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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
RGIO LUIZ DOS SANTOS
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO PAPEL DA CONTROLADORIA NOS PROCESSOS
DE DEMANDAS INFORMACIONAIS: PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO E
ASSIMETRIA INFORMACIONAL
Porto Alegre
2010
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SÉRGIO LUIZ DOS SANTOS
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO PAPEL DA CONTROLADORIA NOS PROCESSOS
DE DEMANDAS INFORMACIONAIS: PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO E
ASSIMETRIA INFORMACIONAL
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Economia da Faculdade de Ciências Econômicas da
UFRGS, como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Economia, modalidade Profissionalizante,
com ênfase em Economia Aplicada.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Schmidt
Porto Alegre
2010
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Responsável: Biblioteca Gládis W. do Amaral, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS
S237c Santos, Sérgio Luiz dos
Contribuição ao estudo do papel da controladoria nos processos de
demandas informacionais : problemas de comunicação e assimetria
informacional / Sérgio Luiz dos Santos. Porto Alegre, 2010.
72 f. : il.
Ênfase em Economia Aplicada.
Orientador: Paulo Schmidt.
Dissertação (Mestrado Profissional em Economia) Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Ciências Econômicas,
Programa de Pós-Graduação em Economia, Porto Alegre, 2010.
1. Contabilidade : Informação. 2. Comunicação organizacional :
Controladoria. I. Schmidt, Paulo. II. Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Faculdade de Ciências Econômicas. Programa de Pós-Graduação
em Economia. III. Título.
CDU 657.54.05
SÉRGIO LUIZ DOS SANTOS
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO PAPEL DA CONTROLADORIA NOS PROCESSOS
DE DEMANDAS INFORMACIONAIS: PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO E
ASSIMETRIA INFORMACIONAL
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Economia da Faculdade de Ciências Econômicas da
UFRGS, como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Economia, modalidade Profissionalizante,
com ênfase em Economia Aplicada.
Aprovada em Porto Alegre, ______ de ______________ de 2010.
Prof. Dr. Paulo Schmidt Orientador
UFRGS
Prof. Dr. José Luiz dos Santos Examinador
UFRGS
Profa. Dra. Luciane Alves Fernandes Examinador
UNIFIN
Prof. Dr. Paulo Roberto Pinheiro Examinador
UNIFIN
AGRADECIMENTOS
À Companhia Riograndense de Mineração, pelo estímulo dado para a realização desse
curso e apoio durante a realização deste trabalho.
Ao Professor Doutor Paulo Schmidt, por sua paciência e contribuições na orientação
desta dissertação.
Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Economia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Aos colegas de mestrado, pelas trocas de experiências e os bons momentos de
convívio, estudo e descontração.
RESUMO
Este trabalho aborda a necessidade de multifuncionalidade na Controladoria nas organizações
existentes, em função das demandas informacionais exigidas nos dias atuais. Demandas estas
que, se não atendidas e entendidas, podem provocar um impacto no resultado econômico e
financeiro da empresa, com consequências que colocam em risco, inclusive a sobrevivência
da mesma. Entende-se por demanda informacional, as necessidades informativas dos usuários
todos aqueles que detiverem maior ou menor poder decisório que venham a facilitar na
redução das incertezas nas tomadas de decisões revertendo em prol do próprio objetivo
intrínseco de uma empresa: sua rentabilidade. Necessidades informativas não significam
somente aquelas informações mensuráveis, mas também, toda e qualquer informação que de
alguma forma contribua para a tomada de decisões. Se observarmos a empresa numa visão
sistêmica, a demanda informacional estará em constante transformação e cabe à Controladoria
retroalimentar este sistema, servindo de certa forma, também, de “usuário” na medida em que
possui uma interdependência quanto à organização e utilização de informações. Justamente
pela amplitude do tema e do papel da Controladoria propriamente dita, recorre-se a vários
ramos do conhecimento como suporte abordando-se desde a visão pragmática de negócios
com a Contabilidade, passando pela Economia, Economia da informação, aporte da Teoria da
Agência e conceito de Assimetria informacional, até as interrogações de entendimento e
estudo linguístico com a utilização da Semiótica e suas questões semânticas. Também estão
incluídos os estudos dos processos e teorias de informação e de comunicação que, seguindo
certo rigor teórico, são conceitos diferentes e, por isso, teorias diferentes e fundamentais para
entender como se constituem e se processam as informações dentro da estrutura
organizacional, de que forma podem se reprocessar para constituir um novo tipo de
relacionamento e a importância da Controladoria na constituição deste novo modelo. Em
suma, este trabalho busca a interlocução destas várias ciências Economia, Contabilidade e
Comunicação, exigência para os profissionais que pretendam, direta ou indiretamente,
envolverem-se com as questões de Controladoria.
Palavras-chave: Controladoria. Assimetria informacional. Comunicação.
ABSTRACT
This paper addresses the need for multi-functionality on the Controllership in the existing
organizations, according to the informational demands required nowadays. These demands
which, if not addressed and understood, can cause an impact on the company economic and
financial results, with consequences that threaten even its survival. Informational demand is
understood as the information needs of users all of those who hold more or less decision-
making power - that will facilitate the reduction of uncertainty in decision-making in favor of
reversing the own intrinsic goal of a company: its profitability. Information needs do not
mean only those measurable information, but also any information that somehow contributes
to the decision-making. Looking at the company in a systemic view, the informational
demand will be constantly changing and it is up to the Controllership to give feedback for this
system, serving in a way, also, as the "User" as it has an interdependence in the organization
and use of information. Due to the scope of the theme and the role of the Controllership itself,
it resorts to various branches of knowledge and support - approaching from the pragmatic
view of business with Accounting, through Economics, Economics of Information,
contribution of the Agency Theory and concept of Information asymmetry, to the questions of
understanding and linguistic study with the use of semiotics and its semantic issues. Also
included are studies of information and communication processes and theories, following
some theoretical rigor, the concepts are different and therefore different and fundamental
theories to understand how they form and process the information within the organizational
structure of how they can be reprocessed to form a new type of relationship and the
importance of Controllership on the constitution of this new model. In short, this work aims at
dialoguing these various sciences - Economics, Accounting and Communication, a demand
for professionals who wish to, directly or indirectly, engage with the issues of Controllership.
Keywords: Controllership. Informational asymmetry. Communication.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Ciclo de evolução dos negócios. ........................................................................................................ 26
Figura 2 - Esquema de Shannon. ....................................................................................................................... 54
Quadro 1 - Diferenças entre controlador e administrador financeiro. ........................................................... 34
Quadro 2 - Relações principal e agente. ............................................................................................................ 43
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10
2 CONTABILIDADE E INFORMAÇÃO .................................................. 14
2.1 BREVE HISTÓRICO DA CONTABILIDADE ........................................................... 14
2.2 OBJETO DE ESTUDO DA CONTABILIDADE ......................................................... 15
2. 3 A CONTABILIDADE COMO LINGUAGEM ........................................................... 18
2.4 DADO E INFORMAÇÃO CONTÁBIL ....................................................................... 20
2.5 RELAÇÃO INFORMAÇÃO CONTÁBIL: TOMADA DE DECISÃO ....................... 22
2.6 CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL ................................................ 25
3 CONTROLADORIA ................................................................................. 30
3.1 DEFINIÇÃO DE CONTROLADORIA ........................................................................ 30
3.2 A MISSÃO DA CONTROLADORIA .......................................................................... 32
3.3 AS FUNÇÕES DA CONTROLADORIA ..................................................................... 33
4 A ECONOMIA ENQUANTO CIÊNCIA SOCIAL ................................ 37
4.1 ECONOMIA DA INFORMAÇÃO ............................................................................... 39
4.2 TEORIA DA AGÊNCIA (AGENCY THEORY) ............................................................ 40
4.3 INFORMAÇÃO ASSIMÉTRICA ................................................................................. 44
4.4 SELEÇÃO ADVERSA ................................................................................................. 46
4.5 SINALIZAÇÃO ............................................................................................................ 47
4.6 FILTRAGEM ................................................................................................................ 47
4.7 RISCO MORAL ............................................................................................................ 48
5 SEMIÓTICA: A TEORIA LINGUÍSTICA ............................................ 50
6 TEORIA DA INFORMAÇÃO .................................................................. 53
7 TEORIA DA COMUNICAÇÃO .............................................................. 58
7.1 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL .................................................................... 59
7.2 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL E CONTROLADORIA ............................. 62
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 63
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 67
10
1 INTRODUÇÃO
A forma como as pessoas vivem no mundo, conhecida desde os primórdios dos
tempos pelo que a história geral relata, seja no aspecto social, político ou econômico, tem
mostrado que a vida humana é um conjunto de relacionamentos.
Esses relacionamentos acontecem e se apresentam de diversas formas e em diferentes
locais no espaço-tempo, seguindo a dinâmica social própria da existência humana, e de tudo o
que o homem é capaz de criar para a satisfação de suas necessidades.
Um local especial com suas formas específicas de ação e que tem sido objeto de
estudos de diversas áreas do conhecimento humano, sob diversos enfoques, é a instituição
humana que conhecemos como Empresa ou Organização. Esta pode ser definida
genericamente como sendo um sistema que processa recursos para produzir bens ou serviços
visando à satisfação das necessidades humanas.
Segundo Vergara Ilufi (2000), as empresas hoje, mais do que nunca, demandam
informações válidas e significativas para serem empregadas no processo de tomada de
decisões, motivo pelo qual o profissional contábil, enquanto gerador de informação, depara-se
com o desafio de atender às exigências dos usuários da controladoria. A incorporação de
elementos da Teoria Contábil, Economia da Informação, Teoria da Comunicação e da
Semiótica aparecem como um suporte fundamental para satisfazer essa demanda.
Nas últimas décadas, de acordo com o mesmo autor, a tendência constante à mudança
no âmbito social, econômico, tecnológico e comunicacional provocou uma reação das
empresas, que modificaram suas estruturas e seu estilo de gestão, produzindo a necessidade de
informações verdadeiras e relevantes para serem empregadas no processo de tomada de
decisões. A controladoria, enquanto provedora de informação estratégica, também foi
convocada a fazer parte desse processo de mudança. A administração da organização espera
que a Controladoria seja geradora de comunicação mais do que de informação sobre a posição
econômica e financeira da empresa.
Assim, o controller deverá incorporar ao seu desenvolvimento profissional
conhecimentos associados à Economia da Informação, Teoria da Comunicação e à Semiótica,
rompendo, dessa forma, com o paradigma segundo o qual a Contabilidade deve centrar-se na
informação, deslocando seu foco para o usuário das informações contábil/ou financeira.
11
Considerando que o entendimento das informações contábeis e financeiras constitui
requisito essencial para que as mesmas sejam utilizadas adequadamente no processo
decisório, busca-se neste trabalho explicitar, de acordo com a literatura, conceitos que a
Controladoria pode e deve utilizar para qualificar a comunicação e gerenciamento do processo
de informações contábeis e financeiras, tais como: Economia da Informação, Teoria da
Agência e teorias da Comunicação.
As empresas buscam, cada vez mais, a otimização de seus resultados, mediante a
aplicação de técnicas e procedimentos, visando garantir, em especial, sua rentabilidade. As
organizações contemporâneas lidam constantemente com eventos e atividades inesperadas
que exigem participação ativa e singular de seu quadro funcional. A Controladoria, mais do
que estar atenta, deve empreender todos os esforços necessários para dar suporte e auxiliar
neste processo. Neste sentido espera-se, com o resultado deste trabalho, contribuir para a
seguinte reflexão: quais os mecanismos e ferramentas que a Controladoria poderá utilizar-se
para tentar reduzir problemas relacionados com a compreensibilidade e assimetria de
informações e, com isto, contribuir para qualificar o entendimento e utilização de informações
contábeis e financeiras por parte dos gestores na tomada de decisões?
A meta a qual se pretende atingir com esta pesquisa está definida através dos objetivos
geral e específicos, descritos abaixo:
O objetivo geral busca identificar a importância do papel da Controladoria nos
diversos processos de comunicação das informações dentro da estrutura organizacional de
uma empresa, abordando aspectos de assimetria informacional e compreensibilidade das
informações para tomada de decisões.
Como objetivos específicos este trabalho pretende:
- Realizar uma revisão bibliográfica dos propósitos básicos da Contabilidade,
exigências quanto à sua compreensibilidade e importância na facilitação dos processos
decisórios;
- Revisar bibliograficamente os principais conceitos de Controladoria no que concerne
à sua inserção, objetivos, atribuição e missão;
- Revisar os conceitos de Economia que podem auxiliar a Controladoria a exercer suas
atribuições, focando em aspectos da Teoria da Agência e assimetria de informação;
- Abordar conceitos da semiótica, enfocando as questões relacionadas à constituição
de signos contábeis, financeiros, etc.;
12
- Estudar o sistema de processamento da informação emissor receptor, através da
Teoria Matemática da Comunicação de Shannon;
- Abordar algumas teorias da Comunicação em seu aspecto de processo, tanto na
codificação quanto decodificação de mensagens enfocando a questão de ruídos semânticos e
comunicação organizacional, bem como contribuição dos estudiosos em comunicação
organizacional para o papel da Controladoria.
Com relação à metodologia utilizada, segundo Lakatos e Marconi (2009), todas as
ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos. Por método se entende “[...] a
forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência os métodos constituem os
instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo
ordenado a forma de proceder do cientista [...] (LAKATOS; MARCONI, 2009, p. 44).
O foco deste estudo visa analisar a importância da comunicação entre a Controladoria
e os setores decisórios de uma empresa. Considerando a complexidade deste fenômeno
organizacional e o objetivo geral que se pretende atingir, o procedimento metodológico
adotado foi concebido como pesquisa exploratória de natureza bibliográfica. Segundo Gil
(2002, p. 45) a pesquisa bibliográfica se caracteriza pela busca de material elaborado e “a
principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a
cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar
diretamente”.
Será um estudo através de pesquisa bibliográfica e que, de acordo com Marconi e
Lakatos (2002), é uma pesquisa de fontes secundárias, pois abrange a bibliografia tornada
pública em relação ao tema de estudo.
As fontes bibliográficas utilizadas foram as publicações sob a forma de livros, teses,
monografias e publicações avulsas das diversas áreas percorridas Contabilidade, Economia,
Semiótica, Informação e Comunicação; tendo-se a preocupação de buscar fontes dotadas de
credibilidade reconhecida no meio acadêmico por sua seriedade no manejo da informação.
O presente estudo está organizado em sete capítulos e obedece aos requisitos
estabelecidos na metodologia científica de forma geral, em termos de regras de apresentação.
Na parte introdutória da pesquisa, será apresentada a rapidez de mudanças no âmbito
social, econômico, tecnológico e comunicacional a que estão expostas as organizações no
mundo atual e, portanto, a necessidade de a Controladoria acompanhar esse processo de
mudança, a caracterização e a definição do problema, bem como a metodologia utilizada na
elaboração da pesquisa.
