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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
Salmonella sp EM REBANHO COMERCIAL DE
SUÍNOS E EM SUAS CARCAÇAS PROCESSADAS
NO FRIGORÍFICO
Maria Teresa Nunes Pacheco Rezende
Médica Veterinária
UBERLÂNDIA – MINAS GERAIS – BRASIL
Julho de 2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
Salmonella sp EM REBANHO COMERCIAL DE
SUÍNOS E EM SUAS CARCAÇAS PROCESSADAS
NO FRIGORÍFICO
MARIA TERESA NUNES PACHECO REZENDE
Orientador: Prof. Dr. Paulo Lourenço
da Silva
Co-orientador: Prof. Dr. Robson Carlos
Antunes
Dissertação apresentada à Faculdade
de Medicina Veterinária – UFU, como
parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Ciências
Veterinárias na Área de concentração de
Sanidade Animal.
UBERLÂNDIA – MINAS GERAIS - BRASIL
Julho de 2009
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R467s
Rezende, Maria Teresa Nunes Pacheco, 1977-
Salmonella sp em rebanho comercial de suínos e em suas carcaças
processadas no frigorífico / Maria Teresa Nunes Pacheco Rezende. -
2009.
91 f. : il.
Orientador:.Paulo Lourenço da Silva.
Co-orientador: Robson Carlos Antunes.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Uberlândia, Pro- grama de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias.
Inclui bibliografia.
1. Suíno - Doenças - Teses. 2. Salmonelose - Teses. 3. Zoonoses -
Teses. I. Silva, Paulo Lourenço da. II. Antunes, Robson Carlos. III.
Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em
Ciências Veterinárias. IV. Título.
CDU:
619:636.4
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias – Sanidade Animal
Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Uberlândia
Dissertação defendida e aprovada em 20 de julho de 2009, pela comissão
examinadora constituída por:
__________________________________________
Prof. Dr. Paulo Lourenço da Silva
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
___________________________________________
Prof. Dr. Humberto Eustáquio Coelho
Universidade de Uberaba - UNIUBE
___________________________________________
Profª Dra. Daise Aparecida Rossi
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
____________________________________________
Prof. Dr. André Luiz Quagliatto Santos
Coordenador do Programa de Pós-graduação
Ciências Veterinárias
ii
“O grande segredo é saber quando e qual porta
deve ser aberta. A vida não é rigorosa, ela propicia
erros e acertos. Os erros podem ser transformados
em acertos quando com eles se aprende. Não existe
a segurança do acerto eterno. A vida é generosa, a
cada sala que se vive descobre-se inúmeras outras
portas. Na vida enriquece quem se arrisca a abrir
novas portas.”
Içami Tiba
iii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
MARIA TERESA NUNES PACHECO REZENDE, nascida em 12 de
janeiro de 1977, em Uberlândia – MG, onde concluiu o primeiro e segundo
graus. Graduada em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – UFU, em janeiro de 2000.
Concluiu Curso de Pós-graduação “Lato-Sensu”, Especialização, em
“Processamento e Controle de Qualidade em Carne, Leite, Ovos e Pescado”
pela Universidade Federal de Lavras – UFLA em junho de 2004. Desde janeiro
de 2002 atua na Área de Inspeção de Produtos de Origem Animal. De janeiro
de 2002 a dezembro de 2004 trabalhou como Médica Veterinária efetiva do
Serviço de Inspeção Municipal de Uberlândia – SIM. De janeiro de 2005 a
janeiro de 2006 ocupou o cargo de Chefe do Serviço de Inspeção Municipal da
Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento. De janeiro de 2006 até
a presente data atua como Diretora de Abastecimento e Inspeção da Secretaria
Municipal de Agropecuária e Abastecimento. Em janeiro de 2007 iniciou o
curso de Pós-graduação, Mestrado, do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Veterinárias da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia - UFU, na área de sanidade animal, sob orientação do
professor Dr. Paulo Lourenço da Silva.
iv
DEDICO
Aos meus pais, Francisco Rodolfo
Pacheco, médico veterinário, e Ruth
Nunes Pacheco, pelos ensinamentos, pelo
amor incondicional e por sempre
acreditarem em mim.
v
OFEREÇO CARINHOSAMENTE
Às minhas filhas, Nathália e Gabriela.
Sou muito grata a Deus por tê-las
introduzido na minha vida.
Ao meu marido Cássio Oliveira
Rezende, pelo apoio e compreensão nos
diversos momentos vividos no decorrer
deste mestrado.
Sem o amor e a compreensão deles,
esse objetivo há muito almejado jamais teria
sido atingido.
vi
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao meu orientador professor Dr. Paulo
Lourenço da Silva, pela confiança e apoio
em todas as etapas da conquista desse
mestrado.
Ao meu co-orientador, professor Dr.
Robson Carlos Antunes, por ter me
despertado para o desenvolvimento deste
tema e por sempre valorizar o trabalho
desenvolvido pela Inspeção Municipal de
Uberlândia.
À professora Dra. Daise Aparecida
Rossi pelas valiosas contribuições e por ter
disponibilizado o Laboratório de
Biotecnologia Animal – LABIO da
Universidade Federal de Uberlândia - UFU.
vii
MINHA HOMENAGEM ESPECIAL
À Médica Veterinária Adélia Guimarães.
Uma daquelas pessoas com quem às vezes
temos a sorte de conviver pelo que mescla
de talento, humildade e sabedoria.
Agradeço a atenção, dedicação e simpatia.
viii
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG
pelo auxílio financeiro indispensável para o desenvolvimento deste trabalho.
ix
A Deus manifesto meu profundo agradecimento pelas bênçãos a mim
concedidas, sendo uma delas a conclusão desse mestrado.
Aos meus irmãos Marcelo e Ricardo, pelo apoio e incentivo em vários
momentos importantes.
Ao meu sogro Irajá, minha sogra Eliza e minha cunhada Denise, por me
apoiarem e ajudarem sempre que preciso.
À Médica Veterinária Mônica Ribeiro Gabriel pela amizade e
companhia em todas as etapas de coleta deste trabalho.
Às empresas Granja ABC e Frigorífico Real, por permitirem a coleta de
materiais.
Às Médicas Veterinárias do Serviço de Inspeção Municipal Claudesina,
Raquel, Serly e Marta, pelas valiosas contribuições no decorrer deste
mestrado.
Aos técnicos em agropecuária do Serviço de Inspeção Municipal de
Uberlândia, Marcelo Donizete e Ismauro da Silva e à Médica Veterinária
Luana Ribeiro Alves pela contribuição na etapa de coleta de materiais.
Às bolsistas Diene e Roberta, pelo auxílio na realização dos trabalhos.
À amiga tia Maria Beatriz Villela pelas correções ortográficas.
Ao professor Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães, pela contribuição na
análise estatística dos resultados deste trabalho.
A todas as pessoas que de uma forma ou de outra contribuíram para a
realização deste trabalho.
Aos suínos que foram objeto deste estudo, meu respeito.
x
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS.............................................................................. xii
LISTA DE FIGURAS.............................................................................. xiv
LISTA DE ANEXOS............................................................................... xvi
RESUMO............................................................................................... xvii
ABSTRACT............................................................................................ xviii
1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 1
2 OBJETIVOS........................................................................................ 3
2.1 Geral............................................................................................. 3
2.2 Específicos.................................................................................... 3
3 REVISÃO DA LITERATURA............................................................... 4
3.1 Gênero Salmonella....................................................................... 4
3.2 Contaminação de Rebanhos Suínos por Salmonella sp.............. 8
3.3 A Interferência do Estresse do Transporte em Suínos
Portadores Assintomáticos de Salmonella sp.....................................
10
3.4 Presença de Salmonella sp em Carcaças e Equipamentos na
Linha de Abate de Suínos..................................................................
11
3.5 A Importância da Salmonella sp em Saúde Pública.................... 12
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................... 16
4.1 Local e Amostragem.................................................................... 16
4.1.1 Colheita na Granja............................................................... 16
4.1.2 Colheita no Frigorífico – Pocilga de Espera.......................... 18
4.1.3 Colheita no Frigorífico – Processo de Abate......................... 19
4.2 Diagnóstico Laboratorial............................................................... 22
4.3 Análise Estatística......................................................................... 24
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 25
5.1 Salmonella na Granja .................................................................. 25
5.2 Salmonella no Manejo Pré-Abate................................................. 29
5.3 Salmonella no Processo de Abate............................................... 31
6 CONCLUSÃO .................................................................................... 41
7 IMPLICAÇÕES ................................................................................... 42
xi
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 43
FIGURAS............................................................................................... 50
ANEXOS................................................................................................ 66
xii
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Características dos grupos filogenéticos do gênero
Salmonella.............................................................................................
04
Tabela 2 – Características das colônias de Salmonella sp...................
23
Tabela 3 – Identificação bioquímica presuntiva de Salmonella sp........
23
Tabela 4 – Caracterização antigênica da cepa bacteriana....................
23
Tabela 5 – Frequência de isolamento de Salmonella sp em uma
granja de terminação de suínos.............................................................
25
Tabela 6 – Comparação do isolamento de Salmonella sp das fezes
de suínos de uma granja de terminação com o isolamento da bactéria
nas fezes dos mesmos animais, na etapa de pré-abate no frigorífico...
29
Tabela 7 – Frequência de isolamento de Salmonella sp em carcaças
suínas em diferentes etapas do processo de abate..............................
31
Tabela 8 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das
fezes de suínos de uma granja de terminação e o isolamento da
bactéria nas carcaças no Ponto A do processo de abate......................
32
Tabela 9 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das
fezes de suínos de uma granja de terminação e o isolamento da
bactéria nas carcaças no Ponto B do processo de abate......................
33
Tabela 10 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das
fezes de suínos de uma granja de terminação e o isolamento da
bactéria nas carcaças no Ponto C do processo de abate......................
35
xiii
Tabela 11 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp no
Ponto A e no Ponto B no processamento de abate no frigorífico..........
36
Tabela 12 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp no
Ponto A e no Ponto C no processamento de abate no frigorífico..........
37
Tabela 13 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp no
Ponto B e no Ponto C no processamento de abate no frigorífico..........
37
Tabela 14 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das
fezes dos suínos e o isolamento da bactéria nas carcaças em pelo
menos um ponto de abate analisado no frigorífico................................
39
Tabela 15 – Frequência de isolamento de Salmonella sp, das
amostras de equipamentos/utensílios do processo de abate de
suínos....................................................................................................
39
xiv
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 – Fluxograma da granja de terminação de suínos
analisada.............................................................................................
18
Figura 2 – Fluxograma do manejo pré-abate no frigorífico................
19
Figura 3 – Fluxograma de abate........................................................
21
Figuras 4, 5 e 6 – Granja de terminação de suínos ..........................
50
Figuras 7, 8 e 9 – Baias dos suínos de terminação...........................
51
Figuras 10 e 11 – Baia dos suínos – comedouro e bebedouro..........
52
Figura 12 – Identificação dos animais por meio de brincos...............
52
Figura 13 – Suabe retal individual dos animais..................................
53
Figura 14 – Amostra de suabe retal a ser enviada ao laboratório......
53
Figura 15 - Animais sendo conduzidos para as baias após
identificação........................................................................................
53
Figuras 16 e 17 - Frigorífico – pocilga de espera...............................
54
Figura 18 – Pocilga de espera – animais previamente identificados..
54
Figura 19 – Pré-abate – banho de Aspersão com água hiperclorada
55
Figuras 20, 21, 22, 23, 24 e 25 – Processo de abate –
insensibilização, sangria, escaldagem, depilação e toalete da
depilação............................................................................................
55
xv
Figura 26 – Amostras de ambiente – suabe da mesa de toalete.......
57
Figuras 27 e 28 – Amostras de ambiente – suabe da depiladeira.....
57
Figura 29 – Amostras de ambiente – suabe de faca..........................
58
Figura 30 – Amostras de ambiente – suabe de serra fita...................
58
Figuras 31, 32 e 33 – Colocação de moldes e coleta no Ponto A.....
59
Figura 34 – Suabe de carcaça imerso em APT a 1%.........................
60
Figura 35 – Frasco de coleta com suabe de carcaça imerso em
APT a 1%............................................................................................
60
Figura 36 – Toalete da depilação – carcaças sendo suspensas.......
60
Figura 37 – Carcaças sendo conduzidas para a área limpa..............
61
Figura 38 – Processo de abate – chuveiro da toalete........................
61
Figura 39 – Processo de abate – evisceração...................................
61
Figura 40 – Retirada de linfonodos da cadeia mesentérica – coleta
Ponto B................................................................................................
62
Figura 41 – Frasco de coleta com linfonodos imersos em APT a 1%
62
Figura 42 – Processo de abate – divisão longitudinal das carcaças..
62
Figuras 43, 44 e 45 – Colocação de moldes – coleta Ponto C..........
