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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Mestrado
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Janaina Aparecida Paulino
Relação entre percepção e comportamento de risco e níveis de
habilidades cognitivas em um grupo de adolescentes em situação
de vulnerabilidade social
UBERLÂNDIA
2009
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Janaina Aparecida Paulino
Relação entre Percepção e Comportamento de risco e níveis de
habilidades cognitivas em um grupo de adolescentes em situação
de vulnerabilidade social
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Psicologia Mestrado, do
Instituto de Psicologia Universidade Federal
de Uberlândia, como requisito parcial à
obtenção do Título de Mestre em Psicologia
Aplicada.
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Orientador (a): Profª Drª Renata Fernandes F.
Lopes
UBERLÂNDIA
2009
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P328r
Paulino, Janaina Aparecida, 1978-
Relação entre percepção e comportamento de risco e níveis de
habilidades cognitivas em um grupo de adolescentes em situação de
vulnerabilidade social / Janaina Aparecida Paulino. - 2009.
124 f.
Orientadora: Renata F. Fernandes Lopes.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Pro-
grama de Pós-Graduação em Psicologia.
Inclui bibliografia.
1. 1. Comportamento humano - Teses. 2. Comportamento de risco
(Psicologia) - Teses. 3. Processo decisório - Teses. 4. Inteligência - Teses.
I. Lopes, Renata Ferrarez Fernandes. II. Universidade Federal
2. de Uberlândia. Programa de Pós- Graduação em Psicologia.III.Título.
CDU: 159.9.019.43
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
Janaina Aparecida Paulino
Relação entre Percepção e Comportamento de risco e níveis de habilidades
cognitivas em um grupo de adolescentes em situação de vulnerabilidade
social
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Psicologia Mestrado, do
Instituto de Psicologia Universidade Federal
de Uberlândia, como requisito parcial à
obtenção do Título de Mestre em Psicologia
Aplicada.
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Aprovada em 03 de Setembro de 2009
BANCA EXAMINADORA:
Profª. Drª. Renata Ferrarez Fernandes Lopes (Presidente)
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Uberlândia, MG.
Profª. Drª. Ederaldo José Lopes (Membro Titular)
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia Uberlândia, MG.
Prof. Dr. Alexandre Vianna Montagnero (Membro Titular)
Instituição: Centro Universitário do Triângulo Uberlândia, MG.
Prof. Dr. José Augusto Dela Coleta (Membro Suplente)
Instituição: Centro Universitário do Triângulo - Uberlândia, MG.
Para as duas mulheres mais especiais
da minha vida, minha mãe Elza e
minha filha Giovana, que são provas
vivas de amor incondicional, vocês são
bênçãos na minha existência e é por
vocês que busco ser, a cada dia, uma
pessoa melhor.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e por todos os dias me surpreender com as infinitas
demonstrações de sabedoria, perdão, bênçãos e verdadeiro amor de Pai.
À Dra. Renata Fernandes Ferrarez Lopes, minha orientadora, exemplo de
competência, profissionalismo, compreensão e, sobretudo de coragem e sensibilidade;
agradeço infinitamente pelas orientações, pela confiança e o respeito compartilhado
nos momentos tão marcantes do último ano.
Ao Dr. Sinésio Gomides Junior, pela intervenção justa, sábia e ética em momento
decisivo do mestrado, sua dedicação e apoio foram determinantes para o surgimento
desse trabalho.
À Giovana, minha amada filha, que mesmo sem compreender o que estava
acontecendo, participou diretamente de todo o desenvolvimento desse trabalho, sua
vontade de viver e cada sorriso distribuído nos momentos de trabalho árduo fizeram
reviver em mim a determinação e a persistência para vencer mais esse desafio.
Ao Adriano, responsável direto pelo maior presente que recebi até o momento,
obrigada por acreditar em mim e por dividir comigo a missão de ser pais; confio que
nosso esforço e vontade de dar certo na vida serão reconhecidos e recompensados em
breve.
À minha família, por me ensinar o valor da Educação e por se realizarem em cada uma
das minhas conquistas. À minha mãe, pela paciência e esforço imensurável, sem você
este trabalho não seria possível. Ao meu pai, pela honestidade e seriedade, que me
ensinaram a levar tão a sério tudo o que faço na minha vida. Ao meu irmão Fabio,
pelo carinho e a torcida incansável. Obrigada pela paciência.
À Gesiane, pessoa especial e amiga, pelas muitas horas que dedicou nos últimos
meses compartilhando comigo angústias, alegrias, dificuldades e conquistas não do
mestrado, mas também na vida pessoal. Sua amizade leal e sincera foi fundamental
para a conclusão desse trabalho.
À Renata, companheira de mestrado e amiga, pelas inúmeras trocas, pela
cumplicidade, disponibilidade e espontaneidade, você me ajudou a encontrar forças
para superar diversos momentos difíceis da minha vida ao longo desses dois ultimos
anos, sua amizade será, sem duvida, para mim e minha família, um dos maiores
ganhos desse mestrado.
À Mariângela e o Maurício, amigos queridos, por me incentivarem e encorajarem a
fazer o mestrado, vocês acreditaram que eu seria capaz de crescer e me desenvolver
como pessoa, humana e de valores corretos. Nenhuma distância me fará esquecer
vocês.
Aos amigos Alice, Carolina, Elisane, Maiango, Michela, Simone, Tatiana e Valesca,
amigos que sempre me apoiaram nos momentos mais importantes da minha vida.
Aos professores Ederaldo e Alexandre que prontamente aceitaram participar desta
banca examinadora, agradeço as contribuições oferecidas.
Aos professores e funcionários do Programa de Pós-graduação em Psicologia da
Universidade Federal de Uberlândia, pelas discussões e pelo conhecimento
compartilhado para o meu crescimento intelectual.
Aos coordenadores e demais profissionais do Centro de Referência em Assistência
Social pesquisado, pela disposição em fornecer todas as condições necessárias para
realização deste estudo.
Aos agentes jovens, que de maneira tão espontânea e bem humorada, se dispuseram a
contribuir com minha pesquisa.
“Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso, sou...
