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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES EM
LOCAL DE ENTREGA OBRIGATÓRIA:
Aspectos de custos e opinião dos usuários.
Edson Marcondes de Souza
São Carlos
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES EM LOCAL
DE ENTREGA OBRIGATÓRIA:
Aspectos de custos e opinião dos usuários.
Edson Marcondes de Souza
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Urbana da
Universidade Federal de São Carlos, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de Mestre em Engenharia Urbana.
Orientação: Prof. Dr. Bernardo A. N. Teixeira
São Carlos
2006
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
S731cr
Souza, Edson Marcondes de.
Coleta de resíduos sólidos domiciliares em local de
entrega obrigatória: aspectos de custos e opinião dos
usuários / Edson Marcondes de Souza. -- São Carlos :
UFSCar, 2006.
121 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2005.
1. Resíduos sólidos. 2. Coleta de resíduos. 3. Custos
comparados. 4. Coleta em local de entrega obrigatória. I.
Título.
CDD: 363.7285 (20
a
)
À minha mãe.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Bernardo Arantes do Nascimento Teixeira por ensinar, verdadeiramente, o
ofício de professor;
Ao Prof. Dr. Arthur Roberto Silva pelas informações gentilmente disponibilizadas;
Aos mestres colegas Vanderlei Festi, Grazielli Graciolli e Luciana Massukado pela
amizade construída;
À minha mulher Adalgisa e filhos Ana Carolina, Juliana, Camila e Henrique pela
cooperação inestimável;
Resumo
Neste trabalho é apresentada uma comparação entre a coleta convencional de resíduos
sólidos domiciliares, denominada porta-a-porta, realizada na maioria dos municípios
brasileiros e a coleta em locais de entrega obrigatória (CLEO), realizada em pontos
específicos, para onde os residentes devem levar os resíduos por eles gerados para
serem recolhidos.
A literatura aponta este segundo tipo de coleta como o de menor custo no sistema de
resíduos sólidos e, neste trabalho buscou-se compara-la com a coleta porta-a porta e
conhecer as opiniões a respeito deste tipo de coleta, através de pesquisa com
residentes num setor onde é realizada de modo não obrigatório, na cidade de
Bebedouro – SP.
A comparação teórica baseada no modelo de Aguiar (1993) apontou que a coleta em
locais de entrega obrigatória pode ser de custo menor que a coleta porta-a-porta em
cerca de 10 a 30%, considerando-se a redução de frota e de guarnição.
A pesquisa informou que
75% dos respondentes acham-se envolvidos e conhecem os
serviços de coleta dos RSD e a maioria aprova o modo como se dispõe e se coleta o
lixo, nas lixeiras da ilha central, mas 60% não admitiram ter uma lixeira coletiva na
calçada de sua casa.
Outro dado importante observado é que a população pesquisada aceita “trocar” certo
sacrifício de sua parte (no caso andar uma distância maior para dispor o lixo) por um
benefício concedido pelo poder público (desconto nos tributos municipais).
i
Abstract
This work presents a comparison between conventional solid waste collection, also
known as door–to-door collection which is used by most of the Brazilian’s
municipalities and the Mandatory Drop-Off Waste Collection At Specific Sites (CLEO), to
where the residents must transport their domestic solid waste to be collected.
Literature points to the Mandatory Drop-Off (CLEO) as likely to have the lowest cost in
the solid waste system. Also, the paper proposes to compare this type of collection
with the door-to-door collection. And in addition, to find out the residents’ opinion
about this type of collection, a survey was conducted with the residents of a street
segment in Bebedouro-SP, where a drop-off collection is currently made at specific
sites, but not in a mandatory way.
The survey points that the collection at specific points is 10 to 30 per cent less
expensive than the door-to-door collection. (If crew and vehicles are taken in
consideration)
Bebedouro/SP’s survey shows that 75% of respondents are involved and know about
the collection of solid waste services. Most of residents that live around main street
approved the way that collection and disposal are made, at a central island. However,
60% do not want a container in the curbside of their front house.
Another important issue that the respondents declared is their disposition to make a
certain “sacrifice”, like to walk a lot a distance to dispose their solid waste in order to
pay their Town’s taxes at a discount rate.
ii
Sumário
Resumo i
Abstract ii
Introdução 1
I Introdução 1
II Objetivos 5
III Estrutura do trabalho 6
Capítulo 1 7
1.1 Coleta e transporte de RSD 7
Caracterização da área 11
Caracterização dos RSD e do volume a ser coletado 11
Caracterização do clima 12
Empresa prestadora dos serviços 12
Cobrança pelos serviços prestados 13
Avaliação e definição dos tipos de coleta 14
Equipamentos 14
Estação de transferência 17
Roteiros 18
Horários 23
Implantação e monitoramento 24
1.2 Tipos de coleta 25
Coleta porta-a-porta (
curbside collection
) 25
Coleta por quadras (
block collection)
28
Coleta em pontos específicos 29
1.3 Coletas pelo mundo 30
Nagoya, Japão 30
Kyoto, Japão 32
Austin, EUA 33
London, Canadá 38
Barcelona, Espanha 39
Capítulo 2 45
2.1 Dimensionamento de coleta e transporte de RSD 45
2.2 Custos 50
2.3 Comparação de coletas porta-a-porta e CLEO 56
iii
2.3.1 Custos da coleta porta-a-porta 60
2.3.2 Custos da CLEO 63
2.3.3 Custos comparados 66
Capítulo 3 70
3.1 Metodologia do trabalho 70
3.1.1 Características do município 71
3.1.2 Sistema de RSD 74
3.1.3 Gerenciamento dos RSD 76
3.1.4 Da pesquisa de campo 78
Tamanho da amostra 80
Questionário 82
Capítulo 4 85
4.1 Resultados e discussão da pesquisa de opinião 85
4.1.1 O serviço municipal de coleta dos RSD no setor pesquisado 85
4.1.2 Perfil dos respondentes 85
4.1.3 Respostas às questões da entrevista 90
Capítulo 5 110
5.1 Conclusões e recomendações 110
Bibliografia consultada 113
Apêndice
Questionário da pesquisa de campo
iv
Lista de figuras
Figura 1. Caminhões basculante, guindaste e poliguindaste 15
Figura 2. Carrinho do tipo Lutocar 16
Figura 3. Coletas automatizada e manual em Austin, EUA 34
Figura 4. Separação entre contêineres para coleta em Austin, EUA 35
Figura 5. Recipientes secundários utilizados em Austin, EUA 35
Figura 6. Afastamento entre recipientes em Austin, EUA 36
Figura 7. Coleta de RSV em Austin, EUA 36
Figura 8. Folheto informativo da coleta de RSV em Austin, EUA 37
Figura 9. Folhetos explicativos à população de London, Canadá 39
Figura 10. Recipiente rígido para coleta manual em Barcelona 41
Figura 11. Residente dispondo dos RSD em Barcelona 42
Figura 12. Contêineres para coleta mecanizada em Barcelona 42
Figura 13. Tubulação de coleta pneumática em Barcelona 43
Figura 14. Pontos Verdes fixos e móveis em Barcelona e suas localizações 44
Figura 15. Tela de trabalho da planilha do SELURB 56
Figura 16. Configuração da cidade-modelo utilizada e suas distâncias 61
Figura 17. Localização das lixeiras para CLEO na cidade-modelo 64
Figura 18. Lixeira-tipo instalada na Av. Pedro Paschoal, em Bebedouro-SP 71
Figura 19. Localização do município de Bebedouro/SP 72
Figura 20. Foto de satélite da Avenida Pedro Paschoal 80
Figura 21. Ação de catadores na lixeira da ilha central das Av.s. Pedro
Paschoal e Raul Furquim 94
Figura 22. Disposição do lixo na Av. Pedro Paschoal 99
Figura 23. Lixo espalhado ao redor da lixeira na Av. Pedro Paschoal 102
Figura 24. Medidas da lixeira da ilha central da Av. Pedro Paschoal 102
Figura 25. Residente depositando sua embalagem na lixeira 103
Figura 26. Catador apanhando recicláveis na lixeira da Av. Raul Furquim 104
v
Figura 27. Lixeira apresentada aos respondentes na pergunta estimulada 109
vi
Lista de quadros
Quadro 1. Vantagens e desvantagens da coleta noturna de RSD 24
Quadro 2. Informações sobre coleta dos RSD em Nagoya – Japão 32
Quadro 3. Municípios por estratos populacionais e dados gerais
sobre a geração de resíduos sólidos (lixo). 46
Quadro 4. Veículos coletores e guarnições frequentemente utilizadas 49
Quadro5. Produção de RS em Bebedouro – SP 74
Quadro 6. Composição dos RSD de Bebedouro 75
Quadro 7. Freqüência da coleta por setor no município de Bebedouro 77
Quadro 8. Número de viagens realizadas para o aterro sanitário pelos
veículos coletores em Bebedouro. 77
Quadro 9. Afirmações sobre a lixeira da ilha central da Av. Pedro Paschoal 101
vii
Lista de gráficos
Gráfico 1. Custos do gerenciamento do sistema de RSU 3
Gráfico 2. Número de municípios x Percentual aplicado na limpeza urbana e
na coleta e transporte de RSU 8
Gráfico 3. Freqüência da coleta de RSD nos municípios brasileiros em 2000 9
Gráfico 4. Forma de cobrança dos municípios brasileiros pelo serviço de
limpeza urbana e coleta e transporte de RSU no Brasil em 2000 14
Gráfico 5. Freqüência do uso de equipamentos na limpeza pública, coleta
e transporte de RSU no Brasil em 2000 16
Gráfico 6. Situação da renda familiar dos respondentes homens e mulheres
conforme o Critério de Classificação Econômica Brasil 86
Gráfico 7. Idade declarada dos respondentes do sexo masculino 87
Gráfico 8. Idade dos respondentes do sexo feminino 87
Gráfico 9. Profissão declarada dos respondentes, em percentual de freqüência 88
Gráfico 10. Área da residência dos respondentes, em metros quadrados 89
Gráfico 11. Número declarado de pessoas que residem ou atuam
permanentemente nas unidades entrevistadas 89
Gráfico 12. Grau de escolaridade dos respondentes 90
Gráfico 13. Pessoa responsável por colocar o lixo na rua para ser coletado
pelo caminhão 91
Gráfico 14. Recipientes primários utilizados para disposição dos RSD para coleta 92
Gráfico 15. Onde os residentes armazenam os RSD antes da coleta 93
Gráfico 16. Materiais separados na embalagem do lixo 93
Gráfico 17. Período anterior à coleta em que o lixo é colocado na rua pelos
residentes para ser coletado 95
Gráfico 18. Freqüência declarada da coleta do lixo na Av. Pedro Paschoal 97
Gráfico 19. Horário declarado de coleta do lixo 97
Gráfico 20. Local declarado de uso para deposição do lixo para ser coletado 98
Gráfico 21. Percepção da coleta na ilha central da Avenida Pedro Paschoal 100
viii
Gráfico 22. Avaliação da adequação da lixeira na ilha central da Av. Pedro
Paschoal 101
Gráfico 23. Distância percorrida entre a residência e a lixeira, declarada
pelos residentes 105
Gráfico 24. Quanto os respondentes estariam dispostos a andar se tivessem
benefício financeiro 106
Gráfico 25. Distância declarada a ser percorrida (pelos respondentes que
disseram andar 10,0 m) caso houvesse desconto nos tributos
municipais 106
Gráfico 26. Características da lixeira ideal dos respondentes da pesquisa 108
Gráfico 27. Aceitação da permanência da lixeira coletiva na própria
calçada 109
ix
Lista de tabelas
Tabela 1. Exemplo de dimensionamento de frota no turno diurno 49
Tabela 2. Renda familiar x tempo anterior à coleta 95
Tabela 3. Idade dos respondentes x tempo anterior à coleta 96
x
Lista de abreviaturas e siglas
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CLEO Coleta em local de entrega obrigatória
EUA Estados Unidos da América
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPT:CEMPRE Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo:
Compromisso Empresarial para a Reciclagem
NBR Norma Brasileira, editada pela ABNT
PEAD Polietileno de alta densidade
PET Polietileno de baixa densidade
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE
RS Resíduos sólidos
RSD Resíduos sólidos domiciliares
RSU Resíduos sólidos urbanos
RSV Resíduos sólidos volumosos
SWANA Solid Waste Association of North America
USEPA United States Environmental Protection Agency
xi
I. Introdução
Em função do crescimento da população global, dos movimentos migratórios dos
residentes no campo para os centros urbanos e da mudança dos hábitos de consumo,
dentre outros fatores, a geração dos RSU é crescente e ininterrupta. Desafia as
administrações públicas a solucionarem os problemas decorrentes da destinação
adequada destes resíduos sem o comprometimento ambiental.
Ao longo da história, observa-se a adoção de variados modelos de gestão dos
sistemas de RSU. Os antigos modelos, que compartimentavam as fases que compunha
estes sistemas, cedem lugar a um novo, que apresenta uma abordagem integrada do
sistema, aplicando novos paradigmas que se sobrepõem aos antigos. As diretrizes do
novo modelo priorizam a redução na fonte, o reaproveitamento, o tratamento e a
disposição final.
A Agenda 21 (1992) destaca a necessidade de se manejar de modo sustentável os RS,
buscando atingir a causa fundamental do problema - a geração - o que implicaria na
utilização de um novo conceito: o do manejo integrado com a proteção do ambiente.
A redução na fonte e/ou origem é a redução de resíduos devido à sua não geração e
pode ocorrer por meio de mudanças no produto, no material usado, nos insumos
utilizados, na tecnologia de produção e da mudança do desenho do produto.
As estratégias de reaproveitamento ou reutilização consistem em ações de reutilização
onde o resíduo está pronto para o uso, enquanto na reciclagem deve existir um
processo transformador do resíduo, que retorna ao sistema produtivo como matéria-
prima.
1
O tratamento e disposição final devem ser feitos de modo saudável ao ambiente,
utilizando-se tecnologias limpas e, preferencialmente, de baixo custo. A disposição
dos resíduos deve ser realizada observando-se critérios técnicos que possibilitem a
sustentabilidade do meio ambiente.
Por parte dos gestores do sistema é imprescindível a revisão de certas práticas
executadas que poderiam ser melhoradas, proporcionando mais economia.
No Brasil, dentre estas práticas, está a da coleta de resíduos sólidos domiciliares
realizada no modo porta-a-porta dos residentes e, normalmente, com freqüência de
dois ou mais dias por semana. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
realizada em 2000, (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2002) cerca
de 70% dos distritos-sede com serviço de coleta residencial contam com o serviço
realizado nesta freqüência.
Nos países desenvolvidos prevalece a coleta de um dia por semana e a
obrigatoriedade da disposição do lixo em locais comuns indicados pela
municipalidade e adequados para posterior coleta. Este arranjo apresenta menor custo
sendo apropriados para municípios pouco populosos, com a vantagem de requerer
equipes de coleta menores.
A necessária mudança de paradigmas está estreitamente ligada ao sistema de gestão
dos resíduos sólidos. O novo modelo de gestão requer visão integral do processo,
incluindo aí a participação da população envolvida, suas opiniões, esclarecimento e
atendimento da demanda por ela proporcionada.
Dentre as etapas que compõem o sistema de RSU, a coleta e transporte respondem
por cerca de metade do custo envolvido. USEPA (1999, p. 5) afirma que, baseada em
pesquisa realizada em seis localidades nos Estados Unidos da América pela Solid
2
Waste Association of North America (SWANA), a coleta e transporte representam de 39
a 62% do custo total do sistema, sendo o custo médio de 50% (Gráfico 1). Dados
semelhantes têm sido divulgados também no Brasil onde se estima que os custos
desta etapa cheguem a 70% do custo total do sistema (IPT; CEMPRE, 1999, p. 46).
Administração
Aterro
Equipamentos
Estação de
Transferência
Coleta e
transporte
15%
12%
19%
50%
4%
Gráfico 1. Custos do gerenciamento do sistema de RSU.
Fonte: USEPA, 1995
Programas de redução de custos do sistema de RSU têm sido realizados em diversos
países com incentivos à redução na fonte, à diminuição na freqüência da coleta, à
otimização de roteiros, ao uso de equipamentos automatizados e à implementação da
coleta separada de RSD orgânicos e de materiais recicláveis.
Pesquisa realizada em 1997 pelo Instituto de Estudos da Religião – ISER e outros
parceiros, denominada
O que o brasileiro pensa sobre o meio ambiente,
desenvolvimento e sustentabilidade
, demonstra que 72% dos entrevistados separariam
o lixo para ser reciclado, como forma de ajudar na proteção ao meio ambiente e 94%
apoiariam a obrigatoriedade da educação ambiental nas escolas, o que evidencia a
necessidade de investimentos em educação ambiental no Brasil.
3
Necessário então que, para vencer os desafios que se impõem - além de uma política
nacional de saneamento, da aplicação de modelos de gestão integrada dos RSU, de
investimentos em educação ambiental, do dimensionamento correto do sistema e de
capacitação técnica dos envolvidos - haja inovação nos modelos tradicionais, desde a
geração dos RSU até sua destinação final.
4
II. Objetivos
Este trabalho estabelece como objetivos:
a) comparar aspectos de custos entre a coleta porta-a-porta e a coleta em locais de
entrega obrigatória, apontada na literatura como a de menor custo no sistema de
resíduos sólidos domiciliares;
b) conhecer a opinião de residentes sobre aspectos da coleta em locais de entrega
alternativa em um setor da cidade de Bebedouro-SP, no qual é realizada;
c) conhecer os hábitos destes residentes em relação à disposição dos RSD gerados em
suas residências;
d) Avaliar o grau de envolvimento dos residentes do setor mencionado com os
serviços de coleta oferecido pela prefeitura municipal;
e) Conhecer quais as características ideais do coletor secundário comunitário na
opinião dos respondentes do setor pesquisado;
f) Avaliar a disposição destes residentes em permitir que um coletor secundário
comunitário fosse colocado em sua calçada;
g) Conhecer a opinião dos residentes pesquisados sobre sua disposição em andar uma
distância maior se recebesse alguma compensação financeira no pagamento dos
tributos municipais;
5
III. Estrutura do trabalho
Para atingir os objetivos propostos, este trabalho foi estruturado em cinco capítulos:
O capítulo primeiro faz uma revisão bibliográfica sobre a coleta e transporte de RSD,
visando dar a conhecer o estado-da-arte do assunto. Analisa os tipos de coleta
encontrados na literatura e apresenta algumas experiências realizadas em cidades do
mundo.
O capítulo segundo apresenta aspectos básicos da roteirização de coleta e transporte
de RSD proposto pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, de
maneira a conceituar os parâmetros de dimensionamento. Faz uma abordagem dos
métodos de apropriação de custos da coleta e transporte dos RSD e apresenta uma
comparação de custos entre a coleta convencional e a coleta em locais de entrega
obrigatória, baseada no modelo proposto por Aguiar (1993).
O capítulo terceiro esclarece a metodologia da pesquisa de opinião realizada com os
residentes de um setor de Bebedouro-SP, no qual a coleta é similar à proposta e
apresenta os resultados da pesquisa.
O capítulo quarto apresenta os resultados e a discussão dos elementos obtidos nos
capítulos anteriores.
O capítulo quinto apresenta as conclusões e recomendações de futuros estudos.
6
CAPÍTULO 1
1.1 Coleta e transporte de RSD
Os serviços de coleta e transporte dos RSU, principalmente dos RSD, são de grande
visibilidade para a população. Tornam-se mais percebidos quando não são realizados
e os resíduos deixam de ser recolhidos, avolumando-se nas calçadas, ruas e terrenos
baldios.
No Brasil, a responsabilidade pela proteção ao meio-ambiente e pela oferta de
saneamento básico a todos os cidadãos brasileiros está prevista na Constituição
Federal, que deixa a cargo dos municípios legislarem sobre assuntos de interesse local
e de organização de serviços públicos.
“Por isto, e por tradição, a gestão da limpeza urbana e dos resíduos
sólidos gerados em seu território, inclusive os provenientes dos
estabelecimentos de serviços de saúde, é de responsabilidade dos
municípios.” (IBGE, 2002)
A PNSB 2000 revela que 88% dos órgãos responsáveis pela prestação de serviços de
limpeza urbana nos municípios brasileiros são as próprias prefeituras. Afirma a
pesquisa que a maior parte dos municípios brasileiros destina, no máximo, 5% do
orçamento municipal para a execução destes serviços (IBGE, 2002, p. 49), conforme o
gráfico 2.
No Brasil, para que a população participe da coleta de RSD de forma satisfatória é
necessário que o poder público garanta a universalidade do serviço e a regularidade
da coleta, em dias, locais e horários pré-estabelecidos (IPT; CEMPRE, 1999, p. 46).
7
4338
872
123
33
31
78
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
< 5 5 a 10 10 a 1515 a 20 > 20 N.D.
Percentual do orçamento aplicado
N.º Municípios
Gráfico 2 – Número de municípios x Percentual aplicado na Limpeza urbana e na coleta e
transporte de RSU.
Fonte: Adaptado de IBGE, 2002.
IPT; CEMPRE (1999, p. 46) definem a coleta regular como a coleta de resíduos sólidos
executada em intervalos determinados.
A NBR 12980 (ABNT, 1993) define a coleta domiciliar ou convencional como a coleta
dos resíduos gerados em residências, estabelecimentos comerciais, industriais,
públicos e de prestação de serviços, cujos volumes e características sejam compatíveis
com a legislação municipal vigente.
No Brasil, a coleta regular domiciliar predominante é realizada através do sistema
porta-a-porta, isto é, os resíduos são recolhidos nas calçadas das residências. Neste
caso o acondicionamento dos RSD é de responsabilidade do gerador, devendo ser
adequado a fim de evitarem-se acidentes, proliferação de insetos, ação de animais
indesejáveis e perigosos à saúde pública, maus odores e outros inconvenientes (IPT;
CEMPRE, 1999, p. 46).
8
Sem discutir a qualidade e a abrangência dos serviços prestados, a PNSB 2000 informa
que apesar de um município poder apresentar diferentes freqüências de atendimento,
a maioria (61%) dos distritos-sede com serviço de coleta de lixo residencial realiza
coleta regular diária (IBGE, 2002, p. 58 e 59), conforme mostra o gráfico 3.
3274
1104
680
225
141
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Diária 3 x semana 2x semana semanal Irregular
Freqüência da coleta de RSD
N.º Municípios
Gráfico 3 – Freqüência da coleta de RSD nos municípios brasileiros em 2000.
Fonte: Adaptado de IBGE, 2002.
Em outros paises, como os EUA, por exemplo, a própria população pode contratar
empresas privadas para a prestação destes serviços. De qualquer modo, os residentes
participam dos serviços de coleta no momento em que retiram os RSD das residências,
já acondicionados, e os colocam nos locais apropriados para serem recolhidos.
Na literatura brasileira, no tocante à coleta e transporte de RSD, parece estar implícita
a adoção do tipo de coleta regular porta-a-porta, haja vista a ausência de
considerações sobre o local de coleta dos RSD nas etapas sugeridas para o
dimensionamento do sistema (IPT; CEMPRE 1999, p. 53-54).
Sendo a coleta e transporte de RSD etapa de grande importância, responsável por
grande parte dos recursos diretamente envolvidos, não se pode admitir que sejam
9
considerados aprioristicamente do tipo porta-a-porta no dimensionamento dos
sistemas de RSU.
A otimização dos procedimentos de coleta é essencial para uma maior
eficiência do sistema e isto inclui desde escolhas e dimensionamentos
corretos de equipamentos, equipes de trabalho e roteiros a serem
percorridos, até possíveis alterações de algumas práticas comuns.
Neste sentido, considera-se que a tradicional coleta “porta-a-porta” de
RSD, feita na grande maioria das cidades brasileiras, constitui-se num
verdadeiro “luxo”, já abandonado ou relativizado em outros países
(TEIXEIRA, 2001, p. 82).
A otimização dos serviços de coleta e transporte dos RSD constitui-se desafio para os
gestores destes serviços. Uma proposta de otimização que pode ser adotada, do
mesmo modo que vem sendo utilizada na gestão de empresas, é o
benchmark
, ou
seja, a adoção de modelos de gestão que apresentem resultados comprovadamente
satisfatórios, ajustados à realidade do adotante.
Segundo a USEPA (1995, p. 4-1), as seguintes etapas devem ser observadas na
implantação do sistema de RSD:
a. Caracterização da área onde o serviço será prestado;
b. Caracterização dos RSD e do volume a ser coletado;
c. Caracterização do clima predominante;
d. Determinação do tipo de empresa responsável pela prestação do serviço:
pública, mista ou privada;
e. Determinação do modo de cobrança aos usuários pela prestação dos serviços;
f. Identificação dos procedimentos de embalagem dos RSD pelos residentes para
serem dispostos para coleta;
g. Avaliação dos tipos de coleta possíveis de serem utilizados;
h. Definição do(s) tipo(s) de coleta a ser utilizado na área servida;
10
i. Definição do tipo e quantidade de equipamentos a serem utilizados e
dimensionamento da equipe de trabalho;
j. Avaliação da necessidade de estação de transferência;
k. Definição dos roteiros, horários e freqüência de coleta;
l. Implantação do sistema de RSD;
m. Monitoramento do desempenho do sistema e ajustamentos necessários.
Dentre estes itens, e sob a óptica da coleta e transporte, merecem análise:
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
A área de implantação do sistema de RSU deve ser extensamente estudada para o
pleno conhecimento dos fatores intervenientes no sistema. Seja para um município ou
um conjunto de bairros ou mesmo um bairro isolado, os seguintes itens devem ser
bem conhecidos:
a. Bacia hidrográfica que contém a área e sistema de drenagem superficial;
b. Topografia do terreno e das vias;
c. Tipo de pavimentação e estado de conservação das vias;
d. Caracterização dos padrões de tráfego;
e. Determinação do sentido do tráfego nas vias;
f. Configurações das quadras;
g. Existência de ruas sem saída;
h. Localização da área de destinação final dos RS;
CARACTERIZAÇÃO DOS RSD E DO VOLUME A SER COLETADO
Caracterizar os RSD significa conhecer a sua composição física, densidade aparente,
umidade, teor de matéria orgânica e poder calorífico, dentre outras propriedades. Para
11
o dimensionamento da etapa de coleta e transporte de RSD é muito importante
conhecer-se a densidade aparente e a umidade dos resíduos.
Teixeira; Bidone (1999, p. 10) recomendam que, na caracterização, as amostras sejam
estatisticamente representativas, devendo atentar-se para as questões geográficas e
temporais, “uma vez que as quantidades e os constituintes dos RS variam de acordo
com o dia, a semana ou o mês, condicionados por aspectos econômicos e culturais”.
CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA
Os RSD apresentam significativa presença de matéria orgânica de fácil decomposição
denominada “putrescível”. Teixeira (2001, p. 81) e Korfmarcher (1997, p. 483), dentre
outros autores, afirmam que quanto menor a renda e a atividade industrial maior a
presença de resíduos orgânicos nos RSD.
De acordo com o clima, a matéria orgânica presente nos RSD pode ter sua
decomposição acelerada, gerando gases que exalam mau cheiro e dificultando seu
armazenamento nas residências. Quando isto ocorre é necessário adotar-se a coleta
com freqüência maior, de modo que não cause incômodos aos residentes.
EMPRESA PRESTADORA DOS SERVIÇOS
Conforme a Constituição Federal, em seu artigo 175, os municípios brasileiros podem
realizar os serviços de coleta e transporte de RSD ou concessioná-los, permanecendo
a responsabilidade municipal em qualquer dos dois casos.
Para a concessionar os serviços a empresas de economia mista ou particulares, o
município deve fazê-lo através das balizas da Lei 8987 de 13 de fevereiro de 1995 e,
conforme o artigo constitucional acima citado, criar sua própria lei municipal para que
12
um dos princípios básicos da administração, o da legalidade, seja satisfeito
(MEIRELLES, 2002, P. 252)
Amparado por lei municipal, a administração pública deverá licitar a concessão,
observando desta vez os princípios contidos na conhecida Lei das Licitações de
número 8666 de 21 de junho de 1993 que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências (BRASIL, 1993).
Em 2000, dos municípios brasileiros que ofereciam os serviços de limpeza urbana,
coleta e transporte de RSD (5475), apenas 604 contratavam empresas privadas para
realizarem os serviços. O número de empresas contratadas pelos municípios era de
752 (IBGE, 2002, Tabela 98).
COBRANÇA PELOS SERVIÇOS PRESTADOS
Revela a PNSB 2000 que dos municípios brasileiros que oferecem os serviços de
limpeza urbana, coleta e transporte de RSU, somente 54% cobram pela prestação dos
serviços. Ou seja, cerca de 2500 municípios brasileiros não cobram pelo serviço.
Dos municípios que cobram pelo serviço, cerca de 90% o fazem através de taxa
lançada junto ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), conforme mostra o
gráfico 3. Pode-se inferir que, com base nos dados da PNSB 2000, mesmo nos
municípios que cobram pelo serviço de coleta dos RSD a maioria da população
desconhece que paga pelos serviços que recebe.
13
No IPTU
93%
Outro
2%
Taxa
específica
5%
Gráfico 4 - Forma de cobrança dos municípios brasileiros pelo serviço de limpeza
urbana e coleta e transporte de RSU no Brasil em 2000
Fonte: Adaptado de IBGE, 2002
AVALIAÇÃO E DEFINIÇÃO DOS TIPOS DE COLETA
A avaliação dos tipos de coleta apropriados ao sistema se faz baseada nas
informações precedentes. Deve-se definir por aquele(s) que apresentar(em) melhor
relação custo-benefício e que atendam às necessidades dos residentes.
Dentre os fatores que contribuem para a definição do tipo de coleta a ser implantada
em determinado núcleo urbano e dos itinerários a serem estabelecidos para a coleta
dos RSD também estão: o local onde os recipientes contêineres deverão ser colocados
para coleta, que tipos de recipientes deverão ser usados e o modo como serão
coletados.
EQUIPAMENTOS
Os equipamentos a serem utilizados na coleta e transporte de RSD são definidos em
função da quantidade a ser coletada, do modo como o resíduo é embalado para
14
coleta, do tipo de coleta a ser implantada, das condições de acesso ao ponto de coleta
e da disponibilidade financeira do sistema.
Basicamente existem dois tipos de carrocerias montadas sobre chassi de veículos que
são utilizados na coleta e transporte de RSD: com ou sem compactador.
As carrocerias sem compactador podem ser abertas ou fechadas, com a possibilidade
de descarga mediante báscula. Nesta categoria podem também ser incluídos os
caminhões poliguindaste para transporte de caçambas intercambiáveis e aqueles
dotados de guindaste, que normalmente possuem carrocerias fixas. A altura da borda
superior destas carrocerias deve ser menor que 1,80 m para facilitar o carregamento
manual.
Figura 1. Caminhões basculante, guindaste e poliguindaste.
Fonte:
<http://www.pjf.mg.gov.br/governo/secretarias/demlurb/coleta_normal.php>;
<www.tratortec.com.br/imagens/polimerc.jpg>; <www.riter.com.br/images/munck4.gif>
As carrocerias com compactador são fechadas, dotadas de dispositivos hidráulicos e
mecânicos que possibilitam a distribuição e compressão dos resíduos no interior da
carroceria. Os veículos com estas carrocerias são denominados pela norma NBR 12980
como Coletores Compactadores (ABNT, 1993). Estes veículos podem ser dotados de
mecanismos de carregamento de contêineres estacionários e é comum realizarem a
descarga sem nenhum contato manual com a carga.
No Brasil, segundo a PNSB 2000, também são utilizados cerca de 50.000 carrinhos de
mão tipo Lutocar na limpeza urbana e coleta e transporte de RSU. Além dos carrinhos
15
são usados veículos dotados de carrocerias abertas e fechadas, de tração mecânica ou
animal, em diferentes arranjos (IBGE, 2002). O gráfico 4 mostra a freqüência do uso
destes equipamentos em todo o país.
Figura 2. Carrinho do tipo Lutocar
Fonte: <http://www.plafi.com.br/compras.php?codigo=9697&subcod=a&produto=2>
Os equipamentos ajudam a decidir sobre a equipe de trabalho. Quanto mais
automatizados, via de regra, menor o tamanho da tripulação dos equipamentos.
6561
9237
3464
617
2843
558
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
Compactador Aberta
basculante
Aberta Fixa Fechada Carroças tração
animal
Poliguindaste
Tipo de carroceria/veículo
Gráfico 5 – Freqüência do uso de equipamentos na limpeza pública, coleta e transporte
de RSU no Brasil em 2000
Fonte: Adaptado de IBGE 2002
16
Atualmente no mercado de equipamentos existem veículos Coletores Compactadores
dotados de computador de bordo, sistema de posicionamento global, carga e
descarga sem contato manual e outros mecanismos de inovação tecnológica.
ESTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA
A tendência da disposição dos RS aponta para a construção de aterros sanitários ou
controlados maiores, mais distantes dos centros populacionais e mesmo de forma
consorciada entre municípios.
Outros elementos influenciam fortemente esta tendência, tais como a legislação cada
vez mais restritiva, as forças sociais que compelem a disposição dos resíduos a se
adequar a novos parâmetros de projeto, operação e monitoramento, de modo a
manter o meio ambiente saudável e o custo de aquisição elevado de áreas próximas
ao entorno urbano.
Na medida em que se esgota a capacidade dos aterros próximos das áreas urbanas e
as administrações municipais são obrigadas a encerrar suas atividades, novas áreas
devem ser localizadas para servirem à disposição dos RS. Para que a construção do
aterro seja viável é necessário que, dentre outros fatores, o custo da área seja baixo, e
que sua distância do centro geométrico da área geradora de RS seja pequena.
Ocorre que associar estes dois fatores nem sempre é possível, pois são inversamente
proporcionais: quanto mais próxima dos centros urbanos, maior o custo da área.
Grandes distâncias redundam em grandes despesas com transporte dos RS devido à
pequena quantidade de carga transportada por viagem.
Para solucionar o problema pode-se optar pela construção de estação de
transferência, instalação que possibilita a passagem das pequenas cargas dos veículos
17
coletores para outros veículos de capacidade maior que completam a viagem em
direção ao aterro, possibilitando assim a redução de custos com transporte.
USEPA (1995, 4-16) estima que, em função dos custos observados no sistema de RSU,
para aterros situados entre 16 e 24 quilômetros do centro geométrico de coleta seja
necessária a construção de estação de transferência, enquanto IPT:CEMPRE (1999, p.
63) indicam sua necessidade a partir de 6 quilômetros para caminhões convencionais
sem compactação e entre 12 e 25 quilômetros para caminhões compactadores.
ROTEIROS
A roteirização de veículos pode ser descrita como o estabelecimento de um conjunto
de rotas para uma frota de veículos de maneira a coletar todos os trechos definidos da
rede de maneira eficaz e eficiente.
A eficácia se relaciona com aspectos como universalidade do serviço e freqüência
satisfatória (MILANEZ; BALDOCHI, 2001, p. 50). Por sua vez a eficiência se verifica
mediante a minimização de percursos improdutivos e do aproveitamento máximo da
capacidade de trabalho da equipe e dos equipamentos utilizados.
Segundo Graciolli (1994, f. 22) três abordagens básicas são aplicadas na roteirização
de veículos:
a) Modelo de cobertura de arestas/arcos, cujo problema é a determinação de rota
de comprimento mínimo que percorra todos os pontos de coleta pelo menos
uma vez, conhecido como problema do carteiro chinês - PCC;
b) Modelo de cobertura de vértices, que auxiliam na determinação de rota de
comprimento mínimo que percorra todos os seus vértices pelo menos uma
vez;
18
c) Técnicas de achar o caminho mínimo entre um vértice de origem e um vértice
de destino (O-D).
A roteirização da coleta de RSD tem sido estudada por muitos autores e as pesquisas
são realizadas em dois campos: o determinístico e o heurístico. Pode-se considerar
ainda um terceiro campo denominado determinístico-heurístico que se utiliza dos
conceitos de ambos os modelos.
Os estudos determinísticos buscam resolver o problema de roteamento através de
modelos matemáticos, pretendendo uma solução ótima para o caso. O
desenvolvimento destes estudos ainda está em curso e os modelos são de difícil
concepção em função do grande número de variáveis a se considerar e a dinâmica
destas variáveis ao longo das rotas
Não há até o momento um modelo que tenha sido desenvolvido completamente,
considerando todos os fatores pertinentes ao roteamento. Segundo Palomino (2000)
as razões para isto são: 1) a dificuldade em quantificar todas as variáveis que afetam o
roteamento, 2) o alto custo e o grande dispêndio de tempo para investigar todas as
soluções possíveis e 3) a subjetividade da rota, na qual intervêm as variáveis
dinâmicas, provocando a mudança da chamada solução ótima.
Bhat (1996. p. 91), concordando com Palomino, afirma que vários modelos
matemáticos foram desenvolvidos com vistas ao sistema de RSU - para a coleta e
transporte, para a determinação da necessidade de estações de transferência e de
aterros sanitários - produzindo bons resultados mas sem atingir a solução ótima.
A aproximação determinístico-heurística busca resolver o problema do roteamento
usando ferramentas computacionais para examinar alternativas possíveis,
determinadas heuristicamente, e selecionar a melhor alternativa baseada em
19
algoritmos heurísticos. É possível obter-se soluções adequadas utilizando-se de
aproximações heurísticas sucessivas, procedimento denominado de refinamento.
As técnicas de refinamento melhoram soluções viáveis através de um mecanismo de
busca sistemática produzindo uma solução final dependente da solução inicial. Um
exemplo desta técnica é denominado
Simulated Annealing
. (REIS; KADO, 1997, p. 27).
Vários programas para computadores vêm sendo desenvolvidos aplicando variadas
técnicas.
Graciolli (1994, f. 33) apresenta outros três métodos heurísticos aplicáveis na
roteirização da coleta e transporte de RSD:
a) Técnica da varredura, que consiste em girar em dado sentido uma semi-reta
com origem no depósito/garagem, agrupando-se os vértices do roteiro até o
limite das restrições impostas (capacidade de carga ou tempo de viagem);
b) Método de economia de Clarke-Wright, que calcula as economias de distancias
que resultam da inserção de um novo ponto de coleta entre a garagem e os
outros pontos do roteiro.
c) Técnica da partição múltipla da rota gigante, que consiste em se determinar
inicialmente uma rota que visite todos os pontos de coleta. Em seguida, esta
rota é dividida em sub-rotas compostas dos segmentos contíguos da rota
original, tendo cada uma de suas extremidades ligada a garagem. Cada uma
dessas sub-rotas satisfaz as restrições do problema.
Salienta o mesmo autor que “não existe um método ou tipo de método que seja o
melhor dentro dessa classe de problemas. É preciso que, a cada caso, se verifique qual
o método mais conveniente”.
20
Informa ainda que alguns procedimentos heurísticos conseguem encontrar soluções
para os problemas de roteirização com diferenças menores que 1% entre estas e a
solução ótima.
Saltorato (1998, f. 53) afirma que a mudança mais expressiva nos sistemas de
roteamento adveio com o uso do computador, que permitiu o largo uso de algoritmos,
sistemas de posicionamento global e outras ferramentas matemáticas – a simulação,
por exemplo. Ao analisar os três
softwa es
mais comercializados no país observa que
as empresas que os utilizam conseguiram melhorar a eficiência em cerca de 30%.
r
Ressalta, ainda, que há casos de sucesso e fracasso com o uso dos programas e que
os preços de implantação e treinamento de pessoal dos programas comercializados
no Brasil variam de 10.000 a 130.000 dólares americanos.
USEPA (1999a, p. 22) informa que municípios dos EUA que realizaram a otimização de
roteiros de coleta de RSD, como Norman - OK e Hempstead – NY, conseguiram reduzir
o percurso de coleta em 23% e 16%, respectivamente.
As técnicas determinísticas e determinístico-heurísticas são recomendáveis para
municípios de médio e grande porte onde a complexidade do sistema de RSD pode ser
mais bem analisada à luz dos parâmetros matemáticos que compõem tais técnicas.
A aproximação heurística procura resolver o problema do roteamento através de
procedimentos aceitáveis sem examinar muitas alternativas. Novaes (apud
SALTORATO, 1998) enfatiza quea otimização não é um processo de busca pelo
melhor absoluto, mas sim, a procura sistemática do melhor prático”.
Sob o aspecto da praticidade a aproximação heurística é a que melhor se aplica aos
municípios de pequeno porte, em função da capacidade financeira e de pessoal destes
21
municípios, podendo ser realizada manualmente ou com o auxílio de programas para
computador.
No Brasil, 73% dos municípios possuem menos de 20.000 habitantes, o que se
constitui num amplo campo de aplicação dos procedimentos heurísticos na otimização
de roteiros de coleta.
USEPA (1995, p. 4-31) desenvolveu um conjunto de normas simples a ser seguido na
aplicação da heurística na roteirização de coleta e transporte de RSD. Recomenda que:
1. As rotas de coleta não devem ser fragmentadas ou superpostas. Cada rota
deve ser compacta, consistindo de trechos de ruas agrupados em uma mesma
área geográfica.
2. O total coletado e o tempo gasto no percurso devem ser razoavelmente
constantes para cada rota em uma comunidade servida;
3. O percurso deve iniciar o mais próximo possível da saída dos veículos,
levando-se em conta as ruas e períodos de tráfego intenso e de mão única;
4. Ruas de tráfego intenso não devem ser atendidas durante os períodos de pico;
5. Em ruas de mão única o serviço deve ser iniciado na parte mais elevada da rua,
e vir descendo até a conversão;
6. A coleta em ruas sem saída pode ser considerada como efetuada no segmento
da rua que interceptam, uma vez que somente são atendidas quando se
trafega inicialmente neste segmento de rua. Para evitar conversões à esquerda
ou reduzi-las, a coleta em ruas sem saída se dá quando estas estiverem à
direita do veículo. A coleta se faz descendo a rua, dando ré, ou fazendo a
conversão ao final;
7. Em ladeiras, a coleta deve ser feita, quando possível, em descida e nos dois
lados da rua. Isto facilita a segurança, o conforto e a velocidade da coleta, além
de diminuir o desgaste dos veículos utilizados;
22
8. Locais mais elevados devem situar-se no início do trajeto;
9. Para coleta em um lado da rua de cada vez é melhor especificar conversões em
torno da quadra no sentido horário, para minimizar conversões à esquerda,
que geralmente são mais difíceis e consomem mais tempo;
10. A coleta feita em ambos os lados da rua de uma vez só é melhor seguindo
caminhos diretos, longos, antes de retornar no sentido horário;
11. Para certas configurações de quadra a ser atendida, padrões específicos de
roteiros devem ser aplicados.
Parece estar implícita nos itens 6, 9 e 10 das recomendações da USEPA a idéia da
utilização de veículos coletores dotados de mecanismo de carregamento lateral
situado no lado oposto ao do assento do motorista, o que justificaria as
recomendações.
HORÁRIOS
A coleta e transporte de RSD pode ser realizada durante o dia ou à noite. Em pequenos
municípios é comum a coleta ser realizada durante o dia. Em municípios de médio e
grande porte a coleta costuma ser realizada em períodos noturno e diurno.
A coleta em horário noturno apresenta vantagens e desvantagens, apresentadas no
quadro 1.
23
Quadro 1. Vantagens e desvantagens da coleta noturna de RSD.
Vantagens Desvantagens
Causa menor interferência em áreas de
circulação mais intensa de veículos e
pedestres.
Pode causar incômodos à população pelos
ruídos produzidos na compactação dos RSD
pelo veículo coletor compactador ou pelo
manuseio de recipientes metálicos.
Permite maior produtividade dos veículos e
da coleta pela maior velocidade média em
decorrência da menor interferência do
tráfego em geral.
Aumenta o risco de acidentes com os
veículos e com a equipe nos trajetos em
ruas não pavimentadas, esburacadas ou
mal iluminadas.
Aumenta os custos da etapa pelos encargos
ociais e trabalhistas adicionais incidentes
na folha de pessoal.
s
Permite a diminuição da frota de veículos
coletores em função do melhor
aproveitamento dos veículos disponíveis,
proporcionada pelos dois turnos.
Aumenta o desgaste dos veículos usados
também em outros turnos e diminui a
disponibilidade dos veículos para
manutenção.
Fonte: Adaptado de IPT: CEMPRE, 1995
IMPLANTAÇAO E MONITORAMENTO
Após implantação do sistema, é necessário que seja monitorado para se corrigir
eventuais problemas ou falhas observadas.
USEPA (1999, p. 4-37) recomenda que as equipes de coleta forneçam relatórios
diários do desempenho do sistema, através das seguintes informações prestadas ao
corpo administrativo:
Quantidade total de RSD transportada;
Distância total percorrida e tempo de deslocamento até o aterro e tempo gasto
na descarga;
Tempo de espera no aterro;
Número de viagens transportadas;
Problemas com o veículo ou com a equipe que necessitam de atenção, entre
outros.
24
As informações coletadas podem auxiliar os gestores a identificar mudanças na
geração dos RSD, avaliar o desempenho das equipes e dos veículos e promover
modificações no sistema de maneira a se atingir os objetivos projetados.
1.2 Tipos de Coleta
Os serviços de coleta de RSD variam conforme o tipo de resíduo coletado, as
características do sistema municipal de RSD (terceirizados ou não), dos equipamentos
de coleta, das características topográficas da localidade onde se efetua a coleta, da
adoção de programas de reciclagem, dentre outros fatores.
Tin et al (1995, p. 106), citando Flintoff, afirmam que o autor em sua obra
Management of Solid Waste in Developing Countries,
publicada em 1984,
discute
quatro tipos básicos de coleta dos RSD, quando, na verdade, somente três tipos são
apresentados porque um tipo citado é somente uma variação de outro: a coleta em
locais comunitários de deposição, a coleta por quadra e dois modos de coleta porta-
a-porta.
COLETA PORTA-A-PORTA (
CURB-SIDE COLLECTION
)
No Brasil, segundo a PNSB 2000 (IBGE, 2002) prevalece este tipo de coleta regular,
com freqüência variada conforme a necessidade local. É também chamada de coleta
convencional (GRACIOLLI, 1994, p. 3). Nesta modalidade os residentes colocam os
RSD, previamente embalados, em recipientes secundários para serem coletados pelo
prestador de serviço.
Os recipientes secundários particulares são conhecidos como lixeiras e normalmente
são fixados na calçada pública. Variam de formato, volume, altura do cesto e material
25
de fabricação. São colocadas, via de regra, próximas à divisa das testadas dos lotes,
evidenciando a preocupação dos residentes de afastar os RSD para o mais longe
possível da fonte geradora.
Assim como nos EUA, municípios brasileiros ainda permitem a utilização de
recipientes rígidos na disposição dos RSD para coleta. Neste caso os coletores
esvaziam os recipientes deixados nas calçadas dentro do veículo coletor e os retornam
para serem reutilizados pelos residentes.
A coleta regular no sistema porta-a-porta também pode ser feita para materiais
separados na fonte geradora. Países desenvolvidos da Europa, assim como Japão e
Estados Unidos da América progressivamente tornam obrigatória a separação de
recicláveis na fonte geradora e sua disposição em locais apropriados.
Os programas de reciclagem requerem algum tipo de separação dos RSD que podem
ser separados na origem pelos residentes, isto é, no momento em que são colocados
nos recipientes primários para serem levados à coleta ou posteriormente em unidades
de triagem por participantes dos programas. A coleta dos RSD separados previamente
deve ser feita de modo a não misturar novamente os RSD.
Castilhos Júnior; Machado (1997, p. 40) relatam coleta seletiva e regular realizada
porta-a-porta, no bairro Balneário em Florianópolis-SC, utilizando-se caminhão da
marca Ford modelo F-11000 de carroceria aberta.
Estes autores informam que os materiais coletados para reciclagem foram: papel,
papelão, vidro, plástico fino, plástico grosso, alumínio e metais, ocorrendo rejeito de
alguns resíduos; não informam, porém, de que modo a população foi solicitada a
segregar os RSD para coleta.
26
Fehr; Calçado (2000, p. 24), descrevendo experiência de coleta em Uberlândia-MG
afirmam ser ineficaz a coleta seletiva na fonte porque atinge somente parcela
insignificante dos resíduos domiciliares e possui elevado custo em termos de infra-
estrutura e esforços educacionais da população envolvida.
Preconizam aquilo que chamam de coleta diferenciada, ou seja, a coleta com a
separação dos RSD úmidos e dos RSD secos ou, em termos biológicos, do material
putrescível e do material inerte. Para isto, é exigido em cada residência o uso de dois
recipientes: um para cada tipo de RSD.
Afirmam que a coleta e o transporte devem ser feitos em dias separados para os dois
tipos de RSD. A coleta dos RSD úmidos no sistema porta-a-porta com freqüência
diária, evitando-se o acúmulo e degradação do lixo orgânico, e a coleta dos RSD secos
em dias alternados ou previamente agendados.
USEPA (1995, p. 4-11) também denomina este tipo de coleta de
wet/dry collection
e
afirma que a cidade de
Phoenix
,
no estado do Arizona – EUA, foi a primeira grande
cidade daquele país a utilizar-se deste tipo específico de coleta.
USEPA (1995, p. 4-12) relata duas variações da coleta porta-a-porta denominadas
backyard carry collection
e
backyard set out – set back collection
, ainda em uso em
determinadas cidades.
Na primeira, uma equipe adentra a propriedade para coletar os RSD. Os contêineres
são transportados até o veículo coletor que acompanha a equipe, esvaziados e
retornados ao seu local de origem. De outras vezes os RSD são transferidos para um
outro recipiente móvel (um carrinho manual tipo Lutocar ou carreta tracionada) e
posteriormente ao veículo coletor, utilizando-se uma só equipe para realizar o
serviço.
27
Na segunda, variação da primeira, uma equipe especial de coletores adentra os
terrenos das residências e recolhe os contêineres de RSD ali situados colocando-os
nas calçadas para serem coletados por outra equipe. Uma vez esvaziados, esta equipe
especial retorna os contêineres ao seu local de origem. Neste caso duas equipes são
utilizadas na coleta.
USEPA (1995, 4-12) admite que este modelo de coleta apresenta as seguintes
vantagens:
a. Os dias de coleta não precisam ser previamente definidos;
b. Os recipientes não são usualmente visíveis nas ruas.
Como desvantagem, relata os seguintes elementos:
a. Maior tempo gasto na coleta;
b. Necessidade de maior número de coletores em cada equipe;
c. Maior custo de execução dos serviços;
d. Menos envolvimento dos residentes na coleta.
e. Reclamações dos residentes e ferimentos nos funcionários causados por cães
em função da entrada dos coletores no interior dos terrenos das residências
ocorrem.
Como argumenta Teixeira (2001, p. 82), estes modelos constituem-se num verdadeiro
“luxo”, já abandonados ou relativizados em outros países.
COLETA POR QUADRA (
BLOCK COLLECTION
)
Korfmacher (1997, p. 480) descreve um tipo de coleta utilizado em países em
desenvolvimento, especificamente em Alladjan na Costa do Marfim, denominada
coleta por quadra ou quarteirão.
28
Nesta coleta um veículo coletor percorre uma rota previamente estabelecida, parando
em determinados pontos para recolher os RSD que os residentes levam até o veículo.
Segundo a autora, apesar de ser menos conveniente para os residentes, este tipo de
coleta apresenta como vantagem o fato de eliminar o uso de recipientes secundários e
ser de reduzido custo.
Thanh e Muttamara (1978, apud TIN et al, 1995, p. 106) afirmam que este tipo de
coleta realizado em intervalos de dois dias apresenta-se como de menor custo e evita
os inconvenientes do armazenamento dos RSD em locais comunitários, diminuindo
também a poluição visual das ruas e avenidas quando da realização da coleta porta-a-
porta.
COLETA EM PONTOS ESPECÍFICOS
Neste tipo de coleta os residentes transportam os RSD até um determinado ponto, que
pode ser uma lixeira comunitária, um contêiner, uma caçamba ou até mesmo uma
estação de transferência. Periodicamente os recipientes são esvaziados ou
substituídos por outros vazios.
A coleta por sucção pneumática, existente principalmente na Europa, ocorre em
pontos específicos ligados a uma tubulação que transporta os RSD até pontos de
seleção e carregamento para transporte até o local de disposição final.
Segundo USEPA (1995, p. 4-12) a coleta em pontos específicos é o tipo mais
econômico de coleta sendo mais adequado às comunidades de baixa densidade
populacional. É a que envolve a menor quantidade de coletores na tripulação dos
equipamentos de coleta.
29
Thanh; Muttamara (1978, apud TIN et al, 1995, p. 106) ao discutir vários tipos de
coleta de RSD corroboram a opinião da USEPA afirmando que provavelmente este tipo
seja o de menor custo.
As desvantagens deste tipo de coleta são relatadas como uma maior inconveniência
para os residentes que precisam deslocar-se de suas casas até o ponto de colocação
dos RSD, maior risco de ferimentos dos residentes durante o transporte dos RSD.
Deve ser considerada também neste tipo de coleta a possibilidade de disposição dos
RSD de forma inadequada em terrenos baldios ou mesmo próximo ao local em que os
RSD devem ser depositados.
1.3 Coletas pelo mundo
Ao se escolher aleatoriamente algumas cidades de outros paises para conhecimento
de como é realizada a coleta e transporte de RS, optou-se por estudar somente a
parcela dos serviços relativa aos RSD.
Não se pretende avaliar, neste caso, se o tipo de coleta escolhido está adequado ou
não à comunidade, mas observar experiências diversas, práticas que compõem os
mais variados sistemas de RS adotados mundo afora.
NAGOYA, JAPÃO
1
Na cidade de Nagoya a coleta de RSD se faz estritamente atras da coleta seletiva. Os
residentes adquirem os sacos plásticos de lixo apropriados a cada tipo de rejeito:
1
Disponível em <http://www.nic.nagoya.or.jp>, acesso em 17/09/2004.
30
combustíveis, incombustíveis e recicláveis. Supermercados, lojas de conveniência e
outros estabelecimentos comerciais escolhidos pelo governo local vendem os sacos
plásticos.
Amplo e contínuo programa de informação aos residentes estrangeiros sobre a
separação na fonte dos RSD é realizado pelo governo local. Panfletos sobre como
separar e dispor o lixo são disponíveis no Centro Internacional de Nagoya em 5
idiomas: inglês, espanhol, português, mandarim e coreano.
O tipo de coleta é previamente definido para cada bairro da cidade e depende do tipo
de resíduo. São realizadas a coleta porta-a-porta e a coleta em locais previamente
determinados, modalidade em que o residente leva os RSD para serem depositados
em caixas de coleta instaladas em supermercados e lojas de conveniência ou em
pontos nas ruas da cidade.
Os dias e horários de coleta são variados para cada bairro. O bairro denominado Naka,
por exemplo, orienta seus residentes a colocarem os sacos para coleta a partir das
sete horas da manhã. O período de coleta em supermercados e lojas de conveniência
obedece ao horário de funcionamento destes estabelecimentos.
O serviço público não recolhe aparelhos de ar condicionado, televisores,
refrigeradores ou máquinas de lavar. Estes itens devem ser levados pelo residente
para serem reciclados em locais específicos, informados pelo governo local, conforme
estabelecido em lei.
Os RSV, assim considerados pelo governo local aqueles com medidas maiores que
30x30x30 cm, são coletados uma vez por mês sendo que o residente deve solicitar a
coleta por telefone. O administrador do sistema designa então um local próximo à
residência do solicitante onde os resíduos deverão ser colocados. É cobrada uma taxa
31
de coleta que varia de 250 a 500 ienes (cerca de R$ 5,00 a R$10,00 conforme a
cotação do iene em agosto de 2005)
2
.
Classificação Exemplos Tipo/Freqüência de
coleta
Observações
Combustíveis
Lixo, folhas, gravetos,
grama e similares
roupas, papéis,
guardanapos de papel,
etc.
Duas vezes por semana.
Cada residente coloca os
resíduos em sacos
plásticos específicos e os
leva para serem
recolhidos
Incombustíveis Resíduos menores que
30x30x30 cm. Plásticos,
vidros, produtos de
borracha, cerâmicas,
pequenos produtos de
metal, embalagens de
spray, garrafas, baterias,
etc
Uma vez por semana.
Cada residente coloca os
resíduos em sacos
plásticos específicos e os
leva para serem
recolhidos
Dispor separadamente
as embalagens de spray.
Baterias devem ser
levadas diretamente aos
postos de recolhimento
nas lojas, escolas e
escritórios regionais do
serviço de coleta.
Quadro 2 - Informações sobre coleta dos RSD em Nagoya - Japão
Fonte:<
http://www.nic.nagoya.or.jp//english/fstep_e/fstepfre_e.htm>, acesso em 17/09/2004
A disposição dos RSD recicláveis obedece a rígido controle do governo local e os
residentes recebem claras instruções de como proceder na embalagem de cada item
para dispô-los à coleta. Como exemplo, as embalagens PET somente serão recolhidas
depois de destampadas, enxaguadas com água e amassadas para terem seus volumes
reduzidos. A coleta de embalagens PET é feita somente uma vez por semana em locais
previamente determinados e em sacos plásticos apropriados.
KYOTO, JAPÃO
3
A população de Kyoto conta com diferentes tipos de coletas realizadas pelo governo
local: a coleta porta-a-porta de RSD combustíveis ou não, a coleta seletiva em pontos
de entrega voluntária e a coleta de RSV.
2
Folha de São Paulo, edição de 31 de agosto de 2005.
