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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Alcoolemia em vítimas fatais de acidentes de trânsito no
Rio Grande do Norte empregando cromatografia em fase
gasosa - head space
EDNA DE FARIAS SANTIAGO
NATAL
2008
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EDNA DE FARIAS SANTIAGO
Alcoolemia em vítimas fatais de acidentes de trânsito no
Rio Grande do Norte empregando cromatografia em fase
gasosa - head space
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
graduação em Ciências Farmacêuticas, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Área de concentração: Bioanálises.
Orientadora:
Profª. Drª. Maria de Fátima Vitória de Moura
NATAL
2008
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EDNA DE FARIAS SANTIAGO
Alcoolemia em vítimas fatais de acidentes de trânsito no
Rio Grande do Norte empregando cromatografia em fase
gasosa - head space
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
graduação em Ciências Farmacêuticas, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Área de concentração: Bioanálises.
Aprovado em : ______/ ______/ ______
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria de Fátima Vitória de Moura – UFRN
_________________________________________________________________
Prof. Dr.José Melo de Carvalho – UFRN
_________________________________________________________________
Profa. Dra. Aline Schwarz – UFRN
_________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Beatriz Abreu Glória - UFMG
NATAL
2008
Aos meus pais
Antônio Felipe Santiago e Tereza de Farias Santiago,
Por me mostrarem o caminho ao longo da vida, guiando meus passos e me conduzindo pelos
caminhos corretos.
Ao meu esposo
Aldsmythys Pinheiro da Costa Cruz,
Por compreender a minha ausência e mesmo distante está sempre presente ao meu lado, me
apoiando, me incentivando e contribuindo de forma significativa para a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu forças e me fez superar as dificuldades, sem sua ajuda, nada seria
possível;
A minha família, pela confiança, pelo incentivo e amor incondicional em todos os momentos;
A Teresa Cristina Epifânio Diógenes Rego, minha AMIGA e parceira, por sua força,
amizade e companheirismo, compartilhando comigo os bons e os maus momentos na
realização deste trabalho;
À Profa. Dra. Maria de Fátima Vitória de Moura, por orientar este estudo e conduzir seu
desenvolvimento com coragem e paciência, e pelo apoio e incentivo ao longo do trabalho;
Ao Prof. Ms. George Queiroz de Brito, pelo apoio constante, importantes sugestões e
revisão do trabalho escrito;
À Profa. Dra. Teresa Neuma de Castro Dantas, por sua valiosa contribuição,
disponibilizando o equipamento para realização das análises, assim como a toda a sua equipe,
pelo o acolhimento e apoio, em especial à Kalline, Alcides, Rafaela, Cláudia, Kátia, Elaine,
Keila e Verônica;
Ao Prof. Dr. José Melo de Carvalho, pelo incentivo, apoio e compartilhamento dos
conhecimentos;
A Thyrone Barbosa Domingos, pela transmissão de conhecimentos, apoio técnico e
disposição em orientar no uso do equipamento;
Aos responsáveis pelo Laboratório Integrado de Análises Clínicas (LIAC) DACT/UFRN,
pela disponibilização da sala de coleta;
Ao Prof. Cícero Flávio Soares de Aragão, pela disponibilização do Laboratório de Controle
de Qualidade para a preparação das soluções de trabalho;
Ao Prof. Marcos Eugênio Cury de Medeiros, do Departamento de Estatística, pelo auxílio
na análise estatística dos dados;
Ao Bibliotecário João Bosco de Medeiros, pela normalização deste trabalho e importantes
recomendações;
A Ângela e toda equipe de alunos da Química Analítica, pela amizade e pela colaboração;
Às famílias das vítimas que perderam suas vidas nos acidentes de trânsito, por autorizarem a
utilização das amostras para a realização desta pesquisa. Que elas não sejam apenas números
compondo as estatísticas, mas um exemplo do efeito devastador do álcool sobre a vida,
conscientizando a população da trágica combinação álcool e direção.
Ao Dr. Múcio Pereira de Oliveira, coordenador de Medicina Legal, por autorizar a
utilização de amostras coletadas no ITEP;
A todos que direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho;
Meus agradecimentos.
“Deus permitiu a existência das quedas d'água para aprendermos
quanta força de trabalho e renovação podemos extrair de nossas
próprias quedas”.
(Autor desconhecido)
RESUMO
O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo admitido legalmente e,
às vezes, incentivado pela sociedade. Estudos mostram o álcool como a droga de maior
consumo entre os jovens e na sociedade de forma geral, provavelmente devido à sua
disponibilidade e fácil acesso. O uso abusivo provoca problemas de saúde pública, estando ele
estreitamente relacionado com a violência, problemas sócio-econômicos e com o elevado
número de acidentes automobilísticos. O trânsito é um dos principais setores afetados pelos
efeitos do álcool, observando-se alta incidência nos estudos realizados. Aproximadamente
metade dos acidentes automobilísticos ocorre após o consumo de bebida alcoólica, estando a
grande maioria dos casos relacionados com altas concentrações de álcool na circulação
sanguínea. A relação da embriagues com os acidentes de trânsito é fato notório em toda parte
do mundo, inclusive no Brasil, onde estudos demonstraram uma alta relação entre o consumo
de álcool e os acidentes de trânsito. Este trabalho determinou a alcoolemia em vítimas fatais
de acidente de trânsito no Estado do Rio Grande do Norte e estabeleceu o perfil desta
população comparando com aqueles encontrados no Brasil e em outros países. Foram
utilizadas amostras de sangue adicionadas de etanol para realização da padronização das
condições cromatográficas e dos procedimentos de análise, sendo empregado na determinação
da alcoolemia em amostras de sangue de 277 vítimas de acidente de trânsito, coletadas no
Instituto Técnico Científico de Polícia do Rio Grande do Norte (ITEP) no ano de 2007. O
nível de alcoolemia determinado nestas amostras foi correlacionado com o sexo, idade e
estado civil da vítima e com a localização, dia da semana e mês em que os acidentes
ocorreram, fazendo-se uma análise estatística e traçando um perfil das vítimas de acidente de
trânsito no estado do Rio Grande do Norte. Os parâmetros de padronização estudados
asseguraram a qualidade do método analítico e, conseqüentemente, a obtenção de resultados
laboratoriais confiáveis. Sendo determinado as melhores temperaturas para injetor (150ºC),
detector (250ºC) e coluna (50ºC), com um fluxo de gás na coluna de 2mL/minutos e tempo de
análise de 12 minutos. O método foi linear no intervalo de 0,01
a 3,2 g/L (r
2
= 0,9989), com
recuperação média de 100,2% e precisão com coeficiente de variação menor que 15%. As
análises realizadas em vítimas fatais de acidente de trânsito, detectaram etanol no sangue em
66,43% das vítimas e destas, 96% apresentaram concentração
0,2 g/L; 87,73% das vítimas
eram do sexo masculino, enquanto que 12,27% do sexo feminino. A faixa etária jovem (15-35
anos) foi a mais envolvida (52,35%) sendo a maioria solteira (55,60%). Os acidentes
aconteceram com maior prevalência nos dias de segunda-feira (27%), seguido do domingo
(24,19%) e sábado (15,52%) e constatou-se que a prevalência de acidentes oscilou entre os
diferentes meses do ano, sendo fevereiro (14,4%) e abril (10,47%) os meses que apresentaram
um maior número de acidentes, contudo esta oscilação não apresentou diferença
estatisticamente significativa. Também não foi observado diferença significativa entre as
faixas de concentração encontradas nos homens e nas mulheres. O método padronizado
demonstrou-se eficiente, atendendo satisfatoriamente aos objetivos deste trabalho; e os níveis
elevados de alcoolemia encontrados nas vítimas fatais de acidente de trânsito são coincidentes
com vários estudos da literatura, sendo o perfil da vítima também compatível, apresentando-
se em sua maioria adultos jovens, do sexo masculino e solteiros.
Palavra-chave: acidentes de trânsito, alcoolemia, Cromatografia em fase gasosa.
ABSTRACT
Alcohol is one of the few psychotropic drugs that their consumption has admitted legally and
sometimes encouraged by the society. Studies show alcohol as the highest consumption of
drugs among young people and society in general, probably because of its availability and
easy access. The abuse causes public health problems, which was closely related to the
violence, socio-economic problems and the high number of automobile accidents. Transit is
one of the main sectors affected by the effects of alcohol, observing a high incidence in the
studies. About half of automobile accidents occurs after the consumption of alcoholic
beverage, and the vast majority of cases related to high concentrations of alcohol in the
bloodstream. The relationship of drunk with traffic accidents is in fact evident everywhere in
the world, including Brazil, where studies have shown a high relationship between alcohol
consumption and traffic accidents. This study determined the alcohol in fatal victims of traffic
accidents in the state of Rio Grande do Norte and established the profile of this population
compared with those found in Brazil and other countries. Samples of blood of ethanol added
to fulfillment of the standardization of chromatographic conditions and procedures for the
analysis, being employed in the determination of alcohol in blood samples of 277 victims of
traffic accidents, collected at the Institute of Scientific Technical Police of Rio Grande do
North (ITEP) in the year 2007. The blood alcohol level was determined in these samples
correlated with the sex, age and marital status of the victim and the location, day of week and
month when the accident occurred, is doing a statistical analysis and outlining a profile of the
victims of an accident at transit in the state of Rio Grande do Norte. The parameters of
standardization studied ensured the quality of the analytical method and, consequently, to
obtain reliable laboratory results. Being given the best temperature for injector (150 ºC),
detector (250 ºC) and column (50 ºC) with a flow of gas in the column of 2mL/minutos and
analysis of time of 12 minutes. The method was linear in the range of 0.01 to 3.2 g / L (r2 =
0.9989) with average recovery of 100.2% and precision with coefficient of variation less than
15%. The analysis carried out on victims of fatal road traffic accidents, ethanol detected in the
blood in 66.43% of the victims and these, 96% showed concentration 0.2 g / L, 87.73% of
victims were male, while 12.27% female. The younger age group (15-35 years) was the most
involved (52,35%) and most single (55.60%). The accidents occurred with greater prevalence
in the day on Monday (27%) followed by Sunday (24,19%) and Saturday (15,52%) and it was
found that the prevalence of injuries varied between the different months of the year, and in
February (14.4%) and April (10.47%) the months that had a higher number of accidents,
however this oscillation showed no statistically significant difference. Also no significant
difference was observed between the tracks of concentration found in men and women. The
standardized method showed to be efficient, given satisfactorily to the goals of this work, and
the high levels of alcohol found in victims of fatal road traffic accidents are consistent with
several studies of literature, and the profile of the victim also supported by presenting in its
most young adults, male and single.
Key Words: Traffic accidents, Blood alcohol concentration, Gas chromatography
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Vias de biotransformação do etanol no organismo humano ---------------------- 22
FIGURA 2 – Cromatograma obtido com a análise por CG-FID-HS
de sangue adicionado de
etanol a 0,2 g/L e t-butanol a 0,3 g/L ------------------------------------------------- 47
FIGURA 3 – Representação gráfica da linearidade entre concentração de etanol e relação de
área dos picos cromatográficos (Etanol/t-butanol) --------------------------------- 48
FIGURA 4 – Representação gráfica da curva de calibração -------------------------------------- 49
FIGURA 5 – Gráfico de distribuição das alcoolemias positivas e negativas em vítimas fatais
de acidente de trânsito, RN, Brasil, 2007 -------------------------------------------- 51
FIGURA 6 – Gráfico dos níveis de alcoolemia dos casos positivos considerando dois níveis
de concentração, RN, Brasil, 2007 --------------------------------------------------- 52
FIGURA 7 – Gráfico de freqüência dos casos positivos em relação aos níveis de alcoolemia,
RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------------------------------ 53
FIGURA 8 – Gráfico de freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais de acordo
com o sexo, RN, Brasil, 2007 --------------------------------------------------------- 54
FIGURA 9 – Gráfico da freqüência de vítimas fatais de acidente de trânsito em relação à
faixa etária, RN, Brasil, 2007 --------------------------------------------------------- 55
FIGURA 10 – Gráfico de freqüência de acidente de trânsito com vítimas fatais em relação
ao estado civil, RN, Brasil, 2007 ----------------------------------------------------- 56
FIGURA 11 – Gráfico de freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação
aos meses do ano, RN, Brasil, 2007 -------------------------------------------------- 57
FIGURA 12 – Gráfico de freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação
ao dia da semana, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------- 58
FIGURA 13 - Gráfico de freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação
ao local de ocorrência ------------------------------------------------------------------ 59
FIGURA 14 – Gráfico da freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação
à alcoolemia positiva e negativa, RN, Brasil, 2007 -------------------------------- 60
FIGURA 15 – Gráfico de freqüência do estado civil das vítimas em relação à alcoolemia,
RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------------------------------ 61
FIGURA 16 – Gráfico de freqüência das alcoolemias positivas e negativas em relação aos
meses do ano, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------------- 62
FIGURA 17 – Gráfico de freqüência do estado civil das vítimas em relação ao sexo, RN,
Brasil, 2007 ----------------------------------------------------------------------------- 63
FIGURA 18 – Gráfico de freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação
as diferentes concentrações, RN, Brasil, 2007--------------------------------------- 64
FIGURA 19 – Gráfico de freqüência das vítimas do sexo masculino e feminino em relação
à faixa etária, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------------- 65
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Efeitos do consumo de álcool em um indivíduo que não desenvolveu
tolerância --------------------------------------------------------------------------------- 24
TABELA 2 – Condições cromatográficas padronizadas ------------------------------------------ 47
TABELA 3 – Recuperação de etanol adicionado em amostras de sangue empregando as
condições cromatográficas e o procedimento analítico padronizado ------------ 49
TABELA 4 – Coeficiente de variação intra-ensaios das concentrações sanguíneas de etanol
em amostras adicionadas -------------------------------------------------------------- 50
TABELA 5 – Coeficiente de variação intra-ensaios das concentrações sanguíneas de etanol
em amostras adicionadas --------------------------------------------------------------- 50
TABELA 6 – Freqüência dos resultados com alcoolemia positiva e negativa em vítimas
fatais de acidente de trânsito, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------- 50
TABELA 7 Freqüência dos casos com alcoolemia positiva considerando dois níveis de
concentração, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------------- 51
TABELA 8 – Freqüência dos casos com alcoolemia positiva considerando os diferentes
níveis de concentração, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------- 52
TABELA 9 – Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação sexo, RN,
Brasil, 2007 ------------------------------------------------------------------------------ 53
TABELA 10 – Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação à faixa
etária, RN, Brasil, 2007 ---------------------------------------------------------------- 54
TABELA 11 – Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação ao estado
civil, RN, Brasil, 2007 ----------------------------------------------------------------- 55
TABELA 12 – Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação aos
meses do ano, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------------- 57
TABELA 13 – Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação ao dia da
semana, RN, Brasil, 2007 -------------------------------------------------------------- 58
TABELA 14 – Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação ao local
de ocorrência, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------------------ 59
TABELA 15 – Freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação à
alcoolemia positiva e negativa, RN, Brasil, 2007----------------------------------- 60
TABELA 16 – Idade média das vítimas do sexo masculino e feminino com relação
à alcoolemia ao sexo, RN, Brasil, 2007 ---------------------------------------------- 60
TABELA 17 – Freqüência do estado civil das vítimas em relação à alcoolemia RN, Brasil,
2007 --------------------------------------------------------------------------------------- 61
TABELA 18 – Freqüência das alcoolemias positivas e negativas em relação aos meses
do ano, RN, Brasil, 2007, RN, Brasil, 2007 ----------------------------------------- 62
TABELA 19 – Freqüência do estado civil das vítimas em relação ao sexo, RN, Brasil,
2007 --------------------------------------------------------------------------------------- 63
TABELA 20 – Freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação as diferentes
faixas de concentrações, RN, Brasil, 2007 ------------------------------------------ 64
TABELA 21 – Freqüência das vítimas do sexo masculino e feminino em relação à faixa
etária, RN, Brasil, 2007 ---------------------------------------------------------------- 65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADH: álcool Desidrogenase
ALDH: aldeído Desidrogenase
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATP: Adenosina Trifosfato
CG: Cromatografia em Fase Gasosa
CG-FID-HS: Cromatografia em fase Gasosa acoplada ao Detector de Ionização de
Chama utilizando a técnica de separação por Head Space
CID: Classificação Internacional de Doença
CTB: Código de Trânsito Brasileiro
CV: Coeficiente de Variação
DENATRAN: Departamento Nacional de Trânsito
DL
50
: Dose Letal Média
GABA: Ácido Gama-Aminobutírico
HS: Head Space
ICH: International Conference on Harmonization
ITEP: Instituto Técnico Científico de Polícia
SNC: Sistema Nervoso Central
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................175
2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................18
2.1.
E
TANOL
......................................................................................................................19
2.1.1. Toxicocinética ....................................................................................................20
2.1.2. Mecanismo de ação.............................................................................................22
2.1.3. Toxicidade.......................................................................................................... 23
2.1.4. Tolerância e dependência....................................................................................30
2.1.5. Síndrome de abstinência .....................................................................................31
2.2.
A
SPECTOS
S
OCIAIS
,
ECONÔMICOS E LEGAIS RELACIONADOS AO CONSUMO DE BEBIDA
ALCOÓLICA
.......................................................................................................................32
2.3.
D
ETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ETANOL
.........................................................36
2.3.1. Cromatografia.....................................................................................................38
2.3.2. Técnica de head space ........................................................................................39
3. OBJETIVO ......................................................................................................................41
3.1.
O
BJETIVO GERAL
........................................................................................................42
3.2.
O
BJETIVOS ESPECÍFICOS
..............................................................................................42
4. MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................43
4.1.
MATERIAL ..............................................................................................................44
4.1.1. Amostra..............................................................................................................44
4.1.1.1. Sangue de voluntários ..................................................................................44
4.1.1.2. Sangue de vítimas fatais de acidente de trânsito............................................44
4.1.2. Soluções-padrão..................................................................................................44
4.1.2.1. Soluções-estoque..........................................................................................45
4.1.2.2. Soluções de trabalho ....................................................................................45
4.1.3. Equipamentos e acessórios..................................................................................45
4.1.4. Reagentes e outros materiais ...............................................................................46
4.2.
MÉTODOS................................................................................................................46
4.2.1. Padronização das condições cromatográficas ......................................................46
4.2.1.1. Otimização dos parâmetros cromatográficos..............................................46
4.2.1.2. Estudo da linearidade da técnica...................................................................47
4.2.1.3. Curvas de calibração ....................................................................................47
4.2.1.4. Estudo da recuperação do método..............................................................47
4.2.1.5. Avaliação da precisão do método ..............................................................47
4.2.2. Procedimento para separação do etanol pela técnica de head space.....................48
4.2.3. Determinação de etanol em amostras de vítimas fatais de acidente de trânsito.....48
4.2.4. Análise estatística ............................................................................................... 49
5. RESULTADOS................................................................................................................50
5.1.
P
ADRONIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS
..................................................51
5.1.1. Otimização dos parâmetros cromatográficos .......................................................51
5.1.2. Estudo da linearidade da técnica .........................................................................52
5.1.3. Curva de calibração ............................................................................................52
5.1.4. Estudo da recuperação do método .......................................................................53
5.1.5. Avaliação da precisão do método........................................................................54
5.2.
D
ETERMINAÇÃO DE ALCOOLEMIA EM VÍTIMAS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO
...................54
6. DISCUSSÕES..................................................................................................................72
7. CONCLUSÕES ...............................................................................................................79
REFERÊNCIAS...................................................................................................................81
APÊNDICE..........................................................................................................................89
1. INTRODUÇÃO
16
O consumo de álcool é um dos bitos sociais mais antigos e disseminados entre a
população, estando associado a ritos religiosos e festivos, sendo uma das poucas drogas
psicotrópicas que tem seu consumo admitido legalmente e a incentivado pela sociedade.
Estudos mostram o álcool como a droga de maior consumo entre os jovens e na sociedade de
forma geral, provavelmente devido à sua disponibilidade e fácil acesso (TROIS et al., 1997,
BAU, 2002).
Desde o início do consumo de bebidas alcoólicas nas diferentes sociedades, os efeitos
do álcool sobre o indivíduo e sua capacidade de alterar o comportamento já eram conhecidos.
Nos países produtores de bebidas alcoólicas, cerca de 4 a 9% dos indivíduos com idade
superior a 14 anos bebem excessivamente bebidas alcoólicas, ou seja, consomem diariamente
uma média de 150 mL de etanol, consumo capaz de provocar inúmeros danos ao indivíduo,
desde lesões orgânicas a problemas psicossociais e de saúde e segurança pública (LARINI;
SALGADO, 1991, MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
São vários os problemas relacionados ao consumo de álcool no Brasil, estando
associado a 50% de todos os homicídios, mais de 30% dos suicídios e tentativas de suicídio, e
a grande maioria dos acidentes de trânsito. (OLIVEIRA; LUIS, 1996, MINAYO;
DESLANDES, 1998).
Vários estudos mostram a alta relação do consumo de bebidas alcoólicas com
acidentes de trânsito, possuindo uma alta taxa de morbidade e mortalidade; tendo como
principal conseqüência a perda total ou parcial dos reflexos, comprometendo a capacidade dos
motoristas de conduzir com segurança qualquer veículo. Praticamente todos os casos estão
relacionados às altas concentrações de álcool na circulação sanguínea e, apesar da
heterogeneidade das estatísticas disponíveis no mundo, anualmente os acidentes de trânsito
resultam em centenas de milhares de pessoas mortas e 15 milhões de feridos (TROIS, 1997,
CARVALHO; LEYTON, 2000, BAKER, 2002).
As questões relacionadas com o uso abusivo de álcool e comportamentos de risco no
trânsito são bem estudadas em vários países. Punições severas, responsabilização civil e
criminal ao motorista embriagado são normas muito rígidas em todos os países desenvolvidos.
No Brasil, a lei 11.705, de junho de 2008, diminui a concentração máxima estabelecida para
as punições por embriagues no trânsito, tornando o código de trânsito mais severo,
procurando diminuir a tolerância social em relação ao ato de beber e dirigir e com isto
diminuir o grande número de acidentes relacionados ao consumo de álcool e os acidentes de
trânsito (LEYTON et al., 2005, BRASIL, 2008).
17
Em face ao exposto, o presente trabalho teve como intuito determinar a concentração
de álcool no sangue de vítimas fatais de acidente de trânsito no Estado do Rio Grande do
Norte, determinando o perfil das vítimas envolvidas através da utilização de uma metodologia
confiável, permitindo aos órgãos competentes direcionar medidas preventivas.
18
2. REVISÃO DA LITERATURA
19
2.1. Etanol
O álcool é uma das substâncias psicoativas mais consumidas pela sociedade, sendo o
seu uso estimulado em algumas situações, como em festas e comemorações. As bebidas
alcoólicas têm sido utilizadas desde o início da história. Os primeiros relatos são datados de
cerca de 6000 anos atrás, no antigo Egito e Babilônia. As primeiras bebidas alcoólicas eram
fermentadas e possuíam um teor alcoólico relativamente baixo. No antigo Oriente Médio,
quarto milênio antes de Cristo, as bebidas fermentadas eram elementos pelos quais as elites
emergentes controlavam a produção de bens, estabeleciam símbolo de status e praticavam o
comércio entre populações distantes. Na idade dia, os árabes introduziram a técnica de
destilação na Europa para aumentar a concentração de álcool nas bebidas, com isto os
alquimistas acreditaram que o álcool era o tão procurado elixir da vida, um remédio para
quase todas as doenças, como pode ser percebido pela origem galênica do termo whisky que
significa “água da vida” (HOBBS; RALL; VERDOORN, 1996, BAU, 2002, MALBERGIER;
SCIVOLETTO, 2003).
No Brasil, antes da chegada dos Portugueses, os índios produziam o cauim, uma
bebida fermentada preparada a partir da mandioca cozida ou do suco de frutas. Com a
chegada dos portugueses foram trazidos os vinhos, cervejas, aguardentes e outros destilados
de alto teor alcoólico, que só eram consumidos pela alta sociedade. A instalação dos primeiros
engenhos para a produção de açúcar de cana e aguardente tornou os destilados nacionais,
obtidos da fermentação e destilação da borra do melaço, mais acessíveis para a população de
menor poder aquisitivo (MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
O álcool pode ser proveniente de plantas de fácil cultivo como a cevada, uvas, grãos de
cereais e outros que passaram por processos de fermentação ou destilação, tornando-se a
droga psicoativa mais consumida de todos os tempos. O álcool presente nas bebidas utilizadas
pelo homem é o álcool etílico (etanol) que foi descrito pela primeira vez em 1300, na idade
média, tendo sua síntese ocorrido em 1854. O álcool etílico ou etanol é um líquido incolor,
transparente, inflamável, de baixo peso molecular, hidrossolúvel, pertencente ao subgrupo das
funções oxigenadas denominadas álcoois, com fórmula molecular C
2
H
5
OH, massa molecular
46,07 g/mol, densidade 0,789 g/cm
3
e ponto de ebulição de 78,5ºC (SCHVARTSMAN, 1991,
OLIVEIRA; LUIS, 1996, MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003, PORTARI, 2006).
As bebidas fermentadas o obtidas pela produção do etanol resultante da quebra de
açúcares feita por alguns microorganismos, as leveduras. As bebidas alcoólicas com teor
20
maior que 14% são produzidas por meio de destilação. Neste processo a bebida fermentada é
aquecida até o ponto em que o álcool é evaporado e separado da água; o álcool evaporado é
então condensado e coletado, produzindo a bebida destilada. O produto final varia de acordo
com a bebida fermentada que a originou como, por exemplo, o conhaque que é o destilado do
vinho e o whisky, do malte. A concentração do álcool varia muito de bebida para bebida. A
cerveja apresenta as mais baixas concentrações, por volta de 5%. Os vinhos variam de 9 a
12,5%, sendo os licores, aguardente e whiskies os mais altos, com concentração em torno de
40% (LARINI; SALGADO, 1993, MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
2.1.1. Toxicocinética
Absorção
A absorção do álcool é rápida no início do uso e declina posteriormente, mesmo que a
concentração no estômago ainda esteja alta. Depois da ingestão oral do etanol, cerca de 20% é
absorvido em nível de mucosa estomacal e o restante nas primeiras porções do intestino
delgado. Vários fatores podem influenciar a absorção do álcool, entre esses fatores destaca-se
o tipo de bebida e concentração alcoólica, o pH do meio, o conteúdo gástrico e motilidade
gastrointestinal, o período gasto na ingestão da bebida, além de outros fatores fisiológicos
individuais. No entanto o tempo de esvaziamento gástrico e o início da absorção intestinal
podem ser considerados os principais fatores determinantes das taxas variáveis de absorção de
álcool encontradas em diferentes indivíduos ou circunstâncias. Se o tempo de esvaziamento
gástrico é retardado pela presença de alimentos, a absorção intestinal também o será. Uma vez
no intestino delgado, o etanol é absorvido rápido e completamente, independente da presença
de alimentos no intestino ou no estômago (RUZ et. al., 1986, LARINI; SALGADO, 1991,
SCHVARTSMAN, 1991, HOBBS; RALL; VERDOORN, 1996, FRANÇA, 1998,
HADFIELD et al., 2001, MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
Distribuição
Após a absorção pela via digestiva, o álcool passa diretamente pela veia porta e para o
fígado, indo à circulação sanguínea e linfática do organismo, onde vai ser distribuído pelos
tecidos em geral, apresentando níveis teciduais semelhantes aos veis plasmáticos. Por ser
hidrossolúvel, o etanol distribui-se por praticamente todos os tecidos, intra ou
extracelularmente, variando de acordo com a composição hídrica dos tecidos. A maior
21
concentração ocorre, em ordem decrescente, no sangue, cérebro, rins, pulmões, coração,
paredes intestinais, músculos estriados e fígado, com baixos níveis nos ossos e tecido adiposo.
Quando a dose ingerida ultrapassa a produção calórica o restante do álcool tende a se
impregnar nos tecidos lipossolúveis, com predominância no cérebro, produzindo um efeito
narcótico e cujo primeiro sintoma é a excitação seguida da depressão (SCHVARTSMAN,
1991, LARINI; SALGADO, 1993, HOBBS; RALL; VERDOORN, 1996, FRANÇA, 1998,
MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
O volume de distribuição do etanol é de 0,6 a 0,7 L/Kg. Além de se distribuir por todo
compartimento aquoso do organismo o etanol também atravessa bem as barreiras biológicas,
inclusive hematoencefálica e placentária, atingindo o sistema nervoso central, causando
distúrbios comportamentais e a circulação fetal, respectivamente (SCHVARTSMAN, 1991,
LARINI; SALGADO, 1993, HOBBS; RALL; VERDOORN, 1996, MALBERGIER;
SCIVOLETTO, 2003).
Biotransformação e Excreção
Cerca de 90 a 98% do etanol ingerido é biotransformado através da oxidação; somente 2
a 10% do etanol absorvido é eliminado inalterado ocorrendo esta eliminação principalmente
através dos rins e pulmões. Diferente da maioria das substâncias, a taxa de oxidação do álcool
segue uma cinética de ordem zero, ou seja, é relativamente constante ao longo do tempo e
independe das suas concentrações plasmáticas. Um adulto biotransforma, em média cerca de
7 a 10 g de álcool em uma hora ou 30mL de Uísque com teor alcoólico de 40% em 3 horas. A
taxa de eliminação é de 15 a 30 mg/dL/h e a DL
50
é estimada em 5 a 8 g/Kg em adultos e 3
g/Kg em crianças (SCHVARTSMAN, 1991, LARINI; SALGADO, 1993, SOUZA JÚNIOR;
MOURA, 1993, HOBBS; RALL; VERDOORN, 1996 CORRÊA, 1997, BAU, 2002,
MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
A biotransformação do álcool pode ocorrer por três vias, através da álcool-
desidrogenase (ADH), do sistema de oxidação microssômico, ou da catalase, sendo esta
última responsável por apenas 10% da biotransformação. Em baixas concentrações de etanol,
a ADH parece ser o principal sistema oxidante, enquanto que o sistema de oxidação
microssômico desempenharia papel importante em concentrações mais altas, especialmente
em indivíduos que fazem uso regular de álcool. A primeira fase da biotransformação do etanol
compreende sua oxidação a aldeído acético o qual é oxidado a acetato por uma ação
catalizada pela enzima aldeído desidrogenase (ALDH). O acetato resultante desta reação é
22
posteriormente convertido a acetilcoenzima A, que pode ser utilizada na produção de novo
ATP ou ser degradada a purina e ácido lático (SCHVARTSMAN, 1991, LARINI;
SALGADO, 1993, SOUZA JÚNIOR; MOURA, 1993, HOBBS et al., 1996, CORRÊA, 1997,
BAU, 2002, MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003). As reações de biotransformação do
etanol está apresentada na figura 1
FIGURA 1 – Vias de biotransformação do etanol no organismo humano.