13
No segundo capítulo, será abordada a base conceitual do estudo relativa à
Contabilidade e Informação, contemplando os seguintes pontos: breve histórico da
Contabilidade, objeto de estudo da Contabilidade, a Contabilidade como linguagem, dado e
informação contábil, relação informação contábil tomada de decisão e classificação da
informação contábil.
No terceiro capítulo, será detalhado o conceito de Controladoria, sua importância
como área responsável pela organização de informações para a tomada de decisões nas
organizações, sua missão e função.
No quarto capítulo, A Economia enquanto Ciência Social tangenciará a questão do
próprio objeto de estudo da Economia, que analisa como os agentes da sociedade fazem
escolhas. Apresentamos a base conceitual relativa à Economia da informação, Teoria da
agência, Informação assimétrica, Seleção adversa, Sinalização, Filtragem e Risco moral.
No quinto capítulo, serão abordadas questões de Semiótica. Seguem-se a ele capítulos
relativos à informação enquanto sistema e, por último as teorias de Comunicação analisadas
como processo, as questões de comunicação organizacional e papel e limites da Controladoria
na abordagem desta.
A conclusão tratará de alinhavar os conceitos identificados como principais e sua
importância no contexto da Controladoria, bem como sugerir o aprofundamento de assuntos e
tópicos específicos para futuras pesquisas.
14
2 CONTABILIDADE E INFORMAÇÃO
Neste capítulo será abordado o objeto de estudo da Contabilidade, que, a partir do
domínio e conhecimento aprofundado desta área, a Controladoria estará em parte, preparada
para atender às demandas informacionais da empresa. Também se buscará oferecer uma visão
inicial de que a Contabilidade pode ser definida como um agente que disponibiliza
informação para tomadas de decisões. Por fim, será apresentado o conceito e a distinção entre
o que é dado e o que é informação, bem como, as suas características básicas para habilitar a
empresa a alcançar seus objetivos.
2.1 BREVE HISTÓRICO DA CONTABILIDADE
Segundo José Santos et al. (2007), a essência da cultura está na construção de atos de
abstração, ou seja, em reconhecer os relacionamentos entre pessoas, entre pessoas e coisas e
entre coisas entre si. E, em parte, é disto que a própria Contabilidade se ocupa. A
Contabilidade se preocupa com noções e conceitos de relacionamentos sociais, ou seja,
criados dentro de um contexto humano.
O primeiro destes relacionamentos, com o qual a Contabilidade se ocupa, diz respeito
ao relacionamento de pessoas e propriedades (na qual se inclui a posse e domínio). A grande
maioria das sociedades, em maior ou menor escala, possui aspectos de propriedade privada e
de propriedade comum. Entretanto, este raciocínio mostrar-se-ia incompleto e sem sentido se
não viesse interligado ao segundo relacionamento pelo qual a Contabilidade se ocupa: o
direito de propriedade é sempre um direito contra outra pessoa ou grupo de pessoas. Se
alguém perde seu direito de propriedade, o perde contra outra pessoa. Isto é, existe um
relacionamento entre pessoa e coisa e outro entre pessoas. Para a própria existência da
Contabilidade é necessário que seu objeto de estudo seja mensurável, desde um método
simples de contagem, uso de unidades de conversão e manutenção de um registro contábil.
Segundo José Santos et al. (2007, p. 16), “As condições mínimas da Contabilidade são o
relacionamento da propriedade e o uso (ou controle) da propriedade e um meio de mensurar
esse relacionamento de um ponto de vista particular.”
15
Sob este ponto de vista, é de se imaginar que realmente a Contabilidade não tenha
aparecido somente entre os séculos XII e XIII através das primeiras técnicas de escrituração
contábil no norte da Itália, com o surgimento da revolução comercial ocorrida após o século
XII. Conforme Schmidt (2000), um dos primeiros sistemas contábeis utilizando partidas
dobradas, que se tem notícia, data de em torno de 1340 na cidade de Gênova.
Segundo o mesmo autor, recentes pesquisas provocaram uma revolução na história da
Contabilidade. Foram encontrados vestígios da utilização de sistemas contábeis rudimentares
desde o período mesolítico. Significa dizer que, na pré-história, período compreendido entre
10.000 e 5.000 a.C., período de alteração do clima, criação de nascentes que favoreceram o
cultivo agrícola e criação de animais, as pessoas começaram a se agrupar, surgindo as
primeiras grandes comunidades no Oriente Próximo e com isso gerando relacionamentos de
posse e uso.
Ainda segundo Schmidt (2000), era necessária a criação de um registro sobre a
produção, o proprietário desta e possíveis transferências de propriedade embora não existisse
a escrita e a contagem em seu sistema abstrato. Foram encontradas em sítios arqueológicos,
pequenas fichas de barro que constituíam um sistema contábil utilizado entre 8000 a
3000a.C., precursores da escrita e contagem abstrata.
Deste período até nossos dias muito se inventou, se evoluiu, mas em sua essência, a
Contabilidade permanece a mesma.
2.2 OBJETO DE ESTUDO DA CONTABILIDADE
Nas últimas décadas, a tendência constante à mudança no âmbito social, econômico,
tecnológico e comunicacional provocou uma reação das empresas, que modificaram suas
estruturas e seu estilo de gestão, produzindo a necessidade de informações válidas e
significativas para serem empregadas no processo de tomada de decisões. A Contabilidade,
enquanto provedora de informações estratégicas, também foi convocada a fazer parte desse
processo de mudança. As altas gerências não demandam que a Contabilidade seja
facilitadora de informação, mas sim, que seja geradora de comunicação sobre a posição
econômica e financeira das empresas.
16
Neste contexto, definir o objetivo da Contabilidade poderia parecer, à primeira vista,
algo muito óbvio. No entanto, é necessário remeter-nos a esse conceito básico, que a partir
da compreensão, internalização e compromisso com este objetivo que a
Contabilidade/Controladoria deverá estar preparada para atender às demandas informacionais
da empresa, acionistas, financiadores e investidores.
A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade de n.º 774
1
esclarece que o objeto
de estudo da Contabilidade é sempre o patrimônio de uma entidade, definido como um
conjunto de bens, direito e de obrigações para com terceiros, pertencentes a uma pessoa física,
a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou
instituição de qualquer natureza, independente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o
lucro. Assim, não dificuldade na definição dos objetivos da Contabilidade, a partir do seu
objeto, que é o patrimônio, por buscarem a correta representação deste e causas de suas
mutações. A Resolução CFC n.º 774 em seu item 1.4 Dos objetivos da Contabilidade
define:
[...] buscar prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza
econômica, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas mutações, o que
compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos,
expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios
(CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL,
2000, p. 32).
Uma vez definido o objetivo da Contabilidade e, quando este seja aplicado a uma
entidade particularizada, pode-se identificar a geração de informações a serem utilizadas por
determinados usuários, em decisões que busquem a realização de interesses e objetivos
próprios.
As informações geradas pela Contabilidade devem possuir características que
possibilitem a concretização dos propósitos de tomada de decisão dos usuários, ou seja, o
usuário de posse das informações repassadas pela Contabilidade/Controladoria deverá
conseguir utilizá-las de forma a facilitar a sua tomada de decisão.
1
Resolução CFC n.º774 de 16 de dezembro de 1994. Aprova o apêndice à Resolução sobre os princípios
fundamentais de Contabilidade.
17
A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade de n. º 785
2
define que a
informação contábil deve estar revestida de atributos, entre os quais são indispensáveis os
seguintes: confiabilidade, tempestividade, compreensibilidade e comparabilidade.
Considerando que o objetivo de estudo deste trabalho é discutir a necessidade de
interferência da Contabilidade/Controladoria para redução de problemas de comunicação e de
assimetria informacional cabe questionar até que ponto a linguagem utilizada pela
Contabilidade é compreendida por seus usuários.
A Resolução CFC n.º 785 em seu item 1.6 Da Compreensibilidade, define:
1.6.1 A informação contábil deve ser exposta na forma mais compreensível ao
usuário a que se destine. § A compreensibilidade presume que o usuário disponha
de conhecimento de Contabilidade e dos negócios e atividades da Entidade, em nível
que o habilite ao entendimento das informações colocadas a sua disposição, desde
que se proponha analisá-las, pelo tempo e com profundidade necessários. § A
eventual dificuldade ou mesmo impossibilidade de entendimento suficiente das
informações contábeis por algum usuário, jamais será motivo para a sua não-
divulgação. 1.6.2 A compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que
a informação contábil é divulgada, abrangendo desde elementos de natureza formal,
como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica
de exposição utilizadas. § 1º A organização espacial, os recursos gráficos e as
técnicas de exposição devem promover o entendimento integral da informação
contábil, sobrepondo-se, pois, a quaisquer outros elementos, inclusive de natureza
estética. § As informações contábeis devem ser expressas no idioma nacional,
sendo admitido o uso de palavras em língua estrangeira somente no caso de
manifesta inexistência de palavra com significado idêntico na língua portuguesa
(CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL,
2000, p. 104).
Atribuindo aspectos qualitativos à informação contábil, o FASB
3
, através do Statement
of Financial Accounting Concepts n.º 2, classificou a compreensibilidade como uma das
características que ajudam o usuário a assimilar o significado das informações usando os
seguintes termos: The benefits of information may be increased by making it more
understandable and, hence, useful to a wider circle of users” (FASB, 1980, p. 14).
Diante de uma abordagem sistêmica, a Contabilidade pode ser conceituada como o
método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, financeira, física e
social, com o objetivo de tomada de decisões através de julgamentos mais adequados pelos
usuários da informação. Assim, “a comunicação implica o reconhecimento dos tipos de
2
Resolução CFC n.º785 de 28 de julho de 1995. Aprova a NBC T 1 Das Características da Informação
Contábil.
3
The Financial Accounting Standards Board.
18
informação necessária para cada principal usuário da informação contábil e a avaliação da
habilidade dos usuários em interpretar a informação adequadamente (IUDICIBUS, 1994, p.
24).
2. 3 A CONTABILIDADE COMO LINGUAGEM
Observa-se que a teoria da Contabilidade estabelece normas quanto à
compreensibilidade, e o meio acadêmico vem discutindo até que ponto a linguagem utilizada
é compreendida pelos usuários das informações contábeis.
A Contabilidade pode ser definida como um processo de comunicação de informação
econômica para propósitos de tomada de decisão, tanto pela administração, como por aqueles
que necessitam basear-se nos relatórios externos (PADOVEZE, 2002).
A teoria da Contabilidade que se apóia na noção da Contabilidade como linguagem, e
como a linguagem dos negócios por excelência elabora três questões relacionadas à
linguagem tais como:
a) Que efeito terão as palavras sobre os ouvintes?
b) Que significado terão essas palavras, se houver algum?
c) As palavras fazem sentido lógico?
Através do estudo de três eixos principais, as questões acima podem ser respondidas.
A Pragmática é o estudo do efeito da linguagem, observando a resposta do receptor; a
Semântica é o estudo do significado da linguagem, tem por objetivo observar o significado
especifico que a informação transmitida gera a cada um dos receptores; e a Sintaxe é o estudo
da gica ou gramática da linguagem, detendo-se a aspectos mais técnicos da comunicação,
para que esta possua a estrutura necessária à compreensão (HENDRIKSEN; BREDA, 1999).
O referido autor ainda enfatiza que os números e as classificações contábeis variam
quanto ao tipo de interpretação que pode ser feita pelo usuário da informação contábil. Como
exemplo ele cita a conta caixa, que no balanço, é compreendido corretamente. a conta
despesas diferidas não tem a mesma compreensibilidade além dos processos estruturais que
lhe deram origem.
19
Na mesma linha de raciocínio, referência deve ser feita à observação de Martins (1990,
p. 23) quanto ao problema terminológico: “Desde que duas pessoas resolvam comunicar-se, é
absolutamente necessário que passem a dar aos objetos, conceitos e ideias o mesmíssimo
nome, sob pena de, no mínimo, reduzir-se o nível de entendimento”. O autor completa
afirmando: “O que comumente se denomina de “mero problema de terminologia” talvez fosse
melhor tratado como “magno problema de terminologia”.
Assim, pesquisadores em diversos países vêm investigando até que ponto um maior ou
menor grau de compreensibilidade pode influenciar o desempenho das empresas. Pesquisa
realizada comprovou que existe relação entre os níveis de compreensibilidade e desempenho
financeiro relativo às variáveis lucro, liquidez e riscos (SMITH; TAFFLER, 1992 apud DIAS
FILHO, 2000).
Nesse contexto existe uma forte relação entre o capital empregado pela empresa e o
respectivo retorno, o volume de vendas e a gestão de custos, ou seja, o patrimônio líquido
pode sofrer variações de acordo com a compreensibilidade das informações contábeis (JONE;
BAKER; KARE, 1992 apud DIAS FILHO, 2000).
Observa-se, portanto, que os estudos citados revelam a existência de vínculos muito
estreitos entre a compreensibilidade da informação contábil e o desempenho econômico
financeiro da empresa.
Como mencionado, a Contabilidade é, por excelência, a linguagem dos negócios.
Esta consiste na coleta de dados decorrentes de transações ou operações, mensuração e
processamento dos mesmos e geração de informação acerca do patrimônio e do desempenho
das entidades.
A atividade da Contabilidade pode ser resumida em reconhecimento dos eventos
econômicos passíveis de registro, em mensuração dos mesmos e na comunicação ou
divulgação dos resultados dos eventos reconhecidos e mensurados.
É através da tríade identificação, mensuração e comunicação que a Contabilidade se
torna capaz de atender à demanda da sociedade e ao mercado ávido por informação e
prestação de contas, tanto pelos entes públicos quanto pelas entidades da iniciativa privada.
Reforçando este entendimento Hendriksen e Breda (1999, p. 135), relatam que a
Associação Americana de Contabilidade diz que a Contabilidade é [...] o processo de
identificação, mensuração e comunicação de informação econômica para permitir a realização
de julgamentos bem informados e a tomada de decisões por usuários da informação”.
Observa-se, portanto, que a Contabilidade efetua um trabalho de processamento de
dados para produção de informações e posterior comunicação destas, para dois ou mais
20
indivíduos (Controladoria e usuários da informação) tomarem decisões que afetem
significativamente o desempenho organizacional. O ponto de partida da Contabilidade é o
processamento de dados. Cabe esclarecer, então, o que se entende por dados e sua
diferenciação com a informação.
2.4 DADO E INFORMAÇÃO CONTÁBIL
De acordo com o Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI, dado é: Elemento ou
quantidade conhecida, que serve de base à resolução de um problema (FERREIRA, 1999).
A busca do conceito e a distinção entre o que é dado e o que é informação, tem
produzido discussões interessantes levando, entretanto, a abordagens relativamente similares
entre os diversos autores.
