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ESMAEL LOPES DOS SANTOS
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA SOB
DÉFICIT HÍDRICO
Londrina
2009
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE LONDRINA
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ESMAEL LOPES DOS SANTOS
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA SOB
DÉFICIT HÍDRICO
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Agronomia da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial
para obtenção do título de Doutor em
Agronomia.
Orientador: Prof. Dr. Cássio Egidio Cavenaghi Prete
Co- Orientador: Dr. Alexandre José Cattelan
LONDRINA
2009
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Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca
Central da Universidade Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
S237d Santos, Esmael Lopes dos.
Desempenho de cultivares de soja sob déficit hídrico / Esmael Lopes
dos Santos. Londrina, 2009.
103 f. : il.
Orientador: Cássio Egídio Cavenaghi Prete.
Co-orientador: Alexandre José Cattelan.
Tese (Doutorado em Agronomia) Universidade Estadual de
Londrina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação
em Agronomia, 2009.
Inclui bibliografia.
1. Soja Cultivo Teses. 2. Soja Condições hídricas Teses.
I. Prete, Cássio Egídio Cavenaghi. II. Cattelan, Alexandre José. III.
Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Agrárias.
Programa des-Graduação em Agronomia. IV. Título.
CDU 633.34
ESMAEL LOPES DOS SANTOS
DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA SOB DÉFICIT HÍDRICO
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Agronomia da Universidade
Estadual de Londrina.
Aprovada em: 16/12/2009
COMISSÃO EXAMINADORA
Dr. Norman Neumaier Embrapa Soja
Prof. Dr. Claudemir Zucareli UEL
Dr. José Renato Bouças Farias Embrapa Soja
Prof. Dr. José Antonio Pimenta UEL
Dr. Rogério Teixeira de Faria IAPAR
Dr. Alexandre Lima Nepomuceno Embrapa Soja
_____________________________________
Prof. Dr. Cássio Egidio Cavenaghi Prete
Orientador
Universidade Estadual de Londrina
A minha esposa, Gheisa Helen, pelo incentivo, amor e colaboração para que
pudesse realizar este sonho;
Aos meus pais, Elias e Rosalina, pelo incentivo e grandes lições de vida.
Aos meus irmãos, Eliel e Rosenilda, embora distantes muitas vezes, sempre
souberam dar uma palavra de incentivo.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
À Deus.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL), por ter possibilitado a
realização do curso assim como, pela infraestrutura disponibilizada.
Ao meu orientador Prof. Dr. Cássio Egídio Cavenaghi Prete, não
pela constante orientação neste trabalho, mas sobretudo pela sua amizade.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja),
pela cessão de materiais e estrutura, que possibilitou o desenvolvimento destas
atividades.
Ao meu co-orientador Dr. Alexandre José Cattelan, pela orientação,
amizade, paciência e pela imensa contribuição para o meu crescimento pessoal e
profissional.
Aos pesquisadores da Embrapa soja, Dr. Nomam Neumaier, Dr.
José Renato Bouças Faria, Dr. Alexandre Lima Nepomuceno e Dra. Maria Cristina
Neves de Oliveira, pelo apoio, amizade, disponibilidade para solução dos problemas
e auxílio na concretização das metas deste trabalho.
À Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do
Agronegócio - FAPEAGRO, pelo apoio para a realização deste curso, assim como
aos funcionários e amigos, pela colaboração e incentivo.
Ao colegiado do curso de Pós-Graduação em Agronomia da
Universidade Estadual de Londrina - UEL, pela dedicação e pelos conhecimentos
transmitidos durante a realização do curso.
Aos funcionários da Embrapa Soja, em especial aos amigos Anizia
Betti (laboratório de microbiologia do solo), Luis Arvin Betti (área de Melhoramento),
Claudinei Toledo e Nelson Delatre (laboratório de ecofisiologia vegetal), pela apoio e
ajuda incontestável a mim prestada.
Aos colegas da Pós-Graduação em Agronomia da Universidade
Estadual de Londrina, pelo convívio e pelas trocas de conhecimentos.
Enfim, às pessoas e instituições que de forma direta ou
indiretamente contribuiram de maneira significativa para que este trabalho pudesse
ser realizado.
“Jamais considere seus estudos como uma
obrigação, mas como uma oportunidade
invejável para aprender a conhecer a influência
libertadora da beleza do reino do espírito, para
seu próprio prazer pessoal e para proveito da
comunidade à qual seu futuro trabalho
pertencer.”
(Albert Einstein)
SANTOS, Esmael Lopes dos. Desempenho de cultivares de soja sob déficit
hídrico. 2009. 103f. Tese (Doutorado em Agronomia) Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 2009.
RESUMO
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é uma das mais importantes culturas do mundo na
produção de grãos. Neste cenário, o Brasil se destaca como o segundo maior
produtor mundial de grãos de soja, razão pela qual esta é uma das culturas de maior
importância econômica para o País. Entre os fatores de produção, a água é o que
mais limita o rendimento das plantas cultivadas, principalmente em regiões onde
ocorre distribuição irregular da precipitação pluvial. O presente trabalho teve por
objetivo avaliar o desempenho de cultivares de soja sob déficit hídrico através do
crescimento de plantas, rendimento de grãos, fixação biológica do nitrogênio,
acúmulo e rendimento de proteína e óleo. Os experimentos foram conduzidos no
campo experimental da Embrapa Soja, em Londrina-PR. As semeaduras dos
experimentos foram realizadas manualmente com revolvimento do solo somente nas
linhas e com delineamento experimental em blocos ao acaso em parcelas
subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas principais foram aplicados três
disponibilidades hídrica (1 Déficit hídrico nos estádios reprodutivos - DHER, 2
condições normais de campo - CNC e 3 irrigado - IRR), enquanto as subparcelas
receberam as 10 cultivares de soja. Para análise de crescimento e rendimento de
grãos, foram utilizados dados das safras 2005/06 e 2006/07. As variáveis analisadas
foram: rendimento de grãos (kg ha
-1
) e massa de 100 grãos (g), em CNC e IRR,
foram estimados pela amostragem em três linhas de cinco metros, por unidade
experimental, o que corresponde a uma área de 7,5m
2
, e, em DHER, pela
amostragem em uma linha de dois metros, por unidade experimental, o que
corresponde à área de 1m
2
; área foliar (AF), determinada por meio de um Area
Meter, LI-3100 em cinco plantas, e o índice de área foliar (IAF) calculado pela
relação funcional existente entre a área foliar (AF) e a área do terreno ocupada pelas
plantas, nos estádios V
7
, R
2
, R
4
e R
6
; taxa fotossintética (μmol CO
2
m
-2
s
-1
),
determinada através de um medidor portátil de fotossíntese (Photosynthesis System,
LI-Cor, Inc., modelo LI-6200), no folíolo mediano do trifólio, completamente
expandido, nos estádios V
7
e R
4
; número de legumes por planta, média de cinco
plantas por parcela (estádio R
8
) e altura de planta (cm), média de cinco plantas por
parcela, medida no estádio V
7
e na colheita (estádio R
8
). Para análise da fixação
biológica de nitrogênio, foram utilizados dados da safra 2006/07. No estádio R
8
,
foram coletadas cinco plantas de cada subparcela, foram separadas parte aérea e
raiz, e desta retirado os nódulos. As variáreis analisadas foram as características
relacionadas com a nodulação (massa de nódulos secos - MNS; número de nódulos
NN) e o crescimento da planta (massa da parte aérea seca MPAS; massa de raiz
seca - MRS), após a secagem em estufa de circulação forçada de ar, à 65º C até
atingir peso constante. Para análise do acúmulo e rendimento de proteína e óleo,
foram utilizados dados da safra 2006/07. As variáveis analisadas foram: acúmulo de
proteína e óleo nos grãos e rendimento de proteína e óleo (kg ha
-1
). O acúmulo de
óleo foi determinado através de amostras retiradas de cada subparcela, pelo método
de Soxlet, com hexano como solvente e o acúmulo de proteína pelo método de
Kjeldahl. O rendimento de óleo e de proteína foi obtido com base no rendimento de
grãos e no acúmulo de óleo e proteína nos grãos, pela multiplicação do rendimento
pelos percentuais de óleo e proteína para cada disponibilidade hídrica. Quando
submetidas déficit hídrico, houve o comprometimento do crescimento das
cultivares de soja, devido à redução do IAF, da taxa fotossintética, correlacionando
com o rendimento da cultura. Entre as cultivares houve respostas diferenciadas,
sendo a BRS 184 com maior rendimento a mais tolerante, e, a BR 16 com menor
rendimento, a mais sensível ao déficit hídrico. O IAF se correlacionou com a taxa
fotossintética, massa e rendimento de grãos, mostrando ser uma resposta das
plantas ao déficit hídrico e um indicativo de rendimento. Houve variação entre as
cultivares quanto a nodulação, sendo esta menor quando houve a limitação hídrica
causada pelo DHER. O estresse causado pelo ficit hídrico nos estádios
reprodutivos (DHER) foi limitante para a nodulação, restringindo a FBN. Os menores
rendimentos de grãos (kg ha
-1
) apresentados na disponibilidade hídrica DHER,
podem ser reflexos do comprometimento da FBN. O acúmulo de proteína nos grãos
foi favorecido pelo ficit hídrico, sendo a disponibilidade hídrica DHER
a que
expressou o maior acúmulo, e, entre as cultivares nesta disponibilidade hídrica, a
BRS 183 e BRS 214 foram as de maiores médias. O DHER apresentou um menor
rendimento de proteína e óleo, e a cultivar BRS 184, foi a de maior rendimento de
proteína, e também se manteve entre as de maior rendimento de óleo, nas
disponibilidades hídricas CNC e IRR.
Palavras-chave: estresse hídrico, composição quimica, FBN, acúmulo de proteína e
óleo e componente de produção.
SANTOS, Esmael Lopes dos. Perfomance of soybean cultivars under water
deficit. 2009. 103f. Thesis (Doctor in Agronomy) Londrina State University,
Londrina, 2009.
ABSTRACT
The soybean [Glycine max (L.) Merrill] is one of the most important crops in the world
regarding grain production. In this scenario, Brazil stands out as the second largest
producer, what makes soybean one of the most important crops to the country.
Among the different production factors, water is considered the most limiting one,
especially in regions where the irregular distribution of pluvial precipitation occurs.
The present study aimed to evaluate the performance of soybean cultivars under
water deficit througt plant growth, grain yield, biological nitrogen fixation,
accumulation an yield of protein and oil. The experiments were conducted at the
experimental field of the National Soybean Research Center of Embrapa, in
Londrina-PR, Brazil. The sowing of the experiments was carried out manually with
soil disturbance only in the rows, and the experimental design was a randomized
complete blocks design with split-plot model and four replicates. The main plots
received three water availability: 1 water stress on reproductive stages (DHER), 2
natural rainfall (CNC), and 3 irrigation (IRR); while the subplots received 10
soybean cultivars. For analysis of growth and grain yield, data from the 2005/06 and
2006/07 seasons were used. The variables evaluated were: grain yield (kg ha
-1
) and
mass of 100 grains (g) in CNC and IRR were estimated by sampling to an area of 7,5
m
2
, and in DHER, by sampling a range of two meters per experimental unit, which
corresponds to the area of 1 m
2
; leaf area (AF), determined by an Area meter, LI-
3100 in five plants, and leaf area index (IAF) calculated by the functional relationship
between the leaf area (AF) and area of land occupied by plants, in the stages V
7
, R
2
,
R
4
and R
6
; photosynthetic rate (μmol CO
2
m
-2
s
-1
), determined by a portable
photosynthesis meter (photosynthesis system LI-Cor, inc., model LI-6200), the
middle leaflet of the 3rd trifoliate, fully expanded in stages V
7
and R
4
; number of pods
per plant, average of five plants per plot (R
8
) and plant height (cm), average of five
plants per plot, measured at the V
7
stage and harvest (R
8
). For the analysis of
biological nitrogen fixation, data from the 2006/07 season were used. At the R
8
stage,
were collected five plants of each subplot were separated shoot and root, and this
removed the nodules. The characteristics examined were related to nodulation
(number of nodules NN; nodule dry mass - MNS) and plant growth (shoot mass dry
MPAS; root dry mass - MRS) after drying in an oven forced circulation of air at 65º
C until weight constant. To analyze the accumulation and yield of protein and oil,
data from the 2006/07 season were used. The variables analyzed were:
accumulation of protein and oil in grain yield and protein and oil (kg ha
-1
). The
accumulation of oil was determined by samples taken from each subplot, by the
method of soxlet with hexane as solvent and the accumulation of protein by the
kjeldahl method. The oil yield and protein was obtained based on grain yield and
accumulation of oil and protein in grains, by multiplying the yield by the percentage of
oil and protein for each water availability. When subjected to water deficit, there was
impairment of growth of soybean cultivars, due to the reduction of IAF, photosynthetic
rate, correlating with the crop yield. Among the cultivars there were different
responses, and the BRS 184 with higher yield and the more tolerant, and the BR 16
with lower yield, the most sensitive to water deficit. The IAF was correlated with
photosynthetic rate, weight and grain yield, being a plant response to drought and an
indication of yield. There was variation among cultivars in the nodulation, which is
lower when there was water limitation caused by DHER. The stress caused by water
stress during reproductive stages (DHER) was limiting for nodulation, restricting the
FBN. The lowest grain yield (kg ha
-1
) presented in available water DHER, may reflect
the involvement of the FBN. The accumulation of protein in grains was favored by
drought, and water availability DHER, that expressed the greatest accumulation, and,
between cultivars in this water availability, BRS 183 and BRS 214 were of the highest
averages. The DHER showed a lower yield of protein and oil, and BRS 184 was the
highest yield of protein, and also remained among the highest oil production, in the
water availability CNC and IRR.
Key-words: water stress, chemical composition, FBN, accumulation of protein and
oil and production component.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 4
2.1. Produção e importância da cultura da soja ...................................................... 4
2.2. Características do crescimento e desenvolvimento da soja ............................... 6
2.3. Necessidades hídricas da cultura da soja .......................................................... 8
2.4. Fixação biológica do nitrogênio (FBN), o déficit hídrico e a composição do
grãode soja................................................................................................................ 12
2.5. Referências ........................................................................................................ 18
3. ARTIGO 1: CRESCIMENTO DE PLANTAS E RENDIMENTO DE GRÃOS EM
CULTIVARES DE SOJA SOB DÉFICIT HÍDRICO ................................................... 25
3.1. Resumo e Abstract.............. .............................................................................. 25
3.2. Introdução.............. ........................................................................................... 27
3.3. Material e Métodos ............................................................................................ 30
3.4. Resultados e Discussão .................................................................................... 34
3.4.1 Safras 2005/2006 e 2006/07 ............................................................................ 34
3.4.2 Análise conjunta das safras 2005/06 e 2006/07 ............................................... 46
3.5. Conclusões... ..................................................................................................... 55
3.6. Referências ....................................................................................................... 56
4. ARTIGO 2: NODULAÇÃO E FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO EM
CULTIVARES DE SOJA DÉFICIT HÍDRICO ............................................................ 61
4.1. Resumo e Abstract.............. .............................................................................. 61
4.2. Introdução.............. ............................................................................................ 63
4.3. Material e Métodos ............................................................................................. 65
4.4. Resultados e Discussão ..................................................................................... 68
4.5. Conclusões... ...................................................................................................... 74
4.6. Referências ....................................................................................................... 75
5. ARTIGO 3: ACÚMULO E RENDIMENTO DE PROTEÍNA E ÓLEO EM
CULTIVARES DE SOJA DÉFICIT HÍDRICO ............................................................ 78
5.1 Resumo e Abstract.............. ............................................................................... 78
5.2 Introdução.............. ............................................................................................ 80
5.3 Material e Métodos ............................................................................................. 82
5.4 Resultados e Discussão ..................................................................................... 85
5.5 Conclusões... ...................................................................................................... 91
5.6. Referências ....................................................................................................... 92
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................ 95
APÊNDICE ................................................................................................................ 96
1
1. INTRODUÇÃO
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é uma cultura de grande interesse
do agronegócio brasileiro na geração de divisas, incrementar as atividades da
agroindústria, gerar recursos financeiros à cadeia produtiva, propiciar um dinâmico
fluxo de bens e serviços, fomentar empregos, além de demandar suporte técnico-
científico para aumentar a precisão na agricultura. A soja é uma cultura de grande
interesse do agronegócio brasileiro na geração de divisas, por gerar recursos
financeiros à cadeia produtiva, pelo incremento das atividades da agroindústria,
propiciar um dinâmico fluxo de bens e serviços, fomentar empregos, além de
demandar suporte técnico-científico para aumentar a precisão na agricultura. Esta
leguminosa também tem forte participação no desenvolvimento de novos
bioprodutos de origem vegetal, propiciando aos agricultores, ao ambiente, ao país e
aos consumidores um grande número de alternativas rentáveis, com crescente
disponibilidade de novos produtos derivados da soja.
O Brasil é o segundo maior produtor de grãos de soja, razão pela
qual esta é uma das culturas de maior importância econômica para o País. Com
produção de 57,16 milhões de toneladas de grãos na safra 2008/09 numa área de
21,74 milhões de hectares, a produtividade média da soja brasileira é de 2.629 kg
ha
-1
, chegando a alcançar cerca de 3.082 kg ha
-1
no estado de Mato Grosso, o
estado maior produtor (CONAB, 2009).
Esta oleaginosa também se destaca com maior área cultivada no
mundo, sendo atualmente considerada, a principal fonte de proteína vegetal
disponível. O elevado valor socioeconômico da soja é atribuído, principalmente, à
combinação muito favorável de alto acúmulo de proteína (cerca de 40%) e de óleo
(cerca de 20%), juntamente com níveis adequados de rendimento de grãos. Este
acúmulo de proteína e óleo são importantes porque determinam o rendimento
industrial, ou seja, o quanto pode ser produzido de óleo comestível e de farelo por
tonelada de grãos processada e, também, o valor comercial dos produtos derivados.
O rendimento da cultura da soja depende do potencial genético das
cultivares e de fatores que interferem no sistema de produção. Como a cultura da
soja é semeada em todas as regiões do Brasil e, portanto, sob condições ambientais
2
muito variáveis, está sujeita às variações climáticas sendo estas o principal fator de
risco e de insucesso no cultivo de soja. Neste aspecto, o déficit hídrico é o principal
fenômeno gerador de prejuízos e de riscos para a cultura. Apesar de todo o
progresso que a pesquisa tem alcançado com cultivares de maior potencial de
rendimento, estresses causados pelo déficit hídrico durante estádios críticos, têm
limitado o rendimento de grãos.
A maior sensibilidade da soja às deficiências hídricas, considerando
o rendimento de grãos, é da semeadura à emergência, floração, formação de
legumes e enchimento de grãos, e nesta escala, tende a aumentar à medida que a
cultura avança no seu ciclo. Os efeitos da deficiência hídrica sobre o rendimento vão
depender da intensidade, duração, ciclo da cultura, época de ocorrência e da
interação com outros fatores determinantes da expressão do rendimento final.
Quando o déficit hídrico ocorre nos primeiros estádios de desenvolvimento
vegetativo, a soja recupera-se melhor do que outras culturas, que pode tolerar
curtos períodos de déficit, pois tem sistema radicular profundo e período de
florescimento relativamente longo, dependendo do ciclo da cultivar.
A deficiência hídrica também pode causar mudanças no conteúdo de
óleo e proteína dos grãos. Esta variação esta diretamente relacionada ao genótipo,
ao nível e a época da ocorrência do déficit hídrico. Devido ao elevado acúmulo de
proteína dos grãos a soja apresenta grande demanda por nitrogênio (N). As
necessidades de N pelas plantas de soja, em condições de campo, são supridas
pela fixação biológica do nitrogênio (FBN). Neste processo, as bactérias simbiontes
fixam o nitrogênio atmosférico (N
2
) e o disponibilizam para as plantas na forma de
compostos nitrogenados.
A FBN é extremamente sensível à deficiência hídrica, sendo o
primeiro processo a ser afetado, comprometendo a sobrevivência do
Bradyrhizobium, a formação e a longevidade dos nódulos e a síntese de
leghemoglobina. Os déficits mais severos podem levar à paralisação irreversível da
FBN, reduzindo a atividade fotossintética da planta hospedeira, podendo influenciar
negativamente no rendimento e na composição química dos grãos.
A melhoria do potencial produtivo das cultivares de soja é um dos
principais objetivos de todos os programas de melhoramento genético conduzidos
no país. No entanto, mudanças morfológicas, fisiológicas e de desenvolvimento de
3
plantas, e as suas consequências no rendimento da cultura, apresentam bases
moleculares e genéticas. Portanto, a caracterização de genótipos tolerantes ou
sensíveis à seca é um pré-requisito para seleção e manipulação genética. A
identificação e a compreensão dos mecanismos de tolerância à seca em plantas são
cruciais para o desenvolvimento de novas cultivares de soja mais tolerantes e
também para subsidiar a indicação de cultivares que ofereçam menores riscos de
perdas na produtividade, conforme as características climáticas de cada região
produtora.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o
desempenho de cultivares de soja sob déficit hídrico.
A tese esta dividida em forma de artigos, a saber:
Artigo 1: Crescimento de plantas e rendimento de grãos em cultivares
de soja sob déficit hídrico;
Artigo 2: Fixação biológica do nitrogênio em cultivares de soja sob
déficit hídrico;
Artigo 3: Acúmulo e rendimento de proteína e óleo em cultivares de
soja convencional e transgênica sob déficit hídrico.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Produção e importância da cultura da soja
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é uma leguminosa originária das
regiões central e norte da China. Segundo Probst e Judd (1973), estavam
disponíveis descrições sobre plantas de soja entre 3000 e 2000 anos a.C. e, a partir
de 200 anos a.C., a soja foi introduzida na Coréia e no Japão, de acordo com relato
de Hymowitz (1970). Nos Estados Unidos, a introdução da soja ocorreu a partir do
ano de 1765 (HYMOWITZ; HARLAN, 1983).
No Brasil, durante muitas décadas, a soja foi cultivada com caráter
experimental, sendo os primeiros registros de 1882, ocorridos no estado da Bahia
(HASSE, 1996) e, a partir da década de 70 até os dias atuais, a cultura da soja
apresentou notável expansão em nosso país, até os dias atuais, devido ao interesse
crescente da indústria de óleo e a demanda do mercado internacional (BONATO;
BONATO, 1987).
No Paraná, a soja foi introduzida no ano de 1939, na Estação
Experimental de Curitiba (VERNETTI, 1983). Como cultura, foi levada pelos
agricultores gaúchos que emigraram para o sudeste e, depois, para o oeste do
Estado. Na região dos Campos Gerais sua produção cresceu à medida que passou
a ocupar as áreas de arroz de sequeiro (KASTER et al., 1981). No norte e nordeste
do Estado, a cultura surgiu como decorrência dos efeitos das geadas de 1953 e
1955, que destruíram os cafezais, levando os agricultores, primeiramente, ao cultivo
de cereais, como cultura intercalar e, devido às dificuldades de transporte e
comercialização dessa produção, ao cultivo da soja, cuja colocação era garantida,
tanto no mercado interno como externo a preços compensadores (KASTER et al.,
1981; SILVA, 1981; STOLF, 2005).
A soja é uma das leguminosas mais importantes do mundo e no
cenário mundial o Brasil se destaca o segundo maior produtor deste grão, além de
maior exportador mundial, razão pela qual esta é uma das culturas de maior
importância econômica para o País (EMBRAPA, 2008).
5
A produção brasileira, na safra 2008/09, foi de 57,16 milhões de
toneladas de grãos, em uma área cultivada de 21,74 milhões de hectares com uma
produtividade média de 2.629 kg ha
-1
. Esta produtividade chega a alcançar cerca de
3.082 kg ha
-1
no Estado do Mato Grosso, o maior produtor brasileiro de soja
(CONAB, 2009). Esta representatividade em produção eleva a cultura a destaque no
agronegócio brasileiro, pela geração de divisas na cadeia produtiva e incremento
das atividades da agroindústria, proporcionando um dinâmico fluxo de bens e
serviços.
Estes ótimos resultados do agronegócio brasileiro da soja podem ser
atribuídos ao sofisticado pacote tecnológico desenvolvido para o cultivo da soja no
país, que é resultado dos esforços realizados por várias instituições de pesquisa.
Neste sentido, um destaque especial deve ser dado ao notório sucesso dos
programas de melhoramento de soja no Brasil, que pode ser verificado por meio de
centenas de cultivares já disponibilizadas aos agricultores (KIIHL; CALVO, 2008).
A soja é produzida para atender à demanda humana e animal de
proteína e óleo, sendo desejável que a alta produtividade de grãos seja também
acompanhada de altas concentrações destes componentes, pois isso diminui o
custo dos produtos derivados da soja (TANAKA et al., 1995).
A cultura está incluída entre as cinco principais fontes protéicas,
sendo também fonte calórica (18 a 22% de óleo). Teores de proteína e óleo nos
grãos de soja determinam seu valor comercial. O farelo de soja destinado à
exportação é classificado em três categorias, de acordo com seu conteúdo de
proteína: HyPro (>48%), Normal (46%) e LowPro (<43,5%). Para atingir o índice
classificado como Normal e HyPro, a soja deve conter acima de 41,5 e 43% de
proteína nos grãos, respectivamente, com base na matéria seca (MORAES, 2006).
A pesquisa genética brasileira tem exercido esforço para melhorar
diversos aspectos agronômicos da soja. Foram estudadas características de planta
que possibilitem adaptação ampla a ambientes muito diversos, tais como: período
juvenil longo, bito de crescimento e ciclo de maturação adequado, resistência a
doenças e insetos pragas e fixação biológica de nitrogênio (TOLEDO et al., 1994;
SPEHAR, 1995).
Além destas características estudadas, o rendimento da cultura da
soja depende do potencial genético das cultivares e de fatores que interferem no
6
sistema de produção. Neste caso, fatores abióticos podem atuar de forma isolada ou
em conjunto, limitando ou favorecendo o rendimento da cultura. Entre os fatores
abióticos, a seca é uma das principais causas da variação na produtividade e afeta,
praticamente, todos os aspectos de crescimento da planta. Alguns mecanismos,
entretanto, permitem aos vegetais tolerar a falta de água, por meio de um conjunto
de respostas morfológicas, fisiológicas, de desenvolvimento e moleculares
(CASAGRANDE et al., 2001).
2.2. Características do crescimento e desenvolvimento da soja
O rendimento da cultura da soja depende do potencial genético das
cultivares e de fatores que interferem na intensidade fotossintética da planta. O
processo fotossintético depende da interceptação da luz e sua conversão em
energia química, portanto, o índice de área foliar (IAF) pode ser considerado um
parâmetro indicativo de produtividade (MÜLLER, 1981) e como método-padrão para
se medir a produtividade biológica de uma cultura, permitindo o estudo de diferentes
cultivares de uma determinada cultura em seu ambiente de produção (PEREIRA;
MACHADO, 1987; GOMES, 2007). Segundo Koller et al. (1970) e Lucchesi (1987), a
capacidade fotossintética de uma planta depende da interceptação da radiação solar
que por sua vez se relaciona com o IAF. O aumento do IAF eleva ovel de
interceptação da luz incidente, proporcionando um aumento de produção de
biomassa. Contudo, esse benefício depende da eficiência de absorção e de
conversão da radiação em fotoassimilados (SINCLAIR, 1993).
A soja tem um crescimento inicial lento, que dura até a queda dos
cotilédones. Em seguida, o IAF normalmente aumenta linearmente até o final do
florescimento, atingindo valores entre 5,0 e 8,0. O valor do IAF decresce situando-se
entre 4,0 e 6,0 próximo a maturidade fisiológica, a partir da qual observa-se um
rápido amarelecimento da parte aérea das plantas, seguido de abscisão foliar
(KOLLER et al., 1970).
O rendimento de grãos de uma cultura depende de fatores
genéticos, condições favoráveis de solo, clima e manejo (EVANS; FISCHER, 1999)
e da quantidade de radiação solar interceptada pelo dossel (MELGES et al., 1989).
7
Scott e Batchelor (1979) obtiveram maior taxa de crescimento da cultura no início do
estádio reprodutivo da soja. Os valores de taxa de crescimento relativo, taxa
assimilatória líquida e razão de área foliar foram maiores no início do período
vegetativo e decresceram com o decorrer do ciclo. Board e Harville (1996)
verificaram que a maior taxa de crescimento da cultura ocorreu entre as fases
fenológicas reprodutivas R
1
e R
5
, devido ao aumento no índice de área foliar.
Constataram, também, que a maior interceptação da radiação luminosa foi no final
do período vegetativo, favorecendo a taxa de produção de massa da matéria seca
em etapa seguinte e, que a produtividade foi correlacionada com a taxa de
crescimento da cultura.
A altura de plantas é um parâmetro de crescimento das culturas, e
de acordo com Heiffig (2002), é obtida medindo a distância compreendida entre a
superfície do solo e a extremidade apical da haste principal. Em experimento com
cultivar de soja convencional Coodetec 205 de ciclo tardio, Kuss (2006) obteve altura
de planta de 103,66, 109,03 e 112,60 cm para plantas não irrigadas, irrigadas
durante todo o ciclo e plantas com irrigação apenas nos períodos críticos,
respectivamente.
Em um estudo com diferentes cultivares de soja, Ibarra (1990)
constatou acúmulo máximo de massa total no estádio R
7
, envolvendo a parte
vegetativa e reprodutiva, mesmo com acentuada perda de biomassa seca da parte
vegetativa, devido à queda de folhas senescentes e à translocação dos nutrientes
destas para os legumes e grãos.
A associação do acúmulo de matéria seca com a escala fenológica
da cultura da soja, permite a melhor observação do desempenho da planta.
Francisco (2002) avaliou o efeito da antecipação da adubação da cultura da soja no
acúmulo de matéria seca. Segundo o autor a matéria seca das folhas apresenta
acúmulo gradual, com ponto de máximo no estádio reprodutivo R
5
, decaindo
posteriormente, em função da queda acentuada das folhas ocorrida no final do ciclo,
chegando a reduzir em 137% a sua massa em relação ao ponto de maior acúmulo.
O caule atinge 48% de sua massa final no estádio R
2
, atingindo o ponto de maior
acúmulo no estádio R
5
, com massa de 220 mg m
-2,
mantendo certa estabilidade a
o final do ciclo. As raízes também apresentaram ponto de maior acúmulo de matéria
seca no estádio R
5
, com massa de 77 mg m
-2
, tendo ocorrido intenso ganho de
8
massa nos estádios iniciais de desenvolvimento. Analisando raízes, Silvius et al.,
(1977), verificaram que a matéria seca total de raízes de soja bem supridas de água
foi superior aquelas sob déficit hídricos.
2.3. Necessidades hídricas da cultura da soja
O estresse é um desvio significativo das condições ótimas para a
vida, e induz mudanças e respostas em todos os níveis funcionais do organismo, os
quais são reversíveis a princípio, mas podem se tornar permanente (LARCHER,
2000), sendo um fator externo que exerce influência desvantajosa para a planta
(TAIZ; ZEIGER, 2008).
Segundo Jones e Jones (1991), o estresse pode ser definido em
sentido geral como uma pressão excessiva de algum fator adverso que apresenta a
tendência de inibir o normal funcionamento dos sistemas nas plantas. Enquanto que
Levitt (1981) sugeriu que o estresse biológico poderia ser definido como
determinadas condições ambientais, que induzem a um organismo a entrar num
estado de tensão, definindo à tensão como determinadas alterações no metabolismo
e na fisiologia do organismo, que podem ou não causar injúria.
O estresse hídrico pode estar ocorrendo quando excesso ou falta
de água para a planta, sendo estes, fatores de diminuição da produção e, por isso,
seu manejo é essencial para a maximização da produção agrícola (RAMOS, 2002).
Uma das principais causas das oscilações de produtividade das
culturas no Brasil têm sido ocorrências de adversidades climáticas, que podem
ocorrer em períodos críticos do seu ciclo de desenvolvimento (KUSS, 2008;
CASAGRANDE et al., 2001). Neste contexto, o déficit hídrico é uma situação comum
à produção de muitas culturas, podendo apresentar um impacto negativo substancial
no crescimento e desenvolvimento das plantas (LECOEUR; SINCLAIR, 1996), sendo
o principal fenômeno gerador de prejuízos e de riscos para a cultura da soja
(FARIAS et al., 2001).
A água é a substância mais abundante dos tecidos vegetais,
constitui aproximadamente 90% da massa da planta, atuando em, praticamente,
todos os processos fisiológicos e bioquímicos. Desempenha a função de solvente,
9
através do qual, gases, íons inorgânicos e orgânicos são transportados. Tem, ainda,
papel importante na manutenção e na distribuição do calor (EMBRAPA, 2008), pelo
processo de transpiração.
No campo, deficiências hídricas, provocam alterações fisiológicas na
planta, como o fechamento estomático e o enrolamento dos folíolos devido à
desidratação dos tecidos. Este comportamento de redução da transpiração pode ter
como consequência à queda prematura das folhas, de flores e legumes, resultando
por fim, em redução no rendimento de grãos (NEUMAIER et al., 2000; EMBRAPA,
2008).
A abscisão de folhas, flores e legumes se dá devido ao aumento nos
níveis de ácido abscísico e consequente produção de etileno. Durante períodos de
estresse hídrico, um aumento no nível de ácido abscísico, provocando o
fechamento estomático para reduzir as perdas de água (LIANG; WONG, 1997; TAIZ;
ZEIGER, 2008). O fechamento dos estômatos se pela perda de solutos das
células-guarda que se desidratam. A perda de água das células do mesófilo para a
atmosfera, através dos estômatos, provoca variação de potencial da água na planta,
que é considerado o início do processo de desenvolvimento do estresse na planta
por déficit hídrico segundo Ackerson e Krieg (1977).
O consumo de água das culturas é determinado, basicamente, pela
demanda evaporativa da atmosfera, propriedades do solo e características das
plantas (BERGAMASCHI, 1992). As perdas de água por evaporação e transpiração
que ocorrem em uma cultura à campo, constituem a evapotranspiração, essencial
para estimar a quantidade de água requerida para irrigação (PEREIRA et al., 1997).
A evapotranspiração real acumulada de uma cultura depende da duração do seu
ciclo de desenvolvimento, as características das plantas e condições atmosféricas,
destacando-se a radiação solar, velocidade do vento, umidade relativa do ar e
temperatura do ar (KUSS et al., 2008).
também características da comunidade de plantas que
influenciam a evapotranspiração, como a influência da arquitetura foliar, da taxa de
crescimento e cobertura do solo, da população de plantas, do espaçamento entre
linhas, da orientação, da altura das plantas, da profundidade e densidade do sistema
radicular e do estádio fenológico da cultura (SEDYAMA et al., 1998).
10
A produtividade das plantas, limitada pela água, depende da
quantidade disponível deste recurso e da eficiência do seu uso. Caso a
disponibilidade deste recurso na planta se altere, ou seja, sofra uma redução ou um
aumento do seu conteúdo, o qual venha afetar seu crescimento e desenvolvimento,
o processo de estresse hídrico estará ocorrendo (TAIZ; ZEIGER, 2008).
A demanda total de água na cultura da soja, para obtenção do
máximo rendimento, varia entre 450 a 800 mm ciclo
-1
, dependendo das condições
climáticas, do manejo da cultura e da duração do ciclo (EMBRAPA, 2008).
O déficit hídrico é definido segundo Taiz e Zeiger (2008) como todo
conteúdo de água de um tecido ou célula que está abaixo do conteúdo de água
exibido no estado de maior hidratação. Entretanto, o déficit hídrico pode ocorrer em
duas situações: uma quando o solo não contém água disponível às plantas, ou seja,
a taxa de evapotranspiração fica mais dependente das características físico-hídricas
do solo do que da demanda atmosférica, também chamado de déficit hídrico no solo
(PEREIRA et al., 1997); ou ainda quando o solo contém água disponível, mas a
planta não é capaz de absorvê-la em velocidade e quantidade suficiente para
atender à demanda atmosférica (JONES, 1992).
As necessidades hídricas das plantas variam de um período para
outro, aumentando desde a emergência das plântulas, com valores muito baixos, a
o ponto de máxima área foliar onde se observa à maior evapotranspiração. Berlato
et al. (1986) determinando a evapotranspiração máxima da soja e as relações com a
evapotranspiração calculada pela equação de Penman, evaporação do tanque
classe A e a radiação solar global, encontraram que os maiores consumos de água
pela soja ocorreram do início da floração ao início da fase de enchimento de grãos,
com uma média de 7,5 mm dia
-1
. Os coeficientes de cultura (Kc), que relacionam a
evapotranspiração máxima com variáveis meteorológicas, também apresentaram
valores mais elevados, do início do florescimento ao início da fase de enchimento de
grãos, coincidindo com a maior altura das plantas e máximos índices de área foliar.
Os efeitos da deficiência hídrica sobre o rendimento vão depender
da intensidade, duração, época de ocorrência e da interação com outros fatores
determinantes da expressão do rendimento final (QUEIROZ et al., 1996). Quando o
déficit hídrico ocorre nos primeiros estádios de desenvolvimento vegetativo, a soja
recupera-se melhor do que outras culturas, que pode tolerar curtos períodos de
11
déficit, pois tem sistema radicular profundo e período de florescimento relativamente
longo, dependendo do ciclo da cultivar (FARIAS et al., 2001).
No caso da soja os dois períodos mais sensíveis à falta de água no
solo são germinação-emergência e floração-enchimento de grãos, porque envolvem
diretamente a formação dos componentes do rendimento: número de plantas por
área, número de legumes por planta, número de grãos por legume e massa média
de grãos (CUNHA; BERGAMASCHI, 1992; NEUMAIER et al., 2000; CASAGRANDE,
2001; EMBRAPA, 2008). Nestes dois períodos o déficit hídrico poderia ter
interferência direta nos componentes do rendimento, enquanto no restante do ciclo
os efeitos são menos pronunciados, somente afetando indiretamente os
componentes do rendimento (CUNHA; BERGAMASCHI, 1992). A sensibilidade da
soja às deficiências hídricas, considerando o rendimento de grãos, tende a aumentar
à medida que a cultura avança no seu ciclo (KRON et al., 2008), apresentando uma
máxima sensibilidade durante o período reprodutivo, principalmente na formação de
legumes e enchimento de grãos (KORTE et al., 1983).
Durante o período de germinação-emergência, tanto o excesso de
água quanto o déficit são prejudiciais à obtenção de um bom estabelecimento do
dossel vegetativo, em função da diminuição do estande de plantas (CASAGRANDE,
2001). Segundo Embrapa (2008), a semente de soja necessita absorver, no mínimo,
50% de umidade em relação à sua fitomassa seca para assegurar uma boa
germinação. Nesta fase, a água no solo não deve exceder a 85% do total máximo de
água disponível e nem ser inferior a 50%. Para Thomas e Costa (1994), a área foliar
fotossinteticamente ativa das plantas é a parte mais sensível ao déficit hídrico e um
dos fatores que afeta o rendimento das culturas. Na soja, em caso de déficit hídrico,
a redução na expansão foliar e aceleração da senescência das folhas
fisiologicamente mais velhas é uma tentativa da planta em reduzir o uso da água
para uso em períodos posteriores.
Confalone e Dujmovich (1999) estudando a influência do déficit
hídrico sobre a eficiência da radiação solar em soja, concluíram que o déficit hídrico
produz efeito variado sobre o crescimento e produção de biomassa na cultura da
soja, esta variação depende do momento de ocorrência e da severidade do
estresse. Boerma e Ashley (1982) indicam que a sensibilidade da cultura é mínima
12
durante a fase vegetativa a não ser que a severidade do déficit hídrico limite muito o
porte da planta.
Do total de flores produzidas pela soja, 40 a 80% o abortadas
naturalmente no florescimento e início da formação de legumes (HANSEN;
SHIBLES, 1978). No entanto, a queda de legumes ocorre numa intensidade muito
menor que o aborto de flores em função do estresse hídrico (DOMINGUEZ; HUME,
1978). Porém, apesar da soja ser uma planta que naturalmente aborta até 80% de
suas flores, um déficit hídrico severo no período de florescimento e desenvolvimento
dos legumes pode levar ao abortamento de flores além do normal e queda de
legumes.
A disponibilidade adequada de água no florescimento, reduz o
aborto de flores e abscisão de legumes e proporciona um incremento no potencial
de rendimento de grãos por possibilitar um maior massa de grão e número de grãos
por legume (MAEHLER et al., 2003). Foroud et al., (1993) verificaram que um
estresse hídrico em R
5
reduziu as medidas das características avaliadas na soja e
foi mais crítico que o estresse em R
2
. Rambo et al. (2004), avaliando o potencial de
rendimento da soja em três extratos do dossel da soja em função da modificação do
arranjo de plantas, em dois regimes hídricos, concluíram que a disponibilidade
hídrica adequada, mesmo no final do ciclo, reduz a perda de potencial de
rendimento em soja.
O déficit hídrico durante a fase de crescimento vegetativo, se mostra
menos importante que durante os períodos de florescimento, formação de legumes e
enchimento de grãos (KORTE et al., 1983; QUEIROZ et al., 1998; FARIAS et al.
2001). A falta de água durante o enchimento de grãos reduz o tamanho e a massa
de grãos, devido à diminuição do suprimento de fotoassimilados produzidos pela
planta e/ou inibição do metabolismo do próprio grão (SALINAS et al., 1996).
2.4. Fixação biológica do nitrogênio (FBN), o déficit hídrico e a composição
dos grãos de soja
O nitrogênio é o nutriente requerido em maior quantidade pela
cultura da soja, pois os grãos são ricos em proteína, apresentando um acúmulo
13
médio de 6,5% de N. Desse modo, para produzir 1000 kg de grãos de soja são
necessários 65 kg de N, sendo que adicionando-se mais 15 kg de N para as folhas,
caule e raízes tem-se 80 kg de N. Consequentemente, para obtenção de
produtividades de grãos de 3000 kg ha
-1
são necessários 240 kg de N, dos quais
195 kg são retirados da lavoura pelos grãos (HUNGRIA et al., 2001).
As principais fontes de N disponíveis para as plantas de soja, em
condições de campo, são os fertilizantes nitrogenados e a fixação biológica de
nitrogênio (FBN). No Brasil, a FBN é um dos exemplos de maior sucesso, uma vez
que a utilização de inoculantes com Bradyrhizobium possibilita uma economia anual
aproximada de US$ 3 bilhões em fertilizantes nitrogenados (FAGAN et al., 2007). A
simbiose, que ocorre entre esta leguminosa e as bactérias do gênero
Bradyrhizobium, resulta na formação de nódulos nas raízes da planta, possibilitando
a obtenção de todo o N que a cultura necessita, mesmo com expectativa de alta
produtividade de grãos (EMBRAPA, 2005, ZILLI et al., 2006).
O comprometimento da FBN para que o N seja suprido em
quantidade necessária, pode ser decorrente de vários fatores, dentre eles, o
fornecimento ou a falta de umidade superficial do solo aliado a temperaturas
elevadas, se destaca entre os fatores limitantes (CATTELAN; HUNGRIA, 1994). A
fase mais crítica para o estabelecimento da fixação é logo após a semeadura, pois o
solo permanece descoberto e, desta forma, nos períodos mais quentes do dia, pode
atingir altas temperaturas nos primeiros 5cm de profundidade, o que poderá
prejudicar a sobrevivência da bactéria e a associação simbiótica (HUNGRIA et al.,
2007), principalmente em áreas submetidas ao preparo convencional do solo.
Tem sido largamente documentado que a FBN em soja é
extremamente sensível ao déficit hídrico sendo o primeiro processo a ser
prejudicado, antes mesmo de afetar a fotossíntese, portanto, diminui a síntese
protéica antes da produção de massa seca (SINCLAIR et al.,. 1987).
De forma direta, compromete a sobrevivência do Bradyrhizobium, a
formação e a longevidade dos nódulos, a síntese de leghemoglobina, responsável
pela coloração interna rósea típica de nódulos ativos e cuja função é transportar o
oxigênio. Além disso, o estresse mais severo pode levar à paralisação irreversível da
fixação (SERRAJ et al., 1999; HUNGRIA; VARGAS, 2000). A deficiência hídrica
provoca redução da permeabilidade dos nódulos aos gases limitando o acesso de
14
oxigênio para a respiração e consequentemente a fixação do N
2
. A disponibilidade
hídrica adequada também é essencial para a importação de fotoassimilados e
exportação dos compostos nitrogenados, que podem causar a desnaturação da
nitrogenase quando se acumulam nos nódulos (HUNGRIA; VARGAS, 2000;
SANTOS, 2006).
As máximas taxas de fixação de nitrogênio ocorrem no final do
florescimento e durante o enchimento de grãos (Figura 1). O nitrogênio assimilado
entre o desenvolvimento do legume (estádio R
3
) e o começo da maturação (estádio
R
7
) é a fonte predominante de nitrogênio para o grão (WAREMBOURG;
FERNANDEZ, 1985; ZAPATA et al., 1987). No entanto, as consequências da falta
de água durante o enchimento de grãos, reduzindo o tamanho e a massa de grãos
(SALINAS et al., 1996), também é reflexo do comprometimento da FBN nesta fase
da cultura.
Figura 1. Fontes de nitrogênio e suas contribuições no desenvolvimento da planta de
soja. Adaptado de Zapata et al., (1987).
Em estudos realizados com aplicação de nitrogênio em soja
nodulada e não-nodulada, na premissa de que naqueles genótipos não-nodulados
haveria maior eficiência na utilização de N pela planta devido à economia na energia
15
despendida na manutenção de um sistema nodular, verificou-se, que não houve
produção superior nas plantas não-noduladas em relação às noduladas em
nenhuma das doses de nitrogênio aplicadas (WEBER, 1966). Este autor relatou que,
em linhagens isogênicas noduladas, sempre houve maior produtividade de grãos do
que nas não noduladas, utilizando-se a mesma quantidade de fertilizante. O autor
sugere que o nitrogênio simbiótico seria uma fonte mais aproveitável de N do que
aquele proveniente de fertilizante, ainda que a necessidade de energia para a
simbiose e a redução do N fixado fossem menores do que aquela requerida para a
absorção de nitrato e sua subsequente redução e assimilação pela linhagem
isogênica não nodulada.
Também controvérsia sobre a necessidade de suplementação de
N em soja no período final da formação de grãos (R
5
, R
6
ou R
7
) devido à diminuição
da atividade simbiótica durante o enchimento dos legumes. Cabe salientar que o
nitrato do solo é antagonista à fixação biológica do nitrogênio, pois mantém os
nódulos em formação e interfere na fixação dos dulos existentes. Um fator
complicador desse quadro é que a fixação biológica do nitrogênio começa a declinar
durante a fase de enchimento de grãos. Então, o crescimento do grão fica
fortemente dependente da remobilização do nitrogênio dos tecidos vegetais,
principalmente das folhas. A perda de nitrogênio pelas folhas faz com que estas
reduzam sua capacidade fotossintética, o que finalmente levaria a planta à
senescência e morte (PÍPOLO et al., 2004b). Em função dessa sequência de
eventos, Sinclair e Wit (1975) classificam a soja como sendo autodestrutiva.
