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SILVIA BEATRIZ FONSECA DE MELO
O GATO DOMÉSTICO (Felis catus) RESPONDE Á SINAIS GESTUAIS? POSSÍVEIS
IMPLICAÇÕES DO CONVÍVIO SOCIAL.
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para obtenção do título
de Mestre no Programa de Pós-
Graduação em Psicobiologia.
NATAL, 2008
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SILVIA BEATRIZ FONSECA DE MELO
O GATO DOMÉSTICO (Felis catus) RESPONDE Á SINAIS GESTUAIS? POSSÍVEIS
IMPLICAÇÕES DO CONVÍVIO SOCIAL.
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, para
obtenção do título de Mestre no Programa de
Pós-Graduação em Psicobiologia.
Orientação: Daniel Marques de Almeida
Pessoa
NATAL, 2008
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Título: O GATO DOMÉSTICO (Felis catus) RESPONDE Á SINAIS GESTUAIS?
POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES DO CONVÍVIO SOCIAL.
Autor: SILVIA BEATRIZ FONSECA DE MELO
Data da defesa: 24 DE NOVEMBRO DE 2008
Banca examinadora:
_____________________________________________________
P
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, o querido “Chefinho”, Professor Dr. Daniel Pessoa, pela coragem
de pegar o barco andando, no meu momento de angústia e incertezas, tendo me aceitado como
mestranda. Pelo incentivo para continuar sempre e palavras amigas nos momentos certos.
Obrigada querido chefinho!
Á professora Dra. Fívia Lopes, que me deu GRANDE ajuda, de longa data, sempre que precisei
e mesmo até quando não podia.
Obrigada Filó, você é demais!
Agradeço ao meu companheiro de todas as horas, Carlos Meton, pelo incentivo de prosseguir
em busca do que eu realmente queria e gostava.
Obrigada Benhê!
Aos familiares e amigos, que contribuíram de alguma forma nessa longa jornada.
Meu muito obrigada!
Agradeço a todos os donos dos gatinhos que me foram cedidos para realização desse estudo, pela
paciência e colaboração para com uma estranha em suas casas.
Obrigada, vocês foram muito gentis!
Tenho que agradecer também a todos os gatinhos que participaram dos testes, sem eles esse
trabalho não seria possível e a todos os gatos que fizeram parte da minha vida, fonte inspiradora
desse trabalho.
Vocês são lindos!
E por fim, agradecer ao maior e mais lindo de todos os gatos: Tchuthcuco. Pelas horas de análise
de seu comportamento e por fazer dos meus dias os mais felizes, em sua companhia.
Amor da minha vida!
v
RESUMO
Os gatos (Felis catus) foram domesticados cerca de 9.500 anos devido à agricultura, onde
eram utilizados no combate às pragas que assolavam os alimentos colhidos. Esses animais
passaram por uma seleção artificial e ao longo das gerações e milênios tiveram seus
comportamentos e morfologia modificadas pelos humanos. O processo de domesticação pelo
homem fez surgir uma habilidade em especial, a compreensão de sinais gestuais humanos, que é
bem observada nos momentos em que alimentamos nossos animais. Nosso objetivo neste estudo
foi testar a resposta à sinalização gestual (comportamento de apontar) em gatos, emitida por
humanos e também verificar a influência do convívio social sobre o desenvolvimento desta
habilidade. Observamos que os sujeitos experimentais de ambos os grupos, animais solitários e
de convívio em grupo, foram capazes de seguir os sinais de indicação humana para localizar o
alimento escondido. Porém, a forma de convívio social não influenciou no desempenho dos
gatos. A habilidade aqui testada, possivelmente evoluiu durante o processo de domesticação
dessa espécie, e a interação social parece exercer pouca ou nenhuma influência sobre a sua
expressão.
Palavras–chave: Cognição animal, sinalização gestual humana, gatos, domesticação, convívio
social.
vi
ABSTRACT
The cats (Felis catus) were domesticated about 9,500 years ago due to the advent of agriculture,
being used to control the pests that devastated the food harvested. These animals went through an
artificial selection and over generations and millennia had their behavior and morphology
changed by humans. This process of domestication by man gave rise to a special ability, the
understanding of human pointing gestures, clearly noticed while we feed our pets. Our goal in
this study was to assess the comprehension of pointing gestures by cats and also verify the
influence that social interactions exerts on the development of this ability. We found that
experimental subjects from both groups, solitary animals and social animals, were able to follow
human indication in order to find hidden food. However, social interaction had no effect on cats’
performances. The ability tested here probably evolved during the process of domestication of
this species, and social interaction seems to exert little or no influence upon its expression.
Key-words: Animal cognition, human pointing gesture, cats, domestication, social interaction.
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS............................................................................................................iv
RESUMO...................................................................................................................................v
ABSTRACT .............................................................................................................................vi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES.................................................................................................viii
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1
2. OBJETIVOS .........................................................................................................................9
3. HIPÓTESES E PREDIÇÕES ...........................................................................................10
4. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................11
5. RESULTADOS...................................................................................................................19
6. DISCUSSÃO .......................................................................................................................27
7. CONCLUSÕES...................................................................................................................34
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................35
ANEXOS .................................................................................................................................41
viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1a. Aparato experimental...................................................................................................13
Figura 1b: Disposição do aparato e posicionamento do animal, dono e
experimentador..............................................................................................................................14
Figura 2: Resposta dos animais solitários (Felis catus) em relação à sinalização
humana. .........................................................................................................................................19
Figura 3: Resposta dos animais de convívio em grupo (Felis catus) em relação à sinalização
humana ..........................................................................................................................................20
Figura 4: Influência do convívio social sobre a resposta dos animais em tarefas
sinalizadas......................................................................................................................................21
Figura 5: Influência do convívio social sobre a resposta dos animais em tarefas não
sinalizadas......................................................................................................................................22
Figura 6: Latência média de acertos de animais solitários (Felis catus) em resposta a sinalização
humana ..........................................................................................................................................23
Figura 7: Latência média de acertos de animais de convívio em grupo (Felis catus) em resposta a
sinalização humana........................................................................................................................24
Figura 8: Influência do convívio social sobre a latência média de acertos em tarefas
sinalizadas......................................................................................................................................25
Figura 9: Influência do convívio social sobre a latência média de acertos em tarefas não
sinalizadas......................................................................................................................................26
1
INTRODUÇÃO
A origem do gato doméstico e sua relação com o homem
Os gatos (Felis catus, Linnaeus, 1758) são animais dotados de uma notória capacidade
cognitiva para realização de tarefas que vêm sendo analisadas e testadas em laboratórios
algum tempo (Miklósi & Soproni, 2006). Mostrando o desenvolvimento de certas habilidades
cognitivas, eles passaram a chamar a atenção de pesquisadores de todo o mundo, pois desde a
antiguidade esses animais vêm sendo utilizados como modelos animais para pesquisas
neurológicas, permitindo assim o melhor entendimento de nossa fisiologia (Beaver, 2005).
