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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
MODELAGEM DE BANCO DE DADOS
GEORREFERENCIADO
PARA SUBSIDIAR A GESTÃO DO TRANSPORTE COLETIVO
URBANO
Elaine Matheus Messias de Andrade
São Carlos - SP
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
MODELAGEM DE BANCO DE DADOS
GEORREFERENCIADO
PARA SUBSIDIAR A GESTÃO DO TRANSPORTE COLETIVO
URBANO
Elaine Matheus Messias de Andrade
Orientador: Prof. Dr. Archimedes Azevedo Raia Jr.
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Urbana
da Universidade Federal de São Carlos,
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em
Engenharia Urbana.
São Carlos - SP
2006
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
A553mb
Andrade, Elaine Matheus Messias de.
Modelagem de banco de dados georreferenciado para
subsidiar a gestão do transporte coletivo urbano / Elaine
Matheus Messias de Andrade. -- São Carlos : UFSCar,
2007.
120 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2006.
1. Engenharia de transportes. 2. Modelagem de dados. 3.
Transporte urbano. 4. Sistemas de informação geográfica. 5.
SPRING (Programa de computador). 6. Modelo de dados
OMT-G. I. Título.
CDD: 629.04 (20
a
)
a.fi--1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOWGIA
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana
c. P. 676 -13.560-970 - São Carlos - SP
Fone/FAX: (16)3351-8295
home-page: www.ufscar.brj-ppgeu
PPGEU I UFSCar
FOLHA DE APROVAÇÃO
ELAINE MATHEUS MESSIAS DE ANDRADE
Dissertação defendida e aprovada em 30/10/2006
pela Comissão Julgadora
~
Prof. Dr.J\lchi/medes Azevedo RaiaJr
Orientadot (DECiv/UFSCar)
Prof. Dr. EvarisLo
(pEU /qEM)
Prof. Dr. Antônio~él~on Rodrigues da Silva
(STT-EESC/USP)
~~
L
Prof. Dr. Bemardo Arant~do Nascimento Teixeira
Presidente da CPG- EU
Dedico esta dissertação ao meu amado esposo Renato e
as minhas queridas filhas Rebeca e Isabella pelo amor,
compreensão e pelas vidas compartilhadas.
AGRADECIMENTOS
A Deus que tem a primazia sobre tudo e todos, que tem me abençoado
durante a minha caminhada e me sustentando com sua mão poderosa. A Ele toda
honra, glória e louvor para todo o sempre. Porque dEle, por Ele e para Ele são todas
as coisas.
Ao meu querido esposo, Renato, amigo e companheiro, pela paciência,
firmeza, pela dedicação às nossas filhas nos momentos de minha ausência e por
compartilhar dos meus sonhos.
As minhas filhas Rebeca e Isabella, por seus carinhos e sorrisos, e por
toda paciência e compreensão durante os momentos que não pudemos estar juntas.
Aos meus pais, Laerte e Rosária, pela formação e educação recebidas, e
pelo ensino de força e perseverança, que muito me ajudaram a superar os obstáculos
em toda caminhada.
Ao Prof. Dr. Archimedes Azevedo Raia Jr., meu orientador, pela valiosa
oportunidade que me concedeu, por sua orientação e confiança em mim depositada e
pela demonstração de amizade e consideração.
Ao Prof. Dr. Sérgio Antônio Röhm, pelo grande incentivo ao início
deste mestrado, apoio, sugestões e amizade demonstrada no decorrer do curso.
Ao Prof. Dr. Antônio Nélson Rodrigues da Silva, cujos comentários e
excelentes sugestões serviram para enriquecer este trabalho.
Ao Engenheiro Waldomiro Fantini Jr., da Diretoria de Transporte da
Empresa de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru – EMDURB, pelas
informações fornecidas sobre o Transporte Coletivo do município.
Ao Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da
Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho – UNESP/Bauru, pela
disponibilização do mapa digital do município.
As amigas Ana Cristina e Daniele, e ao amigo Adalberto, companheiros
de mestrado, pela alegria, pelo valioso apoio, carinho e companheirismo constantes
nessa caminhada, que fizeram desse período mais feliz.
Aos amigos Luis, Fernando, Cesar, Arnaldo, Tiago, Karen e Analúcia
do Departamento de Água e Esgoto de Bauru, cujas valiosas sugestões e colaborações
foram imprescindíveis ao desenvolvimento final deste trabalho, além da preciosa
consideração e amizade demonstradas.
Aos colegas da turma do curso de pós-graduação pelo convívio que
durante o mestrado resultou em novas amizades.
Aos meus familiares e amigos, enfim, a todos aqueles que estiveram ao
meu lado, torcendo e apoiando este projeto.
RESUMO
Muitos SIGs ignoram as fases essenciais do projeto, como a modelagem de dados,
comprometendo o desenvolvimento futuro do sistema. Considerada de grande
importância no desenvolvimento do projeto, a modelagem está sendo abordada neste
trabalho, visto o grande volume de dados existentes em sistemas de transportes e a
necessidade eminente de manipulá-los de forma segura, rápida e confiável. Para isso,
portanto, propõe-se uma modelagem para banco de dados georreferenciado,
conforme a notação gráfica do modelo OMT-G de BORGES (1997), para subsidiar a
gestão do transporte coletivo urbano. O método adotado para o desenvolvimento da
modelagem foram os níveis de abstração de CÂMARA & DAVIS Jr. (1999). A
aplicação do modelo conceitual desenvolvido será realizada em um projeto piloto,
considerando os dados referentes ao Transporte Coletivo levantados na Empresa
Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru – EMDURB, utilizando a
ferramenta SIG SPRING e o banco de dados Access. Tendo em vista a dificuldade
que a administração pública encontra em obter recursos e a facilidade encontrada na
aquisição dessas ferramentas, consideradas, uma de domínio público e outra de
baixo custo, a administração interessada, sobretudo as cidades de médio e pequeno
porte, em implementar esta modelagem, não necessitará de grandes investimentos
para o desenvolvimento do projeto e a conseqüente obtenção de informações
georreferenciadas referentes ao transporte coletivo.
ABSTRACT
Many GIS developers ignore the essential phases of the project like modeling
databases, damaging the future development of the system. Considered very
important to the project development, modeling will be broached in this article due
to the great volume of existing data in transport systems and the need to manipulate
them in a safe, reliable and fast way. In order to do it, a model for georeferenced
database in being purposed, according to OMT-G graphical note model form
BORGES (1997), to subsidize the management of the urban public transport. The
method adopted for the modeling development was CÂMARA's (1999) abstraction
levels. The application of the conceptual model developed will be carried out on a
sample project considering the data referred to the public transport system raised at
EMDURB – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru, using
a GIS SPRING tool and an Access database. Considering the difficulties the public
administration finds in raising resources and the easiness to obtain these tools,
considered one of public domain and another of low costs, the interested
administration , specially in the medium and small cities, in introduce this model
won't need great investments for the project development and the consequent
procurement of georeferrenced information regarding the public transport.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Integração dos aspectos da tecnologia computacional ......................13
Figura 02 – Componentes de um sistema .................................................................25
Figura 03 – Evolução conceitual de Sistema para o gerenc. do meio Físico ........27
Figura 04 – Ciclo de extração e utilização de informações.....................................28
Figura 05 – Representação de arquivos flat..............................................................34
Figura 06 – Representação hierárquica de registros em um banco de dados......35
Figura 07 – Representação de arquivos de estrutura em redes .............................37
Figura 08 – Banco de Dados com estrutura relacional............................................39
Figura 09 – Programação Estruturada x Orientada a objeto..................................40
Figura 10 – Modelo de Dados geo-relacional...........................................................45
Figura 11 – Níveis de abstração de aplicações geográficas ....................................51
Figura 12 – Níveis de especificação de aplicações geográficas..............................52
Figura 13 – Construtores básicos do Modelo ER .....................................................60
Figura 14 – Notação gráfica para as classes do modelo OMT-G...........................71
Figura 15 – Geo-Objetos ..............................................................................................72
Figura 16 – Geo-Campos .............................................................................................72
Figura 17 – Diagrama de Temas.................................................................................87
Figura 18 – Meta Modelo Parcial para Transporte Coletivo ..................................88
Figura 19Stencil OMT-G do software Microsof Visio..........................................90
Figura 20 – Modelo OMT-G para Transporte Coletivo ..........................................91
Figura 21 – Visuais de Apresentação Gráfica...........................................................95
Figura 22 – Dados de Referência Geográfica do Projeto ........................................97
Figura 23 – Inserção de dados analógicos.................................................................99
Figura 24 – Associação dos dados gráficos com não gráficos..............................100
Figura 25 – Inserção dos Pontos de Parada e Abrigos ..........................................101
Figura 26 – Mapa Temático Itinerário: Centro-Geisel...........................................102
Figura 27 – Mapa Temático Abrangência do Itinerário Centro - Geisel.............104
Figura 28 – Consulta por Atributos............. ............................................................105
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Descrição e tipos de representações das Classes e Objetos...............93
Tabela 02 – Descrição das Categorias..... ..................................................................98
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS
Access _ Nome de um Sistema Gerenciador de Banco de Dados Relacional
CAD _ Desenho auxiliado por computador – Software de desenho
DFD _ Modelo de Diagrama de Fluxo de Dados
DPI _ Divisão de Processamento de Imagens
ECCB _ Empresa Circular da Cidade de Bauru
EMDURB _ Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru
EMTU _ Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo
EMTURB _ Empresa Municipal de Transportes Urbanos de Bauru
ER _ Modelo de Diagrama Entidade-Relacionamento
Geo-ER Entity-Relational Model for geographic Applications - Técnica de
Modelagem
GeoOOA Object-oriented Analysis Method Técnica de Modelagem
GMOD Object-oriented Analysis Method – Técnica de Modelagem
IBM-PC _ Microcomputador do tipo IBM
Id _ Código Identificador
IFO
Is-a relationships, Functional relationships, complex Objects
INPE _ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPTU _ Imposto Predial Territorial Urbano
LEGAL _ Linguagem Espaço-Geográfica baseado em Álgebra - Linguagem
de Programação
MADS Modeling of Application Data with Spatiotemporal - Técnica de
Modelagem
MCD _ Modelo Conceitual de Dados
MDL _ Modelo Lógico de Dados
MFD _ Modelo Físico de Dados
MNT _ Modelo Numérico de Terreno
Modul-R Formalism Modul-R – Técnica de Modelagem
MySQL _ Tipo de Sistema Gerenciador de Banco de Dados
OMT _ Técnica de Modelagem de Objetos
OMT-G _ Técnica de Modelagem de Objetos para Aplicações Geográficas
Oracle _ Tipo de Sistema Gerenciador de Banco de Dados
RISC _ Conjunto reduzido de instruções computacionais – Modelo de
Arquitetura do Computador
SGA _ Área Global do Sistema
SGBD _ Sistema Gerenciador de Banco de Dados
SGBDR _ Sistema Gerenciador de Banco de Dados Relacional
SIG _ Sistema de Informações Geográficas
SIT-FOR _ Sistema Integrado de Transporte de Fortaleza
SPRING _ Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas –
Software SIG
SQL _ Linguagem de Consulta Estruturada
TransCAD _ Tipo de um Software de Sistema de Informações Geográficas
UFSCar _ Universidade Federal de São Carlos
UML _ Linguagem de Modelagem Unificada
UNESP _ Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”
UNIX _ Nome de um Sistema Operacional
USP _ Universidade de São Paulo
___________________________________________________________________________
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO_________________________________________________________ 1
1.1 Objetivo __________________________________________________________________ 2
1.2 Justificativa _______________________________________________________________ 2
1.3 Estrutura do trabalho _______________________________________________________ 5
2 O TRANSPORTE E A CIDADE ____________________________________________ 8
2.1 O Transporte como indutor do surgimento das cidades _________________________ 8
2.2 Importância do Transporte Coletivo __________________________________________ 9
2.3 Gestão e Operação do Transporte Coletivo ___________________________________ 11
3 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG_______________________ 12
3.1 Aplicações do SIG _________________________________________________________ 15
3.2 Sistemas de Informações Geográficas no Transporte __________________________ 16
3.3 SIG SPRING _____________________________________________________________ 18
4 BANCO DE DADOS ____________________________________________________ 22
4.1 Dado, Informação, Informação Geográfica e Sistemas de Informação ____________ 24
4.2 Do Dado à Informação Geográfica __________________________________________ 27
4.3 Banco de Dados Geográficos _______________________________________________ 29
4.4 Banco de Dados Georreferenciados em Transportes ___________________________ 31
4.5 Estrutura de Banco de Dados _______________________________________________ 34
4.5.1 Arquivos Flat_________________________________________________________________ 34
4.5.2 Estrutura Hierárquica__________________________________________________________ 34
4.5.3 Estrutura de Redes ____________________________________________________________ 36
4.5.4 Estrutura Relacional ___________________________________________________________ 37
4.5.5 Estrutura Orientada a Objetos___________________________________________________ 39
5 SISTEMA GERENCIADOR DE BANCO DE DADOS - SGDB_________________ 41
5.1 MySQL __________________________________________________________________ 43
5.2 Oracle ___________________________________________________________________ 43
5.3 Microsoft Access __________________________________________________________ 44
5.4 SGBD Relacionais e o SIG _________________________________________________ 44
5.5 SIG SPRING e o SGBDR Access ____________________________________________ 45
6 MODELAGEM DOS DADOS _____________________________________________ 47
6.1 Modelo de Dados _________________________________________________________ 48
6.2 Modelo de Dados Conceituais ______________________________________________ 54
6.2.1 Modelo de dados Semânticos ___________________________________________________ 57
6.2.1.1 Modelo Entidade-Relacionamento ____________________________________________ 59
___________________________________________________________________________
6.2.2 Modelagem Orientada a Objetos ________________________________________________ 62
6.3 Modelo de Dados Geográficos______________________________________________ 66
6.4 Modelo OMT-G___________________________________________________________ 69
7 MÉTODO _____________________________________________________________ 74
7.1 Descrição dos níveis de abstração ___________________________________________ 74
7.1.1 Nível do Mundo Real __________________________________________________________ 74
7.1.2 Nível Conceitual ______________________________________________________________ 76
7.1.3 Nível de Representação ________________________________________________________ 77
7.1.4 Nível de Implementação _______________________________________________________ 77
8 APLICAÇÃO DO MÉTODO _____________________________________________ 79
8.1 Transporte coletivo no município de Bauru – objeto de estudo _________________ 79
8.1.1 Caracterização da cidade_______________________________________________________ 79
8.1.2 Histórico e Legislação _________________________________________________________ 79
8.1.3 Importância __________________________________________________________________ 81
8.1.4 Gestão e Operação ____________________________________________________________ 81
8.2 Método Proposto: aplicação para o caso da cidade de Bauru ____________________ 83
8.2.1 Nível do Mundo Real _________________________________________________________ 83
8.2.2 Nível Conceitual______________________________________________________________ 86
8.2.3 Nível de Representação________________________________________________________ 89
8.2.4 Nível de Implementação_______________________________________________________ 96
9 CONCLUSÕES _______________________________________________________ 107
10 REFERÊNCIAS ______________________________________________________ 109
ANEXOS _______________________________________________________________ 116
___________________________________________________________________________
1
1 INTRODUÇÃO
Para um governo municipal desempenhar uma administração eficiente
é necessário compreender a complexidade e o volume dos dados envolvidos nas
atividades distintas, e para isso é necessário que possua um banco de dados bem
definido e estruturado, com o propósito de ser mantido, acessado e recuperado de
forma segura, rápida e confiável.
O uso de Sistema de Informações Geográficas (SIG) torna possível o
armazenamento, manipulação e análise das informações provenientes de diferentes
fontes de informação, em uma única base integrada de dados (CÂMARA et al., 1996),
proporcionando ao administrador obter uma visão holística do mundo real.
Por este motivo, o SIG, está se tornando uma ferramenta indispensável
para a administração pública, a auxiliar suas diversas empresas, a gerenciar suas
tarefas mais eficientemente, possibilitando a associação de informações quantitativas
e espaciais.
O uso do SIG no Transporte Coletivo pode auxiliar a administração a
acompanhar a sua dinâmica, permitindo estabelecer uma integração dos dados
gráficos contidos no mapa digital da cidade, com os dados não gráficos contidos no
banco de dados.
Segundo DAVIS Jr. & BORGES (1994), o sucesso da implementação de
um SIG é dependente da qualidade da transposição de entidades do mundo real para
uma base de dados informatizada. Essa transposição é obtida através da modelagem
de dados que, de acordo com BORGES (1997), é de fundamental importância para a
correta representação da realidade nas aplicações geográficas.
Paralelamente, a literatura que trata sobre SIG em Transporte Coletivo,
não tem abordado o conseqüente desenvolvimento da modelagem de banco de
dados.
___________________________________________________________________________
2
1.1 Objetivo
Este trabalho de pesquisa propõe desenvolver um modelo conceitual de
um banco de dados georreferenciados aberto para ser utilizado em administrações
municipais de médio e pequeno porte, no desenvolvimento, implantação,
manutenção e controle dos dados para subsidiar a gestão dos serviços de transporte
coletivo urbano por ônibus. A aplicação do modelo conceitual desenvolvido será
realizada em um projeto piloto, considerando os dados obtidos em uma cidade de
médio porte, Bauru.
1.2 Justificativa
Com a evolução dos centros urbanos e o aumento do número de objetos
geográficos dispostos nas vias das cidades e a necessidade de constante atualização
de seus cadastros, em sua maioria realizada ainda de forma analógica, as
informações, fornecidas pelos distintos órgãos pertencentes à administração pública,
se tornam geralmente redundantes, imprecisas e até mesmo equivocadas,
dificultando a representação das mesmas.
Esses órgãos da administração pública desenvolvem atividades de
especialidades distintas, porém fortemente interligadas. Essas atividades devem ser
realizadas de forma eficiente, e para isso é necessário o conhecimento e compreensão
da correlação existente, entre o grande volume de informações que os mesmos
possuem.
No entanto, verifica-se, em algumas administrações, uma grande
carência e ineficácia na estruturação e comunicação de sua base de dados, que pode
ocorrer, tanto nos órgãos internos como externos da administração municipal,
culminando, muitas vezes, em ações imprecisas por parte dos agentes executivos
governamentais.
A administração do transporte coletivo também necessita acompanhar
a dinâmica do município, pois à medida que a cidade cresce, os serviços de
transporte coletivo necessitam ser alterados, pois os pólos geradores de demanda de
___________________________________________________________________________
3
transporte deixam de se localizar somente no centro da cidade devido, tanto à
expansão do território ocupado pela área urbana, como também às mudanças nos
padrões de uso do solo, fazendo surgir novas necessidades de transporte.
Pode-se observar a dificuldade encontrada, no que se refere à gestão e
operação do transporte coletivo no município de Bauru, quando se trata de obter
informações referentes ao itinerário dos ônibus ou características do ponto de parada,
dentre outros, onde a atualização dos cadastros é realizada de forma analógica,
através de controles manuais.
Fica evidente a necessidade da administração de controlar e interpretar
os dados referentes ao transporte coletivo, e de mantê-los em uma base estruturada,
integrada e compartilhada, tornando-os de fácil acesso, viabilizando consultas,
relatórios e informações rápidas que possam atender às necessidades existentes
acompanhando a dinâmica da gestão e operação do transporte coletivo urbano.
Para atender às necessidades existentes, acompanhando as constantes
alterações da operação do transporte coletivo, é fundamental que a administração
pública possua um banco de dados bem definido e estruturado. O uso de uma
ferramenta SIG juntamente com Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGDB)
auxiliará a gestão pública a acompanhar essa dinâmica, ajudando a administrar e a
interpretar os dados de forma eficiente, facilitando o acesso, viabilizando consultas,
relatórios e informações rápidas, proporcionando os resultados esperados e
promovendo qualidade de vida aos seus clientes.
O SIG propicia o domínio sobre o espaço geográfico da área de gestão,
bem como dados de suas características, também possibilita a integração desejável
entre empresas e diretorias e a devida atualização e precisão na estruturação de um
banco de dados integrado, o qual pode ser utilizado por toda administração pública,
acima de qualquer disposição física e hierárquica que os órgãos envolvidos possam
ter. Segundo CÂMARA et al. (1996), a utilização de SIGs facilita a integração de
dados coletados de fontes heterogêneas, de forma transparente ao usuário final.
O uso de uma ferramenta SIG pode representar uma redução nos custos
dos processos de atualização e substituição de mapas e documentos em papel,
___________________________________________________________________________
4
gerados a partir de estratégias convencionais, pois através de um SIG, os produtos
gerados podem ser editados, atualizados, impressos e duplicados muito mais rápida
e facilmente do que os gerados de forma tradicional, que normalmente implicam em
um dispêndio de tempo e de trabalho manual cuidadoso para atingir o mesmo grau
de precisão.
Segundo RAIA Jr. (2000), “Sistemas de Informações Geográficas são,
portanto, ferramentas de extrema importância nas atividades de planejamento
urbano e de transportes, proporcionando condições mais satisfatórias de
visualização, entendimento, compreensão e tomada de decisões”.
O SIG deve contribuir para a dinamização das rotinas do setor de
transporte e melhorar significativamente a atividade de planejamento urbano,
permitindo uma avaliação mais precisa do desempenho da rede de transporte
coletivo, fornecendo suporte ao gerente na tomada de decisão.
RODRIGUES (1997) afirma que “O mal crônico de projetos SIG é o
descaso pela modelagem dos dados”, e que para a implantação de um SIG deve-se
realizar a modelagem dos dados prévia e adequadamente.
Na literatura, grande parte dos trabalhos desenvolvidos em transporte
coletivo e SIG não se preocuparam com a modelagem dos dados, como é o exemplo
de NASSI et al. (1994), SIQUEIRA & CASSUNDÉ (1994), DANTAS et al. (1997),
PRADO et al. (2005) e HENRIQUE & LOUREIRO (2005), dentre outros.
Os bancos de dados gerados sem planejamento, trazem consigo a
probabilidade de problemas futuros na implantação e manutenção do sistema,
quando se trata de ampliações e conseqüentes implementações, dificultando sua
expansão e integração com os demais aplicativos.
O sucesso da implementação de um SIG depende da qualidade da
abstração de entidades do mundo real e suas interações para uma base de dados
informatizada. Essa abstração do mundo real é representada através da modelagem
de dados (DAVIS Jr. & BORGES, 1994).
