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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
NÍVEL: MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ODONTOPEDIATRIA
A EDUCAÇÃO ODONTOGICA NA UNIVERSIDADE
LUTERANA DO BRASIL: RESGATE HISTÓRICO E
PERSPECTIVAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
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CANOAS – RS
2010
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A EDUCAÇÃO ODONTOGICA NA UNIVERSIDADE
LUTERANA DO BRASIL: RESGATE HISTÓRICO E
PERSPECTIVAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Odontologia do Curso de
Odontologia da Universidade Luterana do
Brasil, como requisito final para obtenção do
título de Mestre em Odontologia na área de
concentração de Odontopediatria.
Linha de Pesquisa: Paradigma formador
docente em Odontologia: análise científica,
pedagógica e social
Orientador: Prof. Dr. Paulo Floriani Kramer
CANOAS – RS
2010
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido, que sempre foi e é, além de um
colaborador na minha formação profissional, um exemplo de paciência, soube
ser, além de pai, a mãe enquanto eu não estava, ser um amigo e companheiro
em momentos complicados sem me deixar sentir culpa pela ausência,
obrigada. Agradeço por cada instante... e acredito que toda essa energia vem
da força do amor, existente em nossa família.
Não poderia deixar de dedicar a minha filha, que mesmo envolvida com
as aprendizagens da escola, com as ocupações de uma criança de nove anos,
sentia que poderia me ajudar um pouco mais na construção deste trabalho e
preferia deixar de brincar para estudar comigo. Foi muito bom filha, a mamãe
não conseguiria sem você.
Aos meus pais que plantaram a sementinha do “querer mais” em meu
coração. Ensinaram que estudar é muito mais que uma profissão, é uma
terapia para qualquer mal. Este é um dos ensinamentos que procuro passar
para nossa Rafaela. Sigo o seu exemplo de busca pai e o seu exemplo de
dedicação mãe. Obrigada.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Agradeço ao meu orientador, prof Dr. Paulo Floriani Kramer, pelo
exemplo de dedicação desmedida, confiança, apoio, profissionalismo e
amizade. Professor, se as palavras pudessem transmitir o carinho que sinto
seria mais fácil agradecer tudo. Muito obrigada!
Ao prof Dr. Carlos Feldens, que em momentos passados ajudou na
construção do meu trabalho de conclusão de curso, hoje continua colaborando
em mais esta etapa, é sempre um grande orgulho tê-lo ao meu lado, obrigada.
A profª Simone, pela oportunidade de momentos gicos! Mágicos pois
ao mesmo tempo que aprendia lições de vida com os pacientes deficientes,
ensinávamos a eles que a Odontologia é muito mais que dentes ou inclusão
social, é uma lição de amor. Foi um prazer ter dividido contigo: uma mulher
amiga, guerreira, sensível e leal aos sentimentos, tudo o que passamos. Foi
sem dúvida, inesquecível!
AGRADECIMENTOS
A minha cunhada Fabiane, pela ajuda incondicional, humor encantador e
parceria rara.
Ao meu irmão e minha cunhada Judith, pelo amor, carinho e união.
Aos professores da Clínica Infantil. É sempre um grande aprendizado
conviver com professores tão especiais. Obrigada pelo carinho e acolhida.
As colegas de mestrado, Vanessa e Elise, prova real de que uma
verdadeira parceria leva ao sucesso.
Aos alunos e pacientes muito obrigado pelos ensinamentos e simpatia.
Guardarei cada aprendizagem com muito respeito e valor.
A ULBRA, deixando explícito que tenho orgulho desta escola. Muitas
conquistas na minha vida foram possíveis porque estudei com professores
extraordinários, que me deram a segurança de enfrentar um mercado de
trabalho competitivo com coragem e sabedoria. É sempre bom voltar para
casa!
Os sonhos trazem saúde para a emoção,
equipam o frágil para ser autor da sua história,
renovam as forças do ansioso, animam os
deprimidos, transformam os inseguros em seres
humanos de raro valor. Os sonhos fazem os tímidos
terem golpes de ousadia e os derrotados serem
construtores de oportunidades.
Augusto Cury
RESUMO
O curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil (Canoas/RS),
fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, propôs um novo Projeto
Pedagógico que corresponde às necessidades contemporâneas de formação
do cirurgião dentista. O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da
reconfiguração da matriz curricular no processo de ensino e aprendizagem. A
população alvo do estudo foi composta pelos alunos matriculados no último
semestre do currículo em extinção ATO 2007/2 e pelos alunos concluintes da
primeira turma do currículo novo ATO 2008/1. O instrumento de pesquisa foi
um questionário estruturado, aplicado pela pesquisadora e preenchido de
forma individual em sala de aula, para verificar o perfil dos estudantes
concluintes, sua opinião sobre a matriz curricular e a sua formação em
Odontologia Pediátrica. Os dados foram analisados no programa SPSS 13.0 e
as variáveis qualitativas descritas na forma de frequências simples e
percentuais. Para comparar o desempenho dos alunos foi realizado o teste t
para amostras independentes. De acordo com os resultados obtidos, é possível
afirmar que os egressos do curso de Odontologia da ULBRA/RS são
majoritariamente jovens gaúchos, brancos, do sexo feminino e sustentados
pela família. Observou-se uma avaliação positiva às mudanças propostas, com
destaque para a interdisciplinaridade e oferta de programas extra-classe.
Manifestaram preocupação, entretanto, com a continuidade das técnicas de
ensino e instrumentos de avaliação e com o menor domínio dos professores
nas disciplinas ministradas. O corpo docente e o ensino de Odontologia
Pediátrica foi muito bem avaliado pela maioria dos alunos, com destaque para
a contribuição na formação profissional, embora tenham manifestado
preocupação com o mercado de trabalho. Além disso, os alunos concluintes
sentem-se seguros na execução de procedimentos e práticas na Clínica
Infantil. Os presupostos fundamentais das DCN representam uma mudança de
paradigma. É preciso agora implementá-las de fato e avaliá-las em busca de
seu aperfeiçoamento.
PALAVRAS-CHAVES: Educação; Currículo; Odontopediatria.
ABSTRACT
The School of Dental Medicine at Universidade Luterana do Brasil
(Canoas/RS), based on the Brazilian National Curriculum Guidelines (BNCG),
proposes a new Pedagogical Project that corresponds to the contemporary
needs of a dental surgeon’s formation. This study aims at assessing the impact
of reconfiguring the curricular matrix on the teaching and learning process. The
font population was composed of students enrolled in the last semester of the
previous curriculum ATO 2007/2 and by students ending the first group of
the new curriculum ATO 2008/1. The research instrument was a structured
questionnaire, applied by the researcher and completed individually at the
classroom to verify the profle of students ending the semester, their opinion on
the curricular matrix and their formation in pediatric dental care.
The data were analyzed using the SPSS 13.0 software, and the quantitative
variables were described as simple and percentage frequencies. The t test for
independent samples was used to compare the performance of students.
According to obtained results, it is possible to state that the students of the
School of Dental Medicine at ULBRA/RS are mostly young, Caucasian, female,
supported by the family and come from the State of Rio Grande do Sul. There
was a positive assessment of the proposed changes, especially for
interdisciplinarity and offer of extraclass programs. They showed concern,
however, about continuity of teaching techniques and assessement instruments
and about the low domain of professors in their courses. The professors and the
teaching of pediatric dental care was well assessed by most students,
especially for their contribution in professional formation, although they have
manifested concern about the job market. In addition, students feel safe in
performing procedures and practices at childhood clinic. The basic assumptions
of BNCG represent a change in paradigm. Now they must be actually
implemented and assessed in search of enhancement.
KEYWORDS: Education; Curriculum; Pediatric Dental Care.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 15
2.1 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO .............................................. 15
2.2 O EXERCÍCIO DA ODONTOLOGIA....................................................... 21
2.3 O PERFIL DO CIRURGIÃO DENTISTA BRASILEIRO........................... 40
2.4 O CURSO DE ODONTOLOGIA DA ULBRA........................................... 42
3 OBJETIVOS.................................................................................................. 52
3.1 GERAL.................................................................................................... 52
3.2 ESPECÍFICO .......................................................................................... 52
4 METODOLOGIA ........................................................................................... 54
4.1 DELINEAMENTO.................................................................................... 54
4.2 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA .................................................................. 54
4.2.1 Critérios de inclusão....................................................................... 54
4.2.2 Critérios de exclusão...................................................................... 55
4.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA .......................................................... 55
4.3.1 Perfil do aluno ................................................................................ 55
4.3.2 Processo de ensino e aprendizagem............................................. 56
4.3.3 Formação em Odontologia Pediátrica............................................ 56
4.3.4 Autopercepção............................................................................... 57
4.4 COLETA DE DADOS.............................................................................. 57
4.5 PROJETO PILOTO................................................................................. 58
4.6 ASPECTOS ÉTICOS .............................................................................. 58
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA......................................................................... 59
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 61
6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 84
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 87
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 90
9 ANEXOS ....................................................................................................... 96
1 INTRODUÇÁO
10
1 INTRODUÇÃO
O modelo de ensino e prática de gerações de cirurgiões dentistas
parece estar caminhando para um rápido esgotamento”. A passagem da
Odontologia de mercado, de natureza liberal e privada, típica das últimas
décadas do século XX, para uma Odontologia sujeita às oscilações da oferta
de emprego e renda, num mercado extremamente competitivo, é a tônica
moderna (MOYSÉS, 2004).
Além disso, a concepção mecanicista que normatizou a prática
odontológica, baseada no modelo flexneriano, levou a maior ênfase no
processo curativo-reparador, desvalorizando soluções políticas e os aspectos
preventivos e de promoção de saúde, gerando uma prática de alto custo, baixa
cobertura, com pouco impacto epidemiológico e desigualdades no acesso
(MOYSÉS, 2004). Como resolver este paradoxo de cirurgiões dentistas
progressivamente sem pacientes nos seus consultórios, e uma população sem
(ou com acesso irregular a) dentistas?
Contribuem para esta paradoxal transição a exclusão social e as
desigualdades econômicas no Brasil contemporâneo, os descaminhos do
sistema de educação superior e a incipiente participação da Odontologia no
sistema público de saúde. Além disso, o Brasil atravessa uma importante
transição demográfica e epidemiológica em saúde bucal, com o
envelhecimento da população e o declínio da cárie na população jovem, não
obstante persiste o fenômeno da “polarização” da doença, além de uma
herança de sequelas bucais acumuladas, refletidas no edentulismo na idade
(MOYSÉS, KRIGER, MOYSÉS, 2006).
As necessárias mudanças devem começar na formação profissional e na
visão de mundo reproduzida dentro das academias. A universidade precisa
construir um novo lugar social, mais relevante e comprometido com a
superação das desigualdades. Para isso, precisa redefinir referenciais e
relações com distintos segmentos da sociedade (DE CARLI, 2007).
11
O modelo ainda dominante, sob a lógica da competência técnica para o
mercado privado e para a ão “curadora”, não produz sujeitos políticos
capazes de protagonizar novas aberturas para a sociedade e para a profissão
(MOYSÉS, 2004). Segundo Botazzo (2000), esta prática conduziu a profissão
ao embrutecimento intelectual e à repetição mecânica. Certamente continua
indispensável a competência no domínio de aspectos biológicos e clínicos
envolvidos na prática profissional, mas também é cada vez mais premente o
necessário desenvolvimento de competências quanto às dimensões ética,
política, econômica, cultural e social do seu trabalho. Novos papéis são
exigidos do cirurgião dentista.
Historicamente, movimentos de transformação das práticas sanitárias
acontecem em decorrência da forma como o Estado responde, por meio de
ações na área da saúde, às mudanças sociais, às necessidades e aos
problemas de saúde da população. Desta forma, o campo da saúde molda-se
aos contextos sócio-políticos-culturais de cada época (COSTA, CHAGAS,
SILVESTRE, 2006).
O início do processo de abertura política no país, na década de 80,
possibilitou o surgimento de condições favoráveis para o aprofundamento dos
debates sobre a reorganização dos serviços de saúde. Nesse contexto, surge o
movimento pela reforma sanitária no Brasil, que não se limitou a propor
mudanças apenas no setor da saúde, mas apresentou uma alternativa ampla
de mudanças sociais, que deveria ser implementada por ações
interdisciplinares e intersetoriais com amplo envolvimento da população
(RONCALLI, SOUZA, 1997).
O movimento culminou, em 1988, com a promulgação da Constituição
Federal que introduz um novo marco no campo das políticas públicas ao definir
a saúde como “direito de todos e dever do Estado”. A Lei Federal 8.080/90
complementa essa definição ao identificar a universalidade de acesso aos
serviços de saúde, a integralidade e a igualdade da assistência à saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) e a Estratégia de Saúde da Família
(ESF) são as alternativas políticas e sanitárias do século XXI para substituir o
12
modelo tradicional centrado na doença e no hospital. Além disso, em 2003,
uma nova conjuntura política permitiu a implantação de uma política nacional
de saúde bucal, compreendendo ações de âmbito individual e coletivo, visando
avançar na organização de um sistema de saúde centrado nas efetivas
necessidades de saúde da população (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006).
Neste cenário, novas habilidades e competências são requeridas do
cirurgião dentista. Assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os
cursos de graduação da área da saúde, aprovadas em 2002 e previstas pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), atendem às exigências
contemporâneas da educação de flexibilidade, diversidade, criatividade,
responsabilidade e busca permanente de qualidade.
As DCN estabelecem claramente os princípios e fundamentos para
formação do cirurgião dentista definindo o perfil do egresso: “generalista,
humanista, crítico e reflexivo, que o possibilite a atuar em todos os níveis de
atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico e que seja capacitado
ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado por
princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, econômica e
cultural do seu meio, dirigindo sua atuação para a transferência da realidade
em benefício da sociedade”.
Segundo Carvalho, Kriger (2006), os pressupostos fundamentais das
DCN provocaram um fato absolutamente novo no ensino odontológico. O
impacto é o inovador que passa a representar uma mudança de paradigma.
De Carli (2007) também afirma que as circunstâncias atuais sinalizam para um
período de transição, um tempo de transformações sociais e paradigmáticas.
“Mudanças são difíceis, especialmente se vierem ameaçar estruturas em
vigor”. Na educação, embora possa parecer um paradoxo, a situação tende a
se complicar ainda mais. Mudar em educação implica, necessariamente, mudar
paradigmas, fazer rupturas com práticas e crenças profundamente
internalizadas. Isso porque os nossos paradigmas influenciam as nossas
percepções e a nossa forma de agir, fazendo-nos acreditar que o que fazemos
é a “única forma possível de fazer” e imobilizando-nos frente a novos desafios
13
(MALLMANN, DAULDT, 2003).
Em 2004, fundamentado nas DCN, o curso de Odontologia da
Universidade Luterana do Brasil implantou uma nova matriz curricular e propôs
uma ruptura paradigmática no processo de ensino e aprendizagem. Qual a
repercussão na formação profissional dos alunos de Odontologia? Os alunos
consideraram as mudanças positivas? E com relação a sua formação em
Odontologia Pediátrica? Sentem-se seguros na execução de procedimentos e
práticas clínicas? Tornou-se importante, desta forma, analisar o impacto da
reconfiguração da matriz curricular no processo de ensino e aprendizagem do
curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil – Canoas/RS.
2 REFERENCIALTEÕRICO
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
“Do mágico ao social”. O Referencial Teórico tem por objetivo resgatar
historicamente as políticas públicas na área da saúde e educação. Além de
dispor ao leitor elementos para exercitar a crítica das ações desenvolvidas,
amplia a discussão sobre o ensino e a prática da Odontologia no Brasil e
registra a história do curso de Odontologia da ULBRA/RS, compartilhando,
desta forma, a experiência de um ato pedagógico.
2.1 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Duzentos anos atrás, o Brasil não existia”. A história das ciências e da
cultura no Brasil iniciou com a transferência da família real que aportou em
Salvador em 22 de Janeiro de 1808 transformando o país em sede da coroa
portuguesa. Nenhum outro período da história brasileira testemunhou
mudanças tão profundas, decisivas e aceleradas. Essas mudanças
impulsionaram a implementação de medidas administrativas, econômicas e
culturais para o estabelecimento da infraestrutura necessária ao funcionamento
do império (GOMES, 2007). Num espaço de apenas uma década e meia, o
Brasil deixou de ser uma conia fechada e atrasada para se tornar um país
independente.
Quando a corte chegou ao Rio de Janeiro, a colônia tinha acabado de
passar por uma explosão populacional. Em pouco mais de 100 anos, o número
de habitantes aumentou 10 vezes. O motivo fora a descoberta de ouro e
diamante que produziu a primeira grande onda migratória da Europa para o
interior brasileiro. Ao mesmo tempo, o tráfico de escravos se acelerou,
promovendo, uma das maiores, movimentações forçadas de pessoas em toda
a história da humanidade. Como resultado, a população da colônia, estimada
em cerca de 300 mil habitantes na última década do século XVII, saltou para
16
mais de três milhões, por volta de 1800. Era uma população analfabeta, pobre
e carente de tudo. A saúde era absolutamente precária. Mesmo nos centros
importantes da costa era impossível encontrar um médico que tivesse feito um
curso regular. As operações mais fáceis costumavam ser praticadas pelos
barbeiros sangradores. Nas barbearias, cujo símbolo era uma bacia, o
profissional que trabalhava acumulava três profissões: dentista, cirurgião e
barbeiro (GOMES, 2007).
A ignorância e o isolamento eram resultados de uma política deliberada
do governo português, que tinha como objetivo manter o Brasil, uma jóia
extrativista e sem vontade própria, longe dos olhos e da cobiça dos
estrangeiros. A chegada da família real produziu uma revolução no Rio de
Janeiro. O saneamento, a saúde, os costumes, tudo mudou para melhor, pelo
menos para a elite branca que frequentava a vida na corte. Outra novidade foi
a introdução do ensino leigo e superior. Antes da chegada da corte, toda a
educação no Brasil colônia estava restrita ao ensino básico e confiada aos
religiosos. Ao contrário das vizinhas colônias espanholas, que tinham suas
primeiras universidades, no Brasil não havia uma faculdade. D. João mudou
isso ao criar uma Escola Superior de Medicina, outra de Técnicas Agrícolas,
um laboratório de estudos e análises químicas e a Academia Real Militar, cujas
funções incluíam o ensino de Engenharia Civil e Mineração (GOMES, 2007).
Na história da ciência e tecnologia, são as continuidades que chamam a
atenção da professora Silvia Figueirôa, especialista em História das Ciências
do Instituto de Geociências da Unicamp: “Não teríamos chegado ao
desenvolvimento científico e tecnológico que temos hoje se não tivesse sido
construída uma tradição em pesquisa desde, pelo menos, o século XVIII.
Atravessando o tempo, estão presentes na cultura das universidades atuais
formas de pensar e atuar que marcaram o tempo do império” (PORTO, 2003).
O Ensino Superior no Brasil nasce no modelo de instituto isolado e de
natureza profissionalizante. E nasce elitista, apenas para atender os filhos da
aristocracia colonial que não mais tinham acesso às academias européias. A
natureza pouco universitária desses estudos utilitários e profissionalizantes,
feitos em faculdades divorciadas organizacionalmente entre si, iria marcar
17
fundo o sistema de Ensino Superior no Brasil e explicar muitas das distorções
que, ainda hoje, o enfermizam dos pontos de vista estrutural e de
funcionamento (SOUZA, 2001).
Ao longo dos anos, a Universidade representou um estoque de
conhecimentos que o indivíduo adquiria para durar por toda a vida. Hoje o
conhecimento é algo que está no ar, alcançando pessoas de todos os tipos, por
toda parte, pelos mais diversos canais existentes. Percebe-se, entretanto, que
não ocorreram grandes mudanças estruturais na Universidade, nos últimos mil
anos, evidenciando, desta forma, a necessidade de uma revolução no conceito
de Universidade (BUARQUE, 2003).
Os fundamentos teóricos para a mudança estão sendo discutidos em
grandes fóruns mundiais e já mostram suficiente clareza de orientação. É
relevante destacar a definição apontada pela conferência da UNESCO,
ocorrida em Paris em 1998, descrevendo que a Universidade passa a ser vista
como um espaço aberto para a formação superior; contribui para a
consolidação da cidadania democrática proporcionando perspectivas críticas
quanto ao debate sobre opções estratégicas de ensino; reforça suas funções
críticas e progressistas mediante análise de novas tendências sociais,
econômicas, culturais e políticas, desempenhando funções de previsão, alerta
e prevenção; contribui para a definição e tratamento dos problemas que afetam
o bem-estar das comunidades e fomente a inovação, a interdisciplinaridade, a
transdisciplinaridade, fundamentando a orientação do ensino, da pesquisa e da
extensão (PORDEUS et al., 2006).
Apresentado pela Comissão Internacional sobre Educação para o
Século XXI, o “Relatório Delors”, por sua vez, apontou os quatro pilares da
educação contemporânea: 1) aprender a conhecer; 2) aprender a fazer; 3)
aprender a conviver, 4) aprender a ser. Tais aspectos ilustram as exigências de
um processo educativo onde o conhecimento deve ser baseado na
compreensão da realidade, com base na manipulação de instrumentos de
conhecimento, como a tecnologia e as idéias, centradas em um processo
autônomo que estimule o “aprender a aprender” (DELORS, 1999).
18
O processo de ensino e aprendizagem objetiva mostrar e desenvolver as
potencialidades de uma pessoa, proporcionando o conhecimento e a evolução
deste aprendizado de modo consciente e responsável. Este processo é
dinâmico e deve estar voltado ao desenvolvimento do educando, incluindo a
capacidade de observação, questionamento, análise crítica, espírito científico,
julgamento, disciplina e organização, proporcionando uma participação ativa e
estimulando o prazer pelo estudo, criatividade, reflexão e análise crítica na arte
de aprender a pensar (ESTRELA, 2001). Noro, Albuquerque e Ferreira (2006)
destacam que o professor deve atuar como facilitador e mediador do processo
e não como única fonte de conhecimento. O ensino deve ser, na medida do
possível, baseado na prática profissional, com o aluno exposto a situações e
problemas reais em diferentes cenários de aprendizagem.
Segundo Goodson (1999), o currículo, como definição, é a forma como
temporariamente organizamos o conhecimento e o saber com vistas à sua
transmissão. No âmbito educacional, entretanto, as discussões sobre a
construção curricular estão voltadas quase que exclusivamente para a
eficiência e eficácia dos procedimentos e com a preocupação com a forma de
se executar as ações sem considerar o porquê, para quê e para quem executá-
las. Isto, por sua vez, contaminou a educação formal fazendo com que o
currículo acabasse por ficar associado à distribuição das disciplinas na grade
curricular (MELO, 2004).
O currículo tradicional do Ensino Superior no Brasil concebe o
conhecimento através de disciplinas com limites bem estabelecidos por áreas
de conhecimento e atuando de forma individualizada. As informações são
transmitidas de forma fragmentada e a integração normalmente ocorre
somente ao final do curso e por ação individual do aluno. Tal paradigma não
colabora para a formação de um profissional com as competências e
habilidades preconizadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
(MASETTO, 2006). Além disso, a sociedade atual exibe uma postura de
aproximação das áreas de conhecimento. Conhecimentos específicos e
enclausurados nas suas especialidades não são suficientes para
compreender muitos fenômenos atuais que afetam a humanidade.
