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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA LINGUAGEM
ADRIANA ALVES BÜCHLER
O USO DAS ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA COMPREENSÃO
TEXTUAL PELOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS (EJA).
RECIFE/2009
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PRAc
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
O USO DAS ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA COMPREENSÃO TEXTUAL
PELOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA).
ADRIANA ALVES BÜCHLER
Orientador: Prof. Dr. Karl Heinz Efken
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Linguagem da UNICAP, na linha de
pesquisa Linguagem, Educação e Organização Sociocultural, como
requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Linguagem.
RECIFE/2009
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“Se as estratégias de leitura são procedimentos e os
procedimentos são conteúdos de ensino, então é
preciso ensinar estratégias para a compreensão
dos textos” (70).
(SOLÉ, 1998)
AGRADECIMENTOS
Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente pura, depois
pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos,
sem parcialidade, e sem hipocrisia” (Tiago 5.17).
A Deus, por tudo o que Ele tem feito em minha vida, pelas experiências
que tem me proporcionado, pela sabedoria, honra, capacitação e pelos livramentos,
que todos os dias me renova com Sua força e graça, e nos momentos de fraqueza
opera em mim o Seu poder; pois, sem Ele, não poderia concluir este trabalho.
Aos meus familiares pai, mãe, irmãos, cunhada, tios(as), primos(as) e em
memória de minha querida “vozinha”, que suportaram a minha ausência e
incentivaram-me a perseverar através da sua compreensão, paciência e amor. Ao
meu primo Kleyber Santiago, que compartilhou com seu conhecimento para o
crescimento desta minha pesquisa, com quem me alegro em dividir a alegria e
conquista desta grande vitória.
Ao meu amado marido Albert Büchler, pelo amor, carinho, esforço e apoio
que me deu na realização deste sonho, pois ele sacrificou muitos momentos que
poderíamos ter desfrutado juntos, mas sempre incentivou, sempre apoiou e, o
melhor de tudo, sempre me cobrou para que eu concluísse mais esta etapa de
nossas vidas que vamos construindo juntos.
Ao meu orientador e amigo Karl Heinz, por seu profissionalismo, sua
responsabilidade, paciência, compromisso, sempre respeitando e considerando
minhas opiniões, o que significativamente contribuiu para este sucesso. Às
Professoras Doutora Virginia Colares e s-doutora Alina Spinillo, por aceitarem o
convite e que, com suas observações fundamentais compartilharam seus
conhecimentos de maneira excepcional para o aprimoramento deste estudo.
Aos meus alunos da EJA, do SESC/Recife-PE, que voluntariamente se
dispuseram a participar desta pesquisa para que fosse possível ampliar o campo
prático de meus estudos, e verificar, através de seus conhecimentos, as estratégias,
por eles utilizadas no ato da leitura. Sinto-me feliz e profundamente grata pela
confiança que tiveram em dividir comigo suas experiências de vida, seus
conhecimentos, suas emoções. A vocês, o agradecimento especial.
À Srª Ana Paula Cavalcanti, Gerente da Unidade Executiva do SESC
Casa Amarela/Recife-PE, por autorizar a realização de toda a pesquisa de campo
nessa instituição, e aos meus amigos de trabalho: coordenadores, professores,
estagiários, em especial “Tereza Ferraz, Ana Freire, Adriana Higino, Elisângela
Nascimento, Pe. Bruno, Adelma Campelo, Veranice Alves, And Sonora, Milena
Lopes e Sidney Costa” que acompanharam este trabalho nos momentos de tristeza
e alegria. Aos amigos da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, “Maria
Lira”, que sempre se manteve disposta a ajudar e contribuir nos momentos de maior
necessidade, aos Policiais Legislativos “Alberon Lisboa e Edvan Vieira” que
participaram da construção da análise, contribuindo com seus conhecimentos e
autorização do texto “Senhor Diretor” desta pesquisa.
A todos os meus queridos amigos, em especial “Valdir Salgueiro” que
colaborou com a construção dos gráficos desta pesquisa, aos professores “Waléria
Maria, Núbia Gondin, Jorge Cândido e Marcos Roberto” por participarem da revisão
do texto e formatação do trabalho. Agradeço ainda aos irmãos da igreja, pela
amizade, direcionamento, incentivo e orações, não esquecendo dos novos colegas
do curso do mestrado, pelo carinho e dedicação para comigo.
Que Deus possa abençoá-los sempre, realizando o desejo do seu
coração. Obrigada por vocês existirem!
Adriana Alves Büchler
Muito obrigada Senhor, minha vida sem Você não é nada por isso
eu louvo para te adorar, muito obrigada Senhor, descobrir que a
verdade é o caminho, não estou sozinha tenho Jesus para me guiar.
RESUMO
Este trabalho tem como proposta investigar as estratégias de leitura
usadas pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Instituição Serviço
Social do Comércio (SESC), em Casa Amarela/ Recife-PE, para verificar como suas
utilizações interferiram nas habilidades de compreensão de textos. Estimou-se o
“nível” de compreensão de cada aluno, assim como as impressões do seu
entendimento sobre o texto, a saber, sua compreensividade textual. Assim, esse
diagnóstico aponta as estratégias de leitura mais constantes, pois cada aluno/leitor
utiliza critérios particulares ao construir sentido, na leitura. Participaram da pesquisa
10 (dez) alunos sendo 5 (cinco) do Ensino Fundamental II e 5 (cinco) do Ensino
Médio. Os alunos fizeram a leitura de textos a fim de verificar as estratégias que
utilizam para compreendê-los. Com isto, observaram-se ainda as estratégias de
leitura (seleção, antecipação, inferência e verificação) utilizadas pelos alunos
durante as atividades. As demandas impostas para o sucesso na sociedade incluem
possuir habilidades necessárias para ler e compreender diferentes gêneros textuais,
uma vez que esta compreensão interfere diretamente no desenvolvimento pessoal e
profissional. Esta pesquisa contribuiu para reflexão, fundamentação e compreensão
da prática do ensino, pois mostrou que as estratégias de leituras específicas
(subjetivas) dos alunos, para a compreensão de textos, sempre têm como principal
suporte o universo destes, com suas prévias e constantes experiências inerentes ao
contexto cultural. Além disso, constatou-se que qualquer afirmação de inexistência
de compreensão nos alunos/ leitores é precipitada, pois os participantes desta
pesquisa demonstraram presença desta característica, a qual se chamou
compreensividade textual. Nas análises individuais feitas, ocorreram evidências
dessa particularidade de habilidade. Em suma, a pesquisa revelou que as
estratégias de leitura adotadas no ato de ler são imprescindíveis para o
entendimento compreensivo de textos. Considerou-se, portanto, que no mecanismo
de leitura realizado pelos alunos, houve registros que se nomeou (compreensividade
textual) como ponto relevante no contexto da leitura, visto que, no ato de ler e ao
compreender textos, entram os contextos existenciais e as experiências adquiridas
pelos alunos/ leitores.
Palavras-chave
: compreensão de texto, estratégias de leitura,
Educação de Jovens e Adultos (EJA)
ABSTRACT
This Work aims at investigating reading strategies used by Commerce
Social Service Institution (CSSI-SESC) Education for Young People and Adults
(EYPA-EJA) pupils, in “Casa Amarela neighborhood, Recife, Pernambuco in order to
verify the way their utilizations- i.e. Reading strategies ones- have interfered on the
texts comprehension skills, abilities. One has appraised every pupil comprehension
“level”, as well as their understanding impressions regarding to the text, so to say,
their textual comprehensibleness. In this perspective, this diagnostic points out the
reading most steadfast strategies, since every pupil/reader applies his own criteria
when he/she constructs a certain meaning for his/her reading. Ten pupils have
participated in this Research. Five ones among them came from II Basic Teaching
and other five ones stemmed from High School Teaching. The pupils have made the
text reading aiming at verifying the strategies they use in order to understand them, i.
e. the texts. Through this way, one could perceive, still, the reading strategies
(selection, anticipation, inference and verification), employed by the pupils during
their activities in this regard. The demands imposed on account of the success
achievement in society comprise having skills, abilities, necessary to read and
understand different textual genders, since this understanding interferes directly in
their personal and professional development. This Research has contributed to
teaching practice reflection, fundamentation and understanding, since it has shown
up that the pupils specific (subjective) reading strategies for texts understanding have
always as principal support the same ones universe, with their previous and
constant, steadfast experiences inherent to textual context. In addition to this one,
one has ascertained that understanding nonexistence any affirmation regarding to
pupils/readers is precipitated, hastened since this Research participants have shown
up, demonstrated this characteristic presence, which was denominated as Textual
Comprehensibleness. In, through the made individual analyses, some evidences
have arisen from this particularity. In short, on the whole, this Research has revealed,
pointed out that the reading strategies, adopted, taken on the reading act are
indispensable for the texts comprehensive knowledge. One has considered,
acknowledged, therefore, that in the reading mechanism, put into practice by pupils,
there have been registers, records that have been appointed up as (Textual
Comprehensibleness), important point in the reading context, since, in the reading
act and in the texts understanding, comprehension, it must be included the existential
contexts and the acquired experiences by the pupils/readers.
Key-words: text comprehension, reading strategy, Education for Young People and
Adults (EYPA-EJA)
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Propósitos de leitura, exceção do termo compreensividade 47
Gráfico 2: Processo de Compreensão Textual e Compreensividade Textual 75
Gráfico 3: Resultado da Compreensão Textual e Compreensividade Textual 143
Gráfico 4: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do Texto I -
Oralização 145
Gráfico 5: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do Texto I -
Escrita 146
Gráfico 6: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do Texto II -
Oralização 146
Gráfico 7: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do Texto II -
Escrita 147
Gráfico 8 - Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do Texto I e
Texto II - Oralização e Escrita 148
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resultados colhidos dos alunos que obtiveram Compreensão e
Compreensividade nos Textos trabalhados 145
Tabela 2 - Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto I “Queridos Pais”-
Modalidade oral 148
Tabela 3 - Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto I “Queridos Pais”-
Modalidade Escrita 149
Tabela 4 - Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto II “Senhor Diretor”-
Modalidade Oral 149
Tabela 5 - Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto II “Senhor Diretor”-
Modalidade Escrita 149
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 16
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: O TEXTO 23
1.1 Algumas definições de texto 23
1.2 Fatores linguísticos: coesão, coerência e intertextualidade 27
1.2.1 Coesão 27
1.2.2 Coerência 27
1.2.3 Intertextualidade 28
1.3 Fatores extralinguísticos: intencionalidade, aceitabilidade,
informatividade e situacionalidade 28
1.3.1 Intencionalidade 28
1.3.2 Aceitabilidade 29
1.3.3 Informatividade 29
1.3.4 Situacionalidade 29
1.4 Alfabetização/letramento 31
2 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS 39
2.1 O que é leitura? 39
2.2 A concepção escolar da leitura 45
2.3 Processamento cognitivo e linguístico 48
2.4 Estratégias para leitura 52
2.4.1 Estratégia de seleção 55
2.4.2 Estratégia de antecipação 55
2.4.3 Estratégia de inferência 57
2.4.4 Estratégia de verificação 58
3 COMPREENSÃO DE TEXTO NA LEITURA E SEU PROCESSO
NOS GÊNEROS TEXTUAIS 61
3.1 Compreensão de texto na leitura e seu processo nos gêneros textuais 61
3.2 Compreensão e compreensividade 68
4 OBJETIVOS E METODOLOGIA 78
4.1 Objetivos e metas do estudo 78
4.2 Participantes da pesquisa 79
4.3 Perfil e proposta da escola 79
4.4 Material 79
4.5 Método de coleta de dados 80
4.6 O procedimento do trabalho realizado para compreensão textual 81
5 RESULTADOS DA ANÁLISE 83
5.1 Aluno K1 – Ensino Médio 83
5.1.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 83
5.1.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 84
5.1.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 85
5.1.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 86
5.1.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 87
5.2 Aluno F2 – Ensino Médio 89
5.2.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 89
5.2.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 90
5.2.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 91
5.2.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 93
5.2.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 94
5.3 Aluno A3 – Ensino Médio 95
5.3.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 95
5.3.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 97
5.3.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 98
5.3.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 99
5.3.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 100
5.4 Aluno L4 – Ensino Fundamental 102
5.4.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 102
5.4.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 103
5.4.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 104
5.4.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 105
5.4.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 106
5.5 Aluna A5 – Ensino Fundamental 108
5.5.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 108
5.5.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 109
5.5.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 110
5.5.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 111
5.5.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 112
5.6 Aluno W6 – Ensino Fundamental 114
5.6.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 114
5.6.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 115
5.6.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 116
5.6.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 117
5.6.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 117
5.7 Aluna N7 – Ensino Fundamental 120
5.7.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 120
5.7.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 121
5.7.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 122
5.7.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 123
5.7.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 123
5.8 Aluna M8 – Ensino Médio 125
5.8.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 125
5.8.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 126
5.8.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 127
5.8.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 128
5.8.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 129
5.9 Aluna L9 – Ensino Médio 131
5.9.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 131
5.9.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 132
5.9.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 133
5.9.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 134
5.9.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 134
5.10 Aluna S10 – Ensino Fundamental 137
5.10.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto I) 137
5.10.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto I) 137
5.10.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(oral do texto II) 138
5.10.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto
(escrita do texto II) 139
5.10.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da
Educação de Jovens e Adultos – EJA 140
5.11 Resultado da compreensão textual e compreensividade textual 143
5.12 Distribuição das estratégias utilizadas pelos alunos – EJA
na prática de leitura e compreensão de textos nas modalidades
de oralidade e escrita 145
5.13 Comparação do uso das Estratégias na Análise do texto I e II –
Oralização e Escrita 148
CONSIDERAÇÕES FINAIS 151
REFERÊNCIAS 154
ANEXOS 159
16
INTRODUÇÃO
Durante a experiência como professora de Língua Portuguesa na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos, Ensino Fundamental II e Médio na
Instituição Serviço Social do Comércio- SESC, tive a oportunidade de observar e
perceber as dificuldades apresentadas pelos alunos durante as atividades de
análise, compreensão, interpretação e produção textual realizadas em sala de aula,
fato este que interfere consideravelmente no processo de ensino-aprendizagem,
uma vez que os alunos, ao ler os textos utilizados nas atividades desenvolvidas,
apresentavam problemas com relação à compreensão.
A leitura, de certo, tem uma relação por parte do leitor com o todo do
texto. Ela torna-se, assim, uma das habilidades mais importantes a ser
desenvolvida, pois é a partir dela que tudo acontece na sala de aula. Contudo, é
necessário que haja, por parte do docente, o conhecimento sobre o nível de
envolvimento de seus alunos com os textos explorados nas aulas, para que se
possam alcançar os objetivos propostos no decorrer do planejamento.
Além desse aspecto, foi constatado, ainda, mediante relatos proferidos
nas reuniões de planejamento coletivo dos docentes, que as mesmas dificuldades
foram percebidas no desenvolvimento da construção do conhecimento dos alunos
em outras disciplinas, tendo sido solicitado aos professores de Língua Portuguesa
um trabalho mais enfático no que diz respeito à progressão do aluno em relação à
compreensão textual.
Tal problemática suscitada levanta alguns questionamentos a serem
analisados: por que o aluno tem dificuldade de compreender alguns textos? O que o
aluno faz no ato da leitura para compreender o texto?
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o uso das estratégias de Leitura
para Compreensão Textual pelos Alunos da Educação de Jovens e Adultos-EJA.
Assim, espero que este trabalho contribua para identificar possíveis lacunas
existentes, proporcionando, dessa forma, uma reflexão de linha construtivista, que
dinamize o interesse dos pesquisadores em fomentar contato com o mundo em
que estamos inseridos, numa busca constante de amadurecimento do processo
de Ensino de Linguagem e sua praticidade em sala de aula como procedimento
didático-pedagógico.
17
Segundo Kaufman e Rodriguez (1995, p. 5 apud MORAES, 2002), “é
dever indubitável da escola que todos egressos de suas aulas sejam pessoas que,
quando necessário, passem a valer-se da escrita com adequação, tranquilidade e
autonomia”. Tal função de ser formador e informador para com o cidadão (aluno)
requer visão futura e crescente, em que todos os esforços empregados são para que
a sociedade usufrua de seres humanos competentes nas mais diversas áreas do
saber, pois todos irão contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade no
mínimo alfabetizada.
Construir conhecimento com significados relaciona-se com a capacidade
de interagir consigo mesmo e com a sociedade em seu contexto histórico e, através
desta veiculação, o cultivo dos valores morais e éticos são vivenciados.
Este trabalho possui uma sequência organizacional em cinco (5)
capítulos, dos quais três (3) discorrem sobre as questões teóricas da fundamentação
desta pesquisa. A visão dos teóricos que contribuem para o aperfeiçoamento da
matéria endossam o direcionamento de outros. Também, nesta parte, está inserida a
linha de trabalho pedagógico da Instituição Serviço Social do Comércio (SESC),
onde está exposto a pragmática social cabível ao contexto social da escola, desde
trabalhos de laboratórios executados em sala de aula, como também o respeito às
leis que regem as questões de Parâmetros Educacionais.
Procura-se demonstrar também, de maneira clara e sutil, uma observação
que, por meio da pesquisa e conclusão, torna evidente a questão da
compreensividade que, por ora, não é vista entre os pesquisadores e teóricos da
linguagem. Os 2 (dois) últimos capítulos são dedicados aos processos formais da
dissertação, onde são abordadas as questões explicativas dos métodos e seus
procedimentos, bem como os resultados obtidos para embasamento e contribuição
da prática de ensino em Língua Portuguesa e suas Estruturas Linguística e
Cognitiva inerentes à Língua, finalizando com a conclusão acerca do processo
vivenciado e analisado, com recomendações que podem ser úteis à melhoria da
prática pedagógica nas escolas.
Expomos, a partir do próximo parágrafo, a Proposta Pedagógica do SESC
para a EJA, buscando alinhar o trabalho desenvolvido dentro dessa instituição e o
objeto desta pesquisa.
A área de Educação de Jovens e Adultos (EJA) configura-se como um
importante campo de atuação em face do significativo contingente da população que
18
não teve acesso à escolaridade em idade própria e procura, através de classes de
ensino supletivo, ou outras formas alternativas, dar continuidade à sua educação.
Paradoxalmente, a EJA ainda apresenta uma grande carência de atendimento no
sistema educacional brasileiro.
Nos anos de 1930, a EJA se intensificou e se consolidou no sistema
público de educação elementar no país. Naquele momento, o processo de
industrialização estava sendo implantado e concentrado nos centros urbanos. Tal
implantação surgiu quando o governo federal determinou toda responsabilidade aos
estados e municípios. Com o desenvolvimento da educação básica, na década de
1940, a EJA se consolidou enquanto modalidade de ensino elementar de adultos. Em
1945, na era Vargas, o país passava por um período de redemocratização. Naquela
época, o mundo presenciava o fim da Segunda Guerra Mundial e observava-se um
movimento de reconstrução dos países envolvidos. Nesse contexto, a Organização
das Nações Unidas -ONU- passou a exercer um papel fundamental na luta pela paz e
pela democracia. No campo da educação, no Brasil, a EJA surgiu como uma bandeira
da luta pela democratização e acesso à educação, fazendo parte da luta do governo
brasileiro para elevar a escolaridade do seu povo, revelando uma preocupação geral
com a educação elementar comum.
As primeiras iniciativas na área da EJA surgiram de forma mais
organizada na década de 1940. No ano de 1947, surgiu a Campanha de Educação de
Jovens, que almejava a alfabetização em três meses, e mais a condensação do curso
primário em dois períodos de sete meses, cujo objetivo era garantir a educação de
base. A mão de obra do tipo escravocrata reduzia a motivação na execução das
ofertas educacionais para os brasileiros iletrados, nas áreas urbanas e áreas rurais.
Nesse período, o ensino-aprendizagem era voltado para crianças. Com isso
provocava-se desestímulo nos educandos, uma vez que o método utilizado era
inadequado à clientela da EJA, pois não atendia à necessidade, à realidade, aos
anseios e às inquietações dos educandos jovens e adultos. Então implantou-se o
método de ensino de leitura para adultos conhecido como Laubach
1
. Este método
inspirou a iniciativa do Ministério da Educação, pois havia material didático específico
para o ensino da leitura e da escrita para os adultos. Por sua vez, a aprendizagem era
1
material didático específico que ensinavam a leitura e a escrita para o adulto, pelo método silábico,
que deveria ser memorizada remontada para formar palavras, e nas lições finais era formado de
pequenos textos contendo orientação sobre saúde, técnicas simples de trabalhos e mensagem de
19
feita de forma mecânica e através de memorização. No decorrer da década de 1950,
as críticas à Campanha de Educação de Adultos baseavam-se no fato de que esta
apresentava um caráter superficial do aprendizado em curto período de alfabetização.
Desse modo, a ão voltada à capacitação profissional e ao desenvolvimento
comunitário em diversas regiões, proposta pelo professor Lourenço Filho, também foi
um marco na EJA, pois além de alfabetizar os jovens e adultos, foi uma iniciativa que
visava à profissionalização do trabalhador.
Em 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização, que ampliou
por todo país o programa de alfabetização, formulado por estudantes, sindicatos e
diversos grupos estimulados pelos movimentos políticos da época e interrompido
alguns meses depois pelo Golpe Militar. Em 1964, o método de Paulo Freire deixou
de ser vivenciado, o que impediu sua avaliação. Esta proposta político-pedagógica foi
um experimento realizado no Centro de Cultura Dona Olegarinha, em Recife.
No ano de 1969, o Mobral constituiu-se como organização autônoma
ligada ao Ministério da Educação, tendo todo um aparato em relação aos recursos,
havendo expansão nos anos de 1970, pelo território nacional. O Mobral sistematizou-
se, surgindo após o período da ditadura, uma ação conjunta com o ensino supletivo,
mais especificamente ligado ao Departamento de Ensino Supletivo do Ministério de
Educação e Cultura - MEC, obtendo o apoio de políticos, e contou com recursos
provenientes do imposto de renda de empresas, tendo como compromisso a
alfabetização de jovens e adultos.
Nesse período, surgiram inúmeras ideias na área educacional da
educação permanente, tendo influência na nova Legislação, em especial na Lei
5692/71 e no Parecer 699 do Conselho Federal de Educação. A Lei 5692/71
subsidiou o avanço para ampliação do ensino supletivo, que foi elaborada dentro de
uma visão sistêmica, apresentando as funções de suplência, suprimento,
aprendizagem e qualificação. Estas funções estão articuladas para o ensino regular
no sistema nacional de educação. Em 1980, debatia-se a obrigatoriedade de ofertas
educacionais destinadas a atender aos jovens e aos adultos que o tiveram acesso
à escola por motivos financeiros, sociais e econômicos, pois, nessa época, os jovens
se inseriam cedo no mercado de trabalho, sendo obrigados a abandonar a escola
moral e cívica (In: Psicopedagogia on line – Artigo, 2004).
20
para poder complementar a renda familiar, gerando um grande número de
trabalhadores e trabalhadoras excluídos do sistema educacional regular.
Destarde, sabemos que é necessário que os professores tenham uma
maior conscientização da importância em desenvolver um trabalho voltado à realidade
dos alunos, a fim de atender às necessidades para que eles participem e atuem no
mundo letrado. Porém, o compromisso com a EJA revela uma dimensão mais ampla
do que simplesmente ensinar jovens e adultos a ler, compreender e escrever. É
preciso ensinar para a vida e desenvolver competências que garantam ao aluno sua
inserção no mercado de trabalho, além de prepará-lo para realizar a leitura do mundo
e exercitar a cidadania. Desta forma, é importante acompanhar todo o processo de
EJA, destacando o ato de ler e compreender textos, o que será alvo de nosso estudo.
Proposta Pedagógica SESC na Leitura e Compreensão de Texto:
O Serviço Social do Comércio-SESC, ao longo de sua história, tem
atuado na área de Educação de Jovens e Adultos-EJA desenvolvendo várias ações
voltadas para atender às necessidades dos trabalhadores do comércio “procurando
enfrentar seus problemas, reduzir ou aliviar suas dificuldades maiores e criar
condições de seu progresso social” (AÇÃO Finalística..., 1996, p.3).
Compreende-se que Proposta Pedagógica deve enfatizar o diálogo, a fim
de proporcionar ao aluno liberdade de expressar suas ideias e sentimentos. Essa
proposta facilita o conhecimento da realidade sócio-educacional do educando. Na
Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos-EJA, a participação de todos
que fazem a escola (família, alunos, professores, administradores, líderes
comunitários) é de suma importância. São responsáveis pela formação de alunos
críticos e conscientes do seu papel de transformador da sua realidade.
Os alunos da Educação de Jovens e Adultos-EJA constroem seus
conhecimentos a partir da sua movimentação na vida social, no mundo do trabalho,
nas suas relações familiares, religiosas e políticas, ou seja, no saber compartilhado de
suas inferências. Muitas vezes, eles não têm consciência da presença dos conteúdos
escolares no seu cotidiano; cabe ao professor contribuir nesses saberes e acreditar
nesses alunos e em sua capacidade de aprendizagem, utilizando estratégias e, em
conjunto, situarem-se em diversas leituras de mundo.
O professor, na sua prática pedagógica, deverá ter uma postura de
valorização das diferenças demonstradas pelos alunos e a sua metodologia de
trabalho deve estimular a interação e a construção do conhecimento de forma
21
contextualizada. Também deverá trabalhar com os alunos a leitura de forma crítica e
criativa em diversos tipos e gêneros de textos, como forma de buscar
informações e compreensão para construir conhecimentos. O processo adotado pela
equipe pedagógica deve estar em sintonia com o século XXI, valorizando a
criatividade, a avaliação, a distribuição do tempo na escola e a gestão democrática de
todo o processo educacional viabilizada por uma aprendizagem que enfatize o
diálogo.
De acordo com os PCN’s (1998), tanto a linguagem falada como a
linguagem escrita dar-se-á por práticas sociais, onde cada indivíduo a reproduz e a
transforma de acordo com os espaços onde se relaciona. Na linguagem verbal, o
homem expressa os sentimentos, pensamentos, com uma certa organização das
ideias. A interação verbal organiza-se por um sistema simbólico de significados, onde
as palavras têm sentidos diferenciados de região a região. Desta forma, se faz
necessário:
O exame do caráter da linguagem histórica e contextual,
possibilitando a compreensão das razões do uso da valoração, da
representatividade, dos interesses sociais colocados em jogo, das
escolhas de atribuições de sentidos, ou seja, constitutivo da
linguagem ( PCN’s, 1998, p.27).
A linguagem representa o pensamento, o sentido, as ideias, o interesse
de uma classe. A escola é um espaço democrático em que o aluno pode inferir no
futuro, participar de uma elite pensante que intervém com uma linguagem segura e
coesa nas tomadas de decisões. É preciso munir o professor de jovens e adultos de
instrumentos teóricos e metodológicos que lhe permitam compreender as
especificidades da EJA. É necessário que o professor possa saber ouvir e falar,
garantindo um diálogo de forma a valorizar os desejos, as expectativas e os
interesses, motivando os alunos no ato de aprender, em especial a leitura com
compreensão e a escrita nos diversos gêneros textuais. Salientamos que o professor,
ao executar um diagnóstico do aluno referente ao uso social da leitura e compreensão
de textos na EJA, deve estabelecer um vínculo de confiança, trabalhando de acordo
com o interesse do educando, além de estimular a capacidade de construção do
próprio conhecimento.
O papel do professor será o de mediador entre o aluno e a cultura,
respeitando as diversidades sócio-afetivas que este apresenta. Segundo Freire,
(1997,32) não ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino...” A pesquisa não é
22
uma dimensão complementar ao ato de ensinar, mas faz parte da natureza da prática
educativa.
23
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: O TEXTO
“O que o leitor no texto vai depender do seu nível de
competência” (LIRA 2006, p. 49).
1.1 Algumas definições de texto
Entendemos texto como uma unidade de sentido, que é multimodal, pois
as palavras não são rótulos ou nomes individuais, servem, ao contrário, para denotar
alguma coisa e colocá-la ao mesmo tempo numa determinada categoria do
pensamento. As palavras de uma língua constituem um sistema, de modo que
qualquer uma delas, quando enunciada, tem sempre por trás de si toda uma
estrutura semântica e gramatical de que é parte integrante. Somente os termos
tomados de empréstimos da língua estrangeira (estrangerismos) é que representam
casos isolados de elementos extrassistemáticos.
O texto é uma comunicação de linguagem com característica universal de
dialética constante. Segundo Robins (1979, p. 142) “o pensamento e a percepção só
se tornam definidos e comunicáveis por meio da linguagem: o pensamento e a
linguagem que são interdependentes e inseparáveis”. A linguagem perpassa por
todas as categorias de expressão e sua forma estrutural passa pelo modo de
pensar, pois pensamos em linguagem e imagens, e não uma cisão profunda
entre o pensamento e a fala. Existem diferenças discursivas que promovem uma
gama de inter-relações entre os interlocutores.
A linguística textual é, hoje, um polo de investigação teórica
contemporânea. Marcuschi (1983), não se restringe à palavra ou frase, mas sim ao
texto, por ser uma forma específica de manifestação da linguagem. Para Sitya
(1995), a função da linguística do texto é verificar os segmentos e funcionamentos
de construção textual que dão significado ao texto, o que os receptores,
consumidores buscam entender em uma situação de comunicação.
Nessas últimas décadas, a pesquisa na área de linguística textual e das
formas discursivas se dedicou ao estatuto do texto como unidade de análise na
linguagem. Nesse percurso, autores como Halliday (1985), Bronckart (1999) e Koch
(2000) discutiram a constituição e a produção de sentido do texto. O termo texto
pode ser representado por “uma passagem falada ou escrita que forma um todo
24
unificado” (HALLIDAY,1985, p.1). Desta forma, os autores reconhecem o texto como
uma unidade de sentido analisável, podendo ser interpretado como uma unidade de
linguagem em uso.
Stammerjohann (1975) nos diz que:
O termo texto abrange tanto textos orais como textos escritos que
tenham como extensão mínima dois signos linguísticos, um dos
quais, porém, pode ser suprido pela situação, no caso de textos de
uma palavra, como socorro!”, sendo sua extensão máxima
indeterminada (STAMMERJOHANN, 1975, apud MUSSALIN;
BENTES, 2004, p.253)
Nessa definição, percebemos a ênfase ao aspecto formal do texto ou ao
material, sua extensão e constituição. Assim, vemos o texto como uma unidade de
tamanho indeterminado e com uma formatação que possui um começo e um final
explícitos e inteligíveis. O texto era visto como um produto acabado, numa unidade
formal circunscrita. Existem conceitos que tomam por prioridades do texto conter
determinados conteúdos. A exemplo das definições que se expõem como: “um
complexo de proposições semânticas”. Weinrich (1971) fazendo relevância a que
os textos podem ter seus conceitos a partir de diversos aspectos:
a sequência coerente e consistente de signos linguísticos; b) a
delimitação por interrupções significativas na comunicação; c) o
status do texto como maior unidade lingüística (apud MUSSALIN;
BENTES, 2004, p.253).
Tal conceituação inclui vários aspetos ao mesmo tempo: delimitação,
sentido e “status” no interior de uma teoria linguística da unidade “texto”, onde o
mesmo é visto como elemento primeiro da pesquisa. Leontév (1969), afirma ser de
importância: o fato que o texto não existe fora de sua produção ou de sua recepção”
(LEONTÉV, 1969 apud MUSSALI; BENTES, 2004, p. 254). Quando consideramos a
produção e a recepção dos textos, passamos a vê-los não mais como uma estrutura
acabada (produto), porém como parte de trabalhos mais globais de comunicação.
