Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ANÁLISE DE PARQUES DE BEIRA-RIO EM TERESINA - PIAUÍ
GIULIANA DE BRITO SOUSA
BRASÍLIA
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
II
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ANÁLISE DE PARQUES DE BEIRA-RIO EM TERESINA - PIAUÍ
GIULIANA DE BRITO SOUSA
ORIENTADOR: PROF. DR. VICENTE BARCELLOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pesquisa e
Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de Brasília como
requisito para a obtenção do título de mestre.
BRASÍLIA
2009
ads:
III
TERMO DE APROVAÇÃO
GIULIANA DE BRITO SOUSA
ANÁLISE DE PARQUES DE BEIRA-RIO EM TERESINA - PIAUÍ
Dissertação apresentada ao Programa de Pesquisa e
Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de Brasília como
requisito para a obtenção do título de mestre.
________________________________________________________________
Orientador Prof. Dr. Vicente Barcellos – Universidade de Brasília
________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Marta Adriana Bustos Romero – Universidade de Brasília
________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Wilza Gomes Reis Lopes – Universidade Federal do Piauí.
Brasília, Agosto de 2009
IV
Aos meus tesouros, incentivos e inspirações: meus pais, Vera e Alberto,
meus irmãos, Gabriel e Rafael, e minha sobrinha, Maria Rafaela.
V
AGRADECIMENTOS
À Deus, causa primária de todas as coisas.
Aos meus pais, Vera e Alberto, por tudo: amor, apoio,
compreensão e confiança.
Aos meus irmãos, Gabriel e Rafael, pelo apoio
incondicional, companheirismo, amizade e amor.
À minha sobrinha, Maria Rafaela, pelo carinho e amor.
Aos meus tios e tias por sempre torcerem por mim. Em
especial, tio Chico pelo apoio, entusiasmo e interesse,
tia Orcélia, tia Célia, tio Manoel, tio Lula, tia Creuza
pela presença de sempre.
Aos meus primos e primas, pelo companheirismo e
amizade. Em especial, Carolina, Catarina e Valéria,
minhas primas-irmãs.
À Karenina, Marta Raquel, Érica Cecília, Guana, Luana
Kallas e Carlos Kaiser, pela amizade.
Às pessoas que fizeram minha estadia em Brasília mais
calorosa, e amenizaram a distância da minha família,
Caio, Ana Paula, Márcia, Cláudia, George, Eky,
Geraldo e Érika, a vocês muito obrigada pela amizade,
companhia, paciência, apoio e incentivo.
Ao meu orientador, professor Vicente Barcellos, pela
paciência e dedicada orientação, por compartilhar seus
conhecimentos e por acreditar no meu potencial, me
incentivando para o desenvolvimento deste estudo.
À professora Marta Romero, pelas contribuições
valiosas dadas desde o início deste curso de mestrado.
À professora Wilza Lopes, pelas enormes contribuições
feitas a essa pesquisadora iniciante desde a graduação, e
pela amizade e carinho.
À Jorge Eduardo, Diana Alejandra, Elen Vianna, Ana
Zerbini, Lêda Granja, Lorena Burgos, Júlia Fernandes,
por compartilhar os momentos deste curso de mestrado.
Aos funcionários da secretária do PPG/ FAU, João,
Júnior e Raquel, pela ajuda e disponibilidade.
Aos funcionários da Prefeitura Municipal de Teresina,
aos funcionários e aos usuários dos parques de beira-rio,
pelas informações fornecidas sobre estes espaços livres
públicos, as quais foram fundamentais para a elaboração
deste trabalho.
À UnB, pela oportunidade de aprendizado possibilitada
pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
A CAPES, pelo apoio financeiro.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a
conclusão deste trabalho. MUITO OBRIGADA!
VI
RESUMO
Os objetos do presente estudo são os parques de beira-rio da cidade de Teresina-Piauí. O
estudo destes parques é abordado do ponto de vista dos referenciais teórico-conceituais da
arquitetura da paisagem, tendo como enfoque os usos de lazer, a infraestrutura e o
funcionamento destes espaços livres. Buscou-se realizar uma amostra representativa do
universo destes parques, incluindo diferentes condições físico-espaciais, tais como
localização, acesso, formato, dimensão, dentre outros, englobando parques que atendem a
demandas de lazer mais cotidiano e os que atendem a um lazer mais eventual. Neste estudo,
verificou-se como o potencial destes espaços é subestimado ou mesmo ignorado pelo Poder
Público, o qual realiza um gerenciamento deficiente com uma manutenção precária e não faz
investimentos em infraestrutura. Dessa forma, como recomendação sugere-se uma possível
organização sistêmica das funções desses parques públicos, com o intuito de contribuir para
um melhor atendimento às diferentes demandas por lazer da população.
Palavras-chave: Espaços livres; parques de beira-rio; lazer; Teresina.
VII
ABSTRACT
This study analyzes riverfront parks situated in Teresina (Piaui), focusing on conceptual and
theoretical frameworks of landscape architecture and by focusing on their uses related to
leisure, infrastructure and the operation of these open spaces. This thesis attempts to reach a
representative sample of the universe of these parks, including different physical and spatial
conditions such as location, access, format, dimension, among others, besides covering parks
which meet the demands of daily life leisure and those providing a more eventual leisure. It
was possible to point out how much of these parks’ potential is underestimated or even
ignored by the government, who manages a precarious maintenance and does not make
investments in infrastructure. Thus, this thesis proposes a possible systemic organization of
roles and features of such public parks, in order to better meet the different demands for
leisure required by population.
Keywords: open spaces; riverfront parks; leisure, Teresina.
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Saint James Park 22
Figura 2 - Parque Monceau 22
Figura 3 - Vista aérea do Central Park de Nova York 23
Figura 4 - Paley Park em Nova York 24
Figura 5 - Presença de água no Paley Park em Nova York 24
Figura 6 - Parque Tanguá 26
Figura 7 - Parque da Pedreira 26
Figura 8 - Jardim Botânico de Curitiba 26
Figura 9 - Parque André Citröen 28
Figura 10 - Pessoas banhando no Parque André Citröen 28
Figura 11 - Parque Industrial da Espanha 29
Figura 12 - Destaque para as torres de farol existentes no Parque Industrial
da Espanha
29
Figura 13 - Parque La Villette 30
Figura 14 - Presença de água no Parque La Villette 30
Figura 15 - Riverway no rio Charles em Boston 32
Figura 16 - Orla de Santos 33
Figura 17 - Aterro do Flamengo 33
Figura 18 - Calçadão da praia de Copacabana 33
Figura 19 - Praia do Ponta Negra – Manaus 34
Figura 20 - Projeto Orla – Brasília 34
Figura 21 - Santo Antonio – Texas 34
Figura 22 - Battery Park, Nova York 35
Figura 23 - Waterfront de Seattle 35
Figura 24 - Docks de Porto Madero, Buenos Aires 36
Figura 25 - Estação das Docas, Belém 36
Figura 26 - Praia do Sena –Paris 37
Figura 27 - Magal das Garças – Belém 38
Figura 28 - Parque da Rua do Porto, Piracicaba 38
Figura 29 - Localização da cidade de Teresina 44
Figura 30 - Mapa do Núcleo original de Teresina 45
Figura 31 - Imagem de satélite do atual centro de Teresina 45
Figura 32 - Crescimento urbano de Teresina 50
Figura 33 - Imagem de satélite que mostra a área de abrangência das SDUs 52
Figura 34 - Planta de uso e ocupação do solo de Teresina 63
Figura 35 - Planta esquemática de distribuição de parques da cidade de
Teresina
66
Figura 36 - Imagem de satélite do parque Ambiental São Pedro 70
Figura 37 - Vista do parque Ambiental São Pedro 70
Figura 38 - Imagem de satélite do parque Ambiental de Teresina 71
Figura 39 - Vista das trilhas existentes no Parque Ambiental de Teresina. 71
Figura 40 - Imagem de satélite de Teresina destaque para a distribuição
de doze parques de beira-rio.
74
Figura 41 - Imagem de satélite de Teresina destaque para a distribuição
dos seis parques de beira-rio analisados neste estudo
85
Figura 42 - Vista aérea do parque Encontro dos Rios mostrando o encontro
das águas do rio Parnaíba com as águas do rio Poti
87
IX
Figura 43 - Imagem de satélite do Parque Ambiental Encontro dos Rios e
seu entorno imediato
89
Figura 44 - Planta esquemática da configuração do parque e da localização
dos seus equipamentos
89
Figura 45 - Vista geral da entrada do parque Encontro dos Rios e a
escultura em homenagem a lenda do Cabeça de Cuia
90
Figura 46 - Quiosque 90
Figura 47 - Vista da Avenida Boa Esperança, da cerca que contorna o
parque, um dos portões de acesso e as casas no entorno
imediato
91
Figura 48 - Vista do piso e bancos do parque, o aspecto de bem conservado
desses elementos atrai os visitantes.
91
Figura 49 - Vista dos dois banheiros existentes no parque, mostrando um
deles com aviso de defeito
91
Figura 50 - Vista do estacionamento e carros estacionados no acostamento 91
Figura 51 - Trilha que dá acesso a um dos quiosques. 92
Figura 52 - Planta de piso do parque. 92
Figura 53 - Crianças brincando no playground 93
Figura 54 - Mirante do parque. De onde se pode avistar o encontro das
águas dos rios
93
Figura 55 - Restaurante flutuante que com o mirante são os pontos de mais
destaque no parque
93
Figura 56 - Área de exposição do parque, muitas vezes usada apenas como
feirinha de artesanato
94
Figura 57 - Venda de lanches por ambulantes no parque. 94
Figura 58 - Avenida Duque de Caxias 96
Figura 59 - Residências no entorno imediato ao parque. 96
Figura 60 - Imagem de Satélite do Parque da Cidade 97
Figura 61 - Planta esquemática de configuração e localização dos
equipamentos do Parque da Cidade
97
Figura 62 - Coreto. 98
Figura 63 - Ponte existente no parque, no meio das trilhas 98
Figura 64 - Lanchonete. 99
Figura 65 - Pista de caminhada 99
Figura 66 - À esquerda a área esportiva do parque e à direita parte da área
reservada às trilhas, vistas da entrada secundária do parque
99
Figura 67 - Acesso à trilha do Pomar 99
Figura 68 - Hortas comunitárias 100
Figura 69 - Quadras poliesportivas 100
Figura 70 - Centro de Estudos Astronômicos. Encontra-se desativado 101
Figura 71 - Sede da Companhia da Polícia Ambiental do Piauí. 101
Figura 72 - Campo de futebol sendo usado num sábado à tarde. 102
Figura 73 - Área de show e eventos sendo usada como quadra de futebol 102
Figura 74 - Cascatão sendo utilizado na semana da criança. 102
Figura 75 - Lanchonete sendo utilizada 102
Figura 76 - Playground sendo usado na semana da criança. 103
Figura 77 - Crianças se refrescando nos chuveiros que são de apoio do
campo de futebol
103
Figura 78 - Barracas de palha existente no Parque Ambiental Prainha, na
década de 1980
104
X
Figura 79 - Vista privilegiada do rio Parnaíba a partir do parque Ambiental
da Prainha
105
Figura 80 - Avenida Maranhão que margei todo o parque. 105
Figura 81 - Centro administrativo do Governo do Estado que fica
localizado no entorno imediato ao parque.
106
Figura 82 - Residências do entorno imediato ao parque. 106
Figura 83 - Imagem de satélite mostrando a localização e os limites do
Parque Ambiental da Prainha e seu entorno
107
Figura 84 - Planta esquemática do Parque Ambiental da Prainha 107
Figura 85 - A vegetação do parque se destaca bela beleza e variedade de
espécies
108
Figura 86 - A vegetação do parque proporciona o mantimento de um
microclima local mais ameno
108
Figura 87 - Playground abandonado no parque 108
Figura 88 - Trave do campo de futebol 108
Figura 89 - Ciclovia 109
Figura 90 - Calçadão deteriorado 109
Figura 91 - Lavadores de carro, única atividade que ocorre no espaço 109
Figura 92 - Corpo de Bombeiros na área do parque 109
Figura 93 - Edifícios residenciais no entorno do parque 111
Figura 94 - Shopping Center em frente ao parque 111
Figura 95 - Rio Poti, parque Ambiental Beira Rio, Avenida Raul Lopes e
entorno imediato ao parque
111
Figura 96 - Rua recentemente aberta para interligar o bairro à Avenida Raul
Lopes
111
Figura 97 - Imagem de satélite do Parque Beira Rio, mostrando sua
delimitação.
112
Figura 98 - Planta esquemática do Parque Ambiental Beira Rio, mostrando
sua situação, limites e entorno imediato
112
Figura 99 - Vegetação exuberante no parque 113
Figura 100 - Vegetação proporciona área sombreada para os usuários 113
Figura 101 - Equipamentos de ginástica existentes no parque. 114
Figura 102 - Policiamento no parque 114
Figura 103 - Área de quiosques existentes no parque. Local sombreado e
bem agradável
114
Figura 104 - Banheiros 114
Figura 105 - Pessoas caminhando no calçadão e carros estacionados na
Avenida Raul Lopes.
115
Figura 106 - Ambulantes vendendo frutas e água para os usuários do parque 115
Figura 107 - Avenida Presidente Kennedy 117
Figura 108 - Imagem de satélite mostrando a área delimitada do Parque
Zoobotânico e o seu entorno imediato
118
Figura 109 - Planta esquemática do Parque Zoobotânico mostrando a área
delimitada que pertence ao parque
118
Figura 110 - Portaria de entrada do parque Zoobotânico. 119
Figura 111 - Prédio da administração do parque 119
Figura 112 - Crianças visitando o ambiente das cobras 120
Figura 113 - Museu de bichos empalhados 120
Figura 114 - Crianças brincando no labirinto 120
Figura 115 - Lanchonetes 120
XI
Figura 116 - Ônibus de excursão de alunos na semana da criança. 121
Figura 117 - Teatro de marionetes durante a semana da criança 121
Figura 118 - Brinquedo inflável colocado na semana da criança. 122
Figura 119 - Trenzinho levando as crianças para passear pelo parque 122
Figura 120 - Entrada dos funcionários na jaula do leão 122
Figura 121 - Jaula do leão, mostrando ao fundo o local onde os funcionários
do parque se comunicam com os leões
122
Figura 122 - Praça do bairro no entorno imediato ao parque. 124
Figura 123 - Rua de acesso ao Balneário, cerca de arame que contorna o
parque
124
Figura 124 - Imagem de Satélite do Balneário Curva São Paulo e seu entorno
imediato
125
Figura 125 - Planta esquemática do Balneário Curva São Paulo, mostrando a
localização do seu equipamentos
125
Figura 126 - Estacionamento do parque. 126
Figura 127 - Bares e restaurantes 126
Figura 128 - Muro de arrimo separando a área de banho da área dos
restaurantes. Antes da enchente
127
Figura 129 - Sombreiros na área de banho do parque. Antes da enchente 127
Figura 130 - Os muros de arrimo foram destruídos pela enchente 127
Figura 131 - Algumas partes do parque ficaram destruídas depois da
enchente
127
Figura 132 - Usuários nos bares e restaurantes 128
Figura 133 Usuários passeando no parque e ambulantes trabalhando 128
Figura 134 Banhistas no Balneário. Depois da enchente os sombreiros
ainda não foram recolocados
128
Figura 135 Posto salva-vidas 128
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Síntese dos períodos da evolução do parque americano estudado
por Cranz (1982)
23
Quadro 2 - Síntese das características das zonas que formam a cidade de
Teresina
61
Quadro 3 - Síntese das ZPs que tratam dos espaços livres de Teresina 64
Quadro 4 - Relação de todos os parques existentes em Teresina e destaque
para aqueles que estão localizados às margens dos rios
69
Quadro 5 - Relação dos parques de beira-rio de Teresina, destacando a sua
localização na cidade, a sua área e o seu principal uso.
73
Quadro 6 - Cenário dos parques de beira-rio de Teresina.
75
Quadro 7 - Categorias de parques públicos em Teresina segundo a Lei
Complementar nº 3563/2006.
79
Quadro 8 - Categorias de parques utilizadas por Barcellos (1999) para o
Distrito Federal
80
Quadro 9 - Categorias de parques utilizadas por Magnoli e Kliass (1969)
para São Paulo
80
Quadro 10 -
Classificação dos parques de beira-rio de Teresina analisados
82
Quadro 11 -
Variáveis consideradas nas análises dos parques de beira-rio de
Teresina
86
XII
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição da população de Teresina por zona urbana 53
Gráfico 2 - Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela
população residente na zona centro-norte
55
Gráfico 3 - Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela
população residente na zona sul
56
Gráfico 4 - Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela
população residente na zona Leste
58
Gráfico 5 - Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela
população residente na zona Sudeste
60
LISTA DE SIGLAS
APP - Área de Proteção Permanente
COHAB-PI -
Companhia de Habitação do Piauí
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MMA - Ministério do Meio Ambiente
PMT - Prefeitura Municipal de Teresina
PPS - Project for Public Spaces
SDU - Superintendência de Desenvolvimento Urbano
SEMAM - Secretaria Municipal de Meio Ambiente
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
ZPs - Zonas de Preservação
XIII
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
14
1. BASES TEÓRICO–CONCEITUAIS
18
1.1. Espaços Livres 18
1.2. Parques Públicos 20
1.3. Evolução dos parques públicos 21
1.4. Tipos de parques localizados às margens de corpos d’água 31
1.5. Compatibilidade entre os Parques de Beira-Rio e a legislação pertinente 39
1.6. A importância do lazer 41
2. TERESINA E SEUS PARQUES PÚBLICOS
44
2.1. Teresina 44
2.1.1. Evolução Urbana de Teresina 45
2.1.2. Dinâmica Urbana de Teresina 51
2.2. Parques públicos de Teresina 62
3. PARQUES DE BEIRA-RIO DE TERESINA
72
3.1. Critérios para a análise dos parques de beira-rio 78
3.2. Análise dos principais parques de beira-rio de Teresina 83
3.2.1. Variáveis consideradas na análise dos parques estudados 86
3.2.2. Parque Ambiental Encontro dos Rios 87
3.2.3. Parque da Cidade 95
3.2.4. Parque Ambiental da Prainha 103
3.2.5. Parque Ambiental Beira-Rio 110
3.2.6. Parque Zoobotânico 116
3.2.7. Balneário Curva São Paulo 123
CONSIDERAÇÕES FINAIS
130
REFERÊNCIAS
135
Introdução
14
INTRODUÇÃO
A urbanização dos grandes centros teve como ponto inicial a migração da população do
campo para a cidade, durante a Revolução Industrial, na Europa Moderna. As pessoas
deixavam o campo em busca de melhores condições de vida e alternativas de emprego e,
consequentemente, foram se formando grandes aglomerados de edificações para suportar o
contingente habitacional. Em um primeiro momento, sem condições de infraestrutura para
suportar esse contingente, as cidades tornaram-se lugares sujos, com esgotos a céu aberto,
com crescimento desordenado e sem planejamento.
Após graves epidemias oriundas deste descaso com o espaço urbano, surge a preocupação
com a organização das cidades, com sua higiene e com a salubridade do meio. Surgem
também as primeiras leis de organização e ocupação dos espaços territoriais dos centros
urbanos, designando o traçado das ruas, os espaços dos lotes urbanos e as áreas destinadas a
espaços livres de edificações. A ocupação ordenada através destas leis permitiu a conservação
do campo na cidade, foram criados lugares para o lazer da massa populacional que não tinha
opções para preencher o tempo ocioso.
A criação dos parques públicos urbanos teve início na Europa a partir do século XVII, com a
criação de áreas de bosques para passeios bucólicos. Desde então esses espaços livres vêm
sendo incrementado para atender as diferentes necessidades dos seus usuários, como por
exemplo, a colocação de elementos decorativos como espelhos d’água e esculturas, de
aparelhos para prática de exercícios, de playground, entre outros.
Atualmente, os parques públicos apresentam várias formas, funções e dimensões para atender
aos seus usuários. Podem, por exemplo, ser áreas para passeios ao ar livre, caminhada, jardins
botânicos, zoológicos, áreas para recreação de jovens e adultos, áreas para piqueniques e a
áreas de estudos ambientais. Os parques configuram-se como centros de cultura e diversão,
atendendo todas as camadas sociais e faixas etárias.
Os parques públicos são importantes para a vida das pessoas, pois propiciam área de lazer e
exercem a função de renovadores do ar, atuando ainda na redução da temperatura e melhoria
do conforto ambiental, principalmente, em cidades de clima quente.
Segundo Barcellos (2000):
Introdução
15
Desde o seu aparecimento nas cidades, o parque tem passado por grandes
transformações, tanto em seu significado social quanto em sua configuração físico-
espacial. Durante todo o século 20, mas especialmente a partir das décadas de 60 e
70, a velocidade dessas transformações se acelera, exigindo dos profissionais que
atuam na paisagem a revisão dos pressupostos usados na definição do conceito de
parque público (BARCELLOS, 2000, p. 51).
Assim, considera-se neste estudo, que parque público necessariamente não precisa ser um
lugar muito grande, cheio de vegetação, mas, sim, um espaço livre urbano público destinado à
atender as diferentes demandas de lazer da população.
Em relação às funções desempenhadas pelos parques públicos nas cidades, Bartallini (1991)
fala de três funções básicas: paisagística, lazer e ambiental. A paisagística é aquela que mostra
a importância do espaço livre para a cidade como um todo, enquanto o lazer relaciona-se à
apropriação, utilização, do espaço pelas pessoas, a função ambiental relaciona-se às
melhorias para o meio no qual o espaço está inserido, proporcionando áreas vegetadas à
cidade. Dentre as funções desempenhadas pelos parques, este estudo aborda a função de lazer
dos parques públicos localizados às margens de rios.
Na literatura brasileira não foi encontrada denominação própria para os parques localizados
especificamente às margens de rios, então, adotou-se a denominação parque de beira-rio, no
caso específico desse estudo, para se referir a espaços livres com essa característica.
No cenário brasileiro, o conhecimento sobre questões relativas ao uso, atividades disponíveis,
acessos aos parques públicos, entre outras, ainda são bastante incipientes, o que prejudica a
adequação das potencialidades destes espaços livres para o atendimento às necessidades de
lazer da população.
Em Teresina, capital do Piauí, os parques públicos não são tidos como importantes locais com
função de lazer e distração à população, diferente do contexto de outras cidades, tanto no
exterior quanto no Brasil. Segundo o Relatório da Agenda 2015, os espaços de lazer do
município são os clubes sociais, os dois shoppings centers da cidade, as ruas e os espaços
comunitários da periferia em frente a praças e parques públicos (TERESINA, 2002).
Considerando a carência de estudos sobre parques públicos das cidades brasileiras, este estudo
pode contribuir para diminuir essa carência de conhecimento. O estudo dos parques de beira-
rio de Teresina pode vir a contribuir também para um melhor aperfeiçoamento da organização
desses espaços na cidade, pois a organização deles pode ser o início para a organização dos
demais espaços livres de lazer, isto é, do sistema de parques públicos da cidade.
Introdução
16
Desta forma, o objetivo geral deste estudo é contribuir com o entendimento da situação em
que se encontram parques de beira-rio de Teresina. Para tanto os objetivos específicos deste
estudo são: analisar a distribuição e organização, identificar as condições de infraestrutura e
gerenciamento e, entender os modos como a população usa os parques de beira-rio de
Teresina.
Quanto aos procedimentos metodológicos utilizados para atingir os objetivos propostos neste
trabalho têm-se: revisão bibliográfica, levantamento dos parques blicos de Teresina,
categorização dos parques de beira-rio, análise de uma amostra representativa do universo dos
parques de beira-rio e considerações finais sobre as análises feitas neste estudo.
Assim, este estudo está dividido em três capítulos. No primeiro capítulo são discutidos os
conceitos de espaços livres (Magnoli, 1982; Macedo, 1986, 1995 e 1999; Bartalini, 1987 e
Barcellos, 1999) e parques públicos (Kliass 1993; Gonçalves, 1994; Barcellos, 1999 e
Macedo e Sakata, 2002), sua evolução histórica e tipológica (Segawa, 1996; Kliass, 1993;
Cranz, 1982; Barcellos, 2000; Magnoli, 2006; Ribeiro, 1997; Del Rio, 2001; Macedo e
Sakata, 2002; Macedo 2007; Serpa, 2007 e PPS, 2009), a legislação pertinente (Código
Florestal, 1965; Resolução CONAMA 369/ 2006; Barcellos et all., 2007; Servilha et al., 2007
e Mello, 2008)
e a importância do lazer para o indivíduo (Dumazedier, 1976; Medeiros, 1971;
Gaelzer, 1979; De Massi, 2001; Marcellino, 2002 e Gomes, 2008).
No segundo capítulo são discutidos os aspectos que influenciam a atual condição urbana de
Teresina (Barbosa, 1994; Façanha, 1998; Dias, 2003; Matos, 2003; Braz, 2004; Moura e
Lopes, 2005 e IBGE, 2007) e os modos de inserção dos parques públicos dentro do seu tecido
urbano (Lei Municipal complementar 3560/2006), traçando assim um quadro geral sobre os
parques da cidade (Kallas e Machado, 2005; Matos et al., 2008 e Vieira, 2008).
No terceiro capítulo são apresentados os parques de beira-rio de Teresina, classificando-os em
categorias tipológicas (Lei Municipal Complementar 3563/2006; Magnoli e Kliass, 1969 e
Barcellos, 1999). Assim, são analisados individualmente os principais parques de beira-rio da
cidade, considerando as variáveis: localização e entorno, acesso, formato, dimensão,
equipamentos e mobiliário, funções, manutenção e gerenciamento e potencialidades.
Introdução
17
Evidentemente, essa classificação é teórico-experimental e objetiva apenas entender o
funcionamento da rede de parques em sua interface com as demandas de lazer da população.
Por fim, apresentam-se as considerações sobre as análises das variáveis estudadas de modo a
compreender os principais aspectos que influenciam nas condições de uso desses espaços
livres.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
18
1. BASES TEÓRICO–CONCEITUAIS
Este estudo tem por base os referenciais teórico-conceituais da área da Arquitetura da
Paisagem
1
, pois a questão dos parques públicos tem sido tradicionalmente objeto de estudo e
de trabalho dos arquitetos paisagistas, no Brasil e no mundo afora.
A seguir são discutidos conceitos sobre os espaços livres e os parques públicos, como
também, são discutidos aspectos sobre a evolução dos parques públicos, a fim de entender as
diferentes tipologias de parques que existem na atualidade. Neste primeiro capítulo, também
são discutidos aspectos legais que regem a implantação dos parques às margens de rios e a
importância do lazer para os indivíduos.
1.1. Espaços Livres
Magnoli (1982) define os espaços livres como todos os espaços não ocupados por volume
edificado, espaço solo, espaço-água, espaço luz ao redor das edificações a que as pessoas têm
acesso. Neste sentido, os espaços livres são responsáveis pela articulação do tecido urbano,
pelas conexões entre os cheios e vazios, além de representarem lugares de permanências das
pessoas; são locais onde se traçam relações sociais.
O conceito de espaço livre definido por Magnoli é atualmente consenso entre os estudiosos da
área da arquitetura da paisagem. Na arquitetura da paisagem espaço livre é considerado objeto
de trabalho do arquiteto paisagista. Como afirma Barcellos (1999), a ideia de espaço livre
surge da necessidade de se trabalhar de maneira prática a paisagem, sendo assim considerado
como uma categoria de análise. É a ideia que é atribuída quando se necessita delimitar a
paisagem para fins de estudo e intervenção.
