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CLARISSA SANTOS DE CARVALHO
ESTUDO DESCRITIVO DAS ONICOMICOSES NA
CLÍNICA DE DERMATOLOGIA DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2002 ATÉ DEZEMBRO DE 2006
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo para
obtenção do titulo de Mestre em Medicina.
SÃO PAULO
2010
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CLARISSA SANTOS DE CARVALHO
ESTUDO DESCRITIVO DAS ONICOMICOSES NA
CLÍNICA DE DERMATOLOGIA DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2002 ATÉ DEZEMBRO DE 2006
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo para
obtenção do titulo de Mestre em Medicina.
Área de Concentração: Ciências da
Saúde
Orientadora: Prof. Dra. Clarisse Zaitz
SÃO PAULO
2010
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Carvalho, Clarissa Santos de
Estudo descritivo das onicomicoses na clínica de dermatologia da
Santa Casa de São Paulo no período de janeiro de 2002 a dezembro
de 2006. São Paulo, 2010.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Medicina
Área de Concentração: Ciências da Saúde
Orientador: Clarisse Zaitz
1. Onicomicose 2. Dermatófitos 3.Leveduras 4. Fungos
filamentosos não dermatófitos 5. Prototheca spp
BC-FCMSCSP/36-10
Agradecimentos
Agradeço primeiramente à Deus, por me dar forças a cada dia para concluir
mais essa etapa.
Agradeço à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e à
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por me permitir realizar
esse trabalho.
Agradeço à minha orientadora, Profa. Dra Clarisse Zaitz, pelo apoio e
colaboração.
Agradeço à Profa. Dra. Valéria Maria de Souza Framil, pelo empenho,
dedicação e amizade.
Agradeço à Profa. Dra. Lígia Rangel Ruiz, pela atenção e pelo carinho.
Agradeço à Bioquímica Laura Hitomi, pela paciência e colaboração.
Agradeço à Secretária da Pós Graduação, Mirtes Dias de Souza, pela
paciência, atenção e dedicação.
Agradeço às amigas Mayra Moutinho Cardoso e Diva Moutinho Cardoso, pela
paciência, amizade e dedicação com a qual fizeram a parte estatística deste
trabalho.
Aos meus familiares e ao meu esposo, que incentivaram e acreditaram na
minha vitória.
Agradeço à FUNDAÇÃO CAPES, pelo apoio financeiro.
Abreviaturas e Símbolos
DMSO Dimetil-Sulfóxido
FFND Fungo Filamentoso Não Dermatófito
KOH Hidróxido de Potássio
OBS Onicomicose branca superficial
OSDL Onicomicose Subungueal Distal e Lateral
OSP Onicomicose Subungueal Proximal
OT Onicodistrofia Total
p Nível de Significância
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
1.1. Revisão da literatura ................................................................................... 3
1.1.1. Onicomicose .......................................................................................... 3
1.1.2. Características dos dermatófitos ........................................................... 5
1.1.2.1. Conceito .......................................................................................... 5
1.1.2.2. Histórico .......................................................................................... 6
1.1.2.3. Identificação dos dermatófitos ........................................................ 7
1.1.2.4. Taxonomia dos dermatófitos ........................................................... 8
1.1.2.5. Ecologia e epidemiologia dos dermatófitos em relação às
onicomicoses .................................................................................
11
1.1.2.6. Patogênese das onicomicoses por dermatófitos ............................ 12
1.1.2.6.1. Fatores inerentes ao fungo .......................................................
13
1.1.2.6.2. Fatores inerentes ao hospedeiro .............................................. 13
1.1.3. Características dos fungos filamentosos não dermatófitos ................... 14
1.1.3.1. Conceito .......................................................................................... 14
1.1.3.2. Histórico .......................................................................................... 14
1.1.3.3. Identificação dos fungos filamentosos não dermatófitos ................ 15
1.1.3.4. Taxonomia ...................................................................................... 16
1.1.3.5. Ecologia e epidemiologia ................................................................ 16
1.1.3.6. Onicomicose por FFND e sua patogenia ........................................ 17
1.1.4. Características das leveduras ............................................................... 18
1.1.4.1. Conceito .......................................................................................... 18
1.1.4.2. Histórico .......................................................................................... 18
1.1.4.3. Identificação das leveduras .............................................................
18
1.1.4.4. Taxonomia ...................................................................................... 19
1.1.4.5. Ecologia e epidemiologia ................................................................
19
1.1.4.6. Patogenia das candidoses .............................................................. 20
1.1.4.7. Onicomicoses provocadas por leveduras ....................................... 20
1.1.5. Características das algas do gênero Prototheca ...................................
21
1.1.5.1. Conceito .......................................................................................... 21
1.1.5.2. Histórico .......................................................................................... 22
1.1.5.3. Taxonomia ...................................................................................... 22
1.1.5.4. Identificação .................................................................................... 23
1.1.5.5. Ecologia e epidemiologia ................................................................ 23
1.1.5.6. Patogenia e quadro clínico ............................................................. 24
2. OBJETIVOS ......................................................................................................
25
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS ..............................................................................
27
3.1. Considerações gerais .................................................................................
28
3.2. Procedimentos laboratoriais .......................................................................
29
3.2.1. Exame microscópico direto ....................................................................
29
3.2.2. Cultura ................................................................................................... 31
3.2.2.1. Isolamento e identificação dos dermatófitos ................................... 31
3.2.2.1.1. Aspectos macroscópicos ..........................................................
31
3.2.2.1.2. Aspectos microscópicos ........................................................... 31
3.2.2.2. Isolamento e identificação dos fungos filamentos não
dermatófitos (FFND) ......................................................................
33
3.2.2.2.1. Aspectos macroscópicos ..........................................................
33
3.2.2.2.2. Aspectos microscópicos ........................................................... 33
3.2.2.3. Isolamento e identificação leveduras .............................................. 35
3.2.2.3.1. Aspectos macroscópicos ..........................................................
35
Sumário
3.2.2.3.2. Aspectos microscópicos ........................................................... 35
3.2.2.4. Isolamento e identificação do gênero Prototheca ...........................
36
3.2.2.4.1. Aspectos macroscópicos ..........................................................
36
3.2.2.4.2. Aspectos microscópicos ........................................................... 37
3.3. Análise estatística .......................................................................................
37
4. RESULTADOS ................................................................................................. 38
4.1. Caracterização das amostras estudadas ................................................... 39
4.1.1. Exame microscópico direto e cultura .....................................................
39
4.1.2. Onicomicose – faixa etária e sexo .........................................................
40
4.1.3. Onicomicose – estação do ano e distribuição anual .............................
43
4.1.4. Localização das onicomicoses .............................................................. 45
4.1.5. Identificação dos agentes etiológicos das onicomicoses ...................... 49
4.1.5.1. Agentes etiológicos das onicomicoses por grupos ......................... 49
4.1.5.2. Agentes etiológicos das onicomicoses – gêneros e espécies ........ 49
4.1.5.3. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses - grupos e
faixa etária das amostras ................................................................
51
4.1.5.4. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses
gêneros, espécies e faixa etária das amostras .............................
52
4.1.5.5. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses – grupos e
sexo das amostras ..........................................................................
53
4.1.5.6. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses
gêneros, espécies, localização e sexo das amostras ....................
53
4.1.5.7. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses – grupos e
estação do ano das amostras .......................................................
55
4.2. Caracterização das amostras estudadas de acordo com microscópico
direto positivo e cultura positiva .................................................................
55
4.3. Caracterização das amostras estudadas de acordo com microscópico
direto negativo e cultura positiva ................................................................
58
5. DISCUSSÃO .....................................................................................................
59
6. CONCLUSÕES .................................................................................................
66
7. ANEXOS ........................................................................................................... 68
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFIAS ..................................................................... 73
FONTES CONSULTADAS ............................................................................. 83
RESUMO ......................................................................................................... 85
ABSTRACT ..................................................................................................... 87
1. INTRODUÇÃO
Introdução
2
Onicomicoses são infecções fúngicas das unhas que podem ser causadas por
dermatófitos, leveduras, fungos filamentosos não dermatófitos (FFND) e atualmente
Prototheca spp (Mercantini et al, 1996; Effendy et al, 2005; Zaitz et al, 2006),
acometendo aproximadamente 8% da população mundial (Finch, Warshaw 2007).
Representam 30% de todas as infecções fúngicas superficiais e em torno de 50%
das afecções ungueais (Willians, 1993; Migdley et al, 1994; Drake et al, 1996;
Ghannoum et al, 2000). Os principais agentes etiológicos das onicomicoses são os
dermatófitos, isolados em até 75% dos casos. As leveduras do gênero Candida
ocorrem em torno de 18 a 20% dos casos e os FFND atingem porcentagens que
variam de um a cinco por cento dos casos (Evans, 1998; Agarwala et al, 2006).
Os estudos epidemiológicos das onicomicoses podem apresentar resultados
divergentes na literatura em função de vários fatores como os ambientais e os
relacionados ao hospedeiro. Os principais fatores ambientais considerados são:
desenvolvimento urbano, industrialização, localização geográfica e condições
climáticas como temperatura e tempo de exposição aos raios ultravioleta. Os fatores
relacionados ao hospedeiro citados na literatura foram: idade, hábitos de vida,
profissão, sexo, cor e as doenças crônicas (Philport, Schuttleworth, 1989; Roberts,
1992; Kaszuba et al, 1998; Gupta et al, 2000b; Sigurgeirsson, Steingrimsson, 2000).
A onicomicose é considerada um problema de saúde pública devido à alta
prevalência associada à morbidades como: diabetes, circulação periférica diminuída,
traumatismo ungueal de repetição, imunodeficiências (Elewski, 1998). É doença cuja
notificação compulsória não existe e dificulta a avaliação precisa da extensão do
problema em nosso meio. Assim, as onicomicoses interferem na qualidade de vida
do paciente e gera prejuízo estético, refletindo diretamente na auto-estima, vaidade,
discriminação social e no potencial de trabalho do paciente (Lopes et al, 1999).
As onicomicoses, apesar de serem infecções comuns, ainda hoje são de difícil
tratamento e estão associadas a altas taxas de recidiva e a ineficácia terapêutica
(Schroeff et al, 1992). O conhecimento da ecologia, da etiologia e da distribuição da
biota dos seus principais agentes etiológicos permite um melhor entendimento da
história natural, da evolução e pode contribuir no futuro para novas modalidades
terapêuticas.
Nesse estudo retrospectivo, foi realizada análise de todos os exames
micológicos positivos oriundos de pacientes com diagnóstico clinico de onicomicose
Introdução
3
do Laboratório de Micologia da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São
Paulo, no período de janeiro de 2002 à dezembro de 2006.
1.1 . Revisão de literatura
1.1.1. Onicomicose
Onicomicose é uma palavra que vem do grego “ONYCHOS” que significa
unha e “MYCOSIS” infecção por fungos (Rodriguez, Jodra, 2000). O termo
onicomicose é considerado infecção das unhas (leito, matriz ou lâmina ungueal) dos
pés e das os causadas por dermatófitos, leveduras e fungos o dermatófitos
(Rodgers, Bassler, 2001). A onicomicose passa a ser denominada de tinea unguium
ou tinha ungueal quando ocorre a invasão da lâmina ungueal apenas por
dermatófitos (Ramesh et al, 1983; Summerbell, 1997; Evans, 1998; Zaitz, Proença,
1998a).
De acordo com Rodriguez, Jodra, em 2000, as onicomicoses foram incluídas
no grupo das micoses cutâneas por serem usualmente consideradas infecções
fúngicas superficiais e apresentarem uma reação hiperceratósica com destruição da
lâmina ungueal e outras estruturas.
Vários países como Inglaterra, Finlândia, Espanha, Canadá, Índia, Itália,
Dinamarca e Estados Unidos apresentaram estudos de prevalência das
onicomicoses em torno de 2,6% a 13,8% (Roberts, 1992; Heikkilä, Stubb, 1995; Sais
et al, 1995; Gupta et al, 1997a; Ghannoum et al, 2000; Tosti et al, 2000; Svejgaard,
Nilsson, 2004).
Elewski, Charif, em 1997, em Ohio, observaram a prevalência das
onicomicoses em pacientes na faixa etária 10-18 anos, 19-30 anos, e acima de 60
anos, e apresentaram culturas positivas em 1,1%, 2,9% e 28,1% respectivamente.
Elewski, em 1998, relatou uma maior prevalência das onicomicoses em
adultos do que em crianças. Estudou 2.500 pacientes jovens com suspeita clínica de
onicomicose no Canadá e EUA. Apenas 0,44% (N=11) das crianças apresentaram a
doença. O autor justificou a baixa prevalência de onicomicoses nas crianças devido
a um crescimento rápido das unhas, menor incidência de tinha dos pés, menor área
para invasão de fungos e menor exposição aos fungos.
Introdução
4
Vários autores justificam o aumento da prevalência das onicomicoses em
idosos devido a alguns fatores: circulação peririca mais lenta, inatividade,
inabilidade em cortar e cuidar das unhas, presença de comorbidades (diabetes,
trauma ungueal repetitivo, exposição mais prolongada aos fungos patogênicos e
imunidade relativamente mais baixa) (Ghannoum et al, 2000; Gupta et al, 2000a;
Tosti et al, 2005).
As onicomicoses atuam diretamente na qualidade de vida do paciente, e
interferem em sua parte emocional, social e profissional. Vários foram os fatores de
predisposição às onicomicoses citados na literatura, como a prática de esportes
aquáticos (Gudnadottir et al, 1999; Sigugeirssonand, Steingrimsson, 2004),
pacientes fumantes e imunocomprometidos (Gupta et al, 2000a) e fatores genéticos
(Faergemann et al, 2005).
As variantes clínicas das onicomicoses foram classificadas por Zaias em
1972, de acordo com a forma com que o fungo invade a unidade ungueal. São
conhecidas quatro formas clínicas:
1 Onicomicose Branca Superficial (OBS): representa 2 a 5% das onicomicoses
causadas por dermatófitos. Caracteriza-se pela penetração do fungo em direção
ao interior da lâmina ungueal. Elewski, em 1998, considerou como um marcador
clínico precoce da infecção pelo HIV.
2 Onicomicose Subungueal Distal e Lateral (OSDL): a invasão se inicia no
hiponíquio e na borda distal e lateral da lâmina ungueal, estendendo-se de
forma lenta e progressiva até o setor proximal da unha. De acordo com Ballesté
et al (2003) e Sidrim, Rocha (2004) é a forma clínica mais frequente de
onicomicose.
3 - Onicomicose Subungueal Proximal (OSP): o fungo invade o estrato córneo da
dobra ungueal proximal e posteriormente a lâmina ungueal. Ballesté et al
(2003), Sidrim, Rocha (2004) e Fitzpatrick et al (2005) citaram como a variante
clínica menos comum e observada com maior frequência em indivíduos com
imunodeficiência adquirida.
4 Onicodistrofia Total (OT): observa-se o acometimento total da matriz ungueal
que representa 100% da lâmina ungueal. Ballesté et al (2003) e Sidrim, Rocha
(2004) descreveram como estágio final das onicomicoses por dermatófitos,
Candida spp e FFND.
Introdução
5
Tosti et al, em 1998, considera ainda uma quinta classificação denominada
onicomicose endonix, que se caracteriza tanto pela invasão superficial quanto por
invasão profunda da lâmina, provocada principalmente pelo Trichophyton
soudanense e menos frequentemente pelo Trichophyton violaceum. A característica
clínica é a presença de rachaduras lamelares na lâmina e penetração das hifas de
forma característica.
Os dermatófitos são os principais agentes etiológicos das onicomicoses e
representam em torno de 75% dos casos. Summerwell et al, em 1989, isolou
Trichophyton mentagrophytes em 20% dos casos e Roseeuw, em 1999, identificou
Trichophyton rubrum em 70% dos casos como o principal agente etiológico de
onicomicose dos pés. A transmissão ocorre principalmente pela superfície úmida do
solo e menos frequentemente por contato interpessoal. Effendy et al, em 2005,
isolaram a Candida albicans (5,6%) acometendo mais as unhas das mãos que dos
pés e Evans, em 1998, isolaram os FFND em três porcento dos casos sendo que o
principal agente causador de onicomicose por fungo filamentoso não dermatófito foi
o Scopulariopsis brevicallius. Segundo Tosti et al, em 2000, o principal agente
causador de onicomicose por FFND é o Fusarium spp.
Elewski, em 1998, chama atenção para o diagnóstico diferencial das
onicomicoses com outras alterações da lâmina ungueal e podem ser erroneamente
rotuladas como onicomicoses. As doenças mais citadas na literatura são: psoríase,
líquen plano, dermatite de contato, síndrome das unhas amarelas, paquioníquia
congênita, infecções bacterianas, onicodistrofias traumáticas, onicólise idiopática e
tumores ungueais.
1.1.2. Características dos dermatófitos
1.1.2.1. Conceito
Os principais agentes etiológicos das onicomicoses são os dermatófitos.
Dermatófito (dermato=pele; phyto=planta) é um termo impróprio, porém consagrado.
Dermatófitos são agentes infecciosos que frequentemente acometem o homem e
alguns animais e são fungos capazes de determinar infecções de pele, pelos e
unhas conhecidas como tinhas. Esses fungos, em vida parasitária, utilizam a
queratina da pele, dos pelos e das unhas como substrato (Lacaz et al, 2002).
Introdução
6
1.1.2.2. Histórico
Sabouraud, no período de 1890 até 1938, foi o principal autor que fez da
Micologia Dermatológica uma área distinta para novos estudos. Em 1910, lançou o
livro Les Teignes e descreveu a classificação clínica e micológica dos dermatófitos.
Esta classificação foi simplificada por Emmons, em 1934, e baseado nos padrões
morfológicos dos esporos e estruturas especiais, dividiu os dermatófitos em três
gêneros: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton, o que é aceito até hoje
(Weitzman, Summerbell, 1995).
O gênero Microsporum foi descrito por David Gruby, em 1843; o gênero
Trichophyton por Malmsten, em 1845, e o gênero Epidermophyton por Sabouraud,
em 1907.
Em 1959, Dawson e Gentles descreveram o estado perfeito (teleomorfo ou
sexuado) de alguns dermatófitos e de fungos geofílicos não patogênicos (fungos
afins), permitindo grande avanço na taxonomia dos dermatófitos (Rippon, 1988). Os
dermatófitos no estado sexuado ou teleomorfo foram reclassificados no gênero
Arthroderma (Currey, 1854) ou Nannizia (Stockdale, 1961). Weitzman et al, em
1986, concluíram, através de estudos morfológicos que Nannizzia e Arthroderma
constituíam um gênero, tendo sido adotada na taxonomia a denominação
Arthroderma (Weitzman, Summebell, 1995).
Em 1977, Hennebert e Weresub introduziram novos termos, hoje de uso
corrente: anamorfo para a forma reprodutiva assexuada e teleomorfo para a forma
reprodutiva sexuada (Matsumoto, Ajello, 1987).
Matsumoto, Ajello, em 1987, restringiram o termo dermatófito apenas para
designar as espécies (antropofílicas, zoofílicas e geofílicas dos três gêneros)
causadoras de dermatofitoses. As espécies queratinofílicas incapazes de produzir
dermatofitoses foram denominadas espécies correlatas de dermatófitos e as
infecções de pele, pelos e unhas causadas por fungos não dermafitos foram
denominadas dermatomicoses.
Introdução
7
1.1.2.3. Identificação dos dermatófitos
Os dermatófitos são facilmente cultivados em meios artificiais contendo fontes
de carbono e nitrogênio. A identificação pode ser feita por critérios morfológicos,
provas fisiológicas, bioquímicas, imunológicas e moleculares (Souza, 1998; Lacaz et
al, 2002; Zaitz, 2004b).
Devido às semelhanças taxonômicas, morfológicas, fisiológicas e
imunológicas, a identificação das diferentes espécies de dermatófitos muitas vezes
só é possível a partir dos critérios morfológicos, tanto macro como microscópicos.
As características macroscópicas da colônia variam quanto à: coloração do
anverso e reverso, morfologia (plana, elevada, crateriforme, cerebriforme) e textura.
A textura da colônia separa os fungos em dois grandes grupos: leveduras nas quais
as colônias se apresentam de formas pastosas ou cremosas e bolores cujas
colônias podem se apresentar com superfície algodonosa, aveludada, pulverulenta
ou com outras características e com os mais variados tipos de pigmentação (Zaitz,
Proença, 1998a; Zaitz, 2004a).
A unidade estrutural de um fungo é a hifa e o conjunto de hifas é denominado
micélio. O micélio vegetativo é o responsável pela assimilação de nutrientes e o
micélio reprodutivo se diferencia para formar estruturas de frutificação. As
características morfológicas do micélio reprodutivo é que vão permitir a identificação
dos diferentes gêneros e espécies de fungos (Rippon, 1988; Lacaz et al, 2002).
A caracterização microscópica dos três gêneros anamorfos de dermatófitos é
determinada pelos órgãos de reprodução assexuada: macroconídios e microconídios
(Zaitz, Proença, 1998a; Lacaz et al, 2002; Zaitz, 2004a; Sidrim, Rocha, 2004).
O gênero Trichophyton apresenta numerosos microconídios redondos,
unicelulares, de parede fina, isolados ou dispostos em cachos ao longo da hifa, em
grande número. Os macroconídios são mais raros, tendo parede fina e lisa, forma
alongada ou em clava, multisseptados (Lacaz et al, 2002; Sidrim, Rocha, 2004).
O gênero Microsporum apresenta macroconídios numerosos, em forma de
fuso, parede fina e rugosa, septação múltipla (uma a 15 células). Os microconídios
são unicelulares e raramente encontrados ao longo das hifas (Lacaz et al, 2002;
Sidrim, Rocha, 2004).
O gênero Epidermophyton apresenta macroconídios numerosos em forma de
dedos-de-luva, formando cachos. As paredes são lisas e septação, formando
Introdução
8
duas a três células, estando ausentes os microconídios (Lacaz et al, 2002; Sidrim,
Rocha, 2004).
Além de macroconídios e microconídios, várias estruturas vegetativas podem
ser produzidas: hifas em espiral (T. mentagrophytes), hifas em raquete (T.
tonsurans) e candelabros vicos (T. schöenleinii). Muitas espécies de fungos são
polimorfas, ou seja, podem produzir dois ou mais tipos de órgãos de frutificação
(Lacaz et al, 2002; Sidrim, Rocha, 2004).
Os dermatófitos, quando caracterizados microscopicamente por seus conídios
assexuados, estão no estado imperfeito ou conidial, ou seja, atualmente
denominados anamorfos. Quando mecanismos de reprodução são encontrados,
estão no estado perfeito ou ascal, ou seja, teleomorfo. Assim sendo, Trichophyton,
Microsporum e Epidermophyton são considerados gêneros anamorfos (Lacaz et al,
2002; Sidrim, Rocha, 2004).
1.1.2.4. Taxonomia dos dermatófitos
A classificação sistemática dos fungos é um tema ainda controverso. O
esquema proposto por Hawksworth et al e modificado por Matsumoto, Ajello, 1987,
mostra a posição sistemática dos dermatófitos (Quadro 1).
Quadro 1 - Posição sistemática dos dermatófitos e fungos afins (*).
Reino Fungi
Filo
Eumycota
(Reprodução sexuada)
Subfilo
Ascomycotina
Classe
Ascohymenomycetes
Ordem
Onygenales
Família
Arthrodermataceae
Gênero
Arthroderma
(Reprodução assexuada)
Subfilo
Deuteromycotina
Classe
Hyphomycetes
Ordem
Hyphomycetales
Família
Moniliaceae
Gênero
Epidermophyton
Microsporum
Trichophyton
(*) Segundo Hawksworth et al, modificada por Matsumoto, Ajello (1987).
Introdução
9
A classificação dos gêneros anamorfos de dermatófitos é mostrada no
Quadro 2, sendo reconhecidos três gêneros.
Quadro 2 - Classificação atual de dermatófitos e fungos afins. Gêneros anamorfos e
suas espécies (*).
Epidermophyton Sabouraud, 1907
E. floccosum (Hartz) Langeron et Milochevitch, 1930
E. stockdaleae Prochacki et Engelhard-Zasada, 1974
Microsporum Gruby, 1843
M. amazonicum Moraes, Borelli et Feo, 1967
M. anormorph of Arthroderma cookiellum (de Clercq) Weitzman, McGinnis, Padhye et Ajello, 1985
M. audouinii Gruby, 1843
M. boullardii Dominik et Majchorwitz, 1965
M. canis (Bodin) Bodin, 1902 var. canis
M. cookei Ajello, 1959
M. equinum (Delacroix et Bodin) Gueguen, 1904
M. ferrugineum Ota, 1921
M. fulvum Uriburu, 1909
M. gallinae (Megnin) Grigorakis, 1929
M. gypseum (Bodin) Guiart et Grigorakis, 1928
M. nanum Fuentes, 1956
M. persicolor (Sabouraud) Guiart et Grigorakis, 1928
M. praecox Rivalier, 1954
M. racemosum Borelli, 1965
M. ripariae Hubalek e Rush-Munro, 1973
M. vanbreusenghemii Georg, Ajello, Friedman et Brinkman, 1962
Trichophyton Malmsten, 1845
T. ajelloi (Vanbreusenghem) Ajello, 1968
T. concetricum Blanchard, 1895
T. equinum (Matruchot et Dassonville) Gedoelst, 1902
T. flavescens Padhye et Carmichael, 1971
T. georgiae Varsavsky et Ajello, 1964
T. gloriae Ajello, 1967
T. gourvilii Catanei, 1933
T. longifusum (Florian et Galgoczy) Ajello, 1968
T. mariatii Tapia de Fossaert, Mizrachi, Padhye et Ajello, 1980
T. megninii Blanchard, 1896
T. mentagrophytes (Robin) Blanchard, 1896
T. phaseoliforme Borelli et Feo, 1966
T. rubrum (Castellani) Sabouraud, 1911
T. schoenleinii (Lebert) Langeron et Milochevitch, 1930
T. simii (Pinoy) Stockdale, Mackenzie et Austwick, 1965
T. soundanense Joyeux, 1912
T. terrestre Durie et Frey, 1957
T. tonsurans Malmsten, 1845
T. vanbreuseghemii Rioux, Tarry et Tuminer, 1964
T. verrucosum Bodin, 1902
T. violaceum Bodin, 1902
T. yaoundei Cochet et Doby Dubois, 1957
(*) Reproduzido de Matsumoto, Ajello (1987).
Introdução
10
Nas últimas décadas, espécies teleomorfas de dermatófitos foram
descobertas, promovendo mudanças na classificação dos mesmos. O conhecimento
do estado teleomorfo dos dermatófitos permitiu uma classificação mais precisa. A
maioria dos teleomorfos descobertos pertence às espécies geofílicas, enquanto que
as espécies antropofílicas permanecem pouco conhecidas.
O Quadro 3, proposto por Matsumoto, Ajello, em 1987, mostra a relação
entre dermatófitos teleomorfos e anamorfos.
Quadro 3 - Dermatófitos. Relação entre fungos teleomorfos e anamorfos (*).
TELEOMORFOS
Arthroderma Currey ex Berkeley emend.
Weitzman, McGinnis, Padhye et Ajello,1986
ANAMORFOS
Microsporum Gruby, 1843
Trichophyton Malmsten, 1845
A. benhamiae Ajello et Cheng, 1967 T. mentagrophytes**
A. borelli (Moraes, Padhye et Ajello)
Padhye, Weitzman, Mc.Ginnis et Ajello, 1986.
M. amazonicum
A. cajetani (Ajello), Weitzman, McGinnis, et Padhye, 1986 M. cookei
A. ciferrii Varsavsky et Ajello,1964 T. georgiae
A. cookiellum (de Clerq) Weitzman, McGinnis, Padhye et
Ajello,1986
Microsporum anamorfo de
Acookiellum
A. corniculatum (Takashiro et de Vroey)
Weitzman, McGinnis, Padhye et Ajello, 1986
M. boullardii
A. flavescens Padhye et Carmichael, 1971 T. flavescens
A. fulvum (Stockdale) Weitzman, McGinnis, Padhye et Ajello,
1986
M. fulvum
A. gertleri Bonme, 1967 T. vanbreuseghemii
A. gloriae Ajello, 1967 T. gloriae
A. grubyi (Georg, Ajello, Friedman, et Brinkman) Ajello, Weitzman,
McGinnis et Padhye, 1986
M. vanbreuseghemii
A. gypseum (Nannizzi) Weitzman, McGinnis, Padhye et Ajello,
1986
M. gypseum**
A. incurvatum (Stockdale) Weitzman, McGinnis, Padhye et Ajello,
1986
M. gypseum**
A. insingulare Padhye et Carmichael, 1972 T. terrestre**
A. lenticularum Pore, Tsao et Plunkett, 1965 T. terrestre**
A. obtusum (Dawson et Gentles) Weitzman, McGinnis, Padhye et
Ajello, 1986
M. nanum
A. otae (Hlasegawa et Usui) McGinnis, Weitzman, Padhye et
Ajello, 1986
M. canis var. canis
M. canis var. distortum
A. persicolor (Stockdale) Weitzman, McGinnis, Padhye et Ajello,
1986
N. persicolor
A. quadrifidum Dawson et Gentles, 1961 T. terrestre**
A. simii Stockdale, Mackenzie et Austwick, 1965 T. simii
A. racemosum (Rush-Munro, Smith et Borelli) Weitzman,
McGinnis, Padhye et Ajello, 1986
M. racemosum
A. uncinatum Dwason et Gentles, 1961 T. ajelloi (=Keratinomyces
ceretanicus)
A. vanbreuseghemii Takashi, 1973 T. mentagrophytes**
(*) Reproduzido de Matsumoto, AJjello (1987).
(**) Estas espécies anamorfos são consideradas geneticamente complexas, cada uma delas incluindo
pelo menos mais de um teleomorfo.
Introdução
11
Em 1997, Kane descreveu o complexo Trichophyton rubrum com suas
espécies morfológicamente semelhantes, entre elas está o Trichophyton
raubitschekii.
1.1.2.5. Ecologia e epidemiologia dos dermatófitos em relação às
onicomicoses
Matsumoto, Ajello, em 1987, descreveram os dermatófitos de acordo com seus
ambientes naturais e hospedeiros preferenciais em três categorias: geofílicos,
zoofílicos e antropofílicos.
A variação da biota dermatofítica é influenciada por fatores como: idade, sexo,
aspectos sócio-econômicos, modo de vida, influência de animais domésticos,
variações climáticas, correntes migratórias e fatores geográficos, entre outros (Ruiz,
1999).
As espécies antropofílicas têm o homem como hospedeiro. Raramente
infectam animais e não sobrevivem nem proliferam no solo. Os principais
dermatófitos desta categoria, com distibuição universal, são o T.rubrum, E.
floccosum, M.audouinni, T.mentagrophytes var.interdigitale, T.tonsurans e T.
violaceum (Carvalhaes, 2000).
Os fungos geofílicos que o têm a capacidade de infectar tecidos
queratinizados do homem e animais não podem ser classificados como dermatófitos.
São considerados membros geofílicos dos gêneros Trichophyton, Microsporum e
Epidermophyton, ou ainda, “fungos afins”.
Aly, em 1994, sugeriu que os dermatófitos fossem inicialmente sapróbios do
solo que adquiriram a capacidade de digerir restos de queratina e assim se tornaram
queratinofílicos. Alguns desses evoluíram e começaram a parasitar tecidos
queratinizados de animais que viviam próximos ao solo, e foram progressivamente
se adaptando aos animais e perderam a capacidade de sobreviver no solo,
tornando-se zoofílicos. Os dermatófitos antropofílicos teriam sido zoofílicos no
passado, que perderam a capacidade de digerir queratina animal e adquiriram
grande afinidade pela queratina humana.
Alguns dermatófitos são cosmopolitas, ou seja, de distribuição universal,
enquanto outros possuem limites geográficos bem definidos. O estudo dos
dermatófitos de uma determinada região durante um determinado período, permite
Introdução
12
estabelecer as espécies de ocorrência comum ou esporádica dessa região. Permite
também observar as variações em diferentes períodos estudados facilitando assim a
orientação terapêutica a ser utilizada (Londero, 1990; Reis et al, 1992; Zaitz,
Proença, 1998a; Carvalhaes, 2000).
Para melhor visualização da classificação ecológica dos dermatófitos e fungos
afins foi elaborado o Quadro 4.
Quadro 4 - Ecologia dos dermatófitos e fungos afins (*).
DERMATÓFITOS FUNGOS AFINS
NÃO PATOGÊNICOS
Antropofílicos
Cosmopolitas
Zoofílicos Geofilicos Geofílicos
E.floccosum M.canis var canis M. cookei M. anamorph of
A. cookiellum
M. audouinii M. equinum M. gypseum T. ajelloi
T. mentagrophytes
var interdigitale
M. gallinae M. fulvum T. terrestre
T. equinum M. nanum
T. rubrum T. mentagrophytes
var mentagrophytes
T. tonsurans T. verrucosum
T. violaceum
LIMITADOS LIMITADOS
M. ferrugineum M. canis var distortum M. persicolor E. stockdaleae
T. concentricum T. mentagrophytes var
erinacei
M. praecox M. amazonicum
T. gourvilii T. mentagrophytes
var quinckeanum
M. racemosum M. boullardii
T. megninii
M.vanbreuse-ghemii
T. schöenleinii
T. phaseoliforme M. ripariae
T. simii T. flavescens
T.vanbreuse- ghemii T. georgiae
T. soudanense
T. gloriae
T. yaoundei
T. longifusum
(*) Reproduzido de Matsumoto, Ajello (1987).
1.1.2.6. Patogênese das onicomicoses por dermatófitos
O contágio inicial pode ser feito de forma direta (através do contato direto com
seres humanos, animais ou solos contaminados) ou de forma indireta (através de
fômites contaminados).
A colonização do dermatófito começa na camada córnea e sua progressão
depende de fatores inerentes ao fungo, ao hospedeiro e ao local anatômico onde
ocorre a infecção.
Introdução
13
1.1.2.6.1. Fatores inerentes ao fungo
A) Queratinofilia
Define-se como a afinidade dos dermatófitos por queratina sendo esta uma
condição essencial para sua existência.
Cada um dos três gêneros anamorfos possuem afinidades seletivas para os
diferentes tipos de queratina: Microsporum infectam preferencialmente pele e pelo,
enquanto o gênero Epidermophyton infecta a pele e a unha. espécies do gênero
Trichophyton infectam pele, pelos e unhas. Os dermatófitos produzem ceratinases e
outras enzimas proteolíticas. A queratina humana seria, portanto, um substrato ideal
in vivo para o crescimento dos dermatófitos
(Kamalam, Thambiah, 1980; Kamalam,
Thambiah, 1981).
B) Virulência
As espécies antropofílicas são bem adaptadas ao homem e costumam causar
infecções brandas e crônicas. As espécies geofílicas e zoofílicas, menos adaptadas
ao homem, causam geralmente lesões agudas e inflamatórias. O dano ao tecido é
decorrente da destruição da queratina e da resposta imunológica do hospedeiro (Aly,
1994).
1.1.2.6.2. Fatores inerentes ao hospedeiro
A) Integridade da pele
A epiderme íntegra se comporta como barreira natural impedindo a
colonização do fungo. Pequenos traumatismos na superfície da pele são
necessários para instalação da dermatofitose em indivíduos imunocompetentes
(Friedlander et al, 2003).
B) Fatores séricos, graxos e genéticos
A transferrina ligada ao ferro (insaturada) inibe o crescimento de alguns
fungos como o T. mentagrophytes privando-o do ferro, importante fator de
crescimento para o fungo (Artis et al, 1983).
Estudos para avaliar a influência de fatores genéticos na susceptibilidade à
infecção dermatofítica são controversos. Segundo Wanke et al, em 1991, os grupos
sangüíneos do sistema ABO não influenciaram na infecção dermatofítica em estudo
Introdução
14
realizado no Rio de Janeiro. Svejgaard et al, em 1983, não encontraram diferenças
significativas na distribuição dos antígenos de histocompatibilidade (HLA-ABC e
HLA-DR) entre pacientes com dermatofitose crônica e o grupo controle. Técnicas
recentes de definição de HLA por DNA genômico detectaram uma associação
negativa do HLA-B14 com a dermatofitose crônica por T. rubrum, ou seja, indivíduos
que expressam esse antígeno seriam mais resistentes à dermatofitose crônica
(Sadahiro, 1997).
C) Hábitos e costumes
A falta de higiene é um dos fatores responsáveis pela transmissão de
infecção por fungos antropofílicos. Essa transmissão pode ser inter-humana ou
através de fômites (lençóis, toalhas, pentes, bonés) (Towersey et al, 1992). O uso de
sapatos fechados e o aumento da frequência em academias de condicionamento
físico (maior prática de esportes) está relacionado ao aumento das tinhas do e
das unhas por fungos antropofílicos (Zaitz, Proença, 1989; Aly, 1994; Mercantini et
al, 1996; Marchisio et al, 1996; Gudnadottir et al, 1999; Sigurgeirsson,
Steingrimsson, 2004). Os dermatófitos têm sido isolados não do de
residências de pacientes, mas também do piso de banheiros públicos e piscinas
(Ninomiya et al, 1998).
1.1.3. Características dos fungos filamentosos não dermatófitos
1.1.3.1. Conceito
Dermatomicose é o termo utilizado para denominar as micoses provocadas
por uma variedade de fungos filamentosos não dermatófitos que produzem lesões
na pele, pelo e unhas, clinicamente semelhantes às dermatofitoses (Zaitz, 1998d).
1.1.3.2. Histórico
Gentle, Evans, em 1933, descreveram pela primeira vez a presença de lesões
nas unhas e nos pés provocadas por Hendersonula toruloidea, fungo considerado
não patogênico ao homem (Zaitz, 1998d). Os mesmos autores, em 1970,
descreveram Scytalidium lignicola, hoje denominado Scytalidium dimidiatum, como
Introdução
15
patógeno humano. Campbell, Mulder, em 1977, observaram uma segunda espécie
de Scytalidium: o Scytalidium hyalinum.
1.1.3.3. Identificação dos fungos filamentosos não dermatófitos
A alteração ungueal provocada pelo Scytalidium dimidiatum ou Scytalidium
hyalinum é indistinguível da alteração ungueal provocada pelos dermatófitos. Os
filamentos de Scytalidium são frequentemente sinuosos com aparência de duplo
contorno e de largura variável, dando um aspecto de pinçamento. É possível
distinguir as hifas dos FFND dos dermatófitos no exame direto das hifas, desde que
o examinador tenha experiência em laboratório de micologia médica (Moore, 1986;
Elewski, Greer, 1991).
Diante de uma suspeita de infecção por Scytalidium, é essencial que se faça
a cultura em meio com e sem cicloheximida. Em meio adequado, ambas as espécies
de Scytalidium crescem rapidamente e ocupam toda a placa de Petri em três dias a
uma temperatura de 26°C. Scytalidium dimidiatum produz um micélio aéreo, fibroso,
inicialmente branco, tornando-se gradativamente cinza e depois negro. Os achados
na microscopia incluem hifas pigmentadas, septadas de várias larguras e cadeias de
artroconídios. Em relação ao Scytalidium hialinum, apresenta colônia clara com hifas
hialinas e artroconídios (Lacaz et al, 2002).
O gênero Aspergillus apresenta algumas espécies importantes: Aspergillus
niger, Aspergillus fumigatus, Aspergillus flavus. A presença de hifas hialinas
septadas na amostra clínica, associada a três amostras de cultura positiva, é um
indicativo de diagnóstico correto. O exame microscópico direto tem pouca utilidade,
pois o fungo pode ser um contaminante. A cultura é feita em Ágar-Sabouraud
dextrose com cloranfenicol sem cicloheximida, 25 a 37°C, a partir do fragmento do
tecido. A colônia é filamentosa, aspecto pulverulento devido à cabeça aspergilar,
podendo ter várias colorações: amarelada, preta, verde entre outras. À microcultura,
aparecem hifas hialinas septadas, conidióforo longo com vesícula globosa na
extremidade, coberta por fiálides que dão origem aos conídios (Lacaz et al, 2002).
No gênero Fusarium o exame micológico direto apresenta-se com hifas
septadas hialinas e ramificadas. A cultura deve ser realizada em Ágar Sabouraud
dextrose sem cicloheximida, apresentando-se como colônia filamentosa branca no
anverso e pigmento róseo, alaranjado ou violeta difundido no reverso. A microcultura
Introdução
16
caracteriza-se por hifas hialinas, macroconídios septados fusiformes e afilados, além
de microconídios unicelulares ovóides (Lacaz et al, 2002).
O gênero Acremonium também aparece em exame micológico direto com
hifas septadas hialinas e ramificadas e deve ter sua cultura feita em meio Ágar
Sabouraud-dextrose sem cicloheximida, apresentando como características ser
colônia filamentosa de coloração creme, cinza, rósea ou marrom. Na microcultura
observam-se hifas hialinas septadas. Conídios em forma de salsicha, mantendo-se
em pequenos aglomerados devido à substância mucóide (Lacaz et al, 2002).
A espécie Scopulariopsis brevicallius apresenta-se ao micológico direto com
hifas longas e numerosos conídios com paredes espessas em forma de limão. A
cultura também é realizada em meio Ágar Sabouraud-dextrose com cloranfenicol
sem cicloheximida. A colônia apresenta-se com numerosos grãos marrons. Na
microcultura observam-se numerosos conidióforos bifurcados com cadeias em forma
de limão (Tosti et al, 1996).
1.1.3.4. Taxonomia
Embora vários fungos filamentosos não dermatófitos tenham sido isolados
de unhas, somente algumas espécies são identificadas como agentes de
onicomicose. Estes incluem Scopulariopsis brevicaulis, Fusarium spp, Acremonium
spp, Aspergillus spp, Scytalidium spp e menos frequentemente Onichocola
canadensis (Tosti et al, 2000). Zaitz, em 1998d, citou outros FFND agentes de
onicomicose: Hendersonula toruloidea, Pyrenochaeta ungueum hominis,
Chaetonium globosum Kunze, Chaetoma dermo-unguis sp.
Em um estudo realizado por Bonifaz et al, no México, em 2007, observou-se
78 casos de onicomicose causada por fungo não dermatófito e estavam incluídas
várias espécies entre elas: Scopulariopsis brevicaulis, Aspergillus niger, Aspergillus
terreus, Aspergillus fumigatus, Aspergillus flavus, Fusarium oxysporum, Fusarium
solani, Cladosporium spp, Alternaria alternata, Curvularia lunata, Cephalosporium
spp (Acremonium spp).
1.1.3.5. Ecologia e epidemiologia
Na realidade nenhum dos fungos filamentosos não dermatófitos é
Introdução
17
considerado queratinofílico. Todos vivem à custa do cimento intercelular ou da
queratina desnaturada previamente, por trauma ou doença. São considerados
invasores secundários, mas permanecem colonizando ativamente a epiderme (Zaitz,
1998d).
Os FFND fazem parte de um grupo amplo e heterogêneo, que têm seu habitat
em plantas e solos. Alguns autores citam a possibilidade de transmissão
antropofílica de Hendersonula toruloides e Scytalidium hialinum em pacientes que
residem ou visitam áreas em que o fungo é prevalente (Elewski, Greer, 1991). São
considerados como fungos contaminantes, sapróbios e agentes oportunistas, porém
nos últimos anos tem aumentado sua frequência entre as onicomicoses (Gianni et al,
2000).
A prevalência e a ecologia da onicomicose por FFND variam de acordo com a
região geográfica.
1.1.3.6. Onicomicose por FFND e sua patogenia
Uma das questões mais controversas no diagnóstico da onicomicose é como
identificar uma infecção ungueal causada por um fungo filamentoso de
comportamento geralmente sapróbio. Geralmente os fungos sapróbios,
diferentemente dos dermatófitos e de espécies de Scytalidium isoladas em regiões
tropicais, não devem ser considerados patogênicos toda vez que são isolados
(Summerbell, 1997).
Muitos destes fungos, na verdade, são mais comumente vistos como
contaminantes de unhas do que como agentes etiológicos de tais infecções. Devido
a essas questões, são estabelecidos critérios diagnósticos para a infecção ungueal
por fungos oportunistas: o exame micológico direto deve demonstrar formas
invasivas de elementos fúngicos, compatíveis com o fungo isolado; isolar o agente
causal suspeito sucessivamente em duas ou mais ocasiões distintas; ausência de
crescimento de dermatófito ou de Scytalidium spp (Gupta et al, 2001).
A frequência da onicomicose por FFND varia de 2% a 22% nos diferentes
estudos (Ghannoum et al, 2000; Gianni et al, 2000; Gupta et al, 2000c; Tosti et al,
2000; Araújo et al, 2003b). Em uma revisão realizada por Crespo, em 2002, dos 319
pacientes estudados em Málaga, 7,5% deles apresentavam onicomicose causada
por FFND. Segundo este mesmo autor, os principais agentes encontrados foram:
Introdução
18
S. brevicaulis, Aspergillus sydowii, Acremonium spp e Fusarium spp.
1.1.4. Características das leveduras
1.1.4.1. Conceito
Geralmente, as leveduras do gênero Candida são agentes de onicomicose
causadas pelas leveduras.
1.1.4.2. Histórico
Em 1842, Gruby descrevia o sapinho das crianças. Robin, em 1853,
descreveu o parasita como sendo Oidium albicans, denominação que perdurou
muito tempo juntamente com a de Monilia albicans. Foi em 1923 que Berkhout criou
o gênero Candida, que é aceito até hoje (Carvalhaes, 2000).
1.1.4.3. Identificação das leveduras
Nas onicomicoses por Candida spp, o exame direto do material clínico pode
ser realizado com potassa (KOH) ou coloração pelo método de Gram (são Gram
positivas), onde são observados blastoconídios com brotamento único e pseudo-
hifas. A presença de células leveduriformes somente, mesmo que em abundância,
pode significar meramente colonização (Summerbell, 1997).
Na cultura, as várias espécies de Candida desenvolvem-se em meio Ágar-
Sabouraud-dextrose, acrescido de antibacterianos, apresentando-se como colônias
com coloração de branca a creme, cuja consistência é cremosa. Nas bordas e no
reverso do meio de cultura, é visualizado um aspecto arborescente, que
microscopicamente, corresponde à presença de pseudo-hifas (pseudomicélio ou
micélio gemulante). Segundo Elewski, em 1998, o resultado da cultura deve ser
interpretado com cautela, que as unhas não são estéreis e fungos contaminantes
podem obscurescer o verdadeiro patógeno ungueal.
Para identificar a Candida albicans podem-se usar duas provas morfológicas:
a formação do tubo germinativo (efeito Reynolds-Braude) que é simples, rápida e
realizada em soro fetal bovino e a presença de clamidósporos que o esporos
Introdução
19
arredondados, parede dupla, isolados ou grudados à parede da pseudohifa,
cultivados em meio rico em amido.
1.1.4.4. Taxonomia
O gênero Candida compreende mais de uma centena de espécies, das quais
somente oito possuem verdadeira importância como patógenos para a espécie
humana:
Candida (Torulopsis) glabrata
Candida krusei
Candida kefyr
Candida guilliermondii
Candida parapsilosis
Candida tropicalis
Candida lusitaniae
Das espécies citadas, apenas quatro tem teleomorfos conhecidos, todos do
filo Ascomycota: Issatchenkia orientalis (C. krusei), Kluyveromyces marxianus (C.
kefyr), Pichia guilliermondii (C. guilliermondii) e Clavispora lusitania (C. lusitaniae)
(Guillot, 1996; Crespo et al, 2006).
1.1.4.5. Ecologia e epidemiologia
A Candida albicans é a espécie mais isolada nos quadros patológicos, e
também é a mais comum como simples sapróbio em todas as localizações do corpo
humano, em particular o aparelho digestivo (0-55%), a vagina (2-68%) e a cavidade
oral (2-41%) (Odds, 1988).
A distribuição das leveduras do gênero Candida é muito ampla, tanto no meio
ambiente como fazendo parte da microbiota normal do homem, acometendo
mucosas, pele e anexos. São consideradas cosmopolitas. Frequentemente isolam-
se várias espécies de Candida da microbiota normal da boca, dobras da pele,
orofaringe, intestino, vagina e escarro. A Candida albicans pode estar presente em
solo e água, quando estes são contaminados por dejetos humanos e de animais.
(Zaitz, 1998c).
Introdução
20
A incidência é muito variável, desde porcentagens baixas nos indivíduos
imunocompetentes, até índices superiores a 50%, dependendo do estado de saúde
do paciente, alimentação e meio sócio-econômico em que vive (Carvalhaes, 2000).
A C. parapsilosis é frequentemente isolada na região ungueal, tanto em
condições normais como em onicomicoses (Ceballos, 2006).
1.1.4.6. Patogenia das candidoses
A candidíase é uma infecção de origem endógena, que o paciente é o
portador de seu agente causal. Ela expressa muito bem a variedade completa de
relações que ocorrem entre o hospedeiro e a microbiota autócne, ou seja, do
comensalismo à doença sistêmica.
As manifestações de virulência dos fungos oportunistas estão intimamente
relacionadas com a presença de fatores predisponentes intrínsecos do paciente
como a idade avançada, prematuridade, gravidez, neoplasias, hemopatias, fatores
genéticos deficiências congênitas de ferro e zinco, endocrinopatias, avitaminoses,
tuberculose, Aids, aumento da sobrevida de doentes graves e fatores extrínsecos
como: antibacterianos, uso de anticoncepcional, corticóides, agentes neoplásicos,
intervenções cirúrgicas, umidade, maceração cutânea, trauma nas unhas, sapatos
apertados e não arejados, uso de piscinas públicas, ginásios ou duchas
comunitárias (Levy, 1997; Zaitz, 1998c; Baran, Kaukhov, 2005). Deve-se levar em
consideração também os fatores de virulência das leveduras como o fenômeno de
aderência, a forma miceliana, a variabilidade fenotípica, a produção de enzimas
extracelulares (proteases e lípases), as toxinas, entre outros que favorecem ao
aparecimento da doença (Levy, 1997; Zaitz, 1998c; Sampaio, Rivitti, 2001).
1.1.4.7. Onicomicoses provocadas por leveduras
As leveduras são componentes da microbiota normal de mucosas, pele e
anexo, e até pouco tempo eram consideradas agentes contaminantes, sem
importância clínica. Porém, na atualidade têm sido consideradas responsáveis por
número expressivo de casos de onicomicose.
A Candida albicans tem apresentado importância significativa, considerada
patógeno primário em onicólise de unhas das mãos, particularmente em pacientes
Introdução
21
portadores de doença vascular periférica e Síndrome de Cushing (Hay et al, 1988). A
onicomicose da mão é mais diagnosticada do que a infecção do pé por chamar mais
a atenção médica, mas certamente é menos frequente (Gupta et al, 1997a).
Segundo Gupta et al, em 2004, as espécies mais comumente isoladas nas
onicomicoses provocadas por leveduras o C.albicans e C.parapsilosis. De acordo
com alguns estudos, as leveduras foram responsáveis por 1,7 a 2,8% dos casos de
onicomicose nos pododáctilos e variando de 50 a 84,4% dos casos nos quirodáctilos
(Gupta et al, 1997a; Lopes et al, 1999).
Estudos realizados em Roma (Mercantini et al, 1996), na Líbia (Ellabib et al,
2002) e na cidade do Rio de Janeiro (Araújo et al, 2003a), as onicomicoses
causadas por leveduras representaram 75%, 59,10% e 49,10% respectivamente.
Araújo et al (2003b) e Martelozzo et al (2005) isolaram leveduras em 26,1% e
37% das onicomicoses dos pododáctilos e em 93,4% e 76% dos quirodáctilos
respectivamente.
A onicomicose por leveduras costuma associar-se a infecções cutâneas,
paroníquias e candidíase mucocutânea, sendo muitas vezes considerada infecção
secundária (Baran, Kaoukhov, 2005; Oliveira et al, 2006). A onicomicose por
leveduras é mais prevalente no sexo feminino do que o masculino com incidência
maior entre 40 e 60 anos de idade (Souza et al, 2007).
Em estudo recente Souza et al, em 2007, descreveram as seguintes espécies
de leveduras como agentes de onicomicose, em 353 amostras isoladas em Maringá
no período de 1997 a 2004: Candida albicans, Candida famata, Candida glabrata,
Candida guilliermondii, Candida krusei, Candida lypolitica, Candida lusitaniae,
Candida parapsilosis, Candida rugosa Candida stellatoidea, Candida tropicalis,
Geotrichum candidum, Malassezia pachydermatis, accharomyces cerevisiae,
Trichosporon asahii, Trichosporon inkin, Trichosporon mucoides, Trichosporon
ovóides.
1.1.5. Características das algas do gênero Prototheca
1.1.5.1. Conceito
A Ficologia médica é o estudo das algas que provocam doença nos homens e
nos animais. As algas procariotas são representadas pelas algas azuis da
Introdução
22
subdivisão Cyanophyta. As algas eucariotas são representadas por várias divisões,
com destaque maior para Clorophyta, que englobam as algas verdes (Chlorella) e as
aclorofiladas (Prothoteca). As algas do gênero Prototheca pertencem ao Reino
Protista.
Prototecoses são infecções causadas por algas do gênero Prototheca, família
Chlorellaceae. As prototecas diferenciam-se das clorelas pela ausência de
cloroplastos e grânulos citoplasmáticos. São, portanto, aclorofiladas e heterotróficas,
requerendo fontes externas de Carbono e Nitrogênio. A prototecose afeta homens e
animais, localizando-se com maior frequência em pele e subcutâneo, podendo haver
disseminação sistêmica (Zaitz, 1998e).
1.1.5.2. Histórico
Kruger, em 1894, isolou microorganismos unicelulares não-pigmentados na
seiva de árvores. Foram classificados como leveduras e denominados prototecas.
Em 1916, West reclassificou-as como algas, pois seus esporos são
produzidos por septação interna como as clorelas. Davies e colaboradores, em
1964, descreveram o primeiro caso de prototecose no homem, em um trabalhador
de arroz na África. O agente isolado foi a Prototheca zopfii (Zaitz, 1998e).
1.1.5.3. Taxonomia
As algas do gênero Prototheca são unicelulares, esféricas, medindo de 1,2-
13,4 µm a 1,3-16,1 µm. A reprodução é assexuada por septação interna com
produção de endósporos, dando o aspecto característico de mórula ou esporângio.
Foram identificadas quatro espécies do gênero:
Prototheca zopfii
Prototheca moriformes
Prototheca wickerhamii
Prototheca stagnora
Alguns autores consideram a P. moriformes como uma variante da P. zopfii.
Nas infecções em homens e animais, foram isoladas P. zopfii e P. wickerhamii
(Zaitz, 1998e).
Introdução
23
1.1.5.4. Identificação
O exame microscópico direto é pouco utilizado, pois as formas unicelulares
são facilmente confundidas com leveduras. Ele pode ser realizado a partir de
secreções coletadas nas lesões ou imprint em lâmina de fragmento de biópsia.
Além do exame direto, o material também é semeado em Ágar-Sabouraud-
dextrose sem cicloheximida, em temperatura variando de 25 a 37°C. Após 48 horas
é possível visualizar a colônia. O exame histopatológico, corado por PAS, Gomori
ou Gridley, mostra hiperplasia pseudo-epiteliomatosa com reação granulomatosa
crônica e pequena resposta inflamatória. A Prototheca é facilmente encontrada nos
cortes, geralmente na derme papilar. Apresenta-se nas formas unicelular, células
com septação interna e esporângio ou mórula.
P. zopfii (Kruger, 1894): na cultura apresenta-se como colônia leveduriforme
branca. Na microscopia ocorrem autosporos esféricos, medindo de 9 a 11 um;
esporângios medindo de 14 a 25 um. É capaz de assimilar n-propanol.
P. wickerhamii (Tubaki, Soneda, 1959): na cultura apresenta-se como colônia
leveduriforme creme. Na microscopia ocorrem autósporos esféricos menores (4 a 5
um) e mais numerosos (acima de 50 por teça). Esporângios variam de 7 a 13 um. É
capaz de assimilar trealose.
P. stagnora (Cooke, 1918): na cultura apresenta-se como colônia branca
mucóide, não cresce a 37°C. Na microscopia ocorrem células elipsóides, tamanhos
semelhantes aos da P.wickerhamii, presença de cápsula. Assimila sacarose (Zaitz,
1998e).
1.1.5.5. Ecologia e epidemiologia
As algas do gênero Prototheca têm distribuição universal, tendo sido isoladas
no solo, água (esgoto doméstico, piscina, rios, águas de chuva) e animais (bovinos,
ovinos, suínos, felinos e caninos). No homem relato do encontro da prototeca na
pele, no trato gastrointestinal, na urina, e no escarro, sem, contudo provocar
infecção. Nesses casos é considerada como biota transitória adquirida de fontes
contaminadas.
A infecção ocorre por inoculação do agente através de traumas, laceração de
partes moles, cirurgias e exposição profissional. As formas sistêmicas estão
Introdução
24
associadas à imunodeficiência do hospedeiro (Zaitz, 1998e).
1.1.5.6. Patogenia e quadro clínico
A patogênese é incerta, uma vez que a Prototheca spp tem prevalência
extensa na natureza e a infecção é rara. A virulência é baixa em indivíduos
imunocompetentes. Infecção experimental em animais é raramente obtida,
dificultando os estudos mais aprofundados.
A apresentação clínica mais frequente é a cutânea, caracterizada por lesões
únicas ou múltiplas, geralmente em áreas expostas. Desencadeadas por traumas,
as lesões tem evolução lenta. São observados pápulas, nódulos, ulcerações, lesões
granulomatosas ou herpetiforme. A infecção oportunista costuma acometer
pacientes transplantados renais, diabéticos (Zaitz, 1998e).
Nas unhas apresenta-se clinicamente com hiperceratose subungueal de
coloração amarelada. A patogenicidade e a virulência da Prototheca spp são
moderadas e ela é considerada rara como agente oportunista. Amostras isoladas
podem indicar colonização transitória não patogênica, mas isolamentos repetidos
indicam patogenicidade (Zaitz et al, 2006).
25
2. OBJETIVOS
26
Objetivos
Os objetivos deste trabalho foram:
1- Analisar a sensibilidade dos métodos de diagnóstico laboratorial para as
onicomicoses no Laboratório de Micologia Médica da Clínica de
Dermatologia da Santa Casa de São Paulo.
2- Analisar a distribuição dos casos de onicomicose de acordo com os
principais agentes etiológicos: dermatófitos, fungos filamentosos não
dermatófitos (FFND), leveduras e protistas.
3- Analisar a distribuição dos casos de onicomicose em relação aos dados
demográficos: sexo e idade.
4- Analisar a possível variação sazonal dos casos em relação aos principais
agentes etiológicos.
27
3. CASUÍSTICA E MÉTODO
28
Casuística e Método
Identificação do Agente Etiológico
5407 pacientes com suspeita clínica de onicomicose
foram encaminhados Laboratório de Micologia
no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006
3.822 confirmaram diagnóstico laboratorial de onicomicose
Idade
Sexo
Dados
Demográficos
Exame
Microscópico
Direto
e/ou
Cultura
Estudo
Macroscópico
Dermatofitos
Leveduras
FFND
Protista
Estudo
Microscópico
Dermatofitos
Leveduras
FFND
Protista
Distribuição
onicomicose
Ano
Estação do ano
Faixa Etária
Sexo
Localização
Agente Etiológico
3.1. Considerações gerais
Trata-se de um estudo descritivo realizado na Clínica de Dermatologia da
Santa Casa de São Paulo, através da revisão dos resultados de exames micológicos
realizados no período de janeiro de 2002 até dezembro de 2006.
Todos os pacientes atendidos no ambulatório de Dermatologia que
apresentam, entre as hipóteses diagnósticas, suspeita clínica de onicomicose são
submetidos ao exame micológico para confirmação do diagnóstico de onicomicose.
Os reagentes, meios de culturas, equipamentos e material de consumo
utilizados na rotina do laboratório de micologia dica da Clínica de Dermatologia
da Santa Casa de São Paulo estão relacionados no Anexo A. As fórmulas estão
indicadas no Anexo B e as descrições de técnicas e testes biológicos encontram-se
no Anexo C.
29
Casuística e Método
A seguir, descreveremos a metodologia utilizada no Laboratório de Micologia
Médica da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo para a realização
dos exames micológicos.
3.2. Procedimentos laboratoriais
3.2.1. Exame microscópico direto
O material é obtido através de raspagem das escamas com um explorador
dentário, uma cureta de unhas e examinado entre lâmina e lamínula após
clarificação com hidróxido de potássio a 20%, adicionado de dimetil-sulfóxido (Anexo
B). Os elementos fúngicos são identificados de acordo com a sua forma parasitária:
1- Presença de hifas septadas hialinas são considerados característicos de
dermatófitos e/ou fungos filamentosos não dermatófitos hialinos (Fig.1a).
Figura 1a- Exame microscópico direto (KOH 20% + DMSO)- presença
de hifas septadas hialinas características de dermatófitos
e/ou fungos filamentosos não dermatófitos hialinos (FFND).
2- Presença de hifas septadas demáceas são considerados característicos fungos
filamentosos não dermatófitos demáceos (Fig.1b).
30
Casuística e Método
Figura 1b- Exame microscópico direto (KOH 20% + DMSO) presença
de hifas septadas demáceas características de fungos
filamentosos não dermatófitos demáceos (FFND).
3- Presença de células leveduriformes e pseudofilamentos ou pseudohifas
característicos de leveduras (Fig. 2)
Figura 2- Exame microscópico direto (KOH 20% + DMSO) - presença de
células leveduriformes e pseudo- filamentos ou pseudohifas.
4- Presença de estruturas em forma de mórula sugestivas de prototeca (Fig. 3)
(Lacaz et al, 2002; Zaitz et al, 2006).
31
Casuística e Método
Figura 3- Exame microscópico direto (KOH 20% + DMSO)- presença de
estruturas em forma de mórula (seta).
3.2.2. Cultura
3.2.2.1. Isolamento e identificação dos dermatófitos
3.2.2.1.1. Aspectos macroscópicos
Os meios de cultivos para isolamento e análise morfológica das espécies de
dermatófitos são os meios de Sabouraud com cloranfenicol e de Sabouraud com
cicloheximida. Em nosso laboratório, o material é semeado em três tubos dos meios
citados e o tempo de crescimento dos dermatófitos é observado em torno de 15 dias
para que possa ocorrer maturação completa das estruturas fúngicas (Lacaz et al,
2002; Sidrim, Rocha, 2004) (Fig. 4).
3.2.2.1.2. Aspectos microscópicos
Utiliza-se a técnica de microcultivo em lâmina e testes biológicos para a
identificação e determinação do gênero e da espécie dos dermatófitos (Anexo C)
(Fig. 4).
32
Casuística e Método
Trichophyton rubrum
Trichophyton mentagrophytes
Trichophyton tonsurans
Figura 4- Aspectos macroscópicos e microscópicos dos dermatófitos.
33
Casuística e Método
3.2.2.2. Isolamento e identificação dos fungos filamentos não
dermatófitos (FFND)
3.2.2.2.1. Aspectos macroscópicos
O meio de cultivo utilizado para isolamento e análise morfológica das
espécies de FFND é o meio de Sabouraud com cloranfenicol. Em nosso laboratório,
o material é semeado em três tubos de ensaio dos meios citados e o tempo de
crescimento dos FFND é observado em torno de 15 dias para que possa ocorrer
maturação completa das estruturas fúngicas (Lacaz et al, 2002; Sidrim, Rocha,
2004) (Fig. 5).
O FFND é um fungo saprófita e é considerado como agente etiológico de
onicomicose quando o isolamento ocorre nas seguintes condições estabelecidas no
nosso laboratório: primeira coleta de material clínico e isolamento do FFND;
segunda coleta de material clínico ocorre após sete dias da primeira coleta e novo
isolamento do FFND e terceira coleta de material clínico após sete dias da segunda
coleta e novo isolamento do FFND.
3.2.2.2.2. Aspectos microscópicos
Utiliza-se a técnica de microcultivo em lâmina para a identificação e
determinação do gênero e da espécie dos fungos filamentosos não dermatófitos
(Anexo C) (Fig. 5).
34
Casuística e Método
Aspergillus spp
Fusarium spp
Acremonium spp
Figura 5- Aspectos macroscópicos e microscópicos dos fungos filamentosos não dermatófitos
(FFND).
35
Casuística e Método
3.2.2.3. Isolamento e identificação das leveduras
3.2.2.3.1. Aspectos macroscópicos
O meio de cultivo para isolamento e análise morfológica das espécies de
leveduras é o meio de Sabouraud com cloranfenicol. O tempo de crescimento das
leveduras é observado em torno de sete dias para que possa ocorrer maturação
completa das estruturas ngicas. O aspecto macroscópico da levedura é de
consistência cremosa com coloração de branca a creme (Lacaz et al, 2002; Sidrim,
Rocha, 2004) (Fig. 6).
3.2.2.3.2. Aspectos microscópicos
Utiliza-se a técnica de microcultivo em mina com meio de cultivo com ágar–
fubá para a identificação e determinação do gênero e da espécie das leveduras
(Lacaz et al, 2002; Sidrim, Rocha, 2004).
A Candida albicans caracteriza-se pela presença de clamidoconídios ou
clamidosporos, esporos arredondados, de parede dupla, isolados ou agrupados na
extremidade das pseudohifas (Fig. 6).
O gênero Trichosporon caracteriza-se pela presença de esporos
arredondados com ou sem gemulação simples e artroconídeos (Fig. 6).
36
Casuística e Método
Candida albicans
Trichosporon spp
Figura 6- Aspectos macroscópicos e microscópicos das leveduras.
3.2.2.4. Isolamento e identificação do gênero Prototheca
3.2.2.4.1. Aspectos macroscópicos
O meio de cultivo para isolamento e análise morfológica das espécies é o
meio de Sabouraud com cloranfenicol. O tempo de crescimento da Prototheca spp é
observado em torno de sete dias. O aspecto macroscópico da Prototheca spp é de
consistência cremosa com coloração de branca a creme (Lacaz et al, 2002; Sidrim,
Rocha, 2004) (Fig. 7).
37
Casuística e Método
3.2.2.4.2. Aspectos microscópicos
Retira-se um inóculo da cultura a ser identificada e coloca-se em lâmina com
corante lacto-fenol azul de algodão e observa-se as estruturas em forma de mórula
(Fig. 7). A identificação das espécies é realizada através de testes bioquímicos
(Lacaz et al, 2002; Sidrim, Rocha, 2004).
Prototheca wickerhami
Figura 7- Aspectos macroscópicos e microscópicos do gênero Prototheca.
3.3. Análise estatística
Para a análise dos resultados, foi utilizado o teste qui-quadrado no MINITAB
14 e as tabelas em EXCEL 2007, para a caracterização da amostra de material
clínico obtido de unhas de pacientes com suspeita de onicomicose, para avaliar a
associação entre as variáveis idade, sexo, resultado do exame, local acometido,
estação do ano, ano e agente etiológico. Em todos os testes, fixou-se em 0,05 o
nível de significância.
38
4. RESULTADOS
39
Resultados
4.1. Caracterização das amostras estudadas
4.1.1. Exame microscópico direto e cultura
No período compreendido entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006, foram
realizados 5.407 exames micológicos com suspeita clínica de onicomicose de 3.541
pacientes de qualquer idade, sexo e cor, que foram analisados segundo exame
microscópico direto e/ou cultura. Desse total de exames, 71% (3.822/5.407) foram
positivos para diagnóstico laboratorial de onicomicose. Dos exames micológicos
restantes que foram analisados, 29% (1.585 / 5.407) foram negativos (Gráfico 1).
Gráfico 1- Resultados dos exames analisados (exame microscópico direto e/ou
cultura) em pacientes com diagnóstico clínico de onicomicose no
laboratório de Micologia da Clínica de Dermatologia da Santa Casa
de São Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
No Gráfico 2 podemos observar a distribuição dos exames micológicos
analisados, a partir dos casos de onicomicose confirmados laboratorialmente através
dos exames microscópico direto e cultura.
40
Resultados
Gráfico 2- Distribuição dos 3.822 exames microscópicos diretos e culturas em pacientes com
diagnóstico clínico de onicomicose no laboratório de Micologia da Clínica de
Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro
de 2006.
4.1.2. Onicomicose – faixa etária e sexo
Em relação à faixa etária, podemos observar na tabela abaixo que das 3.822
amostras com diagnóstico de onicomicose, 60% (2.287/3.822) apresentam dados de
idade, com a idade mínima de três meses (0,25 anos) e a idade máxima de 98 anos.
A idade média foi de 46,9 anos, com desvio padrão de ± 17,02; observando-se um
coeficiente de variação de 36,3%, concluindo-se que a medida mais representativa
da idade desta população seria a mediana: 47 anos de idade (Tab. 1).
Tabela 1- Análise descritiva da faixa etária das amostras dos pacientes com
diagnóstico clínico e laboratorial de onicomicose no laboratório de
Micologia da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no
período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
FAIXA ETÁRIA
Média 46,9
Mediana 47,0
Moda 47,0
Desvio Padrão 17,02
Mínimo 0,25
Máximo 98
Nº de Amostras 2.287
41
Resultados
O Gráfico 3 mostra a distribuição do total das amostras dos pacientes
analisados em relação à faixa etária. A maioria das amostras dos pacientes (60%)
encontra-se na faixa etária de 31 a 60 anos.
Gráfico 3- Distribuição da faixa etária das amostras dos pacientes com diagnóstico clínico e
laboratorial de onicomicose no laboratório de Micologia da Clínica de Dermatologia da
Santa Casa de São Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
No Gráfico 4 analisamos a faixa etária por intervalos: 0 a 10 anos
representando a infância (1%), de 11 a 60 anos representando os jovens e adultos
(76%) e acima de 60 anos ( 23%) os idosos.
42
Resultados
Gráfico 4- Distribuição da faixa etária em: infância, jovens/adultos e idosos,das amostras
dos pacientes com diagnóstico clínico e laboratorial de onicomicose, no
laboratório de Micologia da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São
Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
Pode-se observar no Gráfico 5, a distribuição em relação ao sexo dos 3.822
exames micológicos positivos para diagnóstico laboratorial de onicomicose. 2.527
pacientes eram do sexo feminino (66%) e 1.295 do sexo masculino (34%).
Gráfico 5- Distribuição em relação ao sexo das amostras dos pacientes com
diagnóstico clínico e laboratorial de onicomicose, no laboratório de
Micologia da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo
no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
43
Resultados
Na Tabela 2 observa-se a distribuição segundo a faixa etária e sexo nos
casos de onicomicose.
Tabela 2- Distribuição das amostras dos pacientes com diagnóstico clínico e
laboratorial de onicomicose no laboratório de Micologia da Clínica de
Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período entre janeiro de
2002 e dezembro de 2006 quanto à faixa etária e sexo
RESULTADO POSITIVO
Faixa Etária Feminino Masculino Total %
0 - 10 8 16 24 1,05%
11 - 20 65 38 103 4,50%
21 - 30 165 106 271 11,85%
31 - 40 207 141 348 15,22%
41 - 50 391 122 513 22,43%
51 - 60 345 150 495 21,64%
61 - 70 196 90 286 12,51%
71 - 80 124 80 204 8,92%
81 - 90 34 6 40 1,75%
91 - 100 3 3 0,13%
Total 1538 749 2287 100%
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, feito para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e faixa etária dos pacientes por sexo, mostrou
que existe diferença (p<0,0001) entre a porcentagem de resultado positivo
encontrado em relação à faixa etária dos pacientes por sexo, para o nível de
significância adotado, ou seja, a maior incidência de resultados positivos é na faixa
de 31 a 60 anos para o sexo feminino.
4.1.3. Onicomicose – estação do ano e distribuição anual
A distribuição das onicomicoses em relação a estação do ano está
demonstrada no Gráfico 6, não havendo alteração significativa.
44
Resultados
p = 0,999 p < 0,05 significativo
Gráfico 6- Distribuição quanto a estação do ano em relação diagnóstico clínico e
laboratorial das onicomicoses no laboratório de Micologia da Clinica de
Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período de Janeiro de 2002
a Dezembro de 2006.
A distribuição das onicomicoses em relação a sua ocorrência anual está
demonstrada no Gráfico 7. Pelo total de amostras (distribuídas de acordo com o ano
em que o material foi coletado), podemos verificar que no ano de 2003, houve mais
casos confirmados de onicomicose.
p = 0,999 p < 0,05 significativo
Gráfico 7- Distribuição quanto ao ano que foi realizado o diagnóstico clínico e laboratorial das
onicomicoses no laboratório de Micologia da Clinica de Dermatologia da Santa Casa
de São Paulo no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006.
45
Resultados
4.1.4. Localização das onicomicoses
Em relação a localização das onicomicoses podemos observar na Tabela 3
que 3.822 exames analisados que foram positivos para diagnóstico laboratorial de
onicomicose, 99,5% (3.806) apresentaram estes dados. A região do corpo mais
acometida foios pés com 71% (2.716/3.806) e as mãos com 29% (1.090/3.806).
Tabela 3- Distribuição das amostras de pacientes com onicomicoses em relação ao
local acometido na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo
o período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
RESULTADO POSITIVO
Local acometido
N %
Mão 1.090 29,00
2.716 71,00
Total 3.806 100,00
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e local acometido, demonstrou a diferença
(p<0,0001) entre a porcentagem de resultado positivo encontrado quanto ao local
acometido, para o nível de significância adotado, ou seja, a maior incidência de
resultados positivos está localizado nos pés.
Em relação a localização das onicomicoses, elas acometeram apenas as
unhas das mãos em 17% (653/3.806), apenas os pés em 59% (2.256/3.806) e
associação pé/mãos 24% (897/3.806), como demonstrado na Tabela 4.
Tabela 4- Distribuição das amostras dos pacientes com onicomicoses em relação
ao local acometido, no laboratório de Micologia Médica da Clínica de
Dermatologia da Santa Casa de o Paulo o período entre janeiro de
2002 e dezembro de 2006.
RESULTADO POSITIVO
Local acometido
N %
Apenas mão 653 17,00
Apenas pé 2256 59,00
Pé/Mão 897 24,00
Total 3.806 100,00
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
46
Resultados
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e local acometido, demonstrou que existe
diferença (p<0,0001) entre a porcentagem de resultado positivo encontrado quanto
ao local acometido, para o nível de significância adotado, ou seja, a maior incidência
de resultados positivos está localizada apenas nos pés.
A Tabela 5 demonstra a distribuição dos pacientes com onicomicoses com
acometimento apenas das mãos: o direita estava acometida em 34% das vezes
(368/1.090), mão esquerda em 27% (294/1.090), associação mão direita e esquerda
em 3% (35/1.090) e não informado em 36% (393/1.090).
Tabela 5- Distribuição das amostras dos pacientes com onicomicoses em relação ao
lado acometido na mão na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de
São Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
RESULTADO POSITIVO
Local acometido
Lado N %
Mão Não informado 393 36,00
Mão Direito 368 34,00
Mão Direito/Esquerdo 35 3,00
Mão Esquerdo 294 27,00
Total Mão 1.090 100,00
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e o lado acometido nas mãos, demonstrou a
diferença (p < 0,0001) entre a porcentagem de resultado positivo encontrado quanto
ao lado acometido nas mãos, para o nível de significância adotado, ou seja, a maior
incidência de resultados positivos está localizada no lado direito das os,
considerando o lado identificado.
Dos dados obtidos em relação ao acometimento das unhas das os e pés
(3.806 casos), observamos apenas em 28,6% dos casos (1.090/3.806) informações
sobre os quirodáctilos mais acometidos. A unha do primeiro quirodáctilo das mãos é
mais acometida com 18% (191/1.090), outros quirodáctilos acometidos com 13%
(140/1.090) e a associação do primeiro quirodáctilo e outros quirodáctilos com 1%
(16/1.090) (Tab. 6).
47
Resultados
Tabela 6- Distribuição das amostras dos pacientes com onicomicoses em relação a
frequência da unhas das mãos mais acometidas na Clínica de
Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no peodo entre janeiro de
2002 e dezembro de 2006.
RESULTADO POSITIVO
Mão – Unhas acometidas
N %
Primeiro quirodáctilo apenas 191 18,00
Primeiro quirodáctilo e outros 16 1,00
Outros quirodáctilos 140 13,00
Quirodáctilo não identificado 743 68,00
Total 1.090 100,00
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e frequência da unhas das mãos mais
acometidas, demonstrou a diferença (p < 0,0001) entre a porcentagem de resultado
positivo encontrado quanto à frequência da unhas das mãos mais acometidas, para
o nível de significância adotado, ou seja, a maior incidência de resultados positivos
está localizada no primeiro quirodáctilo, considerando os quirodáctilos identificados.
A Tabela 7 mostra a distribuição dos pacientes com onicomicose e
acometimento apenas dos s: direito com 25% (678/2.716), pé esquerdo com
20% (547/2.716), associação dos pés direito e esquerdo com 6% (155/2.716) e não
informado com 49% (1.336/2.716).
Tabela 7- Distribuição das amostras dos pacientes com onicomicoses em relação ao
lado acometido do pé, na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São
Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
RESULTADO POSITIVO
Local acometido
Lado N %
Não informado 1336 49,00
Direito 678 25,00
Direito/Esquerdo 155 6,00
Esquerdo 547 20,00
Total Pé 2.716 100,00
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
48
Resultados
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e o lado acometido nos pés, demonstrou que
existe diferença (p<0,0001) entre a porcentagem de resultado positivo encontrado
quanto ao lado acometido nos pés, para o nível de significância adotado, ou seja, a
maior incidência de resultados positivos está localizada no lado direito dos pés,
considerando o lado identificado.
Dos dados obtidos em relação ao acometimento das unhas das os e pés
(3.806 casos), observamos apenas em 71% (2.716/3.806) informações sobre os
pododáctilos mais acometidos. A unha do primeiro pododáctilo foi a mais acometida
com 23,1% (627/2.716), outros pododáctilos acometidos com 4,1% (110/2.716), a
associação do primeiro pododáctilo e outros pododáctilos com 0,3% (9/2.716) e
pododáctilo não identificado com 72,5% (1.970/2.716) (Tab. 8).
Tabela 8- Distribuição das amostras dos pacientes com onicomicoses em relação a
frequência das unhas dos pés mais acometidas na Clínica de
Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no peodo entre janeiro de
2002 e dezembro de 2006.
RESULTADO POSITIVO
Pé – Unhas acometidas
N %
Primeiro pododáctilo apenas 627 23,10
Primeiro pododáctilo e outros 9 0,30
Outros pododáctilos 110 4,10
Pododáctilo não identificado 1970 72,50
Total 2.716 100,00
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e frequência da unhas dos pés mais
acometidas, demonstrou a diferença (p < 0,0001) entre a porcentagem de resultado
positivo encontrado quanto à frequência da unhas dos pés mais acometidas, para o
nível de significância adotado, ou seja, a maior incidência de resultados positivos
está localizada no primeiro pododáctilo, considerando os pododáctilos identificados.
49
Resultados
4.1.5. Identificação dos agentes etiológicos das onicomicoses
4.1.5.1. Agentes etiológicos das onicomicoses por grupos
A porcentagem de isolamento em cultura e identificação dos agentes
etiológicos foi de 66% (1.428/2.162) das amostras estudadas. A distribuição ocorreu
da seguinte maneira: dermatófitos com 68,6% (980/1.428), FFND com 2,2%
(31/1.428), leveduras com 27,5% (393/1.428), Prototheca spp com 0,1% (2/1.428) e
associações entre os agentes etiológicos como: dermatófio + levedura 1,1%
(16/1.428), FFND + levedura 0,4% (5/1.428), leveduras de gênero diferentes 0,1%
(1/1.428) (Gráfico 8).
Gráfico 8- Distribuição dos grupos dos agentes etiológicos isolados das amostras dos
pacientes com onicomicoses na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de
São Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
4.1.5.2. Agentes etiológicos das onicomicoses – gêneros e espécies
A Tabela 9 mostra os principais agentes etiológicos em relação ao gênero e
as espécies, em amostras de pacientes com onicomicose. O dermatófito mais
frequente foi o Trichophyton rubrum com 55,7% (796/1.428), o FFND mais frequente
foi o Fusarium spp com 1,6% (23/1.428), das leveduras observamos o gênero
Candida com 27,2% (388/1.428), e Prototheca spp com 0,1% (2/1.428).
50
Resultados
Tabela 9- Distribuição dos gêneros e espécies isolados das amostras dos pacientes
com onicomicose na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São
Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
AGENTE ETIOLÓGICO
NÚMERO DE AMOSTRAS
PORCENTAGEM
Dermatófito 980 68,6%
Epidermophyton floccosum
2 0,1%
Microsporum gypseum
3 0,2%
Trichophyton raubistscheckii
1 0,1%
Trichophyton mentagrophytes
97 6,8%
Trichophyton rubrum
796 55,7%
Trichophyton spp
45 3,2%
Trichophyton tonsurans
36 2,5%
Dermatófito + Levedura 16 1,1%
Trichophyton tonsurans e Candida spp
5 0,4%
Trichophyton mentagrophytes e Candida spp
1 0,1%
Trichophyton rubrum e Candida spp
9 0,6%
Trichophyton spp e Candida spp
1 0,1%
FFND 31 2,2%
Acremonium spp
1 0,1%
Aspergillus spp
1 0,1%
Fusarium spp
23 1,6%
Scytalidium hyalinum
6 0,4%
FFND + Levedura 5 0,4%
Fusarium spp e Candida spp
5 0,4%
Levedura 394 27,6%
Candida spp
388 27,2%
Trichosporon spp
5 0,4%
Trichosporon spp e Candida spp
1 0,1%
Protista 2 0,1%
Prototheca spp 2
0,1%
Total 1428 100,0%
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis resultado positivo do exame e o tipo de agente etiológico, demonstrou a
diferença (p<0,0001) entre a porcentagem de resultado positivo encontrado quanto
ao tipo de agente etiológico, para o nível de significância adotado, ou seja, a maior
incidência de resultados positivos refere-se aos dermatófitos.
51
Resultados
4.1.5.3. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses - grupos e
faixa etária das amostras
A Tabela 10 mostra os principais agentes etiológicos relacionados ao grupo
etário mais específico das amostras dos pacientes com onicomicose (a relação
grupo etário X agente etiológico em 878 casos).
Tabela 10- Distribuição dos grupos dos agentes etiológicos isolados das amostras
dos pacientes com onicomicoses de acordo com a faixa etária na Clínica
de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período entre janeiro
de 2002 e dezembro de 2006.
AGENTE ETIOLÓGICO
0 - 10
11 – 60
MAIOR QUE 60
TOTAL
Dermatófito 10 451 132 593
Epidermophyton floccosum
0 0 0
0
Microspporum gypseum
0 0 0
0
Trichophyton raubistscheckii
0 1 0
1
Trichophyton mentagrophytes
0 52 18
70
Trichophyton rubrum
8 367 100
475
Trichophyton spp
0 15 6
21
Trichophyton tonsurans
2 16 8
26
Dermatófito + Levedura 0 6 5 11
Trichophyton tonsurans e Candida spp
0 0 2
2
Trichophyton mentagrophytes e Candida spp
0 1 0
1
Trichophyton rubrum e Candida spp
0 5 3
8
Trichophyton spp e Candida spp
0 0 0
0
FFND 0 23 4 27
Acremonium spp
0 0 0
0
Aspergillus spp
0 0 1
1
Fusarium spp
0 17 3
20
Scytalidium hyalinum
0 6 0
6
FFND + LEVEDURA 0 4 0 4
Fusarium spp e Candida spp
0 4 0
4
Levedura 3 179 61 243
Candida spp
3 175 59
237
Trichosporon spp
0 4 0
4
Trichosporon spp e Candida spp
0 0 0
0
Protista 0 0 0 0
Prototheca spp
0 0 2
2
Total 13 663 202 878
p<0,0001 p<0,005 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis,
tipo de agente etiológico e faixa etária, demonstrou a diferença
(p<0,0001) entre o tipo de agente etiológico e faixa etária, para o nível de
significância adotado, ou seja, a maior incidência de dermatófitos ocorreu na faixa
etária entre 11 e 60 anos.
52
Resultados
4.1.5.4. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses – gêneros,
espécies e faixa etária das amostras
A seguir, a Tabela 11 mostra os principais agentes etiológicos relacionados a
idade das amostras dos pacientes com onicomicose. Existe a relação faixa etária X
agente etiológico em 878 casos. Os dermatófitos aparecem como os mais
frequentes entre 41 e 50 anos de idade.
Tabela 11- Distribuição dos agentes etiológicos gêneros e espécies isolados das
amostras dos pacientes com onicomicoses de acordo com a faixa etária
na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período
entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
AGENTE ETIOLÓGICO
00-10
11-20
21 -30
31–40
41-50
51-60
61-70
71-80
81–90
91–100
TOTAL
Dermatófito 10 37 92 95 121 106 75 46 11 0 593
Epidermophyton floccosum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
Microspporum gypseum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
Trichophyton raubistscheckii 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
1
Trichophyton mentagrophytes 0 0 6 7 16 23 9 7 2 0
70
Trichophyton rubrum 8 32 81 78 100 76 58 35 7 0
475
Trichophyton spp 0 1 3 3 2 6 3 2 1 0
21
Trichophyton tonsurans 2 3 2 7 3 1 5 2 1 0
26
Dermatófito + Levedura 0 0 1 0 3 2 4 1 0 0 11
Trichophyton tonsurans e Candida spp 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0
2
Trichophyton mentagrophytes e Candida spp
0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
1
Trichophyton rubrum e Candida spp 0 0 1 0 2 2 2 1 0 0
8
Trichophyton spp e Candida spp 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
FFND 0 0 1 2 11 9 1 0 3 0 27
Acremonium spp 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
Aspergillus spp 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
1
Fusarium spp 0 0 0 2 9 6 0 0 3 0
20
Scytalidium hyalinum 0 0 1 0 2 3 0 0 0 0
6
FFND + LEVEDURA 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0 4
Fusarium spp e Candida spp 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0
4
Levedura 3 2 19 30 52 76 22 34 3 2 243
Candida spp 3 2 19 27 52 75 20 34 3 2
237
Trichosporon spp 0 0 0 3 0 1 0 0 0 0
4
Trichosporon spp e Candida spp 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
Protista 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Prototheca spp 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0
2
Total 13 39 113 128 190 193 102 81 17 2 878
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis, tipo de agente e
tiológico e faixa etária, demonstrou a diferença
(p<0,0001) entre o tipo de agente etiológico e faixa etária, para o nível de
53
Resultados
significância adotado, ou seja, a maior incidência de dermatófitos ocorreu na faixa de
41 a 50 anos.
4.1.5.5. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses grupos
e sexo das amostras
Na Tabela 12 observa-se a distribuição dos agentes etiológicos quanto ao
sexo.
Tabela 12- Distribuição dos grupos dos agentes etiológicos isolados das amostras
dos pacientes com onicomicoses de acordo com o sexo na Clínica de
Dermatologia da Santa Casa de São Paulo o período entre janeiro de
2002 e dezembro de 2006.
AGENTE ETIOLÓGICO FEMININO MASCULINO TOTAL
Dermatófito 575 405 980
FFND 30 1 31
Levedura 338 56 394
Protista 2 0 2
Dermatófito + Levedura 15 1 16
FFND + Levedura 4 0 4
Levedura outros gêneros 1 0 1
Total 965 463 1428
p<0,0001 p<0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis agente etiológico e sexo, considerando os resultados positivos,
demonstrou a diferença (p<0,0001) entre a porcentagem de agentes etiológicos
quanto ao sexo em relação aos resultados positivo, para o nível de significância
adotado, ou seja, a maior incidência de qualquer dos agentes etiológicos ocorre no
sexo feminino.
4.1.5.6. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses
gêneros, espécies, localização e sexo das amostras
Na Tabela 13 é possível ver a correlação entre agente etiológico e sexo.
54
Resultados
Tabela 13- Distribuição dos agentes etiológicos gênero e espécie isolados das
amostras dos pacientes com onicomicoses de acordo com o sexo na
Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período entre
janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
AGENTE ETIOLÓGICO FEMININO MASCULINO TOTAL
Dermatófito 583 405 988
Mão 33 63 96
Epidermothton floccosum
0 2 2
Trichophyton mentagrophytes
0 1 1
Trichophyton rubrum
28 54 82
Trichophyton spp
2 3 5
Trichophyton tonsurans
3 3 6
550 342 892
Microspporum gypseum
0 3 3
Trichophyton raubistscheckii
0 1 1
Trichophyton mentagrophytes
75 22 97
Trichophyton rubrum
434 285 719
Trichophyton spp
23 18 41
Trichophyton tonsurans
18 13 31
FFND 33 1 34
Mão 5 0 5
Fusarium spp
5 0 5
28 1 29
Acremonium spp
1 0 1
Aspergillus spp
1 0 1
Fusarium spp
20 1 21
Scytalidium hyalinum
6 0 6
Levedura de gêneros diferentes 347 57 404
Mão 298 56 354
Candida spp
293 56 349
Trichosporon spp
4 0 4
Trichosporon spp e Candida spp
1 0 1
49 1 50
Candida spp
48 1 49
Trichosporon spp
1 0 1
Protista 2 0 2
Mão 2 0 2
Prototheca spp
2 0 2
Total 965 463 1428
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis, tipo de agente etiológico e sexo, demonstrou a diferença (p < 0,0001)
entre tipo de agente etiológico e sexo, para o nível de significância adotado, ou seja,
a maior incidência de dermatófitos ocorreu no sexo feminino.
55
Resultados
4.1.5.7. Distribuição dos agentes etiológicos das onicomicoses grupos
e estação do ano das amostras
Na Tabela 14, observa-se a relação entre agente etiológico e estação do ano.
Tabela 14- Distribuição dos grupos dos agentes etiológicos isolados das amostras
dos pacientes com onicomicoses de acordo com a estação do ano em
que foram identificados na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de
São Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
AGENTES ETIOLÓGICOS INVERNO OUTONO PRIMAVERA
VERÃO TOTAL
Dermatófito 254 268 261 197 980
FFND 11 7 13 0 31
Levedura 138 112 70 73 393
Protista 0 0 2 0 2
Dermatófito + Levedura 8 1 6 1 16
FFND + Levedura 4 0 1 0 5
Leveduras outros gênero 0 0 1 0 1
Total 415 388 354 271 1428
p = 0,0013 p<0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis agente etiológico e estações do ano, considerando os resultados positivos,
demonstrou a diferença (p = 0,0013) entre a porcentagem de agentes etiológicos
quanto às estações do ano em relação aos resultados positivos, para o nível de
significância adotado, ou seja, a maior incidência de dermatófitos ocorreu no outono
e na primavera, respectivamente. para o FFND, a maior incidência ocorreu no
inverno e na primavera. A levedura ocorreu mais no inverno, seguido do outono. A
Prototheca spp ocorreu na primavera.
4.2. Caracterização das amostras estudadas de acordo com microscópico
direto positivo e cultura positiva
Foram identificados 1.402 amostras de pacientes com exames microscópico
direto positivo e cultura positiva. A distribuição dos principais agentes etiológicos das
onicomicoses nesses pacientes foi: dermatófitos com 69%, leveduras com 27,1%,
56
Resultados
FFND com 2,2%, Prototheca spp com 0,1% e associações com 1,6% (Gráfico 9).
Gráfico 9- Distribuição dos grupos dos agentes etiológicos isolados das amostras dos pacientes com
onicomicoses na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período entre
janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
A Tabela 15 mostra os principais agentes etiológicos em relação ao gênero e
as espécies das 1.402 amostras de pacientes com onicomicoses, com exame
microscópico direto positivo e cultura positiva. O dermatófito mais frequente foi o T.
rubrum com 56%, FFND mais frequente foi o Fusarium spp com 1,6%, nas leveduras
observamos o gênero Candida com 26,7% e Prototheca spp com 0,1%.
57
Resultados
Tabela 15- Distribuição dos agentes etiológicos - gênero e espécie isolados das
amostras dos pacientes com onicomicoses na Clínica de Dermatologia
da Santa Casa de São Paulo no período entre janeiro de 2002 e
dezembro de 2006.
AGENTE ETIOLÓGICO NÚMERO DE AMOSTRAS PORCENTAGEM
Dermatófito 968 69,0%
Epidermophyton floccosum
2 0,1%
Microsporum gypseum
3 0,2%
Trichophyton raubistscheckii
1 0,1%
Trichophyton mentagrophytes
97 6,9%
Trichophyton rubrum
785 56,0%
Trichophyton spp
44 3,1%
Trichophyton tonsurans
36 2,6%
Dermatófito + Levedura 16 1,1%
Trichophyton tonsurans e Candidaspp
5 0,4%
Trichophyton mentagrophytes e Candida spp
1 0,1%
Trichophyton rubrum e Candida spp
9 0,6%
Trichophyton spp e Candida spp
1 0,1%
FFND 31 2,2%
Acremonium spp
1 0,1%
Aspergillus spp
1 0,1%
Fusarium spp
23 1,6%
Scytalidium hyalinum
6 0,4%
FFND + LEVEDURA 5 0,4%
Fusarium spp e Candida spp
5 0,4%
Levedura 380 27,1%
Candida spp
374 26,7%
Trichosporon spp
5 0,4%
Trichosporon spp e Candida spp
1 0,1%
Protista 2 0,1%
Prototheca spp 2
0,1%
Total 1402 100,0%
p < 0,0001 p < 0,05 significativo
O teste estatístico qui-quadrado, realizado para avaliar a associação entre as
variáveis, tipo de agente etiológico e resultado positivo, demonstrou a diferença
(p<0,0001) entre tipo de agente etiológico e resultado positivo, para o nível de
significância adotado, ou seja, a maior incidência foi de dermatófitos, em relação aos
pacientes que apresentaram microscópico direto positivo e cultura positiva.
58
Resultados
4.3. Caracterização das amostras estudadas de acordo com microscópico
direto negativo e cultura positiva
Foram identificados 26 amostras de pacientes com exames microscópico
direto negativo e cultura positiva. A distribuição dos principais agentes etiológicos foi:
dermatófitos 46,2% com e leveduras com 53,8% (Gráfico 10).
Gráfico 10- Distribuição dos grupos dos agentes etiológicos isolados das amostras dos
pacientes com onicomicoses na Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São
Paulo no período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006.
A Tabela 16 demonstra os principais agentes etiológicos das amostras dos
pacientes com onicomicose, com exame microscópico direto negativo e cultura
positiva.
Tabela 16- Distribuição dos agentes etiológicos gênero e espécie isolados das
amostras dos pacientes com onicomicoses na Clínica de Dermatologia
da Santa Casa de São Paulo no período entre janeiro de 2002 e
dezembro de 2006.
AGENTE ETIOLÓGICO NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM
Dermatófilo 12 46,2%
Trichophyton rubrun 11 42,3%
Trichophyton ssp 1 3,8%
Levedura 14 53,8%
Candida spp 14 53,8%
Total 26 100,0%
p=0,999 p < 0,05 significativo
59
5. DISCUSSÃO
60
Discussão
A epidemiologia das onicomicoses tem influência multifatorial e sua
prevalência está diretamente relacionada à idade entre outros fatores populacionais,
ao estilo de vida e à associação com outras doenças. Além disso, a distribuição dos
patógenos, agentes de onicomicose não é uniforme, dependendo de vários fatores
tais como geografia, clima da região e, migração de populações (Faergemann,
Baran, 2003).
No Laboratório de Micologia da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de
São Paulo no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 foram avaliados
5.407 pacientes com suspeita clínica de onicomicose. O diagnóstico laboratorial
(micológico direto e/ou cultura positivos) foi confirmado em 71% (3.822/5.407) das
amostras clínicas analisadas. Brito, em 1992, observou 3.772 casos suspeitos de
onicomicose em que apenas 3% (114/3.772) tiveram confirmação através de
exames laboratoriais enquanto Elewski, Charif, em 1997, obteve em 2.065 amostras
clínicas com suspeita de onicomicose a confirmação diagnóstica de 82%
(1.707/2.065). Gupta et al, em 2000c, em estudo multicêntrico, observaram que dos
15.000 pacientes que apresentavam clinicamente unhas com algum tipo de
anormalidade, apenas em 8% dos casos (1.199/15.000) foi confirmada onicomicose
através de exames laboratoriais. em estudo realizado por Brilhante et al, em
2005, dos 976 pacientes com suspeita de onicomicose, 52% (512/976) apresentava
a doença. Na lgica, Arrese et al, em 2005, relatam onicomicose confirmada por
exames em 36,04% (1.290/3.579) dos pacientes avaliados. Estudo realizado na
Índia (Sarma et al, 2008) mostra que dos 302 pacientes avaliados, 42,4% (128/302)
tiveram confirmação do diagnóstico através de exame laboratorial.
Das 3822 amostras clínicas com exame direto e/ou culturas positivas
analisadas em nosso estudo, pudemos observar que o exame microscópico direto
foi positivo em 99,3% (3.796/3.822) delas enquanto a cultura foi positiva em 66%
(1.428/2.162) do total das amostras estudadas. Estudos na literatura, como o de
Brito, em 1992, relata 82,45% (94/114) de positividade para o exame microscópico
direto e 17,5% (20/114) para a cultura. O autor justifica a diferença devido a
dificuldades que o laboratório de Micologia passou durante certo período que
acarretou em prejuízos à pesquisa. Em 1997, Elewski, Charif relatam positividade de
82% (1.707/2.065) para o exame microscópico direto e 52% (1.069/2.065) para a
cultura.
61
Discussão
A cultura foi realizada em 56,6% (2.162/3.822) do total das amostras
estudadas, sendo positiva em 66% (1.428/2.162). Em nosso laboratório, devido ao
grande número de exames coletados na rotina diária, não são realizadas culturas de
todos os exames micológicos diretos positivos. O que limita o cultivo de todas as
amostras são o custo do exame e o período necessário para o crescimento do
fungo.
Comparando nossos resultados com os encontrados na literatura podemos
afirmar que o nosso laboratório é eficiente, obtendo resultados semelhantes à
laboratórios de Micologia de referência. Além da dificuldade da realização da cultura
em todas as amostras estudadas, podemos observar que a positividade obtida
através do exame direto é significantemente maior da obtida através da cultura. Este
fato pode ser explicado pela distribuição irregular dos fungos nas lesões; pela
dificuldade na coleta do material de forma adequada, especialmente na região
subungueal; pela facilidade com que ocorre a contaminação das culturas por fungos
anemófilos e microbiota bacteriana, dificultando assim a identificação do verdadeiro
agente etiológico; por limitações inerentes ao exame, como a intensa queratinização
das unhas, que dificulta a observação microscópica dos microorganismos; pela
viabilidade fúngica, que pode resultar em culturas falso negativas e pelo uso de
medicações antifúngicas pelo paciente previamente à coleta (Carvalho, 1990;
Martelozzo et al, 2005).
A faixa etária da população com diagnóstico confirmado de onicomicose
variou de três meses a 98 anos de idade, tendo como mediana 47 anos, ou seja, a
faixa etária de 31 a 60 anos, considerada população economicamente ativa foi
acometida em 60 % de nossa amostra. Concordante com nossos resultados são os
de Martins et al, em 2007, que observaram em estudo com 184 pacientes, que a
idade média de acometimento era de 36 a 64 anos (62%). Já, Sarma et al, em 2008,
em estudo com 302 pacientes, observaram que a onicomicose ocorreu mais na faixa
etária entre 21 e 30 anos (36%).
Dos 3.822 exames micológicos positivos para diagnóstico laboratorial de
onicomicose 2.527 eram oriundos de pacientes do sexo feminino (66%) e 1.295 do
sexo masculino (34%). Segundo análise estatística realizada através do teste qui-
quadrado, significância desta diferença entre a positividade dos exames nos dois
sexos. Esses dados são concordantes com a literatura, em que alguns autores
observaram frequência de onicomicose variando de 67% a 74% no sexo feminino
62
Discussão
(Sais et al, 1995; Mercantini et al, 1996; Luque et al, 1997; Vélez et al, 1997; Lopes
et al, 1999; Koussidou et al, 2002; Araújo et al, 2003b; Alvarez et al, 2004; Souza et
al, 2007). Outros autores (Ghannoum et al, 2000; Gupta et al, 2000b; Perea et al,
2000; Sarma et al, 2008), observaram exatamente o contrário: cerca de 64% dos
casos ocorrendo no sexo masculino. A justificativa para essas discrepâncias talvez
esteja na composição da população estudada, uma vez que a infecção fúngica
depende de hábitos culturais, ecologia, como já citado anteriormente.
Da mesma forma que a nossa amostra apresenta predomínio de pacientes do
sexo feminino e, que nesta amostra, a faixa etária mais acometida é a de 31 a 60
anos, pudemos observar maior e significante (p < 0,0001) incidência de resultados
positivos na faixa de 31 a 60 anos para o sexo feminino. Na literatura, estudos como
o de Ghannoum et al, em 2000, relata maior incidência de onicomicose numa faixa
etária ativa com idade média de 57 anos principalmente no sexo masculino (58%)
(1063/1832). Para Shoar et al, em 2002, os pacientes com onicomicose
encontravam-se na faixa de 40-50 anos de idade (67,4%) sendo que 71% eram do
sexo feminino (179/252).
Alguns autores justificam o aumento da prevalência da onicomicose com o
avanço da idade devido a alguns fatores como: circulação periférica mais lenta,
inatividade, inabilidade em cortar e cuidar das unhas, presença de comorbidades
(diabetes, trauma ungueal repetitivo, exposição aos fungos patogênicos por mais
tempo, imunidade relativamente mais baixa). Por outro lado, a razão pela qual a
prevalência de onicomicose é menor em crianças, pode ser justificada devido ao
crescimento ungueal mais rápido, menor exposição aos agentes etiológicos, menor
prevalência de tinha dos pés e menor extensão ungueal para invasão (Elewski,
1998; Tosti et al, 2005).
De acordo com resultados obtidos em nosso trabalho, as estações do ano
não tiveram muita importância com a presença de onicomicose, sendo observado no
outono discreto aumento do número de casos. O ano em que se observou maior
número de casos de onicomicose foi o de 2003. Para estes resultados o foram
encontrados estudos comparativos e por isso são considerados pouco
representativos.
A onicomicose foi mais comum nas unhas dos pés com 71% (2.716/3.806).
As unhas das mãos foram acometidas em 29% (1.090/3.806) das vezes. Quando
analisamos o acometimento exclusivo das unhas das mãos ou dos pés pudemos
63
Discussão
observar frequências de 17% (653/3.806) e 59% (2.256/3.806) respectivamente,
sendo ainda grande o predomínio de acometimento das unhas dos pés. Já, a
associação de unhas dos pés e mãos acometidas simultaneamente foi de 24%
(897/3.806). O teste do qui-quadrado para avaliar o local de acometimento das
unhas mostrou ser significante (p < 0,0001) a maior frequência de onicomicose das
unhas dos pés. Este resultado coincide com estudos feitos na Grécia (Koussidou et
al, 2002) em que 64% (1.771/2.766) dos exames confirmados foram de onicomicose
das unhas dos pés. Resultados semelhantes foram encontrados também na
Espanha (Sais et al, 1995), no Rio Grande do Sul (Lopes et al, 1999), no Canadá
(Gupta et al, 2000c), no Rio de Janeiro (Araújo et al, 2003a) e na Colômbia (Alvarez
et al, 2004). As prováveis justificativas são: o fato das unhas dos pododáctilos terem
crescimento mais lento que as dos quirodáctilos e a maior ocorrência de tinha do pé
em relação à tinha da mão.
Em nosso estudo foi comprovado que o lado direito, tanto de pés como mãos
(25% e 34% respectivamente), foi mais acometido que o esquerdo. Em relação às
unhas dos quirodáctilos, o primeiro quirodáctilo foi o mais acometido, isolado ou
concomitantemente com outros quirodáctilos, com 19% (207/1.090). A unha do
primeiro pododáctilo foi a mais acometida, tanto isoladamente como associada a
outro pododáctilo em 23,4% dos casos (636/2.716), Estes resultados coincidem com
os de Achten, Wanet-Rouard (1987) e Gupta et al (2000a).
Os dermatófitos são os agentes etiológicos responsáveis pela maioria das
onicomicoses, representando aproximadamente 75% destas infecções (Weitzmann,
Summerbell, 1995; Gupta et al, 1997a; Lopes et al, 1999; Ghannoum et al, 2000;
Gupta et al, 2000a; Rodriguez, Jodra, 2000; Arrese et al, 2005; Effedy et al, 2005;
Seebacher et al, 2007; Afsaneh et al, 2008). Alguns autores como Martelozzo et al
(2005) e Souza et al (2007) encontraram proporções diferentes: 33,85% e 41% para
dermatófitos; 13,97% e 13% para fungos filamentosos não dermatófitos e 52,17% e
46% para leveduras, respectivamente. poucos relatos de onicomicose “símile”
causada por Prototheca spp. (Marcano, Feo, 1981; Magerman et al, 1991; Zaitz et
al, 2006).
Em nosso trabalho, os dermatófitos foram os principais agentes etiológicos
isolados (68,6%, 980/1.428) seguidos pelas leveduras com 393 casos (27,5%), os
FFND com 31 casos (2,2%), a Prototheca spp com dois casos 0,1% e finalmente as
associações de agentes etiológicos com 1,6% (22/ 1.428).
64
Discussão
Quando avaliamos a correlação entre faixa etária e os agentes etiológicos,
observamos a maior incidência de dermatófitos entre 41 a 50 anos. A mesma faixa
etária foi onde ocorreu a maior incidência de onicomicoses por FFND enquanto para
as leveduras a maior incidência foi nos pacientes de 51 a 60 anos e para o
protista,foi de 61-70 anos.
Em nosso estudo observamos, quando analisamos as espécies de
dermatófitos, que o T. rubrum foi isolado em 81,2% (796/980) das vezes, seguido
pelo T. mentagrophytes em 9,9% (97/980), T. tonsurans em 3,6% (36/980), M.
gypseum em 0,2% (3/980), E. floccosum em 0,1% (2/980) e T. raubistscheckii em
0,1% (1/980). Ao revisarmos a literatura encontramos os principais agentes de
onicomicose que são: T. rubrum, T. mentagrophytes e T. tonsurans (Brito, 1992; Sais
et al, 1995; Kemna, Elewski, 1996; Lopes et al, 1999; Ghannoum et al, 2000; Gupta
et al, 2000a). O T. raubistscheckii é considerado por muitos micologistas uma
variante do T. rubrum e raramente é isolado na unha (Lacaz et al, 1999; Papini et al,
2004; Brasch, 2007).
Também os fungos filamentosos não dermatófitos (FFND) são citados na
literatura como agentes etiológicos de onicomicoses. Neste estudo observamos que
o Fusarium spp foi o FFND mais isolado com 74,2% (23/31). Depois apareceu o
Scytalidium hyalinum com 19,3% (6/31), o Acremonium spp e o Aspergillus spp,
ambos com 3,2% (1/31). Tosti et al (2000) observaram que 13,6% das onicomicoses
eram causadas por FFND. O principal agente etiológico identificado pelos autores foi
o Fusarium spp com 21,2% (28/132).
Em relação aos isolados de leveduras, a Candida spp foi encontrada em
98,5% (388/394). Araújo et al (2003b) e Martelozzo et al (2005) observaram que a
Candida spp era a levedura mais frequentemente isolada em casos de onicomicose.
O Trichosporum beigelli foi isolado em 1,2% (5/394) de nossos casos como agente
etiológico de onicomicose por leveduras e alguns estudos também tem resultado
semelhante (Vijaya et al, 2000; Han et al, 2000).
As associações e fungos como agentes de onicomicoses também foram
encontradas. Dermatófito e levedura ocorreram em 1,1% dos casos (16/1.428),
FFND com levedura em 0, 4 % dos casos (5/1.428) e leveduras de outros gêneros
(não Candida) em 0,1% dos casos (1/1.428). São poucos os trabalhos que citam
onicomicoses mistas. Estudos como de Rugeles et al (2001) relatam associação de
onicomicoses por Candida spp com outros fungos em pacientes imunodeprimidos e
65
Discussão
Koussidou et al (2002) relata possíveis associações de fungos em onicomicoses
num estudo com 2766 pacientes.
A onicomicose “like” causada por Prototheca spp foi uma peculiaridade
observada em nosso estudo. Ocorreram dois casos (mesma paciente com duas
unhas acometidas), o que corresponde a 0,1% dos agentes causadores de
onicomicose. Esse caso foi publicado, sendo o primeiro caso no Brasil de
onicomicose causada por Prototheca e o 3° caso no mundo (Zaitz et al, 2006).
Observamos em nosso trabalho que a maior incidência de todos os agentes
etiológicos de onicomicose ocorre no sexo feminino e que o T. rubrum é o principal
agente de onicomicose nas unhas dos s de mulheres entre 41 e 50 anos. Todos
estes achados relacionados ao sexo muito provavelmente se devem à composição
de nossa amostra.
A maior incidência de dermatófitos ocorreu no outono e na primavera,
respectivamente. os FFND tiveram maior incidência no inverno e na primavera.
Para as leveduras, a maior incidência ocorreu no inverno, seguido do outono. Essa
diferença de sazonalidade pode ser explicada pelo fato que na cidade de São Paulo,
as estações do ano não são bem definidas.
66
6. CONCLUSÕES
67
Conclusões
No período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 foram analisadas 3.822
amostras com suspeita clínica de onicomicose que foram confirmadas
laboratorialmente e permitiram as seguintes conclusões:
1- O exame microscópico direto é método sensível, rápido e de baixo custo
para o diagnóstico genérico de onicomicose. , a cultura apesar de sua
alta especificidade é de difícil realização, mais custosa e dependente de
vários fatores como: coleta, meio de cultura utilizado e habilidade do
profissional que a realiza.
2- Os principais grupos de agentes etiológicos isolados foram: dermatófitos
(68,6%), FFND (2,2%), leveduras (27,5%), Prototheca spp (0,1%) e
associações de fungos (1,6%). A distribuição das espécies mais
frequentemente encontradas nos diferentes grupos de agentes foi:
a. Dermatófitos: T. rubrum (81,2%), T. mentagrophytes (9,9%) e T.
tonsurans (3,6%);
b. FFND: Fusarium spp (74,2%) e Scytalidium hyalinum (19,3%);
c. Leveduras: Candida spp (98,5%).
3- A faixa etária mais acometida na população estudada foi de 31 a 60 anos
de idade e houve predomínio do sexo feminino (66%).
4 - Observou-se maior frequência de dermatófitos no outono e primavera, de
FFND no inverno e primavera e de leveduras no inverno e outono.
Recomendações:
Estudos como estes o necessários para o melhor conhecimento da
epidemiologia das onicomicoses. Para tanto, o ideal é que se elabore um protocolo
para estudo prospectivo, no qual todas as amostras que tenham micológico positivo
sejam submetidas ao cultivo e que estes exames sejam realizados por uma mesma
pessoa capacitada.
68
7. ANEXOS
69
Anexos
Anexo A
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
1. Reagentes
- Hidróxido de Potássio (KOH) - Merck S.A., RJ, Brasil.
- Dimetil Sulfóxido (CH
3
SOCH
3
) - UCB, Belgium.
- Azul Algodão - Difco Laboratories, U.S.A.
2. Meios de cultura
- Ágar Mycobiotic - Difco Laboratories, U.S.A.
- Ágar Batata e Glicose - Merck S.A., RJ, Brasil.
- Ágar Uréia Base - Difco Laboratories, U.S.A.
3. Equipamentos de laboratório
- Microscópio Óptico - Nikon, Japan.
- Geladeira - Frigidaire, General Motors, SP, Brasil.
4. Materiais de consumo
- Lamínulas para Microscopia 24x24 - Perfecta, SP, Brasil.
- Lâminas para Microscopia - Perfecta, SP, Brasil.
70
Anexos
Anexo B
DESCRIÇÃO DAS FÓRMULAS UTILIZADAS
1. Hidróxido de potássio a 20% + Dimetil-sulfóxido:
Água destilada ..................................... 60ml
KOH (hidróxido de potássio) ................ 20gr
DMSO (dimetil-sulfóxido) ..................... 20ml
71
Anexos
Anexo C
DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS EMPREGADAS
1. Cultivo em Lâmina (Sousa, 1998; Lacaz et al, 2002).
Também conhecida como micro cultivo, é utilizada para o estudo dos aspectos
microscópicos característicos: micélio vegetativo e micélio de frutificação. A cnica
utiliza uma câmara úmida contendo duas lâminas de microscópico colocadas sobre
bastão de vidro em U. Um pequeno quadrado (um cm) de ágar batata sobre a lâmina
é semeado com o fungo a ser identificado. Uma lâmina estéril é colocada sobre o
bloco de ágar e, após o crescimento satisfatório, a lâmina é retirada e corada com
lactofenol azul de algodão e submetida ao estudo das estruturas microscópicas do
fungo
(Zaitz, 1998b; Lacaz et al, 2002; Zaitz, 2004b).
2. Testes Biológicos (Sousa, 1998; Lacaz et al, 2002).
2.1. Teste de Perfuração do Pêlo in vitro.
Prova biológica para diferenciação entre Trichophyton mentagrophytes e
Trichophyton rubrum: incubam-se pêlos estéreis em placa de Petri contendo
caldo Sabouraud e inóculo de T. mentagrophytes; a cada 24 horas, um pêlo
da placa é retirado e examinado ao microscópico corado com lactofenol
azul de algodão. O T. mentagrophytes perfura o pêlo radialmente, enquanto
o T. rubrum não é capaz de perfurá-lo.
2.2. Teste de Pigmentação em Ágar-Batata
Prova nutricional para diferenciação entre T. mentagrophytes e T. rubrum. O
repique dos dermatófitos é feito em ágar batata. O T. rubrum pigmenta o
meio em vermelho e o T. mentagrophytes não é capaz de produzir este
pigmento.
2.3. Prova da Urease
Prova bioquímica usada para diferenciação entre T. mentagrophytes e T.
rubrum. O repique do dermatófito é feito em meio de Christensen, rico em
uréia, e a atividade ureásica produz alteração alcalina po pH (de amarelo a
vermelho). Somente o T. mentagrophytes altera a coloração desse meio,
tornando-o róseo.
72
Anexos
Anexo D
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
73
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Fontes Consultadas
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 2004.
85
RESUMO
86
Resumo
Carvalho CS. Estudo descritivo das Onicomicoses na Clínica de Dermatologia da
Santa Casa de São Paulo no período de janeiro de 2002 até dezembro de 2006.
Dissertação (Merstrado). 2010.
Introdução: Onicomicose, infecção das unhas por fungo é a mais frequentes das
doenças ungueais, constituindo aproximadamente metade de todas as alterações
ungueais. Pode ser causada por dermatófitos, leveduras, fungos filamentosos não
dermatófitos e Prothoteca spp. Objetivos: (1) Analisar a sensibilidade dos métodos
de diagnóstico laboratorial para as onicomicoses no nosso laboratório de micologia
Médica da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo; (2) analisar a
distribuição dos casos de onicomicose de acordo com os principais agentes
etiológicos: dermatófitos, fungos filamentosos não dermatófitos (FFND), leveduras e
protistas; (3) analisar a distribuição dos casos de onicomicose em relação aos
dados demográficos: sexo e idade; (4) analisar a possível variação sazonal dos
casos em relação aos principais agentes etiológicos. Métodos: Cinco mil e
quatrocentos e sete amostras de pacientes com suspeita de onicomicose foram
estudadas no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006, por meio de exames
micológicos diretos e cultura para fungos. Resultados: O diagnóstico de
onicomicose foi confirmado em 3.822 amostras através de micológico direto e/ou
cultura positiva. O diagnóstico etiológico foi estabelecido pela cultura para fungos.
Dentre os 1.428 agentes identificados, os dermatófitos foram responsáveis por
68,6% (N=980) dos casos, seguidos pelas leveduras com 27,5% (N=393), FFND
com 2,2% (N=31), Prototheca spp com 0,1% (N=2), e associações com 1, 6%
(N=22). O sexo feminino foi o mais acometido com 66% (N=2.527) dos casos e a
faixa etária mais acometida variava de 31 a 60 anos de idade (mediana de 47 anos).
Observou-se que não relação entre estações do ano e resultados de exames
positivos. Conclusão: A microbiota fúngica é alterada frequentemente no mundo,
quantitativa e qualitativamente, sendo afetada por vários fatores ambientais. Assim,
o exame periódico da composição desta microbiota é importante para avaliar a
epidemiologia e assim ter uma resposta terapêutica mais adequada.
Palavras-chave: 1. Onicomicose 2. Dermatófitos 3. Leveduras 4. Fungos
filamentosos não dermatófitos 5. Prototheca spp
87
ABSTRACT
88
Abstract
Carvalho CS. Description study of Onychomycosis in the Dermatology Department of
Santa Casa de Sao Paulo in the period January 2002 to December 2006. Thesis.
2010.
Introduction: Onychomychosis, a nail fungus infection is the most frequent nail
disease, constituting about half of all nail disorder. It can be caused by
dermatophytes, yeasts and non-dermatophytes filamentous fungi and Prothoteca
spp. Objectives: (1) Analyze the sensitivity of the methods of laboratory diagnosis for
onychomycosis in our laboratory of mycology; (2) analyze the distribution of cases of
onychomycosis in accordance with the main etiological agents: dermatophytes, non-
dermatophyte filamentous fungi (FFND), yeasts and protists; (3) analyze the
distribution of cases of onychomycosis in relation to demographic data: gender and
age; (4) analyze the possible seasonal variation of cases on the main etiological
agents. Methods: Five thousand four hundred and seven samples of patients with
suspected onychomycosis were studied from January 2002 to December 2006, by
direct mycological examination and culture for fungi. Results: The diagnosis of
onychomycosis was confirmed in samples from 3.822 direct mycological and/or
culture positive. The diagnosis was established by culture for fungi. Among the 1.428
agents identified, the dermatophytes were responsible for 68,6% (N=980) of cases,
followed by yeasts with 27,5% (N=393), FFND with 2,2% (N=31), Prototheca spp with
0,1% (N=2), and associations with 1,6% (N=22). The female was the most affected
with 66% (N=2.527) of cases and the most affected age group ranged from 31 to 60
years of age (median 47 years). There was no relationship between the seasons and
results of tests positive. Conclusion: The fungal microbiota is often changed in the
world, both quantitatively and qualitatively, is affected by several environmental
factors. Thus, the periodic review of the composition of this microbiota is important to
evaluate the epidemiology and thus have a better therapeutic response.
Key words: 1. Onychomycosis, 2. Dermatophytes, 3. Moulds, 4. Non-dermatophytes
filamentous fungi, 5. Prototheca spp
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