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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
CURSO DE MESTRADO EM AGRONOMIA
ÁREA DE CONCENTRÃO: IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
LUIZ CARLOS GUERREIRO CHAVES
Salinidade e impacto da irrigação no Distrito de Irrigação do Perímetro Araras Norte,
Dipan, Ceará
FORTALEZA - CEARÁ
2006
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Luiz Carlos Guerreiro Chaves
SALINIDADE E IMPACTO DA IRRIGÃO NO DISTRITO DE IRRIGÃO DO
PERÍMETRO ARARAS NORTE, DIPAN, CEARÁ
Dissertão apresentada ao Curso de Mestrado
em Agronomia do Centro de Ciências
Agrárias, da Universidade Federal do Ceará,
como requisito parcial para obtenção do grau
de mestre em Agronomia. Área de
concentração: Irrigação e Drenagem.
Orientador: Profa. Eunice Maia de Andrade,
Ph.D. UFC
Fortaleza – Ceará
2006
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C439s Chaves, Luiz Carlos Guerreiro.
Salinidade e impacto da irrigação no distrito de irrigação do
perímetro Araras Norte, Dipan, Ceará/ Luiz Carlos Guerreiro Chaves.
79f.: il.
Dissertação (Mestrado em Irrigão e Drenagem) Universidade
Federal do Ceara, Departamento de Agronomia, Fortaleza, 2006.
Orientador: Profa. Dra. Eunice Maia de Andrade
1. Sais totais 2. Lixiviação 3. Impacto ambiental.
I. Andrade, Eunice Maia de II. Universidade Federal do Ceara
III. Título
Esta dissertação foi submetida a julgamento como parte dos requisitos necessários
à obtenção do grau de mestre em Agronomia área de concentração Irrigão e Drenagem,
outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na
Biblioteca de Ciências e Tecnologia da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida desde que feita de
conformidade com as normas da ética científica.
Luiz Carlos Guerreiro Chaves
DISSERTÃO APROVADA EM: 12/05/2006
Profa. Eunice Maia de Andrade, Ph.D. UFC
(Orientadora)
Prof. Lindbergue Araujo Crisostomo, Ph.D. EMBRAPA
(Co-orientador)
DEDICO
A meus pais, Francisco de Assis e Bernadete (in memorian)
e Luiz Guerreiro e Francisca Guerreiro,
Aos meus irmãos Francisco, Pedro, Paulo, João,
José (in memorian), Maria José, Marinete (in memorian),
Vanda, Valdelice, Ana Cláudia e Mariana,
AGRADECIMENTOS
A Deus, fonte de toda a crião, que me dá forças e inspiração para seguir a
caminhada.
A meus pais, irmãos e demais familiares pelo apoio e confiança que a mim
dedicaram.
À professora Eunice Maia de Andrade pelo incentivo, dedicação, amizade e
exemplo de profissionalismo com que conduziu a orientação desse trabalho.
Ao Instituto Centro de Ensino Tecnológico – CENTEC, unidade de Limoeiro do
Norte e aos seus professores e servidores pelos ensinamentos e experiências.
À professora Lúcia de Fátima Sousa Silveira pelas suas palavras de força e
ensinamento.
À Universidade Federal do Ceará UFC, através do Departamento de Engenharia
Agrícola pela forma calorosa de acolhimento.
Aos professores do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade
Federal do Ceará: Adunias Teixeira, Benito de Azevedo, Claudivan Feitosa, Eunice Andrade,
Fernando Felipe Hernandez, Marcus Bezerra, Raimundo Nonato Costa, Renato Silva Ribeiro,
Silvia Freitas e Thales Vinícius Viana, pela amizade e os ensinamentos transmitidos.
Aos colegas e amigos do mestrado: Abelardo Amaral, Alexandre Aquino,
Alexandre Maia, Alves Neto, Antônio Evami, Daniel Colares, Danieli Araújo, Denise
Vasconcelos, Carlos Henrique, Eliana Lee, Ênio Girão, Esaú Ribeiro, Francisco Sildemberny,
Francisco Suassuna, Guilherme Bonfim, Helba Araújo, Jefferson Nobre, José Aglodualdo,
José Itamar, José Otacílio, Kelly Tagianne, Lílian Cristina, Marcelo Regis, Maria do Socorro,
Marcos Meireles, Mauro Regis, Moacir Rabelo, Neuzo Batista, Paulo Cairo, Raimundo
Apio, Robson Alexsandro, Rodrigo Peixoto, Thales Gomes e Wlisses Matos, pela certeza de
que mais do que colegas de estudo, fomos amigos.
Aos funcionários do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade
Federal do Ceará: Almiro Tavares, Antônia Farias (Toinha), Aurilene, Gláucia, Ivan Martins,
Maurício Rodrigues, Josenias de Oliveira, Luiza Marillac, Maria Fátima Santos, Maria das
Gras, Willa de Sousa e Ana Maria (Aninha).
Ao colega de curso e sempre amigo Francisco Sildemberny Souza dos Santos pelo
apoio e o companheirismo, principalmente nos momentos mais difíceis.
A Carmélia Santos pela presteza com que sempre me acolheu em sua casa.
Ao colega Nilson de Oliveira por suas contribuições nos trabalhos de coletas.
Ao PRODETAB/1603 pelo financiamento da pesquisa e ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cienfico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de estudo concedida.
Ao Professor Ricardo Luiz Lange Ness pelos comentários críticas e sugestões para
a realização desse trabalho.
Ao Professor Lindbergue Araujo Crisostomo pelas críticas e sugestões
apresentadas.
A José Frédson Bezerra Lopes pela ajuda e contribuição na digitação e elaborão
dos dados.
Aos alunos de graduação em agronomia Joseilson de Oliveira e Francisco Lobato.
A Ana Célia Maia Meireles pelas contribuições na realização desse trabalho.
A todos os parentes e amigos que contribuíram direta ou indiretamente para a
realização do trabalho, o meu MUITO OBRIGADO e a certeza de que sempre serão
lembrados por mim.
...E Deus disse: Que a terra produza relva,
ervas que produzam sementes, e
árvores que dêem frutos sobre a terra,
frutos que contenham semente,
cada um segundo a sua espécie.
E assim se fez.
Gn 1:1
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
...............................................................................................13
2. REVISÃO DE LITERATURA
.......................................................................15
2.1 Avaliação da qualidade da água de irrigão .............................................15
2.2 Avaliação da qualidade do solo .................................................................16
2.3 Principais íons e seus efeitos .....................................................................18
2.4 Efeitos dos sais no solo .............................................................................18
2.5 Impactos ambientais da irrigação...............................................................20
2.6 Manejo da salinidade no solo.....................................................................20
3. MATERIAL E MÉTODOS
............................................................................22
3.1 Descrição geral da área..............................................................................22
3.1.1 Localização .........................................................................................22
3.1.2 Características climáticas.....................................................................23
3.1.3 Solo.....................................................................................................24
3.1.4 Vegetação............................................................................................27
3.1.5 Água ...................................................................................................27
3.1.6 Aspectos sócio-econômicos.................................................................28
3.2 Monitoramento..........................................................................................28
3.2.1 Seleção da área....................................................................................29
3.2.2 Época e duração das coletas.................................................................30
3.2.3 Pontos de coleta...................................................................................30
3.3 Realização das análises .............................................................................31
3.4 Riscos de degradação do solo ....................................................................31
3.5 Lixiviação dos sais pela ação das chuvas, impacto da irrigão
no solo e influência dos íons na CE ...........................................................31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
.....................................................................33
4.1 Adição de sais totais ao solo da área irrigada e ação da chuva na
lixiviação dos sais .....................................................................................33
4.2 Avalião da influência dos íons na condutividade elétrica
do solo da área irrigada em estudo no DIPAN, Ceará, para o
período de maio de 2003 a setembro de 2005 ............................................37
4.3 Variação e incrementos de sais no extrato solo:água 1:1 na
área irrigada ..............................................................................................39
4.3.1 Cálcio..................................................................................................39
4.3.2 Magnésio.............................................................................................43
4.3.3 Sódio...................................................................................................46
4.3.4 Potássio...............................................................................................51
4.3.5 Cloreto ................................................................................................55
5. CONCLUSÕES
...............................................................................................58
ABSTRACT
....................................................................................................59
REFERÊNCIAS BIBLIOGFICAS
...........................................................60
APÊNDICES
...................................................................................................68
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Localização da área de estudo.............................................................................23
Figura 2 – Solos predominantes na bacia do Acaraú, Ceará .................................................25
Figura 3 – Vista parcial da área cultivada em estudo no DIPAN, Ceará ...............................29
Figura 4 – Coleta de amostra de solo, para análise, na área irrigada do DIPAN, Ceará.........30
Figura 5 – Varião temporal da CE do extrato solo:água 1:1 das áreas estudadas
no DIPAN, Ceará...............................................................................................34
Figura 6 – Solo extremamente compactado (A) e com presença de água empossada
(B) na área irrigada em estudo............................................................................35
Figura 7 – Relação entre concentração iônica e condutividade elétrica (CE) do extrato
solo:água 1:1 nas camadas 0 a 0,30 m (A); 0,30 a 0,60 m (B); 0,60 a 0,90 m
(C) e 0,90 a 1,20 m (D) na área irrigada em estudo no DIPAN, Ceará. ...............38
Figura 8 – Varião temporal do íon cálcio no extrato solo:água 1:1 na área estudada
no DIPAN, Ceará...............................................................................................42
Figura 9 – Varião temporal do íon magnésio no extrato solo:água 1:1 na área
estudada no DIPAN, Ceará. ...............................................................................44
Figura 10 – Varião temporal do íon sódio no extrato solo: água 1:1 na área
estudada no DIPAN, Ceará. ...............................................................................48
Figura 11 – Varião temporal do íon potássio no extrato solo: água 1:1 na área
estudada no DIPAN, Ceará. ...............................................................................53
Figura 12 – Varião temporal do íon cloreto no extrato solo: água 1:1 na área
estudada no DIPAN, Ceará. ...............................................................................57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Características climáticas para a Região do DIPAN, Ceará.................................24
Tabela 2 – Alguns atributos físico-químicos observados no solo irrigado da área
estudada no DIPAN, Ceará. ...............................................................................26
Tabela 3 – Alguns atributos físico-químicos observados no solo irrigado da mata
nativa no DIPAN, Ceará. ...................................................................................27
Tabela 4 – Alguns parâmetros físico-químicos observados na água de irrigação
do DIPAN, Ceará...............................................................................................28
Tabela 5 – Manejo da adubação adotado na área estudada no DIAPN, Ceará.......................29
Tabela 6 – Comparação de médias da CE (dS m
-1
) do solo entre a estão
seca e chuvosa na área irrigada, em estudo, no DIPAN, Ceará............................36
Tabela 7 – Comparação de médias da CE (dS m
-1
) do solo durante o período
chuvoso para área irrigada e a mata nativa em estudo, no DIPAN, Ceará. ..........37
Tabela 8 – Incrementos do íon cálcio nas camadas do solo irrigado em relação
à mata nativa na área estudada do DIPAN, Ceará...............................................42
Tabela 9 – Incrementos do íon magnésio nas camadas do solo irrigado em relação
à mata nativa na área estudada do DIPAN, Ceará...............................................45
Tabela 10 – Incrementos do íon sódio nas camadas do solo irrigado em relação
à mata nativa na área estudada do DIPAN, Ceará...............................................49
Tabela 11 – Valores de RAS no extrato solo:água 1:1 nas diversas camadas da
área irrigada (AI) e da mata nativa (MN) estudadas no DIPAN, Ceará. ..............50
Tabela 12 – Incrementos do íon potássio nas camadas do solo irrigado em relação
à mata nativa na área estudada do DIPAN, Ceará...............................................54
Tabela 13 – Incrementos do íon cloreto nas camadas do solo irrigado em relão
à mata nativa na área estudada do DIPAN, Ceará...............................................57
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido com o propósito de avaliar a adição de sais ao solo pela
irrigão ao longo do tempo, em área cultivada com parreira, bem como o efeito das chuvas
na lixiviação dos sais, tomando-se como referencial o status salino do solo da mata nativa.
Foram avaliadas também
a influência dos íons na condutividade elétrica do extrato de saturação do
solo.
O trabalho foi realizado em área localizada no Distrito de Irrigação do Perímetro Araras
Norte (DIPAN), Ceará. A área vem sendo irrigada desde 2001 com água classificada como
C
1
S
2
e o sistema de irrigação empregado é a microaspersão.
Para se monitor o movimento dos
sais no perfil do solo foram coletadas amostras na área irrigada e na mata nativa para as
camadas de 0 a 0,30 m; 0,30 a 0,60 m; 0,60 a 0,90 m e 0,90 a 1,20 m, no período de maio de
2003 a setembro de 2005, perfazendo um total de 120 amostras. Os atributos considerados
neste estudo foram a Condutividade Elétrica (CE) e os íons Ca
2+
, Mg
2+
, Na
+
, K
+
e Cl
-
.