32
Os RSD devem ser separados da seguinte maneira:
a. Resíduos de cozinha combustíveis: papel, papelão, e outros;
b. Resíduos de cozinha incombustíveis: latas de material ferroso, garrafas, e
outros;
c. Eletro-eletrônicos e objetos de grandes dimensões: geladeiras, fornos,
bicicletas, sofás e outros;
d. Baterias e pilhas químicas
e. Alumínio reciclável
Existe ainda serviço oferecido pelo setor privado que negocia com os moradores papel
reciclável de jornais e revistas, oferecendo em troca papel higiênico.
O serviço de coleta varia de acordo com a região da cidade e os moradores recebem
instruções sobre os locais onde devem entregar os materiais recicláveis, os dias de
coleta dos RSV. Visitantes e novos moradores são orientados pelo governo local a
perguntarem aos seus vizinhos sobre os horários, dias e locais em que ocorre a coleta
dos RSD e a obedecer estritamente o calendário estabelecido.
AUSTIN, EUA
4
A cidade de Austin, no Estado do Texas-EUA, realiza coleta porta-a-porta para os
resíduos recicláveis, RSD e RSV, sendo utilizados mecanismos automáticos e manuais
em sua realização. No mês de agosto de 2005, em cerca de 70 % das residências da
cidade a coleta era automatizada, realizada por caminhões dotados de mecanismo de
carregamento lateral. No restante, a coleta era manual.
3
Disponível em <http://www.city.kyoto.jp/koho/eng/>, acessado em 20/09/2004.
4
Disponível em <http://www.ci.austin.tx.us>, acesso em 31/08/2005
33
Figura 3 - Coletas automatizada e manual em Austin, EUA.
Fonte: <
http://www.ci.austin.tx.us/sws/garbageimage.htm>, acesso em 31/08/2005
Para um melhor desempenho deste tipo de equipamento recomenda-se que os
contêineres estejam localizados na rua, próximo à guia, no nível da sarjeta, conforme
figura 4.
Para participar da coleta automatizada os residentes obrigam-se a adquirir
contêineres plásticos (PEAD) que variam de 108 a 324 litros de volume. A cor do
contêiner indica o tipo de material nele disposto para coleta, reciclável ou não.
Os contêineres devem ser dispostos de maneira que fiquem distantes no mínimo 1,50
metro de qualquer obstáculo que impeça a ação do braço mecânico do veículo de
carga automática. Recomenda-se que os RSD sejam previamente embalados para
serem colocados nos contêineres, que deverão permanecer tampados, de modo a
evitar-se o espalhamento de lixo nas ruas.
34
Figura 4 – Separação entre contêineres para coleta em Austin, EUA.
Fonte: <http://www.ci.austin.tx.us/sws/garbageimage.htm> , acesso em 31/08/2005
A cidade realiza também a coleta seletiva porta-a-porta, estabelecendo um calendário
anual que é divulgado somente aos residentes de modo a evitar ação de catadores. É
recomendado aos residentes que coloquem os recicláveis afastados pelo menos 1,50
metro do contêiner de não recicláveis conforme mostra a figura 5.
Figura 5 – Recipientes secundários utilizados em Austin, EUA.
Fonte: <
http://www.ci.austin.tx.us/sws/bins.htm>, acesso em 31/08/2005
O Serviço de Resíduos Sólidos solicita este afastamento alegando dificuldades da
equipe de coleta em visualizar os recipientes se estiverem muito próximos, podendo
deixar de ocorrer a coleta de algum deles.
35
Figura 6 - Afastamento entre recipientes em Austin, EUA
Fonte: <
http://www.ci.austin.tx.us/sws/disposal_a.htm#11>, acesso em 31/08/2005.
A coleta de RSV é realizada em dias específicos e com equipamentos automáticos. Seu
calendário também é divulgado à população que é solicitada a obedecer
rigorosamente o horário da coleta.
Figura 7 – Coleta de RSV em Austin, EUA
Fonte: <
http://www.ci.austin.tx.us/sws/garbagespecial.htm>, acesso em 31/08/2005.
A população é solicitada a colocar os RSD na rua a partir das seis horas e trinta
minutos, devendo retirar os contêineres plásticos vazios da rua até as dezessete
horas, no máximo.
O serviço de coleta e transporte dos RSD é cobrado dos residentes através de uma
taxa mensal que varia de acordo com o volume do contêiner disposto para coleta. Os
resíduos excedentes ao contêiner devem ser dispostos para coleta previamente
36
embalados e colocados em sacos de papel apropriados, sendo cobrada uma taxa extra
pelo seu recolhimento.
Figura 8 – Folheto informativo da coleta de RSV em Austin, EUA
Fonte: <
http://www.ci.austin.tx.us/sws/bulki.htm>, acesso em 31/08/2005.
O Serviço de Resíduos Sólidos, que administra os serviços de coleta e transporte dos
RSD, incentiva a redução na fonte oferecendo aos residentes que queiram participar
do programa informações de como consegui-la.
Todos os serviços oferecidos são cobrados diretamente dos residentes através de
taxas. De modo gratuito são realizados somente os serviços de reparos em
contêineres que foram danificados pelo uso normal. Neste caso os residentes devem
comunicar o fato ao fornecedor dos serviços, por telefone ou mensagem eletrônica,
que recolherá o recipiente para reparos. Durante o período de reparação, os
residentes recebem sacos de papel para dispor os RSD para coleta sem pagar por eles
ou por taxas extras.
No caso de extravio dos contêineres o residente, após comunicação ao fornecedor,
recebe dois sacos de 108 litros para dispor os RSD para coleta, também
gratuitamente, até que receba outro para reposição, este sim, cobrado do residente.
37
Por possuir inverno rigoroso, a coleta de RSD não é realizada em situações de
dificuldades de locomoção dos caminhões como, por exemplo, nas nevascas
prolongadas, ocasião em que os RSD podem ser conservados pelas baixas
temperaturas sem deterioração do material putrescível.
LONDON, CANADÁ
5
Na Londres canadense somente é realiza a coleta seletiva, manual e/ou mecanizada.
Os residentes são orientados de forma adequada para cumprirem um calendário de
coleta estipulado pela prefeitura local. Os RSD devem ser separados e adequados para
serem recolhidos. Como exemplo, as caixas provenientes de embalagens de cereais,
cartelas de ovos, detergentes e biscoitos que devem ser esvaziadas e amassadas para
serem recolhidas.
Demais tipos de papel, como listas telefônicas, jornais, revistas e outros devem ser
empacotados de maneira a que os pacotes sejam menores que 75x75x20 cm. Pacotes
maiores devem ser encaminhados para os locais de reciclagem diretamente. Os papéis
poderão ser dispostos nos contêineres azuis ou sacos transparentes.
Embalagens de comidas, bebidas e líquidos devem ser esvaziadas, terem suas tampas
retiradas, lavadas e amassadas para serem dispostas para coleta. Os materiais
recicláveis devem ficar afastados dos resíduos orgânicos em 1,5 m. O peso máximo
por embalagem a ser coletada é de 18 kg.
Os RSD devem ser dispostos entre 7h00min da manhã e 18h00min. Os resíduos
orgânicos podem ser dispostos em sacos plásticos ou contêineres metálicos de
capacidade variável entre 30 e 125 litros.
5
Disponível em: <http://www.london.ca>, acesso em 17/07/2004
38
Os demais resíduos, tais como os resíduos verdes e volumosos devem ser levados
diretamente aos depósitos, sendo cobrada taxa conforme o volume descartado. A
figura 8 mostra folhetos explicativos distribuídos à população.
Figura 9. Folhetos explicativos à população de London, Canadá
Fonte: <
http://www.london.ca/Cityhall/EnvServices/zonemap_pdf.htm>, acesso em
17/07/2004
Sobre os valores das taxas cobradas pelos serviços oferecidos pela prefeitura,
somente é informado os valor cobrado por embalagem de resíduos sólidos verdes, de
$1,00 por embalagem de peso máximo igual a 18 kg.
BARCELONA, ESPANHA
6
Barcelona, na Espanha, conta com diversos tipos de coletas oferecidas pelo serviço
público, como a coleta porta-a-porta tradicional, a coleta domiciliar de sacos plásticos
e recipientes rígidos, a coleta por sucção pneumática em pontos específicos através de
tubos de queda e por contêineres estacionários. Todos os modos de coleta são
seletivos.
6
Disponível em <http://www.barcelona.es>, acessado em 25/09/2005
39
A coleta domiciliar sem contêineres dos resíduos orgânicos consiste na coleta manual
com sacos plásticos e recipientes rígidos e a coleta porta-a-porta em determinadas
zonas da cidade.
A coleta sem contêineres é realizada em bairros cujas características são:
Ruas estreitas e íngremes;
Não permitem o tráfego de caminhões ou a colocação de contêineres na via
pública;
Áreas de antigas construções.
Este sistema funciona atualmente nas seguintes áreas:
Cidade Velha (exceto o bairro da Barceloneta).
Antiga área do bairro Sarrià.
Quadrado de Ouro (entre Pau Claris e Balmes, e a Avenida Diagonal e a Praça
Catalunha).
Avenida Diagonal (entre Praça Francesc Macià e Rua Sardenha).
O êxito do sistema de coleta depende em grande parte da colaboração dos residentes:
cada um deve deixar os sacos plásticos próximo ao portal de sua casa. O horário da
coleta ocorre das 20 às 22 horas, exceto no chamado Quadrado de Ouro, que é das 8
às 10 h.
Os resíduos recicláveis devem ser dispostos nos pontos de coleta seletiva, chamados
pontos verdes, que podem ser fixos ou móveis. Este sistema se caracteriza por uma
coleta mais rápida, produzindo menos ruídos, que é feita diariamente no horário
noturno.
40
A coleta através de contêineres estacionários é realizada diariamente. Os contêineres
utilizados possuem volume que variam de 1.100 a 1.700 litros para carregamento
frontal e contêineres de 3.200 litros para carregamento lateral.
Figura 10. Recipiente rígido para coleta manual em Barcelona.
Fonte: <htttp://bcnweb13.bcn.esp:81/NASApp/STNBCNETA/es/html>, acesso em 20/08/2004.
Recomenda-se que os resíduos sejam dispostos para coleta, somente no interior dos
contêineres, entre 20 e 22 horas, o que faz presumir seja a coleta efetuada no período
noturno.
Na figura 12, observa-se que o contêiner central apresenta duas tampas, de cores
diferentes. São contêineres usados para a coleta de lixo seco e úmido. A parte do
contêiner de tampa laranja recebe os RSD orgânicos e a azul recebe os recicláveis.
Estes contêineres são utilizados em áreas de pouco espaço físico para colocação de
mais de um contêiner.
41
Figura 11. Residente dispondo dos RSD em Barcelona.
Fonte: Teixeira, B. A. N., s.d
Figura 12. Contêineres para coleta mecanizada em Barcelona.
Fonte: <htttp://bcnweb13.bcn.esp:82/NASApp/STNBCNETA/es/html>, acesso em 20/08/2004.
Por serem contêineres bi-compartimentados de coleta mecanizada, exigem veículos
adaptados, também com compartimentos separados, de modo que a descarga não
misture os RSD.
42
A coleta pneumática ocorre pela disposição em tubos de queda ligados a uma
tubulação subterrânea de sucção que recolhe os sacos plásticos em local adequado
para serem selecionados e transportados em veículos até o local da disposição final.
Neste caso a coleta também é seletiva. Os resíduos orgânicos são dispostos em sacos
plásticos de cor laranja para serem diferenciados dos demais.
Figura 13. Tubulação de coleta pneumática em Barcelona
.
Fonte: <htttp://bcnweb13.bcn.esp:81/NASApp/STNBCNETA/es/html>, acesso em 31/08/2005
Na coleta por sucção pneumática não se admite a presença de vidros ou materiais
perfuro-cortantes, o que poderia causar sérios acidentes na fase de seleção ou mesmo
ao sistema. Mesmo sem estes materiais os sacos plásticos não devem estar lotados e
precisam estar bem atados para não espalharem resíduos na tubulação.
Os resíduos recicláveis podem também ser destinados aos chamados Pontos Verdes
que, como mostra a figura 14, são espaços de recepção de recicláveis que são
separados em diferentes locais para tratamento, potencializando a reciclagem e
evitando a contaminação dos resíduos passíveis de serem reutilizados. Funcionam das
8 às 18:30 horas.
43
A cidade conta com os chamados pontos verdes móveis que são veículos que
recolhem os recicláveis em pontos específicos, conforme calendário pré-estipulado e
divulgado à população.
Figura 14 Pontos Verdes fixos e móveis em Barcelona e suas localizações
Fonte: <htttp://bcnweb13.bcn.esp:81/NASApp/STNBCNETA/es/html>, acesso em 31/08/2005
44
CAPÍTULO 2
2.1 Dimensionamento da coleta e transporte de RSD
Após a caracterização da área e dos RSD da região onde se pretende implantar o
serviço, dá-se início ao seu dimensionamento. Neste capítulo são apresentadas
noções gerais do dimensionamento da coleta de RSD adotado pelo IPT e da
apropriação de custos da coleta de acordo com o modelo proposto por Aguiar (1993).
IPT: CEMPRE (19995, p. 58) afirmam que:
“Em geral, o dimensionamento da coleta consiste em um processo
interativo, uma vez que as decisões vão sendo tomadas e os
parâmetros adotados sequencialmente sem que se consiga avaliar, a
cada passo, as suas conseqüências e implicações. Essa avaliação é
possível apenas ao término do processo. Os resultados podem
sugerir a revisão das hipóteses adotadas, sendo preciso, às vezes,
repetir todo o processo”.
Independentemente do método a ser adotado no dimensionamento, alguns passos são
comuns a todos eles e se constituem numa tarefa preliminar a ser executada. É
necessário conhecer pormenorizadamente a área onde se pretende implantar o
serviço, conforme já descrito no capítulo anterior.
Conhecida a configuração da área passa-se a localizar nela todos os pontos relevantes
para a coleta tais como a garagem dos veículos, grandes geradores, locais com
impedimento de tráfego ou tráfego muito intenso, ruas em declive ou aclive
acentuados dentre outros que se revelarem interferentes na coleta.
45
Necessário também determinar-se a densidade habitacional da área que se pretende
implantar o serviço, o que pode ser feito através de dados cadastrais encontrados na
prefeitura municipal ou em levantamento no local.
De maneira menos precisa, pode-se determinar este valor multiplicando-se o número
de construções encontradas na área pela densidade habitacional média da cidade,
definida pelo IBGE e ressalvada a existência de grandes geradores, comércio e
indústrias já localizados anteriormente.
Uma vez determinada a densidade habitacional, é possível determinar-se a quantia de
RSD gerados na área a partir de dados conhecidos. IPT: CEMPRE (1995, p. 54)
recomendam a adoção de valor genérico para a geração per capita de RSD equivalente
a 0,65 kg/hab/dia, incluídas aí as gerações comercial e residencial, excetuando-se os
grandes geradores.
A PNSB 2000 (IBGE, 2002) revela informações importantes a respeito da geração per
capita no Brasil, que podem ser consideradas para municípios de portes diferentes
sem se incorrer em erros grosseiros de generalização, conforme mostra sua tabela 10,
aqui adaptada no quadro 3:
Produção per capita Estratos Populacionais
(em mil hab.)
Lixo Urbano
(mil t/dia)
Lixo Domiciliar
(kg/dia)
Lixo público
(kg/dia)
Lixo Urbano
(kg/dia
Total 161,83 0,74 0,22 0,95
Até 9,999 9,18 0,46 0,20 0,66
De 10 até 19,999 11,47 0,42 0,16 0,58
De 20 até 49,999 18,28 0,48 0,16 0,64
De 50 até 99,999 14,71 0,56 0,15 0,71
De 100 até 199,999 13,72 0,69 0,15 0,84
De 200 até 499,999 21,18 078 0,14 0,91
De 500 até 999,999 21,65 1,29 0,43 1,72
Mais de 1.000 51,64 1,16 0,35 1,50
Quadro 3. Municípios por estratos populacionais e dados gerais sobre a geração de RS (lixo).
Fonte: Adaptado de IBGE, 2002.
46
Como premissa do dimensionamento, é necessário definir-se o tipo de veículo coletor
a ser utilizado na coleta, qual sua capacidade (C) e, se a definição se der por veículo
coletor compactador, observar qual a taxa de compactação especificada pelo
fabricante.
De posse do mapa da área com a localização da garagem e do local a serem
finalmente destinados os resíduos, deve-se estimar os seguintes parâmetros (IPT:
CEMPRE, 1995, p. 59):
D
g
= distancia entre a garagem e o centro geométrico (CG) da área (km);
D
d
= distância do CG da área até o destino final (km);
L
= extensão total das vias a serem coletadas (km)
V
c
= Velocidade média de coleta, baseada em velocidades obtidas em roteiros
semelhantes ou arbitrada inicialmente entre 4 e 6,5 km/h, a depender das
características da área.
V
t
= Velocidade média dos veículos nos trechos entre a garagem e o setor de
coleta e entre o setor de coleta e o ponto de descarga. Deve ser medida nos
trechos ou estimada entre 15 e 30 km/h
Q
= quantidade de RSD a ser coletada em cada setor (t ou m
3
).
C
= capacidade do veículo de coleta (t ou m
3
). Neste caso é comum adotar-se
um valor menor, em torno de 70 a 80%, da capacidade nominal especificada
pelo fabricante, em função da variação diária na produção de RSD.
J
= duração útil da jornada de trabalho da equipe, desde a saída da garagem
até o seu retorno, excluindo intervalo parra refeições e outros tempos
improdutivos (h).
Definidos estes parâmetros, pode-se calcular o número de roteiros necessários para a
coleta em cada setor, denominado
N
s
, a partir da equação (1), abaixo
47
×
×+
×+
×
=
C
Q
Vt
Dd
Vt
Dg
Vc
L
J
Ns 22
1
Equação (1)
Observa-se que a definição de itinerários ou roteiros guarda relação direta com a
extensão total das vias a serem percorridas, as distâncias da garagem e do local de
disposição final e o total de RSD a ser coletado na área.
Cabe análise das parcelas da fórmula para um melhor entendimento do
dimensionamento da coleta:
a) A razão
(L/V
c
)
expressa o tempo total de percurso da coleta (h);
b) A parcela
(2(D
g
/V
t
))
expressa o tempo de percurso de ida e volta, da garagem
até o CG da área a ser coletada (h);
c) A parcela
(2(Dd/Vt))
expressa o tempo de percurso de ida e volta, do CG da
área até o local de destinação final;
d) A parcela
(Q/C)
expressa o número de viagens do veículo coletor para escoar
todos os RSD produzidos na área.
A freqüência da coleta é definida pelo tempo decorrido entre duas coletas
consecutivas ocorridas num mesmo local, realizadas em função do volume de resíduos
gerados diariamente, do clima, das expectativas dos geradores, das limitações de
acondicionamento (USEPA, 1995, p. 4-11).
Se a freqüência de coleta é de duas vezes por semana, excetuado o domingo,
realizada pela manhã, às segundas e quintas-feiras, por exemplo, a quantidade a ser
coletada cada vez que o veículo coletor passa é de 3 a 4 vezes a geração per capita
diária por setor.