Segundo Macedo (1999), na cidade os chamados espaços livres de edificação espaços
livres urbanos e, fora dela, aparecem os espaços livres de urbanização. Neste segundo caso,
1
Termo criado por Frederick Law Olmsted (1822-1903) Landscape Architecture – para descrever o campo de
atividades que trabalha a paisagem, pois a paisagem deveria ser tratada de forma prática como fazem os
arquitetos, isto é, após a análise e diagnóstico dos problemas, as soluções seriam encaminhadas por meio de
desenhos (BARCELLOS, 1999, p. 16).
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
19
sua estruturação se deve principalmente aos elementos do suporte físico, à vegetação e às
formas de modelagem e processamento que a sociedade lhes impõe: os campos de cultivo, os
bosques de eucaliptos, os grandes lagos provenientes de barragens e canais. Este estudo se
detém apenas aos espaços livres urbanos.
No entendimento de como os espaços livres urbanos surgem nas cidades, Macedo (1986)
explica que eles se formam junto às áreas edificadas, em decorrência da criação de sistemas
viários, de recuos obrigatórios nos lotes, formando poços de iluminação, pátios e quintais e,
ainda, da exigência de áreas para recreação e estar.
Os espaços livres urbanos podem ainda ser divididos em espaços livres de uso público e
espaços livres privados. Segundo Barcellos (1999) os espaços livres urbanos públicos
referem-se aos parques, praças, ruas, largos, becos etc., enquanto que os espaços livres
urbanos privados estão relacionados aos jardins residenciais ou comerciais, pátios, quintais
etc.
Romero (2001) explica espaços livres públicos por espaços públicos exteriores, definindo-os
como:
Aqueles espaços fundamentais que freqüentemente condicionam os espaços
construídos, que às vezes lhes conferem suas formas, seus relevos, suas
características. São elementos essenciais da paisagem urbana que constituem os
espaços de vida, que “percebem” a cidade (ROMERO, 2001, p. 29).
Neste cenário, os espaços livres são responsáveis por caracterizar a paisagem urbana, são
espaços que criam valores referencias para a população. Como afirma Bartalini (1987), um
dos aspectos fundamentais para a qualidade de vida dos citadinos é a criação de referenciais
urbanos por meio da caracterização fisionômica dos espaços urbanos.
Os espaços livres públicos apresentam diferentes tipologias, como exemplifica Serpa (1997),
colocando que os espaços livres públicos urbanos se apresentam como ruas, praças, avenidas,
parques. Estas tipologias de espaços livres se organizam formando sistemas, sendo a
sistematização destes espaços responsável pela estruturação do tecido urbano em qualquer
cidade.
Dentre as várias tipologias de espaços livres públicos urbanos, este estudo busca uma
compreensão sobre problemáticas que envolvem parques públicos. Na busca desse
entendimento, parte-se do princípio que espaços livres públicos urbanos necessitam ter função
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
20
de uso para a população, como explica Macedo (1995), a vida útil de um determinado espaço
livre está diretamente vinculada à possibilidade constante de apropriação que este permite ao
seu público usuário. Quanto mais e melhor possa ser apropriado, maior será sua aceitação
social e durabilidade, porém, para que isso aconteça, eles devem ser estruturados com bons
equipamentos e ter uma boa manutenção e gerenciamento, pois só assim serão apropriados.
1.2. Parques Públicos
Segundo Kliass (1993), os parques urbanos são espaços livres públicos urbanos com
dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente cobertura
vegetal, destinados à recreação.
No mesmo sentido, Gonçalves (1994) entende parque público como uma grande área
(tomando-se por base a quadra urbana), com vegetação mais exuberante e ambiente mais
equipado para recreação, com paisagem mais rica em elementos naturais e com independência
espacial no que se refere à malha urbana. Porém, observando-se que não interessa apenas o
espaço em si, mas o que ele representa e o que nele se desenvolve, destacando-se as
relações e os meios de produção e consumo, no tocante aos aspectos sociais, econômicos e
culturais.
Galender (1992) considera parque como um espaço livre com função de lazer, com
independência espacial em relação à malha urbana, sendo um espaço contido em si mesmo,
que envolve mais o indivíduo, enquanto percepção espacial global e com predomínio de
elementos naturais em sua composição, sendo de dimensões maiores se comparadas a uma ou
algumas praças urbanas.
Macedo e Sakata (2002) definem parque público como:
Todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu
tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica é
auto-suficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por
nenhuma estrutura construída em seu entorno (MACEDO e SAKATA, 2002, p. 14).
Enquanto que Barcellos (1999) define os parques como espaços livres públicos organizados
para os usos de lazer da população:
Os parques não são necessariamente espaços livres de grandes dimensões, com
extensos gramados pontuados por árvores e outros elementos naturais, como são
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
21
comumente entendidos. Mas espaços livres de variadas configurações físico-
espaciais, cujo principal atributo é sua destinação ao lazer e à recreação pública.
Nesse sentido, o conceito de parque adotado é estritamente funcional
(BARCELLOS, 1999, p. 9).
Entre estes conceitos apresentados, todos fazem referência à função de lazer que os parques
públicos desempenham. O que vale ressaltar na conceituação de parque público para este
estudo é que necessariamente não é um lugar muito grande cheio de árvores, pois a maioria
dos parques aqui estudados não se enquadraria nesse conceito, pois estes espaços livres
apresentam variações de tipologias. Desta forma, neste trabalho não se detém às várias
configurações físico-espaciais que os parques públicos podem apresentar, mas sim a condição
de espaços livres públicos urbanos destinados a atender as demandas de lazer da população.
1.3. Evolução dos parques públicos
Tendo em vista que este estudo tenta compreender os usos feitos nos parques localizados às
margens de rios convém aqui um breve ensaio sobre a evolução dos parques destinados ao
lazer, a fim de perceber os diferentes contextos que contribuíram para suas atuais
características.
Considerando que ao longo da evolução dos parques públicos suas configurações (formas
físicas) vão se alterando, assim como vão se alterando os seus significados para a sociedade.
Antigos formatos são abandonados ou vão se transformando, e novas tipologias surgem para
se adequar às necessidades sociais de cada época.
Na evolução dos parques públicos, Segawa (1996) diz que o jardim e o parque público
surgem como criações marcantes na urbanização europeia a partir do século XVII. Tratava-se
do gosto pela paisagem, pelos recantos paradisíacos o jardim fechado é símbolo de repouso
e harmonia –, pelo ornamental, ou seja, a terra enfeitada por bela vegetação e bons animais,
espelho de mitos como o Éden, áreas de bosques, onde se praticavam a caça e os passeios
bucólicos dos nobres.
Os primeiros parques públicos surgiram em Londres na Inglaterra, no século XVIII, em
decorrência da industrialização da economia, com o advento da Revolução Industrial e em
Paris, na França, alcança sua plenitude, com o plano de reformulação da cidade.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
22
Para Kliass (1993) o parque público inglês surge num primeiro momento com a abertura dos
jardins da corte para o público, em que foi aderido a malha urbana, como Saint James (Figura
1), Hyde Park e Kensington Gardens. Enquanto na França o prefeito Barão Haussmann
proporcionou a urbanização da cidade de Paris, por meio do sistema de parques distribuídos
pela cidade, interligados por um sistema de avenidas jardins, em que se criaram vários
parques, como por exemplo, Monceau (Figura 2), Monsouris e Buttes-Chaumont.
Figura 1: Saint James Park.
Disponível em: www.ndsu.nodak.edu/.../322/English-Parks.html
.
Figura 2: Parque Monceau.
Disponível em: www.sogonow.com/.../2005/04/paris_has_a_mul.php
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
23
No entanto, ainda segundo Kliass (1993), somente após a criação do Central Park, em Nova
York (Figura 3), em 1857, pelo arquiteto-paisagista Frederick Law Olmsted, que os parques
públicos começam a se espalhar pelo mundo, com uma presença marcante no desenho urbano
das cidades, contribuindo com higiene e salubridade das mesmas e a melhoria da qualidade de
vida da população.
Figura 3: Vista aérea do Central Park de Nova York.
Disponível em: www.visitingdc.com/.../central-park-picture.asp.
Nos estudos realizados sobre a evolução da concepção dos projetos dos parques públicos têm
destaque o realizado por Cranz (1982), que analisa as mudanças ocorridas no desenho do
parque americano. Este autor classificou essas mudanças em quatro períodos distintos
(Quadro 1):
Períodos De 1850 a 1900 De 1900 a 1930 De 1930 a 1965 A partir 1965
Características
Seria o período do
prazer terreno, em
que o jardim
proporcionava
alívio pela
paisagem pastoral
em oposição à
cidade.
Iniciou-se a
necessidade de
pensar em
atividades
recreacionais para
os parques, este
período se
caracteriza pela
introdução do
playground.
O parque ganha
mais “instalações”,
como por exemplo,
a implantação de
quadras para
variados esportes,
para suprir não só
as necessidades de
recreação das
crianças, mas
também, de todas
as faixas etárias.
Marcado pela
disseminação do
parque nas cidades,
mas também, a
cidade é pensada
como um todo, de
ruas, de praças e de
parques, procura-se
integrar de forma
sistemática os
vários tipos de
espaços urbanos.
Quadro 1: Síntese dos períodos da evolução do parque americano estudado por Cranz (1982)
Adaptado de Cranz (1982)
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
24
É no quarto período, estudado por Cranz, que se percebe que os parques começam a assumir
pequenas dimensões para poderem ser inseridos nas áreas adensadas e atender as necessidades
de lazer da população. Como exemplos, pode se citar, o Paley Park, inaugurado no ano de
1967, com dimensões equivalentes a uma quadra no centro urbano de Nova York (Figuras 4 e
5).
Figura: 4: Paley Park em Nova York.
Disponível em:
http://www.pps.org/great_public_spaces/one?public_place_id=69
Figura: 5: Presença de água no Paley Park em Nova
York.
Disponível em:
http://www.pps.org/great_public_spaces/one?public_place_id=69
Segundo Barcellos (2000), nos anos 1950 em vários países desenvolvidos surgiram os
parques de pequenas dimensões, localizados em áreas urbanas densamente edificadas, eles
resolviam a falta de parques em áreas urbanas de poucos espaços. Contudo, como frisa o
autor, a disseminação de parques, como resultado de um continuado processo de
planejamento, não ocorre no Brasil, pois, aqui a questão do lazer e da recreação nos espaços
livres nunca foi objeto de políticas públicas.
Essas ressalvas são confirmadas nas palavras de Magnoli (2006):
Essa evolução não é a nossa. A nossa está para ser estudada, refletida, debatida,
elaborada...
No mínimo e, preliminarmente, podemos observar que a conFIGURAção, a
conFORMAção na história dos parques reflete, mais do que se quer pensar,
intenções sociais imediatas seqüência, vão se sobrepondo por partes em espaço e em
tempos nem sempre transparentes em diferentes contextos e diferentes populações.
(MAGNOLI, 2006, p. 209).
A que se concordar com a autora, pois o planejamento desses espaços nas cidades brasileiras
ainda está de forma inicial, à medida que a evolução dos nossos parques não acontece atrelada
a um desenho urbano integrado entre as áreas de espaços livres de uso coletivo, que são
pensados para as relações de socialização e as áreas edificadas.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
25
Considerando as atuais acepções sobre os parques públicos é preciso observar as mudanças no
seu projeto pelo mundo afora, e também no Brasil. Nos novos projetos preocupa-se com a
conservação do meio ambiente – função atribuída aos novos modos de se ver o parque urbano
além de atualmente, estes espaços servirem como dinamizadores da economia, devido às
suas multifuncionalidades, pois eles se apresentam como importantes centros de cultura e
turismo, gerando emprego e renda para o seu entorno.
Um exemplo relevante das novas funções dos parques públicos no cenário brasileiro foi o
esforço do Poder Público em Curitiba, no Estado do Paraná, em criar um sistema de parques
destinados a suprir a carência de pontos turísticos na cidade, incrementando dessa maneira a
economia local. Segundo Barcellos (2000), essa rede de parques de Curitiba resultou de um
bem estruturado esforço de planejamento, que tem como motivação inicial a conservação dos
remanescentes florestais, e dos fundos de vales em seu papel no controle de enchentes e
outras áreas identificadas como ambientalmente sensíveis.
Para complementar a ão de implantação dos parques, a Prefeitura de Curitiba pensou no
acesso a esses espaços, oferecendo transporte blico que fazem itinerários passando pelos
principais parques da cidade, facilitado assim, o uso desses espaços pela população local e
atraindo os turistas a conhecer a cidade. Entre esses espaços que estão inseridos nessa rede
parques, pode-se citar: o Parque Tanguá, inaugurado em 1996, onde foi erguida uma
edificação simbolizando um castelo, com um enorme espelho d’água em frente (Figura 6); o
Parque das Pedreiras, inaugurado em 1992, que tem como atração principal a Ópera de
Arame, um teatro com capacidade para 2.400 espectadores, construído em estrutura tubular e
teto transparente (Figura 7); e o Parque Jardim Botânico, inaugurado em 1991, possui uma
estufa de três abóbadas construída em estrutura metálica e imensos jardins geométricos
(Figura 8).
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
26
Figura 6: Parque Tanguá, 2008.
Figura 7: Parque da Pedreira, 2008.
Figura 8: Jardim Botânico de Curitiba, 2008.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
27
A experiência existente em Curitiba de integrar um sistema de parques para atrair a população
para os espaços públicos promove a conservação ambiental, com a melhoria das áreas
degradadas e influencia o turismo, dinamizando a economia local. E mesmo sendo essa
experiência um exemplo que se mostra eficiente na valorização dos parques públicos, não é
repetida nas demais cidades do país.
Atualmente, além do turismo, outro papel desempenhado pelos parques públicos é a
valorização imobiliária proporcionada a partir da implantação desses espaços em operações
recentes de revitalização/requalificação de bairros e de áreas industriais e comerciais
decadentes. No entanto, essa valorização acaba por ocasionar uma segregação social da
população de baixa renda. Para Serpa (2007) os novos parques públicos que surgem como
elementos de valorização do espaço urbano contribuem para um processo de substituição da
população nas áreas requalificadas. Ainda segundo o autor, esses parques se tornaram álibis
como forma de justificar grandes transformações físicas e sociais dos bairros afetados pelas
operações de qualificação urbana. Entretanto, ao invés de integrar as relações sociais, acaba
criando barreiras para a população.
Como exemplo desse tipo de valorização imobiliária, cita-se o Parque André Citröen,
inaugurado em 1992, em Paris (Figuras 9 e 10). Na opinião de Clément
2
apud Serpa (2007),
esta política de requalificação do espaço urbano apresenta um discurso contraditório, porque,
por um lado cria novos parques, que são realmente interessantes em termos de concepção,
mas, por outro lado, expulsa para a periferia os antigos habitantes dos bairros onde esses
parques são implantados. Essas pessoas não possuem renda para continuar em Paris por isso
são rejeitadas pela cidade.
2
Entrevista concedida ao geógrafo Ângelo Serpa por Gilles Clément, que é um dos autores do Parque André
Citröen. Gilles Clément é engenheiro agrônomo com especialização em paisagismo pela Escola Superior da
Paisagem de Versalhes.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
28
Figura 9: Parque André Citröen.
Disponível em:
http://static.panoramio.com/photos/original/853764.jpg
Figura 10: Pessoas banhando no Parque André Citröen.
Disponível em: http://www.panoramio.com/photo/11815776
Outro exemplo é o Parque Industrial da Espanha, que surgiu da revitalização de uma área
industrial abandonada. Em 1985, após uma série de demandas do bairro, o local da antiga
fábrica foi atribuído à habitação e à criação do parque. O parque foi desenhado pelo arquiteto
Luis Peña Ganchegui, em que o projeto conservava as antigas instalações da fábrica
(BARCELONA, 2009).
O Parque Industrial da Espanha abrange uma ampla esplanada, formada por gramado que
oferece espaço para as crianças brincarem, além de muitos bancos para o descanso dos
usuários. Esta esplanada fica debaixo de uma encosta coberta com longas filas de escadas, e
acima se erguem torres de farol (Figuras 11 e 12). Além existir também algumas esculturas,
entre elas, um dragão, vasto e aberto, com asas e cauda que cai para o lago e pesa 150
toneladas (BARCELONA, 2009)
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
29
Figura 11: Parque Industrial da Espanha, onde se ver a escadaria e
no fundo a escultura do dragão.
Disponível em:
http://www.trivago.com.mx/barcelona-31965/jard%C3%ADn-
bot%C3%A1nico/parque-de-la-espa%C3%B1a-industrial-174327/fotos
Figura 12: Destaque para as torres de farol
existentes no Parque Industrial da Espanha.
Fonte:
Karenina Matos, 2009.
Esses novos papéis atribuídos aos parques públicos na atualidade são oriundos do processo
de evolução nas concepções dos seus projetos, pois o parque deixa de representar um espaço
totalmente bucólico e adquire atividades mais urbanas, entretanto, sem perder o sentido de
lazer. Agora ele é um lugar onde também se desenvolvem atividades culturais. O Parque La
Villette
3
, inaugurado em 1993, em Paris, é considerado um grande marco nessas novas
concepções de projeto, este parque revolucionou o sentido do parque urbano do século XXI,
tendo destaque pela sua monumentalidade e pelas atividades culturais a que se destinava
atender (Figuras 13 e 14). Segundo Barcellos (2000) o Parque La Villette:
3
Segundo Macedo e Sakata (2002), o parque La Villette é um exemplo de parque temático gerido pelo Poder
Público. Esse tipo de parque sempre pertence a iniciativa privada e tem como exemplo mais expressivo a
Disneylândia inaugurada no ano de 1955, em Anahein, na Califórnia onde a cenarização é extrema, em que se
representam lugares reais e imaginários, na prática de uma atividade intensiva de lazer eletrônico dentro de
edifícios.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
30
Representa uma profunda ruptura com toda a experiência anterior, em especial, com
todo o ideário do parque paisagístico. Sua inovação tem sido definida por alguns
autores em termos de uma atitude mais positiva com relação à cidade, que se
expressa numa recusa de introduzir no parque a habitual atmosfera pastoral. Atitude
que deve ser entendida dentro do contexto de superação do paradigma modernista
quando arquitetos e urbanista passam a abandonar certas percepções negativas com
relação à cidade, as quais reforçam o sentido anti-urbano dos parques. Em função
disso, o La Villette foi concebido como espaço de aglutinação social voltado para as
atividades culturais, onde a presença da vegetação é bastante reduzida. Como única
concessão ao modelo tradicional de parque do século 20, ele oferece apenas alguns
brinquedos de formas inusitadas, mas as quadras esportivas estão ausentes
(BARCELLOS, 2000, p. 56).
Figura 13: Parque La Villette.
Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parc_de_la_Villette
Figura 14: Presença de água no Parque La Villette.
Disponível em: www.ambafrance-co.org/spip.php?article445
Essa evolução na concepção do projeto do parque urbano é em decorrência das mudanças das
necessidades das socie,dades a qual este espaço está relacionado. Muitos autores avaliam e
evidenciam essas várias transformações sofridas ao longo dos tempos, em que se modifica o
ideário de parque paisagístico, fazendo surgir uma variedade de tipologias, em diversas
situações do parque no contexto das cidades. Dentro desta lógica, Ribeiro (1997) afirma que
alguns dos diversos tipos de parque urbano têm surgido, com o passar dos tempos, em virtude
das diferentes situações em que têm origem:
As concepções dos parques m mudado durante os anos, influenciadas pelas
características socioeconômicas e culturais das populações e também pela
localização nos aglomerados urbanos. Assim surgiram os vastos jardins
contemplativos do século 19, o parque de paisagem da Grã-Bretanha, o parkway e
os parques de vizinhança americanos, e os formais e monumentais parques urbanos
franceses (RIBEIRO, 1998, p. 171).
Dentre essas rias tipologias dos parques públicos, uma nova modalidade de parque tem
merecido atenção é o waterfront
4
ou parque litorâneo. Barcellos (2000) explica que esta
tipologia de parque tem surgido da preocupação em revitalizar periferias de núcleos urbanos.
4
Waterfront são espaços públicos implantados nas margens de lago, rio ou mar. É a área de uma cidade (como a
um porto ou estaleiro) juntamente com um corpo de água. (Disponível em http://www.pps.org/waterfronts/.
Acesso em 20. mai. 2009).
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
31
Esse modelo de parque é caracterizado como um local para o footing e o desfrute de vistas
panorâmicas. Sendo fruto do interesse do mercado e do Poder Público (geração de postos de
trabalho, renda e impostos), os parques são planejados e projetados como ponto turístico e
tem atividades de lazer mais comercial, são espaços marcados por quiosques, cafés, finos
restaurantes, lojas de lembranças e butiques.
Vale ressaltar que esta tipologia de waterfront é também associada a outras situações, que não
surgiram de revitalização de áreas portuárias ou industriais abandonadas, mas da intenção de
proporcionar lazer nas áreas que margeiam corpos d’água (mar, rio ou lagoa). Esta tipologia
tem como propósito a melhoria da qualidade ambiental das cidades, integrando o tecido
urbano com as águas e, assim, implantar espaços de lazer para seus habitantes. Proporcionam
a valorização do turismo e do setor imobiliário, repercutindo, assim, na economia local, com
novos postos de emprego e renda para a população.
1.4. Tipos de parques localizados às margens de corpos d’água
Dentre os vários tipos de parques públicos implantados às margens de corpos d’água,
encontram-se os riverway, waterfront ou orlas, que têm ganhado cada vez mais
representatividade em várias cidades do mundo, como também no Brasil.
O riverway ou riverfront se assemelha com a implantação de parques para proteger a cidade
de enchentes, alagamentos e evitar a poluição das águas dos rios, além de oferecerem locais
para a prática de atividades de lazer. Como pioneiros nessas ações são citados os projetos de
Olmsted em Boston, Denver e Chicago no século XIX.
Spirn (1995) explica que Olmsted fez os planos de paisagismo dessas cidades interligando os
parques em um desenho lógico. A implantação de parques nas margens de rios serviria não
para suprir as necessidades de lazer da população, mas também para prevenção contra as
cheias e manter saudável as águas dos seus rios.
Em Chicago Frederik Law Olmsted começa a trabalhar com a ideia de riverside, em que se
destinavam as margens de rios para ligar toda a cidade através dos denominados parkway
(centro urbano até os subúrbios). Para conseguir isto, ele conservou a várzea e as margens do
rio, bem como duas áreas abertas de montanha já existente. Já em Boston (Figura 15),
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
32
Olmsted concebeu um sistema totalmente novo de parques. Ele recomendava a aprovação
imediata de áreas específicas, ao longo do rio Charles, no pantanoso Back Bay
(fredericklawolmsted.com, 2009).
Figura 15: Riverway no rio Charles em Boston.
Disponível em: http://www.panoramio.com/map/#lt=42.353026&ln=-
71.089439&z=3&k=2&a=1&tab=1
Enquanto no Brasil, que possui um extenso litoral, apresenta nas suas orlas oceânicas os seus
mais significativos e prestigiados espaço de lazer. Entre outros motivos, como explica
Macedo (2007), esse fato teve origem devido:
A localização das primeiras cidades, eficiência econômica, a localização de portos,
das áreas industriais e de carga e a exploração dos valores paisagísticos com fins
turísticos orientaram a maior parte da urbanização da orla e de suas imediações, que
visavam exclusivamente a exploração das vizinhanças da praia, principal espaço de
recreação da população local e de destinação turística do país (MACEDO, 2007, p.
42).
Segundo Macedo e Sakata (2002), essa estruturação de orlas marítimas, como espaços de
lazer, tem início no século XX quando a população adquire o hábito de tomar banho na beira-
mar. Macedo (2007) afirma que a partir dessa época:
A praia urbana é tratada de modo padrão em todas as cidades costeiras e o calçadão
de praia consolida-se como uma obra urbanística e paisagística, desejável por
amplos segmentos sociais e politicamente de alta visibilidade (Macedo, 2007, p. 41).
Entre os primeiros exemplos desses espaços estão os Jardins da Orla de Santos, inaugurado no
ano de 1937 (Figura 16); o Aterro do Flamengo implantado em 1965 (Figura 17); e o calçadão
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
33
da praia de Copacabana em 1970 (Figura 18), os dois últimos localizados na cidade do Rio de
Janeiro e de autoria do paisagista Roberto Burle Marx.
Figura 16: Orla de Santos
Disponível:http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=651347
Figura 17: Aterro do Flamengo
Disponível:http://guilhermefonseca.wordpress.com/2009/01/31/aterro-do-
flamengo/
Figura 18: Calçadão da praia de Copacabana.
Disponível em: http://newsnao.wordpress.com/
Macedo e Sakata (2002) explicam que esses tipos de parque de orla inspiraram outros locais
do país a fazer uso de suas áreas de beira mar para a população, como exemplo, a Orla da
Praia de Iracema em Fortaleza e a Orla da Praia de Boa Viagem em Recife, entre outros.
Esses modelos também são copiados em algumas cidades que não possuem mar, servindo-se
das margens de rios ou lagos para oferecer espaço de lazer para a sua população. Como
exemplos, podem-se citar a Praia do Ponta Negra (Figura 19), no Rio Negro, na cidade de
Manaus e o Projeto Orla (Figura 20), implantado às margens do Lago Paranoá, na cidade
Brasília. Esses projetos tinham como intenção proporcionar lazer para a população e também
dinamizar a economia local, criando pontos turísticos para cidades.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
34
Figura 19: Praia do Ponta Negra – Manaus.
Fonte:
http://www.panoramio.com/map/#lt=-3.107192&ln=-
60.026127&z=4&k=2&a=1&tab=1
Figura 20: Projeto Orla – Brasília, 2008.
Um exemplo significativo de Riverway é o River walk em Santo Antonio no Texas (Figura
21), que se tornou um catalisador para a revitalização da cidade. Esse espaço tem a finalidade
de trazer benefícios econômicos, proporcionando um importante espaço público de atrativo
para a população da cidade e para turistas. A estrutura do espaço abriga numerosos
restaurantes, cafés e teatros ao ar livre. Essa estrutura proporciona uma área de variada
paisagem com oportunidades para as pessoas praticarem o jogging ou caminhar, comer, fazer
compras, e assistir a eventos ou simplesmente sentar-se tranquilamente. O Paseo del Rio,
como também é conhecido, hospeda os principais eventos culturais, como também eventos
comunitários da cidade. O local é a combinação de negócios, de lazer e de cultura, atraindo as
pessoas em todos os momentos do dia e da semana (PPS, 2009).
Figura 21: Santo Antonio – Texas.
Fonte:http://www.pps.org/great_public_spaces/one?public_place_id=22
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
35
A tipologia de waterfront trata dos parques que surgem da revitalização de áreas portuárias,
estaleiros ou industriais. Estes espaços surgem baseados nos paradigmas da sustentabilidade e
com a finalidade de se tornarem locais destinados ao lazer da população, promovendo
também a dinamização da economia, se transformando em importantes pontos turísticos,
como afirma Del Rio (2001):
Nas últimas décadas, metrópoles do mundo inteiro têm despertado para o novo
paradigma do desenvolvimento sustentável, onde a nova fronteira é a própria cidade
interior, ou seja, a concentração de investimentos e esforços para a ocupação dos
vazios, a reutilização do patrimônio instalado, a requalificação de espaços e a
intensificação e mistura dos usos. O papel da reutilização das áreas portuárias
centrais e de suas frentes marítimas é fundamental: num processo de revitalização,
intervenções pontuais de qualidade e inseridas a um planejamento estratégico,
tendem a gerar impactos positivos e crescentes sobre o seu entorno o centro e a
cidade como um todo. Esse processo, bem conduzido e com um correto faseamento,
leva à maximização dos investimentos e ao sucesso nos campos econômico, cultural,
habitacional, turístico, recreacional, entre tantos outros que se complementam (DEL
RIO, 2001, p. 1).