Para se
qualificar o impacto da irrigação e o efeito das chuvas na lixiviação dos sais aplicou-se o teste
t de Student ao nível de 1% para a comparação de médias de amostras independentes da CE,
utilizando o pacote estatístico SPSS v.10,0. Efetuou-se a identificação dos íons para os quais a
CE apresentou maior sensibilidade às profundidades de 0 a 0,30 m; 0,30 a 0,60 m; 0,60 a 0,90
m e 0,90 a 1,20 m. Os resultados mostraram concentrões de sais maiores na área irrigada do
que na mata nativa para todas as camadas estudadas, sendo que as maiores diferenças foram
registradas para a camada de 0 a 0,30 m. O magnésio foi o íon que apresentou maior
influência nos valores de condutividade elétrica, enquanto o cloreto apresentou baixa
concentração nas camadas inferiores. O maior incremento de íons na área irrigada em relação
à mata nativa ocorreu com o lcio. Os sais totais retidos no solo da área irrigada
apresentaram diferença significativa ao nível de 1% quando comparados com os da mata
nativa. A pluviometria total anual não foi suficiente para promover uma lixiviação
significativa dos sais adicionados ao solo pela irrigação. O impacto da irrigação mostrou-se
altamente significativo expressando risco de salinização da área irrigada.
Palavras Chave
:
Sais Totais, Lixiviação, Impacto Ambiental
13
1. INTRODUÇÃO
A busca de uma exploração agrícola mais eficiente, com base na melhor utilização
dos recursos naturais, visando maiores produções no setor agrícola, é intensificada no período
em que o déficit de produtos alimentares se aproxima de uma fase crítica. Porém, as
constantes instabilidades climáticas, principalmente nas regiões áridas e semi-áridas do globo,
fazem da agricultura de sequeiro uma atividade de grande risco, afetando a regularidade dessa
produção (MACÊDO & MENINO, 1998).
Nesse contexto, a agricultura irrigada tem alcançado grande expressividade no
setor produtivo mundial, com uma área irrigada no mundo em torno de 260 miles de
hectares, correspondente a 17% da área cultivada, e respondendo por 40% da produção total
de alimentos (BARRETO & SILVA, 2004). Entretanto, ao longo do tempo, as áreas irrigadas
vêm enfrentando problemas decorrentes do excesso de sais no solo. Estimativas apontam que,
da área cultivada na superfície do globo (1,5 x 10
9
ha), 23% das terras são salinas e 37% são
sódicas, encontrando-se distribuídas por todos os continentes (TANJI, 1990). Dentre os
fatores determinantes da salinização do solo estão o clima árido e/ou semi-árido, a má
drenagem, o lençol freático alto, a baixa permeabilidade do solo, o manejo inadequado da
irrigão, os minerais primários e adubações químicas contínuas e mal conduzidas em solos
irrigados (BEZERRA, 1996; SOUZA et al., 2001). Os autores destacam ainda, a ação
antrópica como atividade com maior potencial para causar problemas, devido à sistemática
adição ao solo dos sais contidos na água. Holanda & Amorim (1997) reforçam a idéia anterior
ao constatarem que 70% das águas avaliadas em Estados do Nordeste brasileiro foram
consideradas de boa qualidade para irrigão, apresentando níveis de salinidade entre baixo e
médio. A adoção da técnica de irrigação nas regiões áridas e semi-áridas do globo tem
contribuído para o aumento das taxas de evapotranspiração, o que vem contribuindo para a
salinização dessas áreas, principalmente naquelas que apresentam drenagem deficiente.
Nas regiões de baixa precipitão pluvial a lavagem dos sais deve ser realizada,
como forma de manter a salinidade do solo em um nível aceitável. Já em regiões onde a
precipitação é relativamente alta, a sua ocorrência durante a estação chuvosa pode assegurar a
lavagem dos sais (BEN-HUR, 2001; ANDRADE et al., 2004).
Este trabalho foi realizado objetivando comparar, ao longo do tempo, a varião
da salinidade total e dos principais íons em dois solos, sendo um cultivado sob irrigação
localizada e o outro de mata nativa não irrigado. Além disso, avaliar o efeito das chuvas na
14
lixiviação dos sais e identificar o impacto da irrigação através do aumento da salinidade no
solo.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Avaliação da qualidade da água de irrigação
A qualidade da água pode ser definida por suas características físicas, químicas ou
biológicas. Para a irrigação, os parâmetros de maior importância são os físico-químicos e, em
alguns casos, como o das hortaliças de consumo in natura, as características biológicas
também devem ser levadas em consideração. Porém, mesmo com a irrigação sendo praticada
há vários milênios, a importância da qualidade da água só começou a ser reconhecida a partir
do início deste século (WILCOX & DURUM; SHAINBERG & OSTER; ARAGUEZ &
LAFARGA; citados por HOLANDA & AMORIM, 1997). De acordo com Ayers e Westcot
(1999), o aspecto da qualidade era desprezado devido ao fato de que, no passado, em geral as
fontes de água, eram abundantes, de boa qualidade e de fácil utilização. Isso tem mudado
devido principalmente a influências antropogênicas (atividades agrícolas, industriais e
urbanas, aumento do uso consuntivo da água) bem como os processos naturais (mudanças nos
valores de precipitão, erosão, intemperização de materiais da crosta) que degradam as águas
de superfície e impedem o seu uso para consumo humano, industrial, agrícola, recreativo ou
outras finalidades (SIMEONOV et al., 2003).
Quando se trata da irrigação, a qualidade da água pode variar de acordo com o
tipo e a quantidade de sais nela dissolvidos, que mesmo sendo encontrados em quantidades
pequenas, porém muitas vezes significativas, tem sua origem na intemperização das rochas e
dos solos, pela dissolução lenta do calcário e de outros minerais, que são levados pelas águas
de irrigão e se depositam no solo, acumulando à medida que a água evapora ou é consumida
pelas culturas (RHOADES et al., citados por DALMEIDA, 2002). Por isso, para a avaliação
da qualidade da água de irrigão devem ser observados três aspectos, os quais são de grande
importância para a agricultura: salinidade, sodicidade e toxicidade de íons. A salinidade, que
tem efeitos de natureza osmótica, é determinada pela condutividade elétrica (CE); a
sodicidade, que se refere à proporção de sódio em relação aos demais cátions e que pode
causar problemas de infiltração no solo é expressa pela razão de adsorção de sódio (RAS) e a
toxicidade de íons específicos, causada por concentrões elevadas de sódio, cloro ou boro
podem ocasionar danos às culturas (PIZARRO, 1978). Além destes, podem ocorrer ainda
problemas relacionados à concentração de bicarbonatos, aumentando a proporção de sódio no
solo, bem como problemas de entupimento dos emissores (BERNARDO, 2005).
16
Segundo Rhoades (1974) dentre os principais fatores que causam a salinização, a
qualidade da água de irrigação contribui efetivamente para aumentar o teor de sais na solução
do solo, pois a mesma pode conter de 100 kg (água boa) a 4.000 kg (água imprópria) de sal
em cada 1.000 m3, e é em geral, aplicada à razão de 10.000 a 15.000 m
3
h
-1
ano
-1
. Não
havendo drenagem, cerca de 1,0 a 60,0 t ha
-1
de sal poderão ser adicionadas às áreas irrigadas.
Dada a importância do teor de sais e de sódio na água de irrigão é que o UCCC
University of Califórnia Committee of Consultantes, baseado no método do U. S.
Laboratory, USDA proposto por Richards (1954), elaborou uma classificação da água de
irrigão, que estabelece 10 classes de água, em função da CE e da RAS (CRUZ, 2001). Para
os níveis de salinidade utilizou-se os índices C
1
, C
2
, C
3
, e C
4
onde os algarismos 1 e 4
representam, respectivamente, os limites máximo e mínimo da salinidade. E para o risco de
sodicidade foram adotados os índices S
1
, S
2
e S
3
, sendo que S
1
é a água com menos
sodicidade e S
3
representa aquela com maior concentração de sódio.
Nas regiões áridas e semi-áridas, a qualidade da água tem merecido atenção
especial. A intensa evapotranspirão no semi-árido brasileiro, muitas vezes, maior que as
precipitões anuais, tem comprometido a qualidade das águas de reservatórios abertos e
fechados (SILVA et al., 2004). Em levantamentos de avaliação da qualidade de água para
irrigão realizados em Estados do Nordeste brasileiro e considerando como de boa qualidade
as que apresentam níveis de salinidade entre baixo e médio, foram observados, em linhas
gerais, que em torno de 70% das fontes de água avaliadas na região podem ser consideradas
de boa qualidade para irrigão. Concluindo assim que os problemas de salinidade existentes
nas áreas irrigadas estão relacionados principalmente ao manejo inadequado da irrigação
(HOLANDA & AMORIM, 1997).
Em suma, deve-se ressaltar que mesmo sendo de fundamental importância, a
qualidade da água de irrigão não deve ser um fator limitante ao uso agrícola, pois além das
características próprias da água, o clima, o tipo de solo e as práticas de manejo, influenciam a
adequabilidade da água de irrigação (GHEYI et al., 2004).
2.2 Avaliação da qualidade do solo
Composto por material mineral, matéria orgânica, água e ar (COELHO, 1973;
KIEHL, 1979; REICHARDT, 1987; PACHECO & BARRETO, 2004) o solo não é, apenas,
desito de nutrientes e indispensável ponto de fixão para a maior parte das plantas.
17
funciona quase como um organismo vivo (MALAVOLTA et al., 2002). Portanto ele também
está inserido no contexto atual de sustentabilidade, com ênfase para o fator qualitativo.
A SSSA Sociedade Americana da Ciência do Solo define a qualidade do solo
como sendo a capacidade de um tipo específico de solo funcionar, dentro dos limites de um
ecossistema natural ou remanejado, para sustentar a produtividade vegetal e animal, manter e
melhorar a qualidade da água e do ar, e manter a saúde e habitão humana (SSSA, 1995). De
acordo com Norfleet et al. (2003) a qualidade do solo e a pedologia têm alta relão inerente
às propriedades desenvolvidas pelos fatores de formação do solo. Para os autores supracitados
a qualidade do solo pode ser definida através de uma extensão da ciência da pedologia, com
foco no caráter dinâmico do solo e na influência do uso intensivo pelo homem.
Deve-se ressaltar que entender e conhecer a qualidade do solo tem a sua
importância: possibilita o manejo correto para que ele funcione de forma ótima no presente e
não seja degradado para uso futuro (OTUTUMI et al., 2004). Por isso, foram estabelecidos os
indicadores de qualidade do solo. Esses indicadores são propriedades, processos e
características que podem ser medidas para monitorar mudanças na qualidade do solo
(SANTANA & BAHIA FILHO, 1999). Doran et al. (1997) sugerem como indicadores, a
condutividade elétrica, o pH, o teor de nitrato no solo, a infiltração, a densidade, o conteúdo
de água e a respiração do solo. Já Gomes (2001) ao relacionar os indicadores do solo de
origem agrícola com a saúde humana destaca os metais pesados/micronutrientes, pesticidas,
nitrato e organismos patogênicos, considerando as principais fontes de insumos agrícolas em
uso.
Entretanto, as mudanças na qualidade do solo não ocorrem com a mesma
intensidade. De acordo com a AAC Agriculture and Agri-Food Canada as mudanças na
qualidade do solo podem se dar de forma lenta, como no caso dos processos naturais de
intemperismo, ou rápida, como no caso da atividade humana, onde o uso da terra e as práticas
agrícolas podem degradar, preservar ou melhorar a qualidade do solo. Por isso, é mais fácil
quantificar uma mudança na qualidade do solo através do tempo do que do
espaço (AAC,
2006).
Em suas considerações finais Sans (2000) destaca a importância do manejo
sustentável para a obtenção de uma agricultura sustentável. Abordando a importância de
medir o impacto na qualidade do solo como forma de melhor avaliar a sustentabilidade de um
sistema de produção.
18
2.3 Principais íons e seus efeitos
DAlmeida (2002) afirma que dentre os principais íons presentes na natureza, os
que apresentam maior mobilidade estão os tions: sódio (Na
+
), potássio (K
+
), lcio e
magnésio (Ca
2+
+ Mg
2+
) e o ânion cloreto (Cl
-
). Originados através do processo de
intemperização, em que diversos constituintes da rocha são dissolvidos, durante milhares de
anos, e carreados para os oceanos e para as partes mais baixas do relevo (SANTOS, 2000) os
íons, no solo, encontram-se em quantidades variadas. Como exemplo Melloni et al. (2000)
citam que o conteúdo de sódio na crosta terrestre é de aproximadamente 2,8%, enquanto o de
potássio é de 2,65%, sendo que esses valores variam de acordo com a região climática.
Embora a intemperização dos minerais primários seja a fonte principal e direta de
todos os sais solúveis encontrados no solo, raramente tem-se verificado acúmulo de
quantidades suficientes de sais solúveis através desse femeno (salinização primária), uma
vez que grande parte dos sais liberados são transportados pelas águas subterrâneas e/ou
fluviais até os oceanos (PIZARRO, 1978; RICHARDS, 1954). Na maioria das vezes,
conforme Ayers & Westcot (1999) as causas que favorecem os problemas de salinidade são a
própria água de irrigão e/ou a presença de lençol freático próximo à superfície do solo
(salinização secundária).
Além dos fatores supracitados destaca-se, ainda, a ação antrópica como a
atividade com maior potencial para causar problemas, devido à sistemática adição ao solo dos
sais contidos na água (BEZERRA, 1996; SOUZA et al., 2001).
2.4 Efeitos dos sais no solo
As alterações das propriedades físicas e químicas dos solos irrigados dependem da
qualidade da água, das propriedades do solo e, especialmente, das condições de drenagem e
do balanço de água e de sais no subsolo (HELWEG et al., 1980). De acordo com Lacerda
(1995) o acúmulo de sais no solo afeta tanto a química quanto a física do solo. O processo de
salinização ocasiona um aumento na condutividade elétrica do extrato de saturação do solo e
os valores de pH podem chegar até a 8,5, dependendo do tipo de sais (FASSENDER &
BORNEMISZA, 1987). Para Pizarro (1978) um dos principais efeitos da salinidade no solo é
a sua ação sobre a estrutura do mesmo. Segundo o autor os sais atuam no processo de
floculação e cimentação dos colóides agregando-os.
19
Dentre as alterações dos parâmetros físico-hídricos do solo causados pelos sais
destacam-se, o aumento da densidade global devido a contração das partículas do solo e, o
aumento da retenção de água no solo em detrimento do aumento da pressão osmótica do
meio, além de causar toxicidade através do acúmulo de íons específicos e proporcionar um
efeito indireto de ordem nutricional, incluindo o que ocorre pelo efeito de desestruturação do
solo (LIMA, 1997; GHEYI, 2000).
Visualmente, os solos salinos são sempre reconhecidos pela presença de uma
crosta branca em sua superfície, devido ao acúmulo excessivo de sais (SANTOS, 2000) em
conseência da evaporação da água e do seu consumo pelas plantas, principalmente nas
regiões semi-áridas do globo (DAKER, 1984).
Segundo Bernardo (2005) e Ayers & Westcot (1999) a salinidade do solo depende
da qualidade da água empregada na irrigação, do manejo de irrigação adotado e das condições
de drenagem da área. Richards (1954) complementa afirmando que as águas atuam como
fonte de sais quando utilizadas para irrigação e podem também adicionar sais ao solo sobre
condições naturais, quando inundam as terras baixas ou quando a água subterrânea ascende à
superfície. Porém, a salinização dos solos é comum não apenas nas regiões áridas ou semi-
áridas, onde a precipitão não é suficientemente expressiva para manter uma lavagem efetiva
dos sais que se acumulam no solo, mas também ocorre nas zonas costeiras, ainda que bastante
úmidas, e deve-se à influência das marés, como acontece, por exemplo, nas áreas de mangues
(GUIMARÃES, 2005).
Diante da problemática da salinização dos solos e conseente ação sobre as
culturas foram elaboradas classificões para os solos afetados por sais, sendo que a mais
utilizada é a proposta por Richards (1954). De acordo com o autor os solos são considerados
salinos, quando a condutividade elétrica do extrato de saturação(CE) é
-1
e a
percentagem de sódio trocável (PST) é < 15%, sendo que, o pH desses solos é < 8,5.
Levando-se em conta que a água usada na irrigação sempre contém sais solúveis,
o aparecimento do problema de salinidade torna-se uma questão de tempo, a menos que sejam
tomadas medidas preventivas (GUIMARÃES, 2005). Por outro lado, dependendo do manejo
solo-água-planta adotado, os solos salinos ou propensos à salinização podem ser cultivados.
20
2.5 Impactos ambientais da irrigação
A irrigação é uma prática agrícola de fornecimento de água às culturas, onde e
quando as chuvas, ou qualquer outra forma natural de fornecimento não são suficientes pra
suprir as necessidades hídricas da planta (GOMES, 1997). Porém, a irrigação não é uma
prática recente. Registros históricos comprovam ter sido a irrigão a base econômica de
muitas civilizões ancestrais do oriente (DAKER, 1984; BARRETO & SILVA, 2004) e do
ocidente.
De técnicas rudimentares à tecnologia aplicada, de pequenas áreas destinadas
apenas à subsistência a extensas áreas responsáveis pela produção mundial, a evolução das
áreas irrigadas no mundo foi de 8 miles de hectares em 1800, 48 miles de hectares em
1900, 94 miles de hectares em 1950, 198 miles de hectares em 1970, cerca de 220
miles de hectares em 1990 (JENSEN et al. citados por RHOADES et al., 2000) e 253
miles em 2003 (FAO, 2004).
No Brasil, as áreas irrigadas tiveram uma taxa de crescimento de 3,95% ao ano,
no período de 1996 a 1998 (DALMEIDA, 2002), sendo que a estimativa total de solos aptos
à irrigação no país é de 29,6 miles de hectares, representando 3,5% da área total do
território nacional (CRISTOFIDIS, 1999).
Entretanto, a intensificação e a expansão da área irrigada pode acelerar a
ocorrência de alguns efeitos adversos sobre o solo, caso não sejam adotadas medidas
concretas de prevenção e controle (GHEYI, 2000). De acordo com Gomes (2001) a
agricultura, entre outras atividades, tem sido considerada como uma atividade potencialmente
poluidora de todo sistema água-solo-planta-atmosfera-animais, principalmente, a partir da
década de 70, com a adoção, no Brasil, da chamada Revolução Verde.
2.6 Manejo da salinidade no solo
O manejo adequado da salinidade é de fundamental importância para o sucesso da
agricultura irrigada. Para isso são necessárias práticas indispensáveis, tais como a aplicação
de lâminas de água excedentes para lixiviação de sais no solo, a utilização de culturas
tolerantes à salinidade e a construção de sistemas de drenagem. Para o controle adequado da
salinidade, é de suma importância o estudo de balanço de sais, objetivando diagnosticar o
21
acúmulo temporal de sais no solo, facilitando as medidas a serem tomadas para diminuir a
salinidade na zona radicular das plantas (SANTOS, 2000).
Nos processos de prevenção e controle da salinidade nas áreas irrigadas, além das
práticas adequadas de manejo, enfatiza-se a importância de estudos do efeito da irrigação,
alongo prazo, sobre características do solo e do monitoramento do lençol freático (GHEYI,
2000). Ayers & Westcot (1999) afirmam que no controle da salinidade existem várias
alternativas que podem ser utilizadas separadamente ou em combinação. Dentre elas os
autores destacam a drenagem, a lixivião dos sais, o uso de culturas tolerantes, os tratos
culturais utilizados e o monitoramento. O monitoramento da salinidade no solo baseia-se na
aplicação de técnicas rápidas e apropriadas de avalião e análise de dados (QUEIROZ et al.,
1997) como forma de contornar a problemática dos sais no solo.
Segundo Andrade et al. (2002) práticas de manejo de irrigação necessitam ser
adotadas como forma de evitar o aumento gradual dos íons na solução do solo, os quais
relacionam-se diretamente com a salinidade, sodicidade do solo e efeitos tóxicos nas culturas.
22
3. MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia empregada para condução dessa pesquisa foi baseada no
monitoramento da salinidade do solo de uma área irrigada do Distrito de Irrigação do
Perímetro Araras Norte e de uma área de mata nativa próxima. Com esse objetivo foram
realizadas análises em laboratório para quantificar os principais elementos químicos presentes
nesses solos, para analisar a variação da salinidade dos solos irrigados em relação à mata
nativa e a ação das chuvas na lixivião dos sais, visando identificar o impacto causado pela
prática da irrigação ao longo do tempo.
3.1 Descrição geral da área
3.1.1 Localização
A área onde foi realizado o estudo (Figura 1) está inserida no Distrito de Irrigão
do Perímetro Araras Norte DIPAN, localizado na região norte do Estado do Ceará, porção
alta da bacia do Rio Acaraú, abrangendo os municípios de Varjota e Reriutaba, a noroeste do
Açude Público Federal Paulo Sarasate (antigo Araras Norte). Geograficamente, o Distrito está
limitado pelos paralelos 4º0425’’ e 4º1315’’ de latitude Sul e pelos meridianos 40º2835’’ e
40º3628’’ a Oeste de Greenwich, distante, aproximadamente, 300 km da capital do Estado.
23
FIGURA 1 – Localização da área de estudo.
3.1.2 Características climáticas
Segundo a classificão de Köppen a zona climática da região é do tipo BSwh,
clima semi-árido quente com chuva anual concentrada no período do verão-outuno (fevereiro-
abril), excedendo 750 mm. De acordo com a classificação de Gaussen, o clima é do tipo
4bTh, termoxeroquimênico acentuado, com estação seca longa e índice xerotérmico entre 150
e 200 (DNOCS, S.D.). Demais características climáticas da região podem ser visualizadas na
Tabela 1.
24
TABELA 1 – Características climáticas para a Região do DIPAN, Ceará.
Parâmetros
Valores
Unidade
Evapotranspiração
1.942
mm ano
-1
Insolação média
2.650
h ano
-1
Radião solar média
21,03
MJ m
2
dia
-1
Precipitação
797
mm ano
-1
Temperatura máxima anual
40
°C
Temperatura média anual
28
°C
Temperatura nima anual
15
°C
Umidade relativa média
70
%
Velocidade média dos ventos
0,58
m s
-1
FONTE
: Adaptada do relatório do DNOCS (2005).
As precipitões pluviométricas ocorridas durante o estudo foram coletadas pelo
Posto Meteorológico de Varjota e disponibilizadas através da FUNCEME Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos. O total de chuvas ocorridas durante o período
do estudo foi de 2.882 mm, com uma concentração de 1.120 mm em 2003, 1.128 mm em
2004 e 634 mm em 2005, destacando-se o ano de 2004 como o de maior ocorrência
pluviométrica na região (FUNCEME, 2005).
3.1.3 Solo
Segundo Carneiro Neto (2005) o DIPAN encontra-se principalmente sobre
mancha de solos Bruno não calcicos (Luvissolos) e, uma parcela nima sobre os Latossolos
(EMBRAPA, 1999). De acordo com estudo realizado pelo DNOCS (2005), os solos
Podzólicos ocupam 41,50% e são os que apresentam melhores condições para a agricultura
irrigada. A Figura 2 mostra os solos presentes na Bacia do Acaraú.
25
FIGURA 2 – Solos predominantes na Bacia do Acaraú, Ceará.
Os Luvissolos compreendem solos com horizonte B textural, não hidromórficos e
com argila de atividade alta. São de alta fertilidade natural, com alta saturação e soma de
bases, reação moderadamente ácida a, praticamente, neutra, ou mesmo moderadamente
alcalina, bem como conteúdo mineralógico que encerra quantidade significativa de minerais
primários facilmente decomponíveis, os quais constituem fontes de nutrientes para as plantas.
São solos moderadamente profundos a rasos, tendo, de modo geral, seência de horizontes
A, Bt e C, com espessura do A + Bt , entre 30 e 90cm, textura arenosa ou média, no horizonte
A e média ou argilosa, no Bt , mudança textural abrupta do A para o Bt (transições planas e
abruptas ou claras), relação textural de 1,5 a 4,0 e, freentemente, apresentando
descontinuidade quanto à natureza do seu material originário, entre os horizontes superficiais
e subsuperficiais. Constituem solos com forte limitão ao uso agrícola, pela falta dágua,
além de serem muito susceptíveis à erosão, mostrando, freentemente, pedregosidade
superficial e, muitas vezes, dentro da massa do solo, dificultando, em muito, a mecanizão.
Nos Luvissolos destaca-se também a ocorrência de teores bastante significativos de sódio em
26
profundidade, principalmente, nos Brunos vérticos, quando da utilização com irrigação
(FUNCEME, 2006).
Alguns atributos físico-químicos presentes nos solos da área irrigada e da mata
nativa, estudadas, às quatro profundidades são apresentados nas Tabelas 2 e 3.
TABELA 2 – Alguns atributos físico-químicos observados no solo irrigado da área estudada
no DIPAN, Ceará.
Camadas (m)
Atributos
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
PH
7,38
7,23
7,29
7,22
CTC
(mmol
c
L
-1
)
130,91
71,96
63,04
54,10
V. Sat. Bases
(%)
86,67
78,73
77,13
73,33
S.B.