19
Segundo Zabala (1998), é possível estruturar o currículo de inúmeras
maneiras, organizando os conteúdos do curso através de diversas formas de
relação e colaboração entre as diferentes disciplinas. É neste cenário que
surgem as discussões sobre pluri, multi, inter e transdisciplinar, nem sempre
expressas de forma clara.
O conceito de pluri ou multidisciplinaridade é a organização mais
tradicional e remete para um encontro de várias áreas do conhecimento que
abordam um determinado assunto. Cada uma das disciplinas conserva sua
especialidade e seus métodos. É uma evolução da visão apenas disciplinar,
pois compreende a importância de um fenômeno ser avaliado sob diversos
pontos de vista. A interdisciplinaridade pressupõe um método de trabalho
compartilhado e permite esperar a produção de conhecimento científico novo a
partir de duas ou mais áreas do conhecimento que se integram para tal.
Permite uma nova visão da realidade e dos fenômenos. A transdisciplinaridade,
por sua vez, é o grau máximo de relações entre as disciplinas que supõe
integração global dentro de um sistema. O trabalho baseia-se em eixos
integradores, no planejamento coletivo e em experimentos educacionais que
dão suporte a essa integração. Atualmente, essa organização é mais um
desejo do que uma realidade (FERNANDES NETO, COSTA NETO, 2006;
MASETTO, 2006; RANALI, LOMBARDO, 2006). São os diferentes níveis de
construção do conhecimento, através das relações disciplinares, que irão
sinalizar o grau de inovação pretendido pelo curso. Parece claro que
precisamos inovar e criar um novo paradigma com características
interdisciplinares.
O conceito de competência amplia a responsabilidade das instituições
de ensino na organização dos currículos da educação superior na medida em
que exige a inclusão de novos conteúdos, de novas formas de organização do
trabalho, da incorporação dos conhecimentos que são adquiridos na prática, de
metodologias que desenvolvam as capacidades de como resolver problemas
novos, comunicar idéias e tomar decisões (MELO, 2004).
A teorização educacional crítica, muito tempo, consolidou a idéia de
que o currículo não envolve apenas questões técnicas, relativas a conteúdos
20
de ensino, procedimentos didáticos e métodos e técnicas pedagógicas, tal
como ele era concebido pelas pedagogias tecnicistas dos anos 70 ou 80,
enfatizando que ele é um artefato social e cultural que precisa ser
compreendido e discutido considerando-se as suas determinações históricas,
sociais e linguísticas (IVAMA, 1999).
No Brasil, Moreira e Silva (1994) desenvolveram a perspectiva de que o
currículo não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada
do conhecimento social disponível. Eles enfatizam que o currículo está
implicado em relações de poder, transmite visões sociais particulares e
interessadas e, desta forma, está envolvido com a produção de identidades
individuais e sociais particulares. Sendo assim, o currículo, qualquer que seja,
tem uma história que o vincula às formas específicas e contingentes de
organização da sociedade e da educação (BRUSTOLIN et al., 2006).
Superar as concepções antigas e herméticas das grades curriculares,
preparando o futuro profissional para enfrentar os desafios do mercado de
trabalho e das condições de exercício profissional, exige uma profunda revisão
dos Projetos Pedagógicos das Universidades.
21
2.2 O EXERCÍCIO DA ODONTOLOGIA
Havia cárie entre os primeiros habitantes do Brasil, mas a ocorrência
não se comparava à observada entre os que chegavam”. Os anos e os séculos
foram se passando e, além de se transformar no país do futebol e do carnaval,
o Brasil via sua imagem se associar à de país de banguelas. Não por que a
cárie dentária tenha sido “transmitida” pelos portugueses, como foram outras
doenças (a sífilis, por exemplo), mas por causa da cana-de-açúcar, que ocupou
papel central na economia brasileira durante todo o período colonial (NARVAI,
FRAZÃO, 2008).
Em Casa Grande & Senzala, Gilberto Freyre comenta as condições de
nutrição no Brasil afirmando que “fartura a de doce, geléias e pastéis...”. E,
para que não paire vidas sobre o significado da cana-de-açúcar no cotidiano
alimentar do período, complementa: “Os próprios bois e burros também
participam da mesma inclinação. Encontram-se eles, tal qual seus condutores,
mastigando cana” (FREYRE, 1999).
Índios e negros valiam-se dos seus conhecimentos para enfrentar dores
e sofrimentos de origem dentária. As práticas baseavam-se em ritos que
incluíam ervas, rezas e procedimentos com instrumentos rudimentares. Aos
poucos foram chegando de Portugal os mestres-cirurgiões. O “barbeiro” ou
“sangrador” devia ser forte, antes de tudo, impiedoso e rápido (NARVAI,
FRAZÃO, 2008).
No século 17, o “Regimento do Ofício de Cirurgião-Mor”, de 12 de
Dezembro de 1631, estabelecido pela Coroa de Portugal, passou a definir
multa às pessoas que se intitulavam “tira-dentes”. Depois de muitos decretos,
proibições e punições, apenas no século 18, no documento “Plano de Exames
da Junta do Proto-Medicato”, de 17 de Junho de 1782, aparecia escrito, pela
primeira vez, o vocábulo “dentista” (NARVAI, FRAZÃO, 2008). O Proto-Medicato
era uma junta perpétua a qual cabia fiscalizar o exercício de qualquer atividade
ligada à “arte de curar”. Os práticos eram geralmente pardos e analfabetos, e a
22
profissão não estava ligada a qualquer prestígio social.
Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), mártir da independência do
Brasil, aprendeu os primeiros passos do ofício com um padrinho, que era
cirurgião. Tiradentes é atualmente o patrono da Odontologia brasileira. Na
mesma época, Pierre Fauchard, considerado o pai da Odontologia, publicava
na Europa seu livro “Tratado dos dentes para os cirurgiões dentistas”, onde
descrevia como obturar um dente (NARVAI, FRAZÃO, 2008).
A institucionalização da formação de recursos humanos especializados e
a organização das atividades profissionais na área da saúde foram
impulsionadas após a chegada da família real ao Brasil. A primeira “Carta de
Dentista” foi expedida em 1811 para Pedro Martins de Moura, um português.
Essa carta o autorizava expressamente a tirar dentes, não mencionando
cirurgias, próteses, curativos ou medicações. O primeiro livro de Odontologia
feito no Brasil foi publicado em 1829 pelo francês Eugênio Frederico Guertin,
diplomado pela Faculdade de Medicina de Paris, e era intitulado “Avisos
tendentes à conservação dos dentes e sua substituição”.
Amarante (2006) reproduz um anúncio de jornal, publicado no Paraná
em 9 de Janeiro de 1869, citado originalmente por Lindolfo Ribeiro Fernandes
Júnior (1988): “Médico Dentista Francês, o Dr. C.C. Barroium, formado em
Medicina pela Faculdade de Paris, se demora ainda algum tempo na cidade de
Paranaguá, a fim de concluir os tratamentos [...] e em breve se dirigirá [...] onde
se achará a disposição de todas as pessoas que precisarem de seu mister;
bem como a colocação de dentaduras com base de ouro ou vulcanite etc., e
tudo que diz respeito a prothese, medicina e cirurgia dentária e bucal.
Prevenindo o respeitável público que a longa prática de 26 anos no império
oferece uma garantia segura, assegura que sempre se esforçou para merecer
e nunca foi desmentida.”
A regulamentação do exercício profissional da Odontologia data de 14
de Maio de 1856, com o Decreto nº 1.764. O engajamento dos profissionais era
feito pela concessão do título aqueles que recebiam um aprendizado informal,
dentro de uma prática artesanal. O ensino formal teve início com o Decreto
23
7.247 de 19 de Abril de 1879, que estabeleceu o curso de “cirurgia-dentária”,
anexo às faculdades de Medicina. No dia 25 de Outubro de 1884 (dia do
cirurgião dentista, atualmente) foi assinado o Decreto 9.311 que criou os
primeiros cursos de graduação em Odontologia no Brasil, no Rio de Janeiro e
na Bahia. O currículo refletia o modo de produção social e as matérias se
dividiam em básicas (Anatomia da Cabeça, Histologia Dentária, Fisiologia
Dentária e Patologia Dentária) e profissionais (Terapêutica Dentária, Prótese
Dentária, Cirurgia Dentária e Higiene da Boca). E, ainda, Física Elementar e
Química Mineral Elementar. Esse currículo permaneceu até o Decreto 8.661
de 5 de Abril de 1911, quando foi introduzida a cadeira de “Técnica
Odontológica”, com o ensino em manequins.
O curso passou por diversas outras alterações desde sua
implementação, sendo a mais importante o seu desligamento da tutela dos
cursos de Medicina na década de 30. A base legal que regulamentou o
exercício da Odontologia no território nacional é a Lei nº 5.081, de 24 de
Agosto de 1966.
O início do século XX caracterizou-se pela inserção da economia
brasileira no quadro do capitalismo mundial. As práticas sanitárias eram
definidas por interesses de grupos dominantes, e instrumentalizava-se para
combater apenas os entraves que certas enfermidades antepunham ao
desenvolvimento da produção. Assim, a consolidação dos Estados Unidos
como potência teve como consequência o deslocamento da atenção das
práticas odontológicas realizadas por países europeus para aquelas realizadas
por esse país (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006).
Como sabemos, a Odontologia advém da área de conhecimento do
campo das Ciências Médicas e, por conseguinte, tem seu marco conceitual e
seu alicerce na Medicina Científica. O seu paradigma começa quando se
institucionaliza o Relatório Flexner que pretendeu a reformulação do ensino
médico no século 20.
Com base na qualidade técnica da escola dica européia,
especialmente a alemã, Flexner enfatizou a formação de uma elite profissional
24
e recomendou o fechamento de 124 das 155 Escolas de Medicina existentes
nos EUA. O modelo flexneriano procurou implantar no ensino médico os
postulados do paradigma científico que influenciou as diversas áreas do
conhecimento nos EUA e Cana no fim do século XIX, o que gerou
consequências tais como: os problemas de origem social que exigiam soluções
políticas foram transformados em problemas de ciência que requeriam
soluções técnicas; a idéia de causalidade da doença foi negada; os aspectos
preventivos e de promoção de saúde foram relegados a um segundo plano, o
corpo humano passou a ser considerado uma máquina na qual qualquer parte
poderia ser tratada separadamente; o paciente foi explicado como um ser
abstraído da coletividade da qual faz parte e do contexto social em que se
insere (MARSIGLIA, 1998). Os princípios desse modelo, de acordo com De
Carli (2007), fundamentaram-se no paradigma cientificista, prevalecendo o
preceito de que a ciência, isoladamente e por si só, pode dar solução para os
problemas, afastando a causalidade social. Assim, é privilegiado o conceito
biológico de doença e saúde, deixando de lado o componente histórico e os
fenômenos sociais. Como consequência, o homem é tratado como objeto.
Na área odontológica o Relatório Gies também buscou detalhar os
problemas e as insuficiências das Escolas Odontológicas dos Estados Unidos e
Canadá, provocando profundas transformações no ensino e influenciando, ao
longo do século XX, a formação odontológica no Brasil (DEPAOLA, SLAVKIN,
2004; MOYSÉS, 2008).
Os Relatórios Flexner e Gies, publicados nos Estados Unidos,
respectivamente em 1910 e 1926, visaram a normatização do ensino médico-
odontológico e foram caracterizados pelos seguintes elementos ideológicos:
ênfase nas ciências biológicas e clínicas, progressiva agregação tecnológica
com especialização precoce, adoção de práticas curativo-cirúrgicas e
reabilitadoras como modelo preferencial de intervenção sobre indiduos e
doenças, elegendo o mercado privado como lócus privilegiado do exercício
profissional (MOYSÉS, 2003; CARVALHO, 2005).
Estudo realizado por Narvai (1994) sobre propostas e ações relativas à
prática odontológica no Brasil, no período de 1952-1992, confirmou a
25
permanência desse modelo. Os resultados mostraram a existência de uma
Odontologia de mercado, sob a influência político-ideológica do projeto de
sociedade neoliberal, apoiada na assistência odontológica individual, realizada
no restrito ambiente clínico-cirúrgico. Estudo posterior reafirmou que a
Odontologia de mercado jamais perdeu a hegemonia no sistema de saúde
brasileiro e que, neste início de século XXI, tal concepção não apenas
predomina no setor privado, como segue exercendo forte influência na maioria
dos serviços blicos odontológicos brasileiros (NARVAI, 2006). Este modelo,
entretanto, demonstra ser ineficaz, na medida em que não responde aos
problemas de saúde bucal da população, e ineficiente, uma vez que é de alto
custo e baixíssimo rendimento, apesar de apresentar grande desenvolvimento
científico e tecnológico.
A saúde de uma população é resultado, entre outras coisas, da forma
como é estabelecida a relação entre o Estado e a sociedade. A ação do
Estado, no sentido de proporcionar qualidade de vida aos cidadãos é feita por
intermédio das políticas públicas e, dentre as políticas voltadas para a proteção
social, estão as políticas de saúde e educação (PEREIRA, 2003).
O sistema educacional brasileiro passou por diversas reformas ao longo
de sua história. Com a república, proclamada em 1889, vieram transformações
profundas na vida nacional. Em 1911, com o surgimento de novas elites
sociais, principalmente em São Paulo, a necessidade de criar cursos
superiores em outras regiões do país levou a promulgação da Lei Rivadávia.
Essa lei promoveu uma reforma no ensino sob a perspectiva das escolas se
transformarem gradativamente em entidades privadas, subvencionadas pelo
Estado (OLIVEIRA, 1981).
A partir de 1930, com o incremento do processo de industrialização e
urbanização, ganha relevo a questão da assistência médica aos trabalhadores,
prestada, sobretudo, por órgãos previdenciários. Além disso, com a criação do
Ministério da Educação e da Saúde Pública, fixaram-se vários dispositivos
legais visando a reforma do ensino e a regulamentação das profissões,
aprovando-se legislação restritiva do exercício das atividades odontológicas.
Assim, a partir de Junho de 1934, o exercício da Odontologia deixou de ser
26
permitido a quem não fosse diplomado por escola federal ou equiparada.
O Decreto nº 19.851, de 11 de Abril de 1931, fixou o curso de
Odontologia em três anos de duração e estabeleceu a seguinte estrutura
curricular: 1º ano: Anatomia, Fisiologia, Histologia e Microbiologia, Metalurgia e
Química Aplicada; ano: Clínica Odontológica, Higiene e Odontologia Geral,
Prótese Dentária e Técnica Odontológica; ano: Clínica Odontológica,
Patologia e Terapêutica Aplicada, Prótese Buco-Facial, Ortodontia e
Odontopediatria. O Decreto nº 20.179 de 06 de Julho de 1931 destacou este
currículo como padrão mínimo para o Brasil. Em 1933, os cursos de
Odontologia tornaram-se autônomos, ou seja, desligaram-se da tutela das
escolas médicas, o que facultou a algumas escolas a criação de disciplinas
além das obrigatórias.
A partir dos anos 60, a expansão da assistência médico-odontológica foi
crescente no setor estatal através do Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS) e do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS). Acentuava-se então a cisão entre ões preventivas versus
curativas, entre saúde pública (sistema incremental e odontológica escolar)
versus saúde previdenciária (modelo cirúrgico-restaurador), ambas
reproduzindo a prática liberal vigente de exclusão social e baixa resolutividade.
Várias tentativas foram feitas para superar essa barreira até a década de 70:
era o movimento pela reforma sanitária (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE,
2006).
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº
4024/61), promulgada em fins de 1961 pelo presidente João Goulart, dividiu o
ensino em três diferentes etapas: o Ensino Primário, de quatro a seis anos e
obrigatório; o Ensino Secundário, dividido em Ginásio e Secundário, com
duração de sete anos e o Ensino Superior com duração de acordo com a
habilitação profissional. Atribuía ao extinto Conselho Federal de Educação
(CFE) a incumbência de definir currículo mínimo e a duração dos cursos
superiores.
Pelo Parecer 299/62, o CFE traçou o novo perfil do cirurgião dentista
27
(dentista geral, policlínico, destinado à coletividade) e estabeleceu o novo
currículo em dois ciclos - Básico e Profissional, com uma duração de quatro
anos. O Ciclo Básico compreendia as disciplinas de Anatomia, Histologia-
Embriologia, Microbiologia, Patologia Geral e Buco-Dental, Farmacologia e
Terapêutica, Materiais Dentários e Dentística Operatória. O Ciclo
Profissionalizante compreendia as disciplinas de Clínica Odontológica, Cirurgia
Odontológica, Prótese Dentária, Prótese Buco-Maxilo-Facial, Ortodontia,
Odontopediatria, Higiene e Odontologia Preventiva e Odontologia Legal.
A expansão dos cursos de Odontologia já era uma preocupação da
então nascente Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), cuja
nobre missão continua sendo, ainda hoje, a de assegurar o contínuo progresso
da formação profissional e o aprimoramento do ensino nos diferentes níveis de
formação. Na década de 60 foram também criados (Lei nº 4.324, de 14 de Abril
de 1964) o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Odontologia com a
finalidade de supervisionar a ética profissional e zelar pelo prestígio e bom
conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.
O regime autoritário, instaurado após o golpe militar de 1964, trouxe
como consequência um total esvaziamento da participação da sociedade nos
rumos das políticas de saúde. Além disso, provocou uma centralização
crescente da autoridade decisória e uma clara vinculação aos interesses do
capital nacional e internacional (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006).
O cenário da ditadura militar foi considerado um marco na história das
universidades brasileiras. Sanfelice comenta que o objetivo era “modernizar a
universidade para um projeto econômico em desenvolvimento, dentro das
condições de ‘segurança’ que a ditadura pretendia para si e para os interesses do
capital que a representava”. A Lei 5540/68 introduziu a relação custo-benefício e o
capital humano na educação, direcionando a Universidade para o mercado de
trabalho, ampliando o acesso da classe média ao Ensino Superior e cerceando
a autonomia universitária (PORTO, 2003). Esta reforma provocou na
Odontologia e nos demais cursos da área da saúde reflexos até hoje
percebidos (MELO, 2004). A finalidade desta reforma era de acelerar a
formação profissional para a demanda gerada pelo crescimento econômico da
28
época, com “pedagogia tecnicista”, cujo objetivo era formar os profissionais em
curto período de tempo e com os menores custos possíveis (IVAMA, 1999).
Diversas medidas foram tomadas para alcançar tais metas, entre elas: a
unificação do vestibular por região; o ingresso por classificação; o
estabelecimento de limite no número de vagas por curso; a criação do curso
básico que reunia disciplinas afins em um mesmo departamento; o
oferecimento de cursos em um mesmo espaço, com menor gasto de material e
sem aumentar o número de professores; a fragmentação e dispersão da
graduação e o estabelecimento de matrícula por disciplina. Em 1971 foi
promulgada a Lei 5.692 que instituiu também a reforma do Ensino Fundamental
com mudanças que determinaram, por exemplo, a extinção das disciplinas de
Geografia e História, que foram substituídas pelo ensino de Estudos Sociais.
Entre os resultados obtidos com as políticas implementadas os pesquisadores
apontam a diminuição na qualidade do Ensino Fundamental público, com a
respectiva valorização do ensino particular e a consequente elitização do
ensino universitário, que impede até hoje o acesso de grande parte da
população à Universidade Pública (PORTO, 2003).
Durante grande parte do século XX, parecia que os avanços na área da
Medicina e Odontologia seriam suficientes para proporcionar saúde para todos.
Porém, a partir dos anos 60 e 70, o modelo biomédico de tratar e prevenir
doenças começou a ser seriamente questionado. As principais características
do modelo autoimpuseram suas limitações em termos de efetividade.
Intensificaram-se movimentos sociais a fim de minimizar os efeitos das políticas
excludentes com uma expansão na cobertura dos serviços. Limitações foram
apontadas em relação às estratégias usadas pela Odontologia para tratar e
prevenir doenças bucais e a promoção de saúde passou a ser considerada
uma estratégia apropriada para tentar resolver desigualdades em saúde
(COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006).
O papel da promoção de saúde como um movimento para mudanças
sociais e políticas foi sendo definido em uma série de conferências e
declarações. Além disso, ampliou-se no Brasil o movimento dos profissionais
de saúde com destaque para as Conferências Nacionais de Saúde (CNS).
29
Destaca-se aqui a importância da ABOPREV (Associação Brasileira de
Odontologia Preventiva) na disseminação do conhecimento e da prática da
promoção de saúde pela busca por melhor qualidade de vida.
O Relatório Lalonde, produzido em 1974, lançou o conceito de promoção
de saúde e influenciou a nova perspectiva na compreensão de que mudanças
no estilo de vida e no ambiente como um todo seriam necessárias para
melhorar a condição de vida das pessoas. A Declaração de Alma Ata (1978),
por sua vez, teve um papel importante no sentido de modificar prioridades no
setor saúde, enfatizando a promoção de saúde e prevenção em lugar de
serviços clínicos e curativos (MOYSÉS, WATT, 2000).
A primeira Conferência Internacional de Promoção de Saúde em Ottawa
(1986) explicitou uma definição extremamente ampla de saúde, englobando
educação em saúde, mudanças de políticas blicas, enfoque ambientalista e
ação comunitária. Isto refletiu na revisão do conceito tradicional da
Organização Mundial de Saúde sobre o que é saúde: para além de “um
completo estado de bem estar físico, mental e social” (MOYSÉS, WATT, 2000).
A Carta de Ottawa foi o documento referência para o desenvolvimento
das idéias de promoção de saúde em todo o mundo e diz: “Promoção da saúde
é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na
melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação
no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem estar
físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar
aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio
ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida e não como
objetivo de viver. Neste sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza
os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a
promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai
para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem estar global.”
As três primeiras Conferências Nacionais de Saúde - CNS (de 1941 a
1963) evidenciaram uma preocupação com a formação de recursos humanos e
destacaram, especialmente a terceira, a busca por soluções para os problemas
30
de capacitação profissional no Brasil. Em um segundo momento (de 1967 a
1980), da quarta a sétima, se ampliaram as temáticas, por uma questão
política (ditadura militar), predominando a ênfase na qualificação (formação,
instrução e treinamento). Os avanços, com mudanças fundamentais no setor
de saúde bucal, ocorreram, entretanto, a partir de duas CNS.
A primeira foi a CNS (1980) que abriu espaço para a inserção da
Odontologia em um programa nacional de saúde, ressaltando o modelo até
então proposto como ineficiente, ineficaz, mal distribuído, de baixa cobertura,
com enfoque curativo, de caráter mercantil e monopolista com recursos
humanos inadequados (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006).
A CNS em 1986 em Brasília criou as bases para as propostas de
reestruturação do sistema de saúde a serem defendidas na Assembléia
Nacional Constituinte, instalada no ano seguinte, como forma de superar o
déficit de oferta de saúde à população. Como parte integrante da CNS, foi
instalada a Conferência Nacional de Saúde Bucal (CNSB) que consagrou os
princípios defendidos por todos aqueles que se empenharam durante mais de
três décadas nas mudanças do modelo hegemônico de assistência
odontológica.
Quatro grandes temas centralizaram as discussões na CNSB: A
saúde como direito de todos e dever do Estado; Diagnóstico de saúde bucal no
Brasil; Reforma sanitária: inserção da Odontologia no sistema único de saúde,
e Financiamento do setor de saúde bucal. As conclusões apontaram para o
início de um amadurecimento social, técnico e político, com a
responsabilização no combate aos índices epidemiológicos caóticos
constatados em todo o Brasil (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006).
Zanetti e Mau (1996) comentam: “Na história da Odontologia brasileira,
não registro de um movimento semelhante, sob o ponto de vista
democrático, onde a problemática de saúde bucal da população tenha sido
exposta e discutida de forma tão pluralista. Desta vez, não se trata
simplesmente de um encontro exclusivo de cirurgiões dentistas. A população,
principal interessada no assunto, também estava presente, participando e
31
manifestando-se”.
O relatório final da 1ª CNSB afirma que “a saúde bucal é parte integrante
e inseparável da saúde geral do indivíduo, estando diretamente relacionada
com as condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio ambiente,
transporte, lazer, liberdade, acesso e posse de terra, acesso aos serviços de
saúde e à informação” e que a luta pela saúde bucal está intimamente
vinculada à luta pela melhoria de fatores condicionantes sociais, políticos e
econômicos, o que caracteriza a responsabilidade e dever do Estado em sua
manutenção.
Ainda na década de 80, o Conselho Federal de Odontologia e a ABENO,
no sentido de estabelecer diretrizes para a formação profissional do cirurgião
dentista, delinearam o perfil dos recursos humanos necessários no país: “ser
um clínico geral com sensibilidade social e bem capacitado teoricamente”. Em
03 de Setembro de 1982, com a resolução nº 4 do Conselho Federal de
Educação (CFO), esse perfil foi adotado pelo currículo mínimo dos cursos de
graduação em Odontologia, estabelecendo uma carga horária mínima de 3.600
horas e oito semestres de duração do curso.
Ainda de acordo com o Parecer 370/82 do CFO, o currículo mínimo
passa a ser dividido em matérias básicas e profissionalizantes. As matérias
básicas envolvem: Ciências Morfológicas (Genética e Evolução, Histologia e
Embriologia e Anatomia), Ciências Fisiológicas (Bioquímica, Fisiologia e
Farmacologia), Ciências Patológicas (Patologia Geral, Microbiologia,
Parasitologia e Imunologia) e Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia e
Psicologia). As matérias profissionalizantes envolvem a Propedêutica Clínica
(Patologia Bucal, Semiologia e Radiologia), Clínica Odontológica (Materiais
Dentários, Dentística, Endodontia, Periodontia, Cirurgia e Prótese), Clínica
Odontopediátrica e Odontologia Social. Este currículo mínimo vigorou até 2002
com a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos
de graduação em Odontologia.
A prática odontológica hegemônica no Brasil que permaneceu até a
Constituição de 1988 foi a Odontologia de mercado, cujas características
32
expressam as profundas transformações experimentadas pela sociedade
brasileira ao longo de todo o século, com acentuado crescimento econômico,
industrialização e urbanização. Tais mudanças repercutiram intensamente na
prática odontológica, que se tornou complexa e passou a concentrar,
crescentemente, sofisticada tecnologia (NARVAI, FRAZÃO, 2008). Em
consequência dessas transformações e em coerência com as características
gerais do capitalismo dependente, observou-se grande expansão do número
de cursos de Odontologia.
Estudos de Freire, Souza e Pereira (1995) e Freitas e Nakayama (1995)
constataram que a formação do acadêmico do curso de graduação em
Odontologia caracterizava-se pelo individualismo com ânsia de lucros,
alienamento da realidade, tendência curativista e desprezo ao serviço público
odontológico. Garrafa (1994) afirma que, apesar da Odontologia haver chegado ao
final do século XX dominando a intimidade das doenças mais frequentes, bem
como as medidas técnicas coletivas adequadas para preveni-las e curá-las,
continuou percorrendo de forma insistente uma via individual de mão única,
que tem beneficiado apenas as poucas pessoas que podem pagar por ela.
Segundo Garrafa e Moysés (1996), trata-se de uma Odontologia tecnicamente elogiável
(pelo vel de qualidade e sofisticação inegavelmente alcançado nas diversas
especialidades), cientificamente discutível (uma vez que não tem demonstrado
competência em expandir esta qualidade para a maioria da população) e socialmente
caótica (pela inexistência de impacto social das iniciativas e dos programas públicos e
coletivos implementados).
Com a Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) trouxe
uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos
serviços e ações de saúde estabelecendo atividades de promoção e
recuperação da saúde baseado nos princípios doutrinários de universalidade,
equidade e integralidade (MANFREDINI, 2003). Além disso, não é por ausência
de arcabouço teórico-legal que mudanças na realidade educacional do país
deixarão de ocorrer. Reza a Constituição que ao SUS compete, nos termos da
lei, ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde (HADDAD et
al., 2006).
33
A CNSB (1993) permitiu, por sua vez, a aprovação de diretrizes e
estratégias políticas para a efetiva inserção da saúde bucal no SUS. Foi uma
resposta legítima da sociedade civil organizada de não aceitar uma situação
iatrogênica, excludente e ineficaz. Além disso, o Programa de Saúde da
Família (PSF), lançado pelo Ministério da Saúde em 1994, teve por objetivo
fortalecer a atenção básica à saúde mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Na perspectiva de responder às necessidades de transformação do
sistema educacional brasileiro, em 25 de Novembro de 1995 foi promulgada a
Lei 9131/95 que designava o Conselho Nacional de Educação CNE e suas
Câmaras de Educação Básica e Superior CES, para atuar de modo a
assegurar a participação da sociedade nas mudanças que ocorreriam no setor
da educação nacional. Dentre elas, a elaboração da nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (HADDAD et al., 2006).
Em 1996, a nova LDB (Lei 9.394) foi promulgada introduzindo, em
síntese, o processo nacional de avaliação, a ampliação dos dias letivos, novos
mecanismos para renovação e reconhecimento de cursos, a obrigatoriedade
dos cursos informarem seus programas, o estímulo à qualificação docente e a
extinção do currículo mínimo. Desde então, o Ministério da Educação MEC
tem conduzido discussões sobre o processo de formação dos profissionais
para atuarem nas diferentes áreas por meio das Diretrizes Curriculares.
O currículo mínimo foi a base para o ensino da Odontologia por cerca de
20 anos. Novos parâmetros foram apresentados somente em 2002 com a
aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de
graduação em Odontologia (Anexo I). As DCN surgiram como resultado das
novas conjunturas previstas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação e
Reforma Sanitária Brasileira, trazendo à evidência dois aspectos fundamentais:
a flexibilização na organização dos currículos pelas Instituições de Educação
Superior (IES) e a existência de uma base comum para os cursos da saúde.
Além disso, as DCN sinalizaram para a necessidade de maior interação entre
ensino, serviço e comunidade (MORITA, KRIGER, 2004).
34
As DCN estabelecem claramente os princípios e fundamentos para a
formação do cirurgião dentista, definindo o perfil do egresso por meio de
habilidades e competências necessárias à formação de um profissional da área
da saúde. Representaram um avanço para a melhoria da qualidade dos cursos
dentro de uma visão contemporânea e na relação com o sistema de saúde
(HADDAD et al., 2006).
Entre as competências e habilidades, o graduando de Odontologia deve
desenvolver: colher, observar e interpretar dados para a construção do
diagnóstico; identificar as afecções bucomaxilofaciais prevalentes; desenvolver
raciocínio lógico e análise crítica na conduta clínica; propor e executar planos
de tratamento adequados; realizar a promoção e a manutenção da saúde;
comunicar-se com pacientes, com profissionais da saúde e com a comunidade
em geral, dentro de preceitos ético-legais; trabalhar em equipes
interdisciplinares e atuar como agente de promoção de saúde; planejar e
administrar serviços de saúde coletiva e acompanhar e incorporar inovações
tecnológicas (informática, novos materiais, biotecnologia) no exercício da
profissão (CARVALHO, 2006).
O perfil do profissional de saúde definido nas DCN é de um indivíduo
com formação generalista, técnica, científica e humanista, com capacidade
crítica e reflexiva, preparado para atuar, pautado por princípios éticos, no
processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção. Enfatiza-se a
perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade
social e compromisso com a cidadania (HADDAD et al., 2006).
Ao contrário do currículo mínimo, adotado até então, que inibia a
inovação e a criatividade com excessivo detalhamento de conteúdos
obrigatórios engessando o currículo de estudos, as DCN ensejam a
flexibilidade curricular e a liberdade das instituições na elaboração de seus
Projetos Pedagógicos. Este projeto deverá ser adequado para cada realidade
local e regional, adequando-o às demandas sociais e aos avanços científicos e
tecnológicos. Esta autonomia tem permitido avanços significativos em várias
instituições brasileiras, com a implantação de projetos pedagógicos modernos,
com grande ênfase na promoção de saúde e na qualidade de vida das pessoas
35
(KRIGER, 2005).
A inserção da saúde bucal nas políticas de saúde do governo tem sido
marcada por conflitos e contradições. Dois movimentos do conhecimento
científico, entretanto, ampliaram os limites de compreensão do processo
saúde-doença e, por consequência, os limites do ensino e da prática
odontológica: a inserção dos determinantes sociais das doenças e a retomada
da relação entre saúde bucal e geral de indivíduos e coletividades (HADDAD,
MORITA, 2006). Foi somente a partir da compreensão de que saúde bucal
transcende a idéia de Odontologia e da inserção da saúde bucal no PSF no
início do século XXI (Portaria 1.444/2.000) que observou-se uma verdadeira
reorganização na atenção à saúde bucal no Brasil.
Em 2003, com uma nova conjuntura política, que se expressou com a
posse do Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, iniciou-se a
elaboração de uma política nacional de saúde bucal, intitulada Brasil
Sorridente, que resgatasse o direito do cidadão brasileiro à atenção
odontológica por meio da reorganização da prática assistencial e da qualidade
dos serviços oferecidos. Compreende um conjunto de ações nos âmbitos
individual e coletivo que abrange a promoção de saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação (COSTA, CHAGAS,
SILVESTRE, 2006).
Este novo modelo de organização dos serviços de saúde apresenta
quatro linhas de ação para superar o histórico abandono e a falta de
compromisso com a saúde bucal da população: 1) Obtenção de dados
epidemiológicos para embasar a elaboração das diretrizes da política nacional
de saúde bucal. O SB Brasil 2003 foi o maior e mais completo levantamento
em saúde bucal já realizado no país: 2) Ampliação da fluoretação da água de
abastecimento público; 3) Valorização e acréscimo da cobertura das Equipes
de Saúde Bucal; e 4) Ampliação e qualificação da atenção secundária e
terciária através da criação de Centros de Especialidades Odontológicas e
Laboratórios Regionais de Prótese.
Buscando oportunizar a ampliação da participação da população na
36
análise da formulação e da execução da política nacional de saúde bucal, foi
realizada em 2004 a CNSB, tendo por referência a saúde das populações
como indicador de qualidade de vida das pessoas e coletividades. No contexto
em que se realizou a conferência, foram ressaltados contrastes sociais e a
exclusão de parcela expressiva da população do acesso aos mais elementares
direitos. A escolaridade deficiente, a baixa renda, a falta de trabalho, enfim, a
qualidade de vida produz efeitos devastadores sobre a saúde bucal. Por
essa razão, o enfrentamento dos problemas exige mais do que ações
assistenciais, requer políticas intersetoriais, a integração de ões preventivas,
curativas e de reabilitação, universalização do acesso e, sobretudo,
compromisso do Estado (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006).
Em 2007, 200 anos após o desembarque da corte portuguesa no Brasil
e 66 anos depois da CNS, pela primeira vez um Presidente da República
eleito democraticamente faz o discurso de abertura na 13ª CNS, e diz: Sabe
por que o Brasil nunca levou a sério a questão odontológica, a questão de
saúde bucal, como questão de saúde pública? Nunca levou a sério porque a
impressão que eu tenho é que rico não tem dor de dente. Porque rico vai ao
dentista desde pequeno”. E acrescenta ainda: Quando eu falei de inclusão do
tratamento odontológico como saúde pública, as pessoas estranharam. E as
pessoas davam como normal o fato de que dentista é dentista, cuida de
dentes, e saúde é outra coisa”. Diferente do paradigma cientificista, o contexto
social, pela primeira vez, passa a exercer forte influência no planejamento e
execução das políticas públicas. A saúde bucal, transformada em conteúdo da
fala presidencial, é mencionada em termos de “equipe de saúde bucal” e
“beneficiando milhões de brasileiros” (NARVAI, FRAZÃO, 2008).
Decorridos 20 anos da implantação do SUS, observamos avanços
importantes, por exemplo, em relação ao controle social e ao processo de
descentralização e municipalização das ações e serviços de saúde. Porém,
problemas no campo de formação e do desenvolvimento dos profissionais de
saúde ainda apresentam-se como desafios a serem enfrentados, visto que a
educação é uma das variáveis centrais para a efetiva consolidação do sistema.
37
De fato, a investigação e reflexão sobre as práticas de atenção à saúde
demonstram um distanciamento da formação profissional às reais
necessidades do SUS (HADDAD et al., 2006).
A inserção da saúde bucal da Estratégica da Saúde da Família (ESF),
por exemplo, determinou um aumento na demanda de emprego nos serviços
de saúde. Tal proposta, no entanto, defronta-se com a precária disponibilidade
de profissionais de saúde dotados de visão humanística e preparados para
prestar cuidados contínuos e resolutivos à comunidade. A ampliação da
cobertura dos serviços tornou evidente a necessidade da formação de
profissionais com perfil capaz de atuar nos diferentes espaços do sistema de
saúde (MORITA, KRIGER, 2006).
Vale destacar neste momento o entendimento de que não basta definir
as DCN, é necessário implementá-las e avaliá-las em busca de sua qualidade.
Embora aprovadas em 2002, ainda não estão adequadamente compreendidas
por grande parte dos dirigentes, coordenadores, professores e alunos dos
cursos de Odontologia no Brasil. Neste sentido, a ABENO, em parceria com o
Ministério da Saúde (MS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS),
vem realizando oficinas de trabalho sobre as DCN com docentes e
representantes discentes nos cursos de Odontologia em todo o território
nacional.
Estudo realizado para avaliar o grau de aderência dos Projetos
Pedagógicos dos cursos de graduação em Odontologia no período de 2002 a
2006 às DCN demonstrou fragilidades em praticamente todas as Instituições de
Ensino Superior (IES) avaliadas. Destacam-se o ensino fragmentado em
disciplinas e centrado no professor, e a dificuldade em utilizar a rede de
serviços como espaço de aprendizagem. Por outro lado, neste estudo foi
também possível observar que existe um potencial para mudança, um
movimento de reestruturação de cursos com nítida vontade de acertar
(HADDAD et al., 2006).
Não mais espaço para um ensino que privilegia a abordagem
38
individual e curativa, incapaz de transcender o espaço do consultório. O
movimento de mudança precisará ser empreendido como esforço conjunto de
estudantes, professores, coordenadores, gestores de educação e saúde e dos
formuladores de políticas públicas. Concordamos, entretanto, com De Carli
(2007) quando diz que o professor representa o principal desafio na
implantação das DCN nos cursos de Odontologia.
O perfil do professor universitário no âmbito da Odontologia é
historicamente embasado na valorização de aspectos tecnicistas e biologistas.
Além disso, o ensino exercido por especialistas sempre gerou conflito na
formação de profissionais generalistas. Deve-se destacar também que o
engajamento no processo histórico de construção do sistema de saúde contou
com a participação de apenas parte da academia e, em geral, os
conhecimentos sobre o SUS ficaram restritos aos professores da área da
saúde coletiva (HADDAD et al., 2006).
Todos estes aspectos apontam para a importância de discutir a
formação docente em Odontologia, hoje concentrada e estruturada a partir de
Cursos de Pós-graduação voltados para as especificidades da profissão e com
clara deficiência na perspectiva pedagógica. Construir uma articulação entre as
instituições formadoras e o sistema de saúde tem sido um desafio permanente
para os que fazem saúde e educação no Brasil. O Quadro 1 apresenta uma
breve história da Odontologia, seus cenários e protagonistas.
39
Quadro 1 - Uma breve história da Odontologia
ANO CENÁRIOS E PROTAGONISTAS
1500 Pedro Álvares Cabral e o descobrimento do Brasil
1554 Fundação da cidade de São Paulo
1564-1642 Galileu Galilei: pai da física, estruturou o método científico
1670-1761 Pierre Fauchard: criador da Odontologia científica moderna (pai da Odontologia)
1746-1792 Tiradentes: dentista prático e mártir da Independência do Brasil
1772 Fundação da cidade de Porto Alegre
1808 Transferência da família real portuguesa para o Brasil
1811 Primeira “Carta de Dentista” expedida para Pedro Martins de Moura
1818-1865 Ignaz Semmelweis e a gênese da febre puerperal
1822 Dom Pedro I e a Independência do Brasil
1822-1895 Louis Pasteur e a teoria microbiana das doenças
1834 Amálgama de prata e as restaurações dentárias
1840 Primeira escola de Odontologia: Baltimore – EUA
1835-1845 Revolução Farroupilha e a República Riograndense
1843-1910 Robert Koch: identificação dos agentes causadores das doenças infecciosas
1844 Horace Wells, cirurgião dentista americano e a descoberta da anestesia
1856 Regulamentação do exercício profissional da Odontologia
1879 Ensino formal de Odontologia
1884 Fundação do primeiro curso de Odontologia no Brasil
1888 Lei Áurea e a abolição da escravatura no Brasil
1889 Marechal Deodoro da Fonseca e a Proclamação da República
1904 Osvaldo Cruz: médico sanitarista, fundador da ciência no Brasil
1909 Fundação do Sport Club Internacional: “Glória do desporto Nacional”
1910 Relatório Flexner e o paradigma científico
1914-1918 Primeira guerra mundial
1926 Relatório Gies e o ensino odontológico
1928 Alexander Fleming e a descoberta da penicilina
1930-1945 Era Vargas e as bases da industrialização no Brasil
1930-1945 Segunda guerra mundial
1945 Michigan, EUA, 1ª cidade no mundo com água fluoretada
1946 Primeiro computador – EUA
1953 Baixo-Guandu, ES, Brasil, primeira cidade com água fluoretada
1956 Criação da Associação Brasileira Ensino Odontológico (ABENO)
1959 Revolução cubana: Fidel Castro e o regime socialista
1960 Inauguração de Brasília
1964 Criação dos Conselhos Federal e Regionais de Odontologia
1964-1985 Regime militar e fim do período democrático no Brasil
1966 Regulamentação do exercício da Odontologia
1982 Currículo mínimo dos cursos de Odontologia
1986 VIII Conferência Nacional de Saúde e I Conferência Nacional de Saúde Bucal
1988 Constituição Federal e o Sistema Único de Saúde (SUS)
Dentifrícios fluoretados: adequação e distribuição no Brasil
1989 1ª eleições diretas para Presidente da República desde 1960
1990 Curso de Odontologia da ULBRA/RS
1994 Programa de Saúde da Família (PSF)
1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
Sackett et al e a Medicina baseada em evidências
2000 Equipes de Saúde Bucal (ESB)
2002 Eleição de Luis Inácio Lula da Silva para Presidente da República do Brasil
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos da área da saúde
2003 Política Nacional de Saúde Bucal: Brasil Sorridente
2004 Novo Projeto Pedagógico do curso de Odontologia da ULBRA
2006 Sport Club Internacional conquista o campeonato mundial de clubes: “Igual nunca houve”
40
2.3 O PERFIL DO CIRURGIÃO DENTISTA BRASILEIRO
Os egressos dos cursos de Odontologia tendem a ver como horizonte
maior a prática liberal e privada, com especialização precoce e progressiva
agregação tecnológica, mesmo incorporando tecnologias sobre as quais não
evidências de efetividade. O modelo, entretanto, está em fase de
esgotamento, com os egressos enfrentando um dilema ao adentrarem no
mercado de trabalho, pois foram preparados majoritariamente para um modelo
cada vez mais distante da realidade (MATOS, 2005; MORITA, KRIGER, 2006).
Com o propósito de contribuir para o planejamento e implementação de
políticas de formação e inserção profissional no campo da saúde bucal, foi
realizada uma pesquisa sobre o “Perfil Atual e Tendências do Cirurgião
Dentista Brasileiro”. A pesquisa foi promovida pelo Departamento de Gestão da
Educação do Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS) e Observatório de Recursos Humanos em Odontologia da FO/USP.
Participaram do levantamento fornecendo informações e apoiando sua
realização a Associação Brasileira de Odontologia (ABO), o Conselho Federal
de Odontologia e a ABENO. A seguir são descritos os resultados preliminares.
O Brasil tem um efetivo de 220.000 cirurgiões dentistas, cerca de 20%
do total mundial, mas a distribuição interna é desigual. Cerca de ¾ dos
cirurgiões dentistas estão concentrados no Sul e Sudeste, sendo que o estado
de São Paulo possui do total de cirurgiões dentistas brasileiros. O local de
graduação tem forte relação com o local de exercício profissional (86% se
inscrevem no mesmo estado). Atualmente são 197 cursos de Odontologia (de
1999 a 2008 ocorreu um acréscimo de 137%) sendo que o Sudeste concentra
52% dos cursos.
A proporção de população por profissional está entre as menores do
mundo (
1
838
)
, mas as disparidades regionais são enormes. municípios onde
essa relação é de 1 cirurgião dentista para 65.000 habitantes. E outros com
menos de 1 cirurgião dentista para 171 habitantes. A maior parte (55%) tem
41
menos de 40 anos de idade e as mulheres são maioria na profissão. Há 40
anos eram 10% do total, hoje esse percentual é de 56%.
A renda média cresceu de 2003 a 2007, sendo que o maior crescimento
ocorre na faixa que possui renda entre 48.000-60.000 reais/ano (4.000-5.000
reais/mês). Mais de 60% declaram renda superior a 24.000/ano (2.000
reais/mês). Verificou-se uma expansão do emprego em serviços públicos de
saúde. As Equipes de Saúde Bucal na Estratégia de Saúde da Família
aumentaram de 6.170 em 2003 para 18.482 em 2008. Um terço do total de
profissionais tem vínculo em serviço público.
Existem atualmente 19 especialidades reconhecidas pelo Conselho
Federal de Odontologia. São 53.679 especialistas (25% do total de cirurgiões
dentistas), sendo o maior número nas áreas de Ortodontia e Endodontia, e o
menor número de especialistas na área de Saúde Coletiva. O Brasil conta
também com 84 Programas de Pós-graduação Stricto Sensu com 9.358
mestres e doutores.
Os resultados preliminares sobre o perfil do cirurgião dentista brasileiro
indicam um mercado de trabalho favorável à interiorização, já que o país inteiro
presencia o fenômeno da localização maciça nos grandes centros urbanos.
Também é importante ressaltar o fortalecimento no campo de atuação da
saúde coletiva, finalmente soltando as amarras do exercício da Odontologia
apenas em clínica privada.
