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RESPOSTA DE VACAS LEITEIRAS À
SUBSTITUIÇÃO DE MILHO POR
GLICERINA BRUTA
OZANA DE FÁTIMA ZACARONI
2010
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OZANA DE FÁTIMA ZACARONI
RESPOSTA DE VACAS LEITEIRAS À SUBSTITUIÇÃO DE MILHO
POR GLICERINA BRUTA
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias, área de concentração em Ciências
Veterinárias, para obtenção do título de
Mestre.
Orientador
Prof. Marcos Neves Pereira
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2010
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Zacaroni, Ozana de Fátima.
Resposta de vacas leiteiras à substituição de milho por glicerina
bruta / Ozana de Fátima Zacaroni. Lavras: UFLA, 2010.
43 p. : il.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Lavras, 2010.
Orientador: Marcos Neves Pereira.
Bibliografia.
1. Bovino leiteiro. 2. Glicerol . 3. Nutrição animal. 4. Resíduo de
biodiesel. 5. Desempenho. I. Universidade Federal de Lavras. II.
Título.
CDD 636.2142
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
OZANA DE FÁTIMA ZACARONI
RESPOSTA DE VACAS LEITEIRAS À SUBSTITUIÇÃO DE MILHO
POR GLICERINA BRUTA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, área de
concentração em Ciências Veterinárias, para
obtenção do título de Mestre.
APROVADA em 23 de fevereiro de 2010
Prof. José Cleto da Silva Filho UFLA
Renata Apocalypse Nogueira Pereira EPAMIG
Profa. Sueli de Fátima Costa UFLA
Prof. Marcos Neves Pereira
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS BRASIL
Aos meus pais, Israel e Aparecida,
Ao meu irmão, Israel,
A minha irmã, Ana Beatriz, e
Ao meu namorado, João Lincoln,
DEDICO.
Para aqueles que acreditaram em mim quando eu não mais acreditava em mim
mesmo,
Para aqueles que com seu sorriso removeram a sombra do meu rosto,
Para aqueles que trocaram, sem regatear, sua alegria sincera pelos meus pesares,
Para aqueles cujo amor e cujo riso me deram asas e um céu azul para voar,
Para aqueles por quem minha gratidão será sempre pequena, nesta vida ou na
próxima
Para meus amigos,
OFEREÇO.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado forças para mudar o que poderia ser
mudado.
Ao meu namorado, João Lincoln por fazer parte da minha vida e pelo
incentivo e apoio na realização deste curso.
À minha mãe, Apareceida por me ter ensinado a ser guerreira.
Ao meu orientador, professor Marcos Neves Pereira, pela competência
com que desempenha a orientação e pelo exemplo profissional.
À minha amiga, Renata, pela atenção, carinho, pela disponibilidade em
ajudar e principalmente por ser meu modelo.
À Fazenda São Francisco, pela acolhida e por tornar possível a
realização deste trabalho, principalmente Renata e Kiko, e os funcionários
César, Daniel e Alexandre que sempre, com disponibilidade e atenção ajudaram
na condução do experimento.
Ao Grupo do Leite, pela ajuda indispensável na condução do
experimento, pois, sem o Grupo seria impossível à realização do mesmo, em
especial os bolsistas, Gilson, Naína e Sancho, que sempre gentilmente ajudaram
nos tratos, ordenhas e coletas.
Ao Ricardo, por todo o tempo, atenção e paciência gastas na análise
estatística dos dados e pela alegria de viver.
Ao Flávio Junqueira e Gustavo Andrade, pela amizade e apoio nos
momentos difícieis.
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Medicina
Veterinária por permitir a realização deste curso.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão da bolsa de estudos.
À Nutron Alimentos, pelo financiamento deste projeto.
Aos colegas de pós-graduação, Gilson, Leandra, Luciene, Nilson e
Sancho, pela convivência, amizade e ajuda no experimento, no laboratório e
formatação dos dados.
Às vacas Alegria, Aloha, Anete, Aranda, Áurea, Bambina, Beauty,
Celebridade, Chuva, Elaine, Emma, Farra, Flora, Lorena, Mara, Melody, Névoa
e Sayonara que mesmo sem saber, doaram parte de suas vidas para meu
aprendizado.
A todos as pessoas que, direta ou indiretamente contribuiram para a
realização deste trabalho.
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................I
ABSTRACT ............................................................................................................III
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................1
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................3
2.1 Obtenção de biodiesel e glicerina ......................................................................3
2.2 Glicerina na alimentação animal........................................................................5
2.2.1 Glicerina para gado jovem...............................................................................5
2.2.2 Glicerina para vacas periparturientes..............................................................7
2.2.3 Glicerina para vacas em lactação..................................................................10
2.3 Absorção e metabolismo intermediário do glicerol........................................13
2.4 Metabolismo do glicerol no rúmen..................................................................15
2.5 Intoxicação por metanol ...................................................................................18
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................25
5 CONCLUSÃO......................................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................36
i
RESUMO
ZACARONI, Ozana de Fátima. Resposta de vacas leiteiras à substituição de
milho por glicerina bruta 2010. 43 p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Veterinárias) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
A resposta de vacas leiteiras à substituição total de milho maduro
finamente moído por glicerina bruta foi avaliada. Dezoito vacas Holandesas
formaram seis grupos de três animais com base na ordem de parto e produção
diária de leite. Um grupo foi formado por primíparas. Dentro de cada grupo, as
vacas foram aleatoriamente alocadas a uma sequência de três tratamentos em
Quadrados Latinos 3×3 com períodos de 28 dias. As vacas foram alimentadas
individualmente com dieta completa. Os tratamentos foram: Dieta basal
(Controle), dieta basal acrescida de um aditivo em teste, ou substituição de
milho no Controle por mistura isoprotéica de glicerina bruta e farelo de soja
(Glicerina). Apenas o contraste Controle vs. Glicerina será discutido. A
conteúdo dietética de glicerina bruta foi 12,3% da matéria seca e o teor de milho
no Controle foi 14,8%. A glicerina bruta continha 6,3% de umidade, 76,2% de
glicerol e 8800 ppm de metanol na maria natural. A substituição de amido de
milho por glicerina bruta deprimiu a produção diária de leite de 23,4 para 21,3
kg (P=0,02), sem afetar o consumo (P=0,85), resultando em queda na eficiência
alimentar (P=0,01). A secreção diária de lactose foi menor na Glicerina
(P=0,01), havendo tamm tendência fraca de queda na secreção láctea de
proteina (P=0,13). A concentração plasmática de glicose foi menor na Glicerina
(P=0,03). Na Glicerina houve aumento na proporção molar e no teor de butirato
no fluido ruminal (P<0,05) e queda na proporção de acetato (P=0,01), sem afetar
a de propionato (P=0,18), resultando em queda na relação entre acetato e
propionato (P=0,04). O consumo de matéria orgânica digestível (CMOD) o
diferiu (P=0,29), apesar da digestibilidade aparente da matéria orgânica no trato
digestivo total ter sido maior na Glicerina (P=0,02). Houve queda na relação
entre a secreção diária de energia no leite e o CMOD na Glicerina (P=0,01). Não
houve evidência de mudança na síntese relativa de proteína microbiana estimada
pela excreção diária de alantoína na urina (P=0,87) ou na eficiência de síntese
microbiana estimada pela relação entre a alantoína excretada e o CMOD
(P=0,64). A ingestão por unidade de tempo foi maior na Glicerina (P=0,03), o
tempo de ruminação não diferiu (P=0,36). A substituição total de milho por
glicerina bruta reeduzir a produção de leite e a eficiência alimentar, menor
*
Comitê Orientador: Marcos Neves Pereira UFLA (Orientador), Nadja Gomes
Alves UFLA e Renata Apocalypse Nogueira Pereira EPAMIG.
ii
disponibilidade de glicose para síntese mamária de lactose foi um mecanismo
plausível na resposta.
iii
ABSTRACT
ZACARONI, Ozana de Fátima. Response of dairy cows to the replacement of
corn by crude glycerin. 2010. 43 p. Dissertation (Master in Veterinary Science)
- Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
The response of dairy cows to the total replacement of finely ground
mature corn by crude glycerin was evaluated. Eighteen Holstein cows formed
six groups of three animals based on parity and milk yield. One group was
formed by primiparous. Within each group, cows were randomly assigned to a
sequence of three treatments in 3x3 Latin Squares with 28-day periods. Cows
were individually fed on total mixed rations. Treatments were: Basal diet
(Control), basal diet added of an additive in test, or replacement of corn in
Control by an isoproteic mixture of crude glycerin and soybean meal (Glycerin).
