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MAYRA LUZIA MIRANDA PORTILLO
ANÁLISE DA VIABILIDADE DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS EM
HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO MUNICÍPIO DE QUISSAMÃ – RJ
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal
Fluminense, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Profª. Louise Land B. Lomardo, Dr.
Niterói, RJ
2009
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MAYRA LUZIA MIRANDA PORTILLO
ANÁLISE DA VIABILIDADE DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS EM
HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO MUNICÍPIO DE QUISSAMÃ – RJ
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal
Fluminense, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Aprovada por:
_______________________________________________________
Profª. Louise Land B. Lomardo, Dr (orientadora)
Universidade Federal Fluminense
_______________________________________________________
Profª. Sylvia Rola, Dr.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
_______________________________________________________
Prof. Sergio Roberto Leusin de Amorim, Dr.
Universidade Federal Fluminense
Niterói, RJ
2009
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Aos meus pais e irmãs, pelo carinho e o apoio incondicional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço principalmente a minha família por ter estado presente em todos os
momentos, e por me incentivar a seguir em frente acreditando sempre em mim. A
minha mãe pelo imenso carinho, ao meu pai pelos conselhos e sugestões, a Gricel por
me apoiar e estar sempre presente e a Priscila por me animar o tempo inteiro.
A minha orientadora pela confiança que depositou em mim e por me mostrar os
caminhos que posso tomar dentro de todo o universo de possibilidades.
Aos funcionários da Prefeitura de Quissamã que se colocaram a disposição para o
desenvolvimento da pesquisa, apoiando-me com informações, transporte,
disponibilizando documentos e seu tempo. Aos moradores das habitações de
interesse social entrevistados em Quissamã, pelo recebimento e a disposição na
aplicação dos questionários.
Ao meu supervisor da Universidade Petrobras Rubin Diehl, pelo apoio e a disposição
de seu tempo. A Universidade Petrobras pelo apoio financeiro por meio da bolsa de
mestrado e as bolsas de auxilio para os estudos de campo realizados no
desenvolvimento da pesquisa.
As pessoas que contribuíram disponibilizando informação para o desenvolvimento da
pesquisa. Agradeço a Jane Fantinelli por disponibilizar seus trabalhos e responder
minhas dúvidas todas as vezes que entrei em contato, colocando-se sempre a
disposição.
Agradeço especialmente a Carol pela ajuda na ultima revisão e as correções de
português. E aos amigos que fiz neste tempo e estiveram presentes em todo o
decorrer desta dissertação, que foram parte dela, mesmo sem sabe-lo.
SUMÁRIO
Introdução...................................................................................................... 1
1. Fontes Renováveis de Energia......................................................................
8
1.1 Possíveis Impactos das Fontes Renováveis de Energia............................... 10
1.2 Barreiras ao Uso das Fontes Renováveis de Energia................................... 12
1.2.1 Limitada Infra-estrutura de Fornecimento......................................................
12
1.2.2 Problemas de Qualidade............................................................................... 12
1.2.3 Informação e Treinamento Insuficientes........................................................
12
1.2.4 Falta de Fundos ou de Financiamento.......................................................... 12
1.2.5 Preços e Tarifas.............................................................................................
13
1.2.6 Concessionárias de Energia Elétrica............................................................. 13
1.2.7 Obstáculos Políticos...................................................................................... 13
1.3 Sistemas de Energia Renovável.................................................................... 13
1.3.1 Energia Solar................................................................................................. 14
1.3.1.1 Radiação Solar no Brasil............................................................................... 14
1.3.1.2 Energia Solar e seus Aproveitamentos......................................................... 16
1.3.1.3 Energia Solar Fotovoltaica.............................................................................
17
1.3.1.4 Energia Solar Térmica .................................................................................. 20
O Coletor Solar.............................................................................................. 21
Coletor Solar Plano com Cobertura............................................................... 23
Reservatório Térmico.................................................................................... 25
1.3.1.5 Sistemas de Aquecedores Solares............................................................... 28
Sistema Termossifão .................................................................................... 28
1.3.1.6 Sistemas não Convencionais........................................................................ 31
Sistema ASBC............................................................................................... 31
1.3.2 Energia Eólica................................................................................................
35
1.3.2.1 Potencial Eólico do Brasil.............................................................................. 36
1.3.2.2 Sistemas de Energia Eólica........................................................................... 39
1.3.2.3 Energia Eólica de Pequeno Porte..................................................................
40
2. Uso de Fontes Renováveis de Energia no Brasil.......................................... 42
2.1
Energia Elétrica no Brasil..............................................................................
43
2.1.1 Consumo de Eletricidade por Setores........................................................... 44
2.1.2 Consumo de Eletricidade no Setor Residencial no Brasil Segundo a região 45
2.1.3 Consumo de Energia para Aquecimento de Água........................................ 46
2.2 Legislações Vigentes sobre o Uso de Energias Renováveis no Brasil......... 47
2.2.1 Leis Nacionais............................................................................................... 48
2.2.2 Leis Estaduais............................................................................................... 50
2.2.2.1 Estado do Rio de Janeiro....................................................................... 51
2.3 Fontes de Financiamento no Brasil............................................................... 51
2.4 Projetos no Brasil do uso de Energias Renováveis....................................... 52
2.4.1 Programa Minha Casa Minha Vida – PAC.................................................... 52
2.4.2 Programa Luz para Todos............................................................................. 53
2.4.3 Energia Elétrica Renovável em Paraty, Qualidade de vida e
Desenvolvimento – Rio de Janeiro................................................................
53
2.4.4 Projeto piloto Coletor Solar para Aquecimento de Água em Casas
Populares – Rio de Janeiro.......................................................................
54
2.4.5 Projeto Eletrobrás Solar, Sapucaias – Minas Gerais..................................... 56
3. Estudo de Caso – Quissamã......................................................................... 60
3.1 Introdução...................................................................................................... 60
3.2 Potencial Eólico do Estado de Rio de Janeiro............................................... 64
3.3 Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba................ 66
3.4 Plano Municipal de Habitação....................................................................... 68
3.5 Identificação de Modelos das Habitações de Interesse Social...................... 69
3.6 Metodologia................................................................................................... 71
3.6.1 Coleta de Dados............................................................................................ 74
3.6.1.1 O Questionário............................................................................................... 74
3.6.1.2 Coleta de Dados - Questionário Piloto.......................................................... 76
3.6.1.3 Coleta de Dados - Questionário Final............................................................ 78
4. Resultados..................................................................................................... 82
4.1 Resultados do Questionário Piloto................................................................ 82
4.1.1 Dados Preliminares....................................................................................... 82
4.1.2 Avaliação Sócio-Econômica.......................................................................... 83
4.1.3 Avaliação de Posse de Eletrodomésticos...................................................... 84
4.1.4 Avaliação de Energia e Serviços................................................................... 85
4.1.5 Avaliação do Comportamento quanto ao Banho........................................... 87
4.1.6 Avaliação Arquitetônica................................................................................. 87
4.2 Resultados Finais.......................................................................................... 87
4.2.1 Dados Preliminares....................................................................................... 87
4.2.2 Aspectos Sócio-Econômicos......................................................................... 89
4.2.2.1 Naturalidade, Número de Habitantes por Moradia e Faixa Etária................. 89
4.2.2.2 Ocupação dos Chefes da Família, Escolaridade e Renda............................ 91
4.2.3 Avaliação Energética e de Posse de Eletrodomésticos................................ 94
4.2.3.1 Consumo de Eletricidade............................................................................... 94
4.2.3.2 Posse de Eletrodomésticos........................................................................... 98
4.2.3.3 Conhecimentos Quanto à Energia Renovável............................................... 99
4.2.4 Avaliação de Comportamento quanto ao Banho........................................... 99
4.2.4.1 Existência de Chuveiro Elétrico..................................................................... 99
4.2.4.2 Hábitos do uso de Água Quente.................................................................... 100
4.2.4.3 Hábitos quanto à Freqüência e Horários de Banho....................................... 100
4.2.5 Avaliação dos Serviços.................................................................................. 100
4.2.5.1 Consumo de Gás........................................................................................... 100
4.2.5.2 Consumo de Água......................................................................................... 102
4.2.5.3 Destino do Lixo.............................................................................................. 103
4.2.6 Avaliação Arquitetônica................................................................................. 103
5. Análise e Discussão dos Resultados............................................................. 105
5.1 Análise dos Resultados do Questionário Piloto............................................ 105
5.1.1 Aspectos Preliminares – Questionário Piloto................................................. 105
5.1.2 Aspectos Sócio-Econômicos – Questionário Piloto....................................... 105
5.1.3 Posse de Eletrodomésticos – Questionário Piloto......................................... 106
5.1.4 Energia e Serviços – Questionário Piloto...................................................... 106
5.1.5 Comportamento quanto ao Banho – Questionário Piloto.............................. 107
5.1.6 Avaliação Arquitetônica – Questionário Piloto............................................... 108
5.2 Análise dos Resultados Finais.......................................................................
108
5.2.1 Aspectos Preliminares................................................................................... 108
5.2.2 Aspectos Sócio-Econômicos......................................................................... 109
5.2.3 Avaliação Energética e de Serviços.............................................................. 110
5.2.4 Comportamento quanto ao Banho................................................................. 113
5.2.5 Avaliação Arquitetônica................................................................................. 115
6. Considerações Finais.................................................................................... 116
6.1 Recomendações............................................................................................
..
119
Referências Bibliográficas............................................................................. 120
Apêndice A – Questionário Piloto.................................................................. 130
Apêndice B – Resultados do Questionário Piloto 134
Apêndice C – Questionário Final................................................................... 138
Apêndice D – Resultados do Questionário Final 142
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. A Evolução do Consumo Mundial de Energia por Fonte.......................... 1
Figura 1.1 Média Anual do Total Diário de Irradiação Solar Global Incidente no
Território Brasileiro....................................................................................
15
Figura 1.2 Fluxograma da Energia Solar e seus Aproveitamentos.......................... 16
Figura 1.3 Sistema Fotovoltaico Isolado.................................................................... 19
Figura 1.4 Sistema de Aquecimento Solar (SAS)..................................................... 21
Figura 1.5 Coletores Solares por Aplicação e por Níveis de Temperatura................ 22
Figura 1.6 Componentes do Coletor Solar Plano com Cobertura.............................. 23
Figura 1.7 Reservatório Térmico............................................................................... 26
Figura 1.8 Sistema de Circulação Natural ou Termossifão.........................................
29
Figura 1.9 Esquema de Dimensões para Uso do Sistema Termossifão....................
30
Figura 1.10 Sistema ASBC........................................................................................ 32
Figura 1.11 Montagem do Sistema ASBC.................................................................. 33
Figura 1.12 Sistema Completo ASBC Unido ao Reservatório..................................... 34
Figura 1.13 Panorama do Potencial Eólico no Brasil..................................................
37
Figura 1.14 Mapa do Potencial Eólico Brasileiro Dividido por Regiões......................
....
38
Figura 1.15 Sistemas de Energia Eólica e suas Diferentes Escalas........................... 40
Figura 1.16 Sistema Eólico de Pequeno Porte e seus Elementos.............................. 41
Figura 2.1 Matriz Energética Mundial....................................................................... 42
Figura 2.2 Matriz Energética Brasileira....................................................................
43
Figura 2.3 Percentual de Centrais para Geração de Energia Elétrica no Brasil........ 44
Figura 2.4 Consumo Final de Energia Elétrica - Evolução dos Consumos
Setoriais..................................................................................................
45
Figura 2.5 Evolução do Consumo de Eletricidade no Setor Residencial no Brasil
1998 a 2007..............................................................................................
46
Figura 2.6 Média do Consumo de Energia Elétrica Antes e Depois da Inserção de
Sistemas de Aquecimento de Água do Projeto Piloto..............................
56
Figura 2.7 Alternativa 1 - Sistema Solar Térmico Convencional, com o Coletor
Apoiado no Telhado e o Reservatório no Interior da Moradia, Projeto
Sapucaias...............................................................................................
58
Figura 2.8 Alternativa 2 - Sistema Solar Térmico Popsol, com Estrutura Portante
Abrigando o Coletor e o Reservatório, Projeto Sapucaias........................
58
Figura 3.1 Município de Quissamã.......................................................................... 61
Figura 3.2 Casarão em Restauração........................................................................ 62
Figura 3.3 Uso dos Solos de Quissamã................................................................... 63
Figura 3.4 Construções a Beira da Lagoa em João Francisco................................. 64
Figura 3.5 Mapa Eólico da Região Sudeste do Brasil................................................ 65
Figura 3.6 Mapa da Zona de Amortecimento e das Áreas Estratégicas Externas do
Plano de Manejo do Parque..............................................................
67
Figura 3.7 Habitações de Interesse Social no Município de Quissamã................... 68
Figura 3.8 Modelos de Habitações de Interesse Social Habitadas........................... 70
Figura 3.9 Novos Modelos de Habitações de Interesse Social – Não Habitadas até
Outubro de 2008......................................................................................
71
Figura 3.10 Fluxogramas da Metodologia adotada para a Avaliação Proposta......... 73
Figura 4.1 Zonas Entrevistadas e Porcentagens de Entrevistas – Questionário
Piloto.........................................................................................................
....
82
Figura 4.2 Idade dos Moradores das HIS - Questionário Piloto................................. 83
Figura 4.3 Meios de Transporte - Questionário Piloto................................................
84
Figura 4.4 Posse de Eletrodomésticos – Questionário Piloto.................................... 85
Figura 4.5 Consumo de Eletricidade – Questionário Piloto........................................
86
Figura 4.6 Zonas do Município onde foram feitas as Entrevistas............................ 88
Figura 4.7 Zonas do Levantamento.......................................................................... 88
Figura 4.8 Modelos das Casas Entrevistadas...........................................................
89
Figura 4.9 Número de Moradores por Unidade Habitacional.................................... 90
Figura 4.10 Faixa Etária das Famílias Entrevistadas.................................................. 91
Figura 4.11 Ocupação do Chefe da Família................................................................
92
Figura 4.12 Escolaridade do Chefe da Família............................................................ 92
Figura 4.13 Tempo de Ocupação da Moradia............................................................ 93
Figura 4.14 Preço Pago pelo Consumo de Energia Elétrica....................................... 95
Figura 4.15 Consumo de Eletricidade........................................................................ 96
Figura 4.16 Tipo de Lâmpadas usadas nas Moradias................................................ 97
Figura 4.17 Comportamento para Economizar Energia............................................. 98
Figura 4.18 Eletrodomésticos que possuem e usam............................................. 98
Figura 4.19 Horários de Banho.................................................................................. 101
Figura 4.20 Grau de Satisfação quanto à Construção da Casa.................................. 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Estimativa de Custos Sociais e Ambientais do Uso da Energia............... 2
Tabela 2.1 Consumo de Eletricidade no Brasil por Setores, 2004.............................
44
Tabela 2.2 Consumo Residencial de Energia Elétrica no Brasil, 2007....................... 46
Tabela 2.3 Participação do Chuveiro Elétrico na Matriz Energética Brasileira, 2001. 47
Tabela 3.1 Unidades de Habitações de Interesse Social Construídas até julho de
2008..........................................................................................................
69
Tabela 3.2 Número de HIS por Localidades de 1991 a 2005..................................... 77
Tabela 3.3 Localidades e Número de Entrevistados no Primeiro Levantamento....... 77
Tabela 3.4 Número de HIS na Zona de Amortecimento pertencente à Sede do
Município...................................................................................................
79
Tabela 3.5 Número de HIS na Zona de Amortecimento, mas no Restante do
Município...................................................................................................
79
Tabela 3.6 Número de HIS dos Conjuntos Habitacionais em Caxias Habitadas a
menos de 1 ..............................................................................................
80
Tabela 3.7 Número de Entrevistas Segundo a Zona.................................................. 81
Tabela 3.8 Número HIS em cada Zona e o Número de Entrevistas........................... 81
Tabela 4.1 Naturalidade do Entrevistado.................................................................... 90
Tabela 4.2 Renda da Família (Salário Mínimo - SM)..................................................
93
Tabela 4.3 Tarifa Residencial AMPLA........................................................................ 95
Tabela 4.4 Consumo de Eletricidade.......................................................................... 96
Tabela 4.5 Conhecimento dos Entrevistados sobre Energias Renováveis................ 99
Tabela 4.6 Existência de Chuveiro Elétrico na Moradia............................................. 100
Tabela 4.7 Hábitos de Água Quente........................................................................... 100
Tabela 4.8 Consumo de Gás por Mês........................................................................ 102
Tabela 4.9 Abastecimento de Água e Existência de Caixa D’água............................ 103
RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de analisar a viabilidade social, técnica e financeira da
implantação de energia solar térmica e eólica de pequeno porte em habitações de
interesse social como parte de uma política pública, tendo como estudo de caso o
município de Quissamã - RJ. Este município foi escolhido pelo seu potencial eólico e
solar, e principalmente por contemplar dentro do seu Plano Diretor, diretrizes que
visam o uso de fontes renováveis de energia em zonas vizinhas ao Parque Nacional
de Jurubatiba. Analisou-se o Plano Municipal de Habitação de Quissapara saber
como este se desenvolve e conhecer os resultados obtidos depois da sua implantação
nestes últimos anos. Entrevistou-se uma amostra representativa da população do
município que mora em habitações de interesse social, para conhecer o consumo de
energia elétrica destas famílias e conhecer seus costumes em relação ao consumo de
energia. Foi aplicado um questionário com o qual se coletaram dados sócio-
econômicos, de avaliação energética, de avaliação de serviços, de avaliação de
comportamento quanto ao banho e uma breve avaliação arquitetônica. Realizou-se
uma análise dos dados coletados para assim chegar a sugestões possíveis a serem
propostas ao governo municipal, para que por meio de políticas públicas, tente-se
melhorar a qualidade de vida das pessoas de baixa renda, tornando-as divulgadoras
de tecnologias ambientalmente corretas, além de favorecer os horários de pico do
sistema elétrico integrado nacional e, ainda, servir como instrumento de
conscientização ambiental da população no geral. Este trabalho pretende contribuir
diretamente com o município de Quissamã, como elemento demonstrativo dos
benefícios que traz o uso da energia termo-solar, eólica de pequeno porte e o uso
eficiente da energia como parte do Plano Municipal de Habitação.
1
INTRODUÇÃO
Os energéticos preponderantemente consumidos no século XIX foram originados da
biomassa (lenha, carvão vegetal, carvão mineral e resíduos agrícolas). No início do
século XX, o uso de carvão chegou a ser a principal fonte de energia mundial. A partir
de meados do mesmo, a produção de petróleo tornou-se a fonte de energia
dominante, além disso, o gás e a energia nuclear cresceram rapidamente nos últimos
25 anos. (GRUBLER, 1998). Podemos ver essa evolução na Figura 1, abaixo.
Figura 1: A evolução do consumo mundial de energia por fonte
Fonte: IER, 2009
Segundo dados da UE, ExtermE WSJ 2002, a estimativa de custos sociais e
ambientais de energia decorrentes de uso de combustíveis fósseis e nucleares, sem
se incluir os custos do lixo nuclear e da sua desativação, comparados com o uso de
energia eólica são muito mais altos. O carvão tem um custo de 1,94 a 14,60 centavos
de dólar/kWh, a turbina a gás 0,97 a 3,89 centavos de dólar/kWh, a energia nuclear de
0,19 a 0,58 centavos de dólar/kWh e a fazenda eólica tem um custo de 0,05 a 0,24
centavos de dólar/kWh, como podemos observar na tabela 1 a seguir:
2
Tabela 1. Estimativa de custos sociais e ambientais do uso da energia
Fonte
Centavo de Dólar / kWh
Carvão 1,94 a 14,60
Turbina a Gás 0,97 a 3,89
Nuclear 0,19 a 0,58
Fazenda eólica
0,05 a 0,24
Fonte: ExtermE – WSJ, 2002
No âmbito mundial, o uso de energias renováveis e ambientalmente mais limpas tem
sido divulgado com mais intensidade, devido aos benefícios que trazem e,
principalmente, pelo baixo impacto causado no meio ambiente. Estes sistemas têm
melhorado a qualidade de vida das pessoas e contribuído para diminuir o aquecimento
global devido às baixas emissões de gases do efeito estufa – sendo uma alternativa
adotada por vários países do primeiro mundo, preocupados em capacitar técnicos
especialistas nesta área, não nos seus próprios países, como também a nível
mundial. (PORTILLO, 2009
a
)
A energia elétrica no Brasil é de origem predominantemente hidráulica, o que leva à
construção de grandes barragens e estruturas para o aproveitamento dos rios, com
conseqüente inundação de áreas para formação de reservatórios (PROCEL et al.,
2005). Isso gera a migração de povos inteiros dos seus lugares de origem, impactando
de grande maneira do ponto de vista social e afetando permanentemente os
ecossistemas destes lugares alagados. Ao contrário do que se supõe, a formação
de gases de efeito estufa nos reservatórios dessas represas; principalmente naqueles
em que há grande diferença de nível entre as cotas da cheia e da estiagem.
A geração complementar de eletricidade para atender o mercado consumidor é feita
através de usinas térmicas e nucleares (PROCEL et al., 2005), as quais trazem um
alto custo ambiental e, economicamente são menos favoráveis como foi citado
anteriormente.
No Brasil, vários grupos de pesquisa estão preocupados com a geração de energia
elétrica e os problemas causados por depender, principalmente, de grandes centrais
3
hidrelétricas que causam impactos sociais e ambientais, indicando como soluções o
uso de fontes renováveis de energia.
O grupo de energia do Departamento de Engenharia e Energia e Automatização
Elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (GEPEA-USP) citado por
Loys (2008), modelou um cenário específico para a matriz brasileira em 2050, onde
medidas de eficiência energética reduziriam a geração de eletricidade em 29% e a
produção de energia renovável seria responsável por 88% da eletricidade total gerada.
Esta seria distribuída em 38% de hidreletricidade, incluindo PCHs (pequenas centrais
hidrelétricas), 26% de geração a partir de biomassa, 20% de energia eólica e 4% de
geração de energia solar, a partir de painéis fotovoltaicos. Segundo este grupo, neste
cenário a geração elétrica a partir do uso de carvão, óleo diesel e nuclear seria
totalmente eliminada. Neste cenário proposto, a geração da energia teria um custo
financeiro mais elevado por unidade de potência, mas o objetivo é minimizar os custos
sociais e ambientais e demonstrar ser possível atender a demanda brasileira com uma
matriz mais limpa.
A busca de soluções de eficiência energética ou soluções para baratear os custos do
consumo de energia da população de baixa renda, encontra-se respaldada quando se
analisam as condições sócio-econômicas de uma parte importante da população
brasileira que se situa na faixa de extrema pobreza. Em dados da Fundação Getúlio
Vargas (FGV-2001) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2001),
mostram que aproximadamente 20 milhões de famílias vivem com até 2 salários
mínimos. Em dados do IBGE 2006, vemos que o déficit habitacional nacional é de 8
milhões de moradias. Esta realidade evidencia a distribuição de renda e a
conseqüente exclusão social.
OBJETIVO GERAL
Analisar a viabilidade social da implantação de energia solar térmica e eólica de
pequeno porte em habitações de interesse social como parte de uma política pública,
tendo como estudo de caso o município de Quissamã - RJ.
4
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar o uso de energia solar térmica e eólica de pequeno porte no Brasil;
Identificar experiências existentes de projetos que tenham aplicado o uso de
energias renováveis em habitações de interesse social no Brasil;
Analisar as características do potencial solar e eólico do município escolhido
como estudo de caso;
Identificar as políticas públicas do município que se referem ao uso de energias
renováveis;
Analisar a população que mora em habitações de interesse social no município,
e assim identificar as suas características sociais e de consumo de energia; e
Identificar as possíveis propostas que podem ser feitas referentes ao uso de
energia solar térmica e eólica de pequeno porte no município escolhido para
desenvolver o estudo de caso.
JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
A relevância deste trabalho se reflete no estudo de caso, uma vez que o local
estudado tem características climatológicas apropriadas para a proposta de inserção
de energia solar térmica e energia eólica de pequeno porte, que podem ser
aproveitadas de forma apropriada para beneficio da população de baixa renda.
(AMARANTE, 2001 e PEREIRA, 206)
Uma questão importante neste estudo é a integração da população do município com
uma grande área de preservação ambiental que está presente no seu território, a qual
não faz parte da identidade dos moradores do local nos dias de hoje.
Este estudo pretende melhorar a qualidade de vida desta população, propondo
possíveis políticas públicas que ajudem a diminuição do custo de suas contas de
energia elétrica e também informar e incentivar o uso de energias renováveis.
5
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do presente trabalho foram realizadas as seguintes etapas de
pesquisa:
Revisão bibliográfica para introdução e contextualização do tema;
Definição do lugar para realização do estudo de caso, por meio da identificação
do potencial climático para uso solar e eólico;
Levantamento de dados gerais do município;
Levantamento de dados por meio de entrevistas a moradores de habitações de
interesse social no município;
Análise dos dados coletados; e
Análise e discussão dos resultados obtidos, avaliando a possibilidade da
implantação de energias renováveis no município de Quissamã.
DESCRÃO DOS CAPÍTULOS
A dissertação foi organizada em uma introdução e 6 capítulos descritos a seguir:
Na introdução é apresentado o problema e as justificativas que sugeriram este estudo
de forma geral. São descritos o objetivo geral, os objetivos específicos, a relevância da
pesquisa e a sua metodologia.
No primeiro capítulo é definido o conceito de fontes renováveis de energia. São
mostrados alguns conceitos de diferentes autores sobre o uso destes recursos,
demonstrando a sua importância no âmbito mundial e mostrando alguns estudos que
vem sendo realizados sobre seu uso. São apresentadas algumas barreiras que limitam
a introdução e implantação de tecnologias no mundo inteiro.
Também são apresentadas as energias renováveis escolhidas para realizar este
estudo: a energia solar e eólica, introduzindo suas características e seu potencial no
âmbito brasileiro. São descritos os sistemas que podem ser propostos como soluções
tecnológicas às demandas da população. No que se refere à energia solar, são
descritos os sistemas de energia solar fotovoltaica e solar térmica; sobre a energia
eólica, são descritos os sistemas de energia eólica em suas diferentes escalas, de
pequeno, médio e grande porte.
6
No segundo capítulo é apresentado o uso de fontes renováveis de energia no Brasil.
São apresentados os dados da matriz energética mundial comparada com a matriz
energética brasileira. É mostrado o consumo de energia no âmbito nacional,
principalmente pelo setor residencial, que é o foco da pesquisa. Também são
abordadas as legislações existentes referentes ao uso de energias renováveis, tanto
no âmbito nacional como no estado do Rio de Janeiro.
Ainda dentro deste capítulo, são descritos alguns projetos existentes no Brasil, onde
foram inseridos sistemas de energias renováveis, principalmente a energia solar
térmica em habitações de interesse social, apresentando alguns resultados que
servem de referência para esta pesquisa.
No terceiro capítulo é apresentado o estudo de caso, justificando a escolha do local
Quissamã - e descrevendo as características geográficas, climáticas, sociais e
políticas do município estudado. São apresentados os instrumentos públicos que
visam o uso de energias renováveis em alguns setores do município, como o Plano
Diretor e o Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.
Também é abordado o Plano Municipal de Habitação, descrevendo suas
características e identificando os modelos de habitações de interesse social existentes
no município desde o início do plano, em 1991, para assim classificar aqueles a serem
utilizados na pesquisa e finalmente é apresentada a metodologia adotada.
No quarto capítulo, são apontados os resultados obtidos no trabalho de campo
realizado em Quissamã, descrevendo as características sociais e de consumo de
energia elétrica da população que reside nas habitações de interesse social de quatro
bairros escolhidos dentro do município, na zona de amortecimento do Parque
Nacional. Estes resultados estão divididos em seis partes: uma primeira que mostra
os dados preliminares, a segunda apresenta os resultados da análise sócio-
econômica, a terceira mostra os resultados quanto ao consumo de energia, a quarta
revela a avaliação do comportamento quanto ao banho, a quinta se refere aos serviços
e a sexta são os resultados da avaliação arquitetônica.
7
O quinto capítulo mostra uma análise e discussão dos resultados mostrados no
capítulo quatro, onde o remarcados os pontos importantes da pesquisa,
demonstrando a influência das características sócio-econômicas e culturais no
consumo de energia elétrica destas famílias e mostrando as possíveis soluções que
podem ser propostas.
O capítulo seis mostra as considerações finais do trabalho desenvolvido, onde são
apresentadas também as recomendações para futuros trabalhos, sendo possíveis
novos estudos que complementem este.
8
CAPÍTULO 1
1. FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA
Oliveira (2003) cita a classificação de recursos renováveis de energia existentes no
anexo 2 da Agenda Proposta para a Terceira Reunião do Conselho Executivo (CE) do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em 2002, onde define os “Recursos
renováveis de energia” como aqueles que dependem do fluxo de energia através dos
ecossistemas terrestres provenientes da insolação e da energia geotérmica da Terra,
podendo-se distinguir:
Energia da biomassa (crescimento das plantas por meio da radiação solar);
Energia eólica (massa de ar em movimento conduzida pela energia solar);
Uso direto da energia solar (na forma de calor e na produção de eletricidade);
Energia hidráulica ou hidroeletricidade;
Energia das marés (exemplo: energia proveniente das ondas); e
Energia geotérmica (proveniente do fluxo natural de calor, cujo estoque se
encontra nas rochas).
Estes recursos têm o potencial de prover serviços energéticos com pouca ou nenhuma
emissão de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa. (OLIVEIRA, 2003)
Segundo Sachs (1993), na década de 70, era moda alertar sobre o esgotamento dos
recursos não renováveis; mas nos anos 90 o argumento maior veio por meio de dois
fatores, a estimativa controvertida de que estaríamos utilizando cerca de 40% do
produto primário líquido da fotossíntese terrestre (VITOUSEK et al, 1986) e o
pessimismo com respeito ao progresso científico e técnico que exclui uma visão mais
dinâmica da capacidade de carga do planeta e das potencialidades do “capital natural
cultivado” e da “agricultura regenerativa”.
O consumo mundial de energia aumentou 20 vezes desde 1850, 10 vezes desde 1900
e mais de 4 vezes desde 1950. Este crescimento no uso de energia nos últimos 100
9
anos ocorreu principalmente nos países industrializados que abriga apenas 20% da
população mundial. (GUELLER, 2003) Sendo que as fontes renováveis de energia têm
reservas com potencial de gerar toda a energia consumida no mundo. (ROGNER,
2000 apud. GUELLER, 2003)
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1986) no relatório da reunião em Monte
Carlo Mônaco em julho de 1983, afirma que as conseqüências da produção de
recursos fósseis, o transporte, os derramamentos, os danos às florestas e vegetações,
causam o acréscimo das emissões do dióxido de carbono na atmosfera. Sendo que
alguns poluentes do ar como o monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO
2
) e
óxido de nitrogênio (NO
x
) resultam da queima de combustíveis fósseis e outros tipos
de combustíveis.
A queima de combustíveis fósseis causa poluição do ar e isto prejudica a saúde
pública e desequilibra os ecossistemas. As atividades relacionadas a esta queima
produzem no mundo cerca de 78% de emissões de dióxido de carbono e 23% de
emissões de metano (HOLDEN & SMITH, 2000 apud. GUELLER, 2003).
Os efeitos na saúde dependem inteiramente do grau de exposição. Esta exposição
pode ser minimizada com o controle do uso dos recursos fósseis. Estes efeitos na
saúde podem se manifestar desde poucos minutos até vários dias depois da
exposição. Efeitos intermediários requerem desde poucos dias até duas décadas para
se manifestar, e os efeitos de longo termo são os que usualmente aparecem 20 anos
depois da exposição. Contudo, os experimentos de longo tempo em humanos, são
antiéticos e as avaliações, quando ocorrem, são certamente custosas e tecnicamente
difíceis ( WHO,1986).
Em meados do século XX a produção de petróleo tornou-se a fonte de energia
dominante durante os últimos 40 anos. Além disso, o gás e a energia nuclear
cresceram rapidamente nos últimos 25 anos (GRUBLER, 1998 apud. GUELLER,
2003). A geração de eletricidade através do uso da energia nuclear expõe os
trabalhadores e o público em geral à radiação ionizadora. Esta exposição pode trazer
imediatos danos à saúde, como câncer e danos genéticos (WHO,1986).
10
Mas não são exclusivamente os recursos fósseis os que podem trazer impactos na
saúde; o uso de recursos renováveis também pode trazer alguns impactos como
podemos ver a seguir (WHO, 1986).
1.1 POSSÍVEIS IMPACTOS DAS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA
A energia extraída da natureza não se encontra nas formas mais adequadas para os
usos finais. Necessita, na maioria dos casos, passar por processos de transformação.
Esses processos também demandam energia, produzem perdas e impactos
ambientais.
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1986) enumera os possíveis impactos na
saúde derivados dos recursos renováveis utilizados para a geração de energia
descritos abaixo:
Hidroelétrica: sendo considerada ao longo do tempo limpa, segura, barata e
recurso renovável de energia. As pequenas plantas hidroelétricas podem trazer uma
margem de efeitos positivos. Ao contrário, as grandes centrais hidroelétricas podem
trazer efeitos negativos ao ecossistema do lugar. Estes efeitos podem incluir o
alagamento de áreas históricas únicas. Fazendo uma revisão do ciclo, poder-se-ia
considerar os efeitos na saúde no uso em grande escala das obras civis que
empregam concreto, ferro e aço nas suas construções, desviando capitais de outros
possíveis investimentos de grande importância para o país, como a saúde e a
educação. Em estudos realizados no Brasil, Santos (2000) afirma que produção de
gases do efeito estufa nos reservatórios das grandes hidrelétricas, como o metano
(CH
4
), dióxido de carbono (CO
2
) e o óxido nitroso (N
2
O), o qual favorece ao
Aquecimento Global.
Energia solar: geralmente produzida para utilizações de pequeno porte, mas
também pode ser produzida em grandes estações centrais, na terra ou satelitais. A
tecnologia solar não faz significantes emissões ao meio ambiente durante sua
operação e ao contrário da energia nuclear, não produz produtos daninhos durante
sua operação. A tecnologia fotovoltaica requer grandes áreas de conexão por unidade
de capacidade de instalação e, quando é necessário seu armazenamento, requer uso
de baterias acumuladoras, as quais contém materiais prejudiciais para a saúde
11
humana, como o chumbo. Quando estas baterias são jogadas fora de forma não
adequada, o chumbo pode entrar em contato com a água e a terra, contaminando e
afetando o ecossistema do lugar.
Energia eólica: usada geralmente para gerar eletricidade, mas com algum
aproveitamento direto (energia mecânica) em extração de água e dessalinização de
água do mar. Uma das dificuldades deste recurso energético é a sua irregularidade
natural do suprimento e o necessário acompanhamento do armazenamento (quando o
sistema é isolado). A geração em grande escala pode afetar o ambiente, influenciando
o clima do local, além de existir uma distância mínima necessária de pelo menos dez
vezes o diâmetro entre os aerogeradores. Por outro lado, há ainda a geração de ruído,
que vem sendo diminuído nas mais recentes tecnologias. A incerteza sobre o
desenvolvimento e os efeitos em grande escala da geração de energia eólica afeta a
aceitabilidade pelo público, principalmente em áreas com população densa.
Energia eólica em pequenas escalas para gerar eletricidade requer um sistema de
armazenamento, como baterias, que podem trazer significantes conseqüências para a
saúde. Quando a geração é utilizada como energia mecânica, como para extrair água,
pode ser considerada útil, trazendo efeitos positivos.
É importante considerar que este recurso de energia pode necessitar de outro menos
desejável, como o diesel. Existem sistemas que utilizam um motor a diesel para
garantir a regularidade e estabilidade no fornecimento de energia, dispensando
sistemas de armazenamento, geralmente utilizados para atender um número maior de
usuários.
Biomassa: é criada da queima direta de madeira, ou da gasificação dos
resíduos da agricultura para recuperar o biogás que contém metano. A produção de
biomassa às vezes pode requerer cultivos extensivos, provocando alguns riscos e
discussões como o monocultivo e a substituição da produção de alimentos.
Várias outras fontes renováveis como a Energia Geotérmica e a energia das marés,
por exemplo, não serão detalhadas
neste trabalho por fugirem ao escopo do mesmo e
não contribuírem para os nossos objetivos.
12
Apesar dos avanços tecnológicos para o uso de fontes alternativas de energia, ainda
hoje existem barreiras pela qual estas fontes não são muito utilizadas. Estas barreiras
provêem de diferentes origens, as quais serão apresentadas a seguir.
1.2 BARREIRAS AO USO DAS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA
Diferentes autores citam uma gama de barreiras que limitam a introdução e
implantação de tecnologias de energias renováveis no mundo inteiro, tendo sua
variação entre setores, instituições e principalmente entre regiões. De modo geral,
Geller (2003) classificou estas barreiras da seguinte maneira:
1.2.1 Limitada infra-estrutura de fornecimento: a demanda por tecnologias de
energia renovável pode ser baixa para justificar a produção local, importação
ou comercialização; isto cria um círculo vicioso. Estas tecnologias podem ser
mais caras em países onde ainda não estão industrializadas, se comparadas
às tecnologias de energia produzida localmente.
1.2.2 Problemas de qualidade: os sistemas podem ser inadequadamente montados
ou instalados, o que prejudica o desempenho. Da mesma forma, a capacidade
de serviço e reparo pode ser inadequado ou inexistente.
1.2.3 Informação e treinamento insuficientes: os consumidores podem
desconhecer as opções de energia renovável de fornecedores locais de
produto e de oportunidade de financiamento, ou ainda, podem não dispor de
informação sobre desempenho e confiabilidade ou mérito econômico de
opções destas energias.
As concessionárias normalmente desconhecem como a produção de
tecnologias renováveis, tais como eólica e solares, poderia afetar sua carga de
energia e particularmente reduzir a demanda de ponta.
1.2.4 Falta de fundos ou de financiamento: financiadores tradicionais, tais como
bancos privados ou bancos de desenvolvimento nacionais, hesitam em
conceder empréstimos para tecnologias de energia renovável, por falta de
familiaridade com as tecnologias e outras considerações.
13
1.2.5 Preços e tarifas: os preços de energia raramente refletem os custos totais
para a sociedade, as quais são associados à produção e ao uso de energia
convencional, incluindo os custos sociais e ambientais. Alternativas de energia
renovável sofrem desvantagem se o preço das fontes de energia
convencionais for estruturado sem base nos custos reais (com considerações
sociais e ambientais).
1.2.6 Concessionárias de energia elétrica: as concessionárias podem impedir o
desenvolvimento de energias renováveis ao adotar exigências onerosas de
interconexão, recusando-se a pagar taxas razoáveis ou a assinar contratos de
longo prazo para o acesso de energia fornecida à rede, ou estabelecendo
complexos processos de negociação.
1.2.7 Obstáculos políticos: muitos governos dão preferência a fontes de
combustíveis fósseis e a tecnologias de geração de eletricidade convencional,
devido à tradição, familiaridade e ao tamanho, força econômica e influência
política das indústrias de energia convencionais. No caso dos países em
desenvolvimento, instituições de peso como o Banco Mundial e o
Desenvolvimento Multilateral, resistem em conceder empréstimos para projetos
de energia renovável, devido ao pequeno tamanho, complexidade e alto risco
presumido do projeto, além de outros possíveis fatores. (MARTINOT, 2002)
1.3 SISTEMAS DE ENERGIA RENOVÁVEL
Os sistemas a serem estudados neste trabalho serão: sistemas de energia solar -
enfatizando na energia solar térmica - e energia eólica - enfatizando na energia eólica
de pequeno porte - considerados sistemas economicamente viáveis para uma escala
pequena e estão sendo desenvolvidos pela indústria a nível nacional, desta forma
também fomentando o desenvolvimento local. Foram também selecionados pelo fato
de que o lugar escolhido como estudo de caso tem características climáticas que
favorecem principalmente a estes. Portanto, a seguir, serão apresentadas as
características destes sistemas e seus principais elementos.
14
1.3.1 ENERGIA SOLAR
Pinto et all (2006) assegura que o Sol envia anualmente para a Terra energia
equivalente a cerca de 10.000 vezes o consumo mundial de energia bruta no mesmo
período. O Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito
CRESESB (2008) - afirma que quando se fala em energia, deve-se lembrar que o Sol
é responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de energia, o que
quer dizer que as fontes de energia são, em última instância, derivadas da energia do
Sol. É a partir da energia do Sol que se a evaporação, origem do ciclo das águas,
que possibilita o represamento e a conseqüente geração de eletricidade
(hidroeletricidade). A radiação solar também induz a circulação atmosférica em larga
escala, causando os ventos. Petróleo, carvão e gás natural foram gerados a partir de
resíduos de plantas e animais que, originalmente, obtiveram a energia necessária ao
seu desenvolvimento, da radiação solar.
Segundo Rogner (2000), há energia solar em potencial suficiente e até excedente para
atender as necessidades globais projetadas para além de 2100. Rodrigues & Matajs
(2005) asseguram que o Brasil é um país com enorme potencial solar, praticamente
em todo o território encontram-se mais de 2200 horas de insolação, com um potencial
equivalente a 15 trilhões de MWh, correspondente a 50 mil vezes o consumo nacional
de eletricidade.
1.3.1.1 RADIAÇÃO SOLAR NO BRASIL
O Atlas Brasileiro de Energia Solar (
PEREIRA E. B. et all., 2006) mostra na figura 1.1
a média anual do total diário de irradiação solar global incidente no território brasileiro.
Apesar das diferentes características climáticas observadas no Brasil, pode-se
observar que a média anual de irradiação global apresenta boa uniformidade, com
médias anuais relativamente altas em todo o país.
O valor máximo de irradiação global 6,5kWh/m
2
- ocorre no norte do estado da
Bahia, próximo à fronteira com o estado do Piauí. Essa área apresenta um clima semi-
árido com baixa precipitação ao longo do ano (aproximadamente 300mm/ano) e a
média anual de cobertura de nuvens mais baixa do Brasil. A menor irradiação solar
15
global 4,25kWh/m
2
ocorre no litoral norte de Santa Catarina, caracterizado pela
ocorrência de precipitação bem distribuída ao longo do ano.
Os valores de irradiação solar global incidentes em qualquer região do território
brasileiro (4200-6700 kWh/m
2
) são superiores aos da maioria dos países da União
Européia, como Alemanha (900-1250 kWh/m
2
), França (900-1650kWh/m
2
) e Espanha
(1200-1850 kWh/m
2
), onde projetos para aproveitamento de recursos solares, alguns
contando com fortes incentivos governamentais, são amplamente disseminados.
Assim, podemos concluir que a radiação solar no Brasil oferece condições favoráveis
para o uso de energia solar em grande parte do território.
Figura 1.1 - Média anual do total diário de irradiação solar global incidente no território brasileiro
Fonte:
PEREIRA E. B. et all.,
2006
O potencial anual médio de energia solar foi medido no período de julho de 1995 a
dezembro de 2005. A região Nordeste apresenta a maior disponibilidade energética,
16
seguida pelas regiões Centro-Oeste e Sudeste. As características climáticas da rego
Norte reduzem seu potencial solar médio a valores próximos da região Sul. (
PEREIRA
E. B. et all.
, 2006)
1.3.1.2 ENERGIA SOLAR E SEUS APROVEITAMENTOS
A energia solar pode ser aproveitada de maneira PASSIVA ou ATIVA como podemos
observar na figura 1.2. De forma passiva por meio de uma arquitetura bioclimática; de
forma ativa por meio da energia fotovoltaica que consiste no processo de transformar
a energia solar em elétrica; e também por meio da energia fototérmica, também
chamada solar térmica, aproveitada para o aquecimento de água para uso doméstico
ou industrial.
Figura 1.2 – Fluxograma da Energia Solar e seus Aproveitamentos
Fonte: PEREIRA et all., 2003
17
A Arquitetura Bioclimática adota soluções arquitetônicas e urbanísticas adaptadas às
condições específicas (recursos disponíveis, clima e hábitos de consumo) de cada
lugar, utilizando, para isso, a energia que pode ser diretamente obtida das condições
locais, tirando partido da energia solar, através de correntes convectivas naturais e de
microclimas criados por vegetação apropriada. (CRESESB, 2008)
O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes,
denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da
radiação solar nas edificações, reduzindo-se com isso, as necessidades de iluminação
e aquecimento. Assim, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito
com o auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção. A partir de
alguns princípios básicos, um edifício pode tirar vantagens da variação diária e
sazonal da passagem do sol pelo céu. No hemisfério Sul, as janelas voltadas para o
Norte, o isolamento adequado e o uso de materiais pesados como o concreto, podem
ajudar a captar o sol do inverno para aquecimento. Os mesmos prédios podem ser
resfriados em meses quentes através da plantação de árvores e de telhados que
façam sombras nas janelas. Estas simples ações podem reduzir os custos de
aquecimento em 40% ou mais (UNEP, 2003).
1.3.1.3 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
A Energia Solar Fotovoltaica é a energia obtida através da conversão direta da luz do
sol em eletricidade (efeito fotovoltaico). O CRESESB (2008) explica que o efeito
fotovoltaico, relatado por Edmond Becquerel em 1839, é o aparecimento de uma
diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor (em
geral o silício) produzida pela absorção da luz, onde a célula fotovoltaica é a unidade
fundamental do processo de conversão. Seguindo os primeiros acontecimentos desta
tecnologia, em 1876 foi montado o primeiro aparato fotovoltaico, resultado de estudos
das estruturas no estado sólido, e apenas em 1956 iniciou-se a produção industrial
seguindo o desenvolvimento da microeletrônica.
Atualmente, os sistemas fotovoltaicos vêm sendo utilizados em instalações remotas,
possibilitando vários projetos sociais, agropastoris, de irrigação e comunicações. As
facilidades de um sistema fotovoltaico são: modularidade, baixos custos de
18
manutenção e vida útil longa, fazendo com que sejam de grande importância para
instalações em lugares desprovidos da rede elétrica. O sistema fotovoltaico pode ser
classificado em três categorias distintas: sistemas isolados, híbridos e conectados a
rede (CRESESB, 2008).
O sistema híbrido utiliza várias fontes de geração de energia, como eólica, geração
com diesel e a fotovoltaica, o qual o torna complexo, sendo necessária uma unidade
de controle e condicionamento de potência para controlar seu uso. O sistema
integrado à rede representa uma fonte complementar ao sistema elétrico, não sendo
necessário o armazenamento da energia, já que a energia gerada localmente é
entregue à rede quando produzida; mas pode-se tomar energia da rede nos momentos
sem produção. Contudo, o sistema mais utilizado no Brasil é o isolado, o qual será
explicado mais detalhadamente a seguir.
Sistema isolado: Utiliza-se alguma forma de armazenamento de energia, que pode ser
feito através de baterias, quando se deseja utilizar aparelhos elétricos. Alguns
sistemas isolados não necessitam de armazenamento, que é o caso da irrigação onde
toda a água bombeada é diretamente consumida ou estocada em reservatórios.
Em sistemas que necessitam de armazenamento de energia em baterias, como vemos
na figura 1.3, usa-se um dispositivo para controlar a carga e a descarga na bateria. O
controlador de carga tem como principal função não deixar que haja danos na bateria
por sobrecarga ou descarga profunda, e é usado em sistemas pequenos, onde os
aparelhos utilizados são de baixa tensão e corrente contínua (CC). Para alimentação
de equipamentos de corrente alternada (CA) é necessário um inversor. Este
dispositivo geralmente incorpora um seguidor de ponto de máxima potência,
necessário para otimização da potência final produzida (CRESESB, 2008).
19
Figura 1.3 – Sistema fotovoltaico isolado
Fonte: PINTO A. V. J. et all, 2006
Segundo o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), os sistemas
fotovoltaicos apresentam as seguintes vantagens e limitações:
Vantagens:
Sistema modular, facilitando aplicações conforme as necessidades
Baixo custo de manutenção
Melhor solução para pequenos consumos
Limitações:
Energia disponível limitada, exigindo controle do consumo
Investimento inicial alto
Troca de bateria a cada 2 a 6 anos
Necessidade de importação de equipamentos
No caso do sistema isolado, entre outras limitações, podemos citar o alto investimento
econômico devido ao custo dos materiais utilizados na fabricação dos painéis de
captação de energia; e o custo ambiental, no uso de baterias para armazenamento de
20
energia, sendo uma solução mais adequada para lugares distantes, onde a conexão à
rede elétrica convencional seja inacessível.
Castro (2004) afirma que as principais aplicações dos painéis fotovoltaicos, como
sistema isolado, são a eletrificação rural (em locais desprovidos da rede elétrica ou em
locais onde a energia fornecida é de qualidade), o bombeamento de água para a
irrigação, a eletrificação de cercas para a criação de animais, a refrigeração de
medicamentos e vacinas em postos de saúde, iluminação pública, estações repetidoras
de telecomunicações, sinalizações, telefones de socorro rodoviário, estações de
monitoramento ambiental, fornecimento de energia elétrica à rede, etc (BAPTISTA,
2006).
No Brasil, o custo estimado no ano de 2008 da geração de energia elétrica com o sistema
fotovoltaico é de 4U$ (Dólares) o Watt, com uma eficiência que varia entre 13% e 15%.
No mundo são fabricados em escala industrial com uma eficiência entre 14% e 16% (BC
SOLAR, 2009).
1.3.1.4 ENERGIA SOLAR TÉRMICA
Em Dezembro de 2007, a International Union for Conservation of Nature (IUCN),
realizou uma pesquisa que procurou avaliar quais tecnologias disponíveis que
inspiravam mais confiança em sua capacidade de combater o aquecimento global. A
pesquisa foi aplicada durante a reunião da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC),
realizada em Bali, e o resultado apresentou que a solução com maior índice de
aprovação na pesquisa, foi o uso de energia solar para aquecimento de água (74%).
Nesta pesquisa, a IUCN ouviu mil integrantes de governos, de organizações não
governamentais e do setor industrial de 105 países (ABRAVA, 2008
a
).
O CRESESB (2008) define a energia solar térmica como a quantidade de energia que
um determinado corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação
solar incidente no mesmo. A utilização dessa forma de energia implica saber captá-la
e armazená-la. Os equipamentos mais difundidos com o objetivo específico de se
utilizar a energia solar fototérmica são conhecidos como coletores solares. Os
coletores solares são aquecedores de fluidos (líquidos ou gasosos) e são classificados
em coletores concentradores e coletores planos em função da existência ou não de
21
dispositivos de concentração da radiação solar. O fluido aquecido é mantido em
reservatórios termicamente isolados até o seu uso final (água aquecida para banho, ar
quente para secagem de grãos, gases para acionamento de turbinas, etc.). Os
coletores solares planos são, hoje, largamente utilizados para aquecimento de água
em residências, hospitais, hotéis, etc., devido ao conforto proporcionado e a redução
do consumo de energia elétrica.
A NBR 15569 (Norma Brasileira de Energia Solar) estabelece os requisitos para o
Sistema de Aquecimento Solar (SAS) mostrado na figura 1.4, considerando aspectos
de concepção, dimensionamento, arranjo hidráulico, instalação e manutenção, onde o
fluido de transporte é a água, e define que é um Sistema composto por coletor(es)
solar(es), reservatório(s) térmico(s), aquecimento auxiliar, acessórios e suas
interligações hidráulicas, que funcionam por circulação natural ou forçada.
Figura 1.4 – Sistema de Aquecimento Solar (SAS)
Fonte: ABRAVA, 2008
a
a) O Coletor Solar
O coletor solar é basicamente um dispositivo que promove o aquecimento de um fluido
de trabalho, como água, ar ou fluido térmico, através da conversão da radiação
eletromagnética proveniente do Sol em energia térmica. No coletor solar busca-se,
sempre, a maximização da energia absorvida e a minimização das perdas desta
energia.
22
De acordo com a NBR 15569 (Norma Brasileira de Energia Solar), os coletores solares
devem ser conforme ABNT NBR 10184 (Coletores solares planos para líquidos,
determinação do rendimento térmico) e devem ser capazes de operar nas faixas de
pressão, temperatura e demais condições especificadas em projeto, incluindo
resistência de exposição direta a radiação solar. A escolha de um tipo de coletor solar
depende basicamente da temperatura de operação requerida em determinada
aplicação prática, como mostra a figura 1.5. (ABRAVA, 2008
a
)
Figura 1.5 - Coletores solares por aplicação e por níveis de temperatura
Fonte: ABRAVA, 2008
a
O aquecimento de piscinas a temperaturas entre 26°C e 34
o
C é normalmente
promovido por coletores solares abertos. Essa designação é utilizada, pois tais
coletores não possuem cobertura transparente nem isolamento térmico. Apresentam
ótimo desempenho para baixas temperaturas, o qual decresce significativamente para
temperaturas mais elevadas. o fabricados, predominantemente, em material
polimérico. Os materiais plásticos sem o devido tratamento contra radiação UV se
desgastam em menos de um ano mas, no entanto os coletores solares devem ser
resistentes ao Sol de modo que durem 20 anos, segundo a NBR 15569. (ABRAVA,
2008
a
)
23
b) Coletor solar plano com cobertura
Os coletores solares planos com cobertura são os mais utilizados no Brasil,
empregados para fins residenciais, chegando a temperaturas de 70°C a 80
o
C.
Um coletor solar plano fechado é constituído por uma caixa externa, isolamento térmico,
tubos para escoamento do fluido no interior do coletor, placa absorvedora pintada de
preto fosca para melhor absorção da energia solar, cobertura transparente e um sistema
de vedação (PEREIRA et all., 2003), gerando um efeito estufa. O efeito estufa ocorre
quando a luz penetra numa região cuja fronteira, obviamente transparente para a luz, não
é transparente para o calor. Nesse caso, os corpos internos à região absorvem a parte da
luz nela incidente e se aquecem, passando a irradiar o calor como onda eletromagnética,
que, não podendo atravessar a fronteira, volta a incidir sobre esses corpos, aquecendo-
os cada vez mais, quanto dura o processo (RÍSPOLI, 2001).
A Associação Brasileira de Resfriamento, Ar Condicionado e Ventilação - ABRAVA
2008
b
- afirma que o coletor plano fechado é constituído por uma caixa externa,
isolamento térmico, tubos - também chamado flauta - com calhas superior e inferior, uma
placa absorvedora - chamada aletas - e finalmente uma cobertura transparente, como é
mostrado na figura 1.6.
Figura 1.6 – Componentes do coletor solar plano com cobertura
Fonte: ABRAVA, 2008
a
24
Caixa externa: geralmente fabricada em perfil de alumínio, chapa dobrada, aço
inox, ou material plástico que suporta todo o conjunto. A missão da caixa é
proteger do vento, da chuva, da poeira, suportar os diversos componentes do
coletor e atuar como união com a estrutura através dos elementos de fixação
necessários. Não é aceitável ter que trocar um coletor ou a caixa, antes do tempo
de vida normal desta, que deve ser de pelo menos 15 anos. A caixa deve ser
estanque às entradas de ar e água e resistente a corrosão. Deverão selar-se
todas as possíveis juntas, mas terá de haver um sistema que não permita a
entrada de água.
Isolamento térmico: minimiza as perdas de calor para o meio. Fica em contato
direto com a caixa externa, revestindo-a. Os materiais isolantes mais utilizados na
indústria nacional são: lã de vidro ou de rocha e espuma de poliuretano. A
precaução mais importante é o seu comportamento com a temperatura, que no
verão e com a instalação parada, pode ultrapassar os 100ºC. O envelhecimento e
a umidade são dois fatores a se levar em conta, pois podem provocar perda de
parte das propriedades isolantes do material.
Tubos (flauta/calhas superior e inferior): tubos interconectados através dos quais o
fluido escoa no interior do coletor. Normalmente, a tubulação é feita de cobre
devido a sua alta condutividade térmica e resistência à corrosão.
Placa absorvedora (aletas): responsável pela absorção e transferência da energia
solar para o fluido de trabalho. As aletas metálicas, em alumínio ou cobre, são
pintadas de preto fosco ou recebem tratamento especial para melhorar a
absorção da energia solar.
