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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
“PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA A QUEBRA DO COCO
LICURI UTILIZANDO CAD ASSOCIADO À ENGENHARIA
DE SISTEMAS”
PPgEM n
o
202
NATAL-/RN – OUTUBRO/2008
RAIMUNDO FERREIRA DA SILVA
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i
RAIMUNDO FERREIRA DA SILVA
“PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA A QUEBRA DO COCO
LICURI UTILIZANDO CAD ASSOCIADO À ENGENHARIA
DE SISTEMAS”
Dissertação submetida ao Programa
PPGEM/UFRN como parte dos
requisitos necessários para obtenção
do grau de mestre em Engenharia
Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Ângelo Roncalli Oliveira Guerra
Natal, RN - Outubro/2008.
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ii
RAIMUNDO FERREIRA DA SILVA
“CAD ASSOCIADO À ENGENHARIA DE SISTEMAS NO
PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA A QUEBRA DO
COCO LICURI”
Esta dissertação foi julgada adequada
para a obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA
Sendo aprovada na sua forma final.
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________
Prof. Dr. João Carlos Barbosa da Silva
Examinador Externo
___________________________________
Prof. Dra Djane Santiago de Jesus
Examinadora Externo
______________________________________
Prof. PhD Ângelo Roncalli de Oliveira Guerra
Orientador
______________________________________
Prof. Dr. Carlos Magno de Lima
Examinador Interno
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - O coco licuri, a amêndoa e o licurizeiro -------------------------------------- 15
Figura 1.2 - Extração manual e separação das amêndoas do coco licuri------------ 17
Figura 1.3 - A pedra usada como instrumento para a quebra do coco licuri--------- 18
Figura 2.1 - Visão de um Sistema Complexo------------------------------------------------ 25
Figura 2.2 - Modelo matemático básico de um sistema real; y = f(x,p)-------------- 27
Figura 2.3 Projeto do Boeing 777 através da engenharia de sistemas--------------- 29
Figura 2.4 Decomposição de veículo em subsistema------------------------------------- 30
Figura 2.5 Engenharia de sistemas aplicada ao projeto de uma suspensão ativa 30
Figura 2.6 Processo do projeto de sistemas------------------------------------------------- 31
Figura 2.7 Formas de Estudo de um Sistema----------------------------------------------- 32
Figura 3.1 - Locais no Brasil onde encontramos o licuri--------------------------------- 34
Figura 3.2 – Palmeira licuri em Senhor do Bonfim – BA--------------------------------- 35
Figura 3.3 – Frutos da palmeira licuri--
------------------------------------------------------------ 36
Figura 3.4 - Caule do Licurizeiro-------------------------------------------------------------- 36
Figura 3.5 – Inflorescência do licurizeiro---------------------------------------------------- 37
Figura 3.6– Germinação do Licuri------------------------------------------------------------- 38
Figura 3.7 – Cachos de Frutos de Butia Capitata de Serranópolis de Minas------ 42
Figura 3.8 – Cachos de Frutos de Butia Capitata de Mirabela-MG------------------ 42
Figura 4.1 – Etapas da Metodologia da Engenharia de Sistemas------------------ 44
Figura 4.2 – CAD aplicado na etapa de síntese e análise de projetos----------- 46
Figura 4.3 – DiretrizVDI2221: utilizando CAD nas três etapas 1,2 e 3 do projeto 47
Figura 4.4 - Diretriz VDI 2221: utilizando CAD nas três etapas 4,5 e 6 do projeto 48
Figura 4.5 - Diretriz VDI 2221: utilizando CAD nas três etapas 4,5 e 6 do projeto 49
Figura 5.1 – Primeira máquina desenvolvida na própria comunidade 50
Figura 5.2 – Qualidade da amêndoa extraída pela primeira máquina 51
Figura 5.3 – Protótipo alfa da máquina para a quebra do coco licuri 57
Figura 5.4 – Protótipo beta da máquina para a quebra do coco licuri 57
Figura 5.5 O processo de quebra coco licuri no protótipo alfa 58
iv
Figura 5.6 O processo de quebra coco licuri no protótipo beta 59
Figura 5.7 – Modelo CAD 3D do conjunto do protótipo beta 60
v
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Estrutura de funções ---------------------------------------------------------------- 61
Quadro 2 - Fases da evolução do projeto: o conjunto completo------------------------- 63
Quadro 3 - Fases da evolução do projeto: subconjunto da câmara quebra/carga-- 64
Quadro 4 - Fases da evolução do projeto: rolo e placa quebradora-------------------- 65
Quadro 5 - Fases da evolução do projeto: Mancais e Base da Máquina-------------- 66
Quadro 6 - Fases da evolução do projeto: trem de engrenagens----------------------- 67
vi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ASTM – American Society for Testing and Materials
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAD – Computer-Aided Design
CAE – Computer-Aided Engineering
CAM - Computer-Aided M
anufacturing
DW - Data Winchester
ED - Editor
FEA – Finite Elements Analysis
OM - Operational Method
PM - Product Modeling
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
VDI 2221 Verein Deutscher Ingenieure 2221 (Diretriz de Associação Alemã)
vii
LISTA DE SÍMBOLOS
Dv – Densidade Volumétrica
g – grama
GPa – GigaPascal
g/m2 – grama por metro quadrado
g/cm3 – grama por centímetro cúbico
Kg – Kilograma
kN – KiloNewton
mm/min – milímetro por minuto
mm – milímetro
MPa – MegaPascal
N - Newton
µm – micrômetro
viii
RESUMO
Essa pesquisa é focada na concepção, desenvolvimento e fabricação de uma
máquina para a quebra do coco de licuri. O primeiro desafio consistiu em se
ponderar o projeto dessa máquina dentro de uma visão interdisciplinar da
metodologia da Engenharia de Sistemas. Nessa perspectiva, o equipamento
precisou ser tratado como um sistema complexo passível de uma representação
concreta através de uma criação técnica artificial dentro da área da engenharia
mecânica, porém dentro de uma visão sistêmica. Foram investigadas funções
descritivas do comportamento desse sistema, estudando-se algumas relações entre
as grandezas de entrada e saída desejáveis ao projeto. Por exemplo, a quantidade
de coquinhos de licuri alimentados na máquina (input) versus a quantidade de
amêndoas não danificadas extraídas na sua quebra (output). A aplicação da
tecnologia CAD como elemento modificador da metodologia de projeto da
Engenharia de Sistemas se mostrou bastante satisfatória em todas as fases do
projeto. Como resultado principal, obteve-se a fabricação de um protótipo de
equipamento para a quebra do licuri. Finalmente, após serem registrados os
detalhes dos fundamentos, princípios e indicações do projeto desenvolvido são
feitos a análise e discussão de pontos mais relevantes. No fechamento do trabalho
são explicitadas as ilações pertinentes e sugeridas futuras investigações correlatas
ao tema.
Palavras-chave: CAD, Projeto de Máquinas, Engenharia de Sistemas, Licuri.
ix
ABSTRACT
This research is focused on the design, development and manufacturing of a
machine capable of breaking the licuri coconut’s shell. The first challenge was to
consider the design of this machine within an interdisciplinary vision based on the
systems engineering methodology. Accordingly, the equipment had to be treated as
a complex system carrying a concrete representation through an artificial creation
technique within the area of mechanical engineering, but within a systemic view.
Work has been done to investigate descriptive functions of the behavior of the
system by studying some relationships between several desirable inputs and outputs.
For example, the amount of licuri coconuts fed into the machine (input) versus the
amount of undamaged nuts extracted afterwards (output). The application of CAD
technology as a modifier of the systems engineering methodology was quite
satisfactory at all project levels. As the main outcome, it was obtained a
manufacturing prototype of the licuri coconut’s shell breaking machine. Finally, after
describing the details of the foundations, principles and directions of the project it is
also carried out a discussion on some important matters. To conclude the work it is
presented some relevant lessons and suggested further investigations related to the
theme.
Keywords: CAD, Machine Design, Systems Engineering, Licuri coconut
x
DEDICATÓRIA IN MEMORIAM
Minha mensagem de carinho e amizade pela memória do Professor Luciano
Bet. Sua sensibilidade nos revelou que o pouco tempo despendido, sob sua
orientação não foi em vão.
Sei que o Professor Luciano Bet não era apenas um excelente profissional,
era ótimo esposo, dedicado e amável. Ele também nutria dentro de si muita
serenidade. Claramente percebia-se que Professor Luciano tinha o prazer em
compartilhar os seus conhecimentos e as suas habilidades.
Mais do que uma dedicatória eu quero que, em meu nome e do meu atual
orientador (Prof. Ângelo Roncalli O. Guerra), essa mensagem seja um pedido de
desculpas. Sim, porque apesar de tão perto, não conseguimos enxergar suas
aflições e oferecer um ombro amigo e palavras de ânimo e conforto na hora certa.
Deus tem planos que às vezes nos parecem estranhos, mas, em sua
plenitude e bondade, Ele certamente saberá manter o espírito do Professor Luciano
Bet no caminho da luz diante de nossas súplicas em orações dirigidas ao nosso
mediador Jesus Cristo.
xi
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus por me oferecer a oportunidade e a capacidade de realizar este
trabalho.
Ao Professor Dr. Luciano Bet (in memoriam) por ser o primeiro orientador a
abraçar este projeto.
Ao meu segundo orientador, Professor Dr. Ângelo Roncalli Oliveira Guerra,
que acreditou na conclusão dessa pesquisa e que nos deu força e coragem para
concluí-la.
A Professora Drª Dejane Santiago, por me incentivar a entrar neste projeto e o
apoio oferecido durante toda a jornada.
As instituições o CEFET/BA e a UFRN por me oferecerem esta oportunidade
de realização deste projeto. Aqui o agradecimento especial se estende aos vários
colegas de trabalho.
A FAPESB pelo apoio financeiro através de bolsa de pesquisa.
A todos que de forma direta e indiretamente contribuíram para a realização e
sucesso deste projeto.
xii
SUMÁRIO
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA -------------------------------------------- 14
1.1.1 O Processo Convencional da Quebra do Licuri-------------------------------- 17
1.2 RELEVÂNCIA DA PESQUISA --------------------------------------------------------- 19
1.3 OBJETIVOS -------------------------------------------------------------------------------- 20
1.3.1 Objetivo Geral --------------------------------------------------------------------------- 20
1.3.2 Objetivos Específicos ------------------------------------------------------------------ 20
1.4 A PROBLEMÁTICA ----------------------------------------------------------------------- 21
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO---------------------------------------------------- 22
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA:
ENGENHARIA DE SISTEMAS
2.1 CONCEITUAÇÃO BÁSICA---------------------------------------------------------------- 23
2.2 SISTEMAS MECÂNICOS COMPLEXOS---------------------------------------------- 24
2.3 RELAÇÃO ENTRE A ENGENHARIA DE SOFTWARE E
A ENGENHARIA DE SISTEMAS---------------------------------------------------------
26
2.4 PROPRIEDADES EMERGENTES DE SISTEMAS---------------------------------
26
2.5 PROPRIEDADES FUNCIONAIS--------------------------------------------------------
27
2.6 PROPRIEDADES NÃO FUNCIONAIS -------------------------------------------------
28
2.7 RELAÇÃO ENTRE A ENGENHARIA MECÂNICA E
A ENGENHARIA DE SISTEMAS---------------------------------------------------------
28
2.8 O PROCESSO DE PROJETO DE SISTEMAS---------------------------------------
31
2.9 ABORDAGENS PARA O ESTUDO DE SISTEMAS--------------------------------
32
CAPÍTULO 3 - REVISÃO DA LITERATURA: O LICURI
3.1 A PLANTA E O FRUTO DO LICURI---------------------------------------------------- 34
3.1.1 Desenvolvimento Reprodutivo--------------------------------------------------------- 36
3.1.2 Proliferação, Aquisição das Sementes e Produção de Mudas ---------------- 38
3.1.3 Manejo Agronômico----------------------------------------------------------------------- 39
3.1.4 Produtos Oriundos do Licuri------------------------------------------------------------ 40
3.1.5 Valor Nutricional---------------------------------------------------------------------------- 41
3.2 ALGUMAS SIMILARIDADES ENTRE O COCO LICURI E COCO CATOLÉ 41
xiii
CAPÍTULO 4 - ETAPAS DETALHADAS DA
METODOLOGIA DA PESQUISA
4.1 O MÉTODO DE PROJETO DA ENGENHARIA DE SISTEMAS---------------- 43
4.2 A TECNOLOGIA CAD MODIFICANDO O MÉTODO
DE PROJETO DA ENGENHARIA DE SISTEMAS --------------------------------
46
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÕES
5. 1 ETAPAS DO PROJETO ---------------------------------------------------------------
50
5.1.1 Estudo do sistema: coleta de dados------------------------------------------------
50
5.1.2 – Programa alvo-------------------------------------------------------------------------- 52
5.1.2.1 - Critérios do Projeto -----------–----------------------------------------------------
53
5.1.3 – Síntese ---------------------------------------------------------------------------------
54
5.1.4 - Análise, Avaliação e Decisão do Sistema -------------------------------------
55
5.1.5 – Planejamento e execução do sistema ------------------------------------------
56
5. 2 A MÁQUINA PARA A QUEBRA DO COCO LICURI PROPOSTA---------
57
5.2.1 – Os protótipos desenvolvidos-------------------------------------------------------
57
5.2.2 Estrutura de Funções------------------------------------------------------------------
60
5.2.3 Evolução do projeto: do protótipo alfa ao protótipo beta --------------------
62
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES
PARA TRABALHOS FUTUROS ------------------------
6.1 – CONCLUSÕES--------------------------------------------------------------------------
68
6.2 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS---------------------------------
69
REFERÊNCIAS--------------------------------------------------------------------------------
71
APÊNDICE A: PRANCHAS COM DETALHES DE ALGUMAS PEÇAS ---------
78
APÊNDICE B: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA MÁQUINA---
88
APÊNDICE C: ALGUNS DETALHES DE FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA -
91
APÊNDICE D: LISTAGEM DOS PROCESSOS E FABRICAÇÃO UTILIZADO
94
14
CAPITULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O Brasil registra bons exemplos de soluções inovadoras voltadas para a
promoção do desenvolvimento social sustentável e para a melhoria da qualidade de
vida da sua população.
Uma das premissas adotadas é a de que existe progresso social quando as
condições de vida dos indivíduos melhoram, elevando o índice de desenvolvimento
humano e diminuindo os riscos sociais. O compartilhamento do conhecimento, a
transferência de tecnologias sociais, a identidade cultural e a socialização das
riquezas e do conhecimento em geral, são condições básicas para o
desenvolvimento sustentável e o bem estar dos grupamentos humanos.
O Nordeste do Brasil tem a maior parte do seu território ocupado por uma
vegetação xerófila, de fisionomia e florística variada, denominada “caatinga”.
Fitogeograficamente, a caatinga ocupa cerca de 11% do território nacional,
abrangendo os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará e Minas Gerais. A vegetação de caatinga é constituída,
especialmente, de espécies lenhosas e herbáceas, de pequeno porte, geralmente
dotadas de espinhos, sendo, geralmente, caducifólias, perdendo suas folhas no
início da estação seca, e de cactáceas e bromeliáceas.
Na flora e vegetação da caatinga, foram registradas cerca de 596 espécies
arbóreas e arbustivas, sendo 180 endêmicas (Kill, et al. 2000). As famílias mais
freqüentes são Caesalpinaceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae e
Cactaceae, sendo os gêneros Senna, Mimosa e Pithecellobium os com maiores
números de espécies. A caatingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.), as juremas
(Mimosa spp) e os marmeleiros (Croton spp.) são as plantas mais abundantes na
maioria dos trabalhos de levantamento realizados em área de caatinga (Kill et al.,
2000).
14
15
Destacam-se como frutíferas o umbu (Spondias tuberosa Arruda -
Anacardiaceae), araticum (Annona glabra L., A. coriacea Mart., A. spinescens Mart. -
Annonaceae), mangaba (Hancornia speciosa, Gomez - Apocynaceae), jatobá
(Hymenaea spp.- Caesalpinaceae), juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart. - Rhamnaceae),
murici (Byrsonima spp. - Malpighiaceae), e o licuri, (Syagrus coronata (Mart.) Becc. -
Arecaceae), que são exploradas de forma extrativista pela população local. Esta
forma de exploração tem levado a uma rápida diminuição das populações naturais
destas espécies vegetais, que estão ameaçadas de extinção.
O ouricuri ou licuri é uma palmeira totalmente aproveitável que vem sendo
amplamente explorada desde os tempos coloniais. Esta extração vem causando a
destruição dos licurizais nativos, que ainda são explorados em larga escala (Kill et
al., 2000). A figura 1.1 ilustra o coco licuri, a amêndoa e o licurizeiro.
Figura 1.1 - O coco licuri, a amêndoa e o licurizeiro.
O Syagrus coronata (Martius) Beccari, “licuri” pertence à subfamília
Arecoideae, tribo Cocoeae, subtribo Butineae (Noblick, 1991). Essa subfamília é a
maior entre as Arecaceae, reunindo atualmente 115 gêneros e 1500 espécies (Uhl et
al. 1995). O licuri, palmeira nativa do Brasil, ocorre desde Pernambuco até o sul da
Bahia, em regiões de serras e vales, sendo também conhecida por “aricuri”, “nicuri” e
“alicuri”. Chega a ter de 7 a 11 m de altura, e 25 cm de DAP (diâmetro na altura do
peito).
15
16
Seu estipe é recoberto pela base das bainhas das folhas mais velhas,
arranjadas numa seqüência de espiral, que caem após certo período de tempo,
deixando cicatrizes que formam um desenho muito atrativo. O estipe é usado em
construções rústicas. As folhas, com até 3 m de comprimento são pinadas de
pecíolo longo com bainha invaginante. Por raspagem as folhas fornecem a “cera de
licuri” e seus folíolos, de coloração verde-escura, estão arranjados em vários planos
(Lorenzi, 1992).
A palmeira é monóica, apresentando inflorescência interfoliar, muito
ramificada, protegida por uma bráctea (espata) lenhosa, conhecida como cimba, de
até 1 m de comprimento, com grande quantidade de flores amarelas pequenas com
perianto não vistoso, que aparecem nos meses de maio a agosto. Flores masculinas
longas e coriacea com seis estames. Flores femininas são mais curtas com ovário
súpero, tricarpelar, trilocular, com um óvulo em cada lóculo, sendo, apenas um
lóculo fértil. (Jolly, 1985, Reys, 2002).
O fruto é uma drupa com endosperma abundante, ovóide e carnoso, quando
seco apresenta endoderme oleaginosa, em forma de cachos repetidos (que deram
origem ao nome em tupi oiricuriu), estes têm em média 1357 frutos com cerca de 2
cm de comprimento e diâmetro médio de 1,4 cm (Crepaldi et al., 2001). Os frutos
são comestíveis, de coloração alaranjada e amadurecem de outubro a dezembro
com polpa amarela e sementes creme (Bondar, 1964). Enquanto verdes, possuem o
endosperma líquido, que se torna sólido no processo de amadurecimento, dando
origem à amêndoa.
O licuri suporta bem as secas prolongadas conseguindo florescer e frutificar
por um longo período do ano. São as palmeiras que atraem e seguram o homem
nessas regiões inóspitas. Sem elas, seriam grandes áreas semidesérticas ou
despovoadas (Bondar, 1964). Entretanto, a falta de políticas agrícolas e de
informação da população do semi-árido tem levado ao declínio da cultura do licuri.
16
17
1.1.1 O Processo Convencional da Quebra do Licuri
Apesar de sua exploração está baseada em um extrativismo primário. O licuri
desempenhou até meados da década de 40, importante papel na economia do
Estado da Bahia, como base da sustentação de extração de óleo vegetal. Com
avanço da produção de soja no Brasil em base extremamente competitiva, iniciou
um processo de migração de demanda por óleos comestíveis extraídos dessa.
Enquanto a estrutura industrial se alterou significativamente nas duas ultimas
décadas, a estrutura de produção do licuri continuou fundamentada no sistema
extrativista de coleta e quebra do coco.
Apesar dos esforços investidos durante muitos anos para mecanizar o
processo de extração de amêndoas de oliogenosas, o coco licuri, ainda continua o
sistema de extração manual por mulheres e crianças, utilizando como instrumento
principal a pedra. Esse trabalho é realizado por famílias rurais de baixa renda, que
encontram nessa atividade um complemento à sua renda. As figuras 1.2 e 1.3
ilustram o trabalho de extração da amêndoa utilizando uma pedra como instrumento.
a) b)
Figura 1.2 - Extração manual (a) e separação das amêndoas do coco licuri (b).
17
18
A
pedra como instrumento
Figura 1.3 - A pedra usada como instrumento para a quebra do coco licuri Figura 1.3 - A pedra usada como instrumento para a quebra do coco licuri
A operação de quebra manual é morosa e exaustiva, onde cada quebradeira
produz em média 9 kg de amêndoas por dia de trabalho, o que equivale a um preço
médio de R$ 1,00/kg, que proporciona uma renda média de R$ 9,00 reais/dia. O
sistema tradicional de exploração do coco licuri através da quebra manual, têm sido
responsável pela baixa taxa de aproveitamento do potencial de coco existente,
assim como pela diminuição da oferta de amêndoas às indústrias esmagadoras.
A operação de quebra manual é morosa e exaustiva, onde cada quebradeira
produz em média 9 kg de amêndoas por dia de trabalho, o que equivale a um preço
médio de R$ 1,00/kg, que proporciona uma renda média de R$ 9,00 reais/dia. O
sistema tradicional de exploração do coco licuri através da quebra manual, têm sido
responsável pela baixa taxa de aproveitamento do potencial de coco existente,
assim como pela diminuição da oferta de amêndoas às indústrias esmagadoras.
Neste sistema, além do baixo rendimento da mão-de-obra, apenas as
amêndoas que correspondem a 44 % do peso do coco são aproveitadas, ficando no
campo como resíduos, 66% restantes, material esse de onde poderiam ser extraídos
os endocarpos que pode ser transformado em carvão de alto poder calorífico.
Neste sistema, além do baixo rendimento da mão-de-obra, apenas as
amêndoas que correspondem a 44 % do peso do coco são aproveitadas, ficando no
campo como resíduos, 66% restantes, material esse de onde poderiam ser extraídos
os endocarpos que pode ser transformado em carvão de alto poder calorífico.
Finalmente, é importante mencionar que já houve uma tentativa bastante
incipiente de mecanização da extração processo de extração de amêndoas o coco
licuri. A alta necessidade fez com que curiosos da própria comunidade (sem
nenhuma engenharia por trás) tomasse a Iniciativa de pensar uma máquina
elementar. Maiores detalhes dessa mecanização rudimentar são apresentados no
capítulo 5. Diante desse contexto, essa pesquisa propõe conceber, projetar e
fabricar um novo protótipo de máquina para a quebra do coco licuri.
Finalmente, é importante mencionar que já houve uma tentativa bastante
incipiente de mecanização da extração processo de extração de amêndoas o coco
licuri. A alta necessidade fez com que curiosos da própria comunidade (sem
nenhuma engenharia por trás) tomasse a Iniciativa de pensar uma máquina
elementar. Maiores detalhes dessa mecanização rudimentar são apresentados no
capítulo 5. Diante desse contexto, essa pesquisa propõe conceber, projetar e
fabricar um novo protótipo de máquina para a quebra do coco licuri.
818
19
1.2 RELEVÂNCIA DA PESQUISA
Toda a extração da amêndoa do coco ouricuri é produzido pela população
extremamente pobre da região de Caldeirão Grande por absoluta falta de outras
oportunidades. Eles catam o ouricuri onde é transportado em seus ombros; um
trabalho penoso; daí são quebrados em calçadas, em fundo de quintais em pilão
para extração da amêndoa, após são vendidas em feiras livres e fábricas para a
extração do óleo, ou são transformadas em óleo de forma caseira para o
consumo da família.
Na maioria dos sistemas de cultivo associados aos cocos, os agricultores
não controlam a terra. O acesso a ela se dá por meio de acordos com os
proprietários. Geralmente as famílias dos pequenos produtores recebem
moradia, uma gleba de terra para cultivar e obter o usufruto dos recursos
extrativistas, dando em troca o pagamento de uma renda em espécie, geralmente
arroz. Sob este sistema, o direito de usufruto de cocos está relacionado ao
acesso à terra. A quebra do coco para a extração da amêndoa é tida como
“trabalho de mulher”. Considerando o tempo total dedicado por uma família à
extração da amêndoa, 81% do trabalho são realizados por mulheres e crianças.