O número total de veículos necessários à coleta é obtido pela soma dos veículos que
operam simultaneamente nos diversos setores do município e não pelo total dos
veículos de cada setor.
48
IPT: CEMPRE (1995, p. 60) sugerem que se faça uma tabela alocando ali os setores
servidos, a freqüência da coleta e o número de veículos necessários para a execução
da coleta em cada setor por dia, conforme exemplo abaixo:
Frota Necessária (veículos)
Setor Freqüência Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
A Seg/Qua/Sex - 3 - 3 - 3 -
B Ter/Qui/Sáb - - 4 - 4 - 4
C Diária - 5 5 5 5 5 5
Total - 8 9 8 9 8 8
Tabela 1. Exemplo de dimensionamento de frota no turno diurno
Fonte: IPT: CEMPRE, 1995, p. 60.
Uma vez definido o número de roteiros a serem atendidos e a frota de veículos a
serem utilizados, resta projetar os roteiros, atendendo às recomendações da
roteirização anteriormente sugeridas.
O pessoal envolvido também precisa ser dimensionado. A equipe de trabalho de cada
veículo coletor é chamada de guarnição. O dimensionamento da guarnição depende
do tipo de coleta a ser realizada, do equipamento utilizado, do volume de resíduos a
ser coletado, dentre outros fatores.
De modo geral, são utilizadas as seguintes configurações de guarnições para os
equipamentos abaixo citados:
Equipamento Guarnição
Veículo coletor de carroceria
aberta tipo baú ou prefeitura
Motorista, de 2 a 3 coletores, de 1 a
2 ajudantes que descarregam ou
ajeitam a carga em cima da
carroceria.
Veículo coletor
compactador
Motorista, de 2 a 4 coletores, a
depender do volume de resíduos a
ser coletado.
Veículo tipo guindaste Motorista e 1 coletor
Veículo tração animal Condutor e 1 coletor
Quadro 4. Veículos coletores e guarnições frequentemente utilizadas
Fonte: Elaboração do autor
49
2.2 Custos
A avaliação do custo operacional do sistema de RSD pode ser feita por estimativa,
realizada com a finalidade de comparar alternativas baseadas num mesmo critério de
cálculo, sendo que os resultados obtidos dependem dos dados tomados como base
para os cálculos.
Um fator importante na análise do custo operacional é a idade da frota de veículos
utilizada na coleta e transporte de RSD. A manutenção dos veículos aumenta com a
idade, item que pode ser determinante no dimensionamento da frota reserva.
Modelos de apropriação de custos operacionais normalmente dividem os custos em
duas classes: fixos e variáveis, podendo ser encontrada uma terceira classe em função
das divergências encontradas em sua classificação por especialistas (MERCEDEZ-BENZ,
1992).
Os custos fixos são aqueles que têm origem, independentemente da operação do
sistema, tais como:
Depreciação por tempo;
Remuneração do capital;
Licenciamento dos veículos;
Seguro facultativo;
Salários e encargos (ora classificado como custo fixo, ora custo variável);
Despesas administrativas (escritório contábil, luz, água e outros.).
Os custos variáveis são aqueles que dependem diretamente da operação do sistema,
tais como:
Combustíveis;
Lubrificantes;
50
Pneus;
Reparos;
Manutenção preventiva e corretiva.
Aguiar (1993, p 602) propõe um modelo para determinação dos custos da etapa de
coleta e transporte dos RSD, inclusive supondo ou não a existência de estação de
transferência e coleta de lixo seco e úmido. O modelo estabelece custos fixos e custos
variáveis a serem apropriados.
As condições básicas iniciais e as hipóteses do problema em que se baseia o modelo
são as seguintes:
Cidade de formato retangular;
Densidade populacional e taxa de geração de RSD constantes;
Malha viária constituída de vias ortogonais em toda a extensão da cidade;
Áreas de coleta de RSD de formato quadrado (quadrículas);
Frotas padronizadas de veículos de coleta e de transporte;
Coleta de RSD com ou sem separação;
Local de acesso à rodovia num vértice do perímetro da cidade;
Garagem dos veículos num ponto de vértice qualquer da cidade;
Existência ou não de estação de transferência de RSD (transbordo);
Local de descarga dos RSD isolado da área urbana;
Veículo de coleta do lixo seco diferente do veículo de coleta do lixo úmido.
Os custos fixos referem-se à frota, ao pessoal e à estação de transferência e podem
ser obtidos mediante a aplicação das seguintes equações:
Custo fixo da frota:
C
ftf
= C
fc
. N
vc
+ C
fca
. N
ca
+ C
fcls
. N
vcls
Equação (2)
onde:
51
C
ftf
= Custo fixo total diário da frota (veículos de coleta e carretas), em
R$/dia;
C
fc
= Custo fixo diário do veículo de coleta, em R$/veículo.dia;
N
vc
= Número de veículos de coleta, em veículo;
C
fca
= Custo fixo diário da carreta, em R$/veículo.dia;
N
ca
= Número de carretas de transporte, em veículo;
C
fcls
= Custo fixo diário do veículo da coleta de lixo seco, em R$/veículo.dia;
N
vcls
= Número de viagens diárias do veículo de coleta de lixo seco, em
veículo.dia;
Custo fixo referente ao pessoal contratado (guarnição):
C
ftp
= C
fpm
. [N
vc
+ N
ca
+ N
vcls
]
.
k
m
+
C
fpg
. [N
vc
. n
g
+ N
vcls .
n
gls
]
.
k
g
, Equação (3)
onde:
C
ftp
= Custo fixo total diário de pessoal, em R$/dia;
C
fpm
= Custo fixo diário de pessoal - motoristas, em R$/homem.dia;
K
m
= fator de majoração-reserva de motoristas, adimensional
C
fpg
= Custo fixo diário de pessoal - garis, em R$/homem.dia;
n
g
= número de garis de uma guarnição, em homem
n
gls
= número de garis de uma guarnição de coleta de lixo seco, em homem;
k
g
= fator de majoração – reserva de garis, adimensional
Para a estação de transferência
C
fttr
= custo fixo total diário de transferência, em R$/dia
O custo fixo total é dado por:
C
ft
= C
ftf
+ C
ftp
+ C
fttr
, Equação (4)
onde:
C
ftf
= Custo fixo total diário da frota (veículos de coleta e carretas), em
R$/dia;
52
C
ftp
= Custo fixo total diário de pessoal, em R$/dia;
C
fttr
= custo fixo total diário de transferência, em R$/dia
Os custos variáveis podem ser obtidos pelas expressões:
Custo variável da coleta e transporte do lixo
C
vtf
= C
vc
. N
vc
. n
v
. [d
ca
.K
ca
+ 2. (d
ar
+h.d
dr
)] + C
vc
. N
vc
. (d
pa
+ d
rp
– d
ar
) +
+ C
vca
. n
ca
. n
vca
. 2. d
dr
+ C
vcls
. N
vcls
. n
vls
. (d
cals
. K
ca
+ 2 . d
arls
) +
+ C
vcls
. N
vcls
. (d
pals
+ d
rp
– d
arls
), Equação (5)
onde:
C
vtf
= Custo variável total diário da frota, veículos de coleta e carretas, em
R$/dia;
C
vc
= Custo variável do veículo de coleta, em R$/veículo.km;
n
v
= número de viagens diárias por veículo de coleta, em viagem/veículo.dia
d
ca
= distância percorrida na área de coleta do lixo, em km;
K
ca
= fator de majoração do custo variável da coleta, adimensional;
d
ar
= distância média entre as áreas de coleta e o acesso à rodovia, em km;
h = parâmetro referente à existência ouo da estação de transferência,
adimensional (0 para não existente, 1 para existente);
d
dr
= distância entre o local de descarga e o acesso à rodovia, em km;
d
pa
= distância média entre a garagem e as áreas de coleta, em km;
d
rp
= distância entre o acesso à rodovia e a garagem, em km;
C
vca
= Custo variável da carreta, em R$/veículo. km;
n
ca
= número de carretas, em veículo;
n
vca
= número de viagens diárias da carreta, em viagem/veículo.dia
C
vcls
= Custo variável do veículo de coleta de lixo seco, em R$/veículo. km;
53
N
vcls
= número de viagens diárias do veículo coletor de lixo seco, em
viagem/veículo.dia;
n
vls
= número de veículos coletores de lixo seco, em veículo;
d
cals
= distância percorrida na área de coleta de lixo seco, em km;
d
arls
= distância média entre as áreas de coleta de lixo seco e o acesso à
rodovia, em km;
d
pals
= distância média entre a garagem e as áreas de coleta de lixo seco, em
km;
Custo variável da transferência:
C
vttr
= C
vtr
. Q
tr
, Equação (6)
onde:
C
vttr
= Custo variável total da transferência, em R$/m
3
;
C
vtr
= Custo variável da transferência, em R$/m
3
;
Q
tr
= Capacidade volumétrica de uma carreta, em m
3
.
Custo variável total diário:
C
vt
= C
vtf
+ C
vttr
, Equação (7)
onde:
C
vt
= custo variável total diário.
O custo total é calculado pela soma dos custos fixos e variáveis totais, dado pela
expressão:
Custo total diário:
CT = C
ft
+ C
vt
Equação (8)
onde:
CT
= custo total diário, em R$/dia
54
Os custos médios por habitante e por m
3
de RSD coletados são obtidos dividindo-se o
custo total diário pela população servida e pela quantidade total coletada,
respectivamente.
As limitações do modelo são dadas pelas condições básicas estipuladas acima. Para
que o modelo seja aplicável em municípios com diferentes configurações são
necessárias adaptações ao mesmo.
Outros modelos de apropriação de custos da frota de veículos e de suas guarnições
são apresentados pelo IPT: CEMPRE (1995, p. 65) e pela Mercedes-Benz, com
pequenas variações de abordagem. Isto se deve ao fato de que a apropriação de
custos é, em suma, um problema de ordem contábil.
Também o SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS DE LIMPEZA URBANA – SELURB-
propõe um modelo de apropriação de custos da coleta e transporte de RSD através de
programa baseado na planilha eletrônica Excel®, onde são preenchidos os dados
solicitados no programa e o resultado é obtido em R$/t de RSD coletado.
O SELURB só informa que a planilha foi elaborada pela Fundação Getúlio Vargas sem
dar informações da metodologia utilizada. A figura 14 mostra a tela de trabalho da
planilha de cálculo dos custos da coleta.
Além da apropriação de custos, indicadores de produtividade podem melhor avaliar o
desempenho da coleta e transporte de RSD. Os indicadores mais conhecidos são os de
produtividade, de eficiência operacional, de mão de obra, manutenção, de qualidade e
de segurança.
55
Figura 15. Tela de trabalho da planilha do SELURB
Fonte: Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana, s.d.
2.3 Comparação de coletas: porta-a-porta e CLEO
A comparação da coleta porta-a-porta com a coleta em locais de entrega obrigatória
será realizada neste trabalho com vistas à identificação da variação de custos entre
estes tipos de coleta.
56
Para o cálculo dos custos da coleta será adotado o modelo proposto por Aguiar
(1993), respeitando-se as condições de contorno impostas pelo modelo e para
simplificação do problema, adotou-se uma quadra (quarteirão) padrão com cada face
dotada de 10 unidades residenciais, com 5 pessoas por unidade (200 pessoas por
quadra). Também foram adotados os seguintes dados:
Produção diária de RSD per capita: 500 g
Cidade de formato retangular (20 x 20 quadras) com população de
80.000 habitantes;
Densidade populacional e taxa de geração de RSD constantes;
Malha viária constituída de vias ortogonais em toda a extensão da
cidade;
Áreas de coleta de RSD de formato quadrado (quadrículas);
Frotas padronizadas de veículos de coleta e de transporte;
Coleta de RSD sem separação;
Local de acesso à rodovia num vértice do perímetro da cidade;
Garagem dos veículos num ponto de vértice qualquer da cidade;
Não existência de estação de transferência de RSD (transbordo);
Local de descarga dos RSD isolado da área urbana;
Veículo de coleta do lixo úmido.
Também serão adotadas as seguintes premissas:
Veículo coletor compactador novo com carroceria de volume útil de 15
m
3
;
Taxa de compactação do veículo igual a 3:1;
Peso específico do lixo sem compactação igual a 180 kg/m
3
;
Tamanho das quadras igual a 100x100 metros;
Largura das ruas igual a 10 metros;
57
Comprimento total de cada rua percorrida igual a 2190 metros
(considerando que nas extremidades somente metade da rua é
percorrida);
Total de ruas igual a 44;
Coleta diária;
Velocidades de deslocamento iguais para ambas as coletas;
Guarnições idênticas para ambas as coletas composta de um motorista
e três coletores (garis);
Equipamentos iguais para ambas as coletas;
Coleta em ambos os lados da rua;
Otimização máxima de roteiros, sem superposições (o veículo coletor
percorre uma única vez cada rua);
Uma lixeira para cada casa na coleta porta - a – porta;
Uma lixeira coletiva a cada esquina – local de entrega obrigatória -
(máximo deslocamento do residente igual a 50 metros);
Distância entre o local de descarga e a rodovia (
D
dr
)
igual a 6,0 km;
Fator de majoração do custo variável (
K
ca
) da coleta igual a 1,2;
Fator de majoração de reserva de garis (
K
g
)
igual a 1,2;
Fator de majoração de reserva de motoristas (
K
m
) igual a 1,2;
Custo fixo diário do veículo de coleta (
C
fc
) igual a R$
100,00/veículo.dia
7
;
Custo fixo diário de pessoal - motoristas (
C
fpm
) igual a R$
50,00/homem.dia;
Custo fixo diário de pessoal – garis (
C
fpg
) igual a R$ 30,00/homem.dia;
Custo variável do veículo de coleta (
C
vc
) igual a R$ 2,00/veículo.km;
Coleta diurna;
Jornada normal = 8 horas.
7
Custos arbitrados para simples cálculo, próximos dos valores praticados na realidade.
58
Para a população considerada, a produção diária de RSD será de 40 toneladas, o que
corresponde a um volume solto de 222,22 m
3
. Considerando-se a compactação de
3:1 do caminhão coletor, o volume a ser coletado passa a ser de aproximadamente 75
m
3
(74,07 m
3
), tornando necessárias 5 viagens do caminhão coletor.
Dividiu-se então a cidade-modelo em 6 setores, de modo que o caminhão trabalhasse
com pequena folga, cada setor com aproximadamente 16,0 km de vias.
Considerando-se uma velocidade de deslocamento de 6,0 km/h durante a coleta e de
30,00 km/h no trajeto (velocidades sugeridas para o cálculo pelo IPT:CEMPRE) pode-
se afirmar que cada setor leva em média 02h40min para ter os RSD coletados.
O intervalo de tempo deve ser acrescido estimando-se que a viagem desde o ponto de
acesso à rodovia até o local de destinação final, ida e volta, gaste em torno de 30
minutos (t=d/v), considerando-se 6 minutos para descarga.
Deste modo cada setor leva em média 3 horas e 10 minutos para ser coletado.
Considerando que a tripulação gasta 01h30min no intervalo para almoço, pode-se
afirmar que, se a frota de veículos coletores for composta de 3 veículos, não seria
necessária a realização de horas extras pela guarnição (sobra teórica de 10 minutos na
jornada de 8 horas):
Número de setores por veículo = 2
Tempo gasto por setor = 02h40min
Tempo gasto na descarga por setor = 0h30min
Total do tempo gasto no setor = 06h20min
Intervalo para almoço = 01h30min
Total necessário à jornada diária = 07h50min
59
No caso suposto acima de 3 veículos trabalhando na coleta dos RSD, a vulnerabilidade
do sistema é baixa, pois qualquer parada para manutenção poderia ser compensada
por turnos extras de outro veículo, mantendo a qualidade da prestação dos serviços.
Recomendável, mesmo assim, que se tenha um veículo a mais para divisão do trabalho
ou simples reserva.
Considerados os valores arbitrados, as condições de contorno do problema e
arbitrando os locais da garagem e do acesso à rodovia nas esquinas superiores
esquerda e direita, respectivamente, conforme a figura 16, as distâncias envolvidas no
modelo de cálculo são dadas por:
Distância entre o acesso à rodovia e a garagem
D
rp
= 2,2 km
Distância média entre a garagem e as áreas de coleta
D
pa
= 2,2 km
Distância média percorrida na área de coleta de lixo
D
ca
= 15,4 km
2.3.1 Custos da coleta porta-a-porta
Na coleta porta-a-porta o veículo coletor deve passar em todas as residências para
realizar a coleta total do setor. Assim ele deve percorrer toda a distância média de
cada área de coleta, igual a 15,40 km.
60
Figura 16 – Configuração da cidade-modelo utilizada e suas distâncias
Fonte: autor
Assim é possível estimar o custo diário da coleta porta-a-porta através do modelo de
Aguiar, mediante suas equações:
Custo fixo da frota (equação 2):
C
ftf
= C
fc
. N
vc
, onde:
C
fc
= R$ 100,00 - Custo fixo diário do veículo de coleta;
N
vc
= 3 - Número de veículos de coleta;
Portanto,
C
ftf
= 100,00 . 3
C
ftf
= R$300,00
61
Custo fixo referente ao pessoal contratado (equação 3):
C
ftp
= C
fpm
. [N
vc
]
.
k
m
+
C
fpg
. [N
vc
. n
g
]
.
k
g
, onde:
C
fpm
= R$ 50,00 - Custo fixo diário de pessoal - motoristas;
K
m
= 1,2 - Fator de majoração-reserva de motoristas;
C
fpg
= R$ 30,00 - Custo fixo diário de pessoal - garis;
n
g
= 3 - número de garis de uma guarnição;
k
g
= 1,2 - Fator de majoração – reserva de garis;
Portanto,
C
ftp
= 50,00. [3]
.
1,2
+
30,00 . [3 .3]
.
1,2
C
ft
p
= R$ 504
,
0
0
Quanto aos custos variáveis:
Custo variável da coleta e transporte do lixo (equação 5)
C
vtf
= C
vc
. N
vc
. n
v
. [d
ca
.K
ca
+ 2. (d
ar
+h.d
dr
)] + C
vc
. N
vc
. (d
pa
+ d
rp
– d
ar
) onde:
C
vc
= R$ 2,00 - Custo variável do veículo de coleta;
N
vc
= 3 - Número de veículos de coleta;
n
v
= 2 - número de viagens diárias por veículo de coleta;
d
ca
= 15,40 km – distância média percorrida nas áreas de coleta do lixo;
K
ca
= 1,2 - fator de majoração do custo variável da coleta;
d
ar
= 2,2 km - distância média entre as áreas de coleta e o acesso à
rodovia;
h = 1 - parâmetro referente à não existência da estação de transferência;
d
dr
= 6,00 km - distância entre o local de descarga e o acesso à rodovia;
d
pa
= 2,2 km - distância média entre a garagem e as áreas de coleta;
62
d
rp
= 2,2 km - distância entre o acesso à rodovia e a garagem;
Logo,
C
vtf
= 2,00. 3. 2 . [15,4 .1,2 + 2. (2,2 +1.6,0 )] + 2,00. 3. (2,2+ 2,2 –2,2)
C
vtf
=418,56 + 13,20
C
vtf
=R$431,76
Custo variável total diário, sem a estação de transferência (equação 7):
C
vt
= C
vtf
, onde:
C
vt
= custo variável total diário
C
vt
= R$431,76
O custo total é calculado pela soma dos custos fixos e variáveis totais, dado pela
expressão:
Custo total diário da coleta porta-a-porta (equação 8):
CT = C
ft
+ C
vt
onde:
CT = (300,00 + 504,00)+ 431,76
CT = R$ 1.235,76
2.3.2 Custos da CLEO
Na coleta em locais de entrega obrigatória o veículo coletor deve passar nos pontos
específicos de coleta. Cada quadra foi guarnecida com 4 pontos: um em cada esquina.
A figura 16 ilustra o modelo adotado. Assim o veículo, considerando a hipótese do
mínimo roteiro, deve percorrer a metade da distância percorrida na coleta porta-a-
porta, ou seja, 7,7 km.
63
Figura 16. Localização das lixeiras para CLEO na cidade-modelo
Fonte: Autor
Assim é possível estimar o custo diário da coleta em locais de entrega obrigatória,
através do mesmo modelo de Aguiar, considerando, a princípio, que o custo fixo da
frota e de pessoal é o mesmo, modificando somente o custo variável:
Custo fixo da frota:
C
ftf
= R$300,00
Custo fixo referente ao pessoal contratado (guarnição):
C
ft
p
= R$ 504
,
0
0
Quanto aos custos variáveis:
Custo variável da coleta e transporte do lixo (equação 5)
C
vtf
= C
vc
. N
vc
. n
v
. [d
ca
.K
ca
+ 2. (d
ar
+h.d
dr
)] + C
vc
. N
vc
. (d
pa
+ d
rp
– d
ar
) onde:
64
C
vc
= R$ 2,00 - Custo variável do veículo de coleta;
N
vc
= 3 - Número de veículos de coleta;
n
v
= 2 - número de viagens diárias por veículo de coleta;
d
ca
= 7,7 km - distância percorrida na área de coleta do lixo;
K
ca
= 1,2 - fator de majoração do custo variável da coleta;
d
ar
= 2,2 km - distância média entre as áreas de coleta e o acesso à
rodovia;
h = 1 - parâmetro referente à não existência da estação de transferência;
d
dr
= 6,00 km - distância entre o local de descarga e o acesso à rodovia;
d
pa
= 2,2 km - distância média entre a garagem e as áreas de coleta;
d
rp
= 2,2 km - distância entre o acesso à rodovia e a garagem;
Logo,
C
vtf
= 2,00. 3. 2 . [7,7 .1,2 + 2. (2,2 +1.6,0 )] + 2,00. 3. (2,2+ 2,2 –2,2)
C
vtf
=307,68 + 13,20
C
vtf
=R$320,88
Custo variável total diário, sem a estação de transferência (equação 7):
C
vt
= C
vtf
, onde:
C
vt
= custo variável total diário
C
vt
= R$320,88
O custo total é calculado pela soma dos custos fixos e variáveis totais, dado pela
expressão:
Custo total diário da coleta em locais de entrega obrigatória (equação 8):
CT = C
ft
+ C
vt
onde:
CT = (300,00 + 504,00)+ 320,88
CT = R$ 1.124,88
65
2.3.3 Custos comparados
Para se comparar, de maneira direta, os custos da coleta porta-a-porta e da coleta em
locais de entrega obrigatória foi calculada a razão entre uma e outra. Assim a
comparação permite dizer que a coleta em locais de entrega obrigatória, em termos
de custos de realização, é cerca de 10 % mais barata que a coleta porta-a-porta,
mantendo-se o mesmo número de guarnições e setores, mudando-se somente os
custos variáveis.
9103,0
76,235.1
88,124.1
==
portaaportaColeta
CLEO
Outra comparação pode ser realizada levando-se em conta a menor distância a ser
percorrida pelo veículo, podendo reduzir o tempo total gasto. Se o tempo gasto é
menor, e neste caso representa a metade (de 2h40min Æ 1h20min), o tempo gasto
por setor decresce para 1h50min.
Se a este tempo somar-se a hora de almoço é possível que uma guarnição realize a
coleta em 3 setores diariamente e não em dois. Isto significaria a redução de
investimento e de pessoal: em vez de 3 veículos e 3 guarniçoes, somente 2 veículos e
2 guarnições.
Neste caso, os custos da coleta seriam:
Custo fixo da frota (Equação 2):
C
fc
= R$ 100,00 - Custo fixo diário do veículo de coleta;
N
vc
= 2 - Número de veículos de coleta;
Portanto,
66
C
ftf
= 100,00 . 2
C
ftf
= R$200,00
Custo fixo referente ao pessoal contratado (equação 3):
C
ftp
= C
fpm
. [N
vc
]
.
k
m
+
C
fpg
. [N
vc
. n
g
]
.
k
g
, onde:
C
fpm
= R$ 50,00 - Custo fixo diário de pessoal - motoristas;
K
m
= 1,2 - Fator de majoração-reserva de motoristas;
C
fpg
= R$ 30,00 - Custo fixo diário de pessoal - garis;
n
g
= 3 - número de garis de uma guarnição;
k
g
= 1,2 - Fator de majoração – reserva de garis;
Portanto,
C
ftp
= 50,00. [2]
.
1,2
+
30,00 . [3 .2]
.
1,2
C
ft
p
= R$ 336
,
0
0
Quanto aos custos variáveis:
Custo variável da coleta e transporte do lixo (equação 5)
C
vtf
= C
vc
. N
vc
. n
v
. [d
ca
.K
ca
+ 2. (d
ar
+h.d
dr
)] + C
vc
. N
vc
. (d
pa
+ d
rp
– d
ar
) onde:
C
vc
= R$ 2,00 - Custo variável do veículo de coleta;
N
vc
= 2 - Número de veículos de coleta;
n
v
= 3 - número de viagens diárias por veículo de coleta;
d
ca
= 7,7 km - distância percorrida na área de coleta do lixo;
K
ca
= 1,2 - fator de majoração do custo variável da coleta;
d
ar
= 2,2 km - distância média entre as áreas de coleta e o acesso à rodovia;
h = 1 - parâmetro referente à não existência da estação de transferência;
67
d
dr
= 6,00 km - distância entre o local de descarga e o acesso à rodovia;
d
pa
= 2,2 km - distância média entre a garagem e as áreas de coleta;
d
rp
= 2,2 km - distância entre o acesso à rodovia e a garagem;
Logo,
C
vtf
= 2,00. 2. 3 . [7,7 .1,2 + 2. (2,2 +1.6,0 )] + 2,00. 2. (2,2+ 2,2 –2,2)
C
vtf
=307,68 + 8,80
C
vtf
=R$316,48
Custo variável total diário, sem a estação de transferência (equação 7):
C
vt
= C
vtf
, onde:
C
vt
= custo variável total diário
C
vt
= R$316,48
O custo total é calculado pela soma dos custos fixos e variáveis totais, dado pela
expressão:
Custo total diário da coleta em locais de entrega obrigatória (equação 8):
CT = C
ft
+ C
vt
onde:
CT = (200,00 + 336,00)+ 316,48
CT = R$ 852,48
Deste modo, se houvesse a redução de uma guarnição na coleta geral da cidade-
modelo a razão entre as coletas poderia ser menor ainda:
6898,0
76,235.1
48,852
==
portaaportaColeta
CLEO
68
Ou seja, a redução de custos chegaria a 30% na substituição de uma coleta por outra,
o que confirma a afirmativa da literatura de que a coleta em pontos específicos é a
modalidade de coleta de menor custo.
Pode-se argumentar que a implantação deste tipo de coleta tem um investimento
inicial maior do que a coleta porta-a-porta, o que é verdadeiro. Mas, se por um lado
se investe mais em equipamentos (contêineres) por outro há uma diminuição no
investimento de veículos.
Necessário que outros estudos investiguem estes custos iniciais de investimento e o
prazo necessário ao ponto de equilíbrio, proporcionado por uma manutenção mensal
menor, o que fica como sugestão da continuidade de aprofundamento sobre o tema.
69
Capítulo 3
3.1 Metodologia do trabalho
De modo geral, e de maneira mais acentuada no Brasil, o presente tema de pesquisa
se relaciona fortemente com instituições políticas (estados e prefeituras) gestoras dos
sistemas de RSD. Nestas instituições é comum não se encontrar um banco de dados
relativo à gestão dos referidos sistema.
Com raras exceções, o levantamento de dados nas prefeituras brasileiras é difícil e
lento. Na maioria delas inexistem arquivos de dados que permitam uma compreensão
contextualizada do objeto da pesquisa.
Em razão disto, a pesquisa baseou-se em informações de funcionários da Prefeitura
Municipal de Bebedouro, em artigos de jornais da cidade e em dados oficiais
oferecidos pelo Departamento de Obras da prefeitura.
A pesquisa desenvolveu-se em Bebedouro-SP, que em 1992 implantou, e ainda
mantém em determinados locais, uma prática de coleta com algumas semelhanças à
coleta proposta.
Neste sistema de coleta realizado pela prefeitura municipal não há a obrigatoriedade
de se colocar os RSD nas lixeiras fixadas nos canteiros centrais das avenidas. Há casos
de moradores que implantaram sua própria lixeira e nelas dispõem de seus RSD.
Das avenidas nas quais as lixeiras foram implantadas, escolheu-se a Av. Pedro
Paschoal para se realizar a pesquisa, pelos motivos elencados adiante. A lixeira-tipo
instalada nesta avenida é detalhada na figura 18.
70
Vista superior
Corte Tranversal
Sem escala Sem escala
Figura 18. Lixeira-tipo instalada na Avenida Pedro Paschoal, em Bebedouro-SP.
Fonte: Autor
3.1.1 Características do município
O povoamento inicial da cidade deu-se com a instalação de algumas famílias junto à
margem esquerda do Córrego Bebedouro, cujas águas eram procuradas por tropeiros
e boiadeiros que atravessavam a região conduzindo animais e transportando todo tipo
de mercadorias, no eixo compreendido entre a região de Araraquara e o Porto do Rio
Grande.
As primeiras foram iniciadas por volta de 1878, período em que se formaram as
primeiras lavouras de café, maior riqueza do município nos próximos anos
decorrentes.
A data oficial de fundação de Bebedouro é 3 de maio de 1884, dia em que se lavrou a
escritura de doação da primeira parte do atual patrimônio urbano, de acordo com a
Lei Municipal nº57, de 27 de abril de 1949.
71
Figura 19: Localização do município de Bebedouro/SP
Fonte: <http://www.der.sp.gov.br/mapa_rodoviário/mostra_mapas.asp?area=C1>
A partir da crise do café (1929/1930), as lavouras de café foram aos poucos cedendo
lugar ao plantio de laranjeiras, definindo um novo perfil agrícola para o município que
se tornou um dos maiores produtores de laranja do mundo, proporcionando, na
década de 80, uma rápida expansão econômica e populacional.
72
Embora tenham surgido novos conjuntos habitacionais e o comércio experimentado
elevadas taxas de crescimento, a infra-estrutura de saneamento ambiental não foi
beneficiada pelo desenvolvimento econômico.
Na década de 90 o município enfrentou sérias dificuldades com o declínio comercial
da laranja, o que levou ao fechamento de indústrias e estabelecimentos comerciais e
elevou a taxa de desemprego.
De acordo com o Censo Demográfico do IBGE, realizado em 2000, a população urbana
de Bebedouro era de 69.950 habitantes e a população rural era de 4.847 habitantes
totalizando 74.797 habitantes.
O município situa-se geograficamente na região Nordeste do Estado de São Paulo, no
Planalto Ocidental, entre os rios Pardo e Turvo, fazendo parte da Região
Administrativa de Barretos. A distância entre Bebedouro e a capital do Estado é de 381
km. As coordenadas geográficas do município são dadas pela Latitude Sul: 20º 56’ 58”
(S) e Longitude Oeste: 48º 28’ 45” (W)
O Município de Bebedouro possui três distritos: Andes, localizado a 10 km da sede,
com uma população de 159 habitantes; Turvínia, a 21 km da sede, com uma
população de 347 habitantes; Botafogo, a 8 km da sede com população de 849
habitantes. A média de moradores por domicílio foi estimada em 3,31 na área urbana
e 3,77 na área rural,
O principal acesso à cidade é feito pela Malha Rodoviária Estadual: Rodovia Brigadeiro
Faria Lima (SP 326) - Colina ao norte e Jaboticabal ao Sul; Rodovia Armando de Salles
Oliveira (SP 322) - Monte Azul Paulista a oeste e Pitangueiras a leste; Rodovia
Comendador Pedro Monteleone (SP 351) - Catanduva ao sul. O município é servido
73
ainda por Malha Ferroviária (somente para transporte de cargas) e Aeroporto
Municipal.
Em Bebedouro o abastecimento de água nos domicílios, encontra- se quase
universalizado – 99,7% dos domicílios possuem abastecimento de água procedente da
rede geral com canalização interna para pelo menos um cômodo. A quase totalidade
dos domicílios é servida por rede geral de esgoto. A população atendida pela Estação
de Tratamento de Esgotos do Córrego Mandembo (ETE - Mandembo) é de 33% .
3.1.2 Sistema de RSD
A coleta de lixo realizada pelo serviço de limpeza urbana atinge 99,51 % dos
domicílios. À época da pesquisa a prefeitura realizava processo licitatório para a
terceirização da coleta e transporte dos RSD.
A PREFEITURA MUNICIPAL DE BEBEDOURO (2003, p. 34) estima que, em 2003, a
produção total de resíduos sólidos em Bebedouro atingiu 65.738 toneladas
distribuídas conforme o quadro 5.
Tipo de resíduo Quantidade %
Resíduos de Construção e
demolição
46.800 71,2
Resíduos domiciliares e
comerciais
14.465 22,0
Resíduos Verdes 3.600 5,5
Resíduos de serviços de saúde 873 1,3
Quadro5. Produção de RS em Bebedouro – SP.
Fonte: Prefeitura Municipal de Bebedouro, 2003
A composição percentual dos resíduos sólidos de origem domiciliar, de acordo com
estimativas realizadas para Bebedouro, está apresentada no Quadro 6. A composição
74
foi baseada em dados levantados no município de Jaboticabal, cujo porte e
características da população em muito se assemelham a Bebedouro.
Componentes t/ano % Peso
Papel 1.800 12,48
Papelão 450 3,12
Plástico rígido 300 2,10
Plástico filme 563 3,90
Metais ferrosos 8.700 6,00
Embalagens longa vida 115 0,80
Vidro 8.700 6,00
Alumínio 40 0,28
Matéria orgânica putrescível 8.050 55,57
Agregados finos 175 1,20
Outros 1.240 8,55
Quadro 6. Composição dos RSD de Bebedouro.
Fonte: Departamento de Obras da Prefeitura Municipal de Bebedouro, 2003
Com base nas quantidades apresentadas, a taxa de produção de resíduos sólidos de
origem domiciliar por habitante por dia, situa-se próxima 0,5 kg. A taxa de produção
expressa pela quantidade de resíduos gerada por domicílio é estimada em 1,83
kg/domicilio.
A partir da caracterização estimada para Bebedouro, pode-se concluir que
aproximadamente 60% são matéria facilmente biodegradável, 15% são
moderadamente biodegradável. Dentre os outros componentes dos resíduos estão
parcelas de resíduos de madeira, tecidos e couro, os quais são dificilmente
biodegradáveis (cerca de 5%).
A parcela não biodegradável presente nos resíduos é de cerca de 20% . Portanto,
estima-se em aproximadamente 80% a massa de resíduos passíveis de transformação
pela atividade biológica no interior do aterro sanitário.
75
3.1.3 Gerenciamento dos RSD
O gerenciamento dos serviços de limpeza pública é realizado diretamente pela
Prefeitura de Bebedouro por meio do Departamento Municipal de Obras e Serviços
Públicos. O quadro de funcionários da coleta de resíduos domiciliares é composto por
8 motoristas e 24 coletores distribuídos em 7 equipes de coleta.
Para efeito de coleta de resíduos, a área urbana do município foi dividida em 8
setores.
Na região central e nos grandes geradores (supermercados, escolas, repartições
públicas e centros comerciais) a coleta é realizada diariamente.
Nos Distritos de Botafogo, Andes e Turvinia, a coleta é realizada duas vezes por
semana e nos demais setores a coleta é realizada três vezes por semana, conforme
apresentado no Quadro 7.
A coleta dos resíduos domiciliares é realizada com a utilização de quatro caminhões
compactadores (tipo prensa). O número de viagens de cada equipe coletora varia com
os dias da semana, conforme apresentado no Quadro 8.
Para a operação do aterro sanitário, o Departamento de Obras e Serviços Públicos
disponibiliza um trator de esteira em caráter permanente, uma pá-carregadeira e um
caminhão basculante em caráter eventual.
A área do aterro sanitário totaliza 388.670 m
2
e está localizada a 9,0 km do perímetro
urbano do município de Bebedouro, às margens da Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-
326) sentido Bebedouro – Barretos, entre o km 387 e o km 388. O acesso à área é
feito por estrada de terra que inicia exatamente no marco do km 388 da rodovia
Brigadeiro Faria Lima.
76
SETOR BAIRROS E DISTRITOS DIAS DE COLETA
Setor 1
Parque Industrial, Boa Vista, Sumaré, Jardim das
Acácias, Centenário, São Paulo, Hércules Hortal,
Mutirão (baixo), S. Antônio, V. Paulista (baixo).
Segundas, quartas e sextas
Setor 2
Resid. Bebedouro, Jd. Souza Lima, Pedro Maia,
Mutirão (alto), Jd. Tropical (alto), Bom Retiro,
Predinhos, Vila Paulista (alto).
Segundas, quartas e sextas
Setor 3
Jd. De Lúcia, Laranjeiras, Santaella, Mutirão
(avenidas), Jd. Tropical (baixo), Resid. Furquim, São
Carlos.
Segundas, quartas e sextas
Setor 4
Alvorada, Jd. São Fernando, Jd. Parati, Jd. Cláudia 1,
Santa Terezinha, Brandão Veras.
Terças, quintas e sábados
Setor 5
Vila Elisabeth, Marajó, Jd. Júlia, Aeroporto, Rassim
Dib, Jardim Talarico.
Terças, quintas e sábados
Setor 6
Califórnia, Parque Eldorado, Jd. Do Bosque, Jd.
Menino Deus, Jardim Cláudia 2, Jardim Parati 2,
Cruzeiro.
Terças, quintas e sábados
Setor 7 Centro e grandes geradores. Diária
Setor 8 Distritos. Terças e sextas
Quadro 7. Freqüência da coleta por setor no município de Bebedouro.
Fonte: Prefeitura Municipal de Bebedouro – Departamento de Obras e Serviços Públicos (2003)
Coleta diurna Coleta noturna Total diário
n.º viagens n.º viagens n.º viagens
segunda-feira 7 6 13
ter
ç
a-feira 7 3 10
quarta-feira 4 3 7
quinta-feira 4 3 7
sexta-feira 4 3 7
sábado 4 3 7
Total de viagens
30 21 51
Dias da Semana
Quadro 8. Número de viagens realizadas para o aterro sanitário pelos veículos coletores em
Bebedouro.
Fonte: Prefeitura Municipal de Bebedouro – Departamento de Obras e Serviços Públicos,2003
A coordenação de todas as atividades de coleta e disposição final de resíduos fica a
cargo de dois encarregados que estão subordinados a um engenheiro do
departamento.
77
A coleta e disposição dos resíduos de serviços de saúde são de responsabilidade do
Departamento Municipal de Saúde que disponibiliza para estes serviços um veículo
tipo furgão de pequeno porte, um motorista e um coletor. A coleta é realizada
diariamente nos estabelecimentos credenciados e indicados pelo Setor de Vigilância
Sanitária do município. A disposição final é realizada em valas isoladas unicamente
para esta finalidade. As valas especiais encontram-se dentro da área destinada à
implantação do aterro sanitário.
A varrição das vias públicas é realizada por pessoas organizadas em frentes de
trabalho e por funcionários da Prefeitura. A coleta dos resíduos de varrição é realizada
por duas carretas tracionadas por tratores, as quais percorrem a região central da
cidade.
Para o transporte dos resíduos de podas e entulhos de construções e demolições, a
Prefeitura disponibiliza dois caminhões basculantes e duas pás carregadeiras. O
município conta com serviços de caçambas para coleta de entulho e resíduos de
limpeza de jardins e quintais, realizados pela prefeitura.
Durante a pesquisa realizada, a Prefeitura Municipal buscava terceirizar os serviços de
coleta e disposição final de resíduos e contratar serviços de tratamento de resíduos de
serviços de saúde. Atualmente, a região de Bebedouro não conta com sistema de
tratamento de resíduos de serviços de saúde.
3.1.4 Da pesquisa de campo
Das avenidas de Bebedouro que contam com a coleta de RSD realizadas na ilha
central, a Avenida Pedro Paschoal foi selecionada para a pesquisa por possuir as
seguintes características:
78
Não possui prédios de apartamentos que geralmente têm sua própria “lixeira”,
permitindo que o universo da pesquisa seja o mais fiel possível na expressão
de suas opiniões;
Possui variedade no padrão das residências construídas ao longo de sua
extensão, o que torna a pesquisa mais representativa do ponto de vista
socioeconômico;
95% das lixeiras inicialmente colocadas pela prefeitura municipal ainda
permanecem instaladas;
A avenida não é considerada um corredor comercial, o que significa que o
número de estabelecimentos comerciais é pequeno, comparado ao número de
residências;
Em 12 de novembro de 2004 foi realizado um levantamento na avenida de todas as
residências habitadas e todos os estabelecimentos comerciais existentes e em
funcionamento e anotados os números expostos na fachada, referentes ao
cadastramento municipal.
Para efeito de identificação, a avenida foi dividida em dois sentidos: norte e sul.
Constatou-se, por contagem, a existência de 137 elementos na avenida, distribuídos
da seguinte maneira:
Sentido Norte
82 residências habitadas
5 estabelecimentos comerciais
Sentido Sul
41 residências habitadas
9 estabelecimentos comerciais
79
Para efeito desta pesquisa, cada residência ou estabelecimento comercial foi
considerado um elemento da população a ser pesquisada. Também foi adotado o
método probabilístico de amostragem aleatória simples.
Figura 20. Foto de satélite do traçado da Avenida Pedro Paschoal (em destaque amarelo).
Fonte: Prefeitura Municipal de Bebedouro
TAMANHO DA AMOSTRA
Gil (1995, p. 98) afirma que quando a população a ser pesquisada não supera
100.000 elementos, para efeitos estatísticos pode ser considerada finita, e o tamanho
da amostra é calculado através da seguinte expressão:
80
qpNe
Nqp
n
...
22
σ
σ
+
=
onde, (9)
..)1.(
2
n
= Tamanho da amostra;
σ
= Nível de confiança escolhido, expresso em número de desvios-padrão;
p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica;
q = Percentagem complementar;
N = Tamanho da população;
e = erro máximo permitido.
Para a determinação do tamanho da amostra da pesquisa foram adotados os
seguintes valores:
Nível de confiança de 95% (dois desvios), logo σ
= 2;
95% de ocorrência do fenômeno; logo p = 95
e
q = 5;
N = 137 elementos;
Erro máximo permitido e = 4,5%.
Resulta da aplicação dos valores na fórmula proposta por Gil uma amostra de 56
elementos. Adotou-se como tamanho da amostra 61 elementos (10% a mais).
A escolha dos elementos a serem pesquisados foi feita de modo aleatório. Para cada
residência ou estabelecimento comercial foi atribuído um número inteiro entre 0 e
137, que representa o número total de elementos da avenida.
Através do programa Excel® foram gerados 61 números aleatórios diferentes e,
através dos números cadastrais atribuídos a cada um deles, foram selecionados os
elementos a serem pesquisados.
Para a determinação do número de pesquisadores de campo a serem contratados
testou-se o tempo de aplicação de 3 questionários, sendo que o tempo médio gasto
com os respondentes foi de 11 minutos. Considerando que o pesquisador deveria se
deslocar de uma unidade pesquisada a outra, o tempo médio subia para 15 minutos.
81
Os pesquisadores então foram selecionados e treinados para aplicarem o
questionário. Em função do número de questionários a serem aplicados,
Considerando-se este tempo médio de aplicação, foram contratadas 4 (quatro)
mulheres entre 18 e 30 anos para aplicar os questionários em um único dia, sendo
que 3 delas deveriam aplicar 15 questionários e uma das pesquisadoras aplicaria 16
questionários. Contrataram-se mulheres na tentativa de diminuir ao máximo a
rejeição em responder os questionários, tendo em vista que muitas respostas viriam
de mulheres donas-de-casa.
A pesquisa foi realizada no dia 15 de agosto de 2005, nos períodos das 9h15min até
10h45min e das 13h30min às 17h00 min. Nenhum respondente foi avisado
anteriormente da pesquisa. Os pesquisadores foram orientados, caso não
encontrassem o respondente na primeira abordagem, a retornarem ao endereço,
quantas vezes fossem necessárias para encontrá-lo.
Cinco endereços precisaram ser visitados três vezes e outros nove endereços
precisaram ser visitados duas vezes. Nos demais endereços o respondente foi
encontrado na primeira abordagem e se dispôs a atender ao pesquisador.
Um dos respondentes atendeu ao pesquisador, forneceu seus dados pessoais, mas
recusou-se a responder o questionário, afirmando que “não colocava lixo na rua”. Os
demais responderam ao questionário.
QUESTIONÁRIO
O questionário aplicado visava a conhecer:
Os hábitos da população pesquisada em relação aos RSD;
O conhecimento do serviço oferecido pela administração municipal;
82
Quais as características ideais do coletor secundário comunitário na opinião
dos respondentes;
Qual a opinião dos respondentes sobre a coleta em locais específicos não
obrigatória realizada naquela avenida da cidade;
A disposição destes residentes em permitir que um coletor secundário
comunitário fosse colocado em sua calçada;
Qual sua disposição em andar uma distância maior se recebesse alguma
compensação financeira no pagamento dos tributos municipais;
Foram comparadas nesta pesquisa a coleta em locais específicos e a coleta porta-a-
porta. Os itens a serem comparados serão:
Extensão de roteiros dos dois tipos de coleta em um mesmo setor;
Tamanho estimado das guarnições e frotas das duas coletas em um mesmo
trecho;
Vantagens e desvantagens na implantação das coletas comparadas;
A comparação dos roteiros de coleta foi realizada em uma cidade virtual que satisfez
as condições de contorno impostas pelo modelo de apropriação de custos proposto
por Aguiar (1993).
Para esta cidade foram consideradas as seguintes premissas:
Máxima otimização de roteiros;
A distância máxima, que um residente possa percorrer de sua residência até o
ponto de disposição dos RSD, de 50 metros;
Setor composto de quadras regulares;
Vias com direção de mão dupla;
Início e fim da coleta em pontos iguais para os dois roteiros;
Utilização dos mesmos equipamentos para as duas coletas;
Igual velocidade de coleta;
83
Guarnições idênticas para as duas coletas;
Guarnições diferenciadas para as duas coletas, em segunda comparação.
Os resultados da pesquisa de opinião da população e da comparação entre as coletas
são apresentados no capítulo 4.
O questionário aplicado encontra-se no anexo 1.
84
Capítulo 4
4. 1 Resultados e discussão da pesquisa de opinião
4.1.1 O serviço municipal de coleta de RSD no setor pesquisado
A prefeitura municipal de Bebedouro faz a coleta de RSD na Avenida Pedro Paschoal
em dois turnos, utilizando-se de um caminhão coletor compactador guarnecido de
uma tripulação de um motorista e dois coletores. No sentido norte-sul é realizada no
período da tarde, por volta das dezessete horas e no sentido oposto, de manhã, até as
onze horas.
As lixeiras, em número de 20, foram instaladas na ilha central da Avenida, de largura
média igual a 8,00 metros, a uma distância aproximada de 1,00 metro do meio-fio.
Uma lixeira foi retirada para ser consertada, segundo os moradores, e não retornou ao
local.
A colocação do lixo nas lixeiras não é obrigatória. Cada munícipe dispõe de seus
resíduos da maneira que lhe aprouver, colocando-os para serem coletados no chão
das calçadas, nas lixeiras próprias, nos muros, árvores, na lixeira da ilha central, etc..
A freqüência da coleta é diária, sendo realizada de segunda-feira a sábado.
4.1.2 Perfil dos respondentes
Na pesquisa de opinião realizada, dos 61 respondentes 15 eram do sexo masculino e
46 do sexo feminino. Para a classificação quanto à renda familiar, foi adotado o
Critério de Classificação Econômica Brasil, divulgado pela ASSOCIAÇÃO NACIONAL
85
DAS EMPRESAS DE PESQUISA – ANEP, com base no Levantamento Sócio-Econômico
2000 realizado pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO E PESQUISA – IBOPE.
Dos respondentes homens um terço não declarou renda familiar ou não sabia e os
demais declararam tê-la situada nas classes E (20%), D (6,7%), C (20%), B2 (13,3%) e
acima (6,7%). As mulheres respondentes declararam possuir renda familiar situadas
nas seguintes classes, segundo o mesmo critério: E (8,7%), D (30,4%), C (10,9%), B2
(10,9%) e acima (2,2%). Também, pouco mais de um terço das mulheres não declarou
renda familiar ou não sabia responder.
A não declaração de renda de um terço dos respondentes pode indicar que a pergunta
foi formulada de forma equivocada. A abstenção de respostas foi alta. Isto sugere que
ou os respondentes se sentiram intimidados com a pergunta ou ela foi mal
compreendida por mais de 30% dos respondentes.
37,0%
33,3%
2,2%
6,7%
10,9%
13,3%
10,9%
20,0%
30,4%
6,7%
8,7%
20,0%
E
D
C
B2
ACIMA B2
NS/NR
HomensMulheres
Gráfico 6. Situação da renda familiar dos respondentes homens e mulheres conforme o Critério
de Classificação Econômica Brasil
Fonte: Autor
86
Quanto à idade, os respondentes do sexo masculino declararam pertencer às
seguintes faixas (em anos): até 20 (6,7%), de 21 a 30 (0,0%), de 31 a 40 (20,0%), de 41
a 50 (13,3), de 51 a 60 (20,0%) de 61 a 70 (33,3%) e acima de 70 (2,2%).
6,7%
0,0%
20,0%
13,3%
20,0%
33,3%
2,2%
Até 20
21 a 30
31 a 40
41 a 50
51 a 60
61 a 70
acima 70
Gráfico 7. Idade declarada dos respondentes do sexo masculino.
Fonte: Autor
Os respondentes do sexo feminino declararam pertencer às seguintes faixas de idade
(em anos): até 20 (2,2%), de 21 a 30 (8,7%), de 31 a 40 (10,9%), de 41 a 50 (19,6%), de
51 a 60 (21,7%) de 61 a 70 (17,4%) e acima de 70 (19,6%).
2,2%
8,7%
10,9%
19,6%
21,7%
17,4%
19,6%
Até 20
21 a 30
31 a 40
41 a 50
51 a 60
61 a 70
acima 70
Gráfico 8. Idade dos respondentes do sexo feminino.
Fonte: Autor
87
Quanto à profissão os respondentes declararam ser a maioria, quase a metade, do lar.
Outros se declararam desempregados, aposentados, profissionais liberais,
assalariados, funcionários públicos, empresários, dentre outras profissões, conforme
o gráfico 9.
45,9%
4,9%
11,5%
6,6%
18,0%
3,3%
4,9%
4,9%
Do lar
Desempregado
Aposentado
Prof. Liberal
Prof. Assalariado
Func. Público
Empresário
Outros
Gráfico 9: Profissão declarada dos respondentes, em percentual de freqüência.
Fonte: Autor.
Também quase metade (45,9%) dos respondentes declarou residir em moradias de até
100,00 metros quadrados. Um terço declarou residir em casas cujas áreas variavam de
100 a 200 metros quadrados e apenas 10% em residências de área superior a 250,00
metros quadrados. Sete respondentes não souberam responder à questão formulada.
Neste quesito, quando o respondente declarava a área da residência os pesquisadores
foram orientados a não fazer nenhuma avaliação da veracidade da declaração,
bastando anotar a resposta dada a ele.
88
45,9%
32,8%
9,8%
11,5%
Até 100 m
de 100 a 250
Acima 250
NS/NR
Gráfico 10. Área da residência dos respondentes, em metros quadrados.
Fonte: Autor
Quanto ao número de pessoas que residiam ou atuavam permanentemente nas
unidades entrevistadas os respondentes declararam que em 19 delas o número era
maior que 5, em 7 delas era de 5, em 18 unidades era de 4, em 12 era de 3 e em 5
unidades era de 2, conforme o gráfico 11.
Segundo declaração dos respondentes, a média de residentes por unidade naquele
setor é de 4,3, maior que a média da cidade obtida junto ao IBGE que é de 3,3
hab/residência.
8,2%
19,7%
29,5%
11,5%
31,1%
2
3
4
5
Mais de 5
Gráfico 11. Número declarado de pessoas que residem ou atuam permanentemente nas
unidades entrevistadas.
Fonte: Autor
89
Quanto à escolaridade, os respondentes declararam ter cursado o ensino fundamental
incompleto (7,0%), o ensino fundamental completo (66,0%) e superior (27%).
0,0
14,00
66,00
20,00
0,0
Analfabeto
Fundamental
incompleto
Fundamental
completo
Superior
NS/NR
Gráfico 12. Grau de escolaridade dos respondentes.
Fonte: Autor
4.1.3 Respostas às questões da entrevista
Quanto à pergunta 1 - Quem, nesta casa, coloca o lixo na rua para ser coletado pelo
caminhão? - dos 61 respondentes, 49 declararam serem eles mesmos quem
colocavam o lixo na rua, 3 responderam ser o cônjuge e 3 afirmaram serem outras
pessoas (neta, mãe e não declarado). O gráfico 13 mostra o percentual de cada
resposta.
Dos 49 que responderam serem eles mesmos quem colocavam o lixo na rua 73,4%
eram mulheres, mais da metade residiam em casas de até 100,00 m
2
e dos que
declararam renda familiar (28,5% não declararam ou não sabiam) 55% pertenciam às
90
classes E, D e C. Dos que declararam ser o empregado o responsável pelo manuseio,
nenhum declarou renda familiar.
80,3%
9,8%
4,9%
0,0%
4,9%
0,0%
Respondente
Empregada(o)
njuge
Filha(o)
Outro
NS/NR
Gráfico 13. Pessoa responsável por colocar o lixo na rua para ser coletado pelo caminhão.
Fonte: Autor
Para estes respondentes, os recipientes primários mais utilizados para embalar os RSD
(pergunta 2 – Que recipiente é mais utilizado para embalar o lixo em sua casa?),
confirmando o senso comum, são as sacolas plásticas comerciais (72,1%) e, em
seguida, os sacos apropriados para lixo (18,0%). É de se supor que os respondentes
que utilizam sacos para lixo também se sirvam de sacolas plásticas para embalar
pequenas quantidades de RSD e juntando-as, coloquem-nas em sacos maiores, o que
elevaria o percentual dos que se utilizam de sacolas plásticas comerciais para cerca de
80% dos respondentes.
Dos respondentes que disseram utilizar-se de sacos plásticos 36% declararam renda
nas classes E e D. Parecem respostas incongruentes com a renda, em função do custo
dos sacos plásticos para lixo. Mais da metade (54,5%) dos respondentes que disseram
utilizar unicamente este recipiente ainda declarou que em suas residências moravam
mais de 5 pessoas. É possível que quando responderam utilizar-se de sacos plásticos
para embalar o lixo, tivessem querido se referir às sacolas plásticas comerciais.
91
18,0%
72,1%
8,2%
1,6%
Sacos p/ lixo
Sacolas plasticas
Sacos + sacolas
NS/NR
Gráfico 14. Recipientes primários utilizados para disposição dos RSD para coleta.
Fonte: Autor
Dos 44 respondentes que disseram utilizar sacolas plásticas comerciais, 36 eram do
sexo feminino e 8 do sexo masculino. Mais da metade deles (52,2%) utilizava a lixeira
da ilha central, 20,4% usavam lixeira própria, 9,0% depositavam o lixo no chão da
calçada e15% declararam depositar em outro local não especificado.
Quanto à pergunta 3 – Onde o (a) Sr. (a) armazena o lixo doméstico antes de coloca-lo
na rua para ser coletado? – 1,6% disseram não armazenar, 31,1% declararam
armazenar em cestos plásticos, 24,6% disseram que mantinham o lixo na lixeira
interna da casa. Outros 16,1% disseram que mantinham o lixo no quintal até ser
levado para a coleta. Quase 25% declararam armazenar em outro local.
92
1,6
31,1
24,6
16,4
24,6
1,6
Não armazena
Cesto plástico
Lixeira interna
Quintal
Outro
NS/NR
Gráfico 15. Local onde os residentes armazenam os RSD antes da coleta.
Fonte: Autor
A pergunta 4 – Na sua casa há algum tipo de separação para a reciclagem de lixo? -
justifica-se no questionário uma vez que a prefeitura desenvolvia um programa de
coleta seletiva para reciclagem, tendo sido criada uma cooperativa de catadores
denominada Cooperluxo que, à época da pesquisa encontrava-se desativada.
3,3
1,6
1,6
11,5
41,0
37,7
3,3
Orgânico
Papel
Vidro
Metal
Plástico
Multiseparação
NS/NR
Gráfico 16. Materiais separados na embalagem do lixo.
Fonte: Autor
Durante as visitas a campo para desenvolvimento da pesquisa foi possível identificar
catadores agindo nas lixeiras da ilha central da Avenida Pedro Paschoal, Raul Furquim
93
e outras avenidas (figura 21). A catação de recicláveis, juntamente com a ação de
animais na lixeira central são fatores de descontentamento da população.
Figura 21. Ação de catadores na lixeira da ilha central das Avs. Pedro Paschoal e Raul Furquim
Fonte: Autor
A ação dos catadores é possível mediante a colocação do lixo, com antecedência, para
ser coletado pelo caminhão coletor e pela mistura de recicláveis e não-recicláveis
realizada na embalagem dos RSD.
94
A pergunta 5 – Quanto tempo antes de o caminhão coletor passar o lixo é colocado na
rua para ser coletado? – procurou identificar se a hipótese do tempo antecedente era
confirmada e verificou-se que mais da metade dos residentes colocava o lixo para ser
coletado com até duas horas de antecedência. O gráfico 17 mostra a freqüência das
respostas dadas neste quesito.
6,6
27,9
16,4
16,4
21,3
11,5
Na hora
até 1 h antes
Até 2 h antes
Até 3 h antes
Mais de 3 h antes
NS/NR
Gráfico 17. Período anterior à coleta em que o lixo é colocado na rua pelos residentes para ser
coletado.
Fonte: Autor
Estes residentes estão distribuídos quanto à renda familiar conforme mostra a tabela
2.
Renda familiar mensal
E D C B2 Acima B2 NS/NR
Total
Tempo Na hora 0 1 0 1 0 2 4
anterior Até 1 h antes 1 2 2 2 1 9 17
À Até 2 h antes 2 4 2 1 0 1 10
coleta Até 3 h antes 0 4 2 1 0 3 10
Mais de 3 h antes 3 3 1 2 1 3 13
NS/NR 1 1 1 0 0 4 7
Total 7 15 8 7 2 22 61
Tabela 2. Renda familiar x tempo de disposição dos RSD anterior à coleta
Fonte: Autor
95
Quanto à idade, os respondentes estão distribuídos conforme a tabela 3.
Idade do respondente Total
Até 20 20 a 30 30 a 40
40 a
50 50 a 60 60 a 70
Mais
de 70
Tempo
Na hora 1 1 0 1 0 0 1 4
anterior
até 1 h antes 0 1 4 3 5 3 1 17
à
Até 2 h antes 0 1 0 0 3 5 1 10
coleta
Até 3 h antes 0 1 1 3 2 0 3 10
Mais de 3 h antes 0 0 3 1 2 4 3 13
NS/NR 1 0 0 3 1 1 1 7
Total 2 4 8 11 13 13 10 61
Tabela 3. Idade dos respondentes x tempo de disposição dos RSD anterior à coleta
Fonte: Autor
As perguntas 6 – Qual é a freqüência semanal da coleta do lixo em sua casa? – e 7 –
Qual o horário da coleta do lixo em sua casa? - visaram obter informações sobre o
envolvimento da população no serviço de coleta oferecido pela prefeitura. A
freqüência da coleta é diária na Avenida Pedro Paschoal. No sentido norte-sul é
realizada no período da tarde, por volta das dezessete horas e no sentido sul-norte de
manhã até as onze horas.
As respostas revelaram que 75% das pessoas entrevistadas responderam corretamente
sobre a freqüência da coleta. Quase 10% responderam ser de 3 vezes por semana e
cerca de 7% responderam ser de 2 vezes por semana. O gráfico 18 mostra a
freqüência das respostas.
96
1,6
6,6
9,8
1,6
75,4
4,9
1 x sem
2 x sem
3 x sem
4 x sem
diária
NS/NR
Gráfico 18. Freqüência declarada da coleta do lixo na Av. Pedro Paschoal.
Fonte: Autor
Quanto ao horário da coleta quase o mesmo percentual foi obtido de respostas
corretas (82%). Os demais 18% declararam respostas incorretas, como mostra o gráfico
19.
11,5
54,1
3,3
16,4
14,8
Manhã
Tarde
Noite
Especificou
NS/NR
Gráfico 19. Horário declarado de coleta do lixo
Fonte: Autor
Os resultados das perguntas 6 e 7 mostram que mais de 75% da população acham-se
envolvidos com os serviços de coleta dos RSD.
97
A pergunta 8 – Onde é colocado o lixo para ser coletado pelo caminhão? – quis
identificar, de forma espontânea, se a população utilizava intensamente as lixeiras da
ilha central. As respostas apontaram um equilíbrio entre o uso das referidas lixeiras e
outros locais de disposição para coleta, conforme mostra o gráfico 20.
54,1
24,6
8,2
1,6
11,5
Lixeira da ilha central
Lixeira própria
Chão da calçada
Muro
Outro local
Gráfico 20. Local declarado de uso para disposição do lixo para ser coletado.
Fonte: Autor
Durante a pesquisa foi possível observar esta diversidade de procedimentos,
registrados nas fotos da figura 22. Os outros locais mencionados na pergunta 9
referiam-se, por exemplo, ao chão da ilha central, conforme mostra também a figura
22. Neste caso, um dos respondentes reclamava que a prefeitura municipal havia
retirado a lixeira defronte sua residência e ainda não havia reposto outra. A colocação
do lixo no chão permitia a ação dos animais e o conseqüente espalhamento do
material acondicionado.
Também eram colocados no chão da ilha outros materiais inadequados como resíduos
sólidos volumosos, resíduos sólidos verdes e materiais perfuro-cortantes.
98
Figura 22. Disposição inadequada do lixo na Av. Pedro Paschoal.
Fonte: Autor
A par do uso das lixeiras da ilha central era necessário conhecer como a população
pesquisada avaliava a coleta e a própria lixeira. A pergunta 9 – Como o (a) Sr. (a)
99
considera a coleta de lixo nas ilhas centrais da avenida? – ofereceu como opção de
resposta uma escala que variava de péssima a ótima e as respostas sobre a avaliação
da coleta foram declaradas conforme o gráfico 21.
3,3
19,7
14,8
45,9
14,8
1,6
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Ótima
NS/NR
Gráfico 21. Percepção da coleta na ilha central da Avenida Pedro Paschoal
Fonte: Autor
Somando-se as respostas favoráveis (regular, boa e ótima) obtém-se 75,5% , o que
revela que a maior parte da população é favorável a depositar o lixo para ser coletado
na lixeira da ilha central.
Sobre as lixeiras especificamente foi perguntado (pergunta 10) se o respondente
considerava a lixeira da ilha central adequada para dispor o lixo, oferecendo somente
duas alternativas para resposta: sim ou não. Isto porque a pergunta 11 buscava
entender o que pensava o respondente sobre a lixeira (Por quê?).
As respostas evidenciam que parte (quase 1/3) dos respondentes que consideraram
adequada a coleta de lixo na ilha central avalia mal as lixeiras. Mesmo assim, mais da
metade dos respondentes considerou adequada a lixeira da ilha central, como mostra
o gráfico 22.
100
55,7
44,3
Sim
Não
Gráfico 22. Avaliação da adequação da lixeira na ilha central da Av. Pedro Paschoal
Fonte: autor
Sobre os motivos que levaram os respondentes a tais respostas foi possível identificar
um grupo de afirmações positivas e outro de afirmações negativas. Em algumas
afirmações é possível identificar que o que para uma pessoa é bom, para outra é ruim,
conforme mostra o quadro 9.
Afirmações positivas Afirmações negativas
Tão boa que deveria ter mais Fede muito
Não fica na calçada da casa Fica longe de casa
Cabe bastante lixo Muitas pessoas mexem no lixo
Todos colocam o lixo Todos colocam o lixo
Todo o lixo fica num só lugar Falta separação do lixo
É higiênica, limpa Catadores reviram o lixo
Cachorro não mexe Cachorro mexe
É necessária na rua e facilita É feia, ridícula, baixa
Não deixa lixo no chão O lixo cai da lixeira
Quadro 9. Afirmações sobre a lixeira da ilha central da Av. Pedro Paschoal
Fonte: Autor
Algumas afirmativas positivas feitas pelos respondentes não correspondem aos fatos
verificados no local. Foram observadas todas as lixeiras da avenida e, sem exceção,
todas apresentavam lixo espalhado no chão ao redor e abaixo da lixeira, conforme
demonstra a figura 23. O espalhamento deve-se à ação dos catadores, dos animais e
do mau acondicionamento dos RSD, além de os fundos das lixeiras estarem em mau
estado.
101
Figura 23. Lixo espalhado ao redor da lixeira na Av. Pedro Paschoal
Fonte: Autor
A lixeira da ilha central é constituída de um cesto de tela metálica em formato
aproximado de tronco de cone, apoiada sobre duas colunas metálicas fixadas em
bases de concreto. A parte aparente das bases é de 20x20x20 cm. O cesto em vista,
na parte superior, é constituído de um retângulo de 80x120 cm unido a semi-círculos,
um em cada extremidade, de raio 40 cm. Na parte inferior, o retângulo mede 50x120
cm e é unido a semi-círculos de raio igual a 25 cm. A figura 24, , ilustra a descrição.
Vista superior
Corte Tranversal
Sem escala Sem escala
Figura 17. Lixeira-tipo instalada na Avenida Pedro Paschoal, em Bebedouro-SP.
Fonte: Autor
Durante a pesquisa uma das pesquisadoras presenciou um cavalo remexer as
embalagens e derrubar o lixo da lixeira central. A ação dos animais na lixeira ocorre
porque ela é aberta e baixa. A figura 25 mostra uma residente do setor depositando o
102
lixo numa das lixeiras da avenida. É de notar que com a pequena altura da lixeira a
residente inclina-se levemente para baixo para poder depositar sua embalagem.
Figura 25. Residente depositando sua embalagem na lixeira
Fonte: Autor
Na figura 26, o catador também se inclina para baixo, em direção à lixeira para poder
apanhar os recicláveis, evidenciando sua pequena altura.
Outra resposta ambígua é a de que todos colocam o lixo nas lixeiras. Para alguns
respondentes o fato de os vizinhos poderem colocar o lixo num só lugar, torna a rua
mais agradável, sem sujeira, principalmente suas calçadas. Investigando mais a fundo
o descontentamento de outros respondentes que manifestaram ser esta uma atitude
negativa, foi possível identificar que pessoas não residentes na Avenida Pedro
Paschoal traziam o lixo de suas casas para ser depositado nas lixeiras.
103
Figura 26. Catador apanhando recicláveis na lixeira da Av. Raul Furquim
Fonte: Autor
Cerca de 20% dos respondentes que não achavam adequada a lixeira disseram que ela
era feia, suja. Nenhuma manifestação elogiosa quanto à beleza das lixeiras foi feita
pelos que responderam serem elas adequadas.
Quanto à pergunta 12 – Quantos metros o (a) Sr. (a) anda, da casa até a lixeira, para
depositar o lixo para ser coletado? – os respondentes ficavam à vontade para
responder, avaliando de
per si
a distância entre sua casa e a lixeira, sem a
interferência das entrevistadoras. Isto se justificava pelo fato de que a pergunta
seguinte seria respondida nos mesmos parâmetros referenciais.
O gráfico 23 mostra a freqüência das respostas dadas em relação à pergunta 12.
Quase ¾ acreditam andar menos de 10 metros entre sua casa e a lixeira.
Considerando que a pista de rolamento tem 7,00 metros e a calçada 3,00 metros, os
residentes andam mais que os dez metros declarados.
104
70,5
11,5
4,9
1,6
8,2
3,3
Até 10 m
10 até 20 m
20 até 30 m
30 até 40 m
Acima 40
NS/NR
Gráfico 23. Distância percorrida entre a residência e a lixeira, declarada pelos residentes.
Fonte: Autor
A pergunta 13 – Se o (a) Sr. (a) recebesse desconto no pagamento de tributos
municipais, até quantos metros o (a) Sr. (a) se disporia a andar para depositar o lixo
de sua residência para ser coletado, supunha uma situação que instigava o
respondente a pensar em benefícios materializados que, neste caso, seriam
financeiros. O gráfico 24 mostra as freqüências das respostas dadas.
Dos respondentes que se dispunham andar até 10 metros foi possível identificar a
intenção de modificação das atitudes mediante a declaração mostrada no gráfico 25.
Pouco mais de 20,0% não se dispôs a modificar seus hábitos em relação à colocação
do lixo nas lixeiras. Um quarto dos entrevistados não soube responder ou não
declarou sua resposta. Mais da metade da amostra declarou que andaria mais da sua
casa à lixeira se recebesse algum desconto nos tributos municipais que pagava.
105
18,0
16,4
4,9
4,9
32,8
23,0
Até 10 m
10 até 20 m
20 até 30 m
30 até 40 m
Acima 40
NS/NR
Gráfico 24. Quanto os respondentes estariam dispostos a andar se tivessem benefício financeiro
Fonte: Autor
Dos respondentes que declararam poder andar mais que os 10,0 metros que
andavam, 40,0% se dispuseram a andar uma distância quatro vezes maior com o
incentivo.
23,2%
18,6%
6,9%
4,7%
20,9%
25,7%
0
2
4
6
8
10
12
Até 10
m
10 a
20 m
20 a
30 m
30 a
40 m
Acima
40
NS/NR
Freqüência
Gráfico 25. Distância declarada a ser percorrida (pelos respondentes que
disseram andar 10,0 m) caso houvesse desconto nos tributos municipais
Fonte: autor
106
Quanto aos respondentes que avaliaram andar mais de 10,0 metros de sua casa até a
lixeira, todos declararam que andariam mais de 40,0 metros até a lixeira caso
houvesse desconto nos tributos municipais.
Dos resultados obtidos, pode-se afirmar que o desconto nos tributos municipais é
fator de indução a uma modificação do comportamento dos respondentes quanto à
distância a ser percorrida para a disposição de seus RSD.
Outro objetivo a ser alcançado pela pesquisa era conhecer o que os respondentes
idealizavam quanto a uma lixeira coletiva e se eles estavam dispostos a permitir que
nas calçadas de suas residências fosse instalada uma lixeira coletiva. No meio
acadêmico, quando o assunto são os resíduos sólidos e a solução dos problemas
gerados por eles, é conhecida a expressão que revela o senso comum: não no meu
quintal e nem com o meu dinheiro.
A pergunta 14 – Em sua opinião como deve ser uma lixeira coletiva, onde todos os
moradores possam colocar seu lixo? – intentou saber quais as características mais
valorizadas pela população em relação à lixeira coletiva. As respostas evidenciaram a
necessidade de se criar equipamentos públicos para esta finalidade que sejam
fechados e higiênicos (considerando as respostas higiênica, fechada e outro chega-se
a 67,1% das respostas), que contemplem a coleta seletiva e sejam dimensionados de
acordo com a produção de RSD da área onde se deseja implanta-los.
O gráfico 26 mostra a freqüência com que foram citadas as características da lixeira
ideal dos respondentes.
Nas características acima aparece a declaração igual a da foto. Tal declaração foi
incluída a pedido de dois dos respondentes que após serem solicitados a responder à
107
pergunta 15, declararam ser a lixeira apresentada o modelo de lixeira que
idealizavam.
A pergunta 15 – Se a lixeira para coleta de lixo de seus moradores fosse igual à desta
foto o (a) Sr. (a) aceitaria a permanência dele em sua calçada? A foto apresentada
referia-se a uma lixeira semi-enterrada utilizada pela COMLURB no Rio de Janeiro/RJ e
disponível no
site
<http://www.sopsa.pt/molok4.html>, conforme mostra a figura 27.
42,6
3,3
4,9
1,6
9,8
3,3
11,5
9,8
13
,1
Fechada
Igual a da foto
Com separão p/ recicláveis
Hignica
Maior
vel
Igual à existente
Outro
Com separão e fechada
Gráfico 26. Características da lixeira ideal dos respondentes da pesquisa.
Fonte: Autor
As respostas obtidas através da estimulação são apresentadas no gráfico 27. Três
opções de resposta foram dadas aos entrevistados: sim, não e talvez. Nesta questão,
as entrevistadoras foram orientadas a anotar se o entrevistado desejou saber mais a
respeito da lixeira. Dos que responderam sim, 85% solicitaram mais informações e a
eles era informado somente o seguinte, através de cartão:
108
Lixeira semi-enterrada;
Tampada;
Não exala mau cheiro.
Figura 26. Lixeira apresentada aos respondentes na pergunta estimulada
Fonte: <http://www.sopsa.pt/molok4.html> acesso em 17/08/2005
36,1
57,4
3,3
3,3
Sim
o
Talvez
NS/NR
Gráfico 27. Aceitação da permanência da lixeira na própria calçada.
Fonte: Autor
Dos entrevistados que disseram não à questão, nenhum quis saber outros detalhes da
lixeira coletiva.
109
Capítulo 5
5.1 Conclusões e Recomendações
A comparação entre coletas mostrou que a coleta em pontos específicos pode ter
custos reduzidos de 10 a 30% em relação à coleta porta-a-porta, para a simulação
efetuada, corroborando a opinião da literatura revisada.
Quanto à pesquisa realizada no setor que contém a Avenida Pedro Paschoal, os
resultados permitem concluir que mais de 75% dos respondentes acham-se
envolvidos e conhecem os serviços de coleta dos RSD e a maioria aprova o modo como
se dispõe e se coleta o lixo.
Os pesquisados de menor renda (pertencentes às classes E, D e C) declararam serem
eles mesmos ou uma pessoa da família quem embalava o lixo e o colocava na rua para
ser coletado, o que já era esperado, vez que estes respondentes não possuem, na sua
maioria, serviçais.
A sacola plástica comercial tornou-se uma alternativa econômica na disposição dos
RSD e, por ser gratuita e de fácil aquisição, tem sido utilizada por todas as classes
sociais, segundo a pesquisa. Quando não é utilizada para ser recolhida diretamente da
lixeira, vai embalada em outro saco plástico apropriado para lixo.
Fica evidente na pesquisa que a população deseja livrar-se o mais rápido possível dos
RSD produzidos, colocando-os para fora de sua residência com muita antecedência à
coleta (quase 40% colocam com 3 horas de antecedência ou mais). Esta atitude mental
é percebida na aprovação da coleta realizada na ilha central, da lixeira da ilha central,
apesar de a mesma ser completamente diferente da idealizada pelos respondentes.
110
Reafirmando esta tendência está a resposta negativa da permanência de uma lixeira
coletiva na calçada da residência de quase 60% dos respondentes.
Mas a parte da pesquisa que revelou uma possibilidade de mudança desta atitude foi a
parcela de 40% dos respondentes que afirmaram permitir uma lixeira coletiva nas
calçadas de suas residências, desde que elas se aproximassem daquela idealizada por
eles. Segundo este dado é possível ao poder público, mediante processo de
conscientização e educação ambiental sério e bem formulado, modificar a
configuração dos serviços de coleta dos RSD.
A lixeira ideal para os residentes do setor pesquisado apresenta as seguintes
características principais:
a)
Deve ser fechada, higiênica e com separação para recicláveis;
b)
Deve ser grande o suficiente para que caiba todo o lixo dos residentes;
Outra questão relevante respondida pela pesquisa é a que afirma que a população
“troca” certo sacrifício de sua parte (no caso andar uma distância maior para dispor do
lixo) por um benefício concedido pelo poder público (desconto nos tributos
municipais).
Recomenda-se a continuidade dos estudos iniciados com a pesquisa abordando-se
aspectos que se mostraram importantes tais como:
Qual desenho urbanístico e quais características devem prevalecer nos
projetos de parcelamento e uso do solo que contemplem a coleta em
pontos específicos?
Que modelo de lixeira coletiva deve ser utilizado na coleta em pontos
específicos e qual a distância ideal entre estes pontos?
Para quais municípios e com que características, a coleta em pontos
específicos pode ser indicada?
111
Quais os problemas decorrentes do uso indiscriminado das sacolas
plásticas na vida útil dos aterros sanitários e como modificar o hábito de
embalagem dos RSD dos geradores?
Nos países desenvolvidos taxa-se a coleta de acordo com a produção (
pay-as-you-
trhough)
para que haja redução na fonte (USEPA, 1995, 1999, 1999a). No Brasil o
processo de mudança poderia ser iniciado com o desconto na cobrança pelo serviço
prestado, caso o poder público também reduzisse seus custos na prestação dos
serviços, através da mudança da coleta porta-a-porta para a coleta em locais de
entrega obrigatória.
112
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