Cobertura transparente: geralmente de vidro, policarbonato ou acrílico que permite
a passagem da radiação solar e minimiza as perdas de calor por convecção e
radiação para o meio ambiente.
25
c) Reservatório térmico
O reservatório térmico tem como função armazenar a água aquecida nos coletores,
evitando ao máximo a perda de calor do fluido para o meio externo. Os reservatórios
térmicos de acumulação da água quente em instalações de aquecimento solar são
dimensionados para garantirem a demanda diária de água quente do consumidor final
na temperatura requerida pela aplicação. (ABRAVA, 2008
a
)
Este reservatório é também chamado de “boiler”, quando possui aquecimento auxiliar
por resistências elétricas; pode ser aberto (não pressurizado) ou fechado
(pressurizado) (VARELLA, 2004) e deve ser dimensionado de acordo com cada
projeto, determinando o volume a partir do dimensionamento pela demanda diária do
volume de água quente necessária. Também é necessário um sistema de
aquecimento auxiliar, para garantir o fornecimento de água quente em períodos de
baixa insolação, que pode ou não ser utilizado posteriormente, dependendo de cada
caso (ABRAVA, 2008
a
).
A manutenção dos sistemas de aquecimento solar de circulação natural é pequena,
mas o usuário deve inspecionar visualmente os coletores solares, no mínimo, uma vez
a cada três meses, certificando-se das condições de limpeza e verificando a
ocorrência de alterações na superfície do coletor solar (MESQUITA, 1999).
Estudos realizados na Inglaterra pela “Building Services & Environmental Engineer” -
BSEE (ABRAVA, 2008
a
) estabelecem os cuidados básicos no armazenamento de
água (quente e fria). Estes critérios visam evitar a proliferação de bactérias como a
legionella (que causa a Doença do Legionário), são assim enumerados:
1. O volume armazenado de água quente e fria deve ser reduzido ao mínimo
necessário. Reservatórios devem ser fechados para prevenir a entrada de
material orgânico.
2. Isolamento dos componentes para que as temperaturas permaneçam fora da
faixa crítica de crescimento das bactérias, entre 20°C e 50
º
C. Para a
Legionella, a faixa ótima de crescimento está entre 35°C e 46
º
C, sendo
instantaneamente destruída em temperaturas superiores a 70
º
C. Para valores
26
acima de 50
º
C, essa bactéria sobrevive no máximo entre 5 e 6 horas (JAYE et
all. 2001).
3. Emprego de materiais metálicos e inorgânicos nas conexões e acessórios das
tubulações.
4. Limpeza regular das partes vulneráveis do sistema.
Os reservatórios são constituídos, basicamente, por um corpo interno revestido
externamente por um material isolante e recobertos por uma proteção externa, como
podemos observar na figura 1.7.
Figura 1.7 – Reservatório térmico
Fonte: ABRAVA, 2008
a
Segundo a ABRAVA (2008
a
), estes elementos devem acompanhar as seguintes
características:
Corpo interno:
Por ficar em contato direto com a água, é geralmente fabricado com materiais
resistentes a corrosão, como cobre e aço inoxidável. No entanto, podem ser
encontrados no mercado reservatórios feitos com fibra de vidro e polipropileno;
ressalta-se, aqui, a importância dos testes normalizadores em todos os tipos de
produtos.
27
Alguns materiais metálicos necessitam de proteção interior contra corrosão,
seja mediante pintura tipo epóxi ou esmaltagem. Em regiões de água muito
agressiva haverá a necessidade de um anodo de sacrifício (geralmente de
magnésio) para proteger o reservatório.
Deve suportar as variações de pressão que porventura ocorram devido ao
aumento da temperatura da água (expansão) e flutuações na rede de
abastecimento. Quanto maiores as pressões de trabalho previstas, maiores
deverão ser as espessuras da parede do corpo interno. Por exemplo, no
mercado brasileiro, essa espessura varia entre 0,4mm e 0,8mm para o aço
inoxidável, em valores aproximados.
Deve ser resistente termicamente às oscilações de temperaturas.
Isolamento térmico:
O isolamento deve impedir ou minimizar a transferência de calor da água
contida no interior do reservatório para o meio externo. Desta forma,
similarmente ao que acontece nas placas coletoras, o isolamento deve oferecer
grande resistência a passagem do calor, dificultando ao máximo sua
transferência de um meio para outro.
O material isolante mais utilizado é o poliuretano expandido, cuja condutividade
térmica e igual a 0,026 W/m.K e tem a vantagem de conferir ao reservatório
uma boa rigidez estrutural.
Para o poliuretano, de uso muito difundido no Brasil, a espessura normalmente
empregada é, aproximadamente, 50mm para um tanque de 100 litros e 20mm
para um tanque de 1000 litros.
28
Proteção externa:
Normalmente feita em alumínio, aço galvanizado ou aço carbono pintado. A
importância da proteção externa está em preservar o conjunto das intempéries,
danos relativos a transporte, instalação, etc.
1.3.1.5 SISTEMAS DE AQUECEDORES SOLARES
A ABRAVA (2008
a
) afirma que 90% das instalações de sistemas de aquecedores
solares no Brasil são residenciais. As grandes instalações ainda são pouco difundidas
dentro dos setores comerciais e industriais hotéis, motéis, indústrias, vestiários,
grandes edifícios, etc. Estes sistemas de aquecimento solar podem ser classificados
quanto ao modo de circulação de água:
Circulação natural ou Termossifão
Circulação forçada ou sistema bombeado
O sistema de circulação natural ou termossifão é o mais utilizado em obras de pequeno
porte, e o sistema bombeado é utilizado em obras de médio e grande porte, onde a
circulação forçada é imprescindível para o funcionamento correto do sistema.
a) SISTEMA TERMOSSIFÃO
O sistema de circulação natural ou termossifão funciona quando o Sol, ao incidir sobre
o coletor solar, aquece a água que está no seu interior. Com a diminuição da
densidade, as colunas de água adquirem pressões diferentes gerando um fluxo
contínuo no sentido ascendente do coletor. (ABRAVA, 2008
a
)
Os elementos deste sistema estão apresentados na seguinte figura 1.8:
29
Figura 1.8 - Sistema de circulação natural ou termossifão
1. Coletor solar 6. Retorno de água dos coletores
2. Reservatório térmico 7. Saída de água para os coletores
3. Caixa d’água fria 8. Saída de água para consumo
4. Sifão 9. Registro para limpeza do sistema
5. Entrada de água fria 10. Suspiro
Fonte: ABRAVA, 2008
b
Os sistemas com circulação natural ou termossifão são recomendados para sistemas
com capacidade de aquecimento de até 1.500 litros de água por dia e podem
apresentar alguns problemas técnicos em relação à localização do tanque
necessário que o reservatório esteja acima do coletor solar para evitar inversão do
fluxo), à circulação lenta do fluido a ser aquecido (em caso de demanda imprevista, o
sistema auxiliar de aquecimento é acionado), ao diâmetro da tubulação entre coletor e
tanque, que é função da área coletora, da distância dos coletores ao reservatório
térmico e da altura deste, e à tubulação e reservatório, que devem ser isolados
termicamente (MOREIRA, 1985).
A vazão em sistemas solares por termossifão é considerada auto-regulável, pois
quanto maior a radiação solar, maior a vazão no coletor, e, se não houver radiação ou
a temperatura da água no coletor for inferior à do reservatório, a circulação cessará. A
30
diferença de pressão é muito pequena e, portanto muito sensível às perdas de carga e
obstruções ao longo da tubulação. (ABRAVA, 2008
a
)
Krause e Medeiros (2005) elaboraram a figura 1.9, onde verificam-se espaços livres,
necessários ao bom funcionamento do sistema:
Como a caixa d’água deve poder ser limpa, é preciso prever um espaço para
que se tire a tampa e se limpe o lado interno (H);
Em seguida, outro (h), que é o resultado da altura da caixa d’água projetada e
o espaço para colocação do joelho que leva até a entrada de água fria do
reservatório, que deve ser mais baixo para que a gravidade faça naturalmente
o abastecimento da água fria necessária da caixa d’água para o boiler;
Para o sistema funcionar corretamente por termossifão, a Física diz que é
necessário um desnível vertical (Y) mínimo de 30cm a 18cm entre a parte de
baixo do boiler e a saída de água quente (parte superior) da placa coletora,
bem como um desnível da parte de cima do coletor para a entrada de água
quente do boiler.
Figura 1.9 - Esquema de dimensões para uso do sistema termossifão
Fonte: KRAUSE E MEDEIROS, 2005
31
No que se refere ao custo destes sistemas no Brasil, em abril de 2009 fez-se uma
pesquisa sobre preços no mercado brasileiro destes sistemas para uso numa casa de 4
moradores, utilizando água quente só no chuveiro. Nos resultados obtidos vemos que um
sistema composto por um reservatório de 300L e um coletor de 1,06 m
2
tem o preço de
R$ 2.000,00. Também foram pesquisados sistemas utilizados em projetos de habitação
de interesse social, que são menores aos mencionados anteriormente, sendo que o
reservatório é de 200L e não foi informada a superfície do coletor. Estes sistemas têm um
custo de R$ 1.290,00, podendo diminuir o preço dependendo da quantia solicitada.
1.3.1.6 SISTEMAS NÃO CONVENCIONAIS
Estes sistemas são chamados assim por serem construídos com materiais e
tecnologias não convencionais. Vem sendo desenvolvidos por diferentes
pesquisadores dando soluções tecnológicas de baixo custo. Sobre estes sistemas
existem diferentes posições, sendo que algumas organizações asseguram que podem
trazer problemas de saúde pública. Mas, de acordo com Fantinelli (2002), as soluções
tecnológicas de baixo custo são práticas que aliam eficiência energética a baixos
investimentos para o contexto econômico e social das populações de baixa renda.
Existem diferentes sistemas deste tipo, utilizando diversos materiais, como garrafas
pet ou forros de PVC, desenvolvidos por diferentes grupos de pesquisa ou ONG.
Neste trabalho, será descrito o sistema de Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC),
que utiliza forro de PVC para a elaboração dos coletores solares.
a) Sistema ASBC
Uma equipe residente no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas - CIETEC/SP
desenvolveu em 1999 o Aquecedor Solar de Baixo Custo – ASBC (ASBC, 2009). Este
sistema assemelha-se a coletores solares utilizados em piscinas, pois não possuem
cobertura transparente. Woelz (2002) justifica que o clima do Brasil permite o
desenvolvimento de coletores solares simplificados, sem a cobertura transparente, que
é a responsável pelo efeito estufa dentro do coletor (VARELLA, 2004). Contudo vale
lembrar que a eficiência de conversão desses sistemas será inferior aos sistemas
protegidos, onde há menor perda de calor.
32
Seus precursores afirmam que por ser um projeto experimental não oferece nenhuma
garantia em relação à durabilidade das peças e à temperatura de funcionamento do
sistema, por ser constituído principalmente por placas de forro modulares de PVC,
utilizadas como coletores solares, placas concebidas para serem instaladas em
ambientes como escritórios e postos de gasolina, etc. Segundo a Sociedade do Sol -
SoSol - (2008) a associação de materiais de baixo custo e o aproveitamento das
instalações hidráulicas residenciais permitem o retorno do investimento de 4 a 8
meses e o sistema ajuda a reduzir gastos em energia elétrica em até 30%. Sendo
mais rápido o retorno do investimento comparado com o sistema convencional, que
segundo ABRAVA (2008
a
) é de dois anos aproximadamente.
O sistema ASBC mostrado na figura 1.10 tem o mesmo princípio de funcionamento do
sistema tradicional de aquecimento solar de água, diferenciando-se do mesmo pelo
tipo de material utilizado e da autoconstrução. O funcionamento do sistema é através
da circulação natural da água entre coletores e reservatórios, chamado termossifão,
mencionado anteriormente no sistema convencional.
Figura 1.10 – Sistema ASBC
Fonte:SOSOL, 2008
Varella (2004) afirma que o sistema básico do ASBC para uma família de quatro ou
seis pessoas é composto por três placas coletoras (dimensão por placa de 0,70m x
1,30m) de PVC, interligadas por tubulações de PVC unidas entre si com resina, como
33
podemos observar no processo mostrado na figura 1.11. Os tubos são cortados
longitudinalmente para a placa PVC poder ser encaixada, como é mostrado na figura
1.11a. Depois é colada com resina, como é descrito na figura 1.11b. Portanto, cada
placa coletora é composta de um perfil de forro de PVC modular com tubos de PVC
agregados às suas extremidades, como observamos na figura 1.11c. Estas três placas
coletoras são unidas entre si e pintadas de preto e ligadas a um reservatório de
volume útil de 200 litros, como podemos observar na figura 1.12.
Fonte: AUTORA, 2008
a) Tubo de PVC sendo cortado
b) União do tubo com a placa PVC c) Placa coletora pronta para se unir com
outras placas
Figura 1.11 – Montagem do sistema ASBC – Curso, RJ
34
Figura 1.12 Sistema completo ASBC unido ao reservatório
Fonte: ASBC-Rio, 2009
(http/www.asbc-rio.com.br)
Do mesmo modo que num sistema convencional, a água será armazenada num
reservatório, este deve ser termicamente isolado. O sistema de apoio térmico é
formado por um chuveiro elétrico que permite um ajuste razoável na elevação da
temperatura da água do banho. Neste sistema, a tubulação que interliga os coletores,
o reservatório e o chuveiro elétrico pode ser montada com os tubos tradicionais de
PVC utilizados normalmente em instalações hidráulicas residenciais. (SOSOL, 2008)
Segundo informação proporcionada pelo grupo ASBC-Rio no curso sobre o Aquecedor
Solar a Baixo Custo freqüentado pela autora em abril de 2008, e com os dados
atualizados por meio de contatos com o Coordenador do ASBC-Rio, Hans
Rauschmayer, em junho 2009. O custo aproximado deste sistema varia dependendo
do tamanho da caixa d’água, que pode ser de 250 a 1000 litros (tamanhos de caixas
d’água no mercado) e do número de coletores instalados. É calculado um coletor para
cada 100 litros de água. Um sistema com uma caixa de 250L com dois coletores
abastecendo água para um chuveiro, tem um custo aproximado de R$ 275,00. Um
sistema com uma caixa de 500L com 5 coletores abastecendo água quente para 2
chuveiros, tem um custo de R$ 540,00.
35
1.3.2 ENERGIA EÓLICA
Segundo o Atlas de Energia Elétrica do Brasil (ANNEL,2009
a
), denomina-se energia
eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento, chamada de vento.
Seu aproveitamento ocorre com o emprego de turbinas eólicas, também denominadas
aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para
trabalhos mecânicos como bombeamento d'água.
Assim como a energia hidráulica, a energia eólica é utilizada há milhares de anos com
as mesmas finalidades, como por exemplo: bombeamento de água, moagem de grãos
e outras aplicações que envolvem energia mecânica. Para a geração de eletricidade,
as primeiras tentativas surgiram no final do século XIX, mas somente na década de
1970, com a crise internacional do petróleo, é que houve interesse e investimentos
suficientes para viabilizar o desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala
comercial. (ANNEL, 2009
a
)
A produção mundial de energia eólica vem crescendo cerca de 30% ao ano. Além
disso, sua tecnologia continua a progredir e seus custos continuam a cair com o
desenvolvimento de turbinas maiores, lâminas de rotor e controladores mais
avançados, aplicações em alto-mar e outras inovações. (GELLER, 2003)
Estima-se que o potencial viável de energia eólica costeira seja de 20 a 50 trilhões de
kWh por ano, 1,5 a 4 vezes a produção atual mundial de eletricidade, sendo que esse
potencial poderia ser aumentado com os recursos de alto mar. (GELLER, 2003)
A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976,
na Dinamarca. Atualmente, existem mais de 30 mil turbinas eólicas em operação no
mundo. Estima-se que em 2020 o mundo terá 12% da energia gerada pelo vento, com
uma capacidade instalada de mais de 1.200GW (ANNEL, 2009
a
)
Com a crise mundial do petróleo em 1970, principalmente os americanos e europeus
tiveram que buscar fontes alternativas de energia, a fim de reduzir a dependência do
petróleo e do carvão. Diante desse acontecimento, iniciou-se em escala comercial a
utilização dos ventos para a geração de eletricidade, influenciada pelos conhecimentos
da indústria aeronáutica que muito tempo conhecia a eficiência das turbinas
impulsionadas pelo movimento das moléculas de ar (COLLE et all., 2000).
36
1.3.2.1 POTENCIAL EÓLICO DO BRASIL
Existem divergências entre especialistas e instituições na estimativa do potencial
eólico brasileiro, vários estudos indicam valores extremamente consideráveis.
alguns anos atrás, as estimativas eram da ordem de 20.000 MW. Hoje a maioria dos
estudos indica valores maiores que 60.000 MW. A razão dessas divergências decorre
principalmente da falta de informação (dados de superfície) e das diferentes
metodologias empregadas. (ANNEL, 2009
a
)
Os diversos levantamentos, estudos realizados e em andamento (locais, regionais e
nacionais), têm dado suporte e motivado a exploração comercial da energia eólica no
País. Os primeiros estudos foram feitos na região Nordeste, principalmente no Ceará e
em Pernambuco (ANNEL, 2009
a
). Nesta ocasião será apresentado um estudo feito
com o apoio da ANEEL e do Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT, o Centro
Brasileiro de Energia Eólica - CBEE, da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE,
que mostra a velocidade média do vento e energia eólica média a uma altura de 50m
mostrados na figura 1.12.
O vento foi medido a uma altura de 50m acima da superfície, como mencionado
anteriormente, para 5 condições topográficas distintas, definidas como: zona costeira -
áreas de praia, normalmente com larga faixa de areia, onde o vento incide
predominantemente no sentido mar-terra; campo aberto - áreas planas de pastagens,
plantações e/ou vegetação baixa sem muitas árvores altas; mata - áreas de vegetação
nativa, com arbustos e árvores altas mas de baixa densidade, tipo de terreno que
causa mais obstruções ao fluxo de vento; morro - áreas de relevo levemente ondulado,
relativamente complexo, com pouca vegetação ou pasto; montanha - áreas de relevo
complexo com altas montanhas. (ANNEL, 2009
a
)
37
Figura 1.13 - Panorama do Potencial Eólico no Brasil.
Fonte: FEITOSA, E. A. N. et all., 2003
Na legenda da figura 1.13 observamos que a classe 1 representa regiões de baixo
potencial eólico, de pouco ou nenhum interesse para o aproveitamento da energia eólica.
A classe 4 corresponde aos melhores locais para aproveitamento dos ventos no Brasil.
As classes 2 e 3 podem ou não ser favoráveis, dependendo das condições topográficas.
38
Por exemplo: um local de classe 3 na costa do Nordeste (zona costeira) pode apresentar
velocidades médias anuais entre 6,5 e 8m/s, enquanto que um local de classe 3 no
interior do Maranhão (mata) apresentará apenas valores entre 4,5 e 6m/s.
No Atlas Eólico Brasileiro publicado pelo CRESESB/CEPEL - Centro de Referência
para Energia Solar e Eólica Sergio Brito - (
AMARANTE, O. C et all., 2001), os
resultados obtidos do potencial eólico nacional estão na ordem de 143,47GW; sendo
que a medição foi feita dividindo o território brasileiro por regiões, como é mostrado na
figura 1.14. Observamos que da mesma forma que no estudo anterior, a região mais
favorecida é do Nordeste com uma capacidade de gerar 75GW, seguida da região
Sudeste com 29,7GW.
Segundo este estudo, o potencial eólico a nível nacional é
estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0m/s.
Figura 1.14 – Mapa do potencial eólico brasileiro dividido por regiões
Fonte:
AMARANTE, O. C et all.
, 2001
39
1.3.2.2 SISTEMAS DE ENERGIA EÓLICA
Segundo Costa (2009
b
), os aerogeradores são equipamentos duráveis, apresentam
baixo custo de manutenção, não necessitam de abastecimento de combustível. Sua
limitação está na necessidade de localização em regiões que possuam uma atividade
eólica adequada. Por esse motivo, foram desenvolvidos aerogeradores com hélices
eficientes, geradores adequados para trabalho em baixa rotação, permitindo seu
funcionamento com ventos relativamente fracos (até 5m/s), e um sistema de
armazenamento de energia que permite o atendimento das normas da ANEEL para
esse tipo de aplicação.
Costa (2009
b
) afirma que uma das características básicas de um sistema de geração
de energia é a garantia da continuidade de seu suprimento. Nesse contexto, é
necessário o estabelecimento de critérios de armazenamento, seja na forma dos
insumos primários, seja na forma final para utilização, ou seja, na forma de energia
elétrica através de acumuladores elétricos (baterias). Com o intuito de minimizar o
custo de implantação, tamanho e custos de conservação dos bancos de baterias,
necessários no caso de energia solar e eólica, estão sendo utilizados sistemas
híbridos que aproveitam à complementaridade dos recursos primários de forma
bastante eficiente.
Segundo o CRESESB (2003), a energia eólica pode ser aplicada em três escalas
diferentes observadas na figura 1.15. Escala de pequeno porte ( 10kW), utilizadas em
residências, fazendas e aplicações remotas; escala intermediária (10 - 250kW)
utilizadas em sistemas bridos e geração distribuída; e por último escala de grande
porte (250kW – 2+MW) utilizada em grandes fazendas eólicas e geração distribuída.
40
a) Pequeno Porte
Sosol - USP
Fonte: AUTORA, 2008
b) Escala Intermediária
Fonte: ENERSUR, 2009
c) Grande Porte
Fonte: ENERSUR, 2009
Figura 1.15 – Sistemas de energia eólica e suas diferentes escalas
Para seguir os objetivos da nossa pesquisa, a seguir será descrita a energia eólica de
pequeno porte.
1.3.2.3 ENERGIA EÓLICA DE PEQUENO PORTE
A tensão gerada nestes sistemas de pequeno ou médio porte é retificada para
alimentação de um banco de baterias, que por sua vez, é transformada em corrente
alternada através de um inversor de corrente, se necessário (COSTA, 2009
b
). Os
elementos necessários para o funcionamento deste sistema são: torre (15m de altura),
o aerogerador (ventos maiores que 3km/h), um painel de controle, um banco de
baterias e o inversor de eletricidade, como pode ser observado na figura 1.16.
41
Figura 1.16 - Sistema eólico de pequeno porte e seus elementos
Fonte: COSTA, 2009
b
Segundo dados coletados no curso de Energia eólica de pequeno porte na Sociedade
do Sol (USP-SP) em Outubro de 2008, Furguis afirma que um sistema que
proporciona energia para uma família que tenha um consumo de energia de 30kW/h (o
que corresponde a uma TV de 14”, 6 lâmpadas e um computador portátil), tem um
custo aproximado de R$ 4.000,00 a R$ 6.000,00 (quatro mil a seis mil Reais). Nas
áreas costeiras o custo é 30% mais elevado, pelo material utilizado adequado para
estas regiões.
É comum que este sistema seja combinado com o sistema solar fotovoltaico para
melhorar sua eficiência. Costa (2009
b
) afirma que cada equipamento de geração tem
seu próprio controlador, sendo que estes alimentam um mesmo sistema de baterias,
com capacidade suficiente para alimentar toda a carga de acordo com a norma da
ANEEL para esse tipo de sistema. Esse dimensionamento prevê uma capacidade
suficiente para alimentar o consumidor durante 48 horas, sem a existência de nenhum
dos recursos primários, seja ele sol ou vento.
42
CAPÍTULO 2
2. USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA NO BRASIL
O Brasil é um país de grandes dimensões, com uma abundante insolação anual, o que
o faz um potencial para o uso de energia solar e eólica, mas segundo Pinto (2009)
deve levar-se em conta que estas fontes renováveis de energias são complementares
às convencionais, que a matriz energética não poderia ser baseada unicamente
neste tipo de energia.
No âmbito mundial, como podemos observar na figura 2.1, a matriz energética
depende 34% do petróleo e seus derivados, seguido do carvão natural com 26%. O
gás natural é outro dos principais recursos utilizados com 20%, sendo que a biomassa
chega a 10%, o urânio a 6% e os recursos renováveis chegam a 2% do total. Neste
caso, refere-se à energia renovável, a energia hidráulica e eólica (MME,2008). Vale
lembrar que somando-se a biomassa com as renováveis chega-se ao total de 12,9%
de energia renovável.
Figura 2.1 – Matriz energética Mundial
Fonte:MME, 2008
A seguir, na figura 2.1, mostra-se a matriz energética brasileira, onde é visto que o
maior percentual vem do petróleo e derivados com 37%, seguido do uso de biomassa
43
com 31%, estando no terceiro lugar a utilização de fontes de energia renováveis para
geração de energia elétrica, tais como hidráulica e eólica. O somatório das energias
renováveis geradas no Brasil chegam a 36% da matriz, proporção bastante superior à
matriz mundial e que pode ainda aumentar dadas as potencialidades existentes.
Figura 2.2 – Matriz energética Brasileira
Fonte:MME, 2008
2.1 ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL
O sistema interligado de geração de energia elétrica do Brasil, segundo o Banco de
Informações de Geração BIG (2003), têm cerca de 91.170MW instalados e é
basicamente hidrotérmico, com predominância de usinas hidrelétricas, como vemos na
figura 2.3, sendo 80% da energia proveniente de hidrelétricas, 18,5% de termelétricas,
2% de termonucleares e só 0,03% do total de outras fontes alternativas.
44
Figura 2.3 - Percentual de centrais para geração de energia elétrica no Brasil
Fonte:ANEEL, 2008
a
2.1.1 Consumo de eletricidade por setores
O consumo de eletricidade no Brasil está dividido entre os principais setores. O setor
industrial é o que apresenta maior consumo; o setor residencial aparece num segundo
lugar, e o comercial está no terceiro lugar, segundo mostra a tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Consumo de eletricidade no Brasil por setores - 2004
SETORES Percentual %
Industrial 47,9
Residencial 21,9
Comercial 13,9
Público 8,4
Agropecuário 4,1
Energético 3,6
Transporte 0,3
TOTAL 100 %
Fonte: MME, 2005
Podemos observar na figura 2.4, o consumo final de energia elétrica no Brasil e sua
evolução desde o ano 1970 até o ano 2007. A estrutura do consumo de energia
45
elétrica entre os segmentos de consumidores mostra uma forte concentração do seu
uso na indústria, com 46,7% do consumo total, seguido do uso residencial, com
22,1%. Poucas variações ocorreram na estrutura no período em estudo, tendo o setor
industrial iniciado processo de ligeira queda de participação a partir da segunda
metade da década de 80, mas mostrando recuperação nos últimos anos. A queda
verificada nos anos de 2001 e 2002 é decorrente das restrições impostas pelo
racionamento de energia elétrica, que atingiu todas as classes de consumidores.
(MME, 2008)
1970 1975
Figura 2.4 - Consumo Final de Energia Elétrica - Evolução dos Consumos Setoriais
Brasil 1970 A 2007
Fonte: MME, 2008
2.1.2 Consumo de eletricidade no setor residencial no Brasil segundo a
região
O consumo de energia elétrica pelo setor residencial nas diferentes regiões do Brasil é
mostrado na Tabela 2.2, onde verifica-se que a região Sudeste consome cerca de
55% da eletricidade total consumida no país. nas regiões Norte e Centro-Oeste,
registra-se apenas uma pequena participação.
