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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO – PPGIE
A INTERAÇÃO SOCIAL E O BENEFÍCIO RECÍPROCO COMO ELEMENTOS
CONSTITUINTES DE UM SISTEMA COMPLEXO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM PARA PROFESSORES DE LÍNGUAS
Rafael Vetromille-Castro
Porto Alegre
2007
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Rafael Vetromille-Castro
A INTERAÇÃO SOCIAL E O BENEFÍCIO RECÍPROCO COMO ELEMENTOS
CONSTITUINTES DE UM SISTEMA COMPLEXO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM PARA PROFESSORES DE LÍNGUAS
Tese apresentada ao PPGIE da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul para obtenção
do título de Doutor em Informática na Educação
na linha de pesquisa “ambientes
informatizados e ensino a distância”.
Orientadora: Profª. Dra. Margarete Axt
Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos da Rocha Costa
Porto Alegre
2007
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
_____________________________________________________________________
V467i Vetromille-Castro, Rafael
A interação social e o benefício recíproco como elementos constituin-
tes de um sistema complexo em ambientes virtuais de aprendizagem
para professores de línguas [manuscrito] / Rafael Vetromile-Castro;
orientador: Margarete Axt; Co-Orientador: Antonio Carlos da Rocha
Costa. – Porto Alegre, 2007.
223 f.+ Anexos.
Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Informática na
Educação, 2007, Porto Alegre, BR-RS.
1. Ambiente de aprendizagem – Ambiente virtual. 2. Professor –
Desempenho. 3. Língua inglesa – Ensino – Projeto pedagógico. 4.
Interação social. 5. Complexidade. 6. Piaget, Jean. 8. Morin, Edgar. 9.
Bertalanffy, Ludwig
von. 10. Johnson, Steven. I. Axt, Margarete. II.
Costa, Antonio Carlos da Rocha. III.Título.
CDU – 802.0:371.694:681.3
______________________________________________________________________
Bibliotecária Neliana Schirmer Antunes Menezes – CRB 10/939
4
Rafael Vetromille-Castro
A INTERAÇÃO SOCIAL E O BENEFÍCIO RECÍPROCO COMO ELEMENTOS
CONSTITUINTES DE UM SISTEMA COMPLEXO EM AMBIENTES VIRTUAIS
DE APRENDIZAGEM PARA PROFESSORES DE LÍNGUAS
Aprovada em 01 de outubro de 2007.
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Margarete Axt – (Orientadora)
________________________________________________________________
Prof. Dr. Antônio Carlos da Rocha Costa – (Co-orientador)
________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Cristina Villanova Biazus – (PPGIE/UFRGS)
________________________________________________________________
Prof. Dr. Vilson José Leffa – (PPGL/UCPel)
________________________________________________________________
Profa. Dra. Dinorá Fraga – (UNISINOS)
5
AGRADECIMENTOS
À Dra. Margarete Axt, pela oportunidade de orientação e pela relação com
o complexo, com o desafio e com a crença nos “(im)possíveis”.
Ao Dr. Antônio Carlos da Rocha Costa, pela co-orientação discreta e
decisiva na apresentação e na discussão dos “Estudos Sociológicos” de Piaget.
À CAPES, pelo financiamento de três anos para minha pesquisa.
Aos colegas de doutorado, especialmente Mary, Guadagnin, Flávia,
Evandro, Janete, Deise, Gláucio, Márcio, Gislei, Carime, Elena (in memoriam) e
Ademir, e às bolsistas do LELIC, Paloma e Cíntia, pelo convívio fraterno, de
respeito, de amizade e de crescimento profissional e pessoal, tanto na
convergência, quanto na divergência.
Aos colegas doutorandos bolsistas – Raymundo, Sílvia, Vanessa, André,
Gabriela – pelo apoio e trabalho conjunto e pelo “lúdico necessário” na Pós-
Graduação.
Aos meus familiares – pai, mãe e irmão, pela primeira e mais sólida
Educação que se pode ter: a de princípios.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... iv
LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS ........................................................................... v
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................ vi
RESUMO ..................................................................................................................... vii
ABSTRACT ................................................................................................................. viii
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9
1.1. HISTÓRICO DO PESQUISADOR............................................................................................ 9
1.2. A
PRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................... 13
1.3. Q
UESTÕES DE PESQUISA ................................................................................................ 15
1.4. O
BJETIVOS DE PESQUISA................................................................................................ 17
1.5. C
ONTEXTO DA TEORIA DE PESQUISA ................................................................................ 18
1.6. O
RGANIZAÇÃO DA TESE...........................................................................................18
2. REVISÃO TEMÁTICA DA LITERATURA: ESTADO DA ARTE.......................... 20
3. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................... 31
3.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 31
3.2. SISTEMAS COMPLEXOS................................................................................................... 32
3.2.1. Um grupo em ambiente virtual de aprendizagem como um sistema complexo...... 46
3.3. TEORIA DAS TROCAS DE VALORES QUALITATIVOS.............................................................. 51
3.3.1. Introdução.............................................................................................................. 51
3.3.2. Teoria das Trocas Sociais, Teoria da Escolha Racional e a opção por Piaget....... 52
3.3.3. Benefício Recíproco e Sustentação Solidária: derivações da teoria piagetiana sobre
trocas de valores qualitativos........................................................................................... 61
3.3.4. Considerações ....................................................................................................... 69
4. METODOLOGIA .................................................................................................. 72
4.1. BASES DA PROPOSTA METODOLÓGICA ............................................................................. 72
4.2. PARTICIPANTES E O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM................................................ 75
4.3. INSTRUMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS............................................................ 84
5. ANÁLISE DOS DADOS................................................. ..................................... 88
5.1. ENTROPIA ....................................................................................................................... 90
5.2. FORÇA ENTPICA MÁXIMA, RESISTÊNCIA E RENDIÇÃO SISTÊMICAS: MOMENTOS DE UM
SISTEMA COMPLEXO
................................................................................................................. 94
5.2.1. A ‘Força Entrópica Máxima’ .................................................................................
100
5.2.2. A ‘Resistência Sistêmica’ .....................................................................................
124
5.2.2.1. A sétima semana: da ‘Resistência’ à ‘Rendição’ .....................................
176
5.2.3. A ‘Rendição Sistêmica’ .........................................................................................
181
5.3. C
ONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE UM GRUPO EM AVA COMO UM SISTEMA COMPLEXO .......... 200
5.4. I
MPLICAÇÕES PARA A AÇÃO DOCENTE ............................................................................. 207
6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 212
7. REFERÊNCIAS.................................................................................................. 218
ANEXOS .................................................................................................................... 224
iv
LISTA DE FIGURAS
Fig. 01: Interface da Agenda do curso, p.77
Fig. 02: Interface da seção Material de Apoio, p.78
Fig. 03: Interface da seção Perfil do curso, p.79
Fig. 04: Exemplo da interface final dos fóruns do curso, p.80
Fig. 05: Exemplo da interface interna de um fórum do curso, p.81
Fig. 06: Interface da seção Portfólio, mostrando a lista de participantes, p.82
Fig. 07: Interface interna de um portfólio individual com materiais
disponibilizados, p.83
Fig. 08: Exemplo de mapa com volume de interações em um fórum semanal,
p.85
Fig. 09: Contexto de curso, p.86
Fig. 10: Reformulação do contexto de curso, p.100
Fig. 11: Mapa de interação – “Dúvidas e soluções TelEduc” – DELO 05, p.101
Fig. 12: Mapa de interação – “Dúvidas e soluções TelEduc” – DELO 06, p.102
Fig. 13: Mapa de interação – “Dúvidas e soluções TelEduc” – DELO 07, p.102
Fig. 14: Mapa de interação – “Dúvidas e soluções ELO” – DELO 05, p.105
Fig. 15: Mapa de interação – “Semana 01” – DELO 05, p.106
Fig. 16: Mapa de interação – “Dúvidas e soluções ELO” – DELO 06, p.106
Fig. 17: Mapa de interação – “Semana 01” – DELO 06, p.107
Fig. 18: Mapa de interação – “Dúvidas e soluções ELO” – DELO 07, p.107
Fig. 19: Mapa de interação – “Semana 01” – DELO 07, p.108
Fig. 20: Mapa de interação – “Semana 03” – DELO 05, p.126
Fig. 21: Perspectiva de Langton sobre a emergência em sistemas complexos,
p.205
Fig. 22: Adaptação da perspectiva de Langton sobre a emergência, p.207
v
LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS
Gráfico 01: volume interacional total por fórum/semana - cursos DELO, p.95
Gráfico 02: tendência do volume interacional total - cursos DELO, p.96
Quadro 01: número de alunos dos grupos em cada edição do Curso, p.76
Quadro 02: matriz do fórum “Semana 01” – DELO 05, p.112
Quadro 03: matriz do fórum “Semana 01” – DELO 06, p.113
Quadro 04: matriz do fórum “Semana 01” – DELO 07, p.114
Quadro 05: matriz do fórum “Semana 03” – DELO 07, p.139
Quadro 06: matriz do fórum “Semana 08” – DELO 05, p.182
Quadro 07: matriz do fórum “Semana 09” – DELO 05, p.188
Quadro 08: matriz do fórum “Semana 10” – DELO 05, p.189
vi
LISTA DE ABREVIATURAS
AL – Applied Linguistics
AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem
CALL – Computer-Assisted Language Learning
DELO – Didática para o Ensino de Línguas Online
ELO – Ensino de Línguas Online
ICT – Information and Communication Technology
LA – Lingüística Aplicada
LELIC – Laboratório de Estudos sobre Linguagem, Interação e Cognição
PPGIE – Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação
TIC – Tecnologia de Informação e Comunicação
VLE – Virtual Learning Environment
ZIT – Zona de Interação Telemática
vii
RESUMO
Quando são inseridas as novas Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs) na cena educacional – seja na Lingüística Aplicada, seja
na área ampla da Educação – especialmente quando é tratada a atuação
docente e discente em ambiente virtual de aprendizagem (AVA), surgem
questões sobre barreiras na pedagogia em meio digital, como dificuldades
técnicas, pouca familiaridade com as tecnologias e a inadequação das
propostas pedagógicas de dado curso em relação ao meio telemático. Essas e
outras barreiras podem levar à evasão e/ou à pouca interação entre os
participantes, fatos problemáticos quando se tem uma perspectiva educacional
na qual a interação social é fundamental para a aprendizagem. Assim, a
necessidade de estudos sobre iniciativas pedagógicas, para que se entenda a
constituição e a manutenção de grupos em cursos a distância, observando
aquilo que os mantêm coesos, aparece como relevante, principalmente em
uma sociedade cada vez mais conectada com novas TICs. Partindo do
pressuposto de que a interação social, aspecto necessário para a
aprendizagem, se estabelece e persiste quando os aprendizes constituem um
sistema complexo, que é originado e sustentado pelo benefício recíproco que
tais aprendizes encontram na relação interativa, a presente tese investiga – em
edições de um curso totalmente a distância sobre elaboração de materiais para
a aprendizagem de línguas em meio telemático – como um grupo de
professores em serviço e pré-serviço em um AVA se constitui como um sistema
complexo e se mantém coeso, atingindo os objetivos curriculares inicialmente
propostos. O referencial teórico que sustenta a proposta e a análise tem raízes
no LELIC – Laboratório de Estudos sobre Linguagem, Interação e Cognição – e
é constituído pela teoria geral dos sistemas (BERTALANFFY, 1973), pelo
pensamento complexo (MORIN, 1995) e pela emergência (JOHNSON, 2003) –
para observar a constituição e manutenção do sistema complexo que é o grupo
em AVA – e pela teoria piagetiana das trocas qualitativas (PIAGET, 1973) e
outros trabalhos relacionados (ESTRÁZULAS, 2004) – com vistas à verificação
de elementos que “alimentam” o sistema complexo formado na relação
interativa virtual que é objeto de estudo.
viii
ABSTRACT
The insertion of new Information and Communication Technologies (ICTs),
both in Applied Linguistics and in the broader area of Education, brings
questions on the barriers against the pedagogy in a digital environment,
namely, technical difficulties, unfamiliar tools and resources and inadequate
pedagogical initiatives, especially when it comes to teachers’ and students’
actions in virtual learning environments (VLEs). Such barriers can result in
course dropping out and/or lack of interaction among participants, which are
concerning facts when one follows the educational perspective that social
interaction is essential for learning. Thus, the need for studies on pedagogical
initiatives, so that one understands not only the constitution but also the
maintenance of distance education groups, observing the aspects which keep
participants together, becomes all relevant, given the fact that society is
increasingly connected with the new ICTs. Taking into consideration the
presumption that social interaction, a necessary aspect for learning, is
established and sustained when learners constitute a complex system, which in
turn originates and is maintained by the reciprocal benefit learners find in the
interactive relationship, the research investigates – in three editions of a CALL
material distance learning course – how a group of pre-service and in-service
teachers in a VLE constitutes a complex system which continues cohesive and
reaches the objectives initially proposed in the course plan. The theoretical
support and the analysis are rooted in the Laboratory of Studies on Language,
Interaction and Cognition (LELIC) and it is constituted by the General System
Theory (BERTALANFFY, 1973), by the Complex Thought (MORIN, 1995) and
by the Emergence (JOHNSON, 2003) – in order to observe the origin and the
sustainability of the complex system that is the group in the VLE – and by
Piaget’s Qualitative Exchange Theory (1973) and other related research
(ESTRAZULAS, 2004) – in order to identify the elements which feed the
complex system emerging from the interactive relationship focused on in this
study.
9
1. INTRODUÇÃO
1.1. Histórico do pesquisador
Com o fim de situar a pesquisa que aqui propomos, é relevante
apresentar um breve histórico da caminhada profissional do pesquisador
1
,
observando de que maneira e por quais razões o trabalho investigativo
encontra-se no presente contexto.
Licenciado em Letras – habilitação português/inglês e respectivas
literaturas – pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 1998, o docente
volta a essa instituição em abril de 1999, desempenhando a função de
professor substituto pelo período de aproximadamente dois anos, até janeiro de
2001. Além de lecionar disciplinas específicas na habilitação em inglês do
referido curso, o hoje pesquisador era responsável por disciplinas de língua
inglesa em outras habilitações – como “Inglês Instrumental I e II” para os
alunos das licenciaturas de língua espanhola e portuguesa – e em outros
cursos da UFPel – como “Inglês Instrumental para Meteorologia I e II” e “Inglês
Instrumental para Informática I e II”. Todas as cadeiras apontadas tinham
como foco o desenvolvimento da habilidade de leitura em inglês como língua
estrangeira, dentro das respectivas áreas.
Dentro do curso de Letras, além das disciplinas de base de língua inglesa,
também foi ministrada “Lingüística Aplicada ao Ensino de Inglês I”, cadeira
teórica tratando dos princípios da Lingüística, sua relação com a prática de
ensino, e que antecedia o estágio curricular obrigatório. O pesquisador
também participou como co-responsável, ao lado da profa. Ms. Anne Marie
Moor, dos projetos de ensino “English for Specific Purposes” e “Teoria e Prática
de Leitura em Língua Estrangeira”, os quais tratavam não somente da teoria
acerca da construção da habilidade leitora, mas também tinham foco na
produção de materiais de ensino voltados à referida prática. O primeiro projeto
1
O curriculum vitae do autor, em formato Lattes, pode ser acessado em:
http://lattes.cnpq.br/3640307400529210
10
atendeu especificamente alunos de graduação da habilitação em língua
inglesa, enquanto o segundo acolheu graduandos em inglês, francês e
espanhol. Ambos constituíam-se como a primeira etapa – a de planejamento –
de um projeto maior que objetivava ampliar o atendimento à comunidade
acadêmica no que diz respeito a cursos de língua inglesa/estrangeira
instrumental. Até 1999, havia grande demanda por cursos de língua
estrangeira instrumental para diversas unidades de graduação, porém o corpo
docente reduzido na área de língua estrangeira do Curso de Letras e sua
conseqüente sobrecarga de horas de trabalho impossibilitavam a oferta.
Frente a essa questão, pensamos em preparar os alunos para o trabalho nessa
área específica de Letras, ao mesmo tempo em que atenderíamos uma
demanda institucional mais abrangente dentro da UFPel. Assim, após um
semestre de projeto de ensino, os alunos de graduação participantes entraram
em prática docente, ministrando cursos de língua estrangeira instrumental para
diversos cursos de graduação da UFPel, sob a forma de cursos de extensão,
utilizando os materiais elaborados ao longo do projeto de ensino.
Pelo envolvimento nesse processo, além de aprofundar estudos sobre
leitura, começamos a refletir um pouco mais sobre a elaboração de materiais
com vistas à aprendizagem e sobre a necessidade de ampliar a abrangência e
a oferta, com qualidade, de cursos de língua estrangeira para a comunidade
acadêmica da UFPel. Percebemos que o trabalho em projeto de ensino e de
extensão descrito anteriormente ajudou a aumentar o acesso de alunos a esse
tipo de atividade – acesso o qual outrora não tinham, tendo que buscar a
construção de conhecimento no assunto, por exemplo, em cursos livres de
idiomas. No entanto, a demanda era muito maior do que podíamos dar conta e
continuava crescendo a cada semestre que novos alunos entravam na
instituição. Foi nesse cenário que começamos a buscar respostas no ensino a
distância (EaD) e na aprendizagem mediada por computador (CALL). O
trabalho rendeu frutos, levando o pesquisador à primeira participação em
congressos, o 2º ENPLE – Encontro Nacional de Políticas de Ensino em
Língua Estrangeira, que resultou também na primeira publicação: o capítulo “O
ensino colaborativo na formação do professor de inglês instrumental”
(VETROMILLE-CASTRO, MOOR & COSTA, 2001) da obra O professor de
11
línguas estrangeiras: construindo a profissão, organizado pelo prof. Dr. Vilson
José Leffa.
Quase que simultaneamente, foi iniciada a participação em dois projetos
ligados à aprendizagem de inglês como língua estrangeira para leitura: o
REAP
2
– Reading English for Academic Purposes, subprojeto do BMT/UFPel
3
Banco Multidisciplinar de Textos – e desenvolvido exclusivamente dentro da
instituição em parceria com a profa. Ms. Anne Marie Moor, e o INGREDE –
Inglês na Rede – projeto de ensino e pesquisa sobre aprendizagem de inglês
instrumental em ambiente virtual, via Internet, ligado à UNIREDE
4
e
desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por integrantes de um
consórcio de 10 universidades federais. Em ambos, o pesquisador desenvolvia
atividades de pesquisa em EaD, com vistas à elaboração de materiais
adequados às características do novo meio pedagógico com o qual se fazia
contato então. O projeto INGREDE foi concluído e distribuído para uso nas
universidades consorciadas. A participação no REAP estendeu-se até a fase
de finalização da primeira etapa do projeto, a saber, a elaboração do grupo de
atividades para o desenvolvimento da habilidade de leitura em língua inglesa
em meio telemático. A segunda etapa – a oferta e o acompanhamento do
curso – já foi realizada como primeira disciplina eletiva ministrada a distância
na UFPel e hoje continua em andamento com novas versões. A atuação nos
dois projetos resultou extremamente proveitosa não somente pela construção
de conhecimento acerca da elaboração de materiais com a especificidade da
aprendizagem de línguas e da própria EaD e suas possibilidades, mas também
pela possibilidade de perceber em que patamar estava a discussão sobre a
aprendizagem em meio telemático entre os pesquisadores da área de
Lingüística Aplicada. Assim, a referida experiência configurou-se relevante
para o passo seguinte na carreira do pesquisador: o mestrado em Letras, com
área de concentração em Lingüística Aplicada.
2
http://minerva.ufpel.edu.br/~anne.moor/bmt/reap.htm
3
http://minerva.ufpel.edu.br/~anne.moor/bmt
4
A UNIREDE, primeira universidade virtual pública do país, tem por objetivo potencializar o
acesso ao ensino público universitário, mediante a otimização de recursos humanos e de infra-
estrutura física, bem como contribuir para o aprimoramento do processo de
ensino/aprendizagem em diversas áreas.
12
Após o término do contrato de professor substituto, o pesquisador
ingressa no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Letras/PPGL da
Universidade Católica de Pelotas – UCPel. Como bolsista PROSUP/CAPES,
desenvolveu a pesquisa de mestrado, concentrando seu tempo de trabalho no
reconhecimento da literatura produzida na área, na aproximação das áreas da
Ciência da Computação e da Lingüística Aplicada por meio do conceito
usabilidade (que resultou no termo proposto usabilidade pedagógica), na
participação de congressos no Brasil e no exterior e na produção de artigos
científicos relacionados ao tema “aprendizagem de línguas em meio
telemático”. Como resultado, a dissertação em progresso O papel da
usabilidade no ensino de Inglês para leitura mediado por computador recebeu,
em 2002, o prêmio PAPED – Programa de Apoio à Pesquisa em Ensino a
Distância - linha 1, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – CAPES. O recebimento do prêmio e o parecer favorável da banca
de apresentação da dissertação confirmaram aquilo que já havia sido
percebido durante os dois anos de pesquisa: a área de Lingüística Aplicada
caminhou bastante no que tange os estudos sobre o uso de tecnologias digitais
na aprendizagem de línguas e na formação de professores, mas ainda era
preciso avançar mais. No cenário apresentado, o pesquisador, logo após a
finalização do mestrado, ingressa no doutorado do Programa de Pós-
Graduação em Informática na Educação/PPGIE da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul – UFRGS, programa de caráter multidisciplinar, a fim de
aprofundar os estudos e trazer, do contato com novas teorias, contribuições
para o avanço da sua área de atuação, a Lingüística Aplicada.
Durante o curso, disciplinas e discussões em grupos de estudo mostraram
novos caminhos teóricos para a pesquisa, que vieram para acrescentar
qualidade e peso teórico-metodológico ao trabalho de pesquisa desenvolvido
até então. Especialmente em disciplinas da orientadora profa. Dra. Margarete
Axt e do co-orientador prof. Dr. Antônio Carlos da Rocha Costa, foi feito contato
com idéias da Complexidade, ligadas a autores como Piaget, Morin, Prigogine
e Maturana, as quais dão suporte teórico ao trabalho investigativo que a tese
propõe. Em relação aos grupos de pesquisa e estudo, o LELIC – Laboratório
de Estudos em Linguagem, Interação e Cognição, no qual o pesquisador e
13
bolsista CAPES desenvolve suas atividades, tem papel importante por
fomentar a discussão sobre temas complexos por meio do contato entre os
pesquisadores de áreas diversas que constituem o laboratório ao lado da
coordenadora Dra. Margarete Axt, ao mesmo tempo em que o contato
interdisciplinar maximiza e amplia a rede de contato com aportes teóricos
desconhecidos ou pouco debatidos na área de origem do pesquisador. Sem o
contato com um grupo de natureza tão diversa e rica, a aproximação com a
Teoria da Complexidade, a qual traz um novo olhar sobre os fenômenos da
aprendizagem e da interação humana (como a formação de professores de
línguas, por exemplo), seria mais difícil ou até mesmo impossível.
1.2. Apresentação do problema de pesquisa
Toda a caminhada resumida na seção anterior nos fez chegar no ponto
ao qual outros pesquisadores da área de aprendizagem em meio telemático e
da Educação a Distância (EaD) de modo geral também haviam chegado: a
preocupação e discussão acerca do(s) paradigma(s) educacional(is) a ser(em)
adotado(s) quando são inseridas as novas tecnologias na cena educacional, ou
ainda, quando a Educação busca se inserir no campo das novas tecnologias
digitais. Nesse contexto de inserção, surgem questões como: os papéis de
professores e alunos, o tipo de atividades propostas em cursos via Internet que
utilizam ou não ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), que ferramentas
tais ambientes devem ter, quais delas fomentam o trabalho autônomo e em
grupo, dentre outros inúmeros aspectos. Especialmente sobre o trabalho em
grupo, surge freqüentemente a indagação de educadores sobre porque alguns
cursos registram altos índices de evasão em EaD. No mesmo sentido, também
há o questionamento sobre o fato de, em algumas experiências, os
participantes formarem verdadeiras comunidades de aprendizagem, levando à
construção de conhecimento, enquanto em outras o trabalho configura-se
individual e com nenhuma ou muito pouca interação. Ademais, há
pesquisadores que ligam o fenômeno da evasão com o da pouca interação
entre os participantes. Assim, a necessidade de estudos sobre iniciativas
14
pedagógicas para fomentar a interação e evitar a evasão de cursos a distância
aparece como relevante, principalmente em uma sociedade cada vez mais
conectada com recursos digitais e novas tecnologias de informação e
comunicação.
Para que a aprendizagem aconteça, é essencial que a interação social, as
trocas entre indivíduos, sejam estabelecidas. Encontramos referências sobre
tal premissa em trabalhos clássicos sobre construção de conhecimento, como
o sócio-construtivismo de Vygotsky e as trocas qualitativas de Piaget (a última,
que constituirá parte da fundamentação teórica do presente trabalho). Quando
tratamos da aprendizagem em ambiente virtual, a distância entre indivíduos
pode configurar-se como outro obstáculo para a construção de conhecimento
na língua-alvo, não somente devido às barreiras inerentes à própria
aprendizagem, mas também pela falta de suporte docente e discente. Nesse
sentido, como temos observado ao longo de nossa experiência, tanto como
aluno, quanto como professor em EaD, o trabalho colaborativo pode ficar
prejudicado em função de características do meio digital – como a assincronia
e a distância. Há também a presença das dificuldades técnicas, que acabam
por constituir uma barreira importante, como Parreiras (2003) ressalta em sua
dissertação de mestrado. Embora tenha notado que a longo prazo os
aprendizes adotam uma perspectiva mais positiva em relação a ambientes
virtuais de aprendizagem e outras TICs (Tecnologias da Informação e da
Comunicação), o autor reconhece que problemas técnicos e uso não planejado
de ferramentas tecnológicas tornam “a experiência um exercício frustrante“
(PARREIRAS, 2003). Muitas vezes, uma das conseqüências de tais entraves é
a evasão dos alunos, causando um efeito de ‘reação em cadeia’: pouca
interação pode levar à não-obtenção de resultados, que pode chegar à evasão,
diminuindo ainda mais a interação.
Embora tenhamos aqui um problema mais profundo do que a evasão
escolar digital e suas conseqüências, uma vez que estamos em um momento
no qual as propostas pedagógicas são colocadas à prova, contemplando as
características do meio telemático e as peculiaridades da área a partir da qual
o aluno quer construir conhecimento, pretendemos concentrar nosso foco e
examinar aspectos que levam um grupo em ambiente virtual de aprendizagem
15
(AVA) a permanecer coeso até o final de um curso. A presente proposta de
tese pretende, ainda que não seja de forma definitiva e determinística,
investigar uma possibilidade pedagógica no referido meio, com base no
pressuposto de que a interação social, aspecto necessário para a
aprendizagem, se estabelece e persiste quando os aprendizes constituem um
sistema complexo, que por sua vez é originado e sustentado pelo benefício
recíproco que tais aprendizes encontram na relação interativa.
Há estudos que identificam características de sistemas complexos em
ambientes virtuais de aprendizagem, como a tese de Parreiras (2005), na qual
o autor investigou duas experiências na formação de professores em língua
estrangeira. Entretanto, além de corroborar o caráter complexo de ambientes
virtuais de aprendizagem, nossa proposta visa avançar a questão, quando
busca verificar quais elementos “alimentam” o sistema complexo formado na
relação interativa virtual que será objeto de estudo.
Portanto, dentro de uma perspectiva interacionista de aprendizagem, na
qual é consenso entre os pesquisadores, sejam da área de Lingüística Aplicada
– área de origem do pesquisador – ou do campo mais amplo da Educação, o
reconhecimento da importância da interação social para a construção de
conhecimento, e. frente ao paradoxo entre a necessidade e a falta de
interação, surge a tese sobre como entender a constituição e a manutenção de
comunidades virtuais interativas de aprendizagem, observando aquilo que as
mantêm coesas.
1.3. Questões de pesquisa
Em função do problema de pesquisa, são suscitadas questões que giram
em torno da coesão de grupos de indivíduos em um ambiente virtual, da forma
como os integrantes interagem e como o grupo se organiza. No entanto, a
questão principal é:
16
Como um grupo de indivíduos em um ambiente virtual de aprendizagem
(AVA) se constitui e se mantém coeso, chegando ao final de um curso a
distância e atingindo os objetivos?
Frente ao questionamento, a hipótese de pesquisa é:
Um grupo de indivíduos em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA)
se forma e se mantém coeso quando se constitui como parte de um sistema
complexo, que é originado e sustentado pelo benefício recíproco que tais
aprendizes encontram na relação interativa interindividual – aspecto necessário
para a aprendizagem – e que se estabelece e persiste quando emerge tal
sistema.
Tendo a hipótese como ponto de partida, precisamos tratar com mais
detalhes alguns pontos, como os sistemas complexos e o benefício recíproco,
juntamente com outros aspectos correlacionados. O devido tratamento será
dado mais adiante, no referencial teórico.
Também em função da hipótese, surgem questões paralelas, as quais
podem ser úteis norteando os passos investigativos:
a. Como se desenvolvem as interações entre alunos por meio de um
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e suas ferramentas?
b. De que forma tais interações concorrem em favor da construção de
conhecimento sobre elaboração de materiais para aprendizagem de línguas em
meio telemático, à medida que o AVA forma um sistema complexo de trocas
interpessoais?
c. Quais aspectos dos sistemas complexos estão presentes nas trocas
entre os participantes do curso?
d. O benefício recíproco configura-se como elemento de manutenção das
trocas – e, por extensão, do sistema emergente – dentro do AVA?
Mesmo tendo elencado as questões acima, sabemos que outras poderão
surgir ao longo do trabalho investigativo, uma vez que a proposta é construída
17
no alicerce do Pensamento Complexo, o qual tem como uma de suas
características a imprevisibilidade. Caso isso aconteça, novas perguntas serão
contempladas ao longo da tese.
1.4. Objetivos de pesquisa
Objetivo geral
Verificar como um grupo de alunos se mantém coeso, ao longo do
período de um curso totalmente a distância em um ambiente virtual de
aprendizagem (AVA), atingindo os objetivos.
Objetivos específicos
Verificar se o grupo de alunos e professores em um AVA, por meio das
interações, alimenta, se auto-organiza e se constitui como um sistema
complexo;
Observar como esse sistema influencia o processo de construção de
conhecimento;
Verificar se o ambiente telemático, por meio de suas ferramentas, tem
potencial para constituir base favorável à interação entre aprendizes, e
em que momento passa a compor junto com o grupo de participantes –
professor e alunos – um sistema complexo de trocas interpessoais,
conseqüentemente, constituindo-se como um ambiente virtual de
aprendizagem;
Observar como as interações entre aprendizes e aprendizes e professor
se estabelecem, examinando se as interações entre os participantes
acontecem em função de elementos ligados à teoria piagetiana, como
benefício recíproco, sustentação solidária ou escala comum de valores.
18
1.5. Contexto da teoria de pesquisa
A pesquisa acontece no contexto da aprendizagem de professores em
formação e em serviço sob o ponto de vista da interação na aprendizagem, no
âmbito dos sistemas complexos e da teoria das trocas de valores qualitativos.
1.6. Organização da tese
O trabalho é constituído de seis capítulos. No presente capítulo
introdutório, apresentamos o histórico e o contexto do pesquisador, dando
ênfase aos caminhos que o levaram à pesquisa atual, bem como revelando
como investigação e investigador estão inseridos no referido programa de pós-
graduação.
O segundo capítulo trata da revisão temática da literatura, trazendo
trabalhos que abordam a interação em EaD, tanto em áreas variadas da
Educação, quanto na área de origem específica do pesquisador, a saber, a
Lingüística Aplicada, a fim de delimitar o campo de ação da atividade
investigativa que desenvolveremos.
O Capítulo 3 é destinado ao referencial teórico do trabalho. Tratamos
com mais atenção dos temas da Complexidade e da Teoria da Trocas
Qualitativas, principalmente no que tange ao termo piagetiano Benefício
Recíproco e suas derivações. Ao final do capítulo, implementamos discussão
teórica com a qual pretendemos estabelecer pontos de contato entre a teoria e
nosso campo de estudo. Essa seção é importante, juntamente com o Capítulo
4, para a melhor compreensão da análise dos dados.
O Capítulo 4 traz a metodologia empregada no processo investigativo.
Além de explicitar os procedimentos metodológicos, nele consta a perspectiva
de análise que norteia as ações de pesquisa da tese.
Com base nos conceitos operantes e nos procedimentos que são
apresentados nos Capítulos 3 e 4, desenvolvemos a análise dos dados na
quinta seção da tese, buscando responder à questão central do trabalho:
19
como se mantém a coesão em um grupo formado dentro de um ambiente
virtual de aprendizagem (AVA)?”
O sexto capítulo apresenta as conclusões às quais chegamos ao final da
atividade investigativa, as considerações finais e possíveis desdobramentos da
tese. Completam o trabalho as referências e os anexos.
20
2. REVISÃO TEMÁTICA DA LITERATURA: ESTADO DA ARTE
Nos últimos anos, frente ao crescimento de iniciativas de EaD, tem
aumentado o interesse de pesquisadores sobre a utilização de recursos
telemáticos na aprendizagem. Tem havido esforços para o desenvolvimento
de recursos de hardware e software, paralelamente aos estudos sobre
alternativas para sua utilização com fins educativos. Na área acadêmica, a
revolução/evolução disparada pelo uso de tecnologias digitais abriu espaço não
somente para trabalhos de pesquisa em programas de pós-graduação variados
– dentre os quais podemos citar, na área de Lingüística Aplicada, por exemplo,
os grupos do Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos da
Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais
(POSLIN/FALE/UFMG), do Programa de Estudos Pós-Graduados em
Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (LAEL/PUCSP) e dos Programas de Pós-Graduação em
Letras da Universidade Católica de Pelotas (PPGL/UCPEL) e da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) – mas também a abertura de programas de
pós-graduação específicos, que buscam tratar da integração das tecnologias
digitais com iniciativas educacionais, como é o caso do Programa de Pós-
Graduação em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (PPGIE/UFRGS), no qual a presente pesquisa está inserida.
Também é importante citar o crescente incentivo de órgãos de fomento, como
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
que, em parceria com a Secretaria de Educação a Distância (SEED)
5
, além do
apoio com bolsas de estudo para mestrado e doutorado, contempla projetos de
dissertação e de tese sobre Educação a Distância (EaD) por meio do Programa
de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância (PAPED)
6
.
Como colocamos na apresentação do problema de pesquisa, partindo de
uma perspectiva sócio-interacionista, é essencial que as trocas entre indivíduos
sejam estabelecidas para que a aprendizagem possa acontecer. Há
5
Mais informações em: http://portal.mec.gov.br/seed/
6 Mais informações em:
http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=151&Itemid=288
21
constructos teóricos emblemáticos, como o sócio-construtivismo de Vygotsky e
as trocas qualitativas de Piaget. Mesmo no novo contexto da EaD, tal
perspectiva ainda permanece válida e há inúmeros trabalhos que tratam da
interação e da sua importância para a construção de conhecimento em meio
telemático. Portanto, não temos como propósito discutir a validade de tal
perspectiva sobre a interação na aprendizagem, tampouco justificá-la.
Tomamos a importância da interação interindividual como um pressuposto e
demonstraremos, especialmente ao longo da análise, o modo por meio do qual
os movimentos interativos se relacionam com os sistemas complexos. O que
nos interessa no trabalho são os elementos que dão condições para que os
sistemas emerjam e possam gerar e fomentar a interação entre os indivíduos.
Trataremos a seguir de alguns trabalhos que abordam a questão da
interação em ambiente virtual, passando por pesquisas que observam o
fenômeno interativo em um cenário mais próximo ao da área de Lingüística
Aplicada, com vistas a estabelecer nosso campo de análise e, assim, justificar
a pesquisa que aqui propomos.
O primeiro trabalho ao qual referiremos aqui é a dissertação de Mestrado
“Perspectivas e Sentidos na Interação Virtual em Rede Telemática”, de Márcio
Martins (2002). Sua pesquisa foi desenvolvida em torno de lista de discussão
(e-mails) com professores do ensino fundamental de três escolas do Rio
Grande do Sul (RS). O objetivo da lista era o de discutir práticas pedagógicas,
bem como o de organizar o espaço de interação que dispunham, a saber, a
própria lista de mensagens de correio eletrônico. Suas bases investigativas
estão na Epistemologia Genética de Piaget e nas teorias da Complexidade –
como Teoria do Caos e teoria dos sistemas dinâmicos auto-organizativos.
Martins constatou que o próprio espaço de interação telemática configurou-se
como importante por ter o papel de “operador das interações/reflexões
dialógicas entre professores (S x S)
7
e entre [professores e] suas práticas em
situações pedagógicas (S x O)
8
” (MARTINS, 2002). Nesse espaço, a interação
para a troca de idéias e produção de sentidos estabeleceu o que o autor
chamou de zit – zona de interação telemática – a qual estruturou-se como
7
S x S: interação entre sujeitos.
8
S x O: interação entre sujeito e objeto.
22
espaço propício para a construção de conhecimento em virtude de suas
características, como a multiplicidade de pontos-de-vista e a multiplicidade de
espaços-tempos.
Embora entendamos que o conceito de zit é importante por sua
amplitude, característica que permite que seu uso seja espalhado para
inúmeras experiências de grupos em meio telemático (inclusive para o grupo
que observamos em nossa pesquisa), o trabalho de Martins deixa espaço
investigativo em aberto no que diz respeito a ambientes virtuais de
aprendizagem (AVAs), uma vez que o autor analisa em sua dissertação as
interações por meio de uma lista de discussão (e-mails). Essa peculiaridade da
pesquisa não nos autoriza a aplicar conclusões de seu estudo na investigação
de AVAs, pois há recursos interativos com características diferentes, que levam
os indivíduos a agirem de forma diferente. Um exemplo disso é a existência de
Fóruns e de Portfólio comentado, os quais foram organizados nos cursos que
observamos em torno de atividades que os alunos desenvolviam e sobre as
quais recebiam comentários de professores e outros alunos. Além disso, o
grupo no trabalho de Martins não tinha originalmente o objetivo direto de
aprendizagem no seu sentido “didático”, embora, obviamente, tenha havido a
construção de conhecimento. Tratava-se de um grupo de professores de três
escolas dispostos a discutir a organização curricular.
Os indivíduos dos grupos que observamos, ainda que fossem professores
(em formação ou em serviço), tinham como meta construir conhecimento sobre
a prática de elaboração de materiais, por meio de um sistema de autoria
9
, para
o ensino de línguas em meio telemático. As atividades faziam parte de um
curso de extensão universitária que tinha como objetivo “qualificar o professor
para o uso da nova tecnologia, ampliando sua ação para além da sala de aula
e facilitando sua presença, mesmo quando distante do aluno
10
”, caracterizando,
portanto, um contexto de pesquisa que foge do escopo do trabalho de Martins.
Outro trabalho de referência sobre interação em meio telemático é a tese
de Mara Lúcia Fernandes Carneiro (2003) – “O Acoplamento Tecnológico e a
Comunicação em Rede: Inventando Outros Domínios de Aprendizagem”.
9
O sistema de autoria em questão é o ELO – Ensino de Línguas Online. Disponível em:
http://elo.ucpel.tche.br.
10
Conforme texto de apresentação do curso no site http://delo.ucpel.tche.br.
23
Tendo como base o pensamento de Maturana na Biologia do Conhecer (1970),
mais especificamente na teoria autopoiética e no conceito de deriva natural, a
autora analisa as interações de cinco grupos em cinco ambientes virtuais de
aprendizagem. Embora todos utilizassem a mesma plataforma (TelEduc) com
praticamente as mesmas opções de ferramentas de apoio à comunicação
(Mural, Fóruns de Discussão, Bate-papo e Correio
11
), além de três deles
lançarem mão do recurso de videoconferência, os grupos eram diferenciados
pela proposta pedagógica. O grupo que recebeu maior atenção da
pesquisadora tinha como objetivo a realização de uma “Gincana Virtual”, que
“não envolvia atividades didáticas”, como ressalta Carneiro, nem professores
ou avaliação. A autora ainda destaca que a idéia para tal era “evitar fatores
problematizadores e evidenciar fluxos comunicacionais, para compará-los a
situações cotidianas de interação” (CARNEIRO, 2003). Outros dois grupos
tinham caráter didático – um curso de inglês e outro de italiano – e eram
intensamente centrados no professor. As outras duas experiências tratavam
de ambientes virtuais que complementavam ações pedagógicas presenciais –
uma disciplina de “Informática” para alunos de Pedagogia e uma de “Métodos
Estatísticos” para alunos de Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial.
Carneiro verificou que nos grupos com propostas mais centradas no professor
houve menos interação do que naqueles de abordagem mais ampla. Nos
cursos de inglês e de italiano o uso da tecnologia configurou-se como a
“metáfora do tubo”. De acordo com essa metáfora, os alunos estariam em uma
extremidade do canal de comunicação e o professor na outra, e a interação
aconteceria, no máximo, bidirecionalmente. O “canal de comunicação” seria
a(s) ferramenta(s) tecnológica(s) utilizada(s) para conectar as duas
extremidades, ou seja, os recursos tecnológicos são considerados apenas
como um meio para repassar informações. Na “metáfora do tubo”, podemos
dizer que a tecnologia não está sendo usada em sua plenitude, ou ainda, o uso
da tecnologia não permite que a interação interindividual em rede – fenômeno
que daria condições para a emergência do sistema complexo – seja
estabelecida. Nos outros três casos analisados por Carneiro, a tecnologia é
11
“Mural” e “Correio” foram ferramentas presentes em todos os grupos. Três grupos também
usaram “Fóruns de Discussão” e dois utilizaram “Bate-papo”.
24
vista como parte do ambiente, o que permite a integração do indivíduo com o
meio e a reorganização do “domínio de aprendizagem” durante a interação. Na
nossa leitura, tal perspectiva pode atender de forma mais ampla as
necessidades do aluno, uma vez que não há um modelo de interação fechado
e imutável. Essa idéia aparece em consonância com parte do trabalho de
Martins (2002), o qual também é referenciado por Carneiro, no que diz respeito
tanto ao processo de construção de conhecimento não ser uma simples adição
de novas relações lógicas às estruturas cognitivas pré-existentes (adição essa
que, na nossa leitura, teria ligação mais estreita com o modelo de repasse de
informações), mas sim a sua própria constituição como processo de
associação de novos elementos e reorganização, o qual tem laços
estabelecidos por Martins com os conceitos de assimilação e acomodação de
Piaget, quanto ao fato de os indivíduos integrarem-se consigo mesmos e com o
meio, terem a possibilidade de reorganizar o “domínio de aprendizagem”,
constituindo o que Martins chamou de zit.
Embora haja consonância do trabalho de Carneiro com o de Martins, ao
mesmo tempo em que aponta que o caminho teórico da Complexidade
representado por Maturana em sua tese contribui de maneira relevante para a
compreensão de fenômenos interacionais em rede telemática, sua pesquisa
também deixa sem análise exclusiva o contexto específico com o qual
trabalhamos. A tese de Carneiro estuda cinco grupos variados em ambiente
virtual – um grupo “sem fins didáticos” interagindo por meio de ferramentas de
interação síncrona (videoconferência) e assíncrona, dois grupos de alunos
interagindo por meio de ferramentas de interação síncrona (videoconferência) e
assíncrona e dois grupos de alunos interagindo por meio de ferramentas de
interação assíncrona como suporte a atividades presenciais – os quais diferem
do nosso foco, a saber, alunos interagindo de forma exclusivamente assíncrona
e sem atividades presenciais. Mais ainda, a maioria dos grupos de Carneiro
tinha como tarefa a realização de atividades colaborativas, o que contribui para
(se não determina) que os indivíduos interajam. Na iniciativa pedagógica que
observamos, embora fosse desejável e estimulada, a colaboração não fora
previamente cotejada no planejamento das atividades de curso.
25
Também com suas bases em Maturana, aparece o trabalho de
doutoramento de Maçada (2001), “Rede Virtual de Aprendizagem – Interação
em uma Ecologia Digital”. A autora observa como um grupo de professores de
Matemática interage por meio de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e
centra seu foco investigativo “nos efeitos dos modos de estruturação do
ambiente na interação”. Como resultado de análise, Maçada aponta que o uso
de novas tecnologias revela novas formas de operação com o conhecimento na
ampliação das interações e na constituição de novos espaços de convivência.
Outro produto de sua análise é a possibilidade de propor indicadores para a
constituição de espaços que utilizem TICs.
O trabalho de Maçada aparece como o mais próximo de nossa proposta,
pois, embora referencie autores diferentes (exceto Piaget), tem a mesma
perspectiva complexa sobre o fenômeno da formação de grupos em EaD,
analisa um grupo de professores em formação continuada dentro de um
ambiente virtual de aprendizagem e tem como uma de suas conclusões o fato
de a dinâmica de funcionamento das interações do grupo ter emergido das
próprias interações, em decorrência principalmente do uso da tecnologia como
suporte à rede de conhecimento e não como um fim em si mesmo. Nesse
ponto do trabalho, vale destacar o caminho em sintonia nas pesquisas atuais
na EaD no que tange à utilização das TICs na aprendizagem: percebemos que
o olhar de Maçada vai na mesma direção dos trabalhos de Carneiro (2003) e
de Martins (2002), quando evidencia que a aprendizagem não é secundária ou
produto conseqüente das novas tecnologias. As tecnologias digitais são
apenas acessório para a aprendizagem e, como qualquer outro recurso, devem
ter seu uso planejado e refletido antes, durante e após o momento pedagógico.
No entanto, mesmo apresentando proximidade com nosso trabalho, as
propostas diferem, em primeiro lugar, na origem, no curso que serviu como
base de coleta de dados. No curso que foi observado na pesquisa de Maçada,
a cooperação e a colaboração entre os participantes foram buscadas desde o
princípio das ações pedagógicas, da mesma forma que nos grupos de Carneiro
(2003). O uso da tecnologia tinha como objetivo o desenvolvimento de
atividades colaborativas, tanto que o termo “atividade colaborativa” constitui-se
26
como um dos quatro atratores
12
de sua análise. Já na prática que observamos,
a colaboração era desejável, mas não havia utilização previamente planejada
de ferramentas para a prática colaborativa. Mais ainda, no curso que
observamos não houve a oferta de atividades em grupo. Também difere da
nossa proposta em função de não ser o seu foco a forma como os indivíduos
interagem, o que alimenta as interações. Ligado à questão do foco está o fato
de que Maçada relega o motivo da interação à forma como as TICs são
usadas, ou seja, não como um fim em si mesmas, mas como suporte à
construção do conhecimento. Embora concordemos com a declaração, que
também é destacada por Carneiro, temos percebido na prática que há algo
mais alimentando as interações, em associação, sem dúvida, com o modo de
uso das tecnologias digitais.
Constitui-se igualmente como trabalho de referência em nossa pesquisa a
tese de Mônica Baptista Pereira Estrázulas, “Rede JOVEMPAZ: solidariedade a
partir da complexidade”, não somente por tratar de trocas interindividuais a
distância e ter sua base em teorias da Complexidade, mas também por
emprestar o conceito de sustentação solidária, que será importante em nosso
trabalho, conforme discutiremos mais adiante no referencial teórico e na
análise dos dados. Utilizando três categorias de análise – a Pedagogia do
Caos (RUBIO, 2000 apud ESTRÁZULAS, 2004), o desenvolvimento moral e a
coordenação normativa dos valores qualitativos (PIAGET, 1973), Estrázulas
propõe “a sustentação solidária como formalização das trocas normativas de
caráter moral”.
Embora haja a aproximação teórica e a contribuição importante da
sustentação solidária, nossa proposta dista da de Estrázulas na medida em
que tratamos de interações em um grupo que se articula totalmente a distância,
ao passo que a pesquisadora também trata de trocas em rede de interações
presenciais. Acreditamos que essa diferença tenha influência na formação e
manutenção de grupos coesos, podendo levar a conclusões diferenciadas, uma
vez que problemas técnicos e desconhecimento em relação ao uso de
ferramentas digitais como aqueles apontados por Parreiras (2003) como
12
Os atratores que a autora destacou foram “projeto de aprendizagem”, “versatilidade
tecnológica”, “atividade colaborativa” e “prática contextualizada”.
27
obstáculos para a aprendizagem em meio telemático podem ser resolvidos por
meio do suporte que advém do contato presencial. Tal contato presencial pode
representar fator de influência relevante no levantamento de conclusões.
Também pensamos que as características dos grupos analisados nas
pesquisas (crianças e jovens entre 8 e 17 anos em Estrázulas e professores
em formação pré e em serviço em nossa proposta), bem como o meio
telemático utilizado (listas de discussão em Estrázulas e um AVA em nossa
pesquisa) trazem diferencial relevante entre os dois processos investigativos.
Quando passamos para a observação de estudos na área específica da
Lingüística Aplicada – aprendizagem de línguas em meio telemático/CALL
13
percebemos que há poucos trabalhos que tratam da exploração das TICs, tanto
na área de aprendizagem, quanto na da formação de professores. Hoje, ainda
são poucos os Programas de Pós-Graduação que tratam dessa temática em
suas pesquisas, como aqueles que já destacamos – Programa de Pós-
Graduação em Estudos Lingüísticos da Faculdade de Letras da Universidade
Federal de Minas Gerais (POSLIN/FALE/UFMG), o Programa de Estudos Pós-
Graduados em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (LAEL/PUCSP) e o Programa de Pós-
Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (PPGL/UCPEL).
Além do baixo número de pesquisas, outro fato que precisa ser destacado é o
de que a maioria dos trabalhos existentes se enquadra no que Larsen-Freeman
(2000) chama de “Lingüística Aplicada dominante
14
”. De acordo com a autora,
a pesquisa na Lingüística Aplicada dominante apresenta-se limitada por não
conseguir acompanhar a evolução de novas perspectivas que emergem dentro
da própria Lingüística Aplicada. Ou seja, novas perspectivas da ação
investigativa têm surgido e posto em cheque conclusões anteriormente não
questionadas, principalmente no que diz respeito a) ao processo de aquisição
da língua, b) ao aprendiz de línguas e c) à própria língua, criando dissonâncias
que não se permitem ser facilmente ajustadas no paradigma corrente. Na
13
O termo corrente na área de Lingüística Aplicada é “Aprendizagem de Línguas Mediada por
Computador”, derivado do inglês “Computer-Assisted Language Learning”. Utilizamos em
nossa proposta “Aprendizagem (de Línguas) em Meio Telemático” por considerarmos esse
termo mais abrangente, uma vez que a aprendizagem não ocorre simplesmente pela mediação
da máquina.
14
Termo traduzido livremente pelo autor do original “mainstream Applied Linguistics”.
28
busca de uma maneira de lidar com tais dissonâncias, Larsen-Freeman é a
primeira pesquisadora da área de Lingüística Aplicada a recorrer a teorias da
Complexidade, como a Teoria do Caos, no artigo Chaos/complexity science
and second language acquisition (1997). Nesse trabalho, Larsen-Freeman
defende que a aquisição de línguas é um sistema complexo não-linear,
mostrando que ambos têm as mesmas características as quais pesquisadores
do Caos e da Complexidade apontam – são dinâmicos, complexos, não-
lineares, caóticos, imprevisíveis, sensíveis às condições iniciais, abertos, auto-
organizados, sensíveis a feedback e adaptáveis. Outra autora que seguiu o
caminho complexo na Lingüística Aplicada a partir dos referidos trabalhos de
Larsen-Freeman foi Paiva, apresentando em 2004, dentre outros trabalhos, um
Modelo Fractal de Aquisição de Línguas.
Em nossa caminhada pela EaD, percebemos a mesma incompletude dos
estudos em Lingüística Aplicada destacada por Larsen-Freeman,
principalmente no que diz respeito ao aprendiz de língua. Embora não
tratemos em nossa pesquisa da aprendizagem de línguas estrangeiras (LE),
notamos que há limitações nos estudos da área que tratam da aprendizagem –
seja ela de alunos de LE, seja de professores em formação ou em serviço. Na
área de aprendizagem de línguas em meio telemático, o único trabalho
encontrado que trata da questão do aprendiz sob a perspectiva dos sistemas
complexos foi a tese de Parreiras “A sala de aula digital sob a perspectiva dos
sistemas complexos: uma abordagem qualitativa”, na qual o autor trata dos
fluxos interacionais entre alunos em salas de aula virtuais. Parreiras defende a
tese de que o processo de aquisição de línguas se organiza de forma fractal,
confirmando o que Larsen-Freeman (1997) e Paiva (2004) apontavam como
possibilidade. O autor mostra como as TICs desencadeiam transformações
sociais que têm influência no processo social que é a aprendizagem,
corroborando o pensamento de Lévy sobre a mudança na sociedade hoje. No
entanto, embora trabalhe com grupos em ambiente virtual, Parreiras não
aprofunda – por não ser o seu foco – a questão da formação e manutenção dos
grupos em AVA. Além disso, sua experiência investigativa observou dois
cursos semi-presenciais nos quais os alunos já tinham experiência em
29
disciplinas a distância. Dessa forma, nosso trabalho se distancia da pesquisa
de Parreiras em função do foco e das características do curso e do grupo.
Mais recentemente, houve um aumento no movimento teórico da
Lingüística Aplicada em direção à Complexidade. Uma demonstração foi a
recente publicação temática do periódico Applied Linguistics (2006), voltada
especificamente para trabalhos em uma perspectiva complexa. Os trabalhos
da edição abordam questões específicas da segunda língua, como a aquisição
de orações relativas (MELLOW, 2006), a articulação de metáforas (CAMERON
& DEIGNAN, 2006), léxico (MEARA, 2006), e apontam invariavelmente para
uma abrangência maior da perspectiva emergente (“Emergentism”, como os
autores referem) em relação à “Lingüística Aplicada dominante” (Larsen-
Freeman, 1997) para compreender e explicar os movimentos e fenômenos da
linguagem. Há repetidas referências à importância de considerar o meio, o
contexto do indivíduo, no processo de aquisição de línguas. Mais ainda,
autores como Cameron & Deignan (2006) indicam explicitamente que o
comportamento lingüístico emerge da interação entre agente (indivíduo) e
meio.
No entanto, embora tenham raízes na mesma área que a nossa – a
Lingüística Aplicada – os relatos da publicação deixam duas lacunas que nosso
trabalho preenche: a primeira diz respeito aos seus focos e a segunda trata da
sua extensão. Os capítulos da Applied linguistics tratam da Emergência em
aspectos da linguagem, enquanto abordamos a formação de professores de
línguas pré-serviço e em serviço. Quanto à extensão, de uma forma geral, os
trabalhos da referida publicação concluem que é relevante adotar a perspectiva
complexa na pesquisa em Lingüística Aplicada e analisar a interação entre
indivíduo e o ambiente, mas não avançam nessa análise. Pela característica
de nossa investigação e pelo pressuposto, o processo interativo que
observamos inclui não somente o meio e o indivíduo, mas busca contemplar os
movimentos entre os indivíduos, os elementos que derivam dessas relações e
sustentam o sistema complexo de trocas.
A partir da revisão feita sobre estado da arte dos estudos que tratam da
interação entre indivíduos em meio telemático, tanto na área ampla da
Informática na Educação quanto na área de origem específica do pesquisador
30
– a Lingüística Aplicada – percebemos que há outras lacunas investigativas a
serem preenchidas. Uma dessas lacunas é a análise de fatores que concorrem
a favor da constituição e da manutenção de grupos em ambientes virtuais de
aprendizagem em cursos totalmente a distância. Os trabalhos visitados até o
momento trazem conclusões importantes – como, por exemplo, o uso das
tecnologias digitais como forma de suporte à rede de conhecimento que pode
ser estabelecida, permitindo a integração do indivíduo com o meio e a
reorganização do “domínio de aprendizagem” (MARTINS, 2002; CARNEIRO,
2003; MAÇADA, 2001) – as quais apontam para o paradigma da Complexidade
como um caminho válido, seja para a prática pedagógica em meio telemático,
seja para a pesquisa no referido meio. Os trabalhos referidos discutem
questões como o paradigma linear de atuação docente, centrado no professor
– como mostrou Carneiro – e evidenciam que o uso da tecnologia inserido em
tal modelo não contribui para o estabelecimento da interação ampla entre os
participantes. Outro aspecto que se destaca nos relatos de investigação é a
resposta positiva que a teoria complexa dá para a pesquisa em meio
telemático, uma vez que permite que o pesquisador tenha um olhar mais
abrangente sobre a variedade de fenômenos que estão em cena em
experiências educacionais que utilizam tecnologias digitais.
As pesquisas realizadas e referenciadas nessa seção, não só destacam o
que foi feito, mas também apontam tendências importantes para o avanço
científico na área, bem como permitem que sejam visualizadas lacunas que
podem ser preenchidas por novas pesquisas. Como citado anteriormente,
apresentamos nossa proposta investigativa na análise das interações entre um
grupo de alunos-professores de línguas (em formação e em serviço), em um
curso de extensão sobre elaboração de materiais para ensino de línguas,
ministrado totalmente a distância por meio de um ambiente virtual de
aprendizagem. Mais especificamente, pretendemos observar como os grupos
se constituem e, principalmente, se mantêm coesos até o final das atividades
previstas do curso.
31
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. Introdução
O presente trabalho busca referência em campos teóricos variados,
alguns ligados mais diretamente à Educação – como a interação interindividual,
outros menos – como a teoria dos sistemas complexos. Nossa meta é
estabelecer conexões entre campos aparentemente distintos, com vistas ao
esclarecimento das questões de pesquisa. Sobre a interação, é importante
lembrar que não há a intenção de problematizar a questão da interação na
aprendizagem. Tomamos a relevância da interação interindividual como um
pressuposto, com base em autores como Vygotsky (1991), Piaget (1973; 1978)
e Ellis (1999), e buscamos observar, durante a análise, se os movimentos
interativos se relacionam com os sistemas complexos, bem como a maneira
por meio da qual se dá tal relação. O foco do trabalho são os aspectos que
possibilitam que os sistemas emerjam, gerando e fomentando a interação entre
os indivíduos, por ser essa interação que mantém, de acordo com o
pressuposto de pesquisa, o grupo coeso.
Primeiramente, contemplando o lugar de onde o autor-pesquisador-
professor fala, encontramos influência da área de trabalho do professor-
pesquisador – a Lingüística Aplicada. Conforme revelamos nos capítulos 1 e 2,
foi na Lingüística Aplicada que houve o contato que despertou a possibilidade
de conexão com as teorias da complexidade, representado pelos trabalhos de
Larsen-Freeman (1997) e Paiva (2004). Esse vislumbre da possibilidade de
integração de constructos teóricos levou à necessidade de aprofundar as
questões complexas, motivando a procura dos trabalhos de Morin e Johnson.
A revisão teórica feita então mostrou a necessidade de identificar o combustível
das interações e de verificar como as interações geravam os sistemas
complexos dinâmicos que eram os grupos e como esse processo interativo
mantinha os grupos coesos em nossa observação empírica. Assim, a
aproximação feita com a obra Estudos Sociológicos de Piaget (1973) resultou
fundamental, à medida que reflexões eram aprofundadas.
32
O caminho que foi trilhado no contato com as teorias configura o plano de
trabalho montado para tratar da fundamentação teórica do projeto que se
apresenta. Na seqüência, trataremos dos conceitos de emergência e sistemas
complexos, a partir de Johnson (2003), Morin (1995; 2003) e outros autores,
ligando-os com os ambientes virtuais de aprendizagem. As conexões
estabelecidas têm por objetivo dar sustentação à análise norteada pela questão
de pesquisa, a hipótese e as questões paralelas relacionadas. Na seqüência,
estabeleceremos contato com a teoria das trocas qualitativas de valores
sociais, de Jean Piaget (1973), e com trabalhos de outros autores, os quais
complementam a teoria piagetiana. Esse contato aparece como importante
como possível contribuição para a área de origem do pesquisador, uma vez
que não temos registros do uso do referido suporte teórico na área de
Lingüística Aplicada. Do trabalho de Piaget destacaremos elementos que
consideramos relevantes para compreender a interação social, mais
especificamente o fenômeno interativo em ambientes virtuais de aprendizagem.
3.2. Sistemas complexos
Ao concentrarmos a atenção no processo interativo humano que nos
interessa nessa proposta de pesquisa – a formação de professores de línguas
por meio de um ambiente virtual de aprendizagem – encontramos
características em comum entre sistemas complexos não-lineares, tanto ao
observarmos empiricamente o processo, quanto ao tomarmos como referência
o trabalho de pesquisadores em LA que já observaram o fenômeno da
aprendizagem em meio telemático sob a ótica da Complexidade. Tomando
como ilustração o já citado trabalho de Larsen-Freeman (1997), a autora faz
referência a tais semelhanças, a saber: a aprendizagem de LE pode ser
pensada como sistema complexo na medida em que, da mesma forma que
aquele, são dinâmicos, complexos e não-lineares, caóticos, imprevisíveis e
sensíveis às condições iniciais; abertos, auto-organizados, sensíveis a
feedback, e adaptativos; têm forma fractal e sofrem a influência de atratores.
Em relação ao caráter dinâmico, Larsen-Freeman destaca o processo de
33
mudança da interlíngua dos aprendizes e o próprio termo “língua-alvo”, que
aponta para um “fim” no aprendizado, muito embora a linguagem, em seu uso,
seja constantemente transformada. A complexidade da aprendizagem de
língua estrangeira se manifesta, segundo a autora, na variedade de fatores que
participam da construção da interlíngua: a quantidade e o tipo de input, a
quantidade e o tipo de feedback, a quantidade e o tipo de interação, o contexto
de aprendizagem, dentre outros aspectos, como idade, motivação, atitude,
questões de personalidade, estilo cognitivo e estratégias de aprendizagem. A
aprendizagem de línguas também não é um evento linear. Não se trata de
aprender um item para passar para outro, mas sim compreender como
variados componentes do sistema lingüístico se interligam. Ligado à não-
linearidade está o fato de o sistema de aprendizagem de línguas ser aberto,
recebendo input a todo momento e – mais uma semelhança com os sistemas
complexos – se auto-organizando. Paiva (2004) e Parreiras (2003; 2005)
seguem o mesmo caminho em seus trabalhos investigativos. Paiva corrobora
a direção apontada por Larsen-Freeman e propõe um modelo fractal de
línguas, na busca da compreensão do fenômeno de aprendizagem levando em
consideração os inúmeros fatores que concorrem a seu favor. Em Modelo
fractal de aquisição de línguas Paiva coloca como problema o fato de que os
modelos de aquisição
15
existentes são insuficientes para explicar o fenômeno
da aprendizagem de línguas, pois não dão conta de todos os fatores
envolvidos, como características individuais, variações biológicas de indivíduo
para indivíduo e contextuais, qualidade e quantidade de input, fatores
emocionais, cultura, estereótipos, fatores afetivos e culturais, dentre outros. A
pesquisadora ainda afirma que as conclusões apresentadas pelos referidos
modelos parecem ser partes de um todo maior, que é o sistema de aquisição
de língua. Mais ainda, todos esses elementos que concorrem (ou podem
concorrer) a favor ou contra o processo de construção de conhecimento não
atuam de forma ordenada e organizada, e se entrelaçam de maneira
imprevisível.
15
O próprio termo “modelo” denota algo fechado, ordenado e organizado, com a idéia de
padrão a ser seguido. Tal terminologia não parece compatível com o pensamento complexo,
apenas com a teoria científica clássica.
34
No tocante ao trabalho de Parreiras, principalmente em sua tese (2005),
foram observados dois grupos de alunos e a forma como tais grupos
replicavam o comportamento de um sistema complexo. Conforme destacado
na revisão da literatura, a tese de Parreiras faz contribuição relevante para a
área de Lingüística Aplicada e para o nosso trabalho, pois estabelece uma
lacuna que pretendemos preencher, a saber, a forma pela qual grupos em
cursos totalmente a distância se mantêm coesos.
Embora não tratemos de grupos com foco na aprendizagem de línguas,
as referências aos trabalhos de Larsen-Freeman, Paiva e Parreiras são
relevantes porque nos servem para realçar o fato de que as conclusões tiradas
pelos autores refletem aquilo que temos percebido na observação empírica de
nossos grupos. Poderíamos retomar também os trabalhos de Carneiro (2003),
Martins (2002), Estrázulas (2004) e Maçada (2001), referidos na revisão do
estado da arte e os quais tratam da aprendizagem em outras áreas
educacionais sob a perspectiva da Complexidade. Ou seja, as características
complexas vistas na aprendizagem de línguas e em outros contextos de
Educação estão presentes em grupos de professores de línguas em formação
e em serviço, sendo todos os casos a particularização da idéia geral de
“sistema complexo”.
No âmbito da Complexidade, a fim de não perder contato com a área de
Lingüística Aplicada (LA), desenvolvemos nossa pesquisa no contexto da
formação de professores de línguas, iniciando a construção de nosso suporte
especialmente com conclusões às quais pesquisadores de LA já chegaram
quando começaram a considerar a Complexidade e a Emergência, e ampliando
e dando corpo teórico principalmente por meio dos trabalhos referenciais de
Morin e Johnson.
Antes de entrar na questão dos sistemas complexos, vale fazer uma
breve colocação sobre a Teoria da Complexidade, uma vez que a Emergência
tem ligação direta com esse paradigma científico. Ainda que não tenha sido
encontrado referencial tratando de “sistemas emergentes”, mas sim de
“comportamento emergente”, o qual é característico aos sistemas complexos,
em momentos do projeto optamos por referir a eles como “sistemas
emergentes”, uma vez que nosso foco investigativo está justamente na
35
“Emergência” dos comportamentos e das ações, na origem do grupo.
Entendemos que, o caráter complexo das relações também é importante, mas
nos interessa, em destaque, as condições que permitem que o sistema emerja.
Portanto, em nosso trabalho, os termos “sistemas complexos” e “sistemas
emergentes” são tratados como semelhantes, uma vez que guardam aspectos
comuns, como a imprevisibilidade das interações entre elementos sistêmicos, a
suscetibilidade a fatores externos decorrente do fato de ambos serem abertos,
e a auto-organização. Além disso, é freqüente a referência de Edgar Morin ao
termo “Emergência” em várias obras, nas quais trata das Teorias da
Complexidade e do Pensamento Complexo. Como ilustração, no capítulo a
epistemologia da complexidade, publicado na obra a inteligência da
complexidade (2000), Morin retoma o texto Os mandamentos da complexidade,
publicado em Ciência com Consciência, e fala da existência do princípio da
emergência quando aborda e questiona a problemática da organização na
ciência clássica. O autor alega que “há qualquer coisa de não dedutivo na
aparição das qualidades ou propriedades de todo fenômeno organizado” (p.
55), sustentando a idéia de que tudo que emerge da organização de um
conjunto retroage sobre ele mesmo. Portanto, o uso do termo “sistema
emergente” em nosso trabalho se deve exclusivamente a uma questão de foco
investigativo.
Mas, o que é um sistema complexo? Como um grupo de alunos-
professores interagindo por meio de um ambiente virtual de aprendizagem
configura-se como um sistema complexo? Responderemos a essa questão
mais adiante nesse capítulo. Antes, é essencial discutirmos conceitos ligados
à Complexidade e à Emergência, para que se prepare o cenário teórico no qual
a tese (e a resposta às perguntas) se insere.
Dando prosseguimento à discussão sobre Complexidade, é relevante
explorarmos a questão a fim de dar suporte à adoção da perspectiva complexa
na pesquisa. Mais do que uma opção metodológica, observar a constituição e
a manutenção de grupos de aprendizagem em meio virtual sob a ótica do
pensamento complexo tem se mostrado imprescindível, uma vez que inúmeros
fatores interpessoais ou externos (características e ferramentas do ambiente
virtual, faixa etária dos colegas, grau de autonomia do curso, etc.) e
36
intrapessoais ou internos (conhecimento prévio, motivação, aspectos
emocionais, etc.), sem falar na forma como as duas classes de fatores podem
se entrelaçar, aparecem com forte influência no processo educacional, fato que
vai contra os três pilares do pensamento clássico, a saber, a Ordem, a
Separabilidade e a Razão, como destaca Morin (2000) quando faz referência
ao pensamento de Popper e Godel. A adoção de teorias da Complexidade
como uma alternativa ao pensamento clássico – do qual a “Lingüística Aplicada
dominante”, citada por Larsen-Freeman (1997) como “limitada”, está mais
próxima – vem dar ao pesquisador uma maneira diferente de observar um
fenômeno educacional e tentar entendê-lo. Em vez de simplesmente tentar
comprovar algo, buscamos no diálogo teórico proposto desafiar a teoria,
tentando “falseá-la”, avançando, assim, a ciência. Mais ainda, recorrer ao
pensamento complexo nos permite investigar os dados empíricos, sem o seu
descarte conseqüente caso não se encaixem na teoria clássica existente,
desqualificando-os juntamente com a prática que os gerou. No pensamento
complexo, não há “compartimentos” a serem preenchidos ou ordem a ser
estabelecida: o que há são fenômenos que se relacionam ou não se
relacionam e que podem ser compreendidos em sua integração.
No mesmo sentido nosso e de Popper está o texto A teoria geral dos
sistemas na Educação: a produção de generalistas científicos, do biólogo
Ludwig Von Bertalanffy (1973), na obra Teoria geral dos sistemas. Nesse
trabalho, o autor afirma que a ciência avançou notavelmente nos mais variados
campos – Física, Biologia, Medicina – atendendo à necessidade teórica
clássica de verticalização dos estudos. No entanto, no campo da Educação,
das “ciências sociais e do comportamento” como ele próprio coloca, a
humanidade não avançou no mesmo grau. Em nossa perspectiva, o resultado
é que sabemos muito de tudo, mas pouco sobre nós mesmos, ou como o
“todo” está ligado ao indivíduo. Bertalanffy ainda pondera que temos controle
das forças físicas e das forças biológicas, mas não sabemos como controlar as
forças sociais. Para que se possa controlar ou, pelo menos, compreender as
forças sociais a favor da humanidade, ele aponta para o caminho da formação
dos “generalistas científicos” e do desenvolvimento de “princípios básicos
interdisciplinares”. Percebe-se nesse relato de parte do pensamento de
37
Bertalanffy que é pertinente – e por que não dizer, necessário – tratar
cientificamente a Educação como uma rede, em um plano de horizontalização,
buscando a união e o diálogo das verticalidades. Assim, não há como observar
evento tão complexo como é o da Educação tendo como ponto de partida
somente os três pilares da ciência clássica.
Retomando o tratamento da limitação dos três pilares da ciência clássica
para a pesquisa em Educação, além do que coloca Bertalanffy, em relação à
Ordem, ainda que possa haver um “fio condutor” representado por um plano de
curso ou um conjunto de atividades, a construção de conhecimento sobre
elaboração de materiais em um curso totalmente a distância em ambiente
virtual não ocorre de modo linear. Os participantes lançam mão de recursos
variados, como consulta aos fóruns, comentários em portfólios, leitura de textos
online (sem falar em recursos pessoais fora do ambiente de curso), com
freqüência e seqüência aleatória. Não há como prever que, seguindo os
passos X, Y e Z, o aluno “aprenderá”. A aprendizagem – de modo geral – não
acompanha uma ordem, uma seqüência de passos pré-estabelecidos e que se
encaixa em todo e qualquer contexto educacional. A inexistência de uma
organização pré-determinada (ou, a existência da auto-organização),
juntamente com a imprevisibilidade, é talvez o argumento que mais refute o
pilar de Ordem da ciência clássica.
No que tange ao pilar da Separabilidade, também não nos parece
possível observar com precisão o fenômeno da aprendizagem a partir do
isolamento de suas partes. Conforme já destacado anteriormente, há inúmeros
fatores que podem atuar e influir em processos interacionais como o de
aprendizagem. Não há como isolar, por exemplo, uma determinada sala de
aula (virtual ou presencial), observá-la e tirar conclusões universais sobre o
estabelecimento da interação e a aprendizagem, ignorando fatores contextuais
e externos, ou características da individualidade dos aprendizes. Em nosso
caso de pesquisa, assim como (e porque) há vários fatores em jogo (como os
participantes manifestam-se nos fóruns, com que colegas e/ou professores ele
interage, que atitudes decorrem da sua interação, qual a experiência prévia do
participante com a tecnologia em uso e como essa questão afeta suas ações
no curso, etc.) atuando de forma imprevisível, não é possível separá-los para
38
chegar a conclusões. Ao contrário, é no contato de tais fatores que
pretendemos encontrar respostas para nossas questões de pesquisa. Outro
detalhe importante, também levantado por Morin (2000, p.200), é o fato da
interferência do observador com sua observação, o que também inviabiliza a
questão da Separabilidade. Essa inviabilidade se torna mais patente na área
da pesquisa em Educação, uma vez que o investigador é também, muitas
vezes, o professor – sujeito atuante (e, portanto, implicado) no processo sob
investigação. Esse é nosso caso na presente pesquisa.
Já no que diz respeito à Razão absoluta, Morin (op. cit.) traz de Karl
Popper
16
o questionamento da lógica indutivo-dedutivo-identitária, a qual busca
eliminar as contradições e, por meio dela, chegar a leis gerais a partir de
exemplos particulares. Embora Popper reconheça o valor heurístico dessa
lógica, o autor não reconhece seu valor como prova absoluta. Popper (1973)
não considera como ciência conclusões construídas a partir da eliminação
“daquilo que não se encaixa”, a fim de confirmar constructos teóricos. Para o
filósofo, a ciência se constrói no embate das proposições científicas existentes
com o campo empírico, e nesse quadro, todos os elementos que participam da
prática que é foco na pesquisa precisam ser considerados, não eliminados.
Acreditamos que tal reflexão de Popper é estreitamente ligada à aprendizagem
de línguas e à formação e à manutenção de grupos interativos, pois, em
primeiro lugar, tratando de um evento de interação humana, não é possível
compreendê-lo separando fatores que não existem isoladamente e que
exercem influência uns sobre os outros. Não há como tratar com fidelidade o
evento educacional interativo separando, por exemplo, o indivíduo do grupo no
qual ele se insere. Não há como analisar a interação do indivíduo sem
observar com quem ele interage; em segundo lugar, e ligado à questão
anterior, ainda que fosse possível separar o indivíduo do seu meio e analisá-lo,
devido às diferenças individuais, não há como “aplicarmos” as conclusões
sobre uma individualidade em outra individualidade. Mesmo que passemos a
observar um grupo e possamos fazer algumas generalizações, que podem ser
16
O filósofo Karl Popper (1902-1994) desenvolveu boa parte de seu trabalho sobre filosofia
política e social e é conhecido pelo questionamento que faz a respeito da lógica indutivo-
dedudtivo-identitária do método científico clássico por meio do conceito de falseabilidade
empírica. Desenvolvida por Popper nos anos 30, a falseabilidade seria utilizada para separar
aquilo que é ciência daquilo que não é.
39
obtidas a partir da observação de um conjunto de alunos e professores,
agrupados e regidos pelo que chamaremos de configuração sócio-sistêmico-
contextual exclusiva e particular – termo que lançaremos mão aqui para
englobar aspectos referentes às individualidades (valores, conhecimento
prévio, motivação), às interações entre os sujeitos, à forma como as interações
constituem espaços de troca, às ferramentas/recursos disponíveis e/ou
utilizados, dentre outros aspectos sociais, sistêmicos e contextuais que
influenciam o processo de formação/manutenção/funcionamento/dissolução de
determinado grupo – provavelmente não serão válidas em sua totalidade
quando transferidas para um outro grupo. Nosso ponto aqui é defender a
posição de que a pesquisa na Educação – seja ela na área específica de
Lingüística Aplicada, seja na área mais ampla – é uma “ciência de exceção”, ou
seja, uma ciência que trabalha constantemente na falseabilidade das
conclusões, em virtude do “material” que é seu foco de pesquisa. Logo, sendo
uma “ciência de exceção” não é possível compreender seu desenvolvimento a
partir de uma lógica indutivo-dedutivo-identitária.
No entanto, é importante destacar que, ao longo do texto de Morin, surge
a idéia de “combinação dialógica”. Segundo o autor, o Pensamento Complexo
não propõe que a inseparabilidade substitua a Separabilidade, tampouco
sugere que a lógica indutivo-dedutivo-identitária seja abandonada. Ao
contrário, o pensamento complexo apóia a “combinação dialógica” entre os três
pilares da ciência clássica e a desordem, inseparabilidade e transgressão da
lógica indutivo-dedutivo-identitária, como revelam os trechos a seguir:
O pensamento complexo não substitui a separabilidade pela
inseparabilidade – ele convoca uma dialógica que utiliza o
separável mas o insere na inseparabilidade (MORIN, 2000,
p.200).
O pensamento complexo convoca não ao abandono dessa
lógica [indutivo-dedutivo-identitária], mas a uma combinação
dialógica entre a sua utilização, segmento por segmento, e a
sua transgressão nos buracos negros onde ela pára de ser
operacional (MORIN, 2000, p.201).
Ou seja, o pensamento complexo não vem para negar a ciência clássica,
mas para complementá-la, lidar com os “buracos negros” e incluir elementos
40
até então desconsiderados (como a desordem, a imprevisibilidade, as
alterações sistêmicas), mas os quais exercem muita influência nas conclusões.
Em outras palavras, em vez de eliminar aspectos que colocam as conclusões
em cheque, o pensamento complexo propõe que se os assimile. Percebemos
na obra de Morin (2000) que essa proposta de assimilação surgiu a partir do
desenvolvimento das ciências contemporâneas, as quais abalaram os três
pilares da ciência clássica:
Assim, como conduzir-se num universo onde a ordem não é
absoluta, ou a separabilidade é limitada, onde a lógica
comporta buracos?
Esse é o problema com o qual se defronta o pensamento da
complexidade (MORIN, 2000, p.201)
O autor coloca como uma das “vias de acesso” as “três teorias”, surgidas
nos anos 40: a teoria da informação, a cibernética e a teoria dos sistemas. A
teoria da informação seria “uma ferramenta para o tratamento da incerteza, da
surpresa, do inesperado”. Ela transita entre a ordem e a desordem, retirando
desse diálogo a informação. A cibernética, de Wiener (1970), por sua vez, é
uma “teoria das máquinas autônomas”. Dela desponta o conceito fundamental
de retroação, o qual vai contra o princípio da causalidade linear, introduzindo a
idéia do círculo causal. Ou seja, os eventos não ocorrem exclusivamente pela
ação de um elemento A sobre o outro B em uma seqüência fixa e determinada,
mas há igualmente a reação de um elemento B sobre o A, estabelecendo um
ciclo que se repete. Desse fenômeno de troca entre causa e efeito, surge a
“regulação”, elemento que dá autonomia ao sistema no qual os movimentos de
ação e reação acontecem. Na verdade, os próprios movimentos constituem a
“regulação”. Já a teoria geral dos sistemas, de Bertalanffy (1973), surgiu em
contraponto à ciência que buscava “explicar fenômenos observáveis reduzindo-
os à interação de unidades elementares investigáveis independentemente
umas das outras”. Tentando lidar com problemas decorrentes da interação
dinâmica de elementos, os quais apresentavam comportamentos diferenciados
quando estavam isolados e em uma configuração superior, Bertalanffy
apresenta a teoria que visa à compreensão dos comportamentos sistêmicos,
não importando se o sistema é de natureza biológica, física ou social. O fato
41
que merece destaque aqui é que o autor considera a teoria geral dos sistemas
uma teoria da “totalidade”.
Em nossa pesquisa, há características ligadas às “três teorias”, fato que
confirma o caráter complexo que é (e precisa ser) adotado na investigação que
desenvolvemos. É o espaço entre a ordem de um plano de atividades
propostas e a desordem da forma que as interações ocorrem que nos
interessa, é onde serão buscadas as informações sobre como os indivíduos
estruturam o sistema para a construção de conhecimento. Associada ao
espaço entre ordem e desordem está a análise dos movimentos de ação e
reação entre os participantes, na busca de perceber o que emerge das
retroações e o que, ao mesmo tempo, as alimenta, servindo de energia para o
sistema que é a comunidade virtual de aprendizagem. Todos os dados que
emergem dessa análise precisam ser observados conjuntamente, em
associação, uma vez que fazem parte de um mesmo sistema e se afetam
mutuamente.
Outro autor que questiona os princípios da ciência clássica é Ilya
Prigogine, juntamente com Isabelle Stengers (1997). Martins (2002) faz uma
aproximação com Prigogine em sua dissertação de mestrado Perspectivas e
Sentidos na Interação Virtual em Rede Telemática, trazendo a proposta de três
exigências mínimas dos referidos autores “para se pensar uma evolução
autêntica, capaz de explicar a nossa própria existência” (MARTINS, 2002,23): a
irreversibilidade, o acontecimento e a coerência. Tais exigências não
bastariam individualmente para esclarecer os fenômenos da existência
humana, mas no contato das três seria possível a perspectiva que destoa do
modo clássico de observação de eventos. Segundo Prigogine (apud Martins,
2002) a irreversibilidade configuraria o rompimento da “simetria entre o antes e
o depois”, enquanto o acontecimento representaria a “idéia de possíveis”:
“Um acontecimento não pode, por definição, ser deduzido de
uma lei determinista: ele implica, de uma maneira ou de outra,
que o que aconteceu “teria podido” não acontecer; remete,
portanto, a possíveis que nenhum saber pode reduzir”.
(MARTINS, 2002, p.23)
42
Podemos perceber no trecho a ligação entre aquilo defendido por
Prigogine e os argumentos de Morin no questionamento dos pilares
separabilidade, razão e ordem da ciência clássica. Há implicitamente a
negação da linearidade como forma de compreensão dos fenômenos da vida,
dos acontecimentos, uma vez que tudo está conectado, interligado, inclusive
aquilo que “não aconteceu”.
No que diz respeito à coerência, ela seria o sentido que decorre das
relações entre acontecimentos “capazes de transformar o sentido da evolução
que eles escondem” (MARTINS, 2002). Como podemos depreender do trecho
a seguir, essas três exigências são de suma importância na compreensão dos
fatos e eventos e vão em direção diferente daquela da perspectiva clássica de
ciência, conforme apontam Prigogine e Stengers:
Compreender uma história é não reduzi-la nem a regularidades
subjacentes, nem a um caos de acontecimentos arbitrários, é
compreender ao mesmo tempo coerências e acontecimentos:
as coerências
enquanto podem resistir aos acontecimentos,
destiná-los à insignificância, ou, pelo contrário, enquanto
podem ser destruídas ou modificadas por alguns deles; os
acontecimentos enquanto podem ou não provocar novas
possibilidades de história. (PRIGOGINE & STENGERS, 1992,
p. 52)
Além de Morin, Prigogine e Stengers, outro autor que contribui com nosso
trabalho e trata especificamente da Emergência é Steven Johnson. Em
Emergência – a dinâmica de rede em formigas, cérebros, cidades e softwares
(2003), Johnson trata do modo de organização de um dos sistemas
mencionados por Bertalanffy, o sistema biológico de insetos sociais, como as
formigas e os cupins. O autor destaca que, embora dotados de habilidades
cognitivas mínimas em comparação às dos humanos, esses insetos se
perpetuam século após século, garantindo sua sobrevivência por meio da alta
organização. Tal organização se estabelece graças ao alto grau de interação
entre os elementos daquela comunidade, e o “combustível” dessa interação
são feromônios que os insetos espalham por trilhas e espaços, servindo como
sinalização do caminho para a comida, por exemplo. No entanto, por
sabermos que vários outros elementos estão em jogo no processo interativo
humano (estrutura cognitiva mais complexa e o que dela pode derivar, como
43
por exemplo, as emoções), tomamos o funcionamento das colônias de
formigas e cupins apenas como ponto de partida. Temos consciência de que a
vida em grupo em nossa sociedade objetiva outras metas além da
sobrevivência. Nossa posição encontra suporte também na teoria geral dos
sistemas, quando Bertalanffy defende a visão do homem como indivíduo.
Embora declare que a teoria dos sistemas pode evidenciar o que há em
comum entre a sociedade humana e outras organizações, o autor aponta que é
possível também observar o que faz o comportamento humano ser
diferenciado e único. Diz Bertalanffy (1973)
“Os valores reais da humanidade não são aqueles que ela tem
de comum com as entidades biológicas, a função de um
organismo ou de uma comunidade de animais, mas os que
derivam do espírito individual. A sociedade humana não é uma
comunidade de formigas ou térmites, governada por instintos
herdados e controlada pelas leis da totalidade superior. A
sociedade é baseada nas realizações do indivíduo e está
condenada se o indivíduo for transformado em uma roda
dentada da máquina social.” (BERTALANFFY, 1973, p.80-81)
Portanto, a citação de Bertalanffy acolhe nosso ponto de vista em relação
à constituição e à manutenção de grupos coesos: pensamos que a coesão
advém dos indivíduos e de suas ações, da interação interpessoal e daquilo que
dela pode derivar. O grupo só existe porque há ações individuais que levam à
sua constituição.
No início do capítulo, esclarecemos a questão sobre o uso dos termos
“sistema complexo” e “sistema emergente” como intercambiáveis em nossa
proposta e deixamos dois questionamentos em aberto: “o que é um sistema
complexo? Como um grupo de professores interagindo por meio de um
ambiente virtual de aprendizagem configura-se como um sistema complexo?
Apresentaremos a seguir como são definidos os sistemas complexos e como
vemos as características desses sistemas nos grupos que observamos, o que,
na nossa ótica, permite que pensemos essas organizações como sistemas
complexos.
O primeiro ponto é a definição de “sistema”. De acordo com Bertalanffy,
“um sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interação”
(1973, p. 84) e distintos em função do número de elementos, da espécie de
44
elementos e das relações dos elementos. Nesse sentido, complexos de
número e espécie podem ser compreendidos, segundo Bertalanffy, como a
soma de seus constituintes isoladamente e possuem, portanto, características
somativas. Tais características são aquelas que não sofrem alteração,
permanecendo exatamente como são, tanto quando os elementos estão fora
quanto dentro do sistema. Já no que diz respeito aos sistemas distintos pelas
relações dos elementos, as interações, juntamente com as características dos
elementos, são fundamentais para que possamos compreendê-lo. Nesse tipo
de complexo, as características são constitutivas, as quais “dependem das
relações específicas no interior do complexo”. É no tipo de sistema que se
distingue pelas relações entre os seus elementos que ancoramos nossa
atenção, uma vez que é aquele que se aproxima das características do grupo
em ambiente virtual de aprendizagem, conforme argumentaremos mais adiante
no capítulo.
Bertalanffy (op. cit.) também refere-se à mesma idéia que Morin,
Maturana e outros usaram, anos depois, quando trataram dos sistemas da
Complexidade – “o todo é mais que a soma das partes” – para declarar que as
características constitutivas de um sistema são aquelas que não podemos
explicar a partir da análise de cada elemento separadamente. Em consonância
com essa forma de definir “sistema”, Morin, Johnson e outros autores (LEWIN,
1994; LARSEN-FREEMAN, 1997; PAIVA, 2004) apresentam outras
características de sistemas complexos.
Primeiramente, sistemas complexos não se estabelecem pela simples
existência de seus elementos, mas pelas interações entre eles, como também
afirma Bertalanffy quando fala do terceiro tipo de sistema. Os sistemas
complexos configuram-se como sistemas abertos, ou seja, trocam conteúdo
com o ambiente externo, não ficando restritos aos seus elementos em
interação. Por serem abertos, os sistemas complexos também são sensíveis a
fatores externos, os quais podem causar perturbações que levam à
reestruturação do sistema, ou por “inversão”, ou por “reciprocidade”. Essa
característica permite que o sistema esteja em processo constante de
alimentação, seja pela retroação e regulação decorrentes da atividade dos
elementos, seja pela influência de fatores que não fazem parte do sistema.
45
Esse processo de “alimentação constante”, tanto pelos fatores externos,
quanto pelas ações dos elementos sistêmicos, leva à auto-organização. O
sistema complexo, embora baseado em regras simples – ou, nos termos de
Johnson (2003), regras de baixo nível – desenvolve um comportamento único,
um comportamento que emerge das interações e que determina o modo de
ação desse sistema, até que haja outras influências, que gerarão nova
retroação e regulação, as quais desencadeiam novo processo de auto-
organização (poderíamos dizer, inclusive, que a auto-organização consiste da
retroação e da regulação), podendo gerar um novo comportamento sistêmico.
No entanto, todo o processo de auto-organização é imprevisível assim
como são as interações, tanto em seu conteúdo, quanto em sua freqüência,
direção ou quantidade. Essa imprevisibilidade é outra característica dos
sistemas complexos, bem como a não-linearidade: as ações dos elementos
não respeitam nenhuma ordem pré-estabelecida. As duas características
podem ser ilustradas pelo exemplo de ciclones. Sabemos que tais fenômenos
são formados a partir da instabilidade do ar e da pressão atmosférica. Uma
massa de ar quente se eleva, favorecendo a formação de nuvens e chuva. No
entanto, não há como prever – com confiável precisão – quando e em que local
ele irá ocorrer. Ainda, a dissipação da energia do fenômeno não ocorre de
forma linear. É freqüente, no acompanhamento de um ciclone, vermos a
previsão de sua direção e força ser contrariada. Ou seja, há inúmeros fatores
em jogo que tornam o ciclone um evento de comportamento imprevisível e não-
linear.
O ciclone ainda poderia ilustrar outra característica dos sistemas
complexos: eles são sensíveis às condições iniciais, isto é, a força e a
intensidade da massa de ar quente, em associação com o grau da alteração na
pressão atmosférica – dentre outros fatores – vão determinar o comportamento
do ciclone, que será, inevitavelmente, diferente de outro.
Também mencionamos anteriormente as regras de baixo nível e é
importante informar que elas também são características dos sistemas
complexos. É a partir delas que o sistema funciona, são essas regras que
orientam todas as ações dos elementos sistêmicos. Tais regras podem ser
exemplificadas em um sistema complexo biológico como o das formigas ou
46
cupins. A “liberação de feromônios como forma de comunicação” é um
procedimento básico do sistema “formigueiro”. A partir dessa ação primária,
são desencadeadas as (inter)ações que mantêm a colônia “viva”.
3.2.1. Um grupo em ambiente virtual de aprendizagem como um
sistema complexo
Aproximando os conceitos e características da Emergência e da
Complexidade ao nosso foco de pesquisa, acreditamos que é possível
considerar grupos que se mantêm coesos em um curso desenvolvido em um
ambiente virtual de aprendizagem como sistemas complexos em função de os
primeiros apresentarem os mesmos comportamentos dos últimos.
Respondendo à segunda pergunta que apresentamos no início do capítulo
“Como um grupo de professores interagindo por meio de um ambiente virtual
de aprendizagem configura-se como um sistema complexo?”, passaremos a
destacar que comportamentos os grupos que são foco de nosso trabalho
investigativo têm, os quais permitem sua classificação como sistemas
emergentes.
Dando início à identificação dos grupos como sistemas complexos,
recapitulamos as seguintes características:
sistemas complexos são abertos e sensíveis a fatores externos;
são auto-organizáveis;
têm comportamento imprevisível e não-linear;
são sensíveis às condições iniciais;
são regidos por regras de baixo nível.
Os grupos que observamos são abertos porque recebem input do
ambiente externo, na forma, por exemplo, de questões pessoais extracurso que
atingem os participantes, problemas técnicos, burocráticos e/ou institucionais,
sem falar na história de cada indivíduo, dentre outros aspectos, os quais
podem exercer influência nas ações dentro do ambiente virtual de
aprendizagem. As ações dos participantes não se isolam das influências do
47
mundo em volta ao contexto do AVA, do qual os indivíduos não somente são
oriundos, mas também trazem herança. A fronteira do AVA não é sólida como
muralhas de um forte, mas permeável como a membrana de uma célula, que
permite a entrada e a saída de informações as quais alimentam e regulam o
organismo.
Os grupos em AVA também são auto-organizáveis na medida em que os
participantes, embora estruturados inicialmente por um plano de curso e por
eventuais limitações em relação à variedade de ferramentas disponíveis,
modificam as estruturas, criam/alteram movimentos interacionais, exploram os
limites do ambiente por meio de suas ações, as quais organizam o próprio
curso. Tal comportamento ilustra aquilo que Bertalanffy aponta quando diz que
os elementos criam sua própria estrutura social.
As mesmas ações que levam à auto-organizacão revelam o caráter
imprevisível e não linear do grupo em AVA. A freqüência das manifestações de
dado participante não pode ser prevista, em virtude da influência de uma série
de fatores que podem entrar em cena. Embora possa ser dito que, uma vez
que há uma atividade a ser desenvolvida e disponibilizada em determinada
seção do ambiente, é possível prever que uma ação nesse sentido acontecerá,
não há a possibilidade de indicar quando ela ocorrerá, se ela realmente
ocorrerá e se será executada completamente. É igualmente válido dizer que,
ainda que se destinem certos espaços para determinadas ações,
freqüentemente é notável a utilização de outros espaços para a interação.
Também é imprevisível o fluxo de interação – quais participantes farão contato
entre si e qual a freqüência, duração ou conteúdo desse contato – como
também é imprevisível a mudança e a multiplicidade de fluxos. Da mesma
forma, os papéis que cada aluno assume (mais ou menos autônomo, ou mais
ou menos ativo, por exemplo), não são previsíveis.
A questão dos fluxos também traz para a discussão o traço não-linear dos
grupos em AVA: as ações não seguem um roteiro fechado – ainda que exista
um plano de curso que põe as atividades em uma ordem. Participantes
desenvolvem as atividades de acordo com fatores individuais e, por isso,
imprevisíveis, como por exemplo, disponibilidade de tempo. Vimos que, em
várias ocasiões, determinados alunos realizavam várias tarefas ao mesmo
48
tempo, ora adiantando tarefas do plano, ora pondo em dia tarefas passadas.
Também vale ressaltar que alunos que em dado momento avançavam
atividades, em outros períodos do curso retomavam uma atitude menos
“acelerada”, da mesma forma que indivíduos que inicialmente haviam deixado
acumular algumas atividades, em outros períodos adiantavam-se nas semanas
a frente no curso.
Os grupos em AVA que observamos também se assemelham com
sistemas complexos por serem sensíveis às condições iniciais. Consideramos
“condições iniciais” as atividades previstas e acessíveis na Agenda do
ambiente. Elas determinam as ações dos indivíduos no curso. Também são
condições iniciais a dinâmica de curso, texto disponível no ambiente e que dá
orientações iniciais sobre o trabalho previsto (número de horas recomendadas
semanalmente para o desenvolvimento das atividades, características do
curso, dentre outras informações), e a primeira mensagem postada no primeiro
fórum aberto, a qual complementa as orientações sobre o período de dez
semanas de trabalho dentro do ambiente. Também podemos considerar
condições iniciais o próprio perfil de cada participante, uma vez que as
características individuais reagem de maneira imprevisível entre si e dão base
para todos os movimentos que se desenrolam durante o andamento do curso.
Algumas das condições iniciais também podem ser consideradas como as
regras de baixo nível que sustentam o sistema inicialmente. O plano de curso
e todas as atividades previstas estabelecem o campo das ações e as regras
básicas para a atuação dos participantes. Pontuando algumas dessas regras,
podemos referir ao período de curso, os objetivos iniciais, a modalidade
(totalmente a distância), as ferramentas disponíveis no ambiente e a estrutura
de elementos (a maioria das edições apresentou a estrutura professores-tutor-
alunos, enquanto uma utilizou a organização professores-alunos). As regras
de baixo nível são de extrema relevância porque são elas que dão as
condições para a emergência dos comportamentos que poderão configurar o
sistema como complexo. É claro que as interações têm suma importância para
a manutenção e organização do sistema, mas a gênese do grupo está nas
regras de baixo nível. Nesse mesmo sentido, é importante destacar que
49
também observaremos até que ponto as interações podem modificar ou gerar
novas regras de baixo nível.
Ainda podemos referir ao trabalho de Edgar Morin, quando o autor trata
da Emergência sob a ótica de uma teoria complexa na discussão presente em
o problema epistemológico da complexidade (1984). Assim fala o autor sobre
sistemas emergentes:
“um todo emerge a partir de elementos constitutivos que
interagem, e o todo organizador que se constituiu retroage
sobre as partes que o constituem. Esta retroação faz com que
estas partes só possam funcionar graças ao todo.” (MORIN,
1984, p.23)
Se tomarmos o grupo como o “todo que emerge” e que tem influência
sobre as partes que o constituem (alunos e professores) por meio da retroação,
nos parece possível ver, no referido trecho, o fenômeno da interação entre
alunos, professores, ambiente de aprendizagem (seja ele real ou virtual) e
demais elementos que fazem parte direta ou indiretamente do momento
educacional.
Ainda sobre a Emergência dos grupos em análise como sistemas
complexos, a pesquisa encontra um caminho abordado por Axt (1999), no
artigo Linguagem e Telemática: tecnologias para inventar-construir
conhecimento,. A autora coloca como um dos problemas a serem enfrentados
“como - a partir das condições estruturais iniciais e falta das
CDs e ao mesmo tempo de contínua mobilidade do dito na
comunicação telemática - explicar a possibilidade de
construção de formas (estruturas) estáveis de conhecimento;
ou, por outra, como a partir de um modelo comunicacional que
aparentemente contribui para a desordem e crescente
desorganização emerge uma rede de significações organizada,
compondo uma estrutura conceitual integrada em totalidades
sistêmicas?” (AXT, 1999)
Embora haja um ensaio reflexivo para responder a essa questão,
apontando para a influência da tecnologia da linguagem telemática na
constituição de sujeitos de conhecimento, pretendemos avançar na discussão
quando temos o objetivo de analisar a referida “linguagem telemática” em ação
– representada em parte, na nossa compreensão, pelas trocas interindividuais
50
no AVA – vendo como as relações interativas e o seu conteúdo têm influência
na origem e na manutenção dos sistemas complexos.
Também cabe aqui a referência ao trabalho de doutoramento de
Parreiras (2005), no qual o autor – igualmente motivado pela pesquisa de
Larsen-Freeman (1997) e Paiva (2004) – confirma o pressuposto de que “os
fluxos das interações que ocorreram nos espaços interativos que compuseram
os ambientes digitais observados [na sua pesquisa] estabeleceram redes
interacionais que os caracterizaram como sistemas complexos” (p. 208).
Parreiras investigou o fluxo de interação entre integrantes de dois grupos (de
50 e 47 indivíduos) durante uma disciplina
17
de um curso de graduação em
Letras/Inglês. Com seu trabalho de investigação, o autor vai no mesmo sentido
da perspectiva que vê traços da Complexidade permeando a aprendizagem de
língua estrangeira (LE) – e a construção de conhecimento como um todo – e
com o qual concordamos e baseamos a atividade investigativa desse trabalho.
Porém, com o nosso pressuposto seguimos o caminho da Complexidade e
avançamos a questão, primeiramente, vendo o grupo de alunos e professores
como um sistema complexo, e, paralelamente, observando o que origina e
mantém tal sistema.
Embora a observação empírica alimente nosso pressuposto
18
de
pesquisa, a iniciativa de observar quais aspectos contribuem para a formação e
a manutenção de um sistema emergente tem origem não somente na própria
observação empírica, mas também na crítica ao uso da Emergência como
forma de explicação científica acerca de fenômenos até então observados sob
a ótica da ciência clássica. Por ser a Emergência uma perspectiva
investigativa relativamente nova, não há consenso sobre quais
comportamentos podem/devem ser considerados emergentes. Se
consultarmos o termo na enciclopédia livre Wikipedia, por exemplo,
encontraremos a declaração de que “nomear um fenômeno como emergente é
17
A disciplina era chamada “Tópicos especiais em prática de ensino – abordagem
comunicativa” do curso de graduação em Letras / Inglês na UFMG, durante o primeiro
semestre letivo de 2003.
18
A interação social, aspecto necessário para a aprendizagem, se estabelece e persiste
quando os aprendizes constituem um sistema complexo, que por sua vez é originado e
sustentado pelo benefício recíproco que tais aprendizes encontram na relação interativa”.
51
muitas vezes usado pela falta de outra explicação melhor
19
”. As pesquisas na
área de línguas estrangeiras (LE) que se aproximam de uma perspectiva
complexa e as quais observamos até então (Larsen-Freeman, 1997; Paiva,
2004; Parreiras, 2005) percebem pontos de contato entre as duas áreas e
fazem contribuições importantes, abrindo e apontando caminhos possíveis para
um olhar complexo na aprendizagem de LE e na formação de professores de
LE, seja em ambiente virtual ou presencial. No entanto, os trabalhos pouco
avançam ou rumam em uma outra direção que não a nossa, que foca na
gênese e na manutenção de grupos em AVA quando configuram-se como
sistemas complexos.
Assim, faz-se necessário em grupos voltados para a formação de
professores de línguas em formação ou em serviço sobre a questão pontual da
elaboração de materiais para aprendizagem em meio telemático verificar o que
os mantém, o que fomenta a interação que vai concorrer para a construção de
conhecimento. Nossa hipótese é a de que o elemento piagetano benefício
recíproco é responsável por fomentar as trocas. No entanto, devido à
amplitude do termo, é preciso delinear, definir o que é benefício recíproco e
quais são as bases que sustentam sua proposição por Piaget em Estudos
Sociológicos (1973).
3.3. Teoria das trocas de valores qualitativos
20
3.3.1. Introdução
Quando se apresenta o pressuposto de que a interação social, aspecto
necessário para a aprendizagem, se estabelece e persiste quando os
aprendizes constituem um sistema complexo, que por sua vez é originado e
19
O termo “Emergência” e o trecho utilizado podem ser encontrados em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Emerg%C3%AAncia.
20
É importante lembrar que o contato com o trabalho de Piaget sobre as trocas aconteceu
graças ao prof. Dr. Antônio Carlos da Rocha Costa, co-orientador nesse trabalho. A disciplina
ministrada por Rocha Costa serviu como base inicial de nossa pesquisa, pois trouxe à
discussão as semelhanças e diferenças entre a teoria piagetiana e outros constructos que têm
foco investigativo diferenciado.
52
sustentado pelo benefício recíproco que tais aprendizes encontram na relação
interativa, faz necessário abordar com mais cuidado as questões da
Emergência e do benefício recíproco. A primeira, por tratar do ambiente, do
contexto que propicia as interações que podem levar à construção do
conhecimento. A segunda por ser o “combustível” que move o surgimento
desse contexto e sua posterior manutenção. Dessa forma, esse capítulo é
voltado primordialmente ao termo benefício recíproco, que advém da obra
piagetiana Estudos Sociológicos (1973). Dentro da discussão sobre trocas
qualitativas há questões que emergem e que precisam ser esclarecidas, a fim
de deixar claro quais são as bases que sustentam o pressuposto e a pesquisa
como um todo, quando referimos a termos como benefício recíproco, valores e
trocas.
Assim, esse capítulo apresentará um breve histórico sobre o tema das
trocas, referindo ao trabalho de Martins (2005). Na seqüência, a fim de
enriquecer o debate sobre valores e benefício recíproco, trataremos da reflexão
feita por Estrázulas (2004), passando pelo conceito de sustentação solidária e
outros aspectos relacionados. Por fim, apresentaremos como estabelecemos
ligação entre aquilo que é discutido por Martins e Estrázulas, apresentando as
implicações dessa relação conceitual como um dos referenciais teóricos que
sustentam nossa pesquisa.
3.3.2. Teoria das Trocas Sociais, Teoria da Escolha Racional e a
opção por Piaget
O termo benefício recíproco refere-se a vantagens que indivíduos
recebem em relações interativas, mantendo grau de satisfação semelhante
para todos os participantes da troca. É importante salientar que isso não
significa que todos os integrantes da relação dão e recebem a mesma
quantidade e/ou os mesmos “elementos de satisfação”, mas todos resultam
satisfeitos ao final das trocas. Aliás, “quantidade” não é um termo familiar ao
benefício recíproco, pelo fato de sua gênese estar nas trocas qualitativas
conforme a teoria piagetiana. Para Piaget, o benefício recíproco surge quando
53
o grupo é estável, uma vez que a estabilidade “é uma condição de
enriquecimento mútuo dos indivíduos” (PIAGET, 1973,132), os quais se
reconhecem como co-valorizantes, ou seja, indivíduos que trocam seus valores
segundo uma escala comum. Lembramos, no entanto, que a estabilidade é
temporária e é construída na instabilidade inicial da relação entre indivíduos em
situação de troca.
Outro fato que merece destaque na discussão é a referência ao
“enriquecimento” e a conseqüente necessidade de esclarecer que “valor” é
esse. Em virtude de nosso contexto contemporâneo, temos a tendência de
ligar “valor” a aspectos materiais e econômicos. Mais ainda, se olharmos para
trás, veremos que, há muito tempo, teorias como o Utilitarismo e outras que
dela derivam vêm explorando a idéia de “lucro” para todos os integrantes como
condição para o funcionamento harmônico de um grupo ou sociedade.
Na tentativa de esclarecer a questão, faremos referência à tese de
doutoramento de Ademir Martins – EccoLogos: Editor Web para Criação
Coletiva de Documentos (MARTINS, 2005). Em seu trabalho o autor visita
teorias que tratam da questão das trocas, dos valores e da forma pela qual
grupos e sociedades se organizam, como: a teoria das trocas sociais, de
George Homans – que lança mão da psicologia comportamentalista e de
conceitos econômicos para demonstrar o comportamento social – e de Peter
Blau – que concentra sua teoria social em conceitos de normas, obrigações,
confiança e reciprocidade; a teoria da escolha racional, a qual tem como um
dos seus principais autores James Coleman; e a própria teoria das trocas de
valores qualitativos, de Jean Piaget. Todas tratam da questão das trocas e da
participação dos indivíduos em grupos/sociedades. O que torna o trabalho útil
para nossa pesquisa é o fato de Martins fazer um acompanhamento histórico
do modo como tais teorias e idéias evoluíram ao longo do tempo, passando
pelos pontos em que os ideários se tocam, bem como pelos aspectos nos
quais diferem. Podemos adiantar que, em um primeiro momento, tais
constructos teóricos parecem ter muitas semelhanças. No entanto, Martins
apresenta aspectos de cada um para justificar sua maior afinidade com o
trabalho de Piaget, pois em sua ótica a teoria piagetiana tem mais ligação com
“aspectos presentes na Educação”, especialmente a EaD.
54
Com raízes no pensamento utilitarista do sociólogo, economista e filósofo
italiano Pareto
21
, segundo Martins (2005, 60-1), a Teoria da Escolha Racional
é desenvolvimento de uma teoria social, preponderantemente
de pensadores norte-americanos desde a década de 60, que
se propõe a explicar o comportamento social e político partindo
do pressuposto de que as pessoas, dentro das possíveis ações
em uma dada situação, escolhem racionalmente aquelas que
maximizam as chances de atingirem seus objetivos de modo
satisfatório, ao mesmo tempo em que buscam minimizar os
custos envolvidos. (MARTINS, 2005, 60-1)
No caso da Teoria da Escolha Racional, consideramos problemático,
juntamente com Martins (2005) e Baert (2006), o seu foco, a saber, a formação
e a manutenção das organizações, dos grupos, em detrimento dos indivíduos
que compõem tais grupamentos. Acreditamos que o ponto central não sejam
os grupos, mas seus integrantes, os quais continuam suas jornadas além das
organizações, participam concomitantemente de grupos sociais variados, com
comportamentos diferentes (ou não) em cada um deles. Esse questionamento
tem ligação direta com os sistemas complexos se levarmos em consideração o
pensamento de Bertalanffy, já referido anteriormente, que declara que embora
haja semelhanças entre sistemas sociais e sistemas biológicos, o que importa
é o modo como as individualidades interferem na constituição e no
funcionamento dos sistemas que envolvem o ser humano. Mais ainda,
principalmente quando se trata de Educação, a ação do indivíduo é capital para
a aprendizagem, mesmo que ele se organize em um grupo (que pode ser uma
sala de aula, a escola, a família, o grupo de amigos). Nos parece que a Teoria
da Escolha Racional apresenta um faux pas fundamental quando estabelece
seu foco, pois o apresenta na contramão, quando dá a entender que o
indivíduo é secundário em relação ao grupo. Conforme discutido na seção
sobre “Emergência” nesse mesmo capítulo e também quando revisamos o
estado da arte, há indícios bastante fortes de que o funcionamento dos grupos
em AVA é semelhante ao dos sistemas complexos, permitindo que os
21
Vilfredo Federico Damaso Pareto (1848-1923) desenvolveu o método conhecido como
“Ótimo de Pareto”, que afirma que uma situação econômica é ótima se não for possível
melhorar a situação de um agente sem degradar a situação de qualquer outro agente
econômico. Um “Ótimo de Pareto” não tem necessariamente um aspecto socialmente benéfico
ou aceitável.
55
consideremos e analisemos como tais. E uma vez considerados sistemas
complexos, não há como relegar os indivíduos e suas (inter)ações a um
segundo plano.
Além da questão do foco, alguns de seus pressupostos básicos, conforme
Turner (1991, p.354 apud MARTINS, 2005, p.67) são um tanto discutíveis:
a. Os seres humanos são intencionais e orientados a objetivos;
b. Os seres humanos têm conjuntos de preferências ou utilidades
ordenados hierarquicamente;
c. Ao escolher linhas de comportamento, os seres humanos realizam
cálculos racionais com respeito à utilidade das linhas de conduta
alternativas com referência a hierarquia de preferências, aos custos de
cada alternativa em termos de utilidades previamente determinadas,·e
ao melhor caminho para maximizar a utilidade;
d. Os fenômenos sociais emergentes – estruturas sociais, decisões
coletivas e comportamento coletivo – são em última instância o
resultado de escolhas racionais realizadas por maximizações
individuais de utilidade;
e. Os fenômenos sociais emergentes que surgem de escolhas racionais
constituem um conjunto de parâmetros para subseqüentes escolhas
racionais de indivíduos, de forma que eles determinam a distribuição
de recursos entre os indivíduos, a distribuição de oportunidades para
várias linhas de comportamento, a distribuição e a natureza das
normas e obrigações em uma situação.
Embora pudéssemos contestar empiricamente a intencionalidade e a
objetividade dos seres humanos da forma que são colocadas por Turner,
juntamente com a hierarquização de conjuntos de utilidades e preferências,
uma vez que o componente emocional – o qual exerce considerável influência
nas decisões humanas – é descartado, os pressupostos que interessam
particularmente a esta tese são aqueles tratados em (d) e (e), por discutirem
termo familiar ao nosso trabalho – a Emergência. Declarar que fenômenos
sociais emergentes “são em última instância o resultado de escolhas racionais
realizadas por maximizações individuais de utilidade” é minimizar a
complexidade do próprio fenômeno. Em primeiro lugar, é preciso deixar claro
56
que não negamos a existência de “escolhas racionais”. Ao contrário,
acreditamos que elas existam, principalmente se levarmos em conta o que diz
Piaget quando trata das razões funcionais da tomada de consciência e defende
que ela nem sempre surge exclusivamente a partir de inadaptações. Embora
essa discussão específica não nos interesse no momento, há uma idéia
relevante para o que debatemos nesse trecho:
“(...) sempre que o sujeito se propõe alcançar um novo objetivo,
este é consciente
22
, ocorrendo êxito imediato ou após
tentativas variadas; não se poderia, entretanto, sustentar que a
escolha (ou mesmo a aceitação por sugestão) de um novo
objetivo é necessariamente o indício de uma inadaptação”.
(PIAGET, 1977, p. 198)
Concordamos com Piaget em relação ao fato de as escolhas serem
conscientes. Não concordamos, entretanto, com a ótica da Teoria da Escolha
Racional de que todas as escolhas são produtos de “maximizações individuais
de utilidade”. Há fatores de ordem afetiva e social, por exemplo, que interferem
e levam a escolhas igualmente conscientes. Temos percebido no campo
empírico que indivíduos “desviam” dos seus objetivos para dar suporte a outros
membros de sua comunidade, seja ela virtual ou presencial, e essas ações em
prol de seus pares têm influência positiva na manutenção dos grupos sociais
educativos dos quais participam.
A segunda questão a ser discutida no que tange à afirmação de Turner
sobre a origem dos fenômenos sociais emergentes está ligada à
desconsideração do caráter complexo de tais fenômenos. A afirmação de
Turner coloca, em nossa leitura, o fracasso na formação e na manutenção de
grupos no campo da impossibilidade, bastando que os indivíduos envolvidos
desejem o sucesso da sociedade da qual participam, seja ela uma cidade, seja
um curso de aprendizagem em meio telemático. Por ser a Emergência um
conceito ligado ao paradigma do pensamento complexo, o qual propõe a
expansão dos limites da Ciência Clássica – indo além dos pilares da Ordem, da
Separabilidade e da Razão – autores sustentam que, embora apoiado em
regras básicas (as chamadas regras de baixo nível), sistemas emergentes são
22
Grifo meu.
57
entidades complexas e se formam regidos pelo princípio da imprevisibilidade.
Dados empíricos nos mostram que muitas vezes há o desejo de que as trocas
em um grupo aconteçam, mas, por uma série de fatores – que passam por
dificuldade de comunicação interpessoal, conhecimento prévio dos integrantes,
habilidade na utilização de determinado recurso/ferramenta (real ou virtual) –
as interações não se desenvolvem ou ficam limitadas e/ou
descontextualizadas, não gerando proveito para os integrantes e fadando o
grupo ao fim. Além disso, ainda que considerássemos as escolhas dos
indivíduos conforme Turner as apresenta, continuaríamos tendo presente a
questão complexa da imprevisibilidade, uma vez que o efeito combinatório de
tais escolhas não poderia ser previsto. Há inúmeros tipos de grupos dos quais
poderíamos lançar mão para exemplificar a questão, como cidades,
organizações, grupos de alunos e professores. Portanto, não nos parece
possível considerar os fenômenos sociais emergentes da forma que Turner faz
em seu pressuposto.
No mesmo sentido segue a discussão sobre o pressuposto (e), que trata
do conjunto de parâmetros que surgem das escolhas racionais. A afirmação de
Turner também ignora o princípio da imprevisibilidade das interações entre
elementos de um grupo, principalmente quando esses elementos são seres
dotados de capacidade cognitiva desenvolvida. Mesmo que “os fenômenos
sociais emergentes que surgem de escolhas racionais” constituam um conjunto
de parâmetros, não há como afirmar que tal conjunto servirá para determinar
novas escolhas racionais de indivíduos, levando a conseqüências previamente
vislumbradas.
Entendemos que essa visão determinística de Turner e da Teoria da
Escolha Racional se justifica em função do foco das discussões desse ideário,
o qual está voltado para a formação e a manutenção das sociedades e dos
grupos. No entanto, há a desconsideração não somente da imprevisibilidade
das relações interativas, mas também, e principalmente, dos elementos que
constituem os grupamentos. Aliás, grande parcela da imprevisibilidade se
deve às características dos elementos agrupados: os seres humanos são
dotados de razão, ao mesmo tempo em que tomam decisões levados por
sensações como raiva, amor, preguiça, vaidade, solidariedade, sem trazer à
58
tona questões “externas”, como contexto sócio-cultural, tempo e outros. Ainda
que se possa afirmar que a formação de grupos depende de ações dos
indivíduos, não nos parece possível assegurar que os grupos estabelecem uma
“lógica” que servirá de padrão para novas relações interativas com traços
semelhantes.
Tal padronização e réplica não é possível mesmo que se tenha os
mesmos integrantes e com os mesmos objetivos. A lógica que emerge no
grupo é apenas aplicável àquele sistema, àquela configuração sócio-sistêmico-
contextual, e ainda assim, ela tem como traço principal a instabilidade. Sendo
o sistema complexo aberto, sensível a fatores externos e a feedback, o padrão
de funcionamento pode mudar a qualquer instante. O padrão que pode vir a se
formar pode não ser (e provavelmente não será) perene, dependendo que
apenas um indivíduo decida modificar o seu próprio “padrão” de ação. Por ser
instável, talvez não seja “lógica” o termo mais adequado para tratar dos
comportamentos sistêmicos, mas sim “tendência”. A “tendência” que as
interações apresentam revelam apenas “possíveis”, mas não prescrevem como
será o desenvolvimento das ações dos indivíduos no grupo. Logo, reforçamos
que aquilo que nos interessa é a formação e a manutenção de grupos, mas
com os olhos voltados para os indivíduos constituintes e suas ações, e as
tendências que delas derivam. Acreditamos que a análise das (inter)ações
pode revelar o que os participantes buscam, encontram, descartam, valorizam
e doam, fomentando as interações e o grupo ou, por outro lado, decretando o
seu fim.
Outro autor referencial na Teoria da Escolha Racional, Coleman se
aproxima da questão da imprevisibilidade quando coloca que “conseqüências
não intencionais” podem decorrer das ações direcionadas a fins. No entanto,
segundo o autor, que se apóia firmemente no seu conceito de capital social
23
,
23
Nas obras de Coleman que consultamos e em trabalhos que o referenciam, entendemos
que o capital social constitui-se como “recursos”, “entidades”, dos quais indivíduos de
determinado grupo podem dispor quando atuam dentro desse grupo. “Si empezamos con una
teoría de la acción racional, en la que cada actor tiene control sobre ciertos recursos y sucesos,
entonces el capital social constituye un tipo particular de recurso disponible para un actor
(COLEMAN, 1988 apud MILLÁN & GORDON, 2004, 717). “El capital social se define por su
función. No es una sola entidad, sino una variedad de distintas entidades que tienen dos
características en común: todas consisten de algún aspecto de una estructura social y facilitan
59
toda a ação é racional e direcionada a algum fim, que é, em última instância, a
maximização dos benefícios, dentro de uma perspectiva sobre o contexto (de
estrutura) social que contempla obrigações e expectativas, as quais dão (maior
ou menor) confiabilidade das estruturas (i.e., a estrutura se mantém a partir da
premissa, ou da expectativa, de que as obrigações serão pagas).
Questionamos não somente a questão das “conseqüências não intencionais”
por relegar a um plano menor a imprevisibilidade existente em toda e qualquer
relação e que, portanto, precisa ser considerada por uma outra ótica, mas
principalmente a posição de Coleman em relação às trocas interindividuais e às
organizações sociais que delas derivam, que as vê como “uma competição por
recursos, entre aqueles que têm e aqueles que procuram recursos”. Não
podemos negar que as organizações sociais das quais participamos
cotidianamente (o local de trabalho, a relação consumidor-vendedor, a política)
reproduzem a lógica da “competição por recursos”, que é peculiar dentro de um
contexto macro-social capitalista. A própria escola, como já apontava Althusser
(1987), é aparelho ideológico do Estado, encarregada de reproduzir as
relações materiais e sociais da produção, e como tal, vai também dar espaço
para a lógica da “competição por recursos” que pode imperar além dos muros
escolares.
No entanto, temos visto em diversas práticas e grupos – diretamente
relacionados ou não com a Educação – espaço para ações que escapam da
competição. O trabalho de doutoramento de Estrázulas (2004), acerca da
Rede JOVEMPAZ, o qual será referenciado mais adiante no presente capítulo
é exemplo de ações de trocas interindividuais voltadas à solidariedade. No
mesmo sentido, os dados que coletamos nos cursos que são objeto de nossa
pesquisa mostraram o espaço para ações solidárias, em vez de (inter)ações
movidas pela intenção de receber algo em troca. Mais ainda, as ações
solidárias parecem ter servido como suporte para o estabelecimento e
manutenção do grupo, contrariando aquilo que preconiza a Teoria da Escolha
Racional. Poderíamos também trazer para ilustrar a limitação de tais teorias
quando tratamos das trocas sociais em Educação a questão do professor,
ciertas acciones de los individuos que están dentro de la estructura” (COLEMAN, 1990, 302
apud MILLÁN & GORDON, 2004, 717)
60
participante do grupo social “sala de aula”. Tomando como ponto de partida a
premissa tradicional de que “o professor tem mais conhecimento do que os
alunos”, de acordo com as teorias da Escolha Racional e das Trocas Sociais,
não haveria razão para que houvesse um movimento interativo dele em relação
aos alunos. No entanto, vemos o professor promover e participar das ações do
grupo “sala de aula” não somente no papel de “detentor do poder e ditador das
regras”, mas também atuando na natureza da sua ação, interagindo pela oferta
de oportunidade e de orientação sem esperar “lucro” em retorno.
A partir do que discutimos até aqui, pontuando aspectos relevantes na
visita que Martins (2005) fez sobre teorias que tratam da interação em grupos
ao longo do tempo, acreditamos ter argumentado a favor da escolha teórica
que fizemos por Piaget em nosso trabalho investigativo. Além das
incongruências de foco e limitações dos arcabouços teóricos dos quais
tratamos, concordamos com Martins quando ele aponta que a teoria de Piaget
é mais coerente com todo o seu próprio pensamento epistemológico, enquanto
o próprio Homans, para dar um exemplo, critica o caráter descritivo do
componente sociológico de sua teoria e revela a falta de “proposições sociais
universais”. No que tange à teoria da escolha racional, Martins critica o fato de
seus autores desconsiderarem outros aspectos do ser humano, limitando as
pessoas a seres especulativos em busca de satisfação. Esse pode ser o ponto
que resume toda a problemática da teoria da escolha racional e da teoria das
trocas sociais e a prevalência da teoria piagetiana das trocas em relação a
elas, e que nos leva à inevitável opção teórico-metodológica: o fato de que a
Educação envolve o ser humano em suas mais variadas feições no momento
de aprendizagem. Portanto, para dar conta de um fenômeno com tantas
variáveis igualmente importantes vemos como essencial a adoção de um
constructo teórico que tenha contato amplo com paradigmas como o da
Complexidade e da Emergência, os quais não seriam considerados caso fosse
adotada uma perspectiva cartesiana clássica, baseada em conceitos como
Separabilidade e Ordem
24
.
24
Como aponta Morin (2000), a ciência clássica se apóia em três pilares: o da Separabilidade,
da Ordem e da Razão.
61
A seguir, trataremos um pouco mais do conceito proposto por Estrázulas
(2004) – a sustentação solidária – e de outros conceitos relacionados, a fim de
estabelecer e delimitar o campo que estaremos observando na pesquisa, bem
como a perspectiva sob a qual analisaremos os dados coletados.
3.3.3. Benefício Recíproco e Sustentação Solidária: derivações da
teoria piagetiana sobre trocas de valores qualitativos
A Teoria das trocas de valores qualitativos, de Jean Piaget, dentro da
obra Estudos sociológicos (1973), é referência de suporte no trabalho, pois
permite que o pesquisador tenha um olhar mais focado na forma como
acontecem as interações, o que as fomenta, como perduram ou como acabam.
A partir do texto de Piaget, podemos tentar observar como os grupos se
estabelecem, como se sustentam e porque se desfazem a partir de uma
perspectiva que não limita os indivíduos, conforme concluímos na seção
anterior, a meros “seres especulativos em busca de satisfação”. Conceitos
como benefício recíproco aparecem como chave da análise.
Devido à relevância de tais conceitos em nosso trabalho, é essencial
destacar que “valor” para Piaget nada tem a ver com o uso “econômico” do
termo. O autor destaca que o termo “trata-se simplesmente de relações
qualificadas diretamente percebidas pela consciência dos indivíduos” (1973,
p.124), e defende a natureza subjetiva da avaliação das trocas qualitativas
contrapondo com o valor econômico (quantitativo) atribuído a elementos (o
exemplo usado é o de uma pedra preciosa) e indicando que tal atribuição é
meramente convencional. Ainda, Estrázulas (2004, p.185) coloca que os
“valores econômicos se submetem a uma métrica e são, portanto,
quantitativos”, ao passo que os valores sociais, por não seguirem nenhuma
metrificação, são qualitativos. Baseado nessa diferença, deixamos claro que o
termo “qualitativo” é o mais adequado para tratarmos de valor na presente
proposta investigativa, uma vez que os valores envolvidos nas trocas dos
indivíduos do grupo são sociais e, portanto, não submetidos a nenhuma
métrica. Mais adiante, no capítulo da metodologia, voltaremos à questão
62
qualitativa, tratando então da abordagem na pesquisa em Educação. Feita a
observação, fundamental para esclarecer que não pretendemos dar enfoque
quantitativo e econômico à pesquisa, vamos tratar da questão dos valores
sociais e da razão pela qual eles são relevantes em nossa proposta de
pesquisa.
Os valores sociais têm sua importância no trabalho porque são eles que
circulam entre os participantes do grupo nas interações, ou seja, os valores
estão no conteúdo das trocas. Logo, são eles que podem dar origem e manter
o sistema complexo que é o grupo. Quando demonstramos que os grupos em
AVA podem ser considerados sistemas complexos porque esses têm as
mesmas características daqueles, colocamos que são as interações
decorrentes dos comportamentos dos indivíduos que fazem com que o sistema
emerja. Sendo assim, por extensão, podemos dizer que o grupo surge a partir
do indivíduo, deixando claro que os sistemas aos quais nos referimos não
possuem características somativas e, portanto, não representam simplesmente
um “conjunto de pessoas”. Também colocamos, quando trouxemos o
pensamento de Bertalanffy sobre a diferença entre sistemas complexos físicos
e sistemas complexos humanos, que os indivíduos são mais importantes do
que o sistema, pois o último existe (ou não) em função dos primeiros.
Podemos trazer também a idéia de Maraschin & Axt (1998) sobre
“conhecimento”
“O conhecimento é aquilo que fazemos com a informação. É o
sentido que lhe damos, é como a combinamos. Conhecimento
é relação. É ação, exercício, atividade, movimento, redes,
conexões.’ (MARASCHIN & AXT, 1998)
Essas idéias sobre o tipo de sistema complexo que observamos e sobre o
conhecimento são essenciais porque revelam a importância de analisarmos o
conteúdo das interações como meio de perceber como e porque a rede de
conexões sistêmicas se estabelece, pois, uma vez instaurado, o sistema dá as
condições para que aconteça a construção do conhecimento. Mais uma vez,
vemos que a interação não é somente a base para o sistema, mas o fim
procurado, porque é, ao mesmo tempo, fomento para o funcionamento do
grupo e condição para que o conhecimento seja construído.
63
Entretanto, sabemos que, embora todas as manifestações de dado
participante são carregadas de valores sociais, nem todos os valores podem
fomentar as interações e, por conseqüência, em nossa hipótese, a emergência
do sistema complexo. Há componentes específicos que surgem somente no
contato interativo das trocas de valores sociais e que podem desencadear o
processo de emergência sistêmica. Tais componentes estão identificados na
presente proposta no termo piagetiano benefício recíproco, do qual trataremos
a seguir. É esperado que a análise dos valores sociais presentes nos
movimentos interacionais em busca de elementos que podem constituir-se
como benefício recíproco vá, pois, permitir que se entenda como acontece a
passagem do individual para o grupo.
Do que trata o benefício recíproco? O benefício recíproco trata da dupla
valorização (v) das ações de um indivíduo para com outro dentro da relação
interativa. As ações de cada um produzem efeito positivo, satisfação (s), para
o outro indivíduo em maior grau do que o custo para produzir a ação. Em
outras palavras, diz-se que os indivíduos encontram-se em situação de co-
valorização.
O autor ainda destaca que, para que tal relação ocorra, os indivíduos
precisam compartilhar uma escala comum de valores, a qual é essencial para
que as trocas não ocorram ao acaso (1973, p.131). Piaget aponta que tais
escalas estão presentes em todas as comunidades que se formam, desde
pequenos grupos até organizações internacionais e nações. O autor diz
Existem escalas políticas, por exemplo, e toda “ideologia” pode
ser considerada a este respeito como sistema de conceitos,
cuja função real é servir de expressão aos valores, que o
sistema pretende justificar de modo racional, mas que fornece
simplesmente a escala sob uma forma simbólica. É assim que
um regime democrático reconhecerá como valores essenciais a
dignidade da pessoa humana, a liberdade de pensamento, o
respeito da opinião pública, etc. (...) Há, por outro lado, as
escalas religiosas, cuja expressão simbólica é fornecida pelo
sistema de dogmas, mas que ultrapassam largamente este
quadro ideológico (...). Há, em compensação, grande número
de escalas estéticas, literárias, etc., que se sucedem mais ou
menos rapidamente ou interferem de diversas maneiras. (1973,
p.131)
64
O que podemos depreender do trecho é que o que varia em cada escala
é, obviamente, os valores que a compõem e, a partir da nossa leitura, que são
sensíveis ao contexto no qual o grupo se estabelece. Tal conclusão nos
permite supor que alunos de um curso, voltado a professores (em serviço ou
em formação) de língua estrangeira, por meio de um ambiente virtual de
aprendizagem constituam uma escala de valores particular, que pode incluir
aspectos ligados à Educação e a aprendizagem de LE, além de questões de
cunho pessoal, como crenças, bagagem cultural, motivação, acesso e
familiaridade com recursos/ferramentas necessárias ao desenvolvimento da
atividade, tempo, entre outras.
Vale notar que, com base no que foi colocado até aqui sobre benefício
recíproco e escala de valores, desponta como tarefa no processo investigativo
o levantamento de expectativas sobre a aprendizagem de modo geral, sobre a
aprendizagem em meio telemático, sobre as interações aluno-aluno e aluno-
professor, dos objetivos da aprendizagem, sobre os papéis que professores e
alunos devem desempenhar em um curso a distância via Internet, autonomia
25
,
entre outros aspectos relevantes que podem surgir durante a pesquisa, os
quais podem configurar-se como tendências e poderão auxiliar na constituição
da escala de valores do grupo, além de revelar, em maior ou menor grau, a
concepção de Educação de cada aluno-professor.
Outro aspecto importante para a pesquisa são as possibilidades
apresentadas por Piaget para as interações dentro de uma classe de co-
valorizantes. A primeira é a do próprio benefício recíproco, que surge quando o
grupo é estável, uma vez que a estabilidade “é uma condição de
enriquecimento mútuo dos indivíduos” (PIAGET, 1973, p.132) – sempre tendo
em mente a ressalva de que os valores envolvidos no processo de
enriquecimento mútuo são qualitativos e não submetidos à metrificação. A
relação pode ser vista na soma algébrica das trocas abaixo:
(rA < sA) + (sA = tA) + (tA = vA) = (vA > rA)
26
25
Os aspectos aqui apontados e outros são rastreados em questionário de pesquisa
preenchido pelos alunos e cruzados com dados referentes à participação dos indivíduos no
curso. O questionário constitui parte dos anexos da proposta de tese.
26
A = classe de indivíduos; r = ação; s = satisfação; t = dívida; v = valorização
65
Estrázulas (2004, p.196) também aborda o termo
27
e ressalta que o
benefício recíproco produz necessariamente desequilíbrio nas trocas, uma vez
que a satisfação de um indivíduo resulta maior do que o esforço despendido
por outro na relação interindividual. A partir do que coloca a autora, iríamos
mais longe e afirmaríamos que o desequilíbrio não só é produzido, como
desejado, imprescindível para que o benefício recíproco exista. Estrázulas
frisa, entretanto, que a situação de desequilíbrio é temporária, uma vez que são
geradas valorizações mútuas entre os indivíduos envolvidos na relação
interativa, em função da reciprocidade, estabelecendo novamente as
equivalências (o equilíbrio).
A outra possibilidade é a da desvalorização recíproca, representada pela
soma algébrica
(rA > sA) + (sA = tA) + (tA = vA) = (vA < rA)
Aqui, a coletividade, segundo o autor, “não é viável e não representa
senão um elo artificial sobrevivendo a seu período de vida real” (PIAGET, 1973,
p.132). Em Estrázulas (2004, p.201), a autora coloca que a desvalorização
recíproca se manifesta como relações que acontecem exclusivamente por
obrigação ou conveniência. Estrázulas declara que “tendo em vista que as
trocas se estabelecem sem satisfações de parte a parte, [as trocas] viabilizam-
se em função de artificialidades e condutas interessadas” (op. cit., p.201). É
interessante notar que percebemos uma ligação entre a desvalorização
recíproca e teorias como a Teoria das Trocas Sociais e a Teoria da Escolha
Racional, sobre as quais discutimos na seção anterior, concluindo que não
seguíamos suas linhas que apontam para a busca de lucro como motivação
principal para a incursão dos indivíduos em relações de trocas interpessoais.
Em nossa hipótese, a partir do que dizem Piaget e Estrázulas, e levando as
colocações para nossa experiência em aprendizagem em meio telemático, é
quando há a desvalorização recíproca que acontecem a evasão e a falência
27
No trabalho de Estrázulas, benefício recíproco é referenciado como valorização recíproca.
66
dos grupos
28
, caso uma reformulação das ações não seja feita pelos
participantes do grupo.
A terceira possibilidade trazida por Piaget em Estudos Sociológicos (1973)
é a do equilíbrio exato, na qual ação e satisfação são equivalentes (rA = vA).
Nesse caso, o grupo se mantém enquanto valores concorrentes não são
sobrepostos à coletividade, causando desequilíbrio. O equilíbrio exato pode
ser representado pela soma
(rA = sA) + (sA = tA) + (tA = vA) = (rA = vA)
No entanto, segundo o próprio Piaget, nada é mais instável do que o
equilíbrio nas trocas de valores qualitativos. Estrázulas (op. cit., p.203) justifica
a posição piagetiana quando lembra da degradação constante dos valores
conquistados, juntamente ao fato de que “satisfações a respeito de algo podem
se tornar insatisfações a qualquer momento”, dada a inconstância,
efemeridade, a “inquatificabilidade” dos valores envolvidos nesse tipo de troca,
em comparação a valores econômicos, por exemplo. Em suma, para Piaget e
Estrázulas, o equilíbrio nas trocas trata-se de um equilíbrio dinâmico.
Piaget faz a ressalva de que há outras possibilidades que podem ser
derivadas das relações, e é o que ele faz quando na mesma obra trata das
interações entre duas coletividades. Embora reconheçamos a relevância dos
desdobramentos, não os incluiremos em nosso trabalho por tratarmos apenas
das interações dentro de um mesmo grupo. Ainda, cabe a nossa observação
de que as três possibilidades descritas anteriormente não são perenes nem
estáticas: elas se mantêm da forma que estão até que ações diferentes
desequilibrem a presente situação. É no surgimento dessas ações
imprevisíveis e que produzem o desequilíbrio que se justifica nosso outro ramo
28
Em um outro grupo de aprendizagem em meio telemático, com foco no desenvolvimento da
habilidade de leitura em inglês como língua estrangeira (LE), nos pareceu haver tal
configuração e o grupo evadiu poucas semanas após o inicio do curso. Embora tenha havido a
tentativa de resgate por parte do professor, tanto dentro quanto fora do ambiente virtual, os
indivíduos não interagiram, não buscaram/ofereceram/aceitaram auxílio. Apenas uma aluna de
um grupo de 25 participantes realizou todas as atividades e concluiu o curso. A análise desse
fenômeno precisa ser aprofundada, mas parece ser um exemplo de desvalorização recíproca.
67
de referência teórica: os sistemas complexos, da qual tratamos anteriormente
no capítulo.
Também é importante tratar da aproximação feita por Estrázulas no que
diz respeito aos desequilíbrios. A autora percebe em seu trabalho investigativo
duas situações de crise: a do desequilíbrio sem ruptura da escala de valores e
a do desequilíbrio com ruptura da escala de valores. Em relação à primeira,
ela se caracteriza quando a demanda de necessidades de um co-valorizante
não é satisfeita pelos serviços de outro. Porém , como alerta Estrázulas, nesse
caso não há ruptura da escala – e a conseqüente desvalorização recíproca –
porque as avaliações que geram tais crises têm suporte em valores comuns.
Sobre o desequilíbrio com ruptura de escala, há também a insatisfação das
demandas, no entanto, ela se configura permanente em função do acúmulo da
perda dos créditos capitalizados, trazendo como conseqüência a
impossibilidade de haver novas trocas com base na escala de valores original.
Trazendo essa questão dos desequilíbrios para nossa pesquisa, em uma
primeira análise, não foi detectada a segunda possibilidade. As manifestações
que porventura poderiam caracterizar desequilíbrio quando na análise mais
profunda parecem não ser reflexo de ruptura de escala de valores.
Colocamos anteriormente no presente capítulo que Piaget declara que o
benefício recíproco surge a partir de uma condição primaz – o reconhecimento
mútuo dos integrantes de um grupo como co-valorizantes, ou seja, indivíduos
que conduzem suas trocas a partir de uma escala comum de valores. No
entanto, seguindo a previsão de Piaget sobre as possibilidades de derivação
das relações que apresenta, Estrázulas (2004) percebe a necessidade de
contemplar outros elementos nas relações de troca qualitativa, os quais
juntamente com ação, satisfação, dívida e valorização ampliam o escopo de
abrangência da teoria das trocas qualitativas e explicam outras nuances das
relações de interação, como aquelas em que há trocas sem haver benefício
para todos os envolvidos. É nesse momento que se faz pertinente a discussão
sobre o termo sustentação solidária.
Iniciando, cabe aqui introduzir a definição de sustentação solidária,
conforme apresentada por Estrázulas (2004, p.252):
68
A sustentação solidária consiste numa concentração
espontânea de esforços de caráter desinteressado em trocas
interindividuais que visam dar suporte ao processo de construir
e manter uma ordem funcional e estrutural num sistema aberto,
durante os sucessivos estados de equilíbrio-desequilíbrio-
reequilíbrio que caracterizam um processo de complexificação,
ou auto-organização sistêmica.
Vale colocar que Piaget (1931/1998, p.76 apud Estrázulas, 2004, p. 22)
defende que a solidariedade não surge na obediência comum a uma regra
externa, mas na colaboração na constituição de uma regra comum. Estrázulas
traz a idéia de ciclo solidário, que se estabelece quando “o equilíbrio de
sucessivas trocas interindividuais é garantido (por que [sic] sustentado) pelo
parceiro recíproco” (Estrázulas, 2004, p.252) uma vez que um dos parceiros
pode ainda não estar agindo de acordo com a reciprocidade moral e intelectual.
A partir do conceito de ciclo solidário, vemos que tal colaboração acontece
no(s) momento(s) nos quais um integrante “X” de determinado grupo abre mão
– de certa forma – de suas necessidades, valores e objetivos primários, para
adotar a escala de valores de outro integrante “Y”, que coloca as ações de “X”
em um nível de desvalorização ou não-valorização. O “abrir mão” de seus
valores em um determinado momento e adotar a escala de valor de “Y” pode
ser visto como a “constituição da regra comum” apontada por Piaget. No
entanto, esse abandono dos valores de “X” precisa ser discutido, uma vez que,
no nosso entendimento, ele não ocorre com um fim de mera simplificação das
interações, mas com vistas à adequação das ações a partir do reconhecimento
da necessidade de suporte ao indivíduo “Y” por parte de “X”, para que o
primeiro vença barreiras e chegue ao patamar já alcançado pelo segundo. Ou
seja, os participantes não interagem porque há a regra externa, mas porque há
o reconhecimento da necessidade de um par, há o “colocar-se no lugar do
outro”, e há, conseqüentemente, comportamentos que derivam dessas ações,
estimulando a continuidade ou o cessar das interações.
Ainda, como coloca Estrázulas, conhecer o seu espaço e o do outro
permite que haja reciprocidade, troca de papéis, levando à compreensão
daquilo que fomenta a lógica das relações (Estrázulas, 2004, p.36). Alcançado
o patamar do indivíduo inicialmente recíproco e não-valorizado “X”, ou,
69
conforme a autora, havendo o reconhecimento moral (Rm)
29
do indivíduo não
recíproco “Y” em relação às ações desinteressadas
30
de “X”, é possível o
estabelecimento do ciclo cooperativo, com ações recíprocas de parte a parte.
O reconhecimento moral de “Y” que decorre das trocas em um ciclo solidário é
o primeiro passo para que ele aja de acordo com a escala de valores de “X” e
para que se estabeleça, conseqüentemente, um ciclo cooperativo com
reciprocidade mútua entre parceiros. Ou seja, em um grupo onde há
desequilíbrio de reciprocidade, somente após um ciclo solidário, segundo a
pesquisadora, é que o ciclo cooperativo acontece.
Se o objetivo dos participantes é aprender a elaborar materiais para
aprendizagem de línguas por meio de um sistema de autoria, quais benefícios
provêm da interação com outros aprendizes? Como o grupo busca
constantemente equilíbrio na interação entre os alunos? O que cada aluno dá
para essa busca de equilíbrio e que contribui para a manutenção do grupo?
Tentaremos responder a essas e outras questões analisando os dados
coletados sob a luz do referencial teórico aqui descrito, envolvendo
especialmente a teoria das trocas de valores qualitativos e teoria geral dos
sistemas.
3.3.4. Considerações
Por meio das questões que trouxemos à discussão neste capítulo,
buscamos, em primeiro lugar, deixar clara a razão pela qual optamos pela
adoção da teoria das trocas qualitativas de Piaget para tratar das interações
ocorridas no curso que observamos na pesquisa, em detrimento de outras
teorias que também tratam de grupos sociais de troca, como a teoria das trocas
sociais (tanto no viés de Homans, quanto no de Blau) e a teoria da escolha
29
Para o acompanhamento pelo leitor, o termo reconhecimento moral (Rm) se refere à dívida
de um indivíduo não-reciproco (a’) para com um indivíduo recíproco não-valorizado (a),
decorrente do reconhecimento do caráter desinteressado das ações de (a).
30
Pela referência da autora ao termo em seu trabalho, nos parece que ações desinteressadas
seriam aquelas que não visam ao recebimento de uma recompensa, de um benefício, em
contrapartida. Se há a expectativa de recebimento de algum valor em troca, ele não parece ser
esperado imediatamente após esse tipo de ação.
70
racional (de James Coleman). Em função de seu traço menos quantitativo, do
seu foco no indivíduo, da abertura para a consideração de fatores ligados à
imprevisibilidade e à complexidade característicos da Educação, da
aprendizagem e, de forma mais ampla, das trocas interpessoais, a teoria
piagetiana permite ao pesquisador nesse contexto de pesquisa contemplar
aspectos que têm influência na formação e manutenção dos grupos e os quais
seriam obrigatoriamente descartados. O fato de as teorias de Homans, Blau e
Coleman terem ligação com os pilares da Separabilidade, Razão e Ordem,
oriundos da ciência clássica – ligação que fica evidente quando observamos
seu foco e seus pressupostos – limitaria nosso horizonte de análise e,
conseqüentemente, nossas conclusões (que por natureza já sofrem a limitação
da visão do professor e pesquisador). Em suma, a adoção de tais referências
teóricas seria, no mínimo, inadequada à área que se pretende observar, como
se o astrônomo usasse a lupa para observar as estrelas. A teoria piagetiana,
pelo seu foco e raízes epistemológicas ligados às teorias da Complexidade,
aparece como uma “ferramenta” mais adequada para dar sustentação ao
trabalho investigativo ao qual nos propomos.
No entanto, precisávamos de uma ampliação dos conceitos benefício
recíproco, desvalorização recíproca e equilíbrio exato, para dar conta de
situações de troca nas quais elementos de um mesmo grupo inicialmente não
interagem, mas que, pela ação de determinados indivíduos, tais grupos são
mantidos. Nesse sentido, faz-se relevante a referência ao trabalho de Mônica
Estrázulas (2004) em sua tese de doutoramento, de onde resgatamos o
conceito sustentação solidária, tratando das ações desinteressadas que podem
fomentar ciclos solidários, os quais por sua vez desencadeiam ciclos
cooperativos, promovendo a troca interpessoal e mantendo o grupo.
Ter em mente o que é definido aqui como benefício recíproco e
sustentação solidária, bem como os conceitos afins, será significativo para
compreender o papel de tais elementos na origem e na sustentação de um
sistema emergente em comunidades virtuais de aprendizagem.
Ao passo que a teoria piagetiana nos permite tratar das interações e seu
conteúdo, tentando verificar o que mantém o grupo coeso, o aporte teórico
relativo aos sistemas complexos aparece como relevante para analisarmos o
71
funcionamento dos grupos em AVA, como eles se estruturam e se modificam
em função dos indivíduos. É preciso observar que outros aspectos, além do
conteúdo das interações, influenciam a emergência e a manutenção do grupo.
Os elementos do curso e do ambiente apontados como correspondentes às
características dos sistemas complexos – como regras de baixo nível,
condições iniciais, fatores externos – precisam ser investigados, para que
tenhamos uma visão mais abrangente do fenômeno da coesão de um grupo no
contexto de pesquisa. Acreditamos que as conclusões às quais podemos
chegar têm bases mais confiáveis quando desenvolvemos a análise a partir da
intersecção das teorias do que se decidíssemos observar os grupos sob uma
única ótica. Embora trate de grupos, a teoria piagetiana deixa espaços no que
diz respeito à influência de outros fatores na emergência sistêmica e à
estrutura e funcionamento dos sistemas, ou mesmo em relação aos elementos
específicos da escala de valores, ainda que Piaget aponte para um caminho
complexo. As teorias dos sistemas complexos contribuem para explicarmos
como a estrutura de um grupo coeso emerge e se mantém, permitindo que
agreguemos os elementos estruturais com o conteúdo das interações que nele
acontecem e que alimentam seu funcionamento.
72
4. METODOLOGIA
4.1. Bases da proposta metodológica
Tendo em vista o que foi apresentado nos capítulos anteriores,
principalmente no que diz respeito ao problema, às questões e aos objetivos
geral e específicos de pesquisa (capítulo 1) e à fundamentação teórica
(capítulo 2 e 3), trataremos nessa seção dos procedimentos metodológicos
previstos para a investigação proposta.
Por tratarmos a aprendizagem e a interação interindividual em AVAs
como eventos complexos e imprevisíveis, envolvendo alunos e professor-
pesquisador em uma rede de interações, buscou-se suporte em um método
que pudesse dar conta de um fenômeno social com tais peculiaridades. Nossa
pesquisa tem caráter qualitativo, conforme as cinco características trazidas por
Bogdan & Biklen (1994), a saber:
1. Na investigação qualitativa a fonte direta dos dados é o ambiente
natural, constituindo o investigador o instrumento principal.
2. A investigação qualitativa é descritiva.
3. Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do
que simplesmente pelos resultados ou produtos.
4. Os investigadores qualitativos tendem a analisar seus dados de forma
indutiva.
5. O significado é de importância vital na abordagem qualitativa.
Embora Bogdan & Biklen destaquem que não se trata da determinação se
uma pesquisa é qualitativa ou não, mas sim do grau qualitativo de uma
investigação, percebemos que tais características se fazem presentes em
nossa proposta. Nossa fonte direta dos dados é o ambiente, o curso no qual
as interações acontecem, e o pesquisador é também participante. A figura do
investigador como instrumento de pesquisa é estreitamente ligada à forma
como coletamos os dados dos fóruns e portfólios. Como os autores colocam,
“os investigadores qualitativos freqüentam os locais de estudo porque se
preocupam com o contexto” (BOGDAN & BIKLEN, 1994, p.48), e essa
73
presença no “local virtual” onde nossa pesquisa tem base é fundamental para
nosso processo investigativo, uma vez que é dentro do ambiente que vemos a
forma como os indivíduos interagem e reagem às interações, contribuindo ou
não para a coesão do grupo.
Ligado ao fato de a pesquisa qualitativa ser descritiva está a necessidade
de observarmos, com a maior precisão possível, todos os movimentos
individuais dentro do ambiente, uma vez que há a exigência, na abordagem
qualitativa, de que se examine como os vários fatores se entrelaçam, pois
“nada é trivial” (ibid). Tal exigência mostra, ainda, a ligação entre a proposta
metodológica e o referencial teórico do trabalho – as teorias da complexidade,
as quais consideram a inseparabilidade de elementos para a compreensão dos
fenômenos. O interesse nos processos em detrimento dos resultados e
produtos também é contemplado em nossa investigação de forma evidente nas
questões e objetivos de pesquisa. Mais importante do que constatar que houve
a formação e a manutenção de um grupo coeso e que os alunos chegaram em
seus objetivos quando na inscrição no curso é verificar que fatores e ações
contribuem para que haja a coesão e para a construção de conhecimento. Ou
seja, a partir dos resultados, o foco é voltado para o processo.
Também a forma indutiva de análise de dados é percebida pelo modo
“bottom-up” como o processo de coleta e análise se desenvolve. Não há nada
até o momento em que as interações começam a ocorrer e o grupo se
estabelece. As conclusões “são construídas à medida que os dados
particulares que foram recolhidos se vão agrupando” (ibid., p.50). Não há uma
questão a ser provada, mas um processo a ser constatado. Ainda como
colocam Bogdan & Biklen, “[p]ara um investigador qualitativo que planeie
elaborar uma teoria sobre seu objecto de estudo, a direcção desta só se
começa a estabelecer após a recolha dos dados e o passar de tempo com os
sujeitos” (ibid., p.50).
Em relação à importância do significado, Bogdan & Biklen referem a
Psathas (1973) quando dizem que o pesquisador qualitativo questiona
continuamente os sujeitos de pesquisa, buscando perceber “aquilo que eles
[sujeitos] experimentam, o modo como eles interpretam as suas experiências e
o modo como eles próprios estruturam o mundo social em que vivem
74
(PSATHAS, 1973, apud BOGDAN & BIKLEN, 1994, p.51). A colocação vai ao
encontro daquilo que procuramos, tendo em vista que nossa análise de dados
pretende tornar visível aquilo que faz com que os grupos se constituam e se
mantenham coesos pelas interações interpessoais, ou seja, pretende verificar
como os “sujeitos estruturam seu mundo social”. Bogdan & Biklen
acrescentam, ainda falando da importância do significado na abordagem
qualitativa:
“os investigadores qualitativos estabelecem estratégias e
procedimentos que lhes permitam tomar em consideração as
experiências do ponto de vista do informador. O processo de
condução de investigação qualitativa reflecte uma espécie de
diálogo entre investigadores e os respectivos sujeitos, dado
estes não serem abordados por aqueles de uma forma neutra”
BOGDAN & BIKLEN, 1994, p.51)
A afirmação dos autores é importante porque contribui para situar a
pesquisa proposta no campo da investigação qualitativa, tendo em vista o fato
de que o pesquisador, sendo também professor no curso observado não
contempla sujeitos e dados de forma neutra, mas busca perceber como as
atuações dos participantes – incluindo a sua – influenciam a “estruturação do
mundo social” que é o ambiente virtual de aprendizagem.
Em função das características da pesquisa qualitativa, percebemos a
ligação com o Método Clínico piagetiano, e, assim como Caimi, Guadagnin et
alli, (2005)
31
e Maçada (2001), optamos por tê-lo como pano de fundo na
metodologia de pesquisa, especialmente pelo que diz Collares (2004, p.85):
“O Método Clínico, trazido à sala de aula, não ocorre numa
relação investigador-criança, apenas, e sim, ou também, mas
predominantemente, na relação professor-alunos, sendo que o
professor necessita significar (atribuir sentido) as falas que se
contextualizam num espaço relacional, e a contraposição (ou o
transformar a resposta numa nova indagação) deve ser
realizada com tom reflexivo, compartilhado, curioso e
respeitoso, tendo presente o coletivo, sem perder a perspectiva
individual.”
31
O artigo em questão resultou como trabalho final em disciplina de orientação no PPGIE e não
foi publicado até o momento.
75
Percebemos a ressalva de Collares em relação ao uso da metodologia
clínica de Piaget na Educação. Concordamos que, em virtude das diferenças
entre contextos de pesquisa de Piaget e de hoje, faz-se necessária a
adaptação dos procedimentos. No caso específico de nossa pesquisa, tais
diferenças ficam mais patentes quando observamos um grupo de adultos
interagindo por meio de recursos de tecnologia digital. No contexto da
pesquisa em Educação, sendo o professor tanto sujeito quanto objeto de
pesquisa, o docente precisa lançar mão de outros recursos para coleta e
análise de dados, além das entrevistas. Também a inserção de mais um
elemento, uma ferramenta digital, no cenário educacional, concorre para o
caráter complexo do sistema dinâmico que parece configurar-se dentro do
AVA, exigindo cuidado metodológico por meio de adequação.
Nesse panorama, é justificado o desenvolvimento de adaptações no
Método Clínico, uma vez que o contexto sócio-educacional que é pesquisado é
diferente daquele existente no passado e analisado por Piaget. Dessa forma,
a principal contribuição do Método Clínico piagetiano para nossa metodologia,
que forma o “pano de fundo” e evidencia a sua ligação com o enfoque
qualitativo da pesquisa, está na idéia de que, nesse método, é fundamental
observar e ouvir o que o sujeito tem como patrimônio de sua conduta
(MACEDO, 1994; MACEDO, 1994 apud MAÇADA, 2001). A prática da
observação com foco nas ações dos sujeitos esteve e continuará presente na
análise dos dados para que possamos compreender como é estruturado o
mundo social dos participantes.
4.2. Participantes e o ambiente virtual de aprendizagem
Os grupos que observamos em nossa pesquisa eram formados por
professores em formação ou em serviço, a maioria de línguas estrangeiras.
Não houve maioria significativa no número de alunos que já havia participado
de cursos a distância. Na verdade, os grupos mostraram-se bastante
heterogêneos no quesito “contato prévio com a tecnologia digital”,
apresentando desde alunos que já haviam tido várias experiências em EaD até
76
alunos que tinham pouco conhecimento sobre o uso do computador, os quais
mostravam dificuldades em salvar, abrir ou gerenciar arquivos, compactar
conteúdos e compreender os espaços no ambiente virtual.
Serão analisados dados de interação entre participantes de três edições
de um curso de extensão sobre elaboração de materiais, por meio de um
sistema de autoria, para aprendizagem de línguas em meio telemático. O
curso “Didática para o Ensino de Línguas Online – DELO” é periodicamente
oferecido pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e cada edição teve a
duração de 10 (dez) semanas. Os participantes distribuíram-se em cada
edição do Curso conforme o quadro 01:
Edição Matriculados Concluídos
DELO 05 13 alunos 7 alunos
DELO 06 12 alunos 11 alunos
DELO 07 12 alunos 5 alunos
Quadro 01 –número de alunos dos grupos em cada edição do Curso
O ambiente virtual de aprendizagem foi constituído a partir da plataforma
TelEduc e possuía as seguintes ferramentas: Agenda, Material de Apoio,
Fórum de Discussão, Perfil e Portfólio. Havia também outras ferramentas
administrativas, como Acessos e Intermaps (a última, inclusive, será usada em
alguns momentos de nossa análise como instrumento para visualização do
volume e fluxo de interações), no entanto, as primeiras ferramentas citadas
eram as que tinham ligação mais direta com a prática pedagógica do curso
proposto. Na Agenda, os alunos podiam visualizar a distribuição das atividades
em cada uma das dez semanas, servindo como apoio à organização das
ações. Essa seção era a página inicial que aparecia para os integrantes logo
após o login no ambiente, juntamente com o menu de opções à esquerda.
77
Figura 01 – Interface da Agenda do curso
O Material de Apoio serviu como repositório do sistema de autoria que era
objeto do curso. A partir dessa seção, os alunos podiam fazer o download do
software e também acessar textos de base do curso. Grande parte do material
disponível no Material de Apoio também havia sido enviado para os alunos, na
forma de um CD, pelo correio convencional.
78
Figura 02 –Interface da seção Material de Apoio
No Perfil, os alunos podiam deixar informações pessoais e profissionais, a
fim de torná-los conhecidos para os demais colegas, uma vez que o curso foi
oferecido em formato totalmente a distância e os alunos, na maioria, eram de
cidades distintas. Vale lembrar que, embora o preenchimento do perfil fosse
atividade prevista para a primeira semana, dentre outras ações de ambientação
e de (re)conhecimento dos demais participantes, alguns alunos não o
completaram, tanto não colocando fotos, quanto não fornecendo nenhuma
informação. Também houve casos de participantes que preencheram a seção
ao longo do curso ou alteraram informações previamente fornecidas.
79
Figura 03 –Interface da seção Perfil do curso
As outras duas ferramentas utilizadas – Fóruns de Discussão e Portfólio
eram as seções nas quais as atividades dos participantes foram mais
concentradas, sendo o “lugar interativo” no qual focamos nossa análise. A
cada semana, a Agenda previa atividades que levavam à postagem em um
Fórum, que é uma ferramenta para interação assíncrona. Os assuntos tratados
a cada semana giravam em torno da leitura de textos de apoio e de dúvidas e
comentários acerca das atividades práticas previstas para aquele período.
Embora fossem organizados de maneira semanal, os fóruns permaneciam
abertos para postagem e leitura nas semanas subseqüentes, respeitando o
tempo em que os participantes dedicavam-se ao item do plano de curso.
Também havia dois fóruns dedicados às eventuais dúvidas que os
participantes podiam ter em relação ao ambiente ou ao software. Ao final, a
distribuição de fóruns em cada uma das edições do curso ficou como mostra a
figura 04:
80
Figura 04 – Exemplo da interface final dos fóruns do curso
Clicando em Fóruns de Discussão no menu da esquerda, o usuário
encontra a lista de fóruns abertos, o número de contribuições em cada um (em
parênteses) e a data da última contribuição feita. No primeiro acesso à lista de
fóruns, também aparecem em negrito aqueles fóruns nos quais há postagens
novas. Entrando em um dos fóruns, o usuário pode optar pela visualização das
mensagens por data ou “em árvore”. Nessa última opção, as mensagens
aparecem encadeadas por assunto. Para fazer uma contribuição, o usuário
pode compor uma nova mensagem (que aparecerá junto à “raiz” do fórum no
caso da organização “em árvore”) ou responder mensagens anteriores.
81
Figura 05 – Exemplo da interface interna de um fórum do curso
No que diz respeito ao Portfólio, a função prevista era a de postagem dos
materiais criados semanalmente pelos alunos por meio do sistema de autoria.
A partir das postagens, cada aluno poderia receber comentários de todos
participantes – alunos ou professores – a respeito dos seus materiais.
Obviamente, também era possível a inserção de suas opiniões sobre os
trabalhos dos demais colegas ou de respostas a comentários sobre suas
próprias criações. Clicando na opção Portfólio no menu esquerdo, o aluno
encontrava a lista de portfólios de alunos e professores, bastando clicar sobre o
nome do participante desejado para ter acesso ao conteúdo.
82
Figura 06 – Interface da seção Portfólio, mostrando a lista de participantes
Dentro de cada portfólio, o usuário encontrava links que lhe permitiam
comentar cada material e, no caso de seu próprio espaço, disponibilizar novos
materiais. A interface dos portfólios individuais aparece na figura 07:
83
Figura 07 – Interface interna de um portfólio individual, com materiais disponibilizados
Cabe aqui destacar o fato de que, embora desejável e encorajada, a
participação nos fóruns e nos portfólios dos colegas não constituía item de
avaliação no curso. Também não era considerado item de avaliação a
elaboração de materiais de cada semana, pois essa atividade tinha o objetivo
de servir como prática com o sistema de autoria para os alunos. A avaliação
dos participantes no curso teve origem – em todas as edições analisadas
nessa pesquisa – apenas no projeto temático entregue ao final do período de
dez semanas. O projeto temático consistia em um conjunto de atividades
elaboradas por meio do sistema de autoria ELO girando em torno de um tema,
que poderia ser uma questão da língua-alvo (haja vista que os participantes
eram em sua imensa maioria professores de línguas) ou um assunto.
84
4.3. Instrumentos de coleta e análise dos dados
A proposta metodológica para a pesquisa sobre a coesão de grupos em
ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), especificamente em um curso
sobre um sistema de autoria para elaboração de materiais voltados à
aprendizagem de línguas em meio telemático, no âmbito das teorias da
complexidade e emergência, tem foco investigativo em dois campos centrais:
Observação em curso – nesse momento de observação serão
analisadas as interações que ocorreram dentro do ambiente virtual de
aprendizagem, tanto na seção Fóruns de Discussão, quanto na seção
Portfólio. O foco será concentrado especialmente no conteúdo das
participações dos indivíduos na primeira seção – em função do volume
maior de interações – enquanto a análise das trocas no Portfólio
aparece de forma complementar, com o objetivo de identificar
elementos que mantêm o grupo interagindo e verificar se tais
elementos podem ser considerados como traços de benefício
recíproco e sustentação solidária. Além dessa observação mais
voltada ao conteúdo das interações, utilizaremos duas ferramentas
para apoio à análise: o Intermaps, recurso da própria plataforma
TelEduc, que, embora não revele a direção do fluxo interativo, permite
a visualização do volume de interações semanais nos fóruns por meio
de mapas, conforme exemplifica a figura 08; e uma adaptação da
matriz de Garton (1997), a qual complementará as informações dos
Intermaps em relação ao volume e à direção de interações.
Observação pós-curso – ao final do curso foi solicitado aos alunos o
preenchimento de um questionário com questões a respeito de três
momentos – antes do curso, durante o curso e após o curso. As
perguntas buscavam informações sobre as expectativas dos alunos
em relação ao curso, à equipe e aos colegas, sobre a influência do
ambiente, de suas ferramentas e dos colegas no desenvolvimento das
atividades, a freqüência de interação com os colegas, sobre o grau de
integração do participante com o grupo e sobre razões de cada um
85
para completar o curso. O questionário completo constitui o anexo 01
do trabalho.
Figura 08 - exemplo de mapa com volume de interações em um fórum semanal
Pretendemos identificar elementos que favorecem o estabelecimento e a
manutenção da coesão dos grupos observados – objetivo geral da proposta de
pesquisa (ver 1.4) – por meio do “diálogo” entre os dados coletados nas duas
observações. Havíamos mencionado no referencial teórico que a escolha de
teoria sobre sistemas complexos e sobre trocas qualitativas foi feita em função
da necessidade de tratarmos da estruturação e manutenção do grupo e do
conteúdo das interações, com vistas à observação do fenômeno de maneira
mais abrangente, tendo em vista a complementação que um constructo dá ao
outro. Em função dessa colocação, podemos destacar que a análise do
conteúdo das interações – aspecto que acreditamos ser resultado e fomento do
estabelecimento e da manutenção do grupo – nos fornecerá suporte suficiente
para a compreensão dos comportamentos dos grupos e terá dados com origem
na observação em curso, constituindo-se como elemento principal da
86
investigação, ao passo que os dados que podem ser retirados da observação
pós-curso atuarão de forma acessória, complementar, e com vistas à
estruturação e manutenção do grupo. No entanto, é importante manifestar que
temos a hipótese de que será possível a observação do conteúdo de interação
e da estruturação do sistema em ambos os momentos de análise, uma vez que
os elementos se entrelaçam. Acreditamos que principalmente a análise das
ações dos participantes no AVA juntamente com as informações oriundas dos
questionários possa indicar elementos relacionados à idéia de benefício
recíproco e sustentação solidária, e permitir a consideração dos objetivos
específicos da investigação (ver 1.4). À medida que os dados são observados
deverão ser percebidas tendências, conforme a característica qualitativa da
proposta investigativa que diz que a “direcção desta só se começa a
estabelecer após a recolha dos dados e o passar de tempo com os sujeitos”
(BOGDAN & BIKLEN, 1994, p.50). Poderão ser tendências aspectos como
predisposição à ação colaborativa, experiência prévia em elaboração de
materiais, experiência prévia com aprendizagem e tecnologia, autonomia,
dentre outros. No entanto, lembrando do caráter complexo da aprendizagem e,
porque não dizer, da pesquisa, novos indicadores deverão ser incluídos
durante a coleta e análise.
Podemos demonstrar no diagrama abaixo uma perspectiva preliminar
sobre o contexto do curso que é foco da investigação:
Figura 09 – Contexto de curso
contexto de curso
Em curso
Fluxo maior
de interações
Sistema
instável
Condições
para
Emergência
Fim de curso
Objetivos
atingidos
Estabilidade
Coesão
Início
“Conjunto”
de alunos e
professores
Ambiente
com
ferramentas
87
No contexto de curso, em uma primeira análise, percebemos três
momentos: o início, no qual há apenas um “conjunto” de alunos e professores e
um ambiente com ferramentas, o momento em curso, quando acontecem as
interações que colocam o sistema em instabilidade e criam as condições para a
emergência de comportamentos, e o fim de curso, quando os objetivos são
atingidos e é estabelecida a estabilidade e a coesão do grupo. Pensamos que
grande parte das tendências mencionadas anteriormente poderá surgir na
análise do segundo momento e nosso esforço investigativo será concentrado
especialmente nele e na instabilidade que lhe é característica, pois é essa
condição instável, orquestrada com outras características complexas, que leva
o sistema à auto-organização. Nossa perspectiva busca compreender a forma
através da qual a instabilidade é absorvida e a coesão instaurada e mantida.
Nos interessa, pois, os movimentos de passagem do primeiro para o segundo
momento e do segundo para o terceiro, observando a transição de um conjunto
de indivíduos para um sistema coeso e auto-organizado.
88
5. ANÁLISE DOS DADOS
Conforme destacamos no Capítulo 03 – referencial teórico de nossa
pesquisa – consideramos os grupos de alunos e professores que observamos
como sistemas complexos, pois comportam-se como tais e possuem
características semelhantes. Recapitulando, vemos os grupos como sistemas
complexos porque ambos:
são abertos e sensíveis a fatores externos;
são auto-organizáveis;
têm comportamento imprevisível e não-linear;
são sensíveis às condições iniciais;
o regidos por regras de baixo nível.
Na análise que começamos agora, buscamos dar maior suporte à
perspectiva que temos sobre os grupos e os sistemas, evidenciando com mais
profundidade essa afirmação, por meio da interpretação dos movimentos
interativos presentes nos dados como manifestações e indícios da
Complexidade e da Emergência.
Centraremos nosso foco em três edições do curso que foi observado,
acompanhando o volume e o fluxo interacional desenvolvido principalmente
nos fóruns do AVA ao longo de cada semana e tendo como norte os
movimentos de passagem entre três momentos – anteriormente apresentados
e inicialmente denominados de “início”, “em curso” e “fim de curso”.
Também é válido destacar algumas características dos fóruns nesses
cursos. Semanalmente, um fórum era aberto para que pudessem ser
discutidas as atividades previstas para aquela determinada semana. Cada um
desses fóruns tinha como característica comum uma mensagem de abertura,
feita pelo professor, reapresentando o plano de atividades semanais (pois na
Agenda o aluno já tinha acesso ao plano) e recapitulando o que vinha sendo
desenvolvido pelo grupo nas semanas anteriores. Mesmo sendo abertos a
cada semana, esses novos fóruns não encerravam fóruns anteriores, para que
alunos que estivessem atrasados em relação aos demais participantes
pudessem ter acesso a conteúdos prévios, ou ainda, para que houvesse a
89
possibilidade de retomada em discussões de dado momento em semanas
adiante. Logo, havia uma temporalidade regendo a abertura dos fóruns, mas
uma atemporalidade no seu desenvolvimento.
Tendo em vista esse aspecto ‘temporal-atemporal’ dos fóruns, tomaremos
a temporalidade da abertura como referência na análise quando tratarmos do
volume
de interações, ao passo que trataremos cada fórum como o conceito de
Martins (2002) – uma zona de interação telemática (zit) – quando analisarmos
o conteúdo
das interações. Com foco no volume, pretendemos visualizar os
momentos em que há mais e menos trocas – e que podem tornar mais visíveis
os movimentos de passagem referidos anteriormente – enquanto o foco no
conteúdo poderá permitir que identifiquemos aquilo que move os indivíduos em
situação de troca e que mantém o sistema complexo – como o benefício
recíproco, a sustentação e o ciclo solidários. Logo, podemos dizer que temos
aqui um exemplo da “combinação dialógica” proposta por Morin (2000) para dar
conta da observação de fenômenos complexos: quando tratamos do volume de
interações, perspectiva a qual nos dá um retrato da superfície de um “todo” – a
grande paisagem – a unidade cartesiana “tempo” é importante. No entanto,
quando nos concentramos no conteúdo das interações, “tempo” passa a ser
uma unidade secundária, acessória, dando espaço para a observação de
aspectos menos quantitativos e de análise mais interpretativa, como são as
mensagens postadas pelos alunos no AVA.
A participação dos alunos apresentou, nas três edições do curso, um
padrão caótico, no sentido que um comportamento ordenado emergiu da
desordem. Especialmente na primeira semana, quando havia três fóruns
novos, alguns alunos fizeram postagens em todos os espaços, outros
participaram apenas em um deles, houve ainda aqueles que postaram mais de
uma mensagem e tentavam estabelecer contato com outros colegas, enquanto
alguns se limitaram a responder questionamentos feitos pelos professores.
Ainda que todas as edições tenham apresentado um grande volume de
mensagens nos fóruns da primeira semana, e tenha havido repetição de alguns
comportamentos individuais, a forma, a freqüência, a direção e a origem das
manifestações, bem como a forma como elas relacionam os participantes,
ocorreram de forma desordenada e imprevisível. Nas demais semanas dos
90
cursos, essa tendência foi mantida, ainda que tenha emergido do grupo um
movimento de auto-organização, conforme demonstraremos mais adiante na
análise. Aliás, esse movimento de auto-organização, embora pareça
contraditório ao Caos das interações no ambiente, vem na verdade corroborar
a ligação com o paradigma complexo, uma vez que a partir do Caos emerge
um padrão organizacional. Ligado ao Caos e à auto-organização, temos o
fenômeno da entropia, o qual está presente nos comportamentos dos cursos
observados.
5.1. Entropia
A entropia tem suas origens no princípio dos estudos sobre a quantidade
de energia que é perdida em certos fenômenos, como no atrito de elementos
ou em processos de convecção. Embora o termo só tenha surgido em 1865,
dado pelo físico e matemático alemão Rudolf Clausius (1822-1888) em função
da sua semelhança com a palavra energia – palavras as quais estavam,
segundo ele, intimamente relacionadas – a discussão acerca do processo que
a entropia descreve já acontecia em 1698, quando engenheiros como Thomas
Savery construíam os primeiros motores de combustão
32
. No entanto, tais
artefatos eram pouco eficazes na transformação de energia em trabalho. Em
outras palavras, havia pouco resultado e uma enorme perda de energia.
Assim, podemos dizer que a ineficácia dos motores levou, de certa forma, ao
aprofundamento dos estudos que permitiram que se chegasse ao conceito
entropia.
Em linhas gerais, a entropia é um conceito ligado à Segunda Lei da
Termodinâmica, a qual trata da transformação de energia em trabalho e diz que
a transferência de calor sempre acontece do corpo mais quente para o mais
32
Pela descrição dos resultados obtidos com esses motores e pelas datas que encontramos
para o surgimento dos primeiros motores de combustão realmente funcionais (a primeira
patente para um motor à combustão foi concedida em 1826, para o americano Samuel Morey,
que desenvolveu o artefato a partir do modelo de motor hipotético desenvolvido pelo físico e
engenheiro militar francês Nicolas Léonard Sadi Carnot em 1824), entendemos que motores
como o de Thomas Savery podem ser considerados como ‘protótipos’, ou ainda, tentativas de
construção do primeiro motor à combustão.
91
frio, até que a temperatura de ambos seja igual. Durante a transferência, parte
da energia é dissipada, perdida no meio. A entropia pode ser considerada
como a medida da energia que se dissipa nesse processo. Há autores, como
Ruelle (1993), que deixam espaço para que se compreenda a entropia como a
própria Segunda Lei da Termodinâmica, entretanto, a maioria das referências
(dentre as quais podemos citar: GLEICK, 1989; LAYZER, 1990; ALTEKAR,
2007) coloca a primeira apenas como um elemento dentro da discussão da
Segunda Lei, ainda que seja dela um conceito fundamental.
Embora seja um conceito com origens na Termodinâmica, a entropia
possui desdobramentos em outras áreas, como Economia e Teorias da
Evolução, com implicações específicas. A mais destacada talvez seja aquela
ligada à Teoria da Informação, a entropia da informação ou entropia de
Shannon, em referência ao engenheiro elétrico americano que cunhou o termo,
em 1948. Ela diz respeito à informação perdida nas linhas telefônicas.
Podemos perceber a ligação entre os termos da Termodinâmica e da Teoria da
Informação: ambos tratam daquilo que é perdido em um sistema, seja energia,
seja informação.
O termo entropia possui outros desdobramentos, mesmo dentro da
Termodinâmica, como a entropia de Gibbs e a entropia de Boltzmann,
referentes à mecânica estatística, a entropia de Tsallis, que, sendo uma
generalização das anteriores, também é ligada à mecânica estatística, a
entropia métrica ou de Kolmogorov-Sinai, presente no tratamento de sistemas
inconstantes e na teoria ergódica, sem falar na entropia do buraco negro,
ligada tanto à Física quanto à Cosmologia, e que trata da energia dissipada
pelos buracos negros quando absorvem matéria
33
. Embora cada uma trate de
determinada especificidade, todas têm como conceito central a perda de
energia e o aumento da desordem.
Originalmente, a Termodinâmica tratou da entropia em sistemas fechados
(RUELLE, 1993). Nesse contexto, quando as partículas ou elementos de um
sistema interagem, a entropia tende a aumentar até que o sistema pereça em
33
Na década de 70, Stephen Hawking evidenciou matematicamente que os buracos negros
emitem radiação quando absorvem matéria. Recentemente, o físico russo Vladimir Belinski
contestou tais evidências após dez anos de estudo. No entanto, ainda não apresentou uma
solução para a questão. Mais detalhes em
http://agenciact.mct.gov.br/index.php/content/view/41458.html
.
92
função da perda total de energia útil que pode ser transformada em trabalho.
Uma das hipóteses que a Física apresenta para o destino do Universo, e que
exemplifica o fato de que a entropia em um sistema fechado sempre aumenta,
diz que, desde o Big Bang, o sistema isolado “Universo” está em um processo
constante de aumento da sua entropia, ou seja, um aumento da dispersão de
energia. Chegará o momento em que o Universo atingirá sua entropia máxima
e deixará de existir, fenômeno batizado de “morte quente”.
O fato de a entropia ser uma característica dos sistemas fechados seria
um problema para seu uso como metáfora em nossa análise, uma vez que
tratamos de sistemas abertos. No entanto, a entropia também está presente
nesse tipo de sistema, e a forma como ela se manifesta em contextos abertos
corrobora nossa perspectiva. Em quaisquer sistemas, a energia está em
constante dissipação. No entanto, no caso dos sistemas fechados, não há
meios para receber compensação da energia perdida, logo a entropia e a
desordem sempre aumentam. Se fizermos um gráfico do comportamento da
energia em um sistema fechado, teremos algo muito próximo de uma linha
contínua descendente. No entanto, em um sistema aberto, há a possibilidade
de que energia externa seja integrada, compensando a energia dissipada,
combatendo a desordem e desacelerando a entropia. É importante frisar dois
aspectos: primeiro, em sistemas abertos é possível que haja esse
comportamento de desaceleração, mas não há a garantia de que ele aconteça.
Diferentemente, elementos externos ao sistema podem agir e acelerar a
entropia. Como exemplo, podemos trazer uma panela com água quente. Se a
colocarmos sob a luz escaldante do Sol ao meio-dia, a perda de calor
acontecerá de forma mais lenta. No entanto, se pusermos o recipiente em uma
bacia com cubos de gelo, a dissipação ocorrerá mais rapidamente. O segundo
aspecto, que se conecta de certa forma ao primeiro, diz respeito ao fato de que
a entropia, tanto em sistemas fechados quanto em abertos, está sempre
presente. Pode haver a desaceleração do seu aumento, por influência de
fatores externos (no caso dos sistemas abertos), mas a perda de energia e o
aumento da desordem estarão sempre acontecendo.
A partir do que há sobre a Segunda Lei da Termodinâmica e seus
desdobramentos, os estudos sobre a entropia nos mostram alguns conceitos
93
universais ao seu respeito, os quais temos destacado e que nos permitem
associá-la à análise dos nossos grupos. Em primeiro lugar, temos o fato de
que a entropia trata do aumento no grau de desordem, de dispersão e de perda
de energia em um sistema. Em segundo lugar, a entropia se manifesta em
qualquer sistema, seja ele fechado ou aberto, com a diferença que, no primeiro
tipo ela sempre aumenta, constante e invariavelmente, ao passo que no
segundo há a chance de o processo de desordem e perda de energia
desacelerar, em função da influência de fatores externos. Em tempo, essa
possibilidade de compensação de energia caracteriza o sistema, segundo
Ruelle (1993, p.64), como um sistema dinâmico.
Uma questão fundamental para a compreensão de nossa análise é deixar
claro como a entropia pode ser vista nos sistemas complexos que compõem a
pesquisa, uma vez que não tratamos da entropia da mesma forma que Gibbs,
Boltzmann e Tsallis (da Mecânica Estatística), Kolmogorov-Sinai (da Teoria
Ergódica), Shannon (da Teoria da Informação) ou Hawking (da Física).
Compartilhamos com esses autores de campos distintos a perspectiva mais
fundamental do conceito, a saber, a entropia em um sistema sempre aumenta
e a entropia refere-se à perda de energia e ao aumento de desordem em um
sistema, e, com base em tal perspectiva, focamos em uma “entropia própria” e
mais ligada aos AVAs como sistemas complexos, a qual chamaremos de
entropia sócio-interativa. Entretanto, a partir desse ponto primordial, surgem as
questões: o que é a energia em nossos sistemas? Como é manifestada a
desordem?
Temos visto na prática e pretendemos verificar na análise dos dados que
a interação interindividual tem papel essencial na formação e na manutenção
dos grupos em AVA. Logo, tratamos as mensagens dos fluxos interacionais
como o combustível, a energia do sistema complexo que cada grupo em AVA
constitui. Enquanto há mensagens sendo trocadas (logo, enquanto há
energia), o grupo existe como um sistema. Quando os fluxos interacionais
diminuem ou cessam, os participantes se dispersam e o sistema deixa de
existir. Esse movimento de dispersão é, em nossa ótica, a manifestação da
desordem. Em decorrência da necessidade da interação para que o sistema
seja mantido, também observaremos que fatores levam os indivíduos a
94
engajarem-se em relações interativas dentro do AVA – fatores que podem ser
identificados como benefício recíproco e sustentação solidária, conforme
mencionado no princípio da pesquisa.
Ter em mente esses aspectos nos auxiliará na compreensão dos
comportamentos de nossos grupos. Se as características que apontamos no
referencial teórico e que recapitulamos no princípio da análise já
demonstravam a Complexidade presente nesses grupos em AVA, a entropia
vem para corroborar nossa posição de que estamos tratando com sistemas
complexos.
5.2. Força entrópica máxima, resistência e rendição sistêmicas:
momentos de um sistema complexo
Ao observarmos o volume de interações ao longo das 10 semanas
34
de
cada edição do curso DELO, podemos notar que, ainda que o volume de
postagens dos integrantes tenha variado de edição para edição, há uma certa
semelhança entre as curvas que representam a distribuição do volume
interacional nos três cursos, conforme mostra o Gráfico 01:
34
Como já foi mencionado, a cada semana era aberto um novo fórum. No entanto, na primeira
semana de cada edição, foram abertos três fóruns, excepcionalmente: um destinado às
dúvidas sobre o AVA, outro para as dúvidas sobre o sistema de autoria e um terceiro para a
discussão sobre as atividades da primeira semana. Assim, para fins de verificação do volume
interacional de cada semana no Gráfico 01, foram somadas as mensagens dos três fóruns,
compondo a “semana 01”.
95
Nas três edições, podemos ver que há um fluxo forte de envio de
mensagens na primeira semana, superando a marca das 120 mensagens. Na
segunda semana, há um número de manifestações ainda alto (entre 47 e 87),
mas já apresentando uma queda, que inicialmente é brusca e acelerada
(segunda e terceira semanas), mas que passa a ser mais suave e
desacelerada entre a terceira e a sétima semana. Nas últimas três semanas
de curso, o número de mensagens continua sua queda, chegando próximo a
zero. Se tivermos um gráfico com a tendência do volume de interações de
cada edição, veremos que são bastante semelhantes:
Gráfico 01 - volume interacional total por fórum/semana - cursos DELO
0
20
40
60
80
100
120
140
0 1 234 5 6 7 8 9 10 11
fóruns/semanas
mensagens
DELO 05
DELO 06
DELO 07
96
Há um início com fluxo muito forte, o qual é posteriormente amenizado e
representado por uma queda gradativa com tendência à estabilidade,
apresentando um leve aumento no final. Observando o Gráfico 01 dos
volumes interacionais de cada edição e o Gráfico 02 das linhas de tendência,
vemos claramente o fenômeno da entropia. Percebemos que há a tendência
do volume de interações em um grupo em AVA chegar a zero, com uma queda
acelerada nas primeiras semanas. Na seqüência, a queda continua, de forma
menos acelerada, até chegar a um número de mensagens muito baixo nas
últimas duas ou três semanas de cada curso. Em suma, tanto o gráfico de
volume interacional, quanto o de tendência demonstram comportamentos
entrópicos e semelhantes:
- um período curto de alta emissão de mensagens e com uma queda
brusca até o próximo período;
- um período com emissão média e com queda desacelerada; e
- um período curto e de pequeno volume de mensagens.
Os gráficos 01 e 02 também são importantes pelo fato de demarcarem
os três momentos que mencionamos anteriormente – originalmente
Gráfico 02 - tendência do volume interacional total - cursos DELO
0
20
40
60
80
100
120
140
01 2 3 456 7 8 9 10 11
fóruns/semanas
mensagens
DELO 06
DELO 05
DELO 07
97
denominados como ‘início de curso’, ‘em curso’ e ‘fim de curso’. O momento
que inicia na primeira semana e se espalha até a segunda, corresponde ao
‘início de curso’. Nele temos apenas um grupo de indivíduos com acesso a um
AVA com ferramentas e emitindo um número alto de mensagens que, em sua
maioria, não são destinadas a um indivíduo específico. O período ‘em curso’
se estende da terceira à sétima semana, e é caracterizado por um volume até
certo ponto pouco variável de mensagens e rico em trocas interindividuais.
Ainda na sétima semana é iniciada a transição para o ‘fim de curso’, com uma
diminuição não somente do número de mensagens, mas principalmente da
interação entre os participantes.
Essa observação mais profunda dos fóruns semanais desenvolvida no
estudo dos dados, a qual se baseia no desenvolvimento do curso ao longo do
tempo e no conteúdo das mensagens emitidas, torna necessária a
reformulação do contexto do curso retratado pela Figura 09, que apresentava
os três momentos de cada edição. Anteriormente, víamos o momento “início
de curso” composto por um conjunto de alunos e professores e por um
ambiente com ferramentas, o “em curso” caracterizado por um fluxo maior de
interações, um sistema instável e com condições para a Emergência, e o “fim
de curso” apresentando os objetivos atingidos, estabilidade e coesão. No
entanto, há uma série de fatores que aparecem quando nos debruçamos sobre
os dados e que determinam uma revisão daquilo que compõe cada um dos três
momentos.
Observando o primeiro período, por exemplo, notamos que até que
sejam emitidas as primeiras mensagens, o curso não terá iniciado. Além disso,
as manifestações dos alunos não começam espontaneamente, elas seguem a
primeira mensagem dos professores (a qual consideramos uma das condições
iniciais do sistema complexo, conforme discutiremos adiante). Logo, o “início
de curso” se constitui não somente de um conjunto de indivíduos em um AVA
com ferramentas, mas de um grupo que começa um processo de emissão de
mensagens em um AVA com ferramentas a partir de certas condições iniciais.
Da mesma forma necessita revisão o momento “em curso”. Nele há, de
fato, um fluxo maior de interações, mas um fluxo menor de emissão de
mensagens, em comparação com o momento anterior. Inicialmente os
98
indivíduos postam mensagens, em grande parte, sem (um) interlocutor(es)
específico(s). No momento seguinte, as mensagens começam a ser
direcionadas explicitamente a outro(s) aluno(s), ao(s) professor(es) ou ao
grupo. Outro aspecto que demanda revisão é a questão da instabilidade do
sistema e das condições para Emergência nesse momento. Não há dúvida
que tais características estão presentes nesse período, no entanto, elas
também estão no primeiro momento, tanto que sua existência permite que
exista um período “em curso”. Quanto ao fato de o sistema ser instável, se
retomarmos a discussão sobre a entropia, percebemos que a desordem faz
parte do sistema e, portanto, a instabilidade também está presente. Logo, o
traço instável não seria uma característica do sistema nesse segundo
momento, mas em todo o período de sua existência.
No que tange ao momento “fim de curso”, podemos dizer que o alcance
dos objetivos é uma característica, se tomarmos como “objetivo” a conclusão
de uma atividade principal que constitui a proposta pedagógica do curso.
Entretanto, a estabilidade e a coesão não podem fazer parte desse momento.
A primeira, pela razão que apresentamos há pouco sobre a presença constante
– em maior ou menor grau – da instabilidade. Já a coesão aparece no sistema
complexo que é o AVA de cada edição do curso, no entanto, está mais
presente no segundo período do que no terceiro, pois é no segundo momento
que ela se manifesta por meio dos laços interacionais que são estabelecidos e
mantêm o sistema.
Tendo em vista as questões discutidas e a inclusão de novos elementos
fundamentais à análise – como a entropia – é pertinente revisarmos aquilo que
constitui cada momento, bem como propor novos nomes – que dêem uma idéia
mais fidedigna daquilo que representam – para cada um deles.
O primeiro momento, que se desenvolve do início da primeira até a
terceira semana, é caracterizado por grande emissão de mensagens,
existência de condições iniciais para a Emergência do sistema complexo e
força entrópica máxima. Nesse ponto é importante esclarecer que, embora a
entropia em um sistema sempre aumente, e, portanto, a entropia no terceiro
momento será maior que no primeiro, utilizamos o termo força entrópica para
referir ao processo
de perda de energia/aumento de desordem que leva à
99
entropia máxima. Se tomarmos o Gráfico 01 para análise, veremos que nas
primeiras semanas há uma queda acelerada no grande volume de mensagens,
resultado da ação de uma força entrópica sem resistência, sem compensações
das perdas que ela gera. A força entrópica age quase que livremente, sem
barreiras, praticamente com sua força total. Não fosse pelo início do processo
interacional em torno da terceira semana, o qual compensa as perdas
ocorridas, o sistema certamente sucumbiria. Portanto, em função desses
aspectos, denominamos o primeiro momento do curso como força entrópica
máxima.
O segundo momento ocorre entre a terceira e a sétima semanas. É
caracterizado pela diminuição no número de mensagens, em comparação com
o primeiro período, ao mesmo tempo em que as manifestações começam a ser
mais direcionadas, estabelecendo fluxos interacionais mais explícitos. Como
decorrência dos fluxos interacionais, aparece a resistência sistêmica à entropia.
O fluxo de certa forma constante de mensagens trocadas entre os participantes
compensa as perdas de energia (a diminuição do número de mensagens
emitidas) e possibilita que o sistema se auto-organize de forma coesa (por
meio das trocas entre os participantes), desacelerando a força entrópica e,
assim, dando condições para que o sistema complexo continue existindo.
O terceiro e último momento do curso corresponde ao período entre a
sétima e a décima semanas. Nele, os objetivos apresentados inicialmente na
proposta pedagógica são alcançados e a interação cai a níveis muito baixos,
próximos a zero. Há a dispersão do grupo, o aumento da desordem e não há
energia para estabelecer resistência sistêmica à entropia. Logo, sem forças de
compensação, o sistema sucumbe e deixa de existir. Chamaremos esse
momento de rendição sistêmica.
O contexto do curso após a reformulação da perspectiva sobre os três
momentos pode ser representado conforme a Figura 10:
100
0
20
40
60
80
100
120
140
01234567891011
fóruns/semanas
mensagens
DELO 05 DELO 06 DELO 07
força
entrópica
máxima
resistência
sistêmica
rendição
sistêmica
- condições
iniciais;
- grande
emissão de
m
ensagens;
- nenhuma ou
p
ouca
resistência
à força
entrópica.
- menor emissão de
m
ensagens;
- maior fluxo
interacional;
- compensação de perdas e
auto-organização do
sistema;
- desaceleração da
entropia.
- objetivos da
p
roposta pedagógica
alcançados;
- fluxo interacional
m
uito baixo;
- dispersão do grupo
e aumento da
desordem;
- baixa resistência
à entropia;
- fim do sistema.
Figura 10 – Reformulação do contexto de curso
Trataremos com maior especificidade dos três momentos e daquilo que
deles decorre a seguir.
5.2.1. A ‘Força Entrópica Máxima
A primeira semana de todas as edições dos cursos DELO observados é
caracterizada por um grande volume de mensagens nos fóruns, maior que o
volume de manifestações em qualquer outra semana. É importante lembrar
que essa é a única semana em que são abertos três fóruns: um para discussão
de dúvidas sobre o ambiente (“Dúvidas e Soluções: TelEduc”), outro para as
dúvidas sobre o sistema de autoria que é o foco do curso (“Dúvidas e
Soluções: ELO”) e um terceiro espaço para que os participantes compartilhem
expectativas sobre o trabalho que se inicia, falem de experiências prévias em
EaD e também se apresentem aos demais colegas (“Semana 01”). Também
101
deve ser ressaltado que, para que possamos ter uma melhor idéia do volume
interacional ao longo do tempo, contabilizamos as manifestações dos três
fóruns como um conjunto único de mensagens da primeira semana
35
. Embora
possa ser pensado em um primeiro momento que é óbvio o fato de o volume
de mensagens ser maior nesse período em função de tal agrupamento, é
pertinente assinalar que os fóruns para apresentação dos participantes
(denominados “semana 01”) são aqueles que apresentam maior número de
mensagens em comparação com os demais de uma mesma edição, exceto no
DELO 06 (nessa edição o fórum “semana 01” foi o segundo em manifestações
[56], atrás do fórum “semana 02” [87]). Além disso, é mais relevante para a
análise um olhar sobre o volume das manifestações em associação com o seu
conteúdo, o que torna esse período de cada edição do curso diferente das
demais semanas, observando os mapas de interação abaixo:
Figura 11 – Mapa de interação – “Dúvidas e soluções TelEduc” – DELO 05
35
Sempre tendo em mente que, embora a abertura dos fóruns respeite uma ordem cronológica
semanal, os espaços são mantidos abertos para manifestações a qualquer tempo.
102
Figura 12 – Mapa de interação – “Dúvidas e soluções TelEduc” – DELO 06
Figura 13 – Mapa de interação – “Dúvidas e soluções TelEduc” – DELO 07
103
Vemos na Figura 11 um baixo volume de mensagens [17]. Nela é
representado o fluxo de postagens no fórum destinado às dúvidas sobre o AVA
(como usar suas seções, como fazer postagens, alterar configurações do
usuário). No mesmo fórum de outra edição do curso (DELO 06), há um fluxo
interacional maior [50] (Figura 12).
No entanto, se analisarmos o conteúdo das mensagens do fórum da
Figura 12, veremos que grande parte trata de outro assunto, como dúvidas
sobre o sistema de autoria (para as quais havia sido oferecido outro fórum),
dúvidas sobre atividades propostas, sobre materiais de apoio e ainda a
expressão de expectativas (para as quais também havia fórum específico),
como pode ser verificado nas seguintes mensagens
36
:
2.
Dúvida- atividade
Terça, 11/04/2006, 14:12:56
VIV
Olá,
bom a pergunta não é sobre o teleduc nem o elo, mas sobre a pré atividade 3.
Devo postar no fórum algo relacionando minhas expectativas com o texto? Ou é
apenas para refletir?
Obrigada,
26.
AINDA NÃO RECEBI CD
Domingo, 23/04/2006, 21:03:48
SAN
Oi Professores
Ainda não recebi o CD. A atividade de construção que devemos fazer será com o
CD?
Abraços. SAN
42.
Elaboração das Atividades
Quarta, 10/05/2006, 01:49:27
MAR
Colocando em prática o texto lido da Vera Menezes e dando feedback por causa
do silêncio.
Ler texto, escrever é "minha praia"... mas há um certo ´bloqueio´ com a elaboração
das atividades.... Só para dividir. Vou tentar...Precisaria de tutor ´presencial´ para
mexer com os botões!
44.
Re: Re: Elaboração das Atividades
Quarta, 10/05/2006, 17:18:34
MAR
Oi RAF
Tentei fazer a atividade memória, a partir do tutorial que está para iniciante mesmo,
com aquelas setinhas todas indicando onde apertar, onde ir... Aparentemente fiz,
mas acho que foi onde salvar. Se salvei em algum lugar, não sei onde.
Seria no próprio arquivo ELO, que está instalado no meu computador? Se sim,
36
Os nomes de todos os participantes – tanto professores, quanto alunos – foram substituídos
por códigos de três letras, a fim de preservar a identidade dos indivíduos.
104
como acho o arquivo??
Então... foi mesmo para conhecer novas praias que me inscrevi no curso. Me sinto
mais confortável sabendo que a dificuldade não é só minha.
Este é o Delo 6. É sempre assim, ou tem turmas que são mais rápidas com a
tecnologia? Ou como as salas de aula virtuais, que se tem de tudo?
Obrigada pelo retorno.
Foram emitidas apenas 13 mensagens – contabilizando perguntas e
respostas – sobre o AVA, suas ferramentas e sua utilização. No DELO 07
(Figura 13), a terceira edição que observamos, há o mesmo comportamento no
mesmo fórum: das 21 mensagens totais, 10 tratavam de dúvidas sobre o
ambiente, enquanto outras tratavam, por exemplo, de dúvidas com a
ferramenta de autoria em torno da qual giravam as atividades do curso
(dúvidas para as quais havia um fórum específico):
15.
semana3
Domingo, 24/09/2006, 19:20:25
JUL
RAF,
estou tendo problemas na hora de montar o memory game... as imagens não estão
aparecendo...aparece apenas um x em seu lugar.. estou fazendo algo errado?
abraços
JUL
Logo, há semelhança entre os fóruns das duas edições, ou seja, um dos
fóruns da primeira semana, aquele destinado às dúvidas sobre o ambiente,
teve um número baixo de manifestações, se tomarmos como referência o tema
sobre o qual era esperado que as mensagens tratassem. Salientamos também
o fato de esses fóruns, embora não tenham sido fechados em nenhum
momento (assim como os demais), deixaram de receber mensagens logo após
um período relativamente curto, se tomarmos o tempo total de curso – dez
semanas. Em cada edição, as últimas postagens foram feitas após uma
semana e três dias (DELO 05) e quatro semanas (DELO 06
37
e 07),
demonstrando dois aspectos: o primeiro diz respeito à maior familiaridade dos
participantes com o curso e os locais onde aconteciam determinadas ações; o
segundo, que se liga ao primeiro, tem relação com a experiência prévia dos
alunos em EaD, a clareza e o grau satisfatório de usabilidade do AVA e da
37
No DELO 06, houve nove mensagens após esse período, mas seis delas não tratavam do
tema do fórum e outras três giravam em torno de um pedido para uma sessão de bate-papo.
105
proposta pedagógica do curso, que foi planejado de forma a utilizar o menor
número de ferramentas e ainda atender as necessidades dos participantes.
Em função dos dois aspectos, percebemos que não havia mais razão para a
interação sobre os temas discutidos naqueles fóruns: não havia mais dúvidas
sobre o AVA e as outras questões que inicialmente vinham sendo tratadas ali
(como dúvidas sobre o sistema de autoria e comentários sobre textos)
passaram a ser discutidas mais intensamente em outros fóruns específicos, o
que atraiu a participação dos indivíduos para esses espaços.
Figura 14 – Mapa de interação – “Dúvidas e soluções ELO” – DELO 05
106
Figura 15 – Mapa de interação – “Semana 01” – DELO 05
Figura 16 – Mapa de interação – “Dúvidas e soluções ELO” – DELO 06
107
Figura 17 – Mapa de interação – “Semana 01” – DELO 06
Figura 18 – Mapa de interação – “Dúvidas e soluções ELO” – DELO 07
108
Figura 19 – Mapa de interação – “Semana 01” – DELO 07
Embora as Figuras 11, 12 e 13 apresentem fóruns com poucas
manifestações, ao mesmo tempo em que os fóruns “Dúvidas e Soluções: ELO”
da primeira semana representados pelas Figuras 14, 16 e 18 mostram uma
quantidade média de postagens (DELO 05: 41 mensagens; DELO 06: 27
mensagens; DELO 07: 28 mensagens), os fóruns “Semana 01” (Figuras 15, 17
e 19 mostram um alto nível de emissão de mensagens nas três edições do
curso. O termo “emissão” é o mais adequado porque, de modo geral, os
participantes lançam nesse espaço suas expectativas e suas experiências, sem
o objetivo explícito de estabelecer um ciclo interacional com outros indivíduos.
O que há é uma publicação de relatos e poucas perguntas. Vale dizer que
essa atitude está de acordo com a proposta pedagógica do curso, que propõe
aos alunos, nesse momento inicial, o relato sobre aquilo que esperam e aquilo
que já viveram na área em torno da qual as atividades giram. Ainda que os
participantes possam optar por não dar depoimentos, acreditamos que a
mensagem que inicia o curso na primeira semana e que apresenta a proposta
109
é/dá parte das condições iniciais do sistema complexo, conforme pode ser visto
na primeira mensagem do professor:
“Olá pessoALL!
Dando início às atividades do nosso Curso, sugiro que façam
um passeio pelo ambiente e dêem uma olhada nos espaços
disponíveis. Uma passagem pela "Agenda" é imprescindível! Ali
você encontrará orientações sobre as atividades dessa semana
(e das próximas também). Não esqueça de passar na seção
"Perfil" para 'mostrar a sua cara' e conhecer os demais colegas!
Após esse passeio virtual, retorne aqui no Fórum e poste suas
expectativas em relação ao Curso, suas primeiras
impressões e sua opinião (grifo meu) sobre o texto proposto
para leitura.
Vamos iniciar nossa interação! Tenho certeza que faremos uma
bonita e proveitosa caminhada juntos! Quaisquer dúvidas,
nossa equipe está pronta para ajudá-los.
Um forte abraço e ótimo trabalho a todos!”
Frente ao fato de que a proposta pedagógica estimula os indivíduos a
emitirem mensagens, pode ser alegado que os participantes não esperariam
nada diferente do que somente as expectativas e experiências de cada um, e,
portanto, o comportamento do grupo atenderia aquilo que era previsto.
Pensamos que há um movimento mais perto da “emissão” do que da
“interação”, uma vez que muitos participantes fizeram postagens e não
voltaram a manifestar-se nesse fórum (alguns, inclusive, não participaram mais
do curso). No entanto, também é preciso dizer que já é possível perceber
nesse período um início das trocas entre alguns indivíduos, motivado por
afinidades e interesses em comum, como podemos perceber no exemplo
abaixo:
3.
Re: Iniciando...
Terça, 13/09/2005, 09:46:43
DEN
Por que matricular no DELO?
Sou uma 'professora tecnológica'... Acredito que a escola precisa se atualizar
em termos metodológicos. Internet, cursos e atividades on line? Há ainda muita
caminhada de pesquisa para compreendermos sua abrangência e
possibilidades...Espero aprender bastante no DELO... DEN
4.
Subject:Re: Iniciando...
Terça, 13/09/2005, 10:38:02
ISA
OI, DEN,
Que legal compartilhar essas inquiteações contigo! Na minha tese de doutorado
uma das coisas que eu discuti foi a nova subjetividade que emerge nessa condição
tecnológica em que tu te defines! Sou uma professora;pessoa;mulher;´tecnológica!
110
5.
Subject:Subject:Re: Iniciando...
Terça, 13/09/2005, 15:20:44
DEN
Que legal! Fiquei curiosa... Como posso ter acesso a tua
tese?
Notamos que a partir da emissão de DEN, ISA identificou “inquietações
compartilhadas” e deu feedback para a colega. Em contrapartida, DEN
manifesta interesse na tese de ISA. Há, ainda que em estágio inicial, um ciclo
de trocas baseado no reconhecimento do outro como um co-valorizante,
retomando o conceito piagetiano. Também destacamos que a identificação
mútua dos participantes é originada por condições iniciais do sistema, a saber,
a proposta de que os alunos expressem suas expectativas e experiências.
É importante destacar essa condição inicial do sistema: a forma como as
ações do curso são iniciadas, convidando os alunos para a exploração do AVA
e para que sejam feitas manifestações, em associação com as ferramentas
disponíveis utilizadas (fórum e perfil, nessa primeira semana), permite que haja
o grande volume de mensagens. Essas condições estiveram presentes em
todas as edições do curso, gerando comportamento semelhante, ou seja, um
grande número de participações nos fóruns do primeiro momento. Esse
grande volume, por sua vez, permite que sejam reconhecidos pontos de
interesse, áreas de atuação em comum, afinidades. Podemos dizer que todos
esses aspectos constituem aquilo que Piaget chama de “escala de valores” de
cada indivíduo, que é revelada não somente por aquilo que é dito/escrito nos
fóruns, mas pelas ações individuais nesse espaço de interação.
Ainda tratando das condições iniciais, o plano de curso e todas as
atividades previstas, embora sejam até certo ponto flexíveis no que diz respeito
a prazos para a realização de tarefas semanais, constituem o campo das ações
e parte das regras básicas para a atuação dos participantes. Alunos e
professores têm a informação sobre onde manifestar suas idéias e receber
feedback sobre elas, onde procurar e oferecer ajuda, onde disponibilizar suas
criações e encontrar observações sobre o que fez, bem como onde visualizar
trabalhos dos colegas e opinar sobre eles, se desejar fazê-lo. Os participantes
sabem que o plano prevê atividades semanais. Em suma, há certas atividades
a serem feitas em certos espaços e em certo prazo. Todas essas informações
tipicamente de um plano de curso compõem as regras de baixo nível que
111
sustentam o sistema inicialmente. E por tratarmos de um sistema dinâmico e
aberto, pode haver alterações e ajustes nas regras, caso exista um movimento
forte entre os elementos sistêmicos, como por exemplo, a inclusão de mais
uma ferramenta de interação ou a utilização de um determinado espaço para o
desenvolvimento de uma atividade prevista para outro lugar. Os
comportamentos são imprevisíveis, pois dependem da forma como os
elementos se articulam, mas emergem a partir de condições iniciais, dentre as
quais está o plano de curso.
Também fazem parte das condições iniciais a modalidade de curso
(totalmente a distância), as ferramentas disponíveis no ambiente e a estrutura
de elementos (a maioria das edições apresentou a estrutura professores-tutor-
alunos, enquanto uma utilizou a organização professores-alunos). As regras
de baixo nível são altamente relevantes e evidentes porque dão as condições
para a emergência dos comportamentos que poderão configurar o sistema
como complexo. E se a “energia” do sistema é o fluxo de mensagens, a
gênese da energia – e, por extensão, do próprio sistema – está, nesse caso
específico, nas regras de baixo nível que destacamos.
Retomando a discussão em torno do volume de mensagens e
relacionando-o com o conceito de entropia, o número de manifestações
representa a quantidade de energia disponível no sistema nesse momento do
curso. A grande quantidade de energia que há nesse primeiro período será,
em parte, perdida, enquanto outra parcela será transformada em “trabalho”,
conforme a Segunda Lei da Termodinâmica. No contexto da pesquisa,
podemos considerar como resultado do “trabalho” as conexões feitas entre os
participantes e aquilo que delas provém – solução de problemas, troca de
idéias, oportunidades profissionais – pois são as conexões que notadamente
contribuem para que o sistema continue funcionando, como um “motor”.
Ainda tratando da entropia, vale discutir um pouco mais sobre o
fenômeno de perda de energia acelerada que acontece no momento inicial de
força entrópica máxima. Já mencionamos o fato de grande parte dos alunos,
nesse período, postar mensagens sem um interlocutor explícito, e que isso se
deve muito ao chamado do professor na abertura do fórum “Semana 01”. É
112
válido notar, por meio das matrizes abaixo, o comportamento gerado por tal
fenômeno em um dos participantes – o professor:
Número de participantes = 16
Pseudônimos dos participantes: RAF, VIL, EDU, ALI, CAR, ISA, MAR, ROS, SCH, VAL, WIL,
DEN, THA, MCR, REN, CLA
Identificação do grupo: DELO 05 – semana 01 – cód.: 05S0101
todos
RAF
VIL
EDU
ALI
CAR
ISA
MAR
ROS
SCH
VAL
WIL
DEN
THA
MCR
REN
CLA
Total
enviado
RAF
7 1 5 1 1 2 1 1 1 1 21
VIL
-
EDU
111 12 1 2 9
A
LI
1 1
CAR
1 1
ISA
4 1 1 2 1 1 10
MAR
2 1 3 4 10
ROS
1 1
SCH
1 1 2
VAL
1 1 2
WIL
2 2
DEN
1 1 2 4
THA
1 1
MCR
1 1
REN
1 1 2
CLA
3 3
Total
recebido
25 5 1 5 1 - 13 4 1 2 3 3 2 - 1 1 3
Quadro 02 – Matriz do fórum “Semana 01” – DELO 05
113
Número de participantes = 15
Pseudônimos dos participantes: RAF, VIL, EDU, CAR, FLO, LUC, MAG, MAR, MCK, MAU, PAO,
SAN, VAN, VIV, ANT
Identificação do grupo: DELO 06 – semana 01 – cód.: 06S0101
todos
RAF
VIL
EDU
CAR
FLO
LUC
MAG
MAR
MCK
MAU
PAO
SAN
VAN
VIV
ANT
Total
enviado
RAF
3 121 31 1334 22
VIL
1 1
EDU
1 1 2
CAR
4 4
FLO
3 3
LUC
3 3
MAG
1 1
MAR
3 1 4
MCK
1 1
MAU
-
PAO
1 1
SAN
2 1 1 4
VAN
4 1 5
VIV
2 2 1 1 6
A
NT
-
Total recebido
28 4 - - 2 4 1 - 3 1 - 1 5 3 5 -
Quadro 03 – Matriz do fórum “Semana 01” – DELO 06
114
Número de participantes = 14
Pseudônimos dos participantes: RAF, VIL, ADR, CHR, DEB, ELI, HEL, JUL, MAI, MAT, ROS,
SOC, TAT, VAN
Identificação do grupo: DELO 07 – semana 01 – cód.: 07S0101
todos
RAF
VIL
ADR
CHR
DEB
ELI
HEL
JUL
MAI
MAT
ROS
SOC
TAT
VAN
Total
enviado
RAF
8 1 121421512 6 34
VIL
1 1 3 3 8
A
DR
-
CHR
1 1 1 1 4
DEB
3 1 4
ELI
1 1 2
HEL
4 1 1 11 1 9
JUL
1 1 1 3
MAI
1 1
MAT
2 3 1 6
ROS
1 1
SOC
2 2
TAT
-
VAN
9 2 1 1 1 2 2 18
Total recebido
34 8 3 - 4 3 3 9 2 2 8 1 2 - 13
Quadro 04 – Matriz do fórum “Semana 01” – DELO 07
Percebemos nas matrizes que, nesse primeiro fórum, em todas as
edições, RAF é o participante que faz mais postagens ([21], [22], [34]).
Também podemos notar que suas mensagens não são unicamente voltadas ao
grupo (representadas na coluna “todos”), pois também há, no mínimo, uma
mensagem para quase todos os alunos que fizeram manifestações. RAF (e
muitas vezes o tutor, que participou das edições 05 e 06) busca não deixar
nenhuma mensagem sem feedback, nem que seja apenas para sinalizar que a
colocação do participante foi lida. Observemos as seguintes trocas:
9.
Expectativas
Segunda, 12/09/2005, 16:51:35
VAL
Após dois anos de pesquisa na área de EaD, percebi que necessitava me envolver
mais com a parte prática do ensino online. Espero poder desenvolver atividades e
compartilhar idéias com os meus colegas de curso e com os tutores. Sei que tenho
muito ainda a aprender e espero que o DELO me proporcione conhecimentos
práticos dos quais necessitarei para implantar atividades online na Universidade
onde leciono.
10.
Re: Expectativas
Segunda, 12/09/2005, 17:23:32
115
EDU
Olá VAL!
Esperamos realmente que suas expectativas sejam conquistadas durante o curso.
O ELO é uma ferramenta muito poderosa para criar atividades para o ensino a
distancia e estaremos à disposição para tirar todas as suas duvidas em relação a
sua utilização.
Um ótimo curso para você.
11.
Re: Expectativas
Terça, 13/09/2005, 00:46:55
RAF
Olá VAL!
Espero que consigamos estabelecer uma atmosfera de trabalho colaborativo para
que possamos todos aprender uns com os outros!
Vamos com toda a energia encarar esse desafio. Um abraço e boa sorte na
caminhada!
RAF
46.
Iniciando um novo curso
Sábado, 17/09/2005, 01:10:14
MCR
Ao final da primeira semana, vejo que posso aprender muito com este curso e com
a pessoas que o estão freqüentando.
Foi uma semana calma, de atividades propostas, e agitada, de expectativas e
comunicação intraclasse.
Não leciono mais, por força de outra atividade laboriosa, mas continuo professora
de profissão. Sou nova na área do uso da tecnologia na educação, e vejo que
escolhi começar por um bom curso. Minha intenção é realmente me capacitar para
produzir material de apoio ao ensino de língua e de prática de redação on-line, que
será tema de minha monografia, desta vez. Com esses colegas de turma, e de
apoio, meu aprendizado irá além do on-line, acredito e espero.
47.
Re: Iniciando um novo curso
Sábado, 17/09/2005, 16:14:25
RAF
Seja bem-vinda, MCR!
Estamos aqui todos dispostos a ensinar e aprender de forma colaborativa,
formando - quiçá - uma verdadeira comunidade de aprendizagem.
Abraço e bom trabalho!
RAF
É a tentativa de estabelecer ciclos interacionais e de fazer-se presente,
uma vez que o professor, como especialista na área do curso, vê a interação
como importante para a aprendizagem e pretende estabelecer um senso de
comunidade e de colaboração entre os participantes, dando um exemplo de
como atuar nessa modalidade pedagógica. Na manifestação do primeiro aluno
(VAL), o tutor coloca-se à disposição para o esclarecimento de eventuais
dúvidas, enquanto o professor demonstra acompanhar o depoimento do
116
participante e, ao mesmo tempo, reforça como pretende desenvolver as
atividades (em “uma atmosfera de trabalho colaborativo para que possamos
todos aprender uns com os outros”). Quando a segunda aluna (MCR)
participa, ela demonstra valorizar o grupo a partir do que viu no fórum ao longo
do período. RAF, por sua vez, acolhe a aluna e novamente demonstra sua
expectativa em relação à forma de trabalho no curso (“...dispostos a ensinar e
aprender de forma colaborativa...”).
Também é importante discutir essa valorização da aluna MCR para com
o grupo. Considerar que pode “aprender muito com este curso e com as
pessoas que o estão freqüentando” dá espaço para que as trocas em torno de
elementos como benefício recíproco e sustentação solidária aconteçam mais
adiante, ou porque a participante vê o outro como um co-valorizante, como
alguém que tem algo de valor para oferecer, e essa é condição necessária –
segundo Piaget – para que as trocas se estabeleçam, ou porque a aluna vê no
grupo uma possibilidade de suprir suas necessidades de aprendizagem, apoio,
acompanhamento. Essa valorização também pode ser vista nos depoimentos
de VIV e PAO, alunas da sexta edição do curso, e CHR, aluna no DELO 07:
8.
Expectativas
Terça, 11/04/2006, 14:07:39
VIV
(...) Espero ter mais contato com as tecnologias de ensino e computação (não sou
uma grande programadora, mas já fiz algumas coisas), podendo assim criar um
site próprio de atividades para os meus alunos, pois assim poderei criar algo mais
personalizado e próximo da realidade brasileira e dos materiais didáticos que
adotamos. Além disso, pretendo aprender muito com os meus colegas que
(pelo que pude perceber lendo os perfis) tem mais experiência de vida e de
sala de aula! (grifo meu)
Acho que já falei demais! Heheh
Abraços
VIV
42.
Expectativas
Terça, 18/04/2006, 08:59:07
PAO
Dei uma "bisbilhotadinha" no perfil dos meus colegas e fique impressionada, pois
a maioria tem ao menos o mestrado, então acho que vou aprender muito com
eles. Sobre o curso, espero conseguir dar conta do recado pois os fatores tempo e
organização são determinantes para a realização do curso. A página é de fácil
acesso o que ajudará bastante. Espero aprender algo sobre E
A
D pois não sei
nada sobre o assunto. (grifos meus)
44.
Re: Re: Um oi de Campinas!
Quarta, 13/09/2006, 17:28:00
CHR
117
Obrigada RAF!
Estou aprendendo muito com o curso. Acabei de receber meu CD ROM e
amanhã cedinho vou testá-lo e postar mais comentários aqui.
VAN, obrigada pelos seus comentários. Aprendi bastante com você em outras
mensagens também!! (grifos meus)
Beijos
CHR
12.
Expectativas
Quarta, 12/04/2006, 10:19:37
MAG
Olá pessoal
Li as mensagens e observei que me encaixo um pouquinho em cada situação
apresentada. Quero aprender a lidar com essa nova tecnologia, contribuir para o
desenvolvimento desta nova modalidade de ensino, compreender e vivenciar as
estratégias de aprendizagem requeridas. Já dá para sentir que o grupo é muito
interessante e, com certeza, vamos trocar muitas informações. Conto com vocês
para que possamos construir juntos este trabalho.
Um abraço a todos
MAG
VIV e PAO reconhecem o valor do grupo e colocam-se em uma posição
de inferioridade em relação ao conhecimento profissional, mas, da mesma
forma que CHR, demonstram disposição para aprender a partir da interação
com os demais participantes, ou seja, há a valorização prévia em relação ao
grupo e seus componentes. Já o depoimento de MAG revela sua
predisposição ao trabalho colaborativo, atitude que vai na mesma direção da
opinião do professor e, principalmente, de outros colegas. Quando MAG “conta
com os demais participantes para construir juntos este trabalho”, ela demonstra
o desejo e a disponibilidade de ajudar e ser ajudada. Tal depoimento abre
portas para que os demais participantes possam procurá-la e trocar idéias por
meio do AVA.
Nesse mesmo fórum, a aluna que dizia “esperar aprender muito com os
colegas” – VIV – manifesta-se novamente para comentar um dos textos
sugeridos para leitura e revela uma certa preocupação sobre como administrar
o tempo em um curso nos moldes do DELO, uma vez que há o que ela chama
de “liberdade temporal”. Dois participantes – o professor RAF e VAN – dão
duas dicas, conforme a troca de mensagens que segue:
19.
"Muito Além do Jardim de Infância"
Domingo, 16/04/2006, 17:29:29
VIV
Primeiramente achei interessante o título do texto, realmente a aprendizagem em
118
ambientes virtuais requer uma volta ao jardim de infância, reaprender a aprender.
Outro aspecto relevante levantado é a questão da administração de tempo. Uma
das grandes vantagensd do aprendizado online, a meu ver, é a possibilidade de se
poder realizar as tarefas em seu prórpio tempo e ritmo. No entanto, esta "liberdade"
temporal pode ser considerada uma desvantagem, caso o aluno não saiba
adminstrar bem seu tempo, adiando o cumprimento das tarefas, uma vez que não
tem um "horário" fixo de se apresentar em sala de aula. Já escrevi na minha
agenda os horários reservados as atividades do DELo e espero conseguir seguí-
los!!! Algum colega tem dicas de administração de tempo para compartilhar?
Abraços e boa páscoa a todos!
VIV
20.
Re: "Muito Além do Jardim de Infância"
Segunda, 17/04/2006, 10:40:28
RAF
Olá VIV!
(...)
Uma dica para "lembrete" das atividades online: colocar a página do curso como
"página inicial" do navegador. ;)
Obrigado pela consideração feita, VIV! Grande abraço e uma ótima semana!
RAF
21.
Re: Re: "Muito Além do Jardim de Infância"
Segunda, 17/04/2006, 15:12:08
VIV
Obrigada pela dica da "página inicial" já foi colocá-la! :)
22.
Re: Re: Re: "Muito Além do Jardim de Infância"
Segunda, 17/04/2006, 18:24:55
RAF
Anytime! ;)
RAF
23.
TelEduc
Quarta, 19/04/2006, 12:24:28
VAN
Pessoal,
Outra forma de organizão bastante eficiente é configurar o sistema do TelEduc
para enviar as novidades por e-mail diariamente, por exemplo. Achei esta
ferramenta o máximo! Assim sendo, recebo notificações por e-mail sempre que há
algo novo na nossa sala de aula virtual.
Abraços,
VAN
P. S. A esta facilidade está na opção 'configurar' na lateral esquerda da tela.
Notamos nessa troca de mensagens que há um dos primeiros ciclos
solidários dessa edição – conforme o conceito de Estrázulas (2004), já
discutido nesse trabalho. As manifestações de RAF e VAN permitem que VIV
atinja um outro patamar, construindo conhecimento sobre “como organizar-se
em um curso em AVA”. RAF e VAN reconhecem a necessidade de VIV e
fornecem feedback para que a aluna chegue a um patamar aproximado ao
deles sobre a questão da administração do tempo. Poderia ser alegado que
RAF, por ser professor, tinha a “obrigação funcional e moral” de responder ao
apelo de VIV. No entanto, VAN, por ser um aluno e não ter tradicionalmente tal
119
obrigação de prestar auxílio à colega, mesmo depois de o professor ter dado
uma resposta satisfatória (sinalizada pela mensagem seguinte de VIV), deixa
uma outra alternativa à participante. É perfeitamente possível identificar a
participação de VAN como “uma concentração espontânea de esforços de
caráter desinteressado em trocas interindividuais que visam dar suporte ao
processo de construir e manter uma ordem funcional e estrutural num sistema
aberto” (ESTRÁZULAS, 2004, p.252), ou seja, como uma demonstração da
sustentação solidária. E a sustentação solidária, na medida em que ocorre
com maior freqüência no momento de resistência sistêmica e associada a
outros fenômenos que aparecem nas interações, é um dos elementos que
compensa as perdas inevitáveis do fenômeno entrópico, mantendo o sistema
complexo em funcionamento.
O fórum “Semana 02” pretendia servir como base para a expressão de
impressões, críticas e dúvidas sobre as atividades que podem ser criadas com
o sistema de autoria em torno do qual o curso foi elaborado. Era proposto aos
participantes que testassem um conjunto de atividades e postassem no fórum
suas manifestações. Também havia a proposta de um texto para leitura, que
poderia gerar um debate no mesmo fórum. Vejamos que a estrutura desse
espaço na segunda semana é a mesma do fórum “Semana 01”: experimentar
uma ferramenta ou recurso, ler um texto e postar impressões e expectativas.
Contudo, começamos a perceber nessa semana que as mensagens
começam a ser direcionadas de maneira mais explícita a um aluno ou
professor, e que a “emissão” começa a dar espaço para a “interação”. Essa
mudança acontece em virtude de dúvidas que surgem quanto ao
funcionamento dos materiais criados com o sistema de autoria. Os
participantes não conseguem enviar resultados pela ferramenta automática
embutida em cada atividade, não lêem instruções fornecidas e cometem erros.
Como resultado, direcionam a busca de ajuda no fórum da segunda semana,
com mensagens geralmente endereçadas aos professores e ao tutor.
Especialmente na sexta e sétima edições do curso DELO, também
encontramos um número considerável de mensagens entre alunos
38
, ora
38
O que diferencia a quinta edição do curso DELO das demais (06 e 07) é o fato de os
participantes das duas últimas, quando enviam mensagens aos outros alunos, dirigirem-se
120
fazendo esclarecimentos, ora mostrando solidariedade em relação a problemas
ou opiniões em comum:
6.
Re: Re: Re: Re: conhecendo atividades ELO...
Segunda, 01/05/2006, 18:12:55
MAR
Concordo com a SAN, os critérios devem ser claros, por isso o escore é importante.
8.
Re: Re: conhecendo atividades ELO...
Sexta, 21/04/2006, 15:46:01
MAU
Tive a mesma sensação da SAN. querer voltar para acertar o exercício. não sei como
fica a questão do tempo na avaliação. Podemos usar o tempo como ferramenta de
avaliação?
20.
Re: Re: Re: Tour comentado das atividades
Sexta, 21/04/2006, 10:49:43
SAN
Oi VIV
Eu também tive dificuldades com o Rio Grande do Norte e com o Lap top. :)) SAN
23.
Re: Tour comentado das atividades
Sábado, 22/04/2006, 03:56:36
VAN
VIV,
Acabei de descobrir no material de suporte uma atividade com história em
quadrinhos na qual o aluno teria que escolher as frases na ordem correta. Talvez
você queira dar uma olhada na mesma. ;-)
Abraços,
VAN
25.
Re: Tour comentado das atividades
Segunda, 01/05/2006, 18:35:27
MAR
O Forum é importante por isso. Me sinto mais confortável vendo os
comentários dos colegas. Ao fazer as atividades parecia que eu não estava
sabendo realizá-las.(grifo meu)
Por exemplo, quanto ao jogo de memória, não entendi também ao fazer pela primeira
vez, qual era a lógica dos pares. Na segunda, terceira tentativa, ficou mais claro. Mas
acho que é assim mesmo. No caso dos jogos eletrônicos, os meninos vão tentando,
descobrindo os caminhos.
Parece que o Rio Grande do Norte foi o problema da maioria.
Tanto MAR quanto MAU dividem com SAN a mesma opinião sobre uma
atividade que experimentaram. SAN mostra a VIV que também encontrou
problemas em relação a uma das respostas de um exercício. Com base em
uma mensagem na qual VIV revela um interesse específico sobre determinado
assunto, VAN contribui com a orientação sobre em que parte do AVA a colega
especificamente a um indivíduo – citando um nome – enquanto os matriculados no DELO 05
usam termos coletivos como “colegas”, “gente” e “pessoal” no início das mensagens.
121
pode encontrar informações. De forma gradual, os participantes começam a
compartilhar opiniões e a apoiar uns aos outros. Esse apoio é reconhecido
como importante, de maneira explícita, na última manifestação de MAR em
01/05/2006, quando ela revela sentir-se mais confortável por perceber que não
era a única e enfrentar determinado obstáculo (que na verdade era um
problema na elaboração da atividade), e atribui esse sentimento de “conforto”
ao fórum. Na verdade, o fórum é apenas um espaço disponível para a
interação. O que MAR classifica como importante é, na realidade, a forma
como o espaço é explorado pelos participantes do AVA, tornando-o um
contexto rico em recursos e manifestações de apoio para aqueles que o
habitam.
2.
Re: Mais um
Terça, 12/09/2006, 13:19:23
MAT
Oi RAF...
Peço desculpas por não ter posted nada no forum... farei ainda hoje. Quanto a
leitura dos texto, estou preocupada: ainda não recebi o material didático!!! E espero
não ficar atrasada com o curso!
3.
Re: Re: Mais um
Terça, 12/09/2006, 16:44:05
VAN
MAT, não quero me meter, mas como vi teus post aqui no fórum, vou tentar te
ajudar. Os textos que deves ler estão aqui mesmo no curso! O material, que deves
receber em breve, é mais importante para, acredito eu, conhecer o sistema de
autoria ELO. Enquanto ele não chega, tenta fazer as artividades propostas na
agenta. Lá estão os textos da semana 01 e 02!
Beijo!
4.
Re: Re: Re: Mais um
Terça, 12/09/2006, 20:36:11
MAT
VAN, o texto 1 já estou terminando...mas onde está o texto 2???Dentro das
semana seguinte??? Se é assim poderiam já ter sido informada antes e não estaria
ansiosa pela chegada do material!
Tive a impressão de o material postado é parte fundamental do curso!!!!!
5.
Re: Re: Re: Re: Mais um
Quarta, 13/09/2006, 10:33:03
VAN
Isso, querida! Tah tudo lá! Vai avançando semana por semana que vais encontrar
todos os textos e as atividades que temos que realizar em anexo!
Beijo, flor!
6.
Re: Re: Re: Re: Re: Mais um
Quinta, 14/09/2006, 20:22:17
MAT
brigradinha:)))ainda to atrasada ..vou tentar colocar em dia este fds..vamos ver
....mandei info sobr a escola...se tiver interesse em conhecer mais envio endereço
do site, tá?!?!
Também observamos os primeiros exemplos de sustentação solidária na
segunda semana do DELO 07. Nas manifestações acima, vemos que a aluna
122
MAT envia uma mensagem ao professor RAF, explicando o motivo de sua
ausência no momento inicial do curso. No entanto, antes que RAF acesse o
AVA e possa responder à postagem, a participante VAN esclarece à colega
que os materiais também podem ser obtidos no próprio ambiente e, portanto,
sua participação não teria prejuízos pelo atraso no recebimento do material via
correio. MAT responde para VAN e faz uma nova pergunta, a qual VAN torna a
responder afetuosamente, recebendo em retorno o agradecimento de MAT e a
confirmação de que a colega enviou determinada informação solicitada por
VAN anteriormente em outro fórum. Mais uma vez, encontramos uma aluna
que faz uma intervenção voluntária para dar apoio a uma colega. Mais ainda, a
mensagem que dispara a troca foi claramente enviada ao professor do curso,
fato que poderia restringir a manifestação de outros indivíduos. Também cabe
ressaltar que VAN havia pedido informações sobre a escola de MAT em um
outro fórum, mas, até aquele momento, não havia recebido retorno. Essa falta
de resposta poderia desencorajar VAN a ajudar MAT, caso não estivesse em
jogo valores como colaboração e solidariedade. No entanto, VAN presta
auxílio a MAT e um ciclo solidário é estabelecido, da mesma forma como
havíamos percebido nas outras edições.
15.
Re: Mais um
Domingo, 17/09/2006, 01:47:45
HEL
RAF,
Como está?
Não li suas instruções da 2a. semana antes de fazer as atividades e mandei tudo
para o endereço errado. Espero que o VIL me perdoe. rs
Por razões óbvias, ainda não recebi o CD. Devo avisá-lo quando receber a
remessa?
(...)
Estou gostando muito também do envolvimento dos colegas e de suas
intervenções e do VIL. (grifo meu)
Tenha um ótimo fim de semana. HEL
18. Re: Mais um Sexta, 27/10/2006, 02:31:38
ELI
Olá a todos,
Sobre o roteiro proposto para a segunda semana (que finalmente terminei), tenho
vários comentários/impessões:
(...)
Uma, dentre as muitas e interessantes colocações deste fórum, foi a colocação
do (...)
Bom, embora ainda atrasada, afirmo que estou gostando muito do curso e das
intervenções dos colegas. (grifos meus)
123
Um abraço,
ELI
20.
Anxiety.... ;-)
Quarta, 13/09/2006, 17:35:40
CHR
Olá pessoALL (adorei isso, RAF!)
Acabei de receber meu CD, mas estou saindo para as aulas. Já fiz alguns
exercícios da semana 2 e amanhã cedo faço a postagem para contar minhas
experiências! Estou ansiosa e adorando o curso! Amo muito tudo isso!! (sem
apologias, hein?)
Beijos!!! CHR
26.
Semana 02
Domingo, 17/09/2006, 22:54:33
SOC
Oi gente,
Ao ler a mensagem da MAT compartilhei o mesmo sentimento dela: o início de
participação no curso estaria vinculado ao recebimento do material. Como o meu
material demorou a chegar, não fui curiosa o bastante para explorar o ambiente de
aprendizagem (acho que me faltou o espírito da VAN). Quando dei conta do
montão de coisas que já tinham sido debatidas fiquei um pouco desanimada com a
sensação de que estava "perdendo o bonde". Espero recuperar o tempo perdido,
daí considerar importante os fóruns ainda ainda permanecerem abertos. Mesmo
tendo consciência de que o "quente" da discussão já passou, vou tentar interagir
fora de tempo.
(...)
No mais, estou achando as discussões dos foruns bastante enriquecedoras.
SOC
27.
Re: Semana 02
Segunda, 18/09/2006, 21:21:49
RAF
Olá SOC,
Em primeiro lugar, não desanime! Não há nada perdido! Com certeza você já
pegou o fio da meada do nosso papo aqui.
Sobre ter passado o "quente" da discussão, passou não!!! Estamos a mil e os
fóruns abertos nos permitem manter o fogo acesso... vide minha resposta à sua
colocação na semana 01. ;)
Fico feliz que você está nos acompanhando e achando as discussões
enriquecedoras. Elas ajudarão bastante na parte mais prática do Curso, e que está
começando na semana 03.
Precisando de alguma ajuda, é só dar um 'alô'. Forte abraço,
RAF
Assim como nas edições anteriores, percebemos que os participantes
atribuem valor positivo à forma como as ações são desenvolvidas nesse
momento inicial. HEL destaca o envolvimento dos colegas e as intervenções
dos professores. ELI classifica essas intervenções como interessantes e
declara estar gostando muito do curso, assim como CHR. Também vale
destacar a manifestação de SOC, uma aluna que começou o curso uma
semana após a maioria do grupo. Nas suas primeiras mensagens, a aluna
demonstra preocupação devido ao seu aparente atraso e dá as suas razões
124
para o começo tardio. Tratamos o atraso como “aparente” devido ao fato de
que a unidade “tempo” rege a abertura dos fóruns e sinaliza uma projeção para
o desenvolvimento de atividades, mas não impede a execução das tarefas a
qualquer momento. Os fóruns estão permanentemente abertos a novas
postagens e, uma vez que aconteçam, podem receber feedback. E, embora
SOC se mostre um pouco desanimada após revisar o grande volume de
participações do grupo até o momento, a aluna espera “recuperar o tempo
perdido” graças à característica de abertura permanente dos fóruns, os quais
estão repletos de “manifestações enriquecedoras”, como HEL, ELI e a própria
SOC declaram. Notemos que o feedback do professor mostra que a aluna
receberá o apoio que busca, confirmando a expectativa de SOC. Assim, RAF e
SOC recebem o que almejam nesse momento de troca: o primeiro “ganha”
mais um participante ativo no grupo, uma vez que o apoio dado configura-se
como importante para a aluna; esse suporte do professor é o que SOC procura
nesse período do curso, para que ela possa entrar no ritmo dos demais
colegas. Temos aqui um exemplo de benefício recíproco, conforme a definição
piagetiana, pois as ações de cada um produzem satisfação para o outro
indivíduo, tornando-os, naquele momento, co-valorizantes.
Embora comecem a ocorrer interações em torno de elementos como
sustentação solidária e benefício recíproco, elas acontecem nesse período em
um volume pequeno. Como resultado, ao final da segunda semana, o volume
de mensagens cai rapidamente a um patamar médio, confirmando a tendência
da força entrópica máxima vista no fórum “Semana 02” em comparação com o
anterior. A força entrópica só encontra resistência por volta da terceira
semana. É quando inicia o momento de resistência sistêmica.
5.2.2. A ‘Resistência Sistêmica
Ainda que as trocas desenvolvidas no período anterior não tenham
ocorrido em volume suficiente para desacelerar a força entrópica, resultando na
diminuição no número de mensagens, as interações que destacamos sinalizam
questões encadeadas relevantes. A primeira delas diz respeito ao grande
125
volume de mensagens emitidas no primeiro período, fruto de condições iniciais
como a mensagem de abertura dos fóruns das primeiras semanas, as
atividades propostas e o plano de curso, juntamente com as ferramentas
disponíveis para a execução das atividades no AVA. As manifestações em
grande quantidade estabeleceram o contexto para que os participantes se
conhecessem e encontrassem pontos de interesse e contato. Esse encontro
permitiu que os primeiros laços começassem a ser estabelecidos, identificando
quem pode ser procurado, quem está disposto a trabalhar colaborativamente
(ainda que esse não seja um julgamento definitivo e válido para todo o
período), que caminhos percorrer dentro do AVA. Esse processo inicial de
reconhecimento também é importante porque traz à tona o sentimento de
acolhida, deixando o aluno mais à vontade e confiante de que há espaço para
encontrar apoio, caso necessite.
Frisamos na fundamentação teórica desse trabalho que Piaget tratava
do valor qualitativo, do valor social, em contraponto com o valor econômico.
Consideramos o acolhimento dos indivíduos pelos demais participantes do
grupo em AVA um desses valores sociais. A solidariedade para aqueles que
buscam apoio também configura-se como “moeda” social, juntamente com o
alcance de expectativas, ou a superação delas. São esses elementos que, em
associação com outros exemplos, a partir do momento que surgem com maior
freqüência no conteúdo das interações e são capazes de gerar novas trocas,
vão contribuir para que haja a desaceleração da força entrópica que assola o
sistema. Quanto maior a satisfação e a valorização oriunda das trocas, maior o
fluxo interacional, maior a energia no sistema, maior a compensação das
perdas, menor a força entrópica, maior a duração do sistema. É o que
acontece no segundo momento do curso, que dura aproximadamente da
terceira à sétima semana: é a Resistência Sistêmica.
Iniciando a observação na primeira semana do período – a terceira
semana – temos no DELO 05 a postagem de 52 mensagens, as quais têm seu
volume representado na figura abaixo:
126
Figura 20 – Mapa de interação – “Semana 03” – DELO 05
É notável a redução no volume de mensagens em comparação com as
semanas anteriores. Assim como nas primeiras semanas, havia um conjunto
de atividades previstas para o período. Após expressarem expectativas e
testarem alguns materiais criados por meio da ferramenta de autoria que era
objeto do curso, os participantes começariam a desempenhar o papel de
criadores de materiais. Nessa primeira semana eram previstos mais alguns
testes em materiais específicos e a elaboração individual de dois tipos de
atividades, as quais deveriam ser postadas pelos alunos em seus respectivos
portfólios. Esse espaço de armazenamento foi disponibilizado de forma que
todos os participantes tivessem acesso a todas as criações e pudessem opinar
a respeito do que os colegas estavam fazendo. O fórum “Semana 03” foi
destinado, em princípio, para as dúvidas e esclarecimentos relacionados com
as atividades semanais. E já nas primeiras mensagens há o estabelecimento
da interação, a partir de um exemplo de atividade que apresentava
complicações:
127
2.
Atividade 5 - Eclipse e Memória
Domingo, 25/09/2005, 20:41:06
VAL
Acabei de fazer as 15 atividades e a medida que fui percorrendo os exercícios, fui
tomando nota e pensando nas atividades que eu poderia criar para os meus alunos
de língua inglesa.
Umas são mais fáceis e adequadas a minha realidade, consegui pensar em muitas
atividades que posso desenvolver com ele. No entanto, achei outras muito difíceis,
como por exemplo as atividades de reconstrução de texto. Achei um pouco inviável
pedir para que os alunos reconstruam um texto desconhecido sem que tenham um
parâmetro para desenvolvimento da tarefa. O texto do hotel, "serra-azul", me
pareceu muito difícil, mesmo utilizando a dica, me pareceu uma atividade
desmotivante, sem contar o tempo que consome.
3.
Re: Atividade 5 - Eclipse e Memória
Domingo, 25/09/2005, 22:38:00
ALI
Olá! Concordo com o VAL em relação a atividade do Serra Azul... Pela falta de
parâmetros, achei a tarefa cansativa e time consuming...Mas, da maneira como a
atividade foi colocada na semana 2 (recuperar os estados da região nordeste),
achei interessante e pensei em algumas atividades, como, por exemplo, trabalhar
com letras de música. O aluno pode escutar a música e recuperar partes da
mesma. Como na atividade dos estados da região nordeste, o aluno pode
recuperar os dias da semana em inglês, os meses do ano, enfim, há muita coisa a
ser feita! O que faltou na atividade do Serra Azul foi "cercá-la" um pouco mais. O
exercício ficou muito aberto e as possibilidades de respostas eram inúmeras! Ah,
leia o texto do prof VIL que está no portfólio dele! Trás ótimas idéias! Bj a todos.
5.
Re: Re: Atividade 5 – Eclipse e Memória
Domingo, 25/09/2005, 23:43:04
VIL
A ALI e o VAL têm razão: o texto do Serra Azul ficou muito difícil.
Quando preparei o texto, me pareceu razoável, mas agora refazendo nem eu
conseguia acertar. Eu deveria ficar bem quietinho, mas assumo: tá difícil. Vamos
ter que retirar, ou como diz a ALI, dar mais pistas nas instruções.
Valeu, gente.
VIL
6.
Re: Re: Re: VAL, ALI e VIL
Segunda, 26/09/2005, 00:21:04
RAF
Essa vai endereçada aos três, mas acho que serve para todo o grupo!
Realmente, a atividade do Serra Azul ficou difícil. No entanto, (...) me parece que a
atividade serve para que pensemos naquilo que pode ser proposto e COMO.
Vejamos, como exemplo, as idéias que surgiram.
Por isso, VIL, acho que não precisaria ser retirada, mas sim discutida! ;)
Abraços a todos,
RAF
7.
Subject:Re: Re: Atividade 5 - Eclipse e Memória
Segunda, 26/09/2005, 09:49:03
ISA
Eu concordo quanto ao fato de ser time-consuming, mas a estratégia que eu utilizei
foi a da predição lexical ( o velho modelo do 5 mágico: 5 palavras prováveis)
seguida da morfo-sintática: digitei preposições, conjunções e pronomes para os
espaços de até 4 letras, obviamente levando em conta o tema e as construções
frasais possíveis. Também tem a vantagem de que para a maioria de nós gaúchos
o Serra Azul é figurinha fácil...
Em suma, o exercício em si, para mim, não é difícil, o que faltou foi a etapa da pré-
leitura, já que o exercício, suponho, era de leitura. Se o exercício estiver
claramente situado no ciclo pre-reading-reading-post-reading da tarefa, e isso pode
estar indicado no espaço do professor e na instruções, a dificuldade para a
resolução da tarefa fica reduzida e a atividade em si mais focalizada.
O que vocês acham?
8.
Re: Subject:Re: Re: Atividade 5 – Eclipse e Memória
Segunda, 26/09/2005, 20:59:43
128
RAF
Oi ISA e demais colegas,
Acho que a atividade de pré-leitura é uma boa saída, fundamental em exercícios
de compreensão textual. Também há a possibilidade de chamar a atenção do
aluno para procedimentos que poderiam ser produtivos e adotados na tarefa.
Alguém mais sugere outra saída? Abraços,
RAF
10.
Re: Re: Atividade 5 - Eclipse e Memória
Segunda, 26/09/2005, 11:35:39
VAL
Olá EDU
Na verdade, pensei em muitas atividades que posso desenvolver com o Eclipse.
Obrigado pela dica (...). O que acho que realmente faltou no "Serra-Azul" foi uma
atividade de "pre-reading" que pode levar o aluno a desenvolver a atividade com
mais interesse.
Nas duas primeiras postagens, percebemos VAL e ALI concordando a
respeito do grau de dificuldade de uma das atividades propostas como
exemplo, ao mesmo tempo em que sinalizam ter tido idéias sobre como usar a
ferramenta para criar materiais mais adequados a sua realidade profissional.
ALI vai um pouco mais além e aponta um caminho para tornar a atividade mais
viável. Na seqüência, o professor VIL, autor do material, concorda com os
alunos e reconhece o grau de dificuldade elevado. RAF também entra na
troca, sugerindo que, em vez de retirar o material com problema conforme VIL
indicara, fossem discutidas formas de apresentação das atividades. Uma
terceira aluna – ISA – atende ao chamado e, tendo a mesma opinião de VAL,
ALI e VIL, compartilha o modo como enfrentou a dificuldade. Na mesma
postagem, a aluna sugere uma alternativa para a recuperação do material (o
uso de uma atividade de “pré-leitura”). As manifestações seguintes são de
RAF e VAL, em resposta à colocação de ISA.
Dentro daquilo que era esperado dos participantes não estava o
compartilhar de idéias sobre como usar a ferramenta. Como foi mencionado, o
fórum foi aberto para servir como espaço para solução de dúvidas. No entanto,
os participantes não somente deram suas impressões como também sugeriram
possíveis formas de utilização dos recursos do sistema de autoria. Mais ainda,
não ficaram restritos à sinalização de um problema, mas partiram para a
apresentação de soluções. Não há como considerar tais comportamentos
senão como expressão de solidariedade. As manifestações dos professores
VIL e RAF têm importância por reconhecerem o trabalho de análise de VAL e
ALI (e esse reconhecimento é a manifestação do benefício recíproco, uma vez
129
que coloca VAL e ALI como co-valorizantes para VIL e RAF) e apresentarem
possibilidades de discussão, mas somente a intervenção docente não seria
suficiente para o estabelecimento das trocas. O engajamento dos indivíduos
quando aceitam a idéia de discutir e compartilham é essencial para que as
trocas aconteçam. O engajamento é
a própria troca.
Logo após essa troca, temos um ciclo solidário acontecendo nas
mensagens abaixo:
18.
Help!
Terça, 27/09/2005, 14:54:55
ALI
Olá a todos! Estou tendo uns probleminhas... Tentei colocar umas figuras no meu
jogo da memória, mas acho que não deu muito certo! Fiz como manda a instrução
para adicionar a imagem, mas, quando gerei o jogo e fui testá-lo, elas não
apareceram, mas sim, o "nome da imagem" que recortei e colei no jogo... Não sei
se fui clara o suficiente.... Se puderem me ajudar, agradeço! Bj :-)
19.
Subject:Help!
Terça, 27/09/2005, 17:52:18
ISA
OI,
Não sei se vou ajudar, mas todos os elementos que utilizares para a atividade
devem estar localizados na mesma pasta, ou folder.
20.
Re: Help!
Terça, 27/09/2005, 17:59:16
EDU
Olá ALI
Primeiro a sua imagem deve estar na mesma pasta onde você gerou a atividade.
Segundo você deve inserir a linha tal qual apareceu para você quando foi inserir.
Exemplo: {i=imagem.jpg} com {} e tudo.
Espero ter ajudado.
21.
Re: Re: Help!
Quarta, 28/09/2005, 15:08:03
ALI
Muuuuito obrigada! Era esse o problema! Bjss :-)
O primeiro detalhe a ser destacado é o destinatário da mensagem de
ALI: “todos”. Esse fato demonstra que a aluna confia que outros alunos podem
prestar auxílio, além dos professores e tutor. ALI, na terceira semana, já
reconhece o grupo como um elemento que possui valor interessante para ela.
A seguir, encontramos a aluna ISA oferecendo uma possível solução para o
problema de ALI, antes mesmo que um dos professores ou o tutor façam
alguma manifestação. Sete minutos após a mensagem de ISA, o tutor EDU
complementa a informação de auxílio. No dia seguinte, ALI acessa as
mensagens e agradece o apoio recebido, além de sinalizar que o suporte foi
útil para resolver a questão.
130
É evidente que a mensagem de ISA trata-se de uma “concentração
espontânea de esforços de caráter desinteressado” (ESTRÁZULAS, 2004),
pois não havia nenhuma compensação prevista no plano de curso. ISA não
auxiliou ALI porque ganharia algo que não fosse a satisfação de ter sido
solidária. No mesmo sentido, o agradecimento de ALI é uma forma de
expressar que houve benefício. Essa cordialidade configura-se, na nossa
ótica, como outro “valor social” que alimenta as trocas interindividuais no AVA.
22.
Help 2
Quarta, 28/09/2005, 15:28:19
ALI
Olá, de novo! Consegui colocar som na atividade Eclipse (estava tentando colocar
uma música que estava salva em uma pasta diferente). No entanto, ainda não
consegui que as figuras aparecessem, mesmo salvando todas elas na mesma
pasta na qual gerei a atividade.... Bj.
23. Re: Help 2 Quarta, 28/09/2005, 15:35:18
EDU
ALI,
O processo é o mesmo, só que quando for inserir imagem você deve clicar no
botão Image e vai aparecer um código como, por exemplo, {i=imagem.jpg} quando
for áudio vai aparecer o código {a=áudio.mp3} e quando for vídeo vai aparecer o
código {v=vídeo.avi}.
Espero ter ajudado.
24.
Re: Re: Help 2
Quarta, 28/09/2005, 16:32:43
ALI
Obrigada, EDU! Mas no caso das imagens, só consegui iserí-las após ir ao
programa Infan View e colocá-las no tamanho correto para o jogo da memória.
Bem, "apanhei" um pouco, mas consegui cumprir a missão! Bj :-)
ALI revela que reconhece o valor do grupo para solucionar suas dúvidas
e mais uma vez troca mensagens com o tutor EDU. Dessa vez a ajuda de
EDU parece não ter sido útil. Mesmo assim, ALI agradece gentilmente e
explica como conseguiu resolver a questão. É importante notar que ALI
demonstra estar bastante confiante e satisfeita com a força colaborativa do
grupo e com aquilo que ele tem lhe proporcionado, tanto que mantém uma
atitude positiva na sua manifestação, mesmo que o caminho apontado pelo
tutor não tenha servido como solução. Poderíamos dizer que, em virtude de
colaborações anteriores, há “crédito de valores sociais” para ser gasto, o que
mantém alta a estima de ALI para com o tutor.
31.
Atividades 5 e 6
Sábado, 08/10/2005, 17:56:51
ROS
Olá, pessoal!!
131
Peço desculpas por só estar postando minha atividade 6 agora, mas no último final
de semana, meu filho sofreu uma pequena cirurgia e eu tive que ficar ao seu lado
boa parte do tempo.
Então, durante a semana, tentei fazer o meu dever de casa e tentei postar a tividade
no meu portfolio, mas não consigo mandar arquivos zipados do meu trabalho, o
administrador da rede bloqueia!
Quanto aos 15 exercícios propostos, fiz e mandei os resultados por email, mas até
agora, não recebi feedback de vcs e nem recebi em meu email. Achei estranho pois
vcs falaram que receberam no email de vcs...;-(
Espero que me perdoem novamente!! Tentarei fazer as atividades da semana 4 e
postar as soon as possible!!
Bjs,
ROS
32.
Re: Atividades 5 e 6
Domingo, 09/10/2005, 19:05:39
MAR
Oi, ROS!!! Não te angustia, pq eu já estou por demais... quase desistindo... Tive
problemas com um falecimento repentino na família, minha filha também este doente
e mais no final de semana anterior minha Internet simplesmente não funcionou. Sem
contar com a sobrecarga de trabalho nas duas últimas semanas. Tudo manda
contra, mas se me aceitarem, ainda tento correr atrás do prejuízo. (grifos meus)
Também fiz os 15 exercícios propostos e não recebi retorno dos formadores. Talvez
estejam atrapalhados com os colegas que estão nas atividades da semana.
Aguardemos. MAR
33.
Re: Re: Atividades 5 e 6
Domingo, 09/10/2005, 21:55:01
RAF
Olá MAR,
Dê uma olhada na minha resposta à ROS sobre os resultados que vocês enviaram.
Aproveito para frisar que o foco principal é a elaboração das atividades usando o
ELO, portanto, tentem ficar em dia com essas tarefas. Mas nem pensem em desistir!
:) Estamos aqui para ajudá-los no que for possível e tenho certeza que vocês
superarão essas questões que têm sido barreiras.
Boa sorte e força! Qualquer dúvida, é só entrar em contato. Grande abraço,
RAF
34. Re: Re: Re: Atividades 5 e 6 Terça, 11/10/2005, 02:07:34
MAR
Oi, RAF! Desistir? Nem pensar, ainda mais agora que comecei atividades e
adorei elaborar atividades com o ELO. Por favor, assim que possível, visite
meu portfólio, pois quero saber se estou no caminho certo (grifo meu). Enviei as
atividades da semana3. Abraços, MAR
45.
semana3
Terça, 11/10/2005, 02:09:59
MAR
Oi, colegas!!! Atrasadinha... mas querendo a opinião dos mais adiantados. Enviei
para portfólio atividades da semana3, aguardo se possível, comentários. Prometo
visitar os colegas. Abraços, MAR
Na seqüência de mensagens acima, temos as trocas entre as alunas
ROS e MAR e o professor RAF. De acordo com o plano de atividades, as
participantes se consideram atrasadas e entram em contato para explicar seus
motivos. Notemos que ROS não se dirige apenas aos professores, mas sim ao
132
grupo, da mesma forma que ALI em mensagens anteriores, o que revela o seu
desejo em fazer parte do grupo. Acreditamos que é uma forma possível de
compreender a ação de justificativa de ROS, buscando que sua ausência não
seja mal interpretada como abandono ou falta de interesse, por exemplo. Tal
interpretação poderia levá-la a ser excluída do grupo, por não contribuir, não
colaborar. Na mesma mensagem, ROS revela um problema que está
enfrentando e pede ajuda.
MAR também manifesta-se em solidariedade a ROS dizendo que
enfrentou contratempos e aponta o mesmo problema no curso, de certa forma
“cobrando” a atenção dos professores. A aluna demonstra desânimo,
cogitando a possibilidade de desistir. Em função de todos os obstáculos que
está enfrentando – dentro e fora do curso – MAR procura aceitação para que
possa concentrar esforços e seguir com as atividades. A mensagem seguinte
é de RAF, que mostra a MAR no início do seu texto que já havia solução para a
dúvida a respeito dos exercícios propostos (a resposta já havia sido dada a
ROS em uma outra mensagem). Depois do esclarecimento, RAF orienta sobre
quais atividades pendentes as alunas devem concentrar-se inicialmente. O
professor ainda oferece apoio e tenta motivar as alunas para que elas não
desistam. Dois dias depois, MAR responde e sinaliza que não pensa mais em
desistir, devido ao fato de já ter iniciado as tarefas e estar gostando muito das
atividades. Finalizando, MAR solicita nova orientação, convidando RAF a
visitar seu portfólio e dizer se a aluna está no “caminho certo”. E, buscando
contribuição do grupo, envia uma nova mensagem a todos os participantes dois
minutos depois.
Uma outra questão que emerge dessa seqüência de mensagens é a
presença de mais uma característica dos sistemas complexos nos nossos
grupos em AVA: eles são abertos e sensíveis a fatores externos. Embora haja
o plano de curso, o qual constitui o grupo de regras de baixo nível e de
condições iniciais, há aspectos que aparentemente não estão ligados à
pedagogia proposta, mas que influenciam as ações dos elementos sistêmicos
(ou a falta delas). O trabalho e a família, por exemplo, barram a participação
dos indivíduos em alguns momentos, causando turbulência no grupo, tanto na
falta quanto no retorno de suas manifestações. Na troca específica entre ROS,
133
MAR e RAF, o apoio do professor pareceu ser uma forma de influência positiva
para a reintegração dos indivíduos ao grupo, pois ofereceu às alunas aquilo
que procuravam e precisavam para que seguissem seus caminhos no curso,
fato que se comprovou pela continuidade de MAR e ROS no desenvolvimento
das atividades até a décima semana.
Trocas nesse mesmo sentido ocorreram no mesmo período no DELO
06. Dentre os exemplos, destacamos a seqüência de mensagens envolvendo
VIV, RAF, EDU e MAU.
12.
Problema
Sexta, 28/04/2006, 19:05:43
VIV
Estou com problemas para colocar as imagens. Fiz uma atividade apenas com texto e
deu tudo certo, mas quando coloquei imagens estas não abriram. Como posso
solucionar o problema?
Obrigada
13.
Re: Problema
Sexta, 28/04/2006, 19:15:51
RAF
Oi VIV
vamos ver se conseguimos resolver:
se você inseriu o código fornecido pelo ELO (ex.: {i=kitchen.jpg}) na área correta, creio
que as imagens não abriram por estarem em uma pasta diferente daquela onde você
salvou a atividade. Atividades e todos os arquivos inseridos nelas têm que estar na
mesma pasta.
Tente fazer cópia das imagens para a mesma pasta das atividades e veja se não era
esse o problema.
Um grande abraço! Se precisar novamente, estamos aqui!
RAF
14.
Re: Re: Problema
Sexta, 28/04/2006, 19:33:09
VIV
Brigada..vou tentar isso...
(...)
Abraço,
VIV
16.
Re: Problema
Sexta, 28/04/2006, 20:44:13
EDU
Oi VIV
Procure colocar as imagens na mesma pasta onde você está gerando a atividade, só
assim elas vão funcionar.
Abraço.
18.
Re: Problema
Domingo, 30/04/2006, 00:57:45
MAU
VIV. ainda nem comecei minhas atividades, mas passeando pelo site cheguei até o
seu portfólio. como faço para deixar mensagens lá? você sabe? achei muito legal a sua
idéia de conjugar o mesmo tema. as suas imagens ficaram bem legal.
19. Re: Re: Problema Domingo, 30/04/2006, 11:36:08
VIV
Oi MAU,
Que bom que você gostou! As imagens eu procurei no google.
Para comentar, quando você clica uma vez em cima do arquivo, aparece as opções
"ver"ou "comentar". Clicando em "comentar" aparecerá uma janelá pop-up para
134
comentários. Espero que dê certo!
Abraço
O ciclo começa com o pedido de auxílio de VIV. RAF responde e com
sua frase final deixa espaço para novas consultas de VIV, caso seja
necessário. VIV sinaliza que a resposta foi lida e agradece. Inadvertidamente,
o tutor EDU, sem perceber que já havia sido respondida a questão e
encaminhados os procedimentos para a solução por parte da aluna, também
faz uma postagem de auxílio com a mesma resposta de RAF (alguns minutos
depois, EDU percebe a duplicidade e pede desculpas em uma mensagem, a
qual não foi incluída aqui). Dois dias após essa troca, MAU quer ajuda para
fazer comentários em uma outra seção do AVA – o portfólio – e dirige-se
especificamente à aluna VIV. MAU também elogia a idéia de VIV e as imagens
utilizadas na elaboração de suas atividades. VIV auxilia MAU, explicando
detalhadamente como ela deve proceder para comentar os materiais nos
portfólios, e vai além, quando toma o elogio às figuras como um pedido de dica
de MAU sobre como obtê-las e revela onde as imagens podem ser
encontradas.
Notamos que também estão presentes no DELO 06 a valorização do
grupo e o benefício recíproco. No que diz respeito à valorização, temos na
pergunta de VIV o reconhecimento de que o grupo (os professores, o tutor ou
os alunos) pode lhe oferecer suporte. Admitimos em nossa análise que, nesse
caso específico, não há como afirmarmos que algum aluno fosse prestar auxílio
a VIV, mas em virtude do não-direcionamento da mensagem (não há
destinatário) e do comportamento que começou a emergir no primeiro período
do curso – alunos ajudando voluntariamente outros colegas – o qual tornou-se
mais intenso nesse momento de resistência sistêmica, é permitida a
especulação de que qualquer outro indivíduo poderia ter oferecido auxílio, não
fosse a coincidência de a postagem de VIV ter ocorrido quando RAF estava
acessando o AVA (vide horário da pergunta e da resposta). Além disso, a
própria atitude da aluna MAU, que denota sua valorização específica em
relação a VIV, corrobora a interpretação, uma vez que demonstra que a
integrante vê primeiramente em uma colega – e não no professor ou no tutor –
a possibilidade de ter sua dúvida sanada.
135
Em relação ao benefício recíproco, ainda que possa ser alegado que ele
decorre da valorização de MAU para com VIV discutida anteriormente, é
importante assinalar um outro aspecto relacionado. Por ter recebido uma
observação positiva sobre seu trabalho, VIV teria uma dívida (t) para com MAU,
produzindo um desequilíbrio temporário (ESTRÁZULAS, 2004) na relação entre
as alunas. No esforço em sanar a dívida e equilibrar situação de troca, VIV
presta o auxílio demandado. Mais do que isso, quando VIV revela a origem
das imagens que MAU havia apreciado, ela está revertendo a dívida para MAU,
desequilibrando novamente a relação entre as duas. Ainda que a dica de VIV
possa ser classificada como uma “ação desinteressada” e, portanto, uma
demonstração de sustentação solidária, não a consideramos como tal, pois não
há, nesse estágio de troca entre as alunas, “sucessivos estados de equilíbrio-
desequilíbrio-reequilíbrio que caracterizam um processo de complexificação, ou
auto-organização sistêmica” (ESTRÁZULAS, 2004, p.252).
23.
Problema
Terça, 02/05/2006, 11:31:00
CAR
Oi pessoal!
Estou com um probleminha. Quando tento visualizar as atividades pelo menu, tanto
as minhas, quanto as dos colegas, não consigo. Aparece a mensagem que esta
página não pode ser visualizada. Help me, please!
Obrigada,
CAR
24.
Re: Problema
Terça, 02/05/2006, 12:09:17
RAF
Olá CAR!
Isso provavelmente se deve ao fato de que você está tantando abrir a atividade
diretamente de "dentro" do arquivo ZIP. É preciso descompactar os arquivos, todos em
uma mesma pasta, e aí sim acessar o Menu.
Veja se não é isso. Qualquer problema, é só entrar em contato novamente.
Abraços,
RAF
25.
Re: Re: Problema
Quarta, 03/05/2006, 14:04:36
CAR
Obrigada! Agora consegui!!!
Na troca entre CAR e RAF, temos mais um exemplo do apoio que os
indivíduos buscam e encontram por meio das relações interativas. Também
encontramos novamente a valorização que um participante faz do grupo. CAR
dirige a sua mensagem a professores, tutor e colegas, quando utiliza a palavra
“pessoal” no início de sua mensagem, revelando que acredita que qualquer
136
indivíduo dentro do AVA pode prestar-lhe auxílio. Logo, podemos dizer que ela
confere valor ao grupo. Pouco tempo depois de sua manifestação, seu desejo
é atendido por RAF, a quem ela agradece no dia seguinte e sinaliza que a
ajuda foi útil.
29.
Antes tarde do que nunca
Sexta, 12/05/2006, 11:46:11
MAG
RAF
Depois de passados os maus momentos de solidão que passei, consegui terminar e
enviar a eclipse e o jogo de memória. Já estou iniciando o da 4º semana. Você poderia
me dar um retorno sobre a atividade que fiz. Era isso mesmo?
Aguardo
MAG
30.
Re: Antes tarde do que nunca
Sexta, 12/05/2006, 20:52:25
EDU
Oi MAG,
Pode ir postando suas atividades no portfolio para alem dos formadores os colegas
também fazerem comentarios.
Um Abraço.
31.
Re: Antes tarde do que nunca
Sexta, 12/05/2006, 21:31:19
RAF
Oi MAG!
Trabalho comentado! ;)
Abraços,
RAF
Já a aluna MAG manifesta-se diretamente ao professor, pedindo
orientação sobre atividades que concluiu. Talvez esse direcionamento se deva
ao fato de suas duas manifestações anteriores no curso terem sido
respondidas por RAF. Dessa vez, o tutor EDU também faz contato,
confirmando o procedimento da aluna. Posteriormente, RAF sinaliza que seus
comentários já estão no portfólio de MAG, ou seja, aquilo que a aluna buscava
já está à sua disposição. É mais uma troca que mostra indivíduos recebendo
aquilo que buscam em uma troca interpessoal, gerando satisfação (s).
Tal satisfação pode gerar uma dívida (t) de MAG para com RAF,
reforçando ou colocando-o em uma posição de co-valorização (v). Também
podemos ter aqui um caso de reconhecimento moral (Rm), em virtude de
parecer haver uma dívida de um indivíduo não-recíproco (MAG) para com um
indivíduo recíproco (RAF), decorrente do reconhecimento do caráter
desinteressado das ações de RAF. No entanto, não podemos ter os dois
137
fenômenos – co-valorização (conseqüentemente, benefício recíproco) e
reconhecimento moral. Cabe, assim, a problematização a seguir.
Em primeiro lugar, fica evidente, nas manifestações, que MAG busca e
recebe algo. Resta considerar se RAF também busca e recebe algum valor.
Se considerarmos que a ação de RAF é desinteressada, uma vez que ele não
solicita nada a MAG e lhe auxilia prontamente, não haveria problema em
afirmarmos que o professor não “ganhou” nada a não ser o reconhecimento
moral da aluna. No entanto, a intervenção do professor não é isenta, pois com
o auxílio prestado ele pretende dar suporte para que MAG continue suas
atividades e o curso. O que RAF procura e recebe não está explícito na sua
postagem ou no eventual agradecimento que MAG possa fazer, mas na
continuidade das ações da aluna. Portanto, pensamos que o que há nesse tipo
de troca entre aluno e professor (ou tutor) é uma relação de benefício recíproco
e não de reconhecimento moral.
27.
Minhas primeiras atividades
Quarta, 10/05/2006, 08:23:25
LUC
A elaboração das primeiras atividades foi um pouco demorada, pois tive que
descobrir como funcionava o programa e fazer vários testes até sair do jeito que eu
queria. Fiz e refiz as atividades muitas vezes. Demorei um pouco até perceber
que tudo deveria ser salvo na mesma pasta para poder fazer o menu (grifo
meu). As imagens eu retirei do programa ClipArt. Gostei muito de elaborar as
atividades e foi interessante ir descobrindo passo por passo as funções do
Programa. Gosto muito de trabalhar com o layout, a aparência, brincar com os
elementos. Certamente, na elaboração das próximas atividades, descobrirei novas
funções, novas possibilidades.
Os exercícios programados para a terceira semana foram interessantes como
exemplos, mas tive dificuldade em resolver alguns. Acho que deveriam ser
melhor contextualizados (grifo meu). Entretanto, compreendo que não estamos
estudando nenhum conteúdo específico, por isso os exemplos são aleatórios.
O depoimento de LUC é interessante porque mostra um comportamento
diferente do restante do grupo, devido ao fato de a aluna ter começado a
participar praticamente um mês após a abertura do curso. Na terceira semana,
enquanto os demais participantes fazem postagens com questões pontuais na
busca ou no oferecimento de auxílio, dirigidas em sua maioria ao grupo (uma
decorrência da experiência vivida no período anterior, quando a identificação
de interesses e as primeiras trocas começaram a ocorrer), LUC está tentando
138
acompanhar o ritmo, colocando-se em dia com as atividades conforme a
previsão da agenda do curso.
No entanto, LUC participa apenas expressando suas opiniões e
relatando, “prestando contas” daquilo que tem feito. A maior parte das
impressões de LUC sobre as atividades já havia sido discutida entre os alunos
(vide segundo trecho grifado), como vimos em manifestações anteriores, o que
não despertou o interesse dos colegas para interagir com ela nesse momento.
Nas semanas anteriores, o grupo estava concentrado e motivado a conhecer o
curso e a ferramenta de autoria, o que gerou dúvidas (muitas delas em comum)
e suscitou a troca de mensagens com vistas ao auxílio mútuo. No entanto,
LUC não pede auxílio e aparentemente não contribui com outro indivíduo. Mais
ainda, por estar iniciando seu processo de integração, ela parece não perceber
que os fóruns são fonte de apoio importante (devido à concentração de
perguntas e respostas) e revela que demorou a perceber que era preciso salvar
todos os arquivos utilizados em uma mesma pasta (primeiro trecho grifado na
postagem). Essa foi uma queso debatida anteriormente nos fóruns, mas que
passou despercebida pela participante. Com esse depoimento, LUC não
valoriza o grupo, tampouco é valorizada, e não dá chance de engajar-se em um
processo de troca, pois não dirige pedido ou oferta de auxílio a nenhum
indivíduo. Como resultado da forma como participa nesse momento do fórum,
LUC recebe apenas uma curta manifestação de RAF sinalizando que o material
em seu portfólio já havia sido comentado.
Quando passamos a analisar o mesmo período – a terceira semana – na
edição DELO 07, temos um comportamento um pouco diferente do mesmo
período dos cursos DELO 05 e 06. Embora todos tenham apresentado queda
no volume de mensagens em comparação aos respectivos momentos
anteriores de força entrópica máxima, a queda foi bastante pronunciada na
sétima edição, com o número chegando perto de zero (houve apenas 11
mensagens). Em uma primeira observação, parece ter havido uma extensão
do momento de força entrópica máxima, espalhando-se para a terceira
semana. No entanto, podemos adiantar que na quarta semana o volume volta
a crescer, acompanhando o comportamento dos outros cursos. Em virtude
139
desses fenômenos em conflito, é preciso verificar e discutir as razões de tal
queda.
Inicialmente, observemos o Quadro 05 com a matriz de mensagens do
fórum da referida semana:
Número de participantes = 14
Pseudônimos dos participantes: RAF, VIL, ADR, CHR, DEB, ELI, HEL, JUL, MAI, MAT, ROS, SOC, TAT, VAN
Identificação do grupo: DELO 07 – semana 03 – cód.: 07S0303
todos
RAF
VIL
ADR
CHR
DEB
ELI
HEL
JUL
MAI
MAT
ROS
SOC
TAT
VAN
Total enviado
RAF
1 1 1 3 5
VIL
-
ADR
-
CHR
-
DEB
-
ELI
-
HEL
1 1
JUL
-
MAI
-
MAT
-
ROS
-
SOC
1 1
TAT
-
VAN
2 1 3
Total recebido
4 2 - - - - - 1 - - - - 1 - 3
Quadro 05 – Matriz do fórum “Semana 03” – DELO 07
Notamos que quase não há mensagens e que apenas quatro indivíduos
fazem manifestações. Observando o conteúdo das postagens, verificamos que
está em cena novamente o caráter aberto do sistema e sua sensibilidade a
fatores externos:
2.
problemas na atividade de leitura
Terça, 19/09/2006, 00:40:53
VAN
Estou tentando fazer a atividade de leitura, mas a parte do aluno aparece toda
desconfigurada. Está acontecendo com mais alguém?
140
4.
Re: O que faremos?
Terça, 19/09/2006, 00:57:21
HEL
RAF,
Ainda não recebi meu CD e já esperava esta demora. A correspondência regular
do Brasil para cá chega entre 12 e 18 dias, mais ou menos. Espero que ele ainda
não me faça muita falta esta semana.
Ao tentar o download das atividades na Agenda, recebi uma mensagem do
"Apache/1.3.33 Server at noe.ucpel.tche.br Port 80" de que o URL pedido "was not
found in this server". Como recebi a mesma resposta de todos os links, deve ter
sido um problema temporário do provedor. Amanhã volto a tentar.
Abraço,
HEL
Os problemas encontrados pelas alunas ocorreram devido a uma pane
temporária no servidor que hospedava o curso. Devido a esse obstáculo, não
havia forma de os participantes terem acesso aos materiais necessários para o
desenvolvimento das atividades, logo não havia um tema, uma dúvida, um
assunto sobre o qual pudessem interagir. Perceberemos mais adiante na
análise que outros aspectos também contribuíram para a ausência dos alunos
no fórum da terceira semana (dúvidas e problemas com o sistema de autoria,
sobrecarga de trabalho, dentre outros), mas é preciso destacar a influência do
fator externo “pane no servidor” nos acontecimentos no fórum.
Tendo em vista a natureza do problema – altamente técnico e fora do
conhecimento do professor – a prestação de auxílio de RAF restringiu-se à
solidariedade sobre a condição dos alunos, enquanto aguardava uma solução
por parte do departamento técnico da universidade promotora do curso.
Entretanto, esse comportamento solidário de RAF para com as alunas deve ter
sido insuficiente, não produzindo satisfação e, conseqüentemente, não
motivando novas manifestações, além daquelas realizadas.
No entanto, um outro tipo de mensagem também integrou esse fórum.
SOC, aluna sobre a qual já falamos anteriormente, solicitou esclarecimentos
sobre como utilizar os fóruns, já que começou o curso após os demais colegas:
10.
Dúvida
Domingo, 17/09/2006, 23:47:57
SOC
Como uma integrante neófita em EAD, a leitura dos foruns me deixou com a
seguinte inquietação: os assuntos a serem postados nesse espaço podem se
afastar dos tópicos a serem discutidos. Em outras palavras, se eu sentir
necessidade de perguntar alguma coisa específica a alguém devo fazê-lo nesse
espaço, ou existe um outro espaço para fazermos nossas digressões?
SOC
141
11.
Re: Dúvida
Segunda, 18/09/2006, 21:27:57
RAF
Aqui vou eu de novo, SOC! ;D
Bom, respondendo à dúvida: não há problema em "ganhar outros rumos" dentro
dos fóruns de cada semana. Se algum fato, texto ou alguma atividade lhe trouxer
questões paralelas, pode postá-las aqui. O grupo vai alimentá-la (ou não... isso
pode acontecer também!) e elas deixarão de ser "afastadas". Ou seja, o "espaço
para digressões" pode ser aqui mesmo.
Caso você queira contato direto e específico com algum integrante do curso, você
pode mandar email. Nos perfis de cada um há a referência do endereço eletrônico
de cada um de nós.
Ajudei? Espero que sim. Um grande abraço,
RAF
Temos, assim como nas semanas anteriores, troca interindividual a
partir da busca de auxílio. O benefício recíproco manifesta-se no fornecimento
de feedback para SOC em troca da sua continuidade no curso para RAF. No
mesmo sentido aparece a seqüência abaixo:
6.
Re: O que faremos?
Sexta, 22/09/2006, 18:53:48
VAN
Gente,
postei minhas atividades no portfólio. Algo bem simples, feijãozinho com arroz, mas
tudo novinho! ;)
Foi bom para praticar as possibilidades do ELO. Não mudei muito as cores e
poucos tamanhos, mas já deu pra me acostumar. Ando fazendo umas outras de
memória e cloze para entrar no ritmo! Espero que todos estejam fazendo um bom
trabalho!
Um ótimo fim de semana a todos!
7.
Re: Re: O que faremos?
Domingo, 24/09/2006, 18:21:38
RAF
Oi VAN
é por aí mesmo, ir testando as possibilidades ao máximo (cada um em seu ritmo,
mas sempre tentando contato com a ferramenta). Vou olhar seu material e dou
meu feedback em breve. Estão todos convidados a fazer o mesmo, pois todos
ganhamos nas trocas!
Abraços a todos,
RAF
8.
Re: Re: Re: O que faremos?
Domingo, 24/09/2006, 21:40:03
VAN
RAF!
Obrigada!
Jah arrumei o que estava dando problema.
Um abraço,
VAN
142
VAN utiliza o fórum para comunicar ao grupo que já concluiu a atividade
prevista e revela que está fazendo testes para acostumar-se com o sistema de
autoria. Poderíamos também especular que VAN sente a falta de participação
quando menciona que espera que “todos estejam fazendo um bom trabalho”.
O professor RAF tenta aproveitar a resposta que dá a VAN para motivar os
demais participantes a manifestarem-se no curso. VAN retorna a mensagem,
agradecendo os comentários e a sinalização de um problema no material
criado por ela, além de declarar que a correção já foi feita.
Em uma primeira análise, poderia ser dito (e seria bastante plausível)
que a terceira semana do DELO 07 é uma extensão do momento de força
entrópica máxima, e não o início do período de resistência sistêmica.
Entretanto, tendo em vista que há trocas (ainda que em pequeno volume)
envolvendo elementos como o benefício recíproco, pensamos ser mais
adequado considerar o baixo volume de mensagens como um fenômeno
isolado, motivado por fatores externos, o qual o sistema reverteu na semana
subseqüente. Além disso, a passagem de um momento para o outro não se dá
brusca e automaticamente, ela é regida pela forma como o sistema se
comporta. No caso do DELO 07, a sensibilidade a fatores externos como o
“atraso da correspondência” e “pane no servidor” exerceu forte influência para
que o processo de desaceleração da força entrópica não fosse disparado.
Portanto, pensamos que o fenômeno ocorrido na terceira semana do DELO 07
trata-se apenas de um espaço de transição entre a força entrópica máxima e a
resistência sistêmica.
Passando aos fóruns da semana 04, primeiramente no DELO 05,
continuamos encontrando demonstrações de trocas, de auxílio e de
solidariedade. Os alunos percebem o que ganham quando é estabelecida a
interação nos moldes como ela vem ocorrendo, como vemos na seqüência de
mensagens abaixo:
5.
"Feedback"
Quarta, 05/10/2005, 21:10:23
ALI
Gostei bastante do texto da prof. Vera e destaco o seguinte trecho: "É o feedback
que move toda a interação e que garante o sucesso do curso.". Ainda não havia
pensado sobre isso formalmente, mas o feedback tem sido fundamental
nesse curso. Toda vez que posto algo neste espaço ou as atividades no
portfólio, as expectativas são enormes!!! Fico ansiosa esperando as
143
respostas e os cometários do EDU (mencionei o EDU pq só ele comentou as
minhas atividades até agora!!! Ah, e isso é uma reclamação!!! rs... Um puxão de
orelha para mim tb que não comentei as atividades de ninguém até agora!!!!). As
respostas positivas às atividades só me deixam com mais vontade de seguir
em frente e produzir mais. Ainda não me senti "abandonada" pela equipe e é
sempre muito bom saber que tenho um porto seguro aí do outro lado! Tenho
certeza que a produtividade sem o "feedback" não seria a mesma! (grifos
meus) Bj a todos!!! :-)
6.
Re: "Feedback"
Quarta, 05/10/2005, 21:17:29
ALI
Olá, de novo! Peço desculpas ao RAF e ao VAL, pois eles tb comentaram as
minhas atividades (grifo meu). Na verdade, é sempre o RAF quem comenta e o
EDU é quem me socorre e puxa a minha orelha quando não compacto as coisas
direito!!!! Bj
7.
Re: Re: "Feedback"
Quarta, 05/10/2005, 21:41:51
RAF
Ok, ALI! Sem problemas!
O importante é você está se sentindo "acolhida" no nosso grupo!
Grande abraço,
RAF
8.
Re: Re: "Feedback"
Domingo, 09/10/2005, 00:46:32
VAL
Oi ALI, tá desculpada, mas não faça isso de novo! :))
9.
Re: "Feedback"
Quarta, 05/10/2005, 23:27:37
EDU
Olá ALI,
Realmente o feedback é fundamental, não parece se pensarmos que é apenas
uma mensagem para marcar presença, mas se a cada resposta que tivermos, seja
no fórum ou no portfolio, refletirmos e procurarmos melhorar, o rendimento no
curso tende a ser muito melhor do que apenas olharmos e nada fizer. Assim como
você fica ansiosa esperando uma resposta das atividades que você coloca no
portfólio, nós da equipe, digo isso porque tenho certeza de que o RAF e o
próprio VIL devem ficar ansiosos esperando para saber se a duvida, critica ou
sugestão foi bem aceita ou resolvida pelo aluno (grifo meu).
Grande abraço.
10.
Re: Re: "Feedback"
Sábado, 08/10/2005, 18:10:04
ROS
Olá, pessoal!!!
O feedback é mesmo muito importante...eu também fico louca para abrir o site e
ver as novidades nos foruns todos os dias...parece até doença!!!
Estou curtindo bastante!!
Bjs,
ROS
11.
Re: "Feedback"
Domingo, 09/10/2005, 00:44:44
VAL
Oi ALI, concordo com você, eu tb adorei o texto sobre feedback e eu tenho certeza
de que o feedback é o responsável principla por toda a interação e a sensação de
proximidade que temos em um curso virtual. Participei de um curso há pouco
tempo no qual só tínhamos feedback uma vez por semana e eu queria morrer!
Sinto-me em casa aqui, RAF e EDU estão de parabéns por nos responder sempre
tão prontamente.
12. Re: Re: "Feedback" Domingo, 09/10/2005, 21:57:04
RAF
Obrigado, VAL!
Fazemos o que podemos! :)))
144
[]s
13.
Re: Re: "Feedback"
Segunda, 10/10/2005, 16:45:07
EDU
Obrigado VAL!
Estaremos aqui até o fim!
Abraço.
16.
Re: minha motivação
Domingo, 09/10/2005, 00:54:22
VAL
RAF, obrigado pelos comentários, saiba que isso dá mais força prá gente! Eu tb
tenho algo a confessar: estou vivicado no DELO, não via a hora de as primeiras
atividades da semana 3 serem postadas e, depois que as vi, uma por uma, me deu
uma vontade tão grande de falar com seus autores que acabei deixando alguns
comentários por lá. Também fiquei muito apreensivo quanto ao feedback dos meus
colegas e dos formadores sobre as minhas atividades. Eu já estava me sentindo
super à vontade pela ótima interação com vcs e agora, sinto-me ainda mais
acolhido, pelos colegas tb!
Abraços,
VAL
As mensagens acima revelam aquilo que ALI acredita que seja
fundamental em um curso em meio telemático totalmente a distância – o
feedback. Notamos, principalmente nos trechos grifados, que ALI busca apoio
sob a forma de feedback que recebe da equipe em relação às atividades que
cria. A interação com o grupo, segundo ALI, lhe dá motivação e auxílio. Esse
é o valor que a aluna demonstra buscar, e é isso o que ela obtém.
Também é importante destacar que, em um primeiro momento, ainda
que esteja satisfeita com aquilo que tem recebido, ALI “reclama” pela ausência
de opiniões de outros participantes. Ou seja, possivelmente ALI vê que por
meio dos comentários pode receber não apenas uma avaliação, mas
principalmente uma maneira de incrementar sua prática, de aprender algo
novo. Além disso, ALI revela em sua primeira mensagem que tem um
sentimento de dívida para com o grupo, pois ela também não visitou – até
aquele momento – os portfólios dos colegas.
Ainda sobre ALI, temos uma demonstração de valorização de outros
participantes quando observamos sua segunda mensagem. ALI lança a
postagem ao fórum para expressar seu agradecimento a RAF e VAL, além de
EDU, quem ela menciona na primeira manifestação. Fazer alusão também a
esses dois participantes, os quais tinham sido esquecidos na mensagem
anterior, é demonstrar que suas opiniões também são valorizadas e que deseja
145
continuar recebendo-as. Ou seja, é o reconhecimento do valor desses
indivíduos em uma situação de troca. Esse contexto de valorização gera um
benefício para ALI na forma de opiniões/sugestões/críticas de RAF e EDU
sobre o seu trabalho; o benefício gera uma dívida de ALI para com RAF e EDU,
que pode ser trocada pela sua continuidade no curso. Podemos inferir que
esse é um dos benefícios procurados pelo professor e pelo tutor por meio da
mensagem de EDU, falando sobre aquilo que ele “tem certeza que os
professores esperam que ocorra” por meio das trocas. O mesmo processo
acontece entre ALI e VAL, no entanto, a dívida é trocada por
opiniões/sugestões/críticas de ALI sobre os materiais criados por VAL.
É preciso destacar também a entrada de ROS na troca de mensagens
sobre a “importância do feedback”. A aluna expressa sua expectativa sobre o
que pode haver de novo nos fóruns a cada dia, revelando sua aprovação e
comparando a ansiedade em entrar no ambiente a uma “doença”. O
depoimento de ROS demonstra o reconhecimento do espaço “fórum” – e por
extensão, do grupo, uma vez que são os participantes que alimentam o fórum –
como fonte de recursos. VAL, que já estava envolvido na troca de postagens
anterior, manifesta-se no mesmo sentido de ALI e ROS, atribuindo ao feedback
a sensação de proximidade que há no grupo. Ainda vale destaque a última
manifestação de VAL, em resposta a uma mensagem em que RAF elogia a
forma pela qual a participação está acontecendo. Na sua postagem, VAL
reitera que sente-se acolhido, dessa vez não somente pelo professor ou pelo
tutor, mas também pelos colegas.
Em suma, vemos que ALI, ROS e VAL procuram na interação elementos
que lhes dêem apoio, acompanhamento e acolhida. Quando avaliam
positivamente o curso, os participantes usam termos como “Ainda não me senti
‘abandonada’", “é sempre muito bom saber que tenho um porto seguro aí do
outro lado!” e “Sinto-me em casa aqui”. Sendo assim, uma vez recebendo o
que desejam, ficam satisfeitos e há maiores chances de persistirem no curso,
deixando professores e tutor satisfeitos. É o benefício recíproco em cena.
Ainda analisando o fórum “semana 04” do DELO 05, vale mencionar um
fato que ocorreu entre alguns alunos do grupo e as suas conseqüências. Uma
das alunas, SCH, morava em outro país. Por coincidência, dois colegas do
146
Brasil tiveram compromissos na cidade de SCH e combinaram de encontrá-la.
Várias mensagens a respeito da viagem e do encontro foram trocadas no
fórum, aparentemente sem nenhuma ligação com o plano de curso. No
entanto, professores ou tutor não interferiram na troca tentando cerceá-la, ao
contrário, enviavam mensagens em sintonia com a idéia dos alunos. Ao longo
do período, houve o encontro e algumas mensagens de relato também
postadas no fórum e, após o retorno dos alunos que moravam no Brasil, as
seguintes manifestações:
38.
Muito obrigado
Quarta, 12/10/2005, 08:50:14
SCH
Queria agradecer as observações feitas no meu portafólio, isso aumenta ainda
mais o prazer de fazer as atividades. Além de fazer bem para o ego. Também quero
agradecer pela possibilidade de conhecer gente tão bonita. Estive com VAL ontem e
também com ISA no domingo. Pela amostra que tive esse grupo é composto por gente
muito especial e tenho o privilégio enorne de estar em contato com cada uma
delas (grifos meus).
Já vão receber as fotos dos encontros e mais comentários.
Saudações coloradas pra todos. :-)))
SCH
39.
Re: Muito obrigado
Quarta, 12/10/2005, 18:49:17
ROS
Olá, pessoal!!
Concordo com SCH - o grupo é ótimo!! Não tive a chance de encontrar ninguém ainda,
pois ninguém resolveu vir ao Rio. Entretanto, esse contato online com vcs é maior
do que o contato com os meus amigos cariocas, que estão bem pertinho!!
Graças ao feedback constante, todos nós nos sentimos acolhidos e motivados...
(grifos meus) que tal mostrarmos os nossos Fóruns para a Prof. Vera???
Cheers,
ROS
É interessante a influência que um fator aparentemente alheio ao plano
de curso pode ter no desenvolvimento das atividades e nas ações dos
indivíduos. O encontro de SCH com ISA e VAL parece ter dado à primeira uma
nova dimensão ao curso. De alguma forma, SCH reconheceu nos colegas que
lhe fizeram visita algum valor importante que, somado aos comentários feitos
pelos colegas em seu portfólio, a estimularam a emitir a mensagem de
satisfação e a prosseguir realizando as tarefas. Temos assim a nítida
sensibilidade a fatores externos que o nosso sistema complexo apresenta. Um
fenômeno aparentemente isolado influenciou positivamente SCH e suas ações.
Poderíamos imaginar qual seria o comportamento de SCH se o encontro com
ISA e VAL fosse frustrante.
147
SCH também coloca o grupo em um alto grau de valorização quando diz
que é um privilégio enorme estar em contato com cada uma das pessoas.
ROS concorda com SCH e posta mensagem dizendo como se sente acolhida e
motivada, segundo ela, “graças ao feedback constante”. A aluna chega a
declarar que está mais próxima dos colegas de curso – os quais estão todos
em cidades distintas – do que de amigos da sua própria cidade.
O que emerge dos comentários de SCH e ROS é a satisfação que
ambas encontram no curso. As alunas pensam que receber feedback
constantemente e compartilhar opiniões são ações importantes para seus
processos de aprendizagem e encontram isso nos fóruns. Enquanto estão
satisfeitas, seguem participando das atividades do curso. Finalizando a análise
desse período do DELO 05, temos uma nova troca com raízes no encontro fora
do curso, dessa vez produzindo efeito diretamente nas atividades previstas no
plano e igualmente produzindo satisfação e valorização mútuas no grupo:
44.
trocando a cor do retângulo na memória
Quinta, 20/10/2005, 14:35:32
ISA
Oi, Pessoal, e ROS em especial,
Obrigada pelas visitas e comentários.
respondendo à pergunta da ROS: quando me encontrei com a SCH em Montevidéu,
adivinha se não falamos nas atividades... Entre outras coisas, como ajustar as cores do
retângulo da memória para o esquema de cores que a gente criasse para a atividade
como um todo. Trocamos figurinhas e hipóteses, Eu consegui copiando o jpeg
retângulo que vem com o ELO, e modificando no meu paint com as ferramentas
desenhar retângulo e preencher com as cores da minha escolha. Mas tem uma dica
que não dá para esquecer: quando salvar o retangulo.jpeg ou gif. É que é esse arquivo
alterado que tem que ir para o folder da atividade criada, senão o ELO inclui o que já
vem programado, isto é, o verdinho.
Espero que funcione para vocês a minha aventura de aprendiz de feiticeira...
Abraço,
ISA
45.
Re: trocando a cor do retângulo na memória
Quinta, 20/10/2005, 15:07:06
ROS
Valeu, ISA!!!
Muito obrigada pela dica...estava nervosa quebrando a cabeça para tentar mudar a cor
dos retângulos...
Many thanks!!! ;-)
Bjs,
ROS
Quando passamos ao fórum “Semana 04” da edição DELO 06, também
encontramos um grande volume de mensagens e muitas trocas entre os
participantes. Vejamos algumas:
148
33.
minhas atividades
Sexta, 05/05/2006, 11:10:17
MCK
RAF,
desenvolvi 3 atividades, mas estou com algumas dificuldades em função da falta de
conhecimento de informática. Além disso tive alguns problemas com virus e conexão,
agora resolvidos. Espero conseguir enviar minhas atividades em breve.
abraço,
MCK
34.
Re: minhas atividades
Sábado, 06/05/2006, 15:30:29
RAF
Ok MCK,
se você precisar de ajuda em relação à Informática, é só pedir, ok? Nossa equipe está
aqui para tentar dar suporte a vocês.
Um abração e um bom fim de semana,
RAF
35.
Problema
Segunda, 08/05/2006, 21:16:48
VIV
RAF,
estou bem doentinha esses dias ( super power gripe) então desculpa a demora com a
atividade da semana 4. Como não quero "encavalar" as atividaes, devo fazer as da
semana 5 primeiro e depois volto para a 4, pode ser?
Obrigada pela atenção
36.
Re: Problema
Segunda, 08/05/2006, 21:54:38
RAF
Olá VIV!
Sorry pela sua gripe... tomara que você se recupere logo!
Quanto às atividades, sem problemas. Faça como achar melhor. Essa inversão não
trará nenhum obstáculo para o seu desenvolvimento, tenho certeza.
Um grande abraço e desejo de melhora,
RAF
38. Reaparecendo Terça, 09/05/2006, 22:15:22
MAG
Colegas
Devido a algumas situações inexplicáveis, que aconteceram devido ao meu pouco
conhecimento na área, fiquei ausente e desesperada. Aproveito para dividir o meu
problema e fazer sugestões. Não sei como, o link que eu acessava a página ia direto
para a agenda, sem o menu da esquerda. Portanto, eu não tinha acesso ao fórum e
nem a nenhuma outra atividade. Fui tentando fazer o possível e pedi socorro nos
comentários dos exercícios, sem sucesso. Tentei todos os sites relacionados, mas só
chegava no "fale conosco" que não me respondia. Estava desistindo e inconformada
pedi ajuda a um professor da universidade que entende desta área. Enfim ele
encontrou um caminho para eu " aparecer" no grupo novamente. Sugestões que
pensei em oferecer sem saber se são posssíveis: em cada atividade deveria aparecer
um link ou um email que nos levasse a alguém que nos " ouvisse" , ou os professores
poderiam de vez em quando nos contatar para saber " como estamos".
Bem, agora estou feliz em retornar ao grupo.
40.
Re: Reaparecendo
Quarta, 10/05/2006, 05:50:33
FLO
Cara MAG (e todos...),
Também tive muitos problemas de ordem técnica (embora não tenham sido esses que
você teve); por exemplo, somente no dia 08/05 consegui, pela primeira vez, abrir os
tutoriais. Resumindo, só depois que um profissional de informática fez uma verdadeira
149
"lavagem cerebral" em meu computador é que está sendo possível trabalhar no curso,
embora não tenha havido quaisquer problemas em outras áreas de uso. São
"mistérios" desgastantes, mas "no fim tudo dá certo - se não deu certo é porque não
era o fim", não é mesmo?
FLO
41.
Re: Re: Reaparecendo
Quarta, 10/05/2006, 11:21:00
MCK
Caras MAG, FLO (e todos)
Minha produtividade no curso também não está das melhores em função de
dificuldades técnicas. Contratei um técnico que está tentando me ajudar. Espero
melhorar meu rendimento no curso.
Gostaria de saber das atividades que enviei....... não sei se deu certo.........
abraços,
MCK
As interações continuam ocorrendo em torno de elementos como
benefício recíproco e sustentação solidária, especialmente desse último, no
caso da seqüência de mensagens em destaque. As alunas MCK, MAG, VIV e
FLO fazem postagens no sentido de pedir auxílio e justificar suas ausências. É
relevante notar que, mais uma vez, temos a sensibilidade do sistema complexo
a fatores externos exercendo influência no comportamento dos elementos. No
caso de MCK, falta à participante conhecimentos de informática, além do fato
de ter encontrado problemas em seu computador (vírus e problema de
conexão). Em virtude desses obstáculos, MCK ficou um pouco atrás em
relação ao que era previsto na agenda do curso. Dentre as inúmeras ações
possíveis, MCK optou por acessar o ambiente após a solução de seus
problemas e comunicar ao grupo (especialmente ao professor) os motivos de
seu atraso, ao mesmo tempo em que dá indícios (confirmados posteriormente)
de que continuará atuando no curso. O professor RAF responde, colocando-se
à disposição de MCK caso haja futuras complicações.
VIV mostra a mesma suscetibilidade do sistema a fatores externos
quando justifica a não-realização de atividades em virtude de doença. Para
não perder o restante do grupo, VIV decide deixar os itens passados da
agenda para um outro momento e concentrar-se no ponto no qual os demais
participantes estão. RAF responde positivamente, esclarecendo para VIV que
não há problema em inverter as atividades. Em todas as edições do DELO,
essa flexibilidade da agenda e a ação de suporte do professor aos alunos que
enfrentam algum contratempo que os impede de seguir o plano inicial do curso
tem se configurado como um traço importante do sistema, pois permite que as
150
turbulências e imprevisibilidades decorrentes de fatores externos e da
característica de o sistema ser aberto sejam tratadas e solucionadas ou
incorporadas aos movimentos sistêmicos, resultando em benefício para os
participantes e na sua permanência ativa.
As mensagens de MAG, FLO e MCK também evidenciam a influência
que fatores externos exercem no sistema complexo em AVA. Vejamos que
MAG (possivelmente motivada pela manifestação anterior de MCK) revela uma
grande dificuldade em participar das atividades, devido a problemas de ordem
técnica. Por sua pouca experiência em cursos na modalidade a distância,
MAG tem problemas para navegar no curso e para fazer contato com os
demais indivíduos, e só tem sucesso quando recebe a ajuda de uma pessoa
alheia ao curso. Após muito esforço, MAG parece estar aliviada por conseguir
“retornar ao grupo”.
A postagem de MAG dispara manifestações de FLO e MCK, as quais se
solidarizam com a colega. FLO revela que também encontrou dificuldades
técnicas, as quais só foram solucionadas após a contratação de um
especialista. Já MCK, que anteriormente havia justificado sua ausência por
falta de conhecimentos de informática e por problemas em sua máquina e
recebido resposta de RAF mostrando disponibilidade em ajudá-la, volta a
manifestar-se em solidariedade às colegas e revela que resolveu o problema
técnico da mesma forma que FLO e que espera melhorar seu rendimento.
MCK aproveita também para consultar se as atividades que havia enviado até
o momento estavam elaboradas corretamente.
Vemos as manifestações de FLO e MCK em torno de MAG como
demonstração de solidariedade, uma vez que as duas primeiras parecem não
ter o conhecimento técnico necessário para resolver as questões que afligem
MAG, mas revelam que entendem a situação e que enfrentaram-na, cada uma
a seu modo. As alunas parecem tentar dar à colega a esperança de que há
como resolver os problemas enfrentados e seguir em frente no curso. Há,
assim, a solidarização entre os indivíduos, fenômeno que também resulta em
benefício para os participantes, pois eles encontram espaço de
reconhecimento, de suporte e de acolhida no grupo.
151
54.
Feedback em ambiente virtual
Quarta, 24/05/2006, 11:01:54
PAO
Olá pessoal,
(...)
Outro ponto que refleti ( é só um ponto pessoal) eu sou movida a competitividade,
isso pode até ser um ponto negativo mas ... enfim, como disse eu danço no ritmo da
música, se a turma estuda para participar da aula tira notas boas etc. eu não
quero ficar para trás, então me esforço para seguir o ritmo. Da mesma forma se
estiver num grupo desmotivado eu empatizo.
Toda essa explicação é pra dizer que em um grupo virtual ainda estou com a
sensação que alguma coisa está faltando...não sei se com relação ao grupo
estou dentro das expectativas... (grifos meus)
Isso é normal?
saudações cordiais...
PAO
Antes de avançar para o mesmo período do DELO 07, vale discutir o
depoimento de PAO, aluna do DELO 06. Parece haver um desconforto da
aluna, um “não saber como agir”. Segundo a própria PAO, ela é “movida a
competitividade”, desenvolvendo suas ações de acordo com a atuação do
grupo. Por outro lado, se o grupo atua de maneira mais passiva, PAO revela
que acaba assumindo também essa postura. Podemos dizer que as ações de
PAO são pautadas pela Teoria da Escolha Racional, especialmente no que diz
respeito ao trabalho de Coleman (1988 apud MILLÁN & GORDON, 2004:717),
que defende que as relações sociais são baseadas na “competição por
recursos”. Como já discutimos no referencial teórico, essa perspectiva está
ligada ao contexto macro-social capitalista no qual a aluna está inserida, e tal
perspectiva é/pode ser replicada pela escola, uma vez que a instituição é
aparelho ideológico do Estado (ALTHUSSER, 1987). Portanto, é
compreensível e pouco surpreendente que PAO apresente esse
estranhamento.
No entanto, o estranhamento configura-se como um problema para
PAO, pois a lógica das relações no contexto micro-social do AVA não ocorre
em torno da competição, mas com base na solidariedade e no benefício
recíproco. Conforme temos visto nas trocas, todos os envolvidos ganham. A
maioria das manifestações ocorre no sentido de procura e oferta de ajuda.
Muitas vezes a oferta acontece de maneira desinteressada e/ou espontânea.
Mais do que isso, emerge o sentimento de co-valorização no grupo, fenômeno
que não poderia existir em uma atmosfera competitiva. Dessa forma, PAO fica
152
indecisa sobre como agir nesse curso, com a sensação de que “alguma coisa
está faltando” ou de não saber se “com relação ao grupo está dentro das
expectativas”. Como resultado, embora tenha acessado com freqüência o AVA
e tenha visitado os portfólios dos colegas, as manifestações de PAO ao longo
do curso são raras nos fóruns.
Havíamos mencionado que a transição entre o momento de força
entrópica máxima e o de resistência sistêmica no DELO 07 espalhou-se para a
terceira semana do curso, diferentemente das demais edições, devido à
sensibilidade a fatores externos – especificamente, nesse caso, o atraso de
correspondência com material do curso e uma falha no servidor. No entanto,
também fizemos a ressalva de que havia outros fatores em jogo, os quais
podem ser observados nas mensagens abaixo:
2.
Re: Incrementando o Cloze e a Memória
Domingo, 24/09/2006, 22:04:13
JUL
Bom RAF...pra ser bem sincera com vc, andei apanhando um pouco do programa. De
início fiquei meio perdida e cheia de dúvidas de como tudo funcionava..mas depois de
tanto ficar mexendo e insistindo, acabei pegando o jeito da coisa.Acho que depois que
você pega o jeito, não fica tão difícil assim. O que achei mais engraçado foram os
constantes lapsos de memória...depois que consegui descobrir como fazia uma dada
ação e tentava repetí-la, não lembrava como tinha feito na primeira vez. Agora, depois
de tantas tentativas já estou fazendo um pequeno manual de como fazer cada
coisa...mas tô gostando de quebrar a cabeça por aqui :o)
3.
Re: Re: Incrementando o Cloze e a Memória
Domingo, 24/09/2006, 22:47:19
SOC
É JUL, bota quebra-cabeça nisso. Fiz, refiz, rerefiz, perdi as contas até achar que fiz o
certo. Espero no decorrer do urso estar dominando o Elo, agora eu acho que é ele que
está me dominando.
4.
Re: Re: Re: Incrementando o Cloze e a Memória
Segunda, 25/09/2006, 21:29:37
MAT
SOC,
O programa não está só dominado vc mas a mim tb =))) nãoo sei qtas vezes eu ja fiz e
refiz a mesma atividade....mas com sou teimosa foi insistir ;o
As três alunas respondem à mensagem de abertura do fórum “Semana
04”, emitida pelo professor. No texto, RAF não somente reforça a
apresentação das atividades que já existe na agenda do AVA, mas também
sinaliza que há trabalhos de alguns alunos nos portfólios e declara ter sentido
falta das manifestações dos demais participantes no fórum da terceira semana.
As três manifestam-se no sentido de justificar sua ausência e revelam que,
embora não estivessem acessando o curso, estavam envolvidas com as
153
atividades, pois tentavam realizar as atividades propostas. No entanto, até
aquele momento, as três alunas optaram por enfrentar sozinhas as dificuldades
do primeiro contato com o sistema de autoria em torno do qual o curso girava,
em vez de procurar apoio no grupo e nas informações que poderiam constar no
próprio AVA.
Também notamos que, embora houvesse um trecho da mensagem de
RAF direcionado especificamente aos alunos ausentes, o contato deles com a
referida postagem só aconteceu porque os participantes decidiram entrar no
AVA naquela semana, pois não foi enviada mensagem por e-mail. Logo, os
alunos não acessaram o ambiente porque foram chamados, mas sim porque
desejaram, evidenciando que não houve abandono do curso, mas uma
interrupção no processo de entrada no AVA.
Outro fato de destaque está na manifestação de SOC para JUL e de
MAT para SOC. Há no relato das alunas um movimento de solidarização entre
elas, em função de uma dificuldade comum. Ainda que não tivessem
participado na terceira semana, as alunas partem para um processo de troca
desinteressada, uma vez que não há outro elemento movendo o intercâmbio de
mensagens que não seja a solidariedade. Mais adiante, nas semanas
subseqüentes, veremos que essas mesmas alunas passam a exercer um outro
papel, o de indivíduo ativo capaz de prestar auxílio a outros colegas.
Ainda tratando da solidariedade entre SOC, JUL e MAT, o movimento de
apoio comentado há pouco já produz seus efeitos nessa mesma semana,
conforme percebemos nas mensagens abaixo:
8.
Dúvida
Domingo, 24/09/2006, 22:50:11
SOC
Em algumas para não dizer várias tentativas de produzir as atividades da semana
3, tentei adicionar uma figura na parte das instruções. Consegui, mas eu só
conseguia visualizar a atividade completa com a figura quando a atividade estava
na pasta picture. Estou fazendo muita loucura?
SOC
9.
Re: Dúvida
Segunda, 25/09/2006, 10:29:03
JUL
SOC,
eu também fiquei super perdida nessa parte...demorei um bocado para descobrir q
o produto final só aparece com figuras se elas estiverem na mesma pasta do elo!!!
Fica tranqüila que vc não está fazendo muita loucura não...é o elo que nos deixa
todas loucas... :o)
154
10.
Re: Re: Dúvida
Segunda, 25/09/2006, 12:53:58
VAN
Oi gurias!
É isso aí! Tudo tem de ficar na mesma pasta! Só assim pra gente conseguir
visualizar tudo! Tentei ver as da JUL, mas estão faltando arquivos, por isso ela não
funciona!
Eu já sabia como usar uma versão mais antiga do ELO e foi assim mesmo como
vocês estão relatando. Tentativa, erro, tentativa, erro, tentativa, erro, tentativa, erro,
até que vem um acerto e, depois disso, só acerto!
Um beijo, pra vcs!
SOC posta no fórum uma de suas dúvidas. JUL, antes que um dos
professores possa responder, auxilia SOC em sua questão. Na seqüência,
VAN não somente solidariza-se com as colegas, mas também reforça o suporte
dado por JUL a SOC. Observando o movimento de JUL em direção a SOC, é
possível dizer que, com base na teoria piagetiana das trocas qualitativas, há a
tentativa de “pagamento de uma dívida”. A solidariedade expressa por SOC
nas trocas anteriormente analisadas gerou satisfação, que por sua vez gerou
uma dívida de JUL para com SOC. A primeira oportunidade de sanar essa
dívida foi no auxílio buscado pela colega e JUL prontamente ofereceu ajuda.
Já no caso de VAN, participante que tem se mostrado bastante
participativa e colaborativa, percebemos que por meio de sua ação ela pode
acumular créditos em relação às duas colegas: pelo lado de SOC, pode surgir
uma dívida decorrente do auxílio prestado; pelo lado de JUL, não só em função
da ajuda expressa quando é sinalizada a falta de arquivos no material da
colega, mas também pela solidarização quando reforça a dica de JUL para
SOC.
O momento de resistência sistêmica chega à quinta semana no DELO
05. Embora tenha havido uma queda no volume de mensagens em
comparação à semana anterior (de 48 para 17 mensagens), o fenômeno não
preocupa porque, além de haver a volta ao crescimento na semana
subseqüente (como poderá ser visto mais adiante na análise), a diminuição
acontece de maneira diferente daquela ocorrida na semana 03 do DELO 07.
A motivação das quedas de volume é a mesma nas duas edições:
acúmulo de tarefas fora do curso. Mais uma vez, temos a suscetibilidade
desse sistema complexo a fatores externos. No entanto, em vez de
simplesmente interromper seus acessos e seguir trabalhando longe do grupo –
155
como ficou evidenciado nos depoimentos da sétima edição – a maioria dos
alunos do DELO 05 entrou no AVA (ainda que com menor freqüência) e
declarou que o afastamento e o atraso na realização das atividades deviam-se
à quantidade de tarefas extracurso. O depoimento de MAR, por exemplo,
deixa transparecer sua dificuldade momentânea em conciliar as atividades do
plano com outros afazeres:
2.
Re: Começando...
Domingo, 09/10/2005, 02:11:55
VAL
Bem, minha semana 4 foi tranqüila até o momento em que tentei carregar o arquivo
no meu portifólio. Fiquei tentanto por vários dias, insistentemente e não conseguia,
até que o RAF me deu uma dica sobre o tamanho do arquivo (viva o feedback!) Fiz
as atividades com tanto prazer que ao perceber que não conseguiria postá-las,
fiquei tão mal que não pensava em outra coisa senão isso. Bem, tudo resolvido,
minhas atividades estão lá, mas como o arquivo do vídeo é gde, não consegui
anexá-lo.
3.
Re: Começando...
Domingo, 09/10/2005, 19:21:18
MAR
Oi, RAF!!! Querendo ou não, foram tantos os impedimentos que estou com as
atividades em atraso, mas não penso em desistir e sim correr atrás do prejuízo.
Fico triste em não estar discutindo com os colegas as atividades do momento, pois
este é o momento de aprendermos com os colegas e formadores. Mas, vamos ver
no que vai dar... Espero que possam acompanhar minhas atividades assim que
estiverem disponíveis. Abraços a todos. MAR
MAR revela que, apesar dos impedimentos, não pretende desistir. A
aluna ainda declara desapontamento por não estar interagindo com os colegas
e acredita estar perdendo oportunidade de aprender com os demais
participantes. Essa colocação de MAR evidencia que há valorização de sua
parte para com o grupo. Emerge das palavras da aluna o valor que dá à
interação com os demais indivíduos para seu processo de aprendizagem, não
somente quando lamenta sua ausência nas discussões, mas também quando
demonstra a expectativa de que os colegas possam visualizar suas atividades
atrasadas e fazer comentários sobre o seu trabalho.
Valorização semelhante é visível no depoimento de VAL, quando o aluno
“exalta” o feedback recebido em uma troca com outro participante, que permitiu
a resolução de um problema que o afligia.
Em função de depoimentos desse tipo, do comportamento de troca de
benefícios e de solidarização apresentado por esse grupo em semanas
anteriores e da volta ao crescimento no volume de mensagens, pensamos que
156
a diferença entre a atuação dos alunos do DELO 07 na terceira semana e a
dos alunos do DELO 05 na quinta semana – os primeiros, “desaparecendo” do
AVA sem justificativa em um primeiro momento, enquanto os últimos
diminuíram seus acessos, mas comunicaram ao grupo a razão do seu
afastamento no período – se deva ao fato de haver na quinta edição um
sentimento de solidarização e de valorização do/no grupo em um grau que não
ainda havia entre os participantes da sétima edição. Na quinta semana do
curso, já havia passado tempo suficiente para que pudesse haver ações
estabelecendo laços e trocas – e conseqüentemente, benefícios e dívidas – em
um grau maior do que na terceira semana da sétima edição. Frente a esse
fato, é possível que os participantes tenham se sentido moralmente obrigados
a dar uma justificativa de sua ausência, ainda que temporária. E só há a
necessidade de justificar sua falta se há a possibilidade de uma contrapartida
negativa, de uma desvalorização, do cessar de benefícios.
Mesmo com a diminuição no volume de mensagens, continua havendo
nessa semana a busca e troca de benefícios, como percebemos no exemplo
das mensagens seguintes:
13.
atividades semana5
Quinta, 20/10/2005, 02:10:39
MAR
Olá, colegas!!! Como estou com atividades em atraso, o parabéns pelo dia do
professor: idem (risos...). Estive alguns dias sem Internet. Mas, acabei de enviar
atividades das semanas 4 e 5. Aguardo visita em meu portfólio.
Abraços, MAR
14.
pano de fundo
Quinta, 20/10/2005, 02:15:19
MAR
Olá, ISA e SCH! Gostei muito da visita de vocês, mas tem novidades no meu
espaço (semanas 4 e 5). ISA, quanto ao pano de fundo, precisas utilizar, por
exemplo, o seguinte comando: <body background="rofundo.jpg">. Mãos a obra.
Abraços, MAR
15.
Subject:pano de fundo
Quinta, 20/10/2005, 11:22:17
ISA
Obrigada, MAR,
vou experimentar na próxima atividade.
Abraço,
ISA
A aluna MAR, que anteriormente havia justificado sua ausência e seu
atraso, demonstrando também que esperava receber comentários do grupo
quando seus trabalhos fossem publicados, envia mensagem primeiramente
157
para todos os colegas, informando que suas atividades já estão disponíveis no
portfólio. É clara a busca por feedback que oriente sua atuação criando
atividades com o sistema de autoria, o que se configura como benefício para
MAR. E quando dirige sua mensagem ao grupo, a aluna demonstra acreditar
que ele é capaz de fornecer o que ela necessita, logo, MAR valoriza a
comunidade.
Além disso, alguns minutos após o envio da mensagem, MAR nota que
duas colegas – ISA e SCH – haviam deixado comentários no portfólio sobre
atividades que a aluna fez anteriormente. Uma das alunas (ISA) também
consultou MAR sobre uma atividade específica, solicitando ajuda. MAR volta
ao fórum e não somente agradece os comentários, mas também avisa que há
novas atividades e explica para ISA como fazer determinada formatação.
Vemos nessa seqüência o conceito essencial para que a interação que
move a resistência sistêmica à entropia continue acontecendo: temos o
benefício recíproco entre MAR e ISA e entre MAR e SCH. Na primeira relação,
temos os comentários de ISA e a explicação de MAR aparecendo
explicitamente na troca. Na segunda, há uma dívida sendo gerada de MAR
para com SCH em função do comentário da colega no seu portfólio. É
importante ressaltar que o benefício recíproco não acontece simplesmente pela
forma direta de troca exemplificada na relação de MAR e ISA, pois não se trata
de uma troca quantitativa e há outros valores que podem estar sendo trocados
e que são menos “tangíveis”. A mesma ressalva vale para o estabelecimento
da dívida entre MAR e SCH. No entanto, não há dúvida que o benefício
recíproco está presente nas referidas relações. Portanto, a troca interindividual
entre as alunas serve como ilustração do fenômeno que dá força à resistência
sistêmica.
Na semana cinco do DELO 06, a tendência de interação com bases na
oferta e demanda de benefícios foi confirmada. As manifestações ocorreram
nos fóruns (e portfólios) e revelaram trocas como na seqüência a seguir:
9.
Help!
Sexta, 12/05/2006, 09:06:27
CAR
Oi!
Novamente estou com um probleminha.
O meu texto da atividade Seqüência não aparece depois de tudo pronto. Fiz tudo
158
certo, por isso não sei o que está acontecendo. O texto não é muito longo, possui 20
linhas.
Obrigada,
CAR
10.
Re: Help!
Sexta, 12/05/2006, 20:49:39
EDU
Oi, CAR
Você pode postar a sua atividade no portfólio junto com o código fonte que eu vou
analisar o que pode está errado.
Abraço.
22.
Atividade seqüência
Terça, 16/05/2006, 13:30:34
CAR
Olá pessoal!
Seguindo as orientações de vocês, coloquei um fundo preto no ambiente do aluno e
consegui visualizar o texto.
Gostaria de saber se tenho que mandar novamente a atividade.
Obrigada,
CAR
23.
Re: Atividade seqüência
Terça, 16/05/2006, 15:59:01
RAF
Fica a seu critério, CAR!
Gostaríamos de ver como ficou a atividade, mas também se você não tem mais
dúvidas, não tem tanta necessidade.
Você decide! Abraço!
RAF
CAR precisava de auxílio e solicitou esclarecimentos. Após receber
informação do tutor EDU, que deu orientações sobre a melhor forma de
solucionar a dúvida, a aluna disponibilizou em seu portfólio o material e
recebeu ajuda dos professores. Após a solução do problema, CAR volta ao
fórum para sinalizar que as orientações foram úteis e perguntar se era
necessário fazer uma nova postagem no portfólio. Ou seja, quando CAR
recebe de EDU uma ação (r) de auxílio, essa ação gera uma satisfação (s), que
por sua vez configura-se como uma dívida (t) para com EDU. Essa dívida é
traduzida na valorização (v) de EDU por CAR, que leva a segunda participante
a oferecer ao primeiro a nova postagem do material. Embora tenha sido
sinalizada pelo professor como desnecessária a postagem, é importante
compreender como a relação pode ser interpretada como valorização
recíproca. A ação de EDU como tutor é pressuposta em seu papel, ele está no
AVA (juntamente com os professores) para prestar auxílio. Portanto, não há
esforço adicional de EDU, mas sim o cumprimento de uma obrigação moral de
159
sua função. No entanto, quando CAR agradece, mostrando-se satisfeita, e
oferece a nova postagem – o que implica esforço de sua parte, parece haver a
valorização na direção de EDU em grau maior do que o esforço empregado
pelo tutor no ato de amparo. A satisfação de CAR fica mais evidente quando,
além de concluir as dez semanas de atividades e elaborar o projeto temático
exigido como item de avaliação, revela no questionário aplicado aos alunos
(anexo 01) que, antes de fazer sua matrícula, esperava receber orientação dos
professores (questão 02) e essa expectativa foi alcançada (questão 10), que a
interação com a equipe exerceu alta influência positiva no desenvolvimento das
atividades (questão 06), que um dos motivos de ter chegado ao final do período
foi o estímulo recebido de professores e tutor (questão 13) e que dentre os
aspectos positivos encontrados no curso, os quais gostaria de encontrar em
novas experiências em EaD, estão o feedback e a motivação.
Outro elemento que continua resultando em satisfação para os
participantes e, conseqüentemente, em benefício recíproco (já que também há
satisfação para os tutores quando os alunos permanecem no curso) é o apoio
que a equipe dá aos indivíduos que enfrentam contratempos por razões
internas (dúvidas com o sistema de autoria e sobre o AVA, por exemplo) ou
externas (como o acúmulo de atividades devido a problemas pessoais). O
fenômeno fica evidente na troca de mensagens abaixo:
38.
Técnica Cloze
Domingo, 21/05/2006, 10:23:43
SAN
Oi Pessoal
Estou me sentindo um pouco desconfortável e triste por não conseguir estar no
andamento do curso. Mas alguns imprevistos ocorreram e não estou conseguindo
colocar tudo em dia. É uma pena porque isso é muito difícil de acontecer em
minhas atividades diárias. De qualquer forma, vou aproveitando o que posso do
curso.
Sobre a técnica de cloze: (...). Acredito ainda, que nos níveis elementares a técnica
de Eclipse seria a ideal.
Abraços a todos.
SAN
39.
Re: Técnica Cloze
Segunda, 22/05/2006, 12:16:09
RAF
Olá SAN!
Lamentamos com você os imprevistos... mas nós não entregamos os pontos! :D
O que nós podemos fazer aqui é lhe dar apoio nas semanas que restam e dar
feedback nas atividades que você vai colocando em dia! Dê uma olhada nas
mensagens de boas-vindas, onde você encotnra instruções importantes e vamos
lá!
160
Um forte abraço e uma mão de apoio! RAF
O auxílio de RAF busca dar à aluna dicas básicas de como lidar com as
atividades previstas, indicando que há orientação nesse sentido na mensagem
por ele indicada. Também há a declaração de que a equipe estará presente na
forma de feedback sobre os materiais que SAN for construindo ao longo do
curso. Essa manifestação surte efeito – juntamente com a interação
subseqüente com outros participantes – e SAN prossegue com suas atividades
e conclui o curso da mesma forma que outros participantes que não
encontraram contratempos.
Há, portanto, um movimento o qual podemos chamar de “retroação
interativa”, ilustrado por essa troca e presente em outros diálogos nos fóruns,
que combate a inevitável entropia que ataca o grupo desde o seu início: a
resposta a um apelo estabelece a comunicação entre participantes, os quais
sentem-se acolhidos no grupo e geram novas manifestações. As
manifestações respondem a pedidos de atenção e geram, na maioria das
vezes, benefícios para os envolvidos no processo. Uma vez recebendo
benefícios e, em função disso, acumulando dívidas em relação aos demais
participantes, os indivíduos seguem emitindo mensagens quando há novos
pedidos de apoio, com vistas ao pagamento das dívidas. Assim, a “energia”
constantemente se renova e alimenta a resistência sistêmica.
Esse tipo de manifestação de apoio continua presente na sétima edição
do curso. Na troca de mensagens a seguir, temos a indicação de abandono
das atividades por parte da aluna HEL:
5.
Re: 50 % já foi...
Sexta, 06/10/2006, 16:08:35
HEL
RAF e todo o pessoal,
Pensei muito em sair do curso, tentar fazê-lo direito e com a dedicação que merece
na próxima edição, ou coisa assim. Ainda estou decidindo e escrevi isso à GIO que
me perguntou dia 27 se já havia recebido o material. Ao ler tudo que escreveram
nessas últimas semanas nas discussões, fiquei muito sentida em ter que
parar.
Gostaria de me explciar, pois isso me ajuda a refletir com vocês e decidir.
Meu material só chegou na tarde do dia 29/09. O problema não foi de vocês, nem
dos correios brasileiros. Parece que fui sorteada pela Homeland Security para
vistoria especial. Eles abriram, mexeram e atrasaram MUITO a entrega. Sei que o
você o disponibilizou no site, mas eu só fiquei sabendo que estava disponível
quase no dia que o recebi.
161
Esse atraso coincidiu com outro probleminha que é a verdadeira causa de meu
possível afastamento. Dias antes do início do curso, fui convidada para participar
de um projeto de tradução muito complexo e longo. Como já estava inscrita aqui,
achei que daria para conciliar o curso, esse projeto e o trabalho para meus outros
clientes. (E ainda viver, sabe, fazer compras, cozinhar... coisas de simples mortais.
rs rs) Mas está sendo impossível. Aceitei participar do projeto por ser uma
oportunidade sem igual de crescimento profissional, além de pagar muito bem. ( O
que, às vezes, na vida real, é mais importante que o crescimento, infelizmente.) O
que aconteceu é que não desde meados de setembro que não tenho tempo nem
para entrar no site do curso, ler os textos e muito menos para fazer as atividades.
O projeto é ótimo, mas cansativo e exige muita concentração; e termina na
segunda metade de novembro. Pelo que vi e pelo andar da carruagem das
alunas mais ativas, reconheço que seria tarde demais para eu retomar o
curso. O que você acha? (grifo meu)
Hoje vou ler e fazer o que conseguir do curso já que consegui adiantar minha
"batch" do projeto e terminei todos os outros trabalhos. Mas de qualquer forma,
gostaria de saber se poderia transferir minha inscrição para a próxima edição do
DELO. Quero muito poder fazê-lo em outro momento menos atribulado, se
possível.
Desculpe pelo texto longo e por colocar uma questão pessoal fórum.
Um abraço a todos.
6.
Re: Re: 50 % já foi...
Sexta, 06/10/2006, 19:15:37
VAN
HEL!!
Que legal esse teu novo projeto! As coisas boas surgem assim mesmo, né? Tudo
junto! É que nem festa, quando não tem, não tem, mas quando tem, vem de duas
ou três!
Senti tua falta mesmo, mas logo imaginei que estavas cheia de trabalho! Nem te
chamei no Orkut pra não te desconcentrar!
Seria uma pena se desistisses, porque eu acredito que tu darias conta do recado,
mesmo que tenhas perdido uns dias de contato. As discussões estão bem legais e
a produção também! Mas a gente te espera! Vamos andando um pouco mais
devagar para que possas nos alcançar! É lógico que digo isso sem ter falado com
as outras colegas... hehe... mas somos todas bastante solidárias (grifo meu)
porque todas trabalhamos e também vamos fazer compras de vez em vez! Até no
cabeleireiro vamos! hahaha
Fica!
Não desiste!
Um beijãozão e muita harmonia para que possas dar conta de tudo!!
7.
Re: Re: 50 % já foi...
Sexta, 06/10/2006, 22:01:08
RAF
Olá HEL!
Não é preciso pedir desculpas. Eu é que peço desculpas por não poder decidir por
você, uma vez que você coloca os fatos de maneira tão clara. Também não posso
responder pela questão do reaproveitamento da inscrição e, portanto, deixo a
resposta com a GIO, ainda que seja por email. Sei bem (e creio que todos sabem)
como são esses imprevistos. Eu, por exemplo, estive desde quarta à noite sem
meu PC, fato que limitou meus acessos ao Curso, sem falar na avalanche de
emails que estou tentando colocar em dia. Frente a isso, fazer o quê? Levantar,
seguir em frente e acelerar!
No meu posto de professor, posso lhe dizer o que é possível fazer no curso, dando
mais dados para sua decisão ser a mais acertada. Ainda há tempo de recuperar o
tempo perdido e aproveitar o curso. O que é preciso fazer é "arregaçar as mangas"
e começar, dando conta das tarefas de semanas anteriores. Pela experiência,
posso dizer que depois que você "engrena", entende a lógica da criação das
atividades, o processo fica mais simples. No entanto, não vou deixar de avisá-la
162
que será preciso um pouco mais de tempo, principalmente até você pegar o ritmo.
Você pode notar que vários colegas ainda não participaram, que outros tiveram
dificuldades iniciais e foram ajudados pelo grupo. Esse suporte, não tenho dúvida
que existirá para você também, principalmente depois de os colegas saberem o
que se passa e até mesmo se identificando com a situação.
A decisão é sua. Não sei se ajudei muito, mas tentei esclarecer que tendo tempo e
disposíção, o curso é recuperável ainda e não está perdido.
Muita luz na decisão e sempre! Estamos aqui para ajudá-la no que for possível. Um
forte abraço,
RAF
Em virtude de atraso na chegada do material de apoio e, principalmente,
do recebimento de uma proposta de trabalho, HEL está disposta a deixar o
curso. Conforme a aluna, ela teme não conseguir acompanhar o ritmo dos
colegas mais participativos e ter um desempenho aquém do que deseja. Na
verdade, até o momento, HEL tem sido uma das participantes mais ativas,
juntamente com VAN. Mesmo demonstrando tendência forte à desistência,
HEL expressa suas razões e argumentos no fórum e solicita opinião do
professor e dos colegas.
A primeira a fazer uma postagem de resposta é VAN. Da mesma forma
que agiu em outras oportunidades (assim como HEL), VAN solidariza-se com o
problema de carga excessiva de trabalho de HEL e coloca-se à disposição da
colega para ajudá-la se necessário for. VAN destaca as ações do grupo e o
reconhece como “solidário”, encerrando sua mensagem de apoio com o
incentivo para que HEL não desista e com uma despedida afetuosa. O
professor responde na seqüência, no mesmo sentido de VAN. RAF declara
que o grupo estará ao lado de HEL se for preciso e dá orientações sobre o que
fazer frente à situação que se apresenta.
Vejamos os elementos que estão envolvidos nessa troca. Em primeiro
lugar, há a valorização do grupo por parte de HEL, pois a aluna, mesmo
mostrando a intenção de desistir, recorre ao grupo para “refletir” com os
colegas e decidir. Curiosamente, a própria valorização que faz do grupo –
especialmente das alunas consideradas mais ativas – serve como argumento
para a desistência, já que HEL acredita não poder acompanhar o ritmo por ter
uma sobrecarga de tarefas. Ou seja, ao mesmo tempo, HEL reconhece o valor
163
do grupo (representado na fala da aluna pelas “alunas mais ativas”), mas não
se considera uma co-valorizante, embora suas ações no curso tenham seguido
um padrão bastante ativo. Essa valorização que HEL faz do grupo também
aparece no depoimento de VAN e de RAF, pois eles alegam que o grupo pode
ajudar HEL com o problema apresentado.
Outro elemento importante que é destacado na troca é o
reconhecimento do caráter solidário do grupo. Percebemos esse fato na
colocação de VAN, que explicitamente classifica a comunidade do AVA de tal
forma, na resposta de RAF, quando o professor aponta que outros colegas já
receberam auxílio, e até mesmo na mensagem em que HEL busca apoio, pois,
dirigindo-se ao grupo com vistas à solução de seu problema, a aluna revela
que vê nos demais participantes a possibilidade de colaboração. Voltando a
atenção para a colocação de VAN, teríamos um exemplo de sustentação
solidária, pois a sua atitude parece ser desinteressada na direção de HEL. No
entanto, entendemos que há a busca de VAN por um benefício oriundo de
HEL, como evidenciaremos mais adiante.
As manifestações discutidas reforçam o fato de que o benefício
recíproco – na forma de respostas para HEL, da continuidade dessa aluna no
curso para RAF e no elemento que VAN persegue quando oferece a
mensagem de apoio para HEL – tem papel importante na manutenção do
grupo, por alimentar a resistência sistêmica. A partir do apoio recebido, HEL
permanece no grupo por mais algumas semanas, participando e
desenvolvendo suas atividades e, por conseqüência, dando sua parcela para
que o sistema resista à entropia.
Vejamos que as participantes do curso percebem a importância de suas
manifestações no AVA e discutem sobre o tema nas postagens a seguir:
9.
Algumas impressões...
Terça, 03/10/2006, 03:12:30
VAN
Acho que a leitura do texto sobre o feedback que estamos fazendo na semana 05
nos faz refletir sobre nossa própria prática aqui dentro do nosso curso DELO.
Encontrei alguns links do texto com nossa prática:
– Eu acredito que para nós, o que nos mantém presentes no curso sãos as
tantas interações e os feedbacks que recebemos do RAF, do professor VIL e de
nós mesmas... é, fui olhar e somos todas alunas!
Postamos nossas contribuições e dúvidas e esperamos um retorno dos
professores e das colegas.
164
– Realmente queremos ter contribuições sobre nossas atividades e sobre as
impressões postamos no fórum a fim de melhorar as atividades e discutir as
idéias que temos.
– Recebemos duas vezes ao dia um e-mail nos lembrando de checar o ambiente
do curso com informativos sobre novas postagens no fórum ou nos portfólios.
– Mas a MAT me comentou algo que é bem visível: nem todas que estamos
inscritas no curso estamos participando (grifos meus). Seria interessante a
gente saber se é por perda do interesse ou pela dificuldade de lidar com a
ferramenta (computador e ELO) ou ainda se a falta da participação se dá por
quaisquer outros motivos pessoais e de trabalho.
O que acham?
10.
Re: Algumas impressões...
Terça, 03/10/2006, 08:12:11
MAT
Concordo com vc VAN, mas preciso tb pontuar algumas coisas:
* o ínicio do curso, chegada de material e info sobre todo o processo foi confuso;
não desisti porque sou 'dura na queda' mas por vários momentos me senti 'solta e
abandonada'...
* as contribuições e comentários são fundamentais e de TODOS, COM
CERTEZA! as vezes não tão rápido quanto nossa ansiedade depois de tantas
horas montando a atividade;mas eu 'compreendo';(
*tenho me sentido mas confiante porque divido minhas dúvidadas com JUL que
mora aqui no Rio e é minha colega de trabalho. Gente , isto faz uma diferença: se
vc não consegue lidar com a ferramenta adequadamente mas tem alguém por
perto, de alguma forma, trocando idéias com vc, é uma outra estória. Sempre
pensei em fazer um curso à distância, justamente pelo desafio. Mas, confesso foi
'muito' difícil o começo;
* não recebo email duas vezes ao dia me lembrando sobre o ambiente de curso:
desde quando isto acontece?!?
* o grupo parece bem reduzido e tb gostaria de saber o que anda
acontencendo (grifos meus)!
Um abraço bem grande para todos e até breve!!!!
MAT
O primeiro fato a destacar é que a reflexão feita por VAN acontece
alguns dias antes da troca de mensagens com HEL, observada anteriormente.
O fato de ter refletido sobre a importância das trocas na aprendizagem na qual
estão envolvidos não nos autoriza a entender aquela ação de auxílio de VAN
para HEL como “desinteressada”. A partir dos trechos em destaque,
entendemos que VAN busca sim um benefício: a permanência de um
participante junto com o qual ela pode melhorar seu trabalho. A permanência
participativa de HEL (e dos demais colegas) mantém o sistema forte e,
conseqüentemente, provendo recursos para seus elementos. Logo, a
manifestação de VAN não é desinteressada e visa o benefício que pode haver
na participação da colega HEL. Mais ainda, VAN preocupa-se com o fato de
outros indivíduos não estarem engajados nas atividades, pois acredita que
quanto maior a participação, mais vantagens há para os elementos do sistema.
165
MAT reconhece também a importância da interação, do feedback do
grupo, demonstrando que deseja receber comentários dos demais indivíduos e
que sente falta de outros participantes. No entanto, MAT pontua que enfrentou
problemas devido a fatores externos, os quais quase levaram a aluna a desistir.
O seu “começo difícil” deveu-se principalmente ao choque entre aquilo que
esperava do curso e o foco de fato das atividades.
“Boa noite RAF,
Peço desculpas por ter enviado as atividades para o 'local'
errado...mas não sabia ou não li que assim deveria ser feito!
Acho importante partilhar o produto 'final ou não' com o
grupo e ouvir muitas sugestões :)
(...)
* me esclarece uma dúvida: o curso é para capacitar em uso
adequado da ferramenta 'computador' ou tornar o professor
mais aware das atividades que produz utilizando a
ferramenta???Eu não tenho entendido bem a proposta e
me sinto uma verdadeira incompetente na construção das
atividades. Veja bem, leio os textos, entendo a proposta e
procuro então colocar em prática. Então me deparo com um
programa que, a princípio , não está o suficiente claro pra
mim! Como não sou uma expertise na área 'empaco'
mesmo!! (grifos meus) Existe um 'caminho' mais tranquilo que
não seja o 'tentativa e erro' que venho usando for horas a
fio???? Hope so :)))
* vou seguir suas dicas e espero atingir o objetivo =)(
hopefully).
Um abraço e até mais... MAT”
O trecho acima foi retirado de mensagem de correio eletrônico enviada
por MAT ao professor em 25/09/2006, aproximadamente uma semana antes da
troca de mensagens com VAN no fórum. Vemos que, além de dar a impressão
de que procurava um outro tipo de curso, a aluna acumula opiniões negativas
em relação ao seu desempenho (sente-se incompetente, não tem clareza
sobre o programa, etc.). Outro fato interessante é que, embora declare que
considera importante partilhar com o grupo e receber sugestões, MAT dirige-se
a RAF fora do AVA, em mensagem particular. RAF responde na tentativa de
tranqüilizar a aluna e dando esclarecimentos sobre o foco do curso e
orientações sobre como proceder. Mais uma vez, entra em cena o
comportamento imprevisível e não-linear do sistema, visto que, embora o uso
de e-mails não fosse mencionado no plano, a aluna utilizou tal ferramenta para
procurar o professor, que de sua parte, manteve o canal imprevisto aberto,
166
utilizando-o para o envio de sua resposta. Após a troca de mensagens com o
professor RAF fora do AVA, MAT compreendeu o tipo de atividades que
compunham o curso e reformulou suas expectativas. A partir do apoio que
recebeu naquele momento inicial de dificuldade, MAT percebeu na prática o
movimento solidário das interações como importante para o seu desempenho,
valorizando os participantes e o grupo.
Nesse mesmo fórum, já percebemos a mudança de atitude de MAT,
mais autônoma e colaborativa, a partir de um pedido de auxílio de uma colega:
20.
Dúvidas
Terça, 03/10/2006, 15:22:10
SOC
RAF e colegas
Problema 1: Quero colocar no espaço do professor uma imagem que não está
disponível na pasta extras do Elo e nem na pasta pictures, como eu faço?
Problema 2: Vamos supor a seguinte situação: Elaborei a atividade, salvei e gerei
htm, visualizei, fiz as modificações necessárias e fechei. Se eu quiser modificar
novamente essa atividade, como eu faço? Já que eu abro no internet explorer, pois
no outro arquivo não abre.
Preciso tirar essas dúvidas pra poder desamarrar o nó da Semana 4 (ainda).
SOC
21.
Re: Dúvidas
Terça, 03/10/2006, 15:55:56
MAT
Bom SOC...já que o professor VIL disse q eu estou parecendo dominar a técnica,
vou dar uma de metida..hihihih
olha só...pra vc colocar a imagem vc pega ela daonde vc quiser(internet, arquivo
pessoal ou whatever...) joga pra pasta de pictures do elo e aí pronto!!!
com relação à modificação de arquivos...é só vc abrir o arquivo em questão no
elo.exe , fazer as modificações e salvar em cima do outro!!! :o)
será que minha ajuda foi mais ou menos válida? geminiana dando instruções é um
terror....hihihihi
boa sorte e se puder ajudar em algo mais, just let me know ok?
MAT
24.
Re: Re: Dúvidas
Sábado, 07/10/2006, 23:19:27
SOC
MAT
Sua ajuda foi essencial pra mim. Depois que aprendi, fiquei testando de montão.
Obrigadão! Ainda não testei a segunda dica, mas na semana 6 vou fazer isso.
Beijos,
SOC
25.
Re: Dúvidas
Terça, 03/10/2006, 17:08:39
VAN
Oi, SOC!
Acho que a Maria Tereza deu a dica que eu ia te dar, mas vou recapitular. Não
importa da onde saia a figura que queiras usar. O que importa é que ela TEM QUE
estar na pasta da atividade.
E, para abrir os arquivos das atividades, basta abrir o ELO, selecionar o tipo de
atividade (memória, cloze, etc) e abrir o arquivo já existente puxando ele da pasta
onde se encontra!
167
Manda rápido que queremos ver!!
Beijo!
26.
Re: Re: Dúvidas
Sábado, 07/10/2006, 23:20:29
SOC
VAN
Obrigada pelas informações!
Beijos,
SOC
Primeiramente, vale destacar a valorização que SOC faz em relação ao
grupo, a partir de trocas de mensagens anteriores, nas quais ela recebeu
auxílio por ter iniciado as atividades após os colegas. Dentro desse processo
de adaptação e de cumprimento de tarefas de semanas passadas, a aluna
envia mensagem não somente ao professor, mas também aos colegas. MAT,
a aluna que alguns dias antes se sentia um tanto desorientada e, nas palavras
dela, “incompetente” no uso do programa, faz sua manifestação no sentido de
oferecer suporte à colega. Ou seja, MAT passa de uma posição em que se
sentia inferiorizada e fragilizada por não compreender a forma de utilização do
programa em torno do qual as atividades do curso giravam para – a partir da
colaboração dos demais indivíduos e, especialmente, da sua atuação – uma
posição de co-valorizante, a qual se confirma pelo reconhecimento e
agradecimento de SOC, revelando que as dicas de MAT foram úteis.
Também há a atitude colaborativa de VAN, que envia mensagem de
orientação no mesmo sentido daquela de MAT. A aluna parece tentar
complementar a informação, dando outros detalhes não mencionados. VAN
também é valorizada por SOC no seu agradecimento, a qual acumula uma
dívida também com essa participante. Os valores em jogo nesse tipo de
relação de trocas interindividuais se multiplicam, gerando benefícios mútuos,
sejam na forma de solução de dúvidas, sejam como valorização de seus pares,
alimentando as interações e mantendo o sistema vivo, resistente à entropia.
Abaixo, a declaração de SOC, feita após o desenvolvimento das atividades,
demonstra não somente quão importante foi a ajuda dos demais participantes
na sua prática, mas também a satisfação que resultou da finalização das
tarefas. O orgulho de si mesma evidencia o benefício recebido e,
conseqüentemente, a dívida social contraída junto aos colegas, os quais se
solidarizam com o esforço e o sucesso de SOC e a incentivam a continuar o
168
trabalho. É possível especular que ver o sucesso de SOC a partir de sua ajuda
também se constitua como um benefício para aqueles que prestam o auxílio,
além do crédito produzido no início da relação de troca.
32.
Ratas
Sábado, 07/10/2006, 23:40:48
SOC
A semana 05 foi um pouco complicada para mim. Tive muitos afazeres e deixei
acumular as atividades para elaborar de duas semanas (04 e 05). Pro incrível que
pareça a atividade que me deu mais trabalho foi a de memória. Primeiro porque eu
fazia tudo direitinho (quase tudo) e não colocava as figuras na pasta. Que leseira!!!
Peguei as informações das colegas e mãos à obra. Acho que dessa vez fiz tudo
certo. Inclusive o menu está levando para as atividades. Fiquei tão orgulhosa de
mim por ter conseguido elaborar essas atividades. Ha, ha, ha...
33.
Re: Ratas
Domingo, 08/10/2006, 09:43:46
JUL
é isso aí SOC!!! dá um trabalho do caramba mas quando a gente se acerta......ai
que alegria!!!! boa sorte!!!
JUL
34.
Re: Re: Ratas
Domingo, 08/10/2006, 10:43:47
MAT
SOC
Depois que 'quebramos' a cabeça com as pastas e outros detalhes dá vontade de
criar muitos jogos de memória para qq tópico..Vou começar em breve um pequena
produção e depois mando pra vcs. Agora se prepara para a dialógica....
MAT
A sexta semana mantém o tom da semana anterior: os fóruns sendo
bastante visitados para buscar respostas. Também há, especialmente no
DELO 05, o uso dos fóruns para sinalizar que o material de determinado aluno
foi postado em seu portfólio e está disponível para ser comentado. Essa
sinalização também reforça o caráter imprevisível do sistema, uma vez que não
era prevista essa ação para esse espaço. A versão do AVA utilizado
automaticamente destaca em cor diferente e com um asterisco os títulos das
seções com novidades. Mesmo assim, os participantes optam por avisar
explicitamente os colegas e convidá-los a opinar sobre suas criações, como
vemos nas mensagens que seguem:
8.
atividade semana6 com arquivo .GAB
Quinta, 20/10/2005, 11:20:37
ISA
Oi, pessoal,
Eu havia postado a minha atividade dialógica sem o arquivo .gab, que contém as
informações do feedback e o RAF me avisou. Bem, agora já está completa.
Obrigada pelas visitas ao portfólio.
Abraço, ISA
18.
Dúvida 2
Quinta, 27/10/2005, 04:13:42
169
VAL
Olá EDU e RAF,
Obrigado pelas dicas! Acabei de incluir a página de abertura e acrescentei mais a
possibilidade da resposta "the electric light". O novo arquivo já está lá no meu
portifólio.
(...)
20.
De volta!!!!
Segunda, 31/10/2005, 19:38:06
SCH
Fianalmente voltei a ativa. Coloquei minha atividade da semana 6 no portfólio e
espero os comentários de vocês. Terminei, mas não me senti segura com os
resultados. :-(
SCH
21.
Dialógica
Segunda, 31/10/2005, 22:40:56
ROS
Oi, pessoal!!
Espero que gostem da minha atividade dialógica. Ela está bem de acordo com a
data de hoje!!
Happy Halloween!!!! Bjs, ROS
24.
Re: Re: Re: Dialógica
Quarta, 02/11/2005, 14:24:37
ROS
Ok, RAF!! Vc já pode comentar!!! Bjs, ROS
25.
Problemas na dialógica
Terça, 01/11/2005, 13:10:25
SCH
Estou com problemas nos feedbacks, estão saindo sempre os certos, mesmo que
a resposta esteja errada. Por favor alguém pode me dizer o que eu fiz de errado. A
atividade está no portfólio.
SCH
O comportamento do grupo até o momento e os benefícios que dele
emergem fazem com que os indivíduos atribuam valor alto aos seus pares, o
que os leva a solicitar opiniões e sugestões via fórum. Como as colocações
sobre os materiais criados são feitas diretamente na seção que abriga os
trabalhos, os participantes optam por não aguardar a visita e vêm ao fórum
fazer o chamado, o convite. É sempre importante na análise ter em mente o
fato de que não havia avaliação em torno desse tipo de ação de auxílio, logo
havia outro elemento – que não tem a ver com o ganho de uma nota, por
exemplo – movendo os participantes para esse tipo de atitude colaborativa: o
benefício recíproco derivado das interações.
Essa valorização em torno de um comportamento de auxílio também
está presente em outras trocas de mensagens nessa sexta semana, como nas
manifestações abaixo:
9.
Dúvida!
Quinta, 20/10/2005, 17:17:13
ALI
Olá a todos! A atividade dialógica é composta de questões. Gostaria de saber
170
como faço para excluir uma questão. Há como fazer isso? Há também como incluir
questões entre outras que já estão prontas? Bj :)))
10.
Subject:Dúvida!
Quinta, 20/10/2005, 23:24:01
ISA
OI, ALI,
Eu também tive essa dificuldade. Abaixo do espaço do feedback tem uma barra de
ferramenta cut and paste e outros comandos. Quando eu cliquei cut, aquela
pergunta inteira foi cortada e eu até troquei a seqüência das perguntas usando o
cut and paste. Experimenta ir para uma questão que está prontae antecede outra
pronta também e clica inserir para colocar uma nova entre as duas. para mim
funcionou.
11.
Re: Subject:Dúvida!
Sexta, 21/10/2005, 09:12:29
ALI
Obrigada, ISA! Vou tentar e depois te conto! Bjsss :))
12.
Re: Subject:Dúvida!
Sexta, 21/10/2005, 17:07:00
RAF
Olá ALI e ISA,
creio que a questão foi respondida... :)
Abraços!
RAF
13.
Re: Dúvida!
Sexta, 21/10/2005, 16:35:14
EDU
Olá ALI,
Para inserir questões apenas navegue pelas questões com o segue e volta e insira
a questão onde preferir, para excluir não existe uma maneira simples como no
inserir, mas se você entender um pouco mais de como funciona o ELO pode tirar a
questão de dentro dos arquivos gerados, mas é um trabalho dificil e requer um
conhecimento mais aprofundado em informatica. Espero ter ajudado!
14.
Re: Dúvida!
Sábado, 22/10/2005,
16:24:07
ALI
Já consegui retirar o que queria com a dica preciosa da ISA. Vlw! Bjsss
A dúvida gira em torno da atividade mais complexa que pode ser gerada
com o sistema de autoria, pois demanda daquele que a elabora o controle
sobre um número maior de variáveis, como a criação de um texto, de uma série
de perguntas, respostas possíveis e feedback para cada resposta errada e
certa, além da própria organização desses elementos como uma atividade para
aprendizagem de línguas. ALI trata justamente dessa organização e apresenta
a dúvida sobre como excluir (ou trocar a ordem de) questões já inseridas no
sistema.
Como já aconteceu várias vezes em outros fóruns – tanto no DELO 05,
quanto nas outras edições que temos analisado – a prestação de auxílio vem
de um outro aluno, antes da intervenção do professor. ISA diz que encontrou o
mesmo obstáculo e revela como resolveu a questão, indicando uma alternativa
a ALI. A aluna indica ter visto a resposta e diz que vai tentar a solução, o que
171
denota a valorização de ISA por ALI. Entendemos que tal valorização poderia
existir mesmo que nenhuma mensagem de resposta fosse emitida. No
entanto, o caminho contrário é menos plausível: caso não houvesse o
reconhecimento do valor de ISA e de sua sugestão, é bastante provável que
não fosse emitida mensagem alguma por ALI.
Também é interessante notar a participação do professor e do tutor.
Percebendo que ISA deu orientação correta, RAF apenas sinaliza que
acompanhou a solução da dúvida. Ficando restrito a esse comentário, sem
adicionar informação à postagem de ISA (porque não era necessário fazê-la), o
professor prestigia a participante, causando (ou não interferindo negativamente
na já existente) valorização de ISA perante ALI e o grupo. Mesmo sem
declarar nada além daquilo já mencionado na troca, RAF não deixa de realizar
sua função de professor, pois se mostra presente e acompanhando os
movimentos no AVA.
Já o tutor EDU tenta dar uma explicação mais detalhada na tentativa de
cumprir seu papel mais ligado à docência, mas, ao mesmo tempo, arrisca a
anular o auxílio de ISA – e, conseqüentemente, sua valorização. Tratando de
valorização, é plausível dizer que o tutor não confere valor na manifestação de
ISA, pois se o fizesse não emitiria a mensagem. Se observarmos atentamente,
veremos que a mensagem de EDU é menos clara que a de ISA, apontando até
para a impossibilidade de realizar aquilo que ALI procura e alegando que o
procedimento é mais difícil e requer “conhecimentos mais aprofundados em
Informática”. Entretanto, a relação de troca de benefícios e valorização entre
as alunas já havia ocorrido e a manifestação de EDU não gerou prejuízos de
forma visível. E embora a sugestão de EDU não tenha valor para ALI – porque
é redundante, porque é confusa ou não responde à questão (ou todas as
alternativas) – a aluna agradece o tutor, dizendo que a dica de ISA resolveu o
problema. Assim, não há a valorização da mensagem, mas há a valorização
de EDU em virtude de auxílios anteriores e da própria posição de suporte que
desempenha. Ou seja, ALI acumula dívida para com o tutor e “paga” com a
sinalização de que leu a postagem e com o agradecimento pela mensagem.
Outro fato que surge no que tange à valorização é a importância que os
participantes dão ao valor que o grupo lhe atribui. São recorrentes as
172
mensagens justificando ausências ou a não-realização de alguma atividade em
algum momento e que acabam também por revelar novamente a
suscetibilidade do sistema a fatores externos, como nas manifestações de
MAR e ROS:
7.
Consegui!!!
Quinta, 20/10/2005, 02:30:42
MAR
Quanto as atividades, acho que consegui alcançar. Acabei de enviar semanas 4 e 5.
As leituras ficarão para mais adiante, perdoem... estou com muito trabalho (grifo
meu). Estou "adorando" criar as atividades, apesar de acreditar em atividades mais
"abertas", que possibilitam a construção do conhecimento. Estou bastante curiosa pelo
que vem pela frente. Abraços, MAR
19.
Leitura e atividade
Quinta, 27/10/2005, 14:28:46
ROS
Olá, pessoal!!
Estou com umas deadlines apertadíssimas aqui no trabalho e só acabei de ler o
texto e fazer as atividades 18 e 19 agora. Portanto, peço que tenham paciência se
eu vier a fazer perguntas tolas que já foram feitas anteriormente (grifo meu), tá??
Sorry,
Cheers, ROS
Quando passamos à sexta semana do DELO 06, notamos que também
continua existindo a procura e a oferta de auxílio por parte dos alunos. As
dúvidas giram em torno da atividade mais complexa que é possível ser criada
com o sistema da autoria (chamada de atividade dialógica). Também há
dúvida – enviada por uma aluna que começou o curso mais tarde – sobre o
projeto temático que constituirá a avaliação final. Há uma troca de mensagens
entre um aluno, professor e tutor, em torno da inclusão de “âncoras” em uma
página gerada pelo sistema. Todas as relações se desenvolvem dentro de um
mesmo padrão de troca de benefícios, de solidarização e de valorização dos
indivíduos envolvidos nas trocas, assim como vem acontecendo nas semanas
anteriores dessa e de outras edições do curso.
No entanto, o que mais chama a atenção no fórum da sexta semana no
DELO 06 é o fato de a maioria das mensagens trocadas (38,3 %) tratar do
texto de apoio sugerido para leitura no período e das reflexões que os
participantes fizeram a partir dele. Em outros fóruns, sempre há mensagens
discutindo os textos propostos, em proporção semelhante aos pedidos de
auxílio. Já nesse momento que observamos, há o envolvimento forte de alunos
e professores, não apenas destacando idéias do texto, mas também
173
compartilhando impressões e experiências profissionais relacionadas. O
processo de interação é iniciado por uma aluna – VIV – a qual é valorizada
pelos professores VIL e RAF e por vários colegas – MAG, CAR, FLO – quando
recebe feedback. Mais ainda, cada indivíduo que se engaja na troca, acaba
por valorizar todos os participantes anteriores, uma vez que cada mensagem
incrementa o valor existente e constitui um todo, um “campo temático”
composto pelas próprias postagens e pelos emissores. Além disso, quando os
participantes respondem àqueles que fizeram postagens anteriormente ou
fazem manifestações a partir daquilo que já está no fórum, há benefícios sendo
ofertados, pois há a ampliação do escopo de reflexões no grupo. Assim, não
importa se as mensagens novas concordam ou discordam daquelas existentes.
O que é relevante como “energia que mantém o sistema” é que as
manifestações aconteçam, pois, se o que é postado anteriormente leva outro
participante a responder à postagem, há a consideração de que o que foi
emitido “merece” réplica, há a valorização. Logo, havendo a valorização das
mensagens, há a valorização dos autores, estabelecendo o ciclo de troca de
benefícios e acúmulo de créditos e/ou saldo de dívidas.
Observando o fórum da sexta semana no DELO 07, também é notável a
predominância de um tema no conteúdo das mensagens. Assim como no
mesmo período da edição anterior, a maioria das manifestações (51,7 %) dizia
respeito ao texto sobre feedback, proposto na Agenda. As demais mensagens
tratam do encontro presencial entre os professores e algumas alunas em um
congresso e também das impressões sobre a atividade a ser elaborada na
semana. Entretanto, sobre essas últimas mensagens (quatro, no total),
nenhuma delas buscava ajuda ou esclarecimento. Os emissores apenas
compartilharam suas opiniões sobre a prática com os demais.
Com base nos movimentos que temos observado ao longo das semanas
– não somente na sétima edição do curso – percebemos que, no período entre
a sexta e a sétima semana, os indivíduos demonstram ter dominado o sistema
dentro daquilo que necessitam para criar as atividades. Não há mais o pedido
de ajuda e – óbvia e conseqüentemente – o feedback. No aspecto “domínio do
sistema de autoria para a produção de materiais”, os alunos não sentem
174
necessidade de buscar benefícios para realizar/incrementar suas tarefas, logo
as trocas em torno desse tema naturalmente diminuem.
Porém, o número expressivamente maior de mensagens sobre o texto
no fórum da sexta semana do DELO 07, mantendo o sistema vivo e resistente
à entropia, se justifica dentro do que temos visto como motivação para as
participações – a busca por algum benefício associada a dívidas/créditos
acumulados em virtude de valorizações decorrentes de trocas prévias. O tema
central do texto – feedback em ambiente virtual – está diretamente relacionado
com a característica principal da atividade que os alunos devem elaborar no
período, a qual simula em certo grau a interação entre aluno e professor, por
meio da exploração de perguntas, respostas e feedback automático. Assim, os
indivíduos discutem, por exemplo, como contemplar na atividade princípios
discutidos pela autora do artigo e as possibilidades e limitações do sistema de
autoria. Um outro caminho que emerge da discussão é a reflexão que os
indivíduos fazem sobre a importância do feedback, da interação na
aprendizagem em ambiente virtual, ligando aquilo que o autor do texto discute
com a experiência que estão tendo como alunos e – em alguns casos – como
professores.
4.
feedback
Sábado, 07/10/2006, 12:35:40
JUL
Bom...encerrando a semana 5, vou colocar minha opinião sobre o texto de
feedback...
Nunca tinha reparado com tanta atenção assim a eficácia de feedback para um
aprendiz. Sabia que ele era importante e indispensável mas foi após ler um email
de um aluno meu esses dias que realmente passei a ver essa prática com outros
olhos.
Um aluno meu mandou um email na quinta feira com uma redação, pedindo se eu
poderia corrigi-la. Como estava conectada no momento, dei feedback 5 minutos em
seguida. O aluno assustou-se com a rapidez na resposta e colocou "nossa que
teacher Hi-TECH que tenho. Obrigado pela correção...acho que agora posso
passar para o próximo estágio".
Isso me mostrou que os alunos buscam na resposta que recebem o estímulo
para seguirem em frente com as atividades. Isso tem acontecido muito
conosco aqui no ambiente virtual. Todos nós,assim que colocamos itens no
nosso portfolio, ficamos na ansiedade da resposta...se tudo ficou no lugar, se
as figuras apareceram ou se não fizemos nenhuma besteirinha. Feedback é
essencial em qualquer processo de aprendizagem. (grifo meu)
Um ponto que acho interessante comentar é a questão do feedback afetivo.
Acredito que apesar de muitas vezes trabalharmos com feedback online, nada
dispensa a questão do afetivo...do face to face.... acredito que seja muito mais
estimulante...o que vocês acham? vocês sentem-se de alguma forma mal por não
ter uma interação tão mais próxima?
JUL
175
5.
Re: feedback
Sábado, 07/10/2006, 14:05:43
MAT
JUL, concordo com vc !!!! Acredito que o sistema de avaliação/feedback centrado
somente na análise de conteúdo, erros e acertos até certo ponto contribui.Mas
quando ele vem seguido de feedback afetivo e personalisado chances are que
nossos alunos , e nós mesmas, produzimos muito mais. Apontar áreas que podem
ser melhoradas é primordial mas enfatizar a possibilidade de competência e
crescimento fazem muita diferança.É super importante como vc falou que este
feedback seja o mais rápido possível já que passado certo tempo o exercício em
foco perde o valor no processo.Também percebo em muito a diferença quando
posso 'sentar' com cada aluno e mostrar aonde ocorreram os 'slips' e que caminhos
seguir para melhorar. No ambiente on-line, as trocas de idéias, sugestões,
perguntas que nos são feitas fazem realmente com que continuemos a buscar
respostas. Quanto ao intereação face to face do feedback ela é concreta ...divido
com vc a mesma sensação quanto ao ambiente on-line ; mas acredito que se deva
pelo fato de estarmos muito em sala-de-aula and this is our first contact with a
whole new world of on-line interaction.
No mais o texto simples e direto foi muito bom para colocar algumas 'minhocas' na
nossa cabeça!! ( nossa que vocabulário mais old-fashioned, mas não consegui
pensar em outra coisa).
MAT
7.
Re: Re: feedback
Quinta, 12/10/2006, 22:15:58
SOC
JUL e MAT
Assim como na sala de aula presencial a relação interpessoal entre alunos e
professor é fundamental no processo de aprendizagem (grifo meu), no
ambiente virtual isso não poderia ser diferente. Talvez o que nos causa maior
estranhamento seja o fato de que entre as pessoas existe toda uma tecnologia.
Contudo, acredito que como seres criativos que somos é sempre possível encontrar
alguma forma para interagir. Confesso que até antes da leitura desse texto não
tinha pensado no feedback afetivo. Como oi colocado anteriormente, ele pode ser
um elemento fundamental para a motivação do aluno.
8.
Re: Re: Re: feedback
Quinta, 12/10/2006, 22:52:58
JUL
SOC,
eu diria que não só fundamental como indispensável!!! A questão do feedback é
muita mais complexa e necessária de reflexão do que nós imaginamos. Não sei se
sou só eu que tenho essa ilusão, mas enfim...
Queria abrir não só para vc como para todos a seguinte pergunta:
Qual a primeira imagem que vem à cabeça quando é mencionada a palavra
feedback? (grifo meu)
abraços para você e todos os outros colegas
9.
Re: Re: Re: Re: feedback
Sábado, 14/10/2006, 09:14:06
SOC
JUL
A primeira imagem que vem em minha cabeça é de acompanhamento na
direção professor, aluno (grifo meu). Não apenas manter contato, vai além, está
intimamente relacionado ao ensino/aprendizagem na medida em que o retorno
dado ao aluno pode implicar em mudanças nas estratégias pedagógicas do
professor.
Além de demonstrar algumas reflexões acerca do feedback, as
manifestações acima também acabam por revelar algumas expectativas dos
indivíduos em relação aos movimentos interacionais dentro do AVA. Podemos
176
perceber que JUL, por exemplo, considera o retorno de um professor ou colega
sobre as atividades que cria como importante para que ela avance, quando faz
a comparação com o seu aluno. Há, portanto, um valor envolvido, que
acarretará em valorização de um indivíduo que venha a atuar dentro daquilo
que ela espera ou considera relevante. MAT declara que tem a mesma
opinião, juntamente com SOC, que se manifesta na mesma direção.
Quando vemos as relações interpessoais estabelecidas ao longo do
tempo de curso e declarações como as de JUL, ficamos bastante à vontade
para argumentar que o grupo mantém-se “vivo” porque há interação constante,
a qual é movida/motivada pela oferta e procura de benefícios, por uma geração
contínua de valorizações mútuas de indivíduos e de suas atitudes. Na semana
na qual o texto recebeu mais atenção nas discussões do que a parte prática de
criação de atividades, revelou-se como benefício almejado a construção de
uma base teórica relativamente sólida, que sustentasse as propostas que os
alunos tinham para as atividades dialógicas (as quais demandavam perguntas,
análise automática de respostas e feedback) que elaborariam com o sistema
de autoria. Ou seja, a reflexão compartilhada foi o item central de valorização.
5.2.2.1. A sétima semana: da ‘Resistência’ à ‘Rendição
A sétima semana merece destaque em função de as diferentes edições
analisadas apresentarem nesse momento características tanto da ‘resistência
sistêmica’, quanto da ‘rendição sistêmica’, fato que não surpreende quando
sabemos que o período encontra-se no limite entre os dois movimentos
sistêmicos, da mesma forma que a terceira semana estava na passagem da
força entrópica máxima’ para a ‘resistência’.
O volume de mensagens no fórum da sétima semana cai
consideravelmente, exceto no mesmo período da quinta edição do curso –
DELO 05. A razão da queda será abordada a seguir, bem como os motivos do
comportamento diferenciado em uma das edições. Recorreremos a James
Gleick e sua obra – Caos: a criação de uma nova ciência (1989) – para explicar
ambos.
177
Quando trata das origens do Caos e da construção de conhecimento
acerca do termo, Gleick (op. cit.) visita alguns pesquisadores e suas
preocupações à época que o “Caos” era “apenas” uma perspectiva teórico-
científica “marginal”. Inicialmente, o termo era considerado sinônimo de
instabilidade. Gleick cita Smale como o primeiro matemático a perceber que os
termos não eram necessariamente iguais, pois “um sistema caótico podia ser
estável se sua irregularidade específica perdurasse diante de pequenas
perturbações” (op. cit., p. 44).
Temos visto que, embora cheios de imprevisibilidade, irregularidade e
comportamentos caóticos, os sistemas que são os grupos em AVA analisados
aqui apresentam um padrão, uma tendência de funcionamento. Esse padrão
encontra respaldo no mesmo trabalho de Gleick, quando o autor afirma que é
possível que a ordem emerja do Caos. Também podemos encontrar idéia
relacionada na obra Complexity: life at the edge of Chaos (1999) de Roger
Lewin, quando refere à perspectiva de Chris Langton (op. cit, p. 13) sobre a
emergência de uma estrutura (um sistema) global complexa e imprevisível a
partir da interação local (igualmente complexa e imprevisível). Portanto, os
sistemas da presente pesquisa têm comportamento irregular, mas esse
comportamento não sucumbe frente às perturbações (como algumas já citadas
– a influência de fatores externos ao curso que impedem o acesso de
participantes em determinado período).
Ter em mente que Caos e instabilidade não são sinônimos e que uma
ordem sistêmica pode emergir do Caos é fundamental para a análise que
temos feito porque respalda a perspectiva de que uma estrutura básica
(estrutura e recursos do AVA e plano de curso, os quais configuram-se como
regras de baixo nível nos sistemas) dá condições para que as interações
ocorram. Não há ordem local (tomando individualmente os fóruns como
“locais”) nos fluxos interativos (por exemplo, temos mostrado que há semanas
em que alguns indivíduos participam mais do que outros, não há uma
regularidade de tempo entre participações e/ou acesso ao AVA, tampouco na
realização das atividades propostas), mas a partir deles emerge uma estrutura
global, um sistema complexo que representa o curso (composto pelos
178
participantes, pelo AVA e suas ferramentas, pelos comportamentos) que se
auto-sustenta por meio das trocas, resistindo à inevitável entropia.
No entanto, falando de “sistema auto-sustentável por meio de
interações” e de “ordem emergente”, podemos dar a impressão de ir em
sentido oposto à reflexão que nos propusemos fazer – a saber, porque há a
queda brusca no volume de mensagens em duas edições do curso e porque
não há a mesma queda no DELO 05. Porém, era preciso antes saber que (e
porque) a ordem ocorre a partir do Caos, gerando e sustentando o sistema,
para depois ser capaz de compreender os movimentos sistêmicos.
Mandelbrot foi um matemático preocupado com tais movimentos. Na
tentativa de entendê-los, analisou os registros das cheias do rio Nilo, mantidos
pelos egípcios há milênios. Mandelbrot observou que o rio sofre variações
muito grandes em seu nível, e as classificou em termos de dois efeitos,
chamados de Efeitos Noé e José (GLEICK, 1989).
O primeiro efeito tem relação com a descontinuidade e já foi utilizado
pela Economia na tentativa de compreender, por exemplo, as variações de
cotação em bolsas de valores. O Efeito Noé diz respeito à ocorrência de
mudanças “arbitrariamente rápidas” dentro de um sistema, sem que haja uma
adaptação gradual. Se tomarmos o aspecto “quantidade” – como Gleick (1989)
exemplifica com a questão dos preços de ações – ela pode mudar “em saltos”,
sem que haja uma passagem crescente ou decrescente suave de um valor a
outro.
Já o Efeito José está ligado à persistência. Quando observou o Nilo,
Mandelbrot viu que os períodos de seca e de cheia eram longos, alguns
durando décadas ou até séculos. Com os cálculos que fez sobre os registros
egípcios, o matemático verificou a existência de tendências no comportamento
do rio, o que lhe permitiu afirmar que um sistema dinâmico caótico apresenta
tendências as quais, em virtude da existência do Efeito Noé, podem ser
modificadas abruptamente. Os dois efeitos são atuantes no sistema, cada um
puxando para uma direção contrária ao outro. Conforme Gleick (1989, p.89),
“as tendências na natureza são reais, mas podem desaparecer tão
rapidamente quanto surgem”.
179
Os efeitos Noé e José de Mandelbrot são fundamentais na compreensão
dos movimentos de queda no volume de mensagens na sétima semana do
DELO 06 e 07 e de manutenção do número de postagens no DELO 05.
Durante o período de resistência sistêmica, houve – em todas as edições
grande e constante volume de manifestações, estabelecendo uma tendência
de comportamento. Assim, é compreensível que o sistema continue
“respeitando” essa tendência em relação ao volume de interações nas
semanas que seguem (efeito José), como ocorreu no DELO 05. No entanto,
como se trata apenas de uma tendência, e o sistema é aberto e suscetível a
fatores externos, pode haver a mudança brusca no comportamento, dando
início, possivelmente, a uma nova tendência, como aconteceu na sexta e
sétima edições do curso, nas quais o número de mensagens caiu
abruptamente da sexta para a sétima semana (DELO 06: 48 > 12; DELO 07: 29
> 9). Era a manifestação do efeito Noé.
Os Efeitos Noé e José explicam porque tais movimentos são possíveis
dentro de um sistema complexo. Entretanto, que fatores contribuíram para que
um dos fóruns seguisse a tendência e para que outros fóruns estabelecessem
a descontinuidade? O que “alimentou” os Efeitos Noé e José nos grupos dessa
pesquisa?
Se observarmos o referido fórum no DELO 05, aquele em que o volume
de mensagens se manteve de acordo com a tendência, veremos que os alunos
apresentam algumas dúvidas sobre como realizar uma etapa da atividade e
enviam perguntas para o grupo:
2.
Subject:Incrementando atividades com texto
Segunda, 24/10/2005, 15:05:15
ISA
Oi, pessoal,
Eu entendi que havia um dicionário disponibilizado no CD do curso e que a gente
deveria acoplar à atividade Múltipla. Não encontrei. Alguém pode me ajudar? Se eu
não entendi corretamente, então a gente tem que elaborar um texto htm que vai
servir de glossário e hiperlinkar ao texto que disponibilizarmos para a Múltipla?
Preciso de assistência, pois a parte do texto e das perguntas e feedback está
pronta. Só não consigo localizar o glossário para concluir a atividade.
Grata, desde já,
ISA
3.
Dicionário no ELO
Segunda, 24/10/2005, 15:06:18
ISA
Oi, tem dicionário no CD do curso? Eu não localizei no meu.
Help!!!!
180
ISA
4.
Re: Dicionário no ELO
Segunda, 24/10/2005, 16:43:31
ALI
Olá, ISA! Vou tentar ajudar... Vc deve criar uma HP Lexical. Lá, há os dicionário
disponíveis no ELO e serão criados os links no texto. "O ELO vai transformar o
texto que você criar numa homepage e construir um glossário com links
automáticos para cada palavra do texto." Na semana passada, para gerar a
atividade dialógica, tivemos que criar uma HP Básica. Para essa atividade, deve
ser criada a HP lexical. Espero que tenha ajudado! Bjssss
5.
Re: Re: Dicionário no ELO
Segunda, 24/10/2005, 17:27:17
EDU
Como falou a ALI para usar os dicionarios você deve criar uma HP Lexical e o
proprio ela vai criar o glossario do que você criar, nos tutoriais do ELO deve ter um
sobre como criar HP lexical. De qualquer maneira estou colocando também no
material de apoio os dicinarios caso alguem não encontre na pasta do ELO.
6.
Subject:Re: Re: Dicionário no ELO
Segunda, 24/10/2005, 17:57:16
ISA
Obrigada, EDU.
7.
Subject:Re: Dicionário no ELO
Segunda, 24/10/2005, 17:56:39
ISA
Definitely, Thanks!
ISA está com problemas para gerar um texto dicionarizado por meio do
sistema de autoria. Como valoriza o grupo, a aluna envia mensagem
endereçada a todos os participantes. Em pouco tempo, o auxílio vem por parte
de ALI e de EDU. ISA completa o ciclo de interações agradecendo a ambos.
Outras trocas de benefícios acontecem a partir de dúvidas semelhantes de VAL
e de SCH – os quais são auxiliados por EDU, RAF, ROS e ISA – o que
possibilita que as valorizações mútuas continuem ocorrendo como nas
semanas anteriores. Logo, o que fez com que o período tivesse
comportamento de acordo com a tendência das semanas anteriores – o Efeito
José no sistema – foi a busca dos participantes por auxílio, por benefícios para
a realização das atividades propostas.
Já no mesmo período da sexta e da sétima edições do curso, a
tendência foi quebrada – ou, o Efeito Noé ocorreu – porque a maioria dos
alunos não tinha dúvidas sobre como realizar as atividades, não precisavam de
auxílio em nenhum momento no período. Logo, os indivíduos não buscavam
benefícios, havia poucos participantes procurando ajuda (os quais receberam
apoio como de costume) e, portanto, não houve envio de mensagens para os
fóruns no mesmo volume das semanas anteriores. Não havendo busca por
181
benefícios, grande parte da motivação para a troca deixa de existir. É o Efeito
Noé quebrando uma tendência e dando espaço a um novo movimento.
Tendo em vista a discussão sobre como uma ordem pode emergir em
um sistema complexo caótico, gerando uma tendência nos comportamentos
sistêmicos, os Efeitos Noé e José, e os grupos que observamos, podemos
afirmar que o volume mantido na sétima semana do DELO 05 não é estranho
porque seguiu uma tendência, assim como a queda no mesmo período do
DELO 06 e 07 também não é estranha porque seguiu um efeito característico
de sistemas complexos dinâmicos caóticos.
Assim, a sétima semana marca a passagem do momento de Resistência
Sistêmica para o de Rendição Sistêmica no DELO 06 e 07. Essa passagem,
na quinta edição do curso, acontecerá em seguida, já na oitava semana. A
energia interativa que mantém o grupo coeso começa a rarear, estabelecendo
uma tendência ao fim das emissões de mensagens. Pelo que foi verificado na
sétima semana, já temos indícios sobre porque o fenômeno ocorre.
Analisaremos o caso com mais profundidade na próxima seção, dedicada à
Rendição Sistêmica.
5.2.3. A ‘Rendição Sistêmica
Com os participantes não tendo mais necessidade de auxílio na
elaboração das atividades como tinham anteriormente, a emissão de
mensagens cai significativamente e, não havendo a compensação de “energia”,
a força entrópica recomeça a reinar no sistema. Na presente seção
analisaremos algumas das poucas manifestações nos fóruns das últimas
semanas das três edições do curso – discutindo os motivos tanto da queda no
volume, quanto da emissão dessas poucas postagens – e os movimentos, as
variações na quantidade de mensagens, entre as três semanas que compõem
o período de “Rendição Sistêmica”.
No DELO 05, as manifestações caíram em praticamente 50% (de 39
para 20 mensagens) da sétima para a oitava semana. Estavam envolvidos nas
182
trocas três alunas, um dos professores e o tutor, conforme pode ser visto no
Quadro 06:
Número de participantes = 16
Pseudônimos dos participantes: RAF, VIL, EDU, ALI, CAR, ISA, MAR, ROS, SCH, VAL, WIL, DEN, THA, MCR,
REN, CLA
Identificação do grupo: DELO 05 – semana 08 – cód.: 05S0808
todos
RAF
VIL
EDU
ALI
CAR
ISA
MAR
ROS
SCH
VAL
WIL
DEN
THA
MCR
REN
CLA
Total enviado
RAF
1 1 2 4
VIL
EDU
13 4
ALI
CAR
ISA
2 1 3
MAR
ROS
2 1 3
SCH
2 2 2 6
VAL
WIL
DEN
THA
MCR
REN
CLA
Total
recebido
7 3 3 1 1 5
Quadro 06 – Matriz do fórum “Semana 08” – DELO 05
Observando o conteúdo das mensagens, percebemos que a aluna ISA
usa o fórum para sinalizar que há material em seu portfólio e que aguarda
comentários dos demais participantes, além de indicar em outra mensagem
que fez alterações nesse material:
2.
Subject:Reta final
Segunda, 31/10/2005, 12:38:39
ISA
OI, pessoal
Não consegui trabalhar muito, mas tentei dar o toque final nas minhas atividades
das semanas 05 e 06. Vou guardar algum gás para o projeto temático.
Abraço, aguardando a visita de vocês no portfólio,
183
ISA
3.
Subject:Subject:Reta final
Terça, 01/11/2005, 00:21:22
ISA
Entre a manhã e a noite, dei mais uma ajeitada, pois percebi que havia deixado um
gif de fora de uma das pastas.
Ainda que não haja a busca de ajuda para a realização da tarefa,
percebemos aqui a mesma valorização do grupo encontrada anteriormente,
pois ISA endereça a mensagem a todos, considerando que os comentários dos
demais indivíduos são relevantes. Ou seja, há uma busca por benefício – a
opinião dos colegas e professores sobre suas criações. Como feedback, ISA
recebe a mensagem de RAF, informando que já fez seus comentários no
portfólio da aluna.
Outra aluna que emite mensagens é ROS, que busca informações sobre
a configuração automática de vídeo. Ela troca mensagens com o tutor EDU e
finaliza sua participação nesse fórum indicando que fez ajustes em seu material
e que está aguardando comentários no portfólio:
6.
vida de resolução
Quarta, 02/11/2005, 15:07:24
ROS
Oi, Pessaol!!
Gostaria de saber se existe uma maneira 'automática' de adaptar as janelas das
atividades à resolução de video do computador que está sendo utilizado. Por
exemplo, no computador do meu trabalho, a resolução é 1024 por 768 e, aqui de
casa é de 1280 por 1024. Quando abro as atividades, às vezes não aparece a
barra do aluno por completo...eu sei que existe um comando automático para
solucionar isto. Qual seria ??
Bjs,
ROS
7.
Re: Dúvida de resolução
Quinta, 03/11/2005, 10:06:55
EDU
Olá ROS,
Realmente tem como detectar a configuração e ajustar os objetos na tela, quando
você acessa as atividades pelo menu elas vão abrir adequadamente para a
resolução que estiver o monitor com um mínimo exigido de 800x600, as atividades
tem uma resolução mínima para funcionar perfeitamente de 800x600 uma
resolução melhor que essa deve aceitar bem as atividades, achei muito estranho
você falar que essa sua resolução não estava funcionando bem, então fui testar e
aqui funcionou bem, talvez eu não tenha entendido bem a sua duvida.
8.
Re: Re: Dúvida de resolução
Terça, 08/11/2005, 15:21:35
ROS
Oi, EDU!
As janelas das atividades prontas aparecem com a barra do aluno cortada, ficando
bastante difícil visualizar tudo, quando abertas pelo meu computador de casa, cuja
resolução é de 1280 por 1024.
Valeu!
Bjs,
184
ROS
9.
Toque Final
Quarta, 09/11/2005, 22:37:04
ROS
Dei um 'toque final' em duas atividades...será que estão melhores??? Aguardo
comentários!
Bjs,
ROS
Percebemos que ROS, da mesma forma que ISA, vê valor no grupo,
direcionando a mensagem a todos (“Oi, Pessoal!”). Novamente o tutor EDU
estabelece contato e tenta apontar para alguma solução. ROS ainda esclarece
a questão com outra mensagem e, no dia seguinte, indica que há atividades
revisadas aguardando comentários em seu portfólio.
A outra aluna que se manifesta nessa oitava semana é SCH,
participante que iniciou as atividades algum tempo depois em relação ao grupo.
Dentre as alunas que buscaram apoio no fórum, é a participante que tem
problemas mais complexos e, portanto, demanda maior número de mensagens
de suporte:
10.
Tentando refazer
Sexta, 11/11/2005, 19:23:15
SCH
Tentando refazer minha atividade dialógica não pude nem fazer. Fiquei com pena
de algum aluno que recebesse essa tarefa para fazer. Primeiro só está aceitando
uma resposta as outras´, que seriam possíveis as está ignorando. Quando coloco
alguma resposta errada não aparece nenhum feedback. Depois se peço uma pista
me aparecem os fedbacks que deveriam estar nas respostas corretas.
Consulto o tutorial e não consigo achar os erros. Também queria mudar a fonte de
todos os feedbacks e cossegui só o do primeiro. Como podem ver estou num rolo
técnico, se alguém puder me ajudar.
SCH
11.
Re: Tentando refazer
Sexta, 11/11/2005, 21:02:11
RAF
Oi SCH!
Façamos assim: caso não tenha feito isso ainda, disponibilize o material no
portfólio. Aí eu posso dar uma olhada e um help, ok?
Abração e "desesperar jamais"!
RAF
12.
Re: Re: Tentando refazer
Segunda, 14/11/2005, 18:26:23
SCH
RAF a atividade que estou tentando refazer e que tem problemas é a dialógica da
seman 6, que está no portfólio. O que aconteceu na semana 7 já está tudo
resolvido. Estou sendo tão chata com isso pq não quero ficar com nenhuma dúvida
e também pq quero colocar esta atividade no meu projeto temático.
Obrigadão pela paciência e pela força.
SCH
13.
Re: Tentando refazer
Sábado, 12/11/2005, 18:36:40
EDU
185
Olá SCH,
Tente disponibilizar a atividade no porfolio, tente ver o codigo fonte de exemplos,
vamos tentar ajudar em tudo.
14.
Re: Re: Tentando refazer
Segunda, 14/11/2005, 11:01:52
SCH
A atividade é que está no portfólio na semana 6. A que tem o relógio maluco.
Muito obrigado.
SCH
15.
Re: Re: Re: Tentando refazer
Segunda, 14/11/2005, 18:48:10
EDU
Olá SCH,
encontrei os mesmos erros que tem em outras atividades que você teve
problemas.
1) A alternativa certa não deve ter o sinal + na frente fica assim:
sim
+**não
2) a formatação do feedback deve ser dentro após o sinal de +, você está
colocando a formatação e depois o feedback.
Arrumando isso seus problemas acabam ou pelo menos grande parte deles.
Espero ter ajudado.
16.
Re: Re: Re: Re: Tentando refazer
Segunda, 14/11/2005, 22:21:26
SCH
Muito obrigado EDU, vou dar uma olhada nisso.
SCH
17.
Re: Re: Re: Re: Tentando refazer
Segunda, 14/11/2005, 22:43:39
SCH
EDU, fiz o que você me disse e vai melhorando a coisa. Ainda continua aceitando
só a primeira resposta como correta. Vou deixar o arquivo com as modificações
que fiz para que vc dê uma olhada.
Gracias
SCH
18.
Finalmente consegui
Terça, 15/11/2005, 12:55:06
SCH
Com ajuda de todos finalmente posso dizer que estou satisfeita com o resultado da
minha atividade dialógica. Reformulei as respostas com sugeriu o Prof. VIL e agora
está fucionando tudo redondinho.
MUUUUUUUUTO OBRIGADA!!!!!!!!
SCH :-)))))))
19.
Re: Finalmente consegui
Terça, 15/11/2005, 19:50:04
EDU
Ótimo SCH,
Agora é partir para terminar o projeto temático, estou ansioso para ver os
resultados.
Abraços!
20.
Re: Finalmente consegui
Quarta, 16/11/2005, 14:06:01
RAF
Legal, SCH!!!
Parabéns!!!
Abração!!!
RAF
186
Percebemos na troca de mensagens a situação-problema inicial de
SCH. A aluna revela que há um impasse entre o seu conhecimento técnico e
sua proposta pedagógica, pois o primeiro não lhe permite criar atividades com
as características que deseja. Nesse período do curso, os demais alunos já
dominam os recursos necessários para suas práticas individuais e não
acessam o AVA com a mesma freqüência das semanas anteriores. Sendo
assim, apenas o professor e o tutor oferecem apoio a SCH no fórum em
mensagens nos dias 11 e 12/11/2005. Na seqüência, SCH responde aos dois
dando mais informações sobre sua dificuldade e, posteriormente, recebe a
ajuda de EDU. SCH também indica que tentou a sugestão do tutor e parece ter
progredido na resolução dos problemas. Mais tarde, SCH volta ao fórum para
agradecer e declarar que o apoio dado por todos foi relevante para o seu
desempenho, não somente por meio das mensagens no fórum, mas também
pelos comentários deixados no portfólio (conforme sinalizado com a referência
ao professor VIL). Finalizando o ciclo, o tutor e o professor RAF parabenizam a
aluna e a incentivam a prosseguir com o trabalho de encerramento do curso –
o projeto temático.
Percebemos no comportamento de SCH a reprodução do
comportamento de outros participantes no momento de resistência sistêmica
a busca de orientação nos outros indivíduos. No entanto, em virtude da
ausência/pouca participação dos demais alunos, a resposta ao chamado de
SCH vem apenas da equipe pedagógica. Tutor e professores enviam
mensagens de auxílio à aluna, ação que se configura como tentativa de
resistência à força entrópica que é característica do sistema. Essa ação
objetiva compensar as perdas de energia interativa e dar benefícios a quem os
procura, sendo suficiente para o apoio pontual ao indivíduo com problemas,
mas insuficiente para sustentar o sistema por muito mais tempo. Esse fato nos
leva à constatação de que tão importante quanto o suporte aos participantes –
seja ele oriundo da equipe, seja dos alunos – é a proposta pedagógica do
curso – constituinte das regras de baixo nível – a qual demanda ação
autônoma dos alunos em direção a um objetivo e dá condições para
movimentos colaborativos. A autonomia e a colaboração (a segunda, na forma
187
de benefício recíproco) fomentam a participação dos indivíduos, aumentando a
energia interativa que enfrenta a entropia sistêmica.
A nona semana do DELO 05 confirma a nova tendência de baixo volume
de mensagens que existia na semana anterior. Da mesma forma que no fórum
daquele período, as postagens no nono período acontecem em função de
consultas pontuais e de rápida resolução. Um fato interessante a ser
destacado é a consulta da aluna ISA sobre a possibilidade de utilizar, como
item de avaliação final no curso – o já referido projeto temático, um material
que ela preparou durante as semanas anteriores com a ferramenta de autoria.
O material que ISA deseja usar como projeto foi elaborado para as turmas na
escola onde trabalhava. Segundo informações de ISA na mensagem em que
consulta a equipe e, posteriormente, observando o material que ela
disponibilizou no portfólio, foi percebido que a aluna não necessitava mais de
auxílio no uso do sistema de autoria e já havia incorporado o uso da ferramenta
à sua prática docente.
188
Número de participantes = 16
Pseudônimos dos participantes: RAF, VIL, EDU, ALI, CAR, ISA, MAR, ROS, SCH, VAL, WIL, DEN, THA, MCR,
REN, CLA
Identificação do grupo: DELO 05 – semana 09 – cód.: 05S0909
todos
RAF
VIL
EDU
ALI
CAR
ISA
MAR
ROS
SCH
VAL
WIL
DEN
THA
MCR
REN
CLA
Total enviado
RAF
1 3 21 7
VIL
1 1
EDU
4 1 5
ALI
4 1 5
CAR
-
ISA
2 1 3 1 7
MAR
1 1
ROS
SCH
VAL
WIL
DEN
THA
MCR
REN
CLA
Total
recebido
8 1 - 4 9 - 3 1
Quadro 07 – Matriz do fórum “Semana 09” – DELO 05
Há também uma participante que apresenta dúvidas além das atividades
do curso, uma vez que já dominou os recursos do sistema de autoria e começa
a ter demandas e necessidades extras. Uma dessas dúvidas é em relação ao
acesso dos alunos de ALI às atividades por ela criadas. Mais especificamente,
ALI deseja saber como hospedar os materiais em sites ou em laboratórios de
escola. Sugestões são dadas pela equipe e pela colega ISA, mantendo a
atmosfera de colaboração existente no período de resistência sistêmica, porém
em quantidade bem menor. Observando a matriz do Quadro 07, notamos que,
engajados efetivamente em trocas estão apenas EDU e RAF pela parte da
equipe e ALI e ISA como alunos. O professor VIL e a aluna MAR emitem
apenas uma mensagem cada um nesse período.
189
Na última semana do DELO 05 – a décima – há um total de catorze
mensagens. É relevante apontar que, embora a semana tenha começado no
dia 14/11/2005 por meio da postagem de abertura de RAF, a primeira
manifestação só ocorreu no dia 19/11, enquanto a maioria das mensagens
concentrou-se entre os dias 21 (prazo de entrega do projeto e fim previsto para
o curso) e 22/11, reforçando a tendência de rendição sistêmica no período,
decorrente da diminuição da energia interativa. As mensagens foram
distribuídas conforme o Quadro 08:
Número de participantes = 16
Pseudônimos dos participantes: RAF, VIL, EDU, ALI, CAR, ISA, MAR, ROS, SCH, VAL, WIL, DEN, THA, MCR,
REN, CLA
Identificação do grupo: DELO 05 – semana 10 – cód.: 05S1010
todos
RAF
VIL
EDU
ALI
CAR
ISA
MAR
ROS
SCH
VAL
WIL
DEN
THA
MCR
REN
CLA
Total enviado
RAF
3 1 1 5
VIL
-
EDU
1 1 2
ALI
-
CAR
1 1
ISA
-
MAR
1 1
ROS
1 1
SCH
1 1 2
VAL
2 2
WIL
DEN
THA
MCR
REN
CLA
Total
recebido
9 1 - 1 - - - 1 - - 2
Quadro 08 – Matriz do fórum “Semana 10” – DELO 05
Além da mensagem inicial de RAF, que orienta sobre a forma e o prazo
de entrega do trabalho final, há o pedido de MAR para extensão de prazo, o
qual é atendido pelo professor. VAL também se manifesta no início do período
190
sinalizando que estava de volta para a finalização do projeto, após a ausência
na semana anterior. Também há postagens de despedida e de agradecimento
emitidas por ROS, SCH, CAR, VAL, EDU e RAF, nas quais é possível notar a
importância dada pelos participantes ao apoio do tutor, dos professores e dos
alunos durante o curso:
8.
Projeto Temático
Segunda, 21/11/2005, 07:21:56
ROS
Olá, pessoal!!
Coloquei ontem à noite o meu projeto temático no portfolio. Mandei também por email para
o gmail conforme solicitado. Devido ao prazo curto (vcs sabem que eu andei bastante
atrasadinha durante o curso), não pude fazer certos acabamentos e nem colocar tudo o
que planejei para o tema Halloween...pretendo colocar o restante depois, já que estarei
aproveitando as atividades na minha empresa...
Agradeço a todos pela força, comentários, e principalmente ajuda (grifo
meu)...embora ainda tenha muitas dúvidas não respondidas...
Depois mando um email com um feedback mais explícito.
Mais uma vez, muito obrigada,
Bjs a todos, ROS
9.
Tchauzinho!
Segunda, 21/11/2005, 11:21:56
SCH
Consegui terminar meu projeto em tempo e forma, mas não pude colocar no portfólio, os
colegas vão poder ver quando recebam o CD. Agora vou dando tchauzinho, pra todos.
Foi muito enriquecedor trabalhar com vocês que fizeram minha primeira experiência
em EAD ser tão positiva. Agradeço a todos formadores e colegas pela força que me
deram durante todo o percurso. (grifo meu)
Beijo grande para todos. SCH :-)
p.s.: Vou sentir falta!
10.
Linha de chegada!
Segunda, 21/11/2005, 16:04:57
EDU
Olá Pessoal,
Estamos aguardando os projetos chegarem e assim que todos enviarem seus arquivos,
começaremos a montar um CD só com os projetos temáticos e enviaremos a vocês.
Gostaria de dizer que foi um prazer participar dessa edição do curso, os colegas aqui
foram incríveis, vejo que realmente conseguiram tirar proveito do curso, pois as atividades
que vocês fizeram estão maravilhosas, quase não tivemos problemas técnicos, uma turma
pequena, mas muito produtiva, um privilegio de poucos,
Muito obrigado a vocês e estaremos à disposição sempre que precisarem.
Abraços!
11.
Final de curso
Segunda, 21/11/2005, 23:07:53
CAR
Oi, pessoal.
Bom, chegamos ao final. Quero agradecer a todos pela oportunidade de expressão e
participação. Meu projeto também está no Portfólio e estou muito feliz de ter completado
o curso dentro do prazo previsto. A experiência foi muito marcante como primeiro contato
com um sistema de autoria. A sensação de ser autor de uma atividade educativa com
tantos recursos estimulantes é indescritível. A gente fica boba com a própria criação.
Obrigado a todos, em especial aqueles que enviaram seus comentários sobre os
meus trabalhos, o que me deixou muito feliz. (grifos meus)
Espero que nos encontremos de novo.
Um grande abraço, CAR
12.
Re: Final de curso
Terça, 22/11/2005, 00:59:19
VAL
191
Olá pessoal,
Ufa! Consegui terminar com um pequeno atraso, mas consegui. Gostaria de ter arranjado
mais tempo para elaborar mais atividades e deixá-las mais "redondinhas"... bem, elas
estão lá no meu portifólio.
Aproveito também para me despedir de todos e dizer que a experiência foi muito
proveitosa.
RAF e EDU, vocês foram simplesmente ótimos!
Abraços, VAL
14.
Despedida (?)
Terça, 22/11/2005, 20:49:49
RAF
Olá pessoal!
Chegamos ao final do nosso curso DELO. Não sei quanto a vocês, mas para mim passou
muito rápido. Acho que segue valendo aquela frase "o que é bom dura pouco". Digo isso
não pelo trabalho da equipe, mas pelo trabalho de VOCÊS. O grupo foi EXCELENTE,
super ATIVO: colaborATIVO, participATIVO e "convidATIVO".
Pela nossa experiência em outras edições do DELO, vocês nos surpreenderam. Grupos
anteriores também foram muito bons mesmo, mas vocês conseguiram "tirar leite de pedra",
abusando do ELO em um espaço curto de tempo.
Mas isso não foi por acaso. Além da dedicação com seus próprios trabalhos, vocês
sempre arranjaram tempo nas agendas (ocupadíssimas) para dar uma "mão amiga" aos
colegas, um comentário, uma crítica, um elogio. Essa atitude - tenho certeza - tem parcela
grande nos trabalhos feitos. Vi que, além de "domarem" o ELO, vocês têm o "algo mais"
que os professores precisam ter. Parabéns!
Bom, vou ficando por aqui. Não gostaria que essa fosse uma despedida, mas um "até
breve". Nossa equipe gostaria muito de receber feedback de vocês caso usem as
atividades geradas com seus alunos. Estou certo que nos encontraremos em "algum
congresso da vida" ou em outra oportunidade.
Ah, em breve vocês receberão minha análise dos projetos e, um pouco depois, um CD
com os projetos de todos. Agradeço pela oportunidade de ter trabalhado e aprendido
com vocês também (grifo meu). Fiquem à vontade para fazer contato! Além do e-mail,
vocês me "acham" em http://www.xxxxxxxx.xxx.
Parabéns pelo trabalho! Um grande abraço apertado e já com saudade,
RAF
Percebemos na matriz e nas próprias mensagens que as manifestações
são, em sua maioria, dirigidas a todos os participantes. Os agradecimentos
não se referem apenas à equipe pedagógica, mas a todo o grupo que
participou das trocas. É mais uma demonstração de valor atribuído, de dívida
contraída, de pagamento em forma de agradecimento aos indivíduos que
contribuíram no trabalho. Mesmo com o curso teoricamente finalizado, alguns
participantes ainda visitaram portfólios e deixaram comentários sobre os
trabalhos finais individuais que haviam sido postados. Esse fato também ilustra
o caráter imprevisível do sistema que, em vez de apresentar uma parada
192
brusca nas manifestações em virtude do fim das atividades, ainda abrigou
mensagens de alguns indivíduos.
Quando passamos ao DELO 06, vemos que a oitava semana manteve a
nova tendência iniciada na sétima semana, apresentando um total de nove
mensagens. Ao analisarmos o conteúdo das manifestações, percebemos que
há, além da postagem de RAF abrindo o fórum, a pergunta de SAN, a resposta
de RAF e o agradecimento da aluna a respeito de informações sobre o projeto
temático de avaliação final, há uma dúvida de VIV sobre uma das atividades, a
qual é esclarecida por RAF, além da manifestação de FLO refletindo sobre o
uso da ferramenta após o curso. Finalizando, MAG pede uma dica sobre como
manipular arquivos de imagem e recebe orientação de RAF sobre o uso de
editores desse tipo de arquivo.
Assim como no mesmo período do DELO 05, na oitava semana os
alunos já não apresentam dúvidas quanto ao uso da ferramenta como
anteriormente e, portanto, as interações diminuem. Das nove mensagens
enviadas, apenas uma trata de dúvida com sistema de autoria. Se não há
busca por benefícios, não há volume interacional elevado. Ligado a essa
questão aparece também o fato interessante de que, nos poucos ciclos
interacionais existentes, a troca se dá invariavelmente entre aluno e o professor
RAF. Não há a interação entre os alunos, como havia fortemente em períodos
anteriores. Esse fenômeno se justifica em função de as dúvidas serem sobre
aspectos de avaliação e sobre recursos os quais os alunos provavelmente não
conheçam, e também porque não há como os participantes responderem às
questões se não acessam o ambiente.
Na nona semana da sexta edição do curso, há um pequeno aumento na
quantidade de mensagens (de 9 para 14), mas ainda representa um volume
muito menor do que aquele apresentado em semanas anteriores. As
mensagens [7] dos alunos giram em torno de temas como o aproveitamento de
atividades feitas durante o curso para o trabalho final [2], o prazo de entrega
[1], a elaboração do recurso de “Index” [2] e a solução de problemas na
geração de atividades [2]. Assim como na semana anterior, as trocas
aconteceram somente entre aluno e professores e tutor. Fica cada vez mais
consolidada a perspectiva de que a maioria dos alunos não acessa o AVA e/ou
193
não participa dos fóruns porque não buscam mais benefícios. As atividades
que motivavam sua entrada passaram a ser feitas sem a busca de auxílio, de
troca de idéias. Os participantes começaram a apenas entrar no AVA para
postar seus materiais no portfólio (que acabou sendo o espaço mais
freqüentado pelos indivíduos nesse período de rendição sistêmica e abrigando
alguns comentários) e, possivelmente, acompanhar os movimentos sistêmicos.
A última semana da sexta edição do curso apresenta o total de 15
mensagens. Além de duas postagens de abertura feitas por RAF, há oito
manifestações
39
de alunos e professor sobre o final do curso, uma troca entre
MAG e RAF sobre o envio do projeto final e um outro ciclo interativo
envolvendo CAR, RAF e FLO. É interessante notar que, a respeito dessa
última troca, temos uma dúvida de CAR e a resposta de RAF e FLO:
5.
Index
Quarta, 14/06/2006, 10:09:39
CAR
Olá!
Não estou conseguindo colocar todas as atividas juntas no index. Será que vocês
poderiam dar mais dicas de como usá-lo?
Obrigada,
CAR
6.
Re: Index
Quarta, 14/06/2006, 16:41:25
RAF
Oi CAR!
A inserção de atividades no Index segue um padrão semelhante à inserção de
perguntas na Dialógica: você põe uma, clica em "Segue" e coloca a outra; clica em
"segue" e coloca mais outra, e assim por diante.
Não esqueça, é claro, de preencher todos os campos necessários, além de poder
inserir imagens. Também há esclarecimentos nos botões "?" da seção "Index".
Espero ter ajudado! Grande abraço,
RAF
7.
index
Domingo, 18/06/2006, 23:29:09
FLO
Olá, pessoal!
Vejo que algumas pessoas têm tido dificuldades em relação ao index. Eu também
tive e (penso que) consegui fazer o que eu precisava, mas não entendi tanto assim,
a ponto de saber explicar. O que posso dizer é que foi experimentando as opções
do próprio index que "cheguei lá"; suponho que este seja um caminho.
FLO
Ainda que a troca possa ser vista como uma exceção em virtude do
comportamento dominante no período de rendição sistêmica, vemos que ainda
há vestígios de busca de benefício e de decorrente colaboração. Mesmo
39
É válido mencionar que uma das mensagens foi postada repetidamente por engano, o que
diminui a quantidade para seis e o total do fórum para treze postagens.
194
enviando sua contribuição alguns dias após a pergunta de CAR e a resposta de
RAF, FLO deixa sua postagem, com a intenção de compartilhar a solução que
conseguiu para um problema que lhe parece ser comum a outros colegas. No
entanto, em função das características do período e da postagem ter sido feita
na véspera da data prevista para a entrega do projeto final, FLO não recebe
nenhum feedback, ainda que sua dica possa ter ajudado algum participante.
FLO também é autora de uma das mensagens sobre o final do curso:
13.
RETIFICAÇÃO- final
Segunda, 19/06/2006, 16:34:29
FLO
(...)
Olá, pessoal!
Creio ter concluído o meu projeto (vamos ver a avaliação...), que procurei montar
de maneira bem sucinta; gostaria de ter usado som, mas não foi possível, do ponto
de vista técnico.
Por falar em "técnico", nem quero me lembrar de como tive problemas, até ver tudo
funcionando; isto reforça, para mim, a idéia de que é preciso somar o pedagógico
com o técnico, para que seja viável, na prática. (E creio que é difícil, não
impossível, uma mesma pessoa reunir as duas competências, a contento.)
Como aprendizagem, sem dúvida, tem sido muito válido. Vejo que não houve muita
interação entre os participantes e imagino que o motivo é a escassez de tempo,
que nos obriga a "correr" para conseguir, ao menos, realizar as atividades; este é o
meu caso. Por exemplo, nem consegui ver as atividades dos portfólios dos
colegas, porque sempre que eu tentava não funcionava da maneira esperada e
então eu deixava para outra hora...
Em suma, valeu! Abraço a todos.
FLO
É interessante notar a avaliação de FLO sobre a interação no curso.
Para a aluna, o nível atingido parece não ter sido suficiente ou no grau que
esperava. Embora FLO tenha recorrido aos fóruns várias vezes e recebido
feedback dos demais participantes, tenha se envolvido em algumas discussões
sobre textos e atividades, acessando com freqüência o AVA e seus espaços, a
aluna não avalia com muita satisfação as trocas. A sua própria atuação é alvo
de auto-crítica, justificando com a falta de tempo o suposto baixo nível de
interação com colegas.
Observar esse comentário é relevante porque, ao longo do trabalho,
FLO (ou qualquer outro participante) não manifestou insatisfação em relação
ao nível de interação – o qual, com base na quantidade, na direção e no
conteúdo das mensagens, sempre foi alto. Logo, a equipe pedagógica
acreditava na satisfação dos indivíduos, na concordância entre as ações e os
195
movimentos sistêmicos e as expectativas dos participantes, especialmente
porque a satisfação ficava evidente nas manifestações. Assim, não havendo
tal concordância, e se tomarmos as expectativas de cada participante como
integrantes da escala de valores dos indivíduos, concluímos que é bastante
complexa a consideração da totalidade de valores individuais em um plano ou
ação pedagógica para um grupo em AVA. Parece um tanto intangível evitar
insatisfações como a de FLO. No entanto, o teor e a quantidade das
mensagens trocadas, com benefícios e valorização mútuos, nos mostram que
levar em conta valores mais amplos e que atendam à coletividade, tentando –
sempre que possível – atender às individualidades, seja uma prática com
conseqüências positivas para a manutenção de um sistema com as
características que os grupos em AVA observados apresentam.
O DELO 07 apresentou a semana inicial do período de “Rendição
Sistêmica” – a oitava – seguindo a tendência iniciada na semana anterior.
Houve 12 mensagens ao todo, as quais tratavam, além da abertura da semana
feita por RAF, de uma dúvida sobre a indexação das atividades, do envio do
projeto final e da sinalização do retorno aos trabalhos por parte de uma aluna
que ausentou-se na semana anterior. Nessa atitude vemos ainda vestígios da
valorização do grupo, como já ocorrera em outras semanas, quando um
participante entra em contato para justificar uma ausência e comprometer-se a
realizar determinada atividade.
No entanto, ainda dentro da idéia de valorização do grupo, a troca que
mais chama a atenção aparece abaixo, iniciada por HEL:
2.
Re: Reta final!
Segunda, 23/10/2006, 19:35:24
HEL
Colegas e professores,
Depois de várias tentativas, está comprovado que não vou conseguir acompanhá-los
no curso. O projeto do qual falei há dias atrás foi prolongado e só deve terminar em
meados de dezembro. Não me agrada dizer que estou no curso sem que possa entrar
no site e participar com certa regularidade das discussões.
Sei que conseguiria produzir o material. Não teria problema em recuperar as atividades
das semanas atrasadas. Gosto de lidar com programas novos, ainda mais com esse
que é interesante e bem elaborado (e em constante aperfeiçoamento, pelo que vi).
Também nunca me faltaram idéias para a produção de material didático; e os textos e
as atividades das colegas fizeram brotar muito mais.
É
frustrante ter mil idéias e não ter
tempo para pô-las em prática e saber o que acham.
Enfim, o que mais conta para mim aqui e o que mais enriquece a experiência é a
interação com todas vocês, e com o RAF e o VIL, que estão aí no Brasil, na ativa. Foi
essa diversidade e riqueza de idéias e visões brasileiras que me trouxe para cá.
196
Infelizmente não pude desfrutar dela como gostaria.
Espero ainda poder fazer o curso completo em outra oportunidade.
Tenham um ótimo final de curso.
Um abraço a todos.
3.
Re: Re: Reta final!
Segunda, 23/10/2006, 19:49:37
RAF
HEL!
Você tem certeza que não consegue? Você já veio até aqui... bom, sei que é chato
ficar insistindo sem estar "in your shoes", mas fico "doído" (e não DOIDO!) em ver um
colega deixar o barco.
De qualquer forma, entendo suas razões e tenho também o papel de estar ao seu lado
na decisão. Foi um prazer tê-la conosco e espero que tenhamos a oportunidade de
interagir novamente!
Um grande abraço e boa sorte sempre!
RAF
4.
Re: Re: Reta final!
Terça, 24/10/2006, 01:21:19
VAN
Obrigada, HEL!
Mesmo que não tenhas participado de todas as atividades, teus comentários sobre
minhas atividades sempre foram levados muito em conta, uma vez que tua
participação e colocação no fórum sempre me chamou a atenção! lá no orkut a gente
se mantém atualizadas, né?
Beijos e um ótimo trabalho!!!!
Na quinta semana do DELO 07, HEL fez uma postagem declarando que
encontrava dificuldades em conciliar as atividades do curso com sua agenda
profissional. Naquele momento, HEL recebeu apoio e orientação de
professores e alunos e prosseguiu até a oitava semana. Ainda que tenha
apresentado alguns períodos de ausência, a aluna acessava o AVA com
bastante assiduidade e fazia atividades e contribuições. No entanto, o caráter
aberto do sistema permitiu que um fator externo maior atuasse, exercendo
influência sobre os elementos sistêmicos e levando HEL à desistência na reta
final do curso.
Reconhecendo o esforço e as barreiras enfrentadas para continuar o
curso, RAF solidariza-se com HEL, tentando ainda incentivá-la, mas, mais do
que isso, demonstrando compreensão dos motivos apresentados. Assim como
a mensagem de despedida prematura de HEL pode ser vista como um traço da
valorização que faz do grupo – uma vez que a aluna poderia simplesmente
parar de acessar o AVA, mas dirige-se a todos em uma postagem de
agradecimento pelas interações feitas – a resposta de RAF também revela o
valor que ele dá à aluna pelo trabalho feito até o momento e pelo esforço em
prosseguir desde a quinta semana. Da mesma forma, HEL também tem
créditos com VAL, que agradece os comentários feitos sobre suas atividades e
197
deixa espaço para a continuidade no contato com a colega futuramente e fora
do AVA.
O fato ocorrido com HEL é válido para destacar que, embora haja a
queda brusca na emissão de mensagens aproximadamente entre a sétima e a
oitava semanas, na passagem do período de resistência sistêmica para o de
rendição sistêmica, a valorização, o crédito acumulado ao longo do curso em
função dos benefícios trocados não deixa de existir. As manifestações
destacadas demonstram que os autores desejavam marcar e justificar suas
ações (no caso de HEL), reconhecer o esforço do outro (na emissão de RAF)
ou ainda agradecer um apoio recebido (na mensagem de VAN). Nenhum deles
precisava fazer postagem alguma: a primeira por estar abandonando as
atividades, o segundo porque a aluna estava com a decisão tomada e a
terceira porque o ocorrido não lhe atingia. No entanto, a dupla valorização que
cada relação interativa gerou no passado – valorização que é característica do
benefício recíproco – impele os indivíduos a uma “prestação de contas morais”,
de valores qualitativos e não-quantificáveis.
A nona semana tem como característica o volume total de cinco
mensagens, composto pela postagem de abertura feita pelo professor e a
subseqüente troca entre VAN e RAF a respeito da data de entrega definitiva e
do tema do projeto. Mais nenhum indivíduo se manifesta, revelando que o
sistema está cada vez mais sendo dominado pela força entrópica.
Muito semelhante é o volume da décima semana: onze mensagens no
total. No entanto, o que merece destaque no período são as manifestações de
encerramento deixadas por vários participantes MAT e CHR:
2.
Re: "Sprint" final
Domingo, 05/11/2006, 16:41:45
MAT
Nossa...apesar das 'surras' com algumas atividades depois que li sua mensagem já
começei a sentir saudade do curso =*( . Breve estarei enviando o material final para
avaliação. Um abraço,
MAT
9. To chegando!!! Domingo, 12/11/2006, 21:33:30
CHR
Olá pessoal!
Dei uma sumida, mas estava em "contato virtual" com vocês! (Entrei algumas vezes no
sistema para ler as mensagens e ver os materiais). Estou finalizando meu trabalho e faço
um post amanhã. (último diaaaaaaaa!!!!) Comentarei os trabalhos das amigas também,
que aliás, estão de parabéns!
198
Beijos e até amanhã! CHR
A postagem de MAT seguindo a abertura do fórum feita por RAF revela
o progresso que a aluna fez durante o curso e a mudança de atitude em
relação a essa experiência pedagógica. No princípio, MAT adotou uma
perspectiva bastante negativa em relação às atividades do curso e à sua
própria performance, motivada pela dificuldade que encontrava. Ao final das
dez semanas, a aluna declara que “começa a ter saudades” do curso, o que
denota sentimentos agradáveis em referência ao trabalho. Com base na
análise que temos feito, não há como não ligar essa mudança de atitude ao
suporte que outros participantes deram a ela, auxiliando em momentos de
dificuldade e dando condições para que MAT desenvolvesse autonomamente
as tarefas. Logo, reconhecendo valor naquilo que fez, e estabelecendo
conexões entre seus resultados e as ações desenvolvidas no curso, MAT
valoriza o grupo como um todo, creditando a ele o valor positivo e não-
quantificável da “saudade”.
Já no que diz respeito à manifestação de CHR, vemos a repetição de um
comportamento de outros participantes nas demais semanas do período de
rendição sistêmica na sétima edição e nas outras edições, bem como em
outras semanas da resistência sistêmica: a justificativa de ausência e o
comprometimento em realizar alguma tarefa. Entretanto, no caso de CHR, ela
também declara que esteve acompanhando as mensagens e materiais
postados (freqüência que se confirmou por meio do relatório de acessos do
AVA), além de sinalizar quando entregará o projeto final e indicar que visitará
os portfólios dos colegas para contribuir com seus comentários. Ou seja,
embora tenha declaradamente adotado um comportamento menos
colaborativo, CHR reconhece essa atitude como dívida para o grupo e se
compromete em tentar saná-la.
Como ficou evidente na análise do momento de rendição sistêmica nas
três edições do curso, o volume de mensagens – considerado como a energia
interativa do sistema – caiu vertiginosamente em comparação com o momento
199
de resistência sistêmica. Essa queda deveu-se à falta de dúvidas e de
necessidade de esclarecimento dos indivíduos acerca das atividades previstas
para aquele período. A maioria dos alunos já dominava a ferramenta de
autoria em um grau que não demandava auxílio da equipe pedagógica ou dos
colegas, logo, não havia razão e motivação para participar dos fóruns. Quando
houve participantes solicitando ajuda, quem estava sempre presente e
respondendo era um professor ou o tutor (ou ambos), o que era esperado
tendo em vista as funções docentes que ocupavam. Além de ter a obrigação
moral de resposta, só o tutor e os professores entravam em contato com os
alunos que deixavam manifestações porque os demais participantes não
acessavam o AVA com a mesma freqüência que faziam antes, pois não
possuíam mais dúvidas. Obviamente, sem o acesso, não há como ajudar os
demais e não há interação. Não havendo interação, o sistema se rende à força
entrópica e deixa de existir. As ações dos professores e do tutor tentavam
compensar as perdas e dar benefícios para quem os procurava, embora a
equipe, à época, não visse o grupo como um sistema complexo sujeito à
entropia e não considerasse suas ações revestidas de tal força compensatória.
Em suma, não havia busca por benefícios como outrora houvera. E
tendo em vista que, da forma que o curso observado foi estruturado, tal busca
se dá, primordialmente, por meio de trocas originadas pela emissão de
mensagens a outros indivíduos, uma vez deixando de existir motivação para o
envio de manifestações, haverá a inevitável queda da energia interativa que
compensava a força entrópica, que assola o sistema desde seu princípio.
Ainda assim, frente à diminuição da energia interativa e ao conseqüente
sucumbir do sistema, houve momentos em que a valorização e os créditos
acumulados foram manifestados, seja na forma de depoimentos de despedida,
seja na ajuda direta ou na demonstração de apreço para outro participante,
revelando que houve, de alguma forma e em grau significativo, a soma de
satisfação.
200
5.3. Considerações finais sobre um grupo em AVA como um
sistema complexo
Começamos essa análise recapitulando o fato de que vemos os grupos
em AVA dessa pesquisa como sistemas complexos, em virtude de serem mais
do que um simples conjunto de alunos, professores e ferramentas – remetendo
a uma das afirmações mais conhecidas do campo da Complexidade, a saber, o
todo é mais do que a soma de suas partes (GLEICK, 1989; MORIN, 1995) – e
de guardarem as mesmas características: são abertos e sensíveis a fatores
externos, são auto-organizáveis, têm comportamento imprevisível e não-linear,
são sensíveis às condições iniciais e são regidos por regras de baixo nível.
Durante a análise, referimos a tais traços, como o fato de serem abertos
e receberem input do ambiente externo, na forma de questões pessoais e
profissionais que atingem os participantes, além da história de cada indivíduo e
outros aspectos, os quais podem influir nos comportamentos dentro do AVA.
Também foi feita referência à auto-organização, uma vez que os
movimentos interativos aconteciam dentro de uma freqüência e lógica próprias,
sem falar no comportamento individual que seguia regras únicas (por exemplo,
os dias e horários de acesso e de postagem de mensagens e materiais nos
portfólios), dentro de uma estrutura sistêmica prévia. Ou seja, as ações
individuais geravam uma organização do grupo como um todo, permitindo que
os participantes identificassem a parte do dia em que eram mais comuns as
postagens, a parte da semana em que as atividades dos colegas já estariam
nos portfólios, sem esquecer do estabelecimento de pequenos grupos de
alunos, os quais trocavam mensagens nos fóruns e comentários nos portfólios
de maneira mais freqüente.
Tal estrutura do sistema equivale a uma outra característica: as regras
de baixo nível, as quais sustentam o sistema e são compostas, no caso dos
grupos em AVA, pelo cronograma e plano de curso, pelas ferramentas
disponíveis, pela modalidade do curso e pelos indivíduos.
O comportamento imprevisível e não-linear também ilustra o fato de ser
possível observar os grupos em AVA como sistemas complexos pois, embora
houvesse uma estrutura representada pelas regras de baixo nível, os
201
indivíduos atuaram de maneira independente em relação ao desenvolvimento
das atividades, em ritmo variado (tanto em relação aos demais participantes,
quanto em relação a suas próprias ações em períodos anteriores dentro do
curso) e sem uma ordem fixa. Ainda que fizesse parte do curso uma Agenda,
elemento que pela simples existência já estabelece uma ordem, os alunos não
necessariamente precisavam seguir seus itens, podendo realizar várias tarefas
ao mesmo tempo na ordem que desejassem, refazê-las ou priorizar uma
atividade em detrimento de outra. Em suma, embora as atividades fossem
publicadas/divulgadas em torno de um elemento que pode ser considerado
como característico da linearidade – uma Agenda, baseada no fator tempo
não havia amarras que impedissem os indivíduos de desenvolver as atividades
simultaneamente e/ou dentro de uma cronologia própria. Essa liberdade, per
se, deu espaço para a imprevisibilidade característica da Complexidade.
Já a sensibilidade às condições iniciais ficou evidente quando víamos
que as ações eram disparadas a partir de um conjunto de propostas de
atividades. O plano de curso, além de ser uma das regras de baixo nível,
estabeleceu grande parte do modus operandi do grupo, juntamente com as
primeiras manifestações dos professores (e do tutor). A forma como as
atividades foram propostas determinou como as ações poderiam ser
desenvolvidas. Da mesma forma, as mensagens iniciais da equipe pedagógica
demonstraram tendências de comportamentos que poderiam desencadear
processos de organização ou de falência no sistema, quando fomentavam (ou
não) a autonomia e a colaboração.
A autonomia e a colaboração na aprendizagem são conceitos que
possuem ligação direta com o benefício recíproco, conceito piagetiano de base
nessa análise e que trata da dupla valorização das ações de um indivíduo para
com outro dentro da relação interativa. Se tomarmos como referência Harasim
(1995 apud PAAS, 1999) e sua definição para “aprendizagem colaborativa”,
teremos “qualquer atividade na qual duas ou mais pessoas trabalham juntas
para criar significado, explorar um tópico ou melhorar habilidades”. As ações
dos indivíduos no curso claramente retratam o esforço conjunto de criação de
significados, de exploração de tópicos e melhoria de habilidades em torno da
elaboração de atividades, da prática com um sistema de autoria e da reflexão
202
teórica ocorrida ao longo das semanas. O benefício recíproco como Piaget o
definiu estava, portanto, presente nesse trabalho conjunto dos participantes.
Em relação à autonomia, há inúmeras definições para o termo.
Optaremos, para fins de ilustração, pelas idéias Holec (1981), Little (1996) e
Dickinson (1987), a partir da perspectiva de Paiva (2007). Para Holec (1981), a
autonomia é a “capacidade de se responsabilizar pela própria aprendizagem
”.
Segundo Little (1996, p. 23), é a “capacidade de auto-direção no planejamento,
monitoramento e avaliação de atividades de aprendizagem”. De acordo com
Dickinson (1987), autonomia é a “responsabilidade total pela tomada e
implementação de todas as decisões a respeito da própria aprendizagem”.
Todas essas definições se entrelaçam e descrevem, de um modo ou de outro,
a ação autônoma dos participantes a cada semana do curso, pois dentre as
atividades desenvolvidas estavam a elaboração/criação de materiais por meio
do sistema de autoria (desenvolvidos individualmente e postados na seção
“Portfólio” de cada aluno por eles mesmos), a leitura semanal de textos de
apoio (sobre os quais os alunos compartilhavam opiniões, dúvidas e outras
perspectivas nos fóruns), além do gerenciamento dos dias e do tempo de
acesso ao AVA e ao sistema de autoria.
Todas as ações colaborativas e autônomas presentes nas edições do
curso observado se conectam ao conceito piagetiano benefício recíproco por
meio de um elemento-chave: a dupla valorização dos indivíduos e de suas
ações. Ou seja, cada indivíduo da relação interativa vê valor n(a ação d)o
outro ou, usando outro termo de Piaget, os indivíduos nessa condição se
reconhecem como co-valorizantes. Percebemos que, para que haja a co-
valorização, é fundamental que 1) os indivíduos atuem para que possam ser
valorizados e 2) que as ações sejam voltadas não somente para a própria
satisfação, mas também para o benefício do(s) outro(s). Tais condições
estiveram presentes no curso, gerando a valorização mútua com base nas
ações de cada um – seja criando um material, enviando uma mensagem de
apoio ou respondendo uma pergunta. Portanto, podemos concluir que sem
ação autônoma e colaborativa não há benefício recíproco.
E qual é a importância do benefício recíproco para o sistema? A
presença de tal elemento é essencial para a manutenção, organização e
203
sobrevivência do grupo, pois havendo uma proposta pedagógica que leve os
participantes a atuarem ao longo do curso e existindo (meios para) a co-
valorização das ações, os indivíduos permanecem interagindo ativamente em
função da busca por benefícios e do acúmulo de crédito ou dívida social (em
termos piagetianos) decorrentes de movimentos de troca. Sem a interação, o
sistema está entregue a outro elemento característico dos sistemas – a
entropia.
No entanto, antes de tratarmos da entropia no sistema, é preciso discutir
um outro conceito importante referido em alguns momentos da análise – a
sustentação solidária de Estrázulas (2004) – que tem, na sua origem, relação
com a teoria das trocas de valores qualitativos de Piaget e também exerce
influência na continuidade das participações. Durante a análise das trocas,
consideramos algumas interações como exemplo de co-valorização entre os
indivíduos (portanto, de benefício recíproco) enquanto outras foram descritas
como demonstração de sustentação solidária. O que diferencia as duas
situações é, em primeiro lugar, o fato de o benefício recíproco pressupor que
os indivíduos se reconhecem como co-valorizantes, ao passo que em uma
relação de sustentação solidária uma das partes está em situação de menor
valorização. Outra diferença fundamental aparece na própria definição do
conceito:
A sustentação solidária consiste numa concentração
espontânea de esforços de caráter desinteressado em trocas
interindividuais que visam dar suporte ao processo de construir
e manter uma ordem funcional e estrutural num sistema aberto,
durante os sucessivos estados de equilíbrio-desequilíbrio-
reequilíbrio que caracterizam um processo de complexificação,
ou auto-organização sistêmica. (ESTRÁZULAS, 2004, P.252)
Em suma, algumas manifestações voltadas ao auxílio de outros
participantes estavam providas, de fato, de um “caráter desinteressado” e,
muitas vezes, esse traço ficou evidente. Outras mensagens nos permitiam
observar valores sendo trocados – um comentário sobre um material feito, uma
dica sobre certo procedimento – entre indivíduos em igual situação. Ainda
houve manifestações nas quais não estava claro se os autores buscavam um
benefício ou se estavam desinteressadamente oferecendo suporte a um
204
colega. De qualquer forma, fossem as ações voltadas à valorização ou ao
suporte desinteressado, ambas as situações envolviam valores não-
quantificáveis e, seja por meio da troca ou da doação, contribuíram para a
manutenção do sistema, pois mantiveram os indivíduos interagindo.
A interação fomentada pelas regras de baixo nível do sistema complexo,
a qual permite que sejam gerados benefício recíproco e sustentação solidária,
elementos que acabam retroagindo e aumentando a interação que os gerou,
tem importância fundamental no movimento de preservação e de sobrevivência
do próprio sistema. Desde seu princípio, o grupo – como qualquer sistema,
seja ele aberto ou fechado – é assolado pela entropia, conceito da Física, que
se refere à constante perda de energia, à dispersão e ao aumento da
desordem, e que, conforme já discutimos, é um fenômeno inevitável que tem
como conseqüência o colapso sistêmico. Embora tal perda de energia não
possa ser cessada ou revertida – pois a força entrópica está sempre atuando –
é possível, no caso dos sistemas abertos, promover a compensação das
perdas, por meio da inserção de energia em um dado complexo sistêmico. No
caso específico da presente investigação, a energia compensatória que
desacelera a força entrópica é a “energia interativa”.
Notamos nos grupos observados que há três momentos importantes na
sua duração: o momento de força entrópica máxima, o de resistência sistêmica
e o de rendição sistêmica. A análise nos permite afirmar que os três períodos
podem ser visíveis em quaisquer grupos em AVA que possuam como base
“indivíduos e (recursos para) interação em torno de atividades propostas”, no
entanto, a duração e a existência
40
de cada momento vai variar em função das
peculiaridades das propostas pedagógicas e das individualidades.
Com base no fato de que os grupos em AVA são sistemas complexos
abertos e, como tais, estão sujeitos à entropia, podemos observar como eles se
comportam. Inicialmente, temos um conjunto de indivíduos reunidos em torno
de uma proposta pedagógica em um AVA. A proposta pedagógica dá
condições para que a interação local comece a acontecer, e a partir dos
40
Podemos especular que o momento de resistência sistêmica não exista em dada situação
em virtude do sistema não conseguir gerar energia interativa compensatória suficientemente
alta para frear a força entrópica. Nesse caso, o sistema saltaria diretamente para o período de
rendição sistêmica.
205
movimentos interativos uma estrutura global emerge, conforme a perspectiva
de Langton representada na Figura 21 (LEWIN, 1999, p.13). No caso dos
cursos, essa estrutura equivale aos locais de atuação no AVA, a freqüência
com que novas atividades são exigidas/desenvolvidas e os limites do ambiente
e da própria proposta. A emergência de tal estrutura nada mais é do que a
‘ordem’ surgindo no sistema.
Figura 21 – Perspectiva de Langton sobre a emergência em sistemas complexos
Por sua vez, a ‘ordem’, alimentada pela interação, representa um
movimento de resistência à entropia, já que o fenômeno é caracterizado pela
desordem, dispersão e perda de energia. Ou seja, havendo interação, emerge
uma ‘ordem’ que freia, desacelera a entropia, prolongando a vida do sistema.
Porém, quando a interação diminui – como ocorreu nas últimas semanas do
curso – a dispersão e a entropia são aceleradas e o sistema sucumbe. Em
suma, a entropia sempre ‘vence’: o que varia é o tempo de resistência
sistêmica, conseqüência da interação interindividual.
Assim, se não há interação entre os participantes, o sistema não
perdura. No entanto, o que sustenta essa interação? De acordo com a análise
das mensagens, percebemos que o período que apresentou maior volume
estrutura global
emergente
intera
ç
ão local
206
interacional
41
foi aquele no qual as manifestações buscavam ou forneciam
benefícios para os participantes. As postagens eram explicitamente enviadas a
um indivíduo ou ao grupo e visavam, como destacado nos exemplos, um
esclarecimento, uma prestação de auxílio, uma sugestão ou um comentário.
Esse movimento interativo gerava créditos e dívidas sociais entre alunos e
professores e tutor, e a valorização das ações e dos autores voltava como
‘combustível’ para a continuidade das interações. Ou seja, o benefício
recíproco (e a sustentação solidária) foi objetivo e motivação das interações e,
por conseqüência, elemento fundamental para a emergência e sobrevivência
do sistema.
No início do trabalho investigativo, tínhamos um pressuposto, a saber, “a
interação social, aspecto necessário para a aprendizagem, se estabelece e
persiste quando os aprendizes constituem um sistema complexo, que por sua
vez é originado e sustentado pelo benefício recíproco que tais aprendizes
encontram na relação interativa”. Esse pressuposto guiou os primeiros passos
da pesquisa e foi, em linhas gerais, confirmado por meio da análise. Porém,
alguns ajustes são necessários como conclusão da presente tese, os quais
serão feitos a partir de uma adaptação da perspectiva de Langton apresentada
na Figura 21 (op. cit.):
41
É essencial frisar a diferença entre os termos “maior volume interacional” e “maior volume de
mensagens”. Conforme já mencionamos na análise, o período com maior volume de
mensagens foi o primeiro – chamado de “força entrópica máxima”. No entanto, grande parte
das postagens nesse período não era enviada diretamente para outro participante e/ou não
respondia alguma questão de outro indivíduo. Mensagens com o intuito de (estabelecer) troca
foram mais comuns no segundo período – o de “resistência sistêmica”.
207
Figura 22 – Adaptação da perspectiva de Langton sobre a emergência
É fundamental frisar que a emergência do sistema complexo se dá
inicialmente porque há condições iniciais e regras de baixo nível que permitem
a formação de uma estrutura sistêmica de interação. De fato, o sistema é
originado e sustentado pelo benefício recíproco (e pela sustentação solidária)
oriundo das interações – conforme indicado no pressuposto – porém é preciso
que exista uma essência prévia atuando a favor de comportamentos de troca,
pois os benefícios não existem sem as relações interativas.
5.4. Implicações para a ação docente
A introdução de tecnologias digitais na área da Educação trouxe e ainda
traz desafios para professores e alunos, seja porque ambos desconhecem as
reais possibilidades de utilização dessas ferramentas, seja pela exigência de
mudança nos padrões de atuação docente e discente em meio digital, dentre
outros aspectos. No entanto, a inevitabilidade da presença direta ou indireta
benefício recíproco / sustentação solidária
benefício recíproco / sustentação solidária
benefício recíproco
sustentação
solidária
intera
ç
ão local
estrutura global
emergente
condições iniciais
regras de baixo nível
208
das referidas tecnologias no âmbito educacional não tem dado outra opção a
professores e alunos que não seja a de enfrentar a questão e gerar soluções
pedagógicas. Dentre os enfrentamentos está a escolha e a adoção de uma
perspectiva pedagógica possível no meio telemático, tanto por parte dos
docentes quanto no que diz respeito aos discentes.
Para que os indivíduos possam escolher tais perspectivas –
especialmente os professores, por serem aqueles que, na maioria dos casos,
ainda determinam o modelo e a dinâmica dos cursos – é preciso, antes de
lançar propostas, que sejam conhecidas as peculiaridades do meio educacional
(nesse caso, o telemático) e a forma pela qual as ações podem ser
desenvolvidas por professores e alunos. Em tempo, é válido lembrar que tal
necessidade de conhecimento é aplicável (e desejável) em qualquer iniciativa
educacional.
Portanto, pensamos que a nossa compreensão de um grupo de alunos
reunidos em um ambiente virtual de aprendizagem com o objetivo de
desenvolver atividades de reflexão e criação como um sistema complexo
contribui para a proposta e o desenvolvimento de ações pedagógicas. A
análise que realizamos aponta traços em comum entre os grupos pedagógicos
e os sistemas complexos – como o caráter aberto e a sensibilidade a fatores
externos e às condições iniciais, a auto-organização, a imprevisibilidade e a
não-linearidade, a existência e a influência de regras de baixo nível – os quais
podem pautar as propostas educacionais em EaD.
Considerando, por exemplo, a imprevisibilidade e o caráter aberto dos
sistemas, o docente (e o tutor, quando houver) pode estar preparado para a
modificação/adaptação constante da sua prática. Embora seja importante a
existência de um plano de curso (uma das regras de baixo nível), em
experiências totalmente a distância como aquelas analisadas aqui, a proposta
não está fechada em si mesma, mas suscetível a perturbações que precisam
ser tratadas em prol da ‘sobrevivência’ do sistema. Ou seja, um curso nesses
moldes precisa ao mesmo tempo ter uma base sólida para a emergência das
ações e a flexibilidade para absorver e incorporar o imprevisto.
Quando equiparamos os grupos em AVA com sistemas complexos,
trouxemos à discussão um outro elemento sistêmico: a entropia. Também
209
mencionamos o fato que a entropia leva, inevitavelmente, o sistema a sucumbir
em função da constante perda de energia – para nós, a interação. Por serem
sistemas complexos e, portanto, de caráter aberto, o que resta a ser feito para
prolongar a vida sistêmica é tentar compensar as perdas, dando condições
para que a interação seja fomentada. Percebemos que as trocas ocorreram,
invariavelmente, em torno da valorização mútua dos indivíduos e de suas
ações, portanto, a atuação do professor deve ter como norte a proposta de
atividades que propiciem aos participantes tal valorização. E as atividades que
possibilitaram a existência da valorização mútua (ou co-valorização) no curso
observado foram aquelas que exploraram a autonomia e a colaboração entre
os participantes.
Em suma, para que o sistema não sucumbisse à entropia, foi essencial
que o plano de curso girasse em torno desses dois conceitos-chave – o de
colaboração e o de autonomia – e houvesse motivos para o acesso dos
indivíduos ao AVA, tanto para solucionar uma dúvida, quanto para compartilhar
uma reflexão ou uma solução. Associado a essa necessidade, foi importante
haver atividades a serem desenvolvidas e que fossem desafiadoras.
Com base na análise das interações do curso, podemos também fazer a
seguinte afirmação: os indivíduos não se envolvem em relações interativas se
não estão em busca de alguma compensação. Embora tal afirmação possa
parecer em um primeiro momento uma perspectiva determinista e ligada ao
“toma-lá-dá-cá” capitalista, é preciso deixar claro que as observações feitas
apontam para um outro caminho, o de colaboração e de solidariedade.
Lembramos que não é feita referência a “valor” no sentido “econômico”, mas
sim como valores sociais, qualitativos. Mencionamos quando na descrição do
curso que, desde o princípio, era dito aos alunos que o único elemento de
avaliação era o projeto temático entregue ao final das dez semanas. Logo, não
haveria a necessidade de participarem de fóruns e visitarem portfólios de
colegas para “ganhar nota” – elemento ligado à quantificação. Ainda que
houvesse o incentivo à colaboração, bastaria que os alunos entregassem
projetos dentro das exigências mínimas para que fossem aprovados. Todas as
atividades propostas tinham caráter individual, nenhuma demandava trabalho
em grupo. Não era necessário que alunos mais experientes com o uso da
210
tecnologia ajudassem aqueles que enfrentavam dificuldades por não possuírem
os conhecimentos básicos, afinal a equipe docente estava presente e
acompanhando continuamente os participantes.
No entanto, uma rede colaborativa foi estabelecida, na qual os
participantes trocavam benefícios na forma de auxílio, valorização, dicas,
opiniões e sugestões, interlocução, continuidade no curso. Em momentos
variados, os indivíduos buscaram algum elemento e o encontraram no grupo.
Quando perceberam o resultado e a relevância da interação nos fóruns para
seu próprio desempenho, as manifestações passaram a ser constantes,
geralmente visando à solicitação ou fornecimento de auxílio aos colegas. A
procura e a oferta de benefícios deram força e sustentação às ações dos
indivíduos e, por extensão, ao grupo. Como qualquer sistema complexo de
caráter aberto, os grupos educacionais estão sujeitos à entropia, à perda de
energia e, portanto, fadados à dispersão e ao fim. As interações funcionam
como elemento de resistência sistêmica, mantendo o grupo “vivo”. Esses
movimentos de retroação, de ciclos de troca, que alimentaram o sistema “grupo
de alunos-professores em um AVA” puderam ocorrer devido às condições
iniciais dadas pela estrutura do AVA e, principalmente, pela estrutura do plano
de curso, o qual abarcou as atividades propostas e a forma de ação docente,
menos centralizadora e mais facilitadora das ações.
Pela experiência como pesquisador e como professor das três edições
do curso que foi central nessa investigação, podemos verificar que emerge
uma tendência forte na/para Educação a Distância em ambientes virtuais de
aprendizagem, mas que possivelmente seja também válida para a educação
presencial ou semi-presencial: a tendência de que a atuação autônoma e
colaborativa discente encontra espaço quando o planejamento docente não
somente prevê atividades que fomentem, demandem autonomia e colaboração,
mas dá as condições para que os indivíduos atuem autônoma e
colaborativamente.
Nesse respeito, é fundamental a adoção de uma nova postura pelo
professor: a de perturbador. O papel de perturbador, em nossa perspectiva,
abarca ações que visam tirar os indivíduos de um estado passivo e
estacionário, levando-os ao movimento em direção aos demais elementos
211
sistêmicos – sejam eles ferramentas ou outros indivíduos. É a multiplicação e
a ampliação desses movimentos que gerará a “energia interativa” capaz de
desacelerar a entropia dos ambientes virtuais de aprendizagem. As ações do
professor-perturbador vão mais no sentido de propor desafios e causar
pequenas instabilidades nos participantes (por meio das atividades do plano de
curso ou das intervenções, por exemplo) que os levem à atuação autônoma e
colaborativa, do que na direção do simples fornecimento de respostas. Esse
tipo de auxílio também faz parte do papel docente no contexto da EaD, mas
sua ação vai muito além disso. A análise das três edições do curso mostrou
uma tendência mais favorável ao desenvolvimento de atividades docentes
como um ‘perturbador’, em detrimento da figura de centralizador.
212
6. CONCLUSÃO
A conclusão que apresentamos para a tese está longe de ser um fim.
Pensávamos antes da pesquisa que, em uma visão ampla, tanto a atividade
docente quanto a investigativa não são finitas, mas sim elementos em
constante transformação. Em uma visão mais pontual e restrita, após o
desenvolvimento da investigação, há a convicção sobre o constante processo
de transformação das ações. Pela própria estrutura do trabalho é possível ver,
já no primeiro capítulo, tal processo retratado em tudo aquilo que influenciou a
caminhada do pesquisador desde sua graduação até o momento do
doutoramento, sem mencionar tudo que foi vivido anteriormente em
experiências pedagógicas e outros aspectos sociais, psicológicos, biológicos,
etc., que constituem todo e qualquer indivíduo, constatação em sintonia com
uma das mais conhecidas afirmações da Complexidade: “o todo é mais do que
a soma das partes” (MORIN, 1995). Portanto, as considerações que fazemos
representam um recorte sistêmico, tal qual a seção de Poincaré (GLEICK,
1989, p. 144) revelando a estrutura de um atrator, retratando o comportamento
do sistema complexo no período que analisamos.
Ainda no primeiro capítulo, foi revelada a preocupação do pesquisador,
na forma de um problema de pesquisa: quais são os paradigmas pedagógicos
possíveis e necessários a uma prática educacional que pretende utilizar
tecnologias da informação e da comunicação? Que ações o meio telemático
demanda de professores e alunos? Esses e outros questionamentos
relacionados e importantes levaram o pesquisador à questão de pesquisa
como um grupo de indivíduos em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA)
se constitui e se mantém coeso, chegando ao final de um curso a distância e
atingindo os objetivos?” e a um pressuposto que guiou o trabalho investigativo
– “a interação social, aspecto necessário para a aprendizagem, se estabelece e
persiste quando os aprendizes constituem um sistema complexo, que por sua
vez é originado e sustentado pelo benefício recíproco que tais aprendizes
encontram na relação interativa”. A análise revelou que o meio telemático
demanda que a colaboração e a autonomia permeiem tanto os paradigmas
213
educacionais, quanto as ações docentes e discentes, os quais são, afinal,
elementos indissociáveis.
A partir da questão e do pressuposto de pesquisa, a sustentação teórica
da tese foi encontrada na teoria geral dos sistemas (BERTALANFFY, 1973), no
pensamento complexo (MORIN, 1995), na emergência (JOHNSON, 2003) e na
teoria piagetiana das trocas qualitativas (PIAGET, 1973), tendo foco no objetivo
de verificar como um grupo de alunos se mantém coeso, ao longo do período
de um curso totalmente a distância em um ambiente virtual de aprendizagem
(AVA), atingindo os objetivos, além de outros objetivos específicos acessórios,
tais como:
a. verificar se o grupo de alunos e professores em um AVA, por meio das
interações, alimenta, se auto-organiza e se constitui como um sistema
complexo;
b. observar como esse sistema influencia o processo de construção de
conhecimento;
c. verificar se o ambiente telemático, por meio de suas ferramentas, tem
potencial para constituir base favorável à interação entre aprendizes, e
em que momento passa a compor – junto com o grupo de participantes
(professor e alunos) – um sistema complexo de trocas interpessoais,
conseqüentemente, constituindo-se como um ambiente virtual de
aprendizagem;
d. observar como as interações entre aprendizes e aprendizes e professor
se estabelecem, examinando se as interações entre os participantes
acontecem em função de elementos ligados à teoria piagetiana, como
benefício recíproco, sustentação solidária ou escala comum de valores.
A análise dos dados nos permitiu verificar que, de fato, o grupo de
indivíduos e o AVA constituíram(-se como) um sistema complexo, desde a
proposta e o plano de curso e a estrutura de interação permitida pelo ambiente
– os quais corresponderam às regras de baixo nível e às condições iniciais
para a emergência de uma estrutura sistêmica favorável à interação
interindividual – até os comportamentos que alimentaram essa emergência e
foram influenciados por ela. Um sistema complexo de trocas interpessoais foi
214
composto a partir do momento em que a busca de benefícios motivou a
produção de mensagens direcionadas a outros indivíduos. Tais mensagens
motivaram réplicas revertidas em benefício recíproco e sustentação solidária,
as quais geravam valorização mútua dos participantes. A valorização, como foi
discutido na análise, também deu condições para que a estrutura sistêmica
emergisse e o sistema resistisse à entropia sócio-interativa.
Portanto, reconhecer o grupo de alunos em AVA como um sistema
complexo implica identificar e compreender não somente as regras de baixo
nível e as condições iniciais que o sustentam e permitem que comportamentos
sistêmicos emerjam, mas também o benefício recíproco – elemento que
mantém o sistema “vivo” quando fomenta as trocas interindividuais.
Desde que a manutenção e a falência de grupos em ambientes virtuais
de aprendizagem começaram a despertar o interesse do pesquisador e
paralelamente à investigação descrita na tese, outros grupos com estruturas
semelhantes foram observados. Em todos eles, é possível identificar uma
estrutura, um conjunto de elementos que constituem as regras de baixo nível
daqueles sistemas complexos. Porém, paradoxalmente, tais grupos
apresentaram ou apresentam comportamentos semelhantes e diferentes.
O primeiro grupo representa o trabalho feito em uma disciplina do
doutorado – “Sentido e Autoria” – na qual indivíduos deveriam interagir em
torno de textos e temas relacionados por meio de uma ferramenta – o
ForChat
42
. Além da própria regra de interação em meio virtual, só havia a
demarcação de fim e início de semana indicando uma certa organização
temática. Cada fórum semanal permanecia aberto para leitura e escrita de
novas contribuições, assim como os fóruns dos cursos que analisamos na tese.
Embora apresentasse um comportamento caótico nas primeiras semanas de
trabalho, deixando alguns indivíduos bastante desorientados, com o passar do
tempo e com as trocas desenvolvidas, pequenos grupos começaram a emergir
dentro do grande grupo e, invariavelmente, uniam-se e mantinham-se unidos
em função da troca de benefícios. Fato curioso e tipicamente ligado ao caráter
aberto dos sistemas complexos foi o uso imprevisto e paralelo de e-mails para
42
Ferramenta de interação síncrona e assíncrona desenvolvida pelo Laboratório de Estudos
em Linguagem, Interação e Cognição (LELIC), coordenado pela profa. Dra. Margarete Axt.
215
comunicação dentro dos grupos, além das trocas no ForChat. Outro fenômeno
ligado à imprevisibilidade complexa foi o uso continuado da ferramenta ForChat
pelos participantes mesmo após a cadeira ter sido academicamente encerrada.
Em suma, o sistema “Sentido e Autoria” resistiu à entropia enquanto houve
energia interativa compensatória das perdas que há em todo e qualquer
sistema, ou seja, o momento de “resistência sistêmica” prolongou-se para além
do tempo acadêmico (rompendo uma regra de baixo nível que talvez não fosse
muito forte nesse sistema). E a energia interativa compensatória foi gerada
pelo benefício recíproco e pela decorrente valorização dos indivíduos
envolvidos nas relações interindividuais estabelecidas.
Também observamos a importância do benefício recíproco para a
emergência e a manutenção de um grupo em uma experiência na qual o
elemento piagetiano não esteve presente e, como conseqüência, o sistema
sucumbiu à entropia sócio-interativa. Montado com estrutura pedagógica
semelhante àquela dos cursos que analisamos na tese, com base na
autonomia e na colaboração dos participantes, a interação foi baixíssima e o
sistema não resistiu à força entrópica. Embora seja necessária uma pesquisa
mais aprofundada, há fortes indícios de incompatibilidade e de inadaptação
entre os indivíduos e algumas regras de baixo nível, como a necessidade de
atuar autônoma e colaborativamente. Pareceu não haver intenção de agir em
favor do outro, nem de aceitar o apoio de outro participante (ex.: professor)
quando havia a oferta de auxílio e a tentativa de resgate de alunos ausentes.
Frente a essa incompatibilidade, podemos dizer que, com base nas conclusões
da presente pesquisa e em uma análise preliminar do referido grupo, a
incompatibilidade entre as regras de baixo nível e os elementos sistêmicos,
associada a pouca flexibilidade de tais regras e das intenções dos indivíduos,
pode ter determinado a passagem abrupta do momento de “força entrópica
máxima” para o de “rendição sistêmica”.
Perceber sistemas complexos em grupos em ambiente virtual não é uma
possibilidade apenas na área educacional. Se tomarmos para análise outros
tipos de comunidades virtuais, é bem provável que vejamos uma organização
sistêmica complexa, como no caso dos sites de relacionamento. Há regras de
baixo nível dando condições para a interação e para a emergência de uma
216
estrutura, no entanto, invariavelmente, os indivíduos ingressam no grupo em
busca de algo e só permanecem enquanto recebem algo que consideram
socialmente valioso em troca. Quando a participação gera mais ônus do que
bônus, o indivíduo deixa de participar. Em virtude de não haver uma regra de
baixo nível mais dura, como um “tempo acadêmico” por exemplo, e por haver
um vasto número de indivíduos, organizados em diversos grupos, dos quais
tiram alguma espécie de benefício, a energia interativa compensatória é
constantemente gerada e combate a força entrópica que assola o sistema. A
partir das conclusões dessa tese, podemos especular que, uma vez que o
sistema e as relações interindividuais tornem-se desinteressantes do ponto de
vista do valor agregado, o site de relacionamento vai se render à entropia
sócio-interativa, como qualquer outro sistema complexo.
Essa ‘rendição sistêmica’ a qual nos referimos aqui e ao longo do
trabalho demanda a retomada de uma discussão sobre o ‘fim’ do sistema,
termo freqüentemente usado na pesquisa. Entendemos que, embora haja
trabalhos que tratem do ‘fim’ de sistemas complexos, como Johnson
43
(2003,
p.58), é possível considerar o momento de ‘rendição sistêmica’ como um
processo de transformação, ou ainda, como o fim do sistema em sua forma
original. Não vemos problema no posicionamento de que o sistema complexo
continua vivo de alguma forma em seus elementos, os quais poderão constituir
novos sistemas, da mesma forma que é aceitável a imagem do fim sistêmico,
se tivermos em mente o fato de que a análise de complexos abertos e
dinâmicos é baseada em um recorte. Consideramos a idéia do fim do sistema
complexo como uma questão “referencial” e “conceitual”, assim como a
discussão sobre quando começa ou termina a vida. O fundamental é buscar
compreender a origem e o processo e que o movimento interacional alimenta e
sustenta os sistemas complexos que observamos, até o ponto em que as
interações cessam e as organizações sistêmicas deixam de funcionar e/ou de
existir como outrora.
43
Em Emergência, Johnson relata estudos sobre colônias de formigas – organização também
considerada como um sistema complexo – os quais apontam que essas organizações não
duram além de 15 anos, tempo máximo de vida de uma formiga-rainha, elemento responsável
pela geração dos ovos.
217
Acreditamos que a tese tem sua contribuição para a área ampla de
Educação a Distância e para a área específica da formação de professores de
língua estrangeira em ambiente virtual de aprendizagem, especialmente nas
decorrências da compreensão de grupos de indivíduos organizados em AVAs
como sistemas complexos, a saber, suas características, aspectos que lhes
dão sustentação e condições de resistência sistêmica, fenômenos que assolam
os complexos e elementos que movem as interações dentro de tais grupos e
que mantêm o sistema ‘vivo’. No entanto, as conclusões da tese abrem espaço
para pesquisas futuras, as quais abordem questões como a investigação de
grupos em ambiente virtual reunidos em torno de propostas não-educacionais,
observando se em tais contextos a resistência sistêmica também ocorre em
torno de elementos qualitativos. Outro caminho investigativo que nos parece
relevante é o estudo da (in)compatibilidade entre elementos sistêmicos mais
duros – como algumas regras de baixo nível – e os indivíduos, indo com maior
profundidade na análise de uma escala comum de valores e verificando sua
influência no funcionamento do sistema.
De uma forma mais ampla, consideramos importante o desenvolvimento
de pesquisas sob uma perspectiva complexa, especialmente no campo
educacional – a distância ou face-a-face – por tratar de uma gama ampla de
fatores que escapam à quantificação, a metrificação e a linearidade, e assim
contribuir para o avanço da Ciência da Educação e das práticas pedagógicas
que nela têm sua base.
218
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Físicas na Criança: conservação e atomismo. 3 ed., Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1983. p111.
223
POPPER, Karl R. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1974
[1934].
PRIGOGINE, I.; STENGERS I. A Nova Aliança. Brasília: Editora UNB. 1997.
_____. Entre o Tempo e a Eternidade. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
RUELLE, David. Acaso e caos. São Paulo: Editora da Universidade Estadual
Paulista, 1993. 2ª ed.
VASCONCELOS, Mário Sérgio. A difusão das idéias de Piaget no Brasil. São
Paulo: Caso do Psicólogo, 1996.
VETROMILLE-CASTRO, Rafael ; MOOR, Anne Marie ; COSTA, Giordana
Pozza . O ensino colaborativo na formação do professor de inglês instrumental.
In: Vilson José Leffa. (Org.). O professor de línguas estrangeiras: construindo a
profissão. Pelotas: Educat, 2001, v. , p. 157-173.
VETROMILLE-CASTRO, Rafael. A usabilidade pedagógica e de design em
materiais para o ensino a distância de inglês para leitura. Revista Intercâmbio,
São Paulo, v. 12, 2003a.
_____. A usabilidade e a elaboração de materiais para o ensino de inglês
mediado por computador. Revista Brasileira de Lingüística Aplicada, Belo
Horizonte, v. 3, n. 2, pp. 9-23, 2003b.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
WIENER, Norbert. Cibernética e sociedade : o uso humano de sêres humanos.
3.ed. São Paulo: Cultrix, 1970, c1954. 190p.
224
ANEXOS
225
DIDÁTICA PARA O ENSINO DE LÍNGUAS ONLINE
Entrevista de encerramento
Nome:
Área profissional:
Formação:
As questões a seguir têm como objetivo levantar questões que podem contribuir para o
desenvolvimento de novas versões do Curso DELO. Não se trata especificamente de uma avaliação
do Curso, mas da observação de perspectivas sobre a aprendizagem a distância via Internet,
necessidades, resultados esperados e objetivos (não) alcançados, dentre outros aspectos ligados
ao tema “EAD”.
Pedimos que as questões sejam respondidas em ordem e em uma “única sessão”. Portanto, antes
de iniciar, certifique-se que poderá disponibilizar em torno de 30 (trinta) minutos para a tarefa.
Detalhe importante: não exceda o limite de 03 (três) linhas em cada resposta.
Não é necessário imprimir – responda no próprio documento e envie em anexo para
. Lembramos que suas opiniões poderão eventualmente ser utilizadas
para fins de pesquisa acadêmica, mas seus nomes e demais dados pessoais serão mantidos em
sigilo.
Contamos com a sua colaboração! Ela é extremamente importante para nosso trabalho.
Um abraço,
Equipe DELO
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Antes do Curso
1. O que você esperava do Curso?
2. O que você esperava da Equipe (Coordenador, Formador e Tutor)?
3. O que você esperava dos colegas?
4. Que aspectos você considera importante em um Curso totalmente a distância via Internet?
Durante o Curso
5. O ambiente TelEduc e as ferramentas utilizadas influenciaram de forma positiva, negativa ou
neutra (ou seja, não influenciou) o desenvolvimento das atividades/do Curso? Explique sua
resposta.
226
6. Os elementos abaixo tiveram influência na sua atuação e aproveitamento durante o Curso?
Numere entre 1 e 3, sendo 1 o elemento de maior influência. Caso tenha havido pouca
influência ou nenhuma, marque com um “X”.
a. ( ) interação com colegas
b. ( ) interação com a Equipe
c. ( ) instruções e “Ajuda” contida no ELO
d. ( ) sua própria atuação foi o fator mais relevante para o seu aproveitamento
7. Você interagiu com mais freqüência com algum(us) colega(s)? Por quê?
8. Como você se via em relação ao grupo: totalmente ou parcialmente integrado, totalmente ou
parcialmente isolado? Explique.
Após o Curso
9. Quanto ao Curso, sua expectativa – revelada na questão 1 – foi atingida, superada ou não
alcançada? Explique.
10. Quanto ao trabalho da Equipe, sua expectativa – revelada na questão 2 – foi atingida,
superada ou não alcançada? Explique.
11. Quanto à atuação dos colegas em relação ao trabalho de grupo, sua expectativa – revelada
na questão 3 – foi atingida, superada ou não alcançada? Explique.
12. Em algum momento, você pensou em desistir do Curso? Por quê?
13. Se você terminou o Curso, o que fez você ir até o final?
14. Se um amigo lhe perguntasse como foi o Curso, como você descreveria o trabalho feito?
15. Aponte e fale um pouco sobre o aspecto do Curso que você considerou o mais positivo e
que gostaria de encontrar futuramente em outras experiências em EAD.
16. Aponte e fale um pouco sobre o aspecto do Curso que você considerou o mais negativo.
17. Aponte e fale um pouco sobre um aspecto que você gostaria de ter encontrado no Curso
DELO mas, por alguma razão, não estava presente.
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