Os termos contábeis dado e informação, em algumas vezes, são usados indistintamente
e, na verdade, apresentam conceitos diferentes. Quando nos referimos à tomada de decisão e a
Sistema de Informações, a definição destes termos é importante porque traduzem ideias
diferentes.
Segundo Schmidt (2002), é necessário para um bom sistema de informação ter-se bem
definido o conceito de dado e informação.
Contribuindo com a mesma linha de pensamento, Murdick e Munson (1988) apud
Freitas et al. (1997, p. 25) diz que “a distinção entre dados e informações é importante porque
permite definir separadamente a necessidade das bases de dados e as necessidades de
informação dos gerentes. Isto feito, é possível fornecer ao gerente informações e não dados”.
Nesta perspectiva, buscou-se na literatura vários conceitos de dados, onde se constata
que os autores são unânimes em afirmar que dado é algo difícil de ser utilizado, sem
significado relevante não permitindo tomada de decisão coerente e segura.
Schmidt (2002, p. 80) afirma que dado pode ser conceituado como um elemento em
estado bruto, primário e isolado, que não tem um significado para gerar uma ação”. Como
exemplo, o autor cita os termos ativo, passivo, capital, vendas e lucro, que sem nenhum tipo
de processamento, não permite que as gerências de Controladoria possam tomar decisões para
a empresa. Os dados representam somente a matéria prima a ser utilizada na produção de
informações e, por si só, não são de grande utilidade. São pedras brutas que necessitam de
lapidação para adquirirem valor.
21
Reforçando o entendimento sobre o conceito de dado, Aquino e Santana (1992, p. 5)
apud Catelli (1999, p. 307) dizem que: “[...] resumidamente, assume-se que dado é algo bruto,
sem valor ou difícil de ser utilizado.
Bio (1996, p. 29) afirma que “pode-se entender o dado como um elemento da
informação (um conjunto de letras ou dígitos), que, tomado isoladamente, não transmite
nenhum conhecimento, ou seja, não contém um significado intrínseco”.
Contribuindo para o entendimento do mesmo conceito, Murdick e Munson (1988, p.
147) relatam que os dados se compõem de símbolos e experiência estímulos que não são
relevantes para o comportamento em um determinado momento”.
Jayr Oliveira (2000, p. 155) faz uma observação de que “dado é qualquer elemento
identificado em sua forma bruta que por si não conduz a uma compreensão de determinado
fato ou situação.
Observa-se que, embora dados sejam elementos importantes, não produzem
informações relevantes e oportunas se não forem trabalhados. A empresa pode ter muitos
dados, e mesmo assim ser limitada na geração de fatos que supram as necessidades do
tomador de decisões. Cabe esclarecer então, o que se entende por informação.
Igualmente, apresentamos alguns conceitos existentes sobre informação, em que os
autores o claros em afirmar que esta deve possibilitar a redução da incerteza de ação num
processo de tomada de decisão.
Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI, informação vem do latim
informatione, ou seja, ato ou efeito de informar, conhecimento, participação, comunicação ou
notícia trazida ao conhecimento de uma pessoa ou do público (FERREIRA, 1999).
O mesmo autor ainda afirma que, de acordo com a Teoria da Informação, informação
é a medida da redução da incerteza, sobre um determinado estado de coisas, por intermédio
de uma mensagem”.
Para Schmidt (2002, p. 80), informação é “um dado trabalhado e processado dentro
das especificações exigidas pelos usuários com significado próprio, relevante e utilizada para
gerar uma ação derivada do processo de tomada de decisão”.
Davis e Olson (1987, p. 208) afirmam que “Informação é um dado que foi processado
de uma forma significativa para o receptor e seu valor real ou percebido no momento, ou em
ações prospectivas nas decisões”.
“A informação (na ciência do comportamento) é um signo ou conjunto de signos que
impulsionam uma ação. Se distingue de dados porque dados não são estímulos de ação, mas
22
simplesmente cadeias de caracteres ou padrões sem interpretação (MURDICK; MUNSON,
1988, p. 6).
De acordo com Padoveze (2002, p. 45), “informação é o dado que foi processado e
armazenado de forma compreensível para seu receptor e que apresenta valor real ou percebido
para suas decisões correntes ou prospectivas.
2.5 RELAÇÃO INFORMAÇÃO CONTÁBIL: TOMADA DE DECISÃO
Catelli (1999) afirma que existe uma estreita relação entre informação e decisão,
considerando que decisões são tomadas no presente sobre eventos que acontecerão no futuro.
Portanto, o conceito de informação está vinculado a uma mudança de estado a respeito do
evento. Considerando a informação como um conhecimento disponível para uso imediato na
orientação de uma ação antes cercada de incerteza, possibilitando sua condução a um nível de
risco adequado.
Na mesma linha de raciocínio, Atkinson (2000) relata que a informação contábil é,
também, um dos principais meios pelo qual funcionários, gerentes intermediários e executivos
recebem feedback sobre seus desempenhos, capacitando-os a aprenderem com o passado e
melhorarem o futuro. Observa-se que o autor reconhece que, embora a informação gerencial
contábil não possa garantir o sucesso de atividades organizacionais críticas, seu mau
funcionamento resultará em dificuldades para as empresas. Também destaca que, um bom
sistema de informação pode criar valor, fornecendo informações a tempo e precisas sobre as
atividades necessárias para o sucesso das organizações.
Informação é o dado que permite ao executivo tomar decisões(OLIVEIRA, 2000, p.
155). O autor também estabelece que a finalidade da informação é prover a empresa com
conhecimentos precisos para atingir seus objetivos pelo uso dos recursos disponíveis, nos
quais se inserem pessoas, materiais, equipamentos, tecnologia, dinheiro, além da própria
informação.
Oportunamente, Djalma Oliveira (1999) aponta que o objetivo básico da informação é
o de preparar a empresa para buscar seus objetivos pelo uso eficiente dos recursos
disponíveis, dentre eles destaca pessoas, materiais, equipamentos, tecnologia, recursos
financeiros, além da própria informação. Considera que informação é o produto da análise dos
dados registrados, classificados, organizados, relacionados e interpretados, na empresa, para
23
gerar conhecimento e, com isto, permitir a tomada de decisão. Dessa forma, a informação
deve facilitar aos administradores as funções de: planejar, organizar, dirigir e controlar
operações no processo administrativo da tomada de decisão, ou seja, a tomada de decisão
nada mais é do que a conversão das informações em ação.
A informação deve dar apoio aos gestores para a tomada de decisão nos vários
escalões da organização. O gestor decide sobre cada evento econômico que irá proporcionar
os resultados para a empresa dentro dos parâmetros de uma ação planejada para este fim, ou
seja, para cada transação ocorrerá uma decisão pertinente. O gestor, na aferição dos resultados
de sua empresa, os deve medir econômica, patrimonial e financeiramente, sendo que este
deverá ser a soma dos resultados econômicos das transações dentro das atividades, portanto,
suas informações devem conduzir a um modelo de decisão que se utiliza informações
econômicas mensuradas adequadamente. Neste contexto a Contabilidade deve estar
trabalhando para que suas informações evidenciem a realidade física e operacional das
empresas, capaz de proporcionar aos gestores informações que os auxiliem no processo
decisório (PINTO; PINTO, 2001).
Uma informação tem valor e somente passa a ser válida se reduzir a incerteza na
tomada de decisão, e aumentar a qualidade decisória diminuindo a incerteza do gestor no ato
da decisão (PADOVEZE, 2002).
O autor relata que quanto maior o número de informações ao dispor do gestor maior a
probabilidade de reduzir a incerteza na tomada de decisão. Mas lembra que qualquer
informação tem um custo. O custo para obter informações importantes deve ser menor do que
o benefício gerado pela decisão.
Igualmente, Jayr Oliveira (2000) reforça que a eficácia da informação é medida pela
relação custo para gerá-la e o valor do benefício derivado do seu uso. Os custos relacionados
com a produção da informação são: coleta, processamento e distribuição. Portanto, o custo
total da produção da informação aumenta diretamente com o volume, o que provoca duas
preocupações, pois o aumento do custo marginal
4
diminui a utilidade marginal da informação
e a redução dos custos de informação limita a qualidade da informação.
No processo de tomada de decisão é necessário que a informação seja desejável e útil
aos responsáveis pela administração, e que não pode custar mais que o seu valor econômico.
Também considera que os aspectos mais relevantes que devem ser observados na elaboração
de um Sistema de Informação Contábil e Gerencial, para que tenha validade na gestão
4
O custo marginal deve ser visto como a variação no custo total, resultante da produção de uma unidade
adicional de informação.
24
administrativa, seja a sua necessidade como informação, seu planejamento e controle. Os
usuários finais devem determinar a necessidade da informação, ela deve ser gerada para
atender a esses usuários. Portanto, a informação contábil deve ser planejada para a geração de
relatórios, e construção de relatórios com enfoques diferentes aos vários níveis, visando o
atendimento pleno dos usuários (MAGALHÃES; LUNKES, 2000).
Os gestores dependem do recurso informação, sendo esta é a matéria prima do
processo de tomada de decisão. A informação útil é aquela que atende às necessidades dos
gestores nas áreas que atuam. As informações contábeis devem atender adequadamente as
necessidades informacionais de seus usuários, motivando e estimulando o gestor a tomar as
melhores decisões para a empresa (CATELLI, 1999).
Segundo Freitas et al. (1997), revisando os autores Murdick e Munson (1988, p. 149) e
Davis e Olson (1987), observa que as informações devem ter as seguintes características para
que possam ser importantes no momento da tomada de decisão:
Finalidade a informação necessita ter uma finalidade quando é transmitida para
um Sistema de Informação ou para uma pessoa; caso contrário, ela deixa de ser
informação para ser um ruído; Modo e formato o ser humano se comunica por
meio dos cinco sentidos e, em suas atividades dentro da organização, principalmente
pela audição e visão em conversas ou leitura de relatórios, gráficos ou telas; a forma
com que os sistemas recebem ou fornecem informações é muito importante para a
realização de seus objetivos; Redundância e eficiência a redundância é uma
forma de se garantir contra os erros de comunicação; e eficiência na linguagem dos
dados é o complemento da redundância; Velocidade a velocidade de recepção ou
transmissão da informação é o tempo gasto para se entender um determinado
problema; os seres humanos possuem baixa velocidade em receber, armazenar ou
transmitir informações; Freqüência a freqüência com que se recebe ou transmite a
informação é um indicador do valor desta; entretanto, a alta freqüência da
informação pode sobrecarregar o receptor; Determinística ou probabilística a
informação probabilística admite um conjunto de resultados possíveis com suas
probabilidades correspondentes, enquanto que as determinísticas normalmente
admitem apenas um resultado; Custo toda informação possui um custo; o
responsável pelo Sistema de Informações e os gerentes devem avaliar o valor da
informação e o seu custo; Valor o valor de uma informação é muito difícil de
determinar e depende muito de outras características ou probabilísticas como modo,
velocidade, freqüência, características determinísticas ou probabilísticas,
confiabilidade e validade; Confiabilidade e precisão em uma estimativa
estatística, o valor real do parâmetro ficará dentro um determinado intervalo, ao
intervalo menor corresponde maior precisão, com menor confiabilidade; Exatidão
mede a proximidade de um número com o que deveria ser; Validade mede o
quanto a informação representa aquilo a que ela se propõe; Atualidade designa a
antiguidade da informação; Densidade indica o volume de informação presente
em um relatório ou tela; Corretiva corrige uma informação passada; e
Confirmatória quando confirma uma informação existente (FREITAS et al.,
1997, p. 31, grifo do autor).
25
O autor ainda afirma que quando estes atributos o são observados, a eficiência do
sistema de geração de informação começa a ser questionado.
Já Djalma Oliveira (1999) considera a oportunidade e a prioridade características
importantes na geração da informação. Informação produzida e não distribuída em tempo
hábil para facilitar uma tomada de decisão perde o sentido. Com referência à redução de
incerteza, Djalma Oliveira relata que está associada com a oportunidade de sua distribuição,
assim como a identificação das prioridades será função direta do processo de planejamento
que identifica a necessidade de avaliação e controle, conforme determinado no modelo básico
de gestão estabelecido pela empresa”.
Se a informação for estruturada adequadamente, poderá contribuir para que a empresa
seja mais dinâmica fazendo Cassarro (2001, p. 34) afirmar que “tanto mais dinâmica será uma
empresa quanto melhores e mais adequadas forem as informações de que os gerentes dispõem
para as suas tomadas de decisão”. Mas ressalta que por melhor que seja a informação, se esta
não for comunicada ao destinatário correto, todo o esforço em gerá-la terá sido perda de
tempo.
O propósito básico da informação é habilitar a empresa a alcançar seus objetivos pelo
uso eficiente dos recursos informacionais disponíveis. Os geradores de informações devem ter
consciência de que dados isolados, mesmo que em grande quantidade, não possuem
significado para o tomador de decisão. Apenas após o tratamento dos dados seguindo critérios
racionais ou intuitivos dos usuários, poderão ser transformados em informações e
comunicadas no momento mais apropriado e de forma mais adequada para serem utilizadas
com eficiência pelo gestor.
2.6 CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL
As empresas possuem em seu quadro de empregados a figura do coordenador, gerente
ou qualquer classificação funcional similar, que corresponde à pessoa encarregada de tomar
decisões, se possível acertadas. Ela deverá decidir, mesmo com a possibilidade de errar, pois
essa é a sua função. Quanto maior a posição da pessoa na escala hierárquica da empresa,
maior será o impacto das decisões que terá de tomar e maiores os riscos que irá correr.
De acordo com Cassarro (2001), o ciclo das atividades empresariais é composto pelas
seguintes etapas: decisão, execução e controle, etapas estas que somente podem ser cumpridas
26
se houver coordenação. Nas empresas existem áreas que estão direcionadas para a execução,
como compras, produção, vendas, etc. enquanto outras áreas estão programadas para o
comando das ações, como o planejamento e o controle. Uma decisão nada mais é do que uma
escolha entre alternativas, obedecendo a critérios previamente estabelecidos.
É importante ressaltar que não são somente os administradores que tomam decisão, em
todos os níveis hierárquicos da organização haverá decisões a serem tomadas, e muitas vezes
elas estão interligadas. Os níveis hierárquicos mais elevados transmitem informações aos
níveis inferiores, na forma de decisões e planos, estes por sua vez, tomam as decisões que
competem à sua área ou campo de atuação. Por outro lado, o sistema se retro alimentará a
partir do envio de novos dados ou informações de resultados, dos setores hierárquicos
inferiores a seus superiores.
Diferentes tipos de informações em formas variadas de apresentação devem ser
disponibilizadas a quem toma decisão. A informação deve reduzir as incertezas, ou seja,
quanto maiores as incertezas maior será a necessidade de informação. É importante
estabelecer quais as informações relevantes na tomada de decisão (WITTE, 1999).