O principal foco do waterfront é a conexão física com a água, são os espaços públicos em
frente ou em torno da água, bem como a interface entre a água e ruas, calçadas, espaços
públicos e privados. Os waterfronts quando bem utilizados e geridos podem se tornar lugares
vibrantes e símbolos das cidades onde estão localizados (PPS, 2009). Eles aparecem em várias
cidades pelo mundo, como exemplos: o Battery Park de Nova York, o Waterfront de Seattle
nos Estados Unidos, e Puerto Madero em Buenos Aires (Figuras 22 a 24).
Figura 22: Battery Park, Nova
York.
Fonte:http://www.panoramio.com/map/#lt=40.756054&ln=-
73.986951&z=4&k=2&a=1&tab=1
Figura 23: Waterfront de Seattle
http://www.panoramio.com/photo/8167584#comment
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
36
Figura 24: Docks de Porto Madero, Buenos Aires.
Fonte: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq054/arq054_03.asp
No Brasil, a ideia de waterfront aparece na cidade de Belém, sob a denominação de Estação
das Docas, com a revitalização do antigo porto da capital paraense e inclui três armazéns e o
terminal de passageiros. Foi aberto ao público em 2000, projetado com o objetivo de
incrementar o turismo, movimentar a economia e valorizar a cultura do Estado (Figura 25).
Figura 25: Estação das Docas, Belém.
Fonte: http://www.panoramio.com/map/#lt=-1.4550205&ln=-
48.5023682&z=4&k=2&a=1
No contexto dos parques de margens de rios, vale ressaltar ainda a experiência de Paris, que
criou um parque temporário às margens do rio Sena, que tem como função principal
proporcionar lazer gratuito para a população, conhecido como Paris Plages (Figura 26). A
praia de Paris funciona por um mês durante o verão europeu, com uma variedade de atrações:
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
37
atividades como aulas de dança, jogos e piscina, para amenidades como cadeiras praia, cafés,
nebulização mananciais (PPS, 2009).
Figura 26: Praia do Sena –Paris
Fonte:http://www.pps.org/great_public_spaces/one?public_place_id=997
No Brasil, atualmente, o Governo Federal está com um projeto denominado: Projeto de
Gestão Integrada da Orla Marítima Projeto Orla
5
, uma iniciativa que visa melhor gerir e
qualificar as orlas litorâneas da costa brasileira. No entanto, apesar de ser um passo muito
positivo, a mesma atenção ainda não é dada aos espaços livres em margens de rios ou lagos.
Considerando que a estruturação dessas áreas com projetos paisagísticos contribuiria como
incentivos a melhoria urbana, turística e social, valorizando o local de implantação desses
parques e transformando-os em centros de integração dos diferentes segmentos sociais, além
de proporcionar espaços de lazer para a população.
Sobre os parques localizados às margens de corpos d’água existe uma variada gama de
denominações. Aqui no caso específico desse estudo adotou-se a denominação de parque de
5
O Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima Projeto Orla é uma ação conjunta do Ministério do Meio
Ambiente (MMA), por intermédio de sua Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental (SMCQ), e
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), no âmbito da sua Secretaria do Patrimônio da União
(SPU/MPOG). Suas ações buscam o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as
políticas ambientais e patrimoniais, com ampla articulação entre as três esferas de governo e sociedade. Os seus
objetivos estão baseados nas seguintes diretrizes: - fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de
diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo
para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço; - desenvolvimento de mecanismos de participação e
controle social para sua gestão integrada; - valorização de ações inovadoras de gestão voltadas ao uso sustentável
dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos. (Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=11
>. Acesso em 23 abr. 2009.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
38
beira-rio para se referir aos espaços livres estruturados para o lazer implantados às margens de
rios – independente do seu formato ou programa de atividades.
Entre os recentes exemplos de parques de beira-rio no Brasil, convém mencionar: parque
Mangal das Garças, projeto da paisagista Rosa Grenda Kliass, implantado às margens do Rio
Guamá em Belém, com o objetivo de criar um parque naturalístico, entre lagos, vegetação
típica, equipamentos de cultura e lazer (Figura 27); e Parque da Rua do Porto, localizado às
margens do Rio Piracicaba, na cidade de mesmo nome, no interior paulista. O Parque da Rua
do Porto contém lago, pista para exercício físico, parque infantil e um teatro de arena, além de
um extenso calçadão onde estão localizados restaurantes típicos, bares, o Casarão do Turismo
e a Casa do Artesão (Figura 28).
Figura 27: Mangal das Garças – Belém.
Disponível em:
http://www.panoramio.com/map/#lt=-1.455021&ln=-
48.502368&z=4&k=2&a=1&tab=1
Figura 28: Parque da Rua do Porto, Piracicaba.
Disponível
em:
http://www.indicapira.com.br/padrao.aspx?texto.aspx?idcontent=1260
&idContentSection=1827
Esses dois parques representam apenas uma amostra do grande potencial existente no
território brasileiro, em que a estruturação de seus espaços em margens de rios,
principalmente em cidades que não dispõem de litoral como local de lazer, representam um
espaço por excelência para a implantação de parques de beira-rio.
Considerando-se que os rios urbanos são espaços sensíveis as ações antrópicas, é necessário
entender a legislação a respeito da implantação de parques às margens de rios.
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
39
1.5. Compatibilidade entre os Parques de Beira-Rio e a legislação pertinente
Com o presente trabalho busca-se compreender os usos existentes nos parques de beira-rio e
para isso faz-se necessário entender sobre as legislações que regem a apropriação desses
espaços livres pela população em área urbana. Sendo as principais: o Código Florestal
Brasileiro, 4.711/1965 e a Resolução CONAMA 369/2006.
Pelo Código Florestal Brasileiro - Lei Nº 4.771, de 15 de Setembro de 1965 – estabelece-se as
Áreas de Preservação Permanente (APPs), que corresponde ao inciso dois do parágrafo
primeiro, desta lei:
II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta
Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas [...] (BRASIL, 1965)
No artigo desta lei estão delimitadas as áreas de preservação permanente em relação às
larguras dos cursos d’água:
Art. - Considera-se área de preservação permanente, pelo efeito desta Lei, as
florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em
faixa marginal cuja largura mínima seja:
1) De 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de
largura;
2) De 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinqüenta) metros de largura;
3) de 100 (cem) metros para os cursos d'água tenham de 50 (cinqüenta) a 200
(duzentos) metros de largura;
4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a
500 (quinhentos) metros de largura;
5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a
600 (seiscentos) metros;
Parágrafo único
No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros
urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, em todo o território abrangido, observar-se o disposto nos respectivos
planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se
refere este artigo (BRASIL, 1965).
Nas APPs, definidas pelo Código Florestal de 1965, não é permitido nenhum tipo de
intervenção antrópica, visando à preservação do meio ambiente natural. Entretanto, como não
foi pensado um uso que harmonizasse a vida urbana e o meio ambiente, essas áreas ficaram
expostas a todo tipo de ação antrópica, apresentavam uso restrito e não tinham uma
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
40
fiscalização condizente com essas restrições. Dessa forma, ficaram sujeitas a qualquer uso,
principalmente às invasões, causando assim prejuízos imensuráveis ao meio ambiente.
Segundo Servilha et al. (2007), esse excesso de restrições impostas na legislação ambiental
que regulamenta a proteção das APPs mostrou-se ineficaz no controle do uso do solo,
principalmente em contextos urbanos, nos quais a dinâmica da paisagem é constante,
ocasionando diversos conflitos. Tais conflitos ocorrem, então, em consequência das novas
funções recriadas para estes espaços, que não atendem mais o objetivo preservacionista das
legislações protetoras, criadoras das áreas de preservação permanente, como por exemplo, as
estruturas espaciais das paisagens nas margens dos rios urbanos, que vêm sendo alteradas em
função da dinâmica de ocupação e uso do solo.
Pensando num uso mais racional para estas áreas, com uma utilidade que fosse viável a esses
espaços marginais a corpos d’água, existente na zona urbana, foi criada a Resolução
CONAMA 369, de 28 de março de 2006, que dispõe sobre os casos excepcionais, de
utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção
ou supressão de vegetação em APP, designando em seu artigo 8º, no parágrafo e 2º, inciso
III, alguns usos:
§ Considera-se área verde de domínio público, para efeito desta Resolução, o
espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagística e
recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da
cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização.
§ O projeto técnico que deverá ser objeto de aprovação pela autoridade ambiental
competente, poderá incluir a implantação de equipamentos públicos, tais como:
a) trilhas ecoturísticas;
b) ciclovias;
c) pequenos parques de lazer, excluídos parques temáticos ou similares;
d) acesso e travessia aos corpos de água;
e) mirantes;
f) equipamentos de segurança, lazer, cultura e esporte;
g) bancos, sanitários, chuveiros e bebedouros públicos; e
h) rampas de lançamento de barcos e pequenos ancoradouros. (BRASIL, 2006).
Essa resolução é um primeiro momento para tentar harmonizar o uso racional das áreas de
APP, pois tais espaços se não forem ocupados com algo que permita uma troca para a
população, acabam sendo ocupados de forma irregular causando sérios danos ao meio
ambiente.
Para Mello (2008) a proteção dos recursos hídricos de uma cidade depende do valor que os
cidadãos lhe atribuem. A autora propõe uma correlação entre o grau de urbanidade dos
espaços de margens e o grau de valorização dos corpos d’água pela população, estabelecendo-
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
41
se um vínculo entre os atributos da configuração espacial e a proteção dos recursos
ambientais. Neste sentido, de utilidade real e palpável, por exemplo, um parque de beira-rio, a
população passa a olhar estes espaços como pertencentes a todos.
Segundo Barcellos, Rodrigues e Silva (2007), a Resolução CONAMA 369/ 2006 é um passo
positivo no sentido de adequar o Código Florestal Brasileiro à realidade urbana, ao
possibilitar a implantação de obras essenciais de infraestrutura destinadas a serviços públicos
de transporte, saneamento e energia, bem como a utilização das APPs para as atividades de
lazer público, desde que observadas às exigências previstas.
O que se pode analisar desses conflitos sobre o uso das áreas de APPs é que estes espaços
devem ser visualizados na paisagem urbana das cidades, pois eles estão inteiramente
integrados a ela. Essas áreas devem ter um uso estabelecido, que crie vínculos com a
população. Neste sentido, acredita-se que o uso mais racional nas áreas de APPs, promova a
criação de parques de beira-rio destinados ao lazer.
1.6. A importância do lazer
Para este estudo, entende-se parque de beira-rio como uma opção de lazer para a comunidade
em que ele se encontra inserido. A partir do princípio de que o lazer é uma atividade
necessária ao desenvolvimento dos seres humanos, procura-se, desta forma, esboçar um
entendimento sobre a importância do lazer para os citadinos.
Conceitualmente, o lazer, segundo Gaelzer (1979), é a harmonia individual entre a atitude, o
desenvolvimento integral e a disponibilidade de si mesmo, um estado mental ativo associado
a uma situação de liberdade, de habilidade e de prazer.
Desta forma, entende-se que o lazer é a atividade praticada no tempo livre, entretanto, ele vai
além de um mero descompromisso, pois a atividade de lazer contribui para o desenvolvimento
psíquico e intelectual do ser humano.
Historicamente, o lazer passa a ter destaque como necessidade básica, a partir da Revolução
Industrial, no início do século XVIII. Segundo De Massi (2001), a relação entre o trabalho
fabril, a classe operária, os direitos trabalhistas e o tempo livre passaram a ser discutidos pela
sociedade, acontecendo concomitantemente o crescimento urbano, a revolução tecnológica, as
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
42
facilidades de locomoção e de comunicação, o que possibilitaram aos operários um aumento
de tempo livre.
No entanto, é com a modernidade que ele ganha notoriedade, pois as práticas de lazer se
tornam uma preocupação de domínio público. O lazer torna-se uma atividade de massa,
devido ao crescimento acelerado da população urbana, necessitando-se de uma política ampla
de planejamento do lazer, evidenciando-se, assim, a sua importância e as preocupações
urbanas para a democratização de acesso ao lazer.
Para Dumazedier (1976) existem três funções básicas do lazer: o descanso, o divertimento
este dividido em recreação e entretenimento e a função de desenvolvimento do próprio ser,
pois se trata de uma atividade descompromissada, com a finalidade principal de satisfação
pessoal, com um fim em si mesma. Neste sentido, a atividade de lazer deve ser priorizada,
pois ela tem o papel de contribuir para a formação e desenvolvimento sadio de cada
indivíduo, sendo que é na atividade de lazer que o indivíduo tem a oportunidade de estimular
de forma livre suas potencialidades intelectuais.
Medeiros (1971) afirma que as atividades de lazer influem tanto no ser individual como na
relação entre eles, pois o homem vive em sociedade e necessita interagir com outras pessoas
para evoluir, sendo que, à medida que o lazer proporciona evolução pessoal como cidadão,
também melhora sua relação com as demais pessoas. Esta necessidade de interação entre os
indivíduos ocorre porque o homem vive em sociedade e possui preferências que não se
subordinam exclusivamente a atitudes pessoais, propiciando, assim, ao ser humano o seu
desenvolvimento tanto individual quanto social. Neste sentido, as atividades de lazer
praticadas nos parques também proporcionam a interação entre diversos grupos de pessoas,
pois esses espaços são locais de uso comum a todos os citadinos.
O lazer pode ser exercido de diversas maneiras, como a recreação, as atividades esportivas, o
turismo, entre outros. Segundo Gomes (2008), a recreação seria o lazer em sentido lúdico,
uma experiência na qual o indivíduo participa por escolha devido ao prazer e à satisfação
pessoal que obtém diretamente dela.
Dumazedier (1976) destaca os valores específicos da recreação em cada fase da vida: na idade
infantil, a recreação tem finalidade pedagógica; na juventude, a recreação tem finalidade
formativa da personalidade e na idade madura, esta deve ter uma finalidade compensadora. Os
objetivos da recreação segundo este autor são: preparar o cidadão para aprender a viver em
Capítulo 1 – Bases teórico–conceituais
43
liberdade, educar para o tempo livre, manter a saúde integral, formar a personalidade e
adaptação social e promover a liderança. Portanto, a recreação se faz fundamental dentro das
atividades de lazer, pois é na prática da recreação que o indivíduo tem a oportunidade de
construir e desenvolver suas habilidades humanas.
Neste contexto, o lazer torna-se deficiente quando falta de condições para sua prática. Ele
deve estar alicerçado em políticas públicas, as quais, por sua vez, devem estar direcionadas
para o seu desenvolvimento na cidade, por meio da atuação de planejadores e urbanistas.
Pode-se citar, como exemplo das infraestruturas urbanas que subsidiam o lazer, o transporte
coletivo, que viabiliza a locomoção e possibilita o acesso aos locais de lazer disponíveis na
cidade.
Marcellino (2002) afirma que a conexão entre as políticas de lazer com as demais áreas
socioculturais, aliados à animação e à manutenção de equipamentos de lazer e de esporte são
a garantia de opção de lazer. Falar de uma política de lazer significa falar de uma política
mais complexa, de reordenação do solo urbano, incluindo os espaços e equipamentos de lazer,
o que engloba a moradia e seu entorno.
No entendimento que o lazer é uma atividade indispensável ao desenvolvimento sadio do ser
humano, com várias maneiras de ser desempenhado, necessitando de políticas públicas que
incluam toda população. Pode se dizer que uma opção para disponibilizar lazer gratuito e
acessível para as pessoas é a organização de parques públicos destinados a essa finalidade,
pois estes espaços quando bem estruturados podem proporcionar uma variedade de
alternativas de lazer aos cidadãos.
2. TERESINA E SEUS PARQUES PÚBLICOS
Neste capítulo explica-
se a situação dos parques públicos da cidade de Teresina e está
dividido em duas partes: a primeira parte trata de uma forma
Teresina, explicando como ele se constituiu para que se entenda a sua atual condição; a
segunda parte trata da inserção dos parques públicos no seu tecido urbano
2.1. Teresina
Teresina,
capital do estado Piauí, está situada na
do Equador, com as seguintes coordenadas: 5º05”12’ de latitude sul e longitude oeste de
42º48”42’ (IBGE, 2009). Essa proximidade com a linha do equador contribui para as altas
temperaturas a que a cidade está suj
estratégica posição geográfica, o que facilitou o comércio e o dese
(Figura 29)
Figura 29
: Localização da cidade de Teresina no mapa do Piauí.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teresina
Capítulo 2 – T
eresina e seus parques públicos
2. TERESINA E SEUS PARQUES PÚBLICOS
se a situação dos parques públicos da cidade de Teresina e está
dividido em duas partes: a primeira parte trata de uma forma
geral do contexto urbano de
Teresina, explicando como ele se constituiu para que se entenda a sua atual condição; a
segunda parte trata da inserção dos parques públicos no seu tecido urbano
capital do estado Piauí, está situada na
regi
ão Nordeste do Brasil, próxima à
do Equador, com as seguintes coordenadas: 5º05”12’ de latitude sul e longitude oeste de
42º48”42’ (IBGE, 2009). Essa proximidade com a linha do equador contribui para as altas
temperaturas a que a cidade está suj
eita durante todo o ano. Está localizada em uma
estratégica posição geográfica, o que facilitou o comércio e o dese
nvolvimento do Estado
: Localização da cidade de Teresina no mapa do Piauí.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teresina
. Acesso em 12.10.07
eresina e seus parques públicos
44
se a situação dos parques públicos da cidade de Teresina e está
geral do contexto urbano de
Teresina, explicando como ele se constituiu para que se entenda a sua atual condição; a
segunda parte trata da inserção dos parques públicos no seu tecido urbano
.
ão Nordeste do Brasil, próxima à
linha
do Equador, com as seguintes coordenadas: 5º05”12’ de latitude sul e longitude oeste de
42º48”42’ (IBGE, 2009). Essa proximidade com a linha do equador contribui para as altas
eita durante todo o ano. Está localizada em uma
nvolvimento do Estado
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
45
2.1.1. Evolução Urbana de Teresina
Aqui é discutida a história da urbanização de Teresina: seu início e o processo de evolução
urbana que formaram a atual dinâmica da cidade. Essa história é abordada para que se tenha
compreensão do processo de formação desta cidade e qual a relação com a implantação dos
seus parques públicos.
Teresina foi construída entre dois rios: Poti e Parnaíba. A cidade possuía um traçado urbano
inicial semelhante ao formato de um tabuleiro de xadrez
6
. Inaugurada no ano de 1852, foi à
primeira cidade brasileira planejada em traçado geométrico, onde os logradouros foram
estabelecidos em linhas paralelas, simetricamente dispostos, todas partindo do rio Parnaíba
rumo ao rio Poti (Figuras 30 e 31)
Figura 30: Mapa do Núcleo original
de Teresina.
Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano de
Teresina.
Figura 31: Imagem de satélite do atual centro de Teresina.
Fonte:
Google Earth. Acesso: 23. Mar. 2009
.
Em 1866 a cidade recebeu iluminação pública a querosene. De 1888 a 1906 implantou-se a
rede de águas e esgotos. A iluminação elétrica surgiu em 1910 e o calçamento das ruas em
1929. Na década de 1950 a cidade era o principal centro econômico do sertão dos estados de
Piauí e Maranhão. Na década de 1960, consolidou-se o sistema viário com a abertura de
6
A cidade de Teresina foi construída na segunda metade do século XIX, a partir de 1850, nas terras da Fazenda
Chapada do Corisco, onde o presidente da província, Conselheiro José Antônio Saraiva, com a colaboração do
mestre de obras português, JoIsidoro França, deram início às primeiras obras públicas da cidade (Barbosa,
1994).
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
46
grandes avenidas e se iniciou a ocupação da zona além do rio Poti. Na década de 70 a cidade
tem um explosivo crescimento populacional (BARBOSA, 1994).
Os primeiros espaços públicos de Teresina foram praças implantadas no Plano Saraiva
7
. Essas
praças foram construídas para atender as necessidades de lazer cotidiano da população da
época. Atualmente, com a evolução urbana de Teresina elas assumiram novas funções.
Possuem entorno basicamente comercial e, são usadas para manifestações culturais. Essas
praças são espaços consolidados que fazem parte da história da cidade, além de representarem
a imagem do seu centro urbano.
Em Teresina, em nenhum momento, a criação de parques públicos foi articulada ao
crescimento da cidade. Esses parques surgiram ocasionalmente, sem nenhum planejamento.
Os rios são elementos intrínsecos ao tecido urbano de Teresina, porém, nunca foram
considerados objetos de políticas públicas. Por isso, o seu potencial como local de interesse
público para a implantação de parques demorou a ser percebido, considerando que as políticas
públicas eram voltadas para solucionar os problemas com escassez de habitação.
Façanha (1998) explica o crescimento urbano recente de Teresina a partir de cinco temas, que
caracterizam o processo e as formas espaciais existentes na cidade. Ressalta-se, que para
efeitos didáticos deste estudo, esses temas são aqui denominados de momentos: aparecimento
dos conjuntos habitacionais; processo de descentralização das atividades comerciais, de
serviço e industriais e formação dos núcleos secundários destas atividades; mapeamento de
favelas realizado pela Prefeitura Municipal de Teresina; construção de espaços de segregação
da população de alto status; e processo de verticalização da cidade. Em nenhum desses
momentos o Poder Público se preocupou em aliar ou, ao menos, relacionar a evolução urbana
da cidade a seus parques públicos, somente a partir do quinto momento são percebidos
indícios de estruturação dos espaços de margens dos rios, surgindo assim, os primeiros
parques de beira-rio lineares destinados a práticas cotidianas de lazer. A caracterização desses
momentos é discutida a seguir.
7
Plano Saraiva é como é conhecido o primeiro plano urbanístico traçado pra a implantação da cidade, por ter
sido Antônio Saraiva, governador da província, responsável pela sua construção.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
47
O aparecimento dos conjuntos habitacionais
8
em Teresina marca o princípio da sua expansão
urbana. Segundo Braz e Silva
9
(2004), a maioria dos conjuntos habitacionais foram
implantados em zonas periféricas contribuindo para a segregação social e geográfica. Essa
política habitacional sempre priorizou o número de habitações em detrimento de sua
integração às áreas públicas.
Vale ressaltar que os espaços públicos que surgiram nesses conjuntos habitacionais eram
fragmentados e a sua manutenção, por parte do Poder Público, deficiente. Muitas destas áreas
não foram implantadas em razão das péssimas condições físicas do terreno e acabavam por
ser invadidas ou transformadas em depósito de lixo (BRAZ e SILVA, 2004).
O segundo momento o processo de descentralização das atividades comercias, de serviço e
industrial
10
se deu encadeado à expansão da cidade pelos conjuntos habitacionais. Segundo
Façanha (1998), o surgimento dos conjuntos habitacionais foi o início do aparecimento dos
novos núcleos de comércio, que influenciaram a abertura de grandes vias e os avanços nos
meios de transporte para a articulação das diversas zonas da cidade.
No terceiro momento é analisado o mapeamento das favelas feito pelo Poder Público
municipal. De acordo com Façanha (1998) entre os anos de 1991 e 1993
11
as favelas de
Teresina cresceram um percentual de 151,79%
.
Entre os anos de 1993 e 1996
12
, por sua vez,
as favelas expandiram-se com um percentual de apenas 5,67%, em relação ao censo anterior.
Essa redução da proliferação de favelas se deve a política habitacional desenvolvida pelo
governo municipal. Política esta que também contribuiu para o espalhamento do tecido
urbano de Teresina, pois o governo retirava as famílias das áreas de risco para conjuntos
8
A construção de conjuntos habitacionais, nas áreas periféricas das cidades, possibilitou o espraiamento da
malha urbana, tornando-se um forte indutor de expansão física das cidades. Compreender essa forma espacial em
Teresina possibilita apreender a própria evolução urbana da cidade. Tal processo espacial foi decorrente da ação
de diversos agentes sociais produtores do espaço urbano, principalmente do Estado, no âmbito federal, estadual e
municipal (FAÇANHA, 1998).
9
Sobre conjuntos habitacionais em Teresina ver Braz e Silva (2004)
10
Segundo Façanha (1998), a descentralização é um processo que ocorre quando a área central de uma cidade
capitalista chega a um momento de esgotamento, no seu processo de evolução. Fazendo com que várias
atividades de comércio, serviços e indústria fiquem localizadas em outras áreas da cidade, distante da área
central.
11
Em 1993, a Prefeitura Municipal de Teresina - PMT, através do primeiro Censo de Vilas e Favelas, registrou a
presença de 141 favelas, com 14.077 moradias que abrigavam 14.542 famílias, totalizando 67.503 pessoas que
representavam 10,52% da população do município (FAÇACHA, 1998)
12
O segundo Censo de Vilas e Favelas, realizado em 1996, detectou a existência de 149 favelas na cidade,
com 24.845 domicílios, abrigando 25.775 famílias e uma população de 94.617 habitantes, representando 12,83%
da população do município que contava com uma população estimada, nesse período, em 737.450 habitantes
(FAÇANHA, 1998).
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
48
habitacionais de interesse social construído em áreas mais periféricas da cidade, localizadas
depois do rio Poti, na extremidade norte do tecido de urbano de Teresina
13
.
No quarto momento, Façanha (1998) discute a produção dos espaços de segregação da
população de alto status da cidade que, como em qualquer lugar, são as áreas que mais
recebem investimentos financeiros, tanto públicos quanto privados. No caso de Teresina, a
partir das décadas de 1960 e 1970, a concentração da população de alto poder aquisitivo
ocorreu na zona leste, mas especificamente na área próxima ao rio Poti. Esta área é a que
possui a infraestrutura urbana de melhor qualidade e a mais bem equipada quando comparada
ao restante da cidade e, atualmente, é a região que possui os maiores valores do solo urbano.
O quinto momento que caracteriza a evolução urbana da cidade é o processo de
verticalização
14
, pelo surgimento de edifícios de alto padrão construtivo, para uma classe de
alto poder aquisitivo de Teresina, que desde a década de 1980 iniciou um expressivo
crescimento. O processo de verticalização iniciou-se próximo à margem esquerda do rio Poti,
após beneficiamento da infraestrutura da área, com a pavimentação das ruas, instalação de
redes de saneamento e construção das Avenidas Marechal Castelo Branco e Barão de Castelo
Branco; o que tornou a área um atrativo para grandes investimentos imobiliários, que
resultaram na concentração dos edifícios residenciais de luxo em Teresina (DIAS, 2003).
Nesse mesmo período foi construído o Parque Potycabana, um grande empreendimento que
tinha por finalidade simular a praia para os teresinenses, com piscinas de ondas artificiais,
localizado em frente aos edifícios de luxo, mas na outra margem do rio Poti (ARAÚJO, 1993
apud DIAS, 2003). É nesse cenário que, também, surgem os primeiros parques lineares
destinados a práticas de exercícios às margens dos rios. Como observa Araújo (1993) apud
Façanha (1998), na Avenida Marechal Castelo Branco, em frente aos edifícios de
apartamentos, existe uma área destinada à prática de caminhadas, reproduzindo, na beira do
rio Poti, uma paisagem típica de cidades litorâneas, “Orla do Poti”.