É notável o sofrimento oriundo do trabalho a que são submetidos os
catadores do coco de licuri no semi-árido da Bahia, em particular, no município
de Caldeirão Grande, (localizado a 300 quilômetros da cidade de Salvador a
capital da Bahia). Essas pessoas menos favorecidas levam uma vida sofrida na
luta pela sobrevivência nesta região seca do Brasil. Toda produção é feita
artesanalmente, onde cerca de mil famílias de Caldeirão Grande entre homens,
mulheres e crianças catam o licuri disputando espaço entre cobras cachorros,
abelhas, e outros animais.
O carregamento dos cocos de licuri é feito em cestos nas costas dos
catadores para que as amêndoas possam ser quebradas no pilão e outras
ferramentas rudimentares como pedaços de pedras e martelos gastando um dia
para a quebra de mais ou menos nove quilos para ser vendido a R$ 1,00 (hum
19
20
real) por quilo. Há uma vitrine de alguns produtos feitos à base de licuri: óleo,
cocada, doces, geléias, leite e da palha é feita vassoura, chapéus, etc.
Enfatiza-se desta maneira a importância deste trabalho que é de
mecanizar o processo de extração do coco licurizeiro, por meio de um projeto de
sistema mecânico (máquina) adequado e, com isto, aumentar a produção diária
e qualidade das amêndoas (intactas e melhor higienizadas) extraídas do
licurizeiro. Embora não sendo foco principal desse projeto, acredita-se que,
indiretamente, o mesmo resultará no aumento da renda familiar dos catadores
de licuri.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Aplicar a tecnologia CAD em conjunto com a metodologia da Engenharia
de Sistemas para conceber, desenvolver e fabricar um novo modelo de máquina
capaz de quebrar os cocos do tipo licuri. A meta que deve ser alcançada prevê
uma busca investigativa por uma configuração de máquina que, além de resultar
em uma maior produção através da quantidade cocos quebrada diariamente,
venha proporcionar uma aceitável taxa de sucesso na retirada das amêndoas
intactas. Essas características condicionantes são muito importantes para
garantir que as amêndoas, assim obtidas, possam ser usadas para fins
alimentícios ou produção de óleo vegetal, destino muito comum no caso do Semi-
Árido Nordestino Brasileiro.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Estudar a possibilidade de mecanizar o processo de extração da amêndoa do
licuri. Espera-se que, indiretamente, o equipamento a ser concebido possa vir
a ajudar na obtenção de um aumento da renda familiar do catador.
20
21
b) Transpor o desafio de aumentar a produtividade garantindo a qualidade das
amêndoas extraídas;
c) Minimizar acidentes e mutilações devidas ao método artesanal, atualmente
praticado no semi-árido Nordestino, para a extração da amêndoa do licuri;
d) Melhor higienizar o processo da extração da amêndoa do licuri como forma de
agregar valor ao produto;
e) Aplicar a tecnologia CAD como elemento modificador de cada etapa da
metodologia de projeto da Engenharia de Sistemas;
f) Fabricar um protótipo de um equipamento para quebra de coco de licuri;
1.4 A PROBLEMÁTICA
A tarefa de pensar e projetar uma máquina para a quebra do licuri significa
criar um sistema artificial concreto e dinâmico constituído por um conjunto de
elementos de máquinas ordenados e interligado por relações com base nas suas
características.
Nessa visão de que as criações técnicas são sistemas, o equipamento a ser
desenvolvido pode ser entendido como sendo um sistema complexo que é objeto
alvo da metodologia da Engenharia de Sistemas.
A Engenharia de Sistemas é uma ciência interdisciplinar que disponibiliza
métodos, processos e ferramentas para análise, planejamento, seleção e
configuração otimizada de sistemas complexos (PAHL 2005).
De uma forma bem mais abstrata e fazendo-se um paralelo ao conceito mais
puro de sistema adotado pela Engenharia de Sistema, pode-se afirmar que a
máquina de licuri delimita seu ambiente onde suas ligações internas são
seccionadas por suas fronteiras (i.e. Geometria, topologia e funcionalidade CAD de
cada peça mecânica ou conjunto/subsistemas).
Considerando-se que os canais de transmissão (i.e. acoplamento funcional
entre grupos de peças) determinam o comportamento do sistema para fora, define-
21
22
se uma função descrevendo a relação entre as grandezas de entrada e saída (por
exemplo, licuri antes e pós-quebra), indicando a forma de variação das grandezas
do sistema.
Diante dessa definição, percebe-se que os objetivos da Engenharia de
Sistemas correspondem amplamente aos requisitos relativos a um método de
projeto para a máquina em questão.
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação de mestrado está dividida em uma introdução e mais
cinco capítulos. Nesse primeiro capítulo o leitor familiarizou-se com o tema a ser
pesquisado através da contextualização, definição dos objetivos gerais e
específicos, além da apresentação da problemática apontando alguns os
caminhos utilizados para solucionar, cientificamente, o problema exposto.
No capítulo 2 é feita uma revisão da literatura voltada para a área da
engenharia de sistemas e suas aplicações, principalmente, enfatizando e
buscando exemplos na engenharia mecânica.
No capítulo 3 também se apresenta uma revisão da literatura que, dessa
vez, acontece aprofundando-se um pouco mais sobre o fruto do licuri e sua
importância.
No capítulo 4 são detalhadas as etapas da metodologia da pesquisa,
mostrando também como a tecnologia CAD foi aplicada, com sucesso, como
elemento modificador da metodologia utilizada.
O capítulo 5 versa sobre os resultados alcançados na pesquisa e algumas
discussões pertinentes..
Finalmente, o capítulo 6, é voltado para as conclusões do trabalho
desenvolvido e as sugestões para futuros trabalhos na área.
22
23
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA:
ENGENHARIA DE SISTEMAS
2.1 CONCEITUAÇÃO BÁSICA
A aplicação da engenharia de sistemas para resolver problemas de
projetos de pequeno porte na área de engenharia mecânica, particularmente
aqueles que não incluem softwares como componente, ainda é insipiente.
Entretanto, aos poucos, essa aplicação está ganhando espaço.
O fato é que os próprios conceitos relacionados à engenharia de sistemas
são mais bem difundidos entre pesquisadores da área de engenharia de
softwares do que entre os profissionais da engenharia mecânica
(SOMMERVILLE, 2006; PAHL, 2005; OLIVER, 1995).
Um sistema pode ser entendido como um conjunto complexo de
elementos inter-relacionados que trabalham juntos e interagem segundo certa
lógica para alcançar uma ou mais metas comum. Dessa maneira, um sistema
pode ser composto de peças mecânicas, elétricas, eletrônicas, de softwares e
recursos humanos (SOMMERVILLE, 2006; BLANCHARD 2004;
LOUREIRO,1999; SAGE et al,1999; STEVENS,1998 e NASA SP6105, 1996,
SCHIMIDT e TALOR 1970).
Como exemplos de sistemas podem-se citar: uma turbina á gás, uma
caldeira, um navio, uma aeronave, uma empresa aérea, uma indústria metal
mecânica, uma indústria de transporte, uma agroindústria e até mesmo uma
simples animal de uma fazenda. Este último exemplo mostra que o significado de
sistema não é um termo exclusivo de uma determinada área de conhecimento e
pode mudar um pouco. Na agroindústria, por exemplo, os paradigmas de
sistemas são bem específicos e interessantes. Detalhes de exemplos nacionais
23
24
para a agroindústria podem ser encontrados em EBERT (2007), SANDRI (2006),
FERNANDO (2005) e SILVA(2002).
Nos casos mais comuns, todos os componentes de um sistema, além de
inter-relacionados, apresentam certo grau de interdependência. Entretanto, há
situações dentro da engenharia de sistemas (mais voltadas para a área de
engenharia de software) em que se utiliza a abordagem de Sistema Multiagente
(SMA) onde seus componentes (denominados de agentes) são autônomos e
independentes.
Segundo JENNINGS (1996) SMA refere-se a uma subárea da Inteligência
Artificial Distribuída (IAD). Embora um aprofundamento maior sobre SMAs fuja ao
escopo do trabalho, há um conjunto razoável de artigos científicos para o caso do
leitor querer se aprofundar nesses conceitos (ZAMBONELLI, 2000; JENNINGS,
1999 O’HARE, 1996; MOULIN, 1996; WOOLDRIDGE, 1995; BOND, 1988).
2.2 SISTEMAS MECÂNICOS COMPLEXOS
A grande maioria dos problemas reais encontrados em aplicações ligadas a
engenharia mecânica é complexo por natureza. Os sistemas mecânicos
complexos são tipicamente caracterizados por um grande número de peças
envolvendo muitas interações. É função da engenharia de sistemas fornecer
estruturas e técnicas para mais facilmente tratar esta complexidade.
As principais características de um sistema complexo, segundo JENNINGS
(1999), são:
a) Hierarquia nata, ou seja, o sistema é composto de subsistemas inter-
relacionados que, por sua vez, apresentam também uma hierarquia
própria.
b) Os sistemas complexos resultam do processo evolutivo de sistemas
simples e essa velocidade de evolução depende da existência de
formas estáveis intermediárias.
24
25
c) Os sistemas complexos permitem que sejam distinguidos os inter-
relacionamentos interno e externo aos subsistemas (i.e. entre vários
subsistemas)
d) A seleção de quais componentes no sistema são primitivos é algo bem
subjetivo. O projetista responsável pela análise do problema é o
responsável por essa seleção que acontece segundo seu ângulo de
visão e objetivos pré-concebidos.
A figura a seguir ilustra bem essa visão de sistema complexo encontrada na
literatura.
Figura 2.1: Visão de um Sistema Complexo (JENNINGS, 1999).
Para o tratamento dessa complexidade a engenharia de sistemas disponibiliza
algumas técnicas, a saber:
Decomposição: técnica de divisão em que se subdividem os
problemas maiores em problemas menores e, potencialmente, mais
facilmente tratáveis.
25
26
Abstração: ferramenta em que, através de um processo cognitivo,
estudam-se os detalhes e propriedades relevantes ao escopo do
problema para a obtenção de um modelo simplificado da realidade.
Organização: ferramenta que objetiva identificar e gerenciar os inter-
relacionamentos entre os componentes de resolução do problema
2.3 RELAÇÃO ENTRE A ENGENHARIA DE SOFTWARE E
A ENGENHARIA DE SISTEMAS
Atualmente observa-se um aumento na proporção de softwares presentes
nos sistemas de uso no nosso dia-a-dia. Por exemplo, a presença de eletrônica
embarcada apoiada por softwares em veículos, aviões, barcos, celulares, etc é
inegável. A engenharia de software é a grande responsável por essas situações.
Sabe-se que os problemas enfrentados pela engenharia de sistemas são
similares aqueles da engenharia de software (OLIVER, 1995). Também é fato
que os grandes sistemas são normalmente projetados para resolver graves
problemas. Entretanto, o desenvolvimento de softwares para integrar esses
sistemas ainda é considerado um gargalo da engenharia de sistemas
(SOMMERVILLE, 2006, PRESSMAN, 2005). A explicação é que vários Mega-
sistemas tem sofrido atrasos por causa de problemas com softwares.
2.4 PROPRIEDADES EMERGENTES DE SISTEMAS
Quando os componentes (i.e. peças) de um sistema se unem para compor
um equipamento qualquer, causam o aparecimento de novas propriedades
exclusivas do grupo (i.e. do conjunto montado). Essas propriedades são
denominadas emergentes. Elas são frutos (emergem) do relacionamento entre os
vários componentes de um sistema.
O centro de gravidade de um sistema pode ser citado como um exemplo
de uma propriedade emergente. Embora cada peça tenha seu próprio centro de
gravidade, o centro de gravidade do sistema será emergente (i.e. dependente do
26
27
conjunto montado) em uma nova posição e será computado a partir dos
elementos individuais agrupados. O peso também seria mais um exemplo de
propriedade emergente em que cada componente contribui com sua massa para
computar o peso final de um sistema.
As propriedades emergentes podem somente ser estimadas e medidas
uma vez que os componentes tenham sido integrados ao sistema de uma forma
real ou virtual. Um outro exemplo clássico ilustrativo de propriedade emergente é
a confiabilidade. Uma corrente de transmissão, por exemplo, tem sua
confiabilidade dependente de cada elo formando o conjunto.
