo; coaro-bravo;
cravinho-de-defunto; rojão; vara-de-foguete;
amores secos, chinchilla
(Arg./Ur.);
suico, chinchilla
(Cas.);
huacatay,huacatai
(Pe.);
muster john-henry, mexican marigolg
(Ing.);
stinking roger
(Ing. - Austrália);
zuico
(Par.);
canegon
(Pol.);
anisillo
(Esp.)
Asteraceae
Vernonia tweediana
Baker
6; 8 ICN 119503 assa-peixe; mata-pasto; chama-rita; HO F ARB CPE
erva-de-laguna; língua-de-vaca; orelha-de-mula
Basellaceae
Anredera cordifolia (Ten.) Steenis*
1; 4; 9 ICN 132779 bertalha-coração; bertalha; folha-gorda; HO F; TB TSL I; II; III; CPE;
ka'a rurupi
(G.); caruru-de-bahiano;
LXI
folha-santa; quiabinho (BA); 'trapoeiraba' (RS);
41
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
trepadeira-mimosa; cipó-babão; caruru-de-seda;
cipó-manteiga; S
chpeck Blätter
(Al. - RS, SC);
enredadera del mosquito, bejuco,
enredadera de papa, papillam zarza,
zarza parrilla, brotal
(Cas.);
madeira vine, madeira-vine
(Ing.)
Basellaceae
Anredera krapovickasii
(Villa)
PE ICN 5786 bertalha-de-cabinho-roxo; bertalha-manteiga; HO F TSL CPE
C.R.Sperling* bertalha
Begoniaceae
Begonia cucullata
Willd.
1; 4; 7; ICN 86889 azedinha-do-brejo; azedinha; azeda-do-brejo; HO F; R; ER I; CPE
9; 12 begônia-do-brejo; azeda-do-brejo; begônia-azeda; FL; FR
coração-de-estudante-do-brejo; begônia-são-joão;
vernon, bijou des jardins
(Fr.);
agrio, agrial, agrial del monte
(Cas.);
pata de pichón
(Col.)
Begoniaceae
Begonia hirtella
Link.
PE ICN 86892 begônia; begônia-da-pedra; begônia-do-mato HO FL; F ER I; CPE
Bignoniaceae
Macfadyena unguis-cati
(L.) A.H. Gentry
2; PE ICN 14310
unha-de-gato; batata-de-caboblo;
HO RT TL V; CPE
batata-miúda; jeticarana;
cipó-de-gato; erva-de-são-domingos;
unha-de-morcego; mão-de-galango;
andirapoambé;
cat claw wine
(Ing.);
uña de gato, charrúa
(Cas.);
mbaracaja pyapê,
mbaracayá piapé, teyú ï
(G.);
bejuco azucena, pega palo
(Am. Central)
Bignoniaceae
Tabebuia avellanedae
Lorentz ex Griseb.
7; 8; 9 ICN 18931 ipê-roxo; ipê-rosa; pau-d`arco-roxo; HO FL ARV II; XIX; XXI:
piúva (MS); lapacho; ipê-cavatã; cabroé; CPE
ipê-preto; ipê-pardo;
taheebo;
lapacho, ipé, lapacho-negro,
lapacho rosado
(Cas.)
Boraginaceae
Cordia verbenacea
DC.
1; 4; 6; 8; HAS 65979 erva-baleeira; baleeira; erva-balieira; CO; BE F ARB CPE; LIV
42
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
9; 12; 17 balieira-cambará; balieira; camarinha; SARB
caramoneira-do-brejo;
maría negra
(Cas.)
maria-milagrosa; erva-preta; caimbê-preto (RJ);
catinga-de-barão; maria-preta; pimenteira;
lengua de buey
(Pan.)
Boraginaceae
Cordia ecalyculata
Vell.
1; 4; 6; ICN 132345 louro-mole; louro-branco; claraíba; FRU FR ARV CPE
7; 8; 9; 10 louro-salgueiro; café-do-mato; louro-preto
café-de-bugre; cafezinho; louro-pururuca
Brassicaceae
Coronopus didymus
(L.) Sm.*
9; PE ICN 94713 mastruz; mestruz; mentruz; mastruço; mestruço; HO; CO F ER I; III; CPE; XIV;
mentrusto; menstruço;
wild pepper-grass
(Ing.);
LXVII
quimpe, mastuerzo, yerba del zorrino
(Cas.);
masturzo hembra
(Arg./Ur.);
sénebières, sénebière didyme, corne de cerf
(Fr.)
Brassicaceae
Lepidium bonariense
L.
1; 4; 9 ICN 16464 mastruz; mestruz; mentruz; mentrusto; HO; CO F ER LXVI; CPE
agrião-bravo; mastruço;
ka'ape tãi
(G.)
mastuercito, mastuerzo, mastuerzo alto
(Cas.)
Bromeliaceae
Ananas bracteatus
(Lindl.) Schult. &
PE PACA 34108 naná; ananás; nanás; abacaxi-do-mato; ananá; FRU; BRO FR ER I; CPE
Schult. f.*
ananás-de-cerca-vermelho;
naná
(G.);
wild pineapple, red pineapple
(Ing.)
Bromeliaceae
Bromelia antiacantha
Bertol.*
1; 4; 7; HAS 3060 bananinha-do-mato; bananinha; grava; FRU; BRO FR; FL ER CPE; XIII;
8; 9; 17
banana-do-mato; croatá;
karawatá
(G.)
XXXIII; XLII
caraguatá; gravatá-de-raposa; bromélia;
gravatá-da-praia; na-de-raposa; carauatá;
false-pineapple, heart-of-flame
(Ing.)
Cactaceae
Cereus hildmannianus
K.Schum.*
1; 4; 6; ICN 115413
tuna; mandacaru;
túna
wasú ,
yamakaru
(G.);
FRU; HO FR; CL ARBOR XIII; CPE;
12; 18; 33
torch thistle
(Ing.);
cierge du pérou
(Fr.)
XXXIII
Cactaceae
Lepismium cruciforme
(Vell.) Miq.
7; 9; 18 ICN 132359 rabo-de-rato; conambaia; cruzeta, sordinha (SC) FRU FR ER CPE
Cactaceae
Lepismium lumbricoides
(Lem.) Barthlott
1; 4; 7; 18 ICN 124905
cacto-macaro; rabo-de-rato;
ka'amamba'e
(G.);
FRU FR ER CPE; XXXIII;
chulas; roseta; XV
43
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
amberé mbói
(G.);
suelda-consuelda
(Cas.)
Cactaceae
Opuntia monacantha
(Willd.) Haw.*
1; 6; 12; HAS 31036 arumbeva; palmatória; cardo-palmatória; FRU; HO; FR; CL; ARBOR I; XIII; CPE;
17; 18; 33 palmatória-espinhosa; palma-santa; OL S XXXVIII; XLII
palma; urumbeba; urumbeva;
prickly-pear,
prickly pear, cactus fruit
(Ing.);
nopal, tuna
(Esp.);
figue de barbarie
(Fr.)
Cactaceae
Pereskia aculeata
Mill.*
1; 4; PE PACA 1522 ora-pro-nóbis; carne-de-pobre; FRU; HO FR; F; TL I; II; III; CPE
groselha-de-barbados; guaiapá; FL; S;
carne-de-negro; mata-velha;
mori
(G.);
BT
trepadeira-limão;
lemon-vine,
barbados gooseberry, blade apple
(Ing.);
guamacho, grosella de Flórida
(Cas.);
grosella blanca (Esp.); groseille de barbade
(Fr.)
Cactaceae
Rhipsalis teres
(Vell.) Steud.
1; 4; 18 ICN 87213 cacto-macarrão; rabo-de-rato FRU FR ER CPE
erva-de-cario; comambaia; conambaia
Cannabaceae
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
6; 9; 17; ICN 92313 grão-de-galo; ovo-de-galo; esporão-de-galo; FRU FR TL I; CPE; XV;
24; 31 gumbixava; curupiá; grapiá; fruta-de-galo; XXXIII; XLII
corupiá; espora-de-galo; gurupiá; joá-miúdo;
vurapiá; jameri; joá-mirim;
cockspur
(Ing.);
yu'á sî`î ka'á, yuasï´ï
(G.);
azufaifo
(Porto Rico);
tala trepador, churope, tala guiadora, tala,
rompecapa, talita, tala trepadora
(Cas.);
cagalera comestible
(Nicarágua);
gallito
(São Domingos);
zarza
(Cuba);
garabato blanco, granjero, uña de gato
(Mex.);
guacharaguera, marimiso
(Ven.);
tala gateador
(Arg.)
Cannabaceae
Celtis lancifolia
(Wedd.) Planch.
24 ICN 49380 grão-de-galo; ovo-de-galo FRU FR TL PE
ARB
44
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Cannabaceae
Celtis pubescens
(Kunth) Spreng.
24 ICN 4475
grão-de-galo; ovo-de-galo;
yakú rembi`ú
(G.)
FRU FR ARB XXXIII;
chýamok lhay
(Mataco); cipó-espinho (SP)
ARV XXXV
Cannabaceae
Celtis sellowiana
Miq.
7; 9; 31 PACA 70529 grão-de-galo;
ovo-de-galo; cipó-espinho; FRU FR TL XXXIV;
esporão-de-galo; galinha-choca (SP); XXXV
guajissara, nhapindá, salta-martinho (SP);
guajiçara;
qanaxa lakakuk
(Maka);
chýamok lhay
(Mataco)
Cannaceae
Canna denudata
Roscoe
PE PACA 2197 biri; cae; cai-conta-de-rosário; cai; meru; HO; BE RZ ER I; CPE
muru; albará; caité-imbiri; imbiri; embiri;
bananeirinha; bananeirinha-do-mato;
coquilho;
Backblätter
(Al. - RS);
achira cimarrona
(Pe.)
Cannaceae
Canna glauca
L.*
1; 4; PACA 33019 caité; caeté; coquilho; erva-dos-feridos; HO; BE RZ; S ER I; CPE; XXXIV;
albará; bananeira-do-mato; caeté-imbiri; LVI; LX
achira, caña de la Índia
(Arg.);
pewa'ó, mbery saiyu
(G.);
indian shot
(Ing);
jolelax
(Maka);
chelak
(W.);
pe'elac
(T.)
letani
(Mocoví);
mok ya'ama
(L.-M.)
erva-das-feridas; piriquiti;
achira
(Cas.)
Cannaceae
Canna indica L.
1; 4; ICN 19391 caité; caité-de-ladim; cana-da-índia; caeté; sagu; HO; BE RZ; S?; ER I; XXX; LVI; LX
caeté-vermelho; bananeirinha; birú-manso; F?
araruta-bastarda; araruta-de-porco;
bananeirinha-de-flor; alba;
Blumenrohr
(Al.);
chelak
(W.);
pe'elac
(T.);
letani
(Mocoví);
biri-silvestre; biri; cateto; caiteté;
achira
(Cas.);
kat-teye
(L.-M.);
pewa' ó
(G.);
chisgua,
achira, capacho, rijua, chumbinha
(Col.);
safran marron, canne florifère, balisier
(Fr.);
toloman, tous-les-mois
(Fr. -cula);
45
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
platanillo, piriquitoya
(Costa Rica);
ngai-hoang
(Conchichina)
Caricaceae
Jacaratia spinosa
(Aubl.) A. DC.*
PE PACA 49101 jaracatiá; jacaratiá; jaracatiá-de-espinho; FRU; HO; FR; M ARV I; XLII; CPE;
barriguda(o); mamoeiro-do-mato; jacarati; PAP XV
mamoeiro-de-espinho; mamão-do-mato;
diamburu; chamburu; mamão-de-veado;
mamoeiro-bravo; mamuí; mamão-rana;
mamãozinho-da-mata; mamoeiro-de-espinho;
mamãorana;
yacaratiá
(Cas.);
yarakati'á
(G.)
ñacarat
(Par.);
papaia
(Eq.);
gargatea
(Bol.);
Kohlruebenbaum
(Al. - colonos de SC);
Caricaceae
Vasconcellea quercifolia
A.St.-Hil.*
1; 4; 6; 9 ICN 124575 jaracatiá; jacarat; mamoeirinho; mamute; FRU; HO; FR; M ARV I; II; XII; XIII;
mamãozinho; mamão-bravo; mao-do-mato; PAP XXIII; CPE;
mamoeiro-do-mato; pau-de-doce; coco-de-pobre; XXXIII; XLII;
figo-de-índio; figo-de-bugre; fruta-de-bugre; LVII
barrigudo(a); umbuzeiro; mao-macho;
Kohlröbaum
(Al. - colonos);
gargatea
(Bol.);
higuerón, higuera del monte, mamón del monte,
sacha higuera, nacaratiá, higo amarillo,
orubú, higuerita, higuero del monte
(Cas.);
damixayic'
(T.);
yarakati'á
(G.);
oak leaved papaya, paw paw
(Ing.)
Caryophyllaceae
Drymaria cordata
(L.) Willd. ex Schult.
1; 2; 4 ICN 7051 jaboticaá; erva-de-jaboti; mastruço-do-brejo; HO F; R ER I; XXX; CPE
jaraqui-caá; jaraquicaá; erva-de-iguana;
morrião-dos-passarinhos;
yerba estrella
(Cuba);
pega-pinto
Clusiaceae
Garcinia gardneriana (Planch. & Triana)
1; 4; 6; ICN 127917 bacupari; bacopari; bacuri-miúdo; bacoparé; FRU FR ARV I; XII; XIII; CPE;
Zappi 9; 12; 19
limoeiro-do-mato;
bacopary, pakuri
(G.);
XLII
bacupari-miúdo; bacori;
46
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Commelinaceae
Commelina diffusa
Burm. f.
2; 9; ICN 132117
trapoeraba; ondas-do-mar;
anda ka'a
(G.);
HO F; R; ER I; XXX; CPE
spreadling dayflower
(Ing.); andarca;
FL?
pagei
(China - Xishuangbanna)
Commelinaceae
Commelina erecta
L.
2; ICN 137901
trapoeraba; trapoeraba-azul;
anda ka'a
(G.);
HO F; R; ER I; XXX; CPE
erva-de-santa-luzia;
santa lucía
(Cas.);
RT; FL?
yerba de santa lucía
(Ur.);
ja pininguí
(L.-M.)
slender dayflower
(Ing.)
Commelinaceae
Tradescantia fluminensis
Vell.*
1; 4; 32 ICN 114917
trapoeraba;
ka'a puerava
(G.);
HO F; R; FL ER CPE; XXX
yerba de santa lucía, leandro gomez
(Ur.)
Commelinaceae
Tripogandra diuretica
(Mart.) Handlos*
2; 4 PACA 68 trapoeraba-de-flor-rósea; marianinha; HO F; R; FL ER III; CPE
trapoeraba-verdadeira; trapuerava;
tracoeraba; olho-de-santa-luzia;
spiderwort
(Ing.);
ka'a puerava
(G.)
Convolvulaceae
Ipomoea alba
L.
1; 2; 4; ICN 34553 ipoméia; corda-de-viola; boa-noite; bona-nox; HO FL; F; S TH I; II
corriola; corriola-da-noite; dama-da-noite;
7; 9 estrela-do-norte, estrela-da-noite (RJ); flor-da-lua;
cipó-café; flor-do-norte; rainha-da-noite;
alanga, alangai
(Sri Lanka);
isipó-moroti
(Par.);
moonflower
(Ing.);
galán de noche
(Col.)
bejuco de puerco, bejuco de vacca
(Cuba);
flor de luna, luna blanca, bejuco de tabaco,
campanilla blanca, pitoreta, garza,
pañol de niño, pañal de niño
(Esp./Am. Central)
Convolvulaceae
Merremia dissecta
(Jacq.) Hallier f.
1; 4; 9 ICN 143738
flor-de-pau; campainha;
yam paatîl
(L.-M.);
HO RT? TH XLVI; LX
na'qaela'ta#
(T.P.);
neikwi'tax
(W.)
Cucurbitaceae
Cayaponia diversifolia
Cogn.
2 ICN 63596 melancia-do-mato FRU FR TH I
Cucurbitaceae
Cayaponia trilobata
Cogn.
PE ICN 9507 tajujá FRU? FR TH? PE
Cucurbitaceae
Cyclantera hystrix
(Gill.) Arnott
PE ICN 32571
taiuiá-de-felpas; cabacita; cabacinha;
HO FR TH XXXIII
klabasíta
(G.)
47
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Cucurbitaceae
Melothria candolleana
Cogn.
2 ICN 83003 pepino-silvestre; pepininho; melanciazinha; HO FR TH PE
melancia-de-pacu (MS)
Cucurbitaceae
Melothria cucumis
Vell.*
PE ICN 7965 pepininho; pepino-de-sapo; pepino-silvestre; HO FR TH CPE; XV;
pepino-de-rato; pepininho-do-mato; XXXIII; LVI
pepino del monte, pepino del venado,
pepinillo de la India
(Cas.);
anguyá sandia
(G.); abóbora-d'anta
Cucurbitaceae
Melothria fluminensis
Gardn.*
4 ICN 50131 pepinículo; penino-de-sapo; pepino-silvestre; HO FR TH CPE
pepininho-pintado;
pepinillo silvestre
(Esp.);
abobrinha-do-mato; abóbora-do-mato;
melão-de-beija-flor; melão-de-morcego;
pepino-bravo; guardião (MT); taiu-miúdo
pepinello
(Porto Rico)
Cyperaceae
Cyperus esculentus
L.
2; 4 ICN 138275 tiririca; bibi; chufa; tiririca-amarela; capim-coco; HO; BE B ER I; II; IV; XX;
cotufa; tamascal; amêndoa-da-terra; junça-doce; LXI
junça; juncinha; cípero-comestível;
chufa
(Esp.);
coco-capim; junquinho-do-rio-grande-do-sul;
kure piri'i
(G.);
earth almond, chufa, rushnut,
rush-nut, yellow nutsedge, nutsedge, nutgrass,
zulu nut, tiger nut, ground almond
(Ing.);
Erdmandel
(Al.);
coquilo, tule, tutillo
(Méx.);
hab-el-samar (
Árabe);
yang di li
(Chin.);
shat-tsan
(Chi.);
juncinha avelanada
(Portugal);
jordmandel
(Din.);
aardmnadel
(Hol.);
choufa,
amande de terre, souchet comestible, chufa
(Fr.);
chichoda
(Hindu);
kwenti
(Etiópia);
zigolo dulce, doldichini, babbagiggi
(It.);
moskoi sitnik
(Rússia)
Cyperaceae
Cyperus haspan
L.
1; 4 ICN 42334 tiririca; capim-dandá; junça-aromática HO PI (sal) ER I
48
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por
Família
;
Espécie
;
F.Ocor.
- Fonte ocorrência;
No. Her.
- Número de Herbário; Nomes populares e
e abreviaturas dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados: Ing. - inglês, Esp. - espanhol, Fr. - francês, G. - Guarani, K. - Kaingang, T. - Tupi, Al. - alemão, Cas. - castelhano,
Din. - dinamarquês, Hol. - holandês, Chin. - chinês (mandarin), Tai. - tailandês, Jap. - japonês, Arg. - Argentina, Ur. - Uruguai, Par. - Paraguai, Ch. - Chile, Mex. - México, Pe. - Peru, Ven. - Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pila,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F - folhas, B - bulbos, R - ramos, FR - Frutos, S - sementes, RT - raízes tuberosas, FL - flores, IJ - inflorescências jovens, BF - bases foliares, PI - plantas inteiras, TB - tubérculos, CL - cladódios, RZ - rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela. PE - proposta pelo presente estudo e CPE - consumida no presente estudo.
Cyperaceae
Cyperus rotundus
L.
4; 9 Registro tiririca; junça-aromática; tiririca-comum; HO RZ; S? ER I; IV; X
Visual
juncia, chufa roja, tamascal, corocillo,
castañuela, cípero, totirilla, tamascán, coquilla,
almendra de tierra, tiririca
(Cas.);
burbet
(Árabe);
purple nutsedge, nutgrass
(Ing.);
mootha
(Índia);
coqui, coquillo, junquillo
(São Domingos)
Cyperaceae
Schoenoplectus californicus
(C.A.Mey) Sójak
1; 2; 4; 9 ICN 5569
junco;
tromén, junco
(Arg.);
kure piri'i
(G.);
HO BF; BT ER I; XXXI; X;
tîp-po
(L.-M.);
totora, tutura, tortora
(Pe.; Eq.);
RZ CPE
bulrush
(Ing. - EUA);
estoquilla, ñadi, tromén,
tahua-tahua
(Ch.);
matara, mirme, merme
;
tul, tule, enea
(Esp. - América)
Dennstaedtiaceae
Pteridium aquilinum
(L.) Kuhn
8; 12 ICN 14174 samambaia-das-taperas; feto-águia; samambaia; HO BT ER I; II; III; LXI
samambaia-das-roças; samambaia-dura; feio;
samambaia-das-queimadas;
pluma-grande; samambaia-verdadeira;
feto-ordinário; feto-mea; samambaia-do-campo;
amambai inhu
(G.);
sarkhas
(Árabe);
bracken, bracken fern; pasture brake, brake,
eagle fern
(Ing.);
bracket
(Austrália);
sawarabi, pako shida, zenmai
(Jap.);
kosari
(Coréia - nome romanizado);
pako
(Filipinas);
phak kuut
(Tai.);
huo jue cai
(Chin);
ornebregne
(Din.);
Adelaarsvaren
(Hol.);
Adlerfarn
(Al.);
ptèride à Paigle, fougère aigle, f. ordinaire,
fougères, fougère grand aigle, a. imperial
(Fr.);
felce aquilina
(It.);
helecho comun
(Esp.)
goflo
(Ilhas Canárias);
bronce
(Cuba);
Dioscoreaceae
Dioscorea dodecaneura Vell.*
PE ICN 132759
caratinga; cará-mimoso;
cara-pyta
(G.); cará;
HO TB TH I; XXII; CPE
49
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
inhame-branco; ca-barbado; caratinga-roxa
Dioscoreaceae
Dioscorea polygonoides
Humb. & Bonpl.
22; 4 PACA cará; cará-do-mato; cará-da-terra; inhame; HO TB TH XXII
ex Willd.
gunda, hicana, mata-gallina, ñame de agua,
ñame gallina
(Antilhas/Am. Central)
Dioscoreaceae
Dioscorea subhastata
Vell.
22 HAS 69748 cará; cará-do-mato HO TB TH XXII
Ebenaceae
Diospyros inconstans
Jacq.
1; 4; 6; 7; ICN 128783 fruto(a)-de-jacu-macho; caqui-do-mato; FRU FR ARV I; CPE; XLII
8; 9; 11; 12 maria-preta; caquizeiro-silvestre; cinzeiro(a);
marmelinho; marmelinho-do-mato
fruta-de-jacu-macho;
fruto(a)-de-jacu-mato;
granadillo
(Cas.)
gwayacana
(G.)
Ephedraceae
Ephedra tweediana
Fisch. & C.A. Mey.
1; 4; 6 ICN 32339 morango-do-mato; morango-do-campo; "FRU" EC TL CPE; XV;
pingo-pingo; cipó-da-areia; rabo-de-cavalo; XLVIII
cola-de-cavalo;
frutilla de loro
(Arg.)
cola de caballo, pico de loro,
pico de pájaro, tramontana
(Cas.)
Ericaceae
Gaylussacia brasiliensis
(Spreng) Meisn.
5; 8 HAS 71233 camarinha; mirtilo-brasileiro; mirtilo-do-campo FRU FR ARB XIII; CPE; XLII
Fabaceae -
Bauhinia forficata
Link
2; 6; 8; 9; ICN 122660 pata-de-vaca; unha-de-vaca; unha-de-boi; HO FL ARV CPE
Caesalpinioideae mororó-de-espinho; capa-bode; pé-de-boi;
11
pata-de-boi; mororó;
bell bauhinia
(Ing.);
pezuña de vaca, pata de buey
(Cas.);
caoba falsa, falsa caoba
(Arg.);
cauba, mahagoni, pesuña de vaca
(Ur.)
Fabaceae -
Senna occidentalis
(L.) Link
1; 4 ICN 124627 fedegoso; feijão-de-veado; lava-pratos; maioba; HO; BE S; F; FL; ARB I; II; XV; XLVI
Caesalpinioideae fedegoso-verdadeiro; ibixuma; tararucu; FR
café-de-negro; café-de-gozo; mamangaba ;
magerioba; mamangá; mata-pasto; pajamarioba;
paramarioba;
taperibá, taperivá, café del monte,
café cimarrón
(Cas.);
yam kelayke
(L.-M.);
50
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
coffee senna, coffee bean, coffeeweed, stinkweed;
styptic weed, Nigerian senna, stinking pea
(Ing.);
isinyembane
(Zulu);
taperyva hu
(Par.);
senemeki
(Etiópia);
bentamaré
(Senegal);
café taperiri
(Ur.);
peni-tora
(Sri Lanka);
sem, taperibá
(Arg.);
pita canuto
(W.)
Fabaceae -
Dioclea violacea
Mart. ex Benth.
9 ICN 15230 estojo-de-luneta; olho-de-cabra; coroanha; HO S? TL I?
Faboideae cipó-de-imbiri; mucuna-açu; mucunã-assú;
olho-de-boi
Fabaceae -
Erythrina falcata
Benth.
6; 11; ICN 119536 corticeira-da-serra; bituqueira; ceibo; mulungu; HO FL ARV XXIII; CPE
Faboideae 12; 19 corticeira-do-mato; suinã-da-mata; canivete;
feijão-bravo; sinandu; sinhanduva; sanandu;
bico-de-papagaio; sananduí; sapatinho-de-judeu;
suinã; corticeira; corticeira-do-mato;
seibo salteño, seibo jujeño
(Cas.);
pisonay
(Pe.);
ceibo, chilicchi, chillicchi
(Bol.)
Fabaceae -
Vigna adenantha (
G. Mey.)
1; 2; ICN 40877 feijão-do-mato; feijãozinho-da-capoeira; HO RT; S TH I; XV
Faboideae Maréchal, Mascherpa & Stainier 4; 8; 9
feijãozinho-do-campo;
bambarbati
(Índia);
poroto del campo, porotillo,
habichuela chimarrona
(Cas.);
choncho, frijol
(El Salvador);
wild bean
(Ing.);
wattake
(Java e Sumatra)
Fabaceae -
Vigna luteola
(Jacq.) Benth.
PE ICN 4556 batatarana; feijão-da-praia; feijão-caupi-do-mato; HO S; RT? TH I; XXXVIII
Faboideae
feijãozinho;
wild cowpea
(Ing.)
porotillo, caupí del monte, frijol simarrón
(Cas.);
ban-barbati
ndia);
bejuco marrullero
(Ven.);
dolic a fleur de glycine, d. du Chile
(Fr.);
frijól cimarrón
(Cuba);
frijolillo
(Mex.);
Fabaceae -
Inga marginata
Willd.
1; 4; 8; ICN 4835
ingá-feijão; ingá-mirim; ingaí;
inga`í
(G.)
FRU FR; S? ARV I; XIII; CPE;
51
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Mimosoideae 9; 11; 17 ingá; ingá-de-dedo; ingá-dedo; ingá-amendoim XXXIII; XLII
ingá; angá; ingazeiro(a); ingá-dedo; XII
ingá-do-campo;
guamo caraote
(Ven.);
shimbilo, shimbilo colorado
(Pe.);
guamo churimo, guamo negrito; guamo
(Col.)
Fabaceae -
Inga sessilis
(Vell.) Mart.
6; 19 ICN 14400 ingá-ferradura; ingá-macaco; angá; ingá; FRU FR ARV XII; XIII; CPE;
Mimosoideae ingazeiro(a); ingá-preto; ingá-carneiro (PR) XLII
Fabaceae -
Inga vera
Willd.
1; 4; 6; ICN 14449 ingá-banana; ingá-manteiga; ingá-do-brejo; FRU FR ARV I; XII; XIII; CPE
Mimosoideae ingá-de-beira-de-rio; angá; ingá-quatro-quinas XXXIII; XLII
8; 9; 12
ingá
(G.);
pacay
(Arg.);
ice-cream bean
(Ing.);
guaba
(Esp.)
Haloragaceae
Myriophyllum aquaticum
(Vell.) Verdc.
1; 2; 4; ICN 53793 pinheirinho-d´água; milfolhas-da-água; HO F; R ER I; II; CPE
(Haloragidaceae) cavalinho-d´água; bem-casados; rabo-de-raposa;
cauda-de-zorro;
parrot´s feather
(Ing.);
papegoejerjer
(Din.);
millefoglio d'acqua
(It.);
cola de zorro
(Ur.)
Heliconiaceae
Heliconia velloziana
Emygdio
4; PE ICN 24899 caité; caeté-banana; helicônia; HO BF; F; ER I; II; CPE
bananeira-do-mato;
pendulous heliconia
(Ing.)
RZ?; S?
bico-de-papagaio;
false plantain
(Ing.)
Hypoxidaceae
ypoxis decumbens
L.*
1; 4; 8; ICN 34939 maçaricó; mariçó-bravo; tiririca; falsa-tiririca; HO RZ ER CPE; XIV
maririçô-do-mato; tiririca-brava;
9; 12 tiririca-de-flor-amarela; grama-estrela
Iridaceae
Herbertia lahue
(
Molina) Goldblatt
PE ICN 142607
bibi; batatinha; cebolinha;
lahue, lahui
(Arg.)
HO B ER CPE; XXXI
Iridaceae
Herbertia pulchella
Sweet
1; 4; 9 ICN 127294
bibi; batatinha; cebolinha;
lahue
(Arg.)
HO B ER CPE
Iridaceae
Cypella coelestis
(Lehm.) Diels
1; 4 PACA 35745 bibi; batatinha; cebolinha; bibi-do-brejo HO B ER I
Lamiaceae
Ocimum selloi
Benth.
1; 4?; 7 ICN 19157 anis; alfavaca; erva-das-mulheres; magericão; CO; BE; F; FL ER CPE; LXVII
alfafaca-do-campo; gervão; azulão; alfavaquinha; AR
elixir-paregórico; atroveran (SP);
basil pepper
(Ing.);
albahaca de campo,
52
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
albahaca del campo cimarrona, albahacón,
bergamota
(Ur.);
índia-malvina
(K.);
Lamiaceae
Salvia guaranitica
A.St.-Hil. ex Benth.*
PE; 35 ICN 19165 sálvia-azul; sálvia-de-batata; salva; mamangá; HO RT; FL? SARB CPE
mamangava;
mamangá ka'á
(G.);
salvia azul, salvia de jardín
(Ur.)
Lamiaceae
Vitex megapotamica
(Spreng.) Moldenke*
7; 8; 9; 33 ICN 88879 tarumã; tarumã-preto(a); tapinhoã; FRU FR ARV I; XI; XII; XIII;
tarumã-azeitona; azeitona-do-mato; XV; XLII; CPE
taru-romã; azeitona-brava; azeitona-da-terra;
12; 19
azeitona-brava;
tarumán sin espinas
(Ur.)
Malpighiaceae
Byrsonima ligustrifolia
A. Juss.
PE ICN 90799 baga-de-pomba(o); murici FRU FR ARV PE
Malpighiaceae
Dicella nucifera
Chodat
1; 4; 7 PACA 1340 castanha-de-cipó; amendoim-do-mato; FRU S TL VI; XII; XIII;
castanheiro-de-cipó ; grão-de-galo; XV; CPE; XLII
cipó-de-noz; cipó-de-anoz; cipó-marrom;
wayakí manduví
(G.);
Malvaceae
Abutilon megapotamicum
(Spreng.)
PE ICN 18740 benção-de-deus; sininho; brinco-de-princesa; HO FL ARB II; CPE
A. St.-Hil. & Naudin lanterninha-japonesa; lanterna-chinesa
chapéu-de-cardeal;
brazilian mallow
(Ing.)
porte-drapeau, porte-étendar
(Bel.)
Malvaceae
Ceiba speciosa
(A. St.-Hil.) Ravenna*
2; PE ICN 29376
paineira; árvore-de-paina; barriguda;
samu-u
(G.);
HO; OL F; S; ARV I (S); XXIX (F);
mamica-de-cadela; paineira-branca; FL?; G CPE
paina-de-seda;
palo borracho, algodón,
palo borracho de flor rosada, samohú
(Cas./Arg);
silk floss tree
(Ing.);
yachan
Malvaceae
Gaya pilosa
K. Schum.
8; 9 ICN 16329 guanxuma; guaxima HO FL SARB CPE
Malvaceae
Guazuma ulmifolia
Lam.
8; 19 ICN 90827 embiru; mutamba; chico-magro (MT; MS); FRU S; G ARV I; XXI, CPE
mutambo; guaxima-macho, araticum-bravo (SP);
camacan; pau-de-mutamba; pau-de-motambo;
embira; embireira; envireira; guaxima-torcida;
fruta-de-macaco; guamaca; ibixuna; pojó;
53
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
mutamba-verdadeira; pau-de-bicho; camacã;
piririqueira; pau-de-pomba; periquiteira;
cabeza de negro, cambó-acá
(Cas.);
cambaacá, guazuma
(Arg.);
guácimo(a), guácimo blanco
(Ven.);
caulote
(Am. Central);
aguiche, guacimilla,
majaqua de toro, tablote, majahua de toro,
cabal-pixoy
(Mex.); guacimillo (Nicarágua);
chicharrón (
El Salvador);
coco, ékaí
(Bol.);
bolaina, iumanasi, papayillo
(Pe.);
marmelero
(Arg.);
cabeza de negrito
(Pan.);
bastard cedar
(Ing.);
djatihollanda
(Mal.);
cambacau, cambá-acan
(G.);
guácima,
guácima de caballo
(Cuba);
cédre de la jamaique, bois d'orme,
orme d'amérique
(Fr.);
rudrakshi
ndia);
guácimo-cimarrón
(Ven.);
guásimo, canlote
(Col.);
olmeiro piramidal
(Martinica);
guácima, jococalalau
(Porto Rico);
guácima cimarrona
(São Domingos);
Malvaceae
Hibiscus diversifolius
Jacq.*
2; 6; ICN 122729 hibisco; hibisco-do-banhado; guaxima-do-brejo; HO FL; F ARB I, II; CPE
guanxuma-de-espinho;
cape hibiscus
(Ing.)
swamp hibiscus , cape hibiscus
(Ing.)
Malvaceae
Hibiscus striatus
Cav.
PE ICN 34776
hibisco; papoula-do-brejo;
HO FL ARB CPE
rosa del río
(Esp.);
mallow
(Ing.)
Malvaceae
Hibiscus selloi
Gürke
PE ICN 34777 hibisco HO FL ARB PE
Malvaceae
Pavonia communis
A.St.-Hil.
2 ICN 40780 arranca-estrepe; tira-estrepe; malva HO FL ARB CPE
Malvaceae
Sida rhombifolia
L.
1; 2; 4; ICN 87532 guanxuma; guaxuma; guanxuma-comum; HO; BE F; R; FL ER I; II; XXX; CPE
54
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
7; 9; 12 tupiticha; guanxuma-branca; guanxuma-escura;
relógio (CE); tupitixa; vassoura; zanzo;
guaxima; vassourinha;
chuoi duc
(Vietnã);
afata, cañamo crioulo, escoba, tebincha
(Arg.);
afata, malvavisco, mata-alfalfa, tipicha
(Ur.);
broom weed
(Jamaica);
kingojikwa
(Jap.);
axocatzin, hinari
(Mex.);
limpion
(Pe.);
escoba amarilla
(Nicarágua);
escoba babosa,
escoba blanca
(Ven.);
hierba de puerco
(Pan.);
malva de cochino
(Cuba);
nalis-nalisan
(Filipinas);
chittamadi, kotikan-bevilla
(Sri Lanka);
teaweed, broomjue sida
(Ing.);
esbobilla
(Esp.);
ntswembana, quaquaza, letlhakanye
(Áfr. do Sul)
Malvaceae
Sida spinosa
L.
1; 4; 9 PACA 39567 guanxuma; guaxima; malvinha; zunzo; HO F; Fl ER XXX
guanxuma-de-espinho; malva-lanceta;
vassourinha-de-relógio; malva-relógio
Marantaceae
Maranta divaricata
Roscoe
PE ICN 114869
caeté; araruta-do-mato;
HO RZ ER CPE; XXXIII
pewa'ó, akuti gwepe
(G.)
Marantaceae
Thalia geniculata
L.
2; ICN 34816 aguapé-gigante; caeté; banana-d´água; HO RZ; F ER I; V; XLVI
paquiviri; agoutiguepe;
arumarana; agutiguepo-obi;
gemuk
(Maka);
platanillo
(Esp.);
pámpano
(Cuba);
guaho
(Cas.);
fire flags, swamp lily, aquatic cane
(Ing.);
bent alligatorflag
(Ing.);
pe'lak, pe´laqa
(T.P.);
kamok
(L.-M.)
chielaqa'tax, kie'laq, kojwowx'tas
(W.)
Martyniaceae
Ibicella lutea (Lindl.) van Eselt.*
1; 4 ICN 18923 chifre-do-diabo; chifre-de-veado; unha-do-diabo; HO FR ER I; II; VI; XV;
espora-do-diabo; corno-do-diabo; garras-do-diabo; CPE
quingombó-de-espinho;
unicorn plant,
55
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela. PE - proposta pelo presente estudo e CPE - consumida no presente estudo.
yellow unicorn-plant, yellow unicorn plant,
devil's claw, devil's horn, pickle with a nose
(Ing.);
cuerno(s) del diablo
(Cas.);
uñas del diablo
(Ur.);
cornaret, trope d'élephant, cornes du diable,
ongles du diable
(Fr.);
testa di quaglia
(It.);
Gemsenhorner
(Al.)
Melastomataceae
Clidemia hirta
(L.) D. Don
1; 4 ICN 32119 pixirica; meleca-de-cachorro FRU FR SARB I; IX; CPE
Melastomataceae
Leandra australis
(Cham.) Cogn.
1; 4; 6; ICN 114870 pixirica FRU FR SARB CPE
7; 9; 12
Meliaceae
Cedrela fissilis
Vell.
1; 6; 7 ICN 22120 cedro; cedro-rosa; cedro-amarelo; cedro-batata; BE F ARV XXXIII
cedro-vermelho;
cedro-da-várzea; cedro-branco;
astillo
(Col.);
yaporaissib
(G.);
cedro blanco
(Arg./Ur.)
Menispermaceae
Hyperbaena domingensis
(DC.) Benth.
1; 4; 8; ICN 29274 uva-do-mato; uva-de-gentio; FRU FR TL XIII
cipó-de-cobra; parreira-silvestre
Menyanthaceae
Nymphoides indica
(L.) Kuntze
4; 9; ICN 53735 soldanela-d'água; estrela-branca; apérana; HO F; R; FL ER I; II; CPE
golfo; mururé; coração-flutuante;
water snowflake
(Ing.);
lampazo
(Cas.);
metîktîng aptom
(L.-M.= comida de pato);
yin-lien-hua, gagabuta
(nomes orientais)
Molluginaceae
Mollugo verticillata
L.
1; 4; ICN 45293 capim-tapete; mofungo; vassourinha; HO F; R ER I; II; CPE
molugo; cabelo-de-guia;
carpetweed,
carpet weed, indian chickweed
(Ing.)
Moraceae
Ficus enormis
(Mart. ex Miq.) Miq.*
PE ICN 63329
figueira-da-pedra;
gwapo'y, gwapo'y ca'agwy
(G.)
FRU FR ARV CPE
Moraceae
Ficus organensis
Miq.
2; 6; 9; 11 ICN 34782 figueira-da-folha-miúda; mata-pau; figueira; FRU FR ARV CPE
12; 17; 31
small-leaf fig
(Ing.)
Moraceae
Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud.
1; 4; 6; ICN 4486 tajuva; tatajuba; tajauba; taiúva; tajuba; FRU FR ARV I; XI; XII; XV;
7; 11; 12; amora-branca; mora; tatagiba; tatajuva; XXV; XXXIII;
31 taúba; amoreira; tatané; jataíba; pau-de-fogo; XLII; XLVI;
56
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
amora-do-mato; amora-brava; moreira;
LVII; CPE;
amoreira-de-árvore; tuteiba; titajuba; tatarema;
espinho-branco; espinheiro-bravo; tajiba; tatajiba;
taiuva; amoreira-de-espinho; limãorana;
tatá yîvá
,
tata jyva, yvira piriri
(G.);
mora, palo mora
(Cas.);
koelaran ak chiyík
(T.);
qoBi'ye
(T.P.);
mo:'la, mola lhay
(W.);
mora,
dinde, avinje, palo amarillo, palo moro, lechero,
moral fustete, morita
(Col.);
cordoncillo
(Pe.).
gelbes Brasilhoz, echter Fustik, Cubaholtz,
Odumbaum
(Al.);
brasil, morera
(Costa Rica);
yellow wood, fustic mulberry, cuba wood,
old fustic, fustic tree
(Ing.);
murier der tintureries, bois jaune
(Fr.);
palo de mora
(Ven. );
mora amarilla
(Mex.)
Moraceae
Sorocea bonplandii (Baill.)
1; 4; 6; ICN 128639 cincho; canchim; capiricica (PR); soroca; FRU FR ARV XV; CPE;
W.C.Burger , Lanj. & Boer 8; 9; 12 espinheira-santa; falsa-espinheira-santa; XXXIII
canxim; canxim-mirim; bainha-de-espada;
cega-olho; erva-cancrosa; maria-mole; soroco;
sororoco; corutu (Arg.);
nãnytay , nãndî
(G.)
Myrtaceae
Acca sellowiana
(O. Berg) Burret*
3 PACA 2758 goiaba-da-serra; feijoa; goiaba-verde; FRU FR; FL ARV I; II; XIII; CPE;
goiaba-ananás; goiaba-do-mato; goiaba-crioula; XXV; XV; XLII;
goiaba-silvestre; goiaba-serrana; goiabeira-serrana;
LXI
guayaba
(
o
) (Cas.); goiaba; goiaba-do-campo;
feijoa
,
pineapple guava
(Ing.);
feijoa
(It.; Fr.);
guayabo del pais
(Esp.);
kanê krn
(K.)
Feijoabaum, Ananasguave
(Al.)
Myrtaceae
Blepharocalyx salicifolius
(Kunth) O. Berg
3; 6; 9; ICN 59191
murta;
arrayán
(Ur.);
yvaviju
(G.)
FRU FR ARV CPE
12; 17
57
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Myrtaceae
Calyptranthes grandifolia
O. Berg
3 ICN 53518 guamirim-araçá; guamirim-chorão; FRU FR ARV I; V
brasa-viva; vuapericica (SP)
Myrtaceae
Campomanesia aurea
O. Berg
1; 3; 4; ICN 127237 guabiroba-do-campo; guabirobinha; FRU FR; FL SARB XIII; CPE
6; 9; 12
araçá-rasteiro; araçá-do-campo;
gabinado
(Ur.)
XXXIX; XLII
Myrtaceae
Campomanesia guazumifolia
(Cambess.)
3 ICN 63340 sete-capotes; sete-casacas; sete-capas; FRU FR ARV XIII; CPE; XV;
O. Berg sete-capota; guavirova; gabiroba; XXXIII; XXXIX;
capoteira; araçazeiro-do-mato; araçá-do-mato XLII; LIV
ñandú apîsá
(G.);
setecapote
(Cas.)
Myrtaceae
Campomanesia rhombea
O. Berg
1; 3; 4; 6; ICN 123049 guabiroba-miúda; guabiroba-de-folha-crespa; FRU FR ARV XIII; XXXIX;
7; 8; 12; 31
guabirobinha; murta;
gwavyrami
(G.)
CPE
Myrtaceae
Campomanesia xanthocarpa
O. Berg*
1; 2; 3; 4; ICN 28811 guabiroba; guabirobeira-do-mato; gabiroba; FRU FR ARV I; XIII; XV; CPE;
6; 7; 8; 12 guavirova; guabiraroba; gabiroba; guariba XXXIII; XLII
yb-mbe-yrob
,
wavirá
(G.);
guabirá
(Cas.)
Myrtaceae
Eugenia florida
DC.
3; 6; 11; 17 ICN 66681
guamirim-pitanga;
arrayán
(Bol.)
FRU FR ARV I; XLII; CPE
Myrtaceae
Eugenia involucrata
DC.*
2; 3; 4; ICN 11833 cereja-do-rio-grande; cerejeira-do-mato; FRU FR ARV I; II; XIII; CPE;
6; 7; 9
cereja; pitanga-preta; ibaíba; ivaí;
XV; XXV;
îwaîrá yepi
(G.);
cerella
(Cas.);
XXXIII; XLII
cherry of the Rio Grande
(Ing.)
Myrtaceae
Eugenia multicostata
D.Legrand*
3; 6; 19 ICN 110591 pau-alazão; pau-mulato; pau-brasil (SC) FRU FR ARV I; CPE; XLII
araçá-piranga; sapiranga; pitangão;
araçazeiro-vermelho; araçá-vermelho;
carambola-do-mato; carambola-vermelha
Myrtaceae
Eugenia myrcianthes
Nied.*
1; 3; 4; 6; ICN 66515
pêssego-do-rio-grande;
pêssego-do-campo;
FRU FR ARV I; CPE; XIII; XV;
9; 11; 12; pessegueiro-do-mato; pêssego-azedo; XXXIII; XXXIX;
33
ivaí, ubaí, ubajaí; ubajay, îwá hái, yva peva
(G.);
XLII
Saure Pfirsiche
(Al. - RS)
Myrtaceae
Eugenia plurisepala
3 ICN 40000 uvaia-do-campo; ova-do-campo; FRU FR SARB XIII
Barb. Rodr. ex Chod. et Hassl. pêssego-do-campo; pessegueiro-do-campo;
uvaiazinha-do-campo; ubapeba
58
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Myrtaceae
Eugenia pyriformis
Cambess.
3 ICN 122770 uvaia; ubaia; pometo-azedo; azedinha; ubaia; FRU FR ARV I; XIII; XXV;
uvaia-do-mato; ubacaba; uvaia-do-campo CPE; XXXIII;
uvalha; uvaieira;
uvayema
(Esp.);
XLII
ybá-aí, wavirá mirí; ñanpirî mi
(G.)
Myrtaceae
Eugenia rostrifolia D. Legrand
3; 6; 10; ICN 81393 batinga-vermelha; batinga; guapi; aguapi; FRU FR ARV CPE; XXXVII;
11; 12; 19
guapi, ybira-tinga
(G.)
XL
Myrtaceae
Eugenia speciosa
Cambess.
3; 4?; 9; ICN 103356 araçá-laranjinha; laranjinha-do-mato; FRU FR ARB; CPE; XL; XLII
33 araçá; araçazeiro ARV
Myrtaceae
Eugenia schuechiana
O. Berg
3 ICN 9284 uvá; guamirim; guamirim-uvá; ástria FRU FR ARV CPE
Myrtaceae
Eugenia uniflora
L.
2; 3; 4; 6; ICN 95150 pitanga; pitangueira; pitanga-mulata; ginja; FRU FR; F; ARV I; II; XIII; CPE;
7; 8; 12
pitanga-da-praia;
pitanga-roxa;
qrnfud
(Etiópia)
FL; XXV; XXXIII;
ñangapiré (
Ur.);
arrayán
(Cas.);
XLII; LVI; LXI
ñangapirí
(G.; Cas.);
pitanga'í
(G.)
Surinam cherry, Brazilian cherry
(Ing.)
cerezo de cayena,c.de suriman, c.de florida
(Cas.);
hong zi guo
(Chin.);
ceriise de cayenne
(Fr.);
Pitanga, Surinamkirsche
(Al.);
ciliegio di cayenna
(It.);
ma yom farang
(Tai.);
goraka-jambo
(Sri Lanka);
cerezo de cayenne
(Cuba);
ñangapiri-me
(Par.)
Myrtaceae
Myrcia bombycina
(O. Berg) Nied.
1; 2; 3; PACA 11687 guamirim-do-campo; guamirim FRU FR ARB; I; XIII; CPE
6; 7
guamirim-de-folha-branca;
pîshá hú
(G.)
ARV XXXIII
Myrtaceae
Myrcia multiflora
(Lam.) DC.
3; 31 ICN 93916 camboim; pedra-ume-caá; uvá; cambuí-brabo FRU FR ARV PE
cambuí; camboí; cambuim; pedra-ume
Myrtaceae
Myrcia palustris
DC.
1; 3; 33 ICN 11823 pitangueira-do-mato; guamirim; murta-do-brejo; FRU FR ARV XXXIII
baga-de-sabiá;
tapîsaî, tapysa'y
(G.)
Myrtaceae
Myrcianthes cisplantensis
(O. Berg)
3 ICN 50401
araçá; murta;
guayabo colorado
(Ur.);
FRU FR ARV I
D. Legrand
mato
(Arg.)
Myrtaceae
Myrcianthes pungens
(O. Berg)
3; 4; 6; ICN 127942 guabiju; guaviju; guabijueiro; guabira-guaçu; FRU FR ARV I; XV; XXV;
59
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
D. Legrand 7; 9; 12 guabiru; guavira-guaçu; guabiru-guaçu; ibabiu; XXXIX; XLII;
guajaraí-da-várzea;
mato, arrayán indígena,
CPE; LVII
guaviyú, guayabo negro guayabo blanco
(Cas.);
ygua-pi-ju, ibá-viyú, îwáviyú, yva há'i
yguabi-jy, igua-pi-jy
(G.);
ramgahá
(T.)
Myrtaceae
Myrciaria cuspidata
O. Berg
1; 3; 4; ICN 5797 camboim; cambuí; cambuim; sarandi FRU FR ARV XIII; CPE
6; 9; 12; 33
typyxa ka'ati
(G.)
Myrtaceae
Myrciaria delicatula
(DC.) O. Berg
3; 6; 9; ICN 113191 camboim; cambuí; camboinzinho; FRU FR ARV; CPE; XXXIII;
11; 12
caá-bo-in, pitánga mirí, yva puru
(G.)
ARB XLI
Myrtaceae
Myrciaria plinioides
D.Legrand
3; 31 ICN 2234 guamirim; cambuí; cambuim; camboí; camboim; FRU FR ARV CPE; XLI
guamirim-da-folha-miúda;
yva puru
(G.)
Myrtaceae
Myrciaria tenella
(DC.) O. Berg
3; 31 ICN 92324 camboim; cambuí; cambuí-murtinha; murta; FRU FR ARV I; XIII; CPE
yva puru
(G.); cambuí-preto; camboimzinho;
murta-do-campo (MG); camboí
Myrtaceae
Myrrhinium atropurpureum
Schott
3; 31 ICN 24352 carrapato; pau-ferro; murtilho; carrapatilho; FRU FR; FL ARV I; XLI; CPE
carrapatinho;
palo fierro, mutille,
piojo de chanchos, socará
(Ur.)
Myrtaceae
Plinia rivularis
(Cambess.) Rotman
3; 6; ICN 63365 guapuriti; guaburiti; guaramirim; guaboreti; FRU FR ARV CPE; XLI; XLII
guamirim; guaporeti; cambucá-peixoto;
jabuticaba-do-mato; baporeti; jabuticabarana
Myrtaceae
Psidium cattleianum
Sabine*
1; 3; 4; 6; ICN 119753 araçá; araçá-amarelo; araçá-manteiga; FRU FR; FL ARV I; II; XIII; XXV;
7; 8; 9; 12; araçá-vermelho; araçá-da-praia; araçá-doce; CPE; XLII
33 araçá-manteiga; araçá-rosa; araçá-de-coroa;
araçá-de-comer;
yellow strawberry guava,
chinese strawberry guava,cattley guava
red strawberry guava, purple guava
(Ing.);
cao mei fan shi liu
(Chin.);
Erdbeerguave
(Al.);
gouyave fraise, goyavier-fraise
(Fr.);
guayaba de fresa
(Esp.);
arasa sayju
(G.)
60
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Myrtaceae
Psidium formosum
(Barb. Rodr.) Burret
3; 4 ICN 85933 araçá-do-campo; araçá FRU FR SARB XIII
Myrtaceae
Psidium incanum
(O. Berg) Burret
1; 3; 4; ICN 119545 araçá-cinzento; araçá-do-campo; FRU FR SARB I; XIII
6; 12 guabiroba; guabirobeira-do-campo; araçá;
araçazeiro-do-campo
Myrtaceae
Psidium luridum (Spreg.) Burret
1; 3; 4; PACA 27068 araçá-da-pedra; araçazeiro-da-pedra; FRU FR; FL SARB XIII; CPE
6; 12
araçá-do-campo; araçá;
alpamato,
guayaba chica, arasá poñy
(Cas.)
Onagraceae
Ludwigia caparosa
(Cambess.) H. Hara
1; 4; 9 ICN 49286 cruz-de-malta HO C; FL; ER I
S
Onagraceae
Ludwigia repens
(L.) Sw.
1; 2; 4; ICN 34818 cruz-de-malta HO T; FL; ER I
S
Onagraceae
Oenothera affinis
Cambess.
15; ICN 84811
minuana; boa-tarde;
suspiros
(Arg.)
HO FL; S ER CPE
Onagraceae
Oenothera indecora
Cambess.
1; 4; 15 ICN 84825 minuana; boa-tarde; cruz-de-malta HO FL; S ER CPE
Onagraceae
Oenothera longiflora
L.
1; 4 PACA 1282 minuana; boa-tarde HO FL; S ER CPE
Onagraceae
Oenothera mollissima
L.
9; 15; PACA 1283 minuana; boa-tarde; caparosa; erva-minuana HO FL; S ER CPE
Onagraceae
Oenothera ravenii W. Dietr.
15 ICN 44809 minuana; boa-tarde HO FL; S; ER CPE
F; RT
Opiliaceae
Agonandra excelsa
Griseb.
PE ICN 51778
saputá; mamica-amarela;
sombra del toro
(Cas.);
FRU; OL? FR; S? ARV CPE; XV
amarelão; pau-marfim
Oxalidaceae
Oxalis articulata
Savigny
1; 23 ICN 49442 azedinha-de-flores-vermelhas; trevo-azedo HO F; FL ER CPE
trevo-vermelho;
macaxim
(T.);
makyxi
(G.);
abacachy
(Ur.)
Oxalidaceae
Oxalis bipartita
A.St.Hil.
1; 23 ICN 106851 azedinha-de-folhas-partidas; HO F; FL ER CPE
azedinha;
macaxim
(T.); trevinho
Oxalidaceae
Oxalis brasiliensis
Loddiges
23 ICN 106833
macaxim
(T. - macacheira-mirim=mandioca)
HO F; FL ER PE
Oxalidaceae
Oxalis corniculata
L.
ICN 34979 azedinha; trevo-azedo; trevinho; trevo; HO F; FL; FR ER I; CPE; II; XVI;
três-corações; pé-de-pombo;
sorrel,
XX
procumbent yellow wood-sorrel,wild sorrel,
creeping woodsorrel
(Ing.);
makaky, makyxi
(G.);
61
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
songxiangga, awoaduo
(China - Xishuangbanna);
oxalis, oseille de bucheron, trèfle jaune
(Fr.);
yefyel chew
(Etiópia);
acedera
(Col.);
makaky
(G.);
ambusi
(India);
vinagrillo
(Cuba);
vinagrillo rastrero
(Arg.)
Oxalidaceae
Oxalis debilis
Kunth
1; 4; 23 ICN 106876 azedinha-de-sapo; caruru-de-sapo; trevo; HO F; FL ER CPE
trevo-azedo; trevinho; azedinha
macacai, makyxi
(G.);
macaxim
(T.)
Oxalidaceae
Oxalis lasiopeta
Zuccarini
23 ICN 106897 trevo-vermelho; azedinha; HO F; FL ER PE
trevo-azedo;
macaxim
(T.);
makyxi
(G.)
Oxalidaceae
Oxalis linarantha
Lourteig
23; 32 ICN 106863
azedinha; trevo-azedo;
makyxi
(G.);
HO F; FL ER CPE
trébol bellísimo
(Cas.)
Oxalidaceae
Oxalis perdicaria
(Molina) Bertero
23 PACA 30123
azedinha-de-perdiz; flor-de-perdiz;
HO F; FL ER PE
rimu
(Ch.)
Oxalidaceae
Oxalis triangularis
A.St.-Hil.
23 ICN 59575
trevo-roxo; azedinha; azeda; trevo-azedo;
HO F; FL ER CPE
caruru-de-sapo; trevo; azeda-de-jardim;
pé-de-pomba; três-corações;
macaxim
(T.);
makyxi
(G.);
wood sorrel, irish shamrock, sourgrass
(Ing.)
Passsifloraceae
Passiflora actinia
Hook.
29; PE ICN 126144 maracu-do-mato; maracu-redondinho; FRU FR; C TSL CPE
maracu-redondo;
mburukuyá
(G.);
Passsifloraceae
Passiflora alata
Curtis
12; ICN 115084 maracujá-doce; maracujá-grande; maracujá; FRU FR; C TSL I; II; CPE; XLII;
maracu-açu; maracuo; maracu-melão LXI
maracujá-mamão; maracutango;
mburukuyá
(G.);
wingstem passion fruit, passion
fruit (Ing.)
Passsifloraceae
Passiflora amesthystina
J.C. Mikan
9 ICN 140481 maracujá-verde; maracu-do-campo; FRU FR TH I; XLII;
passionária; maracu; maracujá-de-cobra; CPE
Passsifloraceae
Passiflora caerulea
L.
1; 4; ICN 81590
maracujá-azul; flor-da-paixão;
pasionaria
(Cas.)
FRU FR; FL; TH I; II; XIII; XV;
maracujá-da-polpa-vermelha; maracu-de-cobra; C CPE; XXXIII;
62
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
passionária; maracu;
mburukuyá
(G.);
XLII
blue crown passion flower, passion flower
(Ing.);
pasionaria, burucujá, burucuyá, uiricuja
(Ur.);
murucuiá-quarano
(Par.);
murucu
(Arg.)
Passsifloraceae
Passiflora edulis Sims
1; 4; 12; 29 ICN 115097 maracujá-azedo; maracujá-amarelo; maracujá; FRU; OL FR; C; TSL I; II; XIII; CPE;
maracujá-roxo; maracujá;
grenadille
(Fr.);
S XXXIII; XLII;
maracu-peroba; maracu-de-ponche; LXI
maracu-redondo; maracu-preto;
maracujá-suspiro; maracujá-escuro;
flor-da-paixão;
mburukuyá
(G.);
yellow passionfruit, purple passionfruit,
purple granadilla
(Ing.);
ji dan guo
(Chin.);
Purpurgrenadille, Passionsblume
(Al.);
grenadille
(Fr.);
granadiglia
(It.);
kudamonotokeiso
(Jap.);
markisa
(Mal.);
granadilla, maracuya
(Esp.);
uziyao
(Col. - Murui);
granadilla morada
(Cas.)
Passsifloraceae
Passiflora eichleriana
Mast.
PE ICN 131910 maracu; maracujá-de-cobra FRU FR TSL XLII
Passsifloraceae
Passiflora elegans
Mast.
1; 4; 9; 12 ICN 135512 maracujá-de-estalo; maracujá-do-mato FRU FR TSL CPE; XLII
Passsifloraceae
Passiflora foetida
L.
1;4 ICN 133089 maracujá-do-mato; maracu-da-pedra; FRU FR TH I; XIII; XXXIII;
maracujá-catinga; maracujá-de-lagartinha; XLVI; XV; XLII
maracu-de-cheiro; maracu-fedorento;
micatinga; maracujá-de-estrada;
camapu, maracu-de-estalo (PB);
qoq 'qoq, qo'qopa
(T.P.);
pasionaria
(Arg.)
mburukuya`í
(G.);
parchita de montaña
(Ven.);
peyptom, peyem aptom
(L.-M.);
wild semitoo
(Guiana);
tagua-tagua
(Cuba);
burucuyá hediondo
(Ur.);
63
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade - fonte que cita o uso potencial. Em negrito (sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
flor de granadita, pépé
(Mex.)
Passsifloraceae
Passiflora misera
Kunth
PE ICN 129654 maracujazinho; maracujazinho-da-serra; FRU FR TH XXXIII
maracujá-mirim;
mburukuya'í
(G.)
Passsifloraceae
Passiflora suberosa
L.
PE ICN 131910 maracujá-de-cortiça; maracu-rabo-de-baleia; FRU FR TSL CPE; XLIII
maracujazinho;
mburukuyá
(G.); maracujá-mirim;
Passsifloraceae
Passiflora tenuifila
Killip
9; ICN 131358 maracujá-de-cobra; maracujá-do-mato; FRU FR TH CPE; XLII
maracujá-alho;
granadilla, granada del campo
(Cas.)
Phytolaccaceae
Phytolacca dioica
L.
1; 4; 9; ICN 16573 umbu; cebolão (PR); maria-mole, peúdo (SC); FRU FR ARV I; CPE
ombu; bela-sombra; ceboleiro; imbu;
Käesbaum
(Al. - RS, SC);
bella sombra
(Cas.)
ombu
(Arg./Par.);
bellas sombras
(Pe.)
Phytolaccaceae
Phytolacca thyrsiflora
Fenzl ex J.A. Schmidt
2; 6; 7; ICN 44770 caruruaçu; caruru-brabo; caruru-bravo; caruru; HO FR; F; R ER III; XX; LXV
8; 12; 17 fruto-de-pombo; fruta-de-pombo; tintureira;
marando (SC); erva-pombinha; caruru-selvagem;
bredo-caruru; carurur-guaçu; cupieiro; tipi;
caruru-de-cacho; erva-de-cacho; tinge-ovos;
caruru-de-pomba;
pokeweed, pocan bush
(Ing.);
ka'a ruru moroti
(G.);
calalu
(Costa Rica)
Piperaceae
Peperomia pereskiifolia
(Jacq.) Kunth
1; 4 ICN 9287 erva-de-vidro; erva-de-jaboti; peperômia; HO F; R ER I; CPE
jabotimembeca; jaboti-membeca; jimenasana
Piperaceae
Piper aduncum
L.
9; 12; ICN 132354 esperta-ruão; aperta-ro; pariparoba-do-mato; FRU; CO FR ARB I; XV
paripaioba (SC); jaborandi-do-mato; mático-falso
Piperaceae
Piper gaudichaudianum
Kunth
17 ICN 4468 pariparoba; pimenteira-do-mato; FRU; CO FR ARB PE
paripaioba; muta; jaborandi. Iaborandi
Plantaginaceae
Bacopa monnieri
(L.) Pennell
1; PE PACA 37245 bacopá; hissopo-d'água; HO F ER I; XXXVI
rau dang
(Vietnã);
brahmi
(Índia)
Plantaginaceae
Plantago australis
Lam.*
PE ICN 94784
tansagem; tanchagem;
ka'a yuky
(G.);
HO F; S ER CPE
bopka
(Pol. - RS); línguas-de-vaca; cinco-nervos;
64
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
gusanillo
(Méx.)
Plantaginaceae
Scoparia dulcis
L.
1; 2; 4; 8; ICN 62300 tupiçaba; vassourinha-tupiçaba; tupixaba; BE; HO F; FL; R ER I; II; CPE
9 vassourinha-molfina; vassourinha-de-botão;
vassoruinha-de-igreja; tapixava; tupeiçava;
vassourinha-doce; tapixaba (SP); vassourinha;
vassourinha-mofina;
typychá kuratu, té
(Par.);
sweet broom, sweet broomweed,
anise seed bush
(Ing.);
escobilla, culantro,
culantro montés, escobeta, mastuerzo
(Cas.);
typycha kuratu, typycha hu
(G.);
yahaibu, pamiqiechi
(China - Xishuangbanna);
pichanga dulce, escobilla menuda
(Col.);
pichanille
(Pe.)
Poaceae
Bromus catharticus
Vahl
1; 4; 12 ICN 23105 cevadilha; aveia-louca; cevadinha CER S ER I
Poaceae
Eleusine tristachya
(Lam.) Lam.
1; 2; 4 ICN 5519 pé-de-papagaio; capim-pé-de-galinha; CER S ER I; XIV
pé-de-galinha; capim-naxenim; feno-dos-persas;
pato de gallo
(Arg.);
pié de gallo
(S. Domingos);
Poaceae
Leersia hexandra
Sw.
2; 9 ICN 22271 capim-marreca; boiadeira; capim-peripomongo; CER S ER XXVI
peripomonga (PA); arroz-do-méxico; arrozinho;
grama-boiadeira; capim-andrequicê (AM);
capim-ceneuana; c.-mole; arroz-bravo; boieiro;
felpudinho, grameio (MS); arroz-caiena;
grama-do-brejo; arroz-da-guiana; serra-perna;
arroz-silvestre;
barit
(Filipinas);
southern cutgrass
(Ing.);
kapi'i pe'y
(G.)
Poaceae
Luziola peruviana
J.F.Gmelin
1; 4 ICN 34705 arroz-silvestre; arrozinho; capim-arroz; CER S ER I; XXVI
arroz-do-brejo; arroz-das-águas;
kapi'i po'y
(G.);
capim-boiador; boiador; pastinho-d´água;
grama-boiadeira; capim-mimoso-do-banhado;
65
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
capim-marreca
Poaceae
Merostachys multiramea
Hack.*
PE ICN 87583 taquara-mansa; taquara-lisa; t.-poca; taquaricé CER S ARBOR L ; CPE
Poaceae
Pharus lappulaceus
Aubl.
1; 4; 7 ICN 23905 capim-bambu; capim-pintado; capim-bambuzinho; CER S ER I; V;
capim-bambu; jaguá-arroz, arroz-jaguá (MT); L ; CPE
arroz-de-coitia; a.-de-cachorro; esparto-da-terra;
avoine des chiens, pharelle
(Fr. - colonos);
avatiri-yaguá
(Par./G.);
prenda de oro
(Cuba e Porto Rico)
Poaceae
Rhynchoryza subulata
(Nees) Baill.
1; 4 PACA 41082 arroz-bravo; arroz-de-espinho; arroz-do-mato; CER S ER I; V; XV
arroz-silvestre; arroz-do-mato
Poaceae
Setaria parviflora
(Poir.) Kerguélen
1; 2; 4; ICN 48249 rabo-de-gato; capim-rabo-de-raposa; CER S ER I; XIV
7; 8; 9; 12 capim-mimoso-vermelho; carrapicho-do-campo;
carrapichinho-do-campo; rabo-de-raposa;
capim-rabo-de-quati; rabo-de-quati
Podocarpaceae
Podocarpus lambertii
Klotzsch ex Endl.*
PE ICN 40699 pinheiro-bravo; pinheiro-brabo; atambu-açu; "FRU" EC ARV CPE; XIII
pinheirinho; pinho-bravo; pinheirinho-branco
Polygonaceae
Muehlenbeckia sagittifolia
(Ortega) Meisn.*
1; 4 ICN 67747 salsa-braba; salsa; salsaparrilha-do-rio-grande; HO; FRU F; FR TSL CPE; XV
salsaparrilha-colorada; salsaparrilha;
salsa-do-rio-grande;
zarzamora del Paraguay
(Par.);
zarzaparilla colorada
(Ur.);
zarzaparilla negra, zarzamora
(Arg.);
zarzaparrilla
(Cas.);
yuapeca pytã
(G.)
Polypodiaceae
Pecluma pectinatiformis
(Lindm.) M.G.Price
37; 38 ICN 6372 samambaia-doce ED? RZ; F ER CPE; LXIX
Pontederiaceae
Eichhornia azurea
(Sw.) Kunth
1; 2; 4; ICN 20341 aguapé-de-baraço; aguapé-de-cordão; HO BT; FL ER XXVI
7; 9 camalote (MS); aguapé; orelha-de-veado; PI (sal)
colhereira (MG); dama-do-lago; mureré;
mureré-de-flor-roxa, mureré-orelha-de-veado;
orelha-de-veado; bico-de-pato; mururé;
66
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
baronesa;
peacock hyacinth
(Ing.);
taruya, buchón, batata, oreja de mula, cebolleta,
miosotis de agua, no me olvides
(Col.);
lirio de agua
(Arg.);
nukha
(Índia);
camalote, bora sapita, lagunero
(Esp.);
Pontederiaceae
Eichhornia crassipes
(Mart.) Solms-Laub.
1; 2; 4; ICN 53743 aguapé; jacinto-d´água; gigoca (RJ); baronesa; HO F; FL; ER I; XIX
7; 9 mureré-de-canudo (AM); pavoa (CE); PI (sal)
mureré; aguapé-puruá;
camalote ombligo, bora,
camalote, jacinto de agua, lírio de agua
(Esp.);
water hyacinth, millions weed
(Ing.);
pabuduo, muxie
(China - Xishuangbanna);
taruya, buchón
(Col.);
flor de agua
(Cuba);
jacinthe d"eau
(Fr.);
luc-binh
(Cochinchina)
Pontederiaceae
Heteranthera reniformis
Ruiz & Pav.*
1; 4; 9; ICN 83021
agro-do-brejo; aguapé-do-arroz;
berro
(Esp.);
HO F; R ER I; CPE; XVI
hortelã-do-brejo; pavoa; aguapé-mirim;
gigoguinha;
torá sirá
(Pech - Etnia de Honduras)
Pontederiaceae
Pontederia cordata
L.
1; 4 ICN 20340 aguapé; rainha-dos-lagos; orelha-de-veado; mureré; HO F; S ER II
guapé, camalote; lanceiro; espigácea;
dama-das-lagoas; murerê;
oreja de ciervo
(Cas.);
pickerel-weed, pickerelweed, pickerel rush
(Ing.)
Portulacaceae
Portulaca mucronata
Link
PE PACA 32805 beldroega HO F; R; S; ER CPE
FL
Portulacaceae
Portulaca oleracea
L.*
PE PACA 35985 beldroega; beldroega-pequena; beldroega-miúda; HO F; FL; R; ER I; IV; XXXIII;
beldroega-vermelha; beldroega-da-horta; S XXXV; XLIV;
salada-de-negro; bredo-de-porco; caaponga; LVII; LXI; CPE
ka'á rurú mirí, ka'a ruru kyrá, k pongá
(G.);
flor de un día, sañue kachú, mocoyuyo
(Arg.);
kati't´a
(Mataco);
verdolaga
(Esp., Cas.);
canauhquilitil, verdolaga yerua, itzmiquilitil.
67
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade - fonte que cita o uso potencial. Em negrito (sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
xucul, yeseye
(Mex.);
'ele'lachaxat
(T.);
Grüner Portulak, Portulak, Sauburtzel
(Al.)
yerua, llutuyuyu
(Q.)
; pochco yuyo
(Peru)
purslane, common purslane, pigweed
(Ing.);
poupier vert, pourpier, pourpier potager
(Fr.);
kati't'a
(W.);
gato-godóxona
(P.);
madilika
(Zulu);
doddagoni soppu
(Índia)
losak
(Mocoví);
portulak ogorodnyj
(Russo);
bighel
(Árabe);
ma chi xian
(Chin.);
have-portulak, portulak
(Din.);
postelein
(Hol.);
kulfa
(Hindu);
tachi suberi hiyu
(Jap.);
porcella, erba porcellana, porcellana
(It.);
jerami
(Mal.);
kolasiman
(Tagalogue - Filipinas);
pabuo liang
(China - Xishuangbanna);
antare
(Etiópia);
hog bhajee
(Guiana);
bilêbsce
rabe);
gulasiman
(Filipinas);
Portulacaceae
Talinum paniculatum
(Jacq.) Gaertn.*
1; 4; 9; 12; ICN 114913 major-gomes; beldorega-grande; gordinha; HO F; R; ER I; II; CPE
32 manjongome; inhá-gome; maria-gombi; RZ?
benção-de-deus; folha-gorda; pulguinha (SP);
maria-gorda; caruru; erva-de-galinha; maria-mole;
língua-de-vaca; cariru; joão-gomes; maria-gombe;
ora-pro-nóbis-miúdo; bredo; bunda-mole (MG);
beldroega-da-praia; beldroega-das-areias;
ka'a ruru kyra
(G.);
o'waqae l'qo, qoochel'qo
(P.)
fameflower
(Ing.);
carne gorda
(Cas.);
verdolaga francesa
(Cuba);
pas'kakma yaamît
(L.-M.);
talinum
(Din.);
tu jen san
(Chin.);
portulaca de playa
(Esp.);
pourpier, pourpier de la plage,
68
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade - fonte que cita o uso potencial. Em negrito (sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
langue de boeuf
(Fr.);
khursa, baralaniya, kulfa
(Hindu);
Rosaceae
Margyricarpus pinnatus
(Lam.) Kuntze
1; 4; 6 ICN 88478 fruto-de-perdiz; cipó-grande-cesto; FRU FR ER; I; XV; CPE;
fruta-de-perdiz;
yerba de la perdiz, perlilla,
manzanita, perla
(Cas.);
SARB LXVIII
piqui yoyo
(Andes);
yerba de las perillas
(Ur.);
pique-pique, canlli, china-canlli
(Pe.);
nigua
(Eq.);
pearl fruit
(Ing.);
cansacerro, niguita
(Col.);
savinilla
(Ch.);
chokekanlla, choquecanclla
(Bol. - Aymara)
Rosaceae
Rubus brasiliensis
Mart.
PE PACA 41575 amora-verde; amora-branca; amora-brava; FRU FR. TL I; CPE
amora-do-mato;
Bromberen
(Al. - colonos)
silva-branca; sarça-amoreira;
nhambu'i
(G.)
Rosaceae
Rubus erythroclados
Mart. ex Hook. f.
4; 8 PACA 10964
amora-verde; amora-branca;
nhambu'i
(G.)
FRU FR TL CPE; XLII
krét kuprí
(K.); amora-do-mato;
Bromberen
(Al.)
Rosaceae
Rubus imperialis
Cham. & Schltdl.
1; 4 PACA 37846 amora-verde; amora-branca; amora-rosa; FRU FR TL CPE; XV
amora-do-mato;
krét kuprí
(K.);
Bromberen
(Al.);
zarza, zarzamor, mora
(Cas.);
nhambu'i
(G.)
Rosaceae
Rubus rosifolius
Sm. var.
rosifolius
*
7; 8; 9 ICN 101864 framboesa-silvestre; morango; amora-vermelha; FRU FR SARB I; CPE; XLII
moranguinho-silvestre;
init
(Filipinas);
indian raspberry, mauritius raspberry
(Ing);
frambuesa de india
(Cas.);
nhambu'i
(G.);
enjori
(Etiópia);
Rosaceae
Rubus sellowii
Cham. & Schltdl.
1; 4 PACA 41490
amora-preta; amora-vermelha;
krét as
(K.)
FRU FR TL I; CPE; XLII
zarzamora
(Ur.); amoreira-do-mato;
Rosaceae
Rubus urticifolius
Poir.*
1; 4; 6; ICN 94960 amora-do-mato; amorinha; amora-preta; FRU FR TL I; CPE; XV
8; 12
amoreira-silvestre;
krét as
(K.);
nhambu'i
(G.);
nhambuí; amoreira-preta;
Bromberen
(Al. - colonos)
69
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
Rubiaceae
Chiococca alba
Hitch.
1; 4; ICN 133093 cainca; cainana; caninana; cipó-cruz; cruzeirinha; FRU FR TSL CPE; LVIII
cipó-cruz; cruzeirinha; dambê; poiaia; purga-preta;
quina-de-raiz-preta; raiz-de-frade; raiz-de-quina;
raiz-de-serpentária; casinga;
raiz-fedorenta; raiz-do-frade;
oreja de raton,
lágrimas de san pedro, bejuco timaque
(Esp.);
snowberry, snakeroot
(Ing.);
cainica, raíz de murciélago
(Col.)
Rubiaceae
Guettarda uruguensis
Cham. & Schltdl.
1; 2; 4; 6; ICN 94437
veludinho(a); veludo;
café falso
(Arg.);
FRU FR ARB; I; XI; CPE
7; 8; 9; 12
jazmín del Uruguay, palo cruz, café falso,
ARV
heliotropio del monte, jasmín del monte,
membrete
(Ur.)
Rubiaceae
Posoqueria latifolia
(Rudge) Roem. & Schult.
8 HAS 13920 fruto-de-macaco; baga-de-macaco; FRU FR; S ARV I; CPE; XII;
bacupari-miúdo; pau-de-macaco; papa-terra; XLII
laranja-de-macaco; açucena-do-mato;
flor-de-mico; bacopari-da-capoeira;
Brazilian oak, tree jasmine
(Ing.);
posoqueri
(Guiana)
Rubiaceae
Randia armata
(Sw.) DC.
1; 2; 4; 6; ICN 51892 limoeiro-do-mato; angélica; juazeiro; FRU FR ARV I; XIII; CPE
7; 8; 9; 12; bosta-de-galinha-preta; cu-de-cachorro;
33 taturapé (PI); jasmim-do-mato; limão-bravo;
fruta-de-cachorro; espinho-de-judeu (SP);
fruta-de-jacaré; genipapeiro-bravo;
limãorana; mororó; papaterra; quina-dos-pobres;
ñuati curu
(Arg.);
ñuati kurusu
(G.);
Kluckedreck
= titica-de-galinha (Al.-RS e SC);
cruceta negra, c. real, quipito hediondo
(Ven.)
Salicaceae
Casearia decandra
Jacq.
1; 4; 6; 7; ICN 53438 canela-de-veado; canelinha-de-veado; FRU FR ARV I; XLII; CPE
9; 11; 19; cabroé; cambroé; pitumba; guaçatunga;
70
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela. PE - proposta pelo presente estudo e CPE - consumida no presente estudo.
31; 33 guassatonga; guaçatonga; terra-seca;
farinha-seca (PR); saguariju (SC);
cafezeiro-do-mato; café-do-mato
mbavy moroti
(G.)
Santalaceae
Acanthosyris spinescens
(Mart. & Eichl.)
9; PE ICN 146772
sombra-de-touro;
iwá he' é
(G.)
FRU; OL FR; S ARV I; XIII; XV; CPE;
Griseb.*
quebracho flojo, quebracillo
(Cas.)
XXXIII; XLII
Santalaceae
Iodina rhombifolia
(Hook. & Arn.) Reissek
4; 30 ICN 4384 cancorosa-de-três-pontas; cancorosa; cancrosa; FRU; OL? FR ARV XI; CPE
sombra-de-touro; espinheira-santa;
cancerosa; espinheira-divina; pau-de-sapo (SC);
quebracho flojo
(Cas.);
peje
(Arg.)
Sapindaceae
Allophylus edulis
(A.St.-Hil.)
1; 2; 4; 6; ICN 127931 chal-chal; vacum; baga-de-morcego; FRU FR; S ARV I; CPE; XXXIII;
Radlk. ex Warm.* 7; 8; 9; 12; olho-de-pombo(a); fruta-de-pombo(a); XV; XLVIII
31 quebra-queixo; murta-vermelha, m.-branca (SC);
vacunzeiro; chala(e)-chala(e); fruta-de-paraó;
fruta-de-pavão; fruta-de-pavó; pé-de-galinha;
chanchal, albarillo, chalchal, cacú, coguy,
frutilla
(Arg.);
cochinillá, cochinillo, cocu
(Par.);
ko, wakú, pykasu rembi'u
(G.);
Sapindaceae
Allophylus guaraniticus
(A.St.-Hil.) Radlk.
1; 4; 6; 31 ICN 49378 vacum; vacunzeiro; fruta-de-pombo(a); FRU FR ARB XII; XXXIII
vacum-mirim;vacumin; uacoi-minim;
ko, wakú, pykasu rembi'u
(G.)
Sapindaceae
Cardiospermum halicacabum
L.
1; 4; ICN 50402 coração-da-índia; baozinho; para-tudo; HO S; F; FL TSL I; XLV; LXII
batuquinha; cheque-cheque;
camapum; paúna; paratudo;chumbinho; paúna;
poca (MS); bagos-de-chumbo; batucuinha;
saco-de-padre;
farolito de la virgen
(Ven.);
farolitos
(Cuba e Porto Rico);
ceur des indes, pois de ceur, p. de merveille
(Fr.);
yaüm, iuá
(G.);
pas'kaawît
(L.-M.);
71
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
ballon vine, heart pea, winter cherry
(Ing);
farolitos
(Col.);
Ballanrebe, Herzerbse
(Al.);
globitos, jupulo
(Arg.); globitos,
munditos
(Ur.);
hierva de chibato, huevo de gato
(Mex.);
kapal-phodi, tejovati
(Índia);
vinivivio
(Taiti);
muda-cottam, penela-wel
(Sri Lanka);
masontsokina, vahintsokina
(Madagascar);
Sapindaceae
Dodonaea viscosa
(L.) Jacq.*
1; 2; 4; 33 ICN 128953 vassoura-vermelha; erva-de-veado; BE F; S ARV I; II; CPE
vassourinha-vermelha; vassoura-do-campo;
faxina-vermelha;
hayuelo, chanamo
(Col.);
ake
(Nova Zelândia);
chamiso, gitarán, guatacán
(Porto Rico e Cuba);
switch-sorrel, broom, wild hops, hopbush
(Ing);
native almonds, native hops,
victorian-lignum-vitae
(Austrália);
apiri
(Taiti);
chamana
(Pe.);
yerba del campo
(Ch.);
bois de reinette, dodonée, olivier de sable,
olivier du diable
(Fr.);
chamis(z)o
(Arg./Ur.);
palo vinado, chapulize, cuerno de cabra,
hierba de la cucaracha, jarrilla, limonillo,
munditos, ocotillo, pirimi, sabino cimarrón,
varal
( Mex.);
rummach, schath
(Árabe)
Sapotaceae
Chrysophyllum gonocarpum
(Mart. &
1; 4; 6; 7; ICN 119511 aguaí-guaçu; aguaí; aguaí-da-serra; mato-olho; FRU FR ARV I; CPE; XV;
Eichl.) Engl. 9; 12; 17
aguaí-amarelo; guatambu-de-leite;
XXXIII; LVI
aguay, aguay dulce;
(Cas.);
awaí, aguaí
(G.)
Sapotaceae
Chrysophyllum marginatum
(Hook. & Arn.)
1; 6; 7; 8; ICN 40788 aguaí-mirim; aguaí; aguaí-vermelho; aranhão; FRU FR ARV CPE; XXXIII
Radlk. 9; 12; 17;
guatambu-de-leite (PR);
pîkasú rembi`ú
(G.)
31; 33 mata-olho (PR); peroba-branca (RJ);
maçarandubarana; batinga-branca;
72
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela. PE - proposta pelo presente estudo e CPE - consumida no presente estudo.
chá-de-murta; batinga-vermelha; vassourinha;
aguai-mi
(Par.);
blanquillo colorado,
oliveta, olivorá
(Arg.)
Sapotaceae
Pouteria gardneriana
(A.DC.) Radlk.
1; 2; 4; ICN 83014
aguaí-guaçu; mata-olho-de-beira-de-rio;
aguay
FRU FR ARV I; XIII; XV; CPE;
6; 9; 17
figo-de-índio; mata-olho;
awaí wasú
(G.);
XXXIII; XLII;
mata-ojo
(Arg.)
Sapotaceae
Pouteria salicifolia
(Spreng.) Radlk.
1; 31 ICN 327333 sarandi-mata-olho; mata-olho; FRU FR ARV PE
aguay
(Arg.);
mata-ojo
(Ur.)
Sapotaceae
Sideroxylon obtusifolium
(Roem. & Schult.)
1; 4; 6; 33 ICN 132346 coronilha-da-praia; coronilha; quixaba; miri; FRU FR ARV I; CPE; XXXIV;
Penn. 11; 12; 17
quixabeira; sacutiaba; saputiquiaba;
XXXV; XLVI;
sapotiaba; sombra-de-touro; rompe-gibão; XLII; LVI; LX
ibiranhirá; coca (BA); maçaranduba-da-praia;
hi'iknak,chyala jentas
(Mataco);
atheyuk
(Maka);
lanza, mocán
(Arg.);
guaraniná, ibirá-niná, molle, horco-molle
(Cas.);
we' daGañik
(T.P.),
we' raGañik
(P.);
huedaxanic'ala
(T.);
yayt, yayet
(L.-M.)
gwajayvira'i, ibira-niná, yvyrá-ni
(G.)
Solanaceae
Acnistus arborescens
(L.) Schltdl.
25; PE PACA 85006
marianeira; maria-neira; mariana; fruta-de-sabiá;
FRU FR ARV; I; CPE; LIX
falso-esporão-de-galo;
campana
(Cuba);
ARB
baikuanum, catahui, chirac,mancapaqui,
mullaca, mulluca, tomapendia, tople, toque
(Pe.);
borrachero,uvito gallinero, palo de pollo,
palo de gallina
(Ven.);
tomatoquina,
tabalque, fruto gallino
(Col.);
cojojo, ojojo, uva del monte
(Eq.);
galán arbóreo, gallinero
(Porto Rico);
itite, guitete
(Costa Rica)
Solanaceae
Capsicum baccatum
L. var.
baccatum*
1; 4; 9; PE ICN 122936 cumari; pimenta-cumari; pimenta-silvestre; CO FR SARB; I; II; CPE; XXIII;
73
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
cumarim; comarim; pimenta-cereja; ARB XV; LXII
pimentinha; pimenta-pombinha; combari;
pimenta-cumari-miúda; pimenta-de-passarinho;
pimenta-brava; pimenta-do-mato;
arivivi
(Bol.);
ají del monte, ají cumbarí, ají del campo,
ají silvestre
(Cas.);
cumbari, ají del monte,
kitucho, ají kitucho, quitucho, ají quitucho
(Arg.);
bird pepper, bird-eye pepper, small pepper
(Ing.);
piment d'oiseau, piment zouézeau, p. rouge
(Fr.);
pimiento loco, pimiento silvestre
(Esp.);
ají pajarito
(Col.)
Solanaceae
Capsicum flexuosum
Sendtn.
25; PE PACA 32925 pimenta-silvestre; pimenta-brava; pimenta-braba; CO FR ARB CPE
pimenta-do-morro; pimenta-do-mato;
ají silvestre, pimienta del monte, ai jesú, ke-huí,
pimientina, pimientiña, ají cumbarí
(Cas.)
Solanaceae
Physalis angulata
L.*
25; PE PACA 42450 juá-de-capote; j-de-capote; camapu; FRU; HO FR; F ER; I; II; CPE;
mata-fome; bate-testa; balão-rajado; SARB XXXV; XLVI
juá-poca; camapu; camapum; camambu; camaru;
joá-de-balão; bucho-de-rã; balãozinho; joá;
cutleaf ground cherry, ground cherry,
winter cherry
(Ing.);
wahat telhoy,
si`kyu telhoy, wo´yes telhoy
(Mataco);
miltomate, vejiga de perro, chimbombo
(Cas.);
mullaca, capulí cimarrón
(Pe.);
uvilla
(Col.)
papoos, indian papoos
(Guiana);
capu
(Esp.);
alkékenge sauvage
(Fr.);
lulucai
(Cochinchina)
Solanaceae
Physalis pubescens L.*
1; 4; 8; PE; PACA 35585 fisális; juá-de-capote; joá-de-capote; canapu; FRU FR SARB I; II; CPE;
36 baozinho; tomate-de-capote; camapu; XXXV; XLVI;
pimenta-camapu; bate-testa;
ground cherry,
XLII; LV
74
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
ground cherry tomato; husk tomato, strawberry
tomato, gold berry
(Ing.);
wahat telhoy
,
si' kyu telhoy, wo'yes telhoy
(Mataco);
qochi 'maGañik
(T.P.);
sapo de gato
(Be.);
muyaca, motojobo
(Bol.);
batanto
(Haiti);
uva de perro, uchuba, uvilla
(Col.);
tsisin cucuma
,
mutios panga, tomate del monte
(Eq.);
topotopo
(Ven.);
topetón, hierba de sapo
(Pan.);
cocostomat, tomatillo, miltomate,
tomate culebra
(Mex.);
huevito, huevo,
huevo de tortuga, miltomate criollo
(Cas.);
capulí
(Esp.);
herbe à cloque
(Fr.);
alquenquenje amarelo
(Portugal);
lu-lu-loung
(Cochinchina)
Solanaceae
Physalis viscosa
L.
1; 4; PE; 36 PACA 33380 juá-de-capote; j-de-capote; camapu; FRU FR ER I; XXXIII; XV;
balãozinho; bucho-de-rã;
kamambu
(G.);
XXXIV; XXXV;
pocote de perro, caramelitos de monte,
XLVI; LVII; LX
camambú
(Cas.); qatañi (T.);
ch'estajtethni
(W.);
qoto'ñi
(T.P.);
magane
(Maka);
wahat telhoy
,
si'kyu telhoy, wo'yes telhoy, iste-loi
(Mataco);
yateepî yaamît
(L.-M.);
uqadolo
(Zulu);
stick gooseberry, sticky cape, gooseberry
(Ing.)
Solanaceae
Salpichroa origanifolia
(Lam.) Baill.*
1; 4; PE; 36 ICN 66704 ovo-de-galo; grão-de-galo; congonha; sininho; FRU FR ER I; CPE; LVI
tombó;
huevito de gallo
,
huevo de gallo
,
pisingallo, uva
(
uvita) del campo, uvilla
(Cas.);
muguet des pampas
(Fr. - colonos)
Solanaceae
Solanum americanum Mill.*
2; 7; 8; 9; ICN 34914 erva-moura; erva-moura-açu; maria-preta; FRU; HO FR; F; R ER; I; CPE
12; 16 maria-pretinha; erva-de-galinha; caraxixu; SARB
pimenta-de-bugre; p.-de-rato; p.-de-galinha;
75
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
p.-de-cachorro; caraxixá; araxixu; guaraquinha;
aguaraguá; aguiraquia; erva-mocó;
morelle
(Fr.);
black nightshade, American black nightshade,
caribnettle
(Ing.);
umsobosobo
(Zulu);
macuy, macuí
(Guatemala);
mora, hierba mora,
yerbamora, yerba mora, quilete
(Cas./Esp.);
ranti, terong meranti,tereong perat
(Mal.);
papie, uo lei, geni
(China - Xishuangbanna)
Solanaceae
Solanum capsicoides
All.
16; PE ICN 51779 joá-vermelho; juá-vermelho; juá-ti; juá; joá; FRU FR SARB CPE; LI
melancia-da-praia; gogoia; arrebenta-boi;
baga-de-espinho (SC); arrebenta-cavalo
Solanaceae
Solanum chenopodioides
Lam.
PE ICN maria-preta; maria-pretinha; erva-moura FRU FR ER CPE; LXI
Solanaceae
Solanum concinnum
Schott ex Sendtn.
16 ICN 47054 papa-guela; joá-velame; juá; joá FRU FR ARB CPE
Solanaceae
Solanum corymbiflorum
(Sendtn.) Bohs
25a; 36; PE PACA 1166 tomate-de-árvore-verde; tomate-de-árvore; FRU FR ARB XXXII; CPE
baga-de-veado; culhão-de-veado; baga-de-bugre;
unha-de-veado; azeitona-braba; tomate-da-índia
Solanaceae
Solanum nigrescens
M. Martens & Galeotti
1; 2; 4; PACA 62379 erva-moura-u; erva-moura HO; FRU? F; FR? SARB I
6; 9;
Solanaceae
Solanum paniculatum
L.*
1; 4; 16 ICN 101596 jurubeba-verdadeira; jurubeba; jurupeba; HO FR ARB CPE; III; LII
juribeba; jubeba; jupeba; jurubebinha; joatica;
jurepeba; jurubebeba-branca; jurubeba-mansa;
jurubeba-roxa; jurubena; jurumbeba; juuna;
juvena; juveva; juina; juna; purupeba;
friega platos
(Cuba)
Solanaceae
Solanum sisymbriifolium
Lam.*
1; 2; 4; ICN 101978 jóa; juá; jóa-da-roça; joá-manso; tomatinho; FRU FR SARB I; III; CPE;
7; 12; 16 joá-das-taperas; juá-manso; juá-das-queimadas; XXXIII; XXXV;
ñuati pytã
(=folhas com espinhos),
tuti'á
(G.);
XLVI; LX
vila vila, vira-vira, espina colorada
(Cas.);
quinda pampa, revienta caballo
(Arg./Ur.);
76
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
moqoq latowey
(Maka);
fwilätaj lhay
,
jwiläl lhay
(Mataco);
yam meeyak
(L.-M.);
´niyaqlae´te
(T.P.);
jwilo´tax
(W.)
Solanaceae
Vassobia breviflora
(Sendtn.) Hunz.*
1; 19; 25 ICN 41241 esporão-de-galo; baga-de-jacu; fruta-de-sab FRU FR ARV CPE
espinho-de-pomba(o); espnho-de-porco;
uchucho, pucanche
(Arg.);
porco ju
(G.)
Tropaeolaceae
Tropaeolum pentaphyllum
Lam.*
1; 4; 9; PE ICN 7096 crem; batata-crem; crem-de-cipó; cipó-crem; HO; CO TB; F; TH CPE; I; II
crem-trepador; crem-de-baraço; crem-do-mato; FL; FR
cinco-chagas; sapatinho-de-iaiá; chagas-miúdas;
flor-de-sangue; capuchinha; sapatinho-do-diabo;
carrapicho;
pititos, flor de pitito
(Cas.);
five-finger nasturtium
(Ing.);
capucine à cinq feuilles
(Fr.)
Typhaceae
Typha domingensis
Pers.*
2; PE HAS 1853 taboa; tabua; espadana; cotonete-do-banhado; HO RZ; PA; ER I; II; III; CPE;
partasana; paina-de-flecha; paina-do-brejo; P; IJ; XX; XXXIV;
paineira-de-flecha; paineira-do-brejo; F (sal) XXXV; XLVI;
microfone-de-sapo;
bucha; landim; paina; tabu;
LVI; LX; X
capim-de-esteira; taboinha;
Rohrkolben
(Al.);
totora, paja de estera,espadaña, espadaria
(Cas.);
piri vevy'í
(G.);
jwi´na#, fwi'na
(W.);
cattail, cat tail, bulrush, typhad
(Ing.);
fapuk, fapu'
(Maka);
rat-tail
(Jamaica);
fwi'na, ju'na
(Mataco); chii'na, cheená (T.P.);
akho
(L.-M.);
trapal
(Rankülche);
vatro, batrum cortadera macho
(Ch.);
anea, bayón, espadaña, bore, boga
(Esp.);
lana de enea
(Ven.);
keya
(Índia)
massette(s), quenouille(s)
(Fr.);
macio, pelusa
(Cuba);
giaggiolo
(It.);
77
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
enea, espadaña
(Col.);
tule, tut
(Am. Central);
hafé, haffa
(árabe); gama (Jap.);
Urticaceae
Boehmeria caudata
Sw.*
6; 8; 12; ICN 5792
urtiga-mansa; assa-peixe;
HO F ARB; XVII; CPE
19; 20
folha-de-santana (MG);
capié guazúih
(Arg.)
ARV
Urticaceae
Boehmeria cylindrica
(L.) Sw.
20 ICN 67325 mastruço-do-brejo (BA); HO F ER PE
mastruço-branco-do-brejo (BA)
Urticaceae
Cecropia pachystachya
Trécul
1; 4; 33 ICN 53434
embaúba; imbaúba; umbaúba;
amba`y
(G.);
FRU FR ARV I; XII; XV; CPE
embaúva; embauveira; umbaubeira;
caixeta; árvore-de-preguiça;
snakewood
(Ing.);
ambaí ambay, palo de lija
(Cas.);
ambaiba
(Bol.)
Urticaceae
Cecropia glaziovi
Snethl.
PE PACA 71182
embaúba; imbaúba; umbaúba;
amba`y
(G.);
FRU FR ARV XII; XV
snakewood
(Ing.)
Urticaceae
Coussapoa microcarpa
(Schott) Rizz.
1; 4; 6; 7; ICN 90248 figueira-mata-pau; mata-pau; figueira-preta; FRU FR ARV XII; CPE
8; 9; 12; 33
figueira-do-brejo;
swamp fig
(Ing.);
Urticaceae
Parietaria debilis Forst.*
1; 4; 20 ICN 66294 pepininho-de-folha; paletária; parietária; HO F ER CPE
erva-de-ganso;
Ganse-Blumchen
(Al. - RS);
parietaria, palitaria
(Col.);
paletaria
(Cas.)
Urticaceae
Phenax organensis
Glaziou
20 HAS 68114 urtiga-mansa HO F SARB CPE
Urticaceae
Phenax uliginosus Wedd.*
20 ICN 4046 urtiga-mansa HO F SARB CPE
Urticaceae
Urera aurantiaca
Wedd.*
2; 20; 21 ICN 34905 cansanção; urtigão; urtiga-de-pacu (MT, MS); HO; FRU F; FR TSL CPE; XVIII
urtiga-brava; urtiga-fogo; urtiga-vermelha;
uafé; urtiga-grande; cansanção-verdadeiro
pume-mirim (MT); urtiga-trepadeira; punu-mirim
Urticaceae
Urera baccifera
(L.) Gaudich. ex Wedd.*
8; 9; 19; ICN 67158 urtigão; urtigão-bravo; urtiga-roxa; ortiga-brava; HO; FRU; F; FR; ARB; I; XII; XV; CPE
20; 21 cansanção-roxa (BA); cansanção; urtiga-brava; BE RT? ARV
urtiga-fogo; urtiga-grande; urtiga-vermelha;
cow itch
(Ing.);
pinhouasú, pyñoasú
(Par.);
pyrfé
(K.);
ortigón, ortiga brava
(Cas.);
nigua
(El Salvador);
78
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR
- aromatizante,
BE
- bebidas,
CO
- condimento,
ED
- edulcorante,
HO
- hortaliça,
FRU
- frutífera,
CER
- (pseudo)cereal,
OL
- óleo;
PAP
- papaína,
BRO
- bromelina;
P.U.
- Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
chichicaste, chichicaste blanco,
ortiga, nigüilla
(Cas. - Am. Central);
chichicata
(Cuba; Mex.);
yoreda
(Col. - Murui);
ortiga morada, pringamosa dientona,
pringamoza
(Col.);
tártago, cadillo
(Ven.);
ortiga grande
(Arg.)
Urticaceae
Urera nitida
(Vell.) Brack*
20; 21 ICN 106472 urtigão; urtiga-de-leite HO; FRU F; FR ARB CPE
Urticaceae
Urtica circularis
(Hicken) Sorarú*
12; 20 ICN 132142
urtiguinha-de-jardim; urtiguinha; urtiga-miúda;
HO F; R ER CPE
ortiga-crespa
(Ur.);
pyno pyño
(Par.);
pyno'i
(G.)
Verbenaceae
Aloysia gratissima
(Gillies & Hook.) Tronc.
6; 9 ICN 59184 garupá; garopá; erva-de-nossa-senhora; CO; BE; F; FL ARB; I; CPE; XLVII
erva-de-colônia; erva-da-graça; erva-santa; AR ARV
mimo-do-brasil; alfazema-do-brasil;
cedrón del monte, angel, resedá del campo,
niñarupa, niñarrupa, azahar del campo
(Ur.);
palo amarillo, usillo, poleo del campo
(Cas.)
Verbenaceae
Aloysia triphylla (L´Hérit.) Britton
4; 7 ICN 69613 erva-luísa; luísa; luiza; erva-cidreira; cidrão; cidró; HO; BE; F; FL ARB I; II; LXI; CPE
cidró-pessegueiro; cidrilha; salva-limão; CO
cidreira-de-árvore; cidrozinho; erva-luígia;
cedrón, yerba luisa
(Cas.);
cidron
(Col.)
verbena olorosa, hierba luisa
(Esp.);
verveine odorante, verveine citronnelle
(Fr.);
Zitronenstrauch, Zitronenkrant
(Al.);
cedroncillo (Pe.);
limoncita, erba luigia, cedrina
(It.);
vervain,
lemon verbena, lemon-scented verbena
(Ing.);
doce-lima, limonete, lucia-lima
(Portugal);
cédron, hierba de la princesa, hierba luisa
(Mex.)
Verbenaceae
Bouchea fluminensis
(Vell.) Mold.
1; 4; PE ICN 16104 gervão; gervão-roxo; gervão-do-mato; BE F ER I; CPE
gervão-da-folha-grande; gervão-bastardo;
79
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herbário; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem itálico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela. PE - proposta pelo presente estudo e CPE - consumida no presente estudo.
falso-gero; gervão-da-folha-larga
Verbenaceae
Citharexylum solanaceum
Cham.
PE ICN 124121 tarumã-branco; tarumã; tucaneira FRU FR ARV PE
Verbenaceae
Lippia alba
(Miller)
1; 4 ICN 18854 sálvia-da-gripe; sálvia-trepadora; sálvia; cidreira; HO; BE; F ARB I; CPE
N.E. Brown ex Britton & Wilson erva-cidreira; melissa; salva; salva-branca; CO; AR
alecrim-do-campo; chá-do-tabuleiro; cidrilha;
salsa-branca; salsa-limão; salva-limão;
erva-milagrosa;
oregano poleo
(Ven.);
licorice verbena, anise verbena
(Ing.);
salvia de castilla
(Cas.);
aa'sîk yaamît
(L.-M.);
juanilama, salvia sija
(Guatemala);
prontoalivio, barba de chivo
(Col.);
salvia trepadora
(Ur.)
Verbenaceae
Stachytarpheta cayennensis
(L.C.Rich.) Vahl
4; 8; 9 ICN 94915 gervão; gervão-roxo; cidró; gervão-azul; rincão; CO; BE R; IJ; F ER I; II; CPE;
rinchão; gervão-do-campo; gervão-legítimo; LXVII
aguarapondá; mocotó; chá-do-brasil; orgibão;
gervão-das-taperas; urgevão; uregão;
vassourinha-de-botão;
mozote
(Am. Central);
brazilian tea, bastard vervain, wild verbena,
blue porterweed
(Ing.);
jervon
(G.);
cola de millo, vervena
(Pan.)
Vitaceae
Cissus verticillata
(L.)
9; PE ICN 131360 anil-trepador; cipó-anil; uva-do-mato; uva-bava; HO; FRU RT; FR TSL I; XV; XXXV
Nicolson & C.E. Jarvis cortina-japonesa; insulina-vegetal; insulina; XLVI; CPE
uvinha-do-mato; diabetil; cipó-pucá;
tinta-de-gentio; quebra-barreira;
enredadera de la cortina, cortinas del cielo,
fideo fino, fideos
(Cas);
bejuco de agua
(Col.);
bejuco de caro, caro
(Cuba);
b. de caro
(Ven.);
sik`yo, sik'yotaj, kitsawk
(Mataco);
sichio´tax, si´chiot
(W.);
comemano, sanalotodo,
80
continuação: Lista das espécies nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre com potencial alimentício organizadas por Família; Espécie; F.Ocor. - Fonte ocorrência; No. Her. - Número de Herrio; Nomes populares e
e
abreviaturas
dos idiomas e ou dos países onde alguns nomes populares são usados:
Ing.
- inglês,
Esp
. - espanhol,
Fr.
- francês,
G.
- Guarani,
K.
- Kaingang,
T.
- Tupi,
Al.
- alemão,
Cas.
- castelhano,
Din.
- dinamarquês,
Hol.
- holandês,
Chin.
- chinês (mandarin),
Tai.
- tailandês,
Jap.
- japonês,
Arg.
- Argentina,
Ur.
- Uruguai,
Par.
- Paraguai,
Ch.
- Chile,
Mex.
- México,
Pe.
- Peru,
Ven.
- Venezuela,
Be
. - Belize,
Bol.
- Bolívia,
Tan.
- Tanzânia;
Col.
- Colômbia,
Eq.
- Equador,
Pan
. - Panamá,
It.
- Itália,
Mal.
- Malásia ou língua Malaia,
Maka
e
Mataco
- etnias indígenas da Argentina;
W.
- Wichí,
T.P.
- Toba-pilagá e
P.
- Pilagá,
L.-M.
- Lengua-Maskoy e
T.
- Toba: idiomas/etnias indígenas do Gran Chaco;
Pol. -
descendentes de Poloneses de Nova Prata/RS;
Bo.
- Borôro.
Uso(s): AR - aromatizante, BE - bebidas, CO - condimento, ED - edulcorante, HO - hortaliça, FRU - frutífera, CER - (pseudo)cereal, OL
- óleo; PAP - papaína, BRO - bromelina; P.U. - Parte(s) Usada(s):
F
- folhas,
B
- bulbos,
R
- ramos,
FR
- Frutos,
S
- sementes,
RT
- raízes tuberosas,
FL
- flores,
IJ
- inflorescências jovens,
BF
- bases foliares,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
BT
- brotos tenros,
PA
- palmito,
EC
- escamas carnosas,
C
- cascas,
PI
- plantas inteiras,
TB
- tubérculos,
CL
- cladódios,
RZ
- rizomas,
M
- medula,
P
- pólen;
G
- goma/exsudato;
Hab.
- Hábitos:
ARB
- arbusto;
ARBOR
- arborescente;
ARV
- árvore ou arvoreta;
ER
- erva;
TH
- trepadeira herbácea;
TL
- trepadeira lenhosa;
TSL
- trepadeira sublenhosa;
SARB
- subarbusto;
Comestibilidade
- fonte que cita o uso potencial. Em
negrito
(sem ilico) as espécies definidas como prioritárias e as seguidas de * foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico (Capítulo III).
As menções às literaturas citadas e os nomes completos do herbários encontram-se ao final da tabela.
PE
- proposta pelo presente estudo e
CPE
- consumida no presente estudo.
bejuco de gallina, picamano, iasú
(Am. Central)
Winteraceae
Drimys brasiliensis
Miers
PE LA SALLE casca-d'anta; casca-de-anta; cataia; pau-pra-tudo; CO; BE C ARV LIII; LXII
1453 canela-amarga; capororoca-picante; para-tudo;
carne-d'-anta; carne-de-anta; melambo; melambó;
new granada winter bark
(Ing.)
Literaturas que citam a ocorrência das escies na RMPA: 1 = Rambo (1954); 2= Longhi-Wagner & Ramos (1981); 3= Sobral (2003); 4= Luis (1960); 5= Fernandes & Baptista (1988);
6= Brack et al. (1998); 7= Aguiar et al. (1982); 8=Jacques et al. (1982); 9=Aguiar et al. (1986); 10= Neves (2003); 11= Possamai (1997); 12= Brack et al. (2001); 13= Mondin (2004);
14= Goalves (2004); 15= Falkenberg (1988); 16= Mentz & Oliveira (2004); 17= Leite et al. (2004); 18= Bauer & Waechter (2006); 19= Molz (2004); 20= Brack (1989);
21= Brack (1987); 22= Pedralli (2004); 23= Lourteig (1983); 24= Marchioreto (1988); 25= Soares (2006); 25a= Soares & Mentz (2006) ; 26= Záchia & Irgang (2004);
27= Irgang (1974); 28= Reitz et al. (1983); 29 - Sacco (1980); 30 - Mattos (1967); 31 - Daniel (1991); 32 - Diesel & Siqueira (1991); 33 - Scherer et al. (2005);
34= Rambo (1968); 35= Rambo (1962); 36= Rambo (1961); 37= Athayde-Filho & Windisch (2003); 38= Senna & Kazmirczak (1997); PE - presente estudo.
Literaturas que citam o potencial uso alimentício (comestibilidade):
I - Kunkel (1984); II - Facciola (1998); III - Zurlo & Mitzi (1990); IV - Rapoport et al. (2003a); V - Côrrea (Vol. I); VI -rrea (Vol. II); VII - Côrrea & Penna (Vol.III);
VIII - Côrrea & Penna (Vol. IV); IX - Côrrea & Penna (Vol. V); X - Rapoport et al. (2003c); XI - Côrrea & Penna (Vol. VI); XII - Hoehne (1946); XIII - Mattos (1978); XIV - Carneiro (2004);
XV - Ragonese & Martínez-Crovetto (1947); XVI - Martin et al. (1998); XVII - BRASIL (2002); XVIII - IBGE (1980); XIX - Felippe (2003); XX - Duke (2001); XXI - Pott & Pott (1994);
XXII - Pedralli (2004); XXIII - Neumann (2003); XXIV - Franco (2004); XXV - Donadio et al. (2004); XXVI - Pott & Pott (2000); XXVII - Fuertes & Ordaya (1986);
XXVIII - Jankowski et al. (2000); XXIX - Botrel et al. (2006); XXX - Díaz-Betancourt et al. (1999); XXXI - Rapoport & Ladio (1999); XXXII - Bohs (1989); XXXIII - Martínez-Crovetto (1968);
XXXIV - Arenas (1982); XXXV - Maranta (1987); XXXVI - Ogle et al. (2003); XXXVII - Reitz et al. (1983); XXXVIII - Scheinvar (1985); XXXIX - Legrand & Klein (1977);
XL - Legrand & Klein (1969); XLI - Legrand & Klein (1978); XLII - Lorenzi et al. (2006); XLIII - Sacco (1980); XLIV - Fuertes (1996); XLV - Reitz (1980); XLVI - Arenas (2003);
XLVII - Scarpa & Arenas (1996); XLVIII - Scarpa (1999); XLIX - Záchia & Irgang (2004); L - Smith et al. (1981); LI - Smith & Downs (1966); LII - Lorenzi & Matos (2002);
LIII - Fromm-Trinta & Santos (1997); LIV - Fonseca-Kruel & Peixoto (2004); LV - Martínez (1998); LVI - INCUPO (1991); LVII - INCUPO (1994); LVIII - Bennett (1995);
LIX - Hunziker (1982); LX - Arenas (1981); LXI - Wyk (2005); LXII - Hedrick (1972); LXIII - Fleig (1989); LXIV - Mabberley (2000); LXV - Revilla (2000); LXVI - Agra et al. (2007);
LXVII - Soares et al. (2004); LXVIII - Rapoport et al. (2003b); LXIX - Kinupp et al. (2004); CPE - consumido no presente estudo; PE - proposto pelo presente estudo.
Herbários consultados: ICN - Departamento de Botânica, UFRGS (Porto Alegre/RS); HAS - Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (Porto Alegre/RS); PACA - Unisinos (São Leopoldo/RS);
LA SALLE - Universidade La Salle (Canoas/RS).
81
Tabela 2 - Total de espécies (N) com potencial alimentício da Região Metropolitana
de Porto Alegre (RMPA) distribuída por hábito e partes de uso potencial;
e o percentual (%) destes em relação à riqueza total de espécies nativas
da RMPA (312 espécies). Porto Alegre, RS, 2007.
Características N %
A. Hábito de crescimento*
Erva 129 41
Árvore/Arvoreta 86 28
Trepadeira 50 16
Arbusto/Subarbusto 43 14
Arborescente** 3 1
B. Categoria de uso
Hortaliça 165 53,05
Frutífera 140 45,01
Bebida*** 38 12,17
Condimento 30 9,64
(Pseudo)Cereal 14 4,5
Oleaginosa 14 4,5
Aromatizante 6 1,92
Edulcorante 2 0,64
Bromelina 2 0,64
Papaína 2 0,64
C. Partes com potencial alimencio****
Frutos 153 49,19
Folhas 111 35,69
Flores 66 21,22
Sementes 60 19,29
Ramos 32 10,28
Rizomas 13 4,18
Raízes tuberosas 12 3,85
Inflorescências jovens 7 2,25
Plantas inteiras 6 1,92
Cascas 6 1,92
Tubérculos 5 1,6
Bulbos 5 1,6
Brotos tenros 5 1,6
Bases foliares 5 1,6
Gomas 4 1,2
Palmitos 4 1,2
"Escamas carnosas" 2 0,64
Medulas 2 0,64
Cladódios 2 0,64
Polens 1 0,32
* Foram computados apenas o primeiro hábito listado na Tabela 1 para
as espécies com variação.
** Duas Cactaceae e Merostachys multiraramea Hack., sendo as
palmeiras não consideradas (vide Tabela 1).
***Contempla bebidas fermentadas e chás; não considerando sucos (ou licores)
elaborados com frutos, folhas e caules frescos;
****A maioria absoluta das espécies possui mais de uma parte com
uso alimentício potencial.
82
2.3.1 Enumeração das espécies com discussão do potencial alimentício,
restrições e cautelas na utilização, formas de aproveitamentos, perspectivas
econômicas, revisão dos estudos correlatos e recomendações para estudos futuros são
apresentados a seguir na mesma seqüência alfabética de família (APG II, senso
SOUZA & LORENZI, 2005) adotada na Tabela 1:
Adoxaceae
Sambucus australis Cham. & Schltdl. (SABUGUEIRO) - Pelo Sistema de Cronquist
(1981) esta espécie pertence à família Caprifoliaceae, sendo classificada assim em grande
parte da literatura e em todos herbários consultados. É uma espécie arbórea utilizada na
medicina popular. Em Porto Alegre (POA) é comercializada como sabugueiro, algumas
vezes identificada erroneamente pelos vendedores como S. nigra L. (espécie exótica e
cultivada), da qual consome-se também as flores empanadas (FELIPPE, 2003). Na
Argentina as flores de S. australis são reputadas como diuréticas, diaforéticas e digestivas
(GOLENIOWSKI et al., 2006). As flores de sabugueiro também são utilizadas no preparo
de um vinho (Holunderwein) na culinária colonial alemã no RS e os frutos no fabrico de
licor (Holunderlikör) de acordo com Müller & Heinrichs (2004). É o primeiro registro
oficial para RMPA, sendo o registro de herbário (HAS 24142) para o município de Dois
Irmãos. No presente estudo foi observada neste mesmo município e também na região de
Taquara. Os frutos são pequenos e quando maduros são roxos a atropurpúreos. Podem ser
consumidos in natura ou usados no preparo sucos, geléias e no preparo de licores
(RAGONESE & MARTÍNEZ-CROVETTO, 1947; MARTÍNEZ-CROVETTO, 1968).
Frutos frescos de uma espécie muito próxima, Sambucus nigra L. ssp. peruviana (Kunth)
R. Bolli foi estudada nutricionalmente Schmeda-Hirschmann et al. (2005). (Figura 1a-b).
83
Alismataceae
Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli (CHAPÉU-DE-COURO) – É uma
planta anfíbia típica de brejos, banhados e margens de corpos d’água, inclusive cultivada
para fins ornamentais. É, tradicionalmente, utilizada na medicina popular para diversas
enfermidades, especialmente relacionadas a problemas renais e reumáticos (LOPES et al.,
2000); como antimicrobiano (Souza et al., 2004) e seu efeito vasodilatador foi detectado
por Tibiriçá et al. (2007). Esta espécie é similar à outra espécie (E. macrophyllus (Kunth)
Micheli) utilizada com os mesmos fins medicinais e alimentícios, possivelmente utilizadas
indistintamente para as duas finalidades, portanto informações referentes às duas espécies
são aqui apresentadas. É a primeira vez que E. grandiflorus é classificada como
alimentícia, no entanto, no Brasil há mais de 60 anos seu extrato entra na composição de
refrigerantes comerciais (Mineirinho®), com fábrica em São Gonçalo (RJ) e
comercializada neste Estado e em alguns municípios de Minas Gerais. Mais recentemente
extratos destas espécies de Echinodorus, juntamente com outras matérias-primas entram na
composição das bebidas Mate-Couro®. Atualmente, esta marca é exportada para diversos
países. O refrigerante Mineirinho® foi consumido inúmeras vezes pelo autor, bem como
chás quentes e gelados feito com as folhas e pecíolos desidratados destas espécies. Nos
chás é recomendável acrescentar suco de limão a exemplo dos chás gelados (“ices tea”)
comerciais. É muito saboroso.
Alguns compostos fitoquímicos foram detectados em E. grandiflorus, e.g., Manns
& Hartmann (1993) detectaram um novo cembrano denominado echinodol-A; Tanaka et
al. (1997) também reportaram a ocorrência de cembrano na espécie; Costa et al. (1999)
isolaram um novo clerodano. Não encontrou-se estudos sobre as bioatividades destes
compostos químicos. Lopes et al. (2000) não detectaram atividades mutagênicas nem
efeitos citotóxicos em bioensaios com extratos aquosos de E. macrophyllus. Em doses
84
excessivas (cavalares) e contínuas estes autores detectaram toxidez hepática subclínica e
uma leve genotoxidez. No entanto, estas superdosagens contínuas e exclusivas não
refletem o consumo humano e os próprios autores concluem que parece uma espécie
segura para o uso humano. (Figura 1c-d).
Alliaceae
Nothoscordum gracile (Aiton) Stearn. (CEBOLINHA-DE-PERDIZ) – É encontrada na
literatura, geralmente, sob N. inodorum (Aiton) G. Nicholson e ou N. fragrans (Vent.)
Kunth (sinônimos) e circunscrita na família Liliaceae sensu lato (s.l.). Espécie típica de
áreas abertas e sob influência antrópica, sendo classificada como inço ou daninha. Seus
bulbos, segundo relatos populares eram utilizados pelos tropeiros para temperar as
refeições durante as longas viagens pelo Brasil. Os bulbos foram consumidos no presente
estudo como tempero de diferentes pratos. Apesar de suave, é agradável. Rapoport et al.
(2003c) citam o consumo dos bulbos cozidos e como condimento. As folhas também foram
consumidas no presente estudo, a exemplo do alho-de-folha ou nirá (Allium tuberosum
Rottler ex Sprengel) e da cebolinha (Allium schoenoprasum L.). Esta espécie foi
selecionada e fornecida para um estudo de conclusão de curso no Instituto de Ciências e
Tecnologia de Alimentos (ICTA/UFRGS), visando quantificar o conteúdo de inulina
existente nos seus bulbos. Esta planta foi selecionada devido ao parentesco com o alho
(Allium sativum L.) e a cebola (Allium cepa L.), espécies que apresentam altos teores de
inulina de boa qualidade, inclusive com patentes. Os dados desta triagem mostraram-se
promissores. O teor de inulina nos bulbos foi 5,22 g.L
-1
(MAGALHÃES, 2006), o terceiro
maior entres às 11 espécies avaliadas. Estudos da composição bromatológica e química dos
bulbilhos e das folhas são necessários, bem como trabalhos fitotécnicos de cultivo e
caracterização do germoplasma deste parente silvestre do alho e das cerca de seis outras
espécies deste gênero nativas na RMPA (Nothoscordum gaudichaudianum Kunth,
85
N. gramineum (Sims) P. Beauv., H. minarum Beauverd, N. montevidense Beauverd, N.
striatum (Jacq.) Kunth, N. uniflorum Baker) que podem ter potencial alimentício e ou
farmacológico similar. Apesar das similaridades, estas outras espécies não foram
consumidas e nenhuma informação química adicional e ou de uso tradicional foi
encontrada, portanto não consideradas no percentual da riqueza de espécies alimentícias da
RMPA. No entanto, a partir das exsicatas de herbário analisadas, N. gaudichaudinaum
destaca-se pelo porte maior e bulbos desenvolvidos. (Figura 1e-f; Figura 2a).
Alstroemeriaceae
Bomarea edulis (Tussac) Herb. (CARÁ-DE-CABOCLO) - Geralmente, circunscrita na
família Liliaceae s.l. É uma trepadeira com parte aérea anual, mas com rizomas lenhosos
perenes. Nestes rizomas são formadas dezenas de raízes tuberosas esféricas, arredondadas
com superfície geralmente irregulares. A coloração da casca das raízes varia do amarelo
intenso ao esbranquiçado. Na natureza, via de regra, é comumente encontrada em solos
pedregosos e ricos em matéria orgânica. Durante o presente estudo foi observada e ou
coletada nos municípios (RS) de Torres (Morro do Farol), de Maquiné (Solidão) e é muito
abundante na região de Nova Prata. Na RMPA a espécie já coletada outrora, mas durante
este estudo não foi encontrada nesta região, exceto por cultivo em residências urbanas de
Porto Alegre. Há coletas antigas depositadas no Herbário PACA procedentes de São
Leopoldo e região. Os acessos cultivados e utilizados nas análises minerais (KINUPP,
2007) são procedentes da comunidade de Gramadinho (Nova Prata). Sementes foram
obtidas também de exemplares cultivados, como ornamental, no Campus da UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina). As sementes frescas (vermelhas) germinam
muito bem e rapidamente (mais de 90% de germinação e com início da emergência 20 dias
após a semeadura). Já as secas (marrom) colhidas ainda aderidas aos frutos no pé e ou
armazenadas perdem a viabilidade, observações deste estudo. No entanto, estudos
86
aprofundados sobre a germinação e possíveis formas de conservação da viabilidade das
sementes são recomendáveis, dado o grande potencial alimentício e ornamental da espécie.
De acordo experimentações do presente trabalho, em pequenos plantios a espécie pode ser
propagada vegetativamente pelo rizoma lenhoso a partir do qual são produzidas as batatas
(raízes tuberosas, logo não servem como ‘sementes’). No entanto, pela quantidade limitada
(cada planta permitiria a formação de cerca de 5 outras no máximo pela segmentação do
rizoma), para formação de plantios maiores é necessária a propagação por sementes. A
semeadura pode ser feita em bandejas, permitindo a seleção das melhores plântulas e
garantia do plantio. As mudas devem ser repicadas para saquinhos e plantadas no local
definitivo quando atingirem cerca de 10 cm de altura. O crescimento é rápido. Como é uma
espécie de hábito trepador precisa ser cultivada com tutoramento que pode ser com
espaldeira de arame ou utilizando estacas simples ou cruzada. Podem ser aproveitadas
também cercas existentes na propriedade e galhadas na produção familiar. As melhores
formas de manejo e tutoramento precisam ser estudadas. A colheita pode ser efetuada após
a ‘maturação’ (amarelecimento e secagem) da parte área. Este ciclo dura,
aproximadamente, de 8 a 10 meses permitindo a produção de batatas com as dimensões
que podem vistas nas figuras aqui apresentadas. Trabalhos com eliminação das
inflorescências visando avaliar o incremento ou não na produtividade de raízes tuberosas
merecem serem conduzidos. Trabalhos e experiências em maior escala para realização de
coletas bienais ou maiores precisam ser realizados. Não se encontrou informação sobre o
crescimento contínuo das raízes tuberosas desta espécie. Aparentemente, algumas são
utilizadas como fonte de energia durante o período de dormência, pois murcham e outras
crescem durante o próximo ciclo. Para consumo as batatas devem ser cozidas com casca e
somente depois descascadas, a exemplo do que é feito com batatas-inglesas pequenas,
evitando desperdícios. Mesmo após longo período de cozimento as batatas mantêm uma
87
consistência e textura firme e crocante. Podem ser consumidas cozidas diretamente ou
cozidas e fritas, ensopadas ou transformandas em purê, bolos ou pães e outras receitas que
a criatividade da(o) cozinheira(o) sugerir.
León (1987, p. 38) cita que esta espécie faz parte dos cultivos domesticados na
América Central recebendo até um nome local (coyolxochitl), mas curiosamente não tece
mais comentários sobre os usos e potencialidades da espécie ao longo do livro. Pérez-
Arbeláez (1965, p. 166-167) afirma que esta espécie ocorre em toda em toda América
Tropical (de Cuba para o Sul). Ele cita que entre os Guambianos (Colômbia), esta espécie
é conhecida por iguitsi ou papa guasca e consumiam suas batatas correntemente (ou
consomem?). Corrêa (1984, v. II, p. 7) menciona que esta espécie produz raízes tuberosas
pequenas, do tamanho de uma uva. Esta afirmação deve ser baseada em material
herborizado, pois não reflete a realidade. Raízes adultas e em solos férteis atingem até
dimensões similares à de batatas-inglesas pequenas: 5 cm de comprimento e
aproximadamente 30 g. Côrrea (op. cit.) relata ainda usos na medicina popular como
diurético e diaforético. Do ponto de vista gastronômico cita que as raízes tuberosas
reduzidas a cinzas forneciam a algumas etnias indígenas um sal alimentício. Nesta mesma
obra (p.10) cita ainda como comestível, depois de cozidas, as raízes Bomarea spectabilis
Schenk. Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 447) citam novamente esta espécie sob o nome
popular jaranganha, afirmando que suas raízes globoso-tuberíferas são consumidas como
alimento em São Domingos, onde são denominadas de tupinamor blanco. Esta espécie foi
selecionada e fornecida para um estudo de conclusão de curso no ICTA/UFRGS, visando
quantificar o teor de inulina existente nas suas raízes tuberosas. O teor de inulina detectado
foi de 1,22 g.L
-1
(MAGALHÃES, 2006), o que é considerado baixo em relação às outras
espécies. Carece de estudos bromatológicos detalhados e coleta, caracterização e
conservação do seu germoplasma, atrelado a um programa de plantio e pesquisas
88
agronômicas em maior escala no Brasil, como uma hortaliça tuberosa com grande
potencial. (Figura 1g-i; Figura 2b-e).
Amaranthaceae
Alternanthera philoxeroides (Mart.) Griseb. (PERNA-DE-SARACURA) – Espécie
herbácea comum em áreas abertas, especialmente com solos férteis e úmidos e mesmo
dentro d’água, sendo, portanto uma macrófita aquática (anfíbia). Considerada nativa da
região meridional (sul) da América do Sul, mas atualmente amplamente dispersa em vários
países do mundo. Apesar de freqüente na RMPA é totalmente negligenciada em relação ao
potencial alimentício. As folhas e ramos jovens (young tops ou tips) foram consumidos no
presente estudo. Podem ser consumidos cozidos ou transformados em bolos, pães e outras
receitas. Segundo Agrahar-Murugkar & Pal (2004) é uma das hortaliças folhosas não-
convencionais mais comumente utilizada como complemento alimentar pela tribo Khasi na
Índia. Normalmente, segundo os autores esta hortaliça é consumida fresca, picada e
misturada com outras hortaliças ou com peixes secos ou fermentados como chutney. É
considerada invasora em várias regiões do mundo e listada entre as “nocivas” (BATES &
HENTGES JR., 1976). No entanto, sendo também reconhecida como uma boa fonte de
proteína vegetal negligenciada (BOYD, 1968; BOYD, 1969). Boyd (1968) analisou as
técnicas de extração da proteína foliar de A. philoxeroides afirmando ser um processo fácil,
apesar da existência de uma pequena quantidade de mucilagem. Segundo análises
disponíveis nesta referência esta espécie possui (em base seca) a seguinte composição:
umidade (85,5%); cinzas (13,9%); proteína crua (15,6%); lipídios crus (2,68%); celulose
(21,3%); tanino (1,2%) e energia (3,46 kcal/g). O autor também analisou (em base seca) os
teores dos aminoácidos essenciais: arginina (1,12%); histidina (0,63%); isoleucina
(0,94%); leucina (1,72%); lisina (1,61%); metionina (0,20%); fenilalanina (traços);
treonina (0,96%) e valina (1,37%). Boyd & McGinty (1981) detectaram 11,6% de proteína
89
(em base seca), em plantas desta espécie em um lago na Flórida, com 80,9% de
digestibilidade em matéria seca. Os ápices dos ramos e folhas desta espécie colhidos em
Campo Bom (RMPA) foram analisados em relação teor protéico e mineral por Kinupp
(2007) destacando-se pelo teor (em base seca) de proteína (19,55%) e vários minerais (em
mg/100g), e.g., Mg (720); Mn (11,5); Zn (11,4); S (480) e B (2,4). Kays & Silva (1995)
classificam A. philoxeroides como uma hortaliça comercialmente cultivada em algumas
partes do mundo e citam seus nomes populares em sete línguas. Segundo estes autores os
ramos apicais jovens podem ser comidos cozidos ou crus. (Figura 1j-l).
Amaranthus deflexus L. (CARURU) – A maioria das espécies de Amaranthus aqui
tratadas e outras nativas e ou cultivadas em outras regiões do Brasil já foi consumida pelo
autor em alguma oportunidade. Geralmente, sob a forma de saladas cozidas, farofas e ou
utilizados no fabrico de pães. Frisa-se que são comumente utilizadas como forrageiras,
especialmente para suínos. Amaranthus deflexus tem ampla distribuição nas regiões
subtropicais e temperadas, sendo considerada originária da América do Sul (KISSMANN
& GROTH, 1999). Esta espécie (folhas) foi analisada na TACO (NEPA/UNICAMP, 2006)
e apresentou a seguinte composição centesimal: umidade (88%); energia (34 kcal/100g);
proteína (3 g/100g); lipídios (1 g/100g); carboidrato (6 g/100g); fibra alimentar (4,5
g/100g); cinzas (2,6 g/100g). Segundo esta mesma referência, os teores minerais
(mg/100g) desta espécie são: Ca (455); Mg (197); Mn (0,9); P (77); Fe (4,5); Na (14); K
(279); Cu (0,37); Zn (6,0). Também foram analisadas as vitaminas (mg/100g): riboflavina
(0,10); piridoxina (0,11) e vitamina C (5). Em relação ao potencial como pseudocereal,
Barclay & Earle (1974) analisaram suas sementes, detectarando 17,2% de proteína e 6,5%
de lipídios.
Amaranthus hybridus L. (CARURU) – É uma espécie ruderal, geralmente considerada
inço ou infestante de áreas agrícolas. Nativa da América Tropical e apresenta ampla
90
distribuição, ocorrendo em diversos países, onde alguns estudos nutricionais têm sido
realizados. Os carurus, em geral, são sabidamente comestíveis, mas o uso efetivo é
reduzido no Brasil atualmente. Amaranthus hybridus (=A. quitensis Kunth) é considerado
progenitor da espécie A. caudatus L., cultivada pelas sementes comestíveis (COONS,
1982). Em relação ao potencial como pseudocereal, Barclay & Earle (1974) analisaram
suas sementes e detectaram 16,7% de proteína e 4,8% de lipídios.
Em algumas regiões da África do Sul, os Amaranthus spp. estão entre hortaliças
mais consumidas, com alta freqüência de ingestão, inclusive com estocagem sob a forma
desidratada e cultivadas e ou manejadas (SHACKLETON et al., 1998). Aleator et al.
(2002) analisaram a composição centesimal e mineral das folhas (em base seca). Esta
espécie destacou-se pelo alto teor cinzas e proteína crua: umidade (91,3 g/100g); Proteína
(32,3 g/100g); Lipídios (9,1 g/100g); Cinzas (19,5 g/100g); Fibra (7,4 g/100g); Ca (699 mg
kg
-1
); P (130 mg kg
-1
); Fe (245 mg kg
-1
); Mg (694 mg kg
-1
); K (689 mg kg
-1
); Mn (262 mg
kg
-1
); Na (848 mg kg
-1
); Zn (251 mg kg
-1
). Além disso, estes autores extraíram e
analisaram os mesmos compostos do concentrado protéico foliar e determinaram as
propriedades funcionais do concentrado. Os autores afirmam que suas propriedades
funcionais indicam o grande potencial para desenvolvimento de diferentes produtos
alimentícios, tais como aditivos para estabilização de emulsões na produção bolos e sopas
industrializadas (ALEATOR et al., 2002). Estes autores frisam que A. hybridus tem grande
solubilidade em meios alcalinos, o que sugere sua utilidade em produtos alimentícios
alcalinos. Odhav et al. (2007) também analisaram esta espécie, ressaltando que em
Kwazulu-Natal (África do Sul) é consumida regularmente pela população, indicando-a
como boa fonte de proteína (6 g/100g) e de alguns minerais: Ca (2.363 mg/100g) e Mg
(1.317 mg/100g). Estes autores avaliaram ainda o potencial antioxidante das folhas frescas
de A. hybridus que foi de 90% de inibição em 100 mg/ML de extratos de metanólicos.
91
Lyimo et al. (2003) analisaram a composição nutricional (em base seca) de 30 hortaliças
nativas da Tanzânia, entre elas A. hybridus: vitamina C (58,1 mg/100g); proteína (4,8%);
fibra crua (1,5%); lipídios (0,6%); Ca (246,8 mg/100g) e Fe (2,9 mg/100g).
Amaranthus muricatus (Moq.) Hieron. (CARURU) – Esta espécie é rara na RMPA, tendo
sido citada somente por Rambo (1968), como um novo registro de ocorrência no RS
(PACA 60559), a partir de uma coleta em Porto Alegre, ocorrendo estritamente como
ruderal. Pelo aspecto similar a outras espécies do gênero pode ocorrer, mas não ter sido
coletada e com certeza ocorrendo em quintais e em áreas sob cultivo seria colhida
indistintamente como forrageira animal e ou humana por pessoas que conhecem e usam os
carurus, pois especialmente em estádio vegetativo possui os mesmos aspectos
morfológicos (“jeitão”) de caruru, apesar das folhas muito estreitas. A parte aérea cozida e
desidratada desta espécie foi estudada em relação ao potencial nutricional na Argentina
(ESCUDERO et al., 1999), revelando-se promissora para cultivo e uso em maior escala.
Estes autores detectaram altos teores de proteína e de digestibilidade, sendo seu valor
biológico de 74% em relação ao padrão da caseína. O teor da Ca (em base seca) foi de
1.533 mg/100g. Rambo (op. cit.) indica esta espécie como nativa na Argentina, ocorrendo
ainda no Uruguai e, provavelmente, no Sul e Oeste do RS.
Amaranthus spinosus L. (CARURU-DE-ESPINHO) – Esta espécie possui ampla
distribuição no Brasil e ocorre em diversos outros países do mundo. Apesar dos espinhos, é
uma espécie rústica, comumente usada como forrageira para suínos e uma hortaliça folhosa
promissora. Oliveira & Carvalho (1975) analisaram nutricionalmente as folhas desta
espécie (em base seca) em Moçambique (África): umidade (79%); energia (267 cal./100g);
proteína total (28,38%); lipídios (4,49%) e cinzas (22,13%). Estes autores também
analisaram alguns minerais (em base seca), dados expresso em mg/100g: Ca (1.795); P
(430); Mg (2.195); Na (13) e K (337) e determinaram também o teor niacina (em base
92
seca): 7,73 mg/100g e 27,2 mg/16 g de N. Oliveira & Carvalho (op. cit.) analisaram
também os teores de 12 aminoácidos, apontanto A. spinosus como a espécie com maior
valor biológico entre as 10 espécies de hortaliças analisadas. Lyimo et al. (2003)
analisaram a composição nutricional (em base seca) de 30 hortaliças nativas da Tanzânia,
entre elas A. spinosus: vitamina C (249 mg/100g); proteína (4,6%); fibra crua (1,6%);
lipídios (0,6%); Ca (43,2 mg/100g) e Fe (3,8 mg/100g).
Odhav et al. (2007) analisaram a composição centesimal (base úmida) e mineral
(base seca), além da atividade antioxidante (base úmida) de A. spinosus: umidade (91
g/100g); proteínas (4 g/100g); lipídios (0,6 g/100g); carboidratos (4,3 g/100g); cinzas (2,76
g/100g); fibra (2,48 g/100g); energia (27 kcal/100g); Ca (3.931 mg/100g); P (629
mg/100g); Fe (32 mg/100g); Mg (1.166 mg/100g); Mn (3 mg/100g); Na (393 mg/100g);
Cu (3 mg/100g); Zn (15 mg/kg) e atividade antioxidante (88%). Considerada, portanto uma
boa fonte de proteína, Ca e Mg. Estes autores frisam que em Kwazulu-Natal (África do
Sul), onde foram obtidas as amostras para as análises, esta espécie é consumida
regularmente pela população. No nordeste brasileiro foi conduzido um estudo para
estimular o aproveitamento desta espécie na multimistura como complemento nutricional
no tratamento da anemia ferropênica (MEDEIROS et al., 2002). Segundo estes autores A.
spinosus possui concentrações de ferro suficientes para tratar anemias causadas por
deficiência do íon ferro e possui também compostos que maximizam a absorção de ferro
pelo organismo pela formação de quelatos de ferro solúveis, afirmando que a concentração
férrica nesta hortaliça não possui efeitos tóxicos ao epitélio gástrico. Segundo You-Kai et
al. (2004), A. spinosus é consumida (folhas cozidas) e comercializada na região sudoeste
da China (Xishuangbanna), exclusivamente de origem silvestre. Esta espécie, como outras
da ordem Caryophyllales (ricas em betalaínas), é tradicionalmente utilizada como
medicinal (chás) na África, especialmente contra malária e antimicrobiana (HILOU et al.,
93
2006). Segundo estes autores extratos de A. spinosus (casca dos ramos) mostraram-se
eficientes contra malária em ratos e com baixa toxidez. Esta espécie é espontânea em
várias regiões da Amazônia, sendo também uma hortaliça folhosa potencial para os
trópicos úmidos. (Figura 1m)
Amaranthus viridis L. (CARURU) – É uma erva ruderal com ampla distribuição no Brasil
e no mundo (pantropical), comum em áreas alteradas e cultivadas com solos férteis.
Segundo You-Kai et al. (2004), A. viridis é consumida (folhas cozidas) e comercializada na
região sudoeste da China (Xishuangbanna) tanto de origem silvestre quanto cultivada. Raju
et al. (2007) detectaram altos teores de carotenóides e vitamina A, em base seca, nas folhas
desta espécie: xantofilas totais (188,16 mg/100g) e provitamina A (65,70 mg/100g), sendo
6,75 mg/100g de α-caroteno e 58,95 de ß-caroteno. Segundo Amin et al. (2006) esta e
outras espécies comestíveis do gênero Amaranthus são conhecidas na Malásia por
bayam” (=espinafre). De acordo com estes autores quatro espécies deste gênero são
abundantemente disponíveis nos mercados e comumente consumidas pelas populações
urbanas e rurais da Malásia, entre elas A. viridis. Estes autores estudaram a atividade
antioxidante e o conteúdo fenólico destas espécies cruas e submetidas ao branqueamento.
Amaranthus viridis destacou-se em relação às atividades anti-radicais livres, ocupando o
segundo lugar entre as quatro espécies e, como esperado, a atividade antioxidante e o teor
de compostos fenólicos diminuem com o tempo de branqueamento (AMIM et al., 2003).
No entanto, cabe ressaltar que esta espécie, assim como a grande maioria das hortaliças,
não deve ser consumida sem o processamento usual, tanto pela segurança (compostos
antinutricionais) quanto pelo aspecto organoléptico. Uma pesquisa realizada no Brasil por
Graebner et al. (2004) revelou que A. viridis é uma boa fonte de ß-caroteno, com 16% de
biodisponibilidade e com potencial para conversão em retinol (vitamina A). Os autores
concluem que esta espécie pela sua rusticidade e ampla distribuição é uma fonte alternativa
94
barata de vitamina A. Guil et al. (1997) analisaram amostras desta espécie colhida na
Espanha, com ênfase nas vitaminas e compostos antinutricionais: umidade (81,17g/100g);
vitamina C (ácido ascórbico – 103 mg/100g; ácido dehidroasccórbico – 36 mg/100g);
carotenóides (15,4 mg/100g); ácido oxálico (960 mg/100g)); nitrato (597 mg/100g) e
ausência de ácido erúcico. Ressalta-se que a vitamina C e carotenóides foram determinados
imediatamente (base úmida) e o restante foi desidratado (base seca). Os autores concluem
que: A. viridis é uma boa fonte de vitamina C (139 mg/100g); possui o maior teor de
carotenóide entre as 16 hortaliças analisadas, no entanto, salienta-se que ainda é menor do
que o encontrado para amostras da mesma espécie colhida no Brasil (40 mg/100g – em
base úmida), segundo Mercadante & Rodríguez-Amaya (1990); a espécie possui alto teor
de ácido oxálico em concordância com a literatura para outras espécies silvestres e
cultivadas desta família e alto teor de nitrato, o que também é encontrado para membros
das famílias Chenopodiaceae (atualmente, pela classificação filogenética reunida sob
Amaranthaceae), Brassicaceae e Portulacaceae. Devido aos teores significativos destes
compostos, é recomendável o consumo dos carurus cozidos com a eliminação da água de
cozimento, assim como, geralmente, é feito com os espinafres comerciais. Wesche-Ebeling
et al. (1995) também analisaram esta espécie silvestre no México e concluiram que pode
ser utilizada como hortaliça, especialmente antes da floração e os níveis de nitratos
detectados são equivalentes ao do espinafre (Spinacia oleracea L.). Zurlo & Brandão
(1990) ressaltam também esta forma de preparo (fervura), recomendando o uso dos ramos
tenros e folhas cozidos e escorridos no preparo de refogados, molhos, tortas, pastéis e
panquecas. Acrescenta-se aqui o consumo em saladas cozidas e o uso dos ramos tenros e
folhas cozidos (branqueamento) no preparo de pastas ou patês verdes tendo como base
queijo frescal ou tipo ricota e também para o fabrico de pães. Suas sementes também
95
podem ser utilizadas no fabrico de pães e segundo Barclay & Earle (1974) possuem 14,1%
de proteína e 4,7% de lipídios. (Figura 3a)
Chamissoa altissima (Jacq.) Kunth (ERVA-DAS-POMBAS) – Esta é uma espécie típica
de áreas florestais, ocorrendo no interior de capoeiras e ou bordas de mata. É uma espécie
que, geralmente, tem o hábito apoiante. Mas, quando cultivada em ambientes abertos
adquire certa independência, se autosustentando. No presente estudo suas folhas jovens são
tenras e foram consumidas cozidas, eliminando-se a água de fervura. As folhas foram
consumidas como saladas cozidas e ou utilizadas no preparo de suflês e bolos. São
saborosas e parecem promissoras também como forrageira para animais. É uma espécie
silvestre pouco conhecida e carente de informações gerais. Tanto nos aspectos
bioecológicos quanto fitotécnicos, químicos e nutricionais, especialmente em relação a
compostos antinutricionais. Suas folhas cruas foram analisadas em relação ao teor protéico
e mineral por Kinupp (2007), destacando-se pelos altos teores de proteína foliar e alguns
minerais. Suas sementes (pretas) são similares às do gênero Amaranthus e podem ter
potencial alimentício (pseudocereal). Estas sementes são consumidas por aves, daí um dos
nomes populares. As raízes desta espécie são utilizadas como diurética (MORS et al.,
2000). (Figura 3b)
Chenopodium ambrosioides L. (ERVA-DE-SANTA-MARIA) – Esta espécie possui
ampla distribuição geográfica, sendo considerada subcosmopolita, ruderal no Brasil inteiro.
Tradicionalmente é utilizada como medicinal em todo o Brasil, especialmente na região
Norte, e.g., em Manaus é abundantemente comercializada nas feiras e até devidamente
embalada em uma rede internacional de supermercado durante todo ano, sob o nome de
mastruz. No nordeste é mais conhecida como mastruço e no sul e sudeste como erva-de-
santa-maria. Outros nomes populares em diferentes idiomas e países estão disponíveis na
Tabela 1. Esta espécie, eventualmente, pode ser encontrada sobre outras combinações
96
nomenclaturais, e.g., Dysphania ambrosioides (L.) Mosyakin & Clemants e Teloxys
ambrosioides (L.) Weber. Vieyra-Odilon & Vibrans (2001) citam sob Teloxys (=
Chenopodium) ambrosioides com o nome popular epazote, o uso da planta (parte aérea)
inteira como condimento no México. Estes autores relatam o uso como condimento em
diversos pratos, e.g., tempero para feijão-preto, cogumelos, sopas e para milho verde
cozido, sendo inclusive comercializado em Ixtlahuaca e com o preço mais alto entre as
outras 10 hortaliças silvestres analisadas. Esta espécie é listada também pela FAO (1994)
como especiaria e condimento no México e Peru. Segundo Mors et al. (2000) é comumente
usada como vermicida, emenagoga, carminativa, estomática, sudorífica, além de útil contra
tosse e angina. Estes mesmos autores mencionam uso como abortiva e na expulsão de fetos
mortos do corpo da mãe. Na Bolívia é uma erva estomacal popular sendo ingerida em
forma de infusão quente após as refeições (CÁRDENAS, 1989). Também é popularmente
utilizada para afugentar pulgas e piolhos de galinha, em ambos os casos recomenda-se
colocar ramos da planta em áreas com cães propensos a pulgas (ou varrer o chão com
feixes desta planta) e deixar ramos nos ninhos onde há galinhas chocando.
Diversos autores relatam que C. ambrosioides é uma espécie rica flavonóides e
terpenóides com propriedades farmacológicas diversas, incluindo atividades antioxidantes
e efeitos quimiopreventivos contra câncer (DI CARLO, et al., 1999; LIU, 2004). Como
alimentícia seu uso é um pouco controverso (KUNKEL, 1984) e merece cautela. O
ascaridol é considerado tóxico (LORENZI & MATOS, 2002). Devido às citações de
possível efeito abortivo (MORS et al., op. cit.), a abstinência por grávidas é recomendável.
Mas, é amplamente citada na literatura como condimento e erva aromatizante de pratos
variados (FUERTES & ORDAYA, 1986; SCARPA & ARENAS, 1996; FACCIOLA,
1998; SIMPSON & OGORZALY, 2001, p. 214; NASCIMENTO et al., 2006), sempre em
pequena quantidade. Segundo Bauer & Brasil e Silva (1973) a planta têm os seguintes
97
óleos essenciais: limoneno, mirceno, beta-pineno e outros monoterpenos minoritários.
Apesar de geralmente utilizada em pequena quantia tanto medicinalmente quanto como
condimento, portanto sem grande contribuição em termos nutricionais, Almeida et al.
(2002) analisaram os teores de minerais (em mg/100g), em base seca, de C. ambrosioides:
Na (124); K (396); Ca (541); Mg (205); Fe (1,2); Al (7,8); Mn (0,889) e Zn (1,16). Alguns
destes minerais foram determinados também em amostras de chás (mg/100g), geralmente
como a espécie é utilizada com fins medicinais, percebendo-se uma reduzida extração dos
mesmos: Na (0,148); K (24); Mg (132). Além dos usos como medicinal e alimentícios
(condimentares) citados, esta espécie apresenta grande potencial econômico negligenciado
e uma importância alimentar e de salubridade indireta. Kumar et al. (2007) citam que o seu
óleo essencial apresenta grande potencial para o controle de fungos produtores de
aflatoxinas em alimentos estocados, e.g., trigo. Estes autores ainda salientam o potencial
antioxidante da espécie. Nascimento et al. (2006) detectaram potente ação anti-tumoral in
vivo de C. ambrosioides. No Uruguai já há protocolos de cultivo, manejo e extração dos
óleos essenciais desta espécie (INIA, 2004). (Figura 3c)
Anacardiaceae
Schinus molle L. (AROEIRA-SALSO) – É uma espécie arbórea nativa na RMPA e
bastante cultivada também nas praças e calçadas de várias cidades desta região e dos
Estados do sul do Brasil e de diversos países. É uma espécie com diferentes usos
tradicionais, especialmente, utilizada no preparo de bebidas, como medicinal e,
possivelmente, como fonte de tanino e corante amarelo (KRAMER, 1957). Os frutos
contêm o alcalóide piperina (BURKILL apud KRAMER, 1957). No Peru prepara-se uma
bebida (chicha) com a parte carnosa e aromática dos frutos (KRAMER, 1957;
FACCIOLA, 1998; GOLDSTEIN & COLEMAN, 2004) e também obtem-se vinagre
(FACCIOLA, 1998). Este mesmo autor afirma que no México os frutos são utilizados
98
como um dos ingredientes do pulque, resultando numa bebida chamada copaloctli e é um
dos ingredientes de outra bebida chamada quebrantahuesos (quebra-ossos), que consiste
numa mistura de suco do “talo” de milho, milho torrado e sementes maduras de aroeira-
salso. Giacometti (1989) ressalta que seus frutos com a casca rosada fazem parte do
mercado internacional de especiarias, pois são muito aromáticos. Estes frutos triturados
(pó) é altamente empregado na indústria de carnes enlatadas, dando um sabor especial à
carne ensopada (GIACOMETTI, op. cit.). Barclay & Earle (1974) citam 8,5% de proteína
e 7,7% de lipídios em suas sementes juntamente com pericarpo. Simpson & Ogorzaly
(2001, p. 210) também relatam o uso de sementes de S. molle como condimento nos
Estados Unidos, afirmando que muito das chamadas pimentas-rosas disponíveis no
mercado daquele país são desta espécie e não os frutos maduros de Piper nigrum L. No
Brasil, algumas lingüiças condimentadas, pelo sabor e aroma típicos parecem ser
temperadas com pó de sementes de Schinus. Esta espécie foi introduzida em diversos
outros países, mas geralmente é utilizada apenas como ornamental e possui grande
potencial invasor. No presente estudo os frutos/sementes foram, ocasionalmente, utilizados
como condimento para diversos pratos, especialmente em peixes assados dando um sabor e
aromas muito agradáveis. Os frutos inteiros foram analisados em relação ao teor protéico e
mineral por Kinupp (2007). Kunkel (1984) ainda cita o uso da goma exsudada (mastic
gum) do tronco para mascar. Esta goma não tem sido encontrada nas árvores observadas,
talvez seja obtida por meio de lesões ou cortes no tronco das plantas para estimular sua
exsudação. No presente estudo não foi consumida e geralmente os exsudatos deste gênero
são resiníferos e pegajosos. Facciola (1998) cita que óleo destilado extraído dos frutos é
usado como condimento de produtos alimentícios assados e confeitados. Na América
Central os frutos são triturados e adicionados a bebidas (drinks) refrescantes chamados
horchatas ou atoles (WILLIAMS, 1981). Goldstein & Coleman (2004) relatam que seus
99
achados arqueológicos no Peru (Andes Central) que comprovam o uso milenar das
sementes desta espécie para o preparo da chicha de molle e apontam outros prováveis
benefícios advindos das sobras das sementes utilizadas no preparo desta bebida fermentada
como repelente de insetos no entorno das habitações. A chicha de S. molle é uma bebida
fermentada e alcoólica preparada com os frutos em água fervente. Segundo Yacovlef &
Herrera apud Goldstein & Coleman (2004), além de um sabor agradável e adocicado, esta
bebida é excelente contra hidropsia. Goldstein & Coleman (op. cit.) resgataram uma receita
com um habitante local que utiliza 250 g de frutos maduros (desprovidos dos exocarpos)
de S. molle para 20 litros de água (fervura). No entanto, acrescentaram canela e cravo-da-
índia, conforme a indicação do informante e também açúcar, o que remete a uma
modernização da receita. (Figura 2f; Figura 3d).
Schinus polygamus (Cav.) Cabrera (ASSOBIADEIRA) – Os frutos são usados como
condimento de modo similar a S. molle e S. terebinthifolius. Ragonese & Martínez-
Crovetto (1947) afirmam que na Província de Cauquenes (Chile) os frutos são usados no
fabrico de uma chicha muito picante e saborosa consumida pelos indígenas locais, mas que
em Santiago do Chile fabricam uma aguardente com nome comercial de “ginebra
utilizando os frutos desta espécie. Côrrea & Penna (1984, v. V, p. 225) descrevem e
relatam seus usos medicinais e para o preparo de chicha. Usos medicinais diversos das
folhas, cascas e resina desta espécie são citados por Erazo et al. (2006). Estes autores
analisaram a composição química do óleo essencial dos frutos frescos por hidrodestilação
obtendo 2,5% de rendimento. O óleo analisado é rico em monoterpenos e sesquiterpenos
(48,4% e 41,9%, respectivamente). Esta espécie é abundante na RMPA e Serra do Sudeste,
sendo facilmente identificável pelas galhas lenhosas que, geralmente, estão presentes em
ramos. Estas galhas são ocas e utilizadas como apito, daí alguns dos nomes populares.
100
Schinus terebinthifolius Raddi (AROEIRA-VERMELHA) – É uma espécie arbórea muito
abundante na RMPA e tornou-se uma espécie invasora em diversas partes do mundo, e.g.,
no Havaí e na Flórida (FERRITER, 1997). É cultivada inclusive na Amazônia, e.g.,
arborização urbana de Manaus. É uma espécie pouco conhecida e utilizada como
condimento no Brasil. No entanto, é citada em diversos livros de alta gastronomia e de
receitas nacionais e estrageiros, sendo comercializada em lojas e supermercados sob nomes
comerciais (pimenta-rosa, pimenta-rosada, brazilian pepper, entre outros) a preços
exorbitantes, e.g., R$ 1,99 frasco com 10g (=R$ 199/kg) numa grande rede de
supermercado de Porto Alegre (cotação de novembro de 2006) e R$ 41/kg em Manaus
(AM), cotação em junho de 2007. Além disso, é amplamente utilizada na indústria de
carnes e embutidos em geral, substituindo a pimenta-do-reino. Jain et al. (1995) analisaram
60 espécies de especiarias ou condimentos comerciais em relação à capacidade de inibição
da fosfolipase A
2,
importante no sistema digestivo. Destas, somente uma espécie (S.
terebinthifolius) mostrou atividade inibitória significativa (70%). Nesta pesquisa os autores
isolaram dois componentes dos frutos desta espécie responsáveis pela inibição: ácido
masticadienóico e ácido masticadienólico (schinol). Ferriter (1997) relata e até ilustra com
frasco de frutos embalados, que como os nomes populares (em inglês) desta espécie
sugerem, os frutos secos são comercializados nos Estados Unidos como especiaria. Morton
(1978) afirma que as sementes contêm de 25-45% do peso total dos frutos de um óleo
essencial composto principalmente de felandreno (phellandrene) e 8-11% de um óleo
aromático verde-escuro. Não se encontram outros estudos analíticos detalhados da
presença e do teor deste composto nesta espécie, contudo cabe frisar que Simões & Spitzer
(2003) relatam que o felandreno tem ação cardíaca, sem detalhar. Barclay & Earle (1974)
detectaram 10,8% de proteína e 32,2% de lipídios em suas sementes. No presente estudo os
frutos/sementes foram, ocasionalmente, utilizados como condimento para diversos pratos,
101
especialmente em peixes assados e carnes e pioneiramente testado com êxito total como
condimento para doces em calda e geléias, dando além de sabor e aromas muito
agradáveis, um aspecto visual chamativo. Dezenas de pessoas consumiram à vontade os
doces sem nenhum sintoma negativo ou reações adversas. No entanto, há algumas menções
a possíveis reações alérgicas cutâneas, vômitos e diarréia em pessoas sensíveis. Portanto, o
uso desta espécie, assim como para a grande maioria dos temperos e especiarias mais
fortes deve ser moderado e a gosto dos consumidores. Os frutos inteiros foram analisados
em relação ao teor protéico e mineral por Kinupp (2007). (Figura 2g; Figura 3e).
Schinus weinmannifolius Engl. (AROEIRA-RASTEIRA) - Os frutos podem ser usados
como condimento de forma a S. molle e S. terebinthifolius. Esta espécie segundo alguns
autores é sinônimo de S. terebinthifolius. Características anatômicas (ontogenia)
corroboram a manutenção como espécie à parte (OLIVEIRA, 2005). Ressalta-se a
importância de estudos genéticos para tentar dirimir as dúvidas persistentes quanto sua
situação taxonômica e estudos fitoquímicos e toxicológicos do óleo essencial dos frutos
são necessários. É uma espécie de pequeno porte, típica dos campos e morros pedregosos e
que possui características morfológicas bastante distintas de S. terebinthifolius, inclusive
com frutos muito interessantes para usos como condimento, pois geralmente possuem
pericarpo mais desenvolvido e coloração mais rósea. Todavia, as mesmas recomendações e
cautela mencionadas para a espécie anterior são recomendáveis. Esta espécie é apresentada
em Franco (2004, p.112 e 299) sob nome popular de almecega, mas pairam dúvidas sobre
sua correta identificação botânica. (Figura 3f).
Annonaceae
Annona cacans Warm. (QUARESMÃO) – Muito conhecida como araticum-cagão, pois o
consumo excessivo dos seus frutos pode ser laxante. São frutos grandes, segundo Záchia &
Irgang (2004), atingem de 4,4-10 cm de comprimento por 6,2-7,8 cm de largura in vivo. No
102
entanto, se consumidos moderamente não acarretam nenhum efeito colateral e ainda
podem ter um papel importante na alimentação de pessoas com “prisão de ventre”. Os
frutos maduros tornam-se macios, mas mantêm a casca verde-amarelada e possui polpa
carnosa abundante, coloração chamativa e aromática. Ilustração dos frutos pode ser
encontrada em Lorenzi et al. (2006). É uma frutífera com grande potencial de cultivo
(especialmente em sistemas agroflorestais) e de comercialização. Além disso, como opina
Côrrea (1984, v. I. p. 154) é uma das espécies mais elegantes do gênero, portanto com
potencial para arborização de parques públicos. É facilmente reconhecida pelo córtex
(súber) descamante longitudinalmente. Descrição detalhada desta espécie pode ser
encontrada em Záchia & Irgang (2004). Carece de estudos bromatológicos e tecnológicos
para o melhor aproveitamento da polpa, bem como estudos fitotécnicos de propagação
sexuada e assexuada e de coleta e caracterização do seu germoplasma. (Figura 3g).
Annona maritima (Záchia) H. Ranier (ARATICUM) – Esta espécie foi descrita
recentemente (1993) sob Rollinia maritima Záchia. No entanto, em recente revisão (2007)
foi transferida para o gênero Annona. É uma espécie geralmente de pequeno porte (1-3 m
de altura), ocorrendo nas restingas da planície costeira do RS, portanto uma frutífera
rústica e adaptada aos solos arenosos, atuando ainda como fixadora de duna (R. Záchia,
com, pess., 2007), podendo ser uma alternativa para diversificação da fruticultura. São
frutos pequenos, mas muito doces e saborosos. Talvez, sob cultivo e manejos adequados
produzam frutos maiores. Descrição detalhada desta espécie pode ser encontrada em
Záchia & Irgang (2004). (Figura 3i).
Duguetia lanceolata A. St.-Hil. (PINDABUNA) – Descrição, ilustração e aspectos
fitotécnicos básicos desta espécie são apresentados por Donadio et al. (2004). Segundo
estes autores os frutos são sincarpos de forma ovalada ou arredondada com cerca de 8 cm
de diâmetro, com cor avermelhada quando maduros. A polpa neste estádio é translúcida e
103
adocidada. Os autores alertam que os frutos devem ser colhidos ainda aderidos à planta-
mãe, pois ao cairem se rompem. São muitas sementes por fruto, mas possui baixa taxa de
germinação e a emergência pode demorar de 60 a 120 dias. O desenvolvimento das mudas
e das plantas a campo é lento. Portanto, é uma espécie que carece de trabalhos sobre
propapagação sexuada (e.g., dormência e viabilidade) e assexuada (e.g., estaquias,
alporquias, mergulhia). A polpa e as sementes carecem de análises químicas e
bromatológicas. Os frutos maduros são ilustrados em Lorenzi et al. (2006). Descrição
detalhada desta espécie pode ser encontrada em Záchia & Irgang (2004). É o primeiro
registro oficial desta espécie na RMPA. No presente estudo a espécie foi coletada e
fotograda em Taquara, em estado nativo (V.F.Kinupp, 3225 & R.Schmidt, ICN 146785). A
espécie também observada em Gravataí (João Larocca, com. pess., 2007). (Figura 3h).
Rollinia rugulosa Schltdl. (QUARESMA-GRAÚDA) – Espécie mais comum nas
Florestas Ombrófilas Mistas, mas ocorrendo também nas Florestas Estacionais. Renato
Záchia (com. pess., 2007), considera os frutos desta espécie refrescantes, sucosos, ácidos e
com a polpa destacando-se mais facilmente das sementes em relação à R. sylvatica. Há
registros naa RMPA, e.g., em Santo Antônio da Patrulha, Campo Bom, Gravataí; São
Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Triunfo e Viamão (ZÁCHIA & IRGANG, 2004).
(Figura 2h; Figura 3j-l).
Rollinia sylvatica A. St.-Hil. (ARATICUM) – Côrrea (1984, v. I, p. 159) cita que os frutos
são comestíveis e que se submetidos à fermentação produzem uma bebida vinosa
recomendada como estomáquica e refrigerante. Descrição detalhada desta espécie pode ser
encontrada em Záchia & Irgang (2004). Assim como as demais Annonaceae listadas neste
estudo merecem estudos bromatológicos e cultivo em sistemas agroflorestais. A polpa é
saborosa, doce, mas trabalhosa para retirar das sementes. Frutos oriundos de extrativismo
104
são, ocasionalmente, comercializados nas feiras ecológicas e no Mercado Público de Porto
Alegre durante a safra. (Figura 2i; Figura 3m).
Apiaceae
Apium leptophyllum (Pers.) F. Muell. (AIPO-CHIMARRÃO) - No Uruguai e Argentina
sua infusão (parte aérea) é usada como emenagoga, para lavar os olhos, para tratar úlceras
e irritações e erupções cutâneas (ALONSO PAZ et al., 1995). Estes autores detectaram
atividades sobre alguns microorganismos, especialmente Escherichia coli. Martínez-
Crovetto (1968, p. 21) cita que os Guaranis de Misiones (Argentina), sob o nome yawané
ka’á, utilizam (ou utilizavam) suas folhas esmagadas (e água) para preparar uma bebida
refrescante, além de adicioná-las ao mate. No presente estudo suas folhas e ramos jovens
foram fartamente consumidos tanto como hortaliça quanto como condimento. Foi utilizada
em sopas, adicionadas em arroz quase cozido e utilizada exclusivamente para fazer
bolinhos fritos (tempurah). Adicionada como condimento em saladas cruas e como
condimento (substituindo a salsa) em carnes e recheios de pastéis. Carece de estudos
bromatológicos e fitoquímicos. (Figura 4a).
Apium sellowianum H.Wolff (AIPO-DO-BANHADO) - Soares et al. (2004) citam o uso
desta espécie, sob os nomes populares de aipo ou salsão, no município de São João do
Polêsine (RS) como tempero para sopas e substituto de caldo de galinha. No entanto, não
mencionam se a espécie é cultivada ou obtida por extrativismo. Ao reexaminar as coletas
(R. Záchia, com. pess., 2007), verificou-se tratar-se de um equívoco, pois as amostras são
de salsão (Apium graveolens L.), espécie exótica e comercial bastante cultivado no Sul e
Sudeste do Brasil. Mors et al. (2000) citam os usos medicinais de A. sellowianum
externamente para problemas de pele e queimaduras e internamente como diurético. Estes
autores consideram A. sellowianum como sinônimo de A. australe Thouars, mencionando
um estudo que reportam que suas folhas e ramos contêm furanocumarinas (SILVA apud
105
MORS et al., 2000). A situação taxonômica destas espécies é duvidosa, mas são muito
similares e com distribuição no sul do América do Sul. Rapoport et al. (2003b) citam a
ocorrência de A. australe também na Nova Zelândia e Austrália. Segundo estes autores as
folhas e raízes fervidas ou ensopadas de A. australe são comestíveis, além das folhas e
ramos frescos em saladas ou como condimento. Côrrea (1984, v. I, p. 46) cita sob A.
australe ressaltando os usos como condimento e os usos medicinais internos e externos e o
hábitat como sendo lugares úmidos, daí aipo-do-banhado. No RS também há relatos orais
que os marinheiros antigos recorriam a esta espécie para tratar e ou evitar o escorbuto,
vindo até costa para colher esta espécie, e.g., na região do Taim e Laguna dos Patos, onde a
espécie ocorre, tendo sido observado no presente estudo plantas altas, carnosas e viçosas.
Suas folhas e ramos tenros são altamente aromáticos. Carecem de estudos bromatológicos
e químicos e parece ser uma espécie promissora para cultivo e pesquisas em olericultura.
Centella asiatica (L.) Urb.* (PÉ-DE-CAVALO) – É uma espécie com ampla distribuição
geográfica e grande plasticidade fenotípica. No Brasil ocorre em MG, RJ, SP, PR, SC e
RS. Devido à esta grande variação a espécie foi descrita várias vezes, inclusive em gêneros
distintos, portanto apresenta uma considerável lista de sinônimos (MOBOT, 2007). Em
algumas obras inclusive é listada na família Hydrocotylaceae (FACCIOLA, 1998). Um
sinônimo muito comum é Hydrocotyle asiatica L. Muitos a consideram exótica e outros
como uma espécie pantropical (MABBERLEY, 2000; SOUZA & LORENZI, 2005),
conceito adotado no presente estudo. É uma espécie de amplos usos medicinais,
especialmente na indústria de cosméticos anticelulite, mas pode causar fotossensibilidade
(LORENZI & MATOS, 2000; MELO, 2007), portanto cautela e observação de possíveis
sintomas no uso alimentício também são recomendáveis, especialmente porque a
sensibilidade individual varia para os diferentes alimentos. As folhas são consumidas cruas
em saladas temperadas ou cozidas no vapor e servidas com arroz ou ensopadas com outros
106
Figura 1. a) Sambucus australis - flor; b) S. australis – frutos jovens; c) Echinodorus grandiflorus – flores
e frutos jovens; d) Refrigerante misto de guaraná e chapéu-de-couro (Echinodorus spp.)
fabricado em São Gonçalo, RJ – Mineirinho®; e, f) Nothoscordum gracile – vista geral das
folhas escapo floral e detalhe das inflorescências, respectivamente; g, h, i) Bomarea edulis
vista geral de uma planta jovem com raízes tuberosas, detalhe das batatas e de um ramo florido;
j, l) Alternanthera philoxeroides - florida; m) Amaranthus spinosus - florido e ou com frutos.
107
Figura 2. a) Nothoscordum gracile – bulbos; b, c) Bomarea edulis - detalhe das raízes; d, e)
B. edulis - frutos imaturos, mas já com sementes viáveis e maduros deiscentes
com sementes envoltas por arilo vermelho, respectivamente; f) Schinus molle
frutos maduros secos prontos para consumo; g) S. terebinthifolius – frutos
maduros secos prontos para consumo; h) Rollinia rugulosa – frutos maduros; i) R.
sylvatica – frutos maduros; j) Daucus pusillus – vista folhas em roseta e parte da
longa raiz pivotante. (escala azul em cm)
108
Figura 3. a) Amaranthus viridis – morfotipo com máculas foliares florido e ou com frutos; b)
Chamissoa altissima - florida; c) Chenopodium ambrosioides – indivíduo jovem estéril;
d) Schinus molle – detalhe de um ramo com frutos maduros; e) S. terebinthifolius
detalhe de um ramo com frutos imaturos (de vez); f) S. weinmannifolius – detalhe de um
ramo com frutos maduros; g) Annona cacans – detalhe de um ramo com botão floral e
fruto jovem; h) Duguetia lanceolata – ramo florido; i) Annona maritima – com frutos
maduros; j, l) R. rugulosa –fruto maduro e flores; m) R. sylvatica – flores.
109
vegetais e carnes (FACCIOLA, 1998). Este mesmo autor cita que na Tailândia é feito um
suco refrescante com as folhas frescas e também um chá denominado “chá da
longevidade”. Cita ainda que as folhas da C. asiatica como sendo o ingrediente principal
do chamado Amrit Kalash. Dasgupta & De (2007) também citam o uso desta espécie como
hortaliça folhosa na Índia. Estes autores analisaram o potencial antioxidante desta espécie
utilizando diferentes métodos e entre as 11 espécies estudadas, C. asiatica ficou entre as
mais antioxidantes na maioria dos métodos. Segundo Agrahar-Murugkar & Pal (2004)
além de ser uma hortaliça folhosa não-convencional utilizada como complemento
alimentar pela tribo Khasi na Índia, esta espécie também é utilizada para tratar problemas
estomacais menores. Kays & Silva (1995) consideram esta espécie como uma hortaliça
comercialmente cultivada em algumas partes do mundo e citam seus nomes populares em
nove línguas. Estes autores citam que as folhas são as principais porções comestíveis, mas
que os estolões também podem ser consumidos. Segundo You-Kai et al. (2004), esta
espécie é consumida e comercializada como hortaliça (folhas cozidas e frescas) na região
sudoeste da China (Xishuangbanna), tanto de origem silvestre quanto cultivada, durante o
ano todo. Frisa-se aqui que os autores consideram-na nativa da região.
No presente estudo as folhas foram consumidas cruas (puras), mas são levemente
duras e bem aromáticas. Ressalta-se que as plantas que se desenvolvem em solos férteis e
sombreados são mais viçosas e tenras, ao passo que plantas ocorrentes em solos arenosos e
expostos ao sol intenso são altamente pubescentes, não interessantes para o consumo. As
folhas frescas foram batidas em liquidificador com limão (antioxidante) produzindo um
delicioso e refrescante suco verde. As folhas frescas, colhidas em ambiente sombreado,
portanto mais viçosas e tenras foram picadas e utilizadas no preparo de bolinhos fritos, tipo
tempurah. Dados as possibilidades fotossensibilidade, especialmente para pessoas mais
propensas, uso moderado é recomendável e estudos deste efeito após os preparos culinários
110
são desejáveis. Gupta et al. (2005) analisaram nutricionalmente esta espécie: cinzas (2,06
g/100g); Fibra (0,61 g/100g); Ca (174 mg/100g); P (17 mg/100g); Fe (14,86mg/100g); Mg
(87 mg/100g); K (345 mg/100g); Na (107,8 mg/100g); Cu (0,24 mg/100g); Zn (0,97
mg/100g); vitamina C (11 mg/100g) e ß carotenos (3,9 mg/100g). Segundo estes autores,
C. asiatica apresentou baixos teores de compostos antinutricionais (oxalatos, taninos e
ácido fítico), o que permite maior biodisponibilidade dos minerais. Odhav et al. (2007)
analisaram a composição centesimal (base úmida) e mineral (base seca), além da atividade
antioxidante (base úmida) desta espécie: umidade (88 g/100g); proteínas (3 g/100g);
lipídios (2,7 g/100g); carboidratos (3,81 g/100g); cinzas (2,54 g/100g); fibra (1,92 g/100g);
Ca (2.425 mg/100g); P (327 mg/100g); Fe (18 mg/100g); Mg (271 mg/100g); Mn (23
mg/100g); Na (16 mg/100g); Cu (7 mg/100g); Zn (20 mg/100g); atividade antioxidante (88
%) e energia (52 kcal/100g). Os autores destacam esta hortaliça como boa fonte de lipídios
e Ca. Estes autores frisam que em Kwazulu-Natal (África do Sul) esta espécie ocorre em
ambientes arenosos sombreados e seu consumo ocorre somente em épocas de escassez
alimentar. Raju et al. (2007) analisaram esta espécie, sob Hydrocotyle asiatica, em relação
aos teores de carotenóides e vitamina A nas folhas encontrando baixos teores (em base
seca): xantofilas totais (17,47 mg/100g) e provitamina A (9,02 mg/100g), sendo
exclusivamente de ß-caroteno. Segundo Yen et al. (2001), as variedades de C. asiatica
adquiridas no comércio de Taiwan não possuem toxidez, efeitos mutagênicos e podem ser
utilizadas como hortaliça. Amostras colhidas na RMPA foram analisadas por Kinupp
(2007) em relação ao teor protéico e mineral mostrando-se promissora nutricionalmente.
(Figura 4b).
Daucus pusillus Michx. (CENOURA-DO-MATO) – Kunkel (1984) cita o consumo de
suas raízes cruas ou cozidas. No presente estudo foram encontrados alguns indivíduos com
raízes finas e longas, mas não foram experimentadas. Contudo, as folhas jovens e também
111
flores (eventualmente, também frutos/sementes imaturos foram picados juntos) foram
consumidas como condimento em sopas e ou bolinhos fritos, ao menos, em duas
oportunidades. No entanto, causaram no autor reações cutâneas adversas
(fotossensibilização), mostrando-se tóxicas ou fototóxicas. Portanto, ao menos a parte
aérea não deve ser consumida. As inflorescências foram analisadas em relação ao teor
protéico e de minerais por Kinupp (2007), no entanto, estes dados não devem ser
considerados para usos alimentícios, exceto se novos estudos químicos demonstrarem a
inocuidade destas partes e ou da planta em diferentes estádios fenológicos. Estas partes
aéreas foram experimentadas, pois para as formas silvestres de Daucus carota L. (aliás,
muito similares botanicamente às plantas ocorrentes na RMPA) as sementes são citadas
como condimento (CROWHURST, 1972). O mesmo uso foi citado para sementes das
variedades cultivadas (KUNKEL, 1984), sendo as folhas destas também consumidas no
Brasil (IBGE, 1980) e atualmente difundidas nos cursos e projetos de aproveitamento
integral dos alimentos. Daucus pusillus é uma espécie que ocorre como ruderal na RMPA
e no RS, tendo potencial para flor de corte, pois as inflorescências são muito decorativas e
relativamente duradouras mantidas em jarras em condições ambientais. Testes neste
sentido foram conduzidos na Embrapa Pelotas. Ressalta-se, contudo que em pessoas mais
sensíveis há possibilidade também de dermatite (fotossenbilização) de contato. Isto é
relatado para outras espécies da família Apiaceae, incluindo espécies alimentícias, e.g.,
Ivie apud Duke (1988) cita fototoxidez entre agricultores que cultivam aipo. Duke (1988)
relata que outra espécie desta família (Ammi majus L., espécie exótica também existente na
RMPA e em outras regiões do RS em áreas com ação antrópica e muito parecida com D.
pusillus) é rica em psoralenos (furanocumarinas), compostos fotoativos. A concentração é
maior nos frutos, mas o teor nas folhas também é alto. Alguns psoralenos são utilizados
medicinalmente para várias doenças, e.g., vitiligo e psoríase. Portanto, D. pusillus precisa
112
de estudos químicos e farmacológicos e revela-se promissora para pesquisas com fins
farmacêuticos como fonte potencial de psoralenos. Ressalta-se que a demanda por estes
compostos é crescente no mundo. Duke (op. cit.) aponta o potencial das furanocumarinas
naturais como pesticidas e reporta que há registros de psoraleno e ou de 8-
methoxypsoraleno (8-MOP) também no gênero Daucus. Para Ammi majus, o autor cita que
o teor 8-MOP é muito maior nos frutos verdes, sendo o ponto ideal de colheita para
indústria. Estas informações são fornecidas como subsídios básicos para estudos futuros
com esta espécie nativa (Figura 2j; Figura 4c).
Eryngium elegans Cham. & Schltdl. (GRAVATÁ) – Suas folhas e escapos das
inflorescências jovens (tenros) foram utilizados no presente estudo como hortaliça. As
folhas foram utilizadas para preparar bolinhos fritos (tempurah) e como condimento. Os
escapos bem jovens (recém emitidos), após a eliminação das brácteas espinescentes foram
fervidos e consumidos como aspargo diretamente e ou transformados em conservas
podendo ser consumidos também gratinados ao forno com molho branco. As raízes (ou
rizomas?) desta espécie são utilizadas como diurético (GOLENIOWSKI et al., 2006). Estas
porções comestíveis foram avaliadas em relação ao teor protéico e mineral (KINUPP,
2007). É muito comum e freqüente na RMPA e no RS sendo recomendado estudos
fitoquímicos detalhados. (Figura 4d-e).
Eryngium ebracteatum Lam. (GRAVATÁ) – Segundo Arenas (2003, p. 288) os brotos
tenros antigamente eram consumidos pelos indígenas Tobas (Argentina), sob o nome
alo’Go no idioma toba-pilagá. As folhas novas frescas eram consumidas diretamente no
campo.
Eryngium horridum Malme (GRAVATÁ) – Esta é uma das espécies de gravatá mais
comum nos campos nativos e, especialmente nas pastagens mal-manejadas e submetidas às
queimadas. É uma das mais intessantes para o consumo dos escapos das inflorescências
113
jovens. Estes escapos recém emitidos (com ca. de 20 cm de comprimento é o ideal) são
tenros, aromáticos e, geralmente são verdes arroxeadas. Estes foram consumidos das
mesmas maneiras citadas para E. elegans e as conservas foram até estocadas para consumo
futuro, justificando os nomes aspargo-gaúcho ou aspargo-do-campo. Na costa da Europa e
Ásia Menor ocorre outra espécie deste gênero (E. maritimum L. – “sea eryingo”) com usos
similares dos escapos florais (FACCIOLA, 1998). Sea eryngo é inclusive citada na obra de
Shakespeare e é um ingrediente essencial em um prato elisabetano chamado marrow-bone-
pie (FACCIOLA, op. cit.), utilizando o escapo oco para o recheio. Uma idéia que pode
perfeitamente ser desenvolvida com o nosso “eríngio-dos-pampas”, nome gastronômico
aqui proposto. A parte basal das folhas de plantas antes do florescimento também pode ser
aproveitada, após limpas e lavadas podem ser refogadas ou cozidas no feijão, segundo
informações pessoais, os Kaingang consumiam assim e ainda consomem ocasionalmente
denominando-o genericamente de “fuá”. Os rizomas cozidos são verbalmente citados
como comestível, mas não foram experimentados no presente estudo, portanto testes e
avaliações nutricionais são recomendáveis. Segundo Wexel (1977) E. horridum não
apresenta alcalóides, antraquinonas e substâncias cianogenéticas (heterosídeos
cianogênicos) nas folhas nem nos rizomas; porém apresentou carotenóides (β-caroteno) nas
folhas e saponinas e taninos (tipo catéquicos) tanto nas folhas quanto nos rizomas. Os
rizomas não apresentaram carotenóides. Esteróides e triterpenos foram negativos para
folhas e presentes nos rizomas. Tanto os rizomas quanto as folhas apresentaram ácidos
fenolcarboxílicos -ácidos caféico, clorogênico, isoclorogênico - (WEXEL, 1977). A
presença de ácido clorogênico nas folhas de membros da família Apiaceae é universal
(HARBONE apud WEXEL, op. cit.). Alguns óleos essenciais foram detectados. O total de
óleos essenciais desta espécie foi de 0,05%, sendo nos rizomas detectados cariofilenos
(WEXEL, 1977). São recomendados trabalhos de manejo de populações espontâneas
114
(extrativismo) e avaliação do rendimento de escapos jovens por unidade de área, pois pode
ser uma alternativa econômica para campos “infestados” com esta espécie. Naturalmente,
que esta é uma medida paleativa para aproveitar este recurso, pois estas áreas precisam
mesmo é ser recuperadas através do manejo adequado. Encorajam-se também análises
bromatológicas e fitoquímicas pormenorizadas, especialmente dos escapos carnosos desta
espécie. No entanto, ressaltam-se aqui os importantes papéis bioecológicos destas plantas
tão pouco estudadas, mas negligenciadas em todos os aspectos no Brasil, e.g., as
inflorescências de E. horridum fornecem “pasto” a muitos insetos, especialmente besouros
que foram observados aos milhares comendo e copulando durante florada desta espécie,
justamente do município da RMPA (Gravataí), que deve seu nome a abundância deste
gênero região. Foram observadas abelhas (mamangavas) que nidificam no interior oco dos
eixos das inflorescências desta planta.
Eryngium nudicaule Lam. (SALSA-DA-PRAIA) – Côrrea e Penna (1984, v. III, p. 484)
citam que as raízes cozidas são comestíveis, possuindo sabor idêntico ao da cenoura e
ainda mais agradável. Kunkel (1984) também reporta o consumo das raízes. Apesar das
raízes serem napiformes, são pequenas e não experimentadas no presente estudo por falta
de oportunidade. Esta espécie é muito similar ao Eryngium foetidum L. (coentro ou
chicória-de-caboclo) amplamente cultivado comercializado como hortaliça (condimento)
na região Norte, especialmente no Amazonas e Pará e em diversos outros países da
América e Ásia, especialmente. Como hortaliça folhosa é a espécie deste gênero mais
promissora da RMPA. Naturalmente, ocorre em solos arenosos, especialmente da planície
costeira. Foi experimentalmente cultivada no presente estudo. Desenvolveu-se bem no solo
arenoso onde foi cultivada no Lami. As plantas florescem e naturalmente dispersam e
regeneram-se nos canteiros. No entanto, para o aproveitamento das folhas é interessante
retardar a florescimento. Se o plantio for em maior escala, as plantas jovens podem ser
115
arrancadas com raízes ou pode-se apenas colher as folhas maiores, obtendo-se várias
colheitas do mesmo indivíduo. Suas folhas são tenras e com “espinhos” escassos e macios.
Podem ser utilizadas como tempero para pratos variados, de forma similar uso da salsa ou
cozidas e picadas consumidas sob a forma de bolinhos (tempurah). Suas folhas jovens
foram analisadas em relação ao teor protéico e mineral por Kinupp (2007), destacando-se
em diversos minerais com importância nutricional. Carece de estudos químicos e
bromatológicos detalhados e de trabalhos fitotécnicos. (Figura 4f).
Eryngium pandanifolium Cham. & Schltdl. (GRAVATÁ-DO-BANHADO) – Espécie
com potencial ornamental negligenciado no Brasil e já cultivada na França. Suas folhas são
fontes de fibra (caraguata fibre) de acordo com Mabberley (2000). Como alimentícia
utilizam-se seus escapos das inflorescências jovens (recém emitidos), pois senão tornam-se
duros e fibrosos. Estes devem ser cozidos, eliminando ao menos a primeira água de fervura
e fervendo novamente, pois são muito aromáticos. Os escapos podem ser servidos como
salada cozida ou ao molho branco e utilizados em sopas e conservas (picles). Dos
indivíduos jovens, porém grandes (antes de florescerem) pode-se obter a região central
(miolo ou coração). Estas bases foliares jovens são similares aos palmitos. Após a limpeza
e retirada dos acúleos e das partes fibrosas, as partes tenras são picadas e fervidas,
eliminando-se a primeira água de fervura devido ao forte aroma. Este palmito pode ser
diretamente cozido no feijão, dando um ótimo sabor. Os Kaingang (RS) consumiam ou
consomem desta forma esta espécie, segundo relatos ouvidos no presente estudo. Esta
porção basal lembra a cebola picada (até chamado de gravatá-cebola), mas exala um forte
cheiro de cenoura. Pode utilizado em cobertura de pizza, recheio de pastéis ou consumidos
como salada cozida e outras formas de uso. Esta porção central foi analisada em relação ao
teor protéico e mineral por Kinupp (2007), destando-se em diversos minerais com
116
importância nutricional. Pode ser explorado localmente por extrativismo inicialmente.
Carece de estudos químicos e bromatológicos detalhados. (Figura 5a-b).
Eryngium paniculatum Cavan. & Domb. ex F. Delaroche (GRAVATÁ) – Ilustrações e
descrição podem ser encontradas em Rapoport et al. (2003c). Estes autores citam que a
espécie possui um rizoma carnoso e suculento com interior branco que é consumido pelos
Mapuches. Informações compiladas pela referência indicam que os Araucano-Pampas
preparavam uma comida chamada de “Caré-ceton” com os folhas (talos) basais
fermentados no leite ou simplesmente puros, cozidos ou crus. As bases foliares tenras, com
gosto e aroma de cenoura são comestíveis cruas ou cozidas puras e ou em saladas, assim
como de várias outras espécies do gênero aqui citadas. Segundo Rapoport et al. (op. cit.) a
espécie possui usos medicinais populares variados, e.g., os rizomas são utilizados para
problemas hepáticos. A ocorrência de substâncias cianogênicas neste gênero é pouco
conhecida. No entanto, Hegnauer apud Wexel (1977) cita a presença de cianogênicos em
Eryngium panniculatum Cav. [SIC], mas numa concentração muito baixa (0,186%) e
autora não tece maoires informações sobre os órgãos analisados.
Apocynaceae
Araujia sericifera Brot. (ANGÉLICA-DE-RAMA) – Tradicionalmente, este gênero é
circunscrito na família Asclepiadaceae. Frutos de Asclepiadaceae foram usados no passado
como alimento pelos Guaranis do Paraguai (BERTONI apud KELLER, 2001). No entanto,
Keller (op. cit.) afirma que os Guaranis entrevistados desconhecem suas virtudes
alimentícias. Côrrea (1984, v. II, p. 292-293) apresenta uma longa descrição e aspectos
ecológicos desta espécie e cita que os frutos carnosos cozidos são comestíveis. Ragonese &
Martínez-Crovetto (1947) citam que os frutos alcançam até 14 cm de comprimento e são
consumidos assados ou cozidos pelos indígenas Paiaguás (Paraguai), constituindo um
importante recurso alimentício. Inclusive o nome popular dado à espécie, payaguá-rembiú
117
significa comida de paiaguá. No presente estudo foi ouvido um relato de uma família do
interior do RS que consumia os frutos cozidos, a exemplo do chuchu (Sechium edule
(Jacq.) Sw.). Sob Araujia hortorum E. Fourn. (sinônimo) há registro do uso das raízes e
frutos como galactogoga na Argentina (GOLENIOWSKI et al., 2006). Apesar de à
primeira vista ser algo diferente, uma Apocynaceae leitosa e comestível, outra espécie
desta família (Morrenia odorata Hook. & Arn.) Lindley), possui diversas partes com usos
alimentícios (ARENAS, 1999). No RS, M. odorata, também trepadeira e muito similar a A.
sericifera, foi coletada até o presente somente no extremo oeste do estado (Parque Estadual
do Espinilho e região, município de Barra do Quaraí), com material testemunha ou voucher
no Herbário ICN. INCUPO (1972, p. 23-25) até fornece receitas e modos de preparo dos
frutos desta família. Naturalmente, que os frutos destas espécies somente são comestíveis
imaturos (jovens, vide fotografias), pois quando maduros são secos e deiscentes e as
sementes são providas de paina. Carece de informações bromatológicas e estudos
toxicológicos. (Figura 4g; Figura 5c).
Araceae
Lemna aequinoctialis Welw. (LENTILHA-D'ÁGUA) – Este gênero pode ser encontrado
também na família Lemnaceae. São minúsculas plantas aquáticas flutuantes que quando
espontâneas em águas limpas ou cultivadas em tanques, o que é mais indicado para não
haver mistura com outras espécies igualmente pequenas, além de animais associados,
podem ser consumidas em saladas cruas ou cozidas juntamente com outros alimentos. É
uma planta de propagação muito rápida viabilizando este tipo de cultivo doméstico em
tanques ou aquários. As plantas devem ser lavadas, limpas e deixadas de molho com um
pouco de vinagre para higienização. Podem se consumidas substituindo brotos em
sanduíches, por exemplo. Entretanto, o potencial efetivo a ser considerado é o de ser
utilizado como complemento alimentar na forma de concentrado, a exemplo do que é feito
118
com outros organismos pequenos, e.g., as algas Chlorella sp. e Spirulina platensis
(cianobactéria), que são utilizadas como suplemento em diversas regiões do mundo. Uma
espécie muito parecida, Lemna minor L. é citada por Facciola (1998) como como hortaliça
ocasional. Esta espécie é largamente dispersa no mundo e muitas vezes este nome ( L.
minor) foi adotado no Brasil, mas segundo Pott & Pott (2000), L. aequinoctialis é a espécie
do Hemisfério Sul.
Lemna valdiviana Phil. (LENTILHA-D'ÁGUA) – As observações da espécie anterior
valem também para esta. Foram consumidas na presente pesquisa em saladas, cozidas
juntamente com arroz e em sanduíches naturais. Mas, toda cautela é recomendável com a
origem e a higienização, pois é comum a existência de insetos e caramujos pequenos
associados. São saborosas. Carece de estudos bromatológicos e fitoquímicos, mas em geral
as espécies deste grupo (antiga Lemnaceae) são tidas como boas fontes de nutrientes, e.g.,
Wolffia globosa (Roxb.) Hartog & Plas, também citada como Wolffia arrhiza (L.) Horkel
ex Wimm., contém até 20% de proteínas, além de vitaminas C, A, B
6
e B
2
, sendo cultivada
em tanques (ponds) e comercializada como hortaliça na Ásia (FACCIOLA, 1998).
Philodendron bipinnatifidum Schott ex Endl. (IMBÉ) - Entre os Mbyá-Guarani de
Misiones (Argentina) esta espécie ocupa a sétima posição em relação ao valor de uso
(KELLER, 2001). Contudo, alegando não ser significativo para o trabalho e visando
proteger os direitos tradicionais dos informantes, aquele autor não detalha as formas
específicas de uso, limitando o valor prático e informativo do trabalho. Os frutos
(infrutescências) possuem o aspecto de uma espiga de milho ou banana, daí alguns dos
nomes populares (Tabela 1). Côrrea (1984, v. II, p. 284-285) descreve, ilustra e apresenta
os usos potenciais desta espécie. Este autor afirma que os frutos são carnosos, acídulos,
mucilaginosos e comestíveis. Este autor afirma ainda que são consumidos pelas crianças,
embora pouco agradáveis. No presente estudo os frutos maduros foram consumidos in
119
natura, são altamente aromáticos, doces e saborosos. No entanto, possuem porções duras
não comestíveis cruas (agressão mecânica – ráfides de oxalato de cálcio, talvez após longo
cozimento, e.g., sob a forma de doces possam ser consumidos) intercaladas com partes
macias (comestíveis), estas similares ao abacaxi tanto na coloração quanto na consistência.
Esta espécie também é muito utilizada pelos Mbyá Guarani no RS como alimentícia e para
artesanato (IKUTA & BARROS, 2006). (Figura 5d).
Spirodela intermedia W. Koch (LENTILHA-D'ÁGUA) – Na maior parte da literatura
encontra-se incluída na família Lemnaceae. Este gênero é composto por quatro espécies
cosmopolitas (MABBERLEY, 2000). Estas plantas vêm sendo testadas como substitutas
da alfafa na alimentação de suínos e bovinos (MABBERLEY, op. cit.). Kunkel (1984) cita
o uso S. polyrhiza (L.) Schleid. como alimentícia, frisando que possui ampla dispersão nos
trópicos e subtrópicos. Segundo Pott & Pott (2000) este nome é muitas vezes erroneamente
aplicado a S. intermedia. Estes autores reportam que S. intermedia contém de 14% a 25%
de proteína, afirmando tratar de um recurso alimentício desperdiçado. Recomenda-se
estudos de tecnologia e engenharia de alimentos para avaliar a viabilidade de
aproveitamento deste recurso abundante nos lagos e lagoas do RS, bem como o seu
possível aproveitamento como forrageira.
Araliaceae
Hydrocotyle bonariensis Lam. (ERVA-DO-CAPITÃO) - Este gênero é circunscrito na
família Apiaceae ou Umbelliferae na maior parte da literatura disponível. Pouca
informação está disponível sobre seu uso como alimentícia, mas há informações verbais de
usuários de suas folhas ensopadas e no fabrico de pães. No presente estudo, folhas jovens
foram consumidas cozidas e em pequena quantidade crua diretamente no campo, em
ambas as formas e em ocasiões diversas, sem nenhum desconforto, sintoma ou reação
anormais. Suas folhas são saborosas e aromáticas. Análises dos minerais e proteínas
120
foliares desta espécie foram realizadas por Kinupp (2007), mostrando-se rica em proteínas
(19,55%) e em diversos minerais. Estudos dos teores vitamínicos são recomendáveis, com
ênfase em provitamina A e carotenóides, dado o parentesco com a cenoura, sabidamente
rica nestes compostos. Estudos químicos para avaliar sua potencial toxidez também são
necessários, pois Côrrea (1984, v. I, p. 25) menciona (ainda sob H. umbellata L.,
atualmente consideradas espécies distintas) que as suas folhas são altamente tóxicas, sem
maiores detalhamentos. Aparentemente, a partir desta única fonte, esta informação foi
propalada e repetida em Mors et al. (2000) e Lorenzi & Matos (2000). O aroma típico desta
espécie ao arrancar e esmagar seus tecidos é mais ou menos similar ao da salsa e cenoura.
Este aroma deve-se à presença de óleos essenciais (isotiocianatos), segundo Salgues apud
Mors et al. (2000). Sob o nome paragüita suas folhas são utilizadas como eméticas e
contra afecções hepáticas na Argentina (GOLENIOWSKI et al., 2006). Os rizomas podem
atingir dimensões consideráveis e aparentemente são amiláceos, estudos nutricionais e
toxicológicos destas partes também são importantes, pois podem constituir-se em novas
fontes alimentícias adaptadas a ambientes pouco produtivos para a maioria das espécies
convencionais, pois esta espécie ocorre também em solos arenosos e salinos da planície
costeira, portanto pode ainda fornecer genes de tolerância a solos ricos em sal para cultivos
convencionais. (Figura 4h).
Hydrocotyle ranunculoides L. f. (ERVA-CAPITÃO-DO-BREJO) – É uma espécie
herbácea emergente ou flutuante em corpos de água. Também ocorre em solos levemente
encharcados (anfíbias). É uma espécie com pouca informação sobre seu uso como
alimentícia. Somente Kunkel (1984) menciona seu uso como hortaliça no México e Schery
apud Pott & Pott (2000) cita que seus brotos são comestíveis. É uma espécie de ampla
distribuição geográfica, segundo Irgang & Gastal Jr.(1996) ocorre nas Américas do Sul e
Central e partes dos Estados Unidos, possivelmente em estado nativo. Nenhum estudo
121
químico detalhado sobre esta espécie foi encontrado que possa corroborar ou não o uso da
mesma como alimento. Encontrou-se apenas um estudo fitoquímico visando o controle de
algas a partir de compostos de plantas aquáticas. A amostra de H. ranunculoides foi
coletada na Itália (Nápoles) mostrando a ocorrência da espécie também na Europa, o que é
comum tratando-se de macrófitas aquáticas. Neste trabalho foram isolados e descritos três
novos oleananos triperpenos (GRECA et al., 1994). Na Argentina é conhecida por
paragüita e suas folhas são utilizadas como eméticas e contra afecções hepáticas
(GOLENIOWSKI et al., 2006). Vários outros usos medicinais são reportados em Pott &
Pott (2000).
Araucariaceae
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (PINHEIRO-BRASILEIRO) – Das folhas e
brotos (parte com uso alimentício ocasional) de Araucaria angustifolia foram extraídos por
arraste de vapor alguns constituintes monoterpênicos, tais como santeno, tricicleno, α-
pineno, canfeno, β-pineno, mirceno, 3-careno, α-terpineno, limoneno e terpinoleno
(Fernandes et al. apud Ckless, 1990). Os brotos jovens (ápices) podem ser consumidos
durante caminhadas pela mata para “enganar a fome” ou como uma curiosidade. Estudos
com as folhas de A. angustifolia mostraram resultados negativos para taninos, saponinas,
alcalóides, heterosídeos anticiânicos e cianogenéticos, cumarinas e antraquinonas. Foram
detectados também nos testes esteróides/triterpenos e flavonóides, sendo estes últimos
fortemente positivos (Ckless, 1990). A principal parte desta espécie com interesse
alimentício é a semente, erroneamente classificada como fruto em alguns trabalhos. Este
produto é conhecido e comercializado sob o nome pinhão no sul do Brasil. Em outras
regiões (e.g., em toda Serra dos Órgãos, RJ) estas sementes são muito consumidas e
comercializadas, mas denominadas “pinha”. Durante a safra (extrativismo) o comércio é
intenso em toda região sul e em alguns municípios serranos da região sudeste, sendo em
122
pequena escala até exportada para alguns outros Estados da federação. Curiosamente, há
relatos que na maioria das regiões onde esta espécie ocorre na Argentina, suas sementes
raramente são consumidas, sendo consideradas alimento de rato, e não são comercializadas
como no sul do Brasil. Cordenunsi et al. (2004) analisaram a composição centesimal
(g/100g) das sementes cruas e cozidas. Aqui são apresentados os dados (em base úmida)
apenas das sementes conforme são comumente ingeridas, ou seja, cozidas: umidade
(50,35); cinzas (1,41); proteína (3,31); lipídios (1,26); fibra dietética solúvel (0,55); fibra
diética insolúvel (5,17); amido (34,48) e sólidos solúveis totais (0,64). Estes autores
analisaram também os teores minerais dos pinhões cozidos (mg/100g): Ca (15,8); P (93,3);
Mg (52); Fe (0,67); Zn (0,77); Cu (0,23). Cordenunsi et al. (op. cit.) ainda analisaram
pinhões cozidos da forma tradicional (com a casca) e descascados. No modo tradicional o
teor de fenóis totais foi significativamente superior, demonstrando a transferência destes da
casca para as sementes. O que é benéfico para os consumidores. Neste trabalho os autores
avaliaram também o índice glicêmico dos pinhões cozidos que foi 23% menor em relação
ao do pão branco. Por estes valores apresentados, os autores concluiram que o pinhão é
uma boa fonte de amido, de fibra alimentar e dos minerais magnésio (Mg) e cobre (Cu),
além ter um baixo índice glicêmico. Além dos pinhões consumidos cozidos
domiciliarmente, há um forte comércio de pinhões cozidos nas margens das rodovias, nas
festas juninas e nas festas regionais do pinhão, e.g., a Festa do Pinhão de São Francisco de
Paula (RS), onde são elaboradas dezenas de receitas a base das sementes (e.g., paçoca de
pinhão). Esta espécie merece ser cultivada como planta alimentícia e os projetos de manejo
e extrativismo sustentável devem ser implementados e ou aperfeiçoados nas Florestas
Nacionais e em outras áreas de florestas nativas. Além das formas convencionais de
consumo citadas, estas sementes já estão sendo testadas em receitas pré-preparadas como o
suflê de pinhão (ICTA-UFRGS); conservas (picles) de pinhão feitos em Canela (RS) e
123
também é possível e promissor fazer sorvete de pinhão. Há alguns estudos para o
desenvolvimento de tecnologia de estabilização e processamento dos pinhões (e.g.,
CLADERA-OLIVEIRA et al. 2005). Esta espécie foi considerada nativa da RMPA porque
há registros históricos dos séculos XVIII e XIX da ocorrência em estado nativo desta
espécie em localidades mais meridionais e em altitudes menores do que as registradas
atualmente para a espécie (NOELLI, 2000). Além destes documentos, durante este estudo
realizou-se expedições de coletas no interior do município de Taquara (nas localidades de
Fazenda Fialho, Figueirão e na Linha São João do Pinhal) onde foram observados
pinheirais nativos com fitofisionomia de Floresta Ombrófila Mista ou Mata com Araucária,
inclusive com algumas das chamadas espécies companheiras (e.g., Podocarpus lambertii e
Drimys brasiliensis). Segundo o Biólogo Rodney Schmidt (com. pess.), morador da região
e conhecedor da sua vegetação, moradores antigos consultados por ele afirmam que o corte
desta espécie foi intensificado nesta macrorregião na década de 1950. Além da Linha
citada há outras localidades no entorno que tem a palavra pinhal no nome (e.g., Santa
Cristina do Pinhal, em Parobé), o que pode remeter à existência de araucária em
abundância na região. Cita-se ainda inúmeras coletas de espécies diversas feitas por B.
Rambo da década de 1940 realizadas na região de Montenegro e depositadas no Herbário
PACA, nas quais o coletor menciona “in Araucarieto” na etiqueta das exsicatas. (Figura 4i;
Figura 5e-f).
Arecaceae
Bactris setosa Mart. (TUCUM) – Também é encontrada na literatura, especialmente no sul
do Brasil sob o sinônimo B. lindmanniana Drude ex Lindman. É uma palmeira de pequeno
porte, comum no sub-bosque. Descrição, mapa de distribuição e ilustrações estão
disponíveis em Lorenzi et al. (2004). Segundo Reitz (1974, p. 69), o “olho” fornece
agradável palmito e tanto a polpa dos frutos quanto a amêndoa são comestíveis. Este uso
124
do palmito é pouco difundido e merece estudos nutricionais, sensoriais e, especialmente,
fitotécnicos, pois sendo uma espécie cespitosa, talvez seja viável seu manejo sustentável
em regiões do Brasil onde é mais abundante e também seu cultivo em sistemas
agroflorestais. A polpa com parte externa arroxeada é suculenta, algo fibrosa e acidulada,
muito saborosa para consumo ao natural, daí um dos seus nomes populares – uva-do-mato
ou uva-da-terra. É utilizada também na elaboração de sucos e licores. Tais licores são
ressaltados em Reitz (1974, p. 69) como de agradável paladar. No presente estudo tomou-
se licor dos frutos desta espécie produzido e comercializado no município de Três
Cachoeiras (RS), confirmando-se a avaliação sensorial de Reitz (op. cit.). A polpa dos
frutos também merece estudos sobre a composição nutricional e nutracêutica, com ênfase
no teor de vitaminas e pigmentos (antocianinas). As amêndoas além de serem consumidas
cruas, podem ser torradas para usos em derivados alimentícios diversos e são ricas em
lipídios, podendo-se extrair óleo alimentício. (Figura 5g-h).
Butia capitata (Mart.) Becc. (BUTIÁ) – A situação taxonômica da espécie nativa na
RMPA é bastante controversa. Alguns autores consideram-na como sendo Butia capitata
var. odorata (Barb. Rodr.) Becc. (REITZ, 1974). Já Lorenzi et al. (2004) apresentam-nas
como espécies separadas taxonomicamente e totalmente disjuntas geograficamente. Butia
capitata teria uma distribuição restrita a alguns municípios de MG (norte), BA, GO e B.
odorata (Barb. Rordr.) Noblick & Pirani, agora elevada à categoria de espécie, ocorreria
no litoral de SC e no litoral e interior do RS, incluindo a RMPA. No entanto, butiazais ou
butiatubas remanescentes ou butiazeiros isolados nativos na RMPA, Depressão Central e
Serra do Sudeste do RS possuem características, portes e dimensões dos frutos mais
próximos à espécie ilustrada como B. capitata em Lorenzi et al. (op. cit.). Ressalta-se que a
maioria dos butiazeiros adultos do interior RS englobados, pela área de distribuição, como
B. odorata são muito mais altos (ca. de 10 m ou mais, especialmente na Serra do Sudeste)
125
do que as alturas máximas (3-6 m) citadas para ambas espécie por Lorenzi et al. (op. cit.).
Na dúvida optou-se por seguir a circunscrição mais usual na flora do RS, e.g., Sobral et al.
(2006).
Em 1957 já era relatada a introdução e o cultivo de B. capitata na Flórida (LEDIN,
1957). O autor descreve como sendo uma espécie resistente, rústica que, além da Flórida
era, ocasionalmente, cultivada com êxito na Virgínia. Segundo este autor os frutos não são
lá consumidos in natura, mas usados para fazer geléias, daí ser chamada de jelly palm nos
Estados Unidos. Butia capitata está entre as frutíferas nativas no RS mais conhecidas e
apreciadas pela população local. É tradicional o hábito de colocar os frutos maduros desta
espécie na cachaça dando sabor, aroma e coloração muito agradáveis. A cachaça pode ser
consumida diretamente ou sob a forma de licores com grande potencial mercadológico.
Também são feitos sorvetes, sucos, geléias e até doces em calda. Lamentavelmente, este
uso é restrito e apenas em escala comercial local ou regional, sendo basicamente, oriundo
de atividade extrativista. Plantios existem apenas em quintais e pomares domésticos com
poucos indivíduos. Contudo, esta frutífera já deveria ter sido domesticada. Políticas
públicas e incentivos para pesquisas a longo prazo e plantios comerciais desta espécie são
urgentes, bem como restrições ao corte e á criação de gado em áreas de butiazais, pois o
gado pasta a mudas jovens, impedindo a renovação da população.
Os frutos de butiá na época da safra, geralmente de dezembro a março, e os
temporões são comercializados nas feiras e no Mercado Público de Porto Alegre. Segundo
Pedron et al. (2004) os frutos (n=300), de 10 indivíduos da mesma região) de Butia
capitata possuem em média 14 g (mínimo: 6 g e máximo: 26 g) e diâmetro médio é de 3
cm (mínimo: 1,3 cm e máximo: 4,1 cm), sendo o peso médio dos endocarpos de 2,1 g
(mínimo: 0,6 g e máximo: 4,3 g), logo apresentam um bom rendimento de polpa
(mesocarpo). O suco concentrado produzido pela família da Bellé de Antonio Prado (RS) e
126
mesocarpo de frutos colhidos em Porto Alegre foram analisados em relação ao teor de
proteínas e minerais por Kinupp (2007). Além do uso da polpa, as amêndoas podem ser
consumidas torradas ou delas extraído óleo comestível. Barclay & Earle (1974) citam
15,7% de proteína e 56,5% de lipídios em suas sementes. Dada a grande abundância desta
espécie no Uruguai, em algumas regiões chegam a ocorrer 500 palmeiras por hectare
(Delfino, 1992), esta autora menciona vários usos tradicionais: das sementes (amêndoas)
torradas e moídas pode ser feita uma bebida similar ao café (café de coquito). Este produto
pode ser consumido puro ou misturado com o mate. A autora afirma que era usual extração
de miel de palma, para isso era feito um corte apical, eliminando toda a copa, para colher o
líquido que drena do estipe. Este líquido era fervido, resultando em um produto escuro e de
sabor muito agradável, usado medicinalmente. A colheita se estendia por alguns meses e
cada planta produzia de 5-8 litros de mel de butiá. Atualmente esta prática é proibida no
país (Delfino,1992) e também não é recomendável no Brasil, pois é destrutiva. Já o uso das
sementes tanto para extração de óleo quanto para o preparo desta bebida ou outros
produtos parece interessante, pois no Brasil os “coquinhos” são descartados e dentro de
cada um deles há de duas a três sementes. (Figura 5i-j; Figura 6a).
Euterpe edulis Mart. (PALMITO) – Espécie muito conhecida por fornecer palmito de boa
qualidade. Como produtora de palmito E. edulis é classificada como hortaliça. Apesar de o
palmito desta espécie ser considerado de boa qualidade, há fraudes, onde toletes com
textura fibrosa são envasados ou enlatados em meio a toletes de textura macia. Visando
estabelecer modelos para estimar a textura do palmito desta espécie, Grizotto & Menezes
(1996) avaliaram as correções entre textura e os teores de fibras. Estes dados também
podem ser utilizados na indústria de palmitos de outras espécies. O palmito é consumido
como iguaria, mas pode contribuir com teores minerais significativos nutricionalmente.
Freitas & Fugmann (1990) analisaram (em base seca) tanto a parte mais interna do palmito
127
(miolo ou palmito creme) quanto a parte semifibrosa, respectivamente, de palmitos desta
espécie oriundos do litoral do Paraná: composição centesimal (%) - proteínas (22,91 e
16,33), lipídios (5,40 e 3,75), fibras (9,20 e 11,31), cinzas (14,25 e 13,03), carboidratos
(48,24 e 55,58): macroelementos (mg/100g) - Ca (1.072 e 771), P (653 e 504), Na (212 e
138), K (3.769 e 3.310), Mg (805 e 621); microelementos (ppm) - Fe (71,5 e 56,3), Cu
(29,1 e 27,2), Mn (995,8 e 619,8), Zn (140,5 e 115,3) e Co (1,4 e 1,1). Os autores
concluem que o palmito contribui significativemente com aporte mineral para o organismo
e que a fração semifibrosa, embora apresente valores menores, não pode ser desprezada
como alimento.
Salvo raros casos de manejo e ou cultivo, o extrativismo do palmito de E. edulis
sempre foi feito de forma predatória e irresponsável. Orlande et al. (1996) apresentam
dados sobre sustentabilidade e rentabilidade da exploração desta espécie na Mata Atlântica,
ressaltando especialmente a ilegalidade que gera lucro fácil e grandes impactos ambientais.
Em algumas regiões da Mata Atlântica a espécie praticamente desapareceu. Os poucos e
isolados indivíduos remanescentes não são suficientes para perpetuar a espécie com a
variabilidade genética necessária. Muitas vezes, este corte e comercialização clandestinos
geram produtos com qualidade sanitária duvidosa. Esta espécie foi considerada como
nativa na RMPA, pois há registros de sua ocorrência em Santo Antônio da Patrulha,
Montenegro e Guaíba (REITZ et al., 1983), municípios pertencentes a RMPA. Cita-se que
recentemente, uma pequena população de E. edulis foi localizada (P. Brack, com. pess.,
2006) em um município próximo da RMPA (Barra do Ribeiro, na localidade de Cerro
Negro,). Mesmo que atualmente esta espécie seja rara na RMPA, é um recurso genético
promissor para cultivo, manejo e re-introdução, especialmente com germoplasma destes
municípios citados e outros circunvizinhos. No sul do Brasil, especialmente em SC e no
Litoral Norte do RS, pesquisas estão sendo feitas e já há produtores familiares cultivando a
128
espécie em sistemas agroflorestais ou praticando o manejo sustentável em áreas florestais
não mais para produção de palmito e sim para o aproveitamento econômico da polpa dos
frutos. No RS a polpa congelada, sob o nome polpa de juçara, chega a ser comercializada a
R$ 10,00/kg, valor significativamente superior ao açaí do Norte do país, e.g., em Manaus,
onde é vendido por cerca de R$ 2,00 a R$ 2,50/l (cotação de 2007). A exploração
econômica dos frutos é muito mais rentável e sustentável, ambiental e economicamente. A
polpa de juçara é similar em vários aspectos ao açaí-do-pará (Euterpe oleracea Mart.).
Estudos nutricionais e nutracêuticos mais aprofundados são recomendáveis para
determinação de sua composição e evitar divulgação de informações desencontradas tão
comuns em relação ao açaí-do-pará. Mas, há alguns estudos segundo os quais polpa de
juçara é mais rica em antocianinas do que a polpa do açaí-do-pará. Segundo Iaderoza et al.
apud Rogez (2000) os frutos de açaí-do-pará possuem 33,6 mg/100g de antocianinas
versus 134,7 mg/100g de antocianinas dos frutos da juçara. Ressalta-se que em ambos os
casos a antocianina é do tipo cianidina-3-glicosídeo. Portanto, E. edulis também é uma boa
fonte de corante alimentício ou farmacêutico natural e de compostos antioxidantes. (Figura
6b).
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (JERIVÁ) – É uma palmeira subutilizada
atualmente na RMPA e no Brasil. No entanto, entre os Mbyá-Guarani de Misiones esta
espécie ocupa a primeira posição, com o maior valor de uso (KELLER, 2001) e entre os
Chiripá ocupa a segunda posição (KELLER, op. cit.). Cada planta produz vários cachos
simultaneamente em diferentes estádios de desenvolvimento. No RS há áreas de pastagens
e capoeiras com concentrações razoáveis de indivíduos desta espécie, apesar não formarem
aglomerados populacionais, como os butiás. O mesocarpo pode ser consumido
diretamente, mas apesar de suculento, é altamente fibroso e pouco abundante, logo seu uso
in natura não é promissor. Contudo, Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 539) citam que a
129
polpa é adocicada e agradável ao paladar. Estes frutos podem ser fervidos e o suco extraído
é utilizado para fazer geléias e sucos. Segundo informações verbais de uma doceira de
Nova Prata (RS) o suco concentrado pode ser utilizado para engrossar (espessante) geléias
de outras frutas. Portanto, merece pesquisas para avaliar a qualidade e o teor de pectina. As
amêndoas são consumidas in natura e são saborosas, mas merecem testes para
desenvolvimento de formas de extração e novas formas utilização (agro)industrial, seja do
óleo ou fabrico de farinha, por exemplo. Côrrea & Penna (op. cit., p. 540) citam que o óleo
pode ser utilizado na alimentação humana. Martínez-Crovetto (1968, p. 12) cita que suas
pepitas” (caroços/sementes) são consumidas cruas ou tostadas pelos Guaranis de
Misiones (Argentina). Tanto o mesocarpo quanto as amêndoas carecem de análises
nutricionais. Mas, parece que o maior potencial está no palmito de alta qualidade, sabor e
tamanho. O uso dos palmitos (“cogollos”) também é citado por Martínez-Crovetto (1968,
p. 12), segundo o qual os palmitos do jerivá ou pindó (pindó ru´á) são consumidos apenas
cozidos pelos Guaranis de Misiones (Argentina). Esta espécie ocorre em regiões frias e de
altitude, podendo ser uma fonte de palmito na região Sul. Produz grande quantidade de
sementes e a taxa de germinação é alta, porém pode demorar até cinco meses (DONADIO
et al., 2004). Estes autores citam que as mudas estão prontas para ir para o campo aos oito
meses, sendo seu desenvolvimento considerado médio. Ressalta-se aqui que esta espécie
pode ser cultivada em capoeiras, áreas abertas e em sistemas agroflorestais. Para extração
do palmito a planta é cortada ainda jovem, nunca palmeiras adultas. O tempo necessário
para efetuação do corte com fins econômicos precisa ser estudado sob diferentes condições
de manejo e solo, mas acredita-se que deva ser em torno de cinco anos. O palmito é
grande, não fibroso, sem amargor (no presente estudo foi consumido inclusive cru),
podendo ser consumido cozido ou refogado como hortaliça, além envasado ou enlatado.
Pode ser considerado um dos melhores palmitos do mundo. No entanto, Côrrea & Penna
130
(op. cit.) citam que o palmito é comestível embora ligeiramente amargo, o que não condiz
com o palmito consumido no presente estudo nem com relatos de outros consumidores.
Análise dos minerais e proteína realizada por Kinupp (2007) indica que o palmito do jerivá
é significativamente superior ao palmito de pupunha em vários nutrientes. Esta espécie
também produz goma (polissacarídeos) de interesse para indústria alimentícia. Simas et al.
(2006) relatam rendimento de 80% de diferentes gomas com características hidrofílicas,
solubilidade em água e com capacidade de formação de géis (alta viscosidade em solução
aquosa). Os autores apontam também a importância quimiotaxonômica deste
polissacarídeo isolado de S. romanzoffiana. (Figura 4j-l; Figura 6c-e).
x Butyagrus nabonnandii (Proschowsky) Vorster (BUTIVÁ) – Anteriormente este híbrido
era chamado x Butiarecastrum nabonnandii Proschowsky. Segundo Côrrea (1984, v. I, p.
343) é um híbrido obtido na França e mais ornamental e tolerante a fortes geadas do que
Butia sp. Vorster (1990) complementa que este nome foi dado a um híbrido artificial entre
um indivíduo feminino de Butia capitata e o parental masculino de Syagrus romanzoffiana
e defende que é um híbrido horticultural. É uma descrição duvidosa, pois o trabalho
original não menciona um holótipo físico e baseia-se unicamente em uma planta incluindo
uma foto (VORSTER, 1990), a qual foi lectotipificada por este autor. No entanto, de
acordo com Delfino (1992) é considerado um híbrido espontâneo entre Butia capitata e
Syagrus romanzoffiana. Portanto, potencialmente pode ocorrer em todas as regiões onde
estas duas espécies ocorrem. Apesar das dúvidas e do pouco conhecimento a respeito, esta
interpretação é seguida por alguns botânicos do RS, e.g., Sobral et al. (2006) apresentam
uma fotografia do híbrido ao lado de um jerivá. Estudos genéticos, morfo-anatômicos e de
disciplinas correlatas são necessários para tentar esclarecer melhor a situação deste táxon
existente naturalmente, e.g., no RS e no Uruguai. Muito pouco se conhece sobre a ecologia
e biologia desta espécie híbrida. Há informações verbais de botânicos sobre sua ocorrência
131
em diferentes municípios do RS, e.g., Viamão (Parque Estadual de Itapuã), Porto Alegre
(inclusive um indivíduo é cultivado em frente a portaria principal da Prefeitura Municipal),
Não-Me-Toque e outros. Geralmente, é mais robusto com estipes grossos e com folhas
similares ao jerivá, mas com pínulas simples. Já os pecíolos possuem espinhos, os quais
são típicos do butiazeiro. O exemplar cultivado em Porto Alegre floresce abundantemente,
mas não frutifica. Ângelo Schneider (UFRGS, com. pess.) fotografou e consumiu frutos do
híbrido no município de Não-Me-Toque (RS) e afirma que os frutos são saborosos e com
sabor e consistência mais próximos do butiá. Renato Záchia (com. pess., 2007) afirma que
um butivá em Nova Santa Rita (RMPA). Sementes destes frutos examinadas e fotografadas
no presente estudo corroboram as observações de Ari Nilson (Jardim Botânico de Porto
Alegre, com. pess., 2006) que, possivelmente, o híbrido seja estéril, pois os coquinhos não
apresentavam endosperma, eram integralmente lenhosos. (Figura 6f).
Trithrinax brasiliensis Mart. (CARANDAÍ) – Esta espécie é típica do Sul do Brasil,
ocorrendo também em estado nativo na Argentina e em algumas regiões do Uruguai.
Frutifica abundantemente, em geral, com dois ou três cachos simultaneamente. Os frutos
imaturos são verdes e os maduros amarelados ou cremes. Delfino (1992) afirma que no
Uruguai os frutos maduros passam de amarelados a quase pretos (atropurpúreos),
coloração também citada por Côrrea (1984, v. II, p. 37), mas nunca observada nos
exemplares do RS durante este estudo. Tanto esta autora quanto Côrrea (op. cit.) citam que
a polpa (mesocarpo) não é comestível. Já Paulo Brack (UFRGS, com. pess., 2005) afirma
que quando bem maduros os frutos são comestíveis, o que também é citado por Mattos
(1978, p. 25). No presente estudo alguns mesocarpos foram ingeridos, mas são altamente
adstringentes com retrogosto ligeiramente amargo e não são palatáveis ao natural, ao
menos, com coloração amarelada, mesmo aqueles já naturalmente caídos sob a planta-mãe.
No entanto, trabalhos de tecnologia de alimentos testando diferentes métodos de salmouras
132
e ou fervuras são recomendáveis, pois os frutos podem potencial aplicação para indústria
de conservas, a exemplo da oliva ou azeitona, que é intragável ao natural, mas é uma
iguaria mundial depois curtida em salmouras, uma descoberta importantíssima na história
da alimentação mundial. Segundo Côrrea (op. cit.) os frutos submetidos à fermentação
produzem álcool potável. Estudos fitoquímicos destes frutos também são importantes, pois
poderão ser promissores para indústria de fármacos. Já as sementes (amêndoas) possuem
grande potencial como oleaginosa. Côrrea (op. cit.) cita que o óleo é comestível e de boa
qualidade. Análises de quantificação e determinação da fração lipídica deste produto são
urgentes, pois a espécie é rara, pouco conhecida em todos os aspectos e consta na lista das
ameaçadas de extinção do RS. Seu uso econômico poderia contribuir para plantios e
preservação desta espécie e de seu hábitat, especialmente na fase atual que o Brasil e o
mundo estão valorizando novas fontes de óleo, tanto para uso energético como para usos
alimentícios diferenciados e ou mais saudáveis. (Figura 4m; Figura 6g).
Asteraceae
Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (MARCELA) – É uma espécie com uso tradicional
na medicina popular do Brasil, especialmente no RS, onde é amplamente utilizada e
comercializada. Além disso, é muito utilizada para enchimento de travesseiros. Possui usos
medicinais diversos (e.g., SIMÕES et al., 1998; MORS et al., 2000). Ruffa et al. (2002)
detectaram forte ação citotóxica contra carcinoma hepatocelular humano. Seu uso foi
referendado por Rivera et al. (2004), que não detectaram toxidez por via oral. Como
‘alimentícia’ é citada apenas por Felippe (2003), que cita o uso das flores sob a forma
tisana (chá quente). O chá desta espécie não é usado e comercializado somente como um
produto medicinal, ele é também consumido após as refeições ou ocasionalmente como um
produto alimentício. Este uso moderado parece interessante devido às propriedades
antioxidantes e anti-radicais livres desta espécie (DESMARCHELIER et al., 1998). Além
133
deste uso em tisana, as flores também podem ser maceradas em água fria, produzindo o
refresco de marcela. Suas flores também produzem um corante natural amarelo que além
dos usos como corante para lã e produtos diversos, pode ter potencial para a indústria
alimentícia e farmacêutica. No Uruguai já há protocolos de cultivo, manejo e avaliação do
potencial econômico desta espécie (INIA, 2004). (Figura 6h).
Acmella decumbens (Sm.) R.K. Jansen (JAMBU-DA-PRAIA) – Esta espécie ocorre nos
morros graníticos da RMPA e nas areias das restingas da planície costeira do RS. Suas
flores e folhas têm o mesmo sabor “eletrizante” das folhas e flores do jambu (Acmella
oleracea (L.) R.K. Jansen), provocando uma sensação de refrescância ou “formigamento”
segundo alguns. Ambas são sialagogas, ou seja, induzem rapidamente a forte salivação. A
segunda é uma hortaliça muito cultivada e comercializada no Norte do Brasil, sendo o
ingrediente essencial do tacacá e do pato no tucupi. No presente estudo, esta espécie foi
consumida (folhas e flores) crua e cozida em sopas diversas, especialmente com carnes. O
sabor é idêntico ao do jambu, possivelmente devido ao mesmo composto espilantol
(spilanthol). Na Argentina (Sierra de Comechingones) é conhecida por ñil-ñil e suas raízes
utilizadas popularmente como odontálgicas e peitorais (GOLENIOWSKI et al., 2006).
Carece de estudos químicos e bromatológicos. Merece trabalhos fitotécnicos de cultivo e
propagação.
Ageratum conyzoides L. (ERVA-SÃO-JOÃO) – É uma espécie ruderal pantropical, muito
comum em áreas antrópicas e cultivadas, especialmente no Sudeste e Sul do Brasil. É uma
erva ereta, pubescente e altamente aromática com o esmagamento das folhas. É citada por
Mabberley (2000) e Carneiro (2004) como comestível, mas não é muito palatável devido à
pilosidade e ao cheiro forte. Apesar de diversos usos medicinais populares, e.g., antiúlcera
(SHIRWAIKAR et al., 2003) e das muitas pesquisas químicas citadas por estes autores,
por Mors et al. (2000) e Lorenzi & Matos (2000), cautela é recomendável, pois há
134
trabalhos mostrando a existência de alcalóides pirrolizidínicos (WIEDENFELD &
RÖDER, 1991), ao menos concentrado nas flores. Estes alcalóides são hepatotóxicos e
cumulativos. No entanto, estudos de Moura et al. (2005) não detectaram, aparentemente,
hepatoxidez. Estes autores não mencionam o estádio das plantas testadas, mas esta
informação é importante, pois acredita-se que os alcalóides estejam disponíveis somente ou
em alta concentração durante a floração. Estudos neste sentido são necessários, mas
abstinência
ou uso restrito desta espécie é recomendável tanto para uso medicinal quanto
alimentício. Côrrea (1984, v, II, p. 139) relata que esta espécie é considerada nociva para o
gado no Congo (África), mas opina que possivelmente sem razão, pois em Java é utilizada
como forrageira para bois e cavalos. À luz dos novos estudos citados, realmente a espécie
pode ser tóxica para o gado. No entanto, acredita-se que o gado (no Brasil) não coma esta
planta espontaneamente. Almeida et al. (2002) determinaram os nutrientes minerais, em
base seca, de A. conyzoides destacando a espécie como rica em Ca (854 mg/100g), Mg
(244 mg/100g) e Fe (3,4 mg/100g).
Ambrosia elatior L. (LOSNA-DO-CAMPO)– É uma espécie ruderal, nativa do continente
americano, considerada invasora ou inço, sendo adventícia ou naturalizada em diversos
países. Em regiões onde ocorre em abundância pode causar alergias respiratórias em
pessoas sensíveis, alérgicas aos seus compostos (DURHAM, 1951). Este autor afirma que
nos EUA esta espécie provoca mais problemas alergênicos do que todas as outras espécies
causadoras da febre do feno, sendo considerada a planta inimiga pública número 1. No
entanto, segundo Kunkel (1984) suas sementes produzem óleo com potencial uso
alimentício. Além disso, é uma espécie popularmente usada como medicinal, merecendo,
portanto pesquisas mais aprofundadas. Nos EUA havia, ao menos, em meados do século
passado, muitos coletores de pólen, especialmente desta espécie para comercialização com
a indústria de fármaco, a qual utiliza esta matéria-prima para produção de extratos usados
135
Figura 4. a) Apium leptophyllum – indivíduo florido; b) Centella asiatica – folhas jovens colhidas
para consumo em ambiente sombreado e reunidas em feixe; c) Daucus pusillus – ramo
florido; d) E. elegans – indivíduo jovem com folhas centrais tenras; e) E. elegans
escapos florais jovens no ponto ideal para consumo; f) E. nudicaule - indivíduo jovem
sob cultivo; g) Araujia sericifera – frutos imaturos; h) Hydrocotyle bonariensis - florido;
i) Araucaria angustifolia - broto; j, l) Syagrus romanzoffiana – dois indivíduos com
frutos e detalhe do palmito; m) Trithrinax brasiliensis – frutos maduros.
136
Figura 5. a, b) Eryngium pandanifolium – vista geral e detalhe dos ‘palmitos’ extraídos da
região central de cada planta; c) Araujia sericifera – detalhe dos frutos imaturos;
d) Philodendron bipinnatifidum – infrutescência madura, apenas as partes macias
(com pontos marrons) são comestíveis; e, f) Araucaria angustifolia – pinha aberta
mostrando pinhões e frasco com ‘picles’ destas sementes cozidas e descascadas;
g) Bactris setosa – cacho de frutos maduros aderidos à planta-mãe (Foto: Paulo
Motta); h) B. setosa – frutos maduros; i, j) Butia capitata – cacho com frutos
maduros e detalhe destes. (escala azul em cm)
137
no tratamento preventivo da febre do feno e crises asmáticas provocadas por pólen
(DURHAM, 1951). Na Argentina é conhecida por altamisa e suas folhas e caules são
utilizados para dor de cabeça, como expectorante e contraceptivo (GOLENIOWSKI et al.,
2006).
Baccharis articulata (Lam.) Pers. (CARQUEJINHA) – Dorigoni et al. (2001) relatam o
uso desta espécie ‘para dar sabor’ (“dar gostinho pro mate”) no município de São João do
Polêsine (RS) e outros usos medicinais. Na Argentina suas folhas e caules são reputados
contra afecções hepáticas e como diurética (GOLENIOWSKI et al., 2006). Como
alimentícia é utilizada em algumas regiões (e.g., município de Silveira Martins – RS) para
fabrico de cervejas caseiras com ótimo sabor, coloração e prováveis funções nutracêuticas.
Uma receita oriunda deste município está disponível no sítio do Globo Rural
(www.globorural.com). Esta cerveja foi produzida e consumida no presente trabalho,
sendo aqui ilustrada (Figura 7b). Esta receita pode ser modificada eliminando-se o
fermento biológico e a cachaça, com igual fermentação. Este produto carece de estudos
para avaliação do seu teor alcoólico e seu valor nutricional. Segundo Volpato & Godínez
(2004) a produção de bebidas fermentadas a partir de plantas (herbal fermented
beverages), tem uma longa história na América Latina, onde tradicionalmente são
consumidas em cerimônias e rituais religiosos, no tratamento de doenças gastrointestinais e
como complemento alimentar. Cita-se como exemplo, as chichas, caiçumas e caxiris. Esta
forma de utilização é apresentada neste trabalho para várias espécies, e.g., Canna spp.,
Schinus spp., Bidens spp., Apium, Cedrela e outras. Cabe destacar que, geralmente, os
alimentos fermentados são mais nutritivos e ou com nutrientes distintos e ou maior
biodisponibilidade em relação ao produto original. Suas folhas merecem testes como
sucedâneas do lúpulo no fabrico da cerveja, a exemplo da cerveja Dado Bier Ilex® lançada
138
em 2007 pela Dado Bier® (Porto Alegre), a partir substituição ao lúpulo por extratos das
folhas da erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.). (Figura 7a-b).
Baccharis trimera (Less.) A.P. DC. (CARQUEJA) – Usos similares à espécie anterior.
Esta espécie sob B. genistelloides Pers. é citada por Kunkel (1984) como substituta do
lúpulo (Humulus lupulus L.) no fabrico de cerveja. No Uruguai já há protocolos de cultivo
e manejo desta espécie (INIA, 2004). Em algumas regiões do RS (e.g., Encruzilhada do
Sul e outras regiões da Serra do Sudeste) somente o extrativismo e manejo das populações
silvestres seria suficiente para atender a uma demanda muito grande.
Bidens bipinnata L. (PICÃO) – Gillespie apud Morton (1962) cita que plantas jovens são
cozidas e, usualmente misturadas com outras hortaliças para consumo. Esta espécie é
citada como hortaliça (folhas e ramos jovens) na África do Sul, inclusive com estocagem
sob a forma desidratada (SHACKLETON et al., 1998). É útil também como forrageira,
especialmente para porcos, galinhas e coelhos. No presente estudo foi consumida das
mesmas formas que B. pilosa. Carece de estudos fitoquímicos e bromatológicos.
Bidens pilosa L. (PICÃO-PRETO) - É nativa da América Tropical e largamente
naturalizada em quase todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. Além dos muitos
nomes populares compilados no presente estudo (Tabela 1), Rapoport et al. (2003a) citam
que na África são registrados mais de 50 nomes populares, muitos listados na referida
tabela. Em quatro municípios do RS (próximos a RMPA) foi considerada a espécie de
potencial alimentício com a maior fitomassa, no ponto de consumo humano, segundo
Carneiro (2004). Apesar de seu uso medicinal bem difundido no Brasil, em amplo
levantamento realizado pelo IBGE na década de 1970, esta espécie foi apenas citada como
hortaliça folhosa (IBGE, 1980), uso atual muito restrito. Côrrea (1984, v. II, p. 460)
apresesenta descrição da espécie e cita os usos medicinais e alimentícios diversos, e.g., nas
Filipinas é utilizado no fabrico de uma bebida vinosa chamada “sinitsit”. Facciola (1998)
139
complementa esta informação afirmando que esta bebida feita à base de arroz (rice wine) e
que B. pilosa é um dos ingredientes. Além do nome citado este vinho de arroz é também
chamado de tafei. Burkill apud Morton (1962) afirma que nas Filipinas flores ou folhas são
misturadas ao arroz semicozido para fermentação, produzindo o vinho de Igorot,
localmente chamado sinitsit. Segundo Sherff apud Morton (1962) a forragem de picão é
recomendável especialmente para cavalos com parasitas intestinais. Diversas aplicações
medicinais são mencionadas e referenciadas por Morton (1962). Em relação ao potencial
alimentício Sherff apud Morton (1962) cita que no México, indígenas consomem as folhas
jovens de B. pilosa fervidas e refogadas com pinole (sementes de Atriplex moídas) e sal.
Morton (1962) menciona o uso das flores de algumas espécies de Bidens como substituto
de chá (de camomila) em algumas regiões do mundo, e.g., flores de B. pilosa são usadas na
Polinésia desta forma. Ochse apud Morton (1962) cita que os ramos apicais (tips) desta
espécie são vendidos como hortaliças em mercados locais em Java. Kays & Silva (1995)
consideram esta espécie como uma hortaliça comercialmente cultivada em algumas partes
do mundo e citam alguns dos seus nomes populares em nove línguas. Segundo estes
autores, os caules jovens e as folhas são consumidos cozidos. Segundo You-Kai et al.
(2004), esta espécie é consumida (folhas cozidas) na região sudoeste da China
(Xishuangbanna), mediante extrativismo, durante todos os meses. Ressalta-se que os
autores a consideram-na uma espécie alienígena (exótica) neste país.
No presente estudo folhas e ramos jovens de picão-preto foram consumidos crus e,
especialmente, cozidos em diversos pratos: saladas temperadas, farofas, sopas, entre
outros. Foram também preparados chás gelados (ice teas) a partir da água de cozimento do
picão com adição de suco de limão e açúcar. Entretanto, uma forma especial de consumo
foi um refrigerante fermentado com folhas e ramos jovens de picão-preto, o qual apresenta
coloração, aroma e sabor muito agradáveis. Morton (1962) fez também vários testes
140
sensoriais informais e experimentações gastronômicas utilizando Bidens pilosa var. radiata
Schult.-Bip., atualmente, B. alba (L.) DC.* e obteve uma boa aceitação dos participantes.
Ela própria surpreendeu–se com o sabor (mesmo sem sal e condimentos), textura, retenção
da forma e coloração após cozimento. Ela e os demais participantes, os quais consumiram
de diversas formas, em função das preferências e hábitos alimentares de cada um,
associaram o picão ao espinafre. Ela concluiu que o status popular das espécies de Bidens
como medicinal têm levado a negligência ou ignorância, na América Tropical, do seu
potencial alimentar. Odhav et al. (2007) analisaram a composição centesimal (base úmida
– g/100g) e mineral (base seca – mg/100g, exceto Zn em mg/kg), além da atividade
antioxidante (base úmida - %) de B. pilosa: umidade (88); proteínas (5); lipídios (0,6);
carboidratos (3,72); cinzas (2,82); fibra (2,92); Ca (1.354); P (504); Fe (21); Mg (658); Mn
(21); Na (393); Cu (10); Zn (22 mg/kg); atividade antioxidante (88 %) e energia (39
kcal/100g). A partir destes resultados os autores destacam a espécie como boa fonte de
proteína, fibra, magnésio e, especialmente, pelo alto teor de cobre (10 mg/100g). Estes
autores frisam que em Kwazulu-Natal (África do Sul) esta espécie ocorre em áreas
antrópicas e é consumida regularmente pela população. Oliveira & Carvalho (1975)
analisaram nutricionalmente as folhas desta espécie (em base seca) em Moçambique:
umidade (83%); energia (295 cal./100g.); proteína total (24,49%); lipídios (4,05%) e cinzas
(15,113%). Estes autores também analisaram alguns minerais (em base seca), dados
expressos em mg/100g: Ca (1.721); P (273); Mg (922); Na (11) e K (267) e determinaram
também o teor de niacina (em base seca): 10,13 mg/100g ou 41,3 mg/16 g de N. Oliveira &
Carvalho (op. cit.) analisaram também os teores de 12 aminoácidos nas folhas de B. pilosa.
Lyimo et al. (2003) analisaram a composição nutricional (em base seca) de 30 hortaliças
nativas da Tanzânia, entre elas B. pilosa: vitamina C (58,2 mg/100g); proteína (0,7%);
fibra crua (1,6%); lipídios (0,3%); Ca (66,5 mg/100g); Fe (2,2 mg/100g). Partes aéreas
141
jovens de picão-preto da RMPA foram analisadas em relação aos conteúdos de proteínas e
minerais (KINUPP, 2007), corroborando o grande potencial nutricional desta hortaliça tão
abundante e tão subutilizada no Brasil. Especialmente os novos produtos elaborados e
propostos no presente estudo (bebida fermentada e chá) carecem de estudos
bromatológicos. (Figura 7c).
*Bidens alba também ocorre na RMPA e está tornando-se muito abundante,
portanto constitui-se numa hortaliça com diferentes formas de aproveitamento que pode ser
melhor pesquisada e utilizada com fins alimentícios. Segundo Lorenzi (2000) esta espécie
é mais comum na faixa litorânea do Norte, Leste e Sudeste do Brasil. Ilustrações são
encontradas nesta mesma obra.
Bidens subalternans DC. (PICÃO-DO-CAMPO)– É levemente mais amargo e possui
folhas menores do que as demais espécies citadas, mas a princípio pode ser consumido da
mesma e também necessita de mais estudos nutricionais e toxicológicos.
Conyza bonariensis (L.) Cronquist (BUVA) – Suas folhas são utilizadas como antiácido e
contra tossse na Argentina (GOLENIOWSKI et al., 2006). Côrrea & Penna (1984, v. IV, p.
134) citam sob Erigeron bonariensis L. seu emprego na medicina doméstica no tratamento
de diarréia e hemorróidas. Suas folhas jovens (antes do florescimento da planta) são
altamente aromáticas (potencial como fonte de óleo essencial a ser avaliado) e ligeiramente
picantes sendo utilizadas como condimento de carnes e pratos variados ou consumidas em
saladas cruas, cozidas ou ensopadas. Foram consumidas sob todas estas formas no presente
estudo e também diretamente (em pequena quantidade) durante caminhadas no campo.
Esta espécie é muito similar à outra também ocorrente no Brasil e RMPA (mais comum,
porém exótica), C. canadensis (L.) Cronq., a qual no Japão é consumida (folhas e
plântulas) cozida ou desidratada para consumo futuro. Esta última espécie é fonte de óleo
essencial utilizado na indústria alimentícia (FACCIOLA, 1998). Carece de estudos
142
químicos, toxicológicos e bromatológicos. É considerada erva-daninha ou invasora e,
recentemente (1º. Semestre de 2007), foi alvo da mídia nacional, pois desenvolveu
resistência e ou tolerância ao herbicida (Glifosato) indiscriminadamente aplicado à soja
transgênica no Brasil.
Eclipta prostrata (L.) L. (ERVA-DE-BOTÃO) – Esta espécie tem uma lista considerável
de sinônimos, sendo comumente citada sob E. alba (L.) Hassk. É cosmopolita nas regiões
tropicais e subtropicais. Mabberley (2000) cita que é nativa da América e introduzida no
Velho Mundo. É normalmente encontrada em lugares úmidos e beira de brejos e banhados
(helófita), mas ocorre também em solos em capacidade de campo. Apesar do epíteto
específico, geralmente seus ramos são eretos, existindo inclusive o nome E. erecta L. (em
sinonímia). Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 34) citam que esta espécie é considerada uma
panacéia com usos medicinais populares diversos. França (2003) também cita usos desta
espécie (sob E. alba) para vários distúrbios hepáticos. Relatando a produção dos
cumestanos vedelolactoma e demilvedelolactona com atividade anti-hepatotóxica. Segundo
You-Kai et al. (2004), esta espécie é consumida (folhas cozidas) na região sudoeste da
China (Xishuangbanna), obtida somente por extrativismo, durante os 12 meses do ano.
Frisa-se que os autores consideram-na nativa da região. Outro uso econômico promissor
para esta espécie tão abundante e tão negligenciada no Brasil é como corante natural. Esta
espécie produz corante preto utilizado para tingir cabelos e para fazer tatuagem
(CÔRRREA & PENNA, op. cit.; MABBERLEY, op. cit.). No presente estudo, folhas de
plantas jovens, preferencialmente antes da floração, foram consumidas em saladas cozidas.
Carece de estudos bromatológicos. (Figura 7d).
Erechtites hieraciifolius (L.) Raf. ex DC. (CARIÇOBA) – Esta espécie com a grafia E.
hieracifolia é citada como tendo suas inflorescências e folhas jovens consumidas como
hortaliça (KUNKEL, 1984; DUKE, 2001). Estes autores citam que as folhas são
143
consumidas cozidas ou cruas. Há algumas variedades botânicas, as quais foram
indistintamente experimentadas cozidas e em bolinhos fritos (tempurah) no presente
estudo. É uma planta altamente aromática e com sabor marcante agradável. Apesar de ser
geralmente mais pilosa, as formas de usos e restrições são as mesmas de E. valerianifolius.
Nenhum estudo conclusivo foi encontrado, mas uso restrito ou abstinência é recomendável
até que trabalhos toxicológicos detalhados sejam realizados. Morton apud Duke (2001)
reporta alcalóides potencialmente carcinogênicos nesta espécie e este autor também reforça
que plantas que contenham senecionina (senecionine) e senecifilina (seneciphylline) devem
ser evitadas para consumo humano. Esta espécie tem como um de seus sinônimos Senecio
hierciifolius L. (geralmente grafado hieracifolius), o que pode ser um indicativo
quimiossistemático da existência de alcalóides pirrolizidínicos (sabidamente
hepatotóxicos) em seus tecidos. No entanto, esta relação é discutível, nem sempre podendo
ser seguida rigorosamente, pois há exceções tanto em relação à toxidez quanto em relação
à comestibilidade. Na Argentina suas folhas e caules são utilizados como antimicrobianos
(GOLENIOWSKI et al., 2006) e na América Central são consumidas pelas cabras
(KISSMANN & GROTH, 1999). Carece de análises fitoquímicas, bromatológicas e
toxicológicas dos seus diferentes tecidos em diferentes estádios.
Erechtites valerianifolius (Link ex Spreng.) DC. (CARIÇOBA) - Esta é uma espécie
ruderal, inço ou daninha, comum em áreas cultivadas. Comumente, seu epíteto específico é
escrito com grafia incorreta (e.g., E. valerianaefolia). Em amplo levantamento realizado
pelo IBGE na década de 1970, esta espécie foi citada como hortaliça folhosa (IBGE,
1980). Côrrea (1984, v. II, p. 96) também cita esta espécie como comestível (fornece bom
“espinafre”). Kunkel (1984) com a grafia E. valerianifolia cita que suas folhas são
consumidas como hortaliça e em Java as inflorescências também são igualmente
consumidas. Zurlo & Brandão (1990) citam sob Erechtites hieracifolia, mas pela ilustração
144
apresentada (p. 34) trata-se de E. valerianifolius. Estas autoras citam que as folhas desta
espécie cozidas em água com sal e escorridas são utilizadas igualmente ao caruru, e.g., em
refogados, molhos, tortas, pastéis e panquecas. Facciola (1998) afirma que na Indonésia
estas mesmas partes da planta são consumidas cruas ou cozidas no vapor e servidas com
arroz. Seu sabor é muito agradável, tendo sido consumida em algumas oportunidades
cozidas ou picadas e utilizada para fazer bolinhos fritos (tempurah) e mesmo folhas cruas
diretamente em pequenas quantidade. Suas folhas jovens são tenras e carnosas, exalando
um odor típico ao serem esmagadas. Este cheiro e sabor típicos são enfatizados por Kerr
(1994): “...tem gosto forte, como se já viesse temperado; mantém sempre o seu cheiro, que
para a maioria das pessoas é agradável”. Kerr (op. cit.) relata que trabalhadores rurais da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) e ou da região colhiam (observação de campo em
1989) esta folhosa para consumo com carne de porco, carneiro ou cabrito. Este autor
conduziu plantios experimentais em Uberlândia (MG), apontando que a partir de plantio
por sementes o primeiro corte pode ser feito em 60 dias. Segundo Kerr (1994), podem ser
cozidas e ou congeladas para serem usadas em sopas, feijão, carnes de porco e outras, bem
como em omeletes e possui 6.930 UI de vitamina A. Contudo, este gênero faz parte da
Tribo Senecionae, tendo como sinônimos inclusive Senecio valerianifolius Wolf. ou S.
valerianaefolium e como mencionado para E. hieraciifolius muitas espécies deste gênero
possuem alcalóides pirrolizidínicos que são sabidamente hepatotóxicos. Não foram
encontrados estudos conclusivos em relação à existência e teores destes alcalóides nesta
espécie e em quais tecidos e ou estádios fenológicos estaria presente. Estudos detalhados
com estes objetivos são prementes, analisando as plântulas (“brotos”), plantas jovens (sem
emissão das inflorescências), plantas adultas floridas e com frutos, pois confirmando a
inexistência destes alcalóides e ou outros compostos potencialmente nocivos, esta é uma
hortaliça folhosa muito promissora. As mesmas recomendações e cautelas apresentadas
145
para E. hieraciifolius são reforçadas para esta espécie também. Folhas jovens de indivíduos
espontâneos na RMPA foram analisadas em relação teor protéico e mineral por Kinupp
(2007). (Figura 7e).
Galinsoga parviflora Cav. (PICÃO-BRANCO) – É uma erva ruderal, com ampla
distribuição no Brasil, especialmente Sul e Sudeste e em maior abundância em áreas
agrícolas e ocorrendo também em estado nativo e ou introduzida em diversos países do
mundo. Possui folhas e ramos jovens tenros, com aroma agradável. No presente estudo, a
parte aérea jovem (folhas, ramos e flores) foi consumida em saladas cruas ou cozidas.
Também foram consumidas cozidas em sopas, misturadas a farofas ou utilizadas no
preparo de bolinhos fritos (tempurah) e em sucos verdes com limão ou outras frutas ácidas.
Na Colômbia, segundo Pérez-Arbeláez (1956, p. 297), esta espécie é chamada guasca ou
gua (Quéchua), seu uso como alimentícia é antiguíssimo, talvez de origem indígena. É um
ingrediente clássico da sopa bogotana (de Bogotá, Colômbia) chamada “ajiaco”. Facciola
(1998) acrescenta que neste país é comercializada em jarros (para não murchar!),
desidratada ou moída e transformadas em pó verde. Este pó é utilizado como condimento
para sopas e carnes, especialmente carne de frango. Este autor cita que o suco fresco (suco
verde) pode ser tomado juntamente com suco de tomate ou outros sucos. Odhav et al.
(2007) analisaram a composição centesimal (base úmida – g/100g) e mineral (base seca –
mg/100g), além da atividade antioxidante (base úmida - %) desta espécie: umidade (89);
proteínas (4); lipídios (0,5); carboidratos (5,29); cinzas (1,74); fibra (1,24);; Ca (162); P
(38); Fe (270); Mg (681); Mn (44); Na (36); Cu (3); Zn (14); energia (41 kcal/100g) e
atividade antioxidante (76%). Estes autores afirmam que esta espécie não apresentou
valores muito altos dos compostos avaliados em relação às demais espécies de hortaliças
folhosas analisadas. No entanto, destacam o teor protéico e os valores significativos de
magnésio e, especialmente, o alto teor de zinco. Estes autores frisam que em Kwazulu-
146
Natal (África do Sul), G. parviflora ocorre em áreas sob cultivo e é consumida
regularmente pela população. Kays & Silva (1995) consideram esta espécie como uma
hortaliça comercialmente cultivada em algumas partes do mundo e citam alguns dos seus
nomes populares em nove línguas, os quais foram compilados na Tabela 1. Segundo estes
autores os caules jovens são consumidos cozidos. Lyimo et al. (2003) analisaram a
composição nutricional (em base seca) de 30 hortaliças nativas da Tanzânia, entre elas G.
parviflora: vitamina C (54 mg/100g); proteína (5,0%); fibra crua (1,5%); lipídios (0,7%);
Ca (154 mg/100g); Fe (2,8 mg/100g). Segundo You-Kai et al. (2004), as folhas cozidas
desta espécie são consumidas na região sudoeste da China (Xishuangbanna), obtidas por
extrativismo, durante os 12 meses do ano. Frisa-se que os autores consideram-na nativa da
região, no entanto, nenhum nome popular local é citado. Esta é uma planta altamente
abundante nas hortas, quintais e áreas cultivadas no sul do Brasil e totalmente
negligenciada em relação ao potencial alimentício, o qual apresenta potencial
mercadológico imediato tanto como hortaliça folhosa quanto como condimento. Merece
trabalhos fitotécnicos de cultivo e avaliação de rendimento, bem como trabalhos para o
desenvolvimento de produtos pré-preparados (e.g., sopas, suflês, cremes,...) e suas
avaliações sensoriais e organolépticas. Espera-se que desse modo saia da categoria de erva
daninha, inço ou infestante, passando para a lista de hortaliças cultivadas.
Galinsoga quadriradiata Ruiz & Pav. (PICÃO-BRANCO) – Usos e potenciais idênticos a
G. parviflora e talvez ainda mais promissora, pois possui folhas maiores e mais largas. O
sabor e o aroma são similares. Foi analisada em relação ao teor mineral e protéico por
Kinupp (2007). Carece de análises bromatológicas e fitoquímicas pormenorizadas. (Figura
7f).
Hypochaeris chillensis Hieron. (RADITE) – É uma hortaliça folhosa sazonal, mais
comum no inverno. Apesar do uso limitado, é reconhecida por muitas pessoas como
147
hortaliça. No trabalho de Carneiro (2004) teve o maior número de citações (93 pessoas)
como planta comestível em quatro municípios do RS. É comercializada em pequena escala
nas feiras de ecológicas de Porto Alegre. Suas folhas grandes e recortadas são
comercializadas em molhos. Têm sabor amargo lembrando o almeirão comum (Cichorium
intybus L.). Soares et al. (2004) também relatam seu uso como alimentícia (folhas em
salada) no município de São João do Polêsine (RS). Sua composição mineral foi analisada
por Kinupp (2007), destacando-se pelos altos de teores (mg/100g) de Ca (1.000); Na (620);
Zn (7,7); P (500) e K (3.100). Pode ser encontrada em alguns trabalhos, e.g., Lorenzi
(2000), onde é ilustrada, sob o sinônimo H. brasiliensis (Less.) Griseb.. No presente estudo
foi consumida em saladas cruas, refogadas e em sopas. Esta espécie merece pesquisas
fitotécnicas aprofundadas sobre germinação, manejo e produtividade, bem como estudos
de composição centesimal. Dada a abundância de sementes, recomenda-se também a
realização de testes visando à produção de brotos com fins alimentícios. Análises
fitoquímicas desta espécie são necessárias. Esta espécie foi selecionada e fornecida para
um estudo de conclusão de curso no ICTA/UFRGS, visando quantificar o teor de inulina
existente nas raízes pivovantes. O teor de inulina detectado foi o quarto maior entre 11
espécies analisadas 4,24 g.L
-1
(MAGALHÃES, 2006). Portanto, merece mais estudo neste
sentido. Soares et al. (2004) reportam o uso medicinal do chá das raízes para hidratação.
(Figura 6i).
Mikania glomerata Spreng. (GUACO) - Espécie com usos similares e indistintos aos da
espécie seguinte, porém mais rara no estado do RS (SIMÕES et al., 1998) e na RMPA.
Várias referências químicas e ou farmacológicas são citadas por Graça et al. (2007).
Dorigoni et al. (2001) também relatam o uso desta espécie ‘para dar sabor ao chimarão’ no
município de São João do Polêsine (RS) e como medicinal associadada a outras espécies.
148
Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker (GUACO) – Esta espécie é uma trepadeira nativa e
comumente cultivada nos quintais no sul no Brasil e na RMPA para usos medicinais.
Tradicionalmente é utilizada para elaboração de xaropes antitussígenos. Os xaropes são
feitos tanto de forma caseira quanto pela indústria de fitofármacos. O uso alimentício
corresponde ao uso do extrato desta espécie para o fabrico caseiro e agroindustrial de balas
de guaco, disponíveis nos mercados e feiras no sul do Brasil. As balas são comercializadas
e utilizadas tanto para fins medicinais direto quanto consumidas pelo sabor agradável como
as balas em geral, podendo atuar preventivamente evitando tosses e resfriados. Bighetti et
al. (2005) reportam atividade antiulcerogênica de M. laevigata. O principal componente
químico presente nesta espécie é a cumarina (GRAÇA et al., 2007). Estes autores não
observaram efeitos tóxicos sobre o sistema reprodutivo de machos de ratos, bem como
ausência de alterações clínicas, comportamentais e de ganho de peso em animais em
tratamento crônico (90 dias) com xarope de guaco.
Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. (COUVINHA) – Suas folhas são comestíveis e
inclusive é comercializada em alguns mercados locais de San Andrés, México (IBARRA-
MARRÍQUEZ et al., 1997). Estes autores citam a utilização nesta região de uma
subespécie: P. ruderale (Jacq.) Cass. ssp. macrocephalum (DC.) R.Johnson. As folhas de
Porophyllum ruderale sob o nome quirquiña são citadas por Neumann (2004) como usadas
em guisados e sopas dando um sabor idêntico ao do coentro (Coriandrum sativum L.). As
folhas e caules desta espécie são utilizados medicinalmente na Argentina como
diaforéticos, hemostáticos e cicantrizantes (GOLENIOWSKI et al., 2006). No Brasil esta
espécie também é utilizada na medicina caseira, incluída no grupo das arnicas. Cárdenas
(1989) cita que as folhas finamente picadas desta espécie, chamada de quillquiña na
Bolívia dão um sabor (condimento) muito agradável ao molho de tomate e outros pratos.
Esta espécie é listada também pela FAO (1994) como especiaria e condimento na Bolívia.
149
No presente estudo as folhas foram consumidas cruas diretamente, em saladas mistas (uso
como condimento), das folhas picadas ou inteiras ou também ensopadas. Além de
aromáticas, as folhas são fortemente glaucas (verde-azuladas a verde-acinzentadas) dando
um aspecto visual chamativo nos pratos quando mantidas inteiras. Estudos bromatológicos
e químicos são necessários. Frisa-se que outra espécie nativa no RS e RMPA (P.
lanceolatum DC.) foi consumida crua, mas tem um sabor mais forte e provoca gases
excessivos (arrotos), portanto não recomendável consumi-la, ao menos desse modo. Esta
espécie e outra também nativa na RMPA (P. obscurum (Spreng.) DC – esta não consumida
neste estudo) são mencionadas sob o nome kilkina na região da Puna (Argentina), sendo
eventualmente utilizadas como aromatizantes de sopas (ARENAS & SCARPA, 1996), mas
não foi testada e os autores afirmam ser um uso raro e fornecido por apenas um
informante. Por isso esse motivo não são abordadas aqui em relação riqueza total. As
folhas de P. lanceolatum também são citadas por Neumann (2004) com usos idênticos aos
da espécie aqui tratada. As três espécies carecem de estudos bromatológicos e químicos
detalhados. Especialmente P. ruderale merece estudos fitotécnicos de cultivo e seleção de
quimiotipos mais promissores para uso como hortalliça condimentar. (Figura 7g).
Smallanthus connatus (Spreng.) H. Rob. (YACON-GAÚCHO) – Côrrea & Penna (1984,
v. V, p. 529) apresentam uma sucinta descrição desta espécie sob “polínia”,
aportuguesamento do gênero Polymnia. É um gênero pouco conhecido e explorado no
Brasil. Recentemente Mondin (2004) descreveu mais duas espécies para a Flora
Riograndense (Smallanthus araucariophilus Mondin e S. riograndensis Mondin), as quais
também merecem estudos químicos. No presente estudo S. connatus foi cultivada
experimentalmente a partir de acessos coletados no Morro do Farol (Torres, RS). É uma
espécie de fácil cultivo e propagação a partir dos rizomas e, espontaneamente por sementes
caídas sobre as planta-mães que germinam bem e rapidamente. As plantas desenvolvem-se
150
rapidamente. A parte aérea é anual, mas o sistema subterrâneo é perene. Florescem
abundamente, sendo as flores intensamente visitadas por abelhas-africanizadas (Apis
mellifera), oferecendo deste modo uma fonte potencial de néctar e ou pólen para os insetos.
São altamente ornamentais para uso em canteiros ou jardins públicos e ou particulares.
Suas flores são similares a um girassol em miniatura e os frutos são arroxeados até
atropurpúreos e verrugosos. As suas sementes são uma fonte potencial de óleo, que precisa
ser avaliado em relação ao teor e qualidades químicas, pois possivelmente devem ser
similares aos do girassol. Daí teria também aplicações culinárias. A produção é abundante
e rápida e apresentam potencial até para colheita mecanizada. Para colheitas manuais
recomenda-se a utilização de baldes ou outros recipientes. Os frutos soltam-se facilmente
das infrutescências quando maduros, sendo derrubados dentro do recipiente. As raízes
tuberosas são longas, mas altamente fibrosas e sucosas. Quando cortadas rapidamente
oxidam-se, tornando-se esverdeadas, o que também ocorre com a espécie cultivada como
alimento nutracêutico, o yakon ou batata-yacon (Smallanthus sonchifolius (Poeppig &
Endl.) H. Robinson = Polymnia sonchifolia Poeppig & Endl.). As raízes oriundas do
cultivo deste estudo foram analisadas em relação teor de inulina, tendo sido constatado que
o yacon-gaúcho apresentou o maior conteúdo desta substância dentre as 11 espécies
analisadas (MAGALHÃES, 2006). O teor de inulina no extrato (14,71 g.L
-1
) atingiu um
valor imensamente superior ao encontrado em S. sonchifolius (1,77 g.L
-1
), em consonância
com a literatura. Os altos teores de inulina da espécie nativa são promissores e motivaram
tema para uma tese de doutorado em andamento no ICTA (UFRGS). Esta, sob orientação
da Profa. Simone H. Flores, terá como objetivo avaliar a produção e técnicas de extração
de inulina (inulinase) desta espécie.
As raízes tuberosas foram experimentadas in natura no presente estudo, mas além
de muito fibrosas, seu suco (caldo abundante) é insípido, sem a doçura suave do yacon
151
comercial. Cabe destacar a importância desta espécie por ser um parente silvestre do yacon
cultivado, podendo fornecer genes de interesse em programas de melhoramento. Ressalta-
se o potencial medicinal das folhas e outros tecidos de S. connatus. As folhas do yacon
cultivado já são comercializadas em larga escala no Brasil como redutora de colesterol, por
exemplo, apesar de falta de comprovações científicas. As folhas (extratos aquosos) desta
espécie cultivada de origem andina também mostraram-se eficientes na inibição de
produção de aflatoxina B1 por Aspergillus flavus (PINTO et al., 2001). Portanto, com
potencial para evitar e ou minimizar a contaminação de cereais e oleaginosas estocados,
por exemplo. Estudos neste sentido são altamente desejados para S. connatus, o qual possui
a parte aérea muito aromática. De outra espécie argentina (Smallanthus macroscyphus
(Baker ex Martius) A.Grau), considerada sinônima da espécie nativa aqui discutida por
alguns autores, foram isolados melampolídeos (melampolides) das folhas e flores (PEDRO
et al., 2003). Estes sesquiterpenos (lactonas) são de importância quimiossistemática e
podem ter potencial farmacológico também. Os autores enfatizam a necessidade de estudos
químicos similares com o autêntico S. connatus, por eles considerada espécie distinta.
(Figura 6j; Figura 7h).
Soliva anthemifolia (Juss.) Sweet (ROSETA) – Folhas jovens das rosetas ocorrentes na
RMPA foram consumidas em saladas cruas e cozidas no presente. São muito saborosas e
agradáveis. Sua consistência e morfologia lembram Coronopus didymus (menstruz).
Quando em solos férteis (e.g., em canteiros sob cultivo) apresentam folhas bem
desenvolvidas e tenras. Carece de estudos químicos gerais, toxicológicos e bromatológicos.
Soliva macrocephala Cabrera (ROSETA) – Observações similares à S. anthemifolia.
(Figura 7j).
152
Soliva pterosperma (Juss.) Less. (ROSETA) - Observações similares à S. anthemifolia.
Esta espécie foi citada como comestível por Carneiro (2004). Suas folhas foram analisadas
em relação ao teor protéico e mineral (KINUPP, 2007). (Figura 7i).
Tagetes minuta L. – (CHINCHILA) – Os principais sinônimos desta espécie são: T.
glandulifera Schrank, T. bonariensis Pers., T. glandulosa Link., T. porophyllum Vell. Em
geral, é aceito que o gênero Tagetes é nativo do Novo Mundo e, implicitamente, que as
principais espécies do gênero (T. erecta L. e T. patula L.) foram domesticadas no período
Pré-colombiano (KAPLAN, 1960). Tagetes minuta é nativa da América do Sul, inclusive
do Brasil, mas atualmente é encontrada naturalizada ou sob cultivo em diversos países do
mundo. No Brasil ocorre do Nordeste ao Rio Grande do Sul. Neste Estado é muito comum
nas restingas do Litoral Norte, o que é um indicativo da sua possibilidade de cultivo com
fins econômicos em solos impróprios para maioria das outras culturas agrícolas. As raízes
de T. minuta liberam no solo substâncias que controlam algumas espécies de nematóides
prejudiciais a algumas culturas agrícolas (KISSMANN & GROTH, 1999; LORENZI,
2000). No Brasil, sua parte aérea é empregada na medicina caseira, sendo considerada
aromática, excitante e diurética. É utilizada para tratamento de reumatismos, cólica
intestinal, dispepsias, para expelir vermes intestinais e estimular o fluxo menstrual (MORS
et al., 2000). Na Argentina é utilizada como tônica, aromatizante, digestiva e aperitiva
(GOLENIOWSKI et al., 2006), além de pesticida. Cárdenas (1989) cita diversas espécies
deste gênero como nativas na Bolívia, sendo especialmente T. graveolens H. (suico,
wakatay ou chicchipa) muito utilizada como condimento em sopas e carnes assadas e em
um prato típico chamado de “uchullaujwa”. Tagetes minuta era utilizada Novo Mundo no
período Pré-Colombiano. Esta espécie já era usada como aromatizante de bebidas, chás
medicinais e condimento (REES apud SOULE, 1993). Segundo Neher (1968) uma bebida
é preparada à base de T. minuta através da infusão de um punhado desta planta seca em
153
água quente durante a três a cinco minutos. Esta bebida pode ser ingerida quente ou fria e
pode ser adoçada a gosto. No Peru é usado como condimento em diversos pratos,
especialmente em molhos para carne (GIACOMETTI, 1989) e pescado. Diversos
cardápios de restaurantes deste país e receitas variadas estão disponíveis na rede mundial
de internet. A busca (pesquisa) deve ser feita pelo nome popular peruano da espécie:
huacatay ou huacatai. De acordo com Soule (1993) também no Chile e Argentina é usado
como erva condimentar. É usada em pratos a base de arroz e como aromatizante em sopas
de legumes com carnes. No norte do Chile é chamado suico ou zuico e é altamente
apreciado, sendo coletado de maneira extrativista por muitas pessoas que desidratam e
conservam seco em quantidade suficiente para uso durante o inverno. No Chile ainda
conhecido por chinchilla, suiquillo ou quinquin. Na região norte da Argentina T. minuta é
também conhecida suico ou chinchilla e suas folhas são usadas em guisados e sopas. Nesta
região, outras espécies do gênero também têm suas folhas utilizadas em guisados e sopas:
T. campanulata Griseb. (suico-vaca); T. terniflora Kunth (suico) e T. pusilla Kunth (anis
del campo) (NEUMANN, 2003).
Na Índia, T. minuta tem uso importante para a produção de óleo essencial, sendo
cultivada comercialmente. Entre as espécies do gênero Tagetes, esta espécie é a que produz
mais óleo. O óleo essencial extraído desta espécie é conhecido comercialmente por óleo de
tagetes (Tagetes oil ou tagets, em inglês). Devido à grande demanda pelo óleo essencial de
T. minuta, vem aumentando o interesse pelo cultivo desta espécie para produção comercial
(Singh et al., 2003). Atualmente, os maiores produtores de óleo de tagetes são: França,
Quênia, Argentina e Austrália (Singh et al., 2003). Segundo Craveiro apud Soule (1993), o
Brasil era, na década de 1980, um dos maiores produtores de T. minuta para produção de
óleo (Tagetes oil). Não se encontrou dados atualizados da produção nacional. A produção
mundial de óleo de Tagetes em 1984 era de aproximadamente 1,5 toneladas
154
(LAWRENCE, 1985). Mais recentemente, segundo o próprio LAWRENCE (1993), a
produção mundial era de 12 toneladas anuais com um rendimento de 25kg.ha
-1
de óleo.
Nas regiões temperadas úmidas, onde as noites são mais frias, é produzido um óleo
essencial de melhor qualidade. Segundo Singh et al. (2003), temperaturas médias de 12-
30ºC são desejáveis para produção de óleo de alta qualidade durante a fase reprodutiva da
safra e os autores afirmam ainda que esta cultura prefere solos levemente ácidos (pH=5,5 a
7,0). Estas exigências sugerem que no Rio Grande do Sul seria possível o cultivo comercial
desta espécie tão negligenciada.
O óleo de T. minuta tem um bom mercado na perfumaria e na indústria de
condimentos e temperos. Os óleos das flores e os óleos puros das parte aéreas são usados
na composição de perfumes de alta qualidade, na aromatização em geral e em produtos
alimentícios industrializados, tais como: refrigerantes tipo cola, bebidas alcoólicas,
sorvetes, sobremesas lácteas congeladas, balas, doces, produtos assados, gelatinas, pudins,
condimentos, tempero para guloseimas, entre outros (SINGH, op. cit..; FACCIOLA, 1998;
SOULE, 1993).
O seu intenso uso como condimento nos Andes motiva apresentação de resultados
de pesquisas que corroboraram a eficácia dos compostos desta espécie sobre alguns
microorganismos que podem ser prejudiciais à saúde. Segundo Souza et al. (2000) a
avaliação in vitro da atividade antimicrobiana do decocto de T. minuta demonstrou
atividade antimicrobiana com marcada seletividade sobre as bactérias Gram-positivas
como Staphylococcus aureus e Enterococcus faecium. Essa atividade manifestou-se
também, moderadamente, sobre a Gram-negativa Salmonella gallinarum. Contudo, em
relação a Escherichia coli a atividade, praticamente, não ocorreu. Assim sendo, estes
autores, concluem que o decocto desta espécie vegetal pode ser utilizado como anti-séptico
ou desinfetante sobre estas três espécies bacterianas. No entanto, El-Deeb et al. (2004) não
155
constataram nenhuma atividade antimicrobiana contra Escherichia coli, Staphylococcus
aureus e atividade antifúngica contra Candida albicans. Tereschuk et al. (1997) testaram o
extrato total e frações com diferentes solventes das folhas de T. minuta que mostraram
diferentes graus de atividades antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas e Gram-
negativas. Estes mesmos extratos foram inativos para Lactobacillus rhamnosus, L.
plantarum, Zymomonas mobilis e Saccharomices cerevisae. Segundo estes autores a
ausência de atividade antimicrobiana sobre microorganismos não patogênicos para
humanos, poderia ser benéfica em tratamentos de doenças intestinais, pois afetaria os
patógenos, sem comprometer a flora intestinal benéfica. Tereschuk et al. (op. cit.)
contrapondo trabalhos anteriores, detectaram a inibição do crescimento de Escherichia coli
pelos extratos de flavonóides totais. (Figura 7l).
