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Tese de Doutorado
Ressonˆancia ao-Linear no
Universo Primordial com Condi¸oes
Iniciais para a Infla¸ao e o
Problema do Colapso Gravitacional:
Corre¸oes da Teoria de
Branas-Mundo para a
Relatividade Geral
Rodrigo Maier
Centro Brasileiro de Pesquisas F
´
ısicas
Departamento de F
´
ısica Te
´
orica - TEO
Rua Dr. Xavier Sigaud 150, Rio de Janeiro - RJ
Marc¸o de 2010
Orientador: Ivano Dami
˜
ao Soares
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Livros Grátis
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Para o meu irm˜ao
Renato Maier
(In Memoriam)
ii
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Conte´udo
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii
Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii
Intro du¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1 Formula¸ao Torica 5
1.1 O Problema da Imers˜ao e as Equa¸oes de Gauss-Codazzi . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Deriva¸ao Diferencial das Equa¸oes de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Deriva¸ao Variacional das Equa¸oes de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.4 Aplicao Cosmol´ogica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2 Ressonˆancia ao-Linear e Condi¸oes Iniciais para a Infla¸ao 25
2.1 O Modelo Geral e as Equa¸oes Dinˆamicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2 A Estrutura do Espco de Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3 Um Modelo Pr´e-Inflacion´ario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.4 Ressonˆancia ao-Linear dos Toros KAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.5 O Padr˜ao Ressonante no Espco Param´etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.6 Caos Homocl´ınico e um Escape Ca´otico para a Infla¸ao . . . . . . . . . . . . . 52
2.7 Cosmologias de Puro Campo Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3 Buracos Negros ao Singulares 63
3.1 O Modelo e a Solu¸ao Interior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.2 A Solu¸ao Exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.3 A Extens˜ao Maximal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
iii
3.4 Corroes dos Testes Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.4.1 O Avan¸co do Perih´elio Planet´ario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.4.2 A Deflex˜ao do Feixe Luminoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.5 A Radia¸ao Hawking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.6 A Entropia de Bekenstein para Buracos Negros Quase-Extremos . . . . . . . . 94
3.7 Um Modelo Estat´ıstico para a Termodinˆamica de
Buracos Negros Quase-Extremos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Conclus˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Apˆendices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
A As Condi¸oes de Jun¸ao 105
B A Cria¸ao de Part´ıculas por um Campo Gravitacional 108
Bibliografia 110
iv
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de agradecer de cora¸ao inflamado ao meu orientador e amigo Ivano
Dami˜ao Soares, por quem tenho uma forte admira¸ao pessoal e acadˆemica. Agrade¸co por ouvir com
entusiasmo e interesse todas as quest˜oes, d´uvidas e problemas que surgiram durante meu processo de
aprendizado desde os tempos de inicia¸ao cient´ıfica. Agrade¸co p or ter acreditado em mim. Agrade¸co
por ter compartilhado comigo seu tema de pesquisa no meu doutorado, sendo um interlocutor firme,
paciente e generoso. Por sua amizade, principalmente, agrade¸co.
Aos professores Nelson Pinto Neto, ario Novello, Jos´e Martins Salim, Jos´e Abdalla Helayel Neto,
Nelson Luiz Panza Pereira da Silva, Geraldo Monteiro Sigaud, Luca Moriconi, Nelson Ricardo de
Freitas Braga e Ioav Waga, gostaria de agradecer pelos excelentes cursos ministrados ao longo de meu
doutorado e gradua¸ao, aproveitando aqui para lhes prestar, desde a, a merecida homenagem.
Ao professor Maur´ıcio Ortiz Calv˜ao gostaria de agradecer pela aten¸ao com que me acolheu no
in´ıcio do meu doutoramento na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ao professor Eduardo Valentino Tonini agrade¸co pela inextim´avel colabora¸ao devido a sua extrema
habilidade computacional.
Ao professor Hugo Pinheiro agrade¸co por despertar, ainda no ensino edio, meu agudo fasc´ınio
pela intera¸ao gravitacional.
Aos meus pais Inah Lindenberg Braga Maier e Ricardo Jos´e Maier agrade¸co p or todo o amor,
suporte e apoio. Sem vocˆes nada disso seria poss´ıvel. Gostaria de agradecer tamb´em a todos os meus
familiares, em especial, a minha ao Inah (pelo zelo), a minha tia-ao Henriqueta (pelo cuidado) e ao
meu tio Manoel (pelo apre¸co).
A minha namorada Itala Resende Carvalhal agrade¸co pelo seu amor singular, paciˆencia, com-
preens˜ao e apoio. Sem vocˆe a vida seria qualquer coisa de cinza e obtusa.
Aos meus amigos Andr´e Pacheco Teixeira Mendes, Marcelo de Faria Fernandes e Jos´e Anonio
Marques Fonseca, gostaria de agradecer pelo v´ınculo inef´avel de amizade estabelecido. Agrade¸co por
serem meus exemplos. Agrade¸co pelo apoio irrestrito. Agrade¸co pelo entusiasmo (manifesto algumas
v
vezes pelos olhares incr´edulos).
Aos meus amigos Ricardo Kullock, Paulo Guilherme Couto de Castro, Saulo Machado Moreira
Sousa, Gabriel Lima Santiago, Rafael Fernandes Aranha,
´
Erico Goulart, Felipe Tovar Falciano e
Marcela Campista Borges de Carvalho, agrade¸co pela amizade e ambiente acadˆemico ´ımpar que o
vo cˆes poderiam proporcionar.
Agrade¸co ao Centro Brasileiro de Pesquisas F´ısicas, b em como a todos os seus funcion´arios, pela
sem igual oportunidade.
Ao CNPQ agrade¸co pelo suporte financeiro.
vi
Resumo
No ˆambito da teoria de branas-mundo, examinamos modelos cosmol´ogicos pr´e-inflacion´arios e o
problema de colapso gravitacional supondo uma dimens˜ao extra tipo-tempo ao-compacta.
Ao contr´ario do modelo cosmol´ogico padr˜ao, as equa¸oes de Friedmann na brana cont´em termos de
corre¸ao (provenientes da dimens˜ao extra) que implementam ricochetes metaest´aveis ao-singulares na
evolu¸ao primordial do universo. O conte´udo material dos modelos corresponde a um campo escalar
massivo ao-minimamente acoplado al´em de poeira e/ou radi¸ao. Devido `a ao-linearidade do sistema
de equa¸oes, observamos que em estreitas regi˜oes do espa¸co dos parˆametros rotuladas por um n´umero
inteiro n 2 o mecanismo de ressonˆancia ao-linear destr´oi os toros KAM que confinam inicialmente
a dinˆamica do sistema, conduzindo o universo para um regime inflacion´ario. Como consequˆencia, a
ressonˆancia ao-linear imp˜oe v´ınculos sobre os parˆametros f´ısicos e configura¸oes iniciais dos modelos
de modo que a infla¸ao possa ser realizada.
Ao considerarmos o colapso gravitacional esfericamente sim´etrico de pura poeira, derivamos uma
solu¸ao interior analiticamente completa incluindo sua jun¸ao com o espa¸co-tempo exterior. O colapso
forma um buraco negro (um horizonte de eventos exterior) escondendo ao uma singularidade, mas uma
distribui¸ao de mat´eria eternamente oscilante numa cadeia infinita de extens˜oes maximais anal´ıticas
dentro do horizonte de eventos externo. Esta cadeia de extens˜oes anal´ıticas tem uma estrutura an´aloga
a solu¸ao de Reissner-Nordstrom, exceto que a singularidade tipo-tempo no interior da distribui¸ao de
mat´eria ´e evitada. Para a geometria exterior do buraco negro ao singular, examinamos as corre¸oes
nos testes experimentais da Relatividade Geral e na temperatura Hawking. No caso de um buraco negro
quase-extremo, reproduzimos os resultados de Bekenstein para a termodinˆamica de buracos negros.
vii
Abstract
In the realm of braneworld theory, we exam cosmological preinflationary models and the gravita-
tional collapse problem by assuming a noncompact time-like extra dimension.
On the contrary of the standard cosmological model, Friedmann equations on the brane contain
correction terms (arising from the extra dimension) that implement nonsingular metastable bounces
in the early evolution of the universe. The matter content of the models corresponds to a massive non-
minimal coupled scalar field together with dust and/or radiation. Due to the nonintegrability of the
system of equations, we notice that in narrow windows of the parameter space labeled by an integer
n 2 the nonlinear resonance mechanism destroy the KAM tori that initially trap the dynamics of
the system, leading the universe to a inflationary regime. As a consequence, the nonlinear resonance
imposes constraints in the physical parameters and in the initial configurations of the models so that
inflation may be realized.
By considering the spherically symmetric gravitational collapse of pure dust, we derive an interior
analytically complete solution including its matching with an exterior spacetime. The collapse forms a
black hole (an exterior event horizon) hiding not a singularity but perpetually bouncing matter in the
infinite chain of spacetime maximal analytical extensions inside the outer event horizon. This chain
of analytical extensions has a structure analogous to that of the Reissner-Nordstrom solution, except
that the timelike singularity inside the matter distribution is avoided. For the exterior geometry of the
nonsingular black hole, we examine the corrections on the experimental tests of General Relativity and
on the Hawking temperature. In the case of a quasi-extremal black hole, we reproduce Bekenstein’s
results of black hole thermodynamics.
viii
Introdu¸ao
Emb ora estabelecida como a mais bem sucedida teoria para a descri¸ao do campo gravita-
cional, a teoria da Relatividade Geral apresenta uma grave patologia quando procuramos cons-
truir um modelo cosmol´ogico compat´ıvel com as observoes, ou quando tentamos descrever
o pro cesso de colapso gravitacional. Tomado como padr˜ao, o modelo Friedmann-Robertson-
Walker (FRW) nos fornece previs˜oes absolutamente importantes sobre a evolu¸ao de nosso
universo bem como sobre seu estado atual[1]. Suponhamos entretanto que as condi¸oes ini-
ciais de nosso universo estivessem fixas quando o universo primordial emergiu de um regime
semi-Planckiano e come¸cou sua expans˜ao at´e o regime atual. Evoluindo para tr´as no tempo
tais condi¸oes iniciais usando as equa¸oes de campo de Einstein, vemos que nosso universo
´e levado numa singularidade inicial onde o regime cl´assico perde sua validade[2]. O mesmo
ocorre quando evolu´ımos, agora para frente no tempo, as condi¸oes iniciais de uma distribui¸ao
de poeira esfericamente sim´etrica. Neste processo, o est´agio final corresponde a uma singular-
idade encapsulada por um horizonte de eventos[3] (um buraco negro). Desta forma, em ambos
os casos a teoria da Relatividade Geral parece incorporar em seus fundamentos um proble-
ma cr´ıtico a que a presen¸ca de uma singularidade na natureza ao pode ser empiricamente
concebida.
Certamente este ´e um ind´ıcio de que a teoria da Relatividade Geral possui uma forte
patologia e deve ser substitu´ıda por uma teoria mais completa ao considerarmos altas escalas
de energia. Neste contexto, tanto as condi¸oes iniciais a partir das quais nosso universo evoluiu
1
quanto o processo de forma¸ao de buracos negros, devem depender de forma crucial da vers˜ao
da teoria adotada para a descri¸ao da dinˆamica num entorno da singularidade.
Uma das mais importantes caracter´ısticas de nosso universo, corrob orada por recentes
observoes, ´e a sua larga escala de homogeneidade e isotropia. De fato, embora esta suposi¸ao
tenha sido estabelecida a priori atrav´es de um Princ´ıpio Cosmol´ogico[4], dados experimentais
de desvio para o vermelho nos mostram que a escala de homogeneidade e isotropia ´e bem aceita
empiricamente para distˆancias acima de 100 Mpc. Sem d´uvida esta ´e a principal raz˜ao que
torna a geometria FRW uma poderosa ferramenta te´orica para a constru¸ao de um cen´ario
cosmol´ogico. Contudo, este mo delo esbarra em graves obst´aculos quando consideramos o
estado primordial de nosso universo. Entre tais obst´aculos, podemos destacar os problemas
do horizonte e da planeza[1].
Como uma proposta para a solu¸ao destes problemas surgiu o chamado Paradigma Infla-
cion´ario[5]. Neste contexto, a id´eia de infla¸ao remete a uma fase primordial do nosso universo
na qual a gravidade teria atuado como uma for¸ca repulsiva. Apesar de constituir um forte
paradigma por resolver alguns dos problemas do modelo padr˜ao, a cosmologia inflacion´aria se
utiliza da hip´otese de que o universo primordial tenha emergido a partir de uma singularidade
osmica cl´assica. Portanto, modelos oriundos de uma nova teoria que estejam em consonˆancia
com este paradigma e eliminem o problema da singularidade inicial devem ser considerados.
Por outro lado, dados recentes indicam a existˆencia de buracos negros em nosso universo.
De fato, o centro de nossa pr´opria gal´axia possui uma grande fonte de adio compacta chamada
Sagitarius A. At´e o final do s´eculo passado, o centro da Via actea o podia ser observado
atrav´es da detec¸ao de ondas de adio devido `a grande quantidade de poeira que impedia a
observao ´otica das estrelas. Com o recente aperfei¸coamanto de detectores na faixa do espec-
tro infravermelho, foi permitida uma observao (atrav´es da poeira) de estrelas individuais no
centro de nossa gal´axia. Dados observacionais[6] apontam que as velocidades de tais estrelas
crescem em dire¸ao ao n´ucleo da Via actea indicando uma densidade central maior do que
2 ×10
12
M
/pc
3
. Este valor ´e muito maior do que a massa de um aglomerado estelar est´avel.
Por esta raz˜ao, a ´unica conclus˜ao plaus´ıvel ´e a de que existe realmente um buraco negro com
uma massa de aproximadamente 2.6 × 10
6
M
no centro de nossa gal´axia.
Emb ora a forma¸ao de tal estrutura seja prevista pela Relatividade Geral, a singularidade
manifesta neste caso aparece como um problema inerente `a teoria. Desta forma, uma abor-
2
dagem mais completa do problema deve, em princ´ıpio, reproduzir a previs˜ao de forma¸ao de
um buraco negro, introduzindo corre¸oes de modo a eliminar a presen¸ca da singularidade em
seu estado final.
Ao longo dos ´ultimos anos, arias foram as propostas para uma teoria alternativa da
gravita¸ao que se propusesse a resolver o problema da singularidade[7]-[9]. Todas essas as
abordagens nos levam a corre¸oes nas equa¸oes de campo de Einstein e recuperam a Relativi-
dade Geral num limite de baixas energias. No caso de cosmologias espacialmente homogˆeneas
e isotr´opicas, a distin¸ao asica entre estas teorias se deve aos tipos de corre¸oes introduzidas
no v´ınculo Hamiltoniano de Friedmann. Enquanto em teorias como quantum loop cosmol-
ogy temos corre¸oes nos termos cin´eticos, na teoria de strings derivamos corre¸oes (devido
as dimens˜oes extras) nos termos de energia potencial. Em amb os os casos podemos ter um
ricochete do fator de escala de modo que um universo eterno substitui a configura¸ao de uma
singularidade inicial[10, 11]. Corre¸oes nos termos cin´eticos do v´ınculo Hamiltoniano de Fried-
mann podem tamb´em ser utilizadas para se evitar a forma¸ao de uma singularidade global
tipo-espa¸co no problema do colapso gravitacional[8, 12].
Na presente disserta¸ao iremos aderir ao formalismo da teoria de branas-mundo[13]. Neste
cen´ario dimens˜oes extras ao-compactas ao introduzidas atrav´es de um espa¸co ambiente
e toda a mat´eria conhecida de nosso universo se encontra encerrada numa hiper-superf´ıcie
(brana) com trˆes dimens˜oes espaciais e uma temporal. Apenas gravitons podem deixar tal
hiper-superf´ıcie em dire¸ao ao espa¸co ambiente[14]. A baixas energias a teoria da Relativi-
dade Geral ´e recuperada mas, a altas energias mudan¸cas significativas ao produzidas na
dinˆamica gravitacional. Nosso interesse principal aqui se deve a corre¸oes de altas energias
que ao dominantes na vizinhan¸ca da singularidade. De fato, o resultado esperado mediante
a introdu¸ao destas corre¸oes deve estar conectado a uma for¸ca repulsiva a qual evita por
completo a forma¸ao de uma singularidade. Tanto no caso do universo primordial quanto no
processo de colapso gravitacional, veremos sob quais circunstˆancias a distribui¸ao de mat´eria
de nossos modelos pode exibir um comportamento oscilante ao-singular.
No cap´ıtulo 1 apresentamos uma detalhada discuss˜ao de como as equa¸oes de campo de
Einstein devem ser corrigidas se supormos a existˆencia de uma ´unica dimens˜ao extra ao-
compacta. Dada uma geometria homogˆenea e isotr´opica, mostraremos como a singularidade
inicial pode ser evitada.
3
Entretanto, de nada adianta eliminarmos o problema da singularidade inicial se ao pu-
dermos, neste contexo, reobter um paradigma inflacion´ario. Este ser´a o objetivo central do
cap´ıtulo 2.
Uma outra interessante aplica¸ao da formula¸ao te´orica utilizada neste trabalho ser´a explo-
rada no cap´ıtulo 3. Neste caso veremos que ao considerar o colapso gravitacional esfericamente
sim´etrico de pura poeira, conseguimos prever a forma¸ao de um buraco negro est´avel ao sin-
gular. Consequentemente, uma s´erie de previs˜oes observacionais da teoria da Relatividade
Geral podem ser corrigidas de modo a sugerir de forma mais palp´avel a existˆencia de uma
dimens˜ao extra.
Comenarios finais e perspectivas ser˜ao apresentadas na Conclus˜ao. Apˆendices elucidativos
foram escritos para melhor compreens˜ao da nota¸ao e do texto em si. A menos da se¸ao 3.6,
utilizaremos as unidades G
N
= c = = 1. Entretanto, por motivo de clareza manteremos a
constante de Newton G
N
em todas as express˜oes.
4
Cap´ıtulo 1
Formula¸ao Torica
“A natureza ama esconder-se”
Her´aclito de
´
Efeso
Sem d´uvida, a suposi¸ao de que existam mais do que 4 dimens˜oes na natureza ao ´e
recente. Na tentativa de se unificar a gravidade com a intera¸ao eletromagn´etica, T. Kaluza
e O. Klein postularam, por volta de 1920, a existˆencia de uma quinta dimens˜ao espacial [15].
Emb ora tal teoria tenha, em sua ´epoca, apresentado graves problemas de interpreta¸ao (como
a previs˜ao de uma carga fundamental menor que a do el´etron), a cosmologia de Kaluza-Klein
voltou a se destacar na ecada de 80, quando foi associada com o progresso feito nas teorias
de gauge ao-Abelianas. Neste contexto, o objetivo principal correspondia `a recupera¸ao das
simetrias de gauge do modelo padr˜ao da f´ısica de part´ıculas, a partir de dimens˜oes extras
compactas (“escondidas” na natureza). Entretanto, quando levamos em conta o problema da
singularidade existente na teoria da Relatividade Geral, a teoria de Kaluza-Klein revela-se
insuficiente.
Dentre arias tentativas de se resolver este problema, a teoria de branas-mundo parece uma
proposta promissora. Inicialmente, veremos neste cap´ıtulo quais ao as condi¸oes necess´arias
e suficientes para que possamos realizar a imers˜ao de uma hiper-superf´ıcie 1 + 3 (brana),
num espa¸co ambiente 5-dimensional, independente da assinatura do mesmo. Em seguida,
5
desenvolveremos um formalismo covariante que apontar´a como devemos proceder de modo a
obter corre¸oes (associadas `a presen¸ca de uma dimens˜ao extra ao-compacta) nas equa¸oes
de campo de Einstein. Com base neste desenvolvimento, construiremos uma ao efetiva para
que p ossamos, consistentemente, derivar as equa¸oes de campo modificadas a partir de um
princ´ıpio variacional. Finalmente, ao supormos uma geometria homogˆenea e isotr´opica (in-
duzida na brana) para construirmos uma modelo cosmol´ogico compat´ıvel com as observoes
em larga escala, avaliaremos as corre¸oes na equa¸ao de Friedmann bem como a natureza do
espa¸co ambiente.
1.1 O Problema da Imers˜ao e as Equa¸oes de Gauss-Codazzi
Para avaliarmos os efeitos da introdu¸ao de uma dimens˜ao extra (n˜ao-compacta) numa
teoria geom´etrica do campo gravitacional precisamos, em princ´ıpio, saber em que tipo de
variedade nosso universo se encontraria imerso. Um vez que a teoria da Relatividade Geral
se utiliza de um postulado m´etrico e de um termo de conex˜ao sim´etrico, nada mais natural
sen˜ao supormos que, no espa¸co ambiente, a conex˜ao ´e tamb´em expressa p elos s´ımbolos de
Christoffel.
Consideremos ent˜ao um espa¸co U
N
, N-dimensional, com uma etrica
(N)
g
AB
, onde os
termos de conex˜ao ao dados puramente pelos s´ımbolos de Christoffel. Por outro lado, seja V
n
um espa¸co n-dimensional com n < N . Como estamos interessados no problema da imers˜ao,
uma pergunta se faz pertinente: Quais ao as condi¸oes suficientes e necess´arias a serem
satisfeitas de modo que possamos tomar V
n
como um subespa¸co imerso em U
N
? Aqui ao
levaremos em conta o caso de V
n
ser um espa¸co cujos vetores normais tenham norma nula.
Al´em disso, estamos interessados agora apenas no problema de imers˜oes locais[16], a que
a formula¸ao global da quest˜ao impem problemas adicionais que, a priori, ao ir˜ao nos
interessar.
Dado enao um sistema de coordenadas {x
α
, α = 0, .., n} em V
n
, existe um conjunto de
fun¸oes
Y
A
= f
A
(x
1
, ..., x
n
), A = 1, ..., N (1.1)
6
tal que a geometria induzida
(n)
g
αβ
em V
n
´e expressa por
(n)
g
αβ
=
(N)
g
AB
Y
A
, α
Y
B
, β
. (1.2)
Aqui Y
A
, α
corresponde simplesmente `a derivada simples das coordenadas Y
A
com rela¸ao `a x
α
.
Dessa forma, as equa¸oes (1.1) representam as equa¸oes param´etricas de V
n
como subespa¸co
de U
N
. Tais equa¸oes definem as chamadas fun¸oes de imers˜ao Y
A
(x
α
).
Denotemos agora por n
A
a
os campos vetoriais unit´arios em U
N
(os ´ındices a = n + 1, ..., N
enumeram vetores) ortogonais a V
n
e ortogonais entre si. Isto ´e:
(N)
g
AB
n
A
a
n
B
a
=
a
= ±1, (1.3)
sem soma sobre a, e
(N)
g
AB
n
A
a
n
B
b
= 0 (1.4)
se a = b. O sinal de
a
na equa¸ao (1.3) est´a relacionado com a natureza das dimens˜oes
extras a serem consideradas em U
N
. Tomaremos aqui por conven¸ao que
a
= 1 denota
uma aesima dimens˜ao extra do tipo-tempo, caso contr´ario (
a
= +1) teremos uma aesima
dimens˜ao extra tipo-espa¸co.
Como os vetores Y
A
, α
ao tangentes `a V
n
e os n
A
a
ortogonais, temos que:
(N)
g
AB
Y
A
, α
n
B
b
= 0 (1.5)
para todo α e b. Al´em disso, por defini¸ao Y
A
e
(N)
g
AB
ao escalares em V
n
. Assim, definindo
o operador de derivada covariante sobre a brana por
γ
, temos que
γ
(n)
g
αβ
= 0 =
(N)
g
AB, C
Y
A
, α
Y
B
, β
Y
C
, γ
+
(N)
g
AB
[(
γ
α
Y
A
)Y
B
, β
+ Y
A
, α
(
γ
β
Y
B
)]. (1.6)
Mas
(n)
β
g
αγ
+
(n)
α
g
βγ
(n)
γ
g
αβ
= 0. (1.7)
Aplicando enao esta identidade em (1.6) obtemos
(N)
g
AB
Y
B
, γ
(
β
α
Y
A
+
(N)
Γ
A
MR
Y
M
, α
Y
R
, β
) = 0 (1.8)
7
onde
(N)
Γ
A
MR
denota o s´ımbolo de Christoffel dado pela m´etrica
(N)
g
AB
. Por um alculo direto
vemos que
(N)
Γ
A
MR
´e um escalar em V
n
.
Para um dado γ fixo, Y
B
, γ
representa uma cole¸ao de componentes de um vetor em U
N
tangente a V
n
. Como γ pode assumir qualquer um dos n valores, a cole¸ao {Y
B
, γ
} forma uma
base completa do espa¸co tangente de V
n
num ponto fixo x
α
V
n
. Dessa forma, a equa¸ao
(1.8) nos diz que o termo entre parˆenteses ´e ortogonal a todos os n vetores tangentes `a V
n
,
podendo assim ser expresso atrav´es de uma combina¸ao linear dos N n vetores n
A
a
que ao
ortogonais `a V
n
. Isto ´e
β
α
Y
A
+
(N)
Γ
A
MR
Y
M
, α
Y
R
, β
=
N
s=n+1
s
(s)αβ
n
A
s
, (1.9)
onde os
(s)αβ
ao coeficientes a serem determinados.
Para um dado s fixo,
(s)αβ
´e um tensor em V
n
, sim´etrico em α e β. Ent˜ao, uma vez que
(N)
g
AB
n
A
a
n
B
b
=
a
δ
ab
,
sem soma sobre a, temos
(b)αβ
=
(N)
g
AB
(
β
α
Y
A
)n
B
b
+
(N)
g
AB
(N)
Γ
A
MR
Y
M
, α
Y
R
, β
n
B
b
. (1.10)
No caso de N = n + 1, a quantidade ´unica
αβ
definida acima ´e denominada a segunda forma
fundamental do subespa¸co V
n
.
Para sabermos agora se V
n
pode ser imerso num dado espa¸co U
N
, devemos descobrir se
as fun¸oes de imers˜ao que satisfazem (1.2) existem de fato. Estas fun¸oes devem satisfazer as
rela¸oes (1.9) as quais determinam as derivadas segundas covariantes de Y
A
com respeito as
coordenadas x
α
. Estas equa¸oes ser˜ao sol´uveis desde que as condi¸oes de integrabilidade de
Ricci[17]
γ
β
α
Y
A
β
γ
α
Y
A
=
(n)
R
ρ
αβγ
Y
A
, ρ
(1.11)
sejam satisfeitas. Denotamos aqui
(n)
R
ρ
αβγ
como o tensor de Riemann dado pela geometria de
V
n
.
Derivando covariantemente (1.5), temos que
β
[
(N)
g
AB
Y
A
, α
n
B
b
] =
β
[
(N)
g
AB
]Y
A
, α
n
B
b
+
(N)
g
AB
β
[Y
A
, α
]n
B
b
+
(N)
g
AB
Y
A
, α
β
[n
B
b
] = 0. (1.12)
8
Usando a identidade
β
[
(N)
g
AB
] = [
(N)
g
AB
]
, β
= [
(N)
g
AB
]
, C
Y
C
, β
= [
(N)
Γ
R
AC
(N)
g
RB
+
(N)
Γ
R
BC
(N)
g
AR
]Y
C
, β
(1.13)
junto com a equa¸ao (1.12), p odemos reescrever (1.10) da seguinte forma
(b)αβ
=
(N)
g
AB
Y
A
, α
n
B
b, β
(N)
Γ
R
BC
(N)
g
AR
Y
A
, α
Y
C
, β
n
B
b
=
(N)
g
AB
Y
A
, α
Y
C
, β
(D
C
n
B
b
), (1.14)
onde denotamos a derivada covariante constru´ıda com a geometria do espa¸co ambiente por
D
C
.
A equa¸ao acima nos a uma interpreta¸ao geom´etrica da segunda forma fundamental. No
presente contexto, Y
C
, β
(D
C
n
B
b
) ´e a taxa de varia¸ao do b-´esimo vetor normal `a V
n
conforme
nos movemos ao longo do βesimo campo vetorial Y
C
, β
. Assim,
(b)αβ
representa a proje¸ao
desta varia¸ao no α-´esimo campo vetorial tangente Y
A
, α
. Por esta raz˜ao,
(b)αβ
´e, `as vezes
chamado de curvatura extr´ınseca do subespa¸co V
n
imerso em U
N
. Vale notar pela ´ultima
equa¸ao que
(b)αβ
ao escalares em U
N
.
Definimos agora o seguinte conjunto de campos vetoriais em V
n
:
A
[ab]β
:=
(N)
g
AB
n
A
a
Y
C
, β
(D
C
n
B
b
). (1.15)
Aplicando a identidade
(N)
g
AB
n
A
a
(n
B
b, β
) = [
(N)
g
AB
n
A
a
n
B
b
]
, β
[
(N)
g
AB
n
A
a
]
, β
n
B
b
e, levando em conta (1.3), (1.4) e (1.13), encontramos que
A
[ba]β
=
(N)
g
AB
n
A
b
Y
C
, β
(D
C
n
B
a
) = A
[ab]β
. (1.16)
Notemos que se N = n + 1, temos a = b A
[ab]β
= 0.
As derivadas n
B
b, β
ao ao tensores em U
N
. Entretanto, fixando um sistema de coordenadas
em V
n
, esses objetos podem ser decompostos numa base {Y
A
, α
, n
B
b
},
n
B
b, β
= M
γ
(b)β
Y
B
, γ
+
N
p=n+1
L
(pb)β
n
B
p
(1.17)
onde os coeficientes M e L de tal decomposi¸ao ser˜ao escalares. Substituindo ent˜ao a equa¸ao
acima em (1.14) e (1.15), obtemos
M
σ
(a)β
=
(n)
g
αβ
(a)αβ
(n)
g
ασ
(N)
g
AR
(N)
Γ
R
BC
Y
A
, α
Y
C
, β
n
B
a
(1.18)
9
e
L
(pb)β
=
p
[A
[pb]β
(N)
g
BR
(N)
Γ
R
MR
Y
M
, β
n
R
b
n
B
p
]. (1.19)
Como o conjunto {Y
A
, α
, n
B
b
}, (α = 1, .., n e b = n + 1, .., N) ´e uma base em U
N
podemos
representar
(N)
g
AB
por suas componentes nesta base. Isto ´e:
(N)
ˆg
αβ
= Y
A
, α
Y
B
, β
(N)
g
AB
=
(n)
g
αβ
,
(N)
ˆg
= n
A
a
Y
B
, β
(N)
g
AB
= 0,
(N)
ˆg
ab
= n
A
a
n
B
b
(N)
g
AB
=
a
δ
ab
. (1.20)
Por outro lado, por defini¸ao, as matrizes inversas ao dadas por:
(N)
ˆg
αβ
=
(n)
g
αβ
,
(N)
ˆg
= 0,
(N)
ˆg
ab
=
a
δ
ab
, (1.21)
sem soma em a em (1.20) e (1.21). A mesma base {Y
A
, α
, n
B
b
} pode ser ainda usada para
representar a geometria inversa
(N)
g
AB
. Isto ´e:
(N)
g
AB
= Y
A
, α
Y
B
, β
(n)
g
αβ
+
N
p=n+1
p
n
A
p
n
B
p
. (1.22)
Portanto, de (1.18), obtemos
M
γ
(a)β
Y
B
γ
=
(n)
g
αγ
(a)αβ
Y
B
, γ
(N)
Γ
B
SC
Y
C
, β
n
S
a
+
(N)
g
AR
(N)
Γ
R
SC
Y
C
, β
n
S
a
N
p=n+1
p
n
A
p
n
B
p
. (1.23)
Utilizando este resultado junto com a equa¸ao (1.19), vemos que (1.17) se reescreve da seguinte
forma:
n
B
(s), β
=
(n)
g
αγ
(s)αβ
Y
B
, γ
(N)
Γ
B
SC
Y
C
, β
n
S
s
+
N
p=n+1
p
A
[ps]β
n
B
p
.
Iremos agora empregar a condi¸ao de integrabilidade (1.11). De acordo com (1.9), temos que
γ
β
α
Y
A
=
(N)
Γ
A
MR
γ
(Y
M
, α
Y
R
, β
)
(N)
Γ
A
MR, C
Y
C
, γ
Y
M
, α
Y
R
, β
+
N
p=n+1
p
γ
[Ω
(p)αβ
n
A
p
]. (1.24)
10
Substituindo este resultado em (1.11), obtemos:
(n)
R
ρ
αβγ
Y
A
, ρ
= Y
M
, α
(Y
R
, γ
Y
C
, β
Y
R
, β
Y
C
, γ
)[
(N)
Γ
A
MR, C
(N)
Γ
A
DR
(N)
Γ
D
MC
]
+
N
p=n+1
p
n
A
p
[
γ
(p)αβ
β
(p)αγ
]
+
N
p=n+1
p
Y
A
, ρ
(n)
g
ρµ
[Ω
(p)αγ
(p)µβ
(p)αβ
(p)µγ
]
+
N
p=n+1
N
s=n+1
p
s
n
A
p
{
(s)αβ
A
[ps]γ
(s)αγ
A
[ps]β
}. (1.25)
Mas
Y
M
, α
(Y
R
, γ
Y
C
, β
Y
R
, β
Y
C
, γ
)[
(N)
Γ
A
MR, C
(N)
Γ
A
DR
(N)
Γ
D
MC
]
(N)
R
A
MRP
Y
M
, α
Y
R
, β
Y
P
, γ
,
onde
(N)
R
A
MRP
representa o tensor de Riemann constru´ıdo com a geometria de U
N
. Assim, a
equa¸ao (1.25) fica:
(n)
R
ρ
αβγ
Y
A
, ρ
=
(N)
R
A
MRP
Y
M
, α
Y
R
, β
Y
P
, γ
+
N
p=n+1
p
n
A
p
[
γ
(p)αβ
β
(p)αγ
]
+
N
p=n+1
p
Y
A
, ρ
(n)
g
ρµ
[Ω
(p)αγ
(p)µβ
(p)αβ
(p)µγ
]
+
N
p=n+1
N
s=n+1
p
s
n
A
p
{
(s)αβ
A
[ps]γ
(s)αγ
A
[ps]β
}. (1.26)
Po de-se mostrar atrav´es de um alculo direto que, contraindo a equa¸ao acima com
(N)
g
AQ
Y
Q
, δ
,
obtemos
(n)
R
δαβγ
=
(N)
R
QMRP
Y
Q
, δ
Y
M
, α
Y
R
, β
Y
P
, γ
+
N
p=n+1
p
[Ω
(p)αγ
(p)δβ
(p)αβ
(p)δγ
]. (1.27)
Por outro lado, contraindo (1.26) com
(N)
g
AQ
n
Q
a
, ficamos com
(N)
R
AMRP
n
Q
a
Y
M
, α
Y
R
, β
Y
P
, γ
+ [
γ
(a)αβ
β
(a)αγ
]
+
N
p=n+1
p
{
(p)αβ
A
[ap]γ
(p)αγ
A
[as]β
} = 0. (1.28)
11
As equa¸oes (1.27) e (1.28) ao as chamadas equa¸oes de Gauss-Codazzi. Quando N = n + 1,
essas equa¸oes se reduzem a:
(n)
R
αβγδ
=
(N)
R
ABCD
Y
A
, α
Y
B
, β
Y
C
, γ
Y
D
, δ
+ [Ω
αγ
βδ
αδ
βγ
] (1.29)
e
β
αγ
γ
αβ
=
(N)
R
ABCD
n
A
Y
B
, α
Y
C
, γ
Y
D
, β
, (1.30)
onde =
(N)
g
AB
n
A
n
B
= ±1.
Um vez satisfeitas, as equa¸oes de Gauss-Codazzi estabelecem as condi¸oes necess´arias e
suficientes para que V
n
possa ser imerso em U
N
quando N = n + 1.
1.2 Deriva¸ao Diferencial das Equa¸oes de Campo
Nesta se¸ao, apresentaremos um desenvolvimento covariante que nos mostrar´a como as
equa¸oes de campo de Einstein devem ser modificadas se supormos que nosso universo corres-
ponde a uma variedade 4-dimensional Σ (brana), imersa num espa¸co ambiente 5-dimensional.
A princ´ıpio, consideraremos que o car´ater da dimens˜ao extra pode tanto ser do tipo-espa¸co
quanto do tipo-tempo.
Para construirmos a formula¸ao da teoria, consideremos uma hiper-superf´ıcie lorentziana
4-dimensional Σ com uma etrica
(4)
g
αβ
, imersa num espa¸co ambiente 5-dimensional M com
uma geometria
(5)
g
AB
.
´
Indices latinos mai´usculos (´ındices do espa¸co ambiente) variam de 0 a 4
enquanto ´ındices gregos min´usculos (´ındices de brana) variam de 0 a 3. No presente contexto,
entendemos a brana Σ como uma parti¸ao da variedade M em duas por¸oes, a saber, M
1
e
M
2
. Os vetores n
A
1
e n
A
2
, correspondem aos vetores ortogonais `a Σ. A id´eia de que n
A
1
tenha
sentido oposto `a n
A
2
(cf. Fig. 1.1), corresponde `a chamada simetria Z
2
[18].
Definimos o projetor sobre a brana como
h
AB
i
:=
(5)
g
AB
n
A
i
n
B
i
, (1.31)
onde i = 1 ou 2, e ´e a norma dos vetores normais n
A
1
e n
A
2
. Se = 1, a assinatura do
espa¸co ambiente ´e dada por (, +, +, +, ), de modo que a dimens˜ao extra ´e do tipo-tempo.
12
A
(Y )
AB
AB
(Y )
(Y )
A
(5)
(5)
Y,
A
Figura 1.1: Uma hiper-superf´ıcie Σ (brana) divide a variedade M em duas partes. Dado
um sistema de coordenadas particular Y
A
= (y, x
α
) em M, a brana pode ser definida, por
exemplo, pela equa¸ao y = 0.
Do contr´ario, se = +1, temos uma assinatura dada por (, +, +, +, +), e a dimens˜ao extra ´e
do tip o-espa¸co. De (1.31) vemos que h
AB
1
h
AB
2
, de modo que, a partir de agora supriremos
os ´ındices i em h
AB
i
. Por outro lado, por defini¸ao, segue que:
(4)
g
αβ
= h
AB
Y
A
Y
B
(4)
g
αβ
Y
A
Y
B
h
AB
. (1.32)
Usando enao a rela¸ao (1.32) ao contra´ırmos os ´ındices α e γ na equa¸ao de Gauss (1.29),
teremos que:
(4)
R
βδ
=
(5)
R
BD
Y
B
, β
Y
D
, δ
+ [Ω
i
δ
iαδ
α
(5)
R
ABCD
n
A
n
C
Y
B
, β
Y
D
, δ
], (1.33)
onde definimos
iαβ
:=
(5)
g
AB
Y
A
, α
Y
C
, β
D
C
n
B
i
.
´
E importante destacarmos que o ´ındice i, da
defini¸ao precedente, denota apenas o vetor normal que estamos considerando (n
A
1
ou n
B
2
cf.
Fig. 1.1). Como n
A
1
= n
A
2
, supriremos tamb´em aqui o ´ındice i em
iαβ
quando tivermos a
ocorrˆencia de termos quadr´aticos dos mesmos nas subsequentes equa¸oes.
Po demos ainda reescrever a equa¸ao (1.33) como
(4)
G
βδ
=
(5)
R
BD
Y
B
, β
Y
D
, δ
+ [Ω
βδ
αδ
α
β
]
1
2
(4)
g
βδ
(4)
R E
βδ
, (1.34)
onde definimos E
βδ
:=
(5)
R
ABCD
n
A
n
C
Y
B
, β
Y
D
, δ
.
13
Por outro lado, contraindo β com δ em (1.33), temos que:
(4)
R =
(5)
R + [Ω
2
αδ
αδ
2
(5)
R
BD
n
B
n
D
]. (1.35)
Substituindo este resultado em (1.34), obtemos
(4)
G
βδ
=
(5)
G
BD
Y
B
, β
Y
D
, δ
+
(5)
R
BD
n
B
n
D (4)
g
βδ
+ [Ω
βδ
αδ
α
β
]
1
2
(4)
g
βδ
(Ω
2
αγ
αγ
) E
βδ
. (1.36)
Vejamos agora que para um espa¸co m´etrico 5-dimensional, o tensor de Weyl[19] ´e dado
por
(5)
C
ABCD
=
(5)
R
ABCD
2
3
{
(5)
g
A[C
(5)
R
D]B
(5)
g
B[C
(5)
R
D]A
} +
1
6
(5)
g
A[C
(5)
g
D]B
(5)
R
onde os colchetes acima denotam anti-simetria (isto ´e, para um dado tensor Q
AB
qualquer,
identificamos sua parte anti-sim´etrica por Q
[AB]
1
2
[Q
AB
Q
BA
]).
Definindo enao
E
βδ
:=
(5)
C
ABCD
n
A
Y
B
, β
n
C
Y
D
, δ
, (1.37)
temos que
E
βδ
= E
βδ
+
1
3
[
(5)
R
BD
Y
B
, β
Y
D
δ
+
(5)
R
BD
n
B
n
D(4)
g
βδ
]
1
12
(4)
g
βδ
(5)
R,
onde, por constru¸ao, o tra¸co de E
βδ
´e nulo. Substituindo o resultado acima na equa¸ao (1.36),
obtemos
(4)
G
βδ
=
2
3
(5)
R
BD
Y
B
, β
Y
D
, δ
+
(5)
R
BD
n
B
n
D
1
2
(5)
R
(4)
g
βδ
1
8
(4)
g
βδ
(5)
R
+[Ω
βδ
αβ
α
δ
]
1
2
(4)
g
βδ
(Ω
2
αγ
αγ
) E
βδ
. (1.38)
Suponhamos agora que as equa¸oes de campo para a geometria do espa¸co ambiente sejam
dadas por
(5)
G
AB
+ Λ
5
(5)
g
AB
= κ
2
5
(5)
T
AB
, (1.39)
onde Λ
5
e κ
2
5
correspondem, respectivamente, a uma constante cosmol´ogica e a uma constante
de Einstein, no espa¸co ambiente 5-dimensional. Desta forma, as equa¸oes (1.38) se reescrevem
(4)
G
βδ
=
1
2
Λ
5
(4)
g
βδ
+
2
3
κ
2
5
(5)
T
BD
Y
B
, β
Y
D
, δ
+
(5)
T
BD
n
B
n
D
1
4
(5)
T
(4)
g
βδ
+[Ω
βδ
αβ
α
δ
]
1
2
(4)
g
βδ
(Ω
2
αγ
αγ
) E
βδ
. (1.40)
14
Usando enao as condi¸oes de jun¸ao (vide Apˆendice A), obtemos
(4)
G
βδ
= Λ
4
(4)
g
βδ
+ 8πG
N
τ
βδ
+ κ
4
5
Π
βδ
E
βδ
+ F
βδ
(1.41)
onde definimos
Λ
4
:=
1
2
κ
2
5
Λ
5
+
1
6
κ
2
5
σ
2
,
G
N
:=
κ
4
5
σ
48π
,
Π
βδ
:=
1
4
τ
α
β
τ
δα
+
1
12
ττ
βδ
+
1
8
(4)
g
βδ
τ
αµ
τ
αµ
1
24
τ
2(4)
g
βδ
,
F
βδ
:=
2
3
κ
2
5
(5)
T
BD
Y
B
, β
Y
D
, δ
+
(5)
T
BD
n
B
n
D
1
4
(5)
T
(4)
g
βδ
. (1.42)
Aqui, Λ
4
corresponde a uma constante cosmol´ogica efetiva enquanto G
N
´e a constante de
Newton na brana. Vejamos que as equa¸oes (1.41) se reduzem as equa¸oes de campo cl´assicas
de Einstein se fizermos Λ
5
e κ
2
5
0 (mantendo-se G
N
finito). Vale tamb´em notar que como
num regime de baixas energias a gravita¸ao ´e uma intera¸ao sempre atrativa (isto ´e, G
N
> 0),
devemos ter σ < 0 se supormos uma dimens˜ao extra tipo-tempo ( = 1). Caso contr´ario
(para = +1), devemos ter σ > 0.
Emb ora as equa¸oes (1.41) nos mostrem os termos de corre¸ao que devem surgir numa
teoria geom´etrica para o campo gravitacional (devido a introdu¸ao de uma dimens˜ao extra ao-
compacta), devemos lembrar que as condi¸oes de jun¸ao (cf. Apˆendice A) o valem no limite
em que nos aproximamos da brana. Assim, tomando por exemplo o sistema de coordenadas
Y
A
= (y, x
α
) onde definimos a brana pela equa¸ao y = 0 tais equa¸oes de campo devem
ser satisfeitas apenas quando y 0. Contudo, para derivarmos tais condi¸oes de jun¸ao
utilizadas em (1.41), introduzimos uma distribui¸ao δ(y) na forma de
(5)
T
AB
para enfatizarmos
a presen¸ca de campos de mat´eria restritos a brana. De fato, este ´e um artif´ıcio amplamente
utilizado[18, 20] para que possamos expressar a curvatura extr´ınseca em termos do conte ´udo
material presente na mesma. Portanto, ao considerarmos uma distribui¸ao δ(y) em
(5)
T
AB
,
vemos que, por constru¸ao, F
βδ
depende tamb´em desta distribui¸ao. Como ao a sentido
em se tomar o limite de uma distribui¸ao δ(y) quando y 0, ao a sentido em se tomar o
limite de F
βδ
e, por conseguinte, da equa¸ao (1.41). Evidentemente, o aparecimento de uma
distribui¸ao nas equa¸oes de campo corrigidas se deve a derivao diferencial que apresentamos
aqui. Para eliminarmos este problema, exibiremos agora uma derivao alternativa (usando
15
um princ´ıpio variacional), de modo a reproduzirmos as mesmas corre¸oes supramencionadas
nas equa¸oes de campo de Einstein sem a distribui¸ao δ(y) em F
βδ
.
1.3 Deriva¸ao Variacional das Equa¸oes de Campo
Para construirmos a ao da teoria, consideremos novamente o contexto da se¸ao anterior.
Isto ´e, suponhamos uma brana lorentziana 4-dimensional Σ com uma m´etrica
(4)
g
αβ
, imersa
num espa¸co ambiente 5-dimensional M com uma geometria
(5)
g
AB
. Al´em disso, Σ corresponde
a uma h´ıper-superf´ıcie (que divide a variedade M em duas por¸oes, M
1
e M
2
) com vetores
normais n
A
1
e n
A
2
satisfazendo `a simetria Z
2
. (cf. Figura 1.1).
A forma que Σ se encontra “encurvada” em M pode ser calculada pelos tensores usuais
K
iAB
Y
A
, α
Y
B
, β
:=
iαβ
(5)
g
AB
Y
A
, α
Y
C
, β
D
C
n
B
i
, (1.43)
onde i = 1 ou 2. Devido a simetria Z
2
, definimos a chamada curvatura extr´ınseca da brana
por K
1AB
.
Da defini¸ao acima decorrem as seguintes propriedades:
K
iAB
= h
C
B
D
C
n
A
= K
iBA
e K
iAB
n
B
0. (1.44)
Consideremos enao a ao da teoria por
S =
1
2κ
2
5
M
1
(5)
g
(5)
R
5
+ 2κ
2
5
L
5
(
(5)
g
AB
, Φ)
d
5
x 2
Σ
(4)
gK
1
d
4
x
+
M
2
(5)
g
(5)
R
5
+ 2κ
2
5
L
5
(
(5)
g
AB
, Φ)
d
5
x + 2
Σ
(4)
gK
2
d
4
x
+
1
2
Σ
(4)
g
1
2κ
2
4
(4)
R 2σ
d
4
x +
Σ
(4)
gL
4
(g
αβ
, ρ, φ)d
4
x, (1.45)
onde κ
2
5
e κ
2
4
correspondem `as constantes de Einsten 5-dimensional e 4-dimensional respec-
tivamente.
(5)
R ´e o escalar de Ricci constru´ıdo com a geometria
(5)
g
AB
e
(4)
R o escalar de
curvatura calculado sobre a brana com a geometria induzida
(4)
g
αβ
. Por outro lado, as quan-
tidades K
1
e K
2
ao os tra¸cos dos tensores de curvatura extr´ınseca enquanto o parˆametro σ
´e a chamada tens˜ao na brana. Λ
5
corresponde a uma constante cosmol´ogica 5-dimensional e,
finalmente, L
4
(g
αβ
, ρ, φ) e L
5
(
(5)
g
AB
, Φ) designam as densidades lagrangeanas de mat´eria na
brana e no espa¸co ambiente respectivamente.
16
Para efeito de alculo, seja
S
1
:=
M
1
(5)
g
(5)
R d
5
x 2
Σ
(4)
gK
1
d
4
x. (1.46)
Temos ent˜ao que
δ
M
1
(5)
g
(5)
R d
5
x =
M
1
(5)
g
(5)
G
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x
+
M
1
(5)
g
(5)
g
AB
(δ
(5)
R
AB
)d
5
x. (1.47)
Mas
M
1
(5)
g
(5)
g
AB
(δ
(5)
R
AB
)d
5
x =
M
1
(5)
gD
A
[
(5)
g
CD
δ
(5)
Γ
A
CD
(5)
g
AC
δ
(5)
Γ
D
CD
]d
5
x. (1.48)
Definindo
v
A
:=
(5)
g
CD
δ
(5)
Γ
A
CD
(5)
g
AC
δ
(5)
Γ
D
CD
, (1.49)
obtemos de (1.3) que
δ
M
1
(5)
g
(5)
R d
5
x =
M
1
(5)
g
(5)
G
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x
+
M
1
(5)
g D
A
v
A
d
5
x. (1.50)
Notemos que v
A
pode ser facilmente reescrito como
v
A
= D
C
(δ
(5)
g
CA
)
(5)
g
DC
D
A
(δ
(5)
g
DC
). (1.51)
Vejamos agora que num espa¸co Riemanniano n -dimensional, a forma generalizada do teo-
rema de Gauss se escreve:
V
A
(
(n)
g v
A
)d
n
x =
V
(n1)
g (v
A
n
A
)d
n1
x. (1.52)
Entretando, em nosso caso temos uma variedade Σ pseudo-Riemanniano 1 + 3, imersa num
espa¸co ambiente onde, a priori, a dimens˜ao extra pode tanto ser tipo-espa¸co quanto tipo-
tempo. Desta forma, ´e imediato ver que a adapta¸ao direta da lei de Gauss generalizada para
o nosso contexto se escreve
V
A
(
(5)
g v
A
)d
5
x =
V
(4)
g (v
A
n
1A
)d
4
x. (1.53)
17
Assim, pelo teorema de Gauss generalizado, segue que:
M
1
(5)
g (D
A
v
A
)d
5
x =
M
1
(4)
g (v
A
n
1A
)d
4
x (1.54)
Supondo enao que v
A
se anule no infinito mas ao sobre a brana, temos:
M
1
(5)
g (D
A
v
A
)d
5
x =
Σ
(4)
g (v
A
n
1A
)d
4
x. (1.55)
.
Agora,
v
A
n
1A
=
(5)
g
BC
n
A
1
[D
C
(δ
(5)
g
AB
) D
A
(δ
(5)
g
BC
)]. (1.56)
Entretanto, como h
A
B
= δ
A
B
n
A
1
n
1B
, segue que
n
A
1
n
B
1
n
C
1
[D
A
(δ
(5)
g
BC
) D
C
(δ
(5)
g
AB
)] = 2n
A
1
n
B
1
n
C
1
[D
[A
(δ
(5)
g
|B|C]
)] 0
e
v
A
n
1A
= n
A
1
h
BC
[D
C
(δ
(5)
g
AB
) D
A
(δ
(5)
g
BC
)]. (1.57)
Vejamos agora que K
1
= K
1AB
h
AB
. Portanto,
δK
1
= δ(h
A
B
)(D
A
n
B
1
) h
A
B
(δ
(5)
Γ
B
AC
)n
C
1
h
A
B
(δn
B
1
)
, A
, (1.58)
onde
(δh
A
B
)(D
A
n
B
1
) = δ(
(5)
δ
A
B
n
A
1
n
1B
)D
A
n
B
1
= [(δn
A
1
)n
1B
+ n
A
1
(δn
1B
)]D
A
n
B
1
.
Mas
δ(n
A
1
n
1A
) = δ(n
A
1
)n
1A
+ n
A
1
δ(n
1A
) = δ() = 0. (1.59)
Isto ´e:
δ(n
1A
) = n
1A
n
1B
δ(n
B
1
). (1.60)
Logo
(δh
A
B
)(D
A
n
B
1
) = δ(n
C
1
)(n
1B
K
B
1C
) 0. (1.61)
18
Por outro lado, lembremos que
(4)
g
αβ
= h
AB
Y
A
, α
Y
B
, β
. Portanto, temos det g det h e
δ
Σ
K
1
(4)
gd
4
x =
Σ
(δK
1
)
hd
4
x +
1
2
Σ
K
1
h
AB
h(δh
AB
)d
4
x = (1.62)
Σ
h
A
B
[(δ
(5)
Γ
B
AC
)n
C
1
+ D
A
(δn
B
1
)]
hd
4
x
1
2
Σ
K
1
h
AB
h(δh
AB
)d
4
x.
Mas
h
A
B
(δ
(5)
Γ
B
AC
)n
C
1
=
1
2
n
C
1
h
AD
D
C
(δ
(5)
g
AD
). (1.63)
Substituindo esse resultado em (1.62), obtemos:
δ
Σ
K
1
hd
4
x =
Σ
1
2
n
C
1
h
AD
D
C
(δ
(5)
g
AD
) + h
A
B
D
A
(δn
B
1
)
hd
4
x
1
2
Σ
K
1
h
AB
h(δh
AB
)d
4
x. (1.64)
Usando enao esta rela¸ao, temos de (1.46) que
δS
1
=
M
1
(5)
g
(5)
G
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x +
M
1
(5)
g D
A
v
A
d
5
x
+
Σ
h[n
C
1
h
AD
D
C
(δg
AD
) + 2h
A
B
D
A
(δn
B
1
)]d
4
x +
Σ
hK
1
h
AB
(δh
AB
)d
4
x.
Po demos ainda reescrever a equa¸ao acima como:
δS
1
=
M
1
(5)
g
(5)
G
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x +
+
Σ
h[n
A
1
h
BC
D
C
(δ
(5)
g
AB
) + 2h
A
B
D
A
(δn
B
1
) + K
1
h
AB
(δh
AB
)]d
4
x (1.65)
onde usamos (1.55) e (1.57).
Entretanto, vejamos que:
n
A
1
h
BC
D
C
(δ
(5)
g
AB
) = h
BC
D
C
[n
A
1
δ
(5)
g
AB
] h
BC
(D
C
n
A
1
)δ
(5)
g
AB
= h
BC
D
C
[n
A
1
δ
(5)
g
AB
] h
BC
(D
C
n
A
1
)(δh
AB
) h
BC
(D
C
n
A
1
)δ(n
1A
n
1B
)
= h
BC
D
C
[n
A
1
δ
(5)
g
AB
] h
BC
(D
C
n
A
1
)(δh
AB
) h
BC
(D
C
n
A
1
)n
1A
(δn
1B
)
= h
BC
D
C
[n
A
1
δ
(5)
g
AB
] + K
AB
1
δh
AB
onde usamos (1.60).
Substituindo este resultado em (1.65), obtemos:
δS
1
=
M
1
(5)
g
(5)
G
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x
+
Σ
h[h
BC
D
C
[n
A
1
δ
(5)
g
AB
] + 2h
A
B
D
A
(δn
B
1
) + (K
1
h
AB
K
1AB
)(δh
AB
)]d
4
x. (1.66)
19
Mas
h
BC
D
C
[n
A
1
δ
(5)
g
AB
] + 2h
A
B
D
A
(δn
B
1
) = h
BC
D
C
[δn
1B
(5)
g
AB
δn
A
1
] + 2h
A
B
D
A
(δn
B
1
)
= h
BC
D
C
[δn
1B
(5)
g
AB
δn
A
1
] + 2h
A
B
D
A
[
(5)
δ
B
C
δn
C
1
] = h
BC
D
C
[δn
1B
+
(5)
g
AB
δn
A
1
]
= h
BC
D
C
[n
1D
n
1B
δn
D
1
+
(5)
g
BD
δn
D
1
] = h
BC
D
C
[h
BD
δn
D
1
],
de modo que, definindo d
B
:= h
C
B
D
C
como o operador de derivada covariante sobre a brana,
temos
h
BC
D
C
[n
A
1
δ
(5)
g
AB
] + 2h
A
B
D
A
(δn
B
1
) = d
B
[h
B
D
δn
D
1
]. (1.67)
Portanto:
Σ
h[h
BC
D
C
(n
A
1
δ
(5)
g
AB
) + 2h
A
B
D
A
(δn
B
1
)]d
4
x =
Σ
h[d
B
(h
B
D
δn
D
1
)]d
4
x
=
Σ
[
h(h
B
D
δn
D
1
)]
,B
d
4
x =
Σ
(4)
g(h
B
D
δn
D
1
)¯n
B
d
4
x, (1.68)
onde ¯n
B
corresponde ao vetor normal `a Σ da brana. Mas, ´e acil ver de (1.60) que
δn
B
1
= n
A
1
n
B
1
δn
1A
(δn
D
1
)h
B
D
= 0. (1.69)
Logo,
Σ
h(h
B
D
δn
D
1
)¯n
B
d
4
x = 0 (1.70)
e,
δS
1
=
M
1
(5)
g
(5)
G
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x +
Σ
h(K
1AB
K
1
h
AB
)(δh
AB
)d
4
x.
Analogamente, definindo
S
2
:=
M
2
(5)
g
(5)
R d
5
x + 2
Σ
hK
2
d
4
x, (1.71)
obtemos:
δS
2
=
M
2
(5)
g
(5)
G
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x
Σ
h(K
2AB
K
2
h
AB
)(δh
AB
)d
4
x,
onde a diferen¸ca de sinal entre δS
1
e δS
2
(no segundo termo) se deve a simetria Z
2
.
20
Por outro lado, atraes de um alculo direto vemos que a vari¸ao funcional dos demais
termos da ao S resultada nas usuais express˜oes:
δ
Σ
(4)
g
(4)
Rd
4
x =
Σ
h
(5)
G
AB
(δh
AB
)d
4
x,
δ
Σ
(4)
g σd
4
x =
1
2
Σ
h σh
AB
(δh
AB
)d
4
x,
δ
Σ
(4)
g L
4
(g
αβ
, φ)d
4
x =
1
2
Σ
h τ
AB
(δh
AB
)d
4
x,
δ
M
i
(5)
g Λ
5
d
5
x =
1
2
M
i
(5)
g Λ
5
(5)
g
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x
e,
δ
M
i
(5)
g L
5
(
(5)
g
ab
, ρ, Φ)d
4
x =
1
2
M
i
(5)
g
(5)
T
AB
(δ
(5)
g
AB
)d
5
x,
onde i = 1 ou 2. Portanto:
δS =
1
2κ
2
5
M
1
(5)
g [
(5)
G
AB
+ Λ
(5)
5
g
AB
κ
2
5
(5)
T
AB
](δ
(5)
g
AB
)d
5
x +
M
2
(5)
g [
(5)
G
AB
+ Λ
(5)
5
g
AB
κ
2
5
(5)
T
AB
](δ
(5)
g
AB
)d
5
x
+
1
2κ
2
4
Σ
h [
(5)
G
AB
+ κ
2
4
(σh
AB
τ
AB
)](δh
AB
)d
4
x
+
2κ
2
5
Σ
h[K
1AB
K
2AB
(K
1
+ K
2
)h
AB
](δh
AB
)d
4
x. (1.72)
Logo, a varia¸ao da ao com respeito a m´etrica do espa¸co ambiente
(5)
g
AB
, nos a:
(5)
G
AB
+ Λ
5
(5)
g
AB
= κ
2
5
(5)
T
AB
. (1.73)
Por outro lado, definindo
X
iAB
:= K
iAB
K
i
h
AB
, (1.74)
a varia¸ao da ao com respeito a h
AB
nos fornece
(4)
G
AB
+
κ
2
4
κ
2
5
(X
1AB
X
2AB
) = κ
2
4
(τ
AB
σh
AB
). (1.75)
21
Dadas as fun¸oes de imers˜ao Y
A
, a equa¸ao acima pode ser reescrita nos ´ındices de brana.
Isto ´e:
(4)
G
αβ
+
κ
2
4
κ
2
5
(X
1αβ
X
2αβ
) = κ
2
4
(τ
αβ
σ
(4)
g
αβ
). (1.76)
onde X
iαβ
iαβ
i
(4)
g
αβ
. Suponhamos agora que a escala de intera¸ao gravitacional seja
muito maior na brana do que no espa¸co ambiente, isto ´e, κ
2
4
κ
2
5
. Desta forma obtemos a
seguinte rela¸ao:
X
1αβ
X
2αβ
= κ
2
5
(τ
αβ
σ
(4)
g
αβ
). (1.77)
Tomando o tra¸co da rela¸ao acima temos que
1
2
=
1
3
κ
2
5
(τ 4σ). (1.78)
Logo:
1αβ
2αβ
= κ
2
5
τ
αβ
1
3
(τ σ)
(4)
g
αβ
. (1.79)
Mas, pela simetria Z
2
, sabemos que
1αβ
=
2αβ
. Desta forma, obtemos enao que o tensor
de curvatura extr´ınseca da brana ´e dado por
αβ
:=
1
2
κ
2
5
τ
αβ
1
3
(τ σ)
(4)
g
αβ
. (1.80)
Da express˜ao acima vemos claramente que a condi¸ao κ
2
4
κ
2
5
corresponde diretamente as
condi¸oes de jun¸ao utilizadas na se¸ao precedente.
Considerando portanto as equa¸oes (1.73) e (1.80), junto com a equa¸ao de Gauss, reobte-
mos, de acordo com a se¸ao anterior que
(4)
G
µν
= Λ
4
(4)
g
µν
+ 8πG
N
τ
µν
+ κ
4
5
Π
µν
E
µν
+ F
µν
. (1.81)
Por outro lado, utilizando a rela¸ao (1.80) vemos que ao contrair α com γ nas equa¸oes de
Codazzi (1.30), obtemos:
β
α
α
β
=
1
2
κ
2
5
α
τ
α
β
. (1.82)
Assim, impondo que
α
τ
α
β
= 0 obtemos
β
E
βδ
= κ
4
5
β
Π
βδ
+
β
F
βδ
. (1.83)
22
Ou seja, dado um conte´udo material em nossa brana, ao podemos inferir, indiretamente,
as componentes de E
βδ
associadas ao tensor de Weyl do espa¸co ambiente. Isto porque apesar
de a divergˆencia de tal termo estar associada ao conte´udo de mat´eria em nosso universo,
precisamos saber ainda quais ao os poss´ıveis tipos de fluido, presentes no espa¸co ambiente,
que satisfazem (1.83).
1.4 Aplicao Cosmol´ogica
At´e agora, todo o desenvolvimento que fizemos foi no sentido de encontrarmos quais se-
riam os termos de corre¸ao (devido a introdu¸ao de uma dimens˜ao extra ao-compacta) nas
equa¸oes de campo de Einstein, independente de modelo. Isto ´e, ao consideramos a priori
nenhuma geometria ou conte´udo material, seja para a brana ou para o espa¸co de ambiente.
Al´em disso, ao sup omos tamb´em qual seria o car´ater de nossa dimens˜ao extra. Embora
o caso de uma dimens˜ao extra tipo-espa¸co[14] tenha interessantes implica¸oes cosmol´ogicas,
o problema da singularidade inicial ainda ´e manifesto e refor¸cado neste cen´ario. Vejamos
enao o que ocorre quando consideramos uma teoria alternativa na qual a dimens˜ao extra seja
do tipo-tempo. Para examinarmos a consequˆencia cosmol´ogica desta hip´otese, consideremos
uma geometria induzida (na brana) homogˆenea a isotr´opica expressa pelo seguinte elemento
de linha nas coordenadas (t, r, θ, φ):
ds
2
= dt
2
a
2
(t)
1
1 kr
2
dr
2
+ r
2
(
2
+ sin
2
θ
2
)
, (1.84)
onde k denota a 3-curvatura e a(t) corresponde a um fator de escala respons´avel pela dinˆamica
do espa¸co-tempo.
Suponhamos agora que o conte´udo material de nosso modelo corresponda a um fluido
perfeito[1] com tensor energia-momento dado por
τ
αβ
= (ρ + p)U
α
U
β
+ p
(4)
g
αβ
, (1.85)
onde tomamos ρ ρ(t), p p(t) e U
α
δ
0
α
.
Desta forma, segue de (1.81) a seguinte equa¸ao de Friedmann modificada:
H
2
+
k
a
2
Λ
4
3
=
8πG
N
3
ρ
ρ
2
2|σ|
+
1
3
(E
00
F
00
), (1.86)
23
onde definimos H :=
˙a
a
com ˙a
da
dt
.
Assim, se E
00
= F
00
, o termo proporcional a ρ
2
desempenha um papel crucial na equa¸ao
(1.86). De fato, considerando uma equa¸ao de estado p = αρ com α 0, vemos que a presen¸ca
de uma singularidade inicial (a = 0) para o nosso universo ´e eliminada por completo.
Entretanto, a imposi¸ao de que E
00
seja igual `a F
00
parece, em princ´ıpio, bastante compli-
cada se E
00
e F
00
ao forem nulos. Isto porque precisamos de um fluido no espa¸co ambiente
que, conectado com a geometria e fun¸oes de imers˜ao, satisfa¸ca a equa¸ao (1.83). Por esta
raz˜ao suporemos, por enquanto, E
00
= 0 = F
00
. Dada esta premissa, vemos claramente que
as equa¸oes de campo para o espa¸co de ambiente ao dadas por
(5)
G
AB
+ Λ
5
(5)
g
AB
= 0. (1.87)
Para termos uma constante cosmol´ogica efetiva Λ
4
positiva, devemos supor em (1.42)
que Λ
5
> 0. A motivao para tomarmos um valor positivo de Λ
4
ficar´a clara a seguir. Por
simplicidade, suponhamos ent˜ao que a etrica do espa¸co ambiente seja descrita pela geometria
de De-Sitter 5-dimensional usual:
ds
2
=
k
Λ
5
6
v
2
du
2
v
2
1
1 kR
2
dR
2
+ R
2
(
2
+ sin
2
ξ
2
)
1
k
Λ
5
6
v
2
dv
2
. (1.88)
Resta-nos agora encontrar fun¸oes que realizem a imers˜ao de um espa¸co-tempo tipo FRW
4-dimensional, em tal variedade 5-dimensional. Consideremos ent˜ao as seguintes fun¸oes:
u := u(t), v := v(t), R := r, ξ := θ e ψ := φ. (1.89)
Impondo que
v(t) = a(t) e u(t) =
1
k
Λ
5
6
a
2
2

Λ
5
6
a
2
k
˙a
2
dt, (1.90)
´e imediato ver que recuperamos a geometria FRW induzida (1.84).
Certamente o modelo descrito acima nos motiva na constru¸ao de uma cosmologia no
cen´ario da teoria de branas-mundo com uma dimens˜ao extra (n˜ao-compacta) tipo-tempo. Isto
porque, como vimos acima, a ausˆencia da singularidade inicial ´e manifesta para qualquer
tipo de fluido perfeito com p 0. Assim, nosso objetivo no cap´ıtulo seguinte ser´a o de aper-
fei¸coarmos esse modelo, introduzindo um campo escalar massivo (na brana) ao-minimamente
acoplado com a curvatura para que possamos reobter o paradigma inflacion´ario. Neste cen´ario,
a presen¸ca de uma constante cosmol´ogica efetiva Λ
4
positiva ´e fundamental.
24
Cap´ıtulo 2
Ressonˆancia ao-Linear e
Condi¸oes Iniciais para a Infla¸ao
“Vˆe! teu terr´ıvel imp´erio, Caos! est´a restaurado;
A luz morre ante tua palavra aniquiladora;
Tua ao, grande Anarca! deixa a cortina cair;
E a treva universal tudo sepulta.”
Alexander Pope, The Dunciad
De acordo com o Paradigma Inflacion´ario, a condi¸ao forte de energia ρ + 3p > 0 deve ser
violada para que o universo primordial tenha atravessado uma fase de expans˜ao acelerada.
Neste contexto, um forte candidato para um fluido que satisfa¸ca esta viola¸ao corresp onde a
uma constante cosmol´ogica com equa¸ao de estado p = ρ. De fato, na teoria da Relativi-
dade Geral, uma boa aproxima¸ao de ordem zero para a cosmologia inflacion´aria corresponde
`a solu¸ao de De Sitter onde a constante cosmol´ogica ´e interpretada como um fluido ex´otico
por ter uma press˜ao negativa. Contudo, para que o paradigma da teoria cl´assica seja consis-
tente, precisamos que a era inflacion´aria tenha uma sa´ıda suave para o modelo de Friedmann,
do contr´ario p erderemos importantes previs˜oes do modelo padr˜ao como a Nucleoss´ıntese[19].
Considerando um modelo com constante cosmol´ogica na teoria cl´assica, onde o conte´udo ma-
terial de nosso universo seja dado por radia¸ao e poeira, vemos que uma era inflacion´aria
25
(onde tal constante dominasse) nunca p oderia ser seguida de uma era dominada por radia¸ao
e, posteriormente, por poeira. Como essas fases ao indispens´aveis para a constru¸ao de um
modelo cosmol´ogico coerente, precisamos supor a presen¸ca de um fluido alternativo no uni-
verso primordial que viole a condi¸ao forte de energia. Neste cen´ario surgiu o chamado inflaton
(ou campo escalar) o qual imita um fluido ideal podendo, dentro de certa aproxima¸ao[1], ter
uma equa¸ao de estado do tipo p = ρ. Embora esta abordagem nos forne¸ca uma expans˜ao
acelerada seguida pelo modelo cosmol´ogico padr˜ao, o problema da singularidade cl´assica inicial
permanece ainda como um enigma perturbador.
Neste cap´ıtulo, nosso objetivo ser´a o de reobtermos o paradigma inflacion´ario para um
modelo de universo ao singular mediante a introdu¸ao de um campo escalar massivo ao
minimamente acoplado com a curvatura[2] na brana. Para isto utilizaremos a formula¸ao
te´orica do cap´ıtulo precedente supondo uma dimens˜ao extra do tipo-tempo.
2.1 O Modelo Geral e as Equa¸oes Dinˆamicas
No contexto do cap´ıtulo anterior, suponhamos que nosso universo se encontre imerso num
espa¸co ambiente conformalmente plano (isto ´e: F
αβ
= 0 = E
αβ
). Suponhamos tamb´em que
o conte´udo material de nosso universo seja dado, em princ´ıpio, por um conjunto de fluidos
perfeitos ao interagentes entre si, e um campo escalar φ massivo com uma constante de
acomplamento ξ. Isto ´e, definimos a lagrangeana de mat´eria como
(4)
gL
4
=
(4)
g
i
ρ
i
1
2
g
αβ
φ
φ
+ m
2
φ
2
+
ξ
2
(4)
2
. (2.1)
O ´ındice i acima denota cada componente de fluido perfeito com equa¸ao de estado p
i
= α
i
ρ
i
(onde os coeficientes α
i
ao constantes), sem soma sobre os ´ındices. Decorre da densidade
lagrangeana (2.1) que o tensor energia-momento de nosso modelo ´e dado por:
τ
αβ
=
i
[(1 + α
i
)ρ
i
U
α
U
β
+ α
i
ρ
i
(4)
g
αβ
] + φ
, α
φ
, β
1
2
(φ
, γ
φ
, δ
+ m
2
φ
2
)
(4)
g
γδ
+ξ[
(4)
g
αβ
(φ
2
)
α
β
(φ
2
)
(4)
G
αβ
φ
2
]. (2.2)
26
Consideremos agora as defini¸oes
˜τ
αβ
:=
i
[(1 + α
i
)ρ
i
U
α
U
β
+ α
i
ρ
i
(4)
g
αβ
]
e
¯τ
αβ
:= φ
, α
φ
, β
1
2
(φ
, γ
φ
, δ
+ m
2
φ
2
)
(4)
g
γδ
+ξ[
(4)
g
αβ
(φ
2
)
α
β
(φ
2
)
(4)
G
αβ
φ
2
].
Admitindo uma geometria homogˆenea e isotr´opica (da forma (1.84)) induzida sobre a brana,
ao impormos que
α
˜τ
α
β
= 0 =
α
¯τ
α
β
, obtemos
ρ
i
=
E
i
a
3(1+α
i
)
, (2.3)
onde E
i
ao constantes de movimento, e
¨
φ + 3
˙a
a
˙
φ + m
2
φ + 6ξ
¨a
a
+ (
˙a
a
)
2
+
k
a
2
= 0. (2.4)
Neste cap´ıtulo fixaremos c = 1 = G
N
. Desta forma, nos testes num´ericos das pr´oximas se¸oes
devemos lembrar que os valores das quantidades E
i
tˆem dimens˜ao de 1/L
2
, onde L denota
uma escala de comprimento. A equa¸ao (2.4) corresponde `a equa¸ao de Klein-Gordon a qual,
junto com (2.3), garante automaticamente as condi¸oes de Codazzi
α
Π
α
β
= 0. Por outro
lado, verifica-se por um alculo direto que as equa¸oes de campo corrigidas (1.81) possuem a
integral primeira
˙a
a
2
+
k
a
2
Λ
4
3
=
8πG
N
3
i
ρ
i
+
1
2
˙
φ
2
+
1
2
m
2
φ
2
+ 3ξ
(
˙a
a
)
2
+
k
a
2
φ
2
+ 6ξ
˙a
a
φ
˙
φ
+
κ
4
5
36
i
ρ
i
+
1
2
˙
φ
2
+
1
2
m
2
φ
2
+ 3ξ
(
˙a
a
)
2
+
k
a
2
φ
2
+ 6ξ
˙a
a
φ
˙
φ
2
, (2.5)
desde que a equa¸ao de Klein-Gordon seja satisfeita.
O acoplamento ao-m´ınimo do campo escalar com a curvatura aqui sup osto, ´e particu-
larmente motivado para que tenhamos a possibilidade de construir cen´arios inflacion´arios e
pr´e-inflacion´arios. Para simplificarmos a an´alise das equa¸oes dinˆamicas (2.4) e (2.5), ire-
mos nos restringir a partir de agora ao chamado acoplamento conforme onde ξ =
1
6
. Al´em
disso, por conveniˆencias computacionais, fixaremos k = 1 e κ
4
5
= 6. Reescalonando enao
o campo escalar pela transforma¸ao ϕ := a(t)φ, podemos simplificar consideravelmente as
27
equa¸oes dinˆamicas se as expressarmos no tempo conforme τ :=
1
a(t)
dt. De fato, com estas
transforma¸oes, tais equa¸oes se reduzem a:
a
2
+ a
2
Λ
4
3
a
4
=
|σ|
3
a
4
i
ρ
i
+
1
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2

1
6a
4
a
4
i
ρ
i
+
1
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2

2
, (2.6)
e
ϕ

+ (1 + m
2
a
2
) ϕ = 0, (2.7)
onde definimos f
:=
df
para uma fun¸ao f(τ) arbitr´aria.
As equa¸oes (2.6) e (2.7) constituem as equa¸oes dinˆamicas asicas, definidas no espa¸co
de fase (ϕ, ϕ
, a, a
), a serem exploradas neste cap´ıtulo.
Vale notar aqui que quando m = 0, o sistema de equa¸oes dinˆamicas acima ´e separ´avel
e, consequentemente, integr´avel. Isto ´e, neste caso a equa¸ao de Klein-Gordon possui uma
integral primeira E
0
ϕ
=
1
2
(ϕ
2
+ ϕ
2
) e, substituindo este resultado em (2.6), segue que
τ
da
Λ
4
3
a
4
a
2
+
|σ|
3
a
4
i
ρ
i
+ E
0
ϕ
1
6a
4
a
4
i
ρ
i
+ E
0
ϕ
2
.
De acordo com essa express˜ao, a solu¸ao para o fator de escala a(τ) (para valores apropri-
ados de α
i
) pode ser reduzida em geral a uma soma de fun¸oes elementares com integrais
el´ıpticas[22]. Como veremos a seguir, o caso integr´avel ´e de grande importˆancia para derivar-
mos um procedimento semi-anal´ıtico que localizar´a, no espa¸co dos parˆametros, as regi˜oes nas
quais um escape para a infla¸ao possa ser realizado.
2.2 A Estrutura do Espco de Fase
A partir das equa¸oes (2.6) e (2.7), definimos o seguinte sistema dinˆamico
ϕ
= p
ϕ
, p
ϕ
= (1 + m
2
a
2
) ϕ,
a
= p
a
/6, p
a
= 6a +
4
a
3
|σ|
i
(3α
i
1)
E
i
a
3α
i
m
2
2
(2.8)
+
i
E
i
a
3α
i
+1
+
1
2a
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2

j
(3α
j
+ 1)
E
j
a
3α
j
+2
+
1
a
3
ϕ
2
+ ϕ
2

,
28
onde substituimos (2.3) em (2.6).
Definindo agora
H := 3a
2
+ 3a
2
Λ
4
a
4
|σ|
a
4
i
ρ
i
+
1
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2

+
1
2a
4
a
4
i
ρ
i
+
1
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2

2
, (2.9)
temos que o v´ınculo H = 0 corresponde a equa¸ao dinˆamica (2.6). Por outo lado, de tal
v´ınculo segue que
H
p
a
=
p
a
6
a
(2.10)
e
H
a
= +6a
4
a
3
+ |σ|
i
(3α
i
1)
E
i
a
3α
i
m
2
2
i
E
i
a
3α
i
+1
+
1
2a
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2

×
j
(3α
j
+ 1)
E
j
a
3α
j
+2
+
1
a
3
ϕ
2
+ ϕ
2

p
a
. (2.11)
Desta forma vemos que as vari´aveis a e p
a
satizfazem as equa¸oes canˆonicas de Hamilton.
Entretanto, como H depende de termos de ordem superior em ϕ
, as vari´aveis (ϕ, p
ϕ
) ao ao
canonicamente conjugadas e, por isso, H = 0 ao pode ser tomado como um v´ınculo Hamil-
toniano. Por esta raz˜ao, a primeira e a terceira equa¸oes de (2.8) correspondem simplesmente
a meras redefini¸oes das vari´aveis ϕ
e a
.
Iremos agora nos concentrar em trˆes estruturas asicas que organizam a dinˆamica no espa¸co
de fase de nosso sistema dinˆamico. Tais estruturas nos permitem uma descri¸ao global dos
movimentos associados com cada modelo cosmol´ogico particular.
(i) O Plano Invariante:
Consideremos um plano em nosso espa¸co de fase definido por
ϕ = 0, p
ϕ
ϕ
= 0. (2.12)
Neste caso vemos diretamente das equa¸oes (2.8) que a dinˆamica ´e integr´avel. Por outro
lado, ao fixarmos p
ϕ
= 0 = ϕ, garantimos que a dinˆamica ao evolui na dire¸ao ϕ nem na
29
dire¸ao ϕ
do espa¸co de fase. Isto ´e, ´orbitas com condi¸oes iniciais no plano (2.12) permanecem
totalmente contidas no mesmo ao longo de toda a evolu¸ao do sistema. Assim, denotamos o
plano (2.12) como plano invariante de nosso sistema dinˆamico.
Vale notar que a dinˆamica neste plano ´e an´aloga ao caso separ´avel onde m = 0. Isto ´e,
em ambos os casos o sistema ´e separ´avel e integr´avel, descrito por ´orbitas similares (a menos
de uma constante E
0
ϕ
) no setor (a, p
a
). Como veremos a seguir, para construirmos modelos
cosmol´ogicos pr´e-inflacion´arios tomaremos sempre condi¸oes iniciais suficientemente pr´oximas
do plano invariante.
Como a e p
a
ao vari´aveis canonicamente conjugadas, vemos que a dinˆamica no plano
invariante possui uma integral primeira dada pelo v´ınculo Hamiltoniano
H =
p
a
2
12
+ V (a) |σ|E
rad
= 0, (2.13)
onde E
rad
corresponde a uma constante associada a α
rad
=
1
3
, e V (a) ´e um potencial definido
por
V (a) := 3a
2
Λ
4
a
4
|σ|
i=rad
E
i
a
3α
i
1
+
1
2
i
E
i
a
3α
i
+1
2
. (2.14)
Desta forma, as equa¸oes de movimento geradas pela Hamiltoniana (2.13) ao equivalentes a
terceira e quarta equa¸oes de (2.8) quando restritas ao plano invariante.
Para que V (a) forne¸ca uma barreira de p otencial impedindo a singularidade em a = 0,
precisamos que pelo menos um termo deste potencial caia com
1
a
λ
, onde λ ´e uma constante
positiva. Isto ´e, precisamos que 3α
i
+ 1 > 0 ou, simplesmente, que α
i
>
1
3
. Entretanto, α
i
ao pode ser ao grande quanto desejarmos. Isto porque a velocidade do som num meio ao
pode exceder a velocidade da luz. Como a velocidade do som ´e dada por c
s
=
p
ρ
= α
i
, temos
que α
i
1. Portanto, satisfazendo a desigualdade
1 α
i
>
1
3
, (2.15)
obtemos uma barreira para o potencial que evita a forma¸ao de uma singularidade em a = 0.
Por esta raz˜ao consideraremos a partir de agora somente modelos cosmol´ogicos com o supra-
mencionado dom´ınio de α
i
. Termos de corre¸ao que produzam esse tipo de comportamento
para o potencial ao equivalentes a fluidos com densidades de energia negativa. Isto est´a de
acordo com a previs˜ao de que efeitos quˆanticos possam violar as condi¸oes cl´assicas de energia,
30
eventualmente evitando singularidades de curvatura nos regimes em que a Relatividade Geral
deixa de ser alida[23]. Tais viola¸oes quˆanticas tendem a ocorrer em pequena escala e/ou em
altas curvaturas, casos os quais ser˜ao previstos pelo nosso modelo.
(ii) Pontos Cr´ıticos:
Por defini¸ao, um certo ponto cr´ıtico corresponde a uma solu¸ao estacion´aria de um sistema
dinˆamico dada por
x
= 0 (onde
x = (ϕ, p
ϕ
, a, p
a
) em nosso caso). Desta forma p
a
, p
ϕ
e ϕ
devem ser nulos para um ou mais pontos cr´ıticos do sistema (2.8). Definimos enao os pontos
cr´ıticos no espa¸co de fase por P = (0, 0, a
cr
, 0), onde a
cr
satisfaz a rela¸ao
p
a
= 6a
cr
+
4
a
3
cr
|σ|
i
(3α
i
1)
E
i
a
3α
i
cr
+
i
E
i
a
3α
i
+1
cr
×
j
(3α
j
+ 1)
E
j
a
3α
j
+2
cr
= 0. (2.16)
Por defini¸ao vemos imediatamente que os pontos cr´ıticos se encontram no plano invariante.
Al´em disso, de acordo com o v´ınculo Hamiltoniano (2.13), temos que p
a
=
V
a
. Isto ´e, pontos
cr´ıticos do sistema dinˆamico (2.8) est˜ao associados a extremos do potencial V (a). Dependendo
dos valores de Λ
4
, σ, E
i
e α
i
, podemos ter um ou mais extremos de V (a) (caracterizando um ou
mais valores para a
cr
). De fato este ´e o caso para um valor de Λ
4
fixo e dom´ınios apropriados
de E
i
. As condi¸oes de limite sobre E
i
ao ao em geral analiticamente conhecidas exceto
para os casos de poeira ou radia¸ao, os quais ser˜ao explorados na pr´oxima se¸ao. Para Λ
4
= 0,
o sistema dinˆamico (2.8) tem um ´unico ponto cr´ıtico correspondendo a um m´ınimo global do
potencial V (a). Neste caso, os modelos contruidos mediante a condi¸ao (2.15) ao possuem
interesse f´ısico a que correspondem a universos ao singulares eternamente oscilantes onde a
infla¸ao ao pode ser realizada.
Para examinarmos a natureza dos pontos cr´ıticos e, consequentemente, a natureza do
movimento em suas vizinhan¸cas, vamos linearizar o sistema (2.8) em torno do ponto P =
31
(0, 0, a
cr
, 0). Uma lineariza¸ao imediata de (2.8) nos fornece x
M|
a=a
cr
x onde
M|
a=a
cr
:=
0 1 0 0
(1 + m
2
a
2
cr
) 0 0 0
0 0 0
1
6
0 0
2
V (a)
a
2
|
a=a
cr
0
. (2.17)
Denotando por ξ
s
(onde s = 1, .., 4) os autovalores de M |
a=a
cr
, temos que
ξ
1,2
= ±
1
6
2
V (a)
a
2
a=a
cr
, ξ
3,4
= ±i
1 + m
2
a
2
cr
, (2.18)
onde ξ
1,2
e ξ
3,4
est˜ao relacionados, respectivamente, aos planos (a, p
a
) e (ϕ, p
ϕ
).
Como vimos anteriormente, os pontos cr´ıticos de nosso sistema est˜ao ligados ao extremo do
potencial V (a). Quando
2
V (a)
a
2
a=a
cr
> 0, temos um m´ınimo para o potencial com dois pares
de autovalores imagin´arios puros complexo conjugados, caracterizando o ponto cr´ıtico P
0
como
um centro[24]. Por outro lado, quando
2
V (a)
a
2
a=a
cr
< 0, temos um aximo para o potencial.
Desta forma temos um ponto cr´ıtico P
1
, com um par de autovalores reais (com sinais opostos)
e um par de autovalores imagin´arios. Neste caso P
1
´e chamado de centro-sela[25]. Enquanto
as componentes v
1
= (0, 0, 1,
6V

(a)|
a=a
cr
|
P
1
) e v
2
= (0, 0, 1,
6V

(a)|
a=a
cr
|
P
1
) dos
autovetores de M geram, respectivamente, as variedades inst´avel E
u
e est´avel E
s
no plano
(a, p
a
), as componentes v
3
= (1, 0, 0, 0) e v
4
= (0,
1 + m
2
a
2
cr
|
P
1
, 0, 0) geram uma variedade
tipo centro E
c
no plano (ϕ, p
ϕ
) (cf. Fig. 2.1).
Expandindo a integral primeira (2.6) em torno dos pontos cr´ıticos, temos que:
H
1
12
p
2
a
+
1
2
V

(a
crit
) (a a
crit
)
2
|σ|
2
p
2
ϕ
+ (1 + m
2
a
2
crit
)ϕ
2
+E
crit
|σ|E
rad
+ O(3) = 0, (2.19)
onde O(3) denota os termos de ordem mais alta na expans˜ao e E
crit
V (a
crit
) ´e a energia do
ponto cr´ıtico respectivo. Numa pequena vizinhan¸ca do ponto cr´ıtico estes termos de ordem
superior podem ser desprezados e o movimento ´e separ´avel em dois setores com constantes de
movimento aproximadas, dadas por
E
(a)
=
1
12
p
2
a
+
1
2
V

(a
crit
) (a a
crit
)
2
,
E
(ϕ)
=
1
2
p
2
ϕ
+ (1 + m
2
a
2
crit
)ϕ
2
, (2.20)
32
f
f
p
a
p
a
P
1
E
u
s
c
E
E
Figura 2.1: O ponto cr´ıtico centro-sela P
1
. Enquanto no setor (ϕ, p
ϕ
) temos um centro na
origem, no setor (a, p
a
) temos uma sela em (p
a
= 0, a = a
cr
).
com E
(a)
|σ|E
(ϕ)
+ E
crit
|σ|E
rad
0 e |E
crit
|σ|E
rad
| suficientemente pequeno. Enquanto
no setor (ϕ, p
ϕ
) temos um movimento rotacional associado a uma energia E
(ϕ)
no entorno
dos pontos cr´ıticos, no setor (a, p
a
) temos duas possibilidades. Se V

(a
cr
) > 0 temos um
movimento rotacional com energia E
(a)
numa vizinhan¸ca do ponto cr´ıtico P
0
. Do contr´ario
(V

(a
cr
) < 0), um movimento hiperb´olico ocorre num entorno do ponto cr´ıtico P
1
.
Atrav´es desta an´alise local vemos que o ponto cr´ıtico P
1
define um an´alogo do universo
est´atico inst´avel de Einstein[2]. Ao contr´ario, a configura¸ao de universo est´atico est´avel de
Einstein, correpondente ao ponto cr´ıtico P
0
, ao possui an´alogo cl´assico (isto ´e, ao ´e prevista
pela teoria da Relatividade Geral).
(iii) Separatrizes.
Considerando a forma das ´orbitas numa vizinhan¸ca do ponto cr´ıtico P
1
(cf. Fig 2.1), vemos
que as variedades est´avel E
s
e inst´avel E
u
definem estruturas na forma de quatro separatrizes
no plano invariante.
Quando a(t) , vemos de (2.5) que
˙a
2
Λ
4
3
a
2
a(t) exp
t
Λ
4
/3
(2.21)
ou a(η) (C
0
η)
1
para η C
0
. Assim, ´orbitas no plano invariante sobre as separatrizes
33
E
s
e E
u
`a direita de P
1
tendem assintoticamente (para τ ±∞) a um espa¸co-tempo de De
Sitter. Neste sentido, identificamos um ponto no infinito do espa¸co de fase que atua como um
atrator de De-Sitter, e outro que atua como um repulsor de De-Sitter.
Estamos agora prontos para descrever a topologia de nosso sistema para os casos separ´aveis
considerando uma vizinhan¸ca ao-linear dos pontos cr´ıticos. Para isto iremos introduzir na
pr´oxima se¸ao um modelo cosmol´ogico particular onde as componentes de fluido perfeito ser˜ao
dadas por uma mat´eria fria escura (poeira) e/ou radia¸ao.
2.3 Um Modelo Pr´e-Inflacion´ario
Suponhamos que o conte´udo material em nosso universo primordial fosse dado por uma
componente de mat´eria fria escura (poeira) e/ou radia¸ao, um campo escalar massivo (confor-
malmente acoplado com a curvatura) e uma componente de energia escura descrita por uma
constante cosmol´ogica efetiva Λ
4
. Definindo E
dust
como a constante de poeira associada a
α
dust
= 0, as equa¸oes (2.6) e (2.7) se reduzem a
p
2
a
12
+ V (a) |σ|E
rad
|σ|
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2
+
1
2a
2
E
rad
a
2
+
E
dust
a

ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2
+
1
8a
4
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2
2
= 0, (2.22)
e
ϕ

+ (1 + m
2
a
2
) ϕ = 0, (2.23)
onde
V (a) = 3a
2
Λ
4
a
4
|σ|aE
dust
+
1
2
E
rad
a
2
+
E
dust
a
2
. (2.24)
Como mencionado anteriormente, para um dado valor fixo de Λ
4
o potencial V (a) possui
dois extremos (um m´ınimo e um aximo) para valores apropriados de (|σ|, E
rad
, E
dust
). Ve-
jamos ent˜ao quais ao os limites sobre estes parˆametros de modo a obter dois extremos para
o potencial V (a).
34
Para o caso de pura radia¸ao temos que
V
(a) = 6a
4
a
3
2
a
5
E
2
rad
. (2.25)
Definindo Q(a) := a
5
V
(a), obtemos
Q
(a) = 36a
5
32Λ
4
a
7
. (2.26)
Para que V (a) possua pelo menos dois extremos, Q(a) deve ter duas ra´ızes. Para que isto
ocorra, o valor de seu extremo deve ser positivo, isto ´e Q(¯a) > 0 onde Q
a) = 0. Atrav´es de
um aculo imediato, vemos que ¯a 3
1
4
. Logo
Q
a) =
2187
1024Λ
3
4
2E
2
rad
. (2.27)
Portanto, para que V (a) tenha dois extremos, a desigualdade
E
2
rad
<
2187
2048
1
Λ
4
3
(2.28)
precisa ser satisfeita.
Para o caso de pura poeira temos
V
(a) = 6a
4
a
3
1
a
3
E
2
dust
|σ|E
dust
. (2.29)
Definindo Q(a) := a
3
V
(a) segue que
Q
(a) = 3a
2
(8a
4
a
3
|σ|E
dust
). (2.30)
Novamente, para que V (a) tenha pelo menos dois extremos, Q(a) deve ter duas ra´ızes reais
positivas. Para que isto ocorra, Q(a) deve ter um extremo positivo. Isto ´e, deve existir um
valor a = ˜a tal que Q
a) = 0 e Qa) > 0. Definindo enao R (a) := 8a
4
a
3
|σ|E
dust
,
temos que
R
(a) = 8 24Λ
4
a
2
. (2.31)
Por defini¸ao vemos que R(a) possui um extremo positivo localizado em a = ˆa =
1
4
se
Ra) =
16
3
1
4
|σ|E
dust
> 0. (2.32)
35
d =2.3
d =1.8
=0.9d
d =0.5
d =0.2
±0.6
±0.4
±0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
V( )a
a
Figura 2.2: Curvas para o potencial V (a) para valores de δ |σ|E
dust
. Para altos valores
de |σ|E
dust
o m´ınimo do potencial est´a fora do espa¸co de fase f´ısico. Para |σ|E
dust
2.3
os extremos do potencial (associados as configura¸oes de universo est´aticos est´avel e inst´avel
de Einstein) desaparecem por completo. Neste gr´afico fixamos Λ
4
= 1.5, E
dust
= 10
3
e
E
rad
= 10
2
.
Isso garante que Q(a) tenha dois extremos para a > 0 mas ao garante que um desses extremos
seja positivo. Desta forma, podemos tra¸car um limite superior para E
dust
por
|σ|E
dust
>
16
9
3
Λ
4
. (2.33)
Se a rela¸ao acima for satisfeita, V (a) ao possuir´a nenhum extremo.
Para radia¸ao e poeira, ao possuimos uma forma anal´ıtica fechada dos parˆametros de
modo que V (a) tenha dois extremos. Entretanto, ao ´e dificil verificar que, em geral, o
aumento de |σ|E
dust
, isto ´e, o aumento da intera¸ao gravitacional da componente de poeira
tem o efeito de destruir a configura¸ao de um potencial V (a) com dois extremos. Em outras
palavras, o aumento de |σ|E
dust
tem o efeito de reduzir o volume dispon´ıvel no espa¸co de fase
para ´orbitas inicialmente limitadas (com condi¸oes iniciais dentro do po¸co do p otencial). Isto
´e ilustrado na figura 2.2 onde mostramos o gr´afico do potencial V (a) para arios valores de
|σ| com Λ
4
, E
rad
e E
dust
fixos. Vemos que para |σ|E
dust
2.3 a configura¸ao de um potencial
com dois extremos ao est´a mais presente.
Vejamos agora que no caso integr´avel m = 0, a equa¸ao (2.22) se simplifica em
p
2
a
12
+
˜
V (a) |σ|
E
rad
+ E
0
ϕ
= 0, (2.34)
36
Escapepara
deSitter
S
S
S
S
III
II
II
I
±4
±2
0
2
4
0.5 1 1.5
p
a
a
P
0
P
1
Figura 2.3: O retrato de fase da dinˆamica no plano invariante com pontos cr´ıticos P
0
(centro) e
P
1
(cento-sela) correspondendo, respectivamente, aos universos est´avel e inst´avel de Einstein.
As ´orbitas peri´odicas da regi˜ao I descrevem universos perpetualmente oscilantes.
´
Orbitas na
regi˜ao II ao solu¸oes de universos com um ´unico ricochete. Uma separatriz S que emerge de
P
1
define um escape para um regime inflacion´ario. Os valores adotados dos parˆametros aqui
correspondem a |σ| = 500 e E
rad
= E
dust
= 10
3
.
onde
˜
V (a) = 3a
2
Λ
4
a
4
|σ|aE
dust
+
1
2
E
rad
+ E
0
ϕ
a
2
+
E
dust
a
2
, (2.35)
e E
0
ϕ
(ϕ
2
+ ϕ
2
)/2 ´e uma constante de movimento. Se compararmos a equa¸ao (2.34) com
(2.13) vemos que a dinˆamica integr´avel no plano invariante ´e an´aloga a dinˆamica integr´avel
com m = 0 se fizermos a substitui¸ao E
rad
E
rad
+ E
0
ϕ
. Em outras palavras, o campo escalar
se comporta, no caso integr´avel m = 0, como um fluido de radia¸ao com respeito a dinˆamica
do fator de escala.
Na figura 2.3 exibimos o retrato do espa¸co de fase da dinˆamica integr´avel no plano invari-
ante (ϕ = 0 = p
ϕ
) para o caso de p oeira e radia¸ao, com valores apropriados de |σ| e E
dust
de modo que V (a) possui um pco bem definido com dois extremos. Os pontos cr´ıticos P
0
(centro) e P
1
(centro-sela) correspondem aos universos est´avel e inst´avel de Einstein. Vemos
enao que este modelo nos permite a presen¸ca de universos perpetualmente oscilantes orbitas
peri´odicas na regi˜ao I da figura 2.3). Estas ´orbitas est˜ao associadas com o movimento no
pco do potencial V (a) no entorno da configura¸ao de universo est´avel de Einstein (P
0
) e ao,
basicamente, aquelas para as quais o produto |σ|E
rad
´e menor do que o valor do potencial em
P
1
. As duas separatrizes que emergem do centro-sela P
1
`a esquerda coalescem criando uma
37
liga¸ao homocl´ınica que limita a regi˜ao I. A separatriz que emana deste ponto `a direita, corres-
pondente a variedade inst´avel E
u
(cf. Fig. 2.1), define ´orbitas que escapam para um regime
inflacion´ario. Por outro lado, a separatriz que emana deste ponto `a direita correspondente a
variedade est´avel E
s
, define ´orbitas que colapsam a partir de um espa¸co-tempo de De Sitter.
´
Orbitas na regi˜ao II correspondem a universos com um ´unico ricochete.
´
E importante destacarmos agora algumas diferen¸cas estruturais asicas entre a dinˆamica
integr´avel no plano invariante e aquela do caso integr´avel m = 0. Se ϕ(0) e/ou p
ϕ
(0) ao
ao nulos (no caso integr´avel m = 0), o retrato do espa¸co de fase no plano (a, p
a
) ´e similar
aquele do plano invariante (cf. Fig. 2.3). Entretanto, P
0
e P
1
ao ao mais pontos cr´ıticos
mas sim ´orbitas peri´odicas est´aveis e inst´aveis respectivamente. Devido ao car´ater peri´odico
do sistema numa vizinhan¸ca de P
0
, vemos que tais ´orbitas encontram-se confinadas sobre
superf´ıcies bidimensionais no espa¸co de fase as quais coincidem topologicamente com 2-toros.
Assim a dinˆamica integr´avel ao ´e restrita ao plano mas sim, no caso de uma vizinhan¸ca de
P
0
, envolui em 2-toros que ao o produto direto de curvas fechadas na regi˜ao I com ´orbitas
peri´odicas no setor (ϕ, p
ϕ
).
Uma outra estrutura topol´ogica a ser considerada no caso integr´avel m = 0 ´e a
da dinˆamica das ´orbitas numa vizinhan¸ca de P
1
. Dadas as condi¸oes iniciais p
a
(0) = 0 e
a = a
cr
|
P
1
, o movimento do sistema corresponder´a a uma ´orbita peri´odica inst´avel que varre
um c´ırculo no setor (ϕ, p
ϕ
). Designemos por Γ uma dessas ´orbitas. Consideremos entretanto
um pequeno desvio, sobre as separatrizes `a esquerda de P
1
, de tais condi¸oes iniciais. Assim,
`a medida que o sistema evolui estaremos nos aproximando de P
1
por sua vizinhan¸ca est´avel
E
s
, ou nos afastando de P
1
por sua vizinhan¸ca inst´avel E
u
(cf. Fig. 2.1). Desta forma, o
produto direto das ´orbitas peri´odicas no setor (ϕ, p
ϕ
) com estas variedades (E
s
e E
u
) geram
semi-cilindros (numa vizinhan¸ca de P
1
), que coalescem na pr´opria ´orbita Γ. De fato, a ´unica
interse¸ao desses cilindros ´e a pr´opria ´orbita Γ. Quando consideramos uma descri¸ao ao
local da topologia, isto ´e, quando levamos em conta a presen¸ca de termos de ordem mais alta
no v´ınculo (2.34), o que ocorre ´e que a medida que esses tubos se afastam de Γ, a ao das
ao-linearidades for¸ca com que os cilindros se fechem suavemente sobre si mesmos quando
a < a
cr
|
P
1
, dando origem aos chamados cilindros homocl´ınicos. Esses cilindros coalescem aos
pares em Γ e ao formados pelo produto direto entre as ´orbitas peri´odicas no setor (ϕ, p
ϕ
)
e as separatrizes S que coalescem `a esquerda de P
1
. Qualquer ´orbita sobre estes cilindros
38
homocl´ınicos que tenda para Γ quando τ ±∞ ´e dita uma ´orbita homocl´ınica.
`
A direita
de P
1
, os termos ao-lineares ao far˜ao com que os cilindros se fechem sobre si mesmos. Ao
inv´es disso, o produto direto das ´orbitas peri´odicas no setor (ϕ, p
ϕ
) com as separatrizes S (`a
direita de P
1
) gera cilindros semi-infinitos que coalescem na pr´opria ´orbita Γ. A tabela abaixo
resume as respectivas diferen¸cas estruturais asicas entre a dinˆamica do plano invariante (cf.
Fig. 2.3) e a dinˆamica do caso integr´avel com m = 0.
Dinˆamica no Plano Invariante: Dinˆamica Integr´avel m = 0:
Nenhum movimento no setor (ϕ, p
ϕ
) Movimento separ´avel nos setores (a, p
a
) e (ϕ, p
ϕ
)
Pontos Cr´ıticos P
0
e P
1
´
Orbitas Peri´odicas Est´avel e Inst´avel
´
Orbitas Peri´odicas (Regi˜ao I) Toros Integr´aveis
Separatrizes entre as Regi˜oes I e II Cilindros Homocl´ınicos
Separatrizes entre as Regi˜oes II e III Cilindros Integr´aveis Semi-Infinitos
A estrutura do movimento no entorno de P
0
ser´a o principal objeto de nosso interesse nas
pr´oximas se¸oes onde estudaremos o comportamento da dinˆamica ao integr´avel em detalhe.
Esta regi˜ao ´e fisicamente mais relevante do que aquelas em que apenas um ricochete ocorre pois
evita problemas te´oricos de deixarmos as condi¸oes iniciais no infinito passado. Assim, neste
dom´ınio forneceremos um mecanismo para que universos finitos perpetualmente em oscila¸ao
correspondam a configura¸oes metaest´aveis de tal forma que a infla¸ao possa ser realizada.
2.4 Ressonˆancia ao-Linear dos Toros KAM
De acordo com o teorema de Liouville-Arnold[26], se o movimento de um sistema hamil-
toniano com n-graus de liberdade ´e integr´avel e limitado, enao as ´orbitas de tal sistema
encontram-se confinadas sobre hiper-superf´ıcies n-dimensionais no espa¸co de fase, as quais
coincidem topologicamente com n-toros. Como discutido anteriormente, isto ´e o que ocorre
para o nosso sistema quando consideramos o caso integr´avel m = 0 numa vizinhan¸ca de
39
P
0
. Para uma an´alise mais detalhada, consideremos as superf´ıcies de energia definidas por
E
0
a
= |σ|(E
rad
+ E
0
ϕ
) < E
crit
(P
1
) V (P
1
) correspondentes aos movimentos limitados do caso
integr´avel m = 0 (cf. (2.34)). De acordo com a an´alise da topologia feita na se¸ao precedente,
esta regi˜ao do espa¸co de fase ´e foleada por 2-toros S
1
× S
1
que ao o produto topol´ogico de
´orbitas peri´odicas dos setores separ´aveis (ϕ, p
ϕ
) e (a, p
a
). Estas ´orbitas possuem as respecti-
vas quantidades conservadas E
0
ϕ
e E
0
a
, satisfazendo a condi¸ao E
0
a
|σ|(E
rad
+ E
0
ϕ
) = 0. A
frequˆencia ν
a
da ´orbita peri´odica no setor (a, p
a
) ´e dada pela integral el´ıptica[22]
1
ν
a
=
12
Λ
4
β
2
β
1
a
2
da
a
2
2α
1
a + (α
2
1
+ α
2
2
)
6
i=1
(a β
i
)
, (2.36)
onde β
i
(i = 1...6) e α
1
±
2
ao, respectivamente, as ra´ızes reais e imagin´arias de
˜
V (a)
|σ|(E
rad
+ E
0
ϕ
) = 0. Denotamos aqui por β
i
(i = 1...3) as trˆes ra´ızes reais positivas com
β
1
< β
2
< β
3
. Em contrapartida, as ´orbitas peri´odicas no setor (ϕ, p
ϕ
), parametrizadas por
E
0
ϕ
, possuem frequˆencia ν
ϕ
= 1/2π.
A importˆancia dos n-toros para sistemas Hamiltonianos integr´aveis vem do fato que estas
superf´ıcies confinam a dinˆamica sobre uma regi˜ao finita do espa¸co de fase. Em nosso caso,
tais toros numa vizinhan¸ca de P
0
evitam que o modelo tenha uma entrada para um regime
inflacion´ario. Entretanto, uma quest˜ao pertinente aqui ´e se estas superf´ıcies bidimensionais
“sobrevivem” quando introduzirmos uma pequena perturba¸ao conectada a uma massa m
ao nula do campo escalar. Supondo que as condi¸ao iniciais (ϕ
0
, p
ϕ0
) se encontrem muito
pr´oximas do plano invariante, podemos aproximar a equa¸ao (2.23) por
ϕ

+ (1 + m
2
a
2
0
(τ)) ϕ = 0, (2.37)
onde a
0
(τ) ´e definido como uma solu¸ao do fator de escala para a dinˆamica integr´avel (2.34).
A equa¸ao (2.37) tem a forma de uma equa¸ao de Lam´e. Desta forma, definindo ˜ν
ϕ
como a
frequˆencia no setor (ϕ, p
ϕ
) dada por (2.37), o fenˆomeno de ressonˆancia[30] ocorrer´a quando a
raz˜ao
R
ν
a
˜ν
ϕ
(2.38)
for um umero racional. Expandindo a solu¸ao exata do caso integr´avel a
0
(τ) na equa¸ao de
Lam´e, pode-se mostrar que
˜ν
ϕ
=
1
2π
1 +
(ζ m)
2
2
(β
2
3
+ β
2
2
). (2.39)
40
Para E
rad
= 10
3
= E
dust
obtemos que ζ 0.9. Para valores diferentes de E
rad
= 10
3
=
E
dust
, o fator 0.9 ´e modificado de acordo com a aproxima¸ao de ponto edio das oscila¸oes de
a
0
(τ). Entretanto, um valor inicialmente pequeno de ϕ na equa¸ao de Lam´e pode crescer muito
depois de um tempo suficiente, deixando de ser uma perturba¸ao suficientemente pequena no
setor (a, p
a
). Isto ´e, a medida que o sistema evolui o campo ϕ passa a atuar sobre a dinˆamica
do fator de escala a(τ ) e a solu¸ao do caso integr´avel a
0
(τ) deixa de ser uma boa aproxima¸ao a
ser introduzida na equa¸ao do campo escalar. Como veremos na pr´oxima se¸ao, este processo
reestrutura as ressonˆancias de uma das duas formas: (i) ou a dinˆamica ´e conduzida a um
comportamento mais inst´avel, com amplifica¸ao do mecanismo de ressonˆancia e consequente
quebra dos toros KAM[27] levando a um escape das ´orbitas para um regime inflacion´ario (ii)
ou as ´orbitas ser˜ao conduzidas a um movimento randˆomico dentro de uma regi˜ao finita do
espa¸co de fase.
Consideremos agora uma aproxima¸ao no v´ınculo (2.22) onde termos de ordem superior
em ϕ e p
ϕ
ao desprezados. Substituindo no termo remanescente ao-integr´avel a solu¸ao
integr´avel a
0
(τ), podemos expressar (2.22) aproximadamente por
H E
0
a
|σ|E
0
ϕ
|σ|
2
m
2
a
2
0
(τ)ϕ
2
(τ) |σ|E
rad
, (2.40)
onde ϕ(τ) corresponde a uma solu¸ao aproximada da equa¸ao de Lam´e (2.37). Como o
car´ater Hamiltoniano da integral primeira ´e recuperado nesta aproxima¸ao, podemos intro-
duzir as vari´aveis ao-ˆangulo[28]
ϕ
, J
ϕ
, Θ
a
, J
a
). As vari´aveis ˆangulo ao definidas por
ϕ
= ˜ν
ϕ
τ, Θ
a
= ν
a
τ,) tais que ambas varrem o intervalo [0, 1] durante num ciclo completo
do sistema.
´
E importante comentar que nos testes num´ericos a serem considerados a seguir
temos que E
0
a
|σ|E
rad
nos est´agios iniciais da dinˆamica. Contudo, E
0
a
ao ´e conservado a
medida que o sistema evolui a que o termo ao integr´avel ´e respons´avel por uma troca de
energia entre os setores (a, p
a
) e (ϕ, p
ϕ
). Levando em conta que a fun¸ao a
0
(τ) ´e p eri´odica
com periodo T
a
= ν
1
a
, a expans˜ao em fun¸oes circulares do termo ao-integr´avel de (2.40)
assume a forma[22]
H
i
=
|σ|
2
m
2
J
(0)
a
J
(0)
ϕ
n
A
n
cos 2Θ
a
cos 4πΘ
ϕ
, (2.41)
onde A
n
ao coeficientes dependentes das ra´ızes de V (a) |σ|E
rad
0 (cf. (2.36)). O
´ındice superior em J
a
e J
ϕ
denota que estas ao as vari´aveis de ao construidas para o caso
41
integr´avel. A equa¸ao de Hamilton para J
a
, derivada a partir de (2.40), pode ser integrada
nos fornecendo em primeira aproxima¸ao que
J
a
|σ|
2
m
2
J
(0)
a
J
(0)
ϕ
n
A
n
2πn˜ν
ϕ
cos(2πnΘ
a
4πΘ
ϕ
)
R 2/n
+
cos(2πnΘ
a
+ 4πΘ
ϕ
)
R + 2/n
. (2.42)
A partir de (2.42) temos que os termos de ressonˆancia dominantes ao aqueles para os quais
R 2/n. Considerando valores apropriados dos parˆametros para que as ´orbitas sejam inicial-
mente finitas, a condi¸ao n 2 deve ser satisfeita de modo a obtermos um valor real para a
massa m. Portanto a express˜ao
R
ν
a
˜ν
ϕ
2
n
, (n 2) (2.43)
determina aproximadamente as ressonˆancias de nosso sistema. Quando tais ressonˆancias
ocorrem podemos ter, ocasionalmente, uma perda de estabidilidade com a quebra dos toros
KAM[27], permitindo que as ´orbitas do sistema descrevam uma entrada num regime infla-
cion´ario.
Consideremos agora um mapa de Poincar´e nas vari´aveis (ϕ, p
ϕ
) com se¸ao p
a
= 0. Por con-
ven¸ao suporemos que este mapa ´e unidirecional, isto ´e, uma determinada ´orbita do sistema
o atravessa o plano de se¸ao p
a
= 0 uma ´unica vez depois de um per´ıodo aproximada-
mente dado por T
a
. Se E
0
ϕ
= 0, as ´orbitas peri´odicas sobre o setor (a, p
a
) no caso integr´avel
m = 0 correspondem ao ponto (ϕ = 0, p
ϕ
= 0). Para E
0
ϕ
= 0, os toros do sistema integr´avel
ao representados por curvas fechadas em torno da origem deste mapa. Para um pequeno
valor do parˆametro ao-integr´avel m, esta configura¸ao ´e mantida num entorno da origem
(ϕ = 0, p
ϕ
= 0). De fato, em nosso caso o teorema KAM[29] garante que se ν
a
e ν
ϕ
ao
suficientemente irracionais (isto ´e, satisfazem a condi¸ao diofantina[30]), enao para m sufi-
cientemente pequeno as solu¸oes do sistema perturbado ao quase-peri´odicas e se encontram
sobre toros (remanescentes do caso integr´avel) agora deformados.
Para confrontarmos nossa aproxima¸ao com a dinˆamica exata do sistema, faremos uma
an´alise num´erica de sua evolu¸ao no mapa de Poincar´e com se¸ao p
a
= 0. Por simplicidade
computacional fixaremos Λ
5
= 1.5 e E
rad
= 10
3
= E
dust
. Desta forma defimos um espa¸co
param´etrico (|σ|, m) onde as ressonˆancias podem ocorrer. Para arias condi¸oes iniciais no
entorno de (p
ϕ
0
= 0, ϕ
0
= 0), tra¸camos os mapas de Poincar´e com m = 5.85 (cf. Fig. 2.4) e
m = 7.10 (cf. Fig. 2.5), tomando |σ| = 500. De acordo com nossa aproxima¸ao, o primeiro
42
±0.002
±0.001
0
0.001
0.002
±0.004 ±0.002 0 0.002 0.004 0.006
p
ff
ff
Figura 2.4: Mapa de Poincar´e de se¸ao p
a
= 0 para arias condi¸oes iniciais (p
ϕ
0
, ϕ
0
) com
|σ| = 500 e m = 5.85, no dom´ınio da ressonˆancia param´etrica n = 3. Vemos aqui que a
dinˆamica exata encontra-se conectada a uma bifurca¸ao da ´orbita peri´odica est´avel na origem
(ϕ = 0, p
ϕ
= 0), numa ´orbita peri´odica inst´avel. Neste bifurca¸ao identificamos a presen¸ca de
uma ´unica ´orbita peri´odica est´avel caracter´ıstica. A estrutura do mar estoastico no entorno
da origem apresenta mecanismo de difus˜ao que permite uma entrada das ´orbitas num regime
inflacion´ario.
mapa apresenta um comportamento ressonante do sistema para n = 3 enquanto o segundo
exibe um padr˜ao de estabilidade numa regi˜ao entre as ressonˆancias n = 3 e n = 4.
Entretanto, atrav´es desta avalia¸ao num´erica observamos uma diferen¸ca crucial entre um
ponto do espa¸co param´etrico (|σ|, m) que esteja na zona de ressonˆancia n = 3, e um ponto
que esteja numa zona de estabilidade (entre as ressonˆancias n = 3 e n = 4).
No mapa 2.5 vemos que a topologia do sistema no entorno da origem coincide com a de 2-
toros quando ao estamos numa zona de ressonˆancia. Neste caso, os toros KAM remanescentes
do caso integr´avel confinam ´orbitas com condi¸oes iniciais nesta vizinhan¸ca, proibindo um
escape para a infla¸ao. Por esta raz˜ao a regi˜ao de estabilidade param´etrica do sistema ser´a
desfavor´avel para a constru¸ao de um modelo inflacion´ario.
Por outro lado, quando consideramos a ressonˆancia n = 3 (mapa 2.4), vemos que a
dinˆamica exata encontra-se conectada a uma bifurca¸ao da ´orbita peri´odica est´avel na origem
(ϕ = 0, p
ϕ
= 0) numa ´orbita peri´odica inst´avel. A esta bifurca¸ao encontra-se associada uma
´unica ´orbita peri´odica est´avel caracter´ıstica. Veremos adiante que a presen¸ca desta ´orbita
43
±0.006
±0.004
±0.002
0
0.002
0.004
0.006
±0.002 ±0.001 0 0.001 0.002 0.003
p
f
ff
Figura 2.5: Mapa de Poincar´e de se¸ao p
a
= 0 para arias condi¸oes iniciais (p
ϕ
0
, ϕ
0
) com
|σ| = 500 e m = 7.10 no dom´ınio de estabilidade param´etrica entre as ressonˆancias n = 3 e
n = 4. A topologia do sistema no entorno da origem (que define uma ´orbita peri´odica est´avel)
corresponde a de 2-toros. O estrutura do mar estoastico se manisfesta apenas para condi¸oes
iniciais suficientemente distantes do plano invariante.
peri´odica caracter´ıstica se deve ao fato de n ser ´ımpar neste caso. Se n fosse par ter´ıamos
duas ´orbitas peri´odicas caracter´ısticas. De qualquer sorte, nenhum toro KAM est´a presente
no entorno da origem do mapa de modo que ´orbitas com condi¸oes iniciais numa vizinhan¸ca
da mesma ao livres para escapar para largas regi˜oes de espa¸co de fase. Assim, a presen¸ca de
tal bifurca¸ao ´e crucial para que a infla¸ao seja realizada.
A estrutura do mar estoastico[31] ´e ainda distinta em cada caso. Se o sistema est´a numa
regi˜ao de ressonˆancia param´etrica, condi¸oes iniciais pr´oximas do plano invariante podem
gerar ´orbitas com um longo tempo de difus˜ao. Este fenˆomeno ´e representado atrav´es de um
mar estoastico que se manifesta em amplas regi˜oes do espa¸co de fase (cf. mapa 2.4), onde as
´orbitas escapam para o atrator de De Sitter. Por outro lado, quando o sistema est´a na regi˜ao
de estabilidade param´etrica, condi¸oes iniciais para ´orbitas que tenham difus˜ao se encontram
suficientemente distantes do plano invariante (cf. Fig. 2.5).
Feitas essas pondera¸oes, uma carta de ressonˆancia para o nosso modelo pode agora ser
construida numericamente usando a dinˆamica exata. Por simplicidade num´erica iremos no-
vamente fixar os parˆametros E
dust
= 10
3
= E
rad
e Λ
4
= 1.5 de modo a examinarmos
44
as ressonˆancias no plano (|σ|, m) do espa¸co param´etrico. Tomando as condi¸oes iniciais
p
a
0
= 0 = p
ϕ
0
e ϕ
0
= 10
4
, obteremos um valor correspondente para a
0
quando substi-
tuirmos valores num´ericos de |σ| e m no v´ınculo (2.22). Para um apropriado valor de |σ|, a
express˜ao aproximada (2.43) constitui um acurado guia para localizarmos os respectivos valo-
res de m correspondentes as ressonˆancias no espa¸co param´etrico. Variando enao os valores
de |σ| construimos curvas (cf. Fig. 2.6) no espa¸co param´etrico (|σ|, m) que nos permitem
localizar um determinado dom´ınio de ressonˆancia. Contudo, como discutimos anteriormente,
as ressonˆancias dominantes do sistema encontram-se conectadas a uma bifurca¸ao da ´orbita
peri´odica est´avel na origem. Embora a aproxima¸ao utilizada nesta se¸ao nos permita identi-
ficar curvas no espa¸co param´etrico (|σ|, m) onde as ressonˆancias ocorram, o efeito da dinˆamica
exata tende a aumentar estes dom´ınios. De fato, pode-se verificar numericamente que, para
um dado valor fixo de |σ|, existe um dom´ınio cont´ınuo de valores de m (onde temos uma
bifurca¸ao da ´orbita peri´odica est´avel na origem) para cada ressonˆancia. Variando enao os
valores de |σ|, identificamos janelas de ressonˆancia as quais ao identificadas como regi˜oes
sombreadas na figura 2.6. Ao levarmos o sistema em dire¸ao a uma das zonas de ressonˆancia
(por uma apropriada mudan¸ca de m e/ou |σ|), podemos tornar a configura¸ao est´avel numa
configura¸ao metaest´avel com um consequente escape das ´orbitas para o atrator de De Sitter
num tempo finito. Embora para certas regi˜oes de uma dada ressonˆancia este escape possa
ser repentino, para outras o sistema pode passar por um longo temp o de difus˜ao atrav´es
de dom´ınios estoc´asticos do espa¸co de fase antes de finalmente escapar. Deixaremos para a
pr´oxima se¸ao uma an´alise mais detalhada deste padr˜ao no espa¸co param´etrico.
Experimentos num´ericos com a dinˆamica exata mostram que a presen¸ca de poeira tem
o efeito de diminuir o volume das janelas de ressonˆancia, sendo portanto menos favor´avel a
ocorrˆencia de infla¸ao. Na figura 2.7 exibimos as janelas da ressonˆancia n = 3 para pura poeira
(E
rad
= 0, E
dust
= 10
3
), pura radia¸ao (E
rad
= 10
3
, E
dust
= 0) e uma mistura de ambas as
componentes (E
rad
= 10
3
= E
dust
). Tanto o dom´ınio quanto o tamanho relativo das janelas
ressonantes ao distintos. De fato, para um dado valor de |σ| fixo, a largura da janela ´e re-
duzida quando a poeira est´a presente. Para |σ | = 600 e |σ| = 400, exibimos na tabela abaixo
a largura m da janela de ressonˆancia n = 3 considerando os trˆes casos previstos (cf. Fig. 2.7).
45
n=5
n=4
n=3
n=2
100
200
300
400
500
600
700
| |s
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
m
Figura 2.6: Carta de ressonˆancia no plano (|σ|, m). As linhas cont´ınuas ao solu¸oes da
condi¸ao aproximada de ressonˆancia e as regi˜oes sombreadas (em torno das linhas cont´ınuas)
correspondem aos dom´ınios de ressonˆancia da dinˆamica exata. Estes dom´ınios correspondem
a zonas onde a uma bifurca¸ao da ´orbita peri´odica est´avel na origem do mapa de Poincar´e
de se¸ao p
a
= 0. A regi˜ao remanescente (branca) corresponde ao dom´ınio de estabilidade
param´etrica onde a dinˆamica ´e limitada pelos toros KAM. Para um valor de m fixo, vemos
que quanto maior for o valor de n, maior a intera¸ao gravitacional G
N
no universo inflado a
partir de condi¸oes iniciais ligadas `a ressonˆancia considerada. Nesta simula¸ao consideramos
a condi¸ao inicial ϕ
0
= 10
4
.
3
2
1
200
400
600
800
1000
1200
1400
| |s
5
10 15 20 25 30 35
m
Figura 2.7: Janelas de Ressonˆancia n = 3 para (1) poeira e radia¸ao (E
rad
= E
dust
= 10
3
), (2)
pura radia¸ao (E
rad
= 10
3
, E
dust
= 0) e (3) pura poeira (E
rad
= 0, E
dust
= 10
3
). Fixamos
aqui Λ
5
= 1.5, p
a
0
= 0 = p
ϕ
0
e ϕ
0
= 10
4
. Para um dado valor fixo de |σ| vemos que a largura
da janela ´e reduzida quando consideramos a presen¸ca de poeira.
46
E
rad
= 10
3
E
rad
= 10
3
E
rad
= 10
3
E
rad
= 0
E
dust
= 0 E
dust
= 10
4
E
dust
= 10
3
E
dust
= 10
3
m (|σ| = 600) 1.1088 1.0446 0.5166 0.5588
m (|σ| = 400) 1.4418 1.3850 0.9307 1.1305
Al´em da bifurca¸ao da ´orbita peri´odica na origem no plano de se¸ao p
a
= 0, podemos
identificar uma estrutura associada a ´orbitas peri´odicas caracter´ısticas nos mapas de Poincar´e
quando nos encontramos numa particular zona de ressonˆancia do sistema. O ponto de partida
para a an´alise desta estrutura leva em conta a constru¸ao num´erica de mapas de Poincar´e
(ϕ, p
ϕ
) de se¸ao p
a
= 0 e (a, p
a
) de se¸ao ϕ = 0.
Suponhamos inicialmente que R = 2/n fossem as ressonˆancias exatas de nosso sistema.
Considerando uma ressonˆancia par n = 2k, onde k ´e um n´umero inteiro, o per´ıodo no plano
(ϕ, p
ϕ
) seria dado em termos do per´ıodo no plano (a, p
a
) por
T
ϕ
=
T
a
k
. (2.44)
Por defini¸ao, a superf´ıcie de se¸ao ϕ = 0 ´e cruzada a cada tempo T
ϕ
. Portanto, atrav´es da
rela¸ao (2.44) vemos que no mapa de Poincar´e de se¸ao ϕ = 0, as vari´aveis (a, p
a
) iriam tomar
o mesmo valor depois que esta se¸ao fosse cruzada k vezes. Desta forma estes k pontos definem
uma ´orbita peri´odica (com per´ıodo dado por kT
ϕ
) caracter´ıstica da ressonˆancia. Entretanto,
a ressonˆancia R = 2/n corresponde apenas a uma aproxima¸ao pois ao estamos levando
em conta os termos ao dominantes em (2.42). Quando consideramos a corre¸ao devido
a tais termos, o efeito da dinˆamica exata torna estas ´orbitas p eri´odicas em ´orbitas quase-
peri´odicas densas[30]. Assim surgem k (ou n/2) ilhas KAM que encerram uma ´orbita peri´odica
caracter´ıstica na se¸ao de Poincar´e ϕ = 0. Uma estrutura similar (encerrando uma outra ´orbita
peri´odica caracter´ıstica) ´e gerada numa diferente regi˜ao do espa¸co de fase quando consideramos
a transforma¸ao ϕ
0
ϕ
0
.
Para uma ressonˆancia ´ımpar n = 2k + 1, ter´ıamos que
T
ϕ
=
2
2k + 1
T
a
. (2.45)
47
0.002
-0.002
0.006
-0.006
0.3
0.6
2.5
-2.5
p p
f
a
f
a
Figura 2.8: Mapas de Poincar´e na zona de ressonˆancia n = 2 fixando os parˆametros |σ| = 500,
m = 3.4, E
rad
= 10
3
= E
dust
e Λ
4
= 1.5. Tomando as condi¸oes iniciais p
a
0
= 0 = p
ϕ
0
,
a
0
= 0.03191955156973482 e ϕ
0
= 10
4
, o efeito da dinˆamica exata produz apenas uma ilha
KAM (escura) encerrando uma ´orbita ´unica peri´odica caracter´ıstica nos mapas de se¸ao p
a
= 0
(`a esquerda) e ϕ = 0 (`a direita). Uma ´orbita peri´odica similar, encerrada por uma outra ilha
KAM (vermelha), ´e gerada com a condi¸ao inicial ϕ
0
= 10
4
.
0.002
-0.002
0.004
-0.004
0.3
0.6
2.5
-2.5
p
f
f
p
a
a
Figura 2.9: Mapas de Poincar´e na zona de ressonˆancia n = 3 fixando os parˆametros |σ| = 500,
m = 6.0, E
rad
= 10
3
= E
dust
e Λ
4
= 1.5. Tomando as condi¸oes iniciais p
a
0
= 0 = p
ϕ
0
,
a
0
= 0.03191955060235938 e ϕ
0
= 10
4
, o efeito da dinˆamica exata produz duas ilhas KAM
no mapa de se¸ao p
a
= 0 (`a esquerda) e trˆes no mapa de se¸ao ϕ = 0 (`a direita). Estas
ilhas encerram uma ´unica ´orbita peri´odica caracter´ıstica que p ode ser reobtida se tomarmos
ϕ
0
= 10
4
.
48
Logo o mapa de Poincar´e de se¸ao ϕ = 0 seria interseptado a cada per´ıodo T
ϕ
e as vari´aveis
(a, p
a
) retornariam aos mesmos valores iniciais depois de um tempo (2k + 1)T
ϕ
. Em outras
palavras, as vari´aveis (a, p
a
) retornariam aos mesmos valores iniciais depois que a se¸ao ϕ
fosse cruzada 2k + 1 vezes. Novamente, ao considerarmos os termos de corre¸ao exata em
R = 2/n, as ´orbitas peri´odicas ser˜ao convertidas em ´orbitas quase-peri´odicas densas. Desta
forma, uma ressonnˆancia n = 2k +1 ter´a agora uma ´orbita peri´odica caracter´ıstica (de per´ıodo
(2k + 1)T
ϕ
) com 2k + 1 ilhas KAM em seu entorno. ao ´e dificil de se checar numericamente
que a transforma¸ao de condi¸oes iniciais ϕ
0
ϕ
0
reproduz a mesma ´orbita, contrariamente
ao caso de ressonˆancias pares.
Analogamente, podemos obter a estrutura do mapa de Poincar´e com se¸ao p
a
= 0 (plano
(ϕ, p
ϕ
)) quando consideramos a ressonˆancia R = 2/n. De fato, para uma dada ressonˆancia
n temos aproximadamente que T
a
=
n
2
T
ϕ
. Para n par, o efeito da dinˆamica exata produzir´a
apenas uma ilha KAM (encerrando uma ´orbita ´unica peri´odica caracter´ıstica) neste mapa de
Poincar´e. A transforma¸ao ϕ
0
ϕ
0
revela uma segunda ´orbita peri´odica caracter´ıstica neste
mapa. Se n for ´ımpar teremos duas ilhas encerrando uma ´orbita peri´odica caracter´ıstica. Desta
forma vemos que os mapas de Poincar´e de se¸ao p
a
= 0 ao informam a ordem da ressonˆancia
mas sim apenas se a mesma ´e par ou ´ımpar.
Estes resultados, derivados a partir de nossa aproxima¸ao anal´ıtica, ao ilustrados na figura
2.8 (para n = 2) e 2.9 (para n = 3), construidas a partir da dinˆamica exata. A tabela abaixo
resume a classifica¸ao das ressonˆancias de acordo com as ´orbitas peri´odicas caracter´ısticas.
Ressonˆancias
´
Orbitas Peri´odicas Ilhas KAM Principais Ilhas KAM Principais
Caracter´ısticas (Mapa com se¸ao ϕ = 0) (Mapa com se¸ao p
a
= 0)
n = 2k 2 k 1
n = 2k + 1 1 2k + 1 2
49
±0.01
0
0.01
0 20 40 60 80 100 120 140
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
20 40 60 80 100 120 140
Escapeparaainflação
a
f
t
a
t
f
Figura 2.10: A evolu¸ao do fator de escala e do campo escalar para m = 7.99 e |σ| = 350. Este
comportamento caracteriza uma regi˜ao de ressonˆancia abrupta, pr´oxima a borda esquerda da
zona de ressonˆancia n = 3 da figura 2.6.
2.5 O Padr˜ao Ressonante no Espco Param´etrico
Do ponto de vista da f´ısica da infla¸ao, as regi˜oes de ressonˆancia no espa¸co param´etrico
(|σ|, m) apresentam uma subestrutura que examinaremos agora.
Para simplificar nossa an´alise, iremos nos restringir ao dom´ınio de ressonˆancia n = 3 (cf.
Fig. 2.6) fixando |σ| = 350. Para este valor vemos que a zona de ressonˆancia ´e identificada
pelo intervalo m
=
[7.78431, 8.84341]. Atraes de um exame num´erico cuidadoso, observa-
mos neste intervalo trˆes regi˜oes dinamicamente distintas:
(i) Para m 8.52, a dinˆamica ´e altamente inst´avel de mo do que ressonˆancias fornecem
um apido escape das ´orbitas para a infla¸ao (quando τ 15, 000).
Na figura 2.10 apresentamos os gr´aficos de a e ϕ com respeito ao tempo conforme tomando
m = 7.99. Atraes desta figura vemos que o escape para a infla¸ao ocorre em τ 140 de
modo que o fator de escala ao possui recorrˆencia suficiente para construirmos um mapa de
Poincar´e.
(ii) Quando 8.84 m 8.56, o movimento das ´orbitas ´e ressonante e ca´otico, embora seja
est´avel.
50
±0.004
±0.002
0
0.002
0.004
0 50 100 150 200
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
50 100 150 200
a
f
t
t
ff
Figura 2.11: A evolu¸ao de a e ϕ para m = 8.6 e |σ| = 350 (correspondente a regi˜ao (ii)
pr´oxima a borda direita da zona de ressonˆancia n = 3 da figura 2.6). O movimento nesta
regi˜ao ao possui interesse f´ısico pois, embora seja ressonante e ca´otico, ´e tamb´em est´avel
(sem uma sa´ıda para um regime inflacion´ario).
Na figura 2.11 exibimos o comportamento de ´orbitas nessa regi˜ao para o caso de m = 8.6.
Este ´e o padr˜ao pr´oximo a borda direita da janela de ressonˆancia n = 3. Devido a estabilidade
do movimento, ´orbitas dessa natureza embora correspondam ao caso de selas bifurcadas
na origem do mapa de Poincar´e de se¸ao p
a
= 0 devem ser descartadas quando quisermos
considerar cen´arios cosmol´ogicos inflacion´arios.
(iii) Uma regi˜ao de transi¸ao ocorre quando 8.52 < m < 8.56. Neste caso as ´orbitas passam
por um longo tempo de difus˜ao (15, 000 < τ < 100, 000) antes de escapar para a infla¸ao.
Na figura 2.12, temos o mapa de Poincar´e (com p
a
= 0) de uma ´unica ´orbita onde m =
8.555. Este mapa ilusta o que ocorre na regi˜ao (iii). Aqui observamos que as ´orbitas passam
por um tempo de longa difus˜ao antes de entrar no regime inflacion´ario.
A subestrutura apresentada acima ´e um padr˜ao de toda a zona de ressonˆancia. Isto ´e, para
qualquer valor de |σ| a mesma subestrutura se repete qualitativamente em todo o dom´ınio de
ressonˆancia n = 3. Podemos ainda generalizar essa an´alise ao verificarmos numericamente
este ´e o padr˜ao para qualquer valor de n. Vale destacar aqui que no caso de pura poeira o
subdom´ınio de regi˜oes de transi¸ao (iii) ´e dominante fazendo com que o das regi˜oes (i) e (ii)
51
±0.002
0
0.002
±0.004 ±0.002 0 0.002 0.004 0.006
P
f
f
Figura 2.12: Mapa de Poincar´e (com se¸ao p
a
= 0) de uma ´unica ´orbita, onde m = 8.555 e
|σ| = 350. Este ´e o comportamento padr˜ao na regi˜ao de transi¸ao da zona de ressonˆacia n = 3
da figura 2.6. As ´orbitas passam por um longo tempo de difus˜ao antes de escapar (com τ
64, 000) para a infla¸ao. O mapa exibe uma camada escura associada a estrutura de movimento
randˆomico da ´orbita num mar estoc´astico no entorno das ilhas KAM de ressonˆancia.
seja muito estreito.
Vemos ent˜ao que com respeito ao fenˆomeno de ressonˆancia ao linear a vis˜ao geral
´e de que modelos de brana-mundo para universos oscilantes ao singulares tem um restrito
dom´ınio no espa¸co dos parˆametros onde a infla¸ao pode ser realizada. Para varia¸oes t´ıpicas
dos parˆametros Λ
4
, E
rad
e/ou E
dust
de modo que o v´ınculo (2.22) seja satisfeito, podemos
aumentar ou diminuir os dom´ınios do espa¸co param´etrico (|σ|, m) onde o sistema ´e ressonante.
Entretanto, o padr˜ao das janelas de ressonˆancia e sua subestrutura ao mantidas como pode-se
verificar numericamente. Neste sentido o padr˜ao ´e dito estruturalmente est´avel.
2.6 Caos Homocl´ınico e um Escape Ca´otico para a Infla¸ao
Na se¸ao 2.3 vimos que para o caso integr´avel m = 0 o ponto P
1
induz, no espa¸co de fase
dos modelos, a topologia de cilindros homocl´ınicos. Nesta se¸ao iremos examinar o que ocorre
com a topologia quando consideramos o caso ao-integr´avel. Por simplicidade consideraremos
52
apenas as componentes de poeira e radia¸ao utilizadas em nosso modelo pr´e-inflacion´ario (cf.
Sec. 2.3).
No caso integr´avel (m = 0), os cilindros homocl´ınicos correspondem ao produto topol´ogico
da separatrizes S que coalescem `a esquerda de P
1
com as ´orbitas peri´odicas no setor
(ϕ, p
ϕ
) com energia E
0
ϕ
. Consideremos ent˜ao o par de cilindros homocl´ınicos (um est´avel e
outro inst´avel) que emergem da ´orbita peri´odica Γ. Quando a ao-integrabilidade ´e “ligada”
(isto ´e, quando m = 0), a coalescˆencia cont´ınua do cilindro inst´avel no est´avel se quebra,
induzindo um cruzamento transversal dos mesmos. Os pontos de interse¸ao devido a este
cruzamento definem ´orbitas homocl´ınicas as quais emergem da ´orbita peri´odica Γ ao longo do
cilindro inst´avel, retornando para a mesma ´orbita Γ ao longo do cilindro do est´avel num tempo
infinito. Tipicamente se os cilindros bidimensionais se interseptam transversalmente uma
vez, eles ir˜ao se interseptar um n´umero infinito de vezes, produzindo um conjunto infinito de
´orbitas homocl´ınicas assint´oticas `a ´orbita peri´odica inst´avel Γ. Consequentemente, a dinˆamica
pr´oxima `as ´orbitas homocl´ınicas ´e muito complexa, associada por exemplo `a presen¸ca de
ferraduras[32, 33]. Este conjunto infinito de ´orbitas homocl´ınicas, denotado como variedade
de interse¸ao, a origem a um emaranhado homocl´ınico o qual ´e uma assinatura de caos no
modelo.
A manifesta¸ao do caos homocl´ınico em nosso modelo ´e ilustrada na figura 2.13 onde
observamos uma fractaliza¸ao da fronteira entre dom´ınios de condi¸oes iniciais de ´orbitas que
escapam para um regime inflacion´ario, e dom´ınios de condi¸oes iniciais associadas a ´orbitas
que recolapsam. Nesta figura representamos um conjunto de condi¸oes iniciais projetadas
no plano (ϕ, p
ϕ
) por um quadrado de comprimento caracter´ıstico R 10
3
, construido no
entorno do ponto (a = 0.15, p
a
= 3.114327925239397, ϕ = 0, p
ϕ
= 0) pr´oximo[34] `a separatriz
S com N = 160, 000 condi¸oes iniciais. Estes pontos satisfazem o v´ınculo (2.22) ao tomarmos
E
dust
= 10
3
= E
rad
e |σ| = 762, de modo que |σ|E
rad
E
crit
V
max
. Estes conjuntos
correspondem a condi¸oes iniciais para universos em expans˜ao que passam por uma vizinhan¸ca
de P
1
antes de recolapsar ou escapar para a infla¸ao. Os pontos do quadrado ao codificados
por cor de acordo com seus comportamentos assinoticos para um temp o τ = 4, 000. Pontos
brancos correspondem a condi¸oes iniciais para ´orbitas com escape para a infla¸ao. Pontos
escuros correspondem a condi¸oes iniciais para ´orbitas que recolapsam e retornam a uma
vizinhan¸ca de a 0. Na figura 2.13 tomamos m = 6 para a bacia de condi¸oes iniciais `a
53
.1e±2
0.
-.1e±2
.2e±30.-.2e±3
.1e±2
0.
-.1e±2
.5e±30.-.5e±3
f
ff
f
p
p
f
f
f
f
Figura 2.13: Bacias limite fractais no plano (ϕ, p
ϕ
) para condi¸oes iniciais com m = 6 (`a
esquerda) e m = 18 (`a direita).
´
Orbitas com condi¸oes iniciais neste dom´ınio passam por
uma pequena vizinhan¸ca de P
1
antes de recolapsar ou escapar para a infla¸ao. Pontos escuros
correspondem a ´orbitas que recolapsam no dom´ınio a 0 e pontos brancos correspondem
a ´orbitas que escapam para a infla¸ao. Estes resultados ao encontrados para um tempo
τ = 4, 000.
esquerda, e m = 18 para a bacia de condi¸oes iniciais `a direita. Assim, conforme aumentamos
m, isto ´e, aumentamos a ao integrabilidade do sistema, vemos que a dominˆancia de escape
para a infla¸ao e fractalidade dos contornos de bacia aumentam, favorecendo uma sa´ıda ca´otica
para a infla¸ao.
O emaranhamento homocl´ınico devido ao cruzamento transversal infinito dos cilindros
homocl´ınicos est´avel e inst´avel gera um mecanismo adicional na sa´ıda ca´otica para a infla¸ao
o qual denotamos como drenagem da bacia de condi¸oes iniciais. De acordo com a an´alise do
caso integr´avel m = 0, vimos que a superf´ıcie de cilindros constituem uma fronteira para o fluxo
do sistema. Se considerarmos por exemplo, um conjunto de condi¸oes iniciais correspondendo
a universos inicialmente em expans˜ao, dois fluxos distintos estar˜ao associados a estas condi¸oes
iniciais dependendo se eles est˜ao dentro ou fora no cilindro est´avel. O fluxo corresp ondente
a condi¸oes iniciais dentro do cilindro est´avel alcan¸car´a uma vizinhan¸ca de P
1
e retornar´a
em dire¸ao a uma vizinhan¸ca de a 0. Por outro lado o fluxo de ´orbitas associadas com as
condi¸oes iniciais que est˜ao fora do cilindro est´avel ir´a atingir a vizinhan¸ca de P
1
e escapar
em dire¸ao ao atrator de De-Sitter. Consideremos agora a primeira interse¸ao transversal
dos cilindros devido a ao integrabilidade do sistema. Neste caso, uma parte das ´orbitas
inicialmente dentro do cilindro inst´avel ir´a entrar no cilindro est´avel enquanto outra parte
54
ficar´a fora do mesmo. O fluxo dentro do cilindro est´avel ir´a proceder em dire¸ao a P
1
, onde
ir´a reentrar no tubo inst´avel em dire¸ao a regi˜ao a 0. O fluxo que sai do cilindro est´avel
ir´a proceder em dire¸ao a P
1
e escapar para o atrator de De-Sitter. Por uma nova interse¸ao,
enquanto uma parte das ´orbitas ir´a novamente entrar no tubo est´avel (voltando assim a atingir
uma vizinhan¸ca de P
1
), uma outra parte ir´a sair do cilindro est´avel e escapar para um regime
inflacion´ario. Conforme o movimento procede, as interse¸oes infinitas sucessivas dos cilindros
drenam a bacia de condi¸oes iniciais tornando os pontos escuros em pontos brancos conforme
τ aumenta. Este fenˆomeno ´e ilustrado na figura 2.14, onde identificamos um conjunto de
condi¸oes iniciais codificado por cor de τ = 4, 000 at´e τ = 32, 000. Nestas figuras utilizamos
um conjunto N = 40, 000 de condi¸oes iniciais. As ´unicas ´orbitas que permanecem numa
recorrˆencia infinita de movimento ao as ´orbitas homocl´ınicas (que constituem a variedade
de interse¸ao) e as ´orbitas peri´odicas com per´ıodos arbitrariamente longos numa vizinhan¸ca
de cada ´orbita homocl´ınica. Estas ´orbitas constituem um conjunto de Cantor que ´e uma
caracteriza¸ao topol´ogica de caos no modelo[32].
Finalmente, na figura 2.15 exibimos dois conjuntos de condi¸oes iniciais para m = 6 com
τ = 4, 000 para pura poeira (`a esquerda) e pura radia¸ao (`a direita), ambos com N = 160, 000
pontos. Para o caso de radia¸ao o conjunto inicial foi constru´ıdo no entorno do ponto (ϕ
0
=
0 = p
ϕ0
, a
0
= 0.15, p
a0
= 4.144304603687830) suficientemente pr´oximo[34] da separatriz,
com |σ| = 1499 e E
rad
= 10
3
. Para poeira o conjunto inicial foi construido no entorno do
ponto (ϕ = 0, p
ϕ
= 0, a = 0.15, p
a
= 1.460426592928701), tamb´em suficientemente pr´oximo
da separatriz, com |σ| = 1630 e E
dust
= 10
3
. Assim podemos observar que a fractaliza¸ao
das fronteiras (entre os dom´ınios de condi¸oes iniciais associadas a ´orbitas com escape e os
dom´ınios de condi¸oes iniciais associadas a ´orbitas que recolapsam) ´e menor para o caso de
poeira do que para o caso pura de radia¸ao.
2.7 Cosmologias de Puro Campo Escalar
Consideremos agora um modelo sem qualquer componente de fluido perfeito. Neste con-
55
.1e±2
0.
-.1e±2
.5e±30.-.5e±3
.1e±2
0.
-.1e±2
.5e±30.-.5e±3
.1e±2
0.
-.1e±2
.5e±30.-.5e±3
.1e±2
0.
-.1e±2
.5e±30.-.5e±3
t=32000t=16000
t=8000t=4000
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
p
fff
ffffffffffff
ffffffffffffffffffffffff
ffffffffffff
Figura 2.14: Ilusta¸ao do processo de drenagem (no tempo) da bacia de condi¸oes iniciais
de ´orbitas confinadas (escuras) em contraste com as condi¸oes iniciais de ´orbitas de escape
(brancas), para m = 6. O conjunto de condi¸oes iniciais considerado no entorno da separatriz
´e o mesmo que na figura 2.13. As figuras mostram a sa´ıda para a infla¸ao de quase todas as
´orbitas ap´os um longo tempo.
.5e±3
0.
-.5e±3
.2e±30.-.2e±3
.5e±3
0.
-.5e±3
.5e±30.-.5e±3
f
f
p
ff
ff
f
p
f
p
f
p
f
p
f
p
f
Figura 2.15: Fronteiras de bacias fractais no plano (ϕ, p
ϕ
) para pura poeira (`a esquerda) e pura
radia¸ao (`a direita), considerando m = 6 e τ = 4, 000. Nesta figura vemos que a fractaliza¸ao
das fronteiras parece menos efetiva no caso de pura poeira em compara¸ao com o caso de pura
radia¸ao.
56
texto as equa¸oes dinˆamicas ao dadas por
a
2
+ a
2
Λ
4
3
a
4
+
1
6a
4
2
(ϕ)
|σ|
3
∆(ϕ) = 0, (2.46)
e
ϕ

+ (1 + m
2
a
2
) ϕ = 0,
onde definimos
∆(ϕ) :=
1
2
ϕ
2
+ (1 + m
2
a
2
)ϕ
2
. (2.47)
Para o caso integr´avel (m = 0), temos que
0
1
2
[ϕ
2
(τ) + ϕ
2
(τ)]
1
2
[ϕ
2
(0) + ϕ
2
(0)] ´e uma
constante de movimento de modo que a equa¸ao (2.46) se reduz a
p
a
2
12
+ V (a) = |σ|
0
, V (a) = 3a
2
Λ
4
a
4
+
2
0
2a
4
. (2.48)
A dinˆamica do fator de escala a(τ) ´e an´aloga ao caso integr´avel do modelo pr´e-inflacion´ario
(cf. Sec. 2.3) se fizermos E
dust
= 0 e considerarmos uma componente de radia¸ao com uma
densidade de energia total igual a
0
. Para que o potencial tenha dois extremos, a condi¸ao
an´aloga a (2.28) ´e dada por
2
0
<
2187
2048
1
Λ
4
3
. (2.49)
Supondo que este seja o caso, definimos a
min
como o valor de a para o qual V (a) tenha
um m´ınimo. Para obtemos um movimento oscilat´orio em torno deste m´ınimo, o v´ınculo
V (a
min
) < |σ|
0
deve ser satisfeito.
Uma caracter´ıstica distinta do espa¸co de fase neste caso integr´avel ´e que a barreira de
potencial que evita a singularidade ´e constru´ıda pelas amplitudes iniciais ao-nulas do campo
escalar. Desta forma, a fim de preservarmos a ausˆencia de singularidades com a presen¸ca de
barreiras no potencial, ao consideraremos a se¸ao ϕ = 0 = p
ϕ
do espa¸co de fase. Assim, de
acordo com (2.8) e (2.12) ao teremos nenhum plano invariante ou pontos cr´ıticos do sistema
emb ora possamos ter extremos para o potencial.
O retrato do plano de fase (a, p
a
) an´alogo `aquele da figura 2.3 pode ser construido se
variarmos continuamente o valor do produto |σ|
0
. No dom´ınio V (a
min
) |σ|
0
< V (a
max
),
a dinˆamica do sistema se encontra sobre os 2-toros correspondentes ao produto de ´orbitas
57
peri´odicas no plano (a, p
a
) com as ´orbitas peri´odicas parametrizadas por ϕ
2
+ ϕ
2
= 2∆
0
. A
configura¸ao de m´ınimo corresponde novamente a um universo est´avel de Einstein que tem
como fonte um campo escalar ao-massivo. Topologicamente este universo ´e representado
por um toro unidimensional dado pelo pro duto do ponto (p
a
= 0, a = a
min
) com as ´orbitas
peri´odicas no setor (ϕ, p
ϕ
). Como precisamos de amplitudes ao-nulas do campo escalar para
evitarmos uma singularidade, o universo de Einstein ao ´e um ponto cr´ıtico da dinˆamica, mas
sim uma ´orbita peri´odica est´avel.
O dom´ınio do espa¸co de fase que cont´em os 2-toros KAM ´e restrito pela condi¸ao (2.49).
De acordo com (2.48), para valores fixos de σ e Λ
4
, cada um dos toros integr´aveis ´e gerado por
uma ´unica curva com condi¸oes iniciais ϕ
0
e ϕ
0
suficientemente limitadas. Neste sentido as
superf´ıcies de energia com |σ|
0
constante designam os toros integr´aveis. Um dom´ınio an´alogo
pode ser construido ao considerarmos uma ´unica ´orbita com condi¸oes iniciais (ϕ
0
, ϕ
0
). Vari-
ando apenas o valor de |σ|, caracterizamos universos com distintas intensidades gravitacionais
G
N
= |σ|/8π e, neste caso, os toros correspondentes nos fornecem qualitativamente a mesma
dinˆamica est´avel no entorno do universo est´avel de Einstein.
Para o caso ao-integr´avel, atrav´es de uma an´alise num´erica considerando um valor sufi-
cientemente pequeno para m (e |σ|m
2
ϕ(0)
2
/6 1), vemos que o padr˜ao ´e o de movimento
est´avel sobre os toros KAM remanescentes do caso integr´avel. A estabilidade do movimento
implica que as ´orbitas se encontram “presas” entre tais toros de modo que nosso sistema ao
pode escapar para para o atrator de De-Sitter. Isto ´e ilustrado na figura 2.16 onde constru-
imos o mapa de Poincar´e com se¸ao p
a
= 0 fixando os parˆametros Λ
4
= 1.5, |σ| = 500 e
m = 8.15. O c´ırculo mais pr´oximo da origem neste mapa denota um toro unidimensional ger-
ado por uma ´orbita fixa correspondente ao universo est´avel de Einstein onde o termo de fonte
´e dado pelo campo escalar conforme massivo. Este universo ´e descrito topologicamente pelo
produto do ponto (p
a
= 0, a 0.00519690052) com os c´ırculos no plano (ϕ
, ϕ). Um desses
toros unidimensionais pode ser gerado, por exemplo, a partir das condi¸oes iniciais (ϕ
(0) = 0,
ϕ 0.000696503226) com constante de energia asso ciada
0
0.2429935 × 10
6
. Abaixo
desta energia nenhum movimento oscilat´orio ´e encontrado de modo que nenhum movimento
f´ısico existe em tal vizinhan¸ca da origem. O padr˜ao das se¸oes dos toros KAM, com eventuais
ilhas secund´arias bifurcadas, se estende por exemplo at´e as condi¸oes iniciais p
a
= 0, ϕ
= 0 e
ϕ
0
0.01105, que fixam o ´ultimo toro KAM a partir do qual um escape para a infla¸ao pode
58
±0.01
±0.005
0
0.005
0.01
±0.012 ±0.008 ±0.004 0 0.002 0.006 0.01 0.014
p
f
fff
ff
pp
Figura 2.16: Mapas de Poincar´e com se¸ao a
= 0 para arias condi¸oes iniciais (ϕ
0
, p
ϕ
0
) onde
fixamos |σ| = 500 e m = 8.15.
´
Orbitas com condi¸oes iniciais num entorno da origem se
encontram “presas” entre os toros KAM de modo que o sistema ao pode alcan¸car amplas
regi˜oes do espa¸co de fase e escapar para o atrator de De-Sitter. Al´em do ´ultimo toro KAM
fixado por exemplo pelas condi¸oes iniciais p
a
= 0, ϕ
= 0 e ϕ
0
0.01105, observamos a
presen¸ca de uma mar estoastico onde as ´orbitas podem escapar para um regime inflacion´ario.
ocorrer. Na regi˜ao de ´orbitas confinadas encontramos, por exemplo, 8 ilhas (indentificamos
uma destas centrada em ϕ
0
0.01079) conectadas a uma bifurca¸ao 8/5. Isto ´e, enquanto no
mapa (ϕ, p
ϕ
) a ilha KAM principal se bifurca em 8 ilhas, no mapa (a, p
a
) a ilha KAM prin-
cipal se bifurca em 5 ilhas. Observamos ainda um mar estoastico fora da borda da ´ultima
ilha KAM principal. Esta regi˜ao corresponde ao dom´ınio de condi¸oes iniciais onde a infla¸ao
pode ser realizada. De fato, de acordo com experimentos num´ericos podemos ter nesta regi˜ao
tanto um apido escape para a infla¸ao (para ϕ
0
= 0.0118 com τ 210, por exemplo) ou
um efeito de difus˜ao com escape. Este ´ultimo efeito pode ser observado se tomarmos uma
condi¸ao inicial ϕ
0
= ±0.011305. Neste caso observamos uma difus˜ao das ´orbitas em torno
de uma bifurca¸ao do tipo 3/2 (3 ilhas KAM no mapa (ϕ, p
ϕ
) e 2 no (a, p
a
)) com escape
para a infla¸ao quando τ 1690. Para condi¸oes iniciais maiores, por exemplo ϕ
0
0.01234,
nenhuma ilha bifurcada ´e encontrada no mar estoastico. Entretanto, oscila¸oes finitas ainda
ao encontradas neste dom´ınio devido ao mecanismo de confinamento parcialmente dinˆamico
conectado aos valores do parˆametro
ς |σ|m
2
ϕ(0)
2
/6 (2.50)
59
suficientemente pr´oximos de 1.
Para examinarmos mais detalhadamente este confinamento, lembremos que o potencial
V (a) em (2.48) apresenta um pco (com possibilidades de movimento oscilat´orio) para val-
ores apropriadamente limitados de
0
restrito por (2.49). Se este for o caso, o polinˆomio
V (a)|σ|
0
= 0 deve ter trˆes ra´ızes reais positivas. Entretanto, a restri¸ao (2.49) foi derivada
para o caso integr´avel e para um parˆametro espacial de curvatura reescalonado, k = 1. Na
verdade a presen¸ca dos extremos no potencial se deve ao balan¸co entre o termo de curvatura
espacial e o termo de corre¸ao na equa¸ao de Friedmann. Mais especificamente, tal balan¸co se
deve aos valores dos parˆametros k e
0
. De fato, pode-se mostrar numericamente que no caso
integr´avel, o decr´escimo (acr´escimo) de k com
0
fixo, assim como o acr´escimo (decr´escimo)
de
0
para k fixo, pode destruir (ou criar) um pco com dois extremos bem definidos. En-
tretanto, para o caso ao-integr´avel (m = 0) um exame cuidadoso do v´ınculo integral (2.46)
mostra que o termo proporcional a m
2
ir´a contribuir para a corrigir o termo de curvatura
k = 1 por uma curvatura espacial efetiva (k
eff
1 ς). Para a configura¸ao param´etrica da
figura 2.16, avalia¸oes num´ericas nos mostram que os efeitos citados acima ser˜ao cruciais para
a dinˆamica do fator de escala a(τ) quando k
eff
0.157 (o que corresponde a ϕ
0
0.01234).
Neste caso surgem duas possibilidades.
(i) Se 0.01234 ϕ
0
< 0.1334 e ϕ
0
= 0, a fun¸ao
P(a) 3a
2
Λ
4
a
4
+
1
2a
4
2
(ϕ
0
) |σ|∆(ϕ
0
), (2.51)
(cf. (2.46)) tem dois extremos (um aximo e um m´ınimo) e apenas uma raiz real positiva.
Isto implica que o valor do aximo local de P(a) ´e menor que zero. A ´orbita evolu´ıda
a partir desta condi¸ao inicial ir´a, em princ´ıpio, escapar sem executar nenhuma oscila¸ao.
Entretanto, devido ao aumento temporalmente dependente da curvatura espacial efetiva dada
por k
eff
1|σ|m
2
ϕ(τ)
2
/6, o aximo local de P(a) pode ser aumentado num tempo posterior,
ocasionando um novo ricochete da ´orbita.
Ilustramos este fenˆomeno na figura 2.17 (`a esquerda) onde exibimos o gr´afico de P(a) para
condi¸oes iniciais (ϕ
0
= 0, ϕ
0
= 0.0126). Neste caso temos inicialmente apenas uma raiz real
dada por a
0
0.016955927198 (curva cont´ınua). A medida que o tempo evolui, o aximo
local do potencial se eleva (curva pontilhada) fazendo com que o sistema execute um ricochete.
60
Escapepara
ainflação
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
20 40 60 80 100
t
±0.05
0
0.05
0.1
0.15
0.1 0.2 0.3 0.4
P()
a
a
a
Figura 2.17: Gr´afico da fun¸ao P(a) (`a esquerda) para um tempo inicial (curva cont´ınua). O
primeiro ricochete ocorre quando P(a) assume a forma da linha p ontilhada. A ocorrˆencia de
oscila¸oes finitas do fator de escala (`a direita) se deve ao aumento dinˆamico do potencial como
consequˆencia do aumento da curvatura espacial efetiva k
eff
(τ).
Este primeiro rico chete corresponde ao ponto (ϕ
0
0.0144932, ϕ
0
0.00419929)) onde
k
eff
0.9. Desta forma, a curva pontilhada ilustra a evolu¸ao de um potencial dinˆamico que
permite ao sistema executar oscila¸oes finitas por um determinado tempo. De fato, um ajuste
fino deste efeito levando em conta o per´ıodo das oscila¸oes do campo escalar massivo permite
uma erie de ricochetes das ´orbitas antes que elas escapem. Este fenˆomeno ´e ilustrado na
figura 2.17 (`a direita).
(ii) Considerando a condi¸ao inicial ϕ
0
0.1334, P(a) ao possui nenhum extremo inicial-
mente. Embora devido ao mecanismo de curvatura efetiva temporalmente dependente dois
extremos locais (um aximo maior que zero e um m´ınimo) sejam criados, as ´orbitas realizam
apenas um ricochete antes de escapar, ao contr´ario do caso (i). Este efeito pode ainda ocorrer
para ϕ
0
< 0.01234, desde que aumentemos apropriadamente os parˆametros m e/ou |σ| para
podermos tornar ς
0
suficientemente pequeno.
Finalmente, ´e importante comentar que a dinˆamica de puro campo escalar na cosmologia
de brana-mundo ao possui o padr˜ao de ressonˆancia param´etrica explorado na se¸ao 2.4.
Ao inv´es disso, as caracter´ısticas dos dom´ınios de condi¸oes iniciais que realizam a infla¸ao
aqui, ao similares `aquelas do dom´ınio de estabilidade param´etrica. Para vermos isso basta
61
compararmos o mapa de Poincar´e da figura 2.5 com o apresentado na figura Fig. 2.16. Isto ´e,
neste caso as configura¸oes que realizam infla¸ao ao aquelas correspondentes `a altos valores
de ϕ
0
, al´em da ´ultima ilha KAM principal.
62
Cap´ıtulo 3
Buracos Negros ao Singulares
“N˜ao ´e objetivo da ciˆencia
abrir uma porta `a sabedoria infinita,
mas impor uma fronteira ao erro infinito.
Tomem nota.”
E. B. F. Brecht, Leben des Galilei
Na teoria da Relatividade Geral, entendemos um buraco negro como o resultado do co-
lapso gravitacional de uma determinada configura¸ao de mat´eria onde uma singularidade ´e
formada. Tais configura¸oes ao descritas por solu¸oes das equa¸oes de campo de Einstein as-
sintoticamente planas e limitadas por um horizonte de eventos (o qual esconde a singularidade
formada no colapso). Neste contexto, teoremas fundamentais de Israel e Carter[35] afirmam
que o ´ultimo est´agio de um colapso geral de mat´eria sem carga ´e tipicamente descrito pela
geometria de Kerr[36].
Entretanto, ao considerarmos um colapso f´ısico, ao conhecemos nenhum tipo de dis-
tribui¸ao de mat´eria que possa dar origem a um buraco negro de Kerr. Desta forma, ao a
raz˜ao alguma para acreditarmos que esta solu¸ao descreva acuradamente a regi˜ao interna de
um buraco negro. Ao contr´ario, a melhor evidˆencia te´orica[2] presente dispon´ıvel indica que
esta regi˜ao ´e an´aloga a de um buraco negro de Schwarzschild com uma singularidade global
tipo-espa¸co[3].
Numa teoria modificada da gravita¸ao, a presen¸ca de tal singularidade deve ser eliminada.
63
Desta forma, nosso interesse principal aqui ´e avaliar como as corre¸oes de brana nas equa¸oes
de campo de Einstein podem evitar a singularidade interior `a distribui¸ao de mat´eria. Uma
vez atingido esse objetivo, derivaremos uma solu¸ao exterior com o intuito de corrigir arias
das previs˜oes feitas pela teoria da Relatividade Geral.
3.1 O Modelo e a Solu¸ao Interior
Consideremos o colapso gravitacional esfericamente sim´etrico de uma determinada dis-
tribui¸ao de mat´eria com press˜ao desprez´ıvel confinada numa brana 1 + 3. Fixando um sis-
tema de coordenadas com´oveis[2] (t, ˜r, θ, φ), definido pelo movimento geoetico das part´ıculas
da distribui¸ao colapsante, a geometria induzida sobre a brana g
αβ
pode ser expressa pelo
elemento de linha
ds
2
= g
αβ
dx
α
dx
β
= dt
2
A(˜r, t)d˜r
2
B(˜r, t)d
2
, (3.1)
onde A(˜r, t) e B(˜r, t) ao fun¸oes arbitr´arias e d
2
´e a m´etrica bidimensional Euclidiana
padr˜ao.
Definindo
S
αβ
:=
Λ
4
8πG
N
g
αβ
τ
αβ
1
2
g
αβ
τ
κ
2
5
8πG
N
π
αβ
1
2
g
αβ
π
, (3.2)
as equa¸oes de campo modificadas (1.81) podem ser reescritas como
R
αβ
= 8πG
N
S
αβ
(3.3)
se supomos um espa¸co ambiente conformalmente plano.
Suponhamos ent˜ao que o conte´udo material de nosso modelo seja dado por um fluido
homogˆeneo. Isto ´e:
τ
αβ
= ρ(t)U
α
U
β
, (3.4)
onde U
α
= δ
α
0
. Desta forma as equa¸oes de campo (3.3) podem ser expressas, em termos de
componentes, por:
¨
A
2A
+
¨
B
B
˙
A
2
4A
2
˙
B
2
2B
2
= 4πG
N
ρ
κ
2
5
6
ρ
2
+ Λ
4
, (3.5)
64
1
A
B

B
B
2
2B
2
A
B
2AB
¨
A
2A
+
˙
A
2
4A
2
˙
A
˙
B
2AB
= 4πG
N
ρ Λ
4
, (3.6)
1
B
+
1
A
B

2B
A
B
4AB
¨
B
2B
,
˙
A
˙
B
4AB
= 4πG
N
ρ Λ
4
(3.7)
˙
B
B
˙
AB
2AB
,
˙
BB
2B
2
= 0. (3.8)
onde denotamos por
˙
A e A
as respectivas derivadas temporal e radial da fun¸ao A(˜r, t). Para
encontrarmos uma solu¸ao destas equa¸oes por separa¸ao de vari´aveis, suponhamos que
A(˜r, t) = a
2
(t)h(˜r) , B(˜r, t) = b
2
(t)g(˜r). (3.9)
Deste modo, a equa¸ao (3.8) nos a
b(t) = C a(t), (3.10)
onde C ´e uma constante arbitr´aria. Sem perda de generalidade, temos a liberdade de redefinir
a coordenada radial ˜r como uma fun¸ao arbitr´aria de uma nova vari´avel r. Em particular,
podemos fazer r =
Cg(˜r) de mo do que
A(r, t) = a
2
(t)f(r) , B(r, t) = a
2
(t)r
2
, (3.11)
onde f(r) :=
4C
3
r
2
h[˜r(r)]
g
. Adotando esta escolha, as equa¸oes (3.6) e (3.7) podem ser escritas
como
f
(r)
f
2
(r)r
¨aa 2 ˙a
2
= 4πG
N
ρa
2
Λ
4
a
2
(3.12)
e
1
r
2
+
1
r
2
f(r)
f
(
r
)
2f
2
(r)r
¨aa 2 ˙a
2
= 4πG
N
ρa
2
Λ
4
a
2
. (3.13)
onde agora f
(r) :=
df
dr
. Para resolvermos as equa¸oes acima, vemos que a ´unica alternativa ´e
fazermos os primeiros termos dependentes de r, em (3.12) e (3.13), iguais uma constante. Isto
´e:
f
(r)
f
2
(r)r
=
˜
C =
1
r
2
+
1
r
2
f(r)
f
(r)
2f
2
(r)r
.
65
Desta forma, fixando
˜
C = 2k, a ´unica solu¸ao radial para f(r) ´e
f(r) =
1
1 kr
2
, (3.14)
e o elemento de linha (3.1) ´e expresso por
ds
2
= dt
2
a
2
(t)
1
1 kr
2
dr
2
+ r
2
d
2
. (3.15)
Por consistˆencia, ´e importante notarmos que a geometria acima pode ser imersa num espa¸co
ambiente de De-Sitter 5-dimensional (cf. Cap. 1), onde o tensor de Weyl
(5)
C
ABCD
= 0. Isto
implica que E
αβ
= 0 = F
αβ
de acordo com a nossa premissa inicial.
Agora nosso problema se reduz a calcular as fun¸oes ρ(t) e a(t). Vejamos ent˜ao que as
equa¸oes de Codazzi ao satisfeitas se supormos que
t
(ρB
A) = 0. (3.16)
Usando (3.11) e (3.14) na rela¸ao acima temos
ρ(t) =
E
0
a
3
(t)
(3.17)
onde E
0
corresponde `a densidade de nosso fluido. Desta maneira, decorre de (3.5) que
¨aa =
4πG
N
3
E
0
a
+
2E
2
0
|σ|a
4
+
Λ
4
a
2
3
. (3.18)
Por outro lado, das equa¸oes (3.12) e (3.13) obtemos
2k ¨aa 2˙a
2
=
4πG
N
E
0
a
Λ
4
a
2
. (3.19)
Logo, somando as equa¸oes (3.18) e (3.19) obtemos a integral primeira
˙a
2
=
8πG
N
E
0
3a
+
4πG
N
E
2
0
3|σ|a
4
+
Λ
4
a
2
3
k. (3.20)
Consideremos agora as seguintes condi¸oes iniciais para o colapso:
˙a(0) = 0 , a(0) = 1. (3.21)
Assim, de (3.20) segue que
k =
8πG
N
3
E
0
+
E
2
0
2|σ|
+
Λ
4
3
. (3.22)
66
At´e aqui, ao determinamos a natureza da dimens˜ao extra (a qual pode ser tanto do tipo-
espa¸co quanto do tipo-tempo). Supondo que = +1, isto ´e, uma dimens˜ao extra tipo-espa¸co,
teremos sempre k > 0 e o termo de corre¸ao de brana (proporcional a E
2
0
) ir´a for¸car o colapso
at´e que se atinja uma singularidade an´aloga ao caso da Relatividade Geral[3]. Entretanto,
no caso de uma dimens˜ao extra tipo-tempo, o sinal da 3-curvatura fica em aberto e o termo
de corre¸ao evitar´a o colapso numa singularidade. Por esta raz˜ao iremos, a partir de agora,
considerar o caso de uma dimens˜ao extra tipo-tempo. Iremos tamb´em supor uma constante
cosmol´ogica efetiva nula sobre a brana. Para isto, tomaremos
Λ
5
= +
1
12
κ
2
5
σ
2
. (3.23)
Definindo enao
p
a
:= ˙a , V (a) :=
2πG
N
E
2
0
3|σ|a
4
4πG
N
E
0
3a
+
k
2
, (3.24)
podemos inferir o v´ınculo hamiltoniano
H =
p
2
a
2
+ V (a) = 0, (3.25)
equivalente a integral primeira (3.20).
´
E imediato ver que deste v´ınculo deriva-se a equa¸ao
de movimento (3.19) para Λ
4
= 0.
Com o intuito de garantirmos uma distribui¸ao finita da mat´eria, suporemos k > 0 e que
o p otencial V (a) tenha duas ra´ızes reais. Isto ´e, iremos a partir de agora nos restringir ao
dom´ınio
|σ| > 2E
0
. (3.26)
Desta forma vemos que V (a) possui um extremo localizado em ¯a =
2E
0
|σ|
1
3
, e duas ra´ızes reais
positivas a
1
= a
min
e a
2
= 1 (com a
min
< 1). De acordo com a restri¸ao (3.26), o potencial
V (a) nos fornecer´a uma solu¸ao oscilante para o fator de escala (entre a
min
a 1) evitando
assim a forma¸ao de uma singularidade em a = 0 (cf. Fig 3.1).
67
a
a
a
a
_
k
2
min
V()
a
V()
Figura 3.1: O potencial V (a) com duas ra´ızes reais positivas a
1
= a
min
e a
2
= 1 (onde
a
min
< 1) e um extremo localizado em ¯a =
2E
0
|σ|
1
3
. A solu¸ao para o fator de escala ´e uma
fun¸ao que oscila entre a = a
min
e a = 1.
3.2 A Solu¸ao Exterior
Consideremos a seguinte transforma¸ao de coordenadas
R = ar ,
¯
θ = θ ,
¯
φ = φ. (3.27)
Desta forma, o elemento de linha (3.15) pode ser reescrito como
ds
2
=
1
˙a
2
R
2
a
2
kR
2
dt
2
+
2a ˙aR
a
2
kR
2
dtdR
a
2
a
2
kR
2
dR
2
R
2
d
¯
2
. (3.28)
onde d
¯
2
d
2
. Definindo enao
T := F [S(r, t)], C(r, t) :=
1
˙a
2
R
2
a
2
kR
2
, E(r, t) :=
a˙aR
a
2
kR
2
,
D(r, t) :=
a
2
a
2
kR
2
, (3.29)
temos que:
ds
2
= C
S
t
2
F
S
2
dT
2
2
S
t
1
F
S
1
C
S
t
1
S
R
+ E
dtdR
+
C
S
t
2
S
R
2
D + 2E
S
t
1
S
R

dR
2
R
2
d
2
. (3.30)
68
De acordo com o teorema de Birkhoff[19] na teoria da Relatividade Geral, sabemos que a
solu¸ao exterior para um colapso esfericamente sim´etrico de pura poeira ´e dada pela geometria
de Schwarzschild onde a m´etrica ´e diagonal. Motivados a encontrar uma corre¸ao para esta
solu¸ao, consideremos a condi¸ao
C
S
t
1
S
R
+ E = 0. (3.31)
Assim eliminamos o termo cruzado em (3.30) e garantimos automaticamente que
g
RR
=
1 r
2
(k + ˙a
2
)
1
. (3.32)
Suponhamos ent˜ao que a jun¸ao da geometria interna com a m´etrica exterior seja feita na su-
perf´ıcie definida por r = γ, onde γ determina a fornteira da distribui¸ao de mat´eria. Definindo
a constante M :=
4πγ
3
E
0
3
, obtemos
g
RR
=
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
1
r=γ
. (3.33)
Vejamos agora que quando k > 0, uma solu¸ao para (3.31) ´e
S(r, t) = δ + α(1 kr
2
)
1
2
exp
k
1
a˙a
2
da
, (3.34)
onde δ e α ao constantes arbitr´arias. Podemos ainda reescrever a integral acima como
1
a˙a
2
(a)
da =
a
3
λa
3
ζ ka
4
da =
1
k
a
3
P (a)
da =:
1
k
G(a) (3.35)
onde
λ :=
8πG
N
E
0
3
, ζ :=
E
0
2|σ|
λ (3.36)
e
P (a) = a
4
λ
k
a
3
+
ζ
k
. (3.37)
Supondo que o dom´ınio de nossos parˆametros satisfa¸ca (3.26), temos que o polinˆomio P (a)
pode ser reescrito como
P (a) = (a 1)(a a
min
)(a
2
+ Aa + B), (3.38)
69
S()
a
a
Figura 3.2: S(a) como uma fun¸ao mon´otona de a no dom´ınio f´ısico a
min
a 1.
onde A = 1 + a
min
λ
k
, B =
ζ
ka
min
e A
2
< 4B. Portanto
a
3
P (a)
da = D ln |a 1| E ln |a a
min
| +
2F
4B A
2
arctan
2a + A
4B A
2
onde
D :=
1
(1 a
min
)(A + B + 1)
, E :=
a
3
min
(1 a
min
)(a
2
min
+ Aa
min
+ B)
, F :=
B(Da
min
+ E)
a
min
.
Emb ora esta integral tenha uma forma complicada, podemos fazer um teste num´erico de
modo a analisar o comportamento da fun¸ao S para valores razo´aveis dos parˆametros de nosso
modelo. Consideremos enao os seguintes parˆametros
|σ| = 0.05m
2
, G
N
= 1 , E
0
= 1.04 × 10
23
m
2
, r = γ = 6.96 × 10
8
m,
δ = 1 , α = 0.01. (3.39)
Fisicamente isto significa que estamos considerando uma ordem de grandeza t´ıpica para a
tens˜ao na brana (como veremos a seguir), ao lidarmos com uma massa cem vezes maior que
a do Sol.
Uma vez que tais parˆametros satisfazem (3.26), podemos integrar numericamente a fun¸ao
G(a) e, por conseguinte, construir o gr´afico da fun¸ao S(a) (cf. Fig. 3.2). Vemos ent˜ao que
para o dom´ınio f´ısico dos parˆametros considerados aqui, S(a) ´e uma fun¸ao mon´otona de a
70
quando r = γ. Assim, podemos inverter esta fun¸ao de modo a obter a(S) dentro de nosso
dom´ınio espec´ıfico. Desta forma, devido ao car´ater geral da fun¸ao F , podemos afirmar que
existe uma fun¸ao F [S(r, t)] tal que, quando r = γ, tenhamos
F
S
r=γ
F (a) =

a ˙a
1 γ
2
(k + ˙a
2
)

(1 kγ
2
)
1/2
k[S(a) δ]

. (3.40)
Adotando portanto esta escolha, a geometria exterior (dada pela jun¸ao com a etrica interior
(3.15) quando r = γ) fica expressa por
ds
2
=
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
dT
2
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
1
dR
2
R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
). (3.41)
Vemos enao que nossa solu¸ao exterior corresponde a geometria de Schwarzschild com
uma corre¸ao de brana dada pelo termo
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
. Considerando a defini¸ao do polinˆomio
P (R) := R
4
g
1
RR
, a condi¸ao
3G
2
M
2
8
>
1
6πG|σ|
´e suficiente para que P (R) tenha duas ra´ızes reais
positivas. Tais ra´ızes ao representam uma singularidade real de nossa geometria e podem ser
eliminadas por uma transforma¸ao de coordenadas apropriada como veremos mais adiante.
Ao contr´ario de nossa an´alise anterior, temos agora uma diferente condi¸ao de imers˜ao
para a nossa geometria exterior (3.41). De fato, tanto no cap´ıtulo 2 quanto em nossa solu¸ao
interior na se¸ao precedente, consideramos uma geometria FRW a qual pode ser imersa num
espa¸co ambiente de De-Sitter 5-dimensional (cf. Sec. 1.4). Desta forma algumas quest˜oes
aqui se tornam pertinentes: Pode nossa solu¸ao exterior (3.41) ser imersa tamb´em num espa¸co
ambiente de De-Sitter? Caso ao seja poss´ıvel, qual deve ser a natureza do espa¸co ambiente?
Apresentaremos agora uma solu¸ao para este problema.
Como estamos ao estamos supondo termos de fonte exteriores `a distribui¸ao de mat´eria
na brana, as equa¸oes de campo corrigidas para a regi˜ao exterior (cf. Cap. 1) ficam
(4)
G
αβ
= E
αβ
F
αβ
. (3.42)
Tomando ainda o tra¸co da equa¸ao acima, temos que
(4)
R = F (3.43)
onde F = 2κ
2
5
˜
T
AB
n
A
n
B
. Como
(4)
R =
9G
N
M
2
2π|σ|R
6
, vemos o espa¸co ambiente ao pode ser
descrito pela geometria de De-Sitter, do contr´ario as equa¸oes de campo corrigidas ao ser˜ao
satisfeitas[37].
71
Consideremos ent˜ao um espa¸co ambiente com coordenadas (u, v, w, χ, ξ) onde o elemento
de linha ´e expresso por
ds
2
5
= exp (αu)

1
2G
N
M
w
+
3G
N
M
2
4π|σ|w
4
dv
2
1
2G
N
M
w
+
3G
N
M
2
4π|σ|w
4
1
dw
2
w
2
(
2
+ sin
2
χdξ
2
)
+ du
2
, (3.44)
com α
2
3
Λ
5
. Dadas as equa¸oes de campo para espa¸co ambiente, inferimos as componentes
de nosso tensor energia-momento
˜
T
AB
por
˜
T
uu
=
9G
N
M
2
4π|σ|w
6
κ
2
5
exp (αu)
(5)
g
uu
,
˜
T
vv
=
9G
N
M
2
4π|σ|w
6
κ
2
5
exp (αu)
(5)
g
vv
,
˜
T
ww
=
9G
N
M
2
4π|σ|w
6
κ
2
5
exp (αu)
(5)
g
ww
,
˜
T
χχ
=
9G
N
M
2
2π|σ|w
6
κ
2
5
exp (αu)
(5)
g
χχ
,
˜
T
ξξ
=
9G
N
M
2
2π|σ|w
6
κ
2
5
exp (αu)
(5)
g
ξξ
, (3.45)
de modo que (1.73) ´e automaticamente satisfeita.
Definindo n
A
:= exp (
αu
2
)δ
A
u
, segue que n
A
n
A
= exp (αu). Caracterizando ent˜ao a
imers˜ao pela equa¸ao u = 0, temos que n
A
n
A
|
u=0
= 1 e Y
A
, α
= δ
A
α+1
. Assim, as componentes
de
(4)
G
αβ
e E
αβ
sobre a brana ao dadas por
(4)
G
T T
=
1
2
(4)
R
(4)
g
T T
,
(4)
G
RR
=
1
2
(4)
R
(4)
g
RR
,
(4)
G
θθ
=
(4)
R
(4)
g
θθ
,
(4)
G
φφ
=
(4)
R
(4)
g
φφ
. (3.46)
e
E
T T
=
1
4
(4)
R
(4)
g
T T
, E
RR
=
1
4
(4)
R
(4)
g
RR
,
E
θθ
=
1
4
(4)
R
(4)
g
θθ
, E
φφ
=
1
4
(4)
R
(4)
g
φφ
. (3.47)
Considerando estas componentes junto com a forma de
˜
T
AB
, garantimos que tanto as equa¸oes
de campo corrigidas (3.42) quanto as condi¸oes de Codazzi
β
E
αβ
=
β
F
αβ
, ao identica-
mente satisfeitas sobre a brana.
De acordo com (1.90), (3.27) e (3.40), vemos que possuimos transforma¸oes locais que
nos levam de um espa¸co-tempo de De-Sitter 5-dimensional (1.88), para uma geometria de
Schwarzschild corrigida (3.41). Logo, como temos uma imers˜ao local desta geometria num
espa¸co ambiente do tipo (3.44), podemos inverter tais transforma¸oes de modo a fazer uma
72
jun¸ao de (3.44) com (1.88) quando r = γ. Neste contexto, as descontuidades do tensor de
Weyl do espa¸co ambiente estariam conectadas as descontinuidades do tensor energia-momento
no mesmo quando cruz´assemos a superf´ıcie correspondente a r = γ.
3.3 A Extens˜ao Maximal
Para examinarmos a extens˜ao maximal de nosso espa¸co-tempo, precisamos saber se, e
sob quais circusntˆancias, nossa configura¸ao expressa pela geometria (3.41) forma horizontes.
De fato, como observado na se¸ao precedente, uma condi¸ao suficiente para a forma¸ao de
horizontes ´e que a massa M de uma estrela colapsante se iguale ou seja maior que o limite
cr´ıtico M
, onde definimos
M
4
9πG
3
N
|σ
|
1/2
(3.48)
para um dado valor fixo |σ
|. Pela figura 3.3, vemos que quando M = M
, o polinˆomio P (R)
tem apenas uma ra´ız R
. Neste caso temos o que se chama de buraco negro extremo. Por outro
lado, quando M > M
, P (R) possui duas ra´ızes R
e R
+
(onde R
< R
+
). Analogamente
ao espa¸co-tempo de Reissner-Nordstrom, R
+
e R
correspondem aos chamados horizontes de
eventos e de Cauchy respectivamente.
Substituindo M
pelo valor aximo de massa poss´ıvel para que uma estrela do tipo an˜a
branca permane¸ca em equil´ıbrio (isto ´e pela massa de Chandrasekhar
¯
M = 1.4M
[38]),
temos que o dom´ınio f´ısico do parˆametro |σ | deve ser
|σ| 10
8
1
m
2
para que o colapso ocorra. O comportamento de S (cf. Fig. 3.2) pouco muda no dom´ınio em
que |σ| > 10
7
1
m
2
. Desta forma, justificamos aqui o valor t´ıpico |σ| = 0.05 adotado em nossa
ilustra¸ao num´erica da se¸ao anterior.
Daqui em diante construiremos nossa extens˜ao maximal supondo a condi¸ao M > M
, a
qual nos garante γa
min
< R
[39]. Desta maneira segue que:
P (R) = R
4
2G
N
MR
3
+
3G
N
M
2
4π|σ|
= (R R
+
)(R R
)(R
2
+ αR + β), (3.49)
73
R+R_
M>M*
M=M*
M<M*
0
20
1 2 3
P(R)
R
Figura 3.3: Gr´afico do p olinˆomio P (R)
R
4
g
RR
para massas de poeira M < M
(ausˆencia de
um buraco negro), M = M
(buraco negro extremo) e M > M
(buraco negro com horizonte
de eventos R
+
e horizonte de Cauchy R
). Nesta figura, tomamos o parˆametro |σ| = 0.05,
em unidades G
N
= c = 1.
onde
α = R
+
+ R
2G
N
M , β =
3G
N
M
2
4π|σ|R
+
R
. (3.50)
Definindo
R
:=
R
4
P (R)
, (3.51)
temos que
R
:= R +
1
k
+
ln |R R
+
|
1
k
ln |R R
| +
2D
4β α
2
arctan
2R + α
4β α
2
. (3.52)
onde
1
k
+
R
4
+
(R
+
R
)(R
2
+
+ 2αR
+
+ β)
,
1
k
R
4
(R
+
R
)(R
2
+ 2αR
+ β)
,
D 2G
N
M(W K) + α ( R
+
+ R
) β R
+
R
. (3.53)
A fim de introduzirmos as chamadas coordenadas nulas, cabe agora dividirmos nosso
espa¸co-tempo em trˆes regi˜oes distintas, a saber:
74
(i) Regi˜ao I: (R > R
+
; P (R) > 0).
(ii) Regi˜ao II: (R
< R < R
+
; P (R) < 0).
(iii) Regi˜ao III: (R < R
; P (R) > 0).
Nas regi˜oes I e III, definimos as coordenadas nulas por
u := T R
, v := T + R
, (3.54)
de modo que a geometria (3.41) fica:
ds
2
=
P (R)
R
4
dudv R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
), (3.55)
ou
ds
2
=
1
R
4
f(R) exp

1
2
(v u) R
k
+
dudv R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
), (3.56)
onde
f(R) (R
2
+ αR + β)(R R
)
1+
k
+
k
×exp

2D
4β α
2
arctan
2R + α
4β α
2

k
+
. (3.57)
Consideremos agora a seguinte transforma¸ao
U = exp
uk
+
2
, V = exp
vk
+
2
. (3.58)
Assim, neste sistema de coordenadas, temos que:
ds
2
=
4
R
4
k
2
+
f(R) exp(Rk
+
)dUdV R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
). (3.59)
Desta forma, vemos que a carta (U, V ) nos fornece um mapa regular para os dom´ınios R R
+
e R < R
. Isto ´e, para as regi˜oes I e III.
Por outro lado, na regi˜ao II (onde P (R) < 0) definimos as coordenadas nulas por
¯u := R
T , ¯v := R
+ T. (3.60)
75
de modo que a geometria (3.41) fica:
ds
2
=
|P (R)|
R
4
d¯ud¯v R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
), (3.61)
ou
ds
2
=
1
R
4
¯
f(R) exp

R
1
2
(¯u + ¯v)
k
d¯ud¯v R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
), (3.62)
onde
¯
f(R)
(R R
+
)
1+
k
k
+
(R
2
+ αR + β)
exp

2D
4β α
2
arctan
2R + α
4β α
2

k
.
Considerando enao as transforma¸oes
¯
U = exp
¯uk
2
,
¯
V = exp
¯vk
2
, (3.63)
temos que:
ds
2
=
4
R
4
k
2
¯
f(R) exp(Rk
)d
¯
Ud
¯
V R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
). (3.64)
Quando R R
vemos que ao temos um ponto singular em nosso espa¸co-tempo e podemos
estender a nossa solu¸ao para todos os valores em que R
+
> R R
. Portanto, as cartas
(U, V ) e (
¯
U,
¯
V ) ao suficientes para que cubramos todo o espa¸co-tempo (3.41).
Para exibirmos agora a representa¸ao maximalmente estendida de nosso espa¸co-tempo,
consideremos as transfoma¸oes de coordenadas
tan(
˜
U) := exp (νu) , tan(
˜
V ) := exp (νv), (3.65)
para as regi˜oes I e III e,
tan(
˜
U) := exp (ν ¯u) , tan(
˜
V ) := exp (ν¯v) (3.66)
para a regi˜ao II, onde ν ´e uma constante arbitr´aria diferente de zero. Assim, a geometria
(3.41) assume a forma geral
ds
2
=
4|P (R)|
ν
2
R
4
csc(2
˜
U) csc(2
˜
V )d
˜
Ud
˜
V R
2
(
2
+ sin
2
θ
2
) (3.67)
para as regi˜oes I, II e III. Vejamos ainda que, dadas as transforma¸oes (3.65) e (3.66), as trˆes
regi˜oes de nosso espa¸co-temp o podem ser mapeadas no plano (
˜
U,
˜
V ) para valores constantes
76
I
-
+
R=R;u=+;U=0
oo
R=+;u=-;U=-/2
oo
~
oo
p
R=+;
v=+;
V=/2
oo
~
oo
p
I
+
+++
R=R;
v=-;
V=0
oo
+
~
i
i
-
0
R=R;u=+;U=/2
oo
R=R;u=-;U=0
oo
~
R=R;
v=+;
V=/2
~
oo
p
+++
R=R;
v=-;
V=0
oo
+
~
i
~
p
-
-
+
-
+
-
-
-
Reg.I
Reg.II
R=R;u=-;U=/2
oo
~
p
-
R=0
~
-
-
~
oo
p
-
-
R=R;
v=+;
V=/2
~
-
-
Reg.III
Geodésicasnulas
V=const.eU=const.
~
~
~
~
V
~
~
U
Figura 3.4: Na ilustra¸ao acima exibimos os blocos fundamentais para a constru¸ao da ex-
tens˜ao maximal completa do espa¸co-tempo (3.41) supondo o dom´ınio 0 R < .
77
R=
R=0
R=0
R
R
R
R
R
I
I
II
II
IIIIII
+
- -
- -
+
-
+
g
R= g
i
i
0
I
I
R=
g
i
0
I
-
I
+
min
a
R
+
Figura 3.5: Diagrama de Penrose para o espa¸co-tempo (3.41) supondo-se M > M
. A cadeia
infinita de regi˜oes assintoticamente planas I ( > R > R
+
) ao conectadas as regi˜oes III
(R
> R > γa
min
) pelas regi˜oes II (R
+
> R > R
). A por¸ao hachurada limitada por
R = γa
min
e R = γ corresponde a regi˜ao interna a distribui¸ao de mat´eria e ao faz parte
do espa¸co-tempo gerado por (3.41). A linha pontilhada ilustra como uma superf´ıcie de poeira
colapsante evolui no tempo. Uma vez atravessado R
(o horizonte de Cauchy) tal superf´ıcie
permanece perpetuamente oscilando entre R = γ e R = γa
min
.
78
das coordenadas angulares θ e ϕ. Na figura 3.4 representamos este mapa nos dom´ınios π
˜
U π/2 e π/2
˜
U 0.
Para garantirmos agora que nosso espa¸co-tempo seja geodesicamente completo, precisamos
considerar os demais dom´ınios das coordenadas (
˜
U,
˜
V ). Desta forma geramos opias das
regi˜oes I, II e III de modo que a extens˜ao maximal anal´ıtica deve ser obtida ao juntarmos
todas estas opias repetidamente. A cadeia resultante ´e exibida na figura 3.5 onde agora
exibimos a regi˜ao interna a distribui¸ao de mat´eria area hachurada) que realiza infinitos
ricochetes entre R = γ e R = γa
min
.
Na teoria da Relatividade Geral, a singularidade global tipo-espa¸co manifesta num buraco
negro de Schwarzschild, aparece conectada com uma densidade infinita de mat´eria (pois o
volume de uma distribui¸ao esfericamente sim´etrica de poeira se anula para um observador em
repouso com respeito a estrela colapsante). No modelo apresentado neste cap´ıtulo denotamos
por ao singular o fato de o volume de tal distribui¸ao nunca se anular. Entretanto, isso ao
significa que ao tenhamos singularidades em nosso espa¸co temp o. De fato, de acordo com a
figura 3.5, vemos que existem singularidades de curvatura em R = 0 para determinadas opias
da regi˜ao III onde ao ocorra o colapso de uma distribui¸ao de mat´eria. A interpreta¸ao bem
como as consequˆencias de tais singularidades ser˜ao exploradas em trabalhos futuros.
79
3.4 Corroes dos Testes Experimentais
De acordo com a Relatividade Geral, a etrica de Schwarzschild forma a base para o
alculo dos testes observacionais cl´assicos da teoria de Einstein, descrevendo univocamente
(segundo o teorema de Birkhoff) a geometria do espa¸co-temp o no vazio. Como esta poderosa
solu¸ao apresenta uma patologia crucial da teoria da Relatividade Geral (uma singularidade
quando consideramos o problema de colapso gravitacional), tais testes devem ser corrigidos
por uma teoria modificada que ao incorpore este problema.
Seguramente, as corre¸oes na geometria de Schwarzschild fornecidas pelo nosso modelo
ter˜ao efeitos sobre estes testes ao considerarmos escalas mais altas de energia. Deste modo,
esta seria uma interessante forma de se detectar dimens˜oes extras, no contexto da teoria de
branas, se elas de fato existirem.
Nesta se¸ao avaliaremos as corre¸oes sobre o avan¸co do perih´elio planet´ario e sobre a
deflex˜ao do feixe luminoso. Devido ao termo de corre¸ao de brana em (3.41), o qual ´e pro-
porcional a R
4
, ao temos nenhuma previs˜ao al´em da Relatividade Geral sobre o desvio das
linhas espectrais.
3.4.1 O Avan¸co do Perih´elio Planet´ario
Estamos interessados aqui no estudo do movimento de part´ıculas teste no campo gravita-
cional est´atico (3.41) obtido anteriormente. Como sabemos, o movimento de um corpo teste
num campo gravitacional ´e governado pelas equa¸oes geod´esicas. Definindo enao
F (R) :=
1
2GM
R
+
3GM
2
4π|σ|R
4
, (3.68)
temos pela geometria (3.41) os seguintes termos de conex˜ao ao nulos:
Γ
0
01
=
F
2F
, Γ
1
00
=
F
F
2
, Γ
1
11
=
F
2F
, Γ
1
22
= rF , Γ
1
33
= R sin
2
θF ,
Γ
2
12
=
1
2R
, Γ
2
33
= sin θ cos θ , Γ
3
13
=
1
R
, Γ
3
23
= cot θ. (3.69)
80
Desta forma, as equa¸oes da linha geod´esica ficam
d
2
T
ds
2
+
F
F
dT
ds
dR
ds
= 0, (3.70)
d
2
R
ds
2
+
F F
2
dT
ds
2
F
2F
dR
ds
2
RF

ds
2
+ sin
2
θ
ds
2
= 0, (3.71)
d
2
θ
ds
2
+
2
R
dR
ds
ds
sin θ cos θ
ds
2
= 0, (3.72)
d
2
φ
ds
2
+
2
R
dR
ds
ds
+ 2 cot θ
ds
ds
= 0, (3.73)
onde s ´e o parˆametro afim definido por (3.41) e F
dF
dR
.
Adotando ent˜ao as condi¸oes iniciais θ =
π
2
e
˙
θ = 0, segue da equa¸ao (3.72) que
¨
θ e todas
as suas derivadas superiores se anulam de tal forma que a ´orbita fica confinada no plano θ =
π
2
.
Assim, a partir de (3.70) e (3.73), temos que
d
2
T
ds
2
+
1
F
dT
ds
dF
ds
= 0 F
dT
ds
= E (3.74)
e
R
2
ds
= h, (3.75)
onde E e h ao constantes de movimento correspondendo a energia e momento angular do
sistema respectivamente. Entretanto, como g
αβ
dx
α
ds
dx
β
ds
= 1 temos que
E
2
F
1
F
˙
R
2
h
2
R
2
= 1 (3.76)
ou
E
2
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
˙
R
2
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
h
2
R
2
= 1. (3.77)
Fazendo agora u
1
R
, segue que
˙
R =
dr
dT
dT
φ
= h
du
de modo que a equa¸ao (3.76) pode
ser reescrita como
du
2
+ u
2
=
(¯α
2
1)
h
2
+
1
h
2
2G
N
Mu
3G
N
M
2
u
4
4π|σ|
+ 2G
N
Mu
3
3G
N
M
2
u
6
4π|σ|
(3.78)
81
e, diferenciando a rela¸ao acima, ficamos com
d
2
u
2
+ u
G
N
M
h
2
= 3G
N
Mu
2
3G
N
M
2
u
3
2π|σ|h
2
9G
N
M
2
u
5
4π|σ|
. (3.79)
Comparando (3.79) com a equa¸ao proveniente da teoria Newtoniana,
d
2
u
2
+ u
G
N
M
h
2
= 0, (3.80)
com
h
2
= G
N
Ma(1 ε
2
), (3.81)
onde a corresponde ao semi-eixo maior da elipse e ε a sua excentricidade, vemos que (3.79) e
(3.80) diferem apenas pelo termo de corre¸ao da Relatividade Geral 3GMu
2
, al´em da corre¸ao
de brana (a parte remanescente do lado direito de (3.79)) o qual pode ser desprezado desde que
|σ| ao seja suficientemente pequeno. De qualquer forma, devido a tais termos de corre¸ao, as
´orbitas dos planetas ao ao mais fechadas em geral. De fato, al´em da precess˜ao do perih´elio
prevista pela teoria da Relatividade Geral, o termo de corre¸ao de brana fornecer´a uma outra
corre¸ao a qual pode ser relevante quando considerarmos escalas de energia maiores do que as
de nosso sistema solar.
Para encontrarmos uma solu¸ao para a nossa equa¸ao (3.79), adotaremos um procedimento
iterativo de expans˜ao da solu¸ao em s´eries de potˆencia de
G
N
M
h
2
. Isto ´e, faremos
u = u
(0)
+ u
(1)
+ u
(2)
+ ........ (3.82)
onde
u
(0)
=
G
N
M
h
2
[1 + ε cos(φ φ
0
)]. (3.83)
´e a solu¸ao de (3.80), a qual corresponde a uma elipse com excentricidade ε e perih´elio inicial
φ
0
.
Desconsiderando termos de ordem mais alta em ε, derivamos diretamente que
u
(1)
=
3(G
N
M)
3
h
4
εφ sin[(φ φ
0
)] (3.84)
e
u
(2)
=
9G
4
N
M
5
8h
8
π|σ|
2 +
5(G
N
M)
2
h
2
εφ sin[(φ φ
0
)]. (3.85)
82
Isto ´e,
u
G
N
M
h
2
[1 + ε cos(φ φ
0
)]
+
3(G
N
M)
2
h
2
9G
3
N
M
4
8h
6
π|σ|
2 +
5(G
N
M)
2
h
2

εφ sin[(φ φ
0
)]
. (3.86)
Definindo
φ
0
:=
3(G
N
M)
2
h
2
9G
3
N
M
4
8h
6
π|σ|
2 +
5(G
N
M)
2
h
2

φ (3.87)
podemos ainda reescrever
u
G
N
M
h
2
[1 + ε cos(φ φ
0
φ
0
)] se φ
0
1. (3.88)
A equa¸ao (3.88) representa uma ´orbita el´ıptica precessante onde o avan¸co do perih´elio
por revolu¸ao ´e dado por
φ
6π(G
N
M)
2
h
2
1
3G
N
M
2
4h
4
π|σ|
15G
3
N
M
4
8h
6
π|σ|
. (3.89)
Apenas o primeiro termo do lado direito da equa¸ao acima corresponde a corre¸ao da Rela-
tividade Geral[40]. Portanto, vemos aqui que as corre¸oes inferidas pelo nosso modelo tendem
a atenuar os efeitos da teoria cl´assica para o avan¸co do perih´elio planet´ario.
Vale destacar que a diminui¸ao deste avan¸co se deve ao car´ater temporal de nossa dimens˜ao
extra. Caso consider´assemos uma dimens˜ao extra tipo-espa¸co, ter´ıamos uma contribui¸ao para
o termo proveniente da Relatividade Geral que aumentaria este avan¸co. Embora este aumento
pudesse ter uma importante consequˆencia observacional, o caso de uma dimens˜ao extra tipo-
espa¸co ainda geraria a mesma patologia da teoria cl´assica (cf. Sec. 3.1).
3.4.2 A Deflex˜ao do Feixe Luminoso
Consideremos agora o movimento geoetico de de uma part´ıcula que segue uma linha nula
de universo. Dado novamente o parˆametro afim s, temos de (3.41) que
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4

dT
ds
2
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
1
dR
ds
2
R
2
ds
2
R
2
sin
2
θ
ds
2
= 0. (3.90)
83
Seguindo mesmo protocolo que fizemos no caso do movimento planet´ario, fixemos θ =
π
2
de modo que
˙
φ =
h
r
2
. Assim ficamos com
dT
ds
= E
1
2G
N
M
r
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
1
.
Fazendo novamente u =
1
r
, a equa¸ao (3.90) fica
E
2
h
2
du
2
u
2
1 2G
N
Mu +
3G
N
M
2
u
4
4π|σ|
= 0 (3.91)
e, quando a diferenciamos, obtemos
d
2
u
2
+ u = 3G
N
Mu
2
9G
N
M
2
u
5
4π|σ|
. (3.92)
Por uma aproxima¸ao de ordem zero temos que
d
2
u
0
2
+
u
0
= 0
u
0
=
1
L
cos(
φ
φ
0
)
, (3.93)
onde L corresponde ao raio da distribui¸ao de mat´eria e φ
0
a uma condi¸ao de contorno
adequada. A solu¸ao acima corresponde ao caso em que ao a qualquer tipo de deflex˜ao do
feixe luminoso.
Intro duzimos agora um sistema de coordenadas polares por x = L cos φ e y = L sin φ.
Suporemos tamb´em que a origem de nosso sitema de coordenadas coincide com o centro
gravitacional de uma distribui¸ao de mat´eria respons´avel por tal deflex˜ao e que φ
0
= 0.
Expandindo enao a solu¸ao em s´erie de potˆencias da mesma forma que no caso anterior,
temos que
u u
(0)
+ u
(1)
=
1
L
cos φ +
G
N
M
L
2
(1 + sin
2
φ)
9G
N
M
2
192π|σ|L
5
×[15(cos φ + φ sin φ) 2 cos
5
φ 5 cos
3
φ]. (3.94)
Em coordenadas cartesianas podemos ainda reescrever
x = L
G
N
M
L
x
2
+ 2y
2
x
2
+ y
2
+
9G
N
M
2
192π
2
|σ|L
4
×
15
x + y arccos
x
x
2
+ y
2

2x
5
(x
2
+ y
2
)
2
5x
3
x
2
+ y
2
. (3.95)
Enquanto o segundo termo do lado direito da equa¸ao acima nos fornece a corre¸ao da Relativi-
dade Geral[40], o terceiro termo adicional corresponde a corre¸ao de brana de nosso modelo.
Atrav´es de um alculo direto vemos que quando y x ficamos com
x L ± y
G
N
M
L

2
45M
128|σ|L
3

. (3.96)
84
Y
X
L
D
F
Feixeluminoso
defletido
Distribuiçãode
matéria
F
D
FF
Figura 3.6: A deflex˜ao do feixe luminoso. O ˆangulo de deflex˜ao φ entre as duas ass´ıntotas
(cf. (3.96)) possui, al´em da corre¸ao cl´assica, uma corre¸ao devido a teoria de branas.
Neste limite, o ˆangulo de deflex˜ao φ entre as duas ass´ıntotas (cf. Fig. 3.6) expressas pela
equa¸ao acima ´e dado por
φ = 4
G
N
M
L
1
45M
256|σ|L
3
. (3.97)
Isto ´e, o efeito da teoria de branas neste caso serve para diminuir o efeito previsto pela teoria da
Relatividade Geral no caso da deflex˜ao do feixe luminoso. Novamente, se consider´assemos uma
dimens˜ao extra tipo-espa¸co ir´ıamos aumentar esse efeito sob pena de reobter uma singularidade
quando lev´asssemos em conta o problema de colapso gravitacional.
3.5 A Radia¸ao Hawking
Atrav´es de uma abordagem semi-cl´assica da teoria da Relatividade Geral, S. Hawking de-
rivou em 1975 o espectro t´ermico de part´ıculas emitidas por um buraco negro[41]. Embora tal
resultado se aplique a um campo teste ao massivo minimalmente acoplado com a curvatura
num espa¸co-tempo de Schwarzschild, as no¸oes de cria¸ao de part´ıculas por campos gravita-
cionais neste caso podem ser estendidas a qualquer campo quˆantico levando-se em conta um
85
buraco negro geral.
Certamente o resultado original de Hawking deve ser alterado para uma teoria que elimine
a singularidade manifesta num buraco negro de Schwarzschild. Como em nosso modelo temos
uma corre¸ao para a geometria de Schwarzschild (que torna a etrica ao singular no interior
da mat´eria em R = 0) nossa inten¸ao nesta se¸ao ´e derivarmos quais seriam as corre¸oes sobre
este resultado. Ao longo de nossa an´alise faremos = K
B
= 1, onde K
B
´e a constante de
Boltzmann.
Utilizando ent˜ao a mesma abordagem proposta por Hawking, consideremos o acoplamento
m´ınimo de um campo escalar ϕ ao massivo num espa¸co-tempo dado por (3.41). Neste
contexto, a equa¸ao de Klein Gordon[2] fica:
¨ϕ
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
2
2
ϕ
R
2
+
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
×
3G
N
M
2
2π|σ|R
5
+
2G
N
M
R
2
2
R
ϕ
R
1
R
2
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
×

2
θ
2
+
cos θ
sin θ
θ
ϕ +
1
sin
2
θ
2
ϕ
φ
2
= 0. (3.98)
Usando a defini¸ao (3.51) e supondo uma solu¸ao do tipo ϕ
ωml
=
1
R
Q
ωl
(R) exp(T )Y
ml
(θ, φ),
a equa¸ao (3.98) pode ser reescrita como
d
2
Q
ωl
dR
2
+
ω
2
1
R
2
l(l + 1) +
2G
N
M
R
3G
N
M
2
π|σ|R
4
1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4

Q
ωl
= 0. (3.99)
Quando R temos
d
2
Q
ωl
dR
2
+ ω
2
Q
ωl
= 0 Q
ωl
(R) = exp(±R
)
de modo que, assintoticamente, temos duas solu¸oes independentes para o campo de Klein
Gordon dadas por
ϕ
1
=
1
R
exp[(T R
)]Y
ml
(θ, φ) (3.100)
e
ϕ
2
=
1
R
exp[(T + R
)]Y
ml
(θ, φ). (3.101)
86
Definindo
V (r) := ω
2
1
R
2
l(l + 1) +
2G
N
M
R
3G
N
M
2
π|σ|R
4

1
2G
N
M
R
+
3G
N
M
2
4π|σ|R
4
vemos que o potencial acima ir´a produzir, pela a equa¸ao (3.99), um espalhamento parcial das
ondas assinoticas incidentes (3.101).
Consideremos entretanto apenas o limite assint´otico da equa¸ao (3.99). Suponhamos que
f
ωlm
sejam os modos de frequˆencia positivas das ondas na regi˜ao assint´otica J
+
. Para en-
contrarmos a forma deste modos, suponhamos que tais ondas incidam inicialmente sobre uma
distribui¸ao esf´erica de mat´eria. Conforme estas ondas se aproximam, elas sofrem um desvio
para o azul. Por outro lado, depois de atravessar toda distribui¸ao e come¸carem a emergir,
sofrer˜ao um desvio para o vermelho. Se tivermos uma distribui¸ao est´atica de mat´eria, am-
bos os efeitos ao compensados. Contudo, quando consideramos o colapso, a regi˜ao exterior
`a distribui¸ao de mat´eria descrita pela geometria (3.41) aumenta. Assim, as ondas que
emergem da distribui¸ao de mat´eria ter˜ao de atravessar regi˜oes onde campo gravitacional ´e
mais intenso (cf. Fig. 3.7). Assim, em princ´ıpio, as ondas emergentes ser˜ao mais desviadas
para o vermelho do que foram desviadas para o azul as incidentes.
Para efeito de alculo, consideremos inicialmente uma camada fina de mat´eria esferica-
mente sim´etrica. Suponhamos tamb´em que o espa¸co-tempo dentro desta camada seja dado
pela geometria de Minkowski usual
ds
2
= d
¯
T
2
d
¯
R
2
¯
R
2
d
¯
2
, (3.102)
onde
¯
denota o angulo olido bidimensional Euclidiano. Seja b(T ) :=
¯
R uma fun¸ao que
nos descreve a evolu¸ao da camada esf´erica de mat´eria. Impondo enao que a etrica interna
coincide com a geometria externa quando
¯
R = b(T ) = R, temos que
1
db
d
¯
T
2
=
1
2G
N
M
b
+
3G
N
M
2
4π|σ|b
4

dT
d
¯
T
2
1
2G
N
M
b
+
3G
N
M
2
4π|σ|b
4
1
db
d
¯
T
2
. (3.103)
Consideremos agora a defini¸ao das coordenadas nulas interiores por
ˆu :=
¯
T
¯
R , ˆv :=
¯
T +
¯
R. (3.104)
87
R=0
R
II
+
-
+
i
0
I
i
I
+
ondaincidente
v =constante
ondaemergente
u =constante
I
Figura 3.7: Neste figura exibimos a trajet´oria de uma onda descrita por ϕ
2
que parte de J
em dire¸ao a distribui¸ao de mat´eria colapsante area hachurada). Depois de atravess´a-la, a
onda emerge em dire¸ao ao limite assinotico J
+
onde ´e descrita por ϕ
1
. Devido ao colapso
da distribui¸ao de mat´eria, a onda emergente passa por regi˜oes onde o campo gravitacional ´e
mais intenso sendo assim fortemente desviada para o vermelho.
88
v
v
^
u
^
u
Figura 3.8: Na figura acima o c´ırculo representa a camada de mat´eria colapsante. A rela¸ao
entre v e u define uma dependˆencia dos modos assint´oticos emergentes em termos dos in-
cidentes que ´e de fundamental importˆancia para encontramos um espectro t´ermico. Para
derivarmos esta dependˆencia relacionamos: (i) v e ˆv para as ondas incidentes, (ii) ˆv e ˆu no
centro da camada esf´erica, (iii) ˆu e u para ondas emergentes.
Para que possamos expressar ϕ
1
em termos de ϕ
2
com o intuito de derivarmos um espectro
t´ermico, precisamos encontrar uma forma de relacionar as coordenadas nulas exteriores u e
v (definidas cf. (3.54)). Utilizando a defini¸ao (3.104) iremos derivar esta dependˆencia con-
siderando trˆes est´agios distintos (cf. Fig. 3.8):
(i)Rela¸ao v e ˆv para as ondas incidentes:
Suponhamos que os raios nulos incidentes atinjam a distribui¸ao de mat´eria quando b =
¯
b R
+
G
N
M. Desta forma temos de (3.103) que
1
2G
N
M
¯
b
+
3G
N
M
2
4π|σ|
¯
b
4
1. (3.105)
e
dT
d
¯
T
2
1 T =
¯
T + C. (3.106)
onde C ´e uma constante arbitr´aria. Assim segue que
ˆv = v + κ (3.107)
onde κ
¯
b C R
(
¯
b).
(ii) Rela¸ao entre ˆv e ˆu no centro da camada esf´erica:
89
Como
¯
R = 0 temos que
ˆv =
¯
T = ˆu. (3.108)
(iii) Rela¸ao entre ˆu e u para ondas emergentes:
Nesta configura¸ao estamos considerando o colapso gravitacional. Portanto, diferente-
mente da condi¸ao (i), estamos interessados agora nas ondas que emergem da distribui¸ao de
mat´eria quando R R
+
.
Seja
¯
T
0
o instante em que b = R
+
. Para
¯
T
¯
T
0
podemos expandir b(
¯
T ) da forma
b(
¯
T ) R
+
+ F (
¯
T
0
¯
T ) (3.109)
onde F ´e uma constante ao nula. Desta forma, da equa¸ao (3.103) vem que
T ς ln(
¯
T
¯
T
0
) (3.110)
onde
ς R
+
G
N
MR
3
+
3G
N
M
2
8π|σ|
2R
+
3G
N
M
(3.111)
se desprezarmos termos de ordem mais alta em (
¯
T
0
¯
T ). Por outro lado, quando R R
+
,
temos
R
1
k
+
ln [b(T ) R
+
]. (3.112)
Logo
u = T R
ς ln(
¯
T
¯
T
0
)
1
k
+
ln [F (T
0
T )] =
ς
1
k
+
ln (
¯
T
¯
T
0
)
1
k
+
ln F. (3.113)
Entretanto, neste limite temos que
ˆu =
¯
T
¯
R =
¯
T R
+
F (
¯
T
0
¯
T ). (3.114)
Como de (3.113) e (3.114) decorre que exp
u
ςk
1
+
(
¯
T
0
¯
T ), obtemos:
ˆu = Υ exp
u
δ
+ µ (3.115)
90
onde definimos Υ := 2F
1
ςk
+
1
, δ :=
1
k
+
ς e µ :=
¯
T
0
+ R
+
. Usando enao a condi¸ao (3.107)
junto com (3.108), obtemos que
u = δ ln
v v
0
Υ
(3.116)
onde v
0
µ κ. Dada a lei logar´ıtmica que governa a dependˆencia de u em termos de v
segundo a rela¸ao acima, podemos agora prosseguir no alculo do espectro ermico emitido
por nosso buraco negro.
Considerando a forma assint´otica do campo escalar em J
+
expressa por (3.100), temos
que
ϕ
1ωlm
exp
δ ln
v v
0
Υ

. (3.117)
De acordo com o apˆendice C, podemos expandir ϕ
1
em termos de ϕ
2
da seguinte forma
ϕ
1ωlm
0
[α
ω
ωlm
exp (
v) β
ω
ωlm
exp (
v)]
(3.118)
onde α
ω
ωlm
e β
ω
ωlm
ao os chamados coeficientes de Bogolubov e o asterisco designa seus
complexos conjugados. Multiplicando ambos os lados da equa¸ao acima por exp (

v), ao
integrarmos a mesma em v no intervalo (−∞, v
0
) obtemos
α
ω
ωlm
=
1
2π
v
0
−∞
exp (
v) exp
δ ln
v
0
v
Υ

dv (3.119)
e
β
ω
ωlm
=
1
2π
v
0
−∞
exp (
v) exp
δ ln
v
0
v
Υ

dv (3.120)
onde usamos a identidade
v
0
−∞
exp [i(ω

ω
)v]dv = 2πδ(ω

ω
). Definindo ainda v
:= v
0
v,
podemos reescrever:
α
ω
ωlm
=
1
2π
exp (v
0
)
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
(3.121)
e
β
ω
ωlm
=
1
2π
exp (v
0
)
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
. (3.122)
Consideremos agora a integral
I :=
C
exp (
z) exp
δ ln
z
Υ

dz (3.123)
91
C
Im
Re
k
e
s
Figura 3.9: O contorno C considerado para a integral (3.123)
onde z ´e um n´umero complexo e C ´e o contorno definido de acordo com a figura 3.9. Como
ao existe nenhuma singularidade interna a C nem sobre C, temos que
I =
k+σ+i
σ+i
exp (
z) exp
δ ln
z
Υ

dz
+
k+σ
k+σ+i
exp (
z) exp
δ ln
z
Υ

dz
+
σ
k+σ
exp (
z) exp
δ ln
z
Υ

dz
+
σ+i
σ
exp (
z) exp
δ ln
z
Υ

dz = 0,
e
lim
0
I =
k+σ
σ
exp (
z) exp
δ ln
z
Υ

dz
+
σ
k+σ
exp (
z) exp
δ ln
z
Υ

dz 0. (3.124)
Vejamos ent˜ao que se v
, podemos escrever
lim
(,σ,k)(0,0,)
I =
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
+
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
= 0. (3.125)
Usando agora as identidades
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
=
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
92
e
+ ln(v
/Υ) = ln(v
/Υ)
obtemos que
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
=
exp (δπω)
0
exp (
v
) exp
δ ln
v
Υ

dv
. (3.126)
Desta forma decorre de (3.121) e (3.122) que
|α
ω
ωlm
| = exp(δπω)|β
ω
ωlm
|. (3.127)
Mas de acordo com o apˆendice C, temos
ω
(|α
ω
ωlm
|
2
|β
ω
ωlm
|
2
) = 1. (3.128)
Portanto
ω
[exp(2πδω) 1]|β
ω
ωlm
|
2
= 1, (3.129)
e o umero de part´ıculas criadas no modo ωlm ´e dado por
N
ωlm
=
1
exp (2πδω) 1
. (3.130)
O resultado acima ainda corresponde a um espectro de Planck, assim como obtido por Hawk-
ing, mas agora corrigido. A este espectro a temperatura associada ´e
T
H
=
R
+
R
2πR
+
ζ
, (3.131)
onde
ζ =
R
3
+
(R
2
+
+ AR
+
+ B)
+
G
N
M (2R
3
+
3M/4π|σ|)(R
+
R
)
2
4(R
+
3G
N
M/2)
1/2
.
De (3.131) vemos que nosso resultado possui alguns tra¸cos qualitativos da teoria cl´assica.
De fato, um desses tra¸cos ´e a previs˜ao de uma temperatura nula para buracos negros extremos
(R
= R
+
). Uma outra caracter´ıstica, a qual merece uma abordagem mais detalhada, diz
respeito a entropia. A este estudo dedicaremos a pr´oxima se¸ao.
93
3.6 A Entropia de Bekenstein para Buracos Negros Quase-
Extremos
Em 1973, J. Bekenstein apresentou uma forma heur´ıstica de se determinar a entropia de
um buraco negro[42]. Encontrado atrav´es de uma derivao geom´etrica, seu c´elebre resultado
afirma que tal entropia deveria ser proporcional a ´area do horizonte de eventos. Embora
este resultado ao tenha sido muito bem aceito na ´epoca por ao se utilizar de nenhum pr´e-
requisito de mecˆanica estat´ıstica, a entropia de Bekenstein ganhou uma grande for¸ca quando
Hawking calculou, em 1975, o espectro ermico de part´ıculas emitidas por um buraco negro.
De fato, o resultado da temperatura prevista por Hawking era idˆentico ao obtido segundo a
rela¸ao de Bekenstein.
Para vermos que nosso modelo reproduz o resultado da entropia prevista por Bekenstein,
consideremos um pequeno desvio do caso extremo. Isto ´e, suponhamos que R
±
=
3G
N
M
2
±
onde ´e um desvio infinitesimal. Desprezando termos de ordem superior em , temos que
P (R
±
) = 0 =
3G
2
N
M
2
8
1
6πG
N
|σ|
. (3.132)
A condi¸ao para a forma¸ao de horizontes ´e dada por 0. A igualdade nesta rela¸ao de-
fine uma curva (cf. Fig. 3.10) no espa¸co param´etrico (|σ|, M
2
) asso ciada a buracos negros
extremos. Enquanto p ontos acima desta curva correspondem a configura¸oes com dois hor-
izontes, pontos abaixo denotam configura¸oes sem a forma¸ao de nenhum horizonte. Neste
sentido a pequena perturba¸ao aqui considerada corresponde a um pequeno desvio da curva
(|σ
|, M
) em dire¸ao a ´area hachurada.
Substituindo a forma de R
±
em T
H
, temos aproximadamente em torno do caso extremo
que
T
H
8
9πG
2
N
M
2
K
B
, (3.133)
onde agora restauramos as constantes de Planck e de Boltzmann. Introduzimos aqui tais cons-
tantes por estarmos motivados a derivar um an´alogo do umero de Avogadro como veremos
pr´oxima se¸ao.
De (3.132) segue que
d
1
2
3G
2
N
M
4
dM +
1
6πG
N
|σ
|
2
d|σ|
. (3.134)
94
s
M
M
s
*
*
2
(,)
Figura 3.10: Nesta figura exibimos o dom´ınio do espa¸co param´etrico (|σ|, M
2
) correspon-
dente a configura¸oes com dois horizontes area hachurada). Pontos na ´area branca denotam
configura¸oes onde ao ocorre a forma¸ao de horizontes. A condi¸ao = 0 define a curva
(|σ
|, M
) para buracos negros extremos.
Definindo a ´area do horizonte de eventos por A := 4πR
2
+
, temos
A 4π
9G
2
N
M
2
4
+ 3G
N
M
, (3.135)
de modo que, utilizando (3.134), obtemos
dA 8π
9G
3
N
M
2
16
dM +
M
8π|σ
|
2
d|σ|
. (3.136)
Usando a express˜ao (3.133), temos que:
K
B
4G
N
dA
1
T
H
dM +
M
2|σ
|
d|σ|
. (3.137)
Assim como no caso da Relatividade Geral, a rela¸ao (3.137) nos sugere fortemente a defini¸ao
de uma entropia geom´etrica dada por
S :=
K
B
4G
N
A. (3.138)
Neste caso obtemos que
dS
1
T
H
dM +
M
2|σ
|
d|σ|
. (3.139)
Este resultado est´a de acordo com a rela¸ao prevista por Bekenstein a menos do incremento
d|σ|. Desta forma interpretamos a equa¸ao acima como uma extens˜ao da primeira lei da
95
termodinˆamica para buracos negros quase-extremos onde um termo extra de trabalho ´e
conectado a uma varia¸ao da tens˜ao na brana.
3.7 Um Modelo Estat´ıstico para a Termodinˆamica de
Buracos Negros Quase-Extremos
Consideremos a equa¸ao dinˆamica para o fator de escala expressa pelo v´ınculo hamiltoniano
(3.25), com condi¸oes iniciais (3.21). Definida a superf´ıcie da distribui¸ao de mat´eria por
R γa, podemos redefinir o momento (por unidade de massa) na superf´ıcie da distribui¸ao
como p
R
:= γp
a
de modo que a equa¸ao dinˆamica para o fator de escala pode ser expressa por
˜
H =
p
2
R
2
+ V (R)
= 0, (3.140)
onde
V (R) :=
3G
N
M
2
8π|σ|R
4
G
N
M
R
+
kγ
2
2
. (3.141)
Expandindo a hamiltoniana (3.140) num entorno do caso extremo, temos que
˜
H H + V (R
) = 0 (3.142)
onde
H :=
p
2
R
2
+
4
9G
2
N
M
2
8
3G
N
M
2
R +
1
40
9G
2
N
M
2
2
R
2

. (3.143)
Como este modelo deve se reduzir a teoria da Relatividade Geral num limite de baixas energias,
´e natural esperarmos que o valor de |σ
| seja suficientemente grande. De fato, se a tens˜ao na
brana satisfizer a desigualdade
6
5
1
3πG
N
|σ|
1, o termo linear em R no v´ınculo (3.142) pode
ser deprezado quando comparado com o termo ao-linear (proporcional a R
2
). Desta forma o
v´ınculo (3.142) pode ser aproximado por
˜
H =
p
2
R
2
+
1
2
ω
2
R
2
, (3.144)
onde
ω
2
2
3G
N
M
1
40
9
G
2
N
M
2
2
2
2
3G
N
M
40
2
27
G
3
N
M
3
2
. (3.145)
96
Como estamos supondo um fluido ao interagente, as part´ıculas interiores `a distribui¸ao
de mat´eria devem tamb´em oscilar com uma frequˆencia ω. Definindo ent˜ao N
como n´umero de
massas de Planck presentes em toda a distribui¸ao de mat´eria, iremos agora quantizar as os-
cila¸oes do fator de escala em nosso modelo. Desta forma o movimento aproximado do sistema
poder´a ser interpretado como o movimento de N
osciladores quˆanticos em equil´ıbrio ermico
com temperatura T
H
, localizados e unidimensionais, oscilando com uma mesma frequˆencia ω.
Neste contexto, a fun¸ao canˆonica de parti¸ao do sistema pode ser expressa por
Z =
exp(βω/2)
exp(βω) 1
N
, (3.146)
onde β
1
K
B
T
H
, ou
Z = exp(N
βω/2) (3.147)
para valores baixos de temperatura T
H
. Desta forma segue que
ln Z =
N
ω
2K
B
T
H
. (3.148)
Consideremos agora a energia livre dada por
F = RT
H
ln Z
N
2K
B
, (3.149)
onde R ´e uma constante apropriada. Por defini¸ao a entropia do sistema pode ser calculada
em fun¸ao da energia livre atrav´es da rela¸ao:
S =
F
T
H
N
R
2K
B
ω
T
H
. (3.150)
Substituindo enao (3.133) em (3.145), segue que
ω
T
H
=
15
2π
2
K
2
B
G
N
M
T
H
4
2
. (3.151)
e
S
15
2π
2
K
B
RN
3
T
H
8M
. (3.152)
Finalmente, utilizando as express˜oes (3.133), (3.134) e (3.137), obtemos
dS
5
2R
9K
B
N
1
T
H
dM +
M
2|σ
|
d|σ|

5
2R
9K
B
N
K
B
4G
N
dA
. (3.153)
97
Definindo R := K
B
˜
N, onde
˜
N corresponde a um an´alogo do n´umero de Avogadro, obtemos:
5
2R
9K
B
N
=
5
2
˜
N
9N
. (3.154)
Fixando enao
˜
N 1.272N
, reobtemos naturalmente a rela¸ao (3.138).
Fcamos agora um breve resumo de modo a interpretarmos adequadamente os resultados
expostos nesta duas ´ultimas se¸oes. Em primeiro lugar, derivamos uma entropia geom´etrica
para buracos negros quase-extremos adotando um procedimento an´alogo ao utilizado por
Bekenstein[42]. Para uma dada tens˜ao na brana constante, repro duzimos a rela¸ao de Beken-
stein mediante o alculo independente da temperatura Hawking. At´e aqui nosso modelo repro-
duz, em termos de consistˆencia, as mesmas bases para o alculo de uma entropia geom´etrica
(obtida de forma heur´ıstica) usadas pela teoria da Relatividade Geral. Entretanto, ao contr´ario
da teoria cl´assica, podemos aplicar conceitos simples de mecˆanica estat´ıstica para reobter exa-
tamente o mesmo resultado numa vizinhan¸ca de buracos negros extremos.
98
Conclus˜ao
Neste trabalho vimos que o formalismo da teoria de branas-mundo pode ser encarado como
uma poderosa ferramenta te´orica para que as singularidades previstas pela teoria da Relativi-
dade Geral sejam evitadas. Com efeito, ao considerarmos uma etrica fechada homogˆenea
e isotr´opica numa brana 4-dimensional imersa num espa¸co ambiente 5-dimensional confor-
malmente plano com uma dimens˜ao extra tipo-tempo ao-compacta com uma constante
cosmol´ogica efetiva, vimos como (cf. Cap. 1) a singularidade inicial para o nosso universo ´e
eliminada. Por outro lado, ao estudarmos o problema de um colapso esfericamente sim´etrico
de pura poeira, eliminamos a singularidade global tipo-espa¸co presente na derivao cl´assica
de Oppenheimer-Snyder[3].
Para construirmos modelos cosmol´ogicos na formula¸ao aqui adotada consideramos, a
t´ıtulo de generalidade, que o conte ´udo material presente na brana fosse dado por fluidos
perfeitos ao interagentes junto com um campo escalar massivo ao minimamente acoplado
com a curvatura. Nas equa¸oes de Friedmann modificadas observamos que a singularidade
inicial para o nosso universo ´e evitada desde que tomemos um dom´ınio
1
3
< α
i
1 para
o conte´udo material confinado na brana. Por simplicidade supomos inicialmente um modelo
pr´e-inflacion´ario onde os fluidos ao interagentes do modelo ao dados por radia¸ao e mat´eria
fria escura (poeira). Atraes de um exame cuidadoso da equa¸ao de Friedmann modificada e
da equa¸ao de Klein-Gordon, identificamos trˆes estruturas asicas que organizam a dinˆamica
no espa¸co de fase.
99
Em primeiro lugar vimos que existe um plano invariante definido por ϕ = 0 = p
ϕ
no qual
a dinˆamica est´a confinada. Embora a dinˆamica no plano invariante seja similar a dinˆamica
no plano (a, p
a
) no caso integr´avel m = 0, algumas diferen¸cas estruturais asicas ao obser-
vadas. Enquanto para as condi¸oes iniciais p
ϕ
0
= 0 = ϕ
0
temos uma ausˆencia completa de
movimento no setor (ϕ, p
ϕ
), no caso integr´avel m = 0 temos movimentos separ´aveis nos se-
tores (a, p
a
) e (ϕ, p
ϕ
). Pontos cr´ıticos no plano invariante correspodem a ´orbitas peri´odicas no
caso integr´avel.
´
Orbitas peri´odicas no plano invariante correspodem a 2-toros integr´aveis no
caso integr´avel. Separatrizes no plano invariante correspodem a cilindros integr´aveis no caso
integr´avel. Os cilindros que coalescem `a esquerda do ponto cr´ıtico centro-sela ao chamados
de cilindros homocl´ınicos.
No plano invariante identificamos a presen¸ca de pontos cr´ıticos associados aos extremos
do potencial. Para uma constante cosmol´ogica efetiva nula sobre a brana vimos que o sistema
dinˆamico possui apenas um ponto cr´ıtico associado a um m´ınimo global do potencial. Neste
caso os modelos constru´ıdos ao possuem interesse f´ısico pois, embora a singularidade inicial
seja evitada, o universo ´e oscilat´orio e eterno (isto ´e, ao possui uma sa´ıda para um regime
inflacion´ario). Considerando enao uma constante cosmol´ogica efetiva p ositiva sobre a brana,
identificamos numericamente (cf. Fig. 2.2) a presen¸ca de um ponto cr´ıtico correspondente a
um m´ınimo local do potencial (um centro, definindo um universo est´avel de Einstein) e um
ponto cr´ıtico correspondente a um aximo local do potencial (um centro-sela, correspondente
`a configura¸ao de universo inst´avel de Einstein). A regi˜ao de condi¸oes iniciais dentro de um
pco (cf. Fig. 2.2 com δ 2.3) ´e fisicamente mais relevante[43] que a regi˜ao correspondente a
condi¸oes iniciais de modelos de um ´unico ricochete. De fato, neste cen´ario evitamos problemas
te´oricos de se tomar condi¸oes iniciais no infinito passado.
A estrutura das ´orbitas no plano invariante numa vizinhan¸ca destes pontos cr´ıticos define
uma estrutura na forma de quatro separatrizes. Quando a(t) , vimos que duas destas
separatrizes (`a direita do ponto centro-sela) definem no infinito do espa¸co de fase um ponto
que atua como um atrator (e outro que atua como um repulsor) de uma configura¸ao de
De-Sitter.
A presen¸ca do ponto cr´ıtico centro-sela devido a uma constante cosmol´ogica efetiva posi-
tiva ´e crucial para que possamos construir um modelo pr´e-inflacion´ario. Para o caso in-
tegr´avel m = 0, as ´orbitas com condi¸oes iniciais dentro deste pco realizam infinitos rico-
100
chetes definindo universos eternos oscilat´orios ao-singulares. Entretanto, ao supormos uma
massa ao nula para o campo escalar, as configura¸oes correspondentes a condi¸oes iniciais
(suficientemente pr´oximas do plano invariante) tomadas dentro do pco do potencial possuem
solu¸oes oscilat´orias metaest´aveis devido ao fenˆomeno de ressonˆancia ao-linear em certas
zonas do espa¸co param´etrico (|σ|, m).
´
E este mecanismo presente nestas zonas que permite
uma sa´ıda do universo para uma fase inflacion´aria.
As zonas de ressonˆancia no espa¸co param´etrico (|σ|, m) rotuladas por um n´umero inteiro
n 2 em a peculiaridade principal de bifurcar a ´orbita peri´odica na origem do mapa de
Poincar´e de se¸ao p
a
= 0. Isto ´e, enquanto numa zona de estabilidade temos uma ´orbita
peri´odica caracter´ıstica est´avel na origem (ϕ = 0, p
ϕ
= 0) deste mapa, numa zona de res-
sonˆancia temos uma ´orbita peri´odica inst´avel na origem. O sistema de equa¸oes fornece ainda
duas (ou uma) ´orbitas peri´odicas caracter´ısticas se n for par (se n for ´ımpar). Quando tal bi-
furca¸ao ocorre podemos observar um mecanismo de difus˜ao das ´orbitas para certos dom´ınios
dos parˆametros dentro das zonas de ressonˆancia de modo que estas podem escapar para o
infinito do espa¸co de fase. Estes ao os chamados dom´ınios f´ısicos de nosso modelo pois ´e neles
que a infla¸ao pode ser realizada.
O tamanho da regi˜ao das janelas de ressonˆancia depende fortemente do conte´udo material
do modelo de universo adotado. Isso foi visto quando exibimos, por exemplo, as zonas de
ressonˆancia com n = 3 para pura poeira, pura radi¸ao e para uma mistura destes constituintes.
No caso de pura poeira, vimos que as regi˜oes de ressonˆancia ao menores que no caso de
pura radia¸ao. Isto sugere que para considerarmos um modelo pr´e-inflacion´ario que possua
uma componente de mat´eria escura fria, devemos fornecer uma valor apropriado de E
dust
de modo que a infla¸ao tenha maior probabilidade de ser realizada quando considerarmos
uma mistura destes constituintes. Tipicamente, a varia¸ao dos parˆametros E
dust
e E
rad
pode
aumentar ou diminuir as zonas de ressonˆancia. Ao levarmos o sistema em dire¸ao a uma
das zonas de ressonˆancia atrav´es de uma apropriada varia¸ao de m e/ou |σ|, a configura¸ao
est´avel torna-se metaest´avel com um consequente escape das ´orbitas para o atrator de De
Sitter num tempo finito. Embora para certas regi˜oes da janela de uma dada ressonˆancia este
escape possa ser repentino, para outras o sistema pode passar por um longo tempo de difus˜ao
atrav´es de dom´ınios estoasticos do espa¸co de fase antes de finalmente escapar. Neste contexto
identificamos um padr˜ao em todas as janelas de ressonˆancia. Isto ´e, para dom´ınios na borda
101
esquerda de cada janela verificamos que as ´orbitas possuem uma apida sa´ıda para um regime
inflacion´ario. Para dom´ınios na borda direita de cada janela verificamos que a dinˆamica das
´orbitas, embora ressonante e ca´otica, encontra-se confinada numa regi˜ao finita do espa¸co de
fase. Em zonas intermedi´arias destes dom´ınios verificamos a existˆencia de ´orbitas que passam
por um longo tempo de difus˜ao antes de finalmente escapar para o atrator de De-Sitter.
Neste sentido, como a infla¸ao ´e um forte paradigma estabelecido da cosmologia moderna
sustentado por observoes, se nosso universo atual ´e de fato uma brana inflada por um
mecanismo de ressonˆancia param´etrica, enao o espectro das perturba¸oes, assim como os
valores de parˆametros cosmol´ogicos devem ter uma assinatura de uma particular janela de
ressonˆancia a partir da qual a brana inflou. Em particular, para valores fixos de Λ
4
, m, E
rad
e E
dust
, a tens˜ao na brana |σ|, que regula a escala da constante de Newton efetiva G
N
, ser´a
restrita a um pequeno dom´ınio de uma das janelas de ressonˆancia. Assim, quanto maior ´e a
ordem da ressonˆancia, maior ´e a escala de intera¸ao gravitacional na brana inflada a partir de
uma determinada ressonˆancia.
Ao considerarmos o movimento no entorno do ponto centro-sela, observamos ainda que
uma sa´ıda ca´otica para a infla¸ao pode ser realizada para conjuntos de condi¸oes iniciais
correspondentes a universos inicialmente em expans˜ao. Essas bacias de condi¸oes iniciais
apresentam fronteiras que ao fractais relacionadas ao odigo recolapso/escape. A fractalidade
dessas fronteiras aumenta conforme a ao integrabilidade aumenta. O escape para a infla¸ao
neste caso se deve ao cruzamento dos cilindros homocl´ınicos e ao envolve nenhum fenˆomeno
de amplifica¸ao param´etrica do campo escalar, ao contr´ario do regime de ressonˆancia ao
linear. Observamos tamb´em um fenˆomeno de drenagem das bacias de condi¸oes iniciais (de
recolapso para escape) conforme o tempo aumenta. Para τ , apenas a variedade de
interse¸ao homocl´ınica permanece num movimento recorrente oscilat´orio.
Al´em da contru¸ao de um modelo pr´e-inflacion´ario com diferentes componentes de flu-
ido perfeito, examinamos tamb´em cen´arios cosmol´ogicos de puro campo escalar. Devido a
ausˆencia de qualquer componente de fluido perfeito, os termos de corre¸ao nas equa¸oes de
campo que evitam a singularidade inicial dependem crucialmente de amplitudes iniciais ao
nulas do campo escalar. Por esta raz˜ao ao identificamos a presen¸ca de um plano invariante
para a dinˆamica. As amplitudes ao nulas do campo escalar ao extremamente sens´ıveis na
determina¸ao de uma dinˆamica oscilante. O escape para a infla¸ao no caso ao integr´avel ao ´e
102
associado ao mecanismo de ressonˆancia param´etrica e ocorre apenas para grandes amplitudes
iniciais do campo escalar.
Ao tratarmos o problema do colapso gravitacional considerando uma distribui¸ao de mat´eria
com press˜ao nula (poeira), reobtemos uma solu¸ao interior ainda descrita por uma geometria
homogˆenea e isotr´opica em coordenadas com´oveis cuja a dinˆamica ´e oscilante e ao-singular.
A jun¸ao suave dessa geometria com a etrica exterior fornece um espa¸co-tempo an´alogo ao
de Reissner-Nordstrom com um horizonte de eventos e um horizonte de Cauchy. Neste con-
texto nosso modelo apresenta uma forte vantagem te´orica sobre alguns dos mais relevantes
modelos em voga.
De fato, um problema an´alogo o est´agio final do colapso de um campo escalar homogˆeneo
foi explorado por Bojowald et. al. [12] no cen´ario de loop quantum cosmology. Atraes
desta abordagem a singularidade ´e evitada basicamente atrav´es de corre¸oes semi-cl´assicas
no termo cin´etico do v´ınculo hamiltoniano de Friedmann (que ao diverge quando a 0).
Contudo, como a press˜ao do campo escalar ao ´e nula na superf´ıcie da distribui¸ao de mat´eria,
a distribui¸ao de campo escalar interior ao possui uma jun¸ao suave com a geometria exterior
est´atica (a qual corresponde m´etrica de Schwarzschild com um termo de corre¸ao). Desta
forma, a subsequente evolu¸ao do horizonte de eventos e sua estrutura ficam indeterminadas
neste modelo. Um limiar cr´ıtico de escala para a forma¸ao do horizontes ´e obtido, indicando a
possibilidade de forma¸ao de horizontes dinˆamicos. Entretanto a massa cr´ıtica associada ao
pode ser calculada porque a dinˆamica exterior permanece indeterminada. A sugest˜ao de que
amb os os horizontes se tornar˜ao do tipo-tempo e evaporar ao ´e sustentada pelos alculos de
nosso modelo. Al´em desta abordagem, muitas outras propostas para a constru¸ao de buracos
negros ao singulares na Relatividade Geral aparecem na literatura. Entretanto, nenhuma
delas ao solu¸oes das equa¸oes de campo de Einstein nem est˜ao associadas a fontes f´ısicas
conhecidas (cf. [44]).
Em nosso caso a geometria exterior (solu¸ao das equa¸oes de Einstein modificadas) nos
permitiu recalcular uma erie de previs˜oes feitas pela teoria da Relatividade Geral. Entre
elas, derivamos corre¸oes sobre os testes experimentais (a menos do desvio das linhas espec-
trais). Tanto no caso do avan¸co do perih´elio planet´ario quanto na deflex˜ao do feixe luminoso,
verificamos que corre¸oes devido a introdu¸ao de uma dimens˜ao extra tipo-tempo atenuam
os efeitos previstos pela Relatividade Geral. Embora as previs˜oes da Relatividade Geral se-
103
jam suficientes para a corrobora¸ao experimental da teoria cl´assica na escala de energia de
nosso sistema solar, as corre¸oes de nosso modelo p odem ser importantes ao considerarmos
configura¸oes com altas escalas de curvatura e/ou energia.
Uma outra importante aplica¸ao de nosso modelo se deve ao alculo (atrav´es de uma abor-
dagem semi-cl´assica) da temperatura Hawking. Analogamente a teoria da Relatividade Geral
reproduzimos a previs˜ao de uma temperatura nula para buracos negros extremos. Por outro
lado, o alculo desta temperatura para buracos negros quase-extemos nos forneceu impor-
tantes resultados. Em primeiro lugar derivamos, analogamente a Bekenstein, uma entropia
geom´etrica que reafirma (para buracos negros quase-extremos) a previs˜ao semi-cl´assica de que
a entropia ´e proporcional a ´area do horizonte de eventos. Embora a termodinˆamica cl´assica de
buracos negros tenha ganhado uma grande for¸ca quando Hawking derivou o espectro t´ermico
de part´ıculas emitidas por um buraco negro, a rela¸ao originalmente obtida por Bekenstein
sempre possuiu um car´acter heur´ıstico na determina¸ao da entropia por ao se utilizar de
nenhum princ´ıpio de mecˆanica estat´ıstica. Devido a este fato, a defini¸ao de uma entropia
para buracos negros se revela um problema em aberto at´e os dias de hoje. Neste contexto, a
constru¸ao de um modelo estat´ıstico para a termodinˆamica de buracos negros quase extremos
(cf. Sec. 3.7) nos forneceu um resultado sem precedentes. De fato, ao quantizarmos os graus
de liberdade internos de um buraco negro quase extremo reobtemos a partir de uma fun¸ao
de parti¸ao e energia livre estat´ısticas mediante ao alculo independente da temperatura
Hawking, a previs˜ao de que a entropia ´e proporcional a ´area do horizonte de eventos.
104
Apˆendice A
As Condi¸oes de Jun¸ao
Suponhamos que um determinado conte´udo material se encontre distribu´ıdo somente sobre
nossa brana (uma dada hiper-superf´ıcie 4-dimensional (1+3)). Suponhamos ainda que tal
hiper-superf´ıcie estivesse imersa num espa¸co etrico 5-dimensional onde, a priori, a dimens˜ao
extra poderia ser tanto do tipo-tempo quanto do tipo-espa¸co. Desta forma, certamente haveria
uma descontinuidade na distribui¸ao de mat´eria quando atravess´assemos a brana, a partir de
M
1
, at´e M
2
(cf. Fig. 1.1).
Pela teoria da Relatividade Geral, sabemos que condi¸oes de jun¸ao[21] devem ser satis-
feitas de modo a conectar descontinuidades na distribui¸ao de mat´eria com a geometria do
espa¸co-tempo. Da mesma forma, numa teoria geom´etrica modificada do campo gravitacional,
devemos esperar que algum objeto geom´etrico possa expressar tal descontinuidade manifesta
em nossa brana. Neste apˆendice, exploraremos esse problema e veremos como tal descon-
tinuidade pode ser relacionada com a curvatura extr´ınseca de nossa hiper-superf´ıcie. Para
vermos isso, consideremos a equa¸ao de Gauss
(4)
R
αβγδ
=
(5)
R
ABCD
Y
A
, α
Y
B
, β
Y
C
, γ
Y
D
, δ
+ (Ω
αγ
βδ
αδ
βγ
). (A.1)
Adotando enao um sistema de coordenadas gaussiano do tipo
ds
2
= g
AB
dx
A
dx
B
= g
αβ
dx
α
dx
β
+ dy
2
, (A.2)
onde y denota a dimens˜ao extra, tomamos n
A
δ
A
y
. Assim, ao contrairmos α com γ em (A.1),
obtemos
(4)
R
βδ
=
(5)
R
βδ
(5)
R
yByD
Y
B
, β
Y
D
, δ
+ (ΩΩ
βδ
αδ
α
β
) (A.3)
105
onde definimos
(5)
R
βδ
:=
(5)
R
BD
Y
B
, β
Y
D
, δ
.
Entretanto,
(5)
R
yByD
=
(5)
R
y
ByD
= [
(5)
Γ
y
By, D
+
(5)
Γ
y
BD, y
(5)
Γ
y
CD
(5)
Γ
C
By
+
(5)
Γ
y
Cy
(5)
Γ
C
BD
]. (A.4)
Para uma dada curvatura extr´ınseca definida por K
iAB
h
C
B
D
C
n
A
, temos
(5)
Γ
y
By
= 0 ,
(5)
Γ
y
BC
= K
BC
e
(5)
Γ
A
By
= K
A
B
, (A.5)
de modo que
(5)
R
yByD
= K
BD, y
+ K
AB
K
A
D
. (A.6)
Projetando a equa¸ao acima na brana, obtemos
(5)
R
yByD
Y
B
, α
Y
D
, β
=
αβ, y
+
σα
σ
β
, (A.7)
onde
αβ
K
AB
Y
B
, α
Y
D
, β
.
Desta forma, a equa¸ao (A.3), se reescreve
(5)
R
βδ
= Z
βδ
+
βδ, y
(A.8)
onde definimos
Z
βδ
:=
(4)
R
βδ
+ 2
σβ
σ
δ
ΩΩ
βδ
. (A.9)
Suponhamos agora que a equa¸ao de camp o no espa¸co ambiente seja dada por
(5)
G
AB
+ Λ
5
(5)
g
AB
= κ
2
5
(5)
T
AB
, (A.10)
onde
(5)
T
AB
˜
T
AB
+
¯
T
AB
. Neste contexo, definimos
˜
T
AB
como as componentes do tensor
energia-momento do espa¸co ambiente cont´ınuas ao atravessarmos a brana. Por outro lado,
¯
T
AB
denota apenas as componentes do tensor energia momento restritas a brana. Isto ´e,
¯
T
AB
n
A
= 0. Devido a descontinuidade em
(5)
T
AB
ao atravessarmos a brana, podemos ainda
definir
¯
T
AB
=: T
AB
δ(y). Assim de acordo com (A.10) segue que
(5)
R =
2κ
2
5
3
[
˜
T + T δ(y)] +
10
3
Λ
5
, (A.11)
106
de modo que podemos reescrever a equa¸ao (A.8) como
(5)
R
αβ
= κ
2
5
T
αβ
1
3
T
(4)
g
αβ
δ(y) +
1
3
[2Λ
5
κ
2
5
˜
T ]
(4)
g
αβ
= Z
αβ
+
αβ, y
, (A.12)
onde definimos T
αβ
:= T
AB
Y
A
, α
Y
B
, β
.
Suponhamos agora que Z
αβ
,
(4)
g
αβ
e
˜
T sejam ao divergentes quando tomamos um limite
y = ξ 0. Enao:
lim
ξ0
+ξ
ξ
[2Λ
5
κ
2
5
˜
T ]
(4)
g
αβ
dy = 0 = lim
ξ0
+ξ
ξ
Z
αβ
dy. (A.13)
Resta-nos portanto de (A.12) que:
lim
ξ0
+ξ
ξ
κ
2
5
T
αβ
1
3
T
(4)
g
αβ
δ(y)dy = lim
ξ0
+ξ
ξ
αβ, y
dy.
Isto ´e:
κ
2
5
T
αβ
1
3
T
(4)
g
αβ
= lim
ξ0
+ξ
0
+
αβ, y
dy +
0
ξ
αβ, y
dy
= lim
ξ0
+
αβ
(ξ)
αβ
(ξ)
. (A.14)
Impondo agora a chamada simetria Z
2
(Ω
+
αβ
=
αβ
αβ
), obtemos:
αβ
=
1
2
κ
2
5
T
αβ
1
3
T
(4)
g
αβ
. (A.15)
Definindo enao T
αβ
:= τ
αβ
σ
(4)
g
αβ
, onde τ
αβ
e σ correspondem, respectivamente, ao
conte ´udo material presente apenas na brana e a uma constante cosmol´ogica 4-dimensional
(tamb´em chamada de tens˜ao na brana), temos que:
αβ
=
1
2
κ
2
5
τ
αβ
1
3
(τ σ)
(4)
g
αβ
. (A.16)
Isto ´e, supondo uma descontinuidade no tensor energia-momento na brana, vemos que
devido `a simetria Z
2
, a curvatura extr´ınseca de nossa h´ıper-superf´ıcie pode ser expressa atrav´es
do tensor energia-momento τ
αβ
, e da tens˜ao σ, presentes somente sobre a mesma.
107
Apˆendice B
A Cria¸ao de Part´ıculas por um
Campo Gravitacional
Consideremos um espa¸co-tempo plano no futuro e no passado assint´oticos mas que ao
possua uma geometria de Minkowski numa zona intermedi´aria. Sejam {φ
i
} as solu¸oes de
frequˆencia positiva definidas no passado assinotico, e {ϕ
i
} as solu¸oes de frequˆencia positiva
definidas no futuro assint´otico[45]. Como estas solu¸oes constituem uma base completa[46],
podemos podemos expandir os φ
i
em termos dos ϕ
i
da seguinte forma
φ
i
=
k
(α
jk
ϕ
k
+ β
jk
ϕ
k
), (B.1)
onde α
jk
e β
jk
ao coeficientes apropriados.
Impondo enao as condi¸oes de ortonormalidade:
φ
i
, φ
j
= δ
ij
, φ
i
, φ
j
= δ
ij
, φ
i
, φ
j
= 0,
ϕ
i
, ϕ
j
= δ
ij
, ϕ
i
, ϕ
j
= δ
ij
, ϕ
i
, ϕ
j
= 0, (B.2)
decorre de (B.1) que
k
(α
ik
α
jk
β
ik
β
jk
) = δ
ij
, (B.3)
k
(β
ik
β
jk
α
ik
α
jk
) = δ
ij
(B.4)
108
e
k
(α
ik
β
jk
β
ik
α
jk
) = 0. (B.5)
Consideremos agora a expans˜ao dos ϕ
i
em termos dos φ
i
por
ϕ
j
=
k
(γ
jk
φ
k
+ σ
jk
φ
k
). (B.6)
onde γ
jk
e σ
jk
ao constantes. Usando (B.1) obtemos
φ
j
=
k,l
[(α
jk
γ
kl
+ β
jk
σ
kl
)φ
l
+ (α
jk
σ
kl
+ β
jk
γ
kl
)φ
l
]. (B.7)
Fazendo ent˜ao γ
kl
= α
lk
e σ
ik
= β
ki
, temos de (B.4) e (B.5) que
k,l
(α
jk
γ
kl
+ β
jk
σ
kl
)φ
l
=
k,l
(α
lk
α
jk
β
jk
β
lk
)φ
l
= φ
j
(B.8)
e
k,l
(α
jk
σ
kl
+ β
jk
γ
kl
)φ
l
=
k,l
(α
lk
β
jk
+ α
jk
β
lk
)φ
l
= 0. (B.9)
Assim, por consistˆencia obtemos de (B.6),
ϕ
k
=
j
(α
jk
φ
j
β
jk
φ
j
). (B.10)
A partir de agora denotaremos as regi˜oes passado e futuro assinoticas pelos ´ındices p e f
respectivamente.
Consideremos enao os respectivos operadores de aniquila¸ao e cria¸ao a
j
e a
j
na regi˜ao p,
e b
j
e b
j
na regi˜ao f. O estado de acuo na regi˜ao p ´e definido por a
j
|0
p
= 0, j. Este caso
descreve uma configura¸ao onde ao existam part´ıculas inicialmente. Analogamente, definimos
o acuo na regi˜ao f por b
j
|0
f
= 0, j. Consideremos a expans˜ao da solu¸ao da equa¸ao de
Klein-Gordon em termos das solu¸oes de frequˆencias positivas (φ
i
e ϕ
i
) e dos operadores de
cria¸ao e aniquila¸ao em p e f. Isto ´e
ϕ =
j
(a
j
φ
j
+ a
j
φ
j
) =
j
(b
j
ϕ
j
+ b
j
ϕ
j
). (B.11)
Assim de (B.2) temos que:
ϕ, φ
j
= a
j
, ϕ, ϕ
j
= b
j
. (B.12)
109
Segue enao de (B.3) e (B.10) que
a
j
=
k
(α
jk
b
k
β
jk
b
k
) (B.13)
e
b
j
=
k
(α
jk
a
k
+ β
jk
a
k
). (B.14)
As transforma¸oes (B.13) e (B.14) ao as chamadas transforma¸oes de Bogolubov e, α
jk
e β
jk
ao os chamados coeficientes de Bogolubov.
Suponhamos agora que ao tenhamos part´ıcula alguma no passado assinotico. Se a rep-
resenta¸ao de Heisenb erg[47] ´e adotada, enao |0|
p
´e o estado do sistema para qualquer t no
passado assint´otico. Considerando o operador de n´umero N
k
= b
k
b
k
(que conta o n´umero
de part´ıculas na regi˜ao f dep ois que as ondas incidentes cruzam o campo gravitacional) ao
utilizarmos (B.14), o umero de part´ıculas criadas num determinado modo k ´e dado por:
N
k
=
p
|0|b
k
b
k
|0|
p
=
j
|β
jk
|
2
. (B.15)
Assim, se quaisquer um dos coeficientes de Bogolubov β
j
k ´e ao nulo, haver´a cria¸ao de
part´ıculas pelo campo gravitacional.
110
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3
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112
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