63
Figura 46, 47, 48, 49 e 50 – Laboratório - Provas bioquímicas.......... 64
xvi
LISTA DE ANEXOS
Página
Anexo 1 – Questionário – Granja.......................................................
66
Anexo 2 – Questionário – Frigorífico – Manejo pré-abate dos suínos
67
Anexo 3 – Questionário Frigorífico – Processo de abate...................
68
xvii
Salmonella sp EM REBANHO COMERCIAL DE SUÍNOS E EM SUAS
CARCAÇAS PROCESSADAS NO FRIGORÍFICO
RESUMO – No presente estudo, buscou-se verificar a associação entre a
prevalência de suínos portadores de Salmonella sp na fase de terminação com
a contaminação de carcaças ao abate. Na granja foram colhidos suabes retais
individuais de 45 animais, amostras de suabe de arrasto do piso da baia, ração
e água. No frigorífico, um dia antes do abate, foram colhidos novamente
suabes individuais dos 45 animais previamente identificados na granja e
amostras de suabe de arrasto do piso da pocilga de espera. Para avaliar a
presença de Salmonella sp na superfície de carcaças e caracterizar perigos
microbiológicos em diferentes etapas do abate e pontos críticos de controle,
foram realizados suabes superficiais das carcaças e colheita de linfonodos dos
mesmos suínos amostrados anteriormente, sendo analisadas 45 carcaças no
Ponto A, após escaldagem e depilação, 45 carcaças no Ponto C, após
evisceração e divisão das carcaças e, no Ponto B, foram coletados linfonodos
da cadeia mesentérica de 45 carcaças. Também foi realizada colheita de 12
amostras de ambiente, por meio de suabe na superfície de equipamentos e
utensílios, no decorrer do abate de suínos. Na granja, isolou-se Salmonella sp
em 57,77% dos suínos analisados e em 66,66% das amostras de ração
coletadas. No frigorífico, na etapa de pré-abate, isolou-se Salmonella sp de
48,88 % dos suínos previamente identificados na granja e de 33,33% das
amostras de suabe de arrasto do piso das pocilgas. No processo de abate,
isolou-se Salmonella sp de 22,22% das amostras do Ponto A, de 24,44% das
amostras do Ponto B e de 26,66% das amostras do Ponto C. No
monitoramento das amostras de ambiente, uma das três amostras analisadas
da depiladeira (33,33%) e uma das três amostras analisadas da serra fita
(33,33%) apresentaram resultado positivo para o isolamento de Salmonella sp.
Pode-se concluir que a ocorrência elevada desta bactéria na granja contribuiu
para a frequência de isolamento da bactéria ao abate, sendo a ração apontada
como importante fonte de contaminação do rebanho suíno. Na etapa de pré-
abate, no frigorífico, a presença de Salmonella sp em amostras de ambiente
das pocilgas representou uma fonte de contaminação para outros lotes de
xviii
animais, mantendo os mesmos índices de isolamento da bactéria encontrados
na granja. No processamento do abate, foi verificada a presença de Salmonella
sp em equipamentos e utensílios, e a presença desta bactéria em carcaças de
animais negativos nas colheitas de suabe retal, indicou possível contaminação
cruzada. Os riscos de contaminação pela bactéria foram os mesmos nas
etapas do abate de suínos consideradas neste estudo.
Palavras-chave: Salmonella sp, suínos, carcaças, frigorífico, pontos críticos de
controle.
xix
Salmonella sp FLOCK IN TRADE OF PIGS AND CARCASSES PROCESSED
IN SLAUGHTERHOUSE
ABSTRACT - The slaughter of pigs with Salmonella sp is considered the first
critical point for contamination of the final product. The risk represented by
these animals tends to increase when this bacterium is present in portions of
the carcass that reaches the consumer. In this study, we sought to verify the
association of the prevalence of pigs with Salmonella sp in the finishing phase
with the contamination of carcasses at slaughter. In the farm were collected
rectal swabs from 45 individual animals, swabs drag the floor of the stall, feed
and water. In the refrigerator the day before slaughter were again collected
swabs from 45 individual animals previously identified in the farm and swabs
drag the floor of the waiting pen. To assess the presence of Salmonella sp on
the surface of pig carcasses and characterization of microbiological hazards in
different stages of slaughter and critical control points, surface swabs were
performed on 45 carcasses at Point A, after scalding and hair removal of 45
carcasses at Point C, after evisceration and splitting of carcasses and at Point
B, were collected from mesenteric lymph nodes of 45 carcasses. We also
carried out procurement of 12 environmental samples, swabs of equipment
surfaces and utensils, during the slaughter of pigs. In the farm was isolated
Salmonella sp positive 57.77% of pigs tested and 66.66% of feed samples
collected. In the slaughterhouse, in the pre-slaughter was isolated Salmonella
sp from 48.88% of pigs on the farm previously identified and 33.33% of the
swabs drag the floor of pens. In the process of slaughter, was isolated
Salmonella sp from 22.22% of the samples from Point A, 24.44% of the
samples in Part B and 26.66% of the samples from Point C. The monitoring of
environmental samples, one of three samples of scrap machine (33.33%) and
one of three samples of the band saw (33.33%) were positive for Salmonella sp.
It can be concluded that the high occurrence of this bacterium in the farm
contributed to the frequency of isolation of the slaughter, and the ration
considered an important source of contamination of the pig herd. The stage of
pre-slaughter was an important critical control point due to the stress of
transportation they are subjected to the animals and the contamination of
xx
animals with the floor of the pens. In the process of killing the steps of scalding,
plucking, evisceration and good handling practices represent important critical
control points. The risk of contamination with Salmonella sp were the same in
all stages of the slaughter of pigs in the present study.
Keywords: Salmonella sp, pigs, carcasses, slaughterhouse, critical control
points.
1
1 INTRODUÇÃO
Surtos de infecções alimentares podem causar sérios prejuízos à saúde
e à economia. A qualidade microbiológica dos alimentos é que garante a saúde
pública das populações. Os microorganismos geralmente mais envolvidos em
surtos de infecções alimentares são Salmonella e Campylobacter (SCIENTIFIC
STATUS SUMMARY, 2004).
Obtenção de alimento seguro é uma das condições essenciais para a
promoção e a manutenção da saúde e deve ser assegurada pelo controle
eficiente da qualidade higiênico-sanitária do alimento em todas as etapas da
cadeia alimentar. Segundo o CODEX Alimentarius, alimento seguro é aquele
que é produzido sob condições que garantam a integridade, salubridade e
sanidade em todos os estágios de seu processo produtivo até seu consumo
final (SOUSA et al., 2008).
A salmonelose é uma zoonose de importância mundial. A ampla
distribuição do gênero Salmonella entre os animais e sua persistência no
ambiente dos sistemas de produção contribui para que este microrganismo
assuma um papel importante na saúde pública (WEISS et al., 2002).
Segundo o CODEX Alimentarius, a presença de qualquer sorotipo de
Salmonella em alimentos é motivo para classificá-los como impróprios para o
consumo, tanto no mercado nacional como internacional. Isto tem levado a
indústria de produtos de origem animal a implementar estratégias de controle
com a finalidade de garantir a segurança dos alimentos (KICH et al., 2005).
Embora a Salmonella possa sobreviver por longos períodos no
ambiente, é amplamente aceito que os animais portadores são as maiores
fontes de infecção para animais e humanos (WRAY e SOJKA, 1977).
Atualmente, a produção de alimentos seguros envolve uma discussão
complexa de âmbito internacional, abrangendo pesquisas, operacionalização
de programas de controle, rastreabilidade e certificação que permeiam todas as
etapas da cadeia produtiva. No Brasil, não existe um programa oficial de
monitoria ativa da contaminação de carcaças suínas por Salmonella sp
(BRASIL, 2006).
2
Dá-se cada vez mais ênfase à importância da produção de alimentos de
origem animal seguros, devendo-se considerar os fatores fundamentais que
possam intervir nas condições higiênico-sanitárias da elaboração, como o
aperfeiçoamento das normas vigentes, a evolução tecnológica do preparo, a
qualidade das matérias primas utilizadas e os sistemas de conservação,
distribuição e comercialização. Nesse contexto, são cada vez mais estudados
os meios empregados na obtenção de carnes higienicamente manipuladas,
com o propósito de oferecer ao consumidor produtos de elevada qualidade
(MENDES et al., 2001).
São vários fatores os determinantes na transmissão da Salmonella sp
em suínos. A rápida transmissão desta bactéria a animais não infectados, após
o contato com ambientes e animais portadores de Salmonella sp, ao longo da
cadeia produtiva é um agravante na disseminação da doença. Além disso, os
estudos que correlacionam os índices de infecção do rebanho e a ocorrência
na carne produzida são escassos e inconclusivos. É importante conhecer as
espécies, sorotipos dos microrganismos isolados nos diferentes pontos da
cadeia produtiva para a implantação de medidas de controle em granjas e em
frigoríficos e produção de alimentos seguros.
3
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Verificar a ocorrência de Salmonella sp em suínos de terminação e após
seu processamento das carcaças suínas no frigorífico.
2.2 ESPECÍFICOS
Verificar a ocorrência de Salmonella sp em suínos de terminação,
relacionando-a as condições higiênico-sanitárias e de manejo da granja;
Pesquisar quais as possíveis fontes de infecção dos suínos por
Salmonella sp;
Verificar se há interferência do estresse de transporte e do manejo dos
suínos nas etapas que antecedem o abate no isolamento de Salmonella
sp;
Determinar, no processo de abate, pontos críticos de contaminação de
carcaças suínas por Salmonella sp.
4
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 GÊNERO Salmonella
A classificação do gênero Salmonella, baseada em estudos moleculares,
divide o gênero em duas espécies, Salmonella enterica e Salmonella bongori. A
primeira é subdividida em seis subespécies, designadas por algarismos
romanos (CAMPOS, 2004).
Tabela 1 – Características dos grupos filogenéticos do gênero Salmonella
Gênero Espécie Sub-
espécie
Nº de
Sorotipos
Exemplos/Nomenclatura de
Sorotipos
I 1.478 S. Enteritidis, S. Typhimurium,
Agona, S. Derby, S.
Bredeney, S. Panama, S.
Typhi, S. Newport, S.
Choleraesuis, S. Ohio, S.
Infantis, S. Saintpaul, S.
Heidelberg
II 498
IV 71
IIIb 327
VI 12
S.
enterica
IIIa 94
Salmonella
S.
bongori
21
Designados por suas fórmulas
antigênicas
Fonte: Adaptado de Campos, (2004).
Como esta divisão em espécies e subespécies apresenta pouca
importância prática, utiliza-se um esquema de identificação denominado
esquema de Kauffmann e White, que divide as salmonelas em sorotipos, tendo
5
por base a composição antigênica desta bactéria com relação aos seus
antígenos somático (O), flagelar (H) e capsular (Vi). Atualmente, existem 2.501
sorotipos de Salmonella, entre os quais 1.478 pertencem a S. enterica
subespécie I. Dentro desta subespécie, estão contidos cerca de 99,5% dos
sorotipos mais comumente isolados. Os sorotipos pertencentes à subespécie
S. entérica I são designados por um nome geralmente relacionado ao local
geográfico onde ele foi isolado pela primeira vez. Este nome não é mais escrito
em itálico e sua primeira letra é maiúscula. Os sorotipos das outras
subespécies de S. entérica e aqueles de S. bongori são designados apenas por
suas fórmulas antigênicas, conforme Tabela I (CAMPOS, 2004).
Membros do gênero Salmonella pertencem a um grupo morfológico e
bioquimicamente homogêneo de bastonetes gram negativos, não produtores
de esporos, anaeróbios facultativos e móveis, com exceção da S. Galinarum e
S. Pullorum (WILCOCK e SCHWARTZ, 1993). Geralmente não fermentam a
lactose ou o fazem lentamente (CLARKE e GYLES, 1993), são indol negativas,
produzem ácido sulfídrico e são capazes de utilizar o citrato como a única fonte
de carbono. A uréia não é hidrolisada por esta bactéria que, também, é capaz
de descarboxilar lisina e ornitina (HOLT et al., 1994).
Salmonella sp desenvolve-se numa faixa de crescimento de 7 °C a 45
°C e pH entre 4,5 e 9,0, são resistentes à dessecação e ao congelamento,
possuindo a capacidade de sobreviver no ambiente por anos. Contudo, esta
bactéria é bastante sensível à luz solar e à maioria dos desinfetantes como
fenóis, clorados e iodados (TORTORA et al., 1993).