46
Tabela 2.2 – Consumo residencial de energia elétrica no Brasil, 2007
REGIÃO GWh Percentual %
Sudeste 49522
54%
Sul 14982
16%
Nordeste 14843
16%
Centro-Oeste 6848
8%
Norte 4685
5%
TOTAL 90880 100 %
Fonte: MME, 2008
Observando a evolução do consumo residencial de eletricidade no Brasil entre os anos
1998 e 2007 mostrado na figura 2.5, o consumo de energia vem sendo uniforme,
tendo uma leve queda nos anos 2001 e 2002, pelas restrições impostas pelo
racionamento de energia elétrica, mencionados anteriormente, que atingiu todas as
classes de consumidores, mas tendo aumentado progressivamente novamente de
2003 até 2007. (MME,2008)
Figura 2.5 - Evolução do Consumo de eletricidade no setor Residencial no Brasil 1998 a 2007
Fonte: MME, 2008
2.1.3 Consumo de energia para aquecimento de água
Segundo Achão (2003), o aquecimento de água no setor residencial representava em
2000, cerca de 22,2% do consumo total. Considerando que este índice tenha
permanecido constante, significa que cerca de 5% de todo o consumo de energia
elétrica no país é destinado ao aquecimento de água. Do ponto de vista de segurança
de fornecimento de energia elétrica, pode-se observar que a potência instalada de
chuveiros elétricos no Brasil em 2001 era maior que a capacidade de geração, e que
47
bastava 60% dos chuveiros serem ligados ao mesmo tempo para que ocorresse um
colapso no sistema energético brasileiro, isto demonstrado na Tabela 2.3. (BAPTISTA,
2006)
Na Tabela 2.3 é mostrada a potência total de chuveiros elétricos instalados no Brasil
em 2001. É também apresentado o fator de coincidência ou também chamado de
simultaneidade, mostrado nos chuveiros elétricos, definido como um percentual dos
aparelhos que funcionam ao mesmo tempo, que foi obtido segundo algumas hipóteses
naquele trabalho.
Tabela 2.3 – Participação do chuveiro elétrico na matriz energética Brasileira, 2001
O chuveiro elétrico na matriz energética brasileira
Chuveiros instalados no Brasil 29.751.000 unid.
Potência média por chuveiro 4.400 (W)
Potência total instalada 130.904 (MW)
Fator de coincidência 25%
Potência no horário de ponta 32.726 (MW)
Capacidade instalada no Brasil 73.800 (MW)
Fator de Colapso 60 %
Fonte: FARIA, 2004
2.2 LEGISLAÇÕES VIGENTES SOBRE O USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
NO BRASIL
A maior parte das leis é dirigida para o uso de energia solar térmica, como será
mostrado a seguir. Segundo Baptista (2006), o Convênio ICMS 101/97, de 12 de
dezembro de 1997, concedeu isenção do ICMS nas operações com equipamentos e
componentes para o aproveitamento da energia solar. As disposições deste convênio
foram prorrogadas até 30 de abril de 2007 pelo Conselho Nacional de Política
Fazendária (CONFAZ). Foi criado o Programa para Aproveitamento da Energia Solar,
proposto no Projeto de Lei 4138/01, que criou o Programa Nacional de Instalação de
Coletores Solares (PROSOL). O objetivo da proposta era aproveitar a energia solar e
criar um fundo que garantisse o financiamento, em todo o país, da instalação de
coletores solares em imóveis comerciais e residenciais. O Fundo Nacional de Fomento
ao Uso de Energia Solar (FUNSOL), seria formado por recursos oriundos da cobrança
48
de uma taxa sobre o faturamento bruto anual de cada uma das concessionárias dos
serviços públicos de energia elétrica em operação no país.
Através do Programa Nacional de Eficiência Energética, regulamentado pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), concessionários e permissionários do serviço
público de distribuição de energia elétrica estão compromissados a elaborar e
implantar projetos de eficiência energética, e um dos vários modelos possíveis, é a
substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares de água. (SOLBRASIL,
2005)
No que se refere ao uso de fontes renováveis de energia no Brasil, podemos citar
algumas leis e projetos de leis tanto federais, estaduais, como municipais, que visam o
uso de energias renováveis como uma opção que pode trazer benefícios aos setores
envolvidos, criados após a crise energética do país no ano de 2001.
2.2.1 Leis Nacionais
Lei nº 10.438/02
No Art. da Lei 10.438, de 26 de abril de 2002, sancionada pelo Presidente da
República, ficou instituído o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica PROINFA”, com o objetivo de aumentar a participação da energia elétrica
produzida por empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos,
concebidos com base em fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa,
no Sistema Elétrico Interligado Nacional.
Na segunda etapa do programa (Redação dada pela Lei 10.762, de 11.11.2003) é
atingida a meta de 3.300MW de energia elétrica, gerada por estas fontes alternativas.
O desenvolvimento do Programa foi realizado de forma que as fontes eólicas,
pequenas centrais hidrelétricas e biomassa atendam a 10% do consumo anual de
energia elétrica no País, objetivo a ser alcançado em até 20 anos, onde a Centrais
Elétricas Brasileiras S.A. ELETROBRAS se responsabiliza pelos contratos até junho
de 2004, com instalações de produção com início de funcionamento até 30 de
dezembro de 2008, assegurando a compra de energia a ser produzida nos 20 anos
propostos.
49
Segundo esta lei, estes contratos devem ser distribuídos de forma igualitária em
termos de capacidade instalada por cada uma das fontes de energia correspondente
ao programa, sendo que a aquisição da energia deve ser feita pelo valor econômico
correspondente à tecnologia utilizada pelas fontes. Este valor é definido pelo Poder
Executivo. Os contratos devem ser feitos mediante uma Chamada Pública para
conhecimento dos interessados. Considerando, no conjunto de cada fonte específica,
daquelas habilitadas, primeiramente as que tiverem as Licenças Ambientais de
Instalação - LI - mais antigas, prevalecendo, em cada instalação, a data de emissão da
primeira LI.
No Art. 13 desta lei, ficou criada a Conta de Desenvolvimento Energético - CDE,
visando o desenvolvimento energético dos Estados e a competitividade da energia
produzida a partir de fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas, biomassa, gás
natural e carvão mineral nacional, nas áreas atendidas pelos sistemas interligados,
promovendo a universalização do serviço de energia elétrica em todo o território
nacional e garantindo recursos para atendimento à subvenção econômica destinada à
modalidade da tarifa de fornecimento de energia elétrica aos consumidores finais
integrantes da Subclasse Residencial Baixa Renda.
Lei nº 10.295/01
A Lei Federal 10.295, de 17 de outubro de 2001, dispõe sobre a Política Nacional
de Conservação e Uso Racional de Energia, visando à alocação eficiente de recursos
energéticos e a preservação do meio ambiente. Esta lei dispõe sobre metas de
eficiência energética em máquinas e aparelhos consumidores de energia.
Lei 9.991/00
A Lei Nº. 9.991, de 24 de julho de 2000, dispõe sobre investimentos em eficiência
energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do
setor elétrico. Por esta lei, as empresas eram obrigadas a investir 0,25% de sua
receita operacional líquida em eficiência energética, até 31 de dezembro de 2005.
50
Projeto de Lei de Previsão para Uso de Aquecedores Solares
Em 2005 foi proposto pelo Deputado Gervásio Oliveira, um Projeto de Lei Federal que
dispõe sobre a obrigatoriedade de previsão para uso de aquecedores solares de água
em projetos de construção de habitações populares, e autoriza o Poder Executivo a
criar Políticas Públicas e Programas de Incentivo para implantação e uso desses
equipamentos em instalações prediais.
Este Projeto de Lei foi criado visando à necessidade de se criarem incentivos aos
aquecedores solares para substituírem os chuveiros elétricos em habitações populares
construídas com recursos federais. É uma questão de estratégia nacional que se
justifica não pela perspectiva da economia de energia, mas também pela
diminuição de emissão de gases de efeito estufa e pela geração de emprego e renda,
principalmente para a população de baixa renda. Neste contexto, para se permitir uma
difusão desta tecnologia, o principal ponto a ser considerado é a normatização dos
projetos arquitetônicos das habitações populares, para que possibilitem a instalação
de sistemas de aquecimento de água solar.
2.2.2 Leis estaduais
Em diferentes estados do país foram criadas leis ou propostos projetos de lei sobre o
uso de fontes de energia renováveis, mais que tudo no uso de energia solar térmica.
Por exemplo, no Rio de Janeiro e São Paulo já existem leis vigentes para o uso de
energia solar térmica em novos prédios públicos, mas ainda com algumas restrições.
No estado de Minas Gerais não tem nenhuma lei vigente, mas a cidade de Belo
Horizonte é referência para o uso de energia solar térmica, devido a maioria dos
prédios residenciais da cidade de forma voluntária optarem pelo uso deste sistema.
(GREEN SOLAR, 2008)
Segundo Farias (2008) algumas cidades como Varginha (MG), Juiz de Fora (MG), São
Paulo (SP), Peruíbe (SP) e Avaré (SP) têm obrigação legal do uso de energia solar
térmica em novas edificações. Birigui (SP), particularmente, tem esta obrigação em
habitações de interesse social. Também em algumas cidades existem políticas
públicas para o incentivo à energia solar por meio de incentivos fiscais, como por
exemplo, em Campina Grande (PB) - desconto no IPTU - e em Belo Horizonte (MG) e
51
Campinas (SP) se conseguiu retirar o aquecedor solar como item de luxo no cálculo
do IPTU.
2.2.2.1 Estado do Rio de Janeiro
A Lei 5184, de 2 de janeiro de 2008, aponta sobre a instalação de sistema de
aquecimento solar de água em prédio público no estado do Rio de Janeiro, sendo que
torna-se obrigatória a instalação de sistema de aproveitamento de energia solar para
aquecimento de, pelo menos 40% (quarenta por cento) da água quente consumida na
edificação, na construção ou reforma de prédios públicos, ficando isento aquele
prédio que apresente inviabilidade do ponto de vista técnico.
O Art. desta lei cita que os materiais e instalações utilizadas na implantação do
sistema deverão estar de acordo com a Norma Brasileira Registrada (NBR), da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e sua eficiência comprovada por
órgão técnico, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial - INMETRO.
O Decreto 41.161 de 30 de janeiro de 2008, institui o Comitê Especial de Gestão
Energética do Estado do Rio de Janeiro, para analisar o cenário nacional de oferta e
demanda de energia e propor políticas que assegurem o atendimento à demanda
energética atual do Estado, e seu crescimento de forma sustentável. O comitê terá
como responsabilidade a elaboração da matriz energética, a permanente atualização
do balanço energético, a elaboração e implantação do programa estadual de
racionalização do uso de energia, dentre outras atribuições.
2.3
FONTES DE FINANCIAMENTO
NO BRASIL
Sistemas de aquecimento solar podem ser financiados atualmente, dentre outras
possibilidades, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), através das linhas de financiamento FINAME81 e Cartão BNDES82, que
cobram taxas de juros bastante inferiores às praticadas no mercado. (BAPTISTA,
2006)
No ano de 2001, após o apagão, a Caixa Econômica Federal criou uma linha de
financiamento especial para aquisição de equipamento solares de aquecimento de
52
água. O financiamento de um equipamento que custe R$ 660,00, pelo prazo de 30
meses, pela Carta de Crédito FGTS, tendo uma prestação de R$ 38,06. A compra de
um kit completo de aquecedor solar, incluída a instalação, pode ser financiada por
meio de três linhas de crédito da Caixa. A primeira linha é a Carta de Crédito FGTS
Material de Construção, que pode ser utilizada por famílias com renda máxima de
R$1.812,00. O prazo máximo é de 60 meses e a taxa de juros é de 8% ao ano mais a
Taxa Referencial (TR), o que dá menos de 1% ao mês.
A segunda linha é o cartão Construcard, o prazo para pagamento do empréstimo é de
até 24 meses com juros de 1,9% ao mês. A terceira linha foi dirigida a prédios que
desejam diminuir seus gastos com energia podendo utilizar o Caixa Condomínio, que
foi voltado para reformas e melhorias em edifícios, com juros de 12% ao ano e prazo
de 36 meses. Para ser financiado pela Caixa, o equipamento escolhido precisa ter
certificação do Inmetro, que garante a vida útil de um sistema desse tipo por
aproximadamente 15 anos. (JC – UOL, 2009)
2.4 PROJETOS NO BRASIL DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
A seguir serão apresentados diferentes programas a nível nacional e projetos a nível
estadual, priorizando o estado de Rio de Janeiro, devido ao foco da nossa pesquisa.
2.4.1 Programa minha casa minha vida – PAC
Em março de 2009 o Governo Federal anunciou o uso de energia solar térmica
instalados nas novas habitações de interesse social a serem construídas pelo
Programa de Aceleração para o Crescimento da Habitação (PAC) a nível nacional. Foi
assinado um acordo entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério de Minas e
Energia (MME) e Caixa Econômica Federal (CEF), onde se propôs o uso de energia
solar, reaproveitamento de água, sistemas de coleta e tratamento de esgoto e uso de
madeira de origem certificada nestas novas casas. (MMA, 2009)
Foi anunciado que estas tecnologias e materiais ambientalmente sustentáveis vão ser
utilizados dependendo da região do país. Em algumas localidades, por exemplo,
poderão ser instalados sistemas de coleta e reaproveitamento de água de chuva, mas
53
foi proposto que os coletores solares devem ser utilizados em todas as cidades do
país. (O DIA, 2009)
2.4.2 Programa Luz para todos
Baseados na Lei 9.991/00 a concessionária AMPLA, através do programa “Luz para
Todos”, do Governo Federal, em parceria com o Ministério de Minas e Energia instalou
placas solares de geração de energia elétrica em áreas isoladas do município de
Paraty, onde a ligação com a rede elétrica seria pouco viável economicamente. Foram
beneficiadas no total 55 casas na região, 21 na Ilha de Algodão e 34 na Ponta da
Joatinga. Segundo a AMPLA, as placas instaladas fornecem 13kW/h por mês, energia
suficiente para o uso de 3 lâmpadas, uma TV de 14”, um aparelho de som e uma
antena parabólica em horários determinados. (O GLOBO, 2007)
Segundo Alves (2009), o governo entrou com 85% do total do custo dos sistemas e a
concessionária com 15%. Na avaliação pós-ocupação, a concessionária viu que hoje
em dia estas comunidades estão com problemas na manutenção dos equipamentos,
devido ao fato que os sistemas instalados, como foi descrito anteriormente, são
dirigidos para o uso de poucos aparelhos elétricos, mas os usuários não estão
acostumados à tecnologia e, ainda depois de advertidos pelos técnicos, estes ligaram
outros aparelhos como liquidificador, o que faz o sistema colapsar. Assim, a maior
parte dos equipamentos instalados não funciona mais.
2.4.3 Energia Elétrica Renovável em Paraty, Qualidade de vida e
desenvolvimento – Rio de Janeiro
Este projeto foi criado no ano de 2003 pela parceria entre a multinacional norte-
americana El Paso e a Secretaria de Energia, da Indústria Naval e Petróleo (SEINPE)
do Governo do Estado de Rio de Janeiro, que atualmente mudou de nome para
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (SDEEIS).
Os recursos para o projeto foram da empresa de energia El Paso, que assinou um
acordo com a SEINPE para investir em projetos de eficiência energética, em
contrapartida a incentivos fiscais ICMS - concedidos pelo governo do estado, como
54
estímulo para a implantação da Usina Termo Elétrica Macaé Merchant. (SDEEIS,
2007)
O objetivo do projeto foi levar energia elétrica renovável às comunidades isoladas de
Paraty e contribuir para a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sócio-
econômico dos residentes nativos da região, os Caiçaras. O intuito do programa foi
levar um serviço básico, como é a luz elétrica, a todas as casas de moradores nativos
das comunidades de Pouso de Cajaíba, Praia de Calhaus, Praia de Ipanema, Saco de
Sardinha e Ponta da Juatinga. Teve a preocupação de não causar danos ao meio
ambiente e de tornar a implantação do projeto economicamente viável, o que levou à
opção por uma fonte de energia elétrica renovável, a solar fotovoltaica. Esta proposta
também teve como propósito diminuir os gastos da população do lugar, com
querosene e óleo diesel, fontes energéticas poluentes que são utilizadas para
conseguir luz. (SDEEIS, 2003)
Foram instalados painéis solares em 136 residências da região, além de câmaras
frigoríficas comunitárias para o pescado. O usuário vai pagar de R$ 6,00 a R$ 7,00 (de
seis a sete reais) por mês e, apesar da energia limitada, os beneficiados estão
satisfeitos. Cada equipamento instalado foi composto por dois painéis fotovoltaicos de
células de silício, duas baterias, um inversor de energia e um controlador (que regula a
carga da bateria e o uso da energia). O custo do sistema completo é avaliado em R$
6.000,00, mas o usuário só paga a conta de luz no fim do mês, que são os R$ 6,00 ou
R$ 7,00 mencionados anteriormente. (O GLOBO, 2007)
Entre os resultados detectados, foi verificado que os usuários deixaram de gastar
dinheiro com bateria, pilha, querosene ou óleo diesel. O sistema de energia renovável
gerou uma economia de aproximadamente 30% da renda familiar mensal, o que
representa uma diminuição de custos de R$ 50,00 a R$ 70,00 (cinqüenta a setenta
reais) por mês, segundo estimativas da prefeitura da cidade. (SDEEIS, 2007)
2.4.4 Projeto piloto Coletor solar para aquecimento de água em casas
populares – Rio de Janeiro
Este projeto foi desenvolvido no ano 2005 pela Secretaria de Energia, da Indústria
Naval e Petróleo (SEINPE) em parceria com a Secretaria de Estado de Habitação
55
(SEH) e a concessionária LIGTH S.A. Estes equipamentos beneficiaram 13 conjuntos
habitacionais populares com 614 casas no total. (SDEEIS, 2007)
Foi realizado um termo de cooperação entre as três instituições envolvidas, onde foi
considerada a necessidade de estimular ações de conservação de energia elétrica e o
uso de fontes alternativas no Estado do Rio de Janeiro, beneficiando a redução dos
custos da energia elétrica no orçamento do contribuinte e o interesse de racionalizar o
uso de energia elétrica, na área da concessionária. (SDEEIS, 2005
a
)
Este projeto teve três etapas, a primeira com objetivo de fornecer a instalação de 300
(trezentos) sistemas solares para aquecimento de água em substituição ao chuveiro
elétrico em casas populares. Onde a SEINPE se comprometeu a intermediar a
negociação entre as partes, a SEH teve que definir os conjuntos habitacionais e casas
populares que receberam as instalações e a LIGTH foi encarregada de assegurar os
recursos financeiros, disponibilizando os equipamentos necessários para o projeto,
bem como realizar as devidas instalações. (SDEEIS, 2005
a
)
Nesta primeira etapa foram instalados 79 equipamentos acima do previsto, tendo um
total de 379 equipamentos na primeira etapa, levando a uma primeira expansão do
projeto. Numa segunda etapa, foram instalados 110 equipamentos em três conjuntos
habitacionais de outro município. Na terceira etapa, foi conseguido recurso extra para
a instalação de 98 equipamentos em outro conjunto habitacional. Sendo o total das
três etapas 515 casas beneficiadas e 587 equipamentos instalados até outubro de
2005 em 11 conjuntos habitacionais, em 5 municípios do Estado (SDEEIS, 2005
b
).
Realizou-se uma análise da evolução do consumo de energia nas habitações
beneficiadas neste projeto antes e depois da implantação dos sistemas de energia
solar térmica. Tivemos acesso ao levantamento dos cinco municípios beneficiados,
entre os quais estão: Valença, Rio das Flores, Mendes, Vassouras, Volta Redonda;
onde se realizou o levantamento do consumo de cada casa beneficiada durante um
ano antes da implantação do sistema e os primeiros 10 meses após a implantação.
Podemos observar na figura 2.6 que se conseguiu uma economia no consumo de
energia elétrica nas habitações de interesse social beneficiadas, ainda que no primeiro
mês a diferença tenha sido mínima, até as pessoas se acostumarem à utilização do
sistema. Observamos que segundo o passar dos meses a diferença do consumo vai
56
aumentando, e vemos que no inverno é a época que maior diferença se tem entre a
quantidade de consumo de energia elétrica, pelo uso freqüente do chuveiro elétrico,
com algumas exceções que, segundo Silva (2008), são devidas a que alguns
equipamentos foram quebrados ou mal utilizados, como vemos no mês de março onde
não se tem diferença.
Figura 2.6 – Média do Consumo de Energia Elétrica antes e depois da inserção de sistemas de
aquecimento de água do Projeto Piloto – Coletor solar para aquecimento de água em casas
populares – Rio de Janeiro
Fonte:
SDEEIS, 2007
Para ampliar a visão dos projetos que vem sendo desenvolvidos no Brasil, a seguir
será descrito o projeto Eletrobrás Solar, localizado na cidade de Contagem, que se
encontra na região metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 35km do centro da
capital de Minas Gerais.
2.4.5 Projeto Eletrobrás Solar, Sapucaias – Minas Gerais
Em 2000, o Projeto Eletrobrás Solar foi desenvolvido pelo Grupo de Estudo em
Energia GREEN Solar da PUC-MG de Belo Horizonte (grupo referência a nível
nacional no desenvolvimento de pesquisas referentes ao uso de energias renováveis)
57
e MME-Eletrobrás- PROCEL para a implantação de 100 unidades de coletores solares
térmicos no Núcleo Habitacional Sapucaias - MG. O Projeto constituiu-se na primeira
experiência desenvolvida em área urbana e destinada a segmentos de baixa renda, na
qual a população envolvida auto-construiu suas moradias por regime de mutirão e foi
partícipe na instalação dos coletores solares. Foi o programa que contemplou o maior
número de famílias reunidas em um único sítio e fomentado pelo poder público em
área urbana. (FANTINELLI, 2006)
Para o desenvolvimento do projeto a maioria das casas já estava concluída, o que
exigiu da equipe técnica do GREEN Solar um estudo de adaptação para a implantação
dos equipamentos, com modificações no projeto original da moradia. A chamada para
participação voluntária ao Projeto foi realizada pela associação de moradores que
liderava o movimento de autoconstrução das moradias. Um total de 150 famílias se
inscreveram e foram selecionadas 100, por ordem de registro, pelos pré-requisitos
técnicos de um número máximo de 6 habitantes e condições de moradias que
tivessem a orientação do telhado para o Norte, com desvio máximo de 20º do norte
verdadeiro (PEREIRA, 2002 apud FANTINELLI, 2006).
Estes sistemas em 4 meses foram instalados, contando com a participação ativa dos
beneficiados. Em julho de 2000 um sistema termossolar foi instalado no Centro
Comunitário do núcleo para o conhecimento da tecnologia por parte dos moradores e
para validar o estudo desenvolvido na Fase 1 do programa. Palestras foram realizadas
para mostrar os benefícios econômicos na redução do consumo de eletricidade com o
uso do sistema e para esclarecer dúvidas quanto ao fato da crença entre a
comunidade de que a água aquecida pelo sol provocaria câncer. Entre outubro e
novembro de 2000 todos os sistemas estavam instalados, com a participação ativa de
cada família selecionada (PEREIRA, 2002).
O dimensionamento do equipamento solar térmico para o atendimento de uma
demanda de 6 pessoas levaram à definição de uma placa coletora de área de 2m² e
um reservatório de 200 litros, com funcionamento em termossifão. Dois sistemas
foram implantados: um em que a placa solar foi inserida na cobertura da edificação e o
reservatório de água quente colocado no átrio interno da cobertura, bem acima do
sanitário, considerada a alternativa 1, visto na figura 2.7.
58
Figura 2.7 – Alternativa 1 - Sistema solar térmico convencional, com o coletor apoiado no
telhado e o reservatório no interior da moradia, Projeto Sapucaias
Fonte: PEREIRA et all., 2003
b
.
A alternativa 2, mostrada na figura 2.8, foi apresentada pelos próprios fabricantes na
licitação. Foi escolhido o que dispunha de todos os componentes, placa coletora e
reservatório, integrados e fixos em uma única estrutura portante, com flexibilidade para
ser direcionado para a posição geográfica mais favorável à eficiência do sistema
(PEREIRA et.all., 2003).
Figura 2.8 – Alternativa 2 - Sistema solar térmico Popsol, com estrutura portante abrigando o
coletor e o reservatório, Projeto Sapucaias
Fonte: PEREIRA et all., 2003
Fonte: FANTINELLI, 2006
O custo unitário do sistema, incluindo todas as ligações e infraestrutura de
canalizações de água quente, ficou em aproximadamente R$ 900,00 (PEREIRA et all.,
2003).
59
Nos resultados observados no levantamento pós-ocupação, após cinco anos da
implantação dos sistemas, verificou-se que 33 unidades familiares das 100 tinham
vendido seus equipamentos para melhorar os ingressos econômicos momentâneos
(FANTINELLI, 2006), problema que foi mencionado em outros projetos implantados
em outras localidades. Mas segundo Fantinelli (2006) este problema pode ser
resolvido com projetos educativos e de conscientização sobre ganhos efetivos, de
renda e qualidade de vida, com o uso de água aquecida pela energia solar, pois os
ganhos obtidos com a inserção desta tecnologia foram significativos. O percentual da
economia no consumo de energia elétrica entre as famílias que permaneceram com os
coletores, ao longo de cinco anos de sua implantação, é de 35% aproximadamente e a
economia na conta de energia elétrica vai de 56% a 71%.
60
CAPÍTULO 3
3. ESTUDO DE CASO – QUISSAMÃ
3.1 INTRODUÇÃO
Para este estudo foi selecionado o município de Quissamã por contemplar, dentro do
Plano Diretor de março 2006, diretrizes de planejamento para integrar a comunidade
com atividades ecológicas relacionadas ao Parque Nacional da Restinga de
Jurubatiba, tendo como objetivos estratégicos consolidar e incrementar zonas
especiais como pólo de atração ecoturística e como campo experimental de técnicas
de eco-arquitetura.
Este município tem a particularidade de abrigar mais de 50% do total do território de
um Parque Nacional, o que o torna um possível ponto de referência para o uso de
técnicas e sistemas sustentáveis, e dentro dos seus instrumentos são mencionadas
estratégias para o uso de sistemas de energias renováveis, entre outros. Um aspecto
também importante, é que hoje em dia a população de baixa renda que mora na zona
de amortecimento desta Unidade de Conservação não se sente ainda identificada com
o Parque. Este trabalho poderá ajudá-los a ter uma primeira aproximação, introduzindo
conceitos de educação ambiental junto com aspectos de economia de energia.
Outro aspecto que nos levou a escolha deste município como objeto de estudo, foram
as condições climáticas, pois a região é favorecida tanto com a insolação (PEREIRA,
2006) como em velocidade e freqüência do vento, sendo que o município tem
características topográficas que favorecem que os ventos sejam contínuos,
(AMARANTE, 2001) já que não tem relevos ao seu redor e o sol é intenso, o que foi
notado e relatado pelos moradores também.
Quissamã é um município do Norte Fluminense (Fig. 3.1), que se encontra a 242 km
da cidade de Rio de Janeiro, entre os municípios de Carapebus e Campos de
Goytacazes. Tem um território de 715,88Km
2
e 45,00Km de extensão de costa.
Segundo o IBGE 2006, uma população total de 16.044 habitantes e um IDH de 0,732.
Segundo a Fundação Cide/RJ, o índice de Qualidade dos Municípios (IQM) é de
0,3528 o que representa o 24º lugar no estado; uma evolução de 21 posições em
61
relação ao comparativo 1998/2005, ou seja, o melhor desempenho da região norte
fluminense.
O clima é homogêneo, predomina o sub-úmido seco, e a temperatura varia entre
20,9ºC e 26,6ºC. Com características de chuva na época de verão, uma precipitação
média anual de 1.000mm e uma seca acentuada no inverno. Os ventos predominantes
são nas direções Nordeste e Sudeste. (PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2009)
Fig.3.1 - Município de Quissamã
Fonte: PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2009
Segundo o Cônsul de Angola que visitou a cidade em 2006, Quissamã é uma palavra
de origem angolana que significa "fruto da terra que está entre o rio e o mar".
Quissamã se torna um município a partir de 1989. Historicamente, o município tem
raízes na agropecuária, com base na produção de cana-de-açúcar, bons resultados no
plantio do abacaxi e do coco. Além do estímulo à pecuária, a pesca é outra atividade
importante na região. (PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2007)
Segundo o Plano Diretor, até o começo do Século XX, Quissamã conheceu um
espetacular desenvolvimento, mas a partir da Crise de 1929, vários fazendeiros se
endividaram e perderam suas terras em favor do Engenho Central de Quissamã, que
monopolizou a economia local. A estagnação durou até a década de 70, com a criação
62
do programa Proálcool e com a descoberta do petróleo na Bacia de Campos. A
destinação de recursos em royalties para os municípios do norte fluminense, a partir
do final da década de 80, trouxe um marco de mudanças. Contudo, nos últimos 16
anos o município iniciou uma nova fase na sua História alavancada pelo petróleo.