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me
forma...” (Fernando Pessoa)
RESUMO
Este estudo teve por objetivo analisar a relação entre níveis de habilidades cognitivas
(inteligência verbal e não verbal) e percepção de risco e intenção em apresentar
comportamentos de risco em um grupo de adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
A hipótese central deste trabalho foi a de que adolescentes com altos níveis de habilidades
cognitivas apresentariam maior percepção do risco e se engajariam menos em
comportamentos de risco. Participaram da pesquisa quarenta e oito adolescentes que
participam do Projeto de ação social denominado Agente Jovem em uma cidade do triângulo
mineiro com idade entre 15 e 17 anos de idade, cujas famílias vivem em situação de risco
social conforme os indicadores apresentados pelo SUAS. Os sujeitos responderam a três
instrumentos, sendo uma escala de percepção de risco e intenção de apresentar
comportamento de risco, e dois testes que avaliam habilidades cognitivas: a Bateria de Provas
de Raciocínio (BPR-5) e o teste das matrizes progressivas de Raven. Os instrumentos foram
aplicados no Centro de Referência a Assistência Social após aceite voluntário e autorização
dos pais. Após a coleta, realizou-se a análise descritiva e correlacional dos dados. Os
resultados indicaram que de maneira geral a amostra como um todo possui níveis de
desempenho na faixa média nas provas de habilidades cognitivas. Vale destacar que houve
diferença significativa no desempenho de homens e mulheres para raciocínio mecânico, com
os homens tendo um resultado melhor do que o das mulheres. Entre os tipos de percepção de
risco houve apenas uma correlação positiva e moderada entre percepção de risco legal/ético e
percepção de risco à saúde. O raciocínio verbal apresentou correlação com a percepção de
risco legal/ético e com a percepção de risco à saúde. Entre os participantes com menor
escolaridade quanto maior foi a percepção de risco legal/ético maiores também foram as
percepções de risco à saúde e de risco social, o mesmo ocorreu em participantes com maior
escolaridade. O raciocínio mecânico apresentou correlação com intenção de apresentar
comportamento de risco legal/ético e com comportamento de risco financeiro. Não houve
diferenças significativas entre os sexos quando se analisou percepção de risco e
comportamento de risco. Este estudo permitiu verificar algumas correlações entre percepção
de risco e inteligência, bem como a presença de correlações entre ―tipos‖ de intenção em
apresentar comportamentos arriscados e intelincia. Estes dados corroboram de certa forma
nossa hipótese inicial de que uma relação entre inteligência e percepção de risco. Foi
possível constatar que habilidades intelectuais superiores ajudam a perceber melhor riscos
desta natureza, mas não garante a evitação de comportamentos que gerem tais punições e
sanções. Estudos como este ajudam a avaliar elementos ligados ao risco que devem ser
abordados em programas sociais de cunho preventivo que visem adolescentes, como o projeto
no qual esta amostra está inserida.
Palavras Chave: percepção de risco, comportamento de risco, vulnerabilidade social,
inteligência
ABSTRACT
The aim ob this study was to analyze the relationship between cognitive abilities level (verbal
and non verbal intelligence) risk perception and intention to show risk behavior in a teenagers
group in social vulnerability situation. The main hypothesis was that cognitive abilities high
levels would shoe greater risk perception and would be less engaged in risk behavior. Forty-
eight teenagers of a social group named Young Agent were studied in a city in Triângulo
Mineiro, a region of Minas Gerais State, Brazil. They were 15-17 years old teenagers whose
families experience social risk situation according to Brazilian Social Assistance Unified
System (SAUS). The subjects answered three instruments: a risk perception and intention to
show risk behavior scale and two cognitive ability tests Reasoning Test Battery (BPR-5)
and Raven’s progressive matrix test. These instruments were applied in a Social Assistance
Reference Center after voluntary accepting and parents permission. Data had descriptive and
correlative analysis. The results showed that, in a general way, the sample showed average
performance in a range in cognitive tests. Men showed significant better performance in
mechanic reasoning than women. Concerning to risk perception types there was only a
moderate positive relation between ethic and legal risk perception and health one. Verbal
reasoning related to ethic and health risk perception. Among less-schooling participants
higher was ethic and legal risk perception higher were also health and social risk perception..
Mechanic reasoning was related to intention to show ethic and legal as well to finance risk
behavior. There was no significant sexual difference when analyzing risk perception and risk
behavior. This search allowed to verify some relation between risk perception and intelligence
as well it presented relation between the types of intention to engage to risk behavior and
intelligence. These data somehow confirm our initial hypothesis that there is a relationship
between intelligence and risk perception. It was possible to see that higher intellectual
abilities help to perceive these kind of risk, but it does not grantee avoiding behavior which
could generate consequent sanctions and punishments. Studies like this have social and
theoretical relevance to preventive social programs directed to teenagers in risk.
Kee Words: risk perception, social vulnerability, intelligence
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Itens e fatores da escala de percepção de risco ......................................................... 60
Tabela 2 Itens e fatores da escala de intenção de apresentar comportamento de risco ............ 62
Tabela 3 Valores de assimetria (Skewness): RAVEN e Bateria BPR-5 .................................. 74
Tabela 4 Valores de assimetria (Skewness): Fatores da Escala de Risco ................................ 74
Tabela 5 Caracterização da amostra em função da idade ......................................................... 75
Tabela 6 Caracterização da amostra em função da escolaridade ............................................. 75
Tabela 7 Caracterização da amostra em função da forma de aplicação das provas de raciocínio
da BPR-5 e a variável sexo.......................................................................................................76
Tabela 8 Caracterização da amostra em função da escolaridade dos pais e responsáveis ....... 77
Tabela 9 Caracterização da amostra em função da Renda Familiar ........................................ 77
Tabela 10 Descrições Verbais de classificação a partir das faixas de percentil da BPR-5 ...... 78
Tabela 11 Tabela indicativa de Média de desempenho e classificação em cada Prova de
Raciocínio avaliado na BPR-5 para amostra como um todo, mulheres e homens ................... 79
Tabela 12 Média de desempenho e classificação nas Provas de Raciocínio da BPR-5
conforme forma de aplicação ................................................................................................... 80
Tabela 13 Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio VERBAL da BPR-5 ...... 81
Tabela 14 Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio ABSTRATO da BPR-5 82
Tabela 15 Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio MECÂNICO da BPR-5 83
Tabela 16 Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio ESPACIAL da BPR-5 .. 84
Tabela 17 Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio NUMÉRICO da BPR-5 85
Tabela 18 Tabela de Correlações entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 para Forma A de
aplicação ................................................................................................................................... 86
Tabela 19 Tabela de Correlações entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 para Forma B de
aplicação ................................................................................................................................... 86
Tabela 20 Comparação entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma A de Aplicação ...... 87
Tabela 21 Comparação entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma de Aplicação B ....... 88
Tabela 22 Caracterização da amostra para desempenho no Raven .......................................... 89
Tabela 23 Comparação entre os desempenhos no teste Raven entre homens e mulheres ....... 89
Tabela 24 Médias e Desvios-padrão de percepção de risco e intenção de apresentar
comportamentos de risco para a amostra como um todo ......................................................... 90
Tabela 25 Médias e Desvios-padrão de percepção de risco e intenção de apresentar
comportamentos de risco conforme a forma de aplicação ....................................................... 91
Tabela 26 Médias e Desvios-padrão de percepção de risco e intenção de apresentar
comportamentos de risco conforme o gênero .......................................................................... 91
Tabela 27 Correlações de Pearson entre os fatores da escala de Percepção de Risco ............. 92
Tabela 28 Correlações entre os fatores da escala de percepção de risco, as subescalas da BPR-
5 e a Prova de Raven para a amostra como um todo ................................................................ 93
Tabela 29 Correlações de Pearson entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma de
Aplicação A e fatores da escala de Percepção de Risco .......................................................... 93
Tabela 30 Correlações de Pearson entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma de
Aplicação B e fatores da escala de Percepção de Risco ........................................................... 94
Tabela 31 Comparação entre a Percepção de Risco e as Provas de Raciocínio da BPR-5 para a
amostra como um todo, a Forma de Aplicação A e a Forma de Aplicação B ......................... 96
Tabela 32 Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco para a amostra
como um todo ........................................................................................................................... 97
Tabela 33 Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco, as subescalas
da BPR-5 e a Prova de Raven para a amostra como um todo .................................................. 98
Tabela 34 Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco para a Forma A
de aplicação das subescalas da BPR-5 ..................................................................................... 98
Tabela 35 Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco e as subescalas
da BPR-5 para a Forma B ........................................................................................................ 99
Tabela 36 Comparação entre o Comportamento de Risco e as Provas de Raciocínio da BPR-5
para a amostra como um todo, Forma de Aplicação A e a Forma de Aplicação B ............... 100
Tabela 37 Comparação entre o Comportamento de Risco e as Provas de Raciocínio da BPR-5
................................................................................................................................................ 102
Tabela 38 Correlações de Pearson entre fatores da escala de Percepção de Risco e fatores da
escala de comportamento de risco .......................................................................................... 103
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................................27
Capítulo 1 Caracterizando a amostra enquanto um grupo vulnerável a comportamentos de
risco: O Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano.................31
Capítulo 2 Comportamento e percepção de risco: definições e principais estudos sobre o
papel da família e das relações sociais sobre comportamentos de risco em
adolescentes...........................................................................................................35
Capítulo 3 Relação entre inteligência e percepção e comportamento de risco.........................43
Objetivos do trabalho ............................................................................................ 55
Hipótese ................................................................................................................. 55
Capítulo 4 Metodologia............................................................................................................57
4.1 Participantes .................................................................................................... 57
4.2 Contexto .......................................................................................................... 57
4.3 Instrumentos .................................................................................................... 58
4.3.1 Escala para avaliação de percepção e de intenção de apresentar
comportamento de risco.........................................................................................58
4.3.2 Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5) .................................................... 63
4.4.3 Escala de Matrizes Progressivas de Raven Escala Avançada ................... 65
4.4 Procedimentos ................................................................................................. 67
4.4.1 Primeira etapa: Contato com o CRAS, Comi de Ética, Pais e
Adolescentes..........................................................................................................67
4.4.2 Segunda etapa: preparação do contexto da pesquisa .................................... 69
4.4.3. Terceira etapa: aplicação dos testes ............................................................. 69
Capítulo 5 Análise dos Resultados ...........................................................................................73
5.1 Amostra Estudada e os Fatores de Risco ......................................................... 73
5.2 A amostra estudada e suas habilidades intelectuais ........................................ 78
5.2.1 Resultados da bateria BPR-5 ........................................................................ 78
5.2.2 Resultados do Teste Raven ........................................................................... 89
5.3 A Amostra com relação aos dados sobre Percepção de
Risco.......................................................................................................................71
5.3.1 Análise das Correlações................................................................................73
5.3.2.Análise da diferença entre os sexos..............................................................76
5.4 A Amostra com relação aos dados sobre intenção de apresentar
comportamento de risco.........................................................................................96
5.4.1 Análise das correlações ................................................................................ 96
5.4.2 Análise da diferença entre os sexos ............................................................ 100
5.5 Análise das amostras separadas pelas Formas (A e B) de aplicação da BPR 5
..............................................................................................................................101
Capítulo 6 Discussão Dos Resultados ....................................................................................105
6.1 A amostra estudada e os fatores de risco ....................................................... 105
6.2 A amostra estudada e suas habilidades cognitivas ........................................ 113
6.3 A amostra estudada e a percepção de risco e a intenção de comportar-se de
forma arriscada ............................................................................................... 117
Considerações Finais ..............................................................................................................127
Referências..............................................................................................................................131
Anexos....................................................................................................................................141
Anexo A: Termo de autorização Coordenação do Centro de Referência em Ação
Social....................................................................................................................143
Anexo B: Termo de consentimento livre e esclarecido para pais e/ou responsáveis..............145
Anexo C: Termo de consentimento livre e esclarecido para o adolescente............................147
Anexo D: Termo do Comitê de Ética ....................................................................................149
Anexo E: Escala de percepção e de intenção de apresentar comportamento de risco ...........151
27
RELAÇÃO ENTRE PERCEPÇÃO E COMPORTAMENTO DE RICO E
NÍVEIS DE HABILIDADES COGNITIVAS EM UM GRUPO DE
ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Introdução
O estudo da percepção e do comportamento de risco na adolescência é importante,
uma vez que é nessa fase da vida que a pessoa se encontra mais exposta à adoção de novos
comportamentos e à busca de novas experiências (Camargo, 1999). Esse autor aponta que é
comum a presença de fatores de risco nessa faixa etária, visto que tais fatores são semelhantes
àqueles que fazem parte da própria adolescência, tais como conflitos psicossociais,
necessidade de integração social, busca de independência familiar, busca de autoestima e
identidade etc.
De acordo com Feijó e Oliveira (2001), a busca constante por novas experiências torna
os adolescentes, em tese, mais suscetíveis ao engajamento em comportamentos de risco, que
podem ser definidos, na adolescência, como a participação em qualquer atividade que possa
comprometer a saúde física e mental do indivíduo. Nesse sentido, o autor considera que a
curiosidade e o comportamento exploratório do jovem, nessa fase do desenvolvimento,
aliados à influência do meio por meio do grupo, da família e da mídia são fatores que tornam
o sujeito vulnerável à consolidação desses comportamentos de risco com significativas
consequências no seu desenvolvimento individual, familiar e social.
Entre os estudos sobre risco em amostras de crianças e adolescentes existentes na
literatura, pode-se encontrar uma grande concentração de pesquisas que correlacionam os
comportamentos de risco com a delinquência, a sexualidade e doenças sexualmente
28
transmissíveis, a agressividade e, por fim, com o abuso de álcool e de drogas (Câmara, 2005;
Cooper, 2003; Hutz & Koller, 1997; Cardoso, Malbergier & Figueiredo, 2008).
Zuckerman (2000) pesquisou a relação entre engajamento em comportamento de risco
e gênero e evidenciou, em seus resultados, que os adolescentes do sexo masculino engajam-se
mais em comportamentos de risco do que as mulheres, especialmente na adolescência, fato
que os autores acreditaram se refletir nos altos índices de acidentes de carro, uso abusivo de
álcool, uso de drogas e jogos patológicos. O autor destaca, ainda, a influência dos hormônios
no número prevalecente de comportamentos de risco encontrado nos homens jovens em seu
estudo, uma vez que altos níveis de testosterona estariam correlacionados aos diferentes
níveis de assertividade, agressividade e excitação sexual.
mara (2005) realizou um mapeamento dos comportamentos de risco de
enfrentamento violento, conduta sexual de risco e consumo de drogas ilegais em 389 jovens
matriculados no segundo grau de escolas públicas e privadas de Porto Alegre, no intuito de
analisar fatores relacionados a estratégias de coping, bem-estar psicológico e apoio familiar e
de amigos. Os resultados desse estudo apontaram para um cenário extremamente positivo,
uma vez que apresentaram baixos índices de realização de comportamentos de risco entre os
jovens estudantes, bem como estratégias positivas e bem adaptadas frente a fatores de risco.
Mapeamentos como esse reforçam a relevância de projetos preventivos, como meios
econômicos e eficazes de garantir o menor engajamento dos adolescentes em comportamentos
de risco. Tais projetos devem respeitar as características e as peculiaridades do adolescente,
mas também proporcionar a Educação, a divulgação do conhecimento e a valorização de
elementos éticos, morais, o papel da família, das escolas e instituições (Feijó & Oliveira,
2001).
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar a relação entre níveis de habilidades
cognitivas (inteligência verbal e não verbal) e percepção de risco e intenção em apresentar
29
comportamentos de risco em uma amostra de adolescentes em situação de vulnerabilidade
social que participam do Projeto de ação social denominado Agente Jovem.
Nos próximos capítulos, com o objetivo de fundamentar este estudo, caracterizaremos,
no primeiro capítulo, a amostra estudada como um grupo vulnerável a comportamentos de
risco; apresentaremos, no segundo capítulo, os principais estudos sobre percepção e
comportamento de risco em adolescentes e no terceiro capítulo apresentaremos as pesquisas
que apresentam relações entre inteligência e percepção e comportamento de risco. Os
resultados são analisados no quinto capítulo e discutidos no sexto capítulo. Finalmente, são
formuladas as considerações finais.
30
31
CAPÍTULO 1
Caracterizando a amostra enquanto um grupo vulnerável a
comportamentos de risco: O Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento
Social e Humano
A presente pesquisa elegeu como amostra jovens participantes de uma das ações
sociais mais disseminadas e de maior repercussão entre os adolescentes em situação de
vulnerabilidade social, em uma cidade do Triângulo Mineiro, para pesquisar a relação entre
habilidades cognitivas (inteligência verbal e não verbal), percepção e comportamento de
risco: o Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Sposito, Silva &
Souza, 2006).
O Projeto foi criado em 2000, no âmbito da Secretaria de Estado de Assistência Social,
foi vinculado a uma das ações de intensificação de prevenção ao fenômeno da violência do
Programa Nacional de Direitos Humanos e foi apresentado como um dos compromissos do
Governo Federal.
O Agente Jovem, como é popularmente conhecido, é mantido pelo Governo do atual
Presidente Lula e, até estatísticas de 2006, alcançava cerca de 50.000 jovens no Brasil (Brasil,
Ministério da Previdência e Assistência social MPAS, 2001a e 2001b). Além disso, vale
ressaltar que, na cidade pesquisada, sua implementação envolve duas esferas de Governo com
atribuições diferentes: o Governo Federal é responsável pela concepção, monitoramento,
assessoria, avaliação e definição dos municípios a serem atendidos; ao município cabe a
execução, que pode ser feita diretamente ou por meio de parcerias com universidades ou
32
ONGs (Organizações Não-Governamentais). Os recursos que garantem a manutenção do
Projeto são de responsabilidade do Governo Federal, contudo é prevista participação dos
governos estadual e municipal, bem como de iniciativa privada (Sposito et al., 2006).
O Projeto visa a atender ―adolescentes carentes‖ de quinze a dezessete anos,
pertencentes a famílias que atendam aos critérios de vulnerabilidade social, estabelecidos pelo
Governo Federal, por meio da Norma Operacional Básica do SUAS (Sistema Único de
Assistência Social): famílias com renda per capita de até meio salário-mínimo, que habitam
bairros e municípios que apresentam baixos IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano),
que vivam em moradias precárias e de baixa infraestrutura; que pertençam a famílias cujo
responsável seja analfabeto ou de baixa escolaridade, desempregado ou mulheres sem
cônjuge, e que possuam crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil e fora da
escola (Brasil, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MDS, n.d.).
Conforme esclarecem Sposito e Carrano (2003) o programa estabelece como meta
uma proposta de intervenção junto a adolescentes que, por não terem idade adequada para
ingressar no mercado de trabalho, além de serem moradores de localidades empobrecidas,
desprovidas de alternativas e para os quais existiam poucos programas, estariam,
consequentemente, sujeitos à ociosidade e à marginalidade. Diante desse contexto, a
elaboração do Projeto Agente Jovem visa a atender a necessidade de elaborar um programa
que mantenha esses jovens em atividade retirando-os da situação de risco iminente em que se
encontram constantemente (Brasil, Ministério da Previdência e Assistência social MPAS,
2001a). Ainda de acordo com Ministério, o Projeto prevê como objetivos específicos:
Apoiar os jovens no planejamento e na construção de seu futuro;
Resgatar seus vínculos familiares, comunitários e sociais;
Oferecer-lhes instrumentos para que possam desenvolver ações comunitárias;
Prepará-los para o ingresso no mercado de trabalho;
33
Contribuir para a melhoria dos indicadores sociais na comunidade, por meio de sua
atuação;
Garantir a inserção ou reinserção no sistema educacional.
Entre as exigências do programa, o jovem deve manter-se regularmente matriculado e
frequente na escola, deve participar de cursos de capacitação e orientação que acontecem
semanalmente, implantar projetos de intervenção em suas comunidades, prioritariamente nas
áreas de saúde, cultura, meio ambiente, cidadania, esporte e turismo e, por fim, participar
ativamente nos ―locais de aprendizado‖ parcerias estabelecidas entre a prefeitura por
intermédio dos coordenadores do Projeto e de estabelecimentos do setor empresarial - que se
responsabilizam por iniciar os jovens no mercado de trabalho pela profissionalização (Sposito
et al., 2003).
Enquanto está inserido no Projeto, cada agente jovem recebe uma bolsa mensal no
valor de R$ 65,00 e são acompanhados por ―facilitadores‖ (profissionais de diferentes áreas,
entre os quais assistente social, psicólogo e pedagogo), responsáveis por realizar intervenções
junto aos adolescentes e as suas famílias, e ―orientadores sociais‖ (preferencialmente
estudantes universitários ou que possuam formação universitária que facilite a atuação na área
social e que geralmente possuam experiência de trabalho com jovens) são responsáveis pelos
encontros semanais chamados de orientações e devem acompanhar as ações do jovem no dia a
dia e facilitar a ação social juvenil.
Diante dessa configuração, é possível acrescentar que o Projeto Agente Jovem prevê
dois eixos de atuação: o primeiro eixo age na perspectiva de que o jovem é fonte e vítima de
problemas sociais, e ao mesmo tempo, é o protagonista do desenvolvimento de sua
comunidade” (Sposito, et al., 2006, pg. 252). Sendo assim, o Projeto deve garantir a
reinserção social do adolescente, resgatar seus vínculos familiares e fornecer-lhe opções de
34
atividades educacionais e profissionais, com isso, retira-o da situação de risco social. A
segunda perspectiva prevê atuação promovendo o protagonismo juvenil por meio das
atividades de preparação e orientação adequada para atuarem no apoio às suas comunidades.
Nesse contexto, o protagonismo juvenil é compreendido como uma forma de estimular o
jovem a construir sua autonomia, mediante a criação de espaços e de situações propiciadoras
de sua participação criativa, construtiva e solidária (Brasil, Ministério da Previdência e
Assistência social MPAS, 2001a).
35
CAPÍTULO 2
Comportamento e percepção de risco: definições e principais estudos sobre
o papel da família e das relações sociais sobre comportamentos de risco em
adolescentes
Os estudos e pesquisas envolvendo o construto ―risco‖ aumentaram consideravelmente
nas últimas décadas, principalmente nas ciências que atuam na área da saúde, do trabalho e do
meio ambiente. O risco, de maneira geral, pode ser definido como a probabilidade de perigo
que expõe o homem e/ou o ambiente a situações de ameaça física (Houaiss, 2001).
Renn (1992) destaca-se como um dos autores que considera avaliação de risco como
uma atividade predominantemente quantitativa, focalizando as causas e as consequências dos
fenômenos que geram perigo. Entretanto, sua abordagem do construto risco desconsidera que
possíveis danos possam ser resultados de experiências e de interações sociais.
Em contrapartida, outro grupo de autores (Lima, 1995; Slovic, 1999; Thielen;
Hartmann & Soares 2008; Wynne, 1992) representam uma vertente que se contrapõe a essa
objetividade na análise de risco e compreende que a realidade humana está imersa em riscos
permeados de valores morais e sociais oriundos de experiências pessoais e de razões que
diferem de um indivíduo para outro. Nesse sentido, segundo esses mesmos autores, é possível
compreender percepção de risco como a forma pela qual as pessoas pensam acerca dos riscos,
bem como o conjunto de crenças e valores que dão significado a cada um dos acontecimentos
ameaçadores no contexto social de cada uma delas.
36
Sendo assim, é fundamental destacar que a percepção de risco não existe fora de um
contexto nem tampouco pode ser mensurado fora dele. De acordo com Slovic (1999), é
importante diferenciar ―risco real‖ de risco percebido‖ na compreensão de como as pessoas
percebem e respondem aos riscos, considerando-os dimensões repletas de valores e que
exigem a avaliação de outros fatores, além da avaliação técnica dos riscos.