___________________________________________________________________________
5
O propósito da modelagem do banco de dados é definir a forma de
armazenamento dos dados espaciais e respectivos atributos em um banco de dados,
de forma organizada, estabelecendo relacionamento entre eles, e evitando
ambigüidade ou inconsistências, a fim de permitir a atualização simplificada e
permanente, sistematizando o entendimento desenvolvido a respeito dos objetos e
fenômenos do mundo real.
Um banco de dados bem modelado torna mais ágil a operacionalização
dos aplicativos; facilita sua implantação, bem como, sua expansão, se necessário;
permite acesso conveniente aos dados desejados e sua integração com bancos de
dados implementados para outras aplicações; traz segurança, rapidez no acesso,
fornece confiabilidade às informações obtidas e maior qualidade aos projetos
desenvolvidos.
A aplicação da modelagem desenvolvida no presente trabalho será
realizada em nível de projeto piloto na cidade de Bauru, utilizando a ferramenta SIG
SPRING, que é um software de domínio público que atende ás necessidades de base
de dados integrada e trabalha, dentre outros, com o gerenciador de banco de dados
relacional Access. Este software é considerado também de fácil aquisição,
dispensando grandes investimentos por parte da administração pública para
obtenção de informações georreferenciadas referentes ao transporte coletivo.
Estes aspectos, aliados às exigências cada vez maiores de passageiros
quanto à necessidade de maiores informações sobre a atuação do transporte coletivo
urbano, servem de estímulo para a modelagem de um banco de dados para fins de
SIG, que poderá servir de exemplo e incentivo às demais administrações públicas.
1.3 Estrutura do trabalho
Para atender os objetivos propostos neste trabalho, a dissertação
estrutura-se em 10 capítulos e um anexo.
No Capítulo 1 - Introdução, apresenta-se uma visão geral da
dissertação. Através deste capítulo torna-se possível situar o problema em questão,
___________________________________________________________________________
6
demonstrando em seguida os objetivos que se desejam alcançar, a justificativa e
motivação para o desenvolvimento da pesquisa.
No Capítulo 2 - O Transporte e a Cidade, encontra-se a revisão
bibliográfica sobre a importância, gestão e a operação do Transporte Coletivo.
No Capítulo 3 – Sistema de Informações Geográficas, descreve-se sobre
suas diversas aplicações e a importância do uso do SIG no Transporte Coletivo,
destacando-se também as vantagens do uso da tecnologia SIG SPRING.
No Capítulo 4 – Banco de Dados, aborda-se os tipos de estruturas de
banco de dados, banco de dados geográficos e alguns trabalhos existentes na
literatura referentes a banco de dados geográficos em transportes.
No Capítulo 5 – Sistema Gerenciador de Banco de Dados, descreve-se
alguns tipos de Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SGBDs) e fundamenta-
se o uso do SIG SPRING baseado no banco de dados relacional Access.
No Capítulo 6 – Modelagem dos Dados, encontra-se a revisão
bibliográfica que fundamenta o desenvolvimento da modelagem. Descreve-se os
modelos de dados e suas particularidades, e os níveis de abstrações utilizados em
aplicações urbanas.
No Capítulo 7 – Método, apresenta-se as etapas da metodologia
utilizada para a construção do modelo de dados.
No Capítulo 8 – Aplicação do Método, detalha-se as características do
objeto de estudo, apresenta-se o Modelo Conceitual de Dados para Transporte
Coletivo utilizando a metodologia descrita no capítulo anterior e a aplicação do
modelo desenvolvido em um projeto piloto.
No Capítulo 9 – Conclusões, apresenta-se as conclusões obtidas com o
desenvolvimento do trabalho.
No Capítulo 10 - Referências, relaciona-se as referências bibliográficas
das literaturas utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa.
___________________________________________________________________________
7
No Anexo consta a descrição dos atributos das classes referentes ao
Transporte Coletivo demonstradas na modelagem.
___________________________________________________________________________
8
2 O TRANSPORTE E A CIDADE
2.1 O Transporte como indutor do surgimento das cidades
A história do desenvolvimento urbano está diretamente relacionada à
evolução dos meios de transporte. Os meios de transporte disponíveis exerceram
grande influência na localização, no tamanho e nas características das cidades, bem
como nos hábitos da população (FERRAZ & TORRES, 2004).
As rotas de transporte sempre tiveram grande influência na localização
das cidades, pois a facilidade de comunicação é fator determinante na qualidade de
vida e no progresso dos aglomerados humanos. O uso do solo urbano sofreu a
influência do tipo de transporte, pois quando o transporte era feito a pé ou utilizando
animais, as cidades eram compactas e bastante densas, devido à impossibilidade do
deslocamento confortável em distâncias maiores (FERRAZ, 1998a).
Segundo FERRAZ & TORRES (2004), outros dois fatores que
condicionavam o tamanho das cidades no passado eram a capacidade de obtenção de
suprimentos e a distância máxima que as pessoas podiam vencer a pé para trabalhar
e realizar outras atividades inerentes à vida urbana.
O desenvolvimento dos outros meios de transporte (ferroviário,
inicialmente, e depois rodoviário e aéreo) é que, em grande proporção, contribuiu
para o surgimento das cidades situadas distantes da rotas navegáveis importantes.
Quando o bonde era o meio de transporte preponderante, as cidades
cresciam ao longo de suas linhas, pois maior facilidade de acesso é sinônimo de
melhor qualidade de vida. Conforme evoluíam os meios de transporte, aumentava a
possibilidade de crescimento das cidades devido à facilidade de se trocar
informações e produtos com outras localidades (FERRAZ, 1998a).
___________________________________________________________________________
9
Com o surgimento dos ônibus e dos automóveis as cidades puderam
crescer ainda muito mais, com uma densidade mais uniforme, provocando
mudanças na forma de ocupação e uso do solo.
FERRAZ (1998a) afirma que “se é verdade que o tamanho e o uso do
solo nas cidades é fortemente influenciado pelos meios de transporte disponíveis,
também vale a recíproca: o tamanho e o uso do solo urbano determinam o modo de
locomoção”, visto o que acontece com as cidades pequenas em que a locomoção é
feita quase que exclusivamente a pé.
2.2 Importância do Transporte Coletivo
Considerando-se que cerca de 80% da população brasileira vive nas
cidades, pode-se avaliar a importância do equacionamento adequado da questão do
transporte urbano no mundo, pois a qualidade desse transporte afeta a qualidade de
vida da grande maioria da população (FERRAZ, 1999).
É importante lembrar que existem 200 milhões de deslocamentos por
dia nas cidades brasileiras, onde 44% das viagens correspondem ao transporte não
motorizado e 56% correspondem a viagens realizadas por meios motorizados
(ANTP, 2002).
Da fatia de deslocamentos pertencente às viagens motorizadas, o
transporte público é responsável por cerca de 60% das viagens. Das viagens
motorizadas pertencentes ao transporte público, os ônibus são responsáveis por
efetuar 94% dos deslocamentos, enquanto que metrôs e trens transportam apenas
cerca de 5%, deixando o restante para barcas (ANTP, 2002).
As cidades, com o seu crescimento desordenado e com o espraiamento
dos locais de trabalho, moradia, escola, lazer e demais atividades, induzem as
pessoas a constantes movimentos, de um lado para outro dentro do tecido urbano,
utilizando-se das vias e do sistema de transporte, fazendo com que o transporte
urbano nas cidades brasileiras torne-se cada vez mais importante (GEIPOT, 1996).
___________________________________________________________________________
10
Segundo FERRAZ, RAIA Jr., KFOURI (1998), o transporte público
coletivo é um serviço essencial nas cidades, principalmente tendo em vista o seu
aspecto social e democrático, uma vez que o transporte público representa o único
modo motorizado seguro e cômodo acessível às pessoas de baixa renda.
É que o transporte público democratiza a mobilidade, na medida em
que facilita a locomoção daqueles que não podem dirigir (crianças, adolescentes,
idosos, deficientes, doentes, etc.), preferem não dirigir ou não possuem automóvel.
O transporte coletivo urbano também tem a função de proporcionar
uma alternativa de transporte em substituição ao automóvel, visando à melhoria da
qualidade de vida da comunidade mediante a redução da poluição ambiental,
congestionamentos, acidentes de trânsito, necessidade de investimentos em obras
viárias caras, consumo desordenado de energia, dentre outros, permitindo a alocação
de recursos em setores de maior relevância social e uma utilização mais racional e
humana do solo urbano (FERRAZ, RAIA Jr., KFOURI, 1998).
Segundo FERRAZ & TORRES (2004), o transporte urbano é tão
importante para a qualidade de vida da população, quanto os serviços de
abastecimento de água, coleta de esgoto, fornecimento de energia elétrica, iluminação
pública, etc.
E ainda que, o transporte público urbano é imprescindível para a
vitalidade econômica, a justiça social, a qualidade de vida e a eficiência das cidades
modernas, pois tanto as atividades econômicas como as atividades sociais da maioria
das cidades dependem do transporte público, ou por necessidade ou por preferência
(FERRAZ & TORRES, 2004).
Para FERRAZ (1998b), “o reconhecimento da importância econômica e
social do transporte público urbano tem levado inúmeras cidades a adotar medidas
de priorização dos veículos de transporte coletivo no sistema viário”.
___________________________________________________________________________
11
2.3 Gestão e Operação do Transporte Coletivo
Para ANTP (1997), “a gestão do transporte público corresponde às
atividades de monitoramento do desempenho e controle da operação. Essas
atividades são essenciais, pois o Poder Público, tendo a responsabilidade de garantir
a provisão adequada do transporte público, é responsável também pela aferição da
sua qualidade”.
A gestão torna-se cada vez mais necessária, tendo em vista o intenso
processo de urbanização do país e de ampliação de seus sistemas de transporte
urbano (ANTP, 1997).
Segundo FERRAZ & TORRES (2004), o transporte coletivo tem grande
influência na qualidade de vida, na justiça social, na ocupação e uso do solo, nas
atividades comerciais e na eficiência econômica das cidades, devendo, portanto, ser
tratado em conjunto com o planejamento geral dos núcleos urbanos.
“Assim, as atividades de planejamento e gestão são vitais para
garantir a qualidade e a eficiência do serviço de transporte público
urbano, bem como o menor impacto negativo possível sobre o meio
ambiente e o trânsito, a ocupação e o uso racional do solo, a fixação
de valores justos para as tarifas: nem elevados, que prejudicam os
usuários, nem baixos, que prejudicam a qualidade e a sustentabilidade
econômica do sistema, etc.” (FERRAZ & TORRES, 2004).
___________________________________________________________________________
12
3 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG
Sistema de Informações Geográficas (SIG) é uma tecnologia emergente
e dinâmica que tem evoluído ao longo dos anos. Por esse motivo, as definições tanto
para geoprocessamento quanto para SIG, ainda não estão consolidadas. Essas
definições têm sofrido alterações devido às diferentes visões de seus pesquisadores e
à diversidade de aplicações às quais elas se destinam. É uma tecnologia
multidisciplinar, envolvendo as áreas de informática, engenharia, geografia,
cartografia, ciências ambientais, entre outras, a qual tem adquirido um crescente
progresso em função da evolução do conhecimento humano e a necessidade de se
representar o mundo real.
Segundo BURROUGH (1989), o SIG pode ser definido como um
conjunto poderoso de ferramentas para coletar, armazenar, manipular e visualizar
dados sobre o mundo real e é capaz de gerenciar dados geográficos, ou seja, dados
que descrevem entes do mundo real em termos de sua posição (em relação a um
sistema de referência espacial), geometria, relacionamentos espaciais (relações
topológicas) e atributos.
Um SIG armazena a geometria e os atributos dos dados, que estão
georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre numa projeção
cartográfica. Os dados tratados em geoprocessamento têm como principal
característica a diversidade de fontes geradoras e de formatos apresentados.
O requisito de armazenar a geometria dos objetos geográficos e de seus
atributos representa uma dualidade básica para um SIG. Para cada objeto geográfico,
o SIG necessita armazenar seus atributos e as várias representações gráficas
associadas.
Dois fatores significativos influem na descrição do SIG: sua aplicação
em diversas áreas e a consistência do conjunto de ferramentas que os profissionais
___________________________________________________________________________
13
destas áreas usam para implementar seus trabalhos, aumentando a eficiência e a
eficácia na geração de informações gráficas e descritivas (HUXHOLD, 1991).
“Em função desta amplitude de perfis de usuários, tipos de dados e
necessidades das aplicações, o SIG também precisa prover aos usuários e projetistas
de aplicações um conjunto adequado de funções de análise e manipulações dos
dados geográficos” (CÂMARA et al., 1996).
A informática é a ferramenta que auxilia nas diversas etapas de
concepção, armazenamento, apresentação, manutenção e consulta de dados
espaciais, reduzindo custos, esforços e tempo envolvidos nestes processos,
principalmente quando se refere ao grande volume de dados.
Para ANTENUCCI et al. (1991), os Sistemas de Informações Geográficas
surgiram da necessidade de integração de três aspectos distintos da tecnologia
computacional: gerenciamento do banco de dados (dados gráficos e não gráficos);
rotinas para manipulação, visualização e apresentação da representação gráfica dos
dados; e algoritmos e técnicas que facilitaram as análises espaciais, conforme
ilustrado na figura 1.
Atualmente, o SIG representa o resultado de mais de três décadas de
pesquisa e desenvolvimento científico e as inúmeras inovações tecnológicas têm
aumentado rapidamente sua taxa de adoção, após muitos anos de lento crescimento.
Gerenciador de Banco
de Dados
Capacidades
Gráficas
Figura 1 – Integração dos aspectos da tecnologia computacional
Fonte: ANTENUCCI
(
1991
)
Ferramentas de
Análise Espacial
___________________________________________________________________________
14
FERRARI (1997) afirma que um Sistema de informação Geográfica é
considerado uma ferramenta de trabalho, um meio, e possui a finalidade de
viabilizar projetos e facilitar o trabalho, provendo subsídios a tomada de decisões.
Para CÂMARA et al. (1996), Sistemas de Informações Geográficas são
sistemas automatizados usados para armazenar, analisar, manipular dados
geográficos, ou seja, dados que representam objetos e fenômenos em que a
localização geográfica é uma característica inerente à informação indispensável para
analisá-la.
PAREDES (1994) ressalta que os SIGs significam muito mais que uma
simples codificação, armazenamento e recuperação de dados espaciais. Geralmente,
estes dados representam um modelo do mundo real, que permite realizar simulações
com situações específicas, alguns dos quais não seriam possíveis no modelo real. Por
isso é importante a capacidade de realidade e de transformação permitida pelos
Sistemas de Informações Geográficas.
SIG é uma ferramenta gráfica e geográfica que permite associar dados
quantitativos e espaciais de diversas áreas em uma única base, a fim de produzir
novas informações passíveis de atualização e rápida interpretação.
Com a utilização desta ferramenta, os atributos são conectados a um
mapa ou elemento gráfico através de um identificador comum, os geocódigos,
identificadores geográficos que são índices espaciais com coordenadas que
identificam pontos, linhas ou áreas, isto é, localizam automaticamente endereços.
O SIG tem demonstrado ser uma ferramenta de integração dos dados
gráficos, contidos no mapa digitalizado da cidade, com o banco de dados que contém
os atributos do objeto espacial, facilitando sobremaneira as atividades de
planejamento, projeto, operação e monitoração da base de dados com a rapidez
necessária.
PAREDES (1994) afirma que o potencial do SIG está na união da
informação espacial com a descritiva e em manter o relacionamento entre as
entidades do mapa.
___________________________________________________________________________
15
3.1 Aplicações do SIG
Segundo CÂMARA et al. (1996), “O domínio de aplicações em SIG está
se ampliando cada vez mais, acompanhando a evolução dos dispositivos de coleta e
as facilidades computacionais em geral. Um fenômeno geográfico pode ser analisado
de diferentes precisões dependendo do objetivo da aplicação. Assim sendo, um
mesmo conjunto de dados armazenados poderá ter tratamentos distintos”.
Devido à abrangência dos Sistemas de Informações Geográficas, suas
aplicações podem ser encontradas em diversos setores. Na literatura, encontra-se
aplicações nas áreas de educação, saúde, transportes, tráfego, segurança pública,
tributação, infra-estrutura urbana, planejamento, ambiental, socioeconômica, e
também as aplicações realizadas pelas prestadoras de serviços, como as referentes às
redes de energia elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário e
telecomunicações, dentre outras.
MAGUIRE et al. (1991) classificam as aplicações em: socioeconômicas,
referentes ao uso da terra, ocupação humana e atividades econômicas; ambientais,
enfocando o meio ambiente e o uso de recursos naturais, como informações de solos,
mudanças globais do clima, da fauna, flora e recursos naturais; e de gerenciamento,
envolvendo a realização de estudos e projeções que determinam onde e como alocar
recursos para remediar problemas ou garantir a preservação de determinadas
características, como planejamento de tráfego e transporte urbano, planejamento e
controle das obras públicas e planejamento da defesa civil.
A natureza de uma aplicação poderá permitir sua classificação
aplicando-se uma determinada escala, como para as aplicações socioeconômicas, que
são geralmente voltadas para grandes escalas (1:200 a 1:20.000), ocupam-se de
problemas pontuais; já as aplicações ambientais, que são em geral relacionadas a
problemas em escalas menores (1:20.000 ou em menores), tratam de problemas
regionais resultando em conseqüente perda de precisão de medida. Em alguns
casos, torna-se difícil determinar a classe de uma aplicação, indefinindo
conseqüentemente a escala a ser utilizada (CÂMARA et al., 1996).
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16
As regras de escalas, das fontes e das precisões dos dados devem ser
observadas, porém devem ser analisadas conforme o grau de estudo e as
necessidades em questão, pois a escala a ser adotada deverá possibilitar a visão
global da área e permitir integrar e relacionar dados de diferentes naturezas para
estudar a área como um todo.
As definições de SIG refletem, em suas diversas abordagens, a
multiplicidade de usos e visões possíveis desta tecnologia e apontam para uma
perspectiva interdisciplinar de sua utilização. A partir destes conceitos, é possível
indicar duas importantes características de SIG: primeiro a possibilidade de
integração em uma única base de dados, de informações geográficas provenientes de
fontes diversas, e segundo, o SIG oferece mecanismos para recuperar, manipular e
visualizar dados, através de algoritmos de manipulação e análise (CÂMARA, et al.,
1996).
3.2 Sistemas de Informações Geográficas no Transporte
Segundo ANTENUCCI et al. (1991), um dos primeiros projetos que
vinculou os resultados de análises com mapas, de forma a facilitar a sua
compreensão (praticamente uma versão preliminar dos atuais SIG), foi justamente
um trabalho na área de transportes, desenvolvido em Detroit - USA, em 1955.
Naquele projeto foi desenvolvida uma saída gráfica para o programa de computador,
através da qual, os fluxos resultantes das análises eram representados por linhas de
diferentes espessuras.
Os Sistemas de Informações Geográficas permitem manusear, atualizar,
alterar, ou acrescentar outras informações, ou ainda trabalhar com parte dos dados,
em função do problema em questão. Isso parece funcionar muito bem para as
informações tipicamente necessárias para alimentar modelos de transportes, que
segundo KAGAN et al. (1992) são:
___________________________________________________________________________
17
Dados socioeconômicos e demográficos de população
(habitantes, empregos, renda, produção industrial e agrícola
etc.);
Dados sobre características de uso e ocupação de solo;
Dados descrevendo a oferta de transportes;
Dados sobre a demanda por transporte.
Tanto os métodos tradicionais como os Sistemas de Informação
Geográfica conjugados a esses modelos permitem gerar alternativas para a solução
de problemas de transportes, simulando inclusive o comportamento do tráfego.
ZUPPO et al. (1996) afirmam que o SIG tem demonstrado ser uma
ferramenta de integração de banco de dados informatizados e de visualização de
informações, facilitando sobremaneira as atividades de planejamento, projeto,
operação e monitoração dos sistemas de transporte e trânsito.
Dentre as vantagens da utilização do SIG no transporte tem-se:
A integridade e confiabilidade dos dados;
A facilidade de realização de consulta a um banco de dados
georreferenciados;
A simplicidade do traçado do transporte coletivo;
A visualização dos dados referentes aos objetos geográficos
inseridos em escalas diferentes;
A centralização dos dados referentes a um mesmo objeto ou área;
A geração de cópias em diferentes escalas para a divulgação do
material sob a forma de relatórios;
A apresentação digital dos mapas atualizados, de qualquer área
e em qualquer escala.
Assim, o emprego do SIG no transporte coletivo visa aumentar a
produtividade em termos quantitativos e qualitativos, influindo na redução dos
___________________________________________________________________________
18
custos dos processos de atualização, na agilidade da criação de mapas temáticos, na
rápida atualização do banco de dados e na melhoria da qualidade do serviço
prestado, proporcionando o aumento da qualidade de vida do cidadão.
Segundo RAIA Jr. (2002), “a principal vantagem dos SIGs em relação
aos métodos tradicionais é a rapidez e a flexibilidade, pois a utilização de um sistema
automatizado oferece ao planejador e operador, administrador público ou
engenheiro de transportes, novos conceitos para a representação gráfica e
manipulação dos dados”.
Nos últimos anos, é crescente o uso de SIG em questões de transportes,
não só no âmbito acadêmico, como também em órgãos e empresas públicas (RAIA
Jr., 2002).
3.3 SIG SPRING
A tecnologia SIG adotada na elaboração deste trabalho é o SPRING -
Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas. O SPRING é um SIG
no estado-da-arte com funções de processamento de imagens, análise espacial,
modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais,
desenvolvido e atualizado pela equipe da Divisão de Processamento de Imagens
(DPI) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2002).
O modelo de dados do SIG SPRING está baseado no paradigma de
orientação a objetos e visa a integração e análise de diferentes tipos de dados
espaciais e a facilidade de uso do sistema (INPE, 2004b).