O estaleiro de Barra do Furado fará parte do complexo logístico e industrial de Barra
do Furado, prevendo por volta de 1.200 empregos diretos, segundo a Prefeitura do
município, sem prejudicar o valor da pesca, que é a principal atividade econômica da
localidade.
Outro potencial econômico do município mencionado no Plano Diretor é o turismo. A
liberação do encarte do plano de manejo abre espaço para a pesquisa e visitação,
de forma coordenada no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Além disso, a
atividade turística é também de caráter cultural, graças à existência do rico patrimônio
histórico, com casarões centenários que estão tentando se recuperar por meio de
trabalhos de restauração, como vemos na figura 3.2.
Figura 3.2 – Casarão em restauração
Fonte: AUTORA, 2008
O município abriga 62,38% da área total do Parque Nacional da Restinga de
Jurubatiba e o Parque ocupa 13% da área total do território de Quissamã.
(PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2006) Isto demonstra a importância de integração de
tecnologias sustentáveis, como o uso de energias renováveis no município,
63
principalmente nas zonas vizinhas ao Parque. Dentro do Plano Diretor de
Desenvolvimento Sustentável de Quissamã, foram identificadas diretrizes das zonas
especiais deste município, propondo consolidar a zona de João Francisco e Visgueiro
como Zonas Especiais de Interesse Turístico (ZIT), tendo como objetivos específicos a
“obrigatoriedade do uso de princípios de Eco-arquitetura ou Eco-construção em todas
as novas edificações”, tais como emprego de materiais reciclados, energia solar,
energia eólica, coleta e reutilização de água de chuva, dispositivos hidro-sanitários
poupadores de consumo de água, câmaras de compostagem doméstica de resíduos
orgânicos, controle da ventilação e irradiação solar, etc.
ZIT1 ZIT2
Figura 3.3 – Uso dos solos de Quissamã – Em destaque as zonas especiais
Fonte: PREFEITURA DE QUISSAMÃ – PLANO DIRETOR, 2006
Estas zonas especiais, João Francisco (ZIT1) e Visgueiro (ZIT2), apontadas na figura
3.3, ficam diretamente vizinhas ao Parque Nacional de Jurubatiba e se encontram
loteadas e com construções que foram surgindo de forma irregular e não organizada,
apresentando diferentes problemas, como a construção de casas à beira das lagoas,
como podemos observar na figura 3.4, que ocasiona problemas principalmente de
saneamento básico, pelo fato de não possuir sistemas de tratamento de esgoto e
desembocar as águas servidas direto nas lagoas ou nas praias.
64
Figura 3.4 – Construções a beira da lagoa em João Francisco
Fonte: AUTORA, 2008
A proposta deste estudo é avaliar a possibilidade de implantar tecnologias de fontes
renováveis de energia, por meio de coletores solares térmicos para aquecimento de
água e coletores eólicos de pequeno porte para geração de energia elétrica, isto
especialmente nas zonas contempladas dentro da Zona de Amortecimento prevista no
Plano de Manejo do Parque. Entre as principais zonas a serem cuidadas estão as
zonas de interesse turístico (ZIT) de João Francisco e Visgueiro. Serão utilizadas
como elemento modelo para o estudo as habitações de interesse social, pois esta é
referência de tipologia de habitação utilizada em todo o município e pode ser repetida
em qualquer zona.
3.2 POTENCIAL EÓLICO DO ESTADO DE RIO DE JANEIRO
Segundo o Atlas Eólico Brasileiro, na costa entre as latitudes 21ºS e 23ºS (sul do
Espírito Santo e nordeste do Rio de Janeiro), como se pode observar na figura 3.5, as
velocidades são próximas de 7,5m/s, causado pelas montanhas imediatamente a
oeste da costa. Vemos como a região é uma das mais favorecidas pelos ventos.
65
3.5 – Mapa eólico da região sudeste do Brasil
Fonte: AMARANTE, 2001
Segundo informação divulgada pelo governo estadual do Rio de Janeiro, em junho de
2009 foi assinada a “Carta dos Ventos”, documento com o qual as autoridades
assumem o compromisso para formulação e implementação de ações e políticas
públicas voltadas para incentivar a exploração do potencial eólico nacional como fonte
energética.
Segundo Bueno (2009), o Estado do Rio de Janeiro conta com um grande potencial
eólico e, em função disto, estão sendo desenvolvidos atualmente dois projetos de
grande porte: o primeiro em São Francisco de Itabapoana, na Região Norte; e o
segundo em Arraial do Cabo, na região das Baixadas Litorâneas, ambos os projetos
com previsão de operar até o fim de 2010. O primeiro projeto mencionado, em São
Francisco de Itabapona, será o primeiro parque eólico do estado e está sendo
construído em uma área de 500 hectares com uma capacidade instalada de 28MW
(suficiente para abastecer a uma cidade de 80 mil habitantes). O segundo projeto, em
Arraial do Cabo, terá uma capacidade de 135MW.
66
Como podemos perceber, estão sendo feitos grandes investimentos no uso de energia
eólica na região próxima a Quissamã, isto devido ao grande potencial da região para o
aproveitamento deste recurso natural.
3.3 PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DA RESTINGA DE
JURUBATIBA
O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba foi criado como Unidade de
Conservação (UC) pelo Decreto s/n° de 29 de abril de 1998. Segundo o Plano de
manejo (2007), é uma das restingas mais conservadas do país, uma das únicas bem
conservadas no Estado do Rio de Janeiro e uma das mais estudadas. Segundo o
decreto, esta Unidade de Conservação UC - foi criada para preservar e proteger
amostras de ecossistemas ali existentes e possibilitar o desenvolvimento de pesquisa
e de programas de educação ambiental. (PREFEITURA QUISSAMÃ, 2007)
Por ser uma UC poucos anos, o Parque apresenta alguns problemas que são
mencionados no Plano, onde os “pontos fracos” destacados são: a deficiente
fiscalização e situação fundiária, a visitação desordenada, a existência de uma
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na zona de João Francisco e, principalmente,
a pouca integração da comunidade do entorno com o Parque. Entre as ameaças
presentes estão: a ocupação desordenada e expansão urbana, associada à
deficiência de saneamento básico que deriva na poluição dos corpos hídricos, que
na região se encontram diferentes lagoas e praias; a pressão do desenvolvimento
econômico pela existência de petróleo na região; e a pressão por interesses
conflitantes para o uso Turístico do Parque.
Contudo, no Plano Diretor do Município é apresentada uma matriz estratégica, onde
se coloca o Parque como uma área de interesse científico, potencial eco-turístico e um
grande potencial para a educação e interpretação ambiental. Entre as estratégias
mencionadas está o uso de energias renováveis, referindo-se ao uso de energia solar
na Zona de Amortecimento (ZA) mostrada na figura 3.6, principalmente nos bolsões
67
urbanos
1
, que são quatro, entre os quais estão as zonas anteriormente
mencionadas - João Francisco e Visgueiro - como também nas áreas de apoio à
pesquisa e conservação do Parque. É mencionado o tratamento de esgoto priorizando
o uso de tecnologias alternativas de baixo impacto ambiental nestas áreas vizinhas.
Figura 3.6 – Mapa da Zona de Amortecimento e das Áreas Estratégicas Externas do Plano de
Manejo do Parque
Fonte: PREFEITURA QUISSAMÃ, 2007
Os projetos arquitetônicos da área da UC, conforme previsto no Plano de Manejo,
devem utilizar materiais ecologicamente corretos que permitam total integração com a
paisagem. É bom ressaltar que, neste documento se faz referência que deverão ser
adotados projetos que permitam o uso de energia solar e/ou aproveitamento de água
das chuvas para usos nobres, o que nos leva a reforçar a nossa proposta de estudo.
Uma das principais preocupações descritas no Plano Diretor é a de minimizar os
conflitos institucionais e reforçar a comunicação e integração da comunidade habitante
na Zona de Amortecimento com a Unidade de Conservação, o que pode trazer
benefícios ao Parque e aos moradores.
1
Bolsões são aglomerados urbanos isolados entre o oceano e os limites da UC. (PREFEITURA QUISSAMÃ,
2007)
68
3.4 PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO
A imagem urbana do município é horizontal, que 98% dos domicílios são casas, e
são construídas habitações de interesse social (HIS) por meio do Programa Municipal
de Habitação, principalmente nas Zonas de Interesse Social (ZIS), também
delimitadas no Plano Diretor, mas podendo ser construídas em outras zonas
dependendo da demanda. São duas modalidades de solicitação de HIS; a primeira é
quando o interessado possui o terreno e a casa pode ser construída neste,
independente da zona, como podemos observar na figura 3.7a, mas tendo preferência
as ZIS; e a segunda modalidade, é quando o solicitante não tem terreno e para este
caso, são propostos loteamentos íntegros para a implantação de habitações de
interesse social, como podemos observar na figura 3.7b.
a. Habitação em terreno próprio no bairro
de Visgueiro
b. Conjunto habitacional Carandiru
Figura 3.7 – Habitações de Interesse Social no Municipio de Quissamã
Fonte: AUTORA, 2008
Segundo o Plano Diretor (2006), os critérios de inscrição no Programa Municipal de
Habitação, exigem que a família interessada resida há mais de dez anos no município,
possua renda familiar de até três salários mínimos e, em caso de existirem filhos em
idade escolar, que eles estejam matriculados na rede pública e com as vacinas
obrigatórias em dia. A entrega das casas passa ainda por uma avaliação dos inscritos
pela Secretaria Municipal de Ação Social e Habitação, quanto à situação de maior
risco social e/ou habitacional no momento em que o benefício é disponibilizado,
independente da posição que o interessado ocupe na lista e do ano de inscrição no
programa.
69
As casas e os terrenos depois de entregues continuam sendo imóveis de propriedade
da Prefeitura, e são oferecidos aos solicitantes sem nada em troca, o que, segundo
diferentes critérios de funcionários entrevistados da Prefeitura, não é o ideal, uma vez
que as pessoas beneficiadas nem sempre tem boas atitudes a respeito, tendo havido
casos onde depois de morar um determinado tempo chegaram moradores à Prefeitura
pedindo para trocar as lâmpadas que queimaram, colocando toda a responsabilidade
de manutenção na Prefeitura.
Segundo dados da Prefeitura de Quissamã (2008), o número de habitações de
interesse social entregues a famílias beneficiadas, no período de 1991 a 2005 na área
urbana foram 564, e na área rural de 226. No período de 2006 a 2008 foram
construídas na área urbana 242, e na área rural 102. Assim, até 2008, foram
construídas um total de 806 habitações na área urbana e 328 habitações na área rural,
como é mostrado na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 – Unidades de Habitações de Interesse Social construídas até julho de 2008
Período (anos) Área Urbana (unidades) Área Rural (unidades)
1991 - 2005 564 226
2006 - 2008 242 102
Total até 2008
806
328
Fonte: PREFEITURA QUISSAMÃ, 2008
3.5 IDENTIFICAÇÃO DE MODELOS DAS HABITAÇÕES DE INTERESSE
SOCIAL
Foram identificadas, numa primeira visita ao município, seis diferentes modelos de
habitações de interesse social. Esta padronização foi realizada para diferenciar a
época em que foram construídas as habitações, distinguir materiais utilizados e
diferentes modificações que foram feitas na tipologia de habitação de interesse social
no município. Um primeiro modelo da época, quando funcionava a usina de cana de
açúcar (Companhia Engenho Central de Quissamã) em 1999, foi construída como
uma vila para os operários da usina. Estas moradias foram ocupadas pelas mesmas
famílias em sucessivas gerações depois do fechamento da usina. Atualmente se
70
encontravam praticamente em ruínas, mas foi conseguido financiamento do Governo
Federal no ano de 2008 para a reforma e restauração destas construções, para assim
virar um Centro Histórico de referência no município.
O segundo modelo foi construído pelo Governo Estadual do Rio de Janeiro, na época
do mandato de Garotinho. Estes dois primeiros modelos não estão sendo levados em
conta na nossa contagem do número de habitações de interesse social do Município,
porque não estão dentro do Plano Municipal de Habitação, não existem dados
disponíveis a respeito da quantidade exata destas e não estão identificadas no
mapeamento da Prefeitura, uma vez que foram construídas antes de ter sido
implantado o plano.
As duas primeiras tipologias de habitações de interesse social construídas dentro do
Plano Municipal de Habitação, estão sendo habitadas cerca de 10 anos,
dependendo do caso e com características arquitetônicas similares, seguindo uma
mesma distribuição: dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, com uma
pequena varanda na frente e o telhado com duas águas, com um total de 55m
2
de
área construída. Estas foram construídas em diferentes épocas pelo governo
municipal. Para poder distinguir cada uma delas vamos chamar de Modelo 1,
observado na figura 3.8a, construído no governo municipal anterior à 2004 e o Modelo
2, observado na figura 3.8b, construído no governo municipal 2004 – 2008.
a. Modelo 1 - Bairro da Penha b. Modelo 2 - Perto da Lagoa Feia
Figura 3.8 – Modelos de habitações de interesse social habitadas
Fonte: AUTORA, 2008
71
Depois desta fase, foram construídos dois outros novos modelos implantados pelo
atual Governo Municipal no ano de 2008, que ainda se encontram em etapa de
construção. O Modelo 3, mostrado na fig. 3.9a, tem características similares as duas
anteriores, apenas com modificações nos materiais utilizados nas janelas, piso e
portas. E finalmente o Modelo 4, mostrado na figura 3.9b, que se diferencia dos outros
anteriores por ser um “Sobrado popular” resultante da união de quatro unidades de
modelos 3 ligados pela área de circulação e compartilham a mesma entrada.
a. Modelo 3 - Urbanização Nova Caxias b. Modelo 4 - Urbanização Nova Caxias
Figura 3.9 – Novos modelos de habitações de interesse social – não habitadas até outubro de 2008
Fonte: AUTORA, 2008
Segundo relatos de funcionários da Secretaria de Habitação da Prefeitura, os quartos
de todas as casas são orientados para o sol da manhã. Segundo a Prefeitura, todas as
casas da área urbana têm acesso à rede de água potável e à rede de esgoto, o que foi
verificado nas visitas nos locais. Na área rural, é incluída a construção de um poço
artesiano para abastecimento de água. As casas são entregues sem tubulação de
água quente, deixando como opção da família colocar chuveiro elétrico.
3.6 METODOLOGIA
Conhecendo todos os modelos da HIS existentes no município, decidiu-se trabalhar
com os Modelos 1 e 2, porque são as casas que se encontram ocupadas mais
72
tempo e, portanto, permitem a obtenção de dados e informações mais relevantes.
Para isto, optou-se por realizar entrevistas por meio de um questionário e registros
fotográficos das unidades residenciais com motivo de avaliar a viabilidade do uso de
energias renováveis nestas.
Neste caso, foi utilizado como base um questionário para a realização de uma
Avaliação Pós-Ocupação APO. Este questionário foi utilizado por Jane Fantinelli na
tese de doutorado intitulada Análise da Evolução de Ações na Difusão do
Aquecimento Solar de Água para Habitações Populares Estudo de Caso em
Contagem - MG, e sofreu algumas alterações para ser adaptado aos nossos objetivos.
A metodologia APO diagnostica aspectos positivos e negativos do ambiente em uso,
definindo recomendações para intervenções que sejam necessárias (ORNSTEIN,
1992), a partir da avaliação de fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e
comportamentais e com o parecer de técnicos e usuários.
A coleta, análise e interpretação sistematizada das informações de intervenções
humanas para aperfeiçoar condições sociais e comunitárias, podem avaliar as
expectativas psico-comportamentais dos usuários, através da coleta de suas opiniões.
(FANTINELLI, 2006)
Segundo Fantinelli, a Avaliação Pós-Ocupação (APO) investiga as relações ambiente-
comportamento, com múltiplas análises que medem os níveis de satisfação dos
indivíduos envolvidos. A sistematização dos dados levantados sobre o comportamento
dos usuários da habitação, permite avaliar e formular ações de melhorias para a
adaptação da tecnologia no contexto social de sua inserção.
Desta forma, foram avaliados os seguintes aspectos:
a. Avaliação sócio-econômica - para conhecer a realidade sócio-econômica das
famílias;
b. Avaliação energética e serviços - para conhecer o consumo de eletricidade
mensal das famílias, os hábitos com relação ao uso de eletricidade e água, e
os serviços básicos oferecidos para esta população;
c. Avaliação de posse de eletrodomésticos - para saber os costumes no que diz
respeito ao uso de eletrodomésticos dos moradores;
73
d. Avaliação quanto ao uso da água quente - para conhecer o comportamento
destas famílias no que se refere ao banho e o uso de água quente;
e. Avaliação arquitetônica - para avaliar as condições físicas das casas depois da
ocupação.
Fig. 3.10 – Fluxogramas da metodologia adotada para a avaliação proposta
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
74
3.6.1 COLETA DE DADOS
Seguindo a metodologia apresentada no fluxograma mostrado na figura 3.7, foram
procurados dados do mapeamento do número de habitações de interesse social
divididas por zonas no município. Os dados foram fornecidos pela Prefeitura e
compreendem desde o ano 1991 até o ano de 2005. Escolheram-se os modelos das
HIS para entrevistar às famílias e assim começar com o levantamento de dados por
meio de questionários. Este levantamento de campo foi dividido em duas partes; uma
primeira parte onde foram realizadas 22 entrevistas como piloto, e numa segunda foi
feito um levantamento com 80 entrevistas, tomando em conta o universo total e o
número significativo da amostra requerida, com uma margem de erro dentro dos
parâmetros permitidos.
3.6.1.1 O QUESTIONÁRIO
O questionário original utilizado foi construído a partir de bibliografias constante em
Ornstein (1988, 1996,1998), Ornstein e Roméro (1992), Zeizel (1995), Ornstein e
Borelli (1997), Cruz (1998), Fantinelli e Gabriel (2003b), Fantinelli (2004c) que
reportam experiências de APO em populações com práticas de autoconstrução.
(FANTINELLI, 2006) Este sofreu algumas alterações para ser aplicado aos nossos
objetivos, tentando seguir a lógica de agrupar as perguntas por assuntos afins, para
possibilitar uma seqüência lógica. Foi estruturado de forma que o morador responda
em algumas perguntas com sim ou não, outras de múltipla escolha e outras poucas
que relatavam a resposta.
O questionário piloto foi aplicado pessoalmente pela autora a 22 famílias, tentando
utilizar linguagem acessível aos moradores, sem utilizar termos técnicos para melhor
entendimento. Este questionário piloto foi muito importante para a pesquisa, já que
puderam identificar algumas falhas nas perguntas e também para a familiarização com
as pessoas que moram em habitações de interesse social no município e conhecer a
realidade destas.
O questionário piloto teve bons resultados na sua adaptação, no qual foram feitas
pequenas alterações que podem esclarecer mais alguns dados. Assim, é realizado um
segundo levantamento de dados com a versão final do questionário, onde temos
resultados mais precisos para nossos objetivos.
75
A versão final do questionário consta de quatro páginas A4 com 42 perguntas no total,
que foram respondidas por todos os moradores entrevistados. A recepção das
pessoas entrevistadas foi muito boa, mesmo sendo um questionário extenso.
Na versão final do questionário foram coletados os seguintes dados:
a) Dados preliminares
1. Identificação da habitação e numeração
2. Identificação do bairro
3. Data da entrevista
4. Identificação da tipologia
b) Aspectos sócio-econômicos
1. Posição familiar do entrevistado
2. Naturalidade
3. Tamanho da família
4. Faixa etária
5. Grau de instrução
6. Ocupação do chefe da família
7. Rendimento familiar mensal
8. Tempo de ocupação da moradia
9. Formas de comunicação da família
10. Forma de locomoção da família
11. Complementação de renda da família
c) Avaliação energética
1. Consumo mensal de eletricidade
2. Identificação do tipo de tarifa
3. Número de lâmpadas existentes
4. Hábitos para economia do consumo de eletricidade
5. Eletrodomésticos existentes
6. Anseio de compra de eletrodomésticos
76
d) Avaliação de serviços
7. Consumo mensal de gás
8. Aquecimento de água
9. Verificação de existência da caixa d’água
10. Abastecimento de água potável
11. Disponibilidade de sistema de esgoto
12. Destino do lixo
e) Avaliação de comportamento quanto ao banho
1. Existência de chuveiro elétrico
2. Anseio por adquirir chuveiro elétrico
3. Uso de água quente no verão ou inverno
4. Freqüência do banho
5. Horário do banho
6. Tempo de banho
7. Conhecimentos sobre sistemas de aquecimento solar de água ou energia
eólica
8. Interesse em conhecer sobre estes sistemas
f) Avaliação arquitetônica
1. Alterações na construção original
2. Estado da construção
3. Posição da casa em relação ao sol
3.6.1.2 Coleta de dados - Questionário Piloto
Para realizar esta primeira parte - um piloto das entrevistas - foi escolhida uma das
principais áreas de interesse deste trabalho, “João Francisco”, além de outras três
áreas aleatoriamente escolhidas, como é observado na tabela 3.2. (PORTILLO, 2009
b
)
77
Tabela 3.2 – Número de HIS por localidades de 1991 a 2005
Localidade Nº habitações %
João Francisco 3 2 %
Penha 42 24%
Centro 23 13%
Sitio Quissamã 104 60%
Total
172
100%
Fonte: PREFEITURA QUISSAMÃ, 2006
Estas entrevistas foram realizadas para avaliar o primeiro questionário proposto, pois
este havia sido utilizado anteriormente para outros fins e era preciso saber se era
adequado ou não para utilizá-lo neste trabalho. Assim, foi possível ter uma idéia do
recebimento das pessoas às questões propostas, podendo posteriormente fazer as
alterações para maior aproveitamento dos dados recolhidos. (PORTILLO, 2009
b
)
Foram entrevistadas 22 famílias, em quatro bairros diferentes, tendo maior número de
entrevistados no Sitio Quissamã. Para escolher o número de famílias entrevistadas,
mostradas na tabela 3.3, procurou-se aproximar das proporções do número de
habitações de interesse social das localidades escolhidas anteriormente, mostradas na
tabela.3.2.
Tabela 3.3 – Localidades e número de entrevistados no primeiro levantamento
Localidade Número de HIS
Nº de
entrevistados
%
João Francisco
3
1 4,5 %
Penha 42 2 9,1%
Centro 23 2 9,1%
Sitio Quissamã 104 17 77,3%
Total
172
22
100%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2008
Em todas as zonas foi realizado o mesmo questionário de 46 perguntas, respondidas
pelos moradores das casas escolhidas. A escolha das casas foi feita dependendo da
existência dos moradores nas residências, sendo que nem sempre tinham pessoas
para responder os questionários, mesmo que as entrevistas fossem realizadas no final
78
de semana. Obtiveram-se sempre respostas positivas das pessoas entrevistadas,
estas estando sempre abertas às questões propostas. (PORTILLO, 2009
b
)
3.6.1.3 Coleta de dados - Questionário Final
No levantamento final de dados, foram tomados outros cuidados antes de realizar as
entrevistas. Foi definida uma amostra onde o tamanho foi decidido depois de definir a
margem de erro tolerável para o nosso estudo. Segundo Ornstein (1992) as margens
de erro mais freqüentemente adotadas em pesquisas sociais encontram-se no
intervalo de 1% a 10%.
Foi também definida a área de nosso interesse para realizar o levantamento, sendo
esta a Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, apesar
de esta não ter sido definida no Plano de Manejo da Unidade de Conservação.
Contudo, segundo a Resolução CONAMA 13/90, a área considerada como Zona de
Amortecimento é aquela até 10km da UC; portanto as zonas escolhidas para o
levantamento se encontram todas dentro dos 10km de distância da UC.
Entre estas zonas estão considerados os bolsões urbanos de Visgueiro e João
Francisco, mostrados na tabela 3.5, que são aquelas que têm maior influência no
Parque, por se encontrarem limitadas entre a Unidade de Conservação e o oceano, e
possuírem menor número de HIS, pois estão localizadas em zonas onde não é
promovida a construção.
Entre as outras zonas com HIS estão as da Sede Municipal: Carmo, Caxias, Piteiras e
Sitio Quissamã, mostradas na Tab. 3.4, e também as que se encontram no resto do
município, como Fazenda Imbaíba, Campo Sabão, Penha, Sitio de olhos d’água, Imbiú
e Sitio Paraíso, ver a Tab. 3.5.
79
Tabela 3.4 – Número de HIS na Zona de Amortecimento pertencente à Sede do
Município
Sede Municipal
Zona
Número de unidades
Construídas até o ano
Carmo 58 2000
Caxias 99 2005
Piteiras 40 2005
Sitio Quissamã
104 2004
Total
301
2005
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL, 2008
Tabela 3.5 – Número de HIS na Zona de Amortecimento, mas no restante do
Município
Em todo o Município
Zona
Número de unidades
Construídas até o ano
Visgueiro 1 2000
João Francisco 3 2003
Fazenda Imbaíba 1 2000
Campo de Sabão 1 2004
Penha 42 2005
Sitio olhos d’água
1 2000
Imbiú 9 2005
Sitio Paraíso 1 2003
Total
59
2005
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL, 2008
O número total de HIS na zona de amortecimento, entregues até 2005, é de 360
habitações, como é mostrado nas tabelas 3.4 e 3.5.
Outro fator que foi considerado para realizar o levantamento foi a escolha da zona pelo
número de HIS, que em algumas zonas tem 1 unidade e em outras 3 e
geralmente dispersadas, dificultando na hora de coleta da amostra e precisando de um
tempo maior de deslocamento do entrevistador. A pesquisa de campo da amostra foi
realizada em cinco dias úteis, no mês de maio de 2009 e em quatro zonas distintas:
Carmo, Caxias, Sitio Quissamã e Penha.
80
A escolha das casas entrevistadas foi da mesma forma que no questionário piloto,
dependendo da existência de pessoas nas residências, devido a que o foco da
pesquisa não exigia de outra metodologia para coleta de informações, pois os dados
importantes podiam ser respondidos por qualquer pessoa responsável da casa que
tenha acesso à conta de eletricidade.
No caso de Caxias, uma vez que a maioria das casas foi construída de forma
dispersa, as entrevistas foram realizadas em dois conjuntos habitacionais de casas
habitadas menos de um ano, (entregues em dezembro do ano 2008) conforme
mostrado na tabela 3.6. Portanto, ainda não estão contabilizadas no levantamento da
Prefeitura, mostrado nas tabelas 3.4 e 3.5, anteriores.
Tabela 3.6 - Numero de HIS dos conjuntos habitacionais em Caxias habitadas a
menos de 1 ano
Zona
Número de unidades
Construídas até o ano
Caxias
26
2008
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2009
Para definir o tamanho da amostra foi utilizada a técnica de amostragem a seguir:
Fonte: BARBETTA, 2002
Tendo um universo de 386 unidades de habitações de interesse social na área do
nosso interesse – a zona de amortecimento do Parque Nacional da Restinga de
Jurubatiba - como mostradas nas tabelas 3.4, 3.5 e 3.6 acima e uma vez tendo sido
decidido ter uma margem de erro dos 10%, o tamanho da amostra definida resultou
em 80 unidades. Tentou-se realizar as entrevistas de forma eqüitativa nas zonas
n
0
= 1/E
0
2
onde: n
0
é a primeira aproximação do tamanho da amostra
n=(N.n
0
)/(N+n
0
)
onde: N é o número de elementos da população ou também
chamado universo e n é o tamanho da amostra
81
escolhidas, como é mostrado na Tabela 3.7, sendo que a maioria das entrevistas foi
feitas no Sitio Quissamã.
Tabela 3.7 – Número de entrevistas segundo a zona
Zona
Número de entrevistas
Percentual
Carmo 15 19 %
Caxias 21 26 %
Sitio Quissamã
24 30 %
Penha 20 25 %
Total
80
100 %
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
A amostra realizada em cada uma das zonas foi também representativa, como é
mostrado na tabela 3.8, pois se tentou fazer um levantamento de um percentual acima
de 20% do total das HIS existentes em cada zona, sendo o menor percentual
alcançado de 21% em Caxias e o maior de 48% na Penha.
Tabela 3.8 – Número HIS em cada zona e o número de entrevistas
Zona
Número total de HIS
Número de entrevistas
Percentual
Carmo 58 15 26 %
Caxias 99 21 21 %
Sitio Quissamã
104 24 23 %
Penha 42 20 48 %
Total
303
80
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
Ao realizar as entrevistas, não foram encontradas algumas pessoas em suas casas,
mas do total de 80 entrevistas planejadas, foram recebidas apenas quatro negativas, e
as outras foram aceitas de forma receptiva.
82
CAPÍTULO 4
4. RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos no levantamento
mostrado
no capitulo anterior. Serão apresentados também, de forma resumida, os resultados
obtidos no primeiro levantamento feito com o questionário piloto, mesmo que estes
dados tenham sido descartados para obter os resultados finais, por tratar-se de um
questionário que estava sendo experimentado, mas será observado que este nos
uma idéia geral dos comportamentos dos moradores das habitações de interesse
social da região.
4.1 RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO PILOTO
4.1.1 Dados preliminares
Foram entrevistadas 22 famílias, em quatro bairros diferentes: João Francisco, Penha,
Centro e Sitio Quissamã, tendo maior número de entrevistados no Sitio Quissamã
(77%), como vemos na Figura 4.1, sendo proporcional ao número de habitações de
interesse social em cada zona, como foi mostrado na tabela 3.3 no capítulo anterior.
As entrevistas foram feitas numa sexta-feira na parte da tarde e no sábado o dia
inteiro.
Figura 4.1 – Zonas entrevistadas e porcentagens de entrevistas – Questionário Piloto
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
83
Os questionários foram respondidos em sua maioria pelas esposas (54%), seguido
dos filhos (27%) ou algum familiar (14%), que são os que se encontravam em casa, na
hora da entrevista.
4.1.2 Avaliação sócio-econômica
Na avaliação sócio-econômica foi verificado que a maior parte das famílias
entrevistadas (86,4%) são originárias de Quissamã. Como um dos requisitos para
obter uma casa popular, o solicitante deve comprovar que mora no município pelo
menos 10 anos. Foi comprovado que a média de moradores nestas casas é de cinco
pessoas, sendo que o menor número de moradores é de duas pessoas (1 casa) e um
máximo de oito (2 casas). A renda familiar da maioria é de um salário mínimo e a
maior parte dos chefes de família e escreve e tem diferentes ocupações; entre as
principais são autônomos ou desempregados.
Observamos que 30% da população entrevistada têm menos de 10 anos de idade,
19% têm entre 11 e 20 anos e 24% têm entre 21 e 30 anos, sendo que 74% do total
dos entrevistados tem até 30 anos de idade, como podemos observar na Figura 4.2.
Figura 4.2 – Idade dos moradores das HIS - Questionário Piloto
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
Nesta primeira parte foram feitas perguntas relacionadas aos meios de comunicação
que tem acesso estas famílias, sendo que do total das entrevistas 95% não possui
84
telefone fixo, 86% têm celular, 73% têm acesso a internet em “Lanhouses”, na escola
ou no trabalho. Entre os meios de transporte mais utilizados entre os moradores está a
bicicleta com 56% do total das famílias, 21% não tem nenhum meio de transporte,
13% possui um carro e 9% moto, como observamos na figura 4.3 a seguir.
Figura 4.3 – Meios de transporte - Questionário Piloto
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.1.3 Avaliação de posse de eletrodomésticos
A avaliação de posse de eletrodomésticos revela que a maioria das famílias possui
uma média de sete eletrodomésticos, entre os principais TV (100%), geladeira (95%),
rádio e DVD (95%) e liquidificador (86%). 23% dos entrevistados possuíam
chuveiro elétrico, por diferentes motivos, entre os quais está o alto preço da energia
elétrica cobrado pela concessionária, a falta de conscientização dos moradores no
desperdício de água no chuveiro e o hábito de tomar banho com água fria por medo
de ficarem doentes com problemas brônquio respiratórios.
85
Figura 4.4 – Posse de eletrodomésticos – Questionário Piloto
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
Foi manifestado pela metade dos entrevistados (45%) o desejo de compra de mais
eletrodomésticos, entre os mais mencionados está o computador.
4.1.4 Avaliação de energia e serviços
Na avaliação energética e de serviços, foi pedido aos moradores a conta de energia
elétrica e de água, para saber o consumo mensal de kWh no caso da eletricidade e m
3
no caso do consumo de água. Do total dos entrevistados, foi possível ter acesso a
87% das contas de eletricidade e 27% das contas de água, uma vez que uma grande
parte dos moradores não paga o consumo de água, segundo relatos dos mesmos,
pois há pouco menos de um ano está sendo cobrado este serviço.
A média do consumo mensal de eletricidade das famílias entrevistadas se encontra
entre os 100kWh, sendo que 37% tem um consumo entre 50 e 100kWh, 32% um
consumo entre 101 e 150kWh, 21% consomem menos de 50kWh, como podemos
observar na Figura 4.5 a seguir.
86
Figura 4.5 – Consumo de eletricidade – Questionário Piloto
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
Vale ressaltar que existe uma tarifa de baixa renda oferecida pela concessionária de
energia elétrica, para as famílias que consomem menos de 250kWh e a metade
dos entrevistados tem esta tarifa.
Existem em média sete lâmpadas em cada casa, a maior parte destas é
incandescente e de 60W. O uso de lâmpadas eficientes é pouco representativo, sendo
menos de 10% que utiliza estas. Foi observado entre os moradores, consciência sobre
a necessidade do uso racional de energia, tentando ter comportamentos como desligar
da tomada os eletrodomésticos quando estes não estão sendo utilizados, ter o menor
número de lâmpadas acessas e não utilizar chuveiro elétrico.
Foi comprovado também que 100% das habitações entrevistadas tem acesso aos
serviços básicos como energia elétrica, água potável da rede, escoamento do esgoto
na rede e coleta de lixo regular.
4.1.5 Avaliação do comportamento quanto ao banho
Na avaliação do comportamento quanto ao banho, foi constatado que 77% dos
entrevistados não têm acesso à água quente no chuveiro, sendo que menos da
metade aquece água no fogão para tomar banho. A maioria toma dois banhos por dia
87
e num tempo maior que 15 minutos, sendo o horário mais requerido ao redor das 18
horas.
4.1.6 Avaliação arquitetônica
Na avaliação arquitetônica, foi verificado que 57% das casas sofreram alterações,
algumas pequenas como levantamento do muro externo ou maiores como a
construção de outra casa no mesmo terreno na parte posterior. Sendo que a maior
parte das casas se encontra em bom estado.
4.2 RESULTADOS FINAIS
4.2.1 Dados preliminares
Foram realizadas 80 entrevistas em quatro diferentes zonas no município de
Quissamã: Carmo, Caxias, Sitio Quissamã e Penha, mostradas na figura 4.5.
a. Conjunto habitacional no Carmo b. Conjunto habitacional em Caxias
88
c. Conjunto habitacional no Sitio Quissamã d. Habitações de interesse social em Penha
Figura 4.6 – Zonas do município onde foram feitas as entrevistas
Fonte: AUTORA 2008, 2009
Estas zonas se encontram dentro da Zona de Amortecimento do Parque Nacional da
Restinga de Jurubatiba. O maior número de entrevistas foi realizado em Sitio
Quissamã com 30%, seguido por Caxias com 26%, Penha com 25% e Carmo com
19%, isto mostrado na Figura 4.7.
Figura 4.7 – Zonas do levantamento
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
Os modelos das habitações de interesse social foram definidas também no capítulo
anterior, tendo definido trabalhar com os modelos 1 e 2, mas devido as dificuldades
89
achadas na hora da amostragem, foi preciso considerar
também conjuntos
habitacionais onde as unidades são de um terceiro modelo. Contudo, temos 71% das
entrevistas realizadas no modelo 1, 14% no modelo 2 e 15% das entrevistas no
modelo 3, como podemos ver na figura 4.8.
Figura 4.8 – Modelos das casas entrevistadas
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.2.2 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS
4.2.2.1 Naturalidade, número de habitantes por moradia e faixa etária
Na avaliação sócio-econômica realizada, foi notado que a maioria das pessoas que
estavam em casa para responder o questionário são as esposas. 66% do total das
entrevistas foram feitas a elas; uma menor porcentagem aos filhos com 18%, 13% aos
esposos e 4% a outro parente. A maioria natural de Quissamã, mesmo porque um dos
critérios adotados pelo governo municipal para a seleção da família beneficiada é que
seja nascida em Quissamã ou a comprovação de moradia no município a mais de 10
anos. Por estes motivos vemos na tabela 4.1 que 65% dos entrevistados é nascido em
Quissamã e 35% é natural de outros lugares, entre os mais referidos está Macaé.
90
Tabela 4.1 - Naturalidade do entrevistado
Lugar
Quissamã
Outro
TOTAL
52 28 80
%
65%
35%
100%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
No dado do número de habitantes por moradia os resultados foram variados. Existem
moradias com 1 morador e outras com até 9, que foi o maior número encontrado.
Portanto, temos 4% das casas com um habitante, 8% com dois habitantes, as maiores
porcentagens estão entre 3 e 4 habitantes com 23% e 26% respectivamente, 13% com
5 habitantes, 10% com 6 habitantes e 18% com 7 ou mais habitantes, como é
mostrado na figura 4.9., tendo uma média de 5 habitantes por habitação.
Figura 4.9 – Número de moradores por unidade habitacional
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
A faixa etária dos moradores destas zonas é também variada. Dependendo da zona
em que foi feita a entrevista, o número de moradores nas diferentes faixas etárias
mudava, mas no total dos entrevistados os resultados mostram que foi eqüitativo e
que as famílias são de pessoas jovens menores de 30 anos, sendo que indo do maior
ao menor, 27% das famílias tinham componentes com menos de 10 anos, 22% entre
11 e 20 anos, a mesma porcentagem entre 31 e 40 anos, 12% de pessoas maiores de
50 anos e 7% na faixa etária de 41 e 50 anos, como podemos observar na figura 4.10.
91
Figura 4.10 – Faixa etária das famílias entrevistadas
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.2.2.2 Ocupação dos chefes da família, escolaridade e renda
Entre as ocupações dos chefes das famílias entrevistadas, foi observado que a
maioria é autônomo, trabalha por conta própria e entre as atividades citadas estão a
pesca (pelo grande número de lagoas na região) e a lavoura (pela grande quantidade
de cultivo de cana, pois os antigos cultivos de coco verde que eram característicos da
região e outras frutas foram trocados por cultivo de cana pelo maior retorno
econômico). Também observou-se que um alto número de aposentados e alguns
chefes de família têm mais de uma atividade de geração de renda, mas outras famílias
moram com uma bolsa do governo municipal ou com alguns trabalhos temporários
que eles chamam de “biscate”, alegando a falta de empregos na região, ou que foram
desempregados pouco tempo das indústrias pela crise econômica que estão
passando as empresas e até mesmo o governo municipal.
Contudo, temos que 29% dos chefes de família são autônomos, 27% são aposentados
e têm uma renda da aposentadoria, 9% trabalham na indústria, 9% na pesca, 7% o
tem emprego, 4% trabalham na lavoura, 4% na construção, 4% trabalham no serviço
público, e 7% tem outras ocupações, como é apontado na figura 4.11. 17% das
famílias têm atividades de complementação de renda que geralmente dependem das
esposas, como venda de alguns produtos tipo picolé, almofadas, refrigerantes.
Algumas outras tem atividades de salão de beleza ou manicure.
92
Figura 4.11 – Ocupação do chefe da família
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
No que diz respeito à escolaridade do chefe de família das habitações de interesse
social entrevistadas, como podemos observar na figura 4.12, uma porcentagem de
69% e escreve, mas a maioria não terminou o ensino fundamental e alguns se
encontram cursando-o, 18% terminou o grau, 14% é analfabeto e nenhum tem
curso a nível superior.
Figura 4.12 – Escolaridade do chefe da família
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
A renda da maioria das famílias entrevistadas está entre um salário mínimo ou menos,
devido à falta de trabalho, e a maioria dos chefes de família trabalham por conta
93
própria, como foi dito anteriormente, o que
dificulta a existência de uma renda mensal
fixa, chegando a depender do trabalho encontrado e da temporada. Foi informado por
alguns entrevistados que em épocas de chuvas é mais difícil conseguir trabalhos
temporários.
Segundo os dados proporcionados nas entrevistas e mostrados na tabela 4.2, indo de
maior a menor, 53% tem uma renda fixa de um salário mínimo, 34% menor a 1 salário
mínimo, 11% entre um e dois e 3% com uma renda maior, entre 3 e 4 salários
mínimos.
Tabela 4.2 – Renda da família (Salário Mínimo - SM
2
)
Renda
< 1SM
1 SM
1
2 SM
3
4 SM
TOTAL
27 42 9 2 80
%
34%
53%
11%
3%
100%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
O tempo que moram na casa varia segundo a zona onde foi feita a amostra, pois cada
conjunto habitacional ou cada bairro foi beneficiado em diferentes épocas. Por
exemplo, o lugar que possuía maior número de casas ocupadas mais tempo foi
Sitio Quissamã e Penha. No Carmo as casas foram entregues por volta de 5 anos e
em Caxias a maioria das entrevistas foram feitas em casas ocupadas há menos de um
ano. Portanto, as porcentagens são as seguintes mostradas na figura 4.13: menos
de um ano 25%, de 2 a 5 anos 31%, de 6 a 9 anos 36% e de 10 anos ou mais 8%.
Figura 4.13 – Tempo de ocupação da moradia
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
2
Salário Mínimo Brasileiro 2009 = R$ 465 (Lei nº 11.944, de 28 de maio de 2009)
94
Para o interesse do presente trabalho os dados relevantes do levantamento sócio-
econômico são:
O número de habitantes por moradia, para entender o comportamento no consumo de
energia que será analisado posteriormente, da mesma forma que a faixa etária nos
uma idéia dos costumes que podem ser adotados dependendo das idades dos
moradores. Assim, com estes dados podemos ver o perfil das pessoas que moram
nestas casas com referência ao consumo de energia elétrica que será analisado no
item a seguir.
Quanto à escolaridade, podemos observar que a maior parte dos chefes de família
não terminou o segundo grau, o que mostra a pouca informação que eles têm acesso,
refletido na falta de trabalho ou de ocupações a nível técnico, e o baixo movimento
econômico na região, associado diretamente à baixa renda das famílias envolvidas,
que na sua maioria, dependem dos trabalhos temporários que conseguem ao longo do
ano, sem ter uma renda fixa que garanta a sua estabilidade econômica para melhora
das suas condições de vida.
O tempo de moradia na casa é um dado importante, que com ele podemos ver os
costumes adotados neste espaço “padrão” que foi escolhido para ser estudado, sendo
que morando maior tempo nele, podem se distinguir costumes mais arraigadas.
4.2.3 AVALIAÇÃO ENERGÉTICA E DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS
4.2.3.1 Consumo de eletricidade
No município existem dois tipos de tarifas cobradas pela concessionária, uma
convencional e outra de baixa renda, mostradas na tabela 4.3. Aproximadamente a
metade das famílias entrevistadas tem a tarifa de baixa renda, sendo que 46% têm a
tarifa convencional e 54% a de baixa renda.
95
Tabela 4.3 – Tarifa Residencial AMPLA
Descrição
R$/kWh
Residencial convencional 0,39397
Residencial de Baixa Renda
Consumo mensal até 30 kWh 0,13038
Consumo mensal de 31 a 80 kWh 0,22717
Consumo mensal de 81 a 100 kWh 0,22974
Consumo mensal de 101 a 140 kWh 0,34459
Consumo mensal superior ao limite regional de 140 kWh
0,38287
Vigência da Tarifa – de 15/03/2009 a 14/03/10
Fonte: ANEEL, 2009
Foi observado que o preço pago pelo consumo de energia destas famílias é
representativo para sua renda, pois a média do valor da conta de energia elétrica é de
R$ 61,00, sendo que o maior valor é R$ 250,00 e o menor R$ 5,00. Na figura 4.14
podemos observar que a maior parte dos moradores paga uma tarifa entre R$ 50,00 e
R$ 100,00 por mês.
Figura 4.14 – Preço pago pelo consumo de energia elétrica
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
96
Na entrevista, foram pedidas as contas de eletricidades do último mês para se levantar
o consumo mensal das famílias. Considerando-se que o levantamento foi feito na
segunda semana de maio, a maioria das contas eram do mês de abril, assim os dados
pertencem à eletricidade gasta na época de outono, não podendo ser feita uma
amostra na época mais crítica para o uso de chuveiro elétrico, que é o inverno (isto
será visto na análise posterior). Da mesma forma, o questionário piloto anterior foi
realizado no mês de dezembro, na época de verão.
Os dados mostram que a maioria das famílias tem um consumo de energia entre
50kWh e 150kWh, sendo as seguintes porcentagens indo de maior a menor mostradas
na tabela 4.4 e na figura 4.15, 38% de 50 a 100kWh, 26% de 101 a 150kWh, 20% de
151 a 200kWh, 10% menor que 50kWh e 6% entre 201 a 250kWh. Observamos que o
consumo de eletricidade é alto, levando em conta que são famílias de baixa renda.
Tabela 4.4 – Consumo de eletricidade
Consumo kWh
< 50
51 a 100
101 a 150
151 a 200
202 a 250
TOTAL
8 30 21 16 5 80
%
10%
38%
26%
20%
5%
100%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
Figura 4.15 – Consumo de eletricidade
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
97
O número de lâmpadas por moradia é variado, mas têm uma média de 6 lâmpadas por
moradia, sendo que cerca de 75% das casas usam lâmpadas incandescentes de
60W, mas algumas famílias utilizam lâmpadas compactas de 7W com o intuito de
economizar energia. O uso destas lâmpadas representa 12% do total, como é
mostrado na figura 4.16.
Figura 4.16 – Tipo de lâmpadas usadas nas moradias
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
Este comportamento de se buscar a economia substituindo lâmpadas incandescentes
por fluorescentes, mais eficientes do ponto de vista energético, também é observado
em outros aspectos como: não deixar as luzes acessas, desligar os eletrodomésticos
das tomadas e não utilizar muitos aparelhos eletrônicos como o ferro ou também
tentando evitar o uso de chuveiro elétrico, como é mostrado na figura 4.17.
98
Figura 4.17 – Comportamento para economizar energia
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.2.3.2 Posse de eletrodomésticos
Foi observado que nas famílias entrevistadas a posse de eletrodomésticos mais
representativa é a TV, presente em 100% das moradias, geladeira em 95%, ventilador
e tanquinho em 73%, liquidificador e rádio em 71%, o ferro em 58% e DVD em 54%.
Como foi mencionado anteriormente, o número de chuveiros elétricos não é
representativo, pois 31% das moradias tem um. Estes dados podem ser
observados na figura 4.18.
Figura 4.18 – Eletrodomésticos que possuem e usam
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
99
4.2.3.3 Conhecimentos quanto à energia renovável
Foram realizadas duas perguntas a respeito do conhecimento do entrevistado sobre o
uso de energias renováveis, onde a primeira pergunta se refere à energia solar térmica
e a segunda à energia eólica. Segundo os resultados obtidos e mostrados na tabela
4.5, 53% dos entrevistados ouviram falar alguma vez sobre o sistema de aquecimento
solar de água, na sua maioria informação da TV, e 36% ouviram falar sobre energia
eólica. Do total dos entrevistados, 63% tem interesse em se informar melhor sobre
estes dois tipos de energia por dois principais motivos, curiosidade e também para
tentar economizar, o que mostra a receptividade destas tecnologias pela população.
Tabela 4.5 – Conhecimento dos entrevistados sobre energias renováveis
Energia solar térmica
Energi
a eólica
Interesse
Motivo
Sim Não Sim Não Sim Não
Economia
Curiosidade
53% 48% 36% 64% 63%
38%
38% 64%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.2.4 AVALIAÇÃO DE COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO
4.2.4.1 Existência de chuveiro elétrico
Nesta avaliação foi perguntada a posse de chuveiro elétrico. Como foi mencionado
anteriormente, 31% do total de entrevistados possui um. Desta porcentagem, aos
69% restantes foi perguntado se deseja colocar e 85% das pessoas responderam que
não.
Entre as justificativas apresentadas, a principal é a tentativa de economizar o consumo
de energia, pois as suas contas elétricas mesmo sem ter chuveiro elétrico já são altas;
a segunda justificativa mais mencionada é o costume, pois estão acostumados a
tomar banho com água fria e 10% das pessoas alegou que quando tomam banho
quente ficam com problemas brônquio-respiratórios, como pode ser observado na
tabela 4.6.
100
Tabela 4.6 – Existência de chuveiro elétrico na moradia
Existência de chuveiro elétrico
Anseio de colocar
Motivo das ne
gativas
Sim Não TOTAL Sim Não TOTAL
Economia
Costume
Saúde
31% 69% 100% 15%
85%
100% 47% 43% 10%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
30% das pessoas que não têm chuveiro elétrico aquecem água no fogão para tomar
banho, já que não gostam de tomar banho com água fria, alegando que o custo com a
compra de gás em botijões é menor que usar um chuveiro elétrico, pois o custo do
consumo de eletricidade para esse fim é muito maior. Uma alternativa pitoresca
comentada durante as entrevistas por um habitante é o costume de se aquecer a água
ao sol em vasilhames.
Também foi perguntado se as pessoas têm costume de utilizar água quente para outro
lugar da casa que não seja o banho, como para lavar louça, mas 100% das pessoas
responderam que não.
4.2.4.2 Hábitos do uso de água quente
Do total das famílias que preferem tomar banho com água quente, seja utilizando
chuveiro elétrico ou aquecendo água no fogão, foi notado que no verão 83% nunca
tomam banho quente, no inverno que 28% sempre tomam banho quente ou morno
e 29% com menor freqüência, quando o clima está muito frio, sendo que 44%
nunca tomam banho quente, como podemos observar na tabela 4.7, o que coincide
com 43% de pessoas que não desejam colocar chuveiro elétrico porque tem costume
de tomar banho com água fria, que foi mostrado anteriormente na tabela 4.8.
Tabela 4.7 – Hábitos de água quente
No verão
No inverno
Sim
Às vezes
Nunca
Sim Às vezes
Nunca
5% 13% 83% 28%
29% 44%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
101
4.2.4.3 Hábitos quanto à freqüência e horários de banho
Entre os hábitos de banho, do total das famílias entrevistadas, foi observado que 77%
tomam de 2 a 3 banhos por dia, num tempo médio de 10 minutos, sendo que as
pessoas mais velhas demoram menos no banho e os que demoram mais são os
jovens e adolescentes. O horário mais solicitado é em torno das 18 horas, com 30%,
como é observado na figura 4.19, que é o horário de pico de consumo de energia a
nível nacional e crítico para as concessionárias.
Figura 4.19 – Horários de banho
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.2.5 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS
4.2.5.1 Consumo de gás
O consumo de gás nas famílias varia entre ½ a 2 botijões por mês, sendo que a
maioria gasta em média 1 botijão, como podemos observar na tabela 4.8. Este dado
varia segundo o número de pessoas que moram na casa e dos hábitos para
aquecimento de água no fogão para tomar banho, como foi mencionado
anteriormente. Algumas pessoas mencionaram utilizar seu fogão à lenha para não ter
maior consumo de gás (seja para cozinhar ou para aquecer a água para o banho). O
custo do botijão de gás de 13 kg era de R$ 35,00 em dezembro de 2008.
102
Tabela 4.8 – Consumo de gás por mês
Botijão
1/2
1
1 ½
2
TOTAL
15 53 10 2 80
%
19%
66%
13%
3%
100%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.2.5.2 Consumo de água
Não foi possível coletar os dados do consumo de água uma vez que os moradores
ficavam constrangidos ou incomodados quando era pedida sua conta, já que a maioria
das pessoas que moram em casas populares construídas pela prefeitura, não tem
costume de pagar o consumo de água. Quando foram entregues as casas (até o ano
de 2005) foi informado para eles que não ia ser cobrado o serviço. Segundo alguns
moradores, este serviço está sendo cobrado pela concessionária 3 anos, segundo
outros, há 1 ano.
Por este motivo, muitas famílias não pagam e também em algumas casas não foram
colocados relógios para medir o consumo e como para o foco da nossa pesquisa não
é representativo o consumo de água, foi decidido não realizar a amostragem deste
dado.
Foi comprovado que 99% das casas têm abastecimento de água potável e estão
conectadas à rede de esgoto, com algumas irregularidades no abastecimento,
geralmente na época de verão. uma casa em Caxias tinha abastecimento de água
de poço de manilhas, pois o morador mandou tirar a conexão da concessionária pelo
seu costume.
A posse de caixa d’água dentro da casa também foi comprovada, sendo que do total
das casas entrevistadas uma família não tinha, porque estava quebrada e outras
tinham duas caixas, sendo que as casas são entregues com uma caixa d’água,
algumas de 1000L e outras de 500L. Este dado varia dependendo da tipologia e da
época que foi entregue a casa, mas a maioria (70%) tem posse de uma caixa de 500L,
como é observado na tabela 4.9. Em algumas zonas como, por exemplo, em Sitio
Quissamã algumas casas tinham reservatórios no seu quintal, devido à irregularidade
do abastecimento.
103
Tabela 4.9 – Abastecimento de água e existência de caixa d’água
Serviço
Abastecimento de água
Existência de caixa d’água
Encanada
Poço
TOTAL
250 L
500 L
1000 L
Não tem
TOTAL
79 1 80 3 58 21 1 83
% 99% 1% 100% 4% 70% 25% 1% 100%
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
4.2.5.3 Destino do lixo
O lixo em todas as zonas é recolhido pela empresa de limpeza urbana municipal, mas
duas casas ainda costumam queimar seu lixo. A freqüência da coleta varia de 3 a 6
dias por semana, dependendo da zona, sendo que as que ficam mais perto do centro
do município são mais favorecidos.
Nesta avaliação dos serviços oferecidos às habitações de interesse social, foi
comprovado que os serviços básicos como abastecimento de água, conexão à rede de
esgoto e a coleta de lixo são oferecidos a esta população, como foi informado num
começo na Prefeitura.
4.2.6 AVALIAÇÃO ARQUITETÔNICA
Nesta avaliação foi perguntado se as famílias tinham feito alguma alteração nas casas
depois da entrega, e a maioria respondeu que não, mas notou-se uma desconfiança
em alguns casos nas respostas pelo fato que o imóvel continua sendo da Prefeitura,
pelo qual as respostas não serão consideradas relevantes.
Contudo, foi respondido que 18% das famílias fizeram alguma alteração na construção
da casa, entre as mais citadas está: a construção de mais um cômodo no quintal,
cobertura do espaço para a garagem, pequenas reformas na área de serviço, troca do
material do piso ou simplesmente elevando o muro original. Duas casas fizeram
grandes reformas melhorando suas condições, trocando de materiais de revestimento
de pisos, janelas e outros, construindo mais cômodos e melhorando a estética. Estas
casas são as que apresentam maior renda.
Pode-se notar também a satisfação do estado da construção da casa, pois 61% do
total de entrevistados está satisfeito e acha que o estado da sua casa está bom, 30%
104
acha que está regular, alegando que precisa de uma reforma no telhado ou nas
paredes pela existência de umidade ou rachaduras e o 9% acha que o estado da
casa está ruim, segundo a figura 4.20.
Figura 4.20 – Grau de satisfação quanto à construção da casa
Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
As moradias que precisam de maiores reformas são as que foram entregues mais
tempo, geralmente as moradias mais antigas (Modelo 1), devido à falta de
manutenção do morador, principalmente nos telhados. Como foi comentado no
capítulo 3, o fato da casa ser entregue sem nenhum custo ao beneficiado, às vezes
ocasiona uma falta de consciência dos moradores que não se sentem donos da casa
na hora da manutenção, esperando que a Prefeitura se ocupe das reformas
correspondentes. Por este motivo foi informado por moradores que atualmente o
governo municipal pede uma entrada mínima de R$ 50,00 para a família que vai ser
beneficiada.