É fundamental a existência de informações apropriadas a cada fase do ciclo das
atividades empresariais para a tomada de decisão. A figura 1 tem como objetivo apresentar o
ciclo de evolução dos negócios:
Ação
Alta Administração
Figura 1 Ciclo de evolução dos negócios.
Fonte: Schmidt (2002).
Observa-se, portanto, que a informação é considerada condição sine qua non, e se faz
presente no ciclo de evolução dos negócios possibilitando tomada de decisão, e refletindo em
27
uma ação e esta gera mais informação. Assim, a informação para a tomada de decisão em uma
organização está organizada por níveis de decisão.
Contribuindo com o conceito de organização das informações em níveis, Anthony
(1965) apud Schmidt (2002) classifica a informação na organização em três níveis:
estratégico, tático ou gerencial e operacional. Cada nível recebe as suas respectivas
informações que auxilia no processo de tomada de decisão.
As informações estratégicas estão direcionadas para suporte às decisões empresariais
relacionadas com o mercado em que a organização está inserida. Devem gerar informações
sintéticas do ambiente interno relacionado com o externo, permitindo ao administrador tomar
decisões estratégicas para corrigir ou melhorar a colocação da empresa em relação ao
mercado em que atua.
Consoante Schmidt (2002), os sistemas de informações gerenciais devem fornecer
subsídios nas tomadas de decisão, subsídios estes que sirvam para identificar e corrigir
problemas que competem à hierarquia gerencial. Estas informações possuem um papel
importante no processo de planejamento e controle empresarial em nível gerencial e estão
vinculadas aos bancos de dados dos diferentes departamentos. Estes sistemas, de acordo com
Schmidt (2002, p. 176), apresentam as seguintes características:
- são semi-estruturados em termos de tomadas de decisões;
- são customizados, isto é, ajustados às necessidades das áreas funcionais como
vendas, produção, finanças etc., podendo ou não ser repetitivos;
- são pouco flexíveis na geração de informações;
- utilizam projeções, modelos e informações subjetivas;
- permitem consultas diversas;
- têm pouca ou nenhuma entrada de dados;
- são integrados às funções do negócio;
- baseiam-se em dados internos e externos da organização;
- geram informações tanto analíticas como sintéticas, e, em alguns casos podem até
apresentar projeções.
Os gerentes tomadores de decisão utilizam estas informações para controle,
objetivando a eficiência operacional em sua respectiva área.
A informação gerencial destina-se a alimentar processos de tomada de decisão. As
decisões ligadas ao processo de planejamento, ao controle, à formulação, ao acompanhamento
28
de políticas e à interpretação de resultados requerem informações adequadas. As informações
gerenciais são influenciadas pelas pessoas que ocupam posições desta linha hierárquica (BIO,
1996).
Bio (1996) ainda relata que as informações gerenciais devem apresentar características
de quantidade, oportunidade, conteúdo e qualidade que somente podem ser obtidas através de
um bom sistema de informação. Para a informação adequar-se às necessidades são necessários
três requisitos:
- Forma: está relacionado ao conteúdo, apresentação e confiabilidade;
- Idade: é definida pelo tempo de existência da informação em relação aos fatos
relatados que podem oscilar de segundos a meses ou anos;
- Frequência: está relacionada à periodicidade com que a informação é produzida
(diariamente, semanalmente, mensalmente etc.)
Com referência à qualidade das informações gerenciais, segundo Bio (1996), estas
devem ter as seguintes características:
- Comparativas: deve permitir a comparação entre o planejado e realizado. Não sendo
possível este tipo de análise deve, pelo menos, possibilitar refletir tendências: como por
exemplo, comparação com períodos anteriores (mês, ano etc.).
- Confiáveis: informações distorcidas podem ser mais prejudiciais do que a falta delas.
A informação precisa ter crédito para o usuário sentir-se seguro ao decidir.
- Geradas em tempo hábil: as informações devem ser geradas a tempo de se efetuar as
correções necessárias no planejamento ou na execução.
- Em nível de detalhamento adequado: as informações devem estar em um nível de
detalhamento adequado ao usuário, sem apresentar nada de irrelevante e nem excessivo grau
de síntese em relação ao interesse do gestor.
- Por exceção: destacar o que é relevante, ressaltar as exceções.
Os usuários de informações gerenciais devem participar da elaboração das mesmas,
pois, dessa forma poderão vislumbrar quais as informações que estarão disponíveis, bem
como evitar a solicitação de informações em duplicidade.
O autor relata que os diferentes níveis gerenciais (em seu sentido mais amplo)
necessitam de diferentes tipos de informação. Com referência à alta administração, a
29
informação oferecida deve possibilitar-lhes a verificação da eficiência e dos resultados das
operações da empresa no seu todo, e planejar para o futuro. os níveis intermediários da
hierarquia organizacional, devem receber informações que lhes permitam controlar suas áreas
especificas. Portanto, a empresa deve conhecer as necessidades de informações gerenciais de
todos os níveis e fornecê-las adequadamente.
Neste sentido Padoveze (1994) afirma que,
O sistema de informação gerencial exige planejamento para produção dos relatórios,
para atender plenamente aos usuários. É necessário saber o conhecimento contábil
de todos os usuários, e construir relatórios com enfoques diferentes para os
diferentes níveis de usuários. Dessa forma, será possível efetuar o controle posterior.
poderá ser controlado aquilo que é aceito e entendido (PADOVEZE, 1994, p.
35).
Enfim, o conhecimento teórico abordado neste capítulo tem o objetivo de alicerçar e
preparar para o entendimento dos propósitos e objetivos trabalhados em Controladoria, área
que possui sua interface com a Contabilidade, mas que não se restringe a ela.
30
3 CONTROLADORIA
Após o recorrido sobre Contabilidade, com ênfase no conceitualizar informação
contábil e tomada de decisão, faz-se necessário determo-nos no que seja a Controladoria, sua
função, premissas básicas e fundamentos, área foco deste trabalho. Controladoria significa,
também, administrar o sistema contábil da empresa mas não somente este.
O papel da Controladoria irá variar conforme a estrutura e porte da empresa, segundo
Hernández Pérez nior, Pestana e Franco (1995). Ainda segundo o autor, a Controladoria, em
um enfoque mais abrangente e moderno, apresenta grande importância para as organizações,
pois é por meio dela que são compiladas, sintetizadas e analisadas as informações a serem
divulgadas, e com base nisto, definidos os rumos a serem seguidos pela empresa.
Segundo Peleias (2002), para que os gestores possam fazer as melhores escolhas, é
necessário identificar e entender a importância e a necessidade do recurso informação. É
preciso que uma área da organização forneça esse importante insumo ao processo decisório e
essa área é a Controladoria.
As empresas devem procurar subsídios na área de Controladoria, pois com base nas
informações recebidas poderão se tornar mais competitivas e organizadas. Competitivas no
sentido de que faz parte da missão dessa área fornecer aos gestores informações precisas,
importantes para o processo decisório, e organizadas porque a ela também se atribui a
responsabilidade de estabelecer, implementar e monitorar o sistema de controles internos
necessários para a salvaguarda de ativos e para a manutenção da integridade dos registros
contábeis, segundo Tung (1993).
3.1 DEFINIÇÃO DE CONTROLADORIA
Para Almeida, Parisi e Pereira (1999), a Controladoria pode ser definida por meio de
dois vértices: o primeiro, que a caracteriza como um ramo do conhecimento, responsável por
todo o embasamento conceitual; e o segundo, que a trata como um órgão administrativo, que
responde pela disseminação do conhecimento, modelagem e implantação de sistemas de
informações.
31
Almeida, Parisi e Pereira (1999) ressaltam que a Controladoria, enquanto ramo do
conhecimento, numa visão multidisciplinar, é responsável pelas bases teóricas e conceituais
para a construção e manutenção de sistemas de informação que supram adequadamente as
necessidades informativas dos gestores, favorecendo a tomada de decisões durante o processo
de gestão.
Sob o ponto de vista da Controladoria, como unidade administrativa, Almeida, Parisi e
Pereira (1999), afirma que ela:
[...] é responsável pela coordenação e disseminação desta Tecnologia de Gestão
quanto ao conjunto teoria, conceitos, sistemas de informações e também, como
órgão aglutinador e direcionador de esforços dos demais gestores que conduzam à
otimização do resultado global da organização (ALMEIDA; PARISI; PEREIRA,
1999, p. 371).
Peleias (2002) destaca que a Controladoria, sob o ponto de vista de uma unidade
administrativa, é uma área da organização à qual é delegada autoridade para dar suporte na
tomada de decisões sobre eventos, transações e atividades que possibilitem o adequado
processo de gestão.
Ressaltando a importância do entendimento e utilização de conceitos
multidisciplinares na Controladoria, visando qualificar a informação e tomada de decisões,
Peleias (2002), ainda afirma que:
A controladoria se baseia em princípios, procedimentos e métodos oriundos de
outras áreas do conhecimento, tais como contabilidade, administração, planejamento
estratégico, economia, estatística, psicologia e sistemas. Ao colher subsídios de
outras áreas de conhecimento para desempenhar as funções que lhe são atribuídas, a
controladoria pode estabelecer as bases teóricas necessárias à sua atuação na
organização (PELEIAS, 2002, p. 13).
Igualmente reforçando este entendimento, Kanitz (1976) afirma que a Controladoria
não é apenas administrar o sistema contábil da empresa, ou seja, os conhecimentos de
Contabilidade e finanças não são mais suficientes para o desempenho da função da
Controladoria. O controlador deve cercar-se de administradores organizacionais, tais como,
psicólogos organizacionais, analistas de sistemas, especialistas em computação, estatísticos e
matemáticos que devem analisar as informações geradas pela Controladoria à luz de cada um
32
dos seus campos de conhecimento, para o verdadeiro e adequado cumprimento da função de
Controladoria.
3.2 A MISSÃO DA CONTROLADORIA
De acordo com Peleias (2002), o termo missão pode ser definido como a expressão da
razão da existência de uma organização, é o motivo pelo qual ela existe e opera no mercado
em que atua.
O mesmo autor ainda argumenta que para uma empresa atingir seus objetivos, precisa
estar dividida em áreas de responsabilidade com objetivos e atividades distintos, coordenados
e ordenados de forma racional. Para que a missão da organização seja cumprida, é importante
que cada área tenha sua missão, também, definida.
A Controladoria, enquanto área de responsabilidade e atuando em conjunto com as
demais áreas para a continuidade da organização e cumprimento da missão, terá como
filosofia de atuação, segundo Almeida, Parisi e Pereira (1999):
Coordenação de esforços visando à sinergia das ações; Participação ativa do
processo de planejamento; Interação e apoio às áreas operacionais; Indução às
melhores decisões para a empresa como um todo; Credibilidade, persuasão e
motivação (ALMEIDA; PARISI; PEREIRA, 1999, p. 373).
Ainda a respeito da missão, Peleias (2002) enfatiza que, para que se alcancem os
resultados esperados, deve haver uma área na organização que detenha a visão do todo e
possua instrumentos para otimização das ações empreendidas e das decisões tomadas.
Dentro desse contexto, atribui-se esta missão para a Controladoria, ou seja, assegurar a
otimização do resultado econômico da organização (PELEIAS, 2002).
Almeida, Parisi e Pereira (1999) enfatiza que é importante ter objetivos claros e
viáveis para que a missão possa ser cumprida satisfatoriamente. Assim, a Controladoria deve
ter os seguintes objetivos: promoção da eficácia organizacional, viabilização da gestão
econômica e promoção da integração das áreas de responsabilidade.
33
3.3 AS FUNÇÕES DA CONTROLADORIA
Para Almeida, Parisi e Pereira (1999), as empresas têm, em suas características
operacionais, uma divisão funcional do trabalho, o que é denominado de funções. No caso da
Controladoria, essas funções estão ligadas a um conjunto de objetivos que, quando bem
desempenhados, viabilizam o processo de gestão econômica dessas empresas.
As principais funções desempenhadas pela Controladoria, de acordo com Catelli
(1999), são: subsidiar ao processo de gestão, apoiar a avaliação de desempenho, apoiar a
avaliação de resultados, gerir os sistemas de informações e atender aos agentes do mercado.
Hernández Pérez Júnior, Pestana e Franco (1995) apresentam dois enfoques distintos
para a função de Controladoria: uma como gerência de contabilidade e outra como
Controladoria propriamente dita. Para ele, a Controladoria, enquanto gestora da contabilidade
estaria situada na estrutura organizacional como um órgão de linha, geralmente subordinada
ao principal executivo financeiro da empresa e geraria informações dos setores a ela
subordinados tais como a contabilidade geral, fiscal e de custos, controle patrimonial,
orçamentos e auditoria interna, como uma espécie de “contadoria geral”. o controller, em
uma função mais precisa, estaria envolvido na compilação, síntese e análise das informações
geradas, não sendo responsável por sua elaboração. Neste caso, o controller atua como staff
ligado diretamente a presidência ou seu correspondente.
Historicamente, segundo Kanitz (1976), os primeiros controllers das empresas saíram
dos departamentos de contabilidade ou financeiro, pois, além do domínio técnico, eram os que
mais tinham uma visão geral da empresa, o que lhes favorecia propor soluções. Além disto, já
estavam ligados de certa forma à presidência e, o fato de lidarem eminentemente com
números lhes facilitava, pois, o controller recebe basicamente, informações quantitativas.
Entretanto, é um erro se pensar que a Controladoria irá administrar somente o sistema contábil
da empresa e o fato de se dominar conhecimentos em Contabilidade ou na área financeira, não
outorga a seu conhecedor, o passaporte à controller.
Silva Leme (1973) apud Kanitz (1976) apresenta um esquema que diferencia
claramente as funções e limites de atuação entre um controlador e um administrador
financeiro:
34
Características
Controlador
Administrador Financeiro
Função Principal
Controle
Custódia
Posição no Organograma
Assessoria
Linha (Executa)
Relações
Internas
Externas
Horizonte de
Planejamento
Médio 1 a 5 anos
Custo 1 mês a 2 anos
Orçamento
Operacional
Caixa
Responsável pela
Rentabilidade
Liquidez
Quadro 1 - Diferenças entre controlador e administrador financeiro.
Fonte: Kanitz (1976).
A Controladoria deve ser responsável pela perfeita realização do processo de decisão,
ação, informação e controle, acompanhando e controlando as atividades da empresa.
Hernández Pérez Júnior, Pestana e Franco (1995), destacam as seguintes responsabilidades do
controller:
A organização de adequado sistema de informações gerenciais que permita à
administração conhecer os fatos ocorridos e os resultados obtidos com as atividades;
A comparação permanente entre o desempenho esperado e o real; A classificação
das variáveis entre variações de estimativa e de desempenho; A identificação das
causas e dos responsáveis pelas variações; A apresentação de recomendações para a
adoção de medidas corretivas (HERNÁNDEZ PÉREZ JÚNIOR; PESTANA;
FRANCO, 1995, p. 36).
