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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO GLICEROL PARA
CODORNAS DE CORTE
Autora: Eliany Batista
Orientador: Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan
Coorientadora: Prof
a
Dr
a
Alice Eiko Murakami
“Dissertação apresentada, como parte das
exigências para obtenção do título de MESTRE
EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-
graduação em Zootecnia da Universidade
Estadual de Maringá Área de concentração
Produção Animal”
MARINGÁ
Estado do Paraná
Março - 2010
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ii
“De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estamos começando, a certeza de que é
preciso continuar e a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Fazer da interrupção um caminho novo, fazer da queda um passo de dança, do medo
uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro.”
Fernando Sabino
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iii
A Deus e aos meus pais
DEDICO
iv
AGRADECIMENTO
Aos meus pais, Benedito Batista e Ivanilde Ferdinando Batista por terem
confiado em todas as minhas decisões e por toda estrutura necessária proporcionada
para que eu pudesse dedicar em tempo integral aos meus estudos;
Ao meu professor e orientador Dr. Antônio Cláudio Furlan, por ter permitido
que fizesse parte de sua equipe. Por todo aprendizado ofertado durante estes anos e pela
confiança depositada, o meu muito obrigado;
Ao Diego Endrigo de Oliveira, meu namorado, pela paciência, companheirismo
e compreensão;
À Universidade Estadual de Maringá e Fazenda Experimental de Iguatemi, por
ter oferecido todo o espaço físico necessário para a realização deste trabalho;
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
Aos colegas Carina Sherer, Ana Paula Ton, Letícia Lorençon, Alexandre
Iwahashi, Marcos Nonaka, Tiago Pasquetti, Aline Santana e Jaqueline Turbay, pela
ajuda na condução dos trabalhos.
Enfim, a todos aqueles que de alguma maneira, direta ou indiretamente,
contribuíram para a conclusão deste trabalho...
...a minha eterna gratidão.
v
BIOGRAFIA DA AUTORA
ELIANY BATISTA, filha de Benedito Batista e Ivanilde Ferdinando Batista,
nasceu em Mandaguaçu, Estado do Paraná, no dia 29 de março de 1982.
Em Fevereiro de 2008, concluiu o curso de graduação em Zootecnia, pela
Universidade Estadual de Maringá.
Em Março de 2008, ingressou no curso de Pós-graduação em Zootecnia, nível de
Mestrado, na área de concentração Produção animal, na Universaidade Estadual de
Maringá, realizando estudos na área de nutrição de aves.
Submeteu-se em março de 2010, à banca para defesa da Dissertação.
vi
ÍNDICE
Página
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... x
RESUMO ........................................................................................................................ 12
ABSTRACT .................................................................................................................... 13
I - INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................. 3
1.1 Coturnicultura ......................................................................................................... 3
1.2 Energia dos alimentos ............................................................................................. 4
1.3 Glicerol .................................................................................................................... 5
1.3.1 Histórico ............................................................................................................... 5
1.3.2 Características gerais ............................................................................................ 5
1.3.3 Metabolismo ......................................................................................................... 6
1.3.4 Produção ............................................................................................................... 7
LITERATURA CITADA ................................................................................................. 9
II OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................. 11
2.1. Objetivos específicos ........................................................................................... 11
III Composição química e valores de energia metabolizável de diferentes fontes de
glicerol para codornas de corte em crescimento ............................................................. 12
RESUMO .................................................................................................................... 12
ABSTRACT ................................................................................................................ 13
vii
Introdução ................................................................................................................... 14
Material e Métodos ..................................................................................................... 15
Resultados e discussão ................................................................................................ 18
Conclusão .................................................................................................................... 19
Literatura citada .......................................................................................................... 20
IV - Desempenho de codornas de corte, de um a 14 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal .............. 22
RESUMO .................................................................................................................... 22
ABSTRACT ................................................................................................................ 23
Introdução ................................................................................................................... 24
Material e métodos ...................................................................................................... 25
Resultados e Discussão ............................................................................................... 30
Conclusão .................................................................................................................... 35
Literatura citada .......................................................................................................... 36
V - Desempenho de codornas de corte, de 15 a 35 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal .............. 38
RESUMO .................................................................................................................... 38
ABSTRACT ................................................................................................................ 39
Introdução ................................................................................................................... 40
Material e métodos ...................................................................................................... 41
Resultados e discussão ................................................................................................ 46
Conclusão .................................................................................................................... 56
Literatura citada .......................................................................................................... 57
viii
LISTA DE TABELAS
III Composição química e valores de energia metabolizável de diferentes fontes
de glicerol para codornas de corte em crescimento
Página
Tabela 1. Composição centesimal e composição química da ração referência para
codornas de corte em fase de crescimento ...................................................................... 16
Tabela 2. Composição química e valores de energia bruta (EB) do glicerol vegetal bruto
(GVB) e do glicerol vegetal semipurificado (GVS), com base na matéria natural ........ 18
Tabela 3. Coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca (CMMS), da matéria
orgânica (CMMO), da energia bruta (CMEB), teores de energia metabolizável aparente
(EMA) e teores de energia metabolizável aparente corrigida para balanço de nitrogênio
(EMAn) do glicerol vegetal bruto (GVB) e do glicerol vegetal semipurificado (GVS),
na matéria natural ............................................................................................................ 19
IV - Desempenho de codornas de corte, de 1 a 14 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal
Tabela 1. Composição centesimal e química das rações experimentais das codornas de
corte em fase inicial (1 a 14 dias de idade) ..................................................................... 26
Tabela 2. Valores médios de peso vivo (PV), consumo de ração (CR), ganho de peso
(GP), conversão alimentar (CA) e biomassa corporal acumulada (BCA) das codornas de
corte em fase inicial em função dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol
vegetal semipurificado (GVS) ........................................................................................ 31
ix
Tabela 3. Valores médios da composição química corporal (CQC), taxa de deposição de
proteína (TDP) e de gordura (TDG), eficiência de deposição de proteína (EDP) e
energia retida na carcaça (ERC), em função dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB)
e glicerol vegetal semipurificado (GVS) ........................................................................ 33
Tabela 4. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função
dos níveis de glicerol vegetal semipurificado (GVS) ..................................................... 34
Tabela 5. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função
dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) .................................................................... 35
V - Desempenho de codornas de corte, de 15 a 35 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal
Página
Tabela 1. Composição centesimal e química das rações experimentais para codornas de
corte em fase de crescimento (15 a 35 dias de idade) ..................................................... 42
Tabela 2. Valores médios de peso vivo (PV), consumo de ração (CR), ganho de peso
(GP), conversão alimentar (CA) e biomassa corporal acumulada (BCA) das codornas de
corte em fase inicial em função dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol
vegetal semipurificado (GVS) ........................................................................................ 47
Tabela 3. Valores médios da composição química corporal (CQC), taxa de deposição de
proteína (TDP), taxa de deposição de gordura (TDG), eficiência de deposição de
proteína (EDP) e energia retida na carcaça (ERC) de codornas de corte, em função dos
níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol vegetal semipurificado (GVS) .......... 49
Tabela 4. Valores médios de peso vivo (PV), peso de carcaça (PCA), peso de cortes
(peito e pernas) (PPEI e PPER), peso de gordura abdominal (PGA), rendimento de
carcaça (RCA), de cortes (peito, coxa) (RPEI e RPER) e porcentagem de gordura
abdominal (POGA) das codornas de corte em função dos níveis de glicerol vegetal
bruto (GVB) e glicerol vegetal semipurificado (GVS) ................................................... 52
Tabela 5. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função
dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) .................................................................... 56
Tabela 6. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função
dos níveis de glicerol vegetal semipurificado (GVS) ..................................................... 56
x
LISTA DE FIGURAS
IV - Desempenho de codornas de corte, de 1 a 14 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal
Página
Figura 1. Conversão alimentar de codornas de corte no período de 1 a 14 dias ............. 32
Figura 2. Custo da ração por quilograma de peso vivo de codornas de corte no período
de 1 a 14 dia .................................................................................................................... 34
V - Desempenho de codornas de corte, de 15 a 35 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal
Figura 1. Consumo de ração de codornas de corte no período de 15 a 35 dias...........
48
Figura 2. Quantidade de água presente na carcaça de codornas no período de corte
de 15 a 35 dias..............................................................................................................
50
Figura 3. pH peitoral de codornas de corte no período de 15 a 35 dias......................
51
Figura 4. Rendimento de perna de codornas de corte no período de 15 a 35 dias......
53
Figura 5. Peso de gordura abdominal de codornas de corte no período de 15 a 35
dias...............................................................................................................................
53
Figura 6. Peso de gordura abdominal de codornas de corte no período de 15 a 35
dias...............................................................................................................................
54
xi
Figura 7. Porcentagem de gordura abdominal de codornas de corte de 15 a 35 dias..
55
Figura 8. Porcentagem de gordura abdominal de codornas de corte de 15 a 35 dias..
55
RESUMO
Foram conduzidos três experimentos com o objetivo de verificar o desempenho e
características de carcaça de codornas de corte alimentadas com rações contendo níveis
crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal. No experimento 1, foram
utilizadas 75 codornas de 20 dias de idade, não sexadas, alojadas em gaiolas de
metabolismo, distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado com três
tratamentos e cinco repetições com cinco aves por repetição. Todas as rações
experimentais foram à base de milho e farelo de soja. Os tratamentos foram: uma ração
referência (RR), formulada para o atendimento das exigências nutricionais para essa
fase; uma ração teste, contendo nível de substituição de 10% de glicerol vegetal bruto
(GVB) e uma ração teste, contendo nível de substituição de 10% de glicerol vegetal
semipurificado (GVS). Não foram observadas diferenças nos coeficientes de
metabolizabilidade da matéria seca, matéria orgânica e energia bruta (P>0,05) entre os
tratamentos. Os valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia
metabolizável aparente corrigida para balanço de nitrogênio (EMAn) para GVB e GVS
foram de: 4.564 e 3.069, e 4.112 e 2.994 kcal/kg de matéria natural, respectivamente.
No experimento 2, foram utilizadas 1.152 codornas de corte de um dia de idade, não
sexadas, distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado com nove
tratamentos, quatro repetições com 32 aves em cada repetição. Os tratamentos foram:
uma ração controle (RC), quatro rações com inclusão de níveis crescentes de GVB (4, 8,
12 e 16%) e quatro rações com inclusão de níveis crescentes de GVS (4, 8, 12 e 16%).
A conversão alimentar piorou linearmente (P<0,05) com o aumento dos níveis de GVS.
Considerando a análise econômica, pode-se concluir que o glicerol vegetal bruto pode
ser incluído nas rações até o nível de 16% e, sua utilização dependerá da relação de
preço entre ao ingredientes. No experimento 3, foram utilizadas 792 codornas
distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado com nove tratamentos,
quatro repetições com 22 aves em cada repetição. Os tratamentos utilizados foram os
mesmos do experimento 2, sendo formuladas com base nas exigências nutricionais para
essa fase (15 35 dias). O consumo de ração aumentou linearmente (P<0,05) com o
aumento dos níveis de GVS, concluindo que os gliceróis, bruto e semipurificado, podem
ser utilizados como fonte energética nas dietas experimentais até o nível de 16% de
inclusão sem afetar o desempenho das codornas de corte, ficando o uso na dependência
do custo do glicerol.
Palavras-chave: Coturnix coturnix sp, desempenho, digestibilidade, energia,
rendimento de carcaça
ABSTRACT
Three experiments were carried out to verifity the performance and carcass yeild of
meat type quail , fed with diets containing increasing levels of glycerol from vegetable
fat. In the first experiment, were used, 75 meat type quails, twenty days of age, non-
sexed, housed in metabolism cages, and allotted in a completely randomized design,
with three treatments and five replications, with five birds per replication. All diets were
based on corn and soybean meal. The treatments were: a reference diet (RD),
formulated to meet the nutritional requirements for this phase, a test diet with a
replacement level on 10% of crude vegetable glycerol (CVG) and a test diet containing
the replacement level of 10% vegetable semi-purified glycerol (VSG). There were no
differences (P>0.05) in metabolizability coefficients of dry matter, organic matter and
gross energy between treatments. The values of apparent metabolisable energy (AME)
and apparent metabolisable corrected by nitrogen balance (AMEn) for CVG and VSG
were: 4,564 and 3,069 and 4,112 and 2,994 kcal/kg as fed-basis, respectively. To the
second experiment were used 1.152 meat type quails, one day age, non-sexed,
distributed in a completely randomized design, with nine treatments, four replications
with 32 birds per replication. The treatments were: a control diet (CD), four diets with
levels inclusion (4, 8, 12 and 16%) of CVG and four diets with levels inclusion (4, 8, 12
and 16%) of VSG. The feed:gain ratio decrease linearly (P<0,05) as the levels of VSG
increase. Considering the economic analysis, it was conclude that CVG can be included
in the diets until 16% levels and, it use will depend on the price ratio between the
ingredients. In third experiment, were used 792 meat type quails distributed in a
completely randomized design, with nine treatments, four replications with 22 birds per
repetition. The treatments used were the same of second trial and the experimental diets
were based on nutritional requirements for this phase (15 - 35 days). The feed intake
increased linearly (P>0,05) as increase the levels of VSG, concluding that, the crude
and semi-purified glycerol, can be used as an energy source in the experimental diets
until 16% of inclusion with no effects on meat type quails performance, getting use
depending on the cost of glycerol.
