RESUMO
A meningite bacteriana ocasionada pelo Streptococcus pneumoniae é associada
com uma significativa taxa de mortalidade incluindo seqüelas neurológicas
persistentes, déficit sensorial-motor, convulsões e prejuízo de aprendizagem e
memória. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho cognitivo
em ratos que sobreviveram à meningite bacteriana causada por S. pneumoniae 10,
30 e 60 dias após a indução e verificar se a administração precoce do antibiótico
evita prejuízo cognitivo. Foram utilizados ratos Wistar machos, pesando entre 300-
350g. Os animais foram submetidos à inoculação na cisterna magna, e receberam
10L de salina estéril como placebo ou um volume equivalente de uma suspensão
de S. pneumoniae na concentração de 5x10
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UFCol/mL, o tratamento antibiótico
iniciou dezesseis horas após a indução (ceftriaxona, 100 mg/kg duas vezes ao dia,
ip, durante sete dias). Os animais foram submetidos a seis testes comportamentais
10, 30 e 60 dias após a indução: (a) habituação ao campo aberto, (b) esquiva
inibitória, (c) esquiva inibitória de múltiplos treinos, (d) reconhecimento de objetos,
(e) labirinto em cruz elevado e (f) nado forçado. Outro grupo experimental foi iniciado
o tratamento com antibiótico 8 e 16 horas após a indução da meningite e os animais
foram submetidos ao teste de habituação ao campo aberto. Nós demonstramos que
os animais sobreviventes 10 dias após a indução da meningite, apresentaram
prejuízo no teste de habituação ao campo aberto, na esquiva inibitória, na esquiva
inibitória múltiplos treinos, no reconhecimento de objetos, no labirinto em cruz
elevado e no nado forçado. Após 30 dias da indução da meningite, os animais
sobreviventes mantiveram prejuízo na habituação ao campo aberto, no
reconhecimento de objetos e no nado forçado. No entanto, após 60 dias os animais
não apresentaram prejuízo cognitivo. No outro grupo experimental, a administração
precoce de antibióticos (8h após a indução), quando comparado à administração de
antibiótico tardio (16h após a indução) preveniu o prejuízo cognitivo ocasionado pela
meningite pneumocócica. Nossos resultados verificaram prejuízo de aprendizagem e
memória, demonstrados 10 dias após a indução da meningite, persistindo até 30
dias após a indução. As alterações cognitivas não persistiram nos animais induzidos
após 60 dias. Sugerindo, que este modelo pode auxiliar na compreensão dos
mecanismos biológicos associados com a meningite. Verificamos também que a
administração precoce de antibióticos é uma estratégia eficaz para evitar prejuízo
cognitivo a longo prazo, em um modelo animal de meningite.
Palavras-chave: Meningite; Aprendizagem; Memória; Depressão; Ansiedade;
Sistema nervoso central.