As funções da Controladoria, conforme Kanitz (1976), consistem em coordenar e por
vezes implantar os sistemas de:
Informação: compreende os sistemas contábeis, financeiros, sistemas de pagamento e
recebimento, folha de pagamento, etc. É o mais conhecido sistema na qual o controller
atua.
Motivação: refere-se aos efeitos dos sistemas de controle sobre o comportamento. A
implantação de novos sistemas de controle irá atuar direta ou indiretamente sobre o
comportamento de funcionários alterando a motivação destes, repercutindo em aumento
35
ou diminuição do desempenho. Cabe ao controller prever os efeitos e corrigir os rumos
quando assim se fizer necessário.
Coordenação: visa centralizar informações com vistas à elaboração de planos ou
soluções de problemas. O controller toma conhecimento de eventuais inconsistências
dentro da empresa, seja em que departamento for, e assessora a direção, sugerindo
soluções.
Avaliação: interpreta fatos, informações e relatórios, avaliando os resultados por área
de responsabilidade, por processos e por atividade. Analisa se os resultados são
compatíveis com os esperados e, em caso negativo, quais pontos precisam ser corrigidos.
A implantação de um sistema de avaliação por responsabilidade e de desempenho
gerencial ainda é um dos pontos que mais provocam resistências dentro da estrutura
organizacional.
Planejamento: assessora a direção da empresa na determinação e mensuração dos
planos e objetivos. O controller deverá conseguir comparar os resultados alcançados pela
empresa com aqueles que haviam sido planejados, analisando se o planejamento foi feito
adequadamente, avaliando sua consistência e viabilidade.
Acompanhamento: verifica e controla a evolução e o desempenho dos planos
traçados a fim de corrigir falhas ou revisá-los.
Reitera-se que o papel da Controladoria é assessorar a gestão da empresa, fornecendo
informações para facilitar o processo decisório. Ou seja, cabe à Controladoria a manutenção
de um sistema de informações de planejamento e controle que dê suporte aos diferentes níveis
hierárquicos com poder decisório.
Nesse contexto, observa-se que a Controladoria possui mecanismos específicos de
controle que devem transmitir segurança aos envolvidos nos processos decisórios
responsáveis em primeira instância, pelo resultado da organização. Dentre os aspectos que
podem prejudicar a busca por este resultado, encontra-se a assimetria informacional existente
entre aqueles que geram a informação e os administradores. Caberá à Controladoria analisar
estas informações buscando minimizar esta assimetria.
Pelas atribuições concebidas ao controller, segundo Schmidt e Santos (2006), pode-se
dizer que é necessário, no mínimo, que ele possua um profundo conhecimento nas questões
contábeis e financeiras, que conheça com profundidade o próprio negócio da empresa, que
detenha conhecimentos na área da teoria da informação, da informática e dos sistemas de
informação, possua uma visão sistêmica do mercado em que a empresa está inserida,
36
habilidade de gerenciamento de pessoas e na administração de conflitos, dentre outros.
Percebe-se que um controller necessita de uma formação bastante diversificada, formação
esta que, por enquanto, não está disponível num único curso ou profissão regulamentada no
Brasil. O controller tem de “dominar” conhecimentos que perpassam áreas muito diversas,
desde as exatas até as sociais e humanas e, por isso mesmo, deverá buscar o aporte e constituir
uma equipe que contemple as várias áreas. É claro que esta é uma situação ideal e que
dependerá tanto do porte da empresa quanto questões de cultura organizacional.
37
4 A ECONOMIA ENQUANTO CIÊNCIA SOCIAL
Uma das ciências que tem uma contribuição significativa a dar ao contexto
organizacional e, principalmente servir de suporte para a Controladoria, é a Economia em seu
todo, mas principalmente na questão da Teoria da Agência e assimetria informacional. Caberá
à Controladoria mais do que ter presente estes conceitos, criar e ou sugerir mecanismos que
minimizem a assimetria informacional entre os atores envolvidos na dinâmica organizacional,
visando sempre o alcance dos objetivos precípuos de toda a empresa, ou seja: o melhor
resultado econômico financeiro possível.
Neste momento faz-se necessária a conceitualização do que seja Economia. “A
economia estuda como pessoas, empresas, governos e outras organizações de nossa sociedade
fazem escolhas e como essas escolhas determinam a forma como a sociedade utiliza seus
recursos.” (STIGLITZ; WALSH, 2003, p. 8).
Para Mankiw (2006, p. 4), Economia é o estudo de como a sociedade administra seus
recursos escassos. Na maioria das sociedades, os recursos são alocados não por um único
planejador central, mas pelos atos combinados de milhões de famílias e empresas”. Ou seja, o
que fizermos individualmente em nossas casas desde a ação mais simples como lavar a
calçada ou um carro no final de semana irá interferir na questão mundial de recursos hídricos.
É por isto que a Economia se faz tão necessária, pois a partir dela se pode tentar gerenciar
estas questões. Para isto, é necessário que se estude primeiramente o comportamento humano,
como as pessoas tomam decisões, como e o que compram, onde e como investem suas
economias, como interagem umas com as outras. Numa visão macro os economistas analisam
as forças e tendências que afetam a economia como um todo, incluindo aí, o estudo da
alteração da renda média, do desemprego e da inflação.
Mankiw (2006) argumenta que se o comportamento de uma economia reflete o
comportamento das pessoas que a compõe, é importante esclarecer alguns princípios de
escolha, ou seja, princípios que regem a tomada de decisões individuais:
1) As pessoas enfrentam Tradeoffs. Tradeoff é um termo utilizado em Economia, o
qual significa uma situação de decisão conflitante. Para se tomar uma decisão sobre uma
questão econômica, esta decisão acarretará inevitavelmente a solução de determinado
problema com a criação de outro.
38
No cotidiano de qualquer ser humano, a tomada de decisão exige escolher um objetivo
em detrimento de outro, para se ganhar alguma coisa tem-se que abrir mão de outra. No
contexto familiar, a decisão de gastos enfrenta esta situação, se o casal decide investir na
compra de um imóvel ou de custeio de um colégio particular para os filhos. Uma empresa não
é mais do que uma organização social que enfrenta tradeoffs, um clássico é como aumentar a
lucratividade correndo-se o risco de baixar salários, cortar pessoal, correndo-se o risco com
isso, de diminuir a produtividade.
É importante reconhecer que tradeoffs são inerentes ao contexto organizacional, e que
gestores e administradores envolvidos no processo decisório somente poderão tomar decisões
adequadas se compreenderem as opções disponíveis e suas consequências.
2) O custo de alguma coisa é aquilo que você desiste para obtê-la. Diante do
enfrentamento de tradeoffs, a tomada de uma decisão envolve a comparação de custos e
benefícios diante de possibilidades alternativas de ação. Entretanto, existem alguns custos
difíceis de serem mensurados. Um dos enfrentamentos comuns ao adolescente é, se faz
faculdade ou apenas um curso técnico. Teoricamente a faculdade lhe daria maiores
oportunidades de emprego e uma qualificação intelectual mais ampla. Entretanto, o tempo
que ele levaria para cursar uma faculdade seria o dobro de um curso técnico, tempo que
estaria desempregado e sem ganhar salário. Se optasse por um curso técnico poderia se
colocar mais rapidamente no mercado de trabalho. Mas e as possibilidades futuras? Será que
como técnico ele teria a mesma ascensão profissional que como acadêmico?
3) As pessoas racionais pensam na margem. As decisões que o ser humano toma
dificilmente são caracterizadas por extremos do âmbito de não sei se caso ou compro uma
bicicleta. Temos um plano de ação que pode sofrer pequenos ajustes e, em Economia, estes
ajustes são nomeados de mudanças marginais. O termo margem supõe a existência de
extremos e, mudanças marginais são aquelas que ficam entre os dois pólos do que se está
realizando. As tomadas de decisão durante a vida e na gestão empresarial devem ser bem
pensadas e ponderadas. Segundo Mankiw (2006, p. 7), “Um tomador de decisões racional
executa uma ação se e somente se o benefício marginal da ação ultrapassa o custo marginal”.
4) As pessoas reagem a incentivos. Se as pessoas tomam decisões por meio da
comparação de custos e benefícios, seu comportamento irá mudar se mudarem os mesmos.
Ou seja, elas reagem de acordo com incentivos. No período de safra de uvas as pessoas
deixarão de consumir bergamotas, pois estas estarão bem mais caras por ter passado seu
período de safra, e passarão a consumir uvas. As pessoas racionais tomarão decisões
comparando o benefício marginal com o custo marginal. Este entendimento é básico para os
39
formuladores de política, sejam gestores da administração pública ou privada. Os resultados
obtidos estarão direta e indiretamente ligados aos incentivos dados. Mudando-se os
incentivos, muda-se o comportamento das pessoas. Estes são somente alguns dos princípios
que regem a tomada de decisões das pessoas e que podem ser aplicadas à Economia. Seja
decidindo se individualmente compraremos uma pasta ou uma camisa, se dentro de nosso lar
optaremos por aplicar nossas economias na poupança ou comprando ações, seja na empresa se
decidirmos substituir a iluminação artificial pela natural, se irá se contratar diretamente
funcionários ou se será utilizada mão de obra terceirizada, estará de qualquer forma se falando
de economia e interferindo diretamente na estrutura social. Por isto, a Economia encontra-se
situada no campo das ciências sociais. Segundo Stiglitz e Walsh (2003, p. 15), “A economia é
uma ciência social. Estuda os problemas sociais da escolha do ponto de vista científico, o que
quer dizer que parte de uma exploração sistemática do problema da escolha. Essa exploração
sistemática envolve tanto a formulação de teorias quanto o exame de dados.
4.1 ECONOMIA DA INFORMAÇÃO
O surgimento da internet e a possibilidade de realização de negócios de novas
maneiras, como, por exemplo, uma licitação virtual, criou uma revolução nas relações
econômicas. Será que se criou uma nova Economia? E as leis da Economia se modificaram?
Shapiro e Varian (1999) afirmam que as leis da Economia continuam em vigência, a mudança
está na forma com que se usa a informação. Então surge o termo Economia da Informação,
que nada mais é do que o exame de como a informação (ou sua falta) afeta o processo
decisório econômico.
A sociedade encontra-se inserida numa economia que é baseada, que vive da
informação. Mas como as empresas se apropriam desta informação para competirem no
mercado? A informação é utilizada de variadas formas, seja para controlar estoques,
estabelecer preço, aumentar a produtividade ou saber o que querem os clientes.
Observa-se que a forma como a Economia formula custo x benefício, implica
diretamente em uma decisão. Um exemplo que é do conhecimento de todos, é o efeito do
preço sobre o comportamento dos compradores e dos vendedores num mercado. Se o preço de
um determinado bem (A) aumenta, estimula as pessoas a consumirem outro bem (B) porque o
custo de comprar o bem (A) ficou maior.
40
Verifica-se, portanto, que o efeito do preço sobre o comportamento dos compradores e
dos vendedores num mercado é fundamental para entender como a economia funciona.
Portanto, os formuladores de estratégias empresariais nunca devem esquecer-se dos
incentivos, uma vez que estes alteram os custos e benefícios para as pessoas e, portanto,
alteram o seu comportamento, podendo chegar a resultados diferentes dos desejados.
Para enriquecer o estudo das escolhas que as pessoas fazem e das interações
resultantes que têm umas com as outras, Hendriksen e Breda (1999) relatam que é necessário
incluir neste modelo a incerteza existente na realidade, introduzindo o conceito de estados da
natureza, ou seja, descrições de resultados possíveis. Como exemplo, relata que a economia
poderia crescer ou entrar em recessão, num determinado período e que cada uma dessas
possibilidades representa um estado possível da natureza.
Uma vez incorporada à incerteza no modelo de escolhas se faz necessária uma teoria
que possa explicar como a incerteza seria tratada. Assim, através da Economia da informação,
passou-se a estudar como a informação permitiria aos indivíduos rever as probabilidades por
eles atribuídas à ocorrência dos diversos estados da natureza. Este é o momento pré-decisório
da informação porque permite determinar o valor da informação antes da tomada de decisão.
O autor ressalta que a informação é valiosa, e destaca a importância da relação entre
informação e seus usuários, pois o valor da informação resulta de suas funções utilidade.
Desta forma, fica claro para Hendriksen e Breda (1999, p. 139) que [...] a informação não
possui valor a menos que altere ou possa alterar as escolhas de uma pessoa”.
4.2 TEORIA DA AGÊNCIA (AGENCY THEORY)
A Teoria da Agência é a base teórica que busca analisar as relações entre os
participantes de um sistema, onde propriedade e controle são designados a pessoas distintas, o
que pode resultar em conflitos de interesse entre os indivíduos.
Segundo Gremaud et. al. (2004), as quatro teorias que estudam as estruturas internas
das organizações e o modo como as instituições operam são: teoria behaviorista, teoria da
agência, economia dos custos de transação e teoria evolucionista.
A Teoria da Agência constitui-se num importante fundamento da Economia
institucionalista e da abordagem econômica das organizações. Existe uma relação de agência
sempre que ocorre um acerto entre indivíduos no qual o bem-estar de um deles depende da
41
ação do outro. O agente representa o indivíduo atuante e o principal, a parte afetada pelas
ações do agente.
Segundo Jensen e Meckling (1976), transpondo para as organizações, pode-se dizer
que as relações entre administradores e acionistas sejam relações de agência na qual o agente
é aquele que irá executar ou administrar o empreendimento sob delegação do empreendedor
original que detém a posse da organização chamado de principal (proprietário, acionistas,
etc.). O agente recebe o poder para decidir e gerir os negócios do principal com os mais
variados riscos e consequências, ou seja, existe uma separação entre propriedade e controle,
segundo Mishkin (2000).
Para Vasconcellos (2002), toda vez que se realiza uma transação econômica esta se
opera por meio de algum tipo de contrato formal ou não. Isto é valido, seja para tomar um
empréstimo, para locar um imóvel, nas relações trabalhistas, etc. Este contrato serve para
garantir que a transação ocorra de forma a que seus contratantes possam usufruir dos
benefícios esperados. Entretanto, nestas relações ihaver uma disparidade de informação, na
qual uma das partes terá uma informação privilegiada e que estará disponível à outra parte
se esta despender tempo e algum tipo de investimento. Esta informação que falta, é
importante para o resultado da transação. Via de regra, a parte que detém a informação
privilegiada é denominada de agente e a menos informada de principal.
Brisola (2004) enfatiza que o relacionamento que se estabelece entre dois ou mais
indivíduos e que afeta de forma significativa o desempenho organizacional é o elemento
fundamental da teoria da agência, formando uma conexão de contratos estabelecidos entre as
partes integrantes da empresa.