2.1.2. Mecanismo de ação
Por muito tempo considerou-se o etanol como um estimulante, mas ele é basicamente
um agente depressor do Sistema Nervoso Central (SNC). Embora evidências recentes sugiram
que baixas concentrações de etanol aumentem a função de algumas sinapses neurais
excitatórias, a estimulação aparente resulta em grande parte, da depressão dos mecanismos de
controle inibitório no cérebro. Acreditava-se que o etanol exercia seus efeitos depressores no
23
SNC através da dissolução das membranas lipídicas, perturbando a função dos canais de íons
e outras proteínas aí envolvidas. Nos últimos anos, estudos têm mostrado que o álcool
aumenta a inibição sináptica mediada pelo ácido gama-aminobutírico (GABA) e pelo fluxo de
cloreto, atuando nos canais de íons ativados pelo aminoácido excitatório (glutamato) e
inibitório (GABA); essa potencialização do influxo de cloretos, GABA-modulados são
similares ao efeito dos benzodiazepínicos e barbitúricos. Alterações em neurotransmissores,
transporte de eletrólitos, fluxo sanguíneo cerebral e fluxo de cálcio, induzidas pelo etanol,
também devem contribuir para o efeito depressor. Contudo, a maior parte do efeito depressor
é mediada principalmente pela ação sobre os receptores do GABA, sendo este sistema
também responsável por grande parte do mecanismo de neuroadaptação que gera a síndrome
de abstinência. as sensações de prazer e recompensa estão intimamente relacionadas com a
ativação do sistema dopaminérgico (HOBBS; RALL; VERDOORN, 1996, HADFIELD;
MERCER; PARR, 2001, SOUZA JÚNIOR; MOURA, 2001, BAU, 2002, MALBERGIER;
SCIVOLETTO, 2003).
2.1.3. Toxicidade
Entre as conseqüências orgânicas do consumo agudo e crônico de etanol surgem
diversos efeitos tóxicos sobre o organismo. A primeira reação do organismo à bebida
alcoólica é a euforia, desinibição e autoconfiança, sendo esse estado de espírito decorrente da
liberação de mediadores neuronais, substâncias produzidas pelo próprio organismo, e que
causam desequilíbrio ao sistema nervoso central. Essa primeira fase dura pouco, no máximo
uma hora. No entanto, é seguida de depressão, com diminuição da capacidade física, motora e
mental; o que compromete a atenção e o estado de alerta necessários no trânsito e em outras
atividades (CORRÊA, 1997, HADFIELD; MERCER; PARR, 2001).
Toxicidade aguda
Segundo a cima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a
intoxicação aguda é um fenômeno transitório, cuja intensidade diminui com o tempo e os
efeitos desaparecem na ausência do uso posterior do álcool; a recuperação é completa, exceto
quando surgirem lesões teciduais ou complicações (MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
Nas manifestações físicas o indivíduo pode apresentar congestão das conjuntivas,
taquicardia, taquipnéia, taquiesfigmia e hálito alcoólico-acético; as manifestações
24
neurológicas estão ligadas às alterações clínicas do equilíbrio e às perturbações da
coordenação motora; e as manifestações psíquicas apresentam-se de maneira progressiva,
atingindo inicialmente as funções mais elevadas do córtex cerebral e sucessivamente as
esferas menores, começando pelas alterações do humor, do senso ético, da atenção, da senso-
percepção, do curso do pensamento, da associação de idéias até atingirem os impulsos
menores (FRANÇA, 1998).
A tolerância causada pelo uso persistente e excessivo aumenta os veis nos quais as
reações ocorrem. Parece haver uma estreita relação entre alcoolemia e sintomatologia,
especialmente em pessoas o habituadas a beber. Na Tabela 1 pode-se observar a relação
entre a concentração e os efeitos do consumo de álcool em indivíduos que não desenvolveram
tolerância. A principal conseqüência dos efeitos do álcool é a perda total ou parcial dos
reflexos, comprometendo a capacidade dos motoristas de conduzir o veículo com segurança e
de qualquer pessoa realizar atividades que exijam raciocínio rápido (SCHVARTSMAN, 1991,
MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003, SAMPAIO, 2003;)
.
25
TABELA 1 - Efeitos do consumo de álcool em um indivíduo que não desenvolveu tolerância
Concentração
de álcool no
sangue (g/L)
Efeitos
0,2 Atingido aproximadamente depois de um drinque; usuários leves ou
moderados sentem alguns efeitos: sensação de calor e relaxamento.
0,4 Maioria das pessoas sentem-se relaxadas, alegres e falantes; a pele pode
se tornar ruborizada.
0,5 Primeiras alterações significativas começam a ocorrer; despreocupação,
vertigem, desinibição e menor controle dos pensamentos podem ser
sentidos; o autocontrole e a capacidade de julgamento estão diminuídos; a
coordenação pode estar levemente comprometida.
0,6 Julgamento e crítica encontram-se prejudicados; a avaliação das
capacidades individuais e o processo de tomada de decisões racionais são
afetados (Ex.: ser capaz de dirigir).
0,8 Comprometimento evidente da coordenação motora e diminuição da
velocidade dos reflexos; capacidade para dirigir torna-se suspeita;
sensação de dormência das bochechas e lábios; mãos, braços e pernas
começam a formigar até ficarem dormentes.
1,0 Discurso vago, indistinto, com dificuldade na articulação das palavras;
“lentificação” dos reflexos e deterioração do controle dos movimentos
tornam-se evidentes.
1,5 Prejuízo definitivo do equilíbrio e do movimento.
2,0 Centros de controle motor e emocional são consideravelmente afetados;
fala pastosa, cambaleante, perda do equilíbrio (quedas são freqüentes) e
visão dupla pode ocorrer.
3,0 Dificuldade de entendimento do que é visto ou ouvido; indivíduos ficam
confusos ou em esturpor e pode ocorrer perda da consciência.
4,0 Geralmente o indivíduo está inconsciente; a pele torna-se fria e úmida.
4,5 Freqüência respiratória diminui, podendo ocorrer apnéia.
5,0 Morte por depressão do centro respiratório.
FONTE: Malbergier e Scivoletto, 2003.
26
Os sinais e sintomas da intoxicação pelo álcool são bastante conhecidos, porém podem
ser confundidos com sintomas de outras patologias, levando a um diagnóstico errôneo de
intoxicação, como por exemplo, o coma diabético, intoxicação por outras drogas e acidentes
cardiovasculares que podem ser diagnosticados erroneamente como intoxicação pelo álcool.
Uma alteração metabólica freqüentemente presente no paciente intoxicado é a hipoglicemia.
Nos casos leves, ocorre aumento da atividade simpática (liberação de catecolaminas),
traduzido clinicamente por sudorese fria, ansiedade, palpitações e hipotermia. Nos casos
graves, ocorre depressão do SNC, podendo sobrevir o coma. O hálito, que não é decorrente de
qualquer vapor de etanol, mas de impurezas nas bebidas alcoólicas ou quaisquer outras
causas, é um guia notoriamente confiável, e costuma ser muito confundido. Para fins médico-
legais, deve-se determinar a concentração de etanol no sangue, no ar exalado ou na urina
(SOUZA JÚNIOR; MOURA, 1993 HADFIELD; MERCER; PARR, 2001, MALBERGIER;
SCIVOLETTO, 2003).
Toxicidade crônica
A intoxicação crônica ou alcoolismo crônico é um problema médico-social de
importância universal. Praticamente todos os órgãos e sistemas podem ser afetados e é
possível ocorrer os tipos mais variados de complicações. Em indivíduos saudáveis que
consomem álcool com moderação, a maioria das alterações patológicas que ocorrem no
organismo o reversíveis. Todavia, quando ingerido em maiores quantidades ou por
indivíduos com patologias prévias, as lesões nos diversos órgãos tornam-se mais graves e
irreversíveis, podendo servir de alerta para o clínico de que este paciente faz uso abusivo ou é
dependente de álcool (SCHVARTSMAN, 1991, HADFIELD; MERCER; PARR, 2001,
MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
As alterações orgânicas mais comumente encontradas em indivíduos que fazem uso
crônico de álcool em altas doses (alcoolistas) são observadas nos sistema hematológico,
gastrintestinal, hepático, nervoso central, cardiovascular, renal e hormonal, estando descritas
abaixo.
Sistema hematológico: O álcool produz vários efeitos hematológicos; um deles é a
elevação do volume corpuscular médio (VCM), devido à deficiência do ácido fólico,
provocando, em muitos casos anemia megaloblástica, plaquetopenia e leucopenia. A anemia
sideroblástica e megaloblástica ocorre porque o álcool interfere com vários aspectos do
27
metabolismo e transporte de folato, assim como com seu padrão normal de armazenamento e
liberação do fígado. Esses efeitos sofrem rápida reversão com o início da abstinência. Outros
efeitos, como trombocitopenia e vacuolização dos precursores de hemácias e leucócitos,
ocorrem mesmo quando a dieta é adequada, e parecem ser resultado da ação depressora direta
do etanol na medula óssea. Além disso, ocorre depressão da migração de leucócitos para as
áreas inflamadas, o que seria parcialmente responsável pela baixa resistência dos alcoolistas à
infecção. O etanol também provoca um decréscimo nos níveis de atividade das
monoaminoxigenases (MAO), diminuindo a atividade plaquetária destas enzimas; estudos
demonstraram que esta inibição é maior em indivíduos alcoolistas do que em grupos controle.
Esta diferença parece não estar associada com a duração da abstinência ao etanol, sugerindo
que a inibição da atividade da MAO possa envolver fatores genéticos (HOBBS, 1996;
CORRÊA, 1997; MALBERGIER e SCIVOLETTO, 2003).
Sistema gatrintestinal: O álcool está associado à maior incidência de câncer em todos
os níveis do trato digestivo, principalmente de esôfago e estômago. Os consumidores
freqüentes de álcool estão propensos a desenvolver gastrite e úlceras de estômago e duodeno
devido a ação irritativa do álcool sobre a mucosa e devido o álcool ser um estimulante muito
eficaz da secreção gástrica. O hábito de ingerir quantidades exageradas de etanol leva à
constipação ou diarréia, dependendo da composição da dieta. O álcool ingerido em
quantidades moderadas não influencia de forma significativa na atividade motora do cólon,
mas ingerido ao ponto de causar intoxicação leva à interrupção das funções gastrintestinais
secretoras e motoras. A absorção é retardada, e ocorre espasmo do piloro e vômitos
independente de qualquer reflexo decorrente da irritação local. O etanol é também um fator
etiológico da pancreatite aguda e crônica. A pancreatite parece ocorrer porque o etanol não
apenas aumenta a secreção, mas também obstrui o duto pancreático (SCHVARTSMAN,
1991; HOBBS, 1996; MALBERGIER e SCIVOLETTO, 2003).
Sistema hepático: A ingestão aguda de etanol, mesmo em doses tóxicas, produz
pouca alteração na função hepática. Entretanto, quando consumido em bases regulares, o
etanol produz vários efeitos dose-relacionados que parecem resultar principalmente de seu
metabolismo, pois o etanol presente no organismo é quase totalmente biotransformado no
fígado por processos oxidativos. No fígado, as conseqüências mais comuns o: esteatose
hepática, hepatite alcoólica e cirrose, sendo que esta última tem caráter irreversível. Mesmo
28
em doses pequenas, o álcool interfere na neoglicogênese hepática e na produção de gorduras,
sendo este efeito um dos contribuintes para o desenvolvimento da hipoglicemia. As alterações
hepáticas, em geral, progridem da esteatose para a hepatite e posteriormente para a cirrose,
que inicia pela deposição de fibras ao redor das veias centrais (esclerose hialina central). A
insuficiência hepática pode provocar um quadro de encefalopatia grave e posteriormente letal,
além de outros efeitos sistêmicos de falência hepática. O sexo é um dos fatores que
determinam as diferenças no metabolismo do etanol, tendo como conseqüência variações na
intensidade do dano hepático entre homens e mulheres. Segundo Lieber (citado por Corrêa,
1997), a dose média de etanol que pode causar cirrose é menor em mulheres do que em
homens, e a incidência de doenças hepáticas crônicas é bem maior em mulheres do que em
homens, com história similar de abuso de etanol. Uma das explicações para essa diferença é a
inibição da ADH pela testosterona e seus derivados. Além disso, as mulheres possuem baixa
atividade de ADH gástrica, tendo como conseqüência um nível sanguíneo de etanol mais alto
(SOUZA JÚNIOR e MOURA, 1993; HOBBS, 1996; CORRÊA, 1997; MALBERGIER e
SCIVOLETTO, 2003;).
Sistema Nervoso Central: A ação do etanol sobre o SNC reduz significativamente o
estado de alerta e desempenho e os primeiros processos mentais a serem afetados são aqueles
que dependem de treinamento e experiência prévia. O uso crônico do álcool provoca em
aproximadamente 5 a 15% dos alcoolistas, um quadro de neuropatia periférica, resultante da
deterioração dos nervos periféricos dos membros superiores e inferiores. O álcool está
associado às alterações cognitivas (memória, concentração, atenção, etc.), algumas
temporárias e outras permanentes. Essas alterações são provocadas pelo efeito direto do álcool
sobre o SNC, bem como pela deficiência de vitaminas como a tiamina (B
1
), sendo este quadro
denominado síndrome de Wernicke-Korsakoff. Em sua fase aguda, o quadro é caracterizado
por confusão mental, ataxia e nistagmo ou alterações oculares. Esse quadro pode evoluir para
uma alteração crônica da memória, em muitos casos irreversíveis e incapacitante. Outra
alteração potencialmente irreversível é a degeneração cerebelar, levando a um quadro de
incoordenação motora. As alterações neurológicas são causadas por múltiplos fatores entre os
quais se destacam os traumas freqüentes, deficiência de vitaminas, desnutrição e efeito direto
do álcool (SCHVARTSMAN, 1991; HOBBS, 1996; CORRÊA, 1997; DRUMMER, 2003;
MALBERGIER e SCIVOLETTO, 2003).
29
Sistema cardiovascular: Os efeitos imediatos do etanol na circulação são
relativamente nimos. A pressão sanguínea, o débito cardíaco e a força de contração
miocárdica não sofrem grandes mudanças após a ingestão de quantidade moderada de etanol.
A freqüência do pulso aumenta, mas isto costuma ser devido à atividade muscular ou
estimulação reflexa. A depressão cardiovascular observada na intoxicação alcoólica grave
aguda é decorrente principalmente de fatores vasomotores centrais e da depressão respiratória.
Entretanto o uso excessivo e prolongado de etanol tem, em grande parte, efeitos deletérios
irreversíveis no coração, e é uma das causas mais importantes de miocardiopatia. O álcool em
altas doses provoca inflamação no músculo cardíaco (miocardiopatia), hipertensão e elevação
do colesterol sérico. O uso abusivo de álcool está associado a maior freqüência de infarto
agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Segundo Ahmed, o consumo moderado de
álcool, avaliado através de estudos epidemiológicos, demonstra uma associação positiva com
níveis sanguíneos de lipoproteína de alta densidade (HDL), isto é, o uso de álcool promove
elevação do HDL, um fator que protege o organismo contra a formação das placas de ateroma
e, conseqüentemente, reduz a probabilidade de doenças cardiovasculares (HOBBS, 1996;
CORRÊA, 1997; HADFIELD, 2001; MALBERGIER e SCIVOLETTO, 2003).
Sistema renal: O etanol exerce um efeito diurético, pois ele provoca uma inibição do
ADH diminuindo a reabsorção tubular renal de água. O efeito diurético é grosseiramente
proporcional a concentração sanguínea de álcool, e ocorre quando a concentração está
subindo, mas não quando esestacionária ou caindo. Entretanto, o etanol em doses repetidas
pode ter um efeito antidiurético (HOBBS, 1996).
Sistema hormonal: O etanol afeta o metabolismo microssômico de hormônios,
causando um decréscimo dos níveis de testosterona no sangue, devido ao aumento da
degradação e conversão deste a estrógeno e ao decréscimo da capacidade dos testículos em
sintetizar esteróides. Além disso, o etanol altera o metabolismo de compostos estruturalmente
similares, como o da vitamina D, e sendo substrato para as enzimas microssômicas leva a
alterações na capacidade oxidativa do organismo. O uso crônico de álcool também pode
provocar diminuição da libido, impotência, esterilidade e hipoglicemia (CORRÊA, 1997;
MALBERGIER e SCIVOLETTO, 2003).
30
Barreira placentária: O etanol atravessa facilmente a barreira placentária. As
enzimas necessárias para a biotransformação do álcool estão ausentes no embrião, ocorrendo
em pequenas quantidades durante o desenvolvimento fetal. Desta forma o etanol e o
acetaldeído da circulação materna ficam armazenados no líquido amniótico até que o
organismo materno promova sua eliminação. Os efeitos deletérios do etanol no feto são dose-
dependentes e variam de acordo com o estágio de gestação, podendo sofrer influência de
outros agentes tóxicos. O termo síndrome fetal pelo álcool foi elaborado para designar um
padrão específico de dismorfismo e retardo de crescimento em crianças de mães alcoolistas. A
síndrome fetal é caracterizada pela combinação de vários componentes incluindo múltiplos
abortos espontâneos, recém-nascidos de baixo peso para a idade gestacional, malformações
faciais, defeito do septo ventricular, malformações de pés e mãos e retardo mental de
gravidade variável (CORRÊA, 1997; MALBERGIER e SCIVOLETTO, 2003).
2.1.4. Tolerância e dependência
Visando atenuar os problemas no diagnóstico de dependência, diversos autores
elaboraram critérios diagnósticos de dependência de álcool. De acordo com estes critérios, a
dependência física não é necessária para se estabelecer um diagnóstico de dependência, pois o
indivíduo pode ser dependente do álcool sem apresentar sintomas de tolerância ou
abstinência, que caracterizam a dependência física. Outros indicadores, como tentativas de
controlar o uso, prejuízos sociais, profissionais e familiares podem ser suficientes para se
fazer o diagnóstico de dependência (MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003).
Uma mesma quantidade de álcool ministrada a rias pessoas pode acarretar, em cada
uma, efeitos diversos, pois alguns se embriagam com pequenas quantidades e outros precisam
ingerir grandes porções revelando uma estranha resistência ao álcool. Estas diferenças em
relação à tolerância individual ao álcool dependem de rios fatores, tais como: a) indivíduos
de menor peso apresentam uma concentração de álcool mais elevada, considerando que
aproximadamente dois terços do corpo o constituídos de líquidos, quanto menor o peso,
mais concentrado ficará o álcool; b) O álcool absorvido pelo estômago passa rapidamente
para o sangue, sendo esta absorção influenciada pela concentração alcoólica da bebida, pelo
ritmo da ingestão, pela vacuidade ou plenitude do estômago e pelos fenômenos de boa ou má
absorção intestinal; c) O hábito de beber também influencia a tolerância, pois o bebedor
moderado e o grande bebedor toleram o álcool em graus diferentes; d) Os estados emotivos, a
31
estafa, o sono, a temperatura, o fumo, as doenças e estados de convalescença são causas que
alteram a sensibilidade às bebidas alcoólicas (FRANÇA, 1998).
A ingestão crônica de álcool leva a tolerância e pode levar à abstinência, decorrente da
adaptação do organismo aos efeitos do álcool. A tolerância se caracteriza pela necessidade de
ingerir volumes maiores para produzir os efeitos característicos, e quanto maior essa
tolerância, maior o risco de desenvolver a dependência. Entre os sistemas neurofisiológicos
possivelmente envolvidos na fisiopatologia da dependência estão aqueles relacionados com os
efeitos depressores, de prazer e de recompensa provocados pelo álcool no SNC. O efeito
depressor é mediado principalmente pela ação sobre os receptores GABA, sendo este sistema
também responsável por grande parte do mecanismo de neuroadaptação que gera a síndrome
de abstinência. O álcool possui ação fluidificante sobre as membranas; com o tempo, a
membrana celular torna-se mais rígida e menos sensível a este efeito fluidificante. Essa
alteração seria consistente com o desenvolvimento da tolerância, pois devido a menor
sensibilidade da membrana, precisar-se-ia de maior quantidade de álcool; na ausência do
álcool, o desarranjo da membrana pode contribuir para o aparecimento dos sintomas de
abstinência (HOBBS; RALL; VERDOORN, 1996, BAU, 2002, MALBERGIER;
SCIVOLETTO, 2003).
2.1.5. Síndrome de abstinência
A interrupção abrupta da ingestão crônica de álcool pode resultar em síndrome de
abstinência, que se inicia algumas horas após a última ingestão e dura 5 a 7 dias. A síndrome
de abstinência apresenta grande variação individual, sendo seus principais tipos os seguintes
(MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003):
Síndrome de abstinência comum: Costuma aparecer 6 a 8 horas após interrupção do
consumo, caracterizando-se por tremores generalizados, hiperexcitabilidade, agitação,
insônia, náuseas, vômito, fraqueza, cefaléia, sudorese e pele ruborizada.
Delirium tremens: Observado usualmente entre 3 a 15 dias após a interrupção do
consumo. Caracteriza-se por febre, sudorese, taquicardia, piloereção, hipertensão arterial,
confusão mental, agitação, desorientação, alucinação e freqüentes crises convulsivas.
32
Crise convulsiva: Pode ser a manifestação inicial da síndrome de abstinência. Ocorre
geralmente 24 horas após a interrupção do álcool. É generalizada, tônico-clônica e precede
com freqüência o delirium tremens.
2.2. Aspectos Sociais, econômicos e legais relacionados ao consumo de bebida alcoólica
A ingestão excessiva de bebidas alcoólicas é um hábito difundido e aceito na maioria
dos países e terminou por configurar o alcoolismo como um grande problema de saúde
pública na atualidade. O alcoolismo alcança, hoje em dia, proporções cada vez mais
crescentes, que podem ser estimadas por indicadores do vel de produção e consumo per
capita, e pela freqüência de seu diagnóstico tanto no Brasil quanto em outros países
(OLIVEIRA; LUIS, 1996, TROIS et al., 1997).
Segundo Bau (2002), o alcoolismo é um problema de saúde pública de escala mundial;
o abuso e dependência combinados afetam aproximadamente 8% da população brasileira,
gerando um grande custo social. Baker et al. (2002) relataram que, nos Estados Unidos, 30 à
50% dos motorista envolvidos em acidentes de trânsito relacionados com o consumo de
álcool, apresentavam problemas com alcoolismo.
Vários estudos têm concluído que o álcool é a substância mais relacionada à mudança
de comportamento provocada por efeitos psicofarmacológicos que têm como resultante a
violência. Estudos experimentais mostram que o abuso de álcool pode ser responsável pelo
aumento da agressividade entre os usuários (MINAYO; DESLANDES, 1998).
Estudos realizados entre vítimas de acidentes automobilísticos, agressões, afogamentos
e queimaduras, entre outros, mostram níveis variáveis, porém consistentes de envolvimento
do álcool, de acordo com populações de diferentes países estudados. Verificou-se que 76,2%
do total de processos criminosos correspondem a crimes que envolviam consumo de álcool
por parte do autor ou da vítima (GAZAL-CARVALHO et al., 2002).
Segundo Houston e Richardson (2004), nos Estados Unidos, apenas no ano de 1996, o
álcool estava envolvido em mais de 3.000 episódios com ferimentos e aproximadamente
16.000 episódios com mortes, representando 38% de todas as vítimas fatais.
O trânsito é um dos principais setores afetados pelos efeitos do álcool, observando-se
alta incidência nos estudos realizados, sendo que aproximadamente metade dos acidentes
automobilísticos ocorre após o consumo de bebida alcoólica. Apesar da heterogeneidade das
estatísticas disponíveis no mundo, anualmente os acidentes de trânsito resultam em centenas
33
de milhares de pessoas mortas e 15 milhões de feridos. As guerras que assolaram o planeta
mataram cerca de 17 milhões de pessoas, das quais 4 milhões nesta década, sendo portanto o
trânsito pior que a guerra, pois de acordo com a organização mundial de saúde,
aproximadamente 700 mil pessoas morrem, a cada ano, em conseqüência da violência no
trânsito com motos, carros, ônibus e caminhões. Isto significa uma morte a cada 50 minutos e
um ferido a cada dois segundos no mundo (TROIS et al., 1997, BAKER et al., 2002,
BOMFIM, 2004).
Segundo Francisco Izquierdo da Universidade de Madri, um acidente fatal de trânsito
representa uma perda média de 40 anos na vida de uma pessoa, enquanto que a morte causada
pelo câncer significa a perda de 10,5 anos e a de doenças cardiovasculares de 9,7 anos de
vida. Estima-se que em termos dicos, administrativos e de compensação de custos dos
acidentes, gastam-se US$ 15 bilhões, anualmente, nos países da União Européia. A perda
líquida de produção estaria em US$ 30 bilhões, segundo levantamentos da União Européia
(BOMFIM, 2004).
Uma pesquisa realizada por Arnedt et al. (2001), comparando os efeitos da ingestão de
álcool com o efeito da privação de sono através de uma simulação do ato de dirigir, revela que
o aumento da concentração sanguínea, assim como a privação de sono, diminui a performance
do motorista, prejudicando as atividades psicomotoras como a capacidade de manter a posição
na pista e o tempo de reação para se tomar uma atitude diante de um episódio inesperado.
Mura et al. (2003) analisaram a prevalência de álcool e outras drogas em vítimas de
acidente de trânsito na França. A análise de álcool foi realizada em amostras de sangue por
Cromatografia em fase gasosa com head space, sendo observado um nível elevado de álcool,
acima do limite permitido pelo departamento de trânsito. Segundo estes pesquisadores, o
álcool é uma das principais causas de morte em acidentes de trânsito, entre jovens de 18-27
anos de idade.
É muito comum a relação entre pacientes feridos no departamento de urgência e o
consumo de bebida alcoólica. Estudos realizados por Waller et al. (2003) a respeito do efeito
do álcool sobre os danos causados por acidentes com veículo automotor, mostraram que o
consumo de álcool aumenta os danos e a gravidade nos acidentes automobilísticos.
Holmgren, Holmgren e Ahlner, (2005) pesquisaram a presença de etanol, fármacos e
drogas ilícitas em 855 vítimas fatais de acidente de trânsito no período de 2000 a 2002 na
Suécia. Observou-se que, no último ano, 45,9% das amostras eram positivas, e destas, 85%
34
eram de vítimas do sexo masculino e 15% de vítimas do sexo feminino, com faixa de
concentração prevalentemente de 1,60 a 2,00 mg/L.
Mercer e Jeffery (1995) examinaram o papel do etanol, de rmacos e de drogas ilícitas
em acidentes fatais de trânsito, sendo analisadas 227 vítimas fatais no período de um ano na
Columbia Britânica, província do Canadá. Observou-se que 48% das amostras apresentaram
etanol, que as vítimas eram principalmente adultos jovens com idade média de 36,8 anos ± 16
e que o sexo masculino (53%) demonstrou uma maior porcentagem de amostra positivas do
que o sexo feminino (27%). Este trabalho demonstrou também que as vítimas com amostras
positivas para etanol tinham uma dia de idade menor (34 anos) em relação as amostras
negativas (40 anos), sendo que nas amostras negativas o sexo masculino apresentou uma
média de idade menor (39 anos) do que o sexo feminino (44 anos).
Na Espanha, 285 motoristas vítimas fatais de acidentes de trânsito, foram submetidos a
exames para analisar a presença de álcool e drogas no sangue, sendo o álcool detectado em
50,5% de todas as fatalidades (CARMEN DEL RIO; ALVAREZ, 1999).
Del Rio et al. (2002) realizaram uma pesquisa determinando a presença de etanol,
fármacos e drogas ilícitas em vítimas fatais de acidente de trânsito na Espanha entre o ano de
1991 e 2000. Os resultados mostraram que 43,8% das amostras eram positivas para o etanol,
sendo 91,7% das vítimas pertencentes ao sexo masculino, na faixa etária de 21-30 anos e com
concentração média de álcool no sangue de 1,13 ± 0,37 g/L.
A incidência de álcool e drogas foi investigada em 3.398 motoristas mortos nas
estradas Australianas de três estados: Victoria, New South Wales e Western Austrália, que
representam mais de 69% dos motoristas Australianos, entre 1990 e 1999. A prevalência do
álcool foi observada em 29,1% dos motoristas, sendo que a maioria em motoristas de carro
(30,3%) e a minoria em motoristas de caminhão (8,6%) (DRUMMER et al., 2003).
Em um estudo realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa em Transporte da Holanda,
amostras de sangue de 993 motoristas envolvidos em acidentes de trânsito no período de
outubro de 1998 a setembro de 1999 foram avaliadas quanto à exposição ao álcool, drogas e
medicamentos, concluindo-se que 41% dos casos deram positivo para drogas com
concentrações de álcool menor que 0,5 mg/mL. Para outros casos nos quais as concentrações
de álcool no sangue foram acima de 0,5 mg/mL a porcentagem de casos positivos para drogas
ilícitas e medicamentos foi em média 33,3% (SMINK et al., 2004).
Leyton et al. (2005), em estudo com 2360 vítimas fatais de acidente de trânsito
ocorridos no estado de São Paulo em 1999, observaram que o álcool etílico estava presente no
35
sangue de quase metade das vítimas analisadas (47,0%) e destes, 96,5% da população estava
acima da concentração permitida por lei no período das análises (0,6 g/L), sendo a população
mais atingida a do sexo masculino (89,41%), solteira (63,9%), com idade entre 25 e 40 anos.
A concentração dia de etanol encontrada no sangue da população foi de 2,14 ± 0,95 g/L,
observando uma média de concentração menor nas mulheres (1,86 ± 0,92 g/L) em relação aos
homens (2,13 ± 0,95 g/L). As mulheres (22,8%) também apresentaram uma menor
positividade nos resultados em relação aos homens (49%) e uma média de idade maior (41,3
anos) que os homens (36,2 anos).
Modelli, Pratesi e Taiuil (2008) analisaram a presença de alcoolemia em 238 vítimas
fatais de acidente de trânsito no Distrito Federal em 2005 e constataram que uma significativa
parcela das vítimas (42,8%) apresentavam níveis de alcoolemia acima do permitido pela lei
brasileira vigente no período. Foi observado que 83,1% da população eram do sexo
masculino, jovens entre 18 e 35 anos e que a média de concentração encontrada foi de 1,92 ±
0,83 g/L.
Gazal-Carvalho et al. (2002) realizaram um estudo para determinar a prevalência de
alcoolemia em pacientes admitidos no centro de traumas no município de São Paulo, SP,
Brasil e observou que 47,2% das ocorrências estavam relacionados a acidentes com
transportes. Ele constatou que 28,9% de todas as ocorrências apresentaram alcoolemia
positiva com concentrações maiores ou iguais a 1,0 g/L. Este estudo demonstrou que 73,7%
da população estudada eram do sexo masculino e a maioria era jovens e solteiros. Foi
observado também que os casos positivos eram mais prevalentes no sexo masculino do que no
sexo feminino e que as ocorrências foram mais prevalentes nos meses de Julho e Fevereiro .
Segundo informações do DENATRAN, em 2005 no Brasil ocorreram 383.371 acidentes
com vítimas, resultando em 539.919 vítimas sendo 26.409 vítimas fatais. Isto representa um
índice de 6,3 vítimas fatais por 10.000 veículos/ano. Este índice ultrapassa consideravelmente
o recomendado pela Organização das Nações Unidas que é 3 vítimas por 10.000 veículos/ano
(BRASIL, 2007).
Tendo em vista que a causa da maioria dos acidentes automobilísticos em todo o
mundo tem sido muito tempo associado ao consumo de álcool e, visando diminuir esses
acidentes, os países têm criado leis que punem os crimes de trânsito e estabelecem limites de
alcoolemia para os condutores. Na legislação de trânsito dos diferentes países, os limites
estabelecidos são derivados de vários estudos controlados e de dados epidemiológicos a
36
respeito dos sinais e sintomas da intoxicação por álcool etílico versus concentração de álcool
no sangue (SEPPALA; LINNOILA; MATILLA, 2002, CARVALHO; LEYTON, 2000).
Baseados nesses dados epidemiológicos, os órgãos regulamentadores de diversos países
estabeleceram limites legais de alcoolemia para condutores, que variam dentro de certa faixa
de um país para outro. No Brasil, a lei 9.503 estabelecida em 23 de Setembro de 1997
institui o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e estabelece penalidades aos motoristas que
conduzirem veículo com concentração de álcool no sangue igual ou superior a seis
decigramas por litro. A lei 11.705, de 19 de junho de 2008, alterou a lei 9.503, que institui o
código de trânsito brasileiro, modificando a redação dos artigos 165, 276, 277, 291, 296, 302
e 306 do CTB, que tratam do consumo de bebida alcoólica por condutores de veículo.
Segundo a lei 11.705 o condutor que for flagrado dirigindo sob a influência de álcool terá a
carteira de habilitação suspensa por doze meses, pagará multa de R$ 957,70, além de ter o
veículo retido aa apresentação de um condutor habilitado, sendo o índice de tolerância no
sangue de 2 dg/L. No caso dos condutores que apresentarem concentração de álcool no
sangue igual ou superior a 6 dg/L a penalidade será de detenção por seis meses a três anos,
multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo,
sendo considerado crime de trânsito. (CARVALHO; LEYTON, 2000, HADFIELD;
MERCER; PARR, 2001, SAMPAIO, 2003 BRASIL, 2008).
2.3. Determinação da concentração de etanol
Apesar do aumento do uso de drogas ilícitas, a dosagem sanguínea de etanol continua
sendo a análise sanguínea mais solicitada aos laboratórios de análise toxicológica forense
(LIMA; MÍDIO, 1997).
Vários estudos têm concluído que a determinação da concentração do etanol ingerido
pode ser determinada através da análise do sangue, do ar exalado, da urina e da saliva (RUZ et
al., 1986; MUSSHOFF, 2002); sendo a determinação da concentração de álcool no sangue, a
medida mais precisa do grau de intoxicação (RUZ et al., 1986, FUNG et al., 2000).
O sangue é o fluido biológico mais comumente utilizado na determinação de etanol para
fins forenses, já que é a amostra que melhor reflete os efeitos do álcool no SNC. Nas
investigações de violação das leis de trânsito, a interpretação dos resultados de dosagem
alcoólica é universalmente baseada nos níveis obtidos ou extrapolados para o sangue total,
sendo esta interpretação apoiada na resolução 737 de 12/09/1989 do Conselho Nacional de
37
Trânsito do Ministério da Justiça, que disciplina as ões e os meios para comprovação de
embriagues do condutor de veículo (LIMA; MÍDIO, 1997, CARVALHO; LEYTON, 2000).
A determinação do etanol no sangue pode ser realizada por métodos químicos,
enzimáticos e cromatográficos, sendo a cromatografia o todo mais indicado para a
dosagem de substâncias voláteis como etanol e compostos relacionados em fluidos biológicos
(RUZ et al., 1986, TAGLIARO et al., 2002, PORTARI, 2006).
Segundo Ruz et al. (1986) e Musshoff (2002), as técnicas utilizadas na cromatografia
são classificadas como: injeção direta, extração, destilação e head space (HS). A técnica de
injeção direta se caracteriza pela injeção de sangue total na coluna, possuindo a desvantagem
de contaminar a coluna através da adsorção de componentes indesejáveis como proteínas e
outras macromoléculas. as técnicas de extração e destilação envolvem, respectivamente,
uma extração e uma destilação prévia antes da injeção da amostra, diminuindo, portanto, a
contaminação da coluna.
A técnica de HS empregada em cromatografia em fase gasosa (CG) é utilizada mais
frequentemente na clínica e na análise toxicológica forense de componentes voláteis,
possuindo, entre outras vantagens, a prevenção da contaminação da coluna devido à injeção
de apenas vapor.
Algumas técnicas empregadas com CG na análise de voláteis estão obsoletas, como é o
caso da injeção direta, extração e destilação. A adoção da técnica de HS tem estendido a
popularidade do CG devido a sua eficiência na prevenção de contaminação da coluna, sendo
a técnica mais empregada na rotina dos laboratórios forenses (MUSSHOFF, 2002, PORTARI,
2006).
Na determinação de etanol por CG-HS utiliza-se normalmente um padrão interno para
calibração da análise com o objetivo de corrigir imprecisões na amostragem ou na injeção.
Esta técnica consiste em adicionar uma quantidade conhecida de uma substância (padrão
interno), diferente daquelas que estão sendo analisadas. Para a quantificação, é construída
uma curva de calibração utilizando a razão entre a área do analito (etanol) e a do padrão
interno versus a concentração do analito (PORTARI, 2006). Vários trabalhos científicos
relatam a utilização do n-propanol como padrão interno na quantificação de etanol
(CORRÊA, 1997, MUSSHOFF, 2002, YONAMINE et al., 2003). Contudo o n-propanol é um
produto de putrefação em espécimes postmortem, portanto na pesquisa de etanol em análises
forense pode-se utilizar 2-metil-2-propanol, acetonitrila, 2-butanona ou t-butanol como
alternativa de padrão interno ao n-propanol (MUSSHOFF, 2002).
38
2.3.1. Cromatografia
A cromatografia é um método físico-químico de separação dos componentes de uma
mistura através da distribuição destes componentes entre duas fases, que estão em contato
íntimo. Uma das fases permanece estacionária enquanto a outra se move através dela. Durante
a passagem da fase móvel sobre a fase estacionária os componentes da mistura são
distribuídos entre as duas fases, de tal forma que cada um dos componentes da amostra é
seletivamente retido pela fase estacionária, resultando em migrações diferenciais destes
componentes. A grande variedade de combinações entre fases móveis e estacionárias a torna
uma técnica extremamente versátil e de grande aplicação. A cromatografia é o resultado de
processos repetidos de adsorção e desorção durante o movimento dos componentes da
amostra ao longo da fase estacionária, e a separação é devido à diferença de constantes de
distribuição de cada um dos componentes da amostra. (COLLINS, 1997, CIOLA, 1998,
DEGANI; CASS; VIEIRA, 1998, CASTANHO; LEYTON, 2006;).
As diferentes formas de cromatografia podem ser classificadas considerando-se diversos
critérios. Levando-se em conta a forma física do sistema, a cromatografia pode ser
subdividida em cromatografia em coluna e planar. A cromatografia planar resume-se à
cromatografia em papel e cromatografia em camada delgada (COLLINS, 1997, DEGANI;
CASS; VIEIRA, 1998).
A cromatografia em coluna pode ser classificada de acordo com as propriedades da fase
móvel, distinguindo-se a cromatografia a gás, na qual a fase móvel é um gás; a cromatografia
líquida, na qual a fase móvel é um líquido; e a cromatografia supercrítica, em que se usa como
fase móvel um vapor pressurizado, em temperatura acima da temperatura crítica (COLLINS,
1997, DEGANI; CASS; VIEIRA, 1998).
Cromatografia em fase gasosa:
Na cromatografia em fase gasosa, separa-se uma mistura de componentes gasosos ou
voláteis através da diferença de distribuição da mesma entre uma fase estacionária (sólida ou
líquida) e uma fase móvel (gasosa). Se a fase estacionária é um líquido temos a cromatografia
gás-líquido ou cromatografia de partição, se a fase estacionária é um sólido temos a
cromatografia gás-sólido ou cromatografia de adsorção. Em qualquer dos casos a coluna pode
ser empacotada ou capilar. O método consiste na introdução da amostra no injetor ou
39
vaporizador cuja quantidade injetada depende da coluna e detector empregado. O injetor deve
estar aquecido a uma temperatura acima do ponto de ebulição dos componentes da amostra,
no caso de amostras líquidas, para que a mesma se volatilize completa e instantaneamente e
seja carregada para uma coluna onde está a fase estacionária através do gás de arraste. O fluxo
de gás passa pela coluna através da qual, os componentes da amostra se deslocam a
velocidades influenciadas pelo grau de interação de cada componente com a fase estacionária.
As substâncias que têm maior interação com a fase estacionária são retidas por mais tempo e,
portanto, separadas daquelas com menor interação. Na cromatografia em fase gasosa a
afinidade de um soluto pela fase móvel é determinada pela volatilidade do soluto e sua
pressão de vapor, que é função da estrutura do composto e da temperatura. Alterando-se a
temperatura, altera-se também a pressão de vapor e, por conseguinte a afinidade de uma
substância pela fase móvel. A cromatografia em fase gasosa apresenta um excelente poder de
resolução, tornando possível a análise de dezenas de substâncias de uma mesma amostra.
Dependendo do tipo de substância analisada e do detector empregado, consegue-se detectar
cerca de 10
-12
g. Essa sensibilidade faz com que haja necessidade de apenas pequenas
quantidades de amostra, o que em certos casos é um fator crítico e limita a utilização de outras
técnicas (BONATO, 1997, CIOLA, 1998, DEGANI; CASS; VIEIRA, 1998, MENDEHAM et
al., 2002, CASTANHO, 2006).
2.3.2. Técnica de head space
A análise por head space é geralmente definida como uma extração da fase de vapor
envolvendo a partição do analito entre um líquido não volátil ou um sólido não volátil e a fase
de vapor acima do líquido ou sólido. A fase de vapor contém os componentes a serem
analisados, sendo transferido para o CG ou outro instrumento de análise (SNOW; SLACK,
2002).
Existem várias técnicas de head space, incluindo técnicas recém descobertas. O head
space estático e o dinâmico eram as únicas técnicas essencialmente empregadas até a década
passada e ainda são bastante empregadas até hoje. No head space estático a amostra é
colocada em recipiente lacrado, aquecida para formação de vapor e este vapor é retirado do
recipiente e introduzido em um instrumento de análise através de uma seringa apropriada
(seringa gas-tight) ou de uma linha de transferência aquecida. No head space dinâmico a fase
40
de vapor flui pela amostra sendo coletada em seguida e analisada em equipamento apropriado
- CG (KOLB, 1999, MARKELOV; BERSHEVITS, 2001, SNOW; SLACK, 2002).
O aumento da sensibilidade da técnica pode ser obtido através da adição de um sal
como o cloreto de sódio, nitrato de sódio, sulfato de sódio, carbonato de potássio, fluoreto de
sódio ou sulfato de amônio. Como em geral as amostras analisadas são matrizes aquosas, a
utilização de um sal torna o ambiente saturado (efeito salting-out) diminuindo a interação
entre o álcool e a água, ou seja, as pontes de hidrogênio e permitindo uma melhor vaporização
do etanol (MUSSHOFF, 2002, PORTARI, 2006). O efeito salting-out diminui a solubilidade
do soluto por aumento da intensidade iônica total da solução, sendo o efeito mais pronunciado
para componentes polares que tem uma grande afinidade por água (WASFI et al., 2004).
A técnica de head space tem sido bastante empregada na análise de amostras em CG em
diversas áreas, inclusive na área forense analisando álcool e outros materiais de baixo peso
molecular no sangue. Ela é, talvez, a técnica mais versátil empregada para CG, com pesquisas
sendo conduzidas por numerosos estudiosos nas mais diversas áreas da ciência (SNOW;
SLACK, 2002).
O método de cromatografia a gás por head space é um método simples, preciso, de fácil
execução, sensível e de elevada especificidade, sendo o método ideal para a análise de álcool
no sangue (LIMA; MÍDIO, 1997).
41
3. OBJETIVO
42
3.1. Objetivo geral
Analisar a presença e o nível de álcool etílico no sangue de vítimas fatais de acidentes
de trânsito no Rio Grande do Norte, empregando a cromatografia em fase gasosa com
detector de ionização de chama e a técnica de extração por head space.
3.2. Objetivos específicos
Padronização as condições cromatográficas do método;
Relacionar os níveis de alcoolemia em vítimas fatais de acidente de trânsito no Rio
Grande do Norte com os limites de alcoolemia estabelecidos pelo DENATRAN;
Determinar a freqüência de alcoolemia nas amostras analisadas;
Determinar a freqüência de acidentes quanto ao sexo e estado civil da vítima;
Determinar a faixa etária mais prevalente nos acidentes de trânsito;
Determinar a freqüência de acidentes quanto ao local, dia da semana e mês em que os
acidentes ocorreram;
Relacionar a alcoolemia positiva e negativa com o sexo, estado civil das vítimas e com
o mês de ocorrência dos acidentes;
Relacionar o consumo de bebidas alcoólicas com os acidentes automobilísticos.
43
4. MATERIAL E MÉTODO
44
4.1. MATERIAL
4.1.1. Amostra
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, em reunião
realizada em 04 de agosto de 2006 e foi protocolado com número 069/06 CEP-UFRN, sendo
o termo de consentimento aprovado empregado na coleta das amostras.
4.1.1.1. Sangue de voluntários
Foram coletadas amostras de sangue de 10 voluntários, não expostos a bebida alcoólica
por pelo menos 72 horas, para a obtenção de um pool de sangue, sendo utilizado a heparina e
o fluoreto de sódio a 1% como anticoagulante e conservante, respectivamente. Essas amostras
foram obtidas após a assinatura do termo de consentimento (anexo A) pelos voluntários. As
amostras de sangue coletadas foram armazenadas em frascos de vidro de 20 mL para posterior
preparação das soluções padrão.
4.1.1.2. Sangue de vítimas fatais de acidente de trânsito
Foram coletadas 301 amostras de sangue de vítimas fatais de acidente de trânsito que
deram entrada no Instituto Técnico-Científico de Polícia do Estado do Rio Grande do Norte
(ITEP/RN), no ano de 2007, utilizando a heparina e o fluoreto de sódio a 1% como
anticoagulante e conservante, respectivamente. Essas amostras foram obtidas após a
assinatura do termo de consentimento pelo responsável legal da vítima (ver anexo B), e foram
acondicionadas em frascos de vidro de 10 mL sendo armazenadas sob refrigeração a 4°C até o
momento das análises.
4.1.2. Soluções-padrão
Todas as soluções foram preparadas utilizando como solventes n-propanol e sangue de
voluntários, evitando, desta forma, a danificação da coluna cromatográfica pela utilização de
água como solvente.
45
4.1.2.1. Soluções-estoque
Solução de etanol a 3,2 g/L em sangue obtida pela dissolução de 104 µL de etanol
P.A. em quantidade suficiente de sangue para 25 mL utilizando balão volumétrico.
4.1.2.2. Soluções de trabalho
Soluções de etanol em sangue nas seguintes concentrações: 0,05; 0,1; 0,8; 1,6 e 3,2
g/L. As soluções nas concentrações 0,05 e 0,1 g/L foram obtidas respectivamente pela
diluição de 156 e 312 µL
da solução Estoque de etanol a 3,2 g/L em quantidade suficiente de
sangue para 10 mL utilizando balões volumétricos. A solução de trabalho a 0,8 e 1,6 g/L
foram obtidas pela dissolução de 10 µL e 21 µL de etanol P.A., respectivamente, em
quantidade suficiente de sangue para 10 mL, utilizando balão volumétrico; e a solução de
trabalho a 3,2 g/L foi obtida diretamente da solução estoque de etanol.
Solução de t-butanol a 0,3 g/L em n-propanol, obtida a partir da dissolução de 188
µL de t-butanol P.A. em quantidade suficiente de n-propanol para 500 mL, utilizando balão
volumétrico.
As soluções estoque e as soluções de trabalho foram acondicionadas em frascos de
vidro âmbar e mantidas sob refrigeração a 4 ºC.
4.1.3. Equipamentos e acessórios
Balança analítica AG-200 (GEHAKA, SP, BRASIL);
Balões volumétricos de 10, 25 e 500 mL;
Coluna capilar com fase estacionária a base de polietilenoglicol (CP-WAX 57) com
50 m de comprimento e 0,25 mm de diâmetro interno (Varian, Califórnia, EUA);
Cromatógrafo a gás modelo CP-3800 com detector de ionização de chama (FID)
(Varian, Califórnia, EUA.);
Estufa (Fanem LTDA, SP, Brasil);
Pipetas semi-automáticas graduadas de 10-100 µL e 40-200 µL;
Pipetas semi-automáticas volume fixo: 250 , 500 e 1000 µL;
46
Refrigerador Eletrolux
®
R360, com temperatura entre 0 ºC e 4 ºC;
Seringa SGE 500 µL gastight REM (Scientific Glass Engineering);
Softwere Star chromatography Workstation versão 5.52 (Varian, Califórnia, EUA);
4.1.4. Reagentes e outros materiais
Alicate lacrador;
Frascos de vidro com capacidade para 10 mL;
Frascos de vidro, capacidade para 20 mL;
Gases especiais para cromatografia em fase gasosa:
- Ar sintético (White Martins)
- Hidrogênio (White Martins)
- Helio (White Martins)
- Nitrogênio (White Martins)
Lacre de alumínio;
Scalp nº 19 e nº 23 (plascalp);
Seringas de 20 mL (plascalp);
Sulfato de sódio anidro (Nuclear, SP, Brasil);
Tampas de borracha;
Fluoreto de Sódio (Labtest);
Heparina (Cristália);
Reagentes:
- Etanol (VETEC);
- n-Propanol (VETEC);
- t-Butanol (MERCK).
4.2. MÉTODOS
4.2.1. Padronização das condições cromatográficas
4.2.1.1. Otimização dos parâmetros cromatográficos
47
Foram utilizadas as soluções de trabalho de etanol para testar corridas isotérmicas e com
rampas de aquecimento para a escolha das melhores condições de temperatura e aquecimento
da coluna. Assim como a determinação das condições de razão de split, fluxo dos gases na
coluna, tempo de corrida e temperatura do injetor e detector.
4.2.1.2. Estudo da linearidade da técnica
O estudo da linearidade, para estabelecer o intervalo de concentração no qual os
resultados são linearmente proporcionais à concentração do etanol (BRITO et al., 2003;
RIBANI et al., 2004; VIEIRA; LICHTIG, 2004), foi realizado através da análise de sangue de
voluntários adicionado de etanol nas concentrações 0,01; 0,05 ; 0,1 ; 0,8 ; 1,6; e 3,2 g/L,
utilizando o t-butanol como padrão interno; sendo estas soluções submetidas ao procedimento
analítico escrito no item 4.2.2.
4.2.1.3. Curvas de calibração
As curvas de calibração foram determinadas pela análise de amostras de sangue, obtidas
a partir de procedimentos descritos no item 4.1.1.1, adicionadas de alíquotas de etanol nas
concentrações de 0,05; 0,1; 0,8; 1,6; e 3,2 g/L, conforme item 4.1.2.2. Essas amostras foram
submetidas ao procedimento descrito no item 4.2.2. e analisadas em triplicata; sendo a curva
construída com a média dos valores da área do etanol e do padrão interno relativas a cada
concentração.
4.2.1.4. Estudo da recuperação do método
A recuperação do método reflete a quantidade de determinado analito, recuperado no
processo, em relação a quantidade real presente na amostra (BRITO et al., 2003). No estudo
da recuperação foram utilizadas três diferentes concentrações (0,05; 0,8; e 3,2 g/L), sendo que
cada concentração foi analisada em 05 replicatas, sendo a exatidão do todo determinada
pelos testes de significância, utilizando o teste T de student.
4.2.1.5. Avaliação da precisão do método
A precisão avalia a proximidade entre várias medidas efetuadas na mesma amostra
(BRITO et al., 2003; VIEIRA; LICHTIG, 2004). No teste para avaliar a precisão do método
48
foram analisadas, em triplicata, três diferentes concentrações (0,05; 0,8; e 3,2 g/L), sendo a
precisão determinada indiretamente pela medida da imprecisão da técnica, dada pelo desvio
padrão relativo, também conhecido como coeficiente de variação (CV) dos resultados. A
precisão foi avaliada em dois níveis diferentes de repetitividade, sendo realizados testes para a
avaliação da precisão intra-ensaio e inter-ensaio. Na avaliação da precisão intra-ensaio as
replicatas foram analisadas no mesmo dia, enquanto que na avaliação inter-ensaio as
replicatas foram analisadas em dias consecutivos.
4.2.2. Procedimento para separação do etanol pela técnica de head space
A técnica utilizada para a análise de etanol em sangue consiste na separação do etanol
da matriz biológica através da sua vaporização em um recipiente lacrado e posterior análise
deste vapor através da cromatografia em fase gasosa. Para a realização deste procedimento 1,0
mL da amostra (sangue), 1,0 mL do padrão interno (t-butanol) e 1 g de sulfato de sódio foram
adicionados a um frasco de vidro com capacidade para 10 mL. Este frasco foi vedado com
tampa de borracha e lacre de alumínio e aquecido por 10 minutos em uma estufa à 70 °C.
A
camada superior foi homogeneizada através de três operações de tomada e devolução do
vapor, usando a própria seringa de injeção (gastight, SGE). Após este procedimento, retirou-
se, por punção através da tampa, 250 µL da camada de vapor e injetou-se no cromatógrafo
para a separação dos analitos através da coluna cromatográfica.
4.2.3. Determinação de etanol em amostras de vítimas fatais de acidente de trânsito
Foram coletadas 301 amostras de vítimas fatais de acidente de trânsito, sendo analisadas
277 (92,03%) amostras, as demais foram excluídas devido alguns fatores: quantidade de
amostra coletada insuficiente, dados incompletos nos registros do Instituto Técnico Científico
de Polícia e falta de assinatura do termo de consentimento pelo responsável legal da vítima .
As amostras de sangue obtidas de vítimas fatais de acidente de trânsito foram
submetidas ao procedimento descrito no item 4.2.2 Após a separação do etanol na coluna
capilar, o mesmo é captado pelo detector de ionização de chama e o sinal obtido é analisado
pelo Softwere Star chromatography Workstation versão 5.52 que, por integração, fornece a
área relativa a cada pico eluído em seu respectivo tempo de retenção. A razão entre a área do
49
pico do etanol e a área do pico do padrão interno são plotados na curva de calibração e a
concentração de etanol na amostra é calculada através da equação da reta.
Os níveis de alcoolemia determinados pelo procedimento analítico foram relacionados
com algumas variáveis (faixa etária, sexo e estado civil da vítima, localização e período em
que os acidentes ocorreram) traçando o perfil das vítimas de acidente de trânsito no estado do
Rio Grande do Norte.
4.2.4. Análise estatística
Realizou-se a análise descritiva para a caracterização da amostra e dos resultados de
alcoolemia e aplicou-se o teste t de Student e o teste Qui-quadrado para se fazer a correlação
da alcoolemia com os dados das vítimas utilizando um índice de significância de 5%. A
análise estatística foi realizada através do statsoft STATISTICA 6.0.
50
5. RESULTADOS
51
5.1. Padronização das condições cromatográficas
5.1.1. Otimização dos parâmetros cromatográficos
As condições cromatográficas estabelecidas para análise de etanol no sangue estão
descritas na Tabela 2 e o perfil cromatográfico do etanol e do padrão interno (t-butanol) na
Figura 2.
TABELA 2Condições cromatográficas padronizadas
Parâmetros analisados Resultados
Temperatura do Injetor 150°C
Temperatura da coluna 50°C
Temperatura do Detector 250°C
Modo de operação Isotérmico
Razão de Split 1:25
Fluxo da Coluna 2 mL/min
Tempo de Corrida 12 min
Gases Utilizados Helio, Nitrogênio, Ar sintético e Hidrogênio
FIGURA 2 Cromatograma obtido com a análise por CG-FID-HS de sangue adicionado de
etanol a 0,2 g/L e t-butanol a 0,3 g/L, utilizando a coluna capilar CP-WAX 57.
1- t-butanol e 2- etanol.
52
5.1.2. Estudo da linearidade da técnica
O todo demonstrou ser linear na faixa de concentração estudada, pois houve uma
relação linearmente proporcional entre o sinal gerado pelo equipamento e os teores de etanol
nos vapores das amostras de sangue adicionadas, na faixa de concentração de 0,01
a 3,2 g/L.
A equação de regressão linear foi y = 0,8051x + 0,6196 e o coeficiente de correlação obtido r
= 0,9989, como pode ser observado na Figura 3.
y = 0,8051x + 0,6196
R = 0,9989
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Concentração Sanguínea (g/L)
Relação de Área (etanol/t-butanol)
FIGURA 3 – Representação gráfica da linearidade entre concentração de etanol (g/L) e
relação de área dos picos cromatográficos (Etanol/t-butanol).
5.1.3. Curva de calibração
A relação entre a concentração do etanol no sangue e a razão entre as áreas dos picos
cromatográficos do etanol e do t-butanol está representada na Figura 4, sendo os dados da reta
utilizados para obtenção da equação de regressão linear y = 0,762x + 0,6361 e o coeficiente
de correlação r = 0,996.
53
y = 0,762x + 0,6361
R = 0,996
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Concentração Sanguínea (g/L)
Relação de Área (etanol/t-butanol)
FIGURA 4 Representação gráfica da curva de calibração obtida pela análise de sangue
adicionado de etanol em concentrações conhecidas.
5.1.4. Estudo da recuperação do método
Na Tabela 3
são apresentados os valores (%) de recuperação do etanol no sangue em
relação à quantidade de etanol adicionada, empregando-se as condições cromatográficas
padronizadas e o procedimento descrito no item 4.2.2.
TABELA 3 - Recuperação de etanol adicionado em amostras de sangue empregando as
condições cromatográficas e o procedimento analítico padronizado
Concentração adicionada (g/L) Recuperação % (média* ± DP)
0,05 97,8 ± 4,9
0,80 106,9 ± 5,6
3,20 95,9 ± 4,9
* Média de cinco replicatas.
54
5.1.5. Avaliação da precisão do método
Nas Tabelas 4 e 5
são apresentados os valores da precisão intra-ensaio e inter-ensaio,
definidos pelo coeficiente de variação (CV). Os resultados foram obtidos pela análise de
alíquotas de sangue adicionadas de etanol, empregando-se as condições cromatográficas
padronizadas e o procedimento descrito no item 4.2.2.
TABELA 4 - Coeficiente de variação intra-ensaios das concentrações sanguíneas de etanol
em amostras adicionadas
Concentração (g/L) X DP CV%
0,05 0,0488 0,0028 5,8
0,80 0,8663 0,0631 7,3
3,20 2,9613 0,1805 6,1
X = Média das concentrações obtidas para três replicatas.
DP = Desvio padrão.
CV = Coeficiente de variação.
TABELA 5 - Coeficiente de variação inter-ensaios das concentrações sanguíneas de etanol
em amostras adicionadas
Concentração (g/L) X DP CV%
0,05 0,0525 0,0039 7,3
0,80 0,7700 0,0438 5,6
3,20 3,0430 0,2057 6,8
X = Média das concentrações obtidas para três replicatas.
DP = Desvio padrão.
CV = Coeficiente de variação.
5.2. Determinação de alcoolemia em vítimas de acidente de trânsito
A Tabela 6 mostra a freqüência de amostras com resultados positivos e negativos em
relação a alcoolemia. As amostras que apresentaram algum teor de álcool foram consideradas
positivas, enquanto que as que não apresentaram foram consideradas negativas. Esses
resultados podem ser visualizados graficamente através da Figura 5.
55
TABELA 6Freqüência dos resultados com alcoolemia positiva e negativa em vítimas fatais
de acidente de trânsito, RN, Brasil, 2007
Alcoolemia Freqüência Porcentagem (%)
Positiva 184 66,43
Negativa 93 33,57
Total
277 100
FIGURA 5 Gráfico de distribuição das alcoolemias positivas e negativas em vítimas fatais
de acidente de trânsito, RN, Brasil, 2007.
Na Tabela 7 é apresentada a freqüência dos casos positivos em relação aos níveis de
alcoolemia, considerando dois veis de concentração: abaixo de 0,2 g/L e igual ou maior que
0,2 g/L. Essa freqüência pode ser observada graficamente na Figura 6.
66,43%
33,57%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
positivo negativo
56
TABELA 7 Freqüência dos casos com alcoolemia positiva considerando dois níveis de
concentração, RN, Brasil, 2007
Concentração (g/L) Freqüência Pocentagem (%)
< 0,2 07 04
≥ 0,2 177 96
Total
184 100
4%
96%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
< 0,2 g/L 0,2 g/L
FIGURA 6 Gráfico dos níveis de alcoolemia dos casos positivos considerando dois níveis
de concentração, RN, Brasil, 2007.
Na Tabela 8 é apresentada a freqüência dos casos com alcoolemia positiva em relação
aos diferentes níveis de concentração determinados a partir do procedimento analítico, sendo
as concentrações agrupadas em nove faixas. A freqüência apresentada pode ser visualizada
graficamente através da Figura 7.
57
TABELA 8 – Freqüência dos casos com alcoolemia positiva considerando os diferentes
níveis de concentração, RN, Brasil, 2007
Concentração (g/L) Freqüência Porcentagem (%)
0,1 – 0,45 29
15,76
0,46 – 0,81 23
12,50
0,82 – 1,17 20
10,87
1,18 – 1,53 33
17,93
1,54 – 1,89 28
15,22
1,90 – 2,25 29
15,76
2,26 – 2,61 16
8,70
2,62 – 2,98 5
2,72
2,99 – 3,34 1
0,54
Total
184 100
Média das concentrações na população: 1,35 g/L (DP = 0,7401).
FIGURA 7 – Gráfico da freqüência dos casos positivos em relação aos níveis de alcoolemia,
RN, Brasil, 2007.
15,76%
12,50%
10,87%
17,93%
15,22%
15,76%
8,70%
2,72%
0,54%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
0,1-0,45 0,46-0,81 0,82-1,17 1,18-1,53 1,54-1,89 1,90-2,25 2,26-2,61 2,62-2,98 2,99-3,34
58
Na Tabela 9 é apresentada a freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em
relação ao sexo das vítimas. Essa freqüência também pode ser visualizada graficamente
através da Figura 8.
TABELA 9 Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação ao sexo, RN,
Brasil, 2007
Sexo Freqüência Porcentagem (%)
Masculino 243 87,73
Feminino 34 12,27
Total
277 100
FIGURA 8 Gráfico da freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais de acordo
com o sexo, RN, Brasil, 2007.
A Tabela 10 apresenta a idade da população estudada, demonstrando a faixa etária
mais frequentemente envolvida com os acidentes de trânsito. Esta distribuição pode ser
visualizada na Figura 9.
12,27%
87,73%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Feminino
Masculino
59
TABELA 10 Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação à faixa
etária, RN, Brasil, 2007
Faixa etária Freqüência Porcentagem (%)
15-23
50 18,05
24-32
77 27,80
33-41
53 19,13
42-50
37 13,36
51-59
23 8,30
60-68
17 6,14
69-77
6 2,17
78-86
5 1,81
Sem Informação
9 3,25
Total
277 100
Média da idade da população: 37,23 anos (DP = 15,3283).
FIGURA 9 Gráfico da freqüência de vítimas fatais de acidente de trânsito em relação à
faixa etária, RN, Brasil, 2007.
Na Tabela 11 é apresentada a freqüência dos acidentes com vítimas fatais de acordo
com o estado civil. Essa freqüência pode ser visualizada graficamente na Figura 10.
18,05%
27,80%
19,13%
13,36%
8,30%
6,14%
2,17%
1,81%
3,25%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
15-23 24-32 33-41 42-50 51-59 60-68 69-77 78-86 Sem
Informação
60
TABELA 11 Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação ao estado
civil, RN, Brasil, 2007
Estado Civil Freqüência Porcentagem (%)
Solteiro 154 55,60
Casado 93 33,57
Divorciado 5 1,81
Viúvo 3 1,08
Sem Informação 22 7,94
Total
277 100
FIGURA 10 Gráfico da freqüência de acidente de trânsito com vítimas fatais em relação ao
estado civil, RN, Brasil, 2007.
Na Tabela 12 está representada a freqüência de ocorrência dos acidentes de trânsito
com vítimas fatais em relação aos meses do ano, tendo como base o ano de 2007. Estes dados
podem ser visualizados graficamente na Figura 11.
55,60%
33,57%
1,81%
1,08%
7,94%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Solteiro Casado Divorciado Vvo Sem
informação
61
TABELA 12Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação aos meses
do ano, RN, Brasil, 2007
Mês Freqüência Porcentagem (%)
Janeiro 27 10
Fevereiro 40 14
Março 18 6
Abril 29 10
Maio 20 7
Junho 20 7
Julho 16 6
Agosto 20 7
Setembro 20 7
Outubro 26 9
Novembro 26 9
Dezembro 15 5
Total
277 100
FIGURA 11 Gráfico da freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação
aos meses do ano, RN, Brasil, 2007.
9,75%
14,44%
6,50%
10,47%
7,22%
7,22%
5,78%
7,22% 7,22%
9,39% 9,39%
5,42%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
Janeiro Março Maio Julho Setembro Novembro
62
Na Tabela 13 pode ser visualizada a freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas
fatais em relação ao dia da semana em que os acidentes ocorreram. Esses dados podem ser
visualizados graficamente através da Figura 12.
TABELA 13 Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação ao dia da
semana, RN, Brasil, 2007
Dia da Semana Freqüência Porcentagem (%)
Segunda 76 27
Terça 31 11
Quarta 16 6
Quinta 15 5
Sexta 29 10
Sábado 43 16
Domingo 67 24
Total
277 100
27,44%
11,19%
5,78% 5,42%
10,47%
15,52%
24,19%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
FIGURA 12 - Gráfico da freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação
ao dia da semana, RN, Brasil, 2007.
63
Na Tabela 14 está apresentada a freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais
em relação ao local de ocorrência do acidente, levando-se em consideração os acidentes
ocorridos no interior do estado e na grande Natal (região metropolitana do estado). Estes
dados podem ser visualizados graficamente através da Figura 13.
TABELA 14Freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação ao local de
ocorrência, RN, Brasil, 2007
Local Freqüência Porcentagem (%)
Grande Natal 159 57
Interior 118 43
Total
277 100
FIGURA 13 - Gráfico da freqüência dos acidentes de trânsito com vítimas fatais em relação
ao local de em que os acidentes ocorreram.
Na Tabela 15 é apresentada a freqüência das vítimas do sexo masculino e feminino em
relação à alcoolemia positiva e negativa. Esses dados podem ser visualizados graficamente
através da Figura 14.
57,40%
42,60%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Grande Natal Interior
64
TABELA 15Freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação à alcoolemia
positiva e negativa, RN, Brasil, 2007
Sexo
Alcoolemia
Masculino Feminino
Positiva
171 (70%) 13 (38%)
Negativa
72 (30%) 21 (62%)
FIGURA 14 Gráfico da freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação à
alcoolemia positiva e negativa, RN, Brasil, 2007.
Na Tabela 16 está apresentada a média de idade da população com resultados positivos
e negativos considerando o sexo masculino e o sexo feminino.
70,37%
29,63%
38,24%
61,76%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Masculino Feminino
Positiva
Negativa
65
TABELA 16 Idade média das vítimas do sexo masculino e feminino com relação à
alcoolemia ao sexo, RN, Brasil, 2007
Idade (anos)
± DP
Alcoolemia
Grupo geral Masculino Feminino
Positiva
34,89 ± 12,61 35,26 ± 14,95 29,83 ± 9,65
Negativa
41,93 ± 18,91 41,51 ± 18,65 43,4 ± 20,21
Na Tabela 17 está apresentada a freqüência do estado civil das vítimas em relação à
alcoolemia positiva e negativa. Estes dados podem ser visualizados graficamente através da
Figura 15.
TABELA 17 Freqüência do estado civil das vítimas em relação à alcoolemia RN, Brasil,
2007
Estado Civil
Alcoolemia
Casado Solteiro Divorciado Viúvo Sem Informação
Positiva 60 (21,66%) 104 (37,55%) 1 (0,36%) 1 (0,36%) 18 (6,50%)
Negativa 33 (11,91%) 49 (17,69%) 4 (1,44%) 2 (0,72%) 5 (1,81%)
FIGURA 15 Gráfico da freqüência do estado civil das vítimas em relação à alcoolemia,
RN, Brasil, 2007.
64,52%
35,48%
67,97%
32,03%
20,00%
80,00%
33,33%
66,67%
78,26%
21,74%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
casado solteiro Divorciado viúvo Sem
Informação
positivo
negativo
66
Na Tabela 18 está apresentada freqüência das alcoolemias positivas e negativas em
relação ao mês de ocorrência dos acidentes tendo como base o ano de 2007, período em que
as amostras foram coletadas. Estes dados podem ser visualizados graficamente através da
Figura 16.
TABELA 18 Freqüência das alcoolemias positivas e negativas em relação aos meses do
ano, RN, Brasil, 2007, RN, Brasil, 2007
Alcoolemia
Mês
Positiva Negativa
Janeiro 14 (5,05%) 13 (4,69%)
Fevereiro 22 (7,94%) 18 (6,50%
Março 12 (4,33%) 6 (2,17%)
Abril 25 (9,03%) 4 (1,44%)
Maio 16 (5,78%) 4 (1,44%)
Junho 15 (5,42%) 5 (1,81%)
Julho 9 (3,25%) 7 (2,53%)
Agosto 13 (4,69%) 7 (2,53%)
Setembro 13 (4,69%) 7 (2,53%)
Outubro 15 (5,42%) 11 (3,97%)
Novembro 19 (6,86%) 7 (2,53%)
Dezembro 11 (3,97%) 4 (1,44%)
67
FIGURA 16Gráfico da freqüência das alcoolemias positivas e negativas em relação aos meses
do ano, RN, Brasil, 2007.
Na Tabela 19 está apresentada a freqüência do estado civil das vítimas fatais de
acidente de trânsito em relação ao sexo. Estes dados podem ser visualizados graficamente
através da Figura 17.
TABELA 19Freqüência do estado civil das vítimas em relação ao sexo, RN, Brasil, 2007
Estado Civil
Sexo
Casado Solteiro Divorciado Viúvo Sem informação
Masculino
81
(29,24%)
133
(48,01%)
5 (1,81%) 3
(1,08%)
21 (7,58%)
Feminino
12(4,33%) 20 (7,22%) 0 0 2 (0,72%)
5,05%
4
,
6
9
%
7,9
4%
6
,
5
0
%
4,33%
2
,
1
7
%
9,03%
1
,
4
4
%
5,78%
1
,
4
4
%
5,42%
1
,
8
1
%
3,25%
2
,
5
3
%
4
,69%
2
,
5
3
%
4,69%
2
,
5
3
%
5,42%
3
,
9
7
%
6
,86%
2
,
5
3
%
3,97%
1
,
4
4
%
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
positivo
negativo
68
FIGURA 17 Gráfico da freqüência do estado civil das vítimas em relação ao sexo, RN,
Brasil, 2007.
Na Tabela 20 esapresentada a freqüência do sexo masculino e feminino em vítimas
fatais de acidente de trânsito em relação as diferentes faixas de concentrações. Estes dados
podem ser visualizados graficamente através da Figura 18.
29,24%
4,33%
48,01%
7,22%
1,81%
0,00%
1,08%
0,00%
7,58%
0,72%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
casado solteiro Divorciado vvo Sem
Informação
Masculino
Feminino
69
TABELA 20Freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação as diferentes
faixas de concentrações, RN, Brasil, 2007
Sexo
Concentração (g/L)
Masculino Feminino
0,1 – 0,45
28 (15,22%) 1 (0,54%)
0,46 – 0,81
23 (12,50%) 0
0,82 – 1,17
15 (8,15%) 5 (2,72%)
1,18 – 1,53
32 (17,39%) 1 (0,54%)
1,54 – 1,89
25 (13,59%) 3 (1,63%)
1,90 – 2,25
26 (14,13%) 3 (1,63%)
2,26 – 2,61
16 (8,70%) 0
2,62 – 2,98
5 (2,72%) 0
2,99 – 3,34
1 (0,54%) 0
Média de concentração para o sexo masculino: 1,35 g/L (DP = 0,7538)
Média de concentração para o sexo Feminino: 1,37 g/L (DP = 0,5491)
FIGURA 18Gráfico da freqüência de vítimas do sexo masculino e feminino em relação as
diferentes concentrações, RN, Brasil, 2007.
Na Tabela 21 está apresentada freqüência das vítimas fatais de acidente de trânsito do
sexo masculino e do sexo feminino em relação à faixa etária. Estes dados podem ser
visualizados graficamente através da Figura 19.
15,22%
0,54%
12,50%
0,00%
8,15%
2,72%
17,39%
0,54%
13,59%
1,63%
14,13%
1,63%
8,70%
0,00%
2,72%
0,00%
0,54%
0,00%
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
16,0%
18,0%
0,1-0,45 0,46-0,81 0,82-1,17 1,18-1,53 1,54-1,89 1,90-2,25 2,26-2,61 2,62-2,98 2,99-3,34
Masculino
Feminino
70
TABELA 21 Freqüência das vítimas do sexo masculino e feminino em relação à faixa
etária, RN, Brasil, 2007
Sexo
Faixa etária
Masculino Feminino
15-23
41 (14,8%) 9 (3,2%)
24-32
73 (26,4%) 5 (1,8%)
33-41
48 (17,3%) 5 (1,8%)
42-50 30 (10,8%) 6 (2,2%)
51-59 20 (7,2%) 3 (1,1%)
60-68 16 (5,8%) 1(0,4%)
69-77 4 (1,4%) 3 (1,1%)
78-86 4 (1,4%) 0
Sem Informação 7 (2,5%) 2 (0,7%)
Média de idade para o sexo masculino: 37,08 anos (DP = 14,9507)
Média de idade para o sexo Feminino: 38,31 anos (DP = 18,1062)
FIGURA 19 Gráfico da freqüência das vítimas do sexo masculino e feminino em relação à
faixa etária, RN, Brasil, 2007.
14,8%
3,2%
26,4%
1,8%
17,3%
1,8%
10,8%
2,2%
7,2%
1,1%
5,8%
0,4%
1,4%
1,1%
1,4%
0,0%
2,5%
0,7%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
15-23 24-32 33-41 42-50 51-59 60-68 69-77 78-86 Sem
Informação
Masculino
Feminino
71
O teste Qui-quadrado realizado nos dados obtidos, empregando um índice de
significância de 5%, demonstrou que o fato de alcoolemia ser positiva ou negativa depende do
sexo da vítima (p=0,000), no entanto independe do estado civil (p=0,089) da vítima e do mês
(p=0,190) em que os acidentes ocorreram. O teste t de Student demonstrou que não há
diferença estatisticamente significativa entre as concentrações obtidas em homens e mulheres
(p=0,947) e que o diferença significativa de idade entre homens e mulheres (p=0,671)
tanto nas vítimas com alcoolemia positiva como nas vítimas com alcoolemia negativa. No
entanto, o teste t demonstra que existe diferença estatisticamente significativa de idade entre
as vítimas com alcoolemia positiva e negativa (p=0,0003), tanto para as vítimas do sexo
masculino (p=0,031) como para as vítimas do sexo feminino (p=0,038).
72
6. DISCUSSÕES
73
O método de cromatografia em fase gasosa com separação por head space foi escolhido para
cumprir os objetivos deste trabalho, tendo em vista ser muito empregado na determinação de
etanol em amostras biológicas como o sangue, em diversas áreas da toxicologia, inclusive na
área forense (CORRÊA, 1997, LIMA; MÍDIO, 1997, DEGANI et al., 1998, YONAMINE et
al., 2003, WASFI et al., 2004, VENTORIN, 2004).
A técnica de head space, utilizada nesta pesquisa, é amplamente empregada na
determinação de componentes voláteis (O’NEAL et al., 1996, CORRÊA, 1997, LIMA;
MÍDIO, 1997, KOLB, 1999, GAZAL-CARVALHO et al., 2002, MUSSHOFF, 2002, WASFI
et al., 2004, KRISTOFFERSON et al., 2006) e consiste na vaporização e conseqüente
separação desses componentes em uma mistura (amostra) composta de líquido ou sólido não
volátil. Contudo, a composição da amostra pode influenciar a concentração do analito na fase
gasosa, e consequentemente na exatidão do resultado, sendo o efeito matriz um grande
problema existente na análise quantitativa por head space. Para minimizar este efeito e os
possíveis erros de manipulação do operador, obtendo resultados mais exatos, fez-se uso de um
padrão interno para a calibração.
O padrão interno utilizado foi o t-butanol, que apresenta uma menor probabilidade de
ser formado em processos de decomposição em relação aos álcoois com três carbonos (LIMA;
MÍDIO, 1997). O t-butanol é uma substância similar ao etanol, com tempo de retenção
próximo e geralmente não faz parte da amostra, cuja eficiência como padrão interno foi
comprovada através do trabalho de O’Neal et al. (1996) e Pavlic et al (2007).
Uma outra forma de aumentar a sensibilidade e diminuir o efeito da matriz biológica
sobre o analito, aumentando assim, o coeficiente de volatilização dos compostos em solução e
portanto, a concentração na forma de vapor, é a adição de um sal à matriz. Essa técnica,
chamada de salting out, diminui a solubilidade de compostos voláteis em água e em soluções
com alto teor de água como o sangue. O sulfato de sódio (Na
2
SO
4
) foi escolhido por liberar
múltiplos íons, pela sua efetividade em conseqüência de seu tamanho, densidade e dos efeitos
sobre a estrutura da água, aumentando a recuperação do analito no sangue (CORRÊA, 1997).
Foram estabelecidas temperaturas para injetor, detector e coluna que proporcionaram
boas condições de análise, com um fluxo de gás na coluna adequado para a obtenção de um
tempo de corrida satisfatório para a realização das análises a que o trabalho se propõe, sendo o
etanol juntamente com o t-butanol (padrão interno) eluídos no tempo máximo de 12 minutos
(Tabela 2 e Figura 2).
74
A correlação entre o sinal medido (área do pico) e a concentração do analito a ser
quantificado raramente é conhecida. Na maior parte dos casos, a relação matemática entre o
sinal e a concentração de interesse deve ser determinada empiricamente, a partir de sinais
medidos para concentrações conhecidas dessa espécie. Esta relação matemática, muitas vezes,
pode ser expressa como uma equação da reta chamada de curva de calibração (RIBANI et al.,
2004). A curva de calibração foi obtida a partir da análise de amostras de sangue adicionadas
de etanol em concentrações conhecidas. Na preparação da curva foram utilizados cinco níveis
de concentração conforme preconiza as diretrizes da ICH (International Conference on
Harmonization) e da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com desvio
padrão relativo entre as injeções inferior a 5% (
AGENCIA, 2002, RIBANI et al., 2004,
INTERNACIONAL, 2005).
O método apresentado demonstrou uma boa linearidade na faixa de concentração de
0,01
g/L a 3,2 g/L (y = 0,8051x+0,6196, r
= 0,9989), que abrange desde o consumo moderado
de bebida alcoólica até os casos de intoxicação aguda, abrangendo a faixa de eleição neste
tipo de análise.
No presente trabalho, a exatidão do método foi avaliada pela recuperação do etanol em
amostras de sangue adicionadas de etanol. Foram utilizados três níveis de concentração, sendo
cada concentração analisada em triplicata conforme recomendações da ICH e da ANVISA.
(
AGENCIA, 2002, INTERNACIONAL, 2005). Os resultados obtidos foram avaliados pelo
teste t de Student de acordo com a seguinte fórmula (BRITO et al., 2003):
na qual: Rec = média das recuperações obtidas para n repetições; 100 = a recuperação
percentual desejada; n = número de determinações; S
Rec
= desvio padrão das recuperações.
O valor t obtido para cada concentração se enquadrou no intervalo estabelecido pelo
valor tabelado para n - 1 graus de liberdade no nível de significância de 0,05, sendo o método,
portanto, considerado exato.
A precisão do método foi verificada através dos coeficientes de variação (CVs), inter e
intra-ensaios, obtidos nas análises de amostras de sangue adicionadas de etanol em
concentrações determinadas, sendo utilizadas três concentrações diferentes, analisadas em
triplicata conforme sugerido pela ICH e ANVISA. Os coeficientes de variação obtidos
75
(Tabela 4 e 5) mostraram-se aceitáveis, visto que se encontram dentro da faixa preconizada, a
qual aceita uma imprecisão menor que 15%.
As amostras de sangue das vítimas fatais de acidentes de trânsito foram analisadas
pelo método de cromatografia em fase gasosa, sendo determinada a freqüência da idade, do
estado civil e do sexo masculino e feminino de toda a população analisada, assim como os
dias da semana e o mês em que os acidentes foram mais freqüentes e o local de ocorrência dos
acidentes, considerando os acidentes ocorridos no interior do estado e na região
metropolitana, conhecida como grande Natal (Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Monte
Alegre, Nísea Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e São José do Mipibu).
Após a determinação dos níveis de alcoolemia as vítimas foram divididas em dois
grupos, um grupo com alcoolemia positiva e outro com alcoolemia negativa, considerando
positivas as amostras que apresentaram teor de álcool de no mínimo 0,01 g/L. Para cada grupo
de alcoolemia, foi determinada a freqüência do sexo masculino e feminino e a média de idade,
demonstrando o perfil das vítimas que consumiram ou não bebida alcoólica. Para o grupo com
alcoolemia positiva foi determinada a freqüência de vítimas com concentração inferior a 0,2
g/L e igual ou superior a essa concentração, e a faixa de concentração mais frequentemente
encontrada nesta população relacionando-a com o sexo masculino e feminino.
Os resultados obtidos neste trabalho demonstraram uma evidente associação entre o
uso de bebidas alcoólicas e as mortes nos acidentes de trânsito, fato observado também na
maioria dos países independentemente do grau de desenvolvimento. Os níveis de alcoolemia
determinados, demonstraram a presença de etanol no sangue de mais da metade, 66,43% das
vítimas fatais de acidente de trânsito (Tabela 6) e destes, 96% apresentaram concentração
igual ou superior a 0,2 g/L (Tabela 7), que corresponde a concentração mínima estabelecida
pelo código de trânsito brasileiro, segundo a lei 11.705, de junho de 2008 (BRASIL, 2008).
A faixa de concentração mais frequentemente encontrada na população foi de 1,18 a
1,53 g/L (Tabela 8), apresentando uma média de 1,35 ± 0,74 g/L levando em consideração
todas as concentrações. Neste nível de concentração o indivíduo apresenta lentificação dos
reflexos e prejuízo do equilíbrio e dos movimentos (MALBERGIER; SCIVOLETTO, 2003),
permitindo inferir que o álcool provavelmente contribuiu para ocorrência e a gravidade dos
acidentes. A média de concentração obtida neste trabalho está um pouco abaixo daquelas
obtidas em alguns trabalhos realizados no Brasil, como no estado de São Paulo (2,14 ± 0,95
g/L) e do Distrito Federal (1,92 g/L) (LEYTON et al., 2005, MODELLI, 2008).
76
Na Tabela 9 pode ser observado que o número de vítimas fatais do sexo masculino é
consideravelmente maior que no sexo feminino, representando 87,73% da população, dados
semelhantes podem ser observados nacional e internacionalmente (WALLER et al., 2003,
HOLMGREN et al., 2005, LEYTON et al., 2005, MODELLI et al., 2008). Como pode ser
visto, os homens são as maiores vítimas dos acidentes de trânsito e isto pode estar relacionado
diretamente com o consumo de bebida alcoólica, tendo em vista que mais da metade, 77,37%
das vítimas do sexo masculino apresentaram alcoolemia positiva (Tabela 15). A Tabela 21
mostra que as vítimas do sexo masculino também apresentaram uma faixa de concentração de
álcool no sangue maior (1,18 1,53 g/L), do que as vítimas do sexo feminino (0,82 1,17
g/L), estando de acordo com o observado na literatura (LEYTON et al., 2005); no entanto, os
testes estatísticos realizados demonstraram que esta diferença de concentração entre homens e
mulheres não é estatisticamente significativa.
Na Tabela 10 pode ser observado que a população predominantemente envolvida com
acidente de trânsito é constituída por adultos jovens na faixa etária de 24 – 32 anos, o que está
de acordo com os dados da literatura (MERCER; JEFFERY, 1995, ARNEDT et al., 2001,
DEL RIO et al. 2002, GAZAL-CARVALHO et al., 2002, MURA et al., 2003, WALLER et
al., 2003, LEYTON et al., 2005, MODELLI et al., 2008). Os homens estão
predominantemente dentro da faixa etária da população em geral e as mulheres numa faixa
etária menor de 15 23 anos (Tabela 21). Os testes estatísticos realizados mostraram que
apesar de uma maior porcentagem de mulheres estarem na faixa etária de 15 – 23 anos
enquanto que os homens na faixa etária de 24 32 anos, o existe diferença estatisticamente
significativa de idade entre homens e mulheres envolvidos em acidente de trânsito.
As vítimas com alcoolemia positiva apresentaram idade média menor do que as
vítimas com alcoolemia negativa (Tabela 16). Os testes estatísticos demonstraram que essa
diferença é significativa, tanto para as vítimas do sexo masculino como para as vítimas do
sexo feminino. Leyton et al. (2005) e Mercer e Jeffery (1995) também observaram uma média
de idade menor nas vítimas com alcoolemia positiva em relação às vítimas com alcoolemia
negativa.
A Tabela 11 mostra que 55,60% das vítimas de acidente de trânsito são solteiras,
sendo este grupo o que apresenta um maior número de alcoolemia positiva (Tabela 17) e um
maior número de vítimas do sexo masculino (Tabela 19). Em trabalhos semelhantes também
foi observado uma maior prevalência de alcoolemia positiva no grupo dos solteiros (GAZAL-
77
CARVALHO et al. 2002, LEYTON et al., 2005). Os testes estatísticos revelaram que o fato
de a alcoolemia ser positiva ou negativa independe do estado civil da vítima.
A amostra analisada foi dividida em dois grupos com relação ao local de ocorrência
dos acidentes, o primeiro constituído pelos acidentes na região metropolitana e o segundo
constituído pelos acidentes no interior do estado. Os acidentes ocorridos na região
metropolitana constituem 57,40% da população estudada (Tabela 14) representando a maior
parte dos acidentes.
Com relação ao dia da semana em que os acidentes ocorreram pode-se observar que a
segunda-feira foi o dia que apresentou a maior prevalência (27,44%), seguido pelo domingo,
sábado e sexta-feira, com 24,19%, 15,52% e 10,47% respectivamente (Tabela 13),
observando uma prevalência de ocorrência de acidentes em torno do final de semana,
resultado condizente com outros estudos (MERCER; JEFFERY, 1995, GAZAL-
CARVALHO et al. 2002)
No decorrer do estudo constatou-se que as prevalências de acidentes oscilaram entre
os diferentes meses, observando-se que fevereiro e abril foram os meses que apresentaram um
maior número de acidentes, 14,44% e 10,47% respectivamente e que dezembro foi o mês que
apresentou o menor número de acidentes com 5,42% das ocorrências (Tabela 12). A Tabela
18 mostra que os padrões de consumo de álcool também foram sazonais, observando-se
maiores prevalências de alcoolemia positiva nos meses de abril e fevereiro, e menores
prevalência nos meses de julho e dezembro. Contudo, os testes estatísticos realizados
demonstraram que o fato de a alcoolemia ser positiva ou negativa independe do período do
ano em que os acidentes ocorreram.
O perfil das vítimas que apresentaram as maiores prevalências de alcoolemia positiva
é semelhante ao verificado em outros estudos: indivíduos do sexo masculino, da faixa etária
jovem e solteiros. Alguns autores atribuem o fato de um maior número de homens estarem
envolvidos em acidentes de trânsito, à maior exposição deste grupo aos fatores que atuam
como adjuvantes nos acidentes de trânsito como o consumo de álcool, já comprovado neste
estudo, e o comportamento mais agressivo do sexo masculino (SCALASSARA et al., 1998).
O número de vítimas alcoolizadas em acidentes de trânsito pode ser ainda maior, tendo
em vista que foram coletadas, para esse estudo, apenas amostras de vítimas que morreram no
local do acidente. Alguns trabalhos realizados em hospitais, também evidenciaram uma alta
incidência de envolvimento de bebidas alcoólicas em diversas ocorrências traumáticas,
78
inclusive em ocorrências no trânsito (GAZAL-CARVALHO et al., 2002, WALLER et al.,
2003).
Os resultados relativos ao Estado do Rio Grande do Norte reafirmam achados de
outros estudos e acrescentam novos elementos na compreensão das estatísticas que fazem do
país uma referência nas altas taxas de mortalidade no trânsito. A importância deste estudo é
ressaltada tendo em vista que as amostras das timas de acidentes de trânsito utilizadas se
referem a um período imediatamente anterior a mudança da legislação de trânsito, a qual
tornou mais severa a punição do condutor alcoolizado, servindo de referência para estudos
posteriores. Frente aos indicadores apresentados, qualquer estudo sobre a problemática de
trânsito é justificável, tendo em vista a relevância dos acidentes de trânsito fatais no Brasil,
especialmente pela predominância em populações jovens e/ou economicamente ativas,
levando a perda de anos de vida produtiva e elevando o custo direto e indireto para a
sociedade, sendo assim importante a caracterização desse problema nos diferentes estados
brasileiros para a determinação do perfil do trânsito no Brasil e identificação das regiões mais
críticas.
79
7. CONCLUSÕES
80
CONCLUSÕES
- O método padronizado demonstrou-se eficiente, atendendo satisfatoriamente aos
objetivos deste trabalho;
- O etanol estava presente no sangue de mais da metade das vítimas de acidente de
trânsito nas amostras estudadas.
- As vítimas de acidente de trânsito são em sua maioria adultos jovens, do sexo
masculino e do estado civil solteiro.
- Os maiores níveis de alcoolemia e o maior número de acidentes ocorreram no final
de semana e principalmente na região metropolitana do estado.
- As vítimas com alcoolemia negativa apresentaram uma faixa de idade menor em
relação as vítimas com alcoolemia positiva.
- Os níveis elevados de alcoolemia encontrados no presente trabalho nas vítimas fatais
de acidente de trânsito são coincidentes com vários estudos da literatura, sendo o perfil da
vítima também semelhante.
- Os resultados reforçam a relação álcool e acidentes automobilíscos com vítimas
fatais, sendo necessárias medidas em diferentes níveis de prevenção, dirigidas principalmente
à população de maior risco considerando programas com o objetivo de diminuir essas
ocorrências.
- Os resultados obtidos bem como algumas questões levantadas na discussão dos
resultados, sugerem a necessidade de aprofundar o estudo acerca da violência no trânsito no
Rio Grande do Norte para uma melhor aproximação à realidade, analisando todas as
ocorrências do Estado incluindo também as vítimas não fatais.
81
REFERÊNCIAS
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89
APÊNDICE
90
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO DO PROJETO DE PESQUISA Nº 069/ 06-CEP/UFRN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
1. Dados do Pesquisador Responsável
Nome: Maria de Fátima Vitória de Moura
Endereço na instituição: Av. Gal. Gustavo Cordeiro de Farias, s/n, Faculdade de Farmácia, Petrópolis
Contato: (84)205-2583 / mfvmoura@yahoo.com.br
2. Informações sobre a Pesquisa
Trata-se da pesquisa de álcool no sangue de vítimas fatais de acidente de trânsito no Rio Grande do Norte
e validação do método de Cromatografia Gasosa para detecção de álcool etílico no sangue, utilizando voluntários
sadios, com o objetivo de verificar a relação do uso dessa substância com acidente de trânsito, propondo
possíveis estratégias preventivas e educativas aos órgãos competentes, e verificar a confiabilidade do método.
3. Procedimento
3.1. Coleta de sangue de voluntários sadios;
3.2. Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;
3.3. Adição de padrão de álcool etílico ao sangue coletado dos voluntários.
3.4. Realização da pesquisa de álcool no sangue adicionado através do método de cromatografia gasosa,
realizado no Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmácia – UFRN;
4. Benefício da Pesquisa
Obtenção de relatórios que propiciem medidas educativas e preventivas por parte das autoridades
responsáveis.
5. Riscos ao doador
Os riscos ao doador serão mínimos, pois serão tomados os cuidados básicos de assepsia e biossegurança
para a coleta de sangue. Informamos ainda que a identidade dos doadores o será divulgada em hipótese
alguma e os resultados das análises quando publicados não farão referência ao sujeito e sua identidade.
6. Em caso de despesas ou danos decorrentes da pesquisa, devidamente comprovados, o sujeito será
ressarcido e/ou indenizado.
7. As análises serão realizadas pelas Farmacêuticas Bioquímica Edna de Farias Santiago e Teresa Cristina
Epifânio Diógenes Rego, no Laboratório de Toxicologia da UFRN.
8. Consentimento da participação
Declaro que os responsáveis pela pesquisa informaram os riscos e benefícios do projeto de pesquisa a ser
realizado, e que após ter lido e compreendido as informações contidas neste documento, autorizo a utilização da
amostra de sangue na referida pesquisa, e da publicação científica dos resultados obtidos.
_______________________________ ______________________________
Assinatura do doador Assinatura do Pesquisador Responsável
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UFRN), praça do Campus Universitário, CP1666, Natal, 59.078-970, Brasil, e-mail
[email protected]rn.br, telefone: 84-3215-3135, página na Internet: www.etica.ufrn.br.
91
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO DO PROJETO DE PESQUISA Nº 069/ 06-CEP/UFRN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
1. Dados do Pesquisador Responsável
Nome: Maria de Fátima Vitória de Moura
Endereço na instituição: Av. Gal. Gustavo Cordeiro de Farias, s/n, Faculdade de Farmácia, Petrópolis
Contato: (84)205-2583 / mfvm[email protected].br
2. Informações sobre a Pesquisa
Trata-se da pesquisa de álcool no sangue de vítimas fatais de acidente de trânsito, com o objetivo de
verificar a relação do uso dessa substância com acidente de trânsito e propor possíveis estratégias preventivas e
educativas aos órgãos competentes.
3. Procedimento
3.1. Coleta de sangue de vítimas fatais de acidente de trânsito (procedimento realizado rotineiramente
pelo ITEP/RN independente da pesquisa);
3.2. Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;
3.3. Realização da pesquisa de álcool no Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmácia –
UFRN, através do método de cromatografia gasosa;
4. Benéfico da Pesquisa
Obtenção de relatórios que propiciem medidas educativas e preventivas por parte das autoridades
responsáveis.
5. Riscos ao doador
Os riscos ao doador e/ou responsável serão mínimos, pois a coleta de sangue faz parte da rotina normal
do Instituto Técnico-Científico de Polícia do RN – ITEP/RN, não sendo necessário nenhum outro procedimento
fora dessa rotina. Informamos ainda que a identidade dos doadores ou responsáveis o serão divulgadas em
hipótese alguma e os resultados das análises quando publicados não farão referência ao sujeito e sua identidade.
6. Em caso de despesas ou danos decorrentes da pesquisa, devidamente comprovados, o sujeito será
ressarcido e/ou indenizado.
7. As análises serão realizadas pelas Farmacêuticas Bioquímica Edna de Farias Santiago e Teresa Cristina
Epifânio Diógenes Rego, no Laboratório de Toxicologia da UFRN.
8. Consentimento da participação
Declaro que os responsáveis pela pesquisa informaram os riscos e benefícios do projeto de pesquisa a
ser realizado, e que após ter lido e compreendido as informações contidas neste documento, autorizo a utilização
da amostra de sangue na referida pesquisa, e da publicação científica dos resultados obtidos.
_______________________________ ______________________________
Assinatura do Responsável Assinatura do Pesquisador Responsável
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UFRN), praça do Campus Universitário, CP1666, Natal, 59.078-970, Brasil, e-mail
cepufrn@reitoria.ufrn.br
, telefone: 84-3215-3135, página na Internet:
www.etica.ufrn.br
.
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