RESUMO
O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo admitido legalmente e,
às vezes, incentivado pela sociedade. Estudos mostram o álcool como a droga de maior
consumo entre os jovens e na sociedade de forma geral, provavelmente devido à sua
disponibilidade e fácil acesso. O uso abusivo provoca problemas de saúde pública, estando ele
estreitamente relacionado com a violência, problemas sócio-econômicos e com o elevado
número de acidentes automobilísticos. O trânsito é um dos principais setores afetados pelos
efeitos do álcool, observando-se alta incidência nos estudos realizados. Aproximadamente
metade dos acidentes automobilísticos ocorre após o consumo de bebida alcoólica, estando a
grande maioria dos casos relacionados com altas concentrações de álcool na circulação
sanguínea. A relação da embriagues com os acidentes de trânsito é fato notório em toda parte
do mundo, inclusive no Brasil, onde estudos demonstraram uma alta relação entre o consumo
de álcool e os acidentes de trânsito. Este trabalho determinou a alcoolemia em vítimas fatais
de acidente de trânsito no Estado do Rio Grande do Norte e estabeleceu o perfil desta
população comparando com aqueles encontrados no Brasil e em outros países. Foram
utilizadas amostras de sangue adicionadas de etanol para realização da padronização das
condições cromatográficas e dos procedimentos de análise, sendo empregado na determinação
da alcoolemia em amostras de sangue de 277 vítimas de acidente de trânsito, coletadas no
Instituto Técnico Científico de Polícia do Rio Grande do Norte (ITEP) no ano de 2007. O
nível de alcoolemia determinado nestas amostras foi correlacionado com o sexo, idade e
estado civil da vítima e com a localização, dia da semana e mês em que os acidentes
ocorreram, fazendo-se uma análise estatística e traçando um perfil das vítimas de acidente de
trânsito no estado do Rio Grande do Norte. Os parâmetros de padronização estudados
asseguraram a qualidade do método analítico e, conseqüentemente, a obtenção de resultados
laboratoriais confiáveis. Sendo determinado as melhores temperaturas para injetor (150ºC),
detector (250ºC) e coluna (50ºC), com um fluxo de gás na coluna de 2mL/minutos e tempo de
análise de 12 minutos. O método foi linear no intervalo de 0,01
a 3,2 g/L (r
2
= 0,9989), com
recuperação média de 100,2% e precisão com coeficiente de variação menor que 15%. As
análises realizadas em vítimas fatais de acidente de trânsito, detectaram etanol no sangue em
66,43% das vítimas e destas, 96% apresentaram concentração ≥
0,2 g/L; 87,73% das vítimas
eram do sexo masculino, enquanto que 12,27% do sexo feminino. A faixa etária jovem (15-35
anos) foi a mais envolvida (52,35%) sendo a maioria solteira (55,60%). Os acidentes
aconteceram com maior prevalência nos dias de segunda-feira (27%), seguido do domingo
(24,19%) e sábado (15,52%) e constatou-se que a prevalência de acidentes oscilou entre os
diferentes meses do ano, sendo fevereiro (14,4%) e abril (10,47%) os meses que apresentaram
um maior número de acidentes, contudo esta oscilação não apresentou diferença
estatisticamente significativa. Também não foi observado diferença significativa entre as
faixas de concentração encontradas nos homens e nas mulheres. O método padronizado
demonstrou-se eficiente, atendendo satisfatoriamente aos objetivos deste trabalho; e os níveis
elevados de alcoolemia encontrados nas vítimas fatais de acidente de trânsito são coincidentes
com vários estudos da literatura, sendo o perfil da vítima também compatível, apresentando-
se em sua maioria adultos jovens, do sexo masculino e solteiros.
Palavra-chave: acidentes de trânsito, alcoolemia, Cromatografia em fase gasosa.