Key words: carcass yield, Coturnix coturnix sp, digestibility, energy, performance
3
I - INTRODUÇÃO GERAL
1.1 Coturnicultura
Os investimentos na criação de codornas no país têm aumentado graças a uma
série de características dessas pequenas aves, tornando essa atividade uma alternativa
lucrativa para o mercado brasileiro. O setor tem merecido cada vez mais destaque ao
longo dos anos. Sua evolução tem sido constante e cada vez mais empresas do setor
avícola tem mostrado interesse em melhorar a qualidade de seus produtos, produzindo a
custos mais baixos e atender ao consumidor da melhor forma possível (Bertechini,
2009).
A criação de codornas foi introduzida no Brasil no início da década de 1960,
visando principalmente à produção e comercialização de ovos in natura, tendo grande
impulso no consumo, por volta de 1971 quando foi lançada a música “Ovo de codorna”
de Severino Ramos Oliveira, por Luiz Gonzaga (Murakami & Ariki, 1998).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), o efetivo
de codornas em 2008 teve aumento de 18,3% quando comparado com o ano de 2007, se
apresentando como o setor de maior variação. A Região Sudeste teve aumento de 29,6%
no efetivo registrado de 2008, quando comparado com o ano de 2007. O que mais
influenciou este dado é o aumento de 49,6% ocorrido no Estado de São Paulo, 38,3% no
Estado do Mato Grosso e 26,3%, registrado na Bahia.
Na coturnicultura, as quatro grandes possibilidades de exploração são a
produção de ovos, produção de codornas de um dia de idade, codornas recriadas com 20
a 35 dias de idade e produção de carne.
4
Na criação de codornas de corte as aves de um dia de idade são mantidas, até 25-
30 dias, quando são sexadas, sendo as fêmeas destinadas para a produção de ovos, e os
machos criados até 35-45 dias, quando serão abatidos e comercializados (Murakami &
Ariki, 1998).
A carne de codorna europeia (Coturnix coturnix coturnix) é bastante apreciada.
Seu sabor é semelhante ao da galinha, porém mais marcante. É uma carne leve, de fácil
digestão, rica em proteínas, vitaminas e sais minerais. Rezende et al. (2004), ressalta
que a produção de carne de codorna é uma atividade expressiva em muitos países,
principalmente no continente europeu, onde, a qualidade da carne de codorna é
conhecida pelo seu alto conteúdo de proteína, aminoácidos e baixa quantidade de
gordura.
De acordo com Santos et al. (2005), na tentativa de preencher este espaço no
mercado, algumas empresas avícolas têm incrementado a criação comercial de
linhagens de codornas de corte, sendo o sucesso desse tipo de empreendimento, por sua
carne ser considerada exótica e reconhecida por sua alta qualidade e palatabilidade.
1.2 Energia dos alimentos
A função principal dos carboidratos é servir de fonte de energia nos processos
metabólicos. Junto com a gordura, os carboidratos são as maiores fontes de energia para
os animais (Macari, 2002). Entretanto, a importância dos carboidratos como fonte de
energia é muito maior, pois quantitativamente a sua presença é maior nos grãos e,
portanto, nas dietas nas aves.
Os grãos de cereais são os alimentos que contribuem com a maior parte dos
carboidratos na nutrição de aves. Os processos nutricionais estão basicamente
relacionados com a conversão da energia química armazenada nas moléculas dos
alimentos, em energia cibernética das reações químicas do metabolismo, que logo se
refletem no desempenho zootécnico (Macari, 2002).
Um dos maiores custos da produção avícola é a alimentação, fator dependente
do mercado de commodities. Os alimentos ricos em carboidratos, como o milho,
constituem normalmente a maior proporção das rações e geralmente a maior parcela do
custo total da produção das aves, principalmente porque as matérias-primas o
largamente usadas tanto para criação de aves quanto para o consumo humano.
5
Considerando os elevados custos dos ingredientes e sua grande variação de
preços no mercado, tem-se buscado, por meio de pesquisas, utilizar alimentos
alternativos que, sob o ponto de vista nutricional e econômico, atendam os objetivos do
setor.
1.3 Glicerol
1.3.1 Histórico
Por volta de 600 a.C, os fenícios divulgaram um conhecimento alquimista de
como se fazer sabão, que alguns séculos mais tarde, tiveram sua divulgação via
Marselha dentro dos costumes gauleses e germânicos. Nenhuma referência antiga pode
ser encontrada com os nomes “glicerina” ou “glicerol”, esses nomes datam do século
XX unicamente. No período da Renascença da Itália, referências de como fazer sabão
podem ser encontradas pela Europa Central e regiões da Alemanha nos séculos
seguintes. Por volta do século XIV, no reinado de Carlos I, a coroa Inglesa
monopolizava o comércio e fabricação de sabão e, até mesmo, cobrava uma taxa das
pessoas que possuíam uma preferência por limpeza (Kirk-Otmer, 2007).
No século seguinte, este conhecimento foi levado da alquimia à química, um
exemplo histórico está em C.G. Geoffrey (1741), que intensificou seus estudos acerca
da natureza das substâncias gordurosas, desencadeando a descoberta da glicerina.
Menos de 40 anos depois, o químico Sueco Carl Wilhelm Scheele foi o primeiro a isolar
esse composto, em 1779, pelo aquecimento de uma mistura de litargírio (PbO) com óleo
de oliva. Foi ele quem formalizou a descoberta de que os óleos e gorduras naturais
contêm o que chamamos hoje de glicerina. Na época, ele a batizou de o doce princípio
das gorduras” (Kirk-Otmer, 2007).
1.3.2 Características gerais
O glicerol é uma substância solúvel em água, viscosa, sem odor e com sabor
doce. É derivado tanto de fontes naturais, constituindo cerca de 10% dos triglicerídios
das gorduras animais e dos óleos vegetais, quanto da indústria petroquímica (Wang et
al., 2001).
6
Além, de ser uma fonte energética, o glicerol pode ser empregado nas dietas para
melhorar a qualidade dos pellets, reduzir o das rações e dos suplementos minerais e
vitamínicos.
A mistura de uma fonte de óleo com um álcool (etanol ou metanol) e um
catalisador (Hidróxido de sódio ou potássio) possibilita a ruptura das moléculas de
triglicerídios em metil ésteres, chamados de biodiesel, e glicerol (glicerina ou 1,2,3-
propanotriol). Para cada litro de biodiesel produzido, aproximadamente 80 g de glicerol
são obtidos (Kerr et al., 2008). O glicerol tem mais de 1500 aplicações, desde
cosméticos e produtos farmacêuticos até alimentos e outros (Piesker & Dersjant-Li,
2006).
O glicerol, desde 1959, é reconhecido como substância atóxica, permitido como
aditivo em alimentos, e também considerado como substância “GRAS” (Generally
Regraded as Safe) pelo Food and Drug Administration dos Estados Unidos, e
certamente permitido em alimentos enlatados. No Brasil, seu uso em produtos
alimentícios é assegurado pela Resolução de n° 386, de 5 de agosto de 1999.
Dentre as características físico-químicas do glicerol destacam-se as propriedades
de ser um quido oleoso solúvel em água e álcool em todas as proporções e pouco
solúvel em éter, acetato de etila e dioxano e insolúvel em hidrocarbonetos.
1.3.3 Metabolismo
O glicerol pode ser considerado uma fonte adequada de energia, pois quando as
gorduras são digeridas, normalmente são obtidas duas moléculas de ácidos graxos e
uma molécula de monoglicerídio. Quando a digestão é completa, são obtidas três
moléculas de ácidos graxos e uma molécula de glicerol, sendo esta última molécula, por
seu baixo peso molecular, facilmente absorvida por difusão. Quando absorvido, o
glicerol pode ser convertido em glicose via gliconeogênese, ou oxidado, para a
produção de energia, via glicólise e ciclo de Krebs (Robergs & Griffin, 1998), sendo
que o metabolismo do glicerol predominantemente ocorre no fígado e nos rins.
O glicerol é um precursor para a síntese de triacilgliceróis e de fosfolípidos, no
fígado e no tecido adiposo. Quando o corpo usa a gordura acumulada como fonte de
energia, glicerol e ácidos graxos são libertados na corrente sanguínea. O glicerol pode
ser convertido em glicose pelo fígado, providenciando energia para o metabolismo
7
celular. Antes que possa entrar na via da glicólise ou da gliconeogénese (dependendo
das condições fisiológicas), tem que ser convertido em gliceraldeído-3-fosfato. A
enzima glicerol quinase está presente apenas no fígado. Em tecidos adiposos, o glicerol
3-fosfato é obtido da dihidroxiacetona fosfato através da ação da enzima glicerol-3-
fosfato desidrogenase (Leningher, 2006).
Mourot et al. (1994) explicam como o glicerol liberado pelo catabolismo do
triacilglicerol é convertido à glicose por fosforilação do glicerol-3-fosfato (catalisado
pela glicerol quinase) na gliconeogênese no gado. Isto fornece uma fonte de energia
prontamente disponível para os animais, o que poderia ser especialmente benéfico para
aqueles que estão em um estado de déficit de energia.
1.3.4 Produção
Tradicionalmente o glicerol é produzido por saponificação dos óleos, gorduras
ou sebos utilizando lixívias alcalinas, sendo obtido como subproduto na fabricação de
sabão. A sua obtenção também pode ser a partir de derivados do petróleo por cloração a
altas temperaturas e por hidrogenação da sacarose na presença de um catalisador a alta
pressão e temperatura. Em razão das diferentes possibilidades de aplicações do glicerol
na indústria, vem aumentando o número de pesquisas para a sua produção por via
fermentativa a partir de fontes renováveis de energia. Diferentes microrganismos como
bactérias, leveduras, fungos e também algas e alguns protozoários são mencionados na
literatura como produtores de glicerol (Wang et al., 2001).
O glicerol também pode ser obtido por reação de transesterificação catalítica de
diferentes oleaginosas, assim como de óleo de fritura usado e de gordura animal na
presença de metanol ou etanol, durante a produção do biodiesel (Expedito, 2003).
Até 2003, a produção anual mundial de glicerina era inferior a um milhão de
toneladas/ano. Para 2010, há a estimativa de dois e meio milhões de toneladas, das quais
65% serão provenientes da cadeia do biodiesel (USDA, 2007). No Brasil, a produção de
glicerina em 2008 foi superior a 80 mil toneladas, sendo mais da metade oriunda de
plantas de biodiesel (BIODIESEL.BR, 2008).
Esta produção já é muito superior ao que pode absorver o mercado tradicional da
glicerina, que não passa das 30 mil toneladas/ano (ABIQUIM, 2007).
8
De acordo com a SINDIRAÇÕES (2008), a produção de glicerina deve
ultrapassar as 200 mil/ton/ano a partir de 2010, quando a produção de biodiesel chegar à
meta de 5% do diesel nacional. A produção de rações para aves e suínos representa no
Brasil, mais de 80% do total de rações animais produzidas, sendo que as estimativas
para 2009 foram de mais de 32 milhões de toneladas para a avicultura e mais de quinze
milhões de toneladas para a suinocultura, em um total de aproximadamente 48 milhões
de toneladas/ano.
Resultados preliminares têm mostrado que a glicerina pode ser uma fonte de
energia eficiente nas dietas de aves (Viera et al., 2008). o entendimento entre os
cientistas de que o glicerol facilmente se distribui no organismo, pela rápida difusão.
Segundo Penz Jr. & Gianfelice (2008), o uso de fontes alternativas de energia
para tender as necessidades dos seres humanos poderá colocar em risco o suprimento
para a alimentação humana e animal. Ao mesmo tempo, a produção de energia a partir
de gorduras animais e vegetais resultará na disponibilização de glicerina, que pode ser
utilizada na alimentação animal, pois os atuais usos possivelmente não serão suficientes
e/ou economicamente adequados. Com o aumento do custo da energia das dietas,
principalmente de monogástricos (suínos e aves), que está sendo causada pela
competição com a produção de combustíveis, as dietas estão ficando muito caras, visto
que a energia é o componente nutricional mais caro destas dietas.
Entretanto, o aumento da produção de biodiesel poderá ser adequadamente
viabilizado se forem encontradas novas aplicações para o subproduto gerado, o glicerol
bruto, ou glicerina, visto que para 90 m
3
de biodiesel produzido pela reação de
transesterificação de óleos vegetais, são gerados 10 m
3
de glicerol bruto (Gonçalves,
2006).
9
LITERATURA CITADA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA ABIQUIM. (CD
ROM), São Paulo, 2007.
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11
II OBJETIVOS GERAIS
O objetivo do presente trabalho foi verificar o desempenho e características de
carcaça de codornas de corte alimentadas com rações contendo níveis crescentes de
glicerol proveniente de gordura vegetal.
2.1. Objetivos específicos
1. Determinar a composição química e o valor energético do glicerol
vegetal bruto e glicerol vegetal semipurificado;
2. Verificar a viabilidade de uso do glicerol como fonte de energia,
procurando determinar o melhor nível de inclusão para melhor
desempenho;
3. Verificar se o uso do glicerol nas rações promove alterações no
rendimento de carcaça e de cortes e na qualidade de carne;
4. Avaliar a viabilidade econômica da utilização do glicerol nas rações de
codornas de corte.
12
III Composição química e valores de energia metabolizável de diferentes fontes
de glicerol para codornas de corte em crescimento
RESUMO - O experimento foi conduzido com o objetivo de determinar o valor
nutricional do glicerol para codornas de corte. Foram utilizadas 75 codornas de 20 dias
de idade, não sexadas, alojadas em gaiolas de metabolismo, distribuídas em um
delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos e cinco repetições com
cinco aves por repetição. Todas as rações experimentais foram à base de milho e farelo
de soja. Os tratamentos foram: uma ração referência (RR), formulada para o
atendimento das exigências nutricionais para essa fase; uma ração teste, contendo nível
de substituição de 10% de glicerol vegetal bruto (GVB) e uma ração teste, contendo
nível de substituição de 10% de glicerol vegetal semipurificado (GVS). Não foram
observadas diferenças nos coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca, matéria
orgânica e energia bruta (P>0,05) entre os tratamentos. Os valores de energia
metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida para balanço
de nitrogênio (EMAn) para GVB e GVS foram de: 4.564 e 3.069, e 4.112 e 2.994
kcal/kg de matéria natural, respectivamente.
