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Alessandro Lucas da Silva
Desenvolvimento de um modelo de análise e projeto de layout industrial, em
ambientes de alta variedade de peças, orientado para a Produção Enxuta
Tese apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos
da Universidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Doutor em
Engenharia de Produção.
Área de Concentração: Gestão de Operações
Orientador: Prof. Associado Antonio Freitas Rentes
São Carlos
2009
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Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais e meu
irmão pelo apoio concedido em todos os
momentos
Agradecimentos
Agradeço ao professor e amigo Antonio Freitas Rentes pela orientação e apoio neste trabalho.
Agradeço à FAPESP pelo apoio financeiro concedido para o desenvolvimento desta pesquisa.
Agradeço ao professor Antonio Basto pelo apoio durante minha permanência na Universidade
do Porto.
Agradeço aos amigos do laboratório pelos bons momentos de trabalho juntos.
Agradeço ao amigo Edwin por toda ajuda prestada durante a realização desse trabalho.
Agradeço ao Daniel e Ava por me receberem em sua casa nos momentos de finalização desse
trabalho.
RESUMO
Silva, A.L. (2009), Desenvolvimento de um modelo de análise e projeto de layout industrial
orientado para a Produção Enxuta. 2009, 243p. Tese (Doutorado) Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.
Este trabalho busca apresentar um modelo de análise e projeto de layout industrial para
empresas que estão implantando ou implantaram os conceitos da Produção Enxuta. O
modelo desenvolvido foca empresas de manufatura discreta em ambientes com uma alta
variedade de produtos. O desenvolvimento do modelo foi elaborado com base na literatura
técnica e na experiência prática em projetos de layouts desenvolvidos em diversas empresas.
O objetivo principal desse trabalho foi desenvolver um modelo de fácil utilização que auxilie
as pessoas envolvidas no projeto do arranjo físico. Esse modelo concebido utiliza ferramentas
e conceitos da Produção Enxuta para analisar e projetar o novo layout, e como tal, não
considera o layout como uma variável independente no sistema produtivo. Fatores como
gestão visual, qualidade, fluxo contínuo, complexidade de programação da produção, entre
outros, foram levados em consideração na construção do modelo. Este também incorpora uma
metodologia de implantação do arranjo físico projetado em situações brown field, ou seja,
com a fábrica em funcionamento. Esse ponto é de extrema importância pois alterações do
layout podem incorrer em interrupções no fluxo produtivo e, conseqüentemente, em falhas na
entrega dos produtos aos clientes. Por último, esse trabalho apresenta a metodologia 3P
Kaizen, uma metodologia de projeto de layout industrial desenvolvida pela Toyota e utilizada
em situações de projeto de novas fábricas ou de novas linhas de produção.
Palavras-chave: Layout, Produção Enxuta, Evento Kaizen.
ABSTRACT
Silva, A.L. (2009), Development of a model to analyze and design lean manufacturing
oriented industrial layout. 2009, 243p. Thesis (Phd) Engineering School of São Carlos,
University of São Paulo, São Carlos, 2009.
This work aims to show a model to analyze and design an industrial layout for companies that
are implementing or have implemented lean manufacturing concepts. The model developed
has a focus in discrete manufacturing companies in environments of high variety of products.
The development of the model was based on the experience of layouts projects developed in
many companies. The main aim of this work is to create an easy model of application that
help people that are involved in the design of the facilities resources. This model utilizes tools
and concepts of lean manufacturing to analyze and design a new layout, without considering
the layout as an independent variable of production system. Aspects like visual management,
quality, continuous flow, etc., were considered in the construction of the model. The layout
design model presents also a methodology to implement a new layout projected in brown field
situations, where the factory activities do not need to stop its activities. This point is very
important because changing in the position of facilities resources can cause interruption in the
flow of products. At last, this work shows the 3P Kaizen, a Japanese methodology, developed
by Toyota, to design a layout of a new factory or a new production line.
Keywords: Layout, Lean Manufacturing, Kaizen Event.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................................. 16
Figura 1 Modelo de pesquisa .................................................................................................................................... 21
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................................................. 24
Figura 2 Sistema de Produção Enxuta (Lean Institute, 2003).................................................................................... 27
Figura 3 Tempo das atividades que agregam e não agregam valor ao produto ...................................................... 31
Figura 4 Desperdício de Superprodução ................................................................................................................... 32
Figura 5 Transporte excessivo ao longo da fábrica ................................................................................................... 33
Figura 6 Desperdício de estoques ............................................................................................................................. 34
CAPÍTULO 3 ................................................................................................................................................. 36
Figura 7 Lista cronológica dos softwares de projeto de layout ................................................................................. 37
Figura 8 Exemplo de layout funcional ....................................................................................................................... 43
Figura 9 Layout funcional de uma empresa de estruturas metálicas ....................................................................... 44
Figura 10 Layout por produto (em linha) .................................................................................................................. 46
Figura 11 Variações do layout em linha .................................................................................................................... 47
Figura 12 Variações do layout celular ....................................................................................................................... 52
Figura 13 Matriz de treinamento .............................................................................................................................. 53
Figura 14 Layout modular: Módulo célula ................................................................................................................ 54
Figura 15 Layout Modular: Módulo centro de usinagem .......................................................................................... 55
Figura 16 Layout Modular: Módulo fluxo em linha ................................................................................................... 55
Figura 17 Layout Modular: Módulo fluxo em linha ramificado ................................................................................ 55
Figura 18 Layout modular: Módulo Funcional .......................................................................................................... 56
Figura 19 Exemplo de célula e mini-fábrica de produção ......................................................................................... 57
Figura 20 Exemplo de aplicação do conceito de mini-fábricas de produção ............................................................. 58
Figura 21 Exemplo esquemático de layout fractal .................................................................................................... 59
Figura 22 Exemplo de um layout reconfigurável. ...................................................................................................... 63
Figura 23 Exemplo de aplicação do sistema RMS ..................................................................................................... 64
Figura 24 Exemplo de configurações de layout para produtos diferentes ................................................................ 66
CAPÍTULO 4 ............................................................................................................................................................ 74
Figura 25 Reestruturação do layout ......................................................................................................................... 75
Figura 26 Etapas de mudança necessárias para realocar os departamentos ........................................................... 75
Figura 27 Etapas do evento kaizen ........................................................................................................................... 78
CAPÍTULO 5 ............................................................................................................................................................ 80
Figura 28 Modelo SLP (Muther, 1973) ...................................................................................................................... 81
Figura 29 Diagrama de relacionamento ................................................................................................................... 81
Figura 30 Diagrama de relacionamento e espaço .................................................................................................... 83
Figura 31 Modelo simplificado de projeto de células ................................................................................................ 84
Figura 32 Janela principal do sistema ....................................................................................................................... 85
Figura 33 Principais interações do sistema de apoio ao desenho de implantações fabris. ....................................... 87
Figura 34 Modelo de Gonçalves Filho (Gonçalves Filho, 2005). ................................................................................ 88
Figura 35 Modelo de projeto da estação de trabalho ............................................................................................... 91
Figura 36 : Seven ways para cada processo .............................................................................................................. 93
Figura 37 Checklist de avaliação ............................................................................................................................... 95
Figura 38 Ferramenta Process at a glance ................................................................................................................ 96
CAPÍTULO 6 .......................................................................................................................................................... 100
Figura 39 Macro etapas do modelo proposto de projeto de layout ........................................................................ 101
Figura 40 a Algoritmo da primeira etapa do modelo de análise e projeto de layout.............................................. 103
Figura 40b Algoritmo da segunda etapa do modelo .............................................................................................. 104
Figura 40 c Algoritmo da terceira etapa do modelo de análise e projeto de layout ............................................... 105
Figura 41 Exemplo de Diagrama de Espaguete ...................................................................................................... 108
Figura 42 Exemplo didático de um Mapa do Fluxo de Valor ................................................................................... 109
Figura 43 Mapa do fluxo de valor de uma indústria de reforma de peças automotivas com os loops de
implantação ............................................................................................................................................................ 111
Figura 44 Exemplo de células separadas por supermercado e pulmão de peças ................................................. 114
CAPÍTULO 7 .......................................................................................................................................................... 120
Figura 45 fotos de alguns dos produtos .................................................................................................................. 120
Figura 46 layout da unidade fabril em Diadema ..................................................................................................... 126
Figura 47 Diagrama de espaguete do fluxo interno e da movimentação entre fábricas ......................................... 128
Figura 48 MFV macro da situação atual (inicial) ..................................................................................................... 130
Figura 49 Mapa do estado futuro (Diadema) .......................................................................................................... 133
Figura 50 Loops de implantaçãoidentificados no MFV futuro ................................................................................. 135
Figura 51 tempos de ciclos comparado com o tempo takt. ..................................................................................... 137
Figura 52 tempos de ciclos balanceados comparado com o tempo takt. ................................................................ 139
Figura 53 Espaço necessário para os produtos acabados ....................................................................................... 139
Figura 54 Layout do loop em análise ....................................................................................................................... 140
Figura 55 layout detalhado da célula de fabricação da família A ........................................................................... 141
Figura 56 Método de cálculo do TPT ....................................................................................................................... 143
Figura 57 Dimensões do supermercado de peças .................................................................................................... 145
Figura 58 Layout do módulo do loop ....................................................................................................................... 146
Figura 59 Layout apenas com os elementos restritivos ........................................................................................... 148
Figura 60 Alternativa de layout formulada ............................................................................................................. 149
Figura 61 Alternativa de layout formulada ............................................................................................................. 150
Figura 62 Alternativa de layout selecionada ........................................................................................................... 151
A figura 63 apresenta o diagrama de espaguete para a alternativa de layout projetada ....................................... 152
Figura 64 Alternativa de layout selecionada ........................................................................................................... 154
Figura 65 Descrição das atividades do evento kaizen ............................................................................................. 156
Figura 66 Fotos do evento kaizen ............................................................................................................................ 157
Figura 67 Medidas de desempenho para as células ................................................................................................ 158
Figura 68 Fotos antes e depois da mudança de layout ........................................................................................... 160
CAPÍTULO 8 .......................................................................................................................................................... 163
Figura 69 Exemplo de turbinas fabricadas na empresa........................................................................................... 163
Figura 70 layout anterior do chão-de-fábrica ......................................................................................................... 170
Figura 71 Diagrama de Espaguete da família de Diafragama ................................................................................ 172
Figura 72 Mapa do fluxo de valor da situação inicial para trubinas pequenas ....................................................... 174
Figura 73 Mapa do fluxo de valor da situação futura de turbinas pequenas .......................................................... 177
Figura 74 MFV futuro com os loops de implantação em destaque ......................................................................... 179
Figura 75 gráfico comparativo entre os tempos de processo e o takt antes do balanceamento das operações .... 182
Figura 76 gráfico comparativo entre os tempos de processo e o takt.após o balanceamento das operações........ 183
Figura 77 tamanho do supermercado de mancais .................................................................................................. 184
Figura 78 tamanho do supermercado de buchas .................................................................................................... 184
Figura 79 tamanho do supermercado de anéis ....................................................................................................... 185
Figura 80 Pontos de pulmão e supermercado ......................................................................................................... 185
Figura 81 Prateleira para armazenamento de peças .............................................................................................. 186
Figura 82 Layout inicial em detalhes do setor de mancais ...................................................................................... 187
Figura 83 Layout projetado para a família de mancais ........................................................................................... 188
Figura 84 Elementos restritivos identificados .......................................................................................................... 189
Figura 85 Mini-fábrica de usinagem ........................................................................................................................ 190
Figura 86 Distribuição dos building blocks .............................................................................................................. 192
Figura 87 Diagrama de Espaguete entre os building blocks .................................................................................... 194
Figura 88 Layout final projetado ............................................................................................................................. 198
Figura 89 Planejamento das ações kaizens a serem realizadas .............................................................................. 200
Figura 90 Fotos do evento kaizen de mancais ........................................................................................................ 201
Figura 91 Check-list de acompanhamento das mudanças realizadas ..................................................................... 202
Figura 92 Evolução dos estoques de mancais ......................................................................................................... 204
APÊNDICE 1.......................................................................................................................................................... 224
Figura 95 Diagrama de Espaguete Situação Inicial Família A (Estudo de Caso 1) ................................................... 225
Figura 96 Diagrama de Espaguete Situação Inicial Família B (Estudo de Caso 1) ................................................... 226
Figura 97 Diagrama de Espaguete Situação Inicial Família C (Estudo de Caso 1) ................................................... 227
Figura 98 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Diafragma e Injetores (Estudo de Caso 2)................. 228
Figura 99 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Diafragma (IMPLANTADO) (Estudo de Caso 2)... 229
Figura 100 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Carcaças (Estudo de Caso 2) ................................... 230
Figura 101 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Carcaças (Estudo de Caso 2) ............................. 231
Figura 102 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Eixo Simples (Estudo de Caso 2) .............................. 232
Figura 103 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Eixo Simples (IMPLANTADO) (Estudo de Caso 2)
................................................................................................................................................................................ 233
Figura 105 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Eixo Integrado (Estudo de Caso 2) ................... 235
Figura 106 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Palhetas (Estudo de Caso 2) ................................... 236
Figura 107 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Palhetas(IMPLANTADO) (Estudo de Caso 2) .... 237
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................................................... 35
Tabela 1 Resultados da implantação de células de manufatura ............................................................................ 48
Tabela 2 Análise comparativa entre tipos diferentes de layout para sete estudos de casos .................................... 59
Tabela 3 Análise dos diferentes modelos de layouts sob a ótica da Produção Enxuta ............................................. 71
CAPÍTULO 6 ............................................................................................................................................................... 99
Tabela 4 Exemplo de movimentações em um layout .............................................................................................. 109
Tabela 5 Elementos restritivos ............................................................................................................................. 112
Tabela 6 Cálculo do TPT ........................................................................................................................................... 114
CAPÍTULO 7 ............................................................................................................................................................. 119
Tabela 7 Relação dos produtos fabricados .............................................................................................................. 120
Tabela 8 Análise ABC para os produtos fabricados ................................................................................................. 121
Tabela 9 Lista de componentes dos produtos da Família A .................................................................................... 123
Tabela 10 Distâncias percorridas pelos materiais e pessoas ................................................................................... 130
Tabela 11 Cálculo do TPT ......................................................................................................................................... 142
Tabela 12 Capacidade de máquina x tempo necessário .......................................................................................... 143
Tabela 13 Movimentação de materiais e pessoas ................................................................................................... 152
Tabela 14 Equipe do kaizen ..................................................................................................................................... 156
CAPÍTULO 8 ............................................................................................................................................................. 162
Tabela 15 Demanda de turbinas pequenas ............................................................................................................. 164
Tabela 16 Demanda de turbinas médias ................................................................................................................. 164
Tabela 17 Demanda de turbinas grandes ................................................................................................................ 165
Tabela 18 Movimentação de peças ......................................................................................................................... 174
Tabela 19 Comparativo entre o takt time e os tempos de operação ...................................................................... 180
Tabela 20 Comparativo entre as distâncias percorridas pelas famílias no layout inicial e no layout proposto. ..... 194
Tabela 21 Medidas de desempenho ....................................................................................................................... 202
Capítulo 9 ................................................................................................................................................................ 207
Tabela 22 resultados alcançados nas empresas ...................................................................................................... 209
Lista de Abreviaturas e Siglas
WIP: work in process
TPT: toda parte toda (every part every)
NRC: National Research Council
MFV: Mapa do Fluxo de Valor
SLP: Systematic Layout Planning
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................................. 16
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 16
1.1 Caracterização do tema de pesquisa ..................................................................................................... 16
1.2 Justificativa ............................................................................................................................................ 17
1.3 Oportunidade de Pesquisa ..................................................................................................................... 18
1.4 Objetivo .................................................................................................................................................. 19
1.5 Escopo da pesquisa ................................................................................................................................ 20
1.6 Metodologia ........................................................................................................................................... 20
1.7 Organização da tese .............................................................................................................................. 22
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................................................. 24
2. O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO .............................................................................................................. 24
2.1 Definição de Sistema de Produção Enxuta ............................................................................................. 25
2.2 Os princípios da Produção Enxuta e os desperdícios de um sistema tradicional de produção. ............. 29
CAPÍTULO 3 ................................................................................................................................................. 36
3. LAYOUT ......................................................................................................................................................... 36
3.1 Um breve histórico sobre os modelos de planejamento do layout ........................................................ 37
3.2 A importância do layout para as empresas ........................................................................................... 38
3.3 Porque planejar o layout? ...................................................................................................................... 41
3.4 Modelos tradicionais de layouts ............................................................................................................ 42
3.5 Os novos conceitos de layout ................................................................................................................. 54
3.6 Análise dos modelos de layout sob a ótica da Produção Enxuta ........................................................... 67
CAPÍTULO 4 ................................................................................................................................................. 74
4. O EVENTO KAIZEN .............................................................................................................................................. 74
4.1 Implantando o layout com a fábrica em funcionamento ....................................................................... 74
4.2 Kaizen e o Evento Kaizen ........................................................................................................................ 76
CAPÍTULO 5 ................................................................................................................................................. 80
5. MODELOS DE CONSTRUÇÃO DE LAYOUT. ................................................................................................................ 80
5.1 Modelos de projeto de layout ................................................................................................................ 80
5.2 Análise dos modelos de projeto de layout ............................................................................................. 96
CAPÍTULO 6 ............................................................................................................................................... 100
6. O MODELO PROPOSTO DE PROJETO DE LAYOUT. ..................................................................................................... 100
6.1 Modelo de Análise, Projeto e Implantação de Layout ......................................................................... 100
6.2. Primeira Etapa: Levantamento da Situação Atual .............................................................................. 105
6.3. Segunda etapa: Projeto da Situação Futura (Projeto do novo layout) ................................................ 110
6.4. Terceira etapa: Implantação e Acompanhamento ............................................................................. 118
CAPÍTULO 7 ............................................................................................................................................... 120
7. ESTUDO DE CASO: EMPRESA DE COMPONENTES SOLDADOS. .................................................................................... 120
A seguir, será apresentado o primeiro estudo de caso, onde foi aplicado o modelo proposto de projeto de
layout. ........................................................................................................................................................ 120
7.1 Apresentação da empresa. ................................................................................................................... 120
7.2 Primeira Etapa Levantamento da Situação Atual ............................................................................. 121
7.3 Segunda Etapa Projeto da Situação Futura ....................................................................................... 132
7.4 Terceira Etapa Implantação e Acompanhamento ............................................................................. 155
7.5 Análise Geral. ....................................................................................................................................... 160
CAPÍTULO 8 ............................................................................................................................................... 163
8. ESTUDO DE CASO: EMPRESA DE TURBINAS DE ENERGIA ........................................................................................... 163
Esse capítulo refere-se ao segundo estudo de caso, onde foi aplicado o modelo propostos de projeto de
layout. ........................................................................................................................................................ 163
8.1 Apresentação da empresa .................................................................................................................... 163
8.2 Primeira Etapa Levantamento da Situação Atual ............................................................................. 164
CAPÍTULO 9 ............................................................................................................................................... 205
9. CONCLUSÃO .................................................................................................................................................... 205
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 215
APÊNDICE 1 ............................................................................................................................................... 224
Capítulo 1: Introdução
15
Capítulo 1: Introdução
16
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
O arranjo físico das instalações industriais tem grande impacto no desempenho da
empresa. Desde a localização das unidades de negócio à organização do micro-espaço do
posto de trabalho do operador, o projeto do layout deve ser conduzido de forma eficiente e
eficaz. Isso porque os efeitos de um arranjo físico bom ou ruim irão ser percebidos pela
organização nos resultados do seu negócio.
Tendo por base a importância do arranjo físico para as empresas, este trabalho aborda
a questão do layout buscando contribuir com a pesquisa nesta área.
1.1 Caracterização do tema de pesquisa
A revolução que o sistema de produção desenvolvido na Toyota trouxe ao mundo
empresarial foi um marco na história da fabricação moderna. Os conceitos de redução de
estoques, produção just in time, paradas de linhas para eliminação de desperdícios, entre
inúmeros outros, revolucionaram a forma de se pensar a produção. Os resultados das
pesquisas apresentados no livro “A Máquina que Mudou o Mundo”, mostrou pela primeira
vez ao mundo empresarial que um novo conceito de produção havia surgido e superava em
muitos aspectos os tradicionais princípios da produção em massa.
Esse sistema de produção desenvolvido na Toyota e posteriormente denominado de
Produção Enxuta pode ser definido como um novo paradigma de produção, como uma nova
forma de pensar a empresa como um todo. Esta nova Filosofia de produção engloba um
conjunto de técnicas e conceitos, como Fluxo Contínuo, Sistema Kanban, Layout Celular,
Fornecimento Just in Time, etc. Dentro desse universo de ferramentas e conceitos Rother e
Harris (2002) destacam que o Fluxo Contínuo é o objetivo principal da Produção Enxuta.
Corrêa e Corrêa (2004) destacam que com a implantação de um fluxo contínuo de
produção ocorre uma redução de estoques e também uma diminuição do tamanho dos lotes de
fabricação e transferência. Mas, para se conseguir implantar um fluxo contínuo é necessário,
Capítulo 1: Introdução
17
entre outros aspectos, reorganizar os recursos disponíveis na fábrica, ou seja, re-projetar o
layout.
A reorganização dos recursos produtivos constitui-se numa das peças chaves na
concepção e implantação, com sucesso, da Produção Enxuta. Como será apresentado em
detalhes mais adiante, dentre os tradicionais sete desperdícios identificados por Shingo no
Sistema Toyota de Produção, três destes estão diretamente relacionados com a disposição
física dos equipamentos de produção: Transporte Excessivo, Movimentação Desnecessária e
Estoques.
Atualmente, muitas empresas ainda se utilizam de arranjos físicos inadequados que
oneram seu processo produtivo. Isso tem incorrido em perdas consideráveis em termos de
aumento no tamanho dos lotes de transferência, movimentação excessiva dos funcionários e
dos produtos/peças, aumento no lead time total de fabricação, etc. E existem também perdas
não-mensuráveis como a dificuldade de gerenciamento do fluxo produtivo em um layout com
fluxos de processo aleatórios.
Com base neste cenário busca-se neste trabalho desenvolver um modelo de projeto e
implantação de layout, com base nos conceitos e princípios da Produção Enxuta, o qual
auxilie as empresas a projetarem ou mesmo reestruturarem seus layouts existentes,
adequando-os da melhor forma possível às suas características particulares.
1.2 Justificativa
"Tanto a Europa Ocidental desenvolvida, como os países emergentes do Leste
Europeu estão encontrando enormes problemas para enfrentar as expectativas crescentes dos
clientes, e proporcionar qualidade em um mundo onde as velhas fórmulas de produção em
massa não são mais aplicáveis", (MASING, 2002).
Esse cenário pode ser observado em empresas em todo o mundo. Os princípios de
competitividade, nos quais se fundamentava a produção em massa não mais existem. A
Filosofia de Produção Enxuta propõe uma resposta de adaptação dos sistemas produtivos às
necessidades do mercado consumidor atual. Esta nova forma de produzir levou a Toyota a
patamares de excelência ainda perseguidos por muitas empresas.
Em particular, o desenvolvimento dessa pesquisa justifica-se na importância que o
layout assume perante o Sistema de Produção Enxuta. A análise do layout, com base nos
Capítulo 1: Introdução
18
conceitos de fluxo contínuo, fluxo unitário de peças, estoques zero, gestão visual, entre outros
fatores é a base para uma empresa ter um sistema de manufatura ágil e flexível.
A concepção e projeto do layout têm se mostrado como etapa chave na implantação do
Sistema de Produção Enxuta. Por exemplo, Miltenburg (2001) destaca que muitos autores
afirmam que entre as ferramentas utilizadas pela Produção Enxuta, o layout celular mostra-se
muito adequado para possibilitar a redução de lead times, custos e melhoria da qualidade.
A importância do layout transcende os aspectos meramente de movimentação de
material e tamanho dos lotes de produção. O arranjo físico dos equipamentos impacta, entre
outros aspectos, no grau de dificuldade da programação e controle da produção.
Portanto, o estudo do layout envolvendo todos esses aspectos quantitativos e
qualitativos, é muito importante como base de conhecimento a ser utilizado pelas empresas
que buscam atingir excelência no seu processo de fabricação.
1.3 Oportunidade de Pesquisa
A abordagem de layout do Sistema de Produção Enxuta tem se concentrado
principalmente nas células de manufatura. Muito pouco tem sido abordado na literatura sobre
a possibilidade de se utilizar outras formas de disposição física dos equipamentos em um
contexto de Produção Enxuta.
Além disso, muitos trabalhos buscam mostrar a importância do layout em termos de
redução de movimentação de peças. Poucos estudos têm buscado mostrar quais são os ganhos
qualitativos que o layout pode gerar como, gerenciamento visual, influência no nível de
complexidade da programação, redução do lead time, melhoria da qualidade, entre outros.
Por último, em ambientes de alta variedade de peças e produtos existe uma dificuldade
em se implantar o layout celular. Portanto, como se deve proceder em cenários de produção
como esse? Qual o melhor modelo de layout a se utilizar?
Nesse contexto, com o propósito de iniciar um debate sobre esse aspecto, algumas
questões de pesquisa foram formuladas para esse trabalho:
1. Como projetar um layout em ambientes de alta variedade de peças e produtos,
considerando os princípios da produção enxuta?
Capítulo 1: Introdução
19
2. Quais as principais dificuldades em se alterar um layout com a fábrica em
funcionamento?
3. Quais os benefícios, quantitativos e qualitativos, que a mudança de layout pode
trazer para uma empresa que está implantando o Sistema de Produção Enxuta?
4. Quais as características associadas aos tipos de layout que estão em conformidade
com os princípios da Produção Enxuta?
5. As células de manufatura são o único layout que deve ser utilizado na implantação
do Sistema de Produção Enxuta ou outras formas de layout podem ser usadas?
6. Dentro da Filosofia de Produção Enxuta existem características de processo que
induzem a tipos específicos de layout?
1.4 Objetivo
1.4.1 Geral
Dentro do universo de conceitos e aspectos da Produção Enxuta, o foco desta pesquisa
é trabalhar a questão do projeto do layout, em ambientes de alta variedade de peças/produtos,
em empresas que estão implantando ou já consolidaram a implantação desta Filosofia.
O objetivo é desenvolver um modelo para projeto, planejamento e implantação de
layout, em ambientes de alta variedade de peças/produtos, com base nos conceitos da
Produção Enxuta.
1.4.2 Específico
Os objetivos específicos são:
1. Desenvolver um modelo de projeto de layout em ambientes de alta variedade de
peças/produtos, que contemple os princípios de Produção Enxuta.
2. Levantar quais são os benefícios, quantitativos e qualitativos, que a mudança de
layout pode trazer para a empresa que adota o Sistema de Produção Enxuta.
3. Levantar se existem outras formas de layout, diferentes das células de produção,
que podem ser utilizadas na implantação do Sistema de Produção Enxuta.
Capítulo 1: Introdução
20
4. Levantar quais as características dos mais diversos layouts que estão em
consonância com os princípios da Produção Enxuta.
5. Levantar se as características de produtos, componentes ou processos induzem a
tipos específicos de layouts.
6. Identificar as principais dificuldades em se projetar o layout com a fábrica em
funcionamento.
1.5 Escopo da pesquisa
O escopo do trabalho é o desenvolvimento de um modelo de projeto de layout
direcionado para empresas de manufatura discreta em ambientes de alta variedade de
produtos. Essa restrição do modelo deve-se à inviabilidade de se abordar todos os aspectos
dos diferentes ambientes de produção.
1.6 Metodologia de pesquisa
Segundo Miguel (2007) esta pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso.
O estudo de caso é um estudo de natureza empírica que investiga um determinado fenômeno,
geralmente contemporâneo, dentro de um contexto real de vida, quando as fronteiras entre o
fenômeno e o contexto em que ele se insere não são claramente definidas. Trata-se de uma
análise aprofundada de um ou mais objetivos (casos), para que permita o seu amplo e
detalhado conhecimento (GIL, 1996, BERTO e NAKANO, 2000). A principal tendência em
todos os tipos de estudos de casos (exploratórios, explanatórios ou descritivos), é que estes
tentam esclarecer o motivo pelo qual uma decisão ou um conjunto de decisões foram tomadas,
como foram implementadas e com quais resultados alcançados (YIN, 2001).
Esse trabalho se baseou na metodologia determinada por Miguel (2007) para um
estudo de caso, ver figura 1.
Capítulo 1: Introdução
21
1. DEFINIR UMA
ESTRUTURA
CONCEITUAL-TEÓRICA
Mapear a literatura
Delinear as proposições
Delimitar as fronteiras e grau de
evolução
2. PLANEJAR OS
CASOS
Selecionar as unidades de análise
e contato
Escolher os meios para coleta e
análise dos dados
Desenvolver o protocolo para
coleta dos dados
Definir meios de controle da
pesquisa
3. CONDUZIR TESTE
PILOTO
Testar procedimentos de aplicação
Verificar qualidade dos dados
Fazer os ajustes necessários
4. COLETAR OS DADOS
Contatar os casos
Registrar os dados
Limitar os efeitos do pesquisador
5. ANALISAR OS
DADOS
Produzir uma narrativa
Reduzir os dados
Construir painel
Identificar causalidade
6. GERAR
RELARIO
Desenhar implicações
teóricas
Prover estrutura para
replicação.
Figura 1 Modelo de pesquisa
Fonte: Miguel (2007)
A seguir são detalhadas as etapas e atividades do modelo de pesquisa adotado.
Etapa 1 Definir uma estrutura conceitual teórica
Nesta etapa, será realizada uma revisão bibliográfica identificando trabalhos de cunho
teórico e prático em relação ao tema. O objetivo é formar uma base teórica que fundamente o
trabalho e justifique a importância do mesmo.
Etapa 2: Planejar os dados
Segundo Miguel (2005) uma das primeiras tarefas nesse planejamento é a escolha das
unidades a serem analisadas. Deve-se planejar a quantidade de estudos de casos que
fundamentarão a pesquisa. Neste trabalho, serão realizados três estudos aplicações práticas do
modelo de projeto de layout proposto, sendo que dois estudos de casos serão completamente
descritos. Para um dos estudos de casos será relatado apenas os resultados.
Quanto ao método de coleta de dados, será realizada uma pesquisa in loco. Ou seja, o
pesquisador irá realizar visitas ao chão-de-fábrica e aplicar o modelo de projeto de layout
proposto, procurando observar as limitações, dificuldades e virtudes do mesmo.
Capítulo 1: Introdução
22
Etapa 3: Conduzir teste piloto
Nesta pesquisa nãos era realizado um teste piloto conforme definido por Miguel
(2005). O que será feito é uma primeira aplicação do modelo em uma das empresas definidas.
Após análise e correções do modelo este deverá ser aplicado em outras duas empresas.
Etapa 4: Coletar dados
A coleta dos dados consistirá da aplicação do modelo e no levantamento das
informações. Na pesquisa em análise, a coleta de dados será encerrada somente com a
finalização do arranjo físico de cada um dos estudos de casos.
Etapa 5: Analisar os dados
A análise dos dados será realizada após aplicação em cada estudo de caso. Conforme
mencionado, o modelo de projeto de arranjo físico será aplicado inicialmente em uma
empresa, e após análises e possíveis correções do modelo, este será aplicado e analisado em
mais dois estudos de casos.
Etapa 6: Gerar relatório
A última etapa desta pesquisa será a elaboração do texto de defesa da tese. Neste texto,
de uma forma geral, deverá constar o levantamento bibliográfico realizado, os estudos de
casos, os resultados alcançados, uma análise crítica do modelo e uma proposta de futuras
pesquisas nesta área.
1.7 Organização da tese
Este documento possui a seguinte estrutura:
Capítulo 1 - Introdução: neste capítulo estão inclusos os objetivos do projeto e a
metodologia científica adotada.
Capítulo 2 - Sistemas de Produção: este capítulo contempla um breve histórico sobre a
evolução dos sistemas de produção.
Capítulo 3 - O Sistema Toyota de Produção: este capítulo tem como conteúdo uma
visão geral do Sistema Toyota de Produção.
Capítulo 4 - Layout: Neste capítulo são apresentados os diversos conceitos de layout e
também uma análise crítica desses em relação aos princípios da Produção Enxuta.
Capítulo 1: Introdução
23
Capítulo 5 - O evento kaizen:este capítulo aborda a questão do reprojeto do layout
com a fábrica mantendo suas atividades rotineiras. Neste capítulo é introduzida uma
metodologia de mudança com a fábrica em funcionamento.
Capítulo 6 - Modelos de construção do layout: esse capítulo apresenta uma análise de
alguns modelos de projeto de layout existente na literatura.
Capítulo 7 - Modelo de projeto de layout: este capítulo apresenta o modelo de projeto
de layout desenvolvido.
Capítulo 8 - Primeiro estudo de caso -“Empresa de componentes soldados”: neste
capítulo é apresentada a primeira aplicação prática do modelo em uma empresa de itens
soldados.
Capítulo 9 - Segundo estudo de caso - “Empresa de turbinas de energia”: neste
capítulo é apresentado o segundo estudo de caso desenvolvido em uma empresa fabricante de
turbinas de energia voltadas principalmente à indústria de açúcar e álcool.
Capítulo 10 - Conclusão: o capítulo contempla uma análise geral do modelo, com suas
contribuições e restrições.
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
24
CAPÍTULO 2
2. O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
A história da Toyota tem início com a fabricação de teares para a indústria têxtil.
Somente tempos depois, devido a um desejo pessoal do seu fundador, esta direcionou seus
esforços para a fabricação de automóveis.
Para Corrêa e Corrêa (2004) a perda da guerra pelo Japão em 15 de agosto de 1945
marcou um reinício para a Toyota. A partir desse momento, devido às características do
mercado interno japonês, a empresa sentiu a necessidade de reestruturar seu modelo de
produção. Este foi o ponto de início da Produção Enxuta.
Standard e Davis (1999) destacam que no final da Segunda Guerra Mundial a Toyota
era o maior fabricante de carros no Japão. Entretanto, comparando a produção da Toyota com
as empresas automobilísticas do Ocidente sua produção era muito baixa. Até 1950 a Toyota
tinha produzido ao longo de toda sua existência apenas 2700 veículos. Este volume de
produção era inferior ao que era produzido na planta da Ford em Rouge em um simples
período de produção.
Diferentemente do que ocorria nos Estados Unidos e na Europa existia, no Japão, uma
necessidade de produzir veículos diferentes, ao contrário dos modelos padronizados
fabricados pelo sistema de produção em massa. “As poucas fábricas de automóveis no Japão
em 1950 necessitavam suprir uma demanda de transporte extremamente diversa como carros,
veículos (vans) de entregas, caminhões, ambulâncias, limousines, caminhões de bombeiros,
etc.” (STANDARD E DAVIS, 1999).
Com o fim da Guerra a Toyota sentiu a necessidade de se desenvolver ou seria
eliminada do mercado pelas indústrias do Ocidente em franca expansão. Um problema da
empresa destacado por Standard e Davis (1999) era que a produtividade da fábrica era nove
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
25
vezes menor do que a produtividade das empresas ocidentais. Segundo Corrêa e Corrêa
(2004) os japoneses não acreditavam que era possível que um trabalhador ocidental fosse
nove vezes mais eficiente do que um trabalhador japonês. Provavelmente, eles estavam
desperdiçando alguma coisa. E uma coisa que não podia acontecer em um ambiente escasso
como era o do Japão do pós-guerra eram desperdícios”. Com base nessa percepção iniciou-se
o desenvolvimento do Sistema de Produção da Toyota, fundamentado basicamente em um
único princípio: Eliminar desperdícios.
Anos depois, os resultados alcançados pelo novo modelo de produção ganharam
destaque com a publicação do livro “A máquina que mudou o mundo”. Nesse trabalho,
Womack ET AL. (1990) fizeram uma análise comparativa entre a Toyota e as demais
empresas automobilísticas. Os índices de produtividade e os demais critérios levados em
consideração demonstravam uma superioridade da empresa em relação as mais tradicionais
indústrias automobilísticas. Foi a primeira vez que o mundo ocidental percebeu que os
esforços japoneses iniciados no pós-guerra tiveram um sucesso muito além do esperado dando
início a uma completa revolução nos sistemas de produção. Este modelo de produção foi
denominado neste trabalho de Sistema de Produção Enxuta (Lean Production).
Embora o termo Produção Enxuta tenha ganhado destaque apenas após a publicação
do livro de Womack e Jones, a primeira pessoa a utilizar o termo “lean (enxuto) foi
KRAFCIK (1988) em seu artigo intitulado Triumph of the Lean Production System. O
autor, em seu trabalho, busca salientar dois pontos importantes. Primeiro, que nem toda
empresa japonesa possui um sistema produtivo enxuto semelhante ao da Toyota. E segundo,
os conceitos do sistema lean embora tenham sido desenvolvidos no contexto da Toyota
podem ser implantados com sucesso em qualquer empresa, independentemente do país.
O Sistema Toyota de Produção pode ser decomposto em um conjunto de princípios e
ferramentas. A seguir, serão apresentadas algumas definições encontradas na literatura e
princípios desse sistema de produção.
2.1 Definição de Sistema de Produção Enxuta
O Sistema de Produção Enxuta pode ser definido basicamente como um sistema que
busca saciar a todas as expectativas dos clientes com base na eliminação de desperdícios.
Algumas definições de Produção Enxuta são apresentadas a seguir.
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
26
Segundo Nystuen (2002) Produção Enxuta refere-se a eliminar desperdícios ao longo
de toda a empresa do chão de fábrica até aos escritórios. É produzir o que os consumidores
querem no momento que eles desejam. Deve-se focar o modelo japonês de produção em
aprender como produzir mais utilizando menos recursos.
A Produção Enxuta pode ser definida também como “um sistema de negócios para
organizar e gerenciar o desenvolvimento de produtos, operações, fornecedores e relações com
o cliente. A produção lean, em comparação à produção em massa, requer menos esforço
humano, menos espaço, menos capital e menos tempo para fabricar produtos com menos
defeitos de acordo com as especificações precisas dos desejos dos clientes”, (LEAN
INSTITUTE BRASIL, 2003).
Segundo Kasul e Motwani (1997) o Sistema Toyota de Produção fornece à manufatura
a quantidade necessária dos itens necessários no tempo necessário. O objetivo é gerar um
sequenciamento eficiente da produção que foca no estudo dos movimentos dos trabalhadores
e na eliminação de desperdícios.
Segundo Slack ET AL. (1999), uma definição abrangente para a Produção Enxuta
seria:
A Produção Enxuta é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a
produtividade global e eliminar os desperdícios. Ela possibilita a produção eficaz em termos
de custo, assim como o fornecimento apenas da quantidade necessária de componentes, na
qualidade correta, no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações,
equipamentos, materiais e recursos humanos. A Produção Enxuta é dependente do balanço
entre a flexibilidade do fornecedor e a flexibilidade do usuário. Ela é alcançada por meio da
aplicação de elementos que requerem um envolvimento total dos funcionários e trabalho em
equipe. Uma filosofia chave da Produção Enxuta é a simplificação.
Warnecke e Hüser (1995) descrevem a Produção Enxuta como um sistema de medidas
e métodos os quais quando tomados em conjunto, têm o potencial de tornar a empresa enxuta
e, portanto, competitiva.
Inúmeras outras definições são apresentadas na literatura. Todas m convergido para
um único ponto: a eliminação de desperdícios. Como definição geral do Sistema Toyota a
seguir é apresentada a visão de um dos seus idealizadores, Ohno (1988).
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
27
A base do Sistema Toyota de Produção é a eliminação de desperdícios. O Sistema
está apoiado em dois pontos principais, o Just in time e a autonomação. O Just in time
significa que, em um processo produtivo, as peças corretas precisam chegar à linha de
montagem no tempo necessário e somente na quantidade necessária. A empresa que consegue
estabelecer esse padrão de fluxo pode atingir um nível zero de inventário em processo. A
autonomação (automação com toque humano) envolve o maior poder que o funcionário
possui para tomar decisões, inclusive de parar a linha de produção em casos de problemas
detectados.
A figura 2 apresenta os principais pontos do sistema de Produção Enxuta.
Figura 2 Sistema de Produção Enxuta (Lean Institute, 2003)
Outro dos idealizadores da Produção Enxuta destaca os seguintes pontos com relação
a esse Sistema de produção, Shingo (1996):
O princípio da minimização dos custos é um conceito básico subjacente ao
Sistema Toyota de Produção. A sobrevivência da empresa depende, portanto, da
redução dos custos. Isso requer a eliminação completa das perdas.
A melhor resposta à demanda é a produção contrapedido. Sob esse sistema, a
produção tradicional em grandes lotes deve ser abandonada. As exigências da
produção contrapedido (alta diversidade, produção em baixas quantidades, entrega
rápida e manejo da flutuação da carga) somente podem ser satisfeitas pela contínua
e inflexível eliminação da perda por superprodução.
Estabilidade
Heijunka Trabalho Padronizado Kaizen
Fluxo Contínuo
Tempo Takt
Sistema Puxado
Parar e notificar
anormalidades
Separar o
trabalho humano
do trabalho das
máquinas
JidokaJust in Time
Objetivo: Qualidade, baixo custo e Lead Time curto
Estabilidade
Heijunka Trabalho Padronizado Kaizen
Fluxo Contínuo
Tempo Takt
Sistema Puxado
Parar e notificar
anormalidades
Separar o
trabalho humano
do trabalho das
máquinas
JidokaJust in Time
Objetivo: Qualidade, baixo custo e Lead Time curto
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
28
O Sistema Toyota aceita o desafio da redução do custo da mão-de-obra e
reconhece a vantagem de usar máquinas que sejam independentes dos
trabalhadores. A redução do custo de mão-de-obra é um comprometimento cada
vez mais presente no Sistema Toyota de Produção, simbolizada pela expressão
“mínima força de trabalho”.
A Toyota transformou um sistema de produção passivo e conciliatório,
investigando as origens da produção convencional e derrubando crenças
comumente aceitas para construir um novo sistema calcado em conceitos que
jamais haviam sido antes utilizados.
Feld (2001) atribui à Produção Enxuta cinco elementos básicos, os quais estão
relacionados à criação de um fluxo contínuo de produção, capacitação das equipes de trabalho
e medição de desempenho das tarefas realizadas. Esses elementos são apresentados em
detalhe a seguir:
a. Fluxo da Manufatura (Manufacturing Flow): relaciona-se a toda uma análise do
fluxo de manufatura no chão-de-fábrica. Envolve o mapeamento dos processos,
análise da rotina (trabalho, processo, volume), cálculo de takt time, balanceamento
da carga de trabalho, dimensionamento de kanban, layout celular, padronização do
trabalho e fluxo unitário de peças.
b. Organização (Organization): está relacionado a aspectos de treinamento e
capacitação de pessoas para realização das tarefas de forma eficaz. Envolve
aspectos como desenvolvimento de gerentes com visão de Produção Enxuta,
treinamento de operários envolvendo: desenvolvimento da mentalidade enxuta,
controle de células, melhoria contínua, esclarecimento de regras e
responsabilidades, etc.
c. Controle do processo (Process Control): está relacionado a aspectos diretos de
monitoramento, controle, estabilização e desenvolvimento de caminhos para
melhoria do processo. Utiliza as seguintes ferramentas: Manutenção Produtiva
Total, Poka yoke, SMED (Single Minute Exchange of Dies), Controle Visual, 5S,
entre outras.
d. Métricas (Metrics): relaciona-se ao monitoramento do desempenho em relação às
metas alvo estipuladas. As métricas podem ser: tempo de entrega no prazo
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
29
estipulado, lead time do processo, custo total, giro de estoque, utilização do
espaço, distância percorrida por peças e produtos, produtividade, etc.
e. Logística (Logistics): relacionado a aspectos de definição das regras de operação e
aos mecanismos de planejamento e controle do fluxo de material. Envolve o
balanceamento da carga de trabalho, análise ABC para controle das peças e
produtos, alinhamento entre clientes e fornecedores, análise do mix na manufatura,
etc.
2.2 Os princípios da Produção Enxuta e os desperdícios de um sistema tradicional de
produção.
Shingo (1996), Womack e Jones (1996) e Bullington (2003), definem cinco princípios
para a Produção Enxuta. Estes têm como objetivo aumentar a flexibilidade da empresa e
capacitá-la para responder de forma rápida e eficiente às necessidades dos clientes. Os
princípios são apresentados a seguir:
1. Primeiro Princípio da Produção Enxuta: Especifique o valor.
É o ponto de partida e deve ser definido segundo a perspectiva dos clientes finais.
Deve-se começar com uma tentativa consciente de definir precisamente o valor em termos de
produtos e serviços específicos. A especificação do valor consiste, portanto da determinação
exata “dos anseios e expectativas do cliente para um determinado produto ou serviço”.
2. Segundo Princípio da Produção Enxuta: Identifique a cadeia de valor.
Consiste em identificar o conjunto de todas as atividades para se levar um produto
específico a passar pelas tarefas de desenvolvimento (da concepção ao lançamento), de
gerenciamento da informação (recebimento do pedido à entrega), e de transformação física
propriamente dita (da matéria prima ao produto acabado).
3. Terceiro Princípio da Produção Enxuta: Organize o fluxo de valor de forma a obter um
fluxo fluente.
É necessário fazer com que as etapas que criam valor fluam. Isso exige uma mudança
de mentalidade, o produto e suas necessidades devem ser o foco, e não as máquinas e
equipamentos. O objetivo é reduzir as atividades que não agregam valor.
4. Quarto Princípio da Produção Enxuta: Estabeleça uma Produção Puxada.
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
30
É fazer o que os clientes (interno e externo) precisam no momento certo, permitindo
que o produto seja puxado quando necessário. Isso minimiza os estoques comumente
encontrados em sistemas do tipo “empurrado”.
5. Quinto Princípio da Produção Enxuta: Busque a Perfeição.
Neste caso, é fazer com que os princípios destacados anteriormente sejam seguidos em
um processo contínuo, ininterrupto, de melhoria. Isso se torna possível porque, ao dar
condições para que o fluxo de valor flua sempre ocorrerá uma exposição dos desperdícios
ocultos abrindo a possibilidade para se realizar novas melhorias.
O principal foco dos idealizadores do sistema Toyota de Produção no seu trabalho do
dia a dia era a eliminação de desperdícios. Considera-se como desperdício toda atividade que
não agrega valor ao produto. Segundo Standard e Davis (1999) atividade que agrega valor
(AV) é todo esforço que produz algo de valor aos olhos do cliente. Ex.: estampagem, pintura,
etc. Por outro lado, atividade que não agrega valor (NAV) são os esforços que não produzem
nenhum benefício aos olhos dos clientes. Ex.: movimentação de peças, retrabalho, contagem,
estocagem, etc. Existe também um conjunto de atividades que embora não agreguem valor ao
produto são necessárias. Ex.: carregamento de uma máquina, processamento da ordem de
produção, etc.
Segundo Conner (2001) a maior parte das atividades realizadas na empresa não agrega
valor ao produto. Apenas 5% do tempo total que um produto está sendo processado são
constituídos por atividades que realmente agregam valor ao produto. 95% de todo tempo
dispensado dentro da fábrica estão relacionados a atividades que não geram nenhum valor ao
produto.
A figura 3 apresenta um comparativo entre as atividades que agregam e não agregam
valor para um produto com apenas duas operações de transformação.
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
31
Figura 3 Tempo das atividades que agregam e não agregam valor ao produto
Pode-se destacar da figura 3 que quanto maior o número de operações maior a
tendência em aumentar a disparidade entre o tempo de agregação e o tempo de não agregação
de valor ao produto.
Com relação aos desperdícios de produção, segundo Womack ET AL. (1996) Shingo
identificou sete tipos de desperdícios que deveriam ser combatidos para que o Sistema Toyota
de Produção conseguisse atingir seus objetivos. Estes desperdícios são detalhados a seguir:
1. Primeiro Desperdício: Superprodução
Segundo Shingo (1996) existem dois tipos de superprodução:
a. Quantitativa: fazer mais produtos do que o necessário.
b. Antecipada: fazer o produto antes que ele seja necessário.
A superprodução quantitativa gera um aumento no work in process, gera um aumento
na movimentação de peças, gera a necessidade de armazenamento, além de em muitos casos
estar baseada em uma expectativa de demanda que pode não se concretizar.
A superprodução antecipada gera como desperdícios a utilização de matéria-prima em
produtos que não são necessários no momento e gera falta de matéria-prima em produtos que
estão sendo requisitados com urgência, gera ocupação da mão-de-obra em produtos não
necessários no momento, etc.
Segundo Hines ET AL. (2000) “superprodução é reconhecido como o mais sério
desperdício que atrapalha a implantação de um fluxo suave de produtos e serviços e inibe
também a qualidade e a produtividade. A superprodução tende a levar a um lead time e
estoques elevados”. Entre outras coisas a superprodução corrobora para a camuflagem dos
1. Receber M.P.
2. Movimentar M.P. até estação de trabalho
3. Fazer setup da máquina
4. Carregar a máquina com a M.P.
5. Processar o produto
6. Retirar o produto da máquina
7. Movimentar até a próxima estação de trabalho
8. Fazer setup
9. Carregar a máquina
10. Processar o produto
11. Retirar o produto da máquina
12. Movimentar o produto até área de qualidade
13. Fazer inspeção da peça
14. Movimentar o produto até local de armazenagem
15. Expedir o produto para o cliente
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
OPERAÇÃO QUE NÃO
AGREGA VALOR
OPERAÇÃO QUE
AGREGA VALOR
Lead Time
1. Receber M.P.
2. Movimentar M.P. até estação de trabalho
3. Fazer setup da máquina
4. Carregar a máquina com a M.P.
5. Processar o produto
6. Retirar o produto da máquina
7. Movimentar até a próxima estação de trabalho
8. Fazer setup
9. Carregar a máquina
10. Processar o produto
11. Retirar o produto da máquina
12. Movimentar o produto até área de qualidade
13. Fazer inspeção da peça
14. Movimentar o produto até local de armazenagem
15. Expedir o produto para o cliente
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 151 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
OPERAÇÃO QUE NÃO
AGREGA VALOR
OPERAÇÃO QUE
AGREGA VALOR
Lead Time
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
32
problemas de produção tornando mais árduo e complexo o processo de melhoria contínua. A
figura 4 mostra o acúmulo de excesso de work in process devido à superprodução.
Figura 4 Desperdício de Superprodução
2. Segundo desperdício: Espera
As esperas referem-se a longos períodos de ociosidade de pessoas, peças e
informações, resultando em um fluxo pobre, bem como em lead times longos. Podem-se ter
dois tipos de esperas:
Esperas de processo: referem-se a lotes não processados aguardando pelo
processamento.
Esperas de lotes: sempre que um lote está sendo processado, com exceção da peça
em processamento, todas as outras peças do lote estão aguardando seja antes ou
depois do processo. Isso caracteriza uma espera de lote.
3. Terceiro desperdício: Transporte Excessivo
O desperdício de transporte excessivo faz alusão à movimentação excessiva de
pessoas, informações ou peças resultando em dispêndio desnecessário de capital, tempo e
energia. O transporte excessivo é fruto direto da inadequação do layout fabril. A disposição de
máquinas e equipamentos impacta diretamente no nível de movimentação interna na fábrica.
A figura 5 mostra uma representação esquemática da movimentação de peças e produtos ao
longo de uma fábrica.
Como se pode observar, normalmente, não existe um fluxo lógico de fabricação que
minimize a movimentação das peças/produtos no chão-de-fábrica. Na maioria das empresas,
os equipamentos são agrupados por semelhança o que, em muitos casos, acaba por onerar a
distância percorrida por operadores e produtos na fábrica.
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
33
Figura 5 Transporte excessivo ao longo da fábrica
4. Quarto desperdício: Processo Inadequado
Consiste da utilização de procedimentos, sistemas inadequados e, a um nível mais
operacional, de um jogo errado de ferramentas. Além disso, para Hines ET AL. (2000)
processo inadequado ocorre também quando soluções complexas são usadas para
procedimentos simples, como a aquisição e utilização de uma máquina muito complexa e não
flexível ao invés de várias máquinas simples. Este tipo de desperdício encoraja a
superprodução devido, a muitas vezes, à dificuldade em se realizar operações de setup em
máquinas muito complexas.
5. Quinto desperdício: Estoques
Segundo Corrêa e Corrêa (2004) os estoques, além de ocultarem outros tipos de
desperdícios, significam desperdícios de investimento e espaço. A sua redução deve ser feita
através da eliminação das causas geradoras da necessidade de se manterem os estoques. Entre
algumas dessas causas geradoras pode-se citar a falta de uma adequada programação da
produção, setups elevados, flutuações na demanda, etc. Particularmente, em relação ao layout,
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
34
quando equipamentos de produção estão muito distantes existe uma tendência em se produzir
em lotes grandes, aumentando os estoques em processo, devido à inviabilidade de se fazer um
transporte peça a peça.
Os estoques podem aparecer de três formas bem distintas nas empresas: Matéria-
prima, Estoque em Processo e Produto Acabado, ver figura 6.
Figura 6 Desperdício de estoques
6. Sexto Desperdício: Movimentação Desnecessária
Origina-se da desorganização do ambiente de trabalho, resultando em baixa
performance dos aspectos ergonômicos. O desperdício de movimentação desnecessária
reporta-se à inadequação dos postos de trabalho, má localização de ferramentas e dispositivos
utilizados pelo operador, que geram a necessidade de realizar movimentos, por parte do
operador, muito inadequados. Esse desperdício tem impacto direto na produtividade do
operador.
7. Sétimo Desperdício: Produtos defeituosos
Segundo Corrêa e Corrêa (2004) problemas de qualidade geram os maiores
desperdícios do processo. Produzir produtos defeituosos significa desperdiçar materiais,
disponibilidade de mão-de-obra, disponibilidade de equipamentos, movimentação de
materiais defeituosos, etc.
Além dos sete tradicionais desperdícios alguns autores destacam um oitavo
desperdício: desperdício de pessoas. Este é apresentado a seguir.
8. Oitavo desperdício: Pessoas
Segundo Alukal (2003) a não utilização do conhecimento e da experiência das pessoas
que trabalham em todos os departamentos da empresa é um desperdício. Pelo fato dessas
ESTOQUE DE
MATÉRIA-PRIMA
ESTOQUE DE
MATERIAL EM
PROCESSO
ESTOQUE DE
PRODUTO
ACABADO
Capítulo 2: O Sistema Toyota de Produção
35
pessoas conhecerem em detalhes os processos na empresa estas tem grandes contribuições a
fazerem. Mas poucas são as empresas que exploram esse potencial de seus funcionários.
A Produção Enxuta lança mão de um conjunto de ferramentas para combater esses
desperdícios. Neste trabalho, será apresentada a análise de layout como forma de combater
alguns dos desperdícios apresentados
.
Capítulo 3: Layout
36
CAPÍTULO 3
3. LAYOUT
“A melhor movimentação de material é não movimentar”
(Sims, 2002)
Segundo Muther (1976) o arranjo das áreas de trabalho nasceu com o comércio e o
artesanato. Com o desenvolvimento dos sistemas produtivos, maior atenção passou a ser dada
à utilização do espaço físico nas organizações.
Com o advento da Revolução Industrial o projeto das instalações físicas passou a ser
regido pela energia e a movimentação da matéria-prima. Lee (1998) destaca que as indústrias
têxteis exigiam grandes quantidades de água para gerar energia e sua organização era
dominada por estranhos eixos e correias. As primeiras indústrias de ferro e aço localizavam-se
próximo a rios, ferrovias ou minas; seu projeto era determinado pelas necessidades de
transporte de carvão, minério de ferro e calcário.
A evolução tecnológica permitiu que a maioria das indústrias não tivesse mais a
necessidade de se localizar próximas aos locais de fonte de energia ou matéria-prima. Além
disso, segundo Lee (1998) com o advento da produção em massa o foco passou a ser a
otimização do fluxo de produção. A micro divisão do trabalho tornou a habilidade menos
importante do que a movimentação eficiente do produto.
Mas, muito embora nos dias atuais os mecanismos de transportes sejam altamente
eficientes e as informações fluam de forma rápida pelo chão-de-fábrica o planejamento do
layout ainda é de fundamental importância. A aproximação de equipamentos eliminando o
manuseio excessivo das peças pela fábrica e a possibilidade de formação de equipes
multifuncionais são alguns dos benefícios advindos de uma organização física adequada.
Capítulo 3: Layout
37
3.1 Um breve histórico sobre os modelos de planejamento do layout
O primeiro modelo de planejamento do layout foi proposto por Muther. Este propôs o
Sistema SLP (Systematic Layout Planning). O método proposto focava, principalmente, a
busca pela otimização do fluxo de materiais.
Chien (2004) destaca que muitas tecnologias como a Teoria da Lógica Fuzzy (Cheng e
Gen, 1996), Programas Dinâmicos (Rosenblatt, 1986), Algoritmos Genéticos, Simulação
Computacional (Azadivar e Wang, 2000), etc. foram desenvolvidas com objetivo de projetar
layouts eficientes. Mas o modelo desenvolvido por Muther ainda encontra grande aceitação
no meio empresarial e acadêmico.
Canem ET AL. (1996) destaca em ordem cronológica os principais softwares de
auxílio ao projeto de layout, ver figura 7.
Figura 7 Lista cronológica dos softwares de projeto de layout
Fonte: Canem ET AL. (1996)
Muito embora os softwares computacionais sejam uma ferramenta de auxílio no
planejamento do layout esses ainda encontram pouca aplicabilidade prática nas empresas,
devido a:
Capítulo 3: Layout
38
- Necessidade de mão-de-obra especializada para manuseá-lo.
- Tempo necessário para aplicá-lo o qual em muitos casos é maior do que a
tolerância das empresas.
- Não fornece como resultado a solução ótima.
- Falta de conhecimento das empresas sobre a existência de softwares de arranjo
físico.
3.2 A importância do layout para as empresas
Segundo Black (1998) mudanças significativas estão ocorrendo no projeto de
sistemas de manufatura, motivadas pelas seguintes tendências:
O aumento do número e variedade de produtos continuará resultando numa queda
de quantidade (tamanho do lote) conforme a variedade aumente.
Solicitações para menores tolerâncias (mais exatidão e precisão produzindo
melhor qualidade) continuarão a aumentar.
O aumento na variedade de materiais, materiais complexos, com propriedades
extremamente diversas causará posterior proliferação no número de processos de
fabricação.
O custo dos materiais, incluindo movimentação de materiais e energia, continuará
a ser parte principal do custo total do produto, e a mão-de-obra direta representará
apenas 5 a 10% do total e continuará a diminuir.
A confiabilidade do produto aumentará em resposta ao número excessivo de
ações de responsabilidade pelos produtos.
O tempo entre a concepção do projeto e o produto fabricado será reduzido através
dos esforços de engenharia simultânea.
Mercados globais serão alimentados por produtos globais.
Estas tendências requerem os seguintes tipos de respostas em termos de sistemas de
manufatura:
Melhorias contínuas nos sistemas de manufatura devido às constantes necessidades
de melhorias dos produtos.
Capítulo 3: Layout
39
O sistema deve ser capaz de produzir produtos com qualidade superior com custo
(unitário) reduzido e entrega no prazo em resposta às demandas dos clientes.
O sistema deve ser projetado para ser flexível e compreensível (mais simples e
mais focado), e também mais confiável.
Em resumo, os sistemas de manufatura devem tornar-se cada vez mais ágeis e
flexíveis para poderem atender as crescentes expectativas do mercado.
Segundo Gonçalves Filho (2005) um sistema de manufatura eficiente pode ser obtido
combinando-se quatro variáveis: tecnologia de fabricação atualizada, um layout otimizado,
uma mão-de-obra treinada e motivada e um gerenciamento adequado. Essas quatro variáveis
não são independentes uma da outra. Por exemplo, é mais fácil alcançar integração entre
equipes quando se opta por um layout celular do que quando se adota um layout funcional.
Em relação à variável layout esta é uma das peças chaves no processo de projeto e
implantação do Sistema de Produção Enxuta. A disposição física dos equipamentos está
relacionada diretamente a três dos oito desperdícios citados anteriormente:
Transporte Excessivo.
Movimentação desnecessária.
Estoques
As decisões de arranjo físico são muito importantes, pois podem refletir diretamente
no desempenho da empresa e na satisfação do cliente. Slack ET AL. (1999) destaca algumas
das razões práticas que tornam as decisões sobre layouts importantes:
Arranjo físico é freqüentemente uma atividade difícil e de longa duração devido às
dimensões físicas de recursos de transformação movidos.
O re-arranjo físico de uma operação existente pode interromper seu funcionamento
suave, levando à insatisfação do cliente ou perdas na produção.
Se o arranjo físico (examinado a posteriori) está errado, pode levar a padrões de
fluxo excessivamente longos, estoque de materiais, filas de clientes formando-se
ao longo da operação, tempos de processamento desnecessariamente longos,
operações inflexíveis, fluxos imprevisíveis e altos custos.
Segundo Corrêa e Corrêa (2004) “um bom projeto de arranjo físico pode visar tanto
eliminar atividades que não agregam valor como enfatizar atividades que agregam, como”:
Capítulo 3: Layout
40
Minimizar os custos de manuseio e movimentação interna de materiais.
Utilizar o espaço físico disponível de forma eficiente.
Apoiar o uso eficiente da mão-de-obra, evitando que esta se movimente
desnecessariamente.
Facilitar a comunicação entre as pessoas envolvidas na operação, quando
adequado.
Reduzir tempos de ciclo dentro da operação, garantindo fluxos mais linearizados,
sempre possível e coerente com a estratégia.
Facilitar a entrada, saída e movimentação dos fluxos de pessoas e de materiais.
Incorporar medidas de qualidade (por exemplo, respeitando distâncias entre
setores que produzam produtos que possam ser contaminados um pelo outro) e
atender a exigências legais de segurança no trabalho (por exemplo, mantendo
isolado setores que possam necessitar de proteção especial do trabalhador).
Facilitar manutenção dos recursos, garantindo fácil acesso.
Facilitar acesso visual às operações, quando adequado.
Segundo Black (1998), “neste mundo de competição internacional, o sucesso de uma
unidade fabril depende do projeto de seu sistema de manufatura. O sistema fabril deve
satisfazer as necessidades de seus usuários, os clientes internos da empresa”.
Neste contexto, o projeto da disposição física dos equipamentos torna-se num fator
crítico no desempenho da organização. Existem diversas tipos de layout. Cada um desses será
abordado na próxima seção. Abaixo segue uma definição de layout segundo Gonçalves Filho
(2005):
“O arranjo físico de uma unidade produtiva pode ser entendido como a disposição
física dos vários elementos ou recursos produtivos utilizados para a produção de um bem ou
serviço, tais como máquinas, equipamentos, instalações e pessoal. O arranjo físico define o
relacionamento físico entre as diversas atividades e determina a maneira segundo a qual os
recursos transformados (materiais, informações e clientes) fluem através da operação”.
Capítulo 3: Layout
41
3.3 Porque planejar o layout?
O projeto do layout é uma importante etapa do planejamento do sistema produtivo.
Segundo Muther (1976) o tempo despendido no planejamento do arranjo físico antes de sua
implantação evita que as perdas assumam grandes proporções e possibilita que todas as
modificações se integrem segundo um programa global e coerente, que permite o
estabelecimento de uma seqüência lógica para as mudanças, além de facilitá-las.
Canem ET AL. (1996) destaca que o planejamento do layout é importante, pois esse,
normalmente, representa os maiores e mais caros recursos da organização.
Djassemi (2006) afirma que a eficiência da manufatura depende de inúmeros fatores,
entre eles o layout das máquinas e equipamentos. Segundo o autor, típicos procedimentos de
projeto de layout buscam alocar os vários equipamentos e departamentos de forma a
minimizar o lead time de produção, aumentar o giro do work-in-process e maximizar a saída
de produtos do processo produtivo.
Rawabdeh e Tahboub (2005) destacam que a eficiência do arranjo físico é um dos
mais importantes aspectos dos sistemas de manufatura contemporâneos. Isto pode ser
justificado porque o planejamento do layout é um processo crítico de longo prazo e requer um
alto investimento de capital. Além disso, qualquer alteração no layout existente representa
gastos elevados, desde que os equipamentos não sejam flexíveis e adaptados para a mudança.
Conseqüentemente, o arranjo físico torna-se em um importante aspecto industrial, afetando
direta ou indiretamente no custo do produto. Os autores também afirmam que o layout afeta a
produtividade e o desempenho da fábrica, a utilização eficiente da mão-de-obra, o espaço
utilizado e mesmo a motivação dos operadores.
Além de impactar nas operações do chão-de-fábrica o layout também impacta nas
atividades de escritório. Haynes (2008), por exemplo, apresenta os impactos que o arranjo
físico do escritório tem sobre o desempenho das pessoas, e conseqüentemente, sobre os
resultados da área de trabalho.
A disposição física mais comum e utilizada nas empresas é o layout funcional. Mas
estudos têm demonstrado que esse arranjo físico trás consigo uma série de limitações ao fluxo
produtivo. Portanto, o planejamento do layout contemplando aspectos como o fluxo de
materiais, estoques em processo, gestão do processo, entre outros, tem impacto direto no
desempenho das indústrias.
Capítulo 3: Layout
42
Um aspecto destacado por Muther (1976) é o custo de implantação do arranjo físico.
Segundo o autor os custos de implantação de um bom arranjo ou de um arranjo deficiente
podem ser praticamente idênticos. Mas, uma vez implantado um arranjo deficiente, os custos
relativos ao rearranjo, interrupção de produção e novos investimentos tornam quase
impossível transformá-lo num arranjo eficiente.
Os custos advindos de um fluxo deficiente devido ao mau planejamento do layout e os
custos de um re-projeto e implantação de um novo layout justificam a necessidade do
planejamento adequado da disposição física dos equipamentos, pessoas e materiais na fábrica.
Por último, o grande número de trabalhos publicados em relação ao arranjo físico,
desde o posto de trabalho à localização das plantas industriais, mostra a importância desse
tema. Meller e Gau (1996), por exemplo, listam mais de 90 modelos e algoritmos de projeto
de layout.
Existem diversas formas de posicionar os recursos físicos no chão-de-fábrica. Cada
forma trás consigo vantagens e limitações. A seguir, serão apresentados inicialmente os
conceitos tradicionais de layouts. Posteriormente, serão apresentadas as novas formas de
arranjos físicos.
3.4 Modelos tradicionais de layouts
Existem quatro tipos tradicionais de layouts: layout funcional ou por processo, layout
em linha ou por produto, layout posicional e o layout celular. Esses conceitos de layout são os
mais encontrados nas empresas.
3.4.1 Layout funcional (processo)
Também conhecido como layout por processo, o layout funcional foi a primeira lógica
de disposição física de máquinas a surgir. Mesmo com suas limitações o layout funcional
ainda é amplamente utilizado em empresas de todo o país.
Segundo Black (1998) o layout funcional é caracterizado por grandes variedades de
componentes e máquinas de uso genérico. As máquinas são agrupadas por função (tornos,
fresas, etc.) e as peças são movimentadas pela fábrica para as várias máquinas. A figura 8
apresenta um exemplo de layout funcional.
Capítulo 3: Layout
43
Figura 8 Exemplo de layout funcional
Como mencionado, anteriormente, no layout funcional as máquinas são dispostas de
acordo com sua função. Segundo Corrêa e Corrêa (2004) este tipo de arranjo físico é utilizado
quando os fluxos que passam pelos setores de produção são muito variados e ocorrem
intermitentemente.
Tompkins ET AL. (1996), Krajewski e Ritzman (1996) e Gonçalves Filho (2005)
destacam as seguintes vantagens e desvantagens em relação a essa disposição física dos
equipamentos:
1. Vantagens:
1. Aumento da utilização de máquinas.
2. Equipamentos de caráter gerais podem ser utilizados.
3. Menos vulnerável a mudanças de produtos e demanda.
4. Menos vulnerável à quebra de máquinas.
2. Desvantagens:
1. Aumento da movimentação de materiais.
2. Dificuldade em controlar a produção.
3. Aumento do work in process.
4. A taxa de produção tende a ser mais baixa
5. A diversidade de rota torna o fluxo de material confuso dificultando a
identificação de gargalos.
F1 Fluxo 1
F2 Fluxo 2
Capítulo 3: Layout
44
Segundo Corrêa e Corrêa (2004) existe um trade-off em relação ao layout funcional,
pois este: “privilegia a flexibilidade dos fluxos (permite, por exemplo, que independente da
preferência ou necessidade do cliente de percorrer diferentes trajetos, mais longos ou mais
curtos todos possam ser acomodados), à custa da eficiência, pois as distâncias percorridas
tendem a ser longas onerando todo desempenho e, conseqüentemente, o lead time.
A figura 10 apresenta o layout de uma empresa do interior do Estado de São Paulo
direcionada à fabricação de interruptores. A disposição física dos equipamentos caracterizam
um típico layout funcional.
Como se pode observar na figura 9 existem áreas na empresa “especializadas” na
realização de determinadas etapas do processo. Por exemplo, existe uma área específica de
corte onde estão localizadas todas as máquinas de corte. Outro exemplo é a disposição das
furadeiras de bancadas. Todas estão alinhadas em um mesmo local.
Essa forma de organizar os recursos produtivos pode proporcionar em alguns
momentos o congestionamento de determinadas regiões da fábrica em detrimento da sobra de
espaço em outras áreas. Outro problema associado é a movimentação excessiva de materiais e
pessoas que este layout proporciona. Como será demonstrado mais à frente o layout funcional,
devido a suas características, deve ser utilizado somente em momentos extremos onde os
demais conceitos de layout não são possíveis de ser aplicados.
Figura 9 Layout funcional de uma empresa de estruturas metálicas
Fonte: (Silva e Ganga, 2006)
Prensas
Centros de Usinagem
Guilhotinas
Furadeiras de bancada
Corte de Fitas
Estoque
Capítulo 3: Layout
45
3.4.2 Layout por produto
Segundo Gonçalves Filho (2005) “o arranjo físico por produto é também denominado
arranjo físico em linha de produção (linha de produção ou linha de montagem). Nesse arranjo,
o material é transportado através de estações de trabalho onde sofre as operações de
fabricação ou montagem, criando um fluxo unidirecional. O arranjo físico por produto
procura localizar os recursos produtivos segundo a melhor seqüência das operações requeridas
pelo recurso que está sendo transformado”.
Para Colmanetti (2001) apud Dalmas (2004) algumas das características e vantagens
do layout por produto são:
Fluxo suave, simples, lógico e direto.
Menor work in process do que no layout funcional.
Utilizado em sistema de produção contínua.
Produtos são fabricados em grande quantidade e semelhantes entre si.
Exige balanceamento de linha.
Equipamentos são dispostos de acordo com a seqüência de operações e
equipamentos especiais podem ser utilizados.
Tempo total por unidade é baixo.
Segundo Tompkins ET AL. (1996) entre as desvantagens do layout por produto
destacam-se:
Uma parada de máquina interrompe toda linha de produção.
Mudanças no projeto do produto podem tornar toda linha de produção obsoleta.
Normalmente, existe a necessidade em investir em equipamentos de alto valor.
Baixa utilização dos recursos para produtos de baixo volume.
O layout por produto foi popularizado pela linha de montagem criada por Henry Ford.
Deve-se ressaltar que alguns dos princípios que nortearam a construção da linha de montagem
na Ford Motor Company ainda são utilizados na concepção de layouts mais modernos. A
figura 10 mostra um exemplo de layout por produto.
Capítulo 3: Layout
46
Figura 10 Layout por produto (em linha)
Fonte: http://images.google.com.br
Segundo Heilala e Voho (1997), Nevins e Whitney (1989), Chow (1990) um sistema
de linha de montagem pode ser classificado como:
Linha de montagem seqüencial manual.
Linha de montagem manual paralela.
Linha de montagem semi-automática.
Linha de montagem automática flexível.
Linha de montagem automática dedicada.
Os autores também destacam que caso um produto seja montado em um caminho
seqüencial com tempos de ciclos pequenos existe um grande potencial para a automação. A
figura 11 a seguir apresenta algumas variações de layouts para linhas de montagem.
Capítulo 3: Layout
47
Figura 11 Variações do layout em linha
Fonte: Heilala e Voho (1997)
3.4.3 Layout Posicional
Segundo Tompkins et.al. (1996), Slack ET AL. (1999), Black (1998) entre outros
autores o layout por posição fixa difere do conceito dos outros layouts pois nesses o material é
levado até às estações de trabalho, ao passo, que no layout posicional as estações de trabalho
são movimentadas até os materiais.
Este é um tipo muito particular de layout e, normalmente, é utilizado na fabricação de
produtos de grande porte ou produtos que permanecerão fixos no local de fabricação.
Exemplo: prédios, pontes, navios, aviões, etc.
Layout em linha
em matriz
Layout em linha
em loop
Layout em linha
sem pulmão
Layout em linha com
terminal sem pulmão
Layout em linha
com terminal
com pulmão
Capítulo 3: Layout
48
Com relação à fabricação de aviões pode-se observar que algumas empresas estão
migrando do layout posicional para o layout em linha, como é o caso da Boeing. A empresa
tem integrado os conceitos de gestão visual, takt time e layout para obter melhores resultados.
De acordo com um takt time previamente definido são delimitados no chão os locais em que o
avião em construção deve estar durante as etapas de fabricação. A aeronave é deslocada até as
estações de trabalho, e os atrasos de produção podem ser facilmente detectados. Essa
integração de conceitos layout, gestão visual, takt time, entre outros é amplamente
utilizado em empresas que adotaram o Sistema de Produção Enxuta.
3.4.4 Layout Celular
Segundo Al-Mubarak (2003) células de manufatura é a forma de organizar o layout do
chão-de-fábrica buscando alcançar eficiência e flexibilidade. Célula de manufatura é a
filosofia que busca explorar e utilizar a similaridade entre componentes. Os componentes são
agrupados em famílias baseados em similaridades de forma, processo de produção ou ambos.
As máquinas então são agrupadas em células para fabricar esses componentes.
“Nas células de manufatura as máquinas são agrupadas em células, e as células
funcionam de uma forma bastante semelhante a uma linha de produção dentro de uma job
shop maior ou layout por processo. As vantagens que as células podem trazer são
(GAITHER E FRAZIER, 2002):
Os custos de manuseio de materiais são reduzidos.
Peças podem ser feitas e embarcadas mais rapidamente.
É necessário menos estoques de produtos em processo.
A produção é mais fácil de automatizar.
Ainda segundo os autores, duas exigências fundamentais para fabricar as peças em
células:
A demanda para as peças deve ser suficientemente elevada e estável, de forma que
tamanhos de lotes moderados das peças possam ser fabricados periodicamente.
As peças que estão sendo analisadas devem ser agrupadas em famílias de peças.
Dentro de uma família de peças, as peças devem ter características físicas similares
e, dessa forma, elas exigem operações de produção similares.
Capítulo 3: Layout
49
Muito embora o conceito de célula de manufatura seja bastante simples sua aplicação
prática envolve a análise de diversos fatores, como:
Quantidade de componentes/peças que possa existir no chão-de-fábrica.
Necessidade de duplicação de máquinas.
Sistema de gerenciamento da célula.
Sistema de custeio da célula, etc.
Esses e outros fatores são destacados por Hyer e Wemmerlöv (2002). Além disso, os
autores destacam que em virtude da complexidade de se implantar células em, muitos casos,
as células de manufatura encontradas nas empresas são falsas células, pois não obedecem a
inúmeros princípios que caracterizam uma célula real, como:
Fluxo unitário e unidirecional de peças.
Não existência de fluxo intra-células.
Utilização de trabalhadores multifuncionais.
Embora a manufatura baseada em células tenha surgido em 1900, sua disseminação
ocorreu apenas na década de 90. Alguns estudos mostram que, atualmente, 43% a 53% das
empresas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha utilizam células de produção. Em unidades
fabris com mais de 100 funcionários essa porcentagem aumenta para 73% (Hyer e
Wemmerlöv, 2002).
A tabela 1 apresenta os ganhos obtidos com a implantação das células de manufatura.
Tabela 1 Resultados da implantação de células de manufatura ( x informações não disponíveis)
Fonte: Hyer e Wemmerlöv (2002).
Capítulo 3: Layout
50
3.4.4.1 Vantagens e Desvantagens do Layout Celular
Muito embora o layout celular seja caracterizado por muitos como a melhor
disposição física de máquinas este traz consigo um conjunto de vantagens e desvantagens.
Para Tompkins ET AL. (1996) e Black (1998) as principais vantagens do layout celular
são:
Redução do tempo de manuseio do material e movimentação.
Redução do tempo de setup de recursos produtivos.
Redução da variabilidade do tempo de ciclo.
Fluxo suave de produção.
Com a maior padronização dos processos o processo de automação das atividades
torna-se mais simples.
Melhor monitoramento, controle, resposta dos estoques e da qualidade dos itens
produzidos.
Criação de um melhor ambiente de trabalho através da utilização de times
multifuncionais.
Algumas vantagens adicionais relacionadas ao layout celular, na visão de Tompkins
et.al. (1996) são:
Com o aumento do grau de similaridade de processo entre as peças processadas na
célula, o tempo de setup entre os lotes de fabricação tende a se reduzir e,
conseqüentemente, impacta no tamanho dos lotes e nos tempos de esperas.
Como o trajeto percorrido pelos componentes diminui com o layout celular, o
tempo perdido entre as operações tende a diminuir. Como conseqüência os
estoques intermediários diminuem e o tempo total de fabricação também reduz.
Com a padronização da família de produtos a variabilidade de atividades
realizadas em uma máquina tende a diminuir. Com isso treinar funcionários torna-
se mais simples e rápido.
A utilização de equipes de trabalho tende a tornar o relacionamento entre operários
melhor, gerando um melhor ambiente de trabalho.
Capítulo 3: Layout
51
Muito embora as células tragam consigo essas inúmeras vantagens, além da
tradicional desvantagem da duplicação de máquinas, essa também tem como aspecto
negativo:
A inserção de novos produtos na fábrica pode ser complicada, pois as células
possuem um padrão de processo para os produtos/peças que fabrica. Para minimização
deste problema, deve existir um relacionamento muito intenso entre a Engenharia de
produto e o chão-de-fábrica.
As células para atingirem sua máxima eficiência necessitam de equipes
multifuncionais. Portanto, em um primeiro momento, todos os operadores precisam
passar por um processo de treinamento o que pode implicar em tempo e custos.
3.4.4.2 Pontos de observação quanto às células.
Segundo Rentes ET AL. (2006) existem diversas formas de layout celular. O mais
tradicional é o layout em U. A figura 12 apresenta algumas dessas variações de disposição
física de equipamentos do layout celular.
Capítulo 3: Layout
52
CÉLULA EM
LINHA
CÉLULA EM L
CÉLULA EM
U
Figura 12 Variações do layout celular
Um outro ponto a se destacar é a questão da utilização de trabalhadores
multifuncionais em células. Trabalhadores multifuncionais são um dos requisitos para o
completo funcionamento de uma célula de manufatura. A preparação dos operadores torna-se,
portanto, em um ponto chave do processo de implementação de um layout celular.
Além dos trabalhadores conseguirem desempenhar funções de processamento
diferentes é necessário que estes também tenham uma visão gerencial da célula. Algumas
Capítulo 3: Layout
53
empresas utilizam o conceito de times auto-gerenciáveis. Ou seja, o próprio grupo de
trabalhadores da célula, gerencia as suas próprias atividades.
O desenvolvimento de trabalhadores multifuncionais é importante porque em uma
célula de manufatura estes devem estar aptos para realizar as seguintes atividades, além da
operação dos equipamentos:
Verificação da qualidade das peças/produtos fabricados.
Em alguns casos, reorganização do layout da célula quando itens diferentes forem
fabricados.
Acompanhamento da quantidade de material em processo na célula.
Melhoria contínua da célula: redução dos tempos de setup, melhoria do processo,
etc.
Por último, outro ponto importante em relação às células é a forma de gerenciamento
dessas. Um conceito muito utilizado no gerenciamento das células é o conceito de
gerenciamento visual. Através de quadros de programação e acompanhamento da produção,
quadros de treinamento dos operadores, etc. as atividades e o desempenho das células podem
ser geridos de forma fácil e eficiente.
Silva e Cardoza (2005) apresentam alguns exemplos de quadros de gestão visual que
podem ser utilizados nas células. A figura 13 mostra um quadro de gestão do nível de
treinamento da mão-de-obra da célula.
Figura 13 Matriz de treinamento
Fonte: Feld (2001)
Capítulo 3: Layout
54
3.5 Os novos conceitos de layout
Alguns autores como Irani e Huang (1998), Venkatadri ET AL. (1997), Silva e Rentes
(2002) apresentam alguns conceitos novos de layout, como o layout fractal, as mini-fábricas
de produção, etc. Alguns desses layouts foram aplicados em empresas ao passo que outros
ainda estão restritos à pesquisa e análise.
3.5.1 Layout Modular/
Segundo Gonçalves Filho (2005) um módulo de um arranjo físico modular é definido
como um pequeno grupo de máquinas que tem as características e um padrão de fluxo de um
tipo específico de arranjo físico. Este deve ser utilizado quando não é viável a construção de
células. Irani e Huang (1998) definem as seguintes variações de módulos para esse layout:
Módulo célula: tem o mesmo princípio das células de manufatura. O módulo é
formado por um conjunto de máquinas capazes de processar completamente uma família de
peças. Ver figura 14.
Figura 14 Layout modular: Módulo célula
Módulo centro de usinagem: o módulo possui uma única máquina capaz de realizar
inúmeras operações diferentes. A máquina possui também um alto grau de automação. A
vantagem presente nesse layout em relação ao módulo célula é que neste layout uma família
de peças pode ser processada sem qualquer movimentação. Ver figura 15.
OPERAÇÃO 4
OPERAÇÃO 3
OPERAÇÃO 1
OPERAÇÃO 2
OPERAÇÃO 5
Capítulo 3: Layout
55
Figura 15 Layout Modular: Módulo centro de usinagem
Módulo fluxo em linha (flowline): é um arranjo físico com as máquinas posicionadas
em linha onde as peças são movimentadas em uma única direção. Este layout difere da linha
tradicional no sentido em que algumas peças da família podem não necessariamente sofrerem
operação em todas as estações de trabalho. Ver figura 16.
Figura 16 Layout Modular: Módulo fluxo em linha
Módulo fluxo em linha ramificado (convergente ou divergente): este arranjo físico
difere do fluxo em linha no sentido em que existem um conjunto de peças da família que tem
atividades de processo em comum e um conjunto de peças com atividades específicas. Á
medida que as peças se movimentam ao longo da linha, em determinado ponto essas tomam
caminhos diferentes e depois retornam à linha. Ver figura 17.
Figura 17 Layout Modular: Módulo fluxo em linha ramificado
CENTRO DE
USINAGEM
OPERAÇÃO 1
OPERAÇÃO 2
OPERAÇÃO 7
OPERAÇÃO 8
OPERAÇÃO 6
OPERAÇÃO 3
OPERAÇÃO 4
OPERAÇÃO 5
Capítulo 3: Layout
56
Módulo funcional: o módulo funcional tem a mesma definição do layout funcional.
Não existe dentro do módulo nenhum padrão de fluxo. Ver figura 18.
Figura 18 Layout modular: Módulo Funcional
Segundo Gonçalves Filho (2005) a idéia central do layout modular é que as máquinas
sejam agrupadas segundo os tipos de módulos citados e dispostos no chão-de-fábrica de modo
que o fluxo através dos módulos ocorra em um único sentido.
3.5.2 Layout Mini-fábricas
Para Silva e Rentes (2002) mini-fábricas de produção é a organização do layout do
setor de manufatura em ilhas de produção. Neste caso, os equipamentos de produção são
separados de forma a dividir a fábrica em áreas de processamento de produtos específicos, ou
seja, a fábrica é seccionada em setores onde cada um produz parte dos produtos pertencentes
ao rol de produtos da empresa.
Este conceito é bastante similar ao de células e ao do layout fractal embora tenha suas
particularidades. Algumas das diferenças entre células e mini-fábricas, layout fractal e mini-
fábricas são:
No layout fractal, em cada célula ou ilha de trabalho, existe os mesmos tipos de
máquinas. Na mini-fábrica as ilhas ou células são compostas de equipamentos
diferentes.
No layout celular existe um fluxo unidirecional de processamento. Na mini-fábrica
o fluxo pode não ser unidirecional e nem tão bem definido quanto na célula.
Nas mini-fábricas a variedade processada de itens é muito superior ao da célula.
A utilização das mini-fábricas é indicada para ambientes job shop onde o número de
produtos/peças processadas é muito grande e inviabiliza o uso de células de produção e do
OPERAÇÃO 1
OPERAÇÃO 4
OPERAÇÃO 6
OPERAÇÃO 3
OPERAÇÃO 2
OPERAÇÃO 5
Capítulo 3: Layout
57
layout fractal, principalmente, pela necessidade de duplicação de máquinas. Essa duplicação
pode representar, em muitos casos, custos muito elevados para a organização. Quando se
trabalha com o conceito de mini-fábricas de produção problemas como duplicação de
máquinas são minimizados porque, por exemplo, não existe uma dedicação tão exclusiva para
uma linha de produtos como no ambiente celular. A figura 19 mostra um exemplo de mini-
fábrica.
Figura 19 Exemplo de célula e mini-fábrica de produção
A figura 20 apresenta um exemplo de aplicação prática de layout de mini-fábricas. As
letras A, B, C e D indicam as mini-fábricas existentes. Em cada uma das mini-fábricas são
produzidas famílias de componentes para equipamentos eletrônicos. Essas famílias foram
definidas em função da similaridade de processo entre os componentes.
Dento da mini-fábrica o fluxo das peças é multidirecional. A vantagem desse cocneito
de arranjo físico consiste na redução dos estoques em comparação a outros modelos de layout,
a gestão unificada de itens semelhantes e a redução de movimentação devido à aproximação
de recursos.
Mini-fábrica I
Mini-fábrica II
Produtos A,B e C
Produtos D, E e F
Capítulo 3: Layout
58
Figura 20 Exemplo de aplicação do conceito de mini-fábricas de produção
B
A
C
C
D
Capítulo 3: Layout
59
3.5.3 Layout Holográfico
Segundo Montreuil ET AL. (1993) no arranjo físico holográfico as máquinas são
distribuídas com certa aleatoriedade pelo chão-de-fábrica. Neste tipo de layout, os
equipamentos não duplicados são posicionados no centro do layout ao passo que as demais
estações de trabalho são distribuídas ao longo do chão-de-fábrica.
3.5 4 Layout Fractal
Segundo Venkatadri ET AL. (1997) o layout fractal foi, originalmente, concebido
como alternativa para obter uma manufatura ágil através da criação de mini-fábricas
multifunções dentro da empresa.
A unidade básica de formação do layout fractal é a célula fractal, um conjunto de
máquinas colocadas próximas umas das outras no chão-de-fábrica e capazes de processar a
maioria, senão todos os produtos que entram no sistema de fabricação. Cada tipo de máquina
na célula fractal é aproximadamente igual à proporção daquele tipo de máquina na fábrica.
Segundo Gonçalves Filho (2005) não é suposto que as células fractais sejam
independentes, ou seja, que cada uma delas seja capaz de processar inteiramente um conjunto
de peças. Pode ser necessário que a peça passe por duas ou mais células fractais para estar
completa. Com isso, determinadas máquinas e equipamentos serão utilizados por mais de uma
célula fractal. Isto deve ocorrer, principalmente, quando máquinas caras, em número reduzido
são utilizadas por um grande número de peças. A figura 21 mostra um exemplo de layout
fractal.
Figura 21 Exemplo esquemático de layout fractal
Fonte: Montreuil ET AL. (1999)
Capítulo 3: Layout
60
Venkatadri ET AL. (1997) apresenta um estudo comparativo entre alguns tipos de
layout. Neste estudo os autores fazem uma comparação entre o layout celular, o layout
funcional e o holográfico. Ver tabela 2 a seguir.
Tabela 2 Análise comparativa entre tipos diferentes de layout para sete estudos de casos
Fonte: Venkatadri ET AL. 1997
Deve-se apenas ressaltar que os autores levaram em consideração apenas dois
critérios para se analisar o layout, o número de máquinas e a movimentação de peças. Mais à
frente será realizada uma análise envolvendo todos os modelos de layouts e contemplando
outros critérios não abordados pelos autores.
3.5.5 Layout Reconfigurável
Com a redução ou mesmo quebra das barreiras alfandegárias e com a maior eficiência
dos sistemas de transporte entre países o mercado consumidor se tornou um ambiente
dinâmico, o qual exige que os sistemas de produção tenham uma alta flexibilidade para
atender às constantes mudanças na demanda.
Segundo Mehrabi ET AL. (2002) as empresas atualmente necessitam produzir em um
ambiente com mudanças inesperadas e abruptas na produção. Muitos fatores contribuem
simultaneamente para as mudanças no mercado, incluindo a globalização da economia,
mercado saturado e rápidos avanços nos processos tecnológicos. O resultado é a fragmentação
do mercado (tamanho e tempo), e um curto tempo de vida dos produtos. Entretanto, produtos
de alta qualidade e baixo custo tornam-se necessários e o tempo de resposta às mudanças do
mercado torna-se uma vantagem competitiva. Para se tornar competitivo neste ambiente
Capítulo 3: Layout
61
turbulento são necessárias estratégias adequadas de negócios e tecnologias de manufatura
apropriadas.
Alguns autores como Ishii ET AL. (1995), Stake, (1999) e o National Research
Council (NRC 1998, 2000) destacam que o mercado atual exige que o sistema de manufatura
atenda a alguns pré-requisitos, entre eles pode-se destacar:
(a) Lead times curtos.
(b) Maior opção de produtos.
(c) Produção em volumes baixos e alterações constantes na produção.
(d) Preços baixos.
(e) Qualidade, durabilidade, etc.
Portanto, os sistemas de produção necessitam ter uma alta flexibilidade para
corresponder às expectativas do mercado. Segundo Heilala, ET AL. (2001) a flexibilidade é
necessária em sistemas de produção porque o ciclo de vida dos produtos está tornando-se
menor, os lotes de produção necessitam ser menores, entre outras variáveis. Existem
diferentes tipos de flexibilidade: Flexibilidade de capabilidade e flexibilidade de capacidade
(Tichem, 2000). A flexibilidade de capabilidade refere-se à habilidade do sistema reagir a
mudanças na demanda do mercado em termos de variações nos produtos. A flexibilidade de
capacidade refere-se à capacidade da empresa em reagir a mudanças nas quantidades
solicitadas.
Mais recentemente, Koren e Ulsoy (1997), Mehrabi e Ulsoy (1997) e Koren ET AL.
(1999) introduziram o conceito de sistema de manufatura reconfigurável (RMS) como
resposta às mudanças que estão ocorrendo no mercado. Em termos de design, o RMS tem
uma estrutura modular (software e hardware) a qual permite uma rápida reconfiguração para
atender as mudanças na demanda. Segundo Bollinger e Rusnak (1998) e o National Research
Council Report (NRC, 1998) equipamentos modulares permitem que o sistema RMS tenha a
capacidade de alterar rapidamente sua configuração permitindo, por exemplo, a entrada de
novas tecnologias no sistema de produção.
O sistema RMS começa a surgir como um novo paradigma. A reconfiguração do
sistema produtivo de acordo com mudanças no mix ou no volume de produção começa a
tornar-se possível graças ao desenvolvimento de equipamentos modulares e de fácil
transporte. Mas, muitas dúvidas ainda pairam sobre a aplicabilidade deste novo conceito.
Segundo Bi ET AL. (2007) não existe ainda uma definição clara sobre o sistema RMS.
Por exemplo, na Terceira Conferência sobre Manufatura Reconfigurável ocorrida em maio de
Capítulo 3: Layout
62
2005 na Universidade de Michigan, os participantes tinham visões diferentes sobre a
definição do RMS. Alguns insistiam que o RMS é um paradigma intermediário entre a
Produção em Massa e o Sistema de manufatura Flexível (FMS). Alguns argumentaram que o
RMS é um paradigma avançado no qual a flexibilidade necessita ser maior do que a do FMS.
E, finalmente, alguns que não existe distinção entre o FMS e o RMS.
Mas, embora não exista ainda um consenso sobre a definição do sistema RMS para
alguns está claro que este é um novo conceito embrionário o qual deve ser explorado.
Segundo National Research Council Report (NRC, 1999) o RMS foi identificado como a
tecnologia prioritária para as empresas no futuro, e um dos seis grandes desafios onde a
pesquisa necessita ser focada.
Neste trabalho, será adotada a definição de Mehrabi ET AL. (2002) para RMS:
“Sistema de manufatura reconfigurável (RMS) é um sistema de produção que permite
a reconfiguração de equipamento, do processo de produção, da capacidade de produção, com
objetivo de atender a mudanças na demanda”.
Basto (2000) destaca que a idéia do layout reconfigurável envolve utilizar máquinas
que podem ser movidas de um layout por processo para um layout por produto (ou vice-versa)
permitindo dessa forma a configuração do sistema de manufatura para produtos individuais.
Segundo Mehrabi ET AL. (2002) o objetivo do RMS é fornecer a funcionalidade e
capacidade que são necessárias, exatamente quando solicitadas. O RMS permite:
Redução do lead time de implantação de novos sistemas de produção ou da
reconfiguração do sistema existente.
Rápida modificação e integração de novas tecnologias e ou novas funções dentro de
um sistema de produção já existente.
Koren e Ulsoy (1997), Bollinger e Rusnak (1998), Mehrabi e Usloy (1997) e Mehrabi
(2000) apresentam mais características e definições do sistema RMS. Em essência, um
sistema de manufatura reconfigurável objetiva ser instalado com a exata capacidade de
produção necessária e poder ser alterado quando necessário.
A figura 22 a seguir apresenta um exemplo esquemático de um sistema RMS. No
exemplo, para produzir os produtos A, B e C são utilizados na seqüência os equipamentos:
Solda, Furadeira, Fresa e Torno CNC. O layout utilizado é a célula em U. Na fabricação dos
produtos D, E, F existe um setup de máquinas com a mudança do layout de U para uma célula
em L. Os equipamentos utilizados passaram a ser: Solda, Furadeira, Solda e Fresa.
Capítulo 3: Layout
63
Figura 22 Exemplo de um layout reconfigurável.
Como mencionado, anteriormente, o layout reconfigurável ainda tem pouca aplicação
prática nas empresas. Entre os fatores que limitam o seu uso pode-se destacar:
Necessidade de equipamentos especiais: quando no uso desse layout os
equipamentos devem ser projetados ou readaptados para se tornarem de fácil
locomoção. A adaptação de rodas, de sistemas de engate rápido para pontos de ar e
óleo são algumas das características que os equipamentos devem possuir para que
o setup do layout seja rápido.
Custo: a compra de equipamentos personalizados ou a readaptação de
equipamentos pode incorrer em custos bastantes elevados. E por se tratar de um
layout que se encontra implantado em poucas empresas raro são os
empreendedores que se arriscam a arcar com esses custos.
Dimensões dos equipamentos: embora na figura 30 tenham sido colocados
equipamentos como tornos e fresas, normalmente, devido ao grande porte desses
equipamentos não é possível ficar realocando-os de acordo com mudanças nos
produtos. Portanto, esse modelo de layout torna-se mais viável para situações que
utilizam equipamentos de pequeno porte e processos de montagem que utilizam
basicamente bancadas.
Tendo por base essas restrições, o sistema RMS pode ser utilizado, de forma
relativamente fácil, em processos de montagem onde se utiliza apenas bancadas e
equipamentos de pequeno porte. Processos produtivos também como da indústria de calçados
e roupas, pelas características de equipamentos utilizados, podem utilizar este tipo de layout.
A figura 23 a seguir apresenta um exemplo de uma fábrica de válvulas de descargas,
localizada na cidade de Aveiro/Portugal, que está migrando do layout em linha tradicional
ENTRADA
SAÍDA
FABRICAÇÃO PRODUTOS A, B e C
ENTRADA
SAÍDA
FABRICAÇÃO PRODUTOS D, E e F
Capítulo 3: Layout
64
para o layout reconfigurável. A todos os equipamentos produtivos estão sendo adaptadas
rodas para facilitar a locomoção desses. Também, estão sendo projetados sistemas de encaixe
e desencaixe rápido para agilizar o setup das células.
O abastecimento das células reconfiguráveis que estão sendo criadas é feito através de
carrinhos demonstrados na figura 23. Esses carrinhos, também estão adaptados a promoverem
o FIFO no abastecimento das células.
Deve-se destacar também que os novos postos de trabalhos nas células estão sendo
projetados para que os operadores trabalhem em pé. Na visão dos gerentes de fábrica, dessa
forma as pessoas desempenham de forma mais rápida as operações.
Layout Antes Layout Reconfigurável
Sistema de Troca Rápida e Carrinhos de Abastecimento
Figura 23 Exemplo de aplicação do sistema RMS
Capítulo 3: Layout
65
No exemplo demonstrado, está sendo utilizado o layout em L em virtude do produto
fabricado no momento da fotografia. O layout pode ser alterado de L para U, ou simplesmente
os equipamentos podem ser alterados em função do próximo produto a ser fabricado sem
alterar a forma do layout utilizado L ou U.
Rentes ET AL. (2006) apresenta um exemplo de aplicação prática do conceito de
layout reconfigurável em uma empresa do setor calçadista. Os autores destacam que além da
mudança do posicionamento das máquinas há também uma alteração na quantidade de postos
de trabalho podendo ser alterado de 30 postos para 38 conforme o produto a ser fabricado. A
figura 24 apresenta exemplos de configurações de layouts para tipos de produtos diferentes.
Neste exemplo existe tanto uma mudança de posicionamento de máquinas quanto do número
de postos de trabalho.
Portanto, em resumo, o sistema RMS tem como grande vantagem a flexibilidade para
atender às constantes variações que ocorrem na demanda. Mas, este conceito de layout
apresenta algumas limitações como custo, dificuldade de movimentação de equipamentos de
grande porte, dificuldade em se delimitar pontos de instalação de ar, energia, entre outros
fatores.
Capítulo 3: Layout
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Entrada e saida
do foro da
Taloneira
Entrada
da pala
Saida de
cabedal
Pronto
Entrada da
Gáspea
Entrada dos
cami;forro da
gáspea; reforço da
ferradura
Entrada da tira
traseira
Entrada do
forro da
taloneira
Entrada espuma
trazeira;contra
forte e espuma
da banana
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Planilha de
Localização e
Modelos
Gerente do Setor
Local (número do chão)
Modelo
Máquina
Atividades
Passar para:
Dúvidas???
Quadro de Layouts dos Modelos
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Taloneira
Entrada
da pala
Saida de
cabedal
Pronto
Entrada da
Gáspea
Entrada dos
cami;forro da
gáspea; reforço da
ferradura
Entrada da tira
traseira
Entrada do
forro da
taloneira
Entrada espuma
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Entrada
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traseira
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Gáspea
Entrada dos
cami;forro da
gáspea; reforço da
ferradura
Entrada da tira
traseira
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taloneira
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forte e espuma
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Planilha de
Localização e
Modelos
Planilha de
Localização e
Modelos
Gerente do Setor
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Modelo
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Passar para:
Local (número do chão)
Modelo
Máquina
Atividades
Passar para:
Dúvidas???
Quadro de Layouts dos Modelos
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gáspea; reforço da
ferradura
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Entrada espuma
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Figura 24 Exemplo de configurações de layout para produtos diferentes
Fonte: Rentes ET AL. (2006)
Capítulo 3: Layout
67
3.5.6 Células Virtuais
Segundo Rheault, ET AL. (1995) o conceito de células virtuais de manufatura foi
proposto inicialmente por Mclean e Simpson (1982).
Vakharia, ET AL. (1999) define células virtuais como sendo um conjunto de máquinas
específicas dedicadas a um grupo pré-determinado de peças. Diferentemente, do layout
celular os equipamentos de processamento não estão alojados próximos, mas fisicamente
posicionados ao longo do chão-de-fábrica.
Os layouts apresentados possuem características próprias que os aproximam ou
distanciam dos conceitos de Produção Enxuta. A seguir, será realizada uma análise desses
arranjos físicos em relação à Produção Enxuta.
3.6 Análise dos modelos de layout sob a ótica da Produção Enxuta
Todos os modelos de layouts apresentados possuem características próprias que os
aproximam ou distanciam do modelo de Produção Enxuta. Para análise dos layouts foram
definidos alguns critérios. Estes critérios são:
- Movimentação: como apresentado anteriormente, a movimentação e transporte
excessivo são dois dos desperdícios a serem eliminados sob a ótica da Produção
Enxuta. Portanto, o layout físico das máquinas deve possibilitar que a
movimentação de materiais e produtos seja a menor possível dentro da fábrica.
- Fluxo Contínuo: Rother e Harris (2002) destacam que o fluxo contínuo é o
principal objetivo da Produção Enxuta. Um fluxo contínuo e unitário de peças
depende, entre outros aspectos, da proximidade dos equipamentos produtivos.
Portanto, o layout deve ser planejado em função desse objetivo, permitindo que as
peças e produtos fluam de forma suave e contínua entre as estações de trabalho.
- Gestão Visual: Ciosaki (1999) destaca que o gerenciamento visual da produção são
todos os mecanismos utilizados para tornar visível ou aparente os fatores
relevantes para uma adequada administração da produção no nível operacional. A
gestão visual tem sua importância fundamentada no auxílio ao gerenciamento das
atividades no chão-de-fábrica. Yoshimura ET AL. (2006) destaca que um layout
eficiente deve permitir que o gerente de produção consiga ter uma visão clara dos
operadores e do sistema produtivo quando este caminhar pela fábrica. O layout
Capítulo 3: Layout
68
deve permitir que seja possível a visualização, senão do todo, ao menos das etapas
completas de um determinado processo.
- Flexibilidade: sazonalidade e demanda por produtos personalizados são alguns dos
fatores que impulsionam as empresas em busca de flexibilidade. Nesse sentido, o
layout deve possibilitar à empresa alterar de forma rápida e eficiente seu mix de
produto e o volume de produção permitindo assim o atendimento às flutuações na
demanda.
- Estoques: o estoque em processo é um das principais fontes de desperdício.
Portanto, o arranjo físico dos equipamentos deve minimizar a distância física entre
as máquinas buscando eliminar a necessidade de se produzir em lotes, gerando por
conseqüência estoques intermediários.
- Qualidade: o layout auxilia na qualidade na medida em que este possibilita o fluxo
contínuo e conseqüentemente os defeitos são detectados assim que uma peça é
transferida para o processo seguinte.
- Utilização de Mão-de-Obra multifuncional: a proximidade dos postos de trabalho
pode permitir que um operador trabalhe em mais de um equipamento ao mesmo
tempo. Portanto, a multifuncionalidade do operador depende entre outros aspectos
do arranjo físico.
- Nível de complexidade de programação da produção: o nível de complexidade da
programação da produção está correlacionado com a o nível de organização do
fluxo de processo. Quanto maior a aleatoriedade do fluxo maior a dificuldade em
se programar a produção nas estações de trabalho.
A. Layout funcional.
Em relação aos aspectos citados acima, o layout funcional não promove o fluxo
contínuo, a produção é realizada em lotes o que aumenta o estoque em processo e a gestão
visual fica comprometida devido à distância entre os departamentos. Quanto ao fator
qualidade, a fabricação em lotes pode causar um retrabalho ou mesmo a perda de um lote
inteiro quando um problema é detectado.
Um dos aspectos positivos do layout funcional é a flexibilidade. Como não existem
máquinas dedicadas tanto uma quantidade variada quanto um mix variado de produtos podem
ser feitos. Quanto ao fator mão-de-obra, o layout funcional ainda tende a utilizar trabalhadores
Capítulo 3: Layout
69
especializados e não multifuncionais. Finalmente, quanto à programação da produção, o nível
de complexidade é elevado devido à falta de fluxo.
B. Layout por produto.
O layout por produto apresenta um avanço em relação ao layout funcional em termos
de permitir o fluxo contínuo, reduzir os estoques em processo, permitir a gestão visual. Neste
caso, o fluxo contínuo corrobora para a melhoria da qualidade porque caso uma peça seja
produzida com defeito imediatamente este defeito é detectado no processo seguinte, evitando
assim que todo um lote seja produzido com defeito.
Um dos pontos falhos do layout por produto é que este apresenta uma baixa
flexibilidade de mix. Alterações nos tipos de produtos causam grande transtorno porque esse
layout trabalha com equipamentos dedicados. Quanto à mão-de-obra de forma semelhante ao
layout funcional este utiliza trabalhadores especializados.
Quanto ao último aspecto, a complexidade de programação da produção é baixa
principalmente porque os equipamentos são dedicados.
C. Layout posicional.
O layout posicional como apresentado anteriormente tem características bem distintas
dos outros layouts porque, nesse caso, o produto fica estacionário e os equipamentos se
movimentam. Nesse arranjo físico não existe um fluxo contínuo e os estoques em processo
podem ser elevados.
Quanto à flexibilidade, o layout posicional consegue absorver tanto uma alta variação
de demanda quanto de produto. A gestão visual pode ser utilizada de forma eficiente nesse
modelo de layout. Normalmente, utilizam-se trabalhadores especializados. Finalmente, a
complexidade de programação da produção não é elevada e a qualidade é prejudicada devido
à não existência do fluxo contínuo.
D. Layout celular.
Para finalizar em relação aos layouts tradicionais, o layout celular é o que mais se
adequa aos conceitos da Produção Enxuta. Este promove o fluxo contínuo, reduz o nível de
inventário em processo, facilita a gestão visual e promove de maneira eficiente o controle de
qualidade. Além disso, o layout celular tem como princípio a utilização de mão-de-obra
multifuncional, promove a integração dos funcionários através da formação de equipes e o
nível de complexidade de programação da produção é bastante baixa.
Capítulo 3: Layout
70
O único fator crítico do layout celular é a flexibilidade quanto a produto. Este possui
flexibilidade em relação a flutuações na demanda, mas uma baixa flexibilidade quanto à
variação de produto.
E. Layout fractal.
Quanto aos novos layouts, iniciando a análise pelo layout fractal esse não promove o
fluxo contínuo. Isso se deve ao fato das células fractais terem a capacidade de produzir todos
os produtos. Conseqüentemente, será muito difícil estabelecer um padrão de layout dentro da
célula fractal que permita um fluxo contínuo para todas as peças. Portanto, torna-se necessário
produzir em lotes o que eleva o nível de estoques entre os processos.
Existe uma dificuldade em promover a gestão visual, na medida em que as peças não
possuem um local específico de fabricação. A qualidade fica prejudicada devido à
necessidade de se produzir em lotes.
Quanto aos aspectos de multifuncionalidade nesse tipo de layout tem se a tendência
em utilizar trabalhadores especializados pelo fato dos equipamentos estarem distantes e não
existir fluxo contínuo. Dificilmente um operador consegue operar duas máquinas distintas
como em um layout celular. O nível de complexidade da programação da produção é baixo
devido à flexibilidade de produção.
A maior vantagem do layout fractal é a flexibilidade de demanda. Como as células têm
a capacidade de produzirem os mesmos produtos variações na demanda podem ser facilmente
absorvidas pela célula fractal. A flexibilidade de variação de produto dependerá de o quanto a
célula fractal é especializada.
F. Layout modular.
Devido ao fato do layout modular permitir um fluxo entre os módulos existe a
necessidade em se realizar a produção em lotes, não estabelecendo um fluxo contínuo, o que
acarreta em um nível de inventário em processo maior do que o layout celular. Mas nesse
modelo de layout o volume de estoque em processo tende a ser menor do que no layout
funcional.
Quanto ao aspecto qualidade, esta acaba sendo afetada porque não existe um fluxo
contínuo. A gestão visual é facilitada na medida em que a fábrica está particionada em
módulos. Uma das vantagens desse modelo de layout é a capacidade de absorção de
Capítulo 3: Layout
71
flutuações de demanda e mix. A multifuncionalidade da mão-de-obra dependerá da forma
como os recursos estão dispostos internamente nos módulos.
Quanto ao nível de complexidade de programação da produção este pode ser elevado
ou não. Isso dependerá, diretamente, da intensidade de fluxo entre os módulos. Quanto maior
a intensidade de fluxo entre os módulos e a quantidade de refluxo das peças dentro do módulo
maior o nível de dificuldade de programação da produção.
G. Layout mini-fábricas.
As características desse layout são bastante semelhantes ao do layout modular com a
principal diferença de que não existe fluxo entre as mini-fábricas, portanto, a movimentação
de peças tende a ser menor e a programação da produção tende a ser mais simples.
H. Layout distribuído.
O layout distribuído, embora encontre pouca aplicação prática, apresenta como
vantagem tão somente a flexibilidade de demanda e produto. Nesse layout pode-se destacar
como um dos principais problemas o alto nível de dificuldade em programar a produção nos
equipamentos.
H. Layout reconfigurável.
O layout reconfigurável tem uma série de pontos fortes como a promoção do fluxo
contínuo, o baixo estoque em processo, a alta flexibilidade de mix e produtos, a promoção da
qualidade, a possibilidade de utilização eficiente da gestão visual e a possibilidade de
utilização da mão-de-obra multifuncional. Como aspectos negativos pode-se destacar a
complexidade de programação da produção e conseqüente movimentação dos equipamentos.
A tabela 8 apresenta um resumo da análise dos layouts em relação aos princípios da
Produção Enxuta. As células virtuais não foram consideradas porque embora citadas como
modelo de layout, não se configura como um real modelo. Essas não têm uma definição clara
de organização dos equipamentos.
De acordo com a tabela 3 o layout celular é o que mais se aproxima dos conceitos da
Produção Enxuta, embora esse apresente algumas limitações. Portanto, não existe um layout
ideal a ser utilizado. As particularidades de cada caso conduzirão a um tipo de layout
específico. As empresas que adotam o sistema lean, em muitos casos têm utilizado um híbrido
desses layouts. Para determinadas etapas do processo utilizam, por exemplo, um layout
celular ou até mesmo um layout funcional. E para outras etapas do processo utilizam um
Capítulo 3: Layout
72
layout em linha. Esta mescla de layouts pode trazer muitos benefícios, como a não
necessidade de duplicação de equipamentos e a formação de um fluxo eficiente de produção.
Tabela 3 Análise dos diferentes modelos de layouts sob a ótica da Produção Enxuta
Modelos de
layouts
Fluxo
Contínuo
Estoques
Gestão
Visual
Qualidade
Flexibilidade
de mix e
volume
Mão-de-obra
multifuncional
Complexidade
de programação
Movimentação
Funcional baixa alto baixa baixa alta baixa alta alta
Produto alta baixo alta alta baixa baixa baixa baixa
Posicional baixa alto alta alta alta baixa baixa alta
Celular alta baixo alta alta baixa alta baixa baixa
Fractal baixo alto baixa baixa alta baixa baixa baixa
Modular médio médio alta baixa alta baixa alta moderada
Mini-fábricas médio médio alta baixa alta baixa média baixa
Distribuído baixa alto baixa baixa alta baixa alta moderada
Reconfigurável alto baixo alta alta alta baixa alta baixa
Critérios de Análise
Neste capítulo foram apresentados os diversos modelos de layouts e sua correlação
com a Produção Enxuta. Mas, além do projeto da disposição física das máquinas, outro
desafio que surge em um trabalho de melhoria de layout é a implantação das melhorias
projetadas com a fábrica mantendo suas operações cotidianas. Portanto, no capítulo 6 será
apresentada uma metodologia de implantação de layout com a fábrica em funcionamento.
A seguir, será realizada uma melhor descrição do layout reconfigurável com alguns
exemplos práticos de aplicação.
Capítulo 4: O Evento Kaizen
73
Capítulo 4: O Evento Kaizen
74
CAPÍTULO 4
4. O Evento kaizen
O evento kaizen é uma importante ferramenta utilizada pela Toyota para promover a
mudança. Este busca quebrar um paradigma encontrado em muitas empresas, o de que a
mudança é lenta. A seguir, são apresentados os conceitos e características dessa ferramenta.
4.1 Implantando o layout com a fábrica em funcionamento
A formulação da estratégia de implantação do layout, em uma situação de
reorganização física de uma fábrica, e não de uma implantação de uma nova unidade, é um
fator crítico a ser considerado.
A movimentação dos equipamentos para os lugares definidos no projeto pode
depender da movimentação dos equipamentos que estão posicionados nesses locais. Neste
caso é necessário definir quais os primeiros recursos que serão movimentados sem que ocorra
uma interrupção no fluxo de produção da empresa.
Lacksonen ET AL. (1998) destaca que em um projeto de reorganização de layout, os
departamentos não podem ser movidos para os locais definidos até que os ocupantes dos
locais não sejam realocados. Além disso, tendo por base o custo de movimentação deve-se
buscar reduzir os custos de implantação do layout pela estruturação de um projeto de
mudança.
Além do custo de movimentação existem outros fatores que tornam a estratégia de
mudança numa importante etapa da implantação do layout. A interrupção do fluxo produtivo,
causando o não atendimento da demanda nos prazos pré-determinados, é uma variável tão
importante quanto o custo de movimentação dos equipamentos.
A figura 25 apresenta de forma esquemática uma situação de reestruturação de layout.
O departamento 1 deve ocupar o local do departamento 2 e esse por sua vez deve ocupar o
local do departamento 3.
Capítulo 4: O Evento Kaizen
75
Figura 25 Reestruturação do layout
Fonte: Adaptado Lacksonen ET AL. (1998)
Considerando que os departamentos não possam ser movidos simultaneamente por
questões de interrupção no fluxo de produção é necessário que um dos departamentos seja
movido para um local provisório. A partir dessa movimentação os outros departamentos
podem ser alocados nas áreas definidas. Posteriormente, o primeiro departamento pode ser
movimentado para sua área definitiva, ver figura 26.
Figura 26 Etapas de mudança necessárias para realocar os departamentos
Fonte: Adaptado Lacksonen ET AL. (1998)
Para solucionar esse problema alguns autores como Lacksonen ET AL. (1998) e
Driscoll ET AL. (1985) apresentam algoritmos de minimização dos custos de transição do
layout atual para o novo layout.
Gonçalves Filho (2005) destaca que para se garantir uma implementação de layout
com sucesso a equipe de projeto deve programar as atividades de implementação usando um
simples gráfico de GANTT, a cnica do caminho crítico (CPM) ou um software de controle
de projeto mais sofisticado, dependendo da dimensão do projeto do layout.
Uma metodologia desenvolvida na Toyota para realizar as mudanças na fábrica sem
interromper a produção é o Evento Kaizen. Por intermédio dessa metodologia as mudanças
propostas são implantadas utilizando o conhecimento dos próprios operadores do chão-de-
fábrica. Essa é uma forma de eliminação do oitavo desperdício e também uma maneira de
Mover Dep. 1
para local
temporário
Mover Dep. 3
para local
definitivo
Mover Dep. 2
para local
definitivo
Mover Dep. 1
para local
definitivo
Capítulo 4: O Evento Kaizen
76
reorganizar a fábrica sem impactar, principalmente, nos prazos de entrega dos produtos finais
aos clientes.
A seguir, serão apresentados a definição do evento kaizen e os conceitos que
envolvem essa metodologia de mudança.
4.2 Kaizen e o Evento Kaizen
Segundo Conner (2001) kaizen é a palavra japonesa para “fazer pessoas trabalharem
da melhor forma possível”.
Kaizen é uma palavra japonesa que significa melhoria. Segundo Wittenberg (1994)
kaizenou “melhoria contínua” é um lema corrente no Japão e está sendo disseminado em
todo mundo porque, segundo alguns estudiosos, compreender o conceito do kaizen é essencial
para entender as diferenças entre os métodos de gerenciamento Japonês e o Ocidental.
As melhorias (kaizens) propostas, por exemplo, em um trabalho de concepção,
desenvolvimento e implantação de Produção Enxuta pode ser feito por meio do Evento
Kaizen.
A técnica do evento kaizen consiste na formação de uma equipe multifuncional a qual
deverá promover uma melhoria em um curto intervalo de tempo. Segundo Sharma e Moody
(2003) um evento kaizen tem como características, o foco no trabalho em equipe, a solução de
problemas específicos de determinada área da empresa e objetivos preestabelecidos a serem
alcançados até o final de um período pré-estabelecido (uma semana).
Um evento kaizen tem por definição a duração de 5 dias. Segundo Sharma e Moody
(2003) os dias do evento kaizen podem ser divididos nas seguintes etapas:
4.2.1 Primeiro dia: Aprendendo conceitos
O primeiro dia consiste na apresentação da metodologia kaizen de melhoria e
mudança. Neste primeiro momento, são determinadas as funções de cada integrante da
equipe. A equipe deve ser constituída de pessoas das mais diversas áreas, envolvendo
funcionários de chão-de-fábrica, de custos, de processo, entre outros.
Também nesse início são apresentados os problemas e os objetivos a serem
alcançados. Nesta fase são apresentadas as ferramentas e conceitos que possivelmente
poderão ser utilizados durante o projeto, como, Mapa do Fluxo de Valor, Layout Celular,
Conceito de fluxo Contínuo, Sistema Kanban, etc.
Capítulo 4: O Evento Kaizen
77
4.2.2 Segundo dia: Observações iniciais aprendendo a ver
O segundo dia consiste na observação in loco das mudanças a serem realizadas. Nesta
fase todos os envolvidos iniciam uma discussão sobre os problemas e potenciais soluções.
Com base nas observações realizadas no final do dia é realizado um brainstorming
com objetivo de definir quais ações serão realizadas. Um plano de ações definido deve ser o
resultado do final do dia de trabalho.
4.2.3 Terceiro dia: Mãos sujas e tênis empoeirados
Neste dia inicia-se o processo de implantação das ações. Deve-se ressaltar que o
evento kaizen é prioritário, ou seja, caso algum membro da equipe requisite uma informação
ou auxílio de algum funcionário da empresa este deve atender prontamente.
4.2.4 Quarto Dia: a inovação
O quarto dia consiste na finalização das implantações das melhorias. Todas as
inovações sugeridas devem ser implementadas até o final do quarto dia.
4.2.5 Quinto dia: Documentação, apresentação e comemoração
O último dia consiste na documentação das ações realizadas. Essa documentação fica
como base para novos eventos kaizens. Uma apresentação para a diretoria da empresa deve
ser realizada com objetivo de mostrar os resultados obtidos. A última etapa do evento kaizen é
a realização de uma comemoração com participação de todos os integrantes da equipe.
Em resumo, o evento kaizen deve ser composto das atividades de: Apresentação da
metodologia e dos objetivos da equipe; Análise dos problemas; Proposição de soluções;
Implantação das soluções; Apresentação dos resultados e Comemoração. A figura 27 mostra
as etapas e suas durações em um evento kaizen.
O evento kaizen tem sido utilizado pelas empresas durante a sua migração para o
sistema de Produção Enxuta. Entre algumas das vantagens dessa técnica pode-se destacar:
Foco na melhoria;
Utilização e desenvolvimento de equipes multifuncionais;
Priorização das atividades de melhorias.
Para não interromper a rotina de produção uma estratégia a ser adotada antes do
evento kaizen é a formação de “buffers” nos locais onde ocorrerão as mudanças. Esses
pulmões propiciarão à fábrica continuar trabalhando durante a semana em que o evento estará
sendo realizado.
Capítulo 4: O Evento Kaizen
78
Figura 27 Etapas do evento kaizen
Fonte: Brown et.a l. (2006)
Em resumo, o evento kaizen é uma importante metodologia de implantação das
mudanças sugeridas em um projeto de layout, porque:
Permite que as mudanças sejam realizadas com a fábrica em funcionamento;
Usa o conhecimento das pessoas no chão-de-fábrica para auxiliar no processo de
mudança;
Gera nas pessoas envolvidas na mudança o “sentimento” de propriedade do sistema.
Ou seja, as pessoas que trabalham no setor que sofreu as mudanças sentem-se co-
autoras das mudanças realizadas. Portanto, existe uma maior possibilidade das
mudanças serem implantadas com sucesso.
Portanto, a utilização dessa metodologia se torna em uma importante estratégia a ser
adotada nas mudanças físicas do layout e mesmo na implantação de um sistema de Produção
Enxuta.
Treinamento
nos conceitos
Princípios
Lean
Metodologi
a Kaizen
Operações
padrão
Análise
situação atual
Formação
dos grupos
Processo
de
Melhoria
“Mão à obra”
no chão-de-
fábrica”
Continuação
“mão-à-obra”
Identificar
os
resultados
do kaizen
Realizar
processos
adicionais de
melhorias
Refinar as
Melhorias
Finalizar
as
melhorias
Simular o
sistema com
as melhorias
Padronizar as
melhorias
Apresentar os
resultados e
comemorar
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
79
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
80
CAPÍTULO 5
5. Modelos de Construção de layout.
Existem na literatura diversos modelos para o projeto de layouts. A seguir serão
apresentados alguns desses modelos.
5.1 Modelos de projeto de layout
Existem na literatura diversos modelos de projeto de arranjo físico. A seguir, serão
apresentados alguns desses modelos.
5.1.1 O modelo SLP - Systematic Layout Planning
O mais antigo e tradicional modelo de projeto de layout foi concebido por Muther
(1973) e denominou-se SLP - Systematic Layout Planning. A estrutura do modelo é
apresentada na figura 28 a seguir.
O modelo SLP é amplamente utilizado para a concepção de layouts funcionais.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
81
Figura 28 Modelo SLP (Muther, 1973)
Etapa 1 - Fluxo de materiais: nessa etapa deve-se levantar qual o caminho percorrido
pelos materiais no chão-de-fábrica. Caso esteja se trabalhando em um projeto de escritório
deve-se levantar o trajeto das informações através dos diversos departamentos.
Etapa 2 e 3 Relacionamento entre as atividades e Diagrama de relacionamento: nessa
etapa deve-se levantar qual o relacionamento existente entre as atividades ou departamentos.
Para isso pode-se utilizar o diagrama de relacionamento. A figura 29 apresenta um exemplo
de diagrama.
Dep. 1
Dep. 2
Dep. 3
Dep. 4
A
E
O
X
I
U
Figura 29 Diagrama de relacionamento
Fonte: Figura do autor
Atividades e dados de entrada
1.Fluxo de Materiais
2.Relacionamento entre as atividades
3.Diagrama de relacionamento
4. Necessidade de espaço
5.Espaço disponível
6.Diagrama de relacionamento e espaço
7.Modificações consideradas
8.Limitações práticas
9.Desenvolvimento de alternativas
10.Avaliação
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
82
As letras no diagrama indicam o tipo de relação entre os departamentos ou áreas. As
letras que podem ser utilizadas no diagrama são:
A Absolutamente necessário: indica que é necessário que os departamentos
estejam próximos.
E Muito importante: indica que existe uma grande intensidade de fluxo entre os
departamentos, portanto, é importante que estejam próximos.
I Importante: indica que existe fluxo entre os departamentos e caso seja possível
estes devem estar próximos.
O Pouco Importante. Indica que a quantidade de fluxo entre os departamentos é
pequena. E portanto, não necessariamente os departamentos necessitam estar
próximos.
U Desprezível: indica que não fluxo entre os departamentos ou uma
quantidade desprezível e portanto não precisam estar próximos.
X Indesejável: indica que os departamentos não podem estar próximos.
Exemplo: setor de pintura e área de soldagem.
Etapa 4 e 5: Necessidade de espaço e espaço disponível: nessa etapa devem ser
levantadas as necessidades de espaço que o novo layout requer e qual a disponibilidade de
espaço existente.
Etapa 6: Diagrama de relacionamento e espaço: o diagrama de relacionamento e
espaço consiste na representação dos departamentos e do espaço requerido por cada um
desses. A figura 30 apresenta um exemplo esquemático de digrama de relacionamento e
espaço.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
83
Dep. A
20 m2
Dep. B
10 m2
Dep. C
50 m2
Dep. D
8 m2
Figura 30 Diagrama de relacionamento e espaço
Fonte: Figura do autor
Etapa 7 e 8: Modificações consideradas e Limitações práticas: nesta etapa devem ser
levantadas quais as limitações existentes e quais as modificações que serão consideradas.
Etapa 9: Desenvolvimento de alternativa: através das informações e ferramentas
utilizadas deve-se formular alternativas de layout.
Etapa 10: Avaliação: a avaliação consiste na análise da alternativa formulada.
5.1.2 O modelo de Hyer e Wemmerlöv.
Hyer e Wemmerlöv (2002) apresentam um modelo para projeto de layout celular. A
figura 31 apresenta o modelo simplificado desenvolvido pelos autores.
Esse modelo consiste basicamente na identificação das famílias de produtos ou peças
baseados em critérios relacionados a produtos ou processos. Em seguida, deve-se determinar
quais os equipamentos mais adequados para os processamento das famílias e dimensionar a
quantidade de equipamentos e pessoas para cada família. Por último deve-se projetar a célula
de produção.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
84
Figura 31 Modelo simplificado de projeto de células
Fonte: Hayer e Wemmerlöv (2002)
Como mencionado anteriormente, o modelo desenvolvido pelos autores é voltado
apenas para o projeto de layout celular, não abrange outros conceitos de layout.
5.1.3 Modelo de Vilarinho.
Vilarinho (1997) apresenta um software direcionado para o projeto de layouts. Neste
modelo desenvolvido o projeto do layout está dividido em sete módulos:
1. Desenho dos modelos geométricos dos objetos (máquinas, armazéns e edifícios).
2. Desenho dos postos de trabalho.
3. Planejamento de recursos (equipamentos e mão-de-obra).
4. Alocação de operações a máquinas
5. Agregação de máquinas em seções
6. Implantação das seções
7. Implantação global
Produtos, peças,
equipamentos e outros
tipos de dados
Identificar famílias de peças ou produtos
baseados em critérios relacionados a produtos
Identificar famílias de peças ou produtos
baseados em critérios relacionados a processos
Finalizar as famílias utilizando produtos,
processos e outras considerações
Determinar o melhor tipo de
processo/equipamento
Dimensionar a célula em termos de
equipamentos e pessoas
Analisar as células bem como o
impacto dessas sobre as unidades de
produção
Continuar com o projeto
da célula
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
85
A figura 32 apresenta a janela principal software de projeto de layout desenvolvido.
Figura 32 Janela principal do sistema
Fonte: Vilarinho (1997)
O módulo 1 e 2 consiste do desenho dos layouts das máquinas, dos almoxarifados, do
edifício onde estão dispostas as máquinas e almoxarifados e dos postos de trabalho.
O módulo de planejamento de recursos consiste do levantamento e análise dos
processos e recursos necessários de forma a minimizar os custos associados ao sistema de
produção em análise.
Segundo Vilarinho (1997) a formulação deste problema tem em conta um conjunto de
restrições que limitam o volume de investimento efetuado e os custos incorridos durante o
horizonte de planejamento e pressupõe a especificação, para esse horizonte de planejamento:
1. do valor da procura para cada um dos produtos a fabricar.
2. dos custos e dos aspectos condicionantes da utilização de cada uma das classes de
mão-de-obra.
3. dos custos e das capacidades de cada um dos tipos de máquinas.
4. dos diferentes processos alternativos para a fabricação de cada componente.
E, para cada um destes processos alternativos,
1. da utilização dos recursos
2. das estimativas dos custos de operações associados.
DESENHO
Equipamentos Almoxarifado Edifícios Postos de trabalho
PLANEJAMENTO DE RECURSOS
Dados Modelo Resultados
ALOCAÇÃO DE OPERAÇÕES A MÁQUINAS
Dados Modelo Resultados
AGREGAÇÃO DE MÁQUINAS EM SEÇÕES
Dados Execução Manual Heurísticas Sist. Transporte Resultados
IMPLANTAÇÃO
Dados Seções Global Resultados
FECHAR
DESENHO
Equipamentos Almoxarifado Edifícios Postos de trabalho
PLANEJAMENTO DE RECURSOS
Dados Modelo Resultados
ALOCAÇÃO DE OPERAÇÕES A MÁQUINAS
Dados Modelo Resultados
AGREGAÇÃO DE MÁQUINAS EM SEÇÕES
Dados Execução Manual Heurísticas Sist. Transporte Resultados
IMPLANTAÇÃO
Dados Seções Global Resultados
FECHAR
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
86
O módulo de Alocação (Afectacao) de operações tem por objetivo definir em detalhe
em qual máquina específica será efetuada cada operação de fabricação. Este problema é de
crucial importância para a definição de células de fabricação.
O módulo de agregação de máquinas em seções envolve a definição de como as
máquinas serão agrupadas nas áreas de fabricação. O objetivo deste módulo é buscar alocar as
máquinas de forma a obter células de fabricação.
O último módulo, ou seja, de implantação, consiste da definição do posicionamento
relativo das máquinas nas seções (células) de fabricação e destas na área fabril.
Na figura 33, a seguir, estão representadas as principais interações entre os módulos
do sistema desenvolvido por Vilarinho (1997). Segundo o autor, essas interações são algumas
das razões que podem conduzir à criação de diferentes soluções para cada problema em
análise.
No modelo proposto a solução do problema do planejamento de recursos
(equipamento e mão-de-obra) fornece as seqüências de processamento de cada componente, o
número de máquinas de cada tipo requeridas e, conseqüentemente, a ocupação de cada tipo de
máquina por operação. Estes resultados são utilizados como inputs” no módulo de agregação
de operações de fabricação. Neste módulo, é efetuada a distribuição das operações de
fabricação pelas máquinas, com o duplo objetivo de diminuir a dispersão das operações e de
agrupá-las com base na semelhança das seqüências de processamento em que se integram.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
87
Figura 33 Principais interações do sistema de apoio ao desenho de implantações fabris.
Fonte: Vilarinho (1997)
5.1.4 Modelo de Gonçalves Filho
Gonçalves Filho (2005) apresenta um modelo para projeto de arranjos físicos. A figura
34 a seguir apresenta o modelo.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
88
Figura 34 Modelo de Gonçalves Filho (Gonçalves Filho, 2005).
Identifique a
Necessidade
Definição da
Missão e do
Time de Projeto
Avaliação do
Mercado
Clientes
Produto
s
Defina
Conceitos de
Layout
Partição dos dados
Check Consistência
Análise P-Q-L
Selecione e
Refine o
Layout
Analise
Capacidades
(Máquina e
Humana)
Valide o Layout
Adotado
FASE DE PREPARAÇÃO
FASE DE PRÉ-
PROJETO
FASE DE PROJETO
FASE DE
VALIDAÇÃO
Avaliação do
Layout Atual
Avaliação de
Possíveis
Layouts
Entenda o Problema
e as Alternativas de
Layout
Implemente,
Acompanhe e
Avalie o Layout
FASE DE
IMPLEMENTAÇÃO
Layout
Layout atual
Produtos
Processos
Demanda
Tempo
Custo
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
89
O modelo consiste de cinco fases. Cada uma das fases é brevemente descrita a seguir:
1. Fase de preparação: a fase de preparação consiste da definição da necessidade de
se fazer uma reestruturação do layout ou mesmo se projetar um novo layout.
Solicitações dos clientes por novos produtos podem ser inputs que levem a
empresa a reprojetar o layout em função da necessidade de fabricar produtos.
2. Fase de pré-projeto:consiste no levantamento do layout atual e no entendimento
dos possíveis conceitos de layouts que podem ser aplicados.
3. Fase de projeto: consiste na definição e projeto do novo layout. Nessa etapa podem
ser formuladas mais de uma alternativa de layout.
4. Fase de validação: consiste em analisar as propostas de layout e validar a proposta
mais adequada.
5. Fase de implementação: consiste na implementação do layout selecionado e no
acompanhamento do desempenho do layout após sua implementação.
5.1.5 Método Dos Elos
Segundo Borba (1998) o Método dos Elos baseia-se na determinação de todas as inter-
relações possíveis entre as várias unidades que compõem o arranjo físico, de forma a se poder
estabelecer um critério de prioridade na localização dessas unidades.
Segundo o modelo, no projeto do arranjo físico devem ser priorizadas as localizações
dos setores com maior movimentação. É definido como ELO, o percurso de movimentação
que liga duas unidades ou setores. Assim, o elo AB é o percurso que liga o setor A ao setor B.
A seguir, são descritas as etapas desse modelo.
1. Determinar para cada produto (ou serviço) a seqüência de operação e quantidade
de transporte (volume de produção e capacidade do veículo), área necessária para
cada unidade de trabalho (bancada, máquina, etc ;definir para cada produto a
seqüência de operação;
Quadro 1 Seqüência de operação e movimentação
Fonte: (Borba, 1998)
produto
roteiro
Quantidade transp
P1
A-B-C-D
10
P2
A-B-D
5
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
90
2. Determinar o fluxo do transporte, sendo que o fluxo de transporte representa o
número total de transportes entre as unidades.
Quadro 2 Fluxo de transporte
Fonte: (Borba, 1998)
3. Elaborar o Quadro dos Elos. Na interseção de cada linha com cada coluna, deve-se
identificar o número de elos existentes em ambos os sentidos entre as unidades do
arranjo físico. A soma dos elos que ligam cada unidade às demais fornece a maior
ou menor importância de cada unidade nos ciclos de fabricação dos produtos.
Quadro 3 - Quadro dos elos
Fonte: (Borba, 1998)
4. Por último, a unidade que tiver o maior número de elos deve ser localizada na
posição central. As demais unidades devem ser alocadas em torno dessa unidade
central. Procurar levar em consideração os fluxos dos produtos para evitar
retornos.
Além do modelo apresentado, Borba (1998) destaca outros modelos de projeto de
layout: Método do Torque com Valores Corrigidos, o Método do Diagrama-De-Para; Método
da Seqüência da demanda Direcional NOY.
Elo \ produto
P1
P2
TOTAL
AB
10
5
15
BC
10
10
CD
10
10
BD
5
5
A
B
C
D
D
5
10
15
C
10
20
B
15
30
A
15
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
91
5.1.6 Modelo de Quaterman Lee
Quaterman Lee (2003) apresenta um modelo para projeto do layout da estação de
trabalho. O modelo aborda questões essenciais de ergonomia no projeto e concepção do posto
de trabalho. A figura 35 a seguir apresenta o modelo.
Figura 35 Modelo de projeto da estação de trabalho
Fonte: Quaterman Lee (2003)
Segundo Lee deve-se inicialmente definir quais serão os integrantes da equipe de
projeto. Após essa etapa deve-se iniciar o projeto da estação de trabalho. Esse processo pode
ser dividido em 4 macro etapas.
Na primeira etapa são levantadas as informações relacionadas ao layout, à lista de
ferramentas, às famílias de peças que serão processadas naquela estação de trabalho, etc.
A segunda etapa consiste na análise do processo. Pode-se utilizar um diagrama de
processo para analisar o fluxo das peças pela estação de trabalho. Também nesta etapa devem
ser definidas as funções dos operadores e dos equipamentos.
Na terceira etapa devem ser analisados fatores como espaço, movimentação, restrições
existentes, entre outros.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
92
Por último, deve-se avaliar e selecionar a alternativa de arranjo físico da estação de
trabalho que melhor se adéqüe às necessidades definidas.
5.1.7 O Modelo 3P Kaizen
O modelo 3P Kaizen para projetos de layout é uma metodologia desenvolvida na
Toyota específica para projetos de novas unidades fabris ou de uma nova linha de produção.
Esse modelo utiliza ferramentas bastante simples como será apresentado. O objetivo é
que toda a equipe de projeto consiga discutir e colaborar com sugestões ao invés de se
preocupar com a ferramenta que está sendo utilizada.
Outro ponto importante da metodologia é a construção de maquetes em tamanho real
ou em escala. A seguir são apresentadas as etapas do 3P Kaizen e as ferramentas utilizadas.
Etapa 1: Formação da equipe.
A equipe deve ser composta por membros que tenha ao menos participado de um
Evento Kaizen. O Evento kaizen, como mencionado anteriormente, consiste na formação de
uma equipe de pessoas com o foco de eliminar um problema específico num período de uma
semana.
Um dos princípios da metodologia 3P é que a equipe que inicia o projeto somente
deverá ser dissolvida quando todas as atividades tiverem sido realizadas.
Por último, a equipe tem autonomia total para desenvolver suas atividades.
Etapa 2: Formulação de alternativas para cada etapa do processo.
Formada a equipe e iniciado o projeto 3P para cada etapa do processo sete alternativas
devem ser formuladas. Para cada alternativa deve-se especificar claramente: O método; O
poka-yoke; Os instrumentos de medições e ferramentas; Os gabaritos e fixações.
A ferramenta utilizada nesta atividade é apresentada a seguir, ver figura 36:
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
93
Seven Ways para cada processo
1 2 3 4 5 6 7
MétodoPoka-Yoke
Inst.Medição
/Ferramentas
Gabaritos/
Fixações
Esboço do Processo
Requisitos de Qualidade
Peça ____________
Processo ________
Figura 36 : Seven ways para cada processo
Fonte: figura do autor
Exemplificando o uso da ferramenta consideremos um processo com as seguintes
etapas: Soldar; Limpar, Montar.
Para o processo de Limpar, por exemplo, sete maneiras de limpar as peças devem ser
especificadas, ex.: Utilizar jato de ar; Utilizar jato de água; Limpar Manualmente; Limpar
usando produtos químicos, etc.
Para cada processo de Limpar especificado deve ser determinado o Poka-yoke a ser
utilizado. Poka-yoke é o sistema que garante que nenhuma peça ou produto será fabricado ou
enviado ao cliente com defeito. O poka-yoke pode estar relacionado também com aspectos de
ergonomia e segurança do trabalho. Cabe ressaltar que o poka-yoke pode ser de 3 níveis:
6. Poka-yoke nível 1: evita que o erro ocorra. Poka-yokes desse nível podem ser
encontrados, por exemplo, em computadores. As entradas de cabos somente se
conectam nos locais corretos. Um exemplo em relação a segurança no trabalho são
poka-yokes em prensas que exigem que o operador utilize as duas mãos para
acionar o equipamento. Dessa forma não há como ocorrer acidentes.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
94
7. Poka-yoke nível 2: alerta que o erro está ocorrendo. Esse modelo de poka-yoke
pode ser encontrado por exemplo em carros. Alguns modelos emitem sinal sonoro
quando o motorista esquece o farol ligado. Neste caso, o poka-yoke não evita que o
erro ocorra mas alerta que o erro está ocorrendo.
8. Poka-yoke nível 3: evita que o produto com defeito chegue ao cliente. Poka-yokes
desse nível estão relacionados a processos de inspeção. De forma diferente aos
processos anteriores, esse não evita que o erro ocorra ou alerta que o erro está
ocorrendo, apenas não permite que o erro chegue ao cliente.
Voltando ao exemplo, ao menos um tipo de poka-yoke, independentemente do nível
mas preferencialmente de nível 1, deverá ser relacionado para cada método de limpeza
especificado.
De forma semelhante, deverão ser determinados os instrumentos de medição e
ferramentas e os gabaritos e fixações.
Etapa 3: Análise das propostas
Definidas as propostas para cada etapa do processo deve ser feita uma votação para
identificar as três melhores propostas. A ferramenta utilizada é apresentada na figura 37.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
95
Checklist 3P de avaliação
Deve-se votar cada proposta sem comparar com as outras
1 2 3 4 5 6 7
Nota: 5=Excelente; 4=Acima das expectativas; 3=Médio; 2=Abaixo das expectativas; 1=Ruim; 0=Não se aplica.
Peso: S=Segurança; Q=Qualidade; C=Custo; K=Sistema Kaizen de Produção
Peso
Método
Número
Propostas
Figura 37 Checklist de avaliação
Fonte: figura do autor
Cada processo deve ser votado. As notas podem variar de 0 a 5, passando de não
aplicável a excelente. Os pesos devem ser dados de acordo com o critério da empresa. Ex.: A
empresa presa primeiramente pela segurança dos seus funcionários e depois pela qualidade
dos seus produtos. Portanto, para segurança deve ser correlacionado um peso maior do que
qualidade.
Definido os pesos de acordo com a visão da empresa deve-se correlacionar se o
método afeta segurança, custo, qualidade, meio ambiente, entre outros. Inserir o peso na
coluna “peso” e votar as alternativas. Importante ressaltar, que no momento da votação não se
deve comparar alternativas para votar qual tem maior ou menor nota. Nesse momento a
votação deve ser de cada alternativa, sem qualquer comparação com outras.
Etapa 4: Definição da alternativa.
Definidas as 3 melhores alternativas de acordo com a pontuação alcançada deve-se
verificar se existe alguma possibilidade de juntar as três alternativas em uma única alternativa,
aproveitando o que de melhor em cada uma delas. Caso isso, não seja possível, deve-se
selecionar a alternativa com maior peso.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
96
Pode-se também de início selecionar a alternativa com maior pontuação e agregar a
essa, caso seja possível, os pontos fortes das outras duas alternativas.
Etapa 4: Esboço do processo
Definidos os melhores métodos de cada etapa do processo inicia-se a fase de projeto
do processo completo. Nesta etapa deve-se pensar em alguns pontos fundamentais: Takt time;
Sistema Puxado e Fluxo contínuo. A ferramenta utilizada nesta etapa é apresentada na figura
38 a seguir.
Process at a Glance
Pense: takt time, Fluxo Contínuo, Sistema Puxado
Esboço do
processo
(Material)
MétodoPoka-YokeFerramentas
Gabarito/
Fixações
Máquina
Figura 38 Ferramenta Process at a glance
Fonte: figura do autor
Etapa 5: Fazer maquetes
Por último devem ser realizados maquetes de layout da alternativa de processo
estabelecido até o momento. Deve-se lembrar que a construção dessas maquetes deve ser em
escala, preferencialmente, 1:1. O material a ser utilizado é: Papelão, tesouras, colas, fitas
adesivas e outros materiais simples.
5.2 Análise dos modelos de projeto de layout
Realizando uma análise crítica em relação aos modelos apresentados, o modelo de
Muther (1973), embora seja até os dias de hoje a base para construção de novos modelos, é
limitado porque apenas considera os layouts tradicionais. Além disso, o modelo não considera
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
97
a hipótese de antes de se projetar o layout reavaliar o fluxo de produção, ou seja, fazer uma
análise da situação atual e projetar uma situação futura antes de se projetar o layout.
Quanto ao modelo de Hayer e Wemmerlöv (2002), este considera apenas a hipótese de
formação de células de fabricação. Com isso, o modelo se restringe a casos restritos de
empresas com características de demanda e produtos bem definidas, ou seja, produtos com
demanda estável, com fluxo padronizado, com possibilidade de duplicação de equipamentos,
etc.
Em ambientes job shop, com alta variabilidade de peças, demanda instável, ou
ambientes make-to-order, cujo o fluxo de processo não tem a mesma seqüência devido a
constantes alterações no produto a possibilidade de utilização de células de produção é
bastante restrita.
Quanto ao modelo de Vilarinho (1997) uma das restrições do software consiste do fato
deste utilizar apenas dois conceitos de layout, o layout funcional e o layout celular.
Inicialmente, este busca agrupar peças e produtos para gerar um layout celular. Caso isso não
seja possível este utiliza o conceito de layout funcional para projetar o layout da fábrica.
Uma outra restrição do software é a variação na quantidade dos lotes de transporte.
Este parte do princípio de que a quantidade transportada permanece estável. Ou seja,
flutuações na demanda, as quais gerariam alterações na quantidade de lotes transportados,
conduz a diferentes formas de arranjo físico.
Outra restrição do software consiste do fato deste não diferenciar produtos best sellers
dos produtos menos importantes em termos de retorno financeiro à empresa. No projeto do
layout este apenas subdivide os produtos de acordo com a similaridade de fluxo de processo.
O Modelo de Quaterman Lee é um modelo adequado para projeto do posto de
trabalho. Este busca abordar fatores de ergonomia, os quais são essenciais no projeto da
estação de trabalho. Iida (2005) também apresenta estudos relacionados ao projeto do posto
de trabalho focado em fatores ergonômicos.
O modelo de Gonçalves Filho é um modelo bastante abrangente. O autor apresenta uma
sistemática para identificar o modelo de layout mais adequado para diferentes ambientes de
produção.
Quanto ao método dos elos esse é um modelo adequado para se localizar setores de
forma a minimizar a movimentação. Esse é um modelo bastante simplista pois foca tão e
somente na movimentação das peças.
Capítulo 5: Modelos de Construção de layout
98
Quanto à metodologia 3P Kaizen um primeiro ponto a se destacar dessa metodologia é
que existe uma mudança na visão que muitas empresas possuem de, primeiramente,
estabelecer o layout, depois o método e por último as máquinas a serem utilizadas.
Na visão do 3P em primeiro lugar devem ser estabelecidos os processos e depois os
equipamentos. O layout é a última etapa de um projeto de uma nova fábrica ou de uma nova
linha de produção.
Outro ponto a se destacar, é a padronização das atividades. No projeto dos processos
nenhum desses deveria possuir uma atividade com tempo superior a 10 minutos.
Como mencionado anteriormente, um dos pontos fundamentais do sucesso de um
projeto 3P Kaizen consiste em manter a equipe até a completa consolidação do projeto.
A seguir, será apresentado o modelo de layout desenvolvido neste trabalho.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
99
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
100
CAPÍTULO 6
6. O modelo proposto de projeto de layout.
Como mencionado anteriormente, o modelo de projeto de layout que será apresentado
está voltado para empresas de manufatura discreta em ambientes de alta variedade de
produtos ou peças.
Variedade de produtos ou peças refere-se aos diferentes produtos e peças que são
fabricadas pela empresa. Essa variedade pode ser classificada como alta ou baixa. Vale
destacar que uma empresa pode possuir uma alta variedade de peças e uma baixa variedade de
produtos e, também, uma alta variedade de produtos e uma baixa variedade de peças que os
compõe. Gianesi e Correia (2009) destacam que o projeto modular é a forma como as
empresas podem aumentar a oferta de produtos diferentes ao cliente sem onerar a variedade
de peças/componentes que os compõe.
Neste trabalho, as empresas analisadas possuem uma baixa variedade de produtos, mas
uma alta variedade de peças. O primeiro estudo de caso, por exemplo, possui apenas 92
produtos diferentes. Mas, são mais de 1000 peças que fluem pelo chão-de-fábrica para
formarem os produtos.
Portanto, neste trabalho alta variedade de peças está sendo considerada uma
quantidade superior a 1000 itens. Ambientes com menor número serão considerados neste
trabalho como de baixa variedade.
6.1 Modelo de Análise, Projeto e Implantação de Layout
O modelo proposto de projeto do layout pode ser dividido em 3 etapas principais, ver
figura 39:
1. Levantamento e Análise da Situação Atual
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
101
2. Projeto da Situação Futura
3. Implantação e Acompanhamento
Figura 39 Macro etapas do modelo proposto de projeto de layout
O levantamento e análise da situação atual consistem no desenho do estado atual da
empresa (da área em análise) e da identificação dos desperdícios e conseqüentemente, das
possíveis oportunidades de melhorias.
O projeto da situação futura consiste no esboço de um cenário ideal para a empresa.
Nesta etapa devem ser definidos os modelos de layouts a serem adotados para os diferentes
fluxos de valores.
A última etapa compreende a formulação do plano de ações e a implantação e
acompanhamento das mudanças realizadas.
Deve-se destacar que ao contrário do que muitas empresas têm realizado, o projeto do
layout não deve ocorrer independente do projeto do fluxo de material e do sistema de
controle. A simples reorganização dos equipamentos sem uma reestruturação dos fluxos de
produção e dos sistemas de controle pode não gerar os benefícios esperados pela empresa. Por
isso, a primeira etapa do modelo de projeto do layout envolve a análise dos fluxos de
processo, informação e o sistema de controle.
Antes de apresentar o modelo de layout desenvolvido serão apresentadas algumas das
premissas que nortearam a construção do modelo.
Como mencionado anteriormente o modelo de layout foi concebido para empresas
com alta variedade de peças/produtos, ou seja, típicos ambientes onde existe uma dificuldade
muito grande em se definir quais tipos de layout utilizar, o que normalmente impulsiona as
empresas a utilizarem o modelo de layout funcional. Além disso, outros pontos como
diferentes seqüências de processos, diferentes condições de demanda, impossibilitando o uso
do layout celular foram considerados nesse modelo construído.
Levantamento e
Análise da Situação
Atual
Macro etapas do modelo proposto
Projeto da Situação
Futura
Implantação e
Acompanhamento
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
102
Na construção do modelo foi considerado também que, embora o ambiente fabril
envolva uma grande variedade de peças e processos, com alta variedade de demanda, é
possível identificar famílias de itens em termos, por exemplo, de demanda, ou seja, alguns
itens possuem maior repetibilidade do que outros e podem ser agrupados em fluxos de valores
específicos.
O modelo também possui a premissa de que é possível identificar produtos/itens Best
Sellers, ou seja, produtos que trazem maior retorno à empresa. O layout final da fábrica
tenderá a favorecer o fluxo de fabricação desses produtos. A tendência do modelo será
identificar esses itens Best Sellers e privilegiá-los em termos de fluxo, buscando sempre que
possível criar células para a fabricação dos mesmos.
A figura 40 apresenta as etapas de mudanças com o detalhamento das atividades de
cada fase.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
103
Figura 40 a Algoritmo da primeira etapa do modelo de análise e projeto de layout
Levantar os produtos
fabricados na empresa
Definir os produtos
Best Sellers
Utilizar curva
ABC (valor
financeiro,
volume)
Identificar
similaridade
entre os
produtos
Best Sellers
Similaridade de
processo, similaridade
de freqüência e
volume de demanda,
etc.
Formar famílias de
produtos com base nos
princípios de
similaridade adotados
Identificar famílias de
componentes dentro
das famílias de
produtos Best Sellers
formadas
Traçar o diagrama de
espaguete para as
famílias de produtos
ou componentes
Construir o mapa
do fluxo de valor
da situação atual
Quantificar as
distâncias físicas
percorridas (material,
ferramental e pessoas)
Analisar a
Situação Atual
Identificar as oportunidades
de fluxo contínuo para os
itens best sellers
Identificar as oportunidades
de fluxo contínuo para os
demais itens
Identificar os pontos de
produção puxada
É necessário descer
ao nível de
componentes?
SIM
NÃO
Levantar o layout
atual das instalações
físicas
Identificar produtos não
Best Sellers que podem
se encaixar nas famílias
de Best Sellers
1
2
4
3
5
6
7
8
9
10
11
12
Primeira Etapa:
Levantamento da Situação Atual
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
104
Figura 40b Algoritmo da segunda etapa do modelo
Condições para o loop ser bem comportado
a. Os tempos de ciclo de um mesmo item devem ser semelhantes
b. Não deve existir refluxo (flow shop unidirecional)
c. Deve existir uma alta confiabilidade de processo
d. Os equipamentos compartilhados com outras famílias devem ser
passíveis de duplicação
e. A demanda deve ser alta
Foco
Restrição
Edifício
Colunas e paredes
Sistema de movimentação
e transporte
Pontes rolantes
Máquinas e equipamentos
Monumentos
NÃO
A
B
Segunda Etapa:
Projeto da Situação
Futura (Novo Layout)
Alocar os
building blocks
com base nos
elementos
restritivos
40
Fazer Diagrama
de Espaguete
entre os
buildings blocks
41
Levantar
distância
percorrida pelos
fluxos de
peças/produtos
42
Fazer análise da
alternativa de
layout indicando
as vantagens e
desvantagens
43
A alternativa de
layout projetada
é satisfatória?
44
FIM
NÃO
SIM
Retirar do layout todas
máquinas e equipamentos
deixando apenas os
elementos restritivos
33
SIM
Verificar se
o loop é
bem
comportado
A
Fazer
MFV da
Situação
Futura
Identificar
no MFV os
loops de
implantação
e selecionar
um loop para
iniciar o
projeto do
layout
Fazer análise
de capacidade
com base no
conceito de
Takt Time
Dimensionar
quantidade de
recursos para
o loop
Utilizar conceito
de célula e
projetar módulo
do loop indicando
os recursos
restritivos
internos/supermer
cados
B
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
Dimensionar
espaço para
estoques e
supermercados
de Produto
Acabado
Localizar e
dimensionar
espaço p/a os
pulmões de
peças
necessários
entre os
recursos
produtivos
Projetar o
módulo do
loop indicando
os elementos
restritivos e
segmentando
as células
através dos
pulmões
intermediários/
supermercados
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
Fazer
análise de
capacidade
com base no
conceito de
TPT
Dimensionar
quantidade de
recursos para
o loop
Localizar e
dimensionar
espaço para
os pulmões
de peças
necessários
entre os
recursos
produtivos
Projetar o módulo
do loop indicando
os elementos
restritivos e
utilizando o
conceito de layout
que melhor se
adeque à situação
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
SIM
NÃO
O módulo
projetado é
satisfatório
?
O módulo
projetado é
satisfatório
?
SIM
NÃO
Verificar se é
possível fazer
FIFO sem
estoques
intermediários
SIM
NÃO
Dimensionar
espaço para
estoques e
supermercado
s de Produto
Acabado
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Não Best Sellers Isolados
Fazer análise de
capacidade dos building
blocks aos quais forem
anexados componentes
não Best Sellers.
Aumentar a capacidade do
building block se for
necessário
Fixar o building
block projetado
Verificar se existem
componentes não best
sellers que possam
compartilhar famílias
de componentes Best
Sellers
Projetar mini-fábrica para
os produtos/componentes
restantes. Utilizar conceito
de layout funcional
privilegiando os fluxos
Fixar o building
block projetado
SIM
NÃO
34
35
36
37
38
39
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
105
Figura 40 c Algoritmo da terceira etapa do modelo de análise e projeto de layout
A seguir, serão detalhadas as atividades apresentadas no modelo de projeto de layout.
6.2. Primeira Etapa: Levantamento da Situação Atual
As atividades dessa etapa de levantamento e análise compreendem:
1. Levantar os produtos fabricados na empresa: essa atividade envolve o
levantamento de todos os produtos que a empresa fabrica.
2. Definir os produtos best sellers: são classificados como produtos best sellers
aqueles com maior representatividade financeira ou mesmo de volume de
produção na empresa. Uma forma de identificar esses produtos é utilizar a curva
de Pareto.
3. Identificar as similaridades entre os produtos: essa atividade envolve a definição
de alguns critérios de semelhança a serem adotados. Esses critérios servirão como
base para definição das famílias de produtos e, posteriormente, de componentes.
Nazareno, Silva e Rentes (2003) propõe três critérios de similaridade que podem
ser utilizados:
Similaridade de processos: trata-se do principal critério, e se aplica a produtos que
geralmente compartilham uma mesma linha de produção. Pode-se utilizar a matriz
Planejar a
mudança
utilizando o
conceito de
evento kaizen
Definir as ações:
Pré-kaizen
Kaizen
Definir equipe de
mudança
Realizar o
evento kaizen
Acompanhar p/a
estabilização
das mudanças
Pós-kaizen
Definir medidas
de desempenho
Medir os
resultados
45
46
47
48
49
50
51
Terceira Etapa:
Implantação e Acompanhamento
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
106
produto x processo, ou produto x máquina, como ferramenta para identificar as
similaridades de processos entre os produtos. O quadro 4 apresenta um exemplo de
matriz peça-máquina.
Cortar Soldar Rebarbar Pintar Montar I Montar II
A x x x x x
B x x x x x
C x x x
D x x x
E x x x
F x x x
Processos
Produtos
Quadro 4 Matriz produto x Processos
Fonte: Quadro do autor
Como se pode observar os produtos A e B podem ser alocados em uma mesma
família por possuírem processos semelhantes. Da mesma forma os produtos C e D
e E e F podem ser alocados em duas famílias.
Freqüência e volume da demanda: importante para a definição da política de
atendimento da demanda (ATO - Assembly-to-order, MTS - Make-to-stock, MTO
- Make-to-order, etc.), esse critério pode ser decisivo para a inserção ou retirada do
produto de uma mesma família.
Tempo de ciclo do produto: é aconselhável que produtos que compartilhem uma
mesma linha, mas que possuem tempos de ciclo muito diferentes sejam incluídos
em famílias diferentes. Isto porque políticas para definição e dimensionamento de
supermercados (peças e matéria-prima) e escolha dos sistemas de controle
(kanban, duas gaveta, etc.) mais apropriados geralmente tendem a variar em
função desse critério.
4. Formar famílias de produtos com base nos princípios de similaridade adotados:
com base nos critérios de similaridade previamente definidos devem ser
estabelecidas as famílias de produtos dos itens best sellers.
5. Identificar produtos não Best Sellers que podem se encaixar nas famílias de Best
Sellers: em alguns casos produtos não best sellers podem ter, por exemplo,
processos muito similares de produção aos dos produtos best sellers. Portanto,
estes produtos podem ser alocados nas famílias de produtos best sellers, desde que,
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
107
não ocorra nenhuma interferência significativa no fluxo de produção dos itens best
sellers.
6. Verificar se é necessário descer ao nível de componentes: dependendo da
complexidade dos produtos fabricados pode ser necessário descer ao nível de
componentes para se definir as famílias. Normalmente, isto ocorre quando os
produtos são compostos por um número muito grande de peças com processos de
fabricação muito distintos entre si.
7. Identificar as famílias de componentes: Caso exista a necessidade de formar
famílias de componentes pode-se utilizar os mesmos conceitos anteriores de
formação de famílias de produtos.
8. Levantar o layout atual das instalações: o levantamento do layout atual consiste no
esboço da planta da empresa identificando os recursos de produção, corredores,
pilares,etc.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
108
9. Traçar o diagrama de espaguete: utilizando a planta baixa da empresa com o posicionamento das máquinas e equipamentos, deve-se
traçar o caminho percorrido pelos materiais, pessoas e ferramental. A figura 41 apresenta um exemplo de diagrama de espaguete de
uma empresa de produtos dentários.
Figura 41 Exemplo de Diagrama de Espaguete
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
109
10. Construir o mapa da situação atual: Rother e Shook (1998) apresentam uma
ferramenta para compreensão e análise da situação atual da empresa, o Mapa do
Fluxo de Valor (MFV). Essa ferramenta auxilia na visualização dos problemas
atuais da empresa e na construção de um cenário futuro ideal. Esse mapa pode ser
construído paralelamente à atividade de esboço dos fluxos de produtos e materiais
no layout da empresa. A figura 42 apresenta um exemplo didático de um Mapa do
Fluxo de Valor.
2 dias
E
Processo 1
Processo 2
Vendas
Cliente
Fornecedor
Processo 4 Processo 5
PCP
5 dias
20 dias
1h
0,5 horas
1 hora
LT= 34, 3dias
A.V. = 3,5 horas
6 dias
E
Requisições
Pedidos
E
Programação Diária
Processo 3
E
E
1 hora
1 dia
Figura 42 Exemplo didático de um Mapa do Fluxo de Valor
11. Quantificar as distâncias físicas percorridas: traçado o caminho percorrido pelos
materiais, ferramentais e pessoas deve-se mensurar essas distâncias. As distâncias
levantadas servirão como um dos principais parâmetros de análise das futuras
propostas de layout. A tabela 4 apresenta um exemplo de planilha contendo as
distâncias percorridas em uma empresa de equipamentos eletrônicos. Neste
exemplo, os grupos 1, 2, 3, 4 e 5 representam famílias de peças, e as alternativas 1
a 4 representam alternativas de layouts formuladas.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
110
Tabela 4 Exemplo de movimentações em um layout
12. Realizar análise crítica da situação atual: a análise da situação atual consiste no
levantamento, através do mapa do fluxo de valor e dos diagramas de espaguete,
dos desperdícios existentes. O resultado dessa atividade deve ser:
- Identificação de oportunidades de fluxo contínuo para os itens best sellers.
- Identificação dos potenciais pontos de produção puxada.
- Identificação dos potenciais sistemas de controle, etc.
6.3. Segunda etapa: Projeto da Situação Futura (Projeto do novo layout)
A segunda etapa consiste na construção de um cenário ideal de produção. As
atividades a serem realizadas nessa segunda fase do projeto são:
13. Fazer o mapa do fluxo de valor da situação futura: O mapa da situação futura
consiste de uma representação do modelo ideal de produção para a empresa em
análise. O mapa deve contemplar as oportunidades de fluxo contínuo, produção
puxada, modelos de gestão visual, etc. Rother e Shook (1998) apresentam os
passos a serem seguidos na construção do mapa futuro.
14. Identificar no MFV os loops de implantação e selecionar um loop para iniciar o
projeto do layout: devido à complexidade em se analisar e alterar de forma
simultânea todo um sistema de produção pode-se particionar o MFV em loops.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
111
Dessa forma cada loop pode ser analisado e implantado individualmente. A de
quais etapas de um processo o loop irá conter dependerá da equipe de projeto.
Recomenda-se que o loop não contenha uma gama muito grande de processos para
tornar mais simples e rápida a implantação do loop. Recomenda-se também iniciar
a implantação pelos loops do final do fluxo de valor. A figura 43 apresenta um
MFV com os respectivos loops de implantação.
L.T.= Lead time Desm.: Desmontar Torn: Tornear Mont: Montar
T. A.V. = Agregação de valor Lav: Lavar Sold: Soldar
Temp.: Tempo de ciclo da operação Anal: Analisar Ret: Retificar
Figura 43 Mapa do fluxo de valor de uma indústria de reforma de peças automotivas com os loops de
implantação
Fonte: Figura do autor
15. Verificar se o loop é bem comportado: para que um loop possa ser definido como
bem comportado este deve atender a cincos requisitos:
a. Os tempos de ciclo de um mesmo item devem ser semelhantes.
b. Não deve existir refluxo (flow shop unidirecional).
c. Deve existir uma alta confiabilidade de processo.
d. Os equipamentos compartilhados com outras famílias devem ser passíveis
de duplicação.
e. A demanda deve ser alta.
E
E
Desm.
Lav.
Anal.
Torn.
Sold
Torn.
Retif.
E
E
E
Temp:
20 m.
T.M.:5
m.
Temp:
10m.
T.M.: 5
m.
Temp:
10 m.
T.M.:
5 m.
Temp:
20m.
T.M.:
5 m.
Temp:
30m.
T.M:
5 m.
Temp:
20m
T.M:
5 m.
Temp:
1h.
T.M:
5 m.
2
0
0
0
2
0
Vendas/PCP
CLIENTE
CLIENTE
Solicita
orçamento
Requisição
para Análise
Lista de
peças
defeituosas
OS Reforma
Lista de
peças
defeituosas
E
E
E
Mont.
Temp:
1h
T.M:
5 m.
3
E
CROMO
E
Temp:
1dia
0
20m
10m
10m
20m
30m
20m
60m
60m
3,5d
1d
1d
1,5d
5m
5m
5m
Dem/mês: 120 Bombas
Prod/mês:38 Bombas
1d
E
3d
7
6
L.T=6,5 dias
TAV=190m
Loop Orçamento
Loop Preparação e Montagem
L.T=4,5 dias
TAV=40m
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
112
Neste ponto existem dois caminhos a serem percorridos: Projeto do layout para loops
bem comportados e projeto do layout para loops não comportados. Inicialmente, serão
descritas as atividades para projeto dos loops bem comportados. Posteriormente, as atividades
para projeto do loop não comportado.
16. Fazer análise de capacidade com base no conceito de takt time: para situações em
que o loop é bem comportado deve-se realizar uma análise de capacidade
produtiva levando em consideração o conceito de takt time.
17. Dimensionar quantidade de recursos para o loop: com base na análise de
capacidade realizada deve-se dimensionar a quantidade de recursos de produção
necessários para atender a demanda de produtos fabricados naquele loop.
18. Dimensionar espaço para estoques e supermercados de Produto Acabado: Com
base na demanda dos produtos deve-se dimensionar o espaço físico necessário para
os estoques e supermercados de produtos acabados.
19. Verificar se é possível fazer FIFO sem estoques intermediários: neste ponto do
projeto deve-se verificar a possibilidade de fazer um fluxo contínuo sem estoques
intermediários, ou seja, um modelo ideal de produção. Para se conseguir fazer um
fluxo contínuo sem estoques intermediários é necessário que o tempo de ciclo da
operação seja menor ou igual ao takt time.
Novamente, o modelo neste momento se divide em dois caminhos. Portanto, a
seguir será descrito o ramo do modelo considerando que seja possível fazer FIFO
sem estoques intermediários.
20. Utilizar conceito de célula e projetar módulo do loop indicando os recursos
restritivos internos / supermercados: após as análises realizadas deve-se projetar o
módulo do loop utilizando o conceito de células de produção. Como apresentado
anteriormente este é o modelo de layout que melhor se enquadra à Filosofia de
Produção Enxuta. No projeto das células devem ser levados em consideração os
elementos restritivos. Esses elementos são apresentados na tabela 5 a seguir:
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
113
Tabela 5 Elementos restritivos
Foco Restrição
Edifício Colunas e paredes
Sistema de movimentação
e transporte
Máquinas e equipamentos Monumentos
Pontes rolantes
Fonte: Gonçalves Filho (2005)
Quanto aos supermercados, neste caso, deve-se dimensionar espaço para os
supermercados de matéria-prima antes da célula e de produto acabado depois da
célula. Caso a célula seja o último processo de fabricação do produto o
supermercado de produto acabado terá sido projetado na etapa 18.
21. Fixar o módulo projetado como um building block: building block refere-se ao
layout do loop em análise. Após projetar o layout deve-se mantê-lo como um
bloco. Posteriormente, o projeto do layout macro, ou seja, de todo fluxo produtivo,
será realizado com base na movimentação das peças/produtos entre os building
blocks.
22. Verificar se o módulo projetado é satisfatório: antes de se prosseguir na etapa de
projeto do layout dos demais loops deve-se verificar se o layout projetado atende
às necessidades do fluxo ou não. Alguns critérios podem ser levados em
consideração como movimentação, flexibilidade, custo de implantação, entre
outros. Caso o layout atenda, deve-se partir para o projeto do layout de outro loop,
caso não, deve-se voltar à etapa 20 de projeto do módulo do loop e fazer uma nova
alternativa de layout.
Até o momento foi analisada a situação de loop bem comportado, com
possibilidade de fazer FIFO sem estoques intermediários. Para um loop bem
comportado, com possibilidade de fazer FIFO mas com estoques intermediários, deve-
se proceder da seguinte forma:
23. Localizar e dimensionar espaço para pulmões de peças necessários entre os
recursos produtivos: dependendo das características do processo ou produto não é
possível estabelecer um sistema FIFO para todos os produtos da família do loop
em análise. Para alguns produtos pode ser necessário alguns pontos de pulmão de
peças. Portanto, nesta etapa deve-se dimensionar o espaço requerido por esses
pulmões internos ao processo.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
114
24. Projetar o módulo do loop indicando os elementos restritivos e segmentando as
células através dos pulmões/supermercados: Deve-se buscar utilizar o conceito de
células e localizar espaço para os pulmões/supermercados necessários dentro do
loop. A figura 44 mostra um exemplo de células separado por supermercados e
pulmões.
Pulmão de peças ocorre entre dois processos com tempos de ciclo diferentes. Por
exemplo, considere-se dois processos A e B, sendo o processo A com tempo de
ciclo menor que o processo B e o fluxo de valor sendo de A para B. Pode-se,
portanto, trabalhar um turno em A e gerar um pulmão de peças para que B trabalhe
o turno junto com A e um turno a mais para consumir as peças geradas por A,
visando atender ao takt time. Nesse caso, não existe nem um controle das peças
entre os processos com cartão kanban.
No caso de um supermercado, existe um controle dos itens entre os processos
através de um sistema kanban ou um sistema de gestão visual. Além disso, o
supermercado normalmente contém um número maior de itens e uma quantidade
maior de itens do que um pulmão de peças.
Figura 44 Exemplo de células separadas por supermercado e pulmão de peças
25. Fixar o layout projetado como um building block: atividade descrita anteriormente.
Por último deve-se verificar se o módulo projetado é satisfatório. Atividade esta
também já descrita anteriormente.
Essas foram as etapas para projeto do layout de um loop bem comportado. Para
o caso de um loop não comportado têm-se as seguintes atividades de projeto do
layout:
26. Fazer análise de capacidade com base no conceito de TPT: TPT refere-se ao tempo
necessário para se produzir todos os tipos de peças de um determinado fluxo de
valor, ver Rother e Shook (1998). A impossibilidade de se fazer um fluxo contínuo
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
115
e unitário leva a necessidade do uso do conceito de TPT. Para o cálculo do TPT
pode-se utilizar a tabela 6 a seguir.
Tabela 6 Cálculo do TPT
d. da
pa
Demanda
média
semanal
Tempo
processo
da pa
Tempo
Processo
do lote
Tempo
Setup
Tempo
Total
Disponí
vel da
Semana
Tempo
Total do
processo
Lote
Semanal
Tempo
Setup
Total
Tempo
Disponível
para Setup
Quantidade
de Ciclos
por Semana
TPT
D –
(A1xB1+A
2xB2) = E
WST A2 B2 A2 x B2 C2 D
5/F
Dimensionamento do TPT
XYZ
A1
B1
A1 x B1
C1
D
A1xB1 +
A2xB2
E/(C1+C2)
= F
C1 + C2
Na tabela 6 o tempo total do processo do lote é a somatória do tempo de processo de
todos os lotes. O mesmo se aplica ao tempo de setup, ou seja, é a somatória dos
tempos de setup de todas as peças.
27. Dimensionar espaço para estoques e supermercados de Produtos Acabados: com
base no TPT definido deve-se dimensionar o espaço necessário para os
supermercados de Produtos Acabados.
28. Dimensionar quantidade de recursos para o loop: Essa atividade deve ser realizada
utilizando agora o tempo necessário para produzir as peças dentro do TPT
projetado.
29. Localizar e dimensionar espaço para os pulmões de peças necessários entre os
recursos produtivos: Devido à impossibilidade de se estabelecer um fluxo contínuo
e unitário de peças será necessário dimensionar espaços para o posicionamento dos
estoques entre os processos de produção.
30. Projetar o módulo do loop indicando os elementos restritivos e utilizando o
conceito de layout que melhor se adeque à situação em análise: devido à
diversidade de fatores não a possibilidade de se afirmar qual tipo de layout
deve-se utilizar. Com base na experiência do autor, recomenda-se que sejam
utilizados os conceitos de layout na seguinte ordem:
a. Primeiro: layout celular / layout reconfigurável.
b. Segundo: layout por produto.
c. Terceiro: layout modular/mini-fábrica.
d. Quarto: Layout posicional.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
116
e. Sexto: layout fractal.
f. Oitavo: layout distribuído.
g. Sétimo: layout funcional.
31. Fixar o módulo projetado como um building block: atividade já descrita.
32. Verificar se o módulo projetado é satisfatório: caso o layout do módulo seja
satisfatório deve-se selecionar outro loop para análise. Senão, deve-se voltar à
etapa de projeto do módulo.
As atividades realizadas anteriormente devem ser repetidas até a finalização do projeto
do layout de todos os loops identificados no MFV futuro.
Paralelamente às atividades descritas algumas atividades para análise macro do layout
devem ser realizadas. Essas atividades compreendem:
33. Retirar do layout todos os equipamentos e máquinas deixando apenas os elementos
restritivos: o objetivo desta atividade é permitir a futura alocação dos building
blocks com base nos elementos restritivos.
Finalizado o projeto do layout para os itens Best Bellers deve-se partir para análise do
layout em relação aos itens não Best Sellers. Para os produtos não Best Sellers deve-se
realizar as seguintes atividades:
34. Verificar se existem componentes que possam compartilhar famílias de
componentes Best Sellers: essa análise pode ser realizada com base no princípio de
similaridade de processos. Caso não existam componentes não Best Sellers que
possam ser alocados a famílias de componentes Best Sellers deve-se partir para a
atividade 38.
35. Fazer análise de capacidade dos building blocks aos quais forem anexados
componentes não Best Sellers: identificados os itens que podem ser alocados nas
famílias de Best Sellers deve-se realizar uma análise de capacidade do building
block.
36. Aumentar a capacidade do building block se for necessário: Caso seja necessário
deve-se inserir mais equipamentos para aumentar a capacidade do building block.
Cabe apenas ressaltar que a inserção de componentes não Best Sellers não deverá
alterar o layout do building block de forma a prejudicar o fluxo dos itens Best
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
117
Sellers. Novos equipamentos devem ser posicionados sem alterar de forma
significativa o fluxo dos itens Best Sellers.
37. Fixar o building block projetado: atividade descrita anteriormente.
38. Projetar mini-fábrica para os produtos/componentes restantes. Utilizar conceito de
layout funcional privilegiando os fluxos: para os itens restantes não Best Sellers
deve-se projetar uma mini-fábrica que comporte todos esses produtos. Sugere-se
que o layout da mini-fábrica seja funcional e que esteja disposto de acordo com o
fluxo de produção da maioria das peças ou das peças mais importantes de acordo
com critérios a serem adotados.
39. Fixar o building block projetado: atividade descrita anteriormente.
As etapas descritas, anteriormente, correspondem ao projeto isolado dos building
blocks. Projetados todos os building blocks deve-se iniciar o projeto do macro layout da
empresa. As atividades dessa etapa consistem:
40. Alocar os building blocks com base nos elementos restritivos: com base nos
elementos restritivos identificados anteriormente deve-se posicionar os building
blocks no layout macro. De acordo com a complexidade do layout podem ser
utilizados softwares de alocação de departamentos para posicionar os building
blocks formados ou, simplesmente o modelo de Muther já apresentado em capítulo
anterior desse trabalho.
41. Fazer diagrama de Espaguete entre os building blocks: deve-se traçar o fluxo dos
itens best sellers entre os buildings blocks projetados.
42. Levantar distância percorrida pelos fluxos de peças/produtos: com base no
diagrama de Espaguete deve-se mensurar as distâncias percorridas pelos itens
dentro da fábrica.
43. Fazer análise da alternativa indicando as vantagens e desvantagens: para a
alternativa de layout formulada deve-se realizar uma análise crítica indicando os
prós e contras. A avaliação da alternativa deve ser realizada com base em critérios
a serem adotados. A seguir, são apresentados alguns critérios de avaliação:
Movimentação total da alternativa.
Custo de implantação da alternativa.
Viabilidade de se implantar a alternativa.
Tempo necessário para implantação da alternativa.
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
118
Capacidade extra de produção que a alternativa reserva para crescimento
de demanda.
Espaço que a alternativa contempla para futuras ampliações.
Flexibilidade da alternativa para absorção de novos produtos.
Dificuldade de gerenciamento visual dos building blocks.
Existência de fluxo contínuo, etc.
44. Verificar se a alternativa de layout é satisfatória: com base na avaliação crítica da
alternativa a equipe de projeto deve decidir se a alternativa é satisfatória ou não.
Caso não seja, deve-se voltar à etapa de realocação dos buildings blocks. Caso seja
satisfatória deve-se passar à terceira etapa do projeto, a implantação.
6.4. Terceira etapa: Implantação e Acompanhamento
Essa última etapa envolve, basicamente, a definição do plano de ações e o
acompanhamento e análise das mudanças efetuadas. As atividades a serem executadas nessa
fase são descritas a seguir:
45. Planejamento da mudança utilizando o conceito de evento kaizen: essa atividade
envolve a definição de um plano de mudanças. Quando se trabalha em um projeto
de reestruturação do layout, dificilmente, existe a possibilidade de parar a fábrica
para implantar as melhorias propostas. Portanto, um planejamento inicial macro da
seqüência de implantação torna-se fundamental. E neste contexto, por ser indicado
para situações brown field (mudanças com a fábrica em funcionamento)
recomenda-se que seja utilizado o conceito de evento kaizen.
46. Definição das ações: definida a utilização do conceito de evento kaizen é
necessário ainda estabelecer quais as ações que serão realizadas, antes e durante o
evento kaizen, exemplo:
a. Ações pré-kaizen: formar pulmões para não interferir no fluxo produtivo da
empresa durante a semana do kaizen. Adquirir matéria-prima para confecção
de prateleiras, carrinhos de movimentação, etc.
b. Ações durante o evento kaizen: treinar membros da equipe de kaizen,
programar as tarefas a serem realizadas durante a semana, efetuar as tarefas
programadas, realizar apresentação final para direção da empresa.
47. Definição da equipe de mudança: paralelamente à definição das ações devem ser
definidas também as pessoas que farão parte do time de mudança (equipe kaizen).
Capítulo 6: O modelo de projeto de layout
119
Sugere-se que a equipe seja composta por pessoas de diversas áreas. Essa mescla
da equipe permite que os futuros eventos kaizens tornem-se mais fáceis de serem
implantados devido ao fato de ter pessoas que já participaram de evento anteriores.
Além disso, o envolvimento de pessoas de outras áreas pode trazer novos
conceitos ao setor em mudança.
48. Realização do evento kaizen: como descrito, anteriormente, o duração do evento
kaizen deve ser de 5 dias. O último dia deve contemplar a finalização das
atividades e a apresentação para a diretoria da empresa. Além disso, devem-ser
estabelecidas também as ações pós-kaizen, ou seja, atividades que não puderam ser
realizadas durante o evento kaizen. É importante que as ações pós-kaizen tenham
um cronograma pré-estabelecido de início e término das atividades.
49. Acompanhamento para estabilização das mudanças: efetuadas as mudanças
propostas deve haver um período de acompanhamento para estabilização das
melhorias realizadas. Esse acompanhamento envolve a orientação dos funcionários
quanto aos novos conceitos de produção, programação da produção, etc. Neste
período, deverá ser realizada também as ações pós-kaizen especificadas durante o
evento kaizen.
50. Definição das medidas de desempenho: paralelamente ao acompanhamento das
mudanças implantadas deve estabelecer um conjunto de medidas de desempenho
para avaliar a evolução das melhorias ao longo do tempo. Diversas medidas podem
ser utilizadas, como:
Nível dos estoques em processo
Organização e limpeza do ambiente
Produtividade do setor, etc.
51. Medição dos resultados: utilizando as medidas de desempenho formuladas deve-se
medir ao longo do tempo os resultados alcançados.
A seguir, serão apresentados dois estudos de casos de aplicação do modelo de projeto
de layout proposto. Inicialmente, será apresentada a aplicação em uma empresa de
componentes usinados e soldados para tratores. Posteriormente, será apresentada a aplicação
do modelo em uma empresa de fabricação de turbinas.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
120
CAPÍTULO 7
7. Estudo de Caso: Empresa de Componentes Soldados.
A seguir, será apresentado o primeiro estudo de caso, onde foi aplicado o modelo
proposto de projeto de layout.
7.1 Apresentação da empresa.
O estudo de caso foi desenvolvido em uma empresa de usinagem e soldagem de
componentes para tratores. A empresa possui duas unidades fabris distintas. Uma localizada
em São Bernardo do Campo e outra localizada em Diadema.
Inicialmente, os equipamentos de produção estavam dispostos de maneira funcional
em ambas as plantas. O objetivo do trabalho foi com a aplicação do modelo de projeto de
layout proposto, reestruturar o layout e minimizar a movimentação de materiais e pessoas
internamente e entre as unidades fabris. A figura 45 apresenta fotos de alguns dos principais
produtos fabricados.
Figura 45 fotos de alguns dos produtos
A seguir, será apresentada a aplicação do modelo proposto na fábrica de Diadema.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
121
7.2 Primeira Etapa Levantamento da Situação Atual
Baseado no método, a primeira etapa consistiu num levantamento e na análise da
situação inicial da empresa. O detalhamento das atividades é apresentado a seguir. Os
números das atividades estão de acordo com a numeração do modelo desenvolvido.
(1) Levantar os produtos fabricados na empresa.
A tabela 7 apresenta a relação de todos os produtos fabricados na unidade em
Diadema. O código PA indica “produto acabado” e os números que o acompanham indicam o
tipo de produto.
Tabela 7 relação dos produtos fabricados
PA00146 PA00102 PA00127 PA00205 PA00220 PA00S34
PA0064 PA00073 PA00075 PA00206 PA00221 PA00S35
P100117 PA00074 PA00077 PA00207 PA00222 PA00236
P1A00114 PA00120 PA00118 PA00208 PA00223 PA00237
PA00126 PA00071 PA00112 PA00209 PA00261 PA00262
PA00065 PA00072 PA00115 PA00210 PA00245 PA00244
PA00106 PA00076 PA00113 PA00211 PA00224 PA00238
PA00109 PA00036 PA00200 PA00246 PA00225 PA00239
PA00095 PA00248 PA00201 PA00212 PA00226 PA00240
PA00122 PA00249 PA00202 PA00213 PA00227 PA00241
PA00268 PA00250 PA00203 PA00214 PA00228 PA00242
PA00269 PA00251 PA00258 PA00215 PA00229 PA00243
PA00270 PA00255 PA00259 PA00216 PA00230
PA00273 PA00256 PA00260 PA00217 PA00231
PA00274 PA00257 PA00247 PA00218 PA00232
PA00264 PA00263 PA00204 PA00219 PA00233
Relação dos produtos fabricados
(1.1) Porque é considerado um ambiente com alta variedade de peças?
Uma pergunta que surge em relação a quantidade de produtos fabricados é: porque a
fábrica foi classificada como contendo uma alta variedade de peças e possui apenas 92
produtos?
O que se observa é que os produtos são compostos por inúmeras peças. Por exemplo, a
tabela 9, que será apresentada mais à frente no tópico 6, mostra a lista de peças de uma
família de produtos. Neste caso a família é composta por 35 peças que formam 7 produtos
diferentes. Logo, considerando o total de peças fabricadas que compõe os 92 produtos, tem-se
mais de 1000 tipos diferentes de peças. Portanto, considerou-se como um ambiente de alta
variedade de peças.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
122
(2) Definir os produtos Best Sellers.
Dentro do rol de produtos levantados foi realizada uma análise ABC para identificar
quais eram os produtos de maior expressividade financeira para a empresa. A tabela 8
apresenta a relação dos produtos best sellers e a representatividade financeira desses em
relação ao valor total.
Tabela 8 Análise ABC para os produtos fabricados
Código % Código %
PA00146 14,9 PA00074 81,5
PA00164 25,3 PA00120 84,4
PA00117 32,6 PA00071 87,2
PA00114 40 PA00072 89,9
PA00126 46,9 PA00076 92,4
PA0065 53,2 PA00093 94,6
PA00106 58,9 PA00127 95,9
PA00109 62,8 PA00075 96,9
PA00095 66,7 PA00077 98
PA00122 70,6 PA00090 98,9
PA00102 74,5 PA00112 99,7
PA00073 78 PA00115 99,9
Demais 100
(3) Identificar similaridade entre os produtos.
Os produtos fabricados possuíam um alto grau de similaridade de processo. Para
definição de famílias foram adotados então os seguintes critérios com relação às
características de processo:
Possuir etapas de fabricação realizadas em terceiros.
Possuir a etapa de furação antes de realizar a operação de jateamento.
Não possuir nenhuma das características anteriores.
(4) Formar famílias de produtos com base nos princípios de similaridades adotados.
Com base nos critérios adotados foram definidas três famílias de produtos:
Família A Chassi (Não sofre operação em terceiro e não tem operação de furação
imediatamente anterior ao jateamento).
Família B Pára-choques e Suportes Dianteiros (Possui operações em terceiros).
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
123
Família C Suportes (Possui operação de furação imediatamente anterior ao
jateamento).
(5) Identificar produtos não Best Sellers que podem se encaixar nas famílias de Best
Sellers.
Para todos os produtos o fluxo de processo consistia dos três padrões de fluxo
identificados. Portanto, os demais itens restantes foram distribuídos entre as famílias de Best
Sellers.
(6) É necessário descer ao nível de componentes?
Nesse caso, devido à simplicidade do produto e a similaridade de processo não foi
necessário descer ao nível de componentes.
A tabela 9 apresenta apenas como exemplo, a lista de componentes gerais que formam
a família A. Como se pode notar os produtos são bastante simples e, além disso, não existe
quase compartilhamento de componentes entre os produtos.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
124
Tabela 9 Lista de componentes dos produtos da Família A
Cod. Descrição Freq Fornecedor PA00164 PA00065 PA00126 PA00146 PA00095 PA00073 PA00074
80436800 Barra Lateral 2 Magno X X
80494200 Sup. Tras. 2 Eldorado X
80436900 Sup. Diant. 2 Magno X
80436700 Placa Sup. 2 Eldorado X X
80437000 Placa 2 Eldorado X X
81557800 Sup. Esq. 1 Eldorado X
81557900 Sup. Direito 1 Eldorado X
81557700 Chapa Front. 2 Magno X
83195600 Barra 1 Magno X
217011 Placa Sup. 2 Eldorado X
81135100 Suporte 2 Magno X
83195400 Ref. Furos 2 Magno X
83195500 Viga Lateral 2 Magno X
83195300 Ref. Central 2 Magno X
81454300 Chapa Desg 1 Eldorado X
81454600A
Ref. Central 1 Eldorado X
81455300 Viga Lateral 2 Magno X
81454900 Ref. Traseiro 1 Magno X
81454500 Chapa Inferior 1 Eldorado X
81454400 Chapa Sup. 1 Eldorado X
81454100 Braço 2 Eldorado X
81454600 Ref. Central 1 Eldorado X
81455010 Sup. Chassis 1 Magno X
80801800 Pino Elastico 2 Fixoved X
80872500 Chapa Front. 1 Eldorado X
80872700 Reforço 2 Alpha X
80872600 Barra 1 Magno X
80363600 Chapa Lateral 2 Magno X
81139600 Suporte 2 Eldorado X
81142400 Reforço 1 Alpha X
80563200 Base 1 Eldorado X X
80562800 Sup. Direito 1 Magno X
80563300 Reforço 2 Magno X X
80563000 Ref. Lateral 1 Eldorado X X
80562900 Sup. Esquerdo 1 Magno X
Listagem de Peças Componentes da Familia A - Diadema
Portanto, para o projeto do layout utilizou-se o conceito de famílias de produtos. Os
produtos que foram levados em consideração no projeto do layout de cada família são
apresentados abaixo:
Família A: constituída pelos modelos de Chassi: PA00164, PA0065, PA0073,
PA0074, PA0095, PA00126, PA00146.
Família B: constituída pelos modelos de Pára-choques e Suportes Dianteiros:
PA00102, PA00106, PA00109, PA00114, PA00117, PA00122.
Família C: constituída pelos modelos de suportes: PA0071, PA0072, PA0075,
PA0076, PA0077, PA0090, PA0093, PA00112, PA00115, PA00120, PA00127.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
125
(7) Identificar famílias de componentes dentro das famílias de produtos Best Bellers
formadas.
Como mencionado anteriormente, devido ao fato do produto ser simples e os
processos dentro da família serem muito semelhantes não foi necessário identificar famílias
de componentes.
(8) Levantar o layout atual das instalações físicas.
Após a definição das famílias de produtos foram levantadas as dimensões físicas da
fábrica. Com essas informações foi gerado um layout do estado atual (inicial) da empresa. A
figura 46 apresenta o layout inicial da fábrica. Neste layout, existe uma área da fábrica
destinada à fabricação de parafusos. Por ter processos independentes e não ser um item de
expressividade financeira para a empresa, o produto não foi contemplado nesse projeto de
melhoria do sistema produtivo.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
126
Figura 46 layout da unidade fabril em Diadema
PARAFUSOS
ALMOXARIFADO
PRODUTO
ACABADO
RAMPA DE
ACESSO
SOLDA
PONTEAMENTO
SOLDA
SOLDA
PONTEAMENTO
LIXA
SOLDA
PONTEAMENTO
SOLDA
SOLDA
RAK
RAK
RAK
RAK
RAK
RAK
BANCADA
SOLDA JATO
PRIME
PINTURA
SECAGEM
FURADEIRAS
SOLDA
PONTEAMENTO
SOLDA SOLDASOLDASOLDASOLDASOLDA
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
127
Como se pode observar, os equipamentos estavam dispostos de forma funcional.
Alguns problemas, inicialmente, identificados decorrentes do layout foram:
Distanciamento entre os postos de trabalho gerando excessiva movimentação de
operadores e produtos.
Dificuldade de manter uma gestão visual da fábrica.
Dificuldade em se identificar os gargalos do processo.
(9) Traçar o diagrama de Espaguete para as famílias de produtos ou componentes.
Levantados o layout da situação atual e os processos dos itens best sellers foram
traçados os fluxos no layout (diagrama de espaguete). A figura 47 mostra o fluxo macro da
família A na planta em Diadema e o fluxo entre as plantas de São Bernardo e Diadema.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
128
Figura 47 Diagrama de espaguete do fluxo interno e da movimentação entre fábricas
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
129
Na figura 47 pode-se observar um fluxo entre as fábricas e um fluxo desordenado
interno à fábrica de Diadema. Os principais problemas/desperdícios identificados em relação
ao layout foram:
Custo de movimentação: para movimentar o material entre as empresas eram
utilizados caminhões para transporte.
Esperas: com o pouca freqüência os materiais a serem transportados ficavam
parados aguardando a emissão de notas fiscais.
Falta de peças: muitas vezes o processo de fabricação em Diadema parava
aguardando a chegada de peças da unidade de São Bernardo.
Excesso de carga e descarga: como o material não era entregue diretamente em
Diadema havia duas operações extras no processo: uma de descarga e outra de
carga. Caso o material fosse descarregado diretamente nas unidades de uso essas
duas atividades extras seriam eliminadas.
Os diagramas de espaguete das famílias B e C são apresentados no Apêndice 1.
(10) Construir o mapa do fluxo de valor da situação atual.
A figura 48 apresenta o MFV atual (inicial) da família A, ou seja, não sofre operações
em terceiros e não possui atividade de furação imediatamente anterior ao processo de
jateamento. Como se pode observar existe uma grande disparidade entre o tempo de
agregação de valor e o lead time de fabricação (77min e 53dias, respectivamente).
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
130
Figura 48 MFV macro da situação atual (inicial)
De acordo com o mapa, as ordens de produção estavam centralizadas no PCP. Com
isso, era necessário programar a produção de cada item em cada posto de trabalho. Um dos
problemas gerados era a dificuldade de priorização dos itens. Como o operador recebia várias
ordens de produção acabava por ter dificuldade quanto à priorização.
Pode-se observar também que a produção era empurrada com inúmeros pontos de
estoques ao longo de todo processo produtivo. Com isso, os tempos de fila eram excessivos.
Novamente, a priorização dos itens tornava-se difícil pelo volume de peças/produtos
aguardando serem processados.
Por último, como destacado anteriormente, existe um grande distanciamento entre o
tempo de agregação de valor e o lead time total do processo.
(11) Quantificar as distâncias físicas percorridas (material, ferramental e pessoas).
Como se pode observar no diagrama de espaguete da figura 50 existia um fluxo de
material entre as unidades fabris o qual deveria ser evitado. Além disso, o fluxo interno na
unidade em Diadema, devido ao layout inadequado (layout funcional), causava um grande
desperdício de movimentação. A tabela 10 apresenta o levantamento das distâncias
percorridas na planta em Diadema.
Serrar
Furar
E
Pontear
E
Soldar
Tirar
Respingo
E
E
Calibrar
Jatear
E
Pintar
Primer
E
Pintar
Final
E
Embalar
E
Expedir
E
E
E
Fornecedor
Cliente
PCP
E
Pedido
Seman
al
Programa
Semanal
de Entrega
Programação da
produção (1x mês)
Ordem de
compra
mensal
25d
10d
4d
0d
3d
10d
0d
0d
0d
1d
0,3d
7min
2min
7min
17mi
n
24mi
n
1min
3min
2min
2min
2min
10mi
n
954
unid/mês
20 dias
úteis
48
unid/dia
Lead Time: 53,3 dias
Agregação de Valor:77 min
1193
477
0
143
15
48
0
0
0
477
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
131
Tabela 10 Distâncias percorridas pelos materiais e pessoas
Fluxo das famílias
Materiais 84
Pessoas 168
Materiais 185
Pessoas 370
Materiais 56
Pessoas 112
Materiais 185
Pessoas 370
Materiais 84
Pessoas 168
Materiais 185
Pessoas 370
Movimentação Total 2337
Distância percorrida (m)
Fluxo 1 - FA
Fluxo 2 - FA
Fluxo 1 - FB
Fluxo 2 - FB
Fluxo 1 - FC
Fluxo 2 - FC
Analisando a tabela 10 pode-se observar que para cada família existe um fluxo 1 e um
fluxo 2. Isso porque todas as peças, sem exceção, saíam do almoxarifado, sofriam algumas
atividades e retornavam a uma área de produtos semi-acabados. Posteriormente, essas peças
eram novamente movimentadas às estações de trabalho e depois de serem processadas eram
armazenadas no local de produtos acabados. Portanto, essa movimentação em cada família foi
subdividida em dois fluxos. Com o desenvolvimento do projeto, um dos pontos de melhoria
identificados, foi a eliminação dessa movimentação através da aproximação dos pontos de
armazenagem dos locais de fabricação e consumo (supermercados).
Por último, em relação à tabela 10 deve-se destacar que a movimentação de pessoas é
normalmente considerada como cerca do dobro da movimentação de materiais. Considera-se
neste caso, que o operador leva a peça para o próximo posto de trabalho e depois retorna ao
seu posto de trabalho.
(12) Analisar a Situação Atual (Inicial).
Através de uma análise dos mapas da situação atual e dos diagramas de espaguete
pode-se identificar os seguintes problemas:
- Tempo de agregação de valor muito inferior ao lead time: através do mapa do
fluxo de valor da situação atual pode-se identificar que o tempo de agregação de
valor corresponde a apenas 0,3% do lead time de fabricação. Ou seja, existem
inúmeros pontos onde o processo pára, gerando estoques e filas.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
132
- Elevado acúmulo de estoques no processo: da observação do mapa do fluxo de
valor pode-se visualizar inúmeros pontos de estoque em processo. Esses estoques
além de representarem capital parado na empresa, também causavam, entre outros
problemas, aumento da dificuldade de gerenciamento da priorização das ordens de
produção. Quanto maior a quantidade de estoques no processo maior a dificuldade
em se manter um sistema FIFO.
- Movimentação excessiva de pessoas e peças: como se pode observar na tabela 14
existia uma movimentação excessiva de pessoas e peças na fábrica. Devido ao
peso de um lote de peças muitas vezes era necessário o uso de empilhadeira para a
movimentação. Com isso, além da movimentação, existia uma gasto de tempo
excessivo por parte do operador para solicitar que o operador de empilhadeira se
deslocasse à área e movimentasse o lote de peças fabricado.
- Fluxo pára em inúmeros pontos (não existência de um fluxo contínuo): como se
observou não existia nenhum ponto onde o material fluía. Ao contrário, existiam
muitos pontos onde de estoque em processo onde o tempo de fila era elevado. O
desbalanceamento entre as operações e a falta de padrão de priorização de ordens
eram algumas das fontes que geravam as paradas no fluxo de produção.
- Utilização de layout funcional: como pode ser observado na figura 48 o layout era
funcional. Como mencionado anteriormente neste trabalho, o layout funcional
corrobora para o aumento da movimentação das peças na fábrica.
- Movimentação de materiais entre unidades: o não recebimento de materiais
provenientes dos fornecedores diretamente na unidade em Diadema causava a
necessidade de movimentação de materiais entre as unidades. Com isso, existia um
desperdício de tempo com carregamento e descarregamento de materiais em
caminhões. Além disso, muitas vezes a unidade em Diadema parava por falta de
material que havia sido descarregado em São Bernardo.
7.3 Segunda Etapa Projeto da Situação Futura
Após a análise da situação atual passou-se à etapa de construção do layout futuro. A
base para a construção da situação futura foram os problemas identificados, os quais estão
descritos anteriormente.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
133
(13) Fazer MFV da Situação Futura.
Levantados os potenciais pontos de melhorias foi construído um mapa do fluxo de
valor do estado futuro. Esse mapa foi a referência para o planejamento das mudanças. O mapa
do estado futuro é apresentado a seguir na figura 49. Esse mapa de fluxo de valor contempla
as três famílias de produtos identificados. A linha de lead time é correspondente à família A
de produtos.
No mapa pode-se identificar uma redução do lead time de 53 dias para 19 dias. No
mapa futuro os pontos de estoque foram substituídos por supermercados ou mesmo
eliminados através da criação de um fluxo contínuo no final do processo.
Receber
/ Expedir
VALTRA
Expedição
Controle de
Produção
PCP
Embalar
Pintar
+
Primer
Jato
Pontear
Montar
Respingo
Calibrar
Furar/
Escarear
Família A
Furar/
Escarear
Família B
3
º
Dobrar
Eldorado
Alfa
Furar/
Escarear
Família C
9 d
7 min
2 min
9 min 49 min
5d5d
Pedido
Pedido
Ordem Compra
Serrar
Famílias
A,B,C
7 min
Figura 49 Mapa do estado futuro (Diadema)
A construção do mapa do fluxo de valor apresentado na figura 49 buscou eliminar os
problemas identificados anteriormente. Para a construção do mapa do fluxo de valor futuro
foram consideradas:
Lead Time: 19 dias
Agregação de
Valor: 67 minutos
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
134
Redução de lead time de 53 para 19 dias: essa redução de lead time foi possível devido
à possibilidade de redução dos estoques em processo. Baseando-se no conhecimento
das etapas de produção pode-se projetar um fluxo contínuo em algumas etapas do
processo, eliminando assim os tempos de fila.
Redução dos estoques em processo: a eliminação de parte do estoques em processo,
projetado no mapa do fluxo de valor futuro, foi possível devido à possibilidade de se
poder balancear as atividades dos processos de cada família de produtos.
Implantação de fluxo puxado: nos pontos onde não era possível implantar fluxo
contínuo foram colocados supermercados. Embora esses pontos sejam pontos de
interrupção do fluxo o tamanho dos estoques passará a ser controlado, controlando
assim o tempo de fila. Não foi possível implantar um fluxo contínuo porque nesse caso
os processos posteriores referem-se a montagens e necessitam de modelos de peças
diferentes. Por isso foi criado um supermercado.
Criação de células de produção: como será demonstrado posteriormente, para as
atividades de Pontear, Montar, Remover Respingos e Calibrar foi identificada a
possibilidade de implantar células de produção.
Redução de setup: embora não esteja explícito no mapa do fluxo de valor uma análise
prévia da forma de conduzir o setup mostrou que essa operação poderia ser reduzida
permitindo um fluxo contínuo entre algumas operações.
Supermercado de produtos acabados: foi considerado a criação de um supermercado
de produtos acabados de 5 dias como forma de segurança para atender aos pedidos dos
clientes sem gerar atrasos.
(14) Identificar no MFV os loops de implantação e selecionar um loop para iniciar o
projeto do layout.
Após a construção do mapa foram identificados os loops de implantação. Ou seja, o
MFV foi seccionado em partes a serem analisadas e implantadas individualmente. A figura 50
apresenta os loops de implantação.
De acordo com a figura 50 foram identificados 6 loops de implantação. Deve-se
apenas destacar que o loop 1 é um loop comum a todos os produtos.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
135
Receber
/ Expedir
VALTRA
Expedição
Controle de
Produção
PCP
Embalar
Pintar
+
Primer
Jato
Pontear
Montar
Respingo
Calibrar
Furar/
Escarear
Família A
Furar/
Escarear
Família B
3
º
Dobrar
Eldorado
Alfa
Furar/
Escarear
Família C
9 d
7 min
2 min
9 min 49 min
5d5d
Pedido
Pedido
Ordem Compra
Serrar
Famílias
A,B,C
7 min
Loop 1
Loop 2
Loop 3
Loop 4
Loop 5
Loop 6
Figura 50 Loops de implantaçãoidentificados no MFV futuro
Os loops de implantação foram definidos com base nos pontos de supermercados.
Cada loop contempla os processos de fabricação e um supermercado. Para iniciar o trabalho
de projeto de layout foi selecionado o loop 1 porque esse loop era comum a todas as outras
famílias e além disso o processo puxador pertencia a esse loop. Considerando a importância
do loop optou-se por iniciar as atividades por este, porque todos os demais loops dependeriam
do ritmo com o qual esse trabalhasse.
(15) Verificar se o loop é bem comportado.
Tendo por base os conceitos de definição de comportamento para loop, o loop de
células de montagem pode ser definido como um loop bem comportado, ou seja:
Os tempos de ciclo de um mesmo item são semelhantes.
Existe a possibilidade de se estabelecer um fluxo unidirecional
Existe uma alta confiabilidade de processo.
Os equipamentos compartilhados com outras famílias eram estações de soldas as
quais podiam ser facilmente duplicadas devido ao baixo custo.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
136
A demanda de peças é alta pois no loop passam as peças de todas as famílias.
(16) Fazer análise de capacidade com base no conceito de takt time.
Como se pode observar no MFV futuro o loop de montagem é comum para todas as
famílias. O único ponto de distinção do loop é no início do processo nas atividades de
Pontear, Soldar, Tirar Respingo e Calibrar. Neste caso, embora sejam atividades comuns estas
tinham características específicas para as famílias. O cálculo do takt time abaixo se refere à
família A. O takt time das demais famílias foi realizado de forma análoga.
Takt Time =Tempo disponível / Demanda
Tempo disponível: tempo disponível em um determinado período para fabricar determinada
peça.
Demanda: demanda da peça no período em análise.
Tempo disponível = D . H . E . U
D= dias úteis trabalhados no período.
H= horas trabalhadas por turno.
E= índice de eficiência
U = tempo de utilização de máquina para a peça em análise
Tempo disponível = 1*8.8(h) * 60 (min) * 0.8 (eficiência) *1= 422 min
Demanda diária = 48 peças
1 dia Período considerado.
8.8 hs Corresponde ao número de horas trabalhadas por turno.
60 min Corresponde ao fator de conversão do tempo para minutos.
0,8 Corresponde ao índice de eficiência.
48 peças Corresponde à demanda no período
1 Tempo de utilização (100% dedicado à família no processo gargalo)
Takt time = 422 / 48 = 8.8 min
B
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
Projetar o
módulo do
loop indicando
os elementos
restritivos e
segmentando
as células
através dos
pulmões
intermediários/
supermercados
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
O módulo
projetado é
satisfatório
?
NÃO
21
22
24
25
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
137
Portanto, para a família A é necessário que o processo tenha a capacidade de produzir
uma peça a cada 8.8 minutos.
Analisando os tempos de processo pode-se observar que apenas dois processos
excedem o tak timet, o processo de soldar(montar) e o de tirar respingo. A figura 51 a seguir
apresenta um comparativo entre os tempos de ciclo e o tempo takt da família A.
0
5
10
15
20
25
30
Pontear
Soldar
Tirar
Respingo
Calibrar
Jatear
Pintar
Prime
Pintar final
Embalar
Tempos de ciclo dos processos
Takt Time = 8,8 min
Figura 51 tempos de ciclos comparado com o tempo takt.
Os processos finais do loop (Calibrar, Passar Prime, e Pintar) tem um tempo de
processo menor do que o takt. Essas operações não são gargalos e, portanto, não impedem a
formação de um fluxo contínuo.
(17) Dimensionar quantidade de recursos para o loop.
Com base na análise de capacidade realizada na etapa anterior algumas ações foram
tomadas para balancear os tempos de processo e atingir o takt.
Ação 1: Duplicação das estações de solda: como o tempo de solda era de 17
minutos considerou-se que seria necessário duas estações de solda para se
conseguir atingir o tempo takt.
Ação 2: Eliminação do tempo de setup: para realizar o setup o operador dispensava
muito tempo para procurar os ferramentais que estavam em local inadequado.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
138
Além disso, era necessário requisitar o auxílio de empilhadeiras ou de outros
operadores porque muitos dos ferramentais eram muito pesados. A construção de
dispositivos de movimentação de ferramentais, o seqüenciamento da produção, a
utilização de um abastecedor e a criação de dispositivos de setup rápido foram
ações que reduziram o tempo de setup de 30 minutos para 5 minutos.
Ação 3: Redução do tempo de remoção de respingo e calibração: o tempo alto de
remoção de respingos de solda era fruto da demora em se retirar esses após a
operação de solda. Os respingos gerados no processo de soldagem esfriavam
depois de permanecerem muito tempo em contato com a peça e tornavam-se
difíceis de serem removidos. A simples organização do fluxo, possibilitando que
os respingos fossem retirados imediatamente após terem sido soldados, reduziu o
tempo da atividade para 10 minutos. Mas, para se atingir o tempo takt foi
necessário utilizar dois operadores na atividade de remoção de respingo.
Ação 4: Junção das atividades de remoção de respingo e calibração: como o
processo de remoção de respingo passou a ter dois operadores e a atividade de
calibração era muito rápida essa foi acoplada ao processo de remoção de respingo.
O gráfico das atividades balanceadas é apresentado na figura 52 a seguir. O gráfico
apresenta duas linhas de takt. A linha com takt de8,8 minutos corresponde ao takt do loop em
análise. A linha com takt de 3,8 minutos corresponde ao takt na linha de equipamentos
comuns.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
139
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Soldar
Tirar Respingo
e Calibrar
Jatear
Pintar Prime
Pintar final
Embalar
Tempos de ciclo dos processos
Takt Time = 3,8 min
Takt Time = 8,8 min
Figura 52 tempos de ciclos balanceados comparado com o tempo takt.
No gráfico pode observar que embora os demais processos estejam com excesso de
capacidade deve-se lembrar que este loop é compartilhado por todas as famílias de produtos.
Portanto, esta capacidade “excedente” será utilizada pelos produtos das demais famílias.
(18) Dimensionar espaço para estoques e supermercados de Produto Acabado.
Para atender a demanda foi estipulado que seria mantido um supermercado de
produtos acabados com tamanho de 5 dias. Esse tamanho do supermercado foi projetado com
base no histórico de demanda dos produtos. A figura 53 mostra o espaço requerido pelos
produtos acabados.
Figura 53 Espaço necessário para os produtos acabados
Deve-se destacar que o espaço de 4,5 metros entre as prateleiras deveu-se à
necessidade do uso de empilhadeira para o manuseio dos produtos.
PRATELEIRA
PRATELEIRA
9 metros
9 metros
1,1 metros
1,1 metros
4,5 metros
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
140
(19) Verificar se é possível fazer FIFO sem estoques intermediários.
Com a introdução de duas estações de solda para atender ao takt time e, a realização de
um trabalho de redução de setup tornou-se possível estabelecer um fluxo contínuo sem
estoques/pulmões intermediários conforme é demonstrado no MFV futuro.
(20) Utilizar conceito de célula e projetar módulo do loop indicando os recursos
restritivos internos/supermercados
Com base nas informações levantadas foi gerada uma célula de fabricação para os
produtos da família A e um layout em linha para as etapas de jateamento, prime, pintura e
embalagem. A figura 54 apresenta o layout gerado para esse loop.
Neste caso, como elementos restritivos foram identificadas as cabines de prime, e
pintura. Isso devido ao custo de se modificar a posição desses equipamentos.
A figura 55 apresenta em detalhe a célula projetada para a família A. No layout pode-
se observar as duas estações de solda e os dois operadores necessários na operação de
respingo e calibração.
Figura 54 Layout do loop em análise
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
141
Figura 55 layout detalhado da célula de fabricação da família A
Para se manter um fluxo contínuo e unitário de peças foi projetado um trilho que passa
pela célula, pelo jateamento, pintura e termina na área de secagem.
(21) Fixar o módulo projetado como um building block.
O módulo projetado foi fixado como um building block. Esse módulo serviu como
referência para a construção das células das demais famílias.
(22) O módulo projetado é satisfatório?
Uma análise crítica do módulo projetado mostrou que este:
Permite a realização de uma produção em FIFO: como se pode observar no layout
projetado não há pontos onde o material pára. As estações de trabalho foram
balanceadas e existe um caminho lógico e simples para o material fluir.
É um layout de fácil programação das tarefas nas estações de trabalho: a criação de
um fluxo contínuo permite que apenas um processo receba programação. Os
demais processos devem apenas produzir o que e enviado a esses.
Número de estações de solda utilizadas para a família A é menor no loop projetado
do que na situação inicial: como será destacado posteriormente o número de
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
142
estações de solda utilizadas para a fabricação da família de produtos A tornou-se
menor do que na situação inicial do layout funcional.
Portanto, com base nessa análise o módulo projetado foi definido como satisfatório
pela equipe de projeto. Com isso, passou-se ao projeto dos demais módulos. Para isso, voltou-
se ao passo (15) do modelo proposto de projeto de layout.
Após a construção do layout do loop 1 passou-se para o projeto do layout do loop 2.
Antes de iniciar a análise do loop 2 um ponto a se observar é a semelhança de
processo entre o loop 2 e 4. Os roteiros de fabricação das famílias A e B são apresentados a
seguir:
Família A: Serrar / Furar / Armazenar / Pontear / Soldar / Tirar Respingo /
Calibrar / Jatear / Prime/Pintar.
Família B: Serrar / Furar / Terceiro (Tratamento Térmico, Dobrar)/ Armazenar
/ Pontear / Soldar / Tirar Respingo / Calibrar / Jatear / Prime/Pintar.
Como se pode observar essas famílias possuem a mesma seqüência de operação, com
a única diferença da família B sofrer operação em terceiro.
Um problema que surgiu é o compartilhamento de um mesmo equipamento para a
operação de Furar (Furadeira Múltipla). Esse equipamento, devido ao alto valor, não podia ser
duplicado e era utilizado pelas duas famílias. Neste caso, para o projeto do layout foi realizada
uma análise em conjunto dos itens das famílias A e B, ou seja, o loop 2 e o loop 4 foram
contemplados em um único módulo de layout.
(15) Verificar se o loop é bem comportado.
Quanto ao comportamento do loop 2 esse não pode ser considerado bem comportado.
Neste caso existia um equipamento (Furadeira Múltipla) que não podia ser duplicado, devido
ao alto custo, o qual era compartilhado pelas peças que passavam no loop 2 e no loop 4.
(26) Fazer análise de capacidade com base no conceito de TPT.
Diferentemente do loop 1 a análise de capacidade do loop 2 e 4 foi realizada com base
no TPT. A figura 56 apresenta a tabela utilizada no cálculo do TPT.
A tabela 11 apresenta o cálculo do TPT para as duas famílias A e B com base no
processo gargalo identificado (Furação na máquina: Furadeira Radial).
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
143
d. da
pa
Demanda
média
semanal
Tempo
processo
da pa
Tempo
Processo
do lote
Tempo
Setup
Tempo
Total
Disponí
vel da
Semana
Tempo
Total do
processo
Lote
Semanal
Tempo
Setup
Total
Tempo
Disponível
para Setup
Quantidade
de Ciclos
por Semana
TPT
D –
(A1xB1+A
2xB2) = E
WST A2 B2 A2 x B2 C2 D
5/F
Dimensionamento do TPT
XYZ
A1
B1
A1 x B1
C1
D
A1xB1 +
A2xB2
E/(C1+C2)
= F
C1 + C2
Figura 56 Método de cálculo do TPT
Utilizando a tabela apresentada na figura 56 foi encontrado um TPT de 1 dia. Por
questões de segurança, definido com a equipe de projeto, foi adotado um TPT de 3 dias. Essa
segurança foi adotada porque havia um receio em se implantar um novo processo e se este por
algum motivo falhasse iria afetar as entregas e, conseqüentemente, a credibilidade do projeto.
A demanda apresentada na tabela 11 refere-se à demanda das peças das famílias A e B
que sofrem operação na furadeira radial (processo gargalo).
Portanto, com base em um TPT de três dias a capacidade requerida de hora máquina
nos equipamentos utilizados na fabricação dos itens A e B foi calculada e é apresentada na
tabela 12:
Tabela 11 Capacidade de máquina x tempo necessário
Demanda
dia
mensal
Tempo de
processo
(min)
Tempo
processo
lote
(min)
Tempo de
setup
(min)
Tempo total
disponível
da semana
(min)
Tempo
total
processo
lote
semanal
(min)
Tempo
de setup
(min)
Tempo
disponível
para setup
(min)
Quantida
de de
ciclos por
semana
TPT
58 2 116 20
58 2 116 20
20 2 40 20
20 2 40 20
70 2 140 20
80 2 160 20
29 2 58 20 2140 1480 260 660 2,5 3
58 3 174 20
70 2 140 20
48 2 96 20
50 2 100 20
50 3 150 20
50 3 150 20
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
144
O tempo necessário em cada equipamento por mês é composto do tempo de
processamento dos lotes de produção acrescido dos tempos de setup. A tabela 12 a seguir
mostra como exemplo o cálculo do tempo de fabricação dos itens da família A que sofrem
operação na Furadeira Radial:
Tabela 12 Capacidade de máquina x tempo necessário
Tamanho do lote
(demanda média
semanal *4/6)
Tamanho
do lote *
tempo de
processo
(min)
Quantidade de
lotes no mês *
tempo processo
lote (min)
Tempo
Total
Setup
(min)
Tempo
Total
(min)
39 77 464 120 584
39 77 464 120 584
13 27 160 120 280
13 27 160 120 280
47 93 560 120 680
53 107 640 120 760
19 39 232 120 352
Total =
3520
O tamanho do lote foi calculado multiplicando-se a demanda semanal por 4
(quantidade média de semanas no mês) e dividindo o resultado por 6 (TPT = 3), ou seja, a
fábrica tem capacidade de produzir 6 vezes no mês todos os produtos. Portanto serão
fabricados em média 6 lotes no mês (considerou-se o mês com 20 dias úteis). Os itens
apresentados na tabela 12 correspondem aos 7 primeiros itens da tabela 16.
A segunda coluna da tabela 12 corresponde ao tamanho do lote multiplicado pelo
tempo de processamento de cada peça do lote.
A coluna quantidade de lotes no mês multiplicado pelo tempo de processo do lote
corresponde a cada linha da coluna 2 da tabela 12 multiplicada por 6.
O tempo total de setup corresponde a 20 minutos de setup multiplicado por 6
(quantidade de lotes fabricados no mês).
O tempo total corresponde ao tempo total utilizado para cada produto do item A.
Portanto, a família A utilizará 3520 minutos do tempo total disponível da Furadeira
Radial. O tempo total disponível de 6500 minutos foi o tempo considerado para processar os
itens best sellers.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
145
Deve-se apenas destacar que esses tempos são em relação aos itens best-sellers. Logo,
o tempo restante disponível em cada equipamento ficou reservado para os demais itens não
best-sellers.
(27) Dimensionar espaço para estoques e supermercados de Produto Acabado
Como se pode observar no MFV futuro foi projetado um supermercado de 5 dias para
as peças em processo. Esse tamanho do supermercado foi estipulado com base no TPT, 3 dias,
e na segurança que a equipe de projeto decidiu introduzir no processo. A figura 57 apresenta o
espaço reservado na fábrica para esse supermercado.
Figura 57 Dimensões do supermercado de peças
(28) Dimensionar quantidade de recursos para o loop.
Com base na tabela 12 somando-se os tempos necessários em cada equipamento e
confrontando com o tempo disponível, tem-se:
Furadeira Radial:
o Tempo necessário: 6848 (3520 + 3328)
o Tempo disponível: 6500
Furadeira de Coluna:
o Tempo necessário: 6100 (4560 + 1540)
o Tempo disponível: 6500
Furadeira Múltipla:
o Tempo necessário: 2612 (2350 + 260)
o Tempo disponível: 6500
Portanto, existiu a necessidade de duplicação da furadeira radial.
6m
0.7m
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
146
(29) Localizar e dimensionar espaço para os pulmões de peças necessários entre os
recursos produtivos.
Neste caso, não foi necessário dimensionar espaços para pulmões de peças dentro do
processo produtivo do módulo. As peças sofrem apenas duas operações, de furação e
“escareamento”, portanto no layout foi dimensionado o espaço para o operador e apenas uma
bancada central para posicionamento das peças após sofrerem a operação de furação.
(30) Projetar o módulo do loop indicando os elementos restritivos e utilizando o conceito
de layout que melhor se adeque à situação.
Para o projeto do módulo do loop o único elemento restritivo foi a furadeira múltipla.
O setup da máquina exigia utilização de empilhadeira para transporte dos gabaritos utilizados
pela máquina. Portanto foi necessário manter um corredor de acesso à máquina.
O layout projetado para o módulo em análise é apresentado na figura 58 a seguir.
Figura 58 Layout do módulo do loop
Como se pode observar na figura acima ficou uma área livre atrás da Furadeira
Múltipla para que a empilhadeira pudesse levar os gabaritos da máquina e realizar o setup.
(31) Fixar o módulo projetado como um building block
O módulo projetado foi fixado como um building block de forma análoga ao realizado
com a célula de montagem.
Área de Acesso da
empilhadeira para
realizar o setup
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
147
(32) O módulo projetado é satisfatório?
O módulo projetado foi definido como satisfatório pela equipe de projeto. Portanto
passou-se ao projeto do módulo do loop da família C.
Os demais loops foram projetados de forma análoga, portanto não serão apresentados.
A seguir será contemplada a formulação do layout macro com base nos buildings blocks
formados.
(33) Retirar do layout todas as máquinas e equipamentos deixando apenas os elementos
restritivos.
A figura 59 apresenta o layout da fábrica apenas com os elementos restritivos. As
cabines de prime e de pintura devido a aspectos de tratamento de efluentes foi considerada
como um monumento, ou seja, não eram passíveis de serem movimentadas. Além disso, o
jato de granalha também foi considerado como elemento restritivo devido ao custo em outro
local, caso fosse necessário. Com o desenvolvimento do projeto, observou-se que devido ao
posicionamento das cabines de prime e pintura o jato de granalha estava em uma posição
adequada.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
148
Figura 59 Layout apenas com os elementos restritivos
(41) Alocar os buildings blocks com base nos elementos restritivos.
Com base nos buildings blocks formados foram geradas algumas alternativas de
layouts. A figura 60 e 61 apresentam duas alternativas de layout formadas.
Jato
Prime
Pintura
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
149
Figura 60 Alternativa de layout formulada
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
150
Figura 61 Alternativa de layout formulada
Alguns fatores que levaram à não escolha dessas alternativas foram a dificuldade de
alocação de trefilados dentro da área de produção e a proximidade de cabines de solda e
ponteamento da área de pintura. Com base nessas restrições foram elaboradas outras
alternativas de layout. A figura 62 apresenta a alternativa selecionada para implantação.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
151
Figura 62 Alternativa de layout selecionada
Entre os aspectos que levaram à escolha dessa alternativa, pode-se destacar:
Proximidade entre o supermercado de produtos finais e a saída da pintura.
Células de abastecimento próximas das células de montagem.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
152
Layout permite de forma fácil o gerenciamento visual das operações.
Não necessidade de empilhadeira na maioria das operações.
(42) Fazer Diagrama de Espaguete entre os building blocks.
A figura 63 apresenta o diagrama de espaguete para a alternativa de layout projetada
Figura 63 Diagrama de Espaguete
Fluxo família A
Fluxo família B
Fluxo família C
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
153
Como se pode observar os fluxos das famílias de produtos tornaram-se mais simples.
Houve uma redução nos cruzamentos de fluxos e uma redução nas distâncias percorridas
pelos materiais e pessoas, como será demonstrado a seguir.
(43) Levantar distância percorrida pelos fluxos de peças/produtos
Com base no diagrama de espaguete foram levantadas as distâncias percorridas por
cada fluxo. A tabela 13 apresentados os resultados alcançados.
Tabela 13 Movimentação de materiais e pessoas
Fluxo das famílias Distância percorrida inicial (m)
Materiais 84 Materiais 0
Pessoas 168 Pessoas 0
Materiais 185 Materiais 83
Pessoas 370 Pessoas 166
Materiais 56 Materiais 0
Pessoas 112 Pessoas 0
Materiais 185 Materiais 123
Pessoas 370 Pessoas 246
Materiais 84 Materiais 0
Pessoas 168 Pessoas 0
Materiais 185 Materiais 58
Pessoas 370 Pessoas 116
Movimentação Total 2337 792
Fluxo 2 - FC
Distância percorrida projetada(m)
Fluxo 1 - FA
Fluxo 2 - FA
Fluxo 1 - FB
Fluxo 2 - FB
Fluxo 1 - FC
Como se pode observar na tabela 13 para algumas etapas do fluxo de produção a
movimentação foi reduzida a zero. Isso se ocorreu devido à criação de supermercados entre os
processos, eliminando a movimentação que ocorria anteriormente devido ao fato de
armazenar as peças em processo em um único ponto.
Comparando a movimentação inicial à situação projetada e implantada ocorreu uma
redução de movimentação da ordem de 67%. Esse ganho de movimentação refletiu, entre
outros aspectos, em um aumento de produtividade, como será apresentado à frente.
(44) Fazer análise da alternativa de layout indicando as vantagens e desvantagens
A figura 64 apresenta a principal alternativa de layout projetada. Como se pode
observar ocorreu um melhor aproveitamento dos espaços resultando em um ganho de área.
Esse ganho foi bastante significativo porque existia na empresa uma tendência a buscar
ampliar o espaço disponível. Com o novo projeto de layout pode-se visualizar que existia
espaço em excesso na planta.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
154
Figura 64 Alternativa de layout selecionada
ÁREA LIBERADA
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
155
(45) A alternativa de layout projetada é satisfatória?
A alternativa de layout projetada foi considerada satisfatória. Deve-se apenas ressaltar
que foram geradas inúmeras alternativas de layout. A alternativa apresentada neste trabalho
foi a escolhida pela equipe de projeto.
7.4 Terceira Etapa Implantação e Acompanhamento
Após a formulação do layout passou-se à última etapa do método, implantação e
acompanhamento. As atividades realizadas nessas etapas são descritas a seguir.
(46) Planejar a mudança utilizando o conceito de evento kaizen
Para a implantação das melhorias propostas foi determinado a seguinte seqüência:
Primeiro Evento Kaizen: Implantação do loop 1 e do loop 2.
Segundo Evento Kaizen: Implantação do loop 3.
Terceiro Evento Kaizen: Implantação do loop 4 e do loop 5.
Quarto Evento Kaizen: Implantação do loop 6 (Esse loop ficou sob
responsabilidade da empresa implantar).
As atividades descritas a seguir serão em relação ao Primeiro Evento Kaizen.
(47) Definir as ações: Pré-kaizen, kaizen.
As ações p-kaizens necessárias para o primeiro evento kaizen foram:
Aquisição de matéria-prima para confecção de prateleiras.
Aquisição de matéria-prima para a confecção de roletes (esteira).
Aquisição de matéria-prima para confecção das células de soldagem
Formação de um pulmão de peças para não interromper o fluxo de abastecimento
dos clientes.
Quanto às atividades da semana do evento kaizen, essas estão descritas na figura 65 a
seguir.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
156
Figura 65 Descrição das atividades do evento kaizen
(48) Definir a equipe de mudança
A equipe de mudança reuniu pessoas de diversas áreas por dois motivos principais:
Permitir que pessoas de áreas de suporte, como ferramentaria, pudesse trabalhar
em tempo integral na implantação.
Disseminar a cultura de mudança pela fábrica tornando assim mais fácil a
realização de futuros eventos kaizens.
ATIVIDADES PARA INÍCIO
Treinamento Segunda - manhã
Planejamento das atividades Segunda - manhã
Montar fisicamente supermercado de P.A.'s Segunda - tarde
Transferir racks de semi-acabados (p/ abastecimento das células) Segunda - tarde
Remanejamento / retirada de cabines de solda e bancadas p/ células Segunda - tarde
SISTEMAS DE CONTROLE
Montar quadro para expedição Terça-feira
Desenvolver quadro programação para célula A Terça-feira
Gerar cartões P.A. da célula A Terça-feira
Imprimir cartões P.A. da célula A Quarta-feira
Montar quadro da célula A Quarta-feira
MUDANÇA FÍSICA DAS CÉLULAS
Construir bancadas para tirar respingos e calibrar Terça-feira
Construir carrinhos de transporte das peças célula A Terça-feira
Construir carrinhos de transporte dos dispositivos célula A Terça-feira
Montar roletes célula família A Quarta-feira
MUDANÇAS ESTRUTURAIS
Construir o trilho do Jato Segunda-feira
Ampliar dimensão da cabine Terça-feira
Inverter a posição da cabine Quarta-feira
Aumentar parafuso dos ganchos (+ 10cm de comprimento) Quarta-feira
Construir e implantar talha de ponteamento da célula A Quinta-feira
Construir e implantar mini-ponte rolante para respingo e calibração nas células Quinta-feira
5S
Separar materiais úteis e inúteis de cada área Quinta-feira
Definir local de armazenamento dos materiais restantes Quinta-feira
Demarcar todas as áreas Quinta-feira
Montar check-list para auditoria de 5S Quinta-feira
TREINAMENTO
Treinar operadores célula A Quinta-feira (tarde)
Treinar operadores célula Jato Quinta-feira (tarde)
Treinar movimentador / abastecedor Quinta-feira (tarde)
Treinar expedição Quinta-feira (tarde)
Montar apresentação em Powerpoint Sexta-feira (manhã)
Apresentação Sexta-feira (tarde)
LOOP EXPEDIÇÃO - Célula Montagem Solda
Quando Fazer
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
157
A equipe foi composta de 10 integrantes sendo um desses o líder do evento kaizen. A
tabela 14 apresenta o nome das pessoas envolvidas e as funções desempenhadas na fábrica.
Tabela 14 Equipe do kaizen
Nome Função
Jean Coordenador de produção (Líder do evento kaizen )
Leandro Soldador
Cícero Soldador
Antonio Fernandes Soldador
Ricardo Soldador
Silvestre Líder do setor de soldas
Valdenicio Responsável pela calibração das peças
Genivaldo Expedição
Leandro Queiroz Responsável pela remoção de respingo das peças
Erik Usinagem (São Bernardo do Campo)
(49) Realizar o evento kaizen
Conforme planejado o evento kaizen teve duração de uma semana. As fotos da figura
66 a seguir apresentam alguns momentos das mudanças realizadas.
Figura 66 Fotos do evento kaizen
ANTES
DEPOIS
ROLETES P/A A
CÉLULA
CARRINHOS
ABASTECIMENTO
BANCADAS P/A
SETUP RÁPIDO
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
158
Para esse evento kaizen algumas atividades ficaram pendentes para serem realizadas
no pós-kaizen. Essas atividades foram:
Adequar as bancadas de solda (promover espaço dos dois lados para o operador).
Fazer proteção para o final da linha de roletes.
Colocar gavetas nas bancadas de respingo e calibragem.
Organizar dispositivos de calibração.
Colocar quadro de controle na expedição.
Treinar Operadores.
(50) Acompanhar para estabilização das mudanças.
Foi definido um período de um mês para acompanhamento das mudanças implantadas.
Esse acompanhamento teve por objetivo a garantia da realização das atividades pós-kaizen.
(51) Definir medidas de desempenho.
Para analisar a eficiência das células projetadas foi estabelecido um conjunto de
medidas de desempenho. A figura 67 apresenta uma tabela para levantamento das medidas
estabelecidas para uma análise inicial das células.
Apontado no processo de Calibrar 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Qualidade
Número de peças produzidas
Peças com defeito para re-trabalho
Peças refugadas
peças devolvidas
Apontado no PCP
Pontualidade (por família da célula)
% de atraso ao cliente
tempo médio de atraso
Figura 67 Medidas de desempenho para as células
(52) Medir os resultados.
Entre alguns dos resultados obtidos com a mudança do layout pode-se destacar:
Aumento de produtividade em 50%: algumas das ações que permitiram esse
aumento de produção foram: redução do tempo de setup, aproximação dos postos
de trabalho eliminando movimentação desnecessária.
Redução do índice de faltas de operários em 90%: existia um grande problema na
fábrica relacionado ao índice de faltas no trabalho. Com as células dedicadas esse
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
159
índice diminuiu porque os operadores passaram a perceber que a sua ausência
afetava diretamente o processo produtivo. Isso foi possível devido às célula
implantada. Com o processo em fluxo contínuo o próprio operador percebeu o
quanto o seu trabalho impacta no desempenho do processo como um todo.
Redução do estoque em processo em 50%: com a implantação do novo layout e
dos conceitos de produção enxuta os estoques em processo reduziram em 50%.
Aumento da satisfação dos funcionários: devido ao fato de terem sido trabalhados
também os processos de ergonomia, especialmente na realização dos setups, o
índice de satisfação dos funcionários aumentou.
Redução da falta de peças: a implantação de supermercados e de um sistema
puxado reduziu em mais de 90% o índice de falta de peças para o cliente.
Organização e melhoria do ambiente físico de trabalho: além de se otimizar o
espaço físico o ambiente de trabalho tornou-se mais agradável com a melhor
organização e limpeza das áreas.
Redução do espaço utilizado na produção em 40%: como mencionado
anteriormente ocorreu um grande ganho de área. Isso foi importante porque a
direção da empresa acreditava que estava faltando espaço físico.
Redução do número de estações de solda: inicialmente eram utilizadas 16 estações
de soldagem para fabricar os produtos. Com a reestruturação de layout e os
conceitos de produção enxuta implantadas esse total foi reduzido para 10 estações
de soldagem.
Finalmente, a figura 68 apresenta fotos da fábrica após a realização de todos os
eventos kaizens, com exceção do evento kaizen relacionado aos fornecedores que ficou a
cargo da empresa conduzir.
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
160
Figura 68 Fotos antes e depois da mudança de layout
Como mencionado, anteriormente, a fábrica possui duas plantas fabris. O estudo de
caso apresentado foi em relação à fábrica em Diadema. Quanto à fábrica em São Bernardo o
método foi aplicado de forma análoga e, portanto, não será apresentado neste trabalho.
7.5 Análise Geral.
Neste estudo de caso o modelo proposto de formação de layout mostrou-se eficiente.
Os resultados alcançados com a diminuição de movimentação, organização do fluxo de
produção, entre outros, demonstraram a eficiência do método. Cabe apenas ressaltar que, para
loops que não sejam bem comportados o trabalho de projeto do layout torna-se mais
complexo devido ao fato de não ser definido qual tipo de conceito de layout utilizar.
Em resumo, os resultados obtidos para as plantas de Diadema e São Bernardo foram:
Planta de Diadema:
o Racionalização do layout
Antes
Depois
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
161
o Liberação de uma área de 553m
2
Movimentação
o Redução de até 90%
Redução de lead time
o 56% Família A
o 80% Família B
o 76% Família C
o 84% Fabricação
Formação de células
o Redução dos tempos de troca
o Gestão Visual
o Aumento da produtividade em 80%
o Programação Puxada (Forn. Fabricação Montagem Expedição
Cliente)
Jateamento
o Aumento da produtividade
o Criação de Fluxo contínuo
Aproveitamento de mão-de-obra direta
o Aumento de 50%
o Diminuição do absenteísmo
Planta de São Bernardo
Movimentação
o Redução de 30%
Resultados gerais
o Propensão à mudança
o Organização da fábrica (5S)
Capítulo 7: Estudo de Caso: Empresa de Itens Soldados
162
Melhoria da programação da produção
Redução dos estoques em processo
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
163
CAPÍTULO 8
8. Estudo de caso: Empresa de Turbinas de Energia
Esse capítulo refere-se ao segundo estudo de caso, onde foi aplicado o modelo
propostos de projeto de layout.
8.1 Apresentação da empresa
A empresa onde foi aplicado o modelo encontra-se localizada no interior de São
Paulo. Os produtos fabricados consistem de turbinas para geração de energia, principalmente,
destinadas a usinas de cana-de-açúcar.
Os produtos fabricados são subdivididos basicamente em três grandes grupos: turbinas
pequenas, turbinas médias e turbinas de grande porte. A figura 69 apresenta alguns dos
produtos fabricados.
Figura 69 Exemplo de turbinas fabricadas na empresa
Modelo: BTE (Grande)
Modelo: TMC (Média)
Modelo: TM FLEX (Pequena)
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
164
Além da produção de turbinas novas de energia a empresa também dedica parte dos
seus recursos na manutenção anual das turbinas em operação nos clientes.
A seguir, será apresentada a aplicação do modelo de projeto de layout proposto com os
resultados alcançados.
8.2 Primeira Etapa Levantamento da Situação Atual
Seguindo as etapas do método, inicialmente, foram identificadas as famílias de
produtos, mensurada a movimentação total e realizada uma análise crítica da situação inicial
da empresa. As atividades dessa primeira etapa do modelo são descritas, em detalhes, a
seguir. A numeração está de acordo com o modelo.
(1) Levantar os produtos fabricados.
A empresa realiza dois tipos de atividades, produção de turbinas novas e
reforma/manutenção de turbinas usadas (Service). Portanto, inicialmente foram realizadas
duas divisões macros para o projeto do layout.
Projeto do layout da fábrica para turbinas novas.
Projeto do layout da fábrica para Service.
A aplicação do método foi realizada para o setor de produção de turbinas novas.
(2) Definir os produtos Best Sellers.
Dentro do rol de turbinas fabricadas foram definidas três categorias de turbinas:
Turbinas Grandes.
Turbinas Médias.
Turbinas Pequenas.
As tabelas 15, 16 e 17 a seguir apresentam os modelos de turbinas fabricadas com as
respectivas demandas.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
165
Tabela 15 Demanda de turbinas pequenas
7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 Total
TS 500 1 1 1 1 4 1 1 1 4 1 1 1 18
TG 320 1 1 1 3
40 ME 3 2 1 6
55 ME 10 8 1 1 5 25
70 ME 1 1 3 1 2 6 14
385 ME 1 1 3 9 14
Z 50 3 2 5
Z 80 0
TM FLEX 1000 2 4 1 10 2 4 4 2 2 31
TM FLEX 2000 2 5 4 3 2 3 1 1 2 1 2 2 2 1 1 32
TM FLEX 3000 1 1 2 2 2 1 1 10
TM 1000 4 1 5
TM 2000 1 1
TM 3000 1 1
TM 1000S 1 5 4 10
TM 3000S 1 3 1 1 1 7
Modelo Turb.
pequenas
2005
2006
2007
2008
A tabela acima apresenta a demanda dos modelos de turbinas pequenas distribuída ao
longo dos meses em um período de 4 anos. Deve-se ressaltar que todos os produtos são
fabricados make-to-order. Portanto, a demanda demonstrada acima se refere a uma demanda
concreta de turbinas e não a uma previsão.
Com base na tabela 15 pode-se constatar que os modelos TM Flex 1000 e 2000 são os
modelos com maior demanda.
Tabela 16 Demanda de turbinas médias
7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 Total
TMC 5000 1 1 2
TMC 10000 1 3 4
TME 10000 1 1
TME 15000 1 1
TM 5000 1 1 1 1 1 5
TM 8000 1 1 1 3
TM 10000 1 1 1 1 1 2 1 1 9
TM 15000 2 2 1 1 2 1 1 1 1 12
TME 25000 1 1 1 3
TME 35000 1 1 1 1 2 1 2 9
TM 25000 1 1 1 1 4
TM 35000 1 1
TMC 15000 2 1 1 1 5
TMC 25000 1 1 2
TMC 35000 2 2 4
Modelo Turb.
Médias
2005
2006
2007
2008
A tabela 16 apresenta a demanda dos modelos de turbinas médias distribuída ao longo
dos meses em um período de 4 anos. Para os modelos de turbinas médias o modelo com maior
demanda é o TM15000.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
166
Tabela 17 Demanda de turbinas grandes
7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 Total
TM 50000 1 1
CT 32/40/50/85 1 1 1 1 1 2 7
BTE 50/63 1 1 1 3 6
TMC 3000 0
TME 5000 0
TS 1000 5 7 12
TS 1000P 1 3 4 1 1 10
TS 2000 1 4 1 1 7
85 ME 1 1
Z 63 1 1 1 3
Worthington 2 2
Modelo Turb.
Grandes
2005
2006
2007
2008
De forma análoga às tabelas anteriores, a tabela 17 apresenta a distribuição de
demanda de turbinas grandes ao longo dos meses em um período de 4 anos. Os modelos
TS1000 e TS1000P são os modelos de turbinas grandes com maior demanda a ser atendida.
Levando em consideração o volume produzido e o retorno financeiro à empresa as
seguintes turbinas foram classificadas como produtos best sellers.
Turbinas Pequenas: TS 500 55 ME TM 1000S TM FLEX1000
Turbinas Médias: TMC 10000 TME 35000 TMC 25000
Turbinas Grandes: 85ME Z63ME TS 1000P TS 1000
Um ponto a se destacar, de forma semelhante ao que ocorreu ao primeiro estudo de
caso, considerou-se como sendo um ambiente de alta variedade de peças, devido à quantidade
de peças que formam cada produto.
(3) Identificar similaridades.
Muito embora os produtos sejam fabricados para atender necessidades específicas de
cada cliente, o que confere a cada turbina particularidades, pode-se identificar dois padrões de
similaridade:
Similaridade de produto: Neste caso, a similaridade refere-se ao tamanho dos produtos
fabricados.
Similaridade de processo: muito embora exista uma diversificação de processos
determinados grupos de turbinas compartilham processos semelhantes.
Em resumo, similaridade de processo e produto foram os critérios adotados para a
formação das famílias que será descrito a seguir.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
167
(4) Formar famílias de produtos com base nos princípios de similaridade adotados.
Tendo por base as similaridades de produtos e processos as turbinas foram divididas
em 3 famílias:
Família 1: Turbinas grandes.
Família 2: Turbinas médias.
Família 3: Turbinas pequenas.
Ou seja, as turbinas que pertencem à família 1 tem em comum a característica de
dimensão e similaridade de processo. Essas turbinas tem uma particularidade de ter uma
maior customização do que turbinas pequenas ou médias.
De forma análoga, as famílias 2 e 3 são compostas por turbinas com características
semelhantes de dimensão e processo.
(5) Identificar os produtos não Best Sellers que podem se encaixar nas famílias de Best
Sellers.
Inicialmente, devido à complexidade dos produtos, não foi realizada nenhuma
identificação de produtos não Best Sellers que pudessem ser alocados à família de produtos
Best Sellers.
(6) É necessário descer ao nível de componentes?
Muito embora tenha se conseguido dividir os produtos Best Sellers em 3 famílias
distintas, devido à complexidade do processo de fabricação foi necessário descer ao nível de
componentes para posteriormente se trabalhar a questão de layout.
Como mencionado na descrição do modelo de projeto de layout esse aprofundamento
a nível de componentes ocorre quando o produto apresenta uma estrutura bastante complexa,
como é o caso de uma turbina de energia.
Portanto, identificada a necessidade de se descer ao nível de componentes o próximo
passo foi identificar os componentes das turbinas e classificá-los em famílias.
(7) Identificar as famílias de componentes dentro das famílias de produtos Best Sellers
formadas.
Um ponto importante a se destacar é o fato de que embora as turbinas tenham
características distintas de projeto e de fabricação essas possuem uma certa similaridade
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
168
quanto aos componentes que as compõe. Por exemplo, toda turbina será composta por uma
carcaça, terá um conjunto mancais, terá um rotor, etc. O que irá ser alterado de uma turbina
para outra são as características de cada um desses componentes.
Portanto, com base nessa similaridade foram identificadas 7 famílias de componentes.
Essas famílias são descritas a seguir:
Família 1: Mancal, Bucha e Anel.
Família 2: Carcaça.
Família 3: Diafragma e Injetores.
Família 4: Rotor.
Família 5: Palhetas.
Família 6: Eixo Simples.
Família 7: Eixo Integrado.
Como mencionado anteriormente, tanto as turbinas grandes, médias ou pequenas serão
formadas por esses componentes. A única excessão refere-se às famílias 6 e 7. Turbinas
médias e pequenas são compostas pela família de eixos simples, ao passo que turbinas
grandes são compostas pela família de eixos integrados.
(8) Levantar o layout atual das instalações.
A empresa possuía uma planta das instalações. Nesta etapa, portanto, realizou-se
uma atualização do layout das instalações fabris. A figura 70 apresenta o layout inicial da
fábrica.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
169
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
170
Figura 70 layout anterior do chão-de-fábrica
ÁREA
REBITADEIRAS
16
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
SUBCONJUNTOS
DIAFRAGMA
ÁREA
EM
EXPANSÃO
ÁREA
EM
EXPANSÃO
BALANCEAMENTO
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
ARMÁRIOS
MATÉRIA-PRIMA
DISPOSITIVOSDISPOSITIVOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
PRENSAS
TESTE
PARTÍCULA
JATO
Montagem
Montagem
Montagem
Montagem
Montagem
Expansão
Expansão
Expansão
Assist. redutores
Recebimento
Expedição
Montagem
Expedição
Usinagem Leve
Fabricação Palhetas
Usinagem Pesada
Fabricação mancais
Almoxarifado
Diafragma Rotor
Expansão
Expansão
Expansão Expansão
Montagem
195 metros
90 metros
ÁREA
REBITADEIRAS
16
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
SUBCONJUNTOS
DIAFRAGMA
ÁREA
EM
EXPANSÃO
ÁREA
EM
EXPANSÃO
BALANCEAMENTO
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
ARMÁRIOS
MATÉRIA-PRIMA
DISPOSITIVOSDISPOSITIVOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
PRENSAS
TESTE
PARTÍCULA
JATO
Montagem
Montagem
Montagem
Montagem
Montagem
Expansão
Expansão
Expansão
Assist. redutores
Recebimento
Expedição
Montagem
Expedição
Usinagem Leve
Fabricação Palhetas
Usinagem Pesada
Fabricação mancais
Almoxarifado
Diafragma Rotor
Expansão
Expansão
Expansão Expansão
Montagem
195 metros
90 metros
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
171
Como se pode observar no layout a fábrica possui de forma macro uma dimensão de
17550m
2
. Considerando que as peças e os produtos finais são de difícil movimentação, devido
ao peso e as dimensões, o layout torna-se num fator de impacto direto no desempenho dos
processos produtivos
No layout são apresentadas várias áreas de ampliação da fábrica. Essas áreas já
estavam sendo construídas antes do início do projeto e foram algumas delas foram concluídas
antes da finalização do mesmo.
Um ponto a se destacar é que a área identificada como Almoxarifado e Fabricação de
Palhetas possui como característica principal uma limitação de altura. Existe um mezanino
contendo salas de escritório que ficam na parte superior dessas áreas. Esse aspecto refletiu
diretamente na decisão de quais tipos de equipamentos poderiam ser alocados nesse local,
como será demonstrado posteriormente.
Por último, para a família de componentes Eixo Integrado os principais processos
ocorrem no setor destacado como Usinagem Pesada. A família Eixo Integrado tem seus
principais processos ocorrendo no setor de Usinagem Leve.A família de Carcaça também
possui seus principais processos no setor de Usinagem Pesada. Para finalizar, Injetores são
fabricados juntos com Diafragma e Buchas e Anéis junto com Mancais.
(9) Construir do Diagrama de Espaguete
Para cada uma das famílias de componentes apresentadas foi traçado o diagrama de
espaguete. A figura 71 apresenta, como um exemplo, o diagrama de espaguete da família de
Diafragma.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
172
Figura 71 Diagrama de Espaguete da família de Diafragama
ÁREA
REBITADEIRAS
16
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
ARMÁRIOS
MATÉRIA-PRIMA
DISPOSITIVOSDISPOSITIVOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
PRENSAS
TESTE
PARTÍCULA
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
SUBCONJUNTOS
ÁREA
EM
EXPANSÃO
ÁREA
EM
EXPANSÃO
BALANCEAMENTO
JATO
Trolers
MEZANINO
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
173
Como se pode observar existe uma grande movimentação da família de componentes
ao longo da fábrica. E como mencionado anteriormente, o problema se agrava devido às
dimensões das peças. Os principais desperdícios ou problemas identificados resultantes da
movimentação excessiva são:
1. Necessidade do uso de pontes rolantes: para a movimentação da peça dentro de um
mesmo setor são utilizadas pontes rolantes. Além da ponte rolante ter uma
velocidade de deslocamento baixa em muitos casos o operador necessita aguardar
(desperdício de espera) que outro operador termine de utilizar a ponte.
2. Utilização de trolers: como se pode observar na figura 76 existem dois trolers para
movimentação de peças entre setores. Isso deve-se ao fato de existir um mezanino
que torna inviável a passagem de peças de um setor ao outro utilizando somente a
ponte rolante. Com isso, existe um desperdício muito grande de tempo gasto com
atividades de transbordo, ou seja, pegar a peça com a ponte rolante, colocá-la no
troler, levar a peça até a outra área com o troler, identificar uma ponte rolante
disponível, retirar a peça com a ponte rolante do troler e movimentá-la para o local
de uso.
3. Utilização de empilhadeiras: de forma análoga à ponte rolante toda vez que é
necessário movimentar uma peça com empilhadeira primeiramente é necessário
identificar uma empilhadeira disponível. Com isso, muitas vezes, o operador e a
peça ficam muito tempo esperando por uma empilhadeira. Além desse desperdício,
em alguns casos a movimentação com empilhadeira pode causar danos à peça,
como riscos, amassados, etc. gerando a necessidade de retrabalho.
(10) Construir o mapa do fluxo de valor
Paralelamente, à atualização do layout das instalações físicas foi construído um mapa
de fluxo de valor da situação inicial da empresa para cada uma das famílias de turbinas. O
mapa apresentado na figura 72 refere-se à família de turbinas pequenas.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
174
Figura 72 Mapa do fluxo de valor da situação inicial para trubinas pequenas
Em uma análise prévia do mapa pode-se destacar os seguintes pontos:
Acúmulo de estoques ao longo do processo de produção.
Um distanciamento muito elevado entre o tempo de agregação de valor e o lead
time de fabricação.
O sistema de produção é todo baseado no envio de ordens de fabricação para os
postos de trabalho. Como existe uma grande quantidade de ordens de fabricação
em andamento no chão-de-fábrica ocorria uma dificuldade em priorizar a
produção.
(11) Quantificar as distâncias físicas percorridas
Para todas as famílias de componentes foram levantadas as distâncias que esses
percorriam ao longo do chão-de-fábrica. A tabela 18 apresenta as distâncias percorridas pelos
materiais, pessoas e o total percorrido.
I
Fabricação
Carcaça
Solda
Tubos
Alinhamento Montagem
Turbinas
Montagem
Tubulação
Pintura
Progr. Produção
MRP
Fabric.
Palhetas
Fabric.
Disco
Fabric.
Eixo
Montag.
Rotor
Corte
Fabric.
Diafragm
a
Fabric.
Manc. &
Anéis
Tubos
Curvas
Conexões
24 dias/mês
12 meses
P: 138 unid. = 77%
M: 39 unid. = 22%
G: 02 unid. = 1%
32h 64h 80h 32h
8h
196h
9,3 d0 d0 d43,5 d12,5 d
I I I I I I
Clientes
Programa Semanal
WS
WS
Flange
Fundic.
Forja
Partes
Pequenas
LT= 91 days
VA= 16 days
Ordens Compra
Vendas.
Pedidos
Pequenas
I
Fabricação
Carcaça
Solda
Tubos
Alinhamento Montagem
Turbinas
Montagem
Tubulação
Pintura
Progr. Produção
MRP
Fabric.
Palhetas
Fabric.
Disco
Fabric.
Eixo
Montag.
Rotor
Corte
Fabric.
Diafragm
a
Fabric.
Manc. &
Anéis
Tubos
Curvas
Conexões
24 dias/mês
12 meses
P: 138 unid. = 77%
M: 39 unid. = 22%
G: 02 unid. = 1%
32h 64h 80h 32h
8h
196h
9,3 d0 d0 d43,5 d12,5 d
I I I I I I
Clientes
Programa Semanal
WS
WS
Flange
Fundic.
Forja
Partes
Pequenas
LT= 91 days
VA= 16 days
Ordens Compra
Vendas.
Pedidos
Pequenas
I
Fabricação
Carcaça
Fabricação
Carcaça
Solda
Tubos
AlinhamentoAlinhamento Montagem
Turbinas
Montagem
Turbinas
Montagem
Tubulação
PinturaPintura
Progr. Produção
MRP
Progr. Produção
MRP
Fabric.
Palhetas
Fabric.
Palhetas
Fabric.
Disco
Fabric.
Disco
Fabric.
Eixo
Fabric.
Eixo
Montag.
Rotor
Montag.
Rotor
CorteCorte
Fabric.
Diafragm
a
Fabric.
Diafragm
a
Fabric.
Manc. &
Anéis
Fabric.
Manc. &
Anéis
Tubos
Curvas
Conexões
24 dias/mês
12 meses
P: 138 unid. = 77%
M: 39 unid. = 22%
G: 02 unid. = 1%
32h 64h 80h 32h
8h
196h
9,3 d0 d0 d43,5 d12,5 d
I I I I I I
ClientesClientes
Programa Semanal
WS
WS
Flange
Fundic.
Forja
Partes
Pequenas
LT= 91 days
VA= 16 days
Ordens Compra
Vendas. Vendas.
Pedidos
Pequenas
PS
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
175
Tabela 18 Movimentação de peças
Família de
Componentes
Movimentação de
Peças (metros)
Movimentação de
pessoas (metros)
Total
(metros)
Mancal, Bucha e Anel 80 160 240
Carcaça 675 1350 2025
Diafragma e Injetores 1035 2070 3105
Rotor 930 1860 2790
Palhetas 110 220 330
Eixo Integrado 1550 3100 4650
Eixo Simples 930 1860 2790
Total 5310 10620 15930
Deve-se destacar que a movimentação de pessoas é normalmente considerada como
cerca do dobro da movimentação de materiais. Considera-se neste caso, que o operador leva a
peça para o próximo posto de trabalho e depois retorna ao seu posto de trabalho.
(12) Analisar a Situação Atual (Inicial)
Uma análise da situação inicial com base no MFV, nos diagramas de espaguete e na
quantificação da movimentação de componentes demonstrou:
Lead time elevado de produção em comparação com o tempo de agregação de
valor: para a família de turbinas pequenas o lead time de produção é da ordem de
91 dias ao passo que o tempo de agregação de valor é de 16 dias, ou seja, apenas
em 17,5 % de todo tempo de fabricação está sendo agregado valor ao produto.
Deve-se destacar ainda que como agregação de valor estão sendo considerados os
tempos de ciclo das operações. Por exemplo, na fabricação de carcaças está sendo
consideradas 196 horas de agregação de valor, quando na verdade, existem ainda
muitas operações realizadas internamente nesse processo que são desperdícios e
não agregam valor ao produto.
Grandes acúmulos de estoques ao longo do processo: somando-se os intervalos de
tempos entre os processos, fruto dos estoques, tem-se um total de 65,3 dias de
peças/componentes/turbinas parados.
Movimentação excessiva de peças: de uma forma geral para a fabricação de uma
turbina existe uma movimentação total de produto e operadores da ordem de
16Km. Cabe ressaltar novamente que os componentes e os produtos finais, devido
às suas dimensões e o peso, necessitam em sua grande maioria de equipamentos
especiais para transporte como pontes rolantes, trolers e empilhadeiras. E como
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
176
mencionado anteriormente existe uma série de problemas e desperdícios inerentes
ao transporte.
Falta de visibilidade entre os processos produtivos devido às distâncias físicas:
com o distanciamento dos processos produtivos e também a falta de um sistema de
comunicação entre áreas, existe uma dificuldade muito grande na definição das
prioridades de fabricação em cada setor. Em muitos casos, as áreas priorizam
componentes que não são necessários naquele momento devido à falta de visão de
qual a real necessidade do processo posterior. Esse é um dos fatores que gera o
desperdício de falta e sobra de peças na fábrica.
Utilização do layout funcional: alguns setores como difragma, rotor, carcaças estão
organizados de forma funcional. Como analisado em capítulo anterior desse
trabalho o layout funcional é um layout bastante ineficiente gerando grande
movimentação, dificultando o fluxo contínuo de peças, etc.
Não existência de fluxo contínuo em nenhuma etapa do processo: do mapa do
fluxo de valor pode-se observar que o material não flui em nenhum momento
durante todo o processo de fabricação. Existem inúmeros pontos que o material
pára gerando estoques. Esses estoques além de onerar o lead time representam
também capital parado entre os processos.
Excessivo cruzamento de fluxos de componentes no chão-de-fábrica: devido à
grande movimentação de componentes e produtos existe um cruzamento muito
grande de fluxos. As conseqüências imediatas desse aspecto, observada na fábrica,
são empilhadeiras aguardando trolers serem movimentados para essas poderem
passar com outros produtos e vice-versa; empilhadeiras aguardando pontes
rolantes movimentarem turbinas ao longo de corredores e vice-versa; e
empilhadeiras aguardando empilhadeiras movimentares produtos.
8.3 Segunda Etapa Projeto da Situação Futura (Novo layout)
Após a análise da situação inicial passou-se à segunda etapa do modelo, ou seja, o
projeto da situação futura. A seguir serão descritas as atividades realizadas nessa etapa.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
177
(13) Construir o MFV da Situação Futura.
Com base na análise realizada no MFV da situação inicial foi projetado um mapa do
fluxo de valor da situação futura. O mapa projetado da família de turbinas pequenas é
apresentado na figura 73 a seguir.
Figura 73 Mapa do fluxo de valor da situação futura de turbinas pequenas
Uma análise comparativa entre o mapa da situação inicial e o mapa projetado e dos
diagramas de espaguete demonstrou a possibilidade de se:
Reduzir o lead time de produção de 91 dias para 25 dias: a diminuição do lead
time de produção está correlacionada principalmente com a redução dos estoques
entre os processos. Além disso, projetou-se também a possibilidade de reduzir
alguns tempos de ciclo, como no caso da família de carcaças de 196 horas para 39
I
Fabrica
ç
.
Carca
ç
a
Alinhamento
Montagem
Turbinas
Montag
.
Tubula
ç
ão
Pintura
Plan
Produ
ç
ão
MRP
Fabric
.
Eixo
Fabric
.
Disco
Fabric
.
Palheta
Fabric
.
Diafragma
Fabric
Manc
&
Aneis
24 dias/mês
12 meses
16 h/dia
S: 138 unidades
32h
64h
80h
32h
39 h
5 d
1 d
1 d
1 d
I
Clientes
Programa Semanal
PS
Fundi
ç
Forja
Partes
Pequenas
LT= 25 dias
VA= 16 dias
Ordens Compra
Vendas
Pedidos
Solda
Tubos
Corte
Tubos,
Curvas e
Conexões
Flanges
Montagem
Rotor
I
1 d
PS
I
Perfis
An
é
is (internos
e externos)
Comprar
Chapa
Desenvolver
fornecedores
para an
é
is
Barra
forjada
Barra
Subconjuntos Subconjuntos
Corpos de
mancais
Corpos de
mancais
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
178
horas. Essa redução mostrou-se factível porque durante o processo de fabricação
de carcaças essas ficavam muito tempo aguardando a disponibilidade das
máquinas de usinagem. Portanto, uma melhor programação e controle das carcaças
nos centros de usinagem foi uma das ações projetadas para a redução do lead time.
Eliminar inúmeros pontos de estoque em processo: muitos dos pontos de estoque
em processo era fruto do sistema de distribuição e priorização de ordens de
produção. A implantação de supermercados e de um sistema puxado mostrou-se
como um meio de redução dos estoques em processo.
Estabelecer fluxo contínuo em alguns pontos do processo: como será apresentado
posteriormente, em algumas áreas específicas foi possível até mesmo criar células
com fluxo unitário de peças.
Implantar supermercados: seguindo a metodologia de Rother e Shook (1999) a
implantação de supermercados foi utilizada onde não era possível criar um fluxo
contínuo.
Melhorar a gestão visual do chão-de-fábrica. Um dos pontos que foi levantado
durante o mapeamento foi a falta de visibilidade dos gestores sobre o status de
cada família de componentes ou mesmo de turbinas. Portanto, a gestão visual foi
colocada como uma ferramenta para eliminar essa falta de visibilidade.
Estabelecer fluxos de produção melhor organizados, evitando ao máximo o
cruzamento de fluxos de componentes: a observação dos diagramas de espaguete
mostrou que existiam um fluxo caótico de peças pela fábrica. Portanto, esse
aspecto mostrou-se como um importante ponto de melhoria.
(14) Identificar no MFV os loops de implantação e escolha de um loop.
Foram identificados 7 loops de implantação. Esses loops foram definidos com base
nas famílias de componentes. A figura 74 a seguir apresenta os loops de implantação.
Pode-se observar que existem partes do mapa que não foram contemplados nos loops.
Primeiramente, isso ocorreu porque se entendeu que os processos que continham as famílias
de componentes eram os processos críticos a serem inicialmente alterados.Os demais
processos do mapa não contemplados nos loops ficaram para serem desenvolvidos e
implantados posteriormente..
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
179
I
Fabricaç.
Carcaça
Alinhamento Montagem
Turbinas
Montag.
Tubulação
Pintura
Plan Produção
MRP
Fabric.
Eixo
Fabric.
Disco
Fabric.
Palheta
Fabric.
Diafragma
Fabric
Mancais
Ane e Bu
24 dias/mês
12 meses
16 h/dia
S: 138 unidades
32h 64h 80h 32h
39 h
5 d1 d1 d1 d
I
Clientes
Programa Semanal
PS
Fundiç
Forja
Partes
Pequenas
LT= 25 dias
VA= 16 dias
Ordens Compra
Vendas
Pedidos
Solda
Tubos
Corte
Tubos,
Curvas e
Conexões
Flanges
Montagem
Rotor
I
1 d
PS
I
Perfis
Anéis (internos
e externos)
Comprar
Chapa
Desenvolver
fornecedores
para anéis
Barra
forjada
Barra
Subconjuntos
Corpos de
mancais
1
2
3
4
5
6
7
Figura 74 MFV futuro com os loops de implantação em destaque
. O primeiro loop selecionado para análise foi o loop de mancais, buchas e anéis (loop
1). Entre alguns dos problemas identificados neste loop, relacionado ao layout pode-se
destacar:
Equipamentos distribuídos de forma a não permitir a existência de um fluxo
organizado de peças.
Falta de localização de locais para posicionamento dos estoques.
Excesso de movimentação de peças.
(15) Verificar o comportamento do loop.
O loop selecionado foi classificado como bem-comportado. As características que o
levaram a essa classificação estão de acordo com a tabela A do modelo de projeto de layout,
ou seja:
Os tempos de ciclo de um mesmo item são semelhantes.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
180
Existe a possibilidade de se estabelecer um fluxo unidirecional.
O processo possuía uma alta confiabilidade.
Não existiam equipamentos que necessitassem ser compartilhados com outras
famílias.
A demanda era alta pois todas as turbinas necessitavam da fabricação de mancais.
Portanto, com base nessa análise pode-se classificar o loop como sendo um loop bem
comportado.
(16) Analisar de capacidade com base no conceito de Takt Time.
O loop selecionado é composto de 3 tipos de peças: mancais, buchas e anéis. Para esse
loop o projeto do layout foi realizado com base no fluxo de produção de mancais. Isso devido
ao fato dos mancais serem os itens de maior complexidade de fabricação e também por serem
os mais representativos em termos de custo. Em resumo, pode-se afirmar que os mancais são
os itens classe A dentro desse loop.
Neste caso, como o projeto estava sendo realizado em função dos mancais estimou-se
um tempo de utilização de máquina de 30% para a fabricação dos principais mancais. Os 70%
do tempo restante ficou disponível para a produção de buchas, anéis e mancais sob
encomenda. Para a definição dessas porcentagens de tempo foram utilizados os históricos de
demanda e tempo de produção das peças.
Definidas as taxas de ocupação passou-se ao cálculo do takt, como é mostrado a
seguir:
Takt Time =Tempo disponível / Demanda
Tempo disponível: tempo disponível em um determinado período para fabricar determinada
peça.
Demanda: demanda da peça no período em análise.
Tempo disponível = D . H . E . U
D= dias úteis trabalhados no período.
H= horas trabalhadas por turno.
E= índice de eficiência
U = tempo de utilização de máquina para a peça em análise
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
181
Takt Time = (20 x 8 x 60 x 0,9 x 0,3) / 75 = 35 minutos.
20 Corresponde aos dias úteis de trabalho.
08 Corresponde ao número de horas trabalhadas por turno.
60 Corresponde ao fator de conversão do tempo para minutos.
0,9 Corresponde ao índice de eficiência.
75 Corresponde à demanda no período
0,3 Tempo de utilização
Neste caso converteu-se o takt time para minutos porque era mais fácil trabalhar com o
valor 35 minutos do que 0,58 horas.
Portanto, quando a área estiver fabricando mancais para o supermercado esta deve ter
um ritmo de produção de um mancal a cada 35 minutos.
Após a definição do takt time passou-se à análise dos processos para buscar-se
identificar os processos com tempo de fabricação acima do tempo takt. As atividades que
compõe o processo de fabricação dos mancais com os respectivos tempos de processo são
apresentados na tabela 19 a seguir:
Tabela 19 Comparativo entre o takt time e os tempos de operação
Macro Processo Operações do Macro Processo Tempo (min) Takt time (min) Verificação
Estanhar 18 OK
Preparar 70 NÃO OK
Encher 18 OK
Facear 15 OK
LP e ajuste 15 OK
Contrapinar 25 OK
Usinar 70 NÃO OK
Traçar/furar 60 NÃO OK
Ajustagem Rebarbar 120 NÃO OK
Enchimento
Preparação
Usinagem
35
Na tabela 19 a coluna Verificação indica se o processo atende ou não ao takt. Os
processos que atendem ao takt são marcados como “OK” e os que não atendem como “NÃO
OK”. Portanto, pode-se notar facilmente que quatro atividades necessitam de aumento de
capacidade: Preparação, Usinagem, Traçagem e Rebarbação.
B
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
Projetar o
módulo do
loop indicando
os elementos
restritivos e
segmentando
as células
através dos
pulmões
intermediários/
supermercados
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
Fixar o
módulo
projetado
como um
building
block
O módulo
projetado é
satisfatório
?
NÃO
O módulo
projetado é
satisfatório
?
NÃO
21
22
24
25
31
32
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
182
(17) Dimensionar a quantidade de recursos para o loop.
O gráfico da figura 75, mostra de forma simples os processos nos quais o tempo de
operação excede o takt time.
0
20
40
60
80
100
120
140
Figura 75 gráfico comparativo entre os tempos de processo e o takt antes do balanceamento das operações
Para se conseguir balancear as operações foram tomadas as seguintes ações:
Operação de Preparação: por ser uma operação manual, foi inserido mais um
operador.
Operação de Usinagem: para realizar essa operação era utilizado somente um torno
mecânico convencional. Neste caso, a empresa adquiriu um torno CNC para
conseguir alcançar o takt time projetado.
Operação de traçagem e furação: com a aquisição de um torno CNC, os mancais
fabricados neste torno não precisaram mais sofrer as operações de traçagem e
furação. Essas operações ficaram restritas a mancais que sofriam operação no
torno mecânico. Portanto, com isso conseguiu-se chegar ao tempo takt requerido.
Operação de rebarbação: de forma semelhante à operação de preparação, por ser
uma operação manual, foi inserido mais um operador.
O gráfico com os tempos de processo melhor balanceados é apresentado na figura 76 a
seguir.
Takt time = 35 min
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
183
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Figura 76 gráfico comparativo entre os tempos de processo e o takt.após o balanceamento das operações
Pode-se observar no gráfico pontos de desnivelamento. Mas isso se deveu a características
do próprio processo. Além disso, a preocupação inicial foi reorganizar os processos de forma
a atingir o takt. Para os itens que não foram colocados em kanban esta mesma análise de
capacidade foi realizada.
(18) Dimensionar espaço para estoques e supermercados de Produto Acabado.
Os supermercados foram dimensionados de acordo com a demanda mensal de
mancais. A figura 77 apresenta a quantidade dimensionada para o supermercado de mancais.
A figura 78 apresenta a quantidade dimensionada para o supermercado de buchas e a figura
79 apresenta a quantidade dimensionada para os modelos de anéis.
Convertendo essas peças em área ocupada foi necessário reservar um espaço de 10 m
2
para comportar esses 3 supermercados.
Takt time = 35 min
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
184
MODELOS DE MANCAIS
TAMANHO
SUPERMERCADO
MODELOS DE MANCAIS
TAMANHO
SUPERMERCADO
55ME / 70ME - MANCAL RADIAL
6
C600 - MANCAL RADIAL AXIAL DE ESCORA
1
70ME - CORPO MANCAL RADIAL AXIAL - 70/55ME
4
C600 - MANCAL RADIAL
2
Z50M / Z63M - MANCAL RADIAL DN 80
4
55CE - MANCAL RADIAL
2
TM3000S / TM3000FLEX - MANCAL RADIAL - TM 3000
2
TS 500 - MANCAL RADIAL
1
Z50M / Z63M - MANCAL RADIAL AXIAL
2
TMFLEX1000 - MANCAL RADIAL DN70 (POSTERIOR)
1
55ME - CONJUNTO MANCAL RADIAL AXIAL (ANTI HORARIO) 70/55ME
2
TMFLEX1000 - MANCAL RADIAL AXIAL DN60 (ANTERIOR)
1
385ME - MANCAL RADIAL - 385 ME
2
70CE - MANCAL RADIAL - 70 CE
2
385ME - MANCAL RADIAL AXIAL (ANTI-HORARIO) 385ME
2
Z50/63/80 - MANCAL RADIAL AXIAL
1
TM1000S - MANCAL RADIAL (QUADRILOBULAR) TM 1000
2
70CE - MANCAL RADIAL AXIAL
2
Z50/63/80 - MANCAL RADIAL - DN80
2
Z80 - MANCAL RADIAL DN 90 (POSTERIOR)
1
ME40 - MANCAL RADIAL AXIAL (QUADILOBULAR)
2
C500 - MANCAL RADIAL
2
TMFLEX2000 - MANCAL RADIAL - TS 2000
2
Z80ME - MANCAL RADIAL PASTILHADO
2
TM1000S - MANCAL RADIAL AXIAL (QUADRILOBULAR) TM 1000
1
TM2000 - MANCAL RADIAL QUADRILOBULAR TM2000
1
Z50/63/80 - MANCAL RADIAL
2
TM2000 - MANCAL RADIAL QUADRILOBULAR TM2000
1
TMFLEX2000 - MANCAL RADIAL AXIAL - TM FLEX
2
Z80 ME - MANCAL RADIAL AXIAL PASTILHADO
4
ME40 - MANCAL RADIAL (QUADRILOBULAR)
2
U50 - MANCAL RADIAL PERFIL MFG
1
TS1000 - MANCAL RADIAL TS 1000
1
C500 - MANCAL DE ESCORA
1
C600 - MANCAL RADIAL
1
GT63 - MANCAL RADIAL EIXO DE ALTA
1
TM3000S - CORPO MANCAL RADIAL AXIAL - TM 3000
2
40CE - MANCAL RADIAL AXIAL
2
TM 5000 - MANCAL RADIAL
1
Z80 - MANCAL RADIAL AXIAL
3
40CE - MANCAL RADIAL
1
C500 - MANCAL RADIAL
1
C700 - MANCAL RADIAL
1
C700 - MANCAL RADIAL AXIAL DE ESCORA
1
55CE - MANCAL RADIAL AXIAL
1
U50 - MANCAL RADIAL PERFIL MFG
1
C600 - MANCAL RADIAL
1
U50 - MANCAL RADIAL AXIAL
1
85CE - MANCAL RADIAL AXIAL (CJ)
1
85CE - MANCAL RADIAL AXIAL
1
C700 - MANCAL RADIAL DN 150 C 700T
1
Figura 77 tamanho do supermercado de mancais
MODELOS DE BUCHAS
TAMANHO
SUPERMERCADO
MODELOS DE BUCHAS
TAMANHO
SUPERMERCADO
55ME / 70ME - Bucha ranhurada anterior labirinto
7
40ME - Bucha ranhurada compensação
1
70ME - Bucha ranhurada compensação
4
85ME - Bucha labirinto compensação
1
TM1000S /TM1000 / TM2000 - Bucha labirinto
4
TMFLEX2000 - Bucha ranhurada compensação
1
385ME / 85ME - Bucha ranhurada
5
Z50M / Z63M - Bucha labirinto anterior e posterior
1
TM3000S - Bucha ranhurada
3
TMFLEX1000 - Bucha ranhurada posterior e anterior
1
TM3000ES - Bucha labirinto
3
CE40 - Bucha labirinto ant/post
1
Z50/63/80 - Bucha ranhurada compensação
3
TM15000A / TM8000 - Bucha compensação (materia prima)
1
TM1000S - Bucha ranhurada compensação
3
TM3000ES - Bucha labirinto compesação
1
Z50M/63M/80M - Bucha labirinto 5 pontas
3
TMFLEX1000 - Bucha ranhurada
1
TS1000 - Bucha ranhurada anterior posterior TS1000
3
TMFLEX1000 - Bucha ranhurada compensação
1
Z50M/63M/80M - Bucha labirinto 5 pontas
2
TM3000S - Bucha ranhurada compensação
1
TM3000 - Bucha labirinto compensação
2
TM3000S - Bucha compensação - TM 3000
1
TMFLEX2000 - Bucha labirinto
2
TM15000 - Bucha de compensação (materia prima)
1
TS500 - Bucha ranhurada anterior posterior TS500
2
TMFLEX3000 - Bucha ranhurada
0
ME40 - Bucha labirinto
2
TMFLEX3000 - Bucha ranhurada compensação
0
TM15000A / TM8000 - Bucha ranhurada ant post (materia prima)
1
Figura 78 tamanho do supermercado de buchas
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
185
MODELOS DE ANÉIS
TAMANHO
SUPERMERCADO
MODELOS DE ANÉIS
TAMANHO
SUPERMERCADO
Z50M - Anel de vedação de oleo
10
385ME - Anel de vedação espaçadores
1
TMFLEX1000 / TMFLEX 2000 / 40ME / TM2000 - Anel de vedação de oleo posterior interior
5
385ME - Anel de vedação de oleo defletor
2
TMFLEX1000 / TMFLEX2000 / 40ME / TM2000 - Anel de vedação de oleo
4
C600 - Anel de vedação de alta
2
55ME - Anel de vedação de oleo
4
TM5000 - Anel de vedação post externo
2
70ME - Anel de vedação
5
TM3000S / TMFLEX3000 / TM3000 - Anel de vedação de oleo anterior
1
TMFLEX2000 / 40ME / TM2000 - Anel de vedação de oleo anterior
6
85ME - Anel de vedação
1
385ME - Anel de vedação de oleo
3
TM8000 - Anel de vedação de oleo anterior
2
TM1000S / TS1000 - Anel de vedação de oleo
2
TM5000 - Anel de vedação anterior
3
55ME - Anel de vedação de oleo defletor (complemento)
2
TM1000S / TM1000 - Anel de vedação de oleo posterior interior
3
TS500 - Anel de vedação
2
TM5000 - Anel de vedação post int
1
Z50M/63M/80M - Anel de vedação de oleo com encaixe ext
2
C700 - Anel de vedação de alta
2
TM1000S / TM1000 - Anel de vedação de oleo anterior
2
Equipe - Anel de vedação equipe diam 65mm
2
TS500 - Anel de vedação
2
C500 - Anel de vedação de alta
1
TM3000S / TMFLEX3000 / TM3000 - Anel de vedação de oleo posterior interior
2
Equipe - Anel de vedação equipe diam 50mm
1
TM3000S / TMFLEX3000 / TM3000- Anel de vedação de oleo posterior externo
2
Equipe - Anel de vedação equipe diam 70mm
1
55CE - Anel de vedação de oleo
2
TM25000A - Anel de vedaçao de oleo
1
40CE - Anel de vedação de oleo
1
Z80 - Anel de vedação de oleo
1
Figura 79 tamanho do supermercado de anéis
(19) Verificar a possibilidade de fazer FIFO sem estoques intermediários
A análise do fluxo de processo mostrou a necessidade da existência de um ponto de
supermercado e um pulmão de peças interno ao processo. A figura 80 apresenta de maneira
macro uma representação esquemática dos pontos de pulmão e supermercado ao longo do
processo.
Figura 80 Pontos de pulmão e supermercado
O ponto 1 representa um ponto de pulmão de peças. Ou seja, neste caso em particular,
o processo de Enchimento (o qual compreende três atividades: Preparar, Estanhar e Encher)
opera em dois turnos ao passo que o processo de Preparação opera em um turno. Durante o
período em que o processo de Preparação não está sendo realizado acumulam-se peças
geradas pelo processo de Enchimento. Quando o processo de Preparação inicia suas
atividades esse consome as peças acumuladas e as peças produzidas naquele turno pelo
processo de Enchimento.
O ponto 2 representa um supermercado o qual é controlado por um sistema kanban.
ENCHIMENTO
PREPARAÇÃO
USINAGEM
AJUSTAGEM
FIFO
1
2
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
186
Portanto, de acordo com a situação futura projetada não foi possível estabelecer um
fluxo contínuo sem estoques intermediários. Logo, foi necessário que o layout contemplasse
espaços para esses pontos de supermercados e pulmões de peças.
Entre os motivos que levaram à não possibilidade de se criar um fluxo contínuo sem
estoques intermediários pode-se citar: As restrições de processo (necessidade do torno
mecânico criar um “pega” nas peças para o torno CNC); e a necessidade de se criar um
pulmão de peças antes do processo de preparação para que esse não ficasse no início do turno
sem trabalho a realizar.
(23) Localizar dimensionar espaços para os pulmões de peças.
Neste caso, como não foi possível fazer um fluxo contínuo sem estoques
intermediários partiu-se para o passo 23 do método, dimensionamento e localização dos
pontos de supermercados.
Diferentemente da maioria dos demais componentes da turbina os mancais são peças
pequenas. Portanto, para armazenar as peças depois do processo de Enchimento e depois do
processo de Preparação foram projetadas duas prateleiras. A figura 81 apresenta uma foto da
prateleira projetada com alguns mancais. Essa prateleira corresponde ao supermercado de
mancais antes do processo de Usinagem.
Figura 81 Prateleira para armazenamento de peças
A figura 81 apresenta as demarcações que delimitam o máximo de peças
possíveis no supermercado. Ou seja, dessa forma, um excesso de estoque no processo é
rapidamente detectado porque não existe espaço físico disponível no layout para
comportar excessos de peças além da quantidade máxima projetada para o supermercado.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
187
(24) Projetar o módulo do loop indicando os elementos restritivos e os pontos de
supermercados/pulmões.
Na concepção do layout foi utilizado o conceito de células de fabricação. Embora não
tenha se conseguido estabelecer um fluxo contínuo ao longo de todo o processo de fabricação
de mancais em alguns pontos isso foi possível.
A figura 82 apresenta em detalhes o layout inicial do setor de mancais com o fluxo
padrão dos principais modelos de mancais.
Figura 82 Layout inicial em detalhes do setor de mancais
Entre os principais problemas identificados no processo pode-se destacar:
Fluxo não organizado: como se pode observar o fluxo de processo é bastante
complicado com inúmeros pontos de refluxo e cruzamento de fluxo.
Excesso de movimentação: devido ao fluxo as peças e operadores terminam
por percorrer uma distância muito grande para serem fabricadas.
Falta de local definido para o material em processo: não local definido para
armazenar os mancais em fabricação.
Quanto aos elementos restritivos neste caso não foi identificado nenhum equipamento
que não poderia ser movimentado para um novo local ou qualquer restrição do prédio quanto
à pontes rolantes.
Após a análise da situação atual passou-se ao projeto da situação futura. Alguns pontos
levados em consideração na construção do novo layout foram:
Organização dos equipamentos de forma a permitir um fluxo unidirecional.
Organização dos tornos mecânicos de forma que no futuro, com a estabilização e
balanceamento do processo, um único operador pudesse operar os dois
equipamentos.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
188
Delimitação das áreas de supermercados e pontos de pulmão de peças.
A figura 83 apresenta o layout projetado para esta família.
Figura 83 Layout projetado para a família de mancais
Analisando o layout formulado pode-se observar um fluxo unidirecional e menos caótico
do que no layout inicial. Além disso, pode-se observar claramente a área de pulmão de peças
para os materiais que ainda estão em processo e sofrerão operação nos dois tornos. E, como
mencionado anteriormente, os tornos ficaram próximos de forma que no futuro um único
operador possa operar os dois equipamentos.
Além disso, a última etapa do processo, a etapa de acabamento e verificação dos maçais,
buchas e anéis, era realizada em uma bancada distante dos locais de produção, no final do
prédio, como pode ser observado no layout inicial. No layout projetado essa bancada ficou
próximo do torno CNC. O maior ganho obtido com essa aproximação foi a gestão visual do
status das peças. Com as operações de acabamento e inspeção sendo realizadas distantes do
último processo de fabricação perdia-se facilmente a noção de prioridade das peças. Ao
aproximar-se a bancada da área tornou-se mais simples aos operadores e aos gestores
priorizarem as peças urgentes.
(25) Fixar o módulo projetado como um building block.
Finalizado o projeto do layout este foi fixado como um building block para ser
avaliado pela equipe de projeto.
(22) O módulo projetado é satisfatório?
Uma análise do building block projetado demonstrou:
Redução da movimentação de 240 metros para 60 metros.
Pulmão de mancais semi-acabados
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
189
Melhoria da organização do espaço físico com demarcação de áreas de pulmões de
peças.
Redução da área utilizada.
Organização do fluxo de processo (eliminação do cruzamento de fluxos).
Portanto, o loop projetado foi classificado como satisfatório. Com isso, passou-se a
etapa de projeto do próximo loop.
Esse processo de projeto dos loops foi realizado para todas as famílias de componentes
identificadas. O diagrama de espaguete da situação inicial e o diagrama de espaguete dos
layouts projetados são apresentados no apêndice 1.
(33) Retirar do layout todas máquinas e equipamentos deixando apenas os elementos
restritivos.
A figura 84 apresenta o layout da fábrica apenas com os elementos restritivos
identificados anteriormente na definição dos building blocks.
Figura 84 Elementos restritivos identificados
CENTROS DE
USINAGEM
LAVADOR DE
PEÇAS
PINTURA
JATO DE
GRANALHA
BALANCEAMENTO
MEZANINOS
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
190
(34) Verificar se existem componentes não best sellers que possam compartilhar famílias
de componentes best sellers.
Os demais componentes não best sellers foram distribuídos pelas famílias de best
sellers. Como mencionado anteriormente, no projeto dos módulos foi considerado uma parte
do tempo disponível para a fabricação dos itens não best sellers. Apenas para os itens não best
sellers da Usinagem Leve foi desenvolvido um layout de mini-fábrica, como será apresentado
a seguir.
(39) Projetar mini-fábrica para os produtos/componentes restantes. Utilizar conceito de
layout funcional privilegiando os fluxos.
Na Usinagem leve ocorre dois fluxos principais. O fluxo do Eixo Simples (Item best
seller) e demais componentes não best sellers.
Para o projeto do layout foi utilizado o conceito de mini-fábrica. Neste caso a mini-
fábrica de Usinagem Leve foi particionada em duas seções. Seção 1, com os equipamentos
organizados seqüencialmente de forma a promover um fluxo unidirecional para o eixo
simples. E a seção 2, com os equipamentos dispostos de maneira funcional. A figura 85
apresenta o layout projetado com o macro fluxo dos itens.
Figura 85 Mini-fábrica de usinagem
Como se pode observar na figura 85 a mini-fábrica ficou particionada em duas seções
principais. Deve-se apenas destacar que embora os equipamentos estejam dispostos na
seqüência de processamento do eixo simples não foi possível estabelecer um fluxo contínuo e
EIXO SIMPLES
DEMAIS ITENS
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
191
unitário de peças, principalmente, devido à discrepância entre os tempos de processamento
nas diversas operações.
(40) Fixar o building block projetado.
O building block gerado foi considerado satisfatório e fixado.
(41) Alocar os building blocks com base nos elementos restritivos.
Gerado os layouts individuais de cada building block foi iniciada a atividade de
alocação dos building blocks com base nos elementos restritivos apresentados. A figura 86
apresenta a distribuição dos building blocks projetados.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
192
Figura 86 Distribuição dos building blocks
MONTAGEM
TURBINAS
EXÓTICAS
ROTOR
DIAFRAGMA
E INJETOR
PALHETAS
EIXO SIMPLES
CARCAÇAS
EIXO
INTEGRADO
MANCAIS
SERVICE
MONTAGEM TUBULAÇÃO
MONTAGEM TURBINAS
ÁREA DE ESCAPE
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
CARCAÇAS
EXPEDIÇÃO
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
193
A distribuição dos building blocks foi realizada de acordo com o fluxo de materiais e
os elementos restritivos. O local onde foi alocado Diafragmas e Injetores e Palhetas não
permitia que equipamentos de grande porte pudessem ser alocados neste local devido à
restrição de altura do prédio. Existe um mezanino que comporta os departamentos de
Engenharia, Controle da Produção e salas de treinamento que se encontram alocados em um
piso superior nesta região. Portanto, equipamentos de grande porte e principalmente, de altura
elevada, não puderam ser alocados neste local.
A alocação das carcaças no ponto identificado deve-se ao fato dos equipamentos de
usinagem de carcaça terem sido identificados como elementos restritivos e não puderam ser
movimentados. Com isso, as operações realizadas na carcaça, antes da montagem, foram
condensadas na área apresentada.
Um ponto a se destacar, devido ao aumento da demanda, e da conseqüente
necessidade de usinagem de carcaças em outras empresas devido à falta de capacidade de
produção, foram adquiridos dois centros de Usinagem de dimensões gerais de 17m x 8 m. Por
isso, existiu uma necessidade de realizar as primeiras operações de fabricação da carcaça no
barracão ao lado.
Um outro ponto a se destacar é a montagem de turbinas exóticas (turbinas especiais de
proporções maiores do que as turbinas classificadas como grandes). Algumas turbinas
possuem dimensões que excedem a capacidade atual do peso que o piso suporta. Por isso, foi
necessário construir uma área específica para a montagem de turbinas exóticas.
(42) Fazer Diagrama de Espaguete entre os buildings blocks.
A figura 87 apresenta o fluxo macro entre os building blocks formados.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
194
Figura 87 Diagrama de Espaguete entre os building blocks
MANDRILHAR/REBAIXAR
FURADEIRA
RADIAL
SALA
DO
CONTROLE
APROVISIONAMENTO
DISCOS E
PALHETAS
EMPALHETAMENTO
EIXOS
GRANDES
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
KITS
REVERSOR
KITS PORTA
PALHETAS
ENCAMISAR
CALANDRAR
FITA
APROVISIONAMENTO
EIXOS
PEQUENOS
1
2
3 4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
1718
19
2021
22
23
24
25
BASE
REBITADEIRAS
1
Banc.
Torno
Banc.
Torno
Banc.
Fresa
Peças Diafragma
Peças Diafragma
GHT6 - TORNO
ESTIMATIVA DE
ENTREGA 05/2008
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
M1
M6
M2
M7
M3
M8
M4
M9
M5
M10
M1
M2
M3 M4
M5
M6
M7
M8 M9
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
COMPONENTES
COMPONENTES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
PINTURA
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
REBARBAR
MONTAR (SUP + INF)
CONTATO
MONTAGEM TURBINAS PEQUENAS/MÉDIAS/GRANDES
MONTAGEM TUBULAÇÃO DAS TURBINAS
BOX 1 BOX 3 BOX 5 BOX 7 BOX 9 BOX 11 BOX 13 BOX 15 BOX 17 BOX 19 BOX 21 BOX 23 BOX 25
BOX ESPECIAL 1
BOX 2 BOX4 BOX 6 BOX 8 BOX 10 BOX 12 BOX 14 BOX 16 BOX 18 BOX 20 BOX 22
BOX ESPECIAL 2
BOX ESPECIAL 3
BOX ESPECIAL 4
ÁREA DE ESCAPE
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
ÁREA DE ESCAPE
COMPONENTES
COMPONENTES
COMPONENTES
COMPONENTES
PRODUTOS
EM
PROCESSO
MANCAL
CARCAÇA
PALHETAS
DIAFRAGAMA E INJETORES
ROTOR
EIXO INTEGRADO
EIXO SIMPLES
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
195
Entre algumas das vantagens do layout projetado pode-se destacar a redução da
movimentação de material existente na fábrica e a maior facilidade de controle da produção.
Os fluxos de materiais passaram a se concentrar internamente aos building blocks formados.
As peças são movidas externamente ao respectivo building block, em sua maioria, apenas para
a área de montagem de turbinas. Além disso, os fluxos passaram a ser mais ordenados.
(43) Levantar distância percorrida pelos fluxos de peças/produtos
As novas distâncias percorridas pelas famílias estão apresentadas na tabela 20 a seguir.
Tabela 20 Comparativo entre as distâncias percorridas pelas famílias no layout inicial e no layout proposto.
Família de
Componentes
Movimentação
Antes (metros)
Movimentação Depois
(metros)
Redução
Mancal, Bucha e Anel
240
60
75%
Carcaça
2100
750
65%
Diafragma e Injetores
3100
400
88%
Rotor
2700
1300
52%
Palhetas
350
150
58%
Eixo Integrado
4000
900
78%
Eixo Simples
2700
600
78%
Total
15190
4160
73%
Como se pode observar ocorreu uma diminuição muito significativa da movimentação
total. Deve-se sempre levar em consideração que os produtos são de grande porte e exigem
equipamentos especiais para transporte. Portanto, essa redução de movimentação através da
criação de módulos de produção torna-se muito importante para fazer fluir o fluxo de
materiais na fábrica.
(44) Fazer análise da alternativa de layout indicando as vantagens e desvantagens
O apêndice 1 apresenta os fluxos de materiais no layout inicial e no layout projetado.
Observa-se que para todas as famílias o fluxo das peças tornou-se melhor definido e houve
uma redução de movimentação e cruzamento de fluxos.
Entre as famílias identificadas a que sofreu menor alteração no layout foi a família de
carcaças. Mas com a aquisição de novos equipamentos algumas operações na fabricação da
carcaça foram eliminadas devido à tecnologia incorporada a esses equipamentos adquiridos.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
196
Conseqüentemente, houve uma melhor organização do fluxo de produção da família e uma
redução da movimentação.
Com o projeto do novo layout pode-se destacar como melhorias alcançadas os
seguintes pontos:
Redução da movimentação de materiais e pessoas: para todas as famílias de
produtos ocorreu uma redução de movimentação. A redução total de
movimentação foi de 41%, ou seja, antes para se fabricar uma turbina operadores e
peças moviam-se 16Km. No layout projetado essa distância passou a ser de
9,4Km.
Melhoria da gestão visual: a disposição física dos equipamentos no início do
projeto não permitia que os gerentes conseguissem ver a totalidade do fluxo pelo
qual são responsáveis. O layout projetado possibilitou aos gerentes terem uma
visão de todo o fluxo de processo, viabilizando um melhor controle de produção.
Com isso, pode-se detectar facilmente qualquer operação que possa estar com
algum problema para fazer o fluxo de produção fluir e rapidamente intervir do no
processo, através da identificação e eliminação dos problemas de produção..
Inserção de novos equipamentos sem aumento significativo da área inicial: devido
a existência de falta de capacidade nas operações de usinagem foram adquiridos
alguns equipamentos de grande porte. Esses equipamentos foram inseridos sem
causar um aumento significativo da área anteriormente ocupada.
Organização do fluxo de processo: Para todas as famílias os equipamentos foram
dispostos sempre que possível na correta seqüência de fabricação. Em alguns
casos, como nas famílias de mancais e diafragmas foram criadas células de
produção. Com isso, foram eliminados muitos cruzamentos de fluxos e
movimentações.
Possibilitou a implantação de fluxo contínuo e unitário em alguns pontos: para
alguns módulos projetados o layout possibilitou a implantação de um fluxo
contínuo e unitário de peças.
Definição de pontos de supermercados: No layout projetado estão definidas as
áreas de supermercados. Dessa forma, excessos de estoques podem ser
rapidamente detectados.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
197
Definição de áreas para montagem de turbinas exóticas: existe uma perspectiva de
aumento do mercado de turbinas de grande porte. No layout projetado existe uma
área específica, com pontes rolantes de 40ton. e piso com capacidade para suportar
esses produtos.
Melhoria da comunicação entre os setores (módulos). A aproximação dos módulos
permitiu que os gerentes de processo pudessem visualmente detectar atrasos nos
demais setores devido à proximidade dos módulos.
Como desvantagens do layout projetado, podem-se destacar:
Distanciamento do Jato de Granalha do building block da família de diafragmas e
injetores. Conforme identificado na análise dos building blocks o jato de granalha
foi considerado um elemento restritivo, isso devido ao fato da dificuldade e o custo
envolvido na instalação do equipamento em outra área, além de questões
ambientais de saúde e segurança no trabalho.
Distanciamento entre as primeiras operações de fabricação da Carcaça e o
processo de Usinagem. De forma análoga ao jato de granalha os centros de
usinagem da família de carcaças foram identificados como elementos restritivos.
Para cada equipamento era necessário construir fundações especiais além da
necessidade de apoio técnico das empresas de fabricação dos equipamentos para
aferi-los após a movimentação. Com isso, o custo de movimentação dos
equipamentos tornou essa possibilidade inviável.
(45) A alternativa de layout projetada é satisfatória.
Levando-se em consideração as vantagens e desvantagens da alternativa projetada, e
as limitações impostas pelos elementos restritivos as quais levaram à formulação dessa
alternativa, o layout projetado foi considerado como satisfatório. A figura 88 apresenta o
layout final projetado desse estudo de caso.
Finalizada a etapa de projeto passou-se à Terceira Etapa do Modelo, a Implantação e
Acompanhamento, a qual está descrita a seguir.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
198
MANDRILHAR/REBAIXAR
FURADEIRA
RADIAL
SALA
DO
CONTROLE
APROVISIONAMENTO
DISCOS E
PALHETAS
EMPALHETAMENTO
EIXOS
GRANDES
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
KITS
REVERSOR
KITS PORTA
PALHETAS
ENCAMISAR
CALANDRAR
FITA
APROVISIONAMENTO
EIXOS
PEQUENOS
1
2
3 4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
2021
22
23
24
25
BASE
REBITADEIRAS
1
Banc.
Torno
Banc.
Torno
Banc.
Fresa
Peças Diafragma
Peças Diafragma
GHT6 - TORNO
ESTIMATIVA DE
ENTREGA 05/2008
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
M1
M6
M2
M7
M3
M8
M4
M9
M5
M10
M1
M2
M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
COMPONENTES
COMPONENTES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
PINTURA
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
REBARBAR
MONTAR (SUP + INF)
CONTATO
Figura 88 Layout final projetado
Rotor
Diafragama
Palhetas
Carcaça
Mancais, Buchas e Anéis
Eixo Simples
Eixo Integrado
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
199
8.4 Terceira Etapa - Implantação e Acompanhamento.
Esta etapa consistiu do planejamento da seqüência de mudanças, da realização das
mudanças e do acompanhamento dos resultados obtidos. As atividades desenvolvidas nessa
etapa são apresentadas a seguir.
(46) Planejar a mudança utilizando o conceito de evento kaizen.
A seqüência definida dos eventos kaizens foi:
Evento Kaizen 1: Implantar layout da família de Mancais, Buchas e Anéis.
Evento Kaizen 2: Implantar layout da família de Eixo Simples.
Evento Kaizen 3: Implantar layout da família de Palhetas
Evento Kaizen 4: Implantar layout da família de Rotores.
Evento Kaizen 5: Implantar layout da família de Diafragma e Injetores.
Evento Kaizen 6: Implantar layout da família de Carcaças
Evento Kaizen 7: Implantar layout da família de Eixo Integrado.
(47) Definir as ações: Pré-kaizen e Kaizen.
Para cada um dos eventos kaizens realizados foi definido um scheduling das atividades
a serem realizadas durante a semana. A figura 89 a seguir apresenta o scheduling das ações
para a família de mancais
.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
200
Horário Segunda Equipe Horário Terça Equipe
07:00
Horário Livre para Atividades Gerais 1, 2
07:00
Horário Livre para Atividades Gerais
08:00
Horário Livre para Atividades Gerais 1, 2
08:00
Definição do mix diário do TPT 1
09:00
Apresentação Evento Kaizen e Sit.Futura Mancais 1, 2
09:00
Definição do mix diário do TPT 1
10:00
Treinamento Dinâmica dos Kanban, Programação dos
Quadros e 5S
1, 2
10:00
Definir dinâmica de transporte interno, coleta de cartão e
responsável
1
11:00
Planejamento da Semana 1, 2
11:00
Definir dinâmica de transporte interno, coleta de cartão e
responsável
1
12:00
Almoço
08:00
Implantar novo layout 2
09:00
Implantar novo layout 2
14:00
Revisar e validar os novos padrões de trabalho 1, 2
10:00
Implantar novo layout 2
15:00
Projetar procedimento de abastecimento FIFO entre o
Enchimento e o Faceamento
1, 2
11:00
Implantar novo layout 2
16:00
Definir estratégia de balanceamento da operação "realizar
pega" entre o torno convencional e a DMG (Pulmão de
peças com o pega feito controlado via pto reposição)
1, 2
12:00
Almoço
14:00
Implantar novo layout 1, 2
15:00
Implantar novo layout 1, 2
16:00
Implantar novo layout 1, 2
Horário Quarta Equipe Horário Quinta Equipe
07:00
Horário Livre para Atividades Gerais
07:00
Horário Livre para Atividades Gerais
08:00
Definir formas de armazenagem e implantar os pontos de
supermercado de mancais
1
08:00
Treinar todos os operadores do setor em kanban e novos
padrões de trabalho
1,2
09:00
Definir formas de armazenagem e implantar os pontos de
supermercado de mancais
1
09:00
Treinar todos os operadores do setor em kanban e novos
padrões de trabalho
1,2
10:00
Definir formas de armazenagem e implantar os pontos de
supermercado de mancais
1
10:00
Implantar os novos padrões de trabalho (Células e
Kanbans)
1,2
11:00
Definir formas de armazenagem e implantar os pontos de
supermercado de mancais
1
10:00
Implantar os novos padrões de trabalho (Células e
Kanbans)
1,2
08:00
Implantar novo layout 2
11:00
Implantar os novos padrões de trabalho (Células e
Kanbans)
1,2
09:00
Implantar novo layout 2
12:00
Almoço
10:00
Implantar novo layout 2
14:00
Implantar os novos padrões de trabalho (Células e
Kanbans)
2
11:00
Implantar novo layout 2
15:00
Implantar os novos padrões de trabalho (Células e
Kanbans)
2
12:00
Almoço
16:00
Realizar análise para reduzir tempo da Preparação no
processo de Enchimento
2
14:00
Preparar apresentação final do Evento Kaizen 1
14:00
Definir e implantar organização de ferramentas 2
15:00
Preparar apresentação final do Evento Kaizen 1
15:00
Definir e implantar organização de ferramentas 2
16:00
Preparar apresentação final do Evento Kaizen 1
16:00
Definir e implantar organização de ferramentas 2
14:00
Definir processo de recebimento de MP dos Mancais 1
15:00
Definir processo de recebimento de MP dos Mancais 1
16:00
Definir processo de recebimento de MP dos Mancais 1
Horário Sexta
07:00 Horário Livre para Atividades Gerais
08:00 Pulmão de Tempo
09:00 Pulmão de Tempo
10:00 Realizar apresentação do Evento Kaizen
11:00 Realizar apresentação do Evento Kaizen
12:00
FIM DO EVENTO KAIZEN
Figura 89 Planejamento das ações kaizens a serem realizadas
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
201
(48) Definir equipe de mudança.
Neste estudo de caso, as equipes de mudanças foram compostas sempre do
coordenador da área de mudança, de funcionários da área de mudança, um funcionário da
engenharia, um funcionário da área de manutenção e um operador de empilhadeira.
(49) Realizar o Evento Kaizen.
Como mencionado anteriormente, foram necessários sete eventos kaizens para
implantar as mudanças propostas. As fotos apresentadas na figura 90 mostram alguns
momentos do evento kaizen de mancais.
Figura 90 Fotos do evento kaizen de mancais
(50) Acompanhar para estabilizar as mudanças.
Como forma de acompanhamento e consolidação das mudanças implantadas,
mudanças essas físicas e de sistemas de controle, foram realizadas visitas semanais à área.
Nessas visitas o gestor apresentava à equipe de projeto o status da maturidade dos novos
processos.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
202
Quanto à parte de organização do setor foi formulado um check list de
acompanhamento de 5S. A figura 91 apresenta o check-list desenvolvido para a família de
mancais, buchas e anéis.
Figura 91 Check-list de acompanhamento das mudanças realizadas
O objetivo desse check-list foi fazer com que critérios como limpeza, organização,
padronização de atividades tornem-se em rotinas diárias. Por isso, no início o check-list foi
aplicado semanalmente. A partir do momento que as novas atividades de trabalho se tornarem
em rotinas o check-list passará a ser aplicado mensalmente.
SIM
PARCIAL
NÃO NOTA OBSERVAÇÃO
1
Senso de Separação ou Descarte
1.1 Existem somente itens que são necessários na seção?
2
Senso de Organização
2.1
As peças estão devidamente identificadas?
2.2
As prateleiras dos dispositivos estão devidamente identificadas?
2.3
As prateleiras dos kanbans estão devidamente identificadas?
2.4
As peças estão devidamente localizadas em suas respectivas formas de
armazenagem?
2.5
Os componentes estão devidamente localizados em suas respectivas formas de
armazenagem?
2.6
Todos os itens necessários estão presentes na área?
2.7
As bancadas de trabalho estão organizadas?
2.8
As ferramentas fora dos quadros de ferramentas estão sendo utilizadas?
2.9
Os cartões estão nos locais corretos e em número certo?
2.10
Todos os quadros e cartões estão em bom estado?
3
Senso de Limpeza
3.1 O chão está limpo, sem óleo e sem peças espalhadas pelo chão
3.2 As bancadas estão limpas?
3.3 As prateleiras estão limpas?
4
Senso de Conservação
4.1 O setor possui registro fotográfico com o respectivo padrão de organização?
4.2 O padrão de trabalho está sendo seguido ?
4.3 Está ocorrendo fluxo contínuo entre enchimento e supermercado do torno ?
4.4 Está ocorrendo fluxo contínuo entre usinagem e produtos acabados ?
4.5 A programação está sendo feita de maneira correta ?
5
Senso de Autodisciplina e Melhoria Contínua
5.1 As informações de desempenho estão sendo levantadas?
5.2 A seção apresentou alguma nova melhoria? (0,5 para cada melhoria)
Data:
Setor: Mancais__________________________
Responsável:______________________
Avaliação
Resultado
TOTAL DOS PONTOS OBTIDOS
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
203
(51) Definir as medidas de desempenho.
As medidas de desempenho foram formuladas levando-se em consideração o
desempenho da família em termos de organização e produção. A tabela 21 apresenta um
modelo macro de levantamento das medidas.
Tabela 21 Medidas de desempenho
Métricas Significado/Propósito Ponto/Procedimento de Coleta Expressão de Cálculo
Freqüência de
Apontamento
Aderência à
programação
Medir o índice de
aderência do setor em
relação ao plano mestre
de produção
Apontar a quantidade de tarjas
magnéticas verdes por setor no
quadro macro
Número de tarjas
verdes/quantidade de Os's
no mês
Mensal
Aderência ao ritmo de
produção
Medir o ritmo de
trabalho do setor em
relação ao takt time
Levantara quantidade de kit's
produzidos no final de cada dia
Quantidade de dias em que
o kit programado foi
entregue/quantidade de dias
na semana
Diário
Médias de dias de
atraso
Medir a média de
atraso por setor
Apontar em formulário os dias de
atraso por setor
Somatória dos dias de atraso
(OS encerradas)/quantidade
de OS atrasadas (Os
encerradas) no mês
Mensal
Freqüência das causas
de não formação dos
kits
Medir a incidência de
cada causa de não
formação dos kits
Apontar em formulário o código e a
descrição da causa sempre que for
detectado uma não possibilidade
de formação de kit
Quantidade de ocorrências
por causador
Semanal
Pontuação no 5S
Medir o desempenho no
5S de cada setor
Auditorias via check list
Pontuação máxima -
decontos por não
conformidades
Semanal
(52) Medir os resultados
A tabela 21 apresentada anteriormente mostra a redução de movimentação alcançada.
Para cada loop foi definido um conjunto de métricas, similares à tabela 21, as quais servem
para mostrar o desempenho do setor após as mudanças realizadas. A figura 92 apresenta o
desempenho da família de mancais, buchas e anéis após as mudanças realizadas em relação ao
nível de estoques de mancais acabados. Deve-se apenas ressaltar que os resultados obtidos
não são apenas devido a alterações de layout mas ao conjunto de ações realizadas, incluindo,
o re-projeto do layout.
Os resultados diretos da mudança de layout foram: a redução de movimentação, a
eliminação do uso excessivo de pontes rolantes e trolers, a melhor organização das áreas com
melhor definição de pontos de pulmão de peças e supermercados, a possibilidade de se gerir a
área utilizando os conceitos de gestão visual.
Capítulo 8: Estudo de Caso: Empresa de Turbinas de Energia
204
Evolução nas Quantidades de mancais existentes
Em Processo
0
20
40
60
80
100
120
140
Antes
12/20/2007
12/27/2007
1/3/2007
1/10/2007
1/17/2007
1/24/2007
1/31/2007
2/7/2007
2/14/2007
2/22/2007
3/6/2007
3/14/2007
Data do Levantamento
Quantidade
Real
Ideal
Figura 92 Evolução dos estoques de mancais
9.5 Análise Geral
Os resultados alcançados demonstram que o modelo direcionou a um projeto de layout
satisfatório. Existiram ganhos de redução de movimentação, organização do fluxo, melhoria
da gestão visual, entre outros.
Evento Kaizen
Capítulo 9: Conclusão
205
Capítulo 9
9. Conclusão
No início desse projeto foram colocados como objetivos da pesquisa os seguintes pontos:
Objetivo: desenvolver um modelo para projeto, planejamento e implantação de
layout com base nos conceitos da Produção Enxuta.
Objetivos específicos:
o Desenvolver um modelo de projeto de layout em ambientes de alta
variedade de peças/produtos, que contemple os princípios da Produção
Enxuta.
o Levantar quais são os benefícios, quantitativos e qualitativos, que a
mudança de layout pode trazer para a empresa que adota o Sistema de
Produção Enxuta.
o Levantar se existe outras formas de layout, diferentes das células de
produção, que podem ser utilizadas na implantação do Sistema de
Produção Enxuta.
o Levantar quais as características dos mais diversos layouts que estão em
consonância com os princípios da Produção Enxuta.
o Levantar se as características de produtos, componentes ou processos
induzem a tipos específicos de layouts.
o Identificar as principais dificuldades em se alterar o layout com a fábrica
em funcionamento.
Com relação ao objetivo principal da pesquisa foi gerado um modelo para a concepção
do layout e também desenvolvido uma metodologia de implantação. O modelo foi validado
Capítulo 9: Conclusão
206
através da sua aplicação em três empresas do Estado de São Paulo. As empresas tinham como
características uma alta variedade de peças. Neste trabalho são apresentadas apenas duas
aplicações do modelo. No caso específico de uma das empresas os produtos tinham a
característica de ser fabricados make-to-order.
Portanto, pode-se considerar que o objetivo macro da pesquisa foi concluído com a
formulação e aplicação do método nas empresas descritas. Quanto aos objetivos específicos,
tem-se:
(a) Desenvolver um modelo de projeto de layout em ambientes de alta variedade de
peças/produtos, que contemple os princípios da Produção Enxuta.
Como mencionado o modelo foi desenvolvido e testado em duas empresas, como
apresentado nos estudos de casos. Os resultados mostram a validade do modelo.
(b) Levantar quais são os benefícios, quantitativos e qualitativos, que a mudança de
layout pode trazer para a empresa que adota o Sistema de Produção Enxuta.
Os benefícios quantitativos e qualitativos que a mudança de layout pode trazer para a
empresa estão relacionados com os fatores que o layout influencia fatores esses apresentados
na tabela 3.
Os benefícios quantitativos são a redução de estoques, o aumento da flexibilidade de
mix e de volume, a redução da movimentação de peças/produtos, operadores e ferramental e a
melhoria da qualidade dos produtos fabricados.
Quanto aos benefícios qualitativos, de difícil mensuração, mas que influenciam no
desempenho da produção pode-se destacar a contribuição para a implantação do conceito de
mão-de-obra multifuncional, a melhoria da gestão visual e a redução da complexidade da
programação da produção.
Como mencionado, muitos ainda vêem no layout apenas a redução de movimentação
como a única contribuição para a fábrica. Mas, todos os fatores destacados são importantes
variáveis que o layout influencia e que tem impacto direta ou indiretamente no desempenho
da produção.
(c) Levantar se existem outras formas de layout, diferentes das células de produção,
que podem ser utilizadas na implantação do Sistema de Produção Enxuta.
Como apresentado no trabalho o layout celular é o que mais se adéqua aos princípios
da Produção Enxuta. Mas, existe uma série de restrições que impedem que esse modelo de
layout possa ser implantado em todas as empresas. Ele se adequa para a produção de famílias
Capítulo 9: Conclusão
207
bem comportadas, apresentando as mesmas seqüências de produção e com itens repetitivos,
com a demanda consolidada em família representando alto volume.
Entre os modelos de layout analisados o layout por produto, o layout modular e o
layout de mini-fábricas são dois conceitos que apresentam um bom desempenho quando
analisados sob a ótica da Produção Enxuta. O layout flexível também possui muitos aspectos
em consonância com a Produção Enxuta, mas este ainda encontra um campo de aplicação
muito limitado.
Em resumo, o layout por produto, modular, mini-fábrica e flexível são os modelos de
layout, após as células de produção, que mais se adéquam aos conceitos da Produção Enxuta e
que podem ser utilizados. Deve-se apenas fazer uma ressalva de que nem sempre esses
modelos podem ser aplicados devido a características particulares de cada empresa. Portanto,
como mencionado no trabalho, recomenda-se que se utilizem os conceitos de layout na
seguinte ordem de prioridade:
a. Primeiro: layout celular / layout reconfigurável.
b. Segundo: layout por produto.
c. Terceiro: layout modular/mini-fábrica.
d. Quarto: Layout posicional.
e. Sexto: layout fractal.
f. Oitavo: layout distribuído.
g. Sétimo: layout funcional.
(d) Levantar quais as características dos mais diversos layouts que estão em
consonância com os princípios da Produção Enxuta.
Para análise dos modelos de layouts em relação à Produção Enxuta foram definidos os
seguintes critérios: fluxo contínuo, estoques, gestão visual, qualidade, flexibilidade de mix e
de volume, mão-de-obra multifuncional, complexidade de programação da produção e
movimentação. O desempenho dos conceitos de layout em relação a esses critérios está
apresentado na tabela 3.
(e) Levantar se as características de produtos, componentes ou processos induzem a
tipos específicos de layouts.
Com base nas aplicações do modelo desenvolvido as características do produto,
componente ou processo influenciam no modelo de layout a ser implantado, mas não induz a
qual modelo de layout deve se utilizar. Devido a aspectos particulares de cada empresa não há
como generalizar previamente qual tipo de layout utilizar.
Capítulo 9: Conclusão
208
Por exemplo, as empresas 1 e 3 dos estudos de casos apresentados são empresas que
produzem para um mesmo cliente, tem características de processo e produto muito
semelhantes mas, da aplicação do modelo de projeto de layout, resultou na utilização de
modelos de layouts diferentes.
Portanto, embora as características de produto e processo influenciem na definição do
layout não há como especificar sem uma análise prévia qual tipo de conceito de layout
utilizar.
(f) Identificar as principais dificuldades em se alterar o layout com a fábrica em
funcionamento.
A maior dificuldade na alteração do arranjo físico com a fábrica em funcionamento
consiste em não deixar faltar produtos ao cliente durante a mudança. Para isso, pulmões de
peças devem ser dimensionados e fabricados. Um problema que surge, muitas vezes, é como
formar os pulmões, pois a fábrica pode estar utilizando o máximo da sua capacidade
produtiva. Alternativas para a formação de pulmões pode ser a terceirização de peças, a
utilização de horas extras em finais de semana, a contratação de operadores temporários, entre
outras ações.
Com relação às questões de pesquisas identificadas no início do projeto tem-se:
1. Como projetar um layout em ambientes de alta variedade de peças e produtos,
considerando os princípios da produção enxuta?
O modelo construído define os passos para a construção de um layout, adequado aos
princípios de produção enxuta, em ambientes de alta variedade de peças.
2. Quais as principais dificuldades em se alterar um layout com a fábrica em funcionamento?
A principal dificuldade encontrada foi programar e realizar as mudanças de layout sem
ocasionar interrupção no fluxo de abastecimento de peças/produtos aos clientes
(internos/externos).
3. Quais os benefícios, quantitativos e qualitativos, que a mudança de layout pode trazer para
uma empresa que está implantando o Sistema de Produção Enxuta?
Entre os benefícios quantitativos e qualitativos advindos de uma mudança de layout
pode-se destacar: melhoria do ambiente de trabalho; preparação da área para inserir a
metodologia de gestão visual; redução de movimentação; aumento da produtividade, entre
outros.
Capítulo 9: Conclusão
209
4. Quais as características associadas aos tipos de layout que estão em conformidade com os
princípios da Produção Enxuta?
As características dos diferentes tipos de layout que estão em conformidade ou não
conformidade com os princípios da produção enxuta foram apresentadas na tabela 3.
5. As células de manufatura são o único layout que deve ser utilizado na implantação do
Sistema de Produção Enxuta ou outras formas de layout podem ser usadas?
O layout celular não é o único modelo de layout que pode ser utilizado na implantação
de um sistema de produção enxuta. O que se deve destacar é que as células de manufatura
são as que mais se adéquam às necessidades da produção enxuta. Mas nem sempre será
possível utilizar esse modelo de layout, como apresentado nos estudos de casos.
6. Dentro da Filosofia de Produção Enxuta existem características de processo que induzem
a tipos específicos de layout?
O que se pode observar durante o trabalho é que as características do processo
em análise influenciam no modelo de layout a ser utilizado, mas não
necessariamente, induzem a um modelo específico de layout.
A seguir, será apresentada uma análise geral dos resultados alcançados nas empresas
onde foi aplicado o modelo desenvolvido.
9.1 Resultados alcançados.
Além dos dois estudos de casos apresentados, o modelo de projeto de layout descrito
foi aplicado em uma terceira empresa. A redução de movimentação, melhoria da gestão
visual, entre outros aspectos são medidas que demonstram a validade do modelo construído.
A tabela 22 apresentada a seguir mostra um resumo dos resultados alcançados nas empresas.
Capítulo 9: Conclusão
210
Tabela 22 resultados alcançados nas empresas
Empresa Resultados Alcançados
Redução de movimentação em 50%
Viabilização para a introdução da gestão visual
Organização e melhoria dos setores de trabalho
Redução de lead time de fabricão em 70%
Redução da quantidade de equipamentos utilizados (estações de solda) em 40%
Redução da área produtiva utilizada em 40%
Redução do índice de ausências dos funcionários em 90%
Aumento de produtividade em 50%
Redução do estoque em processo em 50%
Redução do índice de falta de peças
Redução de movimentação em 40%
Viabilização para a introdução da gestão visual
Organização e melhoria dos setores de trabalho
Redução de lead time de fabricão em 73%
Redução do índice de falta de peças (Setor de mancais chegou a 0%)
Otimização da área produtiva utilizada permitindo a inseão de novos equipamentos
Aumento de produtividade em 30%
Redução do estoque em processo em 40%
Redução de movimentação em 50%
Viabilização para a introdução da gestão visual
Organização e melhoria dos setores de trabalho
Redução de lead time de fabricão em 45%
Redução da quantidade de equipamentos utilizados (estações de solda) em 15%
Otimização da área produtiva utilizada permitindo a inseão de novos equipamentos
Aumento de produtividade em 40%
Redução do estoque em processo em 50%
Redução do índice de falta de peças
Estudo de Caso 1
Estudo de Caso 2
Outra Aplicão do Modelo
Analisando os resultados alcançados pode-se observar que existiu uma redução de
movimentação em todas as empresas. Essa redução de movimentação de pessoas, materiais e
ferramental deve-se exclusivamente à reestruturação de layout realizada.
Outro resultado obtido nas empresas foi a redução do lead time de fabricação. Embora
o lead time não seja um fator que dependa unicamente do layout, com a aproximação dos
equipamentos produtivos houve uma maior agilização da produção, além de permitir que os
lotes de produção pudessem ser reduzidos, causando um impacto no lead time final de
fabricação. A implantação de fluxo contínuo em alguns pontos de algumas fábricas impactou
diretamente na redução do lead time.
Capítulo 9: Conclusão
211
O aumento da produtividade também ocorreu em todas as empresas. Mais uma vez, o
layout foi uma das variáveis que impactaram na melhoria do índice de produtividade das
empresas. A redução da movimentação dos operadores, implantação de fluxo contínuo,
viabilização da introdução do conceito de gestão visual, são alguns dos fatores que o layout
influenciou e refletiu nos índices de produtividades das empresas.
A redução do estoque também foi reflexo da mudança de layout. A implantação de
fluxo contínuo eliminou em muitos pontos o estoque em processo e a delimitação dos
supermercados limitou o estoque máximo em muitos pontos da produção.
Existem algumas variáveis que não podem ser mensuradas mas que influenciaram no
desempenho da produção das empresas em análise. A gestão visual foi uma das variáveis não
mensuráveis que auxiliaram na melhoria do desempenho da empresa. A aproximação dos
setores de produção, a inserção de fluxos unidirecionais, são fatores da melhoria do layout e
que impactam na gestão visual da fábrica. Pode-se afirmar que as mudanças realizadas no
layout foram a base para a inserção de um sistema de gestão visual em todas as empresas.
A organização do fluxo de produção através, por exemplo, da implantação de células
de fabricação também reduziram o nível de complexidade da programação da produção.
Outro importante fator a se destacar é a otimização do uso das áreas produtivas. Em
todas as empresas, com a aplicação do modelo de projeto do layout, ocorreu uma liberação de
espaço. Essas áreas foram utilizadas para a alocação de novos equipamentos. Essa liberação
de área permitiu que em uma das empresas não fosse necessária a construção de novos
barracões para atender à produção.
9.2 Dificuldades na aplicação do modelo
Muito embora o modelo desenvolvido seja bastante lógico existem alguns pontos de
maior dificuldade na sua aplicação. Primeiramente, quando não é possível utilizar o conceito
de layout celular existe uma dificuldade em se determinar qual o conceito de layout utilizar.
Neste caso, torna-se importante a presença de pessoas na equipe que tenham uma visão
bastante ampla dos demais conceitos de layout.
Outra dificuldade encontrada foram os “monumentos” que impossibilitaram em alguns
casos o desenvolvimento de um layout melhor. A aplicação do modelo mostrou que é
importante que as pessoas envolvidas no projeto do layout minimizem ao máximo os
“monumentos” na fábrica. Quanto maior o número de monumentos” maiores são as
Capítulo 9: Conclusão
212
restrições ao layout e, provavelmente, maiores serão as limitações das propostas de layouts
formuladas.
Um outro ponto a se destacar, embora normalmente exista uma resistência à mudança
de máquinas devido ao “transtorno” que isso causa à produção, nos estudos de casos
desenvolvidos devido ao aumento da demanda e à necessidade da empresa em aumentar sua
produtividade não foram impostas barreiras às alterações de layout. Portanto, é importante
que as pessoas envolvidas no projeto e na mudança do arranjo físico estejam conscientes e
motivadas pela necessidade da fábrica em melhorar seu desempenho.
Uma dificuldade na aplicação do modelo ocorreu na empresa de turbinas em virtude
da complexidade do produto. Devido ao fato das famílias de produtos definidas possuírem
muitos componentes o layout foi projetado em função dos fluxos principais. Portanto, pode-se
perceber que quanto mais complexo o produto em termos de variedade de componentes,
provavelmente, mais difícil será especificar em função de quais componentes/produtos será
projetado o layout.
Uma outra dificuldade encontrada foi a adequação dos funcionários em relação às
mudanças implantadas. Em todos os projetos foi necessário um período em torno de um mês
para que as pessoas se adequassem às mudanças efetuadas.
Outra dificuldade foi a aquisição de equipamentos por parte da direção de algumas
empresas sem uma análise anterior da real capacidade de produção da fábrica. Em duas das
empresas onde foram desenvolvidos os estudos de casos equipamentos foram comprados sem
uma prévia análise da atual capacidade de produção da empresa e da futura capacidade de
produção com as mudanças que estavam sendo projetadas. Com isso, algumas alternativas de
layout, com excelente desempenho perante as medidas de desempenho utilizadas, foram
descartadas devido ao fato de não contemplarem equipamentos que tinham sua necessidade
questionável.
9.3 Análise crítica do modelo
A aplicação do modelo e os resultados alcançados demonstraram que esse possui
aspectos positivos e algumas restrições que devem ser avaliadas. Em primeiro lugar serão
descritas a seguir as contribuições e pontos positivos do modelo construído. Posteriormente,
serão comentadas as limitações do modelo.
Capítulo 9: Conclusão
213
9.3.1 Contribuições e aspectos positivos do modelo.
O trabalho desenvolvido contribui para a pesquisa em torno do tema layout devido a
alguns fatores. Primeiramente, neste trabalho são apresentados aspectos quantitativos e
qualitativos para análise do layout. Normalmente, esses são aspectos que não são
considerados no projeto do arranjo físico.
Em segundo lugar, o modelo de projeto de layout desenvolvido não se restringe ao uso
apenas de ferramentas tradicionais de projeto de layout. O modelo integra, por exemplo, o
mapa do fluxo de valor, uma importante ferramenta de análise e projeto da Produção Enxuta.
Outra contribuição do modelo é a sua validação através de aplicações práticas em
empresas. O modelo não ficou restrito ao campo teórico, mas foi submetido a três aplicações
práticas. Além disso, o layout projetado para cada empresa encontra-se implantado e em uso.
Um outro ponto importante do modelo é a sua fácil aplicabilidade. A utilização do
modelo não requer o uso de uma mão-de-obra especializada como no uso de um software de
projeto de layout. O modelo pode ser utilizado de forma fácil por qualquer pessoa que detenha
o mínimo de conhecimento necessário ao projeto de um layout de fábrica.
Outro aspecto que valoriza o modelo construído é sua aplicação em ambientes de
manufatura bastante complexos de alta variedade de produtos. Neste ambiente de manufatura
o projeto do layout torna-se bastante complexo devido ao compartilhamento de equipamentos
e ao grande número de fluxos que se estendem pelo chão-de-fábrica. A aplicação do modelo
em empresas com características de produtos bastante distintas, produtos de pequeno, médio e
grande porte, também demonstra a sua robustez.
Por último, um aspecto muito positivo do modelo consiste do fato de definir
claramente quando utilizar o conceito de layout celular. De acordo com determinados critérios
o modelo conduz o projetista do layout à utilização de células de forma bastante lógica e
simples.
9.3.2 Limitações do modelo
Como mencionado, o modelo apenas define qual tipo de layout utilizar em casos onde
é possível implantar células de manufatura. Devido a inúmeras variáveis que interferem no
projeto do layout não foi possível padronizar qual conceito de arranjo físico utilizar em
situações que não comportam as células de produção.
Outra restrição do modelo consiste deste não conduzir necessariamente ao arranjo
físico ótimo. Este conduz a equipe de projeto a um arranjo físico que satisfaz as necessidades
Capítulo 9: Conclusão
214
da empresa, mas não necessariamente, seja o arranjo físico ótimo, por exemplo, com mínima
movimentação.
9.4 Futuras pesquisas
Com base no trabalho realizado até o momento sugere-se que as futuras pesquisas
abordem os seguintes aspectos:
a. Adaptação do modelo para ambientes de manufatura diferentes do analisado.
b. Consideração e inserção de aspectos ergonômicos no modelo de layout construído.
c. Definição de uma forma de medição mais objetiva dos aspectos qualitativos.
d. Consideração dos aspectos de melhoria contínua no modelo, ou seja, verificar os
resultados obtidos quando o modelo for aplicado em uma área que já sofreu
reestruturação pela aplicação anterior do modelo.
e. Consideração dos aspectos de sustentabilidade, ou seja, considerar como o modelo
pode garantir a perpetuidade das melhorias iniciais implantadas.
9.5 Considerações finais
O modelo apresentado nesta tese é fruto do conhecimento prévio do grupo de pesquisa
e da aplicação prática deste em três empresas. O modelo apresenta contribuições para a
pesquisa no campo do layout, mas também algumas restrições que podem ser eliminadas em
futuras pesquisas.
O trabalho desenvolvido mostra também que o projeto do layout não se restringe a
uma mera aproximação de equipamentos reduzindo pura e simplesmente a movimentação.
Existem diversos fatores que a mudança do arranjo físico influencia e que devem ser levados
em consideração durante a realização do projeto da fábrica.
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215
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223
224
APÊNDICE 1
225
Figura 95 Diagrama de Espaguete Situação Inicial Família A (Estudo de Caso 1)
Fluxo em azul: as peças da família sofrem as primeiras operações e são armazenadas.
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças até o processo final de pintura.
Família A
Soldas/
Ponteamento
Jateamento
Produtos
Semi-acabados
Eliminação
Respingo
226
Figura 96 Diagrama de Espaguete Situação Inicial Família B (Estudo de Caso 1)
Fluxo em verde: as peças da família sofrem os primeiros processos e são enviadas aos
terceiros.
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças no processo após voltarem dos
fornecedores.
Família B
Soldas/
Ponteamento
Jateamento
Produtos
Semi-acabados
Eliminação
Respingos
227
Figura 97 Diagrama de Espaguete Situação Inicial Família C (Estudo de Caso 1)
Fluxo em azul: as peças da família sofrem as primeiras operações e são
armazenadas.
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças até o processo final de pintura.
.
Jato
Família C
Soldas/
Ponteamento
Produtos
Semi-acabados
Eliminação
Respingos
Jateamento
228
BALANCEAMENTO
ÁREA
REBITADEIRAS
16
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
ARMÁRIOS
MATÉRIA-PRIMA
DISPOSITIVOSDISPOSITIVOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
PRENSAS
TESTE
PARTÍCULA
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
SUBCONJUNTOS
Figura 98 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Diafragma e Injetores (Estudo de Caso 2)
MOVIMENTAÇÃO:
3100 metros
229
MANDRILHAR/REBAIXAR
FURADEIRA
RADIAL
SALA
DO
CONTROLE
APROVISIONAMENTO
DISCOS E
PALHETAS
EMPALHETAMENTO
EIXOS
GRANDES
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
KITS
REVERSOR
KITS PORTA
PALHETAS
ENCAMISAR
CALANDRAR
FITA
APROVISIONAMENTO
EIXOS
PEQUENOS
1
2
3 4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
2021
22
23
24
25
BASE
REBITADEIRAS
1
Banc.
Torno
Banc.
Torno
Banc.
Fresa
Peças Diafragma
Peças Diafragma
GHT6 - TORNO
ESTIMATIVA DE
ENTREGA 05/2008
REBARBAR
MONTAR
(SUP+INF)
CONTATO
AJUSTE
CARCAÇA
TUBULAÇÃO
SOLDA
Figura 99 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Diafragma (IMPLANTADO) (Estudo de Caso 2)
MOVIMENTAÇÃO:
400 metros
230
Figura 100 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Carcaças (Estudo de Caso 2)
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças antes de serem enviadas aos terceiros.
Fluxo em verde: caminho percorrido pelas peças depois de retornar dos terceiros.
MOVIMENTAÇÃO:
2100 metros
231
Obs.: Foram utilizadas duas cores para deixar mais nítido o fluxo das peças.
Figura 101 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Carcaças (Estudo de Caso 2)
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças antes de serem enviadas aos terceiros.
Fluxo em verde: caminho percorrido pelas peças depois de retornar dos terceiros.
GHT6 - TORNO
ESTIMATIVA DE
ENTREGA 05/2008
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
M1
M6
M2
M7
M3
M8
M4
M9
M5
M10
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
COMPONENTES
COMPONENTES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
PINTURA
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
REBARBAR
MONTAR (SUP + INF)
CONTATO
ROTOR
ROTOR
PALHETAS
PALHETAS
INJETORES
DIAFRAGMA
USINAGEM LEVE
USINAGEM LEVE
SERVICE SERVICE
SALA
DO
CONTROLE
MANDRILHAR/REBAIXAR
FURADEIRA
RADIAL
MOVIMENTAÇÃO:
750 metros
232
Figura 102 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Eixo Simples (Estudo de Caso 2)
Fluxo em verde: caminho percorrido pelas peças antes de serem enviadas aos terceiros.
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças depois de retornar dos terceiros.
MOVIMENTAÇÃO:
2700 metros
233
Figura 103 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Eixo Simples (IMPLANTADO) (Estudo de Caso 2)
Fluxo em verde: caminho percorrido pelas peças antes de serem enviadas aos terceiros.
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças depois de retornar dos terceiros.
Banc.
Torno
Banc.
Torno
Banc.
Fresa
Peças Diafragma
Peças Diafragma
GHT6 - TORNO
ESTIMATIVA DE
ENTREGA 05/2008
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
M1
M6
M2
M7
M3
M8
M4
M9
M5
M10
M1
M2
M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
MÁQUINAS
GRANDES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
COMPONENTES
COMPONENTES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
PINTURA
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
REBARBAR
MONTAR (SUP + INF)
CONTATO
MANDRILHAR/REBAIXAR
FURADEIRA
RADIAL
APROVISIONAMENTO
DISCOS E
PALHETAS
EMPALHETAMENTO
EIXOS
GRANDES
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
KITS
REVERSOR
KITS PORTA
PALHETAS
ENCAMISAR
CALANDRAR
FITA
APROVISIONAMENTO
EIXOS
PEQUENOS
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
2021
22
23
24
25
BASE
REBITADEIRAS
SALA
DO
CONTROLE
1
MOVIMENTAÇÃO:
600 metros
234
Figura 104 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Eixo Integrado (Estudo de Caso 2)
Fluxo em verde: caminho percorrido pelas peças antes de serem enviadas aos terceiros.
Fluxo em azul: caminho percorrido pelas peças depois de retornar dos terceiros (Primeira vez).
Fluxo em vermelho: caminho percorrido pelas peças depois de retornar dos terceiros (Segunda vez).
MOVIMENTAÇÃO:
4000 metros
235
Figura 105 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Eixo Integrado (Estudo de Caso 2)
Fluxo em verde: caminho percorrido pelas peças antes de serem enviadas aos terceiros.
Fluxo em azul: caminho percorrido pelas peças depois de retornar dos terceiros.
EMPALHETAMENTO
EIXOS
GRANDES
KITS
REVERSOR
KITS PORTA
PALHETAS
GHT6 - TORNO
ESTIMATIVA DE
ENTREGA 05/2008
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
REV./REP.
TURB.
M1
M6
M2
M7
M3
M8
M4
M9
M5
M10
SALA
DO
CONTROLE
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
COMPONENTES
COMPONENTES
COMPONENTES
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
PINTURA
MONTAGEM TURBINAS EXÓTICAS
REBARBAR
MONTAR (SUP + INF)
CONTATO
ROTOR
PALHETAS
PALHETAS
INJETORES
DIAFRAGMA
USINAGEM LEVE
USINAGEM LEVE
SERVICE SERVICE
MANDRILHAR/REBAIXAR
FURADEIRA
RADIAL
MOVIMENTAÇÃO:
900 metros
236
MONTAGENS
RECEBIMENTO/EXPEDIÇÃO
MONTAGENS MONTAGENS MONTAGENS
MONTAGENS MONTAGENS MONTAGENS MONTAGENS
MONTAGENS MONTAGENS MONTAGENS MONTAGENS
MONTAGENS MONTAGENS
MONTAGENS MONTAGENS
BALANCEAMENTO
RECEBIMENTO/EXPEDIÇÃO
ALMOXARIFADO
ÁREA
REBITADEIRAS
16
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
ARMÁRIOS
MATÉRIA-PRIMA
DISPOSITIVOSDISPOSITIVOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
PRENSAS
MONTAGEM
MONTAGEM
MONTAGEM
MONTAGEM
MONTAGEM
MONTAGEM
MONTAGEM MONTAGEM
TESTE
PARTÍCULA
ÁREA
EM
EXPANSÃO
ÁREA
EM
EXPANSÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
EXPEDIÇÃO
SUBCONJUNTOS
DIAFRAGMA
Figura 106 Diagrama de Espaguete no Layout Inicial Família Palhetas (Estudo de Caso 2)
MOVIMENTAÇÃO:
350 metros
237
MANDRILHAR/REBAIXAR
FURADEIRA
RADIAL
P1
G1 G1 G2 G2 G3 G3
P2 P3
P4 P5
P6
CÉLULA
CARCAÇAS
SALA
DO
CONTROLE
APROVISIONAMENTO
EIXOS
GRANDES
EMPALHETAMENTO
EIXOS
GRANDES
APROVISIONAMENTO
DISCOS E
PALHETAS
EMPALHETAMENTO
DOS DISCOS
KITS
REVERSOR
KITS PORTA
PALHETAS
ENCAMISAR
CALANDRAR
FITA
APROVISIONAMENTO
EIXOS
PEQUENOS
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
2021
22
23
24
25
BASE
REBITADEIRAS
1
MONTAGENS
RECEBIMENTO/EXPEDIÇÃO
MONTAGENS MONTAGENS
MONTAGENS
MONTAGENS MONTAGENS MONTAGENS
BALANCEAMENTO
RECEBIMENTO/EXPEDIÇÃO
Figura 107 Diagrama de Espaguete no Layout Projetado Família Palhetas(IMPLANTADO) (Estudo de Caso 2)
MOVIMENTAÇÃO:
150 metros
238
Tempos processamento referentes ao Estudo de Caso 1
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
C PA126 2 150 1200
C PA126 2 150 0
TOTAL 1200 4,0 10
0,644498 máquina
T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
B PA65 2 2 96 384
C PA126 8 2 150 2400
D PA146 1 1 144 144
E PA95 4 2 120 960
F PA73 5 1 150 750
G PA74 5 1 150 750
5388 8,1 20
0,5311 máquina
T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 2 2 144 576
A PA64 2 2 144 576
B PA65 2 1 96 192
B PA65 2 1 96 192
B PA65 2 2 96 384
C PA126 2 2 150 600
D PA146 2 1 144 288
D PA146 3 2 144 864
D PA146 2 1 144 288
E PA95 2 2 120 480
4440 6,8 20
SOLDA MIG
FURADEIRA RADIAL
FURADEIRA COLUNA
4
239
T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 2 2 144 576
B PA65 2 2 96 384
D PA146 2 1 144 288
D PA146 3 1 144 432
D PA146 3 1 144 432
2112 5,5 90
0,388995 máquina
T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 2 144 288
A PA64 1 2 144 288
B PA65 1 1 96 96
B PA65 1 1 96 96
B PA65 1 2 96 192
C PA126 1 2 150 300
D PA146 1 1 144 144
D PA146 1 2 144 288
D PA146 1 1 144 144
D PA146 1 1 144 144
E PA95 1 2 120 240
B PA65 1 2 96 192
C PA126 1 2 150 300
E PA95 1 2 120 240
F PA73 1 1 150 150
G PA74 1 1 150 150
3252 3,4 10
ESCARIAR
FURADEIRA MULTIFUSO
240
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 2 1 144 288
A PA64 2 2 144 576
864 6,0 10
0,07177 máquina
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
C PA126 2 2 150 600
600 4,0 10
CHANFRAR
MONTAR
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 13 1 144 1872
B PA65 15 1 96 1440
C PA126 13 1 150 1950
D PA146 15 1 144 2160
E PA95 7 1 120 840
F PA73 3 1 150 450
G PA74 3 1 150 450
9162 9,6 10
0 estões
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 144 0
B PA65 1 96 0
C PA126 1 150 0
D PA146 1 144 0
E PA95 1 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
0 0,0 10
PONTEAR
SOLDAR
241
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operação T/C ponderado (min) T/R (min)
C PA126 2 150 0
A PA64 1 144 0
A PA64 1 144 0
A PA64 1 144 0
A PA64 2 144 0
B PA65 1 96 0
B PA65 1 96 0
B PA65 2 96 0
C PA126 2 150 0
D PA146 1 144 0
D PA146 2 144 0
D PA146 1 144 0
D PA146 1 144 0
E PA95 2 120 0
B PA65 2 96 0
C PA126 2 150 0
E PA95 2 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
A PA64 2 144 0
B PA65 2 96 0
D PA146 1 144 0
D PA146 1 144 0
A PA64 1 144
B PA65 2 96
A PA64 2 144
C PA126 1 150
C PA126 2 150
C PA126 2 150
D PA146 1 144
E PA95 1 120
F PA73 1 150
G PA74 1 150
F PA73 2 150
G PA74 2 150
D PA146 2 144
E PA95 1 120
F PA73 1 150
G PA74 1 150
E PA95 2 120
E PA95 1 120
KIT PARA PONTEAR
242
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 144 0
B PA65 1 96 0
C PA126 1 150 0
D PA146 1 144 0
E PA95 1 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
0 0,0 10
0 estões
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 144 0
B PA65 1 96 0
C PA126 1 150 0
D PA146 1 144 0
E PA95 1 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
0 0,0 10
0 estões
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 144 0
B PA65 1 96 0
C PA126 1 150 0
D PA146 1 144 0
E PA95 1 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
0 0,0 10
JATEAR
ACABAMENTO FINAL
CALIBRAR FINAL
243
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 144 0
B PA65 1 96 0
C PA126 1 150 0
D PA146 1 144 0
E PA95 1 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
0 0,0 10
0 estões
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 144 0
B PA65 1 96 0
C PA126 1 150 0
D PA146 1 144 0
E PA95 1 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
0 0,0 10
PA T/C's (min) Qte/PA Demanda mensal T.Total Operão T/C ponderado (min) T/R (min)
A PA64 1 144 0
B PA65 1 96 0
C PA126 1 150 0
D PA146 1 144 0
E PA95 1 120 0
F PA73 1 150 0
G PA74 1 150 0
0 0,0 10
EMBALAR
PRIMER
PINTURA ACABAMENTO
244
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