(mmol
c
L
-1
)
109,91
53,93
45,02
37,34
Matéria Orgânica
(%)
30,27
9,78
6,81
4,88
Densidade global
(g cm
-3
)
1,31
1,38
1,39
1,38
Porosidade total
(%)
52,19
50,36
50,00
49,64
Textura
Franco argilo
arenoso
Franco argilo
arenoso
Franco argilo
arenoso
Franco
argiloso
FONTE
: Elaboração própria.
27
TABELA 3 – Alguns atributos físico-químicos observados no solo da mata nativa no DIPAN,
Ceará.
Camadas (m)
Atributos
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
pH
7,36
7,23
7,23
7,19
CTC
(mmol
c
L
-1
)
69,57
53,17
50,01
45,60
V. Sat. Bases
(%)
77,73
70,53
68,07
67,93
S.B.
(mmol
c
L
-1
)
47,90
34,44
31,98
31,77
Matéria Orgânica
(%)
14,82
8,47
6,77
4,57
Densidade global
(g cm
-3
)
1,29
1,29
1,29
1,25
Porosidade total
(%)
54,26
54,26
52,92
54,38
Textura
Franco argilo
arenoso
Franco argilo
arenoso
Franco argilo
arenoso
Franco
argiloso
FONTE
: Elaboração própria.
3.1.4 Vegetação
A vegetão predominante é a caatinga esparsa e seca, com cactáceas e
bromeliáceas, devido a pouca profundidade e à baixa capacidade de armazenamento de água
do solo (SUDENE, 1971).
3.1.5 Água
A água de irrigão do Distrito é procedente do Açude Público Federal Paulo
Sarasate (antigo Araras Norte) e apresenta classificação C
1
S
2
(MESQUITA, 2004). De acordo
com o UCCC University of Califórnia Committee of Consultantes esse tipo de água
28
apresenta uma baixa salinidade, podendo ser usada em quase todos os tipos de solos, com
pouca probabilidade de desenvolvimento de problemas referentes a salinidade. Quanto a
sodicidade a mesma é do tipo média, com perigo considerável de dispersão das partículas em
solos de textura fina, podendo reduzir a permeabilidade do mesmo, ocasionando problemas de
infiltração.
As informões sobre as características da água utilizada no DIPAN (Tabela 4)
foram adaptadas de Mesquita (2004).
TABELA 4 – Alguns parâmetros físico-químicos da água de irrigão do DIPAN, Ceará.
Parâmetros
Valores
Unidade
Cl
-
0,72
mmol
c
L
-1
CEa
0,21
dS m
-1
pH
7,54
-
RAS
o
0,75
-
Na
+
0,94
mmol
c
L
-1
FONTE
: Adaptada de Mesquita (2004).
3.1.6 Aspectos sócio-econômicos
Os municípios de Varjota e Reriutaba têm população de 16.593 e 21.224
habitantes, respectivamente, com previsão para o ano de 2005 de 18.553 habitantes para o
primeiro e 23.679 para o segundo (IBGE, 2006).
A pequena agricultura destaca-se como principal fonte de renda dos habitantes do
perímetro, destacando-se ainda o baixo grau da agricultura familiar, prevalecendo a
agricultura patronal (CARNEIRO NETO, 2005).
3.2 Monitoramento
O monitoramento da salinidade do solo da área irrigada e da mata nativa foi feito
pela avaliação dos resultados das análises de amostras de solo coletadas nos anos de 2003,
2004 e 2005.
29
3.2.1 Seleção da área
A área escolhida para o estudo está localizada no Distrito de Irrigação do
Perímetro Araras Norte DIPAN. A mesma é classificada como um lote de categoria Técnico
Agrícola, com área total de 11,0 ha. A adubação da cultura é feita sobre forma de cobertura,
próximo a planta. O manejo da adubão encontra-se especificado na Tabela 5.
TABELA 5 – Manejo da adubação adotado na área estudada no DIPAN, Ceará
Elemento
Fonte
Quantidades (kg ha
-1
mês
-1
)
Uréia
20,83
Nitrogênio
Nitrato de cálcio
20,83
Potássio
Cloreto de potássio
83,33
Fósforo
Super simples
104,17
Cálcio
Calcário dolomítico
208,33
Micronutrientes
FTE BR 12
10,42
Adubão orgânica
Esterco de curral
937,50
FONTE
: Elaboração própria.
Para a realização das coletas tomou-se do lote apenas uma sub-área de 5,0 ha,
cultivada com uva (Vitis vinifera L.) desde 2001 e irrigada por microaspersão (Figura 3). A
área de mata nativa selecionada localiza-se dentro do próprio lote, porém encontra-se fora da
faixa irrigada.
FIGURA 3 – Vista parcial da área cultivada em estudo no DIPAN, Ceará.
30
3.2.2 Época e duração das coletas
As campanhas de coleta ocorreram de forma bimestral no período de maio de
2003 a setembro de 2005, monitorando, assim o comportamento dos sais no solo por três
períodos chuvosos (maio de 2003 a junho de 2003, janeiro de 2004 a junho de 2004 e janeiro
de 2005 a junho de 2005) e três secos (julho de 2003 a dezembro de 2003, julho de 2004 a
dezembro de 2004 e julho de 2005 a setembro de 2005).
3.2.3 Pontos de coleta
Na área cultivada as amostras de solo foram coletadas a quatro profundidades (0 a
0,30 m, 0,30 a 0,60 m, 0,60 a 0,90 m e 0,90 a 1,20 m), na projeção da copa das plantas em
quatro pontos aleatórios eidistantes (SANS, 2000), formando uma amostra composta para
cada profundidade (Figura 4).
Na faixa de mata nativa as mostras foram coletadas às mesmas profundidades da
zona cultivada, porém, por se tratar de uma área não afetada pelo manejo da irrigão, tomou-
se apenas um ponto para amostragem por profundidade.
Depois de coletado o solo foi acondicionado em sacos plásticos, fechado,
identificado e enviado ao laboratório para determinação da condutividade elétrica e dos
principais íons.
FIGURA 4 – Coleta de amostras de solo, para análises, na área irrigada do DIPAN, Ceará.
31
3.3 Realização das análises
As análises químicas foram efetuadas no Laboratório de Análise de Solos e Água
da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, Ceará. Foram determinados o pH, a CE, os
cátions cálcio (Ca
2+
), magnésio (Mg
2+
), sódio (Na
+
) e potássio (K
+
) e o ânion cloreto (Cl
-
), em
cada amostra de solo. A metodologia utilizada foi a recomendada por Richards (1954). Foi
obtida uma suspensão de solo:água na proporção 1:1, em que foram tomados 150 g da
amostra e adicionados 150 mL de água deionizada. Depois de agitado e filtrado tomou-se a
suspensão e fez-se a determinação dos parâmetros citados. A CE foi determinada através de
um condutivímetro de bancada, o pH através de peagâmetro, o Ca
2+
e o Mg
2+
pelo
espectrômetro de absorção atômica, o Na
+
e o K
+
pela fotometria de emissão de chamas e o
Cl
-
determinou-se por meio de titulação com solução de K
2
CrO
4
a 5% e AgNO
3
a 0,05N.
3.4 Riscos de degradação do solo
O estudo do risco de degradão do solo das áreas irrigadas no Distrito de
Irrigação do Perímetro Araras Norte DIPAN, Ceará, foi realizado com base na variação
espacial e temporal da condutividade elétrica e dos íons nas camadas do solo (área irrigada e
mata nativa). Foram avaliados também a ação das chuvas na lixiviação dos sais, os
incrementos dos íons na área irrigada com relação à mata nativa e, a influência de cada íon na
condutividade elétrica.
3.5 Lixiviação dos sais pela ação das chuvas, impacto da irrigação no solo e influência
dos íons na CE
Para a avaliação da ão das chuvas na lixiviação dos sais no perfil do solo e do
impacto da irrigação na área estudada, classificou-se os dados da CE de acordo com a estação
chuvosa e seca e aplicou-se um teste estastico para comparação de médias de amostras
independentes, a 1% de significância. Para o primeiro caso foram comparadas as médias do
período seco com o chuvoso na área irrigada, com o intuito de se obter a variabilidade
temporal dos sais totais do solo na área trabalhada.
32
Já para a análise da ocorrência do impacto da irrigação compararam-se os valores médios
entre área irrigada e mata nativa, apenas no período chuvoso. O pacote estatístico utilizado foi
o SPSS 10.0 for Windows (Statistical Package for Social Sciences) e o teste aplicado foi o t
de Student para comparão das médias de amostras independentes e variâncias
desconhecidas e supostas desiguais.
A influência dos íons Ca
2+
, Mg
2+
, Na
+
, K
+
e Cl
-
na CE do solo foi feita com base
na inclinação da linha formada pela relação entre a condutividade elétrica do extrato solo:água
1:1 (CE) e a concentrão iônica, às profundidades de 0 a 0,30 m; 0,30 a 0,60 m; 0,60 a 0,90
m e 0,90 a 1,20 m.
33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos através dos parâmetros analisados em laboratório, foram
procedentes das coletas de solo realizadas no período de maio de 2003 a setembro de 2005.
4.1 Adição de sais totais ao solo da área irrigada e ação da chuva na lixiviação dos sais
A varião espaço-temporal da CE para todas as camadas estudadas pode ser
observada na Figura 4. O maior incremento de sais totais adicionado ao solo irrigado foi
registrado na camada 0 a 0,30 m (Figura 5A) em janeiro de 2005. Para o referido período foi
observado uma CE de 2,16 dS m
-1
, enquanto na mata nativa o valor equivalente foi de 0,32 dS
m
-1
, representando assim um incremento de 573%. Tal fato pode ser explicado pelo manejo de
irrigão adotado com uso de fertilizantes minerais ricos em sais como os cloretados e
nitrogenados, uma vez que a água empregada na irrigação foi classificada como C
1
S
2
.
Observões semelhantes foram efetuadas por DAlmeida (2002), Meireles et al. (2003) e
Andrade et al. (2004) em pesquisas realizadas nas áreas irrigadas no Distrito de Irrigação
Jaguaribe-Apodi. Bezerra (1996) cita como exemplo de salinização do solo causada por
adubações minerais, o caso de um Oxissol do Projeto Bebedouro em Petrolina, o qual sob
irrigação com o uso continuado de adubos minerais por um período de sete anos, sofreu um
aumento de sais cerca de quatro vezes. Esse acréscimo foi registrado em todo o perfil, face às
boas condições de drenagem do solo que não permitiu o acúmulo em sua superfície.
Os valores da CE para as profundidades de 0,30 a 0,60 m; 0,60 a 0,90 m e 0,90 a
1,20 m podem ser vistos nas Figuras 5B, 5C e 5D, respectivamente. Observa-se através das
mesmas que ocorreu adição de sais ao solo pelo manejo da irrigação, também, para as
camadas inferiores. Os maiores valores de CE encontrados em cada camada da área irrigada
foram: 1,40 dS m
-1
(0,30 a 0,60 m) em julho de 2005, 1,28 dS m
-1
(0,60 a 0,90 m) em
setembro de 2005 e 1,03 dS m
-1
(0,90 a 1,20 m) em janeiro de 2004. Observou-se, ainda, que
em todo o perfil da área irrigada a CE mostrou-se elevada na última coleta (setembro de 2005)
expressando preocupação quanto ao risco de salinização da área com o decorrer do tempo.
Constatou-se ainda uma movimentação de sais das camadas de 0 a 0,30 m e de 0,30 a 0,60 m
para as camadas de 0,60 a 0,90 m e de 0,90 a 1,20 m entre os meses de julho de 2005 e
setembro de 2005. Isso deve ter ocorrido em conseência da aplicação de lâmina de irrigação
excessiva, uma vez que não ocorreu precipitação pluviométrica neste período.
34
A
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
CEes (dS m
-1
)
Área irrigada (0 a 0,30 m)
Mata nativa (0 a 0,30 m)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Precipitão (mm)
B
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
CEes (dS m
-1
)
Área irrigada (0,30 a 0,60 m)
Mata nativa (0,30 a 0,60 m)
C
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
CEes (dS m
-1
)
Área irrigada (0,60 a 0,90 m)
Mata nativa (0,60 a 0,90 m)
D
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
CEes (dS m
-1
)
Área irrigada (0,90 a 1,20 m)
Mata nativa (0,90 a 1,20 m)
FIGURA 5 – Variação temporal da CE do extrato solo:água 1:1 das áreas estudadas no
DIPAN, Ceará.
35
Quanto ao fato de que a camada superior apresentou pontos em que os valores de
CE foram mais elevados do que nas demais camadas pode-se relacionar tal situação ao
manejo físico do solo, uma vez que o mesmo já vem sendo cultivado a cinco anos e encontra-
se bastante compactado pelo uso constante de máquinas, tornando-se em muitos pontos
impermeável, favorecendo o acumulo de água na superfície, e, conseente aumento da
salinidade da camada superior (Figuras 6A e 6B) em decorrência da alta evaporação e
conseente acúmulo dos sais.
Ainda na camada superficial observou-se uma tendência linear dos valores de CE
para as dez primeiras coletas levando o status salino do solo na área cultivada próximo à
condição de mata nativa, principalmente no primeiro trimestre de 2004, onde se concentraram
as maiores precipitações pluviométricas.
FIGURA 6 – Solo extremamente compactado (A) e com presença de água empossada (B) na
área irrigada em estudo.
As maiores concentrações de sais na camada superior são decorrentes das altas
taxas de evaporação presentes nas regiões semi-áridas, que promovem a ascensão capilar e
geram deposições de sais na camada superficial do solo. Meireles (2003) observou em áreas
irrigadas no Distrito de Irrigação Jaguaribe-Apodi que os maiores valores de CE foram
encontrados na camada superficial.
As lixiviações na área irrigada ocorreram apenas na camada de 0 a 0,30 m. A
Tabela 6 expressa a lixiviação dos sais pela chuva na área irrigada com base no teste de
comparação de médias da CE para os períodos seco e chuvoso.
A
B
36
TABELA 6 – Comparação de médias da CE (dS m
-1
) do solo entre a estão seca e a chuvosa
na área irrigada, em estudo, no DIPAN, Ceará.
Camada (m)
Período
n
Média
Desvio padrão
t
Sig (bilateral)
Seco
8
0,8458
0,5301
0 a 0,30
Chuvoso
7
0,8334
0,5935
0,042
0,967
Seco
8
0,6644
0,4029
0,30 a 0,60
Chuvoso
7
0,6909
0,2331
-0,158
0,877
Seco
8
0,5381
0,3391
0,60 a 0,90
Chuvoso
7
0,7167
0,1844
-1,288
0,224
Seco
8
0,5443
0,2466
0,90 a 1,20
Chuvoso
7
0,7081
0,2203
-1,359
0,197
Nível de significância a 1%.
Verificou-se que, mesmo ocorrendo uma diminuição de 1,49% entre as CE do
período seco e do período chuvoso, a lixivião dos sais totais não apresentou resultados
significativos (α=0,01). Portanto, a precipitão pluvial não foi suficiente para diminuir os
sais adicionados à área pela prática da irrigação, apesar de ter ocorrido uma precipitão total
no período estudado superior em 128,07% à média da região. Este fato expressa o efeito
cumulativo dos sais no solo, promovido pela irrigação, que vem ocorrendo no DIPAN.
Meireles et al. (2003) obtiveram resultados semelhantes em cambissolo irrigado da Chapada
do Apodi, CE. Já Pereira et al. (1986) observaram resultados diferentes em áreas irrigadas do
projeto Curu-Paraipaba, CE, onde os sais adicionados durante a irrigação foram lixiviados em
todas as camadas, sendo necessário apenas um total de chuva de 300 mm. Atribuiu-se essa
lixiviação à textura franco arenosa dos solos da região.
A estastica dos valores da CE para a área irrigada e a mata nativa durante a
estação chuvosa estão presentes na Tabela 7. Com excão da camada superior, para as
demais camadas estudadas a adição de sais ao solo pelo manejo da irrigão foi altamente
significativa, expressando a necessidade de uma mudança no manejo da irrigão adotado.
A diferença entre as médias da CE da área irrigada e da mata nativa variou de
128,45% na camada superior a 322,84% na última camada, indicando que o maior acúmulo de
sais está na camada inferior. Quanto ao desvio padrão na área irrigada, o maior valor ocorreu
na camada superior, indicando que, na mesma, os sais apresentaram maior variação em torno
do valor médio. Esse fato é compreensível visto ser este o local que está sujeito a ação direta
do manejo da irrigação e conseente aplicação dos fertilizantes minerais.
37
TABELA 7Comparação de médias da CE (dS m
-1
) do solo durante o período chuvoso para
a área irrigada e a mata nativa, em estudo, no DIPAN, Ceará.
Camada (m)
Local
n
Média
Desvio padrão
T
Sig. (bilateral)
AI
1
7
0,8334
0,5935
0 a 0,30
MN
2
7
0,2993
0,0845
2,357
0,055
*
AI
7
0,6909
0,2331
0,30 a 0,60
MN
7
0,2194
0,0958
4,950
0,001
**
AI
7
0,7167
0,1844
0,60 a 0,90
MN
7
0,2184
0,0713
6,668
0,000
**
AI
7
0,7081
0,2203
0,90 a 1,20
MN
7
0,1780
0,0521
6,1978
0,001
**
1
AI: Área irrigada;
2
MN: Mata nativa.
*
Significativo a 5% de probabilidade pelo o teste t.
**
Significativo a 1% de
probabilidade pelo o teste t.
Observou-se que para o período chuvoso a diferença de maior significância foi
registrada nas duas camadas mais profundas (t > 6). Este fato expressa a ação da chuva na
lixiviação dos sais. Apesar de ter ocorrido lixiviação dos sais esta não foi suficiente para levar
o status salino da área irrigada a uma condição de não apresentar diferença significativa da
mata nativa.
4.2 Avaliação da influência dos íons na condutividade elétrica do solo da área irrigada
em estudo no DIPAN, Ceará, para o período de maio de 2003 a setembro de 2005
Na Figura 7 são apresentados os gráficos da relação entre condutividade elétrica
(CE) e a concentração iônica, às profundidades de 0 a 0,30 m; 0,30 a 0,60 m; 0,60 a 0,90 m e
0,90 a 1,20 m.
38
A
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Concentração (mmol
c
L
-1
)
CE (dS m
-1
)
B
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Concentrão (mmol
c
L
-1
)
CE (dS m
-1
)
C
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Concentração (mmol
c
L
-1
)
CE (dS m
-1
)
D
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Concentração (mmol
c
L
-1
)
CE (dS m
-1
)
Ca
2+
Mg
2+
Na
+
K
+
Cl
-
FIGURA 7 – Relão entre concentrão iônica e condutividade elétrica (CE) do extrato de
solo:água 1:1 nas camadas 0 a 0,30 m (A); 0,30 a 0,60 m (B); 0,60 a 0,90 m (C) e 0,90 a 1,20
m (D) na área irrigada, em estudo no DIPAN, Ceará.
De acordo com a Figura 7A,
que representa a camada superior, observa-se, pela
inclinação da reta, que o íon que apresentou maior influência na condutividade foi o sódio (Na
+
).
Posteriormente seguiram o cloreto (Cl
-
), o magnésio (Mg
2+
), o cálcio (Ca
2+
) e o potássio (K
+
). Deve-se
levar em consideração que esses íons no solo provem, em sua maioria, dos sais adicionados à área
através dos fertilizantes minerais.
Esses fertilizantes têm índices salinos que alteram a pressão
osmótica do solo (AQUINO, 2003) interferindo, portanto, no processo de concentração do íon na
solução; além disso, a solubilidade dos diversos sais é bastante influenciada pela temperatura do solo
(PIZARRO, 1978; FERREIRA, 1997).
Já no perfil posterior (Figura 7B) o íon que mais
interferiu nos valores da CE foi o Mg
2+
, seguindo uma tendência ascendente, enquanto os
demais íons ocorreram em menor concentração. Quanto às camadas de 0,60 a 0,90 m (Figura
7C) e de 0,90 a 1,20 m (Figura 7D), as mesmas apresentaram uma distribuição da
concentração iônica versus CE muito semelhante. Acredita-se que isso ocorreu porque a partir
39
de 0,50 m a temperatura do solo permanece estável (TUBELIS & NASCIMENTO, 1980)
fazendo com que não houvesse grandes diferenças na concentração iônica, como nas camadas
superiores. Nas duas camadas destacaram-se o Mg
2+
e o Na
+
como os íons mais presentes e,
juntamente com o K
+
, que exibiu numa concentrão menor, apresentaram uma tendência
crescente. Quanto ao cloreto Cl
-
,
nessas camadas, observou-se que o mesmo passou a exibir valores
de concentração constantes, não apresentando variação com o aumento da condutividade,
chegando a
concentrações muito baixas no decorrer do estudo. Esses resultados divergem dos que foram
encontrados por Meireles et al. (2003) em solos irrigados da Chapada do Apodi, onde mesmo
havendo precipitações pluviométricas, ocorreu acúmulo do Cl
-
em todas as camadas
estudadas. DAlmeida (2002) analisando o risco de salinização em cambissolos irrigados da
Chapada do Apodi empregou regressão linear múltipla para conhecer a influência dos íons
estudados nos valores de condutividade, constatou que o íon Cl
-
foi o que exerceu maior
influência nos valores de CE da camada superior.
4.3 Variação e incrementos dos sais no extrato solo:água 1:1 na área irrigada
4.3.1 Cálcio
A variação do íon cálcio, ao longo do perfil do solo, na área irrigada e na mata
nativa do DIPAN, para o período estudado, está mostrado na Figura 8. Os valores das
concentrações de cálcio no solo da área irrigada do DIPAN variaram entre 0,14 a 9,68 mmol
c
L
-1
, na primeira camada (Figura 8A), 0,09 a 4,53 mmol
c
L
-1
na segunda camada (Figura 8B),
0,35 a 4,82 mmol
c
L
-1
na terceira camada (Figura 7C) e 0,36 a 4,04 mmol
c
L
-1
na quarta
camada (Figura 8D). Na camada superficial observou-se uma oscilão nos valores durante
todo o período analisado, isso em decorrência da aplicação de calcário na área. Comparando o
cálcio da área irrigada com o da mata nativa constatou-se que, em sua maioria, os valores
encontrados na primeira área foram superiores mostrando que o total de chuva precipitada não
foi suficiente para elevar o status salino da faixa irrigada à condição de mata nativa. Isso
expressa a existência, no solo, de resíduos dos sais aplicados pelo manejo inadequado da
irrigão. Mesmo existindo alguns pontos em que os valores da mata nativa ultrapassaram os
da área irrigada, incrementos no cálcio de até 23.100,0% foram verificados na faixa irrigada
em relação à mata nativa (Tabela 8). Essa diferença entre as duas áreas aconteceu no mês de
março de 2004 e pode ser associada à adição de lcio no solo, uma vez que são aplicados,
40
mensalmente na área irrigada, 208,33 kg de calcário dolomítico
por hectare. Importante
destacar que mesmo tendo ocorrido uma precipitação pluviométrica superior a média da
região em 256 mm, a mesma não foi suficiente para diminuir o teor de cálcio na área.
DAlmeida (2002) ao encontrar incrementos de até 784% nos valores de Ca
2+
+Mg
2+
em
cambissolo irrigado da Chapada do Apodi associou-os ao tempo de utilização da área, à má
qualidade da água de irrigação e ao uso de fertirrigação.
41
A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Ca
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0 a 0,30 m)
Mata Nativa (0 a 0,30 m)
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Ca
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,30 a 0,60 m)
Mata nativa (0,30 a 0,60 m)
C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Ca
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,60 a 0,90 m)
Mata nativa (0,60 a 0,90 m)
D
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Ca
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,90 a 1,20 m)
Mata nativa (0,90 a 1,20 m)
FIGURA 8 – Variação temporal do íon cálcio no extrato solo:água 1:1 na área estudada no
DIPAN, Ceará.
42
Para todas as camadas da área irrigada constatou-se que, na última coleta
(setembro de 2005), o cálcio apresentou-se elevado, com uma tendência crescente nas duas
últimas camadas, indicando um provável acúmulo do íon às camadas mais profundas. Os
incrementos de Ca
2+
na área irrigada em relação ao solo da mata nativa, em percentuais, estão
apresentados na Tabela 8.
TABELA 8Incrementos do íon cálcio nas camadas do solo irrigado em relação à mata
nativa na área estudada do DIPAN, Ceará.
INCREMENTOS (%)
Mês
0 a 0,30 m
0,30 a 0,60 m
0,60 a 0,90 m
0,90 a 1,20 m
mai/03
265,38
106,67
46,38
83,54
jul/03*
180,00
663,64
-
3.700,00
set/03
1.205,26
214,29
115,00
282,35
nov/03
43,00
-53,80
76,34
-29,22
jan/04*
61,00
-
251,33
778,26
mar/04
168,63
846,67
207,89
918,18
mai/04*
177,78
-42,13
381,25
-
jul/04**
40,74
-72,73
1.266,67
-
set/04*
2.788,89
-
-
-
nov/04*
-
-
105,88
500,00
jan/05*
908,33
738,24
2.227,27
-
mar/05
1.224,14
3.900,00
323,08
23.100,00
mai/05
356,25
409,09
-3,29
3.950,00
jul/05*
274,79
2.188,89
-
-
set/05*
231,82
-
-
-
FONTE
: Elaboração própria.
*Valores de Ca
2+
não detectados (nd).
**Amostra perdida.
Pela referida Tabela observou-se que no solo do DIPAN os maiores incrementos
aconteceram para a camada de 0,90 a 1,20 m expressando a ocorrência do processo de
lixiviação como conseência de uma lâmina de irrigão excessiva, uma vez que esses solos
não são ricos em cálcio, pois em muitos casos os valores do íon não foram detectados no solo.
Observou-se ainda a presença de valores negativos em alguns meses, indicando que a mata
43
nativa foi superior à área irrigada. Isso ocorreu, em sua maioria, nas camadas mais superiores
e nos meses de seca.
Segundo Shainberg (1975) em solos não salinos de regiões áridas e semi-áridas,
freentemente, o cálcio em conjunto com o magnésio são os principais tions existentes
tanto na solução como no complexo de troca. Ayers e Westcot (1999) afirmam que a função
do cálcio no solo não está completamente estabelecida. Ao que parece ele reduz o efeito
tóxico dos íons Na
+
e Mg
2+
quando são absorvidos pelas raízes. Em se tratando do conteúdo
de cálcio trocável no solo, Coelho (1973) afirma que excluindo a riqueza em cálcio do
material que deu origem ao solo, o teor de cálcio trocável do solo é influenciado
principalmente por fatores como: textura do solo, lixiviação e remoção pelas culturas.
4.3.2 Magnésio
O íon magnésio apresentou valores relativamente baixos, assemelhando-se ao
cálcio, chegando, em alguns casos, a valores inferiores aos da mata nativa. Os maiores valores
foram verificados na camada superficial (Figura 9A), chegando a 8,40 mmol
c
L
-1
em janeiro
de 2005, enquanto na mata nativa, para o mesmo período, encontrou-se uma taxa de 0,75
mmol
c
L
-1
. Foi também nesse período que se verificou o maior valor de magnésio para a
segunda camada da área irrigada: 2,57 mmol
c
L
-1
contra 1,34 mmol
c
L
-1
na mata nativa
(Figura 9B), indicando uma provável lixivião desse íon. Para a camada de 0,60 a 0,90 m
(Figura 9C) o valor máximo foi de 2,73 mmol
c
L
-1
em março de 2005 e, para a camada de
0,90 a 1,20 m (Figura 9D) o valor mais elevado foi de 2,71 mmol
c
L
-1
em setembro de 2005.
Esses valores indicam uma adição do magnésio às camadas mais profundas, em decorrência
da aplicão de corretivos na área e lixivião dos mesmos através da precipitação
pluviométrica e/ou lâmina de irrigação excessiva. Pois o maior incremento constatado, na área
irrigada em relação à mata nativa, ocorreu na camada de 0,90 a 1,20 m e foi de 5.320,0%
(Tabela 9).
De acordo com a Figura 9 o magnésio mostrou uma tendência crescente para as
últimas coletas, em todas as profundidades da área irrigada, evidenciando preocupação quanto
ao risco do acúmulo desse íon no solo e à ação tóxica desse íon para a cultura.
44
A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Mg
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0 a 0,30 m)
Mata nativa (0 a 0,30 m)
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Mg
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,30 a 0,60 m)
Mata nativa (0,30 a 0,60 m)
C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Mg
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,60 a 0,90 m)
Mata nativa (0,60 a 0,90 m)
D
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Mg
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,90 a 1,20 m)
Mata nativa (0,90 a 1,20 m)
FIGURA 9 – Varião temporal do íon magnésio no extrato solo:água 1:1 na área estudada no
DIPAN, Ceará.
45
TABELA 9Incrementos do íon magnésio nas camadas do solo irrigado em relão à mata
nativa na área estudada do DIPAN, Ceará.
INCREMENTOS (%)
Mês
0 a 0,30 m
0,30 a 0,60 m
0,60 a 0,90 m
0,90 a 1,20 m
mai/03
88,10
327,78
96,77
145,83
jul/03*
123,53
288,89
227,27
416,67
set/03
230,43
157,14
81,25
42,11
nov/03
10,94
-67,16
22,92
-21,54
jan/04
44,64
2.428,57
726,09
732,00
mar/04
86,11
536,36
268,42
485,71
mai/04
1.094,44
-13,89
461,54
942,86
jul/04**
-3,85
-7,14
238,46
*
set/04
1.527,78
800,00
4.750,00
300,00
nov/04
1.355,56
350,00
59,26
50,00
jan/05
1.020,00
1.185,00
439,39
2.950,00
mar/05
739,02
526,09
600,00
975,00
mai/05
180,85
482,61
261,90
975,00
jul/05
608,33
514,29
636,36
520,83
set/05
167,53
1.557,14
2.100,00
5.320,00
FONTE
: Elaboração própria.
**Amostra perdida.
Pela Tabela 9 observou-se que na camada superficial, os maiores incrementos
registrados em relão à mata nativa foram nos meses de setembro e novembro de 2004, os
quais foram 1.527,78 e 1.355,56%, respectivamente. Esses altos incrementos estão associados
ao magnésio advindo do calrio dolomítico aplicado à área.
A maior taxa de incremento para a segunda camada foi registrada no mês de
janeiro de 2004. Este fato pode ser explicado pela ocorrência de chuvas com freência e
intensidade altas, ocorridas no final do mês de janeiro e durante fevereiro totalizando 694 mm
promovendo a lixiviação dos sais da camada superior. Já para as camadas de 0,60 a 0,90 m e
de 0,90 a 1,20 m os maiores incrementos foram 4.750,0% e 5.320,0%, respectivamente. Esses
incrementos foram verificados no mês de setembro, época em que a irrigação é mais intensa,
podendo a vir a causar carreamento de sais das camadas superiores para as mais profundas.
46
4.3.3 Sódio
A varião temporal da concentração do íon sódio na área estuda está expressa na
Figura 9. Foi verificado, de forma geral, que o mesmo apresentou concentrão e variação
baixas, em relação aos demais íons.
Na área irrigada, as maiores concentrões na primeira camada (Figura 10A)
foram registradas nos meses de novembro de 2003 e janeiro de 2005: 1,47 mmol
c
L
-1
e 1,02
mmol
c
L
-1
, respectivamente. Esse comportamento deve estar relacionado às altas taxas de
evapotranspiração e á ascensão capilar, processos predominantes em áreas irrigadas nas zonas
semi-áridas do globo (SMEDEMA & SHIATI, 2002). O menor valor encontrado foi de 0,26
mmol
c
L
-1
em março de 2005, enquanto o valor da mata nativa para o mesmo mês foi de 0,44
mmol
c
L
-1
, evidenciando que a lâmina de irrigação e a chuva precipitada no mês (146 mm)
ocasionaram uma lixiviação de sais que levou o status do sódio no solo cultivado à condição
inferior da mata nativa.
Estes resultados evidenciam que as características dos solos predominantes, os
Luvissolos, até o momento deste estudo, têm predominância sobre o manejo da irrigação em
relão à concentração de sódio. DAlmeida (2002) analisando o extrato de saturação dos
solos irrigados de Quixeré, na Chapada do Apodi encontrou para a primeira camada valores
máximos de sódio que variaram de 21,99 a 12,28 mmol
c
L
-1
. Segundo a autora tais valores na
concentração dos sais são decorrentes da fertirrigação e do processo de evapotranspirão.
Aguiar Neto et al. (2005) analisando solos dos lotes do Perímetro Irrigado de Jabiberi SE,
encontrou valores de Na
+
para a camada de 0 a 0,15 m que variaram de 0,12 a 6,24 mmol
c
L
-1
.
Para a segunda camada (Figura 10B) a maior concentração verificada foi em
janeiro de 2004 com 1,34 mmol
c
L
-1
, refletindo um acúmulo de sódio em conseência da
lixiviação dos sais advindos da camada superior, no mês anterior. Como o mês anterior
pertence ao período do verão, este processo deve ter sido ocasionado por uma lâmina de
irrigão em excesso. Para o mesmo mês o valor da mata nativa foi de 0,59 mmol
c
L
-1
.
Na camada de 0,60 a 0,90 m (Figura 10C) a variação da concentração do sódio foi
muito semelhante à camada anterior, com o maior valor de 1,41 mmol
c
L
-1
também para o
mês de janeiro de 2004. Já na mata nativa o valor máximo do sódio ocorreu em novembro de
2004 com 1,25 mmol
c
L
-1
, pois de acordo com as características climáticas e o regime
hidrológico da região este é o mês de menor umidade relativa, maiores temperaturas e maior
evapotranspiração potencial.
47
Para a última camada (Figura 10D), a maior taxa de concentração de sódio
encontrada foi de 1,37 mmol
c
L
-1
(janeiro de 2004) evidenciando um acúmulo de sais vindo
das camadas superiores.
Nas duas camadas inferiores foi observada uma tendência no crescimento da
concentração do sódio na última coleta, merecendo atenção quanto ao risco de acúmulo do íon
nas camadas mais profundas da área, uma vez que a área não apresenta uma boa drenagem
natural.
48
C
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Na
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,60 a 0,90 m)
Mata nativa (0,60 a 0,90 m)
B
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Na
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,30 a 0,60 m)
Mata nativa (0,30 a 0,60 m)
A
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Na
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0 a 0,30 m)
Mata nativa (0 a 0,30 m)
D
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Na
2+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,90 a 1,20 m)
Mata nativa (0,90 a 1,20 m)
FIGURA 10 – Variação temporal do íon sódio no extrato solo:água 1:1 na área estudada no
DIPAN, Ceará.
49
A Tabela 10 apresenta os valores de incrementos percentuais do sódio da área
irrigada em relação à mata nativa. Porém, foram observadas muitas taxas de incrementos
negativas, indicando que em muitas coletas os valores da mata nativa ultrapassaram os da área
irrigada. (Estes incrementos negativos podem ser explicados pelos solos predominantes,
Luvissolos, os quais apresentam sódio ao longo do perfil). Os maiores incrementos entre as
camadas foram verificados na camada de 0,90 a 1,20 m (242,50%) e na de 0 a 0,30 m
(241,86%). Os incrementos maiores registrados nas camadas mais profundas ocorrem,
provavelmente, em conseência da lixiviação dos sais das camadas superiores para as
mesmas. Ben-Hur et al. (2001) encontraram resultados semelhantes em estudo da ação da
lixiviação dos sais adicionados ao solo pela irrigação. DAlmeida (2002) registrou
incrementos de até 17.000% na área irrigada de Quixeré.
TABELA 10Incrementos do íon sódio nas camadas do solo irrigado em relação à mata
nativa na área estudada do DIPAN, Ceará.
INCREMENTOS (%)
Mês
0 a 0,30 m
0,30 a 0,60 m
0,60 a 0,90 m
0,90 a 1,20 m
mai/03
140,63
2,67
-57,53
-4,29
jul/03*
-8,33
-15,31
-16,05
8,00
set/03
7,79
-6,94
27,08
24,00
nov/03
241,86
-22,33
-31,20
-51,63
jan/04
93,33
127,12
206,52
242,50
mar/04
-29,59
-23,29
12,28
16,28
mai/04
-32,73
-60,78
-64,55
-60,00
jul/04**
-29,41
-22,03
37,84
-
set/04
83,67
-18,64
56,41
133,33
nov/04
152,00
80,77
19,23
-15,38
jan/05*
240,00
-
-
-5,13
mar/05
-43,48
-47,73
-2,86
-14,63
mai/05
-32,50
-13,64
-27,84
-35,04
jul/05
68,18
-40,30
-33,33
27,59
set/05
-14,08
-26,79
-28,77
6,78
FONTE
: Elaboração própria.
*Valores de Na
+
não detectados (nd).
**Amostra perdida.
50
A análise isolada do íon sódio nos fornece informões do risco de toxidade, mas
não da sodicidade do solo. Segundo Pizarro (1978) entre o complexo de troca e a solução do
solo existe um equilíbrio que se refere aos tions adsorvidos e os dissolvidos. Como índice
característico de toda solução salina usa-se a RAS (Relação de Adsorção de Sódio). De
acordo com Ayers & Wescot (1999) o sódio é um íon que forma parte importante da
salinidade e sua solubilidade ou precipitação não é afetada por fatores externos.
Os valores da RAS para os solos do DIPAN estão presentes na Tabela 11.
Verificou-se que as maiores taxas foram registradas na mata nativa. Isso ocorreu por causa da
relão entre o Na
+
com o Ca
2+
+Mg
+
, pois na área irrigada o Ca
2+
+Mg
+
geralmente encontra-
se mais elevado em conseência da aplicação de corretivos, como o calrio dolotico
(208,33 Mg ha
-1
mês
-1
).
TABELA 11Valores de RAS no extrato solo:água 1:1nas diversas camadas da área irrigada
(AI) e da mata nativa (MN) estudadas no DIPAN, Ceará.
RAS
0 a 0,30 m
0,30 a 0,60 m
0,60 a 0,90 m
0,90 a 1,20 m
Mês
AI
MN
AI
MN
AI
MN
AI
MN
mai/03
0,83
0,55
0,84
1,34
0,34
1,03
0,66
0,98
jul/03
1,51
2,53
0,95
2,57
0,89
3,45
0,78
2,65
set/03
0,65
1,68
0,96
1,72
1,02
1,13
0,91
1,18
nov/03
1,42
0,47
1,02
0,83
0,81
1,49
0,88
1,54
jan/04
0,79
0,51
0,74
3,15
0,82
0,56
0,78
0,67
mar/04
0,68
1,49
0,54
2,02
0,66
1,07
0,57
1,43
mai/04
0,23
0,69
0,43
0,88
0,37
2,32
0,47
6,68
jul/04**
0,60
0,93
1,10
1,07
0,78
1,31
0,61
-
set/04
0,54
1,33
0,75
4,17
0,67
3,90
0,65
1,00
nov/04
0,39
0,83
0,51
0,87
0,50
0,55
0,54
0,98
jan/05
0,34
0,32
0,30
0,00
0,27
0,00
0,23
2,25
mar/05
0,14
0,78
0,19
1,20
0,20
0,46
0,28
1,93
mai/05
0,20
0,58
0,34
0,93
0,57
0,98
0,63
4,14
jul/05
0,42
0,52
0,23
1,40
0,27
1,79
0,28
0,84
set/05
0,34
0,69
0,22
2,12
0,30
4,21
0,34
3,73
FONTE
: Elaboração própria.
**Amostra perdida.
51
Enquanto na camada superior da área irrigada o maior valor encontrado foi de
1,51, na mata nativa, na mesma camada, o valor foi de 2,53, significando um incremento na
RAS de 67, 55% em relação à área irrigada. Porém, o maior incremento da RAS na faixa de
mata nativa em relação à zona irrigada (1.321,28%) foi verificado na camada de 0,90 a 1,20 m
em maio de 2004, indicando, assim, que os íons Ca
2+
+Mg
+
, encontram-se acumulados nas
camadas mais profundas.
Foram verificados valores de RAS iguais a zero nas duas camadas superiores da
mata nativa para janeiro de 2004. Nesse período o sódio não apareceu, provavelmente em
decorrência da lixiviação provocada pela alta precipitão pluviométrica, que foi apica para
a região.
4.3.4 Potássio
As concentrações do íon potássio observadas nos solos da área estudada do
DIPAN podem ser visualizadas na Figura 11. Foi constatado que o mesmo apresentou valores
relativamente baixos, com alguns pontos chegando a ser inferiores à mata nativa. Os maiores
valores de potássio para a primeira camada da área irrigada (Figura 11A) ocorreram nos
meses de: janeiro de 2004 (3,63 mmol
c
L
-1
), setembro de 2004 (3,27 mmol
c
L
-1
), janeiro de
2005 (4,81 mmol
c
L
-1
), março de 2005 (3,43 mmol
c
L
-1
) e julho de 2005 (9,97 mmol
c
L
-1
).
Enquanto que nos referido meses, na mata nativa, não foram verificadas elevões nas
concentrações do potássio. O maior valor encontrado na primeira camada da mata nativa foi
de 1,51 (março de 2004). Os valores elevados de potássio na área irrigada estão associados à
utilização de fertilizantes minerais como o sulfato e o cloreto de potássio que são aplicados a
uma taxa de 110 g planta
-1
mês
-1
.
Para a camada de 0,30 a 0,60 m (Figura 11B) a variação nas taxas de potássio na
área irrigada seguiu uma tendência semelhante à camada superior (Figura 11A), com os
valores mais elevados ocorrendo também nos meses citados anteriormente. Porém, esses
valores foram menores: 3,43 mmol
c
L
-1
em janeiro de 2004, 3,43 mmol
c
L
-1
em setembro de
2004, 3,12 mmol
c
L
-1
em janeiro de 2005, 2,10 mmol
c
L
-1
em março de 2005 e 5,63 mmol
c
L
-1
em julho de 2005. A mata nativa permaneceu com valores constantes ao longo do estudo,
apresentando valor máximo de 1,51 mmol
c
L
-1
em março de 2004. Foi observada também,
nessa camada, a presença do potássio como conseência das lixiviões advindas da camada
superior ao longo do tempo.
52
Em ambas as camadas,. verificou-se um decréscimo no valor de potássio para a
última coleta (setembro de 2005) indicando uma provável lixiviação provocada pela lâmina
de irrigação, uma vez que se tratava do período seco e uso intenso da irrigação.
Na terceira camada (Figura 11C) ocorreram picos de 2,86 mmol
c
L
-1
(setembro de 2004), 3,43
mmol
c
L
-1
(janeiro de 2005) e 3,27 mmol
c
L
-1
(setembro de 2005) indicando adição do íon ao
longo do perfil estudado. O valor máximo encontrado na mata nativa foi de 1,18 mmol
c
L
-1
em novembro de 2004, sendo que na área irrigada a varião do potássio comportou-se
uniforme ao longo do período estudado.
53
A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
K
+
(mmolc L
-1
)
Área irrigada (0 a 0,30 m)
Mata nativa (0 a 0,30 m)
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
K
+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,30 a 0,60 m)
Mata nativa (0,30 a 0,60 m)
C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
K
+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,60 a 0,60 m)
Mata nativa (0,60 a 0,90 m)
D
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
K
+
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,90 a 1,20 m)
Mata nativa (0,90 a 1,20 m)
FIGURA 11 – Varião temporal do íon potássio no extrato solo:água 1:1 na área estudada no
DIPAN, Ceará.
54
Na camada de 0,90 a 1,20 m (Figura 11D) os íons apresentaram concentrões de
potássio que variaram de 0,18 a 3,43 mmol
c
L
-1
no período estudado. Já a mata nativa
apresentou uma variação de 0,04 e 2,21 mmol
c
L
-1
, sendo que em alguns pontos os valores
ultrapassaram os da área irrigada. Nessa camada foi registrado o maior incremento do íon em
relão à mata nativa 6.800,0% no mês de maio de 2005 (Tabela 12). DAlmeida (2002) ao
encontrar incremento máximo de 209,49% em solo irrigado do DIJA atribuiu esse valor à
ausência das chuvas na região. Pela Tabela 12 observou-se que o menor incremento ocorreu
na camada de 0,60 a 0,90 m no mês de novembro de 2004.
O aumento nos valores dos incrementos passou a acontecer a partir do segundo
ano, provavelmente já como um reflexo do efeito acumulativo do íon em conseência do uso
dos fertilizantes minerais.
TABELA 12Incrementos do íon potássio nas camadas do solo irrigado em relão à mata
nativa na área estudada do DIPAN, Ceará.
INCREMENTOS (%)
Mês
0 a 0,30 m
0,30 a 0,60 m
0,60 a 0,90 m
0,90 a 1,20 m
mai/03
251,43
329,03
854,17
1.288,89
jul/03
721,74
2060,00
685,71
415,38
set/03
723,08
1.127,27
788,89
155,00
nov/03
133,33
-12,43
-21,57
125,00
jan/04
1.196,43
376,39
129,17
394,59
mar/04
27,81
134,25
160,32
22,43
mai/04
225,00
256,00
455,88
1.041,67
jul/04
252,94
781,82
758,33
32,88
set/04
237,11
195,19
297,22
16,30
nov/04
152,17
130,88
2,54
-56,11
jan/05
688,52
2.128,57
2.758,33
1.230,00
mar/05
908,82
2.233,33
2.222,22
5.616,67
mai/05
366,67
1.633,33
2.855,56
6.800,00
jul/05
2.392,50
3.653,33
2.600,00
2.100,00
set/05
774,55
2.128,57
3.987,50
6.550,00
FONTE
: Elaboração própria.
55
4.3.5 Cloreto
As concentrações de cloreto observadas no estudo se apresentaram, em sua
maioria, muito baixos, acontecendo casos em que o mesmo não foi detectado (Figura 12). Isso
pode ter acontecido em detrimento da qualidade da água de irrigação utilizada que apresentou
valor máximo de 0,72 mml
c
L
-1
(MESQUITA, 2004). Ocorreram pontos em que os valores da
mata nativa ultrapassaram os da área irrigada, isso por causa da mobilidade que caracteriza
esse íon, tornando a sua concentração no solo sujeita a lavagem pela aplicação de lâminas de
água ou de precipitão pluviométrica alta.
Na camada superficial (Figura 12A) o maior valor encontrado na área irrigada foi
de 6,50 mmol
c
L
-1
em julho de 2005. Valores elevados de cloretos nas áreas irrigadas, nessa
época do ano são comuns em decorrência da aplicação dos fertilizantes minerais. O menor
valor encontrado para a área foi de 0,50 mmol
c
L
-1
ocorrendo muitos casos de não deteão do
íon nessa camada. Já na mata nativa da referida camada a variação da concentração do cloreto
foi de 0,50 a 3,00 mmol
c
L
-1
, ocorrendo também casos de valores não detectados. DAlmeida
(2002) ao encontrar valores de 34,55 e 35,96 mmolc L
-1
em áreas irrigadas da Chapada do
Apodi, atribuiu-os ao manejo da irrigação adotado, com aplicação de 83,33 kg ha
-1
mês
-1
de
KCl para suprir o requerimento de potássio pela cultura da bananeira. Já Meireles et al. (2003)
ao constatar que o ânion Cl
-
foi o elemento em maior concentração na solução do solo da área
irrigada da Chapada do Apodi atribuiu isso ao uso do cloreto de potássio e ao conteúdo do
ânion na água de irrigação.
Para a camada de 0,30 a 0,60 m (Figura 12B) os maiores valores observados
foram: 5,50 mmol
c
L
-1
(julho de 2004), 5,00 mmol
c
L
-1
(julho de 2005) e 2,50 (setembro de
2005) indicando um provável acúmulo do íon em conseência da lixiviação presenciada na
camada anterior. Na mata nativa foi encontrado um valor máximo de 1,50 mmol
c
L
-1
em julho
de 2003.
As camadas de 0,60 a 0,90 m e 0,90 a 1,20 m (Figuras 12C e 12D) expressam a
mesma tendência, isto é, com as maiores concentrações do cloreto acontecendo em maio de
2003, maio de 2005 e setembro de 2005. Este fato está relacionado à uma lixiviação imediata
do íon para as camadas mais profundas por ocasião da quadra invernosa no mês de maio e a
um acúmulo através do tempo no mês de setembro. Em ambas as camadas o valor de Cl
-
na
mata nativa não ultrapassou 2,00 mmolc L
-1
.
56
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Cl
-
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,30 a 0,60 m)
Mata nativa (0,30 a 0,60 m)
C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Cl
-
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,60 a 0,90 m)
Mata nativa (0,60 a 0,90 m)
D
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Cl
-
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0,90 a 1,20 m)
Mata nativa (0,90 a 1,20 m)
A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
Cl
-
(mmol
c
L
-1
)
Área irrigada (0 a 0,30 m)
Mata nativa (0 a 0,30 m)
FIGURA 12 – Variação temporal do íon cloreto no extrato solo:água 1:1 na área estudada no
DIPAN, Ceará.
57
Incrementos na área foram verificados a baixos percentuais (Tabela 13). De
acordo com a referida Tabela constatou-se que os maiores incrementos foram de 200,0% e
ocorreram nos meses de maio e setembro. Sendo que para o mês de setembro ele aconteceu na
camada de 0,90 a 1,20 m, em conseência de que o cloro no solo não é absorvido pelas
argilas de carga negativa e, por isso está sujeito a ser facilmente lixiviado pelas águas das
chuvas ou das irrigões (COELHO, 1973). Valores negativos também foram observados em
todas as camadas indicando que em algumas coletas os valores de mata nativa foram
superiores aos da área irrigada.
TABELA 13Incrementos do íon cloreto nas camadas do solo irrigado em relação à mata
nativa na área estudada do DIPAN, Ceará.
INCREMENTOS (%)
Mês
0 a 0,30 m
0,30 a 0,60 m
0,60 a 0,90 m
0,90 a 1,20 m
mai/03
-100,00
100,00
33,33
100,00
jul/03*
-
-33,33
-
33,00
set/03*
50,00
100,00
-50,00
-
nov/03*
-
-
-100,00
-100,00
jan/04*
-
-100,00
-
-
mar/04*
-66,67
-
-
-
mai/04*
-83,33
-
-
-
jul/04*
-100,00
-50,00
-
-
set/04*
-
-
-
100,00
nov/04*
-
100,00
-
-100,00
jan/05*
-
-
-
-
mar/05*
-
-
-
-
mai/05*
-33,33
-
200,00
-
jul/05*
-
-
-
-
set/05*
200,00
-
-
200,00
FONTE
: Elaboração própria.
* Valores de Na
+
não detectados (nd).
58
5. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos através deste estudo, pode-se concluir que:
As concentrações dos íons analisados foram maiores na área irrigada do que na mata
nativa;
Mesmo durante a estação chuvosa o status salino do solo na área irrigada continuou
apresentando uma diferença altamente significativa (
α
= 0,01) com relão ao solo da
mata nativa, expressando a necessidade de uma mudança do manejo da irrigão;
O Ca
2+
foi o íon que apresentou maior incremento no solo da área irrigada em relação ao
da mata nativa;
O íon Mg
2+
foi o que apresentou maior influência nos valores de condutividade elétrica,
exceto na camada superior onde o Na
+
destacou-se com maior expressividade.
59
ABSTRACT
The main goal of this work was to evaluate the addition of the salts in the soil, under irrigation
condition with another one, in an undisturbed land (MN) as well as it to identify the rainfall
effect in the salt lixiviation and the irrigation impact due to salts addition to the soil. Also, it
was evaluated the ion influence on the soil electrical conductivity. Study was carried in the
grapevine orchard located at the Distrito de Irrigação do Perímetro Araras Norte (DIPAN),
Ceará, Brazil. The orchard has been under irrigation condition since year 2001. Water
requirement was applied by microaspersion irrigation system and the irrigation water was
classified as C
1
S
2
. . To monitoring the salt interchange in the soil profile, samples were taken
to layers of 0 – 0.30 m, 0.30 – 0.60 m, 0.60 – 0.90 m e 0.90 – 1.20 m. The sampled period
went from May/2003 to September/2005, in a total of 120 soil samples. In this work was
considered the following attributes: electrical conductivity and the ions Ca
2+
, Mg
2+
, Na
+
, K
+
e
Cl
-
. To evaluated irrigation impact and rainfall of the salt leaching was applied the
independent-samples t-test for equality of means at 1% level of significance. To evaluate
relation between main ion and electrical conductivity was used graphics relationship both
parameters to layers of 0 – 0.30 m, 0.30 – 0.60 m, 0.60 – 0.90 m and 0.90 – 1.20 m. Results
showed that salt concentration to all depths its high at the site irrigation condition than that
under undisturbed land (MN). The ion Mg
2+
play large influence for elevation the CE values
and the ion Cl
-
was lower in the upper layers. The ion that registered largest increasing was
the Ca
2+
, getting to register values equal to 23,130%. Rainfall was not enough to leach the
salts added to soil by irrigation a 1% level of significance, the environmental impact due to
irrigation showed level of significance extremely high. This fact express salt risk to site under
irrigation condition.
Key Words: Total Salts, Leaching, Environmental Impact
60
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Apêndices
APÊNDICE A Valores de CE (dS m
-1
) do solo da área irrigada em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,54
0,64
0,51
0,47
jul/03
0,44
0,57
0,42
0,44
set/03
0,72
0,36
0,22
0,27
nov/03
0,48
0,45
0,37
0,55
jan/04
0,58
1,15
0,98
1,03
mar/04
0,51
0,55
0,51
0,46
mai/04
0,58
0,50
0,59
0,55
jul/04
0,40
0,34
0,39
0,46
set/04
0,84
0,54
0,58
0,58
nov/04
0,68
0,45
0,31
0,28
jan/05
2,16
0,86
0,86
0,84
mar/05
0,82
0,58
0,80
0,77
mai/05
0,64
0,55
0,77
0,84
jul/05
1,96
1,40
0,74
0,75
set/05
1,26
1,20
1,28
1,02
69
APÊNDICE B Valores de CE (dS m
-1
) do solo da mata nativa em estudo no DIPAN, Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,22
0,23
0,22
0,21
jul/03
0,20
0,18
0,15
0,16
set/03
0,20
0,17
0,15
0,15
nov/03
0,32
0,60
0,36
0,55
jan/04
0,25
0,18
0,19
0,19
mar/04
0,46
0,25
0,24
0,26
mai/04
0,34
0,42
0,24
0,18
jul/04
0,28
0,17
0,13
0,13
set/04
0,44
0,26
0,23
0,25
nov/04
0,38
0,29
0,48
0,44
jan/05
0,32
0,15
0,11
0,11
mar/05
0,21
0,14
0,19
0,11
mai/05
0,29
0,18
0,35
0,19
jul/05
0,32
0,17
0,10
0,09
set/05
0,41
0,13
0,13
0,10
70
APÊNDICE C Valores de Ca
2+
(mmol
c
L
-1
) do solo da área irrigada em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,95
0,93
1,01
1,45
jul/03
0,14
0,84
0,81
1,52
set/03
2,48
0,44
0,43
0,65
nov/03
1,43
0,79
1,64
1,55
jan/04
1,61
4,77
3,97
4,04
mar/04
1,37
1,42
1,17
1,12
mai/04
3,00
1,14
1,54
1,53
jul/04
0,76
0,09
0,41
1,37
set/04
2,60
0,46
0,67
1,61
nov/04
2,51
0,90
0,35
0,36
jan/05
9,68
2,85
2,56
3,17
mar/05
3,84
1,60
3,30
2,32
mai/05
2,19
1,12
1,47
1,62
jul/05
4,46
4,12
1,37
2,03
set/05
4,38
4,53
4,82
3,97
71
APÊNDICE D Valores de Ca
2+
(mmol
c
L
-1
) do solo da mata nativa em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,26
0,45
0,69
0,79
jul/03
0,05
0,11
na
0,04
set/03
0,19
0,14
0,20
0,17
nov/03
1,00
1,71
0,93
2,19
jan/04
1,00
nd
1,13
0,46
mar/04
0,51
0,15
0,38
0,11
mai/04
1,08
1,97
0,32
nd
jul/04
0,54
0,33
0,03
-
set/04
0,09
nd
nd
nd
nov/04
nd
nd
0,17
0,06
jan/05
0,96
0,34
0,11
nd
mar/05
0,29
0,04
0,78
0,01
mai/05
0,48
0,22
1,52
0,04
jul/05
1,19
0,18
nd
nd
set/05
1,32
nd
nd
nd
72
APÊNDICE E Valores de Mg
2+
(mmol
c
L
-1
) do solo da área irrigada em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,79
0,77
0,61
0,59
jul/03
0,38
0,70
0,36
0,62
set/03
0,76
0,54
0,29
0,27
nov/03
0,71
0,44
0,59
0,51
jan/04
0,81
1,77
1,90
2,08
mar/04
0,67
0,70
0,70
0,41
mai/04
2,15
0,62
0,73
0,73
jul/04
0,50
0,26
0,44
0,67
set/04
2,93
0,36
0,97
0,72
nov/04
2,62
0,81
0,43
0,39
jan/05
8,40
2,57
1,78
1,83
mar/05
3,44
1,44
2,73
0,86
mai/05
1,32
1,34
1,52
1,29
jul/05
1,70
1,72
0,81
1,49
set/05
2,06
2,32
1,32
2,71
73
APÊNDICE F Valores de Mg
2+
(mmol
c
L
-1
) do solo da mata nativa em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,42
0,18
0,31
0,24
jul/03
0,17
0,18
0,11
0,12
set/03
0,23
0,21
0,16
0,19
nov/03
0,64
1,34
0,48
0,65
jan/04
0,56
0,07
0,23
0,25
mar/04
0,36
0,11
0,19
0,07
mai/04
0,18
0,72
0,13
0,07
jul/04
0,52
0,28
0,13
-
set/04
0,18
0,04
0,02
0,18
nov/04
0,18
0,18
0,27
0,26
jan/05
0,75
0,20
0,33
0,06
mar/05
0,41
0,23
0,39
0,08
mai/05
0,47
0,23
0,42
0,12
jul/05
0,24
0,28
0,11
0,24
set/05
0,77
0,14
0,06
0,05
74
APÊNDICE G Valores de Na
+
(mmol
c
L
-1
) do solo da área irrigada em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,77
0,77
0,31
0,67
jul/03
0,77
0,83
0,68
0,81
set/03
0,83
0,67
0,61
0,62
nov/03
1,47
0,80
0,86
0,89
jan/04
0,87
1,34
1,41
1,37
mar/04
0,69
0,56
0,64
0,50
mai/04
0,37
0,40
0,39
0,50
jul/04
0,48
0,46
0,51
0,62
set/04
0,90
0,48
0,61
0,70
nov/04
0,63
0,47
0,31
0,33
jan/05
1,02
0,49
0,40
0,37
mar/05
0,26
0,23
0,34
0,35
mai/05
0,27
0,38
0,70
0,76
jul/05
0,74
0,40
0,28
0,37
set/05
0,61
0,41
0,52
0,63
75
APÊNDICE H Valores de Na
+
(mmol
c
L
-1
) do solo da mata nativa em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,32
0,75
0,73
0,70
jul/03
0,84
0,98
0,81
0,75
set/03
0,77
0,72
0,48
0,50
nov/03
0,43
1,03
1,25
1,84
jan/04
0,45
0,59
0,46
0,40
mar/04
0,98
0,73
0,57
0,43
mai/04
0,55
1,02
1,10
1,25
jul/04*
0,68
0,59
0,37
-
set/04
0,49
0,59
0,39
0,30
nov/04
0,25
0,26
0,26
0,39
jan/05
0,30
nd
nd
0,39
mar/05
0,46
0,44
0,35
0,41
mai/05
0,40
0,44
0,97
1,17
jul/05
0,44
0,67
0,42
0,29
set/05
0,71
0,56
0,73
0,59
76
APÊNDICE I Valores de K
+
(mmol
c
L
-1
) do solo da área irrigada em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
1,23
2,66
2,29
1,25
jul/03
1,89
2,16
1,10
0,67
set/03
2,14
1,35
0,80
0,51
nov/03
1,26
1,48
0,40
0,18
jan/04
3,63
3,43
1,65
1,83
mar/04
1,93
1,71
1,64
1,31
mai/04
1,56
1,78
1,89
1,37
jul/04
1,20
0,97
1,03
0,97
set/04
3,27
3,07
2,86
1,57
nov/04
1,74
1,57
1,21
0,97
jan/05
4,81
3,12
3,43
2,66
mar/05
3,43
2,10
2,09
3,43
mai/05
2,24
1,56
2,66
2,76
jul/05
9,97
5,63
2,97
2,86
set/05
4,81
3,12
3,27
2,66
77
APÊNDICE J Valores de K
+
(mmol
c
L
-1
) do solo da mata nativa em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
0,35
0,62
0,24
0,09
jul/03
0,23
0,10
0,14
0,13
set/03
0,26
0,11
0,09
0,20
nov/03
0,54
1,69
0,51
0,08
jan/04
0,28
0,72
0,72
0,37
mar/04
1,51
0,73
0,63
1,07
mai/04
0,48
0,50
0,34
0,12
jul/04
0,34
0,11
0,12
0,73
set/04
0,97
1,04
0,72
1,35
nov/04
0,69
0,68
1,18
2,21
jan/05
0,61
0,14
0,12
0,20
mar/05
0,34
0,09
0,09
0,06
mai/05
0,48
0,09
0,09
0,04
jul/05
0,40
0,15
0,11
0,13
set/05
0,55
0,14
0,08
0,04
78
APÊNDICE K Valores de Cl
-
(mmol
c
L
-1
) do solo da área irrigada em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
nd
2,00
2,00
3,00
jul/03
1,50
1,00
1,50
2,00
set/03
1,50
1,00
0,50
1,00
nov/03
nd
nd
nd
nd
jan/04
0,50
5,00
1,50
1,50
mar/04
0,50
0,50
nd
nd
mai/04
0,50
0,50
0,50
0,50
jul/04
nd
0,50
0,50
0,50
set/04
1,00
1,00
0,50
1,00
nov/04
1,00
nd
0,50
nd
jan/05
0,50
0,50
0,50
0,50
mar/05
nd
nd
0,50
0,50
mai/05
1,00
1,00
1,50
1,50
jul/05
6,50
5,50
0,50
0,50
set/05
1,50
2,50
2,00
1,50
79
APÊNDICE L Valores de Cl
-
(mmol
c
L
-1
) do solo da mata nativa em estudo no DIPAN,
Ceará.
Camada (m)
Mês
0 a 0,30
0,30 a 0,60
0,60 a 0,90
0,90 a 1,20
mai/03
1,00
1,00
1,50
1,50
jul/03
1,50
1,50
1,50
1,50
set/03
1,00
0,50
1,00
nd
nov/03
nd
0,50
0,50
2,00
jan/04
nd
nd
nd
nd
mar/04
1,50
nd
nd
nd
mai/04
3,00
1,00
nd
nd
jul/04
0,50
0,50
nd
-
set/04
1,00
0,50
0,50
0,50
nov/04
1,00
nd
0,50
0,50
jan/05
nd
0,50
0,50
nd
mar/05
nd
nd
nd
0,50
mai/05
1,50
1,00
0,50
1,50
jul/05
nd
nd
nd
nd
set/05
0,50
nd
nd
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