Palavras-chave: Coturnix coturnix sp, coeficiente de metabolizabilidade, digestibilidade
13
III Chemical composition and metabolisable energy values of different sources of
glycerol to meat type quail in growth
ABSTRACT The experiment were carried out to determine the nutritional value
of glycerol to meat type quails. There were used, 75 meat type quails, twenty days of
age, non-sexed, housed in metabolism cages, allotted in a completely randomized
design, with three treatments and five replications, with five birds per replication. All
diets were based on corn and soybean meal. The treatments were: a reference diet (RD),
formulated to meet the nutritional requirements for this phase, a test diet with a
replacement level on 10% of crude vegetable glycerol (CVG) and a test diet containing
the replacement level of 10% vegetable semi-purified glycerol (VSG). There were no
differences (P>0.05) in metabolizability coefficients of dry matter, organic matter and
gross energy between treatments. The values of apparent metabolisable energy (AME)
and apparent metabolisable corrected by nitrogen balance (AMEn) for CVG and VSG
were: 4,564 and 3,069 and 4,112 and 2,994 kcal/kg as fed-basis, respectively.
Key words: Coturnix coturnix sp, digestibility, metabolizability coefficient
14
Introdução
No Brasil, a produção de codornas para produção de carne é recente, porém
bastante promissora. Sabe-se que esta espécie possui pequena exigência de espaço,
maturidade sexual precoce, pequeno intervalo de gerações, baixo consumo de ração, alta
taxa de crescimento inicial e precocidade ao abate (Barreto et al., 2006).
Para aves, o milho é o principal ingrediente da dieta, sendo utilizado como fonte
de energia. Aproximadamente 70% dos custos com a criação das codornas são com a
alimentação, e o milho, é o ingrediente de maior proporção nas formulações sendo o
alimento responsável por grande parte destes custos. Apesar da excelente qualidade
desse grão, a sua substituição por alimentos energéticos alternativos que sejam mais
baratos tem sido objeto de estudo de pesquisadores, visando à redução dos custos de
produção sem prejuízo no desempenho dos animais.
A energia não é propriamente um nutriente, mas sim uma propriedade na qual os
nutrientes produzem energia, quando oxidados pelo metabolismo (NRC, 1994). Para
Albino et al. (1992), a determinação dos valores energéticos dos alimentos é essencial
para o correto balanceamento de rações, já que o valor nutritivo do alimento está
diretamente relacionado com esse fator. É ainda um dos componentes mais importantes
na formulação de rações para aves, sendo mais frequentemente determinada através do
método de coleta total de excretas.
A energia metabolizável é a forma normalmente utilizada para aves no Brasil,
sendo obtida pela diferença entre a energia bruta do alimento e a energia das excretas
(fezes e urina) e dos gases oriundos da digestão, podendo ser determinada e expressa
como energia metabolizável aparente (EMA) e ainda energia metabolizável aparente
corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn) (Sakomura & Rostagno, 2007).
A EMAn difere da EMA pela correção associada ao balanço de nitrogênio. Essa
correção baseia-se no fato de que, em aves em crescimento, a proteína retida no corpo
da ave e, consequentemente, não catabolizada até os produtos de excreção nitrogenada,
não contribui para a energia das fezes e urina. Por outro lado, em aves adultas, parte dos
compostos nitrogenados são catabolizados e excretados como ácido úrico (Sibbald,
1982). Assim, aves com diferentes graus de retenção nitrogenada proporcionam
diferentes valores de energia excretada para a mesma digestibilidade do alimento
(Sakomura & Rostagno, 2007).
Os valores de EMAn do glicerol bruto, determinados por Dozier et al. (2008),
para frangos de corte, foram de 3.621Kcal/Kg para as aves com quatro a 11 dias de
15
idade, de 3.331Kcal/Kg com 17 a 24 dias de idade e 3.349 Kcal/Kg com 38 a 45 dias de
idade.
Lammers et al. (2008), trabalhando com poedeiras Hy Line W36, com 40
semanas de idade, verificaram que a inclusão de glicerol bruto em até 15% não afetaram
as características produtivas. A energia metabolizável aparente, de 3.805 kcal/kg, foi
superior aos valores normalmente usados para o milho (Rostagno et al., 2005), nas
dietas para estas aves.
A utilização do glicerol na alimentação animal como fonte de energia tem
merecido grande destaque no cenário mundial. Porém, para que essa medida seja
nutricional e economicamente viável, faz-se necessário a condução de pesquisas,
avaliando sua composição energética, a fim de obter valores confiáveis e padronizados
que permitam as aves expressarem todo seu potencial genético.
O objetivo deste trabalho foi determinar a composição química e o valor
energético do glicerol vegetal bruto e do glicerol vegetal semipurificado para codornas
de corte em fase de crescimento.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no setor de Coturnicultura da Fazenda Experimental
de Iguatemi, da Universidade Estadual de Maringá, Maringá - PR. Para determinar os
valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente
corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn), foram utilizadas 75 codornas da espécie
Coturnix coturnix sp, de 20 dias de idade.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três
tratamentos (ração referência + duas rações testes) contendo níveis de substituição de
10% de glicerol vegetal bruto ou 10% de glicerol vegetal semipurificado e cinco
repetições de cinco codornas por unidade experimental. A ração referência (Tabela 1)
foi à base de milho e farelo de soja, formuladas de acordo com as exigências de lisina e
energia (Scherer, 2009) e de Ca e P (Silva, 2008) determinadas anteriormente, e os
valores de composição química dos alimentos de acordo com Rostagno et al. (2005).
16
Tabela 1. Composição centesimal e composição química da ração referência para
codornas de corte em fase de crescimento
Ingrediente, kg
Ração referência
Milho
54,46
Farelo de soja
38,04
Fosfato bicálcico
1,59
Calcário
0,32
Óleo de soja
2,89
L-Lisina
0,88
DL-Metionina
0,65
L-Treonina
0,43
L-Triptofano
0,03
Sal comum
0,40
Premix
1
0,30
BHT
2
0,01
Total
100,00
Valores calculados
Proteína bruta, %
23,00
Cálcio, %
0,65
Fósforo disponível, %
0,41
EM, kcal/kg
3.036
Metionina+cistina digestível, %
1,24
Lisina, %
1,75
Treonina, %
1,14
Triptofano, %
0,28
Sódio, %
0,17
1
Suplementação vitamínica/mineral (níveis de garantia por kg do produto); Vit. A 4.500.000 UI; Vit. D3
1.250.000 UI; Vit. E 4.000 mg; Vit. B1 278 mg; Vit. B2 2.000 mg; Vit. B6 525 mg; Vit. B12
5.000 mcg; Vit. K3 1.007 mg; Pantotenato de Cálcio 4.000 mg; Niacina 10.000 mg; Colina 140.000
mg; Antioxidante 5.000 mg; Zinco 31.500 mg; Ferro 24.500 mg; Manganês 38.750 mg; Cobre
7.656 mg; Cobalto 100 mg; Iodo 484 mg; Selênio 127 mg;
2
BHT(Butil Hidroxi Tolueno).
O período experimental teve duração de dez dias (cinco dias de adaptação +
cinco dias de coleta total das excretas) e, nesse período, as aves receberam ração e água
à vontade. As rações foram pesadas no início e no final do período total da coleta com a
finalidade de obter o consumo médio de ração. Foi utilizado o método tradicional de
17
coleta total de excretas, tendo o óxido férrico (2%) como marcador do início e do fim da
coleta.
As aves foram alojadas em gaiolas de arame galvanizado (20 cm de largura x 33
cm de profundidade x 25 cm de altura) dispondo de bebedouros tipo “nipple” e de
comedouro tipo calha. As gaiolas foram forradas com bandejas revestidas por plástico,
devidamente identificadas, que foram removidas a cada coleta (intervalo de 12 horas)
para a retirada das excretas.
As excretas foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente identificadas
por repetição e armazenadas em congelador após cada coleta. No final do período
experimental, foram determinadas as quantidades de ração consumida e de excretas
produzidas por repetição. As excretas foram descongeladas, homogeneizadas, pesadas e
mantidas em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. Após a pré-secagem,
foram moídas e realizadas as análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
energia bruta (EB) e nitrogênio total.
As análises laboratoriais das rações, dos alimentos e das excretas foram feitas
conforme metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002). Os valores de EB foram
determinados por meio de uma bomba calorimétrica adiabática (Parr Instruments Co.).
Os valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente
corrigida para balanço de nitrogênio (EMAn) do glicerol foram calculados utilizando-se
a equação de Matterson et al. (1965).
A análise estatística dos coeficientes de metabolizabilidade foi realizada
utilizando-se o programa Sistema para Análises Estatísticas SAEG (1997), da
Universidade Federal de Viçosa, de acordo com o seguinte modelo:
Y
ij
= μ + T
i
+ e
ij
Y
ij
= Coeficiente de metabolizabilidade do tratamento i, da repetição j;
μ = constante geral;
T
i
= efeito do tipo de alimento i, sendo i = GVB e GVS;
e
ij
= erro aleatório associado a cada observação.
18
Resultados e discussão
Os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), sódio (Na
+
), cloro (Cl
-
),
potássio (K
+
) e energia bruta (EB) (Tabela 2) foram superiores para o glicerol vegetal
bruto (GVB).
Os teores de MS do GVB e do GVS foram maiores do que o valor de 90,37%,
determinados por Dozier et al. (2008) para o glicerol bruto.
A quantidade de matéria mineral do GVB e do GVS está abaixo dos verificados
por Berenchtein (2008) para o glicerol bruto.
Os valores de sódio, de 1,62 e 0,87%, respectivamente, para o GVB e GVS
podem ser considerados elevados. Esses teores são variados e dependem do tipo de
catalisador utilizado quando da obtenção do biodiesel (Expedito, 2008).
Tabela 2. Composição química e valores de energia bruta (EB) do glicerol vegetal bruto
(GVB) e do glicerol vegetal semipurificado (GVS), com base na matéria natural
GVB
GVS
Nutrientes
MS, %
97,46
95,62
MM, %
4,57
2,56
MO, %
92,89
93,06
Na
+
, %
1,62
0,87
K
+
, %
0,17
0,12
Cl¯, %
0,46
0,36
EB, kcal/kg
5.275
3.585
Os coeficientes de metabolizabilidade da MS, MO e EB não diferiram (P>0,05)
entre o GVB e o GVS (Tabela 3).
O CMMS foi superior a 65,3%, determinado por Gianfelici (2009), quando
utilizou 10% de inclusão de glicerol bruto em dietas para frango de corte. Resultado
semelhante foi observado para o CMEB, sendo superior, quando comparado com o
valor de 75,4% obtido pelo mesmo autor. Entretanto, os CMEB com valores de 86,97 e
de 85,61%, para GVB e GVS, respectivamente, foram inferiores ao valor de 95%
determinado por Dozier et al. (2008) quando utilizou glicerina bruta para frangos de
corte. De acordo com Bartlet & Schneider (2002), o aproveitamento da EB do glicerol pelo
animal pode variar, dependendo da percentagem de glicerol empregada na dieta.
19
Tabela 3. Coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca (CMMS), da matéria
orgânica (CMMO), da energia bruta (CMEB), teores de energia metabolizável aparente
(EMA) e teores de energia metabolizável aparente corrigida para balanço de nitrogênio
(EMAn) ) do glicerol vegetal bruto (GVB) e do glicerol vegetal semipurificado (GVS),
na matéria natural
Coeficientes de
Coleta Total
Metabolizabilidade
GVB
GVS
CV
CMMS, %
83,54 ± 3,39
88,44 ± 3,39
6,831
CMMO, %
87,77 ± 3,49
90,99 ± 3,49
6,761
CMEB, %
86,97 ± 3,68
85,61 ± 3,68
7,393
EMA, kcal/kg MN
4.112 ± 542,57
2.994 ± 542,57
25,574
EMAn, kcal/kg MN
4.564 ± 138,63
a
3.069 ± 138,63
b
6,085
Médias seguidas por letras distintas na mesma linha diferem pelo teste F (P<0,05)
A EMAn diferiu (P<0,05) entre o GVB e o GVS. O valor de EMAn do GVB de
4.564 Kcal/Kg foi superior aos de 3.621, 3.331 e 3.349 kcal/kg, respectivamente
determinados para o glicerol bruto para frangos de corte de quatro a 11, 17 a 24 e 38 a
45 dias de idade (Dozier et al., 2008)
Os diferentes valores energéticos verificados na literatura devem-se,
principalmente aos diferentes tipos de glicerol existentes no mercado, com diferentes
teores de água e de gordura. De acordo com Lammers et al. (2007) as diferenças
observadas no valor da energia do glicerol podem ser em razão a pureza da amostra,
pois a presença metanol ou etanol, cloreto de sódio e cloreto do potássio, encontrados
em diferentes concentrações, como consequência das atuais cnicas utilizadas na
produção do biodiesel, são também responsáveis pelas variações verificadas. Outros
fatores, como a idade e espécie podem influenciar nos valores energéticos obtidos para
o glicerol.