Para Koch (1997, p.21), trata-se de tentar compreender o texto no seu próprio
processo de planejamento, verbalização e construção”. Desta forma, encontraremos
uma fase, que abrange uma elaboração da teoria do texto. Com isso a conceituação
de texto deve levar em conta:
a) a produção textual é uma atividade verbal: o texto é produto das ações
dos falantes, quando produzem um texto, são seus atos de fala. Por meio da ngua
existe uma interação e nela ocorrência de produção de enunciados em seus
25
vários núcleos de enunciação, gerando efeitos variados entre os interlocutores que
vão interpretar os textos conforme os seus contextos sociais. Dijk (1972) diz que
num texto, os atos são diversos (exemplo de uma carta, tem atos de saudação,
pergunta, asserção, solicitação, convite, despedida, entre outros), e sempre tem um
objetivo principal, e estes termos são vistos neste tipo de texto (carta);
b) a produção textual é uma atividade verbal consciente: uma atividade
cuja intenção é mostrar os propósitos do falante, que dará a entender as condições
de sua produção. O sujeito falante tem mobilidade ativa de certos tipos de
conhecimentos e de elementos linguísticos, com fatores pragmáticos e inter-
racionais, ou seja, o sujeito sabe o que faz, como faz e com que propósitos faz;
c) a produção textual é uma atividade interacional: um envolvimento que
existe nos mecanismos de construção e compreensão de um texto, onde os
interlocutores estão inseridos numa ação contínua e obrigatória.
O texto é o material, onde se constrói a interação que por meio da leitura
as assimilações obtidas constroem sentido, dando ideia de cooperativismo. Este
trabalho é interessante ser observado, pois no dizer de Kato (1985, p. 54) explica
que:
falamos em interação leitor-texto, mas em nenhum momento falamos
em interação leitor-escritor. Contudo, em situações de comunicação
oral, o que é relevante é a interação falante-ouvinte. Na verdade,
essa interação entre produtor e compreendedor é o objetivo de
qualquer comunicação, mas como tem sido frequentemente
observado, na comunicação escrita esse objetivo é muito mais
dependente do código verbal e muito menos apoiado nas pistas
contextuais, na linguagem gestual, no universo semântico partilhado
ou nas regras conversacionais.
Entendemos então, o que expressa a citação de Kato, que está bem
explicativa. O sentido dado a toda forma de comunicação, seja ela escrita ou oral, é
consciente de que está sendo direcionada para alguém, e que este, ao recebê-la
tem uma ação correspondente. Nesse trabalho, nasce a interação do locutor para
com o ouvinte, que é proveniente da ligação com o texto, e este é o território, ou
seja, o espaço onde é construído desde o planejamento, verbalização, escrita, até a
recepção e retorno comunicativo (Feed Back).
Koch define texto como: uma manifestação verbal constituída de
elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos falantes, durante a atividade
26
verbal, de modo a permitir aos leitores, na interação de processos e estratégias de
ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) de acordo com práticas
socioculturais. Nesta visão, os trabalhos sociais e linguísticos estão
necessariamente inter-relacionados. Costa (2003) define texto como um produto
mais que um processo, um produto do processo de produção.
Bronckart (1999, p. 75), chama de texto “toda unidade de produção de
linguagem, situada, acabada e autossuficiente do ponto de vista da ação ou da
comunicação”. O texto é considerado uma consequência, ou seja, o produto do
mecanismo comunicativo que, para ser reconhecido como texto, deve ir por
princípios que assegura a construção de sentido em uma determinada situação
comunicativa ou contexto.
Marcuschi (1983, p. 12-13) em seu trabalho propõe que:
a linguística do texto, mesmo que provisória e genericamente, como
o estudo das operações linguísticas e cognitivas reguladoras e
controladoras da produção, construção, funcionamento e recepção
de textos escritos ou orais. Seu tema abrange a coesão superficial ao
nível dos constituintes linguísticos, a coerência conceitual ao nível
semântico e cognitivo e o sistema de pressuposições e implicações a
nível pragmático da produção do sentido no plano das ações e
intenções. Em suma, a Linguística Textual trata o texto como um ato
de comunicação unificado num complexo universo de ações
humanas. Por um lado, deve preservar a organização linear que é
o tratamento estritamente linguístico, abordado no aspecto da
coesão e, por outro lado, deve considerar a organização reticulada
ou tentacular, não linear: portanto, dos níveis do sentido e intenções
que realizam a coerência no aspecto semântico e funções
pragmáticas.
É importante salientar que o texto é gerado como resultado parcial de
nossa atividade comunicativa, pois compreende o mecanismo, operações e
estratégias que têm lugar na mente humana, e que são postos em ação em
situações concretas de interação social e não como uma estrutura acabada
(produto). Marcuschi configura a sua abordagem na mecânica de planejamento,
verbalização e construção.
Para Costa (2003), a perspectiva do texto em que o componente social
não tem evidência privilegiada. Beaugrande e Dressler (1981) discutem que uma
ciência de textos deve ter a competência de ser descritiva e explicativa nas
características comuns e distintivas entre textos. Eles entendem o texto como um
acontecimento de comunicação que desempenha sete critérios de textualidade:
coerência, coesão (centradas no texto), intencionalidade, aceitabilidade,
27
situacionalidade, informatividade e intertextualidade (centradas no usuário). Esses
geram a comunicação verbal e a falta deles pode acarretar o rompimento da
comunicação. Eles o características que fazem de um texto, não uma sequência
de palavras, pois constroem e fazem uma junção de vários fatores que dizem
respeito tanto aos aspectos formais como às relações sintático-semânticas, quanto
também às relações entre o texto e os elementos que o circundam: falante, ouvinte,
situação (pragmática).
Queremos deixar a nossa concordância, sobre a visão de texto pelo que
define KOCH, pois o ordenamento de elementos linguísticos manifestados através
dos textos, independente da modalidade (oral ou escrita) é uma atitude consciente
dos falantes e tem direcionamento a algum receptor que de posse desta
manifestação verbal, obsorve ou ignora no seu entendimento, porque a função
textual é comunicar, através de seu agente (autor/texto/falante), o caminho da
construção de sentidos a que o texto propõe.
1.2 Fatores linguísticos: coesão, coerência e intertextualidade
1.2.1 Coesão
É a manifestação linguística da coerência. Provém da forma como as
relações gico-semânticas do texto são expressas na superfície textual. Assim, a
coesão de um texto é verificada mediante a análise de seus mecanismos lexicais e
gramaticais de construção. Os elementos de coesão também proporcionam ao texto
a progressão do fluxo informacional, para levar adiante o discurso de Simon, (2008).
O aspecto coesivo da produção textual é a harmonia de seus elementos linguísticos,
em que a construção de frases tem identificação associativa, a continuidade do
sentido construído é interligado e íntimo.
1.2.2 Coerência
É o aspecto que assume os conceitos e relações subtextuais em um nível
ideativo. A coerência é responsável pelo sentido do texto, envolvendo fatores lógico-
semânticos e cognitivos, portanto a interpretabilidade do texto depende do
conhecimento partilhado entre os interlocutores. Um texto é coerente quando
28
compatível com o conhecimento de mundo do receptor. Observar a coerência é
interessante, porque permite perceber que um texto não existe em si mesmo, mas
sim constrói-se na relação emissor-receptor-mundo (SIMON, 2008).
A ideia que entendemos da visão do texto e seu aspecto de coerência é
que sua construção tem que passar por um caminho de qualidade lógica para
dentro da interação. Os aspectos cognitivos implícitos não sejam “insuficientes”
para o entendimento dos receptores.
1.2.3 Intertextualidade
Concerne aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente
da interpretação de outros. Um texto constrói-se não isoladamente, mas em relação
a outro já visto, do qual abstrai alguns aspectos para dar-lhes outra feição. O
contexto de um texto também pode ser outros textos com os quais se relaciona
(SIMON, 2008). O perfil da intertextualidade está relacionado a comentário que
insere uma lembrança de algo escrito de outra forma, mas que possui característica
de ligação de outros enunciados, onde tais informações auxiliam a obtenção de
subsídios cognitivos, que levam à significação e à “clareza” do texto, dando
capacidade de satisfazer os objetivos dos interlocutores.
1.3 Fatores extralinguísticos: intencionalidade, aceitabilidade, informatividade e
situacionalidade
1.3.1 Intencionalidade
Refere-se ao esforço do produtor do texto em construir uma comunicação
eficiente e capaz de satisfazer os objetivos de ambos os interlocutores. Quer dizer, o
texto produzido deverá ser compatível com as intenções comunicativas de quem o
produz (SIMON, 2008). Quando existe propósito de que o texto transmita algo, o
sentimento criado é de integrar sentido para que os receptores consigam partilhar de
um entendimento comum. A intencionalidade atinge o anseio do produtor textual.
29
1.3.2 Aceitabilidade
O texto produzido também deverá ser compatível com a expectativa do
receptor em colocar-se diante de um texto coerente, coeso, útil e relevante. O
contrato de cooperação estabelecido pelo produtor e pelo receptor permite que a
comunicação apresente falhas de quantidade e de qualidade, sem que haja vazios
comunicativos. Isso se porque o receptor esforça-se em compreender os textos
produzidos (SIMON, 2008). A compreensão adquirida pela produção dos textos é
um trabalho de perceber suas brechas. O acolhimento das informações adquiridas e
transformadas num entendimento compreensivo é característica da aceitabilidade,
resolvidas as dúvidas que, por acaso, possam surgir no meio interativo.
1.3.3 Informatividade
É a medida que as ocorrências de um texto são esperadas ou não,
conhecidas ou não, pelo receptor. Um discurso menos previsível tem mais
informatividade. Sua recepção é mais trabalhosa, porém mais interessante,
envolvente. O excesso de informação pode ser rejeitado pelo receptor, que não
poderá processá-lo. O ideal é que o texto se mantenha num nível mediano de
informatividade, que fale de informações que tragam novidades, mas que venham
ligadas a dados conhecidos (SIMON, 2008). No texto, a comunicação que se
estabelece é um trabalho informativo. Esta característica serve para confirmar a
visão de mundo que os receptores possuem e geram esta inferência; visto o
acúmulo da informatividade, vai ter que ser guardado na memória para posterior
processamento e resultado do que fora lido.
1.3.4 Situacionalidade
É a adequação do texto a uma situação comunicativa, ao contexto. A
situação orienta o sentido do discurso, tanto na sua produção como na sua
interpretação. Por isso, muitas vezes, menos coeso e, aparentemente, menos claro,
pode funcionar melhor em determinadas situações do que outro de configuração
mais completa. É importante notar que a situação comunicativa interfere na
produção do texto, assim como este tem reflexos sobre toda a situação, que o
30
texto não é um simples reflexo do mundo real. O homem serve de mediador, com
suas crenças e ideias, recriando a situação. O mesmo objeto é descrito por duas
pessoas distintamente, pois elas o encaram de modo diverso.
Muitos linguístas têm-se preocupado em desenvolver cada um dos fatores
citados, ressaltando sua importância na construção dos textos (SIMON, 2008). O
momento construtivo do texto é a situação em que ele está inserido, para transmitir
uma determinada ação comunicativa, onde as ideias, proposições, questionamentos
são vistos e servem de continuidade discursiva para mediarem diálogos nos
interlocutores, pois a situacionalidade é o tempo de recriação e desenvolvimento da
construção do texto.
Diante das definições colocadas nesta pesquisa, queremos contribuir
com a nossa visão, pois, em se tratando de texto, temos que ter em mente, não
as características linguísticas e sua forma dialética como: formato e apresentação,
pois, texto é a forma subjetiva, discursiva que tem como característica relevante a
linguagem independente da maneira expressa, seja ela oral ou escrita. A
manifestação da linguagem sempre terá como essência a transmissão de algum
sentido, como: conteúdo, mensagem, sentimento, comunicação, etc. O texto possui
vida quando a interação do leitor com o código escrito lhe confirma que, entre a
língua e a expressão não ocorre separação.
Podemos ainda acrescentar que os fatores linguísticos e extralinguísticos,
para justificar o conceito de texto adotado, pois cada elemento (fator) é proveniente
de uma produção do texto, que é uma atividade verbal, ou seja, os falantes, ao
construírem um texto, estão executando atitudes, que são movimentos de fala e
escrita, pois a língua é também meio de interação e sua manifestação possui força,
que i produzir nos interlocutores, resultados, embora possam não ser o que o
locutor espera. Lembremos-nos de que num texto há uma objetividade principal e na
construção dele pretende-se atingir isso, mesmo que nele tenham várias ações, isto
é, tenha saudação, perguntas, asserções, enfim; como exemplo, uma carta, todavia
todas estas ações concorrem para direcionar o contexto do texto a um sentido
lógico. Além disso, o texto é elaborado, levando em consideração os aspectos
sociocognitivos e culturais para que este em que o lê o acesso à fluência do
conteúdo.
Vale ainda ressaltar que o texto é uma atividade verbal consciente, sua
linguagem é descrita com o propósito de que ao ler, haja entendimento por parte do
31
leitor, ou seja, o leitor quando tem acesso ao texto pressupõe que o sujeito sabe o
que faz e como faz, pois tal atitude é uma atividade de interação, que é construído
durante a leitura e quem contribui para essa interação também são os fatores
linguísticos e extralinguísticos do texto, pois qualificam o texto e toda produção
textual estão inseridos nestes elementos, alguns com menos intensidade outros não,
porém há a presença destas características.
Podemos acrescentar ainda que texto é o meio de real importância para
que as estratégias de leitura apareçam quando o aluno/leitor lê, e estes aspectos
são essencialmente cognitivos, portanto, entendemos que o letramento e a
alfabetização são fatores que estão inseridos no comportamento da linguagem de
aluno/leitor, ou seja, os resultados obtidos da leitura feita pelos alunos demonstram
o seu entendimento do texto. Claro que a palavra letramento abrange uma ampla
discussão, porém, na leitura dos textos lidos pelos alunos desta pesquisa, estas
habilidades são importantes e interferem no trabalho de compreensão textual.
1.4 Alfabetização/letramento
muito tempo a alfabetização é compreendida como o ensino de um
sistema de códigos provenientes de uma relação entre fonemas e grafemas. Mas os
estudos acerca da psicogênese da língua escrita, de Emília Ferreiro (1986),
trouxeram aos educadores o entendimento de que alfabetização, longe de ser a
posse de códigos, é um mecanismo complexo envolvendo a elaboração de
hipóteses a respeito da representação linguística. Com a passagem dos anos, os
estudos sobre letramento ganharam uma dimensão que ultrapassou o contexto
sócio cultural da língua escrita, pois como característica de fundamento, a leitura
para ser feita com compreensão é necesário o aluno ter habilidade de ler sobre
vários aspectos e conhecer as várias formas de comunicação.
Partindo de Vygostsky e Piaget: a aprendizagem se processa em
relação interativa entre o sujeito e o contexto em que vive. Entendemos que para o
aprendizado existe um contexto que não fornece informações específicas ao
aprendiz (aluno), como também motiva a dar sentido e concretude ao aprendido, e
fornece condições das possibilidades efetivas de aplicações e uso nas situações em
que vive.
32
O conhecimento não se adquire somente no espaço circunscrito da
escola, das instituições acadêmicas. Há que se valorizar os inúmeros agentes
intermediadores (família, sociedade) e mediadores (escola, professor), deve-se ter o
equilíbrio, embora o sistema pedagógico seja de função planejada e com objetivos e
intenção assumida, pois trata-se de conhecimentos teóricos com metodologias
científica e empírica. Teóricas como Kleiman (1995) e Soares (1998), que o
letramento como uso social da leitura e escrita, entendem que o letramento refaz
uma redimensão para que se possa compreender o que temos hoje; desde as
dimensões do aprender a ler e a escrever, o desafio de ensinar a ler e escrever, o
significado do aprender a ler e escrever, o quadro da sociedade leitora no Brasil, os
motivos pelos quais tantos deixam de ler e escrever e as próprias perspectivas das
pesquisas sobre letramento.
Todas essas características são perspectivas que no mundo de
crescentes transformações são necessárias, pois a língua escrita/oral não é uma
meta de conhecimento e domínio desejável, mas é uma necessidade como
verdadeira condição para sobrevivência e a conquista da cidadania. A forma
dimensionada do aprender a ler e a escrever numa sociedade, onde a grande
maioria é analfabeta, e que possui práticas de leitura, bem como de escrita,
bastante reduzidas, pois o sistema de ensino para alfabetização é assimilado como
código, a saber, como exemplo: C+A=CA, e isso somado à junção fonológica para
que fossem interpretadas a formação das palavras. Com o tempo, à superação do
analfabetismo em massa e à sociedade complexa surgem variadas práticas de uso
da língua escrita. Com o avanço tecnológico e as constantes transformações
ocorridas no século XX, fez-se necessária a prática de leitura de maneira
abrangente e que proporcione a vivência desejável de um cidadão, neste contexto o
letramento é necessário para uma aprendizagem de leitura.
Segundo Ribeiro (2003, p.91):
ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-
se letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade
de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos.
A permissão dada para que o sujeito tenha a capacidade de interpretar,
fazer confrontos, induzir, informar-se, orientar-se para que garanta a sua memória,
usando em constância de escrita, dá a ele uma condição diferenciada no seu
relacionamento com o mundo, pois não necessariamente é uma posição de
33
conquista por ter apenas o domínio do código escrito. Por isso, aprender a ler e a
escrever implica não apenas o conhecimento de letras e da forma de decodificá-la
(ou de associá-las), porém, a possibilidade de manusear esse conhecimento em
benefício de formas de expressar-se e comunicar-se com reconhecimento e
necessária legitimidade em um determinado contexto cultural. Em função disso,
talvez a diretriz pedagógica mais importante no trabalho (...dos
professores), tanto no pré-escolar quanto no ensino médio, seja a
utilização da escrita verdadeira
2
nas diversas atividades
pedagógicas, isto é, a utilização da escrita, em sala, correspondendo
às formas pelas quais ela é utilizada verdadeiramente nas práticas
sociais. Nesta perspectiva, assume-se que o ponto de partida e de
chegada do processo de alfabetização escolar é o texto: trecho
falado ou escrito, caracterizado pela unidade de sentido que se
estabelece numa determinada situação discursiva (LEITE, 2001,
p.25).
No trabalho didático de sala de aula, para ser correspondente à realidade
social das constantes transformações vividas pela sociedade (alunos), é
fundamental a utilização de todos os tipos de textos para que a alfabetização tenha
uma dimensão de aprendizado da leitura, seja o ato de ler bem como o de escrever.
O desafio de ensinar a ler e a escrever torna-se claro quando existe a
possibilidade do uso da ngua escrita como “sistema formal (normas de
funcionamento, regras) nas diversas e diferentes situações e com diferentes fins.
Embora, por um lado, exista um paradoxo, onde uma estrutura
fechada que não admite transgressões, sob pena de perder a dupla condição de
inteligibilidade e comunicação-“ensino tradicional”, por outro, existe um recurso
suficientemente aberto que permite dizer tudo, isto é, um sistema permanente
disponível ao poder criativo do ser humano-“ensino construtivista” (GERALDI, 1997).
Sendo assim, como unir esses dois sistemas? Existe um conceito e uma
ideologia. independência e interdependência entre alfabetização e letramento
(processos paralelos
3
, simultâneos
ou o
4
, mas que complementam). Numa
2
O autor utiliza a expressão escrita verdadeira” em oposição à “escrita escolar”, um modelo muitas
vezes artificial, cujo reducionismo não faz justiça à multidimensionalidade da língua viva.
3
Como evidência desse paralelismo, é possível, por exemplo, termos casos de pessoas letradas e
não alfabetizadas (indivíduos que, mesmo incapazes de ler e escrever, compreendem os papéis
sociais da escrita, distinguem gêneros ou reconhecem as diferencias entre a língua escrita e a
oralidade) ou de pessoas alfabetizadas e pouco letradas (aqueles que, mesmo dominando o sistema
da escrita, pouco vislumbram suas possibilidades de uso) (Cf. COLELLO, 2004, p. 111).
4
Em uma sociedade como a nossa, o mais comum é que a alfabetização seja desencadeada por
eventos de letramento, tais como ouvir histórias, observar cartazes, conviver com práticas de troca de
correspondência etc. No entanto, é possível que indivíduos com baixo nível de letramento (não raro
membros de comunidades analfabetas ou provenientes de meios com reduzidas práticas de leitura e
34
concepção progressista de “alfabetização”, o trabalho de alfabetização incorpora a
experiência do letramento e este não passa de uma redundância, em função de
como o ensino da língua escrita é concebido. Esta é a visão conceitual. (nascida
em oposição às práticas tradicionais, a partir dos estudos psicogenéticos dos anos
1980).
No que concerne à ideologia, ou embate ideológico, oposição entre
dois modelos descritos por Street (1994) e que têm posicionamentos extremos e
diferentes, tanto da parte de prática pedagógica, como das concepções que estão às
claras e ocultas neste modelo. O “modelo autônomo” é predominante e seu
aprendizado é de um processo único, em que, independentemente do contexto onde
é produzido, diz-se que a língua tem autonomia. Esta concepção se atrela ao fato de
que o uso da escrita tem legitimidade vinculada ao padrão da “norma culta”, e que
esta, por sua vez, pressupõe a compreensão do que é inflexível no funcionamento
linguístico.
Para Colello (2004), as escolas tradicionais respaldam-se neste modelo.
Tal visão é de uma metodologia etnocêntrica que põe de lado o aluno, por questões
de visão política. Na contramão, o “modelo ideológico” admite pluralidade das
práticas letradas, tendo como ênfase a valorização da cultura e seu contexto
produtivo, dando um rompimento definitivo entre o “momento de aprender” e o
momento de fazer uso da linguagem”.
Os estudos linguísticos oferecem uma conexão ativa e retornável entre
“descobrir a escrita” (função e formas de apresentar-se), “aprender a escrita”
(compreender regras e seu funcionamento) e “usar a escrita” (desenvolver suas
práticas numa cultura de referência com significado). Quando são
desenvolvidos hábitos de leitura e escrita, a aprendizagem da língua escrita, pela
sociedade, passa a alcançar níveis que não são estritamente pedagógicos, pois
adquire o perfil de ser crítico politicamente. Ferreiro (2002) descreve que a escrita é
importante na escola, e não fora dela. A evidência da utilização da escrita no
contexto social é imprescindível para interlocução dos falantes na sociedade, pois
indica a capacidade de dinamismo de interação que existe no meio cultural onde as
pessoas estão inseridas.
escrita) tenham a oportunidade de vivenciar tais eventos na ocasião de ingresso na escola, com o
início do processo formal de alfabetização
35
No Brasil, a sociedade leitora possui um contingente de indivíduos que,
embora formalmente alfabetizados, são incapazes de ler textos longos, localizar ou
relacionar suas informações. Os dados do Instituto Nacional de Estatística e
Pesquisa em Educação (INEP) descrevem que o nível “crítico” e “muito crítico” estão
contidos tanto em crianças quanto em jovens e adultos que têm acesso às escolas e
nelas permanecem por mais de 3 anos. Não garantia de acesso autônomo às
práticas sociais de leitura e escrita (Cf. COLELLO; SILVA, 2003).
Compreender porque se deixa de aprender a ler e escrever é procurar, de
certa forma, entender o desafio e estabelecer uma relação dialógica significativa e
compromissada com a construção do conhecimento, estabelecendo ligação com o
aluno. Se a metodologia fosse transformada em instruções educativas como
intervenção, talvez fosse possível compreender melhor o significado e a verdadeira
extensão da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil:
(...) a aprendizagem da língua escrita envolve um processo de
aculturação através, e na direção das práticas discursivas de grupos
letrados, não sendo, portanto, apenas um processo marcado pelo
conflito, como todo processo de aprendizagem, mas também um
processo de perda e de luta social (...)” “(...) uma dimensão de
poder envolvida no processo de aculturação efetivado na escola:
aprender ou não a ler e escrever não equivale a aprender uma
técnica ou um conjunto de conhecimentos.O que está envolvido
para o aluno adulto é a aceitação ou o desafio e a rejeição dos
pressupostos, concepções e práticas de um grupo dominante, a
saber, as práticas de letramento desses grupos entre as quais se
incluem a leitura e a produção de textos em diversos instituições,
bem como as formas legitimadas de se falar desses textos e o
conseqüente abandono (e rejeição) das práticas culturais primárias
de seu grupo subalterno que, até esse momento eram as que lhe
permitem compreender o mundo (KLEIMAN, 2001 p, 27)
Toda assimilação da língua envolve interação de conhecimentos e fluxo
de informações que são absorvidas pelos alunos como parte do processo de
aprendizagem. Sua praticidade no cotidiano indica desenvolvimento da utilização
das práticas discursivas de fala e escrita, pelo conjunto de alfabetização e
letramento nas diversas manifestações culturais da sociedade. A prática disso é um
caminho longo e difícil que o sujeito pouco letrado tem a percorrer. A reação dele em
face da mecânica dos ensinos pedagógicos e a negação do mundo letrado acabam
por colocar o aluno fora da escola, e isto é cruel, todavia o papel do professor é
fundamental para que, dentro da sala de aula ele crie uma interação que seja capaz
36
de mediar as tensões e negociar significados para a construção de novos contextos
de inserção social.
Embora o termo “letramento” indique dimensões complexas, possui uma
diversidade de práticas sociais de uso da escrita, por identificação de linguagem
específica de conhecimento, ou seja, campos (práticas profissionais, tais como
médicos, juristas etc.) de uso. Nos meios educacionais e acadêmicos já nomeiam-se
“letramentos”. Não dando atenção ao risco da terminologia da palavra, temos a
possibilidade de diversificação dos “mundos letrados”. Neste modo, podemos ver
perspectivas do letramento variados, tais como: “letramento musical”, “letramento
científico”, “letramento social”. Em cada universo desses, é possível delimitar
práticas e eventos como focos interdependentes de uma mesma realidade
(SOARES, 2003 ).
As especificidades destes universos de linguagem (letramentos) não têm
como característica os modos de valoração da escrita, suas necessidades,
dificuldades, mas podem ter intervenções pedagógicas no caso de serem utilizados
como meios de programas de alfabetização. A esse respeito, Kleiman (2001, p.
269) diz:
se por meio das grandes pesquisas quantitativas podemos conhecer
onde e quando intervir em vel global, os estudos acadêmicos
qualitativos, geralmente de tipo etnográfico, permitem conhecer as
perspectivas específicas dos usuários e os contextos de uso e
apropriação da escrita, permitindo, portanto avaliar o impacto das
intervenções e até, de forma semelhante das macro análises,
procurar tendências gerais capazes de subsidiar as políticas de
implementação do programas.
Conforme a citação a pesquisa resulta num descobrimento de novas
formas de ensinar a ler e escrever, a busca destas perspectivas tem que se tornar
de acesso a todos os indivíduos das diferentes culturas da sociedade para que
obtenham o domínio competente da linguagem e suas várias formas de
comunicação. Neste sentido, o caminho construído pelos programas como
implemento de acesso aos métodos de ensino da linguagem deve ter também como
cerne a execução de tarefas, onde a maioria, se não todas as formas, sejam feitas
ou realizadas com objetividade e realidade concreta de aprendizagem como disserta
Garton e Pratt (1998, p.19-20):
37
uma pessoa alfabetizada tem a capacidade de falar, ler e escrever
com outra pessoa e a consecução da alfabetização implica aprender
a falar, a ler e a escrever de forma competente.
Dentre do trabalho de alfabetização com característica de falar, ler e
escrever de forma competente, é implícito a manifestação de práticas sociais de
leitura e sua clareza manifesta-se das diversas formas de dialogar. O termo
“letramento” surgiu ampliando o sentido do que tradicionalmente se conhecia por
alfabetização (SOARES, 2003, p.109). A alfabetização é sistemática, pois insere a
questão formal do código escrito, enquanto para o letramento se faz necessário
conhecer o funcionamento do sistema de escrita e poder se interar nas práticas
sociais de linguagem.
Segundo Tfouni (1997, p. 20), “enquanto a alfabetização se ocupa da
aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza
os aspectos sociohistóricos da aquisição de uma sociedade”. O mecanismo de
alfabetização se configura numa transmissão de dados (códigos) repassados por
transmissores de maneira automática. A prática de letramento é a vivência histórica,
colocando a escrita numa dimensão sociocomunicativa, podendo ser de fácil
assimilação.
Kleiman (1995) define o letramento como:
(...) um conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto
sistema simbólico e enquanto tecnologia em contextos específicos.
As práticas específicas da escola, que forneciam o parâmetro de
prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a
qual os sujeitos eram classificados ao longo da dicotomia
alfabetizado ou não-alfabetizado, passam a ser, em função dessa
definição, apenas um tipo de prática - de fato, dominante - que
desenvolve alguns tipos de habilidade
s, mas não outros, e que
determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita
(1995, p. 109)
Seguindo essa visão, o envolvimento criado entre linguagem e a vivência
social são transformado em interação (leitura) que possibilitam às pessoas
aprendizado e acrescenta as várias formas discursivas em cada enunciado: a
autora. Soares (2003), entende que o valor e a qualidade de expor a oposição dos
conceitos de “alfabetização” e “letramento” é de tal forma que extrapola a técnica e
os instrumentos que têm domínio sobre o sistema de escrita.
O trabalho de alfabetização pode ser tido como mecânico se o
considerarmos que, como código, sua função pode ter restrição para ler e escrever.
38
Corrêa (2004) propõe uma concepção nova que abrange uma visão de perspectiva
em que a escrita, muito mais que aprendizagem autônoma de um código de
instrumentalização de um mecanismo tecnológico, é considerada um modo de
enunciação, com relevância histórico-social de prática de letramento, onde, de
acordo com o modelo proposto por Street (1994, p. 1-2), diz:
Existem vários modos diferentes pelos quais representamos nossos
usos e significados de ler e escrever em diferentes contextos sociais
e o testemunho de sociedades e épocas diferentes demonstra que é
enganoso pensar em uma coisa única e compacta chamada
letramento. A noção de que a aquisição de um letramento único e
autônomo terá consequências pré-definidas para os indivíduos e as
sociedades provou ser um mito,frequentemente baseado em valores
específicos, culturalmente estreitos, sobre o que é propriamente o
letramento.
A importância de compreendermos que o trabalho do letramento é
vinculado a situações socioculturais e que existem vários caminhos em que a
linguagem é trabalhada para se tornar acessível a todas as camadas sociais, em
que a construção de significados é uma propriedade dialógica, vem da própria
linguagem (interação). Corrêa (2001), Soares (2003), Kleiman (1995, 1997, 2002),
todos estes concordam com a idéia proposta por Koch que diz: “o sentido o está
no texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação” (2000 (a), p.25).
Vejamos que a interação também é proveniente de entendimento adquirido da
leitura obtida do letramento, pois as práticas da fala e da escrita são pontos de
partidas para o modo como elas se manifestam e não há sepação.
Os conceitos de letramento e alfabetização trabalham com textos, como
unidade de sentido, multimodais (verbais ou não verbais, implícito ou explícito).
Quando descrevemos isso, dizemos que sua forma de manifestação, ou seja, a
palavra, é direcionada para alguém, com sentido completo, por meio da interação
ocorrida pela atividade de leitura.
39
2 LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS
“Quando a leitura envolve a compreensão, ler torna-se um
instrumento útil para aprender significativamente” (SOLE 1998, p.
46).
2.1 O que é leitura?
Diante das demandas impostas pelo mundo, torna-se necessário
compreender um texto em sua totalidade, onde se estabelece o diálogo entre o leitor
e o texto. Para o processo de ensino/aprendizagem da língua é preciso
compreender um texto. Segundo Freire (1997, p.11) “linguagem e realidade se
prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”. Por isso, a
preocupação com a leitura, pois por ela perpassa todos os elementos de
constituição da textualidade que levam o aluno à reflexão a respeito de seu
conteúdo, da língua, da estrutura do texto, da intenção daquele que o produz e do
momento enunciativo. O domínio desses conteúdos pode transformá-lo em um bom
leitor, não de textos, mas, quem sabe, também leitor de um mundo melhor
(cidadão).
A inter-relação dos processos cognitivos com o conhecimento linguístico,
na compreensão de texto, implica uma construção em que se intervém neste,
levando em conta: estrutura lógica, coerência no conteúdo, conhecimento sobre o
processamento textual, atribuindo significados baseados em conhecimentos prévios.
Sendo assim, faz parte do ensino de leitura ajudar os alunos/leitores a construírem o
sentido do texto para a sua compreensão.
O nível de letramento sem grandes entraves e conflitos é o determinante
de uma boa formação escolar; portanto, o aluno precisa, antes de qualquer método,
de uma bagagem rica em variedade de discursos, nos mais variados tipos e gêneros
de textos, a partir de diferentes situações e com objetivos diversos. Hoje, no Brasil,
Diário da escola (2003), não mais se considera alfabetizado quem apenas consegue
ler, mas quem sabe analisar, compreender e interpretar a realidade da vida. Sendo
assim, o letramento decorre das práticas sociais que as leituras exigem em
diferentes contextos que envolvem a compreensão e expressão lógica e verbal.
40
Portanto, o aluno precisa ter consciência da importância de que uma boa
leitura implica também a compreensão. Atualmente, a escola enfatiza o trabalho de
leitura, compreensão e da produção de textos, buscando equilibrá-lo com a análise
das estruturas da língua e com seu uso. Dessa forma, através da interação com
vários tipos de textos, o professor pode investigar a experiência anterior do aluno,
como leitor de palavras e de mundo, e seguir pistas deixadas pelo autor do texto
para considerar também o implícito, inferindo assim, as intenções do autor.
Segundo Soares (1998, p. 27-35), “ensinar letrando significa orientar a ler
levando a conviver com práticas reais de leitura”. Para esclarecer este processo de
aquisição da língua oral/escrita busca-se evidenciar as práticas e intervenções
realizadas pelo professor na formação do sujeito letrado.
Cabe entender que o dia a dia do aluno é rico em acesso a informações
que circulam em seu meio social. Sua capacidade cognitiva deve ser testada pelo
professor, para que este perceba até que ponto o aluno consegue assimilar essas
informações, pois a maneira como o aluno se expressa em sala de aula, através da
oralidade (conversas), vai indicar o grau de letramento deste. Fazer leituras das
diversas situações em que se vive é ter habilidades de ler e escrever como prática
social.
Freire (1981) defende a ideia de que ensinar não deve ser somente o
conduzir ao aprendizado de letras, palavras e frases, mas deve levar os jovens e
adultos a conhecerem os problemas que enfrentam, e estimulá-los a participar da
vida social e política de seu meio. Portanto, aprender é um ato de conhecimento da
realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo aluno, e tem sentido se
resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. O que é aprendido não decorre
de uma imposição ou memorização, mas do nível crítico de conhecimento, ao qual
se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. Maia (2004) sugere que
a aquisição da leitura proporciona ao sujeito condições de ampliar suas relações
com o mundo. Dentro do contexto escolar, esta habilidade envolve qualquer área,
pois o principal recurso neste meio é a linguagem, seja ela oral ou escrita,
estabelecendo de forma clara qualquer atividade que o indivíduo venha a exercer
em sua vida cotidiana.
Nesta visão, ler significa um trabalho de construção e intensa atividade
em relação ao material contido no texto, onde, reafirma Solé (1998 p.22), “a leitura é
um processo de interação entre o leitor e o texto; Neste processo, tenta-se
41
satisfazer, obter uma informação pertinente para os objetivos que guiam sua leitura”.
A interação mostra que a leitura é a ação mediante a qual se compreende a
linguagem escrita. Neste entendimento, intervêm tanto o texto, sua forma e
conteúdo, como o leitor, suas expectativas e conhecimentos prévios, ou seja, deve-
se examinar as habilidades de letramento e aportar ao texto os objetivos, ideias,
experiências prévias. É necessário se envolver com o texto, inferir continuamente, e
se apoiar na informação proporcionada por este, considerando-se o próprio
conhecimento. Desta forma, a leitura com compreensão envolve o sujeito em um
movimento de constante elaboração e verificação de hipóteses, o que ocorre a
cada progresso obtido pelo leitor durante o acesso ao texto, embora às vezes o leitor
não tenha consciência de que exerce tal controle sobre a leitura. Assim sendo,
uma característica do leitor competente é ter uma postura de estratégias sobre a
leitura diante do texto (SOLÉ, 2003).
Ler é um processo em perspectiva, ou seja, é previsão de futuro. Se o
contato com o texto não permite ao leitor avançar, elaborar hipóteses, solucionar
questões, não está ocorrendo a interação com o texto. A leitura significativa é
construção e compreensão. Solé (1998) acrescenta que devemos fazer previsões
em qualquer tipo e gênero de texto, levando-nos a informações provenientes do
próprio texto, o conhecimento sobre a leitura, sobre os textos e o conhecimento de
mundo. Se não houver esta previsão, isto implicará a o compreensão nas leituras.
O ato da leitura é, antes de tudo, um despertar para o significado de construção que
o texto promove na mente do leitor, bem como também a busca de informações
pelas inferências implícitas.
A decodificação é um dos procedimentos que utilizamos quando lemos.
Solé (1998, p. 53) afirma que:
ler não é decodificar, mas ler é preciso saber decodificar. Aprender a
decodificar pressupõe aprender as correspondências que existem
entre os sons da linguagem e os signos ou os conjuntos de signos
gráficos, as letras e conjuntos de letras que os representam.
Quando não se tem o domínio da leitura, ou seja, quando não se é
autônomo no ato de ler, as habilidades de decodificação não são precisas, pois existe
a dificuldade de correlacionar o som à grafia, como também há a dificuldade de
identificação do código escrito, digo, sua significação.
42
A leitura fluente envolve uma série de outras estratégias como seleção,
antecipação, inferências, verificação, etc., sem as quais não é possível rapidez e
proficiência. É o uso desses procedimentos que permite constatar o que vai sendo
lido, tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, arriscar-se diante do
desconhecido, buscar no texto a comprovação das suposições feitas. A leitura
abrangente induz o leitor a selecionar textos que circulam socialmente, principalmente
aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Um exemplo claro disso é
quando se busca em um jornal aquilo que interessa saber diante de tantas outras
informações. No caso da criança que não lê convencionalmente, ela busca selecionar
os elementos que já conhece de memória. Hoje em dia, é necessário que o cidadão
leitor e aquele que não tem o hábito de leitura tenham condições de compreender o
que leem, pois terão que ler também o que não está implícito no texto, ou seja,
têm que fazer inferências e checar se essas confirmam, ou se estão de acordo com as
exigências do gênero.
A leitura, no seu mais simples conceito, é pronunciar as palavras de um
escrito ou impresso e inteirar-se do seu conteúdo para a aquisição de informações.
Porém, sabemos que não se restringe somente a isto. Durante o processamento do
ato de ler o aluno pode adquirir na mente uma sensibilidade causadora de mudanças
de comportamentos e visões que, naturalmente, irão incorporar a conscientização
linguística e a capacidade de percepção cognitiva textual. Tal percepção é proveniente
do contato com o material escrito feito pelos olhos. Smith (1989) relativiza o poder da
visão ao afirmar:
sempre damos importância demasiada aos olhos por enxergarem.
Frequentemente seu papel na leitura é supervalorizado. Os olhos
não vêm, absolutamente, em um sentido literal. O cérebro determina
o que e como vemos. As decisões de percepções do cérebro estão
baseadas apenas em parte, na informação colhida pelos olhos,
imensamente aumentada pelo conhecimento que o cérebro já possui.
Em outras palavras, poderíamos dizer que a gente o que a gente
sabe.
Dois fatores determinam a leitura: o texto impresso - que é visto pelos
olhos - e o conhecimento prévio que o texto traz, que é aquilo que está “por trás dos
olhos”. Segundo Smith (1989), um jovem ou um adulto não alfabetizado pode ter as
melhores informações a respeito do assunto tratado em um texto, mas, mesmo assim,
não será capaz de ler, pois não dispõe dos recursos de decodificação (identificação
das palavras, sinais, etc), necessários à leitura. Ele tem conhecimento prévio, mas
43
não é capaz de desvendar a informação captada pelos olhos. O contrário também
ocorre: às vezes o aluno/leitor domina perfeitamente a linguagem escrita, mas lhe falta
a familiaridade com o assunto tratado, e assim acaba não conseguindo compreender
o texto que tem diante dos olhos.
O conhecimento prévio necessário à leitura, no entanto, não se resume
ao conhecimento do assunto tratado pelo texto, envolve também o que se sabe acerca
da linguagem e da própria leitura. Saber como os textos se organizam e que
características têm, para que servem os títulos, e admitir que não é preciso conhecer
todas as palavras para compreender uma mensagem escrita é tão importante para a
leitura como ter intimidade com o contexto tratado. O “fácil” de ler tem a ver com tudo
isso. Quando vemos que os olhos têm uma função natural, pois os impulsos elétricos
determinados pelo cérebro é que formam imagens e decodificações conhecidas de
nossa psique, entendemos que a leitura tem processo de aquisição concisa, através
das portas de entrada para sua aprendizagem, que não seja precisamente os
olhos, mas o tato e os ouvidos, porque a aquisição da leitura é feita de forma natural,
com função mecânica no cérebro humano. Daí a leitura tornar-se uma prática
comunicativo-discursiva para todos os indivíduos que formam a sociedade.
A psicologia cognitiva, dentre os estudos, ganhou prestígio depois de
1960, com a corrente que tenta definir o pensamento pelo processamento da
informação. Nesta corrente, o cérebro humano é, entre outras coisas, um processador
de informações (Mayer, 1981). O que ocorre na mente humana, durante o trabalho da
leitura, sempre será objeto de estudo, pois o psicólogo do processamento de
informação tem a tarefa de conhecer e definir precisamente os processos mentais que
o leitor (sujeito) está usando para resolver um determinado problema, ou seja, na
leitura as estratégias estão evidentes para que facilitem a construção de sentidos e
significados que conduzem à compreensão. Os teóricos do processamento da
informação nos dizem que:
O ser humano é visto como um canal de comunicação com a
capacidade para levar a informação proveniente dos órgãos dos
sentidos, tais como a vista e a audição e, então, transformar, estocar,
recuperar e finalmente, usar essa informação quando for necessário
(SAMUELS ; KAMIL, 1984, p. 190).
Essa citação vem esclarecer a questão sobre as portas de entrada da
leitura, entendendo que a leitura entra por tais meios (órgãos dos sentidos), onde as
informações são armazenadas e processadas para uma continuidade construtiva e
44
significativa da leitura. Ressalta-se que o sentido “tato”, não incluso na citação
também é uma porta de entrada da leitura, uma vez que hoje existe leitura por
meio de sinais para deficientes visuais (leitura em Braile). Embora não nos caiba
aqui descrever sobre esta particularidade, queremos deixar claro o que vem a ser
“as portas de entrada”: é o sentido (órgão) utilizado como meio de assimilação da
leitura.
Para Adler e Doren (1974, p.18-19) “... um leitor é melhor do que outro na
medida em que é capaz de maior amplitude de atividade durante a leitura.” “(...) ler, é a
habilidade de captar toda espécie de construção da melhor maneira possível.” Se as portas
de entrada, ditas acima, forem exploradas por quem lê, aluno/leitor, a leitura é ativa
e melhor será a recepção do texto. Certamente, ler é uma atividade laboriosa que
exige um certo grau de empenho. É um caminho para o desenvolvimento da
capacidade de discernimento sobre qualquer tema, sem correr o risco da
superficialidade e da inconsistência. O aluno deve ter uma postura ativa diante da
leitura para que os resultados sejam satisfatórios, porém torna-se necessário
descrever que a “psicanálise” enfatiza que tudo quanto de fato impressionou a nossa
mente jamais é esquecido. Essa constatação evidencia a importância da memória,
tanto para a vida quanto para leitura.
Vários de nós tivemos a oportunidade de ler um livro. Será que ficou
claro? Entendemos realmente o que é leitura? Ou continuamos com os mesmos
vícios anteriores à leitura? Quando ouvimos falar em leitura, logo vem à mente ler
um livro, uma revista, um jornal... Será que leitura se resume a isto? Precisamos
entender que o ato de ler vai muito além de uma simples leitura, pois necessitamos
ter maior clareza ao analisar obras literárias. Precisamos perceber realmente o que
está escrito, fazer leituras críticas, e não apenas leitura de palavras “áudio visuais”,
aquelas que estão a sua frente.
Sem querer conceituar ou definir, mas discutir o porquê do ato de ler,
vemos que um texto apresenta três níveis de leitura que se relacionam sem
hierarquia e ao mesmo tempo. São eles: Sensorial, Emocional, Racional. O Nível
Sensorial traduz o primeiro contato com o texto ou situação. O Nível Emocional nos
leva à interpretação Subjetiva que o Nível Sensorial nos trouxe, enquanto que o
Nível Racional busca a interpretação correta, a objetividade dentro da situação ou
texto da leitura. Todo aluno/leitor que interpreta não mostra a compreensão textual,
45
mas todo aluno/leitor que tem compreensão textual interpreta
5
, pois Gadamer (1999,
p.566) diz que “todo compreender é interpretar, e todo interpretar se desenvolve no
médium de uma linguagem que pretende deixar falar o objeto e é, ao mesmo tempo,
a linguagem própria do intérprete”.
Com isso, os níveis (Sensorial, Emocional, Racional) atuam tão
naturalmente em quem lê, que se pode inferir que são as partes estruturais da
compreensão, pois são mecanismos básicos na construção de sentido do texto, que
no próximo capítulo (Compreensão de Texto na Leitura e seu Processo nos Gêneros
Textuais) enfatizar-se-á esta cognição, dando o nome de Linha Imaginária, onde
esta é inconsciente, mas existente no aluno/leitor, para que sua leitura tenha um
caminho em direção a sua compreensão (compreensividade). Por isso, dizemos que
os Níveis Sensorial, Emocional, Racional são estruturas corpóreas
6
desta linha, de
modo que a qualidade de um bom leitor não só está na sua compreensão, mas
também na sua capacidade de absorção do sentido do texto.
2.2 A concepção escolar da leitura
vimos que leitura é a junção de decodificação, imagens, cognição e
todas as inferências que o ser humano possui, ou adquire durante o ato de ler,
além dos questionamentos que ora surgem para que a leitura chegue a uma
dimensão de compreensão a que se propõe o texto, ou a sua compreensividade
que, a partir de uma dedução percebida por quem é o caminho crescente para
uma atividade contínua e racional.
Nesta linha, a concepção escolar deve, no mínimo, ser de caráter
crescente, ou seja, os métodos adotados para uma leitura devem ter os critérios de
tornar o aluno um leitor proeficiente e maduro, e que seu entendimento do processo
de leitura não seja só o de armazenar informações, fixação de código escrito,
conhecimentos de obras literárias, ou preparação para objetivos definidos, tais
como: vestibular e concursos públicos. Não deve ser este o teor conceptivo de
leitura na escola SESC (2000). A metodologia para uma concepção fluente de leitura
5
Com base na frase citada acima, viemos reafirmar a explicação de Solé (1998, p.71) das
estratégias que o leitor utiliza para intensificar a compreensão, assim como para detectar e
compensar os possíveis erros ou falhas de compreensão. Estas estratégias são as responsáveis pela
construção de uma interpretação para o texto e, pelo fato de o leitor ser consciente do que entende e
do que não entende, para poder resolver o problema com o qual se depara”.
46
deveria ser motivaada em sala de aula, com as diferentes formas de leituras
criativas que existem, desde as mais simples, como ler textos sugeridos pelos livros
didáticos, ou textos avulsos, em que o professor trabalhe não o imaginário, ou as
deduções dos alunos, até as mais elaboradas como: solicitar aos alunos uma leitura
visual, criar uma história em torno do objeto visto, efetivar trabalhos de leitura com
todo tipo e gênero textual em evidência, cultural ou não, exploração da linguagem
cotidiana, coloquial, jurídica. Tais atividades criam no aluno a amplitude não de
vocabulário, mas de crescimento compreensivo, e insere em seu mundo de
entendimento uma personalidade crítica.
O art. 2º, do título II, da Lei 9394/96 (LDBEB) determina entre vários
aspectos que através da educação escolar ocorra o desenvolvimento do educando
para o exercício da cidadania. Portanto, é dever da escola ter no seu Plano
Pedagógico o compromisso com a formação cidadã, pois o que vai fazer do aluno
um leitor proeficiente o são as notas altas do boletim, no final de cada trimestre,
mas sim, o seu conhecimento de mundo e a capacidade crítica de avaliar esse
conhecimento. Lembremos-nos que cognição é a entrada de conhecimentos que
são armazenados no subconsciente, e nem sempre as evidências das respostas
adquiridas, após a leitura de um determinado texto, demonstram compreensão, ou
seja, domínio do texto, da dimensão da palavra, pois compreensão é de uma
amplitude contínua (Solé, 1998). Por isso, é necessário termos em mente uma
sensibilidade aguçada para formarmos leitores maduros, não só ter a ideia de que o
aluno tenha que interpretar o texto e adquirir o entendimento do contexto, ou seja,
resumir o entendimento no foco central da mensagem proposta. Sim, isto é
importante e necessário, mas a leitura proeficiente é aquela em que o Espírito
Empírico do aluno é despertado de maneira que sua visão de mundo não se resume
a experiências comuns a todo leitor, ou seja, não fica só no lógico.
A concepção Escolar da Leitura deve ser embasada numa construção
linguística permanente, ou seja, o trabalho efetivado em sala de aula deve ser o da
capacitação do aluno para o entendimento linguístico e o desenvolvimento cognitivo.
A didática deve ser enfática na decodificação, sintaxe, vocabulário, no
monitoramento, às inferências no trabalho de representação mental que deve ser
rico em imaginação. Todo processo pedagógico deve ser direcionado à criação de
6
Grifo meu criado para explicar sensação, emoção e razão
47
uma estrutura objetiva de formação vasta, numa dimensão contínua, para que o
aluno possua proeficiência, o para ler, mas para interagir, argumentar, criar,
discordar. Tendo o educando acesso a uma metodologia abrangente, de sólido
ensino; e a escola, a visão e o compromisso com o ser humano, teremos cidadãos
com personalidade pensante e capaz de viver numa sociedade que está em
constante transformação.
Esquema demonstrativo dos propósitos da leitura:
Propósitos da leitura
Gráfico 1: Propósitos de leitura, exceção do termo compreensividade (baseado em
GRABE ; STOLLER, 2002).
Em relação aos propósitos da leitura, Grabe e Stoller (2002) definem que
temos números iniciais de decisões para serem feitas, visto que, quando as
tomamos geralmente é de forma inconsciente e rápida. Por exemplo: as ações
citadas no gráfico. Os autores dividem o processo que leva à compreensão global de
um texto de duas formas: o primeiro se refere ao acesso lexical, onde o
reconhecimento do significado da palavra é fundamental, levando a uma formação
48
semântica das informações do texto e trabalhando com a ativação da nossa
memória (linguístico). O segundo é construído através da interpretação das idéias
representadas pelo texto, onde estabelecemos os propósitos da leitura, acionamos o
nosso conhecimento prévio, monitoramos as informações (controle) em relação ao
texto e avaliamos as informações lidas (cognitivo).
2.3 Processamento cognitivo e linguístico
Existem vários meios por que podemos adquirir conhecimentos e através
deles criar outros. Em tudo na vida, fazemos uso da linguagem, seja em pensar,
raciocinar, imaginar, contar e em quase todos os verbos existe a ação da linguagem,
ou seja, quando nos expressamos desta forma entendemos que existe “fala e
escrita” em movimento abstrato e concreto. O abstrato é que funciona na mente com
construção e sentido linguístico e cognitivo, bem como o concreto, que é expresso
na oralização, na escrita e nas várias formas de expressão existentes no mundo
(arte, música, poesia, etc).
Esse sentido construtivo é que forma o caminho para uma compreensão.
Queremos dar ênfase à interpretação obtida pela leitura textual e não pela leitura
feita das formas expressivas mencionadas acima. A cognição vem mediante
experiência de vida e seu aperfeiçoamento linguístico, que está entre o ciclo social e
a prática em sala de aula. Spinillo (2008, p.15) nos diz que “três perspectivas
caracterizam os estudos sobre compreensão de textos: uma de natureza teórica,
outra empírica e outra educacional”. Esta citação explica a indissocialização da
cognição do linguístico como resultado para obter-se compreensão. Nesta
dissertação se descreveu que a leitura produz entre o leitor e o texto uma inter-
relação. Mediante este “relacionamento” ocorrem trocas de informações que o
somando e tendo uma construção de sentido, e como parte íntima da cognição
estão as inferências, que é aquilo que lemos, mas não está escrito.
O texto possui uma posição de destaque, e dentro dele estão inseridas a
especialidade da construção cognitiva e sua integração com o meio linguístico, isto
é, uma comunicação constante e de caráter construtivo. Marcuschi e Dionísio (2004,
p.13) enfatizam que:
toda a atividade discursiva e todas as práticas linguísticas se dão em
textos orais ou escritos com a presença de semiologias de outras
49
áreas, como a gestualidade e o olhar, na fala, ou elementos pictóricos
e gráficos, na escrita. Assim, as produções discursivas são eventos
complexos constituídos de várias ordens simbólicas que podem ir
além do recurso estritamento linguístico. Mas toda nossa atividade
discursiva situa-se, grosso modo, no contexto da fala ou da escrita.
Observando a citação podemos perceber o que ocorre como trabalho
custoso para a mente humana, pois as formas de reações possuem caminhos
diferentes: as atividades discursivas dos outros podem ser introduzidas diretamente
no contexto do enunciado. Podem ser inseridas somente palavras isoladas ou
orações que, neste caso, figurem como expressão de enunciados plenos, bem como
palavras isoladas podem conservar a sua maneira alheia, mas não podem ser
reacentuadas (em termos de ironia, de indignação, reverência, etc). As atividades
discursivas dos outros podem ser recontadas com uma variação de escala de
reassimilação. Podemos simplesmente ter base nelas como um intermediário que
conhecemos (inferências), podemos pressupô-las em silêncio, a atitude de resposta
pode espelhar-se somente na expressão do próprio texto, na escolha de meios
linguísticos e entonações determinadas não pelo objeto do próprio texto, mas pela
mensagem do outro sobre o mesmo objeto.
O processo de cognição mais linguística para um entendimento
compreensivo também é dialético, por ter na leitura envolvido todos os fatores
estruturais das estratégias de leitura. A função de cada uma deles é usada pelo
leitor inconscientemente, haja vista que não é prática pedagógica em sala de aula.
Daí a importância de seu ensino. Para So(p.70) “se as estratégias de leitura são
procedimentos, e os procedimentos o conteúdos de ensino, então é preciso
ensinar estratégias para a compreensão dos textos”. Havendo esta contribuição,
haverá uma facilidade de integrar as informações veiculadas no texto e todo
entendimento obtido da inter-relação entre o leitor e a mensagem textual possui
uma coerência de compreensão. Portanto, para Spinillo, tanto o conhecimento
linguístico como o conhecimento cognitivo devem ser utilizados na leitura para haver
compreensão textual.
A aquisição do conhecimento do ponto de vista psicológico da leitura é
muito importante, pois alerta seguramente contra práticas pedagógicas que inibem o
desenvolvimento de habilidades adequadas para o trabalho de compreensão dos
textos. Tal conhecimento existe um cuidado para que o ocorra obstáculos à
compreensão, provenientes de características do texto, e que podem tornar
50
dificultoso o processamento. “Os textos do livro didático exemplificam muito bem os
aspectos dificultadores do processamento” (KLEIMAN, 1997, p. 31). Para a autora, o
processamento cognitivo está ligado à relação entre o sujeito leitor e o texto
enquanto objeto, entre linguagem escrita e compreensão, memória, inferência e
pensamento. Essa visão engloba também os aspectos socioculturais da leitura, ou
seja, a capacidade de letramento do leitor, pois é desde identificação das letras até o
uso do conhecimento guardado na memória.
A partir do processamento da informação, que se inicia pelo contato do
material linguístico, é onde dá-se evidência pelo movimento dos olhos, através dos
quais percepção do material escrito é captada e enviada a uma memória de trabalho
que possui uma organização significativa, e esta trabalha com uma memória
intermediaria, onde estão conhecimentos relevantes para a compreensão textual e
que é de fácil acesso, pois todo conhecimento estaria organizado na nossa memória
de longo prazo também chamada de memória profunda (KLEIMAN, 1997).
Cada percepção é individual, pois tanto esta como as reações são
diferentes em cada pessoa, não temos igualdade comportamental diante de imagens
ou quadros. O que é semelhante na percepção do texto, através dos olhos, é o tipo
de trabalho usado para compreender o objeto. Sabemos que os olhos são
importantes no ato da leitura, e seu movimento possui uma nomenclatura chamada
“movimento sacádico”, onde a fixação do olhar num determinado lugar do texto
e seu pulo é o movimento feito para assimilação do conteúdo textual, pois
eficientemente um leitor não lê palavra por palavra e sim o conjunto. Também
sabemos que o cérebro controla tais movimentos e, dependendo do material textual,
lemos com certa velocidade ou não; claro que num material de fácil assimilação
temos uma velocidade, e em grau dificultoso haverá uma certa diminuição desta
velocidade. Durante o movimento fixo enxergamos com nitidez, porém no
movimento sacádico há uma redução. Durante anos, teve-se a evidência de que a
percepção através do movimento não era feita; hoje, temos a visão periférica,
embora com certa diminuição, pois não permitem ao leitor enxergar claramente as
palavras que ocorrem em cada fixação.
Essa explicação, segundo Kleiman, dá margem para dizer que do ponto
de vista cognitivo a leitura é inferida e adivinhada, pois durante a leitura se faz o
reconhecimento familiar das palavras, do assunto tratado no texto, autor, etc. Daí,
temos pistas que nos conduzem aos nossos objetivos e facilitam a construção de
51
sentidos e significados para um entendimento compreensivo. A memória de trabalho
é ativada pela rapidez do movimento dos olhos para que haja interpretação das
frases, sílabas, palavras e construa proposição com significado. “A memória de
trabalho pode ser concebida como a capacidade do leitor para estocar o material
que está entrando mediante a percepção e para agrupá-lo em unidades
significativas com base no seu conhecimento da língua" (KLEIMAN, 1997, p. 34). A
interpretação, as informações lidas e armazenadas, o sentido construído formam um
processo de agrupamento que é chamado por Kleiman de fatiamento.
A memória possui seu limite e trabalha organizadamente com as
unidades fatiadas que possuem significação, podendo ser uma palavra, sílaba ou
até mesmo uma letra, desde que seja significativa, que na memória tenha
entendimento e que possamos manter e processar ao mesmo tempo. Kleiman
(1997, p. 35) exemplifica que:
O
[ [
SN
as estruturas mais complexas
SN
] 1 fatia
7
SV
[ são aquelas que [
O
1 fatia
Foram analisadas nos últimos meses
O
]
SV
]
O
] 1 fatia
Veja que cada frase corresponde a uma unidade significativa. Se for
conhecida do leitor as palavras dentro de sua estrutura cognitiva, a assimilação fará
construção do sentido e terá significação do agrupamento das frases. o havendo
entendimento por parte do leitor, de alguma palavra, será uma evidência de que não
conseguiu depreender a proposição ou as proposições, pois o leitor proeficiente
consegue, com habilidades de leitura, fazer suas inferências, fechará o ciclo
significativo e continuará a leitura, dando procedimento aos outros materiais a serem
processados.
a relevância desses aspectos do processamento para o
desenvolvimento de estratégias flexíveis de leitura é clara. No início a
leitura será muito mais difícil para o leitor e por isso ela fica quase que
limitada à decodificação, se o professor não tornar a atividade
comunicativa, fazendo comentários, perguntas, enfim, fugindo da
forma, saliente demais devido às dificuldades iniciais do leitor, e
focalizando o sentido (KLEIMAN, 1997, p. 35).
7
Significado dos símbolos usados:
O = oração,
SN = Sintagma Nominal (isto é, um constituinte gramatical que tem como núcleo um nome e pode ter
a função de sujeito, objeto)
SV = Sintagma Verbal (um tipo de constituinte que tem como núcleo um verbo e que corresponde
ao predicado).
52
O processamento cognitivo e linguístico para compreender um trabalho é
necessário para perceber as reações concretas do aluno/leitor no ato interativo da
leitura, porque corresponde ao uso de estratégias que são utilizadas e advém de
meios socioculturais, pragmáticos, gráficos e linguísticos e as necessidades do leitor
são claras no seu conhecimento de mundo até o nível de decodificação da palavra,
que envolve também os processos de leitura, Top-Dow (descedente) e Botton-UP
(ascedente), onde, com um ponto escrito aleatório, ativam outros conhecimentos.
Um aluno/leitor iniciante utiliza-se da leitura ascendente, pois decifra a
palavra ou a letra escrita que é antes do seu conhecimento semântico,
enciclopédico, objetivo. Mas sua compreensão é arriscada, é mais para
compreensividade (que será tratado no capítulo da compreensão). Embora o
conhecimento seja de essencialidade, a ação pedagógica do professor deve ser
dialógica com argumentos para que o aluno obtenha êxito. O aluno/leitor deve ter
reconhecimento instantâneo das palavras, pois lendo sílaba por sílaba apresentará
dificuldades para lembrar o início da frase. Quando a palavra lhe é de fácil
reconhecimento a leitura prossegue e ele faz interpretações, ou seja, constrói
significados e adquire, no decorrer da leitura, o caminho estratégico para
compreensão textual.
2.4 Estratégias de leitura
Ao lermos um texto ou um enunciado, cria-se uma comunicação entre o
leitor e o texto, pois essa interação é uma aquisição de informações, traz
lembranças de algo, ou seja, confirmações do que o leitor tinha em sua mente ou
não. Estas características, que ocorrem durante a leitura, existem de forma
consciente e inconsciente, pois o ações subjetivas do leitor. Estes são os
procedimentos que utilizamos para que haja uma compreensão do que lemos. Eles
são necessários ao ato da leitura e são automáticos, mesmo que não tenhamos
conhecimento do seu uso e métodos. Solé (1998, p.69), seguindo a visão que Valls
Frisou (1990), afirma que:
a estratégia tem em comum com todos os demais rocedimentos
sua utilidade para regular a atividade das pessoas, à medida que sua
aplicação permite selecionar, avaliar, persistir ou abandonar
determinadas ações para conseguir a meta a que nos propomos.
53
Quando lemos, construímos uma direção no texto que facilite o controle
da contextualização e este controle é um componente vivo na utilização das
estratégias, pois no decorrer da leitura estamos avaliando cada informação e
processando de maneira somatória e com objetivos funcionais de esclarecimentos
que o texto propõe. Neste caminho de leitura, podemos modificar os processos
estratégicos se houver necessidade de assim o fazer. As estratégicas são um
procedimento de condução para a compreensão.
Um procedimento com frequência chamado também de regra,
técnica método, destreza ou habilidade é um conjunto de ações
ordenadas e finalizadas, isto é, dirigidas à consecução de uma meta
(COLL,1987,p. 89 apud SOLÉ, 1998, p.68).
Tendo esta ideia de modo técnico, entendemos, ou melhor, podemos
dizer que as estratégias deveriam ser ensinadas como metodologia para uma forma
didática e prática em sala de aula (Solé, 1998). As estratégias implícitas no leitor
são, naturalmente, uma forma de associação do cognitivo e do linguístico que, de
uma forma coerente pela escrita do texto terá como resultado uma compreensão
satisfatória.
O ensino das estratégias deve permitir um planejamento de atividades
durante a leitura geral do aluno, para que sua linha de raciocínio localize, comprove
e faça uma revisão dos objetivos do texto e de seu crescimento pessoal. Deve ainda
dar ênfase à necessidade do ensino das estratégias de leitura, pois é um meio de
criar leitores ativos e capazes de construir seus próprios significados, tendo a
capacidade de utilizá-los de forma inteligente e própria. Isso ocorre com os
conteúdos e devem ser praticadas no ensino (SOLÉ, 1998).
A prática de sala de aula irá funcionar como motivação para uma leitura
mais eficiente, pois na elaboração dos métodos de ensinos dar-se-á enfoque às
formas e caminhos criativos que proporcionem ao aluno uma espontaneidade de
participação nos questionamentos da leitura, à monitoração dos conteúdos, pois o
professor irá perceber a necessidade de ser proeficiente. Solé (1998, p.78)
exemplifica a visão de Baumann (1990, p. 141) que retrata a eficácia do professor:
(...) quando ensino direto, dedica-se tempo suficiente à leitura,
os professores aceitam sua responsabilidade no processo dos
alunos e esperam que estes aprendam. Os professores conhecem
os objetivos de suas aulas e são capazes, de expô-los claramente
aos alunos. A atmosfera é séria e organizada, mas ao mesmo tempo
cálida, relaxada e solidária (...)
54
Enfocaremos também as estratégias de leitura como facilitadoras para a
compreensão textual, em que os aspectos cognitivos e linguísticos são relevantes na
interação leitor/texto. Todo texto é analisável no discurso do autor perante o mundo.
Uma estratégia de leitura é um amplo esquema para obter, avaliar e utilizar
informação. Goodman (1987, p.19) afirma que:
em todas as línguas os leitores devem utilizar os mesmos índices
psicolinguísticos e as mesmas estratégias. Devem selecionar,
predizer, inferir, confirmar e corrigir. Devem passar através dos
mesmos ciclos ótico, perceptivo, sintático e semântico.
Tal observação, feita por Goodman, nos diz que os leitores constroem seu
significado pelo trabalho que se faz no uso das estratégias de leitura. Elas têm seu
papel de serem partes integrantes na construção e elaboração de sentidos. Nesta
mesma linha de entendimento, Ferreiro (1988) diz que a leitura possui um trabalho
feito em ciclos sintáticos, pois cada ciclo possui uma significação e que, somados,
prosseguem para um resultado de compreensão. Ferreiro ainda acrescenta que o
ciclo é uma sondagem e pode não ser completado se o leitor for diretamente ao
encontro do significado” (p.18).
Quando o leitor sente dificuldade, ele passa a atentar com cuidado as
palavras, letras, frases, pois antes seu objetivo é adquirir sentido do texto. Para
concordar com a citação de Goodman, descrevemos a fala de Ferreiro (1988, p.18)
que diz: “podemos pensar na leitura como sendo composta de quatro ciclos,
começando com um ciclo ótico, que passa a um ciclo perceptual, daí a um ciclo
gramatical, e termina, finalmente, com um ciclo de significado”.
A leitura é de caráter humano, e cada leitor com inteligência própria
adquire a forma de como interagir, através do comando do cérebro, que controla e
dirige a construção do que se deseja encontrar. Podemos conceituar as estratégias
de leitura para que tenhamos ideias de sua estrutura e trabalho, porém, antes é
preciso entender que aqui, estratégia é um amplo esquema para obter, avaliar e
utilizar informações (FERREIRO, 1988).
As estratégias básicas de leitura o: seleção, antecipação, inferência e
verificação. Podemos conceituar as estratégias para que tenhamos idéia de sua
estrutura e processo. Solé (1998, p. 41) diz que:
a questão dos objetivos que o leitor se propõe a alcançar com a
leitura é crucial, porque determina tanto as estratégias responsáveis
55
pela compreensão, quanto o controle que, de forma inconsciente, vai
exercendo sobre ela, à medida que lê.
2.4.1 Estratégia de seleção
Esta permite ao leitor ler apenas o que é de seu interesse, dispensando
detalhes. É como se nosso rebro tivesse “um filtro” que selecionasse apenas o
que nos interessa no momento (SOLIGO, 2000).
Solé (1998, p.30) confirma que “o leitor faz a síntese da parte mais
interessante do texto para os objetivos que determina a leitura”. Esta estratégia é um
procedimento de controle “consciente”, pois o leitor reconhece por sua capacidade
de decodificação o caminho que a leitura perfaz. No ato da leitura, em que um
processo construtivo de sentido, esta relação forma-se de certa maneira consciente
para o leitor, pois também está implícito. Para reafirmar, citamos Marcuschi, 1996, p.
79: “o resumo é uma seleção de elementos textuais a partir de um certo interesse”.
Neste momento, o aluno/leitor desenvolve seu entendimento escrevendo ou falando
aquilo que lhe chamou atenção.
Para Silveira (2005), a estratégia de seleção é a habilidade de selecionar
apenas os índices que o relevantes à sua compreensão e propósito. Como
também Silva (2002) afirma que a estratégia de seleção é escolher apenas os
aspectos mais relevantes apoiando-se no esquema que possui sobre o tipo de texto,
de acordo com suas características e significado. Queremos ainda endossar que
tanto Ferreiro como Silveira concordam com Goodman (1987, p.17) quando afirma:
“se os leitores utilizassem todos os índices disponíveis, o aparelho perceptivo ficaria
sobrecarregado com informações desnecessárias, inúteis e irrelevantes.
descrevemos que o leitor tem interesse na construção de significados
e esta estratégia se atem às características que cada aluno/leitor ache relevante
para si, e não é igual em todos; é uma ação subjetiva que se faz mediante a leitura
do texto.
2.4.2 Estratégia de antecipação
Pela estratégia de antecipação é possível adivinhar o que ainda está por
vir, com base em conhecimentos prévios, informações implícitas ou suposições. O
gênero, o autor, o título, o vocabulário e muitos outros índices nos informam sobre
56
o que é possível encontrarmos num texto. Ao levantarmos hipóteses com os alunos
sobre estes índices, estaremos tornando consciente tal estratégia (SOLIGO, 2000).
Essa estratégia é uma das maneiras que utilizamos como recurso na
ajuda do caminho para a compreensão. Sua utilidade tem como característica a
busca de ordem das coisas que são vivenciadas. É uma leitura de esquema. Ainda
podemos acrescentar que permeia também pelo conteúdo e a estrutura textual, com
isso, facilita aos leitores a construção de uma lógica, de uma forma explicativa de
seu entendimento da história, como também a organização de uma oração bem
estruturada. Podemos incluir nesta explicação o que diz Goodman (1987, apud
SILVA, 2002, p.93): “os leitores utilizam todo seu conhecimento disponível e seus
esquemas para predizer o que virá no texto e qual seseu significado”. Quando
percebemos a estratégia de antecipação junto com a estratégia de seleção
verificamos que pode ocorrer uma rapidez e uma produção de eficiência da leitura,
visto que nenhum leitor poderia trabalhar com muitas informações de modo
plenamente satisfatório, se tivesse de processar todo o conteúdo dessas
informações.
Solé (1998) acrescenta que a estratégia de antecipação ativa e aporta à
leitura os conhecimentos prévios relevantes para o conteúdo em questão. É
facilitadora da forma de obter rapidamente uma informação específica acerca do
conteúdo textual. Ainda acrescentamos que dois fatores são decorrentes do uso
desta estratégia; o primeiro é como o leitor faz uso dos esquemas ao buscar
compreender a ordem das coisas que vivencia, e o segundo refere-se ao assunto e
à estrutura recorrente do texto, pois o leitor pode utilizar a estratégia de antecipação,
também chamada de predição, em relação ao final de uma história, à lógica de uma
explicação, à estrutura de uma oração composta e ao final de uma palavra (SILVA,
2002).
A forma como lemos é um diferencial para a construção de significados.
Todas as informações, no ato da leitura, estarão sendo processados com uma lógica
de organização, e esta estratégia é um meio auxiliar de ordenar todo conhecimento
disponível para uma significação da leitura feita do texto.
57
2.4.3 Estratégia de inferência
Permite captar as informações implícitas. É tudo aquilo que ¨lemos¨ sem
estar escrito. Podem ser adivinhações baseadas em pistas dadas pelo próprio texto
ou baseadas em seu conhecimento de mundo. Podemos inferir sobre o conteúdo
de um texto, sobre as intenções do autor ou até mesmo sobre a significação de uma
palavra. O importante é observar o contexto e as pistas deixadas pelo autor
(SOLIGO, 2000).
Portanto a inferência é uma estratégia de leitura básica, pois através dela
o aluno/leitor complementa a informação disponível, utilizando-se dos
conhecimentos conceituais e linguísticos, bem como dos esquemas que possui.
É possível ao leitor inferir tanto a informação textual explícita quanto a
implícita, ou seja, a inferência é utilizada quando se quer saber a
respeito do antecedente de um pronome, sobre a relação entre
caracteres, sobre as preferências do autor ou até mesmo sobre uma
palavra que apareceu no texto com erro de imprensa (SILVA, 2002,
p.94).
Essa citação nos orienta de maneira clara como se processa a estratégia
de leitura, pois os leitores, ao utilizá-la, leem o que não está escrito no texto,
mediante pistas e adivinhações dados pelo próprio texto. Para concordar, Ferreiro
(1988, p.17) define igualmente, conforme a citação acima, e ainda acrescenta ao
afirmar: “como a seleção, as predições e as inferências são estratégias básicas de
leitura, os leitores estão constantemente controlando sua própria leitura para
assegurar-se de que tenha sentido”. Observamos que as estratégias utilizadas no
ato da leitura fazem parte da construção do sentido que os leitores têm do texto, os
leitores aprendem a ler através do autocontrole de sua própria leitura.
Acrescentamos ainda, que não vivemos isolados no mundo, mas em sociedade. É
importante para a compreensão textual, o contexto social, ideológico, político,
religioso, etc., em que vivemos, e dentro desta vivência, trazemos para a leitura,
através da inferência, o entendimento do texto. Marcuschi diz que a inferência é
aquela atividade cognitiva que realizamos quando reunimos algumas informações
conhecidas para chegarmos a outras informações novas” (1996, p.74). Esta
estratégia no trabalho de compreensão, proveniente de informações textuais que o
(autor ou falante, nos no seu discurso) e não-textuais (nós, leitores, colocamos
no texto, fazem parte de nossos conhecimentos, da situação em que o texto é
58
produzido) é que também estabelece a construção de sentidos, pois inferimos
conteúdos que são cognitivos e linguísticos.
A inferência ao leitor condições de complementar a informação que
está disponível, pois através da utilização dos conhecimentos de conceitos
linguísticos, como também da organização que possui, o leitor consegue inferir as
informações explicitas e implícitas do conteúdo textual. Segundo Goodman, (apud
Silva 2002, p. 94), a inferência é tão utilizada que, muitas vezes, o leitor não
consegue recordar exatamente se um determinado aspecto do texto estava explicito
ou implícito”. Daí o processo da leitura ser considerado um ciclo sintático que,
segundo Ferreiro, (1988, p. 19) o uso de estratégias de predição e de inferência é
necessário para chegar à compreensão. Ainda podemos acrescentar que, segundo
Solé (1998, p. 119):
a inferência de previsão consiste em estabelecer hipóteses
ajustadas e razoáveis sobre o que será encontrado no texto,
baseando-se na interpretação que está sendo construída sobre o
que já se leu e sobre a bagagem de conhecimentos e experiências
pelo leitor.
Dá-se a entender que ambas estratégias são inseparáveis, e, a partir do
momento em trazemos o conhecimento de mundo, nossa cognição leva a antecipar
o entendimento do texto.
2.4.4 Estratégias de verificação
Tornam possível o monitoramento das demais estratégias, permitindo
confirmar, ou não, as especulações realizadas. O leitor maduro utiliza todas as
estratégias de leitura, mais ou menos simultaneamente, sem ter consciência disso.
Ao processar o texto, o leitor recupera a intenção do autor, apoiado nos
elementos extralinguísticos (conhecimento prévio, objetivos e formulação de
hipóteses e nos elementos linguísticos (micro e macroestrutura) (Soligo, 2000). Esse
tipo de checagem, para confirmar ou não a compreensão, é inerente à leitura.
Segundo artigo publicado no Sesc-PE (2008, p. 72),
utilizamos todas as estratégias de leitura mais ou menos ao
mesmo tempo, sem ter consciência disso. Só nos damos conta do
que estamos fazendo se formos analisar com cuidado nosso
processo de leitura como estamos fazendo ao longo deste texto.
59
Esta estratégia permite, por sua estrutura, condicionar o leitor a ter uma
compreensão textual, no momento em que utiliza a estratégia de verificação no
processo da leitura. Ao selecionar uma determinada estratégia, o aluno/leitor pode
ou não ser bem-sucedido em sua leitura, pois nem sempre o uso de determinada
estratégia é satisfatória para a obtenção da compreensão. Nesse caso, ao perceber
que a estratégia escolhida conscientemente torna-se um atrapalho, cabe ao
aluno/leitor recorrer a outras estratégias, mais adequadas para a realização de seus
propósitos de leitura do texto (SILVA, 2002).
Esta estratégia é chamada por Ferreiro (1988) de autocorreção e serve
para uma reconsideração das informações que foram assimiladas ou conseguiram
mais informações, por ocasião de não poder confirmar a suas expectativas. Dá idéia
de alternativa e escolhas para voltar a partes anteriores do texto. “A autocorreção
(verificação) é também uma forma de aprendizagem, que é uma resposta a um
ponto de desequilíbrio no processo de leitura” (FERREIRO, 1988, p.18).
Entendemos que a verificação é uma forma de agrupar todas as demais
estratégias de leitura, e sua utilização é caracterizada pelo uso de estratégias
cognitivas (inconsciente) e as metacognitivas (consciente), pois o leitor consegue
ter controle. As estratégias de leitura são classificadas em cognitivas e
metacognitivas. “A metacognitiva seria aquelas operações (não regras) realizadas
com algum objetivo em mente, sobre as quais temos controle consciente no sentido
de sermos capazes de dizer e explicar a nossa ação” (KLEIMAN, 1997, p.50). Esta
subdivisão das estratégias nos ensina a visão de Kleiman que a metacognição
é uma operação de correção. Assim, quando surge durante o trabalho de leitura algo
que o leitor não consegue entender ou assimilar, então este efetua algum
procedimento para que objetivamente controle o seu entendimento.
Para Kleiman (1997, p. 50), “as estratégias cognitivas seriam aquelas
operações inconscientes do leitor, no sentido de não ter chegado ainda ao nível
consciente, que ele realiza para atingir algum objetivo de leitura”. Esta subdivisão da
estratégia é o trabalho que todo leitor executa quando lê um texto. São automáticas
e implícitas. Não seria possível, para a maioria dos falantes, a explicação de como
está sendo feito o seu entendimento do texto, haja vista que as estratégias de leitura
não são matérias dadas nas escolas, pois se assim fosse, teríamos uma modelagem
e o desenvolvimento de habilidades para uma abordagem do texto.
60
Queremos ainda dizer que a leitura é uma atividade complexa, onde “ler é
compreender” (SILVEIRA, 2005, p. 20). Com isso, obviamente, entende-se que a
leitura exige do leitor uma postura estratégica, pois esta é uma ação mental. Para
Silveira (2005), as estratégias de leitura podem ser: de natureza interna, portanto, de
difícil observação e controle; de caráter cognitivo por excelência, portanto, cognitiva
(inconsciente); de natureza mais externa, também chamada de metacognitivas, que
são, por sua vez, mais fáceis de serem observadas e controladas, exigindo do leitor
um monitoramento consciente (SILVEIRA, 2005, p.21). Tanto Kleiman como Silveira
entendem o papel das estratégias de leitura como essenciais para compreensão
textual e suas afirmações orientam que os leitores fazem uso destas operações com
frequência, de modo que a construção de sentidos e significados torna-se evidente
na compreensão.
Sabemos que as estratégias existem inconscientemente como ação
abstrata na mente humana, e consciente, quando o leitor detecta um problema e
toma uma atitude de correção para solucionar e dar sentido significativo a sua
construção. A inter-relação criada entre leitor-texto cria uma mudança de atitude,
comportamento, pois o leitor logo executa uma forma de adquirir meios para que sua
compreensão textual seja efetivada. Com isso, Solé (1998, p. 89) confirma que
“muitas das estratégias são passíveis de trocas, e outras estarão presentes antes,
durante e depois da leitura, portanto as estratégias de leituras devem estar
presentes ao longo de toda a atividade”.
61
3 COMPREENSÃO DE TEXTOS
A cognição é fruto da linguística
3.1 Compreensão de texto na leitura e seu processo nos gêneros textuais
O processo da compreensão, nos seres humanos, é fruto da aquisição de
conhecimentos. E, nesse processo, a aprendizagem acresce a intelectualidade. A
compreensão torna-se clara, na mente, quando as estratégias de leitura, implícitas
no modo de raciocínio, trazem entendimento ao leitor. Isso demonstra que o
contexto do material lido é fundamental, pois cria-se uma linha imaginária (estrutura)
para representar um monitoramento (controle).
A compreensão que ocorre a partir da leitura de um texto, pelos
processos estratégicos, é muito particular em cada indivíduo. Os critérios adotados
por quem são subjetivos, e através da oralização ou da produção escrita é que
podemos inferir que o aluno/leitor adquiriu certo entendimento. Os critérios das
estratégias de leitura que estão implícitos nem sempre facilitam o diagnóstico, pois
se o leitor tiver dificuldade na escrita ou na oralização não demonstrará as
estratégias utilizadas. Porém, haverá registro do que se leu. No trabalho de
compreensão do texto, a leitura é um ato natural. Sendo assim, o entendimento em
cada aluno tem um tempo. Não se pode esperar a assimilação instantânea. A
capacidade de assimilação e armazenamento de informações no cérebro humano é
de estrutura natural, igualitária em todos os humanos (letrados), mas sua ação de
resposta vista na compreensão é diferente em cada aluno/leitor, pois os critérios
seletivos das estratégias de leitura, inerentes a cada aluno, são fatores
determinantes para um entendimento textual.
O gênero textual nem sempre é consciente do leitor, mas pode estar
implícito. No entanto, é próprio do aluno/leitor questionamentos, de modo que
podemos dizer que as inferências estratégicas são processos que vão acontecer
quando se um texto. Embora o leitor não conheça determinado gênero, ao ler o
texto ele pode identificar as características contidas no mesmo, levando à
compreensividade textual
8
ou à compreensão textual. As inferências são veias
8
Grifo meu, criado para caracterizar parte de um todo, elementos para uma compreensão textual.
Solé (1998 p.99), diz que: “é compreensível que se avaliem se realmente houve compreensão (...),
62
estratégicas de leitura comuns aos alunos/leitores, dentro da realidade social de
cada um. O meio cultural e educacional em que este está inserido é o caminho mais
próximo para uma compreensão satisfatória. Um dos princípios coerentes de uma
compreensão no aluno é a retidão das ações praticadas no dia a dia, ou seja, ao
“interpretar” o texto, processando as informações, ele expressa com noção objetiva
o seu entendimento e não deixa vaga e imprecisa a sua oralização. Podemos ter
diferença de resultados na forma escrita expressa, mas a capacidade de deduzir
está implícita e esta é uma linha de compreensão muito individual e particular em
cada processo de leitura nos alunos. Quando falamos que a compreensão de um
texto é natural, temos que lembrar que as portas de entrada da leitura o
provenientes de três principais sentidos do corpo humano: a visão, a audição e o
tato. Esses são imprescindíveis para que tal processo natural, sobre o qual estamos
dissertando, seja evidente à compreensão. Antes da interação leitor-texto ocorre
este mecanismo, embora seja instantânea a captação de informações do leitor, mas
a aquisição da compreensão depende do preparo aluno/leitor. Temos que levar
em conta também este fator para que, comprovadamente, possamos entender o
caminho que percorre a construção de sentidos. Uma fala que pode corroborar com
o que se deseja externar é a de Goodman (1987, p.498):
A leitura é um jogo psicolinguístico de adivinhações. Ela envolve uma
interação entre o pensamento e a linguagem. A leitura eficiente não
resulta de uma percepção exata e da identificação de todos os
elementos, mas da habilidade de selecionar poucas, porém produtivas
pistas necessárias para dar solução correta a adivinhações desde a
primeira tentativa. A habilidade de antecipar o que ainda não foi lido é
vital na leitura, assim como a habilidade de antecipar o que ainda não
foi ouvido é vital para a compreensão oral.
A citação acima expressa um entendimento compreensivo, pois tanto ler
como ouvir resultam, após a leitura, numa capacidade de entendimento intelectual
pois nas respostas do aluno/leitor estão implícitas as estratégias. Quando
compreendemos, refletimos características abstratas que não podemos medir. As
estratégias racionais nos alunos/leitores são basicamente iguais. Os neros
textuais possuem palavras, frases e escritos que, independente do gênero, são
comuns estarem no texto. Mas, se neste houver vocabulários não comuns ao ciclo
não se tem certeza de que, mediante uma série de perguntas/respostas, possa se avaliar de fato a
compreensão do leitor. Algumas pesquisas (RAPHAEL, 1982; WINOGRAD; PEARSON, 1980)
mostram que é possível responder a perguntas sobre um texto sem tê-lo compreendido globalmente.
Com esta explicação venho enfatizar o termo “compreensividade textual”.
63
de vivência social do aluno, o que poderá ocorrer é a ausência de estratégias. Se o
texto não fornece informações que são conhecidas de sua realidade social,
intelectual e educacional, o resultado da incompreensão é ausência de visão de
mundo, estrutura educacional escolar sem critérios e incoerente com a realidade
sócio-politico-cultural.
Os gêneros textuais, na visão dos autores que pesquisamos, estão
ligados a esta pesquisa como forma material (texto) do trabalho que foi feito, onde
percebemos as evidências de compreensão dos alunos (EJA). Marcuschi (2005, p.
126) que diz: na verdade, a principal força motriz para o reconhecimento de um
gênero é sua função sociocomunicativa, e não necessariamente seu formato”. Ele
ainda descreve a ideia dos teóricos Berkenkotter e Huckin (1995, p.7)
o nosso conhecimento de gêneros é derivado e encaixado em nossa
participação nas atividades comunicativas diárias e profissionais.
Como tal, o conhecimento de gênero é uma forma de cognição
situada” que continua a se desenvolver enquanto participamos nas
atividades de uma cultura.
Se observamos a ideia de que gênero textual é toda atividade da língua,
seja ela oral ou escrita, que se realiza num contexto social, praticado no cotidiano
das pessoas e que nele estão presentes as marcas de interação sócio comunicativa,
os aspectos formais de regra podem ser chamados de formas de textos, como:
modo de escrever, a saber: as formas narrativa, dissertativa e descritiva, que estas,
podemos dizer, tangem, ao aspecto estético formal do gênero textual. Koch (2004, p.
165), explica que:
o gênero é utilizado como meio de articulação entre as práticas
sociais e os objetos escolares, particularmente no que diz respeito ao
ensino da produção e compreensão de textos, escritos ou orais.
Logo, o trabalho que se executa na sala de aula, consiste em ões que
farão o aluno não produzir, ler, interpretar, memorizar, mas também compreender
os enunciados e suas formas orais ou escritas, ou melhor, o texto. Tanto para Koch
(2004) quanto para Marcuschi (2005), os gêneros textuais são a forma
sociocomunicativa, independente da modalidade, seja ela escrita ou oral.
Gêneros constituídos em situações de comunicação ligadas a esferas
sociais cotidianas de interação social (diálogo, telefonema, bilhete,
carta, conversação face a face etc.). Já a aquisição dos gêneros
secundários, por serem relacionados a outras esferas, públicas e mais
complexas, de interação social, muitas vezes mediadas pela escrita e
64
apresentando formas composicionais mais complexas, depende,
normalmente, de uma instrução formal (KOCH, 2004, p. 166).
Nessa citação, vemos a apresentação dos tipos de gêneros e suas
formas discursivas de evidências caracterizadas pela manifestação social em vários
contextos. A realidade textual que, nesta pesquisa se insere, é também, segundo o
que afirma Beugrande (1997, p. 10), Marcuschi (2002b, p. 9), “como um evento
comunicativo (um acontecimento) em que convergem ações linguísticas, sociais e
cognitivas”.
Os textos que foram trabalhados nesta pesquisa têm toda essa
característica descrita pelos teóricos acima mencionados. Marcuschi diz que “o
gênero textual aula expositiva e consideremos como as modalidades orais e
escritas, se articulam nele” (2005, p. 128).
As aulas ministradas pelos professores e seus métodos de ensino em
sala de aula, bem como as conversas entre alunos e todo trabalho executado,
também são um gênero textual. O dia a dia do aluno e das pessoas, o contato com
várias informações, as conversas aleatórias, enfim os diversos textos tanto orais e
escritos são gêneros textuais. Assim como nos descreve Marcuschi (2005, p.131):
as atividades diárias de um adolescente se materializam em recados,
avisos, conversas, fofocas, piadas, bilhetes, telefonemas, listas de
compras, diários, formulário para solicitar carteira de estudante,
letreiros de cinema, outdoors, cardápio de lanchonete, notícias,
manchetes, entrevistas, novelas, filmes, horóscopos, cartazes de
vitrine, rótulos de alimentos, gibis, livros, etc. Essa lista diz respeito a
gêneros de textos que circulam fora da escola e integram a vida
diária de um jovem, entre outras pessoas. A relação do aluno com
esses textos se enquanto autor e leitor tanto na modalidade oral
quanto na escrita.
Com as diversas situações que foram descritas acima, com realidades e
cenários diferentes, entendemos que temos maneiras diversas de interação
linguística e cognitiva, por isso o aluno deve ter acesso a uma literatura variada
que lhe proporcionará uma personalidade argumentativa constante. Embora o termo
gênero, durante muitas décadas, tenha sido associado aos estudos literários, daí,
talvez, a temática, nos estudos linguísticos para o uso das expressões tipologia
textual ou tipo textual empregadas no lugar de gênero textual, considerado mais
tênue. Apesar dos estudos linguísticos, o que observamos é baseado na definição
de Marcuschi (2003, p.19-36), pois ele percebe os gêneros como formas verbais de
ação social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
65
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”. Além disso, os gêneros
são definidos basicamente por seus propósitos (funções, intenções, interesses) e
não por suas formas. Contudo, o próprio autor lembra que, embora os gêneros
caracterizem-se mais por “aspectos sociocomunicativos e funcionais”, isso não
significa desprezar “o poder organizador das formas composicionais dos gêneros”.
Sabemos que a diversidade de gêneros é imensa, porque são muitas as
possibilidades de exposição da linguagem compreensiva nas diferentes esferas das
atividades humanas.
A valorização do sistema pedagógico, enfocando a leitura de vários
gêneros textuais, cria no aluno a lucidez de ter o domínio da leitura num todo e,
assim, nas respostas orais ou escritas, como resultado de compreensão ou
compreensividade, podemos perceber que, implicitamente, as estratégias foram
utilizadas.
É bom lembrarmos que o entendimento do aluno/leitor também é por
dedução e de conclusão própria e peculiar, oriundo de sua visão de mundo. Na
compreensão dedutiva são usadas as estratégias implicitamente, e o leitor conclui
individualmente, e sente-se satisfeito com os resultados obtidos, o que chamamos
aqui de “compreensividade”, pois das inferências tiradas da leitura, subentendemos
uma “compreensão” cognitiva da microestrutura do texto, que insistimos em dizer, é
uma compreensividade individual não igualitária em cada aluno/leitor, ou seja, os
pontos de estratégias existem inconscientemente, mas não seu domínio. Na
pesquisa feita com os alunos há estas evidências.
O leitor, através do uso de estratégias, rejeitando ou confirmando-as,
estabelece seu autocontrole no trabalho de leitura e apresenta sua preocupação
pela compreensão. Este processo é encontrado em Solé (1998) quando fala das
trocas de estratégias e que estas devem estar presentes ao longo de toda atividade
textual. Nesta mesma linha de raciocínio, Ferreiro (1988, p. 17) afirma que “este
processo que também é utilizado pelo leitor para pôr à prova e modificar suas
estratégias”.
A compreensão é como um caminho pelo qual percorrem vários carros
com cargas diferentes, e estas cargas possuem pesos não igualitários que,
somados, dão um valor que talvez não seja exato, pois, como se disse, é um
66
fenômeno da linguagem, que é abstrato e individual. A linha imaginária
9
que
mencionamos no início é uma construção de estrutura textual, e é particular para a
formação de um entendimento, ressaltando que o tempo de compreensão de um
aluno/leitor proficiente não é o mesmo que o de um aluno principiante. O tempo e
esforços necessários para que o primeiro construa o sentido de um texto escrito é
infinitamente menor do que o tempo necessário para que o segundo faça o mesmo.
Quando falarmos sobre a compreensão, temos que ter em mente a ideia
de um continuum, e não de uma bifurcação, Compreensão versus Não
Compreensão. Mesmo um aluno maduro atingirá diferentes níveis de compreensão
em virtude dos objetivos a que se propõe a leitura. Por exemplo, se um aluno
maduro lê um texto para, posteriormente, explicá-lo a outrem, atentará para
aspectos que talvez passassem despercebidos se a leitura tivesse objetivo de
entretenimento. O mesmo pode-se dizer de uma leitura que objetiva tomar
conhecimento de um assunto ou que objetiva a tradução do texto.
Se um aluno/leitor maduro
10
um texto repleto de informações novas e,
em seguida, repete a leitura, a compreensão do texto, ou seja, o modelo situacional
construído (linha imaginária) será diferente. Não podemos esquecer que a
compreensão é uma tarefa que transcende o próprio texto e que prevê a integração
de elementos da memória de longo prazo, do leitor, aos elementos traduzidos pelo
próprio texto. Segundo Kintsch (1998, p.223-224):
Compreensão textual é construção de estrutura. Compreender um
texto significa formar uma estrutura mental que representa o
significado e a mensagem do texto. Diferentes teorias de
compreensão textual (...) discordam quanto às características exatas
dessa estrutura, mas concordam quanto à questão central da
construção de estrutura.
Portanto, a compreensão em leitura implica a criação de uma
representação mental coerente do texto. Entretanto, a criação dessa linha imaginária
pode ser prejudicada por inúmeros aspectos, entre eles, a falta de conhecimento
prévio sobre o assunto do texto e a falta de familiaridade com o código escrito. Em
um leitor, o esforço demandado pela decodificação dos grafemas em fonemas pode
obstruir a formação de uma representação mental coerente para o texto, uma vez
9
Grifo meu, criado para caracterizar sentido do texto; estrutura textual; caminho subjetivo; percepção
do leitor (aquilo que ele compreende), construção de sentido e significado.
10.Grifo meu, criado para caracterizar o aluno/leitor que faz constantemente o uso inconsciente das
estratégias de leitura, mesmo desconhecendo a procedimento.
67
que toda a atenção do aluno/leitor está voltada para a tarefa de transformar letras
em sons.
Mesmo que o leitor tenha familiaridade com o código escrito, conheça o
gênero textual e que possua conhecimento prévio sobre o assunto, ainda assim, a
compreensão não está garantida. Esta compreensão à qual nos referimos é
continua. É necessário que o aluno/leitor tenha uma atividade ativa de cooperação
para a construção da estrutura, a fim de que seja capaz de fazer as devidas
deduções de identificar ironias e, principalmente, de aprender através da leitura,
afinal, como lembra Nunes (2003),
a leitura não é uma atividade fim, e sim uma atividade meio para que
se possa efetivar outras atividades, tais como a comunicação, o
acesso a informações, a fruição, o devaneio, entre tantas outras que
a leitura pode desempenhar no mundo Pós-Moderno.
Nós entendemos que a compreensão é um processo de longo prazo, pois
adquire a sensibilidade de domínio de memória, decodificação, construção de
frases, etimologia, morfologia, fazer inferências, e esta última parece-nos de
primazia na mente do aluno/leitor, pois revela o que lemos “por trás dos olhos” e dos
outros sentidos do corpo humano, que são as portas de entrada da leitura em todo
este complexo de estruturas psicolinguísticas, cognitivas e também metacognitivas
comuns no processo compreensivo.
As estratégias definidas como cognitivas ou automação da leitura
(processo natural) são consideradas mais inconscientes (Kleiman, 1997), pois
ocorrem sem a prévia reflexão do leitor, porém na direção de alcançar um objetivo
dentro do texto, onde o conhecimento utilizado seria implícito, de difícil oralização
para os outros falantes. as estratégias metacognitivas são de um controle
passível sobre o material lido, ou seja, é uma regulamentação para adquirir o
conhecimento, pois o leitor, percebendo as dificuldades, retoma a leitura tendo
criatividade de recorrer a processo de diminuir o tempo (velocidade) da leitura para
uma compreensão do texto.
Essa estratégia é considerada mais consciente. Segundo Kleiman (2002),
o leitor estabelecerá seus objetivos ao ler um texto e desenvolverá estratégias
metacognitivas necessárias e adequadas para a atividade de leitura. É devido ao
papel destas estratégias, que podemos afirmar: apesar das diferentes maneiras de
ler, a leitura é um processo só, pois estas diferentes formas são apenas diversos
68
caminhos para alcançar os objetivos pretendidos, importantes para a atividade do
leitor, contribuindo para a compreensão. Seguindo o raciocínio de Spinillo (2009,
prelo), “a compreensão de textos é um dos mais intricados processos da mente
humana. Sua natureza é Linguística (decodificação, vocabulário, sintaxe) e Cognitiva
(memória, inferências, representação mental, monitoramento)”.
Nessa observação, entendemos que a lucidez da compreensão no
aluno/leitor percorre um caminho que, desde sua alfabetização é coerente. Numa
linha pedagógica diversificada vai tomando uma proporção que leva a uma
constante autoavaliação do trabalho de compreensão e de construção de uma meta
a ser alcançada no decorrer de uma atividade textual. Se nesse trabalho de natureza
linguística e cognitiva houver impacto entre elas (e nós sabemos que há) no decorrer
do percurso, o aluno/leitor terá condições de saber e dizer quando ele não está
entendendo o texto, pois também saberá dizer para que ele está lendo o texto.
Essa reflexão é implícita, consciente e também inconsciente, pois
depende da estratégia utilizada, visto que o monitoramento é realizado por meio de
imagens formadas na mente, como registro para uma compreensão; o conjunto de
linguística mais cognição cria uma terceira parte que é a ideia, ou seja, o resultado
obtido pelo aluno/leitor que pode ser um entendimento claro, com compreensão,
mas também uma ideia subjetiva de seu entendimento, que chamamos
compreensividade. Também existe estrutura linguística e cognição, usada pelo
aluno/leitor no seu modo de raciocinar.
3.2 Compreensão e compreensividade
Segundo Ferreiro e Palacio (1988), muitos teóricos apresentaram teorias
do processo interativo da leitura para que alunos/leitores obtivessem uma
compreensão textual. O modelo apresentado por Gough (1972, apud FERREIRO,
p.24) sugere que:
a compreensão de um texto, se adquire da progressão realizada pelo
aluno/leitor através de uma organização de trabalhos que vai desde a
identificação de certos trações ou sinais até o reconhecimento de
letras e palavras, e, finalmente, ao entendimento de orações e texto.
Os modelos interativos veem o leitor como participante de
processamentos paralelos em muitos níveis e ao mesmo tempo. Estes modelos
69
processam e avançam em duas direções: de baixo para cima, e de cima para baixo,
de maneira que a assimilação proveniente do texto venha da identificação das letras,
em uma palavra, contribuindo simultaneamente para a identificação de outra. É
importante perceber que essa compreensão da leitura minimiza a separação entre
compreensão e decodificação, posto que cada uma dessas tenham inter-relação.
Ferreiro e Palacio (1988, p.24) dissertam que:
O modelo interativo de Kintsch (1979) supõe que os processos de
identificação de palavras, acesso ao significado de palavras e
análise sintática são processos ascendentes (bottom-up), atuando
ao mesmo tempo que os processos descendentes (top-down). Os
processos descendentes estão baseados em fatores tais como o
objetivo do leitor ao ler, seu conhecimento do mundo e dos
esquemas que estruturam o texto. Esses processos descendentes
são muito importantes, porque geralmente um processo superior
irá decidir com respeito ao significado particular a ser codificado
em base ao contexto muito de que se completem as análises
de nível inferior. (KINTSCH, 1998; MARSLEN-WILSON; WELSH.
1978).
No processo de interação em que é feita a leitura, a memória possui
limitação e isto faz com que o leitor use os recursos que ele tem em mão, ou seja,
programe seu processamento compreensivo. Esta programação inclui a utilização de
estratégias particulares, pois pode ocorrer um problema de leitura ocasionado pelo
uso de uma estratégia errada em uma tarefa particular de leitura. Alguns leitores têm
dificuldades no processamento básico, como também pode acontecer de um leitor
usar uma estratégia que não venha servir para uma atividade particular, mas que
compense em parte no resultado do processamento compreensivo básico à
identificação de palavras e análise sintática, ou seja, o sentido da frase (SOLÉ,
1998). Ocorrendo isto na leitura, é sinal de que teremos o que podemos chamar de
uma compreensividade textual. Lembremo-nos de que compreensão é
conhecimento do macrotexto, o aluno ao ter esta capacidade, não tem as
estratégias implícitas no ato da leitura, como também estão no seu intelecto a
correta definição de morfologia, sintaxe, fonemas, figuras de linguagem, pontuação,
ou seja, sua proeficiência é de uma dimensão que ultrapassa o que vem descrito no
texto.
Na Gramática de Língua Portuguesa, Mario Vilela, Ingedore Villaça Koch,
(2001) fala-se de microestruturas textuais e de macroestruturas textuais. Acerca
destas, afirma os autores que:
70
elas se situam no domínio cognitivo, no domínio semântico: é uma
configuração da conexão global do texto, o seu sentido textual...(p.
448). E continua (...) macroestrutura é pois um conceito relativo, uma
estrutura global em relação a outras estruturas menores ( p. 449).
A microestrutura é depreendida das estruturas menores que, em conjunto,
constituem macroestrutura. De forma simplista, podemos compreender que a
macroestrutura textual se relaciona com o texto, ao permitir a formulação de uma
ideia global, mas também com os aspectos extras, como conhecimento de mundo.
Enquanto as microestruturas são as unidades constituídas em si próprias, articulam-
se para a coesão da macroestrutura, pois é o encadeamento de ideias do texto
(contexto). Segundo Inês Duarte na Gramática da Língua Portuguesa, Mira Mateus
(2004) e outras, a macroestrutura é interligada à coerência textual, ou conectividade
textual, que é:
(...) um fator de textualidade que resulta da interação entre
elementos cognitivos apresentados pelas ocorrências textuais e o
nosso conhecimento do mundo (p.155). Ao caminho que a coesão
textual é constituída por todos os processos de sequencialização que
asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística
significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual... (
p. 89).
Tendo como base as afirmações apresentadas, conclui-se que existe
proximidade entre macroestrutura textual (macrotexto) e coerência, pois ambos os
conceitos direcionam-se para características cognitivas e culturais, com associações
ao mundo real. Da mesma forma, existe proximidade da microestrutura (microtexto)
com a coesão textual, pois ambas definições contribuem para a construção de uma
globalidade inteligível.
A palavra “compreensão” é muito ampla para dar-lhe um sentido restrito,
pois sua significação indica uma ação somatória crescente, tendo em vista que
perceber, conhecer, compreender, incluir, todos estes verbos indicam ação contínua
na sua etimologia e a prática da leitura na sala de aula é o trabalho laboratorial feito
através dos vários textos que o professor cria na sua linha didático-pedagógica;
enquanto que a compreensividade é a dedução feita pelo aluno daquilo que ele
achou compreensível no texto, ou seja, de fácil significação e entendimento.
Dentro de um trabalho de leitura, o aluno consegue, por sua
decodificação, memória e conhecimentos prévios passar certo entendimento cabível
a que se propõe o texto, mas entendemos que não de gráficos e decodificação a
71
leitura se constitui. Gadamer (1998) nos diz: “compreender um texto é, antes de
mais nada, poder ser por ele interpelado.” Essa interpelação é uma troca constante
de crescimento, onde quem compreende o texto pode se atrelar ao teor da
mensagem, às informações contida no texto ou fixar sua posição na intenção do
autor. Seguindo esta linha de condução de raciocínio, temos um caminho curto e
sem reflexão, e sempre haverá “compreensividade”, pois é fruto de uma dedução do
microtexto, ou seja, a sua linha imaginária é tênue, reflete a necessidade de
um trabalho mais eficaz nos pontos em que o aluno demonstra dificuldade, seja de
sintaxe, vocabulário, conhecimentos prévios ou até mesmo de decodificação.
A compreensividade é proveniente de partes do texto que são
amarzenadas pelo aluno de maneira subjetiva, inconsciente ou consciente; é uma
frase que indica uma ideia do texto; é uma palavra que é conhecida de sua
intelectualidade; pode vir de uma das estratégias de leitura. Sempre será um
caminho que proporcione a junção das informações adquiridas conforme a linha
imaginária criada para o seu entendimento. Essa é a natureza interativa textual
(como fora dissertado no princípio deste capítulo), que gera compreensão a
depender do processamento adotado subjetivamente pelo aluno/leitor. Os modelos
interativos são estruturas da linha imaginária construída.
Os estudiosos do mundo da linguagem, dentro de pesquisas e trabalho da
linguística textual e análise do discurso passaram a ter novos alicerces no ensino de
língua, pois a atenção é voltada para os aspectos discursivos da linguagem, já que a
sua existência é independente da escola. A linguagem é ensinada porque é ativa
no dia a dia da sociedade e, neste caso, faz-se necessário o seu ensino. Nela
existe a interação do homem com/no mundo. Ela, portanto, torna-se evidente nas
interações multimodais (verbais e não verbais) entre os interlocutores. Por isso, o
lecionar da língua para obter entendimento deve ser feito onde existe
interlocução. Ocorrendo concretamente o seu uso, teremos como resultado um
aprendizado de escrita e leitura.
Falar de interação verbal é lembrar-se de diálogo, pois esta é uma
atividade social, histórica e cognitiva desenvolvida nas práticas sociais. Sendo
assim, o uso da ngua é configurado e construído no seio dessas práticas, e,
paralelamente, “a propriedade da interatividade é um aspecto inerente à própria
língua” (MARCUSCHI, 1999, p.145). Queremos esclarecer que, como ser interativos
constituídos não requer a exigência sempre e necessária da prática do diálogo,
72
como entendimento de trocas formais de turnos entre interlocutores
10
. Interatividade
e diálogo não são sinônimos, e suas formas de evidência são diferenciadas.
A realidade da interação é possível sem diálogo, mas efetuar este
trabalho ao contrário não. Podemos colocar como exemplo, num teatro a
apresentação de um monólogo que se encena pelo ator. Existe interatividade com a
platéia que o assiste, sem que haja uma troca de turno (troca dos falantes). A
interação é um extraordinário distintivo e irredutível das relações interpessoais, ao
passo que o diálogo é uma das muitas maneiras de realizar a interação.
A interatividade é um trabalho dinâmico que pode não ser apresentado
em todos os textos com a mesma intensidade, ou seja, as circunstâncias em que a
produção textual for criada, o grau de intimidade entre os participantes do nero
realizado, o tema abordado etc. Com isso, os registros de interatividade podem
apresentar-se em maior ou menor proporção no texto. Queremos ainda enfatizar,
segundo Marcuschi (2005, p. 147), que:
durante muito tempo, a interação foi estudada como fenômeno
exclusivo da fala. No entanto, deve ficar claro que a interatividade é
uma propriedade geral de todo e qualquer uso da língua, e não de
uma das modalidades de uso. Ninguém escreve/fala sem ter em
mente um leitor/ouvinte, o que se expressa como propriedade
dialógica da linguagem.
Entendemos que a interação é parte intrínseca do diálogo que se trava
entre o leitor e o texto, em seus mais diversos gêneros, tipos e práticas sociais de
leitura, e este caminho é condutor íntimo no trabalho construtivo para compreensão
textual ou compreensividade textual. Os dois textos trabalhados com os alunos da
EJA, ambos têm em seu gênero o tipo narrativo-descritivo e transmitem, pela
interação verbal na linguagem, os aspectos tanto de persuasão como de
interpretação para os alunos/leitores e que, a partir da leitura, cada um pode, pelo
uso das estratégias de leitura, chegar à compreensão textual ou compreensividade
textual.
Ainda entendemos que decodificar, codificar, aprender palavras, saber
significados não é aprendizado de ngua; faz parte, mas não é tudo. A vivência
10
O turno é o elemento constitutivo do processo interacional, pelo qual o interlocutor contribui com
direito a tomar a palavra e participar da conversação. A troca de falantes pode se dar de forma que a
colaboração do interlocutor é de alguma maneira solicitada, ou pode acontecer sem que sua
intervenção seja diretamente requerida (MARCUSCHI ; DIONISIO, 2005, p.126-147).
73
cultural - os seus significados - é uma formação construída durante a assimilação de
seus signos históricos e sociais, pois dá à mente humana a sensibilidade real.
Duas coisas boas vêm caracterizar a linguagem própria nos seres
humanos: a interação por meio da palavra e os símbolos. A leitura enquanto prática
social é uma atividade de linguagem em cujo trabalho se encontram presentes tanto
os aspectos relacionados à simbolização quanto à interação. No ato da leitura o
processo interativo entre leitor e texto é surgido, onde são envolvidos o
conhecimento intelectivo, a língua, a visão de mundo do aluno/leitor, e aí, vai ter a
evidência da compreensão (KLEIMAN, 2002). O comportamento mecânico rotineiro
não constrói um leitor ativo na leitura. Esta visão é concebida em algumas
instituições escolares. Ler é a negociação de caminhos com sentido lógico, não é
apenas buscar informações. Este trabalho de construção do caminho é feito porque
o texto não é algo fechado em si mesmo. O complemento textual existe quando em
sua estrutura de leitura cabe atualização, ou seja, o tema e a sua linguística instiga o
aluno/leitor a questionar numa operação de crescimento compreensivo; Eco (1986,
p. 20) diz que não nada mais aberto que um texto fechado”. Na leitura, o texto
não informa objetivamente, ele possui uma incompletude, com espaços que o
aluno/leitor preenche e, por isso, “todo texto quer que alguém o ajude no seu
funcionamento” (Ibid., p.37).
O processo interativo do leitor funde com a estrutura textual, em que o
conhecimento dele produz ação a outros textos e outras leituras, e cria um
desvendamento nas informações ocultas no texto (Brandão e Micheletti,1997). Os
caminhos de um texto não são adquiridos como prioridade. Existe uma ajuda mútua
com base na significação, na interação autor-texto-leitor (Marcuschi, 1988). Na visão
do semioticista Eco (1986, p.39), tal interação é viva desde a criação textual pelo
autor, porque “gerar um texto significa executar uma estratégia de que faz parte das
previsões do movimento de outros”. Produzido o texto, há uma pressuposição do
autor da capacidade intelectiva do leitor, e o caminho dado pelo movimento dialético
na leitura é que o texto “forma” o leitor e o leitor “conforma” o texto. Isto ocorre na
medida em que o autor, utiliza estratégias textuais através das quais “orienta” a
leitura do texto, tem em mente um determinado leitor-modelo. E ao mesmo tempo, o
aluno/leitor usando seus conhecimentos, sejam linguísticos ou de visão de mundo,
cria seu registro pessoal interpretando o texto pelo processo ativo da interação.
74
Diante do exposto, concebe-se que a leitura é entendida como um
processo de co-enunciação, contrapondo-se a uma ideia de um mero processo de
decifração de um código. O entendimento que se faz da leitura como co-enunciação
fora descrito por Brandão e Micheletti, (1997, p. 21), como:
o diálogo que o autor trava com o leitor virtual, cujos
movimentos ele antecipa no processo de geração do texto e
também como atividade de atribuição de sentido ao texto promovido
pelo leitor no ato da leitura.
Nessa citação, podemos inferir de onde vem a compreensividade que
queremos mostrar, pois não devemos afirmar que o aluno/leitor não tem
compreensão, ele de alguma forma atribui para si um sentido textual, proveniente de
sua linha imaginária (estrutura). A origem da leitura enquanto prática, enunciação,
marcada pela interação autor-texto-leitor, implica negar a existência de apenas uma
estratégia de acesso ao material escrito. Cada pessoa utiliza formas diversificadas
de leitura, de conformidade com as suas metas e aprendizados e de acordo com seu
grau de letramento, bem como as práticas discursivas a que eles têm vivência.
A ideia de leitura como processo de co-enunciação não licencia que a
escola entenda o ato de ler apenas como um “objeto de ensino”, e sim com um
“objeto de aprendizagem” (BRASIL,1997). Com isso, fica a perguntar: qual a
significação que representa a leitura como objeto de aprendizagem? A vivência do
aluno, o dia a dia, a prática social evidente, resposta funcional às suas
necessidades, bem como o esquecer das estruturas linguísticas da leitura, para
que ele consiga deduzir a funcionalidade da leitura (diversão, informação, etc).
Essa visão de leitura vem romper profundamente com o tradicionalismo do ensino
de leitura instalado um tempo nas escolas. É evidente que tal postura de ensino
da leitura pode ser implantada seja “sem cinismo, nem simplismo didático
(MARCUSCHI, 1988 apud SANTOS, 2002, p.4), onde o professor terá acesso à
formação contínua com estudos aprofundados de ngua Portuguesa e Linguística.
Com base na dissertação acima, mediante às fundamentações dos teóricos,
podemos demonstrar abaixo a relação que existe entre compreensão e
compreensividade.
75
Gráfico 2: Processo de Compreensão Textual e Compreensividade Textual
11
De acordo com o gráfico, é mister entender que o caminho construído
para chegar à compreensão é uma coordenação de informações que estão no texto,
fora dele e transcendente dele. Um bom modelo de abordagem de interação para o
processo da compreensão é falado por Kintsch e Van Dijk (1978), e Lencastre
(2003, p.68) quando reafirmam: “um texto é analisado em ciclos, e em cada ciclo só
é examinado um agrupamento de informação com significado”.
Esses agrupamentos possuem limites através das orações e frases, onde
cada construção de entendimento adquirido pelos ciclos são somados e acrescidos
a uma memória que Kintsch chama de operatória”. E deste armazenamento são
formados micro proposições, ou seja, entendimento do texto, que, no meio da inter-
relação textual, transformam-se em proposições que, ligadas umas às outras, com
certas regras de coerência (subjetivas), possuem uma construção de base
textual proveniente de um conjunto ordenado das relações semânticas
11
Grifo nosso, criado para explica o gráfico de compreensão e compreensividade textual; a origem da
compreensão textual é proveniente do macrotexto, entendimento global, que é toda estrutura
semântica, sintática e os elementos linguísticos do texto. Por conseguinte, as setas nos gráficos
implicam, os significados: envolver, ter por consequência; nos diz que, a compreensividade está
inserida na compreensão textual, porém o termo compreensividade, que é uma aglutinação de
(compreensão+atividade). O processo em construção é proveniente do microtexto, entendimento de
parte do texto, pois o aluno leitor não consegue construir sentido no somatório dos ciclos sintáticos
(FERREIRO, 1988), nem faz junção da microestrutura (VAN DIJK, KINTSCH 1978), para dar
continuidade ao seu entendimento textual. O leitor que apresenta compreensão textual tem o domínio
da compreensividade textual.
76
(Lencastre, 2003). Desta forma de ver a linha imaginária construída pelo aluno/leitor
se converge para uma compreensão textual, pois passa por sua cognição e seu
entendimento linguístico. Segundo o modelo de Kintsch e van Dijk (1978), Lencastre
(2003, p 69) enfatiza que:
através da análise do texto é possível determinar a distância dos
vários conceitos do texto e saber se a ligação entre elas se
faz com base na informação da memória a curto prazo, ou se o
leitor deve inferir ou procurar informação na memória a longo prazo.
Durante esta dissertação, foi mencionado que as estratégias de
inferência parecem ser “comuns” e mais presente no processo de compreensão,
mas a citação acima descreve que as inferências feitas determinam a base para
compreensão e podemos aqui dizer também para compreensividade; porque
memória de longo prazo inclui não visão de mundo com experiência social, mas
todo processo de aprendizado escolar básico e contínuo; a memória de curto
prazo é visão local e vivência. Podemos inferir que, subjetivamente, o uso desta
forma pode levar à compreensividade do texto. O gráfico de compreensão versus
compreensividade demonstra a idéia de onde o caminho do entendimento é
construído. Seguindo o modelo de Kintsch e Van Dijk (1978), Lencastre, (2003, p.68-
69) diz que a estrutura semântica resultante é caracterizada por níveis da
microestrutura e da macroestrutura, referindo-se o primeiro à estrutura das
proposições individuais e das suas relações, e o segundo, à natureza global de todo
o discurso”.
Quando o aluno o consegue fazer as ligações das microproposições
pelo uso particular das estratégias, ele terá uma dificuldade de armazenar na
“memória operatória” e não terá construção de significados nem entendimento da
base textual, então ele obterá uma compreensividade textual, porém na construção
de sentidos e significados somados da natureza global do texto ele consegue dar
continuidade aos agrupamentos dos ciclos, e aqui estão inclusos também a
cognição e o linguístico, pois são partes implícitas, então haverá uma compreensão
textual. Tanto na compreensão como na compreensividade, as estratégias estão
implícitas, mas a forma delas se apresentarem são diferentes na compreensão; na
compreensividade são indistintas. Lencastre (2003, p.69), seguindo o modelo de
Kintsch e Van Dijk (1978), descreve que “As proposições também devem ser
organizadas globalmente ao nível macroestrutural, ou seja, devem estar ligadas ao
77
tema com texto ou a alguma porção do texto, como seja um episódio”. Nesta
citação, podemos ver o nascimento da compreensão que é oriundo do macrotexto e
também da compreensividade que percorre o microtexto.
78
4 OBJETIVOS E METODOLOGIA
4.1 Objetivos e metas do estudo
O presente estudo investiga as Estratégias de Leitura usadas pelos
alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Instituição SESC - Casa Amarela/
Recife-PE para verificar como suas utilizações interferiram nas habilidades de
Compreensão de Textos.
Estimulou-se o “nível” de compreensão de cada aluno, assim como as
impressões do seu entendimento sobre o texto, a saber, sua compreensividade
textual. Assim, esse diagnóstico aponta as estratégias de leitura mais constantes,
pois cada aluno/leitor utiliza critérios particulares ao construir sentido na leitura.
Devemos ressaltar que as perguntas formuladas não se trataram de exercícios de
compreensão, como alguns livros didáticos de ngua portuguesa inserem no ensino
de leitura. Esta pesquisa tem como meta procurar, de uma maneira simples, porém
consistente, averiguar a capacidade de entendimento do aluno/leitor (EJA) mediante
os textos que, em sala de aula, são trabalhados, pois não foram feitas perguntas
óbvias, tais como: o quê? Quem? Onde? Para quê? Ou então: transcreva,
identifique, copie, assinale. Estas perguntas são de caráter simplório e gico, como
afirma Marcuschi (1996, p. 64):
a conclusão será bastante melancólica ao descobrimos que, em sua
maioria, esses exercícios não passam de uma descomprometida
atividade de cópia e, neste caso, se prestam, na melhor das
hipóteses, como exercícios de caligrafia, mas não estimulam a
reflexão crítica.
Queremos ainda mencionar que tais perguntas, anteriormente citadas,
são na linha de perguntas de livros didáticos. Assim esses questionamentos tornam-
se irrelevantes a este trabalho, pois se caracterizam por serem rotineiras e
mecânicas para que se perceba o trabalho compreensivo que se processa nos
alunos/leitores. Marcuschi (1996, p. 64) nos diz:
é bom lembrar que esses exercícios não são inúteis. Eles podem ser
feitos, e talvez sejam necessários, mas eles não são exercícios de
compreensão, pois eles se preocupam apenas com aspectos formais
ou então reduzem todo o trabalho de compreensão à identificação de
informações objetivas e superficiais. Esta é uma forma restrita e
79
pobre de ver o funcionamento da língua e não é assim que as coisas
acontecem no dia a dia.
Sendo assim, as perguntas feitas aos alunos, nesta pesquisa, fornecem
subsídios práticos, para que fiquem evidentes as estratégias de leitura utilizadas,
pois entendemos que as perguntas devem ser objetivadas para um despertar crítico
e argumentativo, afim de que o aluno/leitor demonstre, através de seu entendimento,
sua capacidade de construção e significados que são evidências de uma
compreensão textual, que já dissertamos nesta pesquisa.
4.2 Participantes da pesquisa
A presente pesquisa foi desenvolvida com dez (10) alunos, sendo cinco
(5) alunos do Ensino Fundamental II e cinco (5) alunos do Ensino Médio, quatro (4)
do sexo masculino e seis (6) do sexo feminino. A faixa etária dos participantes é de
variação entre 23 a 45 anos de idade. Estes alunos estudam na rede de ensino
privado, no SESC- Serviço Social do Comércio, em Casa Amarela, Recife-
Pernambuco, na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
4.3 Perfil e proposta da escola
A escola funciona durante os turnos da tarde e da noite. Sua estrutura
pedagógica visa desenvolver um trabalho que contemple a preparação do aluno
para realizar leitura do mundo e ter consciência cidadã.
Esta estrutura pedagógica tem como destaque a ênfase no ato de ler e
compreender textos (teor desta dissertação). Durante o processo, os participantes
aderiram totalmente à proposta, mas foi necessário definir um limite de participantes,
de modo que pudéssemos contemplar coerente e objetivamente esta pesquisa. Vale
ressaltar que, a maneira de escolha dos alunos não contemplou preferências
pessoais, mas sim a série em que estes se encontravam.
4.4 Material
Para construção dos dados, os principais instrumentos utilizados foram:
80
Papel A4 para os alunos responderem às perguntas elaboradas pela
pesquisadora;
Aparelho de MP3 para gravações da leitura oral dos textos Queridos
Pais” e “Senhor diretor”;
Notebook para transcrição da fala dos alunos referidos, à leitura dos
textos, e outros materiais.
4.5 Método de coleta de dados
Para esta atividade utilizaram-se os textos citados no tópico anterior,
sendo cada um em períodos de tempo diferentes (intervalo de um mês) e em cada
período fora apresentado um questionário que, segundo Rodrigues (2006, p.95-96) é
uma “lista de questões (...) com linguagem simples, direta e clara, permitindo [grifo
nosso] que (...) o pesquisador obtenha respostas livres e mais precisas”, com três
perguntas, separadamente por aluno.
Estas perguntas foram feitas de forma oral e escrita, sendo elas iguais
para ambos os textos e direcionadas aos alunos com um caráter argumentativo,
para despertar o senso reflexivo destes, para que eles explicitassem suas respostas.
As perguntas, foram baseadas em critérios relevantes, no que diz respeito
à linha da investigação da pesquisa, isto é, ter a idéia da compreensão textual ou a
compreensividade textual, que é feita pelo ato de ler, passando pela manifestação
das estratégias de leitura, vistas nas respostas dos alunos (EJA).
Ainda acrescentamos que a pesquisa é de caráter comparativo que,
segundo Rodrigues (2006, p. 144), “conduz a investigação por meio da análise de
dois ou mais fatos ou fenômenos, procurando ressaltar as diferenças e similaridades
entre eles”, e baseada em fundamentação teórica.
O período da realização da coleta dos dados foi compreendido entre os
meses de março e abril de 2008, e sua análise foi efetivada nos meses de maio a
agosto deste mesmo ano.
No período em que os alunos vieram realizar a leitura do texto “Queridos
Pais(primeira coleta de dados) foi sugerido a eles que fizessem de forma individual
e livre, isto é, em voz alta, em silêncio, etc. Em seguida, a pesquisadora fez as três
perguntas individualmente aos alunos e de modo oral, sendo as respostas destes,
registradas em áudio. Duas semanas depois, foi feito o mesmo procedimento de
81
leitura deste mesmo texto, sendo que as perguntas foram feitas de modo escrito.
Vale salientar que, desta vez, o foi necessário pedir que os alunos se
apresentassem para responder o questionário individualmente, pois as respostas
sobre os textos foram feitas por estes, através de registro escrito.
Um mês depois, foram realizados os mesmos procedimentos
anteriormente descritos com o texto “Senhor diretor”. Para as perguntas orais, as
gravações foram transcritas literalmente a fim de que, em análise, fosse feita a
comparação e visualização das respostas obtidas de cada aluno. Essa forma de
trabalho tem o caráter de ver como se processa o caminho para a compreensão de
textos.
Esta pesquisa tem o intuito de comparar os modos de entendimento dos
alunos, nas atividades de leitura, mediante a visão de várias metodologias
(construtivista, qualitativa, quantitativa) que, de maneira significativa, embasam suas
fundamentações na realidade da ciência e prática, e cujos parâmetros curriculares
estão ligados à compreensão de textos de autores como: Ferreiro ( 2002); Kleiman
(2002a, 2002b, 2001, 1998, 1997, 1995); Kintsch & Dijk (apud LANCOSTRE, 2003)
Koch (2004,2000); Marcuschi (2003,2002b, 1999,1996,1988,1985,1983); Solé
(1998) e Spinillo (2008, prelo) dentre outros.
O procedimento foi realizado desde a escolha da linha de pesquisa, pois
foi uma percepção da pesquisadora a necessidade de investigar o trabalho de
compreensão dos alunos (EJA), devido também às queixas de outros professores de
matéria distintas, pois os alunos apresentavam dificuldades de compreensão de
textos nas atividades escolares. Com isso, fomos impulsionados a fazer esta
pesquisa, com os alunos, para efetivar a investigação, em que a sequência dos
trabalhos deu-se desde a entrega dos textos, para leitura e sua “compreensão” (oral
e escrita) até o registro das respostas dos alunos. Após o questionário ser
respondido, suas respostas foram analisadas.
4.6 O procedimento do trabalho realizado para compreensão textual
O procedimento de coleta de dados foi efetivado em períodos diferentes
na modalidade escrita e oral, como já fora mencionado. Desta forma, o acesso ao
texto e ao questionário foi adquirido ao mesmo tempo, que, no oral - processo de
individualização da entrevista,- evitou-se cópia das respostas uns dos outros, pela
82
audição. A amostra do questionário realizado com os alunos da Educação de Jovens
e Adultos (EJA) tem por sequência as respostas dos educando na seguinte ordem:
Aluno K1 do Ensino Médio;
Aluno F2 do Ensino Médio;
Aluno A3 do Ensino Médio;
Aluna L4 do Ensino Fundamental;
Aluna A5 do Ensino Fundamental;
Aluno W6 do Ensino Fundamental;
Aluna N7 do Ensino Fundamental;
Aluna M8 do Ensino Médio;
Aluna L9 do Ensino Médio;
Aluna S10 do Ensino Fundamental.
Cada aluno leu suas cópias dos textos e, em seguida, respondeu as 3
(três) perguntas seguindo a seguinte organização: Texto I, “Queridos Pais, na
modalidade oral e depois na modalidade escrita; logo após, o Texto II, “Senhor
Diretor”, na modalidade oral e depois na modalidade escrita e, em seguida, o
comentário do resultado de cada resposta do texto, nas devidas modalidades, pela
pesquisadora. Esta observou o uso das estratégias de leitura utilizadas pelos alunos
da EJA para obter compreensão ou compreensividade textual, e inotou que, depois
de cada resultado de análise obtida das modalidades de cada texto, foram feitas as
devidas comparações, vendo em que modalidade o aluno tinha compreensão ou
compreensividade textual.
Finalizando, os gráficos apresentam as porcentagens que os alunos
obtiveram na compreensão e compreensividade e quais estratégias foram mais
utilizadas no ato de suas leituras para compreender o texto. As tabelas apresentam
os resultados individuais obtidos pelos alunos quanto à compreensão ou
compreensividade, bem como as estratégias de leitura utilizadas por estes.
83
5 RESULTADOS DA ANÁLISE
5.1 Aluno K1 – Ensino Médio
5.1.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE
“Esse texto lembra-me de uma história verídica de um livro evangélico que eu li e
era uma história parecida com essa, que falava do arrependimento de um garoto ao
sair da casa dos pais e ao ler o texto lembrei deste livro (inferência). Por isso que
me deu vontade de saber também o que aconteceu como o final dessa história
(seleção). Esse texto transmite um sentimento de culpa né, que você que ela
está totalmente relutando por coisa que fez e que poderia não ter feito como
arrependimento dela, passagem da vida que ela fez que feriu pessoas queridas dela,
neste caso a família (os pais).Como muito jovens fazem, põe os pés pelas
mãos,(inferência) e depois passa a refletir o que fez está no fundo do poço, está
com AIDS, aviciada em drogas (antecipação), então vem aquela restropectiva da
vida dela, e em segundos, no momento desses, ela começa fazer o texto”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Será que um dia vocês me perdoariam, pai e mãe? Ao ler a carta
(antecipação) vai surgir muitas interrogações. Os pais vão se questionar e ela
também. Em que ela totalmente se achando que cometeu um grande erro na
vida. O texto conclui dizendo: não é uma toalha e nem um pano de prato, era um
lençol (antecipação). Ela achava que estava numa posição totalmente errada por
isso que pediu o perdão dos pais, deixando um sinal como resposta. Esta pergunta
é forte porque muitos jovens fazem isso, e tem medo de não escutar o perdão
dos pais (inferência), no caso dela os pais perdoaram ao deixar ela entrar em casa”.