Existem relatos de que os gatos conviviam com os seres-humanos pelo menos 4 mil
anos, no Egito antigo (Clutton-Brock, 1993; Yamaguchi et al., 2004). Entretanto, a afirmação de
que esses animais estavam presentes na região do Crescente Fértil (Nordeste da África) e na
ilha mediterrânea do Chipre sugere uma coabitação mais antiga entre gatos e seres-humanos,
entre 8 e 10 mil anos atrás (O`Brien & Johnson, 2007). É possível que o início da domesticação
de felinos tenha ocorrido através da agricultura uma vez que o armazenamento de grãos facilitava
o aparecimento de roedores (Driscoll et al., 2007). Visando a diminuição dos estragos produzidos
a sua colheita, os agricultores lançavam mão do controle populacional dos roedores por meio da
utilização de gatos. Estes, ainda selvagens, aproximavam-se cada vez mais dos templos, vilas e
residências humanas, onde eram apenas tolerados nas regiões próximas aos depósitos e casas e
nunca dentro das moradias (Zeuner, 1963 citado por Serpell, 1988).
2
Após a constatação de que esses animais tinham muito a contribuir para o extermínio de
pragas, passaram a ter a liberdade de transitar dentro das casas e assim, possivelmente, começou
a sua proximidade e interação com o homem. Desde então, esses felinos vêm evoluindo
juntamente com a nossa espécie, sendo selecionados, domesticados e moldados para o convívio
social com seres-humanos. Ainda assim, com todas as evidências sobre seus antepassados e
interações com os humanos, a sua origem e seu processo de domesticação continuam incertos
(Clutton-Brock, 1999).
Domesticação e seleção artificial
Alguns estudos sugerem que os canídeos foram selecionados pelo homem ao longo de sua
evolução para que se tornassem animais mais dóceis e companheiros. Um deles, descreve as
mudanças físicas e comportamentais ocorridas com gerações de raposas criadas e domesticadas
por humanos (Trut, 1999). No caso dos cães, esse processo de criação e convívio com os homens
possivelmente acabou conferindo-lhes uma alta inteligência social (Hare et al., 2002; Hare &
Tomasello, 2005; Miklósi et al., 2004).
Para tentar entender o início das modificações cognitivas dos cães, podemos rever o
passado onde os animais que deram origem aos cães domésticos de hoje, os lobos, passaram a
interagir com a nossa espécie. Os homens começaram a se aproximar dos lobos com outros
interesses que não apenas a criação. Atacavam esses animais para a obtenção de alimento como a
sua carne e também de vestimenta, como sua pele (Serpell, 1995). Daí em diante alguns desses
animais, provavelmente os menos agressivos, passaram a ser criados pelos humanos e foram aos
poucos se habituando a esse convívio. Com a reprodução ao longo das gerações esses animais
3
foram se diferenciando e sofrendo modificações genéticas além de adaptações comportamentais
ao novo estilo de vida em meio a nossa espécie (Bradshaw & Brown,1990; Morris, 1986; Serpell,
1995).
Da mesma forma que os cães, os gatos também sofreram um processo de seleção artificial
com base em características morfológicas e comportamentais com possíveis implicações em suas
habilidades cognitivas. Essas habilidades possivelmente emergiram a partir da convivência e
observação dos atos de nossa espécie e é possível dizer que o processo de domesticação tornou
tais animais aptos ao convívio humano (Miklósi et al., 2005). Baseando-se nisso, é possível que
ao serem inseridos na sociedade humana, os gatos tenham precisado se adaptar a uma nova forma
de sobrevivência pois, embora tenham conservado a maior parte dos seus instintos, precisaram
aprender novas habilidades para a interação com nossa espécie. É possível que esses animais
tenham apresentado dificuldades para manipulação de objetos, que não eram comuns ao seu meio
ou até mesmo o aprendizado para a vivência dentro das habitações humanas pode ter contribuído
para modificar certas habilidades cognitivas, como a capacidade de reagir de maneira adequada a
novas situações impostas pelo convívio com os humanos. De fato, existem indícios de que a
seleção desses animais com base na compreensão dos sinais comunicativos humanos, incluindo o
gesto de apontar, parece ter modificado sua inteligência social (Miklósi & Soproni, 2006).
Baseados em sua organização social, os gatos são considerados por alguns pesquisadores
como uma espécie predominantemente solitária (Jones & Coman, 1982; Parcker 1986; Sandell
1989). Mas, segundo Izawa e colaboradores (1982), esses felinos também podem ser
considerados animais sociais, formando colônias e alianças de acordo com a disponibilidade de
alimentos (Crowell-Davis et al., 2004). Dentro ou fora dessas alianças, esses animais apresentam
variadas formas de comunicação entre os indivíduos da mesma espécie. Utilizam-se da
sinalização olfativa, marcando seu território com urina e fezes, comunicação acústica, emitindo
4
diferentes tipos de vocalizações, e apresentam também diversas maneiras de comunicação intra-
especifica de contato, como: to nose touch (toque de nariz), o allogroming (comportamento de
lamber outro gato), o allorub (comportamento de se esfregar em outro animal, pessoas ou
objetos), além de movimentos do rabo e das orelhas (Crowell-Davis et al., 2004).
Em relação à organização social dos cães, estes apresentam diferenças e também
semelhanças com os gatos. Exemplo disto é que, como precisavam viver em grupos,
desenvolveram uma hierarquia social bem definida. Na matilha, há sempre um líder que conduz,
impondo regras ao grupo por meio de sinais e atitudes, como por exemplo, a marcação do
território com urina (Beaver, 2001).