As diferenças entre a EMA e EMAn foi maior para o GVB do que aquela obtida
para o GVS. Essa diferença pode ter ocorrido em função da maior quantidade de energia
bruta contida no GVB.
Conclusão
O glicerol vegetal bruto e o glicerol vegetal semipurificado apresentaram bons
valores energéticos. Os conteúdos de energia metabolizável aparente, corrigida para o
balanço de nitrogênio foram, respectivamente, de 4.564 e 3.069 kcal/kg MN.
20
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22
IV - Desempenho de codornas de corte, de um a 14 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal
RESUMO O experimento foi conduzido com o objetivo de verificar o
desempenho e características de carcaça de codornas de corte de um a 14 dias de idade
alimentadas com rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura
vegetal e, a viabilidade econômica da inclusão do glicerol nas rações. Foram utilizadas
1.152 codornas de corte de um dia de idade, não sexadas, distribuídas em um
delineamento inteiramente casualizado com nove tratamentos, quatro repetições com 32
aves em cada repetição. Os tratamentos foram: uma ração controle (RC), quatro rações
com inclusão de níveis crescentes de GVB (4, 8, 12 e 16%) e quatro rações com
inclusão de níveis crescentes de GVS (4, 8, 12 e 16%). A conversão alimentar piorou
linearmente (P<0,05) com o aumento dos níveis de GVS. Considerando a análise
econômica, pode-se concluir que o glicerol vegetal bruto pode ser incluído nas rações
até o nível de 16% e, a sua utilização dependerá da relação de preço entre os
ingredientes.
Palavras chave: Coturnix coturnix sp, desempenho, digestibilidade, rendimento de
carcaça
23
IV Performance of meat type quail of 1 to 14 days of age, fed with diets
containing increasing levels of glycerol from vegetable fat
ABSTRACT The experiment were carried out to verifity the performance and
carcass yeild of meat type quail of 1 to 14 days of age, fed with diets containing
increasing levels of glycerol from vegetable fat and, also the economic feasibility of
including glycerol in the diet. There were used 1.152 meat type quails, one day age,
non-sexed, distributed in a completely randomized design, with nine treatments, four
replications with 32 birds per replication. The treatments were: a control diet (CD), four
diets with levels increasing inclusion (4, 8, 12 and 16%) of CVG and four diets with
levels increasing inclusion (4, 8, 12 and 16%) of VSG. The feed:gain ratio decrease
linearly (P<0,05) as the levels of VSG increase. Considering the economic analysis, can
be conclude that CVG it was included in diets until 16% levels and, it use will depend
on the price ratio between the ingredients.
Key words: carcass yield, Coturnix coturnix sp, digestibility, performance
24
Introdução
A coturnicultura vem se destacando no mercado agropecuário brasileiro como
excelente atividade produtiva, principalmente por requerer baixos custos com
investimento inicial e mão de obra, utilizando pequenas áreas e proporcionando rápido
retorno de capital. Atualmente, a maioria das criações é destinada à produção de ovos,
porém, observa-se demanda crescente por sua carne, considerada exótica e reconhecida
por sua alta qualidade e palatabilidade (Santos et al., 2005).
Na criação de codornas, a ração representa cerca de 65 a 70% do custo de
produção, sendo o milho o principal alimento energético da ração e o responsável pela
maior parte dos custos com a produção de rações. Com isso, um crescente interesse
na busca de alimentos que possam otimizar os índices produtivos e econômicos nos
sistemas de exploração pecuários sem comprometer o desempenho animal. Dentre tais
alimentos destaca-se o uso de glicerol na alimentação animal como fonte de energia.
O glicerol é um co-produto da produção do biodiesel, que pode ser obtido de óleos
vegetais ou gorduras animais e é um combustível alternativo com propriedades similares
ao diesel convencional. Neste processo, a produção de biodiesel é de aproximadamente
86%, 8-10% é de glicerol e 4% de álcool. Só para atender à demanda interna de
biodiesel para a adição obrigatória de 2% ao diesel comum, o Brasil produzirá 720
milhões de litros do biocombustível por ano, gerando mais de 60 mil toneladas de
glicerol bruto (ABIQUIM, 2007).
Segundo Lammers et al. (2007) o glicerol bruto apresenta 86,95% de glicerol,
9,63% de umidade, 0,41% de PB, 0,12% gordura bruta, 3,19% de cinzas, 1,26% de
sódio, 1,86% de cloro e menos que 0,005% de potássio. Para leitões, estes autores
determinaram valores de energia digestível (ED) do glicerol bruto de 3.386 kcal/kg e
para suínos em terminação, de 3.772 kcal/kg.
Simon et al. (1996) compararam o desempenho de pintos de corte alimentados
com dietas contendo 0; 5; 10 e 25% de glicerol e verificaram que a adição de 5 e 10%,
pode ser incluída sem redução no desempenho e, pode ter efeito benéfico na absorção de
água da carcaça por causa do fácil acúmulo de glicerol no músculo do frango.
Cerrate et al. (2006), utilizando dietas contendo 2,5 e 5% de glicerol verificaram
aumento no rendimento de peito sugerindo que o glicerol pode melhorar a deposição de
proteína.
Waldroup (2007), utilizando 0; 5 e 10% de glicerol para frangos de corte até 42
dias de idade, verificou que as aves com dietas com 5% de glicerol apresentaram o
25
mesmo desempenho que o controle. Houve melhora significativa no rendimento de peito
dos frangos com dietas com 5 e 10% de glicerol. As dietas contendo 10% de glicerol
não fluíram bem nos comedouros dificultando a ingestão de alimento, resultando em
menor crescimento e pior conversão alimentar. As excretas das aves alimentadas com
10% de glicerol eram visivelmente mais líquidas e, após análise, constatou-se que as
dietas continham ao redor de 0,15% de potássio.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar o desempenho e
características de carcaça de codornas de corte, de um a 14 dias de idade, alimentadas
com rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal e, a
viabilidade econômica da inclusão do glicerol nas rações.
Material e métodos
O experimento foi realizado no setor de Coturnicultura da Fazenda Experimental
de Iguatemi, da Universidade Estadual de Maringá, Maringá - PR. Foram utilizadas
1152 codornas de corte (Coturnix coturnix sp) de um dia de idade não sexadas, por um
período experimental de um a 14 dias, alojadas num galpão convencional, com
cobertura de telha de cimento amianto, piso de terra batida e paredes laterais de
alvenaria com 0,50m de altura completadas com tela de arame até o telhado. O galpão
foi dividido em 45 boxes de 2,5 m
2
. Foi utilizada cama do tipo casca de arroz sobre o
piso.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com nove
tratamentos, quatro repetições e 32 codornas por unidade experimental.
Os tratamentos experimentais (Tabela1) consistiram de uma ração controle
(RC), à base de milho e farelo de soja, quatro rações com inclusão de níveis crescentes
de glicerol vegetal bruto (4, 8, 12 e 16%) e outras quatro rações com inclusão de níveis
crescentes de glicerol vegetal semipurificado (4, 8, 12 e 16%), totalizando nove
tratamentos.
As rações experimentais foram isoenergéticas, isocálcicas e isofosfóricas. Os
teores de metionina + cistina, treonina e triptofano digestíveis das rações foram
calculados de acordo com a relação proposta por Rostagno et al. (2005) para frangos de
corte na fase inicial de um a 21 dias de idade, correspondendo à relação de lisina
digestível:metionina + cistina, treonina e triptofano digestíveis de 0,71, 0,65 e 0,16,
respectivamente. Após o alojamento as codornas receberam as dietas experimentais até
26
o final do experimento. Todas as rações foram suplementadas com aminoácidos
sintéticos em quantidades suficientes para se obter o padrão de proteína ideal desejado.
As rações foram à base de milho e farelo de soja, formuladas de acordo com as
exigências de lisina e energia (Scherer, 2009) e de Ca e P (Silva, 2008) determinadas
anteriormente, e os valores de composição química dos alimentos de acordo com
Rostagno et al. (2005).
TABELA 1. Composição centesimal e química das rações experimentais das codornas
de corte em fase inicial (1 a 14 dias de idade)
GVB
GVS
Ingredientes, kg
RT
4
8
12
16
4
8
12
16
Farelo de soja
(45%)
50,59
51,35
52,12
52,89
53,64
51,62
52,65
53,68
54,71
Milho grão
40,24
36,21
32,17
28,13
24,10
34,78
29,31
23,84
18,38
Óleo de soja
4,84
4,12
3,40
2,69
1,97
5,28
5,73
6,18
6,65
Glicerol
-
4,00
8,00
12,00
16,00
4,00
8,00
12,00
16,00
Fosfato bicálcico
1,55
1,56
1,57
1,58
1,59
1,56
1,58
1,59
1,60
DL-Metionina
0,65
0,66
0,66
0,67
0,67
0,66
0,67
0,67
0,68
L-Lisina HCL
0,65
0,64
0,62
0,61
0,60
0,63
0,61
0,59
0,58
Sal comum
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
L-Treonina
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,34
0,34
Calcário
0,36
0,35
0,34
0,33
0,32
0,34
0,33
0,32
0,31
Premix
1
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
BHT
2
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
Total
100
100
100
100
100
100
100
100
100
Valores calculados
Prot. bruta%
27,52
27,52
27,52
27,52
27,52
27,52
27,52
27,52
27,52
Cálcio, %
0,65
0,65
0,65
0,65
0,65
0,65
0,65
0,65
0,65
Fósforo disp.,%
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
EM, kcal/kg
3,00
3,00
3,00
3,00
3,00
3,00
3,00
3,00
3,00
Met.+cist.dig., %
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
Lisina dig., %
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
Treonina dig., %
1,22
1,22
1,22
1,22
1,22
1,22
1,22
1,22
1,22
Tript. dig., %
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
Sódio, %
0,18
0,24
0,30
0,37
0,43
0,21
0,24
0,28
0,31
Cloro, %
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
Potássio, %
1,04
1,04
1,04
1,04
1,04
1,04
1,04
1,04
1,04
1
Suplementação vitamínica/mineral (níveis de garantia por kg do produto); Vit. A 4.500.000 UI; Vit. D3
1.250.000 UI; Vit. E 4.000 mg; Vit. B1 278 mg; Vit. B2 2.000 mg; Vit. B6 525 mg; Vit. B12 5.000
mcg; Vit. K3 1.007 mg; Pantotenato de Cálcio 4.000 mg; Niacina 10.000 mg; Colina 140.000 mg;
Antioxidante 5.000 mg; Zinco 31.500 mg; Ferro 24.500 mg; Manganês 38.750 mg; Cobre 7.656
mg; Cobalto 100 mg; Iodo 484 mg; Selênio 127 mg;
2
BHT(Butil Hidroxi Tolueno).
27
Os comedouros utilizados foram tipo bandeja até aos 10 dias, sendo substituído
por comedouros tubulares, e os bebedouros utilizados foram tipo infantil até aos 10 dias,
sendo substituídos por bebedouros pendulares. O fornecimento de água e ração foi à
vontade por todo o período experimental. As rações foram acondicionadas em baldes
plásticos com tampa com capacidade para 10 kg, devidamente identificados por
tratamento e repetição para controle do consumo de ração, que foi avaliado
semanalmente.
O programa de iluminação utilizado foi o de luz artificial por 24 horas até o
dia de idade, sendo que após este período o programa de iluminação adotado foi de luz
natural até o final do experimento, de acordo com as condições ambientais. Em todos os
box foram utilizados círculos de proteção para evitar oscilação de temperatura, uma
campânula como fonte de aquecimento para os pintinhos e a cama foi forrada com
papelão ondulado até o sétimo dia de idade para absorção de umidade.
Durante todo período experimental, os dados de temperatura foram registrados
ao início da manhã e ao final da tarde, por intermédio de termômetros de bulbo seco de
máxima e mínima em dois pontos distintos do galpão.
As temperaturas (mínima e máxima) médias registradas durante o período
experimental foram, respectivamente, de 20,71 e 30,07°C pela manhã e 23,21 e 30,36°C
à tarde.
As codornas foram pesadas semanalmente e, simultaneamente, foram realizadas
às pesagens das rações experimentais fornecidas para determinação do respectivo peso
médio, do ganho de peso, do consumo de ração, da conversão alimentar e da biomassa
corporal acumulada.
O ganho de peso foi determinado pela diferença entre os pesos final e inicial de
cada animal. O consumo de ração, pela diferença entre a ração fornecida e as sobras nos
baldes e comedouros. A conversão alimentar foi obtida pela relação entre o consumo de
ração e o ganho de peso das aves. E a biomassa corporal acumulada em função do
ganho de peso em relação ao peso inicial das codornas de corte no início da fase
avaliada.
Para a determinação da composição química corporal, aos 14 dias, foram
utilizadas cinco codornas por unidade experimental, que após seis horas de jejum, foram
sacrificadas por decapitação entre os ossos occipital e atlas, feito com tesoura. As aves
foram sangradas por dois minutos em cone adaptado ao abate de codornas e escaldadas
por 20 a 40 segundos a uma temperatura de 53 a 55ºC. A depena foi manual e
28
posteriormente, foram evisceradas por meio de corte abdominal, realizado com tesoura,
de acordo com as normas propostas pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal
da Universidade Estadual de Maringá.
Para o cálculo de rendimento de carcaça, foi considerado o peso da carcaça
eviscerada, sem os pés, cabeça e gordura abdominal, em relação ao peso vivo, o qual foi
obtido individualmente antes do abate das aves.
As carcaças foram moídas, pesadas e homogeneizadas, e levadas à estufa de
ventilação forçada a 55ºC por 72 horas, para a realização da pré-secagem e
posteriormente, moída em moinho tipo bola e conduzida ao laboratório para as
determinações analíticas. As composições de matéria seca (MS), matéria mineral (MM),
proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram obtidos conforme metodologia descrita
por Silva e Queiroz (2002).