Only the contrast Control vs. Glycerin will be discussed. The dietary content of
crude glycerin was 12.3% of dry matter and the content of corn in Control was
14.8%. The crude glycerin contained 6.3% moisture, 76.2% of glycerol, and
8800 ppm of methanol on an as fed basis. The replacement of corn starch by
crude glycerin decreased daily milk yield from 23.4 to 21.3 kg (P=0.02), without
affecting intake (P=0.85), resulting in lowered feed efficiency (P=0.01). The
daily secretion of lactose was reduced on Glycerin (P=0.01), and there was a
weak trend for decreased milk protein secretion (P=0.13). Plasma glucose
concentration was smaller on Glycerin (P=0.03). Glycerin increased rumen fluid
molar proportion and content of butyrate (P<0.05), and decreased the proportion
of acetate (P=0.01), without affecting propionate (P=0.18), resulting in lowered
acetate to propionate ratio (P=0.04). Intake of digestible organic matter (IDOM)
did not differ (P=0.29), although total tract apparent digestibility of organic
matter was greater on Glycerin (P=0.02). There was a decreased ratio of daily
milk energy secretion to IDOM on Glycerin (P=0.01). There was no evidence
for a change in the relative synthesis of rumen microbial protein estimated by
the daily excretion of urinary allantoin (P=0.87), or in the efficiency of
microbial synthesis estimated by the ratio of excreted allantoin to IDOM
(P=0.64). Ingestion per unit of time was greater on Glycerin (P=0.03),
rumination time did not differ (P=0.64). The total replacement of corn by crude
glycerin reduced milk yield and feed efficiency, decreased glucose availability
*
Guidance Committee: Prof. Marcos Neves Pereira UFLA (Major professor),
Prof. Nadja Gomes Alves UFLA and Renata Apocalypse Nogueira
Pereira EPAMIG.
iv
for the mammary synthesis of lactose was a plausible mechanism for the
response.
1
1 INTRODUÇÃO
A União Europeia produz anualmente cerca de 1,35 milhões de
toneladas de biodiesel a partir de gordura, o que adicionado à produção do Brasil
e dos Estatos Unidos representa cerca de 90% da produção mundial (Buainain,
2008). O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel do
mundo, com uma produção anual em 2009, de 1,6 bilhões de litros (ANP, 2010).
A expectativa do Ministério de Minas e Energia é que a produção de biodiesel
seja suficiente para substituir 5% do óleo diesel consumido no país, gerando
uma necessidade anual ao redor de 3,3 biles de litros (Biodieselbr, 2009).
Pelas técnicas atualmente utilizadas, cada litro de biodiesel produzido
gera aproximadamente 79 g do subproduto glicerina bruta, contendo quantidades
variáveis de glicerol, catalizador, sabões, água e álcool, normalmente metanol
(Thompson & He, 2006). Apesar de a glicerina purificada ser um composto
valioso industrialmente, a purificação pode ser antieconômica e insuficiente para
consumir o crescimento projetado na produção mundial de glicerina de
biodiesel. O uso de glicerina bruta na alimentação animal pode ser uma maneira
de aumentar a eficiência biológica e financeira da produção de biodiesel.
O glicerol é um composto tricarbolico de alto conteúdo energético,
sendo um eventual substituto de milho e outros concentrados energéticos ricos
em carboidratos não-fibrosos na alimentação animal (DeFrain et al., 2004;
Seller, 2008; Donkin et al., 2009). O glicerol é um substrato fermentável no
rúmen (Remond et al., 1993; Bergner et al., 1995) e um precursor
gliconeogênico via metabolismo hepático (Lin, 1977). O uso de glicerol na
prevenção e tratamento de cetose em vacas leiteiras é conhecido de longa data
(Johnson et al., 1955; Goff & Horst, 2001), entretanto existe pouca informação
sobre a utilização de glicerina bruta na dieta de ruminantes, especialmente em
altas inclusões dietéticas.
2
O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta em desempenho e
digestibilidade de vacas leiteiras à substituição total de milho maduro finamente
moído por glicerina bruta.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Obtenção de biodiesel e glicerina
A denominação biodiesel pode ser utilizada para qualquer combustível
obtido a partir de fonte renovável, de origem animal ou vegetal, que substitua o
óleo de petróleo nos motores de ciclo diesel (Feliciano Filho & Pereira Júnior,
2007). O biodiesel é obtido de quatro formas clássicas a partir de triglicerídeos:
Uso direto de óleos vegetais, microemulsões, craqueamento térmico (pirólise) ou
transesterificação (Ma & Hanna, 1999), sendo a última técnica a mais utilizada.
A transesterificação ou alcoólise é uma reação reversível, na qual
triglicerídeos provenientes de óleos vegetais ou gorduras animais reagem com
álcool, gerando o biodiesel composto por uma mistura de ésteres, e a glicerina,
rica em glicerol (Geris et al., 2007). Como a reação é reversível, o álcool é
adicionado em excesso para deslocar a reação no sentido dos produtos. Os
alcis utilizados são o metanol, etanol, propanol ou butanol, sendo os dois
primeiros os mais frequentes. O metanol é mais eficiente relativamente aos
demais alcis por apresentar menor tempo de reação, menor consumo de
eletricidade, por utilizar menos equipamentos para sua fabricação e por ser mais
barato. Os ésteres metílicos são também mais facilmente separáveis da glicerina.
A reação de transesterificação pode ser catalisada por ácido, base ou
enzima (Fukuda et al., 2001). Os catalisadores utilizados são os ácidos sulfúrico
e sulfônico, as bases NaOH, KOH, carbonatos e alcóxidos ou as enzimas lipases.
A catálise mais usada é a alcalina, por apresentar a maior eficiência de
conversão dos óleos em metil ésteres e por ocorrer mais rapidamente que as
catálises ácida ou enzimática.
A mistura de ésteres é separada da glicerina por centrifugação ou em
tanque de separação. As soluções resultantes são então purificadas, gerando uma
glicerina rica em glicerol e contaminantes como sabões, álcool e catalisadores
4
(Feliciano Filho & Pereira nior, 2007). Durante a purificação o excesso de
álcool é removido da glicerina e da mistura ésteres, e à solução de glicerina são
adicionados ácidos para transformar os sabões em ácidos graxos livres e para
neutralizar o excesso de bases catalizadoras. O produto resultante da purificação
é a glicerina bruta, também denominada glicerina loira, que pode ser submetida
a outros processos de purificação para venda como glicerina bidestilada, livre de
contaminantes e mais valorizada no mercado. Cinquenta litros de biodiesel
resultam em aproximadamente 5 kg de glicerina bruta com diferentes
concentrações de glicerol, catalisadores, sais e metanol (Thompson & He, 2006).
Glicerina é o nome comercial de um líquido viscoso, incolor, inodoro,
higroscópico e com sabor adocicado, quimicamente definido como glicerol, ou
propano-1,2,3-triol de fórmula C
3
H
5
(OH)
3
(IUPAC, 1993). O termo é muito
utilizado na literatura como sinônimo de glicerol, apesar da glicerina ser
composta por proporções variáveis de glicerol e outros compostos. Quanto
maior o conteúdo em glicerol, mais pura é a glicerina, e maior o valor comercial.
A glicerina purificada, contendo mais de 99% de glicerol, tem rias aplicações,
tais como: Emulsificante, amaciante, plastificante, estabilizante e umectante em
pães, sorvetes e tabaco; em loções para a pele; em preparações cosméticas e
farmacêuticas; como meio de proteção para congelamento de células sangüíneas,
esperma, córneas e outros tecidos; em tintas de impressão, gomas e resinas em
tintas e revestimento; como anti-congelante e como matéria-prima para
nitroglicerina (Trigo et al., 2008).
De acordo com o relatado na literatura existe grande variação na
composição da glicerina bruta, o conteúdo de glicerol pode vairar de 30,5
(Paige, 2009) a 90% (Potu et al., 2009). o conteúdo de metanol em amostras
de glicerina bruta nos Estados Unidos variou de 100 ppm a 11500 ppm (Dasari,
2007). O teor de matéria seca pode variar de 70 (Shin et al., 2009) a 94% (Paige,
2009). Hansen et al. (2009) caracterizaram onze amostras de glicerina bruta
5
oriundas de sete plantas diferentes na Austrália e encontraram que o conteúdo de
glicerol vairou de 38,4 a 96,5%, e o de metanol variou de <0,01 a 13,94%, o teor
de matéria seca (MS) entre 83,9 a 100%.
2.2 Glicerina na alimentação animal
A glicerina purificada é um ingrediente seguro para alimentação animal,
diferentemente da glicerina bruta rica em contaminantes, dentre eles o metanol.
A toxidez do metanol para animais foi relatada na literatura (Nie et al., 2007),
mas a susceptibilidade de bovinos precisa ser definida. O FDA (Food and Drug
Administration) nos EUA considera que glicerina com mais de 150 ppm de
metanol é insegura para alimentação animal, enquanto o governo alemão definiu
como limite máximo 5000 ppm (Seller, 2008).
A utilização da glicerina bruta na alimentação de suínos e aves tem sido
avaliada. Concentrações dietéticas de glicerina bruta entre 5 e 10% têm sido
recomendadas para estes animais (Kijora et al., 1995; Simon et al., 1996;
Cerrate et al., 2006). Em dietas para frangos de corte, a substituição de milho por
glicerina bruta em até 10% da MS da ração não afetou negativamene o consumo,
o ganho de peso ou a conversão alimentar (Simon et al., 1996). A adição de 3 ou
6% de glicerina bruta com 90,7% de glicerol na dieta de suínos tendeu a
aumentar o ganho diário de peso (Groesbeck et al., 2008). Lammers et al. (2008)
estimaram o conteúdo de energia metabolizável da glicerina bruta contendo 87%
de glicerol, 9% de umidade e 0,028% de metanol para galinhas poedeiras. Os
autores obtiveram um valor 14% superior ao do milho em grão e cerca de
metade do valor do óleo de soja.