Vernonia tweediana Baker (ASSA-PEIXE) – Esta e outras espécies similares nativas no
Brasil (e.g., Vernonia polyanthes Less. e V. ferruginea Less.) são tradicionalmente
utilizadas na medicina caseira com fins diversos, especialmente como antidiarréicas e
expectorantes. Não é muito difundido, mas um morador do litoral norte do Rio Grande do
Sul (Morro Azul) afirmou que as folhas são comestíveis fritas à milanesa e fritas, além de
outros relatos ocasionais, inclusive em um programa televisivo (GLOBO REPÓRTER,
2007). No presente estudo folhas jovens a dorê ou empanadas foram consumidas. As
folhas lavadas e passadas no ovo batido e temperado e na farinha de trigo e fritas em óleo
bem quente. Tornando-se altamente crocantes e saborosas. Nenhum sintoma desagradável
ocorreu e as folhas tiveram grande aceitação dos consumidores que a associaram com
peixe frito. No entanto, ressalta-se que estudos fitoquímicos são necessários, assim como
análises nutricionais. Pela abundância desta espécie na RMPA, sabor e textura muito
agradáveis, é uma espécie de hortaliça de folhas verdes escuras promissora. Kunkel (1984)
cita 15 espécies do gênero Vernonia com potencial alimentício, com a exceção de V.
156
cinerea (L.) Less., que apresenta uma distribuição mais ampla pelos trópicos, todas as
demais são restritas à África, Ásia e ou à Polinésia. Dentre as espécies citadas por Kunkel
(op. cit.), merece destaque V. amygdalina Del., tamm citada por Facciola (1998), Martin
et al. (1998), os quais afirmam ser uma hortaliça muito popular do Sul ao Oeste da África.
Esta espécie africana foi estudada nutricionalmente por Aletor et al. (2002) mostrando
altos teores de proteínas em base seca (31,7 g/100g) e concentrados protéicos das folhas
(52,2 g/100g), além de altos teores de minerais.
Basellaceae
Anredera cordifolia (Ten.) Steenis (BERTALHA) – Segundo Yen et al. (2001) esta
espécie (Boussingaultia gracilis Miers var. pseudobaselloides Bailey - sinônimo) e outra
Basellaceae, Anredera alba L. (huang-cong tsai) são cultivadas e comumente consumidas
como hortaliças folhosas em Taiwan. Estes autores citam o uso de B. gracilis como
analgésico e no tratamento do diabetes neste país. Segundo Lin et al. (1997), extratos
etanólicos desta espécie apresentam efeitos inibitórios de contrações espasmódicas
gástricas. Diversos estudos químicos e farmacológicos têm sido realizados com extratos
desta espécie em Taiwan, onde B. gracilis é utilizada, popularmente para diversos fins,
entre eles aliviar dores abdominais. Soares et al. (2004) também relatam uso popular para
problemas estomacais (baço) em São João do Polêsine (RS) desta espécie sob o nome
popular local ‘trapoeiraba’. No Uruguai e Argentina esta espécie é citada como
antitussígena, antinevrálgica e anti-séptica para lavar os olhos (ALONSO PAZ et al.,
1995). Estes autores detectaram ação sobre alguns microorganismos, especialmente
Pseudomonas aeruginosa. Lin et al. (1997) citam trabalhos que relatam efeitos
hipoglicemiantes, efeitos protetores da mucosa gástrica causada tanto por estresse quanto
por agentes necrotizantes e antiinflamatórios. No Brasil esta espécie é pouco utilizada
medicinalmente, ao menos com informações de etnousos disponíveis na literatura, apesar
157
Figura 6. a) Butia capitata – frutos abertos e sem caroço pronto para o fabrico de geléias, sucos e outros
derivados; b) Euterpe edulis – polpa dos frutos congelada; c) Syagrus romanzoffiana – detalhe
dos frutos maduros, excepcionalmente grandes; d) S. romanzoffiana – extração do palmito de
um indivíduo jovem por V.F. Kinupp (Foto: Rodney Schmidt); e) S. romanzoffiana – detalhe do
palmito de grande diâmetro; f) xButyagrus nabonnandii – vista geral de um indivíduo cultivado
(com inflorescência); g) Trithrinax brasiliensis – detalhe dos frutos maduros colhidos; h)
Achyrocline satureioides – população manejada florida; i) Hypochaeris chillensis – folhas
lavadas e reunidas em feixes (‘molho’) para comercialização; j) Smallanthus connatus – detalhe
de parte das raízes desenvolvidas e fibrosas. (escala azul em cm)
158
Figura 7. a) Baccharis articulata – ramo florido; b) ‘Cerveja’ caseira de B. articulata; c) Bidens
pilosa – ramo florido; d) Eclipta prostrata – ramo florido; e) Erechtites valerianifolius
ramo florido; f) Galinsoga quadriradiata – população espontânea com alguns indivíduos
floridos; g) Porophyllum ruderale – indivíduo com frutos jovens; h) Smallanthus
connatus – ramo florido e ou com frutos jovens; i) Soliva pterosperma – indivíduo
jovem; j) Soliva sp. – indivíduo com frutos imaturos; l) Tagetes minuta – ramos jovens e
com frutos secos; m) Begonia cucullata – florida e com frutos imaturos.
159
de um dos seus nomes populares ser “folha-santa”. Uma revisão geral da espécie é
apresentada em Kinupp et al. (2004a). Merecem citação os usos externos como cicatrizante
e para tratar furúnculos (SOARES et al., 2004) e seu consumo como alimento nutracêutico
na alimentação de crianças e para tratamento de anemias (FUNCH et al., 2004). Esse uso
popular para tratamento de anemias é muito interessante e merece mais estudos
farmacológicos e nutricionais, pois o processo anêmico pode ter diversas causas, entre elas
processos inflamatórios do trato gástrico que impeçam ou limitem a absorção de nutrientes.
Á propósito tanto Lin et al. (1997) como Soares et al. (op. cit.) mencionam que esta espécie
tem forte ação antiinflamatória, gastroprotetora e cicatrizante. Cabe ressaltar que o
processo anêmico também pode ser causado pela deficiência nutricional, especialmente do
elemento ferro. Curiosamente, as folhas de Anredera cordifolia são ricas em ferro, bem
como cálcio e zinco, além de altos teores protéicos (KINUPP, CARVALHO & BARROS –
em preparação). Esta espécie foi cultivada no presente estudo e diversos produtos foram
testados e desenvolvidos com suas folhas e rizomas (e.g., patê-verde, pães e até geléias e
outros). Alguns destes produtos foram analisados sensorialmente tendo boa aceitação
(KOHMANN et al., 2006; KINUPP, CARVALHO & BARROS – em preparação). Esta
espécie é facilmente propagada por estacas ou rizomas e conduzida em sistema de
espaldeira. É tolerante à seca, a geadas, mas requer solos férteis ou adubação. Não
demonstrou ser seriamente prejudicada por pragas, nem parece ser muito afetada por
doenças. Os resultados destas experiências fitotécnicas estão em preparação (KINUPP &
BARROS, em preparação). As plantas oriundas deste cultivo, após o estudo continuam
sendo cultivadas pela produtora rural proprietária do sítio, estão sendo vendidas nas feiras
ecológicas de Porto Alegre com boa aceitação e demanda e, mais recentemente, foram
adicionadas às massas caseiras também comercializadas nestas feiras. Esta adição é em
substituição ao espinafre, dando uma coloração verde muito chamativa às massas. Segundo
160
Yen et al. (2001) esta espécie não possui toxidez, efeitos mutagênicos e pode ser usada
como hortaliça corriqueira. Tshikalange et al. (2005) detectaram forte ação (a mais ativa
entre as cinco espécies estudadas) dos extratos aquosos e clorofórmicos dos rizomas desta
espécie sobre bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Contudo, sua DL
50
é
extremamente alta, indicando efeitos não citotóxicos nos testes sobre células renais de
macaco. Estes autores citam o uso tradicional de A. cordifolia na África do Sul. Esta
espécie foi introduzida neste país e usada no tratamento de doenças sexualmente
transmissíveis e sua a ação antimicrobiana detectada suporta estes usos etnomedicinais.
Recentemente, uma nova proteína foi identificada nos rizomas desta espécie
(CHUANG et al., 2007). Esta substância foi denominada ancordina, uma menção ao nome
científico da espécie. Chuang et al. (op. cit.) detectaram esta proteína majoritária (23 kDa)
e chamaram-na de ancordina (‘ancordin’). Segundo os autores, esta proteína tem ação
inibitória sobre tripsina e tem potencial para estimular a produção de óxido nítrico (NO).
Esta proteína foi detectada majoritariamente nos “tubérculos” aéreos e apenas traços nas
folhas. Pela experiência de cultivo do presente trabalho verificou-se que os “tubérculos”
aéreos são idênticos aos rizomas subterrâneos, pois quando enterrados ou quando caem e
formam uma nova planta, desenvolvem-se como os rizomas, ou seja, as diferenças
morfológicas e morfométricas que apresentam devem-se tão somente ao ambiente onde se
encontram. (Figura 8a-d; Figura 9a-h).
Anredera krapovickasii (Villa) C.R. Sperling (BERTALHA-DO-CABINHO-ROXO) –
Este é o primeiro registro oficial desta espécie para o Brasil, pois apesar das muitas
características distintivas era erroneamente identificada como a A. cordifolia. A revisão
taxonômica desta família no sul do Brasil está sendo concluída (Kinupp, Vignoli-Silva &
Xifreda - em preparação). Esta espécie não produz rizomas carnosos e amiláceos, seus
pecíolos são sempre roxos (daí o nome popular proposto) e as folhas não são cordiformes.
161
Em relação ao aspecto gastronômico suas folhas são mais macias e sem as nervuras
facilmente evidentes na face abaxial e, mesmo cruas, não possuem o sabor levemente
amargo típico de A. cordifolia. Suas folhas também tiveram as composições centesimal e
mineral analisadas, mostrando-se altos teores dos componentes, mas levemente inferiores
aos valores determinados para A. cordifolia (KINUPP, CARVALHO & BARROS – em
preparação). As formas de uso e comercialização das folhas e observações de cultivo são
similares às feitas para A. cordifolia. Contudo, a propagação é feita exclusivamente por
estacas devido à ausência de rizomas-sementes. Frisa-se que o enraizamento é rápido tanto
a campo quanto sob nebulização, nesta última condição com maior taxa de enraizamento.
(Figura 8e-m; Figura 9g-j).
Begoniaceae
Begonia cucullata Willd. (AZEDINHA-DO-BREJO) – Espécie mundialmente cultivada
como ornamental, inclusive com muitos híbridos com folhas de coloração distintas e flores
dobradas sob o nome B. semperflorens hort. Seus tecidos (folhas, ramos, flores e frutos
jovens) acídulos são comestíveis em saladas cruas ou cozidas ou diretamente a campo.
Kunkel (1984) cita o consumo das folhas em saladas. Este sabor “azedinho” típico,
provavelmente deva-se a presença de ácido oxálico, portanto seu uso precisa ser moderado
e pessoas com problemas renais sérios devem evitar seu consumo. No entanto, a adição de
flores e folhas a saladas diversas dá um sabor muito especial. Seus ramos tenros e folhas
podem ser adicionados a sucos diversos ou cozidos e triturados para o preparo de molhos
agridoces para carnes, por exemplo. Esta espécie é muito comum em brejos e áreas
úmidas, daí seu nome popular. Foi citada como medicinal por Soares et al. (2004) para
tratar disenteria. No entanto, carece de análises dos compostos nutricionais e
antinutricionais e estudos químicos gerais. (Figura 7m).
162
Begonia hirtella Link. (BEGÔNIA-DA-PEDRA) – Observações referentes à forma de
consumo, cautelas e recomedações de estudos são similares às de B. cucullata. Esta espécie
ocorre mais comumente em áreas florestais mais bem preservadas, geralmente sobre rochas
(rupícolas), daí seu nome popular. Kunkel (1984) cita o consumo das folhas cozidas. As
folhas desta espécie são pubescentes e é interessante uma fervura prévia. As flores jovens
são igualmente comestíveis.
163
Figura 8. a) Anredera cordifolia – tutoramento com taquara cruzada; b) A. cordifolia – ramos floridos; c) A.
cordifolia folha cordiforme típica; d) A. cordifolia – ramo com tubérculos aéreos; e, f) A.
krapovickasii – plantio em espaldeira; g, h) A. krapovickasii – detalhe de ramos estéril e florido,
respectivamente; i) A. krapovickasii – produto da colheita e manejo de poda simultânea; j) A.
cordifolia e A. krapovickasii – folhas selecionadas embaladas para a comercialização; l, m) A.
krapovickasii – sistema subterrâneo sublenhoso saudável (silvestre/florestal) e infectado por
nematóides (final de cultivo), respectivamente.
164
Figura 9. a, b, c, d) A. cordifolia – tubérculos (a), aéreos (b) e dois tipos juntos (c, d). Nota-se a
variabilidade, pois são acessos distintos; e, f) Pães de tubérculos de A. cordifolia, crus e
assados, respectivamente; g) Detalhe das folhas selecionadas embaladas para a
comercialização de A. cordifolia e A. krapovickasii. Nota-se pecíolos vináceos da
segunda espécie (E); h) Patê ou pasta verde com folhas de A. cordifolia sobre biscoito
para análise sensorial; i) A. krapovickasii – cultivada em espaldeira. Nota-se única
espécie viva (verde) no Sítio Capororoca na severa estiagem do verão de 2005; j) Mudas
de A. krapovickasii formadas a partir de estacas em casca de arroz carbonizada. Nota-se
abundância de folhas e vigor. (escala azul em cm)
165
Bignoniaceae
Macfadyena unguis-cati (L.) A.H. Gentry (BATATA-DE-CABOCLO) – Esta espécie é
citada e descrita por Côrrea (1984, v. I, p. 274). O autor cita que nas raízes desenvolvem-se
túberas ovóides de 3-4 cm de diâmetro que são comestíveis depois de assadas. As raízes
espessadas e detalhes da espécie estão bem ilustrados em Lorenzi & Matos (2002, p. 88),
os quais também apresentam os usos medicinais populares. A porção de interesse
alimentício é citada por estes autores como sendo utilizada para tratar hepatite. Das raízes
foram isolados dois glicosídeos, ambos tendo o ácido quinóvico (“quinovic acid”) como
aglicona (FERRARI et al., 1981). No presente estudo batatas descascadas desta espécie
foram consumidas cozidas (vide figuras). As raízes tuberosas cozidas mantêm uma
consistência firme e crocante e um sabor suave. Apesar de Côrrea (op. cit.) afirmar que são
pouco agradáveis ao paladar e que contêm insignificante teor de amido, mencionando
cerca de 2%, estes órgãos com interesse alimentício merecem estudos bromatológicos e
químicos, especialmente em relação à presença e teor de inulina. Ressalta-se inclusive que
sua consistência é levemente similar ao yacon (Smallanthus sonchifolius), sabidamente
rico neste oligossacarídeo. Esta espécie é ocasionalmente cultivada ou manejada como
ornamental pelas lindas flores amarelas (floração em massa), as quais também podem ser
fontes de compostos químicos de interesse e merecem estudos químicos. Carece de estudos
agronômicos, especialmente coletas para caracterização do germoplasma e busca por
variedades produtoras de raízes tuberosas maiores e ou com outras qualidades
organolépticas de interesse. Esta espécie possui uma ampla distribuição ocorrendo do
México à Argentina. (Figura 10a; Figura 11a-b).
Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb. (IPÊ-ROXO) – É uma espécie de interesse
madeireiro e é muito usada no paisagismo urbano (e.g., ruas e parques de Porto Alegre).
Esta espécie é também é muito citada como T. heptaphylla (Vell.) Tol. (POTT & POTT,
166
1994; BACKES & IRGANG, 2002) ou também com T. impetiginosa (Mart.) Standl.
(POTT & POTT, op. cit.). Lorenzi (2002) cita os três nomes como espécies distintas de
distribuição geográfica diferente. Segundo esta fonte, apenas T. avellanedae ocorreria no
RS. Os exemplares observados na RMPA são mais similares às fotografias apresentadas
em Lorenzi (op. cit.), inclusive com somente cinco folíolos e não sete (hepta).
Independentemente disso, as três espécies possuem suas flores comestíveis. Pott & Pott
(1994) citam que as flores de T. heptaphylla e T. impetiginosa são comestíveis e também
consumidas por aves (arancuã, jacutinga, papagaio) e macacos (bugio). O mesmo foi
reportado por Felippe (2003) para estas e outras espécies de Tabebuia. A flores colhidas
em Porto Alegre foram consumidas no presente trabalho cruas diretamente ou decorando
saladas diversas e, preferencialmente, ligeiramente refogadas com alho, sal, óleo e demais
condimentos e ou adicionadas ao arroz no final do cozimento. As flores destas espécies
carecem de análises fitoquímicas e bromatológicas.
Boraginaceae
Cordia verbenacea DC. (ERVA-BALEIEIRA) – Em alguns trabalhos esta espécie é
tratada sob Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult. Côrrea (1984, v. II, p. 142) cita
que “as folhas têm aroma forte e desagradável, passando por ser úteis contra tumores e
úlceras de mau caráter, sendo ainda anti-reumáticas e constituindo um hemostático
energérgico”. O odor das folhas esmagadas desta espécie lembra o cheiro de caldo de
galinha e de outros condimentos utilizados para carne, daí as citações populares do uso das
folhas desta espécie como tempero. Esta espécie sob o nome popular caimbê-preto foi
citada como alimentícia e medicinal em levantamento etnobotânico na Reserva Extrativista
Marinha de Arraial do Cabo, RJ (FONSECA-KRUEL & PEIXOTO, 2004). Cabe citar que
neste estudo as folhas e os frutos foram citados como as partes utilizadas sem
discriminação de formas de uso. Os frutos maduros desta espécie são vermelhos e com
167
mesocarpo carnoso, mas não foram experimentados no presente estudo. Experimentou-se
somente as folhas como condimento e são muito saborosas e aromáticas, contrariando o
olfato de Pio M. Côrrea. As folhas desta espécie também foram utilizadas no fabrico de
uma bebida fermentada muito saborosa e com boa aceitação dos degustadores.
Entre as espécies nativas da família Boraginaceae, esta é a que mais estudos
químicos encontram-se disponíveis. Segundo Mors et al (2000) e considerável literatura
citada nesta obra, os extratos das folhas têm alto poder antiinflamatório e baixa toxidez,
mesmo em uso oral. Sertié et al. (1991) detectaram que doses com efeito antiinflamatório
possuem importante ação gastroprotetora em ratos e camundongos. Sertié et al. (2005)
verificaram total ausência de fetotoxidez em extratos de liofilizados das folhas de C.
verbenacea. No entanto, avaliação de seus usos como condimento, tanto a partir as folhas
in natura ou destas pulverizadas e adicionadas aos alimentos deverá necessitar da
realização de um estudo específico sobre esta forma de utilização direta. Esta espécie é
classicamente utilizada como cicatrizante. Desse uso provêm os nomes populares mais
utilizados no Brasil, pois os antigos “pescadores” de baleia (os baleeiros) cortavam e
feriam profundamente as mãos com os arpões e cabos usados para abater e remover da
água estes grandes animais. Este arbusto, abundante nas restingas, era utilizado sobre as
feridas para cicatrização rápida.
Cordia ecalyculata Vell. (LOURO-MOLE) – Esta é uma espécie arbórea com folhas muito
ornamentais com potencial para cultivo em parques. Seus frutos maduros são vermelhos
com polpa suculenta, doce e ligeiramente adstringente. Ocasionalmente os frutos são
popularmente citados como comestíveis (fruta). Kunkel (1984) reporta 33 espécies de
Cordia com frutos comestíveis. Os frutos de louro-mole foram consumidos no presente
estudo apenas ao natural. Suas folhas são medicinais (MORS et al., 2000). Os frutos
carecem de estudos fitoquímicos e bromatológicos. (Figura 11c).
168
Brassicaceae
Coronopus didymus (L.) Sm. (MESTRUZ) – É uma hortaliça folhosa tradicionalmente
utilizada como hortaliça em municípios das regiões Sudeste e Sul do Brasil, mas seu
consumo é restrito a moradores da zona rural ou pessoas residentes em áreas urbanas, mas
com tradição rural. Em Porto Alegre (RS) é comercializada nas feiras ecológicas,
especialmente no outono-inverno quando torna-se abundante em áreas cultivadas. No
Resturante Cantina, localizado no campus da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS),
são freqüentemente servidas saladas desta espécie ao lado de hortaliças e frutas
convencionais, sem nenhuma distinção de placas explicativas, tendo boa aceitação pelos
consumidores. No trabalho de Carneiro (2004) esta espécie foi a segunda mais citada (76
pessoas) como comestível em um levantamento etnobotânico em quatro municípios do RS,
todos relativamente próximos da RMPA. Também foi citada como alimentícia (salada) em
estudo etnobotânico em São João do Polêsine (RS) por Soares et al. (2004). Portanto, é
uma espécie que merece ser cultivada e selecionada para ocupar um lugar de destaque
entre as hortaliças cultivadas e consumidas no Brasil, especialmente na região Sul. Esta
espécie teve sua composição bromatológica analisada por Freyre et al. (2000) que
encontraram teores consideráveis (g/100g em tecido fresco): umidade (84,62); proteínas
(3,74), lipídios (1,35), carboidratos (8,09), cinzas (2,20), fibras (2,33) e energia (50
kcal/100g). Estes autores ainda analisaram (mg/100g): vitamina C (11,5) e betacarotenos
(4,11). Os minerais foram avaliados por Freyre et al. (op. cit.) e Kinupp (2007). No
primeiro, foram analisadas amostras do Gran Chaco argentino: Ca (172,3 mg/100g); P (46
mg/100g); Fe (3,98 mg/100g); Mg (46,86 mg/100g); K (276,16 mg/100g). Kinupp (op.
cit.) analisou plantas comercializadas na mais conhecida feira ecológica de Porto Alegre
(Feira da Rua José Bonifácio – Parque Farroupilha). Os valores obtidos por Freyre et al.
(2000) foram significativamente menores em relação aos de Kinupp (op. cit.) para plantas
169
colhidas em áreas sob cultivo no RS (adquiridas na feira). De acordo com estas análises
comentadas, o mestruz é superior ou equivalente à maioria das hortaliças convencionais
em diversos minerais, com destaque para o K e P. Segundo Barclay & Earle (1974) suas
sementes possuem 27,4% de proteína e 40,9% de lipídios. Além do uso alimentício, é uma
espécie tradicionalmente utilizada na medicina caseira (LORENZI & MATOS, 2002)
sendo, portanto, uma hortaliça recomendável para cultivo em maior escala, especialmente
pela agricultura familiar. (Figura 11d-f).
Lepidium bonariense L. (MASTRUÇO) – Espécie citada por alguns como de origem
européia, mas segundo Zuloaga & Morrone (1996) é nativa da Argentina, como o próprio
epíteto específico remete (bonariense – latinização de Buenos Aires). Pode ser considerada
nativa do Cone do Sul, sendo muito comum em áreas abertas e com ação antrópica no RS.
Em Porto Alegre é muito comum nas calçadas e terrenos baldios especialmente durante o
inverno e início da primavera. Tem alguns dos mesmos usos culinários e nomes populares
de Coronopus didymus. É uma espécie ereta e para consumo como hortaliça deve ser
colhida, preferencialmente quando jovem, pois as folhas são maiores e mais tenras. Das
plantas adultas podem-se aproveitar apenas as folhas mais tenras. É fortemente aromática e
tão picante ou mais que a espécie anterior. Esta pungência é, parcialmente, perdida no
processo cozimento ou refogamento. As folhas podem ser usadas em saladas cruas
(picantes), refogadas e para fazer bolinhos fritos (tempurah), além dar um ótimo sabor às
carnes quando utilizada como condimento (“cheiro verde”). Esta espécie é citada como
medicinal e comestível por Agra et al. (2007). Segundo estes autores as folhas frescas são
consumidas como salada nas refeições, indicadas como tônicas e contra anemias e
tuberculose. Estes autores também citam o uso sob a forma de xarope antes das refeições.
Na Argentina, as folhas desta espécie são reputadas como digestivas (GOLENIOWSKI et
al., 2006). Lepidium bonariense produz muitas sementes e merece trabalhos agronômicos
170
de propagação e cultivo, bem como análises nutricionais, nutracêuticas e toxicológicas.
Esta espécie merece estudos fitoquímicos para verificar a provável presença, teor e tipo de
glicosinolatos nas folhas, sementes, plântulas e raízes. Glicosinolatos são compostos com
enxofre típicos das Brassicaceae e famílias relacionadas filogeneticamente, como
Tropaeolaceae e Moringaceae. Estes compostos são os responsáveis pelo aroma e sabor
picante comum a algumas espécies destas famílias, como agrião, rúcula, mostarda, crem,
capuchinha e moringa. Estes compostos, geralmente possuem ação antimicrobiana e
atividades protetoras contra algumas doenças degenerativas (HEINZMANN, 2003). Li et
al. (2001) detectaram a presença de glicosinolatos, especialmente benzilglicosinolato
(glicotropaeolin) em diversas partes e derivados de Lepidium peruvianum Chacón (= L.
meyenii Walp.). Estes autores ressaltam as funções nutracêuticas e anticarcinogênicas dos
compostos isolados desta espécie. Também dos tubérculos desta tradicional hortaliça
andina, a maca, sob Lepidium meyenii Walp., foram isolados, determinados e quantificados
dois glicosinolatos (DINI et al., 2002). (Figura 10b).
Bromeliaceae
Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. (ANANÁ) - Algumas espécies da família
Bromeliaceae são tidas como potenciais produtoras de enzimas proteolíticas,
genericamente, denominadas bromelina. Estas enzimas têm importante papel na indústria
de fármacos e de alimentos. Nesta última é utilizada, e.g., como amaciante de carne e
também na indústria de cerveja, na etapa final, para ampliar a sensação de refrescância e
pela hidrolização de complexos tânico-protéicos (HEINICKE & GORTNER, 1957). Entre
as proteases de origem vegetal, a papaína, provavelmente, é mais utilizada, somente nos
EUA, na época da publicação do estudo referido anteriormente, cerca de 300 a 500
toneladas eram importadas anualmente, mas a bromelinas também têm grande e crescente
demanda. Geralmente, a bromelina é extraída dos frutos do abacaxizeiro (Ananas comosus
171
(L.) Merr.), mas segundo Heinicke & Gortner (1957) é possível obter esta protease também
do caule desta espécie. Neste estudo, os autores testaram algumas variedades desta espécie,
bem como inúmeras espécies promissoras da família, infelizmente, não citam quais foram
analisadas. Os caules foram colhidos para os testes apenas após a colheita dos frutos, ou
seja, é um aproveitamento extra e utilizam-se as porções basais, eliminando-se folhas e
escapo do fruto. Ananas bracteatus é considerada invasora em algumas regiões e merece
pesquisa neste sentido, além disso, o cultivo desta espécie vem crescendo destinado ao
mercado de flor de corte. Portanto, nesta atividade o escapo floral é retirado ainda jovem,
no estádio de floração e, possivelmente, o teor e a qualidade da bromelina extraída a partir
do caule basal remanescente possa ser ainda superior ao do abacaxizeiro após a colheita do
fruto. Isto agregaria valor ao plantio e ou manejo da espécie. Segundo Heinicke & Gortner
(1957) a produção da bromelina caulinar gera vários outros subprodutos, tais como amido
e forragem para gado, o que já justificaria a exploração econômica e custearia parte dos
custos operacionais.
Contudo, a forma mais direta e imediata de aproveitamento alimentar desta espécie
é como frutífera. Seus frutos (infrutescências) maduros são similares ao abacaxi. Estando
bem maduros (não “picam” a garganta) são quase tão doces quanto abacaxis comerciais e
podem ser utilizados das mesmas formas: in natura, sucos, geléias, doces em calda,
cristalizados, assados, por exemplo. As cascas também podem ser aproveitadas para chás
ou bebidas fermentadas (aluá ou aloá). Os frutos de A. bracteatus são comercializados nas
feiras ecológicas de Porto Alegre durante a safra com preço ao superior ao do abacaxi. Os
frutos carecem de análises fitoquímicas e bromatológicas pormenorizadas, mas tanto as
cascas quanto a polpa foram analisadas em relação conteúdo protéico e mineral (KINUPP,
2007). (Figura 10c; Figura 11g-h).
172
Bromelia antiacantha Bertol. (BANANINHA-DO-MATO) - É uma espécie abundante na
RMPA e, especialmente, na região litorânea do Rio Grande do Sul (Mostardas, Tapes,
Torres, entre outros municípios) e, em praticamente todas as matas ciliares existentes nos
rios de médio e grande porte no Estado, exceto mais a noroeste, onde ocorre Bromelia
balansae Mez, espécie com usos similares. Bromelia antiacantha é uma espécie terrícola,
inclusive ocasionalmente cultivada em cercas vivas. Podo ocorrer também como epífito
acidental. No presente estudo, indivíduos adultos foram observados sobre Ficus organensis
no Morro do Coco (Viamão), sugerindo dispersão, provavelmente, por aves, morcegos ou
mesmo mamíferos não-voadoes (e.g., gambá, quati). Os frutos maduros são amplamente
utilizados na medicina caseira no RS, especialmente para a elaboraçõa de xaropes
antitussígeno, juntamente com outros ingredientes. Os frutos, oriundos de extrativismo, são
comercializados praticamente durante o ano todo no Mercado Público de Porto Alegre (R$
1,00 cada quatro frutos – cotação de 2006), inclusive na entressafra, quando os frutos são
vendidos já praticamente desidratados (murchos). O comércio dos frutos ocorre também
nas feiras desta cidade e em outras localidades deste Estado, bem como em Santa Catarina.
Os frutos possuem usos medicinais diversos (MORS et al., 2000). Os frutos maduros foram
fartamente consumidos no presente estudo. In natura são muito ácidos e só recomendáveis
em pequena quantidade, pois causar irritação em pessoas mais sensíveis, além de serem
muito fibrosos. Os frutos podem também ser consumidos assados na brasa (borralho). São
mais indicados para agroindustrialização, especialmente para geléias, sucos, polpa, licores
e “espumante”. No presente estudo foram preparadas geléias, as quais mantêm uma
coloração chamativa e sabor e aroma muito agradáveis. Para este tipo de preparo os frutos
devem ser lavados, picados em pedaços pequenos (juntamente com a casca e sementes) e
triturados em liquidificador. A casca é fortemente amarela e fornece seus pigmentos ao
suco formado, além disso, sua retirada prévia seria um trabalho adicional. Dado o alto
173
conteúdo de fibras, este processo deve ser feito aos poucos e com adição de uma pequena
quantidade água apenas para iniciar a trituração. Nas triturações seguintes utiliza-se o suco
coado da trituração inicial e assim sucessivamente. Portanto, somente o suco concentrado é
utilizado na elaboração da geléia. Este suco pode ser devidamente embalado em sacos
plásticos adequados e polpa congelada utilizada para fins ulteriores. Sucos elaborados
desta forma mantiveram suas características sensoriais (sabor, cor e aroma). Naturalmente,
que este é um processo caseiro e que pode ser aperfeiçoado utilizando despolpadeira e
outros equipamentos mais adequados. Tanto a geléia quanto o suco, além de saborosos,
atuam nutraceuticamente, evitando e ou aliviando tosses, por exemplo. Cita-se que na
região de Mostardas é produzida uma bebida fermentada altamente espumante com os
frutos desta espécie. Desde 1972 B. antiacantha é indicada como uma fonte potencial de
bromelina (NAKAMURA apud MORS et al., op, cit.). Esta proteinase tem aplicações
diversas nas indústrias alimentícias, tais como: tenderizador de carnes; solubilização dos
grãos de proteínas e estabilização da cerveja; promotor de crocância na indústria alimentos
assados e outros (VALLÉS et al., 2007). Estes autores analisando frutos maduros desta
espécie, isolaram e caracterizaram parcialmente enzimas proteolíticas do grupo das
cisteínas com atividade 100% inalterada após 180 dias de armazenamento a – 20º C e com
alta atividade caseinolítica. Além do uso dos frutos, o caule (e as folhas) merecem
pesquisas sobre os potenciais de produção de enzimas proteolíticas, a exemplo da
bromelina caulinar extraída do caule abacaxizeiro demonstrada por Heinicke & Gortner
(1957). O Brasil importa bromelina, portanto as Bromeliaceae nativas, especialmente dos
gêneros Ananas, Bromelia e Pseudoananas merecem estudos para quantificação,
isolamento e caracterização de enzimas proteolíticas, bem como há necessidade de
políticas públicas eficazes que permitam o plantio e exploração econômica efetiva destas
fontes naturais deste produto em demanda crescente pela indústria moderna de diferentes
174
setores. Esta é uma espécie com grande de potencial de cultivo, manejo e domesticação.
Seus frutos carecem de análises bromatológicas completas, dos teores de vitaminas e
outros metabólitos secundários com funções nutracêuticas. Santos (2001) estudou a
biologia reprodutiva, visitantes florais e germinação desta espécie em uma população
natural. Mas, estudos fitotécnicos de indução do florescimento, adubação, germinação e
produtividade, entre outros são recomendáveis. (Figura 10d; Figura 11i-j).
Cactaceae
Cereus hildmannianus K. Schum. (TUNA) – Esta espécie tem recebido diferentes nomes.
Bauer & Waechter (2006) optaram por C. alacriportanus Pfeiff., epíteto específico
latinizado que remete ao local da coleta (Porto Alegre) e onde a espécie ainda hoje é
relativamente freqüente e abundante. Scheinvar (1985) denomina de C. uruguayanus F.
Ritter ex Kiesling colocando como sinônimo C. peruvianus Mill. No entanto, no presente
estudo seguiu-se a denominação mais usual na literatura botânica, e.g., Zappi et al. (2007).
Cereus hildmannianus é um cacto arborescente que atinge cerca 7,0 m de altura ou mais e
com crescimento secundário considerável, formando um caule lenhoso. Seus frutos
imaturos apresentam o epicarpo verde recoberto por camada pruinosa alvacenta e o
epicarpo dos frutos maduro torna-se amarelo claro. Possuem polpa branca, adocicada com
sementes pretas, pequenas e macias. Scheinvar (1985) cita que os frutos são comestíveis.
Os frutos desta espécie são grandes e desprovidos de gloquídios; seu sabor e consistência
são similares às pitayas ou pitaias (e.g., Hylocereus sp. e Selenicereus sp. ou de outras
espécies de Cereus). As pitaias são já cultivadas e estão disponíveis em alguns
supermercados do Brasil. Além da polpa, talvez o pericarpo possa ser utilizado no fabrico
de doces ou para extração de pigmentos. Devido à sua forte coloração amarela deve ser
rico em betaxantinas, pigmento típico da ordem Caryophyllales, na qual a família está
incluída. Esta espécie carece de estudos fitotécnicos para plantio e manejo, bem como
175
estudos bromatológicos. Os cladódios são utilizados para o fabrico de sucos verdes,
comercializados nas feiras ecológicas de Porto Alegre. Dos cladódios (jovens) ou artículos
(caules) cortados transversalmente, descartando-se os ‘espinhos’ pode se fazer doce em
calda, com aspecto interessante pelo formato estrelado similar à carambola. Esta porção foi
analisada em relação ao teor protéico e mineral por Kinupp (2007), destacando-se pelos
altos teores de Mn (81,5 mg/100g) e de Zn (6,1 mg/100g). Esta espécie merece trabalhos
agronômicos de cultivo e pode ser uma boa alternativa para cultivo em regiões com solos
arenosos (planície costeira) ou morros graníticos e areníticos da RMPA e Serra do Sudeste,
por exemplo. Esta espécie (flores, frutos e cladódios) carece de estudos bromatológicos e
químicos. (Figura 10e; Figura 12a-d).
Lepismium cruciforme (Vell.) Miq. (CONAMBAIA) – Cacto epifítico de importância
alimentar menor, pois os frutos são pequenos. No entanto, é importante em ecossistemas
naturais e em agroecossistemas ecológicos, pois servem de alimentos para fauna. Os frutos
maduros, apesar de pequenos e com sabor suave (aquoso), são comestíveis in natura e são
ótimos na cachaça e licores. (Figura 10f).
Lepismium lumbricoides (Lem.) Barthlott (RABO-DE-RATO) – Observações similares à
espécie anterior. Frutos maduros pequenos, mas com uma coloração roxo-escuro. Merece
análises em relação aos pigmentos e seu potencial nutracêutico.
Opuntia monacantha (Willd.) Haw. (ARUMBEVA) – É uma frutífera e uma hortaliça
totalmente negligenciada na RMPA e no RS. Esta espécie produz uma grande quantidade
de frutos. Como fruta aproveita-se apenas a região apical dos frutos. Sua polpa é verde-
escura e seu sabor agridoce é muito agradável, similar ao quivi ou kiwi tanto na coloração
quanto no sabor. Esta polpa pode ser consumida diretamente e ou utilizada no preparo de
sucos, geléias, licores, sorvetes e molhos para pratos salgados. Já foi citada como frutífera
foi citada pelo IBGE (1980). A casca dos frutos (epicarpo) maduros é de um vermelho-
176
rosada intenso, possivelmente pela presença do pigmento betalaína comum nas famílias da
ordem Caryophyllales. Este pigmento pode ter importância nutricional e nutracêutica e
merece estudos visando seu isolamento, quantificação e avaliação da sua aplicação na
indústria alimentícia, especialmente como corante natural. Os pedúnculos dos frutos
podem ser consumidos cozidos ou utilizados para engrossar geléias e outros doces. Os
frutos são recobertos por gloquídios extremamentes irritantes quando inadvertidamente
entram em contato com o corpo. Para colheita e manejo é necessário o uso de luvas
grossas. Para o aproveitamento doméstico, os frutos podem ser colocados na água fervendo
por alguns minutos, assim os gloquídios tornam-se macios, soltam-se e perdem a
capacidade de penetrar na pele; facilitando os processos de descascamento e
processamento final.
Os cladódios (artículos), genericamente chamados de ‘nopal’ ou ‘nopalitos’ e são
utilizados como hortaliça em alguns países, podendo consumidos cozidos, transformados
em pães, bolos e sucos verdes. Podem ser também utilizados como espessantes em geléias
e outros produtos. Sucos verdes com limão, desta e de outras espécies de Cactaceae, são
comercializados nas feiras ecológicas de Porto Alegre. Scheinvar (1985, p. 60) cita que os
artículos desta espécie sob Opuntia arechevaletai Spegazzini ex Arechevaleta podem ser
consumidos como hortaliça cristalizada, em conservas e são fontes de pectinas. Os
cladódios maduros foram analisados em relação ao teor protéico e mineral por Kinupp
(2007), destacando-se pelos altos teores de Mg (1.000 mg/100g) e pelo maior teor de Zn
entre as 69 espécies nativas analisadas (25,6 mg/100g), além de considerável conteúdo de
B (2,2 mg/100g). Os extratos aquosos dos cladódios desta espécie foram analisados em
relação composição polissacarídica por Zhao et al. (2007). Estes autores detectaram
principalmente ramnose, arabinose e glicose e determinaram a presença de ácido
glucurônico. Scheinvar (op. cit.) cita ainda o potencial oleaginoso das sementes dos frutos
177
desta espécie. Segundo a autora, as sementes moídas produzem óleo comestível rico em
proteína. Cabe enfatizar a grande quantidade de sementes por fruto, a abundância da
espécie na região costeira do Sul do Brasil, na RMPA e na Serra do Sudeste. É uma
espécie adaptada a solos arenosos e pedregosos, que pode ser uma fonte complementar de
renda para agricultura familiar. Esta espécie também apresenta potencial para cultivo e
exploração das cochonilhas fitófagas, que naturalmente são encontradas sugando seus
cladódios e, especialmente o epicarpo dos frutos. Estas cochonilhas produzem um corante
chamado de vermelho-carmim (ácido carmínico), com demanda crescente pela indústria
alimentícia. Esta espécie carece de estudos bromatológicos completos da polpa dos frutos e
dos cladódios, além de análises fitoquímicas em geral. Ressalta-se que a polpa dos frutos
de outras espécies deste gênero mostraram valores promissores, especialmente de vitamina
C, Mn, Cr e fenóis totais (MEDINA et al., 2007). As flores (pétalas) também são fontes
promissoras de corantes e estudos químicos são recomendáveis. As análises da fração
lipídica do óleo das sementes também são necessárias para quantificar o percentual de óleo
produzido, o tipo de óleo e seu grau de saturação ou insaturação. Uma revisão do potencial
econômico como alimento e forrageira de Opuntia spp. nas regiões semiáridas é
apresentada por Russell & Felker (1984). (Figura 12e-g).
178
Figura 10. a) Macfadyena unguis-cati – indivíduos floridos sobre árvore; b) Lepidium bonariense – jovem; c)
Ananas bracteatusdetalhe da inflorescência; d) Bromelia antiacantha detalhe da
inflorescência; e) Cereus hildmannianus – cladódios com espinhos eliminados usados no
fabrico de sucos verdes; f) Lepismium cruciforme – com frutos maduros, cultivado; g) Canna
denudata – florida; h, i) C. glauca – flores e frutos jovens e rizomas, respectivamente; j) C.
indica - florida; l) Jacaratia spinosa – ramo de indivíduo masculino florido; m) J. spinosa
vista geral de um indivíduo masculino cultivado no Jardim Botânico; em primeiro plano
(estacas) indivíduo jovem desta espécie.
179
Figura 11. a, a, b) Macfadyena unguis-cati – raízes tuberosas ao natural e cozidas para consumo,
respectivamente; c) Cordia ecalyculata – frutos maduros; d, e, f) Coronopus didymus – jovem
sob cultivo, detalhe de um indivíduo e embalagem com dezenas de ‘pés’ como a espécie é
comercializada, respectivamente; g, h) Ananas bracteatus – população em frutificação
(infrutescências jovens) e infrutescências (frutos) maduros comercializados em Porto Alegre
(Feira Ecológica); i, j) Bromelia antiacantha – variabilidade e detalhe de frutos maduros.
(escala azul em cm)
180
Figura 12. a, b, c, d) Cereus hildmannianus – população silvestre em morro na RMPA; cladódios
usados para fazer sucos (nota-se a direita cladódios de Opuntia ficus-indica); barraca
tradicional especializada na elaboração de sucos verdes com caules de Cactaceae na
Feira Ecológica da Rua José Bonifácio (Porto Alegre) e frutos maduros desta espécie;
e, f; g) Opuntia monacantha – cladódios com grande carga de frutos maduros; detalhe
dos frutos (nota-se cochonilhas brancas e manchas vermelho-intenso formado a partir
dos esmagamento destas) e frutos maduros evidenciando a porção comestível como
fruta; h) Celtis iguanaea – frutos maduros; i; j) Jacaratia spinosa – detalhe dos frutos
maduros e da medula caulinar no ponto para ralar. (escala azul em cm).
181
Pereskia aculeata Mill. (ORA-PRO-NÓBIS) - Em 1957 esta espécie já era cultivada na
Flórida para a produção frutos, os quais são consumidos in natura ou utilizados no preparo
de geléias (LEDIN, 1957). No Brasil, o uso alimentício do ora-pro-nóbis é mais difundido
em MG, mas em São João do Polêsine (RS), Soares et al. (2004) também apontam o uso
desta espécie como alimentícia. Kerr (1994) cita que a espécie possui 4.670 UI de vitamina
A. Esta espécie é listada também pela FAO (1994) como frutífera. As folhas de P. aculeata
são ricas em ferro, bem como cálcio e zinco, além de altos teores protéicos (KINUPP,
CARVALHO & BARROS – em preparação), além outras referências revisadas no trabalho
em preparação. A espécie foi cultivada no presente estudo e diversos produtos foram
testados e desenvolvidos com suas folhas (e.g., patê-verde, pães, sucos verdes e outros).
Alguns destes produtos foram analisados sensorialmente tendo boa aceitação (KOHMANN
et al., 2006; KINUPP, CARVALHO & BARROS – em preparação). Esta espécie é
facilmente propagada por estacas ou sementes. Tolera geadas em estádio adulto, mas
requer solos férteis, ricos em matéria orgânica e não se desenvolve bem em solos altamente
drenados e arenosos. Não demonstrou ser afetada de maneira grave por pragas ou doenças.
Os resultados destas experiências fitotécnicas estão em preparação (KINUPP & BARROS,
em preparação). As plantas oriundas deste cultivo, após este estudo permanecerão sendo
mantidas pela produtora rural proprietária do sítio. As folhas frescas vem sendo
adicionadas a massas caseiras também comercializadas nas feiras ecológicas de Porto
Alegre. Esta adição é em substituição ao espinafre, dando uma coloração verde muito
chamativa às massas e um incremento nutricional. (Figura 13a-m; Figura 14a-j).
Rhipsalis teres (Vell.) Steud.(CACTO-MACARRÃO) – Observações similares às do
Lepismium cruciforme. Produz muitos frutos, mas estes são pequenos, esbranquiçados a
rosados e sem sabor marcante. São comestíveis e podem ser utilizados para colocar na
cachaça ou para licores. É forma de uso pode ser feita com os frutos de outros Rhipsalis
182
spp. e pequenas Cactaceae cultivadas como ornamental, e.g., a flor-de-maio
(Schlumbergera truncata (Haw.) Moran.
Cannabaceae
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. (GRÃO-DE-GALO) – Este gênero pode ser encontrado na
literatura circunscrito nas seguintes famílias: Ulmaceae e Celtidaceae. É composto por
diversas espécies com potencial alimentício. Dentre elas, esta é uma das mais promissoras,
pois apesar dos frutos serem pequenos, possuem polpa carnosa, adocicada e com intensa
cor alaranjada. Seus frutos podem ser consumidos ao natural ou transformados em sucos,
doces, geléias, licores e outros derivados. Schmeda-Hirschmann et al. (2005) analisaram a
composição centesimal e mineral, em base seca, de frutos silvestres de C. iguanaea
proveniente das Yungas argentinas: umidade (110 g kg
-1
); proteína (170 g kg
-1
); lipídios
(50 g kg
-1
); fibras (220 g kg
-1
); cinzas (240 g kg
-1
); P (912 mg kg
-1
); Ca (86,16 g kg
-1
); Fe
(0,298 mg kg
-1
); K (3,60 g kg
-1
) e Na (3,07 g kg
-1
). Foi avaliado ainda por estes autores o
percentual de acidez, sólidos solúveis e os fenóis do doce elaborado com esta frutífera. O
doce foi preparado na proporção de duas partes de frutos (sem sementes) para uma de
açúcar (2:1), tendo apresentado acidez (0,55%), sólidos solúveis (40,2%) e fenóis totais
(7,30%) (SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 2005). Este percentual de acidez denota o
grande potencial da espécie para geléias, compotas, doce em calda e outros derivados. O
total de sólidos solúveis evidencia também o potencial para consumo como fruta de mesa.
O alto valor de fenóis sugere o grande potencial nutracêutico desta espécie que precisa ser
analisado em detalhes, com ênfase para os carotenóides e vitaminas. Esta espécie possui
ampla distribuição geográfica e seu uso como frutífera é bem difundido, como indicam
alguns dos seus muitos nomes populares (Tabela 1). Curiosamente, segundo Martínez-
Crovetto (1968, p. 21), os Guaranis de Misiones (Argentina), sob o nome yu’á sî’î ka’á,
183
utilizavam suas folhas esmagadas (e água) para preparar uma bebida refrescante, além de
mate. (Figura 12h).
Celtis lancifolia (Wedd.) Planch. (GRÃO-DE-GALO) – Usos similares ao de C. iguanea.
Nenhum estudo nutricional e ou químico dos frutos foi encontrado. A situação taxonômica
do grupo não é clara. Apesar de Berg & Dahlerg (2001) terem colocado esta espécie sob
sinônimo de Celtis eherenbergiana (Klotzch) Liebm., classificação adotada por Sobral et
al. (2006), a caracterização e os passos da chave apresentada não parecem suficientemente
distintivos. No entanto, independentemente dos nomes científicos mais adequados os frutos
de todas as espécies deste gênero ocorrentes na RMPA são comestíveis, apesar da pouca
polpa disponível em algumas delas.
Celtis pubescens (Kunth) Spreng. (GRÃO-DE-GALO) – Usos similares às demais
espécies discutidas. É uma espécie a campo muito distinta de C. iguanea (e.g., arbórea e
com folhas pilosas e frutos com epicarpo rígido), por isso mantida separada no presente
estudo, seguindo o trabalho de Marchioreto (1988). Mais coletas e estudos taxonômicos
amplos são necessários para esclarecer a sua classificação.
Celtis sellowiana Miq. (GRÃO-DE-GALO) - Usos similares às demais espécies discutidas.
Frutos com epicarpo rígido similar à C. pubescens. Foram coletadas amostras muito
distintas dentro desta espécie sensu Marchioreto (1988) – frutos grandes com epicarpo
rígido. Os frutos apresentam polpas alaranjadas, comestíveis e adocicadas. Estas amostras
foram examinadas no presente estudo (V.F.Kinupp, 3172, ICN 146735; V.F.Kinupp, 3194,
ICN 146755). Carece de uma análise taxonômica pormenorizada.
Cannaceae
Canna denudata Roscoe (CAETÉ) – É sinônimo de Canna paniculata R. & P. e como tal
é citada como produtora de rizomas comestíveis (GADE, 1966). Suas folhas desenvolvidas
podem ser utilizadas como embalagens para produtos alimentícios diversos, assim como
184
são utilizadas as folhas de bananeira. Richardson & Smith (1972) citam que os colonos de
origem alemã (RS) usavam suas folhas como “formas” para envolver pães e roscas. Nesta
mesma obra (p. 8) citam que eus rizomas feculentos são comestíveis, ao menos quando
jovens. Estes, do mesmo modo que para C. glauca e C. indica, precisam ser processados
devido aos fiapos ou fibras. No entanto, na RMPA apesar ocorrer espontaneamente (até é
considerada inço ou indesejável nos quintais e plantios) e ser ocasionalmente cultivada
como ornamental, seus rizomas são totalmente desprezados, talvez por desconhecimento.
Os rizomas foram consumidos no presente estudo após processamento (veja C. glauca, a
seguir). Depois de cozidos e coados são saborosos, mas são mais aquosos do que a espécie
comparada. Esta espécie foi selecionada e fornecida para um estudo de conclusão de curso
no ICTA/UFRGS, visando quantificar o teor de inulina existente nos seus rizomas. O teor
de inulina detectado foi muito reduzido - 0,68 g.L
-1
(MAGALHÃES, 2006). (Figura 10g).
Canna glauca L. (CAETÉ) – Arenas (1981) afirma que os rizomas são consumidos
assados ou cozidos pelos indígenas Lengua-Maskoy (Paraguai). Côrrea (1984, v. II, p. 390)
cita que os rizomas são comestíveis e que deles se extrai uma fécula delicada muito
apreciada como alimento nas Antilhas, substituindo a araruta (Maranta arundinacea L.),
sendo menos fibrosa do que esta. Esta fécula foi fartamente consumida no presente estudo.
Os rizomas que são fibrosos foram extraídos de plantas espontâneas em solos férteis e não
brejosos. Após a colheita foram limpos, lavados e cozidos. Posteriormente foram triturados
em um liquidificador doméstico e, em seguida passados na peneira de plástico (para sucos,
as maiores). O rendimento de fécula é muito grande e esta tem uma coloração branco-
rosada muito chamativa. É muito saborosa e versátil na preparação, podendo ser
consumida sob a forma de sopas, mingaus, bolos e ou fermentada (chicha). Além disso,
pode ser desidratada e transformada em farinha ou polvilho, utilizando técnicas similares
as usuais para a extração de fécula da araruta. Os rizomas foram avaliados em relação ao
185
teor protéico e mineral por Kinupp (2007). Canna glauca ocorre em banhados e margens
de corpos d’água e também em solos secos (férteis). É uma planta amilácea com grande
potencial agrícola para o Brasil, especialmente para cultivo em áreas úmidas. Suas raízes,
na realidade rizomas, são reputadas como diaforéticas, diuréticas e usadas contra dores
reumáticas na Argentina (GOLENIOWSKI et al., 2006). Estes e outros usos medicinais
também são referidos por Côrrea (op. cit.). (Figura 10h-i).
Canna indica L. (CAETÉ) – É um complexo que segundo as últimas revisões taxonômicas
citadas em MOBOT (2007) compreende cerca de 80 sinônimos. Esta espécie é citada por
Kays & Silva (1995) como sendo o nome válido para Canna edulis Ker.-Gawl., um dos
sinônimos. Canna edulis refere-se a uma hortaliça cultivada pelos rizomas comestíveis
(cozidos) e fécula. Estes autores apresentam diversos nomes populares em doze línguas
compilados na Tabela 1. Sendo ou não um sinônimo de C. indica, C. edulis (biri ou achira)
é muito similar tanto na parte aérea quanto na parte subterrânea (vide ilustrações em
GADE, 1966 e WYK, 2005). Cárdenas (1989) cita que ambas espécies, consideradas
separadamente, são cultivadas no Peru com fins alimentícios e os seus rizomas foram
encontrados em sítios arqueológicos deste país. No entanto, como esperado para uma
espécie ou variedade cultivada, segundo Gade (1966) produz rizomas maiores em relação
às espécies silvestres. Segundo Leonel & Cereda (2002) é uma planta (C. edulis) perene
que alcança de 1 a 2 m de altura, possui folhas ovais e oblongas e flores vermelhas, sendo
cultivada no Brasil apenas como ornamental. O ciclo é de 10 a 12 meses com
produtividade de até 30 toneladas/hectare de rizomas. Gade (op. cit.) cita um ciclo de oito
meses nos plantios tradicionais dos nativos peruanos, ressaltando uso abundante de esterco.
Este autor cita que a parte aérea antes da colheita é cortada e utilizada como forrageira para
o gado. Segundo Côrrea (1984, v. I, p. 257), as folhas jovens podem ser utilizadas como
hortaliça. Ressalta-se que parecem muito fibrosas. No entanto, senão como hortaliça, as
186
folhas são tradicionalmente utilizadas no Andes (HERMANN apud LEONEL &
CEREDA, 2002) para envolver (como embalagens) diversos produtos alimentícios,
inclusive seus próprios rizomas para assar (Gade,1966). As sementes torrefactas são
citadas como sucedâneas do café (Côrrea, op. cit.). Segundo Leonel & Cereda (2002) o seu
amido é fácil extração, pois os grânulos são grandes (35 a 101 micromêtros). Côrrea (1984,
v. I, p. 309) enfatiza que os rizomas rendem até 10% de fécula comestível, a qual é muito
solúvel e digerível e a que mais intumesce na água fervente comparada com outras
espécies. Na RMPA ocorrem espécies com nomes distintos, aqui consideradas sinônimos:
Canna coccinea Mill., C. limbata Roscoe. Canna coccinea é citada como produtora de
rizomas comestíveis (GADE, 1966; CÔRREA, op. cit. p. 384; ARENAS, 1981) e C.
limbata é citada como comestível por Kunkel (1984). Rizomas frescos do Gran Chaco
foram analisados por Freyre et al. (2000) sob C. coccinea apresentando baixa quantidade
de caloria (34 kcal/100g), mas alto teor de alguns minerais e carboidratos: umidade (88,85
g/100g); proteínas (1,73 g/100g); lipídios (0,17 g/100g); carboidratos (7,91 g/100g); cinzas
(1,33 g/100g); Ca (36,35 mg/100g); P (53,17 mg/100g); Fe (0,77 mg/100g); Mg (38,47
mg/100g); K (677,4 mg/100g); vitamina C (5,56 mg/100g). Os rizomas foram analisados
(em base úmida) por Leonel & Cereda (2002) sob C. edulis (cultivada): umidade (75,57%);
proteínas (1,09%); lipídios (0,33%); amido (18,45%); cinzas (1,67%) e fibras (1,00%).
Estes autores apontam um rendimento potencial de 5,5 toneladas/ha de amido, sendo a
segunda maior produção entre as sete tuberosas amiláceas analisadas. Os rizomas são
bastante fibrosos, para consumo precisam passar por um processo similar ao utilizado para
extrair o polvilho da araruta ou podem ser cozidos e em seguida passados em peneira de
arame para eliminação do excesso de fibra. O peneirado pode ser usado para preparar
sopas, pães, bolos e ou bebidas fermentadas (chicha), como citado para C. glauca. A
presença de fibras grossas é reforçada por Leonel & Cereda (2002), os quais afirmam que o
187
consumo direto das “raízes” (a parte comestível são os rizomas) é quase impossível devido
à existência destas. Gade (1966) é enfático ao afirmar que os agricultores tradicionais
peruanos não consomem estes rizomas crus, não os transformam em farinha nem utilizam
outro processo de secagem para armazenar, nem cozinham e também não consomem os
rizomas jovens como hortaliça, como geralmente é citado. O consumo tradicional seria
somente dos rizomas assados. Ao menos, na época (década de 1960) do estudo de Gade
(op. cit.), o consumo desta espécie em Cuzco (Peru) por toda a sociedade ocorria durante o
festival de Corpus Christi (geralmente em junho), sendo que no restante do ano seu
consumo ficaria restrito aos indígenas. Segundo o autor, esta tradição está ligada ao
solstício de junho, pois é um festival em homenagem ao deus sol (sincretismo religioso). É,
portanto, uma espécie de importância sócio-cultural muito grande. (Figura 10j).
Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. (JARACATIÁ) – Árvore muito ornamental pela
folhagem brilhante e pelo tronco, geralmente, cônico (mais grosso na base e afilando
bruscamente em direção ao ápice). Os frutos bem maduros são comestíveis in natura,
sendo muito aromáticos e saborosos. Contudo, são altamente latescentes e precisam ser
feridos (estriados), abertos ao meio ou fatiados para a eliminação prévia do excesso de
látex. Os frutos podem ser utilizados no preparo de doces, geléias ou licores e parecem ter
um grande potencial para o fabrico de sorvete, devido à sua coloração intensa e aroma
agradável. Hoehne (1946) afirma que seu consumo excessivo pode causar desarranjo
gástrico e febre. Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 440) relatam que durante a Comissão
Rondon muitos soldados manisfestaram tais sintomas pelo consumo demasiado deste
frutos, então abundantes no Mato Grosso. Estes autores citam que os frutos assados
(tostados na brasa) tornam-se inofensivos e com sabor agradável. O mesmo é reportado por
Martínez-Crovetto (1968, p. 12), que afirma que as frutas desta espécie (yarakati’á) são
consumidas apenas assadas (“asadas al rescoldo”) ou cozidas pelos Guaranis de Misiones
188
(Argentina). Portanto, recomenda-se testes culinários, assando-se os frutos nos fornos
domésticos, utilizando maneiras diversas na preparação dos mesmos (e.g., ao natural ou
condimentados – pratos salgados, como legume ou hortaliça). Outro potencial para esta
frutífera (e para muitas outras nativas de polpa carnosa e abundante) é a produção de
frutas-passas, frutas cristalizadas ou desidratadas. Donadio et al. (2004) relatam que na
região de Piracicaba (SP) é feito um doce típico chamado “tâmara de jaracatiá” com os
frutos desta espécie secos ao sol. Sugere-se o uso de estufas solares caseiras (modelo
desenvolvido para bananas) para este processo. A medula (âmago do caule) ralada pode ser
consumida sob forma de doces em calda ou em tablete, a jaracatiada. Aliás, este uso
predatório (sem manejo adequado e cultivo) em diversas regiões do Brasil (e.g., Paraná e
Rondônia) comprometeu as populações silvestres desta espécie. Tanto em plantios
racionais e, especialmente, nos casos extrativismo não se recomenda o corte raso,
destrutivo da árvore e sim cortes seletivos dos ramos mais desenvolvidos, os quais
rapidamente rebrotam e desenvolvem-se. As árvores espontâneas em ambientes abertos ou
as cultivadas espaçadamente tendem a formar muitos ramos laterais, vide fotografia em
Donadio el al. (2004, p. 165), os quais podem ser cortados para uso da medula.
Tradicionalmente, a medula ralada é adicionada à rapadura de cana-de-açúcar, dando uma
consistência e sabor muito agradáveis. Portanto, é uma espécie que merece ser cultivada
em pomares domésticos e ou comerciais, com ênfase na agricultura familiar. Em algumas
regiões interioranas de Minas de Gerais é usual abrir-se uma “janela” na base (lateral) do
tronco adulto do jaracatiá retirar parte da medula para o consumo e recolocar a “tampa”
(casca, córtex) cuidadosamente na abertura. Após algum tempo (meses) a árvore regenera
os tecidos retirados, podendo-se fazer uma nova “colheita” neste mesmo indivíduo. Côrrea
& Penna (op. cit.) mencionam outra forma de consumo não testada no presente estudo, mas
utilizada na Argentina. Relatam que a medula era submetida a uma leve tostada ao fogo,
189
adquirindo o gosto de milho verde. A medula ralada foi analisada em relação ao teor
protéico e mineral (KINUPP, 2007), destacando-se especialmente pelo alto teor de potássio
(K). Foram encontradas poucas coletas ainda da década de 1940, feitas pelo padre B.
Rambo (Herbário PACA) na região de Montenegro. O presente estudo é primeiro registro
oficial da ocorrência desta espécie na RMPA. A espécie foi coletada em estado nativo em
Taquara (V.F. Kinupp, 3187 & R.Schmidt, ICN 146748), além de citações verbais e de
registros também para Dois Irmãos (RMPA). (Figura 10l-m; Figura 12i-j; Figura 15a-b).
Vasconcellea quercifolia A. St.-Hil. - (JARACATIÁ) – Ver ilustrações e informações -
capítulo V.
Drymaria cordata (L.) Willd. ex Schult. (MASTRUÇO-DO-BREJO) – É uma espécie
herbácea prostrada com ampla distribuição no Brasil, ocorrendo em abundância nas áreas
cultivadas do Sul e Sudeste e também na Floresta Amazônica. Também ocorre em outros
países, e.g., na Índia, onde é tradicionalmente utilizada como antitussígena e para aliviar
sinusites, atividade esta confirmada por Mukherjee et al. (1997). Diversos outros usos
medicinais regionais são citados por estes autores. Sob o nome popular de pega-pinto,
Marquesini (1995) cita que as folhas desta espécie são utilizadas para azia segundo um
informante Kaingang (Londrina/PR). Segundo este estudo, ferve-se por 15 minutos um
punhado de folhas para 2 L de água. O chá é usado frio, durante uma semana, com ingestão
diária de três xícaras. Nenhuma informação adicional sobre composição bromatológica e
toxicológica foi encontrada, logo é uma espécie carente de estudos. Folhas e brotos apicais
tenros e, eventualmente, flores jovens foram consumidos crus e cozidos no presente
estudo. Díaz-Betancourt et al. (1999), citam que D. cordata é utilizada como alimentícia
em Coatepec (México) e quantificaram (parte de interesse alimentício) sua fitomassa
disponível em áreas antrópicas. Estes autores também citam o uso alimentício nesta região
de Drymaria gracilis Schltdl. & Cham. Outra espécie deste gênero (D. malachioides Briq.)
190
é utilizada como verdura (quelite ou quilitl = erva comestível) no México, onde é nativa.
(VIEYRA-ODILON & VIBRANS, 2001). (Figura 15c).
191
Figura 13. Pereskia aculeata – a, b) Detalhe de ramos floridos. Nota-se estames
alaranjados típicos; c) Detalhe de uma flor com estames amarelados a
esverdeados de um acesso distinto (Foto: Zanir Bohrer); d, e, f, g) Frutos em
diferentes estádios. Nota-se a variabilidade; h) Plântulas em bandeja. Nota-se
expressiva germinabilidade e uniformidade; i) Mudas formadas a partir de
estacas; j, l, m) Plantio a campo em espaldeira e em sistema consorciado.
192
Figura 14. Pereskia aculeata – a, b) Flores isoladas com hipanto aculeado e com brácteas (a) e limpas prontas para o
consumo (b); c, d) Visitantes florais – abelha mamangava-listrada (a) e abelha africanizada (Apis mellifera)
em (d), esta capturada por uma aranha que camufla-se nos estames, reforçando a importância do cultivo
orgânico e das espécies nativas para a fauna; e) Vista geral do indivíduo com estames esverdeados (acesso do
Morro da Extrema, Porto Alegre) cultivada no Sítio Capororoca (Foto: Zanir Bohrer); f) Frutos maduros; g)
Sementes; h) “Brotos” viçosos consumidos crus e ou cozidos, proposição do presente estudo; i) Larva
(lagarta) não identificada que afeta o broto apical (medula) sem causar danos maiores na incidência
observada; j) Folhas de plantas jovens infestadas pelo fungo Sphaceloma sp., não causou danos sérios, auto-
controlando-se com diminuição das chuvas e crescimento das plantas. (escala azul em cm)
193
Figura 15. a, b) Jacaratia spinosa – mudas jovens (nota-se forte heterofilia e galhas de nematóides) e galhos
grossos semi-processados para obtenção da medula caulinar; c) Drymaria cordata – detalhe de
plantas floridas; d) Commelina erecta - florida; e) Tradescantia fluminensis - florida; f)
Tripogandra diuretica - florida; g) Schoenoplectus californicus - florido; h) Dioscorea
dodecaneura - florida; i) Diospyros inconstans – ramo com frutos maduros; j) Ephedra
tweediana – ‘frutos’ maduros (escamas carnosas envolvendo sementes pretas); l) Gaylussacia
brasiliensis – frutos maduros e ‘de vez’; m) Bauhinia forficata – ramo florido.
194
Clusiaceae
Garcinia gardneriana (Planch. & Triana) Zappi (BACUPARI) – Comumente citada sob o
basônimo Rheedia gardneriana Planch. & Triana. Em amplo levantamento realizado pelo
IBGE na dédaca de 1970, esta espécie foi citada como frutífera (IBGE, 1980). Também é
citada como frutífera e ilustrada por Lorenzi et al. (2006). Seus frutos maduros são
amarelos com polpa branca, suculenta e ácida. São muitos apreciados pelos consumidores,
mas falta produção em escala. Geralmente, são consumidos ao natural diretamente, mas
podem ser usados para fazer licores e sua polpa utilizada para fazer cremes e geléias.
Durante a safra são, ocasionalmente, comercializados no Mercado Público de Porto Alegre.
Carecem de análises químicas e bromatológicas e trabalhos agronômicos de propagação,
cultivo, coleta, caracterização e conservação do germoplasma em sua ampla região de
ocorrência. (Figura 17a).
Commelinaceae
Commelina diffusa Burm. f. (TRAPOERABA) – Seus usos e potenciais são similares aos
da espécie C. erecta, que serão apresentados a seguir. Segundo You-Kai et al. (2004), as
folhas cozidas desta espécie são consumidas na região sudoeste da China (Xishuangbanna),
apenas de origem silvestre. Esta espécie é citada como de uso alimentício em Coatepec
(México) e sua fitomassa disponível foi quantificada em áreas antrópicas por Díaz-
Betancourt et al. (1999).
Commelina erecta L. (TRAPOERABA-AZUL) – É uma erva prostrada a decumbente
considerada invasora em áreas cultivadas e ou com impactos antrópicos diversos. É usada
tradicionalmente para doenças oculares e também como alimento humano (CERDEIRAS
et al., 2001). Estes autores detectaram atividades sobre microorganismos Gram-positivos e
Gram-negativos. Arenas & Azorero (1977) citam esta espécie com o nome indígena ja
pininguí (Grupo Lengua, família lingüística Maskoy), mencionando o do decocto das
195
folhas e ramos comoo agente fertilizador (ingerido por alguns dias). Das trapoerabas, em
geral, podem ser consumidos suas folhas jovens e ramos tenros cozidos e ou transformados
em pães, bolos e bolinhos fritos ou suflês. Os ramos, em especial, são mais macios e
suculentos. No entanto, Kunkel (1984) cita para esta espécie também o consumo de suas
raízes carnosas. No presente estudo as raízes não foram testadas. Foram consumidos
apenas folhas e ramos jovens cozidos e servidos como saladas ou, preferencialmente,
transformados em patês com adição de creme de leite ou ricota e condimentos. As flores
podem utilizadas para decorar saladas diversas. Facciola (1998) cita o consumo de flores
de uma espécie próxima (C. communis). As flores de C. erecta, pela sua coloração azul
brilhante devem conter teores consideráveis de pigmentos de antocianinas, com funções
nutracêuticas que carecem de estudos fitoquímicos, assim como as flores de outras
espécies desta família. Além dos usos como fontes alimentares direta, todas as espécies de
trapoerabas apresentadas aqui podem e são, tradicionalmente, utilizadas como forrageiras
para suínos, aves (galinhas, patos e similares), coelhos, porquinhos-da-índia, capivaras e
outros animais domesticados ou criados em cativeiro. Esses atributos permitem que a
espécie não seja mais julgada como erva daninha e, passe ao nível de elemento
contribuinte para a geração de renda, especialmente na agropecuária familiar. Análises
bromatológicas, minerais e de compostos antinutricionais foram realizadas por Gupta et al.
(2005) para C. benghalensis L. Esta espécie também é apontada como boa forrageira
(HARVARD-DUCLOS, 1975). (Figura 15d).
Tradescantia fluminensis Vell. (TRAPOERABA) - Espécie com usos e potenciais
similares aos citados para C. erecta. No entanto, suas folhas e ramos são mais tenros e
foram consumidos no presente estudo, cozidos e refogados, bem como sob a forma patês.
A composição protéica e mineral desta espécie foi determinada por Kinupp (2007),
destacando-se pelos altos teores de Mg (1.340 mg/100g) e de Zn (9,2 mg/100g), em base
196
seca. Estudos fitoquímicos e bromatológicos são necessários para todas as espécies de
Commelinaceae aqui tratadas. O gênero Tradescantia é rico em flavonóides com
importância quimiossistemática (MARTÍNEZ & SWAIN, 1985; MARTÍNEZ &
MARTÍNEZ, 1993) e que podem ter atividades nutracêuticas úteis também. Estudos neste
sentido são recomendáveis. Os flavonóides possuem muitos usos econômicos, em relação
ao uso alimentar, destaca-se a coloração chamativa e o valor nutricional de alguns
alimentos, atrelado às suas propriedades antioxidantes (ZUANAZZI & MONTANHA,
2003). As flores não foram consumidas no presente estudo, mas merecem ser testadas.
Facciola (1998) cita que as flores de T. virginiana L., além enfeitarem os pratos, podem ser
consumidas cristalizadas. (Figura 15e).
Tripogandra diuretica (Mart.) Handlos (TRAPOERABA-DE-FLOR-RÓSEA) - Espécie
com usos e potenciais similares aos citados para C. erecta e Tradescantia fluminensis e,
possivelmente, também rica em flavonóides, especialmente as flores róseas e ramos
arroxeados. As flores podem ser consumidas, a exemplo das flores de Tradescantia
virginiana (uma espécie parecida), que são são consumidas cristalizadas ou confeitadas
(“candied”), segundo Crowhurst (1972) e Facciola (1998). No entanto, suas folhas e ramos
são mais tenros e foram consumidos cozidos, refogados ou na forma patês no presente
estudo. A composição protéica e mineral desta espécie foi determinada por Kinupp (2007).
(Figura 15f).
Convolvulaceae
Ipomoea alba L. (BOA-NOITE) – Esta espécie é comumente citada na literatura sob
alguns dos seus sinônimos, e.g., Ipomoea bona-nox L.; Calonyction bona-nox (L.) Boj.; C.
album (L.) House e C. aculeatum (L.) House. Segundo You-Kai et al. (2004), as folhas
cozidas desta espécie, sob C. aculeatum, são consumidas na região sudoeste da China
(Xishuangbanna), obtidas por extrativismo, durante os 12 meses do ano. Frisa-se que os
197
autores consideram-na nativa da região, apesar de não citarem nenhum nome local. Kunkel
(1984) e Facciola (1998) citam esta espécie (sob C. album), afirmando que é inclusive
cultivada e que as folhas jovens e os cálices carnosos são consumidos como hortaliça
Facciola (op. cit.) acrescenta que os cálices devem ser cozidos no vapor ou usados em
sopas e guisados. Podem ser utilizados tanto frescos quanto desidratados. Este autor,
afirma que as sementes imaturas também são consumidas na Índia. Corrêa (1984, v. I, p.
309-310) cita o uso das sementes torrefatas e moídas como sucedâneo do café pelos
escravos no Brasil. Lorenzi (2000) ilustra a espécie, citando que a propagação é feita
apenas por sementes. No entanto, a espécie propaga-se e pode ser propagada facilmente
por estacas, especialmente as basais e ou ramos em contato com o solo. Este autor frisa que
é uma espécie de ampla dispersão mundial, ocorrendo em todo o Brasil e considerada de
origem desconhecida. Mabberley (2000) afirma que a espécie é nativa da América
Tropical, ressaltando seu cultivo como ornamental devido às grandes flores brancas e
aromáticas noturnas. No Sri Lanka seus cálices são consumidos como hortaliça, conforme
Mabberley (op. cit.). Corrêa (op. cit.) afirma que esta espécie possui raízes tuberosas, as
quais não foram observadas no presente estudo, mas podem ter potencial alimentar e
precisam de avaliações morfo-anatômicas, estudos toxicológicos e bromatológicos. É uma
trepadeira bastante rústica, comum nos terrenos baldios e bordas de capoeira na RMPA,
especialmente em Porto Alegre, com potencial para cultivo em cercas da pequena
propriedade e ou em sistema de espaldeira como hortaliça folhosa e, especialmente, para
produção de flores comestíveis. Deve-se dar preferência ao aproveitamento do cálice e ou
dos longos botões florais, os quais podem ser armazenados em geladeira para consumo
posterior. Não foram encontrados estudos fitoquímicos e bromatológicos das flores, das
folhas e das sementes, os quais precisam realizados.
198
Merremia dissecta (Jacq.) Hallier f. (FLOR-DE-PAU) – Segundo Arenas (2003, p. 273) no
passado os indígenas Wichí consumiam assiduamente as raízes tuberosas desta trepadeira.
Atualmente, o consumo ainda existe, mas está restrito a localidades muito afastadas. Este
autor afirma que teve duas oportunidades de participar da colheita, do preparo e do
consumo destas raízes. As raízes precisam ser cozidas, tendo sabor adocicado, similar ao
da batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.), porém mais insípido. Geralmente são
consomidos com gordura animal ou atualmente com óleos comerciais. As raízes são
envoltas por um grosso córtex que precisa ser eliminado, sendo consumido apenas a região
central. Às vezes, este “descascamento” profundo pode ser feito antes do cozimento,
segundo Arenas (op. cit.). Esta espécie é comum nas bordas de capoeiras e terrenos baldios
da RMPA. No presente estudo, uma planta espontânea na área urbana de Porto Alegre
(Avenida Ipiranga – terreno baldio) foi arrancada para averiguação das estruturas
subterrâneas. O espécime possuía uma única raiz tuberosa, pivovante, muito longa. Até
onde conseguiu-se cavar (solo duro e com entulhos) atingiu mais de 80 cm, com
circunferência considerável (similar a uma raiz muito desenvolvida de aipim – Manihot
esculenta Crantz). Infelizmente não foi experimentada. Talvez sob cultivo, em solos
preparados possa produzir raízes mais desenvolvidas (curtas e mais carnosas). Merece
coletas e melhor caracterização da variabilidade genética existente. Segundo Arenas (op.
cit.) é um recurso utilizado durante o período de seca e atualmente algumas pessoas já
cultivam em seus quintais em pequena escala no Chaco argentino. As raízes carecem de
estudos químicos e bromatológicos. Pode ser uma boa fonte de inulina, que precisa ser
avaliada. As sementes podem ser tóxicas, pois Nahrstedt et al. (1990) isolaram três
glicosídios cianogenéticos derivados da amigdalina. Estas sementes e os frutos maduros
(similares a flores lenhosas, daí um dos nomes populares) têm potencial para uso em
artesanatos e arranjos. É uma espécie com grande potencial ornamental. (Figura 17b).
199
Cucurbitaceae
Cayaponia diversifolia Cogn. (MELANCIA-DO-MATO) – Não se encontrou maiores
informações sobre esta espécie. Apenas Kunkel (1984) cita que seus frutos são
comestíveis. No entanto, não cita detalhes das formas de uso, ou seja, se é utilizado como
hortaliça ou como fruta. É citada e descrita na revisão das Cucurbitaceae do RS (Porto,
1974). No presente estudo não foi encontrada nem experimentada. Portanto, é
recomendável ter cautela.
Cayaponia trilobata Cogn. (TAJUJÁ) - Não se encontrou maior informação sobre esta
espécie. Nem é citada na revisão das Cucurbitaceae do RS (Porto, 1974). Segundo Luis
Fernando Lima (com. pess., 2007) ocorre na RMPA, especialmente em Guaíba e possui
frutos grandes, arroxeados, os quais são consumidos in natura pelo Biólogo Prof. Nelson
Matzenbacher. Portanto, é uma espécie carece de mais coletas e avaliação do seu potencial
comestível, inclusive com análises fitoquímicas e bromatológicas.
Cyclantera hystrix (Gill.) Arnott (CABACITA) – É descrita por Porto (1974) e citada
como alimentícia por Martínez-Crovetto (1968), o qual afirma que os frutos desta espécie
denominada klabasíta são consumidos crus pelos Guaranis de Misiones (Argentina). Este
consumo ocorre, principalmente durante caminhadas pela mata ou durante as caçadas.
Portanto, é uma espécie carente de informações tanto bioecológicas quanto químicas e
bromatológicas.
Melothria candolleana Cogn. (PEPININHO) – Espécie descrita em Porto (1974). Frutos
não avaliados nem experimentados no presente estudo, pois apesar de haver registros para
RMPA, a espécie não foi encontrada. É proposta por este estudo devido à grande
similaridade com as duas outras espécies aqui avaliadas (Capítulo V) e devido ao grande
potencial comestível de várias espécies do gênero (KUNKEL, 1984). Merece análises
bromatológicas e, especialmente trabalhos de coletas, conservação e caracterização do
200
germoplasma. Pairam dúvidas sobre sua correta identificação e classificação taxonômica.
Segundo Luís Fernando Lima (com. pess., 2007), doutorando no PPG Botânica (UFRGS),
que está revisando o grupo, é possível que a espécie que ocorra no RS e na RMPA seja
Melothria trilobata Cogn.. Informações adicionais sobre o gênero Melothria no capítulo V.
Melothria cucumis Vell. (PEPINO-SILVESTRE) e Melothria fluminensis Gardner
(PEPININHO-PINTADO) – Ilustrações e informações vide capítulo V.
Cyperaceae
Cyperus esculentus L. (CHUFA) – Existe a variedade cultivada (Cyperus esculentus L.
var. sativus Boeck.) que é uma cultura agrícola de grande importância em alguns países e
com potencial ainda subutilizado no Brasil. No presente estudo não foi possível confirmar
a ocorrência naturalizada e ou sob cultivo desta variedade no Brasil e ou no RS. Mas, todas
as variedades que produzem estrutura subterrânea desenvolvida podem ser consumidas.
Atualmente, somente quatro variedades silvestres são consideradas válidas (esculentus,
leptostachyus, macrostachyus e hermanii) segundo ter Borg & Schippers apud Pascual et
al. (2000). Entretanto, para a América do Sul, incluindo o Brasil (BARROS, 1960) cita a
ocorrência de duas variedades: C. esculentus L. var. leptostachys Boeck. e C. esculentus L.
var. macrostachyus Boeck. Possivelmente, ocorram as duas variedades na RMPA, mas não
foi possível confirmar no presente estudo. Esta espécie possui ampla dispersão pelas
regiões tropicais e temperadas do globo terrrestre (de VRIES, 1991). É considerada
infestante no sul da África, África oriental, América do Norte e Central (PASCUAL et al.,
2000). No Brasil ocorre em todo o território, causado impactos regionalizados,
especialmente na cultura do arroz irrigado (KISSMANN, 1997). Kunkel (1984) cita que a
espécie é cultivada, sendo as túberas consumidas torradas ou transformadas em bebidas
refrescantes ou similares ao café. Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 562) afirmam que os
rizomas são afamados como afrodisíacos. Esta espécie é citada por Kays & Silva (1995)
201
como sendo uma hortaliça cultivada devido aos tubérculos comestíveis. Estes são
consumidos crus ou cozidos. Os autores ainda citam uma lista de nomes populares em onze
línguas é apresentada na Tabela 1. Na Espanha, os tubérculos são usados no preparo de
uma bebida chamada horchata ou horchata de chufas (PASCUAL et al., 2000). Segundo
estes autores, o país importa dos principais países produtores (Nigéria e Gana) cerca 2.300
toneladas anualmente. Pascual et al. (op. cit.) citam dados oficiais mostrando que a
Espanha também produz cerca de 9.000 toneladas por ano em aproximadamente 900 ha
plantados. Estes autores afirmam que os tubérculos têm sabor agradável similar ao da
baunilha e da amêndoa. Ilustrações de plantas cultivadas e dos produtos alimentícios desta
espécie são apresentadas por Wyk (2005, p. 171). Dados bromatológicos (em base seca)
dos tubérculos de e ou compilados por Pascual et al. (2000) são apresentados aqui:
Lipídios (30,2 g/100g); amido (35 g/100g); proteínas (12 g/100g); cinzas (1,2 g/100g);
fibra dietética (9,8 g/100g); sucrose (11,8 g/100g). Wyk (op. cit.) cita ainda altos teores de
K, Fe e Na. Além do alto teor de lipídios, Pascual et al. (op. cit.) relatam que são óleos com
qualidade similar ao do azeite de oliva, podendo ser classificado no grupo oléico-linoléico.
Vários outros estudos são citados na ampla revisão de Pascual et al. (2000), inclusive um
estudo que relata o alto potencial antioxidante dos tubérculos de plantas silvestres, devido à
existência de flavonóides (COOK et al. apud PASCUAL et al., 2000). O grupo de pesquisa
liderado Bernardo Pascual realiza pesquisas sobre cultivos e caracterização agronômica
desta espécie desde 1978 e os dados fitotécnicos gerais, e.g., caracterização da planta,
adubação, dormência dos tubérculos, épocas de plantio, tipos de solos e sua relação com a
qualidade dos tubérculos e seleção e caracterização de cultivares são apresentados em
Pascual et al. (2000). Neste artigo, três cultivares (‘Ametlla Bonrepos’, ‘Gegant Africana’
e Llargueta Alboraia’) são caracterizadas e ilustradas.
202
Soares et al. (2004) relatam o uso de C. esculentus (possivelmente, da parte
subterrânea) sob a forma de chá para melhorar a memória. Os autores afirmam que outra
espécie similar (Cyperus iria L.), é conhecida pelos mesmos nomes populares (tiririca,
bibi) e tem o mesmo uso para memória. Esta espécie é citada como tendo também
“batatinha” e, provavelmente tenha potencial alimentício que precisa ser testado e
analisado química e nutricionalmente.
Cyperus haspan L. (TIRIRICA) – Segundo Kunkel (1984), a planta inteira pode ser
queimada para produção de sal. Salienta-se que o sal oriundo de plantas, geralmente
plantas aquáticas é ou era bastante usado por populações indígenas residentes em regiões
distantes da faixa litorânea em diversos locais do planeta.
Cyperus rotundus L. (TIRIRICA) – É citada por Soares et al. (2004) como fortificante, a
partir da ingestão das raízes curtidas no vinho, para tratar anemia. Kunkel (1984) cita o uso
rizomas (‘bulbilhos’) como alimento cru, cozido ou torrado. Este autor cita que as
sementes (grãos) são consumidos em época de fome. Rapoport et al. (2003c) citam que é
uma espécie cosmopolita, portanto consideram-na nativa na Argentina e no Chile.
Informações compiladas por estes autores, reportam que nas margens do rio Nilo podem
ser encontrados até 500 tubérculos por m
2
desta espécie.
Schoenoplectus californicus (C.A. Mey) Sójak (JUNCO) – Esta espécie é normalmente
citada sob Scirpus californicus (C.A. Mey.) Steud. Segundo Rapoport et al. (2003c) os
rizomas tenros e as bases tenras dos talos (ramos), assim como os brotos jovens, recém
emergidos do solo alagado, são comestíveis crus ou cozidos. No presente estudo, as bases
tenras e brancas dos talos foram consumidas cruas. É um tecido altamente aerenquimático
(esponjoso), com consistência e sabor similar aos talos (pecíolos) comestíveis de outras
hortaliças, como a taioba (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott). Heiser Jr. (1979) e Parodi
citado nesta referência, afirmam ser sabor insípido. Mabberley (2000) também menciona
203
(sob Schoenoplectus) o uso da espécie como fonte alimentícia secundária pelos habitantes
do lago Titicaca, citando também uso para construção dos típicos barcos utilizados pelos
moradores da região. Os talos (parte aérea) maduros são utilizados para fazer cortinas,
biombos, esteiras (mats), forros de cadeiras, tapetes, barcos, casas e também como
forrageira (HEISER JR., 1979; RAPOPORT et al., 2003c). Heiser Jr. (1979) cita os usos
múltiplos desta espécie (sob Scirpus californicus) no Equador e Peru. Além dos nomes
compilados na Tabela 1, este autor cita outros, especialmente utilizados em literatura
histórica que pode referir-se a esta espécie, frisando que muitos deles são utilizados
intercambiavelmente para Typha spp.
Heiser Jr. (op. cit.) cita que em 1975 ainda encontrou à venda nas ruas de Puno,
cidade peruana, às margens do lago Titicaca, feixes dos caules à venda para consumo da
parte basal. Nesta variedade do Titicaca, os “colmos” comestíveis alcançam de 20 a 30 cm
e são consumidos após a retirada da camada externa que os revestem (HEISER JR., 1979).
Estas dimensões não foram observadas nas coletas realizadas na RMPA nem na lagoa do
Bacupari (Mostardas, RS), onde colheitas para consumo foram realizadas, sendo a parte
comestível (tenra) de apenas uns 5 cm. Contudo, pode ser devido à idade inadequada para
a colheita ou devido às diferenças varietais. A situação taxonômica deste gênero e desta
espécie não é bem esclarecida, ao menos, até 1963 eram reconhecidas duas subespécies de
Scirpus californicus: S. californicus (C.A.Meyer) Steudel subsp. californicus e S.
californicus subsp. tatora (Kunth) T. Koyama (KOYAMA apud HEISER JR., 1979), a
partir do estudo de poucos espécimes. Cook (1996) afirma que o gênero Schoenoplectus
(excluindo Scirpus) é composto por cerca de 50 espécies. Este autor considera
Schoenoplectus tatora (Kunth) Palla é o nome válido para Scirpus californicus, portanto
pode vir a ser o nome mais adequado para a espécie discutida aqui. Novas colheitas em
diferentes épocas, diferentes ambientes ou em outras regiões brasileiras são
204
recomendáveis. Cárdenas (1989) cita, sob Scirpus riparius Presl. (totora), a importância
econômica desta espécie para os nativos da altiplanície titicacense, ressaltando também as
balsas de uso individual construídas desde tempos imemoriais pelos nativos dos lagos
Titicaca, Poopó e outros lagos altos da região. Em relação ao uso alimentício, este autor é
enfático ao afirmar que índios adoram comer a parte basal tenra, após retirar a epiderme
com a unha. La Barre apud Cárdenas (1989) afirma que é similar aos brotos de aipo
(salsão). Cárdenas (op. cit.) afirma que o sabor é tido como mais agradável quando fresco
(recém retirado da água) e cita os nomes aimaras para o produto alimentício desta espécie:
kauri, saka ou chullu. Schmeda-Hirschmann et al. (1999) analisaram os rizomas colhidos
no Chile (em base seca) é reportam: proteínas (9 g/100g); lipídios (2 g/100g); carboidratos
(70 g/100g). (Figura 15g).
Dennstaedtiaceae
Pteridium aquilinum (L.) Kuhn (SAMAMBAIA) – Segundo Mabberley (2000) este
gênero é monoespecífico, com duas subespécies: Pteridium aquilinum (L.) Kuhn ssp.
aquilinum (Hemisfério Norte e África) e Pteridium aquilinum (L.) Kuhn ssp. caudatum
(L.) Bonap. (Hemisfério Sul – Índias Ocidentais e Malásia). Segundo informações
compiladas por este autor é uma espécie altamente alelopática, por isso formando grandes
populações quase que monospecíficas. As frondes possuem tiaminases tóxicas que causam
deficiências de Vitamina B
1
ou tiamina (SHAHIN et al., 1999). No Japão as frondes jovens
são consumidas em conservas enlatadas (‘sawarabi’) e rizomas produzem amido também
consumido (‘warabi-ko’). Wyk (2005) cita a importância comercial desta espécie no Japão
e Coréia. Segundo Pemberton & Lee (1996) esta espécie recentemente começou a ser
cultivada na Coréia do Sul. Méndez (2005) cita que no Japão as frondes imaturas (báculos
= croisier, em inglês) são consideradas uma iguaria e têm sido regularmente importadas da
China, Rússia e mais recentemente da Espanha. De acordo com Mabberley (op. cit.) e Wyk
205
(2005), os Maoris (Nova Zelândia) e os índios da América do Norte também consomem
muito os rizomas desta espécie como fonte de amido. Norton (1979) relata evidências
etnohistóricas para uso alimentício desta espécie na região de Washington (EUA).
Contudo, sabidamente é carcinogênica, mutagênica e até teratogênica (SHAHIN et al.,
1999). Prendergast & Pearman (2001) especulam que esta espécie é a planta mais
cosmopolita do mundo (como espécie nativa), o que também é afirmado por Wyk (2005).
Esta proposição parece muito acertada, uma vez que esta espécie é mundialmente
distribuída, inclusive aparecendo em muitos filmes rodados nos países mais diversos. No
Rio Grande do Sul é citada a ocorrência de Pteridium aquilinum (L.) Kuhn ssp. caudatum
(L.) Bonap. var. arachnoideum (Kaulf.) Brade. Esta espécie, sem especificação da
variedade é citada por Kays & Silva (1995) como sendo uma hortaliça cultivada, listando-
se nomes populares em onze línguas. Estes autores citam o uso das frondes imaturas
cozidas. Esta espécie, mas outra variedade (Pteridium aquilinum var. litiusculum Underw.
ex Heller) é consumida e comercializada na região sudoeste da China (Xishuangbanna)
durante todos meses do ano (YOU-KAI et al., 2004). Alguns autores citam os modos de
preparo para consumo das frondes jovens, e.g. Crowhurst (1972) afirma que devem ser
cozidas por 30 minutos com sal e que a água de fervura deve ser trocada várias vezes,
substituindo por água fervente. Zurlo & Brandão (1990) frisam que: “É importante,
imprescindível mesmo, observar o seguinte: a samambaia deve ser aferventada depois de
picada, pelo menos cinco vezes, até perder completamente o gosto amargo. Esse amargo
representa os princípios tóxicos da samambaia.” IBGE (1980) também cita esta espécie
como hortaliça de consumo no Brasil. Em Minais ainda persiste o uso das frondes imaturas
(báculos) desta espécie. Especialmente na região de Ouro Preto há alguns pratos utilizando
esta parte, chamada de “munheca”, pois as frondes jovens são enroladas como uma mão
fechada. No entanto, há evidências de que o consumo desta espécie na região de Ouro
206
Preto tem favorecido a proliferação de papilomavírus humano (HPV) e anomalias
cromossômicas (BICUDO, 2002). Portanto, todos estes dados são apresentados no sentido
de informação e esclarecimento, deixando bem claro que o uso desta espécie como
alimento não é recomendado. Inclusive, se os resultados de pesquisas estão corretos, trata-
se de uma questão de saúde pública, pois entre os compostos produzidos pela espécie, está
um terpenóide conhecido como ptaquilosídeo (ptaquiloside) que contamina inclusive o
solo. As plantas que ali ocorrem que ali ocorrem absorvem o composto, que é transferido
para o gado que forrageia nelas, chegando mais tarde ao leite e, por fim atingir o
consumidor deste leite (ALONSO-AMELOT et al., 1996; ALONSO-AMELOT, 1997;
SHAHIN et al., 1999). Alonso-Amelot (1997) cita que o primeiro registro do potencial
carcinogênico desta espécie para humanos deu-se a partir da alta incidência de câncer de
estômago no Japão. Este fato conduziu ao estudo publicado em 1974 de Hirono et al. apud
Alonso-Amelot (1997). Alonso-Amelot (op. cit.) ressalta que nas frondes jovens a
concentração de ptaquilosídeo é muito maior do que nas frondes maduras e que somente
parte deste composto é degradado durante o cozimento. Na subespécie do Neotrópico foi
isolado o sesquiterpeno ptaquilosídeo Z de similar toxidez (CASTILLO et al., 1998). Logo,
pode consituir-se numa contaminação bioquímica natural. No Brasil inteiro, incluvise no
RS, há plantios diversos, e.g., ervais (erva-mate - Ilex paraguariensis A. St.-Hil.) e mesmo
pecuária extensiva em áreas, devido ao manejo inadequado, infestadas com esta
samambaia. Nestes casos, há possibilidades de contaminação indireta. Estudos para avaliar
esta liberação de compostos pela samambaia e sua absorção pelas plantas nativas e ou
cultivadas são recomendáveis no Brasil. (Figura 17c).
Dioscoreaceae
Dioscorea dodecaneura Vell. (CARATINGA) – Em geral, as Dioscorea cultivadas
produzem um ou mais tubérculos por planta em cada ciclo e os compostos de reserva são
207
translocados do tubérculo-semente para o novo tubérculo formado (PURSEGLOVE apud
CHU & FIGUEIREDO-RIBEIRO, 1991). Ao que tudo indica, este fato também ocorre em
D. dodecaneura (Figura 17d), onde podem ser vistos quatro tubérculos ou rizóforos de um
mesmo indíviduo silvestre: 1º. – tubérculo em pleno vigor; 2º. – tubérculo mumificado,
ressequido de dois ou três ciclos anteriores; 3º. – Tubérculo grande em processo de
translocação de fotoassimilados e 4º. – tubérculo jovem (horizontal) em início de
desenvolvimento. Estas evidências, se confirmadas, contradizem as informações de
Ayensu & Coursey (1972), que afirmam que nos carás tropicais os órgãos de reserva
subterrâneos são perenes. No entanto, a perenidade e o crescimento contínuo dos órgãos de
reserva parece ser correto para outras espécies silvestres, inclusive nativas no RS. Bruno
Irgang (com. pess.) relatava a colheita no RS de tubérculos de cerca de 10 kg. Dioscorea
dodecaneura é ocasionalmente cultivada, especialmente como ornamental. Em Porto
Alegre foi encontrada sob cultivo em algumas residências urbanas e no município de Nova
Prata (região serrana do RS) é comumente cultivada em diversas residências, inclusive na
casa paroquial da cidade. Segundo Chu & Figueiredo-Ribeiro (1991), não possui
sapogeninas e é utilizada para tratar diabetes e problemas cardiotônicos. A composição
bioquímica (em base úmida) compilada por estes autores é seguinte: umidade (68,43%);
amido (18,46%); carboidratos solúveis (0,35%); proteínas (1,50%) e mucilagem (3,18%).
Côrrea (1984, v. II, p. 6) apresenta uma descrição da espécie e afirma que os tubérculos
atingem de 250 g até 1,5 kg e são fáceis de conservar por dessecação ao sol. Destes
“tubérculos” saem raízes finas (vide figuras), daí um dos nomes populares – cará-barbado.
(Figura 15h; Figura 17d-e).
Dioscorea polygonoides Humb. & Bonpl. ex Willd. (CARÁ-DO-MATO) – Esta espécie é
citada Pedralli (2004) como nativa na RMPA e cita exsicata do PACA, não encontrada
neste estudo. Côrrea (1984, v. II, p. 7) também cita sua provável ocorrência em todo o
208
Brasil meridional. Pedralli (op. cit.) cita o uso alimentar da parte subterrânea carnosa desta
espécie. Dioscorea polygonoides também é listada como comestível por Chu &
Figueiredo-Ribeiro (1991).
Dioscorea subhastata Vell. (CARÁ-DO-MATO) – Chu & Figueiredo-Ribeiro (1991),
afirmam que as sementes desta espécie apresentam germinação irregular (inciando-se 29
dias após a semeadura e finalizando com 81 dias). Segundo estes autores é uma trepadeira
levógira, cultivada em pequena escala como alimentícia, não é tóxica e desenvolve-se bem
em solos úmidos ao nível do mar. Os grãos de amido desta espécie são descritos por
Barroso et al. (1974) como tendo forma irregular, sendo de 30-49 micrômetros de
comprimento por 11-17 micrômetros de largura. Chu & Figueiredo-Ribeiro (1991),
analisando tubérculos oriundos de cultivo (1 ano) determinaram grãos com a metade destas
dimensões e com 53% de glicose e 34% de oligossacarídeos não identificados. Segundo
estes autores, o florescimento (em São Paulo) ocorre de novembro-abril ou junho e a
frutificação de março-junho ou dezembro e o período de dormência ocorre em maio e pode
não existir. Chu & Figueiredo-Ribeiro (op. cit.) analisaram (em base úmida) a composição
dos tubérculos: umidade (89%); amido (3,69%); carboidratos solúveis (açúcares totais -
1,07%, açúcares redutores – 0,67%, ácidos urônicos – 0,35%); proteínas solúveis (0,59%);
mucilagem (0,29%); fibras totais (0,95%); sapogenina esteroidal (2,20%).
Ebenaceae
Diospyros inconstans Jacq. (FRUTA-DE-JACU-MACHO) – Frutos comestíveis, mas com
muitas sementes e, geralmente com sabor amargo e ou insípido. Entretanto, é promissor
como parente silvestre do caquizeiro (Diospyros kaki L. f.), podendo fornecer de genes de
interesse em programas de melhoramento e ou potencial para porta-enxerto. Citada como
frutífera de sabor insípido (CÔRREA & PENNA, v. III, p. 325; LORENZI et al., 2006).
Devido à abundância de sementes (marrons e grandes) nos frutos, estas merecem pesquisas
209
visando, seu aproveitamento, seja para usos em artesanatos e ou extração de compostos de
interesse farmacológico e ou industrial. (Figura 15i; Figura 17f).
Ephedraceae
Ephedra tweediana Fisch. & C.A. Mey. (MORANGO-DO-MATO) – Côrrea (1984, v. II,
p. 275) cita e descreve sucintamente esta espécie sob E. triandra Tul. As folhas (parte
aérea) são citadas como sudoríficas e anti-reumáticas. Este autor cita que os “frutos”
(escamas ovulíferas carnosas) são comestíveis - doces, mucilaginosos, ligeramente ácidos
– sendo utilizados para o fabrico de refrigerantes (sucos) e sorvetes, além de serem usados
para tratar de febres. As escamas ovulíferas carnosas (“fresh berry-like”) foram
consumidas no presente estudo. São saborosas e com uma coloração vermelho intensa.
Carece de estudos nutricionais com ênfase nos compostos nutracêuticos (pigmentos e
vitaminas). Barclay & Earle (1974) analisaram as sementes, detectando 15,1% de proteína
e 14% de lipídios. Estes autores não citaram se são ou não comestíveis. Estudos
toxicológicos das sementes são desejáveis. Esta espécie ocorre nas restingas da planície
costeira do RS. Na RMPA ocorre nas matas arenosas da orla do lago Guaíba, com registros
especialmente na Reserva Biológica do Lami, a qual foi implantada visando contribuir para
conservação desta espécie. Ocorre ainda na Serra do Sudeste (RS). No presente estudo foi
observada no Cerro do Diogo, município de Santana da Boa Vista. Frisa-se que é uma
espécie que consta na lista da Flora Ameçada de Extinção do RS, porém não pela sua
exploração desordenada, mas exatamente pela falta de valoração do seu potencial
econômico, assim como das demais nativas de sua região de ocorrência, o que leva a
destruição do hábitat para outros plantios agrícolas, pecuárias e habitações. Devido à sua
raridade, distribuição limitada no Brasil (única Ephedraceae sul-brasileira), recomenda-se
fortemente estudos básicos e aplicados com esta espécie. Ela ocorre em áreas, que
atualmente sofrem fortes pressões destrutivas como restingas, através da especulação
210
imobiliária e a Serra do Sudeste, mediante o avanço das monoculturas com árvores
exóticas. O seu potencial alimentício (pequenas frutas) e medicinal sugere estudos sobre a
distribuição da espécie, dispersão de sementes, germinação, propagação vegetativa e
micropropagação, estudos bromatológicos das escamas ovulíferas carnosas e análises
farmacoquímicas de toda a planta. Salienta-se que é uma trepadeira rústica que merece
trabalhos fitotécnicos e tentativas de cultivos, e.g., em sistema de espaldeira, podendo ser
uma boa alternativa de diversificação para áreas arenosas onde já ocorre naturalmente.
Recomenda-se testes utilizando espaldeiras (ou partes delas) masculinas e femininas
alternadas, pois a espécie é dióica e a polinização é provavelmente anemófila.(Figura 15j).
Ericaceae
Gaylussacia brasiliensis (Spreng) Meisn. (CAMARINHA) – É um arbusto de pequeno
porte geralmente frutificando a partir de 0,50 m e atinge no máximo cerca de 1,5 m de
altura. Ocorre de PE ao RS em restingas e campos rupestres. No RS é mais comum nos
Campos de Cima da Serra, mas há registros nos morros rochosos da RMPA. Como seu
basônimo (Vaccinium brasiliense Spreng.) sugere, é uma espécie muito próxima aos
mirtilos (blueberries), e.g., Vaccinium angustifolium Aiton; V. ashei J.M. Reade; V.
corymbosum L. Seus frutos são muitos similares em sabor, consistência e dimensões. As
sementes são brandas e são ingeridas juntamente com a polpa diretamente ou nos produtos
derivados, e.g., sucos, geléias, licores e sorvetes. Os frutos da espécie brasileira, mesmo
em solos pobres e sem tratos culturais, atingem dimensões equivalentes a cerca de 60% da
dos frutos dos mirtilos melhorados e cultivados. Portanto, a espécie brasileira é um parente
silvestre do mirtilo com grande potencial para pesquisas em fruticultura. Os frutos
apresentados neste trabalho foram fotografados no Parque Nacional da Serra Geral
(Fortaleza), Cambará do Sul, região de solos sabidamente ácidos e pobres em nutrientes.
Esta fotografia já foi previamente publicada em Lorenzi et al. (2006, p. 137). Ressalta-se
211
que os frutos da camarinha são significativamente mais roxos em relação aos mirtilos
exóticos tanto o epicarpo quanto a polpa, o que sugere uma maior concentração de
antocianinas e ou compostos distintos. Estes compostos sabidamente são de importância
nutracêutica precisam ser avaliados nos frutos de G. brasiliensis, assim como sua
composição bromatológica. É uma pequena fruta nativa com grande potencial para cultivo
e domesticação, mas totalmente negligenciada em relação às pequenas frutas de origem
exótica, atualmente tão propaladas e inclusive com eventos técnico-científicos específicos.
Carece de estudos fitotécnicos de germinação e propagação assexuada e de pesquisas de
coleta, caracterização e conservação de seu germoplasma em toda sua ampla área de
ocorrência natural no Brasil, pois é muito provável que tenha grande variabilidade genética
com interesse agronômico. (Figura 15l; Figura 17g).
Fabaceae - Caesalpinioideae
Bauhinia forficata Link (PATA-DE-VACA) – Espécie de usos medicinais populares
muito difundidos no Brasil (MORS et al., 2000; LORENZI & MATOS, 2002). Suas flores
brancas (pétalas) frescas são comestíveis in natura diretamente ou utilizadas para decorar
saladas e pratos diversos. As flores também podem ser consumidas cristalizadas e ou
adicionadas a doces e geléias diversos. As pétalas foram consumidas no presente trabalho,
são adocicadas, carnosas e saborosas. Fellippe (2003) afirma que a tisana das flores desta
espécie é utilizada como diurética. Não foram encontrados dados fitoquímicos nem
bromatológicos das flores. Outras espécies deste gênero cultivadas no Brasil também têm
flores comestíveis, e.g., B. purpurea L. (KUNKEL, 1984). (Figura 15m).
Senna occidentalis (L.) Link (FEDEGOSO) – É uma espécie ruderal com distribuição
pantropical, comum em beiras de estradas, pastagens e áreas agrícolas. Pode ser encontrada
na literatura também sob o sinônimo Cassia occidentalis L. Agra et al. (2007) citam que as
sementes são torradas, moídas e usadas para fazer ‘café’, sendo uma xícara ingerida após
212
as refeições no Nordeste brasileiro. Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 56) afirmam que em
1925, devido aos altos custos do café no estado do Piauí, organizou-se neste Estado, a
torrefação industrial das sementes desta espécie para substituição do café. Estes autores
relatam também que diversos países falsificavam (ou falsificam?) o legítimo pó de café
com o pó das sementes desta espécie. O que pode levar milhares ou milhões de pessoas
fazerem uso deste produto sem terem conhecimento. Kunkel (1984) e Facciola (1998)
citam (sob C. occidentalis) que as folhas jovens, flores e vagens imaturas são consumidas
cozidas com arroz ou cozidas no vapor como hortaliça e as sementes (maduras) como
substitutas do café. Facciola (op. cit.) cita que este café de fedegoso, chamado em inglês de
Magdad coffee ou Florida coffee, é preparado com as sementes torradas. Côrrea & Penna
(op. cit.) citam também os consumo das flores no Sri Lanka. Possui usos medicinais
populares diversos (MORS et al., 2000). Agra et al. (2007) citam o uso como medicinal
das folhas (como tônico) e sementes (para memória). Também é citada como tóxica
(BARBOSA-FERREIRA et al., 2005) e abortiva (raízes) segundo Arenas (1981). Segundo
Odhav et al. (2007) suas folhas são utilizadas como hortaliças em Kwazulu-Natal (África
do Sul) apenas em épocas de escassez. Portanto, cautela é recomendável, pois com
escassez de fontes alimentícias, tudo que não for totalmente impalatável e tóxico de forma
aguda, torna-se uma fonte de sobrevivência. Odhav et al. (2007) analisaram a composição
centesimal (base úmida) e mineral (base seca), além da atividade antioxidante (base úmida)
das folhas de S. occidentalis, ressaltando-a como boa fonte de caloria (84 kcal/100g),
proteína (7 g/100g), lipídios (2,2 g/100g) e Ca (2.230 mg/100g) e Mg (854 mg/100g).
Barbosa-Ferreira et al. (2005) estudaram o efeito da alimentação prolongada de ratos com
sementes maduras de S. occidentalis. Os autores detectaram intoxicação subaguda com
degenerações hepáticas, cardíacas, musculares, mitocondriais e toxidez ao sistema nervoso
central. Neste estudo, contudo as sementes foram congeladas em nitrogênio líquido,
213
trituradas e incorporadas, em diferentes concentrações, nas rações. Também em todas as
referências toxicológicas citadas por Medoua & Mbofung (2007), as sementes foram
administradas sem processos de torrefação e como alimento sólido, portanto incluindo toda
estrutura das sementes. Além disso, os testes foram feitos com ratos, porcos e galinhas e
com ingestão crônica e quase que exclusiva. Nadal et al. (2003) relatam tamm distúrbios
intestinais em ratos, mas novamente com uso crônico de sementes integrais da espécie, a
qual é usada como laxativa. Por outro lado, para fins alimentícios Medoua & Mbofung
(2007) e estudos citados nesta referência, afirmam que a bebida tradicional preparada na
região oeste da África com as sementes maduras desta espécie, sob Cassia occidentalis,
não apresenta efeitos toxicológicos para os consumidores, pois o processo de torrefação
elimina os compostos tóxicos e água usada como solvente não extrai as toxinas. Logo, as
formas de uso são muito distintas. Estudos toxicológicos precisam ser feitos com o extrato
aquoso obtido de sementes torradas em diferentes temperaturas e tempo de torrefação,
especialmente seguindo os métodos usuais para fins alimentícios adotados por populações
tradicionais que fazem uso desta espécie. No entanto, devido à falta de consenso não se
encoraja o consumo por pessoas que não dominem as técnicas de preparo, nem se
desestimula o consumo por populações tradicionais que a utilizam sem efeitos colaterais
detectados. Ressalta-se que o principal risco toxicológico é a ingestão ‘acidental’ de
sementes desta espécie misturadas a outras sementes e derivados de uso alimentício
corriqueiro, e.g., feijão e soja, pois o fedegoso ocorre como ‘inço’ nos plantios e com a
colheita mecanizada é colhido junto e não passa pela torrefação, sendo ingerida na íntegra.
Este problema já foi relatado por Lal & Gupta (1973). (Figura 16a).
Fabaceae - Faboideae
Dioclea violacea Mart. ex Benth. (ESTOJO-DE-LUNETA) – Em alguns trabalhos e
herbários da RMPA esta espécie pode ser encontrada sob Dioclea paraguariensis Hassl.
214
(sinônimo). Esta espécie carece estudo fitoquímicos e toxicológicos aprofundados, mas é
apresentada aqui, pois é citada como potencialmente comestível (KUNKEL, 1984) e
Côrrea (1984, v. II, p. 410), que apesar relatar que as sementes são tidas como venenosas,
menciona que são utilizadas como alimento após cocção e transformação em farinha. Há
relatos de pessoas que consumiram suas sementes jovens (imaturas) cozidas (com água de
fervura trocada várias vezes), e.g., o Prof. Bruno E. Irgang (in memoriam), relatava
(comunicação verbal) ter consumido algumas vezes sementes imaturas cozidas em forma
de salada de D. violacea preparada por uma vizinha que dominava a técnica de preparo.
Segundo B.E. Irgang eram saborosas. Além disso, outras espécies do gênero são utilizadas
como alimento no Brasil, e.g., Dioclea altissima (Vell.) ex Maxwell var. megacarpa
(mucunã) citada por Moreira et al. (1997) e Franco (2004). Moreira et al. (op. cit.) citam
que esta espécie é rica em proteína (farinha em base seca com 23,5%), sendo usada como
alimento no Ceará.
Moreira et al. (op. cit.) relatam a existência de lectina nas sementes de D. violacea e
em outras espécies deste gênero (D. grandiflora, D. virgata, D. guianensis e D. lehmanni)
com especificidade pelos carboidratos D-manose/D-glicose. Estes autores isolaram e
caracterizaram a lectina das sementes de D. altissima var. megacarpa, que mostrou
similaridades com as outras lectinas isoladas da subtribo Diocleinae. Portanto, na ausência
de estudos químicos (contemplando sementes jovens e cozidas com a água de fervura
eliminada diversas vezes) que demonstrem ausência de compostos tóxicos e ou
antinutricionais a abstinência é recomendada, ou seja, não utilizar. Estudos para avaliar a
viabilidade de detoxificação das sementes desta espécie tão abundante e com grande
capacidade produtiva na RMPA para alimentação humana ou de animais (e.g., ração para
galinhas, peixes ou porcos) são encorajados, a exemplo do estudo detoxificação do feijão-
de-porco (Canavalia ensiformis L.) de León et al. (1998) e dos métodos disponíveis em
215
Repo-Carrasco (1988) para detoxificação e processamento de tremoços (Lupinus spp.), os
quais são sabidamente tóxicos ( com exceção de variedades geneticamente melhoradas
para ausência de alcalóides), mas após detoxificação são mundialmente consumidos. Esta
espécie é totalmente subutilizada na RMPA, mas pelos altos teores N esperado em seus
tecidos merece estudos e experimentos com outros objetivos, e.g., recomenda-se pesquisas
utilizando-se esta espécie como cobertura verde e ou morta em plantios agroecológicos,
especialmente das vagens e sementes trituradas. Segundo Côrrea (op. cit.), a farinha obtida
das sementes cruas tem ação parasiticida e até formicida. Dada a abundância da espécie na
RMPA, esta farinha poderia ser testada no controle de formigas e ou outras ‘pragas’ na
agricultura familiar e agroecológica em franca expansão nesta região, no RS e no Brasil.
Erythrina falcata Benth. (CORTICEIRA-DA-SERRA) – Segundo Cárdenas (1989) esta
espécie ocorre na Bolívia e possui flores que variam de um vermelho vivo até um rosado
muito claro. No RS é mais comum encontrar árvores com as flores rosadas (salmão) a
alaranjadas. Cárdenas (op. cit.) cita que as flores desprovidas do estandarte são consumidas
e muito saborosas, em um prato chamado de “ají de chillicchi”. O autor frisa que,
provavelmente, este costume de comer estas flores seja recente. Neumann (2004) também
cita o consumo das flores cozidas e temperadas com pimenta e cebola na Argentina (Salta,
Jujuy e Tucumán). No presente estudo as flores (pétalas carnosas) foram consumidas
refogadas com temperos usuais (sal, alho, molho de soja,...) ficando com uma consistência
similar a dos cogumelos comestíveis comerciais. As pétalas foram analisadas por Kinupp
(2007) em relação ao teor protéico e mineral, destacando pelos altos de teores de Mn (220
mg/100g) e B (2,3 mg/100g). É uma espécie com florescimento abundante e que pode e
deve ser cultivada em agroecossistemas e agroflorestas, pois além de sombra pode
contribuir significativamente com a qualidade nutricional do solo. São recomendáveis
estudos fitoquímicos e bromatológicos das flores, com enfoque nas vitaminas e outros
216
compostos de importância nutracêutica. Se estudos químicos referendarem este uso
popular, as flores de E. falcata por seu sabor, consistência e coloração agradáveis poderão
ter um grande potencial mercadológico no mercado de flores comestíveis que está em
franca expansão. Frisa-se que as flores são firmes e possuem uma boa durabilidade, no
mínimo uma semana sem manifestar sintomas visuais de deterioração, em geladeira
quando devidamente embaladas. Estudos de pós-colheita e formas de armazenamento
também são recomendáveis.(Figura 16b).
Vigna adenantha (G. Mey.) Maréchal, Mascherpa & Stainier (FEIJÃO-DO-MATO) – É
uma trepadeira perene descrita e citada sob Phaseolus adenanthus G. Mey. por Côrrea &
Penna (1984, v. III, p. 116). Estes autores frisam a ampla distribuição geográfica desta
espécie nativa do continente americano, inclusive no Brasil. Na Índia as raízes tuberosas
desta espécie fazem parte da alimentação humana durante o ano inteiro, sendo as sementes
aproveitadas apenas em épocas de escassez. Esta espécie ocorre na RMPA e suas sementes
e raízes tuberosas precisam de estudos toxicológicos, bromatológicos e agronômicos. É
uma espécie importante, pois é parente silvestre próximo tanto do feijão-comum cultivado
(Phaseolus) quanto do feijão-caupi e feijão-adzuki (Vigna), por exemplo. Provavelmente,
também tenha potencial como cultura para adubação verde e merece ser avaliada em
relação a capacidade de fixação biológica de nitrogênio.
Vigna luteola (Jacq.) Benth. (FEIJÃO-DA-PRAIA) - Soares et al. (2004) citam o uso desta
espécie, sob o nome popular de ‘vage-de-metro’, no município de São João do Polêsine
(RS) como alimentícia (salada). É uma informação muito interessante, mas possivelmente
é um problema de identificação, pois V. luteola, em geral, produz vagens pequenas e com a
casca levemente áspera. Segundo Renato Záchia (com. pess., 2007), um dos autores do
trabalho, ao reexaminar verificou-se tratar, possivelmente de Vigna unguiculata (L.) Walp.
(feijão-de-corda). Jankowski et al. (2000) afirmam que as sementes tenras (imaturas)
217
cozidas são comestíveis. Kunkel (1984) cita que as raízes tuberosas são comestíveis. No
presente estudo nenhuma planta foi arrancada para verificação de formação de raízes
espessadas. Marconi et al. (1997) avaliaram as características químicas de diversos acessos
de oito espécies de Vigna silvestres subutilizadas. Vigna luteola teve somente três acessos
analisados, todos eles resistentes ao bruquídio e semente marrom, sendo relatados usos
apenas como forrageira de ótima palatabilidade e para cobertura verde de plantios. Entre as
oito espécies silvestres V. luteola teve os mais baixos teores protéicos, em média 222 g kg
-1
de proteína (N x 6,25). Além disso, apresentou altos teores de inibidores de tripsina, altos
níveis de lectinas (maior entre as oito spp.) e taninos (MARCONI et al., 1997). No entanto,
V. luteola apresentou altos teores de aminoácidos, apesar dos significativos teores de
compostos antinutricionais. Os autores ressaltam que essa espécie pode ser importante em
programas de melhoramento para genes de resistência e que muitos destes compostos
antimetabólicos são degradados com o cozimento, pois são termolábeis. Entretanto, cautela
e estudos adicionais com as variabilidades desta espécie existente na RMPA e no Brasil
são recomendáveis, pois como afirmam Vasconcelos & Oliveira (2004), algumas lectinas
além de resistirem aos processos digestivos, podem ser tóxicas. Estudos bromatológicos e
toxicológicos com acessos brasileiros são necessários, pois no estudo de Marconi et al. (op.
cit.), foram poucos acessos avaliados e todos de banco de germoplasma da Nigéria.
Barclay & Earle (1974) também analisaram suas sementes, detectando 25,2% de proteína e
0,6% de lipídios. (Figura 16c).
Fabaceae - Mimosoideae
Inga marginata Willd. (INGÁ-FEIJÃO) – Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 300)
descrevem e ilustram esta espécie, afirmando que a polpa (sarcotesta) dos seus frutos é
comestível e agradável. A polpa foi abundantemente consumida durante o presente estudo.
Apesar dos frutos (vagens) serem pequenos, a espécie floresce e frutifica em abundância e
218
o arilo solta-se facilmente da semente facilitando o consumo. A sarcotesta e,
especialmente, as sementes desta espécie carecem de análises fitoquímicas, toxicológicas e
bromatológicas. A comestibilidade da sarcotesta (polpa) desta espécie e da maioria das
espécies de Inga é de domínio popular em todas regiões de ocorrência das espécies. No
entanto, para algumas espécies deste gênero também há citações do uso das sementes na
alimentação humana. Kunkel (1984) cita 44 espécies comestíveis de Inga, sendo que para
cinco (11%) são também, claramente, especificados o uso das sementes (“seeds eaten
cooked”). Entre elas o autor cita as sementes de I. marginata sem maiores detalhes. Esta
possibilidade de usos das sementes é sutilmente sugerida pelo nome popular mais comum
da espécie (ingá-feijão), o qual também pode remeter simplesmente ao aspecto da vagem.
Realmente, esta espécie produz muitas sementes achatadas e esverdeadas que necessitam
análises fitoquímicas e toxicológicas tanto cruas quanto cozidas e ou submetidas a outros
processos de detoxificação, como aqueles usados para o tremoço disponíveis em Repo-
Carrasco (1988). Outras espécies da América Central são citadas como tendo sementes
comestíveis cozidas ou torradas e até são vendidas da mesma forma que se vende
amendoim torrado nos teatros e cinemas, e.g., Inga jinicuil Schltdl. & Cham. ex G. Don
(LEÓN, 1998). Uma espécie recentemente descrita (1991), Inga ilta T.D. Penn, possui os
embryos” (=sementes?) comestíveis depois de cozidos por cerca de 45 minutos e com a
água de fervura escorrida (PENNINGTON & ROBINSON, 1998). Esta espécie é cultivada
pelos Quíchua das províncias de Napo e Pastaza (Amazônia equatoriana). As sementes
cozidas são consumidas quentes ou frias nas refeições principais, usualmente em sopas
(PENNINGTON & ROBINSON, op. cit.). Estes autores apresentam a composição
centesimal das ‘sementes’ cozidas de I. ilta comparadas com a fava (Vicia faba L.).
Ressalta-se que os valores deste Inga são significativamente superiores (e.g., 165,4
kcal/100g versus 48 kcal/100g, respectivamente). Outras informações de usos múltiplos
219
(e.g., lenha, sombra para outras culturas, bem como técnicas de estocagem de sementes,
propagação, ...) de Inga spp. podem ser encontradas em Pennington & Fernandes (1998).
(Figura 16d; Figura 17h).
Inga sessilis (Vell.) Mart. (INGÁ-FERRADURA) – Esta espécie possui frutos,
geralmente, curvos, justificando o nome ‘ferradura’, além de serem amarronzados e
pilosos. A sarcotesta foi consumida durante o presente estudo. A polpa (sarcotesta) é citada
como comestível por Mattos (1978) e Lorenzi (1998), que afirma que os frutos são
apreciados.
Inga vera Willd. (INGÁ-BANANA) – Esta espécie é comumente citada sob Inga
uraguensis Hook. & Arn. (ou erroneamente I. uruguensis [SIC]) ou Inga affinis DC.
Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 291) descrevem e ilustram esta espécie, afirmando que a
polpa (sarcotesta) dos seus frutos é comestível e saborosa. A polpa foi muito consumida
durante o presente estudo. (Figura 16e; Figura 17i).
Haloragaceae
Myriophyllum aquaticum (Vell.) Verdc. (PINHEIRINHO-D’ÁGUA) – Esta espécie
também citada sob M. brasiliense Camb. e família grafada como Haloragidaceae. É muito
comum em lagos e lagoas no Sul do Brasil e na RMPA, além de bastante cultivada em
laguinhos (ponds) e fontes como ornamental. É uma hortaliça muito promissora tanto para
extrativismo em regiões onde ocorrem em abundância (ambientes não poluídos) quanto
para cultivo em lagos em consórcio com peixes e também em sistemas hidropônicos,
técnica em expansão para hortaliças convencionais. Apesar das facilidades de cultivo e da
beleza de suas microfolhas, é uma espécie totalmente negligenciada na RMPA e no Brasil
como hortaliça. Esta espécie carece de estudos bromatológicos e fitoquímicos. Kays &
Silva (1995) reportam que esta espécie é uma hortaliça comercialmente cultivada em
algumas partes do mundo e citam seus nomes populares em quatro línguas. Segundo estes
220
autores os ramos apicais jovens (shoot tips) são consumidos cozidos. Boyd (1968) analisou
as técnicas de extração da proteína foliar de M. aquaticum demostrando ser um processo
simples. Segundo análises disponíveis nesta referência, esta espécie possui em base seca:
umidade (86,3%); cinzas (12,2%); proteína crua (14,1%); lipídio cru (3,78%); celulose
(20,6%); tanino (11,9%) e energia (3,69 kcal/g). Nota-se um alto teor de taninos, o que é
facilmente perceptível ao se provar os brotos e folhas crus desta espécie. Boyd & McGinty
(1981) detectaram um percentual 9,8% de proteína crua (em base seca) em plantas
coletadas em um lago na Flórida, com 67% de digestibilidade em matéria seca.
Heliconiaceae
Heliconia velloziana Emygdio (CAETÉ-BANANA) – Esta espécie é nativa da Mata
Atlântica e possui grande potencial ornamental. Em relação aos usos alimentícios, estes
restringem-se a usos indiretos ou apenas usos menores e secundários. A base tenra (branca)
das folhas pode ser consumida, de modo similar ao palmito ou aspargo, tanto in natura (em
pequena quantidade) ou refogadas, cozidas ou transformadas em picles, destas maneiras
foram consumidas no presente estudo. Os caules jovens (“young shoots”) de H. caribaea
Lam. e H. psittacorum L. f. são citados como comestível por Kunkel (1984). As folhas das
Heliconia spp. podem ser utilizadas para envolver, embalar alimentos, como
tradicionalmente é feito com as folhas das bananeiras e de famílas próximas com folhas
grandes e largas (e.g., Marantaceae, Cannaceae e Strelitziaceae). Pérez-Arbeláez (1956, p.
525-526) cita que as folhas de Heliconia bihai L. e H. caribaea são utilizadas para
envolver alimentos durante o processo de cozer e ou de assar, dando um sabor especial.
Cita ainda que outra espécie deste gênero (H. metallica Planch. & Linden) é conhecida na
Colômbia por folha-de-sal (“hoja de sal”), sendo usada para envolver carnes e conservá-
las, acreditando-se que funcione como suplemento de sais (“nitro”). Portanto, talvez esta
espécie nativa na RMPA e também bastante cultivada como ornamental, possa ter usos
221
domésticos similares. Frisa-se que carece de estudos fitoquímicos. Kunkel (1984) cita que
H. caribaea produz rizomas ricos em amido e Côrrea & Penna (1984, v. V, p. 325) relatam
que as “raízes” (rizomas) de H. psittacorum (pacová-catinga) são comestíveis. Sendo
assim, os rizomas de H. velloziana e outras espécies brasileiras merecem serem avaliados
neste sentido. Kunkel (op. cit.) indica ainda o uso alimentício das sementes de H. caribaea
e H. brasiliensis Hook s, sem maiores detalhes. Logo, as sementes também merecem
estudos químicos gerais.
Hypoxidaceae
Hypoxis decumbens L. (TIRIRICA-DE-FLOR-AMARELA) – Este gênero em trabalhos
mais antigos pode ser encontrado na família Amaryllidaceae e ou Liliaceae s.l. Este gênero
tem sua distribuição praticamente restrita ao hemisfério Sul (Mabberley, 2000). Este autor
cita cerca de 150 espécies e segundo Nicoletti et al. (1992) são 119 espécies: 16 na
América; sete na Ásia e Austrália e 96 na África (sendo 46 na África tropical e 50 na parte
sudeste do continente). Kunkel (1984) cita seis espécies deste gênero com usos
alimentícios, todas nativas do Sudeste e Sul da África e com cormos comestíveis. Parece
um gênero promissor em relação ao potencial alimentício (hortaliça tuberosa) direto e
como fonte de substâncias para a indústria alimentícia e, especialmente desconhecido, pois
a parte de interesse é subterrânea. Estudos de coletas e caracterização de germoplasma
deste gênero no Brasil são recomendáveis. Hypoxis decumbens é uma erva comum nos
jardins, áreas cultivadas, especialmente as mais úmidas e é ocasional em áreas com
vegetação nativa mais preservada, ocorrendo desde o nível do mar até regiões de grandes
altitudes. Em solos férteis e úmidos produz cormos com dimensões consideráveis (ca. de 5
cm) no sul do Brasil. Mas, Côrrea & Penna (1984, v. VI, p. 258) citam que o “rizoma
tubuloso” pode atingir até 12,5 cm de comprimento, o que justifica trabalhos de coleta de
germoplasma em diferentes regiões. O interior destes cormos é branco e quando frescos
222
são altamente mucilaginosos. Mesmo após secos em estufas, quando re-hidratados tornam-
se mucilaginosos. Portanto, podem possuir potencial interessante para indústria alimentícia
como emulsificantes. Esta espécie foi testada no presente estudo, revelando-se altamente
promissora. Seus cormos cozidos foram consumidos em diversas oportunidades tanto em
sopas puras (só com cormos desta espécie) ou com macarrão e complementos, além de
cozidos e fritos. São tão saborosos e enxutos quanto as melhores batatas-inglesas. Foram
estudados em relação ao teor protéico e de minerais por Kinupp (2007), revelando superior
a outras tuberosas convencionais analisadas na Tabela Brasileira de Alimentos
(NEPA/UNICAMP, 2006), com destaque para o teor de proteína (8,6%), P (740 mg/100g)
e Zn (9,4 mg/100g). Seus cormos carecem estudos químicos detalhados e também de
composição centesimal e merecem serem avaliados como possível fonte de inulina.
Recomendam-se estudos farmacológicos para avaliar a possível existência de compostos
químicos com potencial atividade anticancerígena, pois segundo Hartweell (1967) H.
decumbens é usada tradicionalmente nas Índias Ocidentais no tratamento de tumores de
testículo. Diversas espécies deste gênero foram alvo de pesquisas e seus compostos
patenteados. A primeira informação científica do gênero refere-se uma provável espécie
brasileira, H. brasiliensis’, citada como planta ornamental, forrageira e produtora de
rizomas comestíveis (GUIMARÃES apud NICOLETTI et al., 1992). Provavelmente, seja
um nomen nudum e refira-se a H. decumbens. Um trabalho cuidadoso de pesquisa
nomenclatural e taxonômica precisa ser realizado. No entanto, patentes vem sendo
concedidas a produtos cosméticos, usando esta nomenclatura ilegítima (US PATENT
REFERENCES, 2007). Outras patentes com diversas propriedades medicinais de Hypoxis
têm sido concedidas desde 1969 (NICOLETTI et al., 1992). Hypoxis obtusa Burch. e H.
villosa (L. f.) Mart. são citadas como comestíveis (cormos crus) na Etiópia (ASFAW &
TADESSE, 2001). Dentre as espécies citadas por Kunkel (1984) como comestíveis
223
Nicoletti et al. (1992) afirmam que uma delas (H. obtusa) produz rizomas com até 10 cm
de diâmetro e pode pesar cerca 500g. Outra espécie com rizomas de dimensões
equivalentes tiveram o extrato etanólico dos rizomas analisado revelando-se não tóxico e
com baixa fetotoxidez e baixos efeitos teratogênicos em camundongos (DREWES &
LIEBENBERG apud NICOLETTI et al., 1992). Nicoletti et al. (1992) citam dados não
publicados de H. decumbens do Brasil como produtores de norlignanas denominadas
niasicosídeo. Estes mesmos autores citam trabalhos iniciais de propagação in vitro de
algumas espécies de Hypoxis para atender a demanda da indústria de fármacos. Trabalhos
fitotécnicos neste sentido e pesquisas agronômicas básicas de cultivo e manejo, bem como
coletas e caracterização do germoplasma de H. decumbens nas suas diferentes regiões de
ocorrência no Brasil são urgentes, pois esta planta, tratada como infestante de culturas e de
jardins, pode ser uma fonte de divisas e uma nova cultura agrícola e medicinal promissora.
(Figura 16f).
Iridaceae
Herbertia lahue ( Molina) Goldblatt (BIBI) – Esta espécie sob Alophia lahue (Molina)
Esp. Bustos é citada como tendo a parte subterrânea carnosa comestível crua ou cozida
(RAPOPORT & LADIO, 1999). No RS os bibis são tradicionalmente citados como
comestíveis. No presente estudo as ‘batatinhas’ foram consumidas cruas ou torradas.
Possuem potencial para o preparo de bebidas similares às citadas neste estudo para
Cyperus esculentus e precisam de trabalhos de tecnologia de alimentos. São saborosas e
carecem de estudos fitoquímicos e bromatológicos, pois apesar de pequenas, podem ser
fontes de compostos metabólicos com importantes funções nutracêuticas a exemplo dos
bulbos de C. esculentus. (Figura 16g).
Herbertia pulchella Sweet (BIBI) – Muito similar à anterior. Consumida das mesmas
formas neste estudo e com potenciais de usos e pesquisas idênticos. Ambas merecem
224
trabalhos agronômicos de cultivo em solos preparados e seleção de germoplasmas mais
promissores.
Cypella coelestis (Lehm.) Diels (BIBI-DO-BREJO) – Esta é uma espécie nativa com
grande potencial ornamental subutilizado, embora tenha uma bela folhagem e lindas flores.
Ressalta-se que comumente é encontrada medrando nas margens de corpos d’água e ou em
banhados (daí os nomes populares bibi-do-banhado ou bibi-do-brejo). Portanto, com
especial potencial para cultivo em solos úmidos e margens de lagos. Seus bulbos são
maiores em relação às bibis do campo, mas não foi encontrada nenhuma informação mais
detalhada sobre seu uso alimentício e não foram experimentados no presente estudo.
Apenas Kunkel (1984) aponta seu uso potencial como alimentícia. Frisa-se que algumas
espécies deste gênero, e.g., C. herbertii (Lindley) Herbert são popularmente chamadas de
batatinha-purgativa, o que sugere sua ação laxativa. Portanto, estudos fitoquímicos são
recomendáveis. (Figura 16h).
Lamiaceae
Ocimum selloi Benth. (ANIS) – É citada por Soares et al. (2004) como condimento no
chimarrão e tempero. Esta espécie também é utilizada para fins medicinais diversos
(SOARES et al., op. cit.; MARTINS, 1998). Martins (op. cit.) fez ainda a caracterização
isozimática, morfológica e análise do óleo essencial, bem como propagação por via
sexuada de dois acessos desta espécie. Segundo este autor o componente principal de um
dos acessos foi o estragol (metilchavicol) e do outro metileugenol. Paula et al. (2003)
analisaram a composição química do óleo, bem como sua toxidez e ação como repelente de
mosquitos. Estes autores reportam que os constituintes majoritários do óleo são
metilchavicol ou estragol (55,3%), trans-anetole (34,2%), cis-anetole (3,9%) e cariofileno
(2,1%) e três compostos ainda não identificados, perfazendo juntos menos de 5%. Nesta
pesquisa não foi detectada ação genotóxica e somente em doses orais muito altas foi
225
detectada baixa toxidez em ratos. Além disso, a espécie mostrou-se promissora como
repelente de mosquito, sem causar irritações cutâneas em humanos, mesmo sem diluição
do óleo volátil. Cabe ressaltar que esta é uma espécie espontânea na RMPA e outras áreas
abertas sob cultivo ou bordas de matas e estradas e com os usos múltiplos citados, possui
potencial de tornar-se uma cultura com grande importância econômica e social desde que
as pesquisas sejam continuadas e políticas públicas sejam implementadas para alavancar a
real valorização e valoração desta fonte potencial de geração de empregos e renda. No
Uruguai já há protocolos de cultivo, manejo e avaliação econômica desta espécie (INIA,
2004). Côrrea (1984, v. I, p. 63) cita que O. tweedianum Benth., nativa de SP ao RS,
também é utilizada como tempero. Folhas de O. selloi foram utilizadas como temperos
diversos no presente estudo e desde a infância, o autor e sua família consumiam
ocasionalmente o chá quente das folhas sob a forma de bebida (“gemada”). Para o preparo
da “gemada”, faz-se uma decocção das folhas (a quantidade depende do gosto e total de
água utilizada) desta espécie e a parte bate-se uma gema de ovo com açúcar cristal a gosto
(por caneca ou xícara) e seguida adiciona-se o chá quente, originando uma bebida
amarelada, espumante, altamente aromática e saborosa, especialmente para dias frios e
chuvosos. (Figura 16i).