Para a determinação da taxa de deposição de proteína corporal (g/dia), taxa de
deposição de gordura corporal (g/dia) e eficiência de deposição de proteína (g), foi
utilizada a metodologia descrita por Fraga (2002). para o cálculo de energia retida na
carcaça (kcal/dia), utilizou-se a metodologia indicada por Sakomura (2004).
A taxa de deposição de proteína corporal (TDP) foi calculada por meio do abate
feito a partir de um grupo adicional de 50 codornas ao nascimento, comparadas com
aquelas codornas abatidas ao término do período experimental.
A taxa de deposição de proteína corporal (g) foi calculada segundo a fórmula:
TDP = (QP
cf
QP
ci
)/PE,
em que, QP
cf
foi a quantidade, em gramas, de proteína na carcaça final; QP
ci
foi a
quantidade de proteína na carcaça inicial e PE foi o período experimental, em dias. QP
cf
foi obtida multiplicando-se o peso da carcaça de um determinado indivíduo, ao final do
experimento, pela respectiva proteína bruta da carcaça (PBC), enquanto QP
ci
foi obtida
pelo peso do respectivo indivíduo, ao início do experimento, multiplicando pelo
rendimento médio de carcaça e pela PBC média de seu grupo adicional (média das 50
codornas abatidas inicialmente).
A taxa de deposição de gordura corporal (TDG) foi calculada segundo a
equação:
TDG = (QG
cf
QG
ci
)/PE,
em que, QG
cf
foi a quantidade, em gramas, de gordura na carcaça final; QG
ci
foi a
quantidade de gordura na carcaça inicial e PE foi o período experimental, em dias. QG
cf
29
e QP
ci
foram obtidas de modo similar às QP
cf
e QP
ci
, utilizando-se os valores de extrato
etéreo da carcaça ao invés de proteína bruta da carcaça.
A eficiência de deposição de proteína (EDP) foi calculada pelo uso da fórmula:
EDP = TDP/CDL,
em que, TDP foi a taxa de deposição de proteína, em gramas e CDL foi o consumo
diário de lisina, em gramas.
A energia retida na carcaça (ERC) foi calculada pelo uso da fórmula:
ERC = 5,66 TDP + 9,37 TDG,
sendo 5,66 e 9,37 os valores energéticos (em kcal/g) da proteína e da gordura,
respectivamente.
Para verificar a viabilidade econômica da inclusão do glicerol nas rações, foi
determinado, inicialmente, o custo de ração por quilograma de peso vivo ganho (Yi),
segundo Bellaver et al. (1985):
Yi (R$/kg) = Qi X Pi
Gi
Em que:
Yi = custo da ração por quilograma de peso vivo ganho no i-ésimo tratamento;
Pi = preço por quilograma da ração utilizada no i-ésimo tratamento;
Qi = quantidade de ração consumida no i-ésimo tratamento e
Gi = ganho de peso do i-ésimo tratamento.
Em seguida, foram calculados o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice
de Custo (IC), proposto por Gomes et al. (1991):
IEE (%) = (MCe x 100)/CTei IC (%) = (CTei x 100)/MCe
Em que:
MCe = menor custo da ração por quilograma ganho observado entre os
tratamentos
CTei = custo do tratamento i considerado.
Os preços dos ingredientes utilizados na elaboração das dietas experimentais
foram: farelo de soja, R$ 0,77/kg; milho grão, R$ 0,30/kg; óleo de soja R$ 1,84/g;
fosfato bicálcico, R$ 2,34/kg; calcário, R$ 0,20/kg; L-Lisina, R$ 8,54/kg; DL-
Metionina, R$ 18,23/kg; L-Treonina, R$ 12,40/kg; premix mineral e vitamínico R$
30
17,00/g; sal comum, R$ 0,43/kg; BHT, R$ 11,20/kg; glicerol bruto e semipurificado, R$
0,09/kg.
As variáveis de desempenho e de carcaça foram submetidas à análise de regressão
polinomial utilizando os dados dos níveis 4, 8, 12 e 16% de inclusão dos dois tipos de
glicerol. Adicionalmente foi aplicado o teste de Dunnett para comparar os diferentes
níveis de inclusão (4, 8, 12 e 16% de glicerol vegetal bruto e 4, 8, 12 e 16% de glicerol
vegetal loira) com a ração testemunha (0% de inclusão de glicerol).
Os parâmetros estudados foram analisados estatisticamente com o programa
SAEG - Sistemas de Análises Estatísticas e Genética, (UFV, 1997), segundo o modelo:
Y
ij
= b
0
+ b
1
Gi + b
2
Gi
2
+ b
3
S
j
+ FA + e
ij
Y
ij
= variável medida na unidade experimental j, alimentada com dieta contendo o nível
i de glicerol vegetal bruto ou semipurificado;
b
0
= constante geral;
b
1
= coeficiente de regressão linear em função do nível de glicerol;
Gi = nível de glicerol: GVB
1
= 4; GVB
2
= 8; GVB
3
= 12; GVB
4
= 16; GVS
5
= 4; GVS
= 8; GVS = 12 e GVS = 16% de inclusão;
b
2
= coeficiente de regressão quadrático em função do nível de glicerol;
b
3
= coeficiente de regressão linear em função da proporção de sexo (número de
machos/números de fêmeas) na unidade experimental;
S
j
= efeito da proporção de sexo (número de machos/números de fêmeas) na unidade
experimental j;
FA = falta de ajustamento do modelo de regressão;
e
ij
= erro aleatório associado a cada observação.
Resultados e Discussão
Não foram observadas diferenças para o consumo de ração e ganho de peso para
os dois tipos de glicerol (Tabela 2). Contudo, a conversão alimentar (Figura 1) das aves
piorou linearmente (P<0,05) em função do aumento dos níveis de glicerol vegetal
semipurificado (CA = 1,412 + 0,0245GVS , R² = 0,85).
Esse trabalho discorda do recente estudo de Berenchtein (2008), que evidenciou
que a glicerina semipurificada pode ser utilizada como ingrediente energético das rações
de suínos em crescimento e terminação até o nível de 9%, sem afetar o desempenho.
31
Tabela 2. Valores médios de peso vivo (PV), consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e biomassa corporal acumulada (BCA)
das codornas de corte em fase inicial em função dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol vegetal semipurificado (GVS)
GVB
GVS
Variável
RC
4
8
12
16
4
8
12
16
CV
a
PV, g
PV 1 dia
9,45 ± 0,11
9,52 ± 0,11
9,43 ± 0,11
9,30 ± 0,12
9,23 ± 0,13
9,29 ± 0,11
9,24 ± 0,11
9,38 ± 0,11
9,54 ± 0,11
2,798
PV 14
dias
78,72 ± 0,11
77,80 ± 4,22
78,78 ± 4,18
73,78 ± 4,66
74,40 ± 4,77
80,61 ± 4,23
79,28 ± 4,16
80,83 ± 4,23
71,65 ± 4,44
10,179
CR, g/ave
108,44 ± 5,54
108,51 ± 5,53
107,67 ± 5,48
112,36 ± 6,11
111,36 ± 6,26
112,61 ± 5,54
109,66 ± 5,45
121,19 ± 5,54
113,86 ± 5,82
9,259
GP, g
69,27 ± 4,21
68,47 ± 4,20
69,34 ± 4,17
64,49 ± 4,64
65,17 ± 4,75
71,31 ± 4,21
70,04 ± 4,14
71,45 ± 4,21
62,12 ± 4,42
11,512
CA, g/g
b
1,56 ± 0,73
1,58 ± 0,73
1,73 ± 0,72
1,75 ± 0,81
1,72 ± 0,82
1,58 ± 0,73
1,57 ± 0,72
1,69 ± 0,73
1,85 ± 0,77
8,868
BCA, %
733,25 ±
44,40
719,63 ±
44,33
732,52 ±
43,96
695,19 ±
49,02
706,50 ±
50,17
767,13 ±
44,40
759,85 ±
43,73
763,00 ±
44,43
650,61 ±
46,67
11,349
Equação de Regressão
CA = 1,682 + 0,0245GVS R
2
= 0,85
a
Coeficiente de variação;
b
Efeito linear do GVS
32
Figura 1. Conversão alimentar de codornas de corte no período de 1 a 14 dias
Trabalhando com frangos de corte Waldroup (2007), verificou que a conversão
alimentar piorou com níveis acima de 10% e que tal fato, deve-se à dificuldade de
fluidez da ração nos comedouros. Essa dificuldade também foi observada neste
experimento, em que as rações contendo glicerol formavam grumos nos comedouros,
sendo necessário manejá-las para facilitar o fluxo.
Cerrate et al. (2006) confirmaram as observações de Waldroup (2007) quando
verificaram que a inclusão de 10% de glicerol comprometeu o desempenho de frangos
Cobb 500. Entretanto, quando os autores empregaram 2,5 e 5% de glicerol, não
observaram perda no desempenho dos animais.
Outro fato a ser considerado para a piora na conversão alimentar é o alto teor de
sódio presente nas rações contendo glicerol, que promoveu a presença de excretas com
maior teor de umidade. Neste experimento a adição de 10% de GVB e GVS foi
responsável pelo aumento de 0,16% e 0,09% de sódio, respectivamente, nas rações,
excedendo as recomendações nutricionais de sódio para frangos de corte, de 0,19 a
0,22%, propostas por Rostagno et al. (2005).
Maior umidade nas excretas também foi observada por Lammers et al. (2008b)
quando a ração de galinhas poedeiras contendo 0,21% de sódio foi formulada com 15%
de glicerina bruta contendo 1,26% de sódio.
Não houve interação (P>0,05) entre o tipo de glicerol e o nível de inclusão para
as variáveis de CQC, TDP, TDG, EDP e ERC das codornas de corte aos 14 dias de
idade (Tabela 3).
33
Tabela 3. Valores médios da composição química corporal (CQC), taxa de deposição de proteína (TDP) e de gordura (TDG), eficiência de deposição de
proteína (EDP) e energia retida na carcaça (ERC), em função dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol vegetal semipurificado (GVS)
GVB (%)
GVS (%)
Variável
RC
4
8
12
16
4
8
12
16
CV
a
CQC
Água, %
73,55 ± 0,40
73,46 ± 0,45
72,96 ± 0,39
73,60 ± 0,43
73,69 ± 0,44
73,66 ± 0,40
74,37 ± 0,45
73,78 ± 0,56
72,96 ± 0,39
1,218
PB,%
17,38 ± 0,28
17,34 ± 0,31
17,10 ± 0,27
16,94 ± 0,30
17,34 ± 0,31
16,91 ± 0,28
16,39 ± 0,31
17,03 ± 0,40
16,80 ± 0,29
3,043
EE,%
4,24 ± 0,36
4,32 ± 0,36
4,76 ± 0,31
4,30 ± 0,35
3,98 ± 0,36
4,56 ± 0,32
4,32 ± 0,36
4,58 ± 0,46
4,34 ± 0,36
15,935
MM,%
3,11 ± 0,06
3,10 ± 0,07
3,13 ± 0,06
3,16 ± 0,07
3,11 ± 0,07
3,05 ± 0,06
3,02 ± 0,07
3,06 ± 0,09
3,14 ± 0,06
3,802
TDP, g/d
0,61 ± 0,02
0,57 ± 0,02
0,58 ± 0,02
0,56 ± 0,02
0,56 ± 0,02
0,58 ± 0,02
0,53 ± 0,02
0,59 ± 0,02
0,54 ± 0,02
7,162
TDG, g/d
0,14 ± 0,01
0,14 ± 0,02
0,16 ± 0,01
0,14 ± 0,01
0,12 ± 0,02
0,15 ± 0,01
0,14 ± 0,02
0,16 ± 0,02
0,13 ± 0,01
21,258
EDP, g/d
0,04 ± 0,002
0,04 ± 0,002
0,04 ± 0,002
0,04 ± 0,002
0,04 ± 0,002
0,04 ± 0,002
0,04 ± 0,002
0,04 ± 0,003
0,03 ± 0,002
10,584
ERC, kcal/g
4,77 ± 0,19
4,52 ± 0,22
4,77 ± 0,19
4,49 ± 0,21
4,34 ± 0,22
4,69 ± 0,19
4,28 ± 0,22
4,83 ± 0,28
4,30 ± 0,20
9,070
a
Coeficiente de variação
34
Também não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) para estas
variáveis com a inclusão de níveis crescentes de GVB e GVS nas rações. A falta de
diferença estatística nestas variáveis deve-se, provavelmente, ao alto coeficiente de
variação como o observado para o EE e TDG.
O custo da ração por quilograma de peso vivo ganho (Tabela 4), aumentou
linearmente (P<0,05) com o aumento da inclusão do GVS (Figura 2). Este aumento no
custo deve-se ao menor teor de energia metabolizável do glicerol semipurificado em
relação ao glicerol bruto, ocorrendo à necessidade da inclusão de óleo vegetal às rações,
encarecendo as mesmas. O mesmo não ocorreu com o GVB (Tabela 5).
Tabela 4. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função
dos níveis de glicerol vegetal semipurificado (GVS)
GVS (%)
Variável
RC
4
8
12
16
CV
a
CR, R$/kg
0,92
0,92
0,92
0,93
0,93
-
Yi, R$/kg
b
1,44 ± 0,57
1,45 ± 0,57
1,45 ± 0,56
1,58 ± 0,57
1,65 ± 0,60
7,677
IEE, %
100,00
98,94
99,38
91,38
87,18
-
IC, %
100,00
101,07
100,62
109,44
114,71
-
a
Coeficiente de variação;
b
Efeito linear do GVS
Os melhores IEE e IC para o GVB foram obtidos quando se usou o nível de 16%
de inclusão de GVB. Entretanto, os IEE e IC das rações contendo GVS foram piores
quando comparados aos índices da ração controle.