84
b) Será que vocês podem me ajudar?Por que simplesmente, eu acho que é uma
parte mais importante do texto que precisa de muito apoio, precisando de muita
ajuda, precisando de amor, muito amor. No momento que ela fala, Tenho medo de
ficar sozinha”. “Preciso de vocês (antecipação), acho que pra compreender
tudo, né”.
QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO? COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Muito bom. Foi sentimental. É uma história de vida dela, história dela. Ela está
relatando fatos de sua vida, uma parte triste da vida, é uma carta (antecipação) que
ela está simplesmente falando dela. E ao ler a carta fiz uma comparação com o livro
“Foge Nick foge” que eu gostei muito de ler, por isso que foi fácil de entender a
história e por isso que me chamou atenção. (seleção)”.
5.1.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
1º QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu li com atenção e ao mesmo tempo tentava refletir no que estava lendo para
compreender melhor. E o que me chamava atenção, o que era do meu interesse, eu
destacava para poder falar sobre este trecho depois. Por exemplo, o pedido de
desculpa da menina (seleção). É um texto que sensibiliza qualquer um que o
compreenda, e na realidade é lido com os olhos, mas compreendido com o coração .
E ao ler este texto me lembrou do livro que eu tinha lido, uma história muito parecida
com esta com o título “Foge Nick foge” do Pastor Nick, em que conta seu sofrimento
e as conseqüências de ter tomado a decisão errada” (inferência).
85
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Explique o significado do lençol (antecipação)? Significa o tamanho da
saudade da família por sua filha.” ( inferência)
b) Qual o propósito de sua volta? O verdadeiro amor e o arrependimento por ter
magoado sua família. (inferência) e Clara precisava dos seus pais, ela tinha medo
de ficar sozinha” (antecipação).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Uma carta. E a compreensão foi quase que repentina, o grau de sensibilidade é
muito forte e me deixou muito emocionado, que fiquei com o coração apertado e os
olhos cheios de lágrimas”.
5.1.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“É, primeiro eu vou dizer o que eu achei, o que era o texto. É uma solicitação onde
mostra uma realidade, o que acontece dentro desta área (inferência). Li duas vezes,
olhei logo para o título, senhor diretor (antecipação), e facilitou o que o texto mais
ou menos queria dizer”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que o servidor da área de segurança não é estimulado e qualificado
(antecipação)? Eu acho que primeiro entra o interesse para se fazer qualquer
86
coisa. E quando isso acontece os profissionais, não só desta área, mas de qualquer
função, se motivam e lutam para ir em busca do seu direito (inferência).
b) “Por que acontece da perda do interesse profissional (antecipação)?
Primeiro o incomodismo, postura de muitos brasileiros que deixa as coisas pra
depois ou última hora(inferência). Depois entra a desmotivação salarial, carga
horária muito alta. Etc”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“O texto é uma carta oficial solicitando aos poderosos cursos profissionalizantes para
os seguranças, crescimento profissional e motivação na sua função. Com isso
trabalharão com mais prazer proporcionando uma melhor segurança para todo o
publico presente. Um texto deste tipo me dá o prazer de ler várias vezes, até por que
alguns anos atrás, eu trabalhei nesta área e é isso mesmo que acontece”
(seleção).
5.1.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Primeiramente eu li o título e vi que se tratava de uma carta (antecipação) que
tinha reinvidicação futura para os profissionais da associação assinada pelo seu
presidente”.
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CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Quando o servidor da área de segurança não é estimulado e requalificado
instantaneamente, o que ele perde? Perde seu interesse profissional, cai na apatia
e desconsidera a importância da sua função” (antecipação).
b) “Qual foi a proposta que o diretor da Escola Legislativa ALEPE propôs ao
presidente da ASSPOL-PE? Um curso de formação de agente de Policial
Legislativo”(antecipação).
QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO? COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“O texto é uma carta. Eu compreendi que este gênero carta é um pedido de incentivo
aos funcionários a que se refere para uma vida de realizações futuras nos seus
trabalhos” (inferência).
5.1.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO MÉDIO - ALUNO K1 TEXTO I - “ QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
O aluno K1, após a leitura, utilizou na análise as estratégias de seleção,
antecipação e inferência. Esse aluno obteve uma ampliação do seu entendimento,
pois o seu modo de raciocinar, levou-o a ativar melhor a memória de longo prazo e
demonstrando clareza a partir da relação criada pela leitura. Ele apresentou vício de
linguagem com a utilização do termo “aviciada”, embora este vício não prejudique
sua compreensão textual.
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QUESTIONÁRIO ESCRITO
O aluno K1 ao deparar-se com o texto, teve a dedução compreensiva,
utilizando estratégias de seleção, antecipação e inferência, e o seu entendimento,
dado através da resposta escrita, retrata uma compreensão textual. A identificação
do gênero textual confirma seu conhecimento linguístico.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR”
QUESTIONÁRIO ORAL
O aluno K1 responde com utilização as estratégias de seleção,
antecipação e inferência. Discute as respostas, sugestão e responde
objetivamente. Com o passar de suas perguntas, suas inferências, levam a uma
compreensão textual que o texto propõe.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
O aluno K1 foi objetivo em suas respostas quando usou a estratégia de
antecipação, deixando de lado a justificação das respostas, embora tenha
entendimento do gênero, pois ele identifica-o ao responder a pergunta
(conhecimento linguístico), e, no final, mostra seu conhecimento de mundo, suas
inferências. Este aluno teve compreensão textual.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DO ALUNO K1
Este aluno demonstra um entendimento compreensivo claro, pois as
respostas, obtidas de sua leitura, indicam compreensão textual e capacidade de
argumentação e interação com o texto, tanto na forma oral quanto na escrita. O
aluno alcançou, através do uso cognitivo e linguístico, o objetivo do texto. O
trabalho que se faz ao ler um texto não requer a atenção concentrada do leitor,
para que no transcorrer da inter-relação criada entre ambos ocorra compreensão,
como também é necessário que as inferências feitas pois apresentam-se como
uma das básicas estratégias para que facilitem o processo compreensivo sejam
coerentes com o entendimento da mensagem do texto.
89
Um bom leitor deduz a interpretação do texto com sentido e formas
lógicas, mesmo que inconsciente, mas existe consistência, o leitor a utiliza
inconsciente, porém lembra. um controle por sua parte, dando a ele próprio
segurança e aprendizagem. A clareza das respostas traduzem a sua compreensão.
Podemos aqui mencionar que o aluno K1 teve aprendizagem significativa do
conteúdo textual. Para Solé (1998), o leitor que produz no seu raciocínio resultados
de aprendizado demonstra uma compreensão, e quando falamos de aprendizado, é
a visão do texto como um todo.
5.2 Aluno F2 – Ensino Médio
5.2.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu comecei a imaginar, no momento que estava lendo e fazendo reformular na
minha mente o que a personagem estava passando naquele momento da leitura. E
o que me chamou atenção que ela era uma menina rebelde (seleção) e isso
acabou complicando muito a vida dela, e ela teve um problema: adquiriu o soro
positivo (inferência) e que, apesar de tudo, ela se humilhou diante da família através
da carta (antecipação) e não se achou digna de ir a casa sem o perdão dos pais.
E com certeza os pais sentiram a sinceridade de sua filha. E isso acontece com
muita gente em outras famílias, principalmente com essas pessoas que querem
tomar o rumo de qualquer jeito ou são influenciadas por outras pessoas, por isso
passa por estes tipos de problemas (inferência).
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
90
a)“Qual foi o motivo de ter deixado sua família para embarcar nessa rebeldia?
Eu acredito, como diz no texto, que ela foi São Paulo com um amigo, depois passou
a viver de pequenos expedientes (antecipação). Uma amizade ou até mesmo
um parente com mau intenção pode prejudicar uma vida” (inferência).
b)“Como ela teve coragem de pedi desculpa aos pais? Através da carta
(antecipação) que ela escreveu e falou dos seus problemas, não queria
terminar sozinha (antecipação), e isso deu coragem a ela. Ter o perdão dos pais
era mais importante que qualquer coisa” (inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Isto é uma carta (antecipação) e foi fácil porque estava clara, tinha coisas
conhecidas que dava para fazer comparação. E ela escreveu na carta que foi muito
ingrata (antecipação) com seus pais e isso acontece com muita gente no mundo
fora” (inferência).
5.2.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“No momento da leitura passei a observar as palavras e prestei atenção no que o
texto queria passar e foi interessante para mim principalmente na parte que a
menina foge de casa(seleção), percebi na minha leitura, que o texto falava de uma
menina que saiu da casa de sua família para viver sua vida. E por causa disso
passou por momentos difíceis, realmente foi doloroso o que essa moça viveu
naquele momento da rebeldia. Depois pude comparar com a realidade de hoje, coisa
que sempre acontece com muitos jovens” (inferência).
91
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “O que fez Clara (antecipação), se rebeliar com os amigos? Eu acho que ela
quis viver sua vida, sem ter que dar satisfação à família, e também, influenciada por
más amizades, levou a esse tipo de conseqüências (inferência).
b) “Quando ela anunciou na carta (antecipação) que estava com AIDS
(antecipação), qual seria a reação dos pais dela? Bom, o texto não mostrou essa
atitude, mas no momento que os pais colocam o lençol (antecipação) mostrando o
quanto a ama (inferência), eles sabiam que sua filha estava com AIDS, e mesmo
assim, quis ela de volta.”
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Trata-se de uma carta, que para minha compreensão foi boa e interessante, coisas
que acontece nos dias de hoje, apesar de tudo isso, que a moça passou, houve
o arrependimento, e sabemos que nossos pais estão sempre de braços abertos
(inferência).”
5.2.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Primeiro me concentrei muito em alguns tópicos que me chamou muita atenção, na
hora que foi considerado o interesse profissional da pessoa que faz a segurança
(seleção) e isso fez com que ele escrevesse uma carta (antecipação)
explicando que o servidor da área de segurança, quando o é estimulado, perde
seu interesse profissional e desconsidera a importância da sua função
92
(antecipação). E nos dias de hoje é importante participar de cursos, elevar nossos
conhecimentos pra não poder padecer nas outras coisas, e quanto mais nos
aperfeiçoamos, melhor se em nossas vidas (inferência). Então este texto deixa
bem claro que a motivação é uma das coisas que engrandece o profissional, mas é
preciso ter a qualidade e o conhecimento (inferência), por isso que uma
solicitação nesta carta”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “O que pode elevar a desmotivação do segurança? A falta de estímulos,
através de curso, capacitações, congressos, baixa salarial e a falta de
reconhecimento que o servidor de segurança tem por direito e o é cumprido, e
isso desmotiva qualquer especialista em sua função, neste caso, na aérea de
segurança” (inferência).
b) “O que deve ser feito para motivar o segurança? Devem melhorar a
estruturação e modernização nos serviços de instalações e aperfeiçoamento em
diversos cursos (antecipação), na função de segurança para garantir ao profissional
o conhecimento, e outros. E com isso o profissional estará mais interagido
neste mundo globalizado, ou seja, mais preparado, valorizando seu currículo, que
será reconhecido onde estiver (inferência)”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
Assim, que eu peguei o texto vi logo que era uma carta em que o presidente da
Asspol-PE, escreve para o diretor da Escola do Legislativo solicitando atenção
especial na proposta da carta (seleção). E a compreensão foi boa porque para mim
foi fácil entender”.
93
5.2.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Como nós temos essas necessidades de um ensino melhor para poder se
capacitar, poder exercer uma atividade, isso no lado profissional, e sair ao
campo mais preparado (inferência). Ficou bem claro que no meu entendimento,
expressou uma obrigação de zelar pelos nossos interesses”.
2º CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Qual o motivo do profissional se aborrecer? “Sua formação profissional e
salário.
b) “Qual a melhor forma de se estruturar? “Procurando se preparar na vida
profissional em sua formação”.
QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO? COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“O gênero textual é uma carta e nós sabemos de nossos direitos e deveres,
sabemos que temos que nos qualificarmos”.(inferência).
94
5.2.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO MÉDIO – ALUNO F2 TEXTO I - “ QUERIDOS PAIS”
QUESTIONÁRIO ORAL
Nesta pesquisa do texto I oral, a compreensão do aluno F2 adquiriu uma
visão que utilizou em todas as perguntas feitas, que foi a estratégia da inferência,
bem como a de antecipação, além da estratégia de seleção, demonstrando um
controle de seu entendimento. O aluno F2 teve compreensão textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
O aluno F2 obteve êxito em sua leitura utilizando estratégias,
descrevendo pontos do comportamento da personagem, colocado suas inferências
de forma simples, mas com objetividade. Ele utilizou três estratégias, quais sejam;
seleção, antecipação e inferência. Ele teve compreensão textual.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
Nesta forma oral, o aluno F2 descreveu seu entendimento demonstrando
todas as estratégias utilizadas, comentando através de sua inferência seu ponto
de vista sobre o assunto, ele diz que foi fácil entender, e suas respostas confirmam a
sua fala. Aqui ele demonstrou compreensão textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
O aluno F2 não expressou-se com clareza, utilizando somente a
estratégia de inferência, suas respostas têm um tom de relaxamento
(preguiça), além de não justificar as perguntas que ele mesmo fez a si. Aqui houve
compreensividade textual.
95
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DO ALUNO F2
Embora tenha havido um deslize momentâneo do aluno F2, no texto
“Querido Pais”, pela forma escrita percebe-se que ele monitora seu raciocínio e com
isso obtém êxito. Se observarmos as respostas em ambos os textos, todas as
estratégias implícitas estão presentes. Lembremos o que Solé (1998,p.89) nos diz:
“todas as estratégias são passíveis de troca e seu monitoramento é inconsciente do
leitor”. Este aluno pode ser um exemplo desta fundamentação.
A habilidade que temos de responder as perguntas sobre um texto é
muito variável, se sabemos, como professores, que as estratégias estão
implícitas, esperamos que os alunos respondam de maneira abrangente com
palavras que apontem um entendimento claro, embora as respostas sejam de
particular interpretação.
Vemos que a inter-relação com o texto motiva a sensibilidade imaginária
do aluno. Este, por exemplo, explica sua visão de mundo com opiniões próprias e
possui informações do mundo globalizado, ou seja, tem vivência sociocultural.
Podemos ver que sua compreensão passa pelo que Spinillo enfatiza sobre
habilidades cognitivas envolvidas, que são a utilização de memória de trabalho e de
longo prazo.
O aluno tem uma representação mental, um monitoramento à leitura e
estabelece inferências (estratégias). Este aluno, nas suas respostas, cruza as partes
estratégicas no seu entendimento, sendo elas de fator cognitivo e linguístico.
5.3 Aluno A3 – Ensino Médio
5.3.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
96
“Primeiro eu fiz uma breve observação do texto. Eu olhei e comecei a pensar e ler
algumas frases salteadas, palavras importantes para mim, e pude lembrar sobre ela
(seleção), fiz algumas reflexões das palavras, por exemplo: AIDS (antecipação),
todo mundo sabe que esta doença pode matar (inferência) e no caso da Clara
estava na pior (antecipação), e o início, o título do texto deu também informações
(antecipação)”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Porque ela foi rebelde com seus pais? Acredito eu, que pelo fato dos pais
sempre deram em cima e ela por ser adolescente e querer ter uma vida
independente, fazer o que bem quer. Coisas que provavelmente seus pais não
admitiam, de certa forma, foi criando aquele tédio de ter que ficar na barra dos pais
ou presa aos pais (inferência), né? A qual levou ela tomar a decisão pouco assim
requentada onde teve que assumir uma vida só e com isso ela teve vários
problemas e também aprendeu com isso, e depois voltou a pedir ajuda e perdão aos
pais por ter sido uma filha ingrata (antecipação) ”.
b)“Porque o arrependimento? Bom, no texto ela cria coragem de entrar em
contato com os pais, através do sinal que ela pediu na carta (antecipação). É um
ato muito corajoso e reconhece que ela foi totalmente rebelde (antecipação) e que
os pais queria o melhor para ela e então percebemos uma parte muito boa
dela que é o arrependimento. É claro que todo arrependimento merece um
aconchego, né?! Um abraço e um carinhos dos pais” (inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Este texto mostra a realidade da vida através da carta (antecipação) que ela
escreveu para os pais sobre ela. É um pedido de desculpa, pedido de apoio, de
perdão. Acredito que, por meio do reconhecimento quando a pessoa reconhece o
que fez e que não era correto. Dessa forma cai a ficha. É o que acontece na vida da
gente, o sujeito está arriscado a cometer estes erros em querer andar com as
próprias pernas, que, às vezes, nós não estamos vendo o que a outra pessoa
está vendo (inferência) e eu acredito que foi isso que aconteceu com essa
97
jovem e acredito que foi que ela percebeu que estava errada. Estas informações
para mim foram importantes para compreender este texto (seleção)”.
5.3.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Bom, primeiro eu li o texto, depois reli novamente, para poder compreender melhor.
Pois pude observar, alguns detalhes na carta (seleção). Como o pedido de volta
para casa da menina e o amarrar no da goiabeira e o pano de prato
(antecipação), mostrando seu arrependimento querendo perdão dos pais.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que o arrependimento? Bom, na carta (antecipação), a moça lamenta
profundamente de não ter escutado os conselhos dos pais, pois ela sofre muito,
até contaminada, foi pela Aids (antecipação). Ela busca de sua família o
reconciliamento devido o amor que tem por eles e eles por ela”.
b) “Por que os pais deveriam aceitar a sua filha? Bom, eles são pais, e deve
sentir no peito a dor que a filha está sentindo, sofrendo, mesmo sabendo que no
passado, ela foi rebelde, ingrata e não ouviu os seus conselhos, mas, só que o
amor dos pais falaram mais forte nessas horas (inferência). Esse é o motivo muito
forte que é o amor”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
98
“Bom, ela escreveu uma carta, reconhecendo o comportamento onde ela tivera
no passado. Em não ouvir os conselhos dos pais. Ela reconhece a sua ingratidão. E
buscou muita coragem para escrever aos seus país, não foi algo tão fácil pra ela.
Ela teve que vencer o orgulho e o medo. Por isso ficou fácil de compreender o
texto”, até porque mostra a realidade de muita gente de hoje ( inferência).
5.3.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Tive que ler mais de uma vez para poder compreender o texto. Essa foi minha
estratégia”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que a policia em geral não está bem equipada? Bom, no meu ponto de
vista, o governo de certa forma, esquece de investir na segurança pública, na parte
de armamento, de tratamento psicológico, tratamento efetivo e tratamento físico,
levando a desmotivação e a falta de interesse dos agentes policiais (inferência).
Para que esses profissionais da segurança possam atuar de maneira mais efetiva
com uma certa coerência, é preciso que sejam motivados e capacitados para
trabalhar melhor; a comunidade é a parte mais importante e interessante desta carta
para mim.(seleção)”.
b) “O que os oficiais de polícia têm feito para melhorar seus guardiões? No
meu entender, a falta de instalações, ou seja, os serviços bem instalados dentro da
cooperação na segurança pública deixa a desejar, principalmente na parte de
aperfeiçoar os profissionais na área de segurança, falta um pouco de motivação na
99
capacitação destes homens, falta um pouco de instrução na estrutura, no corpo da
segurança e falta também a parceria entre o governo e a sociedade” ( inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Pelo que eu compreendi do texto, nós temos o comprimento e a obrigação dentro
da nossa lei. Como cidadãos, nós estamos aqui também para a assegurar a
nossa própria segurança. Não esperar que uma lei ou algo assim, possa fazer
tudo por nós (inferência). Mas o texto coloca uma posição, onde a segurança
pública mostra uma certa carência na capacitação dos seus profissionais
(antecipação), pelo menos onde eu pude entender. Há uma certa preocupação
entre a segurança pública do estado em ter profissionais capacitados para atuarem
na área de segurança. E quanto ao gênero, isto é, é um conceito daquilo que está
acontecendo dentro da secretaria de segurança nacional”.
5.2.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
Para minha organização, eu li o texto mais de uma vez para eu poder observar as
palavras conhecidas e refleti-las dentro do texto e com isso ficou mais claro, apesar
de perceber na leitura que este texto era familiar para mim, pois eu trabalho na área
de segurança, e participei de várias reividicações (inferências). E quando é um
texto que você tem conhecimento fica mais fácil de entender, por isso que tive
interesse e principalmente a parte da necessidade de capacitar os policiais, neste
caso Legislativo (seleção). Percebi também que tinha palavras desconhecida, por
exemplo preceito, plausível e Augusta ( antecipação). mesmo assim no todo do
texto ficou claro para mim o que o presidente Edvan Vieira solicitou”(antecipação).
100
2º CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que a nossa força policial é despreparada? “A nossa segurança policiais
(antecipação) precisa de um aperfeiçoamento através de capacitação para polícia
em que este tipo de estudos irão ajudar a formar que não está preparado
combater os problemas que existem na sociedade e saber usar seus instrumentos
de trabalho corretamente nesta área”( inferência).
b) “O que o nosso Governo precisa fazer? Precisa capacitar mais os profissionais
desta área de segurança motivando, valorizando financeiramente e orientando para
uma melhor segurança pública” (inferência).
QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO? COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Este texto é uma carta e foi fácil a compreensão, onde o presidente desta
associação solicita uma melhor estrutura, aperfeiçoamento e capacitação através de
cursos(antecipação).
5.3.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO MÉDIO – ALUNO A3 TEXTO I - “ QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
O aluno A3 utilizou as três estratégias, antecipação, seleção e
inferência. Suas respostas foram bem explicativas. Esse aluno conseguiu uma
compreensão do texto com inter-relação.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
O aluno A3 procura descrever suas respostas, dentro da reflexão que o
texto pede para o leitor fazer. Ele utiliza as estratégias de seleção, antecipação e
101
faz inferência, consegue adquirir uma compreensão textual, fazendo as
justificações das perguntas que ele mesmo faz a si.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
O aluno A3 responde todas as perguntas feitas, como todo leitor, ao
utilizar as estratégias de seleção, antecipação e inferência inconscientemente. Ele
sabe de que gênero trata o texto, embora não responda quando a pergunta
específica é feita para identificação do gênero, mas isso não é uma característica
que impeça a compreensão textual deste aluno. As respostas dadas, através das
inferências, demonstram a sua percepção com argumento e ele identifica o
gênero do texto quando destaca a parte que ele achou mais importante.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
O aluno A3, através das estratégias de seleção, antecipação e
inferência utilizadas na leitura, desenvolve suas respostas com sua experiência
pessoal, ou seja, experiência vivida. Ele tem conhecimento de causa, responde as
perguntas com argumentação e ideias, identifica o gênero do texto e não foge do
teor da mensagem proposta pelo texto. Houve compreensão textual.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DO ALUNO A3
O controle que o aluno A3 teve em suas respostas e a utilização das
estratégias por completo foram utilizadas em ambas as formas oral e escrita; houve
compreensão. O texto, como sabemos, é a unidade de análise. Para o leitor é a
unidade empírica que ele tem diante de si, feita de som, letra, imagem, sequências
com uma extensão, (imaginariamente) com começo, meio e fim, e que tem um autor
que se representa em sua unidade, “dando” coerência, progressão e finalidade ao
texto que produz.
Todas essas informações estão na mente do aluno, consciente ou
inconscientemente. Neste sentido, o texto pode ser considerado como uma máquina,
que possui peças e sua interpretação faz criar o processo de interação textual. E
este espaço existe para o discurso textualizado.
102
O aluno A3 pode ser incluído na fundamentação de modalização
(MARCUSHI, 2005; 116/117): “Quando falantes/escritores falam, escrevem algo,
estão concomitantemente expressando sua atitude, ou ponto de vista sobre o que
dizem, ou escrevem”. A expressão de tais atitudes do falante/ escritor acha-se
presente, implícita ou explicitamente, em todos os usos da linguagem. A rigor,
quando comunicamos alguma coisa a alguém, nosso ato de fala é sempre
qualificando, ou seja, não apenas repassamos uma informação, mas também
damos indicações de nossa atitude ou posição frente a essa informação.
A modalização, de maneira geral, refere-se a essas qualificações, ou em
outras palavras, a modalização expressa as atitudes ou posições de falantes e
escritores em relação a si próprios, em relação a seus interlocutores e em relação ao
tópico do seu discurso.
5.4 Aluno L4 – Ensino Fundamental
5.4.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
Eu li, observei principalmente algumas palavras conhecidas, selecionava com o
assunto, e isso foi importantes para mim (seleção) e compreende que essa moça
saiu de casa e pegou uma doença e escreveu esta carta para os pais dela, pedindo
desculpa e conseguiu o perdão através do sinal que ela pediu(antecipação).
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“O que levou ela a se arrepender? Por ter sido ingrata, o medo de ficar
sozinha e também por ter pegado doença (AIDS) (antecipação) foi uns dos
motivos. Sabemos o quanto essa doença é dolorosa (inferência). Ela saiu de casa
103
para outro lugar e não obteve sucesso então através disso, ela se arrependeu. Isso
me chamou atenção (seleção), por isso fiz esta pergunta.
b)“Porque ela escolheu um pano ou toalha branca (antecipação), uma coisa
tão simples como sinal? Por que nas coisas simples é onde está a beleza de
tudo (inferência) por isso que escolheu um pedaço de pano como sinal
(antecipação) e isso faz parte de nossa vida, né?!.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“É uma carta (antecipação) do dia-dia e está bem clara, foi ótima, pra entender
bem, o título do texto “querido país” (antecipação), dá pra entender que é uma
filha escrevendo para seus pais neste caso pedindo o perdão. Eu gosto de observar
as palavras e se eu conheço o assunto, fica mais fácil de ler, presto atenção na
leitura e, com isso, facilita eu entender”.
5.4.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Primeiro eu prestei atenção no texto, depois li por duas vezes para observar e
compreender melhor e poder organizar a leitura. O título do texto
(antecipação) ajudou também a compreender, em ler você entende, o que o
texto que dizer”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Qual era o medo de Clara? Seu medo era de ficar sozinha
(antecipação).
104
b) “Para onde Clara foi quando abandonou sua família? Para São Paulo”
(antecipação).
QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO? COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Foi boa a compreensão, pois o texto que é uma carta está bem claro e objetivo, no
qual fala de uma menina que saiu de sua casa familiar para viver o mundo, e se deu
mal pegou Adis, afundou na lama (antecipação) e agora se arrepende e quer o
perdão dos pais. Os adolescentes de hoje acham que o mundo é bom, esquecem
das conseqüências que pode trazer se não souber viver no mundo. E quando
os pais querem dar conselhos não gostam e acabam quebrando a cara
(inferência), foi o que aconteceu com a garota deste texto”
5.4.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
Eu procurei ler com atenção, e desta vezes foi mais fácil porque eu tinha lido da
outra vezes este mesmo texto. O texto fala sobre a necessidade de se ter cursos
profissionalizantes para os funcionários da Polícia Legislativa a perdido do
presidente da associação Edvan.(antecipação)
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Pra quer capacitar a Polícia Legislativa? Pra eles melhorem o profissionalismo
tendo novos conhecimentos nessa formação e motivação”(inferência).
b) “A carta era pra quem? Para o diretor Jurandir Bezerra Lins (antecipação).
105
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“O texto é uma carta oficial, onde o presidente da ASSPOL-PE, solicita uma
atenção especial neste pedido (antecipação). As pessoas devem buscar seus
direitos, pois esta atitude do presidente Edvan foi correta, porque mostrou que
estava preocupado com a sua polícia e queria o melhor para cada um. Através da
capacitação, do treinamento levará essas pessoas a uma motivação. Seria
maravilhoso se todos se preocupasse com isso (inferência).
5.4.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Em primeiro lugar, eu procurei ler o texto e seguida usei as estratégias de: reler o
texto novamente com atenção, depois então percebi que o texto tratava-se de uma
carta oficial onde havia um presidente da ASSPOL-PE, solicitando capacitação,
cursos para os profissionais da área”. (antecipação).
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que você acha que tem que ter um curso de requalificação? Para que,
eles melhorem profissionalmente e não percam o interesse”(inferência).
b) “Para quem foi enviada esta carta? Para o senhor diretor Jurandir Bezerra Lins”
( antecipação).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
106
“Este texto é simplesmente uma carta, ou seja, uma resposta do presidente da
ASSPOL-PE, pedindo atenção especial no exame da proposta em pauta
(antecipação ). E o que me fez compreender foi a repetição da leitura onde puder
observar melhor o que o texto tratava”.
5.4.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO FUNDAMENTAL - ALUNA L4 TEXTO I - “QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A aluna L4 demonstra uma compreensão textual, devido a suas
respostas estarem baseadas nos escritos do texto. Ela utilizou algumas estratégias
de leitura tais como: seleção, antecipação e inferências. Sua descrição diz o que
chamou sua atenção e destaca a importância de palavras de seu conhecimento.
Desta forma, esta aluna apresenta um acompanhamento e controle do que está
lendo. Ao fazer as perguntas a si mesma, consegue responder de maneira
consciente (com controle). Além disso, suas inferências de percepção sensitiva
traduzem o sentimento que o contexto quer transmitir, ou seja, o que o texto, ou
melhor, a mensagem propõe.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
As respostas mencionadas pela aluna indicam uma compreensão
textual direta. Ela utiliza duas estratégias: antecipação e inferência. Quando digo
direto é que suas respostas não são dadas com muita descrição, detalhamento, mas
precisas. Ao utilizar estratégia de inferência, opina seu ponto de vista e demonstra
conexão com o texto e com suas palavras, reflexão.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
Aluna L4 faz menções de que tinha lido o texto. Quando utiliza
estratégia de antecipação é objetiva nas respostas; também faz inferências e
107
explica o quanto é necessário a mudança de comportamento nesta forma de texto
oral. Ela demonstra um senso crítico argumentativo com visão de cidadania. Esta
aluna obteve compreensão textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
Nesta forma textual, a aluna L4 enfatiza duas vezes a releitura do texto,
para que ela pudesse ter compreensão, usando apenas duas estratégias de leitura,
inferência e antecipação. Ela construiu um entendimento muito objetivo; as
respostas dadas às perguntas dizem o caminho do seu entendimento. O seu
entendimento da necessidade de requalificação profissional solicitada pelo
presidente da Associação de Polícia Legislativa traduz a objetividade de sua
compreensão textual.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DA ALUNA L4
Em síntese, a aluna L4 teve compreensão nas formas dos textos
apresentados, embora possamos observar que ela não justificou, na maioria das
vezes, as perguntas criadas por ela mesma, mas isso não fora falta de entendimento
textual, pois ela conseguiu perceber a proposta do texto. Todas as análises feitas
por esta aluna apontam para uma compreensão do texto que ela mesma leu.
Podemos aqui mencionar Spinillo (2008), quando afirma que “compreensão de
textos é um dos mais intricados processos da mente humana. De natureza
linguística (decodificação, vocabulário, sintaxe) e cognitiva (memória, inferência,
representação mental, monitoramento)”.
Essa conceituação pode ser vista nas respostas da aluna. Houve uma
inter-relação do processo argumentativo e do conhecimento linguístico na
compreensão do texto. Ela teve uma construção de intervenção com uma estrutura
peculiar lógica e coerente como conteúdo e também podemos dizer conhecimento
sobre o processamento textual, atribuindo significados baseados em conhecimentos
prévios. Ao usar as estratégias implícitas, seu entendimento fora respaldado no que
afirma Solé (1987, p. 22): a leitura é um processo de interação entre o leitor e o
108
texto; neste processo, tenta-se satisfazer, obter uma informação pertinente para os
objetivos que guiam sua leitura.
Observando as respostas da aluna, percebe-se que esta não obtém
informações a partir dos textos, como também esclarecimentos do objetivo da leitura
destas, e mais, as inferências que ela expõe confirmam a sua habilidade de integrar
as informações veiculadas no texto, confirmando assim a sua compreensão textual.
Cada aluno tem sua forma de expressar o seu entendimento do texto que
lê. A aluna L4, apresenta as respostas com objetividade e ela mesma diz que fez
um caminho para a compreensão do texto. A estratégia de seleção implícita é vista
nas respostas como a forma mais próxima de seu entendimento. Como sabemos,
quando lemos um texto há uma relação.
Gadamer (1998) diz: compreender um texto é, antes de mais nada,
poder ser por ele interpelado...” ou seja, a troca de informações, o envolvimento com
o conteúdo desperta no aluno/leitor uma motivação, questionamentos, existe
interatividade. Esta aluna descreve suas respostas de maneira que há troca de
estratégias para sua compreensão no texto I, “Queridos Pais”. Ela usa a antecipação
e inferências, pois a conduziram à proposta textual. Já no texto II, “Senhor Diretor”, a
estratégia de seleção foi acrescida, a forma subjetiva que a aluna constrói é
estrutural e inconsciente, mas com entendimento da mensagem que o texto
pretende passar.
Segundo Kintsch (1998, p.223-224) “Compreensão é construção de
estrutura. Compreender um texto significa uma estrutura mental que representa o
significado e a mensagem do texto.” Essa estrutura mental vem lembrar algo
particular em cada aluno, mas também corroborar com a visão de Spinillo (2008):
“compreensão é de natureza linguística e cognitiva”. A aluna, dentro de sua
leitura, teve uma inter-relação, construiu uma estrutura e obteve o resultado da
proposta textual.
5.5 Aluna A5 – Ensino Fundamental
5.5.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
109
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu procurei ler o texto com calma e pausadamente. Assim posso observar o que
me chamou mais atenção em algumas frases (seleção). Sempre que faço isso fica
mais fácil pra ler e entender um texto, principalmente da parte que eu mais gostar
como esta história que fala de uma realidade e que aconteceu com uma
conhecida minha”(seleção).
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que um Lençol? Um lençol, assim, não era um pano de prato ou uma toalha
uma coisa pequena era um lençol (antecipação), uma coisa bem maior, era a
representação dos pais, assim como eles quisessem mostrar o quando gosta dela, é
como fosse mais de uma confirmação de querer ela de mostrar o grande amor por
ela” (inferência).
b)“Por que ela achava que os pais estavam com raiva dela? Por que ela largou
os estudos, deixou os pais, foi morar longe, tornou-se aviciada (antecipação),
assim, deixou a família pra viver do jeito que quer”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Foi boa! É uma história da filha que pedi perdão aos pais através da carta
(antecipação) que escreveu. E isso pode gerar um debate para as pessoas que
passam pelo mesmo problema” (inferência).
5.5.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
110
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Li com calma, paciência, devagar, prestando atenção, principalmente em algumas
partes do texto que mostra a verdade nos dias de hoje e quando gosto do texto faço
isso. (seleção). E o que me chama atenção eu destacava para refletir em cima
dessa idéia”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que Clara largou o lar e o conchego familiar para fugir com amigos? Eu
acredito que ela era imatura. Queria ser dona de si próprio, vivendo uma vida sem
controle e sem limites” ( inferência).
b)“ Por que Clara acharia que seus pais e suas irmãs não gostavam mais dela
e não queriam mais vê-la? Por que pelo fato dela ter sido ingrata, deixou os
estudos, tornou-se viciada e foi para São Paulo com amigos, pegou Aids
(antecipação) e por ter abandonado tudo, perdendo sua vida , como ela escreve
na carta (antecipação). Eu acredito que isso chocaria qualquer família ao ponto de
ter magoas dela”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“ O gênero é carta. Foi boa a compreensão até por que a maneira que estava escrita
na carta era a realidade de muita gente de hoje” (inferência).
5.5.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
111
“Eu li e reli várias vezes para poder entender, e na minha leitura, eu ia observando o
que era mais importante, interessante e o que me chamava atenção, eu destacava
como eu fiz com o título “senhor diretor” (antecipação e seleção) , pude perceber
que era uma carta (antecipação), solicitando ou informando algo, e as palavras na
área de segurança, profissional, cursos (antecipação), puderam me dar algumas
respostas em relação ao texto, ou seja, a importância que o gente de policia
legislativa precisam estar capacitados para atuar com mais satisfação em sua área”
( inferência).
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Pra quem foi interessada a carta? Foi para o diretor da Escola Legislativo Dr.
Jurandir Bezerra” ( antecipação).
b)“Qual a empresa que encaminhou a carta? ASSPOL” ( antecipação).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“O gênero é de carta, depois de tanto ler e reler agente acaba memorizando, E eu
entendi que a empresa representada pelo o presidente Edvan Vieira estava pedindo
ao Poder da Escola Legislativa autorização para os funcionários da Policia
Legislativa treinamentos e capacitações (antecipação).
5.5.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Li por várias vezes, observando as palavras e tentando pensar e ao mesmo tempo
lembrar de algo parecido que eu tenha visto, até porque o texto fala sobre
112
profissionais de segurança. E hoje no nosso país é falado muito sobre
isso”(inferência).
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que o servidor deve ser continuamente requalificado? Para não perder
seu interesse profissional e nem a sua importância da sua função”.
b) “A quem foi interessada a carta? Ao sr. Jurandir Bezerra Lins, diretor da Escola
do Legislativo-ALEPE”.( antecipação).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Gênero carta. A compreensão foi clara e objetiva com o propósito de melhorar a
classificação dos servidores”.(inferência).
5.5.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO MÉDIO – ALUNA A5 TEXTO I - “ QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
Desta forma oral, a aluna A5 não identifica o gênero, mas seleciona
partes do texto que gosta para facilitar seu entendimento, entende os sinais que são
descritos no texto, como “lençol”, e faz uma interpretação do significado, utiliza a
estratégia de inferência para justificar e explicar a pergunta do questionário, houve
uma compreensão da proposta textual, além das estratégias de seleção e
antecipação que somaram para o seu entendimento.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A aluna A5 faz critério da forma como lê. Para facilitar o seu
entendimento da leitura, responde com reflexão da mensagem do texto e utiliza
113
estratégias de leitura. Antecipação, seleção e suas inferências expressam a
vivência social com conhecimento crítico. Esta teve compreensão textual.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A aluna A5 obteve compreensão textual quando demonstra, em suas
respostas, a proposta do texto, seu entendimento, utilizando, já na primeira resposta,
todas as estratégias e, por ser objetiva nas perguntas que ela mesma criou, não
coube justificar suas respostas.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
objetividade nas respostas desta aluna, pois ela mesma diz que
observou as palavras (linguístico), o que a fez ser sucinta nas respostas. Mesmo
que tenha utilizado, nesta forma escrita, duas estratégias, inferência e antecipação,
a aluna teve compreensão do texto.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DA ALUNA A5
Em ambas as formas, a aluna A5 tratou com objetividade suas respostas,
obtendo de forma resumida a compreensão do texto. Vale ressaltar que podemos
aqui deduzir que sua cognição é acentuada (informada), pois as respostas da
pesquisa demonstram isso.
A construção da compreensão, através da leitura de um texto, é tão
contínua que seu desenvolvimento é fruto da prática da fala e escrita e podemos
dizer que o crescimento da aprendizagem é um trabalho de natureza social, histórica
e cognitiva, vivida nas relações interpessoais. A propriedade da interatividade é um
aspecto inerente à própria língua (MARCUSCHI, 2005, p.145).
A percepção da aluna A5 é sua linha com o texto, os pontos que ela
escolheu formaram uma representação mental, de maneira subjetiva, inconsciente,
constrói significados e cria seu “diálogo” com o texto, ou seja, sua interação. Vale
ressaltar aqui, que interatividade e diálogo não são sinônimos e se manifestam de
forma diferenciada.
114
Marcuschi (2005, p.145), explica que o processo da interação é o
relacionamento criado entre o leitor e o texto, mas diálogo é criação de meios para
ser correspondido”. Exemplo é o monólogo no teatro. O ator encena, interage com
o público, há uma transmissão sem haver uma conexão, ou seja, uma troca “
palpável”.
A interatividade que o texto produz no aluno/leitor tem a ver com a noção
de transmissão de informações devido à natural relação necessária existente entre
os interlocutores que há no texto. Não se deve ter sempre em mente que um
enunciado seja um diálogo, uma conversa entre pessoas. diferença entre diálogo
e comunicação, informação, transmissão de contéudo.
Diálogo é um dos meios verbais que existe para uma interação, e a
comunicação são as diferentes formas utilizadas para uma transmissão de conteúdo
através de um texto (oral e escrito).
Toda palavra escrita ou falada possui dois lados, ela é proveniente de
alguém, como também está direcionada a alguém, ou seja, o texto oral/escrito,
quando produz interatividade no leitor, instiga a ele uma ação de raciocínio
interativo, seja de identificação, contestação, critica, aquisição de conhecimento,
mas uma percepção de interação, envolvimento. A aluna, através de sua relação
de interatividade, adquire um envolvimento com a história e absorve o sentido da
mensagem textual.
5.6 Aluno W6 – Ensino Fundamental
5.6.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Este texto fala de uma menina que tem e raramente ela é desprezada pelos
familiares e parentes”.
115
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que esta garota tem esse pânico todo da família ser assim com ela? Eu
acho que a AIDS ela é uma doença que, para algumas pessoas, é terrível, mas se
saber conviver com ela, eu acho que vive por muitos anos” (inferência).
b)“Por que os parentes agiram dessa maneira com ela? Eu acho que não havia
motivo deles fazerem isso com ela. Tem que haver mais união, mais aconchego,
principalmente com uma pessoa que vive com um problema desse”(inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Acho que um fato real, eu acho interessante até porque é uma realidade da vida.
Cabe o ser humano saber o que é a vida (inferência), um texto desse, já basta”.
5.6.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“ Procurei entender a história do inicio até o fim quando ela corre pra casa”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que ela tinha medo de voltar para casa? Por que ela foi uma
menina muito rebelde (antecipação).
b) “Ela tinha medo de sofrer preconceitos? Sim, pois ela tinha Aids”
(antecipação).
116
QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO? COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Foi muito clara, ela pegou Aids”.
5.6.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu li e reli para poder entender melhor o texto, mesmo assim não consegui
entender tudo”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que o diretor pede um curso profissionalizante? O curso que seria de
formação policial agente de policia” (antecipação).
b)“Outra pergunta, não sei, eu não lembro direito o texto”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Isso pra mim foi uma carta, escrita pelo diretor para o presidente (antecipação)
pedindo alguma coisa profissional para eles, pra mim não foi o fácil entender o
texto, tinha palavras difícil que eu não conhecia.
117
5.6.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu li o texto várias vezes e compreende do o que se tratava”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Quando o servidor da área de segurança não é estimulado e requalificado,
instantaneamente, o que acontece? Ele perde o interesse profissional
(antecipação).
b) “O que é o presidente Edvan Vieira pede ao Diretor da Escola Legislativa?
(antecipação) Ele pode um curso de formação de Agente de Polícia Legislativa”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“É uma carta e para mim foi boa a compreensão porque o presidente da associação
faz um pedido ao diretor da Escola Legislativa”.
5.6.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO MÉDIO - ALUNO W6 TEXTO I - “ QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
O aluno W6, nas respostas orais, faz confusão do objetivo da pergunta,
utiliza somente uma estratégia, inferência, e ao utilizá-la não responde à pergunta
com convicção, trocando o sentido na resposta. Desta maneira, o seu entendimento
118
não é conclusivo, isto é, não tem uma amplitude discursiva. Este aluno possui
compreensividade textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
O critério adotado pelo aluno W6 não lhe forneceu condições de adquirir
compreensão, ao ponto de ser utilizado uma só estratégia de antecipação na
pesquisa escrita, com respostas repetidas de sua própria formulação nas perguntas
e não responde à identificação do gênero textual. Tem uma visão restrita do texto.
Neste parâmetro ele possui compreensividade textual.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
O aluno W6, na sua resposta, diz que não consegue entender o texto,
pois lhe falta domínio de vocabulário, não utilizando inferência nenhuma, somente a
estratégia de antecipação e, com uma idéia vaga, pois as respostas, nesta
forma de pesquisa oral, ele também confunde, falando de sua própria dificuldade.
Este possui uma compreensividade textual mínima, pois suas respostas foram
imprecisas.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
O aluno W6, utilizando-se da estratégia de antecipação, justificou as
respostas de maneira óbvia, como também formulou uma pergunta de maneira
incorreta, tendo necessidade de embasamento na construção de frases, embora
as respostas para ele fossem satisfatórias, mas o texto abrange uma
contextualização maior para o leitor. O aluno W6 obteve compreensividade textual.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DO ALUNO W6
Em ambas as análises, do texto oral e do texto escrito, o aluno W6 em
sua compreensividade teve uma visão muito restrita, apesar disso, ele falou algo
que estava contido no texto. As dificuldades que aparecem durante a leitura para
119
que o aluno/leitor tenha compreensão é também de origem social, não se resume
à falta de instrução escolar, mas o plano pedagógico ineficiente, falta de acesso a
informações, falta de planejamento, enfim, é uma gama de características muito
grande que vai contribuir de maneira a não somar para o objetivo do crescimento do
aluno para ter uma compreensão textual.
Se ler é naturalmente compreender, isso é fruto da interação entre texto e
seu leitor (SOLÉ, 1998). A visão que temos como professores é que o aluno não
utiliza as estratégias inconscientemente. Ele possui critérios que o levam a uma
captação de entendimento, independente do tipo de gênero textual, pois estamos
lidando com alunos/leitores que, pelo menos possuem, decodificação, letramento,
distinguem que tipo e gênero de texto está sendo lido. E todas essas
características, em alguns, são conscientes e autônomas; em outros não. Mas, em
suma a cognição do aluno fará uma construção de atividade ao material do texto, ou
seja, o código escrito.
Sole (1998, p.22) nos diz: “A leitura é um processo de interação entre
leitor e o texto; neste processo tenta-se satisfazer, obter uma informação pertinente
para os objetivos que guiam a leitura”. Essa probabilidade de interação dá ideia
de que seu “casamento” terá como resultado uma compreensão da linguagem, mas
nem sempre isto ocorre. No caso deste aluno, as respostas que ele descreveu
apresenta estratégias, demonstra sua própria técnica de leitura, todavia, para um
resultado afirmativo sobre obter a compreensão, não é recomendado, mas a
compreensividade existe.
Solé (1998, p. 99 apud RAPHAEL, 1982; RAPHAEL; WINOGRAD;
PEARSON, 1980), mostram que é possível responder a perguntas sobre um texto
sem tê-lo compreendido globalmente”, ou seja, o macrotexto; lembrando que as
perguntas feitas sobre o texto trarão respostas que vão confirmar a compreensão
textual, mas quando o próprio aluno apresenta sua dificuldade, não porque
afirmar que ele tem compreensão textual.
120
5.7 Aluna N7 – Ensino Fundamental
5.7.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu me organizei a procurar as palavras tônicas, sílabas, vírgulas, espaços, e tentei
compreender a história da maneira em que a pessoa quis falar queria passar
isso”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Qual foi o motivo dela se revoltar contra os pais? A resposta eu daria que no
momento que ela saiu de casa e se revoltou. É que ela acreditava muito que a
rua e os amigos poderiam ser a melhor solução para ela, que ter um pai exigente e
uma mãe exigente. Ela achava que o divertimento na rua de virar uma menina livre
desimpedida, daria mais sucesso de que o conselho dos próprios pais está
escutando e ao mesmo tempo ela percebeu que não era o contrário, tudo que ela
fez era um sonho e tudo que começa um dia acaba e terminou da pior maneira
pra ela. (inferência).
b)“Por que eles desistiram dela tão fácil? Porque não tentou mostrar a ela de
uma maneira diferente e não na ignorância, não na estupidez. Eu pude perceber,
eu acho que eles não eram compreensíveis, ao contrário, queriam mostrar que ela
estava errada, mas na ignorância, então ela achava que ela estava sempre certa e
eles sempre errados. Então, por que eles não procuram outra maneira de
expressar o sentimento que tinham por ela de mostrar que eles amavam e que ela
estava fazendo, estava errada. Seria a melhor solução e evitaria ela pegar uma
AIDS e chegar ao fim do poço, e realmente ela chegou, estava preste a morrer
(inferência).
121
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Pra mim foi fácil entender é como fosse uma história vinda de alguém, pode ser até
uma notícia, agente bate muito com a história, foi interessante, quando agente
começa o texto parece que puxa você a terminar, é como fosse um suspense, então
no final de tudo consegue entender, e então não entende quem não quer.
5.7.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Prestei bastante atenção nos acentos, nas rgulas, nos pontos para obter uma
leitura, ok! E na medida que estava lendo imaginei a história”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que ela sai de casa? Para conhecer o mundo e por desobediência.
b) “Por que o arrependimento bateu? Porque ela viu que melhor coisa e ouvir
nossos pais, pois ele quer o nosso bem, e por não ouvir, o que eles dizem tudo
de ruim aconteceu com a mesma” (inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Bom, para mim este texto é uma história, ou seja, um drama verídico que só de ler
dar dó”.
122
5.7.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Ele está muito explicativo, ele está bem pontuado, bem explicado, procurei ler da
maneira que ele estava escrito com pontos, vírgulas pra entender. Eu entendi como
se fosse um ofício, então eu levei como se fosse um ofício, uma pessoa escrevendo
e comunicando alguma coisa, uma ocorrência para alguém”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que a policial estava ficando negligente na sua profissão? Eu acho que
Edvan (antecipação) estava explicando aqui, que os policiais estava deixando de
ter interesse sobre sua profissão”.
b) “Por que Edvan teve interesse de mandar um ofício para Jurandir Bezerra
comunicando sobre o que estava acontecendo na Polícia? Ele estava vendo
que tinha muitos policiais, que não estava mais cumprindo com o mandamento das
normas, pelo artigo de uma lei, eles tinham que cumprir com todos os interesses,
mas eles estavam fazendo o que queriam”(inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Eu coloco como um ofício. Eu acho que é uma ocorrência que aconteceu, e que a
pessoa tentou levar pra outra uma comunicação e pra entender foi muito fácil,
como falei antes, muito bem explicativa, por isso pra mim foi normal”.
123
5.7.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu procurei da maneira que pedia muita atenção. Para mim o texto é um ofício
de comunicação de ocorrência”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que os policias perdiam o interesse profissional? (antecipação) Porque
não eram motivados na sua atividade de trabalho”.
b) “Por que Edvan mandou este ofício? (antecipação). Eu acredito que ele queria
melhorar a motivação dos seus colegas de polícia legislativa”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Eu não me lembro do gênero textual e a compreensão foi boa. O texto estava bem
escrito corretamente e muito bem pontuado”.
5.7.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos – EJA
ENSINO MÉDIO – ALUNO N7 TEXTO I - “ QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A aluna N7 ao utilizar o seu ponto de vista, sua visão de mundo, suas
inferências, usa palavras que não condiz com a realidade do Texto. Ela menciona
que “os pais da personagem Clara eram ignorantes”. Pode-se até raciocinar por este
124
lado, de forma distante, mas o texto não propõe esta linha de pensamento, pois é
escrito que a Clara recebera conselhos dos pais. A aluna faz uma pequena confusão
em seu entendimento, além de tentar persuadir o professor com suas palavras ao
mencionar que procurou observar os acentos, morfologia, palavras tônicas. Esta
aluna obteve uma compreensividade textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A aluna N7 em suas palavras faz inferência muito subjetiva, sem ligação
com o contexto, não identifica o gênero textual, não justifica, possui dificuldade na
escrita. o demonstrando entendimento na proposta global do texto. Ela obteve
compreensividade textual.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A aluna N7 não percebe a proposta do texto, mesmo utilizando a
estratégia de inferência, ela não consegue desenvolver argumentos em suas
respostas que possibilitem um entendimento satisfatório para uma compreensão. Ela
obteve compreensividade textual, embora identifique uma personagem do texto
(antecipação).
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A aluna N7 obteve compreensividade textual, suas respostas são
imprecisas, somente utilizou a parte cognitiva e demonstra ter dificuldade de
vocabulário, ou seja, a parte linguística o condiz com nenhuma estratégia das
suas perguntas, porém utiliza a estratégia de antecipação para construir as
perguntas.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DA ALUNA N7
A aluna N7 obteve êxito de entendimento, suas respostas não consistem
num aprendizado, nem houve demonstração de sentido do texto. A compreensão
do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações
entre o texto e o contexto” (FREIRE, 1997, p.11).
125
Quem pelo menos tem conhecimento de letramento, decodificações,
morfologia, sintaxe, enfim, as condições básicas para poder assimilar a leitura,
consegue no mínimo captar o sentido textual com as construções do modelo mental
criado para uma conexão entre as informações contidas no texto, a ponto de, com o
caminhar da leitura, o somatório de informações ativar também o conhecimento de
mundo relevante (inferências), para que a informação textual possa funcionar como
complemento de transformação, ou seja, consegue dar continuidade, dinamismo ao
texto.
A construção de um entendimento significativo é um processo que
extrapola o texto, mas que se origina a partir do contato que se obtém com ele. A
postura de um aluno/leitor nunca é passiva, por causa das informações contidas no
texto, nem se converge aos significados presentes no texto, tem que haver
relacionamento contínuo e com monitoramento, ou seja, consciência automática de
seu entendimento.
A aluna em questão coloca suas respostas causando impressão
intelectual de que “conhece algo linguístico”, todavia suas inferências
complementam de forma “fantasiosa”. A tarefa de compreensão não se limita a um
mero reconhecimento do elemento usado, pelo contrário, trata-se de compreendê-lo
com relação a um contexto específico e concreto; trata-se de entender seu
significado em termos de um enunciado específico, ou seja, trata-se de
compreender o elemento em termos de sua novidade e não apenas reconhecer o
óbvio (MARCUSCHI, 1996).
Para Marcuschi, os elementos propiciadores para compreensão estão
inseridos e produzidos em contextos sociais, reais, concretos com vida dinâmica
comunicativa, ou melhor, com visão futura. A aluna N7 tem sua compreensividade
por atribuir suas respostas a pontos de sua inferência (visão de mundo).
5.8 Aluna M8 – Ensino Médio
5.8.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
126
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu vir esse texto, agora assim pra ler e entender. Ele já foi explicado claramente
para mim, eu já sei mais ou menos como ele é. Eu não sei dizer.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que ela ficou sozinha? Por várias promoções da vida dela, ela pegou AIDS
(antecipação). Eu acho que ela foi castigada não só por isso, mas por outras coisas
também. Ela sabia que estava com essa doença por isso que foi difícil ela voltar pra
casa”.
b)“Como foi que ela pegou AIDS? Porque provavelmente, ela saiu com alguém e
não sabia que essa pessoa tinha AIDS (inferência), foi difícil ela voltar, até por
que ela sabia que estava com essa doença”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Como assim? Bom, é que eu fico nervosa, mas é assim mesmo, e ao ler o texto é
como se fosse um tipo da vida real da gente entendeu? Que pode acontecer com
algum de nós”.
5.8.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Este texto foi muito bem elaborado e muito claro de entender a situação. Quando
eu estava lendo lembrei da história de uma amiga minha que passou pela mesma
127
situação, parece mentira, mas foi idêntica a historia dela com essa foi aí que me deu
mais vontade de ler.( seleção) Interessante que estas histórias acontecem também
na vida real, realmente são fatos verídicos ( inferência), e Clara tinha medo de ficar
sozinha e precisava dos pais (antecipação). Por isso que para mim foi fácil entender
e compreender o texto.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que Clara escreveu esta carta (antecipação) para os pais? Por que ela
se arrependeu de tudo que tinha feito e queria voltar para casa, e viver ao lado da
família.
b) “Por que Clara resolveu sair de casa? Ela pensava que a vida, que ela ia ter
era a melhor, mas foi tudo engano. A vida e dura e ensina a cada dia as pessoas
viver neste mundo” (inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Uma carta e foi muita clara por conta da situação que aconteceu na vida de uma
amiga minha (inferência), e por isso que ficou muito claro a compreensão deste
texto”.
5.8.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu li e reli para poder entender realmente o texto. Mas, tinha palavras difíceis e que
eu não conhecia, quando lia estas palavras atrapalhava e eu tinha que ler
novamente. Foi o que eu fiz”.
128
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“O que o diretor (antecipação) pede para o presidente? Um curso
profissionalizante pra ele”.
b) “Com se chama o presidente? Parece que o nome dele é Edvan
(antecipação).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE
“É uma carta escrita pelo diretor para o presidente pedindo uma qualificação
profissional. As palavras que tinham no texto era difícil, fica até gaguejando, rs! O
gênero textual é uma carta. Para mim, eu achei que foi um pouco formal demais,
mais compreende que foi uma solicitação de melhoria para o crescimento
profissional tendo como objetivo se qualificar e motivar para o melhor atendimento
ao serviço público”(inferência).
5.8.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Bem, li o texto, mas na primeira leitura não compreende direito, achei que o texto
estava muito formal por isso tive que ler várias vezes, pausadamente para poder
compreender um pouco. Procurei ter bastante atenção para poder interpretar de
forma correta a mensagem que o texto quer passar”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
129
a) “Qual a importância numa estruturação e modernização dos serviços e
instalações e principalmente do aperfeiçoamento e capacitação do efetivo
através de cursos (antecipação)? É por que através da modernização e
estruturação através de cursos, o profissional tende a ficar motivado e qualificação”
(inferência).
b) “Qual a importância de uma qualificação? Prestar um bom serviço e pronto
atendimento do interesse”(inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“O gênero textual é uma carta. Para mim, eu achei que foi um pouco formal demais,
mais compreende que foi uma solicitação de melhoria para o crescimento
profissional tendo como objetivo se qualificar e motivar para o melhor atendimento
ao serviço público”(inferência).
5.8.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO MÉDIO – ALUNA M8 TEXTO I - “ QUERIDOS PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A aluna M8, na forma oral, apresentou um dado do seu comportamento,
pois ela menciona “nervosismo”, usa duas estratégias (antecipação e inferência)
de modo simples, talvez pelo fato da forma de seu comportamento, ela tenha
perdido o sentido do texto, mas, em análise, neste aspecto, ela obteve
compreensividade textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A aluna M8 menciona, em suas respostas, uma experiência de seu
conhecimento e atribui a este fato uma melhor compreensão do texto. Ela utiliza as
estratégias de leitura de antecipação, inferência e selecionando o que a levou a
ler o texto, sua compreensão pode ser demonstrada na descrição da resposta a
130
pergunta do questionário, apesar de não justificar suas próprias perguntas,
talvez por falta de atenção, mas para com o texto, ela demonstra familiaridade e
obteve compreensão textual.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A aluna M8 confunde-se com o sentido do texto, fazendo menção que a
carta é um pedido de qualificação profissional para uma pessoa (diretor). Além de
enfatizar sua dificuldade de vocabulário, as estratégias implícitas (antecipação e
inferência) não lhe foram suficientes para um domínio do texto, apenas absorve
partes do contexto, ela adquire assim uma compreensividade textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A própria aluna M8 descreve que não teve compreensão devido ao
vocabulário do texto não ser comum. As estratégias que utilizou (inferência,
antecipação) não foram suficientes para facilitar sua compreensão. Ela não justifica
suas perguntas, que são basicamente idênticas, não consegue absorver o contexto.
Ela teve uma compreensividade textual.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DA ALUNA M8
A dificuldade demonstrada na escrita e parte oral pode ser proveniente do
baixo entendimento linguístico. A repetição da leitura demonstra esta dificuldade.
Desta forma, a aluna M8 teve compreensividade. Quando não há interatividade
textual, o entendimento obtido por quem lê não traduz ação contínua, a
interatividade para construção de sentido é importante no processo da
compreensão. O autoenvolvimento e o envolvimento com o leitor é a funcionalidade
discursiva. Quando tal interação é ocorrida no aluno/leitor, a identificação das
estratégias inconscientes nas respostas possuem uma lógica segmentada que é
reconhecida por quem lê e também por quem analisa o resultado.
O aprendizado que ocorre no ato da leitura é bastante subjetivo e
individual, pois devemos lembrar que o aluno (EJA) está fora do contexto dos alunos
131
tradicionais. Não quero aqui afirmar que é uma regra fixa, mas uma característica
social que interfere no processo de aquisição para uma compreensão textual.
Marcuschi (2005) ressalta a importância de as atividades voltadas para a
observação das marcas de interatividade na produção do texto oral partirem de
exemplos concretos.
Assim, é importante que os alunos tenham a oportunidade de, por meio
de gravações em áudio e em vídeo, observarem o funcionamento de conversações.
Ou seja, a praticidade do trabalho textual em várias formas (oral e escrita) em sala
de aula ajudam a criar maneiras de contribuição ao aluno na construção de um
caminho para a compreensão. É até verdade que, na leitura, o título possibilita ao
leitor situar-se na temática, facilita as coordenadas e tem certo grau de conveniência
(CINTRA, 1986), mas esses dados não são indispensáveis para a construção de
uma textualização; devem atuar na contextualização e são decisivos no avanço de
expectativas a respeito do texto, pois estão situados num espaço contextual de
interação (MARCUSCHI, 1983).
A interação real é completa, não induz a argumentação, trocas,
questionamentos, mas extrapola o texto e comunica em boa parte a previsão de
fatos, ou melhor, explica. A inter-relação desta aluna com o texto não lhe foi
suficiente para uma compreensão textual.
5.9 Aluna L9 – Ensino Médio
5.9.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
1- QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Simplesmente eu li o texto”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
132
“Eu tenho que fazer uma pergunta pra mim ou pra você?”
a) Por que veio correndo agora para os pais? Por que eu acho que ela não
deveria ter saído de casa ou deveria ter saído mais em busca do melhor para ela,
não ter indo procurar problemas e depois voltar ( inferência)”.
b)“Será que os pais aceitaram? Eu acho que sim, aceitaram, mas não tenho
certeza”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Eu conseguir entender algumas coisas, por que às vezes dá um branco quando
estou lendo; é assim, eu tô lendo e entendendo, que de repente, quando é pra
me explicar, eu tenho dificuldade quando é pra explicar. Aí termino esquecendo
alguma coisa e algumas partes que está faltando”.
5.9.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
1- QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE
“Apenas prestei muito atenção e comecei a observar as palavras era como se
estivesse vivenciando aquilo tudo e o que Clara fez muito jovens fazem, por
exemplo: fugir de casa, ser ingrata com os pais, largar os estudos, tornar-se viciada,
ir para São Paulo ou outro lugar com amigos (antecipação),etc.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Clara (antecipação) se arrependeu de ter saído de casa? Sim, pois ela o
sabia que era muito difícil a vida lá fora”.
133
b)“ Os pais de dela perdoaram? Sim, pois ela é apenas uma filha que não sabia
de nada da vida , então eles deram a primeira chance”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Uma carta, Ela é apenas uma jovem como outra que achava que a vida fora era
fácil largou tudo em busca de um simples desejos, quando na verdade descobriu,
que não era tão simples assim, aí era tarde de mais, mais a esperança e
a única que morre, (inferência) então ela resolveu mandar uma carta para os pais
falando do seu arrependimento”.
5.9.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Na verdade apenas li. que pra mim foi um pouco difícil e ainda estou tentando
compreender”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Para quem Edvan Vieira está mandando esta mensagem? Para o diretor,
deixa eu ler o nome dele, parece que é Jurandir Bezerra”(antecipação).
b) “Desculpa, mas não consigo fazer outra pergunta”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Uma carta até porque a professora trabalhou gêneros textuais em sala de aula e eu
aprendi. que esta carta a leitura e escrita dela foi um pouco complicado, ainda
134
estou tentando compreender, entendo poucas palavras e tinhas algumas que não
conhecia e isso dificultou minha leitura. As palavras que eu entende fiz a pergunta,
eu observei quem escreveu e para quem mandou, mas no todo do texto, por
exemplo, qual o objetivo desta carta, eu não sei”.
5.9.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Utilizei a compreensão do texto e verifiquei que era uma vida real como um sistema
político”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
“Desculpa, não conseguir fazer a pergunta, mas entendi o texto”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“O gênero é um sistema de lei”.
5.9.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO MÉDIO – ALUNA L9 TEXTO I - “ QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
135
A aluna L9 afirma sua dificuldade e diz que “algumas coisas conseguir
entender”. Ela demonstra relaxamento na leitura, opina com sua visão (inferência),
mas não consegue entender a pergunta feita, pois é mencionada no questionário a
sua dúvida (eu tenho que fazer uma pergunta pra mim ou pra você?) de se
salientar aqui, a dificuldade de processar o ato da leitura para seu entendimento
(cognição, letramento). Ela obteve compreensividade textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A aluna L9 faz confusão nas suas respostas ao sentido que o texto
propõe, não clareza nas respostas, ela até identifica o gênero do texto, mas
afirma que “os pais de Clara lhe concederam uma chance” e em nenhum momento o
texto diz isto. Utiliza a estratégia de leitura antecipação para responder a
pergunta, mas não ligação com a resposta feita. Sua percepção não demonstrou
segurança, além de ter feito inferência na última pergunta. Ela nesta forma teve
compreensividade textual.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A aluna L9 diz que as palavras são difíceis, identifica o gênero, mas não
desenvolve as respostas com consistência para que possamos perceber até que
ponto está seu entendimento. Nesta forma, também, ela obteve compreensividade
textual. A única estratégia utilizada foi a de antecipação.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A aluna L9 possui grande dificuldade de entender o texto, a ponto de não
conseguir fazer suas próprias perguntas, não utiliza estratégia nenhuma, percebe
que se trata de um gênero ligado ao sistema de lei, ou seja, a sua identificação de
gênero não é exata, não descreve nenhuma situação do contexto, ela tem uma
pequena noção do texto, possui uma compreensividade com pouca base de
entendimento. Ela diz que “não consegue” fazer a pergunta e ao mesmo tempo
afirma que entendeu. Sabemos que a utilização de estratégias é uma base para
compreensão, porém esta obteve compreensividade textual.
136
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DA ALUNA L9
A aluna L9, não justificando as suas perguntas, e perguntando o que é
para ser feito, demonstra uma dificuldade perigosa, pois a entender que não
houve decodificação da linguagem.Esta obteve na pesquisa uma compreensividade.
Quando lemos, existem aspectos que são construídos durante o processo da leitura
que nos avisa quando compreendemos ou não um texto.
Estes aspectos ajudam a construir a monitoração das informações, dando
funcionalidade ao entendimento. A compreensão de um texto envolve a capacidade
de elaborar um resumo, que reproduz seu significado global de forma sucinta (VAN
DIJK, 1983, apud SOLÉ, 1998, p. 116). Ocorrendo isto, o aluno/leitor consegue
traduzir com suas palavras a mensagem proposta pelo texto, onde as estratégias
implícitas inconscientes aparecem de maneira lógica e seu aprendizado é de forma
crescente.
A aluna frequentemente expõe sua dificuldade em ambas as formas oral e
escrita dos textos, percebemos que existe dificuldade de entender a construção da
frase (linguística). Quando um leitor experiente percebe a dificuldade para uma
compreensão, logo realizam-se ações para que haja suprimento da “brecha”
criada. Este processo, Solé chama de metacognitivo, pois torna-se produtivo para a
construção durante a leitura e ocorre aprendizado com as verificações, previsões
que, por meio da interação com a leitura, faz-se desde o título do texto à sua
completa estrutura.
Quando o aluno possui as dificuldades mencionadas, o trabalho do
professor em sala de aula deve enfocar os aspectos da decodificação, no sentido de
o aluno adquirir com progresso o controle do seu processo de leitura, e tenha a
capacidade de construir uma interpretação conveniente do que está lendo, pois
as estratégias utilizadas, sejam elas de antecipação, seleção, previsão, inferência,
verificação, etc., são caminhos para compreender o texto. Lembremo-nos de que, na
leitura, existe um ato discursivo proveniente de várias leituras que podem ocorrer no
ato de ler. Então não é no texto em si que estão (como conteúdos) as múltiplas
possibilidades de sua leitura, é no espaço constituído pela relação do discurso e o
texto, um entremeio, onde jogam os diferentes gestos de interpretação.
137
Portanto, não se trata, assim, nem de marcas visíveis na ngua ou
só na ação do contexto. São relações estabelecidas a partir dessa articulação
material fundamental, a do texto com o discurso. Essa relação discursiva é ajudante
de uma construção compreensiva, e os leitores devem procurar adquirir tal relação.
A leitura significativa é construção e compreensão” (SOLÉ, 1998). A aluna em
questão não teve sucesso, ela possui compreensividade textual.
5.10 Aluna S10 – Ensino Fundamental
5.10.1 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu li a história e fiquei imaginando o que aconteceu até entender, não foi fácil.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“Por que ela pegou AIDS (antecipação)? Porque ela estava com algum
problema na vida, por isso que pegou AIDS”.
b)“Por que ela se distanciou dos pais? Eu acho que ela não era compreendida
em casa”.
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Sei lá, foi boa, eu acho que ela estava perdida e não quis procurar os pais dela. Foi
isso”.
5.10.2 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto I)
TEXTO I “QUERIDOS PAIS”
138
1º QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE
Eu li e imaginei a história”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a) “Por que largou os estudos? Porque não ouvi minha família e fui ingrata ganhei
o mundo, peguei Aids( antecipação) e fiz minha família sofrer”.
b) “Por que ela quis procurar os pais agora? Porque se arrependeu, viu que
nessa vida não ganhava nada de bom, e queria ter o perdão dos pais antes de
morrer para tentar consertar a vida dela” (inferência).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Entendi que é uma carta de uma filha desesperada. Acho que foi prostituta talvez,
que menosprezou a família, quebrou a cara e quis voltar atrás, depois que se
arrependeu.
5.10.3 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (oral do texto
II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“Eu lia de vagar, li umas três vezes para poder entender.Só”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
139
a)“Quando o servidor da área de segurança não estimulado e qualificado
(antecipação). O que acontece? Perde seu interesse profissional, cai na apatia e
desconsidera a importância de sua função” (antecipação).
b)“Quem é o presidente da ASSPOL? Edvan Vieira (antecipação).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
“Isso é uma carta. Foi difícil porque tem muitos códigos pra mim foi complicado, e
não tenho o que explicar e falar professora, achei muito complicado. Foi difícil”.
5.10.4 Alunos que usam estratégias para ler e compreender um texto (escrita do
texto II)
TEXTO II “ Senhor Diretor”
QUE ESTRATÉGIAS VOCÊ UTILIZOU PARA LER E COMPREENDER ESTE
TEXTO? OU SEJA, O QUE VOCÊ FEZ? COMENTE.
“ Eu li várias vezes pausadamente para poder entender o texto”.
CONSTRUA DUAS PERGUNTAS COM BASE NA LEITURA DO TEXTO E
JUSTIFIQUE O PORQUÊ DESTA PERGUNTA.
a)“O que acontece quando o servidor da área de segurança não é estimulado?
Perde seu interesse profissional, cai na apatia e desconsidera a importância da sua
função”(antecipação).
b)“Quem escreveu a carta? O presidente da Asspol-PE , Edvan Vieira de França
Paz”(antecipação).
3º QUAL O GÊNERO TEXTUAL UTILIZADO NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO?
COMO FOI PARA VOCÊ A COMPREENSÃO? EXPLIQUE.
140
“Gênero carta. A compreensão foi clara e objetiva, mas achei um pouco complicado
porque tinha palavras que não conhecia e o texto tinha uma linguagem mais
difícil do que o primeiro texto que a professora aplicou para este estudo”.
5.10.5 Resultado do uso das estratégias de leitura pelos alunos da Educação de
Jovens e Adultos - EJA
ENSINO FUNDAMENTAL - ALUNA S10 TEXTO I- “QUERIDO PAIS ”
QUESTIONÁRIO ORAL
A própria aluna S10 diz que “não foi fácil” entender o texto, suas
respostas ficam vagas, confusas, pois responde de maneira inconsistente com
expressões tais como: “sei lá”, eu acho que”. Talvez por ser de forma oral, não
teve a percepção de monitorar as informações, apenas utiliza uma estratégia
para identificar uma palavra do texto (AIDS), antecipação. A aluna teve
compreensividade textual.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A referida aluna, mesmo fazendo uso de estratégias como antecipação e
conhecimentos prévios (inferências), não demonstra uma compreensão
convincente para a qual o texto é escrito. Suas respostas são de pouca consistência,
não nos dá idéia de reflexão. Desta forma, tem compreensividade textual.
TEXTO II - “SENHOR DIRETOR ”
QUESTIONÁRIO ORAL
Na forma oral, a aluna S10 enfatiza a dificuldade de processar as
informações devido à linguagem do texto, demonstrando dificuldade na parte
linguística, evidenciando assim, a compreensividade textual. Apenas utilizou a
estratégia de antecipação.
QUESTIONÁRIO ESCRITO
A aluna S10 diz que o texto possui vocabulário difícil e fala que a
compreensão foi clara e objetiva e também complicada. Como uma compreensão
141
pode ser clara com complicação? Além desta contradição, uma estratégia
utilizada (antecipação). A aluna S10 teve compreensividade textual.
RESULTADO DA ANÁLISE DO TEXTO I E TEXTO II
NAS FORMAS ORAL E ESCRITA DA ALUNA S10
A aluna S10 assume o papel de sua compreensividade. As estratégias
que ela utilizou não foram suficientes para demonstrar um domínio do texto, haja
vista que cognição e linguístico, segundo Spinillo, é um processo intricado da
mente humana e esta aluna não teve sucesso; nela há uma demonstração
de compreensividade textual. Os textos trabalhados na sala de aula são de realidade
social atual, a qual pode ser vivida por qualquer aluno ou cidadão.
Esta aluna S10 expressa sua dificuldade em ambos os textos. Podemos
colocar sua avaliação como proveniente do uso de estratégias subjetivas, porém
sem muita habilidade de monitoramento; tem habilidade de decodificação, com
dificuldade de semântica. As inferências usadas até demonstram “certo”
conhecimento prévio, mas de pouca consistência; a parte linguística é apontada pela
aluna como fator de ausência para ter uma compreensão textual. No entanto, de
alguma forma podemos perceber que a aluna descreve algo do texto em suas
palavras. Ela identifica o gênero e responde aquilo que lhe coube entendimento.
Podemos mencionar aqui, a explicação de Marcuschi (2003, p. 46,47)
quando fala do processo de retextualização. Ele aborda a questão, dissertando “que
não é um processo mecânico, que a passagem da fala para a escrita não se
naturalmente no plano dos processos de textualização”. Trata-se de um processo
que envolve operações complexas que interferem tanto no código como no sentido
e evidenciam uma série de aspectos nem sempre bem-compreendidos da relação
oralidade escrita.
A aluna S10 colocou suas respostas mediante a sua capacidade de
integrar as informações do texto oral e escrito pautadas nas suas inferências, mas
não demonstrou clareza para uma compreensão. Por isso, queremos ainda aqui
descrever outra explicação de Marcuschi para comprovar a compreensividade da
aluna. Marcuschi descreve que, entre oralidade e escrita não existem diferenças
quanto aos conhecimentos que podem ser por elas transmitidos ou gerados. Ele
lembra Alson (1997, p. 32), citando Carruthers, que “o fato de escrevermos alguma
coisa não pode alterar nossa representação mental dessa mesma coisa”. Assim, fala
142
e escrita não são duas habilidades de qualidade para conhecimentos ou fornecer
conhecimentos.
A escrita não acrescenta massa cinzenta ao indivíduo que a domina bem,
como o não-domínio da escrita não é evidência de menor competência cognitiva.
Deve-se, pois, distinguir entre o conhecimento e acapacidade cognitiva. Quem
possui o domínio da escrita poderá, eventualmente, ter acesso a um maior número
de conhecimentos. Não é verdade que a fala seja o lugar do pensamento concreto e
a escrita o lugar do pensamento abstrato. As respostas da aluna dão ideia da
utilização de uma das partes estratégicas, cognição ou parte linguística, para o seu
entendimento textual. Dessa forma, havendo utilização de uma destas
características ocorre uma compreensividade textual.
A leitura é extremamente necessária nos dias atuais, pois não se restringe
ao ato de compreensão e compreensividade, a interação produzida entre o texto e o
leitor atinge aspectos que são subjetivos e que, particularmente, existem nas
habilidades cognitivas e linguísticas de cada leitor. Uns em maiores intensidades,
outros não.
Spinillo uma explicação que nos orienta o sentido de uma
compreensão. Afirma que existem três perspectivas que configuram estudos sobre
compreensão: uma de natureza teórica, outra empírica e outra educacional.
A teórica envolve tanto os processos cognitivos e linguísticos como a identificação
de fases e estratégias no processo de compreensão. A empírica tem seu caminho
na investigação dos fatores linguísticos e cognitivos responsáveis pela compreensão
de textos, pois farão a verificação das dificuldades que serão apresentadas pelos
leitores. Dessa linha de investigação, presume-se a compreensão e a
compreensividade.
a questão educacional é uma análise dos procedimentos elaborados
em sala de aula, provenientes dos livros didáticos, bem como a didática que o
professor executa em sala de aula para desenvolver a compreensão textual. Vale
ressaltar aqui, que a questão educacional tem sua origem também no seio sócio-
familiar do aluno. Nesta dissertação já fora abordado este aspecto. Sem querer ser
repetitiva, mas para dar ênfase, segundo Soares (1996, p. 27-35): Ensinar letrando
significa orientar a ler levando a conviver com práticas reais de leitura”.
É necessário percebermos todos os aspectos que levam a uma
compreensão textual, o macrotexto, a cognição, o linguístico.Neles estão já inseridos
143
os microtextos, metacognição, contexto. Tendo o aluno/leitor entendimento dessa
estrutura, haverá uma compreensão textual; havendo partes dessas estruturas, a
compreensividade será apresentada. A aluna S4 é um exemplo de
compreensividade.
5.11 Resultado da compreensão textual e compreensividade textual
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Texto I Texto II
Texto I - Compreensão Oral
Texto I - Compreensividade
Oral
Texto I - Compreensão
Excrita
Texto I - Compreensividade
Escrita
Texto II - Compreensão Oral
Texto II - Compreensividade
Oral
Texto II - Compreensão
Escrita
Texto II- Compreensividade
Escrita
Gráfico 3: Percentual geral dos alunos na Compreensão Textual e Compreensividade
Textual dos Textos I e II
De acordo com o diagrama, podemos observar que as relações obtidas
entre a compreensão textual e a compreensividade textual vêm demonstrar os
resultados de forma percentual. No texto I, “Queridos Pais”, na modalidade oral, a
percentagem é de 50%, e, na escrita, 60% para compreensão textual. A modalidade
oral do texto II, “Senhor Diretor”, é de 50% e, na escrita, 40% também para
compreensão textual.
Já o diagrama para compreensividade no texto I “Queridos Pais”, na
modalidade oral foi de 50%, e, na escrita, foi de 40%. No texto II “Senhor Diretor”, na
144
modalidade oral obteve 50%, e, na escrita, 60%. Tal amostragem gráfica esclarece
as correlações de resultados dos alunos após a pesquisa e coleta de dados.
Se observamos as percentagens, o resultado obtido para compreensão
textual, no texto I, mais o resultado de compreensividade textual no mesmo texto
na modalidade oral é de 100%, com isso, metade dos alunos tiveram compreensão e
a outra metade compreensividade. Na modalidade escrita do mesmo texto, as
percentagens foram 60% para compreensão textual e 40% para compreensividade
textual, ou seja, 6 (seis) alunos obtiveram compreensão nesta modalidade e 4
(quatro) compreensividade.
no texto II, na modalidade oral, a percentagem é de 50% para
compreensão textual e 50% para compreensividade textual, isto é, 5 (cinco) alunos
obtiveram compreensão e 5 (cinco) compreensividade.Na modalidade escrita do
mesmo texto, a percentagem de 40% foi para compreensão textual e 60% para
compreensividade textual, então 4 (quatro) alunos nesta modalidade obtiveram
compreensão e 6 (seis) compreensividade.
Fazendo o somatório das percentagens de compreensão textual,
independente da modalidade, e observando o texto, encontramos que no texto I,
“Queridos Pais”, a soma das percentagens de compreensão textual é igual a 110%,
a soma de compreensividade é igual a 90%. No texto II, “Senhor Diretor”, o
somatório das percentagens de compreensão textual foi de 90% e a soma de
percentagem para compreensividade textual foi de 110%.
Essa ocorrência de acréscimo percentual deve-se ao fato de que o
resultado de um dos alunos (F2), em seu trabalho de leitura e respostas dadas ao
questionário feito, na modalidade escrita do texto II, foi de compreensividade textual,
descrito e justificado na análise, como também a aluna (M8), que na modalidade
escrita do texto I, teve como resultado compreensão textual, o que está justificado na
análise.
145
COMPREENSÃO COMPREENSIVIDADE
TEXTO I TEXTO II TEXTO I TEXTO II
Tabela 1 – Resultados colhidos dos alunos que obtiveram Compreensão e
Compreensividade nos textos trabalhados
A tabela acima expõe os alunos que obtiveram a compreensão textual e a
compreensividade textual nas modalidades oral e escrita. A tabela vem mostrar de
maneira sintética a análise individualizada de cada aluno.
5.12 Distribuição das estratégias utilizadas pelos alunos – EJA na prática de leitura
e compreensão de textos nas modalidades de oralidade e escrita
50%
70%
90%
50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
SELEÇÃO
ANTECIPAÇÃO
INFERÊNCIA
VERIFICAÇÃO
Gráfico 4: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do texto I - Oralização
ALUNO ORAL ESCRITO ORAL ESCRITO ORAL ESCRITO ORAL ESCRITO
K1
X X X X
F2
X X X X
A3
X X X X
L4
X X X X
A5
X X X X
W6
X X X X
N7
X X X X
M8
X X X
L9
X X X X
S10
X X X X
146
50%
90% 90%
50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
SELEÇÃO
ANTECIPAÇÃO
INFERÊNCIA
VERIFICAÇÃO
Gráfico 5: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do texto I - Escrita
40%
100%
70%
40%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
SELEÇÃO
ANTECIPAÇÃO
INFERÊNCIA
VERIFICAÇÃO
Gráfico 6: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do texto II - Oralização
147
10%
80%
60%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
SELEÇÃO
ANTECIPAÇÃO
INFERÊNCIA
VERIFICAÇÃO
Gráfico 7: Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do Texto II - Escrita
Podemos observar, nos gráficos acima, que tanto as modalidades como a
forma do texto podem interferir na evidência das estratégias de leitura para que, o
aluno/leitor obtenha compreensão ou compreensividade textual. Os 4 (quatro)
gráficos mostram as percentagens das estratégias de leitura nas modalidades oral e
escrita dos textos trabalhados nesta pesquisa e ressaltam as estratégias de leitura
em maior evidência, que foram: antecipação e inferência, independente do texto e
da modalidade. Isto vem confirmar o que reafirma Ferreiro (1998, p. 17):
como a seleção, as predições e as inferências são estratégias básicas
de leitura, os leitores estão constantemente controlando sua própria
leitura para assegurar-se de que tenha sentido.
Vale registrar que, a estratégia de leitura predição é a mesma que antecipação,
apenas a nomenclatura para alguns autores é utilizada de forma diferente, todavia
tem a mesma significação e sentido.
148
5. 13 Comparação do uso das Estratégias na Análise do texto I e II - Oralização e
Escrita
60%
100% 100%
60%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
SELEÇÃO
ANTECIPAÇÃO
INFERÊNCIA
VERIFICAÇÃO
Gráfico 8 - Resultado geral do uso das Estratégias na Análise do Texto I e Texto II-
Oralização e Escrita
Durante a dissertação, foi descrito, constantemente, que as estratégias de
leitura utilizadas pelos alunos foram de forma subjetiva e, algumas delas em junção
com outras, como também houve ausência, embora os alunos tenham respondido às
perguntas alusivas ao texto. Este último gráfico vem demonstrar e confirmar que as
estratégias de leitura mais evidentes num trabalho de compreensão feito por quem lê
são: inferências e antecipação, pois nesta pesquisa os resultados mostraram isto. O
gráfico acima é uma amostragem clara.
Estratégias de Leitura
ALUNOS
SELEÇÃO ANTECIPAÇÃO INFERÊNCIA VERIFICAÇÃO
K1 X X X X
F2 X X X X
A3 X X X X
L4 X X X X
A5 X X X X
W6 X
N7 X
M8 X X
L9 X
S10 X
Tabela 2 – Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto I “Queridos Pais”- Modalidade Oral
149
Estratégias de Leitura
ALUNOS
SELEÇÃO ANTECIPAÇÃO INFERÊNCIA VERIFICAÇÃO
K1 X X X X
F2 X X X X
A3 X X X X
L4 X X
A5 X X X X
W6 X
N7 X
M8 X X X X
L9 X X
S10 X X
Tabela 3 – Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto I “Queridos Pais”- Modalidade Escrita
Estratégias de Leitura
ALUNOS
SELEÇÃO ANTECIPAÇÃO INFERÊNCIA VERIFICAÇÃO
K1 X X X X
F2 X X X X
A3 X X X X
L4 X X
A5 X X X X
W6 X
N7 X X
M8 X X
L9 X
S10 X
Tabela 4 – Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto II “Senhor Diretor”- Modalidade Oral
Estratégias de Leitura
ALUNOS
SELEÇÃO ANTECIPAÇÃO INFERÊNCIA VERIFICAÇÃO
K1 X X
F2 X
A3 X X X X
L4 X X
A5 X
W6 X
N7 X
M8 X X
L9
S10 X
Tabela 5 – Resultados colhidos dos alunos das evidências de Estratégias de
Leitura nos Textos trabalhados – Texto II “Senhor Diretor”- Modalidade Escrita
As tabelas acima, que apresentam as amostragens por aluno, estão
evidenciando quais dicentes, de acordo com análise individual feita nesta
dissertação, utilizaram as estratégias de leitura. Observando as cores para uma
150
melhor clareza das informações, perceber-se-á em que modalidade as estratégias
foram mais presentes ou não. Vale ressaltar que, de acordo com a fundamentação
teórica, nota-se a consistência da presença da estratégia de leitura, antecipação e
inferência, pois segundo Ferreiro (1998) e Silva (2002), tal estratégia é básica no ato
da leitura.
151
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta análise veio ressaltar uma questão social que na dissertação
descreve-se como um dado importante, por se tratar de alunos da EJA. É bom
lembrar que o contexto social em que estes estão inseridos, ou seja, a realidade
social vivida por estes alunos é ponto de influência para uma cultura de
comportamento diferente da esperada no mundo acadêmico. O dia a dia dos alunos
da EJA caracteriza uma realidade não considerada, na maioria dos livros. Por
exemplo, a dificuldade de compreender textos, fato que ocorre no cotidiano da sala
de aula.
Compreensão é maturação contínua de entendimento da linguagem oral e
escrita pela sensibilidade cognitiva. Não podemos ver a “compreensão” num sentido
quantitativo, como algo que possa ser medido ou pesado. A língua tem existência
num universo de vida e suas diversas manifestações, como nas expressões orais,
escritas, de leituras de imagens e signos. Tem amplitude que não se mede, pois
tudo que existe transmite mensagem. A Bíblia Sagrada nos diz:
os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra
das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite fez
declaração à outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as
suas vozes em toda a extensão da terra e as suas palavras, até ao
fim do mundo (Salmos, 19, 1-4)
Os versículos nos mostram uma evidência de linguagem, onde cada astro
possui sua função no sistema solar e cada um exerce de forma contínua a
expressão de sua linguagem. E, em se tratando do homem, a oralização e a
escrituração são formas de comum acesso, bem lecionadas e discutidas numa
relação de prática social e pedagógica em constante aprendizagem.
O trabalho realizado com os alunos da EJA vem sendo desempenhado de
maneira que os instrumentos pedagógicos, em sala de aula, sejam acessíveis a
todos os alunos, mas nesta pesquisa podemos observar as dificuldades gerais e
específicas de cada aluno, no que diz respeito à leitura e compreensão de texto.
Nesta dissertação apresentamos as respostas dos alunos, dadas através de
questionário de três perguntas, onde investigamos o uso das estratégias de leitura
152
como maneira de se chegar à compreensão, pois todos, de alguma forma,
apresentaram seu entendimento assimilado pelo ato da leitura.
Estratégias de leitura, como vimos, são de natureza cognitiva e sua
mecânica é subjetiva na mente de quem lê, mesmo que se utilize conscientemente
(metacognição), o resultado de compreensão será visto através da construção do
entendimento feito na leitura (construção de sentidos). É necessário que tenhamos
em mente, como professores, pesquisadores da língua e de todas as formas que
envolvem linguagem, que compreensão não se mede, pois, de alguma forma, o leitor
alfabetizado ou letrado possui percepção para armazenar algo do que e fala. Por
isso apresentamos a compreensividade como resultado de respostas para aqueles
leitores que, mesmo utilizando as estratégias de leitura, não chegaram à
compreensão textual, porém demonstraram a sua capacidade de entendimento dos
textos lidos.
Concluímos que a leitura é um caminho cheio de múltiplas formas de
interação para entendimento do texto. As estratégias usadas pelos alunos da EJA
nos mostraram, em evidência, que não levam para compreensão textual
independente da modalidade (oral e escrita), mas que existem aquelas que,
constantemente, aparecem como resultado de compreensão textual. Isto foi
descrito por Soares (2008) e Ferreiro (1988), onde ambas descrevem que a
estratégia inferência e predição (antecipação) é básica para leitura, pois está
intimamente ligada à realidade cotidiana do aluno/leitor.
O aluno que demonstrou compreensão textual utilizou várias estratégias de
leitura. Houve casos em que alunos chegaram a utilizar todas as estratégias
(seleção, verificação, antecipação e inferência), embora tenha-se verificado a
predominância maior das duas últimas. O uso das duas últimas estratégias
mencionadas, característica da compreensividade textual, restringiu-se a um aluno
que compreendeu parte do texto ou do conteúdo, demonstrando dificuldade de
clareza nas respostas. Por isso, não podemos negar que estes tiveram acesso ao
texto, fosse ele oral ou escrito, pois reconheceu, dentro do texto, frases, palavras ou
trechos.
A nossa conclusão é que, na leitura do aluno/ leitor, o texto cria possibilidades
de diferentes resultados e temos, através desta pesquisa, a amostra por aluno.
Observou-se, também, que a relação das modalidades (oral e escrita) que
trabalhamos com os alunos, não teve muita interferência no resultado geral de
153
compreensão ou comprensividade, apenas reforçou que o aluno/leitor teve
entendimento nas duas modalidades.
É preciso ressaltar que a presente pesquisa suscitou novos questionamentos.
O fato dos alunos apresentarem compreensão e compreensividade textual,
utilizando predominantemente as estratégias de inferência e antecipação, pode estar
relacionado ao seu conhecimento de mundo, suas experiências, em que podemos
pensar a questão do letramento/alfabetização, relação com as estratégias de leitura,
fato que poderá ser comprovado numa pesquisa futura.
154
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159
ANEXOS A – TEXTO I
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO-SESC
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS- EJA
PROFESSORA: _____________________________ DATA: _____________
ALUNO(A):_________________________________TURMA: _____________
1º Leia:
Queridos Pais,
Imagino a raiva que têm de mim. Sim, fui muito ingrata com vocês. Larguei os
estudos, tornei-me viciada, desapareci. Vim para São Paulo com um amigo e, aqui, passei a
viver de pequenos expedientes.
Na verdade, afundei-me na lama. Não vou dizer que Deus é sacana, porque bem sei
que eu não quis ouvir os conselhos que vocês me deram na última vez que nos vimos, no
Rio.
O fato é que agora, estou na pior. Peguei AIDS. O que não temo é a morte. Ela é
inevitável para todos nós. Tenho medo de ficar sozinha. Preciso de vocês. Mas também sei
que os maltratei muito e posso entender que queiram manter distância de mim. Cada um na
sua.
É muito cinismo da minha parte vir, agora, pedir socorro. Mas sei lá; alguma coisa
dentro de mim forças para que eu escreva esta carta. Nem que seja para saberem que
estou no início do fim.
Um dia qualquer, passarei em frente de casa, para dar um último adeus com o
olhar. Se por acaso tiverem interesse que eu entre, numa boa, prendam, a goiabeira do
jardim, um pano de prato branco ou uma toalha de rosto. Então pode ser que eu crie
coragem e um alô. Caso contrário, entendo que vocês têm todo direito de não querer
carregar esta mala pesada e sem alça na qual me transformei. Irei em frente, sem bater à
porta, esperando em Deus que, um dia, agente se reencontre no outro lado da vida.
Beijos da filha ingrata, mas que ainda guarda, no fundo do coração, muito amor,
CLARA.
Três semanas depois, antes das cinco horas da manhã, Clara desembarca na
rodoviária de Vitória e toma um ônibus para a Praia do Canto. Quinta-feira e o vento Sul
começa a aplacar o calor, encapelando o mar e silvando entre os prédios e janelas.
Clara desce na esquina e caminha, temerosa, pelo outro lado da rua. Sabe que, a
essa hora, seus pais e as duas irmãs costumam estar dormindo.
Ao decifrar a ponta do telhado, seu coração acelera. Olha o portão de ferro
esmaltado de preto, as grades em lança que marcam o limite entre a casa e a calçada.
Vislumbra o cume da goiabeira. Seus olhos ficam marejados. De repente, uma coisa branca
quebra um antigo cenário. Não é
uma toalha e nem um pano de prato. É um lençol, com pequenos furos no meio, tremulando
entre árvore e o muro da garagem.
Em prantos, Clara atravessa a rua e corre para casa.
160
ANEXO B - TEXTO II
Fundada em 22/08/2007
Rua Capitão Lima nº 286, Aptº 402, Santo Amaro – Recife – PE –
Mensagem nº 01, de 16 de janeiro de 2008.
Senhor Diretor,
No cumprimento da nossa obrigação de zelar pelos nossos interesses
classistas, sempre de forma integradora, e no intuito de satisfazer o contido no §
do artigo da Lei Estadual nº 13.364, de 14 de dezembro de 2007, temos a honra
de submeter à elevada consideração de vossa Excelência proposta de Grade
Curricular e conteúdo programatico para o curso de formação de Agente de Policia
Legislativa que segue em anexo.
Quando o servidor da área de segurança não é estimulado e requalificado,
instantaneamente perde seu interesse profissional, cai na apatia e desconsidera a
importância da sua função, por isso a nossa eterna busca pela construção de uma
corporação eficiente, em seus diversos aspectos, nos remete a uma melhor
estruturação e modernização dos nossos serviços e instalações e principalmente do
aperfeiçoamento e capacitação do efetivo através de cursos. Este preceito norteador
visa atender de forma plausível tanto as expectativas da nova política de segurança
Publica Nacional quanto os anseios do mundo globalizado, o que com certeza
resultará numa otimização dos serviços prestados e um pronto atendimento do
interesse público.
Nossa Matriz curricular segue fielmente as especificações contidas na Matriz
Curricular Nacional para o ensino Policial da Secretaria Nacional de Segurança
Publica – SENASP do Ministério da Justiça.
Em face da urgente relevância da matéria ora submetida à apreciação desta
Augusta Escola, solicitamos de Vossa Excelência, a atenção especial no exame da
proposta em pauta.
Atenciosamente,
___________________________
Edvan Vieira de França Paz
Presidente da ASSPOL-PE
Ilmo. Sr.
Jurandir Bezerra Lins
Diretor da Escola do Legislativo - ELEPE
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