Segundo Jensen e Meckling (1976, p. 308), a teoria do agenciamento consiste na
relação contratual na qual o principal encarrega o agente de prestar algum serviço em seu
beneficio, delegando certos poderes de decisão”. Entretanto, é de se esperar que o agente não
agir sempre no interesse do principal por ter suas próprias prioridades e interesses
individuais que podem se sobrepor aos demais.
Quanto à aplicabilidade da Teoria da Agência, Besanko (2006, p. 468) afirma que A
estrutura principal/agente é amplamente aplicável: As relações entre os acionistas de uma
empresa e o CEO, entre um litigante e um advogado e até entre dois cidadãos de uma cidade e
seu Prefeito pode ser analisado usando-se esse paradigma”. Ou seja, cada vez que alguém agir
em nome de outra pessoa, recebendo poderes para tal, estará constituída uma relação de
agência.
42
Contribuindo, para o esclarecimento do conceito, Martinez (1998) aponta que a
relação principal-agente não se estabelece apenas entre proprietários e gerentes de uma firma,
mas sim, se adapta a diferentes relações. O quadro 2 tem como objetivo apresentar exemplos
de situações em que o autor identifica relações do tipo principal-agente:
43
Relações Principal - Agente
O que o Principal espera do Agente?
Acionistas Gerentes
Gerentes maximizem a riqueza do
acionista (ou o valor das ações).
Debenturistas Gerentes
Gerentes maximizem o retorno dos
debenturistas.
Credores Gerentes
Gerentes assegurem o cumprimento dos
contratos de financiamento.
Clientes Gerentes
Gerentes assegurem a entrega de produtos
de valor para o cliente. Qualidade maior,
tempo menor, serviço maior, custo menor.
Governo Gerentes
Gerentes assegurem o cumprimento das
obrigações fiscais, trabalhistas e
previdenciárias da Empresa.
Comunidade Gerentes
Gerentes assegurem a preservação dos
interesses comunitários, cultura, valores,
meio ambiente, etc.
Acionistas Auditores Externos
Auditores atestem a validade das
demonstrações financeiras (foco na
rentabilidade e na eficiência).
Credores Auditores Externos
Auditores atestem a validade das
demonstrações financeiras (foco na
liquidez e no endividamento)
Gerentes Auditores Internos
Auditores Internos avaliem as operações
na ótica de sua eficiência e eficácia,
gerando recomendações que agreguem
valor.
Gerentes Empregados
Empregados trabalhem para os gerentes
com o melhor de seus esforços, atendendo
às expectativas dos mesmos.
Quadro 2 - Relações principal e agente.
Fonte: Martinez (1998).
44
Como se pode perceber, o conceito de principal-agente pode ser estendido a diferentes
relações que se estabelecem entre os diversos partícipes do ambiente inter ou intra-
empresarial, ou em qualquer outro ambiente de relações humanas.
foi dito que a delegação de poder do principal para o agente pode gerar
consequências nem sempre agradáveis para o objetivo/fim do principal, no caso de uma
empresa, que é o de maximizar os lucros e/ou aumentar o valor da mesma. Nem sempre
existe uma afinidade em termos de objetivos entre as duas partes envolvidas neste processo.
Segundo Jensen e Meckling (1976), para assegurar-se minimamente que seus
interesses sejam respeitados, o principal terá uma série de custos que terão como objetivo
certificar-se de que seu “procurador” esteja agindo de acordo com as combinações realizadas.
Estes custos se resumem a: custos de monitoração são os custos necessários para a criação
de mecanismos de vigilância sobre o agente (sistema de informação, auditoria interna e
externa, conselho fiscal, etc.); custos de demonstração do agente - o agente terá interesse em
demonstrar que sua ação administrativa não vem em detrimento dos resultados da empresa e
perda residual decorre da redução do pagamento de dividendos ou comprovante de fluxos
futuros que, em última análise, seriam transferidos aos acionistas.
4.3 INFORMAÇÃO ASSIMÉTRICA
Segundo Gremaud et al. (2004), a Economia da informação deve seu desenvolvimento
a três pesquisadores/professores que desde a década de 70 vinham firmando a base de uma
teoria sobre os mercados com assimetria de informação, que são George Akerlof, Michel
Spence e Joseph Stiglitz que foram premiados com o Prêmio Nobel de Economia em 2001,
bem como seus antecessores Mirrlees e Vickrev premiados em 1996.
Gremaud (2004) acrescenta ainda que o conceito de assimetria de informação veio
revolucionar os tradicionais conceitos teóricos de equilíbrio da Economia. Basicamente,
significa que dentro da sociedade existem grupos que detém mais informações que outros e
que podem usá-las estrategicamente, gerando com isso distorções de mercado. Ou seja, a
existência de assimetria informacional não é de forma alguma inofensiva e pode reduzir
sensivelmente a eficiência dos sistemas de mercado.
A diferença de informação existente entre duas partes relacionadas, numa transação
econômica, foi denominada de informação assimétrica. Significa dizer que existem certos
45
mercados nos quais um dos participantes detém maiores informações sobre a qualidade de um
produto ou bem de consumo, e o outro, menos informações. O custo para a busca de
informações seria tão alto que inviabilizaria a própria transação, por consequência,
compradores e vendedores terão inevitavelmente informações diferentes a respeito de um
mesmo bem transacionado.
O clássico exemplo de carros usados (lemons) continua em vigência. O pretendente a
novo dono de um carro usado desconhece se este carro esteve envolvido em algum acidente,
se recebeu as manutenções devidas, desde a utilização de peças originais até o tipo de
gasolina de baixa ou boa qualidade, etc. O interesse do vendedor é conseguir o melhor preço e
para isto, obviamente não dará as informações que podem diminuir seu valor de mercado. Por
outro lado, o comprador sempre irá desconfiar destas informações e tentará barganhar o valor
do veículo. Os carros de qualidade duvidosa podem vir a expulsar aqueles de melhor
qualidade. um desequilíbrio de mercado, em função da assimetria informacional, que fará
com que qualquer carro novo, ao sair da concessionária e rodar alguns quilômetros, terá seu
valor reduzido significativamente. Apesar de Akerlof ter ficado conhecido pela análise do
mercado de automóveis usados, sua contribuição vai muito além, analisando o mercado de
seguros, crédito financeiro e, inclusive, de empregos segundo, Pindyck e Rubinfeld (2002).
Para Stiglitz e Walsh (2003, p. 239), “Ao incorporar a informação imperfeita aos seus
modelos, os economistas avançaram bastante na redução da distância entre o mundo real e o
mundo descrito no modelo de concorrência perfeita e informação perfeita [...]”.
Assim, quando dois ou mais agentes econômicos estabelecem entre si uma transação
econômica com uma das partes envolvidas, detendo informações qualitativa ou
quantitativamente superiores aos da outra parte, em Economia, está ocorrendo um processo de
Informação assimétrica.
Akerlof (1970) afirma que a existência de informação assimétrica pode levar a
equilíbrios que produzem graves falhas de eficiência de mercado, quando comparados aos
equilíbrios auferidos em situações de informação completa.
Contribuindo para o conceito de informação assimétrica, Hillbrecht (1999, p. 86)
afirma que: “esta surge quando uma das partes envolvidas em uma transação não tem toda
informação disponível à outra, o que a impede de tomar uma decisão correta com respeito à
transação. Como exemplo, relata que numa relação de agência, a administração de uma
empresa tem melhor informação sobre o retorno dos negócios da empresa que seus
proprietários, os acionistas. Este desnível entre os dados que a administração detém e aqueles
46
que os acionistas possuem deve ser observado e controlado pela Controladoria, através da
utilização dos mecanismos e ferramentas apropriados.
O mercado de trabalho é um mercado onde a assimetria informacional se manifesta de
forma significativa. O funcionário irá revelar seu real valor, após a contratação, ou seja, o
empregador irá descobrir as qualidades, virtudes e empenho quando o contratado estiver
trabalhando, após a formalização de uma relação trabalhista. O “vendedor” da mão de obra
sabe quanto quer se empenhar, o que pode oferecer para a empresa, o “comprador” pode fazer
suposições a respeito do candidato, através da análise de seu currículo ou entrevista, etc. Após
determinado período de contratação é que se poderá avaliar a produtividade do contratado e,
em caso de não ter correspondido às expectativas, a solução se encontra em uma demissão,
cujos custos diretos e indiretos são por demais elevados para a empresa.
Os principais problemas decorrentes de informação assimétrica segundo, Hillbrecht
(1999), são conhecidos como de Seleção adversa (adverse selection) e Risco moral (moral
hazard).
4.4 SELEÇÃO ADVERSA
Segundo Pindick e Rubinfeld (2002, p. 604), a seleção adversa “surge quando
produtos de qualidades distintas são vendidos ao mesmo preço, porque compradores e
vendedores não estão suficientemente informados para determinar a qualidade real do produto
no momento da compra.” Em decorrência disto, haverá no mercado muitos produtos de baixa
qualidade e poucos de alta qualidade, levando o consumidor a presumir que todos sejam de
baixa qualidade, forçando uma queda de preços. Uma empresa que queira se estabelecer e se
diferenciar pela alta qualidade de seus produtos terá enormes dificuldades para isto e, a menos
que tenha um capital de giro confortável, correrá o risco de não sobreviver.
Este problema é considerado como “pré-contratual” e, da mesma forma que pode ser
entendido para o mercado de bens de consumo, vale também para o mercado de trabalho.
As formas de tentar diminuir a seleção adversa provocada pela assimetria
informacional são a sinalização e a filtragem.
47
4.5 SINALIZAÇÃO
Para Gremaud et al. (2004), uma das soluções para o problema da seleção adversa é
nominada como sinalização, que significa prover o comprador (principal) do máximo de
garantias ou informações confiáveis a respeito do bem certificados de qualidade, referencias
de clientes satisfeitos, etc. O esforço de marketing pretende eliminar esta assimetria
informacional entre consumidores e determinada empresa. Até que se consiga consolidar uma
marca no mercado, que seja sinônimo de qualidade ou confiabilidade, a empresa deverá
envidar esforços para passar isto ao consumidor. Para que tal ocorra, a empresa deverá
sinalizar a qualidade do seu produto sob pena de fenecer devido a problemas de seleção
adversa.
De igual forma, isto funciona no mercado das relações trabalhistas. Quando um
empregado ou futuro empregado conclui cursos de graduação ou pós-graduação, agrega isto
ao seu currículo, forma de sinalizar a relevância de sua contratação ou merecimento de
promoção funcional.
Verifica-se, portanto, que estes dois exemplos de sinalização, publicidade e cliente,
empregadores e funcionários ou candidatos, respectivamente, estão utilizando um sinal para
convencer a parte desinformada que estão oferecendo algo de alta qualidade.
Segundo José Santos et al. (2007, p. 461), [...] o agente toma a iniciativa de
“sinalizar” o seu tipo ou qualidade antes de assinar o contrato, de tal forma que o principal
possa saber qual é o seu tipo ou qualidade (o agente se movimenta primeiro). Dessa forma, o
agente pode (através da emissão do sinal), antes de o principal ofertar o contrato, influenciar
as crenças do principal sobre sua verdadeira identidade”.
Assim, pode-se inferir que sinalização é uma ação praticada por uma parte informada
para revelar informações particulares à outra parte desinformada. Neste caso, interesse do
agente em informar ao principal sobre suas qualidades.
4.6 FILTRAGEM
A filtragem ou screening é, também, uma forma de tentar diminuir os problemas
ocasionados pelo fenômeno da seleção adversa, mas quem realiza o primeiro movimento é a
48
parte não detentora da informação privada, enquanto que na sinalização, quem realiza este
movimento é a parte detentora da informação privada (SPENCE, 1974).
O principal realiza uma ação a fim de determinar o tipo ou qualidade do agente. O
principal pode obter por vias indiretas as características do agente, através da estruturação de
um contrato com variáveis que induzam o agente a um processo de auto-seleção, ou seja,
agentes com diferentes tipos poderão ter escolhas diferentes, de acordo com José Santos et al.
(2007). No caso de uma contratação, o principal ofertará um contrato estabelecendo certos
critérios e/ou exigências, por exemplo, grau de escolaridade, experiência na função,
referências de antigos empregadores, etc.
4.7 RISCO MORAL
Outro problema gerado pela assimetria de informação é o risco moral, no qual um lado
não consegue observar as ações de outro, ou seja, existe um problema de ação oculta. Se no
caso de seleção adversa a questão era de uma informação oculta, neste, trata-se de ação
oculta é pós-contratual onde, se supõe que alguém inadequadamente monitorado possa
apresentar comportamentos adversos dos desejáveis.
Este problema é considerado “pós-contratual”, segundo Vasconcellos (2002). Pois,
uma vez formalizado o contrato, uma das partes, no caso o agente, pode tomar ações
indesejáveis do ponto de vista contratual e das quais o outro lado, o principal não conseguirá
observar.
Caracterizando melhor estes desvios de comportamento Mankiw (2006, p. 480) diz
que: “risco moral é um problema que surge quando alguém, chamado de agente, realiza
alguma tarefa em nome de outra pessoa, chamada de principal”. Quando o principal não puder
controlar adequadamente o comportamento do agente, este tende a utilizar menos esforços do
que o principal considera desejável. O termo risco moral está relacionado ao risco de
comportamento inadequado ou pouco ético (imoral) do agente. Nesta situação, o principal
tenta estimular o agente a agir da maneira mais responsável ou honesta possível.
O grande desafio que a informação assimétrica impõe neste caso é a formulação de
contratos completos e de elevada complexidade que busquem minimizar as perdas de bem-
estar decorrentes deste tipo de problema. As duas formas de minimizá-lo são a de estabelecer
49
contratos que estimulem o agente a se esforçar ou, através de incentivos dados que levem o
agente a se empenhar mais.
De acordo com Mankiw (2006), os empregadores podem reagir de diversas maneiras
sobre este problema:
a) melhorando o monitoramento através da criação de mecanismos para identificar
comportamentos irresponsáveis;
b) utilizando a teoria do salário de eficiência, onde, alguns empregadores optam em pagar aos
seus empregados um salário superior ao nível que equilibra a oferta de demanda no mercado
de trabalho, esta teoria pressupõe que um trabalhador que receba um salário superior ao de
mercado tem menos chance de desviar-se do trabalho;
c) servindo-se da estratégia de pagamento adiado, os empregadores podem adiar o pagamento
de parte da remuneração do trabalhador caso ele seja visto desviando-se de suas
responsabilidades.
50
5 SEMIÓTICA: A TEORIA LINGUÍSTICA
Segundo Coelho Neto (2001), a teoria linguística tem como objeto de estudo a
linguagem, sem que ela seja entendida como um mero sistema de sinalização, e, sim, como
matriz do comportamento e pensamento humanos. É via linguagem que o homem expressa o
que sente, o que almeja, suas intenções e projetos. Sendo assim, a linguagem se apresenta
como um dos fundamentos das sociedades humanas e seria inevitável que a teoria linguística
fosse convocada a entender e explicar o comportamento humano, necessariamente invadindo
outros campos do conhecimento, principalmente na área das ciências sociais e humanas.
Segundo Nöth (1995), a etimologia do termo semiótica nos remete ao grego semeîon,
que significa “signo”, e sema que pode ser traduzido por “sinal” ou também “signo”. O
interesse pelos signos não é uma novidade. Várias escolas e autores dedicaram esforços a
compreender e formular teorias dos signos verbais e não-verbais. Podemos destacar
contribuições de Platão, Aristóteles, dos Estóicos, Epicuristas, Agostinho, Locke, Hobbes,
pensadores do iluminismo alemão, entre outros.
A Semiótica, propriamente dita, tem seu início com os filósofos John Locke (1632-
1704) que, no seu Essay on human understanding de 1690, postulou uma “doutrina dos
signos” com o nome de Semeiotiké e com Johann Heinrich Lambert (1728-1777) que, em
1764, foi um dos primeiros filósofos a escrever um tratado específico intitulado Semiotik
(NÖTH, 1995).
Santaella (2007) situa a semiótica como tendo três origens, em tempos quase
sincronizados, mas em lugares diferentes. A origem norte-americana, com os trabalhos de
Charles Sanders Peirce; a soviética, com o linguista Marr; e a origem da Europa ocidental,
com os estudos do linguista Saussure.
Para Kristeva (1974), semiótica é uma produção de modelos, uma formalização, uma
axiomatização de sistemas significantes.
Segundo Santaella (2007), uma das maiores estudiosas brasileiras do assunto, o termo
Semiótica é a ciência dos signos entendido como linguagem. Ou mais propriamente, a
ciência de toda e qualquer linguagem.
“A semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens
possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e
51
qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido”
(SANTAELLA, 2007, p. 13).
Mas como poderíamos conceituar signo? Simploriamente, pode-se dizer que signo é
algo que está no lugar de outra coisa. Para Eco (1991), um signo pode ser chamado como
tal se, quando usado como antecedente reconhecido de um consequente previsto, ou seja, se
há fumaça associamos que deva haver fogo.
Até este ponto, temos abordado a questão da linguagem e consideramos
imprescindível, neste momento, diferenciar língua de linguagem. Quando se fala em
linguagem, nos referimos a todo um vasto campo de formas sociais e de significação que
inclui a linguagem verbal articulada, mas também outros sistemas codificados tais como a
linguagem dos surdos, os sinais de trânsito e tantos outros, como a própria apresentação de
um balancete por exemplo. Ou seja, linguagem é todo e qualquer sistema social e histórico
que implica na representação do mundo e produção de sentido. Comunicamo-nos não somente
através do uso da língua em sua forma oral ou escrita, mas através da leitura e produção de
formas não-verbais imagens, gráficos, sinais, setas, números, etc. A cultura, enquanto tal, se
constitui num conjunto universo de códigos, que podem ser linguísticos e não linguísticos.
Em todo processo de comunicação é inerente e está sujeito a ruídos de tipo semântico,
responsáveis pelo significado da mensagem e que podem ocorrer tanto na codificação quanto
na decodificação. Será que a mensagem é recomposta com o significado visado pela fonte?
Será que, entre emissor (Controladoria) e receptores (Gestores) existe uma mesma
linguagem? Ou seja, estão imersos no mesmo sistema simbólico? O significado semântico
dado pelo emissor será o mesmo dado pelo receptor? Caso a resposta seja negativa ou no
mínimo duvidosa, corre-se o risco de que as informações tornem-se estéreis à finalidade que
se destinam, ou seja: abastecer de dados que facilitem e norteiem a tomada de decisões mais
adequadas. É neste momento que se entra na questão da semiótica e mais apropriadamente, na
semiótica contábil.
Enquanto ciências, tanto a Contabilidade quanto a Economia são linguagens que visam
comunicar algo (dados econômico-financeiros e contábeis) a alguém (usuários das
informações). Baseado nesta pertinência é que se pode falar de uma Semiótica contábil e uma
Semiótica da economia. As informações contábeis e/ou econômicas, quando não interpretadas
adequadamente, carecem de conteúdo semântico tornando-se, portanto, estéreis aos fins a que
se destinam. Deve haver uma congruência entre aqueles significados que se pretendem e
aqueles alcançados, correndo-se o risco de, no mínimo, não poder servir a seus reais
propósitos. Esta congruência deverá ser buscada pelo controller que deverá ter como princípio
52
a busca pela facilitação do entendimento de informações e consequente facilitação no
processo decisório pelos níveis responsáveis por tal.
53
6 TEORIA DA INFORMAÇÃO
Um dos modelos fundamentais e fundadores para entendimento do processo de
informação comunicação e que teve maior ascendência na contemporaneidade segundo
Mattelart e Mattelart (2005) e Coelho Netto (2001) é o que surgiu através do matemático e
engenheiro elétrico americano Claude Elwood Shannon.
Shannon ingressou nos laboratórios da Bell Systems, filial da empresa de
telecomunicações American Telegraph & Telephone, em 1941 e durante o período da guerra
dedicou-se a trabalhos na área de criptografia, ou seja, o estudo dos códigos secretos o levou a
formular hipóteses posteriormente encontradas em sua Teoria Matemática da Comunicação.
Em 1948, publica a monografia intitulada The Mathematical Theory of
Communication, sendo apresentada inicialmente como um sistema de base matemática
destinado a estudar os problemas de transmissão de mensagens pelos canais físicos (telégrafo,
rádio, etc.) visando prever e corrigir distorções passíveis de ocorrer durante a transmissão de
uma mensagem bem como calcular o grau de receptividade da mensagem.
Shannon propõe um esquema linear do “sistema geral de comunicação” cujos pólos
propõem um início, uma origem e um fim, com os seguintes componentes:
- a fonte (de informação) que produz a mensagem;
- o codificador ou emissor que transforma a mensagem em sinais a fim de torná-la
transmissível (o telefone transforma a voz em oscilações elétricas);
- o meio utilizado para transportar os sinais (cabo telefônico);
- o decodificador ou receptor que reconstrói a mensagem a partir de sinais;
- a destinação, pessoa ou coisa à qual a mensagem é transmitida.
A figura 2 tem o objetivo de apresentar o esquema proposto por Shannon, segundo
Coelho Netto (2001, p. 198).
54
Figura 2 - Esquema de Shannon.
Fonte: Coelho Netto (2001).
Neste gráfico, segundo o mesmo autor, a leitura que se faz é:
1 fonte de informação produz mensagens;
2 transmissor tem a função de codificar a mensagem, transformá-la em signo;
3 o canal físico que transporta os signos;
4 receptor decodifica os signos para recompor a mensagem;
5 destinatário recebe a mensagem;
6 o processo de transmissão está sujeito a sofrer influencias ou alterações
decorrentes de uma fonte física de ruídos;
7 o mesmo processo está sujeito a ruídos de tipo semânticos que provocam uma
distorção de significado da mensagem seja no processo inicial de codificação ou no de
decodificação;
8 a fonte controla os efeitos da mensagem através da retroalimentação.
A Teoria Matemática da Comunicação, também chamada de Teoria da Informação,
visava auxiliar a otimização do custo de transmissão de sinais. Seu nome foi considerado
inadequado, segundo Epstein (1986), tendo sido sugerida a troca para Teoria da Transmissão
de Sinais em uma conferência no Massachussetts Institute of Technology, em 1952, em
função dos propósitos a que se destinava. O objetivo de Shannon, segundo Mattelart e
Mattelart (2005), seria delinear o quadro matemático dentro do qual fosse possível quantificar
o custo de uma mensagem, de uma comunicação entre os dois pólos desse sistema, em
presença de perturbações outras, nomeadas de "ruídos" e consideradas inoportunas porquanto
55
impediriam o "isoformismo", a plena correspondência entre os dois pólos. Se buscarmos
minimizar o dispêndio total, conseguimos transmitir por meio de sinais convencionados mais
econômicos.
Os sentidos correntes da palavra, informação nos dicionários, giram em torno do
núcleo de significados a tomar ciência, tomar ou dar conhecimento. “A informação é uma
redução de incerteza, oferecida quando se obtém resposta a uma pergunta (SHANNON,
1975, p. 53).
Conforme Pignatari (2002), o processo básico da Teoria da Informação se refere
sempre à quantidade de informação e não à sua qualidade ou seu conteúdo e significado.
É válido despendermos algum tempo para nos determos na discussão do que se quer
dizer com quantidade de informação. Segundo Moles (1969), não significa dizer que se
importância à extensão da mensagem, mas sim a seu valor intrínseco. Atribuindo-se ao
conceito de valor um sentido objetivo, sendo a propriedade daquilo que, por um consensus
omnium é utilizável. O valor de uma mensagem estará diretamente relacionado à sua
capacidade de modificar o comportamento do receptor. Quanto mais a mensagem for capaz
de fazer modificações no comportamento do receptor, mais valor ela terá. Ou seja, não
interessa o tamanho da mensagem, ela ser longa não significa que tenha maior valor. Ela
terá maior valor se tiver o caráter de novidade, ineditismo. O valor está ligado ao original, ao
imprevisível54.224 345.89 Tm[pdois se estes ac que ca ntealç(e)4(s )-650(no )-549(r)-6(e)4(c)-5(e)4(ptor. )-258O. que
coh(e)4(c)4i(do )-618(e)4(stá )-258(int)-3(e)-5(pr)3dad pe receptoá peteíe a seu ista inter
56
- na Biologia através da informação via DNA celular e os processos enzimáticos;
- na Física com o processo de medida na teoria quântica;
- na Medicina com a origem e evolução dos sistemas nervosos;
- com a mídia de massa e todas as novas tecnologias da comunicação;
- com a eletrônica e o trabalho dos engenheiros de software e hardware;
- com os postulados básicos da Economia e das Ciências sociais.
Estes são somente alguns exemplos da amplitude de usos feitos pela teoria e dão pistas
do quanto foi distorcido o conceito de informação em sua essência, dentre inúmeros outros
havendo uma mistura e indefinição do que pertence a cada área.
A teoria da informação, transposta para diversas áreas das ciências humanas marcou e
influenciou o estudo da comunicação daí por adiante.
Consoante Mattelart e Mattelart (2005),
Quer diga respeito a relações que implicam máquinas, seres biológicos ou
organizações sociais, o processo de comunicação responde a um esquema linear que
faz da comunicação um processo estocástico, ou seja, afetado por fenômenos
aleatórios, entre um emissor que tem liberdade para escolher a mensagem que envia
e um destinatário que recebe essa informação com suas exigências [...]
(MATTELART; MATTELART, 2005, p. 59-60).
Transpondo este esquema para a Controladoria temos os seguintes componentes:
- A fonte de informação será a produtora de uma mensagem informações contábeis
e econômico-financeiras;
- Transmissor entendido aqui como o operador da mensagem controller ou
contador que irá codificar os eventos/informações para transmiti-los;
- Canal o meio pelo qual as informações serão transmitidas relatórios contábeis,
econômicos e/ou financeiros;
- Destinatário será o gestor (usuário) que recebe as informações codificadas tendo
que decodificá-las e interpretá-las para a tomada de decisões.
Pode-se perceber que do lado do emissor um processo de codificação, do lado do
receptor um processo de decodificação. Entre a mensagem (informação) enviada e a recebida
57
há um hiato e é justamente este hiato a razão e causa dos maiores problemas na comunicação.
Neste sentido, esta teoria, como proposta por seu autor, não leva em consideração a
significação dos sinais, ou seja, o sentido que lhe atribui o destinatário e a intenção que
preside à sua emissão (MATTELART; MATTELART, 2005).
A Teoria da Informação está centrada no código, ou seja, ele trata do sistema como
conjunto de elementos e sua norma de combinação preocupa-se com a elaboração de uma
dada mensagem, capaz de promover em seus receptores uma alteração de comportamento.
Não interessa a significação da mensagem entendida como resultado de um processo
interpretativo, mas sim, seus aspectos quantitativos “objetivos”. Como foi ressaltado,
prioriza a quantidade e não a qualidade.
58
7 TEORIA DA COMUNICAÇÃO
Sem um código comum ao emissor e receptor não haverá comunicação, ou seja, tornar
algo comum a pelo menos dois membros da coletividade. Sem este código o emissor não
poderá codificar sua mensagem, o que implica que tampouco haverá decodificação, segundo
Kristeva (1974). Aqui se começa a falar em comunicação e não mais informação, a Teoria da
Comunicação está voltada para o conjunto mensagem-homem. Enquanto uma trata do sistema
como foi abordado, a outra aborda o processo em si como sequência de atos, espaço e
temporalmente localizados.
Ruídos semânticos são inerentes a todo processo de comunicação, estes são
responsáveis pela distorção do significado da mensagem e podem ocorrer tanto na codificação
quanto na decodificação. Será que a mensagem é recomposta com o significado visado pela
fonte? Será que, entre emissor (Controladoria) e receptores (Gestores) existe uma mesma
linguagem? Ou seja, estão imersos no mesmo sistema simbólico? O significado semântico
dado pelo emissor será o mesmo dado pelo receptor? Caso a resposta seja negativa ou no
mínimo duvidosa, corre-se o risco de que as informações tornem-se estéreis à finalidade que
se destinam, ou seja, abastecer de informações que facilitem e norteiem a tomada de decisões
mais adequadas.
Segundo Mário Santos (1965), o termo comunicação deriva de comum aquilo que
pertence a vários igualmente, que provém do latim cum e muns que significa cargo, ofício,
função, dever, propriedade. O centro de um círculo é comum a seus raios, pois todo ele tem o
mesmo centro. Comunicação do latim communicatio significa tornar algo comum a muitos.
A comunicação enquanto processo tem sido estudado muito tempo, tendo sido
motivo de análise e estudo no mínimo desde Aristóteles. Este filósofo esboçou um modelo de
processo de comunicação em sua Retórica, que consistia em distinguir três diferentes
elementos que o compunham: a pessoa que fala, o discurso em si e a pessoa que ouve. E, é
com base neste tripé que os modelos foram se aperfeiçoando até os dias atuais. Não é objetivo
deste trabalho discorrer sobre as várias escolas de comunicação e sim considerar que o
indispensável para o entendimento do foco do trabalho é que os pilares indispensáveis à
caracterização do processo de comunicação sejam: mensagem, emissor e destinatário.
59
7.1 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
As diferentes abordagens e perspectivas desenvolvidas nos estudos sobre comunicação
organizacional vêm sendo alteradas de acordo com o novo cenário globalizado e avanços
tecnológicos. A planetarização da Economia, como chama Bueno (2002), na qual pequenas
oscilações nos resultados de empresas americanas ou mercados chineses servem para
provocar abalos consideráveis nas bolsas de valores do mundo inteiro, serviu para
potencializar a comunicação tanto na esfera interna quanto na externa de uma empresa o que,
por sua vez, pode acabar provocando alterações nos mercados.