Sorotipos do gênero Salmonella de maior importância clinica não
fermentam a lactose, condição básica para a diferenciação de colônias nos
meios de isolamento contendo lactose. No entanto, esta característica pode
variar, pois foi observado que amostras de Salmonella podem adquirir
plasmídeos que transportam genes que codificam enzimas que permitem à
cepa a fermentação da lactose e assim desenvolverem colônias lactose
positivas nos meios de isolamento, semelhantes às de Escherichia coli. Na
década de 1980, a grande maioria das amostras de S. Typhimurium isoladas
em São Paulo – SP fermentavam a lactose devido à presença de um
plasmídeo lactose positiva. Provavelmente, o uso indiscriminado de antibióticos
6
deve ter contribuído para o surgimento de sorotipos multirresistentes e
tipicamente hospitalares (CAMPOS, 2004).
Enquanto sorotipos específicos (Typhi, Paratyphi A e C e Sendai)
causam febre entérica e alguns sorotipos não tifóides, como Choleraesius e
Dublin, causam bacteremia, a maioria dos sorotipos causa gastroenterite.
Algumas salmonelas são completamente adaptadas ao hospedeiro (como
Typhi e Pullorum para humanos e aves, respectivamente) ou altamente
adaptadas, como Choleraesuis, Abortus e Dublin, para suínos, ovinos e
bovinos, respectivamente (FIERER e GUINEY, 2001).
Em função da sua capacidade de disseminação no meio ambiente,
Salmonella sp pode ser isolada da superfície de água doce, da carne de
diferentes espécies e, consequentemente, de diversos produtos de origem
animal. Também pode ser veiculada pelo homem, na condição de portador
assintomático (JAKABI et al., 1999).
A transmissão de Salmonella sp para o homem geralmente ocorre pelo
consumo de alimentos contaminados. Os produtos alimentícios de origem
animal, como carne, leite e ovos, constituem os veículos mais comumente
incriminados na transmissão desse microrganismo para o homem. Outro
mecanismo de transmissão para o homem consiste na contaminação através
do contato com animais de estimação exóticos, tais como lagartos, cobras,
salamandras, sapos, iguanas e tartarugas (CAMPOS, 2004).
Os sorotipos de maior prevalência nos surtos de intoxicações
alimentares, registrados tanto no Brasil como no exterior, têm sido Enteritidis e
Typhimurium (BRASIL, 2004).
A infecção por Salmonella sp ocorre por via oral, a bactéria atravessa a
barreira ácida do estômago e se localiza no intestino delgado, onde se adere
por meio de fímbrias e, então, invade a mucosa intestinal, desenvolvendo um
quadro de gastroenterite. A gastroenterite é uma infecção aguda da mucosa
intestinal que se caracteriza por infiltração e transmigração epitelial de
neutrófilos, exsudação de líquido seroso e diarréia. No homem, esta infecção é
chamada de toxinfeção alimentar, termo que enfatiza a transmissão das
Salmonellas pelos alimentos (FIERER e GUINEY, 2001).
A patogênese das infecções por Samonella está intimamente ligada à
adesão em diferentes células epiteliais e possivelmente à matriz extracelular
7
por meio de fimbrias e à translocação de proteínas bacterianas para o interior
da célula eucariótica, onde estas proteínas desempenham diferentes funções.
Como outros fatores de virulência destacam-se: ShdA (Shedding), proteína de
superfície que se liga à fibronectina, que parece estar envolvida na colonização
do ceco e na excreção prolongada da Salmonella nas fezes; Rck (Resistence
to Complement Killing), proteína de membrana externa que interfere com a
formação do Complexo de Ataque à Membrana (MAC), fazendo com que a
Salmonella resista à ação do sistema complemento; Lipopolissacarídeo (LPS),
que protege a bactéria da ação letal de defensinas e do sistema complemento;
SodCI (Superóxido Dismutase), enzima detoxificante periplasmática que tem a
função de interceptar formas reativas de oxigênio produzidas pela resposta
imune inata do hospedeiro; Antígeno Vi, principal antígeno de superfície de S.
Typhi, que impede a opsonização mediada por anticorpos e aumenta a
resistência da Salmonella à ação do sistema complemento; e Flagelina, que
estimula a secreção de interleucina 8 (IL-8) pelas células epiteliais. Entre as
condições ambientais que afetam a capacidade da Salmonella de invadir a
célula hospedeira estão os níveis de oxigênio, a osmolaridade, o estado de
crescimento bacteriano e o pH (CAMPOS, 2004).
No homem, clinicamente, a salmonelose caracteriza-se por diarréia
aguda, geralmente acompanhada de náusea, dor de cabeça e, às vezes, febre
e vômitos. O período de incubação é, em média, de 48 horas. Os alimentos
mais frequentemente implicados são de origem animal. Após o término da
gastroenterite, a Salmonella ainda pode ser encontrada nas fezes por quatro a
cinco semanas (GRIMONT et al., 2000).
O método mais usado para o diagnóstico laboratorial continua sendo a
cultura com identificação posterior da colônia isolada. Os meios de cultura
usados e o material clínico dependem do local da infecção. As fezes devem ser
sempre semeadas em meios seletivos e a identificação deve ser feita em
gênero ou subespécie e tipo sorológico. A identificação do gênero e da espécie
é feita por meio de provas bioquímicas e de sorotipos, por meio de soros
apropriados. A identificação de qualquer sorotipo de Salmonella é tarefa
reservada aos laboratórios de referência (CAMPOS, 2004).
As infecções por Salmonella são geralmente autolimitantes e a
administração de antibióticos no tratamento das gastroenterites nem sempre
8
acelera a recuperação clínica, sendo, inclusive, responsável pelo
prolongamento do período de excreção do agente, além de determinar a
emergência de amostras multirresistentes. Por outro lado, os antibióticos são
recomendados para as salmoneloses com complicações sistêmicas e nos
casos de febre tifóide, tanto na fase aguda da doença, como na fase de
portador. O tratamento das infecções por S. Typhi tem sido dificultado em
função do crescente aparecimento de amostras resistentes a antibióticos.
Deste modo, drogas como o cloranfenicol, sulfametoxazol-trimetoprim,
ampicilina ou amoxicilina têm sido substituídas, atualmente, pelas
cefalosporinas de terceira geração e as fluoroquinolonas (FIERER e GUINEY,
2001).
Existem várias vacinas licenciadas contra a febre tifóide, porém, elas
têm mostrado uma eficácia moderada em áreas endêmicas, requerendo várias
doses para alcançar uma taxa razoável de proteção. Outras vacinas utilizam
mutantes auxotróficos de S. Typhimurium, com deficiência na biossíntese de
aminoácidos aromáticos e purinas. De modo geral, a prevenção das
gastroenterites por Salmonella tem por base a manipulação e preparo
adequado de alimentos, principalmente carne e ovos (CAMPOS, 2004).
3.2 CONTAMINAÇÃO DE REBANHOS SUÍNOS POR Salmonella sp
Em suínos, poucos sorotipos são causa de doença clínica, entretanto
aqueles que não estão associados a esses quadros são os principais
envolvidos na contaminação da carne suína e seus produtos. Desta forma, a
epidemiologia da salmonelose em suínos deve ser observada como dois
problemas distintos: a salmonelose como infecção clínica e a contaminação por
Salmonella sp em carcaças suínas e seus produtos (FEDORKA-CRAY et al.,
1999). Relatos sobre o isolamento de Salmonella sp em produtos suínos têm
pouca relação com a prevalência da doença clínica em suínos (WILCOCK e
SCHWARTZ 1993).
Segundo Kich et al. (2005), os suínos portadores dos sorotipos de
Salmonella causadores de gastroenterite em humanos, na maioria das vezes,
não apresentam sinais clínicos, passando despercebidos na granja e no
frigorífico. A salmonelose clínica em suínos aparece na forma de diarréia,
9
causada pela S. Typhimurium, ou na forma generalizada, tendo como agente
etiológico o sorotipo Choleraesuis (BRASIL, 2003).
Uma preocupação crescente da indústria suinícola mundial é a
contaminação dos rebanhos por Salmonella sp, uma bactéria de difícil controle.
Diversos fatores podem contribuir para a formação da cadeia epidemiológica
desta bactéria, tornando a salmonelose um problema persistente nos sistemas
de produção de suínos. A principal forma de contaminação dos suínos é o
contato oral-fecal. Suínos infectados eliminam Salmonella sp nas fezes, assim
contaminando o ambiente e outros animais. Dessa forma, medidas de
higienização são importantes para o controle desta bactéria. A eficiência dos
desinfetantes frente à Salmonella sp está relacionada com as condições de
utilização, principalmente quanto a ausência de matéria orgânica e tempo de
exposição (BRASIL, 2003).
Estudos epidemiológicos têm demonstrado a complexidade deste
agente em relação às fontes de infecção em diferentes sistemas de produção
de suínos e localização geográfica. As múltiplas portas de entrada, a sua
persistência no ambiente e o estado do suíno como portador e/ou excretor
limitam a capacidade do sistema produtivo de eliminá-lo dos rebanhos. As
fontes de infecção são múltiplas: o animal portador, o alimento, a contaminação
residual das instalações, o ambiente, animais domésticos e silvestres que
possam acessar as instalações, bem como o próprio homem (BRASIL, 2004).
Muitos pesquisadores têm atribuído risco significativo de introdução de
Salmonella sp na cadeia produtiva por meio da ração e da entrada de animais
portadores nas granjas (STÄRK et al., 2002).
Roesler et al. (2004), em um estudo realizado na Alemanha, testaram a
eficácia de uma vacina inativada de Samonella Typhimurium em um lote de
porcas e a administração de enrofloxacina para outro lote de porcas e seus
leitões. Após a vacinação, todas as matrizes suínas apresentaram elevação
significativa de anticorpos IgG e IgA específicos contra S. Typhimurium tanto
no soro quanto no leite. Após o parto, estes anticorpos também podiam ser
encontrados no soro dos leitões e não foi isolado S. Typhimurium em amostras
de fezes desses animais desde o nascimento até 140 dias de idade. Já o lote
em que fora administrado enrofloxacina, Salmonella Typhimurium foi isolada de
10
7,7 % das amostras fecais dos leitões após o desmame e de 47,4% das
amostras fecais destes animais com 140 dias de idade.
O controle da salmonelose clínica se justifica, assim como o de outras
doenças, pelas perdas econômicas causadas ao produtor e pelo bem-estar
animal. Quando se trata de segurança alimentar, o controle é mais desafiador
porque a meta é diminuir um organismo considerado ambiental por estar
presente em muitos nichos e que tem diversas espécies animais como
reservatório. Portanto, a decisão de controlar a infecção por Salmonella sp em
produtos suínos deve ser ampla, abrangendo e monitorando todas as fases da
cadeia produtiva (BRASIL, 2004).
3.3 A INTERFERÊNCIA DO ESTRESSE DO TRANSPORTE EM SUÍNOS
PORTADORES ASSINTOMÁTICOS DE Salmonella sp
Salmonella sp pode sobreviver por longos períodos no ambiente. Os
animais portadores sãos desta bactéria constituem uma fonte de infecção para
animais e humanos e, o estresse pode contribuir para que os suínos portadores
assintomáticos passem a excretar Salmonella, tornando estes animais um
perigo em potencial para a segurança alimentar (FEDORKA-CRAY et al.,
1999).
O suíno, após se infectar por Salmonella sp, passa a ter esta bactéria
presente nos linfonodos mesentéricos e, quando submetido a uma situação
estressante, passa a excretá-la nas fezes. Fatores como transporte, mistura de
lotes, doenças, entre outros, podem determinar a excreção da Salmonella sp.
Uma vez que o caminhão ou baia esteja contaminado, os companheiros de lote
podem se infectar e tornarem-se novos portadores e, dessa forma, a bactéria
se mantém nas diferentes fases do sistema de produção. Os suínos infectados
chegam ao frigorífico excretando Salmonella sp e contaminando as pocilgas de
espera por onde passarão animais de outras granjas (BRASIL, 2004).
A redução das taxas de infecção pré-abate resulta em aumento da
segurança dos produtos suínos (HURD et al., 2002). Assim, além das
condições higiênico-sanitárias das granjas, o transporte e a espera pré-abate
têm sido apontados como pontos críticos de contaminação por Salmonella sp
(ROSTAGNO et al., 2003).
11
3.4 PRESENÇA DE Salmonella sp EM CARCAÇAS E EQUIPAMENTOS
NA LINHA DE ABATE DE SUÍNOS
Em países industrializados, 80 a 90% dos casos de salmonelose estão
associados ao consumo de produtos de origem animal e destes 15% devido à
ingestão de carne suína (BERENDS et al., 1998). Segundo Borch et al. (1996)
e Berends et al. (1997), Salmonella sp destaca-se como a principal bactéria
patogênica incorporada na linha de abate pelo próprio suíno. O risco dessa
contaminação está dimensionado por uma probabilidade três vezes maior para
suínos portadores das mesmas em comparação aos não portadores. Por isso,
Berends et al (1996) consideram importante o controle da Salmonella sp em
etapas anteriores ao abate, incluindo o transporte e o sistema de criação.