Figura 2. Custo da ração por quilograma de peso vivo de codornas de corte no período
de 1 a 14 dias
35
Tabela 5. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função
dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB)
GVB (%)
Variável
RC
4
8
12
16
CV
a
CR, R$/kg
0,92
0,90
0,89
0,87
0,85
-
Yi, R$/kg
1,44 ± 0,57
1,44 ± 0,57
1,53 ± 0,57
1,51 ± 0,63
1,45 ± 0,65
7,677
IEE, %
99,15
99,75
93,97
96,23
100,00
-
IC, %
100,86
100,25
106,42
103,92
100,00
-
a
Coeficiente de variação
Conclusão
Considerando a análise econômica, pode-se concluir que o glicerol vegetal bruto
pode ser incluído nas rações até o nível de 16% e, a sua utilização dependerá da relação
de preço entre os ingredientes.
36
Literatura citada
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA ABIQUIM. (CD ROM),
São Paulo, 2007.
BERENCHTEIN, B. Utilização de glicerol na dieta de suínos em crescimento e
terminação. 2008. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 45p. 2008.
BELLAVER, C.; FIALHO, E.T.; PROTAS, J.F.S. et al. Radícula de malte na
alimentação de suínos em crescimento e terminação. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.20, n.8, p.969-974, 1985.
CERRATE, S. et al. Evaluation of glycerine from biodiesel production as a feed ingredient
for broilers. Int.J.Poult.Sci. v.11, p.1001-1007, 2006.
FRAGA, A.L. Exigência de lisina para suínos em fase inicial (15-30 kg), de dois grupos
genéticos, em rações formuladas de acordo com o conceito de proteína ideal. 2002.
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Estadual de Maringá, Maringá,
46p., 2002.
GOMES, M.F.M.; BARBOSA, H.P.; FIALHO, E.T. et al. Análise econômica da
utilização do triguilho para suínos. (S.L): EMBRAPA Centro Nacional de Pesquisa
de Suínos e Aves, 1991, p.1-2 (comunicado técnico, 179).
LAMMERS, P.; HONEYMAN, M.; KERR, B.J. et al. Growth and performance of
nursery pigs fed crude glycerol. Ames: Iowa State University Animal Industry Report,
2007. (Supplement).
LAMMERS, P.; KERR, B.J.; HONEYMAN, M. et al. Nitrogen-corrected apparent
metabolizable energy value of crude glycerol for laying hens. Journal of Animal
Science, Champaign, v.87, n.1, p.104-107, 2008b.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para
aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2.ed. Viçosa:
UFV, Departamento de Zootecnia, 2005. 186p.
SAKOMURA, N.K. Modeling energy utilization in broiler breeders, laying hens and
broilers. Revista Brasileira de Ciência Avícola. Campinas. v.6, n.1, p.1-11, 2004.
SCHERER, C. Exigência nutricional de energia metabolizável, lisina digestível e
metionina+cistina digestível para codornas de corte em fase de crescimento. 2009.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 138p.,
2009.
SILVA, D.J.; QUEIROZ, J.S. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 2.
ed. Viçosa: Imprensa Universitária, 2002. 235p.
SILVA, R.M. Exigência nutricional de cálcio de fósforo de codornas de corte (Coturnix
coturnix sp) em crescimento. 2008. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade
Estadual de Maringá, Maringá, 67p., 2008.
SIMON, A.; Bergner, H.; Schwabe, M. Glycerol - feed ingredient for broiler chickens.
Archives of Animal Nutrition, v.49, p.103-112, 1996.
37
SANTOS, G.G.; CORRÊA, G.S.S.; SILVA, M.A. et al. Avaliação de carcaça de codornas
GSS1 para corte alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de metionina +
cistina. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
42., 2005, Goiânia. Anais... Goiânia: Sociedade Brasileira de Zootecnia/Gmosis,
[2005]. CD-ROM.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA UFV. Sistemas de análises estatísticas e
genéticas - SAEG. Versão 7.1. Viçosa, MG, 1997. 150p.
WALDROUP, P. W. 2007. Biofuels and Broilers. Competitors or Cooperators?
Proceedings of the 5th Mid-Atlantic Nutrition Conference. p.25-34.
38
V - Desempenho de codornas de corte, de 15 a 35 dias de idade, alimentadas com
rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal
RESUMO O experimento foi conduzido com o objetivo de verificar o
desempenho e características de carcaça de codornas de corte em crescimento (15 35
dias) alimentadas com rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de
gordura vegetal e, a viabilidade econômica da inclusão do glicerol nas rações. Foram
utilizadas 792 codornas distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado com
nove tratamentos, quatro repetições com 22 aves em cada repetição. Os tratamentos
utilizados foram: uma ração controle (RC), quatro rações com inclusão de níveis
crescentes de GVB (4, 8, 12 e 16%) e quatro rações com inclusão de níveis crescentes
de GVS (4, 8, 12 e 16%), sendo formuladas com base nas exigências nutricionais para
essa fase. O consumo de ração aumentou linearmente (P<0,05) com o aumento dos
níveis de GVS, concluindo que os gliceróis, bruto e semipurificado, podem ser
utilizados como fonte energética nas dietas experimentais até o nível de 16% de inclusão
sem afetar o desempenho das codornas de corte, ficando o uso na dependência do custo
do glicerol.
Palavras chave: Coturnix coturnix sp, desempenho, energia, rendimento de carcaça
39
V - Performance of meat type quail of 15 to 35 days of age, fed with diets
containing increasing levels of glycerol from vegetable fat
ABSTRACT The experiment were carried out to verifity the performance and
carcass yield of meat type quail of 15 to 35 days of age, fed with diets containing
increasing levels of glycerol from vegetable fat and, also the economic feasibility of
including glycerol in the diet. There were used 792 meat type quails distributed in a
completely randomized design, with nine treatments, four replications with 22 birds per
repetition. The treatments were: a control diet (CD), four diets with levels increasing
inclusion (4, 8, 12 and 16%) of CVG and four diets with levels increasing inclusion (4,
8, 12 and 16%) of VSG) being formulated based on nutritional requirements for this
phase. The feed intake increased linearly (P>0,05) as increased the levels of VSG,
concluding that, the crude and semi-purified glycerol, can be used as an energy source
in the experimental diets until 16% of inclusion with no effects on meat type quails
performance, getting use depending on the cost of glycerol.
Key words: carcass yield, Coturnix coturnix sp, digestibility, energy, performance
40
Introdução
As condições mundiais atuais vêm privilegiando explorações que não necessitam
de grandes investimentos, que ocupem pouco espaço e não precisem de grande
quantidade de mão-de-obra para sua manutenção e ainda forneçam retorno financeiro
adequado em curto ou médio prazo (Fugikura, 2002).
De acordo com De Paulo et al., (2005) e Murakami & Furlan, (2002), a criação
de codornas surge como uma das mais promissoras criações de aves, adaptadas às
condições de exploração doméstica, proporcionando uma alternativa para os produtores
de aves em virtude de seu crescimento rápido, maturidade sexual precoce, pequeno
intervalo de gerações, alta taxa de produção de ovos, pequenas exigências de espaço e
nutricionais.
A coturnicultura de corte, semelhante a outros monogástricos, tem a sua
alimentação baseada no consumo de milho e farelo de soja. São ainda adicionados
aminoácidos, minerais, vitaminas, dentre outros, para compor as dietas de cada fase
produtiva dos animais, conforme suas exigências nutricionais.
Visto que na criação de aves comerciais, a alimentação representa cerca de 70%
do custo de produção (Araujo, 2005) e, que a energia é o componente mais caro destas
rações, uma necessidade de encontrar alimentos energéticos que possam substituir
principalmente o milho de forma eficiente sem interferir no desenvolvimento dos
animais.
A produção de biodiesel se encontra dentre as fontes renováveis de combustível
que vem recebendo grande atenção. Com o aumento da produção de biodiesel haveria
uma grande produção de glicerol, uma fonte de energia que se encontradisponível
para diferentes usos e aplicações, dentre elas a alimentação animal.
Recentemente no Brasil, os estudos de Menten et al. (2008) e Berenchtein (2008)
demonstraram que o glicerol pode se constituir em um ingrediente energético com
potencial, para uso em dietas de frangos de corte e suínos em crescimento e terminação,
respectivamente.
Simon et al. (1996) avaliando 5, 10, 15, 20 e 25% de glicerina pura na dieta,
concluíram que a inclusão de até 10% deste produto pode ser utilizado sem afetar o
desempenho dos animais.
Em estudos realizados por Cerrate et al. (2006) avaliando a inclusão de 5 e 10%
de glicerina bruta, proveniente da produção do biodiesel, em rações de frangos de corte
relataram que o nível de 10% afetou negativamente o consumo de ração, o peso final e
41
consequentemente a conversão alimentar dos frangos. Quanto às características de
carcaça, o mesmo tratamento reduziu o peso do peito das aves.
Waldroup (2006) demonstrou que em frangos de corte com até 16 dias de idade,
o glicerol pode ser usado em até 10%. Entretanto, quando o glicerol for usado em todas
as dietas, até o abate, este nível não deveultrapassar 5% pois afeta o consumo da
dieta.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar o desempenho e
características de carcaça de codornas de corte, de 15 a 35 dias de idade, alimentadas
com rações contendo níveis crescentes de glicerol proveniente de gordura vegetal e, a
viabilidade econômica da inclusão do glicerol nas rações.
Material e métodos
O experimento foi realizado no setor de Coturnicultura da Fazenda Experimental
de Iguatemi, da Universidade Estadual de Maringá, Maringá - PR. Foram utilizadas 792
codornas de corte (Coturnix coturnix sp), por um período experimental de 15 a 35 dias,
alojadas num galpão convencional, com cobertura de telha de cimento amianto, piso de
terra batida e paredes laterais de alvenaria com 0,50m de altura completadas com tela de
arame até o telhado. O galpão foi dividido em 45 boxes de 2,5 m
2
. Foi utilizada cama do
tipo casca de arroz sobre o piso.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com nove
tratamentos, quatro repetições e 22 codornas por unidade experimental.
Os tratamentos experimentais (Tabela 1) consistiram de uma ração controle
(RC), à base de milho e farelo de soja, quatro rações com inclusão de níveis crescentes
de glicerol vegetal bruto (4, 8, 12 e 16%) e outras quatro rações com inclusão de níveis
crescentes de glicerol vegetal semipurificado (4, 8, 12 e 16%), totalizando nove
tratamentos.
As rações experimentais foram isoenergéticas, isocálcicas e isofosfóricas. Os
teores de metionina + cistina, treonina e triptofano digestíveis das rações foram
calculados de acordo com a relação proposta por Rostagno et al. (2005) para frangos de
corte na fase inicial de um a 21 dias de idade, correspondendo à relação de lisina
digestível:metionina + cistina, treonina e triptofano digestíveis de 0,71, 0,65 e 0,16,
respectivamente. Após o alojamento as codornas receberam as dietas experimentais até
o final do experimento. Todas as rações foram suplementadas com aminoácidos
42
sintéticos em quantidades suficientes para se obter o padrão de proteína ideal desejado.
As rações foram à base de milho e farelo de soja, formuladas de acordo com as
exigências de lisina e energia (Scherer, 2009) e de Ca e P (Silva, 2008) determinadas
anteriormente, e os valores de composição química dos alimentos de acordo com
Rostagno et al. (2005).
TABELA 1. Composição centesimal e química das rações experimentais para codornas
de corte em fase de crescimento (15 a 35 dias de idade)
GVB
GVS
Ingredientes, kg
RC
4
8
12
16
4
8
12
16
Milho grão
54,70
50,63
46,60
42,56
38,54
49,20
43,74
38,27
32,80
F. de soja (45%)
37,84
38,60
39,37
40,13
40,88
38,87
39,90
40,93
41,96
Óleo de soja
2,88
2,16
1,44
0,73
0,00
3,32
3,77
4,22
4,66
Glicerol
-
4,00
8,00
12,00
16,00
4,00
8,00
12,00
16,00
Fosfato bicálcico
1,61
1,62
1,63
1,64
1,66
1,62
1,64
1,65
1,67
L-Lisina HCL
0,65
0,85
0,84
0,82
0,81
0,85
0,83
0,81
0,79
DL-Metionina
0,66
0,66
0,66
0,67
0,67
0,66
0,67
0,67
0,68
L-Treonina
0,44
0,43
0,43
0,43
0,43
0,43
0,43
0,43
0,43
Sal comum
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
Calcário
0,28
0,27
0,26
0,26
0,25
0,27
0,26
0,25
0,23
Premix
1
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
0,35
BHT
2
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
Total
100
100
100
100
100
100
100
100
100
Valores
calculados
Prot. bruta, %
23,2
23,2
23,2
23,2
23,2
23,2
23,2
23,2
23,2
Cálcio, %
0,61
0,61
0,61
0,61
0,61
0,61
0,61
0,61
0,61
Fósforo disp.,%
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
0,41
EM, kcal/kg
3,04
3,04
3,04
3,04
3,04
3,04
3,04
3,04
3,04
Met.+cist.dig., %
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
1,33
Lisina dig., %
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
1,88
Treonina dig., %
1,14
1,14
1,14
1,14
1,14
1,14
1,14
1,14
1,14
Tript. dig., %
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
Sódio, %
0,18
0,24
0,31
0,37
0,43
0,21
0,24
0,28
0,31
Cloro, %
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
Potássio, %
0,85
0,85
0,85
0,85
0,86
0,85
0,85
0,86
0,86
1
Suplementação vitamínica/mineral (níveis de garantia por kg do produto); Vit. A 4.500.000 UI; Vit. D3
1.250.000 UI; Vit. E 4.000 mg; Vit. B1 278 mg; Vit. B2 2.000 mg; Vit. B6 525 mg; Vit. B12 5.000
mcg; Vit. K3 1.007 mg; Pantotenato de Cálcio 4.000 mg; Niacina 10.000 mg; Colina 140.000 mg;
Antioxidante 5.000 mg; Zinco 31.500 mg; Ferro 24.500 mg; Manganês 38.750 mg; Cobre 7.656 mg;
Cobalto 100 mg; Iodo 484 mg; Selênio 127 mg;
2
BHT(Butil Hidroxi Tolueno).
Os comedouros utilizados foram tipo tubular, e os bebedouros utilizados foram
tipo pendulares. O fornecimento de água e ração foi à vontade por todo o período
experimental. As rações foram acondicionadas em baldes plástico com tampa com
43
capacidade para 10 kg, devidamente identificadas por tratamento e repetição para
controle do consumo de ração, que foi avaliado semanalmente.
O programa de iluminação adotado foi de luz natural por todo o período
experimental, de acordo com as condições ambientais. Em todas as unidades
experimentais foram utilizadas uma campânula como fonte de aquecimento caso fosse
necessário.
Durante todo período experimental, os dados de temperatura foram registrados
no início da manhã e no final da tarde, por intermédio de termômetros de bulbo seco de
máxima e mínima em dois pontos distintos do galpão.
As temperaturas (mínima e máxima) médias registradas durante o período
experimental foram, respectivamente, de 19,77 e 29,68°C pela manhã e 19,14 e 29,77°C
à tarde.
As codornas foram pesadas semanalmente e, simultaneamente, foram realizadas
as pesagens das rações experimentais fornecidas para determinação do respectivo peso
médio, do ganho de peso, do consumo de ração, da conversão alimentar e da biomassa
corporal acumulada.
O ganho de peso foi determinado pela diferença entre os pesos final e inicial de
cada animal. O consumo de ração foi calculado pela diferença entre a ração fornecida e
as sobras dos baldes e comedouros. A conversão alimentar foi obtida pela relação entre
o consumo de ração e o ganho de peso das aves. E a biomassa corporal acumulada em
função do ganho de peso em relação ao peso inicial das codornas de corte no início da
fase avaliada.
Para a determinação da composição química corporal, aos 35 dias, foram
utilizadas três codornas por unidade experimental, que após seis horas de jejum, foram
sacrificadas por decapitação entre os ossos occipital e atlas, feito com tesoura. As aves
foram sangradas por dois minutos em cone adaptado ao abate de codornas e escaldadas
por 20 a 40 segundos a uma temperatura de 53 a 55ºC. A depena foi manual e
posteriormente, foram evisceradas por meio de corte abdominal, realizado com tesoura,
de acordo com as normas propostas pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal
da Universidade Estadual de Maringá.
Para o cálculo de rendimento de carcaça, foi considerado o peso da carcaça
eviscerada, sem os pés, cabeça e gordura abdominal, em relação ao peso vivo, o qual foi
obtido individualmente antes do abate das aves. Para o rendimento de cortes nobres, foi
44
considerado o rendimento de peito inteiro, pernas (coxa e sobrecoxa), sendo calculado
em relação ao peso da carcaça eviscerada.
As carcaças foram moídas, pesadas e homogeneizadas, e levadas à estufa de
ventilação forçada a 55ºC por 72 horas, para a realização da pré-secagem e
posteriormente, moída em moinho tipo bola e conduzida ao laboratório para as
determinações analíticas. As composições de matéria seca (MS), matéria mineral (MM),
proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram obtidos conforme metodologia descrita
por Silva e Queiroz (2002).
Para a determinação da taxa de deposição de proteína corporal (g/dia), taxa de
deposição de gordura corporal (g/dia) e eficiência de deposição de proteína (g), foi
utilizada a metodologia descrita por Fraga (2002). para o cálculo de energia retida na
carcaça (kcal/dia), utilizou-se a metodologia indicada por Sakomura (2004).
A taxa de deposição de proteína corporal (TDP) foi calculada por meio do abate
feito a partir de um grupo adicional de 50 codornas ao nascimento, comparadas com
aquelas codornas abatidas ao término do período experimental.
A taxa de deposição de proteína corporal (g) foi calculada segundo a fórmula:
TDP = (QP
cf
QP
ci
)/PE,
em que, QP
cf
foi a quantidade, em gramas, de proteína na carcaça final; QP
ci
foi a
quantidade de proteína na carcaça inicial e PE foi o período experimental, em dias. QP
cf
foi obtida multiplicando-se o peso da carcaça de um determinado indivíduo, ao final do
experimento, pela respectiva proteína bruta da carcaça (PBC), enquanto QP
ci
foi obtida
pelo peso do respectivo indivíduo, ao início do experimento, multiplicando pelo
rendimento médio de carcaça e pela PBC média de seu grupo adicional (média das 50
codornas abatidas inicialmente).
A taxa de deposição de gordura corporal (TDG) foi calculada segundo a
equação:
TDG = (QG
cf
QG
ci
)/PE,
em que, QG
cf
foi a quantidade, em gramas, de gordura na carcaça final; QG
ci
foi a
quantidade de gordura na carcaça inicial e PE foi o período experimental, em dias. QG
cf
e QP
ci
foram obtidas de modo similar às QP
cf
e QP
ci
, utilizando-se os valores de extrato
etéreo da carcaça ao invés de proteína bruta da carcaça.
A eficiência de deposição de proteína (EDP) foi calculada pelo uso da fórmula:
EDP = TDP/CDL,
45
em que, TDP foi a taxa de deposição de proteína, em gramas e CDL foi o consumo
diário de lisina, em gramas.
A energia retida na carcaça (ERC) foi calculada pelo uso da fórmula:
ERC = 5,66 TDP + 9,37 TDG,
sendo 5,66 e 9,37 os valores energéticos (em kcal/g) da proteína e da gordura,
respectivamente.
Para as análises da qualidade da carne foram abatidas 10% das codornas de cada
repetição, totalizando 15 aves/tratamento. As aves foram abatidas após jejum de 6
horas, com sangria.
As medidas de pH foram realizadas diretamente no filé com auxílio do
potenciômetro de contato após 24 horas post mortem, conforme descrito por Boulianne
e King (1995) e adaptado por Olivo et al (2001).
Para verificar a viabilidade econômica da inclusão do glicerol nas rações, foi
determinado, inicialmente, o custo de ração por quilograma de peso vivo ganho (Yi),
segundo Bellaver et al. (1985):
Yi (R$/kg) = Qi X Pi
Gi
Em que:
Yi = custo da ração por quilograma de peso vivo ganho no i-ésimo tratamento;
Pi = preço por quilograma da ração utilizada no i-ésimo tratamento;
Qi = quantidade de ração consumida no i-ésimo tratamento e
Gi = ganho de peso do i-ésimo tratamento.
Em seguida, foram calculados o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice
de Custo (IC), proposto por Gomes et al. (1991):
IEE (%) = (MCe x 100)/CTei IC (%) = (CTei x 100)/MCe
Em que:
MCe = menor custo da ração por quilograma ganho observado entre os
tratamentos
CTei = custo do tratamento i considerado.
Os preços dos ingredientes utilizados na elaboração das dietas experimentais
foram: farelo de soja, R$ 0,77/kg; milho grão, R$ 0,30/kg; óleo de soja R$ 1,84/g;
fosfato bicálcico, R$ 2,34/kg; calcário, R$ 0,20/kg; L-Lisina, R$ 8,54/kg; DL-
46
Metionina, R$ 18,23/kg; L-Treonina, R$ 12,40/kg; premix mineral e vitamínico R$
17,00/g; sal comum, R$ 0,43/kg; BHT, R$ 11,20/kg; glicerol bruto e semipurificado, R$
0,09/kg.
As variáveis de desempenho e de carcaça foram submetidas à análise de regressão
polinomial utilizando os dados dos níveis 4, 8, 12 e 16% de inclusão dos dois tipos de
glicerol. Adicionalmente foi aplicado o teste de Dunnett para comparar os diferentes
níveis de inclusão (4, 8, 12 e 16% de glicerol vegetal bruto e 4, 8, 12 e 16% de glicerol
vegetal loira) com a ração testemunha (0% de inclusão de glicerol).
Os parâmetros estudados foram analisados estatisticamente com o programa
SAEG - Sistemas de Análises Estatísticas e Genética, (UFV, 1997), segundo o modelo:
Y
ij
= b
0
+ b
1
Gi + b
2
Gi
2
+ b
3
S
j
+ FA + e
ij
Y
ij
= variável medida na unidade experimental j, alimentada com dieta contendo o nível
i de glicerol vegetal bruto ou semipurificado;
b
0
= constante geral;
b
1
= coeficiente de regressão linear em função do nível de glicerol;
Gi = nível de glicerol: GVB
1
= 4; GVB
2
= 8; GVB
3
= 12; GVB
4
= 16; GVS
5
= 4; GVS
= 8; GVS = 12 e GVS = 16% de inclusão;
b
2
= coeficiente de regressão quadrático em função do nível de glicerol;
b
3
= coeficiente de regressão linear em função da proporção de sexo (número de
machos/números de fêmeas) na unidade experimental;
S
j
= efeito da proporção de sexo (número de machos/números de fêmeas) na unidade
experimental j;
FA = falta de ajustamento do modelo de regressão;
e
ij
= erro aleatório associado a cada observação.
Resultados e discussão
Não foram observadas diferenças (P>0,05) para o ganho de peso e para
conversão alimentar das codornas alimentadas com os dois tipos de glicerol no período
de 15 a 35 dias de idade (Tabela 2). Contudo, os níveis de glicerol semipurificado
(Figura 1) promoveram aumento linear (P<0,05) no consumo (CR = 371,122 +
4,174GVS = 0,97). Tal fato pode estar associado ao aumento no teor de sódio com a
inclusão do glicerol.
Groesbeck et al. (2008), testando níveis de 3, 6 e 12% de glicerol bruto, em
dietas para leitões na fase de creche, obtiveram aumento no consumo de ração.
47
Tabela 2. Valores médios de peso vivo (PV), consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e biomassa corporal acumulada (BCA)
das codornas de corte em fase inicial em função dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol vegetal semipurificado (GVS)
GVB (%)
GVS (%)
Variável
RC
4
8
12
16
4
8
12
16
CV
a
PV, g
15 dias
76,04 ± 0,48
75,95 ± 0,48
75,10 ± 0,47
75,76 ± 0,53
75,51 ± 0,54
75,43 ± 0,48
75,89 ± 0,47
76,52 ± 0,48
75,38 ± 0,50
1,265
35 dias
219,83 ± 5,92
224,47 ± 5,89
212,06 ± 0,71
221,43 ± 9,37
227,61 ± 6,87
221,18 ± 8,02
224,07 ± 6,58
221,70 ± 5,92
223,35 ± 6,39
8,005
CR,
g/ave
b
385,47 ±
15,21
399,01 ±
15,22
406,84 ±
15,60
394,42 ±
18,76
401,93 ±
15,24
404,34 ±
15,23
423,70 ±
15,24
452,55 ±
15,36*
450,66 ±
15,36*
6,315
GP, g
143,33 ± 9,04
148,52 ± 9,02
136,96 ± 9,94
145,67 ± 9,97
152,10 ±
10,21
145,75 ± 9,03
148,18 ± 8,90
145,18 ± 9,04
147,97 ± 9,50
11,895
CA, g/g
2,51 ± 0,16
2,77 ± 0,16
2,87 ± 0,16
2,90 ± 0,19
2,83 ± 0,16
2,87 ± 0,16
2,99 ± 0,16
3,12 ± 0,16
3,13 ± 0,16
9,122
BCA, %
184,47 ±
11,54
202,56 ±
11,51
196,00 ±
11,42
196,11 ±
12,73
207,18 ±
13,03
181,33 ±
11,53
196,84 ±
11,36
205,75 ± 11,54
181,91 ± 12,12
11,500
Equação de Regressão
CR = 371,122 + 4,174GVL R
2
= 0,97
a
Coeficiente de variação;
b
Efeito linear do GVS; *Teste de Dunnett
48
Figura 1. Consumo de ração de codornas de corte no período de 15 a 35 dias
Waldroup (2007), evidenciou piora no desempenho com níveis superiores a
10% de inclusão de glicerol. O autor ressalta que as dietas não fluíram bem nos
comedouros dificultando o consumo de ração, resultando em menor crescimento e pior
conversão alimentar. Da mesma forma que na primeira fase foram verificadas
dificuldades no fluxo de ração nos comedouros, havendo a necessidade de manejá-las
para facilitar o fluxo.
Aplicando-se o teste de Dunnett, para comparar a ração testemunha com cada
um dos níveis do glicerol semipurificado, observou-se diferença (P<0,05) somente para
os níveis de 12 e 16% de inclusão.
O teor de água (Tabela 3) contida na carcaça dos animais alimentados com
glicerol vegetal semipurificado foi influenciado de forma quadrática (P<0,05), com o
maior teor, de 67,33%, com 9,76% de inclusão (Figura 2). O mesmo efeito não foi
verificado para o glicerol bruto. Simon et al. (1996) compararam o desempenho de
pintos de corte alimentados com dietas contendo 0; 5; 10 e 25% de glicerol e
verificaram que a adição de 5 e 10% pode ter efeito benéfico na absorção de água da
carcaça em razão do fácil acúmulo de glicerol no músculo do frango.
Em dietas para suínos em crescimento e terminação, utilizando 5% de glicerol,
oriundo de sebo ou óleo vegetal, Mourot et al. (1994) observaram aumento da
capacidade de retenção água no músculo Longissimus dorsi, proporcionando uma carne
de qualidade superior.
49
Tabela 3. Valores médios da composição química corporal (CQC), taxa de deposição de proteína (TDP), taxa de deposição de gordura (TDG), eficiência de
deposição de proteína (EDP) e energia retida na carcaça (ERC) de codornas de corte, em função dos níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol vegetal
semipurificado (GVS)
GVB (%)
GVS (%)
Variável
RC
4
8
12
16
4
8
12
16
CV
a
CQC
Água, %
b
66,80 ± 0,90
65,59 ± 0,89
65,38 ± 0,89
65,88 ± 1,08
65,56 ± 1,02
66,08 ± 0,89
67,08 ± 1,01
67,21 ± 0,90
63,64 ± 1,05
2,973
PB, %
17,58 ± 0,38
17,89 ± 0,38
17,44 ± 0,38
17,84 ± 0,46
17,45 ± 0,44
17,39 ± 0,38
17,76 ± 0,43
16,79 ± 0,38
18,38 ± 0,45
4,416
EE, %
10,26 ± 0,65
11,03 ± 0,65
11,60 ± 0,64
10,75 ± 0,78
12,01 ± 0,73
10,97 ± 0,65
10,22 ± 0,72
10,66 ± 0,65
12,63 ± 0,76
13,16
MM, %
3,64 ± 0,15
3,58 ± 0,15
3,51 ± 0,15
3,57 ± 0,18
3,33 ± 0,17
3,55 ± 0,15
3,54 ± 0,17
3,52 ± 0,15
3,62 ± 0,18
7,833
TDP, g/d
0,47 ± 0,01
0,48 ± 0,01
0,46 ± 0,01
0,50 ± 0,02
0,48 ± 0,02
0,47 ± 0,01
0,48 ± 0,01
0,46 ± 0,01
0,49 ± 0,02
6,012
TDG, g/d
0,28 ± 0,02
0,30 ± 0,02
0,32 ± 0,02
0,30 ± 0,02
0,34 ± 0,02
0,31 ± 0,02
0,28 ± 0,02
0,30 ± 0,02
0,33 ± 0,02
14,717
EDP, g/d
0,02 ± 0,001
0,01 ± 0,001
0,01 ± 0,001
0,01 ± 0,001
0,01 ± 0,001
0,02 ± 0,001
0,01 ± 0,001
0,01 ± 0,002
0,01 ± 0,001
13,223
ERC, kcal/kg
5,33 ± 0,24
5,50 ± 0,24
5,61 ± 0,24
5,68 ± 0,29
5,92 ± 0,28
5,55 ± 0,24
5,35 ± 0,28
5,42 ± 0,24
6,09 ± 0,29
9,300
pH
c
5,82 ± 0,03
5,92 ± 0,03
5,85 ± 0,03
5,87 ± 0,03
5,91 ± 0,03
5,85 ± 0,03
5,89 ± 0,03
5,86 ± 0,03
5,84 ± 0,03
0,995
Equação de Regressão
Água = 60, 497 + 1,400GVS 0,071GVS2 (9,76%) R
2
= 0,94
pH = 6,061 0,0415 + 0,019GVB + 0,0019GVB2 (10,92%) R
2
= 0,96
a
Coeficiente de variação;
b
Efeiro linear do GVS;
c
Efeito quadrático do GVB
50
Figura 2. Quantidade de água presente na carcaça de codornas de corte no período de 15
a 35 dias
O glicerol possui forte poder higroscópico. Essa propriedade é atribuída a
materiais e substâncias com capacidade de absorver água.
Nos estudos feitos por Cerrate et al. (2006), utilizando dietas contendo 2,5 ou
5% de glicerol, verificaram aumento no rendimento de peito sugerindo que o glicerol
pode melhorar a absorção de água na carcaça.
A capacidade de retenção de água está entre as propriedades funcionais mais
importantes da carne (Anadón, 2002), pois influencia seu aspecto, sua palatabilidade e
está diretamente relacionada às perdas de água antes e durante o cozimento (Bressan,
1998).
Houve efeito quadrático (P<0,05) em função dos níveis de GVB sobre as
medidas de pH com a menor resposta no nível 10,92% e o menor valor de 5,83 (Figura
3).
A conversão do músculo em carne ocorre durante a instalação do rigor mortis
(Hedrick et al., 1993). O conjunto dessas reações acarreta no abaixamento do pH
muscular, sendo este o principal fenômeno da transformação, em que a velocidade de
abaixamento do pH e seu valor final serão determinantes para a sua qualidade final
(Olivo, 2006). Segundo Sams e Mills (1993), os valores de pH final, isto é, após a
resolução do rigor mortis, são em torno de 5,60 a 5,80.
9,76% GVS
51
De acordo com Lara et al. (2002), o fenômeno PSE (carne pálida, flácida e
exsudativa) em frangos pode ser detectado pela combinação dos valores de pH (abaixo
de 5,8) aferidos em 24 horas após o abate. A carne se caracteriza como DFD (escura,
dura e seca), caso o pH se encontre superior a 6,2.
Figura 3. pH peitoral de codornas de corte no período de 15 a 35 dias
A adição de níveis crescentes de GVS (Tabela 4) nas rações promoveu aumento
linear (P<0,05) no RPER (Figura 4). Esse resultado discorda com os encontrados por
Waldroup (2006) que verificou piora no rendimento de perna de frangos Cobb 500 com
a inclusão de 10% de glicerol nas rações.
De acordo com Cerrate et al. (2006), além de servir como fonte de energia, o
glicerol também pode ter efeitos positivos sobre a retenção de aminoácidos ou
nitrogênio. A ação do glicerol inibindo a atividade das enzimas fosfoenolpiruvato
carboxiquinase e glutamato desidrogenase pode resultar em economia dos aminoácidos
gluconeogênicos e favorecer a deposição de proteína corporal.
10,92% GVB
52
Tabela 4. Valores médios de peso vivo (PV), peso de carcaça (PCA), peso de cortes (peito e pernas) (PPEI e PPER), peso de gordura abdominal (PGA),
rendimento de carcaça (RCA), de cortes (peito, coxa) (RPEI e RPER) e porcentagem de gordura abdominal (POGA) das codornas de corte em função dos
níveis de glicerol vegetal bruto (GVB) e glicerol vegetal semipurificado (GVS)
GVB (%)
GVS (%)
Variáveis
RT
4
8
12
16
4
8
12
16
CV
a
PV, g
219,83 ± 5,92
224,47 ± 5,89
212,06 ± 6,71
212,43 ± 9,37
227,61 ± 6,87
221,18 ± 8,02
224,07 ± 6,58
221,70 ± 5,92
223,35 ± 6,39
5,605
PCA, g
148,33 ± 4,55
150,41 ± 4,53
140,37 ± 5,16
143,05 ± 7,20
147,36 ± 5,49
152,83 ± 6,17
151,26 ± 5,06
152,80 ± 4,55
149,41 ± 5,82
5,905
RCA, %
67,67 ± 0,90
67,03 ± 0,89
66,22 ± 1,02
64,44 ± 1,42
64,78 ± 1,08
69,11 ± 1,21
67,57 ± 1,00
68,91 ± 0,90
66,99 ± 1,15
2,666
PPEI, g
62,33 ± 2,59
61,58 ± 2,58
59,11 ± 2,93
62,80 ± 4,10
63,19 ± 3,12
67,33 ± 5,51
63,74 ± 2,88
66,13 ± 2,59
61,80 ± 3,81
7,612
RPEI, %
41,99 ± 0,88
41,21 ± 0,87
41,97 ± 0,99
43,75 ± 1,39
42,98 ± 1,05
44,06 ± 1,19
42,11 ± 0,97
43,28 ± 0,88
41,33 ± 1,12
3,961
PPER, g
33,92 ± 0,94
33,82 ± 0,94
33,12 ± 1,07
36,12 ± 1,49
35,55 ± 1,13
33,30 ± 1,27
32,69 ± 1,09
34,64 ± 0,94
34,55 ± 1,20
4,862
RPER, %
b
22,82 ± 0,50
22,48 ± 0,16
23,59 ± 0,56
25,32 ± 0,79
24,20 ± 0,60
21,70 ± 0,67
21,71 ± 0,55
22,69 ± 0,50
23,17 ± 0,64
4,277
PGA, g
bc
1,90 ± 0,16
2,50 ± 0,16
1,62 ± 0,18
1,94 ± 0,25
3,27 ± 0,29*
3,18 ± 0,21*
2,29 ± 0,18
2,21 ± 0,16
1,53 ± 0,20
13,868
POGA, %
bc
1,29 ± 0,11
1,66 ± 0,12
1,15 ± 0,13
1,33 ± 0,18
2,24 ± 0,14*
2,08 ± 0,16*
1,51 ± 0,13
1,45 ± 0,11
1,01 ± 0,15
15,295
Equação de Regressão
RPER = 20,835 + 0,200GVS R² = 0,90
PGA = 4,971 - 0,735GVB + 0,039GVB
2
R
2
= 1,00
PGA = 3,470 - 0,106GVS R
2
= 0,87
POGA = 3,254 - 0,479GVB + 0,026GVB
2
R
2
= 0,99
POGA = 2,283 - 0,067GVS R
2
= 0,88
a
Coeficiente de variação;
b
Efeiro linear do GVS;
c
Efeito quadrático do GVB; *Teste de Dunnett
53
Figura 4. Rendimento de perna de codornas de corte no período de 15 a 35 dias
O PGA apresentou efeito quadrático (P<0,05) com a suplementação de GVB, com
estimativa de menor peso de 1,52g com nível de inclusão de 9,40% (Figura 5). Entretanto, o
PGA reduziu linermente (P<0,05) com a inclusão de GVS (Figura 6).
Figura 5. Peso de gordura abdominal de codornas de corte no período de 15 a 35 dias
9,40% GVB
54
Figura 6. Peso de gordura abdominal de codornas de corte de no período 15 a 35 dias
Aplicando-se o teste de Dunnett, para comparar a ração testemunha com cada um dos
níveis do glicerol bruto e do semipurificado, observou-se diferença (P<0,05) para o nível de
16% e 4% de inclusão, respectivamente.
Segundo Kessler et al. (2000), o excesso de gordura abdominal é um dos principais
problemas que encontra hoje a indústria da carne de aves, não apenas por reduzir o
rendimento de carcaça e a eficiência alimentar, mas também por acarretar na rejeição do
produto pelo consumidor.
A POGA apresentou efeito semelhante para os dois tipos de glicerol. Efeito quadrático
(P<0,05) com a inclusão de GVB com estimativa de menor porcentagem, de 1,01%, com
9,35% de inclusão (Figura 7). Redução linear na porcentagem (P<0,05) foi obtida com a
inclusão de GVS nas rações (Figura 8). Esta redução no PGA e POGA não era esperada, haja
vista que as rações foram formuladas para serem isoenergéticas.
O mesmo efeito que ocorreu para o PGA também foi observado para o POGA, quando
aplicado o teste de Dunnett, para comparar a ração testemunha com cada um dos níveis do
glicerol bruto e do semipurificado. Observou-se diferença (P<0,05) para o nível de 16% e 4%
de inclusão, respectivamente.
55
Figura 7. Porcentagem de gordura abdominal de codornas de corte no período de 15 a 35 dias
Figura 8. Porcentagem de gordura abdominal de codornas de corte no período de 15 a 35 dias
Não foram observadas diferenças (P>0,05) para o custo da ração por quilograma de
peso vivo ganho das codornas alimentadas com o GVB (Tabela 5) e com o GVS (Tabela 6)
no período de 15 a 35 dias de idade.
9,35% GVB
56
Os IEE e IC das rações contendo GVB e GVS foram piores quando comparados aos
índices da ração controle.
Tabela 5. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função dos
níveis de glicerol vegetal bruto (GVB)
GVB (%)
Variável
RC
4
8
12
16
CR, R$/kg
0,75
0,84
0,82
0,81
0,79
CV
a
Yi, R$/kg P
1,99 ± 0,10
2,24 ± 0,10
2,41 ± 0,10
2,30 ± 0,14
2,20 ± 0,12
7,36
IEE, %
100,00
83,89
75,60
73,27
84,83
-
IC, %
100,00
119,20
132,28
136,49
117,88
-
a
Coeficiente de variação
Tabela 6. Custo do quilograma da ração (CR), custo da ração por quilo de peso vivo
produzido (Yi), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC), em função dos
níveis de glicerol vegetal semipurificado (GVS)
GVB (%)
Variável
RC
4
8
12
16
CV
a
CR, R$/kg
0,75
0,86
0,86
0,86
0,83
-
Yi, R$/kg P
1,99 ± 0,10
2,26 ± 0,10
2,46 ± 0,10
2,51 ± 0,10
2,39 ± 0,10
7,36
IEE, %
100,00
86,97
71,89
73,21
73,28
-
IC, %
100,00
114,98
139,10
136,59
136,47
-
a
Coeficiente de variação
Conclusão
Os gliceróis bruto e semipurificado podem ser utilizados como fonte energética nas
dietas experimentais até o nível de 16% de inclusão sem afetar o desempenho das codornas de
corte, ficando o uso na dependência do custo do glicerol.
57
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