Salvia guaranitica A. St.-Hil. ex Benth. (SÁLVIA-AZUL) - Esta espécie é, às vezes,
citada como Salvia coerulea Benth. (sinônimo). O registro da existência de raízes
tuberosas é relativa novidade para espécie, não tendo sendo sido citada na descrição da
espécie e nem nas descrições gerais apresentadas em trabalhos subseqüentes. Somente um
trabalho consultado menciona a existência de raízes tuberosas na espécie (INIA, 2004);
portanto estudos morfo-anatômicos destes órgãos são necessários. As raízes tuberosas
foram descobertas por acaso durante uma coleta de campo em Santo Ângelo (RS). Os
‘rizomas” (órgãos lenhosos onde formam as raízes tuberosas e que podem ser utilizados
226
para propagação vegetativa) deste indvíduo foram coletados e cultivados em Porto Alegre,
dando um grande rendimento de raízes em uma única cova (mais de 30 raízes e
aproximadamente 1,2 kg, em um ciclo de 10 meses). Replantios futuros foram feitos. A
espécie propaga-se facilmente pelos rizomas e também por estaquia e a germinação
espontânea próximo às plantas-mãe tamm foi observada. Frisa-se que a espécie foi
cultivada em solo fértil, úmido (brejoso durante o inverno local) e com adição de esterco.
INIA (2004) reporta que esta espécie pode ter ação sedativa e hipnótica devido à presença
de cirsiliol. Nenhuma informação fitoquímica adicional foi encontrada sobre esta espécie.
Recomenda-se estudos químicos, toxicológicos e bromatológicos especialmente das raízes
tuberosas e das flores. As folhas e sementes merecem análises também, pois podem ter
potencial condimentar e ou farmacológico. As raízes foram analisadas por Kinupp (2007)
em relação sua composição mineral. Esta espécie foi selecionada e fornecida para um
estudo de conclusão de curso no ICTA/UFRGS, visando quantificar o teor de inulina
existente nas suas raízes tuberosas. O teor de inulina detectado foi muito reduzido em
relação às 11 espécies analisadas – 0,22 g.L
1
(MAGALHÃES, 2006). As raízes foram
consumidas cruas pelo autor (são suculentas, mas duras e adstringentes, oxidando-se
rapidamente quando cortadas), mas cozidas são mais paláteis. As flores foram consumidas
pelo autor e outros diretamente ou utilizadas para decorar saladas. São altamente azuis e
merece estudos dos seus pigmentos antocianínicos. Há outras Lamiaceae com raízes
tuberosas comestíveis, e.g., Plectranthus esculentus N.E. Br. (WYK, 2005), Stachys
sieboldii Miq. (KUNKEL, 1984) e algumas espécies de Salvia. Kunkel (1984) cita duas
espécies africanas que são consumidas cozidas e utilizadas para alimentação de bebês
(Salvia aurita Thunb. e S. scabra L. f.) que subsidiaram estas experimentações. No
entanto, frisa-se a necessidade de análises químicas para corroborar ou não os usos
rotineiros deste recurso. São encorajados também trabalhos fitotécnicos de cultivo e
227
produtividade, bem como coleta, caracterização e conservação do germoplasma desta
desconhecida e potencial nova tuberosa do gênero Salvia. É uma espécie altamente
ornamental. No Uruguai já há protocolos de cultivo, manejo e extração de óleo essencial da
parte aérea (INIA, 2004). Dados disponíveis até então revelam baixo potencial como
produtora de óleo essencial (INIA, op. cit.). Nesta referência (p. 165) estão disponíveis os
compostos aromáticos extraídos da parte aérea. (Figura 16j-l).
Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke (TARUMÃ) – Os frutos desta espécie quando
colhidos do pé e, imediatamente ingeridos, mesmo estando com uma coloração
avermelhada a vinácea, apresentam um sabor não muito agradável, com um leve amargor.
Já quando apanhados caídos sobre planta-mãe ou, preferencialmente, colhidos “de vez” ou
“inchados” e deixados amadurecer, tornam-se muito doces, macios e com uma coloração
roxo-púrpura a atropurpúreos. Portanto, sua polpa merece estudo em relação ao teor de
antocianinas e outros flavonóides de interesse nutracêutico. Os frutos de V. megapotamica
são totalmente climatéricos, completando a maturação rapidamente depois de colhidos se
mantidos à temperatura ambiente, mesmo estando bem “inchados”, ou seja, apenas com
nuances avermelhadas na casca o amadurecimento ocorre em cerca de 24 horas. Frutos
maduros foram consumidos in natura diretamente no presente estudo e usados no preparo
de conserva. Este produto ficou bem similar à azeitona, justificando alguns dos nomes
populares desta espécie. Recomendam-se trabalhos de tecnologia de alimentos com
análises sensoriais testando diferentes salmouras e formas de preparo, utilizando frutos “de
vez” e ou imaturos também. Polpas (epicarpo e mesocarpo) dos frutos maduros foram
analisadas em relação ao teor protéico e mineral por Kinupp (2007). Para efeitos
comparativos são apresentados alguns dados, ambos em base seca, de Kinupp (op. cit.)
para a parte comestível de Vitex megapotamica versus os dados Montiel-Herrara et al.
(2004) para V. mollis Kunth (do México), respectivamente: proteína (%): 2,0 e 4,3 e
228
minerais (mg/100g): Ca - 40 e 45; Cu - 0,6 e 0,3; Fe - 1,5 e 4,0; K – 1.200 e 1.610; Na –
36,6 e 300; Zn – 1,0 e 4,4. A partir desta comparação e de outras com frutas convencionais
(NEPA/UNICAMP, 2006), Vitex megapotamica mostra-se uma boa fonte de Ca e Cu entre
as frutíferas. Os frutos V. megapotamica sob V. montevidensis Cham. (sinônimo) são
usados medicinalmente como peitoral e no tratamento de doenças venéreas (MORS, et al.,
2000) e as folhas apresentam ação hipoglicemiante, podendo ser uma fonte destes
compostos com uso no tratamento do diabetes (ZANATTA et al., 2007). As sementes
constituem a maior parte dos frutos, não há registros de seu uso na alimentação humana,
mas merecem estudos químicos, pois podem ter potencial oleaginoso, entre outros usos
potenciais a serem verificados. Côrrea & Penna (1984, v. VI, p. 207) citam que os frutos
são mucilaginosos, peitorais e comestíveis, fornecendo óleo medicinal. (Figura 16m;
Figura 17j; Figura 19a).
Malpighiaceae
Byrsonima ligustrifolia A. Juss. (MURICI) – Esta é uma espécie rara no RS e assim como
muitas outras espécies do gênero Byrsonina (e.g., B. crassifolia (L.) Kunth) possui frutos
comestíveis in natura e com potencial para preparação de sucos, geléias e sorvetes. Esta
espécie faz parte da riqueza de frutíferas do RS proposta Brack et al. (2007). Não foi
encontrado nenhum trabalho fitoquímico ou bioecológico sobre esta espécie. Recomenda-
se trabalhos de coleta e cultivo (propagação sexuada e assexuada) desta frutífera. Salienta-
se que é uma espécie com distribuição restrita no Estado, com registros até o momento em
Viamão e região (RMPA) e no Litoral Norte.
Dicella nucifera Chodat (CASTANHA-DE-CIPÓ) – Esta é uma espécie pouco conhecida
e com poucas coletas nos herbários RMPA. No entanto, durante o presente estudo a
espécie foi coletada em diferentes regiões do RS (Bento Gonçalves, Nova Prata, Taquara e
Vacaria) e suas amostras foram depositadas no Herbário ICN. É citada como produtora de
229
castanhas comestíveis (HOEHNE, 1946; RAGONESE & MARTÍNEZ-CROVETTO,
1947; MARTÍNEZ-CROVETTO, 1968; MATTOS, 1978; SILVEIRA, 1985). Lorenzi et
al. (2006) descreve sucintamente e ilustra a espécie. No presente estudo a espécie foi
fartamente consumida – amêndoas cruas ou torradas. Estas amêndoas apresentam grande
potencial para produção de doces (paçoca, pé-de-moleque) e sorvetes (assim como é
produzido sorvetes com amêndoas, nozes, castanha-do-pará e amendoim, entre outras
castanhas). As amêndoas também podem ser fonte de óleos alimentícios e ou ter outras
finalidades. Estudos fitoquímicos e bromatológicos são urgentes. É um gênero carente de
informações bioecológicas. No presente estudo foi observado que mesmo plantas jovens
possuem “raízes tuberosas” lenhosas ou “batatas” subterrâneas. Em plantas adultas de
Nova Prata foram coletadas batatas lenhosas com aproximademente oito quilogramas (8
kg). Provavelmente é o primeiro registro deste órgão subterrâneo desenvolvido, para esta
espécie e ou mesmo para o gênero, pois na sua revisão nenhuma consideração sobre esta
característica é feita (CHASE, 1981). Estes órgãos lenhosos merecem análises morfo-
anatômicas e químicas, pois podem ser fontes de compostos com interesse farmacêutico,
assim como outras estruturas lenhosas da família utilizadas na medicina popular, e.g., o nó-
de-cachorro - Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (MORS et al., 2000). Dicella nucifera
na natureza produz uma boa quantidade de frutos, os quais são providos de tricomas que
em contato com o corpo causam coceira. Portanto, cautela é recomendável no momento da
colheita, especialmente se esta for feita com uso de vara, pois com o impacto, os tricomas
soltam-se e espalham-se no ar. No manuseio não ocorrem incômodos ou irritações.
Todavia, Martínez-Crovetto (1968) cita que os Guaranis assavam estas castanhas com
casca e somente depois descascavam-nas. Esta forma de consumo é factível com o uso de
brasa ou borralha. Para o consumo doméstico, recomenda-se abrir-se a castanha ao meio
com uma faca, retirando as amêndoas inteiras. É uma espécie promissora para cultivo; a
230
germinação é alta e muito rápida. Os frutos colhidos maduros devem ser mantidos dentro
de sacos plásticos semifechados, geralmente, emitem a radícula em no máximo uma
semana e podem ser “semeados” em sacos plásticos com solo já pré-germinados. O
crescimento inicial é rápido devido às reservas das amêndoas. Mas, o crescimento a campo
parece lento, ao menos no plantio experimental do presente trabalho. Frisa-se que este
plantio foi feito a pleno sol e não pareceu adequado, recomendando-se plantios sob luz
indireta ou difusa. Em ambientes inicialmente sombreados, talvez o crescimento seja mais
rápido. Trabalhos agronômicos neste sentido são importantes. Dados preliminares sugerem
que a propagação por estacas não é muito promissora, houve formação de calos, mas não
de raízes adventícias com uso de 0, 1.000 e 2.000 ppm de AIB (LISBÔA et al., 2005). No
entanto, novos estudos são necessários. A propagação a partir da coleta de mudas e ou
ramos enraizados de populações silvestres mostrou-se eficiente. Frisa-se que no Norte do
Paraná (Londrina, Rolândia, Arapongas, ...) e também na região de Foz do Iguaçu (PR)
esta espécie é muito abundante nos escassos fragmentos de floresta e mesmo nos barrancos
e nas beiras de estradas e rodovias, infelizmente totalmente negligenciadas em meios às
grandes extensões de monocultivos de soja. (Figura 18a-b; Figura 19b-e).
Malvaceae
Abutilon megapotamicum (Spreng.) A. St.-Hil. & Naudin (BENÇÃO-DE-DEUS) – Flores
de Abutilon spp. foram usadas no passado como alimento pelos Guaranis (BERTONI apud
KELLER, 2001). No entanto, Keller (op. cit.) afirma que os Guaranis entrevistados,
recentemente desconhecem suas virtudes alimentícias. Esta espécie é mundialmente
cultivada como ornamental, mas como o epíteto específico sugere (mega = grande;
potamicum = rio, ou seja, alude ao Rio Grande do Sul) é nativa. Suas flores podem ser
consumidas diretamente ou utilizadas em saladas diversas ou cozidas sobre o arroz, ou
231
curtidas na cachaça. As flores carecem de estudos fitoquímicos e bromatológicos. (Figura
18c).
Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna (PAINEIRA) – Esta espécie é comumente
encontrada na literatura sob o basônimo Chorisia speciosa A. St.-Hil. e circunscrita na
família Bombacaceae. Beleski-Carneiro et al. (2002) reportam que as cascas das sementes
em contato com água formam um hidrogel composto por ramnose, galactose e ácido
urônico. Segundo Petrocini et al. apud Beleski-Carneiro (1999) suas sementes contêm alto
teor de proteína e fornece até 22% de óleo, predominantemente insaturado. Beleski-
Carneiro (1996) também relatam a ocorrência de complexos de polissacarídeos ácidos nas
sementes. Beleski-Carneiro et al. (1996) citam que as sementes desengorduradas fornecem
cerca de 40% de proteína. Di Fabio et al. (1982) citam que o tronco quando sofre injúria
mecânica exsuda goma polissacarídica. Beleski-Carneiro (1999) quantificaram que o
pericarpo corresponde a 71% do total dos frutos; paina (15%) e sementes (14%) e relatam
que os frutos maduros (mesocarpo), antes da deiscência, quando lesados (já removidos da
planta-mãe, cortados e mantidos em solução aquosa) secretam um exsudato que contém
ramnose, arabinose, xilose, manose, glicose, galactose e ácido glicurônico. Estes autores
sugererem que este exsudato atue na defesa natural na espécie, mas também enfatizam o
potencial econômico das gomas na indústria alimentícia. Sabidamente as gomas são usadas
indústria alimentícia como aditivos importantes para fornecer a consistência e textura de
alimentos industrializados, e.g., a goma arábica e a goma Guar. As gomas são usadas, por
exemplo, como espessantes e aditivos não calóricos em alimentos dietéticos. Pesquisas
aplicadas utilizando a goma da paineira precisam ser realizadas, assim como trabalhos para
o aproveitamento do óleo de suas sementes, seja para finalidades alimentícias (aromático,
agradável e com boas aplicações na culinária), cosméticas ou farmacológicas.
232
As folhas bem jovens, do ápice dos ramos, são citadas como sendo utilizadas como
hortaliça no interior de Minas Gerais (BOTREL et al., 2006). Os usuários das folhas
relatam a semelhança com o quiabo devido à baba ou mucilagem. Esta mucilagem foi
estudada fitoquimicamente por Luffrano & Caffini (1981) em quatro espécies de Chorisia.
Estes autores ressaltam a importância quimiotaxonômica da mesma. As folhas jovens são
saborosas e no presente estudo foram consumidas refogadas (tornando-se bem
mucilaginosas), cozidas, ensopadas, em bolinhos fritos (tempurah) e trituradas no
liquidificador (também folhas mais maduras) para preparo de pães e bolos. Folhas jovens
(tenras, verde-claro ou ainda avermelhadas) cruas também foram, ocasionalmente,
consumidas durante caminhadas de campo. Estas folhas jovens avermelhadas podem ainda
atuar como alimentos funcionais pela presença das antocianinas. No Brasil, poucas são as
hortaliças folhosas arbóreas. Na África, hortaliças folhosas arbóreas são mais comuns,
contemplando diferentes famílias, inclusive um parente da paineira, o baobá ou baobab
(Adansonia digitata L.), que tem suas folhas até comercializadas. Ceiba speciosa é uma
espécie de múltiplos usos alimentícios (hortaliça perene, oleaginosa e gomífera), além
fonte de fibras (painas) têxteis e artesanais e madeira. Em relação aos usos alimentícios a
espécie carece de estudos bromatológicos e tecnológicos. As folhas foram analisadas em
relação conteúdo mineral e proteína (KINUPP, 2007). As flores merecem ser avaliadas
quimicamente e testadas, pois espécies próximas têm flores e botões florais comestíveis,
e.g., Bombax ceiba L. (FELIPPE, 2003 e KUNKEL, 1984). Cita-se que as flores de C.
speciosa (chá) são utilizadas para tratar coqueluche (calmante para tosse) segundo
levantamento etnobotânico de Marquesini (1995). (Figura 18d; Figura 19f).
Gaya pilosa K. Schum. (GUANXUMA) – Espécie geralmente ruderal de importância
alimentícia secundária, cujas pequenas flores amarelas são comestíveis, tendo sido
233
constantemente consumidas in natura, em trabalhos de campo durante o presente estudo.
Nenhuma informação adicional foi encontrada.
Guazuma ulmifolia Lam. (MUTAMBA) – Segundo Pérez-Arbeláez (1956, p. 718-719), é
uma espécie de ampla distribuição pela América Tropical, o que pode ser visto pela
diversidade de nomes populares (Tabela 1). Este autor cita a produção de goma
(mucilagem) comestível a partir da casca cortada de molho na água, frisando que é
cristalina. Menciona ainda o uso desta mucilagem fazer a barba. As mulheres a utilizam
como creme de cabelo (para pentear), sendo inclusive utilizada na indústria para produzir
cosméticos (“gomina”). O uso da casca na garapa (caldo de cana) de Guazuma tomentosa
Kunth (uma espécie muita próxima), clareia a rapadura segundo Pott & Pott (1994).
Alguns autores consideram esta espécie como sinônimo de G. ulmifolia. Esta mesma
aplicação tem a casca G. ulmifolia na Costa Rica para o clareamento do açúcar mascavo,
relato oral de um técnico de Centro Ecológico de Dom Pedro de Alcântara – RS que lá
esteve. Lorenzi & Matos (2002) relatam este uso também na região canavieira do Ceará.
Segundo estes autores, pedaços do caule desta espécie são fervidos e o extrato
mucilaginoso obtido é utilizado como agente clarificante do caldo de cana durante a
fervura no fabrico caseiro de rapadura. Esta mucilagem e sua ação clarificadora carecem de
estudos fitoquímicos específicos para explicar seu mecanismo de ação e este potencial
precisa considerado pelo setor de engenharia e tecnologia de alimentos, pois pode ter
aplicações úteis na indústria alimentícia em geral. Segundo Pérez-Arbeláez (op. cit.), os
frutos secos (na realidade somente as sementes são comestíveis, pois os frutos são
lenhosos), quando mascados têm sabor de carne assada, daí nome popular chicharrón (=
torresmo) em El Salvador. Logo, as sementes moídas podem ser um condimento,
aromatizante para carnes e outros pratos com grande potencial. As sementes foram
consumidas cruas no presente estudo, tornando-se ligeiramente mucilaginosas durante a
234
mastigação. Também foram consumidas cozidas (liberando muita mucilagem), torradas
(agradáveis) e, principalmente, sob a forma de picolé industrializado adquiridos (Fruta do
Cerrado®, Goiânia, GO). É uma espécie pouco conhecida no RS, mas é bastante freqüente
e até abundante em algumas localidades (e.g., bases do Morro do Itacolomi – Gravataí
(vide coletas no Herbário ICN); Estância Velha; Igrejinha; Três Coroas; Taquara; Campo
Bom, entre outros munícipois da RMPA e ou vizinhos). Esta espécie carece de trabalhos
fitotécnicos de propagação, cultivo (especialmente em sistemas agrosilvopastoris) e
análises bromatológicas das sementes e mucilagem. (Figura 18e; Figura 19g-i).
Hibiscus diversifolius Jacq. (HIBISCO-DO-BANHADO) – Esta espécie é fortemente
relacionada a H. sabdariffa L. (vinagreira, rosela ou greselha), inclusive também possui os
calículos, cálices carnosos e as folhas com sabor acidulado. Cita-se que estes órgãos são
pilosas. Kunkel (1984) cita que as flores são consumidas cozidas com outros alimentos.
Facciola (1998) cita as folhas jovens são consumidas cozidas (hortaliça). No presente
estudo, as flores foram consumidas diretamente in natura e em saladas mistas, bem como
cozidas sobre arroz e curtidas na cachaça (corante). As folhas, apesar de fortemente pilosas
(não sendo, portanto muito recomendáveis) foram cozidas e consumidas ensopadas e
também finamente picadas (folhas bem jovens e cruas) e utilizadas para fazer bolinhos. O
sabor é agradável (acidulado, como da vinagreira). As flores inteiras (pétalas e porção
reprodutiva) foram secas e analisadas em relação ao teor protéico e mineral, destando-se
em alguns minerais (KINUPP, 2007). Esta espécie ainda apresenta potencial como
fornecedora de fibra têxtil (WILSON, 1967), sem mencionar o grande potencial ainda
subutilizado. Progaga-se muito facilmente por estaquias, enraizando-se em poucos dias
quando mantidas dentro d’água e também quando plantadas diretamente a campo,
especialmente em solos brejosos. Espécie cultivada no Jardim Botânico de Porto Alegre e
alvo de pesquisas com fins ornamentais. Carece de análises fitoquímicas e bromatológicas
235
tanto das flores quanto das folhas. Estas mesmas análises são recomendáveis para as
sementes, apesar de poucas sementes terem sido encontradas nas populações espontâneas
na RMPA e RS. (Figura 18f).
Hibiscus striatus Cav. (PAPOULA-DO-BREJO) – As flores são comestíveis e foram
consumidas no presente estudo. São flores grandes, macias e muito interessantes para
decoração de saladas e para sobremesas. As sementes são abundantes e merecem estudos
fitoquímicos e bromatológicos, especialmente para avaliar os teores e tipos de óleo.
Progaga-se muito facilmente por estaquias, enraizando-se em poucos dias quando mantidas
dentro d’água. Espécie cultivada no Jardim Botânico de Porto Alegre e alvo de pesquisas
com fins ornamentais. A situação taxonômica do grupo não é clara. Irgang & Gastal Jr.
(1996) citam sob Hibiscus cf. cisplatinus A. St.-Hil., mas ressalvam que provavelmente
exista mais de uma espécie com flores róseas. Pott & Pott (2000) citam que H. cisplatinus
e H. striatus ssp. lambertianus Blanch. ex Proct. são sinônimos de H. striatus,
nomenclatura aqui seguida. Mas, frisa-se que a fotografia apresentada nesta referência (p.
199) é significativamente distinta da figura disponível no presente estudo. Estes autores
citam que na espécie do Pantanal o estigma é branco. Nos exemplares observados no RS o
estigma é intensamente vermelho e estilete ou coluna estaminal é que é branco, além das
variações das folhas. (Figura 18g).
Hibiscus selloi Gürke (HIBISCO) – Espécie muito similar a anterior. Especialmente as
flores merecem avaliações sensoriais e fitoquímicas, mas provavelmente também as folhas
jovens e as sementes.
Pavonia communis A. St.-Hil. (ARRANCA-ESTREPE) – É uma espécie com potencial
ornamental e que carece estudos básicos e aplicados. Suas flores podem ser consumidas
diretamente ou em saladas cruas, mas é de importância secundária. Pelo nome deve ter
alguma aplicação medicinal para facilitar a expulsão de farpas e estrepes.
236
Sida rhombifolia L. (GUANXUMA) – Citada por GHEDINI et al. (2002) como usada
(folhas) para ‘dar sabor’ (gosto ao chimarrão). Esta espécie é usada como hortaliça em
algumas regiões da África do Sul, inclusive ocasionalmente sendo desidratada e
armazenada (SHACKLETON et al., 1998). Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 579) também
relatam que as folhas novas são excelente forragem para cavalos, ovelhas e porcos e que
em algumas regiões são consumidas cozidas pelas pessoas e utilizadas como sucedâneas do
chá da Índia (chá-verde), daí os nomes chá-inglês (Brasil), faux-thé (Ilhas Maurício) e erva
do chá (Portugal). Estes autores citam também que no passado foi usada para adulterar a
erva-mate, prejudicando sua qualidade. Esta espécie é citada como de uso alimentício em
Coatepec (México) e sua fitomassa disponível (parte de interesse alimentício) foi
quantificada em áreas antrópicas por Díaz-Betancourt et al. (1999).
Sida spinosa L. (GUANXUMA) – Espécie com usos similares a S. rhombifolia, mas de
importância secundária. Esta espécie é citada como de uso alimentício em Coatepec
(México) e sua fitomassa disponível (parte de interesse alimentício) foi quantificada em
áreas antrópicas por Díaz-Betancourt et al. (1999).
Marantaceae
Maranta divaricata Roscoe (ARARUTA-DO-MATO) – Esta espécie é um parente
silvestre do cultígeno Maranta arundinacea L. e, portanto é merecedora de atenção, pois
pode ser importante para fornecimento de genes de interesse em programas de
melhoramento. Classicamente é determinada como M. arundinacea na maioria da literatura
botânica mais antiga do RS. Sob o nome M. divaricata é somente citada como
potencialmente alimentícia por Martínez-Crovetto (1968, p. 12), o qual frisa que os
informantes guaranis de Misiones por ele entrevistados afirmam de não consomem os
rizomas desta espécie, etnicamente denominada pewa’ó (nome guarani usado também para
Canna spp., segundo este autor). No entanto, Martínez-Crovetto (op. cit.) indica que este
237
recurso é utilizado como fontes de carboidratos por outros povos. No presente estudo,
foram arrancados alguns pés de populações espontâneas, especialmente no Morro Santana,
Campus da UFRGS (Porto Alegre) que não possuíam nenhum rizoma carnoso
desenvolvido. No entanto, alguns indivíduos colhidos em terrenos baldios no Jardim do
Salso (área urbana de Porto Alegre) e Taquara apresentaram rizomas, apesar de finos.
Acessos promissores desta espécie precisam ser mais bem avaliados agronomicamente. Os
rizomas foram consumidos da maneira descrita para C. glauca. Nenhuma informação
adicional foi encontrada. (Figura 18h; (Figura 19j).
Thalia geniculata L. (AGUAPÉ-GIGANTE) – Descrição e demais formas de uso podem
ser encontradas em Côrrea (1984, v I, p. 182), sob o nome popular arumarana. Este autor
cita que esta espécie fornece rizomas comestíveis assados, sendo também possível extração
de fécula alimentar e analéptica similar ao polvilho da araruta. Afirma ainda que as folhas
jovens depois de cozidas podem ser consumidas como hortaliça, todavia, salienta-se aqui
que devem ser algo fibrosas. Segundo Côrrea (op. cit.), as folhas em geral aceitas como
forrageiras por cavalos, os quais também aceitam os resíduos da extração da fécula.
Kissmann (1997) cita que os rizomas cozidos adquirem internamente uma coloração coral
e são comestíveis, mas o gosto não é agradável. Esta observação da coloração alaranjada
ou cor de abóbora é interessante, pois sugere a presença de carotenóides que podem ter
funções nutracêuticas. Infelizmente, não foi experimentada no presente estudo. Esta
espécie também é altamente ornamental. No Brasil ocorre da Amazônia ao Rio Grande do
Sul, onde é freqüente nas margens do lago Guaíba e no Delta do Jacuí. No entanto, é mais
abundante em regiões mais ao norte, em especial no Pantanal (MS e MT). Grandes
populações existem na várzea do rio Paraná, próximo a ponte de Guaíra (PR) e nas
margens dos principais de corpos de água do Mato Grosso do Sul a Rondônia. Os seus
rizomas e amido carecem de estudos fitoquímicos e bromatológicos. É uma espécie
238
amilácea que necessita de estudos agronômicos para melhor caracterização do
germoplasma existente nas diferentes regiões de ocorrência.
Martyniaceae
Ibicella lutea (Lindl.) van Eselt. (CHIFRE-DO-DIABO) – Esta espécie também pode ser
encontrada circunscrita na família Pedaliaceae. É uma planta herbácea anual e glandulosa,
vegetativamente, muito similar aboboreira pela semelhança das folhas. No entanto, possui
um cheiro peculiar e toda a planta é viscosa, além possuir flores e frutos totalmente
distintos das Cucurbitaceae. Nativa também na Argentina e Uruguai. No Brasil ocorre de
Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, em áreas abertas e em restingas e comumente possui
comportamento ruderal, ocorrendo em pastagens, terrenos baldios e no meio de plantações.
Por este comportamento, tornou-se naturalizada em outros países (e.g., Califórnia – EUA;
Austrália e África do Sul), além de ser cultivada como ornamental em diversos países. No
entanto, não é muito abundante no RS, sendo até considerada rara. Há observações
recentes de populações em Barra do Ribeiro, Palmares do Sul e no presente estudo foi
coletada em Gravataí em uma área cultivada. Pela produção desta substância viscosa capaz
de prender pequenos insetos (e.g., pernilongos) é considerada por alguns autores uma
planta carnívora (e.g., Mabberley, 2000). Outros consideram-na uma espécie ‘quase
carnívora’ (CERDEIRAS et al., 2000). No entanto, parece que entre os especialistas em
plantas carnívoras, o gênero Ibicella foi efetivamente confirmado como tal, pois é capaz de
apreender, digerir e aproveitar os nutrientes de suas presas. No Brasil, suas sementes são
consideradas emolientes, sendo usadas, popularmente, para remover a opacidade das
córneas (MORS et al., 2000). No Uruguai sua infusão (folhas) é considerada emoliente,
resolutiva e antimicrobiana, sendo usada como anti-séptica para tratar os olhos e infecções
cutâneas (ALONSO PAZ et al., 1995). Estes autores detectaram atividades sobre alguns
microorganismos, especialmente Escherichia coli. Cerdeiras et al. (2000) testaram vários
239
tipos extratos da parte aérea (provavelmente vegetativa, ou seja, sem frutos) de I. lutea e os
resultados antibacterianos mais promissores foram obtidos de extratos clorofórmicos. Os
frutos imaturos (verdes), bem jovens são consumidos como sucedâneos do quiabo (REITZ,
1984a). No presente estudo, foram consumidos desta forma (refogados), mas são altamente
amargos. Recomenda-se o consumo dos frutos cozidos, eliminando-se a água da fervura.
Reitz (op. cit.) e Côrrea (1984, v. II, p. 229-230) citam também o consumo sob a forma de
conservas em vinagre. Côrrea (op. cit.) cita o cultivo para fins alimentícios na Europa e,
em maior escala, nos EUA. Ragonene & Martínez-Crovetto (1947) tamm citam esta
forma de uso e frisam que, ocasionalmente, eram até encontradas conservas em alguns
mercados de Buenos Aires. Esta parece a forma mais interessante de consumo, mas os
frutos precisam ser colhidos bem jovens. É preciso ainda testar a melhor forma de preparo
das conservas (picles). A fabricação de conservas é uma forma de agregar valor ao produto
para comercialização, bem como evitar que os frutos passem do ponto de colheita,
tornando-se lignificados. Análises do teor protéico e mineral dos frutos jovens foram
realizadas por Kinupp (2007). Contudo, estudos fitoquímicos e bromatológicos completos
dos frutos imaturos são recomendáveis. Ibicella lutea é uma hortaliça de frutos promissora
para cultivo na região Sul do Brasil. Para isso são importantes estudos sobre germinação,
viabilidade das sementes e suas formas de armazenamento e avaliação de produtividade.
Dado a forte e crescente destruição ambiental, programas de coleta, caracterização e
conservação do germoplasma desta espécie, atrelado a políticas de incentivo ao cultivo e
aproveitamento econômico desta hortaliça são urgentes, para evitar perdas maiores deste
importante recurso natural subutilizado. Quando cultivada próxima a residências, seja
como ornamental e ou para fins alimentícios, pode ter um papel significativo na redução
das populações de pernilongos e de pequenas moscas, inclusive este é um bom tema de
pesquisa. (Figura 18i; Figura 21a).
240
Melastomataceae
Clidemia hirta (L.) D. Don (PIXIRICA) – Segundo Funch et al. (2004) na região da
Chapada Diamantina é chamada de meleca-de-cachorro e seus frutos adocicados são
comestíveis, deixando a língua azulada. Esta coloração é devido às antocianinas,
compostos com importante ação antioxidante muito estudados e recomendados atualmente
para uma alimentação saudável. Côrrea & Penna (1984, v. V, p. 516) afirmam que os
frutos são tidos como antiescorbúticos, portanto ricos em vitamina C. Estes autores citam
que C. hirta ocorre no Brasil inteiro. Entretanto, a ocorrência desta espécie como nativa da
RMPA é duvidosa, mas há citações de Rambo (1954) e Luis (1960) e, portanto, mesma foi
considerada aqui, pois é uma pequena fruta promissora, especialmente pelos compostos
nutracêuticos que precisam ser mais bem estudados. Além disso, é muito afim a Leandra
australis discutida a seguir. Ao menos nas folhas desta espécie não foi detectada a
presença de glicosídeos cianogênicos (MICHELANGELI & RODRIGUEZ, 2005).
Leandra australis (Cham.) Cogn. (PIXIRICA) – Da mesma forma que em Clidemia hirta
nas folhas de diversas espécies amazônicas do gênero Leandra, não foi detectada a
presença de glicosídeos cianogênicos (MICHELANGELI & RODRIGUEZ, 2005). Seus
frutos maduros são fontes potenciais de antocianinas negligenciados pela fruticultura
nacional e, portanto, pela nutrição. Os frutos maduros são adocicados e muito saborosos.
Apesar dos brandos tricomas presentes no epicarpo são consumidos in natura,
especialmente, pelas crianças que os conhecem, deixando a língua totalmente azulada ou
arroxeada. Em algumas capoeiras há grandes populações homogêneas onde o extravismo é
possível para aproveitamento local. Mas, é uma pequena fruta que merece projetos
experimentais de cultivo, especialmente no sub-bosque de outras culturas de importância
econômica maior, e.g., em bananais, outros pomares e em sistemas agroflorestais. Bem
como plantios experimentais em canteiros em áreas abertas. Os frutos podem ser também
241
usados para o fabrico de geléias, sucos, sorvetes, licores e, especialmente polpa congelada,
ou melhor, os frutos limpos são congelados inteiros em pequenos potes, como já vem
sendo feito com outras pequenas frutas (e.g., fisális, mirtilo, amora-preta, morango,
framboesa). Carecem de análises fitoquímicas e bromatológicas, especialmente em relação
às vitaminas e pigmentos. São necessários também experimentos de propagação sexuada e
assexuada. (Figura 18j; Figura 21b).
Meliaceae
Cedrela fissilis Vell. (CEDRO) – Esta é uma espécie de grande importância madeireira. É
aqui apresentada e proposta mais como uma curiosidade. Segundo Martínez-Crovetto
(1968, p. 21), os Guaranis de Misiones (Argentina), sob o nome îgarî, utilizam (ou
utilizavam) suas folhas esmagadas (e água) para preparar bebidas refrescantes, além de
adicioná-las ao mate. Algumas plantas desta espécie exalam um ligeiro cheiro de alho de
suas folhas frescas esmagadas, sendo inclusive uma característica para facilitar a
identificação a campo, talvez estes compostos dêem um sabor e ou aroma agradáveis, ao
menos, ao paladar daquela população. A madeira e casca são citadas por Mors et al. (2000)
como tendo usos medicinais diversos. Nesta obra são referenciados trabalhos que
detectaram compostos triterpênicos (fissinolídios = fissinolide) nesta espécie. Portanto, é
possível que a bebida feita com as folhas do cedro, tenha um potencial medicinal e ou
preventivo, profilático, logo extratos das folhas desta espécie merecem estudos
farmacológicos. Curiosamente também a decocção das folhas desta espécie é utilizada para
tratar de gagueira (MARQUESINI, 1995).
Menispermaceae
Hyperbaena domingensis (DC.) Benth. (UVA-DO-MATO) – Esta é uma espécie que
necessita de trabalhos de campo intensivos e imediatos para localização de matrizes,
acompanhamento da fenologia e interações bioecológicas. É uma espécie tida como rara no
242
RS e com poucas coletas nos herbários da RMPA. É uma trepadeira lenhosa somente
citada como frutífera por Mattos (1978) em toda a ampla literatura referenciada neste
estudo. Nenhuma informação adicional foi encontrada em nenhum dos banco de dados
consultados. Inclusive Kunkel (1984) cita que 20 gêneros da família Menispermaceae
possuem espécies com usos alimentícios e Hyperbaena não está contemplado. No entanto,
Kunkel (op. cit.) cita Cocculus filipendula Mart. como sendo uma espécie brasileira com
frutos comestíveis. Frisa-se que o basônimo da espécie aqui discutida é Cocculus
domingensis DC. Também sobre este sinônimo nada foi encontrado. Segundo Mabberley
(2000) o gênero Hyperbaena é composto por 19 espécies distribuídas nas regiões
temperadas, portanto outras podem ter potencial como frutíferas. Mattos (op. cit.) cita esta
espécie sob o nome popular uva-de-gentio e a descreve com uma liana das matas higrófilas
que se se denvolve bem, principalmente nas encostas. Relata que seus frutos são
obovóides, alcançando até 2,0 cm comprimento e quando maduros são atropurpúreos e
saborosos. A exsicata que ilustra o presente trabalho foi coleta em Guaíba por Nelson I.
Matzenbacher (ICN) e o indivíduo jovem cultivado é da coleção científica do Jardim
Botânico de Porto Alegre. Segundo Ari D. Nilson (com. pess.), funcionário desta
instituição, é um acesso propagado por semente proveniente de Dois Irmãos (RMPA), onde
ele conhece um indivíduo (ou população). Ele também afirma que os frutos maduros são
muito saborosos. (Figura 18l-m).
Menyanthaceae
Nymphoides indica (L.) Kuntze (SOLDANELA-D'ÁGUA) – Esta é uma espécie
classificada como inço ou invasora de lagos, lagoas e plantios de arroz irrigado. É uma
espécie cosmopolita. As folhas jovens cozidas foram experimentadas no presente estudo
como hortaliça. São agradáveis. Facciola (1998) cita que as folhas jovens, caules
243
(rizomas), botões florais e frutos são comestíveis cozidos ou usados no caril (“used in
curries”). Todas as porções carecem de estudos fitoquímicos e bromatológicos.
244
Figura 16. a) Senna occidentalis – ramo com flores e frutos imaturos; b) Erythrina falcata – ramo florido; c)
Vigna luteola – botões florais, flores, frutos (vagens) imaturos verdes e maduros (secos) com
sementes marrom-claro; d) Inga marginata – ramo densamente florido; e) I. vera – ramo com
frutos maduros; f) Hypoxis decumbens – evidenciando flores amarelas, frutos maduros
deiscentes (sementes pretas) e cormo desenvolvido; g) Herbertia lahue – flores e bulbo; h)
Cypella coelestis - florida; i) Ocimum selloi -florido; j, l) Salvia guaranitica – flores e raízes
tuberosas; m) Vitex megapotamica – frutos inchados.
245
Figura 17. a) Garcinia gardneriana – frutos maduros; b) Merremia dissecta – flores; c)
Pteridium aquilinum – indivíduos jovens; d, e) Dioscorea dodecaneura
tubérculos (rizóforos); f) Diospyros inconstans – frutos maduros; g)
Gaylussacia brasiliensis – frutos maduros e ‘de vez’; h) Inga marginata
frutos maduros; i) I. vera – frutos maduros; j) Vitex megapotamica – frutos ‘de
vez’ ou inchados. (escala azul em cm)
246
Figura 18. a, b) Dicella nucifera – flores e frutos maduros, respectivamente; c) Abutilon megapotamicum
flores, cultivado; d) Ceiba speciosa – árvore com frutos maduros, deiscentes (paina branca); e)
Guazuma ulmifolia – ramo com flores e frutos imaturos verdes; f) Hibiscus diversifolius
botões e flores; g) H. striatus – botões, flores e frutos imaturos; h) Maranta divaricata – flores e
frutos; i) Ibicella lutea – flores e frutos imaturos; j) Leandra australis – ramo com flores, frutos
imaturos e maduros; l, m) Hyperbaena domingensis – indivíduo jovem sob cultivo e exsicata
(ICN) com frutos maduros.
247
Figura 19. a) Vitex megapotamica – frutos maduros; b, c, d, e) Dicella nucifera – frutos com sementes
germinadas, detalhe dos frutos e das amêndoas e raiz tuberosa lenhosa (8 kg); f) Ceiba speciosa
– folhas jovens no estádio ideal para consumo como verdura; g, h, i) Guazuma ulmifolia
frutos maduros evidenciando as sementes, detalhe das sementes maduras e picolé
industrializado (Fruta do Cerrado®) elaborado a partir de suas sementes; j) Maranta divaricata
– rizomas jovens. (escala azul em cm)
248
Molluginaceae
Mollugo verticillata L. (MOLUGO) – É uma pequena erva, com folhas estreitas,
considerada inço ou daninha em áreas cultivadas. Suas folhas e ramos jovens cozidos são
utilizados como hortaliça (KUNKEL, 1984; FACCIOLA, 1998). No presente estudo, estas
porções comestíveis foram consumidas em sopas e saladas cozidas e utilizadas para fazer
bolinhos fritos (tempurah). Crowhurst (1972) afirma que é uma hortaliça deliciosa,
recomendando cozimento por apenas cinco minutos e servir com manteiga derretida ou
adicionar a sopas nos últimos minutos de cozimento. É necessário cuidado para não
confundir a esta espécie com algumas Rubiaceae parecidas que podem ser tóxicas. Côrrea
& Penna (1984, v. V, p. 227) apresentam descrição e ilustração da espécie e afirmam que
contém saponina e um princípio aromático. Ferreira et al. (2003) analisaram toda a parte
aérea (incluindo flores e frutos) e seus resultados preliminares indicam a presença de
flavonóides e, possivelmente, de glicosídeos triterpênicos. Os autores sugerem que extratos
etanólicos de M. verticillata podem ser uma boa fonte de compostos imunomodulatórios,
podendo ter aplicação terapêutica em doenças autoimune e de hipersensibilidade.
Mabberley (2000) cita outra espécie utilizada como hortaliça, M. pentaphylla L. São
recomendáveis estudos químicos adicionais e essencialmente análises bromatológicas de
suas folhas e ramos tenros.
Moraceae
Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Miq. (FIGUEIRA-DA-PEDRA) – Os “frutos”
(infrutescências – sicônios) foram consumidos, especialmente sob a forma de geléia ou
doce (figada). Estes após serem selecionados, foram cortados ao meio e lavados para
eliminação de possíveis partes estragadas e outras impurezas. Então foram triturados em
liquidificador para elaboração dos doces. A geléia destes sicônios possui coloração, sabor,
consistência e aroma muito agradáveis e tive ótima aceitação dos consumidores que
249
provaram. Destaca-se o aroma de figo (Ficus carica L.) e crocância dos frutos (aquênios) e
sementes. Os sicônios deste indivíduo coletado e ilustrado no presente trabalho são muito
grandes em relação à espécie (ERNANI DIAZ, com. pess., 2006; CARAUTA & DIAZ,
2002). Esta espécie apresenta intensa caulifloria, mais especificamente ramifloria. Os
sicônios são produzidos ao longo dos ramos apicais, quase desprovidos de folhas
facilitando a colheita. Para colheita também é recomendável estender uma lona plástica
embaixo da árvore e sacudir os ramos. Esta lona e ou tela tipo “sombrite” também pode ser
montada sob a copa das árvores (em forma de “saia”) durante a safra, recolhendo-os
sicônios maduros que caem. Este indivíduo, do qual colheu-se os sicônios, parece possuir
características agronômicas de interesse em relação aos outros indivíduos da espécie
observados no RS e, portanto é merecedor de trabalhos de fitotecnia, especialmente
propagação sexuada e assexuada (e.g., estaquias e alporquias), clonando-o para cultivo
como frutífera. Em função das grandes dúvidas taxonômicas surgidas, este exemplar
localizado no Campus da UFRGS (Morro Santana – detalhes na etiqueta da exsicata), suas
amostras botânicas (V.F. Kinupp, 3195, ICN 146756) merecem estudos taxonômicos.
Sobral et al. (2006) excluíram esta espécie da flora riograndense, relatando que a espécie
ocorre da BA ao RJ. Entretanto, existem dezenas ou centenas de exsicatas nos principais
herbários da RMPA (ICN, HAS e PACA), com destaque para o acervo do HAS, com esta
determinação para amostras similares a espécie aqui considerada. Ressalta-se que estas
determinações podem estar equivocadas, podendo tratar-se de Ficus luschnathiana (Miq.)
Miq., espécie aceita como nativa do RS por Sobral et al. (2006). Na dúvida seguiu-se
Carauta & Diaz (2002, p. 52-54) que citam F. enormis para RS, descrevendo e ilustrando
em detalhes a espécie com características idênticas a muito exemplares observados in vivo
espontâneos e ou cultivados em Porto Alegre (e.g., no Parque Farroupilha). A descrição
apresentada por estes autores para F. enormis contempla, em grande parte, o material
250
considerado no presente estudo, no entanto o espécime aqui considerado tem ramifloria
longitudinalmente mais extensa e as dimensões dos figos são maiores. Os ostíolos
apiculados com orabrácteas vermelho-arroxeadas descritos por Carauta & Diaz (op. cit.)
também não foram vistos. Diaz (com. pess., 2006) afirmou nunca ter vistos frutos tão
desenvolvidos em F. enormis, mas confirmou a identificação aqui adotada. Talvez, seja um
registro novo ou táxon novo para o RS e ou para a Botânica. Ressalta-se esta e as demais
espécies de Ficus nativas carecem de estudos fitoquímicos, especialmente dos sicônios.
Portanto, recomendam-se análises químicas e bromatológicas dos “frutos” maduros. Os
frutos ilustrados no presente foram analisados em relação ao teor mineral e protéico
(KINUPP, 2007), mostrando-se superior em vários minerais em relação à figueira
cultivada. (Figura 20a-b; Figura 21c).
Ficus organensis Miq. (FIGUEIRA-DA-FOLHA-MIÚDA) – Esta figueira é típica da
planície costeira RS, ocorrendo nas restingas e matas paludosas. Seus sicônios são
menores, mas podem ser consumidos das formas descritas para a espécie anterior. Devido
às grandes dimensões das árvores, recomenda-se uso de “saia” (lona estendida e afixada)
sob a copa das árvores para colheita dos frutos na safra. Sobral et al. (2006) seguem a
revisão mais recente e citam esta espécie sob Ficus cestrifolia Chodat. De qualquer forma
são nomes que referem-se à mesma espécie. Aqui seguiu-se nomenclatura clássica
(CARAUTA & DIAZ, 2002). Esta espécie pertentence ao subg. Urostigma que contempla
também F. pertusa L. f. citada como comestível por Kunkel (1984) e por Carauta & Diaz
(op. cit.). Ficus pertusa foi citada para RS por estes últimos autores, mas excluída por
Sobral et al. (2006).
Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud. (TAJUVA) – Muito citada sob o sinônimo mais
usual Chlorophora tinctoria (L.) Gaudich. e outros, e.g., Morus tinctoria L. em trabalhos
muito antigos. Em especial as crianças da etnia Wichí coletam e consomem seus frutos
251
maduros (ARENAS, 2003, p. 280). Pérez-Arbeláez (1956, p. 516-517) cita que seus frutos
são comestíveis e que sua madeira, sob os nomes comerciais fustik ou fustete, é amarela, de
belo polimento e está entre as melhores madeiras do mundo. No entanto, no Brasil apesar
da ampla distribuição e da relativa abundância em algumas regiões, não é devidamente
explorada e cultivada nem como frutífera nem como madeira ou corante. No presente
estudo, os frutos maduros foram consumidos in natura. São muito doces e aromáticos, mas
facilmente amassáveis (perecíveis). Portanto, são mais indicados para produção de
derivados, e.g., sucos concentrados, polpa congelada e fabrico de licores, geléias, doces e
sorvetes. Segundo Donadio et al. (2004), propaga-se por estaquia e a germinação é baixa.
Merece estudos fitotécnicos e plantios como frutífera. Os frutos carecem de estudos
bromatológicos.
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C. Burger , Lanj. & Bôer (CINCHO) - Entre os Mbyá-
Guarani e Chiripá (ambos de Misiones) esta espécie ocupa a quinta posição em relação ao
valor de uso (KELLER, 2001). Contudo, alegando não ser significativo para o trabalho e
visando proteger os direitos tradicionais dos informantes, o autor não detalha as formas
específicas de uso, limitando o valor prático e informativo do trabalho. Os frutos maduros
desta espécie foram consumidos in natura no presente estudo. São pequenos, mas muito
saborosos e com polpa carnosa. Ressalta-se que possui epicarpo atropurpúreo, o que denota
altos teores de pigmentos, provavelmente antocianinas, portanto apresentam potencial
como alimento funcional. Também são promissores para a fabricação de licores, geléias,
cremes e sorvetes. Análises fitoquímicas e bromatológicas dos frutos são desejáveis. Esta
espécie sob Sorocea ilicifolia Miq. (sinônimo) foi citada como frutífera por Mattos (1978).
Martínez-Crovetto (1968, p. 12) cita também sob S. ilicifolia, que os frutos desta espécie
são consumidos pelos Guaranis de Misiones, mas somente cozidos.
252
Myrtaceae
Acca sellowiana (O. Berg) Burret (GOIABA-SERRANA) – Comumente é citada na
literatura, especialmente internacional, sob o sinônimo mais usual – Feijoa sellowiana (O.
Berg) O.Berg. É descrita como arbusto rústico que é cultivado na Flórida e em outros
Estados do sul dos EUA, mas curiosamente, o autor cita que é mais valorizado pela
folhagem e flores ornamentais do que pelos frutos (LEDIN, 1957). Este mesmo autor cita
que lá os frutos são consumidos frescos ou na forma de geléias. Apesar da afirmação de
que os frutos não eram tão apreciados, na naquela época, de acordo com Ledin (1957) já
haviam diferentes variedades selecionadas, tais como: Andre, Coolidge, Choice e Superba.
Este autor cita ainda que a melhor forma de propagação (agronômica) é por enxertia
(garfagem). Esta espécie é conhecida por feijoa na Itália, um nome também utilizado no
Brasil (RS e SC). Frutos desta espécie adquiridos nos mercados romanos foram analisados
em relação ao teor de fibra (frutos frescos sem casca – em base úmida) por Lintas &
Cappelloni (1992): umidade (80 g/100g); fibra dietética total (6,47 g/100g), sendo 5,39
g/100g insolúvel e 1,08 g/100g solúvel. Este teor de fibra foi o maior entre as 27
variedades de frutos carnosos analisado pot aqueles autores. Cabe destacar que a maioria
das outras são frutíferas convencionais em escala global (e.g., maçã, banana, pêra, melão,
morango,...). Curiosamente, estes autores citam apenas 31% como parte comestível, o que
não parece adequado, pois retirando a fina casca, o restante é comestível, pois a sementes
são inconspícuas. Apesar do consumo usual do fruto inteiro (com casca) no RS,
recomenda-se o consumo dos frutos descascados (mesmo que as cascas sejam consumidas
a parte, diretamente ou em licores ou doces, por exemplo), pois a casca é adstringente e
levemente tanífera, mascarando o sabor e o aroma agradáveis dos frutos. As pétalas
carnosas são comestíveis in natura e ou utilizadas em saladas de hortaliça ou saladas de
frutas, bem como curtidas na cachaça. Estudos realizados comprovaram as propriedades
253
farmacológicas existentes nos frutos de A. sellowiana, e.g., atividades antibactericidas e
antioxidantes (VUOTTO et al., 2000). Informações sobre aspectos agronômicos,
variedades, manejo em geral, aspectos biológicos e mercadológicos, compilações de
análises nutricionais e uma ampla revisão estão disponíveis em Ducroquet et al. (2000),
sob F. sellowiana. Estes autores citam até literatura em russso sobre esta espécie. No
entanto, no Brasil e no RS a espécie ainda é pouco conhecida na fruticultura e,
especialmente, da mesa do consumidor. Mesmo no RS onde é nativa, pouquíssimos
gaúchos (urbanos) já consumiram seus frutos. Sua freqüência de consumo é muito baixa no
Estado. É comercializada nas feiras ecológicas de Porto Alegre durante a safra tanto
variedades silvestres quanto variedades “hortícolas”. É também importada especialmente
da Cundinamarca (Colômbia) e comercializada, ocasionalmente, numa grande rede de
supermercados de Porto Alegre a valor altíssimo (R$ 47, 00/kg, cotação de 2006). Os
frutos são também utilizados na agroindustrialização de sucos concentrados engarrafados e
de geléias comercializados em pequena escala no RS e SC (e.g., São Joaquim). Ressalta-se
aqui o potencial para agroindústria de polpa concentrada e congelada tão negligenciado no
sul do Brasil. O suco concentrado produzido e comercializado nas feiras ecológicas de
Porto Alegre pela família Bellé (RS) foi analisado por Kinupp (2007). Enfim, é a frutífera
nativa do sul do Brasil mais estudada, com ampla literatura mundial sobre aspectos
diversos e altamente promissora (usos múltiplos), mas que ainda não alcançou nem o
mercado local a contento. Políticas públicas com financiamentos e incentivos para plantios
em escala comercial são urgentes, bem como projetos duradouros específicos para esta
cultura de instituições de pesquisas e ensino. (Figura 20c; Figura 21d-e).
Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg (MURTA) – Seus frutos são pequenos,
intensamente alaranjados ou vermelhos (ou atropurpúreos) quando maduros e aromáticos.
São de importância secundária, devido ao pequeno tamanho dos frutos. Todavia, são
254
comestíveis in natura ou utilizados no preparo de licor. Descrição completa em Sobral
(2003). Potencial econômico como produtora de óleos essenciais. No Uruguai já há
protocolos de cultivo e manejo desta espécie (INIA, 2004).
Calyptranthes grandifolia O. Berg (GUAMIRIM-ARAÇÁ) – Côrrea (1984, v. I, p. 327)
cita a espécie com o nome popular brasa-viva (‘braza’) ou talvez vuapericica (SP) e afirma
que os frutos são comestíveis, aromáticos, adstringentes e bastante saborosos. Descreve os
frutos como bagas roxo-escuras com cerca de 1 cm de diâmetro e 1-2 sementes. Dimensões
menores são citadas em Sobral (2003), onde a descrição completa está disponível. Carente
de informações adicionais.
Campomanesia aurea O. Berg (GUABIROBA-DO-CAMPO) – Os frutos são bagas
globosas, suculentas esverdeadas mesmo após maturação. São citados como comestíveis
por Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 509) e por Lorenzi et al. (2006). No presente trabalho
foram consumidos os frutos in natura. As pétalas também foram consumidas diretamente
ou em saladas. Os frutos são saborosos e aromáticos com polpa suculenta. Apresenta
potencial para cultivo (pequenas frutas), tolerando solos ácidos e secos. Entretanto, carece
de informações fitotécnicas mínimas, e.g., germinação, propagação e cultivo e de análises
bromatológicas, com ênfase em compostos aromáticos e vitaminas. Descrição completa em
Sobral (2003). (Figura 20d; Figura 21f).
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg (SETE-CAPOTES) – Frutífera muito
apreciada na sua região de ocorrência e altamente promissora. Frutos carnosos, saborosos e
aromáticos, com potenciais similares aos da Acca sellowiana para indústria de sucos,
sorvetes, geléias, bebidas e outros derivados e também polpa concentrada e congelada.
Descrição completa em Sobral (2003). Poucas informações adicionais foram encontradas.
Carece de análises fitoquímicas e bromatológicas, bem como protocolos de propagação,
cultivo e manejo. Programas de coleta, caracterização e conservação do germoplasma desta
255
espécie nas suas regiões de ocorrência são urgentes. Faz-se necessários programas de
seleção e melhoramento e políticas públicas de incentivos para seu cultivo e inserção no
mercado, assim como praticamente todas as espécies com potencias imediatos abordadas
neste estudo. (Figura 20e; Figura 21g).
Campomanesia rhombea O. Berg (GUABIROBA-DE-FOLHA-CRESPA) – Espécie
arbórea com grande potencial ornamental para o paisagismo urbano, especialmente pela
folhagem crespa e para alimentação da fauna urbana e periurbana. Cita-se aqui uma árvore
majestosa na Secretaria do Meio Ambiente de São Leopoldo (RMPA), margem direita do
rio dos Sinos. Seus frutos são pequenos, mas comestíveis, saborosos e aromáticos quando
bem maduros. Podem ser consumidos in natura e ou utilizados para fazer licores. Segundo
Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 507) sua madeira é muito apreciada para sapecagem e
torrefação da erva-mate no RS. Descrição em Sobral (2003). (Figura 20f; Figura 21h).
Campomanesia xanthocarpa O. Berg (GUABIROBA) – É uma frutífera arbórea muito
conhecida e consumida no sul e sudeste do Brasil. No RS polpa e suco concentrado desta
espécie são produzidos, engarrafados e comercializados nas feiras ecológicas de Porto
Alegre. O suco concentrado produzido pela Família Bellé foi analisado em relação ao teor
protéico e mineral por Kinupp (2007). Os frutos podem ser consumidos in natura
diretamente ou transformados em sucos, geléias, licores, sorvetes e outros derivados. Esta
espécie, assim como outras Myrtaceae e frutíferas com polpa abundante, citadas neste
estudo têm potencial para produção de polpa concentrada e congelada, visando a
elaboração de sucos no momento do consumo, a exemplo de outras frutíferas silvestres ou
cultivadas, atualmente comercializadas em nível nacional. As folhas desta espécie também
são usadas medicinalmente para fins diversos, inclusive para o controle de peso
(BIAVATTI et al., 2004) e possuem efeitos antiulcerogênicos (MARKMAN et al., 2004).
256
Algumas informações adicionais podem ser encontradas em Raseira et al. (2004) e a
descrição completa em Sobral (2003). (Figura 20g-i).
Eugenia florida DC. (GUAMIRIM-PITANGA) – Os frutos maduros foram consumidos
no presente estudo. São levemente adstringentes, mas saborosos e com potencial especial
para produção de licores. Possuem coloração do epicarpo arroxeado a atropurpúreo,
merecendo análises fitoquímicas dos pigmentos. Carece de estudos bromatológicos.
Descrição completa em Sobral (2003) e ilustrações adicionais em Lorenzi et al. (2006).
(Figura 20j; Figura 21i).
Eugenia involucrata DC. (CEREJEIRA-DO-RIO-GRANDE) - Esta espécie foi
introduzida na Flórida e na Califórnia procedente do Brasil em 1938 sob Myrciaria edulis
[sic] e, posteriormente, foi identificada como Eugenia aggregata (Velloso) Kiaersk.
(LEDIN, 1957). Este nome, no entanto, parece não ser um nome válido, dado que a espécie
é idêntica à E. involucrata aqui tratada que tem prioridade. Marcos Sobral (com. pess.,
2006), especialista na família Myrtaceae também acredita que são nomes distintos para a
mesma espécie. No entanto, não foi encontrada literatura que as reunam em uma
sinonímia. Na literatura internacional E. involucrata é constantemente referida como E.
aggregata. Esta espécie produz frutos com dimensões consideráveis e com grande
potencial como fruta de mesa, tanto pelo sabor agradável quanto pela consistência e
coloração de vermelho-escuro a roxo. Reynertson et al. (2005) detectaram atividade
antioxidante moderada nos frutos desta espécie, com IC50 de 74,1 mg/mL. Segundo estes
autores quanto menor o IC50 maior a atividade antioxidante, e.g., o ácido ascórbico que é
reconhecidamente antioxidante, possui IC50 de somente 18,3 mg/ML. Esta espécie é
ocasionalmente durante a safra comercializada em bandejas no Mercado Público de Porto
Alegre. A polpa é também utilizada na elaboração de geléias caseiras que são muito
saborosas, com consistência e coloração chamativas, especialmente quandos os frutos são
257
abertos ao meio, com eliminação das semente, e são mantidos parcialmente inteiros. Os
frutos podem ser usados também na produção licores, sorvetes e sucos concentrados (estes
já testados pela família Bellé e comercializados nas feiras ecológicas de Porto Alegre).
Carecem de análises bromatológicas. Algumas informações adicionais sobre cultivo e
manejo podem ser encontradas em Manica (2000) e Raseira et al. (2004) e frutos com
formas variadas são ilustrados em Lorenzi et al (2006). (Figura 21j; Figura 21a-b).
Eugenia multicostata D. Legrand (ARAÇÁ-PIRANGA) – Côrrea & Penna (1984, v. V, p.
378) apresentam descrição da espécie e afirmam que os frutos são comestíveis e saborosos.
Frutífera muito pouco conhecida no Brasil e no RS. Os frutos são grandes, quando bem
maduros são muito saborosos, aromáticos, embora levemente adstringentes in natura.
Análises preliminares do teor de sólidos solúveis totais realizadas no presente estudo
revelaram apenas 3,5 de °Brix. No presente trabalho foram elaboradas geléias. A geléia
adquiriu ótima consistência, sabor e aroma muitos agradáveis. Os frutos foram analisados
em relação ao teor mineral por Kinupp (2007). Portanto, é uma espécie que necessita de
estudos bromatológicos completos com ênfase nos compostos nutracêuticos (carotenóides
e vitaminas). Também são necessáriass análises fitoquímicas e, especialmente pesquisas
fitotécnicas de propagação (sexuada e assexuada, especialmente enxertia), cultivo, coleta e
caracterização do germoplasma existente. As fotografias apresentadas neste trabalho
ilustram a grande variabilidade no tamanho dos frutos. Ressalta-se que são frutos
procedentes de apenas duas árvores silvestres de Taquara. Todos os frutos maiores foram
colhidos de um destes indivíduos e os menores do outro. Amostras botânicas estão
depositadas no Herbário ICN, onde informações adicionais estão disponíveis na etiqueta da
exsicata (V.F. Kinupp, 3188 & R. Schmidt, ICN 146749). A descrição da espécie é
apresentada em Sobral (2003). Este autor cita que há coletas com flores em julho e com
frutos em dezembro. Lorenzi et al. (2006) citam floração de julho-outubro e frutificação de
258
outubro-novembro. No presente estudo registrou-se floração (efêmera, com rápida
formação de frutinhos e ausência de novas flores) em final de julho (Porto Alegre) e
frutificação a partir de agosto, finalizando a queda dos frutos em setembro. Os frutos
analisados e aqui ilustrados foram coletados em 21/09/2006, no Distrito Fazenda Fialho,
em Taquara). Cita-se que o nome do município Sapiranga (RMPA), conhecido como
cidade das rosas, na realidade provém de um dos nomes populares desta espécie (araçá-
piranga). Portanto, tal município deve dedicar especial atenção a esta frutífera tão
promissora e que ocorre naturalmente no seu território (e.g., Morro Ferrabrás) e municípios
vizinhos. (Figura 20l-m; Figura 22a; Figura 23c-d).
Eugenia myrcianthes Nied. (PÊSSEGO-DO-RIO-GRANDE) – É uma espécie de hábito
variável, de arbustos ou arvoretas em solos arenosos de restinga até árvores de porte médio
em solos férteis. Comumente é citada na literatura sob Hexachlamys edulis (O.Berg)
Kausel & D. Legrand. Os frutos maduros são grandes, amarelos com casca fina e
pubescente, com polpa abundante, aromática e suculenta. Algumas pessoas acham o aroma
dos frutos maduros muito forte ou desagradável, dificultando seu armazenamento em
geladeira doméstica, pois exalam um odor muito forte. E realmente algumas variedades
desta espécie exalam um cheiro inicialmente muito agradável, mas que torna-se muito forte
e desagradável se concentrado, e.g., no interior de uma sala ou geladeira. No presente
estudo foram encontrados espécimes produtores de frutos com cheiro marcante (V.F.
Kinupp, 2823 – ICN) e outros com aroma suave (quase inodoro) e agradável (V.F. Kinupp,
3219 – ICN). No primeiro caso, observou-se que os frutos possuem uma substância branca
e grudenta na casca dos frutos desde jovens até abscissão da planta-mãe que confere o
cheiro marcante. Com remoção desta substância pegajosa durante lavagem em água
corrente, os frutos podem ser armazenados em geladeira, pois perdem o cheiro forte típico.
Portanto, recomenda-se após a colheita sempre lavar imediatamente toda a produção
259
facilitando a estocagem e propiciando a higienização mínima para os processos de
produção de polpa, por exemplo. Esta variedade com frutos suculentos e com cheiro forte
foram observadas em Londrina e Ponta Grossa (PR) e Porto Alegre (uns 5 indivíduos
cultivados no Parque Farroupilha ou Redenção). Os frutos com aromas suaves têm as
cascas desprovidas desta substância cerosa e, geralmente são menos suculentos, tendo uma
consistência firme, o que facilita o transporte e estocagem. Esta variedade de frutos firmes
foi observada em Gravataí, Viamão (Morro do Coco) e Palmares do Sul.
Os frutos são levemente ácidos e pouco interessantes para consumo como fruta de
mesa, tanto pela acidez quanto pela alta perecibilidade e facilidade de esmagamento
durante o transporte (forma com frutos tenros, que parece ser mais comum). No entanto,
frutos inchados colhidos completam a maturação perfeitamente. Se forem mantidos em
geladeira doméstica, reduzem ou param o processo, sendo necessário colocá-los em
temperatura ambiente para completar a maturação. Pesquisas de pós-colheita são
recomendáveis. A polpa produzida e congelada em saquinhos durante o presente estudo
manteve o sabor, coloração e aroma estáveis após meses de estocagem. Portanto, possui
grande potencial para produção de polpa concentrada e congelada. Este tipo de
processamento é negligenciado no sul Brasil. Atualmente dentre as espécies nativas tem-se
conhecimento apenas do preparo, em pequena escala, da polpa da juçara (Euterpe edulis)
desta forma. Os frutos lavados e cortados ao meio para retirada das sementes e congelados
em sacos para alimentos mantiveram estas mesmas características estáveis, produzindo
geléia de ótima qualidade após meses de congelamento. Ressalta-se que a casca foi
mantida em todas as formas de aproveitamento dos frutos desta espécie no presente estudo.
Foram feitos sucos, licores e geléias. Os frutos também são utilizados no fabrico de
vinagres caseiros de ótima qualidade e apresentam um interessante potencial devido à
tendência atual de diversificação de aromas e sabores dos vinagres, tais como vinagre de
260
caqui e de banana. Os frutos são ricos em pectinas produzindo geléia de excelente
consistência. Este alto teor de pectina foi comprovado por Rozycki et al. (1997) que
encontraram, em média, 403,5 mg/100g de tecido fresco. Estes autores analisaram também
a composição centesimal dos frutos frescos: umidade (88,95 g/100g); proteínas (1,08
g/100g); lipídios (1,59 g/100g); carboidratos (8,09 g/100g); cinzas (0,29 g/100g) e energia
(48,85 kcal/100g), além do teor de vitamina C (75 mg/100g) e provitamina A (80
ER/100g), onde ER = equivalente retinol. Os frutos de E. myrcianthes são ricos em
diversos minerais, especialmente P, Mg e K (ROZYCKI et al., 1997; KINUPP, 2007).
Dados minerais dos frutos frescos da região chaquenha argentina de Rozycki et al. (op.
cit.) são apresentados aqui (mg/100g): Ca (32,3); P (18,6); Fe (0,4); Mg (11,2) e K (97,3).
Kinupp (2007), além da análise dos minerais da polpa sólida (em base seca), analisou
também a composição do suco concentrado engarrafado elaborado sob encomenda, pela
família Bellé, a partir de frutos maduros colhidos dos indivíduos do Parque Redenção
citados anteriomente. Merece trabalhos fitotécnicos e implantação de pomares em maior
escala. (Figura 22b-c; Figura 23e).
Eugenia plurisepala Barb. Rodr. ex Chod. & Hassl. (UVAIA-DO-CAMPO) – Comumente
citada na literatura sob Hexachlamys humilis O.Berg, e como tal é citada como frutífera
por Mattos (1978). É um subarbusto com até cerca de 30 cm de altura, mas com xilopódio
desenvolvido. Segundo Sobral (2003), os frutos são globosos a piriformes, pilosos, até 30
mm x 30 mm, amarelados ou alaranjados quando maduros. Mattos (op. cit.) cita que os
frutos são bastante ácidos. Segundo este autor é a menor espécie conhecida da família
Myrtaceae. A floração ocorre novembro-dezembro e a maturação dos frutos em dezembro-
janeiro. Mattos (op. cit.) afirma que esta espécie pode ser propagada por sementes ou pelo
arranquio de mudas com torrão. É uma espécie a princípio sem importância comercial
como frutífera pela pequena produtividade, mas que merece esforços de coletas para
261
pesquisas e cultivo pela curiosidade do porte e para conservação do germoplasma, afinal
são frutos grandes para uma planta tão pequena e é uma espécie comprometida pela
expansão da silvicultura e agricultura mecanizada na Campanha e nos campos nativos do
RS. Cabe ressaltar, que talvez sob cultivo esta espécie possa mostrar-se mais promissora.
Possui potencial também ornamental, especialmente para paisagismo em solos secos,
arenosos e ou em jardins rupestres.
Eugenia pyriformis Cambess. (UVAIA) – É citada como frutífera (Kunkel, 1984) tanto
com o nome válido quanto sob o sinônimo Pseudomyrcianthes pyriformis (Camb.) Kausel.
Esta espécie deveria estar sendo produzida em larga escala, há anos, nos pomares
comerciais no sul do Brasil. Atualmente há plantios comerciais pequenos no município de
Boa Esperança (MG). Seus frutos são grandes, com polpa abundante, suculenta e
aromática. Produz um suco, a partir da polpa triturada em liquidificador, dos melhores do
mundo em sabor, aparência (coloração amarela e espumante) e aroma suave e delicado.
Portanto, possui um potencial mercadológico imediato para produção de polpa concentrada
e congelada. Somente nos Estados do sul, onde a fruta é muito apreciada, demandariam
imensas quantidades de polpa. Este é o clássico produto que não vende porque não tem no
mercado. Os frutos são versárteis podendo ser utilizados na elaboração de cremes, musses,
sorvetes, licores, geléias e iogurtes, por exemplo. Apesar de ser muito conhecida como
frutífera pela população rural daquela de origem rural, de São Paulo ao Rio Grande do Sul,
os frutos desta espécie carecem de informações fitoquímicas e bromatológicas. Coletas de
acessos para melhor caracterizar a variabilidade e permitir a formação de bancos ativos de
germoplasma heterogênos são urgentes. Como ilustrado por Lorenzi et al. (2006), a
variabilidade genética é considerável e as possibilidades de formação de híbridos existem.
Informações adicionais podem ser obtidas em Raseira et al. (2004). Existem alguns
trabalhos sobre germinação, mas são necessários programas duradouros de pesquisas
262
integradas com produtores e incentivos oficiais para existência destes produtores. (Figura
22d-e; Figura 23f).
Eugenia rostrifolia D. Legrand (BATINGA) – Esta uma espécie com potencial madeireiro
e para tanto poderia ser cultivada, especialmente em sistemas agroflorestais. É uma espécie
com distribuição restrita a SC e RS, segundo Sobral (2003). Seus frutos são saborosos e
especialmente indicados para produção de sucos e licores. A polpa, triturada em
liquidificador, produz um suco fortemente alaranjado, mesmo em alta diluição, o que
sugere alto teor de carotenóides, que precisam ser avaliados e quantificados, assim como
sua composição bromatológica completa, com ênfase nas vitaminas, especialmente
vitamina A e C. Os frutos apresentados neste estudo foram fotografados no Parque
Municipal Saint-Hilaire (Porto Alegre – Viamão), onde existem árvores com mais de 20 m
de altura. (Figura 22f; Figura 23g).
Eugenia schuechiana O. Berg (GUAMIRIM-UVÁ) – Esta espécie é pouco conhecida.
Possui potencial para arborização urbana, pois é uma arvoreta com aspecto ornamental,
especialmente devido às folhas jovens que são amarronzadas. A descrição completa
aparece em Sobral (2003). Seus frutos foram consumidos no presente estudo. Possui polpa
carnosa, adocicada e epicarpo fortemente púrpura a atropurpúreo quando os frutos estão
bem maduros. São frutos oblatos e pequenos, mas podem ser utilizados também para
elaboração de licores. Carece de informações fitoquímicas e bromatológicas. (Figura 22g;
Figura 23h).
Eugenia speciosa Cambess. (ARAÇÁ-LARANJINHA) – É um arbusto atingindo no
máximo 2,5 m de altura na RMPA. Muito interessante como ornamental para jardins e
quintais (paisagismo produtivo). Ou seja, além de ornamentar, produz frutos comestíveis.
É uma espécie geralmente com alto rendimento de frutos por planta. Os frutos são
relativamente grandes, mas com sementes também grandes. A polpa é altamente aromática
263
e adstringente. Indicado especialmente para curtir na cachaça e para a elaboração de licores
e ou consumo direto. O suco torna-se muito adstringente e de sabor não muito agradável,
exceto em pequenas quantidades. Merece estudos bromatológicos para quantificar as
vitaminas e carotenóides, bem como estudos fitoquímicos com ênfase na avaliação dos
óleos essenciais dos frutos e folhas. Propaga-se por sementes (necessita de estudos de
germinação) e mudas podem ser facilmente obtidas a partir da brotação constante e
vigorosa das raízes no entorno da planta-mãe. Exemplares cultivados no arboretum do
Jardim Botânico de Porto Alegre precisam ser periodicamente manejados porque formam
“moitas” ou “touceiras” desta espécie por propagação vegetativa espontânea
(alastramento). (Figura 22h-i; Figura 23i).
Eugenia uniflora L. (PITANGA) – É dentre as espécies nativas na RMPA com potencial
alimentício, uma das mais conhecidas localmente, nacionalmente e até internacionalmente
como frutífera. Inclusive cultivada e consumida em outros países, e.g., Ledin (1957) já
aponta a espécie como popular na Flórida. Este autor afirma que os frutos podem ser
usados em saladas, geléias, sucos e sorvetes e até recomenda que a melhor forma de
propagação é por enxertia sobre porta-enxertos da própria espécie, frisando que estaquias e
alporquia não têm apresentado bons resultados. Apesar de existirem alguns produtos
comerciais, em nível nacional, da espécie, e.g., sucos concentrados (e.g., Palmeiron®
produzido em Pernambuco) e geléias, o aproveitamento da mesma está muito aquém do
desejado. Ainda é frutífera não-convencional, pois os frutos in natura ou derivados desta
espécie não fazem parte do consumo cotidiano do brasileiro. Isto ocorre, basicamente,
devido à indisponibilidade comercial dos frutos e seus subprodutos em escala comercial.
Esta espécie ocorre da Bahia ao Rio Grande do Sul (LEGRAND & KLEIN, 1969;
SOBRAL, 2003), mas é cultivada em quintais em todas as regiões do país, inclusive na
Amazônia. A EMBRAPA de Pelotas (RS) mantêm uma coleção de germoplasma da
264
espécie, alguns acessos com frutos muito grandes. Informações adicionais em Raseira et al.
(2004). Na RMPA é muito abundante na natureza a pitanga-preta ou pitanga-roxa, também
chamada pitanga-mulata, com frutos menores e muito doces. Esta espécie ainda necessita
de estudos fitotécnicos que viabilizem seu cultivo em maior escala e estudos nutricionais e
nutracêuticos, e.g., teor de vitaminas e antocianinas das diferentes variedades. No entanto,
há muitas informações e experimentações disponíveis a respeito desta espécie; O que falta
efetivamente são políticas públicas que estimulem o cultivo e a agroindustrialização dos
mais diversos derivados possíveis, que possam ser elaborados com os frutos desta espécie.
Os seus frutos são muito versáteis, podendo ser utilizados para produção de sucos, geléias,
doces diversos, sorvetes, licores, chutneys, além de suplementos alimentares. Também
apresenta grande potencial para produção de polpa concentrada e congelada. Polpa
ultracongelada, de ótima qualidade, já é produzida em São Paulo pela Maisa®. Esta polpa
é comercializada em uma rede de supermercados em Manaus/AM a R$ 1,21 a embalagem
com 100 g (cotação de 2007).
Existem algumas análises nutricionais disponíveis para esta espécie. Segundo a
TACO (NEPA/UNICAMP, 2006), os frutos (crus) possuem (em base úmida): umidade
(88%); energia (41 kcal/100g); proteínas (1 g/100g); lipídios (traços); carboidratos (10
g/100g); fibra dietética (3,2 g/100g); cinzas (0,4 g/100g). Nesta tabela também estão
contemplados os principais minerais (base úmida) de importância nutricional e algumas
vitaminas (todos em mg/100g): Ca (18); Mg (12); Mn (0,4); P (13); Fe (0,4); Na (2); K
(113); Cu (0,08); Zn (0,4); tiamina (0,03); riboflavina (0,10); vitamina C (25). Além desta
Schmeda-Hirschmann et al. (2005) analisaram a composição centesimal e mineral, em base
seca, de frutos silvestres desta espécie nas Yungas argentinas: umidade (778 g kg
-1
);
proteína (52 g kg
-1
); lipídios (7,7 g kg
-1
); fibras (30 g kg
-1
); cinzas (27,7 g kg
-1
); P (1.800
mg kg
-1
); Ca (0,350 g kg
-1
); Fe (0,095 mg kg
-1
); K (0,754 g kg
-1
) e Na (1.953 g kg
-1
). Além
265
disso, estes autores analisaram o percentual de acidez, sólidos solúveis e fenóis de doces
desta frutífera. A conserva foi preparada utilizando uma parte de polpa para igual
quantidade de açúcar (1:1): acidez (0,70%); sólidos solúveis (55,5%) e fenóis totais
(2,02%) (SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 2005). Este percentual de acidez denota o
grande potencial da espécie para a produção de geléias. Uma empresa incubada no ICTA
(UFRGS) vem produzindo e comercializando geléia feita com polpa de pitanga. Mercado
existe, o que falta é produção em escala comercial dos frutos e derivados com preços
competitivos e com qualidade.
Reynertson et al. (2005) detectaram alta atividade antioxidante nos frutos de E.
uniflora, com IC50 (mg/mL) de 19,6. Segundo estes autores quanto menor o IC50, maior a
atividade antioxidante, e.g., o ácido ascórbico que é reconhecidamente um antioxidante
poderoso possui IC50 ligeiramente infeiror ao da pintaga (18,3 mg/mL). Além dos frutos,
as flores são comestíveis, podendo ser utilizadas em saladas e ou adicionadas a doces e
licores. As folhas, em pequenas quantidades, são utilizadas no preparo de sucos verdes de
grande aceitação pelos consumidores. Além disso, é uma espécie de ampla utilização como
medicinal. (Figura 22j; Figura 23j; Figura 25a).
266
Figura 20. a, b) Ficus enormis – Vista geral de um ramo evidenciando alta produção (ramifloria) e detalhe de
um ramo com sicônios imaturos; c) Acca sellowiana – ramo florido (nota-se pétalas róseas
carnosas); d) Campomanesia aurea – frutos imaturos; e) C. guazumifolia - flores; f) C. rhombea
- flores; g, h, i) C. xanthocarpa – flores, frutos imaturos e suco concentrado
(agroindustrializado – Família Bellé); j) Eugenia florida – frutos verdes e ‘de vez’; l, m) –
Eugenia multicostata – Tronco típico de uma árvore de cerca de 15 m de altura no interior de
mata e ramos com frutos jovens.
267
Figura 21. a) Ibicella lutea – frutos imaturos no ponto para preparo de ‘picles’; b) Leandra australis
detalhes dos frutos maduros; c) Ficus enormis – frutos maduros cortados e lavados para o
fabrico de geléia; d, e) Acca sellowiana – frutos comercializados nas feiras ecológicas de Porto
Alegre e detalhe dos frutos; f) Campomanesia aurea – frutos maduros; g) C. guazumifolia
frutos maduros; h) C. rhombea – frutos maduros e ‘de vez’; i) E. florida – frutos maduros e ‘de
vez’; j) E. involucrata – indivíduo cultivado (podado) como ornamental no Shopping DC
Navegantes (Porto Alegre), nota-se pessoas colhendo frutos. (escala azul em cm)
268
Figura 22. a) E. multicostata – ramo com frutos maduros e ‘de vez’; b, c) E. myrcianthes – indivíduo florido
em borda de mata arenosa e ramo com frutos jovens; d, e) E. pyriformis – ramo florífero e
árvore fartamente carregada de frutos maduros; f) E. rostrifolia – ramo com flores (restos) e
fruto maduro; g) E. schuechiana – ramo com frutos maduros e folhas jovens; h, i) E. speciosa
indivíduo sob cultivo carregado com frutos maduros e detalhe de um de seus ramos; j) E.
uniflora – frutos maduros e ‘de vez’, sob cultivo; l) Myrcia bombycina – frutos imaturos verdes
e ‘de vez’; m) M. multiflora – botões e frutos imaturos.
269
Figura 23. a, b) E. involucrata – Bandejas à venda no Mercado Público de Porto Alegre e detalhe dos frutos
maduros; c, d) E. multicostata – variabilidade de frutos de duas árvores em diferentes estádios
de maturação e detalhe destes frutos maduros; e) E. myrcianthes – variabilidade de frutos
maduros; f) E. pyriformis – detalhe dos frutos maduros; g) E. rostrifolia – detalhe dos frutos
maduros; h) E. schuechiana – detalhe dos frutos maduros e ‘de vez’; i) E. speciosa – detalhe
dos frutos maduros; j) E. uniflora – detalhe dos frutos maduros da variedade com frutos pretos
(pitanga-mulata), freqüente e abundante na RMPA. (escala azul em cm)
270
Myrcia bombycina (O. Berg) Nied. (GUAMIRIM-DO-CAMPO) – A descrição completa
desta espécie é encontrada em Sobral (2003). É um arbusto ou arvoreta que não apresenta
potencial econômico com frutífera, pois seus frutos são pequenos, mas quando maduros
(atropurpúreos) são comestíveis. São apreciados por aqueles que andam constantemente
nos campos onde esta espécie ocorre. Os frutos podem consumidos diretamente ou curtidos
na cachaça e utilizados para produção de licor. Nenhuma informação adicional foi
encontrada. (Figura 22l).
Myrcia multiflora (Lam.) DC. (CAMBOIM) – É uma arvoreta com frutos inchados
esbranquiçado-avermelhados (Figura 22m). Quando maduros tornam-se vermelhos a
atropurpúreos. Apesar do pequeno tamanho dos frutos, espécie frutifica abundamente e
segundo Rodney Schmidt (com. pess., 2007) seus frutos são comestíveis e agradáveis.
Estes tipos de frutos pequenos, mas que são consumidos por aqueles que trabalham no
campo e ou durante caminhadas e outras atividades na natureza são chamados de alimento
de recurso ou alimento de sobrevivência, os populares mata fome ou engana fome. Isto é
válido para outros pequenos frutos ou outras porções de uso alimentício potencial citados
ao longo deste estudo, mas sem importância calórica, como sustância e ou perspectiva
econômica imediata. (Figura 22m).
Myrcia palustris DC. (PITANGUEIRA-DO-MATO) – Comumente encontrada na
literatura sob Gomidesia palustris (DC.) Kausel. Sob este sinônimo é citada como fruta de
consumo in natura pelos Guaranis de Misiones com o nome tapîsaî (MARTÍNEZ-
CROVETTO, 1968, p. 10). A descrição completa aparece em Sobral (2003).
Myrcianthes cisplatensis (O. Berg) D. Legrand (ARAÇÁ) – Nenhuma informação
adicional foi encontrada para esta espécie. Kunkel (1984) cita que seus frutos são
comestíveis. Seus fruto são pequenos (4-7 mm x 5 mm), globosos ou elípticos, tornando-se
avermelhados ou purpúreos quando maduros (SOBRAL, 2003). É uma espécie pouco
271
conhecida que carece de informações bioecológicas e fitoquímicas e estes estudos são
recomendáveis, pois no Brasil sua distribuição é restrita ao Rio Grande do Sul, ocorrendo
também na Argentina e Uruguai (SOBRAL, op. cit.).
Myrcianthes pungens (O. Berg) D. Legrand (GUABIJU) – Segundo Côrrea & Penna
(1984, v. III, p. 502), os nomes em guarani desta espécie são “yguabi-jy” (=fruta que se
come) e “ygua-pi-jy” (=fruta de casca rija). Os nomes são muito apropriados, pois esta
espécie está entre as frutíferas nativas no RS mais conhecida ou lembrada entre aqueles
que moram ou moraram na zona rural do Estado e a casca dos frutos mesmo bem maduros
são resistentes, firmes. E ao contrário do que afirmam Côrrea & Penna (op. cit.), seus
frutos são muito saborosos e apreciados tanto in natura e, especialmente, curtidos na
cachaça. Ocasionalmente pode ser encontrada na literatura mais antiga sob o sinônimo
Eugenia pungens O. Berg. É uma árvore que pode alcançar até 15 m de altura. Geralmente
em ambientes abertos, forma copa baixa e arredondada. Seus frutos são similares à uva –
casca atropurpúrea e polpa suculenta. Há uma grande variabilidade genética, encontrando-
se indivíduos com florescimento e frutificação precoce e outros tardia; indivíduos com
frutos grandes, polpa abundante, casca fina e sementes pequenas e vice-versa; além de uma
infinidade de outras características e descritores morfológicos importantes em programas
de seleção e melhoramento. Logo, fazem-se urgentes projetos de longa duração de coleta,
caracterização e conservação do germoplasma desta importante frutífera que deveria estar
domesticada e cultivada. São necessários estudos nutricionais e nutracêuticos,
especialmente referentes aos metabólitos da casca e aos compostos nutracêuticos, e,g.,
antocianinas e vitaminas. Algumas informações preliminares sobre os teores de
flavonóides, antocianinas e óleos voláteis nos frutos de guabiju podem ser obtidas em
Raseira et al. (2004).
272
Schmeda-Hirschmann et al. (2005) analisaram a composição centesimal e mineral,
em base seca, de frutos silvestres da espécie nas Yungas argentinas: umidade (100 g kg
-1
);
proteína (45 g kg
-1
); lipídios (26,2 g kg
-1
); fibras (60 g kg
-1
); cinzas (15 g kg
-1
); P (1.360
mg kg
-1
); Ca (0,900 g kg
-1
); Fe (0,100 mg kg
-1
); K (2.051 g kg
-1
) e Na (2.061 g kg
-1
). Estes
autores analisaram ainda o percentual de acidez, sólidos solúveis totais e fenóis de doces
elaborados com os frutos desta frutífera. A geléia foi preparada utilizando uma parte de
polpa para outra de açúcar (1:1): acidez (0,14%); sólidos solúveis totais (70,2%) e fenóis
totais (2,20%) (SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 2005). Este percentual de acidez muito
baixo indica que os frutos não são interessantes para o fabrico de geléias. Aliás, o uso
tradicional no Brasil é o consumo in natura, geralmente, da planta para a boca, hábito que
é corroborado pelos altos teores de sólidos solúveis totais (é saboroso). Os frutos
apresentam potencial para agroindustrialização sob a forma de licores e, possivelmente,
suco ou polpa. No entanto, o grande potencial é como fruta de mesa, desde que a colheita
seja efetuada com uso de tesoura, deixando parte do pedúnculo, evitando assim o
rompimento da casca e a exposição dos tecidos suculentos e doces da polpa, o que levaria a
deterioração precoce dos frutos. Os frutos precisam ser acondicionados em embalagens
pequenas para evitar esmagamento. Mantidos assim e no refrigerador adquirem maior
durabilidade. No entanto, estudos de pós-colheita são necessários e urgentes para
estabelecer as melhores formas de armazenamento, a vida útil de prateleira e a qualidade
nutricional após armazenagem. (Figura 24a; Figura 25b).
Myrciaria cuspidata O. Berg (CAMBOIM) – Descrição completa desta espécie está
disponível em Sobral (2003). Esta é uma espécie com ampla distribuição no Brasil. Seus
frutos, apesar de pequenos, são acídulos, muitos saborosos e aromáticos. Há indivíduos que
produz frutos maduros alaranjados, e em outros, os frutos são purpúreos a atropurpúreos
quando bem maduros. No presente estudo, foram consumidos fartamente in natura e
273
também utilizados para enfeitar saladas e pratos de diversos. Inclusive, nesta segunda
forma, foram servidos em um evento de alta gastronomia promovido, em 2006, pelo
SENAC-Porto Alegre e Associação Gaúcha de Nutrição (AGAN), tendo obtido ótima
aceitação. Os Chefs se encantaram com algo desconhecido e inusitado. Neste caso, os
frutos foram consumidos inteiros, inclusive com as sementes, que são muito pequenas e
crocantes. Foram também utilizados na elaboração de licores caseiros muito saborosos. É
uma espécie bastante produtiva e que merece estudos fitotécnicos de germinação e outras
formas de propagação. Possui grande potencial para sistemas agroflorestais, especialmente
onde já ocorre em abundância, como em algumas regiões da RMPA, Serra do Sudeste e
restingas da planície costeira. Frisa-se que além dos frutos, outro grande potencial é como
planta ornamental para a comercialização de mudas, bonsais, topiaria e os ramos para
arranjos florais. Análises fitoquímicas e bromatológicas dos frutos e sementes são
recomendáveis. (Figura 25c).
Myrciaria delicatula (DC.) O. Berg (CAMBOIM) – Esta espécie varia grandemente
podendo possuir hábito de arbustivo a arbóreo. As formas arbustivas (muito comuns na
Serra do Sudeste, e.g., Encruzilhada do Sul) são altamente ornamentais devido às folhas
delicadas verde-amarronzadas (avermelhadas) quando jovens e quando em frutificação
pelos chamativos frutos vermelhos. Frutos maduros variam de vermelho intenso ao
violáceo ou preto, são carnosos e com polpa significativa. Nenhuma informação adicional
foi encontrada. Recomenda-se estudos fitoquímicos e bromatológicos dos frutos com
ênfase nos pigmentos licopênicos e outros e nas vitaminas, além de estudos fitotécnicos
sobre propagação, cultivo e ou extrativismo nos campos onde ocorre em abundância.
(Figura 24b; Figura 25d).
Myrciaria plinioides D. Legrand (GUAMIRIM) – Esta e muitas outras espécies de
Myrtaceae são, popularmente denominadas guamirim. Biavatti et al. (2004) citam que
274
muitas destas espécies chamadas guamirin [SIC] são reputadas por adiar a fome, a sede e o
cansaço. Estes autores citam que o termo guamirin [SIC] provém do Tupi-Guarani e
significa vale pequeno (BIAVATTI et al., 2004, p. 387), o que não condiz com a
etimologia correta do termo, o qual significa fruto pequeno refletindo, em geral, o pequeno
potencial econômico imediato ou alimentar (quantidade e sustância) das espécies listadas
sob este nome no presente estudo. Esta espécie é típica do sub-bosque, provavelmente
adaptando-se bem a sistemas agroflorestais. Legrand & Klein (1978) citam que os frutos
desta espécie são comestíveis. Estes frutos quando maduros são púrpuras ou atropurpúreos,
o que denota alto teor de pigmentos (antocianinas) com funções nutracêuticas,
possivelmente equivalentes ou superiores ao mirtilo ou à uva bordô. Os frutos são carnosos
e muito saborosos, lembrando uva tanto na cor quanto na consistência e sabor. Portanto,
merecem análises fitoquímicas e bromatológicas e trabalhos agronômicos que viabilizem
sua propagação, cultivo e manejo adequado. (Figura 24c).
Myrciaria tenella (DC.) O. Berg (CAMBUÍ-MURTINHA) –Côrrea (1984, v. I, p. 423) sob
“cambuhy preto” cita que os frutos são bagas globosas, carnosas, com polpa vermelha-
escura (1-2 sementes), adstringentes e comestíveis, no entanto, cita dimensões muito
grandes (3 cm) em relação as populações observadas no RS e a descrição de Sobral (2003).
O que indica a grande a variabilidade genética da espécie ao longo da sua grande área de
ocorrência do Pará ao RS no Brasil, além de ocorrer na América Central, Venezuela,
Argentina e Uruguai (SOBRAL, op. cit). Lorenzi et al. (2006) também ilustram a espécie
com frutos e ramos distintos das populações observadas no RS, ressaltando que a polpa é
espessa e doce-acidulada muito agradável. Marchiori & Sobral (1997, p. 93) citam que os
frutos são comestíveis e apreciados pelas aves, ressaltando o potencial ornamental,
especialmente para cercas vivas e arte topiária.
275
Myrrhinium atropurpureum Schott (MURTILHO) – Côrrea & Penna (1984, v. V, p. 405)
citam que frutos são bagas ovais comestíveis. No presente estudo não foram encontrados
frutos maduros, mas as flores (pétalas carnosas) foram consumidas e são agradáveis.
Plinia rivularis (Cambess.) Rotman (GUAPURITI) – Comumente é encontrada sob
Myrciaria rivularis (Cambess.) O.Berg e Eugenia rivularis Cambess. (sinônimos). Entre os
Mbyá-Guarani e Chiripá (ambos de Misiones), esta espécie ocupa a sexta posição em
relação ao valor de uso (KELLER, 2001). Entre as frutíferas da família Myrtaceae da
RMPA é uma das espécies prioritárias para estudos fitotécnicos, especialmente trabalhos
sobre germinação e avaliação de enxertia. Testes preliminares feitos no presente estudo,
indicam boa e rápida germinação. Algumas mudas formadas foram plantadas a campo
desenvolvendo-se bem e outras foram doadas para pessoas interessadas em cultivar
espécies nativas. Sua frutificação é abundante. Para colheita, recomenda-se uso de lonas
estendidas sob a copa e a trepidação dos ramos. Apesar de seu grande potencial é uma
espécie pouco conhecida em todos aspectos. Ocorre do Pará ao RS, mas poucas
informações bioecológicas foram encontradas. Os frutos maduros são muito similares às
jabuticabas, mas possuem polpa levemente amarronzada e são mais doces. Foram
fartamente consumidos no presente estudo in natura e curtidos na cachaça. São tão doces
que não houve necessidade de adição de açúcar e a cachaça curtida teve boa aceitação
pelos consumidores. Recomenda-se estudos fitoquímicos e bromatológicos dos frutos, com
ênfase na avaliação dos teores de antocianinas e outros compostos nutracêuticos. (Figura
24d-f; Figura 25e-f).
Psidium cattleianum Sabine (ARAÇÁ) - É uma espécie cultivada há anos no exterior.
Ledin (1957) menciona seu cultivo da Flórida. Cita inclusive, uma classificação da
variedade com frutos amarelos (yellow cattley guava) como sendo P. cattleianum var.
lucidum hort., variedade também citada por León (1987) e Wyk (2005). MOBOT (2007)
276
cita forma e não varidedade: Psidium cattleianum fo. lucidum Degener, descrito em 1939 a
partir de material cultivado. Comumente citada com “y” (P. cattleyanum Sabine), pois é
uma homenagem a W. Cattley, e.g., Sobral (2003). No M. Sobral (com. pes., 2006) afirma
que examinou a publicação original e a grafia usada foi “i”, portanto a correta, sendo assim
citada em Sobral et al. (2006, p. 136). Wyk (2005) cita e ilustra esta espécie sob P. littorale
Raddi, afirmando ser este o nome válido atualmente para esta espécie, no entanto, Sobral
(2003), especialista na família Myrtaceae não adota nem menciona este táxon, o qual é
listado como sinômino por Marchiori & Sobral (1997) e Lorenzi et al. (2006). No Brasil,
apesar do grande potencial de exploração econômica desta espécie, ainda não há produção
comercial em larga escala. Em Pelotas (RS) há um banco ativo de germoplasma da espécie
na unidade da EMBRAPA e produção experimental de sorvete por uma empresa parceira
(Tamaju®). Segundo Haminiuk et al. (2006) a polpa de P. cattleianum possui um teor de
sólidos solúveis totais de 11,40 ºBrix; pH 3,53; acidez titulável (1,88 g/100g) e umidade
(87,18%). Suas flores adocicadas são um belo enfeite para saladas verdes (FELIPPE, 2003)
e as pétalas cruas podem ser consumidas diretamente e também adicionadas à cachaça
(licores). Algumas informações adicionais podem ser encontradas em Raseira et al. (2004).
Frutos de espécimes produtores de frutos vermelhos (araçá-vermelho) cutivados em Porto
Alegre foram analisados em relação ao teor mineral e protéico (KINUPP, 2007), mas
carecem de análises fitoquímicas e bromatológicas, especialmente contemplando os
diferentes acessos e ampla variabilidade existente na espécie. (Figura 24g; Figura 25g-i).
Psidium formosum (Barb. Rodr.) Burret (ARAÇÁ-DO-CAMPO) – Espécie pouco
conhecida, mas com frutos com potenciais e formas de aproveitamento similares a P.
cattleianum. Descrição completa disponível em Sobral (2003). Mattos (1978) cita esta
espécie (sob P. pubifolium Burret) como frutífera. Este autor afirma que os frutos são
pubescentes e alcançam de 1-2 cm de diâmetro. Estas três espécies menos conhecidas de
277
Psidium aqui apresentadas são literalmente pequenas frutas (pequenas frutíferas), pois
atingem alturas ínfimas no hábitat. Psidium formosum é um subarbusto com até 20 cm de
altura. O gênero Psidium detém uma variabilidade genética formidável e merece trabalhos
de coleta, caracterização e conservação deste germoplasma, bem como trabalhos
fitoquímicos e bromatológicos dos seus frutos. Ressalta-se que são todas espécies
comprometidas com a crescente expansão florestal na Campanha e nos campos em geral
do RS.
Psidium incanum (O. Berg) Burret (ARAÇÁ-CINZENTO) – Observações e
recomendações similares aos demais Psidium aqui discutidos. É um subarbusto dos
campos. Seus frutos são citados como comestíves por Mattos (1978) e Kunkel (1984).
Mattos (op. cit.) ressalta que os frutos são excelentes. Sobral (2003) afirma que os frutos
são globosos com 10-12 mm de diâmetro.
Psidium luridum (Spreng.) Burret (ARAÇÁ-DA-PEDRA) – É um araçá de pequeno porte,
um subarbusto de cerca 0,5 m, mas com frutos promissores. Esta espécie necessita de mais
estudos, tais como protocolos de propagação e recomendações de cultivo, estudos
nutricionais e coleta e conservação de germoplasma. Segundo Sobral (2003) seus frutos
são globosos com 10-15 mm de diâmetro e amarelos quando maduros. Segundo este autor
a espécie floresce de novembro a dezembro e há coletas com frutos entre dezembro e abril.
É uma espécie interessante para cultivo, pois tolera solos pobres, pedregosos e arenosos
como os nomes populares indicam, podendo ser uma pequena fruta promissora nestes
ambientes. Mattos (1978) afirma que esta espécie produz os melhores frutos entre as
espécies do gênero. No presente estudo, frutos maduros foram consumidos e são realmente
especiais. Sua polpa é suculenta (quase líquida) quando bem maduros. Os frutos
consumidos no presente estudo foram colhidos de indivíduos rasteiros, que segundo Mattos
(op. cit.), pertencem a uma variedade distinta: P. luridum var. pauciflora (Cambess.)
278
Mattos. Esta variedade não foi comentada em Sobral (2003). Schmeda-Hirschmann et al.
(2005) analisaram a composição centesimal e mineral, em base seca, de frutos silvestres de
P. luridum nas Yungas argentinas: umidade (120 g kg
-1
); proteína (66 g kg
-1
); lipídios (26 g
kg
-1
); fibras (260 g kg
-1
); cinzas (28 g kg
-1
); P (4.150 mg kg
-1
); Ca (0,512 g kg
-1
); Fe (0,092
mg kg
-1
); K (2,44 g kg
-1
) e Na (0,043 g kg
-1
). Muitos dos valores maiores aqui, e.g.,
lipídios e alguns minerais, quando comparados à pitanga citada anteriormente,
provavelmente deva ser atribuída à análise integral dos frutos, pois estes são pequenos e
com várias sementes, o que dificulta a separação. Frisa-se que, em geral, as sementes são
ingeridas tanto in natura quanto nos subprodutos. Além disso, estes autores analisaram o
percentual de acidez, sólidos solúveis e fenóis de doces desta frutífera. O doce foi
preparado utilizando-se duas partes do fruto (inteiros – com casca e sementes) para uma de
açúcar (2:1): acidez (0,60%); sólidos solúveis (59,5%) e fenóis totais (4,15%)
(SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 2005). Este percentual de acidez denota o grande
potencial da espécie para geléias, compotas e mesmo doce em calda. Além disso, suas
flores aromáticas, especialmente as pétalas, também podem ser consumidas assim como de
várias outras Myrtaceae, inclusive Psidium guajava L. (FELIPPE, 2003). Na Argentina, as
flores de P. luridum sob o nome alpamato são utilizadas como digestivas e aromatizantes
(GOLENIOWSKI et al., 2006).
279
Figura 24. a) Myrcianthes pungens – ramo com frutos maduros; b) Myrciaria delicatula – ramo com folhas
jovens e frutos maduros e ‘de vez’; c) M. plinioides – ramo com fruto maduro; d, e, f) Plinia
rivularis – vista geral de um indivíduo cultivado; ramos com frutos em diferentes estádios de
maturação e ramos com frutos maduros, respectivamente; g) Psidium cattleianum – indivíduo,
sob cultivo, com frutos vermelhos; h) Agonandra excelsa – ramo com frutos imaturos; i)
Passiflora actinia – frutos maduros; j) P. caerulea – ramo florífero; l) P. elegans - florida; m)
P. tenuifila – ramo dobrado com frutos maduros amarelos e imaturos verdes pruinosos (glauco).
280
Figura 25. a) Eugenia uniflora – detalhe dos frutos em diferentes estádios de maturação de indivíduo com
frutos grandes (sob cultivo); b) Myrcianthes pungens – detalhe dos frutos maduros; c)
Myrciaria cuspidata – detalhe dos frutos maduros e ‘de vez’ da variedade com frutos roxos; d)
M. delicatula – detalhe dos frutos maduros e ‘de vez’; e, f) Plinia rivularis – colheita com uso
de lona plástica e detalhe dos frutos maduros; g, h, i) Psidium cattleianum – frutos maduros de
cor amarela; vermelha e sorvete industrializado (Tamaju®) destes frutos, respectivamente; j)
Oenothera ravenii – canteiro com indivíduos jovens sob cultivo. (escala azul em cm)
281
Onagraceae
Ludwigia caparosa (Cambess.) H. Hara (CRUZ-DE-MALTA) – Esta espécie é citada por
Kunkel (1984) como sendo usada para chá (pele, casca) dos ramos. Cabe ressaltar o uso de
espécies de Ludwigia (parte aérea toda) como forrageira para porcos (experiência prática
do autor). You-Kai et al. (2004) citam uma espécie similar (Ludwigia octovalvis (Jacq.)
P.H. Raven) usada como hortaliça. Esta espécie é citada apenas como referencial do uso
alimentício do gênero. Segundo os autores, as folhas cozidas de L. octovalvis são
consumidas na região sudoeste da China (Xishuangbanna), oriundas de extrativismo. Frisa-
se que os autores, consideram-na nativa da região, sendo localmente conhecida por
pahonglameng. Esta espécie é muito bem distribuída no território brasileiro, não tendo sido
confirmada no presente estudo sua ocorrência nem na RMPA nem no RS, mas é provável
que ocorra. Ressalta-se o uso potencial das sementes das espécies deste gênero, as quais
podem ser utilizadas de modo similar às sementes do gergelim (Sesamum indicum L. ou S.
orientale L.). No presente estudo sementes de Ludwigia foram consumidas torradas e
assadas (misturadas e ou sobre) à massa de pães caseiros. Frisa-se, no entanto, que não há
estudos químicos que corroborem ou não esta forma de uso. Estas sementes são fontes
oleaginosas promissoras que carecem de estudos químicos e bromatológicos.
Ludwigia repens (L.) Sw. (CRUZ-DE-MALTA) – Segundo Kunkel (1984), esta espécie é
nativa da América Tropical e os ápices dos ramos (‘tips’) podem ser consumidos como
hortaliça. Realmente, os ramos desta e da maioria das Ludwigia, especialmente aquelas que
ocorrem dentro d’água (emergentes e ou flutuantes), têm os ramos jovens tenros, que
merecem estudos fitoquímicos e bromatológicos para referendar ou não sua recomendação
para consumo humano. O potencial das sementes também deve ser considerado e estudado.
Há muitas outras espécies de Ludwigia no RS e no Brasil que precisam ser avaliadas e
estudadas quimicamente.
282
Oenothera affinis Cambess. (MINUANA) – Suas folhas e flores são tidas como
desinfectantes e vulnerárias na Argentina (GOLENIOWSKI et al., 2006). As flores frescas
de todas as espécies nativas no RS são comestíveis, mas carecem de análises fitoquímicas.
São flores fortemente aromáticas que podem ser fontes de pigmentos com importantes
funções nutracêuticas. Outros usos potenciais (sementes/óleo, folhas e raízes pivotantes)
precisam ser avaliados (ver O. ravenii abaixo).
Oenothera indecora Cambess. (MINUANA) – Comentários e observações similares a O.
affinis. Segundo Côrrea & Penna (1984, v. V, p. 216), é considerada útil no tratamento de
feridas e úlceras, mas não tece maiores considerações. Ressalta-se que todas as espécies
aqui apresentadas merecem pesquisas farmacológicas, uma vez que O. biennis L. goza de
princípios medicinais promissores e vem sendo cultivada em Santa Catarina (EPAGRI) sob
o nome onagra com fins terapêuticos.
Oenothera longiflora L. (MINUANA) – Observações e formas de usos potenciais
similares às espécies anteriores.
Oenothera mollissima L. (MINUANA) – Côrrea (1984, v. I, p. 501) cita esta espécie como
tendo função aperitiva (raiz), adstringente e vulnerária. Demais observações e formas de
uso similares às demais espécies apresentadas.
Oenothera ravenii W. Dietr. (MINUANA) – No Brasil espécies do gênero Oenothera são
totalmente negligenciadas em todos os seus potenciais usos econômicos, e.g., ornamental,
alimentício, oleaginosa e aromática. Este gênero é pouco conhecido e estudado no Brasil.
O estudo taxonômico das espécies nativas no RS foi realizado por Falkenberg (1988), onde
encontram-se as descrições completas dos táxons aqui apresentados. Oenothera ravenii
ocorre na restinga litorânea no Rio Grande do Sul, em solos arenosos, sobretudo em locais
alterados por atividades antrópicas. Nos municípios do interior também ocorre em áreas
abertas e bem iluminadas, como beiras de estradas, pastagens e lavouras. Observações
283
similares foram feitas por Falkenberg (1988), o que pode ser um bom indicativo da
adaptabilidade e potencial para cultivo desta espécie. No presente estudo O. ravenii foi
registrada em pleno vigor reprodutivo nas areias bem drenadas do litoral Norte do RS
(Capão Novo), assim como em solo brejoso da Estação Experimental Agronômica da
UFRGS, em Eldorado do Sul. Em cultivos experimentais no Sítio Capororoca no bairro
Lami, zona sul de Porto Alegre, a espécie mostrou bom crescimento em solos argilo-
arenosos ricos em matéria orgânica, mal-drenados, mas também em canteiros arenosos. No
entanto, as folhas foram afetadas por ferrugem foliar causada pelo fungo Puccinia sp.
Sementes semeadas em Porto Alegre apresentaram boa e rápida germinação em substrato
comercial sob luz indireta. Os frutos apresentam o inconveniente da maturação
descompassada e deiscência. Mas, estas características estão presentes no gergelim e
técnicas de colheita desta espécie podem ser adaptadas para o manejo das minuanas.
No presente estudo O. ravenii, que parece a espécie mais promissora dentre as
nativas, foi cultivada experimentalmente e suas flores inteiras (inclusive porção fértil e
grãos de pólen) foram consumidas abundamente em saladas cruas, sendo muito saborosas e
aromáticas. As raízes carnosas possuem coloração interna roxa (similar a beterraba) e
também foram consumidas cozidas. As sementes foram utilizadas no preparo de pães tanto
misturadas à massa como colocadas sobre os pães, da mesma forma como se faz com as
sementes do gergelim. E as folhas jovens foram consumidas cozidas. As folhas precisam
ser consumidas quando bem jovens e tenras (folhas em roseta), pois são levemente
taníferas. Estudos químicos e bromatológicos (com ênfase em compostos antinutricionais)
e químicos são necessários para todas as partes com potencial alimentício desta espécie.
Apesar de não haver nenhum estudo com as espécies brasileiras, este gênero mostra-se
promissor para cultivo e exploração econômica, especialmente como oleaginosa. (Figura
25j; Figura 27a-d).
284
Apesar de negligenciadas e desconhecidas no Brasil, em outros países, as espécies
deste gênero são exploradas economicamente, e.g., O. biennis. Curiosamente, esta espécie
exótica também é cultivada em algumas regiões do Brasil (e.g., SC sob o nome onagra)
com finalidades medicinais. Kays & Silva (1995) citam diversos nomes populares em oito
línguas para O. biennis, entre eles também erva-dos-burros, minuana e boa-tarde. Os dois
últimos, também são utilizados para as espécies brasileiras. Esta espécie é considerada por
estes autores como uma hortaliça comercialmente cultivada em algumas partes do mundo,
citando que os brotos tenros e as folhas são consumidos cozidos ou crus. Côrrea (1984, v.
II, p. 313-314) cita o uso alimentício das raízes carnosas de O. biennis, assim como de suas
folhas jovens cozidas, especialmente na Europa (Alemanha). Este autor cita ainda o uso
alimentar das raízes de O. mendozinenis Gill. [SIC] no Uruguai. (a grafia correta é O.
mendocinensis Gillies ex Hook. & Arn.).
Para enfatizar o potencial do gênero e encorajar estudos similares com as espécies
brasileiras, são apresentados alguns dados disponíveis para as espécies cultivadas e ou
melhor estudadas. Oenothera biennis (evening primrose) é muito similar a O. ravenni. Esta
espécie é cultivada devido às suas sementes serem uma ótima fonte de ácido
gamalinolênico (“gammalinolenic acid”) com usos medicinais diversos (MABBERLEY,
2000). Na China várias espécies deste gênero, todas exóticas introduzidas, com ênfase em
O. biennis, vem sendo estudadas e cultivadas nos últimos 20 anos (DENG et al., 2000).
Estes autores relatam rendimentos de 750 a 3000 kg ha
-1
de sementes, sendo a produção
anual do país (1999) estimada entre 16-19 mil toneladas de sementes. Como já citado o
óleo das sementes contêm ácido gamalinolênico, que segundo Deng et al. (2000) tem ação
antiaterosclerose, antitrombótico, além de muitas outras aplicações clínicas potenciais,
inclusive para o tratamento de eczema, com licenças farmacêuticas já concedidas. Estes
autores e referências citadas por eles abordam os tratos culturais, manejos de colheita e
285
pós-colheita, que podem servir de base para trabalhos similares com as espécies brasileiras.
Outros estudos químicos estão disponíveis para espécies deste gênero, e.g., Taniguchi et al.
(2002) que isolaram um elagitanino chamado oenoterina T
1
(oenotherin T
1
) das folhas de
Oenothera tetraptera Cav.; e Peiretti et al. (2004) que analisaram a composição química,
digestibilidade e tipos de ácidos graxos presente nos diferentes estádios de O. paradoxa
Hudz.
Opiliaceae
Agonandra excelsa Griseb. (AMARELÃO) – Os frutos são arredondados e a casca
(epicarpo) mantem-se verde-limão mesmo após maturação. O epicarpo é liso, brilhante e a
polpa é suculenta (viscosa, espessa) nitidamenete separada deste. Mergulhada nesta polpa
há uma única semente grande com ornamentação típica (“ventosas” ou “cristas”) numa das
extremidades do endocarpo lenhoso. A polpa é adocicada e aromática, com leve retrogosto
amargo. Os frutos podem ser consumidos ao natural ou em licores. Neste caso, recomenda-
se a retirada das sementes, pois não há informações sobre sua composição química e as
mesmas não foram experimentadas no presente estudo. Esta espécie carece de estudos
bromatológicos e farmacológicos (polpa, epicarpo e amêndoas). Seus frutos foram citados
como comestíveis por Ragonese & Martínez-Crovetto (1947, p. 167) sob o nome sombra
de toro (Argentina). Estes autores afirmam que seus frutos são doces e, apesar de conter
uma substância gomosa são muito apreciados pelos indígenas e gente pobre da região de
ocorrência. Côrrea & Penna (1984, v. V, p. 384) citam que outra espécie afim deste gênero
(Agonandra brasiliensis Miers. ex Benth.), sob pau-d’alho-do-campo, possuem sementes
oleaginosas. No entanto, não abordam que tipo e qual as aplicações potenciais do óleo.
Mors et al. (2000) reportam um trabalho antigo que detectou mais de 50% de um óleo
viscoso em A. brasiliensis. As amêndoas de A. excelsa são muito similares às da A.
brasiliensis e seu potencial oleaginoso precisa ser avaliado. Estes mesmos autores também
286
relatam que extratos da casca têm atividade moluscicida e as folhas são utilizadas em
banho para reumatismo. As raízes são ricas em saponinas utilizadas no preparo de uma
bebida espumante similar à cerveja, chamada de cerveja-de-pobre (um dos nomes
populares desta espécie). Portanto, estudos fitoquímicos destas porções da espécie aqui
apresentada são recomendáveis, pois são similares e afins. Côrrea & Penna (1984, v. V, p.
406) citam A. brasiliensis, mas sob o nome popular pau-marfim, afirmando que seus frutos
são agradáveis e bastante procurados por animais de caça.
Agonandra excelsa é considerada rara no RS, pouco conhecida em todos aspectos
bioecológicos e merece estudos de propagação sexuada e assexuada. Somente
recentemente foi registrada para RMPA e em Porto Alegre (Morro Santana), não
constando inclusive no importante de trabalho de Brack et al. (1998) sobre as árvores e
arbustos deste município. Há registros também para o Parque Estadual de Itapuã (Viamão).
As imagens apresentadas neste trabalho são de uma árvore cultivada no Jardim Botânico
de Porto Alegre - JBPOA (acesso proveniente de Barra do Turvo, Tenente Portela/RS em
28/02/1990, coletador por Ari D. Nilson). A semeadura foi efetuada em seguida no JBPOA
e a germinação iniciou-se somente em 26/06/1990. Ao total foram nove mudas. Este
indivíduo cultivado tem cerca 5,5 m de altura e DAP reduzido. As folhas são amareladas
típicas, possivelmente daí o nome amarelão. A floração deste indivíduo ocorreu em agosto
(2006). Esta informação é aqui apresentada apenas em quanto dado fenológico, pois não é
a primeira floração do espécime. Ressalta-se que são flores esverdeadas e inconspícuas, de
curta duração – cerca de 15 dias após a verificação de pequenos botões cremes já não havia
nenhuma flor e sim pequenos frutos já formados. Em dezembro (2006) quase todos os
frutos tinham caído naturalmente ou sido consumidos por animais e os demais ainda
presentes na planta foram colhidos completando a maturação pós-colheita. (Figura 24h;
Figura 27e-f).
287
Oxalidaceae
Oxalis articulata Savigny (AZEDINHA) – Oxalis articulata é citada por Mors et al.
(2000) como antitérmica e usada contra dor de garganta. Duke (2001) recomenda cautela
no consumo das espécies do gênero, pois assim como o espinafre, o ruibarbo e muitas
outras espécies, Oxalis spp. são ricas em ácido oxálico, que em grande quantidade podem
causar problemas, especialmente para pessoas com problemas renais. Este autor cita
também que leite ou qualquer outro alimento rico em cálcio serve como antídoto. Esta
recomendação de consumo moderado e, não como alimento diário, é válida para todas as
espécies de Oxalis e muitos outros alimentos, inclusive os convencionais ricos em ácidos
oxálicos, e.g., chocolate (cacau), carambola, tomate e muitos outros.
A princípio todas as espécies de Oxalis que possuem folhas tenras e bem
desenvolvidas, pecíolos carnosos, flores de cores diversas (róseas, brancas, amarelas, ...)
são comestíveis como hortaliça ou como ‘condimento’ de saladas e sucos, ou seja, para
sabor ácido e refrescante. Inclusive, um dos mais famosos Chef brasileiro da atualidade
(Alex Atala) tem utilizado folhas de Oxalis em algumas de suas receitas apresentadas na
televisão. No Brasil, é usual as pessoas do campo mastigarem os pecíolos carnosos, pela
sensação refrescante e ou para aliviar a sede durante caminhadas e ou trabalhos na
agricultura. Na região de Nova Prata (RS), os descendentes de poloneses denominam as
espécies de Oxalis de ‘pão-e-vinho’ e têm o hábito de ocasionalmente consumirem os
pecíolos e ou as folhas durante a lida no campo.
Geralmente o gênero Oxalis é citado como comestível de forma genérica na
literatura específica. Por exemplo, Zurlo & Brandão (1990) e Duke (2001) citam Oxalis
spp., exemplificando com algumas espécies. Kunkel (1984) cita 29 espécies, ressaltando
que muitas outras podem ter potencial alimentício. Facciola (1998) cita sete espécies.
Rapoport & Ladio (1999) citam que todas espécies do gênero, com ênfase nos bosques
288
andino-patagônicos, são comestíveis. No presente estudo foram selecionadas algumas
espécies nativas na RMPA que parecem mais promissoras, mas há outras que podem ser
acrescidas à listagem e avaliadas. Estudos dos compostos nutricionais e antinutricionais de
todas espécies nativas aqui apresentadas são necessários. Além das partes áreas
anteriormente citadas, muitas espécies listadas por Kunkel (op. cit.) possuem tubérculos ou
bulbos comestíveis, inclusive algumas espécies brasileiras. A mais famosa, dentre as
tuberosas, é a oca (Oxalis tuberosa Mol.), hortaliça tuberosa andina. As espécies nativas da
RMPA precisam ser estudadas e testadas em relação às partes subterrâneas.
Oxalis bipartita A.St.-Hil. (AZEDINHA) – Esta espécie é citada por Mors et al. (2000)
como antitérmica e usada contra dor de garganta. Pela sua abundância em áreas sob
cultivo, folhas e pecíolos tenros desta espécie foram consumidos no presente estudo como
hortaliça ou ‘condimento’ ocasional adicionada a saladas e ou sucos. Sua parte subterrânea
precisa ser avaliada.
Oxalis brasiliensis Loddiges (MACAXIM) – O nome macaxim ou corruptelas aplicadas a
diversas espécies de Oxalis são de origem do Tupi, significando pequena macaxeira (=
mandioca ou aipim). Provavelmente isto deve-se ao formato e aspecto dos rizomas ou
bulbos subterrâneos ou talvez ao uso como alimento pelos indígenas. As folhas e pecíolos
desenvolvidos sugerem o uso como hortaliça ou ‘condimento’ ocasional. Sua parte
subterrânea precisa ser avaliada.
Oxalis corniculata L. (TREVO-AZEDO) – É uma espécie cosmopolita. Em amplo
levantamento realizado pelo IBGE na década de 1970, esta espécie foi citada como
hortaliça folhosa e medicinal (IBGE, 1980). Facciola (1998) cita que suas folhas são
consumidas cruas ou cozidas ou adicionadas a outros pratos para dar um sabor ácido. Os
frutos são consumidos como alimento refrescante. Duke (2001) cita que os Cherokee
utilizam esta espécie para tratar desordens sangüíneas, câncer, dor de garganta, aftas e
289
ancilostomíase. Mors et al. (2000) citam seu uso como antitérmica, antidiarréica e para
tratar prolapso retal e citam que os frutos são utilizados para limpar os dentes. Segundo
Agrahar-Murugkar & Pal (2004), além de ser uma hortaliça folhosa não-convencional
utilizada como complemento alimentar pela tribo Khasi na Índia, também é usada para
aliviar problemas estomacais menores. Segundo You-Kai et al. (2004), as folhas cozidas
desta espécie são consumidas como hortaliça e comercializada na região sudoeste da China
(Xishuangbanna), apartir de extrativismo, durante o ano inteiro. Frisa-se que os autores
consideram-na nativa da região. Díaz-Betacourt et al. (1999) também a classificam como
alimentícia e quantificaram sua fitomassa comestível disponível em ambientes antrópicos
de Coatepec (México).
Oxalis debilis Kunth; O. lasiopeta Zuccarini; O. linarantha Lourteig; O. perdicaria
(Molina) Bertero (AZEDINHAS) - Pelas folhas e pecíolos desenvolvidos estas espécies
foram, ocasionalmente consumidas no presente e ou são propostas pelo presente estudo
como hortaliça ou ‘condimento’ ocasional. Suas partes subterrâneas precisam ser
avaliadas. As demais observações e recomendações são similares às citadas para O.
articulata.
Oxalis triangularis A. St.-Hil. (TREVO-ROXO) - Esta espécie é citada por Mors et al.
(2000) como antitérmica e usada contra dor de garganta. Esta espécie é muito cultivada em
diversas regiões do Brasil como ornamental. Na RMPA, além de ser cultivada como
ornamental, especialmente como planta de interiores, também é encontrada,
eventualmente, crescendo espontaneamente em áreas cultivadas. Esta espécie é
caracterizada pelas folhas fortemente purpuráceas na face abaxial e verde-arroxeadas com
máculas prateadas na adaxial. Possui um sabor fortemente ácido (azedinho e agradável).
Oxalis triangularis é uma boa fonte de pigmentos de antocianinas com um teor, em base
úmida, de antocianinas monoméricas de 195 mg/100g de folhas, sendo de 2,42 g/100g em
290
folhas secas (PASMIÑO-DURÁN et al., 2001). Estes autores detectaram que a antocianina
majoritária é a malvidina-3-rutinosídeo-5-glicosídeo. Segundo Pasmiño-Durán et al. (op.
cit.) esta coloração intensa, aliada ao fato deste trevo ser tradicionalmente utilizado na
cozinha e ser facilmente cultivado tornam esta espécie uma fonte promissora de corante
alimentício, ressaltando a necessidade de se avaliar estabilidade deste corante natural.
Passifloraceae
Passiflora actinia Hook. (MARACUJÁ-REDONDINHO) – Esta espécie pode ser
encontrada sob o sinônimo Passiflora paulensis Killip. Descrição completa pode ser
encontrada em Bernacci (2003). Os frutos (baga) possuem de 3,5-4 cm, são subglobosos a
globosos, amarelo-pálidos quando maduros e as sementes obovais e foveoladas. Um
detalhe que facilita a identificação a campo é a coloração esbranquiçada da face abaxial
(inferior) da lâmina foliar. Foi coletada com flor entre setembro e novembro e com fruto
entre novembro e abril (Bernacci, 2003). Prazeres (1989) num estudo na região
metropolitana de Curitiba constatou que a floração inicia-se na primeira semana de
setembro, atingindo o clímax em outubro e terminando em novembro, quando já possui
frutos. No RS foi coletada com frutos maduros em fevereiro no município de São
Francisco de Paula (V.F.Kinupp 2905, ICN). Os frutos maduros apresentam polpa
suculenta abundante, saborosa tanto diretamente quanto sob a forma de sucos.
Possivelmente, a casca também possa ser utilizada no preparo de farinha a exemplo do
maracujá-azedo (Passiflora edulis Sims), que já vem sendo bastante utilizado como
alimento funcional, por exemplo, para o controle de diabetes. A espécie propaga-se por
sementes e vegetativamente, via estaquia. A viabilidade das sementes, germinação e
eficiência de enraizamento precisam ser pesquisadas e testadas. O que já está comprovado
é a necessidadede fecundação cruzada (xenogamia) para formação completa dos frutos e
sementes (Prazeres, 1989). Segundo esta mesma pesquisa o principal polinizador é a
291
mamangava (Xylocopa (Neoxylocopa) angustii). Apesar do grande potencial e sabor
agradável é a primeira vez que esta espécie é citada como alimentícia. É uma espécie com
grande potencial para exploração econômica, pois apresenta uma ampla distribuição nas
regiões Sudeste e Sul do Brasil. Apresenta uma relativa tolerância às temperaturas mais
amenas da Mata Atlântica e Floresta com Araucária e produz, mesmo em condições
naturais, grande quantidade de frutos com polpa amarelada abundante, saborosa e com
bom rendimento de suco. Segundo Prazeres (1989), em condições naturais do local
estudado (Curitiba), quase 100% das flores formaram frutos. Atualmente, está em pleno
crescimento a valorização das pequenas frutas e de produtos oriundos de manejos
orgânicos e de baixo impacto ambiental. Pelas características supramencionadas,
Passiflora actinia mostra-se com potencial para cultivo e uso imediato. (Figura 24i; Figura
27g).
Passiflora alata Curtis (MARACUJÁ-DOCE) – Algumas pessoas consideram esta espécie
exótica na RMPA e ou RS. Contudo, nenhuma comprovação efetiva de sua introdução e ou
inexistência no Estado em tempos pré-coloniais foram encontradas, portanto considera-se
nativa. O fato de esta espécie ser somente encontrada em margens de rodovias ou áreas
alteradas e ‘nunca’ em florestas mais maduras não é prova cabal de sua origem exótica,
indica apenas que é uma espécie ruderal. Contudo, pode ser uma ruderal nativa, que
apresenta este comportamento de maior dependência do homem exatamente pelo antigo
processo de uso e coevolução. MARTIN & NAKASONE (1970) afirmam que a
distribuição natural desta espécie é do Peru ao Brasil, sem maiores detalhes. León (1987) e
Bernacci (2003) enfatizam as afinidades com Passiflora quadrangularis L. No Brasil há
registros no Pará, da Bahia ao Rio Grande do Sul e no Centro-Oeste (BERNACCI, 2003;
LORENZI et al., 2006). Apesar de já ser comercialmente cultivada, ainda carece de
estudos bromatológicos e fitoquímicos pormenorizados da polpa e casca. Seus frutos são
292
muito doces, geralmente consumidos como sobremesa. Seus frutos são comercializados em
pequena escala, mas geralmente a preços poucos acessíveis à maior parte da população.
Portanto, estudos agronômicos e plantios são recomendados. Há considerável variabilidade
de forma e tamanho dos frutos comercializados versus frutos de plantas espontâneas.
(Figura 27h-i).
Passiflora amesthystina J.C. Mikan (MARACUJÁ-VERDE) – Espécie pouco conhecida
em relação ao potencial alimentício. Seus frutos são fusiformes e mesmo maduros
permanecem com epicarpo verde-amarelado, o qual torna-se mole. Sua polpa é
esbranquiçada e saborosa. Consumida pelo autor desde a infância diretamente ou sob a
forma de suco. Descrição completa em Bernacci (2003) e ilustrações em Lorenzi et al.
(2006). Estudos fitoquímicos e bromatológicos e iniciativas de cultivo são recomendáveis.
Passiflora caerulea L. (MARACUJÁ-DA-POLPA-VERMELHA) – Esta espécie é
curiosamente citada como tendo suas flores também comestíveis em xarope (FACCIOLA,
1998). Durante a revisão ampla para este estudo apenas mais uma espécie de Passiflora (P.
biflora Lam.) foi encontrada como tendo flores comestíveis (KAYS & DIAS, 1995). Os
frutos verdes cozidos também podem ser consumidos como hortaliça (FACCIOLA, op.
cit.). Normalmente apenas a polpa (arilo) vermelha é comestível in natura diretamente ou
sob a forma de suco, musses, cremes e para coberturas destes e de sorvetes, dando um
aspecto visual muito agradável. Possui grande potencial para usos em alta gastronomia,
para decoração (comestível) de pratos diversos (frios ou quentes; doces ou salgados). O
epicarpo e mesocarpo esponjoso também podem ser consumido diretamente e utilizados
para engrossar geléias (pectina). Recomenda-se estudos fitoquímicos e bromatológicos. É
uma espécie que tolera períodos de frio, ocorrendo em regiões mais frias do RS e de SC,
inclusive cultivada em algumas regiões da Europa. Merece ser cultivada como frutífera em
sistema de espaldeira. Frisa-se que são muito apreciadas pelas aves quando totalmente
293
maduros, mas os frutos “de vez” podem ser colhidos, completando a maturação pós-
colheita. (Figura 24j; Figura 27j; Figura 28a).
Passiflora edulis Sims (MARACUJÁ) – Tanto a forma típica (Passiflora edulis fo. edulis)
quanto à forma cultivada com frutos amarelos (P. edulis fo. flavicarpa) eram cultivadas na
Flórida na década de 1950, assim como na Austrália, Hawaí e outros países (LEDIN,
1957). Em estado nativo na RMPA e no Brasil ocorre apenas o maracujá-roxo (casca roxa
P. edulis fo. edulis) que ocorre também em estado nativo na Argentina, mas é cultivado
em diversos outros países a partir de material, em algum momento, trazido do Brasil
(MARTIN & NAKASONE, 1970). Passiflora edulis fo. flavicarpa O. Deg. tem
distribuição natural desconhecida, acredita-se que seja um híbrido (MARTIN &
NAKASONE, op. cit.) ou uma mutação (BERNACCI, 2003), tendo sido registrada pela
primeira vez na Austrália e de lá levada para o Havaí, onde o cultivo desenvolveu-se
(LEÓN, 1987) e espalhou-se pelo mundo. Esta forma de frutos amarelos grandes é
encontrada apenas sob cultivo. Bernacci (2003) afirma que em função de sua provável
origem de mutação e a pequena amplitude de variação e ou variações inconsistentes
taxonomicamente é mais apropriado tratá-la como cultivar: Passiflora edulisflavicarpa’.
A espécie Passiflora edulis e suas variedades são extensamente cultivadas nos outros
Estados brasileiros e em diversos países do mundo (e.g., vários países da América
Tropical, Índia, Sri Lanka, Austrália, Havaí, e em muitos países africanos e na região
caribenha). Dados bromatológicos desta espécie estão disponíveis em diversas fontes, cita-
se os dados da TACO (NEPA/UNICAMP, 2006) para Passiflora edulisflavicarpa (fruto
cru [polpa] - em base úmida): umidade (83%); energia (68 kcal/100g); proteína (2 g/100g);
lipídios (2 g/100g); carboidrato (12 g/100g); fibra dietética (1,1 g/100g); cinzas (0,8
g/100g); Ca (5 mg/100g); Mg (28 mg/100g); Mn (0,1 mg/100g); P (51 mg/100g); Fe (0,6
mg/100g); Na (2 mg/100g); K (338 mg/100g); Cu (0,19 mg/100g); Zn (0,44 mg/100g);
294
riboflavina (0,05 mg/100g); piridoxina (0,05 mg/100g); vitamina C (20 mg/100g).
Passiflora edulis é uma espécie domesticada ou semidomesticada que dispensa maiores
informações, pois existem diversas variedades cultivadas comercialmente, trabalhos de
pesquisas agronômicas e sobre tecnologia de alimentos disponíveis em fontes diversas.
Ilustrações da espécie e de algumas cultivares em Lorenzi et al. (2006). (Figura 28b).
Passiflora eichleriana Mast. (MARACUJÁ-DE-COBRA) – Descrição completa dessa
espécie pode ser encontrada em Bernacci (2003). É citada com alimentícia e ilustrada por
Lorenzi et al. (2006). Informações adicionais não foram encontradas.
Passiflora elegans Mast. (MARACUJÁ-DE-ESTALO) - Esta espécie é afim a Passiflora
actinia. Dado estas similaridades morfológicas estas duas espécies foram alvo de uma
pesquisa genética para tentar verificar as relações filogenéticas entre elas (LORENZ,
2002). É citada como alimentícia por Lorenzi et al. (2006) e seus frutos foram consumidos
no presente estudo. Seguramente é a espécie de Passiflora com os frutos mais aromáticos e
agradáveis consumidos pelo autor. A polpa é doce e suculenta em frutos saudáveis. No
entanto, os frutos são altamente suscetíveis ao ataque por moscas-das-frutas e,
aparentemente, a polpa não completa a maturação tornando-se seca e infestada de larvas. É
bastante comum na base do Morro Santana (Campus da UFRGS) e na Serra do Sudeste
(Caçapava do Sul). Além disso, é uma espécie altamente ornamental. Carece de estudos
agronômicos e fitoquímicos. (Figura 24l; Figura 28c).