13
Em parceria com a Caixa Econômica Federal, o Governo Municipal de Teresina financiou a compra de
material de construção para habitação de interesse social. Sendo a construção em regime de mutirão, em que as
pessoas construíam suas próprias casas. Nessas condições surgiram os conjuntos Parque Wall Ferraz, Parque
Brasil I, Parque Brasil II e Parque Francisca Trindade. A implantação desses conjuntos na região norte, além do
rio Poti, contribuiu para o aumento do perímetro urbano da cidade.
14
Segundo Somekh (1997) apud Dias (2003), verticalização é a multiplicação efetiva do solo urbano,
possibilitada pelo uso do elevador. A essa idéia associam-se a característica da verticalidade, o aproveitamento
intensivo da terra urbana (densidade) e padrão de desenvolvimento tecnológico do século XX, demonstrando-se
a relação verticalização/adensamento.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
49
Esses cinco momentos refletem o processo de evolução urbana de Teresina, estabelecidos
pelas características sociais de sua população, ou seja, pelas relações dos agentes sociais que
formam a cidade. Façanha (1998) resume estes momentos na ordem específica de ocorrência
tanto pelo crescimento físico quanto pelo crescimento socioeconômico da cidade:
Os agentes sociais ao tentarem construir suas identidades - enquanto grupo social -
produziram, ao longo do tempo, formas espaciais que representam suas próprias
identidades territoriais. No primeiro período, vale destacar a proliferação dos
conjuntos habitacionais que foram importantes para o crescimento físico da cidade.
A formação dos núcleos de comércio, serviço e indústrias refletiu o próprio
crescimento comercial e espacial da cidade. Vale ainda frisar que os processos e as
formas espaciais, a exemplo das favelas, das áreas de segregação de alto status e das
áreas verticalizadas, encontravam-se em formação, mas já sinalizavam, no tecido
urbano, a presença de novas paisagens, que representavam novos usos do solo
urbano, ou seja, novas formas de apropriação da terra urbana (FAÇANHA, 1998, p.
148).
Como discutido por Façanha (1998), Dias (2003) e Braz e Silva (2004) percebe-se que o
processo de formação espacial de Teresina foi configurado pela necessidade por moradias em
que a construção dos conjuntos habitacionais
15
teve significativa participação. O crescimento
urbano da cidade ocorreu a princípio de forma linear, no sentido norte e sul, ocasionado pela
barreira natural do rio Poti, contudo, as crescentes necessidades por moradia devido ao
aumento populacional fez a cidade se estender além do rio Poti, formando as zonas leste e
sudeste, como se pode visualizar na planta esquemática da figura 32, que mostra a evolução
do tecido urbano de Teresina.
15
A maioria dos conjuntos habitacionais de Teresina foi construída pela Companhia de Habitação do Piauí
(COHAB-PI).
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
50
Figura 32: Planta esquemática do crescimento urbano de Teresina, em que se percebe a evolução da cidade
desde seu núcleo inicial até o ano de 2004, representando a sua atual forma urbana, bem como, se percebe as
principais vias que influenciam o avanço, e fazem a conexão, do seu tecido urbano. Destaque para a construção
dos conjuntos habitacionais de 1960 a 1985, que muito contribuíram para a expansão das periferias de
Teresina.
Fonte: Braz e Silva, 2004
.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
51
No processo de evolução urbana de Teresina, em nenhum momento é percebida a
preocupação com o planejamento dos espaços públicos para a organização do seu tecido
urbano. Diante das necessidades mais urgentes da população, sempre se deixou de lado as
preocupações com seus espaços livres, pois não se interagiu a expansão da cidade com seus
parques públicos, esses espaços foram surgindo ao acaso, em consequência das atuais
necessidades de proteção de seus espaços livres e das necessidades de lazer da sua população.
Segundo essa análise, observa-se que as margens de rios começam a ganhar importância
como espaço livre de lazer com a necessidade de atender a uma classe mais favorecida
economicamente. Essa parcela da população teresinense começa a morar em edifícios de
apartamento de luxo às margens do rio Poti, por conseguinte, veem no espaço de beira-rio um
ambiente de status que imite o calçadão de uma praia, usado para práticas de caminhada, onde
possam ver e ser vistos. Foram frutos desse processo o Parque Ambiental Poti I e o Parque
Ambiental Ilhotas, localizados à margem esquerda do rio Poti onde se iniciou o processo de
verticalização. Atualmente esse processo de verticalização é mais intenso na margem direita
deste rio, o que contribuiu para a implantação do Parque Ambiental Beira Rio.
2.1.2. Dinâmica Urbana de Teresina
A Prefeitura Municipal de Teresina, para efeito de ações administrativas, divide a cidade em
quatro zonas urbanas (centro-norte, sul, leste e sudeste), que são gerenciadas pelas
Superintendências de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SDU), existindo uma para
cada zona da cidade, respectivamente: SDU centro-norte, SDU sul, SDU leste e SDU sudeste
(Figura 33). Essas superintendências são responsáveis pelo desenvolvimento urbano na zona a
qual estão relacionadas, atuando nos serviços urbanos, obras e serviços de engenharia,
habitação, urbanismo, controle e fiscalização das Posturas do Município.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
52
Figura 33: Imagem de satélite que mostra a área de abrangência das SDUs – Centro-Norte, Sul, Leste e Sudeste.
Adaptado Google Earth
Teresina possui atualmente uma área de 1.756 km² de extensão, que abriga uma população de
779.939 habitantes (IBGE, 2009), distribuídas nas quatro zonas que compõem a cidade, sendo
que a zona com maior população é a centro-norte, com 32% da população teresinense
(Gráfico 1).
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
53
Gráfico 1: Distribuição da população de Teresina por zona urbana.
Adaptado Teresina (2009).
A cidade de Teresina está localizada em um ponto privilegiado no meio norte do Brasil e por
estar no interior do estado é a única capital nordestina que não é banhada pelo mar. Esses
aspectos aliados à facilidade de acesso e aos baixos custos tornam a capital um importante
centro de turismo de negócios. Teresina é uma capital com ares de cidade do interior e, como
toda cidade em eixo de conectividade com outras cidades importantes, está em constante
crescimento urbano.
Devido ao ritmo acelerado, o crescimento urbano de Teresina é descontínuo e sem
planejamento; cresce espalhada, todavia articulada pelo seu sistema viário. A abertura de
avenidas largas e extensas, por conseguinte, a instalação de comércio e serviços ao longo das
mesmas, foram fatores determinantes para a articulação da cidade.
Outro aspecto que contribui para a conectividade de Teresina, como observa Matos (2003), é
que o centro da cidade, apesar de perder concentração devido à expansão urbana, ainda exerce
forte influência na população, continuando como um ponto de atração urbana, fazendo com
que a população queira morar próximo a ele, devido às facilidades de acesso a qualquer parte
da cidade.
É importante compreender as características urbanas e sociais de cada uma dessas zonas
urbanas, a fim de entender o modo de vida da população e como estas características
influenciam no uso dos espaços públicos, principalmente dos parques de beira-rio. Assim, faz-
se uma explanação da dinâmica urbana existente em cada uma das suas zonas.
32%
30%
21%
17%
Teresina
Distribuição da população por zona urbana
ZONA CENTRO-NORTE ZONA SUL
ZONA LESTE ZONA SUDESTE
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
54
Zona Centro-Norte
Foi na zona centro-norte que se iniciou o primeiro aglomerado populacional de Teresina, uma
vila de pescadores que sobrevivia da pesca nos rios Poti e Parnaíba, hoje bairro Poti Velho.
É nesta zona, especificamente no bairro Olarias, que ocorre o encontro dos rios Poti e
Parnaíba e consequentemente essa área próxima aos rios é a de cota de nível mais baixa da
cidade. Com isso a região centro-norte apresenta um aglomerado de lagoas
16
, o que a deixa
bastante vulnerável a alagamentos, principalmente, no período das chuvas, entre dezembro e
maio.
Na área central desta zona, distante da região do encontro dos rios, foi implantado o Plano
Saraiva, em 1952, área que hoje corresponde ao bairro Centro e, desde a inauguração da
cidade, é onde está localizada a sede do centro político administrativo municipal.
As tipologias de moradias nesta zona variam desde casas simples de lotes pequenos,
conjuntos habitacionais, residências de alto padrão construtivo, até edifícios de apartamento
de luxo.
Na zona centro-norte existem poucos exemplos de parques públicos com estrutura para o
lazer, no entanto, esta é a zona que mais apresenta parques públicos, como será visto mais
adiante. Como mencionado, entre as quatro zonas da cidade é a que apresenta o maior
número de habitantes (32% da população teresinense), segundo censo 2000, a população
residente nesta zona era de 222.479 habitantes. Outra característica observada nesta região é a
má distribuição de renda: o bairro Frei Serafim apresenta uma renda média mensal do
responsável pelo domicílio de R$ 4.859,56, enquanto o bairro Olarias apresenta apenas R$
197,62 (TERESINA, 2009).
16
Essa região abriga 34 lagoas, algumas naturais, outras artificiais, com profundidades e dimensões variadas.
Essas lagoas compõem um sistema natural de acumulação de água. Todas recebem águas de chuvas e de um
sistema integrado de drenagem composto de vias, canais e galerias, totalizando cerca de 10 km² de área de
captação. Porém, o processo contínuo e desordenado de ocupação, acompanhado da impermeabilização dos
bairros pela construção de novas habitações e da implantação de calçamento das vias com pedras poliédricas, os
problemas de inundação, proporcionados por precipitação, proporcionam efeitos gravíssimos na região
(MOURA e LOPES, 2005). Atualmente na área dessas lagoas está sendo implantado o Programa Lagoas do
Norte, em que a Prefeitura de Teresina visa à implantação de um grande complexo paisagístico com fins de lazer
e turismo para o local. Com o objetivo de qualificar estas áreas degradadas pelas ocupações irregulares.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
55
No intuito de se exemplificar as diferenças socioeconômicas da população de Teresina
utilizou-se de gráficos
17
de distribuição da renda média mensal do responsável pelo domicílio
e população residente na zona. No gráfico é possível notar que quase 50% dos habitantes da
zona centro-norte apresentam uma renda mensal abaixo de três salários mínimos e apenas
23% tem renda superior a seis salários mínimos (Gráfico 2).
Gráfico 2: Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela população residente na zona
centro-norte.
Adaptado TERESINA, 2009.
O bairro Frei Serafim, cuja renda é a mais elevada desta zona, se caracteriza pelo
aparecimento dos primeiros edifícios residenciais de alto padrão construtivo. É também onde
surgiram as primeiras estruturações das margens de rios para a implantação de parques de
beira-rio em formato linear (Parque Poti I e Parque Ambiental Ilhotas); apresentando
calçadões e barras de malhação para a prática de exercícios e um lugar para ver e ser visto, de
modo a atender a classe mais favorecida economicamente.
17
O gráfico está baseado nos dados do IBGE de 2000, em virtude de não ter tido acesso a dados mais recentes
sobre a população teresinense. O salário mínimo levado em consideração para a análise também foi o do ano de
2000. Foi elaborado um gráfico para cada zona da cidade.
44%
33%
23%
Zona Centro-Norte
Faixa de renda por população
até 3 salários mínimos de 3 a 6 salários mínimos
acima de 6 salários minimos
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
56
Zona Sul
A zona sul foi a primeira zona de expansão de Teresina. Esta região teve início com a
construção dos conjuntos habitacionais. Apesar de ser uma região consideravelmente longe do
centro urbano, apresenta muita conectividade com a área central da cidade, conectividade
favorecida por sua malha viária.
As tipologias das moradias são basicamente residências térreas em consequência da
padronização dos conjuntos habitacionais. Porém, como em toda a cidade, aparecem também
residências de alto padrão construtivo e também presença de favelas.
A região sul, segundo o censo 2000, apresenta uma população de 209.327 habitantes. É a
segunda maior zona em termos de população, é menor que a zona centro-norte. Apesar da
maioria da população apresentar um baixo poder aquisitivo, também existe discrepância na
distribuição de renda nessa zona, como em todas as demais zonas da cidade. O bairro Triunfo
é o que apresenta maior renda média mensal do responsável pelo domicílio, com R$ 1.412,27,
enquanto o bairro Areias possui uma renda de R$ 240,51 (TERESINA, 2009).
No gráfico percebe-se que 46% da população desta zona apresentam uma renda média de até
três salários mínimos, sendo que apenas 11% da população possuem renda acima de seis
salários mínimos (Gráfico 3).
Gráfico 3: Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela população residente na zona sul.
Adaptado TERESINA, 2009.
46%
43%
11%
Zona Sul
Faixa de renda por população
até 3 salários mínimos
de 3 a 6 salários mínimos
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
57
Na zona sul os parques públicos são pouco expressivos. Os espaços públicos de maior
representatividade são as praças oriundas da implantação dos conjuntos habitacionais, que
com o passar do tempo foram se consolidando e sendo apropriadas pelos moradores e, hoje,
atendem a população do bairro em que se encontram inseridas. O único parque ribeirinho que
existe nesta zona é o Parque Ambiental Prainha.
Zona Leste
A zona leste é a zona que possui o maior poder aquisitivo da cidade, principalmente o cleo
inicial formado próximo à margem direita do rio Poti. Mas, também, apresenta uma periferia
bem diferenciada, com baixo poder aquisitivo.
Os reflexos disso são os investimentos concentrados na área mais rica da cidade. A área nas
proximidades da margem direita do rio Poti é a que mais recebe investimentos e,
consequentemente mais cuidados com seus espaços públicos, mais segurança etc., ao
contrário do que acontece em sua periferia, onde a população é carente de espaços públicos
estruturados para o lazer. A periferia dessa zona é aquela que, atualmente, mais necessita de
investimentos nos seus espaços públicos.
As tipologias residenciais são casas de alto padrão construtivo em lotes de grandes dimensões.
Essa área, próxima ao rio Poti, é atualmente a mais ativa na construção de edifícios
residenciais de luxo. No entanto, a sua periferia apresenta casas de baixo padrão construtivo,
instaladas em lotes pequenos.
Devido à elevada concentração de renda, essa zona atraiu a construção de shopping centers
para atender a classe mais favorecida economicamente, fato este que contribuiu para que o
comércio da área central da cidade perdesse relativa importância.
Esta zona possui 27 bairros, que segundo o censo 2000, apresentam uma população 143.995
habitantes. A renda mais elevada está no bairro Jóquei Club com uma renda média mensal do
responsável pelo domicílio de R$ 4.559,49, contrapondo com bairros da periferia como o
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
58
Satélite, que apresenta uma renda média mensal do responsável pelo domicílio de R$ 243,80
(TERESINA, 2009).
No gráfico a seguir observa-se que 45% da população residente nesta zona possuem renda
média salarial de até três salários mínimos e 49% apresentam uma renda superior a seis
salários mínimos. Quando comparada esta zona com as demais zonas da cidade, percebe-se
que ela concentra a população com a renda mais elevada da cidade (Gráfico 4).
Gráfico 4: Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela população residente na zona
Leste.
Adaptado TERESINA, 2009..
Entre os seus parques públicos, esta zona concentra dois parques de beira-rio de relativa
importância: parque Zoobotânico, que atende toda à cidade, e o Parque Ambiental Beira-Rio,
atualmente muito frequentado para práticas de caminhada pela população do seu entorno.
45%
6%
49%
Zona Leste
Faixa de renda por população
até 3 salários mínimos de 3 a 6 salários mínimos
acima de 6 salários minimos
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
59
Zona Sudeste
A região sudeste surgiu na década de 1980, a partir da construção do conjunto habitacional
Dirceu Mendes Arcoverde. Esse conjunto foi construído bem distante do centro da cidade
onde estão concentrados os empregos. Na época de sua implantação não existia uma boa
conectividade da malha viária, ao contrário da situação atual, em que existem grandes
avenidas favorecendo a ligação da região sudeste as demais zonas da cidade. A sua distância
do centro da cidade favoreceu um relativo desenvolvimento econômico, que contribuiu para
esta zona se constituir em um importante sub-centro urbano para Teresina, pois teve suprir as
necessidades por empregos e serviços mais cotidianos necessários ao dia-a-dia da população
(BRAZ e SILVA, 2004).
As tipologias residenciais que mais se concentram nesta zona são casas térreas. É a zona que
possui menos bairros, uma vez que se totalizam apenas 20. Segundo o censo 2000, esses
bairros somam uma população de 122.501 habitantes. Percebe-se que entre as regiões
analisadas é a que apresenta a menor população e a menor renda; sendo caracterizada por um
baixo poder aquisitivo, quando comparadas as demais zonas. O bairro que apresenta maior
renda média mensal do responsável pelo domicílio é o Livramento, com uma renda média
mensal de R$ 756,20 e o de menor renda média mensal do responsável pelo domicílio é o
bairro Gurupi, com R$ 215,46 (TERESINA, 2009).
No gráfico pode ser observado que 96% da população possuem renda de até três salários
mínimos, enquanto apenas 4% da população possuem renda entre três e seis salários mínimos,
o que demonstra ser esta a zona mais carente da cidade em nível de renda dos seus habitantes
(Gráfico 5).
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
60
Gráfico 5: Faixa de renda média mensal do responsável pelo domicílio pela população residente na zona
Sudeste.
Adaptado TERESINA, 2009..
Esta zona se apresenta bastante carente de espaços blicos destinados ao lazer. Como na
zona sul, os seus espaços de lazer mais representativo são as praças, porém, estas estão mal
conservadas e pouco estruturadas para essa prática. Esta zona possui apenas um parque, o
Balneário Curva São Paulo, usado para banhos no rio Poti.
As características encontradas nestas quatro zonas são reflexos do processo de ocupação que
ocorreu em cada uma delas e estão presentes nas dinâmicas econômicas, nas tipologias
residenciais, assim como nos cuidados com a manutenção e gerenciamento dos seus espaços
livres de lazer. No entanto, existe uma clara distinção nos investimentos públicos destinado
aos espaços públicos em cada zona, pois aquelas com maior atenção do Poder Público são as
que possuem maior concentração de renda, distinção esta evidenciada na implantação de
parques de beira-rio lineares nas proximidades dos edifícios residenciais de luxo, construídos
às margens do rio Poti. Se os rios cortam toda a extensão da cidade, por que estes espaços às
margens dos rios foram melhor estruturados nas áreas que concentram a população de
maior renda? Primeiramente para a população do bairro Frei Serafim (Zona Centro-Norte) e
atualmente para a população do bairro Jóquei Club (Zona Leste).
96%
4%
Zona Sudeste
Faixa de renda por população
até 3 salários mínimos de 3 a 6 salários mínimos
acima de 6 salários minimos
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
61
A caracterização dessas zonas mostra o quão diferentes são as características da população
teresinense, porém, no geral percebe-se que todas se apresentam carentes de parques públicos.
O quadro 2 mostra uma síntese das características dessas quatro zonas de Teresina.
Zona da cidade Características
Centro-Norte
É a zona mais antiga da cidade.
Apresenta a cota mais baixa de Teresina, por isso possui muitas lagoas artificiais
e naturais.
É onde foram estruturados os primeiros parques de beira-rio de formato linear;
equipados com calçadões, destinados a práticas de lazer cotidiano, como a
caminhada.
É a zona que mais possui parques públicos na cidade.
Sul
Surgiu a partir de conjuntos habitacionais e iniciou a evolução urbana de
Teresina.
É distante do centro urbano da cidade, mas conectada pela malha viária.
Esta zona possui basicamente praças como espaços livres de lazer, possuindo
apenas um parque de beira-rio.
Leste
Atualmente é onde se encontra o vetor de crescimento da cidade.
Atualmente é a zona mais verticalizada de Teresina.
É a zona que apresenta uma maior dinâmica financeira, devido à alta
concentração de renda. Contrapondo-se a uma periferia bastante carente.
É a zona que mais recebe investimentos em manutenção nos seus espaços livres,
porém, o mesmo não ocorre na sua periferia.
Sudeste
Originou-se a partir da construção do conjunto habitacional Dirceu Arcoverde.
É distante do centro.
É a que possui a menor quantidade de bairros e a que concentra a menor renda da
cidade.
Seus espaços livres públicos de lazer são as praças.
Possui apenas um parque de beira-rio.
Quadro 2: Síntese das características das zonas que formam a cidade de Teresina
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
62
2.2. Parques públicos de Teresina
Este estudo delineia o panorama dos usos dos parques públicos de Teresina, destacando o uso
dos parques implantados às margens dos rios que banham a cidade. Desta forma, para
compreender como os parques de Teresina encontram-se inseridos no seu tecido urbano, faz-
se necessário uma investigação das determinações constantes na legislação municipal e a sua
aplicação, para entender a atual situação em que esses parques se encontram.
A Lei de Uso do Solo Urbano de Teresina
18
define a organização do espaço urbano a fim de
orientar a utilização do solo quanto ao uso, à distribuição da população e ao desempenho das
funções urbanas, como também, promove uma estruturação urbana para melhorar a
distribuição e articulação dos pólos de dinamização, além de preservar os elementos naturais
da paisagem urbana e os sítios de valor histórico e cultural. Para o uso do solo, a área urbana
de Teresina fica dividida nas seguintes zonas: Zona Residência (ZR), Zona Comercial (ZC),
Zona de Serviço (ZS), Zonas Industriais (ZI), Zonas Especiais (ZE) e Zonas de Preservação
Ambiental (ZP).
As zonas de preservação ambiental são áreas limitadas em decorrência do interesse de
preservação de espaços verdes, sítios históricos e/ ou culturais. Nas Zonas de Preservação
Ambiental (ZP)
19
estão inseridos os parques públicos de Teresina. Estas estão divididas em
oito partes, de ZP1 a ZP8, e quatro delas são de interesse deste estudo, pois fazem parte dos
espaços livres de Teresina: ZP4 a ZP8
20
. As áreas destinadas as Zonas de Proteção Ambiental
estão localizadas principalmente às margens dos rios, ao se correlacionar estas áreas ao
Código Florestal Brasileiro, são Áreas de Proteção Permanente (APPs), como pode ser
observado no mapa de uso e ocupação do solo da cidade (Figura 34).
18
Lei Complementar n° 3.560, de 20 de outubro de 2006.
19
Atualmente a Lei complementar Municipal 3563, de outubro de 2006, baseada na Lei Municipal 1939/ 88,
cria Zonas de Preservação Ambiental e institui normas de proteção dos bens de valor cultural e dá outras
providências.
20
As demais zonas, da ZP1 a ZP3, tratam das áreas de proteção dos bens de valor cultural.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
63
10km
0
Figura 34: Planta de uso e ocupação do solo de Teresina, em que se pode ver as áreas destinadas a proteção ambiental
(ZP), nas cores verde
21
.
Fonte: SEMPLAN (2006)
21
Apenas a ZP7 não se encontra representada no mapa, são áreas destinadas às praças nos loteamentos
aprovados pela Prefeitura Municipal e aparecem à medida que os zoneamentos são realizados, como explicado
no quadro 4.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
64
Na ZP 4 estão localizados os parques públicos e as praças consolidados e é a zona de
interesse deste estudo. Nas demais zonas encontram se áreas que futuramente podem vir a si
tornar parques públicos e que merecem ser salvaguardadas diante do crescimento urbano
acelerado. A ZP 5 trata das áreas especiais no tecido urbano da cidade que devem ser
protegidas por estarem próximas as margens dos rios e lagoas e das áreas que possuem
declividade acentuada. A ZP 6 trata das propriedades privadas que tem potencial de se
tornarem parques públicos. As ZP7 são áreas destinadas a praças a serem implantadas dentro
dos loteamentos habitacionais aprovados pela prefeitura. A ZP 8 engloba as áreas marginais
aos rios que não estão incluídas na ZP5 (Quadro 3).
Zona de Proteção Ambiental Compreendem
ZP4
Praças e parques do município já consolidados.
ZP5
I - Encostas com declividades superiores a 30% (trinta por cento);
II - Áreas marginais ao rio Parnaíba, correspondentes a uma faixa com
largura de 200 m (duzentos metros), salvo quando estejam ocupadas,
caso em que a faixa tem a largura da área ainda não ocupada;
III - Áreas marginais ao rio Poti, correspondentes a uma faixa com largura
de 100m (cem metros), salvo quando estejam ocupadas, caso em que a
faixa tem a largura da área ainda não ocupada; e
IV - Áreas das lagoas e respectivas margens, correspondentes a uma faixa
de 30m (trinta metros).
ZP6
Áreas de interesse paisagístico, de propriedade privada, que devem ser
utilizadas para implantação de parques.
ZP7
Terrenos destinados à implantação de praças nos loteamentos aprovados
pela Prefeitura Municipal
ZP8
Áreas próximas aos rios, não integrantes da ZP5.
Quadro 3: Síntese das ZPs que tratam dos espaços livres de Teresina
Adaptado SEMPLAN, 2009.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
65
Os três primeiros parques da cidade surgem entre os anos 1979 e 1988, sendo que até hoje são
parques que apresentam mais representatividade junto à população. O primeiro parque
público implantado em Teresina foi o Parque Zoobotânico, com fins de preservação da flora e
fauna, com a instalação do zoológico da cidade em 1979. Posteriormente, em 1980, surge o
Parque Ambiental do Mocambinho como uma área destinada à preservação ambiental. Em
sequência, surge o Parque da Cidade em 1988, que além de servir como área de preservação
ambiental ainda tinha como objetivo proporcionar área de lazer para os teresinenses.
Kallas e Machado (2005) fizeram um levantamento de todos os parques públicos existentes
em Teresina e encontrados um total de 31 parques. Segundo as autoras, 14 parques desse total
não apresentavam nenhum tipo de atividade de lazer que os caracterizassem como parques
públicos (Figura 35).
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
66
10km
0
Figura 35: Planta esquemática de distribuição de parques da cidade de Teresina.
Fonte: Kallas e Machado (2005)
N
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
67
Em 2004, baseados na Lei Municipal 1939/88, a Prefeitura de Teresina apresentou uma
relação de 31 parques municipais. No entanto, a SEMAM
22
em 2007 fez um novo
levantamento dos parques baseados na Lei Federal 9985/2000 que institui o SNUC
23
, em que
se definem as áreas de preservação ambiental em parques ou bosques. Nesta nova listagem,
Teresina apresenta 16 parques e 15 bosques, num total de 197,52 ha de área vegetada
(MATOS et al., 2008).
Em Teresina, percebe-se que não existe uma legislação específica para a criação de parques
públicos, no entanto, existem áreas reservadas para a implantação destes espaços,
determinadas a partir das Zonas de Proteção Ambiental definidas na Legislação Municipal.
Vale ainda ressaltar que alguns parques surgem, muitas vezes, apenas do interesse em
preservar área de vegetação nativa e, assim, designam-na como parque, tal como aconteceu
com os parques Caneleiro I e Caneleiro II, criados para preservar área vegetada, porém, sem
nenhuma infra-estrutura que lhes permitam apropriação pelos usuários. Esses tipos de parques
não contribuem para a melhoria da qualidade de vida urbana de Teresina, pois não são usados
pela população, que não nele nenhum atrativo, e nem recebem investimentos das
autoridades públicas, focadas em simplesmente cercar o local.
Quanto à delimitação dos parques, estes espaços obedecem ao limite dos bairros em que estão
inseridos. De certa forma é uma política administrativa de poder gerenciar e cuidar dos
espaços, pois, como a cidade está dividida por setores administrativos e como ainda não existe
um órgão responsável exclusivamente pelas áreas de parques, a responsabilidade de
gerenciamento e manutenção de cada parque é de responsabilidade da Superintendência de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SDU) a que o bairro encontra-se relacionado.
Podem citar-se, como exemplo, o Parque Encontro dos Rios que tem seus limites delimitados
ao bairro Olarias. Quando possível esses parques são delimitados pelas ruas principais que
chegam até ele, como é o caso do parque Ambiental da Prainha que é delimitado pela Rua
Joaquim Ribeiro e a Avenida Getúlio Vargas, que chegam perpendiculares ao parque.
Em relação à distribuição dos parques públicos em Teresina, eles não apresentam nenhum
22
Secretaria Municipal de Meio Ambiente
23
A SEMAM fez esse levantamento baseado na Lei Federal 9.985, de 18 de junho de 2000, que cria o SNUC
(Sistema Nacional de Unidades de Conservação), no entanto, não existe nenhum registro oficial que
determinasse a criação de parques dentro dessa lei. Foi apenas uma iniciativa do Secretário Municipal de Meio
Ambiente em tentar organizar os parques segundo as características que eles apresentavam.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
68
critério que os regule, eles são implantados em decorrência do interesse que se pretende
atingir com a sua criação. Esse fato é percebido principalmente quando se observa a atual
situação da distribuição dos parques no seu tecido urbano. Percebe-se que a princípio um
estudo desses parques localizados às margens dos rios pode contribuir para integrá-los em um
sistema de espaços livres para o lazer, distribuídos de forma mais equitativa na cidade. Pois, a
legislação municipal destina estes espaços, das margens dos rios, para a implantação de
parques destinados ao uso de lazer para população.
Vale ainda ressaltar, que embora a Legislação Federal só veio a permitir o uso das áreas de
APPs com a Resolução CONAMA
24
369/2006, na década de 1990, segundo Matos et al
(2008), o Poder Público de Teresina passou a tomar algumas medidas visando à preservação
dos rios, destacando-se entre eles o Projeto Parques Ambientais
25
, que tinha como objetivo
principal implementar uma política de conservação e ampliação de áreas verdes preservadas,
com a implantação de parques às margens dos rios. Pois, estas áreas encontravam-se
ameaçadas de todo e qualquer tipo de ação antrópica, por exemplo, dejetos de esgotos,
construções irregulares de habitações, etc. Nessa época, a criação destes parques de beira-rio
ganhou força diante das preocupações em resguardar as margens dos rios e o verde urbano
diante do acelerado crescimento da cidade. O objetivo era mostrar as áreas ribeirinhas para a
população, implantando locais onde pudesse haver usos de lazer.
Segundo Vieira (2008), essa medida de implantação de parques ambientais às margens dos
rios na cidade de Teresina resolve o conflito entre as áreas de APPs e as áreas urbanas, pois o
Poder Público deve retirar as ocupações ilegais nas margens dos rios e proteger com a criação
de parques.
Nestes últimos anos, esses parques têm ganhado notoriedade por parte da população, por
causa das suas mudanças de hábitos. Esses parques localizados às margens dos rios são os que
mais apresentam função de lazer na cidade, por isso, são mais apropriados pela população.
Apesar de apresentarem precária infraestrutura eles têm grande potencial de uso, no entanto,
necessitam ser mais bem estruturados e gerenciados tanto pela prefeitura quanto pelos
usuários. Baseado no levantamento de Kallas e Machado (2005) apresenta-se um panorama
24
Conselho Nacional de Meio Ambiente
25
Projeto que tinha como objetivo implantar parques nas margens dos rios Poti e Parnaíba.
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
69
dos parques existentes em Teresina, destacando os usos, quando discriminados, e quais são
aqueles localizados às margens dos rios. (Quadro 4)
Parque Bairro Área Uso principal Localizado à
margem dos rios
zona centro-norte
01 Parque da Cidade
Primavera 17 ha Esporte
Sim
02 Parque Ambiental de Teresina
Mocambinho 36 ha Educação
Ambiental
Não
03 Parque Ambiental Encontro dos Rios
Olarias 3 ha Turismo
Sim
04 Parque Ambiental do Acarape
Acarape 12 ha Esporte
Sim
05 Parque Ambiental Poti I
Porenquanto e
Cabral
16 ha Esporte
Sim
06 Parque Vila do Porto
Água Mineral 5,5 ha Esporte
Sim
07 Parque Ambiental São Pedro
Poti Velho 0,5 ha Nenhum
Sim
08 Parque Nova Brasília
Nova Brasília 1 ha Nenhum Não
09 Parque Ambiental da Ilhotas
Ilhotas 8 ha Esporte
Sim
10 Parque Mocambinho
Mocambinho 1 ha Nenhum Não
zona sul
11 Parque Ambiental Haroldo Vaz
Santo Antônio 0,5 ha Esporte Não
12 Parque Ambiental Prainha
São Pedro e
Vermelha
12 ha Esporte
Sim
13 Parque Ambiental Boa Vista
Vila Boa Vista 2 ha Nenhum Não
14 Parque Ambiental São João
Parque São
João
15 ha Esporte Não
15 Parque Ambiental Porto Alegre
Res. Porto
Alegre
4 ha Esporte Não
16 Parque Ambiental Porto Alegre I
Loteamento
Porto Alegre
2 ha Esporte Não
17 Parque Ambiental Santa Clara
Santa Clara 0,5 ha Esporte Não
18 Parque Ambiental Sete Estrelas
Loteamento
Sete Estrelas
0,5 ha Nenhum Não
19 Parque Ambiental Macaúba
Macaúba 0,5 ha Esporte Não
zona leste
20 Parque Mini-Horto
Noivos 1,8 ha Nenhum Não
21 Parque Floresta Fóssil
Noivos 13 ha Educação
Ambiental
Sim
22 Parque Beira Rio
Jóquei Club e
Fátima
26 ha Esporte
Sim
23 Parque N. S. do Livramento
Ininga 0,36 ha Nenhum Não
24 Parque Caneleiro I
Ininga 0,5 ha Nenhum Não
25 Parque Marina
Residencial
Marina
1 ha Nunhum Não
26 Parque Vale do Gavião
Vale do Gavião 19,7 ha Nenhum Não
27 Parque Potycabana
Noivos 9 ha Banho
Sim
28 Zoobotânico
Zoobotânico 137 ha Zoológico
Sim
zona sudeste
29 Parque Caneleiro II
Alto da
Ressurreição
1 ha Nenhum Não
30 Parque Frei Damião
Gurupi 1,8 ha Nenhum Não
31 Balneário Curva São Paulo
Parque Poti 5 ha Banho
Sim
Quadro 4: Relação de todos os parques existentes em Teresina e destaque para aqueles que estão localizados às
margens dos rios.
Adaptado Kallas e Machado (2005)
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
70
Dos 31 parques listados no quadro 5, 13 parques encontram-se nas margens dos rios, e apenas
um não apresenta nenhuma atividade de lazer o Parque Ambiental São Pedro (Figuras 36 e
37) –, todos os demais são potencialmente locais de lazer e entretenimento para a população
teresinense.
Figura 36: Imagem de satélite do Parque Ambiental São Pedro
Adaptado Google Earth, 2009
Figura 37: Vista do parque Ambiental
São Pedro
Dos 18 parques que não se encontram nas margens dos rios, somente o Parque Ambiental de
Teresina apresenta notoriedade pela sua grande área de reserva vegetal. Com uma área de 36
hectares, é o segundo maior parque em dimensionamento existente em Teresina, é menor
que o parque Zoobotânico (137 ha), sendo um importante local para práticas de atividades de
educação ambiental, como palestras, visitas orientadas ao parque, explicando sua flora e fauna
silvestre. Nas dependências do parque existe a sede administrativa, um museu de bichos
empalhados, um auditório onde são feitas as palestras, e um viveiro de mudas que abastece
diversas praças da cidade (Figuras 38 e 39).
Capítulo 2 – Teresina e seus parques públicos
71
Figura 38: Imagem de satélite do Parque Ambiental de Teresina, mostrando
sua localização na cidade.
Adaptado: Google Earth, 2009
Figura 39: Vista das trilhas existentes
no Parque Ambiental de Teresina.
Os demais parques necessitam de infraestrutura para representarem espaços de lazer para a
população, pois, na maioria são espaços carentes em estrutura, manutenção e gerenciamento,
fatores imprescindíveis para uma possível apropriação do espaço pelos usuários. Os parques
Ambientais Haroldo Vaz, Santa Clara, Sete Estrelas, Macaúba e Caneleiro I, que possuem
apenas 0,5 ha, são espaços sem atributos ou atrativos para práticas de lazer que incentivem a
sua apropriação pela população.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
72
3. PARQUES DE BEIRA-RIO DE TERESINA
Observa-se que os parques públicos de Teresina mais significativos, quanto às funções de
lazer, estão localizados às margens dos seus rios. Percebe-se, que estes parques são os mais
apropriados pela população. Assim sendo, as funções representadas por estes espaços
demonstra o panorama dos parques destinados ao lazer na cidade.
Como mencionado no capitulo 2, dos treze parques de beira-rio de Teresina somente um não
apresenta função de lazer. Sendo assim, a análise inicial dos parques de beira-rio de Teresina
está baseada num estudo preliminar desses doze parques, que apresentam algum tipo de uso
de lazer, a fim de se entender a funcionalidade desses espaços na cidade (Quadro 6 e Figura
38).
Entre estes doze parques encontram-se o parque Zoobotânico, o zoológico da cidade, e parque
Encontro dos Rios, o principal ponto turístico da cidade; estes parques são aqueles com maior
variedade de público, uma vez que, além do público teresinense, também recebem visitantes
de fora da cidade.
Dois desses doze parques de beira-rio têm como uso principal o banho: Balneário Curva São
Paulo e parque Potycabana. No Balneário Curva São Paulo o banho é no rio Poti, sendo que
este parque é utilizado, principalmente, pela população residente no seu entorno. Já o parque
Potycabana tem características de um clube, pois os banhos são em piscinas de ondas
artificiais, com tobogã. No entanto, o parque encontra-se desativado, privando a população de
um espaço que poderia ser utilizado para práticas de lazer.
O Parque da Cidade é o que apresenta maior variedade de funções de lazer entre os parques
analisados e atende principalmente a população do seu entorno. Apenas eventualmente, em
ocasiões especiais como Semana da Criança ou Semana do Meio Ambiente, ele atende a um
número maior de visitantes.
Dos doze parques de beira-rio, oito deles possuem formato linear, sendo que cinco desses oito
oferecem calçadões para práticas de caminhadas, tão comuns atualmente: Parque Ambiental
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
73
do Acarape, Parque Ambiental da Prainha, Parque Ambiental Poti I, Parque Ambiental da
Ilhotas e Parque Ambiental Beira Rio.
No quadro 5 e na figura 40 estão relacionados os doze parques de beira-rio que apresentam
alguma função de lazer na cidade.
Parque Bairro Área Principal uso
Zona Centro-norte
01 Parque Ambiental do Acarape
Acarape 12 ha Esporte
02 Parque Ambiental Encontro dos Rios
Olarias 3 ha Turismo
03 Parque Vila do Porto
Água Mineral 5,5 ha Esporte
04 Parque da Cidade
Primavera 17 ha Esporte
05 Parque Ambiental Poti I
Porenquanto e
Cabral
16 ha Esporte
06 Parque Ambiental da Ilhotas
Ilhotas 8 ha Esporte
Zona Sul
07 Parque Ambiental Prainha
São Pedro e
Vermelha
12 ha Esporte
Zona Leste
08 Zoobotânico
Zoobotânico 137ha Zoológico
09 Parque Beira Rio
Jóquei Clube e
Fátima
26 ha Esporte
10 Parque Potycabana
Noivos 9 ha Banho
11 Parque Floresta Fóssil
Noivos 13 ha Educação Ambiental
Zona Sudeste
12 Balneário Curva São Paulo
Parque Poti 5 ha Banho
Quadro 5: Relação dos parques de beira-rio de Teresina, destacando a sua localização na cidade, a sua área e o
seu principal uso.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
74
Figura 40: Imagem de satélite de Teresina – destaque para a distribuição de doze parques de beira-rio mostrando
o formato apresentado por cada parque.
Adaptado Google Earth (2009).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
75
Embora, esses doze parques destacados na figura 38 possuam potencialidades de usos pela
população, nem todos têm condições de uso de lazer. Alguns estão em péssimo estado de
conservação, não possuindo serviços regulares de manutenção e gerenciamento. Neste
sentido, faz-se necessário um entendimento sobre as peculiaridades desses espaços, pois são
eles os presentes no cotidiano da população teresinense.
Os parques de beira-rio de Teresina apresentam diferentes funções e têm condições de serem
apropriados nas potencialidades que possuem. A partir de um cenário sobre estes espaços,
encontra-se um encadeamento de funções entre eles. No Quadro 6 são demonstradas as
características gerais dos parques de beira-rio em foco neste estudo.
Parques de beira-rio Características gerais Imagem
Zona Centro-Norte
01 Parque Ambiental do Acarape
Área: 12 ha
Formato: linear
Principal uso: prática
esportiva
Localização: bairro Acarape
Estado de conservação regular. É
bastante utilizado para as práticas de
caminhada, pois possui um
calçadão. No entanto, o calçadão é
estreito e a pavimentação de
concreto pré-moldado em placas
está necessitando de reparos. Atende
principalmente a população do
bairro Acarape.
02 Parque Ambiental Encontro
dos Rios
Área: 3 ha
Formato: península
Principal uso: turismo
Localização: bairro Olarias
O parque apresenta bom estado de
conservação, mas tem deficiências
na manutenção. É o principal ponto
turístico da cidade, pois o local
simboliza a história, a cultura e as
lendas de Teresina.
03 Parque Vila do Porto
Área: 5,5 ha
Formato: linear
Principal uso: prática
esportiva
Localização: bairro Água
Mineral
Em péssimo estado de conservação
e sem manutenção regular. No local
existem apenas duas quadras e um
campo de futebol. O parque não
apresenta nenhum desenho
paisagístico identificável. Atende
principalmente a população do
bairro Água Mineral.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
76
04 Parque da Cidade
Área: 17 ha
Formato: quadrangular
Principal uso: prática
esportiva
Localização: bairro Primavera
O parque apresenta bom estado de
conservação, sendo bastante usado
para a prática de esportes, como
jogo de futebol de campo e de
quadra. Na área do parque também
existe playground e atividades de
educação ambiental. Atende
principalmente a população dos
bairros vizinhos.
05 Parque Ambiental do Rio Poti
I
Área: 16 ha
Formato: linear
Principal uso: prática
esportiva
Localização: bairros
Porenquanto e Cabral
Em bom estado de conservação.
Usado para práticas de caminhada,
possui um excelente calçadão,
amplo e com um bom revestimento
de piso bloco de concreto
intertravado colorido. Também
possui um campo de futebol
improvisado e ainda uma pracinha.
Atende principalmente a população
dos bairros em que está localizado.
06 Parque Ambiental Ilhotas
Área: 8 ha
Formato: linear
Principal uso: prática
esportiva
Localização: bairro Ilhotas
Apresenta bom estado de
conservação. Bastante usado para
práticas de caminhada e exercícios
em aparelhos de ginástica. Possui
um amplo calçadão pavimentado em
bloco de concreto intertravado
colorido e uma bateria de
equipamentos de ginástica. Atende
basicamente a população residente
nos bairro Ilhotas e Frei-serafim.
Zona Sul
07 Parque Ambiental da Prainha
Área: 12 ha
Formato: linear
Principal uso: prática
esportiva
Localização: bairros São
Pedro e Vermelha
Tem formato linear, está em
péssimas condições de uso. Não
possui nenhum atrativo que estimule
a sua apropriação pela população.
Cenário de rica beleza cênica,
porém, localizado em um ponto
marginalizado na cidade.
Constantemente vítima de vândalos
e ponto de encontro de usuários de
drogas. Não há investimentos em
segurança ou em atividades de lazer
como, por exemplo, o calçadão
pavimentado em pedra portuguesa
se apresenta bastante desgastado.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
77
Zona Leste
08 Parque Zoobotânico
Área: 137 ha.
Formato: irregular.
Principal uso: visitação aos
animais.
Localização: bairro
Zoobotânico
É o Zoológico da cidade. Atrai
muitas famílias e escolas de toda a
cidade que levam as crianças para
conhecer os animais existentes no
parque. Apresenta um bom estado
de conservação e manute]nção. O
ponto negativo é o percurso do
portão de entrada até o zoológico
propriamente dito, que é muito
extenso (2 km) para quem não
dispõem de transporte particular.
09 Parque Ambiental Beira Rio
Área: 26 ha
Formato: linear
Principal uso: prática
esportiva e entretenimento
Localização: bairros quei
Club e Fátima
O parque tem formato linear.
Apresenta um bom estado de
conservação e manutenção. É
bastante usado para as práticas de
caminhada, possui um amplo
calçadão pavimentado em blocos de
concreto intertravado e, como local
de entretenimento noturno nos
quiosques que ficam localizados na
sua área. Possui um entorno bastante
diversificado e dinâmico o que
influencia na sua alta frequência de
uso, atendendo a vários bairros
vizinhos
10 Parque Potycabana
Área: 9 ha
Formato: linear
Principal uso: banho em
piscinas de ondas artificiais
Localização: bairro dos Noivos
A maior parte de sua área é de piso
impermeabilizado em pedra
portuguesa e em concreto pré-
moldado em placas. Projetado com
piscinas de ondas artificiais.
Encontra-se desativado. Em
ocasiões especiais, como, por
exemplo, nas festas juninas, ele é
aberto ao público.
11 Parque Floresta Fóssil
Área: 13 ha
Formato: linear
Principal uso: educação
ambiental.
Localização: bairro dos Noivos
Área onde se encontram fósseis de
tronco de árvores, com
aproximadamente 240 milhões de
anos. O parque está destinado à
preservação dos fósseis e aos
estudos ambientais. É utilizado
apenas por escolas que agendam
visitas ao local. Atualmente, uns dos
pontos ainda não utilizados para
atividades turísticas, com maior
potencial para tais atividades.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
78
Zona Sudeste
12 Balneário Curva São Paulo
Área: 5 ha
Formato: baía
Principal uso: banho no rio
Poti e entretenimento
Localização: bairro Parque
Poti
Em bom estado de conservação e
manutenção. É bastante usando para
banhos no rio Poti e entretenimento
nos bares e restaurantes. É mais
frequentado nos fins de semana
quando as pessoas dispõem de mais
horas livres para permanecer no
local. É mais utilizado pela
população dos bairros vizinhos.
Quadro 6: Cenário dos parques de beira-rio de Teresina.
O cenário formado por estes parques de beira-rio representa um leque de variedades de usos
para práticas de atividades de lazer. Cenário este que, se houvesse uma preocupação em
qualificar estes parques em um sistema integrado, supriria as diferentes demandas da
população por lazer, as quais, ocasionalmente, são atendidas pela atual estrutura destes
parques. Percebe-se a ausência de uma política de ações por parte da esfera pública
responsável para potencializar o uso desses parques. Ausência que se reflete nos escassos
investimentos em infraestrutura, manutenção, operacionalização das funções e divulgação dos
parques, prejudicando a consolidação do uso desses espaços pela população para as atividades
de lazer.
3.1. Critérios para a análise dos parques de beira-rio
O tempo de permanência nos parques pode ser de algumas horas ou dias inteiros, pois está
condicionado ao tempo livre dos seus usuários. A quantidade de usuários em dias úteis é
diferente da quantidade em finais de semana ou feriados. Como também, em feriados
prolongados o número de usuários não é o mesmo que em feriados comuns ou finais de
semana. Esta variação é explicada pelas diferentes demandas da população por lazer e pelos
diferentes atributos existentes em cada espaço. A apropriação dos parques está diretamente
relacionada à qualidade da sua infraestrutura, localização e facilidades de acesso, porque esses
aspectos influenciam na abrangência de público desses parques na cidade, e
consequentemente, na frequência dos usuários.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
79
Segundo Magnoli (2006):
A apropriação dos espaços pelo homem para suas necessidades e atividades é criada
em âmbitos locais, setoriais, urbanos, metropolitanos, sub-regionais e regionais em
função da proximidade espacial. A proximidade espacial, movimento, exige
permeabilidade entre os espaços por meios diversificados e amplos de locomoção. A
distribuição de espaços livres para serem apropriados pelo homem (sistema de
parques) fica vinculada às maneiras de acessos disponíveis em cada uma das escalas
de urbanização, e à freqüência dos usuários. Freqüência, utilização, apropriação em
sentido amplo diz respeito à duração e periodicidade de tempo disponível. Isso
conduz esquematicamente (e ainda grosseiramente) a usos diários, semanais, de
feriados, de férias curtas ou prolongadas. É pela relação entre o uso diário e a
duração, de nível local. Para atividades de longa duração, o tempo de acesso passa a
ter pequena interferência, permitindo localizações regionais. toda uma gama de
diversificação de distribuição espacial que fica inserida entre os dois extremos e é
função da freqüência dos usuários e da localização e facilidades de acesso.
(MAGNOLI, 2006, p. 203).
A partir da abrangência de atendimento aos usuários, os parques de Teresina são classificados
em categorias tipológicas. De acordo com legislação municipal
26
de Teresina, os seus parques
públicos estão divididos em parque regional e parque urbano (Quadro 7).
Categoria Abrangência
Parque Regional
Regional a um conjunto de bairros vizinhos
Parque Urbano
Em nível de cidade
Quadro 7: Categorias de parques públicos em Teresina segundo a Lei Complementar nº 3563/2006.
Adaptado SEMPLAN, 2009.
Considerando que as categorias adotadas pela legislação municipal de Teresina não contempla
todas as peculiaridades dos parques de beira-rio, pois as tipologias parque regional e parque
urbano são insuficientes para classificar os parques de beira-rio quanto às suas
funcionalidades, este estudo adota as categorias elaboradas por Barcellos (1999), utilizadas
em estudo realizado sobre a rede de parques do Distrito Federal: parques metropolitanos,
parque de setor urbano e parque de vizinhança. Estas categorias melhor se ajustam as
características dos parques ribeirinhos de Teresina (Quadro 8).
26
Lei Complementar nº 3.563 de 20 de outubro de 2006.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
80
Categorias tipológicas Abrangência
Parque Metropolitano
Parques de grandes dimensões, fácil acessibilidade, variedade de
infraestrutura e atrativos de lazer para atender grande contingente da
população. Uso mais concentrado nos fins de semana e feriados
prolongados, mas também atendem a usos mais cotidianos da
população que vive no entorno do parque.
Parque Setor Urbano
Parques em que a localização, acessibilidade, dimensões e
infraestrutura se destinam ao atendimento das demandas da população
de determinado setor urbano. Pela sua localização e acessibilidade
possibilitam uma maior frequência de uso que os parques da categoria
anterior.
Parque de Vizinhança
Tem como característica o atendimento das demandas mais imediatas e
cotidianas da população com relação ao lazer. De modo geral, são
espaços livres de pequenas dimensões que se encontram no interior de
áreas urbanas eminentemente residenciais.
Quadro 8: Categorias de parques utilizadas por Barcellos (1999) para o Distrito Federal
Adaptado Barcellos, 1999, p. 126
Barcellos (1999) fez uma adaptação das categorias elaboradas por Kliass e Magnoli (1969),
quando fizeram a classificação da rede de parques de São Paulo: parque de vizinhança, parque
de bairro, parque setorial e parque metropolitano. No entanto, essas categorias não são
compatíveis com os aspectos analisados nos parques de beira-rio de Teresina
(Quadro 9).
Categorias tipológicas Abrangência
Parque de vizinhança
Parques destinados a recreação de crianças de 0 a 10 anos. Seu raio
máximo de atendimento é de 500m, sem travessia de ruas de trânsito
intenso.
Parque de bairro
Parques destinados à recreação de jovens de 11 a 24 anos. Seu raio de
máximo de atendimento é de 1.000m
Parque setorial
Parques destinados à recreação de toda a população do município, com
equipamentos para utilização em fins de semana, com raio máximo de
atendimento de 5.000m.
Parque metropolitano
Parques destinados à recreação de toda a região metropolitana,
localizados nas reservas florestais junto às represas, etc.
Quadro 9: Categorias de parques utilizadas por Magnoli e Kliass (1969) para São Paulo
Adaptado Magnoli e Kliass, 1969, p. 6.
Neste estudo se classifica os parques de beira-rio de Teresina nas categorias elaboradas por
Barcellos (1999), Parque Metropolitano, Parque de Setor Urbano e Parque de Vizinhança
por estas se apresentarem mais próximas as análises realizadas e as características encontradas
nos parques estudados.
As categorias adotadas por Magnoli e Kliass (1965) delimitam a faixa etária dos usuários dos
parques, o que não se indentifica nos parques de beira-rio de Teresina, pois os parques são
usados por distintas faixas etárias. Enquanto as categorias utilizadas pela Prefeitura Municipal
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
81
de Teresina são muito genéricas e não caracterizam as especificidades de abrangência de uso
encontradas nos parques.
As categorias de Barcellos (1999) são aplicadas considerando localização, acesso e funções
dos parques de beira-rio de Teresina. Desta forma, a categoria parque metropolitano é adotada
segundo a funcionalidade do espaço público e não segundo o seu tamanho. A categoria parque
de setor urbano está diretamente ligada às condições de localização e facilidades de acesso do
parque. São parques que atendem a demandas de lazer mais cotidianas da população e, pela
localização e acesso, abrangem público maior que o parque de vizinhança. A categoria parque
de vizinhança está relacionada aos espaços destinados ao atendimento das demandas mais
imediatas e cotidianas de lazer da população. Aqui o interesse não são as dimensões destes
espaços, mas a sua localização em áreas urbanas eminentemente residenciais ou, ainda, as
condições de infraestrutura. Os parques de vizinhança abrangem uma quantidade e variedade
de público menor do que as demais categorias.
Os parques metropolitanos são: Parque Floresta Fóssil, Parque Potycabana, Parque
Zoobotânico e Parque Encontro dos Rios. O Parque Floresta Fóssil
27
, apesar, e
principalmente, da falta de investimento, possui potencial para se tornar uns dos pontos
turísticos da cidade. Tal potencial se explica pela importância histórica, uma vez que em seu
espaço são encontradas peças fósseis de cerca de 240 milhões de anos. Tal descaso com os
parques públicos da cidade é refletido também com o abandono do Potycabana, clube que
possui piscinas de ondas artificiais, que tinha como objetivo simular as ondas do mar, tendo
como fundo o rio Poti.
O Parque Zoobotânico tem a função de zoológico da cidade, atraindo visitas de toda a cidade
e de cidades vizinhas. Já o Parque Ambiental Encontro dos Rios é, atualmente, o ponto
turístico de maior destaque, marca o encontro das águas do rio Poti com o rio Parnaíba,
possuindo elementos que simbolizam a história e cultura da população teresinense.
Entre os parques de setor urbano encontram-se: o Parque da Cidade, Parque Ambiental Beira
Rio e Balneário Curva São Paulo. Os parques Ambiental Beira Rio e da Cidade são bem
27
A Floresta Fóssil de Teresina é único lugar do Brasil onde se pode ver troncos fossilizados na posição de vida,
ou seja, eles não foram carregados para lá, nasceram e viveram no local aproximadamente 240 milhões de
anos. foram catalogados sessenta troncos petrificados. -
<http://www.piauionline.com.br/florestafossil/arquivos/florestafossil.htm>
Acessado em 12 de mai de 2009.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
82
localizados e possuem fácil acessibilidade, tendo uso mais cotidiano. O primeiro é usado mais
para práticas de caminhadas e exercícios em barra, enquanto o segundo é mais usado para
jogos de futebol. Essas atividades possibilitam frequência diária dos usuários, concentrando
no começo e no fim do dia os maiores números de frequentadores.