2.2.1 Glicerina para gado jovem
A substituição parcial de lactose por glicerol puro em sucedâneo de leite
para bezerros foi avaliada por Drackley et al. (2008). Vinte e quatro bezerros
6
Holandeses, machos e fêmeas, receberam 1,5% do peso vivo de sucedâneo de
leite com 40% de lactose ou sucedâneo com 15% de glicerol na primeira semana
de vida e 2% do peso vivo da segunda a sexta semana. Os sucedâneos continham
teor similar de proteína, gordura, minerais e vitaminas e foram hidratados para
obtenção de 15% de sólidos no produto final. O período experimental foi de 56
dias e os tratamentos foram fornecidos três vezes ao dia, do dia 3 de vida até o
dia 49. No dia 43 a quantidade de sucedâneo foi reduzida pela metade e
oferecida uma vez ao dia. A partir do dia 36 os bezerros começaram a receber
concentrado e o desmame ocorreu com 49 dias. O peso dos bezerros no dia 35
foi 66,9 kg no Controle e 64,9 kg no sucedâneo com glicerol (P=0,28). Não foi
detectada diferença entre tratamentos na estatura e na incidência de diarréia e
pneumonia. Os autores concluíram que a substituição de 37,5% da lactose no
sucedâneo de leite por glicerol foi adequada.
A substituição de milho maduro moído por 0, 3 e 6% de glicerina bruta
em um concentrado com cerca de 19% de proteína bruta foi avaliada em 90
bezerras Holandesas, com peso inicial de 86,1±0,86 kg, por um período de 112
dias após a desmama (Golombeski et al., 2009). O consumo diário dos
concentrados foi 2,72 kg. O ganho diário de peso a84 dias de aplicação dos
tratamentos foi 1,0 kg na dieta com 6% de glicerina, e 0,96 e 0,97 kg nos
tratamentos 0 e 3%, respectivamente (P=0,05). A eficiência alimentar,
mensurada pela relação entre o consumo e o ganho de peso, foi pior na dieta sem
glicerina (P<0,01), sugerindo que a substituição de milho por até 6% de
glicerina foi adequada para bezerros no período pós-desmama.
Ilse & Anderson (2009) avaliaram o efeito do teor de glicerina bruta
(85% de glicerol) na dieta de bovinos confinados. Os autores avaliaram dietas
contendo 0, 6, 12 e 18% de glicerina na MS em substituição a milho amassado.
Foram utilizados 198 garrotes pesando 283±15 kg no início do confinamento,
aleatoriamente alocados em dezesseis currais, perfazendo quatro currais por
7
tratamento. Durante os 30 primeiros dias experimentais o consumo diário de MS
respondeu quadraticamente aos tratamentos (P=0,05), sendo 9,2; 9,6; 9,6 e 8,8
para os teores 0, 6, 12 e 18% de glicerina, respectivamente. Não foi detectado
efeito de tratamento sobre o ganho de peso (P=0,78) e a eficiência alimentar
(P=0,92). Em um segundo experimento, 132 novilhas Angus com 414,3±15,1 kg
receberam as mesmas dietas por 102 dias. O consumo de MS caiu linearmente
nos animais recebendo os mesmos teores dietéticos de glicerina, 12,8, 12,7, 12,6
e 11,9 (P=0,05). Também não foi detectado efeito de tratamento sobre o ganho
de peso (P=0,26) e a eficiência alimentar (P=0,22).
2.2.2 Glicerina para vacas periparturientes
Nos anos 50 foi proposta a utilizão de glicerol como preventivo de
cetose para vacas leiteiras (Johnson et al, 1954). Este autor relatou que a
administração oral de 2 kg de glicerol foi mais efetiva no tratamento de cetose
do que a mesma quantidade de propileno glicol. A partir da década de 70 foi
preconizado o uso da glicerina na prevenção, e não apenas no tratamento de
cetose (Fisher et al, 1971; Fisher et al, 1973). Cinquenta e duas vacas
Holandesas foram divididas em quatro grupos de acordo com a data de parto e
receberam dietas com 0, 3 (174 g/d) ou 6% (374 g/d) de glicerol ou 3% de
propileno glicol (174 g/d) durante oito semanas da lactação (Fisher et al, 1973).
Os animais que receberam o tratamento 6% de glicerol perderam menos peso e
permaneceram mais tempo em balanço energético positivo que aqueles nos
outros tratamentos.
Goff & Horst (2001) avaliaram o efeito da suplementação com glicerina
sobre a glicose sanguínea de vacas o lactantes. Três vacas por tratamento
receberam 1, 2 ou 3 litros de glicerina (80% de glicerol) por sonda esofágia.
Amostras de sangue foram coletadas a cada hora por oito horas consecutivas e
24 horas após a aplicação dos tratamentos. A glicose sanguínea 30 minutos após
8
a infusão aumentou 16, 20 e 25% relativamente ao basal nos tratamentos 1, 2 e 3
litros, respectivamente. O teor sanguíneo de glicose permaneceu elevado por
oito horas após a infusão, mas retornou ao nível basal as 24 horas, mostrando
a capacidade gliconeogênica aguda do glicerol infundido em dose única no
rúmen.
DeFrain et al. (2004) avaliaram a suplementação de glicerina bruta nos
21 dias anteriores à data prevista do parto até 21 dias pós-parto. Trinta vacas
receberam os tratamentos: Controle (0,86 kg/d de amido de milho), baixa
glicerina (0,43 kg/d de glicerina bruta e 0,43 kg/d de amido de milho) ou alta
glicerina (0,86 kg/d de glicerina bruta). As dietas completas foram oferecidas
três vezes ao dia e os tratamentos foram alocados uma vez ao dia sobre o
alimento oferecido. A glicerina continha 80,2% de glicerol, 11,5% de sais, 6,6%
de água e 1,3% de metanol. A suplementação com glicerina bruta reduziu o
consumo de MS no pré-parto (P=0,01), vacas alimentadas com baixa e alta
glicerina consumiram 17% menos que o controle. No pós-parto, houve tendência
de interação entre tratamento e dia (P=0,11) para a variável peso corporal. Aos
21 dias de lactação, vacas alimentadas com baixa glicerina ganharam mais peso
do que vacas alimentadas com alta glicerina. A produção de leite o diferiu
entre tratamentos, apesar da tendência de menor conteúdo de energia (P=0,09) e
gordura (P=0,13) e menor produção diária de gordura (P=0,13) nos tratamentos
com glicerina. Houve tendência de menor teor de nitrogênio ureico no leite nos
tratamentos contendo glicerina (P=0,08). Houve interação entre tratamento e dia
s-parto para a concentração plasmática de glicose (P=0,01). A glicose foi
reduzida pela baixa inclusão de glicerina até sete dias de lactação, e foi mais
baixa entre os dias 14 e 21 no tratamento alta glicerina. No tratamento glicerina
alta também houve tendência de menor teor de amônia no fluído ruminal antes
do parto (P=0,12). Os tratamentos com glicerina aumentaram a relação entre
acetato e proprionato no rúmen (P<0,01) e tenderam a aumentar tanto a
9
concentração de butirato quanto a de ácidos graxos voláteis (AGV) sete dias
após o parto (P=0,06). Baseado nestes dados, a glicerina foi depressora de
consumo, induziu menor teor de glicose plasmática e aumentou a concentração
ruminal de butirato comparativamente a amido de milho.
Chung et al. (2007) avaliaram o efeito da suplementação de glicerina
lida nas primeiras três semanas de lactação sobre o desempenho de vacas
leiteiras durante e três semanas após o final da suplementação. Trinta e nove
vacas Holandesas, blocadas em pares com base na data do parto e produção de
leite na lactação anterior, receberam zero ou 250 g/d de glicerina bruta (65% de
glicerol) alocada sobre a dieta completa. A suplementação com glicerina tendeu
a aumentar a produção diária de leite na sexta semana da lactação de 46 para 52
kg (P=0,14). Não foi detectado efeito de tratamento sobre o consumo,
metabólitos sanguíneos e a produção e composição do leite durante as três
primeiras semanas da lactação.
Wang et al. (2008) avaliaram o efeito da suplementação de vacas
Holandesas do quarto ao 63
o
dia pós-parto com glicerina purificada (99,8% de
glicerol). Trinta e seis vacas foram blocadas por ordem e data do parto e
receberam os tratamentos controle (sem glicerol), baixo glicerol (100 g/d),
médio glicerol (200 g/d) ou alto glicerol (300 g/d) misturado manualmente a
uma das três refeições diárias. O consumo de MS e a produção de leite o
foram afetados pelos tratamentos. A produção diária de gordura tendeu (P<0,10)
a ser mais baixa nas vacas alimentadas com glicerol durante os primeiros 42 dias
de lactação e a produção de proteína tendeu (P<0,09) a decrescer linearmente
com o aumento da quantidade de glicerol suplementado. A concentração
plasmática de glicose aumentou linearmente (P<0,01) com aumento da
suplementação de glicerol.
