11
INTRODUÇÃO
O uso do conceito de gênero despontou na produção historiográfica, no Brasil, a partir
de 1990, com a tradução de Gênero: uma categoria de análise histórica, de Joan Scott, e,
ainda, a partir da difusão de estudos produzidos por historiadoras brasileiras.
1
Teorizado de
diferentes maneiras,
2
o uso do conceito suscitou, ao longo das últimas décadas, debates,
disputas, abordagens e perspectivas diversas
3
. Seu emprego permitiu o enfoque relacional no
campo da história das mulheres; a pluralização da categoria mulher, com o reconhecimento da
diferença e da necessidade de interrelacionar gênero às categorias classe, raça/etnia e geração,
entre outras formas de pertencimento, bem como o estudo das masculinidades.
4
1
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana Maria. A emergência da História das Mulheres e das Relações de Gênero.
Revista Brasileira de História, São Paulo, n. 54, v. 27, p. 281-302, jul-dez, 2007.
2
SCOTT, Joan. Prefácio a gender and politics of history. Cadernos Pagu, Campinas n. 3, p. 11-27, 1994;
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, n. 20, v. 2,
p. 93, 1995; LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Fred. Rio de Janeiro: Rulume
Dumará, 2001; BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do ‘sexo’. In: LOURO,
Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p. 151-174.;
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003; HARAWAY, Donna. ‘Gênero’ para um dicionário marxista: a política sexual de uma palavra.
Cadernos Pagu, Campinas, n. 22, p. 201-246, 2004.
3
SILVA DIAS, Maria Odila Leite da. Teoria e método dos estudos feministas: perspectiva histórica e
hermenêutica do cotidiano. In: COSTA, Bruscini, Cristina (Org.). Uma questão de gênero. São Paulo: Fundação
Carlos Chagas, 1992. p.39-53. ; SCOTT, Joan. Prefácio a gender and politics of history. Cadernos Pagu,
Campinas, n. 3, p. 11-27, 1994; TILLY, Louise A. Gênero, história das mulheres e história social. Cadernos
Pagu, Campinas, n. 3, p. 29-62, 1994; VARIKAS, Eleni. Gênero, experiência e subjetividade: a propósito do
desacordo Tilly-Scott. Cadernos Pagu, Campinas, n. 3, p. 63-64, 1994; QUEIROZ, Teresinha. Do singular ao
plural. In: CASTELO BRANCO, Pedro Vilarinho. Mulheres plurais. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor
Chaves, 1996. p. 5-17;
SOIHET, Rachel. História, mulheres, gênero: contribuições para um debate. In:
AGUIAR, Neuma (Org.). Gênero e ciências humanas. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. p. 95-114;
SOIHET, Rachel. História das mulheres. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Org.). Domínios
da história. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 275-29; SAMARA, Eni de Mesquita; SOIHET, Rachel; MATOS,
Maria Izilda S. de. Gênero em debate: trajetórias e perspectivas da historiografia contemporânea. São Paulo:
EDUC, 1997; PISCITELLI, Adriana. Ambivalência sobre os conceitos de sexo e gênero na produção de algumas
teóricas feministas. In: AGUIAR, Neuma (Org.). Gênero e ciências humanas: desafio às ciências desde a
perspectiva das mulheres. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. p. 49-66; MATOS, Maria Izilda Santos de.
Desafios da pós-modernidade: sensibilidades e masculinidades. Gênero, Niterói, v. 2, n. 2, p. 175-192, 1 sem.
2002; COSTA, Suely Gomes. Gênero e história. ABREU, Martha; SOIHET, Rachel (Org.). Ensino de história:
conceitos, temáticas e metodologias. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2003. p. 187-208; SOIHET, Rachel;
FACINA, Adriana. Gênero e memória: algumas reflexões. Gênero, Niterói, v. 5, n. 1, p. 9-19, sem. 2004;
PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História, São Paulo,
v. 24, n. 1, p. 77-98, 2005; SOIHET; PEDRO, 2007.
4
Ver MATOS, Maria Izilda Santos de; FARIA, Fernando A. Melodia e sintonia em Lupicínio Rodrigues. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996; MATOS, Maria Izilda Santos de. Meu lar é o botequim. 2. ed. São Paulo: