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A descentralização do comando ferroviário com a constituição da ENGEFER voltada
para a construção das novas ferrovias do programa representa o passo decisivo
para a ampliação e adequação do Sistema Ferroviário Nacional para responder
satisfatoriamente à estratégia, de desenvolvimento.
O discurso do General Aurélio de Lyra Tavares descreve o otimismo para a
construção desse novo caminho para o minério.
“Ao reinvestir a ferrovia em seu relevante e intransferível papel, a Ferrovia
do Aço representa um verdadeiro marco do novo e auspicioso rumo no
desenvolvimento dos transportes do Brasil.
A chamada Ferrovia do Século destinada a ligar Belo Horizonte a São
Paulo, não resulta apenas de uma imposição da estratégia do
desenvolvimento nacional para atender a expansão da indústria siderúrgica
e ao ritmo acelerado em que cresce a demanda de transporte para a
exportação do nosso minério de ferro e para a interligação entre as fontes
de matéria-prima, os centros de transformação e os mercados de consumo
dos produtos acabados.
Essa já seria uma razão determinante e decisiva para justificá-la, a despeito
dos custos do arrojado empreendimento e das dificuldades técnicas do
traçado, em terreno de topografia muito hostil e de consistência geológica
difícil e inevitável, na falta de outra opção menos onerosa. [...] A significação
do gigantesco empreendimento é, porém ainda maior quando o encaramos
como grande marco do povo e auspicioso rumo que ele inaugura, no
desenvolvimento dos sistemas de viação, e reinvestir a ferrovia no seu
papel relevante e intransferível. [...] E é uma nova era que se inaugura com
a modernização do sistema ferroviário brasileiro, tanto pelo alto padrão das
normas técnicas do traçado, como pelos modernos sistemas de
eletrificação, sinalização e comunicação de que vai beneficiar-se o tráfego,
em velocidade, segurança e força de tração para as composições do trem
tipo de grande capacidade. [...] Ela constituirá um ponto de convergência e
captação do know-how, uma verdadeira escola durante o processo de
construção, refletindo-se ao mesmo tempo, no encorajamento e na
capacitação da indústria nacional de locomotivas, além de outros produtos
afins, nesse novo campo da tecnologia a ser progressivamente
nacionalizado, como tem acontecido com muitos outros.[...] Cumpre, pois,
assegurar o êxito da Ferrovia do Aço, tanto no planejamento das suas
etapas, como no realismo do esquema financeiro para custeá-las.” (A. de
Lyra Tavares
29
apud PEIXOTO, 1977 p. 146)
A construção da Ferrovia do Aço pretendia conectar Belo Horizonte – Itutinga - São
Paulo e sua variante com o ramal Itutinga - Volta Redonda nascia. O início das obras
de infra-estrutura do trecho Belo Horizonte – Itutinga – Volta Redonda foi em 1975, e
também o projeto final de engenharia do trecho Itutinga – São Paulo.
29
Aurélio de Lyra Tavares, General do Exército e engenheiro civil, historiador da engenharia militar.
Eleito em 23 de abril de 1970 para a Cadeira n.20, na sucessão de Múcio Leão na Academia
Brasileira de Letras. Disponível em: <www.academia.org.br> acesso em: 01 abr 2009.