A presença de Salmonella sp na superfície das carcaças de suínos pode
ser reduzido com a adoção dos procedimentos adequados de abate, tais como
escaldagem individual, remoção cuidadosa dos intestinos e a descontaminação
de carcaças após o abate (BIEMULLER et al., 1973; BERENDS et al., 1997).
As fezes e os linfonodos de suínos constituem uma importante fonte de
contaminação das carcaças nas etapas de abate por Salmonella sp. Kasbohrer
et al. (2000), na Alemanha, isolaram Salmonella sp em 3,7% das amostras de
fezes, 3,3% das amostras de linfonodos e em 4,7% dos esfregaços das
carcaças suínas.
Nas plantas de processamento de carne, Salmonella sp pode ser
frequentemente isolada das mãos dos manipuladores, sobre as superfícies de
trabalho e equipamentos, demonstrando que a contaminação cruzada entre
carcaças pode ocorrer e revelando, dessa forma, a necessidade de
higienização do ambiente de abate (SCHRAFT et al. 1992).
As operações de higienização no processo de abate reduzem, mas não
são capazes de eliminar totalmente bactérias patogênicas e/ou deterioradoras
de alimentos que podem estar disseminadas nas etapas de abate (RIVAS et
al., 2000). Borch et al. (1996) e Berends et al. (1997) observaram que as
etapas de escaldagem, depilação e evisceração requerem maiores cuidados a
fim de evitar que ocorra contaminação bacteriana.
12
Os fatores de risco da Salmonella sp em suínos têm sido estudados com
relação ao rebanho, ao transporte e ao frigorífico (GILL e BRYANT, 1993;
BERENDS et al., 1996; SCHLOSSER et al., 2000). Diferentes estudos têm
demonstrado, por meio da análise das fezes e das carcaças, a incidência de
Salmonella sp em suínos abatidos (OOSTEROM et al., 1985; HALD et al.,
1999; KASBOHRER et al., 2000). No Brasil algumas pesquisas analisaram
amostras de conteúdo cecal, linfonodos e/ou tonsilas de suínos e
demonstraram prevalência de Salmonella sp de 12 a 34 % (COSTA et al.,
1972; ZEBRAL e FREITAS, 1974; LANGENEGGER et al., 1983; LÁZARO et
al., 1997).
As principais fontes de contaminação de carcaças suínas no frigorífico
são: o próprio animal, principalmente a cadeia mesentérica, utensílios e
equipamentos envolvidos no processo de abate. Estes equipamentos, tais
como depiladeira, máquina de remoção e toalete de cerdas chamuscadas, são
de difícil higienização e sanitização e por isso podem ser fontes de
contaminação cruzada na planta de abate (RIVAS et al., 2000).
As etapas que representam maior risco de contaminação por Salmonella
sp no abate de suínos, segundo Thorberg e Engvall (2001) são a evisceração e
a toalete, mas acreditam que a escaldagem e a divisão das carcaças também
podem introduzir microrganismos que resultam em uma maior contaminação ao
fim da linha do abate.
Carr et al. (1998) sugerem implantação de programas de monitoramento
de carcaças suínas por meio de testes microbiológicos de pesquisa de
Salmonella sp em frigoríficos, para controlar possíveis contaminações
microbianas.
3.5 A IMPORTÂNCIA DA Salmonella sp EM SAÚDE PÚBLICA
Nos últimos anos os produtos de origem suína ganharam maior atenção
como fontes potenciais de salmonelose em humanos, principalmente depois
que surtos de toxinfecção alimentar tiveram sua origem associada ao consumo
destes produtos contaminados pela bactéria na Dinamarca (FEDORKA-CRAY
et al., 1999). Os produtos suínos foram considerados fonte de infecção em 10 a
13
19% dos casos de salmonelose em humanos na Dinamarca e Holanda
(SALINPORK, 2001).
As doenças transmitidas por alimentos acometem cerca de 76 milhões
de pessoas, causando 325.000 hospitalizações e 5.000 óbitos, anualmente,
nos Estados Unidos da América. Baseados nessa ocorrência, Frenzen et al.
(1999) estimaram em 2,3 bilhões de dólares o custo anual da salmonelose
humana. Estando 6 a 9% dos casos humanos associados a produtos suínos
contaminados, a contribuição desses no custo da salmonelose humana
resultaria entre 100 e 200 milhões de dólares.
A carne e seus derivados têm sido frenquentemente implicados como
veículos de transmissão de patógenos para humanos. Salmonella sp, dentre
outras bactérias patogênicas, presentes na superfície de carcaças suínas,
entram na planta de abate a partir dos animais vivos e dos operários. Não
existem procedimentos de inspeção especificamente direcionados para o
controle desse microrganismo que oferece risco para a saúde pública (SAIDE-
ALBORNOZ et al., 1995; KORSAK et al., 1998).
Salmonella sp é reconhecida mundialmente como uma das principais
causas de toxinfecções alimentares. Geralmente, os surtos em humanos estão
associados ao consumo de produtos de origem animal. Nestes, os sintomas
iniciais da doença são náuseas e vômitos, que ocorrem de oito a vinte e quatro
horas após a ingestão do alimento contaminado e, geralmente, não persistem
após o início da diarréia. As salmoneloses tendem a permanecer localizadas,
mas alguns sorotipos de Salmonella sp podem ter acesso à corrente sanguínea
e causar bacteremia (ATLAS, 1997). Os suínos epidemiologicamente
funcionam como portadores hígidos de Salmonella sp e, consequentemente,
constituem uma fonte de infecção para humanos (ZEBRAL et al., 1974).
O risco de ocorrer surto de toxinfecção alimentar por Salmonella tendo
como origem o consumo da carne e produtos suínos existe, uma vez que
linguiças e outros produtos cárneos não passam por estágios de eliminação
preventiva de microrganismos no seu processo produtivo. A inexistência de
contaminação por Salmonella sp em produtos suínos, depende da completa
ausência deste patógeno na matéria prima e etapas de processamento destes
produtos cárneos (CASTAGNA et al., 2004).
14
Também segundo Castagna et al. (2004) os linfonodos submandibulares
e tonsilas, representam importantes fontes de contaminação por Salmonella sp,
pois são carreadores de microrganismos e permanecem aderidos na carcaça
após as etapas de abate. Estes, juntamente com músculos desta região, são
aproveitados como “ligas” para produção de embutidos e de carnes
mecanicamente separadas.
Os linfonodos da cadeia mesentérica servem como alojamento inicial de
Salmonella sp e, a partir destes, a bactéria pode atingir a circulação sanguínea
ou linfática e se disseminar para outros linfonodos. Como não é possível retirar
toda a cadeia de linfonodos da carcaça, a Salmonella sp presente naqueles
que permanecem entre os músculos pode ser uma fonte de contaminação do
produto final. A maioria das pessoas infectadas por Salmonella sp desenvolve
diarréia, febre, dores abdominais de 12 a 72 horas após se infectarem.
Crianças, idosos e pacientes imunodeprimidos pertencem a um grupo de maior
risco de adoecer (BRASIL, 2005).
No Brasil, existem poucos dados oficiais sobre ocorrência de
toxinfecções alimentares causadas por Salmonella sp. Entre o período de 1997
e 1999, foram investigados 323 surtos no estado do Rio Grande do Sul, dos
quais 116 (35,7%) foram causados por este patógeno (COSTALUNGA e
TONDO, 2002). Em 2000, dos 99 surtos de toxinfecções alimentares ocorridos
no mesmo estado, 74 (74,7%) foram ocasionados por Salmonella sp
(NADVORNY et al., 2004).
Os métodos de cocção utilizados para a carne suína e seus produtos
devem ser eficientes a fim de destruir a Salmonella sp no interior da massa
muscular. A contaminação cruzada, a falta de higiene no preparo do alimento e
a estocagem inadequada são fatores de risco para toxinfecções alimentares,
por propiciarem condições ótimas para que este microrganismo se multiplique
até atingir doses infectantes (SOJKA e GITTER, 1961). Por outro lado, a
simples presença de Salmonella sp em produtos de origem animal torna-o
impróprio para o consumo. Pela legislação brasileira, Salmonella sp deve estar
ausente em 25g de uma amostra de alimentos (BRASIL, 2001). Entretanto,
existe uma quantidade mínima necessária deste microrganismo a ser ingerida
pelo homem para que ocorra toxinfecção alimentar. Os níveis de contaminação
dos produtos cárneos variam de acordo com as condições de processamento
15
dos mesmos. Bactérias patogênicas em carnes podem ser perigosas para os
consumidores se estas não forem bem cozidas ou se ocorrer contaminação
cruzada destes produtos crus para outros cozidos ou consumidos crus. Tal
problema pode ocorrer frequentemente no preparo de alimentos nas
residências dos consumidores e em estabelecimentos comerciais (ESCARTÍN
et al., 2000).
Um aspecto de extrema importância tem sido o aumento expressivo da
ocorrência de amostras multirresistentes aos antimicrobianos. Nos países
desenvolvidos, esta ocorrência tem sido particularmente associada ao emprego
de doses terapêuticas e subterapêuticas de antibióticos nos animais. Nos
países em desenvolvimento, o aumento da resistência tem sido relacionado ao
uso de antimicrobianos na medicina humana. A partir da década de 1990,
surgiram amostras multirresistentes de S. Typhimurium fagotipo DT 104,
ocasionando infecções em bovinos e no homem, em vários países do mundo,
como Inglaterra, Escócia, Estados Unidos, Canadá, Israel, Turquia e Japão. De
modo geral, a prevenção das gastroenterites em humanos por Salmonella sp
deve ter por base a manipulação e preparo adequado de alimentos,
principalmente carnes e ovos (CAMPOS, 2004).
16
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 LOCAL E AMOSTRAGEM
O presente estudo foi realizado em uma granja de terminação de suínos
situada no município de Uberlândia - MG, e em um frigorífico no mesmo
município sob serviço de inspeção oficial. A colheita das amostras foi realizada
em três etapas e em três pontos da cadeia produtiva suína: 1) Granja de
terminação, uma semana antes do abate - colheita de suabe retal, água, ração
e de ambiente; 2) Pocilga de espera no frigorífico, um dia antes do abate –
colheita de suabe retal dos mesmos animais e de ambiente; 3) Processo de
abate – colheita de linfonodos, suabe de superfície de carcaças, equipamentos
e utensílios, na linha de abate dos animais identificados.
4.1.1 COLHEITA NA GRANJA
A granja analisada possui seis galpões construídos em alvenaria, com
aberturas laterais, sem proteção por telas, corredor central entre as baias,
sendo um de gestação, um de maternidade, um de creche, um de recria e dois
de terminação de suínos (Figuras 4, 5 e 6). Os animais são introduzidos nas
baias de terminação com idade de 120 dias e são destinados ao abate com
idade de mais ou menos 150 dias, com peso médio de 90 Kg (Figura 1).
As baias de terminação com área de 40 m
2
, alojam em média 45 suínos
(Figuras 7, 8 e 9). Possuem piso compacto com piscinas laterais e comedouros
plásticos de modelo simples, sendo a reposição da ração, que é farelada e
produzida na própria granja, realizada de maneira automatizada (Figura 10). É
administrado antibiótico na ração dos suínos com idade entre 111 e 125 dias. A
água fornecida aos animais, por meio de bebedouros tipo chupeta (Figura 11),
não é clorada e provém de poço artesiano.
A higienização das baias é feita logo após o envio dos lotes de suínos
para o abate. A granja não possui Programa de Controle de Pragas, mas,
17
quando funcionários detectam presença de roedores, são colocados raticidas
no interior de cilindros metálicos afixados nos cantos entre o piso e parede
externa do galpão de creche e fábrica de ração, e nos galpões de terminação.
Foi analisado um total de 45 suínos de terminação, pertencentes ao
mesmo lote, escolhidos aleatoriamente, em três etapas, uma semana antes do
abate. Foram colhidas amostras de suabes retais individuais dos suínos,
introduzindo cuidadosamente no reto dos animais suabes estéreis e, realizando
leves movimentos circulares para maior adesão de material fecal no suabe
(Figuras 13 e 14). Também foram colhidas três amostras de ração (200 g
cada), três amostras de água (500 mL cada) e três amostras de suabe de
arrasto do piso das baias. No piso da baia, foi empregada a técnica do suabe
de arrasto tipo “pro-pé”, protetor de calçados de uso hospitalar. Primeiramente,
foi calçada uma bota plástica e, com uma luva estéril, colocou-se, sobre a bota,
o “pro-pé” estéril, umedecido com água peptonada tamponada - APT a 1%. Em
seguida, caminhou-se de um lado para o outro dentro da baia e, imediatamente
após, o “pro-pé” foi imerso em um vidro estéril contendo 100 mL de APT a 1% .
Após a colheita, com o descarte da haste de plástico, os suabes retais
foram acondicionados em potes plásticos estéreis contendo 10 mL de água
peptonada tamponada a 1% (APT). As amostras de ração e água foram
armazenadas em sacos plásticos estéreis. O material foi conduzido
imediatamente ao laboratório para realização das análises microbiológicas.
Os animais foram identificados por brincos numerados para posterior
reconhecimento no frigorífico (Figuras 12 e 15).
No momento da coleta foi realizado um questionário para verificar as
condições de biossegurança da granja (ANEXO 1).
18
Maternidade
Creche
Recria
Terminação (120 a 150 dias)
Figura 1 – Fluxograma da granja de terminação de suínos analisada.
4.1.2 COLHEITA NO FRIGORÍFICO - POCILGA DE ESPERA
No frigorífico, os 45 animais previamente identificados na granja (Figura
18) foram alojados na pocilga de espera (Figuras 16 e 17) e, um dia antes do
abate, realizou-se novamente suabe retal individual dos animais para verificar
se houve interferência das etapas que antecedem o abate (Figura 2) no
isolamento de Salmonella sp. Após a colheita, descartada a haste de plástico,
os suabes retais foram acondicionados em potes plásticos estéreis contendo
10 mL de água peptonada tamponada a 1% (APT) estéril. Também foram
coletadas amostras de suabes de arrasto do piso das pocilgas de espera do
frigorífico. A técnica empregada nesta colheita foi a mesma descrita
anteriormente para colheita de amostras do piso das baias na granja de
terminação.
O material foi conduzido imediatamente, ao laboratório para realização
das análises microbiológicas. Na ocasião do desembarque desses animais, foi
realizado um questionário para verificar as condições de manejo pré-abate do
frigorífico (ANEXO 2).
Transporte dos suínos para o frigorífico
Coleta
Granja
19
Recepção / Desembarque dos suínos
Pocilgas
Jejum (8 – 24 horas), Dieta hídrica e Descanso
Figura 2 – Fluxograma do manejo pré-abate no frigorífico.
4.1.3 COLHEITA NO FRIGORÍFICO - PROCESSO DE ABATE
No decorrer do abate de suínos, as carcaças dos 45 animais
previamente identificados na granja foram analisadas em três pontos diferentes
do processo de produção (Figuras 3, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 37, 38, 39 e 42):
imediatamente após a fase de escaldagem/depilação - Ponto A (Figuras 25 e
31), retirada de linfonodos mesentéricos - Ponto B (Figura 40) e após
evisceração e serragem das carcaças - Ponto C (Figura 44). Em cada carcaça
foi analisada uma área total de 400 cm
2
, subdividida em quatro subáreas de
100 cm
2
, assim definidas: na região externa do pernil, na região externa do
lombo, na região média do ventre e na região da papada. Essas subáreas
foram delimitadas por moldes estéreis com área interna livre de 100 cm
2
, onde
foram realizados esfregaços superficiais com o auxílio de suabes estéreis, com
cinco milímetros de diâmetro. Em cada subárea foi utilizado um suabe,
realizando movimentos de zigue-zague sobre a superfície da carcaça, no
sentido horizontal e vertical - Pontos A e C (Figuras 32, 33, 43 e 45),
totalizando quatro suabes superficiais para cada amostra que foi acondicionada
Inspeção Ante-Mortem
Rampa de Acesso à Área de Insensibilização
Banho de Aspersão Água Hiperclorada (25 ppm)
Coleta
Pocilga
Sala de Abate
20
em potes plásticos contendo 10 mL de água peptonada tamponada a 1% (APT)
estéril (Figuras 34 e 35). Colheita de material realizada conforme preconizado
pela Circular nº 130/2007/CGPE/DIPOA do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Para colheita das amostras de ambiente no decorrer do abate foi
utilizado suabe, realizando movimentos de zigue-zague, no sentido horizontal e
vertical, sobre a superfície dos equipamentos e utensílios, utilizando-se dois
suabes superficiais para cada amostra, no total de três para cada um dos
seguintes equipamentos: depiladeira, mesa de toalete (toalete da depilação) e
serra fita (divisão das carcaças) e, ainda, cinco suabes de superfície para cada
amostra de facas utilizadas pelos colaboradores, totalizando três amostras.
Após o descarte das hastes, os suabes foram acondicionados em potes
plásticos estéreis contendo 10 mL de solução de água peptonada tamponada a
1% (APT) estéril.
No ponto B, foram retirados dois linfonodos mesentéricos de cada uma
das 45 carcaças amostradas, na mesa da linha de inspeção da cadeia
mesentérica (Figura 40), logo após a evisceração, totalizando 45 amostras de
dois linfonodos cada. Após a colheita, os linfonodos foram acondicionados em
potes plásticos estéreis contendo 10 mL de solução de água peptonada
tamponada a 1% (APT) estéril (Figura 41).
O material foi conduzido imediatamente ao laboratório para realização
de análises microbiológicas. Antes e durante as atividades de abate, foi
realizado um questionário para verificar as condições do processamento
(ANEXO 3).
21
Escaldagem
Depilação
Figura 3 – Fluxograma do Abate de Suínos
DIF Inspeção Final
Linha E – Insp. da Carcaça
Linha F – Insp. dos Rins
Linha G
Ins
p
. Cérebro
Linhas C e D – Insp.de Miúdos
Serragem das Carcaças
Área
Limpa
Coleta
Ponto C
Coleta
Ponto B
Linha A – Insp. do Útero
Linha B – Insp. Cadeia Mesentérica
Câmara Fria – Resfriamento (24 horas)
Expedição
Toalete da Depilação
Chamuscamento
Chuveiro da toalete
Água Clorada (1,5 – 2,0 ppm)
Área
Coleta
Suja
Ponto A
Insensibilização Elétrica
Abertura da Papada
Linha A1 – Inspeção de Cabeça
Evisceração
Oclusão de Reto
Sangria
22
4.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A pesquisa de Salmonella sp foi realizada segundo a metodologia
tradicional descrita por Michael et al. (2003). No laboratório, em um fluxo
laminar, às alíquotas de 100 mL das amostras de água, foram acrescentados
400 ml de água peptonada tamponada em concentração dupla e foram
pesados 25g das amostras de 200 g de ração e adicionados a 225 ml de APT a
1%, sendo posteriormente incubados a 37 °C por 24 horas.
As amostras acondicionadas em solução de água peptonada tamponada
a 1% – APT foram incubadas a 37 °C por 24 horas, seguida do enriquecimento
seletivo, pela qual 1 mL de cada amostra foi transferido para 10 mL de caldo
tetrationato Muller-Kaufmann (TMK, Difco) e incubados a 37 °C por 24 horas.
Uma alíquota de 1 mL deste caldo foi semeada em meios seletivos diferenciais:
ágar verde brilhante (VB) e xilose lisina desoxicolato ágar (XLD). As placas
foram incubadas invertidas a 37 °C por 24 horas.
Foram selecionadas duas colônias típicas de Salmonella sp em ambos
os ágares (VB e XLD), conforme a Tabela 2, que foram submetidas às provas
de bioquímica preliminares com ágares inclinados tríplice açúcar ferro -TSI e
lisina ferro – LIA (Figuras 46 e 49). Os isolados que apresentaram reações
típicas, foram submetidos à análise bioquímica complementar (Figura 47) com
os testes de hidrólise da uréia (Figura 47), motilidade – SIM (Figura 50), indol e,
purificados em ágares nutrientes inclinados.
As cepas suspeitas no bioquimismo, conforme a Tabela 3, foram
submetidas à soroaglutinação em placa. Para isso, 0,5 mL de solução salina
estéril foi adicionado em ágar nutriente inclinado, contendo a cepa suspeita.
Posteriormente, uma gota deste homogeneizado foi transferida para uma
lâmina de vidro, à qual em seguida, adicionou-se uma gota do soro polivalente
somático anti-Salmonella O de referência (PROBAC) e, com movimentos
giratórios, de no máximo dois minutos, observou-se a reação de
soroaglutinação. Conforme a Tabela 4, as amostras que apresentaram
ausência desta reação foram consideradas negativas para Salmonella sp e
aquelas com presença de reação foram consideradas positivas, sendo, então,
congeladas em caldo APT com glicerol.
23
Tabela 2 – Características das colônias de Salmonella sp
Meios Seletivos
Diferenciais
Morfologia das colônias
Agar Verde Brilhante (VB)
Colônias lisas rosadas ou
incolores
Xilose Lisina Desoxicolato
Agar (XLD)
Colônias pequenas lisas e
com o centro preto ou
incolores
Tabela 3 – Identificação bioquímica presuntiva de Salmonella sp
Prova Bioquímica Comportamento
Bioquímico
Base Amarelo (ácido)
Bisel Vermelho (alcalino) ou
amarelo (ácido)
TSI
H
2
S Formação ou não de gás
sulfídrico
Base Púrpura (alcalino)
Bisel Púrpura (alcalino)
LIA
H
2
S Formação ou não de gás
sulfídrico
Urease
Negativa
Motilidade Positiva
H
2
S Formação ou não de gás
sulfídrico
SIM
Indol Negativo
Tabela 4 – Caracterização antigênica da cepa bacteriana
Anti-soro Resultado da
Aglutinação
Interpretação
Somático Polivalente
de Salmonella
Positiva Presença de aglutinação na
mistura cultura mais soro
anti-Salmonella
Somático Polivalente
de Salmonella
Negativa Ausência de aglutinação na
mistura cultura mais soro
anti-Salmonella
24
4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para análise dos resultados foi utilizado o teste de McNEMAR, que
consiste em um teste de comparação de duas proporções. Avalia o grau de
discordância de procedimentos aplicados aos mesmos indivíduos. Utilizou-se
significância de 5%. As análises estatísticas foram realizadas no Programa
Bioestat (AYRES et al., 2004).
25
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Salmonella NA GRANJA
A frequência de isolamento de Salmonella sp, na granja de terminação
de suínos pode ser observada na Tabela 5.
Tabela 5 - Frequência de isolamento de Salmonella sp na granja de terminação
de Suínos
Amostras Nº de
Amostras
Nº de
Isolados
%
Suabe retal individual 45 26 57,77
Suabe de arrasto do lote 03 00 00
Ração 03 00 66,66
Água 03 00 00
Total 54 28 51,85
Do total de 45 amostras de suabe retal da colheita na granja de
terminação analisada, 26 (57,77 %) foram positivos para Salmonella sp. Esta
técnica de suabe foi utilizada para verificar a ocorrência de Salmonella sp em
suínos de terminação que seriam destinados a abate.
Segundo Davies et al. (1998), as fezes têm sido amostradas, em
estudos conduzidos nas granjas, para verificar o estado de excretor dos suínos.
Nielsen et al. (1995) ressaltam que a média de animais no lote positivos para
Salmonella sp pode ser ainda maior que a encontrada em estudos de
prevalência devido à característica de intermitência desta bactéria na excreção
fecal.
Alban et al. (2002) estabeleceram três níveis de risco de contaminação
por Salmonella ao abate conforme a soroprevalência encontrada na granja,
sendo consideradas de risco baixo as granjas com até 40 % de
soroprevalência, médio entre 40 e 70% e alto se maior que 70%, níveis estes
em conformidade com a classificação estabelecida por Kich et al. (2005), que
encontraram soroprevalência de 57,6% (risco médio) no lote de suínos de
26
terminação analisado, resultado este semelhante ao encontrado no presente
estudo.
A amostragem realizada no ambiente da granja, suabe de arrasto do
piso das baias dos animais, resultou em ausência de isolamento de Salmonella
sp. Silva et al. (2006) isolaram Salmonella sp em quatro das 18 amostras
analisadas de ambiente da baia de suínos.
Isolou-se Salmonella sp em 66,66% das amostras de ração (2/3). Apesar
de não ter sido objeto deste estudo avaliar roedores e aves silvestres no
ambiente da granja, o que poderia explicar a presença desta bactéria na ração
seria a ausência de programa de controle de pragas, de aves silvestres e de
controle dos ingredientes utilizados na formulação da ração.
De acordo com Beloil et al. (1999), existem diversas fontes de introdução
de Salmonella sp nas propriedades de criação de suínos e, dentre elas a ração
tem sido apontada como uma das principais, sendo um dos maiores fatores de
risco de contaminação dos plantéis. Silva et al. (2006) isolaram esta bactéria
em 7,7% das amostras de ração analisadas, indicando assim, que a ração
pode ter sido a porta de entrada de Salmonella sp no plantel de suínos
analisados, conforme no presente estudo.
Murray (2000) ressalta a importância de se armazenar corretamente os
ingredientes da ração, de modo que os mesmos não fiquem expostos a outras
espécies de animais que não os suínos, espécies estas que podem ser
portadoras de Salmonella sp, podendo constituir, dessa forma, fonte eminente
de contaminação por esta bactéria. Rattus novergicus, Rattus rattus e Mus
musculus são portadores de Salmonella Typhimurium (DAVIS e WRAY, 1997;
WILCOCK e SCHAWARTZ, 1992), um dos sorotipos mais isolados em
humanos, suínos e seus subprodutos (BESSA et al., 2004; WEGENER e
BAGER, 1997). Portanto, segundo Kich et al. (2005), a ausência de um
programa de controle de pragas pode resultar em grandes infestações de
roedores e contribuir para a manutenção da transmissão de Salmonella sp
ativa entre o rebanho de suínos.
A observação anteriore relativa a roedores serve para alertar sobre a
importância de um controle eficiente dos mesmos. A ausência de controle de
roedores na granja analisada pode ter tido relação com a ocorrência de
Salmonella sp encontrada no plantel analisado.
27
Como neste estudo foi encontrada a presença de Salmonella sp na
ração, vale ressaltar, também, sobre a importância de se monitorar a qualidade
dos ingredientes utilizados na sua fabricação. Existem inúmeras oportunidades
de contaminação microbiológica desta ração, desde a origem dos ingredientes
até o momento de disponibilizá-la para os animais.
O modelo de comedouro, utilizado na granja analisada, propicia
contaminação da ração, pois, nele a ração fica exposta, cai no piso da baia e
os animais conseguem pisar nela. No momento da visita à granja analisada, foi
observada a presença de fezes dentro destes comedouros, de ração no piso
das baias e de animais pisando nos comedouros. Segundo Kich et al. (2005), o
modelo de comedouro/bebedouro semi-automático, que possui duas ou quatro
aberturas, permitindo acesso a poucos animais ao mesmo tempo, reduz a
exposição da ração à contaminação fecal.
Embora as análises das amostras de água não tenham identificado a
presença de Salmonella sp, a mesma não deve ser descartada como possível
veículo de transmissão desta bactéria, pois na granja analisada, os dejetos
suínos são aproveitados como adubo orgânico nas plantações adjacentes à
suinocultura, próximas ao ponto de captação, sendo esta água de bebida
fornecida aos animais não clorada e proveniente de poço artesiano. O ciclo que
compreende a deposição de dejetos não tratados no solo e a contaminação
dos mananciais deve ser evitado.
Kich et al. (2005) observaram que a distribuição de dejetos próxima da
fonte de água representou um risco de contaminação associado à
soroprevalência elevada de Salmonella sp. Este fato pode ser explicado pelo
fornecimento de água de bebida contaminada para os suínos.
No presente estudo, verificou-se que as baias são higienizadas logo
após a retirada do lote de animais destinados ao abate, respeitando vazio
sanitário de três dias. Apesar de este trabalho não ter feito avaliação da
eficiência da higienização das instalações das baias e do vazio sanitário da
granja analisada, é importante lembrar que estas etapas de manejo são
importantes no controle de patógenos.
O controle da presença de Salmonella sp nas granjas de terminação de
suínos tem sido discutido na literatura, havendo, entretanto, um consenso de
que o mesmo deve ser direcionado para a manutenção de baixos níveis de
28
infecção. Os fatores citados como importantes para o controle desta bactéria
têm sido o estabelecimento de um programa de desinfecção eficiente
associado ao vazio sanitário, controle de pragas e controle da produção e
armazenamento adequados da ração (TIELEN et al., 1997).
Apesar de no presente estudo não ter sido analisado amostras de
ambiente do veículo terceirizado que transporta os suínos para o frigorífico,
segundo Kich et al. (2005), o transporte dos animais para o abate feito em
caminhões de terceiros pode constituir fonte de contaminação para os plantéis
de suínos, pois esses caminhões circulam em várias granjas e podem carrear
agentes patogênicos de uma para outra.
As pessoas que entram em contato com o caminhão durante o
carregamento dos suínos também podem carrear agentes patogênicos para os
rebanhos. Sob o ponto de vista sanitário, as observações anteriores podem
retratar deficiências no sistema de logística e fluxo dos animais no setor
produtivo (KICH et al. 2005).
Também não foi objeto deste estudo analisar se a permissão de entrada
na granja analisada, de mais pessoas que não os técnicos, pode ter contribuído
para os resultados encontrados. Porém, é sabido que a permissão de entrada
de outras pessoas na granja, além do técnico, constitui uma falha grave de
biossegurança, podendo constituir porta de entrada para microrganismos. Funk
et al. (2001) relataram situações como mais de uma pessoa na terminação e
presença de outras espécies domésticas como fatores de risco associados ao
aumento de excreção fecal de Salmonella sp em suínos de terminação. Cabe
ressaltar que regras de biossegurança são base de qualquer programa de
controle de Salmonella em suínos.
O habitat da Salmonella sp é o trato digestivo e a sua presença em
outros ambientes é explicada pela contaminação fecal (GRIMONT et al., 2000).
Portanto, todas as medidas que minimizem o mecanismo de transmissão desta
bactéria são importantes para diminuir a pressão de infecção nas granjas. É
importante determinar quais são os fatores de risco para as condições de
manejo em nosso país, para que recomendações de controle sejam
estabelecidas (WEISS et al., 2002).
29
5.2 Salmonella sp NO MANEJO PRÉ-ABATE
A comparação do isolamento de Salmonella sp das fezes de suínos da
granja de terminação com o isolamento da bactéria nas fezes dos mesmos
animais, na etapa de pré-abate no frigorífico, pode ser observada na Tabela 6.
Tabela 6 – Comparação do isolamento de Salmonella sp das fezes de suínos
da granja de terminação com o isolamento da bactéria nas fezes dos mesmos
animais, na etapa de pré-abate no frigorífico
Frigorífico
Granja
Positivos Negativos
Positivos
12 14
Negativos
10 09
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Na etapa de pré-abate, isolou-se Salmonella sp de 22 dos 45 suínos
(48,88 %). Destes 45 suínos amostrados, 12 apresentaram isolamento para
Salmonella sp tanto na granja quanto no frigorífico e 10/45 animais, resultado
negativo na granja, mas foi possível isolar Salmonella sp das fezes desses
animais no frigorífico, um dia antes do abate dos mesmos. Não houve diferença
significativa (p > 0,05) entre os pontos de coleta analisados (p = 0,6625 e p =
0,5403).
Situações de estresse de transporte podem ter contribuído para que se
isolasse Salmonella sp das fezes de suínos no frigorífico, tendo estes animais
isolamento negativo para a bactéria na granja. Morrow et al. (2000) relatam que
a prevalência de Salmonella em suínos abatidos está associada a múltiplos
fatores de risco presentes na granja, e ainda ao transporte deles para o
frigorífico, que pode aumentar a intensidade de contaminação do lote. O
transporte e a espera do abate são provavelmente fatores importantes para a
ocorrência de Salmonella sp no frigorífico. Segundo Williams e Newell (1970),
situações de estresse a que são submetidos suínos portadores de Salmonella
sp durante o transporte e a espera antes do abate podem contribuir para que a
30
bactéria, presente no conteúdo intestinal desses animais, seja excretada,
tornando-se fonte de contaminação para outros animais.
Conforme relatado por Davies e Funk (1999), suínos infectados na
granja podem tornar-se portadores em linfonodos e passarem a excretar de
forma intermitente Salmonella sp, excreção que tenderia a aumentar em
situações de estresse, como aquelas verificadas durante o transporte até o
frigorífico. Por outro lado, o transporte destes animais com outros não
infectados pode resultar na infecção destes últimos, aumentando, dessa forma,
o número de isolamento desta bactéria das fezes dos animais. Tanto a
presença de Salmonella sp nos linfonodos como nas fezes dos animais
abatidos constitui um risco para a ocorrência de contaminação cruzada das
carcaças na linha de abate. Portanto, abate de lotes de suínos portadores de
Salmonella é considerado o principal ponto crítico de controle da contaminação
das carcaças.
No monitoramento por suabe de arrasto do piso do ambiente das
pocilgas de espera, uma em três das amostras analisadas (33,33%)
apresentou isolamento de Salmonella sp.
O abate dos animais positivos para Salmonella sp e o isolamento da
bactéria nas amostras de ambiente das pocilgas, no presente estudo,
representam um importante ponto crítico de controle, pois no período que
antecede o abate pode ocorrer contaminação cruzada entre animais positivos e
negativos na pocilga de espera. Além disso, a contaminação do ambiente das
pocilgas e, possivelmente, da pele dos animais pode contribuir para que ocorra
isolamento de Salmonella sp nas carcaças e equipamentos de abate na planta
da indústria.
Hurd et al. (2002) afirmam que a infecção de suínos expostos a
ambientes contaminados por Salmonella sp pode ocorrer após um período de
apenas duas horas. Segundo Swanenburg et al. (2001) no abate de lotes que
chegam positivos no frigorífico é a granja que ocupa papel mais importante no
ciclo de contaminação por Salmonella sp, enquanto a pocilga de espera
assume importância na contaminação dos lotes provenientes de granjas
negativas. A prevalência elevada de Salmonella sp encontrada na granja
terminadora de suínos analisada e o ambiente de espera contaminado com a
bactéria no frigorífico, como mostram os resultados deste estudo, constituem
31
pontos críticos de controle na redução de contaminação de carcaças no
processo de abate.
5.3 Salmonella NO PROCESSO DE ABATE
A frequência de isolamento de Salmonella sp em carcaças suínas em
diferentes etapas do processo de abate pode ser observada na Tabela 7.
Tabela 7 – Frequência de isolamento de Salmonella sp em carcaças suínas em
diferentes etapas do processo de abate
Pontos da
Coleta
Nº de Amostras Nº de Isolados %
A
45 10 22,22
B
45 11 24,44
C
45 12 26,66
Total 135 33 24,44
Ponto A – Imediatamente após a escaldagem/depilação
Ponto B – Linfonodos da cadeia mesentérica
Ponto C – Após evisceração e serragem das carcaças
A frequência de isolamento de Salmonella sp em carcaças suínas foi de
24,44% (Tabela 7). Embora o percentual de detecção desse patógeno nas três
etapas da linha de abate tenha variado de 22,22 a 26,66 %, não foi verificada
diferença estatística significativa (p>0,05) entre esses valores, ou seja, o risco
de ocorrer esse patógeno foi o mesmo nas diferentes etapas avaliadas no
processo de abate.
Trabalhos anteriores mostram resultados de isolamento de Salmonella
sp em carcaças suínas variados, sendo registrados valores baixos como 1,4%
(SWANEMBURG et al., 2001), valores próximos de 13% (OOSTEROM et al.,
1985) e mais elevados como 27% (KORSAK et al., 1998), 29% (EPLING et al.,
1993) e 30% (BERENDS et al., 1997), valores estes mais próximos dos
resultados encontrados no presente estudo.
A média porcentual encontrada na literatura dessa enterobactéria,
isolada em amostras do trato intestinal de suínos foi de 21% (OOSTEROM et
al., 1985); entre 1,5% e 18% nos cortes do diafragma e nas fezes,
32
respectivamente (MAFU et al., 1989); 15%, 17% e 22,2%, em tonsilas, conjunto
fígado-diafragma e fezes de suínos, respectivamente (BORCH et al., 1996);
média de 10,9% em amostras de tonsilas, linfonodos mesentéricos, conteúdo
retal e suabes do fígado, língua e carcaças (SWANENBURG et al., 2001). No
Brasil, algumas pesquisas analisaram contaminação de suínos por Salmonella
sp e encontraram uma prevalência da bactéria de 12,6 % no Pará
(LANGENEGGER et al., 1983), 13,7% em Salvador (COSTA et al., 1972),
20,3% (ZEBRAL e FREITAS, 1974) e 34,8% (LÁZARO et al., 1997) no Rio de
Janeiro, em amostras de conteúdo cecal, linfonodos e/ou tonsilas.
A comparação entre o isolamento de Salmonella sp das fezes de suínos
da granja de terminação e o isolamento da bactéria nas carcaças no Ponto A
do processo de abate pode ser observada na Tabela 8.
Tabela 8 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das fezes de
suínos da granja de terminação e o isolamento da bactéria nas carcaças no
Ponto A do processo de abate
Frigorífico/Carcaças
Granja/Animais
Positivas
Negativas
Positivos
05 21
Negativos
05 14
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Ponto A – Imediatamente após a escaldagem/depilação
No Ponto A do processo de abate, Salmonella sp esteve presente em
22,22% das amostras analisadas (10/45). Isolou-se a bactéria no Ponto A de
cinco suínos negativos na coleta da granja e foi encontrada a presença da
bactéria em cinco animais tanto nas fezes da coleta da granja quanto nas
carcaças no Ponto A (Tabela 8). Dessa forma, há indícios de que tenha
ocorrido contaminação cruzada. Houve diferença significativa (p< 0,05) entre
animais positivos na granja e carcaças negativas no ponto A e animais
negativos na granja e carcaças positivas no ponto A (p = 0,0033).