Comunicação e sinalizações gestuais
Estudos realizados com espécies domésticas (e.g. cães e gatos) sobre a habilidade de
entendimento e comunicação através de gestos humanos demonstram que esses animais são
capazes de entender e desempenhar com sucesso tarefas relacionadas à procura por alimento
guiada por informações gestuais (Miklósi et al., 1998; Miklósi et al., 2005). Como já amplamente
demonstrado para cães, essa habilidade social parece ter evoluído durante o processo de
domesticação (Hare & Tomasello, 2005; Price, 1984), o que nos faz pensar que o
desenvolvimento de habilidades cognitivas semelhantes poderia ter ocorrido em gatos, uma vez
que estes também foram domesticados pelo homem. De fato, os trabalhos de Turner e
colaboradores (1986), além de Miklósi e colaboradores (2005), sugerem que os gatos, assim
como cães, utilizariam sinalizações gestuais dos humanos de forma flexível para desempenhar
funções específicas, como a observação pelos animais dos gestos de apontar, praticados por
5
humanos, muito úteis na aquisição de comida. Ainda assim, quando comparado aos estudos com
chimpanzés (Call et al., 1998), cães (Hare et al., 1998; Kubinyi et al., 2003; Miklosi et al., 1998;
Morey, 1994; Virányi et al., 2004,), golfinhos (Herman et al., 1999) e pássaros sociais (Emery &
Clayton, 2001; Pepperberg, 1991), o estudo da cognição social em gatos ainda é muito recente
(Miklósi et al., 2005), restando muitas questões em aberto.
Parece haver uma relação forte entre a compreensão de sinais gestuais humanos e o
processo de domesticação (Miklósi & Soproni, 2006). De fato, essas habilidades cognitivas não
costumam ser observadas em espécies não domesticadas, mesmo que estas apresentem elevados
graus de cognição. Trabalhos que compararam o desempenho de chimpanzés ao de cães (Hare et
al., 2005; Tomasello et al., 1998) mostraram diferenças quanto à detecção de pistas oferecidas
por humanos, como indicações manuais ou direção do olhar, em tarefas que requeriam a
identificação do local onde o alimento estava oculto. Nesse experimento, diferentemente dos
chimpanzés, os cães usaram as várias pistas gestuais fornecidas, mostrando que eles são mais
habilidosos que os primatas na compreensão desse tipo de sinal. Em um estudo realizado com
lobos, Hare & colaboradores (2002) avaliaram que estes não demonstram as mesmas habilidades
apresentadas por filhotes de cães domésticos, no que diz respeito à leitura de sinais humanos para
a localização de comida escondida. Isso seria um forte indício de que as habilidades sociais de
cães seriam fruto de um longo e gradual processo de domesticação, e não de uma herança
evolutiva mais antiga, compartilhada por canídeos sociais. Mais indícios referentes à ação da
domesticação sobre o desenvolvimento de habilidades cognitivas podem ser encontrados no
estudo de Plyusnina & colaboradores (1991), realizado com raposas. Um grupo de filhotes de
raposa, de uma população selecionada para a domesticação com base em docilidade, mostrou a
mesma habilidade que filhotes de cães de mesma idade no uso de pistas sociais humanas em
testes simples de apontar ou de seguir o olhar em direção a um objeto. Em adição a isso, foram
6
realizados testes com um grupo controle de raposas e observou-se que essas foram menos
habilidosas do que as raposas domesticadas. Em conjunto, todos esses achados fortalecem a idéia
de que a compreensão do comportamento social comunicativo dos humanos evoluiu durante o
processo de domesticação dessas espécies (Hare et al., 2005).
A transmissão social de informação geralmente, ocorre entre indivíduos da mesma
espécie. Entretanto, existem casos especiais em que essa transferência pode ser do tipo hetero-
especifica, como mostrado para cães (Kubinyi et al., 2003). No caso dos felinos, parece existir
uma necessidade de comunicação inter-específica com seus donos, pois esse processo de
comunicação os torna cada vez mais adaptados à vida doméstica. Em um estudo enfocando a
interação entre os gatos e seus donos, Mertens (1991) fornece algumas evidências dessas
necessidades. Segundo o autor, os gatos que eram os únicos da casa, passavam a maior parte do
tempo brincando e interagindo socialmente com seus donos, diferentemente dos animais que
viviam em domicílios com mais de um gato.
Os gatos passaram por um longo processo de domesticação e de socialização junto a
nossa espécie no decorrer de milênios, o que parece ter resultado no desenvolvimento de certas
habilidades de comunicação inter-especifica formadas a partir do convívio com humanos. No
entanto, questões importantes, ainda não abordadas, relacionadas à influência de variáveis sociais
sobre a expressão dessas habilidades ainda necessitam ser investigadas.
7
JUSTIFICATIVA
No trabalho realizado por McCune (1995), foi observado que gatos com um ano de idade,
previamente socializados quando filhotes, ou seja, que foram manuseados por pessoas durante
algumas horas por dia num período de semanas, aproximaram-se, tocaram ou se esfregaram em
pessoas desconhecidas ou objetos, sendo mais exploratórios do que os animais que não foram
previamente socializados. As evidências de que os gatos são animais que também apresentam
uma organização social (Crowell-Davis et al., 2004) e passaram por um processo de
domesticação, modificações e seleção pelo convívio com a espécie humana (Driscoll et al.,
2007), nos levam a querer compreender um pouco mais sobre as habilidades de cognição social
dos gatos. O estudo das variáveis evolutivas relacionadas ao processo de responder aos gestos
humanos, a avaliação da interação e comunicação entre esses felinos e o homem, e a investigação
de variáveis ontogenéticas são pontos que ainda permanecem pouco estudados.
Alguns estudos como o de Hare & Tomasello (2005), mostram que animais domesticados,
ou seja, aqueles que apresentam uma relação muito próxima de associação com os humanos,
mostram um nível cognitivo diferenciado para a resolução de problemas ou mesmo para a
convivência com o homem. Sabe-se que os gatos domesticados criados em casa dependem quase
que totalmente de seu proprietário (Miller, 1996). Diante disso, a investigação das habilidades
cognitivas de felinos, como por exemplo, a habilidade de resposta aos sinais gestuais emitidos
por humanos, pode nos esclarecer um pouco mais acerca das diferenças entre as espécies
domesticadas e outras não-domesticadas. Perguntamos-nos se a seleção artificial pode ter guiado
as modificações comportamentais de certas espécies, e também se existe influência da história de
vida na resposta a certos sinais gestuais, como o comportamento de apontar.