Uma das questões mais difíceis é a de definir e caracterizar comunicação
organizacional e campo de abrangência visto que, ela é requisitada por várias áreas do
conhecimento que a tentam submeter as suas tutelas.
Um dos marcos de referência utilizado é a concepção de Goldhaber (1991), na qual
uma organização é um sistema vivo e aberto, conectado por um fluxo de informações entre as
pessoas que ocupam distintas posições e representam diferentes papéis. O autor define
comunicação organizacional como sendo o fluxo de mensagens processadas em uma rede de
relações interdependentes. Essa definição apresenta quatro conceitos chave a serem
considerados: mensagens, rede, relações e interdependência. As mensagens tratam com a
informação significativa sobre pessoas, ações e objetos gerados durante as interações
humanas. Dizem respeito à informação que é percebida e para a qual os receptores atribuem
significado. As mensagens fluem através de redes de comunicações as quais estão conectadas
a pessoas, estabelecendo-se entre elas, diferentes graus de relações. Estas relações, ainda
segundo o autor, podem ser estudadas através da conduta das pessoas envolvidas nessas
relações, dos efeitos em relações específicas, bem como através das habilidades, atitudes e
moral dos empregados quando afetados ou quando afetam as relações dentro da organização.
Assume relevância nesta concepção o aspecto de interdependência, ou seja, ao considerar a
organização como um sistema aberto admite a coexistência de subsistemas, os quais
estabelecem entre si níveis de interdependência, o que significa dizer que estes subsistemas
afetam e são afetados mutuamente, afetando ao sistema como um todo.
Conforme Miguel Fernández (1991) se analisarmos o conceito de comunicação dentro
da esfera empresarial,
60
La comunicación no se limita únicamente al envío de información, sino que tiene
también como objetivos coordinar las tareas, motivar a las personas y mejorar los
comportamientos. Es el proceso mediante el cuál se intercambia información, entre
dos o más personas, buscándose normalmente la motivación o influir sobre los
comportamientos (MIGUEL FERNÁNDEZ, 1991, p. 742).
Para Riel (1995), a comunicação organizacional engloba todas as formas de
comunicação utilizadas pela organização, para relacionar-se e interagir com seus públicos e
neste contexto incorpora relações públicas, estratégias organizacionais, marketing
corporativo, propaganda corporativa, comunicação interna e externa. Isto significa um
universo bastante extenso e heterogêneo com os quais a organização se relaciona e depende.
A comunicação organizacional é entendida a partir da perspectiva da comunicação
integrada, que irá abranger a institucional, a mercadológica, a interna e a administrativa.
Detalhando, significa que a comunicação institucional é responsável pela construção da
credibilidade da empresa, a comunicação mercadológica estará voltada para a divulgação dos
produtos e serviços desta mesma empresa ambas terão objetivos específicos, mas voltados
ao público externo e direcionadas a vendas. A comunicação administrativa envolve
procedimentos comunicacionais que ocorrem dentro da organização e, a comunicação interna
se desenvolve em paralelo a ela e visa proporcionar meios para facilitar a integração dentro do
contexto organizacional, mediante o diálogo, troca de informações e experiências em todos os
níveis. De acordo com Kunsch (1999, p. 77), uma das referências brasileiras em comunicação
organizacional, [...] a comunicação interna é planejada em torno de propósitos claramente
definidos, para viabilizar toda a interação possível entre a organização e seus colaboradores
lançando mão de metodologias e técnicas de comunicação institucional e até de comunicação
mercadológica.”
Através do estudo dos processos de comunicação organizacional Daniels, Spiker e
Papa (1997) identificaram vários modelos interpretativos da comunicação nas empresas sendo
o primeiro, o mais tradicional, centrado numa visão mecanicista na qual a comunicação pode
ser medida, padronizada e classificada, havendo uma relação entre processo comunicacional e
eficiência organizacional. O segundo modelo passa por uma perspectiva interpretativa, que
entende as organizações como culturas, analisando a comunicação como processo por meio
do qual a construção social ocorre. E, o terceiro e mais “radical” é o de uma perspectiva
crítica que aborda a organização como instrumento de opressão.
Acredita-se que, embora estes modelos sirvam de base para estudos da comunicação
não atendam plenamente as demandas e expectativas para o que se pretende neste trabalho.
61
Parece que Goodall e Eisnberg em sua obra Organizational communication: balancing,
creativity and constraint, de 1997, respondem mais adequadamente a demanda quando
apresentam cinco modelos de comunicação organizacional:
- como transferência de informação;
- como processo transacional;
- como estratégia de controle;
- como equilíbrio entre criatividade e constrangimento/coação/sujeição;
- como espaço de diálogo.
A comunicação, como transferência de informação, é caracterizada através da
metáfora do encanamento no qual a informação escoa de um emissor para um receptor. Via
de regra é utilizada para transmitir metas e objetivos dos níveis hierárquicos superiores para
os inferiores, sendo um sistema linear e estanque, tendo suas deficiências, pois cabe ao
emissor definir o significado das mensagens e repassá-las aos demais.
No modelo de comunicação organizacional, como processo transacional o receptor
não é um ente passivo como seu antecessor, enfatizando-se o feedback, ou seja, procura se
analisar como a mensagem é recebida e entendida, ou seja, como o receptor irá
desconstruir/construir o significado da mensagem recebida.
No modelo de controle estratégico, a comunicação é uma ferramenta de controle do
ambiente organizacional. O modelo de controle estratégico atribui aos comunicadores
objetivos múltiplos em face de situações, ou seja, o comunicador competente seria aquele que
conseguiria selecionar adequadamente as estratégias para a realização de múltiplos objetivos
na organização. Este modelo sugere que o mundo organizacional é composto por
comunicadores independentes, cada um trabalhando para controlar seu próprio ambiente.
O modelo de equilíbrio entre criatividade e sujeição possui uma abordagem
considerada bem próxima das teorias sociológicas e considera que a comunicação figura
como mediadora entre a sujeição institucional (o que deve ser feito) e o potencial criativo
individual (o que poderá ser feito).
O último modelo - como as organizações sendo vistas como espaço de diálogo entende
que cada indivíduo tem a oportunidade de ser ouvido e de falar.
62
7.2 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL E CONTROLADORIA
Pelos aportes feitos até aqui, pode-se deduzir que, a comunicação dentro das
organizações tem uma função estratégica com valor econômico, em prol da maximização de
resultados. Por isto mesmo, o planejamento estratégico deverá contemplar a comunicação,
desenvolvendo um programa que prime por sua excelência.
Caberá à Controladoria preocupar-se com a realização de um diagnóstico que revele o
funcionamento dos processos de comunicação e que, de forma indireta, irão dizer sobre o tipo
de cultura corporativa presente. Dentro de um contexto onde os canais de comunicação se
caracterizam pela informalidade, onde as pessoas evitam assumir suas responsabilidades,
onde existam muitos boatos, conversas de bastidores, ruídos de comunicação, pode-se pensar
num tipo de organização pouco saudável e que, isto, em algum momento, terá reflexos
danosos para a empresa.
Quando um chefe ou gerente está fazendo uma entrevista de seleção, de demissão, um
novo funcionário está sendo treinado, o grupo gerencial está reunido para realizar o
planejamento para o próximo ano, ou está a avaliar o ano que passou, está presente o processo
comunicacional, que afetará tanto os envolvidos diretamente quanto aos demais, alterando
posturas e lidando com questões motivacionais.
A comunicação terá somente valor se esta efetivamente contribuir para o alcance dos
objetivos da empresa, do contrário, no mínimo, será inútil. Caberá à Controladoria dar suporte
para que a área competente possa administrar estrategicamente a comunicação com os
diferentes públicos envolvidos sejam: empregados, consumidores, imprensa, fornecedores,
poderes públicos, acionistas, etc. Esta realização só será possível via um planejamento através
de projetos, planos e programas de ação.
63
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro do ciclo de evolução do mundo e do ser humano, algumas mudanças históricas
representaram, em especial, marcos significativo e fundadores de uma nova ordem na qual era
impossível retroceder ou restaurar um estado anterior. Um destes marcos para a Economia e
consequentemente, para o mundo em si, foi a Revolução Industrial, que alterou todos os
sistemas de produção e consequentemente as relações trabalhistas. A mão-de-obra, pouco
qualificada e em grande número, foi substituída por processos mecanizados havendo um
aumento na escala de produção. Havendo um aumento na escala de produção fez-se
necessário organizar um encaminhamento, um escoamento para ela, criando-se uma demanda.
Este crescimento de produção, de venda e de todas suas consequências, provocou uma
necessidade premente de se reorganizar ou se reestruturar a administração empresarial e seus
respectivos controles. Ou seja, urgia a necessidade de criação de uma nova área, que
acompanhasse as mudanças na forma de administração, que passava a ser administrada não
por seus proprietários (principal), mas sim, por pessoas delegadas (agentes) pelos
proprietários e com poder decisório. Este breve histórico serve para situarmos o surgimento
da Controladoria, que se deve, originalmente, à Revolução Industrial, mas que também se
origina de outros fatores que, neste momento, não foram significativos de sofrerem uma
análise.
Do século XVIII em diante, a economia mudou significativamente e, com isto, as
empresas foram obrigadas a mudar também, sob pena de não se manterem. No século XX, o
avanço da tecnologia, o surgimento da globalização e o acirramento da competitividade
exigiram novas posturas e quebras de paradigmas quanto à administração em si. A maior
acessibilidade, “democratização” da informação, situação criada e estimulada pela internet,
proporcionou, hipoteticamente, chances iguais a todos e, por isso mesmo, transformou a
própria informação em mercadoria. Ter informações diferenciadas dentro de um mercado
competitivo, tornou-se uma moeda de bastante valor. Esta é uma atividade fundamental na
qual a Controladoria deve se focar e concentrar seus esforços, ou seja, no gerenciamento da
informação, segundo Schmidt e Santos (2006).
Uma informação tem valor e passa a ser válida quando reduz a incerteza na tomada de
decisão, e aumenta a qualidade decisória diminuindo a incerteza do gestor no ato da decisão
(PADOVEZE, 2002). Pode-se depreender que, quanto mais precisa e exclusiva for a
64
informação, mais valor terá, desde que respeitados os limites éticos e avaliação de
custo/benefício para sua obtenção.
Numa empresa não são somente os administradores que tomam decisões, mas em
todos os níveis hierárquicos haverá decisões a serem tomadas, e muitas vezes interligadas.
Deve-se ter a devida clareza que não basta ter a informação e não saber interpretá-la
ou utilizá-la de forma adequada. Por isso mesmo, o foco de uma Controladoria deve ser mais
do que a informação de ordem contábil, financeira ou de que espécie por, centrar-se no
próprio usuário dela.
A Controladoria, basicamente, trabalhará com dois tipos de usuários da informação: o
público interno à empresa e o externo. Enfatiza-se aqui a importância da Controladoria
determinar as necessidades de informação do usuário. Existe aí uma mudança significativa do
profissional contábil cujo modelo centra-se na informação, o controller deverá centrar-se no
usuário partindo-se do princípio de que a necessidade de informação de um usuário é
específica àquele usuário.
Por isso, é tão importante que, pelo menos o controller, tenha um mínimo de noção
dos processos relacionados à comunicação, no sentido de que, em determinados momentos,
ele será o transmissor de uma mensagem. Mensagem esta que, se não decodificada
adequadamente pelos destinatários pode, no nimo, não servir a seus propósitos, ou mais
grave ainda, poderá gerar ruídos na comunicação acarretando prejuízos, inclusive financeiros.
Por esse fato, é obrigação do controller não somente preocupar-se com o envio de
informações corretas, mas também, claras.
Uma informação não entendida adequadamente não tem utilidade alguma. Em
algumas empresas, se observa que as informações contábeis, e mesmo financeiras, acabam
servindo somente para cumprir uma legislação, muitas vezes, em função da pouca
familiaridade de seus usuários quanto a termos e signos. É obrigação do controller
“convocar” o usuário a ingressar neste universo através da criação de programas de
treinamento ou medidas nesta ordem, estabelecendo uma parceria na qual ele irá dispor de
uma ferramenta insubstituível para lhe facilitar decisões, ao mesmo tempo em que
retroalimentará a Controladoria de informações mais fidedignas, refinando todo o processo.
Tanto a Contabilidade quanto a Economia são linguagens bastante ricas e possuem
seus signos específicos que visam produzir um sentido e um significado. Entretanto, aqueles
não iniciados nestas linguagens podem encarar as informações oriundas destas ciências como
algo enfadonho ou hermético, seja qual formação escolar ou em que nível hierárquico estiver
dentro do contexto da empresa. O estudo da Semiótica se faz necessário neste caso e caberá
65
ao controller ocupar-se
66
psicólogo, um economista, um sociólogo, mas deverá cercar-se de uma equipe que contemple
esta multidisciplinaridade. Parece-nos que, ainda, o controller é visto como alguém da
Contabilidade cujas funções se restringem a manipular as informações contábeis ou mais
especificamente, os balanços e demais dados numéricos e, dependendo da empresa, isto é o
que efetivamente ocorre. Pouco se tem estudado quanto ao tipo de postura esperada ou
desejada de um controller em termos éticos e comportamentais, podendo ser assunto para
trabalhos seguintes. A própria formação de controller é questionada justamente porque
alguns consideram que a Controladoria é função exclusiva do contador; afirmando que a
Controladoria não existe enquanto área do conhecimento humano, porque não existe uma
fundamentação teórica a qual consolide como tal, segundo Koliver (2005).
Acredita-se que ainda existam resistências quanto ao entendimento do real papel do
controller, não estando clara a sua situação frente ao organograma da empresa seria órgão
de suporte ou faz parte da hierarquia?
Cabe à Controladoria, também, procurar estar atenta aos problemas de agência,
originados da separação da propriedade do controle das corporações. A organização moderna
tem sua propriedade pulverizada e seu controle administrativo financeiro entregue a
executivos não proprietários, colocando-se o problema, então, de como garantir que o
comportamento desses executivos esteja alinhado com a maximização do valor do capital
investido pelos acionistas?
Cabe indagar qual o papel da Controladoria em se aplicando o entendimento da teoria
da agência, que, em alguns momentos, podese colocar como principal e em outros como
agente, visto estar imerso nesse sistema que é a empresa. Dependendo do papel que estiver
exercendo, poderá contribuir para aumentar fenômenos tais como a assimetria informacional
com danos nocivos para o resultado da empresa. Talvez a utilização da teoria da agência não
responda com a profundidade necessária ao entendimento da dinâmica organizacional e do
papel da Controladoria.
Acredita-se que os papéis e posturas do controller e da Controladoria ainda deverá ser
bastante questionado e estudado, sendo algo que está em constante construção e
amadurecimento, dependendo do período histórico, do país, empresa em que estiver inserido e
formação do profissional. A evolução do próprio pensamento humano e tecnologias deverão
alterar ainda muito este papel.
67
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