2.5 PROPRIEDADES FUNCIONAIS
Esse conceito é mais bem explicado utilizando-se um exemplo direto.
Assim, admita-se um conjunto de peças montado formando um elevador (i.e.
sistema mecânico). O elevador tem uma propriedade emergente funcional de
transporte de pessoas entre andares de um edifício. As mesmas peças
isoladamente e desmontadas não teriam essa funcionalidade que emergiu da
associação técnica entre elas.
Diante desse contexto pode-se afirmar que todos os sistemas e
subsistemas são projetados para atingir certa funcionalidade que segue um
modelo matemático básico y = f(x,p) conforme ilustrado na figura 2.2, a seguir:
Figura 2.2 Modelo matemático básico de um sistema real; y = f(x,p).
Fonte (MENNER, 1995).
27
28
Por exemplo, considerando-se de uma forma simplificada o projeto da
máquina para a quebra de cocos de licuri, objeto dessa pesquisa, poder-se-ia
admitir como variável de entrada X a
quantidade de cocos alimentados. Alguns
parâmetros P de desempenho seria a
qualidade da amêndoa extraída, higiene
e
velocidade do processo. A variável Y de saída seria a quantidade de licuri
produzida nas condições desejadas. Nesse caso, a funcionalidade emergente
da montagem dos vários componentes da máquina (i.e. sistema) seria quebrar o
coco do licuri.
2.6 PROPRIEDADES NÃO FUNCIONAIS
Há também outras propriedades de um sistema que surgem após a
montagem das peças e que estão mais atreladas ao comportamento do conjunto
frente a um determinado ambiente operacional. Assim, se um carro (i.e. sistema)
de passeio cuja função é o transporte de passageiros for equipado com um
pneu adequado a aquaplanagem terá sua propriedade de
segurança/confiabilidade (emergente não funcional) garantida em ambientes
chuvosos. A função transporte do sistema (i.e.carro) continuaria sendo
cumprida, mesmo que com a presença de um pneu comum e, portanto,
independentemente da propriedade segurança/confiabilidade emergente anterior.
2.7 RELAÇÃO ENTRE A ENGENHARIA MECÂNICA E
A ENGENHARIA DE SISTEMAS
Os exemplos do elevador e carro mencionados anteriormente para ilustrar
as propriedades emergentes funcionais e não funcionais de sistemas foram
escolhidos deliberadamente para facilitar o entendimento nesse ponto da
dissertação. O leitor já deve ter uma idéia, mesmo que elementar, da relação
entre a engenharia mecânica e a engenharia de sistemas. Entretanto, com o
intuito de ampliar ainda mais a visão interdisciplinar da engenharia de sistemas e
sua relação com a engenharia mecânica, descreve-se a seguir mais um exemplo
elucidativo desse ponto.
28
29
Pelos conceitos explicitados anteriormente, pode-se admitir que um motor
de combustão interna, por si só, seja um sistema (i.e. conjunto de peças
montado) cuja funcionalidade emergente é a propulsão de um veículo. Esse
motor é formado hierarquicamente por vários subsistemas: sistema de
lubrificação, sistema de água de arrefecimento, sistema de combustível, sistema
elétrico, etc. Cada subsistema, por sua vez, também apresenta funcionalidade
específica, isto é: lubrificar, resfriar, etc. Após esse exemplo, verifica-se a
viabilidade em adotar uma visão sistêmica para projetos mecânicos onde é
permitido trabalhar a hierarquia e as funcionalidades dos vários subsistemas.
O uso da abordagem de sistemas na área da mecânica para sistemas de
grande porte já acontece faz alguns anos (JACKSON,1997, OLIVER 1997).
Exemplo disso foi o projeto do Boeing 777 mostrado na figura 2.3 (GARTZ,1997).
Figura 2.3 Projeto do Boeing 777 através da engenharia de sistemas
(Fonte CARNEIRO, 2008)
Por outro lado, o uso em projetos de menor porte é mais comum no caso
de sistemas embarcados envolvendo o componente de software e/ou realidade
virtual
(JESTY, 2008, OZANA, 2008). A figura 2.4 ilustra a decomposição de um
veículo em subsistemas para análise de segurança de um veículo.
29
30
Figura 2.4 Decomposição de veículo em subsistema
(Fonte: JESTY, 2008)
A figura 2.5, a seguir, ilustra o uso da engenharia de sistemas para
visualização 3D e análise da suspensão ativa de um veículo em realidade virtual.
Figura 2.5 Engenharia de sistemas aplicada ao projeto de uma suspensão ativa
Fonte (OZANA, 2008)
30
31
2.8 O PROCESSO DE PROJETO DE SISTEMAS
O processo de projeto da engenharia de sistemas segue uma lógica
própria que foge ao escopo dessa revisão bibliográfica, mas que será abordado
de forma sucinta no tópico 2.9 a seguir, entretanto, o fluxograma da figura 2.6
abaixo apresenta etapas importantes do processo.
Figura 2.6 Processo do projeto de sistemas
Fonte: SOMMERVILLE (2006)
Sucintamente, essas etapas podem ser definidas como:
Agrupar requisitos: organizar as exigências de projeto similares em
grupos co-relacionados.
Identificar subsistemas: identificar um conjunto de subsistemas que
coletivamente possam atender aos requisitos do sistema.
Atribuir requisitos aos subsistemas: cada subsistema tem seus
próprios requisitos (i.e. exigências de projeto). Verificar se
subsistemas (i.e. peças individuais) tipo COTS (Commercial Off-The
Shelf - disponíveis no mercado) atendem os requisitos.
Especificar funcionalidade de subsistemas: função própria.
Definir interfaces de subsistemas: checar inter-relacionamentos.
31
32
2.9 ABORDAGENS PARA O ESTUDO DE SISTEMAS
Há diferentes formas de abordagens para se realizar um estudo de
sistemas (LAW e KELTON, 1991). O fluxograma da figura 2.7 adiante ilustra esse
ponto.
Figura 2.7 Formas de Estudo de um Sistema
Fonte: LAW e KELTON (1991)
O quadro da intervenção direta sob as rotinas operacionais significa
que é possível realizar o estudo de sistemas alterando-se ou inovando-se
algumas rotinas operacionais. Esse caso se aplica mais a sistemas
envolvendo processos produtivos industriais onde há pessoas e estão
presentes as tomadas de decisões. Não se aplica aos sistemas contendo
apenas elementos de máquinas.
A experimentação com modelos se aplica melhor ao escopo desse
trabalho. Nesse caso, utilizou-se a abordagem voltada para a construção de
um protótipo físico real e virtual (através do uso de CAD). Não foram feitos
modelos matemáticos nem simulação (exceto para verificação de
interferências e folgas). O projeto e construção do protótipo da máquina para
a quebra de cocos de licuri serão detalhados nos capítulos seguintes.
32
33
Embora um aprofundamento no assunto da modelagem matemática
fuja ao escopo dessa dissertação, o leitor interessado no assunto poderá
consultar NEELANKAVIL (1987) e MARIA (1997) para detalhes sobre o
estudo de sistemas envolvendo modelagem matemática contemplando
soluções analítica e simulações.
Finalmente, o autor reafirma que a modelagem computacional nessa
pesquisa se restringiu ao uso de CAD como ferramenta de auxílio para
geração de protótipo virtual e para visualização 3D.
33
34
CAPÍTULO 3 - REVISÃO DA LITERATURA: O LICURI
3.1 A PLANTA E O FRUTO DO LICURI
O licuri (Syagrus coronata) (Martius) Beccari, é uma planta pertencente à
família Arecaceae, subfamília Arecoideae, tribo Cocoeae, subtribo Butineae.
(NOBLICK, 1991). De acordo com Uhl et al. (1995), essa subfamília agrupa
atualmente 115 gêneros e 1500 espécies, e se destaca como a maior dentre as
Arecaceae. Essa vegetação é uma palmeira típica do semi-árido nordestino, uma
espécie que apresenta uma preferência pelas regiões secas e áridas das
caatingas, englobando o norte de Minas Gerais, ocupando toda a porção oriental
e central da Bahia, até o sul de Pernambuco, incluindo também os Estados de
Sergipe e Alagoas (NOBLICK, 1986), sendo conhecida ainda por ARICURI,
NICURI, ALICURI E OURICURI (Figura 3.1).
Figura 3.1 - Locais no Brasil onde encontramos o licuri.
O licuri é uma planta distinguida na composição da caatinga, que mede em
torno de 8 m a 11 m, e possui folhas com mais ou menos 3 m de comprimento,
pinadas de pecíolo longo com bainha invaginante, e seus folíolos, de coloração
verde-escura, estão arranjados em vários planos (LORENZI, 1992). Seu estipe é
recoberto pela base das bainhas das folhas mais velhas, arranjadas numa
seqüência de espiral, que caem depois de um período de tempo, deixando
cicatrizes que formam um desenho muito atrativo.
34
35
A palmeira é monóica, e apresenta inflorescência interfoliar, muito ramificada,
protegida por uma bráctea (espata) lenhosa, conhecida como cimba, de até 1 m de
comprimento, com grande quantidade de flores amarelas pequenas com perianto
não vistoso, Flores masculinas longas e coriacea com seis estames. Flores
femininas são mais curtas com ovário súpero, tricarpelar, trilocula, com um óvulo em
cada lóculo, sendo, apenas um lóculo fértil (JOLLY, 1985, REYS, 2002). A figura 3.2
mostra a palmeira Licuri em meio à vegetação seca da caatinga.
Figura 3.2 – Palmeira licuri em Senhor do Bonfim – BA
O fruto do licorizeiro, figura 3.3, é uma drupa com endosperma abundante,
ovóide e carnoso, quando seco apresenta endoderme oleaginosa, em forma de
cachos repetidos. Os cachos de licuri têm em média 1.357 frutos, que têm
comprimento e diâmetro médios de 2,0 cm e 1,4 cm, respectivamente
(CREPALDI et al., 2001). Quando estão verdes, os frutos apresentam o
endosperma líquido, que se torna sólido no processo de amadurecimento,
originando daí à amêndoa. Quando maduros estes proporcionam uma coloração
que alterna do amarelo-claro ao laranja, dependendo não apenas do seu estágio
de maturação, como também dos indivíduos considerados.
35
36
Figura 3.3 – Frutos da palmeira licuri
3.1.1 Desenvolvimento Reprodutivo
O conhecimento dos padrões de florescimento e de frutificação de uma
espécie, ministrados através de levantamentos fenológicos, Caule do Licurizeiro,
figura 3.4 é fundamental para entender tanto o seu processo, quanto o seu
sucesso reprodutivo. No geral são levantamentos mais comuns para as espécies
cultivadas em plantios do que para as populações naturais (FISCH et al., 2005).
Figura 3.4 - Caule do Licurizeiro
36
37
Lojan (1968) observa que, algumas práticas de manejo produziriam
melhores resultados se fossem levados em consideração os conhecimentos
fenológicos das espécies. Por ser o Licuri uma espécie de ocorrência natural, não
existe trabalhos sobre a sua fenologia, no entanto Bondar (1938), afirma que
embora floresça e frutifique o ano todo, os meses de março, junho e julho
apresentam maior frutificação, caracterizando o período da safra. No entanto,
Lorenzi (1992) afirma que a safra do licuri advém no período de outubro a
dezembro. Para Pitman (2000), a frutificação do licuri ocorre durante um longo
período do ano, porém parece ter o seu auge de floração definido em cada área
específica. De acordo com esse autor, este fenômeno se relaciona com os
índices pluviométricos, pois, a chuva não cai ao mesmo tempo sobre o semi-
árido baiano. E isso é relevante porque garante a oferta de frutos durante todo o
ano (Figura 3.5).
Figura 3.5 – Inflorescência do licurizeiro
O licurizeiro começa a frutificar, seis anos depois do seu plantio. A produção
média anual em um hectare nativo de licuri é de 2.000 kg de cocos. Nos anos de
pluviosidade abaixo da média, a produção diminui, porém sempre ocorre de
maneira satisfatória. No entanto, em um licurizal bem plantado e bem cultivado, a
produção de cocos não deverá ser inferior a 4.000 quilos (SANTOS E SANTOS,
2002).