10
2.2.3 Glicerina para vacas em lactação
Schröder & Südekum (1999) avaliaram a inclusão de glicerina variando
na pureza (TABELA 1) sobre a digestibilidade da dieta oferecida a ovinos e
vacas leiteiras. Os autores avaliaram dois teores de amido na dieta de ovinos e
teores de glicerina bruta de 10, 15 ou 20% da MS da dieta. Quando glicerina foi
adicionada à dieta com baixo amido (40% de amido de trigo na MS) não houve
efeito sobre as digestibilidades da matéria orgânica, do amido e da FDN,
enquanto a inclusão de glicerina induziu queda na digestibilidade da FDN na
dieta com alto amido (55% de amido de trigo na MS). Esses autores também
avaliaram o efeito da substituição de amido de trigo por glicerina na dieta de
garrotes. Quatro garrotes canulados no rúmen receberam dietas com 40% de
forragem e com 60% de concentrado peletizado contendo ou não 15% de
glicerina variando na pureza. Não foi detectado efeito da glicerina sobre a
digestibilidade, mas ocorreu queda na relação entre acetato e proprionato no
rúmen (P<0,05) e aumento na concentração de butirato (P<0,05) até três horas
após a alimentação. Houve aumento induzido pela glicerina na ingestão de água,
maior nos tratamentos com glicerina de baixa e média pureza.
11
TABELA 1 Composição da glicerina variando na pureza (Schröder & Südekum,
1999).
Pureza da glicerina
Baixa Média Alta
Umidade, % 26,8 1,1 2,5
Composição (% da matéria seca¹)
Glicerol 63,3 85,3 99,8
Extrato
etéreo
0,71 0,44 n.a.²
P 1,05 2,36 n.a.
K 2,20 2,33 n.a.
Na 0,11 0,09 n.a.
Pb 0,0003 0,0002 n.a.
Metanol 26,7 0,04 n.a.
¹Concentrações de cádmio, mercúrio e arsenico estavam abaixo do limite de
detecção.
²Não analisado
Donkin et al. (2009) avaliaram a substituição parcial de milho por uma
mistura isoprotéica de glicerina purificada (99,5% de glicerol) e glúten de milho
(6,25:1). Sessenta vacas Holandesas, com 173±47 dias em lactação, foram
alocadas a um de quatro tratamentos, 0, 5, 10 ou 15% da MS de glicerina por 56
dias. A dieta controle continha 20% de milho maduro finamente moído e a dieta
com 15% de glicerina continha 2,8% de milho. A produção diária de leite foi ao
redor de 37 kg e não foi afetada por tratamento (P>0,05), variando de 36,4 kg no
tratamento com 15% de glicerina a 37,3 kg no tratamento com 10%. Na última
semana do período experimental os autores observaram uma queda modesta no
consumo de MS no tratamento com 15% de glicerina (P<0,05 para a interação
entre tratamento e semana experimental). O teor de N-ureico no leite foi 12,5
mg/dL no tratamento controle e 10,6 nos tratamentos com glicerina (P<0,05).
Não foi detectado efeito de tratamento sobre o teor de sólidos do leite. O
tratamento com 5% de glicerina reduziu a digestibilidade da FDN
comparativamente ao controle, mas foi similar aos tratamentos 10 e 15%. Estes
12
dados sugerem que a substituição de milho por glicerina purificada, em
inclusões dietéticas a 15% da MS, foi adequada.
Shin et al. (2009) avaliaram a substituição de milho moído por glicerina
em dietas variando no tipo da forragem. Vinte e quatro vacas, com 116±13 dias
em lactação, foram alocadas a seis combinações possíveis de dois fatores por
três períodos de 27 dias. Os fatores foram: Dieta com 37% de silagem de milho e
10% de feno de alfafa ou dieta com 25% de casca de algodão e 10% de feno de
tifton em arranjo fatorial de tratamentos com 0, 5 e 10% de glicerina (90% de
glicerol). A dieta com silagem de milho, alfafa e 0% de glicerina continha 17,6%
de milho moído e a dieta com casca de algodão, tifton e 0% de glicerina 32,3%.
No mesmo experimento, quatro vacas canuladas no rúmen foram alocadas a
quatro tratamentos em Quadrado Latino 4x4 com períodos de 20 dias. Os
tratamentos foram silagem de milho ou casca de algodão em arranjo fatorial com
0 ou 10% de glicerina. A relação entre a produção de leite e o consumo de MS
foi menor nas dietas com 5% de glicerina. Aumento no teor dietético de
glicerina reduziu linearmente a concentração de nitrogênio ureico no plasma,
16,1, 15,5 e 13,8 mg/dL, nos tratamentos 0, 5 e 10%, respectivamente. o foi
detectado efeito da suplementação com glicerina sobre a glicose plasmática e
sobre o pH ruminal. Houve tendência de aumento na produção diária de leite de
34,4 para 35,6 kg quando a glicerina substituiu milho na dieta contendo silagem
de milho, mas houve tendência de queda de 37,7 para 36,4 kg quando glicerina
foi adicionada à dieta com casca de algodão. Os autores concluíram que teores
dietéticos de até 10% de glicerina podem ser usados para vacas em lactação.
Rico et al. (2009) avaliaram a substituição de amido de milho ou melaço
de cana por glicerina (42,5% de glicerol). Nove vacas Holandesas, com 112±8,6
dias em lactação, receberam três tratamentos em Quadrados Latinos 3x3. Os
tratamentos foram: Dieta com 4,29% de glicerina, dieta com 4,29% de melaço
ou dieta com 4,33% de amido de milho. Houve tendência de queda na produção
13
de leite de 43,1 para 40,8 kg quando glicerina substituiu melo de cana
(P=0,08) e o foi detectado efeito de tratamento sobre o consumo de MS. A
substituição de amido ou açúcar por glicerina reduziu (P<0,01) o teor de
proteína no leite.
A resposta em perfil de fermentação ruminal a aumento no teor dietético
de glicerina foi avaliada por Boyd et al. (2009). Seis vacas em lactação
receberam três tratamentos em Quadrados Latinos 3x3 com períodos de quatro
semanas. Os tratamentos foram: Controle, 200 g de glicerina ou 400 g de
glicerina. O consumo de MS foi 24,2 kg no Controle, enquanto foi 23,0 kg nos
tratamentos com 200 e 400 g de glicerina (P<0,01). A produção diária de leite
foi maior (P<0,01) no tratamento Controle do que no tratamento com 400 g de
glicerina, sendo 37,2 e 35,8 kg respectivamente, mas não diferiu do tratemento
com 200 g, de 37,2 kg. O teor de proteína no leite foi maior no tratamento com
400 g de glicerina (P<0,01) e o teor de gordura foi maior no Controle (P<0,01).
A proporção molar de propionato no líquido ruminal aumentou e a de acetato
diminuiu com a suplementação de 400 g de glicerina comparativamente ao
Controle.
2.3 Absorção e metabolismo intermediário do glicerol
Aparentemente, grande parte do glicerol dietético é fermentada pelos
microorganismos do rúmen (Remond et al., 1993). No entanto, tanto a
quantidade suplementada quanto o método de administração, misturado à dieta
ou por infusão intraruminal em dose única (drench), podem determinar a
quantidade de glicerol que escapa da fermentação ruminal (Kijora et al., 1998;
DeFrain et al., 2004; Linke et al., 2004). A proporção do ingerido fluindo do
rúmen para o abomaso ou sendo absorvida pelo epitélio ruminal determina o
poder gliconeogênico do glicerol (DeFrain et al., 2004). A proporção fermentada
no rúmen cai quando glicerol é fornecido na forma de drench (Linke et al.,
14
2004). Quando 1,2 kg de glicerol foi infundido em dose única no rúmen de vacas
não-lactantes, o fluxo de glicerol intacto para o abomaso foi de 7 a 18% do
infundido, enquanto cerca de metade do infundido desapareceu por metabolismo
microbiano no rúmen, sugerindo que ocorreu absorção direta pelo epitélio
ruminal (Remond et al., 1993).
O glicerol absorvido pelo epitélio do men precisa passar pelas
proteínas integrais de membrana (MIP). Estas são componentes normais da
membrana celular, responsáveis pelo equilíbrio osmótico. As MIP são
encontradas em bactérias, fungos, insetos, plantas e mamíferos (Froger et al.,
2001) e podem ser classificadas em dois subgrupos funcionais: aquaporinas e
aquagliceroporinas. As aquaporinas são altamente específicas para conduzir
água, por isso são chamadas de canais de água. As aquagliceroporinas são
especializadas no transporte de glicerol.
As aquagliceroporinas AQP3, AQP7 e AQP9 foram descritas como uma
classe de canais de água também permeáveis ao glicerol (Froger et al., 2001). A
AQP3 é encontrada nas células epidermais e age como um canal de glicerol,
mantendo a hidratação, a elasticidade e funcionando como uma barreira da pele
(Hibuse et al., 2005). Estas proteínas são necessárias para o transporte de
glicerol no intestino de camundongos e humanos, mas também são encontradas
nos olhos, rins, estômago, baço e eritrócito (MacDougald & Burant, 2005). A
AQP9 é uma aquagliceroporina específica do fígado e é negativamente regulada
pela insulina ao nível de transcrição. Esta proteína funciona como porta de
entrada no hepatócito, regulando a entrada do glicerol na célula para ser
utilizado como substrato gliconeogênico durante o jejum. A AQP7 é encontrada
em abundância no tecido adiposo e atua como um canal de glicerol para os
adipócitos (Hibuse et al., 2005).
A maioria do glicerol no organismo é encontrada em triglicerídeos no
tecido adiposo e é liberado para a corrente sanguínea por lipases durante a
15
lipólise. O glicerol presente na corrente sanguínea pode ser removido por tecidos
contendo a enzima glicerol-quinase, responsável pela fosforilação do glicerol a
glicerol-3-fosfato (Leningher, 2006). A fosforilação do glicerol é um passo
inicial na síntese de glicose, triglicerídeos ou oxidação completa a CO
2
. A
glicerol-quinase é encontrada no fígado e nos rins, mas também no cérebro,
adipócitos e músculos esquelético e cardíaco (Rahib et al 2009).
O glicerol absorvido é normalmente assumido como sendo um
substrato gliconeogênico em vacas leiteiras. A quinase do glicerol presente
no fígado converte o glicerol e ATP em glicerol-3-fosfato e ADP ao nível de
triose fosfato, direcionando o glicerol para gliconeogênese (Lin, 1977).
Entretanto, a remoção hepática do glicerol presente na veia porta pode ser baixa.
Existem relatos de aumento na concentração plasmática de glicerol em resposta
a infusão do composto no rúmen sem ser observado aumento simultâneo na
concentração de glicose plasmática (Krehbiel, 2008).
2.4 Metabolismo do glicerol no rúmen
Johns (1953) demonstrou que a fermentação ruminal in vitro ou in vivo
de glicerol resultou na formação de propionato. Após duas horas de incubação
ruminal menos de 80% da quantidade inicial de glicerol foi encontrada no
fluído, cerca de 50% desapareceu com quatro horas de incubação e o
desaparecimento foi total as 24 horas de fermentação. Garton et al. (1961)
também não detectaram glicerol no meio de cultura as 24 horas de incubação
in vitro em fluído ruminal de ovelha e o AGV predominante foi propionato.
Bactérias anaeróbicas facultativas fermentam o glicerol, mas as mais
importantes fermentadoras de glicerol parecem ser bactérias estritamente
anaeróbicas como Selenomonas ruminantium, produtoras de propionato (Hobson
& Mann, 1961).
16
Krehbiel (2008) relata que cerca de 13% do glicerol que chega ao rúmen
desaparece por passagem com a digesta, 44% por fermentação e 43% por
absorção pela parede. Baseado em observações in vitro, a espécie que mais
metaboliza o glicerol foi a Selenomonas e os produtos finais o propionato,
lactato, succinato e acetato. Entretanto, outros produtos da fermentação ruminal
de glicerol têm sido relatados. A metabolização ruminal de glicerol, in vitro e in
vivo, pode resultar em aumento pequeno na proporção molar de propionato e
aumento na concentração de butirato, diferentemente de estudos clássicos onde
foi observado aumento de propionato apenas (Johns, 1953: Garton et al., 1961).
Quando ocorre aumento de butirato no rúmen, tamm tem sido detectado
aumento de β-OH-butirato no sangue.
Kijora et al. (1998) observaram em garrotes que a infusão intraruminal
de 200 g de glicerol, duas vezes ao dia, aumentou o glicerol plasmático de 0,06
para 0,19 mM. O desaparecimento ruminal do glicerol infundido ocorreu
rapidamente após a infusão e não foi detectado glicerol na digesta duodenal.
Mais de 85% do glicerol infundido desapareceu do rúmen em duas horas.
Krehbiel (2008) sugere que a velocidade de desaparecimento de glicerol do
rúmen aumenta em animais previamente adaptados a este substrato.
Remond et al. (1993) avaliaram a fermentação ruminal de glicerol em
experimentos in vitro e in vivo. Duas vacas canuladas no rúmen receberam
dietas baseadas em silagem de milho e duas vacas receberam dietas baseadas em
feno gramínea, ambas sem a adição de glicerol. Após este período, uma solução
aquosa contendo 80% de glicerol foi administrada diariamente no rúmen por
duas semanas, objetivando obter uma massa diária de 240 g de glicerol
infundido. Um animal recebendo cada forragem recebeu 1,2 kg de glicerol por
mais duas semanas. Amostras de fluído ruminal para o ensaio in vitro foram
obtidas nos dias 6 e 4 de fornecimento da dieta sem glicerol, nos dias 1, 3 e 10
após o início do fornecimento de glicerol, e no dia 24 para as duas vacas que
17
receberam a maior dose de glicerol. O desaparecimento ruminal de glicerol foi
mensurado in vivo por amostragem da digesta omasal utilizando 200 g de
polietileno glicol (PEG) em solução com um litro de água misturados com 240 g
de glicerol (para mensurações dos dias 1, 3 e 10) ou 480 g (para mensurações no
dia 24). As amostras foram obtidas imediatamente antes da administração do
glicerol e do PEG, e 1, 2, 4, 6 e 7,5 horas depois da infusão. Em fermentadores
contendo amido como substrato o desaparecimento de glicerol ocorreu
rapidamente, enquanto o uso de celulose como substrato retardou o
desaparecimento para 4 a 6 horas após o início da fermentação. A taxa de
desaparecimento do glicerol foi 0,62 g/h quando amido foi o substrato
fermentativo e 0,52 g/h quando o substrato foi celulose (P<0,05). Aumento na
quantidade infundida de glicerol aumentou a velocidade de desaparecimento
ruminal do glicerol. A adição de glicerol em fermentadores contendo celulose
aumentou a produção de AGV durante as primeiras seis horas de incubação
(P<0,01), mas não teve efeito nos fermentadores contendo amido. A infusão de
glicerol reduziu a proporção de acetato e aumentou a proporção de propionato e
butirato (P<0,01) no fluído in vitro.
Potu et al. (2009) avaliaram o efeito da substituição de milho por
glicerol utilizando fermentadores contínuos. Os tratamentos foram: Dieta
controle com 60% de forragem e 12% de milho, e dietas contendo 15%, 30% e
45% de glicerol em substituição ao milho. A digestibilidade da FDN foi menor
nos tratamentos contendo 30 e 45% de glicerol (P<0,05). Estes tratamentos
induziram queda na concentração de acetato no fluído (P<0,05) e aumento nos
teores de butirato, valerato e isovalerato. A concentração de DNA de
Selenomones ruminantium também foi menor nestes tratamentos (P<0,05). Na
inclusão de 45% de glicerol a concentração de DNA de Butyrivibrio fibrisolvens
e de bactérias total foi reduzida (P<0,05), mas não foi detectada queda na
concentração de DNA de Ruminoccocus albus. Na dieta controle houve maior
18
concentração de C18:1, C18:2 e C18:1 trans (P<0,05). Os autores concluíram
que a inclusão de glicerol até 15% o afetou negativamente a fermentação
ruminal, mas inclusões mais elevadas podem deprimir a digestão fibrosa, o
crescimento microbiano e a produção de acetato.
Rico et al. (2009) avaliaram a substituição milho ou melaço de cana por
glicerina bruta (42,5% de glicerol) em cultivo contínuo. A inclusão dietética de
glicerina foi de 4% em substituição ao milho ou ao melaço da dieta controle.
Houve tendência (P=0,07) de aumento na relação entre acetato e propionato
quando glicerina foi comparada ao melaço (2,8 vs 2,5). A proporção molar de
butirato foi menor (P<0,01) na glicerina comparada com amido e melaço (13, 16
e 18% do total de AGV). A concentração de amônia foi mais alta (P<0,01) no
tratamento com glicerina e a digestibilidade da MS menor (P<0,05) em relação
ao amido, mas não diferiu do melaço.
Wang et al. (2009) alimentaram oito garrotes com cânula ruminal com
dieta controle sem glicerol, e com 100, 200 e 300 g de glicerina por dia (99% de
glicerol). A dieta controle continha 60% de palha de milho e 20,8% de milho
maduro moído. A excreção de derivados purínicos na urina teve comportamento
quadrático (P=0,02), sendo máxima na dose diária de 200 g de glicerina. A
concentração de amônia no fluído ruminal caiu linearmente (P=0,03), sugerindo
que a glicerina pode ter aumentado a eficiência de síntese microbiana ou a
desaminão ruminal de aminoácidos.
2.5 Intoxicação por metanol
O metanol é um liquido volátil, translúcido e com odor fraco,
ligeiramente mais adocicado que o etanol. As características clínicas da
intoxicação de metanol aguda incluem acidose metabólica fórmica, toxicidade
visual, coma e morte.
19
O metanol é transformado pela enzima alcool desidrogenase em
formaldeído e este em formato ou ácido formico. O formato inibe a enzima
citrocomo oxidase, componente da cadeia transportadora de elétrons envolvida
na síntese de ATP (Wallace et al., 1997). A citocromo oxidase é uma enzima
vital no processo de geração de energia para o funcionamento celular,
especialmente nos tecidos com alto metabolismo energético, como a retina e o
cérebro (Parthasarathy et al., 2006).