O Balneário Curva São Paulo, por ser o único que apresenta atividade de banho no rio Poti,
deveria abranger uma parcela maior da população teresinense, porém, o o faz porque está
distante do centro urbano, atendendo principalmente os moradores dos bairros circunvizinhos.
Como a sua atividade principal é o banho no rio Poti, o uso mais frequente é nos fins de
semana ou feriados, pois essa atividade necessita de um tempo de permanência maior dos
usuários.
Os parques de Vizinhança - Parque Ambiental do Acarape, Parque Ambiental Poti I, Parque
Vila do Porto, Parque Ambiental da Ilhotas, Parque Ambiental Prainha apresentam
praticamente a mesma forma, são lineares, e apresentam quase sempre as mesmas funções.
Apenas o parque Vila do Porto não apresenta calçadão para práticas de caminhada. O número
de frequentadores destes parques é menor do que aquele dos parques de setor urbano e dos
parques metropolitanos.
Entre os parques de vizinhança, o Parque Ambiental Prainha possui condições para uma boa
frequência de uso e maior quantidade de blico, porque está localizado na zona sul próximo
a região central da cidade, seu entorno é bastante dinâmico e tem acesso facilitado por uma
importante via coletora. Entretanto, por falta de infraestrutura e descaso na manutenção não
apresenta atrativos que estimulem a sua utilização. Vale ainda ressaltar, que esta área do
parque que foi bastante utilizada na década de 1980, com várias barracas imitando barracas
localizadas em beira-mar.
No Quadro 10 é delineada a classificação realizada para estes parques de beira-rio, segundo as
categorias tipológicas adotadas para este estudo.
Parque ribeirinho analisado Categoria tipológica
Zona Centro-norte
01 Parque da Cidade
Parque de Setor Urbano
02 Parque Ambiental Encontro dos Rios
Parque Metropolitano
03 Parque Ambiental do Acarape
Parque de Vizinhança
04 Parque Ambiental Poti I
Parque de Vizinhança
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
83
05 Parque Vila do Porto
Parque de Vizinhança
06 Parque Ambiental da Ilhotas
Parque de Vizinhança
Zona Sul
07 Parque Ambiental Prainha
Parque de Vizinhança
Zona Leste
08 Parque Floresta Fóssil
Parque Metropolitano
09 Parque Ambiental Beira Rio
Parque de Setor Urbano
10 Parque Potycabana
Parque Metropolitano
11 Parque Zoobotânico
Parque Metropolitano
Zona Sudeste
12 Balneário Curva São Paulo
Parque de Setor Urbano
Quadro 10: Classificação dos parques de beira-rio de Teresina analisados.
3.2. Análise dos principais parques de beira-rio de Teresina
A partir da classificação dos parques de beira-rio estudados em categorias tipológicas,
selecionou-se uma amostra para análise mais detalhada de alguns desses espaços, sendo que
esta escolha também representa os parques mais importantes quanto ao atendimento às
demandas de lazer da população teresinense. Neste sentido, procura-se entender quais os
fatores que influenciam na funcionalidade desses parques de beira-rio.
Assim sendo, entre os parques inseridos na categoria parques metropolitanos foram
selecionados os que têm maior representatividade na cidade: Parque Ambiental Encontro dos
Rios e Parque Zoobotânico. O Parque Ambiental Encontro dos Rios, apesar de ter somente
três hectares, têm importante valor cultural e simbólico, que o torna o ponto turístico mais
significativo da cidade. o Parque Zoobotânico é o maior em dimensões existente na cidade,
com 137 hectares, cumprindo uma relevante opção de entretenimento, principalmente para o
público infantil.
Todos os parques classificados como de setor urbano são analisados, pois são importantes no
contexto urbano de Teresina. Os parques da Cidade e Ambiental Beira Rio atendem ao lazer
cotidiano da população e, devido às suas condições de acesso e infraestrutura, atingem melhor
frequência diária de usuários e, também, maior público quando comparados as demais
categorias de parques da cidade. o Balneário Curva São Paulo, embora não atenda ao lazer
imediato da população, é o único estruturado na zona sudeste.
Dos parques da categoria parques de vizinhança foi selecionado o Parque Ambiental da
Prainha. Este parque, como descrito anteriormente, possui muitos atributos físico-espaciais,
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
84
que, não fossem as precárias condições de infraestrutura, abrangeria um maior número de
usuários. Desta forma, a análise da situação atual desse espaço pode contribuir para ressaltar
suas reais potencialidades em atender às demandas por lazer da população.
Estes seis parques Parque Zoobotânico, Parque Ambiental Encontro dos Rios, Parque da
Cidade, Parque Ambiental Beira Rio, Balneário Curva São Paulo e Parque Ambiental da
Prainha foram selecionados de modo que a amostra para o estudo seja representativa das
características dos parques de beira-rio de Teresina. A análise de todos os parques seria
repetitiva e desnecessária.
A seleção desses seis parques de beira-rio também considerou a distribuição destes espaços no
tecido urbano da cidade (Figura 41), selecionando pelo menos um em cada zona do território
teresinense. Desta forma, foram selecionados dois parques na zona centro-norte (Parque
Ambiental Encontro dos Rios e Parque da Cidade), um parque na zona sul (Parque Ambiental
da Prainha), dois parques na zona leste (Parque Ambiental Beira Rio e Parque Zoobotânico) e
um parque na zona sudeste (Balneário Curva São Paulo). Procurando-se assim visualizar uma
possível sistematização das funcionalidades desses espaços na cidade.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
85
Figura 41: Imagem de satélite de Teresina – destaque para a distribuição dos seis parques de beira-rio analisados
neste
estudo
.
Adaptado Google Earth (2009).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
86
3.2.1. Variáveis consideradas na análise dos parques estudados
Tendo em vista as análises dos seis parques de beira-rio selecionados para amostra, foram
consideradas neste estudo algumas variáveis: localização e entorno, acessos, formato,
dimensão, equipamentos e mobiliário, funções, manutenção e gerenciamento, e
potencialidades (Quadro 11). Evidentemente que o sentido desse enquadramento é teórico-
experimental e objetiva apenas entender o funcionamento da rede de parques em sua interface
com as demandas de lazer da população.
Variáveis Correlação
Localização e entorno
As atividades existentes nos parques devem esta de acordo com o local em
que o parque está inserido. Quanto melhor tiver envolvido com as
características do lugar e necessidades da população do seu entorno mais o
parque tem condições de ser apropriado. Exceto a categoria parque
metropolitano, pois este tipo de parque possui características para atrair
toda a cidade.
Acessos
A facilidade de acesso é imprescindível para a apropriação do espaço.
Formato
O formato do parque influi muito nas potencialidades de atividades que
podem ser disponibilizadas nele.
Dimensão
A dimensão do parque influi na capacidade de público que ele pode
atender ao mesmo tempo; e na variedade de funções que ele pode
proporcionar.
Equipamentos e mobiliário
A infraestrutura do parque é um dos fatores que mais influenciam na
atratividade do espaço junto à população. Os equipamentos e os
mobiliários novos e bem conservados são mais bem vistos pela população.
Funções
As funções estão relacionadas às atividades de lazer disponíveis nos
parques.
Manutenção e gerenciamento
A manutenção é que garante a durabilidade ao espaço, pois um espaço bem
cuidado e sempre atualizado tem grande chance consolidação junto à
população. Sendo que um bom gerenciamento é que vai contribuir para que
ele possua melhores condições de uso.
Potencialidades
As potencialidades estão relacionadas às perspectivas de uso que o parque
possui de atender de modo satisfatório as diferentes demandas de lazer dos
seus usuários.
Quadro 11: Variáveis consideradas nas análises dos parques de beira-rio de Teresina.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
87
3.2.2. Parque Ambiental Encontro dos Rios – Parque Metropolitano
O Parque Ambiental Encontro dos Rios
28
surgiu cerca de treze anos, fica situado como o
próprio nome diz, no encontro das águas claras e barrentas do rio Parnaíba com as águas
escuras e viscosas do rio Poti (Figura 42). Este atrativo motivou o seu surgimento, uma vez
que o local sempre despertou o interesse da população da cidade que o frequentava
constantemente, também era uma área atração turística
29
.
Figura 42: Vista aérea do parque Encontro dos Rios mostrando o encontro das águas do rio Parnaíba com as
águas do rio Poti.
Disponível em: www.achetudoeregiao.com.br/PI/teresina/parques_ambientais.htm.
Está localizado na zona norte de Teresina, no bairro Olarias, e o seu acesso é feito pela
Avenida Boa Esperança e Rua Flávio Furtado. A área do parque é delimitada por essas duas
vias que o margeiam e se estendendo até os limites do bairro Olarias
30
. Esta área se encontra
próxima à região central da cidade, sendo um ponto de fácil acesso para quem vem dos
bairros do centro e/ou das zonas que se conectam ao centro. Quanto ao acesso, um ponto
negativo é a falta de estrutura de transporte público, existe uma linha de ônibus que chega
diretamente ao parque.
28
Criado pela Lei Municipal 2.265 de dezembro de 1993, sendo inaugurado em dezembro de 1996 (Teresina,
2009).
29
Segundo Matos et al (2008), o objetivo da proposta de criação do parque era que a população o frequentasse
sem que ele fosse destruído e assim mostrar o encontro dos rios de uma maneira que fosse elemento natural
histórico, cultural, paisagístico e simbólico da cidade.
30
Essa delimitação é considerada pela prefeitura para melhor enquadrar o parque dentro de um bairro e assim
facilitar sua organização e seu gerenciamento.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
88
A área onde o parque se encontra é pouco adensada
31
, diferenciada por ser uma região cercada
de lagoas naturais e artificiais e devido à confluência dos rios esta é a região mais baixa da
cidade. Dessas lagoas é retirado o barro para a fabricação de tijolos e objetos cerâmicos,
constando como a principal fonte de renda da população que reside no bairro Olarias. Essa
atividade não garante muito lucro para as famílias que possuem um baixo poder aquisitivo
32
.
A tipologia das residências do entorno do parque são casas horizontais, de baixo padrão
construtivo, situada em lotes de pequenas dimensões.
O parque tem forma triangular e assemelha-se a uma península, possuindo uma área três
hectares. O espaço é muito utilizado, porque o parque simboliza a história de criação da
cidade, suas lendas e artesanato, representando a cultura de Teresina. Os seus principais
atrativos são o cenário de rara beleza e o restaurante flutuante. A configuração do parque pode
ser visualizada na imagem de satélite e na planta esquemática nas figuras 43 e 44.
31
A população residente no bairro era de 1.642 habitantes no ano de 2000, o que representa menos de 0,25% da
população teresinense (TERESINA, 2009).
32
Segundo o censo 2000 a renda média mensal do responsável pelo domicílio no bairro Olarias é de apenas R$
197,62, pouco mais de um salário mínimo que na no ano de 2000 era de R$ 151,00 (TERESINA, 2009).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
89
Figura 43: Imagem de satélite do Parque Ambiental Encontro dos Rios e seu entorno imediato.
Adaptado Google
Earth (2009)
Figura 44: Planta esquemática da configuração do parque e da localização dos seus equipamentos.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
90
A vegetação do parque é constituída de espécies exóticas e espécies nativas remanescentes.
Como se trata de uma área de preservação o parque conserva mata ciliar nativa remanescente
e, também, é constituído de vegetação ornamental, gramados, espécies de mangueira
(Mangifera indica L), bambu (Bambusa SP) e diversos tipos de palmeiras (KALLAS e
MACHADO, 2005). Essa vegetação existente deixa o local bastante sombreado e
aconchegante, o que contribui para tornar o clima ameno e mais agradável em relação ao
restante da cidade.
Com relação à infraestrutura e equipamentos, o parque dispõe de estacionamento, uma
construção onde funciona um centro de atendimento ao turista e área para exposições
artísticas, escultura
33
(Figura 45), banheiros, quatro quiosques para a comercialização de
produtos artesanais (Figura 46), playground, bancos, lixeiras, bebedouro, trilhas, um mirante
e um restaurante flutuante. Os visitantes do parque também contam com os serviços de um
barqueiro que aluga o barco para passeios pelos rios.
Figura 45: Vista geral da entrada do parque Encontro dos
Rios e a escultura em homenagem a lenda do Cabeça de
Cuia, 2007.
Figura 46: Quiosque, 2008.
O parque possui uma cerca baixa e vazada que contorna toda a sua área, mas não tem a função
de isolá-lo, serve apenas como elemento estético (Figura 47). O espaço conta com dois
portões de acesso, próximos um do outro e localizados na Avenida Boa Esperança.
33
A escultura é um monumento à lenda Cabeça de Cuia conta a história de Crispim, um pescador que ao
chegar em casa depois de um dia de trabalho não encontrou comida, enfurecido matou a mãe com um osso de
boi. Ele foi castigado e caiu no rio Parnaíba onde sairia depois de encontra sete Marias virgens ao longo do
rio.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
91
Desde sua implantação o parque vem sofrendo o desgaste natural de seus equipamentos. Os
bancos e o piso, em concreto pré-moldado em placas, apresentam bom estado de conservação
não estão quebrados e estão sempre limpos –; estas características permitem uma imagem
mais positiva do parque pelos seus visitantes (Figura 48).
Figura 47: Vista da Avenida Boa Esperança, da cerca que
contorna o parque, um dos portões de acesso e as casas no
entorno imediato, 2007.
Figura 48: Vista do piso e bancos do parque, o aspecto de
bem conservado desses elementos atrai os visitantes, 2007.
No entanto, dos dois banheiros existentes no parque, um está quebrado e muito tempo
espera por reforma, o que prejudica a assistência aos usuários, pois apenas um banheiro é
insuficiente para atender a todas as pessoas que frequentam o local (Figura 49). E o
estacionamento é pequeno para o número de visitantes que frequentam o parque, os carros
muitas vezes ficam estacionados no acostamento da rua, fato mais comum nos fins de semana
(Figura 50).
Figura 49: Vista dos dois banheiros existentes no
parque, mostrando um deles com aviso de defeito, 2008.
Figura 50: Vista do estacionamento e carros estacionados no
acostamento.
Fonte: Ana Rosa Negreiros, 2007.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
92
As áreas mais usadas do parque são aquelas onde fica o mirante, o restaurante flutuante e os
quiosques circunvizinhos. Com isso, o restante do parque fica praticamente sem uso como,
por exemplo, o quiosque que fica mais afastado do mirante está desativado. Esta área que fica
mais isolada é fechada pela vegetação, o acesso feito por trilhas, o que dificulta a visibilidade
e a entrada do visitante nesta parte do parque, demonstrando a ausência de manutenção na
área das trilhas (Figura 51). Como se observa na planta de piso
34
, existia uma parte do parque
ocupada por um campo de futebol, hoje com o avanço da vegetação, esse campo não existe.
Mais um uso que tinha grandes potencialidades e que não está sendo explorado (Figura 52).
Figura 51: Trilha que dá acesso a um dos
quiosques. Observa-se a vegetação impedindo a
visibilidade do equipamento, 2007.
Figura 52: Planta de piso do parque.
Disponivel em:
winweb.redealuno.usp.br/quapa/busca_ficha.asp?glCodOco=192&glC
odAtr=1#
Recentemente foi instalado um playground em virtude do número de crianças que visitam o
parque, equipamento que não existia no projeto original, o brinquedo não tem nenhuma
relação com os materiais construtivos do parque. O playground fazia muita falta, pois não
34
Levantamento da planta de piso do parque feito no ano de 2000 pelo projeto QUAPÁ (Quadro do Paisagismo
no Brasil) que é um projeto de pesquisa de paisagismo iniciado em 1994 na Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo e tem como objetivo o estudo do projeto de paisagismo no Brasil em
todas as suas escalas de abrangência.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
93
existia nenhum atrativo para as crianças que frequentam o local. Porém, considera-se que
apenas a colocação do equipamento sem uma estrutura adequada que auxilie no uso é
insuficiente, considerando que na utilização do brinquedo muitas crianças se sujam e não
no parque local nem para lavar as mãos (Figura 53).
Figura 53: Crianças brincando no playground, 2007.
Apesar do parque apresentar algumas deficiências, ele é o ponto turístico de maior destaque
da cidade. Além da população do seu entorno que o utiliza cotidianamente como local de
encontro e descontração, ele é parada obrigatória dos turistas da cidade, devido ao fenômeno
do encontro das águas, sendo muito visitado para assistir o pôr-do-sol (Figuras 54 e 55).
Figura 54: Mirante do parque. De onde se pode avistar o
encontro das águas dos rios.
Fonte: Ana Rosa Negreiros, 2007.
Figura 55: Restaurante flutuante que com o mirante
são os pontos de mais destaque no parque, 2007.
Apesar de esse parque ser um local relativamente bem apropriado pela população teresinense,
ele poderia ser melhor explorado. A área destinada a exposições, por exemplo, é pouco
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
94
utilizada, o espaço está sempre vazio por falta de incentivos ao seu uso. Sem outras atividades
no local, os artesões, que moram no entorno do parque, expõem ali, de modo improvisado, os
objetos que produzem (Figura 56).
Outra questão é a ausência de serviços de lanchonete, o que contribui para a atração de
ambulantes, que ocupam área imprópria para comercialização de alimentos. No entanto, a
presença deles é o que atenua estas necessidades dos usuários (Figura 57).
Figura 56: Área de exposição do parque, muitas vezes
usada apenas como feirinha de artesanato, 2008.
Figura 57: Venda de lanches por ambulantes no parque,
2008.
O gerenciamento do parque é feito pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAN). A
secretaria é responsável pela limpeza, poda de árvores e grama. Os funcionários responsáveis
pela limpeza são de firma terceirizada, contratada pela secretaria para a realização dos
serviços. A manutenção de limpeza do parque é boa, quando comparado aos demais parques.
A sua manutenção é facilitada pelas pequenas dimensões do espaço. O aspecto de bem
cuidado influencia positivamente na utilização do espaço, visto que o torna mais atrativo aos
olhos de quem entra nele.
Por se tratar de um local histórico, cultural e simbólico para a cidade, o parque conta ainda
com um centro de atendimento ao visitante, que tem por função prestar informações turísticas.
Existem funcionários para informar sobre a história do local, porém, estes se manifestam
quando o solicitados pelos visitantes. Não existe uma dinâmica permanente de incentivo à
valorização do parque por parte dos seus funcionários. Apenas em datas festivas e
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
95
comemorativas é que o parque é mais divulgado
35
. Os funcionários apenas contam a história
do local, mas não dispõe de nenhum material para a divulgação do parque. Essa divulgação
seria importante, pois ajudaria a trazer mais representatividade para o local diante da
sociedade e, assim, ocasionar um incentivo maior ao desenvolvimento das potencialidades do
parque.
3.2.3. Parque da Cidade – Parque de Setor Urbano
O Parque “Prefeito João Olimpio de Melo”, mais comumente conhecido como Parque da
Cidade
36
, existe 27 anos. Está localizado no bairro Primavera, na zona centro-norte da
cidade, entre a Avenida Duque de Caxias e o rio Poti. O acesso ao parque é feito pela Avenida
Duque de Caxias, uma das principais vias que liga os bairros da zona centro-norte de Teresina
(Figura 58).
A área onde o parque está situado é um local de grande circulação por está próximo à ponte
da Primavera, que liga a zona centro-norte a zona leste, sendo este o caminho para quem sai
da zona norte em direção à Universidade Federal do Piauí. Um ponto positivo dessa
localização é que pela Avenida Duque de Caxias circulam cerca de dez linhas de ônibus
(TERESINA, 2009). Algumas dessas linhas de ônibus ligam as quatro zonas da cidade até o
parque
37
, facilitando o acesso a esse espaço por boa parte população teresinense.
Quando comparado com o restante dos bairros da zona centro-norte como, por exemplo, o
bairro Olarias comentado anteriormente –, o bairro primavera se apresenta como um dos
mais populosos e com uma renda média das mais elevadas
38
. Apesar disso, o entorno imediato
35
Segundo Moreira et al (2008), em épocas comemorativas, como a semana da criança e o aniversário de
Teresina, o parque chega a receber mais de 10 escolas por dia. E na época das férias o parque chega a receber
2000 pessoas.
36
O Parque de Cidade foi inaugurado em 9 de maio de 1982, considerado área de preservação ambiental pela Lei
Municipal 1.939, de 16 de Agosto de 1988. Batizado com o nome de “Prefeito João Olimpio de Melo”, pelo
Decreto 2.329, de 12 de Maio de 1993. O local era residência do ex-prefeito de Teresina João Olímpio de
Melo. O prefeito cedeu sua chácara para a conservação de área arborizada na cidade (TERESINA, 2009)
37
Essas linhas de ônibus que ligam as quatro zonas da cidade têm como pontos de atração a Universidade
Federal do Piauí e a Universidade Estadual do Piauí, que por coincidência passam em frente ao parque.
38
Segundo o censo 2000, o bairro concentra uma população de 9.054 habitantes, sendo que a renda média
mensal do responsável pelo domicílio, nesse mesmo ano, estava em entorno de R$ 669,47 (TERESINA, 2009).
Essa renda correspondia a mais de cinco salários mínimos, que no ano de 2000 equivalia a R$ 151,00.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
96
ao parque é formado basicamente por residências horizontais simples, de baixo padrão
construtivo (Figura 59).
Figura 58: Avenida Duque de Caxias - canteiro central
com ciclovia, do lado esquerdo da foto, o parque. 2008.
Figura 59: Residências no entorno imediato ao parque.
2008.
O parque tem formato quadrangular, possuindo uma área de 17 hectares, e está organizado em
setores: administrativo, esportivo, recreativo e ambiental (Figuras 60 e 61). O local possui
muro de alvenaria, gradil e cerca de arame farpado
39
. Dentre os demais espaços analisados,
este parque é o segundo maior em dimensionamento, o que contribui para que seja o maior em
variedade de funções. Neste parque, por exemplo, existem equipamentos destinados à prática
de lazer de crianças, jovens e adultos.
O parque dispõe de estacionamento, guarita, trilhas ecológicas, playground, coreto, cascatão,
quadras de esporte, pista para caminhada, áreas para shows e eventos, lanchonete, banheiros,
chuveiros, bancos, lixeiras e orelhão. No parque também estão localizadas algumas
edificações de destaque: a sede da Secretaria de Meio Ambiente, a escola XV de outubro e a
sede da Companhia Independente de Policia Militar Ambiental.
39
No limite com o rio o parque é isolado com uma cerca de arame farpado. Este isolamento deveria impedir o
acesso das pessoas ao rio, porém, algumas pessoas atravessam a cerca e vão tomar banho no rio. A água neste
local é imprópria para banho e a área é muito perigosa por causa dos riscos de afogamento.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
97
Figura 60: Imagem de Satélite do Parque da Cidade, mostrando sua área que é delimitada pela Avenida Duque
de Caxias, Rua Quilombo dos Palmares, rio Poti e Avenida Roraima.
Adaptado Google Earth (2009).
Figura 61: Planta esquemática de configuração e localização dos equipamentos do Parque da Cidade.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
98
No parque foram identificadas 120 espécies entre árvores e arbustos, agrupadas em 48
famílias (MACHADO, 2002). Além da mata ciliar nativa, entre as espécies vegetais podem-se
encontrar ipês (Tabebuia avellanedae), aroeira (Schinus terebinthifolius), angico
(Parapiptadenia rígida), acácia (Acacia auriculiformis), cedro (Cedrela fissilis), jatobá
(Hymenaea courbaril), mangueira (Mangifera indica), sapucaia (Lecythis pisonis), etc. Essa
vegetação está distribuída por toda a área do parque, o que torna o local um ambiente mais
agradável bioclimaticamente, o que o constitui como mais um espaço diferenciado na cidade e
muito importante para a manutenção do microclima local. Enquanto Teresina é uma cidade
que apresenta altos índices de temperatura durante todo o ano, essas áreas vegetadas se
tornam fundamentais para a melhoria do conforto térmico.
O espaço apresenta muitas opções de entretenimento aos usuários, como: o coreto, utilizado
para a realização de pequenos eventos e encontros ou para reunir os visitantes para palestras,
concentrações artísticas e culturais, além de servir como ponto de apoio às escolas que visitam
o parque (Figura 62); ou a ponte, que fica na área das trilhas e proporciona as crianças mais
um lugar de aventuras, dentro da área cercada por vegetação (Figura 63).
Figura 62: Coreto, 2007. Figura 63: Ponte existente no parque, no meio das
trilhas, 2007.
O parque não apresenta uma demanda diária ou uso que atraia público que necessite dos
serviços da lanchonete. Quando a administração do parque sabe que vai receber um grande
número de visitantes providencia a abertura da lanchonete (Figura 64).
A pista de caminhada é usada principalmente durante a manhã e no fim da tarde quando as
temperaturas estão mais amenas e é possível a prática de atividades físicas (Figura 65).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
99
Figura 64: Lanchonete, 2007. Figura 65: Pista de caminhada, 2007.
As trilhas se distribuem por todo o parque, onde existem várias opções de passeio, dentre as
quais: trilha do rio Poti, do Pomar, do lago seco, da encosta e da escola
40
(Figuras 66 e 67).
Essas trilhas somam um percurso de quase 2 km de extensão e permitem conhecer toda a área
do parque.
Figura 66: À esquerda a área esportiva do parque e à direita parte
da área reservada às trilhas, vistas da entrada secundária do
parque, 2007.
Figura 67: Acesso à trilha do Pomar, 2007.
Com relação as suas condições de infraestrutura o parque apresenta uma boa manutenção,
equipamentos bem conservados e está sempre limpo. Essa boa manutenção garante ao local o
aspecto de sempre ser bem cuidado. Recentemente, o parque passou por reformas, quando o
40
Trilha do rio Poti: onde se pode observar as águas do rio, se há ocorrência de processos erosivos das margens e
destacar a importância do reflorestamento na preservação do rio. Trilha do Pomar: área com plantas frutíferas.
Trilha do Lago Seco: área de um lago natural que só enche no inverno. Trilha da Encosta: terrenos com
inclinação acentuada, cuja preservação é garantida por lei, no sentido de proteger a vegetação reflorestada e
impedir o deslizamento de terras.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
100
cascatão (bica com banho de cachoeira), playground, ponte localizada nas trilhas e centro de
astronomia foram pintados. A limpeza é realizada por funcionários da empresa terceirizada
contratada pela Secretaria de Meio Ambiente.
Na época de criação do parque, apenas a Secretaria de Meio Ambiente era responsável pela
sua administração. No entanto, atualmente várias secretarias são responsáveis pela sua
administração. A Escola 15 de Outubro, localizada na área do parque, é administrada pela
Secretaria Municipal de Educação e Cultura. A área das quadras e campo de futebol é
administrada pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, e as hortas comunitárias (Figura
68) pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, mas, a administração geral
ainda é responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
41
(MOREIRA et al,
2008).
A Secretaria de Esportes e Lazer tem um programa que realiza atividades com as crianças,
através de uma escolinha de esportes, como futebol e voleibol, dispondo professores e
equipamentos esportivos, como bolas e redes. Contribuindo assim, para o uso frequente das
quadras do parque (Figura 69).
Figura 68: Hortas comunitárias, 2007. Figura 69: Quadras poliesportivas, 2008.
A Escola de 15 de Outubro está localizada na área do parque, mas não está vinculada com as
atividades desenvolvidas no parque, como este não está vinculado às atividades desenvolvidas
na escola, pois a escola somente utiliza as quadras de esportes para as práticas de educação
física.