É provável que a temperatura da água de escalda no frigorífico avaliado,
mantida a 62 °C, tenha evitado uma maior detecção de Salmonella no ponto A
33
(Tabela 7). Hald et al. (1999) recomendam manter a temperatura dessa água
de escalda superior a 60 °C para evitar contaminação bacteriana das carcaças,
pois consideram a presença de Salmonella sp no ambiente do tanque de
escalda um ponto crítico de controle.
A presença de Salmonella sp em 22,22 % das amostras da colheita no
ponto A (Tabela 7) pode ser atribuída mais ao processo de depilação do que ao
de escaldagem, já que a depiladeira é um equipamento de difícil higienização
e, como fica muito próxima do tanque de escaldagem, é banhada
constantemente com a água de escalda, que só é trocada ao final do abate.
Conforme Gill e Bryant (1993), todas as carcaças suínas que passam pelas
depiladeiras são contaminadas por microrganismos fecais, dentre eles
Salmonella sp. A higienização da depiladeira é laboriosa e constitui um fator de
grande importância na frequência de isolamento de Salmonella sp em carcaças
suínas (BIEMULLER et al., 1973; THORBERG e ENGVALL, 2001).
A comparação entre o isolamento de Salmonella sp das fezes de suínos
da granja de terminação e o isolamento da bactéria nas carcaças no Ponto B
do processo de abate pode ser observada na Tabela 9.
Tabela 9 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das fezes de
suínos da granja de terminação e o isolamento da bactéria nas carcaças no
Ponto B do processo de abate
Frigorífico/Carcaças
Granja/Animais
Positivas
Negativas
Positivos
06 20
Negativos
05 14
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Ponto B – Linfonodos da cadeia mesentérica
Isolou-se Salmonella sp em carcaças no processo de abate no Ponto B
de cinco suínos negativos na colheita da granja e foi encontrada a presença da
bactéria em seis animais tanto nas fezes da coleta da granja quanto nas
carcaças no Ponto B (Tabela 9). Com estes resultados encontrados, há indícios
de que tenha ocorrido contaminação cruzada. Houve diferença significativa (p<
34
0,05) entre animais positivos na granja e carcaças negativas no Ponto B e
animais negativos na granja e carcaças positivas no Ponto B (p = 0,0051).
No Ponto B do processo de abate, Salmonella sp foi isolada de
linfonodos mesentéricos de 11 das 45 carcaças analisadas (24,44%). Segundo
Schwartz (2000) o conteúdo intestinal pode ser fonte importante de
contaminação cruzada das carcaças no frigorífico. Na literatura é possível
observar que os estudos de prevalência são realizados, mais frequentemente,
com dados obtidos a partir de linfonodos mesentéricos, uma vez que esses são
considerados indicadores do estado de portador do animal (DAMMAN et al.,
1999). Diversos autores relatam que a transmissão da Salmonella sp se dá por
via oral e que os linfonodos mesentéricos agem como uma barreira, tornando-
se, mais tarde, fonte de contaminação para a carcaça e para o produto final
(KAMPELMACHER et al., 1963; COSTA et al., 1972; WILCOCK e
SCHWARTZ, 1992; DAMMAN et al., 1999; SCHWARTZ, 2000).
Em estudos realizados anteriormente, Rostagno et al. (2003) alertaram
para a importância da contaminação cruzada de animais negativos que
chegam ao frigorífico por animais portadores que estão excretando Salmonella
sp nas fezes. Segundo Hurd et al. (2001), a rápida invasão de linfonodos que
ocorre a partir do trato gastrointestinal contaminado com Salmonella sp resulta
em importante aumento no número de animais portadores na linha de abate. A
entrada de animais positivos para a bactéria no frigorífico é considerado o
principal fator de risco para a contaminação das carcaças e do produto final
(STEGE et al., 2001). Por estas razões, optou-se no presente estudo pela
coleta tanto de linfonodos mesentéricos, quanto de amostragem de suabe de
carcaças e de suabe retal individual dos suínos para a determinação da
frequência de isolamento de Salmonella sp ao abate. Bandeira (2003) e
Castagna et al. (2004), em estudos realizados em frigorífico, encontraram
associação da prevalência de animais portadores ao abate e a contaminação
de cortes e embutidos do tipo frescal.
A comparação entre o isolamento de Salmonella sp das fezes de suínos
da granja de terminação e o isolamento da bactéria nas carcaças no Ponto C
do processo de abate pode ser observada na Tabela 10.
35
Tabela 10 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das fezes de
suínos da granja de terminação e o isolamento da bactéria nas carcaças no
Ponto C do processo de abate
Frigorífico/Carcaças
Granja/Animais
Positivas
Negativas
Positivos
06 20
Negativos
07 12
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Ponto C – Após evisceração e serragem das carcaças
No Ponto C do processo de abate, isolou-se Salmonella sp de 12 das 45
carcaças analisadas (26,66%). Dos 45 animais analisados, a bactéria foi
isolada em sete carcaças no Ponto C, ao abate, carcaças estas de suínos
negativos na coleta da granja, e também foi encontrada a presença de
Salmonella sp em seis animais, tanto nas fezes da colheita da granja, quanto
nas carcaças no Ponto C (Tabela 10). Com estes resultados, há indícios de
que tenha ocorrido contaminação cruzada. Houve diferença significativa
(p<0,05) entre animais positivos na granja e carcaças negativas no Ponto C e
animais negativos na granja e carcaças positivas no Ponto C (p = 0,0209).
Segundo Swanemburg et al. (2001), deve ser investigada a presença de
suínos portadores de Salmonella sp ao abate, para que os mesmos sejam
transportados, alojados nas pocilgas e abatidos em separado, pois o abate de
rebanhos livres com outros infectados propicia contaminação cruzada no
processamento do abate. Esta situação está distante da realidade das
indústrias nacionais. Animais comprovadamente portadores de algumas
patologias, tais como brucelose e tuberculose, conforme atestado no Boletim
Sanitário e Guias de Trânsito Animal, são abatidos em separado dos demais
lotes ou em matadouro sanitário.
Atualmente, não existe um Programa de Redução de Patógenos
específico para o abate de suínos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, por meio de ofício circular interno, normatiza critérios
microbiológicos, para carcaças suínas, de controle de Salmonella sp,
Enterobacteriaceae e microrganismos mesófilos destinado a indústrias que
36
exportam carne suína para os estados membros da União Européia. Nestes
estabelecimentos de abate de suínos, existe um plano de amostragem anual,
onde são realizadas, em dois ciclos, pesquisa de Salmonella sp na superfície
das carcaças. Em cada ciclo, composto de 50 amostras de carcaças, tolera-se
cinco amostras positivas para esta bactéria.
A comparação entre o isolamento de Salmonella sp no Ponto A e o
Ponto B no processamento de abate pode ser observada na Tabela 11.
Tabela 11 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp no Ponto A
com o Ponto B no processamento de abate no frigorífico
Carcaças Ponto B
Carcaças Ponto A
Positivas Negativas
Positivas
05 05
Negativas
06 29
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Ponto A – Imediatamente após a escaldagem/depilação
Ponto B – Linfonodos da cadeia mesentérica
Isolou-se Salmonella sp de cinco carcaças tanto no Ponto A quanto no
Ponto B do processo de abate. Houve diferença significativa (p<0,05) entre
carcaças positivas nos pontos A e B e carcaças negativas nos pontos A e B (p
= 0,000).
No estabelecimento analisado, o período de tempo entre o abate e
resfriamento das carcaças foi de 40 minutos. Segundo Borch et al. (1996), o
tempo desde o início do abate até o resfriamento de uma carcaça suína
geralmente é de 55 minutos e, até o início da evisceração, de 20 minutos.
Considerando que a fase “lag” da Salmonella sp na superfície de carcaças em
condições ambientais é de três horas, há a necessidade de um abate rápido e
o emprego de refrigeração imediata para o controle desse patógeno.
A comparação entre o isolamento de Salmonella sp no Ponto A e no
Ponto C no processamento de abate no frigorífico pode ser observada na
Tabela 12.
37
Tabela 12 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp no Ponto A e
no Ponto C no processamento de abate no frigorífico
Carcaças Ponto C
Carcaças Ponto A
Positivas Negativas
Positivas
03 07
Negativas
10 25
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Ponto A – Imediatamente após a escaldagem/depilação.
Ponto C – Após evisceração e serragem das carcaças.
Isolou-se Salmonella sp em três carcaças tanto no Ponto A quanto no
Ponto C do abate. Houve diferença significativa (p<0,05) entre carcaças
positivas no ponto A e C e carcaças negativas no ponto A e C (p = 0,000).
A oclusão com saco plástico e a posterior liberação manual do reto,
realizadas no frigorífico estudado, podem ter contribuído para que a frequência
de Salmonella sp no ponto C não fosse mais alta. Esse procedimento, segundo
Borch et al. (1996), reduz expressivamente a contaminação microbiana de
carcaças de 10% para 0,8%. Berends et al. (1998) também afirmam que a
oclusão do reto pode evitar em 75% a contaminação das carcaças por
Salmonella sp.
A comparação entre o isolamento de Salmonella sp no Ponto B e no
Ponto C, no processamento de abate, pode ser observada na Tabela 13.
Tabela 13 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp no Ponto B e
no Ponto C no processamento de abate no frigorífico.
Carcaças Ponto C
Carcaças Ponto B
Positivas Negativas
Positivas
05 06
Negativas
08 26
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Ponto B – Linfonodos da cadeia mesentérica.
Ponto C – Após evisceração e serragem das carcaças.
38
Isolou-se Salmonella sp de cinco carcaças tanto no Ponto B quanto no
Ponto C do abate. Houve diferença significativa (p<0,05) entre carcaças
positivas no ponto B e C e carcaças negativas no ponto B e C (p = 0,000).
Embora não tenha ocorrido aumento significativo na recuperação de
Salmonella sp das amostras entre os pontos B e C, a maior frequência de
Salmonella sp encontrada no ponto C pode ser atribuída ao processo de
evisceração, pois esse procedimento tem sido incriminado como um dos
principais pontos críticos de controle na contaminação de carcaças com
enteropatógenos no abate. Letellier et al. (1999) encontraram em amostras do
ceco de suínos, uma prevalência de 5,2% de Salmonella sp imediatamente
após a evisceração. Por isso, a validação da técnica de evisceração é
importante e deve ser feita por meio de repetidos exames microbiológicos para
microorganismos indicadores. Segundo Berends et al. (1997), a toalete pré-
evisceração geralmente contribui com 5-15% da contaminação da carcaça por
Salmonella sp e o restante, 85-95%, é atribuído à evisceração (55-90%) e
demais operações posteriores (5-30%).
De acordo com as exigências legais para garantir a segurança dos
alimentos, o sistema de inspeção é realizado em conjunto com as práticas de
garantia da qualidade da indústria. Esse sistema é baseado nos princípios de
Boas Práticas de Fabricação (BPF), no Procedimento Padrão de Higiene
Operacional (PPHO) e na Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC), que conferem um controle minucioso sobre o processo produtivo.
Estes procedimentos têm por objetivo a redução dos riscos da ocorrência de
perigos físicos, químicos e biológicos, visando à inocuidade dos alimentos
produzidos, mediante o controle do sistema de produção (Brasil, 2003). O
frigorífico analisado comercializa no mercado interno e, portanto, possui
apenas Boas Práticas de Fabricação – BPF e Procedimentos Padrão de
Higiene Operacional - PPHO implantados como medidas de controle higiênico-
sanitário.
39
A comparação entre o isolamento de Salmonella sp dos suabes retais
dos suínos e o isolamento da bactéria nas carcaças, em pelo menos um ponto
de abate analisado no frigorífico, pode ser observada na Tabela 14.
Tabela 14 – Comparação entre o isolamento de Salmonella sp das fezes dos
suínos e o isolamento da bactéria nas carcaças em pelo menos um ponto de
abate analisado no frigorífico.
Carcaças/Frigorífico
Animais/Granja e
Frigorífico
Positivas
Negativas
Positivos
15 21
Negativos
9 0
Resultados analisados conforme teste de McNEMAR
Isolou-se Salmonella sp de 15 animais tanto nas fezes quanto na
carcaça. Em nove animais negativos nas fezes isolou-se Salmonella sp da
superfície das carcaças ao abate, indicando, dessa forma, que tenha ocorrido
contaminação cruzada. A Tabela 14 mostra que a bactéria analisada foi isolada
em pelo menos uma das variáveis analisadas, suabe retal ou carcaça. Houve
diferença significativa (p< 0,05) entre, de um lado, animais positivos e carcaças
positivas e, de outro, animais negativos e carcaças negativas (p = 0,0003).
Também houve diferença significativa (p = 0,0446) entre, animais positivos e
carcaças negativas e, de outro, animais negativos e carcaças positivas.
A frequência de isolamento de Salmonella sp das amostras de
equipamentos/utensílios no abate de suínos pode ser observada na Tabela 15.
40
Tabela 15 - Frequência de isolamento de Salmonella sp nas etapas e
equipamentos/utensílios do abate de suínos
Pontos de Coleta Nº de Amostras Nº de Isolados %
Suabe de Carcaças 90 22 24,44
Linfonodos 45 11 24,44
Suabe Depiladeira 03 01 33,33
Suabe Mesa de Toalete 03 00 00
Suabe Facas 03 00 00
Suabe Serra Fita 03 01 33,33
Total 147 35 23,80
No monitoramento das amostras de ambiente, no decorrer do abate, por
meio de suabe de superfície, conforme Tabela 15, uma das três (1/3) amostras
analisadas da depiladeira (33,33%) e uma das três (1/3) amostras analisadas
da serra fita de carcaças (33,33%) apresentaram resultado positivo para
Salmonella sp. Esta bactéria não foi isolada da mesa de toalete e das facas.
Os resultados encontrados no presente trabalho chamam a atenção para
a necessidade de se elaborar monitoramentos microbiológicos que determinem
os pontos críticos de controle no abate de suínos. A principal função de um
monitoramento microbiológico é construir um sistema de informações para a
avaliação da contaminação dos produtos examinados, viabilizando, dessa
forma, a determinação do nível adequado de proteção ao agente, o que
permite maior eficiência em medidas de controle, um componente importante
da Análise de Risco Microbiológico (BRASIL, 2003).
41
6 CONCLUSÃO
A ocorrência elevada de Salmonella sp na granja analisada, refletiu no
alto índice de isolamento da bactéria durante o abate. A ração foi apontada
como uma importante fonte de contaminação do rebanho suíno. Na etapa de
pré-abate, no frigorífico, a presença de Salmonella sp em amostras de
ambiente das pocilgas representou uma fonte de contaminação para outros
lotes de animais, mantendo os mesmos índices de isolamento da bactéria
encontrados na granja. No processo de abate foi verificada a presença de
Salmonella sp em equipamentos e utensílios, e a presença desta bactéria em
carcaças de animais negativos nas colheitas de suabe retal, indicou possível
contaminação cruzada. Os riscos de contaminação pela bactéria foram os
mesmos nos pontos de abate analisados. No caso do abate de animais
portadores de Salmonella sp, as etapas de escaldagem, depilação, oclusão de
reto, evisceração, divisão de carcaças representam importantes pontos críticos
de controle. A redução do nível de contaminação das carcaças na indústria
poderá ser alcançada mediante identificação e controle das fontes de
contaminação em todos os estágios de produção. Para tanto, faz-se necessária
a criação de um programa oficial de monitoria ativa específica para controle de
contaminação em carcaças suínas por Salmonella sp para garantir alimento
seguro na mesa do consumidor.
42
7 IMPLICAÇÕES
Este trabalho constituiu-se em um estudo que relaciona a ocorrência de
Salmonella sp em suínos de terminação, com a interferência do estresse de
transporte na etapa de pré-abate e o posterior processamento das carcaças ao
abate.
Os resultados deste estudo poderão servir de suporte para a
fundamentação de outras pesquisas e as colônias de Salmonella sp, isoladas
nesta pesquisa, poderão ser remetidas para laboratórios de referência para
sorotipagem. Esses resultados, que revelaram elevada ocorrência desta
bactéria em suínos, indicam claramente a necessidade de elaboração de
Programas Oficiais de Monitoramento de carcaças, já que os critérios
microbiológicos podem ser usados na validação e verificação de procedimentos
do Sistema de Análise e Perigo de Pontos Críticos de Controle – APPCC, e de
outras medidas de controle higiênico-sanitárias, Boas Práticas de Fabricação –
BPF e Procedimentos Padrão de Higiene Operacional – PPHO.
Torna-se importante avaliar a presença da Salmonella sp em toda a
cadeia produtiva de suínos nas etapas de creche e recria em granjas
terminadoras e em granjas núcleo, de produção de matrizes, bem como no
comércio varejista.
43
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of seemingly normal swine slaughtered at abattoir of Santa Cruz, Rio de
Janeiro. Memórias Instituto Oswaldo Cruz. v.62, p.223-236, 1974.
50
FIGURAS
Figura 4 – Granja de Terminação de suínos
Figura 5 – Galpões de Terminação de suínos
Figura 6 – Granja de Terminação de Suínos
51
Figura 7 – Baia dos Suínos de Terminação Amostrados
Figura 8 – Baia de Suínos de Terminação Amostrados
Figura 9 – Baia dos Suínos de Terminação Amostrados
52
Figura 10 – Baia dos Suínos – Comedouro de Ração
Figura 11 – Baia dos Suínos – Bebedouro Tipo Chupeta
Figura 12 – Identificação dos Animais por meio de Brincos
53
Figura 13 – Suabe Retal Individual dos Animais
Figura 14 – Amostra de Suabe Retal a ser Enviada ao Laboratório
Figura 15 – Animais Sendo Conduzidos para as Baias após Identificação
54
Figura 16 – Frigorífico - Pocilga de Espera
Figura 17 – Frigorífico - Pocilga de Espera
Figura 18 – Pocilga de Espera Frigorífico – Animais Previamente Identificados
55
Figura 19 – Pré-Abate - Banho de Aspersão com Água Hiperclorada
Figura 20 – Processo de Abate - Insensibilização
Figura 21 – Processo de Abate - Sangria
56
Figura 22 – Processo de Abate - Escaldagem
Figura 23 – Processo de Abate - Depilação
Figura 24 – Processo de Abate - Depilação
57
Figura 25 – Processo de Abate - Toalete da Depilação
Figura 26 – Amostras de Ambiente – Suabe da Mesa de Toalete
Figura 27 – Amostras de Ambiente – Suabe da Depiladeira
58
Figura 28 – Amostras de Ambiente – Suabe da Depiladeira
Figura 29 – Amostras de Ambiente – Suabe de Faca
Figura 30 – Amostras de Ambiente – Suabe de Serra Fita
59
Figura 31 – Colocação de Moldes na Carcaça – Coleta Ponto A
Figura 32 – Colocação de Moldes na Carcaça – Coleta Ponto A
Figura 33 – Suabe de Carcaça – Coleta Ponto A
60
Figura 34 – Suabe de Carcaça imerso em APT a 1%
Figura 35 – Frasco de Coleta com Suabe de Carcaça imerso em APT a 1%
Figura 36– Toalete da Depilação – Carcaças Sendo Suspensas
61
Figura 37– Carcaças sendo Conduzidas para Área Limpa
Figura 38– Processo de Abate - Chuveiro da Toalete
Figura 39– Processo de Abate – Evisceração
62
Figura 40 Retirada de Linfonodos da Cadeia Mesentérica – Coleta Ponto B
Figura 41 Frasco de Coleta com Linfonodos imersos em APT a 1%
Figura 42 Processo de Abate - Divisão Longitudinal das Carcaças
63
Figura 43– Colocação de Moldes – Coleta Ponto C
Figura 44– Colocação de Moldes – Coleta Ponto C
Figura 45– Colocação de Moldes – Coleta Ponto C
64
Figura 46– Laboratório - Provas Bioquímicas – TSI e LIA
Figura 47– Laboratório Provas Bioquímicas
Figura 48– Provas Bioquímicas – TSI, LIA, SIM, Urease
REASE
65
Figura 49– Provas Bioquímicas – TSI
Figura 50 Provas Bioquímicas – SIM – Motilidade
66
ANEXOS
ANEXO 1 - Questionário - Granja
ITENS SIM NÃO
1. A granja é atingida por poeira de estrada próxima X
2. Ração farelada X
3. Outros animais têm acesso à fábrica de ração X
4. Distribuem dejetos a menos de 100 m do ponto de captação de
água
X
5. Média de até 12 animais por baia X
6. Média de 12-18 animais por baia X
7. Média de mais de 18 animais por baia X
8. Piso da baia compacto X
9. Menos de um dia de vazio sanitário X
10. Mais de um dia de vazio sanitário X
11. Não realiza vazio sanitário X
12. Transporte de animais para o frigorífico em caminhão próprio X
13. Transporte de animais para o frigorífico terceirizado X
14. Caminhão higienizado X
15. O caminhão só transporta animais dessa granja X
16. A água é clorada X
17. A fonte de captação de água é protegida X
18. Estocagem da ração pronta em silos X
19. Realiza controle de roedores X
20. Comedouro do tipo com depósito de ração X
21. Presença de outra espécie animal na granja X
22. Presença de cerca na granja X
23. Instalações em bom estado de conservação X
24. Piso das baias limpo durante a visita X
Observações: Realizado com base em uma adaptação do questionário de
Kich et al (2005). A ração é produzida na própria granja. Os ingredientes ficam
armazenados em sacos apoiados em pallets de madeira. Os dejetos suínos
são aproveitados como adubo orgânico em plantações adjacentes à granja. As
baias possuem densidade de 101,25 Kg de suíno/m
2
. Realiza vazio sanitário de
três dias. Não há Programa de Controle de Roedores, quando é visualizada a
presença de roedores nas baias de terminação os funcionários colocam
raticidas em pontos estratégicos.
67
ANEXO 2 - Questionário Frigorífico – Manejo pré-abate dos suínos
ITENS SIM NÃO
1. Os animais são transportados para o abate em período quente
do dia
X
2. A densidade do caminhão é adequada – até 200 Kg de
suíno/m
2
X
3. A condução dos animais do caminhão para as pocilgas é feita
de acordo com as normas de bem-estar animal
X
4. Pocilgas limpas, organizadas e em bom estado de conservação X
5. A densidade das pocilgas é adequada – 0,60 m/suíno X
6. O período de jejum, descanso e dieta hídrica dos animais é
obedecido conforme legislação vigente – mínimo oito e máximo
de 24 horas
X
7. A condução dos animais das pocilgas para a sala de abate é
feita de acordo com as normas de bem estar animal
X
8.
A
nimais passam por chuveiro de aspersão com água
hiperclorada antes do abate
X
Observações: Elaborado com base na Portaria nº 711 de Normas Técnicas de
Instalações e Equipamentos para Abate e Industrialização de Suínos e
Instrução Normativa nº 03/2000 do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento – MAPA. As pocilgas não possuem cobertura de proteção
contra intempéries em toda a sua extensão, permitindo, dessa forma, que
alguns animais fiquem expostos à luz solar.
68
ANEXO 3 - Questionário Frigorífico – Processo de Abate
ITENS SIM NÃO
1. Área externa do frigorífico limpa e organizada X
2. Bloqueios sanitários (lavador de botas, lavatório de mãos e
acessórios) limpos, organizados e em bom estado de
conservação
X
3. Presença de cortinas de ar em todas as portas que dão acesso
á indústria
X
4. Sanitários e vestiários organizados e limpos X
5. A água da indústria é clorada X
6. Insensibilização elétrica adequada – Ausência de reflexo
córneo, relaxamento da cabeça, ausência de vocalização,
voltagem de 370 a 750 volts e amperagem de 0,2 a 2,0 amperes
X
7. Período de tempo regulamentar da sangria – mínimo de 3 min. X
8. Pisos, paredes e teto da sala de abate em bom estado de
conservação e higiene
X
9. Os funcionários são exclusivos das respectivas áreas de
trabalho – Área suja e Área limpa
X
10. Mesas e plataformas em bom estado de conservação e
higiene
X
11. Higiene pessoal dos colaboradores adequada – uniformes
limpos, barba feita, unhas aparadas e sem adornos
X
12. Hábitos higiênicos dos colaboradores adequados – Fazem
uso do boqueio sanitário ao adentrarem a indústria e higienizam
as mãos no decorrer das atividades de abate
X
13. Realiza troca de facas no decorrer do abate – Faca reserva Às Vezes
14. Colaboradores fazem uso dos esterilizadores de facas Às Vezes
15. Temperatura dos esterilizadores adequada – Mínimo de 82,2
°C
X
16. Temperatura da água de escalda dos suínos adequada – 62
°C
X
17. Água de escalda com renovação contínua X
18. Tempo de escaldagem adequado – de 2 a 5 minutos X
19. Realiza higienização pré-operacional, operacional e pós-
operacional das instalações e equipamentos de abate
X
20. Serra de carcaça esterilizada com frequência e sempre que
necessário
X
21. Possui Boas Práticas de Fabricação - BPF X
69
Observações: Elaborado com base na Portaria nº 711 de Normas Técnicas de
Instalações e Equipamentos para Abate e Industrialização de Suínos, Portaria
nº 368/1997, que dispõem sobre o Regulamento Técnico sobre as Condições
Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Apesar de existirem facas
reserva, nem todos os funcionários estavam fazendo uso das mesmas.
Utilizavam esterilizadores de facas, mas não com frequência. O modelo do
tanque de escaldagem não permite renovação contínua da água. Como a
planta de abate possui capacidade de abate diária de 150 suínos, a água é
trocada ao final do abate.
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