37
38
3.1.2 Proliferação, Aquisição das Sementes e Produção de Mudas.
A propagação do licuri é feita apenas de forma sexuada. Como a maioria
das espécies de Arecaceae, o licuri, apresenta dificuldades para germinar,
mesmo sob condições adequadas (BROSCHAT e DONSELMAN, 1988;
DARLEEN et al., 1992; MERLO et al., 1993; CUNHA e JARDIM, 1995).
Para Carvalho et al. (2005), o mecanismo de controle da germinação de
sementes de palmeiras não é muito conhecido. Para esses autores uma das
características da germinação de sementes de palmeiras é apresentar uma
variação quanto ao número de dias requeridos para germinarem. KOEBERNIK
(1971) observou que para quatro espécies de Syagrus estudadas que as
sementes levavam um período entre 35 a 77 dias para germinarem (Figura 3.6).
Figura 3.6– Germinação do Licuri
MATTHES & CASTRO (1987) registraram 42 a 334 dias para que o processo
de germinação ocorresse em sementes de licuri sob condições de viveiro. Da
mesma forma, Lorenzi (1992), adverte que são necessários mais de 4 meses
para a germinação.
38
39
É comum que sementes de palmeira não apresentem respostas favoráveis,
mesmo em condições adequadas de germinação, podendo este fato está
relacionado a obstáculos mecânicos como espessura da testa e endocarpo
(TOMLINSON, 1990). Broschat e Donselman (1988) advertem que por ser a
germinação de sementes de palmeiras bastante lenta, faz-se necessário adotar
mecanismos que acelerem esse processo.
Os frutos devem ser coletados diretamente da árvore quando começam a
apresentar queda espontânea. Deve-se despolpá-los e deixá-los secar (Bondar,
1938). Diversos autores realizaram trabalhos onde o despolpamento do fruto e a
embebição permitem o aumento da porcentagem de germinação das sementes
de palmeiras (BOVI, 1990; BOVI e CARDOSO, 1976; BOVI et al., 1987).
Embora o licuri demonstre grande utilidade, não são bastante as informações
conclusivas a respeito da germinação de suas sementes e do desenvolvimento
inicial das plantas.
3.1.3 Manejo Agronômico
O licuri ocorre em solos silicosos de baixa e média fertilidade (GOMES, 1977;
GUIMARÃES DUQUE, 2004). O licurizeiro é também considerado padrão de
terra boa, sendo observado em solos de boa fertilidade, embora cascalhentos e
secos (LORENZI, 1992).
Em relação ao ataque de pragas e doenças ao licurizeiro, pouco se tem
escrito, sabe-se, no entanto, apenas é apresentada como praga dessa cultura a
Batrachedra nuciferae, que também ataca o coqueiro (BONDAR, 1940a; 1940b).
Em decorrência do fato de ser o licurizeiro uma espécie de acontecimento
natural, são poucos os estudos sobre seu cultivo, trato cultural e outros. Sendo
necessária assim, a realização de pesquisas sistematizadas com a espécie, para
que se possa ter resultados conclusivos sobre o seu manejo.
39
40
3.1.4 Produtos Oriundos do Licuri
O licurizeiro tem grande relevância nos municípios onde é encontrado.
Nessas localidades representa a fonte de renda para a sobrevivência da
população, porém, a sua exploração ainda hoje é feita de forma extrativista.
Tudo o que o licurizeiro produz é aproveitado. Das suas folhas, são
confeccionados sacolas, chapéus, vassouras, espanadores, etc. Elas também
são utilizadas na retirada da cera do licuri para a fabricação de papel carbono,
graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis, sendo considerada
equivalente a da carnaubeira (GOMES, 1977). A amêndoa é consumida in
natura, sendo também aproveitada na fabricação de cocadas, licores, e o leite de
licuri, muito utilizado na culinária baiana. Da amêndoa também é extraído um
óleo usado em culinária da população do semi-árido (BONDAR, 1938). Esta
contém 55 a 61% de óleo comestível, análogo ao coqueiro da praia (Cocus
nucifera, Lin). (GOMES, 1977).
Segundo Santos e Santos (2002), as indústrias fabricavam óleo de licuri em
Senhor do Bonfim com destino à produção de saponáceos (sabão em pó,
detergentes, sabão em barra e sabonetes finos) considerados de alta qualidade,
visto que o licuri é considerado o melhor óleo brasileiro para a produção de
sabão.
Do resíduo obtido com a extração do óleo, origina-se uma torta também
comercializada que serve como alimento para animais, esta torta apresenta 41%
de substâncias não azotadas, 19% de proteínas, 16% de celulose e 11% a 12%
de óleo. Representa ótima ração adicional para vacas leiteiras de bom padrão
racial, para o desenvolvimento precoce de animais de corte e também para
reprodutoras (GOMES, 1977).
Pesquisas realizadas no CEFET-BA, recentemente, estudaram o uso do licuri
na fabricação de barras de cereais por causa do seu grande potencial para
alimentação humana.
40
41
3.1.5 Valor Nutricional
Embora o licuri apresente importante papel sócio-econômico para as
comunidades dos municípios onde se encontra, assim como outras espécies
exploradas ou subexploradas como alimento, pouco se sabe a respeito do valor
nutricional dos seus frutos.
Estudos realizados por Crepaldi et al. (2001) demonstram que, a análise
nutricional dos frutos do licuri, merece destaque o teor de lipídeos (49,2%) e de
proteínas (11,5%) da amêndoa e o teor de carboidratos totais (13,2%) da polpa
dos frutos. O teor de proteínas, embora menos expressivo do que em outros
vegetais, é maior do que o encontrado em frutos de espécies de palmeiras
amazônicas, que varia de 1,18 a 5,5% (AGUIAR et al., 1980), ou em frutos de
palmeiras de outras regiões, como as dos gêneros Jessenia e Oenocarpus, que
corresponde a apenas 8% do peso seco (BECKERMAN, 1977). Ainda segundo
esses mesmos autores, a análise realizada nos frutos de licuri indica que a
espécie apresenta frutos bastante energéticos (635,9 kcal 100 g-1), sendo
estimado um valor calórico de 108,6 kcal 100 g-1 para a polpa e 527,3 kcal 100 g
-1 para a amêndoa.
3.2 ALGUMAS SIMILARIDADES ENTRE O COCO LICURI E COCO CATOLÉ
Recentemente foi publicada uma pesquisa (SILVA 2008) incluindo dados
sobre o coco catolé e, dessa forma, pôde-se verificar que as dimensões são
próximas daquelas do coco licuri. Por exemplo, a espessura da polpa medida em
240 frutos de Mirabela-MG foi de 3,28 ± 1,5 mm. Silva também comenta na
pesquisa a variação biométrica dos frutos: os frutos produzidos no ano de 2007
diferiram entre as duas populações quanto ao peso, mas não quanto ao tamanho em
comprimento e diâmetro. As características das infrutescências diferiram
significativamente entre as duas áreas daquele estudo (Serranópolis de Minas e
Mirabela - MG) As plantas de Mirabela produziram mais infrutescências, as quais
são também maiores e com mais frutos e ainda com maior variabilidade que aquelas
de Serranópolis de Minas (figuras 3.7 e 3.8)
41
42
Figura 3.7 – Cachos de Frutos de Butia Capitata de Serranópolis de Minas
Fonte:(Silva,2008)
Figura 3.8 – Cachos de Frutos de Butia Capitata de Mirabela-MG
Fonte:(Silva,2008)
As contribuições trazidas por Silva também podem ser aplicadas a esse
trabalho. O autor acredita ser possível estender o uso da máquina de quebra do
Coco de Licuri também para a quebra do Coco Catolé. A justificativa é baseada
principalmente, nas dimensões do Coco Catolé. Essa possibilidade advém do fato
de que a máquina proposta nessa dissertação dispõe, em seu mecanismo de carga,
de uma regulagem manual para atender diferentes diâmetros de frutos e de que
esse controle atende a faixa dimensional pesquisada para o coco catolé.
42
43
CAPÍTULO 4 - ETAPAS DETALHADAS DA
METODOLOGIA DA PESQUISA
4.1 O MÉTODO DE PROJETO DA ENGENHARIA DE SISTEMAS
Conforme já mencionado no capítulo 01, Engenharia de Sistemas é uma
ciência interdisciplinar que disponibiliza métodos, processos e ferramentas para
análise, planejamento, seleção e configuração otimizada de sistemas complexos
(PAHL 2005).
É consenso na comunidade científica que ao nos depararmos com um
procedimento planejado de condutas a serem observadas no
desenvolvimento/projeto de sistemas técnicos e que possuam sua origem na
ciência de projeto, na psicologia cognitiva e nas experiências com diferentes
aplicações, significa que dispomos de uma metodologia.
A ciência de projeto, por sua vez, se vale dos métodos científicos para
analisar a constituição das criações técnicas e sua relação com a
circunvizinhança. Dessa forma, observa-se que o procedimento planejado de
projeto da Engenharia de Sistemas, conforme ilustrado na figura 4.1, se
enquadra muito bem na definição supracitada.
A necessidade de se praticar um projeto metódico está na possibilidade de
uma eficaz racionalização de todas as etapas de projeto e/ou fabricação de um
produto. Diante desse contexto e ciente de que a pesquisa deveria focada na
concepção, desenvolvimento e fabricação de uma máquina para a quebra do
coco de licuri decidiram-se pela abordagem metodológica da Engenharia de
Sistemas.
43
44
Figura 4.1 – Etapas da Metodologia da Engenharia de Sistemas (PAHL, 2005)
Na abordagem metodológica da Engenharia de Sistemas da figura 4.1,
processo inicia-se com a coleta de informações (análise de mercado, pesquisa
de tendência, etc.) ou a formulação concreta do problema. Essa primeira fase
também é conhecida como sendo “Estudo de Sistemas ou Análise do
Problema”.
A segunda etapa consiste na elaboração do “Problema-Alvo ou a
“Formulação do Problema”. Aqui o registro das metas é importante para
posterior avaliação de variantes de solução.
A terceira etapa é a “Síntese” que significa desenvolver várias as
alternativas variantes da solução.
A quarta etapa consiste em conhecer bem as características das variantes
de solução que significa executar a etapa de “Análise do Sistema”.
44
45
A quinta etapa significa fazer a busca por uma solução relativamente
otimizada sendo denominada de “Avaliação do Sistema”. Em seguida, parte-se
para uma decisão sobre uma solução conceitual definitiva (“Etapa da Decisão de
Sistema”). Finalmente, a última etapa corresponde ao “Planejamento da
execução do Sistema” ou próxima fase.
A adoção dessa abordagem gerou desafios em diversos níveis do
procedimento. O primeiro desafio consistiu em se ponderar o projeto da máquina
dentro de uma visão interdisciplinar da metodologia da Engenharia de Sistemas.
Nessa perspectiva, o equipamento precisou ser tratado como um sistema
complexo passível de uma representação concreta através de uma criação
técnica artificial dentro da área engenharia mecânica, porém dentro de uma
visão sistêmica.
Também foram investigadas funções descritivas do comportamento desse
sistema, estudando-se algumas relações entre as grandezas de entrada e saída
desejáveis ao projeto. Por exemplo, a quantidade de coquinhos de licuri
alimentados na máquina (input) versus a quantidade de amêndoas não
danificadas extraídas na sua quebra (output).
Dessa forma, considerando-se alguns objetivos prefixados e
autopropostos para esse trabalho, fez-se um destaque especial para algumas
condicionantes mais relevantes, a saber: maior grau de higienização na extração
das amêndoas, maior produtividade/qualidade do produto final e maior segurança
na operacionalização do equipamento, reduzindo os riscos de acidentes.
Ressalta-se que cada fase, na prática, interage com as fases antecessoras
em tempo hábil. Além disso, decidiu-se pela utilização de ferramentas CAD para
auxiliar várias etapas importantes de todo esse processo. Esse assunto é
abordado no item seguinte.
45
46
4.2- A TECNOLOGIA CAD MODIFICANDO O MÉTODO
DE PROJETO DA ENGENHARIA DE SISTEMAS
Indubitavelmente o uso da informática no processo de projeto modifica os
métodos utilizáveis. Através da utilização de simples recursos computacionais,
consegue-se, por exemplo, facilitar a expressão da criatividade que é fruto do
processo mental de cada projetista.
Com o uso cada vez mais intenso da informática no processo de projeto,
autor acredita numa tendência para um futuro próximo em que as variantes de
projetos já existentes devam ficar inteiramente por conta das máquinas.
Entretanto, os engenheiros projetistas sempre terão seus lugares para situações
envolvendo projetos originais exercitando sua criatividade e somando
conhecimentos e experiência. Por mais planejado, metodológico e sofisticado
que seja um processo de trabalho utilizado como apoio a atividade de projeto,
associado a CAD ou não, jamais conseguirá dispensar a capacidade intuitiva,
talento e experiência de um projetista. Por outro lado com certeza os programas
tipo Cax (CAD,CAE,CAM,etc.) constitui uma grande ajuda e conduz a melhorias
significativas no produto e no trabalho de projetar.
A figura 4.2 abaixo ilustra como desde 1996 autores europeus
(MEERKAMM, 1996) já utilizavam à tecnologia CAD (indo bem além de simples
geometria) na modificação do processo metodológico de projeto.
Figura 4.2 – CAD aplicado na etapa de síntese e análise de projetos
46
47
No caso específico desse projeto, considerando que ainda não há normas
brasileiras (normatização da ABNT) sobre o assunto decidiu-se por adotar a
diretriz VDI 2221 (Verein Deutscher Ingenieure) da Associação Alemã de
Engenheiros (VDI- RICHLINIE 2221, 1993) como base para a associação de
CAD e a metodologia da Engenharia de Sistemas. As figuras 4.3, 4.4 e 4.5
ilustram como CAD pode atuar em cada etapa de trabalho modificando e
auxiliando na metodologia de projeto.
Figura 4.3 – Diretriz VDI 2221: utilizando CAD nas três etapas 1,2 e 3 do projeto
47
48
É possível observar e destacar na figura abaixo o grande auxílio que a
tecnologia CAD fornece ao projeto principalmente nas etapas 5 e 6 com o
fornecimento completo de dados de geometria 2D, 3D e features (partes da peça
com significado especial para engenharia, por exemplo: um rasgo de chaveta).
Também se pode observar a possibilidade do uso FEM (Finite Element Modelling-
Elementos Finitos) nos cálculos de Tensão e Deformação.
Figura 4.4 - Diretriz VDI 2221: utilizando CAD nas três etapas 4,5 e 6 do projeto
48
49
Finalmente é possível observar na figura 4.5 que na fase 7 a tecnologia CAD
é de grande valia na produção do desenho de conjunto permitindo a listagem
completa de peças e o detalhamento para a fabricação das mesmas. Também
nessa fase pode-se usar tecnologias CAx para fazer testes de simulação de
acoplamentos com ou sem interferência e fazer a animação do seu funcionamento.
Figura 4.5 – Diretriz VDI 2221: utilizando CAD nas três etapas 4,5 e 6 do projeto
No caso específico dessa dissertação, a aplicação de CAD como elemento
modificador das várias etapas de projeto aconteceu, primeiramente, na modelagem
geométrica em 2D, 3D e aplicação de features de design para cada elemento de
máquina componente do sistema. A tecnologia CAD também foi utilizada para
ajudar: no trabalho de montagem e detalhamento do conjunto, na verificação de
folgas e interferências dos mancais, na determinação do melhor gap (espaço
intersticial) entre os cilindros para facilitar a passagem e garantir a quebra do licuri,
na determinação do centro de gravidade, momento de inércia, peso, volume,
produção de lista de materiais e documentação para fabricação.
Concluindo, fica claro a viabilidade prática da aplicação da tecnologia CAD
como elemento modificador da metodologia de projeto da Engenharia de Sistemas
em todas as 07 fases de projeto ilustradas anteriormente. Nesse trabalho, os
resultados dessa nova experiência foram bastante satisfatórios. Alguns detalhes
serão mais bem explanados e detalhados adiante no capítulo 05 (Resultados e
discussões).
49
50
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÕES
5. 1 ETAPAS DO PROJETO
O protótipo de máquina desenvolvido nesse trabalho surgiu de um projeto
idealizado,essencialmente, tomando-se como base um problema real de
necessidade de mecanização do processo de quebra do coco licuri e, na
seqüência, realizar a separação das respectivas amêndoas. A abordagem do
problema incluiu a junção da metodologia da engenharia de sistemas e a diretriz
VDI 2221 (Verein Deutscher Ingenieure) da Associação Alemã de Engenheiros,
justificando o uso de CAD em algumas etapas. Os próximos itens detalham as
atividades realizadas nas várias etapas e, concomitantemente, apresenta os
resultados e discussões pertinentes.
5.1.1 Estudo do sistema: coleta de dados
Nessa primeira etapa desse projeto foi realizada uma coleta de dados
tanto do no que se refere ao método convencional (i.e. manual com o auxílio de
pedras) de quebra do licuri, quanto a um processo mecanizado já existente.
Conforme mencionado anteriormente, por volta do ano de 2006, um curioso da
própria comunidade (sem utilizar nenhuma engenharia como suporte) teve a
iniciativa de desenvolver, ainda que em caráter bem incipiente, uma primeira
máquina para a quebra do licuri (figura 5.1).
Figura 5.1 – Primeira máquina desenvolvida na própria comunidade
50
51
A máquina existente e que foi desenvolvida em tornearias da região do
semi-árido da Bahia era formada pelos seguintes elementos: rolo compressor,
placa compressora, base de sustentação, motor elétrico de corrente alternada
(3HP), conjunto transmissor de rotação através de correias e polias, um
reservatório de carga acoplado a uma caixa protetora fixado à base.
Em que pese de grande utilização, apresentava alguns inconvenientes
como, por exemplo: embuchamento na área de quebra, a não quebra total do
coco ficando a amêndoa presa à casca e grande quantidade de licuri inteiros. A
figura 5.1 ilustra a baixa qualidade da amêndoa obtida pela primeira máquina de
quebra de licuri existente.
Figura 5.2 – Qualidade da amêndoa extraída pela primeira máquina
Um estudo mais minucioso sobre o equipamento e seu funcionamento,
permitiu fazer mais algumas observações importantes, além das supracitadas.
Verificou-se que o equipamento era limitado por apresentar um valor fixo de
ajuste de diâmetro, sendo capaz de quebrar apenas um determinado conjunto de
frutos com dimensões compatíveis.
Na natureza é encontrada uma variação considerável de diâmetros de
frutos e, portanto, essa limitação acaba gerando dois problemas, a saber:
primeiramente, resulta em um número considerável de amêndoas fragmentadas
51
52
e, conseqüentemente, em uma desvalorização no preço final do produto. Em
segundo lugar, este é o motivo pelo qual um bom número frutos pode passar pela
máquina sem que nada aconteça (intactos).
Outro problema encontrado neste tipo de equipamento diz respeito à não
separação da casca de sua amêndoa após a operação de quebra. Dessa forma,
mesmo assumindo que a máquina consiga quebrar um determinado grupo de
frutos, faz-se necessário um pós-processamento através de operações manuais
extras, que influencia na produtividade do equipamento, bem como, na
higienização das amêndoas. Finalmente, problemas menores como o elevado
atrito, a elevada potência de acionamento e lubrificação inadequada, também
foram observados nessa fase coleta de informações.
5.1.2 – Programa alvo
Após definir bem o problema e ter coletado todos os dados
necessários, o passo seguinte foi o da definição dos objetivos. Definir claramente
as metas nessa etapa do estabelecimento do programa alvo foi fundamental para
o sucesso do projeto.
O programa alvo desse projeto pode ser resumidamente explicitado da
seguinte forma: idealizar uma máquina que, primeiramente, apresentasse
razoável grau de simplicidade permitindo ser operada por pessoas não
qualificadas das zonas rurais. O equipamento deveria ampliar a produtividade
através do incremento do número de frutos quebrados, porém garantindo a
qualidade da amêndoa extraída e a melhor higiene do processo. Após a quebra,
em vez das pessoas utilizarem as mãos, o sistema deveria permitir a
manipulação automática das amêndoas frente à separação da casca.
Finalmente, também integrou as metas principais a questão da segurança
necessária para evitar as mutilações ocasionadas pelo método não mecanizado.
52
53
Não menos importante, menciona-se alguns aspectos ergonômicos
(ex:postura do quebrador do coco), que precisaram ser
considerados,
objetivando possibilitar uma operação mais adequada durante a quebra do coco
do licuri. Esse aspecto visava facilitar que o operador permanecesse na sua
condição natural de postura corpórea, tornando mais confortável a sua vida diária
diante da operação do equipamento.
Devido a importância dessa etapa de estabelecimento do programa-alvo, a
subseção seguinte é dedicada ao detalhamento do programa que é mais bem
delineado pelos critérios de projeto.
5.1.2.1. – Critérios do Projeto
O equipamento, uma vez pronto, deveria atender aos seguintes requisitos e
características:
Seu custo final não deveria ultrapassar R$5.000,00 (Cinco mil reais),
tendo como base os custos no mês outubro de 2008. O valor final do
protótipo ficou em torno de R$ 4.300,00 (Quatro mil e trezentos reais);
Possibilidade para suportar outras formas de aquisição de peças de
reposição de máquinas convencionais existentes;
Simplicidade funcional e operacional;
Transpor o desafio de aumentar a produtividade garantindo a qualidade
das amêndoas extraídas;
Minimizar acidentes e mutilações devidas ao método artesanal (uso da
pedra), atualmente praticada no semi-árido Nordestino, para a extração
da amêndoa do licuri;
Acesso fácil e seguro para o operador;
Melhor higienizar o processo da extração da amêndoa do licuri como
forma de agregar valor ao produto;
Garantir que o ajuste axial dos eixos durante a tomada referencial da
seleção do coco a ser quebrado para que se mantenha alinhado;
53
54
Com relação aos materiais utilizados no projeto, a prioridade deveria ser
dada aos materiais de baixo custo e o processo de fabricação também
deveria ser o mais simples possível, envolvendo apenas soldagem e
usinagem simples;
Com relação às características físicas da máquina, ela deveria possuir
dimensões e peso, de modo que pudesse ser erguida e movimentada
por no máximo duas pessoas adultas ocupando um espaço de no
máximo 1,6m
2
.
Reduzir ao máximo o atrito para que no futuro venha a ser possível um
acionamento solar em um modelo reduzido (em torno 0,75CV)
5.1.3 - Síntese
Segundo Norton, Robert L. (2006) a síntese é uma importante
ferramenta de ajuda na elaboração das hipóteses prováveis para solução do
problema central.
Uma vez já tendo as metas bem delineadas na etapa anterior, a
primeira preocupação do autor nessa nova etapa de síntese foi objetivar a
problemática, passando da percepção intuitiva do problema a ser resolvido
para seu domínio mais racional.
Ressalta-se que na tentativa de resolução de todos os problemas
relacionados ao projeto completo do equipamento para a quebra do coco licuri
surgiu um número muito grande de hipóteses, sendo proporcional ao número
de elemento de máquinas dos vários subconjuntos.
O fato é que, na engenharia de sistemas, cada subsistema gera um
subproblema que permite dar asas a imaginação na busca de hipóteses
prováveis para as diversas soluções. Dessa forma, em vez de descrever
todas as hipóteses para cada subconjunto de elemento de máquinas, o autor
se concentrou apenas no subconjunto chave do trabalho: a Câmara de
quebra/carga.
54
55
Nesse caso, as hipóteses diversas pensadas como solução para o
subconjunto da mencionada Câmara foram:
a) Utilizar uma câmara contendo certa quantidade de cocos selecionados até atingir
a altura desejada de volume.
b) Utilizar duas barras paralelas de metal, contendo limitadores de curso um de cada
lado de modo que as barras estando simetricamente juntas pudessem se afastar
mantendo constante a posição paralela. Dessa forma, efetuar-se-ia uma carga
seqüêncial de cocos de um mesmo diâmetro em toda a extensão das barras,
direcionando-os para os trituradores.
c) Utilizar uma base fixa contendo um eixo com regulagem, segundo a posição
vertical e um suporte onde se colocaria um braço com graus de liberdade para
permitir que o diâmetro especificado do coco pudesse ser identificado.
d) Utilizar um dispositivo para controle do diâmetro do coco idealizado no
funcionamento do projeto de modo que a estrutura comportasse e satisfizesse
todas as limitações inerentes à condição do coco e da máquina possibilitando
com isso manter uma operação sem maiores interrupções
5.1.4 - Análise, Avaliação e Decisão do Sistema.
Neste item todas as hipóteses foram analisadas e avaliadas de acordo as
metas estabelecidas no programa-alvo. Entretanto, sempre que necessário,
repetiam-se algumas etapas anteriores do ciclo de projeto metodológico da
engenharia de sistemas. Por exemplo, poder-se-ia voltar às etapas anteriores
onde algumas hipóteses sofriam modificações para melhor atender cada
subsistema. O intuito era de se chegar a um resultado mais adequado do
protótipo a ser construído.
55
56
No caso particular do subsistema “Câmara de quebra/carga” foi realizada
uma analise criteriosa de todas as alternativas descritas na fase de síntese.
Considerando aquelas que melhor atendiam as metas do programa-alvo, decidiu-
se pela alternativa (d).
Os conhecimentos teóricos relacionadas à área de projetos mecânicos e a
experiência do autor na área de fabricação também foram decisivos nessa
escolha. O autor julgou que a alternativa supracitada, além de melhor atender as
metas pré-estabelecidas apresentava as seguintes vantagens adicionais: melhor
chance de obter bom rendimento com relação à qualidade da amêndoa extraída,
boa funcionalidade e simplicidade construtiva. Essa última é justificada
considerando que a escolha daquela alternativa implica no uso de técnicas bem
conhecidas e possibilidade do uso do parque de fabricação de pequenas
empresas para manufaturar o equipamento.
5.1.5 – Planejamento e execução do sistema
Nesta ultima fase do projeto, primeiramente foi feita uma listagem das
providências que ajudariam no desenvolvimento do protótipo. O trabalho maior
ficou concentrado na elaboração de uma planilha dos principais materiais, e
fornecedores que poderiam ser utilizados no projeto em função de alguns
parâmetros, como:
Disponibilidade do item no comércio interno e/ou externo;
Custo, quantidade, qualidade, procedência etc.
Levantamento e consulta dos principais prestadores de serviços especializados
na área de fabricação e montagem de máquinas;
Elaboração prévia de cronograma físico e financeiro;
Relação das pessoas ou locais onde poderia ser produzido o protótipo;
Definição e preparação das pranchas de desenho de fabricação acompanhado
de cronograma e normas necessárias ao projeto.
Dificuldade de execução do protótipo na academia.
56
57
5. 2 A MÁQUINA PARA A QUEBRA DO COCO LICURI PROPOSTA
5.2.1 – Os protótipos desenvolvidos
Durante o transcorrer dessa pesquisa foram desenvolvidos duas versões de
protótipos da máquina para a quebra do coco licuri: versão alfa (figura 5.3) e
versão beta (figura 5.4).
Figura 5.3 – Protótipo alfa da máquina para a quebra do coco licuri
Figura 5.4 – Protótipo beta da máquina para a quebra do coco licuri
57
58
A funcionalidade do primeiro protótipo (versão alfa) se restringiu única e
exclusivamente a quebra do coco. A figura 5.5 ilustra o processo de quebra coco
no protótipo alfa.
A funcionalidade do primeiro protótipo (versão alfa) se restringiu única e
exclusivamente a quebra do coco. A figura 5.5 ilustra o processo de quebra coco
no protótipo alfa.
Primeiramente, dentro de uma Câmara o coco licuri fica apoiado no
ressalto indicado na placa “A”. Em seguida, um dos ressaltos do cilindro “B” gira
e quebra o fruto pela ação do choque (impacto). Há um total de seis ressaltos
distribuídos diametralmente a cada 60 graus em torno do cilindro “B”.
Primeiramente, dentro de uma Câmara o coco licuri fica apoiado no
ressalto indicado na placa “A”. Em seguida, um dos ressaltos do cilindro “B” gira
e quebra o fruto pela ação do choque (impacto). Há um total de seis ressaltos
distribuídos diametralmente a cada 60 graus em torno do cilindro “B”.
B
A
Câmara de
q
uebra
Coco
Ressalto
Cilindro B
Ressalto
Placa A
Figura 5.5 O processo de quebra coco licuri no protótipo alfa Figura 5.5 O processo de quebra coco licuri no protótipo alfa
Por outro lado, a versão beta representa uma versão melhorada da
versão alfa e, consequentemente, melhor atende as várias metas estabelecidas
no programa-alvo. Nessa versão a Câmara de quebra (figura 5.6) possui 2 pares
de rolos formando 2 conjuntos trituradores (AB e AC).
Por outro lado, a versão beta representa uma versão melhorada da
versão alfa e, consequentemente, melhor atende as várias metas estabelecidas
no programa-alvo. Nessa versão a Câmara de quebra (figura 5.6) possui 2 pares
de rolos formando 2 conjuntos trituradores (AB e AC).
O fruto entra na Câmara direcionalmente orientado pela placa guia e, em
seguida, vai sofrer tanto a quebra quanto a retirada da casca da amêndoa nos
O fruto entra na Câmara direcionalmente orientado pela placa guia e, em
seguida, vai sofrer tanto a quebra quanto a retirada da casca da amêndoa nos
858
59
conjuntos AB e AC. Atenção especial foi dada ao mecanismo ajustável do gap
diametral entre os dois conjuntos trituradores. Esse novo mecanismo possibilitou
assegurar a quebra de frutos de tamanhos distintos evitando-se que frutos de
pequeno diâmetro, ao passar pela máquina, saíssem intactos (não quebrados).
Outra nova característica importante do protótipo beta é manipulação automática
das amêndoas frente à separação da casca, melhorando as condições de higiene
do processo. Isso é possível porque o operador não precisa mais usar as mãos
para retirada da casca.
conjuntos AB e AC. Atenção especial foi dada ao mecanismo ajustável do gap
diametral entre os dois conjuntos trituradores. Esse novo mecanismo possibilitou
assegurar a quebra de frutos de tamanhos distintos evitando-se que frutos de
pequeno diâmetro, ao passar pela máquina, saíssem intactos (não quebrados).
Outra nova característica importante do protótipo beta é manipulação automática
das amêndoas frente à separação da casca, melhorando as condições de higiene
do processo. Isso é possível porque o operador não precisa mais usar as mãos
para retirada da casca.
Coco
B
C
A
Placa guia
Figura 5.6 O processo de quebra coco licuri no protótipo Beta Figura 5.6 O processo de quebra coco licuri no protótipo Beta
Mais detalhes dos protótipos alfa e beta, bem como todos os componentes
da máquina de quebra do coco licuri são descritos na subseção seguinte onde
são apresentadas as estruturas de funções dos vários elementos de máquina.
Outros detalhes construtivos também podem ser explorados nos apêndices
dessa dissertação.
Mais detalhes dos protótipos alfa e beta, bem como todos os componentes
da máquina de quebra do coco licuri são descritos na subseção seguinte onde
são apresentadas as estruturas de funções dos vários elementos de máquina.
Outros detalhes construtivos também podem ser explorados nos apêndices
dessa dissertação.
959
5.2.2 Estrutura de Funções
De acordo com Pahl et al. (2005), os requisitos de um equipamento, máquina ou subconjunto determinam a função que
representa a inter-relação geral objetivada entre entrada e saída de um sistema. É importante estabelecer conceitos funcionais
discretos na concepção de projetos com o objetivo de se identificar melhor de forma teórica o inter-relacionamento entre
variaríeis com vistas à função global ou resultado final. A seguir apresenta-se no quadro 1 a análise do equipamento para
quebra de Licuri com vistas à estrutura de função (protótipo beta).
Figura 5.7 – Modelo CAD 3D do conjunto do protótipo beta
1- Pé de sustentação
3- eixo redutor
6- aparador
7- elemento dentado principal
8- elemento dentado superior
8.1- elemento dentado inferior
9- placa suporte
10- tirantes de sustentação
12- caixa de proteção
13- reservatório de carregamento
14 - placa guia
15- mancal do eixo redutor
16- eixo do elemento dentado principal
17- eixo do elemento dentado superior
17.1- eixo do elemento dentado inferior
18- base de sustentação dos elementos
19- caixa-guia dos cocos licuri para a câmara
quebra
20
-
placa
protetora
60
Quadro 1- Estrutura de funções
Elementos do
sistema
Tarefas dos elementos do
sistema
subfunções Funções de aplicações gerais
Pés Sustentação do conjunto
quebrador
Montagem do sistema de transmissão 1 sustentações
Eixo redutor Apoio da polia movida 3 apoio
aparador Aparar os coquinhos licuri
quebrados
6 Aparar os cocos
Elemento dentado
principal
Provocar choque com os
coquinhos
Condução do licuri par ao ponto de quebra 7 Expulsar a amêndoa do coco licuri
após a quebra
Elemento dentado
superior
Interagir na quebra do
licuri
Quebrar os licuris de diâmetros maiores 15 8 Quebrar os cocos licuri de diâmetro
maior que 15
Elemento dentado
inferior
Interagir na quebra do
licuri
Quebrar os licuris de diâmetros maiores 15 8.1 Quebrar os cocos licuri de diâmetro
menor que 15
Placa suporte Montagem do conjunto
quebrador
Ajuste do sistema 9 ajuste
Tirantes de sustentação Alinhamento da montagem Fixação das placas 10 Ajustar medidas entre placas
Caixa de proteção Proteção do sistema Proteção contra impurezas 12 Segurança contra arremesso dos
coquinhos
Reservatório de
carregamento
Carga para quebrar carga 13 Carga
Placa guia Guiar os coquinhos para o
ponto de quebra
Separar os coquinhos para a quebra 14 guia
Mancal do eixo redutor sustentação sustentação 15 regulagem
Eixo do elemento
dentado principal
Girar o elemento dentado
principal
Fazer conexão entre os eixos superior e inferior 16 conexão
Eixo do elemento
dentado superior
Girar o elemento dentado
superior
Fazer conexão entre os eixos superior 17 conexão
Eixo do elemento
dentado inferior
Girar o elemento dentado
inferior
Fazer conexão com o elemento dentado superior 17.1 conexão
61
Quadro 1- Estrutura de funções (continuação)
Elementos do
sistema
Tarefas dos elementos do
sistema
subfunções Funções de aplicações gerais
Base de sustentação
dos elementos
Sustentação do conjunto
quebrado
Base de sustentação 18 sustentação
Caixa – guia dos
coquinhos para a
câmara de quebra
Guiar Guiar os coquinhos para a câmara de quebra 19 guiar
Placa protetora Evitar contato entre os
coquinhos quebrados e a
base e placas do conjunto
quebrador
proteção 20 separação
5.2.3 Evolução do projeto: do protótipo alfa ao protótipo beta
Nessa subseção apresentam-se resultados e detalhes das principais modificações realizadas na evolução do projeto. São
descritas as várias fases destacando-se alguns componentes que foram reprojetados desde a versão alfa até a versão beta.
Inicia-se pela montagem do conjunto para, em seguida, pormenorizar subconjuntos ou peças individuais. Para cada elemento
de máquina modificado é apresentado: gravuras e/ou modelo CAD, descrição de função e um comentário referente à
necessidade de evolução. Todo o conteúdo é exposto no quadro 2 a seguir:
62
Quadro 2 - Fases da evolução do projeto: o conjunto completo
FASES DA EVOLUÇÃO DO PROJETO – MÁQUINA PARA QUEBRA DO COCO LICURI
VERSÃO ALFA VERSÃO BETA
Ordem
Nome/Função Modelo (CAD) Principais Modificações Modelo (CAD)
1
Protótipo do Conjunto
Completo da Máquina:
Serve para quebrar o
coco licuri e separar a
amêndoa da casca
O quebrador do licuri,(versão alfa
à esquerda) ao ser testado na
prática deixou a desejar em vários
aspectos, sendo necessários
ajustes e correções, o que gerou a
versão beta (à direita).
As modificações implantadas
dizem respeito aos aspectos de:
Produtividade
Qualidade da amêndoa
Estabilidade
Eficiência
Segurança
63
Quadro 3 - Fases da evolução do projeto: subconjunto da câmara quebra/carga
64
FASES DA EVOLUÇÃO DO PROJETO – MÁQUINA PARA QUEBRA DO COCO LICURI
VERSÃO ALFA VERSÃO BETA
Ordem
Nome/Função Modelo (CAD) Principais Modificações Modelo (CAD)
O novo subconjunto câmara de
quebra/carga foi completamente
reprojetado para incluir 3 cilindros
dentados e placa guia (peça em
azul). Também foram acrescentados
tirantes (peças em laranja) para
garantir alinhamento dos eixos. Foi
eliminado o embuchamento na área
de quebra e a não quebra total do
coco. A amêndoa não fica presa à
casca e evita-se saída de grande
quantidade de licuri inteiros(intactos)
Detalhe 3D
2
Subconjunto da Câmara
Quebra/Carga :
Quebrar o coco licuri
em uma câmara de
quebra formada por um
cilindro com seis ressaltos
a 60 graus, e uma placa
(peça na cor vermelha)
com dois ressaltos. Nessa
versão da máquina o
princípio básico de
funcionamento da câmara
é a quebra do coco
apenas pelo choque
(energia do impacto).
Detalhe 3D
Detalhe 2D (vista posterior)
Detalhes em 3D de todo Subconjunto de Quebra/carga:
O recipiente de carga (prisma em roxo) serve para alimentar os cocos.
Logo abaixo se têm o mecanismo guia e caixa de proteção. Resultado
Quadro 4 - Fases da evolução do projeto: rolo e placa quebradora
FASES DA EVOLUÇÃO DO PROJETO – MÁQUINA PARA QUEBRA DO COCO LICURI
VERSÃO ALFA VERSÃO BETA
Ordem
Nome/Função Modelo (CAD) Principais Modificações Modelo (CAD) e Foto
3
Rolo Quebrador:
Quando acionado, gira
em torno do próprio eixo,
conduzindo os ressaltos
dispostos a 60 graus,
fazendo colidirem com os
coquinhos licuris, que se
encontram parados nos
batentes da placa
quebradora
Foi substituído por um
elemento cilíndrico dentado
que foi reprojetado em
função da necessidade de
maior alcance das
dimensões dos coquinhos,
quanto a forma, tamanho e
integridade das amêndoas a
serem quebradas. Implicou
em melhor eficiência e
higienização para o
processo.
4
Placa Quebradora:
Seus ressaltos servem
de apoio (suporte), onde
ficam assentados os frutos
aguardando o giro de rolo
quebrador para provocar a
quebra do coco por
choque.
Substituída por novos
elementos cilíndricos
dentados que rolam
eqüidistantes e permitem
regulagem, em função dos
parâmetros diametrais dos
cocos de licuri que são
alimentados no recipiente
de carga.
65
Quadro 5 - Fases da evolução do projeto: Mancais e Base da Máquina
FASES DA EVOLUÇÃO DO PROJETO – MÁQUINA PARA QUEBRA DO COCO LICURI
VERSÃO ALFA VERSÃO BETA
Ordem
Nome/Função Modelo (CAD) Principais Modificações Modelo (CAD)
5
Mancal do Rolo:
Serve de apoio para o
eixo conduzido onde está
montado o eixo condutor
do rolo/cilindro quebrador.
Substituído por mancais de
rolamentos, para suporte dos três
eixos rotativos dentados, que formam
a câmara de quebra. Estes elementos
possuem rasgos oblongos com a
finalidade da regulagem da distancia
entre cilíndricos dentados, que
produzem a eficiência na quebra dos
cocos em função dos parâmetros
diametrais.
Foto com detalhe do rasgo oblongo
6
Base da Máquina:
Sua função principal é
servir de sustentação para
toda a máquina.
A alteração principal foi feita no
formato da base. Anteriormente tinha
um formato retangular e foi dada uma
inclinação adequada aos pés com a
finalidade de promover maior
estabilidade ao conjunto quanto a
vibração imposta pela operação de
quebra.
66
67
Quadro 6 - Fases da evolução do projeto: trem de engrenagens
FASES DA EVOLUÇÃO DO PROJETO – MÁQUINA PARA QUEBRA DO COCO LICURI
VERSÃO ALFA VERSÃO BETA
Ordem
Nome/Função Modelo (CAD) Principais Modificações Modelo (CAD)
7
Trem de Engrenagens
Conjunto responsável
pela transmissão de
movimento aos rolos ou
elementos cilíndricos da
câmera quebradora.
Um novo trem de
engrenagens do sistema de
transmissão foi fabricado
utilizando-se nylon. O
material apresenta
propriedades importantes
no atendimento ao
programa alvo, a saber:
baixo peso específico, ,
baixo coeficiente de atrito,
auto-lubrificante, possibilita
grande absorção de
vibrações, baixo custo, boa
resistência ao impacto, boa
resistência ao desgaste e à
abrasão e boa resistência
mecânica.
68
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES
PARA TRABALHOS FUTUROS
6.1 - CONCLUSÕES
Nessa pesquisa foi concebido, projetado e manufaturado um protótipo de uma
máquina para quebra e extração da amêndoa de cocos de licuri. Como
conclusões a partir de resultados alcançados têm-se:
1) As principais metas pré-estabelecidas com relação à produtividade (i.e.
grande quantidade de cocos de licuri quebrada/hora), qualidade da amêndoa
extraída, melhor higiene e segurança foram alcançadas. O protótipo da
máquina projetada quebra muitos cocos com qualidade e higiene garantidas
de forma segura.
2) A aplicação da metodologia da engenharia de sistemas mostrou ser
bastante eficaz no projeto da máquina. O resultado positivo obtido na forma
de protótipo final é comprovação desse fato.
3) Entende-se que, devido ao sucesso alcançado, a metodologia é também
recomendável para sistemas complexos de pequeno porte. A máquina para
a quebra do licuri é um sistema complexo de pequeno porte.
4) Observou-se que as diversas ferramentas disponibilizadas através da
tecnologia CAD realmente têm efeito positivo na otimização da metodologia,
modificando-a para melhor. A tecnologia CAD evita repetições
desnecessárias de algumas etapas de projeto e além de eliminar a
necessidade de se produzir um elevado número de protótipos físicos reais.
Em vez disso, produz-se apenas pré-protótipos virtuais de baixo custo.
5) Os principais elementos facilitadores no caso da tecnologia CAD foram a
visualização 3D de pré-protótipos virtuais e a possibilidade de se verificar
68
69
problemas no encaixe (i.e.ajustes com e sem folga) de peças durante a
montagem CAD do conjunto completo.
6) A máquina apresentou algumas importantes propriedades emergentes, a
saber: razoável grau de simplicidade permitindo ser operada por pessoas
não qualificadas das zonas rurais e a segurança necessária para evitar as
mutilações ocasionadas pelo método não mecanizado.
7) O novo modelo projetado apresenta um diferencial importante em relação ao
único modelo existente atualmente. Agora, tem-se que separação da casca
e amêndoa é feita automaticamente. Esse fator influencia tanto na
produtividade do equipamento, como na higienização das amêndoas.
8) Foram superados alguns problemas detectados no modelo existente, a
saber: embuchamento na área da quebra de coco para extração da
amêndoa, a não quebra total do coco devido as variadas dimensões dos
cocos existentes na natureza ou até mesmo a presença de grande volume
dimensional na Câmara de quebra. No novo modelo de máquina tem-se um
dispositivo capaz de realizar uma pré-seleção automática dos cocos
alimentados (com base parâmetro diametral), evitando-se por completo
estes inconvenientes.
6.2 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Após uma reflexão sobre alguns pontos importantes do atual sistema
concebido nessa pesquisa, o autor apresenta a seguir três sugestões para
futuros trabalhos:
1) Sugere-se um estudo para repensar o projeto da máquina, objetivando
reduzir a potência necessária de acionamento (atualmente de 2 HP) para ¾
de HP. Essa diminuição permitiria que sua fonte de energia para alimentar o
69
70
motor fosse to tipo renovável (i.e. solar). Talvez uma versão portátil do atual
protótipo fosse uma alternativa viável nesse sentido.
2) Uma pesquisa de viabilidade econômica de produção em série para o novo
modelo da máquina também seria interessante.
3) Finalmente, o autor sugere um estudo, também econômico, para verificar o
impacto financeiro na renda das famílias da região beneficiada com a
utilização do equipamento.
70
71
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76
77
APÊNDICE A
PRANCHAS COM DETALHES
DE ALGUMAS PEÇAS
77
78
78
79
79
80
80
81
81
8
82
2
83
83
84
84
85
85
86
86
87
87
88
APÊNDICE B
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
TÉCNICAS DA MÁQUINA
88
89
DADOS TÉCNICOS:
IDENTIFICAÇÃO DA MÁQUINA
a) Máquina : Quebradora de licuri
b) Modelo: protótipo
c) Tipo:mecânico
d)Fabricante: pesquisador
LISTAGEM DAS PEÇAS INTEGRANTES DA MÁQUINA (Partes Fixas)
Cavalete
Caixa de proteção
Aparador
Reservatório de carga
Grade de Proteção
LISTAGEM DOS ELEMENTOS DE COMANDOS (Partes Móveis)
Motor elétrico
polias
correias
eixos
cilindro quebradror
engrenagens
89
90
CARACTERÍSTICAS DOS ELEMENTOS DE COMANDO
POLIAS - (em V) - alumínio
CORREIAS - (em V), B
EIXOS - (aço SAE 1045)
CILINDROS QUEBRADORES
Z
1
= 95; Z
2
= 28; Z
3 =
28
Material de fabricação: aço SAE 4140 temp/ver
ENGRENAGENS: Z
1
= 51; Z
2
= 53; Z
3
=
54;
Z
4
=55
;
Z
5
=56
M = 2.5
Material de fabricação: naylon
CAIXA PROTETORA COM CARREGADOR
Material de fabricação: chapa inox(16)
Dimensões: 500 x 390 X 310
CARACTERÍSTICAS DO ACIONAMENTO
MOTOR ELÉTRICO - bi-fásico: velocidades (alta e baixa) 900/1700RPM
220volts/60Hz
CARACTERÍSTICAS DO CAVALETE (base da máquina)
Material de fabricação: aço SAE 1020
Dimensões: 800x600x300mm (piramidal)
90
91
APÊNDICE C
ALGUNS DETALHES DE FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA
91
92
1) CICLO OPERACIONAL DA MÁQUINA
A seguir ilustra-se o ciclo operacional da máquina. Inicialmente o fruto é
colocado no reservatório de carga (13), cai na caixa guia (19) e segue pela placa
guia (14) até o elemento dentado principal (7) que, dependendo do tamanho do
licuri, já é imediatamente quebrado na compressão com o elemento dentado
superior (8). Na seqüência, os frutos de menores diâmetros seguem para a quebra
no elemento dentado inferior (8.1) que também atua em conjunto com o elemento
dentado principal (7) de maior diâmetro. Finalmente, a amêndoa cai no aparador (6).
2)FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO
É notório que em se tratando de uma máquina mecânico, geralmente leva
um sistema de lubrificação para os seus elementos rotativos. Todavia, esta
maquina, não tem sistema de lubrificação aparente; ou seja, os mancais de
rolamentos, são blindados, não necessitando de lubrificação. As engrenagens
dos sistemas de transmissão foram fabricadas com material sintético o que
dispensa lubrificação.
92
93
3) ACIONAMENTO: 3) ACIONAMENTO:
FLUXOGRAMA DE ACIONAMENTO
Motor elétrico
Polia motora Correias Polia movida
Eixo de entrada para o cilindro quebrador 1 Eng. motora 1 da grade
Eng. motora 2 da grade
Eng. movida 2 Eng. Movida 3
Eixo movido do cilindro 2
Eixo movido do cilindro 3.
93
3
94
APÊNDICE D
LISTAGEM DOS PROCESSOS
DE FABRICAÇÃO UTILIZADO.
94
95
LISTAGEM DOS PROCESSOS UTILIZADOS:
Nas etapas de fabricação das peças e elementos da máquinas do
equipamento quebrador de licuri, foram usados, dentro do contexto da mecânica
industrial, dois tipos de processo:
a) processos mecânicos e
b) processos metalúrgicos.
Para os processos mecânicos foram utilizadas as seguintes máquinas
ferramentas:
Serra hidráulica para corte de materiais
Torno mecânico paralelo
Frezadora paralela
Furadeira de bancada
Furadeira radial
Obs: houve também trabalhos de bancada, para pequenos ajustes.
Para os processos metalúrgicos foi usado o seguinte maquinário:
Maquina de solda elétrica
9
Maquina de solda oxi-acetilênica
5
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