Algumas das características principais deste sistema segundo INPE
(2004b), são:
Opera como um banco de dados geográficos sem fronteiras e
suporta grande volume de dados sem limitações de escala,
projeção e fuso, mantendo a identidade dos objetos geográficos
ao longo de todo o banco;
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19
Administra tanto dados vetoriais como dados matriciais (raster)
e realiza a integração de dados de Sensoriamento Remoto num
Sistema de Informações Geográficas. Aprimora a integração de
dados geográficos com a introdução explícita do conceito de
objetos geográficos (entidades individuais), de mapas cadastrais,
mapas de redes e campos;
Provê um ambiente de trabalho amigável e poderoso, através da
combinação de menus e janelas com uma linguagem espacial
programável pelo usuário (LEGAL – Linguagem Espaço-
Geográfica baseado em Álgebra), fornecendo ao usuário um
ambiente interativo para visualizar, manipular e editar imagens
e dados geográficos;
Consegue escalonabilidade completa, isto é, é capaz de operar
com toda sua funcionalidade em ambientes variando de
microcomputadores a estações de trabalho RISC de alto
desempenho;
Adaptado à complexidade dos problemas ambientais, que
requerem uma forte capacidade de integração de dados entre
imagens de satélite, mapas temáticos, cadastrais, redes e modelos
numéricos de terreno.
Uma outra característica de suma importância é que o banco de dados é
único, isto é, a estrutura de dados é a mesma quando o usuário trabalha em um
computador pessoal (IBM-PC) ou em um computador denominado de estação de
trabalho (Workstation), não havendo necessidade alguma de conversão de dados. O
mesmo ocorre com a interface, a qual é exatamente a mesma em ambas as
plataformas, de maneira que não existe diferença no modo de operar o produto
SPRING.
Um banco de dados geográficos é composto de planos de informação,
de objetos geográficos, e de informações não espaciais. Os planos de informação
podem representar informações contínuas no espaço (campos), ou os objetos
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20
geográficos individuais (discretos) e tratam os seguintes tipos de dados (INPE,
2004b):
Mapas temáticos: cada informação representa um tema ou classe
de informação;
Mapas cadastrais ou mapas de objetos: ao contrário de um mapa
temático, cada elemento é um objeto geográfico, que possui
atributos e que pode estar associado a várias representações
gráficas;
Mapas de redes: correspondem a mapas cadastrais, com a
diferença de que geralmente os objetos são representados por
elementos lineares ou pontuais. As representações pontuais
devem estar localizadas em pontos de intersecção de linhas na
rede;
Modelo numérico de terreno (ou MNT): denota a representação
de uma grandeza que varia continuamente no espaço.
Comumente associados à altimetria, podem ser utilizados para
modelar outros fenômenos de variação contínua;
Imagens: representam dados de sensoriamento remoto ou
fotografias aéreas digitais.
O SPRING não é simplesmente um sistema computacional projetado
para fazer mapas. Embora ele possa criar mapas em diferentes escalas e projeções e
com diferentes cores, ele é principalmente uma ferramenta de análise que auxilia na
tomada de decisões.
O sistema armazena e recupera dados geográficos em suas diferentes
geometrias, bem como as informações descritivas (atributos não espaciais), as quais
são armazenadas em tabelas do Sistema Gerenciador de Banco de Dados.
Para alcançar esses objetivos, o SPRING é baseado num modelo de
dados, do qual são derivadas sua interface de menus e a linguagem espacial LEGAL.
Algoritmos inovadores, como os utilizados para, indexação espacial segmentação de
___________________________________________________________________________
21
imagens e geração de grades triangulares, garantem o desempenho adequado para as
mais variadas aplicações.
Baseados nessas características, o SPRING tem se mostrado uma opção
altamente atrativa na área de geoprocessamento, pois é um software de domínio
público, podendo ser adquirido pela internet (INPE, 2004a).
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22
4 BANCO DE DADOS
Um banco de dados é um permanente repositório auto-descritivo de
dados armazenados em um ou mais arquivos. Um banco de dados contém as
estruturas de dados ou esquemas (descrição de dados), bem como os próprios dados
(BLAHA & PREMERLANI, 1998).
Trata-se de um acervo de informações armazenadas conforme
determinados critérios de organização (KERN, 1994); é um conjunto de informações
relacionadas entre si, sobre um determinado assunto ou entidade que é armazenado
em meio magnético.
MARTIN (1994) afirma que um banco de dados tradicional armazena
dados de forma independente dos processos e proporciona uma interface com o
aplicativo, livre das questões de implementações.
Um banco de dados é uma coleção organizada de elementos de dados
inter-relacionados que podem ser acessados de maneira compartilhada por
aplicações e/ou usuários (ELMASRI & NAVATHE, 1994).
Deve ficar claro que qualquer sistema de computação, por mais simples
que seja, precisa armazenar dados de forma organizada e estruturada. Os dados não
se encontram isolados uns dos outros, existe uma ampla gama de dados que se
referem aos relacionamentos existentes entre os mesmos, que passam pelos processos
de recuperação, manipulação, análise e, novamente a armazenagem dos mesmos.
CAMARGO (1997) descreve algumas vantagens na utilização de
sistema de armazenamento e recuperação de dados informatizados sobre sistemas
convencionais:
___________________________________________________________________________
23
Capacidade de manipulação de um volume de dados muito
maior, com eficiência;
Maior capacidade de garantir a qualidade dos dados
armazenados;
Capacidade de relacionar e integrar os dados de diferentes
fontes;
Maior rapidez e flexibilidade na recuperação dos dados;
Maior variedade nas formas de apresentação.
CHEN (1990) assegura que em muitas organizações o gerenciamento de
dados representa uma das atividades mais importantes, pois atualmente caminha-se
para uma sociedade cada vez mais orientada para a informação. Assim, a
determinação de como organizar os dados para maximizar sua utilidade torna-se um
problema de fundamental importância.
A tecnologia de banco de dados tem se desenvolvido no decorrer dos
anos e novas implementações têm se incorporado aos Sistemas Gerenciadores de
Banco de Dados (SGBDs) para aumentar a segurança e facilidade no seu uso
(RIBEIRO, 2003).
O objetivo de um sistema de banco de dados é simplificar e facilitar o
acesso aos dados, e o seu desempenho depende da eficiência das estruturas usadas
para a representação dos dados, e o quanto esse sistema está apto a operar as
estruturas de dados definidas (SILBERSCHATZ, KORTH, SUDARSAHN, 1999).
Para compreender as definições designadas a um Banco de Dados, faz-
se necessário explicitar alguns conceitos: dado, informação, informação geográfica e
sistemas de informação.
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24
4.1 Dado, Informação, Informação Geográfica e Sistemas de
Informação
Para PAREDES (1994), dado é um conjunto de fatos ou valores medidos,
sejam eles numéricos ou não, que não possuem significado próprio e que, informação
é o conjunto de dados organizados com significado direcionado a certa aplicação.
Dado espacial é qualquer tipo de dado que descreve fenômenos, aos
quais esteja associada alguma dimensão espacial. Dados geográficos ou
georreferenciados são dados espaciais em que a dimensão espacial está associada a sua
localização na superfície da terra, num determinado instante ou período de tempo
(CÂMARA et al., 1996).
Segundo PAREDES (1994), a informação é definida quando se atribui um
significado ao dado. Os dados coletados de diferentes fontes, quando agregados,
organizados e referenciados também constituem a informação de acordo com
Rosovelt, citado por PAREDES (1994).
Assim, a informação é o resultado obtido da lapidação dos dados. A
partir do momento em que os dados são organizados, manipulados e integrados para
uma finalidade específica, se obtêm a produção de novas informações.
Os dados sem a devida manipulação, na maioria dos casos, não são
elementos úteis para dar suporte à tomada de decisão ou planejamentos estratégicos.
Já, a informação torna-se elemento fundamental a esses processos (SILVA, 2000).
Segundo PAREDES (1994), informação geográfica é o conjunto de dados
(físicos e sociais), cujo significado possui associações ou relações com uma
localização específica.
OLIVEIRA (1996), afirma que sistema “é o conjunto de partes
interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com
determinado objetivo e efetuam determinada função”. O autor comenta que um
sistema possui alguns componentes básicos: objetivos, entradas, processo de
transformação, saídas, controles e avaliações e retroalimentação ou feedback (figura 2).
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25
Conforme apresentado na figura 2, os objetivos consistem em atender
às necessidades do usuário ou do próprio sistema. As entradas são os dados que
alimentarão o sistema e, através do processo de transformação, acontece a interação
entre os dados com o propósito de produzir as saídas desejadas – as entradas são
transformadas em produtos ou resultados, determinando as saídas do sistema. Essas
saídas correspondem às finalidades para as quais o sistema foi criado e devem estar
coerentes com os objetivos estabelecidos anteriormente.
O controle e avaliação existem para verificar se as saídas estão de
acordo com os objetivos estabelecidos. A retroalimentação é a reintrodução de uma
saída sob a forma de dados. É o instrumento de controle onde os dados
realimentados são resultantes das divergências observadas entre as respostas e os
parâmetros previamente estabelecidos. O principal objetivo desse controle é
minimizar discrepâncias e propiciar uma situação em que o sistema torne-se auto-
regulador (OLIVEIRA, 1996).
A função de um sistema de informação é transformar os dados em
informação e prove-la para o usuário, fornecendo-lhe subsídios na execução ou
PROCESSO DE
TRANSFORMAÇÃO
RETROALIMENTA
Ç
ÃO
ENTRADAS SAÍDAS
CONTROLE e
AVALIA
Ç
ÃO
OBJETIVO
Figura 2 – Componentes de um sistema
Fonte: OLIVEIRA (1996)
___________________________________________________________________________
26
adoção de decisões seja na pesquisa, no planejamento e no gerenciamento
(PAREDES, 1994).
Para DIAS (1991), a evolução do conceito de sistemas para o
gerenciamento do meio físico norteou-se pela seguinte seqüência: sistema tradicional,
utilizado até 1975; sistema de informática, ainda vigente, e Sistemas de Informações
Geográficas, a partir de 1985, seguindo o fundamento de que os SIGs tratam duas
grandes naturezas: a informação descritiva ou alfanumérica e a informação gráfica
ou geométrica, conforme ilustrado na figura 3.
O autor ainda comenta que sistema de informação significa o
agrupamento de rotinas que permite a entrada, armazenamento, processamento,
manutenção, análise e apresentação de informações, que deve auxiliar a
administração; tornando-a capacitada a alcançar seus objetivos pelo uso imparcial
dos recursos disponíveis, dentre eles, materiais, equipamentos, tecnologia, pessoas e
capital financeiro.
A eficiência em um sistema de informação consiste em permitir a sua
interação com todo o ambiente com o qual se relaciona utilizando a troca de
informações, a qual auxilia o processo de tomada de decisão, subsidiando o
gerenciamento de uma organização.
___________________________________________________________________________
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4.2 Do Dado à Informação Geográfica
O fluxo dos dados no processo de conversão de dados geográficos em
informações geográficas e a posterior utilização destas informações na geração de
ações de controle, este pode ser decomposto em várias etapas distintas, conforme
ilustrado na figura 4.
Fi
ura 3 – Evolução conceitual de Sistema para o
g
erenciamento do meio Físico
Fonte: DIAS (1991)
O GERENCIAMENTO DO MEIO FÍSICO DEPENDE DA MANIPULAÇÃO DE
DOIS GRANDES CONJUNTOS DE INFORMAÇÕES
FUNDAMENTO
SISTEMA CONCEITO CARACTERÍSTICA
SISTEMA
TRADICIONAL
(ATÉ 1975)
Conjunto organizado de
recursos humanos e
operacionais destinados à
obtenção de um resultado
1 – Excesso de atividades–
meio
2 – Modelos estáticos
3 – Informação rígida
=Lentidão, alto custo
e inflexibilidade
SISTEMA DE
INFORMÁTICA
(ATUAL)
Conjunto organizado de
recursos humanos e
computacionais destinados à
substituição do tratamento
manual da informação
descritiva
Conjunto organizado de
recursos humanos e
computacionais destinados à
substituição do tratamento
manual da informação
descritiva e
g
ráfica
1 – Informação em CPD
2 – Modelos estáticos
=Desempenho nos
ambientes
alfanuméricos
(
Ex. bancos
)
1 – Banco de dados
relacionais
2 – Modelos espaciais e
dinâmicos
=Desempenho na interação
humana com o meio-físico
SISTEMA DE
INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS
(A PARTIR DE
1985)
INFORMAÇÃO GEOMÉTRICA
OU GRÁFICA
1
MODELOS GEOMÉTRICOS
INFORMAÇÃO DESCRITIVA OU
ALFANUMÉRICA
2
BANCO DE DADOS
___________________________________________________________________________
28
Figura 4 - Ciclo de extração e utilização de informações
Fonte: ada
p
tada de ARONOFF
(
1989
)
___________________________________________________________________________
29
A primeira etapa compreende a aquisição dos dados através de várias
formas, imagens de satélites, fotos aéreas, equipamentos manuais em campo, etc., e
níveis de medidas, nominal, ordinal, intervalo e razão. O resultado desta etapa pode
ser uma grande massa de dados em diversos formatos, analógicos e digitais, e
possivelmente sem uma organização lógica.
A segunda etapa, considerada de grande importância, é a modelagem e
a integração destes dados em uma base comum. Os dados possuindo a característica
de localização espacial gerarão desta forma, um banco de dados geográficos em
formato digital.
A terceira etapa, que compreende a recuperação e a manipulação dos
dados disponíveis no banco, tem por objetivo a análise e extração de informações que
possam eventualmente estar implícitas nos dados. É nesta etapa que, com o auxílio
das ferramentas de manipulação de dados geográficos presentes nos SIGs, estes
dados são convertidos em informações geográficas.
A quarta etapa, consiste na utilização das novas informações
geográficas adquiridas, com o propósito de subsidiar os gerentes na tomada de
decisões quanto às ações de controle incidentes no mundo real.
4.3 Banco de Dados Geográficos
O armazenamento de dados de qualquer natureza é denominado de
banco de dados convencionais, o qual possui atributos que descrevem as
características convencionais do objeto. Denomina-se banco de dados geográficos ou
banco de dados para SIG, o banco de dados que possui, além dos atributos
convencionais, atributos geográficos que são as propriedades ou características
associadas com a localização na superfície da terra; são repositórios de fenômenos do
mundo real que são georreferenciados.
As feições do mundo real podem ser representadas nos sistemas de
informações geográficas através de planos de dados relacionados, os quais podem
ser divididos em dois grandes grupos. Um deles refere-se à forma e à posição das
___________________________________________________________________________
30
ocorrências presentes em um terreno e o outro descreve quantitativamente tais
ocorrências. O conjunto dessas informações compõe o banco de dados de um sistema
de informações geográficas (RÖHM, 2002).
CÂMARA et al. (1996) definem banco de dados geográficos como um
acervo da informação coletada empiricamente sobre os fenômenos do mundo real. A
criação de um banco de dados geográficos exige várias etapas: coleta dos dados
relativos aos fenômenos de interesse identificados na modelagem, correção dos
dados coletados, e georreferenciamento desses dados.
Segundo INPE (2004a), o aspecto mais fundamental dos dados tratados
em um SIG é a natureza dual da informação: um dado geográfico que possui uma
localização geográfica (expressa como coordenadas em um mapa) e dados descritivos
(que podem ser representados num banco de dados convencional).
HUXHOLD (1991) afirma que um banco de dados compreende uma
coleção de dados estruturados, geralmente armazenados em meio digital. O banco de
dados de um SIG é composto por dois tipos básicos de dados, os gráficos e não
gráficos:
Gráficos - também denominados de localizacionais ou espaciais,
são a representação de mapas analógicos na forma digital, que
podem ser representados em três formas de notações básicas:
pontos, linhas e polígonos.
Não gráficos – também denominados de não localizacionais ou
descritivos, representam as características dos dados
localizacionais, suas qualidades e os atributos das feições que
compõem o mapa.
O SIG mantém relações entre os dados gráficos e os não gráficos. O
método mais comum de associar ambos os dados é armazenar identificadores ou
chaves de ligação simultaneamente com cada conjunto de elementos gráficos e não
gráficos (ANTENUCCI et al., 1991).
___________________________________________________________________________
31
Para SILVA (2002), o banco de dados é responsável por grande parte da
implementação de um SIG, e deve-se dar especial atenção a ele quanto aos aspectos
de manipulação e gerenciamento de dados.
4.4 Banco de Dados Georreferenciados em Transportes
Projetos SIGs ignoram as questões de abrangência da concepção e da
implantação. Por um lado, têm-se os projetos ambiciosos, que contemplam a
variedade das aplicações possíveis e caminham para todas as implantações
concomitantes em curto prazo. Em um outro extremo, há projetos que, pragmáticos
em excesso, contemplam a implantação rápida de capacidade operacional. Esses
SIGs, ao não darem a devida importância as fases essenciais de um projeto, como a
modelagem de dados, comprometem o desenvolvimento futuro do projeto
(RODRIGUES, 1997).
Na literatura, encontram-se trabalhos que se referem à criação de banco
de dados geográficos para transporte, utilizando SIG e SGBD, todavia verifica-se a
desconsideração existente quanto à modelagem dos dados. Esses trabalhos não
levam em consideração a interface futura dos dados atuais com os dados vindouros,
que não refletem os entes e relacionamentos dos dados de maneira a permitir uma
visão holística do espaço em questão, como os descritos a seguir.
Pode-se citar o SIG realizado na Empresa Metropolitana de Transportes
Urbanos de São Paulo – EMTU, onde se estruturou um banco de dados geográficos
para atender às necessidades de auxílio no planejamento do transporte urbano,
porém o trabalho não relata o modelo de dados utilizado quando da criação do
banco de dados (RAMOS et al., 1999).
NASSI et al. (1994), ao desenvolver seu trabalho para atender aos
problemas de transporte público para municípios, tiveram por objetivo agilizar as
consultas aos dados, torná-las mais confiáveis e produzir imagens com informações
espaciais. No entanto, na concepção do banco de dados para atender seus objetivos,
não houve a preocupação com a modelagem dos dados.
___________________________________________________________________________
32
O projeto de SIG em transportes desenvolvido por DANTAS et al.
(1997), ressalta e diferencia as aplicações com uma abordagem sob o enfoque de gerar
novas informações através da análise espacial. Em sua metodologia, uma das etapas,
consiste na criação do banco de dados relacional para inserção dos dados coletados,
porém, na descrição das etapas não apresenta a realização da modelagem para a
definição das entidades e seus relacionamentos.
SIQUEIRA & CASSUNDÉ (1994) citam a criação de um banco de dados
para atender às necessidades atuais da EMTU – Recife, e a pretensão de realizar a
interface com os demais sistemas informatizados utilizados pela empresa. Porém, os
autores não citam a realização da modelagem dos dados, onde poderia constar não
só as definições das entidades e dos relacionamentos atuais, como demonstrar a
possível interface com outros sistemas, de maneira a atender à funcionalidade
desejada atual e futura.
SANTOS & FERREIRA (2004) desenvolveram uma modelagem de
forma resumida, aplicada ao planejamento de trânsito e transportes utilizando a
técnica de modelagem OMT-G e para sua implementação utilizaram as ferramentas
AutoCAD MAP, MAPINFO e Access.
PRADO et al. (2005), com o objetivo de calcular a eficiência relativa das
linhas do transporte público urbano, implementaram dados, para o Sistema de
Informações Geográficas, referentes ao número de veículos e motorista,
quilometragem rodada e viagens realizadas. Nesse trabalho, porém, não ficou clara a
criação do banco de dados e a forma utilizada para a inserção dos mesmos e se os
autores tiveram a iniciativa de estruturar o banco de dados, através da modelagem.
HENRIQUE & LOUREIRO (2005), com o propósito de caracterizar o
comportamento da acessibilidade dos usuários do Sistema Integrado de Transporte
de Fortaleza (SIT-FOR), desenvolveram um banco de dados georreferenciados no
software SIG TransCAD. Em suas análises utilizaram da seleção e manipulação dos
dados, no entanto, em sua metodologia, não citaram a criação de um modelo para
inserção e manipulação dos dados referentes a transporte.
___________________________________________________________________________
33
CAETANO & GUALDA (2005), ao desenvolverem em sua pesquisa um
sistema de informações de apoio ao usuário de um sistema de transporte coletivo,
apresentam em sua metodologia a etapa de pesquisa sobre o projeto e arquitetura de
sistemas e banco de dados. Embora nesta etapa os autores não identifiquem a
modelagem de dados utilizada para a sua estruturação, nota-se a sua preocupação
em projetar um banco de dados modular para possibilitar, se necessário, a criação de
módulos adicionais.
Tem-se observado, em muitas aplicações revisadas, o descaso com a
modelagem de dados, no entanto, cada vez mais se tem a necessidade de uma visão
integrada do espaço modelado e de se representar e diferenciar os diversos tipos de
dados envolvidos nas aplicações geográficas, seus relacionamentos e sua
manutenção. Esse tipo de visão é obtido através da modelagem de dados, que dentre
muitas vantagens, facilita a visualização e entendimento do sistema.
RODRIGUES (1997), quando em seu trabalho descreveu as constatações
sobre o projeto SIG, citou alguns impactos que ocorrem em sua dinâmica e afirmou
que existe um mal silencioso nesses projetos, que seria o não entendimento da
exatidão, precisão, completeza e qualidade das questões. Os efeitos desta
desconsideração inevitavelmente emergirão de forma dramática, quando do uso do
sistema.
Especificou que, geralmente, em função da pressa existente em colocar
o sistema para funcionar, provedores afoitos, induzem a alimentação dos dados nos
bancos de dados sem a devida reflexão da abrangência do sistema, e qual seria a
melhor estruturação dos dados a ser adotada, a qual, sem dúvida, poderia ser
adquirida através do processo de modelagem dos dados. Declara que o descaso pela
modelagem dos dados seria o grande mal crônico dos projetos de SIG (RODRIGUES,
1997).
Segundo RODRIGUES (1997), há um caminho bom. É pensar grande e
implantar pequeno, ou seja, conceber e modelar um sistema abrangente imaginando
o futuro. Desenvolver e implantar inicialmente pequenos componentes para os quais
se dispõem de recursos e que terão resultados comprovados.
___________________________________________________________________________
34
4.5 Estrutura de Banco de Dados
Os dados podem ser armazenados em diversos tipos de estruturas, que
especificam tanto a estrutura lógica global do banco de dados como uma descrição
em alto nível da implementação. A seguir, descrevem-se algumas estruturas de
banco de dados utilizadas.
4.5.1 Arquivos Flat
Este modelo de estrutura precede o Sistema de Gerenciamento de
Banco de Dados. É considerado um sistema de gerenciamento de arquivos, que
executa tarefas como geração de relatórios e ordenação de arquivos; são projetados
para servirem às aplicações específicas (KERN, 1994).
Sistemas de informações tradicionais utilizam esta estrutura,
processando os dados de forma repetitiva. Os registros são compostos por número
de campos idênticos (figura 5), que armazenam as informações de interesse. Um
destes campos pode ser utilizado como chave de acesso ao conteúdo do registro ou
para organizar o arquivo de acordo com uma ordem estabelecida. Possui
desempenho e flexibilidade limitada (HUXHOLD, 1991).
4.5.2 Estrutura Hierárquica
SGBD baseados na estrutura hierárquica, foram os primeiros sistemas
disponíveis comercialmente. Sua estrutura é composta por uma coleção de registros e
ligações. Um registro é composto por coleção de campos ou atributos, onde cada um
Figura 5 – Representação de arquivos flat
Fonte: HUXHOLD
(
1991
)
___________________________________________________________________________
35
dos campos contém apenas uma informação e uma ligação. É uma associação entre
precisamente dois registros (KERN, 1994).
Na estrutura hierárquica, cada registro pode ter qualquer número de
descendentes (filhos), mas apenas um ascendente (pai). O registro ascendente guarda
referências do conjunto de descendentes que possui (KERN, 1994).
Este tipo de estrutura permite a relação entre os registros de 1:N ou um-
para-muitos, através da associação de um registro denominado “mestre” com vários
outros registros denominados “detalhes”, registros estes, que por sua vez, podem
estar associados a outros registros detalhes (HUXHOLD, 1991).
A figura 6 ilustra uma estrutura hierárquica de arquivos contendo os
dois tipos de registros: mestres – registros de proprietários e de detalhes – contém
detalhes do proprietário, e suas respectivas ligações.
Segundo SILBERSCHATZ, KORTH, SUDARSAHN (1999), em função
da limitação de que cada registro pode ter apenas um ascendente, torna-se necessária
a replicação de registros, o que resulta em uma estrutura não vantajosa em função do
grande desperdício de espaço utilizado para armazenagem dos dados, podendo
também gerar inconsistências no banco, quando da atualização.
Figura 6 – Representação hierárquica de registros em um banco de dados
Fonte: HUXHOLD (1991)
___________________________________________________________________________
36
4.5.3 Estrutura de Redes
Para DATE (2003), a estrutura de arquivos em redes pode ser
considerada como uma forma estendida da estrutura hierárquica, a qual, segundo
HUXHOLD (1991) surgiu em resposta às limitações do modelo hierárquico.
Segundo SILBERSCHATZ, KORTH, SUDARSAHN (1999), um modelo
de redes consiste numa coleção de registros que são conectados uns aos outros
através de ligações que podem ser vistas como ponteiros. As ligações são
implementadas adicionando-se campos de ponteiro aos registros que são associados
via uma ligação. Cada registro deve ter um campo-ponteiro para cada ligação com a
qual ele esteja associado.
Neste modelo um tipo de registro pode estar envolvido em mais de um
relacionamento, pode ter vários ascendentes (pais) e vários descendentes (filhos)
(KERN, 1994). A figura 7 representa um exemplo de arquivos estruturados em redes.
A diferença marcante entre a estrutura hierárquica e de redes, segundo
BLAHA & PREMERLANI (1998), consiste exatamente que, enquanto na hierárquica
um registro filho tem apenas um pai, na estrutura de rede um registro filho pode ter
vários pais, ou nenhum.
HUXHOLD (1991) afirma que com a introdução de novos arquivos, os
quais são associados aos já existentes, pode-se gerar redes complexas com muitas
relações lógicas. Estas redes, devido a sua complexidade, dificultam a operação do
sistema, pois o espaço exigido pelos apontadores pode ultrapassar o espaço
necessário para a armazenagem dos dados propriamente ditos.
___________________________________________________________________________
37
4.5.4 Estrutura Relacional
O banco de dados relacional é baseado em estruturas de dados
normalizadas, chamadas tabelas (figura 8). Ele representa uma coleção de tabelas,
que podem ser armazenadas como arquivos; cada linha representa uma coleção de
valores de dados relacionados, que interpretados descrevem uma entidade do
mundo real ou um relacionamento. A definição dos nomes das tabelas e colunas
interpreta o conteúdo dos valores em cada linha da tabela. Os dados referentes a uma
coluna pertencem a uma mesma categoria de dados (ELMASRI & NAVATHE, 1994).
Figura 7 – Representação de arquivos de estrutura em redes
Fonte: HUXHOLD (1991)
___________________________________________________________________________
38
O fato dessa estrutura ser representada por um conjunto de tabelas faz
a diferença em relação ao modelo de redes, que é um conjunto de registros e
relacionamentos através de ligações (KERN, 1994).
Os bancos de dados que possuem estrutura relacional representam os
primeiros sistemas de banco de dados a fornecer uma interface com o aplicativo,
livre das questões de implementação, onde os dados passaram a ser independentes
dos processos (MARTIN, 1994).
A estrutura relacional define três tipos de dados: a tabela ou relação; a
linha ou tupla; e a coluna ou atributo; e especifica três operadores que atuam sobre as
tabelas: seleção, projeção e junção. O modelo relacional provê várias vantagens
significativas sobre os modelos anteriores (MARTIN, 1994):
Independência dos dados – a representação interna dos dados é
independente da interface do aplicativo e a representação física
dos dados pode ser alterada sem afetar os aplicativos;
Manipulação declarativa – o SGBD pode otimizar a forma de
consulta, liberando dessa tarefa o programador;
Remoção de redundâncias – quando projetado, o banco de dados
é normalizado, economizando espaço de disco e eliminando a
possibilidade de redundâncias, problemas estes encontrados nas
estruturas hierárquicas e de redes;
Simplicidade – facilidade no aprendizado devido aos conceitos
básicos adotados;
Tabelas como veículos de apresentação – o resultado de todos os
operadores relacionais é uma tabela, facilitando a visualização.
As características descritas proporcionam um desenvolvimento de
aplicativos mais rápido, e uma manutenção facilitada, o que explica a popularidade
desse tipo de estrutura de banco de dados (MARTIN, 1994).
Segundo HUXHOLD (1991), a complexidade existente nas estruturas de
redes e hierárquicas em função do grande número de ligações lógicas e apontadores
___________________________________________________________________________
39
existentes, fica reduzida na estrutura relacional em função do processo de
normalização, que consiste em regras desenvolvidas, denominadas formas normais,
para evitar inconsistências lógicas das operações de atualização das tabelas.
4.5.5 Estrutura Orientada a Objetos
Os bancos de dados baseados em objetos surgiram da necessidade de
suportar a programação orientada a objetos e tornaram-se importantes para certos
tipos de aplicações com dados complexos, ou específicos como CAD, e para
manipular imagens, som, vídeo e textos não formatados. Esses bancos suportam
diversos tipos de dados, e não apenas tabelas simples, colunas e linhas como os
bancos de dados relacionais (MARTIN, 1994).
A estrutura orientada a objetos é um paradigma de programação que
parte da idéia de que tudo no mundo real é objeto. Em relação ao paradigma da
programação estruturada, onde dados e procedimentos estão dissociados, a principal
diferença é que na orientação a objetos, os procedimentos fazem parte de um objeto,
Figura 8 - Banco de Dados com estrutura relacional
Fonte: HUXHOLD (1991)
___________________________________________________________________________
40
da mesma forma que os dados. Esta característica é conhecida como encapsulamento,
como ilustrado na figura 9 (KERN, 1994).
Atributos são os dados descritivos do objeto; métodos ou serviços são
as funções que manipulam estes dados (KERN, 1994).
Segundo MARTIN (1994), esse tipo de estrutura orientada a objetos
supera de longe, em desempenho, os bancos de dados relacionais, quando se trata de
aplicativos com muita associação de dados, porém o autor afirma que os bancos de
dados baseados em objetos não substituirão os bancos de dados relacionais, pois
ambas as estruturas são importantes e atendem a necessidades distintas.
Um banco de dados baseados em objetos oferece vantagens como:
maior desempenho da máquina na busca de informação com a utilização de
ponteiros soft; permissão de diferentes mecanismos de armazenagem para diferentes
tipos de dados e redução da redundância de dados e métodos. E a sua desvantagem
é apresentada na complexidade da criação da estrutura do banco de dados
(MARTIN, 1994).
+
Programação Procedimental
Programação orientada a objetos
Dados
Funções
Atributos
Métodos
Objeto
Figura 9 – Programação Estruturada x Orientada a objeto
Fonte: KERN
(
1994
)
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41
5 SISTEMA GERENCIADOR DE BANCO DE DADOS -
SGDB
Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SGBDs) são coleções de
softwares que permitem que os usuários os criem e os mantenham, através de
linguagem apropriada, facilitando os processos de definição (especificação dos tipos,
estruturas e restrições para os dados que serão armazenados), de construção
(armazenamento dos dados em um meio controlado por ele) e de manipulação
(funções para recuperação ou alteração dos dados e geração de relatórios) do banco
de dados (ELMASRI & NAVATHE, 1994).
De acordo com SILBERSCHATZ, KORTH, SUDARSAHN (1999), a meta
básica de um SGBD é proporcionar um ambiente conveniente e eficiente para
recuperação e armazenamento de informações.
Segundo RUMBAUGH et al. (1994), a utilização de SGBD tem sido
crescente devido às vantagens proporcionadas em seu uso, dentre as quais pode-se
citar o compartilhamento entre aplicações e usuários, segurança, integridade,
extensibilidade e distribuição dos dados.
O SGBD possibilita o armazenamento das informações de forma
organizada, proporcionando integridade e consistência dos dados, segurança quanto
ao acesso restrito, controle quanto à interação entre usuários simultâneos
preservando a consistência dos dados, verificação de ocorrência de falhas no banco e
devida recuperação através de procedimentos e backup (SILBERSCHATZ, KORTH,
SUDARSAHN, 1999).
MARTIN (1994) afirma que o conceito de SGBD combina várias idéias
em um único sistema, e se baseia em um modelo de dados independente de qualquer
aplicativo. Com o SGBD, a atividade mais importante tornou-se o projeto de dados,
causando um redirecionamento fundamental do paradigma de desenvolvimentos,
que passou a adotar um modelo baseado em dados.
___________________________________________________________________________
42
O banco de dados é um recurso valioso na maioria das organizações
devido à importância da informação, o que tem induzido ao desenvolvimento de
uma larga gama de conceitos e técnicas para o eficiente gerenciamento desses dados
(SILBERSCHATZ, KORTH, SUDARSAHN, 1999).
Segundo KERN (1994), o tratamento da informação a partir de um
banco de dados, dá ao sistema algumas vantagens:
A disponibilidade dos dados para consulta, alteração ou
exclusão pode ser autorizada pelo administrador de banco de
dados quando se tratar de projeto, mesmo antes das aplicações
serem desenvolvidas, favorecendo a segurança e privacidade dos
dados;
Um projeto de banco de dados coerente reduz ou elimina a
redundância e favorece a manutenção da integridade dos dados,
que traduz a consistência das informações;
A padronização é reforçada. Os tipos de dados mais importantes
são atributos que têm seus nomes e tamanhos definidos já no
projeto do banco;
Os dados dizem respeito a um ambiente, empresa ou corporação
e estão disponíveis independentemente da aplicação;
Devido a esta independência dos dados e a padronização, a
manutenção das aplicações fica facilitada.
A arquitetura de um SGBD é estabelecida a partir de um modelo de
dados, que é uma forma de representação resultante de uma abstração. O projeto de
um banco de dados envolve o desenvolvimento de um modelo formal relativo à
estruturação dos dados (KERN, 1994).
Portanto para a estruturação de um banco de dados para fins de
implantação de SIG, é imprescindível o uso de um sistema gerenciador de banco de
dados, pois o SIG deverá ser capaz de processar uma grande variedade de dados
provenientes das mais diversas fontes, dados armazenados em departamentos ou
___________________________________________________________________________
43
setores distintos, o que exigirá do administrador do SIG procedimentos para integrar
todos esses bancos de dados.
O conceito de SGBD combina várias idéias em um único sistema. Os
SGBDs se baseiam em um modelo de dados independente de qualquer aplicativo em
particular. Existem vários gerenciadores de bancos de dados relacionais como
MySQL, Oracle, Access, dentre muitos outros (KERN, 1994).
5.1 MySQL
O MySQL é um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD)
considerado confiável e de fácil uso, que utiliza a linguagem SQL (Structured Query
Language - Linguagem de Consulta Estruturada) como interface (MySQL, 2006).
Este gerenciador possui código aberto e oferece um rico e proveitoso
conjunto de funções. A sua conectividade, velocidade, e segurança fazem com que
seja altamente adaptável para acessar bancos de dados na Internet (MySQL, 2006).
O MySql é reconhecido pelo seu desempenho e robustez e também por
ser multi-tarefa e multi-usuário (MySQL, 2006).
5.2 Oracle
Basicamente, os mecanismos de execução do Oracle são as estruturas de
memória e os processos executados em background. Todas as vezes que um banco de
dados é inicializado, uma System Global Area ou Área Global do Sistema (SGA) é
alocada e os processos são inicializados (FERREIRA, 2006).
A combinação das estruturas de memória na SGA e dos processos em
background é chamada de instância Oracle.
A SGA é um conjunto de buffers de memória compartilhados que são
destinados pelo Oracle para uma instância.
Os processos em background executam tarefas distintas
assincronicamente em benefício a todos os usuários de um banco de dados.
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44
A base é a linguagem Structured Query Language (SQL), que é uma
linguagem de consulta padronizada. Através desta sintaxe é possível criar, modificar
e manipular as estruturas de dados criadas no Oracle (FERREIRA, 2006).
5.3 Microsoft Access
O Microsoft Access é um sistema gerenciador de banco de dados
relacional para o ambiente operacional Windows; é uma ferramenta utilizada para
armazenar, controlar e proporcionar consistência, segurança e integridade no acesso
aos dados coletados.
Este gerenciador utiliza tabelas relacionadas e normalizadas para
armazenagem dos dados, e permite que as etapas de desenvolvimento,
gerenciamento e análise do banco de dados sejam realizadas visualmente com
recursos “clicar” e “arrastar” do programa Windows, possibilitando aos usuários uma
visão abstrata dos dados, o que facilita o seu uso.
Proporciona facilidade nas consultas utilizando operações aplicáveis ao
sistema, gerando outras tabelas a partir da primeira, com o propósito de agilizar o
acesso aos dados, viabilizando consultas, relatórios e informações rápidas.
Permite a utilização do padrão SQL, permitindo a manipulação dos
dados de forma amigável. O SQL é uma linguagem estruturada e utilizada para
consultar, atualizar e gerenciar bancos de dados relacionais.
5.4 SGBD Relacionais e o SIG
A forma usual de ligação entre um sistema de informação geográfica e
um banco de dados relacional é através de um SGBDR (Sistema Gerenciador de
Banco de Dados Relacional) – chamado de modelo “geo-relacional” (INPE, 2005).
Para SANTOS & AMARAL (2002), o modelo geo-relacional é uma
extensão do modelo relacional para permitir a modelagem de dados geográficos e
utiliza um SGBDR para assegurar a ligação entre os dados espaciais e descritivos.
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45
No modelo geo-relacional os componentes espaciais e descritivos do
objeto geográfico são armazenados separadamente. Os atributos convencionais são
guardados no banco de dados (na forma de tabelas) e os dados espaciais são tratados
por um sistema dedicado. A conexão é feita via identificadores (id) de objetos (INPE,
2005).
Para recuperar um objeto, os dois subsistemas devem ser pesquisados e
a resposta é uma composição de resultados. Esta arquitetura é ilustrada na figura 10.
5.5 SIG SPRING e o SGBDR Access
O SPRING é um SIG que pode foi projetado para operar eficientemente
em conjunto com um SGBD. Possui uma estratégia dual, onde os objetos gráficos têm
suas respectivas representações geométricas armazenadas em sistemas de arquivos e
seus atributos convencionais armazenados em um Sistema Gerenciador de Banco de
Dados Relacional - SGBDR. A conexão entre os dois sistemas é realizada utilizando o
modelo de dados geo-relacional descrito no item 5.4 (INPE, 2005).
Os bancos de dados do SPRING têm uma característica dual para
armazenamento das informações da base. Ele contém um componente espacial,
armazenado em arquivos gráficos proprietários da tecnologia, responsável pelo
armazenamento de informações gráficas tipo pontos, linhas, arcos, polígonos,
imagens, etc... Por outro lado, as informações de atributos espaciais e não espaciais,
Figura 10 – Modelo de Dados geo-relacional
Fonte: INPE (2005)
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46
relacionadas com os dados espaciais, ficam armazenadas em tabelas. Essas tabelas
podem ser gerenciadas por alguns dos SGBDs, atualmente disponíveis no mercado.
O SPRING torna possível o uso de diversos SGBDR de mercado, com
independência do fabricante, como o Oracle, MySQL, Access, dentre outros. No
presente trabalho será utilizado o SGBD relacional Access, cujo uso é controlado a
partir da criação de um banco de dados dentro do próprio SPRING. Os dados
geográficos serão guardados em tabelas do SGBD relacional Access que compõe um
único arquivo denominado Spring.mdb o qual está associado ao SPRING.
A associação dessas duas ferramentas de análise para o
desenvolvimento desse trabalho, justifica-se pela facilidade de aquisição de ambas,
pois o SPRING é um SIG de domínio público que atende às necessidades de banco de
dados integrado e o Access é um gerenciador de banco de dados relacional de baixo
custo. Esses fatores tornam esta associação uma opção atrativa, pois dispensa
grandes investimentos por parte principalmente da administração pública de cidades
de pequeno e médio porte.
CÂMARA & DAVIS Jr. (1999) afirmam que a modelagem de dados
geográficos não necessariamente obriga o armazenamento dos dados em SGBD
orientado a objetos. Segundo DAVIS Jr. & BORGES (1994), não se pode questionar o
uso de SGBD relacionais para gerenciar dados espaciais.
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47
6 MODELAGEM DOS DADOS
A modelagem dos dados gera o modelo de dados e, segundo CÂMARA
et al. (1996), um modelo de dados deve fornecer ferramentas para descrever a
organização lógica de bancos de dados, bem como definir as operações de
manipulação de dados permitidas.
Durante o desenvolvimento de uma aplicação específica, o processo de
modelagem, quando bem conduzido, produz uma visão abstrata da realidade. Isto
facilita o acesso e a reutilização dos dados, bem como a expansão do banco de dados
e a sua integração com outros bancos utilizados em aplicações distintas, que
descrevem a mesma realidade (CÂMARA et al., 1996).
COUGO (1997) afirma que a modelagem de dados tem sido,
basicamente, aplicada como meio para obtenção de estruturas de banco de dados,
entretanto, para que se possa atingir o nível de compreensão e assimilação
necessário, deve-se procurar desvincular modelagem à tecnologia utilizada para a
implementação.
A modelagem de dados não é apenas uma ferramenta utilizada para
projetar bancos de dados. COUGO (1997) descreve que a modelagem também tem
outros objetivos, como os citados a seguir:
Representar um ambiente observado;
Servir de instrumento para comunicação;
Favorecer o processo de verificação e validação;
Capturar aspectos de relacionamento entre os objetos
observados;
Servir como referencial para a geração de estruturas de dados;
Estabelecer conceitos únicos a partir de visões diversas.
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48
Na modelagem, é importante identificar todos os objetos do mundo real
que interfiram no sistema a ser desenvolvido. A seguir, extrai-se um conjunto de
características essenciais do objeto de tal forma a garantir seu comportamento ou
funcionamento adequado ao ser introduzido no sistema (RIBEIRO, 2003). Cabe
ressaltar que o processo de modelagem é uma atividade criativa e não há uma
solução única como resposta correta que possa ser verificada ao final de sua
execução.
CÂMARA (1995) argumenta que a definição do modelo de dados é um
aspecto fundamental para o projeto de SIG, porque o modelo descreve como a
realidade geográfica será representada no computador, e que nenhuma outra decisão
deverá limitar tanto a abrangência e o crescimento futuro do sistema quanto a
escolha do modelo de dados.
A modelagem de dados é uma etapa fundamental na criação do banco
de dados geográficos (VIEIRA et al., 1999). Fica clara a importância do modelo de
dados em um projeto de SIG, o qual deverá contemplar apenas dados necessários
para o aplicativo, evitando omissões ou excessos de dados para não prejudicar a
estrutura do banco de dados, enfocando o problema proposto e atendendo às
diferentes necessidades e desejos dos usuários.
6.1 Modelo de Dados
SILBERSCHATZ, KORTH, SUDARSAHN (1999) descrevem que o
modelo de dados se encontra sob a estrutura do banco de dados e é obtido através da
modelagem dos mesmos. Ele é como um conjunto de ferramentas conceituais usadas
para descrever os dados, seu inter-relacionamento, sua semântica e restrições.
RUMBAUGH et al. (1994) afirmam que os modelos são abstrações
construídas para que um problema seja compreendido antes da implementação de
uma solução. A sua excelência consiste em incorporar os elementos essenciais da
realidade observada, descartando os elementos não essenciais.
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49
O modelo busca sistematizar o entendimento desenvolvido a respeito
de objetos e fenômenos que serão representados em um sistema informatizado. Os
objetos e fenômenos reais, no entanto, são complexos demais para permitirem uma
representação completa, considerando os recursos à disposição dos sistemas
gerenciadores de banco de dados atuais. Desta forma, é necessário construir-se uma
abstração dos objetos e fenômenos do mundo real, de modo a obter-se uma forma de
representação conveniente, embora simplificada, que seja adequada às finalidades
das aplicações do banco de dados (BORGES, DAVIS Jr., LAENDER, 2005).
Portanto, o modelo deve conter somente os dados de maior relevância
para o problema proposto. A seleção desses dados varia de acordo com o enfoque
dado ao problema. As necessidades dos diferentes usuários e as possíveis aplicações
do sistema direcionam a determinação de quais dados serão abstraídos do mundo
real para comporem o modelo.
A abstração de conceitos e entidades existentes no mundo real é uma
parte importante na criação de sistemas de informação. Para que um sistema seja
bem sucedido, ele depende da qualidade da transposição de entidades do mundo
real e suas interações com um banco de dados informatizado.
A abstração funciona como uma ferramenta que auxilia a compreensão
do sistema e divide-o em componentes que podem ser visualizados em diferentes
níveis de complexidade e detalhe (BORGES, 2002).
BORGES, DAVIS Jr., LAENDER (2005) afirmam que os modelos de
dados são classificados de acordo com o nível de abstração empregado. Para
aplicações geográficas, os autores consideram quatro níveis distintos de abstração
(figura 11). Essa definição de níveis de abstração difere de algumas propostas,
principalmente pela inclusão do nível de apresentação.
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50
Os níveis de abstração são descritos a seguir:
Nível do mundo real: contêm os fenômenos geográficos reais a
serem representados, como rios, ruas e cobertura vegetal;
Nível de representação conceitual: oferece um conjunto de
conceitos formais com os quais as entidades geográficas podem
ser modeladas da forma como são percebidas pelo usuário, em
um alto nível de abstração. Neste nível são definidas as classes
básicas, contínuas ou discretas, que serão criadas no banco de
dados. Essas classes estão associadas a classes de representação
espacial, que variam de acordo com o grau de percepção que o
usuário tem do assunto. Essa preocupação não aparece com
freqüência nas metodologias tradicionais de modelagem de
dados, uma vez que as aplicações convencionais raramente
precisam lidar com os aspectos relativos à representação espacial
(única ou múltipla) de objetos;
Nível de apresentação: oferece ferramentas com as quais se
podem especificar os diferentes aspectos visuais que as entidades
geográficas têm de assumir ao longo de seu uso em aplicações;
Nível de implementação: define padrões, formas de
armazenamento e estruturas de dados para implementar cada
tipo de representação, os relacionamentos entre elas e as
necessárias funções e métodos.
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51
Para CÂMARA & DAVIS Jr. (1999), o modelo de dados adota uma
estratégia de especificação que também identifica quatro níveis de abstração
descritos e ilustrados na figura 12, porém de nomenclaturas e definições diferentes
das propostas por BORGES, DAVIS Jr., LAENDER (2005).
Nível do mundo real: contém os objetos geográficos a serem
modelados (rio, temperatura, redes telefônicas);
Nível conceitual: oferece um conjunto de ferramentas formais
para modelar as entidades geográficas, em um alto nível de
abstração. Este nível determina as classes Básicas (contínuas e
discretas) que serão criadas no banco de dados;
Nível de representação: as entidades formais definidas no nível
conceitual (classes de campos e objetos) são associadas às classes
de representação espacial. As diferentes representações
geométricas podem variar conforme a escala, a projeção
Figura 11 – Níveis de abstração de aplicações geográficas
Fonte: BORGES, DAVIS Jr., LAENDER (2005)
Nível do
MundoReal
Nível de
representação
conceitual
Nível de
apresentação
Nível de
implementação
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52
cartográfica escolhida ou a visão do usuário. O nível de
representação não tem correspondente na metodologia
tradicional de banco de dados, já que aplicações convencionais
raramente lidam com o problema de múltipla representação;
Nível de implementação: define padrões, formas de
armazenamento e estruturas de dados para implementar cada
tipo de representação.
Ao longo dos anos, vários modelos de dados surgiram, e apesar de
muitas vezes terem a pretensão de se constituírem em ferramentas genéricas,
refletem as condicionantes tecnológicas dos SGBDs à época de sua criação.
Para COUGO (1997), durante o ciclo de desenvolvimento de um
sistema serão utilizados três modelos distintos, cada qual com suas características e
particularidades:
Modelo Lógico de Dados (MLD) - a preocupação não está só com
a representação dos objetos observados, mas também, com os
Figura 12 – Níveis de especificação de aplicações geográficas
Fonte: CÂMARA & DAVIS (1999)
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53
conceitos necessários à implementação tais como: chaves,
métodos de acesso, formatos de campos, etc. A obtenção do
modelo lógico de dados se dará pela aplicação de regras de
derivação sobre o modelo conceitual já construído.
Modelo Físico de Dados (MFD) - a representação é realizada sob
o foco do nível físico de implementação das ocorrências, ou
instâncias das entidades e seus relacionamentos, a alocação do
espaço físico nos diversos níveis de agrupamento (tabela,
registros e campos).
Modelo Conceitual de Dados (MCD) - os objetos, suas
características e relacionamentos têm a representação fiel do
ambiente observado, independente de limitações quaisquer
impostas por tecnologias, técnicas de implementação ou
dispositivos físicos. Neste nível devem ser ignoradas quaisquer
particularidades de implementação, bem como desconsiderada
qualquer preocupação com o modo de implementação futura.
Uma modelagem defende, basicamente a elaboração de um modelo que
represente os objetos observados e seus relacionamentos, independentemente de
preocupações com implementações lógicas ou físicas. Entende-se que os aspectos
lógicos e físicos devem ser agregados posteriormente, pois são alheios à estrutura
inerente dos dados observados em um ambiente ou conjunto de objetos (COUGO,
1997).
Neste enfoque multi-nível de modelagem de dados geográficos a
importância do nível conceitual é identificada e indica claramente que o modelo
conceitual deve refletir a interface do usuário, em um SIG, o mais próximo de sua
realidade, ocultando tanto quanto possível os detalhes de implementação. Isso faz
com que o usuário trabalhe com conceitos abstratos do mundo real, sem obrigá-lo a
entender os problemas de implantação (CÂMARA & DAVIS Jr. 1999).
O modelo conceitual é uma etapa importante no desenvolvimento do
banco de dados do SIG, onde a estruturação de dados deve ser bem definida para
___________________________________________________________________________
54
não gerar informações ineficientes, pois segundo SILBERSCHATZ, KORTH,
SUDARSAHN (1999), a eficiência na recuperação das informações está relacionada à
forma em que foram definidas as complexas estruturas de representação dos dados
no banco de dados.
6.2 Modelo de Dados Conceituais
Modelos de dados conceituais são visões simplificadas de uma parte da
realidade e são construídos de acordo com determinadas regras, a fim de, dentre
outros objetivos, facilitarem a implementação do banco de dados em sistemas de
informações.
A modelagem é sempre feita com base em algum formalismo conceitual
(ex.: Entidade-Relacionamento, Orientação a Objetos), ou seja, em cima de um
conjunto de conceitos, elementos e regras que são usados no processo de modelagem
da realidade, gerando o esquema conceitual, que é apresentado através de uma
linguagem formal de descrição que possui uma sintaxe e uma notação gráfica. Para
cada formalismo conceitual, existem diversas linguagens de descrição de esquema
que são compatíveis com o formalismo (LISBOA FILHO e IOCHPE, 1996).
O formalismo fornece um conjunto de conceitos, elementos e regras que
são usados no processo de modelagem da realidade, enquanto que a linguagem de
descrição fornece uma gramática para a apresentação do modelo conceitual (LISBOA
FILHO e IOCHPE, 1996).
Os modelos de dados conceituais são caracterizados por disporem de
recursos de estruturação flexíveis e permitirem restrições aos dados; eles se destinam
a descrever a estrutura de banco de dados em um nível de abstração independente
dos aspectos de implementação. Exemplos de modelos nessa categoria são: o modelo
entidade-relacionamento, modelo funcional, modelo binário e modelos orientados a
objetos (BORGES, 2002).
O modelo deverá atender às necessidades do usuário e, para isso, é
fundamental que se obtenha conhecimentos sobre a área e as atividades
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55
desenvolvidas. Esse modelo será obtido através da análise das necessidades e
requisitos do usuário. Esta atividade pode ser considerada como uma das mais
críticas durante o desenvolvimento de um projeto.
WETHERBE (1987) define análise como o processo de separar um todo
nas suas partes, para permitir o conhecimento das partes.
A aquisição destes conhecimentos, segundo NUNES (2002), é adquirida
através do levantamento de dados, que é executado com a utilização de diversas
técnicas. A seguir estão descritas as mais importantes e utilizadas:
Levantamento preliminar – realizado sobre a área a ser
analisada, através de pesquisa informal de dados, internet,
trabalhos desenvolvidos ou contatos pessoais;
Revisão da literatura – é utilizada com o objetivo de familiarizar-
se com as terminologias e procedimentos utilizados pela
empresa, para isso, torna-se importante a análise de documentos
da empresa referentes ao tema que está sendo analisado;
Entrevistas – é um dos principais instrumentos de apoio para o
conhecimento da área usuária, é a mais acessível e mais usada
forma de levantamento de dados. Capaz de produzir
informações como: dados informais, qualificação dos usuários,
atividades da área, afinidades da área com a política da empresa,
dentre outras;
Entrevistas de grupo – consiste em reuniões que envolvem
usuários de diversos níveis para estabelecer as intenções e
atividades do projeto; e
Questionários – é uma forma prática de levantar dados através
de formulários com questões objetivas e/ou dissertativas a
respeito do sistema. Muito utilizados para coletar informações de
um grande número de pessoas.
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56
Estas técnicas podem e devem ser utilizadas de modo concomitante,
visando à obtenção das informações necessárias no menor prazo possível.
No levantamento de dados existem alguns pontos que devem ser
abordados (NUNES, 2002):
Identificar os problemas existentes no sistema atual;
Identificar a freqüência dos problemas;
Identificar o tempo disponível para uma solução;
Identificar o ambiente do usuário e que como ele é afetado por
mudanças tecnológicas, de mercado ou legislação;
Identificar conflitos entre departamentos.
Com as informações obtidas no levantamento de dados, torna-se
possível representar a situação atual através da modelagem. O modelo adquirido
será de fundamental importância, pois através deste é possível certificar-se com o
usuário a compreensão das atividades desenvolvidas na área. Segundo COUGO
(1997), a compatibilização entre as características observadas e as reproduzidas é
uma das atividades mais complexas no processo de modelagem dos dados.
Através de um formalismo gráfico, é possível abstrair os aspectos da
realidade que se deseja modelar e devido à simplicidade dos construtores gráficos
utilizados, torna-se simples a validação do modelo por parte dos usuários envolvidos
no projeto.
Para ELMASRI & NAVATHE (1994), os modelos de dados conceituais
são os mais adequados para capturar a semântica dos dados e, conseqüentemente
para modelar e especificar suas propriedades. Eles descrevem a estrutura de um
banco de dados independente dos aspectos de implementação.
Segundo PAREDES (1994) o modelo conceitual não apenas provê a base
para esquematização, mas também é uma ferramenta para discussão.
Uma característica importante da utilização do modelo conceitual é a
melhor compreensão pelo usuário leigo, pois o problema é representado
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graficamente, e por não estar vinculado a nenhum SGBD, possui independência de
detalhes na implementação e é compatível com qualquer estrutura de dados.
A modelagem conceitual apresenta diversas vantagens para a
modelagem de aplicações geográficas (LISBOA FILHO et al., 1999):
Facilita a execução do modelo lógico, o qual necessita atender às
particularidades de um SIG específico;
Propicia uma comunicação com o usuário sem a necessidade de
utilização de termos técnicos;
O modelo obtido independe da tecnologia de software utilizada,
não sendo necessários investimentos em outro modelo, caso haja
necessidade de mudança para uma tecnologia SIG mais
moderna;
Facilita a troca de informações entre parceiros de diferentes
organizações.
6.2.1 Modelo de dados Semânticos
Segundo BORGES (2002), os modelos de dados semânticos foram
criados com o objetivo de facilitar esquemas de projetos de banco de dados com altos
níveis de abstrações para modelagem de dados, independente do software ou
hardware a ser utilizado. Eles devem possuir as seguintes características:
Expressividade - Distinguir diferentes tipos de dados,
relacionamentos e restrições;
Simplicidade - Ser simples o bastante para que os usuários
possam entendê-lo e utilizá-lo, devendo possuir uma estrutura
simples;
Minimalidade - O modelo deve consistir num pequeno número
de conceitos básicos, que são distintos e ortogonais em seu
significado;
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Formalidade – Deve ter seus conceitos formalmente definidos;
Interpretação única - Cada esquema deve ser interpretado de
forma inequívoca.
Conforme Navathe, citado por BORGES (2002), um modelo semântico
deve suportar os seguintes conceitos de abstração:
Agregação: é um conjunto abstrato de construção de um objeto
agregado a partir de objetos componentes. O relacionamento
entre o objeto agregado e os componentes é descrito como “é-
parte-de”. De forma simplificada, uma agregação é usada, por
exemplo, para agrupar atributos, ou seja, um objeto é definido
pelo conjunto dos atributos que o descrevem;
Classificação e Instanciação: classificação é o processo de
abstração no qual objetos similares são agrupados dentro de uma
mesma classe. Cada classe descreve as propriedades comuns ao
conjunto de objetos. As propriedades podem ser estáticas
(estruturais) ou dinâmicas (comportamentais). A maioria dos
modelos semânticos representa apenas as características estáticas
das entidades, enquanto que as propriedades dinâmicas são
representadas nos modelos orientados a objetos. O
relacionamento existente entre o objeto e a sua classe é
denominado “é_membro_de” ou “é_instância_de” significando
que cada objeto é uma instância da classe;
Generalização / especialização: a generalização é um processo de
abstração no qual um conjunto de classes similares é
generalizado em uma classe genérica (superclasse). A
especialização é o processo inverso, onde a partir de uma
determinada classe mais genérica (superclasse) são detalhadas
classes mais específicas (subclasses). As subclasses possuem
algumas características que as diferem da superclasse. O
relacionamento entre cada subclasse e a superclasse é chamado
___________________________________________________________________________
59
de “é_um” (is-a). As subclasses automaticamente herdam os
atributos da superclasse;
Identificação: cada conceito abstrato ou objeto concreto tem
identificadores únicos.
Esses conceitos de abstração têm sido utilizados em diferentes
combinações e em diferentes graus nos modelos de dados semânticos.
Segundo Navathe, citado por BORGES (2002), o modelo orientado a
objetos é um modelo similar aos modelos semânticos, podendo também ser
considerado um modelo semântico que possui adicionalmente herança de
propriedades e métodos que modelam o comportamento dos objetos. Eles possuem,
também, construtores para a definição de objetos complexos, o que possibilita a
representação de aplicações em áreas consideradas não convencionais.
CÂMARA & DAVIS Jr. (1999) recomendam o uso de modelos
orientados a objetos, pois apresentam flexibilidade e facilitam a especificação
incremental de aplicações, características importantes em SIG.
6.2.1.1 Modelo Entidade-Relacionamento
Dentre as técnicas utilizadas para representar a modelagem conceitual,
encontra-se o diagrama Entidade-Relacionamento (ER), proposto por Peter P. CHEN,
em 1976. É uma ferramenta de modelagem usada para definir as informações
necessárias ao modelo de Entidade-Relacionamento.
De acordo com BORGES (2002), o modelo ER é um dos primeiros
modelos de dados semânticos. Esse modelo tem o objetivo de disponibilizar um meio
simplificado de representar a armazenagem de dados complexos; é considerado um
dos mais populares métodos de modelagem de dados que, segundo COUGO (1997),
passou a ser um referencial definitivo para o processo da modelagem dos dados.
Segundo CHEN (1990), o diagrama Entidade-Relacionamento é uma
representação gráfica, em forma de diagrama, dos objetos de interesse pertencentes
ao mundo real. A sua composição é baseada em três elementos construtores básicos:
entidade, relacionamento e atributo, conforme ilustrado na figura 13.
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60
Entidade é uma representação abstrata de objetos do mundo real, o
qual possui uma existência independente e sobre a qual se deseja armazenar e
recuperar informações. Pode ser algo concreto como uma pessoa ou um cargo. Uma
entidade que tem sua existência dependente de outra é chamada de entidade fraca.
Relacionamento é uma representação de associações entre duas ou mais
entidades, como uma tarefa a ser executada pelas entidades envolvidas. Para cada
ocorrência de associação entre as entidades, o relacionamento recebe sua
cardinalidade expressa por: 1:1 (um-para-um), 1:N (um-para-muitos), N:1 (muitos-
para-um) ou M:N(muitos-para-muitos), indicando o número de vezes que uma
entidade pode participar do relacionamento.
Atributo é uma propriedade que descreve uma entidade ou um
relacionamento. Um atributo identificador, expressa unicamente uma entidade.
A proposta original de CHEN (1990), que se estabeleceu e mantém-se
extremamente atualizada até os dias de hoje, baseia-se em um princípio que a torna
ao mesmo tempo completa e inquestionável: a formalização do óbvio. Por apresentar
uma notação gráfica simples e objetiva é que a abordagem entidade-relacionamento
possui tanta flexibilidade e adaptabilidade e, por esse motivo, tem sido largamente
utilizada (COUGO, 1997).
Nome da Entidade Fraca
Nome da Entidade
Atributo
descritor
Atributo
Relacio-
namento
Figura 13 – Construtores básicos do Modelo ER
Fonte: CHEN (1990)
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61
As principais características da modelagem Entidade Relacionamento
são (MUNARI, 2005):
Representação gráfica de uma modelagem de dados através de
diagramas ER;
Preocupação com a semântica dos relacionamentos;
Ideal para a comunicação com usuários leigos;
Independência de dados e de SGBD.
A modelagem de dados sob o enfoque de Entidade-Relacionamento
proposto por CHEN, em 1976, tem evoluído ao longo dos anos para enfoques que a
tornam mais próxima dos conceitos e do ambiente de orientação a objetos. Durante a
evolução, têm sido agregados novos elementos ao modelo ER, que tornam a técnica
mais rica em semântica e, portanto, aplicáveis as novas finalidades (COUGO, 1997).
Porém, quando se trata da representação de dados com localização
geográfica, DAVIS Jr. & BORGES (1994) afirmam que “técnicas usuais de modelagem
de dados, tais como o modelo de Entidade-Relacionamento, rapidamente
demonstram suas limitações quando expostas às necessidades do gerenciamento de
dados espaciais”.
Segundo CÂMARA et al. (1996), propostas mais antigas de modelos de
dados geográficos baseiam-se no modelo relacional de dados, porém, estudos mais
recentes indicam o uso de modelos orientados a objetos, pois além de flexíveis,
facilitam a especificação incremental de aplicações, característica importante em SIG,
porém, não necessariamente obrigam o armazenamento em um SGBD orientado a
objetos.
Segundo LISBOA FILHO e IOCHPE (1996), existe uma forte tendência
no sentido de se utilizar os conceitos do paradigma de orientação a objetos para o
projeto de aplicações em SIG, com o objetivo de se encontrar um modelo de dados
conceitual que seja ao mesmo tempo, rico o bastante para representar a complexa
realidade das aplicações geográficas e o mais simples possível, para que possa ser
entendido e utilizado pelos usuários de SIG.
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62
6.2.2 Modelagem Orientada a Objetos
Para RUMBAUGH et al. (1994), modelagem baseada em objetos é um
modo de estudar problemas com utilização de modelos fundamentados em conceitos
do mundo real. A estrutura básica da modelagem orientada a objetos é o objeto que
combina a estrutura e o comportamento dos dados em uma única entidade.
Segundo MARTIN (1994), o modelo representa um aspecto da realidade
e é construído de tal forma que ajuda a melhor compreendê-la. Os modelos
orientados a objetos refletem a realidade mais naturalmente do que os modelos
tradicionais e têm o seu enfoque nos tipos de objetos e sua funcionalidade.
BORGES (2002) afirma que modelos orientados a objetos têm sido
desenvolvidos para expressar e manipular as complicadas estruturas de
conhecimento usadas nas diversas aplicações não convencionais.
Ao contrário dos modelos funcionais, onde a ênfase está nos
procedimentos e funções executadas no sistema (ex.: modelo de Diagrama de Fluxo
de Dados - DFD criado por GANE, em 1979), e dos modelos estáticos, onde a ênfase
está nos dados armazenados (ex.: modelo Entidade-Relacionamento - ER criado por
CHEN, em 1976), os modelos orientados a objetos utilizam uma filosofia que integra
dados e funções em unidades denominadas objetos (LISBOA FILHO e IOCHPE,
1996).
Segundo RUMBAUGH et al. (1994), é atribuída maior importância à
construção de sistemas em torno de objetos do que em relação à funcionalidade,
porque os modelos baseados em objetos correspondem melhor ao mundo real e são
mais flexíveis às modificações. Apresentam uma intuitiva representação gráfica de
um sistema e são úteis para a comunicação com os clientes e para a documentação da
estrutura do sistema.
A utilização de um projeto baseado em objetos transcende à escolha do
banco de dados. Pode-se projetar bancos de dados hierárquicos, em rede, relacionais
e baseados em objetos (RUMBAUGH et al., 1994). CÂMARA & DAVIS Jr. (1999)
concordam com RUMBAUGH, quando afirmam, que a modelagem orientada a
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63
objetos não obriga o armazenamento dos dados em, especificamente, um banco de
dados orientado a objetos.
Para modelar objetos é necessário selecionar os elementos (objetos) da
realidade que são significativos ao objetivo pretendido e identificar sua estruturação
e relacionamentos através da abstração da realidade. RUMBAUGH et al. (1994)
afirmam que o propósito da modelagem de objetos é descrever objetos,
proporcionando melhor entendimento dos requisitos, projetos práticos e sistema de
fácil manutenção.
O processo de modelagem conceitual é realizado utilizando-se
mecanismos de abstração, ou seja, construtores básicos definidos pelo formalismo.
Alguns conceitos básicos e principais mecanismos de abstração importantes sobre
modelagem orientada a objetos são considerados a seguir, segundo RUMBAUGH et
al. (1994):
Objeto é uma abstração que representa elementos do problema
em causa, possui limites nítidos e significado. Cada objeto possui
identidade que o distingue pela sua própria existência e não
pelas propriedades descritivas que ele possa ter.
Classe de objetos descreve um conjunto de objetos com atributos,
o mesmo comportamento (operações) e semântica comuns. È
representada graficamente por retângulos divididos em três
partes contendo o nome da classe na parte superior, a lista de
atributos na parte do meio e a lista de operações na parte
inferior.
Atributos são propriedades dos objetos na classe. A
representação dos atributos é opcional em diagramas.
Operação é uma ação que pode ser aplicada a um objeto, isto é,
uma função de transformação do objeto.
Ligações e Associações são meios utilizados para se estabelecer
relacionamentos entre objetos e classes. Cada associação é
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64
referenciada pelo nome e o número de classes na associação,
define seu grau.
Generalização é o relacionamento entre classes, produzindo uma
hierarquia: uma ou mais classes generalizam-se em uma classe
de nível mais alto. As classes se dividem em subclasses e
superclasses; classe de nível mais baixo e classe de nível mais
alto, respectivamente. Sua representação é realizada através de
um triângulo interligando a superclasse às suas subclasses.
Herança é o mecanismo de compartilhamento de características
utilizando o relacionamento de generalização. As subclasses
herdam os atributos, operações, associações e agregações de sua
superclasse. Cada subclasse pode acrescentar suas próprias
características.
Agregação é um relacionamento “parte-todo” ou “uma-parte-
de”, no qual os objetos que representam os componentes de algo
são associados a um objeto que representa a estrutura inteira.
Não existe distinção entre generalização e especialização já que são dois
diferentes pontos de vista do mesmo relacionamento. Na especialização as subclasses
refinam ou especializam a superclasse. Cada generalização pode ter um
discriminador associado, indicando qual propriedade está sendo abstraída pelo
relacionamento de generalização.
Em relação ao modelo relacional, pode-se notar que, com a modelagem
objeto-orientada, é possível captar melhor a complexidade de algumas aplicações.
Segundo RUMBAUGH et al. (1994), a estruturação orientada a objetos preocupa-se
primeiro em identificar os objetos contidos no domínio da aplicação e depois em
estabelecer os procedimentos relativos a eles.
Um modelo de objetos incorpora a estrutura estática de um sistema
mostrando os objetos pertencentes a esse sistema, os relacionamentos entre esses
objetos, os atributos e as operações que caracterizam cada classe de objetos. Nesse
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65
modelo o enfoque está no objeto e não na funcionalidade, por isso os modelos
possuem maior proximidade com o mundo real e são, em conseqüência, mais
adaptáveis às modificações (RUMBAUGH et al., 1994).
RUMBAUGH et al. (1994) ao compararem a abordagem OMT (Técnica
de Modelagem de Objetos) com as metodologias de vários autores, ao posicionarem
a OMT em relação à modelagem da informação, afirmam: “A modelagem de objetos
OMT é uma forma aperfeiçoada da modelagem ER. A OMT aperfeiçoa a modelagem
ER nos aspectos de expressividade e legibilidade”.
Muitos modelos de dados orientados a objetos foram desenvolvidos
para expressar e manipular as complicadas estruturas do conhecimento usadas em
várias áreas de aplicações não convencionais, como o SIG, entre outras. Estes
modelos conceituais são desenvolvidos de forma a permitir que as entidades
geográficas sejam da melhor forma possível representadas em um SIG.
De acordo com BORGES, DAVIS Jr., LAENDER (2005), os primeiros
modelos de dados para aplicações geográficas eram voltados para as estruturas
internas dos SIG. O usuário era forçado a adequar fenômenos espaciais às estruturas
disponíveis no SIG a ser utilizado. Conseqüentemente, o processo de modelagem não
oferecia mecanismos para a representação da realidade de forma mais próxima ao
modelo mental do usuário.
Ficava evidente que a modelagem de aplicações geográficas necessitava
de modelos mais adequados, capazes de capturar a semântica dos dados geográficos,
oferecendo mecanismos de abstração mais elevados e independência de
implementação (BORGES, DAVIS Jr., LAENDER, 2005).
Mesmo com toda a expressividade oferecida pelas técnicas tradicionais
de modelagem, dificuldades surgem devido ao fato de que os dados geográficos
possuem aspectos peculiares, particularmente com respeito à codificação da
localização espacial e do tempo de observação, bem como em relação ao registro de
fatores externos, como sua precisão de obtenção (BORGES, DAVIS Jr., LAENDER,
2005).
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6.3 Modelo de Dados Geográficos
Alguns modelos de dados semânticos e orientados a objetos, tais como
os modelos Entidade-Relacionamento (ER); Object Modeling Technique (OMT); Is-a
relationships, Functional relationships, complex Objects (IFO); Unified Modeling Language
(UML), dentre outros, têm sido muito utilizados para a modelagem de aplicações
geográficas. Apesar de sua expressividade, esses modelos apresentam limitações
para a adequada modelagem de aplicações geográficas, já que não possuem
primitivas apropriadas para a representação de dados espaciais (BORGES, DAVIS Jr.,
LAENDER, 2005).
A modelagem de aplicações geográficas requer a utilização de técnicas
específicas, que permitam armazenar e processar dados espaciais. Estes dados
representam objetos cuja posição no espaço é relevante.
Ao realizar a associação das características espaciais ao modelo de
dados, passa-se a ter um modelo de dados espaciais ou modelo de dados geográficos,
cuja finalidade é caracterizar o domínio das informações espaciais necessárias para a
implantação de um SIG, conceituando os entes espaciais e as relações existentes para
um dado propósito (RODRIGUES & ALMEIDA, 1994).
A modelagem dos aspectos espaciais é fundamental na criação de um
banco de dados geográficos. A partir dela, é especificada a visão que o usuário tem
do mundo real. Por se tratar de uma abstração da realidade geográfica, resultados
diferentes poderão ser obtidos para a mesma realidade, dependendo do que se quer
representar e do que se quer obter com essa representação (BORGES, 1997).
A modelagem do mundo real é uma atividade complexa porque
envolve a discretização do espaço como parte do processo de abstração, visando
obter representações adequadas aos fenômenos geográficos (BORGES, 2002).
Quando se trata de modelagem para aplicações geográficas, BORGES,
DAVIS Jr., LAENDER (2005), afirmam que esta possui necessidades adicionais, tanto
com relação à abstração de conceitos e entidades, quanto ao tipo de entidades
representáveis e seu inter-relacionamento.
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LISBOA FILHO e IOCHPE (1996) afirmam que as aplicações de SIG
apresentam requisitos de modelagem específicos que não são tratados
adequadamente pelos modelos de dados convencionais como:
Dicotomia entre os campos e objetos;
Tratamento unificado dos dados espaciais e não espaciais;
Relacionamentos espaciais;
Qualidade e disponibilidade dos dados;
Temporalidade e representação de limites difusos.
De acordo com BERTINI & CÉZAR (2005), características de dados
geográficos tornam a modelagem mais complexa do que a modelagem de informação
convencional. O objetivo de se incluir, no esquema conceitual, informações sobre
objetos espaciais relacionados a fenômenos geográficos é o de permitir a realização
da modelagem (abstração) do componente espacial de cada fenômeno.
Um modelo de dados para aplicações geográficas deve possuir um
conjunto de requisitos como os descritos a seguir (BORGES, 2002):
Fornecer um alto nível de abstração;
Representar e diferenciar os diversos tipos de dados envolvidos
nas aplicações geográficas, tais como ponto, linha, área, imagem,
etc.;
Representar tanto as relações espaciais e suas propriedades como
também as associações simples e de rede;
Ser capaz de especificar regras de integridade espacial;
Ser independente de implementação;
Suportar classes georreferenciadas e classes convencionais, assim
como os relacionamentos entre elas;
Ser adequado aos conceitos natos que o ser humano tem sobre
dados espaciais, representando as visões de campo e de objetos;
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Ser de fácil visualização e compreensão;
Utilizar o conceito de níveis de informação, possibilitando que
uma entidade geográfica seja associada a diversos níveis de
informação;
Representar as múltiplas visões de uma mesma entidade
geográfica, tanto com base em variações de escala, quanto nas
várias formas de percebê-las;
Ser capaz de expressar versões e séries temporais, assim como
relacionamentos temporais.
LISBOA FILHO et al. (1999) afirmam que “existem diversos modelos
conceituais de dados propostos na literatura especificamente para aplicações de
sistemas de informações geográficas, como por exemplo, GeoOOA (Object-oriented
Analysis Method - Kösters et al., 1997), Geo-ER (Entity-Relational Model for geographic
Applications - Hadzilacos e Tryfona, 1997), Modul-R (Formalism Modul-R - Bédard et
al., 1996), GMOD (Generic Model Organism Data Base
- Pires, 1997), OMT-G (Object
Modeling Technique for Geographic Applications - Borges, 1997) e MADS (Modeling of
Application Data with Spatiotemporal - Parent et al., 1998). A maioria deles é baseada
nos formalismos Entidade-Relacionamento e da Orientação a Objetos. No entanto, os
modelos se diferem muito com relação à notação gráfica e quanto à linguagem léxica
(quando definida)”.
Os modelos, que em sua maioria são extensões dos modelos para
aplicações convencionais, procuram refletir melhor as necessidades de aplicações
geográficas, porém, antes de adotar qualquer um destes modelos, é importante
observar os níveis de abstração dos dados geográficos, os requisitos de um modelo
de dados geográficos e finalmente, se o que se pretende modelar poderá ser
claramente representado no modelo escolhido (BORGES, 2002).
___________________________________________________________________________
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6.4 Modelo OMT-G
A modelagem orientada a objetos veio para substituir os métodos de
especificação de sistema anteriormente existentes, permitindo a modelagem de
sistemas geográficos. No final dos anos 80, surgiu a técnica de orientação a objetos
que, posteriormente, foi evoluindo até quando RUMBAUGH introduziu a Técnica de
Modelagem de Objetos, ou Object Modeling Technique – OMT. Para suprir as
deficiências da modelagem convencional, em 1997, BORGES criou OMT-G, que é
uma Técnica de Modelagem de Objetos para aplicações geográficas, que possibilita
modelar geometria, topologia e relações espaciais, permitindo a modelagem de
aplicações geográficas (LISBOA FILHO et al., 1999).
O modelo OMT-G (BORGES, 1997) é a extensão do Modelo orientado a
objetos – OMT convencional (RUMBAUGH et al., 1994), partindo das primitivas
definidas para o diagrama de classes da Unified Modeling Language (UML), onde
foram introduzidas primitivas geográficas com o objetivo de aumentar a capacidade
de representação semântica do modelo e, reduzindo, portanto, a distância entre o
modelo mental do espaço a ser modelado e o modelo de representação usual
(BORGES, 1997).
Este modelo fornece primitivas para modelar a geometria e a topologia
dos dados espaciais, suportando diferentes estruturas topológicas, múltiplas visões
dos objetos e relacionamentos espaciais. Dessa forma, ele supre as principais
limitações dos modelos convencionais, provendo maiores facilidades para a
modelagem de aplicações geográficas (BORGES, 1997).
O modelo OMT-G possui alguns pontos fortes, no que se refere a sua
expressividade gráfica e sua capacidade de representação, uma vez que anotações
textuais são substituídas pelo desenho de relacionamentos explícitos, representando
a dinâmica da interação entre os diversos objetos espaciais e não espaciais. Apesar de
toda sua expressividade, o modelo OMT-G não apresenta as primitivas para a
representação de versões e relacionamentos temporais (BORGES, 1997).
___________________________________________________________________________
70
Segundo BORGES (1997), o modelo OMT-G é baseado em três conceitos
principais: classes, relacionamentos e restrições de integridade espaciais. Classes e
relacionamentos definem as primitivas básicas usadas para criar esquemas estáticos
de aplicação com o modelo OMT-G.
O modelo OMT-G representa os seguintes tipos de relacionamentos
entre suas classes: associações simples, relações topológicas de rede e relações
espaciais. As relações espaciais e não espaciais possuem grande importância na
compreensão do espaço modelado.
A identificação de restrições de integridade espacial é uma das
principais atividades no projeto de aplicação e consiste na identificação de condições
que precisam ser garantidas para manter a integridade semântica do banco de dados
(BORGES, DAVIS Jr., LAENDER, 2005).
As classes básicas do OMT-G são: Classes Georreferenciadas e Classes
Convencionais, conforme apresentadas na figura 14. Através dessas classes, são
representados os três grandes grupos de dados (contínuos, discretos e não-espaciais)
encontrados nas aplicações geográficas, proporcionando, assim, uma visão integrada
do espaço modelado, o que é muito importante na modelagem, principalmente de
ambientes urbanos (BORGES, 2002).
A Classe Georrefenciada descreve um conjunto de objetos que possuem
representação espacial e estão associados a regiões da superfície da terra,
representando a visão de campos e de objetos.
Já, a Classe Convencional descreve um conjunto de objetos com
propriedades, comportamento, relacionamentos, e semântica semelhantes, e que
possuem alguma relação com os objetos espaciais, mas que não possuem
propriedades geométricas. Um exemplo desse tipo de classe é a que define os
proprietários de imóveis cadastrados para fins de tributação (IPTU), e que possuem
relação de propriedade com os lotes e edificações presentes no banco de dados
geográficos.
___________________________________________________________________________
71
A distinção entre classes convencionais e georreferenciadas permite que
aplicações diferentes compartilhem dados não espaciais, desta forma facilitando o
desenvolvimento de aplicações integradas e a reutilização de dados.
As classes convencionais são simbolizadas exatamente como na UML,
as classes georreferenciadas são simbolizadas no modelo OMT-G de forma
semelhante, incluindo no canto superior esquerdo um retângulo que é usado para
indicar a forma geométrica da representação (QUEIROZ & FERREIRA, 2006).
As classes georreferenciadas são especializadas em classes do tipo geo-
objetos (figura 15) e geo-campos (figura 16). Classes geo-campo representam objetos
e fenômenos distribuídos continuamente no espaço, correspondendo a variáveis
como tipo de solo, relevo e geologia. Classes geo-objeto representam objetos
geográficos particulares, individualizáveis, associados aos elementos do mundo real,
como edifícios, rios e árvores.
Classe
georreferenciada
Classe
convencional
a) b)
representação representação
completa simplificada
Figura 14 - Notação gráfica para as classes do modelo OMT-G
Fonte: BORGES
(
2002
)
___________________________________________________________________________
72
Segundo BORGES (2002), as características do modelo OMT-G são:
Segue o paradigma de orientação a objetos suportando os
conceitos de classe, herança, objeto complexo e método;
Representa e diferencia os diversos tipos de dados envolvidos
nas aplicações geográficas fazendo uso de uma representação
simbólica que possibilita a percepção imediata da natureza do
dado, eliminando assim a extensa classe de hierarquias utilizada
para representar a geometria e a topologia dos objetos espaciais;
Fornece uma visão integrada do espaço modelado,
representando e diferenciando classes com representação gráfica
(georreferenciadas) e classes convencionais (não-espaciais),
assim como os diferentes tipos de relacionamento entre elas;
Caracteriza as classes em contínuas e discretas, utilizando os
conceitos de “visão de campos” e “visão de objetos”;
Figura 15 – Geo-Objetos
Fonte: BORGES
(
2002
)
Rede
triangular
Irregular
Isolinhas
Amostras
Figura 16 – Geo-Campos
Fonte: BORGES
(
2002
)
___________________________________________________________________________
73
Representa a dinâmica da interação entre os vários objetos,
explicitando tanto as relações espaciais como as associações
simples;
Representa as estruturas topológicas “todo-parte” e de rede;
Formaliza as possíveis relações espaciais, levando em
consideração a forma geométrica da classe;
Traduz as relações topológicas e espaciais em restrições de
integridade espaciais;
Representa os diversos fenômenos geográficos, utilizando
conceitos natos que o ser humano tem sobre dados espaciais;
Possibilita a representação de múltiplas visões de uma mesma
classe geográfica, tanto baseada em variações de escala, quanto
nas várias formas de se perceber o mesmo objeto no mundo real;
É de fácil visualização e entendimento, pois utiliza basicamente
os mesmos tipos construtores definidos no modelo OMT;
Não utiliza o conceito de camadas e sim o de níveis de
informação (temas), não limitando o aparecimento de uma classe
geográfica em apenas um nível de informação.
Recentemente alguns trabalhos têm utilizado o modelo conceitual
OMT-G no desenvolvimento de sistemas. FONSECA (2004) apresenta a modelagem
de um banco de dados para implantação de SIG para suporte ao plano de
desenvolvimento institucional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
BARBOSA (2006), em seu trabalho de SIG para Planejamento e Gestão Urbanos para
o distrito de Bonfim Paulista - Ribeirão Preto, utilizou a ferramenta OMT-G para
modelagem do banco de dados.
Segundo BORGES & LAENDER (1997), o modelo conceitual orientado a
objeto OMT-G tem sido muito utilizado nas aplicações georreferenciadas da
Prefeitura de Belo Horizonte, sendo considerado satisfatório o resultado obtido,
como é o caso de ZUPPO et al. (1996).
___________________________________________________________________________
74
7 MÉTODO
Com o objetivo de modelar um banco de dados georreferenciados para
gestão e operação de transporte coletivo urbano, optou-se por adotar o processo de
modelagem de dados geográficos descrito por CÂMARA & DAVIS Jr. (1999).
Este processo de modelagem aborda níveis de abstração como:
Nível do mundo real;
Nível conceitual;
Nível de representação;
Nível de implementação.
Esses níveis são referenciados na revisão bibliográfica e detalhados a
seguir.
7.1 Descrição dos níveis de abstração
7.1.1 Nível do Mundo Real
Para se desenvolver um projeto que atenda as necessidades do usuário
é fundamental satisfazer a abstração do mundo real, e para isso, é necessário que se
faça uma avaliação das necessidades e requisitos do usuário.
Considerando que a principal atividade na avaliação das necessidades e
requisitos é a comunicação, pois envolve a obtenção e o repasse de conhecimentos
sobre os objetos geográficos a serem modelados, pode-se concluir nesta fase, o grau
de complexidade e o risco envolvido para o sucesso do projeto (NUNES, 2002).
Por este motivo, esta fase é considerada uma das principais etapas de
modelagem de dados, e uma boa comunicação entre desenvolvedor e usuário; é o
primeiro passo para que a implementação de um SIG seja bem sucedida.
___________________________________________________________________________
75
Para estabelecer a comunicação com o usuário do sistema, com o
objetivo de adquirir conhecimento, devem ser utilizadas algumas técnicas de
levantamentos de dados mais importantes, como sugere NUNES (2002), descritas a
seguir:
Levantamento preliminar – Inicialmente, a aquisição de
conhecimento será realizada através da internet, acessando o site
da EMDURB, órgão gestor do transporte coletivo, com o objetivo
de se familiarizar com as terminologias e procedimentos
adotados pela empresa e pelo setor responsável.
Entrevistas de grupo – Deverá ser realizada uma entrevista com
os usuários dos diversos níveis da administração, com o objetivo
de explanar as intenções do projeto e a necessidade de obtenção
das informações, advindas dos diversos funcionários e setores
envolvidos.
Revisão de documentos – Serão analisados os mapas analógicos,
o fluxo de informações e os documentos de entrada e saída
manipulados pelo setor.
Entrevistas individuais – É considerada a forma mais comum e
mais acessível de fazer levantamento de dados junto aos
funcionários e técnicos envolvidos no transporte, por isso as
questões devem ser bem planejadas e formuladas para se obter
resultados satisfatórios.
O entrevistador poderá permitir discussões de qualquer outro item não
contemplado nos questionários, que porventura possam surgir no
decorrer da entrevista, desde que seja referente ao assunto, o que
poderá trazer enriquecimento aos dados obtidos. As entrevistas
deverão ser realizadas com os funcionários e técnicos envolvidos no
processo, com hora marcada.
___________________________________________________________________________
76
Questionários – Essa técnica de levantamento de dados não será
utilizada, tendo em vista, o pequeno número de funcionários e
técnicos envolvidos no processo de transporte, e a facilidade
direta de obtenção de informações na utilização da técnica de
entrevistas. Destarte, a técnica de entrevistas, seja individual ou
em grupo, torna-se vantajosa pela possibilidade dos
questionamentos e discussões em curso, permitirem o exercício
da criatividade de ambas as partes e o enriquecimento do
conteúdo das informações obtidas.
7.1.2 Nível Conceitual
Nesta fase deve-se obter uma representação gráfica dos temas e objetos
definidos por classes através da criação do Diagrama de Temas e do Meta Modelo
Parcial criado por BORGES (1997).
Através de uma seleção e padronização dos dados obtidos no nível
anterior é possível criar essas representações gráficas para o Transporte Coletivo,
atendendo assim o nível de abstração conceitual.
O Diagrama de Temas possibilita visualizar os níveis de informações
abrangidos pela aplicação no contexto geográfico, fornecendo um nível de abstração
mais elevado. O Meta Modelo Parcial é a representação dos objetos que já foram
identificados e conceituados na fase de abstração da realidade.
Para o desenvolvimento desses modos de representação é necessário
analisar, selecionar e padronizar rigorosamente os dados obtidos para evitar
duplicidade e conflitos. Somente as informações relevantes ao sistema serão
consideradas, evitando as redundantes ou desnecessárias.
Através dessas representações os objetos, classes, atributos, operações e
associações serão identificadas e definidas quanto a sua natureza, possibilitando a
construção do modelo OMT-G.
___________________________________________________________________________
77
7.1.3 Nível de Representação
No nível de representação, deve-se criar o modelo de dados geográficos
seguindo a notação gráfica do Modelo OMT-G de BORGES (1997), e para isso utiliza-
se a ferramenta de modelagem Microsoft Visio 2003.
Para a criação desse modelo selecionam-se os objetos, com base nos nas
representações gráficas desenvolvidas no nível anterior, identificando-se suas
características, operações, relacionamentos e comportamentos.
Neste modelo, com o auxílio do usuário, definem-se os aspectos visuais
(escala, atributos gráficos, etc.) dos temas em representação, permitindo ao
desenvolvedor certificar-se do entendimento dos usuários do sistema quanto às
atividades desenvolvidas.
7.1.4 Nível de Implementação
A implementação física das representações definidas no modelo de
banco de dados geográficos desenvolvido no nível de representação dá-se através da
aplicação realizada em um projeto piloto para o transporte coletivo do município de
Bauru – SP, considerada de porte médio.
Para realizar tal aplicação deverá ser utilizada a base cartográfica digital
do município, a qual foi adquirida junto ao Departamento de Arquitetura,
Urbanismo e Paisagismo da UNESP de Bauru.
A inserção dos dados referentes ao transporte coletivo no mapa digital,
será realizada através do software SIG SPRING, utilizando os dados levantados no
primeiro nível de abstração, provenientes da empresa gestora do transporte coletivo
do município - EMDURB.
Será necessária a criação de um Banco de Dados, para definir um
ambiente para armazenar os dados geográficos sem estar vinculado ainda a uma área
específica. Para tal será utilizado o Gerenciador de Banco de Dados Access.
Uma vez criado o Banco de Dados, será necessário criar um Projeto
onde deverão ser definidas as coordenadas planas ou geométricas e o sistema de
___________________________________________________________________________
78
projeção a ser utilizado, o qual permitirá especificar o espaço geográfico da área de
trabalho, onde serão inseridos os diversos dados.
Deverão ser definidas no SPRING as Categorias necessárias para a
aplicação do projeto piloto, as quais deverão ser criadas no Projeto, o que permitirá
organizar os diferentes tipos de dados. Essas Categorias deverão conter os Planos de
Informação (PI), que deverão ser criados para armazenar dados para devida
visualização e manipulação.
A alimentação do banco de dados de atributos referentes ao Transporte
Coletivo, deverá ser realizada através da importação de dados externos ou da
digitação dos dados analógicos obtidos no nível de abstração do mundo real.
Tanto os dados digitais como os analógicos existentes deverão ser
previamente analisados e tratados. Os digitais deverão ser importados para o Access
e os dados analógicos deverão ser inseridos através de digitação manual no SPRING,
ou ainda através de telas de acesso ao banco de dados do Access, para facilitar a
manipulação dos mesmos.
Deve-se digitalizar os objetos espaciais (itinerários, pontos de parada,
abrigos) de acordo com as informações levantadas e realizar a devida associação dos
objetos espaciais aos descritivos (atributos do itinerário, linha, pontos de parada,
dentre outros) utilizando a ferramenta SPRING.
___________________________________________________________________________
79
8 APLICAÇÃO DO MÉTODO
8.1 Transporte coletivo no município de Bauru – objeto de estudo
8.1.1 Caracterização da cidade
Bauru, cidade do interior paulista, localizada a 325 km da capital,
possui área de 674 km² e população superior a 357 mil habitantes, sendo que 98,55%
dela reside na região urbana. A cidade abriga duas universidades estaduais,
Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita
Filho (UNESP), e seis entidades de ensino superior particulares.
Município privilegiado pela sua localização, na região centro-oeste do
estado, exerce a função de pólo centralizador regional das atividades comerciais e de
serviços, e em menor escala é crescente o setor industrial.
8.1.2 Histórico e Legislação
A história do transporte coletivo no município começou em 1940, com o
Sr. Alexandre Quággio, proprietário da Empresa Circular da Cidade de Bauru –
ECCB, o qual deteve o monopólio até o ano de 1996 (EMDURB, 2004b).
Somente em 25 de setembro de 1979 é que a Lei Municipal nº. 2166,
aprovada pela Câmara Municipal de Bauru, autorizou o Poder Executivo a criar a
Empresa Municipal de Transportes Urbanos de Bauru - EMTURB, empresa pública,
dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e
autonomia administrativa, técnica e financeira.
Em 1986, a lei Municipal nº. 2637 alterou a denominação e as atribuições
da Empresa Municipal de Transportes Urbanos de Bauru. A denominação da
EMTURB passou a ser Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de
Bauru – EMDURB, quando recebeu novas atribuições.
___________________________________________________________________________
80
A EMDURB foi novamente reestruturada, através da Lei nº. 3570, de 02
de junho de 1993, ainda vigente, a qual determina os objetivos sociais da EMDURB
que possui, dentre outras, a atribuição de supervisionar, gerenciar e executar a
política de transportes do município, bem como obras, empreendimentos e serviços a
elas vinculados.
O monopólio na prestação de serviços de transporte pela empresa
pioneira ECCB foi interrompido em 1996, com o ingresso de duas novas empresas
operadoras no sistema através de licitação. Em 2002, quando a ECCB encerrou suas
atividades, propiciou o ingresso de uma outra operadora, perfazendo o total de três
empresas privadas, as quais são, atualmente, as responsáveis pela operação do
sistema de transporte coletivo do município de Bauru (EMDURB, 2004b).
Estudos e pesquisas foram realizados em 2002 e verificou-se que, até
então, a rede de transporte coletivo possuía itinerários sobrepostos, gerando altos
custos ao sistema. Esses estudos propiciaram uma nova modelagem da rede de
transporte, a qual foi implantada em abril de 2003 (EMDURB, 2004b).
A remodelagem proporcionou a substituição de alguns ônibus do tipo
convencional por microônibus e a diminuição do número de linhas e veículos em
operação, refletindo na redução de cerca de 100 mil km/mês e uma economia
aproximada de R$ 400.000,00/mês (EMDURB, 2004b).
O estudo e a implantação da nova modelagem da rede foram
instituídos tendo em vista a implantação da bilhetagem automática, a qual ocorreu
em maio de 2004, trazendo ao passageiro o benefício da integração com maior
acessibilidade a um menor custo.
Com o redimensionamento das linhas, a EMDURB pretendeu tornar o
atendimento mais concentrado, racionalizado, com melhor velocidade, maior
freqüência e menor custo, proporcionando ao passageiro uma melhoria na qualidade
do transporte oferecido.
___________________________________________________________________________
81
8.1.3 Importância
O transporte coletivo é um serviço essencial e influencia diretamente a
qualidade de vida da população das cidades. Faz parte do cotidiano da maioria das
pessoas que se deslocam para trabalhar, estudar, etc. Por outro lado, o transporte
participa da dinâmica de desenvolvimento da cidade, e interfere concretamente em
sua organização espacial e social.
Hoje, a população bauruense, para se deslocar de ônibus, dispõe de 69
linhas que compõem o sistema de transporte coletivo da cidade, o qual possui
trajetos de deslocamento entre as regiões da cidade. Esse sistema é constituído de 45
linhas diametrais, 10 linhas circulares, 13 linhas radiais e 1 linha distrital, e é operado
por três empresas privadas: Grande Bauru, Cidade Sem Limites e Baurutrans
(EMDURB, 2004b).
A quilometragem média percorrida é de 1.600.000 km/mês,
transportando cerca de 2,6 milhões de passageiros/mês, utilizando 228 veículos do
tipo convencional e 6 microônibus. O sistema de transporte é operado durante 24
horas diárias, pois na madrugada operam 5 linhas noturnas, e para transporte de
deficientes o sistema dispõe de uma linha operada por 4 ônibus adaptados com
elevadores (EMDURB, 2004b).
8.1.4 Gestão e Operação
O transporte público é um serviço de caráter essencial, seu provimento
e estruturação na cidade de Bauru, são de competências do município e seu
gerenciamento fica ao encargo da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Rural de
Bauru - EMDURB, a qual efetua o planejamento do transporte coletivo identificando
os principais pólos de atração e produção de viagens, buscando ajustar a oferta de
veículos à demanda de passageiros, a fim de proporcionar ao passageiro uma
acessibilidade satisfatória e uma tarifa justa.
Cabe a EMDURB o gerenciamento do sistema de transporte coletivo,
definição de linhas, itinerários, horários, localização dos pontos, número de veículos
em cada linha, cálculo de valores das tarifas, emissão de carteiras de estudante,
___________________________________________________________________________
82
deficiente e idoso, cálculo da remuneração das empresas operadoras, fabricação e
implantação dos postes de identificação dos pontos de parada (EMDURB, 2004a).
A gestão do transporte público é feita em cumprimento à Lei 4035 de
11/03/96, que dispõe sobre o Sistema Municipal de Transporte Público. O decreto nº.
7657, de 26/04/96, institui o Regulamento do Serviço Essencial de Transporte
Coletivo de Passageiros do Município. Para tanto, a empresa conta com equipes de
planejamento, pesquisa de campo, implantação, fiscalização e medição (EMDURB,
2004a).
É obvia a importância do serviço prestado pelo ônibus aos centros
urbanos. O cerne do planejamento dos transportes coletivos está em encontrar
soluções para atender à realização dos deslocamentos de pessoas, eliminando os
trajetos não satisfeitos ou satisfeitos inadequadamente, evitando situações críticas e
suas conseqüências prejudiciais antes que aconteçam (STT, 1987).
Segundo EMDURB (2004b), o objetivo do transporte coletivo do
município de Bauru é proporcionar:
Melhor qualidade de vida para toda a população, traduzida por
melhores condições de transporte, segurança e acessibilidade
para realização das atividades necessárias à vida moderna;
Maior eficiência urbana, traduzida pela disponibilidade de uma
rede de transportes integrada por modos complementares,
trabalhando em regime de eficiência, com prioridade efetiva para
os meios coletivos no uso do sistema viário;
Melhor qualidade ambiental, traduzida pelo controle dos níveis
de poluição atmosférica e sonora, e pela proteção do patrimônio
histórico e arquitetônico, e das áreas residenciais e de vivência
coletiva contra o trânsito indevido de veículos.
___________________________________________________________________________
83
8.2 Método Proposto: aplicação para o caso da cidade de Bauru
Dos quatro níveis de abstração propostos por CÂMARA & DAVIS Jr.
(1999) para o desenvolvimento do modelo conceitual de um banco de dados
geográficos, proposto neste trabalho, adentrou-se inicialmente nos três primeiros
níveis de abstração, e para isso, foram utilizados os dados coletados na EMDURB,
empresa gestora responsável pelo Transporte Coletivo do município de Bauru.
Para atender ao quarto nível de abstração, após a realização da
modelagem conceitual desenvolvida nos três primeiros níveis, foi aplicado o modelo
desenvolvido em um projeto piloto, através da inserção dos dados obtidos nos níveis
anteriores.
8.2.1 Nível do Mundo Real
Para adentrar no primeiro nível, de abstração do mundo real, foi
necessário obter o conhecimento das necessidades e requisitos dos usuários, que foi
realizado através da comunicação entre o desenvolvedor, diretor e funcionários da
Diretoria de Transporte Coletivo da EMDURB.
Essa comunicação foi estabelecida através da utilização de algumas das
técnicas de levantamento de dados que compõem a etapa de análise das necessidades
e requisitos dos usuários, descritas por NUNES (2002) e referenciadas nos capítulos 6
e 7 deste trabalho.
Inicialmente, foi utilizada uma das técnicas de NUNES (2002), o
levantamento preliminar, que consistiu no levantamento de dados obtidos através do
acesso ao site da EMDURB e a realização de visitas informais.
O acesso a este site possibilitou obter conhecimentos sobre o histórico
da empresa, sua criação, organização e atividades desenvolvidas por suas diretorias,
e mais especificamente tomar ciência, de forma sucinta, das atividades desenvolvidas
pela Diretoria de Transportes.
Ao consultar o site sobre os horários e itinerários dos ônibus, observou-
se que em função do dia da semana ou período (útil, férias escolares, sábado,
___________________________________________________________________________
84
domingo e feriado) em que o percurso da linha é realizado, existe uma diversificação
nos horários e itinerários, variando em função disso, o trajeto e freqüência dos ônibus
coletivos.
Através de visitas informais, obteve-se outras informações sobre o
funcionamento dos setores da Diretoria de Transporte Coletivo, o ambiente
operacional, estrutura organizacional, quais usuários estão envolvidos, e de forma
superficial, os eventos e procedimentos dos mesmos.
A técnica de entrevista em grupo foi utilizada ao se realizar com a
diretoria e chefia do Departamento de Transportes, uma reunião para a explanação
das intenções do projeto, a fim de se esclarecer a necessidade de intercâmbio de
informações, para a devida evolução da modelagem. Considerou-se que obtendo
apoio da diretoria, os demais funcionários do setor forneceriam as informações
necessárias.
Quando da realização da entrevista, o grupo mostrou-se receptivo ao
desenvolvimento da pesquisa, fato que muito estimulou a continuidade do projeto.
Com a preocupação de obter informações sem ocupar o tempo desses
funcionários, utilizou-se a técnica de revisão de documentos, solicitando a esses
funcionários a disponibilização de alguns documentos utilizados pelo setor de
transporte, para que analisados pudessem acrescentar mais conhecimentos sobre o
funcionamento do setor.
Foram analisados mapas analógicos e documentos de entrada e saída,
possibilitando obter informações referentes ao transporte coletivo no que se refere
aos seus atributos, quanto ao tipo, formato, utilização e as relações existentes entre os
dados.
As informações obtidas no site, nas visitas informais e na análise dos
documentos foram posteriormente melhoradas, quando da realização de entrevistas
individuais com os funcionários e técnicos envolvidos no processo.
Considerando o pequeno número de funcionários envolvidos no setor
de transporte e a facilidade encontrada na comunicação com os mesmos, a entrevista
___________________________________________________________________________
85
individual foi a técnica mais utilizada para levantar dados, esclarecer os desejos, as
necessidades e dúvidas existentes.
As entrevistas realizaram-se com hora marcada e de acordo com o
andamento do projeto, alguns pontos foram levantados antecipadamente, com o
propósito de se ter uma abordagem mais direcionada, para não atrapalhar o
andamento das atividades do setor.
No decorrer das entrevistas, tanto o entrevistado como o entrevistador
abordaram outros assuntos não pautados, porém ainda referentes ao tema, os quais
vieram contribuir para aumentar os conhecimentos referentes à gestão do transporte
coletivo.
Desta forma, averiguou-se os elementos e entidades envolvidas e seus
relacionamentos, as atribuições e responsabilidades pertinentes a cada setor e suas
relações existentes com os demais setores.
Foram realizadas análises do fluxo de informações decorrentes do
processo de criação, manutenção e consulta das informações referentes ao transporte
coletivo e suas características físicas.
Constatou-se a dificuldade encontrada na obtenção da informação,
tendo em vista que a consulta e atualização dos cadastros são realizadas de forma
analógica, através de apontamentos manuais.
Nas entrevistas, identificou-se as necessidades, desejos e prioridades
dos usuários, as informações de maior relevância para o setor e a existência de
rotinas manuais e informatizadas, com o objetivo de obter uma descrição detalhada e
clara das informações, sobre a forma atual de armazenamento, manipulação e
consulta dos dados.
Verificou-se também, as necessidades do usuário de acesso às
informações, através das aplicações de cadastro, manutenção, consulta e
visualização, análise de mapas ou geração de mapas temáticos.
___________________________________________________________________________
86
8.2.2 Nível Conceitual
A abstração da realidade adquirida com a avaliação das necessidades
do usuário e com o levantamento dos dados tornou possível a obtenção de um
conjunto de conceitos formais que possibilitaram a representação gráfica dos temas e
objetos conceituados, através da criação do Diagrama de Temas e do Meta Modelo
Parcial, aplicando, dessa forma, o nível conceitual, considerado de grande
importância no desenvolvimento da modelagem.
Através desses modos de representações gráficas foi possível se obter
uma visão holística do espaço a ser modelado e suas aplicações, que serviram de
subsídio para o desenvolvimento do modelo OMT-G apresentado no nível seguinte.
O Diagrama de Temas (figura 17) possibilitou visualizar os planos de
informações envolvidos por esta aplicação geográfica, auxiliando na compreensão da
abrangência do projeto e ao mesmo tempo de suas partes.
Esse diagrama permitiu agrupar com polígonos as classes pertencentes
a um mesmo tema. Iniciando-se o diagrama com o objeto ou tema que possui maior
abrangência areal, que é o espaço que representa o município, e em seguida,
agrupam-se hierarquicamente os demais temas obedecendo aos relacionamentos
existentes entre eles.
Baseando-se no Diagrama de Temas desenvolvido, foi criado o Meta
Modelo Parcial (figura 18), que consiste na representação dos objetos identificados e
conceituados na fase de abstração da realidade.
Foi realizada a seleção e padronização detalhada das informações
levantadas, considerando somente as relevantes ao sistema, evitando-se, assim, as
informações duplicadas ou desnecessárias, facilitando, desta forma, o entendimento
do modelo.
___________________________________________________________________________
89
Detalhou-se as informações referentes ao desempenho das atividades
de cada setor envolvido, com o objetivo de definir o contexto dos dados em que os
diversos sistemas funcionam.
Este modelo agrupa objetos da mesma natureza em classes, permitindo
uma visão integrada do espaço modelado através da determinação das Classes
Georreferenciadas e Convencionais.
As representações adquiridas na fase conceitual serviram de
embasamento para o desenvolvimento do próximo nível, pois estas foram utilizadas
como ferramentas de apoio para definição da modelagem do banco de dados.
8.2.3 Nível de Representação
Neste nível identificou-se os objetos, suas características, seus
relacionamentos com outros objetos, seu comportamento, operações e a distribuição
dos atributos no desenvolvimento do modelo de banco de dados geográficos para
Transporte Coletivo, conforme a notação gráfica do modelo OMT-G de BORGES
(1997).
No desenvolvimento deste modelo, a representação gráfica dos dados e
dos seus atributos, foi realizada utilizando o software Microsoft Visio 2003, no qual
foi adicionado o stencil OMT-G (figura 19), criado por BORGES (1997).
___________________________________________________________________________
90
O modelo Conceitual de Banco de Dados Georreferenciados (figura 20),
gerado neste nível foi de fundamental importância, pois, através dele foi possível ao
desenvolvedor certificar-se com o usuário da compreensão das atividades referentes
ao Transporte Coletivo.
As cores dos polígonos que identificam as classes do modelo OMT-G
foram utilizadas com o objetivo de demonstrar, de uma forma geral, a abrangência
do modelo, identificando outras secretarias ou autarquias do município que foram
envolvidas, ao se modelar para Transporte Coletivo.
As classes com a cor amarela pertencem à secretaria responsável pelo
planejamento do município; as rosas são referentes à identificação e digitalização dos
logradouros no mapa que contém os eixos das vias da cidade; e as verdes, que se
encontram mais detalhadas, são as classes pertencentes ao objeto de estudo do
presente trabalho.
Figura 19 – Stencil OMT-G do software Microsoft Visio
Fonte: Software Microsoft Visio 2003
___________________________________________________________________________
92
O modelo apresenta a classe de logradouros, o qual é formado por
trechos, que são ligados por nós de trechos. Os trechos que possuem um tipo de via
são compostos por segmentos de trechos, que são os trechos por onde trafegam os
veículos, que por sua vez também estão ligados por nós de segmentos.
Em paralelo aos segmentos de trecho, existem os trechos de itinerários,
ligados por nós de itinerário, por onde circulam os ônibus que fazem o percurso dos
itinerários pertencentes a uma linha de ônibus. Os trechos de itinerários possuem
pontos de parada, que estão localizados em frente aos lotes.
Os pontos de parada possuem especificações quanto ao tipo de material
utilizado em sua construção e estes podem ou não possuir sinalização e abrigo.
Os lotes podem ser representados quanto a sua forma, por polígonos
(perímetro), linhas (testada) ou pontos (localização pontual), dependendo da escala a
ser utilizada e o nível de detalhe desejado. Os lotes possuem endereços pertencentes
ao trecho e podem ou não possuir calçadas e edificações de diferentes tipos.
Os lotes agrupados definem uma quadra em forma de polígonos
fechados, as quadras agrupadas constituem polígonos fechados denominados de
setores, os quais subdividem um município em regiões. Os bairros são polígonos
fechados que representam cada uma das partes em que se divide o município, porém
não são delimitados por grupos de lotes.
O município, espaço geográfico modelado, inclui a representação de
sua hidrografia, curvas de nível e a imagem em ortofotografia.
Na modelagem entre as classes da notação gráfica OMT-G foram
utilizados os relacionamentos de associação simples, relacionamento espacial,
agregação espacial, relações topológicas de rede, generalização cartográfica pela
forma, generalização espacial disjunta total e cardinalidade.
As descrições das classes convencionais e georreferenciadas utilizadas
na Modelagem Conceitual de Dados para Transporte Coletivo (figura 20) e as suas
representações encontram-se detalhadas na tabela 1.
93
Nome Descrição Representação
Abrigo
Indica a presença de construção de cobertura
para abrigar os pontos de parada e os
usuários do transporte coletivo
Ponto
Bairro
Polígono que representa cada uma das partes
em que se divide a cidade
Polígonos
Calçada
Identifica a presença de blocos de concreto
ou pedra colocados entre a testada do lote e a
pista de rolamento
Polígonos
Curvas de Nível
Interseções da superfície topográfica com os
planos de nível dispostos a intervalos
regulares
Isolinha
Edificação
Construções que estão localizadas dentro dos
lotes
Polígono
Edificação Tipo
Indica o tipo de edificação construída no lote
Alfanumérico
Hidrografia
Representação dos rios, córregos, bacias
hidrográficas, dentre outros
Polígonos
Adjacentes
Itinerário
Percurso percorrido pelas linhas de ônibus
entre bairros
Alfanumérico
Linha Ônibus
Identificação da linha de transporte coletivo
percorrida pelo itinerário e suas
características
Alfanumérico
Linha Tipo
Identificação do tipo de linha de ônibus, o
qual determina a forma de percurso do
itinerário (circular, radial, diametral...)
Alfanumérico
Logradouro
Espaços livres destinados à circulação
pública e aos veículos, uso comum do povo
ou ao uso especial. Pode ser constituído de
vias, praças jardins parques, reservas
ambientais, unidades de proteção ambiental
e obras urbanísticas de qualquer natureza
Alfanumérico
Logradouro Tipo
Identificação do tipo de logradouro existente.
Pode ser constituído de rua, avenida, praça,
viela, alameda, dentre outros
Alfanumérico
Lote
Porção de terreno edificado ou vago
pertencente a uma determinada quadra, cuja
testada é voltada a um trecho de logradouro
Polígono
Ponto
Linha
Material
Identificação do material utilizado para a
construção do ponto de parada ou de seu
abrigo
Alfanumérico
Município
Limite de Município, divisa da circunscrição
administrativa territorial
Polígonos
Nó Segmento
Conexão entre segmentos de trecho de
circulação que ajuda na localização do
endereço de logradouro
Tabela 1 – Descrição e tipos de representações das Classes e Ob
j
etos
94
Nó Itinerário
Conexão entre trechos de itinerários
percorridos pelos ônibus
Nó Ponto Parada
Identifica a localização do ponto de parada
no trecho itinerário
Nó Tipo
Identificação do tipo de nó que conecta os
trechos
Alfanumérico
Nó Trecho
Conexão entre trechos de logradouros
Ortofoto
Imagem fotográfica retificada
Tesselação
Ponto de Parada
Local onde os ônibus estão autorizados a
pararem para o embarque e desembarque de
passageiros
Ponto
Prolongamento
Percurso adicional relativo ao itinerário
percorrido pela linha de ônibus que varia de
acordo com os dias e horários gerando a
alteração no trajeto
Alfanumérico
Quadra
Polígono que representa a parcela ou divisão
de terrenos, delimitado por logradouros
públicos e pertencentes a um setor
Polígonos
Segmento Trecho
Menor referência do eixo de logradouros,
por onde os veículos estão autorizados a
circularem e que fornece o sentido de tráfego
Linha
unidirecionada
Sentido
Indica a direção do itinerário percorrido
pelas linhas de ônibus
Alfanumérico
Setor
Divisa de subdivisão de uma região
Polígonos
Sinalização
Sinalização informativa quanto ao uso do
transporte coletivo localizada nas
proximidades do ponto de parada
Alfanumérico
Sinalização Tipo
Tipo e posicionamento de sinalização
utilizada para auxiliar o usuário e condutor
do transporte coletivo
Alfanumérico
Trecho
Parte da malha viária definida entre dois nós
da rede viária. São segmentos de retas,
interligados por nós, que representam o eixo
dos logradouros, tendo sido implantados
para georreferenciarem outros componentes
da via e facilitarem a indexação espacial
geográfica. Responsável pela identificação do
endereço de logradouro
Linha
unidirecionada
Trecho Itinerário
Trecho por onde os ônibus estão autorizados
a circularem desde que obedeçam ao sentido
do tráfego
Linha
unidirecionada
Vias
Indica os tipos de vias que constituem os
trechos de logradouros
Alfanumérico
___________________________________________________________________________
95
Definiu-se com o auxílio dos usuários as representações gráficas a
serem utilizadas na inserção dos dados gráficos no mapa digital.
Utilizando a ferramenta SIG SPRING, acessando o menu Cadastral, na
opção Edição Vetorial abre-se a caixa de diálogo Edição Topológica. Nessa caixa, ao
clicar no botão Visual, acessa-se uma outra caixa de diálogo denominada Visuais de
Apresentação Gráfica (figura 21), onde é permitido definir a representação visual
desejada dos Trechos de Itinerários, Ponto de Parada e Abrigo, quanto à forma, cor e
espessura.
Para a representação dos Trechos de Itinerários, foi definido o uso de
Linha contínua, cor Red_4 de espessura 4.00.
Para a representação do Ponto de Parada e Abrigo foram criados os
símbolos PontoPar e Abrigo com a extensão .bmp no software Microsoft Paint. Os
símbolos foram inseridos na pasta do SPRING no caminho C:\Arquivos de
programas\spring43_Port\etc\chart\bitmaps, os quais foram utilizados no software
SIG SPRING, quando da definição da representação visual dos objetos geográficos.
Fi
g
ura 21 – Visuais de Apresentação Gráfica
___________________________________________________________________________
96
Assim, definiu-se a representação pontual denominada PontoPar.bmp,
cor amarela de peso 10.00 para identificar o Ponto de Parada e para o Abrigo foi
definida a representação pontual denominada Abrigo.bmp, cor vermelha de peso
5.00.
De uma forma geral, adotou-se que a escala 1:5.000 seria utilizada para
impressão das aplicações mais detalhadas, e para as aplicações mais abrangentes
contidas no perímetro urbano, utilizar-se-ia a escala 1:15.000, estando sujeita porém,
ao desejo do usuário e o propósito de sua utilização, que poderiam alterar e definir
novas escalas e níveis de informação a serem visualizados.
8.2.4 Nível de Implementação
As representações definidas no modelo de banco de dados geográficos
desenvolvido no nível de representação foram implementadas no SIG SPRING,
através da aplicação, deste modelo conceitual, em um projeto piloto para o transporte
coletivo urbano do município de Bauru.
Através do SPRING, utilizando a base cartográfica digital da cidade
adquirida na UNESP - Bauru, iniciou-se a criação de um Banco de Dados
denominado Transporte_Coletivo_Bauru e definiu-se a utilização do SGBD Access
para auxiliar na organização, armazenamento e recuperação eficiente dos dados.
O Projeto denominado Bauru_Digital, possui sistema de projeção
UTM/SAD 69, e o retângulo envolvente em Coordenadas Planas (metros) é
constituído pelos seguintes pontos: X1 = 686000, X2 = 713000, Y1 = 7519000, Y2 =
7539000 (figura 22).
As Categorias, os Planos de Informação (PI) e Atributos ou Classes
Temáticas, referentes ao Transporte Coletivo, foram criados baseados no modelo
conceitual desenvolvido no nível de representação.
___________________________________________________________________________
97
A tabela 2 mostra as Categorias, Modelos e Planos de Informação
utilizados pelo SPRING, alguns criados quando do desenvolvimento da base digital
adquirida, outros, referentes ao Transporte Coletivo Urbano, que foram criados
mediante a aplicação do projeto piloto.
As classes e atributos referentes ao transporte coletivo, considerados
mais relevantes à pesquisa proposta, foram detalhados conforme as tabelas de A a T
do anexo1.
No modelo OMT-G gerado, os nomes dos atributos das classes excedem
o número máximo de caracteres permitidos no SPRING. Por este motivo, na
implementação do modelo, foi necessário diminuir o tamanho dos nomes dos
atributos ao defini-los nas categorias objeto, para atender à exigência do SIG
SPRING, que permite o máximo de oito caracteres na definição do nome do atributo.
Fi
g
ura 22 – Dados de Referência Geo
g
ráfica do Pro
j
eto
___________________________________________________________________________
98
Alguns dados coletados no nível de abstração, junto a EMDURB, foram
disponibilizados em formato digital e outros em formato analógico.
Os dados em formato analógico foram inseridos acessando o menu
Editar, na opção Objeto, através da caixa de diálogo Editar Objetos do SPRING
(figura 23), ou através de telas de acesso ao Banco de Dados Access, a fim de facilitar
a manipulação dos mesmos.
Os dados em formato digital estavam incompletos e não atendiam o
formato das tabelas do Banco de Dados, havendo assim a necessidade de digitá-los
no SPRING, da mesma maneira como foram inseridos os dados em formato
analógico.
CATEGORIA MODELO PI
Cadastro Urbano Cadastral Mapa_Quadra
Mapa_Eixo_Viário
Zoneamento Cadastral Mapa_Zoneamento
Curva_Nível MNT Curvas_nível
Hidrografia Temático Mapa_Hidrografia
Uso_Solo Temático Mapa_Uso_Solo
Transporte Cadastral Itinerário
Ponto_Parada
Abrigo
TreItinerario_Obj Objeto
Abrigo_Obj Objeto
PontoParada_Obj Objeto
Buffer Temático Itinerário
Tabela 2 – Descrição das Cate
g
orias
___________________________________________________________________________
99
Através de mapa analógico fornecido pela EMDURB, contendo o
percurso da linha do ônibus, foi possível consulta-lo digitalizar seu itinerário, e seus
respectivos pontos de parada e abrigos.
Selecionando a Categoria Transportes e o PI Itinerário, acessou-se o
menu Cadastral e a opção Edição Vetorial para se obter a caixa de diálogo Edição
Topológica.
Nessa caixa optou-se por editar linhas no modo Passo e utilizar a
operação criar linha, para desta forma, iniciar a digitalização do trecho do Itinerário.
Ao finalizar a digitalização de cada trecho foi necessário associar a entidade gráfica
digitalizada com os objetos não gráficos, definidos no Banco de Dados.
Figura 23 – Inserção de dados analógicos
___________________________________________________________________________
100
Essa associação foi possível, ao clicar o botão Objetos da mesma caixa
de diálogo, tendo acesso à caixa de diálogo Editar Objetos (figura 24), onde
selecionando a categoria objetos TreItinerário_Obj, realizou-se a operação de
associação à entidade linha digitalizada.
Para a inserção dos pontos de parada e abrigos foi adotado o mesmo
procedimento de inserção, tendo a precaução de alterar o PI no painel de controle, e
no momento da associação alterar a categoria objetos, conforme o objeto geográfico a
ser inserido e associado (figura 25).
Figura 24 - Associação dos dados gráficos com não gráficos
___________________________________________________________________________
101
Para efeito de exemplificação foram realizados e demonstrados apenas
alguns ensaios, consultas e análises para mostrar o potencial da ferramenta SPRING
em obter os resultados para subsidiar o administrador no que se refere à gestão e
operação do Transporte Coletivo Urbano.
O itinerário utilizado para exemplificação denomina-se Centro – Geisel,
é uma linha tipo radial, com 17,6 km de extensão, possui 58 pontos de parada, sendo
que destes, apenas 28 possuem abrigo.
Gerou-se um mapa temático do Itinerário Centro – Geisel,
demonstrando a digitalização dos trechos de itinerário da linha de ônibus, seus
pontos de parada e abrigos, conforme pode ser visto na figura 26.
Figura 25 – Inserção dos Pontos de Parada e Abrigos
___________________________________________________________________________
103
O traçado deste mapa temático, foi digitalizado em paralelo ao trecho
de logradouro (Mapa_Eixo_Viário) e possui duas cores que identificam o sentido do
itinerário. Para identificar o sentido ida (Centro – Geisel), utilizou-se o traçado da
linha na cor Red_7 e para identificar o sentido volta (Geisel – Centro), utilizou-se a
cor Green_1, ambos com espessura de 2.00.
A representação pontual de cor amarela identifica o ponto de parada, e
a representação pontual na cor vermelha é referente ao abrigo pertencente ao ponto
de parada. A junção dos itinerários de ida e volta identifica a localização do ponto de
parada inicial e final do itinerário.
Um outro mapa temático foi gerado para evidenciar a área de
abrangência do itinerário tomado como modelo, demonstrando assim, a
possibilidade de verificar a efetividade da cobertura espacial em termos de
acessibilidade ao cliente. Com este tipo de mapa temático é possível analisar a área
de influência das linhas ofertadas (figura 27).
Para representar a abrangência do atendimento do itinerário Centro_
Geisel, foram definidas classes distintas de 100 m, até um total de 300 m de
cobertura, do itinerário digitalizado. As três classes possuem a área de cobertura de
100 m cada, e sua área de abrangência é identificada pela coloração da classe,
conforme pode ser visto na legenda da figura 27.
Os mapas temáticos foram impressos utilizando o módulo Scarta do
SPRING na escala 1:14000.
___________________________________________________________________________
105
A figura 28 demonstra a consulta espacial de itinerários que trafegam a
uma distância estabelecida de 100 m de um dado endereço de logradouro. Com o PI
Mapa_Eixo_Viário ativo, cria-se uma coleção no SPRING através de uma expressão
lógica que é gerada fornecendo o nome ou rótulo de um determinado logradouro e
utilizando de atributos e operações oferecidas.
Utilizando-se dessa coleção gerada, foi realizada uma consulta espacial,
para verificar quais itinerários que, a uma distância de 100 m, possuíam percurso
próximo a este logradouro. Comparou-se a coleção gerada com os objetos
Tre_Itinerário do PI Itinerário, gerando uma nova seleção, contendo os itinerários
que atendiam as exigências da consulta espacial.
O resultado da consulta é demonstrado na figura 28, onde consta o
logradouro informado na cor rosa e o itinerário que possui o percurso a uma
distância de 100m, do local informado, na cor vermelha e seus respectivos pontos de
parada na cor amarela.
Figura 28 – Consulta por Atributos
___________________________________________________________________________
106
Embora, os mapas temáticos sejam compostos de apenas um itinerário,
através destes fica demonstrada a possibilidade, de que, se digitalizados todos os
itinerários ofertados, o gestor venha a obter uma leitura da real cobertura espacial do
transporte coletivo no município e à acessibilidade do munícipe ao mesmo.
A consulta espacial de acesso aos itinerários, realizada através da
informação de um endereço de logradouro é muito útil no serviço de atendimento ao
passageiro, em termos de agilidade e precisão. Este tipo de consulta poderá ser
realizado utilizando outros atributos, como número ou nome do itinerário,
constantes do banco de dados.
Uma vez carregadas todas as informações referentes ao Transporte
Coletivo, a sua manutenção passará a ser efetuada de forma digital, sempre
realizando as associações do dado gráfico ao seu atributo, utilizando para isso os
softwares propostos, SIG SPRING e SGBD Access, permitindo ao gestor uma visão
espacial e clara do objeto, podendo este definir consultas e mapas temáticos segundo
seu interesse.
___________________________________________________________________________
107
9 CONCLUSÕES
O presente trabalho apresentou a modelagem de banco de dados
georreferenciados, devido a sua grande importância no desenvolvimento de
aplicações SIG, e esta poderá ser utilizada pelas administrações municipais na gestão
do Transporte Coletivo Urbano.
A aplicação deste modelo conceitual foi realizada, ainda que parcial, em
um projeto piloto, no município de Bauru - SP. Foi utilizado o SIG SPRING e o banco
de dados Access para inserção dos dados referentes ao Transporte Coletivo do
município.
Na abstração do mundo real, quando do levantamento das
necessidades e requisitos dos usuários, houve total colaboração dos funcionários do
Departamento de Transportes do município de Bauru, que forneceram os dados e
documentos necessários, facilitando sobremaneira a análise e o desenvolvimento do
modelo.
Na aplicação da modelagem, quando do uso do SIG SPRING, não foi
encontrada disponível, simbologia de forma simples com preenchimento sólido, para
representar o ponto de parada e o abrigo do itinerário no mapa temático. Portanto,
sugere-se a inserção, neste SIG, deste tipo de simbologia, para que possam atender as
necessidades de representações adequadas dos objetos geográficos.
Embora as características geográficas tornem a modelagem mais
complexa que a convencional, de uma foram geral, o modelo OMT-G mostrou-se
capaz de representar as particularidades dos dados geográficos referentes ao
Transporte Coletivo, mantendo maior clareza e facilidade de representação no
modelo apresentado.
O Microsoft Visio, como ferramenta utilizada para gerar as
representações dos modelos apresentados, foi considerado adequado. Quando do
desenvolvimento do modelo OMT-G, foi adicionado ao Visio o stencil OMT-G, criado
___________________________________________________________________________
108
por BORGES (1997), o qual atendeu corretamente às necessidades de representações
em aplicações geográficas para Transporte Coletivo.
Com a aplicação do modelo desenvolvido em um projeto piloto, foi
possível realizar consultas e análises, possibilitando mostrar em parte, o potencial do
SPRING, o qual se mostrou uma ferramenta SIG eficaz para ser utilizada, em
administrações municipais, auxiliando na gestão de transportes, sem a necessidade
de alocar recursos financeiros para esse propósito, pois se trata de uma ferramenta de
domínio público.
Embora a presente aplicação tenha sido realizada em projeto piloto,
utilizando apenas um itinerário como modelo, verifica-se através dos mapas
temáticos gerados que, quando digitalizados os demais itinerários, é possível se obter
uma leitura real dos percursos e abrangência dos itinerários e da acessibilidade dos
munícipes a estes.
Muitas outras análises poderão ser realizadas, fornecendo uma
visualização mais rápida, ágil e global do transporte coletivo, conforme o desejo do
gestor.
A aplicação de SIG quando modelada, cria possibilidades de se ter
gestores e munícipes melhores informados através da visualização da disposição
espacial da operação e da eficiência relativa dos itinerários.
Mediante o exposto, é possível afirmar que a escolha da técnica e a
aplicação da modelagem foram adequadas com relação ao problema tratado. A
utilização do SPRING e do SGBD Access também se mostrou satisfatória, oferecendo
resultados compatíveis com a aplicação.
Finalmente, diante dos resultados positivos apresentados, acredita-se
que tal modelagem representa uma contribuição importante para a melhoria dos
sistemas de informação que favorecem tanto ao gestor como ao passageiro do
transporte coletivo urbano.
___________________________________________________________________________
109
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Gráfica de uma Base Cartográfica de um Município Voltada para os Problemas de Transporte Público.
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<http://www.bauru.sp.gov.br>. Acesso em: 25 abr. 2004.
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Utilizando Redes Neurais Artificiais. Tese (Doutorado em Engenharia Civil - Transportes).
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114
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graduação em Geoprocessamento – Ngeo, 2002. Módulo10.
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Ferramenta Gerencial na Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo – EMTU. In:
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em Geoprocessamento – Ngeo, 2002. Módulo 4.
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___________________________________________________________________________
116
ANEXOS
___________________________________________________________________________
117
Anexo 1 - Classes e Atributos referentes ao Transporte Coletivo
Tabela A - Abrigo
Nome Descrição
CodAbrigo Código do abrigo do ponto de parada
CodMaterial Código do tipo de material utilizado
LarguraAbrigo Largura do abrigo
AlturaAbrigo Altura do abrigo
ComprimentoAbrigo Comprimento do abrigo
DtImplantaçãoAbrigo Data da implantação do abrigo
DtManutençãoAbrigo Data da manutenção do abrigo
Tabela B - Itinerário
Nome Descrição
CodItinerário Código do Itinerário da linha de ônibus
CodLinha Código da linha de ônibus
CodSentido Código do sentido do itinerário da linha de ônibus
CodProlongamento Código do prolongamento do itinerário da linha de
ônibus
IdentificaçãoPrincipal Identificação principal do itinerário da linha de ônibus
IdentificaçãoSecundária Identificação secundária do itinerário da linha de
ônibus
IdentificaçãoLateral Identificação lateral do itinerário da linha de ônibus
KilometragemItinerário Quilometragem do itinerário percorrido pelo itinerário
da linha de ônibus
CodPontoInicial Código do ponto inicial do itinerário
CodPontoFinal Código do ponto final do itinerário
DtInícioItinerário Data do início do percurso do itinerário
DtTérminoItinerário Data do término do percurso do itinerário
Tabela C - Linha
Nome Descrição
CodLinha Código da linha de ônibus
DescLinha Descrição da linha de ônibus
CodTipoLinha Código do tipo de linha de ônibus
DtInicioLinha Data do início da operação da linha
DtAtualizaçãoLinha Data da atualização da operação da linha de ônibus
ObservaçãoLinha Observação da linha de ônibus
Tabela D - LinhaTipo
Nome Descrição
CodTipoLinha Código do tipo de linha
DescTipoLinha Descrição do tipo de linha
___________________________________________________________________________
118
Tabela E - Logradouro
Nome Descrição
LogEixo Código do logradouro de eixo
NomeLog Nome do logradouro de eixo
CodTipoLog Código do tipo do logradouro
NumDecretoLog Número do decreto do logradouro
FolhaLog Folha que consta o decreto do logradouro
DtDecretoLog Data do decreto do logradouro
ObsLog Observações do logradouro
Tabela F – Logradouro Tipo
Nome Descrição
CodTipoLog Código do tipo de logradouro
DescTipoLog Descrição do tipo de logradouro
Tabela G - Material
Nome Descrição
CodMaterial Código do tipo de material utilizado para construção
do objeto
DescMaterial Descrição do tipo de material utilizado para
construção do objeto
Tabela H - Nó Itinerário
Nome Descrição
CodNó Código do nó que conecta o trecho de itinerário
CodTipoNó Código do tipo de nó que compõe o trecho de
itinerário
Coord_X Coordenada X onde localiza-se o nó itinerário
Coord_Y Coordenada Y onde localiza-se o nó itinerário
Tabela I – Nó Ponto Parada
Nome Descrição
CodNó Código que identifica o nó
CodTipoNó Código do tipo de nó que compõe o ponto de parada
Coord_X Coordenada X onde localiza-se o nó de ponto de
parada
Coord_Y Coordenada Y onde localiza-se o nó de ponto de
parada
Tabela J - Nó Segmento
Nome Descrição
CodNó Código do nó que conecta o segmento de trecho
CodTipoNó Código do tipo de nó que compõe o segmento trecho
Coord_X Coordenada X onde localiza-se o nó
Coord_Y Coordenada Y onde localiza-se o nó
___________________________________________________________________________
119
Tabela K - Nó Tipo
Nome Descrição
CodTipoNó Código do tipo de nó
DescTipoNó Descrição do tipo de nó
Tabela L - Nó Trecho
Nome Descrição
CodNó Código do nó que conecta o trecho
CodTipoNó Código do tipo nó que compõe o trecho
Coord_X Coordenada X onde localiza-se o nó
Coord_Y Coordenada Y onde localiza-se o nó
Tabela M - Ponto de Parada
Nome Descrição
CodPonto Código do ponto de parada do itinerário
CodTreItinerário Código do trecho do itinerário da linha de ônibus onde
se encontra o ponto de parada
CodNó Código do nó que identifica a localização do ponto de
parada
CodMaterial Código do material utilizado para construção do ponto
de parada
CodLote Código do lote em frente ao ponto de parada
CodAbrigo Código do abrigo do ponto de parada
CodSinalização Código da sinalização utilizada no ponto de parada
IluminaçãoPonto Consta a existência ou não de iluminação no ponto de
parada
DtImplantaçãoPonto Data de implantação do ponto de parada no local
DtExclusãoPonto Data de exclusão do ponto de parada
StatusPonto Identifica se ponto ativo ou inativo
Tabela N - Prolongamento
Nome Descrição
CodProlongamento Código do prolongamento do itinerário
DescProlongamento Descrição do prolongamento do itinerário
Tabela O – Segmento Trecho
Nome Descrição
CodSegTrecho Código do Segmento de trecho de circulação do
logradouro
CodTrecho Código do trecho de logradouro
Segmento Número que indica a quantidade de segmentos que
compõem o trecho
Sentido Indica o sentido do tráfego
CodNoInicial Código do nó inicial que compõe o segmento de
trecho
CodNoFinal Código do nó final que compõe o segmento de trecho
___________________________________________________________________________
120
Tabela P - Sentido
Nome Descrição
CodSentido Código que identifica o sentido do itinerário
DescSentido Descreve o sentido do itinerário
Tabela Q - Sinalização
Nome Descrição
CodSinalização Código de sinalização do ponto de parada
DescSinalização Descrição da sinalização do ponto de parada
CodTipoSinalização Código do tipo de sinalização do ponto de parada
Tabela R - SinalizaçãoTipo
Nome Descrição
CodTipoSinalização Código do tipo de sinalização
DescTipoSinalização Descrição do tipo de sinalização
Tabela S - Trecho
Nome Descrição
CodTrecho Código do trecho de logradouro
LogEixo Código do logradouro de Eixo
Trecho Trecho logradouro que identifica número do
quarteirão
Lado Lado do trecho de logradouro
CodNoInicial Código do nó inicial do trecho de logradouro
CodNoFinal Código do nó final do trecho de logradouro
Tabela T – Trecho Itinerário
Nome Descrição
CodTreitinerário Código do Trecho do Itinerário de circulação do
logradouro
CodSegTrecho Código do Segmento de trecho de circulação do
logradouro
CodItinerário Código do Itinerário da linha de ônibus
SeqItinerário Número seqüencial que identifica a ordem de
logradouros efetuada pelo percurso do itinerário
CodNóInicial Código do nó inicial que compõe o segmento de
trecho
CodNóFinal Código do nó final que compõe o segmento de trecho
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