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À noite iluminaram-se todos os edifícios públicos e grande número de casas
particulares. (...)
-Há na cidade um teatro de propriedade particular, situado à rua Formosa,
esquina da Misericórdia, onde se levam operetas e dramas de pequeno
aparato, 1 Passeio público, que ocupa a praça dos Mártires, o Parque da
Liberdade e 1 prado de corridas, à leste do Boulevard do Visconde do Rio
Branco, inaugurado em 1893.
Além das fábricas já mencionadas, tem mais a capital 3 fábricas de
cigarros, sendo uma filial da de S. Lourenço do Rio de Janeiro, 1 de louça, 1
de cal, 3 de licores, 5 de vinho de caju, 1 de gelo, 1 de refinação, 1 de óleo,
2 de sabão, 2 fundições a vapor, 1 de vidros, 1 de calçados, 1 de
carruagens, e as oficinas seguintes: 11 carpinteiros, 8 de sapateiros, 4 de
ferreiros, 13 de alfaiates, 9 de ourives, 2 de marmoristas, 2 de chapeleiros,
16 de cabeleireiros, 1 de seleiro, 1 de colchoeiro, 8 de funileiros, 5 de
encadernação, 1 de bauleiros, 3 de relojoeiros, 5 de tanoeiros, 9 de
pedreiros, 4 de mestres-de-obras, 2 de torneiros, 3 de pintores e 8 de
marceneiros.
Tem 23 médicos, 17 advogados, 5 desenhistas, 4 dentistas, 9 professores
de piano, 12 despachantes, 16 guarda-livros.
Tem 6 tipografias, 2 bancos, 1 litografia, 2 drogarias, 2 hotéis, 3
restaurantes, 8 cafés, 6 hospedarias, 14 quiosques, 2 casas de jóias, 4
agencias de leiloes, 3 bilhares, 4 livrarias, 13 escritórios comerciais, 2
companhias de seguro de vida, ditas contra o fogo, 1 dita de seguro
marítimo, 2 casas de pastos, 14 açougues, 14 padarias, 2 maquinas de
imprimir algodão, 2 estabelecimentos de destilação, 6 engenhos de ferro e 2
alambiques e 9 farmácias.
Tem 179 estabelecimentos em que se vendem a grosso e a retalho
fazendas, objetos de luxo, ferragens, mobília, louças e quinquilharias, 174
tavernas, 54 armazéns de deposito e 181 quitandas.
A cidade da Fortaleza, no domínio republicano, tem tomado um incremento
admirável; sua edificação cresce prodigiosamente e por toda parte a vida, o
movimento dão-lhe ar de grandeza e prosperidade; prosperidade essa que
já em 1871 o sábio Luís Algassis reconheceu nas seguintes palavras do seu
livro Voyage au Brézil: “Ceará n’a pás cet air morne, endormi qu’ont
beaucoup de villes brésilennes; on y sent mouvement, l avie et la
prospérité.” (MENEZES, 1992, p. 35-38, 40, 181, 186-187).
A partir de vários fragmentos do livro Descrição da cidade de Fortaleza,
podemos destacar ideias-chave que articulam as transformações empreendidas e
que delineavam a absorção do modo de vida na cidade. Percebe-se a construção de
uma imagem elaborada através de ideias de progresso e exaltações românticas.
Enquanto se destaca o desenvolvimento das atividades industriais e comerciais da
cidade, amparadas pelos investimentos no aparelhamento da estrutura urbana, é
revelada uma relação da cidade e de sua paisagem natural com os grandes “heróis”
que a construíram no passado. A afirmação de novos valores sociais e culturais
pode ser notada, a partir do destaque da atividade que caracteriza a sociedade
moderna como a intelectualidade e a instrução. A presença de profissionais,
engenheiros, médicos, advogados, a instalação de instituições de ensino, uma
notável produção da imprensa, destaque para desenvolvimento industrial e