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1. – ANÁLISE CRÍTICA DA TEORIA SOCIAL MARXIANA
1.1 – O FETICHISMO DO CONHECIMENTO
O fetichismo da mercadoria e a reificação da personificação das
formas sociais são fenômenos sociais conexos na teoria social “prático-
crítica” de Marx. A teoria social marxiana se esforçou em apreender tais
fenômenos na contradição básica entre relações sociais de produção e
formas sociais. Os mecanismos de reprodução social do capital
coisificam o ser humano através do processo de personificação social
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Processo relacionado ao desenvolvimento da personalidade, status e
distinção social; portanto, a personificação social também legitima
gestos, falas, atitudes e comportamentos é, portanto, este processo,
indissociável da complexa trama da sociabilidade.
Marx analisou a contradição entre relações e formas sociais na
modernidade capitalista, no processo sociometabólico de reprodução do
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No capítulo VI do Leviatã, intitulado Das pessoa s, autores e coisas
personificadas, Hobbes propõe uma interessante definição de perso nificação social,
muito próxima àq uela utilizada por Marx em O Capital. Na acepção de Hobbes: “a
palavra ‘pessoa’ é de origem latina. Em lugar dela os gregos tinham prósopon, que
significa rosto, tal como em latim persona significa o disfarce ou a aparência
exterior de um homem, imitada no placo. E por vezes mais particularmente aquela
parte dela que disfarça o rosto, com a máscara ou viseira. E do palco a palavra foi
transferida para qualquer representante da palavra ou da ação, tanto nos tribunais
como nos teatros. De modo que uma pessoa é o mesmo que um ator, tanto no palco
como na conversa corrente. E personificar é representar, seja a si mesmo ou a
outro; e daquele que representa outro diz-se que é portador de uma pessoa, ou que
age em seu no me /.../. Receb e designações diversas, confor me ocasiões:
representante, mandatário, lugar-tenente, vigário, advogado, deputado procurador,
ator, e outros semelhantes [como, por exe mplo, os diferentes nomes das profissões
e ocupações, Hobbes cita, textualmente, advogado]” (HOBBES, 1979, p. 96).