O potencial de intoxicação do metanol varia entre as espécies, em
função da sua capacidade de metabolizar o formato. Como o formato é o
metabólito tóxico, responsável pela acidose metabólica e degeneração neuronal,
a rápida metabolização do formato determina a toxicidade em relação àquela
espécie. (Black et al., 1985). O acúmulo de formato ocorre devido à deficiência
na metabolização que em parte é relatado pela baixa de tetrahidrofolato e H4
folato hepática. A correlação entre H4 e a taxa de oxidação de formato é alta
dentro de espécie e entre espécies. Humanos e macacos tem baixa H4 folato e
por isso acumulam mais formato, além de baixa 10-formil H4 folato
desidrogenase, enzima que cataliza a conversão de formato a CO2 (Tephy,
1991) e por isso são mais sensíveis à intoxicação por metanol que outras
espécies como os roedores e cães (Gonzales-Quevedo, 2002). Nos mamíferos o
metanol é metabolizado a formaldeído no figado através de uma via dependente
de tetrahidrofolato (Eelis et al., 1982) formando ácido formico e dióxido de
carbono (Gonzales-Quevedo, 2002)
20
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Dezoito vacas Holandesas, com 185 ± 88 dias em lactação no início do
período experimental, foram alimentadas individualmente com dieta completa
fornecida duas vezes ao dia e em quantidade suficiente para resultar em pelo
menos 5% do oferecido como sobra diária. As vacas foram alojadas em
confinamento total do tipo tie stall com camas de areia e foram ordenhadas três
vezes ao dia.
As vacas formaram seis grupos de três animais, um grupo de primíparas
e cinco grupos de multíparas. As multíparas foram então agrupadas com base na
produção diária de leite. Dentro de cada grupo, as vacas foram aleatoriamente
alocadas a uma seqüência de três tratamentos, em delineamento do tipo
Quadrado Latino 3×3, conduzidos simultaneamente, com períodos de 28 dias,
sendo 21 dias de adaptação aos tratamentos. Os tratamentos foram: Dieta basal
com milho maduro finamente moído (Controle), dieta onde o milho foi
totalmente substituído por uma mistura isoprotéica de glicerina e farelo de soja
(Glicerina), e produto em teste. Apenas a comparação entre o Controle e
Glicerina será discutida (TABELA 2). O teor de glicerol da glicerina bruta
(Almad Agroindústria Ltda, Diadema, SP) foi avaliado método ASTM D 6584-
00E01 (ASTM, 2006), o conteúdo de metonol pelo método EN 14110.
As quantidades de dieta oferecida e a sobra alimentar de cada vaca
foram mensuradas diariamente. Entre os dias 22 e 25 de cada período, amostras
da silagem de milho, de cada ingrediente do concentrado e das sobras
alimentares de cada vaca foram coletadas diariamente e congeladas. Uma
amostra composta de cada período foi formada com base em quantidades
idênticas de matéria natural. Estas amostras foram pré-secas em estufa ventilada
por 72 horas a 55°C, trituradas em peneira de 1 mm em moinho do tipo Thomas-
Willey, e uma sub-amostra foi desidratada a 100°C por 24 horas para
21
determinação do teor de MS. A proteína bruta (PB) foi analisada por um
destilador a vapor do tipo Microkjeldhal (A.O.A.C., 1975). A determinação de
extrato etéreo (EE) foi realizada segundo o A.O.A.C. (1990). As cinzas foram
determinadas por incineração da amostra a 550°C por 8 horas. O teor de FDN
foi analisado por um determinador de fibra TE-149 (TECNAL, Piracicaba, SP).
TABELA 2 Composição das dietas oferecidas em ingredientes e das dietas
consumidas em nutrientes nos tratamentos Glicerina e Controle.
Glicerina Controle
Ingredientes % da matéria seca
Silagem de milho 27,6 27,7
Feno de tifton 6,1 6,2
Milho maduro moído fino 14,8
Glicerina bruta 12,3
Farelo de soja 21,3 18,6
Polpa cítrica peletizada 19,4 19,4
Caroço de algodão 8,6 8,6
Premix
1
4,7 4,7
Nutrientes
Proteína bruta 17,5 17,7
FDN
2
total 32,4 34,4
FDN oriundo de forragem 18,7 19,0
Cinzas 9,7 9,3
Extrato etéreo 5,8 6,1
CNF
2
34,5 32,5
% da matéria natural
Matéria seca 49,9 49,6
1
Premix: 25% de bicarbonato de sódio, 25% de Megalac E
(QGN, Nova Ponte,
MG), 15% de calcário calcítico, 13% de farelo de soja, 8% de Nutronphós
150+ADE (Nutron Alimentos, Itapira, SP), 8% de NaCl, 6% de óxido de
magnésio.
²FDN = Fibra em detergente neutro. CNF = Carboidratos não fibrosos = 100
(PB + FDN + EE + Cinzas)
Amostras de seis ordenhas consecutivas foram obtidas nos dias 22 e 23
de cada período para determinão dos teores de proteína, gordura (Associação
22
Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, Curitiba, PR). A
produção diária de leite e o consumo de matéria seca (CMS) entre os dias 22 a
24 do período experimental foram utilizados para comparar tratamentos. A
secreção diária de energia no leite foi calculada pela equação: [(0,0929 x % de
gordura) + (0,0547 x % de proteína) + (0,0395 x % de lactose)] x kg de leite
(NRC, 2001). As seguintes eficiências alimentares foram calculadas: Eficiência
1 pela relação entre a produção diária de leite e o CMS e Eficiência 2 pela
relação entre a secreção diária de energia no leite e o CMS.
O peso vivo e a condição corporal de cada vaca foi mensurada no dia 28
de cada período com o intuito de descrever as unidades experimentais. A
condição corporal foi avaliada visualmente em escala de 1 a 5 (Wildman et al.,
1982). A condição corporal foi avaliada por três avaliadores independentes e o
escore médio de cada vaca foi utilizado.
No dia 28 de cada período foi avaliada a atividade mastigatória por
observação visual da atividade bucal de cada animal a cada cinco minutos por 24
horas contínuas. As atividades bucais consideradas foram de ingestão de
alimento, de ingestão de água, de ruminação e de ócio. O tempo de mastigação
em minutos por dia foi definido como a soma dos tempos de ingestão de
alimento e de ruminão. A atividade mastigatória por unidade de matéria seca
ingerida utilizou o CMS mensurado no dia da determinação da atividade bucal
de cada animal.
A digestibilidade aparente no trato digestivo total da matéria seca, da
matéria orgânica, da FDN e da matéria orgânica não-FDN foi determinada por
mensuração da produção fecal por coleta total de fezes realizada por 8 horas
ininterruptas nos dias 25 a 27 de cada período. A coleta de fezes em cada dia foi
iniciada com oito horas de atraso com relação ao dia anterior, visando obter uma
amostragem representativa das 24 horas do dia, sem causar distúrbio no
consumo de alimentos e na produção de leite dos animais. Amostras das fezes de
23
cada vaca foram continuamente congeladas ao longo da coleta e formaram uma
amostra composta ao final de cada período. Os compostos fecais foram
desidratados e o teor de FDN e cinzas foram determinados como previamente
descrito. O consumo diário de maria orgânica digestível (CMOD) foi
calculado multiplicando o consumo de matéria orgânica mensurado entre os dias
22 a 24 de cada período pela digestibilidade da matéria orgânica mensurada
entre os dias 25 a 27. A Eficiência 3 foi calculada dividindo a secreção diária de
energia no leite pelo CMOD.
Simultaneamente à coleta total de fezes foi realizada coleta total de
urina para estimativa da excreção diária de alantoína, utilizada como medida
relativa da síntese diária de proteína microbiana no rúmen. Ao volume de urina
coletado foram imediatamente adicionados 10% de ácido sulfúrico a 10% e a
amostra foi armazenada a 4ºC. Uma amostra composta foi formada para cada
vaca no final de cada período. As amostras compostas foram diluídas com água
destilada na proporção 1:3 entre urina e água e congeladas a -20ºC até a
realização das análises. A alantoína foi analisada por procedimento
colorimétrico semelhante ao sugerido por Chen & Gomes (1995). A excreção
diária de alantoína dividida pelo CMOD foi utilizada como estimativa da
eficiência de ntese de proteína microbiana.
No dia 27 de cada período foram obtidas amostras de fluído ruminal
através de sonda flexível oro-gástrica com auxílio de uma bomba de sucção a
vácuo acoplada a um Kitassato (Rosemberger, 1983). As amostras foram obtidas
12,6±0,4 horas após o fornecimento matinal de alimentos, sendo os animais
amostrados aleatoriamente dentro de quadrado. O pH ruminal foi mensurado
imediatamente. As amostras de fluído ruminal tiveram a fermentação inibida por
congelamento em nitrogênio líquido e foram armazenadas sob congelamento
para posterior análise de AGV. Após serem descongeladas, as amostras foram
centrifugadas em temperatura de 4 ºC a 8855 x g por 15 minutos. As amostras
24
foram analisadas por cromatografia gás-líquida (CP 3800 Gas Cromatography
Varian, Varian Cromatography Systems, Palo Alto, EUA), com coluna capilar
(CP-Wax 58 (FFAP) CB, Varian Analytical Instruments, Palo Alto, EUA).
No dia 28 de cada período amostras de sangue foram obtidas dos vasos
coccígeos para dosagem de glicose, aleatoriamente dentro de quadrado. As
amostras foram obtidas 12,2±0,1 horas após a primeira refeiçao diária. O sangue
foi colhido em tubos vacuolizados contendo 100 µl de fluoreto de potássio. As
amostras foram centrifugadas a 1000 x g por 15 minutos e o plasma foi
congelado a -20 °C para posterior análise utilizando kit laboratorial (Labtest
Diagnóstica S.A., Lagoa Santa, MG, Cat. 27).
