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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA
PATRÍCIA PEREIRA DE ABREU EVANGELISTA
ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS
CLASSE A:
DIRETRIZES PARA RECICLAGEM EM CANTEIROS DE OBRAS
Salvador
2009
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PATRÍCIA PEREIRA DE ABREU EVANGELISTA
ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS
CLASSE A:
DIRETRIZES PARA RECICLAGEM EM CANTEIROS DE OBRAS
Dissertação apresentada ao Mestrado em
Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica
da Universidade Federal da Bahia como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia.
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Viviana Maria Zanta
Salvador
2009
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E92 Evangelista, Patrícia Pereira de Abreu
Alternativa sustentável para destinação de resíduos classe
A: diretrizes para reciclagem em canteiros de obras /
Patrícia
Pereira de Abreu Evangelista. – Salvador, 2009.
152 f. : il. color.
Orientador: Profª Drª Viviana Maria Zanta
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia.
Escola Politécnica, 2009.
1. Gestão de resíduos - Construção Civil. 2. Reciclagem
.
3. Resíduos sólidos I.
Zanta, Viviana Maria. II. Universidade
. I
I
I. Título.
CDD: 628.44
Dedico este trabalho aos meus filhos, Pedro e Caio,
ao meu marido, Osnir, e aos meus pais, Astor e
Telma, pessoas mais importantes da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao SENAI–BA (Serviço Nacional de Aprendizagem industrial Departamento
Regional da Bahia), nas pessoas de Gustavo Leal Sales Filho, Diretor Regional, e
Cid Carvalho Vianna, Gerente da Unidade Dendezeiros, e ao SENAI - Departamento
Nacional pelo fundamental apoio ao desenvolvimento deste trabalho.
Aos meus colegas de trabalho, colaboradores da Unidade Dendezeiros e da Área de
Construção Civil do SENAI-BA, que me apoiaram e me incentivaram a todo o
momento, especialmente à Patrícia Lordêlo, Ocemar, Francisco, Marinalvo e Tatiana
que tiveram participações mais diretas ao longo dos estudos de caso, análise crítica
e realização de ensaios laboratoriais desenvolvidos nesta pesquisa.
À Dayana Bastos, um verdadeiro anjo da guarda, pela amizade construída e pelas
valiosas contribuições no direcionamento das atividades práticas e na estruturação
do trabalho realizado.
Às empresas construtoras, participantes dos estudos de caso, e aos seus dirigentes
e técnicos que colaboraram e acreditaram neste trabalho, possibilitando a realização
das atividades de campo realizadas nesta dissertação.
A professora Viviana Maria Zanta, pela orientação desta dissertação e pela
permanente confiança depositada na minha proposta de pesquisa.
Muito obrigado aos meus familiares, amigos e a todas as pessoas que de alguma
forma contribuíram para a realização desta experiência única e fundamental para o
meu crescimento pessoal e profissional.
"Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz".
Almir Sater e Renato Teixeira
RESUMO
O desenvolvimento industrial e o processo de urbanização promoveram diversos
benefícios à vida das populações nas cidades, no entanto trouxeram inúmeros
problemas ambientais associados. Com a indústria da construção civil, foco deste
trabalho, não foi diferente. Apesar de ocupar posição relevante no cenário
econômico do País, notadamente nos aspectos da geração de emprego e renda, a
construção civil apresenta-se como um dos segmentos industriais mais críticos no
que se refere aos impactos ambientais, sendo o principal gerador de resíduos
sólidos da sociedade. A realidade posta em Salvador é caracterizada pela geração
de grande volume de resíduos de construção civil, pelo esgotamento das áreas para
recepção dos resíduos gerados pela atividade construtiva, pela inexistência de áreas
de transbordo e triagem e de usinas para reciclagem, bem como, pela composição
do entulho de obra com grande parcela dos resíduos com alto potencial de
reciclagem. O presente trabalho teve por objetivo sistematizar e propor diretrizes
para o processo de reciclagem de resíduos classe A em canteiros de obra, como
alternativa sustentável para destinação destes resíduos, considerando aspectos
técnicos, econômicos e ambientais. Para atender aos objetivos propostos, foram
realizados estudos de caso de experiências de reciclagem em canteiros de obras da
Região Metropolitana de Salvador (RMS), utilizando equipamento móvel de
britagem. Destas experiências, um fluxograma e um procedimento operacional foram
desenvolvidos para apoiar a execução da reciclagem nos canteiros, assim como
foram gerados parâmetros para avaliação do referido processo. Com este trabalho
foi demonstrado o potencial da reciclagem em canteiros de obras, como uma
alternativa para a destinação dos Resíduos de Construção Civil (RCC), indicando
diretrizes que facilitem a adoção desta prática, contribuindo assim para a redução
dos impactos ambientais causados pelo descarte inadequado dos resíduos de
construção.
Palavras-chave: Resíduo de construção civil. Reciclagem em canteiro de obras.
Resíduo classe A.
ABSTRACT
The industrial development and the urbanization process promoted several benefits
to the population’s life in the cities. However this brought countless environmental
associate with. In the construction industry this situation happened in the same way.
Despite the relevant position in the economical rank of Brazil, especially related to
the generation of job and income, the construction industry is one of the most critical
industrial segments concerning the environmental impacts, being an important
producer of solid wastes. In Salvador-Bahia-Brazil, the situation is characterized by
the generation of great volume of construction wastes, the extinction of the areas for
reception of these wastes, and also the non-existence of areas of exchange and
selection of construction waste, as well as recycling facilities. This study aims to
develop a systematic method to implement a construction waste recycling process on
sites construction, considering technical, economical and environmental aspects. In
order to achieve this aim, case studies were carried out in three construction sites in
Salvador city-Brazil, using movable equipment for construction waste recycling. The
main results obtained in this work were the development of a flow chart and an
operational procedure aiming to support the implementation of the construction waste
recycling process on site, as well as the definition of a set of criteria to evaluate this
process. This research showed the potential of the construction waste recycling on
site, as an alternative for the destination of these wastes, indicating a set of
guidelines aiming to make the incorporation of the recycling practices easy, and
contributing to the reduction of the environmental impacts caused for the unsuitable
destination of the construction waste.
Keywords: construction waste, sustainability, recycling on site.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Composição média do entulho de Salvador, em 1999 28
Figura 2 Fluxo simplificado do processo de construção de edifício 32
Figura 3 Esquema gráfico do processo da Estrutura 32
Figura 4 Serviços que mais geram resíduos na visão dos construtores 33
Figura 5 Resíduos mais críticos na visão dos construtores 34
Figura 6 Principais causas da geração de resíduos na visão dos construtores 34
Figura 7 Fluxo de ações para gestão de resíduos e redução de perdas 45
Figura 8 Etapas do programa de Gestão de Resíduos 50
Figura 9 Dispositivos utilizados nos canteiros 52
Figura 10 Treinamento dos operários no canteiro de obras 53
Figura 11 Cartilha, camisa e boné utilizados nos treinamentos dos operários 53
Figura 12 Livro “Gestão de Resíduos na Construção Civil” 54
Figura 13 Cartazes distribuídos nos canteiros de obras 54
Figura 14 Situação da Reciclagem de RCDs na Europa 55
Figura 15 Fluxo de delineamento da pesquisa 76
Figura 16 Britador de mandíbulas e peneiras vibratórias 78
Figura 17 Equipamento móvel de britagem 78
Figura 18 Fluxo de atividades utilizado nos estudos de caso 78
Figura 19 Resíduo Classe A segregado - Estudo de Caso 1 87
Figura 20 Dispositivos para segregação de RCC – Estudo de Caso 1 87
Figura 21 Instalação da recicladota móvel – Estudo de Caso 1 88
Figura 22 Baias para segregação dos agregados - Estudo de Caso 1 88
Figura 23 Coleta de amostra para análise gravimétrica – Estudo de Caso 1 88
Figura 24 Pesagem de amostra de resíduo classe A - Estudo de Caso 1 88
Figura 25 Análise gravimétrica do resíduo classe A - Estudo de Caso 1 89
Figura 26 Resultado da análise gravimétrica (%) – Estudo de Caso 1 89
Figura 27 Cubagem para britagem piloto – Estudo de Caso 1 90
Figura 28 Adaptação para melhoria na alimentação - Estudo de Caso 1 90
Figura 29 Britador com adaptação do caixão alimentador – Estudo de Caso 1 91
Figura 30 Agregado miúdo reciclado – Estudo de Caso 1 91
Figura 31 Agregado graúdo reciclado – Estudo de Caso 1 91
Figura 32 Baias para armazenamento dos agregados – Estudo de Caso 2 96
Figura 33 Área para reciclagem de resíduos classe A – Estudo de Caso 2 96
Figura 34 Instalação do britador móvel – Estudo de Caso 2 96
Figura 35 Resíduo classe A segregado - Estudo de Caso 2 97
Figura 36 Agregado reciclado – Estudo de Caso 2 98
Figura 37 Blocos de concreto reciclado – Estudo de Caso 2 100
Figura 38 Ensaio de absorção de água – Estudo de Caso 2 101
Figura 39 Ensaio de resistência à compressão – Estudo de Caso 2 101
Figura 40 Concreto magro com agregados reciclados – Estudo de Caso 2 102
Figura 41 Central de reciclagem – Estudo de Caso 3 106
Figura 42 Alimentação do britador - Estudo de Caso 3 106
Figura 43 Central de operação – Estudo de Caso 3 106
Figura 44 Resíduo classe A – Estudo de Caso 3 107
Figura 45 Baias de agregado reciclado – Estudo de Caso 3 107
Figura 46 Resíduo classe A segregado - Estudo de Caso 3 107
Figura 47 Agregado reciclado miúdo – Estudo de Caso 3 108
Figura 48 Agregado reciclado graúdo - Estudo de Caso 3 108
Figura 49 Agregado reciclado graúdo misto – Estudo de Caso 3 108
Figura 50 Produção semanal – Estudo de Caso 3 110
Figura 51 Produtividade semanal – Estudo de Caso 3 110
Figura 52 Volume Agregado reciclado x Volume resíduo – Estudo de Caso 3 111
Figura 53 Aplicação do graute 16MPa – Estudo de Caso 3 113
Figura 54 Regularização de vias de acesso – Estudo de Caso 3 113
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificação de resíduos segundo a NBR 10.004/2004 23
Quadro 2 Classificação das frações de materiais do RCC 25
Quadro 3 Entradas e saídas do processo da estrutura 33
Quadro 4 Alternativas de destinação para RCC na RMS 37
Quadro 5 Fluxo físico dos resíduos em canteiros de obras 51
Quadro 6 Contaminação dos resíduos 59
Quadro 7 Materiais produzidos pelas usinas de reciclagem da SLU/PBH 60
Quadro 8 Perfil das empresas dos estudos de caso 79
Quadro 9 Pontos positivos e oportunidades de melhoria - Estudos de caso 118
Quadro 10 Diretrizes para reciclagem de resíduos classe A em canteiros 123
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Composição dos RCD de diversas regiões e países (%) 27
Tabela 2 Quantidade da geração de RCD 29
Tabela 3 Resultado da Coleta de Resíduos Sólidos em Salvador 30
Tabela 4 Resultados da pesquisa de geração de resíduos 35
Tabela 5 Caracterização dos agregados reciclados – Estudo de Caso 1 91
Tabela 6 Caracterização do agregado miúdo reciclado – Estudo de Caso 1 92
Tabela 7 Traço do contrapiso com agregado reciclado – Estudo de Caso 1 93
Tabela 8 Dados gerais da reciclagem no canteiro - Estudo de Caso 1 94
Tabela 9 Caracterização dos agregados reciclados – Estudo de caso 2 99
Tabela 10 Misturas experimentais na fabricação de bloco – Estudo de Caso 2 100
Tabela 11 Resultados de ensaios em blocos – Estudo de Caso 2 101
Tabela 12 Dados gerais da reciclagem no canteiro - Estudo de caso 2 102
Tabela 13 Economia com a reciclagem no canteiro - Estudo de caso 2 103
Tabela 14 Monitoramento semanal – Estudo de Caso 3 110
Tabela 15 Caracterização dos agregados reciclados – Estudo de caso 3 112
Tabela 16 Traços com agregado reciclado – Estudo de Caso 3 113
Tabela 17 Avaliação de desempenho dos materiais - Estudo de caso 3 114
Tabela 18 Dados gerais da reciclagem no canteiro - Estudo de caso 3 114
Tabela 19 Custo de produção do agregado reciclado – Estudo de caso 3 115
Tabela 20 Análise econômica - Estudo de caso 3 116
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A/C Fator água – cimento
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAFATI Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas
ABRAGESSO Associação Brasileira de Fabricantes de Bloco e Chapas de Gesso
ABVEP Associação Brasileira dos Fabricantes de Vassouras, Escovas,
Pincéis e Similares
ADEMI-BA Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da
Bahia
AGR Agregado Graúdo Reciclado
AMR Agregado Miúdo Reciclado
ARC Agregado de Resíduo de Concreto
ATT Área de Transbordo e Triagem
BDE Base de Descarga de Entulho
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
COMASP Comitê de Meio Ambiente, Segurança e Produtividade do
SINDUSCON-SP
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DOU Diário Oficial da União
FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
FAU Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
GT Grupos de Trabalho
GTZ Deutsche Gesellschaft fur Technische Zusammenarbeit
IBI Instituto Brasileiro de Impermeabilização
LACIS – CDS Laboratório do Ambiente Construído, Inclusão e Sustentabilidade
LETP Licença Especial à Título Precário
LIMPURB Empresa de Limpeza Urbana do Salvador
MEAU Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana
PDE Posto de Descarga de Entulho
PGM Programa de Gestão de Materiais
PGR Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil
PGRCC Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
RCC Resíduo de Construção Civil
RCD Resíduo de Construção e Demolição
RMS Região Metropolitana de Salvador
RSU Resíduo Sólido Urbano
SEBRAE-BA Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas da Bahia
SEBRAE-DF Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Distrito
Federal
SENAI-BA Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento
Regional da Bahia
SENAI-DN Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento
Nacional
SIMPVEP Sindicato da Indústria de Móveis de Junco e Vime, Vassouras,
Escovas e Pincéis no Estado de São Paulo
SINDUSCON-BA Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia
SINDUSCON-DF Sindicato da Indústria da Construção do Distrito Federal
SINDUSCON-MG Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Minas Gerais
SINDUSCON-SP Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
SINDUSGESSO Sindicato das Indústrias de Extração e Beneficiamento de Gipsita,
Calcários, Derivados de Gesso e de Minerais Não-Metálicos do
Estado de Pernambuco
SIPIDESP Sindicato da Indústria de Pinturas e Decorações no Estado de São
Paulo
SLU/PBH Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo
Horizonte
UFBA Universidade Federal da Bahia
UnB Universidade de Brasília
URM Unidade Recicladora de Materiais
URPV Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO
1.3.1 Objetivo geral
1.3.2 Objetivos específicos
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
17
17
20
20
20
21
21
2 GESTÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL
2.1. RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)
2.1.1 Definições e classificação
2.1.2 Caracterização
2.1.3 Geração
2.1.4 Destinação
2.2. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E REFERÊNCIAS NORMATIVAS
2.3. GERENCIAMENTO DE RCC EM CANTEIROS DE OBRA
2.3.1 Aspectos gerais
2.3.2 Experiências de gestão de resíduos em canteiros de obras
2.4. RECICLAGEM DE RCC
2.4.1 Panorama geral
2.4.2 Iniciativas municipais de reciclagem de RCC no Brasil
2.4.3 Reciclagem de resíduos classe A em canteiros de obras
2.5. APLICAÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS EM MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO
2.5.1 Aspectos gerais
2.5.2 Aplicação em argamassas e concretos
2.5.3 Aplicação em blocos de concreto
2.5.4 Aplicação em pavimentação
2.5.5 Outras aplicações
23
23
23
26
28
36
38
42
42
46
54
54
57
63
65
65
66
71
72
74
3 MÉTODO DE PESQUISA
3.1. ESTRATÉGIA DE PESQUISA
3.2. DELINEAMENTO DA PESQUISA
75
75
75
3.3. ETAPAS DA PESQUISA
3.3.1 Pesquisa bibliográfica
3.3.2 Estudos de caso
3.3.3 Análise dos dados
76
76
77
84
4 RESULTADOS
4.1 EXPERIÊNCIAS DE RECICLAGEM EM CANTEIROS DE OBRAS
4.1.1 Estudo de Caso 1
4.1.2 Estudo de Caso 2
4.1.3 Estudo de Caso 3
4.1.4 Síntese analítica dos resultados dos estudos de caso
86
86
86
95
104
117
5 SISTEMATIZAÇÃO DA RECICLAGEM EM CANTEIROS DE OBRAS
5.1 FLUXOGRAMA DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A
EM
CANTEIROS DE OBRAS
5.2 PROCEDIMENTO PARA RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A
EM
CANTEIROS DE OBRAS
119
120
121
6 DIRETRIZES PARA RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A EM
CANTEIROS DE OBRA
123
7 CONCLUSÃO 124
REFERÊNCIAS 127
APÊNDICES 133
17
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
realizada no Rio de Janeiro em 1992, demonstrou um aumento do interesse mundial
pelo futuro do planeta Terra. Muitos países passaram a valorizar a relação entre
desenvolvimento sócio-econômico e modificações ambientais. A Agenda 21 foi um
dos principais resultados da Rio-92. Este documento, resultante de acordo entre 179
países, reforça a importância dos países em se comprometer a refletir, global e
localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os
demais setores da sociedade podem cooperar na identificação de soluções para os
problemas sócio-ambientais (LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007).
Para Lordêlo, Evangelista e Ferraz (2007), naquela época, não se percebia
uma preocupação maior por parte da indústria da construção civil com os impactos
ambientais causados por sua cadeia produtiva, a exemplo do esgotamento dos
recursos naturais não renováveis utilizados ao longo de todo o seu processo de
produção, nem tão pouco com o destino dado aos resíduos gerados. Porém,
juntamente com todos os benefícios trazidos pelo processo de evolução da atividade
industrial, vieram significativos impactos ao meio ambiente e à vida das pessoas.
Os RCC
1
representam um dos maiores problemas enfrentados pelas
populações urbanas. A representatividade do Resíduo de Construção Civil (RCC) na
massa de Resíduo Sólido Urbano (RSU) gerados nacionalmente varia de 40% a
70% (PINTO, 1999). em Salvador, os RCC geridos pelo poder público
representam quase a metade dos RSU e correspondem à geração diária, de
aproximadamente, 2.300t (LIMPURB, 2006). O volume de geração dos RCC no
município é muito maior que o dado apresentado, considerando que este não inclui
os resíduos manejados pela iniciativa privada.
Segundo dados de pesquisa realizada pela Associação de Dirigentes de
Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (ADEMI-BA), o mercado imobiliário
baiano cresceu 152,7% em vendas e 179% em lançamentos, no primeiro semestre
1
Para efeito deste trabalho serão considerados sinônimos os termos Resíduo de Construção Civil
(RCC) e Resíduo de Construção e Demolição (RCD).
18
de 2008, em comparação ao mesmo período do ano de 2007 e neste mesmo
período foram comercializados 7.269 novos imóveis e lançadas 9.183 unidades.
Para corroborar o momento positivo, o volume de vendas superou todo o movimento
do ano de 2007, quando 7.116 unidades foram comercializadas. O desempenho do
segmento imobiliário confirmou o aquecimento do mercado e reforça a expectativa
de uma expansão ainda maior nos próximos anos (NOTÍCIAS..., 2008).
Com a realização de diversas obras de forma consecutiva, para atender ao
compromisso de entrega de todas as unidades lançadas e comercializadas em 2008
e nos anos que seguem, tem-se a perspectiva da geração de um volume
significativo de RCC na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Todo este resíduo
precisa ser manejado e destinado de forma responsável pelo setor produtivo.
Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade
expressiva do entulho e o seu descarte inadequado impõem a busca de soluções
rápidas e eficazes para a gestão adequada desse material. Ddecorre a prioridade
de uma ação conjunta da sociedade Poder Público, setor industrial da construção
civil e sociedade civil organizada na elaboração e consolidação de programas
específicos que visem à minimização desses impactos.
A conjunção de todos os atores envolvidos é o que acontece na comunidade
européia. Segundo Puig (2006), são empreendidos esforços integrados, voltados à
redução global dos resíduos gerados pelo setor da construção civil, assim como a
diminuição dos resíduos destinados à aterros, minimização do volume dos resíduos
perigosos e fomento à reutilização e reciclagem dos RCC.
As políticas ambientais relacionadas ao tema devem se voltar para o adequado
manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição desses resíduos
(CARNEIRO et al., 2001).
Ainda é muito pequena a quantidade de empresas baianas de construção civil
que realizam a gestão eficiente dos resíduos em seus canteiros. A gestão dos
RCC ocorre, apesar das iniciativas públicas locais, como o Projeto de Gestão
Diferenciada do Entulho da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (LIMPURB) e
a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de 2002,
específica para o setor da construção civil (ALMEIDA et al., 2005).
19
Menor ainda é a prática do reaproveitamento e da reciclagem. A segregação, o
acondicionamento e a disposição final qualificada dos resíduos ainda não são
realizados de forma adequada e integrada às atividades produtivas dos canteiros da
maior parte do Brasil (LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007).
Considerando os aspectos citados acima, faz-se necessária a ampliação das
pesquisas no campo da avaliação do processo de reciclagem nos canteiros de obras
e no estabelecimento de diretrizes para ampliação desta prática. E assim, viabilizar
uma alternativa para minimizar os impactos sócio-ambientais causados pelo
descarte inadequado destes resíduos, preservar recursos naturais e melhorar a
qualidade de vida nas áreas urbanas.
Em 2006, foram realizados estudos em canteiros de obra no Estado de
Sergipe, no âmbito do Projeto de Gerenciamento Integrado de Resíduos da
Construção Civil. Este projeto foi aprovado em edital do Departamento Nacional do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-DN), com a participação dos
Estados de Sergipe, Bahia, Pernambuco e Ceará. Na ocasião foram realizadas
experiências de reciclagem de resíduos Classe A em canteiros e analisadas as
aplicações do agregado reciclado como materiais de construção (SALES, 2006).
Nesta oportunidade, foi utilizado equipamento móvel de britagem, adquirido no
referido projeto e que posteriormente foi transferido para o Estado da Bahia, diante
do interesse do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento
Regional da Bahia (SENAI-BA), em apoiar a presente pesquisa do Mestrado em
Engenharia Ambiental Urbana (MEAU) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Desta forma, foi possível, nesta pesquisa, a realização de estudos de caso de
experiências de reciclagem de resíduos classe A em canteiros de obras da RMS e
estabelecidas diretrizes para esta prática, considerando aspectos técnicos,
econômicos e ambientais. Espera-se assim, contribuir para a ampliação do
conhecimento dos construtores acerca deste processo, favorecendo sua
implantação nos canteiros como alternativa sustentável para a destinação dos
resíduos classe A
2
.
2
Segundo a Resolução CONAMA 307/2002, são considerados resíduos reutilizáveis ou recicláveis
como agregado, decorrentes de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de
edificações e da fabricação ou demolição de pré-moldados produzidos em canteiros.
20
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
A reciclagem é tida como uma alternativa para redução da quantidade de
resíduos dispostos nos aterros, além de ser uma proposta sustentável para
destinação dos RCC. Apesar desta situação, poucas são as iniciativas públicas e
privadas na adoção desta prática. São pontuais as legislações municipais
específicas sobre o tema, as ações de estímulo a utilização dos agregados
reciclados em obras públicas e privadas, a implantação de usinas de reciclagem e a
prática desta nos canteiros de obra. Tais fatos refletem a falta de informações
consistentes sobre o volume de agregado reciclado gerado no país.
A RMS apresenta cenário crítico quanto ao tratamento e destinação de RCC.
Em função do crescimento do mercado imobiliário e incremento das obras públicas e
privadas, é muito grande o volume de resíduos de construção civil gerado. Em
contraponto, é possível pontuar o esgotamento das áreas para recepção destes
resíduos, a inexistência de áreas de transbordo e triagem e também de usinas para
reciclagem.
No entanto, vale ressaltar que a composição do entulho de obras apresenta
grande parcela de resíduos com alto potencial de reciclagem (CARNEIRO et al.,
2001).
Assim, o problema do presente trabalho define-se como: diante da inexistência
de alternativas para a destinação ambientalmente responsável dos RCC na RMS e,
considerando que uma parcela significava dos resíduos gerados pelo processo
construtivo tem alto potencial de reciclagem, como esta prática pode ser viabilizada
nos próprios canteiros de obras?
1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO
1.3.1 Objetivo geral
Propor a sistematização de procedimentos e diretrizes para o processo de
reciclagem de resíduos classe A em canteiros de obras, a partir de considerações
técnicas, econômicas e ambientais.
21
1.3.2 Objetivos específicos
O objetivo geral deste trabalho é desdobrado nos seguintes objetivos
específicos:
Estruturar o processo de reciclagem em canteiros de obras por meio do
desenvolvimento de fluxograma e procedimento operacional.
Definir critérios e parâmetros para a realização da reciclagem no canteiro,
considerando aspectos técnicos, econômicos e ambientais.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho foi estruturado em capítulos que buscaram estabelecer uma
seqüência lógica que facilitasse o entendimento da linha de raciocínio utilizada.
O primeiro capítulo aborda o cenário no qual a proposta está inserida,
apresentando seu contexto, define o problema de pesquisa, apresenta a definição
dos objetivos pretendidos pelo estudo, bem como detalha a estrutura estabelecida
para o trabalho.
No capítulo 2 é realizado o embasamento teórico acerca do tema central do
trabalho que é a gestão e reciclagem de resíduos de construção civil. Neste capítulo,
são apresentadas informações para a classificação deste tipo de resíduo sólido, sua
caracterização na RMS, levantamento de informações quanto a sua geração e
destinação, assim como seu impacto ambiental.
Ainda no capítulo 2 foram levantadas a legislação e as normas técnicas
relacionadas aos RCC, incluindo aquelas, para utilização do agregado reciclado,
assim como apresentadas experiências práticas de gestão e reciclagem em
canteiros de obra, uso do agregado reciclado em materiais de construção e suas
conclusões sobre a viabilidade técnica destas aplicações.
O capítulo 3 aborda os procedimentos metodológicos utilizados e no capítulo 4
são apresentados os resultados obtidos com a realização dos três estudos de caso
de experiências de reciclagem em canteiros da RMS.
O capítulo 5 apresenta uma proposta de sistematização do processo de
reciclagem nos canteiros de obras por meio de fluxograma de atividades e de
22
procedimento operacional que retratam de forma gráfica e descritiva,
respectivamente, a sequência de atividades para viabilizar a reciclagem nas obras.
No capítulo 6 são consolidadas as diretrizes para reciclagem em canteiros de
obra com a apresentação de recomendações que nortearão o processo,
considerando aspectos técnicos, econômicos e ambientais.
Por último, no capítulo 7 são apresentadas as conclusões deste trabalho.
23
2. GESTÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO
CIVIL
2.1 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)
2.1.1 Definições e classificação
Segundo a NBR 10.004 (2004, p.1), resíduos sólidos são “resíduos nos
estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição”. Na
classificação dos resíduos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde
pública, estabelecida por esta mesma norma, conforme quadro 1, os RCC são
enquadrados na classe II B Inertes. Isto quer dizer que estes resíduos quando
submetidos ao ensaio de solubilização, realizado segundo a NBR 10.006 (2004),
não tenham qualquer um de seus componentes solubilizados em concentrações
superiores aos padrões de potabilidade da água.
Quadro 1 Classificação de resíduos segundo a NBR 10.004/2004
(LIMA et al., 2007)
Em 17 de julho de 2002 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), a
Resolução No 307 do CONAMA com o objetivo de estabelecer diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos RCC, disciplinando as ações necessárias para
minimizar os impactos ambientais.
Para conceituar os Resíduos da Construção Civil (RCC) será seguida a referida
Resolução que os definem como resíduos:
Classificação de resíduos pela NBR 10.004/2004
Classe I (Perigosos): resíduos que apresentam periculosidade (riscos à saúde pública e ao
meio ambiente), inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Classe IIA (Não-perigosos e o-inertes): resíduos que o se enquadram na Classe I
nem na Classe II B. Podem ter propriedades tais como: combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água.
Classe IIB (Não perigosos e inertes): resíduos que quando submetidos a ensaios de
solubilização da NBR 10.006/2004 não apresentam teores solubilizados em concentrações
superiores aos padrões de potabilidade da água.
24
Provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de
obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos,
concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas,
madeiras e compensados, forros, argamassas, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha
(CONAMA, 2002, p.1).
A Resolução No 307/2002 do CONAMA trouxe também uma classificação para
os RCC, descrita como:
Resíduos classe A – reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
o
de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de
outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem;
o
de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimentos
etc.), argamassa e concreto;
o
de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de
obras.
Resíduos classe B recicláveis para outras destinações: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
Resíduos classe C não permitem a reciclagem. São os resíduos para os
quais o foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente
viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tal como o gesso.
Resíduos classe D perigosos oriundos do processo de construção: tintas,
solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros. Também foram incluídas nesta classe as telhas e
demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos
nocivos à saúde por complementação da Resolução 307/2002 pela
Resolução 348/2004 do CONAMA.
25
No quadro 2 é apresentada a classificação dos principais materiais
componentes dos RCC, tendo como referência a Resolução N
o
307/2002 do
CONAMA e a NBR 10.004/2004.
Quadro 2 Classificação das frações de materiais do RCC
(LIMA et al., 2007)
Para Souza et al. (2004), os RCC representam uma das parcelas do excesso
de consumo de materiais nos canteiros de obras. Segundo o referido autor, a
quantidade de material utilizado em excesso pode ocorrer por três diferentes
motivos: por furto; incorporação de materiais à edificação ou pela geração do
entulho que é a parcela mais visível das perdas de materiais.
Considerando o entulho gerado na etapa de produção de um empreendimento,
os RCC podem ser classificados segundo quatro critérios (SOUZA et al., 2004):
Segundo sua forma de manifestação – corresponde à maneira como o
resíduo foi gerado. Ex: sacos de cimento empedrados, pontas de aço não
reaproveitadas.
Segundo o momento de incidência corresponde a etapa do processo em
que foi gerado: no recebimento, na estocagem, no armazenamento, na
aplicação ou no transporte.
Segundo suas causas corresponde a razão imediata para a geração do
resíduo. Ex: transporte inadequado, baixa qualidade do material, acidente,
uso de ferramentas inadequadas.
Classificação das frações do resíduo de construção
pela Resolução 307 e pela norma ABNT 10.004/2004
Resíduo R307 ABNT Resíduo R307 ABNT Resíduo R307 ABNT
Alvenaria A IIB Argamassas A IIB Concreto A IIB
Solo não
contaminado
A IIB Cerâmicos A IIB Polietileno C IIA
Madeira não
tratada
B IIA PVC B IIB Poliuretano C IIA
Madeira tratada B I Gesso C IIA Isopor B/C IIA
Aço-alumínio-
cobre
B IIB Papel e
papelão
B IIA Vidro B IIB
Material de
pintura
C/D I/IIA Materiais
asfálticos
C/D I Plástico B IIA
Outras informações: Manual de Produtos Químicos Perigosos (www.cetesb.sp.gov.br/Emergencia
/produtos/produto_consulta.asp), da Cetesb, e site da Limpurb (www.limpurb.salvador.ba.gov.br).
26
Segundo sua origem – corresponde a origem do problema, ou seja, a
tomada ou o de uma decisão que tenha provocado a geração do resíduo
na sua etapa de ocorrência ou em etapa anterior. Ex: falta de modulação
dos blocos de vedação.
2.1.2 Caracterização
Para se avaliar a composição média dos RCC vários fatores devem ser
considerados, tais como: a tipologia construtiva utilizada, as técnicas construtivas
existentes e os materiais disponíveis em cada região. Ainda neste contexto, devem
ser considerados os índices de perdas de materiais mais significativos, ou seja, a
composição do RCC também é um reflexo dos insumos que têm os índices de
desperdício mais elevados no setor. Todos estes fatores estarão influenciando a
composição do resíduo de construção e demolição (LEITE, 2001).
Segundo Vieira e Dal Molin (2004), quando se analisa a composição dos
resíduos de construção e demolição das cidades, se percebe que a sua composição
em geral possui elevados percentuais de concreto, material cerâmico e argamassa,
independente da região, estado e até mesmo país em que foram gerados.
Pesquisa realizada em obras na Holanda reforça a afirmação dos autores
anteriormente citados, indicando que 80% dos RCC são gerados a partir do uso de
rochas, concretos, elementos lico-alcalinos e materiais de cobertura (BOSSINK e
BROUWERS, 1996).
Jadovski (2006) consolidou dados de diversos autores sobre a composição de
resíduos de construção e demolição (RCD) que estão apresentados na tabela 1.
Vale ressaltar que a composição destes resíduos varia de acordo com a fase e com
o tipo de obra, afetando a qualidade dos agregados reciclados produzidos.
27
Tabela 1 Composição dos RCD de diversas regiões e países (%)
(JADOVSKI, 2006. fontes citadas na tabela)
Dados coletados pelo Projeto Entulho Bom, em parceria com a LIMPURB,
indicam que a maior parte do entulho de Salvador é composta por resíduos de
concreto e argamassa (53%), material cerâmico (14%), solos e areia (22%), rocha
(5%), plástico (4%) e apenas 2% compõem outros materiais inclusive o gesso
(CARNEIRO et al., 2001). Com a ampliação do uso do gesso, seja nos aspectos
decorativos, como forro, vedação vertical ou revestimento, acredita-se que a
participação deste elemento tenha aumenta ao longo dos últimos anos, a exemplo
do percentual de 3,39% na composição média dos RCC em Aracajú (SINDUSCON-
SE et al., 2005 apud SALES, 2006).
COMPOSIÇÃO DOS RCD DE DIVERSAS REGIÕES E PAÍSES (%)
TIPO DE MATERIAL
AUTOR/FONTE LOCAL
Concreto
Argamassa
Alvenaria
Material
Cerâmico
Rochas e
Brita
Solo e Areia
Material
Asfaltico
Aço
Madeira
Papel e
Plásticos
Outros
Brito Filho, 1999, p.60 São Paulo 8 24 30 33 5
Castro et al., 1997,
p.1672
São Paulo-
Itatinga
12 3 82 3
De Baptisti (1999,
p.113)
São Paulo -
Itatinga
15 38 20 1 2 24
S.P.-Freguesia
do Ó
65 13 8 14
Ferraz et al., 2001,
p.78 à 84
São Paulo -
Jaçanã
84 16
Zordan, 1997, p.89 Ribeirão Preto 21 37 24 18
Latterza; Machado Jr.
(1997, p.1969)
Ribeirão Preto
15 46 19 19 1
Machado Jr. et al.
(2000, p.4)
Ribeirão Preto
14 48 15 23
Oliveira; Assis, 1998,
p.102
Guaratinguetá
7 41 22 30
Xavier; Rocha, 2001,
p.62
Florianópolis
30 19 28 23
Construccion, 1996 Reino Unido
9 5 75 11
Carneiro, 2000
Carneiro et al., 2001a,
p.150
Salvador
53 5 22 6
I & T, 1990
Pinto, 1999, p.19 e 20
Santo André
4 64 18 11 3
Hong Kong
Polytechnic, 1993
Hong Kong
31 6 12 3 2 3 8 1 34
IBPGE, 1995
Bélgica
38 45 3 10 2 2
ITEC, 1995 Com. Européia
40 45 4 8 3
28
Analisando a figura 1, pode-se concluir que apesar do caráter heterogêneo dos
RCC de Salvador, a sua maior parte, 94% dos materiais constituintes, se
apresentam com alto potencial para reciclagem, constituindo, assim, uma grande
fonte de matérias-primas a serem exploradas.
2.1.3 Geração
De acordo com John (2000), a estimativa do volume gerado de RCC é um
grande problema em função da limitação de estatísticas confiáveis e da ausência de
classificação padronizada, o que dificulta comparações mais precisas entre os
países. Ainda segundo o autor, o macro-complexo da construção civil gera resíduos
desde a produção de materiais e componentes, nas atividades de canteiros de
obras, durante a manutenção, modernização e, finalmente, na demolição.
Os resíduos provenientes das atividades de construção civil constituem, quase
sempre, a maior parcela dos resíduos sólidos gerados no ambiente urbano. É
significativa a quantidade de RCC gerada no mundo. A tabela 2 apresenta uma série
de dados de diversos autores coletada por Jadovski (2006) sobre este tema.
Figura 1 Composição média do entulho de Salvador, em 1999
(CARNEIRO et al., 2001)
Plástico
4%
Rochas
5%
Outros
2%
Cerâmica
Branca
5%
Solo e Areia
22%
Concreto e
Argamassa
53%
Cerâmica
Vermelha
9%
29
Tabela 2 Quantidade da geração de RCD
(JADOVSKI, 2006. Fontes citadas na tabela)
A geração de RCC varia com o tipo de cidade e sua população, assim como o
patamar de desenvolvimento econômico. No Brasil, em cidades de médio e grande
porte, as taxas de geração destes resíduos variam entre 400 e 700 kg/habitante/ano
(OLIVEIRA, OLIVEIRA e FERREIRA, 2008).
GERAÇÃO DE RCD
PESQUISADOR LOCAL GERAÇÃO DE RCD OBSERVAÇÕES
Lauritzen, 1998, p.507 Europa 607 a 918 kg/hab.ano
Desmyter et al., 1994, apud
Pera, 1996, p.17
Oeste da
Europa
0,7 a 1,0 t/hab.ano
Vázquez 2001, p.22 União
Européia
221 a 334 milhões de
ton/ano ou 607 a 918
kg/hab.ano
Dorsthorst e Hendriks, 2000,
apud Leite, 2001, p.17
Comunidade
Européia
180 milhões ton/ano
ou 0,5 ton/hab.ano
European Demolition
Association, 1992, apud Pera,
1996, p.17
Europa
Ocidental
215 milhões ton/ano Ano 2000, sendo
80% proveniente
de demolições
Buchner e Scholten, 1992,
apud Bossnik e
Brouwers, 1996, p.56
Oeste da
Europa
215 milhões ton/ano Ano 2000
Simons; Henderieckx, 1993,
apud Miranda, 2000,
p.2
Oeste da
Europa
0,7 a 1,0 ton/hab.ano
Leite 2001, p.17 Holanda
15 milhões ton/ano, ou 1
ton/hab.ano
Ano de 1996
Bossnik e Brouwers, 1996,
p.55
Holanda 14 milhões ton/ano Ano de 1993
Ruch et al. 1997b, apud
Miranda, 2000, p.2
Alemanha 33 milhões ton/ano
Hanish et al., 1991, apud
Bossnik e Brouwers, 1996,
p.56
Alemanha 32,6 milhões ton Ano 1991
Kohler e Kircher, 1993, apud
Bossnik e Brouwers,
1996, p.56
Alemanha 44 milhões ton/ano Ano 1993
Freeman e Harder 1997, apud
Miranda, 2000, p.2
Inglaterra 70 milhões ton/ano
Boileau 1997 et al., apud
Miranda, 2000, p.2
França 20 a 25 milhões ton/ano
Peng et al., 1997, p.49 Estados Unidos
20 a 30 kg/m² de área
construída ou 500
kg/hab.ano
John, 2000, p.17 Brasil 230 a 760
kg/hab.ano
Entre 41% e 70% do
resíduo sólido municipal
Schneider e Philippi Jr., 2004,
p.24
São Paulo 17.000 ton/dia Ano 2003
Hamassaki, 2000, p.179 São Paulo 4 mil ton/dia, ou
90.000 m³/mês
De Baptisti, 1999, p.111 São Paulo 107.000 ton/mês
Brito Filho, 1999, p.59 São Paulo 144.000 m³/mês Considerando-se os
aterros clandestinos
Corbioli, 1996, p.5 Belo Horizonte
1.200 ton/dia e
1.800 ton/dia de
terra
Ano de 1993, com custo
anual de remoção de
1.000.000 US$.
30
Segundo Puig (2006), a partir de informe da Comissão Européia de 1999, as
estimativas de geração de RCC na União Européia variavam desde os 720
quilogramas/habitante/ano, na Alemanha e Holanda,aos 170, na Irlanda e na Grécia,
estando a média dos países membros em 480 quilogramas/habitante/ano.
A tabela 3 apresenta os dados de coleta de RSU no município de Salvador nos
anos de 2004, 2005 e 2006, por tipo de resíduo. Verifica-se que ao longo dos
referidos anos, é significativo o percentual de RCC na composição do RSU do
município, representando, em média, 45% de todo o resíduo coletado.
Tabela 3 Resultado da Coleta de Resíduos Sólidos em Salvador
(LIMPURB, 2006)
Não deve ser esquecido que os dados apresentados se referem apenas aos
RCC geridos pelo Poder Público, este número é muito maior se forem considerados
os resíduos manejados pela ação privada e aqueles destinados de forma irregular.
O crescimento populacional constitui um fator importante nessa geração, visto
que contribui para o aumento da geração desses resíduos. Além disso, o déficit
habitacional pressiona a sociedade a expandir o número de habitações nos
próximos anos, o que contribui, também, para o aumento da geração de entulho.
Como constatado por Souza et al. (2004), vários trabalhos sobre a mensuração
dos resíduos gerados na produção de edificações foram realizados no país e no
exterior, com alguma diferenciação no que diz respeito aos materiais estudados,
parcelas de perdas abordadas (perda incorporada e entulho ou apenas uma delas),
estratégia de atuação, entre outros aspectos. Porém, todas com o mesmo objetivo.
COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM SALVADOR
2004 2005 2006
Tipo
(t) % (t) % (t) %
Variação
2005-2006 %
+ -
1. Urbano
701.480
56,03
703.066
51,20
727.984
53,01
3,54
2. RCCs
495.747
39,59
618.230
45,03
604.845
44,04
-2,17
3. Vegetal
47.046
3,75 44.201
3,22
34.480
2,51
-21,99
4. RSSs
7.989
0,63 7.601
0,55
6.013
0,44
-20,90
Total 1.252.262
100 1.373.098
100
1.373.322
100
0,016
Fonte: DIROP/LIMPURB (2006)
Nota: Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs): Domiciliar, Público e Comercial.
Resíduos da Construção Civil (RCCs):Parcela da Classe A –Entulho
Resíduos de Serviços de Saúde (RSSs): Parcela do Grupo A- Infectante
Vegetal: Resíduos provenientes das podas das árvores e das feiras livres
31
Como principal conclusão destes trabalhos é possível destacar o fato de que as
perdas de materiais são significativas, tanto no que diz respeito ao material
incorporado em excesso, quanto na forma de entulho (SOUZA et al., 2004).
Entre os anos de 2006 e 2007 foi desenvolvido por pesquisadores do SENAI-
BA das áreas de Construção Civil e Meio Ambiente, apoiados por especialistas
externos, o projeto “Tratamento e Destinação Responsável de Resíduos Sólidos na
Construção Civil” com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da
Bahia (FAPESB), órgão da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado.
O referido projeto teve por objetivo o desenvolvimento de estudos e pesquisas de
campo que promovessem a ampliação das informações acerca da geração e da
destinação dos RCC na RMS e uma melhor gestão ambiental destes resíduos. Para
isso, foi dado enfoque na prevenção, incluindo a avaliação dos seus aspectos
tecnológicos, econômicos e ambientais (LIMA et al., 2007).
O Projeto foi estruturado em três etapas: (1) Elaboração de um Diagrama de
Blocos, identificando insumos e resíduos gerados nas várias etapas do processo de
construção de edificações; (2) Pesquisa sobre a geração de resíduos de construção
na cidade de Salvador, desenvolvida em duas fases: um diagnóstico inicial e uma
pesquisa de campo; (3) Pesquisa sobre a destinação dos diferentes tipos de
resíduos de construção na RMS (LIMA et al., 2007). Na primeira etapa, a ferramenta
do diagrama de blocos foi escolhida pela simplificação dos processos por meio da
representação gráfica e teve por objetivo principal a identificação das entradas e
saídas de 20 processos críticos selecionados.
Para a melhor compreensão e, principalmente, para a simplificação do
processo de construção civil, foi realizada a elaboração de um fluxograma que
descreve os principais processos que compõe a construção de um edifício, retratado
na figura 2. Apesar dos processos apresentados poderem ser substituídos por
processos similares ou competitivos, este fluxograma representa o fluxo típico
encontrado na construção de um edifício na RMS (CAPONERO e ALMEIDA, 2006).
32
Figura 2 Fluxo simplificado do processo de construção de edifício
(CAPONERO e ALMEIDA, 2006)
Os resultados obtidos nesta fase do estudo fortalecem a proposta da presente
dissertação, uma vez que resíduos classe A foram identificados em saídas de vários
processos críticos estudados. Este fato remete a necessidade de proposições
concretas e sustentáveis para destinação desta classe de resíduos. Para
exemplificar o trabalho realizado na identificação das entradas e saídas dos
processos, é apresentado um exemplo relativo à etapa da estrutura, serviço gerador
de resíduos classe A, na figura 3 e no quadro 3.
Figura 3 Esquema gráfico do processo da Estrutura
(CAPONERO e ALMEIDA, 2006)
33
Quadro 3 Entradas e saídas do processo da estrutura
(CAPONERO e ALMEIDA, 2006)
Segundo Lima et al. (2007), na etapa 2, foram entrevistados responsáveis por
29 obras em Salvador e segundo a maioria deles, os serviços que mais geram
resíduos em seus canteiros são: vedação vertical e revestimento de parede. Foram
levantados também os resíduos considerados mais críticos, considerando os
seguintes motivos: inexistência de soluções para o reaproveitamento e destinação,
dificuldade de manejo e armazenamento, sujeira na obra, risco de acidentes e
potencial de poluição ambiental. Os resultados são apresentados nas figuras 4 e 5.
Figura 4 Serviços que mais geram resíduos na visão dos construtores
(LIMA et al., 2007)
Processo: V - Execução de Estrutura
Descrição: Estrutura de concreto armado convencional, moldada no local com fôrma de madeira
Predecessores: III - Fundação
Sucessores: VI - Alvenaria
Entradas Saídas
Cod. Descrição Fonte Função Cod. Descrição Motivo Destino
V.E.1
Madeira Madeireira Fôrma V.S.1
Madeira Uso temporário Queima ou aterro
V.E.2
Aço para
CA
Metalúrgica ou Empresa
de corte e dobra
Armação V.S.2
Concreto Sobra Reuso
V.E.3
Concreto
Concreteira ou Processo
Ia
Estrutura V.S.3
Concreto Rebarba
Reciclagem ou Aterro
Classe A
V.E.4
Madeira Madeireira
Escoramento e
Cimbramento
V.S.4
Aço
Sobra ou uso
temporário
Sucateiro
V.E.5
Plástico Loja Espaçador V.S.5
Concreto
Armado
Produto Obra
V.E.6
Tela
plástica
Fabricante Proteção - periferia V.S.6
Tela plástica
Processo (uso
temporário)
Cooperativa
(reciclagem) ou reuso
24
22
14
10
10
4
2
1
Citações
Revest.de parede
Alvenaria (vedação)
Revest.de piso
Estrutura
Forro
Tubulações
Fundação
Gesso Projetado
Serviços que mais geram resíduos
(em volume)
34
Figura 5 Resíduos mais críticos na visão dos construtores
(LIMA et al., 2007)
Foi perguntado também aos construtores, quais as principais causas da
geração dos resíduos, as respostas são indicadas na figura 6.
Figura 6
Principais causas da geração de resíduos na visão dos construtores
(LIMA et al., 2007)
Pelos dados apresentados na figura 6, a execução dos processos construtivos,
a qualificação da mão-de-obra, falhas em projetos e gestão dos materiais
respondem por 88% da geração de resíduos nas obras. Segundo Ekanayake e Ofori
(2000), em pesquisa realizada na África do Sul, vários fatores contribuem para
geração de RCC, isoladamente ou pela combinação de dois ou mais destes. Estas
Principais causas da geração de resíduos
Mão-de-obra
18%
Processo
Construtivo
36%
Projetos
17%
Gestão de
Materiais
17%
Materiais de
construção
3%
Alterações na
obra
9%
15
14
5
5
4
2
2
2
Citações
Gesso
Madeira
Impermeab./Asfálticos
Sacos
Tintas
Papelão
Tubulação
Restos de fôrmas
Resíduos mais críticos
35
causas foram organizadas em seis categorias: (1) Projeto, (2) Aquisição, (3)
Manuseio de materiais, (4) Execução, (5) Resíduos relacionados e (6) Outros
(GAVILAN e BERNOLD, 1994 apud EKANAYAKE e OFORI, 2000). As quatro
primeiras categorias citadas acima coincidem com os fatores mais significativos de
geração de RCC apresentados na figura 6.
Foi verificado ainda na pesquisa de Lima et al. (2007) que na maioria das
obras, os resíduos não são encaminhados ao reuso e reciclagem, apesar das
empresas conhecerem a Resolução 307 do CONAMA/2002.
Também foi realizado levantamento quantitativo da geração de resíduos em
canteiros de quatro empresas construtoras para os serviços de execução de
alvenaria, corte em alvenaria, revestimento com gesso, revestimento com
argamassa. Dentre os resultados obtidos observou-se uma grande variedade do
volume de resíduo gerado entre as obras, como pode ser observado na tabela 4. No
caso da alvenaria de vedação, por exemplo, o percentual variou de 6,8% a 13,9%,
sendo menor nas obras com modulação das paredes. Na etapa 3, foram
pesquisadas soluções ambientalmente adequadas para destinação dos resíduos na
RMS (LIMA et al, 2007).
Tabela 4 Resultados da pesquisa de geração de resíduos
(LIMA et al., 2007)
Em diversos países é possível constatar que a política aplicada para controle
da geração dos RCC é baseada, prioritariamente, na minimização da geração na
fonte, no envolvimento da sociedade, no processo de educação dos técnicos do
setor e da criação de ferramentas de gestão e legislações que possam administrar
de forma sustentável os resíduos do processo construtivo em seus domínios
Serviço Obra Área medida (m
2
) Resíduos gerados
(m
3
)
Resíduos gerados
(% em volume)
1 342,11 4,31 13,9
1 342,11 3,86 12,6
2 194,81 1,31 7,4
2 194,81 1,42 8,1
Alvenaria de vedação
3 332,92 2,04 6,8
1 342,11 0,83 2,7 Cortes em alvenaria
3 332,92 0,92 3,1
2 360,00 0,84 12,0 Revestimento com gesso
2 360,00 0,80 11,0
1 660,66 2,40 17,9
3 777,45 0,86 5,5
4 806,22 0,14 0,89
Revestimento em argamassa
4 806,22 0,10 0,62
36
territoriais (BOSSINK e BROUWERS, 1996; EKANAYAKE e OFORI, 2000; GAMBIN,
LEO e RAHMAN, 2004; PUIG, 2006).
2.1.4 Destinação
A destinação dos RCC é de responsabilidade de seu gerador, incluindo ações
voltadas ao seu reuso, reciclagem ou destinação responsável. Neste último aspecto
o gerador deverá estar atento para promover o transporte adequado e o
encaminhamento dos resíduos para locais autorizados (CONAMA, 2002).
São gastos em torno de R$ 2 milhões por mês com o recolhimento de entulho
disposto clandestinamente em centros urbanos acima de dois milhões de habitantes.
Pode-se dizer que mais da metade do entulho é disposto irregularmente na maioria
dos centros urbanos brasileiros de médio e grande porte (BLUMENSCHEIN, 2007).
Algumas alternativas possíveis para destinação dos RCC são (PINTO, 1999;
PESSOA, 2006; LORDÊLO, EVANGELISTA E FERRAZ, 2007):
Postos de entrega: área pública destinada ao recebimento de pequenos
volumes de resíduos da construção civil.
Área de Transbordo e Triagem (ATT): área pública ou privada que se
destina a receber RCC em maiores volumes, coletados por agentes
privados, com o objetivo da triagem dos resíduos recebidos, eventual
transformação e posterior remoção para adequada área de disposição final.
Área de Reciclagem: área pública ou privada destinada à transformação dos
resíduos classe A em agregados.
Aterros de Resíduos da Construção Civil: área pública ou privada onde são
empregadas técnicas de disposição de resíduos classe A, visando à
preservação de materiais segregados, possibilitando seu uso futuro e/ou
futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-
los ao menor volume, sem causar danos à saúde pública e ao meio
ambiente.
Aterros para resíduos industriais: área licenciada para o recebimento de
resíduos industriais classe I e II, conforme definição da NBR 10.004 (2004).
37
Outros agentes: sucateiros, cooperativas, cerâmicas, grupos de coleta
seletiva e outros agentes que comercializam resíduos recicláveis.
Em Lima et al. (2007) foi realizado levantamento das soluções disponíveis na
RMS para a destinação dos principais RCC e os dados consolidados estão
apresentados no quadro 4.
Quadro 4 Alternativas de destinação para RCC na RMS
(LIMA et al., 2007)
Dentre as proposições de destinação para o resíduo classe A, foi indicada a
reciclagem em obra para produção de areia e brita. Deve-se atentar para o fato de
que alternativas para destinação podem surgir com o desenvolvimento tecnológico,
alterações no mercado, políticas blicas, iniciativas privadas, entre outras
possibilidades.
Ainda são restritas, em muitos municípios, as alternativas para a destinação
ambientalmente adequada dos RCC. Segundo Melo et al. (2008), que realizaram
DESTINAÇÃO PARA RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA RMS
Observação Cuidados na gestão Reuso/reciclagem
Destinação em
Salvador
Classe A
Compõe mais da metade do
resíduo de construção
Segregar concretos e
alvenarias para
facilitar o reuso e a
reciclagem
Reuso: bases de pisos,
revestimento primário de
vias, etc. Reciclagem:
produção de areia e brita
Base de Descarga de
Entulho, reciclagem em
obra ou aterro licenciado
Madeira e podas (Classe B)
Representa mais de 10% do
resíduo de construção
levado aos aterros
Segregar: madeira de
lei, madeira
contaminada e não
contaminada
Reuso: na construção.
Reciclagem: como
combustível e na
produção de móveis,
caixilhos, chapas, etc.
Pode ser doada ou
vendida para olarias,
indústrias cerâmicas ou
outras empresas
Papel, plástico, metais e vidro (Classe B)
São comumente reciclados
no país. Têm pequena
participação no resíduo de
construção
Segregação na obra
para facilitar a
doação/venda e
diminuir custos de
transporte
Devem ser reciclados Vender ou doar para
cooperativas e empresas
de reciclagem
Resíduos perigosos (Classe D)
Têm pequena participação
no resíduo de construção,
mas demandam cuidados na
gestão
Separar dos demais
resíduos desde a
origem e destinar a
empresas
especializadas
Quando puder ocorrer, a
reciclagem deve ser
realizada por empresas
capacitadas.
Encaminhar à Cetrel
Lumina ou Ecomed.
Alguns fabricantes
podem receber os
resíduos.
Gesso (Classe C)
Sua participação no resíduo
de construção é pequena,
mas problemática. Em
aterros, leva à formação de
gases tóxicos. Contamina o
lençol d’água com sulfatos.
Agregados reciclados com
gesso geram reações
expansivas nos concretos
Separar dos demais
desde a origem e
destinar a empresas
especializadas
Ao ser calcinado e moído,
o gesso pode ser usado
na construção. O gesso
acartonado apresenta
maiores desafios, pela
associação com outros
produtos
Não há solução
economicamente viável
para sua reciclagem, em
Salvador. Encaminhar à
Cetrel Lumina ou
Ecomed. É interessante
negociar soluções com o
fornecedor.
38
avaliação do panorama dos RCC em Goiânia, o volume de RCC cresce a cada ano,
o que demanda o acompanhamento das soluções relativas ao seu transporte e
destinação final. Os autores relatam ainda que os órgãos municipais dispõem de
poucos dados e informações e demonstram despreocupação quanto ao tema,
ignorando o enorme passivo ambiental cujas conseqüências são partilhadas
silenciosamente com a comunidade e com a iniciativa privada.
Segundo Souza et al. (2004) embora seja de grande importância a destinação
adequada dos resíduos gerados torna-se imperativo ações que tenham como
objetivo a redução do entulho diretamente na fonte de geração, ou seja, nos próprios
canteiros de obras.
2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E REFERÊNCIAS NORMATIVAS
Segundo Almeida et al. (2005), no Brasil, as políticas públicas voltadas ao
gerenciamento de RCC visam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a
tomarem uma nova postura gerencial. Estas medidas, em geral, ainda são
consideradas como não usuais, ou mesmo, como desconhecidas no setor, seja
público ou privado, da construção civil.
O Estatuto das Cidades, Lei Federal 10.257, promulgada em 10/6/2001,
institui novas e importantes diretrizes para o desenvolvimento sustentado dos
centros urbanos brasileiros (BRASIL, 2001). O Estatuto prevê a necessidade de
proteção e preservação do meio ambiente natural e construído, com uma correta
distribuição dos benefícios e ônus decorrentes da urbanização, exigindo que os
municípios adotem políticas setoriais articuladas e sintonizadas com o seu Plano
Diretor. Uma dessas vertentes setoriais, que pode ser destacada, é a que trata da
gestão dos resíduos sólidos (PINTO e GONZÁLEZ, 2005).
A principal ação efetivada em termos legais, visando à mudança deste quadro
foi a criação da Resolução N
o
307/2002 do CONAMA.
O CONAMA preocupado com a degradação ambiental gerada pelos resíduos
de construção publicou a referida Resolução que estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, além de disciplinar as
ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais gerados por estes.
39
A referida Resolução, que entrou em vigor em 02 de janeiro de 2003, considera
que os geradores de resíduos da construção civil devem ser responsáveis pelos
resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas
e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção de vegetação e
escavação de solos. Obriga ainda os gestores municipais e construtores a
adaptarem seus processos de gestão de modo a garantir a destinação
ambientalmente correta dos RCC. Isto envolve a qualificação e documentação de
procedimentos de triagem, acondicionamento e disposição final dos reduos no
canteiro.
De acordo com esta Resolução, os geradores devem ter como objetivo maior a
não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a
reciclagem e a destinação final.
A elaboração e implantação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil (PGRCC) pelos grandes geradores é outra exigência da Resolução
307/2002 do CONAMA. A diferenciação entre grande e pequeno gerador é definida
por cada município. Alguns municípios consideram a área construída do
empreendimento e outros, o volume de resíduo por descarga.
O PGRCC deverá ter como objetivo o estabelecimento dos procedimentos
necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos, e
contemplar as etapas (CONAMA, 2002):
caracterização: identificação e quantificação dos resíduos;
triagem: deverá ser promovida, preferencialmente, na origem, ou ser
realizada nas áreas licenciadas para essa finalidade, respeitando-se as
classes de resíduos;
acondicionamento: confinamento dos resíduos da geração até o transporte,
assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de
reutilização e de reciclagem;
transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores
e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
destinação: deverá ser prevista de acordo com a classificação de cada
resíduo.
40
para os municípios, a Resolução 307/2002 do CONAMA determina que
estes, devem implantar a gestão dos resíduos da construção civil por meio da
elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
Apesar dos prazos estabelecidos para as adequações por parte dos municípios
e dos geradores, poucas foram as iniciativas públicas e privadas para atender as
exigências estabelecidas, no sentido de adaptarem seus processos de modo a
garantir a destinação ambientalmente correta dos RCC.
Ainda em âmbito nacional pode ser citada a Lei N
o
11.445, de 5 de Janeiro de
2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a
política federal de saneamento básico. Dentre os princípios fundamentais desta lei
está previsto, para o Poder Público, o abastecimento de água, esgotamento
sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas
adequadas à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado
(BRASIL, 2007).
No âmbito da referida lei, em seu artigo sétimo, é dito que estão incluídas no
serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos, as
atividades de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por
compostagem, e de disposição final dos resíduos do lixo doméstico, da varrição e
limpeza dos logradouros e vias públicas (BRASIL, 2007). Considerando que a
destinação dos RCC pelos pequenos geradores e as deposições irregulares destes
resíduos em bota-fora clandestinos, lotes vagos, encostas e áreas inadequadas vão
se incorporar ao volume de resíduos sólidos urbanos que estão sob a
responsabilidade do poder público, é evidenciado o papel fundamental da gestão
municipal do RCC.
Segundo Melo et al. (2008), a Constituição Federal em seu capítulo VI, artigo
225, juntamente com a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei de Crimes
Ambientais e seus respectivos decretos regulamentares são outras legislações
federais que tratam de temas relacionados aos impactos ambientais e as
responsabilidades do gerador-poluidor.
Outros mecanismos como a Política Urbana, prevista em capítulo específico da
Constituição Federal, o Estatuto das Cidades e a Medida Provisória N
o
2.220 de
2001 que cria o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano, apresentam
41
diretrizes para a política urbana no país nos níveis federal, estadual e municipal
(MELO et al., 2008).
A Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (LIMPURB) vem buscando
implantar desde 1997 o Plano de Gestão Diferenciada de Entulho na Cidade de
Salvador. Este Plano promove medidas para a redução do descarte clandestino,
convertendo-o em disposição correta.
Para tanto, o Plano previa a instalação de 22 Postos de Descarga de Entulho
(PDE), áreas destinadas à recepção de pequenos volumes (até 2 m
3
) e 6 Bases de
Descarga de Entulho (BDE), áreas para recepção de grandes volumes (superiores a
2 m
3
). Além desta infra-estrutura, o Plano previa também, o credenciamento de
empresas particulares de coleta e transporte de entulho (LIMPURB, 2005). Até o
momento existem seis PDEs com funcionamento precário e a BDE de Canabrava
que apresenta sua capacidade de recebimento de RCC praticamente esgotada.
Visando ampliar e regulamentar as ações do Plano foi publicado um Decreto
Municipal 12.133, em 08 de outubro de 1998, que estabeleceu, dentre outras coisas:
a necessidade de redução de danos ao meio ambiente e a saúde pública
por meio de ações preventivas;
que todo o resíduo gerado deve estar dentro dos limites do canteiro;
multa para a disposição de resíduos em local irregular;
que o transportador de entulho deve estar devidamente registrado na
LIMPURB.
Dentre as metas a serem atingidas, o aspecto mais crítico é a disponibilidade
de recursos necessários à instalação das Bases de Descargas de Entulho (BDE)
para possibilitar a destinação adequada, promover a reciclagem e a fabricação de
componentes para a construção civil. O entulho proveniente dos grandes geradores
ainda está sendo transportado para a única área de recepção disponível no
município, que é a BDE de Canabrava ou para outras áreas de aterro, muitas vezes
sem alvará ou licença, ou seja, clandestinas. Essa BDE está passando por um
processo de encerramento de sua vida útil, ficando cada vez mais restritas as áreas
disponíveis para a disposição de entulho em Salvador.
42
Além das políticas públicas praticadas pelos municípios foram elaboradas
normas técnicas para regulamentação do manejo dos resíduos sólidos de
construção, assim como para utilização dos agregados reciclados.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade que
trabalha com normatização técnica no País. Sendo assim, ela tem desenvolvido
normas brasileiras sobre os mais diferentes temas.
Existem cinco normas brasileiras relacionadas ao tema Gestão de Resíduos:
NBR 15.112:2004 - Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos
Áreas de Transbordo e Triagem Diretrizes para Projeto, Implantação e
Operação.
NBR 15.113:2004 - Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos
Inertes – Aterros – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação.
NBR 15.114:2004 - Resíduos Sólidos da Construção Civil Áreas de
Reciclagem – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação.
NBR 15.115:2004 - Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da
Construção Civil Execução de Camadas de Pavimentação
Procedimentos.
NBR 15.116:2004 - Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da
Construção Civil Utilização em Pavimentação e Preparo de Concreto sem
Função Estrutural – Requisitos.
Estas normas têm papel fundamental no sentido de estimular a segregação,
reciclagem e destinação responsável dos resíduos, dando respaldo técnico e legal.
2.3 GERENCIAMENTO DE RCC NOS CANTEIROS DE OBRA
2.3.1 Aspectos gerais
Para Almeida et al. (2005), a criação e o estabelecimento de parâmetros e
procedimentos em obra para a gestão diferenciada dos resíduos são fundamentais
para assegurar o devido descarte. Ações como estas, quando executadas
amplamente por empresas do setor, promovem a minimização substancial dos
impactos ambientais que a disposição inadequada dos resíduos gera e contribuem
43
para evitar a necessidade de soluções emergenciais. A atitude corretiva é a situação
típica da maioria dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo,
repetitivo, custoso e, principalmente, ineficiente.
Segundo Lordêlo, Evangelista e Ferraz (2007), a organização, a limpeza e a
segregação dos RCC estão diretamente relacionadas às perdas, tanto de materiais,
quanto de mão-de-obra. As autoras acreditam que ao promover uma adequada
limpeza e segregação dos resíduos, se consegue reduzir enormemente os índices
de perda no canteiro, pois:
o canteiro fica mais limpo e organizado;
se evita a mistura entre os materiais e os resíduos, pois estes serão
segregados, evitando que materiais novos sejam descartados como
resíduo;
se promove o reaproveitamento dos resíduos antes do descarte;
os resíduos a serem descartados serão quantificados e qualificados, o que
colabora na identificação de possíveis focos de desperdício.
Outro aspecto importante no tocante à limpeza do canteiro é a redução da
incidência de acidentes de trabalho proporcionada por um local de trabalho mais
seguro. Vale reforçar que um ambiente de trabalho mais limpo e organizado
aumenta a satisfação dos colaboradores, promovendo ganhos também para a
empresa (LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007).
Segundo Pessoa (2006), que avaliou os resultados obtidos por grupo de
empresas construtoras em Salvador na implantação de Programa de Gestão de
Resíduos na Construção Civil (PGR) em seus canteiros, a separação dos RCC leva
a uma redução de cerca de 25% no volume total gerado destes resíduos. Esta
redução se em função do fator de empolamento dos materiais componentes,
promovendo, em conseqüência da segregação, uma redução no custo da
destinação.
Podem ser indicadas como as principais dificuldades encontradas na
implantação de PGR em canteiros de obras (PESSOA, 2006; ALMEIDA et al., 2005):
44
manutenção da equipe operacional da obra comprometida com os objetivos
do programa, demandando sensibilização permanente de todos os
envolvidos;
existência de equipes de limpeza das obras em contraponto a necessidade
da segregação dos resíduos na fonte com a participação dos próprio oficiais
responsáveis pelos serviços;
disponibilidade e adequação dos dispositivos de coleta e segregação dos
resíduos, assim como sua devida identificação;
sistematização prévia das informações sobre fornecedores de dispositivos,
agentes de coleta e soluções de destinação no município;
compatibilização da coleta seletiva dos resíduos nos canteiros com o
sistema de transporte vertical e horizontal adotados pela empresa;
falta de racionalização dos projetos e falhas executivas;
baixo comprometimento da alta direção e da gerência da obra;
falta de opções para a destinação responsável dos resíduos no município e
de regulamentação do órgão gestor municipal quanto ao tratamento dos
RCC.
Segundo Sterniere, Pimentel e Lintz (2008), o sucesso da implantação de um
programa de gestão ambiental em empresas construtoras dependerá da conciliação
entre os benefícios ambientais e os benefícios gerados para a empresa como
unidade de negócio. Desta forma, a sintonia com os aspectos gerenciais
relacionados ao planejamento, controle da produção, logística, suprimentos e
capacitação de pessoal, deve ser privilegiada durante todo o processo de
implantação de programas desta natureza.
A gestão dos RCC e as soluções para redução de sua geração, assim como
seu correto manejo e destinação, devem acompanhar todo o processo de realização
do empreendimento, desde a sua concepção até a entrega ao cliente e manutenção
(LIMA et al., 2007). A figura 7 apresenta diretrizes a serem consideradas em cada
etapa do empreendimento.
45
Apesar das dificuldades encontradas, a implantação de PGR em canteiros de
obras apresenta viabilidade financeira e traz ganhos ambientais significativos
(PESSOA, 2006).
Figura 7 Fluxo de ações para gestão de resíduos e redução de perdas
(LIMA et al., 2007)
46
2.3.2 Experiências de gestão de resíduos em canteiros de obras
Com o advento da Resolução No 307/2002 do CONAMA, das legislações
municipais e diante da necessidade de ações efetivas para o gerenciamento dos
RCC nos canteiros, algumas iniciativas começaram a ser percebidas, mesmo que
pontualmente, no País.
Em São Paulo o Programa de Gestão Ambiental de Resíduos em Canteiros de
Obra
3
foi iniciado em janeiro de 2003 e concluído em agosto de 2004. O Programa
contemplou o desenvolvimento e implantação de metodologia para a gestão de
resíduos em canteiros de obras de 11 construtoras participantes do COMASP -
Comitê de Meio Ambiente, Segurança e Produtividade do Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de o Paulo (SINDUSCON-SP). O objetivo da
metodologia é orientar as construtoras para o correto gerenciamento dos resíduos
nos canteiros, incluindo conceitos para a redução da geração, correta segregação,
reuso e destinação adequada que possibilite a reciclagem.
Conforme Campos (2007), este Programa foi conduzido nas empresas com a
consultoria das empresas I & T Informações e Técnicas e Obra Limpa. Ainda
segundo o autor, o referido programa foi estruturado em quatro etapas:
PLANEJAMENTO (Cronograma de atividades e definição dos recursos
necessários)
IMPLANTAÇÃO (Aquisição e instalação de equipamentos, treinamento das
equipes/ capacitação e segregação dos resíduos)
SUPORTE À DESTINAÇÃO (Correta destinação: informações e soluções,
registros da destinação/documentação)
ACOMPANHAMENTO (Check list e avaliação)
Foram criados no SINDUSCON-SP, Grupos de Trabalho (GT) para o
desenvolvimento de soluções para os resíduos da construção, com o objetivo de
viabilizarem alternativas e práticas para o reuso, reciclagem e destinação dos RCC.
Os grupos são constituídos por representantes da cadeia produtiva, entre eles,
construtoras, fabricantes, aplicadores, instituições, pesquisadores, órgãos públicos,
3
Informações disponíveis em:
http://www.sindusconsp.com.br/teste_secoes.asp?categ=10&subcateg=62&goframe=meioambiente.
Acesso em 19 mai. 2009.
47
além de representantes do COMASP. Estão em andamento os trabalhos nos
seguintes grupos:
GT Gesso: ABRAGESSO - Associação Brasileira de Fabricantes de Bloco
e Chapas de Gesso; SINDUSGESSO - Sindicato das Indústrias de Extração
e Beneficiamento de Gipsita, Calcários, Derivados de Gesso e de Minerais
Não-Metálicos do Estado de Pernambuco; representantes de fabricantes;
construtores; aplicadores; e consultores.
GT – Impermeabilização: IBI - Instituto Brasileiro de Impermeabilização;
representantes de fabricantes; construtores; aplicadores; e consultores.
GT Tintas: ABRAFATI Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas;
ABVEP Associação Brasileira dos Fabricantes de Vassouras, Escovas,
Pincéis e Similares; SIMPVEP Sindicato da Indústria de Móveis de Junco
e Vime, Vassouras, Escovas e Pincéis no Estado de São Paulo; SIPIDESP
Sindicato da Indústria de Pinturas e Decorações no Estado de São Paulo;
representantes de fabricantes; construtores; aplicadores; e consultores.
Ainda em São Paulo pode-se citar a Câmara Ambiental da Indústria da
Construção da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB),
ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo de São Paulo, como fórum de
discussão para assuntos relacionados a resíduos que tenham interface nas esferas
municipais e estaduais, entre eles o licenciamento de aterros e a criação de normas
técnicas.
Outra iniciativa no país é o Programa de Gestão de Materiais (PGM) do Distrito
Federal que é resultado de uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) por
meio do Laboratório do Ambiente Construído, Inclusão e Sustentabilidade (LACIS-
FAU), o Sindicato da Indústria da Construção do Distrito Federal (SINDUSCON-DF)
e o Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Distrito Federal
(SEBRAE-DF).
Segundo Blumenschein e Sposto (2003), o PGM tem como objetivo contribuir
com a gestão dos materiais utilizados pelo processo construtivo, visando à
minimização de impactos ambientais gerados desde a fase de extração de matéria
prima até o descarte na forma de entulho e é composto de três subprogramas:
Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em Canteiros de Obras,
48
Programa de Racionalização e Redução de Perdas e Programa de Análise do Ciclo
de Vida dos Materiais.
O Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos foi desenvolvido em grupo
piloto de 5 empresas em Goiânia e 6 empresas em Brasília, cuja metodologia foi
desenvolvida pela Universidade de Bralia e teve origem no Programa Entulho
Limpo, concebido, elaborado e desenvolvido em parceria com o Sinduscon-DF, Eco
Atitude Ações Ambientais e UnB (BLUMENSCHEIN e SPOSTO, 2003).
Conforme descrito em Blumenschein e Sposto (2003) o Programa foi
desenvolvido nas empresas em 6 módulos:
Módulo 1 Apresentação da metodologia para elaboração do Projeto de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção aos responsáveis pelas
empresas e pelos canteiros de obras.
Módulo 2 - Sensibilização dos operários nos canteiros de obras participante
do projeto.
Módulo 3 Monitoramento da implantação dos Projetos de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos elaborado pelas construtoras nas próprias empresas.
Módulos 4 e 5 Visita de monitoramento nos canteiro de obras visando a
identificação de falhas e a introdução de ajustes.
Módulo 6 Avaliação do processo como um todo, reunião de análise crítica
com todos os atores envolvidos.
Para Blumenschein (2007), as complexidades e os desafios do gerenciamento
dos resíduos sólidos gerados em canteiros de obras podem ser citados como:
o volume do resíduo produzido que justifique o esforço para a redução de
sua geração;
o número de participantes no processo construtivo que impacta no fluxo de
informação falho;
o número de agentes que compartilham a responsabilidade pelo
gerenciamento dos resíduos sólidos e o impacto gerado quando o setor
público o cumpre com a sua responsabilidade e promove o
49
enfraquecimento das ações e dos esforços do setor produtivo e do terceiro
setor;
os escassos recursos para financiamento de projetos de pesquisa de novos
materiais produzidos a partir da reciclagem de resíduos;
as limitações de recursos dos municípios para enfrentarem os problemas de
gestão ambiental;
o potencial de reciclagem dos resíduos sólidos oriundos do processo
construtivo (em torno de 80% dos resíduos de uma caçamba são
recicláveis);
a necessidade e responsabilidade do setor público de instituir instrumentos
que controlem e estimulem a gestão dos resíduos gerados em canteiros de
obras;
a responsabilidade e o compromisso do setor produtivo em atender às
legislações referentes ao tema.
Além das iniciativas citadas, destacam-se as ações do Projeto COMPETIR,
cooperação técnica internacional entre o Brasil e a Alemanha, por meio do SENAI-
BA, do Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas da Bahia (SEBRAE-BA)
e Deutsche Gesellschaft fur Technische Zusammenarbeit (GTZ), parceiros no
Projeto. Este Projeto teve como objetivo contribuir para o aumento da produtividade
e competitividade das empresas de pequeno porte da região Nordeste do Brasil,
tendo como uma de suas ações estratégicas a estruturação e implantação de
Programa de Gestão de RCC em canteiros de obras nordestinos.
Com o apoio técnico e a experiência da empresa paulista Obra Limpa, foi
desenvolvido o Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil (PGR),
adaptando a metodologia experimentada pela referida empresa de consultoria em
São Paulo à realidade nordestina.
Este Programa fornece às empresas construtoras, por meio de consultoria
técnica especializada, ferramentas que permitem a gestão adequada dos resíduos
de construção nos canteiros de obras, atendendo às exigências da Resolução
307/2002 do CONAMA. Na RMS, 25 (vinte e cinco) empresas já concluíram ou estão
50
em processo de implantação do Programa, algumas destas em mais de um canteiro,
multiplicando a metodologia internamente na empresa.
A implantação do Programa, conforme figura 8, contempla o desenvolvimento
de um conjunto de atividades realizadas dentro e fora dos canteiros, a saber:
treinamento inicial, planejamento, implantação e monitoramento.
Segundo Lordêlo, Evangelista e Ferraz (2007), o treinamento inicial é realizado
com a direção da empresa e a equipe gerencial das obras, tendo como objetivos:
sensibilizar as equipes quanto aos impactos ambientais causados pelas
atividades de construção e demolição nas cidades;
mostrar de que forma as leis e as novas diretrizes estabelecem um novo
panorama para gerenciamento desses resíduos e suas implicações;
estabelecer as alterações no dia-a-dia das obras e repassar as ferramentas
a serem utilizadas.
O envolvimento e a participação dos diretores das empresas e dos gestores
das obras onde o Programa está sendo implantado são de grande importância para
o sucesso e para a qualidade dos resultados obtidos (LORDÊLO, EVANGELISTA e
FERRAZ, 2007).
Figura 8
Etapas do programa de Gestão de Resíduos
(LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007)
Caracterização
da obra
Planejamento
Proposta de
distribuição de
dispositivos
Aquisição e
distribuição dos
dispositivos
Implantação
Check-list de
limpeza e
segregação
Treinamento do
responsável pela
destinação
Treinamento dos
operários
Check-list de limpeza e segregação e registro de destinação
Monitoramento
Palestra para equipe gerencial da obra
Treinamento Inicial
Caracterização
da obra
Planejamento
Proposta de
distribuição de
dispositivos
Aquisição e
distribuição dos
dispositivos
Implantação
Check-list de
limpeza e
segregação
Treinamento do
responsável pela
destinação
Treinamento dos
operários
Check-list de limpeza e segregação e registro de destinação
Monitoramento
Palestra para equipe gerencial da obra
Treinamento Inicial
Caracterização
da obra
Planejamento
Proposta de
distribuição de
dispositivos
Aquisição e
distribuição dos
dispositivos
Caracterização
da obra
Planejamento
Proposta de
distribuição de
dispositivos
Aquisição e
distribuição dos
dispositivos
Implantação
Check-list de
limpeza e
segregação
Treinamento do
responsável pela
destinação
Treinamento dos
operários
Implantação
Check-list de
limpeza e
segregação
Treinamento do
responsável pela
destinação
Treinamento dos
operários
Check-list de limpeza e segregação e registro de destinação
Monitoramento
Check-list de limpeza e segregação e registro de destinação
Monitoramento
Palestra para equipe gerencial da obra
Treinamento Inicial
Palestra para equipe gerencial da obra
Treinamento Inicial
51
Na etapa de planejamento é realizada a caracterização da obra, a elaboração
do plano de gestão de resíduos e do orçamento. A caracterização contempla o
levantamento de funcionários e equipes, da área de construção, do arranjo físico do
canteiro, dos resíduos que serão gerados, dos sistemas construtivos adotados, da
sistemática para a remoção dos resíduos e dos transportadores e locais de
destinação dos resíduos já utilizados. No plano de gestão são previstos os
dispositivos de coleta, sua distribuição e sinalização, local para destinação e
cadastramento dos destinatários, registro da destinação e das possibilidades de
reciclagem e reaproveitamento (LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007).
Ainda no planejamento e para garantir a adequada segregação, foram
identificados os fluxos sicos dos resíduos nos canteiros da geração até o
acondicionamento final. Estes fluxos prevêem o acondicionamento inicial, o
transporte interno e o acondicionamento final dos RCC (ALMEIDA et al., 2005). No
quadro 5 é apresentado um fluxo básico para obras de edificações nos padrões
convencionais. Este fluxo deverá ser adaptado para cada obra.
Quadro 5
Fluxo físico dos resíduos em canteiros de obras
(ALMEIDA et al., 2005)
FLUXO INTERNO DE RESÍDUOS
RESÍDUO
ACONDICIONAMENTO
INICIAL
TRANSPORTE
INTERNO
ACONDICIONAMENTO
FINAL
Classe A (Alvenaria,
argamassa,
concreto, cerâmica)
Acondicionamento em pilha
próximo ao local de transporte
interno
Elevadores de carga
ou condutores para
resíduos
Caçambas estacionárias ou
baias sinalizadas próximas ao
local de coleta
Madeira
Bombonas plásticas (pequenos
volumes) ou pilhas próximas ao
local de transporte interno
Baias sinalizadas próximas ao
local de carregamento do
caminhão
Serragem
Saco de ráfia na frente de
serviço e carpintaria
Saco de ráfia na baia de
madeira
Plástico
Bombonas plásticas a cada
pavimento
Big bags
Papel e papelão
Bombonas plásticas (pequenos
volumes) ou fardos próximos ao
local de transporte interno
Big bags ou fardos protegidos
da chuva
Metal Bombonas plásticas
Baias próximas ao local de
carregamento ou à serralheria
Gesso
Sacos de papelão (embalagem
de gesso)
Transporte
horizontal
manualmente e
vertical com auxílio
de elevador de
carga. Sacos de ráfia
usados para auxiliar
o transporte.
Caçambas estacionárias ou
baias sinalizadas próximas ao
local de coleta
Resíduos perigosos
(Classe D)
Encaminhar para
acondicionamento final
Transporte manual Baia para resíduos perigosos
Resíduo orgânico Lata de lixo com sacos plásticos Manual -
52
Na seqüência, e após a distribuição dos dispositivos, conforme figura 9, é
iniciada a etapa de implantação com o treinamento dos operários para sensibilizá-los
quanto à importância de sua contribuição e instruí-los quanto ao adequado manejo
dos resíduos, visando, principalmente, sua correta triagem (Figura 10).
A equipe gerencial da obra é sensibilizada para a promoção de treinamentos
quando do ingresso de novos operários ou mesmo quando se julgar necessário,
diante das oportunidades de melhoria identificadas nas avaliações periódicas. Além
do treinamento realizado com funcionários e terceiros, é feito um treinamento
específico com os responsáveis pelo controle da destinação dos resíduos, onde são
repassadas as orientações para a implantação dos controles operacionais
(LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007).
A implantação de Programas como estes permitem aos gestores das obras a
avaliação do montante de resíduos gerados, tanto em função dos custos de
destinação associados, quanto à quantidade de matéria-prima não empregada no
produto final (PESSOA, 2006).
Finalizando a etapa de implantação e iniciando o monitoramento, são
realizadas avaliações, por meio de check-list que avaliam o desempenho da obra em
relação à limpeza, segregação e destinação compromissada dos resíduos. Com
base no check-list aplicado nas obras são elaborados relatórios de visita que têm
como principal objetivo a apresentação sucinta dos resultados alcançados e os
Figura 9 Dispositivos utilizados nos canteiros
(LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007)
Bombonas Big-bag Baias
53
pontos de melhoria identificados, além de enfatizar a questão da destinação
compromissada dos resíduos (LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007).
Figura 10 Treinamento dos operários no canteiro de obras
(LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007)
Para apoiar as ações de treinamento foi produzido no Projeto Estratégico do
SENAI-DN - “Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil: Redução,
Reciclagem e Reutilização como Alternativa Sustentável para Gestão dos Resíduos
Classe A” (2006), as ferramentas: cartilhas, vídeo, camisas, bonés, cartazes e o livro
“Gestão de Resíduos na Construção Civil: Redução, Reutilização e Reciclagem
(Figuras 11 a 13).
Figura 11 Cartilha, camisa e boné utilizados nos treinamentos dos operários
54
A mobilização empresarial frente às questões ambientais é de fundamental
importância no encaminhamento de ões que possam ir além da gestão dos
resíduos nos canteiros que, por si só, o conduz a plenitude da responsabilidade
ambiental e social das empresas. Neste sentido, o incentivo a prática da reciclagem
pode ser mais um passo no encaminhamento do setor para a redução dos impactos
associados ao seu processo produtivo.
2.4 RECICLAGEM DE RCC
2.4.1 Panorama geral
Reduzir o resíduo na fonte induz ao reuso de produtos e à reciclagem interna.
Considera-se redução na fonte, a partir do momento em que o resíduo não entra no
fluxo dos reduos do sistema municipal de limpeza urbana ou não implica em
gastos com transporte, reciclagem, tratamento ou disposição final (AZEVEDO,
KIPERSTOK e MORAES, 2006).
Segundo Leite (2001):
A reciclagem é, sem dúvida, a melhor alternativa para reduzir o
impacto que o ambiente pode sofrer com o consumo de matéria
prima e a geração desordenada de resíduos. Nos últimos anos a
reciclagem de resíduos tem sido incentivada em todo o mundo, seja
por questões políticas, econômicas ou ecológicas. A reciclagem de
Figura 12 Livro “Gestão de
Resíduos na Construção Civil”
Figura 13 Cartazes distribuídos nos canteiros de obras
55
resíduos de construção irá minimizar também os problemas com o
gerenciamento dos resíduos sólidos dos municípios. Haverá um
crescimento da vida útil dos aterros, diminuição dos pontos de
descarte clandestinos e redução dos custos de gerenciamento de
resíduos. Adicionalmente, haverá um melhor bem estar social e
ambiental.
A reciclagem de resíduos da construção não é uma prática nova. A maior
difusão da reciclagem deu-se após a Segunda Guerra Mundial, inicialmente na
Alemanha e, posteriormente, nos demais países da comunidade européia. De
acordo com Pinto (1999), em praticamente todos os países-membro existem
instalações de reciclagem de RCC, normas e políticas para este tipo de resíduo,
além de uma proposta para consolidação de normativa única de toda a comunidade.
No Japão e nos Estados Unidos a reciclagem também tem sido bastante difundida e
utilizada.
Puig (2006) apresenta, conforme dados consolidados na figura 14, os
diferentes estágios em que se encontra a prática da reciclagem na Europa, por meio
dos percentuais de resíduos que são encaminhados para aterros ou reciclados em
diversos países. A prática mais intensa da reciclagem de RCC no continente
europeu é promovida por diversos fatores, entre os quais, o alto custo do agregado
natural, altas taxas para destinação destes resíduos em aterros e uma maior
consciência ambiental por parte dos construtores.
Fonte: Report to DGXI, European Construction and demolition waste
management practies and their economic impacts. Final report, 1999
Figura 14 Situação da Reciclagem de RCDs na Europa
(PUIG, 2006)
RECICLAGEM DE RCDs NA EUROPA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Hol
a
nda
Bél
g
i
c
a
Din
a
ma
r
ca
F
i
nlândia
Re
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Unido
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S
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A
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á
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Esp
a
nha
Grécia
Ir
lan
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a
P
o
rtugal
Lux
e
mbur
g
o
%
Aterro
Reciclagem
56
no Brasil a reciclagem dos RCC é mais recente. Alguns estudos foram
realizados e paralelamente a estes, no início da década de 80, se difundiu o uso de
“masseiras-moinho”, equipamento de pequeno porte que possibilita a moagem
intensa de resíduos menos resistentes para reutilização. O resultado da sua
utilização é bastante positivo, pois possibilita a redução dos custos das perdas nos
processos, induz ao gerenciamento dos resíduos na obra, além de contribuir para
minimizar o impacto ambiental dos RCC nos centros urbanos (PINTO, 1999).
Devidamente reciclado, o entulho apresenta propriedades físicas e químicas
apropriadas para o seu emprego como material de construção. No entanto, é
importante ressaltar que o entulho apresenta características bastante peculiares.
Existe uma grande diversidade de matérias-primas, técnicas e metodologias,
empregadas na construção civil, que afetam de modo significativo, as características
dos resíduos gerados, principalmente, quanto à composição e à quantidade.
Portanto, o nível de desenvolvimento da construção local reflete-se nas
características dos materiais constituintes do entulho, ou seja, a caracterização
desse resíduo está condicionada a parâmetros da região de origem (CARNEIRO et
al., 2001).
A reciclagem de RCC no Brasil está ainda muito atrasada e ocorre em escala
reduzida se comparada a outros países. Porém, em função de suas características a
construção civil do País apresenta enorme potencial de ampliação.
Como vantagens da reciclagem, podem ser citadas (LORDÊLO,
EVANGELISTA e FERRAZ, 2007; LIMA et al., 2007):
redução com gastos para destinação dos resíduos;
redução do consumo dos agregados naturais e, consequentemente, os
impactos ambientais causados pelo seu processo de extração;
redução da poluição e do consumo de energia para a produção de novos
agregados;
redução do volume de resíduos encaminhados para os aterros;
possibilidades de novo negócio, gerando emprego e renda.
57
Para Lordêlo, Evangelista e Ferraz (2007), apesar das vantagens
consideradas, principalmente, nos aspectos sócio-ambientais, existem outros fatores
que dificultam o processo de disseminação desta prática, como:
o pequeno número de empresas que praticam a gestão diferenciada em
seus canteiros;
a falta de segregação adequada dos resíduos recicláveis;
o baixo nível tecnológico na construção civil;
o receio da qualidade dos materiais de construção fabricados com agregado
reciclado;
o baixo custo dos agregados naturais;
a falta do estímulo da reciclagem como oportunidade de negócio;
o baixo investimento dos municípios para este fim;
baixo conhecimento dos construtores e do Poder Público sobre o tema.
Porém, a elevada geração de resíduos sólidos pelo setor da construção civil,
como visto ao longo deste trabalho, demanda a proposição urgente de ações
coordenadas e políticas que promovam a valorização dos RCC e sua reciclagem.
2.4.2 Iniciativas municipais de reciclagem de RCC no Brasil
No Brasil, a utilização de agregados reciclados em larga escala ainda não
constitui prática amplamente difundida entre nossos municípios, ou seja, a
implantação de usinas de reciclagem com produção regular e padrões de qualidade
definidos, ainda o se transformou em rotina adotada pelas prefeituras das cidades
brasileiras, nem pela iniciativa privada, porém alguns municípios estão procurando
se organizar no sentido de adotar uma política de gerenciamento dos seus resíduos
sólidos com o objetivo de transformá-los, de forma empresarial, em agregados
reciclados (LEVY, 2001).
A concentração das iniciativas públicas para a reciclagem de RCC ainda está
localizada nos estados de São Paulo e Minas Gerais. As recentes mudanças nos
processos de gestão dos resíduos nos canteiros, a melhoria dos procedimentos de
demolição e de especialização no tratamento e reutilização dos RCC vão
58
estabelecendo um novo cenário no sentido de se usar com cautela os recursos, que
são finitos, e de não sobrecarregar a natureza com dejetos evitáveis (PINTO, 1999).
Apesar do caráter incipiente da reciclagem no Brasil, podem ser citadas
algumas iniciativas de agentes públicos municipais.
Como uma das iniciativas mais significativas no país vale citar o exemplo do
município de Belo Horizonte, onde foi estabelecido um amplo plano de gestão para
os resíduos da construção civil. Os RCC em Belo Horizonte representam, em média,
34% dos resíduos destinados diariamente para os equipamentos públicos
(SINDUSCON-MG, 2006).
Em Belo Horizonte, os volumes iguais ou inferiores a 2m
3
/dia por obra/reforma,
poderão ser transportados por carroças. Os carroceiros que participam do Programa
de Reciclagem de Entulho da Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura de
Belo Horizonte (SLU/PBH) devem destinar o material coletado para as Unidades de
Recebimento de Pequenos Volumes (URPV). Os caminhões e a carroças deverão
estar devidamente cadastrados nos órgãos competentes da Prefeitura e aptos a
realização deste serviço.
Os resíduos de blocos cerâmicos e de concreto gerados no município de Belo
Horizonte podem ser destinados para uma das três usinas de reciclagem de entulho
da SLU/PBH. Atualmente existem três unidades em funcionamento: Usina do Estoril,
Usina da Pampulha e Usina BR 040 (SINDUSCON-MG, 2006).
O recebimento dos resíduos é gratuito, desde que observadas as exigências:
teor máximo de 5% de outros resíduos (plásticos, papel/papelão, metais,
vidros, madeiras e outros materiais recicláveis);
ausência de terra, matéria orgânica, gesso e amianto;
em caso de grandes volumes, deve ser feita programação junto a SLU/PBH.
Os resíduos que tenham condições de reutilização, devidamente segregados,
poderão ser destinados alternativamente para o “Brechó da Construção”, projeto que
destina os materiais para melhoria de habitações de famílias de baixa renda.
Com o objetivo de facilitar o recebimento do entulho de obras em suas usinas
de reciclagem, a SLU/PBH desenvolveu uma classificação própria para os resíduos
classe A, conforme Resolução CONAMA 307/2002.
59
A classificação desenvolvida pela SLU/PBH compreende:
Produtos à base de cimento Portland: resíduo composto à base de concreto
e argamassa sem impurezas, tais como gesso, terra, metais, papel, vidro,
plástico, madeira madura, matéria orgânica. Destinação: preparação de
argamassa e concreto não-estrutural.
Produtos à base de argila: resíduo de composição à base de produtos
cerâmicos, em que se admite a presença de concreto e argamassa, sem a
presença de impurezas. Destinação: base e sub-base de pavimentação,
drenos, camadas drenantes, rip-rap e como preenchimento de valas.
Os resíduos para serem recebidos pelas Usinas de Reciclagem devem atender
às exigências de pureza determinadas pela SLU/PBH. Esse fato torna a segregação
dos resíduos da construção no canteiro um passo extremamente importante dentro
do processo de gestão dos resíduos (SINDUSCON-MG, 2006). A segregação deve
ser feita de modo a evitar as contaminações apresentadas no quadro 6.
CONTAMINAÇÃO DE RESÍDUOS
RESÍDUO
(CLASSIFICAÇÃO SLU)
CONTAMINANTES
Resíduos à base de cimento
Portland (concreto, argamassa e
outros)
Amianto
Gesso
Matéria orgânica
Materiais potencialmente recicláveis: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros
Recipientes de tintas e outros recipientes
Outros que forem advindos de cimento Portland
Resíduos à base de produtos de cerâmica vermelha
Terra
Resíduos gerados a partir de
produtos de cemica vermelha
Amianto
Gesso
Matéria orgânica
Materiais potencialmente recicláveis: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros
Recipientes de tintas e outros recipientes
Outros que forem advindos de cimento Portland
Terra
Quadro 6 Contaminação dos resíduos
(SINDUSCON-MG, 2006)
60
No quadro 7 estão descritos os agregados e a aplicação recomendada. Os
agregados são comercializados nas próprias usinas (SINDUSCON-MG, 2006).
Quadro 7 Materiais produzidos pelas usinas de reciclagem da SLU/PBH
(SINDUSCON-MG, 2006)
Em São Paulo existe um bom número de EcoPontos, ou seja, instalações
públicas para o recebimento de pequenos volumes de RCC, uma área de reciclagem
pública, diversas ATTs e áreas de reciclagem privadas e aterros. O maior município
do país dispõe da Portaria 6787/2005 que institui a LETP – Licença Especial à Título
Precário, que tem por objetivo dar agilidade ao processo de licenciamento de ATTs
privadas, pela sua importância na gestão dos RCC no município. A utilização de
agregados reciclados em obras públicas é ainda permitida e incentivada em o
Paulo (BRASIL, 2005).
Diversos municípios do estado de o Paulo apresentam legislação própria,
programas específicos e infra-estrutura que favorecem a prática da reciclagem dos
RCC (BRASIL, 2005).
O município paulista de Campinas possui uma Unidade Recicladora de
Materiais (URM) que processa diariamente cerca de 700 toneladas de entulho que
são transformados em diversos subprodutos para utilização em obras públicas. O
entulho passa por duas etapas de triagem antes de seguir para o processo de
britagem. A usina conta com esteiras transportadoras, um britador de impacto com
capacidade de processamento de 80 toneladas/hora, esteira com eletroímã, peneira
MATERIAIS PRODUZIDOS NA USINA DE RECICLAGEM SLU/PBH
PRODUTO CARACTERÍSTICAS USO RECOMENDADO USINA
Areia
Reciclada
Material com dimensão
máxima de 4,8 mm
- Fabricação de artefatos de
concreto sem fins estruturais,
tais como blocos de vedação,
pisos intertravados, guias
(meio-fio); com o devido
acompanhamento
tecnológico.
Usina BR 040
Brita 0
Material com dimensões
entre 4,8 mm e 9,5 mm
Usina BR 040
Brita 1
Material com dimensões
entre 9,5 mm e 19mm
Usina BR 040
Rachão
Material com dimensões
acima de 19mm
Usina BR 040
Bica corrida
Material com dimensões
e composição variadas
- Base e sub-base de
pavimentação de vias
- Preenchimento de valas,
regularização de vias não
pavimentadas etc.
Usina BR 040,
B. Estoril
B. Pampulha
61
mecânica e outros dispositivos, além de aspersores de água que controlam a poeira
resultante do deslocamento do entulho (PITTA, 2005).
Segundo Pitta (2005), na URM são produzidos materiais como areia e brita de
vários tamanhos que servem para cobertura do lixo depositado no aterro sanitário ao
lado da Unidade, na manutenção de ruas de terra, no revestimento de construção e
melhorias em pátios de escolas, creches e outros equipamentos públicos. Existem
planos futuros para utilização dos agregados reciclados na produção de pré-
moldados, como guias, sarjetas, blocos, mesas e bancos para praças.
Segundo relatório do Ministério das Cidades (BRASIL, 2005), a Lei 9393/2004
e o decreto 12751/2005, respectivamente, instituem e regulamentam o plano
integrado de gerenciamento dos resíduos da construção do município paulista de
São José do Rio Preto. No referido município existem pontos de entrega públicos
para recebimento de pequenos volumes de RCC e uma central de processamento
de resíduos, onde se opera a triagem geral dos resíduos e a reciclagem dos
resíduos classe A e madeira.
Na cidade de Guarulhos o plano integrado de gerenciamento dos resíduos de
construção está em implantação. No município existem 11 instalações públicas
(pontos de entrega) para recebimento de pequenos volumes, além de uma área de
tiragem pública, três ATT privadas e uma área de reciclagem privada e outra pública.
Existem também dois aterros de RCC (BRASIL, 2005).
O município de Americana, São Paulo, dispõe de uma única usina de
processamento e reciclagem de resíduos sólidos da construção civil na região. A
usina recebe cerca de 300 toneladas de resíduos diariamente e produz
aproximadamente 10 mil metros cúbicos de produtos reciclados por mês, como
areia, brita, pedra, pedrisco, composto orgânico e terra vegetal (AMERICANA/SP,
2008). Além da usina, o município adota política de incentivo a utilização de
agregados reciclados por meio do decreto 7.730/2008, que dispõe sobre a
obrigatoriedade da utilização de agregados reciclados, oriundos de resíduos sólidos
da construção civil, em obras e serviços de pavimentação das vias públicas do
referido município.
Segundo Zordan (1997), a cidade de Ribeirão Preto inaugurou sua usina de
reciclagem de RCC em setembro de 1996, quando foi iniciado de forma
62
experimental seu sistema de produção. A intenção era a utilização dos agregados
reciclados em sub-base de estradas, contenção de encostas, calçamentos de
concreto e até mesmo na fabricação de blocos de concreto.
A infra-estrutura montada contemplou os equipamentos relacionados
(MAQBRIT, 1996 apud ZORDAN, 1997):
Alimentador vibratório apoiado com capacidade de 30 a 50 m
3
/ hora;
Britador de impacto com capacidade de 30 t/ hora, em circuito aberto;
Transportador de correia móvel com velocidade de trabalho de 90 m/ min;
Eletroímã suspenso em regime de trabalho contínuo;
Sistema nebulizador para contenção de material particulado;
Sistema de contenção de ruídos com manta de borracha anti-choque;
Estrutura metálica de sustentação de todo o conjunto.
São Bernardo, município paulista, conta com área de reciclagem privada de
grande porte que abastece o mercado local com agregados reciclados (BRASIL,
2005).
Segundo Fagury e Grande (2007), o poder público da cidade de São Carlos
aprovou a Lei n
o
13.867, de 12 de setembro de 2006, instituindo o plano integrado
de gerenciamento de resíduos da construção civil. A lei institui os fluxos, atores
envolvidos, destinação adequada dos RCC e abrange a criação de ecopontos para
recebimento e triagem de pequenos volumes.
O município também possui uma usina de reciclagem com capacidade para
britagem de 20t/hora e está associada a uma fábrica de artefatos de cimento para a
utilização dos agregados reciclados. A coleta do entulho e o transporte até a usina
são realizados por empresas particulares e o custo é de responsabilidade dos
geradores (FAGURY e GRANDE, 2007).
Outra iniciativa que pode ser citada é a do Rio de Janeiro que em 1994
adquiriu moinho portátil conhecido como argamasseira Anvi e utilizou o equipamento
para resolver o problema provocado pela deposição indevida de 30 m
3
diários de
entulho na ilha de Paquetá. O material reciclado foi utilizado na produção de
argamassa grossa de recapeamento das ruas, anteriormente feito com saibro. Numa
63
segunda etapa, a prefeitura do Rio pretendia confeccionar argamassa para baratear
as construções populares na ilha (TÉCHNE, 1995 apud ZORDAN, 1997).
Como foi visto anteriormente, o entulho de Salvador é composto, em sua
maioria, por materiais com alto potencial de reciclagem, o que favorece o incremento
desta prática no município (CARNEIRO et al., 2001). Vê-se também a existência de
legislação nacional e municipal, além de normas técnicas que dão suporte ao uso do
agregado reciclado em diversas aplicações com sucesso. Existe um projeto de
implantação de usina de reciclagem com fábrica de artefatos de cimento com
agregado reciclado que seria de grande importância para viabilizar a destinação
responsável dos resíduos classe A provenientes dos pequenos e grandes geradores
do município (LIMPURB, 2006).
Para Sposto (2006), em função do elevado volume dos RCC, faz-se necessário
o seu manejo ambientalmente adequado, incluindo soluções para redução,
reutilização e reciclagem. Esta situação pode ser viabilizada pela criação de um
sistema eficiente de gestão municipal que inclua programas de coleta seletiva nos
canteiros de obras e o licenciamento de áreas adequadas para a disposição e
reciclagem destes resíduos.
2.4.3 Reciclagem de resíduos classe A em canteiros de obras
A reciclagem além de ser promovida em instalações permanentes, pode ser
realizada no próprio canteiro, utilizando equipamentos móveis. Esta abordagem
remete a execução dos processos de britagem e peneiramento no próprio local de
produção dos resíduos e de utilização do agregado reciclado, assim que é
processado. Esta prática reduz o consumo de agregados naturais, a destinação em
aterros, os custos de transporte, energia e desgaste com estradas e equipamentos
(GOONAN, 2000).
Apesar da reciclagem em canteiros de obras no Brasil ser um atividade pouco
disseminada, é possível citar algumas iniciativas de construtores que percebem
nesta prática uma alternativa viável e ambientalmente responsável para a
destinação dos resíduos classe A gerados pelos seus empreendimentos.
Em São Paulo, algumas empresas optaram pela reciclagem em seus próprios
canteiros de obra, fruto da necessidade de aproveitar resíduos de obras de
64
demolição e das grandes distâncias para destinação. A construtora A
4
, por exemplo,
reciclou 500 m
3
de resíduos classe A em canteiro de obra residencial com 75
unidades habitacionais e aproveitou o agregado reciclado na pavimentação. a
construtora B para a construção de 390 casas em São Paulo, aproveitou a
demolição de antigas edificações para liberação do terreno, e após avaliação
técnica, ambiental, social e econômica, a empresa promoveu a reciclagem de
12.000 m
3
de resíduo classe A no referido canteiro, aproveitando o agregado para
produção de concreto, blocos e elementos pré-moldados.
Na cidade de Maceió – AL, as construtoras C e D promoveram a reciclagem de
resíduos classe A em canteiro de obra residencial. As empresas segregaram
adequadamente todos os resíduos gerados e os resíduos classe A foram triturados e
peneirados, sendo o agregado reciclado utilizado na produção de bloquetes para
pavimentação e argamassa para assentamento de alvenaria, emboço e contrapiso.
A Craft Engenharia é uma empresa brasileira especializada em construção
pesada, demolições, terraplenagem e pavimentação e que investiu em equipamento
móvel de britagem de origem austríaca com capacidade de processamento de 200
toneladas/hora para geração de agregados reciclados semelhantes à brita para
utilização no próprio canteiro de obras. Com cerca de um ano de operação a
recicladora móvel demonstrou sua eficiência em dez obras de grande porte com
volume total de 40 mil toneladas de material reciclado, das quais 85% foram
utilizadas nas próprias obras, em aterros, reforço de sub-leito e na construção de
sub-base de pavimentação (MAXPESS NET, 2008).
Outro exemplo citado por Carvalho (2007) é o da divisão ambiental da Caenge,
tradicional construtora do Distrito federal, que montou usina de reciclagem móvel
para aproveitamento de cerca de 10.500 m
3
de entulho gerado pela implosão um
prédio abandonado por 15 anos em Brasília. A Caenge concedeu ao cliente 40% de
desconto no serviço de demolição em troca de toda a matéria-prima e da
autorização para beneficiar os resíduos no próprio canteiro, reduzindo os custos da
demolidora com carga e transporte do agregado reciclado. O agregado resultante da
reciclagem foi aplicado em obras de pavimentação da própria empresa, de
recuperação de áreas degradadas e de drenagem de líquidos e gases do aterro
4
Para identificar as construtoras foram utilizadas iniciais maiúsculas como forma de manter o sigilo
de sua identidade. Os dados apresentados foram levantados em visitas realizadas pela autora.
65
sanitário de Brasília operado pela Caenge. o o foi comercializado no mercado
local.
Silva et al. (2006) citam uma experiência de reciclagem realizada em canteiro
de obras de edifício comercial de 22 andares, com 270 m
2
cada, na cidade de São
José dos Campos. A empresa utiliza equipamento móvel de britagem de pequeno
porte com capacidade de produção de 20 m
3
de agregado por dia, dotado de bica
alimentadora, três moedores, esteira vibratória acoplada a uma peneira, permitindo a
fabricação de agregados miúdos e graúdos. Os agregados gerados foram utilizados
na fabricação de argamassas de revestimento e assentamento. Como resultado
desta experiência os autores citaram a redução de 2/3 do custo com aquisição da
areia natural e 95% de redução com gastos para descarte do entulho da obra.
Pode ser citada a experiência de reciclagem na RMS da Construtora Everest
Construmar que adquiriu triturador de entulho, em 1997, promovendo desde então
esta prática em seus canteiros. O material é segregado logo após a geração,
transportado para silos e seguem para a moagem no triturador. Depois de triturado,
o material é peneirado e é utilizado na substituição da areia natural na fabricação de
argamassas de contrapiso e para assentamento de alvenaria e no emboço interno.
Segundo Sales (2006), em pesquisa realizada para utilização de agregados
reciclados em canteiros de obras na cidade de Aracaju - SE, é possível ter
desempenho mecânico em níveis aceitáveis, como os obtidos nas utilizações em
blocos pré-moldados de concreto, em argamassa para contrapiso e nos concretos
de baixa resistência. Apesar das limitações de uso destes agregados em aplicações
com função estrutural, existe um grande leque de oportunidades de se aplicar estes
agregados como insumo de forma economicamente satisfatória e ambientalmente
responsável.
2.5 APLICAÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS EM MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO
2.5.1 Aspectos gerais
Segundo Levy (2001), agregados reciclados, de alvenaria ou de concreto,
devem ser considerados como sendo todos os materiais granulares obtidos por
66
processos mecânicos de desintegração (britagem) e utilizáveis com meio cimentante
para formação de concretos ou argamassa. Dependendo de sua granulometria são
classificados em agregados graúdos (Dmáx.> 4,8 mm) ou miúdos (4,8 < Dmáx <
0,75 mm).
Os RCC são formados de uma grande variedade de componentes. A proporção
destes materiais em diferentes amostras é muito variável e de grande
heterogeneidade. Este é um dos motivos da baixa utilização de agregados
reciclados, a sua natureza variável dificulta o seu aproveitamento pela indústria
(VIEIRA e DAL MOLIN, 2004).
Vários estudos foram realizados para avaliar a viabilidade técnica, e em alguns
casos econômica, da utilização de agregados reciclados de RCC na fabricação de
materiais de construção como concretos, argamassas, blocos de concreto,
elementos pré-moldados e em pavimentação.
Como citado anteriormente existem normas brasileiras que regulamentam a
aplicação destes agregados e os requisitos que eles devem atender:
NBR 15.115:2004 - Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da
Construção Civil Execução de Camadas de Pavimentação
Procedimentos.
NBR 15.116:2004 - Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da
Construção Civil Utilização em Pavimentação e Preparo de Concreto sem
Função Estrutural – Requisitos.
A seguir são apresentadas, resumidamente, algumas pesquisas que validam
tecnicamente a aplicação dos agregados de resíduos classe A na fabricação de
materiais de construção e os aspectos que devem avaliados e cuidados que devem
ser tomados para garantir a manutenção das características básicas e dos requisitos
de desempenho requeridos para estes materiais.
2.5.2 Aplicação em argamassas e concretos
Vieira e Dal Molin (2004) realizaram pesquisa para avaliar a viabilidade técnica
e econômica da utilização de agregados reciclados provenientes de resíduos de
construção e demolição em concretos. As autoras realizaram uma comparação entre
concretos produzidos com agregados naturais e reciclados com substituições da
67
ordem de 50 e 100% de agregados graúdos (AGR) e miúdos (AMR) em 5
composições.
Os resíduos utilizados foram provenientes de uma obra de demolição na cidade
de Maceió e apresentaram a seguinte composição: 48% de material cerâmico, 19%
de concreto, 28% de argamassa, 3% de cerâmica polida e 2% de outros materiais.
Para os agregados naturais e reciclados foram realizados ensaios de massa
específica e absorção de água. Enquanto que para massa específica os valores
foram parecidos, as taxas de absorção de água dos agregados reciclados foram
bem superiores.
Para Vieira e Dal Molin (2004), é muito importante determinar a absorção de
água dos agregados reciclados, pois ela determina o percentual de água que deverá
ser suprido pouco antes das concretagens para não acarretar problemas quanto ao
fator água - cimento (a/c), o abatimento e a trabalhabilidade das misturas de
concreto pela falta de água. Esta compensação deve ser bastante cuidadosa para
que não provoque excesso de água na mistura, saturando os agregados, elevando o
fator a/c e a conseqüente redução das resistências mecânicas dos concretos
produzidos.
Foram realizados ensaios de resistência à compressão e durabilidade para os
concretos com agregado natural (mistura de referência) e para as 5 misturas com a
substituição de agregados reciclados (100% AMR e 50%AGR; 100% AMR e 0% de
AGR; 50% AMR e 50% AGR; 0% AMR e 100% AGR; 100% AMR e 100% AGR).
Quanto a resistência à compressão, o ganho foi observado em todas as classes de
resistências, tendo seu melhor desempenho para o traço 100% de AMR e 50% de
AGR com a relação a/c = 0,80, onde a resistência apresentada foi 56% maior a do
concreto de referência (VIEIRA e DAL MOLIN, 2004).
Quanto à durabilidade, o melhor desempenho deu-se para o traço 100% de
AMR e 0% de AGR para todas as relações a/c estudadas. Segundo Vieira e Dal
Molin (2004), este traço que também apresentou valores de resistência à
compressão superiores ao traço de referência, consegue tal desempenho em função
da grande quantidade de finos e maior capacidade de preenchimento dos vazios, o
que pode explicar também seu bom desempenho em relação à corrosão e
estimativa de vida útil superior.
68
Os resultados desta pesquisa indicaram que os agregados reciclados em
proporções devidamente dosadas podem melhorar algumas propriedades do
concreto como a sua resistência à compressão e durabilidade. A análise da
viabilidade foi superficial restringindo-se a comparação de preços entre agregados
naturais e reciclados (VIEIRA e DAL MOLIN, 2004).
Oliveira, Oliveira e Ferreira (2008) também desenvolveram estudo de
viabilidade do uso de agregados reciclados de construção na fabricação de
concreto. Os referidos autores coletaram RCC em obra vertical na fase entre
elevação da alvenaria e estrutura. O resíduo foi triturado em britador de mandíbula,
resultando em granulometria equivalente a brita de 19 mm e após o peneiramento
obteve-se agregado miúdo e graúdo. Com estes resíduos foram moldados corpos de
prova com concreto convencional e concreto fabricado com agregado reciclado e
avaliado seu desempenho por meio de ensaios não destrutivos como o de ultra-som
e esclerometria e ensaios destrutivos de resistência à compressão.
Nesta pesquisa os resultados obtidos indicaram a necessidade de aumento do
consumo de cimento para manutenção do mesmo fator água-cimento (a/c) e mesmo
abatimento. Também foram obtidos valores inferiores de resistência dos concretos
com agregado reciclado. Apesar dos resultados encontrados, os autores relatam que
a utilização do agregado reciclado trará grande benefício ambiental à sociedade
(OLIVEIRA, OLIVEIRA e FERREIRA, 2008).
Leite (2001) desenvolveu pesquisa para avaliar a possibilidade de utilização de
resíduos gerados pela construção civil, substituindo total ou parcialmente o
agregado natural na produção de concretos convencionais. Neste trabalho foram
avaliadas algumas propriedades físicas dos agregados reciclados e comparados os
resultados obtidos com as especificações da Norma Brasileira para agregados
naturais, a exemplo da granulometria, massa específica e taxa de absorção.
Foram avaliadas também por Leite (2001) diferentes proporções de
substituição do agregado natural pelo reciclado na produção de concretos reciclados
e sua influência nas propriedades do concreto no estado fresco (massa específica e
trabalhabilidade) e no estado endurecido (resistência à compressão, resistência à
tração por compressão diametral, resistência à tração na flexão e módulo de
69
deformação do concreto), além da análise da resistência à compressão com a idade
dos concretos produzidos.
São citadas a seguir algumas conclusões do trabalho realizado por Leite
(2001):
As reduções nas massas específicas e unitárias dos agregados reciclados
demonstram a necessidade de compensar o volume deste material quando
utilizado na fabricação de concretos obtidos a partir de traços de concretos
convencionais.
As taxas de absorção dos agregados reciclados são bastante elevadas e
desta forma precisam ser compensadas durante a produção dos concretos
para que não haja diminuição excessiva da água livre neste processo, o que
pode comprometer a trabalhabilidade. No entanto, é importante observar
que não é necessário compensar totalmente a taxa de absorção do
agregado reciclado, sendo suficiente compensar entre 40 e 50 % com base
na curva de absorção e o agregado reciclado deve ser incorporado à
mistura previamente umedecido.
A forma lamelar dos agregados reciclados e a sua textura rugosa podem
prejudicar a trabalhabilidade dos concretos produzidos. A avaliação da
trabalhabilidade do concreto reciclado deve estar mais vinculada ao
conceito de “moldabilidade” que ao valor de abatimento dos concretos.
Para produzir concreto com agregados reciclados pode ser seguida a
mesma ordem de mistura utilizada para os concretos convencionais, assim
como os mesmos procedimentos de adensamento e cura. Caso haja
necessidade de utilizar aditivos, o mesmo pode ser feito antes da adição da
areia, para que este atue de forma mais eficiente sobre as partículas de
cimento.
A redução da massa específica dos concretos reciclados é tanto maior,
quanto maior é a utilização de AGR - Agregado Graúdo Reciclado e quanto
maior a relação a/c utilizada. O AMR - Agregado Miúdo Reciclado influencia
na diminuição da massa específica do concreto, porém em menor
proporção.
70
A resistência à compressão dos concretos é muito influenciada pela
porosidade dos materiais que o compõe, desta forma quando se utiliza
agregado reciclado nas misturas de concreto, a relação a/c e a utilização de
AGR são os fatores que mais influenciam na determinação da resistência.
Quanto maior a relação a/c, menor é resistência do concreto.
Comprova-se a viabilidade da utilização apenas do AMR em substituição
total ou parcial do agregado miúdo natural, principalmente para baixas
relações a/c e que o uso de AMR e AGR combinados nas misturas de
concreto com altas relações a/c também é viável.
O estudo da resistência à tração dos concretos reciclados apresentou uma
tendência à redução dos valores de resistência, com o aumento da relação
a/c e da dimensão do agregado reciclado utilizado, em virtude da fragilidade
do material.
A avaliação da atividade pozolânica do material cerâmico presente na
composição do RCD, tanto em relação à cal quanto ao cimento, pode ter
contribuído para o aumento observado no ganho de resistência dos
concretos reciclados com este material.
Tenório et al. (2008) desenvolveram estudo com o objetivo de avaliar as
propriedades mecânicas e de durabilidade de concretos produzidos com agregados
reciclados para avaliar a possibilidade de sua aplicação em elementos estruturais.
Neste trabalho foram utilizados RCC britados em laboratório para a obtenção de
agregados miúdo e graúdo. Foram produzidos diversos traços com diferentes
relações a/c e combinações de agregados reciclados graúdos e miúdos com areia
natural, além da produção de concretos de referência com agregados naturais. Esta
pesquisa indicou a existência de potencial para a aplicação de agregados reciclados
na fabricação de concretos com função estrutural (TENÓRIO et al., 2008).
Em outros países, a exemplo da Alemanha, tem-se ampliado os estudos para
comprovar a viabilidade do uso do concreto com agregados reciclados em
aplicações estruturais, inclusive com a existência de normas regulamentadoras para
seu uso (WEIL, JESKE e SCHEBEK, 2006). Ainda segundo os autores, a
substituição de agregados reciclados por agregados naturais na produção de
concretos pode alcançar até 44% do volume total deste agregado mineral.
71
Outra experiência internacional que pode ser citada foi a pesquisa realizada por
Benge, Pena e Ortiz (2008) que investigaram a influência do uso dos agregados
reciclados nas propriedades mecânicas dos concretos. O foco do trabalho foi a
avaliação da resistência à compressão e da porosidade. Foram contempladas na
pesquisa três misturas, uma experimental com agregado natural e duas com
diferentes percentuais de agregados miúdo e graúdo reciclados.
Os autores puderam concluir que, em geral, a substituição de agregados
naturais por agregados reciclados em concretos, apresenta resultados compatíveis
no que diz respeito à resistência à compressão. No entanto, mais estudos se fazem
necessários nos aspectos relativos à durabilidade, absorção do concreto, à difusão
de cloretos e de oxigênio, permeabilidade e os efeitos pozolânicos.
Turmina e Barros (2002) realizaram estudo das características de argamassas
para contrapiso e o comportamento destes contrapisos produzidos utilizando
agregado reciclado de resíduos de construção. Promoveram também estudo
comparativo dos resultados obtidos com os registrados para contrapisos
convencionais utilizando composição de cimento e areia natural.
Turmina e Barros (2002) sinalizaram a viabilidade da utilização de agregados
reciclados na produção de argamassa para contrapiso. Constataram que o teor de
água de amassamento utilizada no preparo destas argamassas, principalmente nos
casos de agregados oriundos de entulho com materiais cerâmicos, é sempre
superior ao utilizado em argamassas produzidas com areia natural.
Na pesquisa em questão as argamassas produzidas com agregado reciclado
apresentaram resistências à tração e compressão superiores às argamassas de
referência, além de uma distribuição granulométrica melhor o que contribuiu para
uma maior compacidade da argamassa e consequentemente, sua maior resistência
mecânica (TURMINA e BARROS, 2002).
2.5.3 Aplicação em blocos de concreto
Sousa, Bauer e Sposto (2002) investigaram o uso de agregados provenientes
da reciclagem de RCC na produção de blocos de concreto. Foram estabelecidos
traços com materiais convencionais (referência) e com diversas variações no
percentual de agregado reciclado na composição do agregado total. As amostras de
72
entulho para este estudo tiveram origem em canteiro de obras de um edifício
multipavimentos localizado em Brasília. Após o processo de britagem e
peneiramento, os agregados naturais e reciclado, na fração graúda, foram ensaiados
em: módulo de finura, dimensão máxima característica, teor de materiais
pulverulentos, absorção de água, massa específica unitária e massa específica real.
Quando da produção dos blocos foram percebidas algumas diferenças de
comportamento como maior grau de adensamento das partículas e certa dificuldade
de adensamento das misturas com agregado reciclado. Estas diferenças foram
justificadas pela presença de materiais argilosos, alto índice de materiais
pulverulentos e alta porosidade e índice de absorção. Os blocos produzidos com
composição de substituição entre as faixas de 30 e 50% tiveram resultados de
resistências próximos dos valores obtidos com a série de referência. Considerando
os resultados gerais desta pesquisa, aponta-se para potencialidades de utilização do
entulho na produção de blocos de concreto e de outros elementos pré-moldados
com processo de produção semelhante (SOUSA, BAUER e SPOSTO, 2002).
Sales e Santos (2009) desenvolveram um trabalho que objetivou estudar as
características físicas e mecânicas de blocos para alvenaria, sem função estrutural,
produzidos com agregado reciclado. O agregado em questão foi britado no próprio
canteiro da obra de uma empresa de grande porte, na cidade de Aracaju e os
respectivos blocos foram produzidos na fábrica de pré-moldados da mesma
empresa. Na referida pesquisa foi utilizado o mesmo equipamento de britagem
móvel que foi utilizado nos estudos de caso desta dissertação. Foram produzidos
blocos com dois traços em massa (1:12 e 1:13) e com consumo de cimento similar
ao aplicado na fabricação dos blocos convencionais. Para os dois traços produzidos
com agregado reciclado, os resultados obtidos quanto à resistência à compressão
foram superiores, em quase 50%, se comparados aos resultados dos blocos
produzidos com agregado natural (SALES e SANTOS, 2009).
2.5.4 Aplicação em pavimentação
Barbosa Júnior e Fortes (2008) realizaram estudo da utilização de agregados
reciclados, oriundos de corpos de prova utilizados em ensaios de controle
tecnológico, em mistura de concreto de cimento Portland para pavimentação (placas
de concreto). Foram estudados separadamente os agregados provenientes de
73
corpos de prova de concreto, blocos de concreto e materiais cerâmicos ensaiados
em laboratório. Os agregados reciclados foram caracterizados com os seguintes
ensaios: teor de materiais pulverulentos, massa específica aparente, absorção de
água, massa unitária, composição granulométrica e impurezas orgânicas e húmicas.
Foram feitas quatro dosagens, uma de referência e outras três utilizando
agregados reciclados das três origens citadas acima e realizados ensaios do
concreto no estado fresco e endurecido. Neste estudo, com o objetivo de avaliar a
influência da idade nos resultados de resistência à compressão e à tração na flexão,
foram realizados ensaios com corpos de prova após dois anos de idade. Estes
corpos de prova apresentaram uma nítida melhoria das características citadas
acima, principalmente dos materiais com uso do agregado de material cerâmico,
sinalizando que este material também tem espaço para utilização desde que dosado
adequadamente (BARBOSA JÚNIOR e FORTES, 2008).
Barbosa Júnior e Fortes (2008) recomendam o uso de agregados reciclados
desde que sua utilização seja feita de forma racional e evitando-se as misturas de
materiais de comportamento muito diferente, procurando selecionar materiais de
comportamento similar com é o caso de blocos de concreto, argamassas e
concretos.
Motta (2005) desenvolveu pesquisa com o objetivo de avaliar aspectos físicos e
o comportamento mecânico de agregados reciclados de RCC para uso em camadas
de base, sub-base ou reforço do subleito, com enfoque em vias de baixo volume de
tráfego. Após a realização de diversos ensaios, foi verificado que o agregado
reciclado em geral absorve muita água (cerca de 8%) em relação aos materiais
convencionais (em torno de até 2%), certamente devido à sua maior porosidade, e
isto implica em necessidade de maior quantidade de água por ocasião da
compactação. Os resultados de resistência apresentaram-se satisfatórios e outros
precisam ser mais aprofundados. Recomendou-se a utilização do agregado
reciclado em vias de baixo volume de tráfego, pois o tráfego elevado poderia tornar
o processo de quebra de grãos mais agressivo. Concluiu-se que o agregado
reciclado de RCC tem uso promissor como insumo na construção de bases, sub-
bases e reforços do subleito de vias de baixo volume de tráfego, em substituição aos
materiais convencionais. (MOTTA, 2005).
74
2.5.5 Outras aplicações
Aragão et al. (2008) realizaram pesquisa sobre a produção de lajes pré-
moldadas de concreto com 50% e 100% de substituição dos agregados naturais por
agregados reciclados. As lajes foram produzidas com dimensão de 3m x 1m x 12 cm
e foram avaliadas por meio de ensaio de flexão em quatro pontos com controle de
deslocamento.
Segundo os resultados obtidos neste estudo as lajes fabricadas com concreto
utilizando agregado reciclado apresentaram resultado similar aos das lajes de
referência, fabricadas com concreto natural, validando a utilização do concreto
reciclado para este tipo de elemento pré-moldado (ARAGÃO et al., 2008).
Inforçato et al. (2008) desenvolveram trabalho que objetivou estudar a
viabilidade técnica da utilização de RCC na fabricação de elementos de argamassa
armada. Nesta pesquisa foram avaliadas as propriedades mecânicas das
argamassas de traço 1:2 (cimento:areia) com substituição do agregado natural pelo
agregado reciclado nas proporções de 30%, 50% e 70%. Os autores estudaram a
capacidade de absorção da água, além da resistência à compressão das
argamassas produzidas, mantendo-se os fatores a/c. Os resultados obtidos foram
comparados com os limites estabelecidos na NBR 11.173/1990 para argamassas
utilizadas na execução de elementos de argamassa armada e apresentaram
resultados satisfatórios (INFORÇATO et. al., 2008).
Para Goonan (2000) o futuro dos agregados reciclados será impulsionado pela
indisponibilidade de aterros, por uma maior aceitação produto, pelas políticas
governamentais de incentivo ao uso dos agregados reciclados, bem como pelas
exigências ambientais e de uma economia sã.
75
3. MÉTODO DE PESQUISA
Este capítulo descreve o método utilizado, apresentando a estratégia de
pesquisa por meio do detalhamento de cada uma das etapas componentes.
3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA
Em função do objetivo deste trabalho, da escassez de experiências
semelhantes e a existência de vários elementos de análise envolvidos no processo
de reciclagem em canteiros de obras, optou-se pelo estudo de caso como estratégia
de pesquisa.
Para Bressan (2000), este método é adequado para responder às questões
"como" e '"porque" que são questões explicativas e tratam de relações operacionais
que ocorrem ao longo do tempo mais do que freqüências ou incidências.
Assim, para responder a questão central proposta nesta pesquisa, foram
realizados estudos de caso de experiências de reciclagem em canteiros de obras da
RMS, possibilitando o levantamento de dados, informações, observações e
depoimentos. Todas as ações de campo realizadas subsidiaram respostas práticas e
concretas, permitindo, a partir do processo experimental, a proposição de diretrizes
para a reciclagem em canteiros.
Este método e outros métodos qualitativos são úteis quando é necessário
pesquisar um fenômeno contemporâneo, amplo e complexo, em que o corpo de
conhecimentos existente é insuficiente para permitir a proposição de questões
causais e quando um fenômeno não pode ser estudado fora do contexto no qual ele
naturalmente ocorre (BONOMA, 1985 apud BRESSAN, 2000).
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Para atingir os objetivos propostos, esta pesquisa foi estruturada em etapas,
abrangendo o processo de levantamento de dados e informações relevantes sobre o
tema, a realização de estudos de caso de experiências de reciclagem em canteiros
da RMS, a proposição de diretrizes que possam favorecer a prática da reciclagem
dos resíduos classe A nos canteiros de obras e o desenvolvimento de fluxograma e
76
de procedimento operacional, que possam orientar as empresas interessadas em
implantar o referido processo em seus canteiros.
A figura 15 representa de forma esquemática a estrutura e sequência das
etapas e atividades desenvolvidas neste trabalho.
3.3 ETAPAS DA PESQUISA
3.3.1 Pesquisa bibliográfica
A primeira etapa da pesquisa contemplou um levantamento bibliográfico sobre
temas relevantes relacionados aos RCC. Este levantamento foi realizado por meio
da busca de dados, artigos, pesquisas anteriores, dissertações, teses, entrevistas
com especialistas do setor, matérias em revistas e periódicos, leis e outros
documentos que permitissem o levantamento de base conceitual relativa ao tema.
Foram coletadas informações sobre a definição, classificação, caracterização,
geração e destinação dos RCC, legislação pertinente e as normas técnicas
relacionadas. Foram abordados o gerenciamento dos RCC nos canteiros de obras,
iniciativas públicas e privadas de reciclagem destes resíduos e descritos alguns
estudos que tratam do uso do agregado reciclado em materiais de construção.
Figura 15 Fluxo de delineamento da pesquisa
Estudo de caso 1
Proposição
Pesquisa Bibliográfica
Estudo de Caso 3
Validação
Proposição de
diretrizes para
reciclagem de
resíduos Classe A em
canteiros: aspectos
técnicos, econômicos
e ambientais
FLUXO DA PESQUISA
Sistematização da
reciclagem nos
canteiros de obras.
Fluxograma da
reciclagem
Procedimento
operacional para
reciclagem
Estudo de caso 2
Proposição
Estudo de caso 1
Proposição
Pesquisa Bibliográfica
Estudo de Caso 3
Validação
Proposição de
diretrizes para
reciclagem de
resíduos Classe A em
canteiros: aspectos
técnicos, econômicos
e ambientais
FLUXO DA PESQUISA
Sistematização da
reciclagem nos
canteiros de obras.
Fluxograma da
reciclagem
Procedimento
operacional para
reciclagem
Estudo de caso 2
Proposição
77
3.3.2 Estudos de caso
A segunda etapa do trabalho correspondeu à realização de três estudos de
caso de experiências de reciclagem em canteiros de obras de empresas
construtoras da RMS.
Os dois primeiros estudos visaram à identificação do melhor fluxo de
atividades, a observação da interação deste processo com o andamento da obra, o
levantamento de parâmetros para o dimensionamento da equipe, a identificação de
possíveis aplicações para o agregado reciclado no canteiro e a análise de fatores
intervenientes facilitadores ou dificultadores do processo.
O terceiro estudo de caso visou a validação da proposta de sistematização do
processo de reciclagem no próprio canteiro.
Em todos os estudos de caso foi utilizado equipamento móvel de britagem
(britador de mandíbulas - modelo URM 2015 do fabricante Fragmine) que, como dito
anteriormente, foi adquirido pelo Departamento Nacional do SENAI para
desenvolvimento de pesquisa no aproveitamento de agregados reciclados de RCC
em canteiros de obras na cidade de Aracaju-SE.
Este equipamento é dotado de britador de mandíbulas e sistema de
peneiramento com possibilidade do uso simultâneo de duas peneiras, além de dois
vibradores elétricos para deslocar o agregado britado. Pela existência de duas
peneiras é possível obter duas frações granulométricas, aproveitando inclusive para
a re-britagem ou reuso a parcela do resíduo que não passa na peneira superior. O
equipamento possui 5 peneiras (4,8 mm, 9,5 mm, 12,5 mm, 19 mm e 25 mm) que
permitem a geração de agregados miúdos e graúdos em diversas granulometrias. O
equipamento móvel tem peso total aproximado de 3 toneladas e capacidade
produtiva máxima que varia entre 1,5 e 4 m
3
de resíduo britado por hora, em função
da abertura do britador de mandíbulas. Quanto maior a abertura, maior a
produtividade. Na produção de agregados para a construção civil a produtividade
máxima deste equipamento é estimada em 2,5 m
3
por hora (Figuras 16 e 17).
78
Os estudos de caso foram realizados conforme fluxo e atividades detalhados
na figura 18:
Figura 16 Britador de mandíbulas e peneiras vibratórias
Figura 17 Equipamento móvel de britagem
(LORDÊLO, EVANGELISTA e FERRAZ, 2007)
Figura 18 Fluxo de atividades utilizado nos estudos de caso
Mobilização das
empresas e obras
Caracterização
inicial das obras
Estruturação do
processo de
reciclagem
Caracterização do
resíduo Classe A
Definição das
aplicações e
ajustes do britador
Monitoramento do
processo de
reciclagem
Caracterização do
agregado reciclado
Produção piloto do
produto com
agregado reciclado
Avaliação de
desempenho do
produto com
agregado reciclado
Aplicação do
produto e
rastreabilidade
Avaliação do processo
de reciclagem:
aspectos técnicos,
econômicos e
ambientais
Fluxo de atividades – Estudos de Caso
Mobilização das
empresas e obras
Caracterização
inicial das obras
Estruturação do
processo de
reciclagem
Caracterização do
resíduo Classe A
Definição das
aplicações e
ajustes do britador
Monitoramento do
processo de
reciclagem
Caracterização do
agregado reciclado
Produção piloto do
produto com
agregado reciclado
Avaliação de
desempenho do
produto com
agregado reciclado
Aplicação do
produto e
rastreabilidade
Avaliação do processo
de reciclagem:
aspectos técnicos,
econômicos e
ambientais
Fluxo de atividades – Estudos de Caso
79
a) Mobilização das empresas e obra
Para selecionar as empresas de construção que iriam compor o estudo foram
utilizados os seguintes critérios: demonstrar interesse na prática da reciclagem, ter
preferencialmente um PGR implantado ou em implantação em seus
empreendimentos e ter obras em fase de estrutura ou vedação. Com o apoio do
SENAI-BA e do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia
(SINDUSCON-BA) obteve-se uma lista de empresas que poderiam se enquadrar
nestes critérios. Com essa informação foi feita a divulgação do projeto de pesquisa
e dos seus objetivos.
A partir do interesse demonstrado, três empresas foram selecionadas para a
realização do estudo de caso das experiências de reciclagem em canteiros. O
quadro 8 apresenta o perfil destas empresas e de seus empreendimentos.
Quadro 8 Perfil das empresas dos estudos de caso
A empresa A estava implantando com sucesso o PGR em uma edificação
vertical multipavimentos, em Salvador. A empresa B não implantava o PGR e
realizava a construção de um condomínio com 800 unidades habitacionais na capital
baiana. O terceiro estudo de caso foi realizado em parceria com um consórcio de
empresas de grande porte em um dos maiores canteiros de obras do país. No inicio
das atividades a empresa C não possuía PGR implantado.
As empresas selecionadas assinaram termo de cooperação técnica com o
SENAI-BA, no qual foram estabelecidas as condições para instalação do
PERFIL DAS EMPRESAS – ESTUDOS DE CASO
Empresa Porte Tipo de obra
Área total
Construída
Fase da obra
A Médio
Multipavimentos
residencial
10.000 m
2
Alvenaria e revestimento
B Grande
Unidades
habitacionais
43.359 m
2
Estrutura e revestimento
C Grande
Condonio
residencial vertical
de alto padrão com
18 torres e área
comum
320.000 m
2
Estrutura e alvenaria
80
equipamento móvel de britagem, tempo máximo de permanência do equipamento,
equipe técnica e operacional envolvida, etapas do processo de reciclagem,
realização de ensaios, disponibilidade de informações e responsabilidades das
partes.
b) Caracterização inicial das obras
Nos estudos de caso foi realizada análise preliminar das empresas e dos
empreendimentos indicados para o desenvolvimento da pesquisa, conforme F01
Diagnóstico Inicial (APÊNDICE A), registrando e avaliando os seguintes aspectos:
identificação da empresa, objetivos da alta direção com o processo de reciclagem,
caracterização da obra: descrição geral, área total construída, sistema construtivo
utilizado, etapa atual e cronograma macro de execução, sistemas de transporte
horizontal e vertical utilizados, sistemática de segregação de resíduos no canteiro,
disponibilidade de equipe técnica e operacional para acompanhamento e execução
da reciclagem, avaliação do espaço físico e da infra-estrutura disponível no canteiro
de obras para abrigar o processo de reciclagem e levantamento de alternativas para
aplicação do agregado reciclado.
c) Estruturação do processo de reciclagem
Após a seleção das empresas e das obras, passou-se para a estruturação do
processo de reciclagem nos canteiros, conforme detalhado no fluxo anterior e o
registro de todas as informações no F02 Relatório de acompanhamento da
reciclagem no canteiro (APÊNDICE B). Este formulário contempla as atividades de
caracterização e planejamento, assim como um resumo dos resultados das
avaliações técnicas dos agregados e dos materiais produzidos com o agregado
reciclado, além das conclusões econômicas e ambientais.
No primeiro momento, por meio de entrevista com o responsável da obra, foi
feita uma caracterização breve da empresa: endereço, responsáveis, ramo e tempo
de atuação no mercado, práticas de gestão, certificações da qualidade e outras
informações que foram consideradas importantes pelo entrevistado.
Em seguida, foram levantadas as práticas de gestão de resíduos da empresa,
sistema de segregação e alternativas utilizadas para a destinação final dos RCC e
se a empresa tinha alguma experiência anterior com reaproveitamento ou
reciclagem em seus canteiros de obras.
81
Após a caracterização da empresa, foi realizado levantamento de informações
específicas da obra: responsável técnico, descrição do empreendimento, equipe
técnica e operacional envolvida, resumo do PGRCC, caso existisse, quanto aos
aspectos relativos à geração, segregação e destinação final dos resíduos classe A.
Na sequência foi realizado um estudo do layout do canteiro como forma de
encontrar a melhor alternativa para a instalação do britador, considerando a
definição do local e a sistemática para segregação do resíduo classe A, além da
definição dos locais e dispositivos de armazenamento para o agregado reciclado.
Todos estes componentes formaram a central de reciclagem do canteiro.
Foram consideradas, neste momento, as soluções disponíveis no canteiro para
transporte horizontal e vertical dos resíduos e materiais gerados, o fluxo da
segregação e destinação intermediária dos resíduos no canteiro, o possível uso dos
agregados reciclados e a proximidade com as centrais de concreto ou de fabricação
de artefatos, conforme o caso.
d) Caracterização do resíduo classe A
Foi realizada a caracterização gravimétrica do resíduo classe A segregado,
segundo a NBR 10.007 Amostragem de resíduos sólidos (ABNT, 2004). A amostra
foi pesada e classificada visualmente, sendo separados os componentes pelo
processo de catação e peneiramento. Em seguida foram determinados os pesos de
cada componente e o valor percentual correspondente, determinando a participação
de cada um de seus constituintes: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas,
placas de revestimento e outros), argamassa, concreto, rocha, solo e areia.
e) Definição das aplicações e ajustes do britador
Com base na caracterização dos resíduos, foram definidas, em conjunto com
os responsáveis pelas obras, as aplicações para os agregados reciclados e as
respectivas granulometrias necessárias.
A definição da aplicação dos agregados reciclados foi estruturada em dois
grupos, conforme a NBR 15.116 (ABNT, 2004):
1. Obras de pavimentação viária: em camadas de reforço de subleito, sub-
base e base de pavimentação ou revestimento primário de vias não
pavimentadas.
82
2. Preparo de concreto sem função estrutural: enchimentos, contrapiso,
calçada e fabricação de artefatos não estruturais: blocos de vedação,
meio-fio, sarjetas, canaletas, mourões e placas de muros.
Definida a aplicação, o britador e as peneiras foram ajustados em função do
agregado definido.
f) Monitoramento do processo de reciclagem
Foi iniciado o processo de reciclagem piloto. Reforçou-se a importância da
segregação prévia do resíduo classe A e que este não estivesse misturado a
nenhum outro tipo de resíduo, principalmente o gesso, que poderia vir a contaminá-
lo. Os operários foram orientados sobre o funcionamento do britador, sistema de
alimentação e armazenamento do agregado reciclado por faixa granulométrica.
Antes da partida foram verificadas as condições elétricas e de lubrificação da
máquina.
Para a realização desta atividade foi separado inicialmente de 1 a 2 m
3
,
conforme o caso, de resíduo classe A para uma reciclagem piloto. Esta partida piloto
teve como objetivo a verificação do domínio do processo pelos operários, medição
da produtividade (volume de resíduos britado/hora), agilidade na alimentação do
britador, volume de agregado gerado por granulometria e volume de agregado
destinado a rebritagem, além da geração de amostra de agregado reciclado para
caracterização.
Após a caracterização do agregado reciclado, etapa descrita a seguir, e
realizados os ajustes necessários, foi dada a continuidade do processo de
reciclagem no canteiro e seu monitoramento que, assim como a reciclagem piloto,
tiveram seus dados registrados no F03 Controle do processo de reciclagem
(APÊNDICE C). Estes dados referem-se à data de britagem, volume de resíduo
classe A britado, tempo de britagem para cálculo da produtividade, volume gerado
total e por tipo de agregado reciclado e ocorrências/observações. Este registro foi
diário ou quando da realização de cada britagem e foi acompanhado pelo
responsável da obra durante todo o processo de reciclagem.
g) Caracterização do agregado reciclado
Feita a britagem piloto, foram realizadas as coletas de amostras para análise
dos agregados reciclados em laboratório, em função das aplicações definidas pelas
83
construtoras. Para a realização desta análise foram considerados os ensaios
fornecidos pelas empresas construtoras, as pesquisas existentes e os parâmetros
normativos para concluir a devida caracterização do agregado reciclado. Foram
utilizados como referência principal os parâmetros definidos na NBR 15.116
Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil Utilização em
pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural Requisitos (ABNT,
2004). Os dados obtidos das análises dos agregados foram consolidados no F04
Avaliação técnica dos agregados reciclados (APÊNDICE D).
h) Produção piloto do produto com agregado reciclado
A partir da análise dos agregados reciclados e em função dos resultados
apresentados, foi dada sequência às atividades de reciclagem e produção piloto dos
materiais selecionados por cada obra, gerando o material de referência com
agregado natural e os materiais experimentais com substituição parcial e/ou total do
agregado natural pelo reciclado. Estes percentuais de substituição foram realizados
tendo como base o traço dos materiais estabelecidos pelas próprias empresas e
referenciais de pesquisas existentes.
Nos estudos de caso, a produção dos materiais de construção selecionados foi
realizada nas mesmas condições de produção destes materiais com o agregado
natural.
i) Avaliação de desempenho do produto com agregado reciclado
Os produtos de referência e experimentais, nos seus percentuais de
substituição foram analisados tendo como base os ensaios fornecidos pelas
construtoras ou estudos existentes em condições similares. Estes dados e
informações foram consolidados no F05 Avaliação técnica do material com
agregado reciclado (APÊNDICE E).
Após esta avaliação foi definido o percentual de substituição que representou o
maior aproveitamento do agregado reciclado e a garantia das características e
padrões de desempenho normativos requeridos para os materiais em estudo.
j) Aplicação do produto e rastreabilidade
Na seqüência, foi dada continuidade a britagem dos resíduos classe A para
fabricação dos materiais na proporção de substituição definida com base no item
84
anterior. A fabricação e aplicação dos materiais produzidos com agregado reciclado
foram acompanhadas e suas informações registradas no F06 Controle da
produção e aplicação do material com agregado reciclado (APÊNDICE F).
Além da produção, foram registradas no referido formulário as informações da
aplicação destes materiais de modo a garantir a rastreabilidade dos mesmos.
3.3.3 Análise dos dados
Ao longo de todo o processo de reciclagem nos canteiros foram levantados
dados, feitas observações, realizadas entrevistas e coleta de depoimentos que
puderam subsidiar a avaliação final do processo, considerando aspectos técnicos,
econômicos e ambientais.
Na análise técnica da aplicação dos agregados reciclados foram comparados
os aspectos de desempenho dos produtos fabricados com agregado natural e os
fabricados com a substituição total ou parcial de agregados reciclados, tomando-se
como referência os padrões e as pesquisas existentes para cada tipo de produto
selecionado. O produto considerado mais adequado foi aquele que utilizou o maior
percentual de agregado reciclado, mantidos os padrões de desempenho requeridos.
Cabe comentar, que por existirem pesquisas e normas técnicas que validam o uso
dos agregados reciclados na produção de materiais de construção, este não foi o
foco do trabalho.
Quanto à avaliação econômica foi realizado levantamento dos custos do
agregado natural, do bota fora de entulho e, no estudo de caso 3, dos custos
associados à produção do agregado reciclado. Neste último, foram levantados os
custos da reciclagem para compor o custo do agregado, considerando mão-de-obra
direta, equipamentos, manutenção e energia. Com estes dados, foi possível calcular
o ganho econômico do processo por m
3
, resultante do somatório dos custos do
agregado natural e do bota fora, subtraindo-se o custo para produção do agregado
reciclado. Para complementar a análise, o investimento realizado para estruturar o
processo de reciclagem no canteiro foi levantado, assim como o tempo de retorno
para recuperação do referido investimento e o ganho econômico a partir deste
momento.
85
Na avaliação ambiental foram considerados os aspectos qualitativos
relacionados, que contemplam desde a preservação dos recursos naturais não
renováveis até a redução do impacto ambiental causado pelo descarte inadequado
dos RCC. Esta análise foi feita, tendo como referência a quantidade total de
resíduos processados e o volume de agregados reciclados utilizado.
As informações resultantes das avaliações econômicas e ambientais foram
registradas no F07 Avaliação econômica e ambiental do processo de reciclagem
no canteiro (APÊNDICE G).
A avaliação dos aspectos técnicos, econômicos e ambientais e de todo o
processo vivenciado nos estudos de caso serviram de referência para a proposição
de diretrizes para reciclagem em canteiros de obras. Estas diretrizes correlacionam
parâmetros e critérios que devem ser observados quando da opção da reciclagem
de resíduos classe A nos canteiros e da utilização de seus agregados na produção
de materiais de construção.
Para facilitar o entendimento de todo o processo e estimular esta prática nos
canteiros de obras de empresas construtoras foram propostos um fluxograma de
reciclagem e um procedimento operacional que descreve as etapas críticas e os
cuidados a serem tomados para o sucesso desta prática.
86
4. RESULTADOS
Neste item são apresentados os resultados observados nos três estudos de
caso de reciclagem em canteiros de obra realizados neste trabalho.
4.1 EXPERIÊNCIAS DE RECICLAGEM EM CANTEIROS DE OBRAS
4.1.1 Estudo de Caso 1
O Estudo de Caso 1 foi realizado em canteiro de obra de edificação vertical
multipavimentos na cidade de Salvador-Ba, com cerca de 10.000 m
2
de área total
construída. Trata-se de empresa construtora que atua a mais de dez anos no
mercado baiano, notadamente executando empreendimentos de edificações
residenciais e comerciais e possui sistema de gestão da qualidade implantado com
base na NBR ISO 9001/2001. Essa empresa demonstrou por meio de entrevista
com seu diretor e técnicos que está sensível às questões ligadas a responsabilidade
social e ambiental. O estudo foi realizado no período entre agosto e novembro de
2007.
No diagnóstico inicial foi confirmado o interesse da alta direção em implantar
um programa de aproveitamento dos resíduos classe A pela reciclagem destes
resíduos no próprio canteiro. Na oportunidade, foi avaliado o cronograma macro da
obra que se encontrava na fase de estrutura e vedação, na qual foi utilizado sistema
convencional com utilização de blocos cerâmicos para vedação. Por fim, foram
verificados os sistemas de transporte vertical e horizontal e o lay-out do canteiro,
assim como levantadas as possíveis alternativas para utilização dos agregados
reciclados.
Um dos fatores que contribuiu para a aplicação deste estudo de caso foi o fato
da empresa estar implantando com sucesso neste canteiro um Programa de Gestão
de Resíduos. Neste programa, foram realizadas atividades de: treinamento dos
operários quanto à correta segregação dos resíduos, implantação dos dispositivos
de segregação nos pavimentos e nos locais de coleta centrais, definição da
estratégia de destinação final em parceria com cooperativas e outras empresas
interessadas e promoção do correto monitoramento de todo o programa. O
87
monitoramento era realizado por meio da aplicação de check list que contemplava
requisitos de limpeza e organização.
Após a breve caracterização da empresa e levantamento das práticas de
gestão e gerenciamento de resíduos, foi definida a equipe técnica responsável pela
reciclagem no canteiro: uma arquiteta, uma estagiária de engenharia civil e três
operários (serventes). Na seqüência, foi realizada a sensibilização do engenheiro
responsável pela obra da importância desta prática e de sua colaboração para o
sucesso do trabalho.
Após estudo do lay-out do canteiro, foi instalada a recicladora móvel na
garagem G1, próxima a central de concreto e ao local onde foram construídas as
baias para armazenamento dos agregados reciclados, conforme registrado nas
figuras 21 e 22. A máquina foi posicionada no local definitivo, em base regularizada
e com o caixão alimentador bem abaixo da abertura feita na laje superior, onde
estava segregado o resíduo classe A que seria britado. Esta foi a forma encontrada
para agilizar o processo de alimentação do equipamento em função da altura do
caixão alimentador. Foi feita também a instalação elétrica e verificada as condições
de lubrificação do equipamento.
Figura 19 Resíduo Classe A segregado -
Estudo de Caso 1
Figura 20 Dispositivos para segregação de
RCC – Estudo de Caso 1
88
Após a instalação da máquina, foi realizada a coleta de amostra do resíduo
classe A, segregado, segundo a NBR 10.007 (ABNT, 2004), e o seu
encaminhamento para o laboratório de materiais do SENAI-BA para caracterização
gravimétrica. Na ocasião, não estava sendo utilizado gesso na obra, nem estavam
sendo realizados serviços de movimentação de terra. Assim, foi descartada a
possibilidade de contaminação do resíduo coletado por gesso ou solo.
A amostra foi pesada e classificada visualmente, os componentes foram
separados pelo processo de catação e o peneiramento foi realizado para separação
dos finos que não foram descartados em função da condição controlada de coleta da
amostra. Foram determinados os pesos dos componentes e o percentual
correspondente para determinar a participação destes na constituição do resíduo.
Figura 21 Instalação da recicladota móvel –
Estudo de Caso 1
Figura 22 Baias para segregação dos
agregados - Estudo de Caso 1
Figura 23 Coleta de amostra para análise
gravimétrica – Estudo de Caso 1
Figura 24 Pesagem de amostra de resíduo
classe A - Estudo de Caso 1
89
Os dados coletados foram consolidados e o resultado gráfico da análise
gravimétrica é apresentado na figura 26.
O próximo passo do estudo foi a definição das aplicações do agregado
reciclado. A empresa optou pela utilização destes agregados na fabricação de
argamassa para contrapiso e concreto de enchimento para contenção. As
aplicações definidas foram enquadradas, segundo a NBR 15.116 (ABNT, 2004) na
utilização de agregados reciclados em preparo de concreto sem função estrutural.
Figura 25 Análise gravimétrica do resíduo classe A - Estudo de Caso 1
Figura 26 Resultado da análise gravimétrica (%) – Estudo de Caso 1
Argamassa
18,1
Concreto
11
Materiais
cerâmicos
45,9
Finos
24,6
Outros
0,4
90
Em função da necessidade identificada pela empresa de agregados reciclados
equivalentes a areia (agregado miúdo) e brita 1 (agregado graúdo) foi realizado o
ajuste do britador e das peneiras, tendo sido instaladas as peneiras de 4,8 mm e 19
mm.
Na sequência foi realizado o processo de reciclagem piloto. A primeira britagem
foi realizada no dia 06 de agosto de 2007, após orientação dos operários envolvidos
e em caráter piloto, com a cubagem de 1 m
3
de resíduo, conforme figura 27. Na
oportunidade, foi monitorado todo o processo quanto ao tempo de britagem, pessoal
envolvido, volume e avaliação visual de agregado reciclado, produtividade e
levantamento de aspectos de melhoria no processo, como pode ser visto na figura
28, onde foi feita adaptação no processo de alimentação para redução das perdas
do resíduo classe A.
Após este estudo piloto, foi dada sequência ao processo de britagem e
monitoramento, enquanto eram realizados os ensaios de caracterização nos
agregados reciclados. Para este controle foi utilizado o formulário “Controle do
Processo de Reciclagem” no qual eram coletados os dados relativos ao volume de
resíduo britado e de agregado reciclado gerado, por granulometria, assim como o
tempo gasto em todo o processo. Ao longo de cada ciclo de britagem foram
disponibilizados três serventes, sendo dois na alimentação e um na coleta e
armazenamento do agregado reciclado.
Figura 27 Cubagem para britagem piloto –
Estudo de Caso 1
Figura 28 Adaptação para melhoria na
alimentação - Estudo de Caso 1
91
Considerando a composição da fração graúda do agregado reciclado gerado
nesta obra, este foi classificado como Agregado de Resíduo Misto (ARM), segundo a
NBR 15.116 (ABNT, 2004), Anexo A, por obter fração inferior a 90% de
componentes a base de cimento Portland e rocha.
A atividade seguinte do estudo foi a caracterização dos agregados reciclados,
miúdo e graúdo, conforme resultados apresentados na tabela 5.
Tabela 5 Caracterização dos agregados reciclados – Estudo de Caso 1
Figura 29 Britador com
adaptação do caixão
alimentador – Estudo de
Caso 1
Figura 30 Agregado miúdo
reciclado – Estudo de
Caso 1
Figura 31 Agregado graúdo
reciclado – Estudo de
Caso 1
CARACTERIZAÇÃO DOS AGREGADOS RECICLADOS – ESTUDO DE CASO 1
ENSAIOS
Referencial
normativo
AM 1
1
Referencial
normativo
AM 2
2
Classificação da Amostra
Agregado reciclado miúdo Agregado reciclado
graúdo
Módulo de finura (NBR NM 248)
2,2 a 2,90 2,54 - 6,53
Dimensão máxima característica
(mm) (NBR NM 248)
- 4,8 - 19
Material pulverulento (%) (NBR
NM 46)
< 20 4,16 < 10 1,26
Absorção (%) (NBR NM 30)
< 17 3,07 - -
Absorção (%) (NBR NM 53)
- - < 12 13,12
Umidade Crítica (%) (NBR 6467)
5,4 -
Coeficiente de Inchamento
médio (%) (NBR 6467)
- 1,224 - -
Cloretos solúveis em água (%
Cl) (NBR 9917)
< 1 < 0,004 < 1 < 0,004
Sulfatos solúveis em água (%
SO
4
) (NBR 9917)
< 1 0,130 < 1 0,065
1
agregado miúdo de resíduo classe A (areia)
2
agregado graúdo de resíduo classe A (brita 1)
92
Vale ressaltar que os valores de absorção e coeficiente de inchamento para o
agregado miúdo foram considerados baixos, porém foram confirmados pelo
laboratório, conforme laudos dos ensaios fornecidos pela empresa.
A partir dos resultados de caracterização dos agregados reciclados e em
função dos bons resultados apresentados pelo agregado miúdo, assim como do
estágio da obra com a necessidade de utilização imediata dos referidos agregados,
a empresa contratou laboratório especializado para determinar a dosagem da
argamassa de contrapiso utilizando cimento, areia e agregado miúdo reciclado.
Na oportunidade foram repetidos alguns ensaios e realizados outros para o
agregado miúdo reciclado, conforme tabela 6, e recomendado pelo laboratório
contratado a substituição de 50% da areia natural pelo agregado miúdo reciclado na
dosagem para produção de argamassa para contrapiso das garagens G1 e G2.
Conforme informações do laboratório contratado, o percentual de substituição
sugerido foi baseado em estudos realizados anteriormente e que apresenta histórico
de utilização com resultados favoráveis.
Tabela 6 Caracterização do agregado miúdo reciclado – Estudo de Caso 1
A tabela 7 apresenta a dosagem da argamassa de contrapiso, cujo traço foi de
1:5 (cimento e areia), fornecida pela empresa construtora e com a qual foi produzida
a mistura com agregado reciclado nas mesmas condições de produção que seria
produzido o material com agregado natural.
CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO MIÚDO RECICLADO – ESTUDO DE CASO 1
ENSAIOS Referencial AM 3
3
Classificação da Amostra
Areia Natural Agregado
reciclado miúdo
Módulo de finura (NBR NM 248)
1,70 2,18
Dimensão máxima característica (mm) (NBR NM
248)
1,18 4,75
Material pulverulento (%) (NBR NM 46)
1,3 5,3
Massa específica (g/cm
3
) (NBR 9776)
2,63 2,59
Massa unitária (Kg/dm
3
) (NBR 7251)
1,57 1,38
Massa unitária úmida (Kg/dm
3
) (NBR 7251)
- 1,33
Impurezas Orgânicas (NBR NM 49)
Mais clara que a
solução padrão
-
Coeficiente de Inchamento (NBR 6467)
1,31 -
Umidade de campo (%)
- 1,9
3
agregado miúdo de resíduo classe A (areia) re-ensaiado quando da elaboração do traço do contrapiso.
93
Tabela 7 Traço do contrapiso com agregado reciclado – Estudo de Caso 1
TRAÇO DO CONTRAPISO ESTUDO DE CASO 1
Materiais
Traço (em
massa
unitária)
Consumo
kg/m
3
Volume
Corrigido P/
1 Saco de
Cimento
N
o
de
Padiolas
Volume da
Padiola* (L)
Cimento CPII – Z32 1,00 335 50 Kg - -
Areia 2,50 838 106 litros 02 53
Agregado miúdo
reciclado
2,50 838 95 litros 02 47,5
Água 0,75 251 38 - -
* foram definidas pelo laboratório as dimensões exatas para a confecção das padiolas de cada
material.
Na proposta de dosagem da argamassa, o volume do agregado miúdo (areia)
foi corrigido em função do inchamento médio e o volume do agregado reciclado foi
corrigido em função da massa unitária úmida e do coeficiente de umidade.
Recomendou-se ainda descontar a água contida na areia natural e reciclada em
função da umidade.
O agregado graúdo reciclado foi utilizado na fabricação de concreto de
enchimento para contenção nas garagens. Para esta aplicação não foram realizados
ensaios nem estudos mais aprofundados.
Em função do ritmo da obra e dos processos internos da empresa não foi
viabilizada a realização dos ensaios de avaliação de desempenho do material
fabricado com os agregados reciclados, nem o controle da fabricação e aplicação do
mesmo.
Turmina e Barros (2002) realizaram pesquisa acerca do comportamento de
argamassa para contrapiso produzida com agregado reciclado de RCC e a sua
comparação com os resultados obtidos na fabricação de argamassa para contrapiso
convencional utilizando cimento e areia natural. Na ocasião do estudo dos autores
ainda não havia sido publicada a NBR 15.116 (ABNT, 2004), determinando os
requisitos dos agregados reciclados para utilização em concretos sem função
estrutural, por este motivo alguns parâmetros exigidos atualmente não foram
avaliados. No entanto, é possível observar grande similaridade dos resultados
apresentados no estudo de Turmina e Barros (2002) em relação à massa unitária e
a absorção de água obtida no estudo de caso 1.
94
Na pesquisa realizada pelos referidos autores, as argamassas produzidas com
agregado reciclado apresentaram resistências à tração e compressão superiores às
argamassas produzidas com agregado natural, além de uma melhor compacidade e
resistência mecânica (TURMINA e BARROS, 2002).
A tabela 8 apresenta dados globais da experiência de reciclagem realizada no
canteiro de obras do estudo de caso 1. No total foram britados 62 m
3
de resíduo
classe A ao longo de 24 dias, com a produtividade média de britagem de
0,80m
3
/hora. A maior proporção de agregado reciclado foi para o agregado miúdo
reciclado, com 55% do total de agregados produzidos.
Tabela 8 Dados gerais da reciclagem no canteiro - Estudo de Caso 1
DADOS GERAIS – ESTUDO DE CASO 1
Dias de
britagem
do estudo
de caso
Produtivida-
de média
(m
3
/hora)
Volume
total de
resíduo
classe A
(m
3
)
1
Volume total
de agregado
reciclado
(m
3
)
Relação entre
volume de
agregado reciclado
e volume de
resíduo classe A
Volume
de areia
(m
3
)
Volume
de
brita 1
(m
3
)
Perda
(m
3
)
24 dias 0,80 62 47 0,76 25,8 19,7 1,5
1
O volume de resíduo classe A foi calculado em função das dimensões da caixa do britador.
Por meio de entrevistas realizadas com o diretor da empresa e com a
responsável pelo processo de reciclagem no canteiro foi possível constatar os
benefícios gerados pela experiência de reciclagem, caracterizados pelo
envolvimento da equipe de operários com o processo e pela economia com a
destinação dos resíduos classe A. Neste estudo de caso todo o resíduo classe A
segregado foi aproveitado durante o período de realização da pesquisa, assim como
foi percebido impacto positivo na imagem da empresa quanto às questões
ambientais junto a seus clientes e parceiros.
Não foi possível neste primeiro estudo de caso uma análise mais criteriosa
quanto aos aspectos técnicos do produto final com agregados reciclados e dos
ganhos econômicos em função da indisponibilidade de informações pela empresa na
qual o estudo de caso estava sendo realizado.
95
4.1.2 Estudo de Caso 2
O Estudo de Caso 2 foi realizado em obra de construção de condomínio com
800 unidades habitacionais autônomas, distribuídas em 40 prédios de vinte unidades
e quatro pavimentos cada, na cidade de Salvador-Ba, com área total construída de
43.359 m
2
. Esta obra foi realizada por empresa de grande porte da capital baiana
que possui sistema de gestão da qualidade implantado e certificação segundo a
NBR ISO 9001/2000. O estudo foi realizado no período de junho a novembro de
2008.
Quando da realização do diagnóstico inicial, foi reforçado o interesse pela
experiência de reciclagem no canteiro pelo engenheiro responsável pela obra que
promoveu os alinhamentos necessários com a direção da empresa. Neste
empreendimento estava sendo utilizado o sistema construtivo de alvenaria estrutural
de bloco de concreto, sendo esse material fabricado no próprio canteiro de obra. Na
oportunidade foi avaliado o cronograma macro do empreendimento que se
encontrava na etapa de estrutura e vedação.
Ainda na etapa de caracterização inicial, foram verificados os sistemas de
transporte vertical e horizontal e o lay-out do canteiro para definição do local de
instalação da central de reciclagem que privilegiasse o melhor fluxo de segregação
do resíduo classe A, alimentação do equipamento de britagem e armazenamento do
agregado reciclado.
Concluídos os trabalhos iniciais, foi definido pela equipe técnica da obra que os
agregados reciclados produzidos seriam utilizados na fabricação de blocos de
concreto sem função estrutural, que seriam utilizados na construção de muros nos
limites do condomínio e na fabricação de concreto magro para calçadas (passeios
concretados in loco).
Pelo fato da obra o possuir, quando da realização da pesquisa de campo,
programa de gestão de resíduos implantado, foi definida sistemática específica para
segregação dos resíduos classe A no canteiro. Foi realizada também a orientação
dos responsáveis técnicos para que disseminassem a conceituação deste tipo de
resíduo e a forma correta de segregação junto às equipes das frentes de serviço e
aos responsáveis pela segregação final. Esta orientação acerca da correta
96
segregação é fundamental, visto que os resíduos para o processo de reciclagem
deveriam estar isentos de quaisquer contaminantes.
Após a realização do diagnóstico preliminar, foi iniciada a estruturação do
processo de reciclagem. Foram preparadas as áreas para instalação do
equipamento de britagem móvel, segregação dos resíduos classe A e
armazenamento do agregado reciclado, conforme mostram as figuras 32 e 33.
Todos estes componentes formaram a central de reciclagem do canteiro.
A máquina foi posicionada em base regularizada em nível abaixo do local de
segregação do resíduo classe A e com proteções laterais de madeira para evitar
perdas no momento da alimentação do equipamento como pode ser observado na
figura 34. Esta foi a forma encontrada para agilizar o processo de alimentação do
equipamento em função da altura do caixão alimentador. Foi viabilizada a instalação
elétrica e verificadas as condições de lubrificação do equipamento.
Figura 32 Baias para armazenamento dos
agregados – Estudo de Caso 2
Figura 33 Área para reciclagem de resíduos
classe A – Estudo de Caso 2
Figura 34 Instalação do britador móvel – Estudo de Caso 2
97
A atividade seguinte foi a caracterização gravimétrica do resíduo classe A. Em
função da uniformidade do resíduo segregado na obra durante a realização da
pesquisa de campo, esta determinação foi realizada de forma visual, pois observou-
se que o resíduo tinha predominância, em mais de 95%, de restos de concreto,
proveniente, principalmente, da alvenaria estrutural de blocos de concreto, concretos
e argamassas conforme pode ser observado na figura 35.
Em função da caracterização do resíduo classe A desta obra, a empresa optou
pela produção de agregados reciclados miúdos e graúdos com a seguinte utilização:
uso do agregado miúdo para a fabricação de blocos de concreto sem função
estrutural, para vedação de muros, e uso dos agregados miúdo e graúdo para a
fabricação de concreto magro, para uso em passeio. Estas utilizações o
enquadradas, segundo a NBR 15.116 (ABNT, 2004), como utilização de agregados
reciclados em preparo de concreto sem função estrutural.
Pela necessidade de agregado reciclado equivalente ao pó de pedra (agregado
miúdo) usado na fabricação dos blocos de concreto sem função estrutural e de brita
(agregado graúdo) para o concreto magro, o britador de mandíbula foi então
ajustado com as peneiras de 4,8 mm e 12,5 mm. Foi também previsto pela empresa
a utilização do resíduo não passante na peneira superior, ou seja, resíduo com
granulometria superior a 12,5 mm, compondo um agregado graúdo misto, evitando
assim a rebritagem desta fração e seu aproveitamento no próprio canteiro.
Após a instalação do britador e análise da composição do resíduo, foi realizada
a britagem piloto, no dia 16 de junho de 2008. Esta atividade foi iniciada após o
treinamento dos operários na operação do equipamento de britagem móvel, no fluxo
Figura 35 Resíduo classe A segregado - Estudo de Caso 2
98
de alimentação do britador, no armazenamento de agregado reciclado e na forma
correta de coletar as informações referentes a este processo. Foi britado 1 m
3
de
resíduo classe A e identificadas possíveis melhorias no processo de alimentação do
equipamento e recolhimento dos agregados gerados.
Após este estudo piloto, foi dada continuidade ao processo de britagem e seu
monitoramento, enquanto eram encaminhadas para laboratório contratado pela
empresa as amostras dos agregados reciclados nas 3 granulometrias estabelecidas
e amostra do pó de pedra que estava sendo utilizado na fabricação dos blocos de
concreto no canteiro.
No controle do processo de britagem foi utilizado o formulário “Controle do
Processo de Reciclagem”, no qual eram registrados os dados relativos ao volume de
resíduo britado e de agregado reciclado por granulometria e o tempo despendido por
britagem. Para estas atividades foram disponibilizados três serventes, da mesma
forma que no primeiro estudo de caso, com dois deles trabalhando na alimentação e
um na coleta e armazenamento do agregado reciclado.
Considerando a composição da fração graúda dos agregados reciclados
gerados nesta obra, foi realizada a determinação da composição dos agregados
reciclados seguindo o Anexo A da NBR 15.116 (ABNT, 2004) e o resultado da
avaliação mostrou que o agregado em estudo pode ser classificado como agregado
de resíduo de concreto (ARC), pois mais de 90% da sua fração graúda era formada
por fragmentos à base de cimento Portland e rochas.
Figura 36 Agregado reciclado – Estudo de Caso 2
Agregado
miúdo
Agregado
graúdo
Agregado
graúdo
misto
Agregado
graúdo
99
Os agregados reciclados foram caracterizados segundo os mesmos
parâmetros que a obra utilizava para a caracterização dos agregados naturais e
este foi o referencial de comparação utilizado neste estudo de caso. Os resultados
obtidos e os parâmetros utilizados estão apresentados na tabela 9.
Tabela 9 Caracterização dos agregados reciclados – Estudo de caso 2
CARACTERIZAÇÃO DOS AGREGADOS RECICLADOS – ESTUDO DE CASO 2
ENSAIOS AM 1
1
AM 2
2
AM 3
3
AM4
4
Identificação da Amostra
Agregado
miúdo
reciclado
Agregado
graúdo
reciclado
Agregado
graúdo misto
reciclado
Pó de pedra
natural
Módulo de finura (NBR 7211) 3,58 6,04 6,94 4,93
Dimensão máxima
característica (mm) (NBR 7211)
- 12,5 25,0 9,5
Massa Específica Real (KN/m2)
(NBR 9937)
27,5 27,5 27,6 27,4
1
agregado miúdo reciclado (Pó de pedra reciclado)
2
agregado graúdo reciclado (brita reciclada)
3
agregado graúdo misto reciclado (brita reciclada)
4
pó de pedra utilizado pela fábrica de blocos no canteiro.
A partir dos resultados da caracterização dos agregados produzidos, foi
constatado que o agregado miúdo reciclado (AM1) e o pó de pedra (AM4) utilizado
pela empresa para a fabricação dos blocos tinham características semelhantes.
Desta forma, tomou-se a decisão da substituição do de pedra pelo agregado
miúdo reciclado no traço para fabricação de bloco de concreto vazado sem função
estrutural.
Tendo como base o traço utilizado pela empresa (traço de referência), foram
realizadas cinco misturas experimentais com dosagens de 20%, 40%, 60%, 80% e
100% de substituição do de pedra pelo agregado miúdo reciclado, conforme
mostra a tabela 10.
100
Tabela 10 Misturas experimentais na fabricação de bloco – Estudo de Caso 2
MISTURAS EXPERIMENTAIS PARA FABRICAÇÃO DO BLOCO DE CONCRETO SEM
FUNÇÃO ESTRUTURAL (EM VOLUME)
Materiais
Traço de
Referência
1
T1
20%
T2
40%
T3
60%
T 4
80%
T5
100%
Agregado
reciclado
0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Pó de pedra 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0
Pedrisco 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
Areia 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
Cimento 25 kg 25 kg 25 kg 25 kg 25 kg 25 kg
1
Traço padrão utilizado pela fábrica de blocos da obra.
Os traços experimentais foram realizados na fábrica de blocos instalada no
próprio canteiro da obra, tendo sido produzidos 42 blocos para cada um dos cinco
traços experimentais, conforme figura 37. O procedimento de fabricação dos blocos
de concreto com substituição de agregado reciclado foi o mesmo utilizado para a
fabricação dos blocos convencionais.
A atividade seguinte consistiu na avaliação do desempenho dos blocos com
agregado reciclado nos seus diversos percentuais de substituição em comparação
com o desempenho do bloco de referência, conforme figuras 38 e 39. Para esta
avaliação foi utilizada, como referencial normativo, a NBR 6.136 - Blocos vazados de
concreto simples para alvenaria – Requisitos (ABNT, 2007), cujos limites são:
1. Resistência a compressão para classe D (bloco sem função estrutural, para
uso em elementos de alvenaria acima do nível do solo) maior ou igual a 2,0
MPa.
2. Absorção média em % menor que 10%.
Figura 37 Blocos de concreto reciclado – Estudo de Caso 2
101
Analisando os resultados dos ensaios apresentados na tabela 11, optou-se
pelo traço com substituição de 100% do pó de pedra pelo agregado miúdo reciclado
(T5) que apresentou o maior aproveitamento do agregado reciclado, garantindo as
características e padrões de desempenho normativo.
É importante ressaltar que todos os traços experimentais apresentaram
resultados satisfatórios quanto às questões dimensionais, de absorção e resistência
média à compressão, tendo o T5 apresentado resultados de resistência ainda
melhores que os dos blocos de referência.
Tabela 11 Resultados de ensaios em blocos – Estudo de Caso 2
RESULTADOS DOS ENSAI
OS EM BLOCOS VAZADOS
DE CONCRETO COM ADIÇÃO DE AGREGADO RECICLADO
Traço
Dimensões Médias
dos blocos (mm)
Dimensões
Médias das
Paredes
Externas (mm)
Dimenes
Médias dos
Furos (mm)
Absorção
de Água
Média (%)
Resistên-
cia à
Compres-
são (Mpa)
Larg Alt Compr Longit Transv Longit Transv
TR
90,8 191,9 389,8 23,1 23,4 160,0 40,8 7,4 5,0 ± 0.4
T1 20%
90,7 192,0 390,8 21,8 22,4 159,4 43,9 7,4 4,9 ± 0.4
T2 40%
90,4 191,2 390,3 22,7 22,5 161,1 41,6 7,9 4,0 ± 0.5
T3 60%
90,6 191,2 391,4 22,9 22,5 160,4 41,7 8,0 4,7 ± 0.2
T4 80%
90,2 192,0 389,9 22,5 21,6 160,0 42,0 8,5 4,7 ± 0.3
T5 100%
90,4 189,6 390,8 22,7 23,8 159,2 42,4 8,2 5,4 ± 0,4
Obs: Ensaios realizados no Laboratório de Materiais do SENAI-BA
Figura 38 Ensaio de absorção de água –
Estudo de Caso 2
Figura 39 Ensaio de resistência à
compressão – Estudo de Caso 2
102
Os agregados miúdos e graúdos reciclados também foram utilizados na
confecção de concreto magro para execução de passeio. Foi substituído 100% da
areia pelo agregado reciclado miúdo no concreto magro e 100% da brita pelo
agregado graúdo reciclado, no traço 1:4:5 (cimento; areia e brita), com a mesma
aparência e acabamento do concreto convencional, conforme figura 40.
Neste estudo de caso não foi possível a coleta de dados referente à
rastreabilidade da aplicação dos produtos com agregado reciclado em virtude da
dinâmica da obra e da indisponibilidade de informações por parte da empresa.
A tabela 12 apresenta dados globais da experiência de reciclagem realizada no
estudo de caso 2. No total foram britados 100 m
3
de resíduo classe A ao longo de 36
dias, com a produtividade dia de britagem de 0,60m
3
/hora. Uma das justificativas
desta baixa produtividade em relação ao estudo de caso 1 foi devido à dificuldade de
alimentação da caixa do britador e a descontinuidade do processo de reciclagem
com a necessidade de movimentação da central de reciclagem.
Tabela 12 Dados gerais da reciclagem no canteiro - Estudo de caso 2
DADOS GERAIS – ESTUDO DE CASO 2
Dias de
britagem
do estudo
de caso
Produtivida-
de média
(m
3
/hora)
Volume
Total de
Resíduo
de
concreto
(m
3
)
1
Volume
total de
agregado
reciclado
(m
3
)
Relação
entre
volume de
agregado
reciclado e
volume de
resíduo de
concreto
Volume de
agregado
miúdo
reciclado
(m
3
)
Volume de
agregado
graúdo
reciclado
(m
3
)
Volume de
agregado
graúdo
misto
reciclado
(m
3
)
36 dias 0,60 100 85 0,85 42,5 25,5 17,0
1
O volume de resíduo de concreto foi calculado em função das dimensões da caixa do britador.
Figura 40 Concreto magro com agregados reciclados – Estudo de Caso 2
103
Outro dado a ser registrado deste estudo de caso é a relação entre o volume
de agregado reciclado e o volume de resíduo classe A britado que foi da ordem de
0,85, maior que o primeiro estudo de caso que foi de 0,76.
Neste estudo de caso, conforme dados da tabela 13, foi possível coletar
alguns dados da economia direta que a obra obteve com a reciclagem no canteiro.
Foi considerada a economia com a não aquisição de agregados naturais,
substituídos pelos agregados reciclados, e com o transporte que seria necessário
para descartar o resíduo classe A que foi britado.
Tabela 13 Economia com a reciclagem no canteiro - Estudo de caso 2
AVALIAÇÃO ECOMICA
ESTUDO DE CASO 2
Itens Volume (m
3
)
Custo
equivalente do
agregado natural
(R$ / m
3
)
Economia no custo da
obra (R$)
Agregado Reciclado
Agregado miúdo (m
3
) 42,5 34,00 1.445,00
Agregado graúdo (m
3
) 25,5 41,00 1.045,50
Agregado graúdo misto (m
3
) 17 41,00 697,00
Transporte do Resíduo
Transporte do resíduo para
o local de disposição 100 20,00
1
2.000,00
1
Valor de bota fora R$ 200,00 por caçamba. Cada caçamba tem cerca de 10m
3
.
Considerando uma economia de R$ 5.187,50 para 100 m
3
de resíduo britado,
em escala de estudo piloto, a empresa poderia ter um resultado muito mais
expressivo, caso todo o resíduo classe A gerado pela obra fosse reciclado.
Além dos aspectos técnicos e econômicos não se pode esquecer dos aspectos
ambientais relacionados a esta prática e, neste caso específico, que 85 m
3
de
agregado natural deixaram de ser consumidos e 100 m
3
de entulho de obra
deixaram de ser destinados a aterros ou dispostos de forma inadequada. Pode-se
destacar que durante o período deste estudo de caso, todo o resíduo classe A
gerado no canteiro foi reaproveitado. Vale ressaltar que, apesar dos aspectos
positivos sinalizados, a geração de particulados e os ruídos gerados pelo processo
de reciclagem devem ser considerados e medidas devem ser tomadas para
minimizar estes impactos no canteiro e na equipe envolvida. Algumas medidas
recomendadas são: a equipe de reciclagem deve utilizar equipamentos de proteção
individual adequados e deve ser realizado estudo para que se promova a devida
localização da central de reciclagem no canteiro de obras.
104
4.1.3 Estudo de Caso 3
Como previsto, foi realizado um terceiro estudo de caso com o objetivo de
validar a metodologia proposta para sistematização do processo de reciclagem em
canteiros de obras.
O Estudo de Caso 3 foi realizado em uma obra de condomínio residencial de
alto padrão, constituído por 18 torres e clube com área de lazer comum, totalizando
320.000 m
2
de área total construída, no município de Salvador-Ba. Para construção
deste empreendimento foi constituído um consórcio de empresas de grande porte,
reconhecidas no mercado nacional, com sistema de gestão da qualidade
implantado, segundo a NBR ISO 9001/2000, e com diretrizes claras em favor da
segurança do trabalho e da preservação ambiental. Esta obra utilizou sistema
construtivo convencional com vedação em blocos de concreto e blocos cerâmicos.
Este estudo de caso foi realizado no período de julho a outubro de 2009.
A possibilidade da reciclagem dos resíduos classe A no próprio canteiro
mostrou-se como uma excelente alternativa para a destinação responsável destes
resíduos. A decisão foi tomada pelos gestores do empreendimento, considerando o
porte da obra, o processo construtivo e materiais utilizados, as dificuldades
identificadas para a destinação dos RCC em Salvador e a própria filosofia
sustentável da empresa.
Após o processo de adesão formal, foi realizado diagnóstico inicial para
caracterização das empresas participantes do consórcio e do próprio
empreendimento. Nesta etapa foi possível entender a estratégia gerencial adotada
que dividiu em praticamente sete obras a gestão operacional do empreendimento.
Foram formados grupos de três torres para cada gerente de obra e um responsável
pela área de lazer comum. Este último foi designado pela direção do consórcio como
responsável pelo processo de reciclagem, sendo este apoiado por um estagiário de
engenharia civil e três operários para operação do britador, alimentação da máquina
e coleta e armazenamento do agregado reciclado. Na ocasião, todas as torres
haviam iniciado seu processo construtivo, algumas estavam na fase da fundação,
outras na fase da estrutura e algumas já haviam iniciado a execução da alvenaria de
vedação.
105
Foi detectado ainda, no diagnóstico inicial, que a empresa não possuía
nenhuma sistemática para gestão dos RCC no canteiro. Desta forma, foi necessário
o estabelecimento de uma estratégia para a segregação dos resíduos classe A nos
locais de geração (por torre) e a estruturação de uma central de reciclagem para
onde todo o resíduo segregado deveria ser enviado. Esta ação deveria iniciar com a
sensibilização dos responsáveis pelas obras das torres e a definição da infra-
estrutura necessária para a instalação da central.
Em conjunto com o engenheiro responsável pela reciclagem, foi realizado um
estudo do canteiro para definição do local de instalação da central de reciclagem,
que permitisse o melhor fluxo de segregação do resíduo classe A, alimentação do
britador móvel e armazenamento do agregado reciclado. Foram ainda verificados os
sistemas de transporte vertical e horizontal disponíveis.
Em função das dificuldades iniciais para articulação de todos os envolvidos
com as 19 frentes de serviço, a estratégia foi a instalação da central de reciclagem
próxima a central de concreto, para aproveitamento do resíduo desta fonte. Foi
definida também a contratação de consultoria especializada para implantação de
PGR no canteiro, de modo que estruturasse a capacitação, o processo de
segregação e a destinação responsável dos RCC da obra.
Concluída a etapa inicial, a equipe técnica da obra levantou as possibilidades
de utilização do agregado reciclado na fabricação de concreto magro e graute das
áreas de vivência, além de solo-brita e base e sub-base de pavimentos.
Finalizado o diagnóstico preliminar, foi iniciada a estruturação do processo de
reciclagem. Foram preparadas as áreas para instalação do equipamento de
britagem móvel, segregação dos resíduos classe A e armazenamento do agregado
reciclado. Todos estes componentes formaram a central de reciclagem do canteiro,
conforme pode ser visto na figura 41.
106
Após a avaliação das condições de segurança da máquina pelo técnico de
segurança da obra, foi viabilizada a instalação elétrica adequada e verificadas as
condições de lubrificação do equipamento. A máquina foi posicionada em base
regularizada em nível abaixo do local de segregação do resíduo classe A para
facilitar sua alimentação, como pode ser observado na figura 42. À mesma altura do
caixão de alimentação foi montada a central de operação da máquina, permitindo ao
operário responsável o acompanhamento de todo o processo e identificação de
possíveis problemas durante a britagem, conforme figura 43.
No primeiro momento, enquanto o resíduo classe A das torres não estava
sendo segregado adequadamente, foi priorizado o resíduo gerado pela central de
concreto. Este resíduo era encaminhado para a área destinada a sua segregação,
ao lado da central de reciclagem e, em função da grande dimensão das placas,
Figura 41 Central de reciclagem – Estudo de Caso 3
Figura 42 Alimentação do britador -
Estudo de Caso 3
Figura 43 Central de operação
Estudo de Caso 3
107
passava por uma etapa de redução das suas dimensões por meio de rompimento
por martelete, conforme figura 44. Em paralelo foram construídas baias para
armazenamento dos agregados reciclados nas três granulometrias que seriam
geradas, como pode ser visto na figura 45.
A atividade seguinte foi a caracterização gravimétrica do resíduo classe A. Em
função da uniformidade do resíduo, oriundo da central de concreto, esta
determinação foi realizada de forma visual, pois observou-se que o resíduo tinha
predominância, em mais de 95%, de restos de concreto, conforme pode ser
observado na figura 46.
Em função da natureza do resíduo classe A e considerando o estágio da obra,
a empresa optou pela produção de agregados reciclados miúdos e graúdos, em
duas dimensões, priorizando a utilização em graute e concreto magro para serem
utilizados na construção das áreas de vivência. Estas utilizações são enquadradas,
Figura 44 Resíduo classe A –
Estudo de Caso 3
Figura 45 Baias de agregado reciclado–
Estudo de Caso 3
Figura 46 Resíduo classe A segregado - Estudo de Caso 3
108
segundo a NBR 15.116 (ABNT, 2004) como utilização de agregados reciclados em
preparo de concreto sem função estrutural.
Pelas necessidades identificadas de agregado reciclado na fração miúda,
intermediária e graúda, o britador de mandíbula foi ajustado e foram colocadas as
peneiras de 4,8 mm e 12,5 mm. Após a instalação do britador e da análise da
composição do resíduo, foi realizada a britagem piloto no dia 11 de agosto de 2009.
Esta atividade foi iniciada após o treinamento dos operários na operação do
equipamento de britagem móvel, no fluxo de alimentação do britador, no
armazenamento do agregado reciclado e na forma correta de coletar as informações
referentes a este processo. Foram britados 2 m
3
de resíduo classe A e identificadas
possíveis melhorias no processo de alimentação do equipamento e no recolhimento
dos agregados gerados. Após este estudo piloto, foi dada continuidade ao processo
de britagem e seu monitoramento, enquanto as amostras dos agregados reciclados,
nas 3 granulometrias geradas, foram encaminhadas para laboratório contratado pela
empresa.
Durante as primeiras quatro semanas, que foi considerado como período de
avaliação da reciclagem no canteiro, foram obtidos os seguintes resultados:
Produção: o volume total de resíduo britado foi de 57m
3
, sendo realizada
uma média de 7 britagens de 2m
3
por semana.
Produção de 54,7m
3
de agregado reciclado.
Produtividade: 1,19m
3
/h.
O monitoramento do processo de reciclagem estava sendo aprimorado e
foram identificadas inconsistências nos dados coletados pelos operários.
Figura 47 Agregado reciclado
miúdo – Estudo de Caso 3
Figura 48 Agregado reciclado
graúdo - Estudo de Caso 3
Figura 49 Agregado reciclado
graúdo misto – Estudo de
Caso 3
109
Para uma coleta de dados mais precisa, foi designado pela empresa um
colaborador, pelo prazo de quatro semanas, para monitorar continuamente o
processo e capacitar o servente responsável pela operação e alimentação do
britador, a coletar de forma adequada os dados de produção.
Ao longo das quatro semanas seguintes (da 5
a
a 8
a
semana), o processo de
reciclagem conseguiu uma significativa melhoria, tanto do ponto de vista de
produção quanto de produtividade, obtendo-se os seguintes resultados:
Produção: o volume total de resíduo britado foi de 96m
3
, sendo realizada
uma média de 12 britagens de 2m
3
por semana. Isto significa um aumento
de 68,4% de volume de resíduo britado. Vale ressaltar que a máquina ficou
4 dias parada em manutenção durante a 5
a
semana.
Produção de 79,3m
3
de agregado reciclado.
Produtividade: 1,78m
3
/h, o que significa 50% de aumento de produtividade
em relação às quatro primeiras semanas.
É importante ressaltar que o processo de reciclagem avaliado apresentou
algumas dificuldades decorrentes da dimensão do resíduo que estava sendo
enviado para a central de reciclagem, oriundo na usina de concretagem. Em função
das limitações da abertura do britador de mandíbulas, foi necessária uma redução
das dimensões das placas de concreto, com o auxílio de um martelete, para que o
resíduo chegasse ao tamanho adequado para ser britado. Este processo adicional
influenciou na produtividade do agregado reciclado e nos custos associados.
Tendo como referência os dados de produtividade das quatro últimas semanas
(1,78m
3
/h) e a definição de uma equipe fixa de britagem com 3 serventes, sendo um
na operação e alimentação do britador e dois na coleta e armazenamento do
agregado reciclado, foi estabelecida a meta de 8m
3
por dia de resíduo britado.
No monitoramento do processo foi utilizado o formulário F03 - Controle do
Processo de Reciclagem (APÊNDICE C), no qual foram registrados os dados do
volume de resíduo britado e de agregado reciclado e o tempo gasto por britagem. Os
dados diários coletados nas primeiras oito semanas estão apresentados no
Apêndice I Monitoramento do processo de reciclagem Estudo de Caso 3. A
consolidação destes dados pode ser vista na tabela 14 e a evolução do processo
quanto à produção, produtividade e relação entre o volume de agregado reciclado e
110
o volume de resíduo britado, pode ser observada nas figuras 50, 51 e 52,
respectivamente.
Tabela 14 Monitoramento semanal – Estudo de Caso 3
Figura 50 Produção semanal – Estudo de Caso 3
Figura 51 Produtividade semanal – Estudo de Caso 3
Produção (m
3
/semana)
0
5
10
15
20
25
30
35
Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Semana 6 Semana 7 Semana 8
Produtividade (m
3
/h)
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Semana 6 Semana 7 Semana 8
Miúdo Intermediário Graudo
Volume total de
agregado
reciclado (m
3
)
Semana 1 13 12,3 3,486 3,184 5,334 12,004 1,05 0,92
Semana 2 12 10,3 3,218 2,604 5,460 11,282 1,17 0,94
Semana 3 18 14,6 5,271 4,633 8,505 18,409 1,23 1,02
Semana 4 14 10,7 3,753 2,499 6,741 12,993 1,31 0,93
Semana 5 10 6,6 1,942 2,243 4,566 8,751 1,53 0,88
Semana 6 24 15,6 4,032 5,358 10,689 20,079 1,54 0,84
Semana 7 32 16,8 5,630 6,050 14,574 26,254 1,90 0,82
Semana 8 30 14,1 5,166 5,628 13,428 24,222 2,14 0,81
Período
Volume total de
resíduo (m
3
)
Tempo de
Produção
(h)
Agregado Reciclado (volume m3)
Produtividade
(m
3
/hora)
Volume de
agregado /
Volume de
resíduo
111
Como pode ser observado na figura 52, nas primeiras semanas foram
identificados desvios e dificuldades no registro das informações do volume de
agregado reciclado gerado em relação ao volume de resíduo britado, chegando o
primeiro a superar o volume do segundo. Esta situação foi corrigida, conforme
relatado anteriormente, com a colocação de uma pessoa específica para apontar os
dados de produção e operação do equipamento de britagem. A partir da quarta
semana o processo foi regularizado e as informações coletadas apresentaram-se
mais compatíveis com a realidade do processo e com os dados levantados nos dois
estudos de caso anteriores.
Avaliando as características da fração graúda dos agregados reciclados
gerados nesta obra, foi realizada a determinação da composição dos agregados
reciclados seguindo o Anexo A da NBR 15.116 (ABNT, 2004). O resultado da
avaliação mostrou que o agregado em estudo deveria ser classificado como
agregado de resíduo de concreto (ARC), por possuir mais de 90% da sua fração
graúda formada por fragmentos à base de cimento Portland e rochas.
Dando continuidade ao trabalho, os agregados reciclados foram caracterizados
e seus resultados avaliados, tendo como referência os parâmetros estabelecidos na
NBR 15.116 (ABNT, 2004). Os resultados obtidos e os referenciais utilizados estão
apresentados na tabela 15.
Figura 52 Volume Agregado reciclado x Volume Resíduo – Estudo de Caso 3
Volume de agregado reciclado x Volume de resíduo
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Semana 6 Semana 7 Semana 8
112
Tabela 15 Caracterização dos agregados reciclados – Estudo de caso 3
A partir dos resultados de caracterização dos agregados, foi encomendado ao
laboratório contratado pela empresa construtora, o desenvolvimento de traços para
confecção de concreto magro e graute com a utilização dos agregados reciclados
gerados. A premissa passada ao laboratório consistiu na máxima utilização do
agregado reciclado, desde que fossem garantidas as características e padrões de
desempenho normativo dos produtos em questão.
Os traços propostos e validados pelo laboratório especializado foram
consolidados na tabela 16.
CARACTERIZAÇÃO DOS AGREGADOS RECICLADOS – ESTUDO DE CASO 3
AM 1
1
AM 2
2
AM 3
3
ENSAIOS
Ensaio Norma
4
Ensaio Norma
4
Ensaio Norma
4
Identificação da Amostra Areia Reciclada
Brita reciclada
12,5 mm
Brita reciclada
31,5 mm
Módulo de finura (NBR 7211) 3,26 - 5,87 - 7,46 -
Dimensão máxima característica (mm)
(NBR 7211)
6,3 - 12,5 - 31,5 -
Matéria orgânica (NBR NM 49) -
Mais
clara
Massa unitária (kg/m
3
) (NBR 7251) 1,28 - 1,22 - 1,21 -
Massa específica (g/cm
3
) (NM 52) 2,37 - - - - -
Massa específica (g/cm
3
) (NM 53) - - 2,33 - 2,44 -
Materiais pulverulentos (%) (NM 46) 9,2 15,0 2,0 10,0 0,6 10,0
Coeficiente de inchamento (NBR 6467) 1,20 -
Absorção de água (%) (NBR NM 30) - 12,0 - - - -
Absorção de água (%) (NBR NM 53) - - 9,0 7,0 6,2 7,0
Teor de argila em torrões e materiais
friáveis (%) (NBR 7218)
0,20 2,0 0,10 2,0 0,2 2,0
1
agregado miúdo reciclado
2
agregado graúdo reciclado
3
agregado graúdo misto reciclado
4
parâmetros da NBR 15.116 (ABNT, 2004)
113
Tabela 16 Traços com agregado reciclado – Estudo de Caso 3
Com os traços definidos e em função da demanda da obra, a utilização do
agregado reciclado foi iniciada com a produção de graute de 16 MPa para utilização
nos pilaretes da área de convivência do canteiro, conforme figura 53. Os agregados
miúdos e graúdos reciclados também foram utilizados na regularização de vias de
acesso do canteiro de obras, onde seria utilizado agregado natural (Figura 54).
Figura 53 Aplicaçãodo graute 16MPa –
Estudo de Caso 3
Figura 54 Regularização de vias de acesso –
Estudo de Caso 3
TRAÇOS COM AGREGADO RECICLADO – ESTUDO DE CASO 3
GRAUTE (16 MPa)
Material
Traço unitário
(em massa)
Massas (kg) Volumes (litros)
Cimento CP II - Z 1 1 saco = 50 kg 1 saco = 50 kg
Areia natural 1,064 53,2 44,3
Areia reciclada (6,3 mm) 0,456 22,8 19,6
Brita reciclada (12,5 mm) 2,177 108,8 89,2
Água 0,600 30 30
Aditivo Cemix 2000 0,50 % 250 ml 250 ml
GRAUTE (20 MPa)
Material
Traço unitário
(em massa)
Massas (kg) Volumes (litros)
Cimento CP II - Z 1 1 saco = 50 kg 1 saco = 50 kg
Areia natural 0,917 45,9 38,2
Areia reciclada (6,3 mm) 0,393 19,7 16,9
Brita reciclada (12,5 mm) 1,996 99,8 81,8
Água 0,550 27,5 27,5
Aditivo Cemix 2000 0,50 % 250 ml 250 ml
CONCRETO MAGRO (10 MPa)
Material
Traço unitário
(em massa)
Massas (kg) Volumes (litros)
Cimento CP II - Z 1 1 saco = 50 kg 1 saco = 50 kg
Areia reciclada (6,3 mm) 2,637 131,9 128,8
Brita reciclada (31,5 mm) 3,327 166,4 137,5
Água 0,820 41,0 41,0
114
O mesmo laboratório que definiu os traços ensaiou os materiais propostos e os
resultados de desempenho quanto à resistência média à compressão são
apresentados na tabela 17.
Tabela 17 Avaliação de desempenho dos materiais - Estudo de caso 3
A tabela 18 apresenta os dados globais das oito primeiras semanas do estudo
de caso 3. Até o dia 03 de outubro de 2009 foram britados 153 m
3
de resíduo classe
A, ao longo de 39 dias, com a produtividade média de britagem de 1,5 m
3
/hora.
Tabela 18 Dados gerais da reciclagem no canteiro - Estudo de caso 3
DADOS GERAIS – ESTUDO DE CASO 3
Dias de
britagem
do estudo
de caso
Produtivida-
de média do
britador
(m
3
/hora)
Volume
Total de
Resíduo
de (m
3
)
Volume
total de
agregado
reciclado
(m
3
)
Relação
entre volume
de agregado
reciclado e
volume de
resíduo de
concreto
Volume de
agregado
miúdo
reciclado
6,3 mm
(m
3
)
Volume de
agregado
graúdo
reciclado
12,5 mm
(m
3
)
Volume de
agregado
graúdo
reciclado
31,5 mm
(m
3
)
39 dias 1,5 153 134 0,88 32,5 32,2 69,3
Neste estudo de caso foi possível realizar uma análise econômica mais
criteriosa. A premissa utilizada quanto ao ganho econômico do processo de
reciclagem no canteiro, por m
3
, consistiu no valor relativo ao custo do agregado
natural (m
3
), acrescido do valor para bota fora de entulho (m
3
) e subtraído do custo
para produção do agregado reciclado (m
3
).
GER (m
3
) = CAN (m
3
) + CBF (m
3
) – CAR (m
3
)
GER - Ganho econômico da reciclagem
CAN - Custo do Agregado Natural
CBF - Custo de Bota Fora do entulho
CAR - Custo do Agregado Reciclado
Os custos do agregado natural e do bota fora foram informados pela própria
empresa. Como pode ser observado na tabela 19, o custo para produção do
agregado reciclado foi obtido a partir da avaliação do processo de reciclagem nas
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS MATERIAIS – ESTUDO DE CASO 3
Material
Resistência à
compressão
(3 dias)
Resistência à
compressão
(7 dias)
Resistência à
compressão
(28 dias)
Graute 16 MPa 17,7 20,0 25,6
Graute 20 MPa 18,6 20,8 28,7
Concreto Magro 10 MPa
- 6,1 13,3
115
oito primeiras semanas e das melhorias implantadas. Nesta composição foram
considerados os custos de mão-de-obra direta com encargos, equipamentos,
energia e manutenção. Vale registrar, que pelo caráter de pesquisa, o equipamento
de britagem não gerou custo de locação para a empresa. No entanto, o custo com o
equipamento (locação ou aquisição) deve ser contabilizado quando pertinente.
Tabela 19 Custo de produção do agregado reciclado – Estudo de caso 3
Aplicando a fórmula apresentada na figura 55 e segundo os dados
consolidados na tabela 20, o ganho econômico do processo de reciclagem, no
referido estudo de caso, totalizou R$ 43,82 por m
3
de agregado reciclado.
Em função do porte da obra, dos padrões internos de organização e
sinalização, critérios de segurança estabelecidos e configuração do canteiro, foi
realizado um investimento significativo para implantação da central de britagem.
Agregado aos custos da central, a empresa contratou serviços especializados de
consultoria e controle tecnológico para apoiar o processo. Todos os itens citados
totalizaram um investimento total de R$ 15.686,90 que se configurou na realidade
deste estudo de caso. O investimento para implantação de uma central de
reciclagem no canteiro é um item variável que deverá ser avaliado a cada caso.
Para calcular o tempo de retorno do investimento realizado para estruturar a
central de reciclagem e para contratação de serviços técnicos especializados, o
ITEM DATA : 01/10/2009
A - MÃO-DE-OBRA DIRETA UN. CONSUMO
CUSTO
HORA (R$)
Servente 1 h 1,1 5,53
Servente 2 h 1,1 5,53
Servente 3 h 1,1 5,53
Servente 4 (martelete) h 0,5 5,53
TOTAL A
B - EQUIPAMENTO / FERRAMENTAS UN. CONSUMO
CUSTO
UNITÁRIO
(R$)
Martelete h 0,5 2,32
Bobcat (transporte) h 0,17 40,00
TOTAL B
C - OUTROS CUSTOS UN. CONSUMO
CUSTO
UNITÁRIO
(R$)
Consumo de energia watts 0,042
0,25
Manutenção da central de reciclagem h 1 0,85
TOTAL C 0,86
CUSTO DIRETO TOTAL = A + B + C
29,02
0,85
6,08
7,17
CUSTO (R$)
0,50
6,67
0,01
21,00
CUSTO (R$)
CUSTO DE PRODUÇÃO DO AGREGADO RECICLADO - ESTUDO DE CASO 3
2,76
UN: m³
6,08
CUSTO (R$)
6,08
116
valor total do investimento foi dividido pelo ganho econômico unitário, concluindo
que seria necessária a geração de, aproximadamente, 358 m
3
de agregado
reciclado. Nos primeiros dois meses, em caráter piloto, foram gerados 134 m
3
e
restariam 224 m
3
a serem produzidos. Em função do amadurecimento do processo,
a partir da oitava semana, foi estimada uma produção de 160 m
3
de agregado
reciclado por mês, demandando mais um mês e meio para recuperação total do
investimento realizado. A partir deste momento, todo o resultado mensal financeiro,
decorrente do volume de agregado reciclado gerado, se configura como retorno
econômico, como pode ser visto na tabela 20.
Tabela 20 Análise econômica - Estudo de caso 3
ITEM CUSTOS
Custo do agregado reciclado (m
3
)
29,02R$
Custo do agregado natural (m
3
)
52,00R$
Custo do bota fora (m
3
)
20,84R$
(A) Ganho econômico = CUSTO NATURAL+CUSTO
DO BOTAFORA -CUSTO DO AGREGADO RECICLADO
43,82R$
(B) Investimento para estruturar a central de
reciclagem (infra-estrutura física + transporte do
britador))
8.956,90R$
(C) Contratação de serviços técnicos (consultoria +
ensaios laboratoriais)
6.730,00R$
Ganho econômico por m
3
de agregado reciclado (A)
43,82R$
Investimento total realizado (B+C)
15.686,90R$
(D) Volume de agregado a ser reciclado para
recuperar investimento realizado (m
3
)
357,98
(E) Volume de agregado reciclado no mês 1 (m
3
)
55,00
(F) Volume de agregado reciclado no mês 2 (m
3
)
79,00
(G) Diferença do volume de agregado a ser reciclado
para recuperar investimento (D-E-F) (m
3
)
223,98
(H) Volume estimado de agregado reciclado para os
meses subsequentes (m3/mês)
160,00
(I) Prazo para complementar a produção de agregado
reciclado necessário para recuperar o investimento
realizado (meses) (G/H)
1,4
Prazo total de produção de agregado reciclado
necessário para recuperar o investimento realizado
(meses) (I + 2 meses iniciais)
3,4
Ganho estimado para os meses subsequentes a
recuperação do investimento (R$/mês) (A x H)
7.011,27R$
RETORNO ECONÔMICO
ANÁLISE ECONÔMICA - ESTUDO DE CASO 3
RECUPERAÇÃO DO INVESTIMENTO
117
Vale ressaltar que a lógica utilizada nesta análise econômica é comum para a
maioria dos casos de reciclagem em canteiros de obras, no entanto, pelo caráter
variável de cada empreendimento, faz-se necessária uma análise criteriosa dos
custos associados para cada caso específico.
No aspecto ambiental, nas oito primeiras semanas, 134 m
3
de agregado natural
deixaram de ser consumidos e 153 m
3
de entulho de obra deixaram de ser
destinados a aterros ou dispostos de forma inadequada. Vale ressaltar que todas as
precauções foram tomadas para minimizar os impactos ambientais causados pela
geração de particulados e pelo ruído do processo, iniciando pelo adequado estudo
de implantação da central de reciclagem. A equipe de segurança do trabalho atuou
de forma intensiva para evitar quaisquer danos aos operadores envolvidos,
disponibilizando todos os equipamentos de proteção individual necessários.
4.1.4 Síntese analítica dos resultados dos estudos de caso
Com a realização dos três estudos de caso foi possível identificar pontos que
favorecem a prática da reciclagem em canteiros de obras, assim como possíveis
dificuldades para o sucesso desta prática. O quadro 9 consolida pontos positivos e
oportunidades de melhorias identificados nos estudos de caso desta pesquisa.
AVALIAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO DE RECICLAGEM
Estudo de
Caso
Pontos positivos Oportunidades de Melhoria
ESTUDO
DE CASO 1
Implantação do Programa de Gestão
de Resíduos no canteiro de obra com
sistemática definida para a
segregação e destinação dos RCC.
Boas condições de organização e
limpeza do canteiro.
Reciclagem de todo o resíduo classe
A gerado na obra no período de
realização da pesquisa.
Aproveitamento de mão-de-obra
ociosa para o processo de britagem.
Motivação da equipe de operários
envolvida com a reciclagem no
canteiro.
Caracterização do agregado reciclado
pela NBR 15.116 (ABNT, 2004).
Melhorias promovidas nos formulários
criados para a pesquisa.
Receio do responsável pela obra de
uma utilização mais nobre para o
agregado reciclado.
Falta de sincronia entre a reciclagem e
a execução da obra, visando uma
melhor utilização do agregado reciclado.
Sobreposição de funções dos
profissionais destinados ao
acompanhamento da reciclagem.
Dificuldade de acesso a informações
para estimativa da geração de resíduos
classe A e análise dos ganhos
econômicos obtidos com a experiência.
Falta da realização de ensaios para
avaliação de desempenho do material
gerado com agregado reciclado.
Falta de conhecimento dos técnicos
acerca do aproveitamento de agregados
reciclados em materiais de construção.
118
AVALIAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO DE RECICLAGEM
Estudo de
Caso
Pontos positivos Oportunidades de Melhoria
ESTUDO
DE CASO 2
Resíduo classe A de excelente
qualidade, por ser proveniente
principalmente de blocos de concreto,
argamassas e concreto.
Fabricação dos bloco de concreto
com agregado reciclado na fábrica de
blocos do próprio canteiro.
Reciclagem de 100% resíduo classe A
gerado no período do estudo.
Aproveitamento de mão-de-obra
ociosa para o processo de britagem.
Desempenho do bloco com
substituição de 100% do pó de pedra
pelo agregado reciclado melhor do
que o bloco de referência.
Melhorias implementadas nos
formulários propostos e levantamento
de dados que permitiram a elaboração
do fluxo do processo de reciclagem no
canteiro.
Ausência de programa de gestão de
resíduos no canteiro o que dificultou a
devida segregação e o adequado
acondicionamento do resíduo classe A.
Deslocamento da central de reciclagem,
desestruturando a sistemática inicial de
segregação do resíduo classe A e
causando a descontinuidade do referido
processo por cerca de 60 dias.
Dinâmica da pesquisa não acompanhou
a dinâmica da obra, dificultando a
utilização do resíduo para fabricação
dos blocos.
Falta de conhecimento dos técnicos
envolvidos acerca do aproveitamento de
agregados reciclados em materiais de
construção.
Falta da realização de ensaios para
avaliação de desempenho do concreto
magro gerado com agregado reciclado
para utilização em passeios.
ESTUDO
DE CASO 3
Resíduo classe A de excelente
qualidade, por ser proveniente
principalmente de concreto
endurecido da central de
concretagem.
Envolvimento da equipe técnica e dos
operários no processo de reciclagem.
Diversas possibilidades de utilização
dos agregados reciclados.
Monitoramento do processo de
reciclagem permitindo a coleta de
dados para uma eficiente análise
técnica e econômica.
Aprendizado contínuo do processo
com o crescente aumento da
produção e da produtividade ao longo
das semanas de estudo.
Implantação do PGR durante o estudo
de reciclagem, promovendo melhoria
no processo de segregação do
resíduos classe A no canteiro.
Bom desempenho dos materiais
produzidos com utilização de 50% e
100% de agregados reciclados.
Grande volume dos resíduos gerados
na central de concretagem,
demandando uma pré britagem com uso
do martelete, o que impactou na
produção e nos custos associados.
Tamanho da equipe operacional de
reciclagem, com 5 operários, justificada
pela necessidade de um operador que
apontasse os dados do processo com
mais precisão e um servente para
operação do martelete.
Racionalização do processo de
reciclagem que permita a redução dos
custos do agregado reciclado,
principalmente, no que se refere às
atividades de fluxo, como transporte,
alimentação do britador e
armazenamento do produto final.
Quadro 9 Pontos positivos e oportunidades de melhoria - Estudos de caso
119
5. SISTEMATIZAÇÃO DA RECICLAGEM EM CANTEIROS DE
OBRAS
A partir da pesquisa bibliográfica e das observações realizadas durante os
estudos de caso, foi possível propor uma sistematização do processo de reciclagem
em canteiros de obra por meio de fluxograma e procedimento operacional.
A elaboração do fluxograma teve por objetivo a demonstração gráfica de todas
as etapas do processo, permitindo a visualização simplificada e global de todas as
etapas e sua sequência lógica, assim como as inter-relações entre elas.
O fluxograma se apresenta como ferramenta de sensibilização junto a técnicos,
engenheiros e donos de empresas construtoras no sentido de sensibilizá-los da
viabilidade desta prática nos canteiros e da possibilidade de compatibilizar esta
atividade ao fluxo de execução das obras.
A elaboração do procedimento visou facilitar a incorporação deste processo ao
sistema da qualidade das empresas que possuem esta prática, assim como uma
melhor sistematização para aquelas, que ainda não iniciaram a implantação deste
tipo de programa.
O procedimento descreve com maior detalhamento as etapas apresentadas no
fluxograma, complementando-o, e trazendo uma sequência das atividades com seus
respectivos responsáveis, modelos de formulários que apoiarão a coleta e análise
das informações críticas da reciclagem e controle dos registros gerados.
120
5.1 FLUXOGRAMA DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A EM
CANTEIROS DE OBRAS
Aplicação do material
definido e rastreabilidade
Avaliação geral do processo
de reciclagem (técnica,
econômica e ambiental)
Estruturação do processo
de reciclagem
Avaliação do
resíduo classe A
Definição das aplicações
do agregado reciclado
Produção piloto do
material de referência e
dos experimentais com
agregado reciclado
Definição do material
experimental com melhor
desempenho
Processo de
reciclagem piloto
Caracterização do
agregado reciclado
Caracterização
da obra
Atende às
especificações?
S
Correções
N
OK?
S
N
Caracterização
gravimétrica
Fabricação do material com
agregado reciclado
Processo
de Reciclagem
Segregação do resíduo
classe A no canteiro
Outra aplicação. Não
pode ser utilizado
como agregado para
materiais de
construç
ão.
121
5.2 PROCEDIMENTO PARA RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A EM
CANTEIROS DE OBRAS
O procedimento proposto apresenta a sequência das atividades necessárias à
implantação do processo de reciclagem dos resíduos classe A nos canteiros de
obras. Após a apresentação de seu objetivo, traz a relação dos documentos de
referência a serem utilizados ao longo do procedimento e que precisam ser
consultados para a realização de alguma etapa específica.
O item seguinte do procedimento descreve as etapas do processo de
reciclagem e seus respectivos responsáveis. Estas etapas críticas são:
1. Diagnóstico Inicial da Obra: caracterização geral da obra, identificação das
possíveis aplicações para o agregado reciclado, avaliação do cronograma
físico e lay-out da obra, definição do processo de segregação do resíduo
classe A e indicação do responsável pelo processo de reciclagem no
canteiro.
2. Definição das Aplicações do Agregado Reciclado: indicação da aplicação
do agregado reciclado (Obras de pavimentação viária ou preparo de
concreto sem função estrutural) e as granulometrias necessárias.
3. Estruturação do Processo de Reciclagem: definição da implantação da
central de reciclagem (equipamentos, lay-out e logística) e elaboração do
planejamento.
4. Caracterização do Resíduo Classe A: análise gravimétrica do resíduo
classe A da obra que consiste na determinação do percentual de cada
material constituinte na composição geral do resíduo.
5. Monitoramento do Processo de Reciclagem: realização da britagem piloto,
britagem inicial de 1 m
3
para validação e ajustes no processo, amostragem
do agregado reciclado para caracterização e, na sequência, controle do
processo de reciclagem com registro do volume de resíduo britado e do
agregado reciclado por granulometria (miúdo e graúdo).
6. Caracterização do Agregado Reciclado: realização dos ensaios no
agregado reciclado segundo a NBR 15.116 (ABNT, 2004), análise
comparativa dos resultados e validação da utilização do agregado gerado.
122
7. Produção Piloto do Material com Agregado Reciclado: definição e produção
do material de referência com agregado natural que servirá de parâmetro
para comparação com os materiais produzidos com o agregado reciclado
em diversos percentuais de substituição e produção dos materiais
experimentais, substituindo parcial e totalmente os agregados naturais por
reciclados.
8. Avaliação do Desempenho do Material com Agregado Reciclado: realização
dos ensaios nos materiais de referência e experimentais, segundo as
normas técnicas aplicáveis a estes materiais, análise comparativa dos
resultados e definição do percentual de substituição que represente o maior
aproveitamento de agregados reciclados, desde que garantidas as
características e padrões de desempenho requeridos para o material.
9. Aplicação do Material e Rastreabilidade: produção do material com
agregado reciclado na fração de substituição definida e controle de sua
aplicação.
10. Avaliação do Processo de Reciclagem: análise crítica do processo de
reciclagem no canteiro, considerando os aspectos técnicos, econômicos e
ambientais.
Na sequência o relacionados como anexos os formulários propostos para o
planejamento da reciclagem, o controle do processo de reciclagem, a avaliação
técnica dos agregados reciclados e do material produzido com estes agregados, o
controle da produção do referido material e sua aplicação para fins de
reastreabilidade e a avaliação global da reciclagem no canteiro nos aspectos
técnico, econômico e ambiental.
Finalizando o procedimento é apresentada proposta para controle dos registros
gerados quanto à identificação, coleta, recuperação, armazenamento, tipo de
arquivo e proteção, tempo de retenção e disposição.
O procedimento no formato final com seus respectivos anexos é apresentado
no Apêndice H desta dissertação.
123
6. DIRETRIZES PARA RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A EM
CANTEIROS DE OBRA
A realização dos estudos de caso e a avaliação dos aspectos técnicos,
econômicos e ambientais envolvidos nestas experiências serviram de referência
para a proposição de diretrizes para reciclagem em canteiros de obras. Estas
diretrizes representam aspectos que devem ser observados quando da adoção da
prática da reciclagem de resíduos classe A em canteiros de obras e da utilização de
agregados reciclados na produção de materiais de construção. As diretrizes
apresentadas o recomendações para as empresas que desejam reciclar a parcela
classe A dos resíduos de seus empreendimentos.
DIRETRIZES PARA RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A EM CANTEIROS DE OBRAS
Promover a racionalização dos processos produtivos, minimizando a geração de RCC. Não deve
ser estimulada a geração de resíduos como insumo do processo de reciclagem. A prioridade
deve ser sempre a não geração.
Avaliar criteriosamente o cronograma físico da obra para que se defina de forma adequada a
implantação do processo de reciclagem, considerando o início dos serviços que potencialmente
geram resíduos classe A (fase de estrutura, vedação e revestimento) e aqueles que utilizarão os
produtos gerados com agregado reciclado.
Promover a adequada segregação dos resíduos classe A, evitando qualquer tipo de
contaminação que possa prejudicar a reciclagem e a qualidade do agregado reciclado.
Estudar o lay out do canteiro com foco no processo de reciclagem para promover a implantação
da referida central, minimizando a movimentação destas instalações e facilitando o fluxo de
segregação dos resíduos classe A, a alimentação do processo de britagem e o armazenamento
do agregado reciclado.
Definir um responsável pelo processo de reciclagem com autonomia para definir e liderar a
equipe envolvida, prover a infra-estrutura necessária e conduzir as atividades relativas a
reciclagem no canteiro da obra.
Realizar a avaliação técnica dos agregados reciclados, antes de sua aplicação em materiais de
construção, tendo como referência a NBR 15.116:2004 - Agregados Reciclados de Resíduos
Sólidos da Construção Civil – Utilização em Pavimentação e Preparo de Concreto sem Função
Estrutural – Requisitos.
Promover a utilização dos agregados reciclados na produção de materiais de construção, tendo
como premissa principal a maior utilização dos agregados reciclados, desde que respeitados os
limites de desempenho requeridos para o produto final.
Realizar ensaios para verificação de desempenho dos materiais produzidos com agregados
reciclados e promover a devida rastreabilidade da aplicação destes.
Promover as condições de segurança adequadas para a realização da reciclagem no canteiro,
evitando impactos ao ambiente e aos profissionais envolvidos no processo.
Racionalizar o processo de reciclagem no canteiro, visando à redução dos fluxos de transporte e
tempos improdutivos e, consequentemente, os custos de produção do agregado reciclado.
Quadro 10 Diretrizes para reciclagem de resíduos classe A em canteiros
124
7. CONCLUSÃO
Diante de todas as informações contidas neste trabalho, seja por meio das
referências apresentadas ou dos resultados obtidos nos três estudos de caso de
experiências de reciclagem em canteiros, é evidente o caráter crítico do manejo dos
resíduos de construção no Brasil. A situação apresentada reforça a necessidade de
um movimento urgente e conjunto de toda a sociedade no sentido de propor
alternativas sustentáveis para minimizar os seus impactos ambientais e promover a
sua destinação responsável.
O cenário da geração dos RCC na RMS é preocupante, em função do forte
crescimento do mercado imobiliário, da realização de obras de infra-estrutura e do
déficit habitacional. Além dos fatores citados, é possível acrescentar os entraves
quanto à destinação adequada, levando-se em conta o esgotamento das áreas de
recebimento para RCC, a inexistência de áreas de transbordo, triagem e reciclagem
e a inércia do poder público municipal diante desta situação.
O RCC, constituído em sua maioria de resíduos classe A, com alto potencial de
reciclagem, pode e deve ser reaproveitado, reutilizado ou reciclado como forma de
minimizar os nocivos impactos ambientais que atualmente vem ocorrendo em toda a
RMS, em virtude de seu descarte inadequado.
Com base no trabalho realizado conclui-se pela viabilidade da reciclagem em
canteiros de obras. No entanto, é importante ressaltar que diversos aspectos devem
ser considerados para o sucesso desta prática, a exemplo da correta segregação
dos resíduos classe A, da avaliação técnica dos agregados reciclados e da análise
de desempenho dos materiais gerados com estes agregados.
Constatou-se que a reciclagem em canteiros é passível de ser sistematizada,
na forma de etapas e procedimentos, e que esta sistematização contribui para a
ampliação dos conhecimentos técnicos e sua implantação nos canteiros de obras.
Com base nas experiências estudadas verificou-se que benefícios
econômicos e ambientais decorrentes da prática da reciclagem em canteiros de
obras. No aspecto ambiental, um volume significativo de RCC deixou de ser
destinado de forma irregular ou de ser enviado para aterro, cerca de 80% deste
volume se converteu em agregado reciclado que substituiu a utilização de agregado
125
natural. Foi também promovida à responsabilidade social e ambiental das empresas
e dos profissionais envolvidos. No aspecto econômico, apesar do investimento
realizado e dos gastos diretos para reciclar o resíduo classe A nos canteiros, foi
possível constatar a possibilidade de retorno financeiro decorrente da economia
realizada com bota fora e aquisição de agregado natural.
Como fatores facilitadores do processo de reciclagem em canteiros de obras
destacam-se:
Implantação de Programas de Gestão de Resíduos de construção em
canteiros de obras promovem a correta segregação e favorecem o
reaproveitamento e a reciclagem.
Alto potencial de reciclagem dos resíduos classe A.
Existência de estudos anteriores que validam a utilização de agregados
reciclados de RCC em materiais de construção.
Existência de normas que regulamentam a utilização de agregados
reciclados de resíduos sólidos da construção em materiais de construção.
Grande variedade de opções de utilização dos agregados reciclados nas
próprias obras.
Possibilidade de aproveitamento da mão-de-obra ociosa no canteiro para o
processo de reciclagem.
Alternativa de manejo vantajosa para locais com escassez de áreas para
destinação ou com recursos financeiros escassos.
Como fatores que dificultam o processo de implantação da reciclagem nos
canteiros de obras observa-se:
Ausência de políticas blicas que estimulem a utilização do agregado
reciclado.
Desconhecimento técnico dos construtores e técnicos envolvidos acerca do
tema da reciclagem e aplicação de agregados reciclados em materiais de
construção.
Temor dos construtores na utilização do agregado reciclado em aplicações
mais nobres, apesar dos resultados positivos comprovados.
126
O caráter heterogêneo e a grande variação de composição dos RCC nas
suas diversas ocorrências.
Falta de planejamento que gere sincronia entre o processo de reciclagem e
o andamento da obra, favorecendo a utilização do agregado reciclado nas
etapas e serviços em andamento.
Falta de definição do responsável pelo processo de reciclagem no canteiro
ou a sobreposição de funções deste responsável, que não lhe permite
priorizar a reciclagem.
Falta de controle tecnológico nas obras e da prática da realização de
ensaios de desempenho de produto.
No sentido de contribuir para aumentar o conhecimento sobre o assunto
tratado, recomenda-se para pesquisas futuras o aprofundamento acerca dos temas:
Aplicação de agregados reciclados de construção em civil gerados em
canteiros de obras nas utilizações de camadas de pavimentação e artefatos
de concreto sem função estrutural.
Utilização de agregados reciclados de construção civil em concreto com
função estrutural.
Rastreabilidade de materiais produzidos com agregados reciclados de
construção civil e avaliação do seu desempenho ao longo do tempo.
Estudo de lay out para implantação de central de reciclagem em canteiros
de obras.
Equipamentos móveis de britagem para reciclagem de RCC nos canteiros.
Eficiência do processo de reciclagem de RCC em canteiros de obras com
avaliação da produtividade do equipamento e da equipe envolvida.
Custo de produção de agregados reciclados em canteiros de obras e sua
viabilidade econômica.
Espera-se com este trabalho que o processo de reciclagem nos canteiros de
obras possa ser disseminado e que sua prática seja ampliada como alternativa
sustentável para destinação dos resíduos classe A gerados pela atividade
construtiva.
127
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133
APÊNDICE A – Diagnóstico Inicial
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
F01 - DIAGNÓSTICO INICIAL
RESPONSÁVEL:
CARGO/FUNÇÃO:
2. CARACTERIZAÇÃO DA OBRA
EMPRESA:
ENDEREÇO:
RAMO DE ATUAÇÃO:
TEMPO NO MERCADO:
1. OBJETIVOS DA ALTA DIREÇÃO COM A RECICLAGEM
Motivos da decisão pela reciclagem no próprio canteiro.
Descrição geral, área total construída, sistema construtivo utilizado, etapa atual e cronograma macro de execução, sistemas de transporte
horizontal e vertical utilizado, sistemática de segregação de resíduos no canteiro.
Possíveis aplicações para o agregado reciclado em função do estágio da obra e dos serviços previstos no empreendimento que demandem a
utilização de agregados.
6. OUTRAS OBSERVAÇÕES
3. EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA
5. POSSÍVEIS APLICAÇÕES DO AGREGADO RECICLADO
Equipe técnica disponível para se responsabilizar pelo processo de reciclagem no canteiro e a equipe operacional para realizar a reciclagem.
4. ANÁLISE DA INFRAESTRUTURA E LAY OUT DO CANTEIRO
Espaço físico do canteiro para segregação dos resíduos Classe A, posicionamento da central de reciclagem e armazenamento dos agregados
reciclados.
134
APÊNDICE B – Relatório de Acompanhamento da
Reciclagem no Canteiro
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
CARACTERIZAÇÃO DA OBRA
EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA NA RECICLAGEM:
identificação dos profissionais responsáveis pelo processo de reciclagem no canteiro e
seu acompanhamento.
OUTROS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS:
identificação dos operários que vão executar a reciclagem no canteiro.
RESUMO DO PGRCC (Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil), CASO EXISTA:
considerações do PGRCC quanto a
geração, segregação e destinação dos resíduos Classe A.
OUTRAS INFORMAÇÕES:
outras informações julgadas pertinentes.
RESPONSÁVEL TÉCNICO:
OBRA:
OUTRAS INFORMAÇÕES:
outras informações julgadas pertinentes.
F02 - RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DA RECICLAGEM NO CANTEIRO
CARACTERIZAÇÃO E PLANEJAMENTO
EMPRESA:
DESCRIÇÃO:
ramo de atuação, tempo de atuação no mercado baiano, práticas de gestão, certificação da qualidade, outros.
ENDEREÇO:
RESPONSÁVEIS:
PRÁTICA DE GESTÃO DE RESÍDUOS E/OU RECICLAGEM EM CANTEIROS DE OBRAS:
ações da empresa no que diz respeito a
segregação dos RCC, alternativas de destinação final destes resíduos e se possui alguma experiência no reaproveitamento ou reciclagem de RCC.
DESCRIÇÃO:
caracterização do empreendimento, área total construída, identificação dos serviços geradores de resíduos Classe A.
135
USO DO AGREGADO RECICLADO:
ANÁLISE GRAVIMÉTRICA (COMPOSIÇÃO / GRÁFICO)
AJUSTES DO BRITADOR E OUTRAS INFORMAÇÕES:
FOTO:
registro fotográfico do equipamento.
LOCAL DE UTILIZAÇÃO:
TIPO DO AGREGADO RECICLADO:
TRAÇO DE REFERÊNCIA :
APLICAÇÕES DO AGREGADO RECICLADO
PLANEJAMENTO DO PROCESSO DE RECICLAGEM
LAYOUT
DO CANTEIRO (ÁREA DE RECICLAGEM):
representação esquemática da área de britagem ou registro fotográfico.
PROCESSO DE BRITAGEM DOS RESÍDUOS
CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS CLASSE A
EQUIPAMENTO DE BRITAGEM
ANÁLISE GRAVIMÉTRICA (NBR 10.007/2004): A amostra deve ser pesada e classificada visualmente, sendo separados os
componentes pelo processo de catação e peneiramento, em seguida devem ser determinados os pesos de cada componente e o valor
percentual correspondente.
ESPECIFICAÇÃO:
descrever o equipamento de britagem utilizado, sua capacidade de produção e outras informações julgadas importantes.
136
AVALIAÇÃO GERAL DOS ASPECTOS AMBIENTAIS:
conclusão em função dos dados coletados no F07 - Avaliação econômica e ambiental
do processo de reciclagem no canteiro.
MATERIAL PRODUZIDO COM AGREGADO RECICLADO (QUANTIDADE TOTAL E LOCAIS DE APLICAÇÃO):
conclusão em função
dos dados coletados no F06 - Controle do processo de produção e aplicação do material com agregado reciclado.
TÉCNICA
AVALIAÇÃO GERAL DAS CARACTERÍSTICAS DO AGREGADO RECICLADO:
conclusão em função dos dados coletados no F04 -
Avaliação técnica dos agregados
CONCLUSÕES
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE RECICLAGEM
DEFINIÇÃO DO TRAÇO E DA MISTURA DE REFERÊNCIA IDEAL:
conclusão em função dos dados coletados no F05 - Avaliação técnica do
material com agregado reciclado
ECONÔMICA
AVALIAÇÃO GERAL DOS ASPECTOS ECONÔMICOS:
conclusão em função dos dados coletados no F07 - Avaliação econômica e ambiental
do processo de reciclagem no canteiro.
AMBIENTAL
137
APÊNDICE C – Controle do processo de reciclagem
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Responsável:
F03 - CONTROLE DO PROCESSO DE RECICLAGEM
Obra:
Piloto de referência
Tempo de
produção (min)
Produção
Ocorrências Observações
Data:
Resíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Data:
Data:
Responsável:
Data: Responsável:
Ocorrências Observações
Data:
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Resíduos (m³)
Responsável:
Ocorrências ObservaçõesResíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Responsável:
Ocorrências ObservaçõesResíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Ocorrências Observações
Data: Responsável:
Resíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Ocorrências ObservaçõesResíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
138
APÊNDICE D – Avaliação técnica dos agregados reciclados
Obra:
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado (s)
Comentários
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado (s)
Comentários
ISC (CBR)
%
Expansibilidade %
Energia de
compactação
> 12 < 1,0 Normal
> 20 < 1,0 Intermediária
> 60 < 0,5
Intermediária ou
modificada
Agregado Reciclado para uso em concreto sem função estrutural
Agregado Reciclado para uso em obras de pavimentação viária
APLICAÇÃO
F04 - AVALIAÇÃO TÉCNICA DOS AGREGADOS RECICLADOS
Agregado miúdo (areia reciclada)
Agregado graúdo (brita reciclada)
REQUISITOS GERAIS
Material para execução de base de pavimento
1
Material para execução de revestimento primário e sub-
base
1
Permitido o uso como material de base somente para vias de tráfego com N < 10
6
repetições do eixo padrão de 8,2
tf (80 kN) no período de projeto.
REQUISITOS ESPECÍFICOS (Apenas para uso em pavimentação)
Aplicação
Material para execução de reforço de subleito
139
APÊNDICE E - Avaliação técnica do material com
agregado reciclado
Obra:
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado
Observações
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Aplicação Selecionada:
Mistura de referência:
Mistura experimental:
Mistura experimental:
Material com agregado natural
F05 - AVALIAÇÃO TÉCNICA DO MATERIAL COM AGREGADO RECICLADO
Material com agregado reciclado
Mistura experimental:
Avaliação Final:
Mistura experimental:
140
APÊNDICE F – Controle da produção e aplicação do material com agregado reciclado
Data: Data:
Local de aplicação ObservaçõesMaterial ObservaçõesUnidade Quantidade
Local de aplicação ObservaçõesMaterial ObservaçõesUnidade Quantidade
Local de aplicação Observações
Data: Data:
Material ObservaçõesUnidade Quantidade
Data:
Local de aplicação ObservaçõesMaterial ObservaçõesUnidade Quantidade
Material ObservaçõesUnidade Quantidade
Data:
Data:
Material Observações
Data:
Data:
Quantidade
Data:
F06 - CONTROLE DA PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DO MATERIAL COM AGREGADO RECICLADO
Obra:
Unidade Local de aplicação Observações
Produção Rastreabilidade
Data:
Data:
Local de aplicação Observações
141
APÊNDICE G – Avaliação econômica e ambiental do processo
de reciclagem no canteiro
Custo
unitário do
material de
referência
(R$)
Custo
unitário do
material com
agregado
reciclado (R$)
unidade quantidade
total
Custo total de
produção do
material de
referência
(R$)
Custo total de
produção do
material com
agregado
reciclado (R$)
Volume total
de resíduo
classe A
reciclado (m
3
)
Custo
unitário para
destinação do
resíduos
classe A
(R$/m
3
)
Custo total
para a
destinação
dos resíduos
classe A (R$)
Resultado
econômico
do processo
de reciclagem
no canteiro
0,00 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 0,00
Obra:
CUSTO DE PRODUÇÃO (MATERIAL COM AGREGADO RECICLADO): levantar composição e o custo unitário do material
selecionado utilizando o agregado reciclado. Deve ser considerado para a composição do agregado, o custo para a produção do
agregado reciclado (pessoal, depreciação do equipamento, energia...).
F07 - AVALIAÇÃO ECONÔMICA E AMBIENTAL DO PROCESSO DE RECICLAGEM NO CANTEIRO
CUSTO DE PRODUÇÃO (MATERIAL DE REFERÊNCIA): levantar composição e o custo unitário do material selecionado
utilizando o agregado natural.
ANÁLISE FINANCEIRA COMPARATIVA DOS MATERIAIS (AGREGADO NATURAL X AGREGADO RECICLADO)
CONCLUSÕES
Comentários finais acerca dos impactos gerados pelo processo de reciclagem no canteiros, considerando os aspectos
econômicos e ambientais consolidados, e da viabilidade desta prática no canteiro de obras.
CUSTO ESTIMADO PARA DESTINAÇÃO DO RESÍDUO RECICLADO: levantar o custo unitário para destinação do resíduo
classe A.
ANÁLISE AMBIENTAL DO PROCESSO DE RECICLAGEM NO CANTEIRO
Comentário geral acerca da redução da destinação do resíduo classe para aterros, redução do consumo de agregado natural e
outras considerações da empresa.
VOLUME TOTAL DE RESÍDUO CLASSE A RECICLADO:
VOLUME TOTAL DE AGREGADO RECICLADO UTILIZADO:
142
APÊNDICE H – Procedimento para reciclagem de resíduos classe A
em canteiros de obras
LOGO RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A
Página X de X
1. OBJETIVO
Definir a sequência das atividades necessárias para sistematizar o processo de reciclagem de resíduos classe A nos
canteiros de obras da empresa, promovendo esta prática como alternativa sustentável para destinação dos referidos
resíduos.
2. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
NBR 10.007:2004 – Amostragem de Resíduos Sólidos
NBR 15.116:2004 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil Utilização em pavimentação e
preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.
3. PROCEDIMENTO E RESPONSABILIDADES
3.1. Diagnóstico Inicial da Obra
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Realizar a caracterização geral da obra
Identificar as possíveis aplicações para o agregado reciclado.
Avaliar o cronograma físico da obra para compatibilizar o fluxo da geração de
resíduos, reciclagem no canteiro e utilização do agregado reciclado.
Realizar avaliação preliminar do layout do canteiro e das possibilidades de instalação
da central de reciclagem.
Definir o processo de segregação do resíduo classe A no canteiro:
Estabelecer a sistemática de segregação dos resíduos classe A nos locais onde o
resíduo será gerado.
Capacitar todos os envolvidos na execução de serviços geradores de resíduo classe A
quanto a sua caracterização, correta segregação e necessidade de sua preservação
de contaminantes.
Definir local para segregação final dos resíduos classe A.
Definir o responsável pelo processo de reciclagem da obra
Equipe técnica da obra
3.2. Definição das Aplicações do Agregado Reciclado
ATIVIDADE
RESPONSABILIDADE
Definir a aplicação do agregado reciclado e das granulometrias necessárias.
A aplicação deve seguir a NBR 15.116:2004 em um dos dois grupos:
Obras de pavimentação viária: reforço de subleito, sub-base e base de pavimentação
ou revestimento primário de vias não pavimentadas.
Preparo de concreto sem função estrutural: enchimentos, contrapiso, calçadas e
fabricação de artefatos não estruturais.
Equipe técnica da obra
3.3. Estruturação do Processo de Reciclagem
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Disponibilizar equipamento de britagem existente ou identificar, em função do volume
de resíduos projetado conforme item 3.1, o sistema de britagem adequado para o
empreendimento.
Estudar o canteiro para definição do local de instalação da central de reciclagem,
considerando a segregação do resíduo classe A, as dimensões dos equipamentos que
farão a britagem e o peneiramento do resíduo, bem como o local de armazenamento do
agregado reciclado.
Registrar o planejamento da reciclagem no Anexo 1 - Planejamento da Reciclagem no
Canteiro
Responsável pelo
processo de reciclagem
143
LOGO RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A
Página X de X
3.4. Caracterização do Resíduo Classe A
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Coletar amostra do resíduo classe A segregado, conforme detalhado na NBR
10.007:2004.
Pesar e classificar visualmente a amostra, sendo separados os componentes por tipo de
material: solo, rocha, concreto, argamassa, materiais cerâmicos e outros (madeira,
plástico, metal, papel...).
Pesar individualmente os materiais e determinar seu percentual na amostra total
(caracterização gravimétrica).
Em função dos resultados apresentados, o resíduo classe A da obra deverá gerar
agregados reciclados em uma das categorias abaixo:
ARC Agregado de Resíduo de Concreto: quando mais de 90% da fração graúda do
agregado for constituida por fragmentos à base de cimento e rochas.
ARM Agregado de Resíduo Misto: quando menos de 90% da fração graúda do
agregado for constituida por fragmentos à base de cimento e rochas.
Responsável pelo
processo de reciclagem
3.5. Monitoramento do Processo de Reciclagem
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Realizar britagem piloto que consiste na britagem de 1 m
3
de resíduo para avaliação
do processo quanto a produtividade, volume de agregado reciclado e eficiência do
processo.
Gerar amostra(s) de agregado reciclado para caracterização.
Acompanhar o processo de reciclagem, controlando:
Volume de resíduo processado;
produtividade (m
3
/hora);
volume de agregado reciclado por granulometria;
ocorrências/observações.
Registrar as informações coletadas semanalmente no Anexo 2 - Controle do Processo
de Reciclagem.
Responsável pelo
processo de reciclagem
3.6. Caracterização do Agregado Reciclado
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Caracterizar os agregados reciclados (graúdo e/ou miúdo), segundo a NBR
15.116:2004 e de acordo com a aplicação definida: pavimentação ou preparo de
concreto sem função estrutural.
Avaliar os resultados dos ensaios com os parâmetros normativos e verificar a
necessidade de ajustes.
Validar a utilização dos agregados reciclados obtidos, consolidando as informações no
Anexo 3 – Avaliação Técnica dos Agregados Reciclados.
Responsável pelo
processo de reciclagem
3.7. Produção Piloto do Material com Agregado Reciclado
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Definir um material de referência por aplicação estabelecida e produzí-lo com
agregados naturais e nos traços ou composições definidas originalmente pela obra para
que sirva de parâmetro na avaliação das misturas experimentais.
Definir percentuais de substituição dos agregados naturais por agregados reciclados
(Ex. 20%, 40%, 60%, 80% e 100%) e produzir materiais experimentais nos diversos
percentuais estabelecidos.
Devem ser mantidas as mesmas condições de fabricação dos materiais de referência
para os materiais experimentais.
Responsável pelo
processo de reciclagem
3.8. Avaliação do Desempenho do Material com Agregado Reciclado
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Ensaiar o material de referência e os experimentais conforme as normas técnicas
aplicáveis a estes materiais.
Analisar comparativamente os resultados dos ensaios, consolidados no Anexo 4
Avaliação Técnica do Material com Agregado Reciclado.
Definir o percentual de substituição que represente o maior aproveitamento dos
agregados reciclados e a garantia das características e padrões de desempenho
requeridos para o material em questão.
Responsável pelo
processo de reciclagem
144
LOGO RECICLAGEM DE RESÍDUOS CLASSE A
Página X de X
3.9. Aplicação do Material e Rastreabilidade
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Produzir o material com o percentual de substituição definido.
Controlar o processo de produção e a rastreabilidade da aplicação do material na obra,
conforme Anexo 5 - Controle da Produção e Aplicação do Material com Agregado
Reciclado.
Equipe técnica da obra
Responsável pelo
processo de reciclagem
3.10. Avaliação do Processo de Reciclagem
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Coletar e registrar as informações técnicas, econômicas e ambientais da reciclagem
dos resíduos classe A no canteiro.
Realizar análise crítica e registrar a viabilidade da experiência de reciclagem no canteiro,
conforme Anexo 6 - Avaliação Técnica, Econômica e Ambiental da Reciclagem no
Canteiro.
Responsável pelo
processo de reciclagem
4. ANEXOS
1. Planejamento da Reciclagem no Canteiro
2. Controle do Processo de Reciclagem
3. Avaliação Técnica dos Agregados Reciclados
4. Avaliação Técnica do Material com Agregado Reciclado
5. Controle da Produção e Aplicação do Material com Agregado Reciclado
6. Avaliação Técnica, Econômica e Ambiental da Reciclagem no Canteiro
5. CONTROLE DE REGISTROS
Os registros da qualidade gerados pelas atividades deste procedimento são controlados da seguinte forma:
Identificação
Coleta Recuperação
Armazenamento
Tipo de
arquivo e
proteção
Tempo de
Retenção
Disposição
Planejamento da
Reciclagem no
Canteiro
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Obra
Sala do
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Pasta
Pelo prazo
de
execução
da obra
Lixo
Controle do
Processo de
Reciclagem
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Obra
Sala do
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Pasta
Pelo prazo
de
execução
da obra
Lixo
Avaliação
Técnica dos
Agregados
Reciclados
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Obra
Sala do
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Pasta
Pelo prazo
de
execução
da obra
Lixo
Avaliação
Técnica do
Material com
Agregado
Reciclado
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Obra
Sala do
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Pasta 5 anos Lixo
Controle da
Produção e
Aplicação do
Material com
Agregado
Reciclado
Equipe técnica Obra
Sala do
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Pasta 5 anos Lixo
Avaliação
Técnica,
Econômica e
Ambiental da
Reciclagem no
Canteiro
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Obra
Sala do
Responsável pelo
processo de
reciclagem
Pasta 5 anos Lixo
145
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Diagnóstico inicial
P
R
P
R
P
R
Definição das aplicações do agregado
reciclado
P
R
Estruturação do processo de reciclagem
P
R
Caracterização do resíduo classe A
P
R
Monitoramento do processo de
reciclagem
P
R
P
R
P
R
Caracterização do agregado reciclado
P
R
P
R
Produção piloto do material com
agregado reciclado
P
R
P
R
P
R
Avaliação do desempenho do material
com agregado reciclado
P
R
P
R
P
R
Aplicação do material e rastreabilidade
P
R
P
R
Avaliação do processo de reciclagem
P
R
P
R
P
R
PLANEJAMENTO DA RECICLAGEM NO CANTEIRO
Definição do processo de segregação do
resíduo classe A
Instalação da central de reciclagem
Análise da composição gravimétrica
Coleta de amostra para ensaios de
caracterização do agregado
Realização da britagem piloto
Realização dos ensaios no agregado
reciclado
Planejamento e controle semanal do
processo de reciclagem
Realização de ensaios no material de
referências e nas misturas experimentais
Análise dos resultados dos ensaios de
caracterização do agregado reciclado
Definição das misturas experimentais para o
material
Produção do material de referência
(agregado natural) conforme especificado
pela obra
Levantamento da geraçao potencial de
resíduo classe A
Identificação das aplicações do agregado
reciclado e granulometrias
Avaliação preliminar de lay out do canteiro
Produção das misturas experimentais
Análise econômica do processo de
reciclagem
Análise crítica global do processo de
reciclagem na obra
Produção do material com agregado
reciclado
Controle do processo de produção e
rastreabilidade
Definição da mistura de melhor desempenho
Análise dos resultados técnicos
Análise comparativa dos resultados dos
ensaios do material com agregado natural e
reciclado
Mês MêsETAPAS P x R
CRONOGRAMA
Mês Mês MêsMês
146
SEG TER QUA QUI SEX
Matutino
Vespertino
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Miúdo
Graúdo
Graúdo
Ocorrências ObservaçõesResíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Ocorrências Observações
Data: Responsável:
Resíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Responsável:
Ocorrências ObservaçõesResíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Responsável:
Ocorrências ObservaçõesResíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Data: Responsável:
DIAS
TURNO OBSERVAÇÕES
Data:
Resíduos (m³)
Tempo de
produção (min)
Agregado Reciclado (volume) - (m³)
Data:
Data:
Produção
Ocorrências Observações
CONTROLE DO PROCESSO DE RECICLAGEM
Obra:
Responsável:
Semana de: / / a / /
PROGRAMAÇÃO SEMANAL
Responsável:
147
Obra:
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado (s)
Comentários
ARC > 90
ARM < 90
ARC < 10
ARM < 10
NBR NM 248:2003
Agregados - Determinação da
composição granulométrica
-
NBR 9917:1987
Agregados para concretos -
Determinação de sais, cloretos e e
sulfatos solúveis (%)
cloretos = 1
sulfatos = 1
NBR 15116:2004
(Anexo A)
Contaminantes - Materiais não
minerais (%)
2
-
Contaminantes - Teor total máximo
de contaminantes (%)
3
NBR 7218:1987
Agregados - Determinação do teor de
argila em torrões e materiais friáveis
(%)
2
ARC < 7
absorção(%)
ARM < 12
absorção(%)
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado (s)
Comentários
ARC < 15
ARM < 20
NBR NM 248:2003
Agregados - Determinação da
composição granulométrica
-
NBR 9917:1987
Agregados para concretos -
Determinação de sais, cloretos e e
sulfatos solúveis (%)
cloretos = 1
sulfatos = 1
NBR 15116:2004
(Anexo B)
Contaminantes - Materiais não
minerais (%)
2
-
Contaminantes - Teor total máximo
de contaminantes (%)
3
NBR 7218:1987
Agregados - Determinação do teor de
argila em torrões e materiais friáveis
(%)
2
ARC < 12
ARM < 17
NBR NM 52:2003
Agregado miúdo - Determinação de
massa específica e massa específica
aparente
-
ARM - Agregado de resíduo misto
A composição granulométrica do agregado reciclado deve estar de acordo com a ABNT NBR 7211:1983
ARC - Agregado de resíduo de concreto
Agregado graúdo - Determinação de
massa específica, massa específica
aparente e absorção de água
NBR NM 46:2003
Agregados - Determinação do
material fino que passa através da
peneira 75
u
m (%)
NBR NM 30:2001
Agregado miúdo - Determinação da
absorção de água
AVALIAÇÃO TÉCNICA DOS AGREGADOS RECICLADOS
Agregado Reciclado para uso em concreto sem função estrutural
Relação de normas estabelecidas considerando agregados destinados ao preparo de concreto sem função estrutural (enchimentos,
contrapiso, calçada e fabricação de artefatos não estruturais: blocos de vedação, meio-fio, sarjetas, canaletas, mourões e placas de
muros), tendo como referência a NBR 15.116 (ABNT,2004).
Agregado miúdo (areia reciclada)
Agregado graúdo (brita reciclada)
Teor de fragmentos à base de
cimento e rochas (%)
NBR 15116:2004
(Anexo A)
NBR NM 46:2003
Agregados - Determinação do
material fino que passa através da
peneira 75
u
m (%)
NBR NM 53:2003
148
Obra:
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado (s)
Comentários
Solo - Análise granulométrica
C
u
> 10
Teor de material passante na
peneira de 0,42 mm
Entre 10% e 40%
NBR NM 248:2003
Agregados - Determinação da
composição granulométrica
< 63 mm
NBR 7809:1983
Agregado graúdo - Determinação
do índice de forma pelo método do
paquímetro
< 3 mm
Contaminantes - Materiais não
minerais de mesmas
características
2
Contaminantes - Materiais não
minerais de características
distintas
3
NBR 9917:1987
Agregados para concretos -
Determinação de sais, cloretos e e
sulfatos solúveis
2
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado (s)
Comentários
Solo - Análise granulométrica
C
u
> 10
Teor de material passante na
peneira de 0,42 mm
Entre 10% e 40%
NBR NM 248:2003
Agregados - Determinação da
composição granulométrica
< 63 mm
Contaminantes - Materiais não
minerais de mesmas
características
2
Contaminantes - Materiais não
minerais de características
distintas
3
NBR 9917:1987
Agregados para concretos -
Determinação de sais, cloretos e e
sulfatos solúveis
2
ISC (CBR)
%
Expansibilidade %
Energia de
compactação
> 12 < 1,0 Normal
> 20 < 1,0 Intermediária
> 60 < 0,5
Intermediária ou
modificada
AVALIAÇÃO TÉCNICA DOS AGREGADOS RECICLADOS
Agregado Reciclado para uso em obras de pavimentação viária
Relação de normas estabelecidas considerando agregados destinados ao uso em obras de pavimentação viária (reforço de
subleito, sub-base e base de pavimentação ou revestimento primário de vias não pavimentadas), tendo como referência a
NBR 15.116 (ABNT,2004).
Agregado miúdo (areia reciclada)
Agregado graúdo (brita reciclada)
REQUISITOS GERAIS
NBR 7181:1984
NBR 15116:2004
(Anexo A)
NBR 7181:1984
NBR 15116:2004
(Anexo B)
Material para execução de base de pavimento
1
Material para execução de revestimento primário e sub-
base
1
Permitido o uso como material de base somente para vias de tráfego com N < 10
6
repetições do eixo padrão de
8,2 tf (80 kN) no período de projeto.
REQUISITOS ESPECÍFICOS (NBR 9895:1987)
Aplicação
Material para execução de reforço de subleito
149
Obra:
Norma
Descrição
Limite normativo
Resultado
Observações
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Norma
Descrição
Resultado(s)
Limite normativo
Comentário
Aplicação Selecionada:
Mistura de referência:
Mistura experimental:
Mistura experimental:
Material com agregado natural
AVALIAÇÃO TÉCNICA DO MATERIAL COM AGREGADO RECICLADO
Material com agregado reciclado
Mistura experimental:
Avaliação Final:
Mistura experimental:
150
Data:
Local de aplicação Observações
CONTROLE DA PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DO MATERIAL COM AGREGADO RECICLADO
Obra:
Unidade Local de aplicação Observações
Produção Rastreabilidade
Data: Data:
Data:
Material Observações
Data:
Data:
Quantidade
Data:
Material ObservaçõesUnidade Quantidade
Data:
Local de aplicação ObservaçõesMaterial ObservaçõesUnidade Quantidade
Local de aplicação Observações
Data: Data:
Material ObservaçõesUnidade Quantidade
Local de aplicação ObservaçõesMaterial ObservaçõesUnidade Quantidade
Data: Data:
Local de aplicação ObservaçõesMaterial ObservaçõesUnidade Quantidade
151
MATERIAIS
Solo Rocha Concreto Argamassa
Materiais
Cerâmicos
Outros
%
Custo
unitário do
material de
referência
(R$)
Custo
unitário do
material com
agregado
reciclado (R$)
unidade quantidade
total
Custo total de
produção do
material de
referência (R$)
Custo total de
produção do
material com
agregado
reciclado (R$)
Volume total
de resíduo
classe A
reciclado (m
3
)
Custo
unitário para
destinação do
resíduos
classe A
(R$/m
3
)
Custo total
para a
destinação
dos resíduos
classe A (R$)
Resultado
econômico
do processo
de reciclagem
no canteiro
0,00 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 0,00
Comentário geral acerca da redução da destinação do resíduo classe para aterros, redução do consumo de agregado natural e
outras considerações da empresa.
VOLUME TOTAL DE RESÍDUO CLASSE A RECICLADO:
VOLUME TOTAL DE AGREGADO RECICLADO UTILIZADO:
CONCLUSÕES
Comentários finais acerca dos impactos gerados pelo processo de reciclagem no canteiros, considerando os aspectos econômicos
e ambientais consolidados, e da viabilidade desta prática no canteiro de obras.
CUSTO ESTIMADO PARA DESTINAÇÃO DO RESÍDUO RECICLADO: levantar o custo unitário para destinação do resíduo classe
A.
ANÁLISE AMBIENTAL DO PROCESSO DE RECICLAGEM NO CANTEIRO
CUSTO DE PRODUÇÃO (MATERIAL COM AGREGADO RECICLADO): levantar composição e o custo unitário do material
selecionado utilizando o agregado reciclado. Deve ser considerado para a composição do agregado, o custo para a produção do
agregado reciclado (pessoal, depreciação do equipamento, energia...).
AVALIAÇÃO TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL DA RECICLAGEM NO CANTEIRO
Obra:
CUSTO DE PRODUÇÃO (MATERIAL DE REFERÊNCIA): levantar composição e o custo unitário do material selecionado utilizando
o agregado natural.
ANÁLISE FINANCEIRA COMPARATIVA DOS MATERIAIS (AGREGADO NATURAL X AGREGADO RECICLADO)
ANÁLISE TÉCNICA
CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO CLASSE A
MATERIAIS PRODUZIDOS: resultado da avaliação técnica dos ensaios.
QUANTITATIVO TOTAL DE MATERIAIS PRODUZIDOS COM AGREGADO RECICLADO:
AVALIAÇÃO TÉCNICA: resultado da avaliação técnica dos ensaios.
Responsável:
GRÁFICO
AGREGADO RECICLADO: ( ) ARC ( ) ARM
152
APÊNDICE I – Monitoramento do processo de reciclagem –
Estudo de caso 3
Miúdo
Intermediário
Graudo
Volume total de
agregado
reciclado (m3)
11/8/2009
2,5
140
2,3
0,714
0,
580
1,008
2,302
1,07 0,92
13/8/2009
4,5
240
4,0
1,260
1,260
1,680
4,2
1,13 0,93
14/8/2009
6
360
6,0
1,512
1,344
2,646
5,502
1,00
0,92
Semana 1
13
12,3
12,004 1,05 0,92
17/8/2009
2
120
2,0
0,630
0,504
0,882
2,016
1,00 1,01
18/8/2009
2
110
1,8
0,740
0,420
1,050 2,21 1,09 1,11
20/8/2009
4
194
3,2
0,840
0,630
1,680 3,15 1,24 0,79
21/8/2009
4
192
3,2
1,008
1,050
1,848
3,906
1,25 0,98
Semana 2
12
10,3
11,282 1,17 0,94
24/8/2009
4
200 3,
3
1,260
1,210
1,890
4,36 1,20 1,09
25/8/2009
4
145
2,4
1,218
1,092
1,848
4,158
1,66 1,04
27/8/2009
4
186
3,1
1,218
1,092
1,974
4,284
1,29 1,07
28/8/2009
4
195
3,3
1,029
0,819
1,869
3,717
1,23 0,93
29/8/2009
2
150 2,
5
0,546
0,420
0,924
1,89 0,80 0,95
Semana 3
18
14,6
18,409 1,23 1,02
31/8/2009
2
117
2,0
0,504
0,336
0,924
1,764
1,03 0,88
1/9/2009
2
113
1,9
0,630
0,378
1,050
2,058
1,06 1,03
2/9/2009
2
72
1,2
0,546
0,378
1,050
1,
974
1,67 0,99
3/9/2009
2
86
1,4
0,456
0,357
0,903
1,716
1,40 0,86
3/9/2009
2
105
1,8
0,504
0,378
0,924
1,806
1,14 0,90
4/9/2009
2
78
1,3
0,546
0,252
0,945
1,743
1,54 0,87
5/9/2009
2
68
1,1
0,567
0,420
0,945
1,932
1
,76
0,97
Semana 4
14
10,7
12,993 1,31 0,93
MENSAL
57
54,688
1,19
0,95
11/9/2009
2
82
1,4
0,378
0,450
0,954
1,782
1,46 0,89
11/9/2009
2
105
1,8
0,430
0,492
0,966
1,888
1,14 0,94
11/9/2009
2
84
1,4
0,378
0,420
0,882
1,68 1,43 0,84
12/9/2009
2
60
1,0
0,399
0,440
0,882
1,721
2,00 0,86
13/9/2009
2
62
1,0
0,357
0,441
0,882
1,68 1,94 0,84
Semana 5
10
6,6
8,751
1,53
0,88
2
57
1,0
0,336
0,420
0,882
1,638
0,82
14/9/2009
2
69
1,2
0,378
0,420
0,819
1,617
1,74 0,81
14/9/2009
2
60
1,0
0,399
0,903
1,785
2,00 0,89
15/9/2009
2
74
1,2
0,315
0,441
0,861
1,617
1,62 0,81
15/9/2009
2
70
1,2
0,294
0,420
0,966
1,68 1,71 0,84
16/9/2009
2
85
1,4
0,336
0,420
0,8
82
1,638
1,41 0,82
16/9/2009
2
88
1,5
0,336
0,462
0,882
1,68 1,36 0,84
17/9/2009
2
85
1,4
0,294
0,378
0,924
1,596
1,41 0,80
17/9/2009
2
85
1,4
0,336
0,780
0,882
1,998
1,41 1,00
18/9/2009
2
95
1,6
0,210
0,336
1,008
1,554
1,26 0,78
18/9/2009
2
95
1,6
0,294
0,420
0,882
1,596
1,26 0,80
19/9/2009
2
75
1,3
0,504
0,378
0,798
1,68 1,60 0,84
Semana 6
24
15,6
20,079
1,54
0,84
21/9/2009
2
65
1,1
0,378
0,420
1,008
1,806
1,85 0,90
21/9/2009
2
77
1,3
0,336
0,420
0,924
1,68 1,56 0,84
21/9/2009
2
55
0,9
0,338
0,378
0,924
1,6398 2,18 0,82
22/9/2009
2
56
0,9
0,336
0,420
0,882
1,638
2,14 0,82
22/9/2009
2
74
1,2
0,336
0,378
0,924
1,638
1,62 0,82
22/9/2009
2
67
1,1
0,336
0,378
0,882
1,596
1,79 0,80
23/9/2009
2
55
0,9
0,294
0,338
0,798
1,4298 2,18 0,71
23/9/2009
2
58
1,0
0,378
0,378
0,882
1,638
2,07 0,82
23/9/2009
2
50
0,8
0,294
0,294
0,840
1,428
2,40 0,71
24/9/2009
2
60
1,0
0,294
0,336
0,840
1,47 2,00 0,74
24/9/2009
2
60
1,0
0,378
0,378
0,966
1,722
2,00 0,86
24/9/2009
2
60
1,0
0,378
0,378
0,924
1,68 2,00 0,84
25/9/2009
2
65
1,1
0,378
0,378
0,924
1,68 1,85 0,84
26/9/2009
2
70
1
,2
0,378
0,378
0,966
1,722
1,71 0,86
26/9/2009
2
52
0,9
0,378
0,378
0,966
1,722
2,31 0,86
26/9/2009
2
85
1,4
0,420
0,420
0,924
1,764
1,41 0,88
Semana 7
32
16,8
26,2536 1,90 0,82
28/9/2009
2
50
0,8
0,336
0,378
0,924
1,6
38
2,40 0,82
28/9/2009
2
47
0,8
0,294
0,336
1,008
1,638
2,55 0,82
28/9/2009
2
38
0,6
0,336
0,378
0,882
1,596
3,16 0,80
29/9/2009
2
55
0,9
0,336
0,378
0,924
1,638
2,18 0,82
29/9/2009
2
67
1,1
0,378
0,378
0,882
1,638
1,79 0,82
29/9/2009
2
58
1,0
0,420
0,378
0,882
1,68 2,07 0,84
30/9/2009
2
55
0,9
0,420
0,378
0,924
1,722
2,18 0,86
30/9/2009
2
53
0,9
0,336
0,420
0,840
1,596
2,26 0,80
30/9/2009
2
67
1,1
0,336
0,378
1,638
1,79 0
,82
1/10/2009
2
57
1,0
0,294
0,378
1,008
1,68 2,11 0,84
1/10/2009
2
57
1,0
0,294
0,336
0,924
1,554
2,11 0,78
1/10/2009
2
55
0,9
0,336
0,420
0,240
0,996
2,18 0,50
1/10/2009
2
65
1,1
0,378
0,336
1,050
1,764
1,85 0,88
2/10/2009
2
56
0,9
0,378
0,378
1,050
1,806
2,14 0,90
3/10/2009
2
63
1,1
0,294
0,378
0,966
1,638
1,90 0,82
Semana 8
30
14,1
24,222 2,14 0,81
MENSAL
96
79,3056
1,78
0,84
Semana
7
Semana 8
Agregado Reciclado (volume m3)
Produtividade
(m3/hora)
Semana 1
Semana 2
Semana 3
Semana
Data
Semana 4
Semana 5
Semana 6
Volume de
agregado / Volume
de resíduo
Tempo de
Produção (min)
Tempo de
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