Fez-se uma leitura da posição das casas em relação ao sol com a ajuda dos
moradores, para avaliar a posição dos telhados e assim considerar a possibilidade da
implantação de coletores solares nos mesmos. Não se conseguiu a resposta de todos
os moradores, mas este dado foi coletado em 71 casas, o que representa 88,75% do
total das moradias, que é considerado válido para ter uma idéia inicial. Das 71
moradias, 32% têm uma orientação conveniente para a inserção de coletores solares,
isto devido ao fato que a placa pode acompanhar a inclinação do telhado com posição
referente ao Norte geográfico.
105
CAPÍTULO 5
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO PILOTO
Como primeira parte da análise dos resultados, mostrou-se necessário fazer uma
apreciação dos resultados obtidos no questionário piloto, para demonstrar como este
foi modificado e como chegamos ao questionário final, assim podemos comparar os
resultados obtidos nestas duas etapas.
5.1.1 Aspectos preliminares – Questionário Piloto
As entrevistas foram realizadas no final de semana, onde a maioria dos questionários
foram respondidos pelas esposas ou filhos, como foi observado no item 4.1.1 do
capítulo anterior, o qual nos levou a ver que as pessoas mais adequadas a responder
os questionários eram as esposas, devido a serem elas as que têm maior controle das
despesas da casa e dos costumes de cada membro da família e são as que
geralmente se dedicam aos cuidados da casa e dos filhos de segunda a sexta. Por
este motivo observou-se conveniente fazer as entrevistas finais em dias de semana
(de segunda a sexta).
5.1.2 Aspectos sócio-econômicos – Questionário Piloto
Na avaliação sócio-econômica, das 22 famílias entrevistadas no questionário piloto,
observou-se que a maioria das pessoas que moram no local são oriundas de
Quissamã, e que a média do número de habitantes nas casas é de 5 pessoas, o que
nos deu uma referência do número de moradores que seria o nosso universo e
quantos membros tem cada família, de forma geral, tendo uma idéia do número
máximo e mínimo de habitantes por moradia, como foi informado no item 4.1.2.
A renda familiar mencionada nestas primeiras entrevistas nos mostra o que
posteriormente será comprovado no questionário final, o alto número de
106
desempregados e os trabalhos temporários mais comuns dos chefes destas famílias.
Isto nos ajudou a ter conhecimento das atividades mais freqüentes e a falta de
movimento econômico na região. Também se observou o baixo grau de instrução dos
chefes de famílias, que pode ser um fator para a falta de empregos e os baixos
recursos da população que moram nas HIS da região.
No que se refere às idades dos moradores entrevistados, observamos na Figura 4.2
que um grande percentual (74%) dos moradores são menores de 30 anos, o que nos
mostra que a população que reside nestas moradias são gerações jovens. Isto se
reflete nas respostas obtidas sobre os meios de comunicação das famílias, já que a
maioria delas tem acesso a telefone celular e a internet, seja em lugares públicos, na
escola ou no trabalho. O que nos mostra que a maioria tem acesso à informação.
5.1.3 Posse de eletrodomésticos – Questionário Piloto
Na posse de eletrodomésticos, observou-se a alta demanda do seu uso nas HIS,
que, como foi observado na figura 4.4, 100% das casas possui uma televisão, 95%
geladeira e rádio, e 23% possui chuveiro elétrico. Isto nos mostra o panorama
diferente do esperado, que por se tratar de população de baixa renda, pensou-se
que um dos fatores que podiam ser solucionados seria a substituição do chuveiro
elétrico por sistemas solares de aquecimento de água. Por se tratar de um ponto de
alta importância, será analisado detalhadamente depois dos resultados obtidos no
questionário final.
5.1.4 Energia e serviços – Questionário Piloto
Nesta etapa tentou-se avaliar o comportamento das famílias quanto ao consumo de
energia elétrica e água, solicitando as contas de eletricidade e do serviço de água. No
que se refere ao consumo de energia elétrica, observou-se que as contas de
eletricidade são relativamente altas, e que o consumo médio das famílias varia entre
os 50kWh e 150kWh, tendo uma média de 100kWh, como foi visto na figura 4.5. Nesta
ocasião sentiu-se falta de dados que mostrem o preço pago pelas famílias por este
serviço, pelo qual se decidiu que no questionário final seriam também recolhidos
dados da quantidade em R$ (reais) paga pelos moradores, para ter uma idéia mais
clara da realidade das famílias.
107
Descobriu-se também a existência de uma tarifa de baixa renda oferecida pela
concessionária de energia elétrica, que 69% dos entrevistados tinham acesso. Notou-
se que as lâmpadas mais utilizadas pelas famílias são de 60W, mas que existem
algumas poucas moradias que optaram por trocar suas lâmpadas por lâmpadas
eficientes, o que demonstra o interesse das pessoas em economizar energia elétrica.
Nesta parte do questionário, espontaneamente, as pessoas comentaram alguns
costumes para economizar energia, pelo qual foi decidido adicionar esta pergunta no
questionário final.
No que se refere ao consumo de água potável, não foi possível coletar dados devido
as famílias não terem o costume de pagarem este serviço; por ser cobrado pouco
tempo, segundo informação de alguns moradores. Nesta parte do questionário,
tinham-se perguntas sobre os costumes das famílias, sobre hábitos do uso da água,
(hábitos de molhar gramado ou folhagem e hábitos de lavar o carro, mostrados no
apêndice A), mas por não se conseguirem dados do consumo mensal do total da
água, decidiu-se descartar estas perguntas junto com os resultados, por este motivo
não foram apresentados no capítulo anterior.
Observou-se que existe um percentual (38%) de famílias que, devido à falta de
chuveiros elétricos nas casas, aquece água no fogão para tomar banho, o que
representa um desconforto e um gasto em outra fonte de energia, pelo qual foi
decidido analisar isto detalhadamente no questionário final.
5.1.5 Comportamento quanto ao banho – Questionário Piloto
Neste ponto observamos que o tempo de banho dos moradores entrevistados é
relevante, que segundo o que foi informado nas entrevistas é de 15 minutos ou
mais, e numa média de duas vezes por dia, sendo que são 5 pessoas por moradia,
como foi informado no item 4.1.5. Fazendo uma somatória, seriam mais de uma hora e
15 minutos uma média do total de horas utilizadas no banho em cada casa, o que
chamou a atenção por ser um tempo considerável. Por este motivo, decidiu-se ter
maior cuidado na coleta de dados no questionário final, que uma parte dos
108
questionários foi respondido por um percentual de filhos, pode ter influenciado na hora
de obter os resultados.
5.1.6 Avaliação arquitetônica – Questionário Piloto
Na avaliação arquitetônica observou-se um alto percentual de casas que sofreram
alguma alteração na sua construção original (42%), o que chamou a atenção devido
ao imóvel continuar sendo de propriedade do governo municipal, segundo foi
informado na Secretaria de Habitação. Também foi decidido coletar dados da posição
do sol em relação à casa, para poder avaliar as facilidades que poderiam existir ou
não para uma possível proposta de uso de equipamentos de aquecimento solar de
água. para melhor aproveitamentos destes, devem ser orientados em função do
norte geográfico, e pode-se aproveitar a inclinação dos telhados já existentes. Por este
motivo decidiu-se coletar mais este dado no questionário final.
Como o questionário piloto sofreu alterações, foi decidido descartar estes dados para
ter uma homogeneidade na hora de realizar a análise, mas resguarda-se a
possibilidade de realizar uma comparação entre os resultados obtidos nestas duas
etapas da pesquisa.
5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS FINAIS
A análise e discussão dos resultados obtidos nas entrevistas do questionário final,
serão divididas em cinco grandes grupos: aspectos preliminares, aspectos sócio-
econômicos, avaliação energética e de serviços, comportamento quanto ao banho e
avaliação arquitetônica.
5.2.1 Aspectos preliminares
As entrevistas foram realizadas nos bairros com maior número de habitações de
interesse social dentro da Zona de Amortecimento do Parque Nacional de Jurubatiba.
Os quatro bairros escolhidos contêm um número representativo de HIS e tentou-se
109
dividir o número de entrevistas de forma equitativa nos bairros, como é mostrado na
figura 4.7, seguindo o percentual parecido em cada bairro e segundo o número de
moradias no bairro, como é mostrado no capítulo 3, na tabela 3.8.
5.2.2 Aspectos sócio-econômicos
O aspecto sócio-econômico nos mostra dados importantes para identificar as famílias
que moram nestas residências. Pelo fato das entrevistas serem feitas em dias de
semana (de segunda a sexta) em horários de trabalho, a maior parte dos entrevistados
foram donas de casa, que ficam maior parte do tempo nas residências e que
controlam as contas de eletricidade e também tomam conta dos filhos e de tarefas da
casa. Esse fato beneficiou a pesquisa, pois, pelo observado, elas conhecem bem as
despesas das famílias e têm maior conhecimento dos costumes no que se refere ao
consumo de eletricidade e outros serviços.
Foi observado também que o número de habitantes por moradia mostrados na figura
4.9, ajuda na análise e compreensão do consumo dos serviços, assim pode-se ter
uma média aproximada do consumo de eletricidade por pessoa em um mês:
x= Média aproximada do consumo de energia por pessoa
a= Somatória da quantidade de kWh utilizados nas residências entrevistadas
b= Somatória da quantidade de moradores das residências entrevistadas
Este número é relativo, pois depende de cada família, mas nos uma idéia geral do
consumo aproximado dos moradores entrevistados.
Outro dado relevante é a faixa etária dos moradores, mostrado na figura 4.10, que na
sua maioria são pessoas com menos de 30 anos. Este dado pode nos ajudar a
110
entender os costumes quanto ao banho, pois foi respondido nas entrevistas que as
pessoas mais jovens são as que ficam mais tempo no banho, e se este é com água
quente o tempo é ainda maior. Alguns entrevistados responderam que esta foi um das
razões que os motivou a não ter chuveiro elétrico, que alguns tinham e decidiram
tirá-los. Também foi observado que as mulheres são as que preferem tomar banho
quente, às vezes tendo que aquecer a água no fogão, o que mostra um desconforto na
hora de tomar banho.
Foi comprovado que entre as ocupações principais dos chefes de família (que neste
caso são os homens) são os trabalhos temporários ou são aposentados e não
trabalham, mostrados na figura 4.11. Aqui, novamente é observado o papel importante
da mulher nas famílias entrevistadas, pois devido à falta de emprego dos chefes de
família, são elas que procuram uma complementação de renda nas suas residências,
com comércio informal ou salões de beleza.
Foi observado também que a escolaridade dos chefes de família, mostrada na figura
4.12, pode ser um dos fatores que influenciam a baixa renda destas, pois quase 70%
deles só lê e escreve e não chegou a completar o ensino médio. Nenhum dos
entrevistados possui curso superior, o que chamou a atenção, mas os filhos menores
de idade freqüentam as escolas do município, isto pode ser explicado porque é um
dos requisitos da Prefeitura para obter a casa. Também foi observado que as
gerações seguintes estão preocupadas com a sua formação, pois existe um
pequeno número de filhos que freqüentam a Universidade.
Como é observado na tabela 4.2, a renda das famílias entrevistadas é menor que um
salário nimo, o que é baixo em relação ao Brasil, mas isto se deve à falta de
emprego e de escolaridade dos chefes de família.
5.2.3 Avaliação energética e de serviços
No questionário piloto foi observada a existência de uma tarifa de baixa renda
oferecida pela concessionária de energia elétrica, mostrada na tabela 4.3, mas
chamou a atenção que nem todas as famílias que vivem em HIS têm acesso a esta. A
111
tarifa deve ser solicitada à concessionária pelos moradores; só metade dos moradores
tem essa tarifa e a outra tem a convencional.
Segundo dados da Aneel (2009
b
) a tarifa de baixa renda é cobrada dependendo do
consumo em kWh da moradia, por exemplo: sendo a tarifa residencial convencional de
0,39397 R$/kWh, a tarifa residencial de baixa renda, tendo um consumo de até 30kWh
é de 0,13038 R$/kWh, tendo uma diminuição de 67% do custo convencional. No caso
das famílias entrevistadas, onde a média tinha um consumo entre 80 e 100kWh é
cobrado 0,22974 R$/kWh, tendo uma diminuição na sua conta de 42%
aproximadamente do custo convencional. Essa tarifa tem um limite de consumo de
140kWh, passando deste limite não é mais considerado o consumo da moradia como
baixa renda. Acredita-se que a falta de informação é um dos fatores para que 50%
da população entrevistada tenha acesso a esta tarifa especial.
O consumo de eletricidade das famílias é alto quando comparado a sua renda mensal,
como mostrado na tabela 4.2, pois o pagamento deste serviço representa uma grande
parte do orçamento familiar, já que a maioria paga valores entre R$ 50,00 e R$
100,00, como podemos observar na figura 4.14. Foi observado também que várias
famílias tem que parcelar esta quantia para conseguir pagá-la. Também observou-se
um caso onde a família não tem eletricidade mais de 1 mês por não ter recursos
para pagar a conta de eletricidade.
Os dados obtidos nas entrevistas são de uma temporada neutra (abril) que representa
o outono, onde as temperaturas do ar não são baixas para a utilização de água quente
no banho, nem quentes para a utilização de ventiladores. Não se constatou a
existência de ar-condicionado em nenhuma das casas visitadas, o que seria um fator
representativo para o alto consumo de eletricidade.
Outro fator observado foi que as casas possuem uma boa circulação de ar, o que
colabora para a não utilização de aparelhos elétricos como ventiladores, isto foi
observado principalmente nas residências mais novas. Este pode ser um dos motivos
pelos quais os modelos das HIS vem sendo modificados com o passar do tempo,
112
tentando melhorar a qualidade das moradias, pois, desde que o Programa Municipal
de Habitação existe (1991) as casas sofreram pequenas modificações nos projetos
arquitetônicos, seguindo a mesma tipologia e distribuição, mas apresentando
melhorias no aspecto de conforto ambiental e no material utilizado, como será
evidenciado posteriormente na avaliação arquitetônica.
O consumo de eletricidade das famílias varia entre 50 a 150kWh, como é mostrado na
figura 4.15. Foi realizado um levantamento da média de lâmpadas utilizadas em cada
casa, para assim avaliar a possível existência excessiva de lâmpadas, o qual não foi
um fator relevante na hora de avaliar os resultados, pois a maioria das famílias utiliza
uma média de 6 lâmpadas, como pode se observar na figura 4.16, mas observa-se o
fato que sejam incandescentes na sua maioria.
Percebeu-se uma preocupação por parte das famílias em economizar energia, pois um
pequeno percentual das casas (12%) trocou as lâmpadas incandescentes pelas
fluorescentes que consomem menos energia elétrica, avalia-se que este percentual é
baixo devido ao alto custo inicial deste tipo de lâmpadas. Entre as possíveis soluções,
pode-se propor como parte de uma política pública, o incentivo ao uso de lâmpadas
eficientes.
No que diz respeito à posse de eletrodomésticos, observamos que este fato se
relaciona ao alto consumo de energia destas famílias, pois como observamos na figura
4.18, a maioria possui em torno de 8 eletrodomésticos, entre os quais, o único utilizado
em 100% das casas é a TV como elemento imprescindível, seguido da geladeira,
ventilador, tanquinho e DVD, o que nos mostra que o consumo de eletrodomésticos
representa uma parte importante entre os costumes destas famílias. Observou-se o
fato que 35% das famílias tem interesse em adquirir maior quantidade de
equipamentos eletrônicos, entre os mais mencionados estão: computador, máquina de
lavar e uma geladeira nova.
Na maioria das casas observou-se que as geladeiras podem ser um dos fatores que
incrementa o consumo de energia elétrica, pois são antigas e conseqüentemente
113
pouco eficientes. Podem ser propostas políticas públicas que visem à melhoria dos
equipamentos eletrônicos básicos destas moradias de baixa renda.
Chamou a atenção o baixo número de habitações que possui chuveiro elétrico (31%),
pois prefere em geral ter acesso a outros eletrodomésticos e tomar banho com água
fria, o que a maioria das pessoas que moram na área urbana das grandes cidades,
como Rio de Janeiro ou Niterói, de clima semelhante, pode achar pouco lógico. Trata-
se de uma tradição ou costume local bastante específico.
Este fato nos mostra que, portanto, o principal problema no consumo de energia não é
o uso do chuveiro elétrico, que inicialmente acreditou-se ser um dos problemas a
resolver, pois foi observado que os costumes da população desta região são
diferentes; assim, as propostas de soluções devem seguir a identidade do local.
Quanto ao conhecimento sobre energias renováveis, foi observado na tabela 4.5 que
existe interesse pelos moradores em ter maior informação, principalmente para tentar
economizar nas suas contas de eletricidade, ou simplesmente por curiosidade, mas
não sendo mencionado em momento algum qualquer aspecto ambiental ligado ao
Parque. Este fato nos chama a atenção pela falta de relação e conhecimento dos
moradores ao Parque Nacional de Jurubatiba e sem significado, sendo que eles se
encontram residindo dentro de uma área de amortecimento de uma grande área de
proteção ambiental, mas parece que não têm nenhum contato com este. O poder
público não incentiva a capacitação dos moradores das HIS, que representam um
grande percentual do total da população do município, para viverem de forma mais
integrada, inclusive tirando partido dessa proximidade.
5.2.4 Comportamento quanto ao banho
A maioria das casas não possui chuveiro elétrico e foi verificado que a maioria das
famílias não tem interesse por adquiri-los, devido ao fator econômico. Outro fator
importante é o costume, pois uma parte da população toma banho com água fria por
114
medo de ficar doente se tomar banho com água quente, devido a mudança de
temperatura ao sair do banho.
Fazendo uma análise dos dados obtidos nas entrevistas e mostrados na tabela 4.6,
observa-se que existe um percentual de pessoas que não possuem chuveiro elétrico,
mas deseja instalá-lo (15%), e um percentual que possui chuveiro elétrico (31%). A
soma destes dois percentuais chega a 46% do total das casas entrevistadas, o que
representa uma quantidade de moradias as quais pode ser oferecido o uso de
energias solar térmica para aquecimento de água para tomar banho.
Existe também um percentual de pessoas que na época de frio aquecem no fogão
água para tomar banho, mas mesmo assim não pretendem comprar chuveiro elétrico
pelo alto consumo de energia. Não foi feita uma estimativa do custo de aquecer a
água fria com GLP. Estas pessoas representam uma demanda reprimida no uso de
água quente para o banho, pois utilizam outros recursos para obter um conforto nesta
hora. Fazendo um somatório dos dados da tabela 4.6, onde 31% de moradias que
utilizam chuveiro elétrico mais 30% que aquecem água no fogão, citados no item
4.2.4.1 do capítulo 4, temos como resultado que 61% das moradias são consumidores
potenciais de água quente para tomar banho. Somando-se aqueles que desejam
instalar chuveiros no futuro (15%) chega-se a 76% do total das moradias
entrevistadas.
Também observou-se na tabela 4.7 que no inverno o percentual de pessoas que
aquecem água para tomar banho aumenta, seja com o chuveiro elétrico ou com outros
recursos. No verão, o percentual de pessoas que tomam banho quente sempre é de
5%, e às vezes 13%. No inverno 28% sempre toma banho quente e 29% às vezes. O
somatório mostra que 57% das moradias necessitam de água quente para o banho em
algumas épocas do ano.
Como se pode observar, os dados podem ser analisados de forma diferente obtendo
resultados que variam, mostrando que a alternativa do uso de energia solar térmica
pode ser uma das opções para ser proposta em alguns casos, e em outros pode-se
115
propor o uso complementar de outra fonte renovável de energia, como a eólica de
pequeno ou médio porte. Deve-se enfatizar que qualquer proposta para esta
população deve visar à conservação dos costumes das pessoas, pois não se pode
propor projetos que estejam fora dos costumes da população, tentando sempre se
adequar à cultura do local.
Por outro lado, como podemos observar na figura 4.19, foi notado que o horário mais
solicitado para tomar banho nas casas entrevistadas é por volta das 18:00 horas,
horário de pico e crítico para as concessionárias, o que torna de interesse delas a
melhoria deste costume. Seguindo a Lei 9.991/00, que dispõe sobre a realização de
investimentos em pesquisa e desenvolvimento de projetos em eficiência energética
por parte das empresas concessionárias, podem ser propostas parcerias neste
sentido.
5.2.5 Avaliação arquitetônica
As casas foram sofrendo algumas alterações desde o ano de 1991, quando foram
implantadas as primeiras HIS dentro do Plano Municipal de Habitação, em função de
busca de aprimoramento nos materiais utilizados e nas dimensões de vãos que
melhoram as condições térmicas e de circulação de ar dentro das moradias.
Muitas casas sofreram alterações realizadas pelos próprios moradores que as
habitam, sendo algumas relevantes, mas não se tem conhecimento que seja permitido
pela Prefeitura, por se tratar de um imóvel que é pertencente ao governo municipal,
como foi explicado no capítulo 3.
Por outro lado, nesta parte da pesquisa observou-se que 32% das casas têm uma
orientação do telhado perfeita para a inserção de coletores solares, mas como foi
mencionado em outros projetos mostrados no capítulo 2, existem no mercado
equipamentos que podem ser colocados em estruturas portantes, com flexibilidade
para serem direcionados para a posição geográfica mais favorável do sistema.
116
CAPÍTULO 6
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho desenvolvido sobre a análise da possível implantação de energia solar
térmica e eólica de pequeno porte em habitações de interesse social como parte de
uma política pública, tendo como objeto de estudo o município de Quissamã, no
estado do Rio de Janeiro, nos demonstrou a importância do estudo prévio para o uso
destas tecnologias, já que há dependência de diversos fatores, como climáticos,
sociais, e culturais e a relação do consumo de energia elétrica dessas populações. O
presente trabalho visa contribuir para o preenchimento inicial desta lacuna.
Foi realizada uma revisão bibliográfica contextualizando o tema, tanto no âmbito
mundial como no âmbito brasileiro. No que se refere ao consumo de energia, são
mostrados alguns conceitos de diferentes autores sobre o uso destes recursos
renováveis e suas vantagens, que podem ser tanto ambientais como econômicas, mas
ainda tendo barreiras que impedem sua aplicação de forma massiva.
Depois de estudadas as diferentes fontes renováveis de energia, foram selecionadas
para este estudo: a energia solar térmica e a energia eólica de pequeno porte, como
soluções viáveis a serem implantadas em projetos de habitações de interesse social,
devido a sua presença no mercado nacional e ao atual acesso econômico. Também
foram estudados alguns projetos já implantados que utilizaram estas tecnologias em
algumas comunidades; isto serviu de referência para desenvolver a nossa proposta.
Para a realização do estudo de caso, identificou-se o alto potencial do município de
Quissamã, tanto no aspecto climático como no aspecto social, para o uso de energia
renovável. A recepção dos atores sociais foi um dos principais fatores que motivou ao
desenvolvimento deste estudo. A presença do Parque Nacional de Jurubatiba foi outro
dos motivadores ao desenvolvimento do trabalho, pois uma área de preservação
ambiental desta dimensão precisa chamar a atenção dos moradores que a rodeiam e
ao poder público também, necessitando ter uma aproximação com tecnologias
ambientalmente corretas.
117
A hipótese levantada neste trabalho se refere à propor como parte de uma política
pública, a implantação de energia solar térmica e energia eólica de pequeno ou médio
porte a um município específico, que considera dentro de suas diretrizes a futura
adoção de tecnologias sustentáveis em zonas ambientalmente vulneráveis. Um fator
importante neste sentido é que o município de Quissamã abriga grande parte de uma
das principais áreas de conservação ambiental do Estado de Rio de Janeiro, que é o
Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.
Um fato importante evidenciado na pesquisa é a falta de conhecimento dos moradores
do município com o significado da unidade de conservação, pois a falta de
identificação da população com o Parque é uma tarefa que deve ser trabalhada por
parte do poder público, e a proposta que derive deste trabalho pode ser um passo
para uma primeira aproximação da população de baixa renda com esta área de
preservação ambiental.
Ao se fazer o levantamento de dados no município, obteve-se uma resposta positiva
tanto do poder público, como por parte da população entrevistada, devido à disposição
demonstrada destes dois atores sociais. Comprovaram-se também as condições
climatológicas que favorecem o uso destas tecnologias, devido ao alto potencial tanto
solar como eólico da região, mencionados no atlas solar e lico que foram citados ao
longo deste trabalho.
Realizando o levantamento de dados nas entrevistas, constatou-se o fato das famílias
pagarem uma alta quantia pelo consumo de energia elétrica, o que chamou a atenção
devido a baixa renda destas, pois segundo a pesquisa realizada a maioria dos chefes
de família dependem de empregos temporários, o que não garante uma renda fixa.
Assim, o custo pago pela eletricidade representa um ônus muito grande para o
orçamento familiar.
Antes de realizar o levantamento de dados por meio de entrevistas, tinha-se a
hipótese que o principal problema para o alto consumo de energia elétrica na área
residencial sempre estava relacionado ao uso do chuveiro elétrico. Mas depois de
realizado o levantamento, constatou-se que esta hipótese não é válida para todos os
casos, pois um percentual baixo das famílias entrevistadas utiliza este aparelho
elétrico e, mesmo assim, a maioria destas apresenta um alto consumo de energia.
118
O uso de vários aparelhos elétricos pelas famílias estudadas é um dos principais
fatores que influenciam no alto custo pago pelo consumo de energia elétrica, havendo
observado que aparelhos como TV, ventilador e tanquinho são os que a maioria dos
moradores possuem. O uso de lâmpadas incandescentes também contribui para o
consumo de energia de forma ineficiente, sugerindo-se a troca destas luminárias. Isto
pode ser proposto pelo poder público junto a concessionária de energia elétrica.
Outro aparelho eletrodoméstico presente na maioria das casas é a geladeira, sendo
que uma grande parte delas são antigas, pouco eficientes ou se encontram em mal
estado, o qual influencia diretamente no consumo ineficiente da energia. Por este fato
propõe-se chamar a atenção do poder público e da concessionária distribuidora de
energia elétrica, sugerindo a troca de geladeiras mais eficientes, como parte de uma
política pública. Esta troca pode ser financiada, pois as famílias beneficiadas não
receberiam de graça estes equipamentos, e podem pagar um valor significativo por
eles, pois por diferentes experiências observadas em diferentes casos, observa-se que
quando uma família é beneficiada sem custo algum com algum material ou
equipamento, este não é bem aproveitado ou pode ser vendido pouco tempo depois
de recebido.
Portanto, sugere-se a substituição de lâmpadas e geladeiras por outras mais eficientes
em todas as casas que o requeiram. O pagamento deve ser significativo para os
beneficiados, e podem ser feitas parcerias com o governo municipal e a
concessionária distribuidora de energia elétrica da região. Esta política tem sido
utilizada tanto no Brasil como no exterior.
Observou-se também que existe uma demanda reprimida de moradores que requerem
água quente para o banho, com isto vemos que pode significar uma opção para o
futuro. Também foi observado, que o uso de energia solar térmica para aquecimento
de água pode ser proposto como parte de uma política pública a ser aplicada neste
tipo de moradia.
Ao mesmo tempo, devido ao alto potencial eólico que tem a região, percebeu-se que
pode se propor o uso de energia eólica de pequeno ou médio porte nas habitações de
interesse social. Com a intenção de otimizar o uso desta tecnologia, sugere-se que
seja aplicada nas habitações que se encontram agrupadas em conjuntos
habitacionais, assim um aerogerador pode distribuir energia elétrica a mais de uma
119
residência. Isto pode ser proposto também nas áreas de bolsões do Parque, devido a
se encontrarem rodeadas da UC. Recomenda-se um estudo técnico para se avaliar a
melhor escala em potência destes aerogeradores.
A inserção e o incentivo ao uso destas tecnologias podem influenciar de forma positiva
as famílias de baixa renda, pois paralelamente podem se oferecer cursos de
capacitação para que se especializem técnicos na manutenção destes equipamentos,
assim gerando uma nova fonte de trabalho oferecida aos moradores das habitações
de interesse social. Desta forma, os técnicos capacitados podem trabalhar no mesmo
município, nesta área. Com isto contribuir-se-ia na geração de empregos na região.
6.1 RECOMENDAÇÕES
Como estudos futuros propõem-se:
Dando continuidade a este trabalho, recomenda-se fazer um estudo econômico
detalhado para cada uma das propostas mencionadas, a possível inserção de energia
solar térmica, eólica de pequeno e médio porte e a substituição de equipamentos
como geladeira e lâmpadas nas HIS neste município. Este estudo de viabilidade
econômica, junto com os resultados obtidos neste trabalho pode ser apresentado para
as possíveis parcerias propostas ao governo municipal e à concessionária de energia
elétrica da região.
Realizar atividades de educação ambiental com os moradores das habitações de
interesse social, informando à população sobre o uso de energias renováveis e suas
aplicações, já que como foi visto na pesquisa, existe um alto percentual de moradores
que têm interesse em ter acesso a maior conhecimento.
Foi percebido também, que é importante trabalhar na informação sobre eficiência
energética, mostrando aos moradores como podem economizar energia elétrica,
indicando como utilizar os aparelhos elétricos de forma correta e eficiente, já que,
como foi visto na pesquisa, algumas medidas tomadas por eles não são
suficientemente eficientes.
120
Também se propõe fazer um estudo deste tipo em moradias de classes sociais mais
favorecidas, como incentivo ao uso desta tecnologia, principalmente as que estão
dentro desta mesma área de amortecimento do Parque Nacional.
120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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130
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO SOBRE POSIVEL INSERÇÃO DE COLETORES SOLARES EM
HABITAÇÓES DE INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ - (VERSÃO PILOTO)
PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO – UFF 2008
ORIENTADORA: Prof. Louise Land B. Lomardo
ORIENTADA: Mayra Luzia Miranda Portillo
Local: Quissamã – RJ
Bairro:
Data:
A. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA
1. Posição familiar do entrevistado
Esposo esposa filho/enteado parente outro
2. Naturalidade dos donos da casa
Quissamã Rio de Janeiro outro
3. Quantas pessoas moram na casa
2 3 4 5 6 7 8 > 8
4. Quantidade de moradores por idade
até 10anos 11-20 20-30
30-40 40-50 >50
5. Ocupação do chefe da família
Autônomo indústria comércio serv.
Transporte público construção informal
aposentado outro
6. Escolaridade do chefe de família
Analfabeto lê/escreve 2 grau superior
7. Qual a renda da família
½ SM 1SM +1-2 SM +2-3SM
+3-4SM +5 SM
8. Há quanto tempo moram no local
<1ano 1-2 anos 2-5 anos 6 anos
9. A família tem telefone?
sim não
10. A família tem celular?
não sim
11. A família tem computador?
sim não
12. Alguém da família usa internet?
sim não
13. Onde?
escola trabalho vizinho outro
14. Que tipo de condução a família
tem?
Carro moto bicicleta caminhão nenhum
15. Existe alguma atividade de
complementação de renda que é
realizada na moradia?
costura doces picolé consertos carro
bar mercadinho outro
131
B. AVALIAÇÃO DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS E POTENCIAL DA
DEMANDA
16.Quais equipamentos elétricos você tem e usa (quantidades)
Geladeira freezer ferro chuveiro batedeira microondas forno elétrico
microondas liquidificador radio TV maq.costura tanquinho maq.lavar
secador ventilador som videocassete ventilador computador outro
17. Você gostaria de comprar mais equipamentos eletrônicos?
Sim não Quais?
C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA
18. Qual o consumo mensal c/eletricidade (solicitar conta de luz)
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 ultimo mês
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 1
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 2
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 3
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 4
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 5
19. Quantas lâmpadas existem na casa?
incandescente 40W incandescente 60W incandescente 100W
Fluorescente 40W compacta 7W compacta 12W
20. Alguém da família sabe o que é e qual a potência dos aparelhos eletrodomésticos?
Sim não alguns
21. O que a família costuma fazer para economizar energia elétrica?
citar:…………..
22. Utiliza gás na sua casa? Como chega?
Sim não
23. Qual o consumo mensal de gás (em botijões de gás) media mensal R$
½ 1 1 ½ 2 2 ½ 3
132
24. A família costuma aquecer água no fogão a gás?
sim não a gás a lenha Em que situações.....
25. Qual o consumo médio mensal de água em m3 ?
0-10 10-12 12-20 20-30
26. Existe caixa d’água na moradia?
sim 250litros 500 litros 1000 litros não deseja colocar
27. A família costuma molhar o gramado e as folhagens?
Sim não às vezes flores outro
28. A família costuma lavar as calçadas?
sim não às vezes
29. Quantas vezes são lavadas as calçadas?
não são lavadas uma vez p/semana 2 vezes semana 3 vezes semana todos os dias outro
30. Quantas vezes é lavado o carro?
1 vez p/semana a cada 15 dias não lava carro não tem carro outro
31. Utiliza água quente em algum outro lugar da casa que não seja no banho? Qual?
sim não deseja colocar (onde)
32. De onde vem sua água?
Encanada Poço de manilhas Poço cartesiano
33. Sempre tem?
Sim não às vezes
34. Utiliza bomba? Sabe a potencia?
Sim não às vezes
35. Qual o destino do esgoto da sua casa?
Ligado na rede de esgoto fossa outro
36. Destino do seu lixo? Freqüência?
Coleta de lixo em caminhão Coleta seletiva Queima outro
133
D. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO
37. Tem água quente nu seu chuveiro?
sim não deseja colocar
38. No verão a família toma banho quente?
sim quase sempre às vezes nunca toma banho morno toma banho frio
39. No inverno a família toma banho quente?
Sempre quase sempre às vezes nunca
40. Quantas vezes por dia tomam banho quente?
Pai mãe filho filha avó avô primos/tios
41. Em que horários?
pai mãe filho filha avó avô tia (prima) tio (primo)
outro
(a) +-6:00 (b) +- 12:00 (c) +-18:00 (d) +- 22:00
42. Quanto tempo a família fica no banho quente?
Pai mãe filho filha avó avô primos/tios
(a) <5min (b) 5-10 min (c) 10-15 min (d) >15min
E. AVALIAÇÃ ARQUITETÔNICA
43. Quanto tempo mora na casa?
44. Teve alguma alteração na construção original? qual?
sim não desejo
45. Estado da casa?
a b c .......................................................................
46. Posição da casa com relação ao Norte? Por onde sai o sol e onde se põe?
Muito obrigada pelo seu tempo!
134
APÊNDICE B
ANALISE DO QUESTIONARIO SOBRE POSSIVEL INSERSÃO DE COLETORES
SOLARES E ENERGIA EÓLICA DE PEQUENO PORTE EM HABITAÇÕES DE
INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ
QUESTIONÁRIO PILOTO
A. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA
1
Entravistado 2 Naturalidade
entre
v esposo esposa filho (a) outro
TOTA
L Quissamã outro TOTAL
1
12
6
3
22
19
3
22
% 4,5%
54,5%
27,3%
13,6%
100,0
%
86,4%
13,6%
100,0%
3
Habitantes x moradia
nº hab 1 2 3 4 5 6 7 8 TOTAL
nº moradia
0
1
5
1
7
5
1
2
22
total hab 0
2
15
4
35
30
7
16
109
% 0,0%
1,8%
13,8%
3,7%
32,1%
27,5%
6,4%
14,7%
100,0%
4
Idade dos moradores
idade < 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 > 50 TOTAL
32
20
25
12
10
9
108
% 30,8%
19,2%
24,0%
11,5%
9,6%
8,7%
103,8%
5
Ocupação do chefe da familia
ocupa
ção
autôno
mo
indust
ria
comer
cio
transpor
te
públic
o
construç
ão informal
aposent
ado
outr
o
desemprega
do
TOT
AL
4
2
1
3
3
4
1
4
22
% 18,2%
9,1%
0,0%
4,5%
13,6%
13,6%
0,0%
18,2%
4,5%
18,2%
100,
0%
6
Escolaridade do chefe da familia
Analfabeto lê/escreve
fundament
al 2 grau superior TOTAL
4
14
4
22
% 18,2%
63,6%
0,0%
18,2%
0,0%
100,0%
7
Renda da Familia (salario mínimo)
faixa 1/2 SM 1 SM 1-2 SM 2-3 SM 3-4 SM 5 SM TOTAL
5
12
3
1
1
22
% 22,7%
54,5%
13,6%
4,5%
4,5%
0,0%
100,0%
8
Tempo que moram no local
anos < 1 1 a 2 3 a 4 5 a 6 7 a 8 9 a 10 >10
TOTAL
familias 2
3
14
3
22
% 9,1%
13,6%
0,0%
63,6%
0,0%
13,6%
0,0%
100,0%
135
9
Posse de telefone
fixo 10 Posse de celular
11 Posse de computador
sim não TOTAL sim não TOTAL sim não TOTAL
1
21
22
19
3
22
2
20
22
% 4,5%
95,5%
100,0%
86,4%
13,6%
100,0%
9,1%
90,9%
100,0%
12
Uso de internet 13
Onde
sim não TOTAL escola trabalho land curso casa parente TOTAL
16
6
22
6
2
5
1
1
1
16
% 72,7%
27,3%
100,0%
37,5%
12,5%
31,3%
6,3%
6,3%
6,3%
100,0%
14
Condução da familia 15
Atividade
complementares de renda
carr
o
mot
o
biciclet
a
nenhu
m
TOTA
L picole costura
bolsa
flia
outr
o
TOTA
L
3
2
13
5
23
1
1
1
1
4
%
13,0
%
8,7
%
56,5%
21,7%
100,0
%
25,0%
25,0%
25,0%
25,0
%
100,0
%
B. AVALIAÇÃO DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS
16
Eletrodomésticos q possui e usa
eq
uip
. geladeira freezer ferro
chuvei
ro batedeira microondas
forno
elétr. liquidificador radio
21
2
18
5
2
1
3
19
21
% 95,5%
9,1%
81,8%
22,7%
9,1%
4,5%
13,6%
86,4%
95,5
%
eq
uip
. TV maq.costura
tanqui
nho
maq.l
avar secador DVD
ventilad
or computador som
22
2
10
3
3
21
17
2
5
% 100,00%
9,09%
45,45%
13,64
%
13,64%
95,45%
77,27%
9,09%
22,73
%
17
Desejo comprar
sim não TOTAL computador freezer DVD TV som TOTAL
10
12
22
5
1
1
1
1
9
% 45,5%
54,5%
100,0%
55,6%
11,1%
11,1%
11,1%
11,1%
100,0%
C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA E DE SERVIÇOS
18
Consumo medio de eletricidade (kWh) 18.a Tarifa econômica
consumo < 50 51 a 100 101 a 150
151 a
200 201 a 250 >250 TOTAL sim não TOTAL
4
7
6
1
1
19
11
5
16
% 21,1%
36,8%
31,6%
0,0%
5,3%
5,3%
86,4%
68,8%
31,3
%
72,7%
19
Lampadas existentes x moradia
20. Conhecimentos
sobre potencia
inc.
40 W
inc. 60
W
inc. 100
W
comp
. 7 W comp. 12 W
fluor.
40 W TOTAL sim não
TO
TA
L
38
89
3
13
10
0
153
3
18
21
MEDIA
LAMPADAS/CASA
7,0
%
24,8
%
58,2%
2,0%
8,5%
6,5%
0,0%
100,0%
14,3%
85,7
%
95,
5%
136
21
Comportamentos para
economizar energia
comp
ort. chuveiro tomada lampadas ventilador TV freezer geladeira
nada
TOT
AL
4
8
8
1
1
1
1
5
29
% 18,2%
36,4%
36,4%
4,5%
4,5%
4,5%
4,5%
22,7
%
22
Uso de gás 23
Consumo mensal de gás (botijão)
sim não TOTAL ½ 1 1 ½ 2 TOTAL
22
22
6
15
1
22
% 100,0%
100,0%
27,3%
68,2%
0,0%
4,5%
100,0%
24
Aquecimento a gás de água para
banho
sim não TOTAL
8
13
21
% 38,1%
61,9%
100,0%
25
Consumo medio de água (m³) 26 Existência de caixa d' água
0-10 10 a 12 12 a 20 > 20 TOTAL 250 l 500 l 1000 l TOTAL
5
1
6
1
18
6
25
% 83,3%
16,7%
27,3%
4,0%
72,0%
24,0%
100,0%
27
Habito de molhar gramado e
folhagens 28 -
29 Habito de molhar gramado e folhagens
sim não
às
vezes TOTAL
às
veze
s 1 vez x sem
2 vez. x
sem
3 vez. X
sem
todos os
dias não
TOTA
L
10
11
1
22
2
9
2
3
1
4
21
%
45,5
%
50,0
%
4,5%
100,0%
9,5
%
42,9%
9,5%
14,3%
4,8%
19,0%
100,0
%
30
Habito de lavado de carro 31
Habitos de uso de água quente fora do
banho
1 vez x
sem
cada 15
dias
1 vez x
mês não tem
TO
TA
L sim
não
TOTAL
2
1
2
17
22
1
21
22
% 9,1%
4,5%
9,1%
77,3%
10
0,0
%
4,5%
95,5%
100,0%
32
Abastecimento da água 33
Frequencia do abastencimento 35
Sistema de esgoto
encanada poço TOTAL sempre
problemas TOTAL Rede fossa TOTAL
22
22
11
11
22
22
22
% 100,0%
0,0%
100,0%
50,0%
50,0%
100,0%
100,0%
0,0%
100,0%
36
Destino do lixo 36 a. Frequencia
cami
nhã
o
quei
ma
TOTA
L
1
vez
x
sem
2 vez. x
sem 3 vez. X sem
4 vez. x
sem
5 vez. X
sem
6 vez. X
sem
todos os
dias
TOT
AL
22
22
3
3
13
2
21
%
100,
0%
100,0
%
14,3%
0,0%
14,3%
61,9%
9,5%
100,
0%
137
D. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO
37
Exintencia de água quente no chuveiro 38
Habito de água quente: no verão
sim não TOTAL deseja não deseja TOTAL sempre
às vezes nunca TOTAL
5
17
22
6
4
10
1
21
22
% 22,7%
77,3%
100,0%
60,0%
40,0%
45,5%
0,0%
4,5%
95,5%
100,0%
39
Habito de água quente: no inverno 40
Habitos de banho da familia x dia
sempre às vezes nunca TOTAL 1 vez
2
vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes TOTAL
5
7
10
22
4
13
4
1
1
23
% 22,7%
31,8%
45,5%
100,0%
% 17,4%
56,5%
17,4%
4,3%
4,3%
100,0%
41
Habitos de banho da familia por horarios
4
2
Tempo de banho da familia
horári
os
aprox. 6
hr
aprox. 12
hr
aprox. 18
hr
aprox. 22
hr
TOTA
L
< 5
min
5 a 10
min
10 a 15
min
> 15
min
TOT
AL
13
13
20
1
47
4
6
3
9
22
% 27,7%
27,7%
42,6%
2,1%
100,0
%
% 18,2%
27,3%
13,6%
40,9%
100,
0%
E. AVALIAÇÃO ARQUITETÔNICA
44
Alterações na casa
sim não TOTAL puchado garagem outra casa serviço muro
TOTAL
8
11
19
1
1
2
2
3
9
%
42,1
%
57,9%
86,4%
12,5%
12,5%
25,0%
25,0%
37,5%
45
Estado da casa
bom m. ou m. ruin TOTAL
13
5
4
22
% 59,1%
22,7%
18,2%
100,0%
138
APÊNDICE C
QUESTIONÁRIO SOBRE POSIVEL INSERÇÃO DE COLETORES SOLARES EM
HABITAÇÓES DE INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ - (VERSÃO FINAL)
PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO – UFF 2008
ORIENTADORA: Prof. Louise Land B. Lomardo
ORIENTADA: Mayra Luzia Miranda Portillo
Local: Quissamã – RJ
Bairro:
Data:
Modelo Antigo Modelo Novo
A. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA
1. Posição familiar do entrevistado
Esposo esposa filho/enteado parente outro
2. Naturalidade dos donos da casa
Quissamã Rio de Janeiro outro
3. Quantas pessoas moram na casa
2 3 4 5 6 7 8 > 8
4. Quantidade de moradores por idade
até 10anos ( ) 11-20( ) 20-30( )
30-40 ( ) 40-50( ) >50( )
5. Ocupação do chefe da família
Autônomo indústria comércio serv.
Transporte público construção informal
aposentado outro
6. Escolaridade do chefe de família
Analfabeto lê/escreve 2 grau superior
7. Qual a renda da família
½ SM 1SM +1-2 SM +2-3SM
+3-4SM +5 SM
8. Há quanto tempo moram no local
<1ano 1-2 anos 2-5 anos 6 anos
9. A família tem telefone fixo?
sim não
10. A família tem celular?
não sim
11. A família tem computador?
sim não
12. Alguém da família usa internet?
sim não
13. Onde?
escola trabalho vizinho land house
curso outro
14. Que tipo de condução a família
tem?
Carro moto bicicleta caminhão nenhum
15. Existe alguma atividade de
complementação de renda que é
realizada na moradia?
costura doces picolé consertos carro
bar mercadinho nada outro
139
B. AVALIAÇÃO DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS E POTENCIAL DA
DEMANDA
16.Quais equipamentos elétricos você tem e usa (quantidades)
Geladeira freezer ferro chuveiro batedeira microondas forno elétrico
microondas liquidificador radio som dvd TV maq.costura tanquinho
maq.lavar secador de cabelo ventilador computador outro
17. Você gostaria de comprar mais equipamentos eletrônicos?
Sim não Quais?
C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA
18. Qual o consumo mensal c/eletricidade (solicitar conta de luz)
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 (ultimo mês)
R$ Tarifa convencional Tarifa de baixa renda
até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 (mês anterior)
R$ Tarifa convencional Tarifa de baixa renda
19. Quantas lâmpadas existem na casa?
incandescente 40W( ) incandescente 60W( ) incandescente 100W( )
Fluorescente 40W( ) compacta 7W ( ) compacta 12W( )
20. O que a família costuma fazer para economizar energia elétrica?
citar:…………..
21. Utiliza gás na sua casa?
Sim não
22. Qual o consumo mensal de gás (em botijões de gás) media mensal R$
½ 1 1 ½ 2 2 ½ 3
140
23. A família costuma aquecer água no fogão para tomar banho?
sim a gás a lenha não
24. Qual o consumo médio mensal de água em m3?
0-10 10-12 12-20 20-30
25. Existe caixa d’água na moradia?
sim 250litros 500 litros 1000 litros não deseja colocar
26. A família costuma molhar o gramado e as folhagens?
Sim não às vezes flores outro
27. A família costuma lavar as calçadas?
Sim não às vezes
28. Quantas vezes são lavadas as calçadas?
não são uma x /semana 2 x /semana 3 x /semana todos os dias
29. Quantas vezes é lavado o carro?
1x /semana cada 15 dias não lava não tem carro
30. Utiliza água quente em algum outro lugar da casa que não seja no banho? Qual?
sim não deseja colocar (onde)........................
31. De onde vem sua água?
Encanada Poço de manilhas Poço cartesiano
32. Sempre tem?
Sim não às vezes
33. Qual o destino do esgoto da sua casa?
Ligado na rede de esgoto fossa outro
34. Destino do seu lixo? Freqüência?
Coleta de lixo em caminhão Coleta seletiva Queima outro
D. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO
35. Tem água quente nu seu chuveiro?
sim não DESEJA COLOCAR porque......................................
141
36. No verão a família toma banho quente?
sim quase sempre às vezes toma banho morno nunca
37. No inverno a família toma banho quente?
Sempre quase sempre às vezes nunca
38. Quantas vezes por dia tomam banho quente?
Pai( ) mãe( ) filho( ) filha( ) avó( ) avô( )
39. Em que horários?
(a) +-6:00( ) (b) +- 12:00( ) (c) +-18:00( ) (d) +- 22:00( )
40. Quanto tempo a família fica no banho quente?
(a) <5min( ) (b) 5-10 min( ) (c) 10-15 min( ) (d) >15min( )
41. Conhece ou ouviu falar sobre sistemas de aquecimento solar de água?
Sim Não
42. Conhece ou ouviu falar sobre sistemas de energia gerada de ventos?
Sim Não
43. Tem interesse em conhecer ou ter maior informação?
Sim Não Qual?.................................... Porque?.....................................
E. AVALIAÇÃ ARQUITETÔNICA
44. Teve alguma alteração na construção original? qual?
sim não desejo
45. Estado da casa?
(a) Bom (b) Regular (c) Ruim
Comentário: .......................................................................
46. Posição da casa com relação ao Norte? Por onde sai o sol e onde se põe?
Muito obrigada pelo seu tempo!
142
APÊNDICE D
ANALISE DO QUESTIONARIO SOBRE POSSIVEL INSERSÃO DE COLETORES
SOLARES E ENERGIA EÓLICA DE PEQUENO PORTE EM HABITAÇÕES DE
INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ
QUESTIONÁRIO FINAL
A. DADOS PRELIMINARES
Bairro
Penha Caxias Carmo
Sitio
Qissamã TOTAL
Tipologia
Modelo
3
Modelo
2
Modelo
1 TOTAL
20 21 15 24 80 12 11 57 80
% 25%
26% 19% 30% 100%
% 15%
14% 71% 100%
B. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA
1
Entravistado 2
Naturalidade
entrev esposo esposa filho (a) outro TOTAL Quissamã outro TOTAL
10 53 14 3 80 52 28 80
% 13%
66%
18%
4%
100%
% 65%
35%
100%
3
Habitantes x moradia
nº hab 1 hab 2 hab 3hab 4 hab 5 hab 6 hab 7 hab 8 hab ou > TOTAL
/moradia
3 6 18 21 10 8 6 8 80
% 4%
8%
23%
26%
13%
10%
8%
10%
100%
total hab
3
12
54
84
50
48
42
64
358
% 0,84%
3,35%
22,50%
23,46%
13,97%
13,41%
11,73%
17,88%
107,14%
4
Idade dos moradores
idade < 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 > 50 TOTAL
97 78 78 37 24 44 358
% 27%
22%
22%
10%
7%
12%
100%
5
Ocupação do chefe da familia
autônomo
industria
pesca
público
construção
lavoura
aposentado
outro
desempregado TOTAL
25 8 8 2 4 3 23 6 6 85
% 29%
9%
9%
2%
5%
4%
27%
7%
7%
100%
6
Escolaridade do chefe da familia
Analfabeto lê/escreve 2 grau superior TOTAL
11
55
14
0
80
% 14%
69%
18%
0%
100%
143
7
Renda da Familia (salario mínimo)
faixa 1/2 SM 1 SM 1-2 SM 3 - 4 SM TOTAL
27
42
9
2
80
% 34%
53%
11%
3%
100%
8
Tempo que moram no local
anos < 1 ano 2 a 5 anos 6 a 9 anos 10 ou > anos TOTAL
nº familias 20
25
29
6
80
% 25%
31%
36%
8%
100%
9
Posse de telefone fixo 10 Posse de celular 11 Posse de computador
sim não TOTAL sim não TOTAL sim não TOTAL
10
70
80
69
11
80
6
74
80
% 13%
88%
100%
86%
14%
100%
8%
93%
100%
12
Uso de internet 13
Onde
sim não TOTAL escola trabalho land casa TOTAL
30
50
80
11
4
13
2
30
% 38%
63%
100%
% 37%
13%
43%
7%
100%
14
Condução da familia
carro moto bicicleta nenhum TOTAL
15
7
49
13
84
% 18%
8%
58%
15%
100%
15
Atividade complementares de renda
salão venda prod. outro nada TOTAL
5
7
2
67
81
% 6%
9%
2%
83%
100%
C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA
16
Consumo medio de eletricidade (kWh) 16.a Tarifa de baixa renda
consumo
<
50 51 a 100 101 a 150 151 a 200 201 a 250
>25
0 TOTAL
sim não TOTAL
8
30
21
16
4
1
80
43
37
80
%
10
%
38%
26%
20%
5%
1%
100%
54%
46%
100%
17
Lampadas existentes x moradia
inc. 40 W inc. 60 W inc. 100 W comp. 7 W comp. 12 W fluor. 40 W TOTAL
26
366
38
45
13
488
MEDIA DE LAMPADAS POR CASA
6,1
% 5%
75%
8%
9%
3%
100%
18
Comportamentos para economizar energia
co
mp
ort.
não utilizar
chuveiro
elétrico
desligar da tomada os
eletrodomésticos
não deixar
lampadas
acessas
não utilizar muitos
aparelhos
eletrônicos
não deixar
aberta a
geladeira nada TOTAL
8
9
44
15
15
15
106
% 8%
8%
42%
14%
14%
14%
100%
144
D. AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS
19
Uso de gás 20
Consumo mensal de gás (botijão)
sim lenha TOTAL ½ 1 1 ½ 2 TOTAL
80
2
82
15
53
10
2
80
% 100%
3%
% 19%
66%
13%
3%
100%
21
Aque. de água para banho 22
Uso de água quente fora do banho
sim não TOTAL sim não TOTAL
24
56
80
0
80
80
% 30%
70%
100%
% 0%
100%
100%
23
Consumo medio de água (m³) 24 Existência de caixa d' água
0-10 10 a 12 12 a 20 TOTAL 250 l 500 l 1000 l não tem TOTAL
3
58
21
1
83
% 4%
70%
25%
1%
100%
25
Abastecimento da água 26
Frequencia do abastencimento
encanada poço TOTAL sempre problemas TOTAL
79
1
80
32
48
80
% 99%
1%
100%
% 40%
60%
100%
27
Sistema de esgoto 28
Destino do lixo
Rede fossa TOTAL caminhão queima TOTAL
80
0
80
78
2
80
% 100%
0%
100%
% 98%
3%
100%
E. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO
29
Exintencia de água quente no chuveiro
29.a Deseja colocar
29b. Motivo
sim não TOTAL sim não TOTAL enfermedade economia costume TOTAL
25
55
80
8
47
55
5
24
22
51
% 31%
69%
100%
15%
85%
100%
10%
47%
43%
100%
30
Habito de água quente: no verão 31
Habito de água quente: no inverno
sim às vezes nunca TOTAL sim às vezes nunca TOTAL
4
10
66
80
22
23
35
80
% 5%
13%
83%
100%
% 28%
29%
44%
100%
32
Habitos de banho da familia x dia
1 vez 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes TOTAL
9
31
30
9
1
80
% 11%
39%
38%
11%
1%
100%
33
Habitos de banho da familia por horarios
horários aprox. às 6 h aprox. às 12 h aprox. às 18 h aprox. às 22 h TOTAL
53
56
60
33
202
% 26%
28%
30%
16%
100%
145
34
Tempo de banho da familia
< 5 min 5 a 10 min 10 a 15 min > 15 min TOTAL
19
37
20
9
85
% 22%
44%
24%
11%
100%
35
Ouviu falar sobre Aq. Solar de água 36
Ouviu falar de energia eólica
sim não TOTAL sim não TOTAL
42
38
80
29
51
80
% 53%
48%
100%
% 36%
64%
100%
37
Tem interesse 37.a
Motivo
sim não TOTAL economia curiosidade TOTAL
50
30
80
20
32
52
% 63%
38%
100%
% 38%
62%
100%
F. AVALIAÇÃO DE POSSE DE
ELETRODOMÉSTICOS
38
Eletrodomésticos q possui e usa
equip. geladeira
freezer ferro chuveiro batedeira
microond
as
forno
elétr.
liquidificad
or
radi
o
76
8
46
25
13
5
5
57
57
% 95%
10%
58%
31%
16%
6%
6%
71%
71
%
equip. TV maq.costura tanquinho maq.lavar secador DVD
ventilado
r
computad
or
so
m
80
4
58
3
11
43
58
6
31
% 100%
5%
73%
4%
14%
54%
73%
8%
39
%
39
Desejo comprar 39a. Qual
sim não TOTAL compu lava ropa geladeira
outro TOTAL
28
52
80
12
5
4
14
35
% 35%
65%
100%
% 34%
14%
11%
40%
100%
G. AVALIAÇÃO ARQUITETÔNICA
40
Alterações na casa
40a. Quais
sim não TOTAL puchado garagem comodo area muro TOTAL
14
66
80
1
1
4
4
4
14
% 18%
83%
100%
7%
7%
29%
29%
29%
100%
41
Estado da casa 42
Posição da casa com reçlação ao N
Bom Regular Ruim TOTAL Norte Outro TOTAL
49
24
7
80
23
48
71
% 61%
30%
9%
100%
% 32%
68%
100%
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