41
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM), que tem sua sede no Parque da Cidade, é a responsável
pela administração, manutenção e gerenciamento em outros dois parques: Parque Ambiental Encontro dos Rios e
o Parque Ambiental do Mocambinho (TERESINA, 2009).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
101
No setor de educação, existe ainda um centro de estudos astronômicos, porém ele está
desativado por falta de equipamento e de pessoal capacitado (Figura 70). O setor educacional
do parque está mais restrito às visitas orientadas e guiadas quando agendadas pelas escolas,
que levam seus alunos para conhecer o parque.
No Parque da Cidade também está localizada a sede da Companhia Independente de Polícia
Militar Ambiental, responsável pela vigilância de três parques na cidade
42
, a sua ação nos
demais parques de Teresina está condicionada a uma eventual emergência (Figura 71).
Figura 70: Centro de Estudos Astronômicos. Encontra-
se desativado, 2008.
Figura 71: Sede da Companhia da Polícia Ambiental do
Piauí, 2007.
O horário de funcionamento do parque é das 6h às 19h. A partir das 17h somente a área das
quadras e o campo de futebol ficam funcionando, o acesso às trilhas e ao playground fica
fechado.
O uso cotidiano do parque é feito pelos moradores do seu entorno e apenas eventualmente é
usado pela maioria da população da cidade. A atividade principal praticada pelos moradores
das imediações do parque é o jogo de futebol de campo, principalmente, no final da tarde
(Figura 72). A demanda por espaço para a prática de futebol é tão grande que os usuários
ocupam os espaços para eventos e improvisam traves para o jogo (Figura 73).
42
Foi criado, em 1993, como Pelotão Ambiental e, em 1994, passou a Companhia Independente de Policia
Militar Ambiental. É responsável pela vigilância em três parques na cidade: Parque da Cidade, Parque Ambiental
do Mocambinho e Parque Ambiental Encontro dos Rios (TERESINA, 2009)
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
102
Figura 72: Campo de futebol sendo usado num sábado à
tarde, 2008.
Figura 73: Área de show e eventos sendo usada como
quadra de futebol, 2008.
Apesar do potencial de uso, o parque é pouco explorado pela população da cidade. O uso mais
significativo do parque ocorre em datas específicas como, por exemplo, a semana da criança,
em que são programadas atividades e visitas orientadas, que são marcadas pelas escolas que
trazem as crianças para usufruir dos equipamentos do parque (Figuras 74 a 77). Eventos dessa
natureza divulgam o parque, pois um dos fatores que prejudica o seu uso é a pouca divulgação
na cidade das atividades que poderiam ser realizadas nas suas dependências.
Figura 74: Cascatão sendo utilizado na semana da criança,
2008.
Figura 75: Lanchonete sendo utilizada, 2008.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
103
Figura 76: Playground sendo usado na semana da criança,
2008.
Figura 77: Crianças se refrescando nos chuveiros que são
de apoio do campo de futebol, 2008.
As atividades existentes neste espaço não estão relacionadas ao rio que o margeia,
repercutindo de forma negativa para a cidade, que estando localizada entre dois rios, não
desenvolve atividades que valorizem essa característica geográfica, se a população não está
em contato direto com os elementos constitutivos da cidade, como pode refletir sobre a
importância destes no seu cotidiano e no cotidiano da cidade. É uma pena que os potenciais
paisagísticos do rio Poti não tenham sido explorados no parque e os usuários não desfrutem
de suas vistas.
3.2.4. Parque Ambiental da Prainha – Parque de Vizinhança
O parque Ambiental da Prainha
43
foi criado a mais de onze anos, mas, quando comparado aos
demais parques analisados, percebe-se que este espaço não conseguiu atingir
representatividade junto à população. O local encontra-se em quase total abandono, sem
nenhum uso voltado às atividades de lazer que atrairia a população.
Embora este espaço livre público tenha tido seu período de auge, antes mesmo da sua
criação oficial pela prefeitura. Foi na década de 1980, onde no local existiam inúmeras
43
O Parque Ambiental da Prainha foi criado pela Lei Municipal n
o
2.600, de 2 de dezembro de 1997 (Teresina,
2009).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
104
barracas, que atraiam muitas pessoas, o espaço lembrava uma orla beira-mar, composta pelas
barracas de palha (Figura 78):
Longe do mar, Teresina tem suas praias populares nas coroas de areia que se
formam no rio Parnaíba e Poti. Na década de 1980, tentou-se criar uma paisagem
litorânea, com a implantação da prainha”, em frente ao Centro Administrativo do
Estado, às margens do Parnaíba. (GRUPO CLAUDINO, 2002, p. 82)
Figura 78: Barracas de palha existente no Parque Ambiental Prainha, na década de 1980.
Fonte: Grupo Claudino, 2002.
Dentre os parques de beira-rio, este é o único da zona sul de Teresina. Está situado entre o rio
Parnaíba e a Avenida Maranhão (Figuras 79 e 80) e sua extensão é delimitada pelas Avenidas
Joaquim Ribeiro e Getúlio Vargas.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
105
.
Figura 79: Vista privilegiada do rio Parnaíba a partir do
parque Ambiental da Prainha, 2008.
Figura 80: Avenida Maranhão que margei todo o parque,
2008.
O parque também está localizado entre duas pontes as quais fazem a ligação entre Teresina e
o estado vizinho, Maranhão. Assim, a área caracteriza-se por um fluxo intenso de veículos,
que, além de ser área de convergência da zona sul com o centro da cidade, recebe o tráfego
proveniente da cidade vizinha, Timon, no Maranhão. Esses fatores também deveriam ser
considerados como motivadores para as ações que melhorassem a paisagem do parque.
No entorno imediato ao parque, além de residências, existem importantes prédios públicos,
destacando-se o Centro Administrativo do Governo Estadual (Figura 81). E ainda, o prédio da
concessionária de energia elétrica do Estado, do Tribunal de Contas da União, do Tribunal de
Contas do Estado e o mais novo edifício do Centro de Educação Tecnológico Federal do
Piauí. O entorno diversificado deveria servir como motivador para ações de integração do
parque à cidade, no entanto, o seu entorno e, principalmente, os prédios públicos estão
isolados em relação ao parque.
A área do parque está inserida em dois bairros, Vermelha e São Pedro, que somam juntos
quase 2,5% da população teresinense. A renda média mensal do responsável pelo domicílio
desses bairros é relativamente boa, quando comparada aos demais bairros da cidade
44
. No
entanto, as residências que se localizam em frente ao parque são construções simples, casas
térreas de baixo padrão construtivo (Figura 82) e voltadas para o interior dos bairros. Como o
44
Segundo o censo 2000, os bairros Vermelha e São Pedro somam juntos um população total de 15.969
habitantes, com renda média mensal do responsável pelo domicílio, daquele ano, de R$ 898,31 e R$ 618,73
respectivamente (Teresina, 2009). O que equivalia, na época, a uma renda média de seis e quatro salários
mínimos, respectivamente, para os bairros Vermelha e São Pedro.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
106
parque não tem nenhum atrativo de interesse a esta população, acaba que, os seus moradores
não têm nenhuma relação de aproximação com o parque.
Figura 81: Centro administrativo do Governo do Estado que fica localizado no entorno imediato ao parque,
2009.
Figura 82 Residências do entorno imediato ao parque, 2008.
O parque tem formato linear, com aproximadamente 3 km de extensão e ocupa uma área de
12 hectares. A Avenida Maranhão, uma das principais vias de articulação da cidade, ligando a
zona centro-norte a sul, margeia todo o parque, permitindo fácil acesso (Figura 83 e 84).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
107
Figura 83: Imagem de satélite mostrando a
localização e os limites do Parque Ambiental da
Prainha e seu entorno.
Adaptado Google Earth (2009).
Figura 84: Planta esquemática do Parque Ambiental da
Prainha – mostrando sua delimitação pelas Av. Joaquim
Ribeiro, Av. Maranhão, Av. Getúlio Vargas e Rio Poti e
o seu entorno imediato. .
Segundo Kallas e Machado (2005), no Parque Ambiental da Prainha dentre as espécies
vegetais encontradas estão angico vermelho (Piptadenia rigida), fícus (Ficus benjamina),
cássia imperial ou chuva de ouro (cássia sp), angico preto (Anadenanthera macrocarpa),
carnaúba (Corpenifera prufifera), sete copas ou amendoeira (Terminalia catappa), caju
(Anarcadium ocidentale), mangueira (Mangifera indica), goiabeira (Psidium guajava), oiti
(Licania Tomentosa), pequi (Carycar brasilienses) e cajá (Spondias sp). Essas espécies se
apresentam muito exuberantes e formam um cenário rico pela variedade e beleza da
vegetação. Essa vegetação proporciona ao espaço uma sensação mais agradável de
temperatura em relação ao entorno edificado do parque (Figuras 85 e 86).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
108
Figura 85: A vegetação do parque se destaca bela beleza e
variedade de espécies, 2008
Figura 86: A vegetação do parque proporciona o
mantimento de um microclima local mais ameno, 2008.
Na época que o parque foi criado existia um playground e um campo de futebol. Hoje,
existe o resto do playground e as traves do campo de futebol (Figuras 87 e 88). No parque não
tem iluminação, nem lixeiras ou bancos. É inexistente qualquer tipo de mobiliário, o que
ainda existe é uma ciclovia (Figura 89). O calçadão, em pedra portuguesa, encontra-se
destruído, sendo inadequado para a prática de caminhadas que seria uma atividade a ser
realizada no parque (Figura 90).
Figura 87: Playground abandonado no parque, 2008. Figura 88: Trave do campo de futebol, 2008.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
109
Figura 89: Ciclovia, 2008. Figura 90: Calçadão deteriorado, 2009.
As pessoas que procuram um lugar para caminhar, o fazem do outro lado da Avenida
Maranhão, oposto ao parque. O único uso efetivo do parque é o ponto para os lavadores de
carros, que tiram seu sustento dessa atividade
45
(Figura 91).
A ausência de atividades neste espaço possibilita a ação de vândalos e a permanência de
usuários de drogas ilícitas. Essa ausência de práticas rotineiras, aliado ao completo descaso
por este espaço público, não permite que o parque seja usado com todo o seu potencial
latente.
Dentro da área do parque ainda existe uma unidade do Corpo de Bombeiros de Teresina e
uma bomba que capta água do rio Parnaíba e a joga em um carro pipa, que será usado para
regar as plantas das praças da cidade (Figura 92).
Figura 91: Lavadores de carro, única atividade que
ocorre no espaço, 2009.
Figura 92: Corpo de Bombeiros na área do parque, 2009.
45
Essa atividade é irregular e contamina o rio, devido aos produtos tóxicos usados na lavagem dos carros.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
110
A Superintendência de Desenvolvimento Urbano Sul (SDU Sul) é a responsável pelo
gerenciamento do espaço, porém é negligente com a manutenção e gerenciamento. O único
cuidado que é tido com o local, que ainda é precário, é a capina e a coleta do lixo.
Como o parque é linear, o mínimo que deveria ter seria um calçadão apropriado para as
práticas de caminhada e corrida, equipado com aparelhos de ginástica, além de iluminação e
segurança para os usuários.
O parque tem grande potencial de uso, apesar do atual abandono. Este potencial relaciona-se à
sua localização de fácil acesso, à sua integração com o rio e o cenário rico pela vegetação e
pela sua beleza cênica. Este espaço poderia melhorar a imagem da cidade e auto-estima da
população teresinense.
3.2.5. Parque Ambiental Beira-Rio – Parque de Setor Urbano
O Parque Ambiental Beira Rio
46
foi criado quase 10 anos e é, atualmente, dentre os
parques analisados nesta pesquisa, o que apresenta maior frequência diária de usuários
47
.
O parque está localizado na zona leste de Teresina, abrangendo os bairros Jóquei Club e
Fátima, situado entre a margem direita do rio Poti e a Avenida Raul Lopes, tendo como
limites as pontes da Primavera e Jk
48
. Estas pontes ligam, respectivamente, a zona centro-
norte à zona leste e a área central à zona leste.
A área onde o parque está situado se caracteriza por um crescimento urbano acelerado, é a
região da cidade com mais edifícios residenciais (Figura 93), apesar disso, é uma região
bastante diversificada contendo áreas residenciais, comercias e de prestação de serviços. Os
bairros Jóquei Club e Fátima também concentram bares e restaurantes e é um dos pontos de
atividade noturna da cidade.
Um elemento de destaque no entorno imediato ao parque é um shopping center que funciona
como um ponto de atração da população, o que repercute no uso do parque, pois torna a área
46
O parque foi criado pelo Decreto Municipal nº 4.217, de 12 de novembro de 1999 (TERESINA, 2009).
47
Não existe nenhum dado oficial que comprove a quantidade de pessoas que frequentam o parque por dia. Essa
comparação parte da realidade cotidiana do espaço observada pela pesquisadora.
48
O prolongamento dessas pontes representa respectivamente as extremidades dos bairros Fátima e Jóquei.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
111
mais movimentada, com um fluxo maior de pessoas (Figura 94). Essa intensa dinâmica
urbana da área se deve aos aspectos sociais dos bairros, pois, a população residente apresenta
o nível socioeconômico mais elevado da cidade, quando comparado a outros bairros
49
.
Figura 93: Edifícios residenciais no entorno do parque, 2009. Figura 94: Shopping Center em frente ao parque, 2009.
A Avenida Raul Lopes, atualmente, é um pólo atrator de edifícios de escritórios e de serviços,
os quais são construídos no entorno imediato ao parque. Ruas estão sendo abertas para
interligar, mais facilmente, os bairros à Avenida Raul Lopes, o que irá influenciar mais ainda
na dinâmica urbana do entorno do parque (Figuras 95 e 96).
Figura 95: Rio Poti, parque Ambiental Beira Rio, Avenida
Raul Lopes e entorno imediato ao parque.
Disponível em:
http://www.panoramio.com/photo
Figura 96: Rua recentemente aberta para interligar o bairro à
Avenida Raul Lopes, 2009.
49
O bairro Jóquei apresentou no ano de 2000 uma população de aproximadamente 3.108 habitantes e o bairro de
Fátima aproximadamente 7.352 habitantes, sendo a renda média do responsável pelo domicílio de cada bairro era
de R$ 4.559,49 e R$ 2.694,29 respectivamente (TERESINA, 2009). Na época essas rendas médias
correspondiam a 30 e 18 salários mínimos, respectivamente, para o bairro Jóquei e bairro de Fátima.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
112
A área total do parque é de 26 hectares, seu formato é linear, com uma extensão total de 2.300
km (Figuras 97 e 98). Dois quilômetros desse total são destinados ao calçadão, ideal para a
prática de caminhadas e corridas. Os 300m restantes da extensão do parque ficam ocupados
com quiosques, que funcionam durante o dia, mas é à noite que apresentam frequência mais
significativa de usuários.
Figura 97: Imagem de satélite do Parque Beira Rio,
mostrando sua delimitação.
Adaptado Google earth (2009)
Figura 98: Planta esquemática do Parque Ambiental Beira
Rio, mostrando sua situação, limites e entorno imediato.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
113
A vegetação do parque proporciona um ambiente sombreado, agradável e acolhedor, ideal
para a prática de exercícios ao ar livre (Figuras 99 e 100). Entre as espécies de vegetação
encontradas no parque destaca-se a mangueira (Mangifera indica), laranjeira (Citrus sinensis),
goiabeira (Psidium guajava), o caneleiro (Pachyramphus validus) e angico (Piptadenia
rigida), além da mata ciliar nativa das margens do rio (KALLAS e MACHADO, 2005).
Figura 99: Vegetação exuberante no parque, 2008. Figura 100: Vegetação proporciona área sombreada para
os usuários, 2008.
A infraestrutura do parque é razoável, poderia ser melhor, pois existem poucos e precários
equipamentos de ginástica. Deveria ter mais equipamentos ou uma bateria mais equipada e
bonita, para proporcionar melhor assistência aos exercícios praticados pelos usuários (Figura
101)
Os bancos, apesar do bom estado de conservação, estão concentrados em uma parte do
percurso de caminhada. A iluminação é provinda dos portes da Avenida Raul Lopes. Em todo
o calçadão existe a marcação da distância percorrida e lixeiras, seu piso é regular e adequado
às práticas de caminhada.
O parque apresenta um bom estado de conservação, principalmente, quando comparado aos
demais parques analisados. A boa manutenção do parque está relacionada com a visibilidade
deste espaço, uma vez que ele é frequentado por usuários com alto poder aquisitivo. O parque
está sempre limpo e conta com policiamento regular, garantindo segurança aos usuários do
espaço (Figura 102).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
114
Figura 101: Equipamentos de ginástica existentes no
parque, 2008
Figura 102: Policiamento no parque, 2008.
Quanto aos quiosques e aos banheiros, foram construídos com materiais regionais: tijolo
aparente e cobertura de palha. Os quiosques são pontos de lazer noturno da cidade, em
passado recente, havia um número maior de frequentadores, porém, ainda mantém um público
razoável (Figura 103). Para a área dos quiosques, somente dois banheiros, um feminino e
outro masculino. (Figura 104)
Figura 103: Área de quiosques existentes no parque.
Local sombreado e bem agradável, 2007.
Figura 104: Banheiros, 2007.
O Parque Ambiental Beira-Rio tem como atividades principais a prática de exercícios e o
entretenimento nos quiosques, com ênfase nas atividades de caminhadas, que são mais
comuns pela manhã e ao entardecer, ou seja, antes e depois do expediente de trabalho (Figura
105). Ainda atrai ambulantes que vendem água para as pessoas que fazem caminhadas no
parque (Figura 106).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
115
Figura 105: Pessoas caminhando no calçadão e carros
estacionados na Avenida Raul Lopes, 2007
Figura 106: Ambulantes vendendo frutas e água para os
usuários do parque, 2007
O parque não possui administração própria, este espaço está sob responsabilidade da
Superintendência de Desenvolvimento Urbano Leste (SDU - Leste), que realiza serviços de
manutenção, mantendo o parque sempre bem cuidado. Diariamente são feitos serviços de
limpeza por funcionários de uma empresa terceirizada, contratada pela SDU - Leste.
O rio Poti, apesar de margear toda a extensão do parque, não influencia diretamente nas
atividades realizadas neste espaço. As atividades principais do parque estão no calçadão e nas
proximidades do shopping center, atendendo a demanda da população por exercícios ao ar
livre. O rio Poti é importante elemento integrante do cenário do parque e poderia ser
valorizado se houvesse, por exemplo, a construção de um mirante, que geraria mais um ponto
de atração para a população.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
116
3.2.6. Parque Zoobotânico – Parque Metropolitano
O Parque Zoobotânico
50
criado quase 36 anos é o mais antigo da cidade, surge como área
destinada à proteção, conservação e pesquisa da flora e da fauna de Teresina, e implantação
do zoológico.
O parque está localizado na zona leste, no bairro de mesmo nome
51
, entre a Rodovia PI-112
(prolongamento da Avenida Presidente Kennedy), que liga Teresina a cidade de União, e o rio
Poti, ao norte está delimitado pelo bairro Pedra Mole e, ao sul, pelo colégio agrícola da
Universidade Federal do Piauí.
O parque Zoobotânico está situado em um bairro pouco adensado, onde a população residente
não possui um nível de renda muito elevado
52
quando comparado a outros bairros. Embora
nos últimos anos estejam surgindo no entorno do parque condomínios residenciais fechados
de casas de alto padrão construtivo.
Este parque é frequentado por usuários de toda a capital, por conta das suas especificidades, a
população do bairro Zoobotânico não tem influência direta na frequência de uso do espaço.
O parque pode ser acessado pela Avenida Presidente Kennedy, que se caracteriza por um
fluxo rápido e fácil na zona leste da cidade, facilitando o acesso ao parque (Figura 107).
No entanto, do portão de entrada até o parque propriamente dito existe cerca de 2 km de
estrada, o que dificulta a visita de pessoas que não dispõem de meio de transporte particular,
um trenzinho que faz o trajeto da portaria de entrada ao parque, mas ele funciona apenas
aos domingos.
50
O Parque foi criado pelo Decreto Estadual n° 1608, de 8 de maio de 1973, que o define o Zoológico da cidade
51
O bairro recebeu o nome de bairro Zoobotânico por causa da existência do parque.
52
Segundo o censo 2000 o bairro Zoobotânico concentra uma população de 190 habitantes, sendo que a renda
média mensal do responsável pelo domicílio, nesse mesmo ano, estava em entorno de R$ 331,30 (TERESINA,
2009). Essa renda média corresponde a pouco mais de dois salários mínimos no ano de 2000.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
117
Figura 107: Avenida Presidente Kennedy.
Disponível: http://img140.imageshack.us/img140/1224/39ii6.jpg
O parque possui uma área de 137 hectares, que estão dispostos em formato irregular. É o
maior parque em dimensionamento existente na cidade. Não existe uma delimitação precisa
quanto a sua extensão, esta se baseia na área de abrangência das atividades do parque
53
. Essas
dimensões possibilitam a instalação adequada e segura dos animais silvestres, proporcionando
ao zoológico condições de reproduzir ambientes bastante semelhantes com os habitat naturais
dos animais (Figuras 108 e 109).
53
Segundo o Plano de Manejo do Parque Zoobotânico de Teresina, no seu relatório das ações executadas de
2002, foi constatado que seus instrumentos operativos a área do parque de 137 hectares não foi confirmado pelo
seu levantamento plano altimétrico. Segundo o levantamento, para efeito de reconhecimento de limites deve ser
considerado que no lago ao norte da área não há demarcação, sendo a linha traçada por extensão das anteriores e
posteriores, sempre conforme orientação dos funcionários mais experientes do parque. Todos os demais limites
se deram de acordo com as condições físicas de campo (PIAUÍ, 2002)
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
118
Figura 108: Imagem de satélite mostrando a área delimitada do Parque Zoobotânico e o seu entorno imediato.
Adaptado Google Earth (2009).
Figura 109: Planta esquemática do Parque Zoobotânico mostrando a área delimitada que pertence ao parque.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
119
A fauna e a flora locais são bastante diversificadas, tendo sido identificadas 76 espécies
vegetais, incluindo aquelas que compõem a mata ciliar do rio Poti, e mais de 45 espécies de
animais nativos. O zoológico possui cerca de 52 espécies de animais em criatório e exposição
pública.
Entre as espécies vegetais existentes no parque Zoobotânico pode-se encontrar angico branco
(Piptadenia colubrina), babaçu (Orrbignya speciosa), algodão (Gossypium hirsutum), cajá
(Spondias lutea), umbu (Spondias tuberosa Arruda), caneleiro (Pachyramphus validus),
castanha de macaco (Mammea americana L
)
, pau-rei (Pterygota brasiliensis), angélica brava
(Angelica officinalis), mamona (Ricinus communis L), mamoeira (Ricinus communis L),
cabeça-de-negro (Annona crassiflora), guaxina (Procyon cancryvorus), sete-copas
(Terminalia catappa), amêndoa (Amygdalus communis L), ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa),
pau-de-jangada (Apeiba echinata), pente-de-macaco (Pithecoctenium crucigerum), sapucaia
(Lecythis pisonis) e castanha sapucaia (Lecythis pisonis Cambess) (PIAUÍ, 2002).
O conjunto arquitetônico do parque é constituído da portaria (Figura 110), Escola do Meio
Ambiente, casa de administração (Figura 111), quiosques, hospital veterinário, edificações de
apoio, terrários para répteis, viveiros, fossos e jaulas.
Figura 110: Portaria de entrada do parque Zoobotânico,
2007.
Figura 111: Prédio da administração do parque, 2007.
A infraestrutura existente atende satisfatoriamente às demandas do parque, contando com
abastecimento de água próprio, instalações elétricas, sistema de irrigação para as áreas de
recreação, vias de acesso asfaltadas e sinalizadas, poços tubulares, unidades de bombeamento
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
120
e adução de água bruta do rio Poti e das lagoas e um sistema de esgotamento sanitário
baseado em fossas e sumidouros.
O parque tem como atividade principal a contemplação dos animais, no entanto, existem
outras atividades paralelas para atrair mais visitantes e diversificar o uso do parque, tais como:
bichos empalhados, trenzinho, labirinto e lanchonete (Figuras 112 a 115). Além das atividades
normais do parque, o realizados programas especiais de educação ambiental, sobre
preservação dos recursos naturais, para estudantes da rede pública e privada de ensino e de
diversas outras instituições, bem como para o público em geral. Este programa visa integrar a
comunidade com as atividades do zoológico.
Figura 112: Crianças visitando o ambiente das cobras, 2008 Figura 113: Museu de bichos empalhados, 2008.
Figura 114: Crianças brincando no labirinto, 2008. Figura 115: Lanchonetes, 2008
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
121
O parque é bastante usado, principalmente nos fins de semana e feriados, por famílias que
levam as crianças para conhecer o espaço. Também são comuns as excursões promovidas por
escolas, que objetivam apresentar aos alunos os animais vistos em sala de aula. Este tipo de
atividade se intensifica na semana da criança
54
.
Na semana da criança, a administração do parque realiza uma programação especial para o
evento, como teatrinho de marionetes e improvisação de brinquedos infláveis, que o parque
não tem playground para as crianças (Figuras 116-119).
O parque cobra uma entrada de R$ 2,00 para os adultos e de R$ 1,00 para as crianças de até
cinco anos. Para as excursões de escolas da rede pública não são cobradas as taxas de entrada.
Figura 116: Ônibus de excursão de alunos na semana da
criança, 2008.
Figura 117: Teatro de marionetes durante a semana da
criança, 2008.
54
Dentro de sua estrutura atual, o Parque Zoobotânico acolhe aos domingos e feriados, no período compreendido
entre as 8 horas e 17 horas, um público médio de 300 pessoas, composto de jovens, crianças, adultos, além do
público permanentemente vinculado aos diversos programas ecológicos e de educação ambiental existentes
(PIAUÍ, 2002).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
122
Figura 118: Brinquedo inflável colocado na semana da criança,
2008
Figura 119: Trenzinho levando as crianças para passear pelo
parque, 2008.
O parque conta com uma administração própria, sendo entre os parques analisados o único
que está sob responsabilidade do governo estadual. Seu gerenciamento está relacionado à
Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado do Piauí. Apresentando
vários funcionários, entre os quais, vigias, administrador, veterinários e cozinheiros,
responsáveis pela alimentação dos animais.
Recentemente, lixeiras, placas de sinalização, banheiros, lanchonetes e, principalmente, jaulas
dos animais foram reformadas. Essas reformas melhoraram o tratamento dado aos animais e a
segurança dos funcionários que lidam diretamente com eles (Figuras 120 e 121)
Figura 120: Entrada dos funcionários na jaula do leão, 2007. Figura 121: Jaula do leão, mostrando ao fundo o local onde
os funcionários do parque se comunicam com os leões,
2007.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
123
As atividades realizadas no parque não envolvem o rio Poti. Na margem do rio um cais
improvisado para dar acesso ao barco que faz o percurso da Escola Ambiental do Parque
Potycabana, na zona urbana de Teresina, ao parque Zoobotânico, uma tentativa de integração
dos dois parques, ambos coordenados pela Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos do Estado do Piauí. A lagoa dos Morros foi utilizada para área de passeios em
pedalinhos, hoje ela não desenvolve nenhuma atividade de lazer.
3.2.7. Balneário Curva São Paulo – Parque de Setor Urbano
Este espaço sempre foi usado pelos moradores da região, que improvisavam barracas de
palhas de apoio aos banhistas. Em 2007, este espaço foi reformado e estas barraquinhas foram
substituídas por quiosques padronizados de alvenaria, o parque foi urbanizado para criar um
local apropriado para os banhistas, consolidando-se como local de entretenimento e diversão
para os teresinenses.