8
No estudo de Miklósi & colaboradores 2003, foi investigada a diferença quanto ao
desenvolvimento de respostas comunicativas entre cães e lobos quando estes se baseavam no
comportamento de olhar as expressões faciais de humanos. Os autores sugerem que existe uma
base filogenética e ontogenética que levou os cães a uma incontestável utilização dessa forma de
comunicação com a nossa espécie. Contudo, essa mesma forma comunicativa, que é utilizada
rotineiramente por nós em nossas casas, também parece exercer algum papel de comunicação
com os gatos domesticados (Miklósi et al., 2005). Uma vez que cães e gatos estão
filogeneticamente distantes, a domesticação parece ser o único fator capaz de explicar o
surgimento dessas habilidades em ambos os grupos. Ademais, isto sugere que o surgimento de
habilidades sociais relacionadas à resposta a gestos humanos não careceu da existência de pré-
adaptações relacionadas à vida em grupo, uma vez que cães e gatos diferem significativamente
quanto a este parâmetro. Alguns estudos mostram que cães e gatos são espécies altamente
diferentes quanto ao seu comportamento social, pois enquanto os cães, assim como seus
ancestrais, são animais que vivem e caçam em bandos, os gatos em sua grande maioria são
caçadores solitários por isso sendo considerados como animais de vida solitária (Bradshaw &
Brown, 2006; Fox, 1971), embora outros autores sugiram que os gatos são animais com fortes
padrões de sociabilidade (Crowell-Davis et al., 2004). Assim, surge a seguinte pergunta: será que
as habilidades cognitivas de gatos que criamos em grupos e aqueles que vivem solitariamente em
nossas residências apresentam diferenças? Em outras palavras, até que ponto a compreensão de
sinais gestuais humanos é uma habilidade influenciada pela história de vida do animal? Além de
diferenças relacionadas ao tratamento recebido ao longo da vida, é possível que os gatos que
convivem apenas com seres humanos e os que vivem com outros co-específicos, além dos
humanos, dêem uma importância diferenciada aos sinais gestuais emitidos por seus donos.
9
OBJETIVO GERAL:
Testar a habilidade cognitiva apresentadas por gatos domésticos com relação à resposta aos sinais
gestuais emitidos por seres-humanos;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1. Testar a resposta comportamental apresentada por gatos domésticos em relação aos gestos de
apontar emitidos por seres-humanos;
2. Verificar a influência do convívio social sobre a resposta do animal ao gesto de apontar de um
humano.
10
HIPÓTESES E PREDIÇÕES:
1. Hipótese: Os gatos o capazes de desempenhar tarefas respondendo a sinais gestuais
emitidos por seres-humanos;
Predição: O animal responderá ao gesto emitido por um humano, identificando a
localização da recompensa alimentar numa freqüência acima da esperada para uma
situação não sinalizada.
2. Hipótese: Existe diferença de resposta à localização do alimento pelos animais que convivem
apenas com humanos se comparada à resposta de animais que vivem com co-específicos e
humanos.
Predição: Quando comparados a gatos que convivem com co-específicos e seres
humanos, gatos que interagem apenas com humanos localizarão a recompensa alimentar
mais frequentemente ou mais rapidamente.
11
MATERIAIS E MÉTODOS:
Sujeitos
Para o recrutamento dos animais foi utilizada uma rede de contatos próximos do
experimentador. Aos donos dos animais foi pedida permissão verbal para utilização destes. A
partir desses, outros donos de gatos foram indicados para recrutamento dos seus animais, a fim de
que viessem fazer parte do experimento. Em seguida concordância das pessoas, o experimentador
compareceu no mínimo duas vezes à casa onde habitavam os animais para que estes se
habituassem com o experimentador antes do início do experimento. Ao todo foram recrutados 60
animais, entretanto a maioria destes não se interessou ou não colaborou com os testes, sendo
então descartados do experimento.
Para o estudo utilizamos 20 gatos (Felis catus) adultos, sendo 10 machos e 10 fêmeas, que
foram classificados e analisados de acordo com o convívio social em que se encontravam:
A) 10 Gatos de vida solitária, que convivem exclusivamente com seres humanos, sendo cinco
machos e cinco fêmeas;
B) 10 Gatos de vida em grupo, que convivem com outros gatos e com seres humanos, sendo
cinco machos e cinco fêmeas.
Foram selecionados para integrarem o grupo A aqueles sujeitos que viviam restritos às suas
moradias, não convivendo com outros animais. Em contrapartida, sujeitos criados em ambientes
que continham de três a doze gatos, apresentando livre contato com animais das imediações de
sua moradia, constituíram o grupo B.
12
Um questionário (Anexo 1) foi aplicado aos donos dos animais antes do início das coletas.
Nesse questionário foram solicitadas informações necessárias para a triagem dos animais, a fim
de que fosse possível separá-los nos dois grupos e classificá-los de acordo com a exigência do
experimento. Além disso, com o questionário procuramos adquirir informações sobre as
condições físicas, motoras e sensoriais dos animais, sendo dessa forma selecionados os que não
apresentavam problemas de visão ou deficiência nas patas, por exemplo, que pudessem ser
detectados visualmente. Nesse estudo não foram utilizadas fêmeas grávidas, fêmeas com filhotes,
fêmeas que faziam uso de anticoncepcional, ou animais que fizessem uso de qualquer outro tipo
de medicamento.
Piloto:
Foi realizado um experimento piloto a fim de adequar o alimento que seria utilizado pelos
animais durante o teste. Inicialmente foi utilizado pedaços de fígado cru, de tamanho aproximado
de 1 cm. Entretanto alguns animais rejeitaram o alimento por não serem habituados a comer
carne, apenas ração industrializada. Em seguida, a carne foi substituída por ração seca, ainda sim,
alguns animais não aceitaram recusando-se a participar do teste. Finalmente foi oferecida,
porções de aproximadamente 1,5 cm ração molhada, Whiskas (Fabricante Waltham), a qual teve
aceitação por todos os animais. A partir daí o experimento pôde ter inicio definitivamente.
13
Aparato experimental
O aparato consistiu em dois pratos quadrados (17cm x 17cm) e dois copos de plástico
opaco branco (8cm de diâmetro e 10,5cm de altura), conforme pode ser observado na Figura 1a.
Os copos foram emborcados e posicionados acima dos pratos, de forma a esconder as
recompensas alimentares, pequenos pedaços de ração para gatos, Whiskas (Fabricante Waltham)
sabor atum, oferecidas aos animais durante o experimento.
Ao final de cada sessão experimental, todo o aparato foi higienizado com detergente
neutro.
Figura 1a. Aparato experimental. A) No início do experimento os copos estão virados
para baixo e um deles esconde a recompensa alimentar. B) Na sequência o animal deverá ser
capaz de virar o copo correto.
14
Os pratos foram posicionados no chão, de forma a ficarem a um metro de distância entre
si, a 50 centímetros de distância do experimentador e a dois metros do animal (Figura 1b).
Figura 1b. Disposição do aparato e posicionamento do animal, dono e experimentador.
Procedimento experimental
O período de coleta de dados teve duração de 6 meses. Durante o procedimento
experimental, os sujeitos foram testados individualmente, em seus próprios domicílios, como
forma de se evitar possíveis interferências no comportamento habitual do animal provocadas por
um ambiente novo e estranho, bem como interferências advindas de outros animais no caso
daqueles que vivem em casa com vários gatos. O horário do experimento foi estabelecido de
acordo com a disponibilidade dos donos dos animais, sendo realizado durante os três turnos do
dia.
15
Para a escolha do local de realização do experimento foram selecionados aqueles
cômodos que apresentaram menor quantidade de estímulos visuais, como uma sala ou um quarto
com poucos móveis.
Cada sessão experimental foi subdividida em duas fases, uma fase de treino e uma fase de
testes. A primeira tentativa da fase de treino consistiu na colocação de uma porção da
recompensa alimentar sobre um dos pratos. Neste caso, o animal pôde comer a isca durante 30
segundos. A seguir, nas cinco tentativas seguintes, a recompensa foi depositada em um dos pratos
que teve os copos posicionados sobre eles, de forma que o sujeito pudesse visualizar onde a
recompensa havia sido escondida. O animal deveria ser capaz de, em cinco tentativas
consecutivas, indicar corretamente qual dos dois pratos continha o alimento. A fase de treino não
teve a função de assegurar ao experimentador que o sujeito estava motivado a participar do
experimento, como também permitia que o animal aprendesse quais eram as regras do mesmo e
qual o padrão motor necessário para a aquisição da recompensa. O animal deveria ser capaz de
derrubar o copo, com a pata ou com o focinho, para adquirir o alimento escondido. O
experimentador sempre ficou posicionado exatamente entre os dois pratos, evitando qualquer
influência sobre a escolha do animal.
Na fase de testes, a disposição do aparato foi similar à utilizada na fase de treino, com a
diferença de que o animal era impedido de visualizar em qual copo a recompensa havia sido
depositada, em função de uma barreira, não padronizada, posicionada para esse propósito.
Enquanto o animal era restrito pelo dono, o experimentador chamava a sua atenção e apontava
com o seu dedo indicador qual copo continha o alimento. A partir deste momento, o sujeito era
liberado pelo dono para que fizesse sua escolha. O movimento de sinalização foi realizado pelo
experimentador via utilização da mão mais próxima ao aparato. A latência de resposta do animal,
o tempo transcorrido da liberação do animal pelo dono até a derrubada de um dos copos, foi
16
mensurada com auxílio de um cronômetro e teve o tempo máximo de 1 minuto. Caso a resposta
do animal ultrapassasse o tempo de 1 minuto, a tentativa era dada como encerrada, não sendo
válida, e em seguida o animal tinha a chance de responder a uma nova tentativa.
No que se refere à distância entre o dedo indicador do experimentador e o objeto
apontado, o tipo de indicação utilizada foi o proximal pointing, onde uma distância de dez a vinte
centímetros separou o dedo e o aparato (Miklósi et al., 2005). Quanto à duração do gesto de
indicação, os movimentos realizados com o braço foram do tipo dynamic pointing, onde o braço
do experimentador permaneceu indicando o objeto até que o animal fosse solto e fizesse sua
escolha (Miklósi et al., 2005). O animal pôde ver toda a movimentação do braço. O movimento
de indicação seria repetido caso o animal não deixasse o colo do dono quando isso fosse
permitido.
Na fase de testes, a indicação de apontar descrita foi repetida quatorze vezes, pois
segundo a tabela de aleatoriedade de Gellerman, a quantidade máxima de erro por tentativas em
que não deixaria o teste aleatório seria de 3 erros para um total de quatorze tentativas. Em adição,
quatorze tentativas controles também foram realizadas, durante as quais o experimentador
permaneceu com os braços imóveis rentes ao corpo, não havendo indicação da posição da
recompensa. O controle foi realizado como um fator inédito para esse tipo de experimento, pois
os testes realizados e descritos na literatura apresentam apenas as tentativas indicadas, como o
trabalho de Miklósi et al., 2005. As tentativas com indicação e sem indicação (controle) foram
apresentadas em uma seqüência aleatória, totalizando 28 tentativas de teste por sessão
experimental. Para a maioria dos animais, cada sessão experimental foi realizada em um dia,
entretanto 4 dos 20 animais, realizaram a sessão em dois dias, pois estes animais rapidamente
saciavam a fome e perdiam o interesse pelo experimento.
17
Durante as tentativas, o experimentador olhou diretamente para o animal, de forma a
evitar que a posição correta do alimento fosse indicada por seu olhar.
O animal teve a chance de escolher apenas um copo. Caso escolhesse o copo errado no
momento de indicação, não era permitido que ele comesse a comida escondida no outro copo.
Caso ele escolhesse o correto, ele poderia consumir o alimento livremente até acabar. A ordem de
colocação da comida sob o copo direito ou esquerdo foi realizada aleatoriamente para que não
houvesse fixação de posição pelo animal.
Para evitar que os animais utilizassem pistas olfativas na procura pelo alimento, em todos
os pratos e copos foi esfregado um pouco da recompensa alimentar, de forma que apresentassem
o mesmo odor.
Com relação ao nível de saciedade dos animais, foi solicitado previamente aos donos, que
os privassem da alimentação por um período não inferior a 4 horas, o que provavelmente
aumentaria o nível de interesse dos sujeitos em participar do teste.
18
Análise de dados
Utilizamos estatística não paramétrica para a análise dos dados obtidos, comparando:
tentativas sinalizadas vs não sinalizadas, animais solitários vs animais de convívio em grupo;
tanto quanto ao desempenho medido em acertos, como quanto à latência média de acertos. A
análise foi realizada através dos testes Wilcoxon Signed Ranks Test, para os diferentes tipos de
tentativas dentro de um mesmo grupo (sinalizadas vs não sinalizadas para solitários e também
para animais de convívio em grupo), e Mann Whitney, para as análises entre os diferentes grupos
(solitários vs animais em grupo para cada tipo de tentativas) em uma mesma situação de
sinalização. Os testes foram interpretados com base em um nível de significância de 5%
(α=0,05).