A composição do grão em relação à proteína e óleo tem controle
genético quantitativo e sofre grande influência do meio ambiente (WILCOX, 1985;
BURTON, 1989). A inversa e consistente relação entre produtividade de grãos e
concentração de proteína, assim como a correlação negativa entre concentração de
proteína e óleo nos grãos de soja (PÍPOLO et al., 2004a; PÍPOLO et al., 2004b;
SANTOS, 2006), constituem barreiras para aumentar o acúmulo de proteína e óleo
das linhagens comerciais (BURTON, 1985). Levando em consideração as
adversidades ambientais onde a soja é cultivada no Brasil, Pípolo et al. (2004a)
estudou os efeitos da temperatura sobre as concentrações de proteína e óleo nos
grãos de soja e verificou que as concentrações de proteína e óleo e a taxa de
16
acúmulo de massa seca do grão não apresentavam diferenças significativas quando
a temperatura variava entre 21 e 29ºC, em grãos submetidos ao desenvolvimento in
vitro, a partir do estádio R
5
, durante oito dias. Esse mesmo autor também constatou
que as maiores diferenças na concentração de proteína obtidas a campo, dentro de
um mesmo local, foram melhor explicadas pela distribuição de chuvas durante o
período de enchimento de grãos.
Hayati et. al., (1996) sugerem que mudanças na disponibilidade de
nitrogênio para os grãos, induzidas pelo meio ambiente, pode ser o mecanismo que
explica as variações na concentração de nitrogênio no grão em condições de
campo. As mudanças da disponibilidade de nitrogênio para os grãos podem estar
relacionadas diretamente com a fixação biológica do nitrogênio.
Streeter (1978) estudou o efeito da deficiência de N em plantas de
soja em vários estádios de crescimento sobre a produtividade de grãos e sobre a
concentração deste elemento em partes da planta na maturidade. No cultivo in vitro,
o N foi retirado aos 65, 76 e 87 dias depois da semeadura. O mais curto período de
estresse de N resultou em decréscimo de sua concentração e da massa individual
do grão. Períodos mais longos de estresse de N causaram redução do número de
legume e de grãos, assim como, redução na massa e de concentração de N.
Burton (1994) estudou a influência do incremento da fotossíntese,
pelo aumento da intercepção de luz sobre a concentração de proteína no grão de
soja. Para aumentar a intercepção de luz no estádio R
5
, a linha central de uma
parcela de três linhas foi cortada ou foram cortadas as duas laterais. Ambos
tratamentos resultaram em significativo aumento na produtividade de grãos e na
concentração de proteína do grão. A concentração de óleo decresceu em quase
todas as linhas, porém não de forma significativa. O autor concluiu que a relação
negativa entre a produtividade de grãos e a concentração de proteína nos grãos não
ocorre devido a um inerente antagonismo fisiológico entre as duas características e
que o melhoramento de soja, visando o aumento da fotossíntese e/ou a FBN, pode
aumentar a produtividade de grãos e a concentração de proteína nos grãos.
Paek et al. (1997) estudaram em casa de vegetação as mudanças
na concentração de proteínas nos grãos devido ao suprimento de N e concluíram
17
que a soja tem a capacidade de aumentar a concentração de proteína no grão
quando mais N é disponibilizado para o grão.
Hayati et al. (1995) avaliaram a relação entre a demanda de N pelo
grão e a senescência das folhas. As plantas de soja cresceram sob a sombra de R
1
até R
5
, então, a sombra foi removida com o objetivo de aumentar a fotossíntese e o
acúmulo de matéria seca e N no grão. Os experimentos incluíram tratamentos com
plantas com nodulação e sem nodulação e em sistema hidropônico. O aumento da
fotossíntese no estádio R
5
, quando N estava disponível para as plantas, aumentou
seu acúmulo nos grãos em direta proporção com a massa seca, resultando em sua
constante concentração. Onde o N não estava disponível para a planta, a retirada da
sombra não aumentou seu acúmulo, então, o aumento da massa seca dos grãos
causou decréscimo na sua concentração.
Nakasathien et al. (2000) avaliaram o efeito do suprimento de dose
extra de N sob a concentração de proteína no grão de soja in vivo, e verificaram que
o aumento da disponibilidade de N aumentou a concentração de proteína nas
linhagens com alto teor protéico, mas este aumento resultou em decréscimo de
produtividade de grãos. Santos (2006) também chegou a resultados semelhantes
quando testou a hipótese de que a caractestica de alta concentração de proteína
no grão é regulada pelo suprimento de N para os grãos em desenvolvimento e
avaliou o efeito do suprimento de altas doses de N (glutamina) sob a concentração
de proteína no grão de soja de cultivares contrastantes, com parte do
desenvolvimento in vitro comparando com os grãos que continuaram o
desenvolvimento in vivo. Com o aumento na concentração de glutamina o conteúdo
protéico no grão aumentou e, mesmo não apresentando as mesmas concentrações,
a cultivar de baixo teor apresentou maior acréscimo. Estes estudos sugerem que
linhagens com concentração normal de proteína no grão têm a capacidade
bioquímica de sintetizar mais proteína quando o substrato está disponível e, que a
concentração de proteína é regulada pela disponibilidade de N para os grãos em
desenvolvimento, além da característica genética dão grão influenciar na
concentração de proteína no mesmo.
18
2.5. Referências
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(Embrapa Roraima. Comunicado Técnico, 20).
25
3. ARTIGO 1. CRESCIMENTO DE PLANTAS E RENDIMENTO DE GRÃOS EM
CULTIVARES DE SOJA SOB DÉFICIT HÍDRICO
3.1. Resumo
A soja é uma das mais importantes culturas do mundo na produção de grãos. Neste
cenário, o Brasil se destaca como o segundo maior produtor mundial de soja. Como
a cultura da soja é semeada em todas as regiões do Brasil e, portanto, sob
condições ambientais muito distintas, está sujeita a variações climáticas, sendo
estas o principal fator de risco e de insucesso no cultivo da oleaginosa. Neste
apecto, a seca é o principal fenômeno gerador de prejuízos e de riscos para a
cultura. O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de plantas e o rendimento
de grãos em cultivares de soja sob déficit hídrico. Os experimentos foram
conduzidos no campo experimental da Embrapa Soja, em Londrina-PR. As
semeaduras dos experimentos foram realizadas manualmente com revolvimento do
solo somente nas linhas e com delineamento experimental em blocos ao acaso em
parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas principais foram
aplicados três disponibilidades hídrica (1 Déficit hídrico nos estádios reprodutivos -
DHER, 2 condições normais de campo - CNC e 3 irrigado - IRR), enquanto as
subparcelas receberam as 10 cultivares de soja (BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS
134, BRS 245 RR, BRS 247 RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214, and BRS 232). Para
análise de crescimento e rendimento de grãos, foram utilizados dados das safras
2005/06 e 2006/07. As variáveis analisadas foram: rendimento de grãos (kg ha
-1
) e
massa de 100 grãos (g), em CNC e IRR, foram estimados pela amostragem em três
linhas de cinco metros, por unidade experimental, o que corresponde a uma área de
7,5m
2
, e, em DHER, pela amostragem em uma linha de dois metros, por unidade
experimental, o que corresponde à área de 1m
2
; área foliar (AF), determinada por
meio de um Area Meter, LI-3100 em cinco plantas, e o índice de área foliar (IAF)
calculado pela relação funcional existente entre a área foliar (AF) e a área do terreno
ocupada pelas plantas, nos estádios V
7
, R
2
, R
4
e R
6
; taxa fotossintética (μmol CO
2
m
-2
s
-1
), determinada através de um medidor portátil de fotossíntese (Photosynthesis
System, LI-Cor, Inc., modelo LI-6200), no folíolo mediano do trifólio,
completamente expandido, nos estádios V
7
e R
4
; número de legumes por planta,
média de cinco plantas por parcela (estádio R
8
) e altura de planta (cm), média de
cinco plantas por parcela, medida no estádio V
7
e na colheita (estádio R
8
).Em
condições de déficit hídrico, houve o comprometimento do crescimento das
cultivares de soja, redução do IAF e da taxa fotossintética, prejudicando o
rendimento de grãos da cultura. Entre as cultivares houve respostas diferenciadas,
sendo a BRS 184 com maior rendimento a mais tolerante, e, a BR 16 com menor
rendimento, a mais sensível ao déficit hídrico. O IAF se correlacionou com a taxa
fotossintética, massa e rendimento de grãos, mostrando ser uma resposta das
plantas ao déficit hídrico e um indicativo de rendimento.
Palavras-chave: Glycine max (L.) Merrill, estresse hídrico, fotossíntese, irrigação e
componentes de produção.
26
PLANT GROWTH AND YIELD IN SOYBEAN CULTIVARS UNDER WATER
DEFICIT
3.1. Abstract
Soybean is one of the most important crops in the world regarding grain production.
In this scenario, Brazil stands out as the second largest producer. As the soybean
crop is sown in all regions of Brazil and, therefore, under widely variable
environmental conditions, it is subject to climatic variations. This is considered as the
most important factor of risk and of failure to the soybeans cultivation. In this respect,
drought is the main cause of the losses and risks to the culture. The objective of this
study was to evaluate plant growth and grain yield in soybean cultivars under water
deficit. The experiments were conducted at the experimental field of the National
Soybean Research Center of Embrapa, in Londrina-PR, Brazil. The sowing of the
experiments was carried out manually with soil disturbance only in the rows, and the
experimental design was a randomized complete blocks design with split-plot model
and four replicates. the main plots received three water availability: 1 water stress
on reproductive stages (DHER), 2 natural rainfall (CNC), and 3 irrigation (IRR);
while the subplots received 10 soybean cultivars (BR 16, Embrapa 48, BRS 133,
BRS 134, BRS 245 RR, BRS 247 RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214, and BRS 232).
For analysis of growth and grain yield, data from the 2005/06 and 2006/07 seasons
were used. the variables evaluated were: grain yield (kg ha
-1
) and mass of 100 grains
(g) in CNC and IRR were estimated by sampling to an area of 7,5 m
2
, and in dher, by
sampling a range of two meters per experimental unit, which corresponds to the area
of 1 m
2
; leaf area (AF), determined by an area meter, li-3100 in five plants, and leaf
area index (IAF) calculated by the functional relationship between the leaf area (AF)
and area of land occupied by plants, in the stages V
7
, R
2
, R
4
and R
6
; photosynthetic
rate (μmol co
2
m
-2
s
-1
), determined by a portable photosynthesis meter
(photosynthesis system LI-Cor, inc., model LI-6200), the middle leaflet of the 3rd
trifoliate, fully expanded in stages V
7
and R
4
; number of pods per plant, average of
five plants per plot (R
8
) and plant height (cm), average of five plants per plot,
measured at the V
7
stage and harvest (R
8
). When subjected to water deficit, there
was impairment of growth of soybean cultivars, due to the reduction of IAF,
photosynthetic rate, correlating with the crop yield. Among the cultivars there were
different responses, and the brs 184 with higher yield and the more tolerant, and the
br 16 with lower yield, the most sensitive to water deficit. The IAF was correlated with
photosynthetic rate, weight and grain yield, being a plant response to drought and an
indication of yield.
Key-Words: Glycine max (L.) Merrill, water stress, photosynthesis, irrigation and
production component.
27
3.2. Introdução
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é uma das mais importantes
leguminosa do mundo (BLACK, 2000), sendo o Brasil o segundo maior produtor de
grãos de soja , razão pela qual esta é uma das culturas de maior importância
econômica para o País. Na safra 2008/09, a cultura ocupou uma área de 21,74
milhões de hectares, totalizando uma produção de 57,16 milhões de toneladas. A
produtividade média da soja brasileira nesta safra foi de 2.629 kg ha
-1
, chegando a
alcançar 3.0820 kg ha
-1
no estado de Mato Grosso, o estado maior produtor
(CONAB, 2009).
Como a cultura da soja é semeada em todas as regiões do Brasil e,
portanto, sob condições ambientais muito diversas, está sujeita às variações
climáticas sendo estas o principal fator de risco e de insucesso no cultivo de soja.
Neste contexto, a seca é o principal fenômeno gerador de prejuízos e de riscos para
a cultura (FARIAS et al., 2001). Apesar de todo o progresso que a pesquisa tem
alcançado com cultivares de maior potencial de rendimento, estresses causados
pelo déficit hídrico durante estádios críticos têm limitado a obtenção de rendimentos
mais próximos ao potencial produtivo da espécie (COSTA et al., 1999; MAEHLER et
al., 2003; FARIAS, 2004).
O déficit hídrico é definido segundo Taiz e Zeiger (2008) como todo
conteúdo de água de um tecido ou célula que está abaixo do conteúdo de água
exibido no estado de maior hidratação. Entretanto, o déficit hídrico pode ocorrer em
duas situações: uma quando o solo não contém água disponível às plantas, ou seja,
a taxa de evapotranspiração fica mais dependente das características físico-hídricas
do solo do que da demanda atmosférica, também chamado de déficit hídrico no solo
(PEREIRA et al., 1997); ou ainda quando o solo contém água disponível, mas a
planta não é capaz de absorvê-la em velocidade e quantidade suficiente para
atender à demanda atmosférica (JONES, 1992).
A soja tem dois períodos críticos bem definidos com relação à falta
de água: germinação-emergência e floração-enchimento de grãos (R
5
e R
6
), porque
envolvem diretamente a formação dos componentes do rendimento: número de
plantas por área, número de legumes por planta, número de grãos por legume e
massa média de grãos (CUNHA; BERGAMASCHI, 1992; NEUMAIER et al., 2000;
28
CASAGRANDE et al., 2001; FARIAS et al. 2001; EMBRAPA, 2008). Nesses dois
períodos o déficit hídrico poderia ter interferência direta nos componentes do
rendimento, enquanto no restante do ciclo os efeitos são menos pronunciados,
somente afetando indiretamente os componentes do rendimento (CUNHA;
BERGAMASCHI, 1992). A sensibilidade da soja às deficiências hídricas,
considerando o rendimento de grãos, tende a aumentar à medida que a cultura
avança no seu ciclo (KRON et al., 2008), apresentando uma máxima sensibilidade
durante o período reprodutivo, principalmente na formação de legumes e
enchimento de grãos (KORTE et al., 1983).
Os efeitos da deficiência hídrica sobre o rendimento vão depender
da intensidade, duração, época de ocorrência e da interação com outros fatores
determinantes da expressão do rendimento final (QUEIROZ et al., 1996). Quando o
déficit hídrico ocorre nos primeiros estádios de desenvolvimento vegetativo, a soja
recupera-se melhor do que outras culturas, que pode tolerar curtos períodos de
déficit, pois tem sistema radicular profundo e período de florescimento relativamente
longo, dependendo do ciclo da cultivar (FARIAS et al., 2001).
Dentre os componentes de rendimento, Salinas et al., (1996)
verificaram que o tamanho e a massa de grãos foram os mais sensíveis ao déficit
drico. Estes autores argumentam ainda que a falta de água durante o enchimento
de grãos reduz o tamanho e a massa de grãos, devido à diminuição do suprimento
de fotoassimilados produzidos pela planta e/ou inibição do metabolismo do próprio
grão. Rambo et al. (2003) verificando as respostas de cultivares de soja irrigada e
não irrigada, constaram que houve menor taxa de enchimento de grãos, resultando
em menor massa de grão e refletindo em menores rendimentos de grãos de soja nos
tratamentos não irrigados do que nos irrigados.
Kuss et al., (2008), analisando populações de plantas e estratégias
de manejo de irrigação na cultura da soja, verificaram que a massa média de grãos
foi maior nos tratamentos que não receberam irrigação durante o ciclo da cultura.
Estes autores argumentam que durante a realização do experimento, ocorreu déficit
hídrico no florescimento e no final do enchimento de grãos e que, nestes
tratamentos, a restrição hídrica causou maior abortamento de flores e legumes. Este
fato pode ser verificado pelo menor número de legumes por planta, fazendo com que
aqueles legumes que permaneceram na planta acumulassem mais massa seca em
29
seus grãos do que, comparativamente, com plantas com maior número de legumes
e grãos, onde é maior a demanda por fotoassimilados. Para Casagrande et al.
(2001), este comportamento é um mecanismo de tolerância à falta de água,
objetivando direcionar o fluxo de compostos para os legumes que se apresentam
mais adiantados no processo de desenvolvimento e que, em teoria, teriam maiores
chances de produzir sementes viáveis.
O rendimento da cultura da soja depende do potencial genético das
cultivares e de fatores que interferem na intensidade fotossintética da planta. O
processo fotossintético depende da interceptação da luz e sua conversão em
energia química, portanto, o índice de área foliar (IAF) pode ser considerado um
parâmetro indicativo de produtividade (MÜLLER, 1981) e como método-padrão para
se medir a produtividade biológica de uma cultura, permitindo o estudo de diferentes
cultivares de uma determinada cultura em seu ambiente de produção (PEREIRA;
MACHADO, 1987; GOMES, 2007). A resposta mais proeminente das plantas ao
déficit hídrico, segundo McCree e Fernández (1989) e Taiz e Zeiger (2008), consiste
no decréscimo da produção da área foliar, da aceleração da senescência e da
abscisão das folhas. A falta de água pode afetar ainda a eficiência do processo
fotossintético, tanto de forma direta, com a desidratação do citoplasma, como
indiretamente, devido ao fechamento estomático (CASAGRANDE et al., 2001).
A melhoria do potencial produtivo das cultivares e a resistência a
doenças de soja são os principais objetivos de todos os programas de melhoramento
genético conduzidos no país (SANTOS et al., 2006). No entanto, mudanças
morfológicas, fisiológicas e de desenvolvimento de plantas, e as suas consequências
no rendimento da cultura, apresentam bases moleculares e genéticas. Portanto, a
caracterização de genótipos tolerantes ou sensíveis à seca é um p-requisito para
seleção e manipulação genética (TURNER, 1997). A identificação e a compreensão
dos mecanismos de tolerância à seca em plantas são cruciais para o
desenvolvimento de novas cultivares de soja mais tolerantes (CASAGRANDE et al.,
2001) e também para subsidiar a indicação de cultivares que ofereçam menores
riscos de perdas na produtividade, conforme as características climáticas de cada
região produtora.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de plantas e o
rendimento de grãos em cultivares de soja sob déficit hídrico.
30
3.3. Material e Métodos
Os experimentos foram conduzidos no campo experimental da
Embrapa Soja, em Londrina-PR, (latitude 23º 11 S, longitude 51° 11 W e altitude
566m), nas safras 2005/06 e 2006/07 (Figuras 1 e 2 do apêndice). O clima
predominante, segundo Köppen (1931), é do tipo subtropical, sendo a temperatura
média do s mais quente superior a 22°C e a do mês mais frio inferior a 18°C
(CORRÊA et al., 1982).
Segundo a classificação da Embrapa (2006) o tipo de solo do local
onde foi realizado o experimento, é Latossolo Vermelho Eutroférrico argiloso. As
características químicas do solo estão apresentadas na Tabela 1 do apêndice,
sendo as correções necessárias realizadas conforme recomendação para a cultura
da soja.
As semeaduras dos experimentos foram realizadas manualmente
com revolvimento do solo somente nas linhas, com espaçamento de 45cm, deixando
após o desbaste 12 plantas/m. A inoculação das sementes de soja foi realizada
conforme Hungria et al., (2007), com inoculante turfoso contendo as estirpes Semia
587 + Semia 5019 e o tratamento das sementes com o fungicida Vitavax + Thiram
(Figura 3 do apêndice). Os tratos culturais foram realizados de acordo com as
recomendações das Tecnologias de Produção de Soja para a Região Central do
Brasil 2006 (EMBRAPA, 2005).
Na safra 2005/06 a semeadura foi realizada no dia 04 de dezembro
de 2005 e na 2006/07, no dia 03 de dezembro de 2006. O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com parcelas subdivididas, com
quatro repetições. Nas parcelas principais, três disponibilidades hídricas (1 Déficit
hídrico nos estádios reprodutivos DHER, 2 condições normais de campo - CNC e
3 irrigado IRR) e em subparcelas, as 10 cultivares de soja, comuns, nas duas
safras (BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS 134, BRS 245 RR, BRS 247 RR, BRS
183, BRS 184, BRS 214 e BRS 232), a descrição com as características das
cultivares estão apresentadas na Tabela 2 do apêndice.
A disponibilidade hídrica DHER foi obtido utilizando-se abrigos
móveis contra a chuva (Figura 4 do apêndice), com fechamento automático,
evitando-se, assim, a precipitação pluviométrica sobre as parcelas, durante o
31
período desejado. As cultivares foram submetidas às condições normais de campo
até o estádio R
1
(início do florescimento), quando foi iniciado o fechamento
automático dos abrigos, ao chover. O solo das parcelas sob DHER foi isolado por
uma barreira de placas verticais de concreto, enterradas até a profundidade de 80
cm, visando evitar a troca de umidade com o solo externo aos abrigos. Ainda, ao
redor dos abrigos, o solo foi gramado para impedir o escorrimento superficial de
água.
No IRR, a suplementação hídrica foi efetivada em cada parcela,
manualmente com mangueira (Figura 5 do apêndice), mantendo o potencial matricial
da água no solo entre -0,03 e -0,05 MPa, sendo a umidade monitorada por
tensiômetros de mercúrio (Figura 6 do apêndice), enterrados no solo à profundidade
de 30cm e quando o mercúrio atingia 20cm de altura capilar era realizado a
irrigação. Também, semanalmente, a umidade do solo foi monitorada pelo método
gravimétrico (GARDNER, 1986).
Na disponibilidade hídrica DHER, cada subparcela foi constituída por
três linhas de três metros, com 0,5m nas entrelinhas, totalizando uma área de 4,5m
2
.
As subparcelas do CNC e IRR foram constituídas por oito linhas de seis metros, com
0,5m nas entrelinhas, totalizando uma área de 24m
2
.
Na safra 2005/06 os abrigos foram acionados a partir de do dia 19
de janeiro de 2006. Na disponibilidade hídrica IRR, a suplementação de água foi
realizada nos dias 11, 12, 13, 16, 17, 18, 24 de janeiro; dia 3 de fevereiro e dias 16 e
20 de março/2006, ou seja, dez irrigações no decorrer da safra. Para a safra
2006/07, os abrigos foram acionados, a partir de do dia 19 de janeiro de 2007. Na
disponibilidade hídrica IRR, a suplementação de água foi realizada nos dias 16 e 17
de fevereiro; 08, 09 e 10 de março de 2007, ou seja, cinco irrigações no decorrer da
safra. Nessa safra, porém, os abrigos fecharam (ao chover) por um período de 47
dias.
A pluviosidade acumulada diariamente, temperaturas máxima,
mínima e média diárias, observadas no período, nas safras 2005/06 e 2006/07,
estão expressas nas Figuras 7 e 8 do apêndice, respectivamente. A dinâmica das
condições atmosféricas nos meses de dezembro/2005 e janeiro/2006 caracterizou-
se por um período com poucas chuvas e temperaturas altas, chegando a 35°C nos
dias 14 e 15 de janeiro, e com outros picos de temperaturas no final do mesmo mês
32
e no início do mês de fevereiro. As maiores precipitações ocorridas na safra 2005/06
se concentraram no mês de fevereiro (período de fechamento dos abrigos). A
configuração da condição climática para esses meses na safra seguinte foi diferente,
pois as chuvas foram melhor distribuídas e as temperaturas aumentaram no final
do ciclo, quando não causam grandes prejuízos para as plantas.
As variáveis analisadas foram: rendimento de grãos (kg ha
-1
) e
massa de 100 grãos (g), em CNC e IRR, foram estimados pela amostragem em três
linhas de cinco metros, por unidade experimental, o que corresponde a uma área de
7,5m
2
, e, em DHER, pela amostragem em uma linha de dois metros, por unidade
experimental, o que corresponde à área de 1m
2
. O rendimento de grãos foi corrigido
para 13 % de umidade; Área foliar (AF), determinada por meio de um Area Meter, LI-
3100 (Figura 1) em cinco plantas, e o índice de área foliar (IAF) foi calculado pela
relação funcional existente entre a área foliar (AF) e a área do terreno ocupada pelas
plantas, nos estádios V
7
, R
2
, R
4
e R
6
; taxa fotossintética (μmol CO
2
m
-2
s
-1
),
determinada através de um medidor portátil de fotossíntese (Photosynthesis System,
LI-Cor, Inc., modelo LI-6200, (Figura 2)), no folíolo mediano do trifólio,
completamente expandido, nos estádios V
7
e R
4
; número de legumes por planta,
média de cinco plantas por parcela (estádio R
8
); altura de planta (cm), média de
cinco plantas por parcela, medida no estádio V
7
e na colheita (estádio R
8
).
Figura 1. Determinador de área foliar (AF) Area Meter, LI-3100.
33
Figura 2. Determinador de taxa fotossintética (Photosynthesis System, LI-Cor, Inc.,
modelo LI-6200 IRGA, infra-red gas Analyzer).
Para determinar o fim de um estádio e o início de outro, na escala de
Fehr e Caviness (1977), considerou-se que as plantas de cada parcela atingiram
determinado estádio de desenvolvimento quando 50% das plantas apresentavam as
características morfológicas descritas na escala.
O método estatístico utilizados para todas as variáveis resposta
constituiu-se de um diagnóstico exploratório, seguido da análise de variância
(ANOVA). Neste diagnóstico exploratório avaliaram-se os seguintes pré-requisitos: a
distribuição normal dos erros experimentais pelo método de Shapiro e Wilk (1965), a
homogeneidade de variâncias dos tratamentos pelo método de Burr e Foster (1972),
a aditividade do modelo do delineamento experimental pelo método de Tukey (1949)
e a análise dos resíduos pelo método apresentado em Parente (1984). Além da
análise de variância aplicou-se também o teste de comparações múltiplas de médias
pelo método de Duncan ao nível de significância de
, 050
(COCHRAN; COX,
34
1957). Os programas estatísticos utilizados foram o SANEST (ZONTA et al., 1982) e
o SAS e (SAS INSTITUTE, 2001).
3.4. Resultados e Discussão
3.4.1. Safras 2005/06 e 2006/07
Os resultados dos testes que averiguam a veracidade da
normalidade e independência dos erros foram atendidos para todas as variáveis
respostas, em cada um dos estádios, com exceção da taxa fotossintética medida em
V
7
. A hipótese de homogeneidade de variâncias dos tratamentos foi rejeitada apenas
para o índice de área foliar (IAF) medido em R
6
. O modelo do delineamento
experimental não apresentou aditividade para as variáveis IAF medidas nos períodos
de R
4
e R
6
e massa de 100 grãos na safra 2005/06. Estes resultados dos testes,
embora rejeitados de acordo com os valores críticos tabelados, não interferiram na
significância do teste F para todos os efeitos do modelo do delineamento
experimental adotado.
Houve resposta significativa para três tipos de interação, a saber:
disponibilidade hídrica x cultivar, compreendendo a variável taxa fotossintética (μmol
CO
2
m
-2
s
-1
), nos estádios V
7
e R
4
, disponibilidade hídrica vs ano, a variável taxa
fotossintética nos estádios V
7
e R
4,
índice de área foliar em todos os estádios, massa
de grãos e rendimento (kg ha
-1
) e cultivar vs ano somente as variáveis IAF e
rendimento de grãos (kg ha
-1
). Os demais efeitos que não constavam nas interações
também apresentaram respostas significativas, isoladamente.
No rendimento de grãos (kg ha
-1
), houve resposta significativa em
todas as interações duplas envolvendo safras, disponibilidade hídrica e cultivares.
Na interação entre disponibilidade hídrica e as cultivares (Tabela 1), quando
analisado cada cultivar, houve resposta significativa e aumento no rendimento
quando houve disponibilidade hídrica nas duas safras estudadas. Desta forma, em
DHER ocorreram os menores rendimentos médios nas duas safras. As diferenças
estatísticas entre CNC e IRR ocorreram somente na safra 2005/06, sendo que as
35
cultivares BRS 134, BRS 183, BRS 214 e a BRS 245RR não apresentaram
diferenças estatísticas entre estes.
Entre as cultivares, na disponibilidade hídrica DHER da safra
2005/06, somente a BR 16 foi significativamente diferente das outras, com média
inferior. Em CNC e IRR, houve grande variação entre as cultivares e nos dois casos
a cultivar BRS 184 foi a que apresentou as maiores médias. No entanto, na
disponibilidade hídrica CNC somente diferiu da BRS 232 e da BR 16, e no IRR a
diferença foi em relação as cultivares BR 16, Embrapa 48, BRS 183 e BRS 214. Na
safra 2006/2007, houve variações em todos as disponibilidades hídricas e a cultivar
BRS 184 apresentou as maiores médias em todos eles, sendo que na DHER não
diferiu estatisticamente da BRS 247RR, no CNC não diferiu da BRS 133 e BRS 245
RR, e no IRR das cultivares BRS 133, BRS 232, BRS 245 RR e BRS 247 RR.
Para a mesma condição hídrica DHER em safra diferente (Tabela 1),
as maiores médias foram sempre na safra 2006/2007, e no CNC somente a cultivar
BRS 214 apresentou média inferior na safra 2006/2007, enquanto que no IRR, as
médias sempre foram próxima entre as duas safras.
Na safra 2005/06 algumas cultivares diferiram entre as
disponibilidades hídricas CNC e IRR, no entanto, na safra 2006/07 isso não foi
verificado, pois a necessidade de suplementação por irrigação foi de apenas cinco
irrigações, mostrando que mesmo sem irrigação o ambiente apresentou-se poucas
vezes com necessidade de suplementação, diferente da safra 2005/06 onde foram
realizadas dez irrigações.
Conforme as Figuras 7 e 8, pode-se inferir, que as repostas das
cultivares foram diferentes nas duas safras devido a distribuição das chuvas.
Enquanto, na safra 2005/06 as plantas encontraram um ambiente quente e com
pouca disponibilidade hídrica, na safra 2006/07, as chuvas foram bem distribuídas e
as temperaturas mais amenas, ou seja, com as condições propícias à obtenção de
bom desenvolvimento e alto rendimento final.
Mesmo com as condições favoráveis, e com suplementação pela
irrigação (IRR), ainda assim os maiores rendimentos apresentados nos
experimentos foram inferiores a média nacional, que de acordo com a Conab (2009)
foi de 2.629 kg ha
-1
. Conforme a Tabela 2 do apêndice, a época recomendada para
a semeadura dessas cultivares é até 5 de dezembro. Os experimentos foram
36
semeados ainda na época recomendada (safra 2005/06 semeadura no dia 04 de
dezembro de 2005 e safra 2006/07 em 03 de dezembro de 2006), no entanto, o fato
da semeadura ter sido realizada nesta época, pode ter ocasionado os baixos
rendimentos de grãos. Conforme a Embrapa (2008), a soja melhor se adapta a
temperaturas do ar entre 20
o
C e 30
o
C; a temperatura ideal para seu crescimento e
desenvolvimento está em torno de 30
o
C. Verifica-se na Figuras 7 do apêndice, que
no período da safra 2005/06 temperatura superior a 30
o
C foram constantemente
registradas, com destaques para os meses em que as plantas se encontravam no
estágio vegetativo (janeiro e fevereiro de 2006). Na safra 2006/07, também houve
registro de temperatura superior a 30
o
C em dezembro de 2006, março e abril de
2007 (Figura 8 do apêndice). Para Lucchesi (1987) a temperatura influi diretamente
em todos os subperíodos de desenvolvimento da soja, ou seja, nos processos de
germinação, crescimento, floração e frutificação e, ainda, sobre os processos vitais
das plantas como, por exemplo, nos processos de reações químicas da respiração e
da fotossíntese e na absorção de água e de nutrientes (JONES, 1983).
Tabela 1. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, da
variável rendimento
1
de grãos (kg ha
-1
), nas safras 2005/06 e 2006/07.
Cultivares
Safras
2005/06
2006/07
DHER
2
CNC
IRR
DHER
CNC
IRR
BR 16
185
b
3
C
1161
c
B
1853
b
A
1072
d
B
1946
c
A
1929
b
A
Embrapa 48
626
a
C
1477
abc
B
1968
b
A
1235
cd
B
1946
c
A
1953
b
A
BRS 133
413
a
C
1667
abc
B
2425
ab
A
1130
cd
B
2525
ab
A
2534
a
A
BRS 134
400
a
B
1894
ab
A
2307
ab
A
1274
cd
B
2297
b
A
2019
b
A
BRS 183
387
a
B
1749
abc
A
1946
b
A
1284
cd
B
1984
c
A
1986
b
A
BRS 184
706
a
C
2111
a
B
2676
a
A
1647
a
B
2637
a
A
2552
a
A
BRS 214
394
a
B
1711
abc
A
1836
b
A
1309
bcd
B
1675
c
A
1543
c
A
BRS 232
402
a
C
1324
bc
B
2209
ab
A
1380
bc
B
2369
b
A
2329
a
A
BRS 245 RR
470
a
B
1856
ab
A
2120
ab
A
1116
d
B
2424
ab
A
2406
a
A
BRS 247 RR
464
a
C
1625
abc
B
2310
ab
A
1539
ab
B
2376
b
A
2315
a
A
Média Geral
445
1658
2165
1299
2218
2157
CV Parcela (%) = 12,20
CV Subparcela (%) = 16,98
1
Rendimento de grãos corrigido para 13 % de umidade.
2
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
3
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
Na interação entre cultivares e as safras 2005/06 e 2006/07 (Tabela
2), quando analisado cada cultivar, houve resposta significativa, para todas as
cultivares, exceto para a BRS 214, com as maiores médias na safra 2006/07. Em
37
relação às cultivares dentro de cada safra, o maior rendimento de grãos foi da
cultivar BRS 184 para as duas safras, o diferindo estatisticamente somente da
BRS 133 e da BRS 247 RR. Ao contrário, a cultivar BR 16 foi a que apresentou as
menores médias, também nas duas safras. Entre essas duas cultivares, na safra
2005/2006 a diferença foi de 765 kg ha
-1
enquanto que na safra 2006/2007 foi de
630 kg ha
-1
, se compararmos BRS 184 na safra 2006/2007 com a maior média (2279
kg ha
-1
) e a BR 16 na safra 2005/2006 com a menor média (1066 kg ha
-1
), a BRS
184 produziu mais que o dobro, em kg ha
-1
de grãos, que a BR 16, indicando assim
a variação na resposta entre as cultivares e a relativa estabilidade da cultivar BRS
184. Ávila et al., (2007), avaliando os componentes de produção e a qualidade
fisiológica das sementes de soja produzidas em dois locais, constataram que a BRS
184 produzida em Maringá apresentou rendimento de grãos 40,71% superior à
produzida em Umuarama. Os autores explicam a diferença no rendimento pelo fato
que os meses de dezembro e janeiro da safra avaliada foram os que apresentaram
menor precipitação e que a temperatura média do ar oscilou entre 15,8 e 25,4ºC em
Maringá e entre 20,3ºC e 31,0 em Umuarama.
Tabela 2. Médias da interação entre as cultivares e as safras 2005/06 e 2006/07,
para o rendimento
1
de grãos (kg ha
-1
) em disponibilidades hídricas
(DHER
2
, CNC e IRR).
Cultivares
Safras
Médias
2005/06
2006/07
BR 16
1066
c
3
B
1649
de
A
1358
Embrapa 48
1357
b
B
1711
de
A
1534
BRS 133
1501
b
B
2063
ab
A
1782
BRS 134
1534
b
B
1863
bcd
A
1698
BRS 183
1361
b
B
1751
cde
A
1556
BRS 184
1831
a
B
2279
a
A
2055
BRS 214
1313
b
A
1509
e
A
1411
BRS 232
1311
b
B
2026
bcd
A
1631
BRS 245 RR
1482
b
B
1982
bcd
A
1732
BRS 247 RR
1466
b
B
2077
ab
A
1771
Médias
1422
1891
CV Parcela (%) = 12,20
CV Subparcela (%) = 16,98
1
Rendimento de grãos corrigido para 13 % de umidade.
2
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
3
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 7% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
38
Na variável massa de grãos houve interação entre as
disponibilidades hídricas e as cultivares (Tabela 3) e, na comparação das
disponibilidades hídricas para cada cultivar, os valores mais elevados da massa de
100 grãos foram obtidos na disponibilidade hídrica DHER, na safra 2005/06, porém,
mesmo apresentando as maiores dias, apenas as cultivares BR 16, Embrapa 48,
BRS 183 e BRS 232 apresentaram diferenças significativas em CNC e IRR. Na safra
seguinte, houve a inversão, e as diferenças estatísticas apresentadas foram para as
menores médias para a disponibilidade hídrica DHER nas cultivares BR 16, BRS 184
e a BRS 232.
Entre as cultivares, as médias da massa de 100 grãos apresentaram
uma grande variação e a cultivar BRS 232 foi a que apresentou a maior média na
disponibilidade hídrica DHER da safra 2005/06 diferindo das demais. Na descrição
das cultivares (Tabela 2 do apêndice), a média da massa de 100 grãos é de 18,5g,
no entanto, as médias que se aproximaram mais deste valor foram as da safra
2005/06. Na disponibilidade drica CNC, desta mesma safra, a BRS 232 diferiu
somente da Embrapa 48, BRS 183 e BRS 247 RR enquanto que na IRR a diferença
estatística apresentada foi somente para a Embrapa 48, BRS 183, BRS 245 RR e
BRS 247 RR. Na safra 2006/2007, apesar de apresentar a maior dia com
pequena variação, a cultivar BRS 232 em DHER apresentou diferença significativa
somente em relação às cultivares Embrapa 48, BRS 183, BRS 245 RR e BRS 247
RR. Nas disponibilidades hídricas CNC e IRR, a BRS 232 também apresentou
superioridade e no CNC não diferiu somente da BR 16 e da BRS 184, enquanto que
no IRR a diferença estatística não ocorreu somente em relação à BRS 184, de
acordo com a descrição das cultivares (Tabela 2 do apêndice), para esta cultivar as
médias na massa de 10 grãos é de 17,3g com grande diferença com a média
apresentada por ela de 12,1g.
39
Tabela 3. Médias da interação entre as disponibilidades hídricas e as cultivares de
soja, na massa de 100 grãos (g), nas safras 2005/06 e 2006/07.
Cultivares
Safras
2005/06
2006/07
DHER
1
CNC
IRR
DHER
CNC
IRR
BR 16
15,8
b
2
A
12,5
ab
B
13,0
abc
B
10,4
abc
B
13,0
a
A
11,9
b
A
Embrapa 48
15,4
bc
A
11,9
b
B
11,0
c
B
9,9
bc
A
10,1
d
A
9,9
d
A
BRS 133
13,5
cd
A
12,8
ab
A
13,0
ab
A
11,3
a
A
11,6
b
A
11,3
bc
A
BRS 134
12,0
d
A
12,9
ab
A
12,0
abc
A
10,4
abc
A
11,3
bc
A
10,6
cd
A
BRS 183
16,1
b
A
11,9
b
B
12,0
bc
B
10,0
bc
A
11,3
bc
A
11,1
bc
A
BRS 184
15,4
bc
A
13,1
a
A
14,0
a
A
10,9
abc
B
13,5
a
A
12,1
ab
AB
BRS 214
13,5
cd
A
12,9
ab
A
11,0
ab
A
11,4
a
A
10,2
cd
A
10,6
cd
A
BRS 232
18,7
a
A
13.0
a
B
15,5
a
B
11,4
a
B
13,0
a
A
13,1
a
A
BRS 245 RR
13,4
cd
A
12.0
ab
A
12,0
bc
A
10,5
bc
A
11,3
bc
A
11,3
bc
A
BRS 247 RR
12,2
cd
A
11,3
b
A
11,0
b
A
9,7
c
A
9,8
d
A
9,5
d
A
Média Geral
14,6
12,4
12,4
10,6
11,5
11,1
CV Parcela (%) = 6,61
CV Subparcela (%) = 11,15
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
Na variável massa de grãos houve interação entre as disponibilidades
hídricas e as duas safras (Tabela 4). Na comparação das disponibilidades hídricas
para cada safra, os valores mais elevados da massa de 100 grãos foram obtidos em
DHER, na safra 2005/06, diferindo estatisticamente de CNC e IRR, e na safra
seguinte não houve diferença significativa entre as disponibilidades hídricas. Porém,
na análise das safras em cada disponibilidade hídrica, as médias da safra 2005/06
foram sempre maiores, com diferenças significativas em relação à safra 2006/07.
Esta diferença entre as safras, quanto à massa de 100 grãos, possivelmente foi
determinada pela distribuição da precipitação pluviométrica, pois na safra 2005/06, o
solo estava com baixa disponibilidade hídrica pela baixa precipitação nos meses
de dezembro de 2005 e janeiro de 2006, e desta forma dispunha menos água para
as plantas, que ao atingirem o período reprodutivo foram então submetidas a
disponibilidade hídrica DHER. Enquanto que na safra 2006/07, estes mesmos meses
tiveram maiores precipitações. Kokubun et al. (2001), reportam que, o aborto de
flores causado pelo déficit hídrico pode ocasionar aumento da massa de grãos, com
maior intensidade quando o déficit é mais prolongado. Neste trabalho, em
consequência do aborto de flores ou legumes, foi a menor quantidade de legumes
quando houve limitação hídrica ocasionada pela disponibilidade hídrica DHER,
conforme a Tabela 8.
40
Tabela 4. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e as safras 2005/06 e
2006/07, para a massa de 100 grãos (g) em dez cultivares de soja.
Safra
Disponibilidades hídricas
DHER
1
CNC
IRR
2005/06
14,5
a
2
A
12,8
a
B
12,0
a
B
2006/07
10,6
b
A
11,5
b
A
11,1
b
A
CV Parcela(%) = 6,61
CV Subparcela (%) = 11,15
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
Houve interação significativa entre as disponibilidades hídricas e as
safras, no índice de área foliar (IAF) para todos os estádios de desenvolvimento das
plantas (Tabela 5). Porém, no estádio V
7
, na disponibilidade hídrica DHER, o IAF
médio não diferiu significativamente entre as safras. No entanto, nas disponibilidades
hídricas CNC e IRR, a safra 2005/06 apresentou IAF significativamente maior do que
a 2006/07 e, nessa safra, a disponibilidade hídrica DHER, mostrou IAF
significativamente maior do que o CNC e o IRR. Já, no estádio R
2
, o IAF foi
significativamente maior em 2006/07, no DHER, porém, o diferiu entre as safras,
no CNC e foi menor no IRR. Ainda, nesse estádio (R
2
), o IAF apresentou valores
significativamente diferentes entre as disponibilidades hídricas, em 2005/06, na
ordem IRR<CNC<DHER, e em 2006/07, na ordem DHER>CNC=IRR (Tabela 5). No
estádio R
4
, os efeitos da disponibilidade hídrica sobre o IAF foram semelhantes aos
observados em R
2
, exceto que, em 2006/07, a única diferença significativa ocorreu
entre DHER e IRR e, nessa safra, o IAF foi maior no CNC e semelhante no IRR. Em
R
6
, na comparação das safras, apenas nas disponibilidades hídricas CNC e IRR, o
IAF foi significativamente maior em 2005/06. Na comparação das disponibilidades
hídricas, em 2005/06, o IAF aumentou significativamente à medida que houve maior
disponibilidade hídrica (DHER<CNC<IRR) e, em 2006/07, a disponibilidade hídrica
DHER apresentou IAF significativamente menor do que CNC e IRR, sendo que estes
não diferiram significativamente (DHER<CNC=IRR).
As maiores médias do IAF ocorreram nos estádios R
2
e R
4
, com
variação entre as safras. Board e Harville (1996) verificaram aumento no índice de
área foliar entre as fases fenológicas reprodutivas R
1
e R
5
, e que isso acarretou em
uma maior taxa de crescimento da cultura. No entanto, as médias do IAF
41
apresentam-se baixas, pois segundo Gassen (2001), o IAF da soja necessário para
garantir rendimento elevado varia entre 3,5 e 4,5. Desta forma, o IAF também
expressa os baixos rendimentos da cultura.
As diferenças apresentadas entre as duas safras, principalmente nos
estádios R
2
para a disponibilidade hídrica DHER e R
4
na DHER e CNC, podem estar
relacionadas à maior precipitação ocorrida na safra 2006/2007, desta forma
indicando que, em caso de déficit hídrico mais severo, uma maior redução na
expansão foliar e aceleração da senescência das folhas fisiologicamente mais
velhas (THOMAS; COSTA, 1994).
Tabela 5. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e as safras, para o
índice de área foliar (IAF) nos estádios V
7
, R
2
, R
4
e R
6
em cultivares de
soja.
Estádios
Safras
Disponibilidades hídricas
DHER
1
CNC
IRR
V
7
2005/06
1,65
a
2
A
1,86
a
A
1,80
a
A
2006/07
1,82
a
A
1,49
b
B
1,43
b
B
CV Parcela (%) = 19,79
CV Subparcela (%) = 29,14
R
2
2005/06
2,08
b
C
2,66
a
B
3,52
a
A
2006/07
3,50
a
A
2,64
a
B
2,43
b
B
CV Parcela (%) = 17,66
CV Subparcela (%) = 28,76
R
4
2005/06
1,15
b
C
2,94
b
B
3,75
a
A
2006/07
4,29
a
A
3,87
a
AB
3,57
a
B
CV Parcela (%) = 18,18
CV Subparcela
(%) = 28,13
R
6
2005/06
1,00
a
C
2,69
a
B
3,82
a
A
2006/07
1,27
a
B
2,07
b
A
2,00
b
A
CV Parcela (%) = 28,74
CV Subparcela (%) = 45,24
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna para cada estádio e maiúscula na linha, não diferem
entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan.
Na taxa fotossintética do estádio V
7
, houve resposta significativa da
interação entre as disponibilidades hídricas e cultivares de soja (Tabela 6). Vale
ressaltar que neste estádio as plantas permaneciam nas mesmas condições
hídricas, e que as diferenças apresentadas são oriundas de outros fatores que não a
disponibilidade hídrica induzida.
42
Quando analisado cada cultivar, algumas não apresentaram
diferenças significativas entre as disponibilidades hídricas na safra 2005/06, entre
elas a BR 16, BRS 214, BRS 232 e BRS 247 RR. Nesta mesma safra, entre as
cultivares para cada disponibilidade hídrica, houve grande variação, formando vários
grupos. Na safra 2006/07, a dinâmica da variação entre as cultivares se manteve, no
entanto, os valores foram sempre superiores em relação a safra anterior, quando
comparados a mesma cultivar e a mesma disponibilidade hídrica.
Como houve variações entre as safras, e a 2006/07 foi mais
privilegiada com uma maior e melhor distribuição da precipitação, inclusive nos
estádios vegetativos da cultura, isso determinou que no estádio V
7
já houvesse
diferença no desenvolvimento das plantas, o que acarretou em uma menor taxa
fotossintética.
Tabela 6. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, na
taxa fotossintética (μmol CO
2
m
-2
s
-1
) do estádio V
7
, nas safras 2005/06 e
2006/07.
Cultivares
Safras
2005/06
2006/07
DHER
1
CNC
IRR
DHER
CNC
IRR
BR 16
16,6
bcd
2
A
16,7
cd
A
18,0
cd
A
20,7
bc
A
22,4
d
A
21,8
bcd
A
Embrapa 48
20,5
a
A
18,1
bcd
AB
16,9
d
B
23,7
a
A
25,1
abc
A
22,9
abc
A
BRS 133
17,8
b
AB
16,8
cd
B
19,8
bc
A
20,4
bc
B
22,6
d
AB
24,1
ab
A
BRS 134
14,8
d
B
19,3
ab
A
17,8
cd
A
20,4
bc
B
26,4
abc
A
21,5
cd
B
BRS 183
16,8
bcd
AB
15,9
d
B
19,0
bcd
A
22,0
ab
A
23,7
bcd
A
22,4
abc
A
BRS 184
15,2
cd
B
21,3
a
A
22,9
a
A
20,0
bc
B
26,9
a
A
21,1
cd
B
BRS 214
17,3
bc
A
18,6
bc
A
17,1
d
A
21,4
bc
AB
23,1
cd
A
19,9
d
B
BRS 232
18,5
ab
A
18,4
bc
A
21,0
ab
A
21,7
ab
B
25,7
abc
A
23,9
ab
AB
BRS 245 RR
17,7
b
A
13,3
e
B
17,3
d
A
19,3
c
B
23,3
cd
A
19,6
d
B
BRS 247 RR
17,8
b
A
17,7
bcd
A
17,7
cd
A
22,0
ab
A
23,3
cd
A
24,2
a
A
Média Geral
17,3
17,6
18,8
21,1
24,2
22,1
CV Parcela (%) = 8,46
CV Subparcela
(%) = 13,18
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
As respostas da taxa fotossintética do estádio R
4
(Tabela 7) quando
verificado as cultivares para cada disponibilidade hídrica na safra 2005/06, sempre
as menores médias foram para a DHER em todas as cultivares, com diferenças
significativas em relação ao CNC e ao IRR e, nestes, as diferenças apresentadas
foram para as cultivares BR 16, Embrapa 48, BRS 134, BRS 184, BRS 214 e BRS
245 RR com maiores dias para o CNC, exceto na Embrapa 48. Entre as
cultivares nesta safra, a BRS 214 na disponibilidade hídrica DHER foi a que
43
apresentou a maior média, e não apresentou diferença significativa em relação às
cultivares BR 16, BRS 183 e BRS 184. No entanto, nas disponibilidades hídricas
CNC a BRS 184 e no IRR Embrapa 48, foram as que apresentaram maiores médias
e diferiram significativamente das demais.
Na safra 2006/2007, a taxa fotossintética (μmol CO
2
m
-2
s
-1
) quando
analisado as cultivares em cada disponibilidade hídrica, também foi menor para
todas as cultivares no DHER, diferindo estatisticamente do CNC e do IRR, com
exceção da cultivar BRS 247 RR, portanto, esta cultivar foi a única que apresentou
diferença entre as disponibilidades hídricas CNC e IRRI. As médias, quando
analisadas em cada cultivar nas disponibilidades hídricas, foram bastante variadas e
no teste estatístico formaram grupos distintos, no entanto, na disponibilidade hídrica
DHER, a cultivar com maior dia, que foi a BRS 184, diferiu estatisticamente
somente da BR 16, BRS 134 e BRS 232. Em CNC, foi a da cultivar BRS 133, que
somente diferiu da BR 16, BRS 214 e BRS 247 RR, enquanto que no IRR não houve
diferença estatística entre as cultivares (Tabela 7).
Como o crescimento é avaliado por meio de variações em tamanho,
Benicasa (1988) sugere que a análise de crescimento está baseada no fato que
aproximadamente 90% da matéria seca acumulada pelas plantas ao longo do seu
crescimento, resulta da atividade fotossintética. Isso pode explicar o fato de
cultivares apresentarem maiores taxas fotossintéticas e consequentemente um
maior IAF, no entanto, isso não ocorreu para todas as disponibilidades hídricas.
Tabela 7. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, na
taxa fotossintética (μmol CO
2
m
-2
s
-1
) do estádio R
4
, nas safras 2005/06 e
2006/07.
Cultivares
Safras
2005/06
2006/07
DHER
1
CNC
IRR
DHER
CNC
IRR
BR 16
9,4
abc
2
C
23,5
bcd
A
19,2
d
B
10,9
bc
B
21,0
bc
A
21,8
a
A
Embrapa 48
7,1
c
C
21,1
de
B
25,2
a
A
11,4
abc
B
22,8
ab
A
22,2
a
A
BRS 133
7,4
bc
B
23,8
bcd
A
22,3
b
A
12,0
abc
B
23,9
a
A
21,8
a
A
BRS 134
7,2
c
B
21,2
cde
A
20,9
bcd
B
10,5
bc
B
23,1
ab
A
23,6
a
A
BRS 183
10,0
ab
B
18,5
f
A
21,2
bcd
A
13,8
a
B
21,7
abc
A
21,3
a
A
BRS 184
9,3
abc
C
28,1
a
A
20,8
bcd
B
13,9
a
B
22,3
ab
A
23,5
a
A
BRS 214
11,6
a
C
24,3
b
A
20,3
bcd
B
11,3
abc
B
20,9
bc
A
22,5
a
A
BRS 232
8,0
bc
B
21,4
cde
A
22,1
bc
A
9,6
c
B
23,8
a
A
23,1
a
A
BRS 245 RR
6,7
c
B
22,2
bcde
A
19,0
d
B
12,4
ab
B
22,0
abc
A
21,8
a
A
BRS 247 RR
7,0
c
B
19,7
ef
A
19,5
cd
A
12,3
abc
B
19,4
c
B
23,0
a
A
Média Geral
8,4
22,4
21,1
11,8
22,1
22,5
CV Parcela
(%) = 10,56
CV Subparcela (%) = 17,84
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
44
No número de legumes por planta do estádio R
8
houve resposta
significativa para a interação entre as disponibilidades hídricas e cultivares de soja
para as safras 2005/06 e 2006/07 (Tabela 8). Quando analisado as cultivares para
cada disponibilidade hídrica na safra 2005/06, sempre as menores médias foram
para a disponibilidade hídrica DHER em todas as cultivares, com diferenças
significativas em relação as outras disponibilidades. Ainda nesta safra, a
disponibilidade hídrica IRR foi o que apresentou as maiores médias, com exceção da
cultivar BRS 232 e, neste caso, as diferenças significativas entre o CNC e IRR
foram apresentadas pelas cultivares Embrapa 48, BRS 133, BRS 184 e BRS 214.
Na safra 2006/07, quando analisado as cultivares para cada
disponibilidade hídrica, sempre as menores dias também foram as da DHER em
todas as cultivares, com diferenças significativas em relação as outras
disponibilidades hídricas. No entanto, entre as disponibilidades hídricas CNC e IRR,
as diferenças estatísticas foram entre as cultivares Embrapa 48 e BRS 184, com
maiores médias para o CNC, e BRS 134 com a maior média no IRR. Entre as
cultivares na disponibilidade hídrica DHER, a maior média foi a da cultivar BRS 184,
com diferença estatística somente para a BRS 214 e BR 16. Para o CNC e IRR, o
destaque é para a cultivar BRS 247 RR, que diferiu de todas as cultivares com maior
média (Tabela 8).
Comparando a análise conjunta do rendimento de grãos, da massa
de 100 grãos e do número de legumes por planta, observa-se que a menor média no
rendimento de grãos foi obtida na disponibilidade hídrica DHER na safra 2005/06
(Tabela 1). Ao inverso, apresentou a maior média na massa de 100 grãos (Tabela 3)
e a menor quantidade de legumes por planta (Tabela 8). Na safra 2006/07, também
estas variações, porém com efeitos menos pronunciados. Para Maehler (2003), a
disponibilidade adequada de água no florescimento reduz o aborto de flores e
abscisão de legumes e proporciona um incremento no potencial de rendimento de
grãos. Quando houve uma maior massa de 100 grãos, também houve um menor
número de legumes por planta. Estes resultados podem ser explicados pela
compensação que a soja promove, aumentando ou diminuindo o tamanho das
sementes em função do número de vagens em desenvolvimento (TAWARE et al.,
1997). Oscilação na influência do tamanho da semente no aumento da produtividade
foi também encontrada por Board et al. (1997) ao avaliar cultivares de soja em
diferentes espaçamentos de fileiras e tratamentos de desfolha parcial. Para
45
Confalone e Dujmovich (1999), para um maior rendimento de grãos, maior é a
competição pelos carboidratos produzidos, o que reduziu a massa de 100 grãos
quando houve uma maior quantidade de legumes por planta, principalmente quando
não houve a limitação hídrica.
Os resultados, também, são reflexos da dinâmica das condições
atmosféricas entre as safras 2005/06 e 2006/07. Enquanto as maiores precipitações
ocorridas na safra 2005/06 se concentraram no mês de fevereiro (período de
fechamento dos abrigos), na safra 2006/07 as chuvas foram melhor distribuídas e as
temperaturas aumentaram no final do ciclo, desta forma, causando menos
prejuízos para as plantas.
Tabela 8. Médias da interação entre as disponibilidades hídricas e as cultivares de
soja, no número de legumes por planta no estádio R
8
, nas safras
2005/06 e 2006/07.
Cultivares
Safras
2005/06
2006/07
DHER
1
CNC
IRR
DHER
CNC
IRR
BR 16
4,0
d
2
B
19,0
e
A
20,0
g
A
17,5
c
B
29,2
f
A
30,5
d
A
Embrapa 48
11,7
a
C
35,0
ab
B
60,2
a
A
24,0
ab
C
43,0
b
A
36,3
c
B
BRS 133
8,2
abcd
C
26,7
d
B
38,5
de
A
25,7
ab
B
39,0
bcd
A
42,7
b
A
BRS 134
9,2
abc
B
38,0
a
A
41,5
cd
A
26,0
ab
C
35,2
de
B
42,5
b
A
BRS 183
6,7
bcd
B
26,7
d
A
30,5
f
A
23,7
ab
B
33,2
ef
A
35,0
c
A
BRS 184
8,5
abcd
C
27,7
d
B
46,5
b
A
28,5
a
B
38,0
cd
A
30,2
d
B
BRS 214
10,0
ab
C
36,2
ab
B
43,0
bc
A
23,2
b
B
39,7
bcd
A
42,0
b
A
BRS 232
4,5
cd
B
29,5
cd
A
29,0
f
A
24,2
ab
B
36,2
cde
A
35,5
c
A
BRS 245 RR
8,0
abcd
B
32,5
bc
A
35,3
e
A
28,0
ab
B
40,7
bc
A
43,2
b
A
BRS 247 RR
12,0
a
B
35,5
ab
A
36,5
e
A
27,7
ab
B
48,5
a
A
51,2
a
A
Média Geral
8,3
30,7
38,1
24,9
38,3
38,9
CV Parcela (%) = 4,69
CV Subparcela
(%) = 12,27
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
Entre as safras 2005/06 e 2006/07 houve diferença significativa entre as
médias de altura de planta (Tabela 9), tanto no estádio V
7
quanta no R
8
, sendo as
menores médias observadas na safra 2005/06. As diferenças entre as duas safras
estão relacionadas com a disponibilidade hídrica. Como déficit hídrico é determinado
também pela demanda atmosférica para que ocorra a evapotranspiração (JONES,
1992) e, na safra 2006/07, as chuvas foram bem distribuídas, as temperaturas mais
amenas e houve uma maior umidade relativa do ar, isso levou a planta perder
46
menos água para o ambiente. Desta forma, mesmo na disponibilidade hídrica DHER
houve uma maior disponibilidade hídrica, se comparado com a safra 2005/06.
Quando houve a limitação hídrica nos estádios reprodutivos, ainda assim
pode-se verificar que as médias de altura das plantas de soja praticamente
dobraram entre o estádio V
7
e R
8
(Tabela 9). Esse aumento na altura da planta pode
ser resultante da continuidade no crescimento, até ocorrer efetivamente as
limitações pelo déficit hídrico. Porém era de se esperar que, após o período
vegetativo, a planta fosse encerrar seu crescimento, sendo o período vegetativo um
dos determinantes do porte das plantas e, consequentemente, do desempenho final
das cultivares de crescimento determinado (NOGUEIRA et al., 1984). As cultivares
de hábito determinado, tendem a diminuir ou paralisar o crescimento do caule, dos
ramos e a produção de folhas, a partir do florescimento (EGLI; LEGGETT, 1973).
Entretanto, essa afirmação não foi verificada na média da altura das cultivares
utilizada neste estudo, uma vez que pelos resultados apresentados na Tabela 10
verifica-se que após o florescimento ocorreu aumento na altura das plantas, de
hábito determinado. Egli e Leggett, (1973) também verificaram no estádio de
florescimento que a cultivar D66-5566, de hábito de crescimento determinado,
apresentava 84% da máxima acumulação de massa no estádio de florescimento,
continuando, portanto, a se desenvolver durante o período reprodutivo.
Tabela 9. Médias de altura de planta (cm) nas safras 2005/06 e 2006/07 nos estádio
V
7
e R
8
, em dez cultivares de soja submetidas a três disponibilidades
hídricas (DHER
1
, CNC e IRR).
Safras
Médias
Estádio V
7
Estádio R
8
2005/06
20,59
b
2
48,32
b
2006/07
23,75
a
57,76
a
CV (%)
13,20
9,29
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra na coluna, o diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de
Duncan.
3.4.2. Análise conjunta das safras 2005/06 e 2006/07
No rendimento de grãos (kg ha
-1
) houve também interação entre as
disponibilidades hídricas e as cultivares na análise conjunta das safras 2005/06 e
47
2006/07 (Tabela 10). Na análise entre a disponibilidade hídrica para cada cultivar, as
maiores médias apresentadas foram para IRR, que diferiu estatisticamente do DHER
em todas as cultivares, enquanto que, entre o IRR e o CNC, as diferenças foram
observadas somente nas cultivares BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS 232 e BRS
247 RR. Quando analisado as cultivares nas disponibilidades hídricas, houve
variações entre as mesmas, com destaque para a cultivar BRS 184, que apresentou
a maior média entre as cultivares em todas as disponibilidades hídricas, diferindo
estatisticamente em DHER e CNC. Para IRR, embora a cultivar BRS 184 tenha
apresentado a maior média, não diferiu da BRS 133. Entre as cultivares, sempre a
menor média foi para a BR 16, conforme alguns autores esta cultivar mostra-se
bastante sensível à deficiência hídrica (FARIAS et al., 1995; NEUMAIER et al., 1995;
NEUMAIER et al.,1997).
Portanto, vale destacar que a cultivar BRS 184 foi estável, pois,
independente das condições do ambiente, destacou-se com maior rendimento de
grãos em relação às outras cultivares e que a BRS 133 foi responsiva à melhoria do
ambiente, pois, quando houve uma maior disponibilidade hídrica, apresentou altos
rendimentos.
Tabela 10. Médias da interação entre as disponibilidades hídricas e as cultivares de
soja, para o rendimento
1
de grãos (kg ha
-1
) na análise conjunta das
safras 2005/06 e 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
2
CNC
IRR
BR 16
628
d
3
C
1554
e
B
1891
c
A
1358
Embrapa 48
931
bc
B
1711
de
B
1961
c
A
1534
BRS 133
771
cd
C
2096
b
B
2479
a
A
1782
BRS 134
837
bc
B
2096
b
A
2163
b
A
1698
BRS 183
835
bc
B
1866
cd
A
1966
c
A
1556
BRS 184
1176
a
B
2374
a
A
2614
a
A
2055
BRS 214
851
bc
B
1693
de
A
1690
d
A
1411
BRS 232
891
bc
C
1846
cd
B
2269
b
A
1631
BRS 245 RR
792
cd
B
2140
b
A
2263
b
A
1732
BRS 247 RR
1001
b
C
2000
bc
B
2313
b
A
1771
Médias
871
1938
2161
CV Parcela (%) = 12, 20
CV Subparcela (%) = 16, 98
1
Rendimento de grãos corrigido para 13 % de umidade.
2
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
3
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
48
Entre as cultivares, na análise conjunta das safras 2005/06 e 2006/07, o
valor médio da massa de 100 grãos apresentou variação (Tabela 11), com
diferenças significativas entre as cultivares. A cultivar BRS 232 foi a que apresentou
a maior média geral (14,17g) diferindo estatisticamente das demais cultivares. No
entanto, a BRS 247 RR, foi a que apresentou a menor média, com uma diferença de
mais de 25% em relação à BRS 232. Entre as disponibilidades hídricas, apesar da
média do DHER ser maior que a do CNC e este maior que IRR, não houve diferença
significativa.
Analisando o rendimento de grãos (Tabela 10) e a massa de 100 grãos
(Tabela 11), verifica-se que, na média, a IRR foi o que apresentou o maior
rendimento, no entanto, foi também o de menor massa de grãos. Resultados
semelhantes o relatados por Motta et al. (2000) que, avaliando a influência da
época de semeadura nas características agronômicas, no rendimento e seus
componentes em cinco cultivares de soja de interesse para o Estado do Paraná,
encontraram valores inversos em relação a massa de grãos e o rendimento da
cultura, ou seja, apesar de determinada cultivar ter apresentado maior valor para a
massa de grãos, não foi a mais produtiva.
A massa de 100 grãos e o IAF no R
4
foi inversamente proporcional com
coeficiente de correlação significativo (P>0,05) negativo (r =
_
0,71*). Resultados
semelhantes foram obtidos por Confalone e Dujmovich (1999). Para Casagrande et
al. (2001) este comportamento pode ser um mecanismo de tolerância à falta de
água, objetivando direcionar o fluxo de compostos para os legumes que se
apresentam mais adiantados no processo de desenvolvimento e que, em teoria,
teriam maiores chances de produzir sementes viáveis.
49
Tabela 11. Médias da interação entre as disponibilidades hídricas e as cultivares de
soja, para a massa de 100 grãos (g) na análise conjunta das safras
2005/06 e 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
13,14
12,82
12,28
12,75
bc
2
Embrapa 48
11,93
11,03
10,25
11,07
fg
BRS 133
12,46
12,25
12,25
12,32
cd
BRS 134
11,25
12,14
11,38
11,59
ef
BRS 183
13,10
11,62
11,33
12,02
fde
BRS 184
13,18
13,37
13,08
13,21
bc
BRS 214
12,48
11,60
10,96
11,68
def
BRS 232
15,09
14,27
13,15
14,17
a
BRS 245 RR
11,99
12,11
11,50
11,87
def
BRS 247 RR
10,95
10,57
10,14
10,55
g
Média Geral
12,56 A
12,18 A
11,63 A
CV Subparcela (%) = 6, 61
CV Subparcela
(%) = 11, 15
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
Na análise conjunta das duas safras (2005/06 e 2006/07) no número de
legumes por planta no estádio R
8
, houve interação entre as disponibilidades hídricas
e as cultivares de soja (Tabela 12). O número de legumes por planta apresentou
redução com a menor disponibilidade hídrica, pois quando analisado cada cultivar
nas disponibilidades hídricas, as médias foram sempre maiores em IRR e os
menores números de legumes por planta foram para DHER. Entre as cultivares em
cada disponibilidade, a cultivar BRS 247 RR foi a de maior média no DHER,
diferindo estatisticamente das cultivares BR 16, BRS 183 e BRS 232. A cultivar BRS
247 RR também foi a que apresentou maior quantidade de legumes por planta em
CNC e, neste caso, diferiu estatisticamente das outras cultivares. Na disponibilidade
hídrica IRR, a cultivar Embrapa 48 foi a de maior mero de legumes por planta,
com diferenças significativas sobre as demais.
O fato de ocorrerem maiores médias na massa de 100 grãos em DHER
(Tabela 11), pode ser atribuído a uma certa tolerância de alguns genótipos ao déficit
hídrico, pois a restrição hídrica causou maior abortamento de flores e legumes, que
pode ser verificado pelo menor número de legumes por planta (Tabela 12). Desta
forma, fazendo com que aqueles legumes que permaneceram na planta
acumulassem mais massa seca em seus grãos do que, comparativamente, com
50
plantas com maior número de legumes e grãos, onde é maior a demanda por
fotoassimilados (KUSS et al., 2008).
Tabela 12. Médias da interação entre as disponibilidades hídricas e as cultivares de
soja, no número de legumes por planta no estádio R
8
, na análise
conjunta das safras 2005/06 e 2006/07.
Cultivar
Regime Hídrico
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
10,7
d
B
21,1
d
A
25,2
f
A
20,0
Embrapa 48
17,8
ab
C
39,0
b
B
48,3
a
A
35,0
BRS 133
17,0
abc
C
32,8
c
B
40,6
cd
A
30,1
BRS 134
17,6
abc
C
36,6
b
B
42,0
bc
A
32,0
BRS 183
15,2
bc
B
30,0
c
A
32,7
e
A
26,0
BRS 184
18,5
ab
C
32,8
b
B
38,4
d
A
29,9
BRS 214
16,6
abc
B
38,0
b
A
42,5
bc
A
32,3
BRS 232
14,3
C
B
32,8
c
A
32,3
e
A
26,5
BRS 245 RR
18,0
ab
B
36,6
b
A
39,3
cd
A
31,3
BRS 247 RR
19,8
a
B
42,0
a
A
43,8
bc
A
35,2
Média Geral
16,6
34,2
38,5
CV Parcela (%) = 4,69
CV Subparcela (%) = 12,27
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
Para o índice de área foliar (IAF) houve interação entre as
disponibilidades hídricas e as cultivares de soja, no estádio R
6
(Tabela 13). Quando
comparados as disponibilidades hídricas em cada cultivar, as menores médias foram
sempre no DHER e somente as cultivares BR 16, Embrapa 48 e BRS 232 RR não
apresentaram diferenças estatísticas entre o DHER e o CNC. Entre as cultivares em
cada disponibilidade hídrica, a BRS 247 RR foi a de maior média para DHER e o
apresentou diferença estatística somente para as cultivares Embrapa 48, BRS 133,
BRS 134 e BRS 214. Para CNC e IRR a maior média de IAF foi da cultivar BRS 134,
que não diferiu estatisticamente somente da BRS 133, BRS 245 RR e BRS 247 RR.
No entanto, verifica-se que a disponibilidade hídrica apresentou maior IAF, resultante
da absorção e acumulação de N, aumentando assim o período de enchimento de
grãos e manteve a área foliar verde por mais tempo para realizar fotossíntese e
remobilizar as reservas, propiciando maior suprimento de assimilados aos grãos
(MAEHLER et al., 2003). O período de enchimento de grãos é importante para
definir o potencial de rendimento da soja (COSTA et al., 1991), mas a duração e a
51
taxa de acúmulo de nitrogênio e carbono, durante este período, determina quanto do
potencial vai ser alcançado, sendo o rendimento de grãos positivamente associado
com a produção de massa seca e enchimento de grãos (VASILAS et al., 1995).
Entre o IAF do estádio R
6
e o rendimento de grãos, também houve
correlação significativa (P>0,05) com coeficiente de correlação positiva (r = 0,61*).
Portanto, a redução no IAF nos estádios finais da cultura, quando houve limitação
hídrica, limitou o rendimento de grãos, pela diminuição da atividade fotossintética e,
consequentemente, pela menor remobilização de C e N para o grão (RAMBO et al.,
2003).
Tabela 13. Médias da interação entre as disponibilidades hídricas e as cultivares de
soja, para o índice de área foliar (IAF) no estádio R
6
, na análise conjunta
das safras 2005/06 e 2006/07.
Cultivar
Regime Hídrico
Média
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
0,60
c
B
1,20
d
AB
1,76
d
A
1,18
Embrapa 48
1,32
ab
B
1,96
c
AB
2,59
c
A
1,96
BRS 133
1,38
ab
B
2,78
ab
A
3,48
ab
A
2,5 4
BRS 134
1,24
ab
B
3,23
a
A
3,71
a
A
2,73
BRS 183
0,54
c
B
1,83
c
A
2,53
c
A
1,63
BRS 184
1,08
bc
B
2,25
bc
A
2,58
c
A
1,97
BRS 214
1,34
ab
B
2,49
bc
A
2,58
c
A
2,13
BRS 232
0,92
bc
B
1,78
c
B
3,06
bc
A
1,92
BRS 245 RR
1,15
bc
B
3,07
a
A
3,61
ab
A
2,61
BRS 247 RR
1,75
A
B
3,19
a
A
3,22
ab
A
2,72
Média Geral
1,13
B
2,38
A
2,91
A
CV Parcela (%) = 28,74
CV Subparcela (%) = 45,24
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
Na interação da análise conjunta das safras entre cultivares e
disponibilidades hídricas na variável taxa fotossintética no estádio R
4
(Tabela 14),
quando comparados as disponibilidades hídricas para cada cultivar, a BRS 184 foi a
única que apresentou diferença significativa entre CNC e IRR, e, a disponibilidade
hídrica DHER apresentou taxa fotossintética significativamente inferior em relação a
CNC e IRR, em todas as cultivares. Comparando as cultivares dentro de
disponibilidade drica, houve um grande número de grupos de comparações de
médias, destacando-se DHER, com maior valor de taxa fotossintética, a BRS 183 e
no CNC, a BRS 184 e a BRS 133. No IRR houve similaridade entre Embrapa 48,
52
BRS 232, BRS 134, BRS 133 e BRS 184 (Tabela 14). Os valores médios da taxa
fotossintética em DHER foram sempre maiores no estádio V
7
do que no estádio R
4
.
A inibição da expansão foliar é uma das primeiras respostas ao estresse hídrico,
com consequente redução da eficiência do processo fotossintético (TAIZ; ZEIGER,
2008). Os mesmos autores comentam ainda os efeitos da associação entre estresse
por calor e déficit hídrico, onde a restrição da transpiração superaquece a folha e o
estresse pelo calor inibe a fotossíntese e prejudica a função de membranas e a
estabilidade protéica.
O rendimento de grãos (kg ha
-1
) e a taxa fotossintética no estádio R
4
apresentaram coeficiente de correlação significativo (P>0,05) e positivo (r = 0,84),
justificando, portanto, que a limitação no rendimento de grãos é influenciada pela
taxa fotossintética e que o déficit hídrico nos estádios reprodutivos pode influenciá-la
negativamente. A fotossíntese desempenha importante papel na produção de uma
cultura, pois o rendimento de grãos é potencialmente influenciado pela duração da
taxa de acumulação de carboidratos (SANTOS; CARLESSO, 1998). Como neste
caso o déficit hídrico ocorreu após a expansão foliar, houve diminuição da
competição entre folhas e frutos pelos fotossintatos, sendo a demanda prejudicada
somente pela menor disponibilidade destes, ou seja, pela diminuição na taxa
fotossintética (CONFALONE et al., 1998).
Tabela 14. Médias da interação entre as disponibilidades hídricas e as cultivares de
soja, na taxa fotossintética (μmol CO
2
m
-2
s
-1
) do estádio R
4
, na análise
conjunta das safras 2005/06 e 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
10,15
bc
2
B
22,29
bc
A
20,52
c
A
17,65
Embrapa 48
9,31
C
B
22,00
c
A
23,77
a
A
18,36
BRS 133
9,77
C
B
23,87
ab
A
22,13
abc
A
18,59
BRS 134
8,86
C
B
22,20
bc
A
22,30
ab
A
17,79
BRS 183
11,97
A
B
20,13
d
A
21,34
bc
A
17,81
BRS 184
11,62
ab
C
25,23
a
A
22,17
abc
B
19,67
BRS 214
11,46
ab
B
22,63
bc
A
21,47
bc
A
18,52
BRS 232
8,83
C
B
22,61
bc
A
22,62
ab
A
18,02
BRS 245 RR
9,61
C
B
22,15
bc
A
20,45
c
A
17,40
BRS 247 RR
9,70
C
B
19,61
d
A
21,32
bc
A
16,87
Médias
10,13
22,27
21,81
CV Parcela (%) = 10,56
CV Subparcela (%) = 17,84
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
53
No estádio R
8
(na colheita), a média de altura de planta (Tabela 15)
na análise conjunta das safras 2005/06 e 2006/07, também apresentaram diferenças
entre as cultivares e, apesar de não apresentar diferenças estatísticas entre as
disponibilidades hídricas, a maior média de altura foi obtida com irrigação nos
períodos críticos. Resultados encontrados por Thomas e Costa (1994) e Petry (2000)
mostram também a redução da estatura das plantas com o aumento do estresse
hídrico. No entanto, era de se esperar que não houvesse diferença estatística, pois
as plantas foram submetidas ao déficit hídrico na fase reprodutiva, e, nesta fase
devido ao crescimento determinado destas cultivares, deveriam ter atingido quase
a totalidade de sua altura final.
A altura média das cultivares foi sempre inferior aos valores dios,
pois conforme a descrição das cultivares (Tabela 2 do apêndice), a média de altura
de planta, na altitude de 500 a 800m, da BRS 133 é de 88 cm, enquanto que esta
mesma cultivar apresentou a média de 48,36 cm na disponibilidade hídrica DHER,
53,85 cm na CNC e 56,55 cm na IRR. As cultivares estudadas, apresentam tipo de
crescimento determinado, que têm sua taxa de crescimento acentuadamente
reduzida assim que inicia o período de florescimento (Hartwig, 1973). Como a
disponibilidade hídrica foi limitada após o R
1
(início do florescimento), o crescimento
das plantas pode estar relacionado ás temperaturas superiores a 30ºC,
apresentadas nas duas safras (Tabelas 7 e 8 do apêndice), pois o e florescimento e
o ciclo total da soja são dependentes principalmente de fotoperíodo e temperatura
(Wilkerson et al.,1989). Em experimentos realizados em ambiente controlado, em
câmaras de crescimento, BROWN (1960) constatou ser 10ºC a temperatura inicial
para o crescimento da soja, ou o chamado zero vital, que a temperatura ótima
estaria entre 25 a 30ºC, e que acima de 31ºC o crescimento declinava.
De acordo com CÂMARA (1998), a melhor época teórica de
semeadura da soja em qualquer região apta ao seu cultivo situa-se entre 30 (21 de
novembro) e 45 dias (6 de novembro) antes do solstício de verão (21 de dezembro),
pois possibilita tempo suficiente para a planta desenvolver-se com altura e porte
compatíveis com elevada produtividade e colheita mecânica.
Desta forma, tanto a época de semeadura (safra 2005/06
semeadura no dia 04 de dezembro de 2005 e safra 2006/07 em 03 de dezembro de
2006), como a variação na temperatura que induziu o florescimento, acarretaram na
54
diminuição da altura das plantas, e a limitação no crescimento também pode ter
influenciado os rendimentos abaixo da média, conforme a Tabela 1.
Tabela 15. Médias da altura de planta (cm) no estádio R
8
, em cultivares de soja
submetidas a três disponibilidades hídricas, na análise conjunta das
safras 2005/06 e 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
49,48
51,02
51,81
50,77
d
Embrapa 48
54,06
51,75
51,80
52,54
cd
BRS 133
48,36
53,85
56,55
52,92
cd
BRS 134
48,93
50,67
51,61
50,40
d
BRS 183
48,21
48,22
46,43
47,62
e
BRS 184
58,90
58,38
60,75
59,34
a
BRS 214
56,30
57,14
54,78
56,07
b
BRS 232
51,17
54,85
56,58
54,20
bc
BRS 245 RR
50,52
56,23
58,50
55,08
bc
BRS 247 RR
52,68
50,07
51,53
51,43
d
Médias
51,86
A
53,22
A
54,03
A
CV (%) = 9,29
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Duncan.
55
3.5. Conclusões
1. Em condições de déficit hídrico, houve o comprometimento do crescimento
das cultivares de soja, redução do IAF e da taxa fotossintética, prejudicando o
rendimento de grãos da cultura;
2. Entre as cultivares houve respostas diferenciadas, sendo a BRS 184 com
maior rendimento a mais tolerante, e, a BR 16 com menor rendimento, a mais
sensível ao déficit hídrico;
3. O IAF se correlacionou com a taxa fotossintética, massa e rendimento de
grãos, mostrando ser uma resposta das plantas ao déficit hídrico e um
indicativo de rendimento.
56
3.6. Referências
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61
4. ARTIGO 2: FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO EM CULTIVARES DE
SOJA SOB DÉFICIT HÍDRICO
4.1. Resumo
A soja, rica em proteína e óleo, está entre as cinco principais fontes protéicas e,
devido ao elevado teor de proteína dos grãos, o nitrogênio é o nutriente requerido
em maior quantidade pela cultura. A necessidade de nitrogênio (N) pelas plantas de
soja, em condições de campo, é suprida em parte pela fixação biológica do
nitrogênio (FBN) e pelo elemento disponível no solo, em diferentes formas. No
entanto, tem sido largamente documentado que a FBN em soja é extremamente
sensível ao déficit hídrico, sendo o primeiro processo a ser prejudicado. Dessa
forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a fixação biológica do nitrogênio em
cultivares de soja sob déficit hídrico. O experimento foi conduzido na safra
2006/2007 no campo experimental da Embrapa Soja, em Londrina-PR. A semeadura
foi realizada manualmente com revolvimento do solo somente nas linhas, no dia 03
de dezembro de 2006, com delineamento em blocos ao acaso com parcelas
subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas principais foram aplicadas três
disponibilidades hídricas (1 Déficit hídrico nos estádios reprodutivos - DHER, 2
condições normais de campo - CNC e 3 irrigado - IRR), enquanto as subparcelas
receberam as 10 cultivares de soja (BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS 134, BRS
245 RR, BRS 247 RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214, and BRS 232). No estádio R
8
,
foram coletadas cinco plantas de cada subparcela, foram separadas parte aérea e
raiz, e desta retirado os nódulos. As variáreis analisadas foram as características
relacionadas com a nodulação (número de nódulos NN; massa de nódulos secos -
MNS) e o crescimento da planta (massa da parte aérea seca MPAS; massa de raiz
seca - MRS), após a secagem em estufa de circulação forçada de ar, à 65º C até
atingir peso constante. Houve variação entre as cultivares quanto a nodulação,
sendo esta menor quando houve a limitação hídrica causada pelo DHER. O estresse
causado pelo déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER) foi limitante para a
nodulação, restringindo a FBN. Os menores rendimentos de grãos (kg ha
-1
)
apresentados na disponibilidade hídrica DHER, podem ser reflexos do
comprometimento da FBN.
Palavras-Chave: Glycine max (L.) Merrill, estresse hídrico, seca, nodulação e
Bradyrhizobium.
62
BIOLOGICAL NITROGEN FIXATION IN SOYBEAN CULTIVARS UNDER WATER
DEFICIT
4.1. Abstract
Soybean, a crop rich in protein and oil, is among the top five protein sources.
Because of its high protein content, nitrogen is the nutrient required in the largest
amount for production. The need for nitrogen (N) by soybean plants in field conditions
is supplied by biological nitrogen fixation (BNF) and by the availability of the element
in the soil. However, it has been widely documented that the BNF in soybean is
extremely sensitive to water deficit, being the first process to be impaired. Thus, the
objective of this study was to evaluate the biological nitrogen fixation in soybean
cultivars under water deficit. The experiment was conducted in the 2006/07 season at
the experimental field of the National Soybean Research Center of Embrapa, in
Londrina-PR, Brazil. The sowing was done manually with soil disturbance only in the
rows, on December 03, 2006, in a randomized blocks design with split-plot model
and four replicates. The main plots received three water availability: 1 water stress
on reproductive stages (DHER), 2 natural rainfall (CNC), and 3 irrigation (IRR);
while the subplots received 10 soybean cultivars (BR 16, Embrapa 48, BRS 133,
BRS 134, BRS 245 RR, BRS 247 RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214, and BRS 232).
At the R
8
stage, were collected five plants of each subplot were separated shoot and
root, and this removed the nodules. The characteristics examined were related to
nodulation (number of nodules NN; nodule dry mass - MNS) and plant growth
(shoot mass dry MPAS; root dry mass - MRS) after drying in an oven forced
circulation of air at 65º C until weight constant. There was variation among cultivars
in the nodulation, which is lower when there was water limitation caused by DHER.
There was variation among cultivars in the nodulation, which is lower when there was
water limitation caused by DHER. The stress caused by water stress during
reproductive stages (DHER) was limiting for nodulation, restricting the FBN. The
lowest grain yield (kg ha
-1
) presented in available water DHER, may reflect the
involvement of the FBN.
Key Words: Glycine max (L.) Merrill, water stress, drought, nodulation and
Bradyrhizobium.
63
4.2. Introdução
A soja, rica em proteína e óleo, está incluída entre as cinco
principais fontes protéicas (MAEHLER et al., 2003). Devido ao elevado teor de
proteína dos grãos, o nitrogênio é o nutriente requerido em maior quantidade pela
cultura, apresentando um teor médio de 6,5% de nitrogênio. Desse modo, para
produzir 1000 kg de grãos de soja são necessários 65 kg de N, adicionando-se mais
15 kg de N para as folhas, caule e raízes tem-se 80 kg de N. Consequentemente,
para obtenção de produtividades de grãos de 3000 kg ha
-1
são necessários 240 kg
de N, dos quais 195 kg são retirados da lavoura pelos grãos (HUNGRIA et al., 2001).
A soja pode se beneficiar pela associação simbiótica com rizóbios
pertencentes, principalmente, às espécies Bradyrhizobium japonicum e B. elkanii,
devido a esforços da pesquisa, empreendidos no melhoramento das cultivares e na
seleção de estirpes de rizóbios, com o objetivo de elevar a taxa de fixação biológica
de Nitrogênio, o que viabilizou a atividade (HUNGRIA et al., 2006).
A fixação biológica de nitrogênio (FBN) representa um dos principais
fatores de competitividade da cultura da soja. Com a exploração desta tecnologia,
estima-se que a economia com fertilizantes nitrogenados seja da ordem de seis
bilhões de dólares anuais no Brasil, além de garantir alta produtividade de grãos
(ZILLI et al., 2006). No Brasil, as taxas de FBN, para a cultura da soja, podem atingir
300 kg ha
-1
de N, o que representa até 90% do N total acumulado pelas plantas
(BODDEY et al., 1990; HUNGRIA et al., 2006; HUNGRIA et al., 2007). Contudo, uma
análise de vários experimentos conduzidos principalmente nos Estados Unidos e
Austrália, mostrou que o N derivado da FBN na soja, nesses países, tem decrescido
de 65% para 54%, provavelmente em razão do aumento da utilização de fertilizantes
nitrogenados (VAN KESSEL; HARTLEY, 2000).
A necessidade de nitrogênio pelas plantas de soja, em condições de
campo, é suprida pela simbiose e pelo elemento disponível no solo. No entanto, tem
sido largamente documentado que a FBN em soja é extremamente sensível ao
déficit hídrico sendo o primeiro processo a ser prejudicado, antes mesmo de afetar a
fotossíntese, portanto, diminui a síntese protéica antes da produção de massa seca
(SINCLAIR et al., 1987; SERRAJ; SINCLAIR, 1997). O comprometimento da FBN
pode ocorrer quando o fornecimento ou a falta de umidade superficial do solo aliada
64
a temperaturas elevadas, forem fatores limitantes (CATTELAN; HUNGRIA, 1994). A
fase mais crítica para o estabelecimento da fixação é logo após a semeadura, pois o
solo permanece descoberto e desta forma, nos períodos mais quentes do dia, pode
atingir altas temperaturas nos primeiros cinco cm de profundidade, o que poderá
prejudicar a sobrevivência e a associação simbiótica (HUNGRIA et al., 2007),
principalmente em áreas submetidas ao preparo convencional do solo.
De forma direta, o déficit hídrico compromete a sobrevivência do
Bradyrhizobium, a formação e a longevidade dos nódulos, a síntese de
leghemoglobina, responsável pela coloração interna rósea típica de nódulos ativos e
cuja função é transportar o oxigênio. Além disso, o estresse mais severo pode levar
à paralisação irreversível da fixação (SERRAJ et al., 1999; HUNGRIA; VARGAS,
2000). A deficiência hídrica provoca ainda, a redução da permeabilidade dos
nódulos aos gases limitando o acesso de oxigênio para a respiração e
consequentemente a energia para a FBN (CASTILLO; LAYZELL, 1995). A
disponibilidade hídrica adequada também é essencial para a importação de
fotoassimilados e exportação dos compostos nitrogenados, que podem causar a
desnaturação da nitrogenase quando se acumulam nos nódulos (HUNGRIA;
VARGAS, 2000; SANTOS, 2006).
Como a cultura da soja é semeada em todas as regiões do Brasil, e,
portanto, sob condições ambientais muito diversas, está sujeita às variações
climáticas sendo estas o principal fator de risco e de insucesso no cultivo de soja.
Neste aspecto, a seca é o principal fenômeno gerador de prejuízos e de riscos para
a cultura (FARIAS et al., 2001). Os estresses causados pelo déficit hídrico durante
estádios críticos têm limitado a obtenção de rendimentos mais próximos ao potencial
produtivo da espécie (FARIAS, 2004).
Sistemas de manejo do solo, como a rotação de culturas e a
manutenção da resteva na superfície, que resultam em maior infiltração e
conservação da água e diminuição da temperatura no solo, e também o uso
adequado da irrigação, podem constituir-se em práticas complementares para
garantir melhores condições de nodulação e de FBN (MAEHLER et al., 2003).
A expansão do cultivo da soja RR no Brasil trouxe à tona discussões
quanto à eficiência do processo de FBN. A incorporação de genes de tolerância a
herbicidas ou inseticidas não afeta diretamente a simbiose, contudo, a regulação de
65
outros genes pode ser alterada pela introdução do gene transgênico (SOUZA et al.,
2008). Isso, juntamente com a aplicação do herbicida específico, pode afetar a FBN,
diretamente, pelos efeitos sobre a bactéria ou sobre a simbiose, ou, indiretamente,
pelos efeitos sobre a leguminosa hospedeira (HUNGRIA et al., 2007).
preocupação com os possíveis efeitos da transgenia na microbiota do solo, que
podem ocorrer pela liberação de novas proteínas na rizosfera, pela persistência de
DNA transgênico em material senescente no solo que interage com a microbiota, e
pela transferência de genes para microrganismos indígenas (ODONNELL;
GORRES, 1999; SOUZA et al., 2008).
Apesar de todo o esforço da pesquisa brasileira, que proporcionou
ao país destaque no processo biológico para a cultura, e consequentemente
cultivares com maior potencial de rendimento, ainda assim, é necessário
desenvolver pesquisas sobre a dinâmica das populações de rizóbios nos solos,
seleção de cultivares e estirpes com maior capacidade simbiótica (HUNGRIA et al.,
2007) e entender as relações do déficit hídrico durante estádios críticos e a FBN e as
limitações ocasionadas às cultivares na obtenção de rendimentos mais próximos ao
potencial produtivo da espécie.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a fixação biológica do nitrogênio
em cultivares de soja sob déficit hídrico.
4.3. Material e métodos
O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa
Soja, em Londrina-PR, (Figuras 1 e 2 do apêndice), localizado na latitude 23º 11 S,
longitude 51° 11W e altitude 566m. O clima predominante, segundo ppen (1931),
é do tipo subtropical, sendo a temperatura média do mês mais quente superior a
22°C e a do mês mais frio inferior a 18°C (CORRÊA et al., 1982).
Na classificação da Embrapa (2006), o tipo de solo do local do
experimento, é Latossolo Vermelho Eutroférrico argiloso. As características químicas
do solo estão apresentadas na Tabela 1 do apêndice, sendo as correções
necessárias realizadas conforme recomendação para a cultura da soja.
66
O experimento foi semeado manualmente na safra 2006/07, com
revolvimento do solo somente nas linhas, no dia 03 de dezembro de 2006, com
espaçamento de 45cm, deixando após o desbaste 12 plantas/m. A inoculação das
sementes de soja foi realizada conforme Hungria et al., (2007), com inoculante
turfoso contendo as estirpes Semia 587 + Semia 5019 e o tratamento das sementes
com o fungicida Vitavax + Thiram (Figura 3 do apêndice). Os tratos culturais foram
realizados de acordo com as recomendações das Tecnologias de Produção de Soja
para a Região Central do Brasil 2006 (EMBRAPA, 2005).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com
parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas principais, três
disponibilidades hídricas (1 Déficit hídrico nos estádios reprodutivos - DHER, 2
condições normais de campo - CNC e 3 irrigado - IRR) e em subparcelas, as 10
cultivares de soja (BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS 134, BRS 245 RR, BRS 247
RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214 e BRS 232), a descrição com as características
das cultivares estão apresentadas na Tabela 2 do apêndice.
A disponibilidade hídrica DHER foi obtido utilizando-se abrigos
móveis contra a chuva, com fechamento automático, evitando-se, assim, a
precipitação pluviométrica sobre as parcelas, durante o período desejado (Figura 4
do apêndice). As cultivares foram submetidas às condições normais de campo até o
estádio R
1
(início do florescimento), quando foi iniciado o fechamento automático dos
abrigos, ao chover. O solo das parcelas sob DHER foi isolado por uma barreira de
placas verticais de concreto, enterradas até a profundidade de 80 cm, visando evitar
a troca de umidade com o solo externo aos abrigos. Ainda, ao redor dos abrigos, o
solo foi gramado para impedir o escorrimento superficial de água.
Na disponibilidade hídrica IRR, a suplementação hídrica foi efetivada
em cada parcela, manualmente com mangueira (Figura 5 do apêndice), mantendo o
potencial matricial da água no solo entre -0,03 e -0,05 MPa, sendo a umidade
monitorada por tensiômetros de mercúrio (Figura 6 do apêndice), enterrados no solo
à profundidade de 30cm, e quando o mercúrio atingia 20cm de altura capilar era
realizado a irrigação. Também, semanalmente, a umidade do solo foi monitorada
pelo método gravimétrico (GARDNER, 1986).
Na disponibilidade hídrica DHER, cada subparcela foi constituída por
três linhas de três metros, com 0,5m nas entrelinhas, totalizando uma área de 4,5m
2
.
67
As subparcelas do CNC e IRR foram constituídas por oito linhas de seis metros, com
0,5m nas entrelinhas, totalizando uma área de 24m
2
.
Os abrigos foram acionados, a partir de do dia 19 de janeiro de
2007. Na disponibilidade hídrica IRR, a suplementação de água foi realizada nos
dias 16 e 17 de fevereiro; 08, 09 e 10 de março de 2007, ou seja, cinco irrigações no
decorrer da safra. No entanto, os abrigos fecharam (ao chover) por um período de
47 dias.
A pluviosidade acumulada diariamente, temperaturas máxima,
mínima e média diárias, observadas no período da safra (dezembro de 2006 a abril
de 2007), estão expressas na Figura 8 do apêndice. A configuração das condições
climáticas no período da safra, foi de distribuição regular das chuvas com
temperaturas mais altas no final do ciclo da cultura.
No estádio R
8
, foram coletadas cinco plantas de cada subparcela e,
com auxílio de peneira com malha de 3 mm e água, foi realizada a limpeza do solo
aderido às raízes. Após drenagem do excesso de água das plantas, foram
separadas parte aérea e raiz (Figura 1), e os nódulos. Em seguida, foram
acondicionados em sacos de papel identificados com suas respectivas partições
(nódulos, raízes e parte rea). As variáveis foram quantificadas após a secagem
das plantas em estufa de circulação forçada de ar, à 65º C até atingir peso
constante.
Figura 1. Separação das partes da planta, neste caso raízes sem e com nódulos.
68
As variáreis apresentadas e analisadas foram as características
relacionadas com a nodulação (massa de nódulos secos - MNS; número de nódulos
NN) e o crescimento da planta (massa da parte aérea seca MPAS; massa de raiz
seca - MRS). O N total, acumulado nos tecidos, não foi analisado porque, em
estudos prévios com 152 cultivares de soja, Bohrer e Hungria (1998) e Hungria e
Bohrer (2000) constataram alta correlação entre os parâmetros de MPAS e N total
acumulado pelas plantas (r = 0,87** e r = 0,92**), dispensando a necessidade de
análise do teor de N nos tecidos.
O método estatístico utilizados para todas as variáveis resposta
constituiu-se de um diagnóstico exploratório, seguido da análise de variância
(ANOVA). Neste diagnóstico exploratório avaliaram-se os seguintes pré-requisitos: a
distribuição normal dos erros experimentais pelo método de Shapiro e Wilk (1965), a
homogeneidade de variâncias dos tratamentos pelo método de Burr e Foster (1972),
a aditividade do modelo do delineamento experimental pelo método de Tukey (1949)
e a análise dos resíduos pelo método apresentado em Parente (1984). Além da
análise de variância aplicou-se também o teste de comparações múltiplas de médias
pelo método de Duncan ao nível de significância de
, 050
(COCHRAN; COX,
1957). Os programas estatísticos utilizados foram o SANEST (ZONTA et al., 1982) e
o SAS e (SAS INSTITUTE, 2001).
4.4. Resultados e discussão
Conforme a Figura 8 do apêndice, entre os meses de dezembro de
2006 e abril de 2007, período do desenvolvimento do experimento, as chuvas foram
bem distribuídas com alguns picos de temperaturas altas no início da safra com
aumento de temperaturas mais acentuado no final do ciclo.
De acordo com os dados analisados, a disponibilidade drica foi
limitante para número de nódulos (Tabela 1), pois para o DHER foi o que apresentou
o menor número de nódulos (NN) em todas as cultivares estudadas. No entanto,
somente a cultivar BRS 183, não apresentou diferença significativa entre as
disponibilidades hídricas DHER e CNC e, para DHER e IRR, as cultivares Embrapa
48 e BRS 184. Entre CNC e IRR, mesmo havendo uma grande variação nas médias,
69
não houve diferença significativa. O menor NN apresentado em DHER, foi
decorrente das baixas disponibilidades hídricas impostas às cultivares, pois Serraj e
Sinclair (1997) destacam a sensibilidade da FBN ao déficit hídrico no
estabelecimento da associação biológica, na sobrevivência e na atividade do rizóbio.
O déficit hídrico foi limitante na fixação do nitrogênio na soja, pois o
comprometimento da nodulação pelo menor NN na disponibilidade hídrica DHER,
refletiu no rendimento de grãos (kg ha
-1
) ocorrida também no DHER, isso pode ser
observado na Tabela 1 do artigo 1. Lugg e Sinclair (1981) constataram alta
correlação positiva (> 0,75) entre o conteúdo de N nas folhas, o aparelho
fotossintético e as taxas de assimilação de CO
2
, evidenciando a associação dessas
características com o rendimento de grãos. Estes resultados demonstram a
sensibilidade da soja ao déficit hídrico (SINCLAIR et al., 1987; SERRAJ; SINCLAIR,
1997).
Quando foram comparadas as cultivares em cada disponibilidade, a
maior nodulação em DHER foi na cultivar Embrapa 48, porém, devido ao alto CV
apresentado, porém se comparamos a Embrapa 48 com 220 nódulos e a BRS 232
com 79 nódulos, ou seja 2,7 vezes a mais de nódulos. Na disponibilidade hídrica
CNC a maior média foi da cultivar BRS 134, diferindo somente da BRS 232,
enquanto que em IRR a BRS 134 também apresentou a maior média de nodulação
e, neste, apenas não diferiu das cultivares BRS 245 RR e BRS 247 RR. A variação
observada no número de nódulos entre as cultivares está relacionada a caracteres
intrínsecos (genéticos) das cultivares avaliadas, conforme resultados encontrados
por Bohrer e Hungria (1998), porém quando houve a limitação hídrica, a variação foi
bem mais acentuada, indicando respostas diferenciadas entre as cultivares.
Segundo Salisbury e Ross, (1992) a FBN promove a produção de
aminoácidos, ureídios e amidas, que são descarregadas no xilema e levadas até as
folhas para utilização. Para Casagrande et al., (2001), a variação entre cultivares
com maior ou menor capacidade de absorver e utilizar esses compostos na folha
podem estar relacionadas com a presença, ou com os níveis de expressão de
proteínas transportadoras de aminoácidos. Segundo o autor, a redução na
metabolização de compostos nitrogenados vindos do processo simbiótico
certamente seria limitante no processo de enchimento de grãos em soja e,
70
conseqüentemente, expressaria a maior ou menor capacidade de suportar períodos
de déficit hídrico.
Tabela 1. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, na
variável número de nódulos (NN), na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
126
a
2
B
334
ab
A
303
b
A
254
Embrapa 48
220
a
B
443
ab
A
380
b
AB
348
BRS 133
105
a
B
401
ab
A
293
b
A
266
BRS 134
142
a
B
461
a
A
617
a
A
407
BRS 183
97
a
A
261
ab
A
259
b
A
205
BRS 184
168
a
B
336
ab
A
266
b
AB
256
BRS 214
90
a
B
415
ab
A
320
b
A
275
BRS 232
79
a
B
256
b
A
319
b
A
218
BRS 245 RR
91
a
B
376
ab
A
440
ab
A
302
BRS 247 RR
105
a
B
448
ab
A
460
ab
A
338
Médias
122
373
366
CV Parcela (%) = 17.16
CV Subparcela (%) = 30.78
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Na interação entre as disponibilidades hídricas e cultivares na
variável massa de nódulos secos (MNS), quando comparados as disponibilidades
hídricas em cada cultivar, as menores médias foram sempre no DHER (Tabela 2),
porém, as cultivares BR 16, BRS 183 e BRS 184 não apresentaram diferenças
significativas entre as disponibilidades hídricas, e as cultivares Embrapa 48 e BRS
214 não apresentaram diferenças entre DHER e IRR.
Entre as cultivares em cada disponibilidade hídrica, a Embrapa 48 foi
a de maior média em DHER, no entanto, diferiu somente da BRS 214 que
apresentou a menor massa de nódulos nessa condição. A Embrapa 48, apresentou
a maior massa de nódulos no CNC e, neste caso, diferiu das cultivares BR 16, BRS
183, BRS 184 e BRS 214. Na IRR, a cultivar BRS 134 foi a de maior média na
massa de nódulos e não diferiu somente das cultivares Embrapa 48, BRS 133, BRS
232 e BRS 245 RR.
Na variável número de nódulos (Tabela 1) e na massa de nódulos
(Tabela 2), houve grande variação entre as cultivares, tanto dentro das
disponibilidades hídricas quanto nas repostas as disponibilidades. Segundo Serraj et
71
al., (2001), uma grande variação genética entre as espécies de leguminosas e
entre cultivares à sensibilidade da FBN ao déficit hídrico.
Tabela 2. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, na
massa de nódulos secos (g), na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
0,57
ab
2
A
1,14
bc
A
1,21
bc
A
0,97
Embrapa 48
1,25
a
B
2,18
a
A
1,55
abc
AB
1,66
BRS 133
0,70
ab
B
1,79
abc
A
1,69
abc
A
1,39
BRS 134
0,69
ab
B
1,93
ab
A
2,33
A
A
1,65
BRS 183
0,39
ab
A
0,94
c
A
1,01
C
A
0,78
BRS 184
0,67
ab
A
1,21
bc
A
1,14
C
A
1,01
BRS 214
0,29
b
B
1,04
bc
A
0,87
C
AB
0,73
BRS 232
0,39
ab
B
1,39
abc
A
1,74
abc
A
1,17
BRS 245 RR
0,38
ab
B
1,35
abc
A
1,64
abc
A
1,12
BRS 247 RR
0,50
ab
B
1,81
abc
A
2,07
ab
A
1,46
Médias
0,58
1,48
1,53
CV Parcela (%) = 17.83
CV Subparcela (%) = 32.41
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Para a variável massa da parte aérea seca, houve interação entre as
disponibilidades hídricas e as cultivares (Tabela 3). No entanto, não houve diferença
estatística entre as cultivares quando analisadas em cada nível de disponibilidade
hídrica. Quando analisada cada cultivar entre as disponibilidades hídricas, somente
as cultivares BRS 184 e BRS 232 apresentaram diferenças significativas entre
DHER e CNC, com maior média no CNC. A cultivar BRS 232 também foi
estatisticamente diferente entre o CNC e o IRR, sendo este último o de menor
média. Bohrer e Hungria (1998) e Hungria e Bohrer (2000), avaliando 152 cultivares
de soja, constataram que a MNS estava correlacionada tanto com a MPAS (valores
entre r = 0,68** e r = 0,80**), e com o N total acumulado pela planta nos tecidos
(valores entre r = 0,65** e r = 0,74**).
Mesmo que a maioria das cultivares não tenha apresentado
diferenças significativas entre as disponibilidades hídricas, ainda assim, houve
variação entre a disponibilidade drica DHER (87,23 g), CNC (108,57 g) e IRR
(106,69 g), com uma diferença média de 20% entre o maior e o menor valor
expresso quando houve déficit hídrico (Tabela 3). Kuss et al., (2008) também
72
obtiveram respostas favoráveis na massa da parte aérea seca, estudando a
disponibilidade hídrica e a população de plantas. Quando disponibilizaram a
irrigação durante todo o ciclo, os valores foram estatisticamente superiores, seguido
pelo manejo com irrigação nos períodos críticos.
Tabela 3. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, na
massa da parte aérea seca (g), de cultivares de soja, na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
89,58
a
2
A
74,89
a
A
93,74
a
A
86,07
Embrapa 48
94,59
a
A
78,29
a
A
63,52
a
A
78,80
BRS 133
85,53
a
A
84,22
a
A
110,69
a
A
93,48
BRS 134
82,97
a
A
128,81
a
A
144,15
a
A
118,64
BRS 183
71,41
a
A
114,11
a
A
99,69
a
A
95,07
BRS 184
63,37
a
B
147,21
a
A
107,16
a
AB
105,91
BRS 214
133,47
a
A
123,57
a
A
124,48
a
A
127,17
BRS 232
84,03
a
B
143,40
a
A
74,17
a
B
100,53
BRS 245 RR
80,18
a
A
97,75
a
A
127,44
a
A
101,79
BRS 247 RR
87,12
a
A
93,47
a
A
121,90
a
A
100,83
Médias
87,23
108,57
106,69
CV Parcela (%) = 11.77 CV Subparcela (%) = 34.50
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 6% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
3
= Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Na variável massa de raiz seca (MRS), houve diferença significativa
entre as cultivares somente na média geral (Tabela 4). Neste caso, a cultivar BRS
214 foi a de maior média, diferindo estatisticamente, somente da BRS 133, a cultivar
com a menor média. Da mesma forma que na MPAS a MRS apresar de não
apresentar diferenças significativas entre as disponibilidades hídricas, ainda assim,
houve variação entre as disponibilidades hídricas, sendo a DHER (9,30 g), CNC
(10,59 g) e IRR (9,52 g), com uma diferença média de 20% entre o maior e o menor
valor expresso quando submetido ao déficit hídrico (Tabela 4).
Alguns coeficientes de variação (CV) para MPAS, MNS e NN foram
próximos a 30%, porém valores superiores a este, são comumente relatados para os
parâmetros de nodulação (HUNGRIA; BOHRER, 2000; NICOLÁS et al., 2002).
73
Tabela 4. Médias da variável massa de raiz seca (g), em cultivares de soja,
submetidas a três disponibilidades hídricas, na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
9,21
8,18
8,92
8,77
ab
2
Embrapa 48
9,27
9,66
8,45
9,13
ab
BRS 133
8,36
7,83
6,37
7,52
b
BRS 134
8,04
11,77
10,34
10,05
ab
BRS 183
8,69
10,23
9,76
9,56
ab
BRS 184
9,62
11,68
7,26
9,52
ab
BRS 214
12,71
12,23
11,03
11,99
a
BRS 232
9,42
14,92
10,49
11,58
ab
BRS 245 RR
8,34
12,41
12,28
11,01
ab
BRS 247 RR
9,42
7,04
10,28
8,91
ab
Médias
9,30
A
10,59
A
9,52
A
CV Parcela (%) = 11.04 CV Subparcela (%) = 32.64
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 6% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
74
4.5. Conclusões
1. Houve variação entre as cultivares quanto a nodulação, sendo esta menor
quando houve a limitação hídrica causada pelo DHER.
2. O estresse causado pelo ficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER) foi
limitante para a nodulação, restringindo a FBN.
3. Os menores rendimentos de grãos (kg ha
-1
) apresentados na disponibilidade
hídrica DHER, podem ser reflexos do comprometimento da FBN.
75
4.6. Referências
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78
5. ARTIGO 3: ACÚMULO E RENDIMENTO DE PROTEÍNA E ÓLEO EM
CULTIVARES DE SOJA SOB DÉFICIT HÍDRICO
5.1 Resumo
A soja atende em grande parte a demanda mundial humana e animal de proteína e
óleo; sendo assim, é desejável que altos rendimentos de grãos sejam também
acompanhados de altas concentrações destes componentes. A concentração de
óleo e proteína em soja é herdada como uma característica quantitativa que sofre
grande influência do meio ambiente. Como a cultura da soja é cultivada em todas as
regiões do Brasil, sob condições edafoclimáticas muito diversas, está sujeita a
variações climáticas, sendo estas o principal fator de risco e de insucesso no seu
cultivo. Portanto, é de se esperar que ocorram variações nas concentrações de
proteína e óleo no grão. O objetivo deste trabalho foi verificar acúmulo e rendimento
de proteína e óleo em cultivares de soja sob déficit hídrico. O experimento foi
conduzido na safra 2006/2007 no campo experimental da Embrapa Soja, em
Londrina-PR. A semeadura foi realizada manualmente com revolvimento do solo
somente nas linhas, no dia 03 de dezembro de 2006, com delineamento em blocos
ao acaso com parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas principais
foram aplicados três disponibilidades hídrica (1 Déficit hídrico nos estádios
reprodutivos - DHER, 2 condições normais de campo - CNC e 3 irrigado - IRR),
enquanto as subparcelas receberam as 10 cultivares de soja (BR 16, Embrapa 48,
BRS 133, BRS 134, BRS 245 RR, BRS 247 RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214, and
BRS 232). As variáveis analisadas foram: acúmulo de proteína e óleo nos grãos e
rendimento de proteína e óleo (kg ha
-1
). O acúmulo de óleo foi determinado através
de amostras retiradas de cada subparcela, pelo método de Soxlet, com hexano
como solvente e o acúmulo de proteína pelo método de Kjeldahl. O rendimento de
óleo e de proteína foi obtido com base no rendimento de grãos e no acúmulo de óleo
e proteína nos grãos, pela multiplicação do rendimento pelos percentuais de óleo e
proteína para cada disponibilidade hídrica. O acúmulo de proteína foi favorecido pelo
déficit hídrico. Entre as cultivares, de maior média foram BRS 183 e BRS 214. O
DHER, resultou menor rendimento de proteína e óleo. A cultivar BRS 184, se
destacou com os maiores rendimentos de proteína, e se mantendo entre as de
maiores rendimentos de óleo, em CNC e IRR.
Palavras-chave: Glycine max (L.) Merrill, estresse hídrico, acúmulo de proteína e
óleo, seca.
79
ACCUMULATION AND YIELD OF PROTEIN AND OIL IN SOYBEAN CULTIVARS
UNDER WATER DEFICIT
5.1 Abstract
Soybeans are produced to meet demands for human consumption and for animal
feeding regarding protein and oil; therefore are desirable that high grain yield be also
accompanied by high concentrations of those components. The concentration of oil
and protein in soybean seed is inherited as a quantitative trait that is influenced by
environmental conditions. Since soybean crop is grown in all regions of Brazil, under
very diverse soil and climate conditions, it is subject to climatic variations and this is
the main risk and failure factor to soybeans production. These variations also reflect
on the protein and oil seed contents. The objective of this study was to assess the
accumulation and yield of protein and oil in soybean cultivars under water deficit. The
experiment was conducted in the 2006/07 season at the experimental field of the
National Soybean Research Center of Embrapa, in Londrina-PR, Brazil. The sowing
was done manually with soil disturbance only in the rows, on December 03, 2006, in
a randomized blocks design with split-plot model and four replicates. The main plots
received three water availability: 1 water stress on reproductive stages (DHER), 2
natural rainfall (CNC), and 3 irrigation (IRR); while the subplots received 10
soybean cultivars (BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS 134, BRS 245 RR, BRS 247
RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214, and BRS 232). The variables analyzed were:
accumulation of protein and oil in grain yield and protein and oil (kg ha
-1
). The
accumulation of oil was determined by samples taken from each subplot, by the
method of soxlet with hexane as solvent and the accumulation of protein by the
kjeldahl method. The oil yield and protein was obtained based on grain yield and
accumulation of oil and protein in grains, by multiplying the yield by the percentage of
oil and protein for each water availability. The accumulation of protein in grains was
favored by drought, and water availability DHER, that expressed the greatest
accumulation, and, between cultivars in this water availability, BRS 183 and BRS 214
were of the highest averages. The DHER showed a lower yield of protein and oil, and
BRS 184 was the highest yield of protein, and also remained among the highest oil
production, in the water availability CNC and IRR.
Key Words: Glycine max (L.) Merrill, water stress, protein and oil accumulation and
drought.
80
5.2. Introdução
Como a soja é produzida para atender à demanda humana e animal
de proteína e óleo, sendo desejável que altos rendimentos de grãos sejam também
acompanhados de altas concentrações destes componentes (CAIRES et al., 2003),
pois isso diminui o custo dos produtos derivados da soja (TANAKA et al., 1995). A
cultura está incluída entre as cinco principais fontes protéicas sendo, também, fonte
calórica (18 a 22% de óleo) (MAEHLER et al., 2003).
Os programas de melhoramento genético de soja priorizam
características relacionadas como o rendimento de grãos e a resistência a doenças
(SANTOS et al., 2006); mais recentemente, há também uma preocupação com
características de qualidade, tais como teores de proteína e/ou óleo (GONÇALVES
et al., 2007), decorrente da valorização do preço internacional da soja.
Segundo Moraes et al., (2006), o farelo de soja destinado à
exportação é classificado em três categorias, de acordo com seu conteúdo de
proteína: HyPro (>48%), Normal (46%) e LowPro (<43,5%). Para atingir o índice
classificado como Normal e HyPro, a soja deve conter acima de 41,5 e 43% de
proteína nos grãos, respectivamente, com base na matéria seca. Portanto, os teores
de proteína e óleo no grão de soja determinam seu valor comercial.
Existe uma alta correlação negativa entre os teores de proteína e
óleo, fato que dificulta o melhoramento simultâneo destes caracteres (BURTON,
1985; WILCOX; CAVINS 1995; WILCOX; SHIBLES, 2001), além de o teor de
proteína, geralmente, apresentar correlação negativa com características
agronômicas, entre elas: número de legumes por planta, número de grãos por
legume e consequentemente influenciando o rendimento de grãos, demonstrando a
dificuldade de efetuar a seleção de genótipos com elevados teores de proteína e alto
potencial de rendimento (MELLO FILHO et al., 2004; MAHMOUD et al., 2006).
Além dos fatores genéticos quantitativos governarem, a princípio, os
teores de óleo e proteínas dos grãos de soja, a variação nestes teores, é também
influenciada pelo ambiente no qual o vegetal é cultivado, principalmente durante o
período de enchimento dos grãos (BURTON, 1989; WILCOX; CAVINS 1992;
81
PÍPOLO et al., 2004a e 2004b; ÁVILA et al., 2007). Entre os fatores ambientais, a
concentração de proteínas da soja é influenciada pela disponibilidade de N
(SERRAJ; SINCLAIR, 1997). Devido ao elevado teor de proteína dos grãos, o
nitrogênio é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura, apresentando
um teor médio de 6,5% de N. Desse modo, para produzir 1000 kg de grãos de soja
são necessários 65 kg de N, adicionando-se mais 15 kg de N para as folhas, caule e
raízes tem-se 80 kg de N. Consequentemente, para obtenção de produtividades de
grãos de 3000 kg ha
-1
o necessários 240 kg de N, dos quais 195 kg o retirados
da lavoura pelos grãos (HUNGRIA et al., 2001).
Como o N da fixação simbiótica vai para a formação do grão, a
maximização do processo de fixação pode contribuir com uma maior concentração
de N e, consequentemente, de proteínas nos grãos de soja (SERRAJ; SINCLAIR,
1997; ÁVILA et al., 2007). No entanto, tem sido largamente documentado que a
fixação biológica em soja é extremamente sensível ao déficit hídrico sendo o
primeiro processo a ser prejudicado, antes mesmo de afetar a fotossíntese, portanto,
diminui a síntese protéica antes da produção de massa seca (SINCLAIR et al.,
1987), desta forma influenciando diretamente a composição dos grãos.
Como a cultura da soja é cultivada em todas as regiões do Brasil, e,
sob condições edafoclimáticas muito diversas, está sujeita às variações climáticas
sendo estas o principal fator de risco e de insucesso no cultivo de soja
(CONFALONE; DUJMOVICH, 1999). Neste caso, a seca é o principal fenômeno
gerador de prejuízos e de riscos para a cultura (FARIAS et al., 2001). Apesar de todo
o progresso que a pesquisa tem alcançado com cultivares de maior potencial de
rendimento, estresses causados pelo déficit hídrico durante estádios críticos, m
limitado a obtenção de rendimentos mais próximos ao potencial produtivo da espécie
(FARIAS, 2004). Para Pípolo (2002), a distribuição de chuvas durante o período de
enchimento de grãos e a disponibilidade de nitrogênio para os grãos são peças-
chave para o melhor entendimento das variações dos teores de proteína e de óleo
nos grãos de soja.
O objetivo deste trabalho foi verificar acúmulo e rendimento de
proteína e óleo em cultivares de soja sob déficit hídrico.
82
5.3. Material e métodos
O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa
Soja, em Londrina-PR, (Figuras 1 e 2 do apêndice), localizado na latitude 23º 11 S,
longitude 51° 11W e altitude 566m. O clima predominante, segundo Köppen (1931),
é do tipo subtropical, sendo a temperatura média do mês mais quente superior a
22°C e a do mês mais frio inferior a 18°C (CORRÊA et al., 1982).
Na classificação da Embrapa (2006), o tipo de solo do local do
experimento, é Latossolo Vermelho Eutroférrico argiloso. As características químicas
do solo estão apresentadas na Tabela 1 do apêndice, sendo as correções
necessárias realizadas conforme recomendação para a cultura da soja.
O experimento foi semeado manualmente na safra 2006/07, com
revolvimento do solo somente nas linhas, no dia 03 de dezembro de 2006, com
espaçamento de 45cm, deixando após o desbaste 12 plantas/m. A inoculação das
sementes de soja foi realizada conforme Hungria et al., (2007), com inoculante
turfoso contendo as estirpes Semia 587 + Semia 5019 e o tratamento das sementes
com o fungicida Vitavax + Thiram (Figura 3 do apêndice). Os tratos culturais foram
realizados de acordo com as recomendações das Tecnologias de Produção de Soja
para a Região Central do Brasil 2006 (EMBRAPA, 2005).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com
parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas principais, três
disponibilidades hídricas (1 Déficit hídrico nos estádios reprodutivos - DHER, 2
condições normais de campo - CNC e 3 irrigado - IRR) e em subparcelas, as 10
cultivares de soja (BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS 134, BRS 245 RR, BRS 247
RR, BRS 183, BRS 184, BRS 214 e BRS 232), a descrição com as características
das cultivares estão apresentadas na Tabela 2 do apêndice.
A disponibilidade hídrica DHER foi obtido utilizando-se abrigos
móveis contra a chuva, com fechamento automático, evitando-se, assim, a
precipitação pluviométrica sobre as parcelas, durante o período desejado (Figura 4
do apêndice). As cultivares foram submetidas às condições normais de campo até o
estádio R
1
(início do florescimento), quando foi iniciado o fechamento automático dos
83
abrigos, ao chover. O solo das parcelas sob DHER foi isolado por uma barreira de
placas verticais de concreto, enterradas até a profundidade de 80 cm, visando evitar
a troca de umidade com o solo externo aos abrigos. Ainda, ao redor dos abrigos, o
solo foi gramado para impedir o escorrimento superficial de água.
Na disponibilidade hídrica IRR, a suplementação hídrica foi efetivada
em cada parcela, manualmente com mangueira (Figura 5 do apêndice), mantendo o
potencial matricial da água no solo entre -0,03 e -0,05 MPa, sendo a umidade
monitorada por tensiômetros de mercúrio (Figura 6 do apêndice), enterrados no solo
à profundidade de 30cm, e quando o mercúrio atingia 20cm de altura capilar era
realizado a irrigação. Também, semanalmente, a umidade do solo foi monitorada
pelo método gravimétrico (GARDNER, 1986).
Na disponibilidade hídrica DHER, cada subparcela foi constituída por
três linhas de três metros, com 0,5m nas entrelinhas, totalizando uma área de 4,5m
2
.
As subparcelas do CNC e IRR foram constituídas por oito linhas de seis metros, com
0,5m nas entrelinhas, totalizando uma área de 24m
2
.
Os abrigos foram acionados, a partir de do dia 19 de janeiro de
2007. Na disponibilidade hídrica IRR, a suplementação de água foi realizada nos
dias 16 e 17 de fevereiro; 08, 09 e 10 de março de 2007, ou seja, cinco irrigações no
decorrer da safra. No entanto, os abrigos fecharam (ao chover) por um período de
47 dias.
A pluviosidade acumulada diariamente, temperaturas máxima,
mínima e média diárias, observadas no período da safra (dezembro de 2006 a abril
de 2007), estão expressas na Figura 8 do apêndice. A configuração das condições
climáticas no período da safra, foi de distribuição regular das chuvas com
temperaturas mais altas no final do ciclo da cultura.
O acúmulo de óleo nos grãos foi determinada através de amostras
retiradas de cada subparcela, pelo método soxlet, conforme descrito por Pípolo
(2002) e Santos (2006). As sementes foram moídas manualmente e colocadas em
tubos de ensaio pré-pesados e pesados novamente para determinar o peso da
amostra. As amostras foram cobertas com 5,0 ml de hexano: metil tertibutil ether
(1:1). A mistura foi homogeneizada através do vórtex por dois minutos e deixada em
84
repouso por 24 horas a 25º C. Os tubos foram homogeneizados novamente por dois
minutos e então centrifugados por dez minutos a 1500 rpm. A maior parte do
solvente foi removida com pipeta de Pasteur, seguida de adição de mais solvente à
amostra. Este processo foi repetido três vezes, mas a segunda e a terceira
extrações foram incubadas por 4 horas. Após a terceira extração o solvente
remanescente após a pipetagem foi evaporado injetando-se gás N
2
sobre a amostra
aquecida a 4C em banho-maria. O conteúdo de óleo foi determinado como a
diferença de massa entre a amostra inicial e o farelo remanescente depois das
extrações. A concentração de óleo foi expressa com a quantidade de óleo em 100
mg da amostra inicial.
Para análise de nitrogênio, o farelo remanescente em cada frasco,
após a extração de óleo, foi analisado usando-se o procedimento de Kjeldahl,
conforme descrito por Pregnolatto e Pregnolatto (1985). As amostras foram digeridas
por meio da digestão em bloco de alumínio modificado de Gallaher et al. (1975). O
catalisador foi 1,5 g de 9:1 K
2
SO
4
:CuSO
4
e a digestão foi conduzida por pelo menos
4 horas a 375ºC, usando 6 ml de H
2
SO
4
e 2 ml de H
2
O
2
. O nitrogênio foi
determinado por colorímetro semi-automatizado e a concentração de proteína foi
calculada multiplicando-se a concentração de N por 6,25.
O rendimento de óleo e de proteína foi obtido com base no
rendimento de grãos e no acúmulo de óleo e proteína nos grãos, pela multiplicação
do rendimento pelos percentuais de óleo e proteína para cada disponibilidade
hídrica.
O método estatístico utilizados para todas as variáveis resposta
constituiu-se de um diagnóstico exploratório, seguido da análise de variância
(ANOVA). Neste diagnóstico exploratório avaliaram-se os seguintes pré-requisitos: a
distribuição normal dos erros experimentais pelo método de Shapiro e Wilk (1965), a
homogeneidade de variâncias dos tratamentos pelo método de Burr e Foster (1972),
a aditividade do modelo do delineamento experimental pelo método de Tukey (1949)
e a análise dos resíduos pelo método apresentado em Parente (1984). Além da
análise de variância aplicou-se também o teste de comparações múltiplas de médias
pelo método de Duncan ao nível de significância de
, 050
(COCHRAN; COX,
85
1957). Os programas estatísticos utilizados foram o SANEST (ZONTA et al., 1982) e
o SAS (SAS INSTITUTE, 2001).
5.4. Resultados e discussão
Os resultados indicaram variação nas respostas das cultivares às
disponibilidades hídricas para o acúmulo de proteína dos grãos. Houve no entanto,
interação entre a disponibilidade hídrica e as cultivares (Tabela 1), e quando
analisado cada cultivar dentro das disponibilidades hídricas, sendo a DHER a que
apresentou as maiores dias, e apenas as cultivares BRS 134 e BRS 184 não
apresentaram diferenças significativas entre a DHER e as outras disponibilidades
hídricas. No entanto, as cultivares Embrapa 48, BRS 184 e BRS 214, apresentaram
diferenças estatísticas entre CNC e IRR, sendo este último com as menores médias.
O acúmulo de proteína nos grãos, foi influenciado pela
disponibilidade hídrica, pois os maiores teores deste elemento foram encontrados na
disponibilidade hídrica DHER, em relação a CNC e IRR. Vários autores têm relatado
que sob déficit hídrico, há um aumento na porcentagem de proteína nos grãos
(PÍPOLO, 2002; MAEHLER et al., 2003; ALBRECHT et al., 2008). Houve, ainda,
respostas distintas entre as cultivares quando analisadas em uma mesma
disponibilidade hídrica, e quando analisado a DHER, a maior porcentagem de
proteína nos grãos foi a das cultivares BRS 183 e BRS 214, no entanto, diferiram
somente da BRS 133, BRS 134 e BRS 184. Para CNC, também houve respostas
variadas entre as cultivares, indicando que a BRS 184 foi a de maior média, que
diferiu somente das cultivares BR 16, Embrapa 48, BRS 133, BRS 245 RR e BRS
247 RR. Quando houve irrigação (IRR) a Cultivar BRS 183 foi a que apresentou a
maior média e neste caso, não diferiu estatisticamente somente da BRS 232. Como
os teores de proteína são controlados por fatores genéticos quantitativos (BURTON,
1989; WILCOX; CAVINS 1992; PÍPOLO et al., 2004a e 200b; ÁVILA et al., 2007), é
portanto, normal que haja diferenças entre as cultivares de soja avaliadas.
86
A maior média no acúmulo de proteína foi de 39,23% para as
cultivares BRS 183 e BRS 214, na disponibilidade hídrica DHER. Segundo Moraes
et al., (2006), os teores de proteína nos grãos de soja determinam seu valor
comercial, portanto, para atingir o índice classificado como Normal e HyPro, a soja
deve conter acima de 41,5 e 43% de proteína nos grãos, respectivamente, com base
na matéria seca. Neste caso, as cultivares seriam classificadas como LowPro, que
seria abaixo destes valores. Desta forma, não atingiram os limites necessários para
obtenção de farelo rico em proteína; muito valorizado para a fabricação de rações
destinadas a nutrição animal e também para exportação (MELLO FILHO et a., 2004).
De acordo com a descrição das cultivares (Tabela 2 do apêndice), o
acúmulo de proteína da cultivar BRS 183 é de 40,62% e da BRS 214 é de 39,00%
que, apresentou próximo aos valores do experimento, com leve queda para a
cultivar BRS 183.
Tabela 1. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, no
acúmulo de proteína
1
nos grãos (%), na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
2
CNC
IRR
BR 16
37,82
abc
3
A
34,64
c
B
34,16
bc
B
35,54
Embrapa 48
38,62
ab
A
35,17
bc
B
32,91
c
C
35,57
BRS 133
36,93
bcd
A
35,12
bc
B
34,26
bc
B
35,44
BRS 134
35,80
d
A
35,96
abc
A
35,07
b
A
35,61
BRS 183
39,23
a
A
36,49
ab
B
37,07
a
B
37,60
BRS 184
36,32
cd
AB
37,42
a
A
35,17
b
B
36,30
BRS 214
39,23
a
A
36,41
abc
B
34,13
bc
C
36,59
BRS 232
37,76
abc
A
35,78
abc
B
35,62
ab
B
36,39
BRS 245 RR
37,68
abc
A
35,17
bc
B
35,15
b
B
36,00
BRS 247 RR
37,45
abcd
A
35,20
bc
B
34,50
bc
B
35,72
Médias
37,68
35,74
34,80
CV Parcela (%) = 0,9 CV Subparcela (%) = 2,19
1
= Base seca.
2
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
3
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Houve também, interação entre as disponibilidades hídricas e
cultivares para o rendimento de proteína (kg ha
-1
). Quando analisados as
disponibilidades hídricas em cada cultivar (Tabela 2), a BRS 214 foi a única que não
apresentou diferença estatística entre os três disponibilidade hídricas, porém a
87
diferença entre DHER e CNC foi de mais de 16%. Para todas as outras cultivares,
entre DHER e CNC, houve diferenças estatísticas e sempre os menores
rendimentos de proteína foram para a disponibilidade hídrica DHER. Entre as
disponibilidades hídricas CNC e IRR, não houve diferença estatística, e na
comparação da DHER e a IRR, somente as cultivares Embrapa 48 e BRS 214 não
apresentaram diferenças estatísticas. A cultivar BRS 184 destacou-se com os
maiores rendimentos de proteína tanto no CNC quanto no IRR.
Na análise da comparação entre as cultivares em cada
disponibilidade hídrica, na DHER as cultivares não apresentaram diferenças
estatísticas, e na CNC e IRR a cultivar BRS 184 foi a de maior média, e diferiu
somente das cultivares BR 16, Embrapa 48, BRS 183 e BRS 214.
Apesar do acúmulo de proteína nos grãos ser maior na
disponibilidade hídrica DHER (Tabela 1), o rendimento de proteína foi mais elevado
em CNC e IRR, devido ao maior rendimento de grãos apresentado (Tabela 2). Neste
caso, a distribuição de chuvas no ciclo da cultura, durante a safra (Figura 8 do
apêndice), favoreceu também o CNC. No entanto, os rendimentos assim como os
acúmulos de proteína nos grãos, estão relacionado ao "fator diluição" (MAELHER et
al., 2003), uma vez que o rendimento de grãos foi menor, houve um maior acúmulo
de proteína nos mesmos, e quando houve uma maior quantidade de grãos a
tendência foi a sua distribuição entre eles.
Ressalta-se ainda, que as diferenças entre os acúmulos de proteína,
não podem ser explicadas sem levar em consideração a ocorrência e a distribuição
de chuvas, durante o período de enchimento de grãos (PÍPOLO, 2002; MAEHER et
al., 2003; ALBRECHT et al., 2008), pois além dos fatores genéticos quantitativos
governarem, a princípio, o acúmulo de óleo e proteínas dos grãos de soja, a
variação nestes teores, é também influenciada pelo ambiente no qual o vegetal é
cultivado, principalmente durante o período de enchimento dos grãos (BURTON,
1989; WILCOX; CAVINS 1992; PÍPOLO et al., 2004a e 200b; ÁVILA et al., 2007), e
88
neste caso, esta variação no ambiente foi proporcionada pela disponibilidade hídrica
ocasionada pelo DHER, justamente nas fases críticas da cultura.
No entanto, o maior acúmulo de proteína na disponibilidade hídrica
DHER, poderia ser melhor explicada pelo "fator diluição", ao fato das plantas
apresentarem menores quantidades de grãos, oriundo do abortamento de flores e
legumes, conforme verifica-se na Tabela 10 do artigo 1, onde houve variação entre
o número de legumes com a menor porcentagem na disponibilidade hídrica DHER.
O déficit hídrico é dependente das condições atmosféricas, e nesta
safra devido a maior concentração de chuvas ocorreram na fase de enchimento de
grãos (Figura 8 do apêndice), isto ocasionou uma maior umidade no ar, que
amenizaria o déficit hídrico as plantas mesmo sob os abrigos. Sendo assim, a planta
poderia disponibilizar fotossintatos que seria distribuído entre os grãos, por isso com
maior acúmulo de proteína na disponibilidade hídrica DHER.
Tabela 2. Médias da interação entre disponibilidades hídricas e cultivares de soja, no
rendimento de proteína (kg ha
-1
), na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
406
a
2
B
674
bc
A
660
bcd
A
580
Embrapa 48
476
a
B
684
bc
A
643
cd
AB
601
BRS 133
418
a
B
886
ab
A
868
ab
A
724
BRS 134
455
a
B
827
abc
A
709
abcd
A
664
BRS 183
503
a
B
722
bc
A
735
abcd
A
653
BRS 184
598
a
B
986
a
A
897
a
A
827
BRS 214
513
a
A
614
c
A
529
d
A
552
BRS 232
524
a
B
847
ab
A
829
abc
A
733
BRS 245 RR
421
a
B
852
ab
A
846
abc
A
706
BRS 247 RR
577
a
B
837
ab
A
798
abc
A
737
Médias
489
793
751
CV Parcela (%) = 6,86 CV Subparcela (%) = 14,8
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Para a variável acúmulo de óleo nos grãos, houve somente efeito de
cultivar, desta forma, as diferenças significativas apresentadas foram nas médias
gerais das cultivares (Tabela 3). A cultivar BRS 184 com 20,91% de óleo nos grãos,
89
foi a de maior média diferindo significativamente das demais. Em contraste, a BRS
232, foi a de menor média de óleo no grão com 18,08%, e também, diferiu
significativamente das demais cultivares. Entre estas duas cultivares a variação foi
de mais de 2% no acúmulo de óleo, que te representatividade conforme o
rendimento de grãos da cultura.
Conforme a descrição destas cultivares (Tabela 2 do apêndice), a
BRS 184 apresenta um acúmulo médio de óleo de 24,24% e a BRS 232 cerca de
19,50%. Portanto, as médias apresentadas na Tabela 3, foram sempre menores,
ainda assim, a cultivar BRS 184 foi a de maior acúmulo de óleo.
Tabela 3. Médias da variável acúmulo de óleo nos grãos (%), obtidos em 10
cultivares de soja, para três disponibilidades hídricas, na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
19,70
18,07
19,14
18,97
bc
2
Embrapa 48
19,35
19,26
19,77
19,46
bc
BRS 133
19,68
18,96
18,88
19,17
bc
BRS 134
20,36
18,47
19,09
19,31
bc
BRS 183
19,45
18,70
18,54
18,90
c
BRS 184
21,16
20,32
21,24
20,91
a
BRS 214
19,86
18,78
19,20
19,28
bc
BRS 232
18,38
18,20
17,65
18,08
d
BRS 245 RR
20,36
18,98
19,48
19,51
b
BRS 247 RR
19,95
18,79
19,57
19,44
bc
Médias
19,79
A
18,85
A
19,21
A
CV Parcela (%) = 2,18 CV Subparcela (%) = 3,27
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
A variável rendimento de óleo por área apresentou interação
significativa entre as disponibilidades hídricas e cultivares (Tabela 4). Na
comparação das disponibilidades hídricas, nesta variável, os valores mais elevados
foram obtidos quando houve em CNC e IRR, e estes não apresentaram diferenças
entre si. No DHER a cultivar BRS 184 não diferiu do IRR enquanto que a BRS 214
não diferiu entre os níveis de disponibilidade hídrica. As demais apresentaram
sempre valores inferiores e diferiram estatisticamente. Entre as cultivares, em uma
90
mesma disponibilidade hídrica, não houve diferença significativa no DHER, e na
CNC a cultivar BRS 184 foi a que apresentou os maiores rendimentos de óleo
diferindo de BR 16, Embrapa 48, BRS 183 e BRS 214. Para a IRR a maior média foi
a da BRS 133, no entanto diferiu somente da BRS 214.
Tabela 4. Médias da interação entre a disponibilidade hídrica e as cultivares de soja
no rendimento de óleo (kg ha
-1
), na safra 2006/07.
Cultivares
Disponibilidades hídricas
Médias
DHER
1
CNC
IRR
BR 16
211
a
B
2
350
bc
A
370
ab
A
311
Embrapa 48
238
a
B
375
bc
A
387
ab
A
334
BRS 133
222
a
B
478
ab
A
477
a
A
393
BRS 134
259
a
B
423
abc
A
386
ab
A
356
BRS 183
248
a
B
369
bc
A
368
ab
A
329
BRS 184
349
a
B
533
a
A
429
ab
AB
437
BRS 214
260
a
A
313
c
A
296
b
A
290
BRS 232
253
a
B
431
abc
A
412
ab
A
366
BRS 245 RR
224
a
B
460
ab
A
469
a
A
385
BRS 247 RR
306
a
B
447
abc
A
452
a
A
402
Médias
257
418
405
CV Parcela (%) = 7,5 CV Subparcela (%) = 16,73
1
= Déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
2
= Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, o diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
A cultivar BRS 184, foi a que apresentou as maiores medias no
rendimento de proteína 827 kg ha
-1
(Tabela 2), no rendimento de óleo 437 kg ha
-1
e
no acúmulo de óleo 20,91% (Tabela 3). No entanto, o acúmulo de proteína 36,30%
(Tabela 1) foi intermediário entre as cultivares, indicando, portanto, que para um alto
rendimento de proteína, maior foi a competição pelos carboidratos produzidos, o que
reduziu a porcentagem de proteína. A existência de correlação negativa entre os
teores de proteína e óleo (BURTON, 1985; WILCOX; CAVINS 1995), além de o
acúmulo de proteína, geralmente, apresentar correlação negativa com o rendimento
de grãos, demonstrando a dificuldade de efetuar a seleção de genótipos com
elevado acúmulo de proteína e alto potencial de rendimento (MELLO FILHO et al.,
2004; MAHMOUD et al., 2006).
91
5.5. Conclusões
1. O acúmulo de proteína foi favorecido pelo déficit hídrico. Entre as cultivares,
de maior média foram BRS 183 e BRS 214;
2. O DHER, resultou menor rendimento de proteína e óleo. A cultivar BRS 184,
se destacou com os maiores rendimentos de proteína, e se mantendo entre
as de maiores rendimentos de óleo, em CNC e IRR.
92
5.6. Referências
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Sensitivity of Nitrogen and Biomass Accumulation to Drought in Field-Grown
Soybean. Agronomy Journal, v 79, p. 986-981, 1987.
TANAKA, R.T.; MASCARENHAS, H.A.A.; REGITANO-D`ARCE, M.A.B.; GALLO,
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Estatística SANEST, Registro na SEI No. 066060, UFPEL, Pelotas, 63pp.
95
6. CONSIDERASÕES GERAIS
1. Quando submetidas déficit hídrico, houve o comprometimento do
crescimento das cultivares de soja, devido à redução do IAF, da taxa
fotossintética, correlacionando com o rendimento da cultura. No entanto,
houveram respostas diferenciadas entre as cultivares, sendo a BRS 184 com
maior rendimento a mais tolerante, e, a BR 16 com menor rendimento, a mais
sensível ao déficit hídrico;
2. O estresse causado pelo déficit hídrico nos estádios reprodutivos (DHER), foi
limitante para a nodulação, restringindo a FBN. Ainda pode ser verificado que
a disponibilidade hídrica DHER, apresentou os menores rendimentos de
grãos (kg ha
-1
), em reflexo ao comprometimento da FBN;
3. O acúmulo de proteína nos grãos foi favorecido pelo déficit hídrico, sendo a
disponibilidade hídrica DHER
a que expressou o maior acúmulo. Entre as
cultivares nesta disponibilidade hídrica, a BRS 183 e BRS 214 foram as de
maiores médias.
4. O DHER apresentou um menor rendimento de proteína e óleo, e a cultivar
BRS 184, foi a de maior rendimento de proteína, e também se manteve entre
as de maior rendimento de óleo, nas disponibilidades hídricas CNC e IRR.
96
APÊNDICE
97
Figura 1. Vista aérea do campo experimental (Google Earth, 2009).
Figura 2. Campo experimental da Embrapa Soja, em Londrina-PR, com o croqui e as
delimitações da área onde foram realizados os experimentos.
98
Tabela 1. Características químicas do solo do experimento na profundidade de 0 a
20cm, conforme análise realizada na safra 2005/06.
Tratamentos
pH
C
P
Al
K
Ca
Mg
H+Al
V
(CaCl
2
)
g/dm
3
mg/dm
3
cmol
c
/DM
3
%
DHER bl 1
5.90
14,88
19,87
0,00
0,41
5,35
3,11
2,72
76,53
DHER bl 2
6,06
15,59
19,20
0,00
0,40
4,56
2,71
2,62
74,54
DHER bl 3
5,59
14,30
20,68
0,00
0,43
4,35
2,37
2,82
71,72
DHER bl 4
4,57
20,40
7,37
0,13
0,15
3,52
2,03
4,25
57,29
CNC bl 1
5,23
16,09
16,66
0,00
0,56
4,63
1,76
2,95
70,20
CNC bl 2
5,27
16,09
19,28
0,00
0,73
4,53
1,81
2,99
70,28
CNC bl 3
5,61
16,09
10,53
0,00
0,49
4,86
2,31
2,88
72,68
CNC bl 4
5,79
16,82
11,98
0,00
0,42
4,82
2,66
2,52
75,82
IRR bl 1
5,19
17,79
11,18
0,00
0,31
4,38
1,92
2,93
69,29
IRR bl 2
5,50
15,32
8,55
0,00
0,31
4,46
2,09
2,86
70,58
IRR bl 3
5,38
15,75
9,75
0,00
0,33
4,71
2,74
2,70
74,24
IRR bl 4
5,66
17,10
11,12
0,00
0,52
4,21
2,13
3,91
63,70
* DHER =Déficit hídrico nos estádios reprodutivos, CNC = condições normais de
campo e IRR = irrigado.
Figura 3. Tratamento de semente realizado com o fungicida Vitavax + Thiram.
99
Tabela 2. Características das cultivares de soja utilizadas nos experimentos.
Cultivar
Genealogia
Teor de
Teor de
Época de
Altura da Planta (cm)
Proteína
Óleo
Semeadura
Até 500m
500 a 800m
mais de 800m
BR 16
D69-B10-M58 X Davis
39,00%
21,30%
25/10 a 05/12
Média 80
Embrapa 48
Davis X Paraná X IAS 4 X BR5
39,10%
21,40%
25/10 a 05/12
60
72
95
BRS 133
FT Abyara X BR83-147
38,60%
18,00%
15/10 a 05/12
69
88
95
BRS 134
BR 83-147 X BR 84-8309
37,80%
18,80%
25/10 a 05/12
Média 82
BRS 183
Embrapa 1*3 X IAC - 12
40,62%
20,62%
25/10 a 05/12
Média 73
BRS 184
FT Guaíra X IAC 13 C
38,98%
24,24%
15/10 a 05/12
68
75
95
BRS 214
Sharkey X (Hartwig X BR92-31814)
39,00%
20,60%
20/10 a 05/12
65
80
87
BRS 232
BR85-18565*3 X (Embrapa 4*3 X Tracy-M)
40,90%
19,50%
25/10 a 05/12
67
71
93
BRS 245 RR
BRS 133 (6) X E96 - 246
39,60%
22,20%
15/10 a 05/12
77
77
94
BRS 247 RR
BRS 134*4 X (Embrapa 59* x E96-246)
39,40%
21,40%
25/10 a 05/12
68
70
88
*Cultivares de soja com crescimento determinado
(Fonte: BR 16 (Embrapa, 1999), Embrapa 48 (Embrapa, 2007), BRS 133 (Embrapa 2008), BRS 134 (Embrapa, 1999), BRS 183
(Almeida et al., 2001) BRS 184 (Embrapa 2008), BRS 214 (Embrapa 2008), BRS 232 (Embrapa 2008), BRS 245 RR (Embrapa
2008) e BRS 247 RR (Embrapa 2008).
100
Figura 4. Vista parcial do experimento, mostrando os quatro abrigos móveis
acionado para ocasionar o déficit hídrico nos estádios reprodutivos
(DHER).
Figura 5. Vista parcial do experimento, destacando os blocos das disponibilidades
hídricas condições normais de campo (CNC) e irrigado (IRR).
101
Figura 6. Tensiômetros de mercúrio, enterrados no solo à um profundidade de 30cm,
quando o mercúrio atingia 20cm de altura capilar era realizado a irrigação.
102
Figura 7. Pluviosidade acumulada diariamente, temperaturas máxima, mínima e média diárias, observadas no período de
condução do experimento na safra 2005/06.
103
Figura 8. Pluviosidade acumulada diariamente, temperaturas máxima, mínima e média diárias, observadas no período de
condução do experimento na da safra 2006/07.
jan/07
abr/07
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