Análise estatística
Os dados foram analisados pelo procedimento GLM do SAS (1985),
com modelo contendo os efeitos de quadrado, vaca dentro de quadrado, período
e tratamento. O contraste ortogonal com um grau de liberdade entre Glicerina e
Controle comparou estes tratamentos. Valores de probabilidade abaixo de 0,05
foram considerados como significativos; entre 0,05 e 0,10 como tendência; e
entre 0,10 e 0,15 como tendência fraca.
25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O conteúdo de energia bruta da glicerina, ajustado para o teor de
umidade da amostra (TABELA 3), foi 4,28 kcal/g, típico de carboidratos e
próximo ao valor de 4,3 kcal/g do glicerol (Maynard, 1984). Este fato sugere que
a amostra continha maior teor de glicerol que a pureza mensurada
laboratorialmente, de 76,2% da matéria natural. O teor de carboidratos não
fibrosos não mensurados analiticamente, provavelmente glicerol, estimado por
subtração da amostra fresca dos teores de umidade, glicerol, cinzas, PB e EE foi
13%. O teor de glicerol na amostra pode ter sido ao redor de 89,2% (76,2 +
13,0), denotando que a glicerina bruta utilizada tinha pureza alta. Paige (2009)
observou que o teor de glicerol em 16 amostras de glicerina bruta da região
centro-oeste dos Estados Unidos foi 30,5%, enquanto a média em 11 amostras
analisadas por Hansen et al. (2009) na Austrália foi 72,4%, variando de 38,4 a
96,5%. Amostras de glicerina bruta com pureza em glicerol superior a 80% foram
frequentemente relatadas na literatura (DeFrain et al., 2004; Linke et al., 2004;
Ogborn et al., 2006; Mach et al., 2008; Potu et al., 2009; Shin et al., 2009).
TABELA 3 Composição da glicerina bruta na matéria natural (MN).
% da MN
Glicerol 76,2
Umidade 6,29
Proteína bruta 0,29
Extrato etéreo 1,33
Cinzas 2,93
Fósforo 0,61
Sódio 0,81
Metanol 0,88
mg KOH/g de MN
Indice de acidez 1,74
kcal/g de MN
Energia Bruta 4,008
26
Apesar de o teor de cinzas da glicerina bruta ter sido baixo (Hansen et
al., 2009; Paige, 2009), o teor de metanol foi acima do considerado seguro para
uso na alimentação animal (TABELA 3). A amostra continha 8800 ppm de
metanol (0,88% da amostra fresca), enquanto limites máximos de seguridade são
150 ppm nos Estados Unidos e 5000 ppm na Alemanha (Seller, 2008). A toxidez
do metanol para animais foi relatada na literatura (Nie et al., 2007). Sintomas da
intoxicação por metanol são neurológicos e associados a distúrbio da visão, estes
últimos dependentes do amulo de ácido fórmico no organismo (Sebe et al.,
2006). A capacidade de ruminantes de metabolizar formato sistemicamente não
foi definida (Black et al., 1985).
O consumo de MS de glicerina neste experimento foi ao redor de 2,0 kg,
decorrente do consumo diário de 16,7 kg (TABELA 4) de dieta com 12,3% de
glicerina na MS (TABELA 2), ou cerca de 2,2 kg de glicerina bruta com 93,7%
de MS. Logo, o consumo diário de metanol foi 19272 mg, ou 31,2 mg por kg de
peso vivo nestes animais com 617 kg (TABELA 4). A DL
50
e a dose letal
mínima do metanol foram definidas como 7000 e 13000 mg/kg para ratos,
coelhos e cães, e 2000 e 7000 mg/kg para primatas (EHC 196, 1997). Apesar da
quantidade consumida de metanol ter sido aparentemente baixa,
comparativamente ao letal, a possibilidade de intoxicação existiu neste
experimento, que a susceptibilidade de bovinos à intoxicação por metanol é
desconhecida (Black et al., 1985). Entretanto, sintomas clínicos característicos
da intoxicação por metanol não foram observados neste estudo de curta duração.
A avaliação do potencial de intoxicação de vacas leiteiras por glicerina bruta
contendo metanol deveria ser avaliada, preferencialmente em estudos de longo
prazo e envolvendo alto número de unidades experimentais. O estudo de
estratégias nutricionais capazes de detoxificar glicerina bruta em larga escala
(Chaucheyras-Durany et al, 2008), a tornando mais apta ao uso na alimentação
animal, também podem ser pertinentes.
27
TABELA 4 Desempenho de vacas leiteiras nos tratamentos Glicerina e
Controle.
Glicerina Controle EPM¹ P
kg d
-1
CMS
2
16,7 16,8 0,371 0,85
CMO
2
15,1 15,2 0,337 0,79
Leite 21,3 23,4 0,58 0,02
Gordura 0,750 0,797 0,027 0,24
Proteína 0,680 0,736 0,024 0,13
Lactose 0,942 1,050 0,028 0,01
Sólidos totais 2,571 2,792 0,079 0,06
%
Gordura 3,53 3,43 0,097 0,48
Proteína 3,24 3,15 0,063 0,32
Lactose 4,42 4,46 0,070 0,63
Sólidos totais 12,13 11,92 0,219 0,50
kg
Peso vivo 617 619 4,57 0,76
1 a 5
Condição corporal 3,60 3,63 0,050 0,71
Mcal d
-1
Energia no leite 14,41 15,58 0,435 0,07
Eficiência 1
3
1,30 1,40 0,037 0,05
Mcal kg
-1
Eficiência 2
3
0,87 0,93 0,030 0,14
Eficiência 3
3
1,30 1,47 0,043 0,01
1
EPM = Erro padrão das médias
2
CMS = Consumo de matéria seca. CMO = Consumo de matéria orgânica
3
Eficiência 1 = Leite/CMS. Eficiência 2 = Energia no leite/CMS. Eficiência 3 =
Energia no leite/Consumo de matéria orgânica digestível
Neste trabalho houve substituição total do milho oriundo do concentrado
por glicerina (TABELA 3). A única fonte de amido na dieta Glicerina foi
silagem de milho, mantida em inclusão dietética propositalmente baixa. A
substituição de amido por glicerol deprimiu a produção de leite em cerca de
10%, sem induzir queda no consumo (TABELA 4). A secreção diária de lactose
foi deprimida, havendo também tendência fraca de queda na secreção proteica.
28
Nestas vacas com produção diária ao redor de 20 kg a substituição de milho
maduro finamente moído por glicerina bruta deprimiu a produção de leite e de
lidos, reduzindo a Eficiência 1.
TABELA 5 Digestibilidade aparente dos nutrientes no trato digestivo total de
vacas leiteiras nos tratamentos Glicerina e Controle.
Glicerina Controle EPM¹ P
% do ingerido
DMS
2
73,8 70,1 0,47 0,10
DMO
2
74,1 70,8 1,01 0,02
DFDN
2
39,7 36,7 2,25 0,36
DMOnFDN
2
93,8 92,4 0,69 0,18
kg d
-1
CMOD
3
11,2 10,7 0,31 0,29
1
EPM = Erro padrão das médias
2
DMS = Digestibilidade da maria seca. DMO = digestibilidade da matéria
orgânica,.DFDN = digestibilidade da fibra em detergente neutro. DMOnFDN =
digestibilidade da matéria orgânica não-FDN
3
CMOD = Consumo de matéria orgânica digestível
As estratégias alimentares avaliadas, substituição total de amido oriundo
de milho do concentrado por glicerina bruta e o consumo diário de glicerina ao
redor de 2 kg, são incomuns. Estes fatos podem explicar parcialmente o efeito
negativo da glicerina sobre o desempenho animal (TABELA 4). Esta resposta é
distinta de relatos publicados onde a prodão de leite não foi deprimida pela
substituição parcial de concentrados energéticos ricos em amido por glicerina ou
em baixo consumo diário de glicerina, muitas vezes avaliado em vacas
periparturientes (Fisher et al., 1973; Kahalili et al., 1997; Defrain et al., 2004;
Bodarski et al., 2005; Ogborn, 2006; Chung et al., 2007; Wang et al., 2008; Shin
et al., 2009). Entretanto, Boyd et al. (2009) também observaram que a
suplementação de vacas leiteiras com 400 g de glicerina reduziu a produção
diária de leite de 37,2 para 35,8 kg. O grau de impureza da glicerina também
pode ser um fator na resposta negativa à glicerina. Donkin et al. (2009)
29
substituíram amido em uma dieta contendo 20% de milho maduro finamente
moído por 5, 10 ou 15% da dieta de glicerina purificada (99,5% de glicerol). A
inclusão crescente de glicerina à dieta não induziu queda na produção diária de
leite, ao redor de 37 kg. O efeito de glicerinas variando em teor de
contaminantes sobre o desempenho de vacas leiteiras não foi avaliado em um
mesmo experimento. A interação entre a suplementação com glicerina e o tipo
da forragem (Shin et al., 2009) também pode explicar a variabilidade entre
experimentos na resposta em desempenho animal.
O consumo de energia, mensurado pelo CMOD, não diferiu entre
tratamentos (TABELA 5), apesar da digestibilidade aparente da MO ter sido
maior quando glicerol substituiu amido. Entretanto, uma menor proporção da
matéria orgânica digerida foi secretada como energia no leite na Glicerina,
que houve queda na eficiência 3 (TABELA 4). Compreender este fato é
importante para o uso racional da glicerina como alimento para vacas em
lactação.
Uma explicação plausível para a queda na Eficiência 3 quando glicerol
substituiu amido seria por maior perda energética na forma de metano. Para que
esta hipótese seja coerente alguns pontos devem assumidos: 1) O CMOD é um
indicador razoável da matéria orgânica fermentada a ácidos graxos voláteis no
rúmen, similar entre tratamentos (TABELA 5). 2) A eficiência de utilização da
energia metabolizável oriunda de ácidos graxos voláteis é similar na amplitude
fisiológica de variação na relação entre os ácidos produzidos no rúmen (Orskov
et al., 1979). 3) A perda urinária de energia foi similar entre estas unidades
experimentais consumindo dietas isoprotéicas (TABELA 2). 4) A deposição de
energia no ganho e o uso de energia para mantença foi similar nestas vacas
semelhantes em peso vivo e condição corporal (TABELA 4).
Entretanto, a hipótese de maior perda energética na forma de metano no
tratamento Glicerina não é coerente ao perfil de fermentação ruminal mensurado
30
experimentalmente (TABELA 6). A substituição de milho por glicerina
aumentou a proporção molar de butirato e reduziu a de acetato, sem afetar a de
propionato. A queda na proporção molar de acetato parece não ter sido induzida
por efeito depressor do glicerol sobre a digestão fibrosa (Potu et al., 2009), a se
julgar pelo aumento numérico, e não significativo, na digestibilidade da FDN na
Glicerina (TABELA 5). Apesar de estudos clássicos sugerirem que a
metabolização ruminal de glicerol resulta em propionato (Johns et al., 1953;
Garton et al 1961), estudos mais recentes têm demonstrado que a fermentação
ruminal de glicerol também é capaz de aumentar a proporção de butirato e
reduzir a proporção de acetato no fluído (Rémond et al., 1993; Krehbiel, 2008;
Potu et al., 2009).
TABELA 6 Perfil de fermentação ruminal de vacas leiteiras nos tratamentos
Glicerina e Controle.
Glicerina Controle EPM
1
P
mM
Acetato 50,8 60,1 3,68 0,09
Propionato 18,7 18,4 1,16 0,89
Butirato 17,5 14,5 1,04 0,05
AGV total
2
87,0 93,0 5,09 0,41
% do AGV total
Acetato 58,7 64,6 1,28 0,01
Propionato 21,5 19,8 0,88 0,18
Butirato 19,9 15,6 0,76 0,01
Acetato/Propionato 2,79 3,30 0,170 0,04
pH 6,53 6,41 0,074 0,29
1
EPM = Erro padrão das médias
2
AGV total = Acetato + Butirato + Propionato
Houve queda na relação entre acetato e propionato com Glicerina
(TABELA 6), o que mesmo associado a aumento na proporção molar de
butirato, deveria reduzir a produção líquida de equivalentes reduzidos neste
31
tratamento (Hobson, 1997), reduzindo a perda energética na forma de metano, o
oposto do acima pressuposto.
Outro mecanismo plausível para a queda na Eficiência 3 poderia ser
proposto com base na menor concentração ruminal de AGV na Glicerina
(TABELA 6), em um mesmo CMOD (TABELA 5). Este mecanismo assume
que o acúmulo intraruminal de AGV seria um indicador razoável da absorção
diária de energia na forma de acetato, propionato e butirato. Menor amulo
ruminal de AGV em um mesmo CMOD sugere que menos matéria orgânica foi
fermentada no rúmen quando glicerol substituiu amido, coerente ao aumento
numérico, mas sem suporte estatístico (P=0,29), no pH ruminal neste tratamento
(TABELA 6).
Alto desaparecimento ruminal de glicerol por absorção pela parede ou
passagem com a digesta pode ter ocorrido (Kijora et al., 1998; Krehbiel, 2008).
A baixa inclusão dietética de amido pode ter reduzido a taxa fracional de
degradação do glicerol no rúmen e a alta inclusão dietética de glicerina pode ter
aumentado a proporção do glicerol escapando da fermentação ruminal (Rémond
et al., 1993). Parte significativa do CMOD pode ter sido composta por glicerol
absorvido intacto (Froger et al., 2001) e metabolizado por rota não
gliconeogênica. Tem sido demonstrado que a infusão intraruminal de glicerol é
capaz de aumentar a concentração arterial de glicerol sem aumentar a glicose
plasmática (Krehbiel, 2008). Este hipótese é suportada pela queda no teor de
glicose plasmática na Glicerina (TABELA 7) e pela menor secreção diária de
lactose no leite (TABELA 4), um mecanismo plausível para a menor produção
de leite neste tratamento.
.
32
TABELA 7 Glicose plasmática, volume diário de urina e excreção diária de
alantoína na urina de vacas leiteiras nos tratamentos Glicerina e
Controle.
Glicerina Controle EPM
1
P
mg dL
Glicose 51,6 58,3 1,98 0,03
L d
-1
Volume de urina 26,6 22,6 2,16 0,20
mmoles d
-1
Alantoína 68,6 66,9 7,32 0,87
mmoles kg
-1
Alantoína/CMOD
2
6,33 5,95 0,58 0,64
1
EPM = Erro padrão das médias
2
Alantoína/CMOD = Excreção diária de alantoína na urina por consumo diário
de matéria orgânica digestível
O efeito da suplementação de glicerina sobre o teor plasmático de
glicose tem divergido, apesar da capacidade gliconeogênica do glicerol justificar
o uso clássico do glicerol fornecido em dose única na prevenção e tratamento de
cetose (Johnson, 1954; Goff & Horst, 2001). A ausência de resposta em glicose
plasmática à suplementação com glicerol tem sido observada (Ogborn, 2006;
Chung et al., 2007; Boyd et al., 2009; Osborne et al., 2009; Rico et al., 2009).
DeFrain et al. (2004) observaram que vacas suplementadas no pós-parto com
0,86 kg de glicerina bruta contendo 80,2% de glicerol e 1,3% de metanol
tiveram menor teor de glicose no plasma que o controle. Entretanto, Wang et al.
(2008), suplementando 0, 100, 200 ou 300 g de glicerina purificada (99,8% de
glicerol), e Donkin et al. (2009), avaliando inclusões dietéticas de 0, 5, 10 ou
15% de glicerina também purificada (99,5% de glicerol), observaram aumento
linear na glicose plasmática em resposta à suplementação com glicerol. o é
claro se a diferença nas respostas é resultante da forma e quantidade
suplementada, do perfil metabólico dos animais utilizados ou na pureza da
glicerina. Avaliar a resposta de vacas leiteiras a glicerinas variando no teor de
contaminantes parece ser pertinente.
33
Não houve evidência de queda na síntese relativa de proteína
microbiana, estimada pela excreção diária de alantoína na urina, ou na eficiência
de síntese microbiana, estimada pela relação entre alantoína e CMOD (TABELA
7). Como a participação da absorção de glicerol intacto pode ter sido uma
proporção representativa do CMOD na Glicerina, a massa microbiana produzida
por unidade de matéria orgânica fermentada no rúmen pode ter sido maior neste
tratamento. Esta suposição é coerente ao aumento observado por Wang et al.
(2009) na excreção de derivados purínicos na urina e queda na concentração de
amônia no rúmen de garrotes suplementados com glicerina. Shin et al. (2009)
também observaram queda no nitrogênio uréico no plasma em resposta à
suplementação com glicerina. Glicerina pode ter induzido maior eficiência de
síntese microbiana que o milho com textura dura do endosperma, maduro e
finamente moído neste experimento.
A substuição de milho por glicerina aumentou a massa de dieta ingerida
por unidade de tempo, sem afetar o tempo de ruminação (TABELA 8). Este fato
sugere que palatabilidade o foi problema na dieta Glicerina, uma constatação
pertinente devido à característica de líquido viscoso e com presença de
contaminantes da glicerina bruta.
Schröder & Südekum (1999) observaram que glicerina de baixa pureza
aumentou a ingestão de água por garrotes. Maior ingestão de água poderia
induzir maior micção, ambientalmente indesejável. Entretanto, não houve
suporte estatístico para o aumento numérico induzido pela glicerina no volume
urinário (TABELA 7). Delineamentos utilizando maior número de unidades
experimentais podem ser necessários para constatar esta possibilidade.
34
TABELA 8 Atividade mastigatória de vacas leiteiras nos tratamentos Glicerina e
Controle.
Glicerina Controle EPM
1
P
min d
-1
Ingestão 228 254 8,98 0,05
Ruminação 318 328 12,56 0,57
Mastigação
2
546 582 16,3 0,13
min kg de consumo
-1
Ingestão 12,6 14,2 0,49 0,03
Ruminação 17,6 18,7 0,82 0,36
Mastigação 30,2 32,9 1,07 0,09
1
EPM = Erro padrão das médias
2
Mastigação = Ruminação + Ingestão
35
5 CONCLUO
A substituição total de milho grão finamente moído por glicerina bruta
reduziu a produção de leite e induziu queda na eficiência alimentar, menor
disponibilidade de glicose plasmática para síntese mamária de lactose foi um
mecanismo plausível. A metabolização ruminal e sistêmica de glicerol associado
a contaminantes como ingrediente de alta inclusão na dieta de vacas leiteiras
diferiu do seu uso clássico como microingrediente gliconeogênico na prevenção
e tratamento de cetose. O impacto de longo prazo da glicerina bruta sobre a
saúde e a produtividade de vacas leiteiras precisa ser avaliado.
36
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