Este parque está localizado na zona sudeste de Teresina, no bairro São Sebastião, na margem
direita do rio Poti. A zona sudeste está distante do centro urbano e caracteriza-se por
apresentar um grande crescimento urbano e populacional somando aproximadamente 122 mil
habitantes no censo de 2000 (TERESINA, 2009).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
124
A região sudeste é a principal usuária do Balneário Curva São Paulo, o parque serve como
local de lazer para esta região. O entorno imediato do parque é densamente povoado por
residências simples, de baixo padrão construtivo. Existe ainda no seu entorno um clube
particular e uma praça (Figura 122). O acesso ao parque, apesar de ser bem sinalizado, é
prejudicado pelas ruas estreitas do local (Figura 123).
Figura 122: Praça do bairro no entorno imediato ao
parque, 2007.
Figura 123: Rua de acesso ao Balneário, cerca de
arame que contorna o parque, 2007.
A área do parque é de apenas cinco hectares, sendo que seu desenho acompanha a entrada do
rio, formando uma curva, característica esta que deu origem ao nome do parque (Figuras 124
e 125).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
125
Figura 124: Imagem de Satélite do Balneário Curva São Paulo e seu entorno imediato.
Adaptado Google Earth
(2009)
Figura 125: Planta esquemática do Balneário Curva São Paulo, mostrando a localização do seu
equipamentos.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
126
Segundo Kallas e Machado (2005) a vegetação do parque na área construída é formada por
palmeiras e mangueiras e na área sem construções por vegetação nativa das margens do rio.
Recentemente, em uma parceria da Superintendência de Desenvolvimento Urbano Sudeste
(SDU - Sudeste) com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM), foram
replantadas cerca de 200 mudas de espécies nativas como oiti (Licania tomentosa), caneleiro
(Pachyramphus validus) e ipê ((Tabebuia avellanedae). Tal iniciativa tem a finalidade de
ajudar a manter o solo firme, evitar erosão e prevenir problemas como deslizamentos de terra
durante o inverno, além de deixar o clima do local mais agradável (GP1, 2009).
O parque é isolado do bairro por uma cerca de arame, permitindo a visibilidade da área
interna do espaço. A infraestrutura do parque conta com estacionamento com capacidade para
130 veículos (Figura 126), 46 bares/restaurantes padronizados de alvenaria e cobertos por
palha (Figura 127), playground, banheiros, chuveiros, palcos para atividades culturais e ponto
de salva-vidas.
Figura 126: Estacionamento do parque, 2009 Figura 127: Bares e restaurantes, 2009.
Antes da enchente de março de 2008, existiam sombreiros de palha que serviam como ponto
de apoio aos banhistas, esta enchente também destruiu boa parte dos muros de arrimo que
cercavam a praia dos banhistas. Atualmente, os danos causados pela enchente não foram
reparados (Figuras 128 a 131).
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
127
Figura 128: Muro de arrimo separando a área de banho da
área dos restaurantes. Antes da enchente, 2007.
Figura 129: Sombreiros na área de banho do parque.
Antes da enchente, 2007
Figura 130: Os muros de arrimo foram destruídos pela
enchente, 2008.
Figura 131: Algumas partes do parque ficaram destruídas
depois da enchente, 2008.
A atividade principal do parque é o banho no rio Poti. A prefeitura faz exames regulares para
medir a taxa de poluição do rio, e segundo o secretário de infraestrutura da Secretaria
Municipal de Planejamento, a água do rio está em condições para banhos.
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
128
O parque se caracteriza por um uso intenso: nos fins de semana, é utilizado,
preferencialmente, para banhos no rio e, durante a semana, o uso preferencial é à noite, nos
bares e restaurantes (Figuras 132 e 133). No período das cheias as atividades de banho no rio
diminuem, por causa dos perigos de afogamento, muito frequentes, mesmo com a presença de
salva-vidas no local (Figuras 134 e 135).
Figura 132: Usuários nos bares e restaurantes, 2009. Figura 133: Usuários passeando no parque e ambulantes
trabalhando, 2009.
Figura 134: Banhistas no Balneário. Depois da enchente os
sombreiros ainda não foram recolocados, 2009.
Figura 135: Posto salva-vidas, 2008.
O Balneário Curva São Paulo é administrado pela Superintendência de Desenvolvimento
Urbano Sudeste (SDU - Sudeste) e conta com o apoio da associação dos barraqueiros,
responsável pelo gerenciamento e pelos eventos realizados no parque. Os funcionários que
Capítulo 3 – Parques de Beira-Rio de Teresina
129
trabalham na limpeza do parque são de uma empresa terceirizada contratada pela SDU -
Sudeste. Depois da enchente a limpeza do parque foi realizada em regime de mutirão.
Segundo a prefeitura de Teresina, o objetivo da reforma do parque em 2007 foi geração de
500 empregos diretos e mais de 1.500 indiretos (GP1, 2009). O Balneário Curva São Paulo
alia espaço natural da cidade às oportunidades de lazer e, ainda, geração de emprego e renda,
fortalecendo a economia local e proporcionando mais qualidade de vida para os seus
moradores. Este espaço pode se tornar um importante atrativo de lazer para a cidade, pois
possíbilita a reprodução em Teresina de ambiente e práticas de lazer comum às cidades
litorâneas, mesmo distante do litoral.
Considerações finais
130
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mudanças nas concepções dos projetos dos parques públicos refletem, sem dúvida, os
novos hábitos dos habitantes das grandes cidades e as recentes preocupações com questões
ambientais. Tais mudanças geram, consequentemente, novas tipologias (classificações) destes
espaços públicos. Entre essas novas tipologias de parque está a de parque de beira-rio, que se
particularizam por estar construído às margens de rios, mas como os demais tipos de parque,
se configuram segundo a demanda por lazer da população.
Teresina possui 31 parques e os mais significativos são parques de beira-rio. Os parques
localizados fora das margens dos rios não possuem tratamento paisagístico para a prática de
atividades de lazer, único destaque é o Parque Ambiental do Mocambinho, com uma área de
reserva ecológica de 34 hectares, possui atividades voltadas para a educação ambiental, um
museu de animais empalhados e ainda abriga um viveiro de mudas. Os parques de beira-rio
representam 41,94% dos parques de Teresina e apenas o Parque Ambiental São Pedro não
possui características para práticas de lazer, os demais são potencialmente locais para estas
práticas.
As considerações finais são sobre a análise das condições de uso de uma amostra
representativa de seis de parques de beira-rio de Teresina, destinados a atender as demandas
por lazer da população. Entre estes parques dois deles estão localizados na zona centro-norte –
Parque Ambiental Encontro dos Rios e Parque da Cidade –, um está localizado na zona sul
Parque Ambiental da Prainha –, dois na zona leste Parque Ambiental Beira Rio e Parque
Zoobotânico e um na zona sudeste Balneário Curva São Paulo –, abrangendo, assim, as
quatro zonas da cidade.
Quanto à abrangência de público esses seis parques são classificados em três categorias
tipológicas Parque Metropolitano, Parque de Setor Urbano e Parque de Vizinhança. Sendo
que dois dos seis parques analisados são classificados em Parque Metropolitano Parque
Ambiental Encontro dos Rios e Parque Zoobotânico –, pois atraem público de toda a cidade;
três dos seis parques analisados são classificados em Parque de Setor Urbano Parque da
Cidade, Parque Ambiental Beira Rio e o Balneário Curva São Paulo –, que atendem aos
Considerações finais
131
usuários de determinado setor urbano e um dos seis parques analisados é classificado como
Parque de Vizinhança Parque Ambiental Prainha –, que atende aos usuários do entorno do
parque.
Quanto ao seu entorno, quatro dos seis parques estão em área basicamente residencial, o
Parque Ambiental da Prainha está localizado em área residencial e institucional e o Parque de
Ambiental Beira Rio, além da área residencial, possui em seu entorno áreas comerciais e de
prestação serviços. A diversidade do entorno do Parque Ambiental Beira Rio favorece a sua
frequência de uso em relação aos demais parques analisados.
Sobre acesso, dos seis parques dois têm acesso por via arterial (Parque Ambiental Prainha e
Parque Zoobotânico), três têm acesso por via coletora (Parque Ambiental Encontro dos Rios,
parque da Cidade e Parque Ambiental Beira Rio) e apenas um, o Balneário Curva São Paulo,
tem acesso por via local. O fluxo existente nas vias arteriais e coletoras favorece o acesso da
população a estes parques, pois o prolongamento destas vias conecta três das quatro zonas da
cidade (zonas centro-norte, sul e leste).
Quanto ao formato dos parques: o Parque Ambiental Encontro dos Rios tem formato
peninsular, o Parque da Cidade tem formato quadrangular, os Parques Ambiental da Prainha e
Ambiental Beira Rio têm formato linear, Parque Zoobotânico apresenta formato irregular e
Balneário Curva São Paulo apresenta formato de baía. Destaque para o formato linear como a
configuração mais comum entre os parques de beira-rio, que estruturados com calçadas
amplas torna-se ideal para as práticas de caminhadas.
Quanto á dimensão: um apresenta apenas três hectares (Parque Ambiental Encontro dos
Rios); um apresenta 17 hectares (Parque da Cidade); um apresenta 12 hectares (Parque
Ambiental da Prainha); um apresenta 9 hectares (Parque Ambiental Beira Rio); o maior de
todos os seis parques apresenta 137 hectares, o Parque Zoobotânico; e Balneário Curva São
Paulo possui 5 hectares.
Quanto aos equipamentos e mobiliário: cinco apresentam o mínimo para um espaço livre de
permanência como bancos, piso e iluminação – com exceção do Parque Ambiental da Prainha
que não oferece essas condições de acolhimento aos visitantes. O Parque Ambiental Encontro
dos Rios possui um mirante, um restaurante flutuante e um centro de atendimento ao turista.
Considerações finais
132
o Parque da Cidade possui um campo de futebol e três quadras poliesportivas, uma bica
com banho de cachoeira, um coreto e uma considerável área de playground. Enquanto o
Parque Ambiental Beira Rio apresenta um calçadão, uma bateria de aparelhos para exercícios
físicos e uma área com quiosques. O Parque Zoobotânico apresenta o zoológico da cidade e
um museu de animais empalhados. Por fim, o Balneário Curva São Paulo dispõe de área
reservada para banhos no rio Poti, de bares e restaurantes e playground.
Quanto às suas funções o Parque Ambiental Encontro dos Rios é principalmente turístico,
sendo o principal ponto turístico de Teresina; o Parque da Cidade é utilizado para práticas
esportivas e recreação; o Parque Ambiental da Prainha, em potencial, possui características
para práticas de caminhada, mas devido a ausência de infraestrutura a população não têm
estímulos para a sua apropriação; o Parque Ambiental Beira-Rio é utilizado, primordialmente,
para práticas de caminhada, exercícios em barra de malhação e entretenimento nos quiosques;
o Parque Zoobotânico, como exposto, é o zoológico da cidade; e Balneário Curva São Paulo
têm como principal função banhos no rio Poti e entretenimento nos bares e restaurantes do
local.
Quanto à Manutenção e gerenciamento, todos os seis parques recebem manutenção diária.
Entre os seis parques o único que possui apenas um funcionário responsável pela limpeza é o
Parque Ambiental da Prainha. O gerenciamento dos seis parques é precário, não existe em
nenhum deles política de divulgação permanente que incentive o seu uso e as ações são
sempre pontuais, relacionadas a datas comemorativas como dia das crianças ou semana do
meio ambiente. O Parque Zoobotânico, que entre os parques analisados é o único subordinado
a Secretaria de Meio Ambiente do Governo Estadual, conta com uma sede administrativa,
responsável pela organização do parque. Os outros cinco parques, que são de responsabilidade
da Prefeitura Municipal, são geridos pelas Secretarias Municipais de Desenvolvimento
Urbano e Regional ou pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Os parques
administrados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Parque Ambiental Encontro dos
Rios e Parque da Cidade) possuem programações especiais para atender aos usuários apenas
em datas comemorativas, época em que são bastante procurados pela população. Já os parques
administrados pelas Secretarias Municipais de Desenvolvimento Urbano e Regional não
recebem nenhuma atenção fora a manutenção diária: Parque Ambiental Beira Rio e Parque
Considerações finais
133
Ambiental da Prainha. No caso do Balneário Curva São Paulo existe a associação de
barraqueiros que organiza eventos, como shows musicais para atrair o público.
Todos os parques analisados possuem potenciais para melhorar o atendimento das atividades
que já disponibilizam e para oferecer novas opções lazer à população. O potencial dos espaços
livres é percebido quando se analisam as variáveis elencadas acima, pois elas influenciam no
uso dos parques.
Os seis parques analisados necessitam de ações diretas, específicas, contínuas e sistemáticas
dos responsáveis da esfera pública para resolver as problemáticas envolvidas nas suas
condições de uso.
Acesso e entorno são as variáveis principais relacionadas à freqüência de uso destes parques,
principalmente, quando estes são parques de setor urbano e vizinhança. Os parques
classificados como metropolitanos (Zoobotânico e Encontro dos Rios), quanto ao uso, são
independentes do entorno, pois, devido as suas características atraem público de toda a
cidade.
Relacionado ao uso, as variáveis mais influentes são: equipamentos e mobiliários,
manutenção e gerenciamento. Estas variáveis estão diretamente envolvidas com as condições
de infraestrutura dos parques. Tal como se observa no parque Ambiental da Prainha, o qual
possui boa localização, fácil acesso e entorno variado, porém sem infraestrutura para atrair os
usuários.
Estes seis parques de beira-rio de Teresina apresentam significativa variedade de atividades
quando comparados entre si. Isto é muito positivo, pois esse mosaico de funções oferecidas
por esses parques atende a diferentes necessidades de lazer da população, porém, faltam
organização e divulgação destes espaços livres e do conjunto das atividades existentes em
cada um para, assim, atender uma demanda muito maior de usuários.
A partir das considerações feitas sobre parques de beira-rio de Teresina se propõe uma
organização sistêmica das funções desses parques para atender as demandas por lazer da
população, o que, necessariamente, requer melhorias em infraestrutura. Os parques de beira-
rio devem incluir os rios Poti e Parnaíba dentro do rol de atividades desenvolvidas em seus
espaços livres, uma vez que somente dois destes parques têm os rios como alternativas de
Considerações finais
134
atividade de lazer: Parque Ambiental Encontro dos Rios, com mirante e restaurante flutuante,
e Balneário Curva São Paulo, com área reservada para banhos no rio Poti. Também é preciso
investimentos em sistema de transporte público para facilitar o acesso da população aos
parques públicos.
Atualmente, o Poder Público mostra-se incapaz de gerenciar os espaços propícios a atender as
demandas por lazer da população. O poder público nas cidades brasileiras precisa conhecer e
valorizar o potencial que os parques públicos representam para a qualidade de vida da
população – oferecendo lazer –, de sua capacidade de geração de emprego e renda, além de se
tornarem objetos de melhoria da imagem da cidade.
Referências
135
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Edison Gayoso Castelo Branco. “Theresina Teresina”. Teresina: Fundação
Cultural Monsenhor Chaves, 1994.
BARCELLOS, Vicente. Os parques: velhas idéias e novas experiências. Paisagem e
ambiente: ensaios. São Paulo: FAUUSP, n. 13, p. 49-71, 2000.
___________________. Os parques como espaços livres públicos de lazer: o caso de
Brasília. 1999. 214 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
BARCELLOS, Vicente. RODRIGUES, Maria da Assunção Pereira e SILVA, Marly Santos.
Do rural ao urbano: APPS e regularização fundiária no Distrito Federal. In: APP URBANA
2007 - Seminário Nacional sobre o Tratamento de Áreas de Preservação Permanente em Meio
Urbano e Restrições Ambientais ao Parcelamento do Solo, 2007, São Paulo. Anais..., São
Paulo: FAUUSP, 2007.
BARCELONA. Prefeitura de Barcelona. Els Parcs de Barcelona. Disponível em:
http://w3.bcn.es/XMLServeis/XMLHomeLinkPl/0,4022,257422265_257449819_2,00.html>.
Acesso em: 22. ago. 2009.
BARTALINI, Vladimir. Áreas Verdes e Espaços Livres Urbanos. Paisagem ambiente:
ensaios. São Paulo: FAUUSP, n° 1 e 2 (edição especial). P: 49-54, 1987.
BRASIL. Legislação Federal. Código Florestal Brasileiro. Lei Nº 4.771, de 15 de Setembro
de 1965. Disponível em: <http://www.controleambiental.com.br/codigo_florestal.htm>.
Acesso em: 01. mai. 2009.
BRASIL. Resolução CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio
ambiente. Resolução CONAMA nº 369 de 28 de março de 2006. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=489>. Acesso em: 28. abr. 2009.
BRAZ e SILVA, Ângela. Do projeto a realidade: sobre as transformações do conjunto
habitacional Mocambinho. 2004. 159 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento
Urbano) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004.
CRANZ, Galen. The politics of park design: a history of urban parks in America.
Cambridge: MIT Press, 1982.
DE MASI, Domenico (org.). A economia do ócio/ Bertrand Russel, Paul Lafargue. Rio de
Janeiro: Sextante, 2001.
Referências
136
DEL RIO, Vicente. Em busca do tempo perdido. O renascimento dos centros urbanos.
São Paulo, SP. 2001. Disponível em:
<http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp028.asp>. Acesso em: 25. fev. 2009.
DIAS, Ricardo. A verticalização em Teresina. Cadernos de Teresina. Teresina: Fundação
Cultural Monsenhor Chaves, n. 35, p.16–31, 2003.
DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 1976.
FAÇANHA, Antonio Cardoso. A evolução urbana de Teresina: agentes, processos e
fragmentos da cidade. 1998. 157 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, 1998.
GAELZER, Lenea. Lazer: benção ou maldição? Porto Alegre: Sulina/UFRGS, 1979.
GALENDER, Fany Cutcher. Considerações sobre a conceituação de espaços públicos.
Paisagem ambiente: ensaios. São Paulo: FAUUSP, n° 4, p. 113 – 120, 1992.
GOMES, Christianne Luce. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões
contemporâneas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
GONÇALVES, Wantuelfer. Padrões de assentamento de áreas verdes municipais – uma
visão crítica. 1994. 116 f Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
GRUPO CLAUDINO. Teresina: 1852-2002. Teresina: Halley, 2002.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 12 de mar de 2009.
KALLAS, Luana Miranda Esper; MACHADO, Roselis Ribeiro Barbosa. Parques Urbanos
em Teresina – PI: Diagnóstico e recomendações. Cadernos de Teresina. Teresina: Fundação
Cultural Monsenhor Chaves, Nº 37. p. 42-49, 2005.
KLIASS, Rosa Grena. Parques urbanos de São Paulo. São Paulo: Pini. 1993.
MACEDO, Sílvio Soares. Urbanização, litoral e ações paisagísticas à beira d’água. In:
TANGARI, Vera Regina et al (Org.). Águas urbanas: uma contribuição para a
regeneração ambiental como campo disciplinar integrado. Rio de Janeiro: PPG-FAU-
UFRJ, 2007.
____________. Quadro de paisagismo no Brasil. São Paulo: FAU/USP, 1999.
____________. Espaços Livres. Paisagem ambiente: ensaios. São Paulo: FAUUSP, n.7,
p.15-56, 1995.
Referências
137
____________. Os espaços livres de edificação e o desenho da paisagem urbana. In:
Seminário sobre desenho urbano no Brasil, 2, 1986, São Paulo. Anais. São Paulo: Pini, 1986.
MACEDO, Sílvio Soares. e SAKATA, Francine Gramacho. Parques urbanos no Brasil. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo e Imprensa Oficial do Estado, 2002.
MACHADO, Roselis Ribeiro Barbosa. Ecologia do Piauí: Conhecer para preservar.
Teresina: Qualygraph, 2002.
MAGNOLI, Miranda Martinelli. O parque no desenho urbano. Paisagem ambiente: ensaios.
Especial Miranda Magnoli. São Paulo: FAUUSP, n° 21. 2006.
_____________________. Espaços livres e urbanização: uma introdução a aspectos da
paisagem metropolitana. Tese (Livre-Docência) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de São Paulo – FAUUSP, 1982.
MAGNOLI, Miranda e KLIASS, Rosa Grena. Áreas verdes de recreação: município de
São Paulo. São Paulo: Prefeitura Municipal de São Paulo. 1969.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer, políticas e cidade. In: MÜLLER, Ademir e
COSTA, Lamartine Pereira da (org.). Lazer e desenvolvimento regional. Santa Cruz do Sul:
EDUNISC, 2002.
MATOS, Karenina C. Teresina e a paisagem das águas. Cadernos de Teresina. Teresina:
Fundação Cultural Monsenhor Chaves. n. 35, p. 20 – 31, 2003.
MATOS, Karenina Cardoso; LOPES, Wilza. Gomes Reis; COUTO, Lorena Santos Bezerra;
LEAL JUNIOR, José Hamilton Leal . O Rio Parnaíba com indutor do projeto de Parques
Ambientais para a cidade de Teresina. In: Carlos Gonçalves Terra; Rubens Oliveira de
Andrade. (Org.). Coleção paisagens culturais, v.3 Construções de paisagens:
Instrumentais práticos, teóricos-conceituais e projetuais. 1 ed. Rio de Janeiro: EBA
Publicações, v. 3, p. 276-285, 2008
MEDEIROS, Ethel Bauzer. O lazer no planejamento urbano. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1971.
MELLO, Sandra S. Na beira do rio tem uma cidade: urbanidade e valorização dos corpos
d'água. 2008. 351 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.
MMA – Ministério do Meio Ambiente/ Ministério do Planejamento. Orçamento e Gestão.
Projeto Orla – fundamentos para gestão integrada. Brasília: MMA/ SQO, MPU/SPU.
Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=11>. Acesso em:
10. jun. 2009.
MOREIRA, Amanda Cavalcante; MATOS, Karenina Cardoso ; LOPES, Wilza. Gomes Reis .
O Parque da Cidade: Origem, Transformações e sua Importância para a cidade de Teresina.
Referências
138
In: Carlos Gonçalves Terra; Rubens Oliveira de Andrade. (Org.). Coleção Paisagens
Culturais: v.1 Materialização da Paisagem através das Manifestaçãoes Socio-Culturais.
1 ed. Rio de Janeiro: EBA Publicações, v. 1, p. 240-247, 2008
MOURA, Maria Geni Batista de; LOPES, Wilza. Gomes Reis . Uso e ocupação do solo: uma
análise ambiental de bairros da zona norte de Teresina. In: Teresina: uma visão ambiental.
Maria do Socorro Lira Monteiro. (Org.). 1 ed. Teresina: EDUFPI, v. 1, p. 199-224, 2006
PIAUÍ, Governo do Estado do. Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos –
SEMAR. Plano de manejo do parque Zoobotânico de Teresina. Relatório das ações
executadas – Nº 6. Teresina, 2002.
PPS. Project for public spaces. Disponível em: <http://www.pps.org/>. Acesso em: 09. out.
2008
RIBEIRO, Ana Rita S. C. O Projeto paisagístico, as funções e usos dos parques urbanos do
Recife. Paisagem e ambiente: ensaios, São Paulo: FAUUSP, v. 10, p. 167-188, 1998.
ROMERO, Marta Adriana Bustos. Arquitetura Bioclimática do espaço público. Brasília:
Editora da UnB. 2001
SEGAWA, Hugo. Ao amor do público: jardins no Brasil. São Paulo. Studio Nobel:
FAPESP, 1996.
SERPA, Ângelo. O espaço público na cidade contemporânea. 1. ed. São Paulo: Editora
Contexto, 2007.
______________. Os Espaços livres de Edificação nas Periferias Urbanas um Diagnóstico
Preliminar em São Paulo e Salvador. Paisagem ambiente: ensaios, São Paulo: FAUUSP, n.
10, p.189-216, 1997
SERVILHA, Elson Roney; RUTKOWSKI, Emilia Wanda; DEMANTOVA, Graziella
Cristina e FREIRIA, Rafael Costa. Conflitos na proteção legal das áreas de preservação
permanentes urbanas. In: 3 Seminário Internacional: Ciência e Tecnologia na América Latina:
A Universidade como Promotora do Desenvolvimento Sustentável, 2006, Campinas. Anais...
Caderno de Resumos do Terceiro Seminário Internacional: Ciência e Tecnologia na América
Latina. Campinas: Unicamp, 2006. v. Único. p. 46-46. Campinas, 2006.
SPIRN, Anne Whiston. O jardim de granito: a natureza no desenho da cidade. São Paulo:
Edusp, 1995.
TERESINA - Secretaria Municipal de Planejamento – SEMPLAN. Teresina em bairros.
Teresina: Prefeitura Municipal de Teresina. 2009. Disponível em:
<http://www.teresina.pi.gov.br/novothe/pagina_blank.asp?link=http://www.teresina.pi.gov.br/
semplan>. Acesso em: 16. jan. 2009.
TERESINA. Prefeitura municipal de Teresina. Legislação Urbana de Teresina. Lei
Complementar N° 3.560 de outubro de 2006. Lei de Uso do Solo Urbano de Teresina.
Referências
139
Disponível em:
<http://www.teresina.pi.gov.br/novothe/pagina_blank.asp?link=http://www.teresina.pi.gov.br/
semplan>. Acesso em: 07. set. 2008.
TERESINA. Prefeitura municipal de Teresina. Legislação urbana de Teresina. LEI N°
2.265 DE 1993. Define diretrizes para o uso e ocupação do solo. Disponível em:
<http://www.teresina.pi.gov.br/novothe/pagina_blank.asp?link=http://www.teresina.pi.gov.br/
semplan>. Acesso em: 10. ago. 2008.
TERESINA. Prefeitura municipal de Teresina. Legislação urbana de Teresina. LEI N° 1942
DE 16 DE AGOSTO DE 1988. Dispõe sobre o tombamento e preservação do patrimônio
cultural, histórico, artístico e paisagístico, localizado no território do município de Teresina.
Disponível em:
<http://www.teresina.pi.gov.br/novothe/pagina_blank.asp?link=http://www.teresina.pi.gov.br/
semplan>. Acesso em: 10. set. 2008.
TERESINA. Prefeitura Municipal de Teresina. Parques de Teresina. Disponível em:
www.teresina.org.br/parquesdeteresina. Acesso em: 05. fev. 2008.
TERESINA, Secretária de Municipal de Meio Ambiente de. Relatório de avaliação das
unidades de conservação de Teresina. Teresina: Prefeitura Municipal de Teresina, 2007
TERESINA. Secretaria Municipal de Planejamento de. Agenda 2015 – plano de
desenvolvimento sustentável. Teresina: Prefeitura Municipal de Teresina. 2002.
VIEIRA, Danielle Melo. Análise dos impactos ambientais resultantes do uso e ocupação
do solo e a avaliação da conformidade legal e da gestão nas áreas de preservação
permanente do Rio Poti, em Teresina, PI/ Brasil. 2009. 194 f. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente) – TROPEN – PRODEMA – Universidade Federal do
Piauí (UFPI) –. Teresina, 2009.
Sites:
http://www.fredericklawolmsted.com./ Acesso em 02. Abr. 2009.
http://www.gp1.com.br/noticias/curva-do-sao-paulo-e-inaugurado-neste-fim-de-semana-
5740.asp. Acesso em: 10. fev. 2009.
http://www.piauionline.com.br/florestafossil/arquivos/florestafossil.htm. Acesso em 12. mai.
2009
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/. Acesso em 12. mar. 2009.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo