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meses e trabalhei um ano aqui no PSF, desse município eu saí e vim pra
Fortaleza trabalhar aqui no CAPS e tô já desde abril e hoje tô no CAPS
daqui e em Horizonte, no CAPS de lá também, como clínico. Nos CAPS que
eu trabalhei, trabalhei no CAPS de Crateús fazendo a parte de psiquiatria,
aqui a parte de psiquiatria, aqui e em Horizonte e nos dois CAPS ad que eu
trabalhei na Regional IV e V como clínico, porque já tinha psiquiatra lá. [...]
Comecei a trabalhar... Nunca imaginei fazer psiquiatria, mas gostei e quero
trabalhar nisso. Gosto do que faço, mas não sou psiquiatra. Tem poucos
psiquiatras, só estou aqui fazendo psiquiatria porque não tem psiquiatra, se
tivesse eu não tava aqui não. Não como psiquiatra, embora seja importante
ter clínico no CAPS. (Entrevista nº 4, nível superior).
O entrevistado retrocitado ressalta que desenvolve suas atividades como
psiquiatra, ainda que não tenha a especialização em Psiquiatria, pela carência de
profissionais com esta especialidade, embora enfatize a importância do clinico geral
em saúde mental, pois, para ele, o “paciente” pode ter outras doenças orgânicas
além do transtorno mental.
Anota outra entrevistada:
Sou psicóloga clínica, sou professora universitária, sou mestra em psicologia
social pela PUC de São Paulo, eu também sou especialista em clínica. [...]
Vendo a questão da saúde mental eu posso até dizer que eu comecei esses
projetos todinhos lá em São Paulo, que eu morei muito tempo lá, embora eu
seja daqui, eu participei dos primeiros grupos de saúde mental do PT, lá em
São Paulo [...]. Atualmente tô no CAPS, né? Tô como psicóloga. Coordenei
[...] uma das coisas que eu acho fundamental falar, a campanha de
fechamento dos manicômios, que foi uma luta nacional do Conselho [de
Psicologia] junto com outras profissões, Serviço Social, a OAB,
principalmente a OAB e os médicos. Em alguns Estados os médicos não
entravam, porque dentro dessa leitura de manicômio “é lugar de louco”, eles
não queriam fechar porque realmente o que a gente via era a não alternativa
que o Estado promovia. [...] então, a gente fez essa campanha: “manicômio
nunca mais”. [...] Então, assim, algumas questões foram muito complicadas
do ponto de vista de que os manicômios tinham que fechar. [...] Foi na
década de 90, mais precisamente 97 ou 95 não lembro bem. O mais
contundente foram os casos que a gente encontrou de pacientes que tinham
26 ou 30 anos de internamento, nem a prisão, é tanto tempo pra uma
pessoa ficar presa, né? Presa mesmo, contida, detida com todas as
legalidades que se pode dizer que um muro alto tem, com cercas, com
portões, grades. [...] (Entrevista nº 18, nível superior).
Podemos observar que esta entrevistada tem experiência de longo tempo
no campo da saúde mental, tendo tomado parte no movimento de fechamento dos