Passiflora foetida L. (MARACUJÁ-DA-PEDRA) – Os frutos são amarelos (LORENZI et
al., 2006), mas segundo Martin & Nakasone (1970) existem acessos com frutos vermelhos.
Estes autores citam que os frutos variam de 1,5-4 cm de diâmetro e possuem polpa branca.
Barclay & Earle (1974) analisaram suas sementes, detectando 10,8% de proteína e 24,8%
de lipídios. Descrição completa em Bernacci (2003). (Figura 28d).
295
Passiflora misera Kunth (MARACUJAZINHO) – É uma espécie sem grande potencial
alimentício. Seus frutos são pequenos, mas são citados como comestíveis por Martínez-
Crovetto (1968). Descrição completa em Bernacci (2003) e ilustração em Sacco (1980).
Passiflora suberosa L. (MARACUJÁ-RABO-DE-BALEIA) - É uma espécie também sem
grande potencial alimentício. Seus frutos são pequenos, mas são citados como comestíveis
por Sacco (1980). Os frutos foram consumidos no presente estudo. São pequenos e meio
sem doce, mas são intensamente roxos quando maduros. Merecem estudos para quantificar
e avaliar estes pigmentos que podem ter importantes funções nutracêuticas e como corante
natural. Potencial ornamental para cultivo em cercas e pergolados, especialmente pelas
folhas com formato que lembra a cauda das baleias.
Passiflora tenuifila Killip (MARACUJÁ-DE-COBRA) – É uma trepadeira com frutos
imaturos verdes recobertos por uma cerosidade branca e frutos maduros amarelos escuros.
Ao cortar os frutos é notável que a polpa encontra-se no interior de uma câmara aderida à
base dos frutos, característica de importância taxonômica, ao menos para identificação das
espécies da RMPA. A descrição completa da espécie pode ser encontrada em Bernacci
(2003). É citada como alimentícia e ilustrada em Lorenzi et al. (2006). A polpa é sucosa e
amarela com sabor forte. No presente estudo frutos desta espécie foram consumidos in
natura diretamente e em refrescos. O suco concentrado elaborado com esta espécie tem
ação altamente calmante. Este maracujá é uma frutífera promissora entre as espécies do
gênero Passiflora da RMPA. Schmeda-Hirschmann et al. (2005) analisaram a composição
centesimal e mineral, em base seca, de frutos silvestres de P. tenuifila nas Yungas
argentinas: umidade (100 g kg
-1
); proteína (103,1 g kg
-1
); lipídios (39 g kg
-1
); fibras (280 g
kg
-1
); cinzas (42,5 g kg
-1
); P (3.480 mg kg
-1
); Ca (0,546 g kg
-1
); Fe (0,119 mg kg
-1
); K (476
g kg
-1
) e Na (2,150 g kg
-1
). (Figura 24m; Figura 28e).
296
Phytolaccaceae
Phytolacca dioica L. (UMBU) – É uma espécie arbórea de grande porte, mas com madeira
mole, considerada por alguns uma erva gigante. É a árvore símbolo do pampa gaúcho e
repleta de lendas e histórias a seu respeito. Entre as histórias mais difundidas está a que o
chá de suas folhas puras e ou adicionadas, propositalmente, ao chimarrão provocam fortes
diarréias. Nenhum estudo químico específico para esta espécie foi encontrado, mas dado às
análises disponíveis para P. americana e P. thyrsiflora (dados a seguir) é muito plausível
que suas folhas sejam mesmo tóxicas. No entanto, Facciola (1998) cita esta espécie sob o
nome popular de bella sombra é nativa e cultivada na Argentina e que suas folhas e brotos
jovens (tenros) são consumidos como hortaliça (cozidos). Nenhuma informação de uso
popular tradicional ou estudo químico que corrobore esta forma de uso foram encontrados.
Aliás, seguindo a tradição oral vigente no RS jamais folhas desta espécie devem ser
utilizadas como alimento humano. Em função desta citação, estudos fitoquímicos e testes
de toxidez diversos são recomendáveis.
Já os frutos maduros de P. dioica foram consumidos in natura diretamente no
presente estudo, sem nenhum efeito adverso. Pelo contrário são muito doces e saborosos,
chegando aderir-se às mãos como mel de tão doces quando bem maduros. As sementes
foram descartadas. Estudos químicos e nutricionais dos frutos (polpa) são recomendáveis,
bem como análises químicas das sementes, das quais espera-se alguma toxidez. Facciola
(1998) menciona que os frutos podem ser utilizados para o preparo de geléias e doces em
calda. No primeiro caso, preventivamente, é recomendável passar os frutos em peneira de
arame de crivo fino para retirar as sementes e a segunda forma de uso deve ser evitada,
devido à possível insalubridade de alguns compostos presentes nas sementes. Côrrea &
Penna (1984, v. VI, p. 336) afirmam que os frutos do umbuzeiro são muito nutritivos para
porcos, o que foi corroborado por informações verbais obtidas durante o presente estudo de
297
moradores da RMPA (Campo Bom e Taquara), que afirmam que os porcos criados soltos
comem os frutos maduros. Côrrea & Penna (op. cit.) citam que o suco dos frutos contém
14% de açúcar, ácido volátil, óleo essencial e corante natural. (Figura 26a).
Phytolacca thyrsiflora Fenzl ex J.A. Schmidt (CARURUAÇU) – Esta é uma espécie
herbácea de grande porte comum em áreas abertas com solos férteis, especialmente em
áreas de matas e capoeiras após queimadas. É uma espécie duvidosa em relação ao seu uso
alimentício. São citados como de potencial na alimentação humana os frutos maduros
como corantes (não recomendados!) e as folhas e ramos jovens após fervura e troca da
água de cozimento repetidas vezes. Côrrea (1984, v. II, p. 98) cita que a espécie é
considerada venenosa crua, mas é comestível depois cozida (quatro vezes). Revilla (2002)
enfatiza que as folhas verdes e cruas são venenosas e as folhas novas e cozidas com dupla
fervura tornam-se comestíveis. Zurlo & Brandão (1990) citam que os usos culinários estão
restritos aos ramos novos, que são irritantes quando crus, mas que após o cozimento, com a
troca da água cerca quatro vezes, tornam-se comestíveis, com usos similares ao aspargo.
Os frutos são citados como corantes naturais para colorir massas caseiras, além de tecidos
e ovos de páscoa (ZURLO & BRANDÃO, op. cit.). A propriedade de irritação citada pelas
autoras, possivelmente deva-se a presença de oxalatos (e.g., oxalato de cálcio). Alguns
frutos maduros foram provados no presente estudo revelando-se também levemente
irritantes de forma similar a algumas Araceae, sabidamente ricas em ráfides de oxalato de
cálcio. Alguns autores mencionam que os frutos e ou as sementes são tóxicos, portanto não
devem ser utilizados como corantes de produtos alimentícios. Segundo Haraguchi et al.
(1988) os frutos são ricos em saponinas triterpênicas, sendo quatro novas saponinas
isoladas, todas tendo por base o conhecido ácido serjânico e as folhas, além de duas
saponinas novas também baseadas no ácido serjânico, contêm glicosídeos de 7-O-
metilcampferol e campferol. Algumas informações sobre as variadas atividades das
298
saponinas triterpênicas, e.g,, redução do colesterol, atividades antiinflamatórias e antiviral,
molusquicida e outras revisões podem ser encontradas em Schenkel et al. (2003). Das
sementes desta espécie Haraguchi et al. (1988) isolaram a lignana americanina A.
Possivelmente, o responsável pelos casos de intoxicação de crianças que ingerem os
chamativos frutos de uma espécie muito similar a aqui tratada (P. americana L.). Duke
(2001) cita este caso de intoxicação por frutos nos EUA, mas frisa que não omitiu a
espécie do seu livro por considerar os brotos tenros (sem tecidos lignificados ou
avermelhados), fervidos com água trocada duas vezes, entre as hortaliças mais saborosas.
Facciola (1998) também afirma que os brotos de P. americana (espécie muito afim a
nativa aqui considerada e, inclusive algumas vezes determinada como tal) consumidos
como aspargos ou picles são deliciosos. No presente estudo nenhum talo jovem e
preparado foi experimentado. Na pesquisa aqui apresentada, a espécie também não foi
omitida por existirem citações de usos medicinais diversos (REVILLA, 2000) e
alimentícios, além de citações de pessoas, sobre a comestibilidade da espécie. Estudos
químicos e testes in vitro e outros com ramos jovens (brotos) fervidos o número de vezes
usuais para consumo como hortaliça e ou transformados em picles são recomendáveis para
avaliar a persistência de compostos potencialmente tóxicos ou a detoxicação com estes
métodos tradicionais. Dada à existência de tantas outras hortaliças mais promissoras,
recomenda-se não utilizar
esta espécie alimentação humana, a menos que haja informações
adicionais que corroborem isto.
Piperaceae
Peperomia pereskiifolia (Jacq.) Kunth (ERVA-DE-VIDRO) – É uma espécie geralmente
rupícola de interior de matas. É citada como comestível por Kunkel (1984). Nenhuma
informação adicional foi encontrada. Suas folhas são altamente aromáticas e foram
299
experimentadas cruas e cozidas no presente estudo. Estudos fitoquímicos e bromatológicos
são recomendados.
Piper aduncum L. (ESPERTA-RUÃO) – Seus frutos são citados popularmente como
comestíveis quando encontrados bem maduros durante caminhadas na mata. No entanto, os
frutos fazem parte da dieta de várias espécies de morcegos e é raro encontrá-los maduros
para degustação. Quando experimentados verdes são taníferos (“travosos”, “marrentos”,
“ciquentos”) e induzem a salivação (sialagogos). Ragonese & Martínez-Crovetto (1947)
citam que podem ser utilizados como sucedâneos da pimenta-longa (Piper longum L. –
espécie da Índia). Popularmente P. aduncum e outras afins deste gênero são citadas com
substitutas para a pimenta-do-reino (Piper nigrum L.). Kunkel (1984) também cita o uso
dos frutos (infrutescências) desta espécie como condimento. Os frutos são mesmo
levemente picantes e altamente aromáticos. No entanto, faltam estudos práticos e
experimentais, além de análises fitoquímicas para corroborar ou não esta forma de uso.
Pott & Pott (1994) citam outras duas espécies afins, mencionando os mesmos usos
potenciais para os frutos.
Piper gaudichaudianum Kunth (PIMENTEIRA-DO-MATO) – É uma espécie com ampla
distribuição e alguns usos medicinais populares, especialmente com antiinflamatório e para
dor de dente (Péres et al. 2006). Estes autores isolaram e quantificaram de suas folhas
terpenos, ácidos graxos e vitamina E. Observações e potenciais similares aos citados para
P. aduncum.
Plantaginaceae
Bacopa monnieri (L.) Pennell (BACOPÁ) – É circunscrita na família Scrophulariaceae na
maior parte da literatura disponível. A utilização dessa espécie como hortaliça folhosa na
Índia foi mencionada por Dasgupta & De (2007). Estes autores analisaram o potencial
antioxidante desta espécie, utilizando diferentes métodos e entre as 11 espécies estudadas,
300
o bacopá ficou entre as mais antioxidantes na maioria dos métodos utilizados. Roodenrys
et al. (2002) citam o uso tradicional desta espécie sob o nome brahmi na medicina
Ayurvedica na Índia, especialmente para problemas de memória. Kunkel (1984) e Ogle et
al. (2003) citam o uso de suas folhas e ramos tenros em sopas. No entanto, é uma espécie
aquática ou anfíbia de distribuição geográfica muito ampla (pantropical) que pode ter
vários quimiotipos. Estudos fitoquímicos, toxicológicos e bromatológicos de amostras
brasileiras são desejáveis. É ocasionalmente cultivada em aquários no Brasil, tendo
portanto, potencial ornamental para aquariofilia.
Plantago australis Lam. (TANCHAGEM) – É uma espécie herbácea muito comum em
áreas cultivadas e sob impactos antrópicos no Sul do Brasil. É tradicionalmente utilizada
para diversos fins medicinais, tais como cicatrizante, antiinflamatório (DORIGONI et al.,
2001). Palmeiro et al. (2003) realizaram um estudo com extrato aquoso cru das folhas de P.
australis com ratos. Apesar das doses altas e por 60 dias, todos os parâmetros bioquímicos
e hematológicos avaliados neste estudo foram considerados normais, bem como as análises
histopatológicas dos órgãos, especialmente do fígado, não apresentaram alterações. No
entanto, estes autores ressaltam a necessidade de mais estudos toxicológicos. Além destes,
são necessários também estudos bromatológicos das folhas jovens e também das sementes.
No presente estudo, esta espécie foi fartamente consumida sob a forma de bolinhos fritos
com as folhas picadas (tempurah). As folhas também foram utilizadas no fabrico de pães e
bolos. As sementes foram consumidas in natura, utilizando-se o método dos descendentes
de poloneses de Nova Prata (RS), que chamam as espécies do gênero Plantago de bopka.
As infrutescências maduras são puxadas (debulhadas aderidas ainda à planta-mãe) com
mão e a “palha” assoprada da palma da mão, restando somente as sementes, que são
diretamente ingeridas. Segundo Olson et al. (1997) das sementes de espécies de Plantago
spp., se extrai um substância mucilagionsa chamada Psyllium. Segundo estes autores, a
301
inclusão das sementes de Plantago em cereais matinais reduzem a taxa do colesterol total
do colesterol ruim (LDL) em 5% e 9%, respectivamente. González & Rapoport (2005)
reportam o uso das sementes de Plantago, juntamente com sua “palha’ (“cascarilla”)
desde o Egito antigo, onde eram usadas no fabrico de pães. Estes autores citam que adição
destas sementes ao pão proporciona uma coloração violácea típica a massa. (Figura 26b).
Scoparia dulcis L. (VASSOURINHA) – Tradicionalmente pertence à família
Scrophulariaceae. É classificada como erva daninha ou inço e possui distribuição
pantropical. É usada como chá, o qual foi experimentado no presente estudo e é agradável.
Segundo Kunkel (1984) esta espécie é utilizada como sucedânea do chá-verde. É usada na
América Central para adoçar água de poço (Mabberley, 2000). Possivelmente para tornar
mais agradável o sabor de águas salobras. Este autor cita que é nesta região utilizada,
medicinalmente contra picada de cobra. No Brasil, Mors et al. (2000) reportam diversos
usos medicinais e alguns estudos químicos da espécie. Da porção de uso alimentício (parte
aérea), estes autores citam usos do suco das folhas para erisipelas e úlceras e o chá para
doenças do sistema urinário e febres. Ratnasooriya et al. (2005) reportam atividade
antioxidante de extratos aquosos desta espécie. Segundo You-Kai et al. (2004), as folhas
cozidas ou cruas de S. dulcis são consumidas como hortaliça na região sudoeste da China
(Xishuangbanna), obtida por extrativismo, em todos os meses do ano. Frisa-se que os
autores consideram-na nativa da região. É muito comum na RMPA, especialmente em
áreas cultivadas e merece estudos fitoquímicos e bromatológicos. (Figura 26c).
Poaceae
Bromus catharticus Vahl (CEVADILHA) – É uma espécie carente de informação. Kunkel
(1984), afirma que seus frutos podem ser utilizados como cereal. As cariopses carecem de
estudos morfométricos e fitoquímicos. Apesar do epíteto catártico, a planta não apresenta
302
efeitos laxantes ou purgativos (KISSMANN, 1997). Ilustração da espécie aparece naquela
obra (p. 443).
Eleusine tristachya (Lam.) Lam. (PÉ-DE-PAPAGAIO) – É uma espécie cosmopolita nas
regiões tropicais e subtropicais. Côrrea (1984, v. I, p. 608-609) descreve e apresenta dados
diversos sobre esta espécie, especialmente sobre o potencial como cerealífera e como
forrageira, apresentando análises nutricionais para ambas as formas de uso. Este autor cita
cultivo em outros países e apresentando uma lista de nomes populares em outros países.
No entanto, é possível que parte destes dados refiram-se a Eleusine coracana (L.) Gaertn.
De qualquer forma, esta espécie é um parente silvestre deste importante cereal e pode ter
importância em programas de melhoramento da espécie. Indivíduos espontâneos
observados na RMPA produzem grãos pretos de pequenas dimensões, mas que podem ser
consumidos adicionados a outros cereais ou à massa de pão, desde que cultivados ou se
ocorrerem em densas populações espontâneas, permitindo a colheita. (Figura 26d).
Leersia hexandra Sw. (ARROZINHO) – Esta espécie têm como sinônimos Oryza
hexandra Doell. e O. mexicana (Kunth) Doell., portanto é um parente silvestre do arroz
(Tribo Oryzeae) que pode ter importância em programas de melhoramento. As relações
filogenéticas de L. hexandra dentro tribo Oryzeae foram estudadas por Ge et al. (2002).
Segundo estes autores, o gênero Leersia compõe a subtribo Oryzinae juntamente com o
gênero Oryza. Segundo Côrrea (1984, v. I, p. 176) possui cariopses pardacentas e
farináceas, que apesar de pequenas, podem ser utilizadas como arroz. A parte aérea é uma
ótima forrageira para os gados bovino, eqüino e bubalino, sendo inclusive cultivada na
Austrália, Índia e Filipinas. Indicada para áreas úmidas e alagadiças. Descrição e ilustração
em Kissmann (1997, p. 607).
Luziola peruviana J.F. Gmelin (CAPIM-ARROZ) - Côrrea (1984, v. I, p. 177) descreve a
espécie, afirmando que as cariopses são ovóide-elípticas, esverdeadas, estriadas
303
longitudinalmente, mas muito pequenas. Estes grãos são emolientes e comestíveis da
mesma forma que o arroz (Tribo Oryzeae). A parte aérea é uma forrageira muito aceita
pelo gado. Esta espécie medra em solos brejosos, em algumas regiões formando “tapetes”
flutuantes, daí os nomes capim-boiador ou grama-boiadeira. Descrição e ilustração em
Kissmann (1997, p. 625).
Merostachys multiramea Hack. (TAQUARA-LISA) - Cariopses desta espécie foram
analisadas por Kinupp (2007) em relação ao teor mineral e protéico, destacando-se com
9,7% de proteína. No entanto, a princípio, o uso dos grãos desta espécie não é viável, uma
vez que apresenta um ciclo vegetativo muito longo, quando floresce, frutifica e morre de
forma quase sincrônica na região. Nestes períodos, localmente, são coletadas para consumo
humano e para tratar de galinhas. Este excedente momentâneo também atrai e permite a
proliferação ratos, as chamadas ratadas, fenômeno que conduz ao aumento de serpentes e
outros predadores dos roedores. Por esta raridade e disponibilidade durante a execução do
estudo suas cariopses foram analisadas. Os brotos jovens desta espécie, talvez possam ser
consumidos, merecendo testes e avaliações de sua textura. Pois como afirmam Kennard &
Freyre (1957) afirma que para o consumo doméstico, a maioria das espécies de bambu é
comestível, desde que eliminado o amargor ou sabor acre, usualmente obtido pela troca da
água várias vezes durante o cozimento. Segundo o Biólogo Rodney Schmidt (com. pess.,
2007) ocorre no Vale dos Sinos. (Figura 26e; Figura 28f-h).
Pharus lappulaceus Aubl. (CAPIM-BAMBUZINHO) – Também é citada sob Pharus
glaber Kunth. A descrição e ilustração são apresentadas em Côrrea (1984, v. I, p. 509), o
qual cita que as cariopses (sementes) foram aproveitadas para preparação de um mingau
alimentar. Algumas sementes foram consumidas no presente estudo. É muito similar tanto
no formato quando no sabor ao arroz-selvagem (Zizania aquatica L.) atualmente
comercializado, inclusive no Brasil. No entanto, é uma espécie rara, ou ao menos,
304
formando pequenas populações. Ocorre geralmente no interior (sub-bosque) das matas,
produzindo poucos frutos. No entanto, pode fornecer genes de interesse em programas de
melhoramento de outros arrozes e mediante seleção e ou cultivo pode gerar tornar-se mais
produtivos.
Rhynchoryza subulata (Nees) Baillon (ARROZ-SILVESTRE) – Espécie única do gênero
nativa do Sul do Brasil, Paraguai e Norte da Argentina (COOK, 1996). Este autor cita que
as cariopses possuem a lema expandida e esponjosa (aerenquimática), possivelmente para
flutuação, permitindo a hidrocoria. Comumente é citada sob o sinônimo Oryza subulata
Nees. Côrrea (1984, v. I, p. 177) descreve sucintamente a espécie e afirma que suas
sementes são maiores e mais doces do que as do arroz (Oryza sativa L.) e podem ser
consumidas das mesmas maneiras. Afirma ainda, que é apreciada como forrageira e cita
sua ocorrência como nativa no RS. É citada também como alimentícia por Ragonese &
Martínez-Crovetto (1947). Parece ser uma espécie rara no RS ou ao menos é muito pouco
conhecida e coletada. É um parente silvestre do arroz cultivado que merece mais atenção e
coletas intensivas para melhor caracterizar seu germoplasma. Não há coletas (acessos) na
Embrapa Arroz e Feijão procedentes do RS (BRONDANI, 2006). Suas relações
filogenéticas dentro tribo Oryzeae e subtribo Zizaniinae são apresentadas por Ge et al.
(2002).
Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen (CAPIM-RABO-DE-RAPOSA) – Esta espécie é mais
comumente encontrada sob Setaria geniculata (Lam.) P. Beauv. Esta espécie foi
arqueologicamente comprovada como um cereal silvestre de uso importante no México
(Valley e Tamaulipas) antes do advento da agricultura (CALLEN apud DE WET &
HARLAN, 1975). Em Tamaulipas esta espécie chegou a ser parcialmente domesticada,
com variedades de cariopses maiores, mas sem perder sua capacidade de autodispersão
(DE WET & HARLAN, op. cit.). Aparentemente, as variedades ocorrentes na RMPA não
305
apresentam potencial alimentício considerável, mas podem ser importantes em programas
de melhoramento como fonte de genes de interesse para espécies cerealíferas, e.g., S.
italica (L.) Pal.
Podocarpaceae
Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl. (PINHEIRO-BRAVO) - Há poucos trabalhos
sobre a química de Podocarpus lambertii, ao contrário de outras espécies do gênero
amplamente estudadas. O principal interesse deste é gênero reside na presença de
bioflavonóides, tais como podocarpus-flavona A, presente em todas espécies estudadas
(Ckless, 1990). Geralmente, os compostos detectados nos estudos disponíveis para o
gênero são obtidos a partir das folhas ou cascas, porções sem interesse alimentício direto.
Não foram encontrados estudos com as sementes nem com pedúnculos carnosos
(epimátio), este último de uso alimentício. Segundo Mattos (1978), os “frutos” (epimátio
ou epimatium) de P. lambertii são comestíveis e amadurecem de janeiro a março. Esta
porção carnosa é comumente consumida como fruta pelos habitantes dos locais de
ocorrência da espécie, especialmente no interior do RS. No presente estudo os epimátios
foram abundamente consumidos diretamente. São saborosos, suculentos, doces e possuem
coloração e consistência muito agradáveis. Foram analisados em relação ao teor protéico e
mineral (KINUPP, 2007). Merece estudos para avaliar seus pigmentos, vitaminas e demais
compostos de interesses nutracêutico.
Em relação às sementes não se encontrou nenhum estudo químico e ou menção de
seus usos para quaisquer finalidades. No entanto, devido às suas pequenas dimensões e o
trabalho necessário para retirá-las manualmente foi elaborada uma geléia utilizando tanto a
porção carnosa quanto as sementes trituradas em liquidificador. Este produto revelou-se
tóxico ou ao menos altamente indigesto. Atribui-se estas características às sementes, as
quais merecem estudos químicos específicos. Ao natural quando consumida uma ou outra
306
semente, durante o consumo do pedúnculo carnoso, tem um sabor levemente picante, sem
causar efeitos colaterais. Mas, a geléia induziu (V.F.Kinupp) um forte enjôo, mal-estar e
tontura imediatamente após o consumo. Felizmente, após o vômito induzido o mal-estar
passou rapidamente, mas concluiu-se que as sementes são tóxicas e não se recomenda o
seu uso com finalidade alimentícia. Estudos químicos são necessários para avaliar os
compostos e seus teores, os quais podem ter usos promissores, e.g., na indústria
farmacológica e ou como inseticidas ou inibidores de herbivoria. Estas recomendações são
reforçadas pelos estudos positivos (mas, não das sementes) para outras espécies do gênero
mostrando atividade inibitória do crescimento de insetos a partir do uso de podocarpus-
flavona A, e.g., P. gracilior Pilg. (Kubo et al., 1983). Além de bioensaios com culturas de
células que mostraram a ação citotóxica das dilactonas norditerpênicas extraídas da casca
de P. milanjianus Rendle e P. sellowii Klotzsch ex Endl. (Hembree et al., 1979), este
último também nativo do RS. Ressalta-se que o óleo volátil das folhas de P. sellowii
mostraram atividade anti-helmíntica (Gilbert et al., 1972). Estudos com as folhas de
Podocarpus lambertii mostraram resultados negativos para taninos, saponinas, alcalóides,
heterosídeos anticiânicos e cianogenéticos, cumarinas e antraquinosas. Sendo detectados
nos testes esteróides/triterpenos e flavonóides, sendo estes últimos fortemente positivos
(Ckless, 1990). (Figura 28i).
Polygonaceae
Muehlenbeckia sagittifolia (Ortega) Meisn. (SALSAPARRILHA-DO-RIO-GRANDE) –
É uma trepadeira volúvel e perene, muito comum sobre cercas, muros e terrenos baldios da
RMPA, especialmente em Porto Alegre. É popularmente utilizada no RS para eliminar
cálculos renais. Segundo os usuários a ingestão do chá das folhas não pode exceder a 15
dias consecutivos. Brasil e Silva (1974) e Mors et al. (2000) citam-na apenas como
depurativa sangüínea e usada contra sífilis. Segundo Brasil e Silva (op. cit.) as partes
307
aéreas desta espécie contêm taninos e antraquinonas, não apresentando ação laxante ou
purgativa. Poucas informações sobre a utilização como alimentícia de M. sagittifolia estão
disponíveis. Ragonese & Martínez-Crovetto (1947) citam seu uso como frutífera. A parte
comestível é na verdade o perigônio carnoso acrescente que envolve o fruto verdadeiro, um
aquênio preto, tri-angulado. O perigônio é suculento e com coloração de rosada a
esbranquiçada quando maduro. Perigônios foram consumidos no presente estudo. Seu
sabor é adocicado, porém levemente adstringente, lembrando no sabor, na textura e na
coloração a parte comestível do fruto da romãzeira (Punica granatum L.). Seu valor
nutracêutico merece ser avaliado. Hieronymus apud Ragonese & Martínez-Crovetto (1947)
menciona também o uso dos perigônios para fabricação de doces e chicha. Duas ou três
espécies adicionais deste gênero são citadas também como alimentícias: M. adpressa
(Lab.) Meisn. nativa da Austrália (KUNKEL, 1984) e M. chilensis Meisn. nativa do Chile
e de algumas regiões da Argentina (KUNKEL, op. cit.; RAGONESE & MARTÍNEZ-
CROVETTO, op. cit.). Rapoport et al. (2003) cita M. hastulata (Sm.) Johnst,
possivelmente como nome válido para M. chilensis, que além dos frutos comestíveis como
já referido, podem ter suas folhas consumidas da mesma forma que o espinafre. No
presente estudo folhas de M. sagittifolia foram consumidas cozidas. As folhas fervidas com
água e sal, escorridas e temperadas foram servidas como saladas em ocasiões diversas.
Recomenda-se apenas a ingestão de folhas fervidas e com água eliminada. Talvez este
processo possa ser feito até duas vezes, pois não há informações fitoquímicas detalhadas e
poderá ter compostos antinutricionais. Folhas mais jovens cruas foram ingeridas durante
caminhadas pelo campo, em pequenas quantidades, mas notou-se a eliminação de urina
esbranquiçada e concentrada após estas ingestões, possivelmente pela eliminação excessiva
de minerais do organismo, daí o uso popular do chá desta espécie no RS como eliminador
de cálculos renais. Portanto, estudos fitoquímicos, farmacológicos e nutricionais são
308
necessários para avaliar a provável presença e os possíveis teores de compostos
antinutricionais, tais como oxalatos, taninos e fitatos, em seus tecidos com usos potenciais
na alimentação humana. Dentre esses prováveis compostos sabidamente com ação
antinutricional, Brasil e Silva (1974) encontraram e quantificaram taninos pirocatéquicos
com teor médio de 0,96% nas folhas. Como sugestões para futuros estudos de composição
centesimal, mineral e de compostos antinutricionais recomenda-se comparar folhas cruas
versus folhas fervidas com água trocada ao menos duas vezes, bem como analisar as águas
das fervuras. Ressalta-se que é uma espécie perene, abundante, vigorosa e adaptada às
condições edafo-climáticas do Estado que merece ser avaliada para corroborar ou não seu
uso como fonte alimentícia e recomendar as formas adequadas de preparo e consumo.
Estudos do conteúdo protéico e mineral das folhas, em base seca, sem processo de
fervura, desta espécie foram realizados por Kinupp (2007). Segundo estes resultados as
folhas de M. sagittifolia são ricas em proteínas (27%) e diversos minerais, com destaque
para cálcio e potássio (KINUPP, 2007). Segundo Brasil e Silva (1974) as partes aéreas
(caules e folhas) desta espécie possuem teores médios de compostos antraquinônicos
(0,69%). Estes teores embora menores em relação a outros vegetais inscritos na 2ª. edição
da Farmacopéia Brasileira, poderão ser uma fonte destes compostos devido à sua
abundância e crescimento rápido. Os frutos merecem também estudos nutricionais e
químicos, pois apesar das dimensões reduzidas podem ser fontes de compostos
nutracêuticos e pigmentos úteis à saúde humana. Cabe mencionar que os frutos da espécie
M. hastulata analisados no Chile possuem alto valor energético (126 kcal/100g) e teores
consideráveis de proteínas e minerais (SCHMIDT-HEBBEL & MONTI apud RAPOPORT
et al., 2003). (Figura 26f).
309
Polypodiaceae
Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price (SAMAMBAIA-DOCE) – As partes aéreas
de Pecluma pectinatiformis (sin. Polypodium pectinatiforme Lindm.) são ou foram usadas
em algumas regiões do RS como adoçante e como remédio popular para tratar diabetes
(KINUPP et al., 2004). Os folíolos (pinas) são também mascados ou misturados à erva
mate (Ilex paraguariensis A. St. -Hil), no preparo do tradicional chimarrão. A planta é
epífita ou rupícola e, ocasionalmente, terrícola, é amplamente distribuída no Estado, mas
não abundante (KINUPP et al., 2004). O célebre conhecedor tradicional de plantas
medicinais no RS “Sarampião” (“Saranpión”) tamm citou uma samambaia-doce
ocorrente na região do Alto Rio Uruguai com usos medicinais (MAGALHÃES, 1997), no
entanto, a planta não foi encontrada nem identificada. Entretanto, dada a existência de
coletas desta espécie nos municípios da região, inclusive no próprio Parque Estadual do
Turvo (e.g., Sehnem, 12.667 – HAS), é altamente provável tratar-se da mesma espécie.
Tanto os rizomas quanto as folhas ou frondes (pinas) possuem sabor fortemente adocicado
com leve retrogosto amargo (princípio amargo-doce). Este sabor é similar ao dos adoçantes
comerciais e está presente tanto no material fresco quanto no desidratado. Com relação aos
trabalhos científicos sobre espécies desse gênero, nenhum relato foi encontrado
descrevendo sua constituição química ou atividades farmacológicas. Porém, há alguns
estudos desenvolvidos com espécies de Polypodium, gênero afim que compartilha a mesma
Tribo Polypodieae juntamente Pecluma. Kunkel (1984) cita como fontes de açúcares
Polypodium glycyrrhiza Eaton e P. vulgare L. A espécie mais usada é Polypodium vulgare,
conhecida como “sweet-fern”. Os rizomas desta planta, nativa da Europa e da Ásia, são
utilizados como adoçante, como laxativo suave, para tratamento de hepatite, além de serem
considerados expectorantes. Os constituintes químicos relatados para essa planta são
saponinas de núcleo esteróide, ecdisteróides, óleos voláteis, óleos fixos e taninos (Jizba et
310
al., 1971; Yamada et al., 1992, Coll et al., 1994). Mabberley (2000) reporta que P. vulgare
é também utilizado para aromatizar tabaco, pois possui sabor/aroma de alcaçuz
(Glycyrrhiza glabra L.) e contém ostadina (ostadin), 3.000 vezes mais doce do que a
sacarose. Este autor também cita que os rizomas de P. glycyrrhiza, espécie nativa da
América do Norte, são consumidos por indígenas das suas regiões de ocorrência. Norton
(1979) também cita esta espécie com o nome licorice fern (=feto-alcaçuz) como utilizada
como alimento por povos tradicionais do oeste de Washington (EUA). Mabberley (op.
cit.), enfatiza que outra espécie muito afim a P. glycyrrhiza, P. virginianum L. não tem
sabor doce. Isto é interessante, pois outras espécies de Pecluma também provadas não
possuem sabor doce (e.g., P. sicca (Lindm.) M.G. Price). Ressalta-se que no RS existem
oito espécies de Pecluma (ATHAYDE-FILHO & WINDISCH, 2003), que merecem
avaliações químicas. Alerta-se que para P. glycyrrhiza e P. virginianum, Mabberley (op.
cit.) reporta altos teores de fitoecdisonas (phytoecdyzones).
A análise cromatográfica dos extratos etanólicos de Pecluma pectinatiformis
indicou a presença de substâncias com comportamento cromatográfico de flavonóides e
saponinas de núcleo esteróide nas partes aéreas e apenas de saponinas nos rizomas. Nas
partes aéreas, as saponinas são os componentes majoritários. A caracterização do núcleo
esteróide deu-se pelo desenvolvimento de coloração verde-azulada frente ao agente
cromogênico anisaldeido sulfúrico (KINUPP et al., 2004). Estudos em andamento
revelaram forte ação bactericida dos extratos desta planta e foi isolado um tipo de sacarose
(Alexandre Taketa & Gilsane Lino von Poser, com. pess., 2007), portanto já não
recomenda-se sua utilização deliberada no tratamento de diabetes. Fotografia desta espécie
está disponível em Kinupp et al. (2004). Esta espécie necessita de estudos toxicológicos
aprofundados antes de qualquer forma de utilização via oral em maior escala.
311
Pontederiaceae
Eichhornia azurea (Sw.) Kunth (AGUAPÉ-DE-BARAÇO) – Pott & Pott (2000) reportam
que os brotos tenros e flores são comestíveis. Emmerich & Valle (1989), a partir de um
estudo de etnobotânica no Xingu reportam a utilização desta espécie como fonte de sal.
Frisa-se que o sal vegetal (Cloreto de Potássio) é tido como muito mais saudável do que o
sal de cozinha (NaCl). Portanto, estudos complementares e tecnólogicos no sentido de
produzir sal alimentício a partir de plantas são desejáveis. Este sal pode teria boa demanda,
se disponível no mercado, podendo ser utilizado para evitar e ou atenuar problemas de
hipertensão arterial, por exemplo. Considerada ótima forrageira por Côrrea (1984, v I, p.
41), mas apesar de consumida por porcos, bovinos e búfalos é classificada como de baixo
valor (KISSMANN, 1997; POTT & POTT, op. cit.). (Figura 26g).
Eichhornia crassipes (Mart.) Solms (AGUAPÉ) – É uma das macrófitas mais abundante
nos corpos de água da América do Sul e que se tornou uma espécie invasora em diferentes
regiões do mundo, causando sérios impactos econômicos e ambientais. Kunkel (1984) cita
que as folhas jovens (incluindo os pecíolos) são ocasionalmente consumidas cozidas e que
as inflorescências (flores) também podem ser consumidas. Felippe (2003) também cita que
suas flores azuis também são usadas em diversos pratos em algumas regiões do mundo.
Este autor cita também uso desta espécie como forrageira para porcos na Indonésia. As
flores de E. crassipes podem ter propriedades nutracêuticas importantes, pois sua
coloração azulada a arroxeada denota presença de antocianinas. Torki et al. (1994)
descreveram uma nova antocianina acilada das pétalas desta espécie. Neste trabalho os
autores analisaram principalmente as pétalas centrais com a coloração azul-purpurácea
mais intensa e manchas amarelas. Segundo You-Kai et al. (2004), as folhas frescas e
cozidas desta espécie, exótica na China, são consumidas e comercializadas como hortaliça
na região sudoeste do país (Xishuangbanna), durante o ano inteiro, sendo considerada
312
semi-silvestre. Naturalmente, que além do consumo direto, a conversão desta espécie em
concentrados alimentares parece mais promissora, para enriquecer alimentos como
farinhas.
Apesar de ser uma espécie invasora e considerada daninha, esta espécie possui usos
múltiplos negligenciados. Uma revisão destes potenciais econômicos, e.g., fertilizante,
forrageira e fonte para biogás é apresentada por Zhou et al. (2007). Estes autores
descrevem alguns métodos de extração e recuperação de K dos tecidos de E. crassipes e
conforme eles este aguapé pode conter 5% ou mais de K em base seca, sendo possível
produzir sais de potássio a partir de seus tecidos. Seu seu como fonte para obtenção do sal
sal vegetal é reportado em Emmerich & Valle (1989). Yu apud Zhou et al. (op. cit.) cita
uma média (em base seca) de 4,3% de K para análises do caule de E. crassipes, 6,6% para
folhas e apenas 1,4% para as raízes desta espécie. Entretanto, caules (pecíolos) e folhas
representam cerca de 86% massa seca total de espécie (Zhou et al., 2007). No entanto,
ressalta-se aqui que muitas das espécies nativas da RMPA analisadas por Kinupp (2007)
apresentaram teores similares e até superiores, mesmo para plantas terrícolas, tidas como
menos ricas em K segundo Zhou et al. (op. cit.).
Em relação ao uso alimentício, Wolverton & McDonald (1978) recomendam
fortemente seu uso como complemento alimentar, pois as folhas (em base seca) possuem
até 32,9% de proteína crua, com conteúdo de aminoácidos (inclusive os essenciais)
similares aos da soja e algodão (sementes), além dos teores vitamínicos e minerais altos.
Neste estudo diversos elementos minerais e diferentes vitaminas foram determinados, no
entanto, infelizmente as plantas analisadas foram cultivadas em tanques com água servida
(esgoto doméstico), o que compromete a interpretação dos dados e, naturalmente,
contamina quimicamente e microbiologicamente. Boyd & McGinty (1981) detectaram um
percentual de proteína significativamente inferior em plantas de um lago na Flórida (13,2%
313
- em base seca), com 54,7% de digestibilidade em matéria seca. Estudos nutricionais
completos como o Wolverton & McDonald (op. cit.) com plantas silvestres (de águas
limpas) e ou sob cultivo em lagos ricos em nutrientes, mas não contaminados (e.g., lagos
de pscicultura), portanto, com nutrientes similares aos de um sistema hidropônico,
merecem ser realizados. Informações adicionais sobre usos múltiplos e ilustrações em Pott
& Pott (2000).
Heteranthera reniformis Ruiz & Pav. (AGRIÃO-DO-BREJO) – É uma erva anfíbia,
geralmente ocorrendo em brejos, aderidas ao solo. É uma espécie totalmente negligenciada
e pouco estudada em todos os aspectos. Possivelmente tenha os mesmos usos potenciais
citados por Zhou et al. (2007) para Eichhornia crassipes e de acordo com as análises de
Kinupp (2007) possui teor de K superior (5,8%), em base seca. Cabe frisar que neste
estudo a análise contemplou a parte aérea total (folhas e ramos tenros). O teor de K
exclusivamente das folhas deve ser ainda maior, de acordo com o estudo de Yu apud Zhou
et al. (2007). As folhas são intensamente pastadas pelo gado bovino. As folhas tenras e
pecíolos foram consumidos cozidos e são agradáveis. Frisa-se a necessidade de estudos
fitoquímicos e bromatológicos. (Figura 26h).
Pontederia cordata L. (RAINHA-DOS-LAGOS) – Espécie também encontrada
comumente sob Pontederia lanceolata Nutt. ou ocasionalmente sob P. lancifolia Muhl.
Boyd & McGinty (1981) detectaram até 10% de proteía (em base seca), em plantas de um
lago na Flórida, com 33,7% de digestibilidade em matéria seca. Crowhurst (1972) cita o
consumo das folhas imaturas e tenras (pré-foliação) e das sementes, frisando que as folhas
precisam ser bem cozidas e que as sementes são parecidas com nozes e precisam ser
torradas, podendo ser misturadas a outros cereais ou utilizadas no fabrico de pães. Pott &
Pott (2000) também reportam a partir de fontes diversas, o uso das sementes moídas como
farinha, cruas ou cozidas e consumo dos pecíolos tenros (novos) cozidos. (Figura 26i).
314
Portulacaceae
Portulaca mucronata Link (BELDROEGA) – Esta ocorre na RMPA de acordo com Paes
Coelho-Oliveira (2006). Além do material testemunho citado na Tabela 1, há outras coletas
desta espécie na RMPA, depositadas no herbário PACA (57531; 56518; 7617; 26888) e
HAS (82207; 82205; 82221; 82215; 82171; 82222), conforme Paes Coelho-Oliveira (op.
cit.). Folhas e ramos tenros desta espécie foram consumidos crus e ou cozidos neste estudo.
São similares à P. oleracea. Entretanto, possuem um tufo de tricomas axilares
especialmente desenvolvidos em plantas espontâneas a pleno sol, os quais devem ser
removidos para consumo em salada. Plantas cultivadas ou mantidas em áreas agrícolas são
mais tenras e com tricomas menores. Carece de estudos fitoquímicos e bromatológicos.
(Figura 26j).
Portulaca oleracea L. (BELDROEGA) – Como o próprio epíteto específico diz é uma
hortaliça, uma hortaliça. É espécie muito citada como alimentícia tanto na literatura como
pelas pessoas. É comercializada em algumas feiras ecológicas de Porto Alegre em pequena
quantidade e também consumida e comercializada em diversas partes do mundo, e.g.,
Obied et al. (2003) citam a comercialização desta espécie no Sudão. No entanto, apesar de
reconhecidamente uma hortaliça e ser alvo de estudos diversos neste sentido, continua
relegada a inço ou erva daninha ou hortaliça de uso apenas local e sem a devida valoração
comercial, bem como ausência de pesquisas agrícolas. Em Porto Alegre, é comercializada
em pequena escala por agricultores ecológicos nas feiras temáticas. É uma espécie de
origem duvidosa, mas atualmente possui ampla distribuição geográfica ocorrendo em áreas
antrópicas, em diversos lugares do planeta (cosmopolita). Portanto considerada nativa do
Brasil (PAES COELHO-OLIVEIRA, 2006), e essa é a interpretação adotada no presente
estudo. Além do material testemunho citado na Tabela 1, há outras exsicatas são citadas
corroborando a freqüência desta espécie na RMPA: Herbário PACA (35599; 34484;
315
28841; 26135; 671) e HAS (82170; 82196; 82182; 28714), conforme Paes Coelho-Oliveira
(op. cit.). Vieyra-Odilon & Vibrans (2000) também consideraram esta espécie nativa ou
arqueofítica do México, tomando por base as proposições de Chapman et al. (1974) que
apontam a presença da mesma na região oriental da América do Norte em períodos pré-
colombianos. Esta interpretação também foi proposta por Fuertes & Ordaya (1986). No
Brasil é mais comum no Sul e Sudeste em terrenos baldios e áreas agrícolas com solos
férteis, mas ocorre praticamente em todo o território nacional, e.g., ocorre como ruderal na
região Norte, comum nas vias públicas de Manaus, parecendo inclusive uma hortaliça
promissora para a Amazônia.
Esta espécie foi estudada nutricionalmente por diversos autores em diferentes
regiões do mundo. Oliveira & Carvalho (1975) analisaram nutricionalmente as folhas desta
espécie (em base seca) em Moçambique: umidade (91%); energia (255 cal./100g.);
proteína total (34,48%); lipídios (5,25%) e cinzas (24,73%). Estes autores também
analisaram alguns minerais (em base seca), dados expressos em mg/100g: Ca (2.078); P
(774); Mg (1.867); Na (55) e K (505) e determinaram também o teor de niacina (em base
seca): 6,72 mg/100g e 19,5 mg/16g de N. Oliveira & Carvalho (op. cit.) analisaram
também os teores de 12 aminoácidos, indicando P. oleracea como hortaliça de menor valor
biológico entre as 10 espécies analisadas. Esta espécie colhida na Argentina teve sua
composição bromatológica (em base úmida) determinada por Freyre et al. (2000): umidade
(89,48 g/100g); proteínas (2,45 g/100g); lipídios (0,52 g/100g); carboidratos (5,71 g/100g);
cinzas (1,7 g/100g); fibra (1,3 g/100g) e energia (32 kcal/100g). Estes autores também
avaliaram composição mineral, vitamina C e ß carotenos (em base úmida e expressos em
mg/100g): Ca (84,2); P (41); Fe (3,02);Mg (83,3); K (332); Vit. C (11 mg/100g) e
ßcarotenos (2,97). Odhav et al. (2007) também analisaram a composição centesimal
(g/100g) desta espécie (colhida na África do Sul) em base úmida: umidade (93); proteínas
316
(3); lipídios (0,3); carboidratos (2,65); cinzas (1,86); fibra (1,21) e energia (23 kcal/100g).
Neste trabalho foram também contemplados os minerais (em base seca e expressos em
mg/100g): Ca (1.361); P (333); Fe (42); Mg (1.037); Na (148); Mn (24); Cu (3); Zn (34).
Odhav et al. (op. cit.) determinaram também a atividade antioxidante que foi de 96% nas
folhas frescas. Estes autores destacaram a espécie pelos teores de Mg, de zinco e grande
potencial antioxidante, frisando que em Kwazulu-Natal (África do Sul) esta espécie ocorre
em áreas cultivadas e é consumida regularmente pela população. Raju et al. (2007)
detectaram teores consideráveis de carotenóides e vitamina A, em base seca, nas folhas
desta espécie: xantofilas totais (63,98 mg/100g) e provitamina A (27,05 mg/100g),
exclusivamente de ß-caroteno. Obied et al. (2003) também analisaram a composição
bromatológica de amostras compradas no Sudão e concluíram que, ao menos, para cabras,
P. oleracea não é uma forrageira recomendável quando fornecida diariamente fresca e em
grande quantidade. Simopoulos et al. (1992) ressaltam que esta espécie é rica em ácido α-
linoléico, α-tocoferol, ácido ascórbico e glutationa. Segundo Yen et al. (2001), P. oleracea
não possui toxidez, efeitos mutagênicos e pode ser usada como hortaliça corriqueira. Kays
& Silva (1995) consideram esta espécie como uma hortaliça comercialmente cultivada em
algumas partes do mundo e citam seus nomes populares em quinze línguas (Tabela 1).
Segundo estes autores as folhas e ramos jovens são consumidos crus ou cozidos. Guil et al.
(1997) analisaram amostras de P. oleracea colhida (silvestre) na Espanha, com ênfase nas
vitaminas e compostos antinutricionais: umidade (89,75 g/100g); Vitamina C (ácido
ascórbico – 80 mg/100g; ácido dehidroasccórbico – 14 mg/100g); carotenóides (9,8
mg/100g); ácido oxálico (770 mg/100g)); nitrato (319 mg/100g) e ausência de ácido
erúcico. Ressalta-se que a vitamina C e carotenóides foram determinados imediatamente
(base úmida) e o restante foi desidratado (base seca). Segundo You-Kai et al. (2004), esta
espécie é consumida como hortaliça (folhas cozidas) e comercializada na região sudoeste
317
da China (Xishuangbanna), oriunda de extrativismo, durante o ano inteiro. Frisa-se que os
autores consideram-na nativa da região. (Figura 26l).
Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. (JOÃO-GOMES) – Esta espécie pode ser
encontrada na literatura sob T. patens (L.) Willd., sinônimo mais usual. É uma espécie
ruderal ocorrendo em áreas antrópicas, beiras de estradas, encostas rochosas e no sub-
bosque de florestas abertas, conforme também citado em Záchia (2006). A descrição
detalhada, especialmente em relação aos aspectos anatômicos pode ser encontrada em
Jorge et al. (1991). É uma hortaliça promissora, suas folhas e ramos tenros podem ser
consumidos em saladas, mas preferencialmente cozidas, refogados, ensopados ou
utilizados no fabrico de pães caseiros, bolos salgados, suflês e cremes. Apresenta potencial
para industrialização como vegetais congelados e sopas liofilizadas. É uma espécie rústica,
tolerando períodos de secas. A colheita pode ser feita repetidas vezes, podando-se os ramos
tenros. Estudos fitotécnicos para avaliar a produtividade, o número de colheitas com
viabilidade econômica e as melhores formas de manejo são recomendáveis. Côrrea &
Penna (1984, v. IV, p. 663) citam que as folhas são comestíveis como excelente hortaliça.
Em relação ao aspecto nutricional, Jorge et al. (1991) encontraram teores consideráveis de
alguns minerais (em base seca): Fe (180 mg/100g); Mg (1.310 mg/100g); Ca (1.120
mg/100g). Kinupp (2007), analisando amostras desta espécie (folhas e ramos apicais)
provenientes da RMPA, encontrou teores de Ca e Mg significativamente superiores em
relação aos resultados de Jorge et al. (op. cit.), Por outro, o teor de Fe foi substancialmente
menor ao detectado por aqueles autores. No presente trabalho também foi verificado um
alto teor de proteína (21,85%), em base seca, e também de diversos outros minerais com
destaque para o K (6.800 mg/100g).
Kays & Silva (1995) consideram esta espécie como uma hortaliça comercialmente
cultivada em algumas partes do mundo e citam seus nomes populares em sete línguas.
318
Segundo estes autores, os ramos apicais são consumidos cozidos. Esta espécie possui um
sistema subterrâneo relativamente desenvolvido que varia em função do solo e ou
variedade e possivelmente possa ser consumido (cozido e ou processado sob a forma de
pães e ou outros derivados). Côrrea & Penna (op. cit.) citam que a raiz tuberosa é
medicinal, destacando sua ação antiescorbútica. Segundo You-Kai et al. (2004), esta
espécie (sob T. patens (Jacq.) Willd. var. latiusculum (L.) Underw. ex Heller) é consumida
como hortaliça (folhas e “raízes” tuberosas cozidas) na região sudoeste da China
(Xishuangbanna), tanto de extrativismo quanto de cultivo, durante o ano inteiro. Frisa-se
que os autores consideram-na nativa da região, sem contudo citarem nomes regionais.
(Figura 26m).
319
Figura 26. a) Phytolacca dioica – ramo com frutos imaturos; b) Plantago australis – indivíduo florido; c)
Scoparia dulcis – ramos com flores e ou frutos; d) Eleusine tristachya – espiguetas frutíferas;
e) Merostachys multiramea – ramo florífero; f) Muehlenbeckia sagittifolia – florida; g)
Eichhornia azurea - florida; h) Heteranthera reniformis – ramo florido; i) Pontederia cordata
– ramo florido; j) Portulaca mucronata – ramo estéril; l) P. oleracea – ramo com flores e
frutos (ponto preto no centro é um fruto aberto); m) Talinum paniculatum – ramos jovens
colhidos para consumo.
320
Figura 27. a, b, c, d) Oenothera ravenii – indivíduo jovem silvestre; mudas formadas a partir de sementes
(semeadura); população silvestre florida (noturna) e estas flores colhidas, lavadas e servidas
como salada; e, f) Agonandra excelsadetalhe dos frutos maduros e das ‘sementes’
(endocarpos - nota-se dois abertos, um deles evidenciando a amêndoa); g) Passiflora actinia
detalhe dos frutos maduros; h, i) P. alata – flores e frutos jovens e detalhe dos frutos maduros,
oriundos de indivíduos espontâneos na RMPA (nota-se diferenças em relação aos frutos
comerciais desta espécie); j) P. caerulea – frutos maduros e ‘de vez’ (nota-se arilo vermelho
intenso típico). (escala azul em cm)
321
Figura 28. a) Passiflora caerulea – flores e fruto maduro, sob cultivo; b) P. edulis – flor sendo polinizada por
mamangava, sob cultivo; c) P. elegans – detalhe dos frutos maduros; d) P. foetida – frutos imaturos
revestidos pelas brácteas persistentes; e) P. tenuifila – frutos imaturos verdes recobertos uma camada
cerosa e maduros amarelo-pálidos (nota-se a polpa envolvida por câmara isolada do restante do fruto); f, g,
h) Merostachys multiramea – ramo florífero; detalhe das cariopses com páleas (palhas) e cariopses sem
páleas; i) Podocarpus lambertii – ‘pseudofruto’ (pedúnculo carnoso maduro - epimatium) (nota-se no
ápice uma ou duas sementes com coloração verde, as quais não devem ingeridas); j) Rubus erythroclados
– frutos (infrutescências) maduras (nota-se coloração verde-clara e frutos suculentos. (escala azul em cm)
322
Rosaceae
Margyricarpus pinnatus (Lam.) Kuntze (FRUTO-DE-PERDIZ) – Erva prostrada a
subarbusto ereto ocorrendo em áreas de campo e também nas restingas arenosas. Seus
frutos são pequenos, carnosos, com coloração esbranquiçada a rósea quando maduros. É
um fruto para consumo durante caminhadas e trabalhos no campo, devido às dimensões
reduzidas, apesar de doces e saborosos. Também podem ser usados para dar sabor e aroma
na cachaça e nos licores, quando disponíveis em maior quantidade. Pode ser encontrada na
literatura também sob M. setosus Ruíz & Pavón. Seu uso como frutífera é citado por
Ragonese & Martínez-Crovetto (1947), Kunkel (1984), Rapoport et al. (2003). Mabberley
(2000) menciona o uso da espécie no controle de fertilidade no Uruguai e o uso no
paisagismo em jardins secos e rochosos. Este potencial ornamental também é
negligenciado no Brasil. A planta também é citada como medicinal para eliminar cálculos
renais e da vesícula e como tônica e emenagoga (MORS et al., 2000). Também é citada
como expectorante para bronquites, béquica, antipleurítica e também emenagoga
(CÁRDENAS, 1989). De Tommasi et al. (1996) acrescentam os usos antiinflamatório e
antiviral e, isolaram novos químicos da parte aérea desta espécie: três novos aril
glicosídeos e novos ácidos tormentícos. Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 330) citam ainda
seu uso no artesanato, pois os ramos são extremamente flexíveis, outrora aproveitados nas
confecção de obras trançadas, e.g., cestos. (Figura 29a).
Rubus brasiliensis Mart. (AMORA-BRANCA) - Informações básicas para cultivo, modos
de condução, adubação para as seis espécies do gênero Rubus apresentadas aqui podem ser
adaptadas da experiência disponível para a amora-preta exótica (RASEIRA et al., 1996).
Todas espécies de Rubus citadas aqui possuem potencial como frutífera a ser considerado
em programas de pesquisas com frutas alternativas para diversificação da fruticultura no
RS e em todo o sul e sudeste brasileiro. Apresenta um diferencial (assim como R.
323
imperialis) em relação à amora-preta (complexo Rubus ulmifolius Schott), a qual está com
cultivo em franca expansão nos últimos anos. Rubus brasiliensis possui frutos agregados
verde-claros a verde-amarelados quando maduros. Os frutos desta espécie são suculentos e
doces, com acidez muito baixa, comparado à amora-preta cultivada. Descrição completa
pode ser encontrada Kiyama & Bianchini (2003). Estas autoras frisam as semelhanças
desta espécie com R. imperialis, espécie simpátrica. Ressaltam o poliformismo existente no
material examinado para a Flora de São Paulo e citam obras que afirmam que R.
brasiliensis diferencia-se de R. imperialis pelo indumento mais denso. No entanto, em São
Paulo devido à grande variação, optaram por manter somente R. brasiliensis. Na RMPA a
distinção entre as duas espécies parece bastante clara. Rubus brasiliensis é altamente
pilosa, suas folhas são sempre aveludadas ao toque tanto no material in vivo quanto no
herborizado (em ambas as faces e estas são concolores). Há exsicatas típicas no Herbário
PACA (e.g. PACA 41.575), especialmente do Vale dos Sinos. Entretanto, é menos
coletada, pois é pouco ou não representada nos acervos dos herbários ICN e HAS ou é
mesmo mais rara na natureza, sendo neste estudo encontrada somente em Campo Bom.
Naturalmente, esforços de coletas adicionais na região do Vale do rio dos Sinos poderão
incrementar dados os dados a freqüência e a distribuição da espécie. Devido ao
polimorfismo citado e variabilidade genética esperada, trabalhos de coleta, caracterização e
conservação do germoplasma das espécies de Rubus aqui citadas são urgentes, bem como
estudos fitoquímicos e bromatológicos completos. (Figura 29b).
Rubus erythroclados Mart. ex Hook. f. (AMORA-VERDE) – Observações e potenciais
semelhantes aos citados para R. brasiliensis e R. imperialis. No entanto, os frutos desta
espécie possuem coloração verde-escura e brilhante quando maduros. As drupéolas são
carnosas e suculentas. É facilmente diferenciada das demais espécies nativas pelos acúleos
vermelhos, daí nome do epíteto específico. Ocorre na RMPA e é relativamente freqüente
324
na Floresta com Araucária e na Serra do Sudeste (Encruzilhada do Sul). Neste município
foi ocasionalmente observada infectada por um fungo (ferrugem) muito similar à Puccinia,
causando galhas (“bolotas” de fungo amarelo-ouro) nos frutos. Os frutos são muito
saborosos e apenas acídulos quando bem maduros. Frisa-se também a firmeza dos mesmos.
São necessários trabalhos de propagação e cultivo e análises nutricionais. Descrição
completa está em Kiyama & Bianchini (2003). (Figura 28j; Figura 29c).
Rubus imperialis Cham. & Schltdl. (AMORA-BRANCA) – É uma espécie de amoreira-
do-mato com diferenças tênues com R. brasiliensis como já mencionado anteriormente.
Esta dificuldade de diferenciação é ressaltada por Kiyama & Bianchini (2003). No entanto,
examinando a coleção do Herbário PACA, concluiu-se que realmente são espécies
distintas, ambas ocorrendo na RMPA. Rubus imperialis é altamente freqüente em diversos
municípios da RMPA, bem representado nos acervos do ICN e HAS, suas folhas possuem
indumento muito esparso (face abaxial geralmente levemente discolor - esbranquiçada). Os
frutos amadurecem tornando-se verde-claros ou, ocasionalmente, com nuances róseos
tênues, especialmente quando “de vez” ou inchados, como reportado por Kiyama &
Bianchini (op. cit.). Esta é mais uma característica distintiva em relação a R. brasiliensis.
Os frutos maduros desta espécie tornam-se branco a esverdeados, suculentos e adocicados.
É uma pequena fruta nativa promissora para cultivo pela agricultura familiar,
especialmente para diversificar a produção de amoras tão centrada em uma espécie exótica,
a amora-preta (complexo Rubus ulmifolius Schott), altamente produtiva, mas com frutos
fortemente ácidos. Frutos com coloração diferenciada e sabor mais agradável para
consumo de mesa possuem bom potencial mercadológico. No entanto, estudos fitotécnicos
para seleção de variedades mais produtivas e fornecimento de mudas de qualidade são
importantes e testes para avaliar a viabilidade de propagação via estacas, bem como
estudos nutricionais detalhados. Schmeda-Hirschmann et al. (2005) analisaram a
325
composição centesimal e mineral, em base seca, de frutos silvestres de R. imperialis nas
Yungas argentinas: umidade (130 g kg
-1
); proteína (124 g kg
-1
); lipídios (24 g kg
-1
); fibras
(250 g kg
-1
); cinzas (15 g kg
-1
); P (3390 mg kg
-1
); Ca (0,020 g kg
-1
); Fe (0,100 mg kg
-1
); K
(1,926 g kg
-1
) e Na (0,300 g kg
-1
). Foi avaliado ainda por estes autores o percentual de
acidez, sólidos solúveis totais e fenóis do doce elaborado com os frutos desta espécie. O
doce foi preparado na proporção de uma parte de fruto para uma de açúcar (1:1): acidez
(0,59%); sólidos solúveis (65,2%) e fenóis totais (2,15%) (SCHMEDA-HIRSCHMANN et
al., 2005). Este percentual de acidez denota o grande potencial da espécie para geléias,
compotas, doce em calda e outros derivados. O total de sólidos solúveis evidencia também
potencial para consumo como fruta de mesa. (Figura 29d; Figura 30a).
Rubus rosifolius Sm. var. rosifolius (FRAMBOESA-SILVESTRE) – Freqüentemente
encontrada literatura com grafia antiga (R. rosaefolius). Esta é uma espécie com ampla
distribuição, ocorrendo em diversos países. No Brasil há registros para MG, RJ, SP, PR,
SC e RS. É considerada nativa por Kiyama & Bianchini (2003) e Lorenzi et al. (2006), e
essa foi a interpretação adotada e recomendada no presente estudo. Na região serrana do
RJ é especialmente abundante nas pastagens e em outras áreas antrópicas, sendo totalmente
viável a colheita de seus frutos para consumo direto ou produção de derivados (e.g.,
geléias, compotas em calda, “vinho-de-framboesa”, licores, polpa concentrada e congelada,
sucos concentrados e sorvetes). Em algumas regiões de SC seus frutos são utilizados em
agroindústria de geléias com grande demanda. Hoehne (1946, p. 66) já relatava o potencial
e as vantagens (sabor e produtividade) desta espécie frente à espécie afim européia (Rubus
idaeus L. - framboesa). O autor relata o extravismo nas pastagens e comercialização desta
espécie em MG durante a safra. Na RMPA ocorre em capoeiras e beiras das estradas.
Também é ocasionalmente cultivada e ou manejada em quintais para autoconsumo. Há
uma grande variabilidade genética nesta espécie, com diferenças marcantes na
326
produtividade, tamanhos e qualidade organoléptica dos frutos. É uma espécie com
potencial imenso para cultivo e domesticação. Carece de análises nutricionais,
especialmente dos compostos nutracêuticos, e.g., vitaminas e licopeno. Pela coloração
vermelha intenso, provavelmente possui maiores teores do que o morango cultivado
(Fragaria x ananassa (Weston) Duchesne). Os frutos maduros foram analisados em
relação ao teor mineral e protéico por Kinupp (2007). Posssui uma variedade (R. rosifolius
var. coronarius Sims.) apenas com potencial ornamental, pois as flores são dobradas
(flores plena), portanto não frutificam. Esta variedade é chamada de rosa-de-cachorro (RS)
e é uma “praga”, pois se reproduz por estolões e é difícil de controlar após cultivada. Suas
pétalas (brancas) são similares às da rosa (Rosa spp.) e, aparentemente, podem ser
utilizadas das mesmas formas para chá, geléia e ou saladas. (Figura 29e-f; Figura 30b).
Rubus sellowii Cham. & Schltdl. (AMORA-PRETA) – Observações, potenciais e
recomendações semelhantes aos citados para demais espécies aqui apresentadas. No
entanto, esta espécie produz frutos também pretos quando maduros e mais ácidos do que as
demais nativas discutidas. Descrição completa em Kiyama & Bianchini (2003). (Figura
29g; Figura 30c).
Rubus urticifolius Poir. (AMORA-PRETA) – Curiosamente esta espécie, mas com grafia
incorreta (Rubus urticalefolius Poir.) [SIC], coletada no Peru, foi destacada por Altschul
(1968) para ilustrar registros de etiquetas de herbário para plantas alimentícias não usuais.
O autor enfatiza que segundo a etiqueta da exsicata, os frutos desta espécie são muito
apreciados pelas populações nativas da região da coleta. Comumente encontrada sob a
grafia antiga (R. urticaefolius), atualmente errônea de acordo as regras nomenclaturais.
Esta espécie também possui frutos pretos, mas parece mais comum na RMPA (e.g. Morro
Santana, UFRGS) e diferencia-se de R. sellowii por possuir panículas multifloras com
flores branco-rosadas muito ornamentais; as folhas são mais membranáceas e mesmo os
327
acúleos são menores e menos contundentes e possui indumento híspido ferrugíneo. Os
frutos são intensamente atropurpúreos e acídulos quando bem maduros. Esta espécie é
altamente produtiva. Frutos maduros analisados em relação ao teor mineral e protéico por
Kinupp (2007). Descrição completa em Kiyama & Bianchini (2003). (Figura 29h-i; Figura
30d).
Rubiaceae
Chiococca alba Hitch. (CAINCA) - Esta espécie é citada por Esquivel et al. apud Volpato
& Gonínez (2004) como componente da bebida fermentada e refrescante de consumo
tradicional em Cuba chamada Pru. No entanto, Volpato & Gonínez (op. cit.) não citam
qual seria a parte do vegetal utilizada e não foi possível ter acesso à obra original no
presente estudo. Estes autores frisam que o uso desta espécie é opcional, sendo utilizado
pelas suas funções medicinais como depurativo ou para problemas estomacais. Pérez-
Arbeláez (1956, p. 662) cita o curioso uso de suas raízes para espantar morcegos que
habitam os telhados das casas, mas infelizmente não menciona a forma de utilização. Mors
et al. (2000) e literaturas citadas nesta obra indicam vários usos medicinais e a potencial
toxidez de algumas partes (e.g., casca da raiz). Bennett (1995) cita que os frutos são
consumidos como petisco (a snack food), ou seja, “para matar ou enganar a fome”. Foram
consumidos bem maduros (branco-róseos) no presente estudo. São suculentos, mas
insípidos e com ligeiro amargor ao final.
Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl. (VELUDINHO) – É mais comum como arbusto
apoiante ou escandente nas bordas das matas. Quando em ambientes abertos possui hábito
arbóreo (arvoreta de até ca. de 6 m de altura). É uma espécie muito ornamental e
ocasionalmente cultivada com este fim (e.g., entorno do viaduto da Av. Duque de Caxias
sobre a Av. João Pessoa, Porto Alegre). Seus frutos maduros são comestíveis, possuem
epicarpo pubescente [por veludinho(a) ou veludo] intensamente purpuráceo a atropurpúreo
328
e polpa com massa branca e adocicada. Apesar de pequenos, são saborosos e agradáveis
como “fruto de recurso ou de sobrevivência”. Merece estudos fitoquímicos para quantificar
e determinar os pigmentos do seu epicarpo e seu potencial como alimento funcional.
Podem ser consumidos diretamente ou sob a forma de licores. Esta espécie floresce
abundantemente e suas flores são altamente aromáticas, merecendo estudos toxicológicos e
fitoquímicos para determinar seus componentes e avaliar o seu provável potencial para
usos similares (chá e aromatizante) aos apresentados por uma espécie de jasmim desta
mesma família (Gardenia augusta (L.) Merr.). (Figura 29j; Figura 30e).
Posoqueria latifolia (Rudge) Roem. & Schult. (FRUTO-DE-MACACO) – Pode ser
encontrada na literatura sob P. acutifolia Mart. Espécie arbórea de pequeno porte,
altamente ornamental em todos aspectos (folhas, flores e frutos). Os frutos maduros
possuem arilo (fina película amarela que envolve as sementes) comestível. Este arilo é
altamente aromático, mas muito delgado. As sementes possuem um grande potencial para
artesanato devido à sua forma geométrica e ao seu aspecto de cristal. Suas sementes são
citadas como sucedâneas do café depois de torradas (HOEHNE, 1946). As sementes
compõem a maior parte dos frutos e merecem estudos fitoquímicos (toxicológicos) para
avaliar e quantificar seus componentes, com ênfase nos esperados alcalóides estimulantes.
Este parentesco com o café e possível forma de uso similar é reconhecido popularmente
(e.g., o pai do autor – Francisco T. Kinupp, já mencionara tal relação e uso potencial para o
há mais 20 anos). Em semeduara feira durante o presente estudo, logo após o consumo do
arilo, ocorreu 100% de germinação e emergência iniciou-se após cerca de 10 dias. No
entanto, estudos experimentais de propagação sexuada e assexuada (e.g., estaquias,
alporquias e enxertia) são importantes para o conhecimento básico das características
agronômicas desta espécie, a qual poderá ter grande potencial econômico não como
frutífera, mas como produtora de sementes para indústria de bebidas e ou farmacológica.
329
Suas longas e aromáticas flores (perfume de jasmim) também carecem de análises dos seus
compostos aromáticos e estudos toxicológicos, pois podem ter potencial similar ao jasmim.
Assim como referido para Guettarda uruguensis, Posoqueria latifolia também é totalmente
negligenciada no Brasil em relação ao seu potencial farmacológico e medicinal, não sendo
encontrada menção em nenhum estudo feitos no país. No entanto, Mabberley (2000)
reporta o uso de suas flores em pó como repelente de pulgas e até a realização de testes
para vacina contra AIDS a partir de tecidos desta espécie. Ela é citada como frutífera por
Lorenzi et al. (2006), os quais limitam sua distribuição austral até SC. Porém, a espécie
ocorre também na Mata Atlântica do RS (SOBRAL et al., 2006), estendendo-se nesta
formação até RMPA (e.g., Campo Bom, Taquara e Gravataí). Jacques et al. (1982)
registraram a espécie no Morro Morungava (Gravataí). (Figura 29l; Figura 30f-g).
Randia armata (Sw.) DC. (ANGÉLICA) – Arvoreta armada com grandes espinhos. Flores
brancas altamente aromáticas, com potencial para indústria de perfumaria já apontado por
Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 316). Os frutos maduros são amarelos com mesocarpo
espesso, muitas sementes pequenas, achatadas, marrom-escuras, mergulhadas na polpa
preta. Em função desta coloração preta da polpa (característica raríssima entre as frutíferas)
há alguns nomes populares não muito atrativos gastronomicamente (Tabela 1). No entanto,
sua polpa é adocicada e saborosa, podendo ser consumida in natura ou sob a forma de
sucos. Para isso, a polpa pode ser extraída com auxílio de uma peneira de arame. Côrrea &
Penna (op. cit.) citam que a casca da raiz contém um princípio amargo, ao qual atribui-se
ação tônica e febrífuga. Possivelmente, daí vem o nome popular quina-dos-pobres,
portanto merece estudos farmacológicos pelo potencial anti-malárico. Não foi encontrado
nenhum estudo químico das sementes, as quais também podem ter alcalóides de interesse
farmacêutico e devem ser alvo de pesquisas aprofundadas. Esta espécie, cujo basônimo é
Gardenia armata Sw., floresce abundantemente e suas flores são altamente aromáticas,
330
merecendo estudos toxicológicos e fitoquímicos para determinar seus componentes e
avaliar o seu provável potencial para usos similares (chá e aromatizante) aos apresentados
por uma espécie de jasmim deste mesmo gênero (Gardenia augusta (L.) Merr.). Na
literatura antiga esta espécie tratada ainda pode ser encontrada sob um dos sinônimos mais
usuais: Basanacantha armata Hook. f. ou B. spinosa Schum. Sob Basanacantha armata é
citada como comestível por Kunkel (1984), o qual diz que os frutos (polpa) são repulsivos
na aparência, mas ditos comestíveis. Segundo a Flora Ilustrada Catarinense, Randia armata
é o nome utilizado para uma espécie ocorrente no norte da América do Sul (DELPRETE et
al., 2005), sendo a espécie do sudeste e sul do Brasil denominada Randia ferox (Cham. &
Schltdl.) DC. (DELPRETE et al., op. cit.; SOBRAL et al., 2006). No entanto, como pairam
dúvidas sobre situação taxonômica do complexo. Côrrea & Penna (op. cit.) já frisavam a
extensa lista de sinonímias. Nenhuma informação adicional sobre R. ferox foi encontrada,
nem constando no MOBOT (2007), adotou-se no presente estudo a circunscrição clássica e
mais usual, a qual foi também na adotada na Flora de São Paulo (JUNG-MENDAÇOLLI
& ANUNCIAÇÃO, 2007). (Figura 29m; Figura 30h).
Salicaceae
Casearia decandra Jacq. (CANELA-DE-VEADO) – Esta é uma espécie arbórea
caducifólia, tradicionalmente cirscunscrita na família Flacourtiaceae e em trabalhos mais
antigos, ocasionalmente, em Samydaceae. Seus frutos maduros possuem epicarpo amarelo-
pálido, rijo e polpa suculenta, alaranjada e muito agradável, apesar de pequenos. Foram
fartamente consumidos in natura durante este estudo e desde a infância do autor. Possuem
boa durabilidade quando devidamente armazenados em geladeira. A espécie frutifica
abundamente. Carecem de estudos fitoquímicos e bromatológicos, especialmente das
vitaminas e pigmentos com potencial função nutracêutica da polpa e do epicarpo. (Figura
30i; Figura 31a-b).
331
Santalaceae
Acanthosyris spinescens (Mart. & Eichl.) Griseb. (SOMBRA-DE-TOURO) – Ilustrações e
informações vide capítulo IV.
Iodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek (CANCOROSA-DE-TRÊS-PONTAS) –
Intercambiavelmente escrito com “J” (Jodina). No RS esta espécie é pouco abundante e
consta na lista das espécies do Estado ameaçadas de extinção. Na Argentina, na região da
Sierra de Comechingones nas Províncias de Córdoba e San Luis a espécie é muito
abundante (GOLENIOWSKI et al., 2006). Estes autores citam que os moradores
tradicionais da região utilizam suas cascas, folhas e frutos como antidiarréico,
antiinflamatório e para tratar tosses. Além destes usos, os autores citam o uso destas partes
como cordial, sem maiores detalhes. Côrrea & Penna (1984, v. VI, p. 134) citam que as
crianças apreciam os frutos que denominam, impropriamente, “bacupari”. No presente
estudo, os frutos maduros (arilo ou arilóide) foram experimentados. Quando os frutos estão
bem maduros abrem-se expondo o arilo, o qual é muito escasso e insípido, no máximo
“roível”. Já as sementes, podem fornecer um óleo que merece estudos mais detalhados para
seus usos potenciais e verificar se há potencial para uso culinário. Hopkins et al. (1969)
analisaram sementes oriundas da Argentina, coletadas no hábitat natural, que apresentaram
31,9% de óleo em base seca, incluindo o pericarpo. Segundo estes autores, dentre os ácidos
graxos detectados para esta espécie, estão ácido ximênico, C-17, ácido hidroxílico e traços
de ácido vinil terminal. O chá (decocção) de suas folhas, se mantido durante algum tempo
em “maceração” dentro de uma garrafa térmica, adquire uma coloração amarronzada.
Além das propriedades medicinais é saboroso. (Figura 30j; Figura 31c).
Sapindaceae
Allophylus edulis (A. St.-Hil.) Radlk. ex Warm. (CHAL-CHAL) – Esta é uma espécie
arbórea produtora de uma grande quantidade frutos de dimensões reduzidas. Apesar do
332
epíteto edulis (do latim= comestível) poucos livros e trabalhos de fruticultura contemplam
esta espécie. Hoehne (1946) no clássico e importante livro “Frutas Indígenas” escreve: “De
algumas espécies do gênero Allophylus, de frutos édulos, nos absteremos de fazer
comentários, porque pouco valem.” Pela grande abundância, alta produtividade da espécie
e rendimento de polpa, recomenda-se desconsiderar o comentário deste célebre botânico.
Martínez-Crovetto (1968) afirma que os frutos desta espécie alcançam certa importância
entre os Guaranis de Misiones, pois apesar da pequenês dos frutos, há abundância das
árvores desta espécie e a frutificação é massiva, aliada às facilidades colheita. Côrrea &
Penna (1984, v. III, p. 329) citam que os frutos são comestíveis, doces e de sabor agradável
pelo que foram muito aproveitados como fruta de mesa. Relatos da família Bellé
(produtores agroecológicos de Ipê – RS) corroboram a aceitabilidade como fruta de mesa,
pois frutos maduros colhidos e embalados em pequenas embalagens (similares às utilizadas
para morango) tiveram aceitação total nas feiras ecológicas de Porto Alegre. No entanto,
pela perecebilidade, torna-se mais adequado seu uso para fabrico de sucos, licores e polpa,
especialmente polpa congelada. Esta espécie apresenta potencial para cultivo em sistemas
agroflorestais e pomares múltiplos, em consórcio com outras espécies nativas e exóticas. A
facilidade de colheita e o amadurecimento quase que sincrônico nas suas regiões de
ocorrência, permite a prática do extrativismo. Para colheita, recomenda-se o uso de uma
lona plástica estendida sob a copa da árvore, sacudindo-se os galhos verticalmente (para
cima e para baixo) e balançando-os fortemente para os lados. Em seguida, podem ser
abanados como se faz com o café para retirar as impurezas (frutos verdes, galhos, insetos,
...) ou estes resíduos precisam ser retirados manualmente. Os frutos são selecionados,
lavados e despolpados em despolpadeira ou, artesanalmente, com uso de peneira de arame
com crivo médio para retenção das sementes. A polpa solta-se facilmente do caroço e
possui uma coloração vermelho intenso. Pela sua cor vermelha escarlate, provavelmente
333
apresenta teor de licopeno superior ao do tomate. Estudos químicos neste sentido são
importantes. Quando os frutos estão bem maduros, a polpa pode ser consumida pura ou
enriquecida com granola, mel e outros produtos, do mesmo modo que se consome o açaí-
do-pará. Também pode ser congelada para uso futuro na elaboração de sucos e molhos em
geral, tipo molho de tomate. Correa & Penna (op. cit.) afirmam que os frutos submetidos à
fermentação produzem bebida vinosa (“aloja de chachal”), apreciada nos países vizinhos.
Talvez, esteja atualmente em desuso, mas merece ser retomado e ampliado.
Sucos concentrados, elaborados pela família Bellé, a partir de frutos fornecidos
pelo autor foram analisados em relação ao teor de proteína e minerais (KINUPP, 2007).
Schmeda-Hirschmann et al. (2005) analisaram a composição centesimal e mineral, em base
seca, de frutos silvestres de A. edulis nas Yungas argentinas: umidade (115 g kg
-1
);
proteína (120,4 g kg
-1
); lipídios (216 g kg
-1
); fibras (180 g kg
-1
); cinzas (28 g kg
-1
); P
(2.067 mg kg
-1
); Ca (0,156 g kg
-1
); Fe (0,105 mg kg
-1
); K (3,182 g kg
-1
) e Na (0,495 g kg
-
1
). Segundo estes resultados os frutos são ricos em P e K e lipídios. O teor de lipídios
convertido para porcentagem é de 21,6%. No entanto, o trabalho citado não esclarece se foi
analisado apenas a parte de interesse alimentício in natura (polpa carnosa) ou se foi
analisado o fruto na íntegra, junto a com a semente. A citaçãoé pouco informativa: “frutos
frescos”. Contudo, pelo alto teor de lipídios, as sementes devem ter sido consideradas. Este
alto teor alto de lipídios também foi mencionado por Ferrão (1999), o qual menciona cerca
de 20% de um óleo acinzentado, frisando que normalmente este não é extraído. Segundo
Aichholz et al. (1997), o óleo das sementes de A. edulis contém cianolipídios e
triacilglicerol. Se as análises de Schmeda-Hirschmann et al. (2005) incluíram as sementes,
é até interessante, pois no presente estudo é citado pela primeira vez o potencial
alimentício das sementes e endocarpos. Esta descoberta foi feita durante uma saída de
coleta a campo, quando uma senhora da zona rural de Porto Alegre mencionou este uso.
334
Segundo a informante, as sementes devem ser bem torradas e em seguida ingeridas. Pela
crocância e som produzido durante a mastigação, esta informante conhece a espécie
unicamente pelo nome de “quebra-queixo”, nome acrescentado aqui pela primeira vez à já
considerável lista de nomes populares desta espécie. As sementes oriundas do processo de
extração da polpa foram torradas em forno doméstico, salgadas e consumidas avidamente
por dezenas de pessoas com aceitação plena. São muito saborosas e crocantes. Nenhum
sintoma desagradável foi sentido. Estudos do teor de proteína e aminoácidos das sementes,
juntamente com os endocarpos são recomendáveis, bem como a quantificação de possíveis
compostos antinutricionais. (Figura 31d-g; Figura 33a).
Allophylus guaraniticus (A. St.-Hil.) Radlk. (VACUM-MIRIM) – Espécie de porte
menor, portanto com menor produção do que a espécie anteiror. Frutos com sabor similar a
espécie anterior e potenciais semelhantes. As sementes não foram experimentadas no
presente estudo pela ausência das mesmas. Martínez-Crovetto (1968, p. 10) que cita seus
frutos são apreciados pelos Guaranis de Misiones do mesmo modo que a A. edulis.
Nenhuma informação adicional foi encontrada. Os mesmos estudos são desejáveis.
Cardiospermum halicacabum L. (BALÃOZINHO) – É uma trepadeira ruderal,
considerada pantropical, ocorrendo na RMPA e em diversas regiões do RS. Kunkel (1984)
cita que as folhas são usadas como hortaliça. Hedrick (1972) cita o consumo como
hortaliça (folhas cozidas) em Burma, Moluccas e África Equatorial. Côrrea (1984, v. II, p.
392) também cita os usos das folhas e flores na alimentação humana. O autor faz menção
que na África o consumo das sementes é tido como ótimo para memória. Possivelmente,
sejam propriedades similares às do guaraná (Paullinia cupana Kunth), da mesma família e
estudos fitoquímicos e farmacológicos neste sentido são encorajados. Barclay & Earle
(1974) analisaram suas sementes juntamente com pericarpo e detectaram 16,8% de
proteína e 18,6% de lipídios. Esta espécie é reputada como medicinal para reumatismo,
335
doenças nervosas, tônico para memória, para problemas digestivos e pulmonares, diurética
e emenagoga (CÔRREA, op. cit.; JAYAWEERA apud THABREW et al., 2004; AGRA et
al., 2007). Na Índia, a espécie é tão importante medicinalmente que, para atender a grande
demanda, trabalhos de micropropagação foram realizados com êxito (91% de
desenvolvimento de caules e raízes), visando à propagação em massa (THOMAS &
MASEENA, 2006). Cardiospermum grandiflorum Sw., é uma espécie muito próxima, que
também ocorre no RS e, talvez na RMPA, é citada por Mabberley (2000) como tendo as
folhas consumidas como hortaliça. No entanto, Hübel & Nahrstedt apud Mors et al. (2000)
relatam a ocorrência de glicosídeos cianogênicos nesta espécie. Estudos bromatológicos e
toxicológicos são necessários para todas as partes com potencial alimentício destas
espécies. (Figura 31h).
Dodonaea viscosa (L.) Jacq. (VASSOURA-VERMELHA) – É uma espécie que varia de
arbusto a árvore de pequeno porte (ca. de 6 m de altura), possui uma distribuição muita
ampla (intercontinental, como espécie nativa) pelas regiões tropicais e subtropicais de
ambos os hemisférios, apresentando variações morfológicas consideráveis nas diferentes
regiões. Prendergast & Pearman (2001) citam sua distribuição desde o nível do mar até
3.500 m de altitude tanto em zonas áridas quanto nas chuvosas. Erroneamente, algumas
pessoas tratam esta importante espécie pioneira como exótica. Possui usos medicinais
populares variados, especialmente as folhas (MORS et al., 2000; PRENDERGAST &
PEARMAN, 2001). Suas folhas são mascadas como estimulantes (KUNKEL, 1984;
FACCIOLA, 1998). Estes mesmos autores mencionam que os frutos são amargos e
utilizados com sucedâneo do lúpulo no preparo de cervejas e que as sementes também são
comestíveis sem, contudo entrar em detalhes de preparo e formas de usos destas. Os usos
dos frutos e das sementes também são citados por Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 45-47),
os quais apontam também que na Ilha Reunião, as folhas desta espécie entram no preparo
336
de uma bebida vinosa. Tanto as folhas quanto as sementes merecem testes como
sucedâneas do lúpulo no fabrico da cerveja, a exemplo da cerveja Dado Ilex® lançada em
2007 pela Dado Beer (Porto Alegre), a partir substituição ao lúpulo por extratos das folhas
da erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.).
Em relação às sementes Wagner et al. (1987) isolaram as saponinas dodonosídeos
A e B. Chopra et al. apud Wagner et al. (op. cit.) citam que na Índia as sementes são
utilizadas como ictiotóxicas, uma propriedade conhecida para as saponinas (SCHENKEL
et al., 2003). Barclay & Earle (1974) analisaram as sementes, detectando 21,4% de
proteína e 19% de lipídios. Pérez-Arbeláez (1956, p. 682) cita esta espécie sob o nome
hayuelo na Colômbia, nome local também usado para coca (Erythroxylum coca Lam. cv.
ipadu). Talvez esta seja a origem da aplicação deste nome popular à D. viscosa, pois suas
folhas seriam mascadas de modo similar às folhas de coca como aqui citado. Folhas jovens
foram mascadas durante caminhadas pelo campo durante o presente estudo em diversas
oportunidades. Não têm sabor ruim e não causaram nenhuma reação adversa perceptível.
Atualmente, várias folhas tradicionalmente utilizadas como estimulantes têm sido usadas
para fins alimentícios mais diretos. Um dos exemplos são as folhas de coca que são secas,
moídas e usadas no preparo de bolos, pães e muitos outros pratos vendidos em lojas ou
servidos em hotéis no Peru e na Bolívia, com grande demanda pelos turistas não
acostumados às grandes altitudes. No Cone Sul, as folhas da erva-mate, são amplamente
utilizadas para preparar a bebida gaúcha típica, o chimarrão. Atualmente, a erva-mate faz
parte cesta básica do RS e nos últimos anos a erva-mate moída de modo extrafino está
disponível no mercado ou pode-se obtê-la peneirando a erva-mate comum. Ela vem sendo
utilizada para o fabrico de bolos, sucos verdes, sorvetes, molho para carnes e diversos
outros subprodutos. Industrialmente extratos da erva-mate vêm sendo utilizados para
fabrico de refrigerantes e chás gelados, consumidos em diversas partes do mundo, do
337
mesmo modo como as folhas do chá verde (Camellia sinensis (L.) Kuntze) são utilizadas
no fabrico também destas bebidas refrigerantes. Neste sentido, como subsídio para estudos
futuros e usos gastronômicos das folhas de D. viscosa, análises minerais e do teor de
proteínas destas folhas foram realizadas por Kinupp (2007). Flavonóides e polifenóis
foram isolados das folhas e dos seus exsudatos viscosos (SACHDEV &
KULSHRESHTHA, 1984). Khalil et al. (2006) detectaram atividade antiinflamatória nas
folhas de D. viscosa e ausência de toxidez aguda em camundongos. Segundo Prendergast
& Pearman (2001), as folhas desta espécie são ainda são fontes de resina para embasalmar.
Sapotaceae
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichl.) Engl. (AGUAÍ-AMARELO) - Entre os
Mbyá-Guarani de Misiones esta espécie ocupa a quinta posição, juntamente com Sorocea
bonplandii, em relação ao valor de uso (KELLER, 2001). Os frutos desta espécie quando
bem maduros são amarelos e possuem polpa carnosa, doce e saborosa. Podem ser
consumidos in natura ou utilizados no fabrico de licores, geléias e doces em calda. É
citada como frutífera por Ragonese & Martínez-Crovetto (1947) sob C. lucumifolium
Griseb. (um dos sinônimos). Estes autores mencionam o inconveniente do látex, o que é
comum mesmo em frutos amplamente utilizados desta família (e.g., o abiu), detalhes vide
Sideroxylon obtusifolium (adiante). Ragonese & Martínez-Crovetto (op. cit.) reportam que
os doces elaborados com os frutos de C. gonocarpum eram outrora (década de 1930) até
comercializados em Corrientes (Argentina). Renata Záchia (com. pess., 2007) reafirma que
atualmente o doce desta espécie (“dulce de aguaí”) ainda são comercializados em
Corrientes, nos mercados em geral. Segundo Ikuta & Barros (2006), esta espécie também é
utilizada pelos Mbyá Guarani no RS como alimentícia e para artesanato. Ilustrações e
informações adicionais são apresentadas por Lorenzi (2002). Estudos fitoquímicos e
338
bromatológicos dos frutos são necessários, bem como trabalhos sobre a propagação desta
espécie, a qual possui potencial para cultivos, especialmente em sistemas agroflorestais.
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. (AGUAÍ-MIRIM) – Espécie arbórea
com frutos maduros com epicarpos roxos e comestíveis. Foram consumidos no presente
estudo, mas são pequenos e ligeiramente insípidos. Merecem estudos em relação aos
pigmentos dos frutos. É citada como comestível pelos Guaranis de Misiones sob o nome
pîkasú rembi’ú (MARTÍNEZ-CROVETTO, 1968). (Figura 31i; Figura 33b).
Pouteria gardneriana (A. DC.) Radlk. (AGUAÍ-GUAÇU) - Martínez-Crovetto (1968, p.
12) cita que os frutos desta espécie (awaí wasú) são consumidos, curiosamente, apenas
após decocção pelos Guaranis de Misiones (Argentina). Esta forma de uso é muito
interessante e recomendável, pois os frutos desta espécie possuem uma consistência
propícia para cozimento (amilácea). Os frutos desempenham assim a função de um
alimento consumido nas refeições principais. Em função do desconhecimento desta forma
alternativa de uso, quando da disponibilidade de frutos, no presente estudo, estes foram
consumidos in natura sem descascar, pois o epicarpo fino é fortemente aderido ao
mesocarpo carnoso. Os frutos são muito saborosos e altamente aromáticos. Possuem
consistência firme, sendo recomendáveis para o fabrico de doces em calda similar aos
doces que são feitos com pêra. Ragonese & Martínez-Crovetto (1947) citam esta espécie
sob P. suavis Hemsl. (um dos sinônimos) como comestível, enfatizando também que são
muito perfumados. Espécie ilustrada e citada como frutífera também em Lorenzi et al.
(2006). Frisa-se a necessidade de estudos bromatológicos dos frutos. É uma espécie
adaptada a solos arenosos e sujeitos à inundação periódica, portanto uma alternativa para
fruticultura nestes ambientes. (Figura 31j-m; Figura 33c).
Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk. (SARANDI-MATA-OLHO) – Espécie relativamente
similar à anterior, mas carece de informações adicionais. Típica de matas de galeria. Seus
339
frutos possuem um apêndice distal típico (rostro). Espécie descrita e ilustrada em Backes &
Irgang (2002), mas ressalta-se que as fotos (ou a maior parte delas) são de P. gardneriana.
É uma espécie pouco conhecida como frutífera e faz parte da riqueza de frutíferas do RS
proposta por Brack et al. (2007).
Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) Penn. (CORONILHA-DA-PRAIA) – Esta
espécie pode ser encontrada na literatura comumente sob Bumelia obtusifolia Roem. &
Schult. ou B. sartorum Mart. É uma árvore com distribuição ampla no Brasil, ocorrendo
desde o Sul até o Nordeste, onde os frutos são maiores e a espécie é popularmente
conhecida por quixaba ou quixabeira, sendo também utilizada na medicina popular (AGRA
et al., 2007). Seus frutos são ricos em antocianinas, mas precisam estudos químicos para
quantificar e avaliar suas potencialidades nutracêuticas e tecnológicas. Análises
nutricionais de seus frutos frescos (em base úmida) colhidos no Gran Chaco argentino (sob
Bumelia obtusifolia Roem. & Schult.) foram realizadas por Freire et al. (2000) e seus
resultados foram compilados aqui: umidade (65,61 g/100g); proteínas (1,58 g/100g);
lipídios (3,24 g/100g); carboidratos (23,67 g/100g); cinzas (0,92 g/100g); fibra (1,79
g/100g); petinas totais (271 mg/100g); Ca (55,6 mg/100g); P (22,9 mg/100g); Fe (1,33
mg/100g); Mg (27,94 mg/100g); K (200,2 mg/100g); vitamina C (16,4 mg/100g); ß
carotenos (2,33 mg/100g) e energia (147 kcal/100g). No presente estudo, os frutos foram
consumidos in natura em grande quantidade. São muito saborosos, doces, com uma bela
coloração interna e externa, lembrando uma pequena uva (casca roxa, mas com polpa
esverdeada). No entanto, como muitas espécies frutíferas da família Sapotaceae, e.g., o
abiu (Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.), possui um látex na casca que se adere,
especialmente, no “céu” da boca, causando um incômodo temporário se consumido em
grande quantidade, pois é uma fruta muito pequena, não sendo viável retirar somente a
polpa a exemplo do que é usual fazer ao comer-se o abiu. No entanto, causa apenas um
340
desconforto pela aderência, não causando a irritação citada por Ragonese & Martínez-
Crovetto (1947).
Visando elaborar produtos que ampliem as possibilidades de usos, os frutos foram
processados manualmente em uma peneira de arame para serem separadas as sementes, e
com a polpa (casca e suco) foi elaborada geléia de coloração púrpura forte e consistência e
sabor muito agradáveis. Esta consistência é propiciada pelo teor considerável de pectina,
em média, 271 mg/100g, mas alcançando até 559 mg/100g (FREYRE et al., 2000). O látex
oriundo da casca gruda-se às bordas da panela, mas como é lipossolúvel pode ser retirado
com papel toalha umedecido com óleo de cozinha. A técnica é aqui recomendada para
limpeza de panelas, utensílios e mãos após trabalhar com frutos laticíferos (e.g., figo
cultivado e abiu). Frutos inteiros foram utilizados no preparo de licor, resultando em um
produto com coloração purpúrea e sabor muito doce após 60 dias de maceração, não
havendo inclusive necessidade de adição de água e açúcar, pois a cachaça tornou-se suave
e “macia”. Esta doçura detectada nos frutos é corroborada por Freyre et al. (2000) que
analisaram amostras com até 31,2 g/100g de carboidratos em tecido fresco, com média de
23,67. Após meses, a coloração do licor manteve-se púrpura intenso, indicando a
estabilidade das antocianinas desta espécie (no álcool). Urgem mais pesquisas desta
espécie como alimento funcional.
Além das análises citadas, Schmeda-Hirschmann et al. (2005) determinaram a
composição centesimal e mineral, em base seca, de frutos silvestres de S. obtusifolium nas
Yungas argentinas: umidade (96 g kg
-1
); proteína (65,6 g kg
-1
); lipídios (52 g kg
-1
); fibras
(100 g kg
-1
); cinzas (36,8 g kg
-1
); P (1.940 mg kg
-1
); Ca (4,213 g kg
-1
); Fe (0,302 mg kg
-1
);
K (2,50 g kg
-1
) e Na (2,94 g kg
-1
). Foi avaliado ainda por estes autores o percentual de
acidez, sólidos solúveis totais e fenóis de doce desta frutífera. A compota foi preparada na
proporção de duas partes de fruto para três partes de açúcar (2:3): acidez (0,20%); sólidos
341
solúveis (72,3%) e fenóis totais (4,71%) (SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 2005). Este
alto teor de sólidos solúveis é corroborado pela qualidade do licor preparado no presente
estudo e o pelo sabor agradável dos frutos in natura. E apesar da baixa acidez produz uma
geléia de boa qualidade sensorial. Arenas (2003, p. 285) afirma que o consumo e
extrativismo destes frutos entre os Toba e Wichí do Chaco Central (Argentina) é intenso na
safra (verão). Ambas as etnias, além de comerem a campo, coletam e trazem para as casas
os frutos em latas ou cabaças. O autor menciona que há citações isoladas do uso dos frutos
para preparar “alojas” (fermentação dos frutos amassados com água – uma bebida
embriaguante) no passado. Arenas (1981) que cita que os Lengua-Maskoy consomem os
frutos ao natural e sob a forma de suco fresco ou fermentado (chicha). Está ilustrada como
frutífera em Lorenzi et al. (2006). Portanto, é uma frutífera, grupo das “pequenas frutas”,
com imenso potencial negligenciado na RMPA, podendo ser cultivada na planície costeira,
manejada e ou adensada nas florestas de restingas, transformando ambientes
“improdutivos” economicamente e, portanto, mais propensos ao desmatamento, em fonte
de renda e alimento de qualidade funcional. Trabalhos de pesquisas sobre seu uso na
fruticultura são prementes. Na RMPA citam-se matrizes altamente produtivas existentes no
Calçadão de Ipanema (Porto Alegre) para colheira de propágulos, bem como no Morro do
Coco (Viamão). No entanto, coletas de germoplasma em toda sua área de distribuição
natural devem ser fortemente encorajadas. (Figura 32a-b; Figura 33d).
342
Figura 29. a) Margyricarpus pinnatus – ramos com frutos maduros; b) Rubus brasiliensis – infrutescências
jovens; c) R. erythroclados – ramo florido e com infrutescências jovens (nota-se acúleos
vermelhos característicos); d) R. imperialis – infrutescências imaturas e maduras (estas verde-
amareladas, intumescidas); e, f) Rubus rosifolius var. rosifolius – flores e infrutescências jovens
e detalhe da flor; g) R. sellowii – ramo com infrutescências ‘de vez’ e madura (preta); h i) R.
urticifolius – ramo florífero e frutífero (infrutescências em diferentes estádios, maduras pretas);
j) Guettarda uruguensis – ramo florido; l) Posoqueria latifolia – frutos imaturos e maduros; m)
Randia armata – ramo com frutos maduros.
343
Figura 30. a) Rubus imperialis – infrutescências imaturas e maduras (estas verde-amareladas, intumescidas);
b) Rubus rosifolius var. rosifolius – frutos maduros. Nota-se receptáculo oco típico; c) R.
sellowii – infrutescências ‘de vez’ e maduras atropurpúreas; d) R. urticifolius
infrutescências maduras atropurpúreas; e) Guettarda uruguensisfrutos maduros; f, g)
Posoqueria latifolia – frutos maduros e sementes; h) Randia armata –frutos maduros (polpa
preta); i) Casearia decandra – infrutescências com frutos maduros; j) Iodina rhombifolia
frutos maduros (polpa fina creme). (escala azul em cm)
344
Figura 31. a, b) Casearia decandra – ramos frutíferos; c) Iodina rhombifolia – ramo com frutos maduros; d,
e, f, g) Allophylus edulis – galho com frutos em diferentes estádios; detalhe de ramo com frutos
maduros; frutos colhidos, lavados na peneira para extração manual da polpa (nota-se algumas
sementes expostas) e polpa pura; h) Cardiospermum halicacabum – ramo com frutos imaturos;
i) Chrysophyllum marginatum – ramo com frutos imaturos e ‘de vez’; j, l, m) Pouteria
gardneriana – árvore cultivada em passeio público; ramo florífero e frutífero, respectivamente.
345
Figura 32. a, b) Sideroxylon obtusifolium – ramos florífero e com frutos maduros; c, d) Capsicum baccatum
var. baccatum – ramos com flores e frutos verdes e maduros e detalhe de parte deste ramo; e, f)
C. flexuosum – ramo com flores e frutos verdes e maduros e detalhe da flor; g, h, i) Physalis
angulata – ramos com frutos (g, h) e detalhe evidenciando caules angulosos e frutos maduros
com cálice acrescente aberto (i); j, l, m) P. pubescens – ramos com flores (nota-se face interna
da corola arroxeada) e frutos imaturos (nota-se variabilidade morfológica das folhas) e frutos
maduros desprovidos dos cálice acrescente (m).
346
Figura 33. a) Allophylus edulis – detalhe dos frutos maduros; b) Chrysophyllum marginatum – detalhe dos
frutos maduros e ‘de vez’ (nota-se acima à direita suas sementes assimétricas); c) Pouteria
gardneriana – detalhe dos frutos maduros; d) Sideroxylon obtusifolium – detalhe dos frutos
maduros (nota-se polpa suculenta esverdeada); e) Capsicum baccatum var. baccatum
detalhe dos frutos; f) C. flexuosum – detalhe dos frutos maduros (nota-se as sementes pretas);
g) Physalis angulata – detalhe dos frutos maduros (nota-se a coloração pálida e sementes
marrons) ; h) P. pubescens – detalhe dos frutos maduros (nota-se a cor amarelo-ouro); i)
Salpichroa origanifolia – frutos maduros branco-gelo com sementes marrons e imaturos
verdes (ressalta-se que os cálices acrescentes foram eliminados); j) Solanum americanum
frutos maduros. (escala azul em cm)
347
Solanaceae
Acnistus arborescens (L.) Schltdl. (MARIANEIRA) – Arvoreta com ampla distribuição
geográfica desde o sudeste do México até a Argentina (HUNZIKER, 1982). Segundo
compilações deste autor no Brasil há registros nos Estados de PE, CE, BA, MG, SP, RJ,
PR e SC. Frisa-se que especialmente no RJ a espécie é muito freqüente desde o nível do
mar à região serrana. No RS e, especialmente a RMPA, foi citada por Soares (2006). É
uma espécie pouco freqüente na região, mas há evidências de que seja nativa nos
municípios com influência da Floresta Ombrófila Densa na RMPA, e.g., Gravataí e
Taquara. No presente estudo foi observada crescendo espontaneamente em municípios
vizinhos a RMPA (Igrejinha e Três Coroas) e sob cultivo em Porto Alegre e Guaíba. Por
tratar-se de uma frutífera promissora, negligenciada no Brasil e com potencial de cultivo na
RMPA é aqui apresentada. Possui flores aromáticas agrupadas nos ramos (ramifloria) com
importância para a apicultura. Os frutos maduros são avidamente consumidos por diversas
espécies de aves, inclusive galinhas criadas soltas na sua região de ocorrência. Descrição
completa, ilustrações e uma lista de sinônimos botânicos e nomes populares dos diferentes
países de ocorrência são apresentadas em Hunziker (op. cit.).
Acnistus arborescens é facilmente propagada por estacas diretamente a campo,
podendo ser utilizada para formação de cercas vivas e é altamente produtiva, apesar dos
frutos serem pequenos. Os frutos maduros para agroindustrialização podem ser colhidos
puxando-os com as mãos, de maneira similar ao processo de colheita manual do café ou
com uso de lona plástica sob a copa e trepidação dos galhos. Os frutos maduros
(alaranjados) podem ser consumidos in natura diretamente ou, preferencialmente,
transformados em geléias, conservas (picles agridoces), licores, cobertura ou recheios de
tortas, bolos e similares. Williams (1981) também cita o consumo dos frutos na América
Central, onde é denominado güitite ou palo de gallina. Além do potencial frutífero para
348
consumo humano, os frutos maduros podem ser usados na alimentação animal, e.g., aves,
porcos e peixes. Mors et al. (2000) mencionam que os frutos são tóxicos, tomando por base
relatos de Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 337): “conta-se que, apenas por tê-los provado,
o naturalista francês Descourtiz teve sua língua fortemente intumescida e perdeu por algum
tempo o uso da palavra.” Com certeza a informação não procede para esta espécie, ao
menos para frutos maduros. Poderia estar referindo-se a outra planta. O consumo excessivo
dos frutos in natura, pode atuar como laxante leve para algumas pessoas mais sensíveis.
No entanto, análises fitoquímicas dos frutos em diferentes estádios e sob as diferentes
formas de consumo são recomendáveis para corroborar ou restringir seu uso. Os frutos
maduros desta espécie foram durante anos (desde a infância) fartamente consumidos pelo
autor sem nenhum efeito colateral. Os frutos maduros são fartamente ingeridos, inclusive
por crianças, sem nenhum sintoma desagradável aparente. É possível que haja alguma
toxidez para os frutos verdes, os quais não devem consumidos, a menos que haja subsídios
para tal. Tanto os frutos imaturos quanto os maduros carecem de estudos químicos
específicos. Estudos da composição centesimal, mineral e vitaminas, especialmente
vitamina A e outros pigmentos das bagas maduras desta espécie são recomendáveis.
Análises nutricionais dos frutos de uma espécie muito similar, Vassobia brevifolia, foram
realizadas por Schmeda-Hirschmann et al. (2005) e Kinupp (2007). Uma ilustração aparece
em Souza & Lorenzi (2005, p. 549).
Capsicum baccatum L. var. baccatum (PIMENTA-CUMARI) – arbusto de pequeno porte
(0,5 m) que quando em ambiente sombreado torna-se esguio e até apoiante sobre a
vegetação vizinha atingindo alturas maiores. Segundo Hunziker (1998) possui ampla
distribuição pela América do Sul. No Brasil há registros nos estados de MT, MG, ES, RJ,
PR, SC e RS. É uma hortaliça condimentar já com algumas variedades agrícolas
cultivadas, especialmente em MG e industrializadas, sendo as conservas de pimenta
349
comercializadas nos supermercados brasileiros. As pimentas do gênero Capsicum têm
importantes funções nutracêuticas, estimulando os processos digestivos e atuando como
inibidoras sobre diversos microorganismos patogênicos (BILLING & SHERMAN, 1998),
fornecendo micronutrientes e compostos com ação antioxidante. Frutos maduros de C.
baccatum var. baccatum foram analisados em relação ao teor protéico e mineral por
Kinupp (2007). A descrição da espécie pode ser encontrada em Hunziker (1998). (Figura
30c-d; Figura 33e).
Capsicum flexuosum Sendtn. (PIMENTA-BRABA) – Esta espécie pode ser,
ocasionalmente, encontrada sob o sinônimo Capsicum schottianum var. flexuosum
(Sendtn.) Hunz. É um arbusto com até 2 m de altura; flores com corola branca com
manchas esverdeadas; frutos esféricos pendentes e alaranjados quando maduros com
sementes pretas. O nome pimenta-braba provém da sua alta pungência devido aos altos
teores de capsaicinóides. Aparentemente, é uma espécie com dificuldade de germinação,
pois de mais de 400 sementes semeadas no presente estudo, somente uma germinou. Frisa-
se que foram obtidas de frutos maduros. Contudo, Maria Teresa Schifino-Wittmann (com.
pess., 2007) menciona que esta dificuldade não foi encontrada durante o desenvolvimento
de uma pesquisa sob sua orientação. Por outro lado, é uma espécie facilmente propagada
vegetativamente por meio de estacas, mesmo sem uso de fitormônios. Este processo pode
ser feito em bandejas de poliestireno, tendo como substrato casca de arroz carbonizada, sob
nebulização intermitente. Também pode ser plantada diretamente a campo ou inicialmente
em sacos plásticos grandes em casa vegetação, a partir de separação de touceira, ou seja,
arranquio de mudas próximas à planta-mãe no hábitat. Aparentemente, a espécie propaga-
se naturalmente de maneira vegetativa, formando pequenas populações quando em
condições favoráveis, provavelmente por brotação de raízes, portanto estas mudas são
clones. É uma espécie seletiva umbrófita, ocorrendo no sub-bosque e em bordas
350
sombreadas, portanto deve ser plantada em áreas sombreadas, e.g., em consórcio com
pomares ou bananais ou em áreas de capoeira e ou sistemas agroflorestais. Quando
plantadas a pleno sol, as plantas tornaram-se anãs e com a copa compacta, apresentando
infecção por vírus e pequena produção. Os ramos da planta a meia sombra (hábitat
preferencial) apresentam-se mais flexuosos, sinuosos ou pendentes do que em plantas
cultivadas a pleno sol.
Ocorre no Paraguai, Argentina e no Brasil, com registros para MG, SP, PR, SC e
RS. Neste último Estado, segundo Soares (2006) ocorre em diversos municípios das
diferentes regiões fisiográficas, crescendo em locais úmidos e sombreados de bordas e
clareiras de matas, sendo também freqüente em capoeiras. Segundo Schuelter (1996) esta
pimenteira frutifica durante o ano todo. Indivíduos cultivados na zona sul de Porto Alegre
corroboram os dados da literatura, pois vêm produzindo flores e frutos em diferentes
estádios de desenvolvimento por vários meses, inclusive em julho, complementando as
informações de Soares (2006). No presente estudo os frutos foram usados para fazer
conservas, molhos e até consumidos diretamente. Frisa-se que são altamente pungentes. As
espécies de Capsicum são importantes recursos genéticos, pois as pimentas cultivadas têm
grande importância econômica mundial, tanto pelo uso doméstico como condimentos,
sobretudo nos países tropicais e devido ao seu uso com a mesma finalidade na indústria
alimentícia. Cabe destacar ainda o seu crescente uso na indústria farmacêutica,
especialmente em pomadas e emplastros, e.g., Emplastro Sabiá®, devido à ação medicinal
da capsaicina para tratamentos de nevralgias, reumatismos, dores musculares, entre muitas
outras enfermidades. Portanto, estudos fitotécnicos, fitoquímicos e microbiológicos com
esta espécie são importantes. A descrição desta espécie pode ser encontrada em Hunziker
(1998). (Figura 32e-f; Figura 33f).
351
Physalis angulata L. (CAMAPU) – Das três espécies do gênero Physalis tratadas aqui foi
isolado um novo alcalóide das partes aéreas e raízes (estas sem potencial alimentício),
denominado figrina (BASEY et al., 1992). Segundo os autores este novo alcalóide parece
não ocorrer em outros gêneros de Solanaceae próximos e, aparentemente, estas espécies de
Physalis não produzem alcalóides mais complexos, tais como derivados de di e
trihidroxitropanos e os medicinalmente importantes hioscina e hiosciamina (BASEY et al.,
op. cit.). Isto é interessante, pois estes alcalóides são tóxicos e, P. angulata tem suas folhas
jovens cozidas citadas como alimentícias (KUNKEL, 1984; YOU-KAI et al., 2004).
Segundo You-Kai et al. (op. cit), esta espécie é consumida como hortaliça (folhas cozidas)
na região sudoeste da China (Xishuangbanna), oriunda de extrativismo. Frisa-se que os
autores consideram-na nativa da região sem, contudo, citarem nomesr regionais. Physalis
angulata possui ainda usos medicinais diversos, tais como para tratar hepatite e malária e
as fisalinas isoladas têm inibido crescimento de vários tipos de leucemia (FRANÇA,
2003). Ismail & Alam (2001) também reportam o isolamento de um novo flavonóide
glicosídico com ação citotóxica sobre três tipos diferentes de câncer in vitro. Agra et al.
(2007) acrescentam o uso das folhas como calmante, antiinflamatório e contra dermatites.
No presente estudo os frutos foram consumidos in natura diretamente. Frisa-se que são
muito doces, chegando a ser enjoativos. São mais indicados para o sucos e geléias. Foram
analisados em relação ao teor mineral e de proteína por Kinupp (2007). Os frutos maduros
e folhas carecem de estudos bromatológicos. Para obtenção de sementes para propagação
basta triturar seus frutos em liquidificador apenas com água. Se desejável, pode-se
aproveitar o suco para consumo. Em seguida deve lavar-se as sementes enchendo um
recipiente com água, deixando as sementes pesadas precipitarem e eliminando o
sobrenadante (impurezas). Este processo precisa ser repetido até restarem somente as
sementes, sem as demais partículas dos frutos. Geralmente, três vezes é o suficiente. Estas
352
sementes após serem limpas devem ser secas à sombra em peneira de plástico com tela
fina. Em seguida podem ser plantadas ou estocadas para aguardar a época de plantio. Frisa-
se que não foram encontrados estudos sobre a germinação e o tempo de estocagem das
sementes desta espécie. (Figura 32g-i; Figura 33g).
Physalis pubescens L. (FISÁLIS) – Espécie pantropical que produz frutos de ótima
qualidade. Além da ampla distribuição e é também cultivada. Segundo Facciola (1998) é
cultivada em diversas regiões do mundo, inclusive com cultivares, tais como: Aunt Molly`s
ou Aent Moll; Cossack Pineapple; Eden; Goldie; Sweet Amber cultivadas nos Estados
Unidos e Nova Zelândia, por exemplo. A situação taxonômica desta espécie e das espécies
próximas não é bem estabelecida. Physalis peruviana L. é uma espécie muita próxima, um
provável sinônimo. Ilustrações apresentadas por Wyk (2005, p. 294), como sendo de P.
peruviana, são idênticas à espécie silvestre brasileira aqui discutida, conforme figuras
apresentadas no presente estudo e em Kissmann & Groth (2000, p. 531). Existem
variedades (silvestres) produtoras de frutos de ótimo tamanho e sabor agradável na região
de Nova Friburgo (RJ). Ocorrem também na região amazônica, nas bacias dos rios de água
branca ou barrenta, inclusive sendo ocasionalmente comercializada com o nome de
camapu, no tradicional Mercado Ver-o-Peso (Belém, Pará). No RS e RMPA é uma espécie
rara. Segundo Williams (1981) é uma espécie muito utilizada para molhos picantes e
outros pratos em toda América Central, especialmente na Guatemala onde é muito
abundante. Frutos maduros desta espécie analisados nos EUA apresentam de 2.200 a 3.200
UI/100g de vitamina A (ZENNIE & OGZEWALLA, 1977). Os frutos desta espécie
cultivados em Porto Alegre foram analisados em relação ao teor mineral e protéico por
Kinupp (2007). Entretanto, estudos bromatológicos adicionais com as variedades locais são
desejáveis, com ênfase nos compostos nutracêuticos. As recomendações para obtenção das
sementes puras são idênticas às descritas para P. angulata. No presente estudo, os
353
saborosos frutos foram fartamente consumidos in natura, sob a forma de sucos e geléias. É
uma espécie com imenso potencial para cultivo em larga escala, o que possibilitaria
investir na produção de outros derivados (e.g., polpa congelada e concentrada, sorvetes,
licores, chutneys) e viabilizaria sua comercialização in natura a preços mais acessíveis à
população em geral. Ressalta-se que os frutos oriundos de cultivos comerciais (Italbras®)
em Vacaria (RS), desta espécie ou P. peruviana, são comercializados tanto frescos quanto
congelados - frutos inteiros, no Brasil e até exportados. (Figura 32j-m; Figura 33h).
Physalis viscosa L. (JUÁ-DE-CAPOTE) – É uma espécie ruderal, mas rara na RMPA. É
comumente citada como comestível (frutos maduros) por diversos autores (Tabela 1). No
entanto, Odhav et al. (2007) citam o uso das folhas, com a ressalva que este uso é restrito
aos períodos de crises de fome. Pelos resultados de Basey et al. (1992), possivelmente, esta
espécie também não produz os alcalóides tóxicos hioscina e hiosciamina. Contudo, os
indivíduos observados na RMPA e outras regiões do RS e do Brasil apresentavam folhas
altamente pilosas e alguns, como nome específico aponta, eram viscosos, sendo inclusive
observadas partes de inflorescências de Asteraceae aderidas às suas folhas. Logo, suas
folhas não parecem interessantes para consumo. Todavia, Odhav et al. (2007) analisaram a
composição nutricional das folhas desta espécie, destacando-a pelos teores de proteínas (6
g/100g) em base úmida e teores consideráveis de vários minerais. (Figura 34a).
Salpichroa origanifolia (Lam.) Baill. (OVO-DE-GALO) – Esta é uma espécie da família
Solanaceae típica do Cone do Sul. No RS é muito freqüente e abundante em algumas
regiões do Estado, especialmente em áreas abertas, cultivadas e beiras de estradas.
Ocasionalmente, pode ocorrer como epífita acidental, especialmente sobre figueiras na
planície costeira, possivelmente pela dispersão endozoocórica por aves. Em áreas abertas
ocorre como erva ereta a decumbente, mas em bordas de mata e ou cercas possui hábito
trepador ou apoiante atigindo até mais de 2 m de comprimento. É uma planta altamente
354
ornamental tanto pela forma e coloração das folhas verde intenso quanto pelas corolas
urceoladas pendentes (daí um dos nomes populares – sininho). Evans et al. (1971)
publicaram uma nota sobre a existência de alcalóides tropânicos nas raízes desta espécie.
Nas partes aéreas estes autores detectaram reações fracas para alcalóides não-identificados.
Côrrea (1984, v. II, p. 360) cita que as folhas são tóxicas, podendo levar a morte. Costa
apud Evans et al (op. cit.) cita que os frutos são comestíveis, mas que o consumo excessivo
dos mesmos produz sintomas de embriaguez. No presente estudo, os frutos maduros e
mesmo alguns inchados, ainda esverdeados, foram fartamente consumidos por dezenas de
pessos sem registro de efeitos colaterais tanto in natura quanto transformados em geléias e
sucos. Possivelmente, a embriaguez citada refira-se as folhas, pois como relatado por
Côrrea (op. cit.), o chá das folhas produz uma embriaguez loquaz e fantástica no início,
mas em doses mais fortes pode levar a morte. Os frutos são bagas ovóide-oblongas, de cor
brancacenta, com polpa intensamente aromática e sementes lenticulares castanhas. Os
cálices estão presentes nos frutos maduros (cálices frutíferos). Estes frutos são bastante
conhecidos do povo do interior do RS como comestíveis. O nome popular ovo-de-galo
refere-se a forma e coloração similar aos testículos de galo, os quais são internos, podendo
ser vistos apenas por aqueles que abatem e preparam a ave para o consumo. Côrrea (op.
cit.) também cita que os frutos são adocicados e comestíveis, servindo para confecção de
compotas e doces. Este autor menciona que a espécie foi introduzida há muitos anos na
Itália, tornando-se naturalizada na região napolitana, especialmente em solos mais áridos.
Côrrea & Penna (1984, v. V, p. 321) apresentam a descrição, sinonímias e um desenho da
espécie. Esta espécie foi cultivada experimentalmente no presente estudo, tendo sido
conduzida em uma espaldeira, o que facilitou sobremaneira a colheita e qualidade dos
frutos, pela falta de contato com o solo. Frutos em contato com o solo foram atacados por
tatuzinhos, tatu-bola ou tatu-de-jardim (Armadillidium sp. – crustáceo terrícola). Neste
355
caso, no momento da colheita, os ramos precisam ser levantados para acessar os frutos.
Tolera solos arenosos e secos, mas produz bem em solos férteis e com bastante matéria
orgânica. Indivíduos espontâneos crescendo sobre casca de arroz amontoada mostraram-se
altamente produtivos e os frutos maduros aderidos à planta-mãe ou já soltos puderam ser
colhidos facilmente. Frisa-se que frutos mesmos caídos não apodrecem rapidamente.
Portanto, os canteiros forrados com serragem, casca de arroz ou outros materiais
equivalentes, parecem ser a melhor forma de cultivo. Os frutos mesmo bem maduros são
firmes e podem perfeitamente ser comercializados em pequenos recipientes (e.g., os
utilizados para morango ou mirtilo). Os frutos colhidos e devidamente embalados duram
alguns dias armazenados em geladeira. É uma pequena fruta perene, possui rizomas
grandes e com súber desenvolvido, estendendo-se a metros de distância da planta-mãe, por
isso sendo considerada, por alguns erva daninha. Entretanto, é promissora para cultivo no
RS, fortalecendo a agricultura familiar e merecendo estudos fitotécnicos. Cita-se que
propaga-se facilmente por estaquias. Os frutos foram analisados em relação ao teor
protéico e mineral e apesar de altamente suculentos revelaram-se muito ricos em ferro
(KINUPP, 2007). (Figura 33i; Figura 34b-d).
Solanum americanum Mill. (ERVA-MOURA) – É uma erva ruderal comum no Brasil
inteiro e em diversos outros países. Muitas pessoas desavisadas consideram seus frutos
tóxicos. Entretanto, os frutos maduros são uma pequena iguaria que merece ser saboreada.
Os frutos verdes realmente não devem ser consumidos, pois não são palatáveis e, acredita-
se que sejam tóxicos devido à presença de alcalóides. Yen et al. (2001) estudando uma
espécie muita próxima a esta, Solanum nigrum L., detectaram que os extratos dos frutos
imaturos (frutos verdes) são altamente citotóxicos e causam danos significativos em
linfócitos humanos. Vogel & Gutzwiller apud Yen et al. (op. cit.) afirmam que os frutos
verdes de S. nigrum contêm alto teor do alcalóide solanina. Os frutos maduros, no entanto,
356
apresentam uma genotoxidez muito menor (YEN et al., 2001). Estes mesmos autores não
detectaram mutagenicidade nos extratos das partes utilizadas como hortaliça (folhas e
ramos tenros) de S. nigrum. Muito pelo contrário, foram registrados efeitos inibitórios de
mutação foram registrados. Os frutos de S. americanum são pequenos, porém ricos em
pigmentos (antocianinas) com grande potencial antioxidante que precisam de estudos
específicos. Devido a esta coloração podem ser usados para recheios e ou coberturas de
bolos e tortas, bem como preparação de musses e sorvetes. Indivíduos medrando em solos
férteis produzem muitos frutos com dimensões maiores. Programas de melhoramento e
seleção de cultivares com frutos maiores e ou com maior concentração de antocianinas e as
melhores práticas fitotécnicas são recomendáveis. Atualmente, está ocorrendo uma
valorização das pequenas frutas ricas compostos nutracêuticos, a exemplo do mirtilo ou
blue berry (Vaccinium spp.). No Brasil, muitas pessoas do interior consomem seus frutos
maduros in natura durante o dia-a-dia no trabalho na agricultura ou em andanças pelo
campo. Sua utilização como hortaliça folhosa no Brasil parece mais restrita. Informações
verbais obtidas durante este estudo, indicam que os Kaingang do sul do Brasil consomem
esta espécie cozida, sob um nome genérico para hortaliças - “fuá”. Há relatos de colheitas
de grande quantidade de S. americanum no interior do RS por indígenas desta etnia. Bruno
Irgang (com. pess., in memoriam) relatou ter observado alguns Kaingang comerem,
inclusive, as folhas cruas durante caminhadas no campo. Kays & Silva (1995) também
citam o consumo das folhas e ramos tenros cozidos ou crus, porém é possível que o
consumo crus. No entanto, é possível que o relato do consumo cru refira-se somente aos
frutos (maduros) também citados pelos autores. A literatura que cita o consumo das folhas
a nível mundial é bem difundido. Williams (1981) cita que a folhagem é consumida como
hortaliça e até oferecida nos mercados de El Salvador e Guatemala. Ibarra-Marríquez et al.
(1997) citam que as folhas são consumidas no México e apresentam potencial
357
mercadológico. FAO (1984) lista a espécie como hortaliça. Segundo You-Kai et al. (2004),
as folhas cozidas desta espécie são consumidas e comercializadas como hortaliça na região
sudoeste da China (Xishuangbanna), tanto de plantas cultivadas quanto oriundas de
extrativismo, durante o ano todo. Frisa-se que os autores consideram-na nativa da região.
Odhav et al. (2007) analisaram a composição centesimal (g/100g, base úmida) e mineral
(mg/100g, base seca), além da atividade antioxidante (base úmida) desta espécie
(hortaliça), sob Solanum nodiflorum: umidade (85); proteínas (3); lipídios (0,6);
carboidratos (9,03); cinzas (2,24); fibra (2,42); energia (55 kcal/100g); Ca (2.067); P (478);
Fe (85); Mg (277); Na (431); Mn (3); Cu (6); Zn (23) e atividade antioxidante (92 %).
Estes autores destacam os altos teores de Ca e, especialmente, pelo conteúdo de Fe,
frisando que em Kwazulu-Natal (África do Sul) esta espécie ocorre em áreas de cultivo e é
consumida regularmente pela população. Segundo Booth et al. (1992) o povo Kekchi de
Alta Verapaz (Guatemala) denomina S. americanum de macuy e suas folhas são
consumidas cozidas. Sendo a água de cozimento igualmente ingerida. Estes autores
analisaram amostras cruas e cozidas (ambas em base úmida), esta última, devido à forma
de preparo usual para consumo, reflete o que é efetivamente ingerido, portanto é
apresentada aqui. Composição centesimal (g/100g): umidade (87,5); proteínas (3,9);
lipídios (0,9); carboidratos (3,8); cinzas (1,2); fibra (1,4g). Os minerais das amostras
cozidas também foram determinados em base úmida (mg/100g): Ca (180); P (53); Fe (6);
K (129); Mg (81). Alguns tiverem seus teores aumentados após o cozimento, e.g., o Fe
teve seu teor duplicado após o cozimento, passando de 3 mg/100g na amostra crua para 6
mg/100 após o cozimento. O mesmo ocorrendo com o teor de Mg que passou de 54
mg/100g para 81 mg/100g na amostra cozida. Kays & Silva (1995) consideram esta
espécie como uma hortaliça cultivada comercialmente em algumas partes do mundo e
citam seus nomes populares em cinco línguas. No entanto, estes autores mencionam que os
358
frutos imaturos (unripe) são comestíveis. Pelo que já foi exposto aqui, trata-se,
possivelmente, de um erro de digitação, pois deveria ter sido escrito frutos maduros (ripe).
Esta é uma hortaliça abundante e vigorosa na RMPA e todo o Brasil, especialmente
em áreas abertas ou cultivadas, com solos ricos em matéria orgânica. Os indivíduos jovens
(antes da floração, ponto ideal de colheita como hortaliça) são viçosos com folhas grandes
e tenras, assim como os ramos apicais. Após cozidos, mantêm a coloração verde-escura e
são muito saborosos, como outras hortaliças convencionais de uso similar. A descrição
completa e a situação taxonômica desta espécie podem ser encontradas em Mentz &
Oliveira (2004). (Figura 33j; Figura 34e-f).
Solanum capsicoides All. (JOÁ-VERMELHO) - Smith & Downs (1966) descrevem esta
espécie sob S. ciliatum Lam. e citam que seus frutos (mesocarpo) são comestíveis. No
presente estudo os frutos maduros desta espécie foram consumidos e são muito agradáveis.
O epicarpo é rijo (duro), portanto os frutos devem ser finamente descascados,
aproveitando-se apenas o mesocarpo. Este é branco, carnoso, adocicado e possui
consistência firme. As sementes são secas e devem descartadas. Apesar das partes
eliminadas, o mesocarpo é bem desenvolvido compensando essa atividade. Este mesocarpo
pode ser consumido diretamente ou utilizado no fabrico de licores e doces em calda, tendo
uma boa produção. O Prof. Lin Chau Ming (UNESP, com. pess., 2006) afirmou que
consome este fruto desde a infância. Esta espécie carece totalmente de informações
fitoquímicas e bromatológicas, portanto estes estudos são recomendáveis. O epicarpo é
intensamente vermelho e pode ser uma boa fonte de licopeno que merece ser avaliada. Foi
experimentado no presente estudo cru, mas é duro. No entanto, possivelmente possa ser
consumido cozido, disponibilizando assim ainda mais o licopeno. Análises químicas das
abundantes sementes são desejáveis. A descrição completa está em Mentz & Oliveira
(2004). (Figura 34g; Figura 36a-b).
359
Solanum chenopodioides Lam. (ERVA-MOURA) – É uma espécie muito similar ao S.
americanum e S. nigrum L., faz parte deste complexo. Segundo Wyk (2005) S.
chenopodioides possui os mesmos usos destas duas espécies acima citadas. As quais já
foram anteriormente citadas (vide S. americanum) e possuem folhas, ramos jovens
(hortaliça) e frutos maduros (frutífera) utilizados na alimentação humana. A circunscrição
taxonômica deste complexo de espécies ainda não está bem esclarecida, mas pelas
observações feitas durante o presente estudo na RMPA, há um grande polimorfismo.
Mentz & Oliveira (2004) citam Solanum americanum var. americanum (ramos e folhas
glabros) e S. americanum var. nodiflorum (Jacq.) Edmonds (ramos e folhas pubescentes),
seguindo divisão proposta por Edmonds apud Mentz & Oliveira (op. cit.). Pelo
polimorfismo citado estes autores não delimitaram tais variedades para o sul do Brasil. No
entanto, recentemente com novas observações e o reexame das coletas foi também
proposta a existência de outra espécie, S. chenopodioides, ocorrendo no RS e na RMPA (L.
Mentz, com. pess., 2007). Em observações do presente estudo foram encontrados (Porto
Alegre) espécimes similares a Solanum americanum (com ramos e folhas pilosos), mas
com interior dos frutos maduros verdes, o que é diferente de S. americanum, cujo interior
dos frutos é também roxo. Ressalta-se a casca dos frutos maduros destes espécimes
apresentam coloração purpurácea opaca, em contraste com a coloração púrpura brilhante
até atropurpúreo típica de S. americanum. Estes frutos com coloração distinta foram
igualmente consumidos, são menos doces e possivelmente sejam S. chenopodioides. Lilian
Mentz (UFRGS) e João Stehmann (UFMG) estão trabalhando neste grupo e já há exsicatas
no Herbário ICN (UFRGS) determinadas como pertencente a esta espécie. Apesar da
incerteza taxonômica, registra-se aqui a comestibilidade dos frutos de plantas, com as
características supramencionadas.
360
Solanum concinnum Schott ex Sendtn. (PAPA-GOELA) – Os frutos bem maduros desta
espécie foram consumidos em diversas oportunidades durante o presente estudo. São
agradáveis, adocicados, suculentos e intensamente purpuráceos, o que remete a altos teores
de antocianinas. Estudos fitoquímicos e bromatológicos devem ser encorajados. É um
arbusto que ocorre nas bordas das matas, florescendo e frutificando abundantente mesmo
em solos arenosos e pobres. É altamente ornamental. A descrição completa está em Mentz
& Oliveira (2004). (Figura 34h; Figura 36c).
Solanum corymbiflorum (Sendtn.) Bohs (TOMATE-DE-ÁRVORE-VERDE) – Esta
espécie é mais comumente encontrada na literatura e nos acervos dos herbários sob
Cyphomandra corymbiflora Sendtn. Soares & Mentz (2006), seguindo revisões recentes,
citam sua ocorrência para a RMPA sob S. corymbiflorum. Os frutos desta espécie foram
citados como comestíveis por Smith & Downs (1966) sob C. patrum Smith & Downs.
Tomate-de-árvore-verde como o próprio nome diz, produz frutos maduros com polpa
esverdeada. Este nome comum é aqui proposto, pois baga-de-veado não é um nome tão
difundido atualmente e não tem apelo gastronômico, muito pelo contrário. Esta espécie e
seus frutos são similares ao tomate-de-árvore ou tomate-francês (Solanum betaceum Cav.),
uma frutífera nativa dos vales andinos deste mesmo grupo (subgênero Bassovia seção
Pachyphylla) que produz frutos comestíveis, mas com polpa dos frutos maduros variando
do alaranjado ao purpuráceo. Solanum betaceum é comercializado em pequena escala em
diferentes países e cultivado em quintais e pomares do Brasil e da RMPA, portanto
relativamente conhecido de parte da população. Os frutos S. corymbiflorum possuem o
diferencial da polpa verde, sabor dulcíssimo e aroma agradável. É tolerante a geadas fortes,
podendo ser cultivada em regiões frias. É bastante comum nos municípios do RS com
temperaturas mínimas e médias mínimas mensais mais baixas, e.g., Cambará do Sul. Mais
informações sobre a distribuição da espécie, bem como sua descrição e ilustrações estão
361
disponíveis em Soares & Mentz (2006). No presente estudo, frutos maduros foram
consumidos diretamente ou sob a forma de sucos, os quais tornam-se levemente
espumantes e altamente aromáticos com a trituração em liquidificador. Apresentam grande
potencial para doces em calda (descascados ou pelados), geléias, licores, sorvetes e outras
sobremesas. Análises nutricionais e fitoquímicas fazem-se necessárias, especialmente em
relação teores de vitamina C e outros compostos com atividade antioxidante. (Figura 34i-
m; Figura 36d-e).
Solanum nigrescens M. Martens & Galeotti (ERVA-MOURA-AÇU) – Segundo Kunkel
(1984) suas folhas são utilizadas como verdura (pot-herb) no México. Provavelmente, os
frutos maduros possam ser consumidos do mesmo modo que frutos de S. americanum, uma
espécie assemelhada. A descrição e ilustração estão disponíveis em Mentz & Oliveira
(2004). Poucas informações existem sobre esta espécie, assim como muitas outras
abordadas aqui e, e estudos toxicológicos são sempre importantes.
Solanum paniculatum L. (JURUBEBA-VERDADEIRA) – Esta espécie não é comum na
RMPA e no RS, mas há registros em alguns municípios do Estado (MENTZ &
OLIVEIRA, 2004). É uma espécie amplamente utilizada como alimentícia em alguns
Estados brasileiros, com destaque para GO, MS e MG, onde é comercializada tanto in
natura (e.g., R$ 4,00/L em Goiânia, cotação de 2006) como em conserva. A
comercialização em conservas é feita em potes e frascos de tamanho diversos, inclusive em
baldes com capacidade aproximada de 5 kg destinados aos restaurantes regionais. Além do
consumo tradicional em conservas (picles) e cozidas no arroz, Zurlo & Brandão (1990) e
Lorenzi & Matos (2002) citam o uso dos frutos curtidos na cachaça. Zurlo & Brandão (op.
cit.) afirmam que os frutos da jurubeba estão entre as 25 plantas integrantes da típica
cachaça mineira chamada “Milagre de Minas”. Os extratos desta espécie entram na
composição de alguns produtos medicinais ou bebidas, e.g., Atalaia Jurubeba® e no licor
362
Jurubeba Leão do Norte®. Os frutos são consumidos quando bem desenvolvidos, com
coloração esverdeada ou verde-esbranquiçada. Precisam ser fervidos com muito sal e
vinagre para elaboração da conserva, eliminando-se a água da fervura, a qual torna-se
espumosa. Apesar de amplamente conhecida em diversos Estados brasileiros como
alimentícia esta espécie é pouco conhecida em nível mundial, não sendo citada nas
principais obras do gênero. Além dos usos alimentícios e uma espécie intensamente
utilizada como medicinal para fins diversos, especialmente hepatite, malária, má-digestão,
gastrite e outros problemas hepáticos (MORS et al., 2000; LORENZI & MATOS, 2002;
MESIA-VELA et al., 2002), além dos frutos, para estes fins medicinais utiliza-se,
principalmente as raízes e folhas. Apesar do uso alimentício tradicional nenhum estudo da
composição bromatológica foi encontrado. Kinupp (2007) analisou o teor protéico e
mineral dos frutos in natura. Descrição completa em Mentz & Oliveira (2004). (Figura
35a-b; Figura 36f-g).
Solanum sisymbriifolium Lam. (JOÁ-DAS-TAPERAS) – É uma espécie colonizadora de
áreas abertas muito freqüente e abundante em algumas áreas da região Sudeste e Sul.
Ocorrendo também em países vizinhos (Argentina, Paraguai e Uruguai) e em países
distantes (e.g., Índia) como espécie introduzida. No RS é comumente denominada de
arrebenta-cavalo ou mata-cavalo ou em castelhano – revienta caballo. A origem destes
nomes populares é desconhecida, apresenta-se aqui uma proposição do autor: talvez deva-
se ao fato dos cavalos pisarem nos muitos acúleos desta espécie e tornarem-se mancos para
sempre, portanto perdendo a função como montaria ou animal de tração e, portanto
destinado ao abate ou sendo sacrificado. Pois não se tem informação e não indícios do
consumo dos frutos dos joás, especialmente desta espécie protegidos pelos cálices
recobertos pelos acúleos, por eqüinos. No entanto, os frutos maduros de Solanum viarum
Dunal são avidamente consumidos pelos bovinos, sem danos aparentes. Inclusive estes
363
nomes supramencionados não são interessantes sob o ponto de vista gastronômico, pois
remete a idéia de toxidez, não comprovada nos frutos maduros de S. sisymbriifolium para
consumo humano. Em amplo levantamento realizado pelo IBGE na década de 1970, esta
espécie foi citada como frutífera (IBGE, 1980). Côrrea & Penna (1984, v. IV, p. 557)
descrevem e ilustram esta espécie, afirmando que seus frutos vermelhos são comestíveis e
agradáveis. Arenas (1981) cita que os frutos são comestíveis e apreciados, especialmente
entre as crianças Lengua-Maskoy (Paraguai). Os frutos no presente estudo foram
fartamente consumidos in natura, em sucos, geléias e licores. Foram cozidos e preparados
na forma de molhos e sopas. A geléia produzida no presente estudo utilizando frutos
integrais apresentou ótima coloração, consistência e sabor. O suco obtido por trituração em
liquidificador doméstico tornou-se vermelho-rosado, atraente, com sabor e aroma suave.
Cabe ressaltar que os frutos tiveram ótima aceitação em eventos de alta gastronomia, onde
foram servidos acompanhando carne de porco e também em sopas frias. A coloração
vermelha intensa dos frutos maduros sugere alto teor de licopeno, provavelmente superior
em relação ao tomate e outros frutos convencionais. Este e outros compostos com funções
nutracêuticas precisam ser estudados detalhadamente nesta espécie, uma planta alimentícia
totalmente subutilizada, apesar de típica dos ecossistemas regionais, tolerante a solos
pobres, arenosos, mas desenvolvendo-se melhor em solos ricos em matéria orgânica, onde
é capaz de apresentar grande produção (e.g., Figura 36i). É uma espécie que pode ser
cultivada ou extraída em áreas antrópicas onde são abundantes. Trabalhos de
melhoramento e ou seleção visando reduzir números de acúleos são recomendáveis.
Sucos concentrados e frutos maduros integrais (com casca e sementes) foram
analisados em relação composição mineral e protéica por Kinupp (2007). O suco foi feito
sob encomenda a partir de frutos colhidos durante o presente trabalho e repassados para a
família Bellé, que dispõe de despolpadeira e são especializados na produção de sucos com
364
frutíferas nativas. Schmeda-Hirschmann et al. (2005) analisaram a composição centesimal
e mineral, em base seca, de frutos silvestres desta espécie nas Yungas argentinas: umidade
(120 g kg
-1
); proteína (134 g kg
-1
); lipídios (81,1 g kg
-1
); fibras (62 g kg
-1
); cinzas (42,6 g
kg
-1
); P (5.550 mg kg
-1
); Ca (0,224 g kg
-1
); Fe (0,113 mg kg
-1
); K (3,31 g kg
-1
) e Na (0,589
g kg
-1
). Foi avaliado ainda por estes autores o percentual de acidez, sólidos solúveis e
fenóis do doce desta frutífera. A geléia foi preparada somente com a polpa (sem casca (?) e
sem sementes) na proporção de duas partes de frutos para uma de açúcar (2:1): acidez
(0,54%); sólidos solúveis (61,5%) e fenóis totais (1,18%) (SCHMEDA-HIRSCHMANN et
al., 2005). Este percentual de acidez denota o grande potencial da espécie para geléias,
compotas, doces em calda, licores e outros derivados e o total de sólidos solúveis evidencia
também o potencial para consumo como fruta de mesa. Cabe mencionar que os frutos de S.
sisymbriifolium são reputados como digestivos (HILGERT apud SCHMEDA-
HIRSCHMANN et al., 2005). (Figura 35c; Figura 36h-j).
Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. (ESPORÃO-DE-GALO) – Arvoreta armada com
espinhos desenvolvidos, flores variando da coloração branca à púrpura, estas em especial
altamente ornamentais. Frutos pendentes, quando maduros alaranjados com sabor
levemente amargo in natura, mas há variedades com frutos grandes e suaves. Dos frutos
maduros podem ser feitas conservas similares às conservas de pimenta ou de jurubeba e
também licores. É uma frutífera interessante em projetos agroflorestais com espécies
nativas e na formação de cercas-vivas, através de plantios adensados. Seus frutos maduros
foram analisados em relação ao teor mineral e de proteína por Kinupp (2007). Schmeda-
Hirschmann et al. (2005) analisaram a composição centesimal e mineral, em base seca, de
frutos silvestres desta espécie coletada nas Yungas argentinas: umidade (95 g kg
-1
);
proteína (150 g kg
-1
); lipídios (42 g kg
-1
); fibras (70 g kg
-1
); cinzas (18 g kg
-1
); P (4.312 mg
kg
-1
); Ca (0,967 g kg
-1
); Fe (0,215 mg kg
-1
); K (5,852 g kg
-1
) e Na (0,589 g kg
-1
). Estudos
365
químicos e toxicológicos mais detalhados, bem como análises dos metabólicos de
importância nutracêutica, tais como licopeno e carotenos são importantes. (Figura 35d;
Figura 37a).
366
Figura 34. a) Physalis viscosa – flores e frutos jovens; b, c, d) Salpichroa origanifoliapopulação
espontânea sobre casca de arroz (nota-se muitos caídos); detalhe de ramo florido (corola
urceolada) e frutos imaturos com cálices acrescentes (c); tigela com frutos colhidos para
consumo (d); e, f) Solanum americanum – indivíduos e detalhe de ramo jovem no ponto para
colheita para uso como verdura; g) S. capsicoides – ramo com frutos maduros e verdes; h) S.
concinnum – ramo com frutos imaturos esbranquiçados e maduros roxos; i, j, l, m) Solanum
corymbiflorum – indivíduo cultivado em floração; detalhe de ramo florido; frutos imaturos
desenvolvidos e folhas jovens (nota-se máculas pretas).
367
Figura 35. a, b) Solanum paniculatum – frutos no ponto de maturação ideal para consumo (nota-se máculas
mais claras pela retirada do cálice); c) S. sisymbriifolium – frutos maduros colhidos para
consumo (nota-se abertura natural do cálice); d) Vassobia breviflora – ramo florido; e, f, g h)
Typha domingensis – detalhe das inflorescências masculinas (pólen) e femininas imaturas
(basais) (e); detalhe do ‘palmito’ (f); pólen amarelo-ouro (g, h); i) Boehmeria caudata – ramo
jovem; j) Cecropia pachystachyaramo com infrutescências imaturas; l) Coussapoa
microcarpa – inflorescências masculinas; m) Parietaria debilis – ramos com flores e ou frutos.
368
Figura 36. a, b) Solanum capsicoides – detalhe dos frutos maduros (nota-se cálice acrescente com acúleos) e
mesocarpo carnoso branco (parte comestível) ; c) S. concinnum – frutos maduros; d, e) S.
corymbiflorum – detalhes flores e dos frutos maduros verde-claros; f, g) S. paniculatum
detalhe dos frutos (nota-se máculas claras pela eliminação do cálice acrescente) e conservas
agroindustrializadas comercializadas no Mercado Público de Goiânia, GO; h, i, j) S.
sisymbriifolium – detalhe de um indivíduo florido (nota-se nuances do branco ao lilás das
flores); população espontânea e extrativismo dos frutos; detalhe dos frutos maduros (nota-se
acúleos marrons-avermelhados típicos). (escala azul em cm)
369
Tropaeolaceae
Tropaeolum pentaphyllum Lam. (CREM) – Côrrea (1984, v. I, p. 669) cita que os
tubérculos apresentam tamanho variáveis chegando ao tamanho de uma laranja. Pelas
fotografias apresentadas no presente estudo nota-se que estas dimensões são
significativamente maiores, alcançando mais de 1,5 quilograma. Este autor cita também a
presença de gavinhas, o que não existe na família. Os pecíolos sofrem uma torção fixando-
se ao suporte, o que é citado por Mabberley (2000). Essa é uma característica das espécies
trepadeiras da família (“petioles twining”) e está ilustrada no presente estudo (Figura 38j).
Côrrea (op. cit) cita que os tubérculos são comestíveis, mesmo crus, tendo função
antiescorbútica. Na realidade, é quase impossível consumir os tubérculos crus (exceto em
porções mínimas), devido à altíssima pungência. O consumo usual no RS e no Planalto
catarinense é na forma de conservas, ou seja, dos tubérculos ralados e curtidos no vinagre
tinto colonial. Estas conservas são comercializadas e são muito consumidas como
condimento em sopas e carnes especialmennte nas regiões serranas do RS e SC. São
também comercializadas também em Porto Alegre e mesmo em outros Estados com grande
população de origem sulista (e.g., Mato Grosso). Esta espécie foi selecionada e fornecida
para um estudo de conclusão de curso no ICTA/UFRGS, visando quantificar o teor de
inulina existente nos seus tubérculos. O teor de inulina detectado (2,92 g L
1
) foi
significativo (MAGALHÃES, 2006). Segundo Mors et al. (2000) os tubérculos são
considerados antiescorbúticos e depurativos. Há indicação popular do uso dos tubérculos
também para redução e controle do colesterol, o que faz a demanda pelo produto aumentar.
Esta é uma hortaliça de usos múltiplos que merece programas específicos de cultivo,
seleção genética e domesticação. Esta espécie teve seus tubérculos analisados em relação
composição centesimal (em base úmida), destacando-se pelos valores altos de amido e
proteína (KINUPP, CARVALHO & BARROS – em preparação). As flores, folhas e os
370
rizomas foram analisados tamm em relação composição de macro e micronutrientes e
porteína e serão apresentados na publicação em andamento anteriormente citada. Esta
espécie foi intensivamente cultivada no presente estudo e diversos pratos ou derivados
foram elaborados e experimentados com suas folhas, flores, frutos e tubérculos (e.g.,
saladas, picles, condimentos e formas inovadoras de consumo dos tubérculos – cozidos;
cozidos e fritos). As flores foram inclusive vendidas nas feiras ecológicas de Porto Alegre
com boa aceitação e demanda para ornamentação comestível de pratos e para arranjos
diversos. Ressalta-se que estas flores são firmes e com pós-colheita significativamente
superior as flores da capuchinha, chaguinha ou nastúrcio (T. majus L.), já comercializadas
e utilizadas, especialmente na alta culinária.Esta espécie é facilmente propagada através
dos tubérculos e foi cultivada em sistema de espaldeira. É altamente tolerante a geadas e
requer solos férteis e adubação com matéria orgânica. Não teve problemas fitossanitários
durante os cultivos experimentais. Os resultados destas experiências fitotécnicas e a
revisão dos potenciais da espécie estão em preparação (KINUPP & BARROS, inédito).
Entretanto, frisa-se a necessidade de trabalhos horticulturais amplos e a longo prazo para
coleta e caracterização do germoplasma desta espécie, a qual possui alta variabilidade
genética (e.g., flores com diferentes colorações, o que pode ter relação com a qualidade e
rendimento dos tubérculos, ou seja, indicar variedades). Os principais entraves para o
cultivo racional é a brotação irregular e descompassada dos tubérculos-sementes. Atrelado
a isto, os brotos têm um comportamento estolonífero emergindo a distância considerável
do local onde tubérculo-semente foi “semeado” (Figura 38l). Neste estudo desenvolveu-se
o sistema de plantio em camalhão isolado, murundu ou montículo (Figura 38m), obrigando
o broto a emergir no entorno do tubérculo-mãe. Ilustrações são aqui apresentadas e mais
detalhes serão apresentados na publicação em andamento (KINUPP & BARROS, inédito).
A germinação, dormência e outras etapas importantes para recomendações para
371
propagação sexuada precisam ser estudadas. No presente estudo, não shouve êxito nos
experimentos de emergência conduzidos. No entanto, germinações espontâneas foram
registradas em ambientes sombreados. Ilustração de plantas jovens já com tuberificação é
aqui apresentada (Figura 38d). Esta espécie após este cultivo experimental continuará
sendo cultivada pela produtora rural parceira. Fotografias coloridas da espécie, flores
comercializadas, tubérculos fritos para consumo, bem como a corroboração de um dos
principais visitantes florais desta espécie, o beija-flor-dourado [Hylocharis chrysura
(Shaw)] citado por Fabbri & Valla (1998) são apresentadas. (Figura 38a-m; Figura 39a-j).
Typhaceae
Typha domingensis Pers. (TABOA) – Ocasionalmente, o epíteto específico pode ser
encontrado com grafia errônea (“dominguensis”). É uma macrófita aquática emergente em
brejos e margens de corpos d’água. É uma espécie cosmopolita, apenas não ocorrendo
apenas nas zonas polares (IRGANG & GASTAL Jr., 1996). Typha é único gênero da
família Typhaceae e possui cerca de 10 a 12 espécies (MABBERLEY, 2000). Este gênero
possui um considerável potencial alimentício mundialmente negligenciado. Kunkel (1984)
cita oito espécies com partes diversas utilizadas na alimentação. A identificação
taxonômica das espécies é confusa devido à carência de estudos aprofundados e poucas
coletas de qualidade. Irgang & Gastal Jr. (1996) citam três espécies para o RS: Typha
latifolia L., T. domingensis e T. subulata Crespo & Pérez-Moreau. Todas com usos
alimentícios segundo Kunkel (1984) e Rapoport et al. (2003c). É provável que mais de
uma espécie ocorra na RMPA, aumentando o percentual total de espécies da flora com
potencial alimentício, porém são morfologicamente muito similares. Não estando em solos
e águas contaminados podem ser consumidas indistintamente. Geralmente, todas as partes
da planta, nos diferentes estádios, têm interesse alimentício. A parte aérea pode ser
queimada para obtenção de sal vegetal (DALZIEL apud MORTON, 1975). O broto
372
(palmito) pode ser consumido cru ou cozido (MORTON, 1975; FACCIOLA, 1998) ou
também pode ser usado como recheio de pastéis e acompanhando carne de porco (ZURLO
& BRANDÃO, 1990). Os rizomas são fontes amiláceas, podendo ser consumidos assados
ou transformados em farinha (FACCIOLA, 1998; RAPOPORT et al., 2003c) e na
Austrália são utilizados no fabrico de um bolo doce muito apreciado (REITZ, 1984b). Os
polens são usados para fazer pães, biscoitos e similares (FACCIOLA, op. cit.; RAPOPORT
et al., op. cit.; ARENAS & SCARPA, 2003) ou para colorir o arroz de amarelo (ARENAS
& SCARPA, op. cit.). Rapoport et al. (2003c) citam ainda que os polens podem ser
misturados a outras farinhas para o fabrico de panquecas e pães e misturados com mel,
resultam em uma deliciosa sobremesa. Os grãos de pólen ou polens do gênero Typha são
usados em diferentes regiões do mundo com diversas finalidades: medicinal, alimentícia,
ritualista ou cerimonal, entre outros. Por exemplo, várias tribos indígenas do Vale do
Mississipi fazem coletas deste produto para preparação de sopas e papas (DURHAM,
1951). Este mesmo autor afirma que este pólen é considerado um “pó sagrado”, sendo
comercializado pelos Apaches com os Navajos e outras etnias para usos em cerimônias
religiosas. As inflorescências jovens, tanto as femininas quanto as masculinas, também
podem ser tostadas ao fogo ou fervidas e consumidas a exemplo das espigas de milho
assadas ou cozidas ou debulhadas e adicionadas a sopas, massa de bolos e pães.
A colheita do pólen é fácil. A parte apical da inflorescência é a porção masculina, a
qual quando madura torna-se intumescida e amarelada. O pólen pode ser colhido puxando-
se levemente o ápice da inflorescência para interior de um recipiente adequado, e.g.,
saquinhos para alimentos, e arrancando por arraste manual todas flores masculinas do
escapo central. Assim a inflorescência feminina (basal) continua seu ciclo de
amadurecimento e pode ser explorada para o enchimento de travesseiros, colchões e outros
usos industriais ou artesanais. Se a colheita for feita ainda com a inflorescência em fase de
373
pré-maturação (evitando queda dos grãos de pólen) toda a inflorescência pode ser cortada e
reunida em feixes e levadas para um galpão ou ambiente adequado para a debulha. O
sistema de colheita tradicional, modos de preparo e consumo por populações indígenas do
Gran Chaco são descritos e ilustrados por Arenas & Scarpa (2003). No presente estudo os
polens colhidos, sem o corte das inflorescências, foram peneirados em peneira doméstica
(de plástico utilizada para coar sucos) para retirada das flores propriamente ditas. Os
polens obtidos apresentam-se como um pó fino e fortemente amarelo, coloração esta
devida ao flavonóides, compostos com importantes funções antioxidantes
(PRENDERGAST et al., 2000). Amostras destes polens foram utilizadas para as análises
minerais (KINUPP, 2007) e o restante para consumo. Este foi feito tanto de forma direta
(pólen puro), adicionado a iogurtes ou utilizado para colorir arroz, de modo similar ao
açafrão-da-terra. Contudo, pelo seu alto teor de vitamina C – 176 mg/100g (ROZYCKI et
al., 1997) e, a conhecida labilidade desta vitamina é recomendável seu uso in natura.
Segundo Charpentier apud Arenas & Scarpa (op.cit.), o teor de vitamina C pode
permanecer estável por até seis meses em amostras secas de polens desta espécie
corretamente armazenadas em refrigerador doméstico. Altos teores protéicos e minerais
foram encontrados em amostras de polens por Rozycki et al. (1997) e Kinupp (2007),
merecendo destaque o teor de potássio (2.100 mg/100g) neste último trabalho. Aprsenta-se
aqui os resultados de Rozycki et al. (op. cit.), em base úmida: umidade (18,95 g/100g);
proteínas (14,19 g/100g); lipídios (3,20 g/100g); carboidratos (60,81 g/100g); cinzas (3,28
g/100g) e energia (287,71 kcal/100g), além do teor de provitamina A (40 ER/100g), onde
ER = equivalente retinol. Dados minerais de polens frescos da região chaquenha argentina
destes mesmos autores são apresentados aqui: Ca (128 mg/100g); P (465,9 mg/100g); Fe
(6,4 mg/100g); Mg (65,2 mg/100g) e K (126,9 mg/100g). Além de altamente nutritivo, da
grande versatilidade de uso e sabor agradável (não amargos, como alguns dos polens de
374
origem apícola), ressalta-se ainda, segundo Morton (1975), a baixíssima antigenicidade dos
polens de Typha spp.
No presente estudo os brotos, aqui chamados de palmito, pois são similares aos
palmitos das palmeiras, foram consumidos crus (somente para experimentar), cozidos e ou
refogados e utilizados como recheio de pastéis e coberturas de pizzas ou consumidos como
hortaliça, ou seja, refogados e servidos diretamente. Os brotos crus são levemente
mucilaginosos, com um amargor muito discreto. Quando fervidos inteiros (toletes) são
similares a aspargos daí o nome “aspargo-de-cossaco” – devido ao uso pelos Cossacks da
Rússia (MARSH apud MORTON, 1975). Pela grande produtividade, sabor agradável,
sustentabilidade da exploração extrativista e facilidade de cultivo em áreas úmidas, o
palmito ou “aspargo” de T. domingensis apresenta potencial para agroindustrialização de
conservas. Ressalta-se que a colheita do palmito precisa ser feita antes da planta emitir a
inflorescência, ou seja, em plantas maduras não há palmito. Sendo assim, se o palmito for
explorado não haverá pólen, mas as folhas podem ser aproveitadas para artesanato,
adubação verde ou forrageira. Também para o aproveitamento do palmito, as plantas de
taboa precisam estar parcialmente alagadas. Plantas medrando em solos apenas úmidos de
margens externas de lagoas ou brejos apresentam brotos mais lignificados e duros,
inviáveis para este uso. A colheita é fácil e rápida em ambientes com lâmina d’água
presente, basta-se puxar fortemente a planta para cima, rompendo a ligação da parte aérea
com o rizoma subterrâneo. As partes basais das bainhas são abertas e as porções fibrosas
eliminadas, selecionando-se apenas o broto central (coração ou miolo), a exemplo da
extração de palmitos em geral. Este palmito é branco, tenro e praticamente sem amargor.
Raramente, exceto em plantas muito jovens, parte dos rizomas são arrancadas juntas no
processo, logo novas plantas poderão ser formadas a partir do sistema subterrâneo não
afetado com a colheita. No entanto, estudos para quantificar a produção por hectare de
375
palmito, bem como as melhores formas de exploração e tempo de reposição dos estoques
são necessários para exploração em maior escala.
Segundo Rapoport et al. (2003c) as espécies de Typha produzem em média 7
toneladas por hectare de rizomas, sendo que em média a produção de farinha atinge até
22% do seu peso. Porém, a exploração dos rizomas é mais complexa devido às
dificuldades de arranquio dos mesmos (nos processos de controle e destruição de taboais
no Brasil e no mundo utiliza-se deste juntas de boi a tratores/retroescavadeiras), além da
presença de tecidos fibrosos, que é outro entrave. Apesar de alguns autores citarem o
consumo assado ou cozido, é mais interessante o uso na forma de farinha ou polvilho. Os
rizomas são envoltos por uma porção esponjosa (aerênquima) que precisa ser removida.
Em seguida, os rizomas devem ser cozidos e triturados, e.g., com uso de liquidificador e
coados ou peneirados para eliminar o bagaço (fibras). Este produto pode ser usado em
sopas ou a partir da eliminação da água para formar farinha ou polvilho. Este processo pe
descrito para o aproveitamento doméstico (autoconsumo). Para produção maior, os rizomas
também devem ser ralados/triturados em um processo similar ao utilizado para obtenção do
polvilho de araruta e outras tuberosas amiláceas. Segundo Schmeda-Hirschmann et al.
(1999), rizomas colhidos no Chile contêm em média (em base seca) 6% de proteína; 1% de
lipídios e 67% de carboidratos.
A distribuição ampla e os usos múltiplos das espécies de Typha reforçam a
importância da preservação das áreas úmidas, tanto para sociedades humanas quanto para a
vida silvestre (PRENDERGAST et al., 2000). Esta espécie poderia sair da categoria de
daninha ou infestante e passar a ser uma importante fonte de renda para o produtor rural.
Segundo Prendergast et al. (2000), o pólen de T. domingensis misturado com açúcar e
cozido no vapor, devidamente embalado em saco plástico, constitui um produto
376
alimentício chamado kharet, largamente comercializado no Kuwait a cerca de $ 4,5-6,0 o
kg. (Figura 35e-h; Figura 37b).
Urticaceae
Boehmeria caudata Sw. (ASSA-PEIXE) – Esta espécie sob o nome de assa-peixe é citada
por Brasil (2002, p. 102) como hortaliça folhosa da Região Centro-Oeste. Segundo esta
referência suas folhas podem ser utilizadas no preparo de sucos, refogados, sopas,
omeletes, recheios diversos e quando preparadas à milanesa ou a dorê adquirem o sabor de
peixe (“falso-peixe”). No presente estudo, as folhas foram utilizadas no fabrico de pães
caseiros e também consumidas à milanesa. São muito saborosas e ficam altamente
crocantes e firmes. Frisa-se que precisam ser fritas em óleo bem quente. Tanto esta espécie
quanto às demais urticáceas aqui apresentadas quando fritas a dorê, exalam um forte cheiro
de peixe frito. Estudos químicos para determinar os componentes responsáveis por estas
características organolépticas são desejáveis. Não foram encontrados estudos nutricionais
para esta espécie, com exceção de Kinupp (2007), que analisou os teores protéicos e
minerais de folhas (em base seca). Assim como a maioria das Urticaceae analisadas, esta
espécie destacou-se, pelos mais altos teores de Zn, Fe e B sendo, portanto uma hortaliça
perene, fonte de micronutrientes importantes e raros nos alimentos convencionais,
merecendo estudos bromatológicos. Frisa-se que é uma espécie muito abundante na RMPA
(especialmente em Taquara e entorno) e em vários outros municípios do RS. Além possuir
a ampla distribuição nas Américas, ocorrendo do México ao RS (BRACK, 1989). Para
enfatizar ainda mais o potencial e instigar estudos futuros com esta espécie são
apresentados alguns dados de uma espécie do mesmo gênero. Santos et al. (1998)
analisaram o teor de carotenóide e vitamina A em outra espécie deste gênero – Bohemeria
[SIC] nivea (L.) Gaudichaud. (rami), a conhecida fonte de fibras têxteis. Segundo Santos et
al. (op. cit.) suas folhas tanto secas quanto frescas possuem luteína (34,76% e 14,22%,
377
respectivamente); betacaroteno (101,53% e 64,03, sendo portanto os teores de vitamina A
de 16.933 UI/100g e 10.666 UI/100g, respectivamente). Somente nas folhas frescas foi
detectado alfa-caroteno (2,30%). Estes teores de vitamina A são altamente significativos e
possivelmente as espécies nativas da RMPA sejam também fontes promissoras, merecendo
estudos bromatológicos neste sentido. You-Kai et al. (2004) afirmam que as folhas cozidas
de Boehmeria nivea são consumida como hortaliça na região sudoeste da China
(Xishuangbanna), oriunda de extrativismo, durante o ano todo. No Brasil o rami é utilizado
como forrageira de forma direta, especialmente, para coelhos. Análises químicas e
avaliações do potencial forrageiro das espécies nativas do gênero Boehmeria também são
desejáveis. (Figura 35i; Figura 37c).
Boehmeria cylindrica (L.) Sw. (MASTRUÇO-DE-BREJO) – Como o nome popular diz é
uma espécie típica de brejos, banhados e ou beiras de corpos d’água. Apesar das folhas
menores em relação a B. caudata, esta espécie possui formas de usos similares e também
necessita de estudos bromatológicos e toxicológicos. A descrição completa está em Brack
(1989).
Cecropia pachystachya Trécul (EMBAÚBA) – Em trabalhos mais antigos, o gênero
Cecropia estava inserido na família Moraceae e em outros Cecropiaceae. No Sul e,
especialmente no RS, freqüentemente é encontrada sob o sinônimo mais usado Cecropia
catarinensis Cuatrec. Em levantamento sobre frutíferas nativas consumidas pela população
da região de Porto Rico, alto rio Paraná (PR e MS), realizado por Pagotto & Souza (2006),
esta espécie ficou em quarto lugar entre 28 espécies frutíferas identificadas, sendo citada
por 63% dos 21 entrevistados. Ragonese & Martínez-Crovetto (1947) reportam que os seus
“frutos” (infrutescências) sob Cecropia adenopus Mart. ex Miq. (sinônimo) são
comestíveis e chegaram a ser vendidos nas ruas de Resistencia (Chaco – Argentina).
Hoehne (1946) citam que as umbaubeiras (Cecropia spp.) fornecem soroses alongadas e
378
digitiformes que podem ser consumidas como figo, citando como exemplo C. cyrtosachya
Miq. (sinônimo da espécie aqui discutida). Pott & Pott (1994) também citam que
infrutescências maduras são comestíveis e possuem sabor de figada. No presente estudo,
infrutescências bem maduras foram experimentadas in natura, sendo adocidadas e
agradáveis. São bastante interessantes para o fabrico de geléias ou “embaubadas”, doce
similar ao feito com figo (figada), pois tem maturação irregular e na embaubada podem ser
aproveitadas as partes ainda “de vez” ou inchadas. É uma frutífera de recurso ou de
consumo local, não parecendo apresentar potencial maior. Estudos bromatológicos e
fitoquímicos dos frutos maduros são desejáveis como informação básica da espécie.
(Figura 35j; Figura 37d).
Cecropia glaziovi Snethl. (EMBAÚBA) – Usos e observações similares a C. pachystachya.
Backes & Irgang (2002) citam que as infrutescências são comestíveis. Esta espécie é
descrita e fartamente ilustrada naquela obra. Lorenzi (1998) também ilustra esta espécie e
afirma que suas infrutescências são carnosas e de sabor adocicado quando maduras. No
entanto, frisa-se aqui que é difícil encontrar infrutescências maduras das Cecropia spp.,
pois elas fazem parte da alimentação de morcegos frugívoros.
Coussapoa microcarpa (Schott) Rizz. (FIGUEIRA-MATA-PAU) – Este gênero pode ser
encontrado circunscrito na família Moraceae ou Cecropiaceae. Esta espécie é ilustrada por
Lorenzi (1998). Suas infrutescências mesmo maduras mantêm a coloração esverdeada
(similar às infrutescências de Rubus erythroclados), mas tornam-se moles e adocidadas.
Hoehne (1946) cita que algumas espécies deste gênero produzem frutos comestíveis.
Segundo a Bióloga Manuela Boleman Wiesbauer (com. pess., 2005), as infrutescências
maduras são muito saborosas. No presente estudo foram experimentadas, mas estavam
armazenadas há muito tempo na geladeira e fermentaram, alterando o sabor. Entretanto,
379
frisa-se que possuem polpa carnosa e coloração verde chamativa. Estudos bromatológicos
e fitoquímicos são recomendáveis. (Figura 35l).
Parietaria debilis Forst. (PEPININHO-DE-FOLHA) – Erva sazonal em maior abundância
na RMPA durante o outono-inverno, nas demais estações pode ser encontrada somente
ocasionalmente em ambientes mais úmidos e protegidos do sol. Suas folhas e ramos
quando esmagados exalam cheiro de pepino (Cucumis sativus L.). São apreciadas como
forrageiras por gansos (daí o nome erva-de-ganso) e também por patos. As folhas e ramos
tenros podem ser consumidos em saladas cruas ou cozidas, ensopadas e utilizadas para
fazer bolinhos fritos (tempurah) e pães. Merece estudos bromatológicos e fitoquímicos
detalhados. Descrição completa em Brack (1989). Foi analisada em relação ao teor mineral
e protéico por Kinupp (2007). (Figura 35m).
Phenax organensis Glaziou (URTIGA-MANSA) – Espécie menos promissora em relação
a P. uliginosus Wedd., pois possui folhas são menores e mais estreitas. Quando cruas
possuem um leve amargor. Foi experimentada também à milanesa da mesma forma
descrita para Boehmeria caudata. No entanto, frisa-se que carece totalmente informações
químicas. A descrição completa encontra-se em Brack (1989). (Figura 40a).
Phenax uliginosus Wedd. (URTIGA-MANSA) – Suas folhas são grandes e possui usos e
potenciais similares a Boehmeria caudata. Suas folhas fritas à milanesa exalam também
um forte cheiro de peixe frito e são muito saborosas. Carece de estudos fitoquímicos
básicos. Suas folhas foram analisadas em relação ao teor mineral e protéico por Kinupp
(2007), destacando-se significativamente em relação a diversos elementos. É abundante em
áreas de solos férteis e úmidos. A descrição completa está em Brack (1989). (Figura 40b).
Urera aurantiaca Wedd. (CANSANÇÃO) – Esta urtiga, geralmente, possui hábito
escandente ou apoiante. Em amplo levantamento realizado pelo IBGE na dédaca de 1970,
esta espécie (sob U. caracasana Griseb.) foi citada como hortaliça folhosa (IBGE, 1980).
380
Foi indicada, nesta referência, também como medicinal (cascas, folhas e raízes). Na região
de Pedro Leopoldo (MG), esta espécie é muito consumida ainda atualmente como hortaliça
folhosa em diversos pratos, especialmente acompanhando carnes de porco ou frango e
angu (polenta). José Ferreira, morador local e interessado nos costumes locais fez um DVD
caseiro entrevistando diversos moradores que consomem e cultivam em seus quintais esta
espécie, localmente conhecida por cansanção. Amostras desta espécie coletada neste
município foram incorporadas ao Herbário ICN (V.F. Kinupp, 3192; ICN 146753).
Análises do teor protéico e mineral foram realizadas por Kinupp (2007) a partir de folhas
destas amostras, que foi coletada e enviada, gentilmente, por José Ferreira para o autor
juntamente com DVD etnobotânico. As folhas jovens desta espécie colhida em Porto
Alegre também foram analisadas (KINUPP, 2007) e foram utilizadas em pratos diversos
em eventos de alta gastronomia (e.g., refogada com carne de porco e no fabrico de pães).
Freqüentemente, são utilizadas para a elaboração de pães caseiros no Sítio Capororoca,
onde a espécie foi introduzida e cultivada durante o presente estudo. É, seguramente, umas
das hortaliças folhosas mais saborosas dentre todas as consumidas pelo autor e possui
grande potencial de uso direto e dos derivados, tanto para autoconsumo na propriedade
quanto para comercialização. Esta espécie não possui acúleos nos ramos nem nas folhas, o
que facilita o manejo. Por estas características é, dentre as Urticaceae da RMPA, a mais
recomendável para cultivo e estudos aprofundados. Pode ser cultivada em cercas e ou em
sistema de espaldeira como no presente estudo. A urticância de suas folhas desaparece
após mantê-las secando à sombra por cerca de 12 horas ou rapidamente se expostas ao sol
ou estufa (calor). Suas folhas podem ser trituradas e transformadas em farinha (pó) para
estocagem e fabrico de pães e outros pratos, ou para o enriquecimento de alimentos pobres
em minerais. Seus perigônios carnosos e adocicados possuem coloração fortemente
alaranjada e também são comestíveis. Devido a esta coloração intensa merecem análises
381
dos seus pigmentos e vitaminas. A descrição completa e discussão taxonômica encontram-
se em Brack (1987). (Figura 37e; Figura 40c-e).
Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. (URTIGÃO) – Esta espécie, ocasionalmente é
utilizada juntamente com cerca de outras 10 espécies (partes diversas) na composição de
uma bebida fermentada e refrescante de consumo tradicional em Cuba. Esta bebida,
chamada de Pru, é consumida até mesmo por crianças do ensino primário que levam-na
para consumir durante o recreio. O Pru, a partir da crise na ex-União Soviética (década de
1990) e do bloqueio comercial norte-americano a Cuba, passou a ganhar importânica
devido à falta dos refrigerantes tradicionais no mercado deste país (VOLPATO &
GODÍNEZ, 2004). A parte do urtigão utilizada no preparo desta bebida é a porção
subterrânea espesssada, denominda pelo autores de raiz ou túbera. Volpato & Godínez (op.
cit.) frisam que o uso desta espécie é opcional, sendo utilizada pelas suas funções
medicinais como depurativa ou diurética e citam que U. baccifera é ocasionalmente
cultivada nos quintais cubanos (conutos) como planta medicinal ou alimentícia. No Brasil
e no RS há relatos populares sobre o potencial desta porção engrossada subterrânea do
tronco de U. baccifera como fonte de água. Contudo, no presente estudo esta porção não
foi experimentada e merece estudos para avaliar seu potencial alimentício e nutricional.
Suas folhas são tão saborosas e promissoras quanto às de U. aurantiaca, mas são maiores.
No entanto, frisa-se que há uma grande variabilidade e algumas plantas possuem folhas e
ramos mais aculeados do que outras. A presença e quantidade de acúleos variam em
função de pressões ambientais, e.g., quando expostas ao sol direto as plantas desenvolvem
mais acúleos. Logo, esta espécie é indicada para plantios em locais parcialmente
sombreados, e.g., sistemas agroflorestais. Os seus perigônios carnosos são esbranquiçados,
comestíveis e adocicados. Este uso foi citado por Mattos (1978) e foram consumidos no
presente trabalho. A descrição completa encontra-se em Brack (1987). (Figura 40f-h).
382
Urera nitida (Vell.) Brack (URTIGA-DE-LEITE) – Esta espécie possui usos similares às
duas outras espécies de Urera anteriormente discutidas. É popularmente utilizada para fins
medicinais diversos na RMPA. Foi consumida na presente pesquisa das mesmas formas
citadas anteriormente. Seus perigônios (frutos) são brancos e suculentos. Apesar de serem
pequenos e insípidos podem ser consumidos. Carece totalmente de informações adicionais.
Os estudos fitoquímicos seriam recomendáveis. Diferencia-se das outras duas espécies de
Urera aqui apresentadas por possuir folhas, geralmente, brilhantes na face adaxial (daí o
epíteto nitida) e quando suas folhas e ou ramos são cortados exsudam uma substância
laticífera. A descrição completa encontra-se em Brack (1987). (Figura 40i).
Urtica circularis (Hicken) Sorarú (URTIGUINHA) – Esta espécie é a mais urticante entre
as espécies nativas. Portanto, sua colheita deve ser feita exclusivamente com o uso de luvas
grossas. No entanto, depois de colhida e parcialmente desidratada (no mínimo 12 horas)
pode ser manuseada sem maiores problemas. Podem também ser imediatamente ser
neutralizada escaldando-as com água fervente. Pode ser consumida em saladas cozidas,
ensopadas e utilizada no fabrico de pães, bolos e bolinhos fritos (tempurah). Uma
consumidora tradicional, adepta da urtiguinha como hortaliça, de Encruzilhada do Sul (RS)
colhe os ramos (brotos) apicais e os lava de “cabeça para baixo” sobre água corrente,
passando a mão vigorosamente em toda a extensão do ramo e assim consumindo suas
folhas tenras em saladas cruas. No presente estudo esta espécie foi assim consumida
também. Possui um sabor marcante e agradável. No entanto, frisa-se que é recomendável
apertar bem para esmagar os tricomas urticantes, evitando surpresas. Esta espécie é
sazonal, sendo encontrada comumente no inverno. É muito similar à Urtica dioica L.,
espécie amplamente estudada e consumida em diversos países europeus e cultivada no RS
e algumas outras regiões do Sul do Brasil. Ressalta-se U. dioica é comprovadamente
medicinal para diversos males, e.g., possui atividades antiulcerogênicas. Estudos
383
fitoquímicos e farmacológicos correlatos devem ser realizados com U. circularis muito
conhecida pela sua urticância, mas desconhecida quimicamente. Fotografia de autoria de
V.F. Kinupp está disponível em Souza & Lorenzi (2005, p. 400). A descrição completa
está em Brack (1989).
Verbenaceae
Aloysia gratissima (Gillies & Hook.) Tronc. (GARUPÁ) – É uma espécie bastante comum
em algumas regiões do RS, especialmente na Serra do Sudeste, morros graníticos da
RMPA e também na campanha do Sudoeste do Estado. Provavelmente, pela sua marcante
presença deu nome, inclusive a um arroio na região do Cerro ou Coxilha do Jarau (Quaraí),
o rio Garopá (Rambo, 1956, p.146). Geralmente, são arbustos nos campos e pastagens,
porém quando em solos férteis e ou quando cultivadas, atingem porte de arvoreta com até
cerca 5 m de altura. Suas folhas frescas ou secas e, ocasionalmente, as flores são
adicionadas ao chimarrão no interior do RS. As flores, geralmente, são usadas fincadas à
erva para enfeitar. Soares et al. (2004) corroboram o uso como bebida (chá) e como
condimento no chimarrão. As folhas também são utilizadas como tempero para carnes,
especialmente carnes de porco. Kunkel (1984) cita que as folhas são utilizadas para fazer
chá no México. O chá das folhas de A. gratissima foi ingerido no presente estudo e cabe
ressaltar que é muito saboroso e aromático. Silva et al. (2006) detectaram a presença de
flavonóides, kauranos e fenil-etanóides em A. gratissima, bem como ausência de iridóides.
Segundo estes autores, esta ausência de iridóides coloca o gênero Aloysia mais próximo
das Lamiaceae. Uma revisão dos usos tradicionais, dos dados químicos e farmacológicos
desta espécie pode ser encontrado, sob Lippia lycioides (Cham.) Steud., em Pascual et al.
(2001). Na Argentina as flores e folhas são utilizadas como cardiotônicas, sedativas,
carminativas, diaforéticas e digestivas (GOLENIOWSKI et al., 2006). Esta espécie é
inclusive cultivada em outros Estados brasileiros para usos medicinais, e.g., Rondônia e
384
Amazonas. No Uruguai já há protocolos de cultivo, manejo e avaliação econômica desta
espécie (INIA, 2004). (Figura 40j).
Aloysia triphylla (L´Hérit.) Britton (CIDRÓ-PESSEGUEIRO) – Esta é uma espécie
Neotropical citada como nativa, ou ao menos, como amplamente cultivada na RMPA por
Luis (1960) e Aguiar et al. (1982). Mors et al. (2000) citam a espécie como nativa do Rio
Grande do Sul, frisando ser também muito cultivada em jardins e quintais do RS e de
outras regiões. Lorenzi & Matos (2002) citam como nativa da América do Sul,
provavelmente do Chile e cultivada no Sul do Brasil. Mabberley (2000) cita que a espécie
é nativa da Argentina e Chile e utilizada para aromatizar licores na França e como chá
calmante na América do Sul. Côrrea (1984, v. II, p. 255) apresenta descrição da espécie e a
considera nativa do RS, citando também seu uso como condimento e usos medicinais
diversos. No presente estudo esta espécie foi classificada como um cultígeno, pois é
amplamente cultivada, domesticada ou semidomesticada, provavelmente sem populações
silvestres. Geralmente esta espécie é propagada por estaquias, portanto são populações em
sua maioria clonais, provavelmente com uma base genética muito estreita. Estudos
genéticos para avaliar o grau de parentesco e variabilidade genética intraespecífica de A.
triphylla no RS ou no Sul e, se possível, comparando com exemplares em estado nativo no
Chile e ou Argentina (se existirem) ou cultivados nestes países são recomendáveis para
elucidar alguns destes questionamentos. Wyk (2005) cita que esta espécie foi introduzida
na Europa pelos espanhóis no século XVIII, tornando-se logo muito popular na cozinha do
sudeste europeu pelo refrescante sabor de limão. Carnat et al. (1999) cita que a espécie é
cultivada também no Norte da África e Pascual et al. (2001) citam que a espécie é
cultivada na China, Índia, Carolina do Norte e Califórnia. Este cultígeno foi considerado na
presente pesquisa, pois é uma espécie muito cultivada e conhecida na RMPA, porém
pouco utilizada com fins alimentícios mais diretos. Kunkel (1984) cita que as folhas podem
385
ser consumidas cozidas em saladas como espinafre, além de ser usada para fazer chás.
Soares et al. (2004) relatam o uso no interior do RS para bebida (refresco). Facciola (1998)
cita que as folhas são usadas para dar aroma e sabor de limão a bebidas de frutas (e.g.,
sucos), geléias, saladas, omeletes e outros pratos. As flores são utilizadas para chás. Wyk
(2005) ressalta que esta espécie é amplamente comercializada na Europa tanto seca quanto
fresca, sendo as folhas frescas usadas para chás, saladas ou como sucedânea do capim-
limão para condimentar sopas e carnes. Além de condimentar e aromatizar, este
condimento tem propriedades antiespasmódicas e digestivas (SIMÕES et al., 1998;
CARNAT et al., 1999). Luteolina 7-diglucuronida foi citado como o flavonóide majoritário
nesta espécie (CARNAT et al., 1995). Carnat et al. (1999) investigaram a infusão das
folhas (chá) mostrando resultados diferentes das folhas na íntegra. O chá analisado pelos
autores apresentou compostos polifenólicos, incluindo verbascosídeo (400 mg L
-1
) e
luteolina 7-diglucuronida (100 mg L
-1
) e 42 mg L
-1
de óleo essencial com mais citral (77%
do óleo essencial) do que nas folhas (41%). Os flavonóides luteolina presentes no chá e nas
folhas desta espécie podem ter atividades antioxidantes consideráveis (HEIM et al., 2002).
A composição do óleo essencial da infusão, das folhas originais e após a infusão estão
disponíveis em Carnat et al. (1999). Ampla revisão dos usos tradicionais, dos dados
químicos e farmacológicos desta espécie pode ser encontrada, sob Lippia citriodora Kunth,
em Pascual et al. (2001). (Figura 40l).
Bouchea fluminensis (Vell.) Mold. (GERVÃO-DA-FOLHA-GRANDE) – Espécie muito
similar às do gênero Stachytarpheta e com usos medicinais similares. É uma espécie
menos abundante na RMPA e ocorre em áreas mais preservadas em relação a S.
cayennensis, e.g., bordas de matas e sub-bosques, em solos ricos em matéria-orgânica.
Segundo Kunkel (1984) suas folhas são usadas como sucedânea do chá (chá verde). No
presente estudo, as folhas foram mascadas em atividades de campo e utilizadas para chá.
386
Segundo Costa et al. (2003) esta espécie possui significativa atividade antiinflamatória.
Estes autores detectaram a presença dos ácidos ursólico, oleanólico e micromérico. Efeito
analgésico de B. fluminensis também foi demonstrado. Schuquel et al. apud Costa et al.
(op.cit.) relatam a presença de iridóides e glicosídeos esteroidais em B. fluminensis. Côrrea
& Penna (1984, v. III, p. 395) citam ação antiemética e estimulante do aparelho digestivo.
(Figura 40m).
Citharexylum solanaceum Cham. (TARUMÃ-BRANCO) – É uma espécie pouco
conhecida como frutífera. Esta espécie faz parte da riqueza de frutíferas do RS proposta
por Brack et al. (2007). Não foi encontrado nenhum trabalho fitoquímico sobre esta
espécie. Os frutos de Citharexylum myrianthum Cham. maduros foram experimentados in
natura, mas são altamente amargos, inclusive quando sobremaduros. Devido à ausência de
informações adicionais não foi considerada alimentícia no presente estudo.
Lippia alba (Miller) N.E. Brown ex Britton & Wilson (SÁLVIA-DA-GRIPE) – Esta é uma
espécie muito cultivada nos quintais e hortas. Tradicionalmente utilizada na medicina
caseira e mesmos em chás ocasionais ou misturadas à outras bebidas, e.g., o chimarrão,
devido ao seu sabor e aroma agradáveis. Geralmente é utilizada em pequena quantia tanto
medicinalmente quanto como condimento ou aromatizante de bebidas, portanto sem
grande contribuição em termos nutricionais, Almeida et al. (2002) analisaram os teores de
minerais (mg/100g), em base seca, desta espécie: Na (40); K (248); Ca (1.388); Mg (170);
Fe (0,132); Al (47,9); Mn (0,305) e Zn (0,341). Alguns destes minerais foram
determinados também em amostras de chás, geralmente como a espécie é utilizada com
fins medicinais, percebendo-se uma reduzida extração dos mesmos (mg/100g): Na (0,075);
K (19,9); Ca (165) e Mg (45,2). Percebe-se o alto teor de Ca, mas os autores alertam
também para o teor significativamente alto de Al, um mineral não essencial e tóxico ao
organismo humano. Lorenzi & Matos (2002) ressaltam que há quimiotipos com diferentes
387
características organolépticas e morfológicas e dos óleos essenciais majoritários
produzidos. No presente estudo, as folhas desta espécie foram usadas no preparo de chás
quentes e gelados. Uma bebida aromática (“gemada”) pode ser preparada batendo uma
gema de ovo e açúcar ou mel e seguida vertendo o chá quente. A “gemada” fica amarelada,
espumante e muito saborosa, especialmente em dias frios. Kunkel (1984) cita que as folhas
de L. alba são consumidas como hortaliça, além de usadas para chá e como tempero ou
condimento de pratos diversos. O uso como condimento também é citado por Vicenzi et al.
(1995). Facciola (1998) cita também o uso como hortaliça na Índia. Além do aroma
agradável, Pascual et al. (2001) apontam o potencial antiúlcera de L. alba. Ampla revisão
dos usos tradicionais, dos dados químicos e farmacológicos desta espécie pode ser
encontrada em Pascual et al. (2001a). No Uruguai já há protocolos de cultivo, manejo e
avaliação do potencial econômico desta espécie (INIA, 2004).
Stachytarpheta cayennensis (L.C. Rich.) Vahl (GERVÃO-ROXO) – É uma espécie
comumente classificada como erva invasora ou daninha e com usos medicinais populares
diversos. Algumas indicações medicinais são citadas por Mors et al. (2000), Lorenzi &
Matos (2002) e Penido et al. (2006). Kunkel (1984) cita que os brotos (“tips”) são
consumidos como condimento e os brotos e folhas são usadas para chás. Brotos e as
inflorescências foram consumidos cozidos no presente estudo, bem como o chá das folhas.
Dorigoni et al. (2001) também relatam o uso desta espécie como condimento e ou tempero
(‘para dar sabor’) no município de São João do Polêsine (RS), sem especificações das
formas de uso. Penido et al. (2006) relatam as propriedades antiinflamatórias e
gastroprotetoras de S. cayennensis. Facciola (1998) cita que uma espécie muito próxima,
inclusive com usos medicinais similares, S. jamaicensis (L.) Vahl, foi utilizada para
adulterar o chá verde e era exportada para Europa com o nome de chá-brasileiro
(‘Brazilian tea’). No entanto, Corrêa & Penna (1984, v. III, p. 396), mencionam outros
388
nomes comerciais (Brazil tea, em inglês e thé du Brésil, em francês) e afirmam
desconhecerem este tipo de falsificação e de comércio por parte do Brasil. Estes autores
especulam que em função da ampla distribuição geográfica desta espécie nos trópicos,
outros países poderiam falsificar e comercializar este produto. No entanto, este
procedimento vem sendo há muito tempo atribuído na literatura internacional ao Brasil.
Facciola (op. cit.) acrescenta que na América Central e Caribe, uma bebida fermentada e
espumante parecida com cerveja é feita com as folhas desta última espécie. Esta cerveja de
gervão-roxo precisa ser testada também com S. cayennensis muito comum na RMPA. Esta
forma de uso é instigada por Côrrea & Penna (1984, v. III, p. 395) que citam que o chá das
flores (inflorescências) de S. cayennensis tem aparência de cerveja, até com espuma. A
espécie carece de estudos bromatológicos e fitoquímicos detalhados, especialmente com
ênfase nos usos alimentícios.
Vitaceae
Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E. Jarvis (ANIL-TREPADOR) – Sob Cissus
sicyoides L., Pérez-Arbeláez (1956, p. 747), cita que é possível obter água potável de seus
caules, citando entre os nomes populares bejuco de água (Colômbia). Os frutos desta
espécie (sob C. sicyoides) são citados como comestíveis por Kunkel (1984) e bem maduros
foram consumidos no presente estudo. Têm um aroma forte, sendo ligeiramente
perceptível a presença de oxalato de cálcio, o que também pode ser percebido em algumas
variedades de uva, especialmente mastigando as cascas e ou as sementes. Estes frutos são
intensamente atropurpúreos. Dada a grande distribuição geográfica e rusticidade desta
espécie, atrelada a produção abundante de frutos, estes merecem análises químicas para
quantificar os teores, tipos e qualidade nutracêutica das antocianinas.O consumo dos frutos
in natura é recomendado. Parecem ser mais promissores para o fabrico de geléias
(passando-os em peneira para retiradas das sementes), licores ou “vinho”. Côrrea & Penna
389
(1984, v. VI, p. 369) citam que dos frutos fermentados de uma espécie afim (C. salutaris
Kunth) produzem vinho. Segundo Arenas (2003, p. 288), os Wichí (Argentina) consumem
as raízes tuberosas desta espécie denominada de sichio’tax ou sikyo’tax. Estas devem ser
primeiramente assadas na brasa e depois cozidas por muito tempo com trocas repetidas da
água de fervura. Este processo longo de cozimento é para diminuir o efeito dos cristais de
oxalato de cálcio, que causam uma agressão mecânica à boca. Este autor ressalta que
atualmente este recurso é raramente utilizado, sendo restrito ao período de inverno. No
presente estudo, não houve oportunidade de arrancar e experimentar os órgãos
subterrâneos desta espécie ocorrente na RMPA e nem foi encontrada literatura nacional
que cite a presença de raízes tuberosas em C. verticillata. No entanto, é provável que
ocorram, pois como citado por Arenas (op. cit.), a subespécie produtora de raízes tuberosas
na Argentina é a mesma subespécie que ocorre em boa parte do território brasileiro (Cissus
verticillata ssp. verticillata). Maranta (1987) cita o consumo das raízes tuberosas desta
espécie sob C. sicyoides (sinônimo), fazendo menção inclusive que o produto alimentício
era armazenado (estocado para consumo futuro). Em relação à fitomassa alimentícia
disponível, em uma escala de 1 a 4, onde 4 é máximo, esta espécie é classificada em 3 =
abundante. No entanto, o autor ressalta que atualmente este recurso perdeu seu uso como
alimento. O autor afirma que são necessárias fervuras repetidas com de troca de água
quatro a seis vezes antes do consumo para eliminar os princípios irritantes (MARANTA,
1987). Estudos fitoquímicos, bromatológicos e morfo-anatômicos destes órgãos são
desejáveis para determinação dos seus compostos que podem ter outras aplicações
farmacêuticas e ou industriais potenciais, bem como fornecer informações básicas destes
órgãos tão desconhecidos botanicamente. (Figura 37f; Figura 41a).
390
Winteraceae
Drimys brasiliensis Miers (CASCA-DE-ANTA) – Esta espécie ocorre da região Central
do Brasil até o Sul da Argentina (FROMM-TRINTA & SANTOS, 1997). Esta é,
possivelmente, a primeira publicação que é citada a ocorrência desta espécie em estado
nativo na RMPA. Há coletas em Santo Antônio da Patrulha (Herbário La Salle, 1.453) e
registros em Viamão, Campo Bom e Taquara. O nome drimys é uma alusão ao sabor
pungente e aromático dos tecidos, especialmente as cascas e folhas das plantas incluídas
neste gênero. A casca desta espécie é, tradicionalmente, adicionada a cachaça em algumas
regiões do PR, obtendo-se a chamada cachaça de cataia ou licor de cataia. Segundo
Fromm-Trinta & Santos (1997) no planalto catarinense é usada como condimento para
carnes. A casca é seca e moída e o pó utilizado como sucedâneo da pimenta-do-reino.
Devido à similaridade morfológica e simpatria em muitas regiões, é provável que D.
angustifolia Miers possa ser usada de modo similar. Esta espécie tem sua distribuição mais
restrita ao Sul do Brasil (FROMM-TRINTA & SANTOS, op. cit.), não sendo descartada
sua ocorrência em estado nativo em alguns municípios da RMPA. As análises do óleo
desta espécie realizadas por Limberger et al. (2007) mostraram similaridades com o da
casca de D. winteri J.R.Forst. & G. Forst., espécie distinta, que não ocorre no Brasil.
Drimys winteri é tradicionalmente utilizada como condimento (KUNKEL, 1984), o que
corrobora o potencial condimentar também da espécie brasileira aqui discutida. Drimys
winteri é nativa do Chile, Argentina, Peru e Bolívia, muito similar à espécie brasileira e em
muitos trabalhos (e.g., CECHINEL-FILHO et al., 1998; LORENZI & MATOS, 2002)
identificada como tal. Os frutos, folhas e botões florais da espécie brasileira também
merecem estudos fitoquímicos e toxicológicos e testes gastronômicos, pois podem ser usos
como condimento a exemplo da espécie australiana a seguir citada. Kunkel (op. cit.) e
Facciola (1998) mencionam o uso dos frutos picantes de D. lanceolata (Poir.) Baill. como
391
especiaria na Austrália onde é nativa. Facciola (op. cit.) acrescenta que os frutos picantes
são utilizados como substitutos da pimenta-do-reino e da pimenta-da-jamaica e que tanto
as folhas frescas quanto as secas são empregadas com os mesmos fins. Os botões florais
são consumidos como condimento de saladas temperadas e utilizados do preparo de picles,
com sabor similar às alcaparras. Da casca desta espécie é feito um agradável chá. O chá da
casca da espécie brasileira aqui discutida é considerado tônico e revigorante (MORS et al.,
2000). Também é utilizado com diversas finalidades medicinais, e.g., problemas
estomacais e dispepsia (MORS et al., op. cit.); o que é atributo da maioria dos condimentos
pungentes. CECHINEL-FILHO et al. (1998) relatam suas propriedades antialérgica,
antiinflamatória e analgésica. Uma ampla revisão usos medicinais e farmacológicos do
gênero Drimys é citada em Limberger et al. (2007). Alguns estudos fitoquímicos têm sido
feitos com D. brasiliensis. São fortemente recomendáveis estudos sobre a bioatividade dos
compostos isolados e a toxidez das diferentes partes com potencial condimentar desta
espécie. Vichnewski et al. (1986) isolaram confertifolina e dois novos sesquiterpenóides
derivados do drimano da parte aérea de D. brasiliensis e Limberger et al. (2007)
analisaram os óleos essenciais das duas espécies de Drimys nativas no Brasil (D.
brasiliensis e D. angustifolia). Segundo estes autores, os óleos das folhas e das cascas de
ambas as espécies são ricos em monoterpenóides e sesquiterpenóides, respectivamente e,
apresentam diferenças na composição e teor dos compostos nas folhas e cascas do tronco,
o que pode ter importância como marcador quimiossistemático. (Figura 41b-c).
392
Figura 37. a) Vassobia breviflora – frutos maduros; b) Typha domingensis – taboal ou tifal;
c) Boehmeria caudata – indivíduos jovens; d) Cecropia pachystachya
infrutescências maduras (nota-se o consumo por morcegos); e) Urera
aurantiaca indiduo com folhas viçosas e ‘frutos’ (perigônios suculentos)
maduros (Foto: Paulo Brack); f) Cissus verticillata – frutos maduros. (escala
azul em cm)
393
Figura 38. Tropaeolum pentaphyllum - a) Detalhe de ramos com flores de cor salmão intenso de indivíduo
silvestre; b, c) Cultivo em espaldeira no Sítio Capororoca. Nota-se variabilidade na coloração das
flores; d) Mudas originadas de sementes - tuberização imediata; e) Sistema de raízes e tubérculos
jovens escavados em cultivo tradicional em Ipê, RS; f) Comercialização em Bento Gonçalves, RS
(R$ 13, 00/kg, 2005); g, h) Tubérculos velhos oriundos de extrativismo em Ipê, RS (cerca de 1,6
kg cada); i) Espaldeira em floração; j) Torção típica do pecíolo para fixação no suporte - ráfia; l)
Plantio em canteiro contínuo. Nota-se taquara (tutor) com brotação (roxa) distante da área central;
m) Plantio em “murundus” isolados para limitar a área para emersão dos brotos.
394
Figura 39. Tropaeolum pentaphyllum – a, b) Espaldeira florida e o visitante floral beija-flor-dourado
(Hylocharis chrysura); c) Flores reunidas em “molhos”, oriundas do cultivo experimental,
comercializadas nas feiras ecológicas de Porto Alegre; d) Frutos maduros; e, f) Sistema de
cultivo tradicional em Ipê, RS – caixa e “canteiro” com solo rico em matéria orgânica,
respectivamente. Tutor é uma figueira (Ficus carica) em (f); g) Tubérculos de um ciclo de
cultivo (10 meses). Nota-se que o mais escuro é o tubérculo-semente; h) Tubérculos oriundos
de cultivo doméstico de São Marcos, RS (cerca de 2 anos após o plantio); i) Tubérculo
comercializado no Mercado Público de Porto Alegre; j) Tubérculos jovens (de um ciclo = 10
meses) do cultivo experimental cozidos e fritos, uma das novas formas de consumo testada e
aprovada pelo presente estudo. (escala azul em cm)
395
Figura 40. a) Phenax organensis – flores e ou frutos; b) P. uliginosus – ramo jovem; c, d, e) Urera
aurantiaca – ramo estéril cultivado em Porto Alegre (a); ramo com florífero cultivado em Pedro
Leopoldo (MG), onde é uma verdura muito conhecida e consumida (d) e indivíduo com ‘frutos’
maduros silvestre no RS (Foto: Paulo Brack); f, g, h) U. baccifera – ramo florífero (f);
indivíduo com ‘frutos’ (perigônios carnosos) maduros (g); detalhe dos perigônios maduros
(nota-se os frutos verdadeiros – aquênios marrons (h); i) U. nitida – ramo com ‘frutos’
maduros; j) Aloysia gratissima – ramo florido; l) A. triphylla – ramo florido; m) Bouchea
fluminensis – ramo florífero.
396
Figura 41. a) Cissus verticillata – ramo florido e com frutos maduros; b, c) Drimys brasiliensis – ramos com
frutos imaturos (nota-se face abaxial acinzentada em c).
397
2.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRA, M.F. et al. Medicinal and poisonous diversity of the flora of “Cariri Paraibano”,
Brazil. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 111, n. 2, p. 383-395 2007.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 14 jun. 2007.
AGRAHAR-MURUGKAR, D.; PAL, P.P. Intake of nutrients and food sources of nutrients
among the Khasi tribal women of India. Nutrition, New York, v. 20, n. 3, p.268-273,
2004. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 14 jun. 2007.
AGUIAR, L.W.; MARTAU, L.; SOARES, Z.F. Composição florística de matas nos
municípios de Montenegro e Triunfo, RS, Brasil. Iheringia, Sér. Bot., Porto Alegre, n. 29,
p. 3-30, 1982.
AGUIAR, L.W. et al. Estudo preliminar da flora e vegetação de morros graníticos da
Região da Grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot., Porto
Alegre, n. 34, p. 3-38, 1986.
AICHHOLZ, R.; SPITZER, V.; LORBEER, E. Analysis of cyanolipids and triacylglyceols
from sapindaceae seed oils with high-temperature gas chromatography and hig-
temperature gas chromatography-chemical ionization mass spectrometry. Journal of
Chromatography A, Amsterdam, v. 787, p. 181-194, 1997.
ALETOR, O.; OSHODI, A.A.; IPINMOROTI, K. Chemical composition of commom
leafy vegetables and functional properties of their leaf protein concentrates. Food
Chemistry, London, v. 78, p. 63-68, 2002.
ALMEIDA, M.M.B. et al. Determinação de nutrientes minerais em plantas medicinais.
Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 22 n. 1, p. 94-97, 2002.
ALONSO-AMELOT, M.E. Bracken ptaquiloside in milk. Nature, New York, v. p. 382-
387, 1996.
ALONSO-AMELOT, M.E. The link between bracken fern and stomach cancer: Milk.
Nutrition, New York, v. 13, n. 7/8, p. 694-695, 1997. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 20 jan. 2005.
ALONSO PAZ, E. et al. Screening of Uruguayan medicinal plants for antimicrobial
activity. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 45, p. 67-70, 1995. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
ALTSCHUL, S. von R. Unusual food plants in herbarium records. Economic Botany,
New York, v. 22, p. 293-296, 1968.
398
AMIM, I.; NORAZAIDAH, Y.; HAINIDA, K.I.E. Antioxidant activity and phenolic
content of raw and blanched Amaranthus species. Food Chemistry, London, v. 94, p. 47-
52, 2006. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
ARENAS, P.; AZORERO, R.M. Plants used as means of abortion, contraception,
sterilization and fecundation by Paraguayan indigenous people. Economic Botany, New
York, v. 31, p. 302-306, 1977.
ARENAS, P. Etnobotânica Lengua-Maskoy. Buenos Aires: Fundación para la
educación, la ciencia e la cultura, 1981. 358 p.
ARENAS, P. Recolección y agricultura entre os indígenas Maka del Chaco Boreal.
Parodiana, Buenos Aires, v. 1, n. 2, p. 171-243. 1982.
ARENAS, P. Morrenia odorata (Asclepiadaceae), an edible plant of the Gran Chaco.
Economic Botany, New York, v. 53, n. 1, p. 89-97, 1999.
ARENAS, P. Etnografía y alimentación entre los Toba-Ñachilamole#ek y Wichí-
Lhuku’tas del Chaco Central (Argentina). Buenos Aires: El autor, 2003. 562 p.
ARENAS, P.; SCARPA, G.F. The consumption of Typha domingensis Pers. (Typhaceae)
pollen among the ethnic groups of the Gran Chaco, South America. Economic Botany,
New York, v. 57, n. 2, p. 181-188, 2003.
SFAW, Z.; TADESSE, M. Prospects for sustainable use, and development of wild food
plants in Ethiopia. Economic Botany, New York, v. 55, n. 1, p. 47-62.
ATHAYDE-FILHO, F. de P.; WINDISCH, P.G. 2003. O gênero Pecluma M.G. Price
(Polypodiaceae, Pteridophyta) no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas
Botânica. São Leopoldo, v. 53, p. 65-77, 2003.
AYENSU, E.S.; COURSEY, D.G. Guinea yams: The botany, ethnobotany, use, and
possible future of yams in West Africa. Economic Botany, New York, v. 26, p. 301-318.
BARBOSA-FERREIRA, M. et al. Sub-acute intoxication by Senna occidentalis seeds in
rats. Food and Chemical Toxicology, Oxford, v. 43, p. 497-503, 2005. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
BARCLAY, A.S.;EARLE, F.R. Chemical analyses of seeds III: oil and protein content of
1253 species. Economic Botany, New York, v. 28, p. 178-236, 1974.
BARROS, M. Las cyperáceas del estado de Santa Catarina. Sellowia, Itajaí, v. 12, n. 12, p.
181-450, 1960.
BARROSO, G.M. et al. Flora da Guanabara: Família Dioscoreaceae. Sellowia, Itajaí, v.
25, p. 9-256.
BASEY, K.; McGAW, B.A.; WOOLLEY, J.G. Phygrine, an alkaloid from Physalis
species. Phytochemistry, Oxford, v. 31, n. 12, p. 4173-4176, 1992.
399
BATES, R.P.; HENTGES JR., J.F. Aquatic weeds – erradicate or cultivate? Economic
Botany, New York, v. 30, p. 39-50, 196.
BAUER, D.; WAECHTER, J.L. Sinopse taxonômica de Cactaceae epifíticas no Rio
Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 225-239, 2006.
BAUER, L.; BRASIL e SILVA, G.A. de A. Os óleos essenciais de Chenopodium
ambrosioides e Schinus terebinthifolius no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de
Farmácia, Rio de Janeiro, v. 54, p. 240-242, 1973.
BECKER, S. The production of papain – an agricultural industry for Tropical America.
Economic Botany, New York, v. 12, p. 62-79, 1958.
BELESKI-CARNEIRO, E.B. et al. Polysaccharides from Chorisia speciosa St. Hil.
Progress in Biotechnology: Pectins and Pectinases, Wageningen, v. 14, p. 549-559,
1996.
BELESKI-CARNEIRO, E.B.; GANTER, J.LM.S.; REICHER, F. Structural aspects of the
exudate from de the fruit of Chorisia speciosa St. Hil. International Journal of
Biological Macromolecules, Guildford, v. 26, p. 219-224, 1999. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
BELESKI-CARNEIRO, E.; SUGUI, J.A.; REICHER, F. Structural and biological features
of a hydrogel from seed coats of Chorisia speciosa. Phytochemistry, Oxford, v. 61, p.
157-163, 2002. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
BENNETT, B.C. Ethnobotany and economic botany of epiphytes, lianas, and other host-
dependent plants: An overview. In: LOWMAN, M.D.; NADKARNI, N.M. (Eds.). Forest
canopies. San Diego: Academic Press, 1995. p. 547-624.
BERG, C.C.; DAHLBERG, S.V. A revision of Celtis subg. Mertensia (Ulmaceae).
Brittonia, New York, v. 53, p. 66-81. 2001.
BERNACCI, L.C. Passifloraceae. In: WANDERLEY, M.G.L. et al. (Eds.). Flora
fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP/RIMA, 2003. V. 3, p. 251-
252.
BIAVATTI, M.W. et al. Preliminary studies on Campomanesia xanthocarpa (Berg.) and
Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.F.Macbr. aqueous extract: weight control and biochemical
parameters. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 56, p. 77-80, 1997. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
BICUDO, F. Perigo à mesa: samambaia consumida em Minas Gerais favorece reprodução
de vírus ligado a tumores. Revista Pesquisa Fapesp, edição 80, 2002. Disponível em:
<http://www.revistapesquisa.fapesp.br>. Acesso em 25 jan. 2004.
BILLING, J.; SHERMAN, P.W. Antimicrobial functions of spices: why some like it hot.
The Quartely Review of Biology, Chicago, v. 73, n. 1, p. 3-49, 1998.
400
BOHS, L. Ethnobotany of the genus Cyphomandra (Solanaceae). Economic Botany, New
York, v. 43, n. 2, p. 143-163. 1989.
BOOM, B.M. Ethnobotanyof the Chácobo Indians, Beni, Bolívia. Advances in Economic
Botany, New York, v. 4, p.1-68, 1987.
BOOTH, S.; BRESSANI, R.; JOHNS, T. Nutrient content of selected indigenous leafy
vegetables consumed by the Kekchi people of Alta Verapaz, Guatemala. Journal of Food
Composition and Analysis, San Diego, v. 5, p. 25-34, 1992.
BOTREL,, R.T. et al. Uso da vegetação nativa pela população local no município de Ingaí,
MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 143-156, 2006.
BOYD, C.E. Fresh-water plants: A potential source of protein. Economic Botany, New
York, v. 22, p. 359-368, 1968.
BOYD, C.E. The nutritive value of three species of water weeds. Economic Botany, New
York, v. 23, p. 123-127, 1969.
BOYD, C.E.; McGINTY, P.S. Percentage digestible dry matter and crude protein in dried
aquatic weeds. Economic Botany, New York, v. 35, n. 3, p. 296-299, 1981.
BRACK, P. O gênero Urera (Urticaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Napaea, Porto
Alegre, n. 1, p. 1-11, 1987.
BRACK, P. Urticaceae no Rio Grande do Sul. 1989. 91 f. Dissertação (Mestrado) –
Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1989.
BRACK. P. et al. Árvores e arbustos na vegetação natural de Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot., Porto Alegre, n. 51(II), p. 139-166, 1998.
BRACK, P. et al. Flora. In: PORTO ALEGRE. Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(Coord.). Flora e fauna do Parque Natural do Morro do Osso, Porto Alegre/RS. Porto
Alegre, 2001. p. 23-45.
BRACK. P.; KINUPP, V.F.; SOBRAL, M.E.G. Levantamento preliminar de espécies
frutíferas de árvores e arbustos nativos com uso atual ou potencial do Rio Grande do Sul.
Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v. 2, n.1, p. 1769-1772, 2007.
Disponível em: <http:// www6.ufrgs.br/seeragroecologia/ojs/ >. Acesso em 27 jan. 2007.
BRASIL e SILVA, G.A. de A. Contribuição ao estudo farmacognóstico de
Muehlenbeckia sagittifolia Meissn. 1974. 47 f. Tese (Livre Docência) - Faculdade de
Farmácia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 1974.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Geral de
Política de Alimentação e Nutrição. Alimentos regionais brasileiro. Brasília:
Comunicação e Educação em Saúde, 2002. Série F, n. 21, 140 p.
401
BRONDANI, CLAUDIO. Espécie de arroz brasileiro [mensagem pessoal]. Mensagem
recebida por <[email protected]>. em 30 nov. 2006.
CARAUTA, J.P.P.; DIAZ, B.E. Figueiras no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002. 212 p.
CÁRDENAS, M. Manual de plantas económicas de Bolívia. 2ª. ed. Cochabamba: Los
Amigos Del Libro, 1989. 333 p. (Coleção Enciclopedia Boliviana)
CARNAT, A. et al. Luteolin 7-diglucuronide, the major flavonoid compound from Aloysia
triphylla and Verbena officinalis. Planta Medica, Stuttgart, v.61, n. 5, p.490, 1995.
CARNAT, A.P. et al. The aromatic and polyphenolic composition of lemon verbena tea.
Fitoterapia, Amsterdan, v. 70, p. 44-49, 1999. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
CARNEIRO, A.M. Espécies ruderais com potencial alimentício em quatro municípios
do Rio Grande do Sul. 2004. 111 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2004.
CASTILLO, U.F. et al. Ptaquiloside Z, a new toxic instable sesquiterpene glucoside from
the neotropical bracken fern Pteridium aquilinum var. Caudatum. Bioorganic &
Medicinal Chemistry, Oxford, v. 6, p. 2229-2233, 1998. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 20 jan. 2005.
CECHINEL-FILHO, V. et al. Isolation and identification of active compounds from
Drimys winteri barks. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 62, p. 223-227,
1998. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
CERDEIRAS, M.P. et al. A new antibacterial compound from Ibicella lutea. Journal of
Ethnopharmacology, Lausanne, v. 73, p. 521-525, 2000. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
CERDEIRAS, M.P.; PIANZZOLA, M.J.; VÁSQUEZ, A. The antibacterial activity of
Commelina erecta extracts. Internacional Journal of Antimicrobial Agents, Oxford,v.
17, p. 423-424, 2001. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan.
2007.
CHAPMAN, J.; STEWART, R.B.; YARNELL, R.A. Arqueological evidence for
preColumbian introduction of Portulaca oleracea and Mollugo verticillata into eastern
North America. Economic Botany, New York, v. 28, , p.411-412, 1974.
CHASE, M.W. A Revision of Dicella (Malpighiaceae). Systematic Botany, Kent, v. 6, n.
2, p. 159-171, 1981.
CHU, E.P.; FIGUEIREDO-RIBEIRO, R.C.L Native and exotic species of Dioscorea used
as food in Brazil. Economic Botany, New York, v. 45, n. 4, p.467-479, 1991.
CHUANG, M.-T.; LIN, Y.-S.; HOU,W.-C. Ancordin, the major rhizome protein of
madeira-vine, with trypsin inhibitory and stimulatory activities in nitric oxide productions.
402
Peptides, New York, v. 28, n. 6, p. 1311-1316, 2007. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 18 jun. 2007.
CKLESS, K.S. Compostos fenólicos de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. e
Podocarpus lambertii Kl. (Coniferae). São Leopoldo : UNISINOS, 1990. 70 f. Trabalho
de Conclusão - Centro de Ciências Biomédicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
São Leopoldo, 1990.
CLADERA-OLIVEIRA, F. et al. Sorption equilibrium of Brazilian pine (Araucaria
angustifolia) seeds. In: MERCOSUL CONGRESS ON PROCESS SYSTEMS
ENGINEERING, 4., 2005, Mangaratiba, RJ. Anais... Mangaratiba, RJ, 2005.
COLL, J. et al. New ecdysteroids from Polypodium vulgare. Tetrahedron, Oxford, v. 50,
n. 24, p. 247-7252, 1994.
COOK, C.D.K. Aquatic plant book. Amsterdan: SPB Academic Publishing, 1996. 228 p.
COONS, M.P. Relationships of Amaranthus caudatus. Economic Botany, New York, v.
36, n. 2, p. 129-146, 1982.
CORDENUNSI, B.R. et al. Chemical composition and glycemic index of Brazilian pine
(Araucaria angustifolia) Seeds. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Easton, v.
52, p. 3412-3416, 2004.
CORRÊA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1984. 747 p. v.1
CORRÊA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1984. 707 p. v.2
CORRÊA, M.P; PENNA, L. de A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas
cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1984. 646 p. v.3
CORRÊA, M.P; PENNA, L. de A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas
cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984. 765 p.
v.4
CORRÊA, M.P; PENNA, L. de A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas
cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984. 687 p.
v.5
CORRÊA, M.P; PENNA, L. de A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas
cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984. 777 p.
v.6
COSTA, M. et al. Isolation and synthesis of a new clerodane from Echinodorus
grandiflorus. Phytochemistry, Oxford, v. 50, p. 117-122, 1999.
403
COSTA, V.B. et al. Anti-inflammatory and analgesic activity of Bouchea fluminensis.
Fitoterapia, Amsterdan, v. 74, p. 364-371, 2003. Disponível em:
<www.sciencedirect.com>.Acesso em 27 jan. 2007.
CROWHURST, A. The weed cookbook. New York: Lacer Books, 1972. 190 p.
DANIEL, A. Estudo fitossociológico arbóreo/arbustivo da mata ripária da bacia
hidrográfica do rio dos Sinos, RS. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n. 42, p. 15-199,
1991.
DASGUPTA, N.; DE, B. Antioxidant activity of some leafy vegetables of India: A
comparative study. Food Chemistry, London, v. 101, p. 471-474, 2007. Disponível em:
<www.sciencedirect.com>.Acesso em 26 jan. 2007.
DE TOMMASI, N. et al. Aryl and triterpenic glycosides from Margyricarpus setosus.
Phytochemistry, Oxford, v. 42, n. 1, p. 163-167, 1996. Disponível em:
<www.sciencedirect.com>.Acesso em 26 jan. 2007.
DE VRIES, F.T. Chufa (Cyperus esculentus, Cyperaceae): a weed cultivar or a cultivated
weed?. Economic Botany, New York, v. 45, p. 27-37, 1991.
DE WET, J.M.L.; HARLAN, J.R. Weeds and domesticates: evolution in the man-made
habitat. Economic Botany, New York, v. 29, p. 99-107, 1975.
DELIFNO, L. Palmeras y palmares del Uruguay. Revista Agropecuária, Montevideo, n.
10, p. 15-34, 1992.
DELPRETE, P.G.; SMITH, L.B.; DOWNS, R.J. Rubiáceas. In: REIS, A. (Ed.). Flora
Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1997. p. 349-844. (Volume 2)
DENG, Y.-C. et al. Studies on the cultivation and uses of evening primrose (Oenothera
spp.) in China. Economic Botany, New York, v. 55, n. 1, p. 83-92, 2001.
DESMARCHELIER, C.; COUSSIO, J.; CICCIA, G. Antioxidant and free radical
scaveening effects extracts on the medicinal herb Achyrocline satureioides (Lam.) DC.
(“Marcela”). Brazilian Journal of Medical and Biological Research, Ribeirão Preto, v.
31, p.1163-1170, 1998.
DI CARLO, G. Flavonoids: old and new aspecs of a class of natural therapeutic drugs. Life
Sciences, Elmsford, v. 65, p. 337-353, 1999. Disponível em:
<www.sciencedirect.com>.Acesso em 26 jan. 2007.
DI FABIO, J.L.; DUTTON, G,G.S.; MOYNA, P. The structure of Chorisia speciosa gum.
Carbohydrate Research, Amsterdam, v. 99, p. 41-50, 1982.
DÍAZ-BETANCOURT, M. et al. Weeds as a source for human consumption. A
comparison between tropical and temperate Latin America. Revista Biología Tropical,
San José, v. 47, n. 3, p. 329-338, 1999.
404
DIESEL, Z.; SIQUEIRA SJ, J.C. de. Estudo fitossociológico herbáceo/arbustivo da mata
ripária da bacia hidrográfica do rio dos Sinos, RS. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n.
42, p. 205-257, 1991.
DINI, I.; TENORE, G.C.; DINI, A. Glucosinolates from maca (Lepidium meyenii).
Biochemical Systematics and Ecology, Oxford, v. 30, p. 1087-1090, 2002. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
DONADIO, L.C.; MÔRO, F.V.; SERVIDONE, A.A. Frutas Brasileiras. 2. ed.
Jaboticabal: Novos Talentos, 2004. 248 p.
DORIGONI, P.A. et al. Levantamento de dados sobre plantas medicinais de uso popular
no município de São João do Polêsine, RS, Brasil. I – Relação entre enfermidades e
espécies utilizadas. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 4, n. 1, p. 69-
79, 2001.
DUCROQUET, J.-P.H.J.; HICKEL, E.R.; NODARI, R.O. Goiabeira-serrana (Feijoa
sellowiana). Jabotical: FUNEP, 2000. 66 p. (Série Frutas Nativas)
DUKE, J.A. Bishop’s weed (Ammi majus L., Apiaceae). Economic Botany, New York, v.
42, p.442-445, 1988. (Notes on economic plants)
DUKE, J.A Handbook of edible weeds. Boca Ráton: CRC Press, 2001. 246 p.
DURHAM, O.C. The pollen harvest. Economic Botany, New York, v. 5, p. 211-254,
1951.
EL-DEEB, K.S. et al. Chemical composition of the essential oil of Tagetes minuta growing
in Saudi Arabia. Saudi Pharmaceutical Journal, v. 12, n. 1, p. 51-53, 2004. Disponível
em: <http://www.ksu.edu.sa/colleges/pharm/spj.htm>. Acesso em 25 jan. 2007.
EMMERICH, M.; VALLE de S. Estudos de etnobotânica no Parque indígena do Xingu, V.
A planta do sal. Bradea, Rio de Janeiro, v. 5, n. 22, p. 257-260, 1989.
ERAZO, S. et al. Constituents and biological activities of Schinus polygamus. Journal of
Ethnopharmacology, Lausanne, v. 107, p. 395-400, 2006. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
ESCUDERO, N.L. et al. Nutrient and antinutrient composition of Amaranthus muricatus.
Plants Foods for Human Nutrition, Amsterdan, v. 54, p. 327-336, 1999.
EVANS, W.C.; GHANI, A.; WOOLLEY, V.A. Alkaloids of Salpichroa origanifolia.
Phytochemistry, Oxford, v. 11, p. 11, 1972.
FABBRI, L.T.; VALLA, J.L. Aspectos de la bíologia reproductiva de Tropaeolum
pentaphyllum (Tropaeolaceae). Darwiniana, Buenos Aires, v. 36, n. 1-4, p. 51-58, 1998.
FACCIOLA, S. Cornucopia II: a source book of edible plants. Vista: Kampong
Publications, 1998. 713 p.
405
FALKENBERG, D. de B. Oenothera L. (Onagraceae) do Rio Grande do Sul, Brasil :
um estudo taxonômico. 1988. 147 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-
Graduação em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 1988.
FAO. Neglected crops: 1492 from a different perspective. Rome, 1984, 341 p. (FAO Plant
Production and Protection. Series, 26)
FAO. Productos forestales no madereros: posibilidades. Roma, 1992. 35 p. (Estudio
FAO Montes. Publicación, 97).
FELIPPE, G.M. Entre o jardim e a horta: as flores que vão para a mesa. São Paulo:
SENAC, 2003. 286 p.
FERNANDES, I; BAPTISTA, L.R. de M. Levantamento da flora vascular rupestre do
Morro Sapucaia e Morro do Cabrito, Rio Grande do Sul. Acta Botanica Brasilica,
Brasília, v. 1, n. 2, p. 95-102, 1988.
FERRÃO, J.E.M. Fruticultura tropical: espécies com frutos comestíveis. Lisboa:
Instituto de investigação Científica Tropical e Missão de Macau em Lisboa, 1999, 621 p.
v.1
FERRARI, F. et al. Quinovic acid glycosides from roots Macfadyena unguis-cati. Planta
Medica, Stuttgart, v. 43, p. 24-27, 1981.
FERREIRA, A.P. et al. Immunomodulatory activity of Mollugo verticillata L.
Phytomedicine, Jena, v. 10, p. 154-158, 2003. Disponível em:
<www.sciencedirect.com>.Acesso em 27 jan. 2007.
FERRITER, A. Brazilian pepper management plan for Florida. Florida: Brazilian
Pepper Task Force Chairman, 26 p. 1997.
FLEIG, M. Anacardiáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1989. 64 p.
FONSECA-KRUEL, V.S. da; PEIXOTO, A.L. Etnobotânica na Reserva Extrativista
Marinha de Arraial do Cabo, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 18, n. 1, p.
177-190, 2004.
FRANÇA, S. de C. Abordagens biotecnológicas para a formação de substâncias ativas. In:
SIMÕES, C.M.O. et al. (Orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre:
UFRGS; Florianópolis: UFSC, 2003. p. 123-146.
FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9. ed. São Paulo: Atheneu,
2004. 307 p.
FREITAS, R.J.S. de; FUGMANN, H.A.J. Componentes minerais do palmito (Euterpe
edulis Mart.). Boletim CEPPPA, Curitiba, v. 8, n. 1, p. 35-39, 1990.
406
FROMM-TRINTA, E.; SANTOS, E. Winteráceas. In: REIS, A. (Ed.). Flora Ilustrada
Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1997. 20 p.
FUERTES, C.H.; ORDAYA, B.B. Domesticatión de nuevas plantas herbáceas para
integrarlas a la alimentación latino-americana. Lima: Instituto de Cultura Alimentaria
Andina & Editorial Universitária San Martín de Porres, 1986. 93 p.
FUERTES, C.H. Llutuyuyu o verdolaga: alimento de las futuras generaciones. Lima:
Instituto de Cultura Alimentaria Andina & Editorial Universitária San Martín de Porres,
1996. 64 p.
FUNCH, L.S. et al. Plantas Úteis: Chapada Diamantina. São Carlos: Rima, 2004. 206 p.
GADE, D.W. Achira, the edible Canna, its cultivation and use in the Peruvian Andes.
Economic Botany, New York. V. 20, p. 407-415, 1966.
GE, S. et al. The phylogeny of the rice tribe Oryzeae (Poaceae) based on MATK sequence
data. American Journal of Botany, Columbus, v. 89, n. 2, p. 1967-1972, 2002.
GHEDINI, P.C. et al. Levantamento de dados sobre plantas medicinais de uso popular no
município de São João do Polêsine, RS. II – Emprego de preparações caseiras de uso
medicinal. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 5, n. 1, p. 46-55, 2002.
GIACOMETTI, D.C. Ervas condimentares e especiarias. São Paulo: Nobel, 1989. 158 p.
GILBERT, B. et al. Anthielmintic activity of essencial oil and their chemical components.
Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 44, p. 423-428, 1972.
GLOBO REPÓRTER. O melhor do Globo Repórter: saúde e qualidade de vida. São
Paulo: Globo, n. 1, 2007. 1 DVD
GOLDSTEIN, D.J.; COLEMAN, R.C. Schinus molle L. (Anacardiaceae) chicha
production in the Central Andes. Economic Botany, New York, v. 58, n. 4, p. 523-529,
2004.
GOLENIOWSKI, M.E. et al. Medicinal plants from the “Sierra de Comechingones”,
Argentina. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 107, p. 324-341, 2006.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
GONÇALVES, C.F. de A. O gênero Hypochaeris L. (Asteraceae) no Rio Grande do
Sul, Brasil. 2004. 195 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2004.
GONZÁLEZ, A.D.; RAPOPORT, E.H. Uso de plantas silvestres como recurso para
disminuir deficiencias dietarias de micronutrientes en poblaciones en riesgo alimentario.
Actualización en Nutrición, Buenos Aires, v. 6, n. 2, 2005.
407
GRAÇA, C. et al. Mikania laevigata syrup does not induce side effects on reprodutive
system of male Wistar rats. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 111, n. 1, p.
29-32, 2007. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 15 jun. 2007.
GRAEBNER, I.T. et al. Carotenoids from native Brazilian dark-green vegetables are
bioavailable: a study in rats. Nutrition Research, New York, v. 24, p. 671-679, 2004.
Disponível em: <www.sciencedirect.com>.Acesso em 27 jan. 2007.
GRECA, M.D. et al. Polyoxygenated oleanane triterpenes from Hydrocotyle
ranunculoides. Phytochemistry, Oxford, v. 35, n. 1, p. 201-204, 1994.
GRIZOTTO, R.K.; MENEZES, T.J.B. Textura do palmito (Euterpe edulis Mart.) e sua
relação com componentes da fibra. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 16,
n. 1, p. 78-82, 1996.
GUIL, J.L.; RODRÍGUEZ-GARCÍA, I.; TORIJA, E. Nutritional and toxic factors in
selected wild edible plants. Plants Foods for Human Nutrition, Dordrecht, v. 51, n. 2, p.
99-107, 1997. Disponível em: <http://www.springerlink.com>. Acesso em: 25 jun. 2005.
GUPTA, S. et al. Analysis of nutrient and antinutrient content of underutilized green leafy
vegetables. LWT – Food Science and Technology, London, v. 38, p. 339-345, 2007.
Disponível em: <www.sciencedirect.com>.Acesso em 27 jan. 2007.
HAMINIUK, C.W.I. et al. Influence of temperature on the rheological behavior of whole
araçá pulp (Psidium cattleyanum Sabine). LWT – Food Science and Technology,
London, v. 39, p. 426-430, 2006. Disponível em: <www.sciencedirect.com>.Acesso em 27
jan. 2007.
HARAGUCHI. M.; MOTIDOME, M.; GOTTLIEB, O.B. Triterpenoid saponinas and
flavonol glycosides from Phytolacca thyrsiflora. Phytochemistry, Oxford, v. 27, n. 7, p.
2291-2296, 1988.
HARBONE. J.B. Flavonoid and phenylpropanoid patterns in the Umbelliferae. In:
HEYWOOD, V.H. (Ed.) The biology and chemistry of the Umbelliferae. London:
Academic Press, 1971. p. 293-314.
HARTWELL, J.L. Plants used against cancer. a survey. Lloydia, Cincinnati, v. 30, p. 379-
436, 1967.
HARVARD-DUCLOS, B. Las plantas forrajeras tropicales. Barcelona: Blume, 1975,
380 p.
HEDRICK, U. P. Sturtevant's edible plants of the world. New York: Dover
Publications, 1972. 686 p.
HEINICKE, R.M.; GORTNER, W.A. Stem bromelain: a new protease preparation from
pineapple plants. Economic Botany, New York, v. 11, p. 225-234, 1957.
408
HEINZMANN, B.M.. Compostos com enxofre. In: SIMÕES, C.M.O. et al. (Orgs.).
Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS; Florianópolis: UFSC,
2003. p. 741-763.
HEIM, K.E.; TAGLIAFERRO, A.R.; BOBILYA, D.J. Flavonoid antioxidants: chemistry,
metabolism and structure-activity relationships. Journal of Nutritional Biochemistry,
Stoneham, v. 13, p. 572-584, 2002. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>.
Acesso em 27 jan. 2007.
HEISER JR., C.B. The totora (Scirpus californicus) in Ecuador and Peru. Economic
Botany, New York, v. 32, p. 222-236, 1979.
HEMBREE, J.A. et al. The cytotoxic norditerpene dilactonas of Podocarpus milanjianus
and Podocarpus sellowii. Phytochemistry, Oxford, v. 18, p. 1691-1694, 1979.
HILOU, A.; NACOULMA, O.G.; GUIGUEMDE,T.R. In vivo antimalarial actividies of
extracts from Amaranthus spinosus L. and Boerhaavia erecta L. in mice. Journal of
Ethnopharmacology, Lausanne, v. 56, p. 77-80, 1997. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
HOEHNE, F.C. Frutas indígenas. São Paulo: Instituto de Botânica: Secretaria da
Agricultura, Indústria e Comércio, 1946. 88 p. (Publicação da Série "D")
HOPKINS, C.Y.; CHISHOLM, M.J. Fatty acid compoments of some Santalaceae seed
oils. Phytochemistry, Oxford, v.8, p.161-165, 1969.
HUNZIKER, A.T. Estudios sobre Solanaceae. XVII. Revision sinóptica de Acnistus.
Kurtziana, Córdoba, v. 15, p. 81-102. 1982.
HUNZIKER, A.T. Estudios sobre Solanaceae. XLVI. Los ajíes silvestres de Argentina
(Capsicum). Darwiniana, Buenos Aires, v. 36, n. 1-4, p. 201-203. 1998.
IBARRA-MARRÍQUEZ et al. Useful plants of the Los Tuxtlas rain forest (Veracruz,
Mexico): Considerations of their market potencial. Economic Botany, New York, v. 51, n.
4, p. 362-376, 1997.
IBGE. Nomenclatura dos alimentos consumidos no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1980. 130 p. (Parte 1 – Vegetais)
IKUTA, A.R.Y.; BARROS, I.B.I. de. “Se acabar o mato como o Guarani vai fazer?”. In:
ALBUQUERQUE, U.P. de; ALMEIDA, C. de F. C.B.R. (Orgs.). Tópicos em
conservação e etnobotânica de plantas alimentícias. Recife: NUPEEA, 2006. p. 26-49.
INCUPO. El monte nos da comida. Santa Fe: INCUPO (Instituto de Cultura Popular),
1991. 72 p. (Volume I)
INCUPO. El monte nos da comida. Santa Fe: INCUPO (Instituto de Cultura Popular),
1994. 64 p. (Volume II)
409
INDEX HERBARIORUM. [Informações]. Disponível em:
<http://sweetgum.nybg.org/ih>. Acesso em: 27 abr. 2007.
INIA. Estudios em domesticación y cultivo de especies medicinales e aromáticas
nativas. Montevideo: INIA, 2004. 261 p. (Serie 11). Disponível em:
<http://www.mgap.gub.uy>. Acesso em: 21 ago. 2007.
IRGANG, B.E. Umbelliferae II: Gênero Eryngium L. In: SCHULTZ, A.R. (Coord.). Flora
Ilustrada do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 32, n. 32, p. 1-86, 1974.
IRGANG, B.E.; GASTAL JR., C.V. de S. Macrófitas aquáticas da planície costeira do
RS. Porto Alegre: Edição dos Autores, 1996. 290 p.
ISMAIL, N.; ALAM, M. A novel cytotoxic flavonóide glycoside from Physalis angulata.
Fitoterapia, Amsterdan, v. 72, p. 676-679, 2001. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
JACQUES, S.M.C. et al. Levantamento preliminar da vegetação da Região Metropolitana
de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. II. Morros areníticos. Iheringia, Sér. Bot.,
Porto Alegre, n. 29, p. 31-48, 1982.
JAIN, M.K. Specific competitive inhibitor of secreted phospholipase A
2
from berries of
Schinus terebinthifolius. Phytochemistry, Oxford, v. 39, n. 3, p. 537-547,1995.
JANKOWSKI, L. et al. Plantas trepadoras. nativas y exóticas. Buenos Aires: L.O.L.A.,
264 p. (Biota Rioplatense, v.5)
JIZBA, J. et al. The structure of osladin-the sweet principle of the rhizomes of Polypodium
vulgare. L. Tetrahedron Letters, Oxford, v.18, p.1329-1332, 1971.
JORGE, L.I.F.; FERRO, V. de O.; SAKUMA, A.L. Hortaliças brasileiras: caracterização
botânica e química das espécies: Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn., Xanthosoma
atrovirens C. Koch e Bouché e Amaranthus hybridus L. Revista do Instituto Adolfo
Lutz, São Paulo, v. 51, n. 1-2, p. 11-18, 1991.
JUNG-MEDAÇOLLI, S.L.; ANUNCIAÇÃO, E.A. Rubiaceae: Randia L.. In:
WANDERLEY, M.G.L. et al. (Coord.). Flora fanerogâmica do Estado de São Paulo.
São Paulo: FAPESP, 2007. p. 412-415. v.5
KAPLAN, L. Historical and ethnobotanical aspects of domestication in Tagetes.
Economic Botany, New York, v. 14, p. 200-202, 1960.
KAYS, S.J.; DIAS, J.C.S. Common names of commercially cultivated vegetables of the
world in 15 languages. Economic Botany, New York, v. 49, n. 2, p.115-152, 1995.
KELLER, H.A. Etnobotánica de los guaranies que habitan la selva misionera.
Disponível em: <http://www.unne.edu.ar/Web/cyt/cyt/2001/6-Biologicas/B-008.pdf>.
Acesso em 27 jan. 2005.
410
KENNARD, W.C.; FREYRE, R.H. The edibility of shoots of some bamboos growing in
Puerto Rico. Economic Botany, New York, v. 11, p. 235-243, 1957.
KERR. W.E. Hortaliças não convencionais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 12, n. 2,
p.272-274, 1994.
KHALIL, N.M.; SPEROTTO, J.S.; MANFRON, M.P. Antiinflammatory activity and acute
toxicity of Dodonaea viscosa. Fitoterapia, Amsterdam, v. 77, p. 478-480, 2006.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
KINUPP, V.F.; TAKETA, A.; von POSER, G.L.. Pecluma pectinatiformis (Lindm.)
M.G.Price, pteridófita usada como adoçante não calórico no Rio Grande do Sul.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n. 2, 6 p. 2004 (Suplemento). Trabalho
apresentado no 44. Congresso Brasileiro de Olericultura, 2004, Campo Grande, MS.
Disponível em: <http://www.sobhortalica.com.br>.
KINUPP, V.F.; AMARO, F.S.; BARROS, I.B.I. de. Anredera cordifolia (Basellaceae),
uma hortaliça potencial em desuso no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n. 2,
4 p. 2004a (Suplemento). Trabalho apresentado no 44. Congresso Brasileiro de
Olericultura, 2004, Campo Grande, MS. Disponível em:
<http://www.sobhortalica.com.br>.
KINUPP, V.F. Plantas alimentícias não-convencionais da Região Metropolitana de
Porto Alegre, RS. 2007. 562 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em
Fitotecnia, Faculdade Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2007. Cap. 3: Teores de proteína e minerais de plantas alimentícias não-
convencionais nativas no Rio Grande do Sul.
KISSMANN, G.K. Plantas infestantes e nocivas. 2. ed. São Paulo: BASF, 1997. 825 p.
Tomo I. Colaboração: GROTH, D.
KISSMANN, G.K.; GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. 2. ed. São Paulo: BASF,
1999. 978 p. Tomo II.
KISSMANN, G.K.; GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. 2. ed. São Paulo: BASF,
2000. 722 p. Tomo III.
KIYAMA, C.Y.; BIANCHINI, R.S. Rosaceae. In: WANDERLEY, M.G.L. et al. (Eds.).
Flora fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP : RIMA, 2003.
Volume 3, p.285-293.
KOHMANN, L.M. et al. Aceitação de produtos alimentícios elaborados a partir de plantas
nativas. In: SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 18., 2006, Porto Alegre. Resumos...
Porto Alegre, 2006. 1CD.
KRAMER, F.L. The pepper tree, Schinus molle L. Economic Botany, New York, v. 11, p.
322-326, 1957.
411
KUBO, I. et al. Identification of two insect growth inhibitory biflavonoids in Podocarpus
gracilior. Revista Latinoamericana de Química, Mexico, v. 14, n. 2, p. 59-61. 1983.
KUMAR, R. et al. Evaluation of Chenopodium ambrosioides oil as potential source of
antifungal, antiaflatoxigenic and antioxidant activity. International Journal of Food
Microbiology, Amsterdam, v. 115, n. 2, p. 159-164, 2007. Disponível em:
<www.sciencedirect.com>.Acesso em 14 jun. 2007.
KUNKEL, G. Plants for human consumption: an annotated checklist of the edible
phanerogams and ferns. Koenigstein: Koeltz Scientific Books, 1984. 393 p.
LAL, J.; GUPTA, P.C. Antraquinone glycoside from seeds of Cassia occidentalis Linn.
Experientia, Basel, v. 29, p.142-143, 1973.
LAWRENCE, B.M. Essential oils of the Tagetes genus. Perfumer & Flavorist, Wheaton,
v.10, p. 73-82. 1985.
LAWRENCE, B.M. A planning scheme to evaluate new aromatic plants for the flavor and
fragrance industries. In: JANICK, J. & SIMON, J.E. (Eds.). New crops. J.Wiley, 1993. p.
655-661. 1993. Disponível em: <http://www.hort.purdue.edu/newcrop/proceedings1993>.
Acesso em 20 nov. 2005.
LEDIN, R.B. Tropical and subtropical fruits in Florida (other than citrus). Economic
Botany, New York, v. 11, p. 349-376, 1957.
LEGRAND, C.D.; KLEIN, R.M. Mirtáceas - Eugenia. In: REITZ, R. (Ed.). Flora
Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1969. 172 p.
LEGRAND, C.D.; KLEIN, R.M. Mirtáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada
Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1977. 158 p.
LEGRAND, C.D.; KLEIN, R.M. Mirtáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada
Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1978. 146p.
LEITE, S.L.C. et al. Fisionomia e florística de um remanescente de mata ciliar do arroio
Itapoã, Viamão, RS. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 1-40,
2004.
LEÓN, A. et al. Detoxification of jackbean (Canavalia ensiformis L.) with pilot scale
roasting. II: Nutritional value for poultry. Animal Feed Science and Technology,
Amsterdam, v. 73, p. 231-242, 1998. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>.
Acesso em 25 jan. 2007.
LEÓN, J. Botánica de los cultivos tropicales. 2. ed. San José : IICA, 1987. 445 p.
LEÓN, J. History of the utilization of Inga as fruit trees in Mesoamerica and Peru. In:
PENNINGTON, T.D.; FERNANDES, E.C.M. (Eds.). The genus Inga utilization. Kew:
The Royal Botanic Gardens, 1998. p. 5-13.
412
LEONEL, M.; CEREDA, M.P. Caracterização físico-química de algumas tuberosas
amiláceas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 22, n. 1, p. 65-69, 2002.
LI, G.; AMMERMANN, U.; QUIRÓS, C.F. Glucosinolate contents in maca (Lepidium
peruvianum Chacón) seeds, sprouts, mature plants and several derived commercial
products. Economic Botany, New York, v. 55, n. 2, p. 255-262, 2002.
LIMBERGER, R.P. et al. Comparative analysis of volatiles from Drimys brasiliensis
Miers and D. angustifolia Miers (Winteraceae) from Southern Brazil. Biochemical
Systematics and Ecology, Oxford, v. 35, p. 130-137, 2007. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
LIN, W.-C.; WU, S.-C.; KUO, S.-C. Inhibitory effects of ethanolic extracts of
Boussingaultia gracilis on the spasmogen-induced contractions of the rat isolated gastric
fundus. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 56, p. 89-93, 1997. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
LINTAS, C.; CAPPELLONI, M. Dietary fiber content of Italian fruit and nuts. Journal of
Food Composition and Analysis, San Diego, v. 5, p. 146-151, 1992.
LISBÔA, G.N.; KINUPP, V.F.; BARROS, I.B.I. de. Estaquia de Dicella nucifera Chodat
(castanha-de-cipó – Malpighiaceae) com aplicação de AIB e sob nebulição. In: SALÃO
DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 17., 2005, Porto Alegre. Resumos...Porto Alegre, 2005.
1CD.
LIU, R.H. Potential synergy of phytochemicals in cancer prevention: mechanism of action.
Journal of Nutrition, Philadelphia, v. 134, p. 3479-3485, 2004.
LONGHI-WAGNER, H.M.; RAMOS, R.F. Composição florística do Delta do Jacuí, Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. I – Levantamento florístico. Iheringia, Sér. Bot., Porto
Alegre, n. 26, p. 145-163, 1981.
LOPES, L. da C. et al. Toxicological evalutation by in vitro and in vivo assays of an
aqueous extract prepared from Echinodorus macrophyllus leaves. Toxicology Letters,
Amsterdam, v. 116, p. 189-198, 2000. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>.
Acesso em 27 jan. 2007.
LÓPEZ, D.C. et al. Plantas útiles en dos comunidades del Departamento de Putumayo.
Bogotá: SINCHI, 2002. 148 p.
LORENZ, A.P. Relações Evolutivas entre Passiflora actinia Hooker e Passiflora
elegans Masters (Passifloraceae). 2002. 95 f. Dissertação (Mestrado) -. Programa de Pós-
Graduação em Genética e Biologia Molecular, Instituto de Biociências, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
LORENZI, H. Árvores brasileiras. 2 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1998. 352 p.
(Volume 2)
LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil. 3. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum,
2000. 640 p.
413
LORENZI, H. Árvores brasileiras. 4 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 368 p.
(Volume 1)
LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova
Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 512 p.
LORENZI, H. et al. Palmeiras brasileiras e Exóticas Cultivadas. Nova Odessa: Instituto
Plantarum, 2004. 432 p.
LORENZI, H. et al. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura).
Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2006. 640 p.
LOURTEIG, A. Oxalidáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1983. 176 p.
LUFRANO, N.S.P.; CAFFINI, N.O. Mucilagos foliares de Chorisia H.B.K.
(Bombacaceae): analisis fitoquímico y enfoque quimiotaxonômico. Phyton, Buenos Aires,
v. 40, p. 13-20, 1981.
LUIS, F.S.C.T. Flora analítica de Porto Alegre. Canoas: Instituto Geobiológico La Salle,
1960, 225 p.
LYIMO, M.; TEMU, R.P.C.; MUGULA,J.K. Identification and nutrient composition of
indigenous vegetables of Tanzania. Plants Foods for Human Nutrition, Dordrecht, v. 58,
p. 85-92, 2003. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em: 25 jun. 2005.
MABBERLEY, D.J. The Plant-Book: a portable dictionary of the vascular plants. 2. nd.
Cambridge: Cambridge University Press, 2000. 858 p.
MAGALHÃES, C.R.P. Triagem preliminar da presença de inulina em diferentes
plantas. 2006. 60 f. Monografia (Curso de Engenharia de Alimentos) – Instituto de
Ciências e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2006.
MAGALHÃES, R.G. de. Plantas medicinais na região do Alto Uruguai-
RS;conhecimentos de João Martins Fuiza,"Sarampião". 1997. 172 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Pós Graduação em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997.
MANICA, I. Frutas Nativas Silvestres e Exóticas 1. Técnicas de produção e mercado:
abiu, amora-preta, araçá, bacuri, biriba, carambola, cereja-do-rio-grande, jabuticaba. Porto
Alegre: Cinco Continentes, 2000. 327 p.
MANNS, D.; HARTMANN, R. Echinodol-A a new cembrane derivative from
Echinodorus grandiflorus. Planta Medica, Stuttgart, v. 59, p. 465-466, 1993.
MARANTA, A.A. Los recursos vegetales alimenticios de la etnia Mataco del Chaco
Centro Occidental. Parodiana, Buenos Aires, v. 5, n. 1, p. 161-237. 1987.
414
MARCHIORETO, M.S. Estudo taxonômico das espécies dos gêneros Celtis e Trema
(Ulmaceae) no Rio Grande do Sul. Pesquisas, Ser. Botânica, São Leopoldo, n. 39, p. 49-
80, 1988.
MARCHIORI, J.N.C.; SOBRAL M. Dendrologia das Angiospermas: Myrtales. Santa
Maria:UFSM, 1997. 304.
MARCONI, E.; RUGGERI, S.; CARNOVALE, E. Chemical evaluation of wild under-
exploited Vigna spp. seeds. Food Chemistry, London, v. 59, n. 2, p. 203-212, 1997.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em: 25 jan. 2007.
MARKMAN, B.E.O.; BACCHI, E.M.; KATO, E.T.M. Antiulcerigenic effects of
Campomanesia xanthocarpa. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 94, p. 55-57,
2004. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em: 25 jan. 2007.
MARQUESINI, N.R. Plantas usadas como medicinais pelos índios do Paraná e Santa
Catarina, sul do Brasil: Guarani, Kaingang, Xokleng, Ava-Guaraní, Kraô e Cayuá.
Curitiba : UFPR, 1995. 290 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Botânica, Setor De Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1995.
MARTIN, F.W.; NAKASONE, H.Y. The edible species of Passiflora. Economic Botany,
New York, v. 24, p. 333-343. 1970.
MARTIN, F.W.; RUBERTÉ, R.M.; MEITZNER, L.S. Edible leaves of the tropics.
3th.ed. North Fort Myers: Educational Concerns for Hunger Organization (ECHO), 1998.
194 p.
MARTINEZ, M. Revision of Physalis section epeteiorhiza (Solanaceae). Anales del
Instituto de Biologia Universidad Nacional Autônoma de México, Ciudad del México,
Série Botánica, v. 69, n. 2, p. 71-117, 1998.
MARTÍNEZ-CROVETTO, R. La alimentación entre los indios guaraníes de Misiones
(Republica Argentina), Etnobiologia, Corrientes, n. 4, p. 1-24. 1968.
MARTÍNEZ, M.A.D.P.; SWAIN, T. Flanonoids and chemotaxonomy of the
Commelinaceae. Biochemical Systematics and Ecology, Oxford, v. 13, n. 4, p. 391-402,
1985. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em: 25 jan. 2007. Resumo
obtido via base de dados Science Direct.
MARTÍNEZ, M.A.D.P.; MARTÍNEZ, A.J. Flanonoids distribution in Tradescantia.
Biochemical Systematics and Ecology, Oxford, v. 21, n. 2, p. 225-265, 1993. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007. Resumo obtido via base de
dados Science Direct.
MARTINS, E.R. Estudos em Ocimum selloi Benth.: Isozimas, morfologia e óleo essencial.
In: MING, L.C. et al. (Coords.). Plantas medicinais, aromáticas e condimentares:
Avanços na pesquisa agronômica. Botucatu: UNESP, 1998. v. II, p. 97-125.
MATTOS, J.R. Estudo pomológico dos frutos indígenas do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: Imprensa Oficial, 1954. 110 p.
415
MATTOS, J.R. Santaláceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1967. 18 p.
MATTOS, J.R. Frutos indígenas comestíveis do Rio Grande do Sul. 2. ed. Porto Alegre:
Publicação IPRNR, N. 1, 1978. 37 p.
MATTOS, J.R. Uvalheira: fruteiras nativas do Brasil. Porto Alegre : [s.n.], 1988. 36 p.
MEDEIROS, K. M. et al. Uso do bredo (Amaranthus spinosus L.) como alternativa e
complemento nutricional no tratamento da anemia ferropênica. In: SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA, 4., 2002, Recife. Livro de
Resumo... Recife, 2002. p. 200-201.
MEDINA, E.M.D.; RODRÍGUEZ, E.M.R.; ROMERO, C.D. Chemical characterization of
Opuntia dillenii and Opuntia ficus-indica fruits. Food Chemistry, London, v. 103, n. 1, p.
38-45, 2007. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 28 jun. 2007.
MEDOUA, G.N.; MBOFUNG, C.M.F. Kinetics studies of some physico-chemical
substances during roasting and preparation of beverage made by Cassia occidentalis seeds.
LWT – Food Science and Technology, London, v. 40, p. 730-736, 2007. Disponível em:
<www.sciencedirect.com>.Acesso em 27 jan. 2007.
MELO, J. G. de. Qualidade de produtos a base de plantas medicinais comercializados no
Brasil: castanha-da-índia (Aesculus hippocastanus L.), capim-limão (Cymbopogon citratus
(DC.) Stapf) e centela (Centella asiatica (L.) Urban). Acta Botanica Brasilica, São Paulo,
v. 21, n.1, p. 27-36, 2007.
MÉNDEZ, J. Dihydrocinnamic acids in Pteridium aquilinum. Food Chemistry, London,
v. 93, p. 251-252, 2005. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25
jan. 2006.
MENTZ, L.A.; OLIVEIRA, P. Solanum (Solanaceae) na região Sul do Brasil. Pesquisas,
Botânica, São Leopoldo, n. 54, p. 8-327, 2004.
MERCADANTE, A.; RODRÍGUEZ,-AMAYA, D. Carotenoid composition and vitamin A
valueon some native brazilian green leafy vegetables. International Journal of Food
Science Technology, London, v. 25, p. 213-219, 1990.
MESIA-VELA, S. et al. Solanum paniculatum L. (jurubeba): Potent inhibitor of gastric
acid secretion in mice. Phytomedicine, Jena, v. 9, p. 508-514, 2002. Disponível em:
<http://www.urbanfisher.de/journals/phytomed>. Acesso em 25 jan. 2007.
MICHELANGELI, F.A.; RODRIGUEZ, E. Absence of cyanogenic glycosides in the
tribeMiconieae (Melastomataceae). Biochemical Systematics and Ecology, Oxford, v. 33,
p. 335-339, 2005. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan.
2007.
MOLZ, M. Florística e estrutura do componente arbóreo de um remanescente
florestal na bacia do rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil. 2004. 62 f. Dissertação
416
(Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto de Biociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
MONDIN, C.A. Levantamento da tribo Heliantheae Cass.(Asteraceae), Sensu Stricto,
no Rio Grande do Sul, Brasil. 2004. 353 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-
Graduação em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2004.
MONTIEL-HERRERA, M. et al. Partial physicochemical and nutritional characterization
of the fruti of Vitex mollis (Verbenaceae). Journal of Food Composition and Analysis,
San Diego, v. 17, p. 205-215, 2004. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>.
Acesso em 25 jan. 2007.
MOREIRA, R.A. et al. Isolation and characterization of Dioclea altissima var. megacarpa
seed lectin. Phytochemistry, London, v. 46, n. 1, p. 139-144, 1997. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
MORS, W.B.; RIZZINI, C.T.; PEREIRA, N.A. Medicinal plants of Brazil. Algonac:
Reference Publications, 2000. 501 p.
MORTON, J.F. Spanish needles (Bidens pilosa L.) as a wild food resource. Economic
Botany, New York, v. 16, p. 173-179, 1962.
MORTON, J.F. Cattails (Typha spp.): weed problem or potential crop? Economic Botany,
New York, v. 29, p. 7-29, 1975.
MORTON, J.F. Brazilian pepper: its impact on people, animals and the environment.
Economic Botany, New York, v. 32, p. 353-359, 1978.
MOURA, A.C.A. et al. Antiinflamatory and chronic toxicity study of the leaves of
Ageratum conzoides L. in rats. Phytomedicine, Jena, v. 12, p. 138-142, 2005. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
MUKHERJEE, P.K. et al. Studies on antitussive activity of Drymaria cordata Willd.
(Caryophyllaceae). Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 56, p. 77-80, 1997.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
MÜLLER, A.; HEINRICHS, L.R.S. Redescobrindo a cozinha colonial alemã no RS. 2.
ed. Nova Petrópolis: Amstad, 2004. 157 p.
NADAL, S.R. et al. Effects of long-term administration of Senna occidentalis seeds in the
large bowel of rats. Pathology - Research and Practice, Stuttgart, v.199, p. 733-737,
2003. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
NAHRSTEDT, A.; SATTAR, E.A.; EL-ZALABANI, M.H. Amygdalin acyl derivatives,
cyanogenic glycosides from the seeds of Merremia dissecta. Phytochemistry, Oxford, v.
29, n. 4, p. 1179-1181, 1990.
417
NASCIMENTO, F.R.F. et al. Ascitic and solid Ehlich tumor inhibition by Chenopodium
ambrosioides L. treatment. Life Sciences, Elmsford, v. 78, p. 2650-2653, 2006. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
NEHER, R.T. The ethnobotany of Tagetes. Economic Botany, New York, v. 22, p. 317-
325, 1968.
NEPA/UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos – TACO – versão 2.
Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco>. Acesso em 15 ago. 2006.
NEUMANN, R. Plantas silvestres comestibles y condimenticias del NOA. Boletín
Desideratum (INTA), Salta. 2003. Disponível em: <http://www.e-campo.com>. Acesso
em 12 nov. 2004.
NEVES, P. de O. Análise estrutural do componente regenerante arbóreo-arbustivo de
uma floresta estacional no sul do Brasil. 2003. 67 f. Dissertação (Mestrado) - Programa
de Pós-Graduação em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
NICOLETTI, M. et al. Hypoxidaceae. Medicinal uses and the norlignan constituents.
Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 36, p. 95-101, 1992.
NOELLI, F.S. Documentação histórica do limite meridional da Araucaria angustifolia e do
início do processo de desmatamento no rio Grande do Sul, Brasil. Napaea, Porto Alegre,
n. 12, p. 69-74, 2000.
NORTON, H.H. Evidence for bracken fern as a food for aboriginal peoples of Western
Washington. Economic Botany, New York, v. 33, n. 4, p. 384-396.
OBIED, W.A.; MOHAMOUD,E.N.; MOHAMED, O.S.A. Portulaca oleracea (purslane):
nutritive composition and clinic-pathological effects on Nubian goats. Small Ruminant
Research, Amsterdam, v. 48, p. 31-36, 2003. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
ODHAV, B. et al. Preliminary assessment of nutritional value of traditional leafy
vegetables in KwaZulu-Natal, South Africa. Journal of Food Composition and Analysis,
San Diego, v. 20, n. 5, p. 430-435, 2007. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>.
Acesso em 08 jun. 2007.
OGLE, B.M. et al. Food, feed or medicine: the multiple functions of edible wild plants in
Vietnam. Economic Botany, New York, v. 57, n. 1, p. 103-117, 2003.
OLIVEIRA, J.M.S. de. Gênero Schinus L. (Anacardiaceae): características
embriológicas e a circunscrição das espécies ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul.
2005. 144 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto de
Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
OLIVEIRA, J.S.; CARVALHO, M.F. de. Nutritional value of some edible leaves used in
Mozambique. Economic Botany, New York, v. 29, p. 255-263, 1975.
418
OLSON, B.H. et al. Psyllium-enriched cereals lower blood total cholesterol and LDL
cholesterol, but not HDL cholesterol, in hypercholeserolemic adults: results of a meta-
analysis. The Journal of Nutrition, New York, v. 127, p. 1973-1980, 1997. Disponível
em: < http://jn.nutrition.org/cgi/reprint/127/10/1973>. Acesso em 24 dez. 2007.
ORLANDE, T.; LAARMAN, J.; MORTIMER, J. Palmito sustainability and economics in
Brazil’s Atlantic Coastal forest. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 80, p.
257-265, 1996. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
PAES COELHO-OLIVEIRA, A.A. Revisão taxonômica das Portulaca L. do Brasil.
2006. 197 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Botânica, Universidade
Estadual de Feira de Santana, Feira de Santa, 2006.
PAGOTTO. M.A.; SOUZA, M.C. de. Frutos de espécies arbóreas nativas consumidos pela
comunidade ribeirinha do alto rio Paraná, região de Porto Rico, Brasil. In: CONGRESSO
NACIONAL DE BOTÂNICA, 57., 2006, Gramado. Resumos...Gramado, 2006. Código
1596.
PALMEIRO, N.M.S. et al. Oral subchronic toxicity of aqueous crude extract of Plantago
australis leaves. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 88, p. 15-18, 2003.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
PASCUAL, B. et al. Chufa (Cyperus esculentus L. var. sativus Boeck.): An
unconventional crop. Studies related to applications and cultivation. Economic Botany,
New York, v. 54, n. 4, p. 439-448, 2000.
PASCUAL, M.E. et al. Antiulcerogenic activity Lippia alba (Mill.) N.E.Brown
(Verbenaceae). IL Farmaco, Pavia, v. 56, p. 501-504, 2001. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
PASCUAL, M.E. et al. Lippia: Tradicional uses, chemistry and pharmacology: a review.
Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 76, p. 201-214, 2001a. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
PASMIÑO-DURÁN, E.A. et al. Anthocyanins from Oxalis triangularis as potencial food
colorants. Food Chemistry, London, v. 75, p. 211-216, 2001. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
PAULA, J.P. de; GOMES-CARNEIRO, M.R.; PAUMGARTTEN, F.J.R. Chemical
composition, toxicity and mosquito repellency of Ocimum selloi oil. Journal of
Ethnopharmacology, Lausanne, v. 88, p. 253-260, 2003. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
PEDRALLI, G. Dioscoreáceas. In: REIS, A. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 2004. 84 p.
PEDRO, A. de. et al. Melampolides from Smallanthus macroscyphus. Biochemical
Systematics and Ecology, Oxford, v. 31, p. 1067-1071, 2003. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2005.
419
PEDRON, F. de A.; MENEZES, J.P.; MENEZES, N.L. de. Parâmetros biométricos de
fruto, endocarpo e semente de butiazeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n. 2, p.585-
586, 2004.
PEIRETTI, P.G.; PALMEGIANO, G.B.; MASOERO, G. Chemical composition, organic
matter digestibility and fatty acid content of evening primrose (Oenothera paradoxa)
during its growth cycle. Animal Feed Science and Technology, Amsterdan, v. 116, n. 3-
4, p. 293-299, 2005. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 26 jan.
2007.
PEMBERTON, R.W.; LEE, N.S. Wild food plants in South Korea; market presence, new
crops, and exports to the United States. Economic Botany, New Yok, v. 50, p. 57-70,
1996.
PENIDO, C. et al. Anti-inflammatory and anti-ulcerogenenic properties of Stachytarpheta
cayennensis (L.C.Rich) Vahl. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 104, p. 225-
233, 2006. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
PENNINGTON, T.D.; FERNANDES, E.C.M. (Eds.). The genus Inga utilization. Kew:
The Royal Botanic Gardens, 1998. 167 p.
PENNINGTON, T.D.; ROBINSON, R.K. Utilization profile of a new species: Inga ilta
T.D.Penn. In: PENNINGTON, T.D.; FERNANDES, E.C.M. (Eds.). The genus Inga
utilization. Kew: The Royal Botanic Gardens, 1998. p. 151-157.
PÉREZ-ARBELÁEZ, E. Plantas útiles de Colombia. Bogotá: Librería Colombiana
Camacho Roldán, 1956. 832 p.
PÉRES, V.F. et al. Comparison of soxhlet, ultrasound-assited and pressurized liquid
extraction of terpenes, fatty acids and Vitamin E from Piper gaudichuadianum Kunth.
Journal of Chromatography A, Amsterdam, v. 1105, p. 115-118, 2006.
PINTO, M.M. et al. Activity oh the aqueous extract from Polymnia sonchifolia leaves on
growth and production of aflatoxin B1 Aspergillus flavus. Brazilian Journal of
Microbiology, São Paulo, v. 32, p. 127-129, 2001.
PORTO. M.L. Cucurbitaceae. In: SCHULTZ, A.R. (Coord.). Flora Ilustrada do Rio
Grande do Sul, fasc. VIII. Porto Alegre: Instituto de Biociências, 1974. 64 p.
POSSAMAI, R.M. Guia ilustrado da flora arbórea do Morro do Osso, Porto Alegre,
RS. 1997. 307 f. Monografia (Trabalho de Conclusão) - Instituto de Biociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997.
POTT, A.; POTT, V.J. Plantas do Pantanal. Corumbá: EMBRAPA, 1994. 320 p.
POTT, V.J.; POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Corumbá: EMBRAPA, 2000. 404
p.
PRAZERES, L.C. Estudo dos aspectos biológicos da flor e do sistema de produção de
Passiflora actinia Hooker (Passifloraceae) na Região Metropolitana de Curitiba,
420
Paraná. Curitiba: UFPR, 1989. Dissertação(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Botânica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1989.
PRENDERGAST, H.D.V. et al. Pollen cakes of Typha spp. (Typhaceae): ‘lost’ and living
food. Economic Botany, New York, v. 54, n. 3, p. 254-255, 2000.
PRENDERGAST, H.D.V.; PEARMAN, G. Comparing uses and collections: the example
of Dodonaea viscosa Jacq. (Sapindaceae). Economic Botany, New York, v. 55, n. 2, p.
184-186. 2001.
RAGONESE, A.E.; MARTÍNEZ-CROVETTO, R. Plantas indígenas de la Argentina con
frutos o semillas comestibles. Revista de Investigaciones Agrícolas, Buenos Aires, v. I, n.
3, p. 147-216, 1947.
RAJU, M. et al. Carotenoid composition and vitamin A activity of medicinally important
green leafy vegetables. Food Chemistry, London, v. 101, p. 1598-1605, 2007. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
RAMBO, B. Análise histórica da flora de Porto Alegre. Sellowia, Itajaí, v. 6, n. 6. p. 9-
111, 1954.
RAMBO, B. A fisionomia do Rio Grande do Sul. São Leopoldo: Unisinos, 1956. 473 p.
(1ª. reimpressão 2000).
RAMBO, B. Solanaceae riograndenses. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n. 11, p. 1-68,
1961.
RAMBO, B. Labiatae riograndenses. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n. 15, p. 1-46,
1962.
RAMBO, B. Amarantaceae riograndenses. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n. 26, p .1-
30, 1968.
RAPOPORT, E.H.; LADIO, A. Los bosques andino-patagónicos como fuentes de
alimento. Bosque, Valdivia, v. 20, n. 2, p. 55-64, 1999.
RAPOPORT, E.H.; DRAUSAL, B. S. Edible plants. In: S. LEVIN (Ed.). Encyclopedia of
biodiversity. New York: Academic Press, 2001. p.375-382.
RAPOPORT, E.H.; LADIO, A.; SANZ, E.H. Plantas silvestres comestibles de la
Patagonia Andina: Argentino-Chilena. Parte II. Bariloche: Imaginaria, 2003a. 78 p.
RAPOPORT, E.H.; LADIO, A.; SANZ, E.H. Plantas nativas comestibles de la
Patagonia Andina: Argentino-Chilena. Parte I. Bariloche: Imaginaria, 2003b. 78 p.
RAPOPORT, E.H.; LADIO, A.; SANZ, E.H. Plantas nativas comestibles de la
Patagonia Andina: Argentino-Chilena. Parte II. Bariloche: Imaginaria. 2003c. 79 p.
RASEIRA, M. C. B. et al. Amora-preta. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1996. 33 p.
421
RATNASOORIYA, W.D. et al. Antioxidant activity of water extract of Scoparia dulcis.
Fitoterapia, Amsterdan, v. 76, p. 220-222, 2005. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
REITZ, R.. Palmeiras. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário
Barbosa Rodrigues, 1974. 180 p.
REITZ, R. Sapindáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1980. 160 p.
REITZ, R.; KLEIN, R.M.; REIS, A. Projeto madeira do Rio Grande do Sul. Sellowia,
Itajaí, n. 34-35, p. 1-515, 1983.
REITZ, R. Martiniáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1984a. 8 p.
REITZ, R. Tifáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário
Barbosa Rodrigues, 1984b. 16 p.
REPO-CARRASCO, R. Cultivos andinos: Importancia nutricional y posibilidades de
procesamiento. Cusco: Centro de Estudios Rurales Andinos Bartolomé de Las Casas, 1988.
110 p
REVILLA, J. Plantas úteis da Bacia Amazônica. Manaus: INPA/SEBRAE, 2000. p. 513.
(Volume II)
REYNERTSON, K.A.; BASILE, M.J.; KENNELLY, E. Antioxidant potential of seven
myrtaceous fruits. Ethnobotany Research and Applications, v. 3, p. 25-35, 2005.
Disponível em: <www.ethnobatanyjournal.org>.Acesso em 27 jan. 2006.
RICHARDSON, J.W.; SMITH, L.B. Canáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada
Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1972. 39 p.
RIVERA, F. et al. Toxicological studies of the aqueous extract from Achyrocline
satureoides (Lam.) DC. (Marcela). Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 95, p.
359-362, 2004. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 26 jan. 2007.
RODRIGUES, J.B. A Botânica: nomenclatura indígena e seringueiras. Edição fac-similar
das obras Mbaé Kaá - Tapyiyetá Enoyndava e as Heveas. Rio de Janeiro: Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, 1905. 86 p.
ROODENRYS, S. et al. Chronic effects of brahmi (Bacopa monnieri) on human memory.
Neuropsychopharmacology, New York, v. 27, n. 2, p. 279-281, 2002. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 26 jan. 2007.
ROGEZ, H. Açaí: preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém:
EDUFPA, 2000. 313 p.
422
ROZYCKI, V.R. et al. Composición de nutrientes en especies vegetales autóctonas de la
región Chaqueña, Argentina. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas, v. 47,
n. 3, p. 265-270, 1997.
RUFFA, M.J. et al. Cytotoxic effect of Argentine medicinal plants extracts on human
hepatocellular carcinoma cell line. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 79, p.
335-339, 2002. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
RUSSELL, C.E.; FELKER, P. The prickly-pears (Opuntia spp., Cactaceae): a source of
human and animal food in semiarid regions. Economic Botany, New York, v. 41, p; 433-
445.
SACCO, J. da C. Passifloráceas. In: REITZ, R. (ED.). Flora Ilustrada Catarinense.
Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1980. 132 p.
SANTOS, D. da S. Biologia reprodutiva de Bromelia antiacantha Bertol.
(Bromeliaceae) em uma população natural sob cobertura de Floresta Ombrófila
Mista. Florianópolis : UFSC, 2001. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação em Recursos Genéticos Vegetais, Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
SANTOS, M.C.P.; BOBBIO, P.A.; RODRÍGUEZ-AMAYA, D.B. Carotenoid composition
and vitamin A value of rami (Bohemeria nivea) leaves. Acta Alimentaria, Budapest, v.
17, n. 1, p. 33-35, 1988.
SACHDEV, K; KULSHRESHTHA, D.K. Flavonoids from Dodonaea viscosa.
Phytochemistry, Oxford, v. 22, p. 1253-1256, 1983.
SCARPA, G.F.; ARENAS, P. Especias y colorantes en la cocina tradicional de la Puna
jujeña (Argentina). Candollea, v. 51, n. 2, p. 483-514, 1996.
SCARPA, G.F. El arrope en el Noroeste Argentino: ayer una fiesta, hoy un capital. In:
ARANDA, A.G. (Coord.). Los sabores de España y América. Cultura y alimentación.
Huesca: La Val de Onsera, 1999. p. 93-139.
SCHEINVAR, L. Cactáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1985. 384 p.
SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; ATHAYDE, M.L. Saponinas. In: SIMÕES, C.M.O.
et al. (Orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS;
Florianópolis: UFSC, 2003. p. 711-740.
SCHERER, A.; MARASCHIN-SILVA, F.; BAPTISTA, L.R. de M. Florística e estrutura
do componente arbóreo de matas de restinga arenosa no Parque Estadual de Itapuã, RS,
Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 19, n. 4, p. 717-726, 2005.
SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. et al. Proximate composition and biological activity of
food plants gathered by Chilean Amerindians. Economic Botany, New York, v. 53, p.
177-187, 1999.
423
SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. et al. Proximate composition and free radical scavenging
activity of edible fruits from the Argentian Yungas. Journal of the Science of Food and
Agriculture, Chichester, v. 85, p. 1357-1364, 2005.
SCHUELTER, A.R. Análise Isozimática, Dialélica e Diversidade Genética Pimenta
Silvestre (Capsicum flexuosum Sendt.). Viçosa : UFV, 1996. 80 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Genética e Melhoramento, Universidade Federal de Viçosa, 1996.
SENNA, R.M.; KAZMIRCZAK, C. Pteridófitas de um remanescente florestal no Morro da
Extrema, Porto Alegre, RS. Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e
Agronomia de Uruguaiana, Uruguaiana, v. 4, n. 1, p. 47-57, 1997. Disponível em:
<http://revistas.campus2.br/fzva>. Acesso em 21 ago. 2007.
SERTIÉ, J.A.A. Pharmacological assay of Cordia verbenacea III: oral and topical
antiinflammatory activity and gastrotoxicity of a crude leaf extract. Journal of
Ethnopharmacology, Lausanne, v 31, n. 2, p. 239-247, 1991. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 21 ago. 2007.
SERTIÉ, J.A.A. et al. Pharmacological assay of Cordia verbenacea V: oral and topical
anti-inflammatory activity, analgesic effect and fetus toxicity of a crude leaf extract
Phytomedicine, Jena, v, 12, n. 5, p. 338-344, 2005. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 21 ago. 2007.
SHACKLETON, S.E. et al. Use and trading of wild edible herbs in the Central Lowveld
Savanna Region, South Africa. Economic Botany, New York, v. 52, n. 3, p. 251-259,
1998.
SHAHIN, M.; SMITH, B.L.; PRAKASH, A.S. Bracken carcinogens in the human diet.
Mutation Research, Amsterdam, v. 443, p. 69-79, 1999.
SHIRWAIKAR, A. et al. The gastroprotective activity of the ethanol extract of Ageratum
conyzoides. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 86, p. 117-121, 2003.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
SILVA, C.C. da. Chemical compositiom of Aloysia gratissima (Gill. et Hook) Tronc.
(Verbenaceae). Biochemical Systematics and Ecology, Oxford, v. 34, p. 593-595, 2006.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
SILVEIRA, N.J.E. Contribuição ao estudo de fruteiras nativas. Roessléria, Porto Alegre,
v. 7, n. 3, p. 206-208, 1985.
SIMOPOULOS, A.P. et al. Common purslane: a source of omega-3 fatty acids and
antioxidants. Journal of the American College of Nutrition, New York, v. 11, p. 374-
382, 1992.
SIMAS, F.F. et al. Structure of the fucose-containing acidic heteroxylan from the gum
exudate of Syagrus romanzoffiana (Queen palm). Carbohydrate Polymers, Barking, v.
63, p. 30-39, 2006. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan.
2007.
424
SIMÕES, C.M.O. et al. Plantas da medicina popular no Rio Grande do Sul. 5. ed. Porto
Alegre: UFRGS, 1998. 173 p.
SIMÕES, C.M.O.; SPITZER, V. Óleos voláteis. In: SIMÕES, C.M.O. et al. (Orgs.).
Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS; Florianópolis: UFSC,
2003. p. 466-495.
SIMPSON. B.B.; OGORZALY, M.C. Economic botany: plants in our world. 3
rd
. ed. New
York: McGraw-Hill, 2001. 529 p.
SMITH, L.B.; DOWNS, R.J. Solanáceas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada
Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1966. 321 p.
SMITH, L.B. et al. Gramíneas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1981. 436 p.
SINGH, V.; SINGH, B.; KAUL, V.K. Domestication of wild marigold (Tagetes minuta L.)
as a potencial economic crop western Himalaya and north Indian Plains. Economic
Botany, New York, v. 57, n. 4, p. 535-544, 2003.
SOARES, E.L.C. et al. Estudo etnobotânico do uso dos recursos vegetais em São João do
Polêsine, RS, Brasil, no período de outubro de 1999 a junho de 2001. I - Origem e fluxo do
conhecimento. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 6, n. 3, p. 69-95,
2004.
SOARES, E.L.C. Estudos taxonômicos em Solanaceae lenhosas no Rio Grande do Sul,
Brasil. 2006. 230 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Botânica,
Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
SOARES, E.L.C.; MENTZ, L.A. As espécies de Solanum subgênero Bassovia seção
Pachyphylla (=Cyphomandra Mart. ex Sendtn. – Solanaceae) no Rio Grande do Sul,
Brasil. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n. 57, p. 231-254, 2006.
SOBRAL, M. A família das Myrtaceae no Rio Grande do Sul. São Leopoldo: Unisinos,
2003, 215 p.
SOBRAL, M. et al. Flora arbórea e arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. São
Carlos: Rima : Novo Ambiente, 2006. 350 p.
SOULE, J.A. Tagetes minuta: A potencial nem herb from South America. In: JANICK, J.;
SIMON, J.E. (eds.). New crops. New York: J.Wiley, 1993. p. 649-654. 1993. Disponível
em: <http://www.hort.purdue.edu/newcrop/proceedings1993>. Acesso em 20 nov. 2005.
SOUZA, C.A.S de; AVANCINI, C.A.M.; WIEST, J.M. Atividade antimicrobiana de
Tagetes minuta L. - Compositae (chinchilho) frente a bactérias Gram-positivas e Gram-
negativas. Brazilian Journal Veterinary Research Aninal Science, São Paulo, v. 37, n.
6, p. 429-433, 2000.
425
SOUZA, G.C. de et al. Ethnopharmacological studies of antimicrobial remedies in the
South Brazil. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 90, p. 135-143, 2004.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 27 jan. 2007.
SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das
famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa: Instituto
Plantarum, 2005. 640 p.
TANAKA, C.M.A et al. A cembrane from Echinodorus grandiflorus. Phytochemistry,
Oxford, v. 44, p.1547-1549, 1997.
TANAKA, T. Progress in the development of economic botany and knowledge of food
plants. Economic Botany, New York, v. 21, p. 383-387, 1976.
TANIGUCHI, S. A macrocyclic ellagitannin trimer, oenotherin T1, from Oenothera
species. Phytochemistry, Oxford, v. 59, p. 191-195, 2002. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 26 jan. 2005.
TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C. Metodologia de análises de solo, plantas, adubos
orgânicos e resíduos. In: BISSANI,C.A. et al. (Eds.). Fertilidade dos solos e manejo da
adubação de culturas. Porto Alegre: Genesis, 2004. p. 61-66.
THABREW, I. et al. The effects of Cassia auriculata and Cardiospermum halicacabum
teas on the steady state blood level and toxicity of carbamazepine. Journal of
Ethnopharmacology, Lausanne, v. 90, n. 2, p. 145-150, 2004. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 26 jan. 2007.
TERESCHUK, M.L. et al. Antimicrobial activity of flavonoids from leaves of Tagetes
minuta. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 56, p. 227-232, 1997.
THOMAS, T.D.; MASEENA, E.A. Callus induction and plant regeneration in
Cardiospermum halicacabum Linn. an important medicinal plant. Scientia Horticulturae,
Amsterdam, v. 108, p. 332-336, 2006. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>.
Acesso em 26 jan. 2007.
TIBIRIÇÁ, E. et al. Pharmacological mechanisms envolved in the vasodilator effects from
Echinodorus grandiflorus. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 111, n. 2, p. 50-
55, 2007. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 08 jun. 2007.
TORKI, K. et al. (Delphinidin 3-gentiobiosyl) (apigenin 7-glucosyl) malonate from the
flowers of Eichhornia crassipes. Phytochemistry, Oxford, v. 36, n. 5, p. 1181-1183, 1994.
TSHIKALANGE, T.E.; MEYER, J.J.M.; HUSSEIN, A.A. Antimicrobial activity, toxicity
and isolation of a bioactive compound from plants used to treat sexually transmitted
diseases. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v. 96, p. 515-519, 2005. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 08 jun. 2007.
US Patent References. Composition and topical formulation of antiandrogens of
natural (plant) origin. US Patent References 5641480. Disponível em:
<http://www.patentstorm.us/patents/6113926-description.html>.Acesso em 05 jun. 2007.
426
VALLÉS. D.; FURTADO, S.; CANTERA, A.M.B. Characterization of news proteolytic
enzymes from ripe fruits of Bromelia antiacantha Bertol. (Bromeliaceae). Enzyme and
Microbial Technology, New York, v. 40, p. 409-413, 2007. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
VASCONCELLOS, I.M.; OLIVEIRA, J.T. Antinutritional properties of plant lectins.
Toxicon, Elmsford, v. 44, p. 385-403, 2004. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
VICHNEWSKI, W.; KULANTHAIVEL, P.; HERZ, W. Drimane derivatives from Drimys
brasiliensis. Phytochemistry, Oxford, v. 25, n. 6, p. 1476-1478, 1986.
VICENZI, M. de; MAIALETTI, F.; DESSI, M.R. Monographs on botanical flavouring
substances used in foods. Part IV. Fitoterapia, Amsterdam, v. 66, p. 203-210, 1995.
VIEYRA-ODILON, L.; VIBRANS, H. Weeds as crops: the value of maize field weeds in
the Valley of Toluca, Mexico. Economic Botany, New York, v. 55, n. 3, p. 426-443, 2001.
VOLPATO, G.; GODÍNEZ, D. Ethnobotany of Pru, a traditional Cuban refreshment.
Economic Botany, New York, v. 58, n. 3, p. 381-395, 2004.
VORSTER, P. xButyagrus, a new nothogeneric name for xButiarecastrum (Arecaceae).
Taxon, New York, v.39, p. 662-663, 1990.
VUOTTO, M.L. et al. Antimicrobial and antioxidant activities of Feijoa sellowiana fruit.
International Journal of Antimicrobial Agents, Local de publicação, v. 13, p. 197-201.
2000. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25 jan. 2007.
WAGNER, H. et al. Biologically active saponins from Dodonaea viscosa.
Phytochemistry, Oxford, v. 26, n. 3, p. 697-701, 1987.
WESCHE-EBELING, P. et al. Contributions to the botany and nutritional value of some
wild Amaranthus species (Amaranthaceae) of Nuevo León, Mexico. Economic Botany,
New York, v. 49, n. 4, p.423-430, 1995.
WEXEL, M.D.B. Contribuição à análise fitoquímica em Eryngium horridum Malme e
Eryngium pristis Cham. et Schlecht. 1977. 73 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-
Graduação em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1977.
WIEDENFELD, H.; RÖDER, E. Pyrrolizidine alkaloids from Ageratum conyzoides.
Planta Medica, Stuttgart, v. 57, n. 6, p. 578-579, 1991.
WILSON, E.D. Na evalutation of kenaff, roselle, and related Hibiscus for fiber production.
Economic Botany, New York, v. 21, p. 132-139, 1967.
WILSON, E.O. Diversidade da Vida. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. 447p.
WOLVERTON, B.C.; McDONALD, R.C. Nutritional composition of water hyacinths
grown on domestic sewage. Economic Botany, New York, v. 32, n. 4, p.363-370.
427
WYK, B.-E. van. Foods plants of the world: identification, culinary uses and nutritional
value. Pretoria: Briza, 2005. 480 p.
YAMADA, H.; NISHIZAWA, M.; KATAYAMA, C. Osladin, a sweet principle of
Polypodium vulgare. Structure revision. Tetrahedron Letters, Oxford, v. 33, n. 28, p.
4009-4010, 1992.
YEN, G.C.; CHEN, H.Y.; PENG, H.H. Evaluation of the cytotoxicity, mutagenicity and
antimutagenicity of emerging edible plants. Food and Chemical Toxicology, Oxford, v.
39, p. 1045-1053, 2001. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 25
jan. 2007.
ZÁCHIA, R.A.; IRGANG, B.E. A família Annonaceae no estado do Rio Grande do Sul,
Brasil. Pesquisas, Botânica, São Leopoldo, n. 55, p. 7-127, 2004.
ZÁCHIA, R.A. Diferenciação de componentes herbáceos e arbustivos em florestas do
Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Tavares – Rio Grande do Sul. 2006. 168 f. Tese
(Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto de Biociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
ZANATTA, L. et al. Effect of crude extract and fractions from Vitex megapotamica leaves
on hyperglycemia in alloxan-diabetic rats. Journal of Ethnopharmacology, Lausanne, v.
109, p. 151-155, 2007. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 26
jan. 2007.
ZAPPI, D.; AONA, L.Y.S.; TAYLOR, N. Cactaceae. In: WANDERLEY, M.G.L. et al.
(Coord.). Flora fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP, 2007. p.
163-193. v.5
ZENNIE, T.M.; OGZEWALLA, C.D. Ascorbic acid and vitamin A content of edible wild
plants of Ohio and Kentucky. Economic Botany, New York, v. 31, p. 76-79, 1977.
ZHAO, M. et al. Structural characterization of water-soluble polysaccharides from Opuntia
monacantha cladodes in relation to their anti-glycated activities. Food Chemistry,
London, v. 105, n. 4, p. 1480-1486, 2007.
ZHOU, W. et al. Extration and retrieval of potassium from water hyacinth (Eichhornia
crassipes). Bioresource Technology, Essex, v. 98, p. 226-231, 2007. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 26 jan. 2007.
ZUANAZZI, J.A.S.; MONTANHA, J.A. Flavonóides. In: SIMÕES, C.M.O. et al. (Orgs.).
Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS; Florianópolis: UFSC,
2003. p. 577-614.
ZULOAGA, F.O.; MORRONE, O. Catálago de las plantas vasculares de la República
Argentina. St. Louis: Missouri Botanical Garden Press, 1996. (Monagraphs in Systematic.
Botany, v. 2)
ZURLO, C.; BRANDÃO, M. As ervas comestíveis: descrição, ilustração e receitas. 2. ed.
São Paulo: Globo, 1990. 167 p.
Capítulo III
TEORES DE PROTEÍNA E MINERAIS DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO-
CONVENCIONAIS NATIVAS NO RIO GRANDE DO SUL
3.1. INTRODUÇÃO
A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), Rio Grande do Sul (RS), ainda
apresenta uma significativa riqueza de espécies nativas com potencial alimentício
(hortaliças e frutas) negligenciado. Cerca de 311 espécies (21%) da flora nativa da RMPA
apresentam potencial para uso na alimentação humana (KINUPP, 2007). Além de
indicativos etnológicos sobre seus usos como alimentos, pouco se conhece sobre as
mesmas, principalmente sob o aspecto toxicológico e bromatológico. A RMPA, da qual
foram selecionadas as espécies analisadas no presente estudo, segundo HABITAT (2003)
compreende 31 municípios e ocupa uma área de 9.825,61 km
2
, representando 3,65% da
área do Estado.
As hortaliças e frutas são sabidamente ricas em minerais, conforme os resultados
disponíveis nas tabelas de composição de alimentos, e.g., Mendez et al. (2003), Franco
(2004) e NEPA/UNICAMP (2006). Especialmente quando se trata de hortaliças e frutas
silvestres, geralmente os teores minerais são significativamente maiores do que em plantas
domesticadas (BOOTH et al., 1992; GUERRERO et al., 1998; SUNDRIYAL &
SUNDRIYAL, 2004; LETERNE et al., 2006; FLYMAN & AFOLAYAN, 2006; ODHAV
et al., 2007). Além dos minerais, em geral, frutas e hortaliças não-convencionais são mais
429
ricas em fibras e compostos com funções antioxidantes (SCHMEDA-HIRSCHMANN et
al., 2005; ODHAV et al., 2007) e muitas são fontes de proteínas superiores às fontes
vegetais convencionais (ALETOR et al., 2002; FASUYI, 2006; FASUYI, 2007; ODHAV
et al., op. cit.).
Em relação às proteínas é sabido que as de origem animal têm maior valor
biológico em comparação com proteínas vegetais. No entanto, populações de baixo poder
aquisitivo têm acesso limitado às proteínas animais. Assim, a identificação de espécies
vegetais ricas em proteínas e incentivos de cultivo e consumo destas espécies podem
contribuir para diminuir as deficiências nutricionais destas populações e fornecer
alternativas nutricionais para a população em geral, especialmente àquelas com hábitos e
dietas alimentares diferenciados, e.g., os vegetarianos. As hortaliças folhosas são boas
alternativas, sendo consideradas as mais baratas e abundantes fontes de proteínas (BYERS
apud ALETOR et al., 2002). Essas proteínas extraídas, principalmente das folhas das
plantas são denominadas em inglês pela expressão genérica “leaf proteins” (proteínas
foliares), mas especialmente no caso de plantas herbáceas, podem ser extraídas das plantas
inteiras (Ferrando, 1980). No Brasil, segundo Vieira (1983), as pesquisas sobre proteínas
foliares estão ainda em estágio incipiente. Apesar dos anos passados, poucas informações
estão disponíveis sobre proteínas vegetais de espécies nativas no Brasil. Vieira (op. cit.)
ressalta que os estudos, geralmente, são relacionados às forrageiras utilizadas por
ruminantes. Dentre as folhas com uso potencial na alimentação humana, o autor destaca
estudos com as folhas de duas espécies nativas, a mandioca ou aipim, típica da culinária
brasileira, e a hortaliça não-convencional Pereskia aculeata Mill.
As folhas representam uma importante fonte de proteínas (TUPYNAMBÁ &
VIEIRA, 1979; ALETOR & ADEOGUN,1995; FASUYI, 2007), mas poucos estudos com
hortaliças folhosas nativas no Brasil foram feitos. Alguns autores, no entanto, apontam
430
como empecilho para o uso das proteínas foliares na alimentação humana o alto teor de
fibras (DAYRELL & VIEIRA, 1979). Naturalmente que o tipo de fibra precisa ser
avaliado. Contudo, à luz dos novos estudos a fração de fibra da dieta moderna é
considerada deficiente e sua importância para o organismo humano é inegável (MENDEZ
et al., 2001). Frisa-se também que em relação às proteínas foliares precisa ser considerada
a existência de componentes tóxicos e ou antinutricionais (ALETOR & ADEOGUN,1995),
bem como os meios para reduzir e ou eliminar estes compostos.
Quanto aos elementos minerais, sabe-se que são largamente distribuídos na
natureza e exercem importantes funções no organismo humano. Segundo Franco (2004), o
corpo humano apresenta, na composição elementar, 96% de sua parte sólida formada pelos
compostos de hidrogênio, carbono, oxigênio e nitrogênio, os quais constituem os chamados
princípios imediatos: água, proteínas, carboidratos e lipídios. Os 4% restantes são
formados pelos minerais, sendo que somente cálcio (1,5%) e fósforo (1%) respondem por
2,5%, cabendo ao 1,5% restante todos os demais minerais, e.g., potássio, sódio, manganês,
magnésio, cloro, enxofre, zinco, flúor, cobre e outros. O corpo humano, em condições
normais, excreta diariamente de 20 a 30g de minerais e necessita de reposição imediata por
meio da alimentação.
Os minerais do organismo humano podem estar na forma sólida (dentes, ossos e na
constituição de tecidos moles e músculos) ou na forma de sais solúveis, agindo como
eletrólitos na manutenção da homeostase. Dentre suas importantes funções estão a
contratilidade muscular, a coagulação sangüínea, os processos digestivos, o transporte de
oxigênio e outros (FRANCO, 2004). Apesar de sua importância, pouco é conhecido sobre
os teores dos minerais nos alimentos, as interações entre eles e com outros compostos, bem
como sua biodisponibilidade e o efeito das diferentes formas de preparo culinário e
industrial sobre estes. Esta deficiência de informações é considerável mesmo para
431
alimentos básicos ou convencionais, especialmente para os elementos traço. Tratando-se de
plantas alimentícias nativas poucas espécies foram, minimamente, estudadas em relação à
composição mineral. Com o objetivo de prospectar o potencial alimentício e contribuir
com dados sobre os teores de proteína e minerais em espécies de plantas nativas
selecionadas e, quando possível, estabelecer comparações com espécies usuais
relacionadas e ou de usos similares, foi executado o presente trabalho.
3.2. MATERIAL E MÉTODOS
Tomou-se como base para a execução deste trabalho um estudo mais amplo de
prospecção e caracterização da riqueza florística da Região Metropolitana de Porto Alegre
(RMPA) com potencial alimentício, realizado por Kinupp (2007), onde estão disponíveis
informações sobre as formas de uso de todas as espécies aqui analisadas. Do total de
espécies levantadas pelo autor foram escolhidas para este estudo 69 espécies (Tabela 1). A
seleção das espécies foi feita de acordo com a disponibilidade da parte de interesse
comestível das espécies e procurou-se, além de selecionar espécies mais promissoras do
ponto vista alimentício, analisar aquelas que poucos pesquisadores teriam interesse e ou
disponibilidade de material biológico para execução das análises, assim contemplando as
mais diferentes famílias botânicas, hábitos e formas de vida, bem como a porção com
potencial uso alimentar. O outro critério decisivo adotado para esta seleção foi a escolha
apenas de espécies consumidas pelo autor, independentemente da quantidade e freqüência
deste consumo.
Quando possível, amostras botânicas férteis foram coletadas, herborizadas segundo
método usual e incorporadas no Herbário ICN, sob o número de coletor de V.F. Kinupp.
432
Tabela 1 - Lista das famílias botânicas, nomes científicos e populares das espécies alimentícias analisadas no presente estudo e,
respectivo número do material testemunho (voucher) depositado nos Herrios ICN (UFRGS), PACA (Unisinos) ou
HAS (Fundação Zoobotânica/RS). Faculdade de Agronomia - UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007. * Número de coletor de V.F. Kinupp
depositados tamm no Herbário ICN.
Família Espécies Nome popular No. de coletor* ou Herbário
Alismataceae Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli chapéu-de-couro ICN 34527
Alstroemeriaceae Bomarea edulis (Tussac) Herb. cará-de-caboclo PACA33947
Amaranthaceae Alternanthera philoxeroides (Mart.) Griseb. bredo-d'água 3190
Amaranthaceae Chamissoa altissima (Jacq.) Kunth erva-das-pombas HAS 50907
Anacardiaceae Schinus molle L. aroeira-salso ICN 95101
Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi aroeira-vermelha ICN 113346
Apiaceae Centella asiatica (L.) Urb. pé-de-cavalo ICN 4847
Apiaceae Daucus pusillus Michx. cenoura-selvagem 3208
Apiaceae Eryngium elegans Cham. & Schltdl. salsa-gaúcha-da-folha-larga ICN 9762
Apiaceae Eryngium nudicaule Lam. salsa-da-praia 3213
Apiaceae Eryngium pandanifolium Cham. & Schltdl. gravatá-do-banhado ICN 7831
Araliaceae Hydrocotyle bonariensis Lam. erva-capitão 3191
Arecaceae Butia capitata (Mart.) Becc. but 2867
Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman jerivá ICN 49444
Asteraceae Bidens pilosa L. picão-preto 2913
Asteraceae Erechtites valerianifolius (Link ex Spreng.) DC. cariçoba ICN 87235
Asteraceae Galinsoga quadriradiata Ruiz & Pav. picão-branco ICN 98604
Asteraceae Hypochaeris chillensis Hieron. radite ICN 67424
Asteraceae Soliva pterosperma (Juss.) Less. roseta ICN 53827
Brassicaceae Coronopus didymus (L.) Sm. mestruz ICN 94713
Bromeliaceae Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. ananá 3223
Bromeliaceae Bromelia antiacantha Bertol. bananinha-do-mato HAS 3060
Cactaceae Cereus hildmannianus K. Schum. tuna ICN 115413
Cactaceae Opuntia monacantha (Willd.) Haw. arumbeva 2639
Cannaceae Canna glauca L. caeté PACA 33019
Caricaceae Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. jaracatiá 3187
Commelinaceae Tradescantia fluminensis Vell. trapoeraba ICN 114917
Commelinaceae Tripograndra diuretica (Mart.) Handlos trapoeraba-de-flor-rósea 3205
433
continuação: Lista das famílias botânicas, nomes científicos e populares das espécies alimentícias analisadas no presente estudo e,
respectivo número do material testemunho (voucher) depositado nos Herrios ICN (UFRGS), PACA (Unisinos) ou
HAS (Fundação Zoobotânica/RS). Faculdade de Agronomia - UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007.
Família Espécies Nome popular No. de coletor ou Herbário
Dioscoreaceae Dioscorea dodecaneura Vell. caratinga 2931
Fabaceae - Faboideae Erythrina falcata Benth. corticeira-da-serra 3251
Hypoxidaceae Hypoxis decumbens L. tiririca-de-flor-amarela ICN 34939
Lamiaceae Salvia guaranitica A. St.-Hil. ex Benth. sálvia-azul 3025
Lamiaceae Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke tarumã ICN 88879
Malvaceae Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna paineira ICN 29376
Malvaceae Hibiscus diversifolius Jacq. hibisco-do-banhado 2545
Martyniaceae Ibicella lutea (Lindl.) van Eselt. chifre-do-diabo 3218
Moraceae Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Miq. figueira-da-pedra 3195
Myrtaceae Acca sellowiana (O. Berg) Burret goiaba-serrana PACA 2758
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa O. Berg guabiroba ICN 28811
Myrtaceae Eugenia involucrata DC. cereja-do-mato ICN 11833
Myrtaceae Eugenia multicostata D. Legrand araçá-piranga 3188
Myrtaceae Eugenia myrcianthes Nied. pêssegueiro-do-mato 2823
Myrtaceae Psidium cattleianum Sabine araçá ICN 119753
Plantaginaceae Plantago australis Lam. tansagem ICN 94784
Poaceae Merostachys multiramea Hack. taquara-mansa ICN 87583
Podocarpaceae Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl. pinheiro-bravo 2849
Polygonaceae Muehlenbeckia sagittifolia (Ortega) Meisn. salsaparrilha-do-rio-grande 2870
Pontederiaceae Heteranthera reniformis Ruiz & Pav. agrião-do-brejo ICN 83021
Portulacaceae Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. major-gomes ICN 114913
Rosaceae Rubus rosifolius Sm. var. rosifolius framboesa-silvestre 2957
Rosaceae Rubus urticifolius Poir. amora-do-mato ICN 94960
Sapindaceae Allophylus edulis (A. St.-Hil.) Radlk. ex Warm. chal-chal ICN 127931
Sapindaceae Dodonaea viscosa (L.) Jacq. vassoura-vermelha ICN 128953
Solanaceae Capsicum baccatum L. var. baccatum pimenta-cumari 3229
Solanaceae Physalis angulata L. joá-de-capote 3215
Solanaceae Physalis pubescensL. fisális 2995
Solanaceae Salpichroa origanifolia (Lam.) Baill. ovo-de-galo 2768
434
continuação: Lista das famílias botânicas, nomes científicos e populares das espécies alimentícias analisadas no presente estudo e,
respectivomero do material testemunha (voucher) depositado nos Herbários ICN (UFRGS), PACA (Unisinos) ou
HAS (Fundação Zoobotânica/RS). Faculdade de Agronomia - UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007.
Família Espécies Nome popular No. de coletor ou Herbário
Solanaceae Solanum americanum Mill. erva-moura 3185
Solanaceae Solanum paniculatum L. jurubeba-verdadeira ICN 101596
Solanaceae Solanum sisymbriifolium Lam. joá-das-taperas 2925
Solanaceae Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. espoo-de-galo 3113
Typhaceae Typha domingensisPers. taboa 3099
Urticaceae Boehmeria caudata Sw. assa-peixe ICN 5792
Urticaceae Parietaria debilis Forst. erva-de-ganso ICN 66294
Urticaceae Phenax uliginosus Wedd. urtiga-mansa ICN 4046
Urticaceae Urera aurantiaca Wedd. cansanção 3192
Urticaceae Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. urtigão 3168
Urticaceae Urera nitida (Vell.) Brack urtiga-de-leite 3167
Urticaceae Urtica circularis (Hicken) Sorarú urtiguinha ICN 132142
435
Para dirimir eventuais dúvidas taxonômicas do material analisado são citados
números de material testemunho depositados nos herbários consultados da RMPA de todas
as espécies estudadas (Tabela 1). Os acrônimos dos herbários citados estão de acordo com
o Index Herbariorum (2007). A circunscrição das famílias segue AGP II de acordo com
Souza & Lorenzi (2005).
As análises de macro e micronutrientes e de alguns elementos traço das partes
vegetais de interesse alimentício foram executadas no Laboratório de Solos e Tecidos
Vegetais da Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFRGS, de acordo com metodologia de rotina descrita em Tedesco & Gianello (2004).
Esta metodologia, resumidamente compilada no Quadro 1, é idêntica à utilizada para as
análises dos minerais contemplados na TACO – Tabela Brasileira de Composição de
Alimentos - (NEPA/UNICAMP, 2006).
As amostras foram colhidas, preferencialmente na RMPA, de populações silvestres,
além de populações cultivadas ou espontâneas em áreas antrópicas. Algumas espécies ou
derivados foram adquiridos no comércio (chapéu-de-couro; aroeira-vermelha; mestruz;
ananá; goiaba-serrana, guabiroba e butiá (suco); jurubeba-verdadeira). As amostras para as
análises foram obtidas retirando-se das espécies escolhidas as partes de uso alimentício
potencial, no ponto de colheita para o efetivo consumo. Para que a amostragem fosse
realmente representativa coletou-se uma quantidade acima do necessário e de vários
indivíduos da mesma espécie, quando disponível. A quantidade mínima de material para a
efetuação das análises foi de 5 a 10g em base seca. Todas as amostras foram lavadas em
água corrente, secas em estufa a aproximadamente 75ºC e trituradas em liquidificador
doméstico. As que se tornaram mais resistentes ou duras com o processo de secagem foram
trituradas em moinho (moedor) de facas. As amostras líquidas de sucos e polpas foram
436
analisadas in natura. Os resultados das análises foram expressos em base seca, exceto para
as análises das amostras de suco e ou polpa, expressos em base úmida.
Para comparar os teores minerais das espécies nativas com espécies relacionadas e
ou de usos similares, adotou-se os dados da TACO (NEPA/UNICAMP, 2006) e outras
fontes. Foram escolhidas algumas espécies que se destacaram pelos altos teores de
determinados elementos para as comparações com espécies convencionais relacionadas ou
proximamente relacionadas ao grupo taxonômico destas e ou com espécies
gastronomicamente relacionadas, disponíveis na TACO (NEPA/UNICAMP, 2006). Esta
referência na apresentação e discussão dos resultados foi referida simplesmente como
TACO. Os nomes científicos das espécies da TACO utilizadas nas comparações não são
citados, sendo fornecidos apenas o nome popular adotado nesta referência, onde os
correspondentes nomes científicos estão disponíveis (NEPA/UNICAMP, 2006, p.15-19).
Os dados foram apresentados em percentagem (%) para facilitar comparações e
conversões (Tabela 2). Estes resultados são discutidos de acordo com a posição nesta
tabela. No entanto, para padronizar as comparações, tanto os dados do presente estudo
quanto os das referências utilizadas na comparação são convertidos nas unidades mais
adequadas para cada caso. Contudo, sempre no início da discussão, a unidade utilizada
naquele parágrafo é citada. Os procedimentos efetuados para conversões foram os
seguintes: (1) para converter % para mg/100g multiplicou-se os valores por 1000; (2) na
conversão dos valores da TACO para base seca, multiplicou-se 100 pelo valor a ser
convertido e dividiu-se este resultado pelo valor total de matéria seca da amostra, ou seja,
100% de umidade menos a umidade expressa na tabela, obtendo-se assim os valores em
base seca; (3) para a conversão do N total (%), fornecido pelos laudos, em proteína,
multiplicou-se este valor pelo fator de conversão de proteína vegetal (5,75), obtendo-se o
437
teor de proteína em base seca; (4) para converter os dados em mg/kg (mg/1000g) para
mg/100g dividiu-se por 10.
Quadro 1 – Metodologia utilizada para quantificação de minerais em tecidos vegetais. Resultados
expressos com base em material seco à 75ºC. Fonte: Tedesco & Gianello (2004).
Determinações Metodologia aplicada / Limite de detecção
Nitrogênio (TKN) - % Kjeldahl / 0,01%
Fósforo total - % digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES* / 0,01%
Potássio total - % digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES / 0,01%
Cálcio total - % digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES / 0,01%
Magnésio total - % digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES / 0,01%
Enxofre total - % digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES / 0,01%
Cobre total - mg/kg digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES / 0,3 mg/kg
Zinco total - mg/kg digestão úmida nítrica percrica/ ICP-OES / 1 mg/kg
Ferro total - mg/kg digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES / 2 mg/kg
Manganês total - mg/kg digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES / 2 mg/kg
Sódio total - mg/kg digestão úmida nítrica perclórica/ ICP-OES /10 mg/kg
Boro total - mg/kg digestão seca/espec. abs. mol. / 1 mg/kg
*ICP-OES: Espectrometria de emissão atômica com fonte de plasma indutivamente
acoplado.
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas 76 amostras, perfazendo 69 espécies botânicas, distribuídas em
58 gêneros e 33 famílias, sendo 18 destas representadas por uma espécie. As famílias com
maior número de espécies analisadas estão também as de maior riqueza de espécies com
potencial alimentício apontadas por Kinupp (2007). Aquelas com mais de quatro espécies
analisadas, em ordem decrescente, foram: Solanaceae (8 espécies); Urticaceae (7);
Myrtaceae (6); Apiaceae (5); Asteraceae (5) e 10 famílias com duas espécies cada, além
das 18 famílias monoespecíficas (Tabela 1). O número de análises superior ao das espécies
438
avaliadas deve-se ao fato de que algumas espécies tiveram duas partes de interesse
alimentício analisadas (Tabela 2).
Concernente às partes de uso alimentício, as folhas destacaram-se com 20 espécies,
além de outras cinco que tiveram suas folhas e talos (=caules, ramos tenros) analisados,
totalizando assim 25 espécies de hortaliças folhosas. Frutos maduros foram selecionados
em 19 espécies; polpa ou suco em sete espécies; parte aérea total em cinco espécies;
plantas produtoras de ‘palmito’ em três espécies; raízes tuberosas, rizomas, cladódios,
inflorescências, flores e frutos imaturos em duas espécies cada categoria; e as categorias
casca, pólen, tubérculo, medula caulinar e ‘pseudofruto’ representaram, cada uma, uma
espécie analisada (Tabela 2).
Em relação às proteínas, muitas espécies mostraram-se promissoras (Tabela 2).
Segundo Pirie apud Ferrando (1980) as plantas aquáticas são fontes promissoras de
proteínas, produzindo grandes quantidades de fitomassa por hectare. Entre as espécies
analisadas nesta pesquisa, pelo menos três são classificadas como aquáticas ou anfíbias:
Alternanthera philoxeroides, Heteranthera reniformis e Typha domingensis. Alternanthera
philoxeroides apresentou 19,55% de proteína em base seca. Esta espécie é destacada por
Boyd (1969), por produzir cerca 7.980 kg.ha
-1
de fitomassa fresca e ao redor de 25% de N
total em base úmida. Desta forma, A. philoxeroides poderia ser utilizada no preparo de
concentrados protéicos, além ser consumida também como hortaliça folhosa (verdura).
Heteranthera reniformis apresentou um teor ainda maior de proteína (23%) e também é
bastante freqüente e abundante nos banhados (brejos) na RMPA, apesar de não ter sido
encontrada referência sobre a produção de fitomassa por hectare para esta espécie. Typha
domingensis que é muito abundante nos banhados da RMPA, ocorre praticamente em todo
o Brasil e em diversos outros países, apresentou cerca de 16 e 19% de proteína no palmito
e pólen, respectivamente. A produção de palmito por hectare ainda não foi avaliada, mas a
439
Tabela 2 - Composão protéica e mineral (em base seca) de plantas alimentíciaso-convencionais. Prot. - teor de proteína; P/S - polpa/suco;
FM - Frutos maduros; FI - frutos imaturos; PA - partes aéreas; F - folhas; P - polens; PAL - palmitos; F&R - folhas e ramos; RT - raízes tuberosas;
CL - cladódios; R - rizomas; M - medulas; PF - pseudofrutos (epimatium); FL - flores; I - inflorescências (flores ou escapo/eixo);
C - cascas dos frutos; T - tubérculos. Faculdade de Agronomia UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007.
Espécies Porção Prot. (%) Ca (%) Mg (%) Mn (%) P (%) Fe (%) Na (%) K (%) Cu (%) Zn (%) S (%) B (%)
Acca sellowiana*
P/S 0,119025 0,0068 0,0039 0,000062 0,0048 0,0004 0,0004 0,0684 0,000016 0,000022 0,0037 0,00004
Allophylus edulis
*
P/S 0,271975 0,0134 0,0133 0,0001 0,0185 0,0015 0,001 0,1289 0,000044 0,00019 0,0133 0,00008
Alternanthera philoxeroides
F&R 19,55 1,3 0,72 0,0115 0,33 0,0138 0,38 4,4 0,0008 0,0114 0,48 0,0024
Ananas bracteatus
C 3,45 0,13 0,08 0,0059 0,09 0,0051 0,0044 1,7 0,0003 0,0013 0,09 0,0004
Ananas bracteatus
FM 2,9325 0,24 0,18 0,0155 0,07 0,0035 0,0016 1,5 0,0005 0,0013 0,08 0,0005
Bidens pilosa
PA 21,275 1,1 0,54 0,0118 0,71 0,0153 0,0031 3 0,0011 0,0058 0,25 0,0025
Boehmeria caudata
F 24,15 3,2 0,53 0,0067 0,58 0,0232 0,1 2 0,0062 0,0063 0,49 0,0024
Bomarea edulis
RT 4,5425 0,04 0,06 0,0002 0,48 0,0027 0,028 2,1 0,0005 0,0016 0,06 0,0002
Bromelia antiacantha
FM 4,025 0,32 0,22 0,0506 0,06 0,00028 0,0064 1,8 0,0006 0,0032 0,13 0,0008
Butia capitata
FM 4,14 0,09 0,08 0,0022 0,12 0,0033 0,0154 1,8 0,0006 0,0008 0,16 0,0014
Butia capitata
*
P/S 0,42205 0,003 0,0063 0,0001 0,0198 0,0007 0,0009 0,2939 0,0001 0,0001 0,017 0,0001
Campomanesia xanthocarpa*
P/S 0,374325 0,0087 0,0097 0,000078 0,0072 0,0005 0,0003 0,1337 0,000051 0,000094 0,0074 0,00006
Canna glauca
R 5,52 0,06 0,35 0,0026 0,18 0,001 0,0021 3,5 0,0005 0,004 0,1 0,0006
Capsicum baccatum
FM 8,05 0,06 0,22 0,0014 0,3 0,0031 0,0031 1,8 0,0004 0,001 0,18 0,001
Ceiba speciosa
F 21,275 0,83 0,58 0,0031 0,46 0,009 0,0189 2,8 0,0015 0,0032 0,19 0,0012
Centella asiatica
F 16,1 1,3 0,4 0,13 0,18 0,0138 0,52 2,9 0,0009 0,0219 0,53 0,0016
Cereus hildmannianus
CL 13,225 1,8 0,66 0,0815 0,31 0,0056 0,24 4,2 0,0007 0,0061 0,2 0,0016
Chamissoa altissima
F 19,55 2,5 1,42 0,0892 0,18 0,0094 0,142 4,1 0,001 0,0068 0,4 0,0043
Coronopus didymus
PA 28,175 1,2 0,41 0,0029 0,72 0,01 0,14 4 0,0008 0,0061 1,2 0,0018
Daucus pusillus
I 13,8 1,84 0,46 0,0078 0,39 0,0058 0,0389 3,4 0,0009 0,0052 0,38 0,003
Dioscorea dodecaneura
T 9,775 0,03 0,06 0,0002 0,19 0,0032 0,0229 1,6 0,0002 0,0029 0,11 0,0005
Dodonaea viscosa
F 12,65 0,67 0,26 0,0107 0,16 0,0114 0,0192 1,4 0,0008 0,0033 0,22 0,0012
Echinodorus grandiflorus
F 12,65 2,1 0,21 0,0256 0,26 0,0168 1,4 2,5 0,0002 0,0018 0,23 0,0016
Erechtites valerianifolius
F 23 0,86 0,24 0,0069 0,48 0,0477 0,0171 5,1 0,0013 0,0078 0,23 0,0015
Eryngium elegans
F 12,65 0,17 0,21 0,0066 0,21 0,0118 0,53 6,3 0,0017 0,0028 0,21 0,0016
Eryngium elegans
I 12,65 0,98 0,25 0,012 0,38 0,0145 0,2 4,7 0,002 0,0055 0,26 0,0012
Eryngium nudicaule
F 18,4 1,9 0,34 0,0172 0,9 0,0189 0,57 4,7 0,0016 0,0072 0,26 0,0019
440
continuação: Composão protéica e mineral (em base seca) de plantas alimentícias não-convencionais. Prot. - teor de proteína; P/S - polpa/suco;
FM - Frutos maduros; FI - frutos imaturos; PA - partes aéreas; F - folhas; P - polens; PAL - palmitos; F&T - folhas e talos; RT - raízes tuberosas;
CL - cladódios; R - rizomas; M - medulas; PF - pseudofrutos (epimatium); FL - flores; I - inflorescências (flores ou escapo/eixo);
C - cascas dos frutos; T - tubérculos. Faculdade de Agronomia – UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007.
Espécies Porção Prot. (%) Ca (%) Mg (%) Mn (%) P (%) Fe (%) Na (%) K (%) Cu (%) Zn (%) S (%) B (%)
Eryngium pandanifolium
PAL 14,375 1,6 0,44 0,13 0,4 0,0043 0,72 6,7 0,0051 0,0115 0,18 0,0018
Erythrina falcata
FL 18,4 0,25 0,0013 0,22 0,39 0,0059 0,0023 3,2 0,0007 0,0043 0,18 0,0023
Eugenia involucrata*
P/S 0,413425 0,0098 0,0067 0,0001 0,0082 0,0004 0,0042 0,1249 0,000037 0,0001 0,006 0,00005
Eugenia multicostata
FM 10,925 0,39 0,11 0,0019 0,14 0,0032 0,0162 2 0,0013 0,0011 0,09 0,0011
Eugenia myrcianthes
FM 8,05 0,1 0,11 0,0028 0,18 0,0018 0,0024 1,3 0,0006 0,0021 0,09 0,0011
Eugenia myrcianthes*
P/S 0,35075 0,0051 0,0072 0,0001 0,0093 0,0002 0,0003 0,1124 0,000019 0,0001 0,0046 0,00005
Ficus enormis
FM 8,625 0,89 0,31 0,006 0,22 0,0035 0,0443 2,5 0,0009 0,0021 0,12 0,0015
Galinsoga quadriradiata
PA 19,55 2 0,67 0,0035 0,84 0,0135 0,0085 2,9 0,0019 0,006 0,39 0,0021
Heteranthera reniformis
F 23 0,92 0,49 0,0848 0,76 0,0089 0,0411 5,8 0,0013 0,0052 0,38 0,0017
Hibiscus diversifolius
FL 12,65 0,64 0,32 0,0428 0,35 0,0137 0,0806 2,1 0,001 0,0039 0,19 0,0019
Hydrocotyle bonariensis
F 19,55 3,4 0,28 0,0051 0,49 0,0101 0,14 2,2 0,0011 0,0048 0,58 0,0022
Hypochaeris chillensis
F 16,1 1 0,33 0,0093 0,5 0,0084 0,62 3,1 0,0029 0,0077 0,53 0,0017
Hypoxis decumbens
R 8,625 0,7 0,24 0,0031 0,74 0,0059 0,0695 1,4 0,001 0,0094 0,2 0,0007
Ibicella lutea
FI 6,9 0,22 0,17 0,0016 0,28 0,0044 0,0962 2,5 0,0009 0,0025 0,11 0,0012
Jacaratia spinosa
M 3,68 3,2 0,68 0,0014 0,07 0,0021 0,0426 7,6 0,0002 0,0007 0,18 0,0015
Merostachys multiramea
FM 9,775 0,02 0,07 0,0038 0,17 0,0032 0,0007 0,23 0,0012 0,0022 0,13 0,0002
Muehlenbeckia sagittifolia
F 27,025 0,84 0,69 0,0016 0,35 0,012 0,039 3,8 0,0008 0,0079 0,37 0,0025
Opuntia monacantha
CL 3,91 3,2 1 0,23 0,17 0,0044 0,34 3,7 0,0003 0,0256 0,28 0,0022
Parietaria debilis
PA 12,65 4,1 0,25 0,003 0,18 0,0153 0,0416 2,7 0,0005 0,0037 0,34 0,0021
Phenax uliginosus
F 24,15 5,2 0,66 0,0121 0,28 0,0205 0,0411 2,2 0,0014 0,003 0,33 0,0031
Physalis angulata
FM 6,9 0,03 0,19 0,0011 0,37 0,002 0,0314 2,3 0,0006 0,0015 0,14 0,0013
Physalis pubescens
FM 10,35 0,05 0,16 0,0008 0,34 0,0048 0,0104 2,3 0,001 0,002 0,14 0,0004
Plantago australis
F 14,95 4 0,5 0,0045 0,63 0,01 0,0669 5,2 0,0086 0,0026 1 0,0021
Podocarpus lambertii
PF 3,8525 0,19 0,06 0,0007 0,12 0,0019 0,0063 1,4 0,0003 0,0008 0,07 0,0009
Psidium cattleianum
FM 3,7375 0,18 0,08 0,0018 0,11 0,0016 0,0545 1,3 0,0006 0,0015 0,06 0,0011
Rubus rosifolius
FM 6,9 0,32 0,18 0,0138 0,33 0,0053 0,007 1,7 0,0008 0,0031 0,09 0,0014
Rubus urticifolius
FM 8,05 0,34 0,23 0,0045 0,22 0,003 0,0248 1,2 0,0008 0,0015 0,11 0,0012
Salpichroa origanifolia
FM 18,4 0,05 0,18 0,0008 0,53 0,0147 0,0094 3,5 0,0012 0,0018 0,2 0,0009
Salvia guaranitica
RT 6,9 0,4 0,16 0,0015 0,25 0,0094 0,0296 1,6 0,0005 0,0045 0,08 0,0008
441
continuação: Composição protéica e mineral (em base seca) de plantas alimentíciaso-convencionais. Prot. - teor de proteína; P/S - polpa/suco;
FM - Frutos maduros; FI - frutos imaturos; PA - partes aéreas; F - folhas; P - polens; PAL - palmitos; F&T - folhas e talos; RT - raízes tuberosas;
CL - cladódios; R - rizomas; M - medulas; PF - pseudofrutos (epimatium); FL - flores; I - inflorescências (flores ou escapo/eixo);
C - cascas dos frutos; T - tubérculos. Faculdade de Agronomia UFRGS, Porto Alegre, RS. 2007.
Espécies Porção Prot. (%) Ca (%) Mg (%) Mn (%) P (%) Fe (%) Na (%) K (%) Cu (%) Zn (%) S (%) B (%)
Schinus molle
FM 4,6 0,49 0,15 0,0047 0,2 0,0034 0,0151 1,1 0,0006 0,0014 0,09 0,0016
Schinus terebinthifolius
FM 5,75 0,25 0,14 0,0012 0,19 0,0057 0,1 1,1 0,0009 0,0014 0,1 0,0013
Solanum americanum
F&R 29,9 1,5 0,9 0,0176 0,59 0,0211 0,0055 3,1 0,001 0,0043 0,52 0,002
Solanum paniculatum
FI 12,075 0,7 0,22 0,0014 0,26 0,0048 0,0095 1,8 0,0009 0,0017 0,16 0,0013
Solanum sisymbriifolium
FM 8,05 0,14 0,23 0,0017 0,24 0,0026 0,058 2,2 0,0011 0,0018 0,15 0,001
Solanum sisymbriifolium*
P/S 0,322575 0,0147 0,0144 0,000068 0,0096 0,0006 0,005 0,2569 0,000067 0,0001 0,0131 0,00006
Soliva pterosperma
F 18,4 0,98 0,3 0,0182 0,73 0,0152 0,77 5,1 0,0011 0,01151 0,52 0,0021
Syagrus romanzoffiana
PAL 9,775 0,15 0,64 0,0061 0,35 0,0018 0,34 2,8 0,0011 0,0095 0,29 0,0009
Talinum paniculatum
F&R 21,85 1,3 2,1 0,0275 0,25 0,0151 0,0142 6,8 0,0015 0,0229 0,32 0,0017
Tradescantia fluminensis
F&R 17,25 1,65 1,34 0,000016 0,29 0,0073 0,0261 3,1 0,0017 0,0092 0,24 0,0018
Tripograndra diuretica
F&R 7,475 1,53 0,36 0,0049 0,21 0,0093 0,017 2,8 0,0004 0,0027 0,14 0,0012
Typha domingensis
PAL 16,1 1,57 0,53 0,238 0,79 0,0051 1,8 7,3 0,0014 0,0109 0,21 0,0014
Typha domingensis
P 18,975 0,13 0,22 0,0065 0,64 0,006 0,0362 2,1 0,0009 0,0038 0,28 0,0008
Urera aurantiaca
F 20,7 4,8 0,79 0,0094 0,24 0,0374 0,0283 2 0,0006 0,0049 0,35 0,005
Urera aurantiaca
(MG)
F 20,7 5,3 0,58 0,0046 0,28 0,0436 0,0115 1,5 0,0007 0,0033 0,45 0,0045
Urera baccifera
F 23 5 0,54 0,0072 0,27 0,0209 0,0108 3,1 0,0008 0,0039 0,27 0,0053
Urera nitida
F 19,55 3,9 0,96 0,22 0,32 0,0333 0,1 2 0,0007 0,0051 0,33 0,0051
Urtica circularis
PA 28,175 2,9 1 0,0263 0,85 0,0149 0,0839 3,3 0,0007 0,0065 0,37 0,002
Vassobia breviflora
FM 10,35 0,05 0,21 0,0016 0,28 0,0069 0,0089 2,5 0,0004 0,0015 0,21 0,0013
Vitex megapotamica
FM 2,07 0,04 0,06 0,002 0,06 0,0015 0,0366 1,2 0,0006 0,001 0,05 0,001
*Dados em base úmida - amostra in natura
442
expectativa é muito promissora. Já a produção de pólen, segundo extrapolações de Arenas
& Scarpa (2003), pode variar de 216 a 4000 kg ha
-1
, o que a torna espécie uma cultura
agrícola promissora.
Merecem destaque ainda pelo teor considerável de proteína em % (base seca), as
Urticaceae: Boehmeria caudata e Phenax uliginosus (ambas com 24,15%); Urera
aurantiaca (20,7); U. baccifera (23); U. nitida (19,55) e Urtica circularis (28). Outras
hortaliças subutilizadas do presente estudo - Coronopus didymus (28,17), Erechtites
valerianifolius (23), Solanum americanum (29,9), palmito de Typha domingensis (16) –
são comparáveis, respectivamente, a espécies convencionais com formas de usos similares
citadas na TACO - mostarda (28,57), catalonha (25), espinafre (33,33) e palmito de
pupunha (18,18). Pereskia aculeata (ora-pro-nóbis ou carne-de-pobre), uma espécie nativa
subutilizada bastante propalada como altamente rica em proteína foliar, possui cerca de
25% de proteína em base seca (ALMEIDA-FILHO & CAMBRAIA, 1974; DAYRELL &
VIEIRA, 1977), teor similar e até inferior ao destas hortaliças silvestres aqui destacadas.
Pela singular oportunidade, raridade e disponibilidade de material, cariopses de
Merostachys multiramea foram analisadas, apresentando 9,7% de proteína, teor levemente
superior ao do arroz integral (9%) de acordo com a TACO. No entanto, o uso desta espécie
como cereal não é factível por apresentar um ciclo vegetativo muito longo, florescendo,
frutificando e morrendo de forma quase sincrônica na região de ocorrência. Este ciclo não
é bem documentado, comenta-se, em geral, em 30 anos, mas alguns autores especulam que
este ciclo possa ser menor para algumas espécies de Merostachys, e.g., Jaksic & Lima
(2003) citam um ciclo de 14 anos. Nestes períodos de frutificação sincrônica há relatos de
que as cariopses são coletadas para o consumo humano e para alimentar galinhas (SMITH
et al., 1981). Fato este que é corroborado aqui, pois os frutos analisados foram doados pelo
Biólogo Rodney Schmidt a partir de uma amostra obtida com um morador de Jaquirana
443
(RS), o qual mantinha o produto estocado para alimentação de galinhas. Este excedente
momentâneo de alimento pode resultar na proliferação de ratos, ocasionando as chamadas
“ratadas” (JAKSIC & LIMA, 2003). Este fenômeno ocorreu recentemente em vários
municípios de Santa Catarina levando a prejuízos econômicos diversos e óbitos por
hantavirose (A NOTÍCIA, 2005).
Entre as tuberosas analisadas Hypoxis decumbens (8,6%) e Dioscorea dodecaneura
(9,7%) apresentaram teores de proteína superiores às espécies correlacionadas, seja nas
formas de uso ou pelo parentesco botânico, caso da segunda espécie pertencente ao mesmo
gênero da espécie (cará) analisada na TACO: batata-baroa (3,84%) e cará (7,69%). Estudos
subseqüentes são necessários para determinar a composição e os teores dos aminoácidos
presentes nas proteínas das espécies aqui apresentadas, bem como sua biodisponibilidade e
meios de maximizar o seu aproveitamento, e.g., produção de farinhas e ou concentrados e
eventuais métodos de detoxicação, se necessários e viáveis.
De acordo com os resultados das análises (Tabela 2) segue a discussão abordando
cada mineral na mesma seqüência apresentada nesta tabela. Os dados em porcentagem (%)
desta tabela foram convertidos para mg/100g para permitir comparações com os dados da
TACO (mg/100g) e assim discutidos, sendo a unidade citada apenas uma vez no início de
cada parágrafo.
Das 76 análises realizadas de partes com potencial alimentício das espécies nativas,
23 apresentaram mais de 1000 mg/100g de cálcio (Ca), em base seca (Tabela 2). Cabe
destacar os altos teores deste mineral em mg/100g apresentados por algumas espécies:
Urera aurantiaca (5.300) – amostra de Pedro Leopoldo (MG); Jacaratia spinosa (3.200);
palmitos de Typha domingensis (1.570). O espinafre-da-nova-zelândia, de acordo com a
TACO, possui 1.633 mg/100g de Ca, valor significativo, mas muito inferior aos
apresentados por diversas espécies nativas com potencial como hortaliças, além das
444
apresentadas aqui (Tabela 2). Hypochaeris chillensis (1.000), possui um valor próximo ao
da serralha (1.260), de acordo com a TACO, uma espécie exótica similar botanicamente e
na forma de uso culinário. Cabe destacar que H. chillensis, popularmente conhecida por
radite, entre outros nomes compilados por Kinupp (2007), é uma das hortaliças folhosas de
uso regional mais difundido em algumas regiões do sul do Brasil. Esta hortaliça é bastante
consumida no interior do RS, sendo, em pequena escala, comercializada nas feiras
ecológicas de Porto Alegre. Esta espécie teve o maior número de citações (93 pessoas)
como planta comestível em quatro municípios deste Estado no trabalho de Carneiro
(2004). Entre as frutíferas, os teores de Ca são menores, merecendo destaque somente as
Bromeliaceae: Ananas bracteatus (240) e Bromelia antiacantha (320), valores superiores
ao do abacaxi (157), disponível na TACO, que é da mesma família. Ficus enormis (890)
apresentou valor significativamente maior do que uma espécie do mesmo gênero, o figo
comum (225) registrado na TACO.
O magnésio (Mg) é um macroelemento sem o qual a vida no planeta Terra não
existiria como atualmente é conhecida. Nas partes verdes das plantas, principais tecidos
analisados nesta pesquisa, o Mg está presente como constituinte da molécula de clorofila,
da qual é liberado pelas secreções gástricas e intestinais (FRANCO, 2004). O teor de Mg
encontrado nas espécies analisadas foi considerável (Tabela 2), destacando-se as que
apresentaram mais de 700 mg/100g: Talinum paniculatum (2.100); Chamissoa altissima
(1.420); Tradescantia fluminensis (1.340); Opuntia monacantha (1.000); Urtica circularis
(1.000); U. nitida (960); Urera aurantiaca (790) e Alternanthera philoxeroides (720).
Entre as espécies de hortaliças convencionais citadas na TACO, a grande maioria
apresentou teores bem mais baixos, no entanto, para efeito comparativo citam-se algumas
com teores altos de Mg em mg/100g, convertidos em base seca para permitir comparações
com os dados do presente estudo: Caruru (1.641); espinafre-da-nova-zelândia (1.366);
445
alfavaca (840) e as campeãs absolutas – salsa (6.345) e cebola (3.672). Cabe citar que o
caruru analisado na TACO (Amaranthus deflexus L.), rico em Mg, também é uma espécie
nativa na RMPA (KINUPP, 2007), mas não contemplado no presente estudo. Entre as
partes não-verdes analisadas neste estudo, cabe destacar Canna glauca cujos rizomas
apresentam 350 mg/100g de Mg, teor superior ao da mandioca (115) apresentado na
TACO. Além da medula de Jacaratia spinosa (680) e do palmito in natura de Syagrus
romanzoffiana (640), este último muito superior ao teor de Mg no palmito de pupunha
(227), segundo a TACO. Dentre as frutíferas analisadas destacaram-se, em mg/100g,
Ananas bracteatus (180) e Bromelia antiacantha (220) com teores de Mg superiores aos
do abacaxi (128), uma espécie da mesma família disponível na TACO. As infrutescências
da figueira (Ficus enormis) também possuem muito mais Mg (310) em relação ao figo
comum (91) referido na TACO.
Dentre as espécies nativas analisadas, destacaram-se nos teores de manganês (Mn),
em mg/100g, as hortaliças, especialmente as folhosas, reconhecidamente uma boa fonte
deste elemento (OMS, 1998). Citam-se algumas: Urtica circularis (263); Parietaria debilis
(230); Urera nitida (220) Centella asiatica (130); Chamissoa altissima (89,2);
Heteranthera reniformis (84,8); Cereus hildmannianus (81,5) – nos cladódios; Talinum
paniculatum (27,5); Echinodorus grandiflorus (25,6); Soliva pterosperma (18,2); Solanum
americanum (17,6); Eryngium nudicaule (17,2); Phenax uliginosus (12,1); Eryngium
elegans (12); Bidens pilosa (11,8); Alternanthera philoxeroides (11,5) e Dodonaea viscosa
(10,7). Somente para efeito de comparação, as espécies mais ricas neste elemento, citadas
na TACO, após conversão para base seca, são: tremoço (88,66); nabo (73,33); salsa
(17,27); tremoço em conserva (16,87); couve-manteiga (11,11). Dois dos palmitos
analisados também apresentaram teores altos de Mn (mg/100g): Eryngium pandanifolium
(130) e Typha domingensis (23,8), teores significativamente muito superiores ao do
446
palmito de pupunha (0,9). As flores analisadas também surpreenderam com altos teores de
Mn: Erythrina falcata (220) e Hibiscus diversifolius (42,8). Entre as frutíferas destacaram-
se pelos significativos teores deste mineral somente Ananas bracteatus (11,5), Bromelia
antiacantha (50,6) e Rubus rosifolius (13,8). Ananas bracteatus possui um teor similar ao
abacaxi (11,42), pertencente ao mesmo gênero e citado na TACO. Rubus rosifolius
apresentou um teor significativamente superior ao morango (3,75), a espécie mais
relacionada dentre as contempladas na TACO.
Para o fósforo (P), dentre as hortaliças analisadas, citam-se as com mais de 400
mg/100g: Eryngium nudicaule (900); Urtica circularis (850); Galinsoga quadriradiata
(840); palmito de Typha domingensis (790); Heteranthera reniformis (760); Hypoxis
decumbens (740); Soliva pterosperma (730); Coronopus didymus (720); Bidens pilosa
(710); pólen de Typha domingensis (640); Plantago australis (630); Solanum americanum
(590); Boehmeria caudata (580); Hydrocotyle bonariensis (500); Bomarea edulis (480);
Erechtites valerianifolius (480); Ceiba speciosa (460) e Eryngium pandanifolium (400).
Dentre as hortaliças contempladas na TACO, as que apresentam os maiores valores são:
agrião (850); mostarda (828); couve-flor (728); alfavaca (500); palmito de pupunha (500);
alho (465); inhame (240). Por estes valores observa-se que as tuberosas nativas citadas
acima (Bomarea edulis e Hypoxis decumbens) apresentam um teor de P muito superior à
tuberosa da comparação - o inhame, e que o palmito da taboa é superior ao da pupunha.
Em relação às frutíferas cabe destacar os teores consideráveis de P nos fisális nativos:
Physalis angulata (370) e P. pubescens (340); nas amoras nativas: Rubus rosifolius (330) e
R. urticifolius (220); e, especialmente, no ovo-de-galo: Salpichroa origanifolia (530).
O ferro (Fe) é um microelemento e um dos minerais mais citado, popularmente,
como importante na alimentação. Segundo Franco (2004) duas hortaliças convencionais,
agrião e o espinafre são importantes fontes, tendo um aproveitamento pelo organismo de
447
68%. Contundo, de acordo com Rogez (2000), o homem absorve apenas 5% do Fe dos
vegetais, onde este se encontra essencialmente sob forma livre. Entre as espécies nativas
pouco ou nada é conhecido sobre o teor e menos ainda sobre a forma química e sua
biodisponibilidade, necessitando de estudos mais detalhados. Entre as espécies nativas
analisadas várias apresentaram teores consideráveis de Fe (Tabela 2). Citam-se as espécies
que apresentaram teores de Fe superiores a 13 mg/100g em base seca: Erechtites
valerianifolius (47,7); Solanum americanum (21,1); Eryngium pandanifolium (18,9);
Echinodorus grandiflorus (16,8); Bidens pilosa (15,3); Talinum paniculatum (15,1) e
Hibiscus diversifolius (13,7). As urticáceas, com suas folhas verdes escuras, novamente
destacaram-se: Urera aurantiaca – MG (43,6); Urera aurantiaca (37,4); Urera nitida
(33,3); Boehmeria caudata (23,2); Urera baccifera (20,9); Phenax uliginosus (20,5);
Parietaria debilis (15,3) e Urtica circularis (14,9). Para comparação, os dados de algumas
espécies da TACO, cientifica e ou popularmente, propaladas como ricas em ferro são aqui
apresentados: agrião (51); caruru (37,5); serralha (13); brócolis (6,6) e beterraba (2,1). É
importante destacar que algumas espécies de consumo bastante difundidas e tidas como
ricas em ferro, e.g., couve-manteiga e espinafre-da-nova-zelândia estão sendo reavaliados
pelos elaboradores da TACO, não permitindo estabelecer paralelos a partir desta
referência. Entre os frutos analisados destacou-se, pelo teor de Fe, apenas Salpichroa
origanifolia (14,7), que pelo sabor e aromas delicados e alta produtividade merece estudos
de manejo, de cultivo e bioquímicos específicos. Dado o modismo e mito sobre a riqueza
em ferro do açaí (Euterpe oleracea Mart.) é apresentado aqui, para efeito de comparação,
os dados de Rogez (2000), segundo os quais a bebida açaí possui cerca 1,5 mg/100g de Fe
em base seca.
A maioria das espécies analisadas apresentou baixos teores de sódio (Na) (Tabela
2), o que, em parte é desejável para uma alimentação já, em geral, rica neste mineral.
448
Porém, algumas espécies analisadas são salgadas, percebendo-se este sabor até mesmo ao
provar-se a amostra seca e moída. Estes valores (mg/100g) são destacados aqui: palmito de
Typha domingensis (1.800); Echinodorus grandiflorus (1.400); Soliva pterosperma (770);
Eryngium pandanifolium (720); Hypochaeris chillensis (620); Syagrus romanzoffiana
(340). Comparando com a TACO, ao menos em base úmida, muitas espécies apresentaram
teores de Na abaixo do limite de detecção. Cabe mencionar da TACO o teor de Na do
palmito de pupunha (5.118), um valor significativamente mais alto em relação ao dos
palmitos de Typha, Syagrus e Eryngium aqui apresentados. Este alto teor de Na no palmito
da pupunha, talvez seja em função da adubação química aplicada nos plantios comerciais
desta palmeira. Algumas hortaliças analisadas na TACO apresentaram valores médios de
Na, e,g., maxixe (220); serralha (190) e catalonha (112).
O potássio (K) é um mineral muito importante para o organismo, sendo a ingestão
média recomendável por adulto de 2.000 mg/dia (FRANCO, 2004). É um elemento
bastante abundante na maioria dos alimentos, vide dados da TACO e do presente estudo
(Tabela 2). Entre as espécies aqui analisadas (mg/100g), ressaltam-se os teores altíssimos
na medula caulinar de Jacaratia spinosa (7.600); palmito de Typha domingensis (7.300);
Talinum paniculatum (6.800); Heteranthera reniformis (5.800); Coronopus didymus
(4.000); palmito de Syagrus romanzoffiana (2.800). Para efeito de comparação são
apresentados alguns dados da TACO: espinafre-da-nova-zelândia (5.600); agrião (3.633) e
palmito de pupunha (1.872). Entre os frutos analisados destacaram-se em K, Ananas
bracteatus (1.500) e Bromelia antiacantha (1.800) com teores superiores ao do abacaxi
(935) de acordo com a TACO e Butia capitata (1.800) similar, e.g., ao teor de K da acerola
(1.833) segundo a TACO.
Em relação ao teor de cobre (Cu), em mg/100g, destacaram-se três espécies: as
folhosas Plantago australis (8,6) e Boehmeria caudata (6,2) e o palmito de Eryngium
449
pandanifolium (5,1). Tomando como referencial a necessidade adulta normativa entre 0,7 e
0,8 mg/100g, para homens e mulheres, respectivamente (OMS, 1998), muitas outras
espécies analisadas (Tabela 2) forneceriam, mesmo in natura (base úmida), um bom
percentual das necessidades diárias. As três espécies destacadas podem ser boas fontes
para pessoas que dependam de mais cobre em sua alimentação e para a indústria de
complementos alimentares e produtos farmacêuticos. Dentre as hortaliças da TACO,
partindo dos dados originais (crus) e recalculando para base seca, as que apresentam os
maiores teores de Cu são: catalonha (3,3), caruru (3,0), serralha (2,0) e tremoço (0,8),
valores significativamente menores aos destacados no presente estudo.
O zinco (Zn) é um elemento traço essencial ao organismo humano e, geralmente,
hortaliças folhosas e frutas são fontes modestas deste elemento (OMS, 1998), além disso, o
Zn de fontes vegetais é menos aproveitável pelo organismo (FRANCO, 2004). Entre as 69
espécies analisadas no presente estudo, 18 espécies de hortaliças apresentaram um teor
superior a 6,0 mg/100g de Zn (Tabela 2). Sendo 12 espécies de hortaliças folhosas:
Talinum paniculatum (22,9); Centella asiatica (21,9); Soliva pterosperma (11,5);
Alternanthera philoxeroides (11,4); Tradescantia fluminensis (9,2); Muehlenbeckia
sagittifolia (7,9); Erechtites valerianifolius (7,8); Hypochaeris chillensis (7,7); Eryngium
nudicaule (7,2); Chamissoa altissima (6,8); Boehmeria caudata (6,3); Coronopus didymus
(6,3); duas hortaliças de caules suculentos (cladódios): Opuntia monacantha (25,6); Cereus
hildmannianus (6,1); três produtoras de palmito: Eryngium pandanifolium (11,5); Typha
domingensis (10,9) e Syagrus romanzoffiana (9,5); e somente uma hortaliça tuberosa:
Hypoxis decumbens (9,4). Comparando estes resultados e os de outras espécies do presente
estudo (Tabela 2) com os de alimentos convencionais da TACO, ambos em mg/100g,
observa-se que somente a serralha (13) e a salsa (11,81) cruas apresentam um teor
significativo de Zn. Entre as tuberosas listadas da TACO, e.g., batata-baroa, batata-doce,
450
batata-inglesa, cenoura, nabo e mandioca todas apresentam 0,2 mg/100g (em base úmida)
de Zn, o que convertido para base seca resulta entre 0,6 e 1,1 mg/100g, dependendo do teor
de umidade da amostra de cada espécie, valores significativamente menores em relação ao
H. decumbens (9,4) citado. Mesmo o inhame que apresenta um teor de 1,4 mg/100g de Zn,
segundo a TACO, é muito inferior em relação ao teor de Zn desta tuberosa nativa
totalmente negligenciada. Todas estas 18 espécies são altamente abundantes e bem
distribuídas na RMPA e de fácil manejo e cultivo, podendo ser fontes deste importante
mineral para nutrição, tanto para consumo direto quanto como matéria-prima para
industrialização de suplementos alimentares ricos em Zn.
Segundo Franco (2004), o enxofre (S) pode ser obtido, principalmente de proteínas
ricas nos aminoácidos metionina, cistina e cisteína. Entre os vegetais, destacam-se como
suas principais fontes (mg/100g): mostarda (1.230); repolho (324); couve (306); soja em
grãos (300) e feijão (270). Apesar de não mencionado pelo autor, tudo indica que os dados
estão em base seca, pois são bastante elevados. Este elemento não foi contemplando na
TACO, limitando aqui as comparações com alimentos mais corriqueiros ou convencionais.
Entre todas as espécies analisadas neste estudo cerca de 31 apresentaram mais de 200
mg/100g de S (Tabela 2), com destaque para as seguintes espécies: Hydrocotyle
bonariensis (580); Centella asiatica (530); Hypochaeris chillensis (530); Alternanthera
philoxeroides (480) e Urera aurantiaca – MG (450). Merecem menção ainda porções
diferentes, como o palmito e o pólen de Typha domingensis que apresentaram 210 e 280
mg/100g de S, respectivamente.
Na TACO, o elemento traço boro (B) não foi analisado, mas no presente estudo foi
quantificado (mg/100g). Dentre as 76 análises, 20 apresentaram 2,0 mg/100g ou mais de B,
com destaque especial para a família Urticaceae, onde as espécies analisadas apresentaram
alguns dos valores mais altos entre as espécies analisadas. Em ordem decrescente: Urera
451
baccifera (5,3); U. nitida (5,1); U. aurantiaca (5,0); U. aurantiaca – MG (4,5); Phenax
uliginosus (3,1); Boehmeria caudata (2,4); Parietaria debilis (2,1) e Urtica circularis
(2,0). Além das Urticaceae, destacaram-se: Chamissoa altissima (4,3); Daucus pusillus
(3,0); Bidens pilosa (2,5); Muehlenbeckia sagittifolia (2,5); Alternanthera philoxeroides
(2,4); Erythrina falcata (2,3); Hydrocotyle bonariensis (2,2); Opuntia monacantha (2,2);
Galinsoga quadriradiata (2,1); Soliva pterosperma (2,1); Plantago australis (2,1) e
Solanum americanum (2,0). A título de comparação com alimentos conhecidos a bebida
açaí, obtida dos frutos da palmeira Euterpe oleracea possui, em base seca, 1,58 mg/100g
de B (ROGEZ, 2000). Segundo Franco (2004) a recomendação diária é de 1,7-7 mg de B.
A OMS (1998) aponta ingestão até mais baixa, entorno de 1,5 mg/dia. Portanto, os dados
aqui disponibilizados são subsídios importantes para estudos futuros relacionados às fontes
vegetais promissoras de B, sua biodisponibilidade e um indicativo para que os
consumidores e produtores rurais voltem suas atenções para estes vegetais até então
negligenciados e tão ricos neste elemento traço, considerado muito importante no
organismo humano.
Para algumas das espécies analisadas, encontraram-se outras referências que
relatam análises nutricionais, permitindo comparações mais específicas. Com este enfoque
merece menção o trabalho de Schmeda-Hirschmann et al. (2005) no qual analisaram
Allophylus edulis, Solanum sisymbriifolium e Vassobia breviflora quantificando umidade,
proteína, lipídios, fibra, cinzas, além de nitrogênio livre, fósforo, cálcio, ferro, potássio e
sódio. Além destes itens, os autores analisaram o potencial anti-radicais livres destas
espécies. Para S. sisymbriifolium ainda analisaram a acidez, o conteúdo de sólidos solúveis
e de fenóis dos frutos em conserva. Em relação à A. edulis não é possível estabelecer
comparações, pois no presente trabalho foi extraída a polpa e elaborado um suco
concentrado, o qual foi analisado in natura (Tabela 2). Segundo Schmeda-Hirschmann et
452
al. (2005) os frutos (em base seca) de Vassobia breviflora apresentaram 15% de proteína e
Solanum sisymbriifolium 13,4%. Confrontados com os dados das mesmas espécies da
RMPA analisados aqui, observa-se teores inferiores (10,35% e 8,05%, respectivamente),
mas relativamente próximos aos encontrados por Schmeda-Hirschmann et al. (op. cit.).
Poucas informações a respeito da composição nutricional das plantas alimentícias
nativas no Brasil e ou na RMPA estão disponíveis e, na maioria, quando encontradas são
pesquisas realizadas em outros países para espécies de ampla distribuição, mas em
condições edafo-climáticas muito distintas. Dentre as espécies discutidas aqui foram
analisadas na Argentina Eugenia myrcianthes e Typha domingensis (ROZYCKI et al.,
1997) e Hypochaeris sp. e Coronopus didymus (FREYRE et al., 2000). No primeiro
estudo, realizaram-se estudos da composição centesimal e mineral e análises teor de
pectinas (apenas dos frutos). Eugenia myrcianthes destacou-se pelo alto teor de pectinas
totais (403,5 mg/100g) em tecido fresco (ROZYCKI et al., 1997). Este alto teor explica a
qualidade excelente da geléia dos frutos desta espécie citada por Kinupp (2007). Em
relação aos teores minerais (mg/100g), que permitem paralelos com as amostras analisadas
no presente estudo, E. myrcianthes da RMPA destacou-se em relação ao P (180); Mg (110)
e, especialmente, K (1.300) versus E. myrcianthes da Argentina: P (161); Mg (101) e K
(880). Rozycki et al. (1997) ainda avaliaram os teores de vitamina C (75,1 mg/100g). Os
dados do presente estudo corroborados e ampliados por Rozycki et al. (1997) mostram o
potencial desta frutífera, especialmente para agroindústria de polpa, sucos e geléias embora
seja negligenciada pelos fruticultores e pesquisadores brasileiros. Em relação às análises do
pólen de Typha domigensis, no presente estudo, alguns minerais (mg/100g) destacaram-se
com valores significativamente maiores: P (640); Mg (220); K (2.100) versus os mesmos
minerais no estudo de Rozycki et al. (1997): P (571); Mg (80) e, notavelmente em relação
ao K (155). Estes autores, ainda analisaram a composição centesimal (%) do pólen desta
453
espécie que mostrou-se altamente nutritivo: proteína (14,19); lipídios (3,20); carboidratos
(60,81) e cinzas (3,28), redundando em alto aporte energético (287,71 kcal/100g). Segundo
Rozycki et al. (op. cit.), o pólen fresco de T. domigensis apresenta um teor significativo de
vitamina C (176 mg/100g), superior, e.g., ao pimentão-vermelho (158 mg/100g) e ao suco
concentrado de caju (139 mg/100g) citados na TACO. Pela abundância de T. domingensis
na RMPA e, especialmente, em outras regiões do Brasil, alta produção de pólen e de
palmitos, aliados aos altos valores nutricionais aqui referidos, esta espécie merece ser
manejada com fins alimentícios, bem como para usos múltiplos, e.g., artesanato e
medicinal.
As duas hortaliças folhosas analisadas por Freyre et al. (2000) foram Hypochaeris
sp. (no presente trabalho analisou-se H. chillensis, possivelmente a mesma espécie do
estudo Argentino, pois é a mais utilizada como hortaliça e apresenta distribuição
geográfica compatível) e o conhecido mestruz ou mastruz (Coronopus didymus).
Hypochaeris chillensis analisado neste estudo destacou-se pelos teores, em mg/100g, de P
(500) e, notavelmente, pelo de K (3.100) contra os valores mais baixos no estudo de Freyre
et al. (2000) para Hypochaeris sp.: P (214) e K (1.925). A composição mineral, em
mg/100g, da amostra de mestruz aqui analisada foi muito superior no presente estudo, com
destaque para K (4.000) e P (720) contra os resultados de Freyre et al. (op. cit.): K (1.795)
e P (299). No entanto, a amostra da presente pesquisa apresentou apenas 10 mg/100g de
Fe, em relação aos 25 mg/100g da pesquisa referenciada. Esta hortaliça é uma espécie de
amplo uso popular no RS. Em Porto Alegre já é comercializada nas feiras ecológicas e,
eventualmente, servida em alguns restaurantes como salada, especialmente durante o
inverno, estação na qual ocorre espontaneamente nas áreas agrícolas em maior abundância.
No trabalho de Carneiro (2004) esta espécie foi a segunda mais citada (76 pessoas) como
454
comestível em um levantamento etnobotânico em quatro municípios do RS, todos
relativamente próximos da RMPA.
Os resultados aqui apresentados são indicativos preliminares do potencial nutritivo
e nutracêutico das espécies analisadas. Estudos fitotécnicos, toxicológicos e
bromatológicos das espécies mais promissoras são necessários e recomendáveis. Do
mesmo modo, são urgentes políticas públicas de incentivo ao cultivo, ao manejo e à
conservação das espécies nativas e dos seus hábitats, pois muitas espécies aqui tratadas
podem vir a contribuir para reduzir as deficiências nutricionais, especialmente de
micronutrientes e elementos traço. Enfim, irão contribuir para a retomada de práticas
agrícolas mais sustentáveis promovendo geração de renda, a partir da exploração e
valoração da fitodiversidade local.
3.4. CONCLUSÕES
Os resultados aqui apresentados revelam-se promissores para muitas espécies com
usos alimentícios diversos. Apesar de apresentarem diversas opções de usos alimentícios e
altos teores protéicos e minerais, são espécies subutilizadas ou totalmente desconhecidas.
Espera-se que estes dados sejam subsídios básicos para pesquisas de áreas afins, e.g.,
Nutrição, Engenharia de Alimentos, Fitoquímica e Agronomia. Dentre as espécies aqui
analisadas, destaca-se algumas como boas fontes de proteína e ou de minerais, para as
quais estudos bromatológicos e fitoquímicos pormenorizados devem ser encorajados:
Allophylus edulis, Alternanthera philoxeroides, Bomarea edulis, Coronopus didymus,
Eryngium nudicaule, Eugenia multicostata, E. myrcianthes, Galinsoga quadriradiata,
Hypochaeris chillensis, Jacaratia spinosa, Solanum sisymbriifolium, Syagrus
romanzoffiana, Rubus rosifolius, Typha domingensis, Urera aurantiaca e U. baccifera.
455
3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALETOR, V.A.; ADEOGUN, O.A. Nutrient and antinutrient constituents of some tropical
leafy vegetables. Food Chemistry, London, v. 53, n. 4, p. 3775-379, 1995.
ALETOR, V.A. et al. Chemical composition of common leafy vegetables and functional
properties of their leaf protein concentrates. Food Chemistry, London, v. 78, p. 63-68,
2002.
ALMEIDA-FILHO, J. de; CAMBRAIA, J. Estudo do valor nutritivo do “ora-pro-nóbis”
(Pereskia aculeata Mill.). Revista Ceres, Viçosa, v. 21, n. 114, p. 105-111, 1974.
A NOTÍCIA (Joinville). Invasão de Ratos: Fiação roída pára aeroporto e 29 mortes
causadas por hantaviroses. Disponível em:
<http://www.sc.gov.br/clipping_governo/noticia_int.asp?str_data=06/10/2005&str_retorno
=clipping.asp>. Acesso em: 18 maio 2007.
ARENAS, P.; SCARPA, G.F. The consumption of Typha domingensis Pers. (Typhaceae)
pollen among the ethnic groups of the Gran Chaco, South America. Economic Botany,
New York, v. 57, n. 2, p. 181-188, 2003.
BOOTH, S. et al. Nutrient content of selected indigenous leafy vegetables consumed by
the Kekchi people of Alta Verapaz, Guatemala. Journal of Food Composition and
Analysis, San Diego, v. 5, p. 25-34, 1992.
BOYD, C.E. The nutritive value of three species of water weeds. Economic Botany, New
York, v. 23. p. 123-127, 1969.
CARNEIRO, A.M. Espécies ruderais com potencial alimentício em quatro municípios
do Rio Grande do Sul. 2004. 111 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2004.
CARVALHO, H.H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de análise. Porto Alegre:
UFRGS, 2002. 180 p.
DAYRELL, M. de S.; VIEIRA, E.C. Leaf protein concentrate of the cactacea Pereskia
aculeata Mill. I. Extraction and composition. Nutrition Reports International, Los Altos,
v. 15, n. 5, p. 529-537, 1977.
456
FASUYI, A.O. Nutritional potentials of some tropical vegetable leaf meals: Chemical
characterization and functional properties. African Journal of Biotechnology, Pretoria, v.
5, n. 1, p. 49-53, 2006. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 28
jan. 2007.
FASUYI, A.O. Bio-nutritional evaluations of three tropical leaf vegetables (Telfairia
occidentalis, Amaranthus cruentus and Talinum triangulare) a sole dietary protein sources
in rat assay. Food Chemistry, London, v. 103, n. 3, p. 757-765, 2007. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com>. Acesso em 08 jun. 2007.
FERRANDO, R. Alimentos tradicionales y no tradicionales. Roma: FAO, 1980. 168 p.
FLYMAN, M.V.; AFOLAYAN, A.J. The suitability of wild vegetables for alleviating
human dietary deficiencies. South African Journal of Botany, Pretoria, v. 72, p. 492-497,
2006.
FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9. ed. São Paulo: Atheneu,
2004. 307 p.
FREYRE, M.R. et al. Vegetales silvestres sub explotados del Chaco argentino y su
potencial como recurso alimenticio. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas,
v. 50, n. 4, p. 394-399, 2000.
GUERRERO, J;L.G. et al. Mineral nutrient composition of edible wild plants. Journal of
Food Composition and Analysis, San Diego, v. 11, p. 322-328, 1998.
HABITAT. Região metropolitana de Porto Alegre: caracterização sócio-espacial. In:
BORBA, S.V. (Coord.). Porto Alegre, 2003. 49 p. Disponível em:
<http://www.metroplan.rs.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2004
INDEX HERBARIORUM. [Informações]. Disponível em:
<http://sweetgum.nybg.org/ih>. Acesso em: 27 abr. 2007.
JAKSIC, F.M.; LIMA, M. Myths and facts on ratadas: bamboo blooms, rainfall peaks and
rodent outbreaks in South America. Austral Ecology, Carlton, v. 28, p. 237-251, 2003.
KINUPP, V.F. Plantas alimentícias não-convencionais da Região Metropolitana de
Porto Alegre, RS. 2007. 562 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em
Fitotecnia, Faculdade Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2007. Cap. 2: Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região
metropolitana de Porto Alegre.
LETERNE, P. et al. Mineral content of tropical fruits and unconventional foods of the
Andes and the rain Forest of Colombia. Food Chemistry, London, v. 95, p. 644-652,
2006.
MENDEZ, M.H.M. et al. Tabela de composição de alimentos. Niterói: UFF, 2003, 41 p.
457
NEPA/UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos – TACO – versão 2.
Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco>. Acesso em 15 ago. 2006.
ODHAV, B. et al. Preliminary assessment of nutritional value of traditional leafy
vegetables in KwaZulu-Natal, South Africa. Journal of Food Composition and Analysis,
San Diego, v. 20, n. 5, p. 430-435, 2007. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com>.
Acesso em 08 jun. 2007.
OMS. Elementos traço na nutrição e saúde humanas. São Paulo: Roca, 1998. 297 p.
ROGEZ, H. Açaí: preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém:
EDUFPA, 2000. 313 p.
ROZYCKI, V.R. et al. Composición de nutrientes en especies vegetales autóctonas de la
región Chaqueña, Argentina. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas, v. 47,
n. 3, p. 265-270, 1997.
SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. et al. Proximate composition and free radical scavenging
activity of edible fruits from the Argentina Yungas. Journal of the Science of Food and
Agriculture, Chichester, v. 85, p. 1357-1364, 2005.
SMITH, L.B. et al. Gramíneas. In: REITZ, R. (Ed.). Flora ilustrada catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1981. 436 p.
SUNDRIYAL, M.; SUNDRIYAL, R.C. Wild edible plants of the Sikkim Himalaya:
nutritive values of selected species. Economic Botany, New York, v. 58, p. 286-299,
2004.
TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C. Metodologia de análises de solo, plantas, adubos
orgânicos e resíduos. In: BISSANI, C.A. et al. (Eds.). Fertilidade dos solos e manejo da
adubação de culturas. Porto Alegre: Gênesis, 2004. p. 61-66.
TUPYNAMBÁ, M.L.V.C.; VIEIRA, E.C. Isolation of cassava leaf protein and
determination of its nutritive value. Nutrition Reports International, Los Altos, v. 19, n.
2, p. 249-259, 1979.
VIEIRA, E.C. Leaf protein research in Brazil. In: TELEK, L.; GRAHAM, H.D. (Eds.).
Leaf protein concentrates. Westport: AVI Publishing Co., 1983. p. 661-668.
Capítulo IV
OBSERVAÇÕES BIOLÓGICAS, ESTUDO BROMATOLÓGICO E
MINERAL E POTENCIAL ECONÔMICO DE SOMBRA-DE-
TOURO (ACANTHOSYRIS SPINESCENS (MART. & EICHL.)
GRISEB. - SANTALACEAE)
4.1. INTRODUÇÃO
Acanthosyris (Mart. & Eichl.) Griseb. é um pequeno gênero da família Santalaceae
composto por apenas seis espécies (Ulloa & Jørgensen, 1998). São elas: A. falcata Griseb.;
A. spinescens (Mart. & Eichl.) Griseb.; A. glabrata (Stapf) Stauffer; A. paulo-alvinii
Barroso; A. asipapote M. Nee e A. annonagustata C. Ulloa & P. Jørgensen. Nee (1996)
apresentou uma chave de identificação para as cinco primeiras.
No Brasil há registros de duas espécies: A. paulo-alvinii na Bahia e A. spinescens
nos estados da região do sul (Paraná, PR; Santa Catarina, SC e Rio Grande do Sul, RS), a
segunda espécie ocorre também na Bolívia, Argentina e no Uruguai. Acanthosyris
spinescens foi citada para o estado de São Paulo (SP) por Mattos (1967), mas
possivelmente trata-se de um engano, pois o material-tipo citado na Flora Brasiliensis
(MARTIUS & EICHLER, 1864) é de Guarapuava (SP), atualmente pertencente ao PR, e
na recente Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo esta espécie não foi citada
(CAETANO et al., 2002). Acanthosyris spinescens é a espécie alvo do presente estudo.
Trata-se de uma árvore de porte médio popularmente conhecida no RS por sombra-de-
459
touro. No Uruguai é chamada de quebracho flojo, quebracho ou quebracillo. Os frutos são
bagas glabras comestíveis (CÔRREA & PENNA, 1984; KUNKEL, 1984; MATTOS,
1978). Na medicina popular o decocto (chá) das folhas é usado contra febres graves e,
externamente, para lavar feridas e ulcerações (CÔRREA & PENNA, 1984). Popularmente,
a madeira é indicada para moirões e para lenha. Dados sobre sua durabilidade, densidade e
poder calorífico não foram encontrados na literatura.
O presente estudo fez parte de uma pesquisa maior cujo objetivo principal é
identificar as espécies vegetais nativas da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA)
com potencial alimentício (KINUPP, 2007). A RMPA é composta por 31 municípios
(HABITAT, 2003) e segundo Luis (1960) possui cerca de 1.490 espécies de plantas.
Apesar de esta ser a lista mais completa publicada sobre a diversidade florística da região,
naturalmente, que não reflete totalmente a realidade, devido às implicações nomenclaturais
e taxonômicas envolvidas e carência de estudos. No decorrer dos anos, novos trabalhos de
levantamentos florísticos foram efetuados paralelamente a revisões taxonômicas dos
variados grupos, conduzindo à inclusão de novos táxons, exclusão de outros e atualizações
nomenclaturais.
Algumas espécies nativas são abundantes e generalistas ocupando diferentes
ambientes desta região, sendo citadas em diversos trabalhos florísticos na RMPA
(KINUPP, 2007). Outras são raras e ou especialistas, ocupando sítios restritos e somente
sendo registradas com os contínuos esforços de coleta e amostragem. Estes aspectos
ecológicos de distribuição e abundância de espécies, revelando alta heterogeneidade entre
ambientes próximos, são característicos de florestas subtropicais e, especialmente,
tropicais, como evidenciado, e.g., para Psychotria (Rubiaceae) na Amazônia Central por
Kinupp & Magnusson (2005). Este é o caso da espécie enfocada na presente pesquisa. No
RS, Acanthosyris spinescens é mais freqüente na Serra do Sudeste, especialmente nos
460
municípios de Caçapava do Sul, Lavras do Sul e uma população é conhecida na localidade
chamada de Casa de Pedra, em Bagé e também há várias coletas nos municípios da região
oeste do Estado (coletas depositadas no Herbário ICN). Aguiar et al. (1986) durante
levantamento florístico nos Morros Graníticos da RMPA registraram, pela primeira vez, a
ocorrência de populações nativas A. spinescens nos Morros das Abertas (Porto Alegre) e
no Morro do Coco (Viamão). No entanto, este registro passou despercebido no importante
trabalho de levantamento das árvores e arbustos de Porto Alegre (BRACK et al., 1998).
Partindo do registro de ocorrência desta espécie como nativa na RMPA, do seu
potencial frutífero reforçado pelo aspecto visual, textura, consistência e aroma das
amêndoas promissores sob o aspecto alimentar e sua considerável disponibilidade e das
escassas informações sobre o seu potencial alimentício e econômico, foi empreendida a
presente pesquisa. Os objetivos propostos foram: caracterizar, preliminarmente, os
aspectos bioecológicos de A. spinescens e seus potenciais alimentícios; avaliar a
composição centesimal e teores minerais das amêndoas maduras; determinar os teores
minerais da polpa dos frutos maduros; caracterizar, fisicamente, os endocarpos e as
amêndoas.
4.2. MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1. Material biológico
O material biológico pesquisado foi coletado no Jardim Botânico de Porto Alegre,
Fundação Zoobotânica (FZB/RS), onde há cerca de uma dezena de indivíduos de
Acanthosyris spinescens sob cultivo, provenientes de sementes da população de Bagé, RS
(Casa de Pedra, BR 153, Km 87). Estes indivíduos são cultivados há cerca de 20 anos. A
coleta das amostras dos endocarpos lenhosos (amêndoas) para as análises propostas foi
executada em abril de 2006 quando já havia terminado a maturação dos frutos. E os frutos
461
maduros para retirada da polpa e análise mineral foram colhidos desta mesma população
na safra seguinte (janeiro de 2007).
4.2.2. Aspectos biológicos
A partir das observações e do acompanhamento dos indivíduos cultivados no
JBPOA, da população silvestre do Morro do Coco e do cultivo de mudas a campo e da
revisão da literatura sobre a família Santalaceae são apresentados, preliminarmente, alguns
aspectos desconhecidos de A. spinescens e recomendações para estudos futuros.
4.2.3. Análises bromatológicas e minerais
No presente estudo foram realizadas análises da composição centesimal de uma das
porções com uso alimentício potencial (amêndoas) de Acanthosyris spinescens sendo
estabelecido o percentual de umidade, cinzas, carboidratos totais, lipídios, proteínas e
fibras alimentares totais. As metodologias adotadas estão mencionadas em Carvalho et al.
(2002). Em todas as análises foram utilizadas amêndoas no ponto de colheita e de
consumo. As análises de composição centesimal foram realizadas no Laboratório de
Bromatologia do Instituto de Ciências e Tecnologia de Alimentos - ICTA (UFRGS). Todas
as análises foram executadas em triplicatas; exceção feita às análises de fibra alimentar
total (FAT), as quais devido aos custos foram realizadas em duplicatas.
A quantificação dos minerais foi realizada tanto nas amêndoas quanto na polpa. As
amostras das amêndoas foram obtidas do mesmo lote utilizado para as análises de
composição centesimal. A polpa dos frutos maduros, aqui incluindo meso e epicarpo, foi
removida com auxílio de uma faca inoxidável e depositada no interior de um copo de
Becker, pois devido ao grande teor de suco da amostra, não pôde ser colocada sobre papel
toalha como as amostras das amêndoas. As amostras foram secas em estufa a 75ºC e então
trituradas em liquidificador doméstico, devidamente embaladas e encaminhadas ao
Laboratório de Análises de Solos e Tecidos Vegetais da Faculdade de Agronomia -
462
LASTVFA (UFRGS), onde foram analisadas de acordo com metodologia rotineira deste
laboratório (TEDESCO & GIANELLO, 2004).
Os valores de composição centesimal e minerais de Acanthosyris spinescens foram
comparados com espécies de usos similares disponíveis na TACO – Tabela Brasileira de
Composição de Alimentos - NEPA/UNICAMP (2006), geralmente referida neste trabalho
simplesmente como TACO. Os dados deste estudo são apresentados em percentagem (%)
para facilitar comparações e conversões. Para converter % para mg/100g multiplicou-se os
valores por 1000. Na conversão dos valores da TACO (2006) para base seca utilizou-se o
seguinte procedimento: multiplicou-se 100 pelo valor a ser convertido e dividiu-se este
valor pelo valor total de matéria seca da amostra, ou seja, 100% de umidade menos a
umidade expressa na tabela, obtendo-se assim os teores em base seca.
4.2.4. Caracterização física dos endocarpos e amêndoas
Primeiramente os endocarpos foram limpos com auxílio de facas ou canivetes e
foram individualmente medidos (comprimento – polar e largura - equatorial) com
paquímetro digital. Em seguida foram individualmente pesados em balança analítica e,
cuidadosamente, quebrados com o auxílio de um martelo para a retirada das amêndoas. Os
mesmos procedimentos individuais de medidas e pesagens foram efetuados para as
amêndoas.
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.3.1. Aspectos biológicos
Primeiramente, o presente estudo corroborou a ocorrência de Acanthosyris
spinescens como nativa na RMPA indicada por Aguiar et al. (1986), porém sem citação de
material de herbário (voucher). Ressalta-se que nenhuma coleta desta espécie foi
463
encontrada nos três principais herbários da RMPA (ICN – UFRGS; HAS – FZB/RS;
PACA – UNISINOS) revisados durante o presente estudo. Para referendar a ocorrência
desta espécie em estado nativo na RMPA e dirimir dúvidas taxonômicas futuras, duas
coletas oriundas do Morro do Coco (município de Viamão), em diferentes estádios
fenológicos, foram incorporadas ao acervo do ICN (V.F. Kinupp, 3201 e 3212), sob os
números ICN 146762 e ICN 146772, respectivamente.
A população silvestre (Figura 1a-b; Figura 2c) no entorno do Morro do Coco citada
por Aguiar et al. (1986) foi acompanhada regularmente de maio de 2006 a fevereiro de
2007. Foram observados cerca de 10 indivíduos, incluindo árvores adultas e plantas jovens
ou brotos de raízes. As plantas menores estavam com sinais de herbivoria provocada pelo
gado e outras estavam com súber “polido” e enegrecido (oleoso) pela ação dos bovinos ao
esfregarem-se contra as árvores para coçarem-se. Estas observações, somadas ao chão
batido e com fezes secas e frescas em grande quantidade sob a copa das árvores e ao redor,
justificam e explicam o nome popular gaúcho para a espécie - sombra-de-touro. Além
deste registro já citado, informações obtidas junto a populares durante a realização deste
estudo indicam também ocorrência de A. spinescens na localidade de Varginha (Viamão).
Na população do Morro do Coco, assim como nas árvores cultivadas no JBPOA
(Figura 1c-d), foi observada a propagação clonal desta espécie através da brotação de
raízes. Na natureza, em condições favoráveis, esta característica permite a formação de um
aglomerado homogêneo ao redor da árvore-mãe. No JBPOA estas novas plantas sob e ao
redor das copas das árvores-mães são periodicamente cortadas evitando seu alastramento
pelo arboreto. Neste processo de desbaste pode ocorrer, como enfatizado pelos
funcionários do JBPOA, a perfuração de pneus das roçadeiras e tratores pelos espinhos dos
galhos caídos desta espécie, o que justifica o seu epíteto específico “spinescens”.
464
Na população silvestre de sombra-de-touro supracitada não foi encontrado sequer
um único endocarpo sob ou próximo às árvores (Figura 1b; Figura 2c) em maio de 2006,
logo após o registro da frutificação nas plantas do JBPOA. Este fato curioso foi comentado
e explicado pelo caseiro da propriedade. Segundo ele, o gado bovino alimenta-se
avidamente dos frutos caídos ou ainda aderidos à planta-mãe. Pela sua descrição, o gado
aproveita basicamente a polpa suculenta, pois os “coquinhos” duros (endocarpos) são
encontrados nas fezes do gado na época de frutificação da espécie, especialmente na
mangueira ou curral, onde o gado passa a noite. Este informante frisou ainda que é assim
que a planta espalha-se pela área, afirmando que além da população observada, há outras
na propriedade. Apesar desta observação de endozoocoria, em área com presença de gado
bovino, não são conhecidos os dispersores e ou predadores dos frutos e sementes (=
amêndoas). Também não é conhecida a biologia floral de Acanthosyris spinescens. A
espécie é merecedora destes estudos, especialmente contemplando também áreas sem
interferência antrópica. Salienta-se que em janeiro de 2007, no auge da maturação, frutos
maduros foram observados e consumidos nesta população silvestre, mas novamente sem
registro do acúmulo de frutos caídos no chão, fato comum no JBPOA (Figura 1c, m;
Figura 2d).
A polpa suculenta, adocicada e altamente aromática dos frutos de Acanthosyris
spinescens já era citada na literatura especializada como comestível (MATTOS, 1978;
CÔRREA & PENNA, 1984, v. 6, p. 134; KUNKEL, 1984; KINUPP, 2007). A polpa
propriamente dita (mesocarpo) dos frutos maduros a sobremaduros é sucosa (Figura 2e-f),
ao passo que nos frutos semimaduros ou “de vez”, ou ainda “inchados”, como também são
popularmente chamados no RS, apresentam uma consistência sólida (Figura 2f),
facilitando a retirada para o preparo de outros derivados, tais como geléias e licores, que
precisam ser testados. Pela sua estrutura recomenda-se também o uso dos frutos inteiros
465
semimaduros para a elaboração de doces em calda. Além da polpa, os endocarpos após o
consumo do doce podem ser quebrados e as sementes (já cozidas) consumidas diretamente
ou usadas no preparo de derivados, e.g., tortas. Ressalta-se aqui, por experiência prática,
algo novo também não mencionado na literatura: os frutos quando consumidos (vários) in
natura, quentes ao sol (colhidos no pé), podem ter ação laxante considerável. Frutos que
foram armazenados em geladeira e consumidos em grande quantidade diretamente ou
transformados em suco não causaram nenhum efeito laxativo nas dezenas de provadores
que os experimentaram. Este aspecto merece estudos fitoquímicos e farmacológicos
detalhados. Esta característica dos frutos quentes serem laxantes é também muito
conhecida para os frutos de uma frutífera nativa do Cerrado, a cagaita (Eugenia
dysenterica DC.). Os frutos desta espécie, se consumidos diretamente do pé, causam
diarréia como os nomes popular e científico indicam. No entanto, quando colhidos e
transformados em sucos, licores, sorvetes e outros derivados perdem o efeito laxante,
sendo amplamente comercializados nas regiões do Cerrado.
Apesar do potencial frutífero, o potencial alimentício das amêndoas (Figura 2h-j) é
uma novidade no caso para A. spinescens proposta pela presente pesquisa. A partir dos
aspectos visuais, textura, consistência e aromas das amêndoas promissores sob o aspecto
alimentar e, uma vez que não foram encontrados dados químicos relatando toxidez aguda
para a família Santalaceae, algumas amêndoas cruas foram experimentadas por V.F.
Kinupp. Seu sabor e textura agradaram e suscitaram uma revisão detalhada do gênero. Até
1968 apenas duas espécies eram conhecidas como pertencentes a este gênero: Acanthosyris
spinescens aqui estudada e A. falcata Griseb. com ocorrência na Argentina, Paraguai e
leste da Bolívia (Barroso, 1968). Acanthosyris falcata (saucillo, ibá-hé, sacha-pera)
também é citada como frutífera (RAGONESE & MARTÍNEZ-CROVETTO, 1947),
possuindo frutos com pericarpo avermelhado e polpa doce, comestível e usada na
466
fabricação de licores, sem menção ao uso das amêndoas e nenhum estudo dos valores
nutricionais foi encontrado. Barroso (1968) descreve uma nova espécie do gênero nativa na
Bahia (Acanthosyris paulo-alvinii Barroso), a qual mesmo antes de ser descrita pela
ciência era, popularmente, conhecida pelo nome de “mata-cacau” e conhecida pela
população local como frutífera por produzir frutos com polpa doce e também pelas
sementes oleaginosas, com endosperma branco e comestível (Barroso, op. cit.). Estas
informações de usos alimentícios na Bahia reforçaram a idéia da existência do potencial
comestível para a espécie aqui tratada e as amêndoas foram torradas e consumidas puras
em grande quantidade por diversos provadores e ou utilizadas no preparo de bolos e tortas,
dando uma crocância típica das castanhas ou amendoins. O processo de torrefação das
amêndoas eliminou uma certa pungência provocada pela ingestão crua das mesmas,
tornando o sabor mais agradável, portanto com um potencial culinário a ser melhor
pesquisado pela Engenharia de Alimentos. Outro potencial destas amêndoas que precisa
ser avaliado é para a produção de sorvetes, assim como se fabrica sorvetes das sementes de
pistache (Pistacia vera L.) e da castanha-do-pará (Bertholletia excelsa Bonpl.), por
exemplo. Naturalmente, que para a utilização efetiva desta espécie em maior escala,
estudos fitoquímicos, toxicológicos e tecnológicos são necessários e estes e outros estudos
básicos com este recurso vegetal desconhecido devem ser encorajados.
Em relação à fenologia reprodutiva de Acanthosyris spinescens, pelas observações
de campo, dados disponíveis no Jardim Botânico e etiquetas das exsicatas dos herbários
examinados é a seguinte: formação dos botões florais ocorre a partir de setembro; floração
de outubro a novembro e a maturação dos frutos ocorre de janeiro a maio, aparentemente,
com pico de maturação no início de fevereiro. As flores são esverdeadas (Figura 1e-g) e os
frutos (Figura 1h-l; Figura 2e-f) são drupáceos, apresentam epicarpo fino, glabro, de
coloração verde quando imaturo e amarela quando maduros, acinzentado tanto nos frutos
467
imaturos quanto nos maduros devido à uma cerosidade; mesocarpo constituído por uma
polpa suculenta, muito doce e aromática; endocarpo lenhoso (Figura 2g) contendo uma
amêndoa (Figura 2h) de natureza oleaginosa.
Devido ao fato de ser uma espécie pouco conhecida tanto em relação aos seus
potenciais econômicos quanto aos aspectos bioecológicos, mudas (20) crescidas
disponíveis no viveiro de mudas de nativas do JBPOA foram adquiridas em 2006 para
propagação a campo e acompanhamento do seu desenvolvimento como subsídios para
estudos futuros. De acordo com informações verbais do jardineiro do JBPOA, responsável
pela produção de mudas, a germinação é boa, no entanto, lenta. O que é corroborado pelos
registros escritos do Jardim Botânico quando da semeadura desta espécie em abril de 1985,
que levou cerca de oito meses para germinar. Esta observação é plausível e até esperada
em função da estrutura lenhosa do endocarpo (Figura 2g-h). Este informante afirmou
também que há variação na germinação e nas dimensões dos “coquinhos” entre árvores
cultivadas na área chamada de “Espinilho” e dois indivíduos cultivados próximo ao
jaracatiá (Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC.), sendo que os frutos destes dois indivíduos
são maiores e germinam melhor. Estas observações remetem a variabilidade genética e ou
a respostas diferenciadas a solos, por exemplo. Portanto, estudos integrados de coleta,
caracterização e conservação do germoplasma desta espécie, bem como formas de manejos
e tentativas de propagação assexuada (estaquias, enxertos, alporquia e ou
micropropagação) de acessos promissores precisam ser realizados procurando-se
selecionar exemplares com frutos e ou endocarpos maiores e ou mais ricos em óleos,
dependendo dos objetivos do cultivo.
Em relação à aceleração e aumento da germinabilidade, possivelmente, se os
endocarpos forem quebrados cuidadosamente para não afetar as sementes, como foi feito
no preparo das amostras para análises bromatológicas e minerais, a germinação será mais
468
rápida e maior. Estudos com estes enfoques também precisam ser conduzidos para melhor
conhecer a espécie e permitir a produção de mudas para plantios em maior escala. Das 20
mudas adquiridas, 16 foram plantadas no Sítio Capororoca e as quatros mudas restantes no
campus da Faculdade de Agronomia (UFRGS). Este sítio pertence a uma produtora
agroecológica, parceira da Faculdade de Agronomia, interessada em cultivos não-
convencionais e localiza-se na zona sul de Porto Alegre (Lami), área limítrofe à de
ocorrência natural da espécie na RMPA (Morro do Coco). A partir do acompanhamento
destas mudas jovens a campo durante um ano (2006-2007) foi possível detectar a grande
heterofilia da espécie. As mudas jovens apresentam folhas maiores, fortemente glaucas,
largas, isoladas e são desprovidas de espinhos. Com o desenvolvimento (Figura 2a), as
folhas tornam-se menores, estreitas, reunidas em braquiblastos e um espinho robusto
desenvolve-se nas axilas foliares (Figura 2b). Ressalta-se que ao se efetuar o corte na
região basal dos “saquinhos” para o plantio foram observados nódulos no sistema de
raízes. Não foi encontrada na literatura menção a existência de nódulos radicícolas neste
gênero e na família Santalaceae. Tratando-se de um registro, provavelmente inédito e pelo
aspecto similar aos nódulos provocados por bactérias nitrificantes nas Leguminosae,
família botânica com muitas espécies fixadoras biológicas de nitrogênio (FBN)
atmosférico através simbiose com tais microorganismos, especulou-se tratar do mesmo
fenômeno. Partindo-se destas premissas, os nódulos foram encaminhados ao Laboratório
de Fitossanidade (UFRGS) para diagnóstico. As nodulações foram diagnosticadas como
provadas por bactérias simbióticas fixadoras de N, descartando-se a possibilidade de ser
galhas provocadas por nematóides, outra hipótese aventada. Contudo, até o presente não
foi possível identificar, taxonomicamente, o(s) organismo(s) simbionte(s) nem sua eficácia.
No entanto, a rusticidade e a ocupação de sítios xeromórficos por esta espécie, e.g., os
solos arenosos do entorno do Morro do Coco e solos pedregosos da Serra do Sudeste,
469
Figura 1. Acanthosyris spinescens – a, b) Indivíduos da população silvestre do Morro do Coco
(Viamão) no inverno e no verão, respectivamente. Nota-se variações foliares, fezes de
gado e altura da copa em relação ao solo; c, d) Dois indivíduos cultivados no Jardim
Botânico de Porto Alegre (JBPOA); e, f, g) Detalhe de ramos floridos; h, i, j) Detalhe de
ramos com frutos em diferentes estádios – nota-se epicarpo acinzentado; l) Ramos com
frutos maduros na planta-mãe; m) Frutos e endocarpos secos caídos sob a copa de
árvore do JBPOA.
470
Figura 2. Acanthosyris spinescens – a, b) Plantas cultivadas no Sítio Capororoca (a – nota-se parte
basal desprovida de espinhos e folhas largas; b – ramos jovens (secundários com espinhos
axilares em desenvolvimento: Fotos a, b: Zanir Bohrer); c) Vista lateral da população
silvestre do Morro do Coco (Viamão). Nota-se ausência de frutos e ou endocarpos no
chão e existência de cocho para sal para o gado; d) Detalhe dos frutos e endocarpos sob
árvore cultivada no Jardim Botânico de Porto Alegre (JBPOA); e, f) Frutos maduros em
diferentes graus de maturação (escala em cm). Nota-se polpa sucosa nos frutos
sobremaduros e polpa firme no fruto “de vez” cortado; g, h) Endocarpos lenhosos inteiros
e alguns quebrados, evidenciando as amêndoas; i, j) Detalhe das amêndoas oleaginosas.
471
reforçam a possibilidade de vantagens obtidas desta associação pela espécie, permitindo a
colonização de solos secos e de baixa fertilidade. Devido às vantagens da FBN para os
sistemas agrícolas e a constante busca por novas estirpes de microorganismos fixadores,
pesquisas específicas com este enfoque são recomendadas para esta espécie.
Além do registro inédito de nódulos nas raízes de A. spinescens menciona-se aqui o
reconhecido hemiparasitismo da família Santalaceae (Kuijt apud Nee 1996) e Alvim
(1971). Paulo Alvim foi o fisiologista que corroborou o hemiparasitismo do “mata-cacau”
de A. paulo-alvinii, espécie que foi denominada em sua homenagem. Portanto, estudos
neste sentido precisam ser feitos para as espécies nativas desta família na RMPA. Além de
A. spinescens aqui discutida, há observações preliminares indicando que após o
desmatamento, árvores isoladas remanescentes de Iodina rhombifolia Hook. & Arn. ex
Reissek, outra espécie nativa na RMPA com usos medicinais populares consagrados
(MORS et al., 2000) e potencial alimentício (KINUPP, 2007), não sobrevivem.
Além destas duas espécies, a família é composta pela raríssima, pouco coletada e
totalmente desconhecida em todos os aspectos Arjona megapotamica Malme, nativa dos
morros de Porto Alegre (RAMBO, 1954; LUIS, 1960) e, portanto, possivelmente em vias
de extinção. Enfatiza-se que outra espécie deste gênero (Arjona tuberosa Cav.) chamada de
“mata trigo” na Argentina, portanto hemiparasita. Esta espécie argentina possui raízes
tuberosas comestíveis (RAPOPORT et al., 2003). Em função destas informações
recomendam-se estudos sobre o hemiparasitismo, as características morfo-anatômicas e
medidas de conservação de A. megapotamica na RMPA.
Visando compilar informações acerca do gênero Acanthosyris, pouco conhecido
tanto sob a óptica dos usos populares e do número de espécies descritas foi feita uma
ampla revisão da literatura botânica. Por exemplo, o importante dicionário das plantas
vasculares (MABBERLEY, 2000) cita que o gênero é composto por apenas três espécies
472
da América do Sul temperada. Com a revisão aqui feita constatou-se a existência do dobro
(seis espécies válidas) e com distribuição em regiões tropicais, tais como o sul da Bahia e
Napo (Equador). As espécies deste gênero, recentemente descritas, também apresentam
alguns usos locais e potencial como alimentícias. Nee (1996) descreve uma espécie
popularmente conhecida como “acicapote” ou “asipapote” da Bolívia (Acanthosyris
asipapote M. Nee), a qual possui frutos drupáceos esverdeados a alaranjados, com
exocarpo lenhoso; mesocarpo com polpa fina, cremosa e levemente aromática e, que
segundo o autor citado, possui gosto não agradável, mas aparentemente inócuo e
“fracamente” comestível. As sementes desta espécie são brancas, homogêneas e sem odor
quando cortadas (NEE, 1996). Segundo este autor os frutos maduros frescos têm aroma
agradável e os maduros já caídos no chão há muito tempo, exalam um odor desagradável.
Segundo Nee (op. cit.), os ramos e galhos, quando cortados, têm cheiro parecido com
molho de carne. As folhas de Acanthosyris spinescens, espécie aqui tratada, quando
esmagadas apresentam um aroma típico similar ao da polpa dos frutos maduros e também
ao das sementes. Para alguns este aroma é agradável, para outros enjoativo. Ulloa &
Jørgensen (1998), na mais recente descrição de uma nova espécie para gênero (A.
annonagustata C. Ulloa & P. Jørgensen), do Equador, afirmam que os frutos desta nova
espécie são dulcíssimos e têm sabor de graviola (Annona muricata L.), daí etimologia do
epíteto específico desta espécie nova. Acanthosyris annonagustata é reconhecida pela
população de Napo como uma árvore frutífera. Estes autores citam ainda o uso local desta
espécie por indígenas, sob a forma de chá, para a eliminação de vermes intestinais sem,
contudo, mencionarem a parte utilizada para este fim. Os dados das demais espécies do
gênero, incluindo biologia e usos tradicionais reforçam os potenciais de A. spinescens e
instigam estudos complementares aprofundados.
473
4.3.2. Análises bromatológicas e minerais
Em relação às análises nutricionais, salienta-se a escassez ou inexistência quando se
trata de espécies alimentícias silvestres, especialmente no Brasil. Na Argentina alguns
estudos têm sido publicados enfocando frutas e hortaliças silvestres, algumas ocorrendo
também no Brasil e na RMPA (SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 2005; FREYRE et al.,
2000; ROZYCKI et al., 1997). Na RMPA foram conduzidos estudos dos teores minerais de
69 espécies nativas com potencial uso alimentício (KINUPP, 2007a).
De acordo com as análises bromatológicas, A. spinescens possui grande potencial
para uso na alimentação humana devido aos altos teores de lipídios e proteínas (Tabela 1),
além de sabor e texturas agradáveis anteriormente citados. O percentual de óleo foi
superior ao registrado, em média, no amendoim, na castanha-de-caju e no coco-da-bahia e
o teor protéico foi inferior ao destas duas espécies, mas altamente superior à castanha do
coco-da-bahia e levemente superior ao teor da castanha-do-brasil ou castanha-do-pará e da
noz-pecã (Tabela 1). O óleo extraído neste estudo apresentou uma coloração amarela
intensa e é altamente aromático. Nenhuma citação de Acanthosyris spinescens como
oleaginosa foi encontrada na literatura nacional e este potencial não tem sido mencionado
nos trabalhos de levantamento de espécies nativas com perspectivas econômicas, e.g., no
projeto Plantas do Futuro da Região Sul do Brasil, promovido e patrocinado pelo
Ministério do Meio Ambiente esta espécie nem mesmo foi sugerida. Além da sombra-de-
touro, outra espécie da família Santalaceae nativa da RMPA, a cancorosa-de-três-pontas
(Iodina rhombifolia) produz sementes promissoras em relação ao teor lipídico. Hopkins et
al. (1969) analisaram sementes desta espécie oriundas da Argentina, coletadas no hábitat
natural, que apresentaram 31,9% de óleo em base seca, incluindo o pericarpo. Segundo
estes autores dentre os ácidos graxos detectados para esta espécie estão ácido ximênico, C-
17, ácido hidroxílico e traços de ácido vinil terminal. Para Acanthosyris spinescens são
474
registrados estes mesmos compostos, sendo o que ácido vinil terminal foi detectado em
maior quantidade e não apenas traços (Powell & Smith Jr apud Hopkins et al., 1969;
Powell et al. apud Hopkins et al., 1969). Hopkins et al. (1969) citam que os índices
refrativos relativamente altos indicam alto grau de insaturação destes óleos. Pela literatura
anteriormente citada, estes autores concluíram que os óleos de Iodina rhombifolia e
Acanthosyris spinescens são muito similares e com grande importância para
quimiotaxonomia da família. Pelo alto de teor de óleo detectado nas amêndoas analisadas
no presente estudo e este grau de insaturação citado, o óleo de A. spinescens pode vir a ter
grande importância econômica, se não negligenciado e se pesquisas fitoquímicas e
fitotécnicas foram implementadas.
Tabela 1 - Composição centesimal de amêndoas frescas (cruas) de sombra-de-touro
(Acanthosyris spinescens - AS), comparada à composição centesimal das castanhas cruas de
castanha-do-pará (Bertholletia excelsa - BE), das castanhas torradas e com sal de caju
(Anacardium occidentale - AO), das sementes cruas de amendoim (Arachis hypogea - AH),
das castanhas cruas de coco-da-bahia (Cocos nucifera - CN) e das nozes cruas de noz-pecã
(Carya illinoensis - CI). Faculdade deAgronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes AS*
BE
1
AO
1
AH
1
CN
1
CI
1
Umidade %
6,02
±
0,08
4,00 3,00 6,00 42,00 6,00
Lidios % 55,57 ± 0,78 63,00 46,00 44,00
42,00 59,00
Proteína % 15,86 ± 0,43 15,00 19,00 27,00
4,00 14,00
Cinzas % 1,5 ± 0,06 3,40 2,60 2,20
1,00
2,10
Amido % 6,00 15,00 29,00 20,00 11,00 18,00
Fibra Alimentar Total % 15,51 ± 0,65 7,90 3,70 8,00
5,80 7,20
Energia (kcal) 587,57 643,00 570,00 544,00
411,00 620,00
com n = 2 e expressos em base úmida.
1
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006).
O teor de cinzas foi inferior a todas as espécies comparadas, com exceção do coco-
da-bahia seco, o que reflete, em geral, os menores teores de minerais apresentados na
Tabela 2. No entanto, cabe ressaltar o alto de teor fibra alimentar total (FAT) da sombra-
de-touro em relação às demais castanhas e oleaginosas comparadas (Tabela 1).
475
Apesar destas citações de usos e experimentação prática, novos estudos são
recomendáveis para avaliar e quantificar a presença de possíveis compostos
antinutricionais, podendo assim indicar a melhor forma de utilização das amêndoas e do
óleo. Dado o alto teor protéico, faz-se necessário determinar e quantificar os aminoácidos
presentes, bem como avaliar a biodisponibilidade da proteína e demais compostos. A partir
desta descoberta do potencial oleaginoso da espécie são necessários estudos para
caracterizar melhor o germoplasma da espécie nas diferentes regiões de ocorrência,
especialmente porque o Brasil vive um período de valorização das fontes alternativas para
produção de biocombustíveis, onde as espécies oleaginosas nativas também são
negligenciadas. No RS, inclusive nos municípios com presença marcante desta espécie,
vem-se investindo em plantios de monoculturas exóticas tanto com fins madeireiros quanto
alimentícios e produção de biocombustíveis com a destruição de espécies nativas com usos
potenciais desconhecidos ou negligenciados. Estudos fitoquímicos, fitotécnicos e
engenharia de alimentos devem ser encorajados com esta espécie.
Em relação aos teores de minerais das amêndoas (Tabela 2), a sombra-de-touro
mostrou, em geral, quantidades menores em relação às castanhas e oleaginosas
convencionais utilizadas na comparação. No entanto, apresentou teores de ferro superiores
aos da castanha-do-pará e ao do amendoim. Em relação ao magnésio apresentou resultados
similares aos do amendoim. No caso do cálcio foram similares à castanha-de-caju. Os
teores minerais da polpa são apresentados a Tabela 3 e, apesar de não haver nenhuma fruta
similar na TACO (NEPA/UNICAMP, 2006) são disponibilizados dados de duas espécies
com frutos de estrutura mais ou menos similar, apenas para efeito comparativo.
476
Tabela 2 - Composição mineral de amêndoas frescas (cruas) de sombra-de-touro
(Acanthosyris spinescens - AS), comparada à composição mineral das castanhas cruas de
castanha-do-pará (Bertholletia excelsa - BE), das castanhas torradas e com sal de caju
(Anacardium occidentale - AO), das sementes cruas de amendoim (Arachis hypogea - AH),
das castanhas cruas de coco-da-bahia (Cocos nucifera - CN) e das nozes cruas de noz-pecã
(Carya illinoensis - CI). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes AS*
BE
1
AO
1
AH
1
CN
1
CI
1
Umidade (%) - 4 3 6 42 6
Ca (%) 0,03 0,15 0,03 - 0,01 0,11
Mg (%) 0,16 0,38 0,24 0,18 0,1 0,16
Mn (%) 0,0008 0,001 0,001 0,0021 0,002 0,0043
P (%) 0,27 0,88 0,61 0,43 0,22 0,42
Fe (%) 0,0037 0,0023 0,0053 0,0026 0,0032 0,0021
Na (%) 0,0059 0,001 0,1288 0 0,034 0,0053
K (%) 0,37 0,67 0,69 0,61 0,58 0,56
Cu (%) 0,0004 0,0018 0,0019 <LQ <LQ 0,0007
Zn (%) 0,0018 0,0043 0,0043 0,0034 0,001 0,0022
N (%) 2,9 - - - - -
S (%) 0,16 - - - - -
B (%) 0,0002 - - - - -
*Expressos em base seca.
1
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006), convertidas (%) e recalculadas em base seca.
<LQ - Menor que o limite de quantificação (em base úmida).
4.3.3. Caracterização física dos endocarpos e amêndoas
Os dados físicos dos endocarpos e amêndoas frescos são apresentados na Tabela 4.
Pelos valores vê-se que são estruturas esféricas e que as amêndoas (sementes) perfazem,
em massa, cerca de 60% do endocarpo.
477
Tabela 3 - Composição mineral aproximada da polpa de frutos de sombra-de-touro
(Acanthosyris spinescens - AS) comparada à composição mineral da polpa de
frutos de ameixa (Prunus salicina
1
- PS) e polpa de frutos de serigüela
(Spondias purpurea - SP). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes AS*
PS
2
SP
2
Umidade (%) - 85 79
Ca (%) 0,05 0,04 0,12
Mg (%) 0,08 0,33 0,08
Mn (%) 0,0005 Tr <LQ
P (%) 0,08 0,0093 0,233
Fe (%) 0,0018 <LQ 0,0019
Na (%) 0,0011 <LQ 0,0133
K (%) 1,7 0,893 1,18
Cu (%) 0,0007 0,0004 <LQ
Zn (%) 0,001 <LQ 0,0023
N (%) 1 - -
S (%) 0,09 - -
B (%) 0,0018 - -
* expressos em base seca.
1
Citada como Prunus domestica (ameixa européia), mais utilizada para passas; a ameixa de
consumo corrente no Brasil é a ameixa-japonesa (Prunus salicina), com polpa sucosa.
2
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006), convertidas (%) e recalculadas em base seca.
<LQ - Menor que o limite de quantificação (em base úmida).
Tabela 4 - Dimensões e massas dos endocarpos e sementes frescos (n = 65) de sombra-de-touro
(Acanthosyris spinescens), Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS. 2007.
polar (mm) equatorial (mm) massa (g) polar (mm) equatorial (mm) massa (g)
Máximo 17,64 17,03 2,30 14,35 14,39 1,53
nimo 14,43 14,13 1,25 11,12 10,76 0,67
Média 15,91 15,43 1,71 12,49 12,36 1,04
SD 0,75 0,73 0,26 0,79 0,76 0,19
Endocarpos Amêndoas
478
4.4. CONCLUSÕES
Diante dos resultados apresentados conclui-se que Acanthosyris spinescens é uma
espécie com grande potencial alimentício como frutífera e, especialmente como produtora
de amêndoas oleaginosas e protéicas. Tanto os frutos quanto as amêndoas são também
boas fontes de minerais.
479
4.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, L.W. et al. Estudo preliminar da flora e vegetação de morros graníticos da
Região da Grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot., Porto
Alegre, n. 34, p. 3-38, 1986.
ALVIM, P. DE T. Morte de cacaueiros causada por uma nova espécie de árvore
parasitária. Revista Theobroma, Itabuna, n. 1, v. 1, p. 22-29, 1971.
BARROSO, G.M. Acanthosyris paulo-alvinii: uma nova espécie de Santalaceae. In:
CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 19., 1968, Fortaleza. Anais... Fortaleza:
SBB, 1968. p. 107-110.
BRACK. P. et al. Árvores e arbustos na vegetação natural de Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot., Porto Alegre, n. 51(II), p. 139-166, 1998.
CAETANO, A.C.; ASSIS, M.A. de; FURLAN, A. Santalaceae. In: WANDERLEY,
M.G.L. et al. (Coord.). Flora fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo:
FAPESP, 2002. p. 311-312. v.2
CARVALHO, H.H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de análise. Porto Alegre:
UFRGS, 2002. 180 p.
CORRÊA, M.; PENNA, L. de A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas
cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984. p.
134. (Volume VI)
FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9. ed. São Paulo: Atheneu,
2004. 307 p.
FREYRE, M.R. et al. Vegetales silvestres sub explotados del Chaco argentino y su
potencial como recurso alimenticio. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas,
v. 50, n. 4, p. 394-399, 2000.
HABITAT. Região metropolitana de Porto Alegre: caracterização sócio-espacial. In:
BORBA, S.V. (Coord.). Porto Alegre, 2003. 49 p. Disponível em:
<http://www.metroplan.rs.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2004
HOPKINS, C.Y.; CHISHOLM, M.J. Fatty acid components of some Santalaceae seed oils.
Phytochemistry, New York, v. 8, p. 161-165, 1969.
KINUPP, V.F.; MAGNUSSON, W. E. Spatial patterns in the understorey shrub genus
Psychotria in Central Amazonia: effects of distance and topography. Journal of Tropical
Ecology, Winchelsea, v. 21, p. 363-374, 2005.
480
KINUPP, V.F. Plantas alimentícias não-convencionais da Região Metropolitana de
Porto Alegre, RS. 2007. 562 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em
Fitotecnia, Faculdade Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2007. Cap. 2: Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região
metropolitana de Porto Alegre.
KINUPP, V.F. .2007a. Cap. 3: Teores de proteína e minerais de plantas alimentícias
não-convencionais nativas no Rio Grande do Sul.
KUNKEL, G. Plants for human consumption: an annotated checklist of the edible
phanerogams and ferns. Koenigstein: Koeltz Scientific Books, 1984. 393 p.
LUIS, F.S.C.T. Flora analítica de Porto Alegre. Canoas: Instituto Geobiológico La Salle,
1960. 225 p.
MABBERLEY, D.J. The Plant-Book: a portable dictionary of the vascular plants. 2nd. ed.
Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 5.
MARTIUS, C.F.P.; EICHLER, E.G. Flora Brasiliensis. Lipsiae: Frid. Fleischer, 1864. v.
XIII, parte 1, Fasc. 38, p. 235-236, prancha 53: Santalaceae.
MATTOS, J.R. Santaláceas. In: REITZ., R. (ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Parte I,
Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1967. 18 p.
MATTOS, J.R. Frutos indígenas comestíveis do Rio Grande do Sul. 2. ed. Porto Alegre:
IPRNR, 1978. 37 p. (Publicação,1)
MORS, W.B. et al. Medicinal plants of Brazil. Algonac: Reference Publications, 2000. p.
304.
NEE, M. A new species of Acanthosyris (Santalaceae) from Bolivia and a key to the
woody South American Santalaceae. Brittonia, New York, v. 48, n. 4, p. 574-579, 1996.
NEPA/UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos – TACO – versão 2.
Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco>. Acesso em 15 ago. 2006.
RAGONESE, A.E.; MARTÌNEZ-CROVETTO, R. Plantas indígenas de la Argentina con
frutos o semillas comestibles. Revista de Investigaciones Agrícolas, Buenos Aires, v. I, n.
3, p. 147-216, 1947.
RAMBO, B. Análise histórica da flora de Porto Alegre. Sellowia, Itajaí, v. 6, n. 6. p. 9-
111, 1954.
RAPOPORT, E.H.; LADIO, A.; SANZ, E.H. Plantas nativas comestibles de la
Patagonia Andina: Argentino-Chilena. Parte I. Bariloche: Imaginaria, 2003. 78 p.
ROZYCKI, V.R. et al. Composición de nutrientes en especies vegetales autóctonas de la
región Chaqueña, Argentina. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas, v. 47,
n. 3, p. 265-270, 1997.
481
SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. et al. Proximate composition and free radical scavenging
activity of edible fruits from the Argentian Yungas. Journal of the Science of Food and
Agriculture, Chichester, v. 85, p. 1357-1364, 2005.
TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C. Metodologia de análises de solo, plantas, adubos
orgânicos e resíduos. In: BISSANI, C.A. et al. (Eds.). Fertilidade dos solos e manejo da
adubação de culturas. Porto Alegre: Genesis, 2004. p. 61-66.
ULLOA, C.U.; JØRGENSEN, P.M. Acanthosyris annonagustata (Santalaceae), a new
species from Eastern Ecuador. Novon, Missouri, v. 8, n. 1, p. 84-86, 1998.
Capítulo V
CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA, CULTIVO, COMPOSIÇÃO
BROMATOLÓGICA E MINERAL E ANÁLISE SENSORIAL DE
PEPININHOS-SILVESTRES (Melothria cucumis Vell. &
M. fluminensis Gardn. - CUCURBITACEAE)
5.1. INTRODUÇÃO
A família Cucurbitaceae possui cerca de 120 gêneros e 850 espécies distribuídos
principalmente nas regiões tropicais e subtropicais (SOUZA & LORENZI, 2005). Para o
Brasil, estes autores citam 30 gêneros e cerca de 200 espécies. Esta família destaca-se por
possuir várias espécies com usos alimentícios como hortaliças. Dados compilados por
Kunkel (1984) indicam 38 gêneros com espécies usadas diretamente na alimentação
humana. No Brasil, os gêneros mais conhecidos com espécies alimentícias comerciais ou
locais são: Cucurbita, Cucumis, Sechium, Citrulus, Lagenaria, Momordica, Benincasa,
Sicana, Cyclantera e Trichosanthes. Entre os gêneros citados por Kunkel (1984) encontra-
se Melothria com sete espécies (M. guadalupensis (Spreng.) Cogn.; M. indica Lour.; M.
japonica (Thunb.) Maxim. ex Cogn.; M. mucronata Cogn.; M. pendula L.; M. punctata
(Thunb.) Cogn. e M. scabra Naud.) produtoras de frutos citados como utilizados na
alimentação. No entanto, devido às dúvidas taxonômicas e a existência de nomes que são
sinônimos botânicos, devem ser na realidade cinco espécies válidas entre as sete citadas
por este autor.
483
Melothria L. é um gênero com cerca de 10 espécies nativas do Neotrópico
(MABBERLEY, 2000). É caracterizado por plantas de consistência herbácea de hábito
escandente ou apoiante e ou prostrado com emissão ou não de raízes adventícias nos nós.
Contempla espécies anuais ou com raízes perenes. A etimologia deste nome é confusa. Há
várias acepções. Dentre elas, Porto (1974) afirma que Melothria é um antigo nome grego
genérico para Cucurbitaceae. Segundo Stearn (2002) é derivado do nome popular grego
melothron, empregado para um outro gênero desta mesma família, provavelmente Bryonia.
Barroso et al. (2002), apesar de não fornecerem detalhes da formação deste epíteto
genérico, afirmam significar videira selvagem. Esta acepção é mais adequada, pois além de
remeter a um significado mais palpável, as Melothria spp. possuem folhas levemente
semelhantes às da videira (Vitis spp.).
No Rio Grande do Sul (RS), de acordo com Porto (1974) há três espécies deste
gênero: Melothria candolleana Cogn., M. cucumis Vell. e M. fluminensis Gardn. Há ainda
citação de M. uliginosa Cogn., com ocorrência na Região Metropolitana de Porto Alegre
(RMPA), por Rambo (1954) e Luis (1960). No entanto, Porto (op. cit.) não faz menção a
esta espécie. A RMPA, região selecionada para o levantamento da sua flora nativa com
potencial alimentício (KINUPP, 2007), é composta por 31 municípios predominantemente
urbanos, situados no entorno da capital do Rio Grande do Sul (HABITAT, 2003). A partir
deste trabalho de prospecção de Kinupp (op. cit.) foram selecionadas para estudos
nutricionais e observações fitotécnicas preliminares duas espécies de Melothria (M.
cucumis Vell. e M. fluminensis Gardn.), hortaliças negligenciadas, mas com grande
potencial. Portanto, este trabalho teve como objetivos: 1) caracterizar biologicamente as
duas espécies em foco; 2) estudar aspectos fitotécnicos básicos como subsídios iniciais
para o cultivo, com ênfase apenas em M. cucumis; 3) determinar a composição centesimal
484
e mineral dos frutos destas espécies; e 4) fazer análise sensorial dos frutos in natura e em
conserva de M. cucumis.
5.2. MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1. Obtenção do material vegetal
O acesso inicial para os estudos de propagação e cultivo de Melothria cucumis foi
obtido em uma floricultura no distrito de Morungava, Gravataí, RS (RMPA) e o segundo
acesso foi obtido em um município da região serrrana deste Estado, Nova Prata, no entorno
da Cascata da Usina, onde a espécie é abundante. O acesso para estudo de Melothria
fluminensis foi obtido no município de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, onde a espécie é
abundante e onde o autor teve oportunidade coletar frutos. Na época do estudo não foram
encontradas plantas desta espécie na RMPA.
Para ambas espécies foram feitas coletas de amostras botânicas, tanto em
populações silvestres quanto nos indivíduos sob cultivo. O material testemunho foi
incorporado ao acervo do Herbário ICN (UFRGS) para permitir a confirmação da entidade
taxonômica do material estudado: Melothria cucumis (V.F. Kinupp, 2947 e 3163 sob os
números ICN 132775 e 146726, respectivamente) e M. fluminensis (V.F. Kinupp, 2972 e
3252, respectivamente sob os números ICN 132801 e 146822). Acrônimo do herbário
citado está de acordo com o Index Herbarioum (2007).
5.2.1.1. Obtenção das sementes
Para a semeadura de Melothria cucumis, os frutos maduros (verdes, sem alteração
de coloração e de consistência, apenas maiores, mais desenvolvidos) foram desfeitos,
cortando-se uma de suas extremidades e apertando-os sob água corrente dentro de uma
peneira pequena de tela fina, para a remoção do arilo mucilaginoso. As sementes foram
485
lavadas, esfregadas várias vezes contra a tela da peneira para a eliminação máxima
possível da mucilagem e foram secas, à sombra, dentro da própria peneira por alguns dias.
Em seguida foram semeadas para obtenção de mudas em bandejas de poliestireno com
substrato comercial (Polimix ®) e ou em recipiente (prato) com areia lavada sobre bancada
em casa de vegetação do Departamento de Horticultura e Silvicultura da Faculdade de
Agronomia (DHS - UFRGS) com irrigação diária. Para a obtenção das sementes de M.
fluminensis e posterior semeadura foram realizados os mesmos procedimentos já descritos
acima com os frutos maduros, quando tornam-se roxos e com consistência macia,
desfazendo-se ao toque (Figura 5h-i).
5.2.2. Caracterização biológica
Foi feita uma revisão geral da bibliografia taxonômica e sobre os usos potenciais e
populares de Melothria cucumis e M. fluminensis, bem como consulta aos acervos dos
herbários da RMPA e observações a campo, tanto em condições naturais quanto sob
cultivo. As medidas dos frutos de ambas espécies foram obtidas com uso de paquímetro
digital. Esse procedimento foi feito unicamente com os indivíduos cultivados.
5.2.3. Aspectos fitotécnicos preliminares
5.2.3.1. Melothria cucumis
Os cultivos foram conduzidos a campo no Sítio Capororoca, a 30 km da Faculdade
de Agronomia da UFRGS, no Bairro Lami, zona sul de Porto Alegre, município localizado
entre as coordenadas 29°57’ a 30°16’S e 51°01’ a 51°16’W. Este bairro faz parte do
cinturão verde do município. A proprietária do sítio faz parte da Associação dos Produtores
Ecologistas do Lami (APEL), portanto toda a produção baseia-se nos princípios da
agroecologia, sendo que o excedente de frutos foi comercializado nas feiras ecológicas de
Porto Alegre ou diretamente no sítio sob a forma de picles (Figura 3j; Figura 4h). Os
plantios realizados durante o estudo tiveram basicamente a função de acompanhamento
486
inicial destas espécies sob cultivo em áreas agrícolas, bem como a produção de frutos para
as análises das composições bromatológica e mineral e avaliação sensorial, além dos testes
culinários. Portanto, não houve a pretensão de estabelecer protocolos fitotécnicos
aprofundados. As informações sobre manejo, problemas fitossanitários e produtividade
foram dados recolhidos como informação fitotécnica preliminar.
Mudas de Melothria cucumis foram plantadas em duas espaldeiras distintas
(espaldeira 1 e 2, ambas com três fios de arame liso com cerca de 40 cm de espaçamento),
com sistema de tutoramento distintos (galhos) e tela anti-insetos branca (suporte),
respectivamente e com 15 dias de diferença entre a data do plantio da espaldeira 1 e da
espaldeira 2. Para estes plantios, aproveitaram-se espaldeiras com cerca de 1,50 m de altura
útil e 15 m de extensão, com três fios de arame, sustentados por três moirões distantes 5 m
uns dos outros, aproveitando instalações e adubação residual da cultura anterior (bertalhas
- Anredera spp.). O tutoramento da espaldeira 1 (Figura 2a, b; Figura 5a) foi feito com
galhos de crindiúva ou pau-pólvora (Trema micrantha (L.) Blume), material disponível na
propriedade. Os galhos desta foram cortados com cerca de 1,50 m de comprimento e
afixados no solo em cerca e espaldeira simples. Estes galhos foram usados com as folhas,
visando o sombreamento das mudas recém transplantadas. Na espaldeira 2 foi utilizado
como tutor uma tela plástica anti-inseto branca (Figura 1f, g) com 12 m de comprimento
(excluindo-se, portanto os três últimos metros da espaldeira) por 1,20 m de altura. Esta tela
foi fixada aos três fios arame liso da espaldeira com a utilização de pedaços de arames. A
tela foi colocada somente após quarenta dias após o plantio a campo, pela
indisponibilidade anterior deste insumo. Dado a altura insuficiente da tela em relação à
altura da espaldeira, esta foi colocada distante cerca de 0,30 m, obrigando o uso adicional
de tutores (galhos) até o início da tela (Figura 1d, e). Frisa-se que à distância entre as
espaldeiras era de aproximadamente 50 m e solos com os mesmos manejos agroecológicos
487
de policultivo e rotação de cultura. O espaçamento adotado foi de 0,50 m entre
covas/plantas na linha simples. O plantio foi realizado no final da primavera (dezembro de
2005), em função da disponibilidade de tempo do estudo. As mudas foram imediatamente
irrigadas com regador e a irrigação durante o ciclo produtivo foi feita ocasionalmente em
função de períodos de estiagem e da disponibilidade de tempo e, especialmente, visando
economizar água, recurso então escasso na propriedade. Para maximizar a irrigação
ocasional utilizaram-se garrafas de refrigerantes cortadas transversalmente na base e com a
tampa finamente furada fixa ao solo, próximo à planta (Figura 2d, e; Figura 3e), método já
utilizado no sítio para outras culturas. Ressalta-se que todo o processo de cultivo foi
realizado dentro dos preceitos agroecológicos.
Frisa-se que em todo o período após o plantio, em ambas as espaldeiras, foram
feitas capinas manuais (arranquio) ou com uso de enxada do excesso de plantas
espontâneas não desejadas, neste momento, no canteiro sob cultivo. A adubação seguiu o
procedimento adotado na produção agroecológica do sítio, utilizando os insumos
disponíveis na ocasião. Durante estes plantios o esterco disponível era de cavalo. Além da
matéria orgânica residual do plantio imediatamente anterior (bertalhas, Anredera spp.),
após cerca de 10 dias do plantio foi adicionada uma pá cheia (cerca de 2,0 kg) de esterco
curtido de cavalo por planta. O esterco foi colocado ao redor da planta e a terra revolvida
amontoada próximo ao pé da planta. Também para evitar o crescimento excessivo de
espécies espontâneas (inços) e manter mais a umidade foi feita cobertura morta com
vegetais disponíveis no sítio (e.g., capim-elefante e lírio-do-brejo picados). Ou seja, não foi
utilizado nenhum procedimento que exigisse insumos e ou protocolos de aplicação
diferenciados dos que já eram usuais na propriedade.
As plantas foram cuidadosamente observadas durante o período de cultivo sobre a
ocorrência de alguma moléstia ou praga, quando constatado algum sintoma, amostras de
488
material foram encaminhados ao Laboratório de Fitossanidade da UFRGS para análise e
diagnóstico. Quando necessário foram feitos tratamentos utilizando-se produtos adequados
ao cultivo agroecológico.
Para estimar a produção levou-se em consideração um dos componentes do
rendimento: massa de frutos por planta por colheita e produção total. Como a espécie tem
hábito trepador, o que dificulta a individualização, a menos que fossem plantadas com
grande espaçamento entre as plantas, considerou-se como produção por planta os frutos
obtidos na área média ocupada pelo indivíduo (25 cm antes e 25 cm após a cova) e assim
sucessivamente.
5.2.3.2. Melothria fluminensis
A obtenção das mudas ocorreu da mesma forma descrita para M. cucumis.
Melothria fluminensis foi apenas propagada e plantada para acompanhamento inicial,
consumo e produção de frutos para análises propostas. Esta espécie não foi manejada em
espaldeira e sim em galhadas de bambu ou taquara em plantios isolados, portanto nenhuma
consideração fitotécnica mais aprofundada foi feita.
5.2.4. Análises bromatológicas e minerais
A matéria-prima para as análises bromatológicas e minerais foi obtida no plantio
experimental. Em relação aos aspectos bromatológicos, foram realizadas análises da
composição centesimal dos frutos crus de Melothria cucumis e M. fluminensis, sendo
estabelecido o percentual de umidade, cinzas, carboidratos totais, lipídios, proteínas e
fibras alimentares totais. Os métodos adotados estão mencionados em Carvalho et al.
(2002). As análises de composição centesimal foram realizadas no Laboratório de
Bromatologia do Instituto de Ciências e Tecnologia de Alimentos da UFRGS (ICTA).
Todas as análises foram executadas em triplicatas, exceto o resultado das cinzas de
Melothria cucumis que por quebra de um dos cadinhos durante o processo, foi apresentado
489
em duplicata e as análises de fibra alimentar total (FAT), que devido aos custos foram
realizadas em duplicatas, mas uma das repetições foi perdida acidentalmente. Portanto, os
dados de FAT para as duas espécies são de uma amostra.
A quantificação dos minerais dos frutos de ambas as espécies foi determinada no
Laboratório de Solos e Tecidos Vegetais da Faculdade de Agronomia (LSTVFA), UFRGS,
de acordo com metodologia de rotina descrita em Tedesco & Gianello (2004), idêntica à
utilizada para as análises dos minerais contemplados na TACO – Tabela Brasileira de
Composição de Alimentos - (NEPA/UNICAMP, 2006), permitindo comparações
adequadas das análises deste estudo com as espécies avaliadas na referência citada. Esta
referência na apresentação e discussão dos resultados foi referida simplesmente como
TACO. As amostras, constituindo-se de frutos no ponto de colheita para consumo foram
previamente secas (Figura 2f; Figura 5j) em estufa a aproximadamente 75ºC e trituradas
em liquidificador doméstico e então encaminhadas ao LSTVFA.
Comparações dos teores nutricionais e minerais de Melothria cucumis e M.
fluminensis foram realizadas com espécies mais corriqueiras de usos similares (Cucumis
anguria L. – maxixe e Cucumis sativus L. – pepino) da TACO e comparou-se também com
os dados de outra espécie silvestre do mesmo gênero disponível em Arzate-Fernández &
Grenón-Cascales (2002). Os dados foram apresentados em percentagem (%) para facilitar
comparações e conversões. Para converter % para mg/100g multiplicou-se os valores por
1000. Na conversão dos valores da TACO para base seca utilizou-se o seguinte
procedimento: multiplicou-se 100 pelo valor a ser convertido e dividiu-se este valor pelo
valor total de matéria seca da amostra, ou seja, 100% de umidade menos a umidade
expressa na tabela, obtendo-se assim os teores em base seca. E para conversão de valores
apresentados em base seca para base úmida, o procedimento é o inverso: multiplicou-se o
490
valor a ser convertido pelo teor de matéria seca e dividiu-se por 100, obtendo-se o
percentual em base úmida.
5.2.5. Análise sensorial
A matéria-prima para as análises sensoriais também foi obtida no plantio
experimental. As análises sensoriais de Melothria cucumis (frutos crus como salada e em
conserva - picles) foram realizadas no Laboratório de Análise Sensorial do ICTA (Figura
4i) utilizando-se escalas hedônicas e demais procedimentos usuais segundo Dutcosky
(1996). Frisa-se que o picles foi comparado com picles comercial de pepino tipo indústria.
Foi avaliado apenas o grau de aceitação, com 36 pessoas (provadores). Os produtos foram
avaliados com escala de 1 a 5 (1 – detestei; 2 – não gostei; 3 – indiferente; 4 – gostei; 5 –
adorei). Melothria fluminensis não foi avaliada sensorialmente pela ausência de frutos
disponíveis durante a execução do testes.
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.3.1. Caracterização biológica e usos
5.3.1.1. Melothria cucumis
É uma trepadeira provida de gavinhas simples, em forma de mola (e.g., Figura 1a;
Figura 2c; Figura 3f); monóica-díclina, ou seja, possui flores estaminadas e pistiladas na
mesma planta, porém em flores separadas. Possui ramos herbáceos fortemente sulcados,
geralmente com tricomas desenvolvidos. Folhas com pecíolos estriados-sulcados de 1,3-8
cm de comprimento providos de tricomas abundantes visíveis a olho nu. Lâmina foliar
membranácea, ovada-cordiforme, trilobada a pentalobada (Figura 1a-c), 3-6 cm, de
comprimento e 3,5-11 cm de largura, margem levemente denticulada (Figura 1a) e com
tricomas, escabrosa na face adaxial, especialmente em folhas envelhecidas (secas). Flores
491
amarelas, sendo as estaminadas organizadas em racemos (Figura 5d); flores pistiladas
amarelas (Figura 1a; Figura 3c, f), solitárias, com pedúnculos de 1,5-3 cm de comprimento.
Ovário oblongo-fusiforme com 10-18 mm de comprimento por 2-5,5 mm de largura. Fruto
(Figura 1b; Figura 3a-d; Figura 4b) variegado de coloração verde com máculas (listras ou
faixas) claras, ovóide-oblongo, glabro, 3-6 cm de comprimento e 2-3 cm de diâmetro.
Sementes obovadas com arilo mucilaginoso (Figura 4d), 6-8 mm de comprimento e 3-5
mm de largura. Esta descrição sucinta, além de observações próprias é uma compilação das
informações de Porto (1974) e Klein (1996).
Melothria cucumis é uma espécie típica de borda de mato e áreas antrópicas, como
lavouras, quintais e beiras de estradas. É comum na RMPA e diversas populações foram
observadas especialmente em Porto Alegre, sempre como trepadeira sobre cercas ou sobre
a vegetação. Também foi registrada para município de Nova Prata, região onde não era
citada anteriormente. Segundo Porto (1974), no estado do RS há registros para a Depressão
Central e para a Encosta Inferior do Nordeste. No Brasil apresenta ampla distribuição,
sendo registrada para os estados de GO, MT, MG, ES, RJ, SP, PR e SC (KLEIN, 1996).
Esta autora não cita o RS, mas menciona a ocorrência na Colômbia (Bogotá). Esta espécie
também ocorre na Argentina (RAGONESE & MARTÍNEZ-CROVETTO, 1947;
MARTÍNEZ-CROVETTO, 1968; INCUPO, 1991).
Foi registrado, a partir de informações orais, o uso popular desta espécie no sul do
Brasil (PR e RS). No Rio Grande do Sul, foi observado o uso de M. cucumis por uma
família de ascendência alemã em Gravataí que maneja e utiliza os frutos do pepininho para
fazer picles. Em Caxias do Sul, também foi encontrado um produtor que há cerca de 10
anos vem utilizando e até comercializando localmente esta espécie também sob a forma de
picles (Figura 4j) (Paulo Motta, com. pess., 2007). Ressalta-se que somente com uma
revisão mais aprofundada de trabalhos de etnobotânica e botânica econômica encontrou-se
492
alguns trabalhos com citação e demonstração de usos efetivos, como alimento, desta
espécie por etnias indígenas e populações camponesas na Argentina (RAGONESE &
MARTÍNEZ-CROVETTO, 1947; MARTÍNEZ-CROVETTO, 1968; INCUPO, 1991).
Segundo Martínez-Crovetto (op. cit.), esta espécie é consumida in natura pelos índios
Guaranis de Misiones, os quais a chamam de anguyá sandia (melancia-de-rato), e colhem
seus frutos durante as caminhadas pela floresta. INCUPO (op. cit., p. 18) acrescenta o
nome pepinillo de la India e afirma que na cidade de Reconquista (Província de Santa Fé,
Argentina), os agricultores da região comercializam os frutos na Feria Franca. Nesta obra,
citam que esta espécie pode ser cultivada em cercas, não ocupando espaço no terreno e
fornecem receitas de salada e picles (“encurtido de pepinos agridulces”).
A etimologia do epíteto específico cucumis provém do latim, sendo um antigo
nome latino genericamente utilizado para o pepino. Neste caso, o nome deve-se,
possivelmente, ao aspecto e, sobretudo, ao cheiro similar desta espécie (frutos cortados)
com o pepino comum (Cucumis sativus). Não é comum na literatura a citação de nomes
populares para esta espécie. Alguns nomes foram compilados por Klein (1996): pepino-de-
purga, purga-do-campo, abóbora-danta e pepino del monte (pepino-do-mato), este último
utilizado na Argentina. Ragonese & Martínez-Crovetto (1947) citam o nome pepino del
venado (pepino-de-veado) na Argentina. Entretanto, pessoas consultadas durante o
presente estudo denominam, genericamente, esta espécie de pepininho, pepininho-do-mato,
pepino-silvestre, pepininho-de-sapo, pepino-de-rato e pepininho-de-rato. Os nomes pepino-
de-purga e purga-do-campo deve-se a generalização, pelas semelhanças morfológicas, com
outras Cucurbitaceae que apresentam substâncias com ação laxativa, portanto não
recomendados para serem usados como alimento, o que definitivamente não é o caso desta
espécie,.
493
Além da produtividade nos indivíduos cultivados (abordada a seguir), populações
silvestres de M. cucumis foram observadas, geralmente localizadas em solos ricos em
matéria orgânica e também frutificaram abundantemente com frutos grandes e bem
formados, no entanto, de difícil localização, pois ficam escondidos pela densa folhagem
aglomerada quando estão no chão, ou sobre galhadas e ou vegetação arbustiva,
dificultando a colheita (extrativismo). No entanto, quando crescem espontaneamente sobre
cercas (Figura 3a-b) ou sobre telados (Figura 1h; Figura 5c) a colheita dos frutos é
facilitada. Os frutos das plantas sob cultivo (Figura 3i; Figura 4a, c) apresentaram variação
no formato. O comprimento e diâmetro de amostragem dos frutos procedentes dos
indivíduos cultivados são apresentados na Tabela 1. Em média (n= 77) os frutos atingiram
36 mm de comprimento por 14 mm de largura na região equatorial (Tabela 1). Mesmo os
valores máximos disponíveis nesta tabela são inferiores aos citados por Klein (1996): 3-6
cm x 2-3 cm. Isto indica a existência de variabilidade considerável em relação ao tamanho
dos frutos e reforça a necessidade de esforços de coleta para conhecer melhor o
germoplasma da espécie e permitir seleções dos melhores, bem como estudos de adubação
e irrigação nos plantios.
No Brasil, a floração e a frutificação de M. cucumis foram registradas em
praticamente todos os meses do ano (KLEIN, 1996). Na RMPA o auge da frutificação
ocorreu nos meses de verão e início do outono, tanto em cultivo quanto na natureza. No
final do outono a parte aérea seca e morre, rebrotando na estação seguinte, pois as raízes
engrossadas são perenes. No entanto, nenhum indivíduo das espaldeiras cultivadas brotou
vigorosamente. Esta morte dos indivíduos das espaldeiras, provavelmente, deve-se a
problemas fitossanitários ou inadequação do solo. Ressalta-se que alguns indivíduos
cultivados isoladamente em cercas na propriedade brotaram e reiniciaram a produção de
494
frutos, o mesmo ocorrendo em populações silvestres observadas que rebrotaram. As raízes
desta espécie são engrossadas e perenes quando sob condições adequadas.
No plantio no Lami foram observados alguns visitantes florais, entre eles: abelha-
africanizada (Apis mellifera L.) e borboletas não identificadas. Corrêa et al. (2001) citam
que borboletas - Heliconius erato phyllis (Fabricius, 1775) - fazem uso das flores de M.
cucumis, portanto podem atuar como polinizadores. No entanto, tanto a biologia floral
quanto a dispersão dos frutos (em populações silvestres) precisam ser estudadas. Neste
estudo não foi observado o consumo dos frutos por possíveis dispersores. Os frutos ficam
na planta-mãe por um período considerável e mesmo após a abscissão permanecem no solo
até murcharem e se decomporem. Em populações silvestres foi, eventualmente, observado
formigas roendo os frutos caídos, possivelmente, podem carregar totalmente os frutos e,
talvez algumas sementes possam germinar numa área distante da planta-mãe. Cabe
ressaltar que os guaranis de Misiones denominam a espécie como melancia-de-rato e entre
os nomes populares brasileiros também está pepino-de-rato e outros similares, o que pode
ser um indicativo de uso alimentar dos frutos de M. cucumis por pequenos roedores, além
disso, na Argentina a espécie também é conhecida por pepino-de-veado, o que pode indicar
a consumo dos frutos por cervídeos.
5.3.1.2. Melothria fluminensis
É uma trepadeira herbácea (Figura 2j), monóica-díclina, provida de gavinhas
simples em forma de mola, com caule cilíndrico, sulcado, glabro ou levemente pubescente.
Folhas com pecíolos delicados providos de tricomas, dando uma sensação aveludada ao
toque, lâmina foliar levemente membranácea, cordiforme a ovada-cordiforme, penta
angulada, às vezes, levemente trilobada, com margem esparsamente denticulada, face
adaxial ou superior geralmente pilosa e áspera (escabrosa) e abaxial ou inferior mais clara
e pubescente, com tricomas velutinos em relação à M. cucumis, diferenças estas marcantes,
495
sobretudo no tocante aos pecíolos. Flores estaminadas amarelas reunidas em
inflorescências racemosas paucifloras e as flores pistiladas amarelas, solitárias, axilares,
com pedúnculo longo (4-8 cm de comprimento) (Figura 2j). Ovário fusiforme a oblongo.
Frutos fusiformes a ovóide-oblongos, glabros, lisos, 1-2 cm de comprimento e 0,6-1 cm de
largura, de coloração verde escuro com pontuações claras quando imaturos e purpúreos a
atropurpúreos quando maduros (Figura 5g-i); sementes claras com arilo mucilaginoso,
ovais, 4-5 mm de comprimento e 2,5-3,5 mm de largura. Esta descrição sucinta, além de
observações próprias é uma fusão dos dados compilados de Porto (1974) e Klein (1996).
Melothria fluminensis é uma espécie típica de beira de barrancos, bordas de mato e
terrenos com ação antrópica; também é comum na beira de rios e corpos d’água, daí o
nome da espécie. A etimologia do epíteto específico (fluminensis) provém do latim e foi
dado pelo autor que afirma que a espécie é, freqüentemente, encontrada nas margens dos
rios (GARDNER apud KLEIN, 1996). É um táxon de ampla de dispersão. No estado do
RS ocorre no Litoral, Alto Uruguai, Depressão Central e Serra do Sudeste (PORTO, 1974).
É citada para RMPA (PORTO, op. cit.; LUIS, 1960) e há coletas na RMPA (e.g., ICN
50131), mas durante este estudo não foi encontrada na natureza. Isto indica que é uma
espécie mais rara do que M. cucumis na RMPA e, possivelmente no RS. Dado seu
potencial econômico aqui abordado merece atenção redobrada e possível inclusão na lista
das espécies ameaçadas de extinção no RS. No Brasil há registros para o PA, MA, BA,
MT, CE, PB, PE, GO, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS (PORTO, 1974; KLEIN, 1996). Há
também registros para outros países: Porto Rico, Bolívia e Argentina (KLEIN, op. cit.).
Não é comum na literatura botânica a citação de nomes populares também para esta
espécie, exceto Côrrea (1984) que cita os seguintes: abóbora-do-mato, aboboreira-do-mato,
cereja-de-purga, guardião, melão-de-morcego (MT), taiuiá-miúdo. Em Nova Friburgo (RJ)
496
é simplesmente chamada pepininho ou pepininho-do-mato. Neste estudo foi chamada de
“pepinículo” devido aos frutos menores em relação à M. cucumis e para evitar confusão.
Os frutos das Melothria fluminensis sob cultivo (Figura 5g) atingiram em média
(n= 100) 18,50 mm de comprimento por 8,8 mm de largura na região central do fruto
(Tabela 2). Estas dimensões são similares às citadas por Klein (1996) para a mesma
espécie (1-2 cm x 0,6-1 cm). Melothria fluminensis, foi citada como alimentícia pela
primeira vez por Kinupp (2007). No entanto, se considerado que dois autores, já a
consideraram em sinonímia de Melothria guadalupensis (Spreng.) Cogn. e Melothria
pendula L. (DIETERLE apud KLEIN, 1996; WUNDERLIN apud KLEIN, 1996), ambas
citadas como comestíveis, especialmente no México e muito similares morfologicamente, é
apenas uma corroboração efetiva deste potencial já apontado. A primeira espécie é citada
como comestível por Kunkel (1984) e a segunda por Kunkel (op. cit.) e Arzate-Fernández
& Grenón-Cascales (2002).
No entanto, no Brasil, M. fluminensis é citada como tóxica (laxante drástica) por
Corrêa (1984) e Mors et al. (2000). Durante o período de realização do presente estudo e
épocas precedentes foram consumidos centenas de frutos, oriundos de diferentes regiões do
Brasil (e.g., Nova Friburgo, RJ (e cultivados em Porto Alegre); Cuiabá, MT), frescos e sob
a forma de picles por V.F. Kinupp e por dezenas de diferentes pessoas em ocasiões
diversas. Portanto, tudo indica que as informações disponíveis em Côrrea (op. cit.) e
propagadas por Mors et al. (op. cit.), os quais citam o clássico trabalho de Pio Côrrea como
uma de suas referências básicas, seja uma generalização propalada, sem registros práticos
(ingestão) ou de trabalhos experimentais da ação laxativa, apenas porque outras espécies
relativamente parecidas possuem ação laxativa, geralmente de outros órgãos, e.g., as
raízes, o que é o caso do taiuiá (SIMÕES et al., 1998). Corrêa (1984) ressalta ação laxante,
afirmando que um único fruto (1g média, vide Tabela 2) seria suficiente para purgar um
497
cavalo. Obviamente, que muitos animais essencialmente herbívoros não fazem uso
corriqueiro de vegetais mucilaginosos e ou suculentos. Este autor cita para esta espécie o
nome popular (cereja-de-purga). Contudo, no presente estudo tal ação não foi detectada em
no mínimo dezenas de acessos sob diferentes condições edafo-climáticas.
Além do consumo in natura (frutos comidos diretamente do pé ou utilizados no preparo de
saladas puras ou com outros ingredientes), foram feitos picles (conservas) com água,
vinagre e condimentos (tomilho, pimenta) e sal. Estas conservas tiveram boa aceitação dos
consumidores. Apesar de pequenos, pela produção considerável e ausência de pragas
quando em cultivo nos dois indivíduos plantados aleatoriamente no Sítio Capororoca
durante este estudo, além de observações de campo de V.F. Kinupp durante muitos anos
em Nova Friburgo (RJ) indicam o potencial da espécie para cultivo e estudos fitotécnicos
aprofundados.
Tabela 1 - Comprimento, diâmetro e massas dos frutos frescos (n = 100)
de pepininho-silvestre (Melothria cucumis - Cucurbitaceae),
Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Frutos comprimento (mm) diâmetro (mm) massa (g)
Máximo 51,40 17,45 5,72
nimo 18,82 9,72 1,26
Média 36,41 14,25 3,51
SD 6,72 1,64 0,98
498
Tabela 2 - Comprimento, diâmetro e massas dos frutos frescos (n = 100)
de pepininho-silvestre (Melothria fluminensis - Cucurbitaceae),
Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Frutos comprimento (mm) diâmetro (mm) massa (g)
Máximo 24,14 10,44 1,57
nimo 13,06 6,47 0,50
Média 18,50 8,78 0,93
SD 2,00 0,75 0,23
Para Melothria fluminensis, no Brasil, a floração e frutificação também foram
registradas em praticamente todos os meses do ano (KLEIN, 1996). Na RMPA o auge da
frutificação nos indivíduos sob cultivo foi nos meses de verão e início do outono. Com o
início do inverno as partes aéreas das plantas começam a senescer. A brotação inicia-se
novamente no final primavera e o ciclo recomeça. Esta espécie também precisa ser
estudada em relação à biologia floral, que fornecerá informações importantes em
programas de melhoramento genético. Não foram encontradas informações sobre a
polinização e visitantes florais desta espécie, assim como dispersores naturais. Nos dois
indivíduos cultivados no presente estudo foram observadas diversas espécies de abelhas
sem ferrão (meliponídeos) visitando intensamente as flores no período matutino.
As dúvidas em relação à taxonomia e ao nome correto desta espécie são grandes.
As opiniões divergem entre os trabalhos de revisão do grupo. Uma sinopse histórica é
apresentada em Klein (1996). Dentre estes, Cogniaux apud Klein (op. cit) afirma que
Melothria fluminensis apresenta ampla distribuição ocorrendo do Paraguai ao México e
Antilhas, neste conceito incluindo, provavelmente, a espécie M. pendula L. citada para
estes países mais setentrionais. Há variedades descritas para M. fluminensis, mas possuem
diferenças muito sutis, o que talvez sejam variações em função do hábitat, por exemplo, e
que com estudos mais aprofundados possam ser sinonimizadas, como já apontado por
499
Martínez-Crovetto apud Klein (1996). Alguns autores preferem incluir todas as formas
encontradas no nome mais antigo, Melothria pendula L. sensu lato. (DIETERLE apud
KLEIN, 1996; WUNDERLIN apud KLEIN, 1996). No entanto, Klein (1996) opta por
seguir trabalhos de autores anteriores que consideraram distintas as duas espécies. A autora
estudou alguns exemplares de M. pendula e estabeleceu algumas diferenças entre esta e M.
fluminensis (Quadro 1).
Quadro 1 – Algumas diferenças que justificam a distinção das espécies Melothria
fluminensis Gardn. e M. pendula L. Modificado de Klein (1996).
Melothria fluminensis
M. pendula
Geralmente escandentes; Geralmente prostradas;
Lâmina foliar cordiforme, pentalobada,
raramente trilobada;
Lâmina foliar cordiforme, geralmente
trilobada;
Frutos lisos. Frutos estriados (longitudinalmente).
A autora ainda cita as dimensões dos frutos sendo, em média, apenas 2 mm maiores
em M. pendula. Estas dimensões mínimas podem variar muito em função de características
edáficas, climáticas e fitossanitárias, logo não foram consideradas aqui. Além disso, na
descrição de Melothria fluminensis a própria autora afirma que os frutos podem atingir até
20 mm de comprimento (KLEIN, 1996), dimensão citada para distingui-la de M. pendula.
O presente estudo seguiu as identificações dos herbários consultados (ICN, HAS e PACA)
e os trabalhos de Porto (1974) e Klein (1996). Os acrônimos dos herbários citados estão
segundo Index Herbarioum (2007).
5.3.2. Aspectos fitotécnicos preliminares
5.3.2.1. Melothria cucumis
O início da emergência ocorreu no sexto dia após a semeadura e prosseguiu
homogênea e progressivamente até por volta do 20º dia. A germinabilidade estimada foi de
80%. Parte das mudas (Figura 2g, h), totalizando 30, foram transplantadas para o local
definitivo (Figura 2i) em dezembro (verão). A área experimental (espaldeira 1) ficou
constituída por 22 plantas (73% de pegamento), dispostas em linha simples. Oito mudas
500
morreram, provavelmente, pelo excesso de sol e irrigação inicial insuficiente. Trinta e
cinco dias após o plantio foi observado o início da frutificação com muitos indivíduos com
botões florais, flores abertas e alguns frutos no início do desenvolvimento. Estes primeiros
frutos não foram computados na estimativa de produção. A primeira colheita avaliada
ocorreu 55 dias após o plantio, sendo os frutos utilizados nas pesagens e medidas
disponíveis na Tabela 1. A área experimental da espaldeira 2 ficou constituída por 14
plantas (58% de pegamento) dispostas em linha simples. Dez mudas morreram,
provavelmente, pelo excesso de sol e irrigação inicial insuficiente. A colocação tardia da
tela (40 dias pós transplantio) pode ter comprometido o desempenho produtivo, pois
muitos ramos iniciaram alastramento horizontal. Cerca de 60 dias após o plantio a campo,
apenas 20 dias após a colocação da tela, iniciou-se a colheita nesta espaldeira, pois a
frutificação iniciou-se antes de os ramos alcançarem e ou alastrarem-se ao longo da tela
(e.g., Figura 1d).
Cerca de 45 dias após o plantio, algumas plantas localizadas no início da linha de
plantio da espaldeira 1, começaram a apresentar sintomas de uma moléstia: manchas
encharcadas em ambas as faces foliares, especialmente na face abaxial e amarelecimento
generalizado (Figura 1l, m; Figura 3g, h; Figura 5b). A doença foi diagnosticada pelo
Laboratório de Fitossanidade da UFRGS como mancha angular causada pela bactéria
Pseudomonas syringae pv. lachrymans (Smith & Bryan) Yong, Dye & Wilkie. Esta
bactéria também afeta o pepineiro comum (Cucumis sativus L.), espécie que é cultivada no
Sítio Capororoca, e que pode ter sido o foco original da doença. Neste estudo não foram
observadas plantas silvestres desta espécie com sintomas da mancha angular. Assim, fica o
registro da suscetibilidade de M. cucumis a este agente bacteriano, o que exigirá medidas
preventivas de controle. No presente trabalho aplicou-se apenas calda bordalesa,
aparentemente não tendo grande efeito sobre diminuição ou aumento no foco da moléstia.
501
As plantas continuaram a frutificar, não sendo possível afirmar o grau de
comprometimento do rendimento e ou a redução do ciclo produtivo pela inexistência de
dados comparativos. Este problema não foi detectado na espaldeira 2.
Entre os problemas fitossanitários verificou-se também intensa destruição dos
frutos pela broca das cucurbitáceas (Diaphania nitidalis (Cramer, 1782) - (Figuras 1j;
Figura 4e, f; Figura 5f), muito mais intenso na espaldeira 2. Os ataques por lagartas
(larvas) da mariposa citada foram observados também na floricultura de Gravataí (Figura
1i; Figura 5e), onde foram obtidas as primeiras sementes desta espécie, comprometendo
totalmente a produção, pois nenhum tratamento fitossanitário foi aplicado. Na área
experimental, os ataques foram bastante severos apenas em algumas semanas e
imediatamente as plantas foram pulverizadas, na concentração recomendada para pepineiro
comum, com Dipel®, produto a base de Bacillus thuringiensis permitido na produção
agroecológica. O controle foi satisfatório e para maximizar o controle da mariposa todos os
frutos atacados foram eliminados, não permitindo que o ciclo do lepidóptero fosse
completado na área de cultivo.
Pelo observado nesta pesquisa, sugere-se que a tela como tutor das plantas seja
colocada o mais rápido possível após o plantio, ou mesmo antes, para facilitar a fixação
dos primeiros ramos jovens dos pepineiros. A opção de colocar a tela distante do solo
(Figura 1d, e), utilizando-se tutores para conduzir os ramos das plantas até a tela não deu
bons resultados e não é recomendável, pois os ramos originais tiveram que ser tutorados e
orientados até a tela e os novos ramos tiveram que ser semanalmente conduzidos em
direção à tela, aumentando a mão-de-obra. No sistema tutorado com galhos (espaldeira 1)
também houve necessidade condução dos ramos jovens, pela irregularidade dos galhos,
especialmente pela falta de estrutura (galhos finos basais) para fixação. Acredita-se que
colocação da tela imediatamente após o plantio e bem próxima ao solo (cerca de 10 cm no
502
máximo), resolverá este problema, permitindo que as gavinhas prendam-se precocemente a
tela. O uso da tela mostrou-se adequado para o cultivo do pepininho-silvestre, pois
facilitou sobremaneira a colheita e a localização os frutos, que ficam mais expostos e
visíveis, especialmente pelo contraste com a tela branca (Figura 3c, d) em relação ao
plantio com galhos onde a localização dos frutos em meio à folhagem fica dificultada (e.g.,
Figura 3g), bem como demais tratos culturais, tais como pulverização do produto Dipel®
para controle da broca das cucurbitáceas. Coincidentemente ou não, a doença da mancha
angular neste estudo foi detectada somente no plantio tutorado com galhos (espaldeira 1) e
o ataque da broca foi muito mais intenso no plantio tutorado com tela (espaldeira 2).
Apesar dos custos para aquisição da tela, este sistema parece mais indicado para plantios
comerciais pela facilidade e rapidez de colocação da tela, praticidade na colheita dos frutos
e coloração verde intensa e homogênea dos frutos pela incidência solar mais ou menos
equivalente em todas as faces dos frutos, normalmente mais expostos (e.g., Figura 3 c, d)
versus tutoramento com galhos (e.g., Figura 3g). O uso de tela chamada ‘rede agrícola’
para tutoramento de plantas mostrou-se adequado para o cultivo de outra Cucurbitaceae, o
maxixe paulista (Modolo & Costa, 2004). Os autores destacaram que esta forma de
condução facilitou a colheita e melhorou a qualidade dos frutos pela ausência de contato
com o solo, aspectos corroborados pelo presente estudo.
Em relação à produtividade Melothria cucumis mostrou-se promissora, apesar dos
dados preliminares. Foram 14 colheitas avaliadas em cerca de 47 dias de ciclo produtivo na
espaldeira 1 e nove colheitas avaliadas em cerca de 49 dias de ciclo produtivo na
espaldeira 2. Em média, as colheitas foram feitas com intervalo de três dias entre uma e
outra. No auge da produção a colheita foi realizada com intervalos de somente dois dias,
chegando a seis e até ao máximo de 13 dias de intervalo nas últimas colheitas. Ressalta-se
que nas últimas colheitas, a maioria das plantas estava na fase de senescência, resultando
503
em menor produtividade. Este período de produção de frutos é similar ao registrado por
Costa et al. (2005) para outra hortaliça-fruto não-convencional da mesma família, a
Cyclantera pedata, que foi de 42 dias.
504
Figura 1. Melothria cucumis – a, b, c) Ramos com flores femininas e frutos em desenvolvimento, frutos no ponto
de colheita e frutos jovens afetados pela broca-do-pepino (Diaphania nitidalis), respectivamente; d, e,
f, g) Cultivo experimental no Sítio Capororoca em espaldeira tutorada com tela contra-inseto: dois
indivíduos tutorados com galhos para alcançar a tela, inadequadamente, muito distante do solo (d, e),
plantas já fixas na tela (f) e plantas com sinais de senescência (g); h) Plantas espontâneas em
floricultura de Gravataí, RS; i) Frutos atacados por larvas de D. nitidalis oriundos de Gravataí; j) Fruto
do cultivo atacado pelas mesmas larvas; l, m) Folhas infectadas pela bactéria Pseudomonas syringae
pv. lachrymans (mancha angular) no cultivo experimental tutorado com galhos.
505
Figura 2. a, b, c, d, e) Melothria cucumis - cultivo em espaldeira tutorado com galhos de árvores nativas em
diferentes etapas do ciclo: Inicial (a), desenvolvimento vegetativo e início da frutificação (b, c),
plantas maduras (d) e senescência (e); f) Frutos de M. cucumis secos para análise mineral; g, h)
Mudas de M. cucumis em “saquinhos”, nota-se processo de gutação (fotos feita nas primeiras
horas do dia), i) Muda de M. cucumis plantadas a campo; j) M. fluminensis – ramos com frutos no
ponto ideal de colheita para consumo e flores com frutos em desenvolvimento.
506
Figura 3. Melothria cucumis - a, b) Indivíduos silvestres na base do Morro Santana (UFRGS, Porto Alegre).
Nota-se “pescoço” nos frutos; c, d) Ramos com frutos e flores do cultivo tutorado com tela contra-
inseto; e) Plantas em pleno vigor no cultivo tutorado com galhos. Nota-se garrafas pet fincadas
para maximizar a irrigação ocasional; f) Detalhe de uma flor feminina no tutoramento com galho;
g, h) Plantas com sinais iniciais da infecção por Pseudomonas syringae pv. lachrymans (mancha
angular); i) Produção; j) Picles recém feitos.
507
Figura 4. Melothria cucumis – a, b, c) variabilidade dos frutos; d) Sementes com o arilo típico (mucilagem); e
f) Fruto totalmente consumido pela larva de Diaphania nitidalis (e) e inseto (mariposa) adulto (f);
g, h) Picles produzidos com frutos do cultivo experimental (g) e frutos cortados para servir em
canapés (h); i) Montagem dos testes sensoriais; j) Picles produzido com a mesma espécie por um
agricultor de Caxias do Sul (Foto: Paulo Motta).
508
Figura 5. Melothria cucumis – a, b) Vista lateral da espaldeira tutorada com galhos (a), detalhe dos sintomas
da mancha angular causada por Pseudomonas syringae pv. lachrymans na face superior e inferior
das folhas (b); c, d, e, f) M. cucumis de Gravataí, RS, espontaneamente crescendo sobre tela tipo
Sombrite® (c, d, e). Nota-se frutos jovem totalmente consumido (e) e frutos adultos com larvas em
distintos estádios; g, h, i, j) M. fluminensis – frutos no ponto de colheita para consumo (g), frutos
(E) firmes no ponto ideal de consumo e frutos (D) maduros, amolecidos para sementes (h, i) e
frutos secos para análise mineral (j).
509
Na espaldeira 1 com 22 plantas, a produção chegou até atingir 1.200 g por colheita
(Figura 3i), mas a média foi de 579 g por colheita, esta flutuação pode ser observada na
Figura 6. Ao final do período produtivo foram produzidos cerca 8.100 g. Na espaldeira 2
com 14 plantas, a produção atingiu o máximo de 610 g por colheita e a média foi de 307 g
por colheita, esta flutuação pode ser observada na Figura 7. Ao final do período produtivo
foram produzidos cerca 2.760 g. A menor produção no plantio tutorado com tela,
provavelmente, deva-se a colocação muito tardia do tutoramento, somado ao plantio com
15 dias de atraso em relação ao tutoramento com galhos, o que não permite afirmar, com
estas observações e dados preliminares, qual forma de tutoramento contribui para o melhor
rendimento. No entanto, em estudos futuros na RMPA, recomenda-se que plantios a campo
sejam feitos mais cedo (e.g., setembro a outubro), época em que a maioria das culturas
sazonais é semeada e ou transplantada para o local definitivo na região, estando-se já bem
estabelecidas e desenvolvidas no verão, provavelmente estendendo o ciclo produtivo e
aumentando a produtividade.
510
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
ABCDEFGHI JLMNO
Massa total (g)
Figura 6. Gráfico mostrando produção (g) de 22 plantas de Melothria cucumis durante 14
colheitas (espaldeira 1) distribuídas entre 10 de fevereiro (A) a 27 de março (O)
com pico de produção na metade do ciclo produtivo.
511
0
100
200
300
400
500
600
700
ABCDEFGH I
Massa total (g)
Figura 7. Gráfico mostrando produção (g) de 14 plantas de Melothria cucumis durante
nove colheitas (espaldeira 2) distribuídas entre 05 de março (A) a 19 abril (I)
com pico de produção na oitava colheita.
5.3.2.2. Melothria fluminensis
A germinação foi rápida, iniciando cerca de uma semana após a semeadura, com
emergência de 90%. Apesar desta alta emergência e da grande abundância de mudas, por
falta de tempo para preparo da área de plantio a campo, a maioria das mudas desta espécie
morreu ainda na bandeja ou após a repicagem muito tardia. Apenas dois indivíduos
sobreviveram e foram plantados a campo aleatoriamente. Não foram manejados em
espaldeiras e sim em galhadas de bambu. Mesmo sem os tratos culturais mínimos
produziram uma grande quantidade de frutos e não houve nenhum problema fitossanitário
durante as observações. Uma única planta chegou a produzir 114 frutos em uma colheita
totalizando 145 g. O ciclo produtivo foi similar ao registrado para M. cucumis, com cerca
de 40 dias. Os frutos foram colhidos para autoconsumo in natura, em picles e para análises
nutricionais.
512
5.3.3. Análises bromatológicas e minerais
Em relação às análises nutricionais, salienta-se a escassez ou inexistência de dados
quando se trata de espécies alimentícias silvestres, especialmente no Brasil. Na Argentina
alguns estudos têm sido publicados enfocando frutas e hortaliças silvestres, algumas
ocorrendo também no Brasil e na RMPA (SCHMEDA-HIRSCHMANN et al., 2005;
FREYRE et al., 2000; ROZYCKI et al., 1997). De acordo com as análises bromatológicas
estas espécies são interessantes para uso na alimentação humana devido às similaridades
com espécies exóticas com as mesmas formas de uso, e.g., baixo teor calórico e teores de
fibras consideráveis (Tabela 3). Vê-se ainda nesta tabela que quando comparada com uma
espécie utilizada como alimento no México, do mesmo gênero e morfologicamente similar
à Melothria fluminensis, as duas espécies do presente estudo foram muito similares,
destacando-se pelos maiores teores de fibras alimentares e menores teores de amido e
quantidade de calorias em relação à espécie M. pendula. Merece menção que as duas
espécies de pepininhos (Tabela 3) foram superior às duas espécies comerciais no Brasil
(pepino e maxixe) analisadas na TACO (2006). No que concerne aos teores minerais (em
base seca) as duas espécies nativas também são similares às duas espécies convencionais
citadas anteriormente, merecendo destaque os teores de Mg, P, Zn levemente maiores nas
espécies nativas analisadas no presente estudo (Tabela 4).
Pela composição centesimal e mineral similares, dentre as principais razões para
cultivar, manejar e utilizar estas espécies nativas estão a adaptabilidade a ambientes
diferentes, a diversificação da produção e o diferencial à mesa. Atualmente, observa-se
uma tendência à miniaturização também na área agrícola e gastronômica (e.g.,
minichuchus, minialfaces, minimilhos, cenouras baby e cenouretes). Na parte
gastronômica, hortaliças em miniaturas (baby) deve-se à redução das famílias, ao maior
número de pessoas morando sozinhas e ou, geralmente, comendo fora de casa com maior
513
Tabela 3 - Composição centesimal dos frutos frescos de pepininhos-silvestres
(Melothria cucumis e M. fluminensis - Cucurbitaceae), comparada à composição
centesimal de frutos frescos de pepinillo silvestre (M. pendula), maxixe (Cucumis anguria)
e pepino (C. sativus). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes
M. cucumis* M. fluminensis* M. pendula
1
C. anguria
2
C. sativus
2
Umidade % 92,72 ± 0,37 91,53 ± 0,27 89,10 95 97
Lidios % 0,73 ± 0,01 0,86 ± 0,07 0,90 Tr Tr
Protna % 1,31 ± 0,06 1,24 ± 0,20 1,27 1 1
Cinzas % 0,45 ± 0,11 0,45 ± 0,06 0,57 0,7 0,3
Amido % 2,33 2,93 6,19 3 2
Fibra Alimentar % 2,46 2,99 1,65 2,2 1,1
Energia (kcal) 21,10 24,40 37,96** 14 10
* Médias ± Desvio Padrão (SD) de n = 3, exceto cinzas de M. fluminensis com n= 2 e
expressos em base úmida.
1
Fonte: Arzate-Fernández & Grenón-Cascales (2002): valores convertidos para base úmida.
2
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006),
** Calculado no presente estudo.
Tabela 4 - Composição mineral dos frutos frescos de pepininhos-silvestres
(Melothria cucumis e M. fluminensis - Cucurbitaceae), comparada à
composição mineral de frutos frescos de maxixe (Cucumis anguria ) e
pepino (C. sativus). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre, RS, 2007.
Componentes M. cucumis* M. fluminensis* C. anguria
1
C. sativus
1
Umidade (%) - - 5 3
Ca (%) 0,33 0,23 0,42 0,33
Mg (%) 0,53 0,33 0,2 0,3
Mn (%) 0,0016 0,0021 0,002 0,0033
P (%) 0,65 0,67 0,5 0,4
Fe (%) 0,0113 0,0058 0,008 0,0033
Na (%) 0,0044 0,0197 0,22 <LQ
K (%) 3,1 3,4 6,56 5,13
Cu (%) 0,0016 0,001 0,0004 0,0013
Zn (%) 0,0052 0,0035 0,004 0,0033
N (%) 2,8 2,4 - -
S (%) 0,29 0,23 - -
B (%) 0,0016 0,0011 - -
* Expressos em base seca a a 75ºC.
1
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006), convertidas (%)
convertidas (%) e recalculadas em base seca.
<LQ - Menor que o limite de quantificação.
514
freqüência. Logo, produtos menores facilitam o armazenamento na fruteira e na geladeira e
são mais versáteis no preparo culinário, evitando desperdícios.
A linha de minihortaliças é um dos segmentos da olericultura que mais tem
crescido nos últimos anos por agregarem facilidade no preparo, tornando os pratos mais
atrativos (LUZ et al., 2006). As duas espécies aqui estudadas, naturalmente produzem
frutos pequenos. Estes frutos são muito menores do que os menores pepinos tipo indústria
disponíveis no mercado para conservas, e.g., o pepino Cornichon, o qual tem casca mais
dura e irregular. Dentro desta tendência de mercado, os pepininhos silvestres, com casca
fina e lisa, consistência firme, textura crocante, coloração atrativa e sabor agradável podem
ter vantagens no mercado ávido por produtos diferenciados, especialmente no mundo da
alta gastronomia e no chamado mercado gourmet. Para isso, há necessidade de quebrar o
ciclo da falta de produção que impede a criação de demanda, ou seja, não vende porque
não tem no mercado e não há mercado porque não tem produção.
Como recomendações para estudos futuros, sugerem-se pesquisas para determinar e
quantificar os aminoácidos; estudos da biodisponibilidade das proteínas e minerais;
detecção de possíveis compostos antinutricionais.
5.3.4. Análise sensorial
Os frutos de Melothria cucumis foram avaliados sensorialmente crus como salada e
em conserva (picles). Os pepininhos tanto in natura como em picles tiveram aceitação
média, com nota 3,2, que significa indiferente. Um produto alimentício com este resultado,
em uma análise comercial, é considerado sensorial e economicamente viável (Simone H.
Flores, ICTA/UFRGS, com. pess., 2007). Apesar do picles da espécie nativa ter sido
avaliado como inferior em relação picles comercial feito com pepino tipo indústria
(aceitação média 4, equivalente a gostei), o sabor suave foi destacado, por alguns
515
provadores, quando comparado ao pepino convencional (Cucumis sativus). Outro aspecto
agradável ressaltado por alguns consumidores foi a crocância proporcionada pelas
sementes durante a mastigação. Novas formas tecnológicas de preparo do picles de M.
cucumis com usos de diferentes condimentos precisam testados e reavaliados
sensorialmente.
5.4. CONCLUSÕES
Conclui-se que Melothria cucumis e M. fluminensis são duas hortaliças-fruto
produtoras de minipepinos, apresentando grande potencial para cultivo e comercialização.
Seus frutos podem ser consumidos in natura ou em conservas. São espécies de fácil
propagação sexuada e fácil cultivo e apresentam composições bromatológica e mineral
semelhantes às espécies exóticas de usos equivalentes, destacando-se por teores
consideráveis de fibras alimentares, baixo teor calórico e teores levemente superiores dos
minerais Mg, P e Zn. Os frutos de M. cucumis tiveram aceitação média dos provadores
tanto como salada quanto em conservas, indicando o potencial alimentício e mercadológico
da espécie.
516
5.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARZATE-FERNÁNDEZ, A.M.; GRENÓN-CASCALES, G.N. Contribución al
conocimiento del pepinillo silvestre (Melothria pendula L.). Ciencia Ergo Sum, Toluca, v.
9, n. 1, p. 78-86, 2002
BARROSO, G.M. et al. Sistemática de angiospermas do Brasil. 2. ed. Viçosa: UFV,
2002. p. 279. (Volume. 1)
CARVALHO, H.H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de análise. Porto Alegre:
UFRGS, 2002. 180 p.
CORRÊA, C.A. et al. Estrutura floral das Angiospermas usadas por Heliconius erato
phyllis (Lepidoptera, Nymphalidae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Ser. Zool.,
Porto Alegre, v. 90, p. 71-84, 2001.
CORRÊA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de
Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984. p. 7 (Volume 1)
COSTA, C.A. et al. Produção de maxixe-do-reino em função do sistema de tutoramento e
do espaçamento. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 23, n. 1, p. 28-31, 2005.
DUTCOSKY, S.A. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Universitária Champagnat,
1996. 123 p.
FREYRE, M.R. et al. Vegetales silvestres sub explotados del Chaco argentino y su
potencial como recurso alimenticio. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas,
v. 50, n. 4, p. 394-399, 2000.
HABITAT. Região metropolitana de Porto Alegre: caracterização sócio-espacial. In:
BORBA, S.V. (Coord.). Porto Alegre, 2003. 49 p. Disponível em:
<http://www.metroplan.rs.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2004
INCUPO. El monte nos da comida. Santa Fe: INCUPO (Instituto de Cultura Popular),
1991. 72 p. (Volume I)
INDEX HERBARIORUM. [Informações]. Disponível em:<http://sweetgum.nybg.org/ih>.
Acesso em: 27 abr. 2007.
KINUPP, V.F. Plantas alimentícias não-convencionais da Região Metropolitana de
Porto Alegre, RS. 2007. 562 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em
Fitotecnia, Faculdade Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
517
Alegre, 2007. Cap. 2: Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região
metropolitana de Porto Alegre.
KLEIN, V.L.G. Cucurbitaceae do estado do Rio de Janeiro: Subtribo Melothriinae
E.G.O.Muell et F.Pax. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
v. 34, n. 2, p. 93-172, 1996.
KUNKEL, G. Plants for human consumption: an annotated checklist of the edible
phanerogams and ferns. Koenigstein: Koeltz Scientific Books, 1984. 393 p.
LUIS, F.S.C.T. Flora analítica de Porto Alegre. Canoas: Instituto Geobiológico La Salle,
1960, 225 p.
LUZ, J.M.Q. et al. Produção de minicenouras não processadas em função de diferentes
cultivares e espaçamentos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 24, n. 2, 2006
MABBERLEY, D.J. The Plant-Book: a portable dictionary of the vascular plants. 2 nd.
ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 5.
MARTÍNEZ-CROVETTO, R. La alimentación entre los indios guaranies de Misiones
(Republica Argentina). Etnobiologica, Corrientes, n. 4, p. 1-24, 1968.
MODOLO, V.A.; COSTA, C.P. da. Production of paulista gherking using trellis net
support. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 61, n. 1, p. 43-46, 2004.
MORS, W.B. et al. Medicinal plants of Brazil. Algonac: Reference Publications, p. 304,
2000.
NEPA/UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos – TACO – versão 2.
Disponível em: http://www.unicamp.br/nepa/taco. Acesso em 15 ago. 2006.
PORTO. M.L. Cucurbitaceae. In: SCHULTZ, A.R. (Coord.). Flora Ilustrada do Rio
Grande do Sul, fasc. VIII. Porto Alegre: Instituto de Biociências, 1974. 64 p.
RAGONESE, A.E.; MARTÍNEZ-CROVETTO, R. Plantas indígenas de la Argentina con
frutos o semillas comestibles. Revista de Investigaciones Agrícolas, Buenos Aires, v. 1,
n. 3, p. 147-216, 1947.
RAMBO, B. Análise histórica da flora de Porto Alegre. Sellowia, Itajaí, v. 6, n. 6. p. 9-
111, 1954.
ROZYCKI, V.R. et al. Composición de nutrientes en especies vegetales autóctonas de la
región Chaqueña, Argentina. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas, v. 47,
n. 3, p. 265-270, 1997.
SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. et al. Proximate composition and free radical scavenging
activity of edible fruits from the Argentian Yungas. Journal of the Science of Food and
Agriculture, Chichester, v. 85, p. 1357-1364, 2005.
518
SIMÕES, C.M.O. et al. Plantas da medicina popular no Rio Grande do Sul. 5. ed. Porto
Alegre: UFRGS, 1998. 173 p.
SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das
famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa: Instituto
Plantarum, 2005. 640 p.
STEARN, W.T. Stearn’s dicitionary of plant names for gardeners: a handbook on the
origin and meaning of the botanical names of some cultivated plants. Portland: Timber
Press, 2002. p. 205.
TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C. Metodologia de análises de solo, plantas, adubos
orgânicos e resíduos. In: BISSANI, C.A. et al. (Eds.). Fertilidade dos solos e manejo da
adubação de culturas. Porto Alegre: Genesis, 2004. p. 61-66.
Capítulo VI
ESTUDOS BIOFITOTÉCNICO, BROMATOLÓGICO, MINERAL E SENSORIAL
DE JARACATIÁ (Vasconcellea quercifolia A. St.-Hil. - Caricaceae)
6.1. INTRODUÇÃO
A família Caricaceae Dumort. compreende cerca de quatro gêneros e 33 espécies da
América Tropical e Subtropical, com exceção do gênero Cylicomorpha Urb. (2 spp.) da
África Tropical (Mabberley, 2000). No Brasil ocorrem dois gêneros nativos (Jacaratia A.
DC. e Vasconcellea A. St.-Hil.) com cerca de 10 espécies, além de um gênero
monoespecífico, cultivado, de grande importância econômica e social, o mamoeiro (Carica
papaya L.). Segundo Kunkel (1984), a família possui quatro gêneros com usos
alimentícios: Carica, Jacaratia, Jarilla e Pileus. Como o gênero Pileus é considerado
sinônimo de Jacaratia (Mabberley, 2000) e o gênero Vasconcellea foi reconhecido como
distinto de Carica (BADILLO, 2000; BADILLO, 2001), efetivamente a família possui
quatro gêneros americanos e todos apresentam uma ou mais espécies com usos potenciais
na alimentação humana.
Dentre as espécies nativas no Brasil há algumas, como Jacaratia spinosa (Aubl.) A.
DC., que possui medula do tronco principal e dos galhos grossos utilizada no preparo de
doces, além de frutos que podem ser consumidos crus ou assados ou transformados em
doces e conservas (SANTOS, 1970; KINUPP, 2007). Jacaratia heptaphylla (Vell.) A. DC.
520
vem sendo estudada pelo potencial como frutífera do Cerrado (SANTOS et al., 2006;
MACHADO et al., 2006; ROCHA et al., 2006). Jacaratia corumbensis Kuntze tem raízes
espessadas utilizadas como fonte de água (ARENAS, 2003) e os frutos com dimensões
equivalentes ao jaracatiá deste estudo (3-6 cm) são comestíveis (POTT & POTT, 1994).
Curiosamente, Kunkel (1984) não menciona nenhuma outra parte utilizada na
alimentação, a não ser os frutos para todas as espécies citadas de Vasconcellea (sob
Carica). Cruzando os dados de comestibilidade de Kunkel (1984) com a reabilitação e
atualização nomenclatural (BADILLO, 2000), o gênero Vasconcellea possui cerca de nove
espécies, além de subespécies, variedades e ou híbridos, com usos alimentícios potenciais.
No entanto, pelas características do gênero, e.g., caule com parênquima medular
geralmente desenvolvido e frutos carnosos, provavelmente, mais espécies podem ter uma
ou mais partes utilizadas como alimento e precisam ser estudadas e testadas. Somente para
C. papaya (KUNKEL, op. cit.) menciona, além dos frutos (maduros e verdes), o uso das
folhas, flores e medula na alimentação. Outro produto do mamoeiro e da família
Caricaceae é a papaína, uma enzima proteolítica com importantes usos na indústria
alimentícia como tenderizador ou amaciante de carne e clarificante de cerveja (LEWIS &
WOODWARD, 1950; MABBERLEY, 2000), além de usos em curtumes e na indústria
farmacêutica (DUBEY et al., 2007).
A espécie alvo deste estudo é Vasconcellea quercifolia A. St.-Hil. Esta espécie é
tradicionalmente utilizada no preparo de doces a partir de sua medula abundante
(parênquima medular), que constitui a maior parte do tronco principal e dos ramos grossos
após a eliminação do fino córtex (casca) levemente lenhoso. A medula está presente
mesmo em ramos finos, sendo possível seu aproveitamento (secundário) até de ramos com
uns 5 cm de diâmetro. Este uso local, caseiro, é comum em alguns municípios dos Estados
521
da região Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul (RS) destaca-se o município de
Arvorezinha, onde este derivado do jaracatiá é chamado de doce-de-jaracatiá ou doce-do-
pau-ralado. Záchia (com. pess., 2007) afirma que tanto a planta quanto o uso para doce é
comum nos municípios de Santiago e Cachoeira do Sul. Diversos autores brasileiros citam
esta forma de uso (SANTOS, 1970; MARCHIORI, 2000; BACKES & IRGANG, 2002;
LORENZI et al., 2006; KINUPP & BARROS, 2006; KINUPP & BARROS, 2006a). No
entanto, Corrêa & Penna (1984b, p. 57), no clássico dicionário das plantas úteis, não citam
o uso da medula desta espécie e mesmo nas obras clássicas sobre plantas alimentícias do
mundo (e.g., KUNKEL, 1984; FACCIOLA, 1998), nenhuma menção ao uso da medula é
feito, apesar de todos citarem esta espécie e o seu potencial como frutífera. No Brasil, V.
quercifolia recebe diferentes nomes populares: jaracatiá ou jacaratiá (RS), mamute
(Arvorezinha - RS), mamãozinho-do-mato, mamoeiro-do-mato, mamão-do-mato,
mamoeirinho, mamãozinho, mamoeiro-bravo. Outros nomes brasileiros e em diferentes
idiomas e países foram compilados por Kinupp (2007).
O presente estudo fez parte de uma pesquisa maior (KINUPP, 2007), cujo objetivo
principal foi identificar as espécies vegetais com potencial alimentício nativas da Região
Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). A partir deste rol foi selecionada Vasconcellea
quercifolia, uma espécie com grande potencial alimentício negligenciado, tendo como
objetivos: apresentar a situação taxonômica e nomenclatural da espécie; caracterizar
preliminarmente seus aspectos bioecológicos e fitotécnicos básicos; analisar a composição
centesimal e mineral dos seus frutos maduros e da medula caulinar e avaliar
sensorialmente os doces em calda e em tablete (‘jaracatiada’) elaborados a partir da medula
ralada desta espécie como subsídios para estudos futuros e implementação de políticas
públicas destinadas ao aproveitamento deste recurso natural subutilizado.
522
6.2. MATERIAL E MÉTODOS
6.2.1. Material vegetal
Sementes e estacas foram coletadas de diferentes indivíduos espontâneos em alguns
municípios do RS (Três Coroas, Taquara, Nova Petrópolis, Santo Ângelo). Coletas
botânicas de Vasconcellea quercifolia foram incorporadas ao Herbário ICN (UFRGS) para
permitir a confirmação da entidade taxonômica do material estudado: V.F. Kinupp, 3160 e
3181, sob os números ICN 146722 e 146744, respectivamente. Acrônimo do herbário de
acordo com o Index Herbarioum (2007).
6.2.2. Situação nomenclatural e taxonômica e caracterização biológica geral
Foi feita uma revisão geral da bibliografia taxonômica sobre a espécie alvo, bem
como consulta aos acervos dos herbários da RMPA e observações a campo, tanto em
condições naturais quanto sob cultivo. As medidas dos frutos e das sementes foram obtidas
de amostras de indivíduos silvestres com uso de paquímetro digital.
6.2.3. Propagação sexuada
Frutos maduros de V. quercifolia foram coletados, em março de 2006, de
indivíduos silvestres às margens da rodovia RS 020, no município de Três Coroas, RS e às
margens da BR 116, em Nova Petrópolis, RS. Os frutos foram levados ao laboratório,
abertos e após a retirada das sementes, estas foram lavadas em uma peneira de crivo fino
sob água corrente visando retirar a película carnosa (sarcotesta) que as envolve. A seguir,
foram secas à sombra dentro da própria peneira durante três dias e então semeadas.
Foram semeadas 298 sementes, uma por célula, em bandejas de poliestireno de 200
células de 5,0 cm de altura x 2,5 cm de largura com substrato comercial (Polimix ®) sobre
bancada em casa de vegetação do Departamento de Horticultura e Silvicultura da
Faculdade de Agronomia (DHS - UFRGS) com irrigação diária.
523
6.2.4. Propagação assexuada
Foi realizado um estudo de propagação vegetativa de V. quercifolia avaliando-se o
enraizamento de estacas, em três momentos distintos, com tratamentos distintos. As estacas
foram obtidas de diversos indivíduos silvestres de diferentes municípios do RS, em
ocasiões diversas. Os testes foram conduzidos em casa de vegetação do DHS, utilizando
bandejas de poliestireno sob nebulização intermitente.
Experimento I
O experimento I foi realizado em maio de 2005, com 14 estacas coletadas de um
indivíduo (masculino) em Taquara, RS, às margens da rodovia RS 020, com cerca de 15
cm de comprimento e corte basal reto. Foram tratadas com 500 ppm de ácido indolbutírico
(AIB) por 10 segundos e mantidas em bandejas de poliestireno preenchidas com solo do
mato como substrato e mantidas sob nebulização intermitente.
Experimento II
Em setembro de 2005, o experimento foi implantado com 37 estacas coletadas de
um indivíduo (masculino*) silvestre em Santo Ângelo, RS. Este indivíduo, na época da
coleta, estava no final do período de dormência, apenas com folhas jovens e ainda sem
emissão de botões florais. Desta vez utilizou-se como substrato casca de arroz carbonizada,
sem tratamento com fitormônios. Foram feitos cortes em cunha na base das estacas para
expor o câmbio e estimular o enraizamento adventício.
* Sexo determinado a partir do florescimento das mudas formadas a partir deste
experimento e cultivadas.
Experimento III
No último estudo, com uma maior quantidade de material disponível e com os
subsídios preliminares dos testes anteriores organizou-se um estudo em delineamento
fatorial com três tipos de estacas, visualmente, agrupadas em grossas, médias e finas
524
(Figura 3 f-g – filas de estacas nesta ordem), sendo seis estacas por categoria tratadas com:
0, 250 e 500 ppm de AIB também por 10 segundos, totalizando então nove tratamentos
aplicados em 54 estacas colocadas em bandejas tendo como substrato casca de arroz
carbonizada. As estacas foram observadas quanto à emissão de raízes e à sanidade durante
o período de enraizamento na câmara de nebulização por 45 dias.
6.2.5. Cultivo e observações preliminares sobre o desenvolvimento
6.2.5.1. Área de cultivo
Os cultivos a campo foram conduzidos no Sítio Capororoca, a 30 km da Faculdade
de Agronomia da UFRGS, no Bairro Lami, zona sul de Porto Alegre, município localizado
entre as coordenadas 29°57’ a 30°16’S e 51°01’ a 51°16’W. Este bairro faz parte do
cinturão verde do município. O sítio está situado numa região a aproximadamente 30
m.s.n.m. e foi utilizado para os plantios experimentais, bem como foi um dos locais do
desenvolvimento de diversas formas de usos e técnicas de preparo de receitas usando como
base a medula (parênquima) de Vasconcellea quercifolia. A proprietária do sítio faz parte
da Associação dos Produtores Ecologistas do Lami (APEL) e, portanto, toda produção
baseia-se nos princípios da agroecologia, sendo o excedente comercializado nas feiras
ecológicas de Porto Alegre ou diretamente no sítio.
O cultivo foi conduzido em solo de boa fertilidade, como atestam as análises
executadas no Laboratório de Solos e Tecidos Vegetais da Faculdade de Agronomia da
UFRGS (LSTVFA), de acordo com metodologia rotineira deste laboratório (TEDESCO &
GIANELLO, 2004): Argila= 13%; pH (H
2
O)= 5,2; P= >100 mg/dm
3
; K=67 mg/dm
3
;
M.O.=2,5%; Al=0,1 cmol
c
/dm
3
; Ca=3,1 1 cmol
c
/dm
3
; Mg=0,7 1 cmol
c
/dm
3
; S=21 mg/dm
3
;
Zn=14 mg/dm
3
; Cu=2,5 mg/dm
3
; B= 0,5 mg/dm
3
; Mn=21.
6.2.5.2. Plantio
525
Mudas formadas a partir de sementes adquiridas em um viveiro especializado em
espécies nativas (1), estacas enraizadas nos experimentos de propagação assexuada (2) e
plântulas oriundas do experimento de emergência (3) foram transplantadas no sítio
Capororoca nas seguintes condições:
(1) Foram oito mudas com cerca de 30 cm de altura adquiridas por R$ 3,00 cada uma
no final de outubro de 2005 e plantadas a campo em seguida. O plantio foi
realizado em covas simples abertas no momento do plantio, com adubação de
cobertura de uma pá de esterco de cavalo curtido por cova. Cinco destas mudas
foram plantadas na área mais úmida (solo analisado mencionado no item 6.2.5.1) e
sem cultivo anterior. As três restantes foram intercaladas na área sob policultivo do
sítio, em solo arenoso e bem drenado, mas com adubação e manejos de ciclos
anteriores. A mesma adubação de cobertura foi aplicada nestas três covas. O plantio
foi aleatório em função do espaço disponível;
(2) Estacas enraizadas (5) oriundas do experimento de estaquias (acesso de Santo
Ângelo, RS) foram plantadas na margem do valo de drenagem com a mesma
adubação de cobertura citada anteriormente. O plantio foi em linha, seguindo o valo
com espaçamento de 3 m entre as covas na linha simples. O plantio foi realizado no
final de novembro de 2005.
(3) As plântulas originárias do experimento de emergência foram plantadas a campo
em covas simples, em sistema de plantio direto e aleatório (com no mínimo 3 m x 3
m entre as covas na linha e entre linhas, aproveitando-se o espaço disponível no
pomar misto na parte da frente do sítio, e consorciadas com outras espécies
alimentícias nativas, experimentalmente cultivadas, na propriedade. O plantio a
campo foi realizado no final de agosto de 2006, ou seja, cerca de quatro meses após
a semeadura.
526
Em todos estes casos as plantas receberam os tratos culturais usuais de capina da
vegetação espontânea, sem cuidados maiores com irrigação. As plantas oriundas de estacas
iniciaram o florescimento logo após o pegamento. Suas inflorescências eram
periodicamente derrubadas, pois verificou-se serem plantas masculinas e não havia
interesse na sua manutenção.
6.2.6. Análises bromatológica, mineral e sensorial
Os ramos foram descascados, limpando-se bem para deixar apenas a região central
(medula), a qual foi cortada em pedaços menores (rodelas), sendo então processadas em
ralador industrial. Os frutos maduros foram lavados em água corrente e avaliados
integralmente (frutos inteiros – casca, polpa e sementes) tanto na composição centesimal
quanto nas análises dos minerais. Para as análises in natura, os frutos foram cortados e
processados em liquidificador. A matéria-prima para as análises bromatológicas e minerais
foi coletada de indivíduos silvestres.
Foram realizadas análises da composição centesimal dos frutos maduros e da
medula caulinar (parênquima) in natura do jaracatiá, sendo estabelecido o percentual de
umidade, cinzas, carboidratos totais, lipídios, proteínas e fibras alimentares totais. A
metodologia adotada está mencionada em Carvalho et al. (2002). Estas análises foram
realizadas no Laboratório de Bromatologia do Instituto de Ciências e Tecnologia de
Alimentos – ICTA, UFRGS. Todas as análises foram executadas em triplicatas. Exceção
feita às análises de fibra alimentar total (FAT), as quais devido aos custos foram realizadas
em duplicatas.
A quantificação dos minerais foi realizada tanto para os frutos quanto para medula
caulinar crus. Previamente, todas as amostras foram secas em estufa a 75ºC e após secas
foram trituradas em liquidificador doméstico. As análises foram executadas no Laboratório
de Solos e Tecidos Vegetais da Faculdade de Agronomia (LSTVFA), UFRGS, de acordo
527
com metodologia de rotina descrita em Tedesco & Gianello (2004), idêntica à utilizada
para as análises dos minerais contemplados na TACO – Tabela Brasileira de Composição
de Alimentos - (NEPA/UNICAMP, 2006), permitindo comparações adequadas das
análises deste estudo com as espécies avaliadas na referência citada. Para as comparações
dos teores nutricionais e minerais desta espécie com outras de usos similares adotaram-se
os dados do NEPA/UNICAMP (2006), referência citada diretamente como TACO na
apresentação e discussão dos resultados e outras fontes quando disponíveis. Os dados
foram apresentados em percentagem (%) para facilitar comparações e conversões. Para
converter % para mg/100g multiplicou-se os valores por 1.000. Na conversão dos
resultados em base úmida para base seca utilizou-se o seguinte procedimento: multiplicou-
se 100 pelo valor a ser convertido e dividiu-se este valor pelo total de matéria seca da
amostra, ou seja, 100% de umidade menos a umidade expressa na tabela, obtendo-se assim
os teores em base seca. Para conversão de valores apresentados em base seca para base
úmida, o procedimento é o inverso, ou seja, multiplicou-se o valor a ser convertido pelo
teor de matéria seca e dividiu-se por 100, obtendo-se o percentual em base úmida.
As análises sensoriais foram realizadas no Laboratório de Análise Sensorial do
ICTA, UFRGS, utilizando-se escalas hedônicas e demais procedimentos usuais
(DUTCOSKY, 1996). Foi avaliado apenas o grau de aceitação, com 41 pessoas
(provadores). Os produtos foram avaliados com escala de 1 a 5 (1 – detestei; 2 – não
gostei; 3 – indiferente; 4 – gostei; 5 – adorei). Foram avaliados os doces em calda e em
tablete tipo cocada, denominado jaracatiada.
528
6.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.3.1. Situação nomenclatural e taxonômica e caracterização geral
Atualmente, o gênero Vasconcellea A. St.-Hil. foi restabelecido como válido e
distinto de Carica L. (BADILLO, 2000; BADILLO, 2001). Dentre as principais distinções
destaca-se o caule totalmente meduloso no primeiro e a impossibilidade de formação de
híbridos entre os gêneros (BADILLO, 2000). Recentes estudos filogenéticos corroboraram
a distinção entre estes dois gêneros (ARADHYA et al. 1999; DROOGENBROECK et al.,
2002). Na literatura, maiores informações sobre Vasconcellea quercifolia podem ser
encontradas sob os nomes Carica quercifolia (A. St.-Hil.) Hieron. (SANTOS, 1970;
LORENZI, 1998; MARCHIORI, 2000; BACKES & IRGANG, 2002; SOUZA &
LORENZI, 2005) e C. quercifolia Solms-Laub. (CORRÊA & PENNA, 1984b, p. 57;
COLOMBO et al., 1989).
Além destes, há outros nomes com pequenas variações na grafia do gênero:
Vasconcella quercifolia A. St.-Hil. e Vasconella quercifolia A. St.-Hil. E alguns sinônimos
menos comuns: Vasconcellosia hastata Caruel, Carica hastaefolia hort. ex Solms-Laub.,
C. bonplandii hort. Paris ex Solms-Laub., Papaya quercifolia Kuntze (SANTOS, 1970).
No banco de dados do Missouri Botanical Garden (MOBOT, 2007), outros sinônimos são
listados, totalizando juntamente com os anteriormente citados, 18 nomes em sinonímia.
Sob um desses sinônimos (Carica lanceolata (A. DC.) Benth. & Hook. ex Hieron.), a
espécie aqui estudada é citada como produtora de frutos comestíveis, ocorrendo no
noroeste argentino (RAGONESE & MARTÍNEZ-CROVETTO, 1947).
O binômio Vasconcella quercifolia A. St.-Hil. foi citado em trabalhos recentes por
Badillo (2000); Kinupp & Barros (2006); Kinupp & Barros (2006a); Lorenzi et al. (2006);
Sobral et al. (2006), mas é uma grafia incorreta e foi retificada por Badillo (2001). Cabe
529
citar a existência de um nome ilegítimo (Vasconcellia Mart.) para um gênero da família
Bignoniaceae encontrado na literatura mais antiga (e.g., CORRÊA & PENNA, 1984a, p.
32 e 309) que pode gerar confusão, logo toda cautela é necessária à grafia e pronúncia
corretas.
De acordo com Santos (1970), no Brasil há registros da ocorrência de V. quercifolia
nos estados de GO, MG, RJ, SP, PR, SC e RS, sendo mais abundante nos Estados da
região Sul, sobretudo em regiões de maiores altitudes das bacias dos rios Paraná e Uruguai
e nas bacias que formam o lago Guaíba. Este autor afirma que a espécie é seletiva higrófita
e heliófita, sendo pouco freqüente no interior das matas e tem ampla, porém inexpressiva
distribuição. No presente estudo, no entanto, populações significativas desta espécie foram
observadas em diversos municípios gaúchos, e.g., Arvorezinha (onde é explorada por
extrativismo) e nos municípios de Progresso, Sarandi, Sagrada Família, Boa Vista das
Missões e região, especialmente nas margens da BR 386 sobre rochas basálticas. Suas
populações também são significativas nos municípios serranos, e.g., Nova Petrópolis,
Caxias do Sul, Veranópolis e Nova Prata, notavelmente ao longo da BR 116. Marchiori
(2000) cita registros para outros países: Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai e norte da
Argentina.
Vasconcellea quercifolia é uma árvore caducifólia, dióica, lactescente, de 4-10 m
de altura, com tronco mais engrossado na base, com marcantes cicatrizes da queda das
folhas e lenticelas evidentes (Figura 1a, g-m). Frisa-se que as lenticelas, sabidamente
estruturas que permitem as trocas gasosas, hipertrofiam-se em situações de alta umidade do
solo e ou substrato (e.g., Figura 3h). Folhas alternas inteiras (Figura 1f), hastadas ou,
geralmente, lobadas até profundamente lobadas (e.g., Figura 5i), altamente discolores
(verde brilhoso na face superior e branco-acinzentada na inferior, Figura 1b-c),
530
normalmente com abscissão total na região Sul do país durante o inverno (Figura 1h-i).
Flores masculinas e femininas (Figura 1b-c; d-e, respectivamente) com coloração creme-
esverdeadas.
A biologia floral (mecanismos e vetores da polinização) não é conhecida. Colombo
et al. (1989) citam que a polinização é anemófila sob as condições de cultivo em Palermo
(Itália). Entretanto, nenhuma outra referência mais completa foi encontrada para referendar
ou não esta observação e não parece factível, devido às características das flores (Figura
1b-e). Nas plantas cultivadas no Lami foram observadas abelhas mamangavas visitando
constantemente as flores dos indivíduos masculinos. Foram observados indivíduos
femininos espontâneos isolados, até mesmo em áreas periurbanas, que produzem frutos, o
que sugere agamospermia. Piratelli et al. (1998), estudando a biologia floral de Jacaratia
spinosa relatam produção de frutos por agamospermia. Estes autores relatam também
antese noturna e afirmam que as características das flores desta espécie, muito similares
tanto na morfologia geral quanto na coloração às flores de V. quercifolia, remetem a
falenofilia (polinização por mariposas).
Os frutos são elipsóides ou piriformes, com cerca de 5 cm de comprimento,
imaturos verdes angulosos (Figura 1f; Figura 2a) e maduros alaranjados (Figura 2b-c),
glabros e com muitas sementes tuberculadas (Figura 2d). Os frutos de Vasconcellea
quercifolia, no ponto de colheita, possuem em média (n= 100) 4,6 cm de comprimento
polar por 1,9 cm de largura equatorial (região mediana), pesando, em média, 8,0 g (Tabela
1). Estas dimensões médias são muitas próximas das encontradas por Colombo et al.
(1989) nos indivíduos cultivados na Itália: 4,2 cm x 1,9 cm. O número médio de sementes
por frutos maduros (n= 11) foi de 24 sementes, isto incluindo três frutos nitidamente
pequenos, mal-formados, com até o mínimo de seis sementes por fruto. Excluindo estes
frutos mal-formados, possivelmente devido a uma fecundação deficiente, a média sobe
531
para um patamar mais real de 29 sementes por fruto (n= 8), com o máximo registrado de
até 32 sementes e mínimo de 23 sementes por fruto.
Novamente, uma média similar às plantas cultivadas na Itália, com 30 sementes por fruto
(COLOMBO et al., 1989).
As sementes de V. quercifolia possuem mesotesta verrucosa, com a remoção da
sarcotesta que as revestem tornam-se ‘espinescente’, similar às sementes do mamoeiro
comum (C. papaya), no entanto, esta última possui uma coloração, geralmente mais
enegrecida e na espécie aqui estudada a cor é mais clara (Figura 2d). Estas sementes
possuem em média (n= 100) 5,3 mm de comprimento polar por 2,8 mm de largura
equatorial (Tabela 2). Durante o processo de lavagem das sementes foi observada a
formação de grande quantidade de mucilagem. Esta mucilagem abundante também foi
registrada para as sementes de Jacaratia spinosa (PAOLI & PAGANO, 1989). Esta
mucilagem merece estudos para avaliação de sua constituição química e possível aplicação
na indústria alimentícia e ou farmacêutica como espessante.
532
Figura 1. Vasconcellea quercifolia – a) Indivíduo feminino silvestre isolado; b, c) Ramos com flores
masculinas; d, e) Ramos com flores femininas e frutos jovens (e- detalhe das flores – nota-se
estigmas); f) Ramo com frutos imaturos; g) Indivíduo masculino com folhas jovens (nota-se copa
altamente ramificada); h, i) Indivíduo manejado (nota-se abscisão foliar total e cicatrizes das
podas seletivas – detalhe em i); j) Tronco basal de uma árvore adulta (velha) em mata; l) Detalhe
do tronco (nota-se lenticelas e cicatrizes das folhas); m) Dois indivíduos cultivados arrancados
para uso da medula (E originário de semente e a D de estaca).
533
Figura 2. Vasconcellea quercifolia – a) Fruto ‘de vez’ ainda mostrando abundância de látex (fonte de
papaína) quando ferido; b) Detalhe dos frutos maduros (nota-se sementes ‘imersas’ na polpa); c)
Variabilidade morfológica e morfométrica de frutos maduros e ‘de vez’ oriundos de árvores
silvestres; d) Detalhe das sementes limpas e secas à sombra ; e) Brotos jovens após apenas 1 (um)
mês da poda de um ramo; f) Processo de retirada da casca dos ramos; g) Ramos descascados
prontos para serem ralados; h) Medula ralada com ralador caseiro manual (nota-se tiras longas e
finas, técnica de uma doçaria tradicional de Arvorezinha); i) Medula cortada em rodela para ser
processado em ralador elétrico; j) Ralador e medula ralada (nota-se tiras mais largas e mais curtas
– Figura i-j oriunda da dos indivíduos da Figura 1m).
534
Figura 3. Vasconcellea quercifolia – a) Doces em calda agroindustrializado (Arvorezinha); b) Doce em calda
servido no coquetel de abertura da Exposição Homem-Natureza (Museu da UFRGS, 2006) e
utilizado nas análises sensoriais; c) Jaracatiada (doce em tablete) utilizado nas análises sensoriais;
d, e) Propagação por estaquias sem AIB – acesso de Santo Ângelo); f, g, h) Propagação por
estaquias (nota-se corte em cunha no ápice visando evitar acúmulo de água; lenticelas
ligeiramente hipertrofiada em h); i) Plantas oriundas das estacas de Santo Ângelo cultivadas
(nota-se policultivo) na margem de valo de drenagem (abril de 2006); j) Ângulo similar,
mostrando valo cheio (Junho de 2006, nota-se início da abscisão foliar).
535
Figura 4. Vasconcellea quercifolia – a, b) Experimento de emergência mostrando boa, mas desuniforme
germinação; c, d) Vista das plântulas repicadas para saquinhos mantidos a campo em ambiente
protegido por tela tipo sombrite; e) Área úmida (mal drenada) escolhida para plantio da maior
parte das mudas (nota-se cova inadequadamente preparadas, com cavidade permitindo o acúmulo
de água); f, g, h) Mudas plantadas no local definitivo (nota-se proteção solar com galhos de
plantas); i) Vista geral do cultivo em dezembro de 2006 (Nota-se o crescimento da plantas
oriundas de estacas – vide Figura 3i-j; Foto: Gustavo N. Lisbôa); j) Ângulo similar mostrando o
crescimento da vegetação espontânea (fevereiro de 2007); nota-se que o jaracatiá atrás do autor
(V.F. Kinupp) da fotografia anterior foi cortado (= Figura 1m – D).
536
Figura 5. Vasconcellea quercifolia – a, b, c, d) Propagação por estaquias sem AIB – acesso de Santo Ângelo;
e, f) Indivíduo feminino e masculino, respectivamente, originários de sementes plantados a campo
no mesmo dia (origem: Viveiro de Pareci Novo); g, h) Dois indivíduos originários das estacas de
Santo Ângelo (g – folhas jovens e botões; h – folhas desenvolvidas e flores); i) Acesso de Morro
Ferrabrás (Sapiranga) mostrando folhas altamente partidas; j, l, m) Indivíduos originários do
experimento de emergência cerca de cinco (5) meses após o plantio no local definitivo (nota-se
plantio consorciado, policultivo; l-m – flores e frutos jovens: Janeiro 2007).
537
Tabela 1 - Comprimento, diâmetro e massa dos frutos frescos (n = 86)
no ponto de colheita ("de vez" ou maduros) de jaracatiá
(Vasconcellea quercifolia - Caricaceae).
Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Frutos comprimento (mm) diâmetro (mm) massa (g)
Máximo 57,47 22,79 16,86
nimo 29,82 13,65 3,43
Média 45,92 18,95 8,12
SD 5,83 2,24 2,64
Tabela 2 - Comprimento e diâmetro das sementes (n = 100) de frutos
maduros de jaracatiá (Vasconcellea quercifolia - Caricaceae).
Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Sementes comprimento (mm) diâmetro (mm)
Máximo 6,10 3,13
nimo 4,54 2,33
dia 5,28 2,79
SD 0,32 0,17
6.3.2. Propagação sexuada, assexuada, cultivo e observações fitotécnicas
6.3.2.1. Propagação sexuada
A emergência começou 15 dias após a semeadura. Isto é similar ao citado por
Bhattacharya & Khuspe (2001) para as sementes do mamoeiro que germinam entre 16 e 20
dias após a semeadura, dependendo da cultivar. A última contagem de plântulas emergidas
foi 65 dias após a semeadura, pois há vários dias novas emergências não ocorriam. Das
298 sementes semeadas, 225 germinaram, ou seja, a germinabilidade estimada
indiretamente, dentro das condições descritas, foi de aproximadamente 76%. As
características das plântulas, em diferentes estádios, com destaque a heterofilia pode ser
vista na Figura 4a-b. Nestas figuras nota-se também forte desuniformidade na emergência.
538
Esta germinabilidade é similar à constatada por Paoli et al. (1987) para outra espécie
também conhecida por jaracatiá (Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC.) que foi de 80%.
Segundo estes autores nesta espécie a germinação é influenciada pela presença de
inibidores de crescimento no tegumento e na mucilagem das sementes. Para evitar este tipo
interferência no presente estudo as sementes foram lavadas repetidas vezes e a abundante
mucilagem exsudada foi eliminada.
Cabe mencionar, como subsídios para estudos futuros, que sementes extras deste
mesmo lote, armazenadas em frasco em temperatura local por cerca de cinco meses foram
utilizadas no experimento de germinação efetuado para a disciplina de Propagação de
Plantas (PPG Fitotecnia – UFRGS, 2006) por Nunes et al. (2006) e não germinaram. Neste
experimento foram seguidas as recomendações para Carica papaya, segundo Brasil
(1992). As sementes foram semeadas em areia e em papel com quatro repetições de 100
sementes, uniformemente espaçadas em caixas do tipo gerbox. O experimento foi
conduzido em germinador de câmara (B.O.D), com temperatura de 20°C e fotoperíodo
com 16 horas de luz e 8 horas de escuro. As avaliações foram realizadas aos 7, 14, 21 e 28
e 35 dias após a instalação do experimento. Após estas cinco semanas não ocorreu
nenhuma germinação. Isto levou os autores a especularem que as sementes de V.
quercifolia fossem recalcitrantes (NUNES et al., 2006). No entanto, algumas sementes
deste mesmo lote foram semeadas em vasos sob condições ambientais (caseira) cerca de
um mês após conclusão destes testes aqui referidos e cerca de 50% das sementes
germinaram (B. Ferreira, 2007, com. pess.). Dados que apontam que, ao menos, por cerca
de seis meses as sementes de V. quercifolia devidamente limpas e acondicionadas mantêm
no mínimo 50% de sua viabilidade. Conclui-se também que as regras recomendadas para o
mamoeiro por Brasil (1992) parecem não serem adequadas para a espécie aqui estudada,
apesar do parentesco muito próximo e das sementes muito parecidas. Estas observações
539
servem de alerta que nem sempre dados de espécies domesticadas são bons modelos para
espécies nativas correlatas. Portanto, novos estudos mais aprofundados são necessários
com sementes armazenadas por diversos períodos após a colheita dos frutos, sob diferentes
condições de armazenamento e sob diferentes condições na câmara germinadora, visando
estabelecer os procedimentos mais adequados para avaliar a germinabilidade de V.
quercifolia. A utilização de testes de viabilidade (tetrazólio) são recomendáveis para
elucidar as dúvidas sobre a viabilidade e dormência das sementes estocadas desta espécie.
A propagação sexuada desta espécie tem as vantagens da expressiva germinação
em um curto período, da grande quantidade de sementes por fruto e obtenção de mudas
rapidamente, que podem ser selecionadas, obtendo-se lotes de tamanho e vigor
padronizados. E devido à precocidade reprodutiva da espécie (experiência de plantio deste
estudo a ser abordada adiante), a clonagem para quebrar a fase de juvenilidade não se faz
necessária. A propagação via sementes garante ainda a perpetuação da variabilidade
genética, evitando a homogeneidade do plantio e sua suscetibilidade a eventuais pragas e
patógenos, sendo especialmente recomendada para plantios em áreas de recuperação
ambiental e ou com finalidades conservacionistas. No entanto, como será abordado
oportunamente, para alguns fins fitotécnicos a propagação clonal pode apresentar outras
vantagens.
6.3.2.2. Propagação assexuada
As experiências de propagação vegetativa desta espécie foram mais um pioneirismo
do presente estudo. Colombo et al. (1989) citam ausência de reprodução assexual em V.
quercifolia. Lorenzi et al. (2006) citam propagação por estaquias a partir de informações
do presente estudo divulgadas verbalmente.
No experimento I não houve enraizamento das estacas. Algumas estacas chegaram
a emitir brotos, mas apodreceram. Notou-se também apodrecimento de cima para baixo,
540
provavelmente devido ao acúmulo de água nas estacas que possuem parênquima medular
abundante, somado ao substrato que mostrou-se inadequado para ambiente sob
nebulização, pois retinha muita umidade.
Dois meses após a implantação do experimento II este foi concluído porque, das 37
estacas, sobreviveram apenas cinco (13%) (Figura 3d). Destas, todas enraizaram,
apresentando sistemas radicais com raízes longas com até 32 cm de comprimento e
ramificadas (Figura 5b; d). Esta formação de raízes longas ocorreu devido ao fato de que a
bandeja ficou apoiada entre duas bancadas, permitindo que as raízes ficassem pendentes.
Em virtude do ambiente da câmara de nebulização propiciar alta umidade relativa do ar
não ocorreu a autopoda prevista no sistema ‘speedling’com bandejas (BORNE, 1999)
(Figura 5a-b). No entanto, ao serem retiradas da bandeja as mudas perderam a maior parte
do sistema de raízes por rompimento, inviabilizando a correta avaliação (Figura 5c-d).
Contudo, foram repicadas com sucesso para sacos plásticos com maior volume de
substrato. As mudas obtidas das estacas sobreviventes do experimento II, após repicagem e
manutenção em condições de telado (Figura 3e) foram plantadas a campo com 100% de
pegamento. Desenvolveram-se rapidamente e com um ano foi realizada a primeira
colheita: um indivíduo foi cortado (Figura 1m – D) para a obtenção de matéria prima
(medula) usada no fabrico de doces.
O experimento III para avaliar a propagação por estaquia foi finalizado 45 dias após
a implantação, quando as estacas vivas com ou sem raízes e ou brotos foram transferidas
para sacos plásticos, mantidos em ambiente externo sombreado, com irrigação manual
diária. Este período curto deveu-se ao apodrecimento das estacas por agente fitopatogênico
não identificado. Apenas 39% não apodreceram, destas, 33% emitiram brotos e somente
11% emitiram raízes, não permitindo a avaliação dos tratamentos. O pegamento após a
transferência para sacos foi restrito àquelas enraizadas. Foi possível observar que das
541
estacas sobreviventes (39%), 83% foram da categoria estacas grossas (Figura 3g, nota-se
que a maior parte da estacas finas e parte das médias foram retiradas, pois estavam podres),
independentemente dos tratamentos com AIB.
Um experimento de estaquia com V. quercifolia realizado em setembro de 2006,
revelou até 27% de enraizamento em estacas tratadas com 2000 ppm de AIB por 10
segundos (Nunes et al., 2006). Estas estacas foram coletadas em Taquara, RS e Três
Coroas, RS, de indivíduos masculinos e femininos em início de floração e com emissão de
folhas novas. O mínimo de enraizamento observado foi de 15% com estacas tratadas com
500 ppm de AIB. Os resultados obtidos por NUNES et al. (2006) utilizando 500 ppm de
AIB são muito próximos dos obtidos nos experimentos II e III: 13% de enraizamento sem
AIB e 11% independente da aplicação de AIB, respectivamente. Pelo exposto, é possível a
obtenção de mudas desta espécie via estaquia, mas deve ser estudada a desinfestação
prévia, e.g., hipoclorito de sódio, numa concentração a ser testada, para a obtenção de
melhores resultados. Reuveni & Shlesinger (1990) ao propagar o mamoeiro, espécie
próxima de V. quercifolia, obtiveram resultados promissores com 85-100% de
enraizamento de estacas, após três semanas em câmara de nebulização. As estacas tiveram
suas bases tratadas com 1% de benomyl e 1% de ácido indol-3-butírico de potássio (KAIB)
em forma de talco.
Os resultados do presente estudo também indicam ser possível o enraizamento de
estacas sem uso de fitormônios. Outro aspecto a ser considerado é a época de colheita das
estacas. Para as espécies caducifólias, Fachinello et al. (1994) recomendam a obtenção de
estacas no período de dormência, assim, para V. quercifolia seria interessante colher nos
meses de junho e julho, meses que a maioria dos indivíduos da espécie no sul do Brasil
estão em dormência e totalmente caducos. As estacas para os experimentos I e III foram
obtidas de indivíduos no final da fase reprodutiva (maio e março, respectivamente) o que,
542
em parte, gerou dados insatisfatórios, possivelmente devido ao reduzido teor de
substâncias de reservas. Já o experimento II e o trabalho conduzido por Nunes et al. (2006)
que foram feitos com estacas colhidas em setembro e apresentaram respostas interessantes
quanto ao percentual de enraizamento e a possibilidade de propagação vegetativa via
estaquia, embora muito baixos enquanto dados fitotécnicos. Em setembro (época da
coleta), as plantas estavam saindo do período de dormência e, provavelmente, se as estacas
tivessem sido colhidas entre junho a início de agosto, os resultados fossem melhores.
6.3.2.3. Cultivo experimental e observações fitotécnicas preliminares
As plântulas oriundas do experimento de emergência (Figura 4a-b) do presente
estudo foram repicadas para “saquinhos” plásticos (cerca de 14 cm x 14 cm) (Figura 4c-d)
usando como substrato o solo local do sítio onde seria realizado o plantio definitivo e
mantidos a campo, sob tela tipo Sombrite® até atingirem o porte de cerca 20 cm de altura e
de três a cinco folhas “definitivas”, para plantio a campo, quatro meses após a semeadura
(Figura 4e-h).
Após quatro meses da semeadura, 90 mudas de jacaratiá foram plantadas a campo
com espaçamento de aproximadamente 3 m x 3 m na área reservada para pomar na parte
da frente do sítio (Figura 4e). Esta área foi escolhida por ter espaço disponível e por ser a
mais úmida, uma vez que esta espécie é seletiva higrófita. No entanto, como o plantio foi
feito em covas abertas sem a devida adequação em relação as desuniformidades do relevo
do terreno (Figura 4e), houve acúmulo da água das chuvas intensas ocorridas logo após o
plantio. Este excesso de água provocou a perda de cerca de 50% das mudas. O restante das
mudas desenvolveu-se bem, especialmente aquelas cultivadas consorciadas com outras
espécies alimentícias nativas cultivadas experimentalmente neste sítio, alcançando
aproximadamente um metro de altura e florescendo cerca de nove meses após a semeadura
543
e após quatro meses do plantio no local definitivo (Figura 5j-m). Portanto, a primeira
frutificação ocorreu já no primeiro ano de idade, mesmo que em pequena quantidade.
Nesta área onde foram cultivados os jaracatiás, durante o inverno, a umidade do
solo é alta, precisando ser drenada por meio de valos (Figura 3j). No auge do verão os
valos secam (Figura 3i) e o solo torna-se bem mais seco, no entanto, ainda continua úmido
quando comparado ao restante da propriedade, que apresenta solos tipicamente areno-
argilosos. Estes solos periodicamente muito úmidos ou encharcados mostraram-se
adequados ao cultivo do jaracatiá que desenvolveu-se muito bem, sem manifestar sintomas
de moléstias no período deste estudo. Este tipo de solo e o regime hídrico estacional
(encharcado no inverno) é limitante para o cultivo de várias espécies hortícolas, sendo
assim, o cultivo de jaracatiá após sistematização, drenagem e abertura correta de covas por
ocasião do plantio, maximizaria o aproveitamento da área, especialmente de pequenas
propriedades, além de aumentar a rentabilidade pela diversificação dos cultivos.
Salienta-se que apesar de seletiva higrófita, a espécie tolera períodos de seca,
apenas com desenvolvimento menor, tanto sob cultivo quanto em condições naturais. Cita-
se as três mudas oriundas de sementes plantadas em consórcio com os cultivos usuais da
propriedade em solos bem drenados, as quais tiveram o desenvolvimento
significativamente reduzido (cerca de ¼ das plantas cultivadas em solos mais úmidos)
tanto no crescimento primário quanto no secundário. Também em vários municípios do RS
a espécie ocorre sobre paredões e barrancos rochosos, onde em alguns meses do ano a água
aflora e em outros há grande escassez hídrica. Esta tolerância à seca e crescimento mais
intenso em solos sem estresse por falta de água também foi observada para esta espécie
cultivada nas condições edafo-climáticas de Palermo (Itália), onde foi introduzida em 1946
(COLOMBO et al., 1989).
544
Apesar do baixo percentual de enraizamento, a estaquia mostrou-se interessante,
pois permite a formação rápida de indivíduos mais robustos e densamente ramificados
(Figura 1m – D; Figura 5g-h) quando comparados aos indivíduos cultivados provenientes
de sementes. A propagação clonal permite a fixação de características desejadas, e.g.,
frutos maiores, mais doces e ou maior ramificação. Se o objetivo principal do cultivo for
produção de frutos, esta técnica permite ajustar a proporção de indivíduos masculinos e
femininos já durante a implantação do pomar, uma vez que V. quercifolia é uma espécie
dióica e segundo Colombo et al. (1989) mais plantas masculinas são formadas a partir da
semeadura de V. quercifolia. Apesar de não mencionarem detalhes, estes autores afirmam
que o ideal, para a produção de frutos, seria um indivíduo masculino para oito plantas
femininas. No entanto, não mencionam a organização espacial e distribuição destes
indivíduos na área plantada. Este aspecto também precisa ser melhor estudado em plantios
a campo a longo prazo, visando estabelecer as recomendações para a implantação de
pomares com a espécie. E se o objetivo for extração de medula também é útil, pois pelo
observado empiricamente no presente estudo, indivíduos masculinos crescem mais rápido,
ramificam-se mais e atingem maior porte. Vide dois indivíduos de mesma idade oriundos
de propagação sexuada (Figura 5e – feminino; Figura 5f – masculino). A maior
ramificação dos indivíduos masculinos pode ser observada também na Figura 5g-h. Desta
forma, utilizando a técnica da estaquia é possível formar plantios exclusivos de indivíduos
masculinos, permitindo maior produção de medula. O porte e número de ramos formados
no período de um ano (Figura 4i-j) permitem estimar que, no máximo em quatro anos,
estes ramos poderiam ser colhidos, através de podas, de forma sustentável e viável
economicamente, sem corte total da planta como é usualmente feito no extrativismo.
Em relação à produtividade de medula, em janeiro de 2007 dois indivíduos de
jacaratiá com cerca de 3 m de altura e 12 meses de cultivo foram cortadas para avaliação
545
do rendimento total de medula. O rendimento total foi de 12 kg de medula ralada (Figura
2f-g; i-j). Foram cultivadas a partir de muda obtida por estaquia (Figura 1m – D) e outra
formada a partir de uma pequena muda (30 cm de altura) adquirida em um viveiro em
Pareci Novo, RS (Figura 1m – E). Estes indivíduos foram plantados a campo em novembro
de 2005 (com de 28 dias de vantagem para muda de semente), sob as mesmas condições de
solo e manejo. Nota-se maior robustez e maior crescimento secundário, bem como maior
ramificação lateral no indivíduo originário de estaca (D). Ao menos no primeiro ano de
cultivo, estas características mais promissoras foram observadas nas demais plantas
cultivadas. Estas plantas tiveram suas raízes arrancadas, mas não puderam ser
aproveitadas. Portanto, o recomendável é fazer o corte a alguns centímetros do solo,
permitindo o rebrote. Nas plantas oriundas de estacas não há formação de raiz pivotante
(Figura 1m –D), o que impede o aproveitamento da parte subterrânea. Popularmente é
citado que a medula oriunda da raiz pivotante é a matéria-prima de melhor qualidade para
o fabrico do doce. No entanto, esta é uma tradição construída pelo extrativismo de árvores
muito velhas, oriundas de sementes, onde a raiz pivotante é desenvolvida e grossa.
Em Jaracatia spinosa, uma espécie muito próxima a Vasconcellea quercifolia e
também nativa na RMPA (KINUPP, 2007), o sistema subterrâneo é tuberificado (PAOLI
& PAGANO, 1988). Para V. quercifolia esta parte morfo-anatômica precisa ser estudada.
No entanto, mesmo que apresente tuberificação, este método destrutivo não é
recomendável. A colheita dos ramos mais grossos, pelo processo de poda seletiva, permite
colheitas subseqüentes, pois a brotação é rápida como mostrado na Figura 2e. Um
indivíduo submetido a este tipo de manejo no município de Arvorezinha é apresentado na
Figura 1h-i.
546
6.3.3. Análises bromatológica, mineral e sensorial
Em relação às análises nutricionais, salienta-se a escassez ou inexistência de
informações sobre esta espécie alimentícia silvestre. Schmeda-Hirschmann et al. (2005)
estudaram a mesma espécie do presente trabalho, sob Carica quercifolia (A. St.-Hil.)
Hieron. Estes autores avaliaram os frutos maduros frescos e transformados em doces
(preserves), sem citar detalhes sobre o tipo de doce e se usaram somente a polpa ou fruto
inteiro, neste caso incluindo as sementes e ou casca. Contudo, os valores menores em
relação ao presente estudo, especialmente em relação aos teores de lipídios, proteínas e
diversos minerais, apontam para a avaliação unicamente de polpa. Na Tabela 3 e Tabela 5,
respectivamente, os dados minerais e composição centesimal dos frutos deste estudo são
comparados aos apresentados por Schmeda-Hirschmann et al. (2005) e aos valores do
mamão cv. Papaia (Carica papaya) e figo (Ficus carica L.) da TACO (NEPA/UNICAMP,
2006). No caso do jaracatiá argentino e mesmo do mamão as comparações não permitem
uma discussão mais ampla, pois as amostras do presente estudo incluíram os frutos
integrais (com casca, polpa e sementes) e as amostras das fontes citadas, provavelmente,
apenas a polpa pura de frutos maduros.
As análises dos frutos inteiros foram adotadas devido à ausência de recursos para
fazer as análises destas três porções individualmente e às pequenas dimensões dos frutos,
aliadas ao grande número de sementes, além do fato de a casca ser muito fina, permitindo
seu uso na elaboração de sucos, geléias, doces, licores e demais formas de uso. As
sementes podem ou devem ser retiradas na elaboração da maioria destes subprodutos e
outros derivados. No entanto, quando os frutos são ingeridos in natura podem ser
engolidas e ou até algumas mastigadas. No caso da elaboração de doces em calda com os
frutos do jaracatiá, as sementes são mantidas, pois os frutos são utilizados inteiros,
similarmente ao figo, daí a comparação com esta espécie (Tabela 6). Gaúchos, com
547
ascendência alemã, especialmente na região de Nova Petrópolis, conhecem o jaracatiá por
figo-de-índio, figo-de-bugre ou fruta-de-bugre (com a variante destes nomes também no
dialeto alemão local) e na Argentina a espécie recebe, entre outros, o nome de higo
amarillo.
Com exceção do trabalho de Schmeda-Hirschmann et al. (2005) encontrou-se
poucos outros sobre valores nutricionais de espécies da família Caricaceae, embora hajam
dados sobre o mamão (frutos maduros). Mesmo para o mamão comum não foram
encontradas informações nutricionais para as outras partes com potencial alimentício, tais
como folhas e flores. Para as comparações da composição mineral da medula do jaracatiá
não
548
Tabela 3 - Composição mineral aproximada dos frutos crus de jaracatiá
(Vasconcellea quercifolia - Caricaceae) comparada à composição
mineral de frutos frescos da mesma espécie na Argentina, frutos crus do
mamoeiro (Carica papaya ) e frutos crus (infrutescências - sicônios) da figueira
(Ficus carica ). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes
V. quercifolia * V. quercifolia
1
C. papaya
2
F. carica
2
Umidade (%) - 95 89 88
Ca (%) 0,48 0,115 0,2 0,225
Mg (%) 0,47 - 0,2 0,0916
Mn (%) 0,0014 - <LQ <LQ
P (%) 0,57 0,445 0,1 0,125
Fe (%) 0,0058 Tr 0,0018 0,0016
Na (%) 0,0065 0,011 0,0181 <LQ
K (%) 4 0,24 0,14 1,45
Cu (%) 0,0006 - <LQ <LQ
Zn (%) 0,0021 - <LQ <LQ
N (%) 4 - - -
S (%) 0,44 - - -
B (%) 0,0024 - - -
*Frutos maduros crus com casca e sementes, expressos em base seca.
1
Fonte: SCHMEDA-HIRSCHMANN et al. (2005) - sob Carica quercifolia:
Frutos frescos convertidos para %.
2
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006): Resultados convertidos para % e
recalculados em base seca.
<LQ - Menor que o limite de quantificação (em base úmida).
Tr - Traço.
foram encontrados outros trabalhos com a espécie. Pela consistência, estrutura e formas de
usos similares comparou-se os teores minerais da espécie aqui discutida com o jacaratiá-
de-espinho (Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC.) analisado por Kinupp (2007a) e algumas
espécies com formas de uso mais ou menos similares da TACO (2006) – Tabela 4.
549
Tabela 4 - Composição mineral aproximada de medula caulinar de jaracatiá
(Vasconcellea quercifolia - Caricaceae) comparada à composição mineral
de medula caulinar de jaracatiá-de-espinho (Jacaratia spinosa), castanhas
cruas de coco-da-bahia (Cocos nucifera) e frutos crus de chuchu
(Sechium edule). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes
V. quercifolia* J. spinosa
1
C. nucifera
2
S. edule
2
Umidade (%) - - 42 95
Ca (%) 2,2 3,2 0,01 0,24
Mg (%) 0,86 0,68 0,1068 0,14
Mn (%) 0,0012 0,0014 0,002 0,002
P (%) 0,16 0,07 0,22 0,36
Fe (%) 0,0013 0,0021 0,0032 0,004
Na (%) 0,0936 0,0426 0,0344 <LQ
K (%) 6,2 7,6 0,5827 2,52
Cu (%) 0,0002 0,0002 <LQ 0,0006
Zn (%) 0,0016 0,0007 0,0017 0,002
N (%) 0,6 0,64 1,18** 3,4**
S (%) 0,84 0,18 -
B (%) 0,002 0,0015 -
*Expressos em base seca.
1
Fonte: Kinupp (2007a)
2
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006): Convertidos para % e base seca.
<LQ - Menor que o limite de quantificação (em base úmida).
** Calculado no presente estudo dividindo-se o teor de proteína por pelo 5,75 e
convertido em base seca.
550
Tabela 5 - Composição centesimal dos frutos crus de jaracat
(Vasconcellea quercifolia - Caricaceae) comparada à composição
centesimal de frutos frescos da mesma espécie na Argentina, frutos crus do mamoeiro
(Carica papaya) e frutos crus (infrutescências - sicônios) da figueira comum cultivada
(Ficus carica ). Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes
V. quercifolia * V. quercifolia
1
C. papaya
2
F. carica
2
Umidade % 81,31 ± 0,49 95,00 89,00 88,00
Lidios % 3,31 ±0,57 1,14 Tr Tr
Proteína % 3,17 ±0,45 1,13 Tr 1,00
Cinzas % 1,3 ±0,09 0,26 0,40 0,20
Amido %** 7,03 - 10,00 50,00
FAT % 3,88 ±0,11 1,25 1,00 2,00
Energia (kcal) 70,55 - 40,00 41,00
* Médias ± Desvio Padrão (SD) de n = 3, exceto Fibra Alimentar Total (FAT) com
n = 2 e expressos em base úmida (frutos maduros crus com casca e sementes).
1
Fonte: SCHMEDA-HIRSCHMANN et al. (2005) - sob Carica quercifolia : Frutos
convertidos para base úmida.
2
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006), ** = Carboidrato.
Tr - Traço.
Para a medula caulinar do mamoeiro encontrou-se somente uma referência antiga
de análises feitas em Cuba (CALVINO apud MARTINEZ, 1959) citados na Tabela 6.
Cabe citar que a medula do mamoeiro (extraída da raiz pivotante e da parte basal do
tronco, pois o restante do caule é oco) ralada produz um doce semelhante ao obtido com a
medula do jaracatiá. Comparando os dados da medula do jaracatiá com os da medula do
mamoeiro, observam-se valores relativamente similares, sendo que o jaracatiá apresentou
mais lipídios e um teor de fibra alimentar bem superior (Tabela 6). Pelas aplicações
culinárias similares, sendo o jaracatiá popularmente até chamado coco-de-pobre,
comparou-se com o coco seco - castanha (Cocos nucifera L.). Como esperado, os valores
nutricionais são totalmente distintos, pois o coco é riquíssimo em lipídios, sendo altamente
calórico. Na falta de outra espécie convencional mais próxima para comparação, pela
consistência similar da medula ralada com o fruto ralado ou fatiado do chuchu (Sechium
edule (Jacq.) Sw.) e o possível uso como hortaliça cozida também do jaracatiá,
similarmente ao modo de consumo usual do chuchu, comparou-se também com esta
551
hortaliça convencional no Brasil (Tabela 6). Pelos dados apresentados constata-se o baixo
valor calórico e teores significativos de fibras e sais minerais na medula do jaracatiá,
especialmente de potássio (K). O baixo valor calórico é válido, principalmente, se for
utilizada como hortaliça e não sob a forma de doce em calda ou de jaracatiada, pois a
medula ralada também pode ser cozida como verdura, podendo ser acompanhada por
charque e outras carnes. Também pode ser deixada de molho de um dia para outro
(preferencialmente) e usada como salada crua temperada a gosto (e.g., vinagre, azeite de
oliva e ou com molho de soja).
Tabela 6 - Composição centesimal da medula caulinar crua de jaracat
(Vasconcellea quercifolia - Caricaceae) comparada à composição
centesimal de medula caulinar crua de mamoeiro (Carica papaya), castanhas cruas
de coco-da-bahia (Cocos nucifera ) e frutos crus de chuchu (Sechium edule).
Faculdade de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre/RS, 2007.
Componentes
V. quercifolia * C. papaya
1
C. nucifera
2
S. edule
2
Umidade % 93,06 ± 0,12 94,08 42,00 95,00
Lipídios % 0,44± 0,04 0,12 42,00 Tr
Protna % 0,47±0,07 0,63 4,00 1,00
Cinzas % 1,39± 0,10 2,11 1,00 0,30
Amido % 0,64 2,06 11,00 4,00
FAT % 4± 0,01 1,00 5,80 1,30
Energia (kcal) 8,36 11,84** 411,00 17,00
* Médias ± Desvio Padrão (SD) de n = 3, exceto Fibra Alimentar Total (FAT) com
n = 2 e expressos em base úmida.
1
Fonte: Calvino apud Martinez (1959);
2
Fonte: TACO - NEPA/UNICAMP (2006).
** Calculado no presente estudo; Tr - Traço.
Vasconcellea quercifolia foi avaliada em um estudo sensorial sob a forma de doces
da medula em calda e em tablete, chamado de jaracatiada, com aceitação dos degustadores,
indicando grande potencial para cultivo e comercialização. Os doces em calda (Figura 3a-
b) e a jaracatiada (Figura 3c) tiveram aceitação média (nota 3 e 2,95, respectivamente),
ambos classificados na categoria indiferente pelos degustadores. Tendo ausência de
rejeição como resultado, numa análise comercial, seria considerada sensorial e
552
economicamente viável (Simone H. Flores, ICTA/UFRGS, com. pess., 2007). Cabe
ressaltar que as receitas podem ser aprimoradas e incrementadas com condimentos e novos
produtos que podem ser desenvolvidos, bem como as novas combinações com outras frutas
e ou produtos.
6.4. Considerações finais
A partir das experiências de cultivo apresentadas neste estudo, formas de usos
testadas durante o presente estudo, visita técnica realizada a uma doçaria tradicional no
município de Arvorezinha e revisão da literatura são apresentadas algumas perspectivas
econômicas para o uso sustentável de V. quercifolia e recomendações para estudos futuros.
Em relação às sementes do jaracatiá, Santos (1970) cita o uso como vermífugas. As
sementes do mamoeiro esmagadas são tradicionalmente utilizadas para expelir ou matar
vermes intestinais (MARTINEZ, 1959; MORS et al., 2000), Assim, acredita-se que estas
duas espécies possuam semelhança fitoquímica, com bioativos promissores no controle de
helmintoses. Outro uso a ser prospectado é como condimento. As sementes do mamoeiro
são picantes e aromáticas, utilizadas como condimento (HEDRICK, 1972). As sementes do
jaracatiá possuem estas mesmas características sensoriais. Colombo et al. (1989) citam o
contraste entre a polpa doce e as sementes apimentadas, quando os frutos do jaracatiá são
utilizados para fazer sucos. Nas sementes do mamoeiro foi detectada a presença do óleo de
mostarda (ETTLINGER & HODGKINS apud MORS et al., 2000) e como um dos
componentes deste óleo foi detectado uma substância com ação antibiótica, o
benzilisotiocianato (EL TAYEB et al. apud MORS et al., 2000). Portanto, sob a óptica
farmacológica e mesmo alimentar, os lipídios das sementes do jaracatiá precisam de
estudos detalhados para determinar sua composição, rendimento e estabelecer critérios e ou
recomendações para usos. O teor de lipídios das sementes desta espécie é superior a 2%
(Tabela 5).
553
O chá das folhas do jaracatiá é utilizado popularmente pelos efeitos purgativos
(PLANTAMED, 2006; ÁRVORES DE IRATI, 2006). Porém, seu uso merece cautela e
estudos químicos para corroborar ou não esta forma de uso são necessários. Na ausência
destes, a abstinência é recomendável, pois apesar de as folhas do mamoeiro serem citadas
como alimentícias (KUNKEL, 1984), também foram detectados em sua constituição o
alcalóide (carpaína) com usos medicinais para redução da pressão arterial, amebicida e
anti-helmíntica em geral, porém em altas concentrações pode ser cardiotóxico
(MARTINEZ, 1959; BURDICK, 1971).
Outro uso promissor para os tecidos do jaracatiá é como coalho natural. Durante as
preparações das diversas receitas desenvolvidas e testadas no presente estudo, constatou-se
que o leite fresco e mesmo o leite condensado coagulam imediatamente ao contato com a
medula ralada do jaracatiá. O leite condensado misturado com medula caulinar ralada de V.
quercifolia coagula-se rapidamente, adquirindo a forma e estrutura do doce ambrosia, ou
seja, o leite forma grumos. Este é mais um uso novo para a espécie não encontrado na
literatura nem citado pelos usuários da espécie. Estudos químicos fazem-se necessários
para avaliar a(s) substância(s) (tipo de papaína) presente(s) na medula e outros tecidos do
jaracatiá frescos (e se esta ação permanece nos tecidos desidratados) e em que quantidades
são suficientes para coalhar determinada quantidade de leite. Dadas as facilidades e rapidez
de cultivo, esta espécie pode tornar-se uma fonte de coalho para indústria de laticínios e
sua viabilidade técnica e econômica precisa ser analisada, mas o uso caseiro mostrou-se
interessante. Poucas informações sobre coalhos vegetais (curdles, em inglês) foram
encontradas. Pérez-Arbeláez (1956, p. 39 e p. 365) cita o uso dos látex do mamão e do figo
como coalho, os quais têm ação semelhante ao ‘fermento’ do intestino humano. Para o
mamoeiro, o autor ressalta o uso das folhas. Este autor cita que na Colômbia as plantas que
possuem enzimas com ação coagulante são chamadas de “madura-plátano” ou
554
maduraplátano”. Outras citações foram encontradas para duas famílias de plantas
carnívoras (Droseraceae e Lentibulariaceae). Drosera rotundifolia L. é citada por Kunkel
(1984) e Facciola (1998) como coagulante de leite. Facciola (op.cit.) acrescenta que na
Itália esta planta é utilizada na elaboração de uma bebida fermentada (“Rossolis”), uma
mistura de conhaque, uvas passas e açúcar. Este autor também cita Pinguicula vulgaris L.
(Lentibulariaceae) utilizada para coalhar leite na Escandinávia e a partir da presente
constatação acrescenta-se a lista V. quercifolia.
Merece destaque também o potencial do jaracatiá como produtor de papaína. Os
seus frutos verdes (Figura 2a) produzem uma grande quantidade de leite (um látex
inelástico). Segundo Colombo et al. (1989), os frutos verdes de Vasconcellea quercifolia
podem ter maior quantidade e ou melhor qualidade de papaína do que os frutos verdes do
mamoeiro, de onde esta enzima é, manualmente, extraída para usos diversos como descrito
detalhadamente por Martinez (1959) e Corrêa & Penna (1984b, p. 60). Os frutos são
feridos aderidos à planta-mãe e o látex exsudado é recolhido em recipientes ou coagula
espontaneamente sendo recolhido. No mamoeiro podem ser realizadas até três colheitas no
mesmo fruto (MARTINEZ, 1959). Os frutos completam normalmente o ciclo e podem ser
aproveitados. Estudos para avaliar qualidade, quantidade e formas de aproveitamento da
papaína dos frutos verdes e ou de outros tecidos do jaracatiá precisam ser realizados.
Porém o potencial mais promissor é pela utilização da medula caulinar para o
fabrico de doces e similares. Há muitos anos o jaracatiá vem sendo utilizado para o fabrico
caseiro de doce no município de Arvorezinha, RS, destacando-se uma doçaria que desde
1984 fabrica artesanalmente, com fins comerciais regionais, um doce fino com caule de
jaracatiá. Esta doçaria envasa e rotula seus produtos de forma atrativa (Figura 3a). Ilustra-
se aqui as diferenças entre a medula ralada com ralador manual (Figura 2h) utilizada nesta
doçaria tradicional em relação ao ralador industrial elétrico (Figura 2j) utilizado no
555
presente estudo. Nota-se que o sistema tradicional produz “fatias” mais longas e muito
finas, o que propicia um aspecto mais interessante. Assim, ajustes nas formas de ralar a
medula são necessários. O doce-de-jacaratiá, doce-do-pau ou pau-ralado é uma iguaria
com potencial para constar nos cardápios tanto de restaurantes populares quanto de alta
gastronomia, assim como nas prateleiras dos supermercados. Além de não terem sido
rejeitados nas análises sensoriais como anteriormente citado, ressalta-se que consumidores
fora dos testes sensoriais formais avaliaram estes doces como muito promissores. Tanto
que houve demanda do doce de jaracatiá para coquetéis, e.g., para a inauguração da
Exposição Homem-Natureza do Museu da UFRGS em 2006 e para o Simpósio de
Etnobiologia e Etnoecologia deste mesmo ano.
Portanto, é uma espécie com usos múltiplos que precisa de incentivos oficiais para
seu cultivo e exploração, especialmente pela agricultura familiar, dentro das premissas da
agroecologia.
6.5. CONCLUSÕES
Vasconcellea quercifolia A. St.-Hil. é uma espécie de usos múltiplos especialmente
como produtora de medula caulinar, que pode ser utilizada no fabrico de doces diversos ou
consumida como hortaliça. Os doces elaborados com a medula ralada (em calda e a
jaracatiada), submetidos à análise sensorial tiveram aceitação dos provadores, indicando o
potencial mercadológico imediato e promissor destes produtos. Por possuir baixo valor
calórico e altos teores minerais, especialmente de K, pode ser matéria prima para produtos
dietéticos. Por outro lado, seus frutos maduros possuem polpa saborosa e aromática e
podem ser consumidos in natura ou, preferencialmente, processados.
556
6.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARENAS, P. Etnografía y alimentación entre los Toba-Ñachilamole#ek y Wichí-
Lhuku’tas del Chaco Central (Argentina). Buenos Aires: El autor, 2003. p. 246.
ARAGHYA, M.K et al. A phylogenetic analysis of the genus Carica L. (Caricaceae) based
on restrition fragment length variation in a cpDNA intergenic spacer region. Genetic
Resources and Crop Evolution, Dordrecht, v. 46, p. 579-586, 1999.
ÁRVORES DE IRATI. Carica quercifolia (St.-Hil.) Hieron. Disponível em
<www.arvoresde irati.com/index.php?area=descrição&id=36>. Acesso em: 29 de set.
2006.
BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do Sul: guia de identificação & interesse ecológico.
Santa Cruz do Sul: Clube da Árvore - Instituto Souza Cruz, 2002, p. 96-97.
BADILLO, V.M. Carica L. vs Vasconcella St. Hil. (Caricaceae) con la rehabilitación de
este ultimo. Ernstia, Maracay, v. 10, n. 2, p. 74-79, 2000.
BADILLO, V.M. Nota correctiva Vasconcellea St.Hill. y no Vasconcella. Ernstia,
Maracay, v. 11, n. 1, p. 75-76, 2001.
BHATTACHARYA, J.; KHUSPE, S.S. In vitro and in vivo germination of papaya (Carica
papaya L.) seeds. Scientia Horticulturae, Amsterdam, v. 91, p. 39-49, 2001.
BORNE, H.R. Produção de mudas de hortaliças. Guaíba: Agropecuária, 1999. 189 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa
Agropecuária. Departamento Nacional de Defesa Vegetal. Regras para análise de
sementes. Brasília: Departamento de Defesa Vegetal, 1992.
BURDICK, E.M. Carpaine, and alkaloid of Carica papaya. Its chemistry and
pharmacology. Economic Botany, New York, v. 25, p. 363-365, 1971.
CARVALHO, H.H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de análise. Porto Alegre:
UFRGS, 2002. 180 p.
557
COLOMBO, P. et al. The ecomorphology of Carica quercifolia Solms-Laub. in a
mediterranean climate. Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v. 27, p.
397-409, 1989.
CORRÊA, M.P.; PENNA, L.A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas
cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984a. p. 32
e p. 309. (Volume II)
CORRÊA, M.P.; PENNA, L.A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas
cultivadas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984b. p. 57
e p. 60. (Volume V)
DROOGENBROECK, B. van et al. AFLP analysis of genetic relationships among papaya
and its wild relatives (Caricaceae) from Ecuador. Theoretical and Applied Genetics,
Heidelberg, v. 105, p 289-297, 2002.
DUBEY, V.K. et al. Papain-like proteases: applications of their inhibitors. African
Journal of Biotechnology, Pretoria, v. 6, n. 9, p. 1077-1086, 2007. Disponível em:
<http://www.academicjournals.org/AJB>. Acesso em: 24 maio 2007.
DUTCOSKY, S.A. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Universitária Champagnat,
1996. 123 p.
FREYRE, M.R. et al. Vegetales silvestres sub explotados del Chaco argentino y su
potencial como recurso alimenticio. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas,
v 50, n. 4, p. 394-399, 2000.
HABITAT. Região metropolitana de Porto Alegre: caracterização sócio-espacial. In:
BORBA, S.V. (Coord.). Porto Alegre, 2003. 49 p. Disponível em:
<http://www.metroplan.rs.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2004
HEDRICK, U.P. Sturtevant's edible plants of the world. New York: Dover Publications,
1972. p. 142-143.
INDEX HERBARIORUM. [Informações]. Disponível em:
<http://sweetgum.nybg.org/ih>. Acesso em: 27 abr. 2007.
FACHINELLO, J.C. et al. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado.
Pelotas: UFPEL, 1994. 179 p.
KINUPP, V.F.; BARROS, I.B.I. de. Hortaliças não-convencionais. Horticultura
Brasileira, Brasília, v.24, n.3, 2006. Capa e Contra-capa. Disponível em:
<http://www.abhorticultura.com.br/Revista/>. Acesso em: 18 jul. 2007.
KINUPP. V.F.; BARROS, I.B.I. de. As plantas alimentícias negligenciadas e os jardins
botânicos. In: REUNIÃO DE JARDINS BOTÂNICOS, 14., 2005, Curitiba. Anais... Rio
de Janeiro: Rede Brasileira de Jardins Botânicos, 2006a. p. 103-109.
558
KINUPP, V.F. Plantas alimentícias não-convencionais da Região Metropolitana de
Porto Alegre, RS. 2007. 562 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em
Fitotecnia, Faculdade Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2007. Cap. 2: Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região
metropolitana de Porto Alegre.
KINUPP, V.F. .2007a. Cap. 3: Teores de proteína e minerais de plantas alimentícias
não-convencionais nativas no Rio Grande do Sul.
KUNKEL, G. Plants for human consumption: an annotated checklist of the edible
phanerogams and ferns. Koenigstein: Koeltz Scientific Books, 1984. 393 p.
LEWIS, T.; WOODWARD, E.J. Papain the valuable latex of a delicious tropical fruit.
Economic Botany, New York, v. 4, n. 2, p. 192-194, 1950.
LORENZI, H. Árvores brasileiras. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1998. p. 61.
(Volume 2)
LORENZI, H. et al. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto
Plantarum, 2006. p. 109.
MABBERLEY, D.J. The Plant-Book: portable dictionary of the vascular plants. 2 nd. ed.
Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 128.
MACHADO, M.R. et al. Caracterização química de frutos de jaracatiá oriundos de plantas
espontâneas do município de Edéia, Goiás. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 19., 2006, Cabo Frio (RJ). Palestras e Resumos. Cabo Frio: SBF,
2006. p. 478.
MARCHIORI, J.N.C. Dendrologia das Angiospermas – das bixáceas às rosáceas. Santa
Maria: UFSM, 2000. p. 21-26.
MARTINEZ, M. Plantas útiles de la flora mexicana. México, D.F.: Ediciones Botas,
1959. p. 462-466.
MOBOT. Missouri Botanical Garden's VAST (VAScular Tropicos) nomenclatural
database. Disponível em: <http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html>. Acesso em:
18 jul. 2007.
MORS, W.B.; RIZZINI, C.T.; PEREIRA, N.A. Medicinal plants of Brazil. Algonac:
Reference Publications, 2000. p. 304.
NEPA/UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos – TACO – versão 2.
Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco>. Acesso em 15 ago. 2006.
NUNES, A.C. et al. Propagação de Vasconcella quercifolia (Caricaceae) a partir de
sementes e estacas. Porto Alegre: Departamento de Horticultura e Silvicultura,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006. Relatório apresentado à disciplina de
Propagação. Não publicado
559
PAOLI, A.A.S.; PAGANO, S.N. Morphology and anatomy of Jacaratia spinosa
(Aubl.)A.DC. (Caricaceae).seeds. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v. 32, n.
4, p. 733-751, 1989.
PAOLI, A.A.S.; PAGANO, S.N. Caracteres quantitativos dos frutos e sementes de
Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC. Napaea., Porto Alegre, v. 6, n. 3, p. 17-26, 1988.
PAOLI, A.A.S.; PAGANO, S.N. Anatomia da raiz, do caule e da região tuberificada de
Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC. (Caricaceae). Arquivos de Biologia e Tecnologia,
Curitiba, v. 31, n. 3, p. 413-432, 1988.
PAOLI, A. A. S. et al.. Growth regulators in seeds of Jacaratia spinosa (Aubl) A DC.
(Caricaceae). Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v. 30, n. 4, p. 659-664, 1987.
PÉREZ-ARBELÁEZ, E. Plantas útiles de Colombia. Bogotá: Librería Colombiana
Camacho Roldán, 1956. p. 39 e p. 365.
PIRATELLI, A. J. et al. Biologia da polinização de Jacaratia spinosa (AUBL) ADC.
(CARICACEAE) em mata residual do sudeste brasileiro. Revista Brasileira de Biologia,
São Carlos, v. 58, n. 4, p. 671-679, 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso
em 18 jul. 2007.
PLANTAMED. Carica quercifolia (A. St.-Hil.) Hieron. Mamãozinho-do-mato.
Disponível em <http://www.plantmed.com.br>. Acesso em: 29 set. 2006.
POTT, A.; POTT, V.J. Plantas do Pantanal. Corumbá: EMBRAPA, 1994. p. 75.
RAGONESE, A.E.; MARTÍNEZ-CROVETTO, R. Plantas indígenas de la Argentina con
frutos o semillas comestibles. Revista de Investigaciones Agrícolas, Buenos Aires, v. I, n.
3, p. 147-216, 1947.
REUVENI, O.; SHLESINGER, D.R. Rapid vegetative propagation of papaya plants by
cuttings. Acta Horticulturae, Amsterdam, v. 275, p. 301-306, 2006.
ROCHA, M.R. et al. Caracterização física de frutos de jaracatiá oriundos de plantas
espontâneas do município de Rio Verde, Goiás. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 19., 2006, Cabo Frio (RJ). Palestras e Resumos. Cabo Frio: SBF,
2006. p. 480.
ROZYCKI, V.R. et al. Composición de nutrientes en especies vegetales autóctonas de la
región Chaqueña, Argentina. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas, v. 47,
n. 3, p. 265-270, 1997.
SANTOS, D.A. dos et al. Caracterização química de frutos de jaracatiá oriundos de plantas
espontâneas do município de Rio Verde, Goiás. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 19., 2006, Cabo Frio (RJ). Palestras e Resumos. Cabo Frio: SBF,
2006. p. 439.
560
SCHMEDA-HIRSCHMANN, G. et al. Proximate composition and free radical scavenging
activity of edible fruits from the Argentian Yungas. Journal of the Science of Food and
Agriculture, Chichester, v. 85, p. 1357-1364, 2005.
SANTOS, E. Caricáceas. In: R. REITZ (Ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí:
Herbário Barbosa Rodrigues, 1970. 22 p.
SOBRAL, M. et al. Flora arbórea e arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. São
Carlos: Rima : Novo Ambiente, 2006. 350 p.
SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das
famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa: Instituto
Plantarum, 2005. p. 402.
TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C. Metodologia de análises de solo, plantas, adubos
orgânicos e resíduos. In: BISSANI, C.A. et al. (Eds.). Fertilidade dos solos e manejo da
adubação de culturas. Porto Alegre: Gênesis, 2004. p. 61-66.
Capítulo VII
Conclusões gerais
1) Estimou-se a riqueza florística na RMPA em 1.500 espécies de plantas vasculares
nativas, sendo que destas, 312 espécies têm potencial alimentício, ou seja, 21% de
sua flora vascular.
2) A maioria absoluta destas espécies são Angiospermas (306), três espécies são
Gimnospermas e duas Pteridófitas; As famílias botânicas com maior número de
espécies com potencial alimentício na RMPA são Myrtaceae (32 espécies),
Asteraceae (25), Solanaceae (16), Urticaceae (12), Passifloraceae (11), Apiaceae
(10) e Malvaceae (10).
3) Esta tese permitiu elencar 153 espécies (49%) da flora com potencial alimentício
identificadas na RMPA, não citadas anteriormente na maior listagem referencial
publicada sobre o tema. Cerca de 64 espécies (21%) são acréscimos às listagens da
bibliografia total consultada sobre plantas alimentícias.
4) Ocorrência de Acanthosyris spinescens em estado nativo na RMPA foi corroborada
e descobriu-se que suas amêndoas se constituem em alimento rico em lipídios,
proteína e fibra alimentar.
5) Melothria cucumis e M. fluminensis são duas hortaliças-fruto produtoras de mini-
pepinos, para consumo in natura ou em conservas. Suas composições
bromatológicas atestam seu valor alimentício e testes sensoriais as qualificam como
562
produtos de interesse em olericultura. A facilidade da propagação e plantio indicam
grande potencial para cultivo e comercialização.
6) Vasconcellea quercifolia A. St.-Hil. é uma espécie de usos múltiplos especialmente
como produtora de medula caulinar, que pode ser utilizada no fabrico de doces
diversos ou consumida como hortaliça. Os doces elaborados com a medula ralada
(em calda e a jaracatiada), submetidos à análise sensorial tiveram aceitação dos
provadores, indicando o potencial mercadológico imediato e promissor destes
produtos. Por possuir baixo valor calórico e altos teores minerais, especialmente de
K, pode ser matéria prima para produtos dietéticos. Por outro lado, seus frutos
maduros possuem polpa saborosa e aromática e podem ser consumidos in natura
ou, preferencialmente, processados. A propagação por sementes ou por estaquia,
fácil plantio e manejo, rápido crescimento e porte arbóreo a habilitam a ser,
potencialmente, elemento chave em sistemas de produção na fruticultura,
olericultura ou em agroflorestas.
7) Os estudos realizados mostraram o inequívoco potencial alimentício de um número
significativo de espécies autóctones subutilizadas, cujo aproveitamento econômico
poderá contribuir para o enriquecimento da dieta alimentar humana e o incremento
da matriz agrícola brasileira e ou mundial.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo