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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
MÁRIO SÉRGIO PIANTAVINI
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM MÉTODO
ESPECTROFOTOMÉTRICO PARA A QUANTIFICAÇÃO DE ÁCIDO KÓJICO POR
COMPLEXAÇÃO COM ALUMÍNIO E CARACTERIZAÇÃO DO COMPLEXO
CURITIBA
2010
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MÁRIO SÉRGIO PIANTAVINI
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM MÉTODO
ESPECTROFOTOMÉTRICO PARA A QUANTIFICAÇÃO DE ÁCIDO KÓJICO POR
COMPLEXAÇÃO COM ALUMÍNIO E CARACTERIZAÇÃO DO COMPLEXO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Ciências Farmacêuticas, Setor de
Ciências da Saúde, Universidade Federal do
Paraná, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Ciências Farmacêuticas
Orientador: Prof. Dr. Roberto Pontarolo
Co-orientadora: Prof. Dra. Ângela Cristina Leal
Badaró Trindade
CURITIBA
2010
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Termo de aprovação
Dedico este trabalho
À Deus e Aos meus pais Sérgio e Maria Aparecida
Às minhas avós (
in memoriam
) e todos os familiares
pela educação, formação e amor que sempre me
deram em todas as fases da vida
E amigos que de muitas formas me incentivaram e
ajudaram para que fosse possível a concretização
deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Diversas espécies de aves migram ou se deslocam regularmente de uma região
para outra, de acordo com a mudança das estações. Na antiguidade os gregos
conheciam esse procedimento das aves em busca de clima favorável para sua
sobrevivência, tanto que as tinham como símbolo da amizade e da fidelidade porque
elas voltavam anualmente para ocupar o mesmo ninho. Inspirado por elas o filósofo
grego Aristóteles (384-322 a,C.) cunhou a frase “uma andorinha não faz
primavera”, ou “não faz verão”. Dentre as possíveis interpretações pode-se entender
que as ações praticadas por um único indivíduo podem não ser suficientes para
solucionar todos os problemas ou o problema de todos. Entretanto na coletividade
encontramos pontos como a pluralidade de pensamentos, a complementaridade, a
reciprocidade e outros valores que nos tornam muito mais fortes e resistentes. Na
própria natureza encontramos exemplos disso como na revoada dos gansos ou na
resistência ao frio dos pingüins. A todos que participaram ativamente dessa jornada
deixo meus agradecimentos, mas alguns em especial que de fato fizeram valer o ideal
da amizade e coletividade.
Em primeiro lugar a Deus por tudo que nos proporciona diariamente. Aos meus
pais e minha família o meu muito obrigado pelas lições que ainda me dão, pelo carinho
e amor que necessito para continuar em frente. À minha namorada Elaine, que é meu
porto seguro para enfrentar todas as tormentas, por ser minha essência, pela
compreensão e amor que é um privilégio que usufruo com imensa alegria.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas e ao Departamento
de Farmácia da UFPR que possibilitou o desenvolvimento deste trabalho, em especial
ao Centro de Estudos em Biofarmácia e seus colaboradores em nome da Dra.
Francinete R.C. pela parceria. Ao departamento de Química da UFPR pela
disponibilidade de uso do infravermelho e ao mesmo tempo à colaboração da
doutoranda Gilcélia A. Cordeiro pelo auxílio imprescindível. Ao departamento de
Bioquímica pelo uso do RMN. À farmacêutica Dagmar da farmácia de manipulação
DAGFARMA pela colaboração, amizade e oportunidade.
Ao professor Dr. Roberto Pontarolo falta-me léxico para expressar em singelas
linhas o “desafio” que foi chegar até aqui desde o primeiro dia anos em busca de um
mero estágio em laboratório até o dia de colher os louros e ser reconhecido como
Mestre. Simples demais seriam as palavras neste momento, mas fica aqui o sentimento
de um privilegiado por ter sido realmente orientado por quem, de fato, é uma pessoa
que por conhecimento adquirido e experiência de vida pode ser considerado um espelho
ou um norte a ser seguido, um legítimo professor. Muito obrigado por tudo.
Ao professor Dr. Alan G. Gonçalves pela valiosa contribuição, dedicando seu
tempo a longas discussões e diversos trabalhos práticos para me ajudar a ficar “na
crista da onda”. À professora Dra. Ângela C. L. B. Trindade pelo companheirismo e
por importantes auxílios em momentos decisivos nesse “trem” de trabalho. Ao professor
Dr. Cassyano J. Correr pela sempre disposta ajuda nos “quatro cantos’ do laboratório.
À professora Márcia Olandoski que foi estatisticamente significante com os resultados
deste trabalho. À professora Dra. Ana L. R. Mercê pela disposição, paciência e
complexos ensinamentos por todo esse tempo de parceria. Ao professor Dr. Paulo
Roberto Janissek pela disposição e colaboração de grande importância e relevância. A
todos os amigos mais antigos, os do mestrado e em especial aos do laboratório (Rafael
V., Jocy D. C., Andreia e Consuelo pela amizade, Luana L. pela parceria em infinitos
projetos, Astrid W. pelas palavras e sinceras atitudes de ajuda em todos os momentos
dentro e fora do laboratório Vielen Dank/ Grazie Mille).
A todos digo que não consigo expressar tudo o que desejo, pois sentimentos
que a linguagem não expressa e emoções que as palavras não sabem traduzir.
"BOM MESMO É IR À LUTA COM DETERMINAÇÃO,
ABRAÇAR A VIDA E VIVER COM PAIXÃO,
PERDER COM CLASSE E VIVER COM OUSADIA,
POIS O TRIUNFO PERTENCE A QUEM SE ATREVE,
E A VIDA É MUITO BELA PARA SER INSIGNIFICANTE."
(Charles Chaplin)
RESUMO
O ácido kójico (AK, 5-hidroxi-2-hidroximetil-4-pirona) é um ácido orgânico,
comumente produzido por cepas de Aspergillus sp. Isolado pela primeira vez por
Saito (1907), nome e a estrutura foram definidos por Jabuta em 1924. Tem diversas
aplicações, dentre as quais as mais importantes são: na indústria alimentícia como
antioxidante; na saúde pública em tratamento de doenças como a β-talassemia e o
diabetes; na indústria cosmética como clareador, pois inibe a síntese da melanina.
No presente trabalho foi desenvolvido e validado um método espectrofotométrico na
região do UV. Tomou-se por base a capacidade do analito de formar complexo com
cátions metálicos, neste caso escolhido o Al
3+
, por não apresentar propriedade
paramagnética, já que esta poderia interferir na análise do complexo por RMN.
O solvente que se mostrou mais apropriado foi o metanol, pois permitiu um
deslocamento batocrômico maior além de solubilizar facilmente o analito e seu
complexo, também produziu solução límpida do produto formulado creme cosmético,
facilitando assim a análise.
O complexo formado AK-Al
3+
foi analisado por espectroscopia eletrônica, IV,
titulação potenciométrica e RMN
13
C. Pelos espectros de UV verificou-se um
deslocamento batocrômico quando se adiciona alumínio em meio ácido à solução de
AK. Pela titulação potenciométrica constatou-se que, apesar de se ter duas
aparentes inflexões, o cálculo da segunda derivada confirmou que o AK sofre
apenas uma ionização com um valor de pKa= 7,68+-0,02. Pela adição de Al
3+
formação de complexos, dependentes do pH e da proporção molar AK:Al
3+
.
A comparação de espectros no IV do AK, não complexado e complexado, em
diferentes valores de pH, permitiu correlacionar as modificações na absorção dos
picos referentes aos grupamentos enólico (3200 e 1350 cm
-1
) e carbonílico (1768 e
1700 cm
-1
). Os dados dos deslocamentos químicos dos carbonos permitiram concluir
que, na variação para pH alcalino, a blindagem do C-2 e desblindagem de C-4 e C-5
ocorrem pelo rearranjo da molécula.
Comparando os deslocamentos entre os carbonos do AK não complexado e
complexado em meio ácido (pH 4) verificou-se que apenas C-3 se blinda, enquanto
que C-2, C-4 e C-5 se desblindam. A partir desses resultados foi possível sugerir
que a estruturas do AK dependem do pH e da proporção molar AK/Al
3+
no meio, e
confirmam a saída do hidrogênio da hidroxila enólica e da complexação do alumínio
entre a carbonila e o grupo enol do AK.
O método espectrofotométrico desenvolvido com base na complexação do AK:Al
3+,
mostrou um desempenho muito bom na validação. Foi linear no intervalo de entre 5-
50 μg/mL de AK (r= 0,9998), seletivo, sensível (LD= 0,15 μg/mL e LQ= 0,46 μg/mL),
preciso (DPR de 0,402%, 1,284 e 1,192 para 10, 15 e 20 μg/mL na repetitividade;
DPR de 2,171, 0,976 e 0,440 10, 15 e 20 μg/mL na precisão intermediária ), exato (±
100%) e robusto (para pequenas varias no pH, temperatura e tempo de leitura). O
método espectrofotométrico na região do UV com adição de alumínio foi adequado
para a quantificação de ácido kójico em matéria-prima e em creme cosmético com
ou sem adição de hidroquinona. É uma opção viável para laboratórios analíticos,
sendo um método simples, rápido e econômico.
Palavras- chave: ácido kójico, alumínio, espectrofotometria, validação de método
analítico, complexometria
ABSTRACT
Kojic acid (KA, 5-Hydroxy-2-(hydroxymethyl)-4H-pyran-4-one), is an organic acid,
commonly produced by species of Aspergillus sp. It had been first isolated by Saito
(1907) and its name and structure were defined in 1924 by Jabuta. KA has several
applications, among them, the most important are: in the food industry as antioxidant;
public health in the treatment of diseases such as β-thalassemia and diabetes; in
cosmetic industry as bleaching agent, since it inhibits the melanin synthesis.
The present work developed and validated a spectrophotometric method in the UV
region by AK-Al complexation.
The method was based on the ability of the analyte to form complexes with metal
ions and for this work Al
3+
was chosen, because it does not show paramagnetic
property, whereas this could interfere with the RMN analysis of complex. The solvent
methanol was more appropriate to the analysis, since it allowed a greater
bathochromic displacement and generate a clear solution of cosmetic cream,
improving the extraction of analyte.
The AK-Al
3+
complex was analyzed by UV, IR, potentiometric titration and NMR
13
C.
By UV spectra a bathochromic shift was verified by adding aluminium in KA acidic
solution. Was found by potentiometric titration that despite having two apparent
shifts, the second derivative calculated confirmed that the KA has only one ionization,
pKa= 7,68+-0,02. Adding aluminium there is complex formation, pH and molar
dependent. The comparison of complexed (AK/Al
3+
) and non-complexed KA IR
spectra , at different pH, allowed to correlate the changes in peaks absorption related
to enolic (3200 e 1350 cm
-1
) and carbonyl (1768 e 1700 cm
-1
) groups. The carbon
chemical shifts in non-complexed KA allowed to conclude that, varying the pH to an
alkaline range, the C-2 shield and C-4 and C-5 deshielded occur by molecule
rearrangement. By comparison of the chemical shifts of carbons in complexed and
non-complexed KA (pH 4), only C-3 proved to be shielded, whereas C-2, C-4 and C-
5 proved to be deshielded. From these results it was possible to suggest that the KA
structures depend on the pH and molar ratio and to confirm the hydrogen output of
the enolic hydroxyl and aluminum complexation between the carbonyl and enolic KA
group. The complexes suggested by the potentiometric titration and infrared
spectroscopy are consistent with the chemical shifts observed in the obtained NMR
spectra. The results obtained by these techniques provided evidence of possible
structures of KA in different pH and of the complex AK-Al. The data confirm the
hydrogen output from enolic hydroxyl.
The spectrophotometric method developed based on the complexation AK:Al
3+
,
showed a good performance in the validation. This method yields linearity in the
range of 5 and 50 μg/mL of KA (r= 0.9998), selectivity, sensibility (DL= 0,15 μg/mL
and QL= 0,46 μg/mL) precision (RSD 0,402%, 1,284 and 1,192% for 10, 15 and 20
μg/mL on repeatability; RSD 2,171, 0,976 and 0,440 for 10, 15 and 20 μg/mL for
intermediate precision), accuracy (recovery near 100%) and robustness (varying pH,
temperature and time). The spectrophometric UV method with the addition of
aluminium is suitable for the quantification of kojic acid raw material and cosmetic
cream with or without hydroquinone. Additionally the method takes advantage of
simple and accessible reagents and equipment, while having a low operating cost.
Key-words: kojic acid, aluminum, spectrophotometry, validation of analytic method,
complexometry
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 Camadas e componentes da pele ..................................................... 20
FIGURA 02 Estrutura do tegumento ..................................................................... 21
FIGURA 03 Arquitetura da pele clara e escura ..................................................... 24
FIGURA 04 Forma simplificada da formação da melanina.................................... 25
FIGURA 05 Melanogênese com diferentes passos regulatórios ........................... 26
FIGURA 06 Hiperpigmentação da pele pela estimulação da radiação solar ......... 29
FIGURA 07 Ilustração esquemática das possíveis abordagens para interferir
. com a via melanogênica .................................................................... 30
FIGURA 08 Estrutura da hidroquinona .................................................................. 31
FIGURA 09 Estrutura química do ácido kójico ...................................................... 32
FIGURA 10 Possível biossíntese do ácido kójico a partir da glucose ................... 32
FIGURA 11 Possíveis reações na biossíntese do ácido kójico ............................. 33
FIGURA 12 biossíntese do ácido kójico a partir da gluconolactona ...................... 33
FIGURA 13 Modelo do complexo ácido kójico-cobre ............................................ 35
FIGURA 14 Regiões do espectro eletromagnético ................................................ 38
FIGURA 15 Estruturas esquemáticas da ligação do alumínio com citrato ............ 41
FIGURA 16 Ciclo de vida de um método de análise ............................................. 47
FIGURA 17 Fórmula da exatidão .......................................................................... 50
FIGURA 18 Fórmula do desvio padrão relativo ..................................................... 52
FIGURA 19 Possível estrutura quelante do AK com um íon metálico ................... 72
FIGURA 20 Espectros de UV das soluções aquosa e metanólica de AK
.......................(15 μg/mL) ......................................................................................... 74
FIGURA 21 Espectro de UV da solução aquosa de AK (15 μg/mL) acidificada
.......................(pH 2,8) e alcalinizada (pH 10,5) de AK (15 μg/mL) .......................... 74
FIGURA 22 Espectro de UV da solução metanólica de AK (15 μg/mL) acidificada
.......................(pH 1,2) e alcalinizada (pH 9,5) de AK (15 μg/mL) ............................ 74
FIGURA 23 Espectros de UV de soluções metanólicas contendo AK
.......................0,1-50 μg/mL e solução ácida de cloreto de alumínio ....................... 76
FIGURA 24 Representação gráfica dos coeficientes de correlação versus
.......................comprimento de onda do conjunto de soluções metanólicas deAK
.......................0,1-50 μg/mL em solução ácida de cloreto de alumínio 0,2% ........... 76
FIGURA 25 Região de maior (A) e menor (B) probabilidade de estar envolvida
.......................na ligação AK com íons metálicos ..................................................... 77
FIGURA 26 Espectro de UV da solução aquosa e metanólica de AK (15 μg/mL)
.......................com solução ácida de AlCl
3
0,2% ..................................................... 78
FIGURA 27 Estruturas químicas do metilparabeno (A) e propilparabeno (B) ...... 79
FIGURA 28 Espectro de UV de soluções metanólicas com AK (15 μg/mL), creme
.......................lanette contendo AK 2% em associação ou não com HQ 4% e
.......................somente creme lanette, todos com adição de AlCl
3
0,2% ................. 80
FIGURA 29 Espectro de UV da solução metanólica do AK (15 μg/mL) com cloreto
.......................de alumínio.em comparação com espectros de absorção da
.......................hidroquinona e nipazol em metanol .................................................. 81
FIGURA 30 Gráfico da absorbância das soluções na variação molar de AK
.......................(15 μg/mL) com cloreto de alumínio (0,2%) em 305 nm .................... 82
FIGURA 31 Espectros de UV de soluções metanólicas com AK e AlCl
3
em
......................diferentes relações molares................................................................ 83
FIGURA 32 Resultado da avaliação da linearidade do método espectrofotométrico
.......................de AK com AlCl
3
de 5-50 μg/mL em 305 nm no meio metanólico ..... 84
FIGURA 33 Resultado da avaliação da linearidade do método espectrofotométrico
.......................de AK com AlCl
3
de 10-20 μg/mL em 305 nm no meio metanólico ... 84
FIGURA 34 Resultado da avaliação da linearidade do método espectrofotométrico
.......................pela recuperação de AK em creme Lanette com AlCl
3
de 5-30 μg/mL
.......................em 305 nm no meio metanólico ......................................................... 85
FIGURA 35 Resultado da avaliação da linearidade do método espectrofotométrico
.......................pela recuperação de AK em presença de hidroquinona em creme
.......................Lanette com AlCl
3
de 5-30 μg/mL em 320 nm no meio metanólico ... 85
FIGURA 36 Representação da hipotética dissociação do ácido kójico ................. 98
FIGURA 37 Estruturas da coordenação do AK com magnésio ............................. 98
FIGURA 38 Curva de titulação do ácido kójico não complexado ........................ 100
FIGURA 39 Espectros de UV do ácido kójico não complexado em solução
.......................aquosa (15 μg/mL) na variação de pH de 2,0 a 12,0 e identificação
.......................dos pontos isosbésticos ................................................................. 101
FIGURA 40 Espectros de UV do ácido kójico não complexado em solução
.......................aquosa (15 μg/mL) na variação de pH de 2,0 a 12,0 e identificação
.......................dos pH no λ= 270 nm depois do primeiro ponto isosbéstico .......... 101
FIGURA 41 Espectros de UV do ácido kójico não complexado em solução
.......................aquosa (15 μg/mL) na variação de pH de 2,0 a 12,0 e identificação
.......................dos pH no λ= 315 nm depois do segundo ponto isosbéstico .......... 102
FIGURA 42 Gráfico da segunda derivada da titulação potenciométrica do AK
.......................não complexado ............................................................................ 103
FIGURA 43 Estrutura do ácido kójico com os carbonos assinalados .................. 103
FIGURA 44 Diagrama de especiação do AK não complexado em meio aquoso 104
FIGURA 45 Curva de titulação na proporção AK 1:1 Alumínio em meio aquoso 105
FIGURA 46 Espectros de UV do ácido kójico 1:1 alumínio em solução aquosa
.......................(15 μg/mL) na variação de pH de 2,0 a 12,0 e identificação dos
.......................pontos isosbésticos ........................................................................ 106
FIGURA 47 Diagrama de especiação da proporção AK 1:1 Alumínio ................ 107
FIGURA 48 Curvas de titulação do AK não complexado (0,1 mmol) e nas e nas
.......................proporções AK 1:0,5 Al e AK 1:1 Al em solução aquosa ................. 111
FIGURA 49 Reações graduais de hidrólise do complexo Fe(III) 1:1 AK ............. 112
FIGURA 50 Reações graduais de hidrólise do complexo Fe(III) 2:1 AK ............. 112
FIGURA 51 Espectros de absorção do AK matéria-prima em comparação com
.......................o AK padrão na região do infravermelho ......................................... 115
FIGURA 52 Espectros de absorção do ácido kójico padrão e a partir de soluções
.......................pH 9 e 14 na região do infravermelho ............................................ 116
FIGURA 53 Espectros de absorção do complexo ácido kójico / alumínio a partir de
.......................soluções nos pH 1, 11 e 14 na região do infravermelho .................. 117
FIGURA 54 Espectros de absorção do ácido kójico puro em comparação com o
........................complexo AK/Alumínio a partir de soluções nos pH 1, 11 e 14 na
........................região do infravermelho ................................................................. 119
FIGURA 55 Espectros de absorção do ácido kójico pH 14 em comparação com o
........................complexo AK/Alumínio pH 14 na região do infravermelho ............ 119
FIGURA 56 Possíveis estruturas de ressonância do ácido kójico ...................... 121
FIGURA 57 Possível estrutura de ressonância do ácido kójico complexado ...... 121
FIGURA 58 Espectros de RMN e os dados obtidos em pH 4, 7 e 11 do AK não
.......................complexado ..................................................................................... 122
FIGURA 59 Estruturas hipotéticas da ressonância do AK na forma ácida (A) e
.......................básica (B) ........................................................................................ 123
FIGURA 60 Estruturas hipotéticas de uma das representações do ácido kójico
.......................complexado em pH 4 ....................................................................... 125
FIGURA 61 Estrutura química do AK com os assinalamentos por RMN
13
C em
.......................Me
2
SO-d
6
........................................................................................ 125
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 Regiões do UV e IV do espectro eletromagnético ........................... 39
QUADRO 02 Classificação dos métodos analíticos de acordo com a finalidade .. 47
QUADRO 03 Ensaios necessários para a validação de métodos analíticos de.
.........................acordo com a finalidade .................................................................. 48
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 Relações molares entre o ácido kójico e o alumínio .......................... 70
TABELA 02 Valores de concentração de AK e erro relativo na avaliação da
.......................repetitividade ..................................................................................... 87
TABELA 03 Valores de concentração de AK e erro relativo na avaliação da
........................precisão.intermediária ...................................................................... 88
TABELA 04 Valores de concentração de AK no ensaio de recuperação em
........................creme lanette e erro relativo ............................................................. 89
TABELA 05 Valores de concentração de AK em presença de hidroquinona no
........................ensaio de recuperação em creme lanette e erro relativo .................. 90
TABELA 06 Valores de concentração de AK no ensaio de recuperação em
........................creme não iônico e erro relativo ....................................................... 91
TABELA 07 Valores de concentração de AK em presença de hidroquinona no
........................ensaio de recuperação em creme não iônico e erro relativo ............ 91
TABELA 08 Resultado do ensaio de robustez pela avaliação do tempo ............... 93
TABELA 09 Resultado do ensaio de robustez pela avaliação da temperatura .... 94
TABELA 10 Resultado do ensaio de robustez pela avaliação do pH .................... 95
TABELA 11 Comparação entre as soluções de AK puro e complexado com
........................alumínio para os valores de absorbância em comprimentos de
........................onda e diferentes valores de pH ..................................................... 108
TABELA 12 Constantes do do ácido kójico em meio aquoso em várias
........................proporções molares com alumínio .................................................. 109
TABELA 13 Picos mais significativos no espectro de infravermelho da variação
........................de pH do ácido kójico puro e do complexo AK/Alumínio ................ 120
TABELA 14 Picos significantes no espectro de infravermelho de alguns quelatos
........................de ácido kójico ................................................................................ 120
TABELA 15 Valores dos deslocamentos químicos dos carbonos do ácido kójico
........................não complexado em diversos pH ................................................... 123
TABELA 16 Comparação dos deslocamentos químicos dos carbonos do AK pela
........................variação de pH ............................................................................... 123
TABELA 17 Valores dos deslocamentos químicos dos carbonos do ácido kójico
........................complexado com alumínio em pH 2 e 4 ......................................... 124
TABELA 18 Comparação dos deslocamentos químicos dos carboos do AK puro
........................e complexado com alumínio em pH 4 ............................................ 124
TABELA 19 Comparação dos dados de assinalamentos dos carbonos do AK por
.......................RMN
13
C da literatura e dos obtidos no presente trabalho .............. 126
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AK
- Ácido Kójico
ANVISA
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CV
- Coeficiente de variação
COSY
- Espectroscopia de correlação
DEPT
- Reforço por transferência de polarização sem distorção
DP
- Desvio padrão
DPR
- Desvio padrão relativo
DPR%
- Desvio padrão relativo percentual
FDA
- Food and drug administration
HMBC
- Experimento de correlação para ligações heteronucleares múltiplas
HPLC
- Cromatografia Líquida de Alta Pressão ou Eficiência
HQ
- Hidroquinona
ICH
- International Conference on Harmonisation
IUPAC
- International Union of Pure and Applied Chemistry
INMETRO
- Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ML
- Metal-ligante
RMN
- Ressonância magnética nuclear
R
- Coeficiente de correlação
r
2
- Coeficiente de determinação
ROS
- Espécies reativas de oxigênio
USP
- United States Pharmacopeia
UV/Vis
- Ultravioleta-visível
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ 10
LISTA DE QUADROS .............................................................................................. 12
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................. 13
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 20
2.1 PELE ...................................................................................................... 20
2.1.1 Epiderme ................................................................................................ 21
2.1.2 Derme ..................................................................................................... 22
2.1.3 Melanócito .............................................................................................. 23
2.1.4 Melanina ................................................................................................. 24
2.1.5 Eumelanina e feomelanina .................................................................... 25
2.1.6 Tirosina .................................................................................................. 27
2.1.7 Tirosinases ............................................................................................ 27
2.2 PIGMENTAÇÃO DA PELE .................................................................... 28
2.3 HIPERPIGMENTAÇÃO DA PELE ......................................................... 28
2.4 TRATAMENTO ...................................................................................... 29
2.4.1 Ácido Kójico ........................................................................................... 32
2.5 TÉCNICAS ANALÍTICAS PARA QUANTIFICAÇÃO DE AK .................. 36
2.5.1 Espectroscopia eletrônica ...................................................................... 38
2.5.1.1 Complexometria ..................................................................................... 40
2.5.2 Espectroscopia no infravermelho ........................................................... 42
2.5.3 Espectroscopia de ressonância magnética nuclear ................................ 43
2.5.4 Titulação potenciométrica ....................................................................... 44
2.6 VALIDAÇÃO ........................................................................................... 45
2.6.1 Seletividade / especificidade ................................................................. 48
2.6.2 Linearidade e intervalo .......................................................................... 49
2.6.3 Exatidão ................................................................................................ 50
2.6.4 Precisão ................................................................................................ 51
2.6.4.1 Repetitividade ........................................................................................ 52
2.6.4.2 Precisão intermediária ........................................................................... 52
2.6.4.3 Reprodutibilidade ................................................................................... 52
2.6.5 Robustez ............................................................................................... 53
2.6.6 Sensibilidade ......................................................................................... 53
3. OBJETIVOS ........................................................................................... 55
3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 55
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................. 55
4. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 57
4.1 DESENHO EXPERIMENTAL ................................................................. 57
4.2 MATERIAL ............................................................................................. 57
4.2.1 Materiais e reagentes ............................................................................. 57
4.2.2 Equipamentos......................................................................................... 58
4.3 MÉTODOS ............................................................................................. 58
4.3.1 Desenvolvimento do método .................................................................. 58
4.3.1.1 Escolha do solvente e influência do pH .................................................. 59
4.3.1.2 Avaliação da seletividade ....................................................................... 59
4.3.1.3 Influência da proporção AK e AlCl3 na intensidade de absorção ........... 60
4.4 VALIDAÇÃO ........................................................................................... 61
4.4.1 Linearidade e intervalo ........................................................................... 61
4.4.2 Sensibilidade .......................................................................................... 62
4.4.3 Precisão ................................................................................................. 62
4.4.3.1 Repetitividade ......................................................................................... 62
4.4.3.2 Precisão intermediária ............................................................................ 62
4.4.4 Exatidão ................................................................................................. 63
4.4.5 Robustez ................................................................................................ 63
4.4.5.1 Influência do tempo de leitura na intensidade de absorção .................... 64
4.4.5.2 Influência da temperatura na intensidade de absorção .......................... 64
4.4.5.3 Influência do pH na intensidade de absorção ......................................... 64
4.4.5.4 Influência da concentração do metal na intensidade de absorção ......... 65
4.5 ESTUDO DO COMPLEXO ..................................................................... 65
4.5.1 Espectroscopia no infravermelho (IV) ..................................................... 65
4.5.2 Ressonância magnética nuclear............................................................. 65
4.5.3 Titulação Potenciométrica ...................................................................... 66
4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................ 67
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 72
5.1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ............................................................. 72
5.2 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO ..................................................... 73
5.2.1 Escolha do solvente e influência do pH .................................................. 73
5.2.2 Seleção do comprimento de onda .......................................................... 75
5.2.3 Avaliação da seletividade ....................................................................... 76
5.2.4 A proporção molar AK e alumínio ........................................................... 82
5.3 VALIDAÇÃO ........................................................................................... 83
5.3.1 Linearidade e intervalo ........................................................................... 84
5.3.2 Sensibilidade .......................................................................................... 86
5.3.3 Precisão ................................................................................................. 87
5.3.3.1 Repetitividade ......................................................................................... 87
5.3.3.2 Precisão intermediária ............................................................................ 88
5.3.4 Exatidão ................................................................................................. 89
5.3.5 Robustez ................................................................................................ 92
5.3.5.1 Influência do tempo de leitura na intensidade de absorção .................... 92
5.3.5.2 Influência da temperatura na intensidade de absorção .......................... 94
5.3.5.3 Influência do pH na intensidade de absorção ......................................... 95
5.3.5.4 Influência da concentração do metal na intensidade de absorção ......... 96
5.4 ESTUDO DO COMPLEXO ..................................................................... 97
5.4.1 Titulação potenciométrica e espectroscopia no ultravioleta ................... 97
5.4.2 Espectroscopia no infravermelho ......................................................... 112
5.4.3 Ressonância magnética nuclear........................................................... 122
6. CONCLUSÃO ...................................................................................... 128
REFERÊNCIAS .................................................................................... 131
Introdução
17
1. INTRODUÇÃO
No mundo contemporâneo a preocupação com a aparência física se
intensificou, muito em busca de uma aceitação e valorização pelos diversos
contextos sociais. Parte disso potencializado pela ―necessidade‖ de adequação aos
padrões e modelos de comportamento valorizados pela sociedade. Qualquer detalhe
estético que esteja fora do padronizado pode ser sinônimo de rejeição.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção
de idosos, no Brasil, vem se elevando e com o passar da idade começam a ocorrer ,
em maior proporção, problemas como a disfunção das camadas da pele, somados a
outros fatores como os genéticos, ambientais, climáticos . As manchas que ocorrem
na pele, dentre elas principalmente as que ocorrem na face, podem gerar problemas
relacionados ao bem-estar dos indivíduos, quando estes se apresentam perante a
sociedade. Segundo RUIZ-MALDONADO;OROZCO-COVARRUBIAS (1997) mesmo
uma alteração mínima da pigmentação da pele pode resultar num interesse estético
maior, com implicações psicológicas. Corroborando com essa idéia, ISHIKAWA
(2007) afirma que uma hiperpigmentação indesejada pode também produzir um
significante stress psicológico. Além do lado pessoal, dados de estudos
econômicos dentro do nosso país em que se constata que num universo de 57343
consultas pesquisadas, os transtornos da pigmentação somaram 4822 casos, o que
corresponde a 8,4% das principais causas de consultas registradas (PENNA;
RAMOS; CAFÉ, 2006) e isto representa um custo significativo ao sistema de saúde
nacional.
As hiperpigmentações são, em geral, distúrbios caracterizados pelo aumento
de melanina e outros pigmentantes na pele (SATO et al., 2007). O tratamento se faz
basicamente com o uso de agentes clareadores químicos, como por exemplo, o
ácido kójico (AK). Ele é comumente usado na indústria de cosméticos devido às
suas propriedades de absorção de radicais livres e inibição da produção de
melanina (ZBOROWSKI; GRYBOS; PRONIEWICZ, 2003), A atividade clareadora
pode ser devido a uma lenta e reversível inibição competitiva da tirosinase
(NOHYNEK et al., 2004), principal grupo de enzimas responsável pela conversão da
tirosina em melanina.
18
Segundo BRENNER (2008), a modificação da pigmentação da pele desperta
grande interesse farmacêutico e como acredita CURTO et al (1999) uma
demanda no mercado global que tem se desenvolvido recentemente para agentes
clareadores da pele como produtos cosméticos da ―vaidade‖.
Sob esse contexto há uma preocupação da indústria farmacêutica em atender
esse grupo de pessoas que são acometidas por distúrbios de pele como as
hiperpigmentações do tipo melânica. Com o crescimento dessa demanda, há a
necessidade de se verificar a qualidade das matérias-primas e dos produtos. E com
isso são constantes os desafios da tecnologia analítica que precisa disponibilizar
métodos confiáveis, de baixo custo, simples e acessíveis aos diferentes segmentos
do mercado.
Para o ácido kójico, não foi encontrado nenhum método de quantificação e
análise descrito na literatura oficial (farmacopéias). Entretanto, na literatura científica
encontram-se descritos alguns métodos de quantificação propostos por
cromatografia líquida de alta eficiência (LIN; WU; HUANG, 2007), eletroforese capilar
(LIN; YANG; WU, 2007) e espectroscopia eletrônica (GOMARA et al., 2004), sendo
os dois primeiros aplicados a produtos em associações e o último aplicado somente
para a matéria-prima. Os métodos por HPLC e Eletroforese não são métodos
simples e não são de fácil aquisição para as farmácias de manipulação - que são
grandes produtoras destes produtos despigmentantes - o que se constitui numa
dificuldade para que estes estabelecimentos realizem o controle de qualidade destes
produtos. A falta de qualidade destes produtos pode trazer problemas como
ineficiência do tratamento; podendo também ocorrer agravamento do seu problema
de saúde ou a geração de um novo, ou prolongar o tempo de tratamento caso a
concentração seja diferente da declarada ou recomendada. O controle de qualidade
da matéria-prima ou dos produtos tornou-se uma ferramenta imprescindível na
indústria química, alimentícia e farmacêutica. O processo de validação é o
mecanismo utilizado para garantir maior confiabilidade nos resultados.
No presente trabalho foi desenvolvido e validado um método por
espectroscopia no UV para quantificação do analito na matéria-prima e creme
cosmético.
A presente pesquisa visa contribuir com o avanço da tecnologia analítica,
disponibilizando um método para quantificar AK na rotina do controle de qualidade,
método esse que minimize os custos e o tempo da análise.
19
Revisão Bibliográfica
20
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. PELE
As camadas da pele são representadas pela epiderme, derme e hipoderme.
Esta consiste em tecido gorduroso que conecta a derme aos componentes
esqueléticos subjacentes (COSTIN; HEARING, 2007) como representada na figura
1. Na estrutura A pode-se observar as três diferentes camadas e seus componentes.
Na estrutura B estão representadas quatro camadas da epiderme: estrato basal,
espinhoso, granuloso e rneo. Pode-se também observar as formas dos
melanócitos bem como dos queratinócitos.
FIGURA 1 CAMADAS E COMPONENTES DA PELE
FONTE: ADAPTADA DE COSTIN; HEARING, 2007
Na figura 2 pode-se observar a divisão estrutural da epiderme e derme com
seus corpos funcionais.
21
FIGURA 2 ESTRUTURA DO TEGUMENTO
FONTE: BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002
2.1.1 Epiderme
A epiderme é a camada mais externa, de epitélio estratificado desprovido de
sangue ou nervos. É um epitélio escamoso estratificado queratinizado
(MAKRANTONAKI; ZOUBOULIS, 2007; POWELL, 2007). Compreende camadas de
células estreitamente empacotadas produzidas pela divisão celular da camada
celular basal (POWELL, 2007). É composta de várias populações celulares distintas:
queratinócitos e melanócitos são os constituintes principais, dos quais o primeiro
compreende cerca de 95% (COSTIN; HEARING, 2007; MAKRANTONAKI;
ZOUBOULIS, 2007) da epiderme. Melanócitos correspondem de 1 a 2% da
epiderme (MAKRANTONAKI; ZOUBOULIS, 2007).
Os queratinócitos sintetizam queratina, a principal proteína estrutural da
epiderme (POWELL, 2007) e, também, citocinas, que são mediadores químicos
secretados por células ativadas que afetam outras células. A produção de citocinas
é estimulada pela injúria, incluindo aquela causada por radiação UV (POWELL,
2007).
A sua função principal é proteger o corpo de estímulos prejudiciais do meio
ambiente e diminuir a perda de fluidos (MAKRANTONAKI; ZOUBOULIS, 2007).
22
Pode-se dividir a epiderme em quatro ou cinco camadas ou estratos: estrato
germinativo, espinhoso, granuloso, lúcido (no qual o queratinócito gradualmente
migra para a superfície num processo chamado ―descamação‖) e estrato rneo
(MAKRANTONAKI; ZOUBOULIS, 2007) como representa a figura 1-B.
Estrato basal é também conhecido como estrato germinativo, é uma camada
simples de células unidas a uma membrana não celular que separa a epiderme da
derme. Consiste na sua maior parte de queratinócitos e no mínimo dois tipos
diferentes de células derivadas das cristas neurais - células Merkel e os melanócitos
(COSTIN; HEARING, 2007)
O próximo nível na epiderme é a camada espinhosa, assim chamada por
causa das células que estão unidas coesivamente por desmossomos que se
assemelham a espinhos em microscopia (POWELL, 2007). Ele contém
queratinócitos poliédricos irregulares com capacidade limitada para a divisão celular
(COSTIN; HEARING, 2007).
Estrato granuloso contém queratinócitos achatados, poliédricos e sem divisão
produzindo grânulos de proteínas chamadas de queratohialinas. (COSTIN;
HEARING, 2007). Como o queratinócito se move para cima, começa a fazer parte da
camada granular, duas ou três camadas de células planas contendo muitos
grânulos. Estes são lisossomos que contém enzimas hidrolíticas que destroem o
núcleo e outras organelas, resultando na morte celular (POWELL, 2007).
Estrato córneo é a camada mais superior da epiderme e consiste em células
achatadas, mortas, sem núcleo e com grossas membranas celulares que se aderem
umas às outras. Gradualmente essas células são substituídas por células
subjacentes. A camada córnea é uma efetiva barreira para a maioria dos
microrganismos, químicos e fluídos, embora seja permeável a algumas substâncias
(COSTIN; HEARING, 2007; POWELL, 2007).
2.1. 2 Derme
A derme é uma camada de tecido conectivo (COSTIN; HEARING, 2007;
MAKRANTONAKI; ZOUBOULIS, 2007) à epiderme. Situa-se abaixo da mesma e
suporta-a estruturalmente e na sua nutrição. O componente principal é o fibroblasto
e o colágeno que ele produz. Essa camada assume a importante função de
23
termorregulação e suportar a rede vascular para suprir a epiderme com nutrientes
(MAKRANTONAKI; ZOUBOULIS, 2007).
2.1.3 Melanócito
Melanócitos são inicialmente derivados da crista neural (DEL MARMOL et al.,
1993; STULBERG; CLARK; TOVEY, 2003; SLOMINSKI et al., 2004) e durante o
desenvolvimento embrionário (HEARING; TSUKAMOTO, 1991; TSATMALI;
ANCANS; THODY, 2002), melanoblastos migram para a ectoderme (POWELL,
2007), epiderme (TAYLOR, 2002) ou lugares apropriados (YAMAGUCHI;
BRENNER; HEARING, 2007). Uma vez que eles alcançaram o destino final se
diferenciam em melanócitos, os quais no sexto mês de vida fetal, aproximadamente,
estão prontos e estabelecidos nas junções dermal-epidermal (COSTIN; HEARING,
2007). São capazes de produzir melanina e distribuí-la através de seus dendritos
para os queratinócitos ao redor, por isso funcionam como componentes chave na
pigmentação (TSATMALI; ANCANS; THODY, 2002). Melanócitos epidermais
proliferam-se lentamente e são bem resistentes a apoptose (YAMAGUCHI;
BRENNER; HEARING, 2007).
Queratinócitos e melanócitos formam uma unidade funcional conhecida como
melanina epidérmica. Interagem intimamente para produzir e distribuir melanina na
pele humana durante o processo de pigmentação, de tal modo que enquanto os
queratinócitos produzem fatores parácrinos que afetam a proliferação dos
melanócitos, dendritos e síntese de melanina, os melanócitos controlam a síntese de
melanina e a transferem para um queratinócito adjacente (AHN et al., 2003).
YAMAGUCHI (2007) afirmou que os melanócitos epidermais e queratinócitos
basais podem ocorrer numa proporção de cerca de 1:10 e a distribuição de melanina
que eles produzem pode ser visualizada na figura 3. Através desta também pode-se
notar também o grau de penetração da radiação UV em indivíduos de pele clara e
escura, sendo que nos primeiros é maior pelo menor número de pigmentos
responsáveis pela absorção dessa radiação. Nos negros a radiação UV atinge no
máximo o estrato espinhoso, enquanto que nos brancos atravessa a membrana
basal da epiderme e atinge a derme.
24
FIGURA 3 - ARQUITETURA DA PELE CLARA E ESCURA
SC: Estrato córneo; G: Estrato granuloso; S: Estrato espinhoso; B: Estrato basal; BM: Membrana
basal; D: Derme; K: queratinócitos; M: Melanócitos; F: fibroblasto (ovalado)
FONTE: ADAPTADA DE YAMAGUCHI; BRENNER; HEARING (2007)
2.1.4 Melanina
A melanina é um biopolímero (HEARING; TSUKAMOTO, 1991; COSTIN;
HEARING, 2007; HERRLING; JUNG; FUCHS, 2008) nitrogenado (JONES et al.,
2002) fenólico (CHOI et al., 2006; PLONKA; GRABACKA, 2006), granular
extremamente insolúvel (SCHMIDT; KRIEN; RÉGNIER, 1996), produzido por células
dentríticas especializadas, melanócitos - que estão localizadas primariamente na
pele, bulbo capilar e olhos (HEARING; TSUKAMOTO, 1991) - através de uma via
enzimática (STURM; TEASDALE; BOX, 2001) como está sucintamente representada
na figura 4. Essa via envolve uma série de eventos celulares complexos (ARCANS
et al., 2001). Dentro dos melanócitos a melanina está ligada a uma proteína matriz
para formar melanossomos (WILKINSON; MOORE 1990). Uma vez produzida, os
melanossomos são transferidos até os queratinócitos adjacentes (TSATMALI;
ANCANS; THODY, 2002; HOOGDUIJN et al., 2004). São poliânions com um relativo
alto teor de carga negativa por apresentar grupo carboxil e o-semiquinonas (FELIX
et al., 1978) e são moléculas de alto peso molecular, formada pela polimerização
oxidativa de compostos fenólicos (FOGARTY; TOBIN, 1996), se concentra nos
melanossomos (JONES, 2002) e é amplamente distribuída na natureza (CHOI et al.,
2006). Ela é encontrada em bactérias, fungos, plantas e animais (MOMTAZ; LALL;
BASSON, 2008). A produção parece ser controlada por fatores relacionados à
presença ou falta de luz. Fatores relacionados à luminosidade incluem epinefrina,
25
noraepinefrina e melatonina. Os outros fatores com a falta de luminosidade incluem
estimulação do hormônio melanocítico, andrógeno e estrógeno (ABDEL-WANIS;
NAWAHARA, 2003). O estímulo melanogênico é através do hormônio estimulante
de melanócito (MSH) (HEARING; TSUKAMOTO, 1991).
FIGURA 4 - FORMA SIMPLIFICADA DA FORMAÇÃO DA MELANINA
FONTE: ADAPTADO DE FRIEDMAN (1996)
Ela atua como um filtro fotoprotetor ótico e químico, o qual reduz a penetração
de todos os comprimentos de luz a tecidos subepidermais (JABLONSKI;
CHAPLIN, 2000). Uma das principais funções biológicas é a fotoproteção via
absorção óptica e espalhamento da radiação UV (SCHMIDT; KRIEN; RÉGNIER,
1996), sendo um mecanismo de defesa primário (KANG et al., 2009).
A existência de melanina na pele é altamente correlacionada com a
prevenção de radicais livres / ROS (espécies reativas de oxigênio) gerados pela
radiação UV. Especialmente na pele, a melanina assegura a proteção natural
eliminando esses radicais livres gerados (HERRLING; JUNG; FUCHS, 2008). Além
desse possível papel ela pode atuar como um sequestrante de agentes citotóxicos
como os íons metálicos, uma vez que estes têm propriedades catiônicas e se
ligariam por interação iônica (LARSSON, 2006). A melanina é um dos fatores mais
importantes na determinação da coloração da pele (SAKUMA et al., 1999). O
acúmulo de certos agentes químicos no tecido com pigmentação, devido a afinidade
à melanina, é possivelmente o mecanismo de retenção mais pronunciado do corpo
(LARSSON, 2006).
2.1.5 Eumelanina e feomelanina
Em humanos, melanina é classificada em dois tipos gerais: eumelanina é um
biopolímero nitrogenado polimorfo preto ou marrom e altamente associado a
proteínas através de ligações covalentes (SLOMINSKI et al., 2004); A feomelanina
26
vermelha ou amarela, colorida pela polimerização incorporada de precursores de
conjugados de cisteína (NAITO et al., 2007) e fortemente ligada a proteínas, o que
indica que ela ocorre como uma cromoproteína com alta variabilidade no número de
em nitrogênio e enxofre (SLOMINSKI et al., 2004).
BRENNER (2008) considera que três tipos de melanina: feomelanina
(vermelha/amarela) e dois tipos de eumelanina. A pele humana contém uma mistura
dos três tipos, mas as proporções variam enormemente e determinam a cor da pele.
Ainda de acordo com BRENNER (2008), dentro dos melanosomos, no mínimo
três enzimas são indispensáveis para a síntese dos diferentes tipos de melanina:
- Tirosinase (TYR), Eumelanina 5,6-dihidroxiindole (DHI) e Proteína Tirosinase-
RELATED 1 (TYRP1).
Segundo PROTA (2001) além do modo da polimerização do DHI e o seu
derivado 2-carboxil, DHICA, e os fatores controlando o modelo de rearranjo do
dopacromo, os principais destaques deste esquema incluem o papel da peroxidase
na polimerização do DHI e os efeitos regulatórios de íons metálicos e, diferentes
estágios da melanogênese, nomeadas como ativação da tirosinase, rearranjo de
dopacromo e polimerização do DHI. O esquema pode ser visualizado pela figura 5.
FIGURA 5 - MELANOGÊNESE COM OS DIFERENTES PASSOS REGULATÓRIOS
FONTE: PROTA (2001)
27
2.1.6 Tirosina
Tirosina não permeia livremente através dos lipídios biliares e o mecanismo
para o transporte do substrato inicial para a melanogênese para o seu
compartimento catalítico é desconhecido (STURM; TEASDALE; BOX, 2001).
Estudos indicam que há dois sítios catalíticos diferentes para tirosina e dopa
(HEARING; EKEL, 1976) e um aumento na concentração intracelular de ambos
resulta no aumento da melanogênese.
2.1.7 Tirosinases
Tirosinases ou polifenoloxidases são proteínas amplamente distribuídas na
escala filogenética e é responsável pela melanização nos animais e escurecimento
das plantas (CABANES; CHAZARRA; GARCIACARMONA, 1994) e frutas (HYUN et
al., 2008). São enzimas do tipo monooxigenase (STURM; TEASDALE; BOX, 2001)
que pertencem a uma família de proteínas que tem o centro catalítico formado por
cobre (MATOBA et al., 2006) e catalisam a orto-hidroxilação dos monofenóis e a
subseqüente oxidação dos produtos difenólicos em correspondentes quinonas
(TEPPER; BUBACCO; CANTERS, 2002). Ela contribui direcionando a formação de
pigmentos nos corpos dos mamíferos tanto quanto nas plantas, microrganismos e
fungos (MOMTAZ; LALL; BASSON, 2008). É uma enzima limitante para a
melanogênese (HEARING; TSUKAMOTO, 1991; TSATMALI; ANCANS; THODY,
2002) na conversão de tirosina em dopaquinona (AHN et al., 2003). Ela é crítica na
formação dos dois subtipos de melanina (TAYLOR, 2002) e é a lesão chave em
muitos tipos de albinismo (HEARING; TSUKAMOTO, 1991).
Inibidores das tirosinases são agentes químicos capazes de reduzir reações
enzimáticas, como a melanização da pele humana e escurecimento dos alimentos.
O controle da sua atividade é importante na prevenção da síntese de melanina no
escurecimento de alimentos (QIU et al., 2009). Compostos naturais como vitamina C
e AK são inibidores representativos da supressão melanogênica (UM et al., 2003).
Ela também pode ser inibida por aldeídos aromáticos e ácidos aromáticos (QIU et
al., 2009). Por isso, é grande o interesse por moléculas que tenham a propriedade
da inibição da tirosinase para campos como a cosmética e agricultura.
28
Íons metálicos têm três modelos principais de participação nos processos
biocatalíticos: orientação adequada do substrato alvo no estado de transição;
mediação nas reações de redução/oxidação; estabilização eletrostática ou
blindamento de cargas negativas (STENSON; CIOFFI, 2007).
2.2 PIGMENTAÇÃO DA PELE
Os pigmentos visíveis são sintetizados pelos melanócitos. Durante o
desenvolvimento embrionário as células melanocíticas precursoras (melanoblasto)
migram das cristas neurais para a pele, olhos e então são diretamente responsáveis
pelas características de cor (STURM; TEASDALE; BOX, 2001). A pigmentação da
pele é considerada o sinal universal de juventude e beleza (RESZKO; BERSON;
LUPO, 2009). É resultado da síntese e distribuição de melanina (NAITO et al., 2007),
começando pela oxidação da tirosina em dopaquinona catalisada pela tirosinase
(CHOI et al., 2006).
O tamanho e o número das organelas são importantes na determinação da
pigmentação. Melanossomos na pele de negros são maiores que seus homólogos
na pele de brancos e estão armazenados como simples unidades em vez de grupos.
Isto tem o efeito de retardar a degradação nos queratinócitos e contribui para um
maior nível de pigmentação da pele (TSATMALI; ANCANS; THODY, 2002).
Melanócitos escuros exibem uma taxa de síntese de aproximadamente três vezes
mais melanina que os melanócitos de caucasianos (SCHMIDT; KRIEN; RÉGNIER,
1996).
2.3 HIPERPIGMENTAÇÃO DA PELE
RUIZ-MALDONADO (1997) afirmou que embora hiperpigmentação seja um
termo frequentemente usado como um sinônimo para hipermelanose, esta se refere
a um aumento relacionado à melanina e aquela a um aumento da pigmentação sem
qualquer controle. O acúmulo excessivo de pigmentação epidermal pode causar
várias desordens de hiperpigmentação (KANG et al., 2009).
Vários são os fatores que podem desencadear processos de
hiperpigmentação da pele, como por exemplo: Pinealectomia (ABDEL-WANIS;
NAWAHARA, 2003); durante terapia antimalárica (é reportada entre 10-25% dos
29
pacientes) (SELVAAG, 1996); Sob o estímulo de hormônios, irritação, ou
idiopaticamente em algumas desordens, hiperplasia dos melanócitos (STULBERG;
CLARK; TOVEY, 2003); em resposta à exposição ao sol (STULBERG; CLARK;
TOVEY, 2003; COSTIN; HEARING, 2007; BRENNER; HEARING, 2008), como pode
ser observado na figura 6; inflamações da pele tais como eczema, dermatite de
contato alérgico e irritante (HALDER; RICHARDS, 2004); psoríase, queimadura,
radioterapia, etc (RUIZ-MALDONADO; OROZCO-COVARRUBIAS, 1997); uma
ampla variedade de fármacos como antibióticos e quimioterápicos (BRENNER;
HEARING, 2008).
Pigmentações epidermais devido à queimaduras solares, sardas, manchas
senis são consideradas como causadas por um desequilíbrio entre a síntese e
excreção de melanina, resultando em um aumento anormal (SAKUMA et al., 1999).
FIGURA 6 HIPERPIGMENTAÇÃO DA PELE PELA ESTIMULAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR
FONTE: ASTISTRY (2009)
2.4 TRATAMENTO
O despigmentante ideal deveria ter um efeito clareador potente, rápido e
seletivo sobre os melanócitos hiperativados, não ocasionar a curto ou a longo prazo
efeitos colaterais e remover permanentemente o pigmento indesejado, agindo em
um ou mais passos no processo de pigmentação (BRIGANTI; CAMERA; PICARDO,
2003). Podem-se ter diversos mecanismos para despigmentação da pele como, por
exemplo: destruir seletivamente os melanócitos; inibir a formação de melanossomas
e alterar sua estrutura; inibir a biossíntese da tirosina; inibir a formação da melanina;
interferir com a transferência de melanossomas; ter um efeito químico sobre a
melanina ou aumentar a degradação de melanossomas em queratinócitos
(WILKINSON; MOORE 1990; PANDYA; GUEVARA, 2000). A figura 7 apresenta de
30
forma resumida as principais abordagens para se interferir na via melanogênica
antes, durante e depois da síntese da melanina. A despigmentação pode ser obtida
regulando (I) a transcrição e atividade da tirosinase, proteína relacionada a
tirosinase-1 (TRP-1), proteína relacionada a tirosinase-2 (TRP-2), e/ou peroxidase;
(II) condução e distribuição dos melanossomos nos queratinócitos e (III) degradação
da melanina e melanossomo e o retrocesso de queratinócitos pigmentados.
FIGURA 7 ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS POSSÍVEIS ABORDAGENS PARA INTERFERIR
COM A VIA MELANOGÊNICA.
Tyr: TIROSINASE; M: MELANOSSOMOS; ROS: ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO
FONTE: ADAPTADO DE BRIGANTI; CAMERA; PICARDO (2003)
Como resultado do papel chave desenvolvido pela tirosinase na biossíntese
da melanina, a maior parte dos agentes clareadores atuam especificadamente para
reduzir a função dessa enzima por vários mecanismos: (I) interferência com a
transcrição e/ou glicosilação, (II) inibição por diferentes modalidades, (III) redução
dos produtos e (IV) controle pós-transcrição (BRIGANTI; CAMERA; PICARDO,
2003).
O tratamento de desordens da hiperpigmentação pode ser um longo processo
e o impacto psicossocial destas desordens deve ser levada em consideração
(HALDER; RICHARDS, 2004). A duração do tratamento pode variar de individuo
para indivíduo, sendo em geral alguns meses, evitando-se passar de dois anos
(KATSAMBAS; STRATIGOS, 2001). Esse longo período é freqüentemente
insatisfatório (COTOLLESSA et al., 2001). O sucesso do tratamento depende
também da complacência do paciente ao aderir a todas as proposições e ao evitar
possíveis problemas gerados pela exposição ao sol.
31
KATSAMBAS (2001) definiu uma série de parâmetros que são de grande
relevância para a eficácia do tratamento, como por exemplo: antes do início do
tratamento os pacientes devem ser informados de que ele tem a finalidade de
melhorar a pigmentação em vez de resolver completamente a causa. Isto pelo fato
de que os resultados podem não ser permanentes; a localização da disfunção
também é um fator importante, uma vez que a histologia do mesmo pode levar a
diferentes caminhos.
Atualmente, três categorias de agentes de clareamento: compostos
fenólicos, não fenólicos e fórmulas combinadas.
Dentro da classe dos compostos fenólicos o mais importante agente é a
hidroquinona (HQ) figura 8. É considerada o padrão ouro no tratamento das
hiperpigmentações nos últimos 50 anos (HALDER; RICHARDS, 2004). Ela inibe a
conversão de dopa em melanina inibindo a enzima tirosinase. Esta etapa se
durante a síntese da melanina (BRIGANTI; CAMERA; PICARDO, 2003). A eficácia
depende de vários fatores como a concentração, estabilidade química e o veículo
usado. Em formulações de concentrações 4-5% são consideradas bem efetivas.
FIGURA 8 ESTRUTURA DA HIDROQUINONA
FONTE: THE INDEX MERCK (1983)
O maior exemplo dos compostos não fenólicos é o ácido azelaico, que ocorre
naturalmente como um composto saturado, dicarboxílico com nove carbonos
(HALDER; RICHARDS, 2004). Pode oxidar ácidos graxos insaturados em ácidos
dicarboxílicos, os quais competitivamente inibem a tirosinase (BRIGANTI; CAMERA;
PICARDO, 2003; HALDER; RICHARDS, 2004).
Agentes de clareamento podem ser combinados com superficiais ou médio-
profundos peels químicos, ácido glicólico ou peels de ácido tricloroacético 30%.
Hidroquinona ou combinações da mesma, tretinoína e um corticosteróide tópico
pode ser usado antes e/ou depois do peel para aumentar a resposta terapêutica e
diminuir o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória (KATSAMBAS; STRATIGOS,
2001). Ácido azelaico ou ácido kójico, agentes químicos de peeling, e lasers também
tem sido muito utilizados (PANDYA; GUEVARA, 2000).
32
2.4.1 Acido kójico
O ácido kójico (5-hidroxi-2-hidroximetil-4-pirona) figura 9 - é um ácido
orgânico (TAKAMIZAWA et al., 1996) do metabolismo secundário dos fungos. É
comumente produzido por cepas de Aspergillus (GOULD, 1938), Acetobacter e
Penicillium (TAMURA et al., 2006) em um processo aeróbio de uma ampla gama de
fontes de carbono, pela conversão de glucose por meio de reações enzimáticas em
várias etapas (MOHAMAD; ARIFF, 2007). Foi isolado pela primeira vez de uma cepa
de Aspergillus em 1907 por Saito (GOMES et al., 2001) e a estrutura do AK, que
está representada na figura 9, foi definida por Yabuta em 1924 (ICHIMOTO;
TATSUMI, 1964). O nome do ácido tem origem na palavra ―koji‖ que significa
―cultura‘, pois ele foi extraído pela primeira vez de culturas de arroz.
FIGURA 9 ESTRUTURA QUÍMICA DO ÁCIDO KÓJICO
FONTE: THE MERCK INDEX (1983)
Compostos heterocíclicos de seis membros contendo oxigênio constituem
uma importante classe de produtos naturais biologicamente ativos e sintéticos,
desempenhando um papel fundamental na química bioinorgânica (FARARD et al.,
2009). De acordo com BENTLEY (2006), a principal via biosintética é a conversão
de glucose em AK, sem a quebra do anel piranosídico ou da cadeia carbônica
(ARNSTEIN; BENTLEY, 1956), como pode ser visualizado na figura 10.
FIGURA 10 - POSSÍVEL BIOSSÍNTESE DO AÁCIDO KÓJICO A PARTIR DA GLUCOSE
FONTE: BENTLEY (2006)
A reação inicial seria por uma oxidação como uma desidratação entre as
estruturas II e III com a remoção de dois átomos de hidrogênio do carbono 3 da
glucopiranose sob influência de uma oxidase e transformando-se em 3-cetoglucose
33
(III). De acordo com ARNSTEIN e BENTLEY (1953) esse tipo de oxidação ocorre
frequentemente no metabolismo de fungos e bactérias. Segue-se pela perda de
duas moléculas de água até AK (IV), como está representado na figura 11.
FIGURA 11 - POSSÍVEIS REAÇÕES NA BIOSÍNTESE DO AK
FONTE: ARNSTEIN; BENTLEY (1953a)
Uma outra possibilidade de biossíntese é a partir da molécula de
gluconolactona (V) ser a precursora, demonstrada na figura 12. Se a oxidação até
ácido 3-cetogluconico lactona ocorrer duas rotas são possíveis: (a:) redução a 3-
cetoglucose (III) seguida da perda de duas moléculas de água; (b) perda de uma
molécula de água gera (VII) seguido da redução do grupo carbonila (VIII) e perda
de uma segunda molécula de água até AK (IV).
FIGURA 12 - BIOSÍNTESE DO AK A PARTIR DA GLUCONOLACTONA
FONTE: ARNSTEIN; BENTLEY (1953a)
Uma terceira pode envolver a incorporação de átomos de carbono
predominantemente os átomos de carbono 4, 5 e 6 do AK quando pequenas
moléculas são adicionadas durante a fermentação da glucose (ARNSTEIN;
BENTLEY, 1953b).
Vários tipos de fontes de carbono como a sucrose e a frutose hidrolisadas
podem ser utilizadas por A. flavus para a biotransformação até AK (MOHAMAD;
ARIFF, 2007). Várias fontes podem ser usadas na biossíntese do AK por espécies
de Aspergillus. Entre elas a D-xylose e D-ribose são as que deram os melhores
rendimentos, L-arabinose é menos efetiva e D-arabinose, D-lyxose e L-xylose são
34
fontes de carbono muito pobres para a produção de AK. A.flavus não sintetizou AK
de L-lyxose ou L-ribose (ARNSTEIN; BENTLEY, 1956).
O AK tem formula molecular C
6
H
6
O
4
e peso molecular de 142,11 g/mol
(BURDOCK; SONI; CARABIN, 2001). Esse ácido apresenta-se como um
cristalino branco amarelado (THE MERCK INDEX, 1983). Ele cristaliza como
agulhas prismáticas com acetona, etanol, éter ou metanol e acetato de etila. A faixa
de fusão é 153154ºC e tem pKa próximo de 7,90 (THE MERCK INDEX, 1983) 7,88
(MCBRYDE; ATKINSON, 1961). Através de dados experimentais percebeu-se que à
medida que a temperatura aumenta os valores de pKa diminuem (7.75, 7.68, 7.62 e
7.55) (SALLAM; HAGGAG; MASOUD, 1990).
O AK é altamente solúvel em água, metanol, acetona e moderadamente
solúvel em éter, acetato de etila, clorofórmio e piridina (BURDOCK; SONI;
CARABIN, 2001) (THE MERCK INDEX, 1983). Para mamíferos, a dose letal é de
aproximadamente 1g/kg (BRTKO et al., 2004). É conhecido por formar fortes
quelatos com íons metálicos (BATTAINI et al., 2000) como o cobre (NAITO et al.,
2007), ferro (MCBRYDE; ATKINSON, 1961) e compostos organometálicos
(SYNYTSYA et al., 2007). É usado analiticamente para detecção e quantificação de
níveis muito baixos de ferro pela sua alta afinidade pelo metal (STENSON; CIOFFI,
2007).
Possui atividade bacteriostática leve (BRTKO et al., 2004). Baseado nisto, ele
tem sido usado como aditivo alimentício na prevenção do escurecimento enzimático
(TAMURA et al., 2006) como citado anteriormente. A prevenção do escurecimento
enzimático pode ocorrer de forma direta pela mudança no cobre do sítio catalítico da
enzima e indireta através de reações com intermediários, prevenindo uma adicional
mudança da quinona em pigmentos escuros (FRIEDMAN, 1996). Ele é permitido
como aditivo no Japão e é adicionado a alimentos como um antioxidante. Usado na
produção de inúmeros alimentos incluindo miso (pasta de soja) shoyu (molho de
soja) e sake. Também é utilizado na produção de fermentados como o amazake,
shouchu (licor destilado) e mirin (tempero alcoólico) (BURDOCK; SONI; CARABIN,
2001). Intoxicação pelo consumo de alimentos contendo AK não tem sido reportadas
(BRTKO et al., 2004). Devido as suas propriedades bioquímicas, gêneros
alimentícios que o contém são considerados como produtos mais seguros (EMAMI
et al., 2007). É relatado uma série de outros usos tais como precursor de
potenciadores de sabor, antioxidante (TAKAMIZAWA et al., 1996), efeitos
35
antinflamatórios (BRTKO et al., 2004). Ele também é utilizado na saúde pública no
tratamento de doenças. Como as relacionadas à sobrecarga de ferro como a β-
talassemia (STENSON, 2007) em que o AK quela os íons ferro que, neste tipo de
doença, estão em excesso no organismo. Também no tratamento do diabetes no
qual o AK quela o vanádio e a estrutura resultante mimetiza a ação da insulina
DABROS, 2007).
AK é comumente usado na indústria de cosméticos devido às suas
propriedades de absorção de radicais livres (MITANI et al., 2001) e inibição da
produção de melanina (ZBOROWSKI; GRYBOS; PRONIEWICZ, 2003). A atividade
clareadora pode ser devido a uma lenta e reversível inibição competitiva da
tirosinase (NOHYNEK et al., 2004), durante a síntese da melanina (BRIGANTI;
CAMERA; PICARDO, 2003), principalmente devido à atividade quelante do cobre
(LIM, 2001), cofator essencial para a atividade da enzima. Devido ao seu conhecido
mecanismo de inibição da tirosina é um componente essencial para a
downregulation da hiperpigmentação da pele (AHN et al., 2003). Os limites ximos
de concentração de AK em cremes é 2% e hidroquinona acima de 5% podem causar
efeitos colaterais severos como dermatite, eritema e hiperpigmentação (LIN; YANG;
WU, 2007; YANG; ZHANG, 2007). O modelo de como poderia ser o complexo
formado entre o AK e o cobre, que não permitiria a ativação das tirosinases, está
representado na figura 13.
FIGURA 13 - MODELO DO COMPLEXO AK-COBRE
FONTE: TEPPER; BUBACCO; CANTERS (2002)
O mecanismo inibitório do AK sobre polifenol oxidase segue através das
seguintes ações: interferindo com a captação de O
2
requerido para a reação
enzimática; pela redução de compostos quinona para difenóis para prevenir a
formação da melanina via polimerização e pela combinação das duas ações acima
(CHEN; WEI; MARSHALL, 2001).
De acordo com KANG et al (2009) em células B16F10 de melanomas de
camundongos o AK inibiu em 15,8% a produção de melanina a 200 μg/ml e 31,1% a
400 μg/ml e aproximadamente 80% de sobrevivência das mesmas células. LIM
36
(2001) em um estudo com mulheres chinesas que apresentavam melasma na face
mostrou que houve uma melhora em 60,0% daquelas que usaram gel com AK (2%),
hidroquinona (2%) e ácido glicólico (10%) enquanto que entre aquelas que usaram
apenas hidroquinona (2%) e ácido glicólico (10%) a melhora ocorreu em 47,5%.
Melanócitos tratados com AK se tornam não dendríticos com uma diminuição
da quantidade de melanina (BRTKO et al., 2004). Comparativamente com a
hidroquinona, que é prescrição de rotina, o AK tem a vantagem de ser
farmaceuticamente mais estável (BURDOCK; SONI; CARABIN, 2001). Tem-se
encontrado também que o AK confere um impacto significante na fisiologia de
queratinócitos normais como uma supressão da ntese e secreção de citocinas
(AHN et al., 2003).
As radiações solares UVB (280-320 nm) e particularmente UVA (320-400 nm)
têm a capacidade de gerar espécies químicas reativas como os radicais livres nas
células. Esses têm se mostrado estar envolvidos em diversos efeitos biológicos na
pele como o eritema, envelhecimento da pele etc (JUNG et al., 2008). De acordo
com os resultados obtidos por GOMES et al (2001) o AK tem uma atividade
antioxidante eficiente contra três espécies reativas de oxigênio (·OH, ·O
2
-
e
1
O
2
).
Deste modo ele poderia ser utilizado em produtos cosméticos, bloqueando a ação e
os efeitos colaterais de muitas espécies reativas de oxigênio produzidas.
2.5 TÉCNICAS ANALÍTICAS PARA QUANTIFICAÇÃO DE ÁCIDO KÓJICO
A concentração de uma amostra não é uma grandeza física observável e num
processo analítico ela sempre é obtida de forma indireta, a partir de medidas de
outras grandezas como absorção ou emissão de luz e condutividade (PIMENTEL;
NETO, 1996). Deste modo é necessário que se disponha de métodos e aparelhos
adequados para a identificação e quantificação do analito em harmonia com a sua
real concentração. Uma das ferramentas mais importantes no controle de qualidade
físico-químico é a utilização de equipamentos que envolvem a mensuração de um
ou mais analitos de forma simultânea. A seleção e desenvolvimento de métodos de
análises tem tradicionalmente sido assunto de importância para analistas que
trabalham em laboratórios analíticos (WOOD, 1999). Cada aparelho tem seu
princípio teórico básico e relacionando isto as técnicas o desenvolvidas,
aperfeiçoadas e validadas.
37
As técnicas e os métodos de determinação e/ou quantificação de AK são
bastante variadas, como por exemplo: cromatografia gasosa baseada em derivados
silyl para separação e quantificação de AK (OWENS; WELTY; LUCAS, 1970);
cromatografia em camada delgada (SCOTT; LAWRENCE; WALBEEK, 1970);
determinação espectrofotométrica com sulfato de ferro (III) (KAWATE; KOIKE;
FUKUO, 1972); cromatografia líquida de alta eficiência (QURESHI; PRENTICE;
BURGER, 1979); determinação de AK em meio fermentativo pelo método ―stopped
flow‖ e espectrofotometria (TANIGAKI; OBATA; TOKUYAMA, 1980); cromatografia
líquida de alta eficiência em fase reversa (FRISVAD, 1987); cromatografia gasosa
usando capilar de lica fundida (GOTO; MATSUI; KITSUWA, 1990); coluna
cromatográfica Bio Gel P-2 (KARITA et al., 1991); método enzimático para a
determinação de AK que apesar de ser muito sensitivo e específico pode ser mais
oneroso que os demais todos por causa da pureza das enzimas (STREFFER et
al., 1998); determinação do analito por HPLC-UV acoplado com fluorescência pela
formação de um característico amarelo esverdeado brilhante (ZERINGUEJR et al.,
1999); Em 2004, GOMARA et al. desenvolveram e validaram um método de análise
direta através de espectroscopia UV; CORRER et al. (2005) desenvolveram uma
técnica para determinação de AK em produtos farmacêuticos utilizando-se de uma
ferramenta analítica calibração multivariada e espectroscopia no UV; No ano
seguinte duas novas cnicas foram publicadas com a mesma finalidade das outras
anteriores. Em uma delas, YANG; ZHANG (2007) investigaram o comportamento
voltimétrico do AK por PVP/ABPE e desenvolveram um método para quantificação.
LIN; WU; HUANG,(2007) combinaram um HPLC com microdiálise online para
determinação simultânea de ascorbil, AK e niacinamida em cosméticos clareadores.
em 2007, (BUBACCO et al., 2007) usaram absorção por raio-x; LIN; YANG; WU
(2007) otimizaram um sistema para análise de AK, arbutin e hidroquinona
simultaneamente através da eletroforese capilar eletrocinética micelar; SYNYTSYA
et al (2007) complexaram AK com ferro III para quantificação em UV-Vis e
conjugados com chitosana por RMN de H
1
; método por LC/TOF-MS com
confirmação dos dados também por UV e tempo de retenção no cromatógrafo
líquido (SENYUVA; GILBERT; OZTURKOGLU, 2008).
Cada aparelho e técnica usada como HPLC, eletroforese capilar, UV-VIS e
seus métodos tem recursos especiais e deficiências, os quais devem ser
considerados (BRUCE; MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998).
38
2.5.1 Espectroscopia eletrônica
A radiação numa faixa de comprimento de onda de 2-800 nm é passada
através de uma solução do composto. Os elétrons das ligações são excitados e
ocupam um estado quântico superior, absorvendo um pouco de energia que passa
pela solução (WATSON, 1999). A absorção depende da estrutura eletrônica da
molécula (SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL, 1994) e do comprimento de onda
da radiação (SOLOMONS, 1996). As transições dos elétrons podem ocorrer a partir
de um entre vários estados de vibração e de rotação de um nível de energia
eletrônica para um entre diversos estados de vibração ou de rotação do nível mais
elevado (SOLOMONS, 1996). A transição de um elétron entre diferentes níveis
energéticos é chamado de ―transição eletrônica‖ e o processo de absorção é
chamado ―absorção eletrônica‖ (SKOOG et al., 2000). O termo cromóforo é usado
para descrever qualquer estrutura característica o qual leva a absorção na região do
UV-Vis e inclui grupos nos quais as transições π→ π*, n→ π* e n→ ζ* são possíveis
(FURNISS et al., 1989). A conjugação n→ π leva a um deslocamento da absorção
para comprimento de ondas maiores é chamado ―efeito batocrômico‖ e inversamente
para menores como ―efeito hipsocrômico‖. Quando há um aumento na intensidade o
efeito é denominado ―hipercrômico‖ e quando ela diminui é ―hipocrômico‖ (HESSE;
MEIER; ZEEH, 2008; FURNISS et al., 1989). As regiões do espectro
eletromagnético podem ser visualizados na figura 14 e, em especial, do ultravioleta e
infravermelho no quadro 1.
FIGURA 14 REGIÕES DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
FONTE: HOLLAS (2004)
39
REGIÃO ESPECTRAL
COMPRIMENTO DE ONDA
FREQÜÊNCIA EM NÚMERO DE ONDA
(cm
-1
)
Ultravioleta
2 400 nm
5000000 - 50000
Ultravioleta visível
400 800 nm
50000 25000
Infravermelho
0,75 2,5 μm
13333 - 400
Infravermelho distante
2,5 μm – 1 mm
400 10
QUADRO 1 REGIÕES DO ULTRAVIOLETA E INFRAVERMELHO DO ESPECTRO
ELETROMAGNÉTICO
FONTE: SKOOG et al., 2000
Um dos grupos de maior interesse é o dos hidrocarbonetos insaturados, uma
vez que eles apresentam hibridação sp
2
. Há uma ligação π dos elétrons p do
carbono perpendiculares ao plano das ligações ζ. Neste caso, os elétrons π ligantes
têm uma força de ligação menor e podem passar para níveis de energia superiores,
orbitais π antiligantes, sem se dar uma completa ruptura da molécula. Assim,
verifica-se a absorção da radiação na região do ultravioleta, atribuído a transições
dos elétrons π de orbitais ligantes para antiligantes transições - π*). No estado π*
a ligação π não existe e a molécula tem ligações simples para se manter como
um todo. Estas transições correspondem a absorções na região de 200-700 nm
(GONÇALVES, 1990).
Como ponto forte a espectroscopia no UV é fácil de usar, é relativamente
barata e oferece uma boa precisão para mensurações quantitativas (WATSON,
1999). É uma das ferramentas mais poderosas e amplamente usada em análises
quantitativas (SKOOG et al., 2000). Como limitação, é moderadamente seletiva,
dependendo do cromóforo, e não muito aplicável para misturas de analitos
(WATSON, 1999). Entretanto, o mesmo ponto pode ser visto no âmbito de que
grupos característicos podem ser reconhecidos em moléculas bastante complexas
(SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL, 1994).
Em 2004, GOMARA et al publicaram um artigo que teve por objetivo
desenvolver e validar um método de quantificação por espectroscopia eletrônica
direta e sem a complexação com alumínio do AK. Usando um meio aquoso, e
comprimento de onda máximo de 269 nm, ela determinou para o método: intervalo,
linearidade, robustez, exatidão e precisão. O método que foi desenvolvido é limitado
apenas para a matéria-prima, sendo inviável para produto. Isso se uma vez que
na região do comprimento de onda de quantificação do AK (269 nm) outras
40
moléculas que estão presentes nos cremes como conservantes (nipagin nipazol)
contém cromóforos que absorvem na mesma região. Em 2007 (OLIVEIRA et al.,
2007) desenvolveram um método para quantificar AK em estudos de permeação in
vitro com solução salina de cloreto de sódio 0,9% (m/v) no comprimento de onda
268 nm. Ácido kójico também pode ser determinado por colorimetria na reação com
cloreto férrico em água (MORTON et al., 1945) e de acordo com MOSS e MELLON
(1941) em pH 5-6 na proporção de 1 ferro para 3 AK. Coloração vermelha escura é
observada quando as soluções de ferro (III) e AK são misturadas na faixa de pH 2-3
(MURAKAMI, 1962b).
2.5.1.1 Complexometria
Compostos de coordenação incluem compostos com um átomo metálico ou
íon e um ou mais ligantes (átomos, íons ou moléculas) que formalmente doam
elétrons para o metal. Esses compostos também são conhecidos como Complexos
(MIESSLER; TARR, 2003).
O estudo moderno dos compostos de coordenação se iniciou com Alfred
Werner e Sophus Mads Jorgensen, sendo que pode-se concluir que Werner estava
―certo‖ e Jorgensen estava ―errado‖ na interpretação das evidências experimentais
que eles tinham (HUHEEY; KEITER; KEITER, 1993). Werner foi capaz de explicar a
natureza das ligações nos complexos e concluiu que nesses compostos o metal
apresenta dois tipos de valência: primárias, que seria o número de cargas no íon
complexo; e secundárias, que seria igual ao número de átomos ligantes
coordenados ao metal (LEE, 1996).
Há três teorias que explicam as ligações entre metal e os ligantes nos
complexos, todas formuladas na década de 30: teoria da ligação de valência, teoria
do campo cristalino e teoria dos orbitais moleculares (LEE, 1996).
Baseado na estrutura do gás nobre é possível prever a estequiometria da
maioria dos complexos de ligantes π-ácido. O número de elétrons de valência do
átomo metálico adicionado ao número de pares de elétrons ζ, contribuídos pelos
ligantes, deve ser igual ao número de elétrons do átomo de gás nobre que sucede
ao metal (COTTON; WILKINSON, 1978).
A determinação de constantes de estabilidade por titulações potenciométricas
com alumínio é um método poderoso para definir a identidade e distribuição dos
41
complexos metal-ligante pela investigação da especiação em sistemas aquosos
(JORDAN et al., 1996).
Os elementos do grupo III formam complexos com muito maior facilidade do
que os elementos do bloco s, pois apresentam menor tamanho e carga maior. Os
compostos de alumínio apresentam como aspecto incomum as estruturas
dimerizadas e parecem incluir ligações tricentradas envolvendo orbitais híbridos sp
3
no Al e C nas pontes Al-C-Al (LEE, 1980). Os elementos trivalentes formam
complexos com a coordenação 4, 5 ou 6 catiônicos como o [Al(H
2
O)
6
]
3+
, neutros ou
aniônicos (COTTON; WILKINSON, 1978). A quelação com íons metálicos
desempenha um papel central na homeostase da atividade enzimática, no qual mais
de um terço de todas as enzimas conhecidas requerem a presença de íons
metálicos da atividade catalítica (STENSON; CIOFFI, 2007). Conhecimento da
especiação do Al
3+
em soluções aquosas é importante para uma ampla gama de
áreas de pesquisa como a de cosméticos (FOURNIER; SHAFRAN; PERRY, 2008).
Em soluções aquosas, por exemplo, com citrato o alumínio é capaz de fazer seis
ligações, entre moléculas de água e do próprio citrato ou apenas entre oxigênios do
mesmo como pode ser visualizado na figura 15.
FIGURA 15 - ESTRUTURAS ESQUEMÁTICAS DA LIGAÇÃO DO ALUMÍNIO COM CITRATO
FONTE: ADAPTADO DE KUAN et al. (2005)
A molécula do cloreto de alumínio, em solução, devido à grande energia de
hidratação liberada supera a elevada energia de ionização e os íons metálicos
existem num estado hidratado. Estes apresentam seis moléculas de água
firmemente ligadas formando uma estrutura octaédrica. Em solução ácida o
potencial de redução de Al
3+
até Al
0
é -1.66 e, em solução básica, é -2.31 (LEE,
1980). A estrutura do íon aluminato varia de acordo com o pH, de 8 a 12 os íons
polimerizam através de pontes de OH e cada átomo de alumínio possui
coordenação oito (COTTON; WILKINSON, 1978; LEE, 1980).
42
O interesse nos complexos metálicos com o ligante AK tem sido estimulado
por fatores como: espera-se que os complexos possuam uma atividade antibiótica
de amplo espectro e pela alta estabilidade dos complexos (BHATIA; KAUSHIK;
SODHI, 1988).
2.5.2. Espectroscopia no infravermelho
A radiação infravermelha não tem energia suficiente para provocar excitações
dos elétrons, mas faz com que os átomos, ou grupo de átomos, dos compostos
orgânicos vibrem com maior rapidez e com maior amplitude em torno das ligações
covalentes que os unem. Estas vibrações são quantizadas e, quando ocorrem, os
compostos absorvem energia IV em certas regiões do espectro (SOLOMONS,
1996). Apesar da energia o ser suficiente a radiação pode induzir transições em
estados vibracionais e rotacionais associados com o estado eletrônico fundamental
das moléculas (SKOOG et al., 2000). A intensidade das bandas de absorção
depende da magnitude da carga na oscilação do momento dipolo da ligação durante
a transição e também é diretamente proporcional ao número de ligações para aquela
absorção particular. (FURNISS et al., 1989).
O IV está inserido no espectro eletromagnético entre as regiões do visível e
das microondas e pode ser dividida em infravermelho próximo (14290 cm
-1
4000
cm
-1
), médio (4000 cm
-1
700 cm
-1
) e infravermelho distante (700 cm
-1
200 cm
-1
)
(SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL, 1979). A região mais importante para a
química orgânica é compreendida entre 4000 e 660 cm
-1
(FURNISS et al., 1989).
Na região do infravermelho, a absorção da radiação pode dar informações
sobre a identidade dos compostos na presença ou ausência de grupos funcionais e
estrutura das moléculas. Com exceção de moléculas diatômicas homonucleares,
todas as outras absorvem radiação infravermelha. Por isso, é um dos métodos
espectroscópicos de mais ampla aplicação (SKOOG et al., 2000). É adequado para
usos em linha, próxima de uma aplicação universal, pois qualquer molécula contém
ligações C-H, N-H, S-H ou O-H (PASQUINI, 2003). Há dois tipos principais de
vibrações moleculares: estiramento axial e deformação angular. Os estiramentos
axiais podem ser simétricos ou assimétricos. Deformações angulares podem ser
simétricas no plano (tesoura), assimétrica no plano (balança), simétrica fora do plano
(torção) e assimétrica fora do plano (abano) (FURNISS et al., 1989).
43
O principal uso do infravermelho para moléculas como complexos metálicos é
fornecer um método rápido para determinação da formação do complexo. Em alguns
casos, informações estruturais específicas podem ser obtidas (JORDAN et al.,
1996). A técnica tem sido amplamente utilizada como um meio direto e rápido para
identificar produtos pela indústria farmacêutica (PASQUINI, 2003).
Uma interpretação completa de um espectro é, muitas vezes, difícil e
complexa, pois a maioria dos compostos orgânicos tem um número muito grande de
movimentos de flexão e alongamento. Entretanto não a necessidade da
elucidação completa do espectro, mas da identificação mínima de grupos funcionais.
Se por um lado essa complexidade é um ponto negativo, ela também tem um ponto
positivo quando dois espectros são quase que perfeitamente superponíveis a
chance de elas terem sido geradas por amostras de uma mesma substância é muito
grande.
O método experimental mais utilizado para analisar carbonila e complexos
metálicos é espectroscopia no infravermelho. A utilidade da freqüência de
estiramento da carbonila se pela sensitividade desta absorção em relação à
população de elétrons dos orbitais CO antiligantes (HUHEEY; KEITER; KEITER,
1993).
Infravermelho pode ser útil em dois aspectos: o número de bandas de IV
depende da simetria molecular e a determinando se é capaz de decidir ou reduzir o
número de possibilidades entre as alternativas geométricas; a posição das bandas
de IV podem indicar a função do ligante e pode descrever o meio em que está o
elétron do metal (MIESSLER; TARR, 2003). Tem sido amplamente usada em
análises qualitativas e quantitativas, sendo importante para a avaliação de matérias-
primas e produtos (STUART, 2004). É uma técnica analítica que pode ser
quantitativa, rápida, não destrutiva e praticamente não exige a utilização de
reagentes e solventes.
2.5.3. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear
Sob condições apropriadas em um campo magnético, uma amostra pode
absorver radiação eletromagnética na região de rádio-frequência em freqüências
definidas pelas características do analito (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE,
2005). Os núcleos de certos elementos e isótopos comportam-se como se fossem
44
imãs girando em torno de um eixo. Quando se coloca um composto contendo
átomos de
1
H ou de
13
C num campo magnético muito forte e simultaneamente se
irradia o composto com energia eletromagnética, os núcleos podem absorver
energia que é quantizada (SOLOMONS, 1996). A nuvem eletrônica que circunda o
núcleo também tem carga, movimento e, portanto, momento magnético. O campo
magnético gerado pelos elétrons altera o campo magnético no microambiente ao
redor do núcleo (LAMBERT; MAZZOLA, 2003). A absorção é função de
determinados núcleos da molécula. Por convenção, freqüência e, portanto, a força
do campo magnético aumenta da esquerda para direita. Movimentos da esquerda
para direita são denominados para campo alto (mais blindadas) e da direita para
esquerda de movimentos para campo baixo (desblindadas) (FURNISS et al., 1989).
Um registro gráfico das freqüências dos picos de absorção contra suas intensidades
constitui-se em um espectro de RMN (SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL, 1979).
A técnica é somente aplicável aos núcleos que possuem número de quantum
spin (I) maior que zero (FURNISS et al., 1989). Ressonância magnética nuclear é
um método poderoso para se estudar complexos com Al
3+
em solução. Além disso,
espectros com
1
H e
13
C podem ser obtidos de um modo relativamente simples
(JORDAN et al., 1996). Uma evolução importante na detecção de sinais fracos é a
RMN com Transformada de Fourier (FT) (SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL,
1979). RMN é uma ferramenta valiosa na caracterização de complexos
organometálicos (MIESSLER; TARR, 2003).
2.5.4 Titulação potenciométrica
Potenciometria é uma técnica comum para determinar as constantes de
estabilidade por causa da simplicidade dos aparatos experimentais e a facilidade
com o qual o sistema pode ser automatizado (JORDAN et al., 1996).
Embora os resultados da titulação potenciométrica não possam fornecer uma
compreensão da estrutura do complexo, verificando as constantes de ligação as
quais mostram a força de interação entre um ligante e um íon metálico, um pode
inferir qual o sítio básico é mais provável para interagir com o ácido de Lewis; a
especiação de acordo com a carga nos valores de pH podem ser calculados
(MERCÊ et al., 2002). O mecanismo dominante para a reação de primeira hidrólise
do Al
3+
é uma troca rápida e direta de H
+
entre adjacentes H
2
O / H
+
e H
2
O / OH
-
;
45
segundo e terceiro passos da hidrólise são também rápidos, porque o mecanismo de
troca do H
+
deveria acontecer nessas reações também. Deste modo, sob a maioria
das condições as espécies Al
3+
, Al(OH)
2+
e Al(OH)
2
+
se interconvertem rapidamente
e estão equilíbrio dinâmico entre eles(FAUST et al., 1995). O pH de uma solução de
um ácido poliprótico submetida a uma titulação pode ser estimado em qualquer
ponto considerando as espécies primárias em solução e o equilíbrio de transferência
de próton que determina o pH (ATKINS; JONES, 2001). Um melhor entendimento da
bioquímica do alumínio requer um aumento do conhecimento do equilíbrio do
complexo do íon Al
3+
com ligantes. Para isto é absolutamente necessário construir
modelos de especiação (VENTURINI-SORIANO; BERTHON, 1998).
2.6 VALIDAÇÃO
Atualmente não uma gama muito ampla de técnicas simples de
quantificação de AK em preparações farmacêuticas. Sendo assim faz-se necessário
o estudo e a conseqüente validação de mais métodos que quantifiquem esse analito.
Em indústrias, tais como a farmacêutica, química e alimentícia, os métodos
analíticos são os ―olhos‖ e os ―ouvidos‖ para todos os materiais produzidos e usados
(BOULANGER et al., 2007). A escolha de uma metodologia analítica adequada é de
fundamental importância para o procedimento do controle de qualidade de uma
substância ativa ou forma farmacêutica (VALENTINI; SOMMER; MATIOLI, 2007).
O desenvolvimento de um método analítico, a adaptação ou implementação
de método conhecido, envolve processo de avaliação que estime sua eficiência na
rotina do laboratório (BRITO et al., 2003). Esse processo denomina-se validação.
A validação confere ao processo maior confiabilidade e aceitação dos
resultados. É feita para assegurar que a metodologia analítica seja exata, específica,
reprodutível e robusta sobre um intervalo especificado em que o analito será
analisado (SHABIR, 2003). É uma parte inevitável no desenvolvimento de métodos
farmacopeicos ou procedimentos analíticos de controle de qualidade (GRDINIC;
VUKOVIC, 2004). A ANVISA (2003) preconiza que o objetivo de uma validação é
demonstrar que o método é apropriado para a finalidade pretendida, ou seja, a
determinação qualitativa, semi ou quantitativa. Através do fornecimento de evidência
objetiva, comprova que os requisitos para uma aplicação ou uso espeficos
pretendidos foram atendidos (INMETRO, 2003). O processo visa dar aos
46
laboratórios e aos órgãos regulatórios uma garantia que cada mensuração que será
feita posteriormente será ―próxima o suficiente‖ ao ―valor verdadeiro‖ ou no mínimo
que a diferença estará abaixo do limite aceitável (HUBERT et al., 2004). Validar um
resultado é fazer com que todos os procedimentos até chegar ao resultado final
sejam aceitos como corretos.
A validação de um método analítico não significa que este possa ser aplicado
sem restrições para diferentes medicamentos com o mesmo princípio ativo, uma vez
que os resultados são influenciados por inúmeros fatores como a estrutura química,
diferenças entre as fórmulas de um laboratório para outro (VALENTINI; SOMMER;
MATIOLI, 2007).
Usar testes estatísticos adequados para cada parâmetro faz com que as
tomadas de decisão sejam menos subjetivas e, conseqüentemente, deixa o método
mais fácil de ser explicado e de ser implementado. O INMETRO (2003) sugere uma
série de elementos e pontos chave que podem ser relevantes durante o processo de
desenvolvimento analítico. O planejamento e execução da validação pode ser feito
com a seguinte seqüência: Definir a aplicação, objetivo e escopo do método; Definir
os parâmetros de desempenho e critérios de aceitação; Desenvolver um
procedimento operacional para validação; Definir os experimentos de validação;
Verificar se as características de desempenho do equipamento estão compatíveis
com o exigido pelo método em estudo; Qualificar os materiais, por exemplo, padrões
e reagentes; Executar os experimentos preliminares de validação; Ajustar os
parâmetros do método e/ou critérios de aceitação, se necessário; Executar
experimentos completos de validação; Preparar um procedimento operacional para
execução do método, na rotina; Definir critérios de revalidação (por exemplo,
mudanças de pessoal, condições ambientais, equipamentos, periodicidade), e definir
tipo e freqüência de verificações de controle da qualidade analítica para a rotina.
Os processos de validação são dinâmicos e nesse contexto têm-se as etapas
do ciclo (que aparecem dentro dos retângulos) e as ferramentas principais ou
técnicas (que estão nas elipses) da figura 16 (FEINBERG, 2007).
47
FIGURA 16 - CICLO DE VIDA DE UM MÉTODO DE ANÁLISE
FONTE: ADAPTADO DE FEINBERG (2007)
Os métodos analíticos podem ser classificados de acordo com a finalidade
como está descrito no Quadro 2:
CATEGORIA
FINALIDADE DO TESTE
I
Testes quantitativos para a determinação do princípio ativo em produtos
farmacêuticos ou matériasprimas
II
Testes quantitativos ou ensaio limite para a determinação de impurezas e produtos
de degradação em produtos farmacêuticos e matérias-primas
III
Testes de performance (por exemplo: dissolução, liberação do ativo)
IV
Testes de identificação
QUADRO 2 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ANALÍTICOS DE ACORDO COM A FINALIDADE
FONTE: ANVISA (2003)
Os parâmetros a serem analisados em um método a ser validado são:
especificidade e seletividade, linearidade, intervalo, precisão, sensibilidade (limite de
detecção), limite de quantificação, exatidão e robustez. Cada categoria descrita no
quadro 2 exige um determinado conjunto de testes, conforme relacionados no
Quadro 3:
48
PARÂMETRO
CATEGORIA I
CATEGORIA II
QUANTITATIVO
ENSAIO LIMITE
CATEGORIA
III
CATEGORIA
IV
Especificidade
Sim
Sim
Sim
*
Sim
Linearidade
Sim
Sim
Não
*
Não
Intervalo
Sim
Sim
*
*
Não
Repetibilidade
Precisão
Intermediária
Sim
Sim
Não
Sim
Não
**
**
Não
**
Não
Limite de detecção
Não
Não
Sim
*
Não
Limite de
quantificação
Não
Sim
Não
*
Não
Exatidão
Sim
Sim
*
*
Não
Robustez
Sim
Sim
Sim
Não
Não
* Pode ser necessário, dependendo da natureza do teste específico.
** Se houver comprovação da reprodutibilidade não é necessária a Precisão Intermediária.
QUADRO 3 ENSAIOS NECESSÁRIOS PARA A VALIDAÇÃO DE MÉTODOS ANALÍTICOS DE ACORDO
COM A SUA FINALIDADE
FONTE: ANVISA (2003)
Como a proposta do método desse trabalho é quantificar princípio ativo em
produtos farmacêuticos e matéria-prima, os parâmetros analisados foram: intervalo,
linearidade, precisão, seletividade, exatidão e robustez.
2.6.1 Seletividade / especificidade
A especificidade e a seletividade estão relacionadas ao evento da detecção
(INMETRO, 2003). A seletividade é a capacidade que um método possui de medir
exatamente um composto em presença de outros componentes tais como
impurezas, produtos de degradação e componentes da matriz (ANVISA, 2003).
Para métodos cromatográficos, serão específicos aquele que mensurarem
com exatidão o analito na presença de todos os outros componentes potenciais da
amostra (SHABIR, 2003). Mensurações espectrométricas como UV-VIS tendem a
serem seletivas, pois não distinguem muito bem compostos que tenham cromóforos
semelhantes (PERSSON; VESSMAN, 1998).
Seletividade tem sua origem em ―seligo‖, que em latim significa escolher ou
selecionar. Seletivo é algo que ―tende a escolha com cuidado‖ e seletividade o
―estado ou qualidade de ser escolhido‖ (PERSSON; VESSMAN, 2001). A
seletividade garante que o pico de resposta seja exclusivamente do composto de
49
interesse (PHARMACOPEIA, 1999). Em procedimentos analíticos os métodos para
detectar qualitativamente são seletivos e os que mensurarem quantitativamente
serão específicos (VESSMAN, 1996),porém poucos métodos o realmente
específicos (PERSSON; VESSMAN, 1998). Entretanto os termos tem sido usados
indistintamente ou com diferentes interpretações (INMETRO, 2003) e para o termo
especificidade o mesmo significado de seletividade tem sido freqüentemente
utilizado (RIBANI et al., 2004), embora no senso restrito não seja correto (PETERS;
DRUMMER; MUSSHOFF, 2006) por terem significados diferentes (ROZET et al.,
2007). Esse problema poderia ser evitado caso se utilizasse apenas o termo
seletividade -como sugere a IUPAC- uma vez que o diminutos os todos que
respondem à apenas uma substância.
2.6.2 Linearidade e intervalo
A linearidade de um procedimento analítico é a habilidade para obter
resultados dos testes os quais são diretamente proporcionais à concentração (valor)
do analito na amostra dentro de um intervalo especificado (ICH, 2005; INMETRO,
2003; ANVISA, 2003). Essa relação matemática, muitas vezes, pode ser expressa
como uma equação de reta chamada de curva analítica (RIBANI et al., 2004). Ela se
aplica aos resultados (concentração) e não às respostas (sinal) (HUBERT;
NGUYEN-HUU; BOULANGER; CHAPUZET; COHEN et al., 2007). Deve ser
avaliado entre a faixa do procedimento analítico. Pode ser demonstrado diretamente
na substância (pela diluição de uma solução padrão estoque) e/ou pesagens
separadas de misturas sintéticas dos componentes do produto, usando o
procedimento proposto (ICH, 2005)
Deve ser avaliada pela inspeção visual do contexto de sinais como uma
função da concentração do analito. Se uma relação linear, ela deverá ser
investigada por métodos estatísticos apropriados, por exemplo, pelo cálculo de uma
regressão linear (ICH, 2005). Para estabelecer a linearidade, um mínimo de 5
concentrações é recomendada (ICH, 2005). A equação da reta que relaciona as
duas variáveis é: y = ax + b
y = resposta medida (absorbância); x = concentração;
a = inclinação da curva de calibração = sensibilidade;
b = interseção com o eixo y, quando x=0.
50
O coeficiente de correlação linear (r) é freqüentemente usado para indicar o
quanto pode ser considerada adequada a reta como modelo matemático. Um valor
maior que 0,90 é, usualmente, requerido. Quanto mais se aproximar de 1,0 o
coeficiente menor será a dispersão do conjunto de pontos experimentais e menor a
incerteza dos coeficientes de regressão estimados (RIBANI et al., 2004). O método
pode ser considerado como livre de tendências (unbiased) se o corredor de
confiança da reta de regressão linear contiver a origem (INMETRO, 2003). O critério
mínimo aceitável do coeficiente de correlação (r) deve ser = 0,99 (ANVISA, 2003).
Intervalo é a faixa entre a maior e a menor concentração (valor) do analito na
amostra para o qual tem sido demonstrado que o procedimento analítico tem um
nível adequado de precisão, exatidão e linearidade (ICH, 2005; SHABIR, 2003). É
normalmente derivado dos estudos de linearidade. É estabelecido pela confirmação
de que o procedimento analítico proporciona um grau de aceitabilidade da
linearidade, exatidão e precisão dentro dos extremos da faixa especificada.
Geralmente vai de 80 a 120% da concentração teste (ICH, 2005; ANVISA, 2003).
2.6.3 Exatidão
Expressa a proximidade da concordância entre o valor no qual cada um é
aceito como um valor convencional verdadeiro ou um valor referencia aceito e o
valor encontrado (SHABIR, 2003; HUBERT; NGUYEN-HUU; BOULANGER;
CHAPUZET; CHIAP et al., 2007). É chamada, às vezes, de veracidade (ICH, 2005).
Pode ser feita pela comparação dos resultados do procedimento analítico com
aqueles de um segundo procedimento bem caracterizado (ICH, 2005; ANVISA,
2003). A exatidão do método deve ser determinada após o estabelecimento da
linearidade, do intervalo linear e da especificidade do mesmo, sendo verificada a
partir de, no mínimo, 9 (nove) determinações contemplando o intervalo linear do
procedimento, ou seja, 3 (três) concentrações, baixa, média e alta, com 3 (três)
réplicas cada. A exatidão é expressa pela relação entre a concentração média
determinada experimentalmente e a concentração teórica correspondente:
FIGURA 17 Fórmula da exatidão
51
Quando aplicada a uma série de resultados de ensaio, implica numa
combinação de componentes de erros aleatórios e sistemáticos (tendência)
(INMETRO, 2003).
Na avaliação da exatidão utilizando um material de referência pode-se usar
testes estatísticos como o erro relativo, teste de hipóteses, entre outros. Caso o
seja alcançado resultados satisfatórios deve ser feita uma investigação para
averiguar as possíveis causas, reavaliar o ensaio e efetuar ações corretivas.
2.6.4 Precisão
A precisão de um procedimento analítico expressa a proximidade de
concordância (grau de dispersão) entre a série de leituras obtidas de múltiplas
amostras da mesma amostra homogênea sob condições prescritas (ICH,
2005)(INMETRO, 2003). É a parte mais importante de qualquer validação de método
analítico (WALFISH, 2006).
Deve ser investigada usando amostras autenticas e homogêneas. Entretanto,
se não é possível obter uma amostra homogênea, ela deve ser investigada usando
amostras preparadas artificialmente ou uma amostra solução (ICH, 2005).
A precisão pode ser considerada em três níveis: repetitividade, precisão
intermediária e reprodutibilidade (ICH, 2005). Repetitividade e reprodutibilidade são
geralmente dependentes da concentração do analito e devem ser determinadas para
um número diferente de concentrações. Neste caso o desvio padrão relativo pode
ser útil, uma vez que foi normalizado com base na concentração e deste modo ele é
praticamente constante ao longo da faixa de interesse (INMETRO, 2003).
2.6.4.1 Repetitividade
É o grau de concordância entre os resultados de medições sucessivas de um
mesmo mensurando, efetuadas sob as mesmas condições de medição, chamadas
de condições de repetitividade: mesmo procedimento de medição; mesmo
observador; mesmo instrumento usado sob mesmas condições; mesmo local, e
repetições em curto espaço de tempo (INMETRO, 2003).
Deve ser realizada com um mínimo de 9 determinações cobrindo a faixa
especificada (80,100 e 120%) para o procedimento ou 6 determinações da
52
concentração teste (100%) (INMETRO, 2003; ANVISA, 2003). O termo repetitividade
é adotado pelo Vocabulário Internacional de Metrologia (INMETRO, 2000). Por outro
lado, a ANVISA (2003) utiliza o mesmo conceito para o termo repetibilidade.
2.6.4.2 Precisão intermediária
A precisão intermediária refere-se à precisão avaliada sobre a mesma
amostra, amostras idênticas ou padrões, utilizando o mesmo método, no mesmo
laboratório ou em laboratórios diferentes, mas definindo exatamente quais as
condições a variar (uma ou mais), tais como: diferentes analistas; diferentes
equipamentos; diferentes tempos.
O objetivo da validação da precisão intermediária é verificar que no mesmo
laboratório o método fornecerá os mesmos resultados.
Esta medida de precisão é reconhecida como a mais representativa da
variabilidade dos resultados em um laboratório e mais aconselhável de usar. Para
determinar a precisão intermediária de um método, efetuam-se ―n‖ medições em
replicata, ou em ensaio único, sobre a amostra, nas condições pré-definidas, pois
existem vários métodos de estudar este tipo de precisão. (INMETRO, 2003).
2.6.4.3 Reprodutibilidade
Concordância entre os resultados obtidos em laboratórios diferentes.
Refere-se aos resultados de colaboração entre laboratórios e deve ser considerada
em situações como a padronização de procedimentos analíticos a serem incluídos,
por exemplo, em farmacopéias (ANVISA, 2003; ICH, 2005). A ICH e a ANVISA
sugere um mínimo de nove determinações de um mínimo de três níveis de
concentrações, de acordo com o intervalo especificado, ou um mínimo de seis
determinações para uma única concentração teste. A precisão pode ser expressa
como desvio padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (CV%), segundo a
fórmula:
DPR = (DP x 100)
CMD
FIGURA 18 FÓRMULA DO DESVIO PADRÃO RELATIVO
53
Em que, DP é o desvio padrão e CMD, a concentração média determinada. O
valor máximo aceitável deve ser definido de acordo com a metodologia empregada,
a concentração do analito na amostra, o tipo da matriz e a finalidade do método, não
se admitindo valores superiores a 5% (ANVISA, 2003).
2.6.5 Robustez
É uma medida da capacidade dos resultados continuarem inalterados, por
pouco, frente a variações deliberadas nos parâmetros do método e proporciona uma
indicação da confiabilidade durante usos normais (ICH, 2005). Ela é descrita como a
estabilidade do método (BRUCE; MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998).
Mede a sensibilidade que este apresenta face a pequenas variações. Um
método diz-se robusto se revelar praticamente insensível a pequenas variações que
possam ocorrer quando esse está sendo executado (INMETRO, 2003).
2.6.6 Sensibilidade
A sensibilidade é definida como a capacidade de um método em distinguir,
com determinado nível de segurança, duas concentrações próximas (ICH, 2005).
A sensibilidade foi verificada através dos limites de detecção e quantificação.
O limite de detecção (LD) de um procedimento analítico é a menor quantidade do
analito numa amostra a qual pode ser detectada, mas não necessariamente
quantificada como um valor exato (FDA, 1995), sob as condições experimentais
estabelecidas (ANVISA, 2003). Ele é calculado pelo desvio padrão do intercepto
com o eixo Y (a partir de três curvas analíticas) multiplicado por três e dividido pela
inclinação da curva analítica.
O limite de quantificação (LQ) de um procedimento analítico individual é a
menor quantidade do analito na amostra que pode ser determinado com adequada
precisão e exatidão (FDA, 1995). Ele é calculado pelo desvio padrão do intercepto
com o eixo Y (a partir de três curvas analíticas) multiplicado por dez e dividido pela
inclinação da curva analítica.
54
Objetivos
55
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Desenvolver e validar um método para a quantificação de ácido kójico
matéria-prima e produto por espectrofotometria no ultravioleta.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver um método para a quantificação do ácido kójico em matéria-
prima e em cremes, por espectrofotometria no ultravioleta, tendo por base as
propriedades quelantes do analito com íons metálicos (Alumínio);
- Validar o método desenvolvido segundo normas nacionais e internacionais;
- Testar o método desenvolvido em preparações magistrais contendo o ácido
kójico em associação com a hidroquinona;
- Quantificar ácido kójico e a hidroquinona na mesma análise;
- Elucidar o tipo de complexo formado entre o ácido kójico e o alumínio
56
Material e Métodos
57
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 DESENHO EXPERIMENTAL
A pesquisa foi dividida basicamente em duas etapas. A primeira etapa
compreendeu o desenvolvimento e validação de um método espectrofotométrico
(UV) para a quantificação de ácido kójico em matéria-prima e em creme cosmético.
No desenvolvimento foram testados diferentes solventes para definir o mais
adequado, o comprimento de onda, a absortividade molar, bem como a necessidade
de otimização do método. A validação foi realizada baseada na Resolução - RE nº
899, de 29 de maio de 2003, farmacopéia americana (USP, 2005) e da Conferência
Internacional de Harmonização (ICH, 2005) nos parâmetros: linearidade,
sensibilidade, repetitividade, precisão intermediária, exatidão e robustez. Na
segunda etapa procurou-se elucidar o tipo de complexo formado entre AK e AlCl
3
.
Para essas análises foram utilizadas algumas ferramentas como a espectrometria no
UV-Vis, titulação potenciométrica, infravermelho e ressonância magnética nuclear.
4.2 MATERIAL
4.2.1 Materiais e reagentes
- ácido kójico padrão Sigma Aldrich Chem. Co. (98,0%)
- ácido kójico matéria-prima Via Farma (100.5%)
- álcool metílico P.A. (FMAIA)
- água ultrapura e deuterada
- brometo de potássio (KBr) P.A.
- cloreto de alumínio solução 0,2% (LABSYNTH) e padrão 1000mg/l (MERCK)
- cloreto de sódio (NaCl) P.A.
- cloreto de potássio P.A.
- creme Lanette (DAGFARMA)
- chemynol (0,3 %), imidazoli (0,6 %), propilenoglicol (0,5 %), lanette N
(16,0 %), vaselina líquida (5,0%), BHT cristal (0,05 %), nipazol (0,1 %), glicerina
branca bidestilada (5,0 %), EDTA (0,1%), nipagin (0,2%), silicone volátil (2,0 %) e
água purificada qsp.
58
- creme Lanette AK 2% (DAGFARMA), AK 2% e HQ 4 %(DAGFARMA)
- creme não iônico (DAGFARMA)
- chemynol (0,3 %), silicone dc 9040 (1,0 %), imidazoli (0,6 %),
propilenoglicol (0,5 %), chembase NF (18,0 %), BHT cristal (0,1 %), nipazol (0,05 %),
glicerina branca bidestilada (5,0 %), EDTA (0,2%), nipagin (0,15%), silicone volátil
(1,0 %) e água purificada qsp.
- creme não iônico AK 2% (DAGFARMA), AK 2% e HQ 4 % (DAGFARMA)
- cubetas de quartzo com caminho óptico de 1 cm
- papel filtro quantitativo (FRAMEX
®
; J.PROLAB)
4.2.2 Equipamentos
- aparelho de ponto de fusão (BUCHI SMP-20)
- balança analítica (METTLER TOLEDO EXCELENCE PLUS)
- espectrofotômetro UV-Vis (AGILENT 8453E) Equipamento 1
- espectrofotômetro UV-Vis (SHIMADZU 1601PC) Equipamento 2
- aparelho de ressonância magnética nuclear (BRUKER Avance DRX 400)
- espectrômetro infravermelho (BOMEM MB 100)
- espectrômetro de absorção atômica AA-220 FS Varian
- potenciômetro digital (HANNA HI 4521)
- titulador automático Titrando 805E (METROHM)
4.3 MÉTODOS
4.3.1 Desenvolvimento do método
O ácido kójico é um fármaco que apresenta um cromóforo característico e
possui intensa absorção na região do ultravioleta. Deste modo torna-se viável o
desenvolvimento de um método por espectrofotometria nessa região para a
quantificação do mesmo. Inicialmente foram testados os solventes água e metanol e
diferentes valores de pH, verificada a necessidade de filtração principalmente para o
produto e o processo mais adequado, verificação de outras substâncias presentes
na formulação e que também podem absorver na mesma região do espectro, como
59
melhorar a seletividade, seleção do melhor comprimento de onda e validação do
método.
4.3.1.1 Escolha do solvente e influência do pH
Para este ensaio foram preparadas soluções-mãe de ácido kójico, a primeira
em água (1500 μg/mL) e a segunda em metanol (1500 μg/mL). A partir da solução-
mãe aquosa de ácido kójico foram preparadas três soluções. A primeira contendo
AK 15 μg/mL; a segunda AK 15 μg/mL em meio acidificado (HCL 0,1M); a terceira
AK 15 μg/mL em meio alcalinizado (NaOH 0,1M). Procedeu-se da mesma forma
para a solução metanólica. Dessas soluções foram obtidos os espectros de
absorção na região de 200-400 nm foram obtidos em espectrofotômetro UV-Vis
Agilent 8453E, com cubeta de quartzo, espessura de 1,0 cm, à temperatura de 20ºC.
4.3.1.2 Avaliação da seletividade
O método foi desenvolvido com o propósito de ser utilizado para quantificar
ácido kójico em cremes cosméticos. Estes cremes geralmente contêm conservantes,
sendo também comuns a associação do AK com a hidroquinona. Desta forma, a
possível interferência destes componentes foi avaliada.
Para avaliar a interferência destes componentes foram preparadas soluções
aquosa e metanólica dos componentes da formulação (nipagin
®
, nipazol
®
,
hidroquinona e da base que era creme não iônico ou Lanette obtidas
comercialmente). Para o nipagin e nipazol a concentração final foi de 10 μg/ml. Para
a hidroquinona a concentração final foi de 20 μg/ml e para a base 1 mg/mL. Para os
conservantes também foram preparadas soluções ácidas e básicas.
Para melhorar a seletividade de métodos espectrofotométricos, em geral,
deve-se deslocar a banda de absorção do analito de interesse para comprimentos
de onda de maiores valores, onde poucas moléculas absorvem. Tomando por base
as características quelantes do analito, uma possibilidade foi a de utilização de um
cátion metálico trivalente (Al
3+
), tendo em vista que os complexos em geral
promovem um deslocamento batocrômico. Para a formação do complexo uma
solução ácida (HCl 0,1M) de cloreto de alumínio 0,2% (p/V) foi adicionada, em
60
excesso na proporção molar, à solução de AK (20 μg/ml) tanto em meio aquoso
quanto metanólico.
Para a seleção do comprimento foram preparadas soluções de ácido kójico na
concentração de 15 μg/ml, em solução aquosa, metanólica e com solução ácida de
cloreto de alumínio, e os espectros das soluções foram obtidos na região de 200
400 nm A seleção do melhor comprimento de onda foram feitas levando-se em
consideração a intensidade da absorção e a região do espectro mais seletiva dentre
as bandas de absorção.
Outro recurso utilizado foi avaliação do coeficiente de correlação. Para esta
análise foram preparadas várias soluções de AK em solução ácida de cloreto de
alumínio em concentrações variando de 0,1 a 50 μg/ml. Em seguida foram obtidos
os espectros das soluções na região de 200 400 nm. A partir do conjunto de
espectros foram obtidas as curvas analíticas para os vários comprimentos de onda
do espectro (200 400 nm) e calculados os coeficientes de determinação. Os
valores de coeficiente de determinação foram representados graficamente versus
comprimento de onda, para avaliar a região de melhor proporcionalidade.
4.3.1.3 Influência da proporção AK e AlCl
3
na intensidade de absorção
Para esta análise foram preparadas soluções de ácido kójico (15 μg/ml) e
solução ácida (HCl 0,1M) de cloreto de alumínio 0,2% p/v. Em seguida foram
misturadas de tal forma que a concentração de AK foi mantida fixa em 15 μg/ml, e a
concentração da solução ácida de cloreto de alumínio variou, de tal forma a se obter
28 soluções em que o AK e o AlCl
3
encontravam se em proporções molares (mol
de AK / mol de AlCl
3
) de 1:0 até 1: 136 (tabela 1).
4.4 VALIDAÇÃO
O método espectrométrico envolvendo a complexação do AK com cloreto de
alumínio em meio metanólico uma vez desenvolvido foi validado tomando por base
os parâmetros preconizados pela farmacopéia americana (USP, 2005), RDC 899
(ANVISA, 2003) e da Conferência Internacional de Harmonização (ICH, 2005).
61
4.4.1 Linearidade e intervalo
Para a determinação da linearidade foi preparada uma solução-mãe com
concentração de 2000 μg/ml e a partir desta foram feitas diluições em balões
volumétricos de 10 mL para se obter soluções de concentrações que variaram de 1-
100 μg/mL (1, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60, 70, 80, 90 e 100 μg/mL). Em
cada sistema foi adicionado 1,5 mL de solução ácida (HCl 0,1M) de cloreto de
alumínio 0,2% (p/V) e o volume completado para 10 ml com metanol. As
absorbâncias foram determinadas em λ= 305 nm. O ensaio foi realizado em
triplicata. Os gráficos foram traçados correlacionando-se as concentrações às
respectivas absorbâncias. Foram determinados a equação da reta e o coeficiente de
determinação. A partir do gráfico da linearidade foi também definido o intervalo, e a
concentração de trabalho.
O intervalo foi definido a partir do ensaio da linearidade, e considerando a
concentração de trabalho, ± 20,0% da concentração teórica teste recomendada para
determinação quantitativa de matéria-prima e produto acabado. Para a construção
da curva padrão foram realizadas três pesagens para preparar três soluções padrão
de 2000 μg/mL. A partir destas soluções foram preparadas soluções de diferentes
concentrações de AK (5, 10, 15, 20 e 25 μg/mL) e adição de 1,5 mL de solução
ácida (HCl 0,1 M) de cloreto de alumínio 0,2% (p/V), sendo o volume completado
para 10 mL com metanol. As leituras de absorbância foram realizadas λ= 305 nm,
em triplicata, com um total de nove mensurações, calculado o DPR%, determinada a
equação de reta e o coeficiente de correlação. Procedeu-se o ensaio de linearidade
utilizando a mesma metodologia com a recuperação de AK na presença ou ausência
de hidroquinona em creme Lanette, na faixa de 5-30 μg/mL.
Para a avaliação da linearidade procedeu-se o teste de Kolmogorov-Smirnov
para verificar a normalidade, a comparação de variâncias através do cálculo da
razão entre as médias quadráticas da regressão e médias quadráticas dos resíduos
com comparação com o valor da distribuição F tabelado para um grau de confiança
de 95% com 1 e 8 graus de liberdade.
62
4.4.2 Sensibilidade
A sensibilidade foi avaliada através dos limites de detecção e quantificação. O
limite de detecção foi calculado pelo desvio padrão do intercepto com o eixo Y (a
partir de três curvas analíticas) multiplicado por três e dividido pela inclinação da
curva analítica. O limite de quantificação foi calculado pelo desvio padrão do
intercepto com o eixo Y (a partir de três curvas analíticas) multiplicado por dez e
dividido pela inclinação da curva analítica.
4.4.3 Precisão
A precisão foi obtida através da avaliação da proximidade dos resultados
obtidos a partir de uma série de mensurações de uma mesma amostra. Ela é
avaliada estatisticamente pelo cálculo do desvio padrão relativo ou coeficiente de
variação e erro relativo. Ela foi mensurada através da análise dos parâmetros
repetitividade (intra-dia) e precisão intermediária (inter-dias).
4.4.3.1 Repetitividade
A repetitividade foi avaliada em três níveis de concentração (n= 18). Foram
preparadas três soluções-mãe de concentrações iguais a 2000 μg/mL e partir destas
foram feitas diluições para se obter soluções de ácido kójico de diferentes
concentrações (10, 15 e 20 μg/mL). Em cada sistema foi adicionado 1,5 mL de
solução ácida (HCl 0,1 M) de cloreto de alumínio 0,2% (p/V), e o volume completado
para 10 mL com metanol. As leituras das absorbâncias foram feitas a 305 nm e
calculado o DPR. Para cada concentração também foi calculado o erro relativo e o
valor de ―p‖ pelo teste t para amostras independentes. As soluções foram
preparadas no mesmo dia, pelo mesmo analista e com o mesmo equipamento.
4.4.3.2 Precisão intermediária
Para a análise da precisão intermediária foram preparadas soluções-mãe de
2000 μg/mL de ácido kójico e diluídas nas concentrações 10, 15, e 20 μg/mL, com
três leituras para cada ponto. A cada sistema foi adicionado 1,5 mL de solução ácida
63
(HCl 0,1 M) de cloreto de alumínio 0,2% (p/V) e o volume completado para 10 mL
com metanol. As leituras das absorbâncias foram feitas no comprimento de onda
305 nm. As análises foram feitas em dias consecutivos por analistas diferentes e
usando equipamentos diferentes. Para cada concentração também foi calculado o
DPR, erro relativo e o valor de ―p‖ pelo teste t para amostras independentes.
4.4.4 Exatidão
A exatidão foi determinada através do ensaio de recuperação. À 375 mg de
base (creme lanette ou não iônico) foram incorporadas quantidades conhecidas de
ácido kójico e, em seguida, diluiu-se adequadamente com metanol e filtrado.
Alíquotas adequadas do filtrado foram transferidas para balões volumétricos de 10
ml, aos quais foi adicionado 1,5 mL de solução ácida de cloreto de alumínio 0,2%
(p/V) e completado com metanol para o volume de 10 mL, de tal forma a obter
soluções contendo concentrações de 10, 15 e 20 μg/mL em ácido kójico . Procedeu-
se da mesma forma com as amostras em que foram incorporados em associação de
ácido kójico (2%) e hidroquinona (4%), obtendo-se soluções contendo 10, 15 e 20
μg/mL em ácido kójico e 20, 30 e 40 μg/mL em hidroquinona.
A concentração dos analitos foi determinada através da leitura por
espectrofotometria no UV nos comprimentos de onda de 305, 315 e 320 nm e as
porcentagens de recuperação foram calculadas pelo método, considerando os
diferentes comprimentos de onda. Para cada concentração também foi calculado o
DPR, erro relativo e o valor de ―p‖ pelo teste t para amostras independentes.
4.4.5 Robustez
O ensaio de robustez tem por objetivo avaliar a capacidade do método de não
ser afetado por pequenas e deliberadas variações, fornecendo um indicativo de
confiança para o uso do método. Na avaliação da robustez foram testados os
seguintes parâmetros: influência da concentração do íon metálico, do tempo de
leitura e da temperatura na intensidade de absorbância.
64
4.4.5.1 Influência do tempo de leitura na intensidade de absorção
Foram preparadas soluções-mãe de ácido kójico 1000 μg/mL, em triplicata, e
diluídas em balão volumétrico até 15 μg/mL. Cada balão continha 1,5 mL de solução
ácida (HCl 0,1 M) de cloreto de alumínio 0,2% (p/V) e 150 μL da solução-mãe (1000
μg/mL) e completadas com metanol para 10 mL.
As leituras das absorbâncias foram feitas em 305 nm em temperatura
controlada de 20ºC, nos tempos zero, 24 e 72 horas. Para cada grupo de resultados
foram calculados o DPR, o erro relativo e valor de ―p‖ pelo teste t para amostras
pareadas.
4.4.5.2 Influência da temperatura na intensidade de absorção
Foram preparadas soluções-mãe de ácido kójico 1000 μg/mL, em triplicata, e
diluídas em balão volumétrico até 15 μg/mL. Cada balão continha 1,5 mL de solução
ácida (HCl 0,1 M) de cloreto de alumínio 0,2% (p/V) e 150 μL da solução-mãe (1000
μg/mL)e completadas com metanol para 10 mL.
As leituras das absorbâncias foram feitas em 305 nm nas temperaturas 5ºC,
20ºC e 30ºC, após permanecerem por quatro horas nessas condições. Para cada
grupo de resultados foram calculados o DPR, o erro relativo e valor de ―p‖ pelo teste
t para amostras pareadas.
4.4.5.3 Influência do pH na intensidade de absorção
Foi preparada solução-mãe de ácido kójico 1500 μg/mL e diluída para 150
μg/mL. Em balão de 10,0 mL foram preparadas nove soluções, sendo que em cada
balão continha 1,0 mL da solução diluída, 1,5 mL de solução ácida (HCl 0,1 M) de
cloreto de alumínio 0,2% (p/V) e pH ajustados com KOH para pH 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8,
11 e 14 e completadas com metanol para 10 mL. As leituras das absorbâncias foram
feitas em 305 nm em temperatura controlada de 20ºC. Para cada grupo de
resultados foram calculados o DPR, o erro relativo e valor de ―p‖ pelo teste t para
amostras pareadas.
65
4.4.5.4 Influência da concentração do metal na intensidade de absorção
Foram preparadas soluções de ácido kójico (15 μg/mL), variando a
concentração de cloreto de alumínio a fim de que houvesse diferentes relações
molares entre os reagentes. As proporções avaliadas de AK : Al
3+
foram de 1 : 0 até
1 : 136.
4.5 ESTUDO DO COMPLEXO
4.5.1 Espectroscopia no Infravermelho (IV)
Os espectros de absorção no IV foram obtidos no espectrofotômetro FTIR
MB 100 BOMEM e detector DTGS no Departamento de Química da UFPR. Foram
obtidos espectros do padrão, e de liofilizados de soluções aquosas de ácido kójico
em pH 9 e 14 e de soluções aquosas de ácido kójico com cloreto de alumínio em pH
1, 11 e 14.
Soluções de ácido kójico (15 μg/mL) com valores de pH 9 e 14, e soluções
de ácido kójico com alumínio com valores de pH de 1, 11 e 14 foram liofilizadas. O
ajuste de pH para a faixa básica foi feito com KOH. Para pH 1, não houve ajuste. O
padrão do analito foi verificado em amostra sólida, sem a utilização da liofilização.
Todas as amostras foram preparadas em pastilha de KBr.
Os espectros foram adquiridos com resolução igual a quatro, o número de
scans igual a 64, no modo transmitância e tendo como branco o ar. Os espectros
foram processados considerando a faixa espectral do infravermelho médio (4000 a
400 cm
-1
).
4.5.2 Ressonância magnética nuclear (RMN)
Os espectros de ressonância magnética nuclear foram obtidos em
espectrofotômetro BRUKER Avance DRX 400 operando na freqüência base de
400,13 MHz e 100,63 MHz para os núcleos de
1
H e
13
C, respectivamente,
experimento este realizado no Departamento de Bioquímica da UFPR. Foram
obtidos espectros do padrão em solução aquosa (15 mg/mL) em pH 4, 7, 9, 11 e 14,
66
de soluções de ácido kójico complexado com alumínio na proporção AK 1:1 Al
3+
em
pH 2 e 4.
Os espectros de RMN
13
C DEPT foram obtidos em um θz de 135º, no qual
CH e CH
3
ocorrem em fase positiva em relação à linha de base e CH
2
em fase
negativa. As amostras foram solubilizadas em solventes deuterados (D
2
O e CD
3
OD)
e colocadas em tubos de 5 mm de diâmetro para análise a 25ºC. Algumas amostras
tiveram seus assinalamentos determinados com aulio dos experimentos
bidimensionais COSY e HMBC, sendo estes realizados de acordo com parâmetros
indicados no Manual Bruker.
Os deslocamentos químicos expressos em ppm foram determinados
utilizando-se:
- padrões internos: Me
4
Si (0.00 ppm para
1
H e
13
C) ou acetona (2,23 ppm e
30, 20 ppm,
1
H e
13
C respectivamente)
- sinal central dos solventes deuterados: CD
3
OD (3,31 ppm e 49,15 ppm,
1
H e
13
C respectivamente).
4.5.3 Titulação potenciométrica
As titulações potenciométricas foram conduzidas com o método desenvolvido
no laboratório de equilíbrio químico (LEQ-UFPR) de acordo com MARTELL e
MOTEKAITIS (1988) (MERCE et al., 1998)
Todos os ensaios foram realizados em triplicata em atmosfera inerte de N
2
(White-Martins, Brasil), gás previamente purificado em dois frascos de limpeza
contendo soluções de KOH 1 e 0,1 M (Merck, Brasil), em recipiente fechado e
mantido a 25,0±0,1ºC (Banho termostatizado MQBTC 99-20, Microquímica, Brasil)
contendo quantidades exatas de ácido kójico (0,1 mmol, ≥98.0%, Sigma Aldrich),
372,7 mg de KCl p.a. para ajuste da força iônica ( 0,100 mol/L) e dissolvidos em
50,00 mL de água purificada ou com adição de 10,00, 5,00 ou 3,00 mL de solução
de cloreto de alumínio 0.01 mol/L em ácido nítrico 0.13 mol/L (padrão Merck). A
pureza do AK foi determinada nos próprios ensaios de titulação potenciométrica e a
solução de AlCl
3
foi padronizado por EAA espectroscopia de absorção atômica,
aparelho modelo AA-220 FS Varian com sips (diluição automática); Lâmpada de Al -
cátodo oco com corrente de 10mA; comprimento de onda da leitura: 237,3 nm com
abertura de fenda (slit width) de 0,5 nm. Como condições experimentais teve-se
67
leitura em triplicata com desvio padrão máximo de 1%, chama óxido nitroso (9,11
mL/min.) com acetileno (7,04 mL/min.) em modo de absorbância. A concentração
de acido inorgânico forte [(H+)] foi determinada por titulação do tipo Gran‘s Plot de
acordo com MARTELL e MOTEKAITIS (1988). A bureta utilizada foi a de pistão,
automática, precisão 0.01 mL - (Metrohm 809 Titrando software TIAMO versão
1.2.1, Suíça), para a adição da solução titulante (KOH padrão, Merck, Brasil, 0.1 M).
Os valores de pH foram mensurados diretamente com eletrodos de vidro e Ag/AgCl
de referência, calibrados diariamente com 3 soluções tampão (4,01 , 7,00 e 9,00). A
faixa d pH medido foi de 1,8 a 11,5.
A formação do complexo foi descrito de acordo com a teoria ácido-base
(PEARSON, 1963) no qual o ácido (alumínio) é um aceptor de par de elétrons
doados pela base que é o AK quando a hidroxila de C-5 está desprotonada.
O software Hyperquad foi utilizado para calcular as constantes de protonação
e as constantes de formação global para as espécies complexadas encontradas em
porcentagem superior a 10% de todas as espécies metálicas presentes no equilíbrio.
O modelo matemático leva em consideração dados de pH das titulações
potenciométricas, as constantes de hidrólise para Al
3+
(BAES e MESMER, 1976) e a
quantidade, em milimols, de ácido kójico, de Al
3+
e de H
+
em todos os sistemas.
Os cálculos foram realizados até a melhor curva simulada coincidir com a
experimental. O programa HYSS (ALDERIGH, 1999) calculou o diagrama de
distribuição das espécies usando como entrada, os dados calculados previamente
pelo HYPERQUAD com o menor desvio padrão possível obtido.
4. 6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a análise estatística foram utilizados os parâmetros desvio padrão
relativo, erro relativo, test t de Student, teste exato de Fisher, teste de Levene,
Tuckey, LSD, ANOVA one way e coeficiente de Pearson..
O teste t de Student permite verificar se dois conjuntos de dados são
estatisticamente equivalentes, utilizando, para tanto, as médias e os desvios padrão
dos resultados obtidos para cada método. O nível de significância foi definido como
α= 0,05 e determinado o valor de ―p‖. Foram então formuladas a hipótese nula (H
0
) e
alternativa (H
1
):
68
- hipótese nula (H
0
): Estabelece a ausência de diferença entre os parâmetros,
ou seja, não há diferença entre os grupos. As médias dos valores da amostra padrão
são iguais aos valores experimentais das variações propostas pearaensaio de
robustez.
- hipótese alternativa (H
1
): as médias dos valores da amostra padrão são
diferentes dos valores experimentais das variações propostas pelo ensaio de
robustez
Se pelo teste de hipóteses se verificar que a diferença observada é grande
demais para ser explicada somente por uma variável aleatória acaso afirma-se
que a diferença é estatisticamente significativa. O ―p‖ é a probabilidade exata de se
cometer o erro tipo I rejeita Ho quando Ho é verdadeira; expressa a probabilidade
de que a diferença tão grande quanto a observada na amostra ocorre somente por
acaso; em duas populações ―p‖ é a probabilidade de errar ao se afirmar que a
diferença existe.
p < 0,05: rejeita a hipótese nula (valores são estatisticamente diferentes)
p > 0,05: não rejeita a hipótese nula (valores são estatisticamente iguais)
Caso o valor de ―p‖ seja maior que 0,05 a hipótese nula não é rejeitada e isso
não implica em dizer que ela é aceita, uma vez que o número limitado de
observações pode não ser uma evidência suficiente para que ela seja rejeitada.
O teste exato de Fisher é um teste de significância estatística utilizados na
análise de tabelas de contingência no qual os tamanhos de amostra são pequenas.
Se há associações não randômicas entre duas variáveis.
O teste de Levene é um teste não paramétrico usado para testar a
homogeneidade das variâncias
O teste de Tuckey é usado para comparação múltipla, quando se deseja
comparar todos os pares de médias adotando um único nível de confiança.
O teste LSD (Least Square difference) é um indicador de diferenças
significativas. Qualquer diferença entre médias superior a LSD indica que a
diferença é significativa.
ANOVA (Análise de Variância com um fator) testa se os grupos são bem
modelados por distribuições normais de igual variância, comparamos as médias
entre os grupos.
O coeficiente de correlação de Pearson é uma medida do grau de relação
linear entre duas variáveis quantitativas. Este coeficiente varia entre os valores -1 e
69
1. O valor 0 (zero) significa que o relação linear, o valor 1 indica uma relação
linear perfeita e o valor -1 também indica uma relação linear perfeita mas inversa, ou
seja quando uma das variáveis aumenta a outra diminui. Quanto mais próximo
estiver de 1 ou -1, mais forte é a associação linear entre as duas variáveis.
70
71
Resultados e discussão
72
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
O AK é um ácido orgânico fraco, pois possui pKa próximo a 7,9. Na molécula
são identificadas as funções álcool, cetona enol e éter. O ácido kójico possui duas
hidroxilas uma alcoólica e outra enólica - e uma carbonila que são estruturas
capazes de formar ligações do tipo pontes de hidrogênio, conferindo assim a ele a
possibilidade de ser solúvel em solventes como água e metanol.
A hidroxila enólica e a carbonila, grupos eletronegativos, encontram-se em
carbonos vicinais, conferindo a esta região a possibilidade de ser a região quelante
dos íons metálicos. Na figura 19 são destacadas algumas das várias possibilidades
diferentes de complexação através dessa região.
Íon metálico
FIGURA 19 - POSSÍVEIS ESTRUTURA SQUELANTES DO AK COM ÍON METÁLICO
FONTE: O AUTOR (2009)
Verifica-se que insaturações alternadas e pares de elétrons não ligantes,
caracterizando assim um cromóforo que absorve na região do ultravioleta (200-400
nm) do espectro eletromagnético, justificando assim o desenvolvimento de um
método por espectrometria nessa região. Métodos que se utilizam desta propriedade
são chamados espectrofotométricos e preconizam a necessidade de características
fundamentais intrínsecas ou adquiridas pela molécula, como a presença de um ou
mais cromóforos. Partindo-se deste princípio foi possível o desenvolvimento e
validação de um método para quantificação desse analito.
73
5.2 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO
O desenvolvimento do método é uma etapa de grande importância na qual se
define o conjunto de parâmetros que devem ser otimizados para o funcionamento do
método. A seqüência básica do desenvolvimento de métodos analíticos de
quantificação utilizando a espectrofotometria no ultravioleta passa pela análise de
diversos parâmetros, tais como: escolha do solvente, seleção do melhor
comprimento de onda, definição da concentração de trabalho mais adequada para o
analito, avaliação de possíveis interferentes (seletividade), influência do pH, preparo
da amostra, entre outros.
5.2.1 Escolha do solvente e influência do pH
A primeira etapa de desenvolvimento foi verificar o melhor solvente e a
influência exercida pelo potencial hidrogeniônico sobre o sistema. O solvente de
escolha deve ser capaz de solubilizar o soluto: não deve absorver na mesma região
que o analito e, se possível, deve ser de baixo custo e não poluente. A alta
solubilidade do AK em metanol e água e o fato destes não apresentarem absorção
na região do UV, fez destes possíveis solventes de escolha. Quando se comparam
os espectros de varredura obtidos para solução aquosa e solução metanólica de AK
(15 μg/ml) observa-se que são muito semelhantes (figura 20), evidenciando duas
bandas de absorção de forte intensidade, com máximos em λ= 215 nm e 269 nm.
Observa-se que o AK apresenta uma absortividade molar em 269 nm a 20ºC maior
em solução aquosa (ε= 8235) que em solução metanólica (ε= 6899) sendo mais
intensa no espectro aquoso Isto significa que no meio aquoso a sensibilidade é
maior.
74
FIGURA 20 - ESPECTROS DE UV DAS SOLUÇÕES AQUOSA E METANÓLICA DE AK (15 μg/ml).
FONTE: O AUTOR (2008)
Foi também avaliada a influência do pH no perfil espectral em soluções de
mesma concentração de AK (15 μg/ml), tanto em meio aquoso ácido e alcalino
(figura 21), quanto em meio metanólico ácido e alcalino (figura 22).
FIGURA 21 - ESPECTRO DE UV DA SOLUÇÃO AQUOSA DE AK (15 μg/ml), ACIDIFICADA (pH 2,8)
E ALCALINIZADA (pH 10,6) DE AK (15 μg/ml)
FONTE: O AUTOR (2008)
FIGURA 22 - ESPECTRO DE UV DA SOLUÇÃO METANÓLICA DE AK (15 μg/ml), ACIDIFICADA
(pH 1,2) E ALCALINIZADA (pH 9,5) DE AK (15 μg/ml)
FONTE: O AUTOR (2008)
75
Pode-se verificar que as soluções aquosas e metanólicas de AK, com ou sem
adição de ácido clorídrico, geram espectros que se sobrepõem com absorção
máxima em 269 nm. Quando o meio se torna básico, pela adição de hidróxido de
sódio, a ionização muda o arranjo eletrônico e, conseqüentemente, o cromóforo.
Como resultado, um deslocamento do tipo batocrômico, ou seja, para
comprimentos de onda maiores (de λ= 269 nm para λ= 315 nm) e hipocrômico
(diminuição da intensidade da absorção).
Pelos espectros obtidos nos diferentes meios e pHs, os dois solventes
demonstram ser adequados para o desenvolvimento do método por UV.
5.2.2 Seleção do comprimento de onda
A seleção do comprimento de onda foi feita através do espectro de varredura
e a análise dos picos de absorção máxima do analito. As absorções máximas
ocorreram em 215 nm e 269 nm como pode ser observado na figura 23. O λ
máx
de
trabalho deve ser preferencialmente maior que 220 nm e não apresentar problemas
de linearidade.
A ampla maioria dos compostos que absorvem na região do ultravioleta o
fazem próximo a 200 nm. Cromóforos mais específicos podem ser obtidos por
alterações no pH, reações de derivatização, complexação, entre outros. Neste caso
observou-se que o analito poderia complexar com tions metálicos o que,
teoricamente, poderia levar a um deslocamento batocrômico e, assim, dar mais
seletividade ao todo. Uma vez verificada e confirmada essa possibilidade foram
feitas soluções com AK e cloreto de alumínio e avaliada a linearidade. A partir de 17
amostras com concentrações variando de 0,1 a 50 μg/mL foram obtidas as curvas
analíticas para os vários comprimentos de onda do espectro de 200 400 nm (figura
23) e calculados os coeficientes de correlação para as retas obtidas nos diferentes
comprimentos de onda na região de 200 400 nm. Os valores de ―r‖ foram
representados graficamente versus comprimento de onda, para avaliar a região de
melhor proporcionalidade (figura 23). No intervalo entre 273 nm e 329 nm os valores
de ―r‖ obtidos estão acima de 0,999 (figura 24). Logo, é possível utilizar a região no
intervalo de 305 nm e 320 nm.
76
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
200 250 300 350 400
Comprimento de onda (nm)
Absorbância
FIGURA 23 - ESPECTROS DE UV DE SOLUÇÕES METANÓLICAS CONTENDO AK 0,1-50 μg/ml E
SOLUÇÃO ÁCIDA DE CLORETO DE ALUMÍNIO 0,2%
FONTE: O AUTOR (2008)
FIGURA 24 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO VERSUS
COMPRIMENTOS DE ONDA DO CONJUNTO DE SOLUÇOES METANÓLICAS DE AK 0,1-50 μg/ml
EM SOLUÇÃO ÁCIDA DE CLORETO DE ALUMÍNIO 0,2%
FONTE: O AUTOR (2008)
5.2.3 Avaliação da seletividade
Em técnicas que envolvem a espectroscopia no UV o parâmetro mais
comumente otimizado é o comprimento de onda. Isto se pelo fato de que uma
infinidade de moléculas absorvemem comprimentos de onda próximos aos 200 nm
e, por isso, deve-se tentar ao máximo criar mecanismos para que o analito de
interesse absorva em comprimentos de onda maiores, fora dessa região. Para
melhorar a seletividade, em geral, deve-se deslocar a absorção para comprimentos
de onda onde um número menor de moléculas absorve, ou seja, mais para o visível.
Um dos recursos para um deslocamento batocrômico é a formação de complexos
que absorvem de modo diferente do analito individualmente. Em 1976 Kotani et al.
estudaram a atividade do AK como bacteriostático e, concomitantemente, o
potencial quelante do mesmo com íons cobre e cádmio. Tendo em vista esta
77
propriedade quelante do analito, utilizou-se cloreto de alumínio para obter um
complexo que promovesse um deslocamento do tipo batocrômico e, assim,
aumentar a seletividade do método.
Com dois grupos muito eletronegativos em carbonos vicinais e uma das
hidroxilas ao lado de um oxigênio de carbonila, confere-se a esta região da molécula
de AK a possibilidade de quelar íons metálicos, como está circundado na figura 25-
A.
Na porção inferior da molécula tem-se um carbono ligado à hidroxila alcoólica,
que é do tipo sp
3
e, por isso, tem rotação livre, fazendo com que a hidroxila possa
estar espacialmente muito próxima do oxigênio da ligação éter (figura 25-B). Essa
região, também muito eletronegativa, se assemelha muito com a porção superior da
molécula, fazendo com que também seja teoricamente possível a complexação
através dessa porção.
Em estudos preliminares de ressonância magnética nuclear verificou-se que a
região em que modificação no deslocamento químico dos carbonos e em que
deve ocorrer preferencialmente a ligação é a que se visualiza na região circundada
na figura 25-A.
(A) (B)
FIGURA 25 REGIÃO DE MAIOR (A) E MENOR (B) PROBABILIDADE DE ESTAR ENVOLVIDA NA
LIGAÇÃO DO AK COM ÍONS METÁLICOS
FONTE: O AUTOR (2009)
As coordenações do AK com o alumínio podem ser mais estáveis em meio
metanólico que em meio aquoso, no qual as moléculas de água poderiam estar
competindo com o AK na formação do aquo-complexo.
Quando se comparam os espectros das soluções de AK (15 μg/mL) em
solução ácida de AlCl
3
0,2%, tanto em meio aquoso (pH 1,0) quanto em meio
metanólico (pH 1,7), figura 26, observa-se que o complexo em meio metanólico
apresenta um máximo de absorção em comprimento de onda maior (λ= 305 nm) que
em meio aquoso (λ= 298 nm).
78
FIGURA 26 - ESPECTRO DE UV DA SOLUÇÃO AQUOSA E METANÓLICA DE AK (15 μg/ml) COM
SOLUÇÃO ÁCIDA DE AlCl
3,
0,2%
FONTE: O AUTOR (2008)
Essas bandas de absorção intensa em 298 nm (água) e 305 nm (metanol)
não existem no espectro de solução aquosa ou metanólica do AK sem cloreto de
alumínio sendo, portanto, um indicativo da formação do complexo AK-Al. No meio
aquoso a banda de absorção que antes estava em 269 nm se desloca para 298 nm
e no metanólico o deslocamento é ainda maior, de 269 nm para 305 nm, ocorrendo
assim, para ambos, um deslocamento do tipo batocrômico (para comprimentos de
onda maiores), ou seja, o meio metanólico parece ser um pouco mais seletivo que
em meio aquoso.
Muitos complexos inorgânicos e orgânicos exibem deslocamento por
transferência de carga. Este consiste de um grupo doador de elétrons ligado a um
que os aceitam. Quando este produto absorve radiação, um elétron do doador é
transferido a um orbital que está associado ao aceitador. O estado excitado é,
portanto, um produto de um tipo de processo interno oxidação/redução. Este
comportamento difere de outros cromóforos orgânicos no qual o elétron excitado
está em um orbital molecular que é dividido por dois ou mais átomos (SKOOG et al.,
2000).
Para a quantificação do AK em creme cosmético foi importante avaliar se
algum componente da formulação base absorveria no UV de forma a interferir na
quantificação do analito. Para esta avaliação, foram adquiridas duas formulações de
AK em creme não iônico e o creme lanette. Na composição das mesmas foram
identificados os conservantes metilparabeno (nipagin
®
) e propilparabeno (nipazol
®
)
figura 27.
79
(A ) (B)
FIGURA 27 ESTRUTURAS QUÍMICAS DO METILPARABENO (A), PROPILPARABENO (B)
FONTE: THE INDEX MERCK (1983)
Tanto o Nipagin
®
, quanto o Nipazol
®
absorvem na região do UV. Quando em
solução aquosa acidificada os espectros são praticamente iguais, com máximo de
absorção em 256 nm e 257 nm, respectivamente. Em meio metanólico o nipagin
®
não se solubilizou, sendo possível separá-lo da amostra por meio físico. O Nipazol
®
em metanol, tem um máximo de absorbância em 257 nm
Outro interferente é a hidroquinona, um ativo comumente prescrito em
associação com o AK em tratamentos de clareamento de pele. Os espectros das
soluções de hidroquinona (20 μg/ml) em água e em metanol acidificados são
praticamente iguais entre si, diferindo nos comprimentos de onda máximos, no meio
aquoso λ= 290 nm e no meio metanólico λ= 294 nm.
Considerando que os conservantes (nipagin e nipazol) não se complexam
com o cátion alumínio e, por isso não tem a banda de absorção deslocada, pode-se
dizer que o sistema formado pelo AK em meio metanólico com cloreto de alumínio é
mais seletivo. Deve-se considerar também que em pH alcalino, apesar do AK
apresentar um máximo de absorção em 315 nm, a possibilidade de degradação
do mesmo neste pH e o nipazol também tem um deslocamento batocrômico que
interfere na quantificação nesse meio alcalino.
Com o objetivo de se verificar a seletividade foram também obtidos os
espectros de cremes comerciais, creme lanette contendo 2% de AK em associação
ou não com HQ 4%, o próprio creme base e solução do padrão de AK, todos na
mesma concentração (15 μg/ml) do analito (figura 28). Observa-se que a absorção
do creme base mais intensa ocorreu na região entre 250-260 nm o que era esperado
devido ao nipazol, Observa-se também que o creme base não apresenta
interferência alguma em 305 nm região de absorção máxima da solução do padrão
de AK com cloreto de alumínio. Quando comparamos o espectro obtido da solução
do creme lanette contendo 2% AK com o do padrão observamos que eles diferem
em intensidade em torno de 260 nm provavelmente pela presença do conservante
80
na amostra, mas próximo a 300 nm os espectros do padrão e da amostra são
perfeitamente sobreponíveis. Na amostra que continha AK e HQ nota-se um
aumento significativo tanto na região de 260 nm como 300 nm pelo fato de que se
somam as absorções dos conservantes, do próprio AK e da hidroquinona. Em creme
não iônico, sob as mesmas condições, os resultados foram exatamente iguais.
FIGURA 28 ESPECTROS DE UV DE SOLUÇÕES METANÓLICAS DE AK (15 μg/mL) CREME
LANETE CONTENDO AK 2% EM ASSOCIAÇÃO OU NÃO COM HQ 4% E SOMENTE O CREME
LANETTE. TODOS COM ADIÇÃO DE SOLUÇÃO ÁCIDA DE AlCl
3
0,2%
FONTE: O AUTOR (2008)
Isso significa que para produto que contém apenas AK e conservantes o
comprimento de onda em 305 nm é adequado para quantificação do analito.
Entretanto, se for um produto de AK com hidroquinona é necessário escolher outro
comprimento de onda. Nota-se que um comprimento de onda que poderia ser
adequado seria de λ = 320 nm, já que não há mais absorção da hidroquinona (figura
29), nessas condições.
81
FIGURA 29 ESPECTROS DE UV DA SOLUÇÃO METANÓLICA DO AK (15 μg/mL) COM
CLORETO DE ALUMÍNIO EM COMPARAÇÃO COM ESPECTROS DE ABSORÇÃO DA
HIDROQUINONA E NIPAZOL EM METANOL
FONTE: O AUTOR (2008)
Uma das formas de se demonstrar que esse comprimento de onda (320 nm) é
adequado para quantificação é construir curvas analíticas e calcular o coeficiente de
correlação de cada ponto na região de análise. Foram preparadas 17 amostras de
solução metanólica com cloreto de alumínio com concentrações de AK variando na
faixa de 0,1 a 50 μg/ml. Como a região de comprimento de onda λ= 320 nm tem um
coeficiente de correlação superior a 0,999 pode ser considerado como adequado
para quantificação de AK quando em associação com hidroquinona.
Fez-se também a avaliação da seletividade através da estatística, utilizando o
teste t para comparação de médias pareadas com o analito com e sem a matriz.
Os valores de ―p‖ para os conjuntos de dados referentes à comparação de
dados de AK na concentração de 15 μg/mL em 305, 315 e 320 nm com e sem as
matrizes Lanette e Creme Não Iônico, são maiores que 0,05. Isto significa que não
se deve rejeitar a hipótese nula e os valores são estatisticamente iguais. Quando se
tem a adição de hidroquinona às matrizes os valores de ―p‖ para 269 e 305 nm são
menores que 0,05, e apenas para 320 nm eles o maiores, indicando que nesse
comprimento de onda os valores são estatisticamente iguais.
82
5.2.4 A proporção molar AK e Alumínio
Um aspecto importante é garantir que a limitação de resposta não seja por
falta de reagente, ou seja, que todo o analíto seja complexado e quantificado, e que
o alumínio esteja em excesso em relação a um valor teórico. Do outro lado não se
pode colocar um excesso de forma aleatória, pois a quantidade de alumínio na
solução final pode influenciar na leitura seja pela densidade ou índice de refração
elevado. Foram feitas análises variando a relação molar com a concentração de AK
fixa e aumentando a concentração de cloreto de alumínio desde AK : Al
3+
na
proporção 1:0 até 1:136
Os valores obtidos de absorbância pelas relações molares AK : Al
3+
no
comprimento de onda de 305 nm estão na figura 30.
À medida que essa relação aumenta no sentido de ter mais alumínio os
valores aumentam até estabilizar em uma proporção próxima de 1:1. A partir desse
ponto aa relação 1 : 136 não mais diferença estatística entre os valores de
absorbância obtidos.
FIGURA 30 GRÁFICO DA ABSORBÂNCIA DAS SOLUÇÕES NA VARIAÇÃO MOLAR DE AK
(15μg/mL) COMPLEXADO COM AlCl
3
(0,2%) EM 305 nm
FONTE: O AUTOR (2008)
A relação completa de todas as variações molares pode ser visualizada
através da figura 31, desde AK : Al
3+
na proporção 1: 0, em que a absorção é maior
em 269 nm, até 1 : 136 em que a absorção máxima se dá em 305 nm.
83
0.000
0.500
1.000
1.500
2.000
2.500
200 250 300 350 400
Comprimento de onda (nm)
Absorbância
FIGURA 31 - ESPECTRO DE ABSORÇÃO UV DE SOLUÇÕES METANÓLICAS COM AK E AlCl
3
EM
DIFERENTES RELAÇÕES MOLARES
FONTE: O AUTOR (2008)
Depois de finalizada a etapa de desenvolvimento o método ficou definido com
os seguintes parâmetros: solvente metanol; AK : Al
3+
na proporção molar 1 : 20, λ=
305 nm para matéria-prima e produto, quando não associado, e λ= 320 nm para
produto, quando associado à hidroquinona; sistema de filtração: papel quantitativo.
5.3 VALIDAÇÃO
O método desenvolvido foi validado de acordo com as normas nacionais e
internacionais para determinação de princípio ativo em produtos farmacêuticos ou
matéria-prima. Os parâmetros analisados foram linearidade e intervalo; seletividade;
precisão; exatidão e robustez.
5.3.1 Linearidade e intervalo
A linearidade do método foi avalia através da proporcionalidade entre duas
grandezas, concentração e absorbância. O método com cloreto de alumínio em
metanol para matéria-prima é linear para quantificação de AK em 305 nm no
intervalo entre 5 a 50 μg/mL, com um coeficiente de correlação de 0,9998 (figura 32)
e na faixa de 10-20 μg/mL (figura 33), como no creme Lanette sem hidroquinona
(figura 34) ou com hidroquinona em 320 nm (figura 35). Valores satisfatórios por
atender o exigido pelo INMETRO, que é de 0,9, e pela ANVISA que é de 0,99.
84
y = 0,0369x - 0,0037
R
2
= 0,9997
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
Concentração (μg/ml)
Absorbância
FIGURA 32 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA LINEARIDADE DO MÉTODO
ESPECTROFOTOMÉTRICO DE AK COM AlCl
3
DE 5-50 μg/mL EM 305 nm NO MEIO METANÓLICO
FONTE: O AUTOR (2008)
A faixa de trabalho foi de 10 a 20 μg/ml (figura 33) e a concentração de
trabalho definida como 15 μg/ml. A variação desta concentração foi de
aproximadamente 65 a 135%. Valores estes que contemplam a faixa mínima de 80 a
120%, recomendada pela ANVISA.
y = 0,0374x - 0,0137
R
2
= 0,9999
0,0
0,5
1,0
0,0 10,0 20,0 30,0
Concentração (μg/ml)
Absorbância
FIGURA 33 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA LINEARIDADE DO MÉTODO
ESPECTROFOTOMÉTRICO DE AK COM AlCl
3
DE 10-20 μg/mL EM 305 nm NO MEIO
METANÓLICO
FONTE: O AUTOR (2008)
85
y = 0,0378x + 0,0078
R
2
= 0,9998
0,0
0,4
0,8
1,2
0 5 10 15 20 25 30
Concentraçãog/ml)
Absorbância
FIGURA 34 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA LINEARIDADE DO MÉTODO
ESPECTROFOTOMÉTRICO DE PELA RECUPERAÇÃO DE AK EM CREME LANETTE COM AlCl
3
DE 5-30 μg/mL EM 305 nm NO MEIO METANÓLICO
FONTE: O AUTOR (2008)
y = 0,0379x - 0,0109
R
2
= 0,9997
0,0
0,4
0,8
1,2
0 5 10 15 20 25 30
Concentração g/ml)
Absorbância
FIGURA 35 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA LINEARIDADE DO MÉTODO
ESPECTROFOTOMÉTRICO DE PELA RECUPERAÇÃO DE AK EM PRESENÇA DE
HIDROQUINONA EM CREME LANETTE COM AlCl
3
DE 5-30 μg/mL EM 320 nm NO MEIO
METANÓLICO
FONTE: O AUTOR (2008)
86
Para se testar se a característica estudada da amostra é oriunda de uma
população com distribuição normal. Foi aplicado o teste não paramétrico de
Kolmogorov-Smirnov ao conjunto de dados da linearidade na faixa de concentração
de 5-50 μg/mL de AK na matéria-prima em 305 nm e também para produto acabado
de AK sem hidroquinona em 305 nm de 5-30 μg/mL e com hidroquinona em 320 nm
de 5-30 μg/mL. O teste é baseado na maior diferença absoluta entre a freqüência
acumulada observada e a estimada pela distribuição normal.
Como o número de amostras é menor que 100 os valores calculados devem
ser comparados com os valores tabelados. Para a matéria-prima o valor calculado é
igual a 0,321, menor que o valor tabelado igual a 0,410 (para n=10 e significância de
0,05). Para o produto acabado os valores calculados foram iguais a 0,311 (AK 2 %)
e 0,309 (AK 2 % + HQ 4 %), que são menores que o valor tabelado igual a 0,565
(para n= 5 e significância de 0,05). Como os valores calculados são menores que
cada respectivo valor crítico tabelado a hipótese nula não é rejeitada e conclui-se
que os valores nessa população seguem a distribuição normal. O valor de ―p‖
também foi calculado e foi igual a 1,000. Isto significa que não há evidência
suficiente para rejeitar a hipótese nula, que corrobora com o resultado encontrado no
teste de Kolmogorov-Smirnov. Os valores mínimos do resíduo padrão foi de -1,187 e
o máximo de 1,343 para AK matéria-prima e mínimo de -1,079 (AK 2 %), 0,937
(AK 2 % + HQ 4 %) e o máximo de 1,102 (AK 2 %), 0,875 (AK 2 % + HQ 4 %) para
produto acabado, o que indica que os valores estão próximos do ponto zero e dentro
da curva normal A razão das médias quadráticas da regressão pelas médias
quadráticas dos resíduos foi de 17839 para AK matéria-prima e 16406 (AK 2 %) e
6683 (AK 2 % + HQ 4 %) para produto acabado, ou seja, muito maiores que os
valores de F tabelado dos dados para matéria-prima (F
tab
1,8= 5,3177) e dos dados
para produto acabado (F
tab
1,3= 10,13), por isso rejeita-se a hipótese nula e aceita-
se o modelo linear como adequado.
5.3.2 Sensibilidade
A sensibilidade foi verificada pelo limite de detecção e quantificação. O limite
de detecção calculado foi de 0,15 μg/mL e o limite de quantificação foi de 0,46
μg/mL..
87
5.3.3 Precisão
É a avaliação da dispersão de resultados entre ensaios independentes e foi
avaliada em dois níveis: repetitividade (intra-dia) e precisão intermediária (inter-dias).
5.3.3.1 Repetitividade
É o grau de concordância entre os resultados de mensurações de um mesmo
analito por um único analista em um mesmo equipamento num curto espaço de
tempo. A repetitividade foi avaliada através do DPR (desvio padrão relativo) obtido
para cada conjunto de dados das concentrações de 10, 15 e 20 μg/mL. Este ensaio
visa representar se há concordância entre os resultados das leituras de modo
sucessivo do método a ser validado.
Os resultados para a repetitividade encontram-se na tabela 02, sendo que
cada valor para cada concentração representa a média de três leituras consecutivas.
Em todas as concentrações testadas o valor de DPR é menor que o estabelecido
pela norma vigente que preconiza 5%. Isso satisfaz o critério para a repetitividade e
indica que o método apresenta boa precisão intra-dia.
TABELA 02 VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AK E ERRO RELATIVO NA AVALIAÇÃO DA
REPETITIVIDADE
Concentração (μg/mL)
10
15
20
A 1
A 2
A 3
A 4
A 5
A 6
9,902
9,939
9,964
9,872
9,866
9,876
14,799
14,720
15,069
14,951
14,791
14,835
20,089
20,084
20,097
19,749
19,911
19,737
Média
DP
DPR
Erro relativo (%)
9,903
0,040
0,406
0,325
14,861
0,127
0,855
0,684
19,945
0,171
0,857
0,686
FONTE: O AUTOR (2008)
Pelo teste t para amostras independentes para cada uma das concentrações
de 10, 15 e 20 μg/ml o valor de ―p‖ foi de 0,076, 0,357 e 0,777 respectivamente,
assumindo-se variâncias iguais e como os valores são maiores que 0,05 não se
deve rejeitar a hipótese nula e os valores são estatisticamente iguais.
88
5.3.3.2 Precisão intermediária
É a precisão avaliada sobre a mesma amostra por analistas, equipamentos e
em dias diferentes. Para a avaliação da precisão intermediária foram realizadas
análises em dias consecutivos e verificados através do DPR (desvio padrão relativo)
obtido para cada conjunto de dados das concentrações 10, 15 e 20 μg/ml.
Os resultados para a repetitividade encontram-se na tabela 03, sendo que
cada valor para cada concentração representa a média de três leituras consecutivas.
Em todas as concentrações testadas o valor de DPR é menor que o estabelecido
pela norma vigente que preconiza 5%. Isso satisfaz o critério para a precisão
intermediária e indica que o método apresenta boa precisão intermediária.
TABELA 03 VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AK E ERRO RELATIVO NA AVALIAÇÃO DA
PRECISÃO INTERMEDIÁRIA
Concentração (μg/ml)
Dia / Equipamento / Amostra
10
15
20
1 1 A 1
1 1 A 2
1 1 A 3
2 2 B 1
2 2 B 2
2 2 B 3
9,872
9,866
9,876
9,585
9,475
9,434
14,799
14,720
15,069
14,743
14,735
14,663
19,749
19,911
19,737
20,028
19,936
19,845
Média
DP
DPR
Erro relativo (%)
9,685
0,210
2,171
5,319
14,788
0,144
0,976
0,781
19,868
0,113
0,568
0,455
FONTE: O AUTOR (2008)
Foi calculado o ―p‖ pelo teste t para amostras independentes para cada uma
das concentrações de 10, 15 e 20 μg/ml, entres os dias 1 e 2. O valor de ―p‖ para a
concentração de 10 μg/ml foi de 0,010 assumindo-se variâncias iguais. Como o valor
foi menor que 0,05, significa que deve-se rejeitar a hipótese nula em que os dois
conjuntos de dados seriam iguais. Para as concentrações de 15 e 20 μg/ml os
valores de ―p‖ foram 0,242 e 0,149 respectivamente quando se assumem variâncias
iguais. Valores estes maiores que 0,05 e, neste caso, não se deve rejeitar a hipótese
nula e os valores entre o dia 1 e 2 são estatisticamente iguais.
89
5.3.4 Exatidão
Expressa o grau de concordância entre um valor dado como referência aceito
como verdadeiro e o valor encontrado na prática. Para a verificação da exatidão do
método para quantificação do AK por espectrofotometria no UV utilizou-se o ensaio
de recuperação. Quantidades conhecidas de AK foram incorporadas às bases creme
Lanette ou creme o iônico, com adição ou não de hidroquinona. Neste caso uma
concentração de 2% para AK e 4% para HQ para simular as concentrações em que
são vendidas no comércio. As soluções foram diluídas até concentrações de 10, 15
e 20 μg/mL e com a adição de 1,5 mL de cloreto de alumínio 0,2% ([H
+
]= 0,1 M)
quando completados para 10 mL com metanol foram lidas em 305, 315 e 320 nm em
espectrofotômetro UV. As análises foram realizadas em triplicata e cada amostra
avaliada em três comprimentos de onda. Os resultados da recuperação de AK em
creme Lanette podem ser visualizados na tabela 04, e com presença de
hidroquinona em Lanette, na tabela 05.
Tabela 04 VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AK NO ENSAIO DE RECUPERAÇÃO EM CREME
LANETTE E ERRO RELATIVO
Conc.
teórica
(μg/ml)
λ
(nm)
Concentração (μg/ml)
Média
DP
DPR
Recuperação
(%)
Erro
relativo
(%)
10
305
10,15
10,13
10,09
10,12
0,030
0,294
101,24
0,341
315
10,22
10,20
10,16
10,20
0,033
0,327
101,90
0,339
320
10,31
10,29
10,24
10,28
0,036
0,354
102,80
0,397
15
305
14,93
14,92
14,94
14,93
0,011
0,072
99,53
0,076
315
14,98
15,00
14,97
14,99
0,015
0,103
99,90
0,115
320
15,05
15,03
15,06
15,04
0,019
0,124
100,30
0,115
20
305
19,94
19,92
19,86
19,91
0,039
0,197
99,53
0,237
315
20,04
20,03
19,96
20,01
0,042
0,211
100,06
0,247
320
20,15
20,13
20,06
20,12
0,049
0,245
100,58
0,266
FONTE: O AUTOR (2008)
Os valores de ―p‖ para os conjuntos de dados referentes à concentração de
15 μg/mL em 305, 315 e 320 nm, na recuperação de AK em creme Lanette foram
0,560, 0,319 e 0,158 respectivamente, assumindo que as variâncias são iguais.
Todos os valores são maiores que 0,05 e isto significa que o se deve rejeitar a
hipótese nula e os valores são estatisticamente iguais aos ―verdadeiros‖.
90
Tabela 05 VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AK EM PRESENÇA DE HIDROQUINONA NO
ENSAIO DE RECUPERAÇÃO EM CREME LANETTE E ERRO RELATIVO
Conc.
teórica
(μg/ml)
Λ
(nm)
Concentração (μg/ml)
Média
DP
DPR
Recuperação
(%)
Erro
relativo
(%)
10
305
18,97
18,97
19,00
18,98
0,019
0,099
189,81
0,121
315
11,04
11,03
11,08
11,05
0,028
0,249
110,51
0,282
320
10,33
10,33
10,40
10,35
0,045
0,434
102,02
0,491
15
305
27,49
27,49
27,48
27,49
0,002
0,005
183,24
0,006
315
16,02
16,02
16,02
16,02
0,004
0,023
106,80
0,026
320
15,01
15,02
15,02
15,02
0,005
0,031
100,10
0,035
20
305
36,58
36,56
36,56
36,57
0,012
0,033
182,84
0,037
315
21,54
21,55
21,54
21,54
0,010
0,047
107,81
0,046
320
20,32
20,34
20,42
20,36
0,056
0,277
101,80
0,313
FONTE: O AUTOR (2008)
Os valores de ―p‖ para os conjuntos de dados referentes à concentração de
15 μg/mL em 305, 315 e 320 nm na recuperação de AK em presença de HQ em
creme Lanette foram 0.000, 0.000 e 0.219 respectivamente quando se assumem
variâncias iguais. Para os dois primeiros comprimentos de onda os valores de ―p‖
são inferiores a 0,05 e isto significa que deve-se rejeitar a hipótese nula de que os
conjuntos são iguais aos ―verdadeiros‖. Para 320 nm o valor é maior que 0,05, sendo
considerado estatisticamente igual ao ―verdadeiro‖.
De acordo com os resultados da recuperação de AK em creme Lanette pode-
se destacar, pela tabela 04, que quando ele é o único ativo não interferência do
creme lanette na quantificação do mesmo nas concentrações finais de 10, 15 e 20
μg/ml e nos comprimentos de onda de 305, 315 e 320 nm. A hidroquinona está
presente em muitas formulações em associação com o AK na concentração de 4 e
2%, respectivamente. Nessa proporção, pelo ensaio de recuperação em lanette
(tabela 05), pode-se verificar que nas concentrações finais de 10, 15 e 20 μg/ml e
nos comprimentos de onda de 305, 315 há interferência superior a 5%, pois a
hidroquinona ainda absorve um pouco até essa faixa. em 320 nm a interferência
é insignificante, de modo que nesse comprimento de onda a quantificação do AK é
possível, mesmo na presença de hidroquinona.
Os resultados da recuperação de AK em presença ou não de hidroquinona
em creme não iônico encontram-se nas tabelas 06 e 07, respectivamente.
91
TABELA 06 VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AK NO ENSAIO DE RECUPERAÇÃO EM
CREME NÃO IÔNICO E ERRO RELATIVO
Conc.
teórica
(μg/ml)
λ
(nm)
Concentração (μg/ml)
Média
DP
DPR
Recuperação
(%)
Erro
relativo
(%)
10
305
10,13
9,84
9,85
9,94
0,165
1,657
101,53
1,874
315
10,15
10,19
10,20
10,18
0,025
0,250
101,81
0,282
320
10,17
10,22
10,24
10,21
0,034
0,328
102,10
0,371
15
305
14,44
14,38
14,38
14,36
0,033
0,228
95,75
0,258
315
14,49
14,41
14,43
14,45
0,038
0,262
96,30
0,297
320
14,58
14,49
14,53
14,53
0,048
0,331
96,90
0,374
20
305
19,16
19,11
19,14
19,13
0,025
0,131
95,67
0,148
315
19,28
19,21
19,25
19,25
0,031
0,161
96,23
0,182
320
19,39
19,31
19,34
19,35
0,040
0,206
96,74
0,233
FONTE: O AUTOR (2009)
Os valores de ―p‖ para os conjuntos de dados referentes à concentração de
15 μg/mL em 305, 315 e 320 nm na recuperação de AK em creme não iônico foram
0,013, 0,018 e 0,039 respectivamente. Todos os valores são menores que 0,05 e
isto significa que se deve rejeitar a hipótese nula e os valores não são
estatisticamente iguais aos ―verdadeiros‖.
TABELA 07 VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AK EM PRESENÇA DE HIDROQUINONA NO
ENSAIO DE RECUPERAÇÃO EM CREME NÃO IÔNICO E ERRO RELATIVO
Conc.
teórica
(μg/ml)
λ
(nm)
Concentração (μg/ml)
Média
DP
DPR
Recuperação
(%)
Erro
relativo
(%)
10
305
19,06
18,49
18,49
18,68
0,329
1,762
190,83
1,994
315
11,00
11,01
11,01
11,00
0,008
0,068
110,05
0,077
320
10,22
10,24
10,24
10,23
0,013
0,128
102,34
0,113
15
305
26,53
26,51
26,51
26,52
0,010
0,039
176,78
0,044
315
15,33
15,34
15,35
15,34
0,010
0,063
102,29
0,071
320
14,51
14,56
14,48
14,51
0,009
0,065
96,76
0,073
20
305
35,52
35,54
35,53
35,53
0,010
0,029
177,67
0,032
315
20,65
20,67
20,64
20,65
0,015
0,074
103,26
0,083
320
19,26
19,32
19,27
19,28
0,031
0,158
96,42
0,180
FONTE: O AUTOR (2009)
Os valores de ―p‖ para os conjuntos de dados referentes à concentração de
15 μg/mL em 305, 315 e 320 nm na recuperação de AK em presença de HQ em
creme Lanette foram 0.000, 0.011 e 0.33 respectivamente. . Para os dois primeiros
comprimentos de onda os valores de ―p‖ o inferiores a 0,05 e isto significa que
deve-se rejeitar a hipótese nula de que os conjuntos o iguais aos ―verdadeiros‖.
Para 320 nm o valor é maior que 0,05, sendo considerado estatisticamente igual ao
―verdadeiro‖.
92
De acordo com os resultados da recuperação de AK pode-se destacar pela
tabela 06, que quando ele é o único ativo o nível de interferência do creme não
iônico na quantificação do mesmo nas concentrações finais de 10, 15 e 20 μg/ml e
nos comprimentos de onda de 305, 315 e 320 nm está dentro do limite de 5%.
Quando a hidroquinona está presente, pelo ensaio de recuperação em creme não
iônico (tabela 07) pode-se verificar que nos comprimentos de onda de 305 e 315
interferência superior a 5%, pois a hidroquinona ainda absorve um pouco até essa
faixa. em 320 nm a interferência é menor que 5 %, de modo que nesse
comprimento de onda a quantificação do AK é possível mesmo na presença de
hidroquinona.
5.3.5 Robustez
A robustez é um ensaio que tem por objetivo verificar a capacidade do
método em suportar pequenas variações em parâmetros do método de modo que os
resultados continuem inalterados. Ele mede a confiabilidade do método em
condições normais, permitindo verificar as tolerâncias dos parâmetros críticos do
método. Neste caso foram avaliados o fator tempo, pH, temperatura e variação da
concentração do metal.
Para determinação do erro do método também foram estimados componentes
de variância associados às fontes de variação de cada particular método,
considerando-se na especificação do erro relativo intervalos com 95% de confiança
para média.
5.3.5.1 Influência do tempo de leitura na intensidade de absorção
O primeiro parâmetro analisado foi a influência do tempo sobre a estabilidade
da solução e a intensidade de absorção. Uma solução de concentração conhecida
foi preparada e lida no tempo zero, 24 h e 72 h após o preparo, sendo que as duas
últimas foram mantidas em temperatura controlada de 20ºC aleitura. Como pode
ser observado, através da análise da tabela 08, não houve diferença significativa nos
valores de absorbância do tempo zero até setenta e duas horas. A estabilidade do
sistema faz com que a solução possa ser lida em espectrofotômetro até três dias
93
após o seu preparo. Deste modo o fator tempo não é um parâmetro crítico inerente
ao método.
TABELA 08 RESULTADO DO ENSAIO DE ROBUSTEZ PELA AVALIAÇÃO DO TEMPO
Tempo (h)
Concentração (μg/mL)
Absorbância média
Conc. média real
(μg/mL)
Erro relativo
(%)
0
15
0,547
14,72
0,121
24
15
0,551
14,84
0,214
72
15
0,536
14,43
0,262
Média
0,545
14,66
DP
0,008
0,212
DPR
1,438
1,448
FONTE: O AUTOR (2008)
Foi aplicado o test t para amostras pareadas na comparação entre os valores
―verdadeiros‖ e os tempos zero, 24 e 72 h no ensaio de robustez para a avaliação da
influência do tempo sobre a estabilidade do sistema e a intensidade de absorção
referentes à concentração de 15 μg/mL. Os valores de ―p‖ para os conjuntos de
dados foram 0,185, 0,222 e 0,221, respectivamente. Todos os valores são maiores
que 0,05 e isto significa que não se deve rejeitar a hipótese nula e os valores são
estatisticamente iguais aos ―verdadeiros‖.
Também foi aplicado o teste ANOVA one way. O teste de homogeneidade de
variâncias foi verificado pelo teste de Levene, sendo:
H
o
: s
2
1
= s
2
2
= s
2
3
; H
1
: As variâncias são homogêneas
Como pelo teste de Levene F=1,545 < F
(0.05;2;6)
= 5,14, ou p-value =0.288 >
α=0.05, conclui-se que as variâncias são homogêneas, isto é, dentro de cada um
dos tratamentos a variabilidade é apenas devida a causas aleatórias. Por ANOVA
F= 3,325 < F
(0.05;2;6)
= 5,14, ou p-value = 0.107 > α=0.05, conclui-se que não existem
diferenças significativas entre os tempos zero, 24 e 72 h com um nível de
significância de 5%. No teste de comparações múltiplas são identificados apenas um
tratamento que se difere significativamente, que é entre o tempo zero e 72 h, mas
apenas o teste LSD que acusa essas diferenças. Isto é, o teste LSD acusa como
diferentes tratamentos cujas médias estão menos afastadas do que o teste Tuckey,
que dá, por assim dizer, maior margem de dúvida antes de imputar essas diferenças
aos efeitos dos tratamentos.
94
5.3.5.2 Influência da temperatura na intensidade de absorção
O segundo parâmetro avaliado foi a influência da temperatura sobre a
estabilidade do sistema. Uma solução de concentração conhecida foi preparada e
dividida em três porções, sendo que a primeira foi reservada em geladeira a 5ºC, a
segunda mantida em temperatura controlada a 20ºC e a terceira em estufa a 30ºC,
todas mantidas nesses ambientes por quatro horas. Para essa faixa de temperatura
não houve alteração significativa na leitura de absorbância, como pode ser
visualizado na tabela 09. Pequenas variações para mais ou para menos não afetam
o sistema e isso faz com que o fator temperatura não seja crítico ao método.
TABELA 09 RESULTADO DO ENSAIO DE ROBUSTEZ PELA AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA
Temperatura
(ºC)
Concentração (μg/mL)
Absorbância média
Conc. média real
(μg/mL)
Erro relativo
(%)
5
15
0,5200
13,99
0,243
20
15
0,5214
14,03
0,262
30
15
0,5191
13,97
0,120
Média
0,5202
13,99
DP
0,001159
0,03141
DPR
0,2227
0,2244
FONTE: O AUTOR (2008)
Foi aplicado o test t para amostras pareadas na comparação entre os valores
―verdadeiros‖ e as temperaturas C, 20ºC e 30ºC no ensaio de robustez para a
avaliação da influência da temperatura sobre a estabilidade do sistema e a
intensidade de absorção referentes à concentração de 15 μg/mL. Os valores de ―p‖
para os conjuntos de dados foram 0.357, 0.221 e 0.369, respectivamente. Todos os
valores são maiores que 0,05 e isto significa que não se deve rejeitar a hipótese nula
e os valores são estatisticamente iguais aos ―verdadeiros‖.
Também foi aplicado o teste ANOVA one way. O teste de homogeneidade de
variâncias foi verificado pelo teste de Levene, sendo:
H
o
: s
2
1
= s
2
2
= s
2
3
H
1
: As variâncias são homogêneas
Como pelo teste de Levene F=1,980 < F
(0.05;2;6)
= 5,14, ou p-value= 0,219 >
z‘α= 0.05, conclui-se que as variâncias são homogêneas, isto é, dentro de cada um
dos tratamentos a variabilidade é apenas devida a causas aleatórias. Por ANOVA
95
F= 1,030 < F
(0.05;2;6)
= 5,14, ou p-value = 0,415 > α=0.05, conclui-se que não existem
diferenças significativas entre as temperaturas 5, 20 e 30ºC com um nível de
significância de 5%.
No teste de comparações múltiplas não são identificados nenhum tratamento
que se difere significativamente.
5.3.5.3 Influência do pH na intensidade de absorção
O terceiro parâmetro avaliado foi a influência do pH sobre a estabilidade do
sistema. Foram preparadas nove soluções de concentração conhecida e o pH de
cada uma foi ajustada com hidróxido de potássio. O pH da solução obtida
diretamente do método é igual a 1 e através da avaliação dos dados obtidos pela
variação do pH pode-se verificar que o intervalo de 1 a 3 é o que deve ser utilizado
para a quantificação do AK. O pH 4, apesar do valor ser muito próximo aos outros,
não se recomenda que seja utilizado uma vez que a solução resultante é levemente
turva. Entre pH 5 e 8 houve a formação de um precipitado floculado que se dissolvia
facilmente. Pela análise do material límpido sobrenadante é possível gerar a
hipótese de que nessa faixa de pH em que o alumínio precipita pode ter carreado
quase todo o AK ainda na forma de complexo, pois se o analito estivesse livre na
solução a absorbância deveria ser maior que a verificada. Em pH 11 a solução volta
a ficar límpida, entretanto o rearranjo eletrônico no meio básico é diferente do ácido,
gerando picos de absorbância em λ(nm) diferente de 305 nm como na faixa ácida.
Em pH 14 a solução voltou a ficar turva.
TABELA 10 RESULTADO DO ENSAIO DA ROBUSTEZ PELA AVALIAÇÃO DO pH
pH
Concentração
teórica (μg/ml)
Absorbância
média
Concentração real
(μg/ml)
DP
DPR
p
1
15
0,541
14,648
0,0157
0,1071
0,185
2
15
0,532
14,399
0,0094
0,0654
0,051
3
15
0,531
14,392
0,0097
0,0676
0,052
4
15
0,540
14,636
0,0224
0,1530
0,167
5
15
0,110
2,980
0,0450
1,5096
0,000
7
15
0,015
0,412
0,0952
23,1094
0,000
8
15
0,076
2,047
0,1128
5,5121
0,000
11
15
0,339
9,198
0,0379
0,4125
0,000
14
15
0,650
17,611
0,0294
0,1667
0,002
FONTE: O AUTOR (2008)
96
Foi aplicado o test t para amostras pareadas na comparação entre os valores
―verdadeiros‖ e os valores de pH no ensaio de robustez para a avaliação da
influência do pH sobre a estabilidade do sistema e a intensidade de absorção
referentes à concentração de 15 μg/mL. Os valores de ―p‖ para os conjuntos de
dados de pH 1 a 4 foram maiores que 0,05 e isto significa que não se deve rejeitar a
hipótese nula e os valores são estatisticamente iguais aos ―verdadeiros‖. Do pH 5 ao
14 os valores são inferiores a 0,05, ou seja, são estatisticamente diferentes.
Também foi aplicado o teste ANOVA one way. O teste de homogeneidade de
variâncias foi verificado pelo teste de Levene, sendo:
H
o
: s
2
1
= s
2
2
= s
2
3
H
1
: As variâncias são homogêneas
Como pelo teste de Levene F= 3,524 > F
(0.05;8;18)
= 2,510, ou p-value = 0,013 <
α= 0.05, conclui-se que as variâncias não são homogêneas, isto é, dentro de cada
um dos tratamentos a variabilidade não se apenas devido a causas aleatórias.
Por ANOVA F= 44157 > F
(0.05;8;18)
= 2,510, ou p-value = 0,000 < α= 0.05, conclui-se
que existem diferenças significativas entre os valores de pH com um nível de
significância de 5%.
No teste de comparações múltiplas são identificados em todos os tratamentos
que se diferem significativamente, exceto entre o pH 1 e 4 e entre pH 2 e 3.
O pH é um fator crítico que deve ser verificado para que não se tenha
soluções de pH superiores a 3.
5.3.5.4 Influência da concentração do metal na intensidade de absorção
Este ensaio foi verificado numa das primeiras etapas do processo analítico
(figura 30 página 77) e por ele nota-se que na proporção próxima de 1:1 em diante
até a relação em que se tem excesso de alumínio com AK 1 : 136 Al
3+
não mais
diferença estatística entre os valores de absorbância obtidos. Deve-se garantir que
sempre se tenha alumínio em excesso de até 136 vezes mais para se ter uma
intensidade de leitura máxima e constante, pois esse é um fator crítico ao processo.
97
5.4 ESTUDO DO COMPLEXO
Para confirmar como ocorrem as coordenações (AK-Al
3+
) e quais grupos da
molécula do AK estariam envolvidos na complexação do mesmo com o alumínio
foram feitos ensaios por espectroscopia no infravermelho e de ressonância
magnética nuclear de
13
C com base nas espécies encontradas nas titulações
potenciométricas e nos diagramas de especiação, de acordo com a variação do pH.
5.4.1 Titulação potenciométrica e espectroscopia no ultravioleta
É importante caracterizar o tipo do complexo e a porcentagem em que cada
tipo aparece à medida que se varia o pH. Uma das cnicas utilizadas para
caracterizar as espécies formadas no sistema é através da titulação potenciométrica.
Os complexos metálicos do AK têm uma estabilidade relativa alta (BHATIA;
KAUSHIK; SODHI, 1988).
A determinação das constantes de estabilidade por titulação potenciométrica
é uma maneira poderosa para se definir a identidade e distribuição de complexos
ligante-metal e conseqüentemente para se proceder a investigação da especiação
em sistemas aquosos (JORDAN et al., 1996). É uma técnica comum, pela
simplicidade do instrumento e da automação.
O objetivo da utilização da técnica de titulação potenciométrica, neste
trabalho, foi inicialmente determinar a constante de protonação do AK e as
constantes de complexação do sistema aquoso AK na presença de íons alumínio, de
acordo com a variação de pH. Dados da literatura, de estudos anteriores sobre AK
não complexado e complexado à alumínio foram relatados em 2001 (MARTELL , A.
E.; SMITH, R. M. 2001)e mostraram valores para log K = 7.66 +- 0,05 (25
º
C e I =
0,1mol/L) e log K para os complexos metal-ligante ML= 7.66 (25
º
C e I = 0,1 mol/L), e
log β para ML
2
e ML
3
= 13,72 e 19,26 ( 25
º
C e I = 0,5 mol/L).
Os dados encontrados por (SALLAM; HAGGAG; MASOUD, 1990) em meio
aquoso também indicam que apenas um próton é liberado entre α= 0 - 1 (α= mols de
base adicionada por mol de ligante). O valor obtido da constante de protonação
(7,68) para o equilíbrio protolítico envolvendo as espécies neutras e aniônicas estão
de acordo com os reportados na literatura de 7,75, 7,83, 7,61 e 7,80 (SALLAM;
98
HAGGAG; MASOUD, 1990). Outro pKa encontrado na literatura por HEDLUNT;
OHMAN (1988) foi de 7,61.
A titulação potenciométrica do ácido kójico foi também realizada por
MURAKAMI (1962) e forneceu somente uma inflexão nítida (porém o artigo não
mostra a curva da titulação potenciométrica), a qual corresponde à dissociação que
pode ser visualizada na figura 36.
FIGURA 36 REPRESENTAÇÃO DA DISSOCIAÇÃO DO ÁCIDO KÓJICO
FONTE - MURAKAMI (1962)
O valor de log K relatado (MURAKAMI, 1962) foi de 7,68. O mesmo autor
sugere a formação de um complexo tetracoordenado com o íon magnésio (II),
conforme figura 37. O íon magnésio (II) tem um comportamento parecido com o íon
manganês (II), com similar magnitude na formação das constantes em sistema
aquoso.
FIGURA 37 - ESTRUTURAS DA COORDENAÇÃO DO AK COM MAGNÉSIO
FONTE: MURAKAMI (1962)
Inicialmente, de posse das constantes de protonação do ligante procedeu-se
aos cálculos das constantes de complexação do ligante mais o íon metálico em
estudo. Os cálculos com os dados potenciométricos da titulação do AK na ausência
do alumínio forneceu uma desprotonação, com pKa= 7,68+-0,02 (25,0ºC, I= 0,100
mol/L KCl), valor em conformidade com os outros relatados na literatura. A
desprotonação ocorre pela perda do hidrogênio ligado ao oxigênio do carbono 5, que
pode ser visualizado na figura 43. Na figura 38 visualiza-se a curva de titulação
99
experimental (linha grossa formada pela união de pequenos quadrados) e simulada
(linha fina) para o AK puro, curva esta que é feita a partir do teste estatístico do qui
quadrado e contando com 95% de confiança.
Com os dados das titulações potenciométricas para AK (0,1 mmol) + Al
3+
(10
mL) (proporção ligante-metal 1:1), AK (0,1 mmol) + Al
3+
(5 mL) (proporção ligante-
metal 1:0,5) e AK (0,1 mmol) + Al
3+
(3 mL) (proporção ligante-metal 1:0,3), calculou-
se utilizando o programa HYPERQUAD (GANS; SABATINI; VACCA 1993) em
cada um desses três experimentos feitos em triplicata, para se obter as constantes
de complexação de cada um dos sistemas nas proporções estudadas. Os cálculos,
utilizando-se este programa com o método matemático de mínimos quadrados, são
feitos utilizando-se os valores obtidos inicialmente por suposições químicas e
matemáticas e recalculados.
A cada nova etapa de lculo, as curvas de simulação matemática e
experimental são checadas e quando a maior sobreposição for atingida e o erro não
diminuir mais, dá-se por terminado os cálculos. Tendo-se procedido assim com a
matriz matemática composta de concentração das espécies conhecidas, expressas
em milimol, constantes de hidrólise do alumínio (BAES E MESMER, 1976), log Ka do
AK e possíveis espécies complexas do sistema AK:Al
3+
, obteve-se as constantes de
complexação que estão dispostas na tabela 12. A figura 48 mostra os perfis das
titulações potenciométricas do AK + Al
3+
nas proporções 1:1, 1: 0,5 e 1:0,3, ligante-
metal.
Através da curva da titulação potenciométrica do ácido kójico não complexado
(figura 38) pode-se observar que até pH 11 existe uma inflexão nítida e uma
segunda discutível. -se o nome de ponto de inflexão ao ponto que separa uma
parte convexa de uma curva contínua de uma parte côncava, ou seja, a inflexão é
uma indefinição transitória das tendências da função em um determinado ponto no
qual ela passa da condição de tendência ao crescimento para a tendência ao
decaimento, ou vice-versa.
100
FIGURA 38 - CURVA DE TITULAÇÃO DO ÁCIDO KÓJICO NÃO COMPLEXADO (SOLUÇÃO
AQUOSA 0,1mmol)
FONTE: O AUTOR (2009)
As soluções tiveram seus valores de pH aumentados e os espectros foram
obtidos nestas soluções de razão e pHs variados. Durante a conversão química de
uma espécie em outras, absorventes no UV e/ou visível, os espectros se cruzarão
no mesmo comprimento de onda, cruzamento conhecido como ponto isosbéstico
(HARRIS, 2001). Dois pontos isosbésticos (ponto onde as curvas se juntam e
comprimento de onda da forma ácida e básica tem o mesmo coeficiente de extinção
e índices de absorbância iguais) aparecem no espectro ácido kójico não complexado
(figura 39). Um deles corresponde à desprotonação e o segundo corresponde
possivelmente a uma interconversão de espécie hidrolisada, não determinada neste
estudo.
Através do espectro no UV do AK (figura 40) tem-se que na região próxima ao
comprimento de onda 270 nm pode-se observar que do pH 2,0 até 6,0 tem-se
espectros praticamente idênticos, já em 6,5 há um decréscimo discreto que continua
em 7,0 e em 7,5 é significativo (desprotonação de AKH para AK
-
). A queda persiste
até estabilidade a partir de 9,5 até 12, já com total inversão da banda no espectro de
270 nm para 315 nm (figura 41).
101
FIGURA 39 ESPECTROS DE UV DO ÁCIDO KÓJICO NÃO COMPLEXADO EM SOLUÇÃO
AQUOSA (15µg/mL) NA VARIAÇÃO DE pH DE 2,0 A 12,0 E IDENTIFICAÇÃO DOS DOIS PONTOS
ISOSBÉSTICOS
FONTE: O AUTOR (2009)
FIGURA 40 ESPECTROS DE UV DO ÁCIDO KÓJICO NÃO COMPLEXADO EM SOLUÇÃO
AQUOSA (15µg/mL) NA VARIAÇÃO DE pH DE 2,0 A 12,0 E IDENTIFICAÇÃO DOS pH NO λ= 270
nm, DEPOIS DO PRIMEIRO PONTO ISOSBÉSTICO
FONTE: O AUTOR (2009)
102
FIGURA 41 - ESPECTRO DE UV DO ÁCIDO KÓJICO NÃO COMPLEXADO EM SOLUÇÃO
AQUOSA (15µg/mL) NA VARIAÇÃO DE pH DE 2,0 A 12,0 E IDENTIFICAÇÃO DOS pH NO λ= 315
nm, DEPOIS DO SEGUNDO PONTO ISOSBÉSTICO.
FONTE: O AUTOR (2009)
A existência de dois pontos isosbésticos aumentaram ainda mais a dúvida
sobre a possível segunda inflexão do AK, que corresponderia à segunda ionização
do mesmo ainda o relatada na literatura. Para confirmar essa possibilidade foram
calculadas as derivadas dos dados da variação do pH em função da adição de base.
Os possíveis pontos de inflexão são aqueles que separam uma parte convexa de
uma curva contínua de uma parte côncava e quando existe derivada segunda nos
pontos de inflexão, ela é nula. Através desse cálculo verificou-se que existe apenas
um único ponto em que a segunda derivada é nula na variação máxima dos dois
eixos (figura 42).
103
FIGURA 42 GRÁFICO DA SEGUNDA DERIVADA DA TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA DO AK
NÃO COMPLEXADO
FONTE: O AUTOR (2009)
Deste modo, concluiu-se que na titulação potenciométrica do AK apenas
uma inflexão e dados posteriores descritos a seguir, envolvendo outras técnicas
analíticas, demonstraram que somente a perda do hidrogênio ligado ao oxigênio
do carbono 5 (figura 43).
FIGURA 43 - ESTRUTURA DO ÁCIDO KÓJICO COM OS CARBONOS ASSINALADOS
FONTE: O AUTOR (2009)
Com base no modelo de apenas uma ionização e de posse dos valores da
titulação e das constantes calculadas, o programa HYSS (ALDERIGHI et al., 1999)
calculou e desenhou o diagrama de distribuição das espécies para o sistema do AK
não complexado como pode ser visualizado na figura 44.
104
FIGURA 44 - DIAGRAMA DE ESPECIAÇÃO DO AK NÃO COMPLEXADO EM MEIO AQUOSO
FONTE: O AUTOR (2010)
Foram realizados, na seqüência, ensaios para várias proporções de metal-
ligante seguindo o mesmo raciocínio dos cálculos. A curva da titulação
potenciométrica da proporção AK 1:1 Al
3+
está representada na figura 45.
As titulações, na presença de alumínio, apresentam uma região de
tamponamento grande, pois a solução de cloreto de alumínio utilizada, acidificada,
necessita de um grande volume de base para neutralizar esse ácido inorgânico. Um
número maior de inflexões observado sugere a presença de um número grande de
espécies complexadas presentes. Estas espécies sugeridas pela titulação
potenciométrica (tabela 12), podem ser visualizadas através do maior número de
pontos isosbésticos (figura 46) no espectro no UV e também observadas nos
diagrama de distribuição das espécies, figura 47.
105
FIGURA 45 - CURVA DE TITULAÇÃO NA PROPORÇÃO AK 1:1 ALUMÍNIO EM MEIO AQUOSO
FONTE: O AUTOR (2009)
As espécies complexadas e hidroliticas de Al
3+
estão representadas como:
metal = Al
3+
; ligante ácido kójico = L; n prótons = H
n
e n OH
-
= H
-n
. Os sistemas
aquosos de alumínio apresentam normalmente varias espécies complexadas que
podem ou não ser solúveis em água, dependendo sempre do ligante e do valor de
pH que se está considerando.
De acordo com a literatura até 2001 (MARTELL , A. E.; SMITH, R. M. 2001)
que é uma compilação de dados da literatura, 3 constantes de complexação, do
tipo metal ligante, detectadas nos estudos efetuados até então, ML, ML
2
e ML
3
. No
entanto, estudos anteriores mostram que o AK na presença de Al
3+
forma espécies
complexas tanto n protonadas como n hidroxiladas (HEDLUNT; OHMAN, 1988).
Portanto sistemas aquosos que contem AK + Al
3+
em diferentes proporções M e L e
em pH variáveis, são sistemas interessantes e ricos para estudos continuados.
À medida que os sistemas analíticos se aproximam em sensibilidade e limite
de detecção, mais espécies são possíveis de serem detectadas, tornando o desafio
de encontrar essas espécies e de calcular suas constantes de complexação, maior.
A lista de valores de Ka de complexação, conforme tabela 12, maior que os
valores relatados até 2010 na literatura, pode não ser ainda exaustiva, nem a final,
pois o sistema AK+Al
3+
em água é rico em espécies complexadas e que a
solubilidade dessas espécies é em função do pH.
106
FIGURA 46 - ESPECTROS DE UV DO ÁCIDO JICO 1:1 ALUMÍNIO EM SOLUÇÃO AQUOSA
(15µg/mL) NA VARIAÇÃO DE pH DE 2,0 A 12,0 E IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS ISOSBÉSTICOS
FONTE: O AUTOR (2009)
Os espectros obtidos no UV-Vis, contendo vários pontos isosbésticos
confirmam a variedade de espécies complexadas nos sistemas estudados e
calculados anteriormente.
De posse dos valores das constantes calculadas, o programa HYSS
(ALDERIGHI et al., 1999) calculou e desenhou o diagrama de distribuição das
espécies para cada um dos sistemas estudados. Cada um dos sistemas contendo
diferentes proporções de AK e Al
3+
foi estudado pela técnica de espectroscopia no
UV para se tentar mapear a presença das espécies propostas pela técnica da
titulação potenciométrica (figura 47).
107
FIGURA 47 - DIAGRAMA DE ESPECIAÇÃO DA PROPORÇÃO AK 1:1 Al
3+
FONTE: O AUTOR (2010)
Espécies hidrolíticas complexadas, AK desprotonado não complexado,
espécies poliméricas do ligante não hidrolíticas e hidrolíticas estão presentes em
toda a faixa de pH estudado, tanto para a proporção 1:1 como 1:0,5.
Os valores de pH em que há maior concentração de espécies complexadas
solúveis é entre pH 6 e 10. Somente espécies solúveis e presentes em concentração
acima de 10% em relação a todas as espécies metálicas presentes no equilíbrio
foram consideradas para o cálculo dos diagramas de distribuição das espécies. Foi
possível verificar através da figura 45 que o alumínio forma uma enormidade de
espécies complexadas com o ligante estudado e a concentração e solubilidade delas
são função da concentração dos reagentes e do pH considerado. As curvas de
titulação do AK puro e na presença de alumínio, em duas proporções estudadas
podem ser visualizados na figura 48. A proporção estudada Ligante 1:0,3 Metal não
apresentou diferença nas espécies complexadas em relação às outras duas
estudadas, e por isso não será discutida neste trabalho.
No estudo realizado por STENSON et al (2007) foi concluído que o ácido
kójico forma prontamente complexos com 11 íons metálicos testados com três
cargas positivas. Os complexos mais comuns encontrados foram ML
3
H
+
e M
2
L
5
. No
caso do complexo com alumínio foram obtidos com maior abundância relativa a íons
108
correspondentes ao (ML
2
)
+
, (ML
3
H
+
)
+
, (M
2
L
5
)
+
e (M
2
L
4
OH
-
)
+
em que L representa o
ácido kójico desprotonado (ou AK
-
) e M o íon metálico 3+. A energia de colisão
necessária para dissociação do (ML
2
)
+
com alumínio foi a maior entre os 11
elementos testados (Al, As, Cr, Ga, Fe, In, Yb, Y, Gd, Nd e La) e não por acaso ele é
o elemento de menor número atômico e menor camada de valência, indicando que a
ligação com o alumínio é a mais forte, pois necessita de uma energia de colisão
maior.
As diferenças entre os espectros obtidos por UV da solução de ácido kójico
puro e da solução AK 1:1 Al podem ser visualizadas nos comprimentos de onda
máximos e intensidades do pH 2 até 11,5, conforme a tabela 11.
TABELA 11. COMPARAÇÃO ENTRE AS SOLUÇÕES DE AK PURO E COMPLEXADO COM
ALUMÍNIO PARA OS VALORES DE ABSORBÂNCIA EM COMPRIMENTOS DE ONDA E
DIFERENTES VALORES DE pH
AK não complexado
AK 1:1 Al
3+
pH
λ
máx
(nm)
Abs.
pH
λ
máx
(nm)
Abs.
2,0
216
269
1,347
0,876
2,0
217
268
2,341
1,140
2,5
216
269
1,357
0,886
2,5
218
265
1,584
0,542
3,0
216
269
1,325
0,869
3,0
218
259
1,786
0,449
3,5
216
269
1,322
0,868
3,5
218
256
296
1,870
0,425
0,386
4,0
216
269
1,333
0,874
4,0
218
255
294
1,898
0,411
0,394
4,5
216
269
1,355
0,887
4,5
219
255
295
1,920
0,407
0,408
5,0
216
269
1,337
0,867
5,0
219
255
297
1,893
0,426
0,402
5,5
216
269
1,329
0,861
6,0
216
269
1,340
0,871
6,0
220
258
1,691
0,428
6,5
217
269
1,325
0,839
7,0
217
269
1,357
0,801
7,0
220
259
1,695
0,450
7,5
220
269
1,419
0,616
7,7
220
260
1,668
0,449
8,0
226
315
1,970
0,546
8,5
226
315
2,005
0,560
8,5
220
260
1,666
0,442
9,0
226
315
1,993
0,553
109
9,5
226
315
2,042
0,592
9,5
226
313
1,614
0,390
10,0
226
315
2,056
0,601
10,0
227
314
1,688
0,432
10,5
226
315
2,034
0,593
10,5
227
315
1,766
0,469
11,0
226
315
2,092
0,613
11,0
227
315
1,832
0,503
11,5
226
315
2,082
0,607
11,5
228
315
1,861
0,517
Pontos
isosbésticos
λ= 240 e 290nm
Pontos
isosbésticos
λ= 243, 287, 293 e 303nm
FONTE: O AUTOR (2009)
TABELA 12 - CONSTANTES ÁCIDO KÓJICO EM MEIO AQUOSO EM VÁRIAS PROPORÇÕES
MOLARES NA PESENÇA DE ALUMÍNIO ( 25,0
º
C E I = 0.100 mol/L)
Espécies
AK não complexado
Al : AK
Log β
Al H
-1
-5.4091
Al H
-2
-9.9816
Al H
-3
-15.6916
Al H
-4
-23.4551
Al
-2
H
-2
-7.7
Al
-2
H
-3
-9.5742
Al
-3
H
-4
-13.6944
Al
-3
H
-11
-54.694
Al
-6
H
-15
-49.398
Al
-8
H
-22
-76.425
AK H
7,842
7,842
AK Al
14,7147
AK Al H
19,8244
AK Al
2
19,3613
AK
2
Al
25,8912
AK
2
Al H
33,9850
AK
2
Al H
2
39,5787
AK
3
Al
32,5274
AK
3
Al H
45,1462
AK
3
Al H
2
52,6295
AK
4
Al
44,2361
AK
4
Al H
4
77,1048
AK
5
Al
52,7751
AK
5
Al H
61,2327
AK
7
Al
67,9809
H
-1
-13.78
-13.78
FONTE: O AUTOR (2010)
De acordo com os resultados obtidos (tabela 11) pode-se observar que em
relação ao AK puro: de pH 2,0 a 6,0 o λ
máx
das duas bandas são os mesmos (216
110
nm) e as intensidades também (1,33); de pH 6,0 para 6,5 deslocamento
batocrômico da primeira banda de 216 nm para 217 nm, em pH 7,2, para 220 nm, e,
em pH 8,0, também com deslocamento batocrômico pequeno para 226 nm e
hipercrômico na intensidade de 1,419 em pH 7,5 (220 nm) para 1,970 (226 nm); na
segunda banda (269 nm) o deslocamento batocrômico é bem mais significativo de
269 nm (pH 7,5) para 315 (pH 8,0).
Pode-se observar que em relação ao sistema AK 1:1 Al (tabela 11), em pH
2,0 o AK está majoritariamente na forma protonada e as bandas em 217 nm e 268
nm são muito características, já em pH 2,5 há uma diminuição significativa da
intensidade de absorção com deformação das bandas, fato esse que associado ao
diagrama de especiação calculado pode-se sugerir que o alumínio teria força
suficiente para deslocar e ocupar o lugar do hidrogênio na ligação com o AK
formando a primeira espécie complexada (AKAlH MLH, onde M = Al
3+
, L = AK); em
pH 3,0 as bandas continuam deformadas e de pH 3,5 a 5,0 voltam a ficar bem
definidas, e desta vez são três bandas e não duas como abaixo de 3,5 e acima de
5,0; de pH 6,0 até 8,5 as bandas não estão bem definidas, sendo intermediárias ao
formato das resultantes de pHs mais ácidos e mais básicos. A primeira banda
característica (217 nm) em todos os pHs estão próximos a 220 nm e depois se
desloca para 227 nm; a partir do pH 9,5 a segunda banda (269 nm) começa a se
caracterizar melhor até ficar bem evidente em pH 11,5; de pH 2,0 a 5,0 a segunda
banda se inicia em 268 nm e vai sofrendo um deslocamento hipsocrômico até 255
nm (poderia ser em função da maior solvatação do par de elétrons n não-ligados, o
que abaixa a energia do orbital n. Em solvente polares hidroxilados, como água ou
álcoois, a formação de ligações de hidrogênio entre prótons do solvente e o par de
elétrons não-ligados é extensiva. Aqui a energia dos orbitais n é reduzida por uma
grandeza aproximadamente igual à energia de ligação de hidrogênio. Quando uma
transição n → π* ocorre, no entanto, o elétron n remanescente não consegue manter
a ligação de hidrogênio, assim, a energia do estado excitado n, π* não é efetuada
por esse tipo de interação com o solvente. Um deslocamento hipsocrômico
corresponde, de modo geral, à energia de ligação de hidrogênio, aumentando até
260 nm em pH 8,5 com um salto até 313 nm em pH 9,5 e tendência de estabilização
de pH 10,5 a 11,5 com 315 nm; a partir de pH 9,5 não se tem mais dados que
confirmem a manutenção da complexação, induzindo à conclusão que a partir deste
ponto ela seja mínima e decrescente (LEVER, 1964)
111
Os mesmos resultados mostram as correlações entre AK puro e o sistema AK
1:1 Al: no AK puro a primeira banda se estabiliza com absorção máxima em 226 nm
no pH 8,0, enquanto que no outro sistema ela chega ao mesmo λ em 9,5 e
mesmo assim continua aumentando com o aumento do pH; com o analito puro a
segunda banda se estabiliza com absorção máxima em 315 nm no pH 8,0, enquanto
que com alumínio a partir de pH 10,5; apenas em alguns pHs são verificados
comprimentos de onda máximo coincidentes, como em pH 7,5 (220 nm), 9,5 (226
nm) e de 10,5 a 11,5 (315nm); no pH 2,0 as duas bandas de absorção máxima são
muito próximas (216 e 217, 269 e 268 nm) e de 2,5 até 7,5 são bem diferentes.
FIGURA 48 - CURVAS DE TITULAÇÃO DO AK NÃO COMPLEXADO (0,1 mmol) E PROPORÇÕES
AK 1: 0,5 Al e AK 1:1 Al EM SOLUÇÃO AQUOSA
FONTE: O AUTOR (2009)
Murakami, em 1962, estudou como seriam os complexos formados com AK e
ferro. Segundo ele, através de reações graduais de hidrólise, o complexo se formaria
em equilíbrio em que poderiam ocorrer proporções de AK e ferro 1:1 ou 2:1 como
pode ser visto na figura 49 e 50.
112
FIGURA 49 - REAÇÕES GRADUAIS DE HIDRÓLISE DO COMPLEXO Fe(III) 1 : 1 AK
FONTE: MURAKAMI, 1962b
FIGURA 50 - REAÇÕES GRADUAIS DE HIDRÓLISE DO COMPLEXO Fe(III) 2 : 1 AK
FONTE: MURAKAMI, 1962b
O íon hidróxido substitui facilmente os grupos aquo enquanto grupos
doadores de forte afinidade com o íon metálico em um ligante polidentado pode não
ser substituído o facilmente, mesmo em faixas elevadas de pH. A propriedade
ácida do íon metálico central diminui conforme o número de coordenação com
grupos doadores de carga negativa aumenta (MURAKAMI, 1962b).
Baseado nas estruturas complexas de AK e íons metálicos na literatura, pode-
se sugerir que o íon metálico alumínio se complexa através a hidroxila desprotonada
do C-5 e da carbonila C-4.
5.4.1 Espectroscopia no infravermelho
Uma das aplicações mais comuns da espectroscopia no infravermelho é a
identificação de compostos orgânicos (STUART, 2004).
A espectroscopia no infravermelho é o método mais utilizado para a análise
de complexos metal carbonila de acordo com HUHEEY et al (1993), pois pode-se
113
verificar nos resultados qualitativos dos espectros que a ligação π metal-carbono de
carbonila aumenta a frequência e a ligação C-O diminui.
Os espectros, neste trabalho foram obtidos para o padrão, AK puro, e para as
amostras contendo complexos de AK com alumínio. Em um primeiro momento, o
objetivo foi verificar a pureza e identidade da amostra de AK através da comparação
com um padrão. O espectro da amostra (figura 51) é igual ao do padrão,
confirmando assim a identidade do analito.
A localização das bandas é muito importante, pois substâncias idênticas
devem apresentar bandas nas mesmas regiões. Assim, no caso desta técnica, são
fatores relevantes a correspondência e a similaridade das bandas.
Mesmo para moléculas relativamente simples, o espectro no infravermelho é
geralmente complexo. Pela análise do espectro da amostra de AK, as atribuições
prováveis de bandas relacionadas com o tipo de ligações são:
- estiramentos em 3273 e 3175 cm
-1
de hidroxilas de álcool primário e
fenólica. As bandas características observadas no espectro de álcoois e fenóis
resultam do estiramento O-H e C-O (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005). Em
geral a banda fenólica aparece entre 50-100 cm
-1
da alcoólica (STUART, 2004). O
deslocamento para freqüências menores e alargamento da banda pode ser devido a
ligações de hidrogênio intermoleculares (FURNISS et al., 1989).
- estiramento da ligação =C-H em 3101 cm
-1
atribuída aos carbonos 3 e 6;
- estiramento da ligação de hidrogênio intramolecular e acoplamento por
estiramento C-O e deformação O-H em 3075 cm
-1
correspondente à porção superior
e/ ou inferior da molécula;
- estiramento de CH
2
- em 2843 cm
-1
remete ao carbono 7;
- estiramento de CH
2
assimétrico de C sp
3
em 2926 cm
-1
também de C-7;
- pico de CO
2
em 2343 e 2362 cm
-1
, contaminação, provavelmente
incorporado no preparo da pastilha e/ou variações do ar atmosférico no
compartimento da amostra, não fazendo parte da estrutura da amostra;
- estiramento de C=O é observado em 1768 cm
-1
. A intensidade desse pico
está muito abaixo da esperada. As ligações de hidrogênio internas podem aumentar
as interações de ressonância e perturbar significativamente o estiramento C=O
(MAYO; MILLER; HANNAH, 2003). Quando um grupo ligado ao carbono da
carbonila pode efetivamente fazer uma conjugação, seja pelo par de elétrons livres
ou elétrons π, a direção e magnitude do deslocamento da freqüência são
114
relacionadas ao balanço da deslocalização de tais elétrons e efeitos indutivos
(FURNISS et al., 1989). A banda em 1660 cm
-1
além da carbonila também pode
estar relacionada com os grupos C=C-H e C=C-O. Insaturações adjacentes ao C=O
reduzem a absorção da carbonila (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005)
(MAYO; MILLER; HANNAH, 2003); Ligações no carbono α podem resultar em
diminuição no ângulo de ligação C-CO-C e consequente aumento da freqüência
para valores entre 1750-1775 cm
-1
(FURNISS et al., 1989).
- estiramento C=O que pode ser de cetona aromática ou C=C-O- em 1699
cm
-1
;
- quando a ligação C=C está conjugada com o grupo carbonila mais dupla
ligação aparece, mas não tão característica. O número de bandas observadas pode
ser relacionado ao número de conjugações com as duplas ligações (FURNISS et al.,
1989) e neste caso aparecem duas bandas em 1602 e 1630 cm
-1
;
- deformação tesoura de CH
2
- 1473 cm
-1
do carbono 7;
- flexão no plano de O-H, estiramento C-O, deformação C-H e flexão no plano
de C-O-H de fenol em 1350 cm
-1
;
- resultante de estiramento C-C-C e flexão de C-C(=O)-C em 1284 cm
-1
;
- estiramento de ligação C-O de fenol em 1226 cm
-1
;
- vibração simétrica C-O-C que pode estar acoplado a estiramento de C-O e
deformação no plano de O-H de álcool primário em 1075 cm
-1
;
- banda em 850 cm
-1
de deformação fora do plano C-H, estiramento
assimétrico CH de C=C encoberto em 3049 cm
-1
, estiramento simétrico C-H de C=C
em 3007 cm
-1
e em 1699 cm
-1
de alceno trissubstituído;
- flexão ou torção fora do plano de C-O-H em 767 cm
-1
;
- deformação angular fora do plano de O-H em ligação hidrogênio próxima a
650 cm
-1
- deformação angular simétrica de ligações C-C do anel próximas a 600 cm
-1
.
115
FIGURA 51 ESPECTROS DE ABSORÇÃO DO AK MATÉRIA-PRIMA EM COMPARAÇÃO COM O
AK PADRÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
FONTE: O AUTOR (2008)
Para elucidação estrutural dos complexos deste trabalho ensaios no
infravermelho foram realizados para o padrão e soluções da amostra com e sem
alumínio, em diferentes valores de pH.
Para a obtenção de material sólido para a produção das pastilhas, as
soluções foram liofilizadas e armazenadas em congelador a -80ºC. Os espectros do
AK padrão, em comparação com o pH 9 e 14 podem ser visualizados na figura 52;
os espectros do complexo AK/Al
3+
, em pH 1, 11 e 14, estão apresentados na figura
53; a comparação entre o padrão de AK e os diferentes pH do complexo na figura 54
e a comparação entre o pH 14 da solução de AK puro e do complexo, na figura 55.
Os valores dos principais picos obtidos estão descritos na tabela 11.
Quando se compara o AK não complexado com a solução liofilizada pH 9 e
14 (figura 52) pode-se notar que a banda característica de OH próxima de 3200 cm
-1
diminui sensivelmente em pH 9 e em 14 ela volta a aumentar em intensidade e
também no intervalo de freqüências onde ela ocorre (alargamento). É possível que
no preparo da solução de pH 14 hidroxilas provenientes da base, e em excesso no
equilíbrio dado o alto valor de pH, tenham se incorporado à matriz no processo de
liofilização e também, que os compostos sejam mais higroscópicos. A banda
próxima de 3075 cm
-1
que poderia indicar ligação de hidrogênio intramolecular está
encoberta ou não existe. O estiramento da ligação =C-H em 3101 cm
-1
pode ser
observado em todos os espectros. Próximo a 1770 cm
-1
a banda de C=O em pH 9 e
14 não se caracterizam, enquanto a banda que pode ser de ligação C=C- ou C=C-
116
O- em 1700 cm
-1
parece estar sobreposta em pH 9 e mais intensa em 14, podendo
ser referente à estrutura de ressonância que desloca parte da carga dos oxigênios
para o anel. Em 1530 cm
-1
não é observado o pico no espectro do AK padrão, mas
essa banda aparece com grande intensidade nos espectros obtidos dos outros dois
pHs. As bandas referentes à flexão no plano de O-H, estiramento C-O, deformação
C-H e flexão no plano de C-O-H de enol em 1350 cm
-1
não aparecem em pH 9. O
estiramento C-C-C e flexão de C-C(=O)-C em 1284 cm
-1
permanece em pH 9 e se
desloca para 1300 cm
-1
em pH 14.
FIGURA 52 ESPECTROS DE ABSORÇÃO DO AK PADRÃO E A PARTIR DE SOLUÇÕES pH 9 E
14 NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
FONTE: O AUTOR (2009)
Na comparação entre os complexos AK:Al
3+
nos pH 1, 11 e 14 (figura 53)
nota-se que de 2000 a 4000 cm
-1
há características semelhantes entre os espectros,
com alargamento de banda próximo de 3200 cm
-1
provavelmente pelo mesmo fato
ocorrido com as soluções do analito puro e por serem, essas amostras, muito
higroscópicas.
117
FIGURA 53 ESPECTRO DE ABSORÇÃO DO COMPLEXO AK / ALUMÍNIO A PARTIR DE
SOLUÇÕES NOS pH 1, 11 E 14 NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
FONTE: O AUTOR (2009)
A comparação entre o AK não complexado com os complexos pode ser vista
na figura 54. De 2000 a 4000 cm
-1
não há grandes diferenças, apenas o alargamento
da banda próxima de 3200 cm
-1
em pH 11 e 14. Em 3075 a ligação de hidrogênio
intramolecular está presente em todos os espectros, exceção do pH 14, indicando
que possivelmente a hidroxila alcoólica pode estar pxima do oxigênio do anel,
justamente pela livre rotação do carbono sp
3
vizinho de livre rotação. Somente o
padrão apresenta banda de C=O próximo de 1750 cm
-1
, mas a de C=C e C=C-O-
próximo de 1700 cm
-1
está presente nos outros três valores. A ligação entre
alumínio e oxigênio setambém próximo a 1750 cm
-1
e a banda ou está encoberta
ou o está presente. Os espectros entre 1600-1700 cm
-1
são muito semelhantes,
região que caracteriza principalmente as ligações do tipo C=C- e C=C-CO-. Entre
1600-1650 cm
-1
o número de bandas pode ser igual ao número de conjugações
presentes na molécula e apenas no pH 14 parece existir apenas uma banda,
enquanto que nos outros pH e no padrão há 2 bandas. Bandas em 1610 cm
-1
podem
caracterizar ligação entre carbono e oxigênio com ressonância da carga entre os
oxigênios e essa banda está presente no padrão, no complexo pH 1 e 11, mas
parece não estar presente no pH 14. Entre 1500-1600 em geral se dá a ligação entre
118
o grupo fenil e um metal e nesse caso o padrão e o complexo pH 1 têm picos
intensos de absorção em 1583 cm
-1
e pH 11 e 14 parecem ter, mas sobrepostos
enquanto que o pH 14 ainda tem em 1530 cm
-1
e o pH 11 parece estar sobreposto e
o padrão e pH 1 não têm. O espectro de infravermelho obtido por BHATIA et al
(1988) tem uma banda intensa em 1655 cm
-1
, o qual é assinalado à ligação C=0. Na
complexação, esta freqüência é reduzida cerca de 50 cm
-1
, indicando que o grupo
carbonila é quelado . A ligação C=C é deslocada de 1580 para 1560 cm
-1
no
complexo devido a formação de ligações de coordenação com o íon metálico
(BHATIA; KAUSHIK; SODHI, 1988).
Aparentemente nenhum deles apresenta banda de C=O próximo de 1750
cm
1
, mas a de C=C e C=C-O- próximo de 1700 cm
-1
está presente nos três
valores. De acordo com o diagrama de especiação obtido com os dados da titulação
potenciométrica, os sólidos que potencialmente poderiam trazer mais informações
sobre o comportamento dos complexos no estado sólido, seriam entre pHs 6 e 10.
Porém, dificuldades operacionais não permitiram a realização dos ensaios até o
presente momento. Para maiores conclusões deste sistema por espectroscopia no
infravermelho, espectros desses complexos devem ser obtidos no futuro. Não foi
possível visualizar diferenças muito significativas e mais conclusivas no restante do
espectro pela intensidade e sobreposição de bandas nos pH 11 e 14 a não ser na
região de comprimentos de onda entre 1300 a 1420 cm
-1
. Nesta região, o espectro
do AK puro demonstra absorção referente às vibrações v(C-OH) e δ (OH) (se atribui
aos estiramentos simétricos do tipo tesoura e wagging), que desaparecem nos
complexos a pH 11 e AK hidrolisado pH 9. Esta modificação comprova que o
grupamento cabonil e o grupamento alfa-hidroxo estão ligados ao íon metálico
alumínio (MASOUD, 1989;FRANCO; MERCÊ, 2006)
119
FIGURA 54 ESPECTROS DE ABSORÇÃO DO AK PADRÃO EM COMPARAÇÃO COM O
COMPLEXO AK / ALUMÍNIO A PARTIR DE SOLUÇÕES NOS pH 1, 11 E 14 NA REGIÃO DO
INFRAVERMELHO
FONTE: O AUTOR (2009)
Os espectros em pH 14 do analito não complexado e do complexo (figura 55)
são exatamente iguais em toda a faixa entre 400-4000 cm
-1
. A este valor de pH, o
comportamento dos complexos é imprevisível com esse íon metálico.
Os picos mais significativos e suas respectivas atribuições mais prováveis
podem ser visualizados na tabela 13.
FIGURA 55 ESPECTRO DE ABSORÇÃO DO ÁCIDO KOJIKO pH 14 EM COMPARAÇÃO COM O
COMPLEXO AK / ALUMÍNIO pH 14 NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
FONTE: O AUTOR (2009)
120
TABELA 13 PICOS MAIS SIGNIFICATIVOS E ATRIBUIÇÕES MAIS PROVÁVEIS NO ESPECTRO
DE INFRAVERMELHO DA VARIAÇÃO DE PH DO AK PURO E DO COMPLEXO AK/ALUMÍNIO
Ácido kójico
Ácido kójico 1 : 1 Alumínio
Atribuição
pH
Padrão
9*
14*
1*
11*
14*
3273, F
3420, m
1290, F
3400, F,L
3180, F,L
3075
3295, F,L
3076
3400, F,L
O-H (CH
2
OH)
3175. F
-
3400, F,L
O-H fenol
-
-
-
-
-
OH (H-ligado)
1660, F
1685, f
1630, F
1710, F
1670, F
1630, F
1701, m
1658, F
1629, F
1699, m
1635, F
1703, F
1668, F
1635, F
C=0 str.
1630, F
1615, F
1583, F
865, F
1579, F
1585, F
1581, F
865, F
1585, F
1552, F
879, F
1585, F
1531, F
885, F
860, F
C=C
C=C
C=C
C=C
F: forte ; m: médio; f: fraco; L: largo
*em solução aquosa e, posteriormente, liofilizado
FONTE: O AUTOR (2009)
O espectro do AK não complexado em pH 9 parece não ter pico que
caracterize o estiramento da ligação C=C, o que poderia sugerir que neste pH o
caráter de dupla está enfraquecido. Em 1290 cm
-1
tem a banda de O-H de álcool
primário, mas a de fenol entre 1310-1410 cm
-1
não está bem caracterizado, da
mesma forma entre 3250-3500 cm
-1
. Em 1579 cm
-1
o pico pode corresponder à
ligação C=C-CO-.
Em 1965, MURAKAMI e MERA, publicaram alguns estudos por infravermelho
do AK puro e quelado com os metais cobre (II), zinco (II), níquel (II) e cobalto (II).
Pelos picos de absorção desses quelatos observa-se que eles são praticamente
idênticos, com uma leve diferença para o cobre em relação aos outros três como
pode ser observado na tabela 14.
Tabela 14 PICOS SIGNIFICANTES NO ESPECTRO NO INFRAVERMELHO DE ALGUNS
QUELATOS DE AK
Kojic acid
Cu (II) kojate
Zn (II)-kojate
Ni (II)-kojate
Co (II)-kojate
Atribuição
3290 m
3175 m, b
3090 m
3085 m
3085 m
3090 m
O-H (CH
2
OH)
3215 m,b
O-H fenol
2680 w
2760 w
2610 w, b
2440 w
2755 w
2590 w, b
2440 w
2760 w
2590 w, b
2450 w
OH (H-ligado)
1710 w
1668 s
1635 s
1634 s
1634 s
1635 s
C=0
1640 s
1621 s
1591 s
865 s
1580 s
1535 s
895 m
876 w
867 m
1572 s
1540 s
905 m
1570 s
1540 s
905 m
1570 s
1550 s
905 m
C=C
s: forte ; m: medio; w: fraco; b:largo
FONTE: MURAKAMI; MERA, 1965
121
O comportamento espectral quase idêntico entre os quelatos de zinco, níquel
e cobalto sugerem que eles possuem ligações de coordenação de características
praticamente idênticas (MURAKAMI; MERA, 1965).
De acordo com os dados, o mesmo autor propõe estruturas de ressonância
para o AK puro (figura 56) e de coordenação com metais (figura 57). Os
deslocamentos de C=O e C=C para freqüências mais baixas parecem indicar que a
contribuição das estruturas de ressonância de II a IV, no qual o átomo de hidrogênio
é substituído por um íon metálico, se tornam maiores com a formação das ligações
de coordenação com o metal (MURAKAMI; MERA, 1965). Essas estruturas
propostas na literatura são coerentes com os dados espectrais obtidos neste
trabalho, tanto por titulação potenciométrica como por espectroscopia no
infravermelho.
FIGURA 56 POSSÍVEIS ESTRUTURAS DE RESSONÂNCIA DO AK
FONTE: MURAKAMI; MERA, 1965
FIGURA 57 POSSÍVEL ESTRUTURA DE RESSONÂNCIA DO AK COMPLEXADO
FONTE: MURAKAMI; MERA, 1965
122
5.4. 2 Ressonância magnética nuclear
Sob condições apropriadas uma amostra pode absorver radiação
eletromagnética na região de radiofreqüência em uma freqüência governada pelas
características estruturais da amostra. A absorção é função de determinados
núcleos da molécula (SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL, 1979).
Para confirmar as coordenações e quais grupos químicos da molécula do AK
estariam envolvidos na complexação com o alumínio foram feitos ensaios de
ressonância magnética nuclear de
13
C.
O primeiro experimento foi realizado com solução concentrada de AK puro
(7,5 mg/ mL) em meio aquoso, com pH iguais a 4, 7, 9 e 11 como pode ser
visualizado pela figura 58, exceto pH 9.
FIGURA 58 ESPECTROS DE RMN E DADOS OBTIDOS EM pH 4, 7 E 11 DO ÁCIDO KÓJICO
NÃO COMPLEXADO
FONTE: O AUTOR (2009)
Os carbonos numerados como 3, 6 e 7 não sofreram deslocamento químico
significativo, somente os carbonos 2, 4 e 5 como estão representados nas tabelas
15 e 16.
123
TABELA 15 VALORES DOS DESLOCAMENTOS QUÍMICOS DOS CARBONOS DO ÁCIDO
KÓJICO NÃO COMPLEXADO EM DIVERSOS pH
δ (ppm) (RMN
13
C) AK puro
pH
C2
C3
C4
C5
C6
C7
4
168,2
110,3
176,4
144,4
141,8
59,6
7
167,8
110,4
177,5
146,1
142,0
60,0
9
165,3
110,0
181,2
152,0
142,2
60,2
11
164,9
109,8
182,0
153,6
142,2
60,2
14
166,0
109,2
181,6
153,0
141,9
60,2
Δ δ
-2,2
-0,5
+5,2
+8,6
+0,1
+0,6
FONTE: O AUTOR (2009)
TABELA 16 COMPARAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS QUÍMICOS DOS CARBONOS DO AK PELA
VARIAÇÃO DE pH
δ (ppm) (RMN
13
C) AK puro
pH
C2
C3
C4
C5
C6
C7
4
168,2
110,3
176,4
144,4
141,8
59,6
Δ δ 7
-0,4
-0,1
+1,1
+1,7
+0,2
+0,4
Δ δ 9
-2,9
-0,3
+4,8
+7,6
+0,4
+0,6
Δ δ 11
-3,3
-0,5
+5,6
+9,2
+0,4
+0,6
Δ δ 14
-2,2
-0,5
+5,2
+8,6
+0,1
+0,6
Δ δ
-2,2
-0,5
+5,2
+8,6
+0,1
+0,6
FONTE: O AUTOR (2009)
O carbono 2 sofreu um deslocamento químico para campo mais alto com um
Δ δ de -2,2, ou seja, com a variação de pH ele se protegeu mais. Isso se deve ao
fato de que provavelmente ele recebeu elétrons doados pelo grupo alquil ligado
diretamente a ele. Os carbonos 4 e 5 sofreram um deslocamento químico mais
intenso, principalmente o 5 que estava ligado diretamente á hidroxila enólica. Nota-
se que os deslocamentos nesses carbonos são crescentes e proporcionais, exceto
quando se considera o pH 14, com uma variação mais significativa na transição de
pH 7 para 9 que é a faixa em que se encontra o pKa do analito. O carbono 3
provavelmente sofreu dois β-shift, um de cada lado e por isso ficou praticamente
sem nenhum deslocamento evidente. A partir dos dados de RMN foi possível criar
uma hipótese de como estaria a molécula em pH ácido (figura 59 - A) e alcalino
(figura 57- B).
(A) (B)
FIGURA 59 ESTRUTURAS HIPOTÉTICAS DA RESSONÂNCIA DO AK NA FORMA ÁCIDA (A) E
BÁSICA (B)
FONTE: O AUTOR (2010)
124
Da mesma forma foram realizados ensaios com a proporção AK 1:1 Al
3+
, mas
apenas na faixa ácida (pH 2 e 4), uma vez que o alumínio precipita em pH básico,
como está representada através da tabela 17.
TABELA 17 - VALORES DOS DESLOCAMENTOS QUÍMICOS DOS CARBONOS DO ÁCIDO
KÓJICO COMPLEXADO COM ALUMÍNIO EM pH 2 e4
δ (ppm) (RMN
13
C) AK 1:1 Al
3+
pH
C2
C3
C4
C5
C6
C7
2
168,0
171.2
110,2
105.8
176,1
177.9
143,9
149.3
141,6
142.0
59,5
60.0
4
171.3
105.9
178.1
149.4
141.8
60.0
Δ δ
-0.1
-0.1
-0.2
-0.1
+0.2
0
FONTE: O AUTOR (2009)
Observa-se que em pH 2 o analito não está totalmente na forma complexada
por apresentar dois grupos de valores significativos de deslocamentos para cada
carbono, sendo que um deles é praticamente coincidente ao valor obtido do AK
puro. Considerando apenas a variação do deslocamento químico dos complexos
não houve diferença significativa.
Quando se compara em um mesmo pH os deslocamentos químicos obtidos
do AK puro com a proporção AK 1:1 Al
3+
percebe-se que uma variação no
deslocamento mais evidentes nos carbonos 2, 3, 4 e 5 como está representada na
tabela 18.
TABELA 18 - COMPARAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS QUÍMICOS DOS CARBONOS DO AK
PURO E COMPLEXADO COM ALUMÍNIO EM pH 4
δ (ppm) (RMN
13
C) pH 4.0
C2
C3
C4
C5
C6
C7
AK puro
168.2
110.3
176.4
144.4
141.8
59.6
AK + Al
171.3
105.9
178.1
149.4
141.8
60.0
Δ δ
+3.1
-4.4
+1.7
+5.0
0
+0.4
FONTE: O AUTOR (2009)
O carbono 3 sofre um deslocamento para campo mais alto, protegendo-se
mais e isso pode ser devido ao fato de que houve um aumento do trânsito eletrônico.
Os carbonos 2, 4 e 5 sofreram deslocamento para campo mais baixo, e
desblindando mais. Para o carbono 2 pode ser que como ele tinha uma dupla
ligação e agora há uma divisão de carga a proteção eletrônica é menor. O carbono 4
sofreu o menor deslocamento dos três, mas deve ser porque deslocamento químico
de cetona é alto e por isso não sofreria uma alta variação. O carbono 5 teve o
maior deslocamento, para campo mais baixo, desblindando-se, pois está ligado
125
diretamente ao oxigênio que fez a ligação com o metal e este por sua vez atrai mais
os elétrons para si, também fazendo com que houvesse menor carga eletrônica para
protegê-lo. Na figura 60 representa-se uma hipótese de uma das possíveis espécies
complexadas de AK com alumínio em pH 4 na proporção AK 1:1 Al
3+
.
FIGURA 60 ESTRUTURAS HIPOTÉTICAS DE UMA DAS REPRESENTAÇÕES DO AK
COMPLEXADO EM pH 4
FONTE: O AUTOR (2009)
Na especiação por ionização por eletrospray com íon trap e transformada de
Fourrier evidencia-se que o AK forma complexo com todos os metais 3
+
(exceto As
3+
em que o sinal é provavelmente muito baixo). O complexo envolve um metal (M
3+
),
dois íons de AK desprotonados (AK
-
) e uma molécula de AK (HKA) (STENSON;
CIOFFI, 2007).
Em um estudo realizado por KINGSBURY et al (1975) de ressonância
magnética nuclear para o AK e alguns derivados foram obtidos valores de
deslocamentos químicos muito próximos aos encontrados no presente trabalho
como pode ser visualizado na figura 61 e na tabela 19.
FIGURA 61 ESTRUTURA QUÍMICA DO AK com OS ASSINALAMENTOS POR RMN
13
C EM
Me
2
SO-d
6
FONTE: KINGSBURY et al (1975)
126
TABELA 19 COMPARAÇÃO DOS DADOS DE ASSINALAMENTOS DOS CARBONOS DO AK POR
RMN
13
C - DADOS DA LITERATURA COM OS OBTIDOS NO PRESENTE TRABALHO
δ (ppm) (RMN
13
C) AK puro
C2
C3
C4
C5
C6
C7
KINGSBURY et al
(1975) (AK 17,0 mg/mL)
167,8
109,6
173,5
145,4
139,0
59,3
Presente Trabalho
(AK 7,5 mg/ mL)
168,2
110,3
176,4
144,4
141,8
59,6
FONTE: O AUTOR (2009)
Os valores são muito parecidos, entretanto os solventes utilizados foram
diferentes e talvez esse seja o motivo pelo qual os deslocamentos não são
exatamente iguais. O solvente utilizado neste trabalho foi água e água deuterada
10%, enquanto que o utilizado por KINGSBURY et al (1975) foi Me
2
SO-d
6
.
De acordo com JAIN; KAUSHIK (1997) pelos experimentos de ressonância
magnética nuclear de hidrogênio do AK pode-se verificar que na complexação o pico
correspondente à hidroxila fenólica desaparece e que o deslocamento para campo
mais baixo de dois hidrogênios são atribuídos ao envolvimento da carbonila do
carbono 4 e do grupo fenólico do carbono 5.
Todos os dados experimentais do presente trabalho confirmam que o AK
coordena o íon metálico alumínio, e que provavelmente essa complexação se
preferencialmente através o átomo de oxigênio do grupo OH fenólico e a carbonila
do C-4, formando uma estrutura de um quelato com anel de 5 membros em valores
de pH entre 6 e 10, preferencialmente.
127
Conclusão
128
6. CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho foram obtidas as
seguintes conclusões:
- O método por UV desenvolvido, com base nas propriedades de
complexação do AK com cátions metálicos mostrou-se adequado para a
quantificação do AK na matéria-prima e nos cremes, mesmo quando em associação
com hidroquinona e na presença de conservantes.
- A reação de complexação AK-Al apresenta uma certa seletividade em
relação à ligação, e também permitiu tornar o método espectrofotométrico mais
seletivo, deslocando a banda de absorção xima do AK puro de 269 nm para
305 nm quando complexado.
- A vantagem da utilização do metanol como solvente é o fato de permitir um
deslocamento da banda de absorção do complexo para comprimento de onda maior
(305 nm) do que aquele quando se utilizou água (298 nm). E também no caso do
produto contendo conservantes este facilita a eliminação do nipagin, pois o mesmo
fica insolúvel nesse meio, podendo ser facilmente separado por filtração.
- O pH é uma propriedade que deve ser levado em consideração nas
condições de execução do método, e não deve ser maior que 3, pois em valores
superiores ocorre turvação.
- O método desenvolvido atendeu os limites estabelecidos para os parâmetros
de validação linearidade (r> 0,999 na faixa de 5-50 μg/mL), exatidão (recuperação
próxima de 100%), precisão (DPR de 0,402%, 1,284 e 1,192 para 10, 15 e 20 μg/mL
na repetitividade; DPR de 2,171, 0,976 e 0,439 10, 15 e 20 μg/mL na precisão
intermediária) e robustez (pH, tempo de leitura e temperatura) conforme normas
nacionais e internacionais;
- Por este método, uma vez desenvolvido e validado, obteve-se respostas
satisfatórias nas análises de quantificação do AK em produtos feitos à base de
creme não iônico e creme lanette, mostrando-se apto para ser usado na rotina
laboratorial para este tipo de análise.
- As principais vantagens do método, em relação aos métodos descritos na
literatura, é ser de baixo custo, requerer reagentes e equipamentos acessíveis e
simples, é de fácil execução e rápido.
129
- A comparação de espectros no IV do AK puro e do complexo AK-íon
metálico, em diferentes valores de pH, foi um recurso que permitiu correlacionar as
modificações na absorção do grupamento enólico e carbonílico complexados.
- Pela análise dos espectros de RMN
13
C, através dos deslocamentos
químicos de, principalmente C-5, pode-se inferir que a complexação sugerida pelos
dados da titulação potenciométrica e da espectroscopia no infravermelho, estão de
acordo com os deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN obtidos.
- Pelos dados de especiação por titulação potenciométrica verificou-se que o
ácido kójico complexa o íon alumínio de diferentes maneiras: dependendo da
proporção molar em que eles se encontram e da faixa de pH, os complexos obtidos
são bem diversos. Dois modelos se ajustaram perfeitamente, ou seja, a curva
experimental coincidiu igualmente com a curva da simulação matemática: o primeiro
com o ácido kójico perdendo um próton da hidroxila do C-5. No segundo modelo
matemático, o AK ainda poderia perder um segundo próton, do OH alcoólico do C-7.
Esse modelo matemático mostrou-se incoerente com os fatos e hipóteses químicas,
tendo sido descartado após análise dos resultados das técnicas analíticas
empregadas e de resultados publicados na literatura.
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