42
2.4 O CURSO DE ODONTOLOGIA DA ULBRA
A Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) é uma Instituição
Confessional da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). A primeira escola
surgiu em 1911, quando os imigrantes alemães construíram a primeira capela
da Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (CELSP).
A ULBRA implantou seu primeiro curso superior em 1972. Atualmente
atua nas áreas de educação, saúde, esporte, comunicação, tecnologia e
cultura. Oferece mais de 80 cursos de graduação e 70 de Pós-graduação com
um total geral de matrículas de mais de 150.000 alunos distribuídos em
Canoas/RS e mais treze campi no Rio Grande do Sul e em outros estados da
Federação.
O curso de Odontologia da ULBRA iniciou em Abril de 1990, foi
autorizado pelo Decreto 95.623, de 12 de Janeiro de 1988, com base no
Parecer CFE 1.128/87 de 03 de Dezembro de 1987, e foi reconhecido pelo
Ministério de Educação e Desporto através da Portaria 687 de 09 de Maio de
1994.
O curso de Odontologia da ULBRA foi estruturado a partir de uma matriz
curricular mínima com um total de 3.960 horas/aulas, distribuídas em nove
semestres, de acordo com as recomendações do Conselho Federal de
Educação para a formação profissional do cirurgião dentista (Anexo II).
Como as demais Instituições de Ensino Superior, tinha seu currículo e
seu curso alicerçado em posturas dogmáticas conservadoras. A estrutura
curricular estabelecia claramente um processo de formação pedagógica
sustentada no formato multidisciplinar com disciplinas justapostas, sem
integração entre as mesmas, com um ensino fragmentado, altamente
especializado e técnico e que pretendia a integração do conhecimento somente
no estágio final da formação do aluno. Além disso, possuía uma visão da
Odontologia descontextualizada da realidade com uma ênfase profissional na
prática privada e uma formação inadequada para o trabalho na equipe de
43
saúde no contexto do SUS.
De acordo com o artigo 12 do Parecer nº 370/82 do Conselho Federal de
Educação sobre o currículo mínimo “o ensino e o treinamento dos alunos, em
termos de necessidades globais dos pacientes, será realizado em clínica
integrada com duração mínima de um semestre letivo, sem prejuízo das
atividades específicas das diversas matérias profissionalizantes”.
Historicamente, os currículos têm sido pautados pela divisão das
disciplinas, tratadas como se fossem especialidades inseridas na formação da
graduação (ZABALZA, 2003). Dos alunos, exige-se que reúnam as partes na
tentativa de alcançar e entender o todo. Verifica-se que, ao final, resulta a
construção de uma clínica de aplicação prática do conjunto de conhecimentos,
mesmo no que diz respeito àqueles currículos que julgam integrar a formação.
Na realidade, os conhecimentos permanecem fragmentados. A simples
aplicação em conjunto não resulta em integração. Essa é uma das questões
cruciais a serem superadas na aplicação dos conceitos de interdisciplinaridade
(PAULA, BEZERRA, 2003).
Segundo o Conselho Federal de Odontologia, a Odontopediatria é a
especialidade que tem como objetivo a prevenção, o diagnóstico e o tratamento
dos problemas de saúde bucal do bebê, da criança e do adolescente; a
educação para a saúde bucal e a integração com outros profissionais da área
de saúde. Apresenta-se, desta forma, como uma área de caráter de
abrangência de todos os aspectos que envolvem o processo saúde/doença, o
que implica em uma interdisciplinaridade intrínseca à própria especialidade
(CFO).
De acordo com a matriz curricular estabelecida, a Odontopediatria
estava inserida na grade curricular com um total de 12 créditos (180 horas). O
conteúdo programático envolvia aulas teóricas e atendimento clínico
ambulatorial, distribuído nas disciplinas de Odontopediatria I (7º semestre),
Odontopediatria II (8º semestre) e Clínica de Bebês (9º semestre). Em três
momentos distintos, mas não excludentes, o processo de ensino e
aprendizagem desenvolvia-se em temas complementares e em complexidade
44
crescente, adequando os conhecimentos assimilados anteriormente ao
atendimento do paciente infantil. Os eventos de crescimento e desenvolvimento
infantil, a prevenção e o diagnóstico dos agravos à saúde, o relacionamento
com os pacientes e responsáveis e a capacitação reabilitadora (técnico-
científica) eram os temas centrais das atividades.
Por outro lado, o diagnóstico, a prevenção e, principalmente, o
tratamento das maloclusões no paciente infantil eram ministrados nas
disciplinas de Ortodontia I (7º semestre) e Ortodontia II (8º semestre),
totalizando oito créditos (120 horas) e caracterizando, ao menos em parte, um
ensino sem a integração universal do conhecimento no atendimento do
paciente infantil.
O Sistema Único de Saúde (SUS) estabeleceu como princípios a
integralidade da atenção à saúde, com ênfase nos aspectos preventivos e uma
atuação profissional dirigida à realidade sócio-epidemiológica da população. O
modelo tradicional de recursos humanos não tem conseguido cumprir com tal
diretriz por ainda centrar sua ação no paradigma cirúrgico-restaurador,
sofisticação tecnológica, tecnicismo e biologicismo, sendo o contexto social da
determinação da doença secundarizado. Pode-se dizer que a prática
odontológica atual tem se desenvolvido de forma desvinculada da realidade
social do país, resultando um padrão de saúde bucal caótico, apesar da grande
quantidade de mão-de-obra odontológica disponível no mercado de trabalho
(BRUSTOLIN et al., 2006).
A relação existente entre saúde e educação diz respeito à adequação dos
profissionais às necessidades sociais da população. Essa relação se obtida
pela efetiva interação entre a formação dos profissionais de saúde, os serviços
de saúde do SUS e a comunidade, assim constituindo importante estratégia para
promover as mudanças necessárias na formação acadêmica (MELO, 2004). As
DCN destacam que o egresso dos cursos de Odontologia devem compreender a
realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a
transformação da realidade em benefício da sociedade.
Para que o ensino se constitua em ptica vinculada aos interesses maiores
45
da sociedade, é necessária uma redefinição dos Projetos Pedagicos dos cursos
de graduão que rompa com os principais problemas já diagnosticados, como a
fragmentação curricular, as estragias de ensino que estimulam a passividade
discente e a pouca integrão ensino-serviço-comunidade (NORO,
ALBUQUERQUE, FERREIRA, 2006).
Em 2002 iniciaram-se as discussões coletivas entre o corpo docente,
discente e funcional, constituintes da comunidade acadêmica dos três cursos
de Odontologia da ULBRA no Estado do Rio Grande do Sul. Formou-se uma
equipe interdisciplinar que teve como compromisso pensar e propor a
superação da prática docente e do modelo curricular constituído, onde os
cursos são estruturados linearmente em disciplinas semestrais, favorecendo a
construção de um saber fragmentado e parcial. O princípio da
transdiciplinaridade também foi um dos pilares, vindo a sustentar uma proposta
de desenvolvimento em que se associam o ensino, a pesquisa e a extensão.
Embora leve em conta que os saberes se originam das diferentes disciplinas
implicadas, a transdiciplinaridade efetiva-se no momento da ação cooperativa
entre as mesmas, no estudo de um objetivo comum (MALLMANN, DAUDT,
2003).
Para tanto, modificações curriculares deverão ocorrer principalmente nas
clínicas odontológicas, de modo que sejam transformadas em ambientes onde
o tratamento oferecido seja completo e integral ao paciente, respeitando-o
como um todo biopsicossocial e somático (CARVALHO, PEDROSA, 2006). O
convite à interdisciplinaridade também não pode deixar de ser reconhecido
como avanço e como passo indispensável à superação dos currículos
organizados por disciplinas e centrados nos conteúdos (FEUERWERKER,
ALMEIDA, 2004).
A autonomia concedida às Instituições de Ensino Superior para elaborar
seu Projeto Pedagógico da maneira que julgar apropriado tem uma
consequência que deve ser levada em conta: a Instituição é totalmente
responsável pela qualidade do profissional que irá formar. Não existe uma
“receita” pronta de Projeto Pedagógico, aplicável a todas as instituições; daí,
ser impossível a cópia, pura e simples, de propostas de outras escolas
46
consideradas bem sucedidas. É preciso estar seguro de onde se quer chegar
e, para alcançar a meta pretendida, tem se que considerar cada instituição em
uma situação única, constituída pelos seus alunos, seus docentes, sua
comunidade, seus recursos disponíveis, seus problemas e obstáculos que,
seguramente, não são iguais para todas as escolas (CARVALHO, 2006).
O curso de Odontologia da ULBRA, fundamentado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais, propôs um novo Projeto Pedagógico que corresponde à
necessidade de formação do sujeito pelo desenvolvimento de capacidades
relevantes para sua atuação na sociedade. Ressaltou-se que o profissional
com habilidades técnicas é necessário; contudo, um novo profissional tem que
surgir com elevada competência científica associada a profundos
conhecimentos básicos das ciências da saúde e discernimento epidemiológico
adequado para poder transformar o quadro de saúde bucal vigente no país.
De acordo com este novo modelo, implementado em 2004, o curso de
Odontologia apresenta um total de 4144 horas/aulas, distribuídas em nove
semestres (Anexo III). A principal reestruturação pedagógica realizada no
contexto de mudança paradigmática do ensino da Odontologia foi a ruptura dos
eixos tradicionais, independentes, altamente especializados e formulados nas
tipificações progressivas das disciplinas, tendo como referencial as
especialidades odontológicas.
De acordo com as DCN, o curso foi estruturado a partir de três grandes
áreas de conhecimento com seus respectivos ciclos e disciplinas: Ciências
Biológicas e da Saúde, Ciências Humanas e Sociais e Ciências Odontológicas.
A proposta pedagógica fundamentou-se na interdisciplinaridade, proporcionando
nas atividades práticas momentos de transdisciplinaridade por meio de eixos
integradores. A organização dos conteúdos articula-se em dois sentidos:
vertical, através da sequência de conteúdos com crescente grau de
complexidade; e horizontal, através de conexões pragmáticas entre as
disciplinas do mesmo semestre (Anexo IV).
Na área das Ciências Biológicas e da Saúde, os conteúdos sicos foram
agrupados em módulos de conhecimento e divididos no Ciclo de Formação
47
Geral, vinculado a todos os cursos da Área da Saúde e ministrados por corpo
docente misto, e no Ciclo Profissional da Saúde, direcionado às particularidades
do curso de Odontologia e concentrados no primeiro ano do curso. Envolvem
conteúdos práticos e tricos de bases moleculares e celulares de processos
normais e alterados da estrutura e função de tecidos, órgãos e aparelhos,
aplicados às situações decorrentes do processo saúde-doença no
desenvolvimento da prática assistencial de Odontologia.
A área de Ciências Humanas e Sociais também é dividida em Ciclo de
Formação Geral e Ciclo Profissional de Saúde. Foi estruturada partindo da
base geral da Sociedade e Contemporaneidade, transitando pelo módulo de
Saúde, Bioética e Sociedade e conduzindo o processo pedagógico específico
ao embasamento teórico, teórico-prático e estágio profissional nas diferentes
modalidades de Odontologia e Sociedade. Envolve a compreensão dos
determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, éticos e legais,
nos níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença. Este eixo se inicia
no primeiro semestre e conclui seus objetivos no semestre. Objetiva
estabelecer mecanismos de cooperação entre gestores do SUS e o curso de
Odontologia, visando a melhoria da qualidade e integração da rede pública de
serviços de saúde e a formação do novo perfil do cirurgião dentista.
Segundo Morita, Kriger (2006), está comprovado que o trabalho do aluno
junto à comunidade aumenta seu amadurecimento como cidadão e a sua
segurança como profissional. Contudo, é importante destacar que este trabalho
não pode ficar limitado à área de saúde coletiva, como uma atividade isolada,
mas envolver todas as áreas de conhecimento do curso, transformando-se em
uma política de ensino da instituição.
A área de Ciências Odontológicas é dividida em quatro ciclos. O Ciclo de
Diagnóstico em Odontologia concentra-se no 3º e 4º semestres, constituindo-se
base para a compreensão das diferentes modalidades de técnicas resolutivas a
serem construídas durante o e semestres no Ciclo Pré-clínico. Momento
pedagógico enriquecido pela associação dos avanços técnicos e científicos à
filosofia profissional delineada pelo curso com base nas DCN. A partir do
semestre, as Ciências Odontológicas aplicadas à prática clínica foram
48
estruturadas no ciclo de Clínica Odontológica e Ciclo de Odontologia
Pediátrica. A Clínica Integral e a Clínica Infantil foram sequencialmente
vinculadas e construídas em componentes com crescentes graus de
complexidade ao longo do curso.
A sincronia curricular na prática clínica materializa-se a partir do
semestre com a integração filosófica das práticas clínicas intra-muros (Cnica
Integral III e IV) e práticas extra-muros (Odontologia e Sociedade VI e VII). O
encerramento do ciclo clínico é definido nas disciplinas de Manutenção de
Saúde e Odontologia Hospitalar.
Na área de Ciências Odontológicas, o paciente deverá ser considerado
em sua totalidade (bio-psicosocial) como um representante da comunidade, de
uma realidade social, devendo sua autonomia (vontade) ser respeitada.
Segunda Varella, Tamoto e Junqueira (2006), consciência social, humanismo,
ética e cidadania são aspectos que devem estar presentes no processo de
ensino e aprendizagem.
Fica evidente a opção por um fio condutor no curso. A coluna vertebral que
caracteriza, marca e identifica a matriz curricular proposta são as disciplinas de
Clínica Integral e Odontologia e Sociedade. Os diferentes dulos de
conhecimentos e pticaso articuladas com este fio condutor. Além disso,
baseado nas DCN, três programas são também desenvolvidos de forma articulada
ao longo do processo de formação do aluno: o Estágio Supervisionado, as
Atividades Complementares e o Trabalho de Conclusão de Curso.
O Estágio Supervisionado corresponde ao instrumento de integração do
aluno com a realidade socioeconômica e cultural da região à partir do
referencial da atividade profissional. Segundo Werner (2006), pode ser
compreendido também como atendimento integral ao paciente que o aluno de
Odontologia presta à comunidade intra e extramuros.
As Atividades Complementares visam o aproveitamento do
conhecimento adquirido pelo aluno por meio de atividades extracurriculares.
Visam proporcionar ao aluno a oportunidade de realizar uma trajetória
49
autônoma e particular no desenvolvimento acadêmico. Projetos de Extensão,
por exemplo, articulam o ensino e os serviços, viabilizando a relação
transformadora entre a universidade e a sociedade.
O Trabalho de Conclusão de Curso, por sua vez, visa proporcionar aos
alunos elementos básicos para a leitura crítica de publicações e a elaboração
de um artigo científico. Viabiliza ainda a articulação do ensino e pesquisa
buscando a verticalização da graduação e pós-graduação.
A inovação é essencial em toda mudança educacional. Dentro desta
perspectiva, evidencia-se a importância da pesquisa no desenvolvimento da
crítica e da reflexão, razão pela qual ela deve caminhar junto com o ensino. A
pesquisa na vida universitária deve ser direcionada tanto para o princípio
científico quanto para o educativo. A associação entre pesquisa e ensino, além
de esclarecer como são gerados os novos conhecimentos, leva a uma
formação crítica dos docentes, tornando-os mais capazes de promover
mudanças (PÉRET, LIMA, 2003).
Nesta nova matriz curricular, a Odontopediatria insere-se nas disciplinas
de Clínica Infantil I (7º semestre), Clínica Infantil II (8º semestre) e Clínica
Infantil III (9º semestre) com um total de 16 créditos (272 horas) distribuídas em
aulas teóricas e atendimento clínico-ambulatorial. O conteúdo programático
difere da matriz curricular anterior em função da incorporação dos conteúdos
de Ortodontia nas atividades teóricas e na prática clínica, de acordo com os
conceitos de interdisciplinaridade e de integralidade da atenção à saúde
preconizado pelas DCN. Além da evidente superação de currículos com ensino
fragmentado, vão ao encontro do próprio conceito e objetivos da especialidade
de prevenção, diagnóstico e tratamento dos diferentes agravos à saúde bucal
do bebê, da criança e do adolescente. Após o processo de equivalências e
adequações necessárias, formou a primeira turma representante desta filosofia
em Agosto de 2008.
Com as DCN estava definida a necessidade de permitir que os
currículos propostos construíssem um perfil acadêmico e profissional com
competências, habilidades e conteúdos compatíveis com referenciais nacionais
50
e internacionais, capazes de atuar com qualidade, eficiência e resolutividade no
Sistema Único de Saúde, considerando o processo da Reforma Sanitária
Brasileira (COSTA, CHAGAS, SILVESTRE, 2006). Diante desse quadro,
tornou-se essencial o desenvolvimento de um estudo que avaliasse o impacto
da reconfiguração da matriz curricular no processo de ensino e aprendizagem
do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil – Canoas/RS.
3 OBJETIVOS
52
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Analisar o impacto da reconfiguração da matriz curricular no processo de
ensino e aprendizagem do curso de Odontologia da Universidade Luterana do
Brasil – Canoas/RS.
3.2 ESPECÍFICO
verificar o perfil dos estudantes concluintes;
comparar a opinião dos estudantes concluintes sobre a matriz
curricular, o ensino e os docentes de Odontologia Pediátrica;
comparar o conhecimento dos estudantes concluintes com relação a
sua formação em Odontologia Pediátrica, e
comparar a autopercepção dos estudantes concluintes sobre a sua
capacidade de execução de procedimentos e práticas em
Odontologia Pediátrica.
4 METODOLOGIA
54
4 METODOLOGIA
4.1 DELINEAMENTO
O delineamento do presente estudo é transversal.
4.2 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA
A população alvo do estudo foi composta pelos alunos matriculados no
último semestre do currículo em extinção ( 010146) Ato 2007/2 e pelos
alunos concluintes da primeira turma do currículo em implantação (nº 010332)
Ato 2008/1 do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil,
campus Canoas / RS.
4.2.1 Critérios de inclusão
Os critérios de inclusão envolveram:
a) Alunos matriculados na disciplina de Cnica de Bebês no segundo
semestre de 2007 (ATO 2007/2) e em Clínica Infantil III no primeiro
semestre de 2008 (ATO 2008/1);
b) Alunos presentes na segunda atividade semi-presencial dos
respectivos semestres, e
c) Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
55
4.2.2 Critérios de exclusão
Os critérios de exclusão envolveram a análise do currículo dos
formandos. Desta forma, foram excluídos os alunos da ATO 2007/2 que não
cursaram as disciplinas de Odontopediatria I e II. Com relação aos concluintes
da ATO 2008/1, foram excluídos aqueles que não cursaram as disciplinas de
Clínica Infantil I e II.
4.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA
O instrumento de pesquisa foi um questionário estruturado, dividido em
quatro partes, como descrito a seguir:
4.3.1 Perfil do aluno
Instrumento de pesquisa sem identificação que foi aplicado somente aos
formandos da ATO 2008/1 durante o primeiro semestre letivo de 2008.
Questionário estruturado com 14 perguntas objetivas a respeito de suas
características pessoais. O instrumento de pesquisa foi elaborado a partir do
modelo utilizado no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE
(Anexo V).
56
4.3.2 Processo de ensino e aprendizagem
Instrumento de pesquisa sem identificação que foi aplicado aos
formandos da ATO 2007/2 durante o segundo semestre letivo de 2007 e da
ATO 2008/1 durante o primeiro semestre letivo de 2008. Questionário
estruturado com perguntas objetivas para conhecer a opinião do aluno sobre o
processo de ensino e aprendizagem vivenciado a partir de uma avaliação da
matriz curricular do curso de Odontologia (Anexo VI), do ensino de Odontologia
Pediátrica (Anexo VII) e dos docentes de Odontologia Pediátrica (Anexo VIII).
O instrumento de pesquisa foi elaborado a partir de um modelo utilizado no
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ENADE e de um modelo
de avaliação da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA/RS.
4.3.3 Formação em Odontologia Pediátrica
Instrumento de pesquisa sem identificação que foi aplicado aos
formandos da ATO 2007/2 durante o segundo semestre letivo de 2007 e da
ATO 2008/1 durante o primeiro semestre letivo de 2008. Questionário
estruturado com perguntas discursivas visando avaliar, através de respostas
abertas, a formação do aluno em Odontologia Pediátrica. O instrumento de
pesquisa foi elaborado a partir de um banco de provas de Odontopediatria do
curso de Odontologia da ULBRA/RS composto das avaliações aplicadas aos
alunos de graduação no período de 1994 à 2006.
O banco de provas é composto por 340 questões divididas em oito áreas
específicas: Exame do Paciente, Psicologia, Desenvolvimento da Dentição,
Cariologia e Prevenção, Dentística Operatória e Restauradora, Estomatologia,
Terapia Pulpar e Traumatismo Alveolodentário. Foram sorteadas
aleatoriamente duas questões por área (Anexo IX), representando
aproximadamente 5% das questões do banco de provas. Um caso clínico,
57
baseado no modelo utilizado no Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes – ENADE, foi incluído visando verificar o poder de resolução diante
de uma determinada situação clínica (Anexo X). As respostas foram avaliadas
por um único examinador experiente (PFK) e os escores atribuídos de zero a
10, sendo zero totalmente errada e 10 totalmente certa.
4.3.4 Autopercepção
Instrumento de pesquisa sem identificação que foi aplicado aos
formandos da ATO 2007/2 durante o segundo semestre letivo de 2007 e da
ATO 2008/1 durante o primeiro semestre letivo de 2008. Questionário
estruturado com perguntas objetivas para avaliar a autopercepção dos alunos
sobre a sua segurança na execução de procedimentos e práticas em
Odontologia Pediátrica. O instrumento de pesquisa foi elaborado de acordo
com as práticas clínicas rotineiras vivenciadas pelo aluno durante sua formação
em Odontologia Pediátrica (Anexo XI).
4.4 COLETA DE DADOS
O instrumento de pesquisa foi aplicado pela pesquisadora (ESV) em sala
de aula e considerado como atividade semipresencial para os formandos da
ATO 2007/2 e 2008/1. O material foi preenchido de forma individual e
independente. Foi vedada qualquer comunicação e troca de material entre os
alunos ou consulta a material bibliográfico. O aluno assinalou com caneta
esferográfica azul ou preta (“X”) as letras correspondem às suas respostas,
sendo apenas uma resposta por questão, conforme instruções distribuídas
junto ao questionário (Anexo XII). Nas questões discursivas o aluno deveria
utilizar somente o espaço reservado para cada questão. Ao final, o aluno
58
entregou o instrumento de pesquisa ao monitor da sala.
4.5 PROJETO PILOTO
Durante o mês de Outubro de 2007 foi realizado um pré-teste com parte
do instrumento de pesquisa sendo aplicado aos alunos do semestre do
curso de Odontologia da ULBRA Canoas/RS. Teve por objetivo a verificação
do tempo para o preenchimento do instrumento e analisar possíveis questões
dúbias que pudessem estar presentes, para então corrigi-las no instrumento
final que foi aplicado.
4.6 ASPECTOS ÉTICOS
Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido contendo a assinatura
da pesquisadora responsável e do aluno foi feito deixando claro todos os
cuidados tomados com seus dados. Esses dados individuais foram mantidos
sob sigilo com intuito de preservá-lo, sendo utilizados somente enquanto grupo
em estudo, ficando a seu critério colaborar com a pesquisa. Caso não
quisessem, estavam livres em qualquer momento para desistir de participar da
pesquisa (Anexo XIII).
O projeto de pesquisa foi submetido previamente ao Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Luterana do Brasil tendo sido aprovado sob o
número 2007 – 411H (Anexo XIV).
59
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Após a aplicação dos instrumentos de pesquisa os dados foram
digitados e analisados no programa SPSS versão 13.0. As variáveis
qualitativas foram descritas na forma de frequências simples e percentuais. As
notas obtidas pelos alunos nas diferentes questões da avaliação de
conhecimentos sobre Odontologia Pediátrica foram descritas na forma de
média e desvio padrão em função da distribuição normal destas variáveis. Para
comparar o desempenho entre as turmas foi realizado o teste t para amostras
independentes.
5 RESULTADOS E DISCUSSÁO
61
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população alvo do presente estudo constituiu-se de 125 formandos,
sendo 38 alunos da ATO 2007/2 e 87 alunos da ATO 2008/1. De acordo com
os critérios de inclusão estabelecidos, três alunos da ATO 2007/2 e 16 alunos
da ATO 2008/1 não estavam matriculados na disciplina de Clínica de Bebês e
Clínica Infantil III, respectivamente. Além disso, um aluno da ATO 2007/2 e dois
alunos da ATO 2008/1 não estavam presentes no dia da aplicação do
instrumento de pesquisa. A análise individual dos currículos ainda excluiu um
aluno da ATO 2007/2 e 14 da ATO 2008/1. Desta forma, a amostra do estudo
constituiu-se de 88 alunos, sendo 33 (37,5%) da ATO 2007/2 e 55 (62,5%) da
ATO 2008/1.
O perfil do egresso do curso de Odontologia baseou-se nas
características pessoais dos alunos da ATO 2008/1. Com o propósito de
enriquecer a discussão e proporcionar o debate, os resultados serão cotejados
com dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)
do Ministério da Educação (MEC) e com indicadores socioeconômicos
disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O SINAES, instituído pela lei 10.861 de 14 de Abril de 2004, tem por
objetivo assegurar um processo nacional de avaliação das Instituições de
Ensino Superior (IES) e do desempenho de seus acadêmicos. Possui três
componentes principais: a avaliação das instituições, dos cursos e do
desempenho dos estudantes.
A avaliação das IES tem por objetivo identificar o perfil e o significado da
atuação destas instituições, pautando-se pelos princípios do respeito à
identidade e à diversidade das mesmas. Das 178 universidades avaliadas pelo
MEC em 2008, a Universidade Luterana do Brasil ULBRA cresceu em
qualidade de ensino, passando do 72º lugar ocupado em 2007 para o 47º no
Índice Geral de Cursos (IGC). Com o resultado a universidade passa de nível 3
para 4, na escala de 1 a 5. O IGC é a média entre os conceitos da graduação e
62
pós-graduação. O cálculo ainda leva em consideração o desempenho no Exame
Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), corpo docente, infra
estrutura, organização didático-pedagógica e a nota CAPES dos programas de
pós-graduação.
O ENADE, por sua vez, é o instrumento que tem por objetivo
acompanhar o processo de aprendizagem e o desempenho acadêmico dos
estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas DCN. O
ENADE é componente curricular obrigatório a todos os cursos de graduação e
é implementado a partir da aplicação de um questionário (perfil socioeconômico
e cultural) e de uma prova (formação geral e específica) em dois momentos
distintos do percurso acadêmico do estudante: no final do primeiro e do último
ano do curso permitindo, desta forma, analisar o valor agregado adquirido.
Em 2007 foi avaliada a área de Odontologia que contou com a
participação de 173 cursos e 15.829 alunos no território nacional. A região Sul
foi representada por 31 cursos, aproximadamente 18% do total do Brasil. As
IES privadas concentraram 20 cursos (64,5%) e as federais cinco cursos
(16,1%). As instituições estaduais participaram com quatro e as municipais com
dois, correspondendo a 12,9% e 6,5% do total regional, respectivamente.
A avaliação do desempenho dos estudantes de cada curso é expressa
por meio de conceitos ordenados em uma escala com cinco níveis. Os
resultados evidenciam uma predominância dos cursos que receberam conceito
3, correspondendo a 34,7% do total nacional. Pouco mais de 20% dos cursos
foram classificados com conceito 4, 18,5% obtiveram conceito 2, 9,8% ficaram
com conceito 5 e 2,9% receberam conceito 1. Na região Sul, 12 (38,7%) dos
cursos participantes obtiveram conceito 3. O conceito 4 foi atribuído a 7
(22,6%) dos cursos e o conceito 5 seguiu esse mesmo resultado. O conceito 2
foi atribuído a 3 (9,7%) dos cursos. Não houve curso classificado com conceito
1 e 2 (6,5%) dos cursos ficaram sem conceito (ENADE, 2007).
O curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil
Canoas/RS obteve conceito 3 no ENADE/2007, com destaque para o valor
agregado na formação geral e específica. A nota média dos estudantes
63
ingressantes foi menor que a média do Brasil; enquanto que a nota dos
concluintes foi significativamente maior que a média no Brasil. Participaram da
avaliação 92 alunos (56 ingressantes e 36 concluintes), selecionados mediante
a utilização de procedimentos amostrais. Todos os alunos ingressantes e 75%
dos concluintes estavam inseridos na nova matriz curricular (nº 010332). Além
disso, aproximadamente 25% dos alunos participaram do presente estudo.
As transformações socioeconômicas que vêm ocorrendo nas sociedades
modernas e industrializadas têm impactos diretos na vida cotidiana das
pessoas. É fundamental, desta forma, um amplo conhecimento da realidade
social do país de modo a facilitar a análise e o monitoramento das condições
de vida das pessoas, além de orientar as políticas públicas.
O IBGE é o responsável pela divulgação dos principais indicadores
socioeconômicos do Brasil, obtidos a partir das informações da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). Como seu próprio nome indica, é
realizada por meio de uma amostra de domicílios com abrangência nacional
para investigar os temas habitação, renda e trabalho associados a aspectos
demográficos e educacionais. Na PNAD 2008, foram pesquisadas 391.868
pessoas e 150.591 unidades domiciliares, distribuídas em todas as unidades
da federação.
O terceiro milênio se inicia no Brasil com uma das mais importantes
modificações estruturais verificadas na sociedade brasileira: o envelhecimento
populacional, associado à queda continuada dos níveis de fecundidade e o
aumento da esperança da vida. Além disso, o país tem experimentado
mudanças no perfil socioeconômico: melhoria das condições de habitação,
particularmente o aumento relativo ao número de domicílios com saneamento
básico, ampliação da cobertura dos serviços de saúde, redução da taxa de
mortalidade infantil e aumento do rendimento médio mensal real de trabalho.
Por outro lado o “calcanhar de Aquiles” continua a ser as desigualdades
regionais, evidentes em todos os indicadores, e a concentração de renda
(IBGE, 2009).
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, 100% dos
64
alunos da ULBRA consideraram-se brancos, sendo 73% do sexo feminino com
uma idade dia de 25 anos. Porto Alegre foi a cidade de nascimento mais
citada (27,3%), seguida de Novo Hamburgo (9,1%), Bento Gonçalves (7,3%),
Cruz Alta (5,5%), Esteio (5,5%), Caxias do Sul (5,5%), São Leopoldo (5,5%) e
outras (34,3%). Apenas 5% dos estudantes nasceram fora do Rio Grande do
Sul.
No Brasil, a mobilidade no Ensino Superior é muito pequena; apenas
0,04% cursam a Universidade longe do estado em que moram. Nos Estados
Unidos esta taxa alcança 20% dos universitários. Uma nova proposta do MEC
para ingresso e classificação no Ensino Superior, baseada em uma avaliação
universal do Ensino Médio (Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM), poderá
alterar este quadro de mobilidade no Ensino Superior no Brasil. A proposta tem
como principais objetivos, além de possibilitar a mobilidade acadêmica e
democratizar as oportunidades de acesso às vagas federais de Ensino
Superior, induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio.
A população do país é de aproximadamente 190 milhões de brasileiros.
Apesar da consolidação da estrutura urbana, a distribuição geográfica das
populações não é uniforme. A região Sudeste possui 42% da população total
com uma densidade de 86,3 hab/km², enquanto que a região Norte, que possui
45,2% da área total do país e 8,1% da população, tem apenas 4 hab/km². Com
relação a migração, as pessoas não naturais do município de residência
correspondem a 40,1% da população do país, e aquelas não naturais da
unidade da federação em que moram representam 15,7%. O grupo de maior
peso no contingente de emigrantes foi o de nordestinos. O Sudeste continua a
ser o maior pólo de atração. O segundo grupo que historicamente mais
emigrou nasceu no Sudeste, dirigindo-se, em sua maioria, para a região
Centro-Oeste, em razão, muito provavelmente, do crescimento de Brasília e
dos movimentos de ocupação das últimas fronteiras agrícolas (IBGE, 2009).
De acordo com os dados do ENADE/2007, 77,8% dos alunos
concluintes de Odontologia do Brasil declararam-se brancos. Comparando este
resultado com a porcentagem de brancos na população residente brasileira que
é de 48,4%, verifica-se que está muito acima. No conjunto do país, 15% das
65
pessoas de cor branca tinham concluído o Ensino Superior; entre as pessoas
de cor preta ou parda a proporção foi de apenas 5% em 2008 (IBGE, 2009).
Apesar da composição étnica ser bastante diferenciada entre as regiões do
país, na região Sul, 80% das pessoas declaram-se brancas, estes dados
reforçam a necessidade de manutenção das atuais políticas públicas e ações
afirmativas voltadas para o incentivo do acesso das minorias ao Ensino
Superior.
No passado ainda recente, a distribuição por cor da população refletia as
características históricas dos modos de colonização do país. Nos últimos 10
anos observa-se uma redução da população que se declara branca e um
crescimento da proporção da que se declara preta ou parda. Fica claro também
que os grupos raciais classificados nas categorias de cor ou raça preta, parda
ou indígena se situam de forma precária em termos de inserção social ao longo
dos últimos anos. Com relação ao rendimento total das famílias, por exemplo,
verifica-se que entre os 10% mais pobres, 25% declaram-se brancos; enquanto
que 75% eram pretos e pardos. Entre o 1% mais rico, 85% eram pessoas
brancas e apenas 15% eram da cor preta ou parda (IBGE, 2009).
Os dados do ENADE/2007 indicam também que os alunos da área de
Odontologia são predominantemente do sexo feminino (64,9%), representando
um pouco mais do dobro do porcentual dos alunos do sexo masculino (35,1%).
Dados do IBGE (2009) indicam um aumento da participação da mulher no
mercado de trabalho, passando de 42% para 48% no conjunto do país entre
1998 e 2008. Além disso, a escolaridade média das mulheres é superior a dos
homens. Com relação ao Ensino Superior, as desigualdades o ainda
maiores. Em 2008, de cada 100 pessoas de 12 anos ou mais de estudo, 57%
eram mulheres. Por outro lado, em se tratando do rendimento do trabalho, o
rendimento médio dos homens é superior. No que se refere à idade, 64% dos
concluintes de Odontologia do Brasil encontram-se também na faixa etária até
24 anos, com média de idade de 25 anos.
De acordo com a Tabela 1, 65% dos alunos concluintes cursaram todo o
ensino médio em escola particular, resultado semelhante ao observado no
conjunto de estudantes de Odontologia do Brasil (63%). Além disso, apenas
66
14% dos alunos da ULBRA/RS e 19,9% do Brasil cursaram todo o Ensino
Médio em escola pública, reafirmando que os alunos provenientes de escolas
privadas têm maior inserção em todas as categorias administrativas (federal,
estadual, municipal e particular) de Instituições de Ensino Superior.
Considerando que a escola pública atende cerca de 80% dos alunos
matriculados no ensino médio brasileiro, os resultados sugerem a necessidade
de manutenção das políticas de fortalecimento da qualidade da escola pública,
assim como de incentivo à inserção e à permanência de estudantes de baixa
renda no Ensino Superior.
A educação básica, no país, é formada por dois ciclos: Fundamental e
Médio, que correspondem a 12 anos de estudo completos. Os indicadores
revelam melhoras nos níveis de escolarização, se comparados àqueles da
década anterior, porém ainda insuficientes e incompatíveis com o nível de
desenvolvimento econômico do país. Além disso, prevalecem expressivas
desigualdades educacionais entre ricos e pobres, brancos e não-brancos,
moradores de áreas urbanas e rurais e entre diferentes regiões (IBGE, 2009).
Os indicadores revelam aumento da frequência à escola na primeira
infância. O maior crescimento foi para a faixa etária de quatro a seis anos, cuja
frequência subiu de 57,9% para 79,8% entre 1998 e 2008. Contudo, entre zero
e três anos, a taxa de frequência escolar ainda é baixa, passou de 8,7% para
18,1% no período estudado. Observa-se também o acesso praticamente
universalizado (97,9%) das crianças brasileiras de 7 a 14 anos na escola. O
grande desafio que se apresenta é o acesso do adolescente ao Ensino Médio,
principalmente entre os mais pobres, onde somente, 30% frequentam a escola.
O brasileiro de 15 anos ou mais tem uma media de 7,4 anos de estudo, o que
representa uma escolaridade que não atingiu a conclusão do Ensino
Fundamental. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais está
estimada em 10% (IBGE, 2009).
A mensuração da escolaridade da população jovem de 18 a 24 anos
com 11 anos de estudo é considerada essencial para avaliar a eficácia do
sistema educacional de um país, bem como a capacidade de uma sociedade
para combater a pobreza e melhorar a coesão social. No Brasil, a porcentagem
67
de jovens que possuem esta escolaridade é de apenas 36,8% (IBGE, 2009).
Quando se observa estes resultados utilizando-se a cor ou raça como
parâmetro, verifica-se que entre as pessoas brancas de 18 a 24 anos, a
proporção das que tinham 11 anos de estudo era superior aquela relativa as
pessoas de cor preta ou parda (40,7% e 33,3%, respectivamente). As
desigualdades regionais também são marcantes neste indicador; na região
Sudeste a proporção é de 43,8% e na região Nordeste de 29,2% (IBGE, 2009).
Buscando um paralelo com a saúde bucal, Roncalli et al. (2004) descreve que
a média do CPO é 0,7 em crianças da região Sul, de cidades com mais de
100.000 habitantes, brancas, moradoras na zona urbana e que frequentam
escolas privadas; e de 3,5 em crianças do Nordeste, de cidades com menos de
5.000 habitantes, pardas ou negras, moradoras na zona rural e que frequentam
escolas públicas.
O número de estudantes universitários no Brasil ainda é baixo quando
comparado a outros países da América Latina ou Europa, apesar do aumento
da frequência ao Ensino Superior observado em todas as regiões do país entre
1998 e 2008. As desigualdades regionais, entretanto, são evidentes. Enquanto
no Nordeste apenas 8,2% dos jovens de 18 a 24 anos frequentam o Ensino
Superior, no Sul o percentual é de 19%. Em países desenvolvidos as taxas são
maiores que 50%, chegando a 56% na França, 69% na Espanha, 59% no
Reino Unido e 82% nos EUA. Na América Latina, o Uruguai de destaca com
64% e o Chile com 52% (IBGE, 2009).
A Tabela 1 também evidencia que 87% dos alunos são solteiros, 56%
moram com os pais e/ou outros parentes, 86% não trabalham e seus gastos
são financiados pela família e somente 9% dos alunos recebem financiamento
estudantil. O PROUNI Programa Universidade para Todos tem como
finalidade a concessão de bolsas de estudo a estudantes de instituições
privadas de educação superior. Entre 5 e 10% dos alunos do curso de
Odontologia da ULBRA/RS são cadastrados no PROUNI. De acordo com os
dados do ENADE/2007, a grande maioria dos estudantes de Odontologia no
Brasil são também solteiros (88%), moram (65%) e são financiados (83%)
pelos familiares.
68
Com relação à variável renda, 24% das famílias de alunos concluintes
do curso de Odontologia da ULBRA/RS recebem até 10 salários mínimos,
enquanto que 47% recebem mais de 20 salários mínimos (Tabela 1). De
acordo com o ENADE/2007, 42% das famílias de estudantes de Odontologia
no Brasil recebem até 10 salários mínimos e apenas 23% recebem mais de 20
salários mínimos.
O percentual de trabalhadores com carteira assinada e o rendimento
médio mensal dos brasileiros cresceu em comparação com o período
anterior. O valor médio do rendimento familiar per capita em 2008 ficou em
torno de R$ 720,00. É importante destacar que na sociedade brasileira o
acesso a bens e serviços básicos depende quase que exclusivamente do nível
de rendimento atingido pelas famílias. Além disso, o Índice GINI, padrão
internacional para medição da distribuição de renda, caiu 0,7%, o que significa
redução na desigualdade (IBGE, 2009).
Uma outra forma de mensurar as condições de vida e de bem estar da
população é observar o acesso simultâneo aos serviços públicos de
saneamento associado à posse de bens considerados essenciais no cotidiano
das pessoas. Nesse particular, calculou-se o percentual dos domicílios urbanos
com “acesso a serviços de iluminação elétrica, telefone fixo, posse de
computador, geladeira, TV em cores e máquina de lavar”. Somente 25% dos
domicílios brasileiros contam com este conjunto de bens (IBGE, 2009).
A investigação sobre o tipo de mídia utilizado pelos alunos de
Odontologia para se manterem atualizados acerca dos acontecimentos do
mundo contemporâneo, descrita na Tabela 1, mostrou que o meio mais
utilizado é a televisão (58%), seguido do jornal (22%), internet (18%) e revistas
(2%). Os dados do ENADE/2007 indicam a televisão (53,7%), internet (30,7%),
jornal (8,3%), revistas (4,2%) e rádio (2%). Em ambos a televisão destaca-se.
Nos dados da ULBRA/RS, contudo, o jornal aparece com índices mais
elevados e o rádio não foi citado.
Quanto à escolaridade, 57% dos pais de estudantes de Odontologia
possuem Ensino Superior e 100% dos alunos tem acesso à internet em casa
69
(Tabela 1). De acordo com o ENADE/2007, 49,3% dos pais possuem Ensino
Superior e 96,4% tem acesso a internet em casa no território nacional. Dados
do IBGE/2009 revelam que 31% dos domicílios no Brasil possuem computador,
24% têm acesso a internet e 82% possuem telefone fixo ou celular. Verifica-se,
desta forma, o lugar de destaque da internet na formação dos alunos do Ensino
Superior, desempenhando importante papel tanto como fonte de pesquisa para
trabalhos acadêmicos quanto como fonte de informação sobre o mundo
contemporâneo.
Os resultados do presente estudo também evidenciam que apenas 26%
dos alunos lêem jornal diariamente e 69% leu no máximo dois livros no último
ano (Tabela 1). De acordo com o ENADE/2007, 14% dos alunos de
Odontologia lêem jornal diariamente e 60% leram no máximo dois livros no
último ano. Visto tratar-se da elite cultural e econômica do país, são
preocupantes os dados relativos aos meios de informação e compreensão do
mundo contemporâneo (binômio televisão/internet versus jornal/livro), embora
as mudanças sejam inevitáveis em um mundo globalizado e capitalizado.
O perfil do egresso do curso de Odontologia da ULBRA/RS é
semelhante ao observado no conjunto de estudantes de Odontologia do Brasil
e estão de acordo com a avaliação discente descrita no relatório de cursos do
ENADE/2007 referente aos ingressantes e concluintes da ULBRA/RS.
Diferença significativa foi observada apenas na variável renda, indicando uma
faixa de renda maior nos egressos da ULBRA.
70
Tabela 1 - Características pessoais dos estudantes concluintes da ATO 2008/1
do curso de Odontologia da ULBRA/RS
A opinião dos alunos sobre o processo de ensino e aprendizagem
envolveu considerações sobre a matriz curricular do curso de Odontologia, o
ensino e os docentes de Odontologia Pediátrica.
Com relação à matriz curricular do curso de Odontologia da ULBRA/RS,
01 Qual o seu estado civil? 02 Como você se considera?
A Solteiro (a). 87% A Branco (a). 100%
B Casado (a). 11% B Negro (a). -
C Separado (a) / desquitado (a) / divorciado (a). 2% C Pardo (a) / mulato (a). -
D Viúvo (a). - D Amarelo (a) (de origem oriental) -
E Outros. - E Amarelo (a) (de origem indígena) -
03 Com quem você mora atualmente? 04
Qual a faixa de renda mensal dos membros das pessoas que
moram em sua casa?
A Com os pais e/ou outros parentes. 56% A Até 3 salários-mínimos. 4%
B Com esposo (a) e/ou filho(s). 13% B De 3 a 10 salários-mínimos. 20%
C
Com amigos (compartilhando despesas ou de
favor).
4% C De 10 a 20 salários-mínimos. 29%
D Com colegas em alojamento universitário. - D De 20 a 30 salários mínimos. 34%
E Sozinho (a). 27% E Mais de 30 salários-mínimos. 13%
05 Qual o grau de escolaridade do seu pai? 06 Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu caso?
A Nenhuma escolaridade. - A
Não trabalho e meus gastos são financiados pela
família.
86%
B Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série. 11% B Trabalho e recebo ajuda da família. 7%
C Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série. 6% C Trabalho e me sustento. 2%
D Ensino Médio. 27% D Trabalho e contribuo com o sustento da família. 2%
E Superior. 56% E
Trabalho e sou o principal responsável pelo sustento
da família.
3%
07 Qual o grau de escolaridade de sua mãe? 08
Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento você recebe ou
recebeu para custeio das despesas do curso?
A Nenhuma escolaridade. - A Financiamento Estudantil – FIES 9%
B Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série. 2% B
Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em
mensalidades) oferecidas pela própria instituição.
9%
C Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série. 13% C
Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades
externas.
4%
D Ensino Médio. 27% D Outro(s). 9%
E Superior. 58% E Nenhum. 69%
09 Em que tipo de escola você cursou o ensino médio? 10 Com que frequência você lê jornal?
A Todo em escola pública. 14% A Diariamente. 26%
B Todo em escola privada (particular). 65% B Algumas vezes por semana. 47%
C A maior parte do tempo em escola pública. 6% C Somente aos domingos. 16%
D
A maior parte do tempo em escola privada
(particular).
9% D Raramente. 11%
E
Metade em escola pública e metade em escola
privada (particular).
6% E Nunca -
11
Excetuando-se os livros escolares, quantos livros você leu no
presente ano?
12
Que meio você mais utiliza para se manter atualizado sobre os
acontecimentos do mundo contemporâneo?
A Nenhum 22% A Jornais. 22%
B No máximo dois. 47% B Revistas. 2%
C Entre três e cinco. 24% C TV. 58%
D Entre seis e oito. 7% D Rádio. -
E Oito ou mais - E Internet. 18%
13 Você tem acesso a Internet? 14 Indique onde você utiliza microcomputador: Em casa?
A Sim. 100% A Sim. 99%
B Não. - B Não. 1%
71
os resultados evidenciaram que os alunos inseridos na nova matriz curricular
(ATO 2008/1) consideraram o currículo melhor integrado e com maior vinculação
entre as disciplinas. Além disso, enquanto na ATO 2007/2 61% dos alunos
afirmaram que a exigência do curso foi na medida certa; 58% dos alunos da ATO
2008/1 afirmaram que o curso poderia ter exigido mais (Tabela 2).
Os resultados parecem evidenciar também uma maior conscientização
do corpo docente da importância da apresentação do plano de ensino ao
iniciarem os trabalhos de cada disciplina. Segundo 33% dos alunos da ATO
2007/2, menos da metade dos professores discute o plano de ensino; enquanto
que 85% dos alunos da ATO 2008/1 afirmam que a maioria discute o plano de
ensino. Por outro lado, enquanto que 52% dos alunos da ATO 2007/2
afirmaram que todos os professores demonstram domínio atualizado nas
disciplinas ministradas, apenas 42% da ATO 2008/1 concordam com esta
afirmação (Tabela 2).
A técnica de ensino mais utilizada pelos professores envolve aula
expositiva. De acordo com os alunos, os resultados parecem indicar uma
tendência maior de aulas práticas e trabalhos em grupo na nova matriz
curricular. Não se observou diferença significativa com relação aos
instrumentos de avaliação utilizados pelos professores. Segundo os alunos
concluintes, a maioria utiliza prova escrita discursiva, embora pareça haver
aqui também uma tendência maior na utilização de testes objetivos e trabalhos
em grupo na nova matriz curricular (Tabela 2).
Os materiais mais utilizados por indicação dos professores envolvem
livros-textos e/ou manuais. Seguindo uma política da universidade, o curso de
Odontologia tem investido na confecção dos Cadernos Universitários. Estes
têm por objetivo disponibilizar aos alunos, de forma clara e objetiva, as bases
filosóficas e os protocolos clínicos de cada disciplina. Em 2008, mais de 90%
das disciplinas já disponibilizavam o material na forma de livro para os alunos.
Destaca-se uma diminuição na indicação de artigos de periódicos
especializados e um aumento significativo na indicação de cópias de trechos
ou capítulos de livros por parte dos alunos da ATO 2008/1. Com relação às
atividades de pesquisa como estratégia de aprendizagem, parece não haver
72
diferença significativa, 45% na ATO 2007/2 e 38% na 2008/1 afirmam haver
estímulo na maioria das disciplinas (Tabela 2).
De acordo com os resultados obtidos, parece haver maior oferta de
programas extraclasse (iniciação científica, extensão e monitoria) na nova
matriz curricular com aproveitamento regulamentar de conhecimento para a
integralização curricular. Além disso, os alunos da ATO 2008/1 afirmaram
haver maior apoio do curso à participação em eventos de caráter científico
(Tabela 2). Considerando a importância dessas atividades para a formação
acadêmica e cidadã dos alunos, esses resultados vêm ao encontro das
propostas das DCN, assim como o indicativo de maior integração e vinculação
entre as disciplinas na nova matriz curricular.
Os resultados evidenciaram as dificuldades do corpo docente em
assimilar as inovações propostas. Os alunos da ATO 2008/1, por exemplo,
destacaram uma menor proporção de professores com domínio atualizado das
disciplinas ministradas. A presença de docentes especialistas, ou dominados
pela mentalidade flexneriana, tem gerado dificuldades para implantação das
DCN. Pode-se citar vários pontos que contribuem para essa situação. Um
deles é o fator político, ou seja, valorizam-se as questões de poder em
detrimento da estrutura de ensino. Outro ponto que merece reflexão, segundo
Carvalho (2006), é o de que professores especialistas tendem a valorizar a sua
área de conhecimento perdendo a capacidade de lidar com o todo.
Por outro lado, ao iniciarem os trabalhos, os docentes parecem discutir
mais o plano de ensino com os estudantes, embora não se tenha observado
mudanças significativas nas técnicas de ensino, nos instrumentos de avaliação
ou nos materiais de apoio indicados. Segundo Rocha (2001), o sistema de
avaliação merece atenção especial porque os instrumentos têm apontado
grandes dificuldades quando se trata de avaliar conteúdo, desempenho
discente ou desempenho institucional.
Considerada como técnica padrão do ensino tradicional, a aula
expositiva mantém como metodologia permanente e exclusiva a transmissão
verbal do saber, processo unilateral em que o professor é a única autoridade
73
detentora de prerrogativas e de decisões. Esse tipo de ão docente,
considerada ineficiente dentro de seus moldes ortodoxos, gera no aluno uma
“síndrome de dependência do professor” (MADEIRA, 2006).
Ao falar-se em mudanças na concepção do ensino, entretanto, posturas
radicais e simplistas normalmente o funcionam. A aula teórica é um bom
instrumento de trabalho, assim como o quadro negro é praticamente
insubstituível mesmo perante novos meios e recursos didáticos. Ao invés de
ser preterida ela necessita ser repensada. várias maneiras de aprimorar a
aula expositiva. Além disso, a adoção de técnicas didáticas diversas é útil e
necessária. Como opção discute-se sobre a construção do próprio
conhecimento, a participação ativa do aluno, a reflexão crítica e a
aprendizagem investigativa.
Apesar de o ser o objetivo do presente estudo, temas relacionados às
condições dos recursos físicos e pedagógicos da instituição (infraestrutura)
fizeram parte da avaliação discente e estão descritas no relatório de curso do
ENADE/2007. Ingressantes e concluintes da ULBRA consideraram as
instalações físicas amplas, arejadas, bem iluminadas e com mobiliário
adequado. Além disso, a maioria achou adequado o espaço pedagógico, o
material de consumo e os equipamentos das aulas práticas.
74
Tabela 2 - Opinião dos estudantes concluintes (ATO 2007/2 e 2008/1) sobre a
matriz curricular do curso de Odontologia da ULBRA/RS
01 Como você avalia o currículo do seu curso? 07/2 08/1 02
Ao iniciarem os trabalhos em cada
disciplina, os docentes discutem o plano
de ensino com os estudantes?
07/2 08/1
A
É bem integrado, havendo clara vinculação
entre as disciplinas.
52% 65% A Sim, todos. 24% 42%
B
É relativamente integrado, já que as disciplinas
se vinculam apenas por blocos ou áreas de
conhecimento afins.
48% 31% B Sim, a maior parte. 43% 43%
C
É pouco integrado, que poucas disciplinas
se interligam.
- 4% C Sim, mas apenas cerca da metade. 15% 11%
D
Não apresenta integração alguma entre as
disciplinas.
- - D Sim, mas menos da metade. 12% 4%
E Não sei dizer. - - E Nenhum discute. 6% -
03
Que técnica de ensino a maioria dos
professores tem utilizado,
predominantemente?
07/2 08/1 04
Você é / foi solicitado a realizar
atividades de pesquisa como estratégia
de aprendizagem?
07/2 08/1
A Aulas expositivas (preleção). 58% 45% A Sim, em todas as disciplinas. 18% 9%
B
Aulas expositivas, com participação dos
estudantes.
36% 40% B Sim, na maior parte das disciplinas. 27% 29%
C Aulas práticas. 6% 11% C
Sim, mas apenas em metade das
disciplinas.
24% 18%
D
Trabalhos de grupo, desenvolvidos em sala de
aula.
- 4% D
Sim, mas em menos de metade das
disciplinas.
21% 35%
E Outra. - - E Não, em nenhuma disciplina. 10% 9%
05
Que instrumentos de avaliação a maioria dos
seus professores adota predominantemente?
07/2 08/1 06
Que tipo de material, dentre os abaixo
relacionados, é / foi mais utilizado por
indicação de seus professores durante o
curso?
07/2 08/1
A Provas escritas discursivas. 100% 89% A Livros-texto e/ou manuais. 64% 51%
B Testes objetivos - 9% B Apostilas e resumos. 12% 9%
C Trabalhos de grupo. - 2% C Cópias de trechos ou capítulos de livros. 3% 24%
D Trabalhos individuais. - - D Artigos de periódicos especializados. 18% 11%
E Provas práticas - - E
Anotações manuais e cadernos de
notas.
3% 5%
07
Seus professores têm demonstrado domínio
atualizado das disciplinas ministradas?
07/2 08/1 08
Responda se o seu curso oferece, além
das atividades teóricas e práticas, os
programas indicados: Iniciação
cientifica.
07/2 08/1
A Sim, todos. 52% 42% A
Sim, com aproveitamento regulamentar
de conhecimentos para a integralização
curricular.
51% 73%
B Sim, a maior parte deles. 48% 53% B
Sim, com aproveitamento de
conhecimentos para a integralização
curricular, mas sem regulamentação
9% 14%
C Sim, mas apenas metade deles. - 5% C
Sim, mas sem aproveitamento de
conhecimentos para a integralização
curricular.
6% 2%
D Sim, mas menos da metade deles. - - D Não oferece. 12% 2%
E Não, nenhum deles. - - E Não sei informar. 21% 9%
09
Responda se o seu curso oferece, além das
atividades teóricas e práticas, os programas
indicados: Extensão.
07/2 08/1 10
Responda se o seu curso oferece, além
das atividades teóricas e práticas, os
programas indicados: Monitoria.
07/2 08/1
A
Sim, com aproveitamento regulamentar de
conhecimentos para a integralização
curricular.
82% 89% A
Sim, com aproveitamento regulamentar
de conhecimentos para a integralização
curricular.
82% 93%
B
Sim, com aproveitamento de conhecimentos
para a integralização curricular, mas sem
regulamentação.
12% 9% B
Sim, com aproveitamento de
conhecimentos para a integralização
curricular, mas sem regulamentação.
12% 5%
C
Sim, mas sem aproveitamento de
conhecimentos para a integralização
curricular.
3% - C
Sim, mas sem aproveitamento de
conhecimentos para a integralização
curricular.
6% 2%
D Não oferece. - - D Não oferece. - -
E Não sei informar. 3% 2% E Não sei informar. - -
11
Seu curso apóia a participação dos estudantes
em eventos de caráter científico (congressos,
encontros, seminários, etc.)?
07/2 08/1 12
Como você avalia o nível de exigência
do curso?
07/2 08/1
A
Sim, sem restrições, com recurso financeiro e
dispensa de presença às aulas para os que
participam.
21% 33% A
Deveria exigir / ter exigido muito mais de
mim.
6% 7%
B
Sim, com dispensa de presença às aulas para
os que participam, mas com recurso financeiro
somente para os que apresentam trabalho.
6% 11% B
Deveria exigir / ter exigido um pouco
mais de mim.
33% 51%
C
Sim, mas apenas com dispensa de presença
às aulas para os que participam.
54% 49% C Exige / exigiu de mim na medida certa. 61% 42%
D
Sim, mas apenas quando a participação se
por iniciativa da própria IES.
18% 7% D
Deveria exigir / ter exigido um pouco
menos de mim.
- -
E Não apóia de modo algum. - - E
Deveria exigir / ter exigido muito menos
de mim
-
-
75
Com relação ao ensino e docentes de Odontologia Pediátrica, é
importante destacar que aos alunos da ATO 2007/2 couberam avaliar as
disciplinas de Odontopediatria I, II e Clínica de Bebês; enquanto que os alunos
da ATO 2008/1 avaliaram as disciplinas de Clínica Infantil I, II e III.
A Tabela 3 evidencia que a maioria dos alunos considerou o ensino de
Odontologia Pediátrica satisfatório. Os alunos da ATO 2007/2 consideraram o
ensino plenamente satisfatório na maioria dos itens avaliados, com destaque
para: contribuição na formação profissional, grau de exigência e na adequação
dos conteúdos à proposta apresentada. Resultados satisfatórios foram
observados na qualidade das leituras indicadas e no estímulo à busca de
novos conhecimentos. Os resultados parecem indicar um ensino de
Odontologia Pediátrica sedimentado e eficaz, mas talvez acomodado e pouco
inovador.
A maioria dos alunos da ATO 2008/1, por sua vez, consideraram o
ensino satisfatório e evidenciaram preocupação nos itens relativos a
contribuição na formação profissional e na adequação da carga horária ao
volume de temas e conteúdos (TABELA 3). A integralização na atenção à
saúde pressupõe conhecimentos mais amplos que talvez precisem ser revistos
e adequados à nova formatação disciplinar. Além disso, fica evidente que
novas práticas sempre despertam novas preocupações, principalmente aos
formandos com relação ao mercado de trabalho.
A passagem da vida acadêmica para o mundo do trabalho sempre
coloca complexos desafios. As contradições da Odontologia brasileira refletem
e reproduzem os dilemas correntes de um modelo de formação e prática
imerso em complexa transição. Segundo Toledo (2006), as IES devem se
propor a formar um profissional em permanente preparação, e não alguém que,
ingenuamente, se sinta inteiramente preparado ao final do curso de graduação.
Trabalha-se com uma progressiva autonomia profissional e intelectual do
aluno, visando prepará-lo para superar os novos desafios da profissão, as
demandas emergentes do mercado de trabalho e habilitá-lo à busca
permanente do conhecimento.
76
Tabela 3 - Opinião dos estudantes concluintes (ATO 2007/2e 2008/1) sobre o
ensino de Odontologia Pediátrica do curso de Odontologia da ULBRA/RS
A Tabela 4 evidencia que a maioria dos alunos consideraram
plenamente satisfatório o corpo docente de Odontologia Pediátrica. Foram
detectados, entretanto, índices menores, para ambos os grupos de alunos, nos
itens relacionados ao estímulo à participação do aluno em sala de aula,
elaboração de provas e trabalhos com clareza e objetividade e pontualidade na
publicação de notas. Embora sejam itens universalmente citados por alunos,
precisam ser reavaliados.
Os alunos da ATO 2007/2 destacaram no corpo docente a clareza na
abordagem dos conteúdos, a vinculação da teoria com a prática, o
relacionamento com os alunos, o cumprimento de horários e a utilização de
resultados de pesquisa e/ou atividades práticas para ilustrar as aulas. Por outro
lado, os alunos da ATO 2008/1 demonstraram maior preocupação com a clareza
na abordagem dos conteúdos e na vinculação da teoria com a prática (TABELA
4). Os resultados vêm ao encontro das informações obtidas com relação ao
ensino da Odontologia Pediátrica, destacando a experiência do corpo docente e
as dificuldades na integralização dos conteúdos, com destaque para a
preocupação dos egressos com a formação profissional e o mercado de
2007/2 (%)
2008/1 (%)
Ensino de Odontologia Pediátrica
PS
S I TI SO PS S I TI SO
01
Contribuição para a formação
profissional
73 27 - - - 47 51 - 2 -
02
Adequação da carga horária ao
volume de temas e conteúdos
58 42 - - - 34 60 - 2 4
03
Grau de exigência
64 36 - - - 42 58 - - -
04
Qualidade das leituras
indicadas
36 58 - - 6 44 56 - - -
05
Nível de reflexão crítica e ética
51 49 - - - 45 53 - - 2
06
Estímulo à busca de novos
conhecimentos, pesquisa e
produção intelectual
27 61 3 - 9 38 56 - - 6
07
Relação dos temas ou
conteúdos abordados com
outras áreas do conhecimento
45 55 - - - 38 58 - - 4
08
Adequação dos conteúdos à
proposta apresentada
70 27 - - 3 50 48 - - 2
PS: Plenamente Satisfatório; S: Satisfatório; I: Insatisfatório; TI: Totalmente Insatisfatório; SO: Sem
Opinião.
77
trabalho.
O professor tem um papel determinante no processo de ensino e
aprendizagem. É um mediador entre o currículo e seus destinatários. Segundo
Masetto, Prado (2004), o papel do educador é o de intervir no processo de
aprendizagem com responsabilidade e comprometimento; é ajudar o aluno a
apropriar-se do conhecimento construído, de lhe dar significado e de gerir
diferenças, de problematizar, de motivar, de provocar, enfim, de dar condições
ao indivíduo de desenvolver um pensamento e um discurso próprio.
O ato de ensinar não é neutro, é ato político e intencional. O docente
interpreta e define o ensino em função do seu conhecimento, da sua maneira de
pensar e de entender a ação educativa. O ato de ensinar é um compromisso
ético com a construção da cidadania como patrimônio coletivo da sociedade civil
(WERNER, 2006).
Pesquisa realizada entre estudantes de Odontologia indicou como faceta
mais importante do professor o seu lado humano (perfil humanista), seguida da
característica técnica profissional. Destacaram-se também a capacidade de
“interagir com o aluno”, “buscar sua participação”, “ajudar no conhecimento do
aluno”, “conferir se realmente aprendeu” e “dar aulas dinâmicas”. Ser exigente e
disciplinador foram consideradas como características menos importantes
(MADEIRA, 2006). Portanto, é falsa a premissa que para ser bom professor
basta conhecer bem e ensinar com clareza o conteúdo. Segundo o autor, bons
professores são aqueles que, ao ensinarem, marcam nossas vidas.
O corpo docente da área de Odontologia Pediátrica foi estruturado
desde o início do curso de Odontologia da ULBRA/RS. A continuidade e o
aprimoramento de uma filosofia de trabalho, uma prática clínica baseada em
evidências, e a qualificação constante do corpo docente explicam ao menos em
parte, os resultados obtidos. Trabalhos publicados em periódicos nacionais e
internacionais, edição de livros, cursos ministrados e participação em eventos,
além da colaboração em associações da especialidade, colocam a equipe da
ULBRA na linha de frente da Odontopediatria nacional. A recente integração
com a área de Ortodontia gerou uma certa ansiedade com reflexos no
78
processo de ensino e aprendizagem que serão superados com a experiência e
integração do corpo docente.
Tabela 4 - Opinião dos estudantes concluintes (ATO 2007/2 e 2008/1) sobre os
docentes de Odontologia Pediátrica do curso de Odontologia da ULBRA/RS
A formação dos alunos concluintes em Odontologia Pediátrica foi
avaliada através de um questionário estruturado com perguntas discursivas. A
fim de facilitar a apresentação dos resultados e a discussão, as perguntas
foram agrupadas de acordo com as áreas de conhecimento em Odontologia
Pediátrica, incluindo a elaboração de um plano de tratamento. A média dos
conceitos obtidos pelos alunos concluintes foi 5,4 (DP 1,1) e a mediana foi 5,4
(Q
1
: 4,6; Q
3
: 6,2). O conceito mínimo foi 2,3 e o máximo 7,8. Não foi observada
diferença significativa entre os grupos (p=0,820) (Tabela 5).
Nas questões das diferentes áreas de conhecimento em Odontologia
Pediátrica, destacam-se, em ambos os grupos de alunos, os conceitos obtidos
2007/2 (%) 2008/1 (%)
Docentes de Odontologia Pediátrica
SO S I TI SO
PS S I TI SO
01
Apresentação e discussão do plano
de ensino-aprendizagem
64 36 - - - 62 38 - - -
02
Abordagem dos temas ou
conteúdos de forma clara e objetiva
79 21 - - - 55 45 - - -
03
Vinculação da teoria com a prática
profissional
91 9 - - - 65 33 2 - -
04
Estímulo à participação dos alunos
em sala de aula
45 49 - - 6 42 49 - - 9
05
Incentivo ao aluno para
aprofundamento do conhecimento
55 39 - - 6 38 58 - - 4
06
Relacionamento estabelecido com
os alunos (respeito, entusiasmo,
disposição para esclarecer
dúvidas).
70 27 3 - - 60 38 - - 2
07
Elaboração de provas e trabalhos
com clareza e objetividade.
33 67 - - - 42 49 5 - 4
08
Cumprimento de horários de início e
término das aulas
70 30 - - - 64 34 - - 2
09
Pontualidade na publicação de
notas e/ou atividades de trabalho
58 39 3 - - 56 33 2 - 9
10
Utilização de resultados de
pesquisa e/ou atividades práticas
para ilustrar as aulas
76 24 - - - 60 38 - - 2
PS: Plenamente Satisfatório; S: Satisfatório; I: Insatisfatório; TI: Totalmente Insatisfatório; SO:
Sem Opinião.
79
em dentística operatória e restauradora e em terapia pulpar, ainda intimamente
associados ao modelo cirúrgico-restaurador hegemônico nos últimos 100 anos
na formação profissional. Fica evidente também o desempenho mais baixo em
ambos os grupos na questão relativa à elaboração de um plano de tratamento
frente a uma situação clínica. Esta diferença pode sinalizar não a maior
complexidade deste tipo de questão, mas também a dificuldade, por parte dos
estudantes de Odontologia, de discorrer sobre temas que envolvam a
integralidade na atenção à saúde. É importante destacar, contudo, uma
diferença significativa (p=0,012) entre os grupos, evidenciando um conceito
mais elevado no plano de tratamento nos alunos da ATO 2008/1 (TABELA 5).
A questão do plano de tratamento exigiu conhecimentos que pretendiam
a integração do conhecimento, além da compreensão e interpretação dos
dados fornecidos. A grande maioria respondeu parte da questão que
envolvia o aspecto da reabilitação estética e funcional. O processo de ensino e
aprendizagem agregado à nova matriz curricular, por sua vez, parece
desenvolver de uma forma mais adequada as potencialidades dos alunos,
incluindo a capacidade de resolver problemas e tomar decisões.
Fica evidente também em ambos os grupos os diferentes níveis de
aprofundamento, denotando a dificuldade de muitos alunos em ordenar o
pensamento. Frequentemente os alunos querem dizer uma coisa e escrevem
outra, gerando problemas de coerência textual. Alguns textos apresentam-se
em forma de tópicos e a maioria dos alunos apresentou dificuldades no que diz
respeito a estruturação da frase e a progressão temática. Quanto ao domínio
da modalidade escrita padrão, manifestam-se expressivas dificuldades,
principalmente relativas ao emprego dos sinais de pontuação e ortografia.
O desempenho dos estudantes concluintes na área de Odontologia
Pediátrica pode ser também verificado no Relatório de Curso do ENADE/2007
referente ao componente específico. O percentual de acertos nas três questões
objetivas (questões 28, 29 e 30) dos estudantes da ULBRA foi superior à média
da região Sul e do Brasil. Na questão discursiva, relacionada com Odontologia
Pediátrica (questão 39), o percentual de acertos dos estudantes da ULBRA
também foi superior à média da região e do Brasil.
80
Tabela 5 - Formação dos estudantes concluintes (ATO 2007/2 e 2008/1), de
acordo com os conceitos obtidos nas áreas de conhecimento em Odontologia
Pediátrica.
A autopercepção dos alunos concluintes sobre a sua segurança na
execução de procedimentos e práticas em Odontologia Pediátrica foi avaliada
através de um questionário estruturado com perguntas objetivas (Tabela 6).
A Tabela 6 evidencia que a maioria dos alunos da ATO 2007/2 e 2008/1
sentem-se seguros na execução de procedimentos e práticas em Odontologia
Pediátrica. Destacaram-se as práticas de exame do paciente, anestesia local,
isolamento absoluto do campo operatório, procedimentos restauradores e
exodontia de dentes decíduos e permanentes. Observou-se maior insegurança
entre os alunos na terapia pulpar em dentes decíduos, diagnóstico e tratamento
de traumatismo alveolodentário, manobras ortodônticas preventivas,
atendimento de bebês, atendimento de pacientes com necessidades especiais
e elaboração de um programa de saúde bucal em nível coletivo (TABELA 6).
A comparação entre os egressos evidencia um aumento na segurança
no atendimento de pacientes especiais e na elaboração de programas de
saúde bucal em nível coletivo nos alunos da ATO 2008/1. A nova matriz
curricular tem permitido, através de uma política de inclusão e de estímulo às
CONCEITOS
2007/2 2008/1
ÁREAS DO CONHECIMENTO
Média (DP) Média (DP)
Valor de p
Exame do Paciente (1;2) 4,8 (1,8) 4,5 (1,8) 0,585
Psicologia (3; 4) 5,1 (2,3) 5,4 (2,2) 0,624
Desenvolvimento da Dentição (5; 6) 5,0 (2,2) 4,3 (1,9) 0,156
Cariologia e Prevenção (7; 8) 4,7 (1,9) 5,4 (2,2) 0,107
Dentística Operatória e Restauradora (9; 10) 6,5 (2,9) 6,1 (2,7) 0,531
Estomatologia (11; 12) 4,7 (1,7) 5,5 (2,3) 0,066
Terapia Pulpar (13; 14) 7,2 (2,2) 6,9 (2,2) 0,550
Traumatismo Alveolodentário (15; 16) 5,9 (3,1) 5,4 (3,0) 0,457
Plano de Tratamento (17) 2,8 (2,0) 4,1 (2,5) 0,012
TOTAL 5,3 (1,1) 5,4 (1,1) 0,820
81
Atividades Complementares, que os alunos tenham maior contato com
pacientes com necessidades especais. Além disso, a inserção da Odontologia
e Sociedade ao longo do curso tem também permitido uma visão mais clara da
saúde coletiva. Por outro lado, os mesmos alunos da ATO 2008/1 evidenciaram
insegurança com relação ao manejo do paciente infantil; diagnóstico,
prevenção, e tratamento de maloclusões; prescrição medicamentosa;
diagnóstico e tratamento de traumatismo alveolodentário e atendimento de
bebês (TABELA 6). Fica claro a responsabilidade da Odontologia Pediátrica em
rever principalmente as práticas de diagnóstico, prevenção e tratamento de
maloclusões e de atendimento de bebês. Ambas sofreram alterações e
necessitam de ajustes para permitir maior segurança aos egressos.
Tabela 6 - Autopercepção dos estudantes concluintes (ATO 2007/2 e 2008/1)
sobre a sua segurança na execução de procedimentos e práticas em
Odontologia Pediátrica
2007/2 (%) 2008/1 (%)
Como você se sente com relação à execução dos
seguintes procedimentos e práticas em Odontologia
Pediátrica.
TS S I TI TS S I TI
01
Exame do paciente
64 33 3 - 51 47 2 -
02
Manejo do paciente infantil
15 76 9 - 18 58 24 -
03
Diagnóstico de cárie oclusal e proximal
49 45 6 - 40 58 2 -
04
Técnicas radiográficas
24 67 9 - 35 56 9 -
05
Diagnóstico, prevenção e tratamento de
maloclusões
6 73 18 3 11 51 34 4
06
Anestesia local
60 40 - - 65 29 6 -
07
Isolamento absoluto do campo operatório
64 36 - - 62 34 4 -
08
Procedimentos restauradores
58 42 - - 64 33 3 -
09
Terapia pulpar em dentes decíduos
15 67 15 3 16 62 22 -
10
Exodontia de dentes decíduos e permanentes
58 33 9 - 62 36 2 -
11
Prescrição medicamentosa
6 88 6 - 16 51 33 -
12
Diagnóstico e tratamento de traumatismo
alveolodentário
9 58 33 - 5 42 51 2
13
Manobras ortodônticas preventivas
- 55 45 - 9 54 37 -
14
Diagnóstico, prevenção e tratamento da
doença periodontal
55 39 6 - 60 36 4 -
15
Atendimento de bebês
15 70 15 - 18 49 31 2
16
Atendimento de pacientes com necessidades
especiais
3 39 52 6 13 53 23 11
17
Elaboração de um programa de saúde bucal
em nível coletivo
12 39 49 - 25 47 26 2
TS: Totalmente Seguro; S: Seguro; I: Inseguro; TI: Totalmente Inseguro.
82
A ruptura de paradigmas não pode ser jamais construída por
determinações administrativas ou legais. Deve ser cultivada e semeada no seio
da comunidade acadêmica. assim poderá render os frutos esperados tanto
na qualificação profissional quanto nas mudanças sociais necessárias.
O processo de avaliação contínua da estrutura pedagógica do curso de
Odontologia da ULBRA tem permitido avanços significativos. A prática clínica
integral, a interdisciplinaridade e a integração do ensino com os diferentes
sistemas de saúde como política da instituição são os desafios a serem
superados. A integralização dos cursos de Odontologia em 10 semestres,
proposta pelo Ministério da Educação, será uma oportunidade ímpar de rever
certos paradigmas.
É evidente também que o professor representa o principal desafio na
implementação das DCN. O professor deve sentir-se comprometido ética e
profissionalmente com o processo de mudança, uma vez que esse processo
exige o mais completo envolvimento docente. Formação flexneriana,
deficiências pedagógicas, disputas de poder e acomodação são os desafios a
serem enfrentados.
6 CONCLUSÓES
84
6 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, é possível afirmar que:
6.1 os egressos do curso de Odontologia da Universidade Luterana do
Brasil Canoas/RS são majoritariamente jovens gaúchos de até 25
anos, brancos, do sexo feminino, solteiros, que cursaram o ensino
médio em escolas particulares, não trabalham, moram e o
sustentados pela família e cujo contato com o mundo
contemporâneo ocorre principalmente através da televisão e
internet;
6.2 os alunos inseridos na nova matriz curricular consideraram o
currículo melhor integrado e com maior vinculação entre as
disciplinas; além de identificarem maior oferta de programas
extraclasse. Por outro lado, verificaram, no corpo docente, menor
domínio atualizado das disciplinas ministradas e uma continuidade
nas técnicas de ensino e instrumentos de avaliação;
6.3 o ensino de Odontologia Pediátrica foi considerado satisfatório pela
maioria dos alunos com destaque para a contribuição na formação
profissional e na adequação dos conteúdos à proposta apresentada.
Alunos inseridos na nova matriz curricular, entretanto, manifestaram
preocupação com relação a adequação da carga horária e o
mercado de trabalho;
6.4 o corpo docente da Odontologia Pediátrica foi considerado
plenamente satisfatório, com destaque para o relacionamento
estabelecido com os alunos; cumprimento de horários de início e
término das aulas e utilização de resultados de pesquisa e/ou
atividades práticas para ilustrar as aulas; embora alunos inseridos
na nova matriz curricular tenham manifestado preocupação com a
abordagem dos temas ou conteúdos de forma clara e objetiva e da
85
vinculação da teoria com a prática profissional;
6.5 a formação em Odontologia Pediátrica foi apenas satisfatória com
destaque para a área de reabilitação em ambos os grupos. Alunos
inseridos na nova matriz curricular obtiveram conceitos mais
elevados na questão relativa à elaboração do plano de tratamento, e
6.6 os alunos concluintes sentem-se seguros na execução de
procedimentos e práticas de Odontologia Pediátrica. Na nova matriz
curricular indicaram dificuldades principalmente nas questões
relativas ao diagnóstico, prevenção e tratamento de maloclusões,
diagnóstico e tratamento de traumatismo alveolodentário, manobras
ortodônticas preventivas e atendimento de bebês.
7 CONSIDERAÇÓES FINAIS
87
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Brancos de olhos azuis ensinando brancos de olhos azuis a tratar de
brancos de olhos azuis”. Sempre se disse que a Odontologia era para poucos e
ricos. Este é o paradigma a ser superado.
Por muitos séculos, de Hipócrates até Black, o trabalho médico-
odontológico foi lutar contra as doenças e suas sequelas. Foram nos últimos 50
anos que ocorreram as maiores mudanças na expectativa de vida dos seres
humanos e o mais importante desenvolvimento científico na área da saúde. As
conquistas foram incomensuráveis, como o primeiro antibiótico, a introdução
das vacinas, a quebra do código genético, entre outras. Com uma maior
expectativa de vida altera-se o paradigma anterior de busca por mais anos de
vida” para o atual “de mais vida aos anos”. Plantou-se um marco diferencial na
área de saúde investir em saúde como base para uma melhor qualidade de
vida.
A saúde bucal refletiu, ao longo de anos de atuação, a reprodução de
práticas hegemônicas de assistência à saúde, com pouca capacidade de
equacionar os principais problemas da população. Em função disso, é criticada
por sua ineficácia epidemiológica, alto custo, elitismo e exagerado tecnicismo.
A mudança de paradigma na Odontologia iniciou com o movimento de
promoção de saúde e com a compreensão de que saúde bucal transcende a
idéia de Odontologia.
No início do século XXI, a implantação de uma política nacional de
saúde bucal e de novas diretrizes curriculares nacionais vem ao encontro da
necessidade urgente de reorganização dos serviços de saúde e da formação
do cirurgião dentista.
O sistema de educação superior precisa cumprir seu papel na formação
de profissionais críticos, reflexivos, competentes, com base científica,
capacidade de inovação e poder de ação. Construir práticas pedagógicas
88
comprometidas com estes referenciais coloca-se como um desafio para o
delineamento de novos Projetos Pedagógicos exigidos pela sociedade
contemporânea na área da Odontologia.
O curso de Odontologia da ULBRA/RS assumiu este compromisso e
apresentou um Projeto Pedagógico voltado às novas exigências do cenário
nacional e tendências da profissão. Com uma proposta inovadora, a matriz
curricular privilegia a interdisciplinaridade, a integralidade e a inserção social.
No presente estudo observou-se uma avaliação positiva dos alunos às
mudanças propostas, com destaque para a maior integração e vínculo entre as
disciplinas. Fica também evidente uma avaliação satisfatória do ensino e da
prática em Odontologia Pediátrica. Por outro lado, destaca-se a importância da
Clínica Integral e da Odontologia e Sociedade como eixos norteadores na
formação do aluno.
A construção de um Projeto Pedagógico constituiu-se em uma tarefa
árdua, uma vez que mudanças geralmente implicam em abrir mão da
segurança do que se tem pronto e a incerteza de como inovar e de como
reconstruir. Fica explícito que para o sucesso da implementação do novo
Projeto Pedagógico serão necessários esforços por parte dos docentes, alunos
e estrutura administrativa da universidade visando encontrar caminhos que
apontem a superação das dificuldades. Educar com responsabilidade é buscar
vencer os obstáculos que surgem diante de grandes mudanças.
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90
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9 ANEXOS
97
ANEXO I
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
RESOLUÇÃO CNE/CES 3, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002.(*)
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia.
O Presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto no Art. , do § ,
alínea “c”, da Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995, e com fundamento no Parecer CES 1.300/2001, de 06 de novembro de 2001,
peça indispensável do conjunto das presentes Diretrizes Curriculares Nacionais, homologado pelo Senhor Ministro da Educação, em 4
de dezembro de 2001, resolve:
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia, a serem observadas
na organização curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do País.
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em Odontologia definem os princípios, fundamentos,
condições e procedimentos da formação de Cirurgiões Dentistas, estabelecidas pela mara de Educação Superior do Conselho
Nacional de Educação, para aplicação em âmbito nacional na organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos dos
Cursos de Graduação em Odontologia das Instituições do Sistema de Ensino Superior.
Art. 3º O Curso de Graduação em Odontologia tem como perfil do formando egresso / profissional o Cirurgião Dentista, com formação
generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico.
Capacitado ao exercício de atividades referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão
da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da
sociedade.
Art. 4º A formação do Cirurgião Dentista tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das
seguintes competências e habilidades gerais:
I - Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de
prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar
que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar
criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus
serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da
atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como
coletivo; II - Tomada de decisões: o trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões
visando o uso apropriado, eficácia e custo efetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e
de práticas. Para este fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais
adequadas, baseadas em evidências científicas; III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e devem manter a
confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A
comunicação envolve comunicação verbal, não-verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma língua
estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação; IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de
saúde deverão estar aptos a assumirem posições de liderança, sempre tendo em vista o bem estar da comunidade. A liderança
envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva
e eficaz; V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e
administração tanto da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a
serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde; e VI - Educação permanente: os profissionais
devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os profissionais de saúde
devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações
de profissionais, mas proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos
serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação através de redes
nacionais e internacionais.
Art. 5º A formação do Cirurgião Dentista tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das
seguintes competências e habilidades específicas: I - respeitar os princípios éticos inerentes ao exercício profissional; II - atuar em
todos os níveis de atenção à saúde, integrando-se em programas de promoção, manutenção, prevenção, proteção e recuperação da
saúde, sensibilizados e comprometidos com o ser humano, respeitando-o e valorizando-o; III - atuar multiprofissionalmente,
interdisciplinarmente e transdisciplinarmente com extrema produtividade na promoção da saúde baseado na convicção científica, de
cidadania e de ética; IV - reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e atuar de forma a garantir a integralidade da
assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; V - exercer sua profissão de forma articulada ao contexto
social, entendendo-a como uma forma de participão e contribuição social; VI - conhecer métodos e cnicas de investigação e
98
elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos; VII - desenvolver assistência odontológica individual e coletiva; VIII - identificar em
pacientes e em grupos populacionais as doenças e distúrbios bucomaxilofaciais e realizar procedimentos adequados para suas
investigações, prevenção, tratamento e controle; IX - cumprir investigações básicas e procedimentos operatórios; X - promover a saúde
bucal e prevenir doenças e distúrbios bucais; XI - comunicar e trabalhar efetivamente com pacientes, trabalhadores da área da saúde e
outros indivíduos relevantes, grupos e organizações; XII - obter e eficientemente gravar informações confiáveis e avaliá-las
objetivamente; XIII - aplicar conhecimentos e compreensão de outros aspectos de cuidados de saúde na busca de soluções mais
adequadas para os problemas clínicos no interesse de ambos, o indivíduo e a comunidade; XIV - analisar e interpretar os resultados de
relevantes pesquisas experimentais, epidemiológicas e clínicas; XV - organizar, manusear e avaliar recursos de cuidados de saúde
efetiva e eficientemente; XVI - aplicar conhecimentos de saúde bucal, de doenças e tópicos relacionados no melhor interesse do
indivíduo e da comunidade; XVII - participar em educação continuada relativa a saúde bucal e doenças como um componente da
obrigação profissional e manter espírito crítico, mas aberto a novas informações; XVIII - participar de investigações científicas sobre
doenças e saúde bucal e estar preparado para aplicar os resultados de pesquisas para os cuidados de saúde; XIX - buscar melhorar a
percepção e providenciar soluções para os problemas de saúde bucal e áreas relacionadas e necessidades globais da comunidade;
XX - manter reconhecido padrão de ética profissional e conduta, e aplicá-lo em todos os aspectos da vida profissional; XXI - estar
ciente das regras dos trabalhadores da área da saúde bucal na sociedade e ter responsabilidade pessoal para com tais regras; XXII -
reconhecer suas limitações e estar adaptado e flexível face às mudanças circunstanciais; XXIII - colher, observar e interpretar dados
para a construção do diagnóstico; XXIV - identificar as afecções buco-maxilo-faciais prevalentes; XXV - propor e executar planos de
tratamento adequados; XXVI - realizar a preservação da saúde bucal; XXVII - comunicar-se com pacientes, com profissionais da saúde
e com a comunidade em geral; XXVIII - trabalhar em equipes interdisciplinares e atuar como agente de promoção de saúde; XXIX -
planejar e administrar serviços de saúde comunitária; XXX - acompanhar e incorporar inovações tecnológicas (informática, novos
materiais, biotecnologia) no exercício da profissão.Parágrafo único. A formação do Cirurgião Dentista deverá contemplar o sistema de
saúde vigente no país, a atenção integral da saúde num sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra referência e o
trabalho em equipe.
Art. 6º Os conteúdos essenciais para o Curso de Graduação em Odontologia devem estar relacionados com todo o processo saúde-
doença do cidadão, da família e da comunidade, integrado à realidade epidemiológica e profissional. Os conteúdos devem contemplar:I
- Ciências Biológicas e da Saúde incluem-se os conteúdos (teóricos e práticos) de base moleculares e celulares dos processos
normais e alterados, da estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos, aplicados às situações decorrentes do processo
saúde-doença no desenvolvimento da prática assistencial de Odontologia. II - Ciências Humanas e Sociais – incluem-se os conteúdos
referentes às diversas dimensões da relação indivíduo/sociedade, contribuindo para a compreensão dos determinantes sociais,
culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais, nos níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença. III -
Ciências Odontológicas incluem-se os conteúdos (teóricos e práticos) de: a) propedêutica clínica, onde serão ministrados
conhecimentos de patologia bucal, semiologia e radiologia; b) clínica odontológica, onde serão ministrados conhecimentos de materiais
dentários, oclusão, dentística, endodontia, periodontia, prótese, implantodontia, cirurgia e traumatologia buco-maxilo-faciais; e c)
Odontologia Pediátrica, onde serão ministrados conhecimentos de patologia, clínica odontoPediátrica e de medidas ortodônticas
preventivas.
Art. A formação do Cirurgião Dentista deve garantir o desenvolvimento de estágios curriculares, sob supervisão docente. Este
estágio deverá ser desenvolvido de forma articulada e com complexidade crescente ao longo do processo de formação. A carga
horária mínima do estágio curricular supervisionado deverá atingir 20% da carga horária total do Curso de Graduação em Odontologia
proposto, com base no Parecer/Resolução específico da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação.
Art. O projeto pedagógico do Curso de Graduação em Odontologia deverá contemplar atividades complementares e as Instituições
de Ensino Superior deverão criar mecanismos de aproveitamento de conhecimentos, adquiridos pelo estudante, através de estudos e
práticas independentes presenciais e/ou a distância, a saber: monitorias e estágios; programas de iniciação científica; programas de
extensão; estudos complementares e cursos realizados em outras áreas afins.
Art. 9º O Curso de Graduação em Odontologia deve ter um projeto pedagógico, construído coletivamente, centrado no aluno como
sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador e mediador do processo ensino-aprendizagem. Este projeto
pedagógico devebuscar a formação integral e adequada do estudante através de uma articulação entre o ensino, a pesquisa e a
extensão/assistência.
Art. 10. As Diretrizes Curriculares e o Projeto Pedagógico devem orientar o Currículo do Curso de Graduação em Odontologia para um
perfil acadêmico e profissional do egresso. Este currículo deverá contribuir, também, para a compreensão, interpretação, preservação,
reforço, fomento e difusão das culturas nacionais e regionais, internacionais e históricas, em um contexto de pluralismo e diversidade
cultural.
§ As Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Odontologia deverão contribuir para a inovação e a qualidade do projeto
pedagógico do curso.
§ 2º O Currículo do Curso de Graduação em Odontologia poderá incluir aspectos complementares de perfil, habilidades, competências
e conteúdos, de forma a considerar a inserção institucional do curso, a flexibilidade individual de estudos e os requerimentos,
demandas e expectativas de desenvolvimento do setor saúde na região.
Art. 11. A organização do Curso de Graduação em Odontologia deverá ser definida pelo respectivo colegiado do curso, que indicará a
modalidade: seriada anual, seriada semestral, sistema de créditos ou modular.
99
Art. 12. Para conclusão do Curso de Graduação em Odontologia, o aluno deverá elaborar um trabalho sob orientação docente.
Art. 13. A estrutura do Curso de Graduação em Odontologia deverá:
I - estabelecer com clareza aquilo que se deseja obter como um perfil do profissional integral; na sua elaboração, substituir a decisão
pessoal pela coletiva. Deveexplicitar como objetivos gerais a definição do perfil do sujeito a ser formado, envolvendo dimensões
cognitivas, afetivas, psicomotoras, nas seguintes áreas:a) formação geral: conhecimentos e atitudes relevantes para a formação
científico-cultural do aluno; b) formação profissional: capacidades relativas às ocupações correspondentes; e c) cidadania: atitudes e
valores correspondentes à ética profissional e ao compromisso com a sociedade. II - aproximar o conhecimento básico da sua
utilização clínica; viabilização pela integração curricular; e III - utilizar metodologias de ensino/aprendizagem, que permitam a
participação ativa dos alunos neste processo e a integração dos conhecimentos das ciências básicas com os das ciências clínicas e,
instituir programas de iniciação científica como método de aprendizagem.
Parágrafo único. É importante e conveniente que a estrutura curricular do curso, preservada a sua articulação, contemple mecanismos
capazes de lhe conferir um grau de flexibilidade que permita ao estudante desenvolver/trabalhar vocações, interesses e potenciais
específicos (individuais).
Art. 14. A implantação e desenvolvimento das diretrizes curriculares devem orientar e propiciar concepções curriculares ao Curso de
Graduação em Odontologia que deverão ser acompanhadas e permanentemente avaliadas, a fim de permitir os ajustes que se fizerem
necessários ao seu aperfeiçoamento.
§ As avaliações dos alunos deverão basear-se nas competências, habilidades e conteúdos curriculares desenvolvidos tendo como
referência as Diretrizes Curriculares.
§ O Curso de Graduação em Odontologia deverá utilizar metodologias e critérios para acompanhamento e avaliação do processo
ensino-aprendizagem e do próprio curso, em consonância com o sistema de avaliação e a dinâmica curricular definidos pela IES à qual
pertence.
Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
ARTHUR ROQUETE DE MACEDO
Presidente da Câmara de Educação Superior
100
ANEXO II
MATRIZ CURRICULAR (010146) – 2007/2
CODIGO SEM DISCIPLINA CH CRED
706040 CULTURA RELIGIOSA 060 04
900001 DISCIPLINA ELETIVA I 060 04
201041 HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA GERAL 060 04
402021 MATERIAIS DENTÁRIOS 060 04
408031 BIOQUÍMICA 060 04
201063
1
ANATOMIA HUMANA 060 04
408035 MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E IMUNOLOGIA 060 04
402023 ODONTOLOGIA SOCIAL E PREVENTIVA I 060 04
402022 MATERIAIS DENTARIOS II 060 04
402044 HISTOLOGIA ODONTOLÓGICA 060 04
401057 PATOLOGIA GERAL 060 04
401054 FISIOLOGIA GERAL 060 04
201129
2
ANATOMIA DE CABEÇA E PESCOÇO 060 04
000032 DISCIPLINA ELETIVA II 060 04
402002 CARIOLOGIA I – HIGIENE BUCAL 060 04
402024 ODONTOLOGIA PREVENTIVA II 060 04
409024 RADIOLOGIA I 060 04
201139 FISIOLOGIA BUCAL 060 04
408119 FARMACOLOGIA EM ODONTOLOGIA 060 04
201138 ANATOMIA BUCALI 060 04
402030
3
PATOLOGIA BUCAL 060 04
402033 PROTESE I – TOTAL (LABORATORI0) 060 04
402057 SEMIOLOGIA EM ODONTOLOGIA 060 04
409023 RADIOLOGIA II 060 04
402046 ANESTESIOLOGIA 060 04
402000 DENTISTICA I 060 04
402012
4
CARIOLOGIA II 060 04
402034 PROTESE II – TOTAL (CLINICA) 060 04
403201 DINÂMICA DAS RELAÇÕES EM CLINICA ODONTOLOGICA 060 04
201006 GENETICA E EVOLUÇÃO EM ODONTOLOGIA 060 04
402014 ENDODONTIA I 060 04
402047 CIRUGIA I 060 04
402009 DENTISTICA II 060 04
402031
5
PERIODONTIA I 060 04
402035 PROTESE III – PARCIAL (LABORATORIO) 060 04
103223 METODOLOGIA CIENTIFICA 060 04
402015 ENDODONTIA II 060 04
402004 CIRURGIA II 060 04
402032 PERIODONTIA II 060 04
402010 DENTISTICA III 060 04
402018
6
FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO 060 04
402027
ORTODONTIA I
060 04
402036 PROTESE IV – PARCIAL FIXA (CLINICA) 060 04
402016 ENDODONTIA III 060 04
402037 PROTESE V – PARCIAL REMOVIVEL (CLINICA) 060 04
402026
ODONTOPEDIATRIA I
060 04
402005 CIRURGIA III 060 04
402011
7
DENTISTICA IV 060 04
402007 CLINICA INTEGRADA I 060 04
402059 ESTAGIO EM ODONTOLOGIA COLETIVA 060 04
402020 LEGISLAÇÃO E ETICA EM ODONTOLOGIA 060 04
402028
ORTODONTIA II
060 04
402006 CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCO-MAXILO-FACILI 060 04
402041 PROTESE VI – PARCIAL FIXA E REMOVIVEL (CLINICA) 060 04
402060 MONOGRAFIA CIENTIFICA – TCC EM ODONTOLOGIA I 060 04
402026
ODONTOPEDIATRIA II
060 04
406089
8
ESTOMATOLOGIA 060 04
402008 CLINICA INTEGRADA II 240 16
402001 ATENDIMENTO DEURGENCIA E TRIAGEM 060 04
402048 SAUDE COMUNITARIA 060 04
402061 MONOGRAFIA CIENTIFICA – TCC EM ODONTOLOGIA II 060 04
402054
CLINICA DE BEBÊS
060 04
402058
9
ODONTOGERIATRIA 060 04
TOTAL 3960 264
101
ANEXO III
MATRIZ CURRICULAR (010332)- 2008/1
CODIGO SEM MÓDULO CH CRED
992001 ESTUDOS EM MORFOLOGIA HUMANA 170 10
990101 COMUNICACAO E EXPRESSAO 68 4
992002 ESTUDOS EM FISIOLOGIA HUMANA 170 10
990100 CULTURA RELIGIOSA 68 4
990102
1
SOCIEDADE E CONTEMPORANEIDADE 68 4
402540 MORFOLOGIA BUCO-MAXILO-FACIAL 102 6
402541 HISTOFISIOLOGIA BUCO-MAXILO-FACIAL 102 6
992003 ESTUDOS EM PATOLOGIA HUMANA 170 10
992004
2
SAUDE, BIOETICA E SOCIEDADE 170 10
990103 INSTRUMENTALIZACAO CIENTIFICA 68 4
402545 ODONTOLOGIA E SOCIEDADE I 34 2
402542 FARMACOLOGIA EM ODONTOLOGIA 68 4
402543 HISTOPATOLOGIA APLICADA A ODONTOLOGIA 68 4
402544 RADIOLOGIA ODONTOLOGICA E IMAGINOLOGIA 68 4
402546
3
SEMIOLOGIA ODONTOLOGICA 102 6
402547 TERAPEUTICA SISTEMICA E ANESTESIOLOGIA 68 4
402548 PATOLOGIA ESTOMATOLOGICA 102 6
402549 CARIOLOGIA E MICROBIOLOGIA BUCAL 68 4
402550 ODONTOLOGIA E SOCIEDADE II 34 2
402551
4
PROPEDEUTICA ODONTOLOGICA 136 8
402552 TECNICAS E MATERIAIS EM DENTISTICA 68 4
402553 BASES CONCEITUAIS EM PERIODONTIA 68 4
402554 TECNICAS E MATERIAIS EM ENDODONTIA 68 4
402555 TECNICAS CIRURGICAS EM ODONTOLOGIA 68 4
402556
5
ODONTOLOGIA E SOCIEDADE III 68 4
402557 TECNICAS E MATERIAIS EM PRÓTESE DENTARIA 102 6
402558
BASES CONCEITUAIS EM ORTODONTIA
68 4
402559 CLINICA INTEGRAL I 204 12
402560
6
ODONTOLOGIA E SOCIEDADE IV 68 4
402561 CLINICA INTEGRAL II 204 12
402562
CLINICA INFANTIL I
102 6
402563
7
ODONTOLOGIA E SOCIEDADE V 68 4
402564 CLINICA INTEGRAL III 204 12
402565
CLINICA INFANTIL II
102 6
402566 ODONTOLOGIA E SOCIEDADE VI 68 4
402567
8
TCC EM ODONTOLOGIA 34 2
402568 CLINICA INTEGRAL IV 204 12
402569 ODONTOLOGIA HOSPITALAR 68 4
402570 ODONTOLOGIA E SOCIEDADE VII 68 4
402571 MANUTENCAO DA SAUDE EM ODONTOLOGIA 68 4
402572
9
CLINICA INFANTIL III
68 4
TOTAL 4144 232
102
ANEXO IV
FLUXOGRAMA
103
104
ANEXO V
PERFIL DO ALUNO
01 Qual o seu estado civil? 02 Como você se considera?
A Solteiro (a). A Branco (a).
B Casado (a). B Negro (a).
C Separado (a) / desquitado (a) / divorciado (a). C Pardo (a) / mulato (a).
D Viúvo (a). D Amarelo (a) (de origem oriental)
E Outros. E Amarelo (a) (de origem indígena)
03 Com quem você mora atualmente? 04
Qual a faixa de renda mensal dos membros das
pessoas que moram em sua casa?
A Com os pais e/ou outros parentes. A Até 3 salários-mínimos.
B Com esposo (a) e/ou filho(s). B De 3 a 10 salários-mínimos.
C
Com amigos (compartilhando despesas ou de
favor).
C De 10 a 20 salários-mínimos.
D Com colegas em alojamento universitário. D De 20 a 30 salários mínimos.
E Sozinho (a). E Mais de 30 salários-mínimos.
05 Qual o grau de escolaridade do seu pai? 06
Assinale a situação abaixo que melhor descreve
seu caso?
A Nenhuma escolaridade. A
Não trabalho e meus gastos são financiados pela
família.
B Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série. B Trabalho e recebo ajuda da família.
C Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série. C Trabalho e me sustento.
D Ensino Médio. D Trabalho e contribuo com o sustento da família.
E Superior. E
Trabalho e sou o principal responsável pelo
sustento da família.
07 Qual o grau de escolaridade de sua mãe? 08
Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento
você recebe ou recebeu para custeio das
despesas do curso?
A Nenhuma escolaridade. A Financiamento Estudantil – FIES
B Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série. B
Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em
mensalidades) oferecidas pela própria instituição.
C Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série. C
Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades
externas.
D Ensino Médio. D Outro(s).
E Superior. E Nenhum.
09
Em que tipo de escola você cursou o ensino
médio?
10 Com que frequência você lê jornal?
A Todo em escola pública. A Diariamente.
B Todo em escola privada (particular). B Algumas vezes por semana.
C A maior parte do tempo em escola pública. C Somente aos domingos.
D
A maior parte do tempo em escola privada
(particular).
D Raramente.
E
Metade em escola pública e metade em escola
privada (particular).
E Nunca
11
Excetuando-se os livros escolares, quantos
livros você leu no presente ano?
12
Que meio você mais utiliza para se manter
atualizado sobre os acontecimentos do mundo
contemporâneo?
A Nenhum A Jornais.
B No máximo dois. B Revistas.
C Entre três e cinco. C TV.
D Entre seis e oito. D Rádio.
E Oito ou mais E Internet.
13 Você tem acesso a Internet? 14
Indique onde você utiliza microcomputador: Em
casa?
A Sim. A Sim.
B Não. B Não.
105
ANEXO VI
MATRIZ CURRICULAR
01 Como você avalia o currículo do seu curso? 02
Ao iniciarem os trabalhos em cada disciplina, os docentes
discutem o plano de ensino com os estudantes?
A
É bem integrado, havendo clara vinculação entre as
disciplinas.
A Sim, todos.
B
É relativamente integrado, que as disciplinas se
vinculam apenas por blocos ou áreas de conhecimento
afins.
B Sim, a maior parte.
C É pouco integrado, já que poucas disciplinas se interligam. C Sim, mas apenas cerca da metade.
D Não apresenta integração alguma entre as disciplinas. D Sim, mas menos da metade.
E Não sei dizer. E Nenhum discute.
03
Que técnica de ensino a maioria dos
professores tem utilizado, predominantemente?
04
Você é / foi solicitado a realizar atividades de pesquisa como
estratégia de aprendizagem?
A Aulas expositivas (preleção). A Sim, em todas as disciplinas.
B Aulas expositivas, com participação dos estudantes. B Sim, na maior parte das disciplinas.
C Aulas práticas. C Sim, mas apenas em metade das disciplinas.
D Trabalhos de grupo, desenvolvidos em sala de aula. D Sim, mas em menos de metade das disciplinas.
E Outra. E Não, em nenhuma disciplina.
05
Que instrumentos de avaliação a maioria dos seus
professores adota predominantemente?
06
Que tipo de material, dentre os abaixo relacionados, é / foi mais
utilizado por indicação de seus professores durante o curso?
A Provas escritas discursivas. A Livros-texto e/ou manuais.
B Testes objetivos B Apostilas e resumos.
C Trabalhos de grupo. C Cópias de trechos ou capítulos de livros.
D Trabalhos individuais. D Artigos de periódicos especializados.
E Provas práticas E Anotações manuais e cadernos de notas.
07
Seus professores têm demonstrado domínio atualizado
das disciplinas ministradas?
08
Responda se o seu curso oferece, além das atividades teóricas e
práticas, os programas indicados: Iniciação cientifica.
A Sim, todos. A
Sim, com aproveitamento regulamentar de conhecimentos para a
integralização curricular.
B Sim, a maior parte deles. B
Sim, com aproveitamento de conhecimentos para a
integralização curricular, mas sem regulamentação
C Sim, mas apenas metade deles. C
Sim, mas sem aproveitamento de conhecimentos para a
integralização curricular.
D Sim, mas menos da metade deles. D Não oferece.
E Não, nenhum deles. E Não sei informar.
09
Responda se o seu curso oferece, além das atividades
teóricas e práticas, os programas indicados: Extensão.
10
Responda se o seu curso oferece, além das atividades teóricas e
práticas, os programas indicados: Monitoria.
A
Sim, com aproveitamento regulamentar de conhecimentos
para a integralização curricular.
A
Sim, com aproveitamento regulamentar de conhecimentos para a
integralização curricular.
B
Sim, com aproveitamento de conhecimentos para a
integralização curricular, mas sem regulamentação.
B
Sim, com aproveitamento de conhecimentos para a
integralização curricular, mas sem regulamentação.
C
Sim, mas sem aproveitamento de conhecimentos para a
integralização curricular.
C
Sim, mas sem aproveitamento de conhecimentos para a
integralização curricular.
D Não oferece. D Não oferece.
E Não sei informar. E Não sei informar.
11
Seu curso apóia a participação dos estudantes em eventos
de caráter científico (congressos, encontros, seminários,
etc.)?
12 Como você avalia o nível de exigência do curso?
A
Sim, sem restrições, com recurso financeiro e dispensa de
presença às aulas para os que participam.
A Deveria exigir / ter exigido muito mais de mim.
B
Sim, com dispensa de presença às aulas para os que
participam, mas com recurso financeiro somente para os
que apresentam trabalho.
B Deveria exigir / ter exigido um pouco mais de mim.
C
Sim, mas apenas com dispensa de presença às aulas para
os que participam.
C Exige / exigiu de mim na medida certa.
D
Sim, mas apenas quando a participação se por
iniciativa da própria IES.
D Deveria exigir / ter exigido um pouco menos de mim.
E Não apóia de modo algum. E Deveria exigir / ter exigido muito menos de mim
106
ANEXO VII
ENSINO EM ODONTOLOGIA PEDIÁTRICA
01 Contribuição para a formação profissional 02
Adequação da carga horária ao volume de temas e
conteúdos
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
03 Grau de exigência 04 Qualidade das leituras indicadas
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
05 Nível de reflexão crítica e ética 06
Estímulo à busca de novos conhecimentos, pesquisa
e produção intelectual
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
07
Relação dos temas ou conteúdos abordados com
outras áreas do conhecimento
08 Adequação dos conteúdos à proposta apresentada
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
107
ANEXO VIII
DOCENTES DE ODONTOLOGIA PEDIÁTRICA
01
Apresentação e discussão do plano de ensino-
aprendizagem.
02
Abordagem dos temas ou conteúdos de forma clara e
objetiva
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
03 Vinculação da teoria com a prática profissional. 04 Estímulo à participação dos alunos em sala de aula
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
05
Incentivo ao aluno para aprofundamento do
conhecimento.
06
Relacionamento estabelecido com os alunos
(respeito, entusiasmo, disposição para esclarecer
dúvidas).
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
07
Elaboração de provas e trabalhos com clareza e
objetividade.
08
Cumprimento de horários de início e término das
aulas.
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
09
Pontualidade na publicação de notas e/ou
atividades de trabalho.
10
Utilização de resultados de pesquisa e/ou atividades
práticas para ilustrar as aulas.
A Plenamente satisfatório A Plenamente satisfatório
B Satisfatório B Satisfatório
C Sem opinião C Sem opinião
D Insatisfatório D Insatisfatório
E Totalmente insatisfatório E Totalmente insatisfatório
108
ANEXO IX
FORMAÇÃO EM ODONTOLOGIA PEDIÁTRICA
1) Em uma primeira consulta de exame de um paciente infantil, quais os exames necessários para avaliarmos um
possível desequilíbrio no processo DES-RE (atividade de cárie)?
2) Seu paciente apresenta:
36 e 46 erupcionando;
85 com restauração MO de amálgama + mobilidade;
54 com cárie OD;
demais dentes hígidos.
Para a elaboração do Plano de Tratamento adequado à criança, que exame radiográfico se faz necessário? Descreva
a técnica.
3) Cite 03 condições prévias para a utilização da “técnica da mão sobre a boca” durante o condicionamento do paciente
infantil.
4) A que fatores está condicionado o comportamento infantil durante o Tratamento Odontológico. Exemplifique.
5) Qual a anomalia dentária mais prevalente na dentição decídua? E na permanente?
6) A Ortodontia é a especialidade da Odontologia que estuda a oclusão dentária, tendo como objetivos a prevenção e a
interceptação dos desvios da normalidade que possam ocorrer ao longo do crescimento e desenvolvimento do
indivíduo.
a) Explique sucintamente a que fatores es condicionada a indicação de mantenedores de espaço na dentição
decídua e mista após a perda precoce de dentes decíduos.
b) Cite três tipos de mantenedores de espaço para a região posterior.
7) Paciente de 14 meses de idade apresenta 51, 52, 61 e 62 com manchas brancas ativas nas superfícies vestibulares.
Qual a fluorterapia indicada para este caso?
8) Explique a sequência de eventos decorrentes da presença de açúcar na placa dental a partir do experimento
pioneiro de “Stephan” (1944).
9) Restaurações adesivas conservadores (RAC): discorra sobre as vantagens, desvantagens e técnica operatória.
10) Descreva as principais vantagens e indicações das resinas compostas híbridas e de micro-partículas.
11) Quais as possíveis implicações clínicas da presença de dentes supranumerários na região ântero-superior? Qual a
técnica radiográfica para sua localização?
12) A cirurgia bucal em crianças segue os mesmos princípios da cirurgia em adulto. Contudo, alguns fatores devem ser
considerados ao realizar procedimentos cirúrgicos em crianças. Cite 3 fatores:
13) Quais os critérios clínicos para o diagnóstico das condições pulpares durante a técnica de pulpotomia?
14) Descreva os critérios para avaliação do sucesso e insucesso para pulpotomia realizada no dente 26, num paciente
com 7 anos e meio de idade.
15) Criança com 24 meses de idade sofre luxação intrusiva do 51. Dente “desapareceu”. Chega ao consultório 10
minutos após o acidente com os lábios lacerados e sangrantes. Qual o procedimento adequado para a situação?
16) Explique a relação existente entre tipo de trauma ocorrido e idade do paciente na época do trauma com as
prováveis sequelas pós-traumáticas em dentes permanentes após traumatismos na dentição decídua.
109
ANEXO X
FORMAÇÃO EM ODONTOLOGIA PEDIÁTRICA
Um casal comparece á clínica de Odontologia Pediátrica da Universidade Luterana do Brasil
buscando tratamento dentário para sua filha de 7 anos de idade. A situação da família e da criança são
apresentadas no quadro abaixo.
Situação familiar / Indicadores
Renda familiar R$ 630,00
Escolaridade dos pais grau incompleto
Hábitos de higiene oral Escovação não é feita diariamente; a própria criança escova os
dentes; não usa fio dental.
Dieta Cariogênica
Última visita ao dentista Nunca foi ao dentista
Odontograma
Erupção ectópica MBA oclusal
Lesão de cárie profunda com exposição pulpar
16
55
54
53
52
11
Hígido + Mobilidade
Lesão de cárie OD
MBA no terço cervical
Hígido + Mobilidade
MBA no terço incisal
26
65
64
63
22
21
Alveólise
MBA no terço cervical
Em erupção
Ausente
Hígido
Erupção por lingual
Hígido
Erupção por lingual
MBA no terço cervical
Ausente
Cárie em esmalte oclusal
41
42
83
84
85
46
Translucidez e opacidade oclusal
31
32
73
74
75
36
MBA no terço cervical
Sulco pigmentado
Infra-oclusão
Leo de rie profunda com exposão pulpar
MBA – Mancha branca ativa.
Considerando o quadro, elabore seu plano de tratamento com relação às medidas educativas,
preventivas e curativas.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
110
ANEXO XI
AUTOPERCEPÇÃO
Como você se sente com relação à execução dos seguintes procedimentos e práticas em
Odontologia Pediátrica:
PROCEDIMENTOS
Totalmente
seguro
Seguro Inseguro
Totalmente
inseguro
01 Exame do paciente
02 Manejo do paciente infantil
03 Diagnóstico de cárie oclusal e proximal
04 Técnicas radiográficas
05
Diagnóstico, prevenção e tratamento de
maloclusões
06 Anestesia local
07 Isolamento absoluto do campo operatório
08 Procedimentos restauradores
09 Terapia pulpar em dentes decíduos
10
Exodontia de dentes decíduos e
permanentes
11 Prescrição medicamentosa
12
Diagnóstico e tratamento de traumatismo
alveolodentário
13 Manobras ortodônticas preventivas
14
Diagnóstico, prevenção e tratamento da
doença periodontal
15 Atendimento de bebês
16
Atendimento de pacientes com
necessidades especiais
17
Elaboração de um programa de saúde
bucal em nível coletivo
111
ANEXO XII
INSTRUMENTO DE PESQUISA
INSTRUÇÕES
1. Você está recebendo um instrumento de pesquisa dividido em 4 partes:
I - Instrumento de avaliação com questões objetivas visando traçar o perfil do aluno.
II - Instrumento de avaliação com questões objetivas visando conhecer a opinião do aluno
quanto ao processo de ensino e aprendizagem.
III Instrumento de avaliação com questões objetivas/discursiva visando avaliar a formação do
aluno em Odontologia Pediátrica.
IV – Instrumento de avaliação com questões objetivas visando avaliar a autopercepção do aluno
sobre a sua capacidade de execução de procedimentos e práticas em Odontologia Pediátrica.
2. Verifique se este material está em ordem contendo 24 páginas. Caso contrário, notifique
imediatamente a pesquisadora ESV ou monitora presente na sala.
3. Utilize caneta esferográfica preta ou azul de acordo com o exemplo abaixo, nas questões
objetivas de múltipla escolha:
Exemplo:
4. Nas questões discursivas utilize somente o espaço reservado de resposta para cada questão.
5. Esta prova é individual. Serão vedadas qualquer comunicação e troca de material entre os
presentes, consultas a material bibliográfico, cadernos ou anotações de qualquer espécie. Para
cada questão existe apenas uma resposta.
6. As questões o estão apresentadas em ordem crescente de complexidade. questões de
menor, média ou maior dificuldade, seja na parte inicial ou final da prova.
7. Quando terminar, entregue o material a pesquisadora ESV ou monitora presente na sala e assine
a lista de presença.
Obrigado!
A B C D E
Local de nascimento: _____________________
(Cidade/Estado)
Idade: ________anos Sexo:__F; __M
PARTES CONSTITUINTES DA PESQUISA das Questões
I - Perfil do aluno 1-14
II - Matriz curricular 15-26
Ensino de Odontologia Pediátrica 27-34
Docentes de Odontologia Pediátrica 35-44
III - Formação em Odontologia Pediátrica 45-60
Formação em Odontologia Pediátrica - Específica 61
IV - Autopercepção 62-78
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
112
ANEXO XIII
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A cirurgiã-dentista ELIZABETE DA SILVA VIANA (CRO/RS 10631) está realizando um
estudo intitulado: Reconfiguração da matriz curricular: análise do processo de ensino e
aprendizagem em Odontologia Pediátrica do Curso de Odontologia da Universidade
Luterana do Brasil/RS”. Esta pesquisa integra os requisitos para obtenção do grau de Mestre
pelo Programa de Pós-graduação em Odontologia da Universidade Luterana do Brasil/RS.
Essa pesquisa tem por objetivo analisar o processo de ensino e aprendizagem em
Odontologia Pediátrica do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil/RS, traçar
o perfil dos estudantes concluintes (Ato 2008/1), aferir o conhecimento dos estudantes
concluintes (Ato 2007/2 e Ato 2008/1) com relação a sua formação em Odontologia Pediátrica
e avaliar a auto-percepção dos estudantes concluintes (Ato 2007/2 e Ato 2008/1) sobre a sua
capacidade de execução de diferentes procedimentos e práticas em Odontologia Pediátrica.
Entendo que serão feitas perguntas de caráter pessoal e questões sobre o processo de
ensino e aprendizagem vivenciadas na Universidade. Estou ciente de que as informações por
mim fornecidas são confidenciais e concordo com a publicação e divulgação dos resultados
desta pesquisa, pois minha identidade será totalmente preservada. Sei também que o
precisarei efetuar qualquer pagamento.
Em caso de dúvidas posso esclarecer com a pesquisadora Elizabete da Silva Viana,
telefone (051) 384.2467, ou com o Comitê de Ética em Pesquisa da ULBRA Canoas (Rua
Farroupilha, 8001-Prédio 14, sala 224; Fone (51) 477 9217, e-mail comitedeetic[email protected]. Se
você se sentir prejudicado em relação a sua participação neste estudo, contacte o pesquisador
responsável.
Eu _____________________________________, após ter sido informado sobre o
estudo, de forma livre e voluntária, concordo em participar da pesquisa.
Assinatura do aluno: ______________________________________________________
Assinatura do pesquisador: _____________________________________________________
Canoas, 27 de novembro de 2007.
113
ANEXO XIV
TERMO DE AVALIAÇÃO
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Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
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