Todos os dados apresentaram distribuição não normal, com exceção de duas situações: a
análise entre grupos na condição de tentativas não sinalizadas (Figura 5) e na análise da latência
para ambos os tipos de tentativas no grupo dos animais solitários (Figura 6). Nesses dois casos, a
utilização do teste paramétrico análogo não mostrou um resultado diferente do já encontrado com
o teste não paramétrico, e por isso optamos por padronizar a análise e os resultados,
apresentando-os em gráficos do tipo boxplot.
19
RESULTADOS:
Os dados representados na Figura 2 mostram a comparação entre as tentativas sinalizadas
e não sinalizadas apenas para o grupo dos animais que viviam solitariamente, isto é, sem a
presença ou contato com nenhum outro gato. Observamos que os animais tiveram uma diferença
de desempenho, sendo este significativamente superior na situação de tentativas sinalizadas
quando comparadas às não sinalizadas (Z=2,80 e p=0,005), indicando que os animais
conseguiram responder seguindo os sinais gestuais demonstrados por um humano.
Sinalizadas Não sinalizadas
Tipos de tentativas
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Número de acertos
______________________
*
Figura 2: Resposta dos animais solitários (Felis catus) em relação à sinalização humana.
Os símbolos representam: Mediana; Quartis 25%-75%, Intervalo de resultados
(desconsiderando outliers), Outliers, * Diferença significativa para um α = 0,05.
20
Na Figura 3, observamos o desempenho dos animais de convívio em grupo em relação ao
número de acertos de ambos os tipos de tentativas. Vemos que os animais apresentaram
desempenho significativamente superior nas tentativas sinalizadas em relação às não sinalizadas
(Z=2,70 e p=0,0069). Da mesma forma que no resultado anterior, percebemos que os animais
realmente conseguiram responder a sinalização produzida indicando a localização do alimento.
Sinalizadas Não sinalizadas
Tipos de tentativas
2
4
6
8
10
12
14
16
Número de acertos
_______________________
*
Figura 3: Resposta dos animais de convívio em grupo (Felis catus) em relação à sinalização
humana. Os símbolos representam: Mediana, Quartis 25%-75%, Intervalo de resultados
(desconsiderando outliers), * Diferença significativa para um α = 0,05.
21
Na Figura 4, analisamos a influência do convívio social dos animais sobre o desempenho
nas tentativas sinalizadas. Observamos que não existiu diferença significativa entre o
desempenho dos grupos em relação ao tipo de tentativa em questão (U=36,50 e p=0,3075).
Da mesma forma para a Figura 5, a influência do convívio social relacionada ao desempenho dos
animais para as tarefas não sinalizadas também não mostrou diferença significativa (U=25,50 e
p=0,0640).
Solitário Grupo
Tipo de convívio
8
9
10
11
12
13
14
15
Número de acertos
Figura 4: Influência do convívio social sobre a resposta dos animais em tarefas sinalizadas. Os
símbolos representam: Mediana, Quartis 25%-75%, Intervalo de resultados
(desconsiderando outliers), Outlier.
22
Solitários Grupo
Tipo de convívio
1
3
5
7
9
11
Número de acertos
Figura 5: Influência do convívio social sobre a resposta dos animais em tarefas não sinalizadas.
Os símbolos representam: Mediana, Quartis 25%-75%, Intervalo de resultados
(desconsiderando outliers).
23
Analisamos a influência da sinalização humana sobre a latência média de acertos, medida
em segundos. Não foi observada diferença significativa para as formas de indicação, tentativas
sinalizadas e não sinalizadas (Figuras 6 e 7), para os animais solitários (Z=1,68 e p=0,0926), e
animais de convívio em grupo (Z=1,95 e p=0,0506), o que sugere que os animais dos diferentes
grupos não foram favorecidos pela presença dos sinais gestuais. As Figuras 8 e 9, não mostraram
diferença nas respostas dos animais quanto a sinalização de indicação em relação ao tipo de
convívio dos mesmos (U=42,00 e p=0,5454) e (U=34,00 e p=0,2265) respectivamente. O fato
dos animais serem mantidos em grupo ou isoladamente não influenciou no tempo gasto para a
execução das diferentes tentativas do teste.
Sinalizadas Não sinalizadas
Tipos de tentativas
2
4
6
8
10
12
14
Latência média de acertos
Figura 6: Latência média de acertos de animais solitários (Felis catus) em resposta a sinalização
humana. Os símbolos representam: Mediana, Quartis 25%-75%, Intervalo de resultados
(desconsiderando outliers).
(segundos)
24
Sinalizadas Não sinalizadas
Tipos de tentativas
0
5
10
15
20
25
30
35
Latência média de acertos
Figura 7: Latência média de acertos de animais de convívio em grupo (Felis catus) em resposta a
sinalização humana. Os símbolos representam: Mediana, Quartis 25%-75%, Intervalo de
resultados (desconsiderando outliers), Outlier.
(segundos)
25
Solitários Grupo
Tipos de convívio
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Latência média de acertos
Figura 8: Influência do convívio social sobre a latência média de acertos em tarefas sinalizadas.
Os símbolos representam: Mediana, Quartis 25%-75%, Intervalo de resultados
(desconsiderando outliers).
(segundos)
26
Solitários Grupo
Tipos de convívio
0
5
10
15
20
25
30
35
Latência média de acertos
Figura 9: Influência do convívio social sobre a latência média de acertos em tarefas não
sinalizadas. Os símbolos representam: Mediana, Quartis 25%-75%, Intervalo de resultados
(desconsiderando outliers), Outlier.
(segundos)
27
DISCUSSÃO
Neste estudo, nossa proposta foi testar as respostas apresentadas por gatos domésticos
quanto à obtenção de uma recompensa alimentar, relacionadas à compreensão da sinalização
gestual emitida pelos humanos, e verificar se existe diferenças relacionadas à influência do
convívio social dos animais. De acordo com os resultados, vimos que os sujeitos de ambos os
tipos de convívio social realmente são capazes de seguir as informações gestuais, como a
sinalização de indicação para localizar alimento escondido. Essa habilidade se torna mais clara
quando comparamos esses resultados aos obtidos na situação em que não mostramos
gestualmente aos animais onde está o alimento. De forma geral, em todos os resultados referentes
à condição “não-sinalizada”, constatamos que a falta dos sinais indicativos humanos provocou
um baixo desempenho na quantidade de acertos de todos os animais. De tal forma, que podemos
possivelmente afirmar que esses animais realmente seguem a sinalização gestual de indicação
humana para localizar alimentos. A sinalização gestual que praticamos no teste corresponde aos
sinais que desempenhamos corriqueiramente na presença desses animais. Isso sugere que essa
espécie doméstica utiliza sinalização gestual de indicação corroborando a nossa primeira
hipótese. Esse fato foi previamente demonstrado em trabalho semelhante de Miklósi &
colaboradores (2005), no qual foi analisada a relação de comunicação inter-específica entre gatos
e humanos, e entre cães e humanos através da utilização de sinais gestuais. No trabalho de
Miklósi foi observado que os animais realizaram satisfatoriamente testes de obtenção de alimento
baseado apenas em pistas de sinalização fornecidas por humanos. O estudo de Miklósi não
mostrou diferença significativa quando comparou o desempenho de cães e gatos, embora ambos
tenham desenvolvido o teste de forma satisfatória. Além disso, em nosso experimento utilizamos
28
também um grupo controle de tentativas não-sinalizadas, o que não foi realizado pelo estudo de
Miklósi.
Ademais, esse fato também foi verificado no trabalho de Soproni & colaboradores (2002),
no qual eles sugerem que cães apresentam responsividade a novos gestos comunicativos de
humanos, quando verificaram que estes foram capazes de seguir formas gestuais de indicação e
de certa forma capazes de compreender a natureza indicativa do gesto. Em 2001, Soproni &
colaboradores, também compararam as habilidades de cães para o uso de pistas sociais para
localizar alimentos com um outro estudo publicado feito com chimpanzés e crianças (Povinelli, et
al., 1999), no qual observaram que os cães tiveram um desempenho mais próximo ao das
crianças do que os chimpanzés o fizeram. Essa semelhança pode ser atribuída ao fato de que os
cães gastam mais tempo em interação com os seres humanos do que os macacos, o que de certa
forma, também corrobora a nossa idéia de que os gatos de nosso estudo desempenharam
satisfatoriamente bem as tarefas a eles impostas, pois são animais de estreito contato com
humanos e que gastam boa parte do seu tempo interagindo e observando os comportamentos
sociais e gestuais de nossa espécie (Beaver, 2005). A experiência social é uma condição
importante no reconhecimento dos gestos humanos, no caso dos cães. Podemos pensar que é
possível que os gatos que foram selecionados para o convívio com a espécie humana tenham
usado essa habilidade como uma vantagem seletiva, utilizando as pistas fornecidas pelos
humanos tornando mais fácil a obtenção de comida.
Durante as sessões experimentais não foi fornecida qualquer tipo de pista além da
sinalização gestual de indicação aos animais, pois alguns estudos indicam que alguns animais são
capazes de se orientar através de pistas faciais, movimento de cabeça, ou olhar indicativo (Call et
al., 1998; Hare & Tomasello, 1999; Miklósi et al., 1998 e 2003; Virányi et al., 2004), o que nos
29
traria um resultado falso devido a outras indicações que não as propostas para este estudo. Pelo
fato de termos sido criteriosos quanto às pistas fornecidas, podemos afirmar que nossos animais
realmente seguiram a sinalização gestual de indicação.
Nossa segunda hipótese dizia que possivelmente existiria uma resposta comportamental
diferenciada para os dois grupos, ou seja, que os animais solitários teriam um desempenho acima
do esperando se comparado aos animais de convívio em grupo em uma mesma residência. Essa
nossa hipótese foi baseada na idéia de que as espécies domesticadas apresentam um extenso
contato com os humanos, a qual é quase exclusivamente a única fonte provedora de alimentação
e que por serem animais de estimação raramente apresentam contato com outros membros da sua
própria espécie e, sendo assim, seriam mais expostos a uma maior quantidade apenas de
comportamentos humanos (como brincadeiras e manipulação da alimentação) bem como a
duração destes comportamentos desde quando são filhotes. Portanto, verificamos se poderia
existir diferença quanto ao desempenho das respostas em relação à sinalização de acordo com o
convívio social. Vimos que os resultados são claros quando mostram a ausência de diferença
entre os grupos, onde as formas de convívio dos animais não provocaram influência sobre os
resultados, pois ambos os grupos mostraram desempenho semelhante. Isto pode ser explicado
pelo fato de que ambos os grupos de animais sempre foram diretamente tratados e alimentados
por seres humanos, seus respectivos donos. Talvez ao avaliar um grupo de gatos que não tivesse
criação definida como, por exemplo, os gatos de rua (que não m manipulação, alimentação,
interação direta e que normalmente não observam as situações de manipulação de objetos do
cotidiano pelos humanos), viéssemos a encontrar resultados diferentes. Pode ser que ao analisar
os animais de rua, estes venham a mostrar alterações de seus comportamentos no que se refere à
habilidade estudada.
30
Um exemplo de resultado dessa interação é o trabalho de Pongrácz et al., (2001), no qual
é mostrado que cães melhoraram seu desempenho em um teste de recuperar um objeto ou
alimento após terem observado uma demonstração humana. Além disso, um estudo realizado por
Topál et al., (2006), mostra que cães apresentam uma nítida capacidade de imitação baseada em
observação a partir de ações humanas. Esse trabalho sugere que os cães devem adquirir
habilidades através da observação, o que aumenta o seu sucesso em situações complexas de
comportamento social. É possível que aqueles animais que são submetidos a um maior tempo de
contato apenas com os humanos, como geralmente é o caso dos animais que vivem solitariamente
com seus donos, muitas vezes habitando em apartamentos, poderiam chegar a responder
positivamente as sinalizações gestuais de nossa espécie por esse contato mais estrito.
Sabe-se que uma das formas mais comuns de sinalização gestual, ou gestos referenciais, é
a sinalização de apontar, que no estudo de Xitco & colaboradores (2001) é mostrado através de
testes com golfinhos que foram capazes de reproduzir gestos referenciais ou de indicação em
relação a um objeto ou alimento. Nesse caso, entretanto, deixou-se claro que esses animais
tiveram uma prévia interação com seres humanos por muitos anos, corroborando com a idéia de
que o contato permanente com humanos diferencia esses animais no sentido de uma melhor
desenvoltura para realização de tarefas complexas baseado apenas em sinalizações gestuais.
Ao analisar nossos resultados referentes à latência média em que os animais realizaram a
tarefa, não encontramos diferença significativa em relação as tentativas sinalizadas e não
sinalizadas, tanto para os animais solitários como os de convívio em grupo, da mesma forma que
também não encontramos diferenças para a latência média de acertos entre os grupos . É possível
que a nossa segunda hipótese tenha sida refutada pelo fato dos gatos já nascerem com uma
completa bagagem cognitiva e que o ambiente social não teve influência a ponto de modificar seu
31
comportamento. De toda forma, nossos dados estão de acordo com os resultados mostrados em
alguns trabalhos que têm sido realizados com animais apenas socializados com a espécie humana.
Por exemplo, focas, que apresentaram tempo de contato reduzido com humanos diariamente
foram capazes de desempenhar teste de escolha entre objetos baseados apenas em pistas de
indicação (Scheumann & Call, 2004). Além disso, no estudo realizado por Hare & colaboradores
(2002), é mostrado que cães são analisados em relação à realização de tarefas envolvendo a
sinalização de comida escondida e seu desempenho é comparado ao de chimpanzés, e ao de
lobos, ancestrais dos cães. Nesse estudo, observa-se que os cães apresentam o melhor
desempenho das três espécies. Os lobos do estudo foram criados por humanos acreditando-se que
esse fato contribuiria para um desempenho favorável nessa questão. Entretanto o que foi visto é
que os filhotes dos cães apresentaram desempenho superior aos dos filhotes de lobos e que essa
experiência com humanos continuou sendo satisfatoriamente demonstrada da mesma forma
quando se tornaram cães adultos. Os autores chegaram à conclusão de que apenas a simples
exposição humana a curto prazo não seria suficiente para um bom desempenho dos animais,
como no caso dos lobos. Os cães mostraram que foi necessário um fator a mais do que apenas
exposição imediata à nossa espécie, ou seja, foi necessário um processo que durou milênios,
chamado de domesticação. Podemos extrapolar esse fato para os nossos animais experimentais,
pois estes, de longa data, também passaram por processo semelhante de domesticação pelo
homem, portanto mostrando também evolução das habilidades sócio-cognitivas aqui testadas
(Hare et al., 2002).
É possível que o contato direto com humanos provoque realmente mudanças
comportamentais em certos animais, como mostrado no caso dos animais não domesticados,
embora não se saiba qual a duração dos efeitos dessa interação. Entretanto, apenas o contato por
32
si com a espécie humana não foi suficiente para mostrar diferença no comportamento dos
nossos sujeitos experimentais quando relacionamos a forma de convívio social. Baseados nessas
evidências, é possível pensar que os nossos animais já nasçam portando toda a maquinaria neural
necessária para a expressão da habilidade estudada, mesmo sem a influência do ambiente. Além
disso, não podemos descartar a possibilidade de que com uma maior amostra de sujeitos
pudéssemos ter encontrado uma diferença significativa nos resultados referentes à comparação
entre os dois grupos.
Alguns animais experimentais que conviviam em grupo, podiam estar sob influência da
hierarquia, o que poderia interferir no seu desempenho durante o teste, entretanto este fator
possivelmente não teve consequências sobre o resultado do experimento pelo fato de que os
nossos animais foram testados separadamente dos outros membros do grupo no momento do
experimento e mesmo antes das sessões quanto separados para a ambientação. Cada animal foi
ambientado no recinto escolhido para os testes e com a segurança de ser um local neutro de
dominância de qualquer um dos membros, a fim de evitar qualquer tipo de influência que a
hierarquia pudesse exercer sobre o desempenho de cada um dos animais.
Em nosso estudo procuramos uniformizar a amostra de sujeitos experimentais com
relação à raça, baseado no conhecimento dos donos dos animais a respeito da paternidade de seus
gatos e também baseados na enciclopédia Larousse dos gatos (Blanc, 2005) onde encontramos a
definição para todas as raças de gatos. De acordo com a definição Larousse, gato “sem raça
definida” é aquele o qual nenhum dos pais é de raça. Quando nos faltava informação necessária
sobre a descendência de algum animal, tomamos como parâmetro características morfológicas
citadas na enciclopédia Larousse, como por exemplo, desenhos irregulares de pelagem,
33
desarmonia entre cor dos olhos e pelagem etc. Houve exceção de apenas um animal, de raça
siamesa (Blanc, 2005), todos os outros apresentavam raça indefinida. No trabalho de Miklósi &
colaboradores (2005), onde eles compararam a resposta a sinais comunicativos entre cães e gatos,
não houve menção quanto às raças dos animais. Em nosso trabalho, testamos animais que são
considerados sem raça definida, que possivelmente apresentam um “pool” nico bastante
variado. Dessa forma, é interessante analisar essa variável de forma mais completa em trabalhos
futuros, avaliando o desempenho de gatos de várias raças, pois possivelmente as diferentes raças
passaram por diferentes processos de seleção artificial pelo homem durante o período de
domesticação. Assim, poderemos afirmar que a característica de responder a sinalização gestual
de humanos é inerente à espécie como um todo.
34
CONCLUSÕES
Podemos ressaltar que esse estudo sugere que os gatos utilizam a sinalização gestual de
indicação emitidos por um humano para a localização de alimento. Esse fato observado nos
resultados indica a existência de uma habilidade cognitiva que é observada em poucas espécies
de animais. Em contrapartida, percebemos que a utilização dessa sinalização gestual não
influenciou o desempenho dos animais bem como não apresentou diferenças relevantes quando
analisamos se eles viviam em grupo ou solitariamente.
A evidência apresentada neste trabalho sugere que a habilidade apresentada pelos gatos
nas condições testadas pode ter evoluído durante o processo de domesticação que durou milênios,
apresentando-se de forma instintiva aos animais com os quais convivemos nos dias de hoje
independendo do meio em que viviam nossos sujeitos. Diante disso, o convívio social testado
pouco influenciou para a expressão de habilidades além das constatadas, sendo assim, a
influência do convívio apenas com seres humanos ou com outros gatos juntamente com humanos,
não foi capaz de modificar, nessas condições, a forma com que os gatos analisados responderam
às tarefas de sinalização gestual.
35
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41
ANEXO 1
Questionário:
1) Quantos animais há em casa e de que espécie?
2) Qual a idade do gato, raça, sexo e nome?
3) Desde que idade o animal foi adquirido?
4) Ele tem todas as patas sem nenhuma deficiência?
5) Apresenta visão perfeita?
6) O animal sai de casa por algum motivo?
7) O animal interage com algum outro?
8) Quantas refeições ele faz por dia, que tipo de alimento costuma comer e qual o alimento
preferido?
9) Ele aceita com facilidade estranhos em casa?
10) Seu animal é castrado? Se sim, com que idade foi feita a castração?
11) Caso seu animal seja uma fêmea ela já teve filhotes? Quantas vezes já esteve grávida?
12) Caso seu animal seja uma fêmea, ela toma algum tipo de anti-concepcional?
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