Nos estudos de percepção de risco, algumas dimensões individuais não podem ser
desconsideradas, entre elas Chauvin, Hermand e Mullet, (2007) apontam: idade, sexo, nível
educacional, renda, orientação religiosa, preferências políticas, cultura, atitude arriscada,
experiências pessoais com risco, crenças sociais, ansiedade, autoeficácia, locus de controle,
crenças ambientais e fatores de personalidade.
Segundo Adams (1995), a existência humana está repleta de riscos cotidianos que não
oferecem perigo significativo e sob os quais o ser humano mantém um relacionamento
constante entre as recompensas esperadas e os custos percebidos em cada ação realizada.
Contudo, ainda segundo esse mesmo autor, consequências negativas ao bem-estar físico e
emocional podem ser agravadas diante de determinados comportamentos prejudiciais de
quem os executa.
Nesse contexto, Hutz e Koller (1997) definem comportamento de risco como o
conjunto de ações ou atividades humanas que podem aumentar a probabilidade de
consequências adversas para o desenvolvimento psicossocial, bem como desencadear ou
agravar danos e doenças a quem as realizou. Isso significa que, no estudo do comportamento
de risco, deve-se compreender o risco a partir de suas variáveis sociais e psicológicas e não
apenas com base nos critérios biomédicos.
Apesar de existirem inúmeras razões que fazem com que uma pessoa se engaje em
comportamentos de risco, Auerbach, Abela e Ringo (2007) esclarecem que esse tipo de
comportamento desadaptado tem como uma de suas principais funções reduzir emoções
37
desagradáveis e indesejáveis. Sendo assim, essa função do comportamento de risco garantiria
a manutenção de um círculo vicioso no qual as ações de risco promoveriam um alívio
imediato dos sintomas indesejáveis e esses comportamentos, por sua vez, gerariam resultados
negativos, o que intensificaria os afetos negativos iniciais e levariam a pessoa a buscar, mais
uma vez, alívio nos comportamentos de risco (Bardone, 1996; Cooper, Agocha & Sheldon,
2000).
Albertani, Scivoletto e Zemel (2006) apresentaram dois conceitos relevantes para a
melhor compreensão deste estudo: fatores de risco e fatores de proteção; definem fatores de
risco como o conjunto de circunstâncias psicossociais e características pessoais que tornam
um indivíduo mais vulnerável a engajar-se em comportamentos arriscados. Já os fatores de
proteção constituem as circunstâncias, geralmente representantes de aspectos de saúde
integral, que contrabalançam as vulnerabilidades e, consequentemente, contribuem para
diminuir a probabilidade de tais indivíduos assumirem comportamentos de risco.
A partir desses dois conceitos, Aun (2005) considera, ainda, que, além de enumerar os
fatores de risco que desencadeiam determinado comportamento, é preciso compreender que o
comportamento ocorre nas relações e, consequentemente, tais relações são capazes de
potencializar e reter as intenções de apresentar determinados comportamentos de risco.
Nessa perspectiva, a literatura pesquisada (Albertani et al., 2007; Kalina, 1999;
Sudbrack, 2004) indica que os fatores de risco não devem ser considerados apenas com foco
direto no indivíduo, mas a partir do aspecto relacional em que o adolescente, população-alvo
desta pesquisa, está inserido nos diferentes contextos da rede social.
Morin (1996) analisa o sujeito como produto de uma relação que oscila entre a
autonomia e a dependência de outros indivíduos que constituem seu sistema de
pertencimento, destacando que o indivíduo só se torna autônomo a partir da maneira pela qual
38
se relaciona com os vários sistemas de pertencimento inerentes ao ambiente em que vive.
Entretanto, viver em sociedade, como aponta Nasciutti (1996), pressupõe participar de
instituições que se caracterizam por pequenos grupos com regras, funções e valores distintos
que retratam, além da dimensão coletiva, os desejos individuais implícitos compartilhados
pelos membros dessas organizações.
Dessa forma, as pessoas que não se encaixam nesse modelo vivem a exclusão social e,
em contrapartida, compõem um novo grupo, que segundo Sawaia (1999), é submetido ao
processo de ―Inclusão Perversa‖, uma vez que toda exclusão supõe uma inclusão.
Santos (2006), em sua pesquisa sobre fatores de risco e de proteção para o
envolvimento com drogas entre adolescentes de uma escola do Distrito Federal, enfatizou que
tais fatores de risco constituem-se a partir das redes sociais em que o indivíduo está inserido e
acrescentou que o mapeamento de tais redes sociais pode identificar fatores capazes de
promover o envolvimento, bem como distanciar o adolescente de comportamentos de risco. A
autora relata, ainda, que cada dimensão da rede social contém grupos de fatores de risco
capazes de ampliar a situação de risco e destaca, entre eles, quatro contextos fundamentais: as
relações familiares, a convivência no grupo (amizades/namoros), a escola/trabalho e a
comunidade.
A família representa um dos mais importantes elementos da formação da
personalidade de um indivíduo e, consequentemente, exerce grande influência na constituição
da percepção de risco e na intenção de uma pessoa apresentar comportamento arriscado.
Contudo, Sudbrack (1998) destaca a família como alvo de um paradoxo, visto que essa
instituição, tão antiga, mantém, simultaneamente, fatores de risco e de proteção, o que faz
com que cada família tenha que ser estudada de maneira contextualizada, levando em
consideração a perspectiva cultural, étnica, as relações de gênero e de poder nas famílias, com
39
grande destaque para a capacidade de influenciar as relações de que cada membro de um
sistema familiar dispõe, geralmente de maneira desigual.
Nesse sentido, Minuchin (1990) acredita que o adolescente, bem como os demais
membros da família, compõem parte de um sistema familiar repleto de padrões, diante dos
quais são baseados e definidos seus comportamentos, personalidade, sua autoimagem em
relação às suas qualidades e papéis diante das demais pessoas que constituem o núcleo
familiar. Santos (2006) afirma, ainda, que esse processo sempre deve estar contextualizado
com a cultura, com a classe socioeconômica e com as questões de gênero que determinam as
relações e o desenvolvimento de cada adolescente com sua família.
Ainda nesse contexto, o adolescente desempenha papel essencial na complementação
das patologias e dependências emocionais vivenciadas por essa família, desencadeando o que
Colle (2001) denomina de dependência relacional afetiva, processo pelo qual o adolescente
assume, dentro de sua organização familiar, um papel ou função de manutenção da
organização desse sistema, incluindo as patologias e padrões patológicos de afeto e apego,
bem como ―acobertando‖ e impossibilitando que tais padrões sejam rompidos. Nesse sentido,
estão vulneráveis a vários comportamentos de risco.
Santos (2006) acredita que a maneira pela qual as relações do adolescente são
estabelecidas com os membros de sua rede social pode influenciar e determinar o
autorreconhecimento e autoimagem que esse jovem possuirá futuramente, principalmente sua
estrutura de identidade, hábitos de autocuidado, projetos de vida e perspectivas. Em
contrapartida, ela defende que tais relações familiares também podem ampliar as situações de
risco em que esse adolescente se envolverá. Uma das formas pelas quais isso pode acontecer é
por meio do exemplo claro e direto, uma vez que, se um comportamento de risco for visto
40
como normal ou de fácil acesso pelo adolescente, em seu rculo de amigos ou familiares, as
possibilidades de esse indivíduo praticá-lo ou envolver-se nele são ainda maiores.
Na escala que avalia percepção/intenção de apresentar comportamento de risco
(Anexo E) utilizada nesta pesquisa é possível perceber os itens 09 (Consumir bebida alcoólica
em excesso) e 07 (Dirigir bêbado), como exemplos, uma vez que, se esses hábitos forem
comuns entre os membros da família, o risco do adolescente se envolver com o vício do
álcool e reproduzir os mesmos comportamentos aumenta, em comparação com as famílias
que orientam seus adolescentes sobre as consequências do alcoolismo ou que demonstram
preocupação, por meio de determinadas atitudes, tais como a precaução de evitar que um
familiar alcoolizado dirija um automóvel, em função dos riscos.
Nesse mesmo sentido, Kalina (1999) alerta para o estabelecimento de modelos e
padrões negativos de relação transferidos pela família ao adolescente por meio de suas ações,
reforçando que a família pode ocupar lugar de co-geradora de vícios e de maus hábitos, em
função das duplas mensagens que os exemplos de suas ações carregam para o adolescente. O
hábito de mentir, por exemplo, como utilizado no item 26 da escala de percepção/intenção de
apresentar comportamento de risco, pode ser considerado como natural e normal, se for
utilizado com frequência pelos familiares e, consequentemente, pode ser compreendido pelo
adolescente, como modelo adequado a ser seguido, dada a frequência com que acontece nas
relações dos membros da família entre si ou com terceiros.
Alguns autores (Abramovay & Castro, 2002; Galduróz, Noto, Fonseca & Carlini,
2004) apontaram a partir de pesquisas epidemiológicas que a família se revela como um
espaço em que acontecem com maior frequência as primeiras experiências do jovem com
condutas de risco, como vícios em álcool, cigarro, drogas e conflitos com a lei. Sob esse
aspecto, a escala de percepção/intenção de apresentar comportamento de risco traz outros
comportamentos nos itens 9 (Consumir bebida alcoólica em excesso) e 18 (Fumar cigarros)
41
que representam forte influência direta para o envolvimento do adolescente em tais vícios,
bem como por meio do exemplo citado no item 2 (Comprar drogas ilegais) e no item 8
(Falsificar documentos), uma vez que a convivência com membros da família que mantêm
tais vícios ou praticam tais delitos pode garantir a transmissão da cultura ilegal para esse
adolescente.
Diante dessa realidade, é possível constatar a importância que o ambiente social
familiar pode ter no futuro dos jovens e as condições socioeconômicas adversas destacam-se
como mais um dos fatores que ampliam a situação do risco de seus membros. Lima (2001)
destaca a presença constante de sentimentos como frustração e hostilidade propiciados por
situações de privação socioeconômica diante da impossibilidade de uma família de prover ao
adolescente a ajuda material percebida como necessária a ele. Esse autor aponta, ainda, que
determinados produtos de consumo são tratados na sociedade capitalista como objetivo para o
alcance da felicidade humana e do prazer, o que, quando culminado paralelamente com a
busca de identidade, característica da adolescência, faz com que determinados objetos de
consumo assumam um poder de garantir a identificação do jovem com determinados grupos e
ideais. Em consequência, o consumismo em si, exigido para que um adolescente seja aceito
pelo grupo, pode gerar maiores comportamentos ligados a riscos financeiros.
42
43
CAPÍTULO 3
Relação entre inteligência e percepção e comportamento de risco
Historicamente, a inteligência tem sido um dos temas mais estudados na Psicologia e,
até hoje, um dos mais importantes e polêmicos, constantemente dividindo opiniões entre os
cientistas. Em função da grande relevância do tema, a inteligência é motivo de várias
pesquisas desde o início do século passado; em sua maioria, essas pesquisas retratam a
inteligência como aspecto que influencia diretamente o saber, a competência, a tomada de
decisões, a resolução de problemas, a aprendizagem, entre outras funções mentais (Roazi &
Souza, 2002). Considerando que tomada de decisão e resolução de problemas são fatores que
participam da percepção e do comportamento de risco, a relação entre inteligência e risco
suscita nosso interesse nesta pesquisa.
Uma das abordagens do construto ―inteligência‖ é a tradição psicométrica, sobre o
qual Hogan (2006) defende a existência de uma peculiar interação histórica entre as teorias da
inteligência e a elaboração de testes específicos, visto que vários testes foram criados visando
a meios de avaliar o desempenho intelectual, baseados apenas em referenciais teóricos
informais e somente a partir da aplicação de tais testes é que tinham início pesquisas
científicas, com o intuito de identificar as formulações teóricas que justificassem os resultados
encontrados.
Segundo Atkinson, Smith, Bem e Nolen-Hoeksema (2002), um dos grandes
precursores nas pesquisas que buscaram formas de medir a inteligência foi Francis Galton,
que, um século, realizou a primeira tentativa de desenvolver testes de capacidade
intelectual a partir de seu interesse pela teoria evolutiva proposta por seu primo Charles
44
Darwin. Galton acreditava na influência da hereditariedade na inteligência como uma questão
de habilidades sensoriais e perceptivas que eram transmitidas hereditariamente, ou seja,
quanto maior a sensibilidade e a precisão do aparelho perceptivo do indivíduo, mais
inteligente seria a pessoa. Entretanto, alguns autores concordam que a maior contribuição de
Galton não foi sua teoria nem tampouco seu teste de inteligência e, sim, a introdução da
aplicação da estatística ao estudo da inteligência, uma vez que ele desenvolveu o coeficiente
de correlação que desempenha papel importante na Psicologia contemporânea (Atkinson et
al., 2002; Anderson, 2000; Hogan, 2006).
O psicólogo francês Alfred Binet, no final do século XIX, criou os primeiros testes de
inteligência para dar sustento a uma solicitação do Governo francês que, por meio de uma lei,
tornou obrigatória a participação de todas as crianças no ensino escolar. Diante da dificuldade
dos professores da época em lidar com as diferenças individuais em sala de aula, foi solicitada
a Binet a criação de um teste que avaliasse os alunos, identificando quais crianças eram
intelectualmente lentas e que encontrariam dificuldades em se beneficiar do ensino escolar
regular. O teste criado por Binet em 1905 partiu do conceito de que a inteligência não poderia
ser limitada às capacidades perceptomotoras das crianças e, sim, por meio de exercícios e
tarefas que explorassem habilidades como raciocínio e resolução de problemas. O teste
mensurava os tipos de mudanças na inteligência a partir de exercícios cuja dificuldade
aumentava gradativamente, considerando o desempenho dos avaliados em relação à idade
cronológica e à idade mental das crianças (Atkinson et al., 2006).
Diante desse contexto histórico, é importante considerar que a inteligência é um
conceito amplo, que apresenta grandes variações entre os pesquisadores e estudiosos do tema
desde os primórdios. Seguindo uma corrente de estudo da inteligência conhecida como
corrente desenvolvimentista, Piaget destacou-se no estudo das habilidades cognitivas ao
enfatizar o meio em que o indivíduo está inserido na conceituação de inteligência como o
45
modo de adaptação do indivíduo ao meio físico, social e simbólico que o envolve. Essa
definição diferencia o ser biológico e os modos específicos da inteligência humana, uma vez
que considera a inteligência como o funcionamento que precede a aprendizagem e admite,
ainda, que o organismo possui estruturas mentais à sua disposição em determinado período do
desenvolvimento. Tais estruturas mentais são alcançadas conforme a etapa de
desenvolvimento cognitivo em que a criança se encontra e podem ser classificadas em quatro
estágios: estágio sensório-motor, estágio pré-operatório, estágio operatório-concreto e estágio
operatório-formal (Piaget, 1973).
Contudo, até a década de 1960, a pesquisa sobre inteligência era dominada pela
abordagem fatorial. Entre os autores que se enquadram nessa abordagem, Wechsler define a
inteligência como a capacidade conjunta ou global do indivíduo de agir com um objetivo,
pensar racionalmente e lidar eficazmente com seu ambiente (Anderson, 2000).
Entre os pesquisadores dessa abordagem, destacam-se Spearman, Galton, Eysenck,
Catell, Jensen, entre outros; que formaram uma linha de pensamento considerada clássica ou
conhecida como corrente psicométrica; acreditavam que a inteligência seja uma capacidade
única com aplicações múltiplas, uma inteligência geral que é aplicada a qualquer tipo de
problema ou situação; a partir daí surgiu a teoria da inteligência proposta por Spearman no
começo do século XX (Flores-Menonza, Colom, André-Pueyo, Haier & Petrill, 2006).
Sisto (2006) aponta que Spearman foi o precursor da teoria da inteligência geral ou
fator ―g‖, como é conhecido, e criou um dos conceitos mais abstratos para a época para
denominar a inteligência. Esse autor esclarece que o fator ―g‖ é um construto psicométrico e
psicológico que descreve um conjunto de fenômenos que estão associados aos resultados do
funcionamento mental humano, fenômenos abstratos, mas que podem ser observados e
medidos por meio de testes específicos.
46
É importante destacar que a teoria de Spearman ficou conhecida como a primeira
tentativa de elaboração de um método estatístico para entender os testes de inteligência. Nesse
intuito, sua teoria conhecida como Teoria dos Dois Fatores descreve o fator g‖ como o
principal determinante de desempenho nos testes de inteligência, contudo, fatores específicos,
denominados de fatores ―s‖, também se manifestariam, apesar de sofrerem variações
conforme a especificidade do teste aplicado (Anastasi, 1977).
Andrés-Pueyo (2006) acrescenta que as teorias psicométricas da inteligência foram
formuladas a partir de um método conhecido como análise fatorial, que compreende uma
técnica estatística que busca identificar as intercorrelações entre diversos testes e, por agrupar
aqueles que são mais altamente correlacionados, ela os reduz a um número menor de
dimensões independentes chamadas de fatores. A análise fatorial admite que dois testes que
possuem alta correlação entre si, provavelmente, estão medindo a mesma capacidade
subjacente (Atkinson, 2002).
Colom (2002), em seus estudos sobre as diferenças individuais, define a inteligência
como uma capacidade mental geral que possibilita ao indivíduo atividades cognitivas como
raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de maneira abstrata, compreender ideias
complexas e aprender.
Lubinsk (2004) descreve a inteligência geral, também conhecida como capacidade
cognitiva geral, como a capacidade mental para realizar atividades determinadas por
habilidades como raciocinar, resolver problemas, planejar, pensar abstratamente e aprender
com a experiência; o que significa segundo esse autor, que a inteligência g pode ser
entendida como um construto relacionado com a aquisição de conhecimentos adquiridos
pessoal, acadêmica ou profissionalmente.
Segundo Flores-Mendonza et al. (2006), no final dos anos 1960, observou-se o início
do uso da perspectiva dos psicólogos cognitivos para tentar compreender as diferenças de
47
inteligência reveladas pelos testes padronizados. A nova abordagem surgida a partir dessa
iniciativa ficou conhecida como abordagem de processamento de informações e considera o
desenvolvimento cognitivo como uma consequência do desenvolvimento gradual dos
processos mentais entre eles a inteligência, a memória e a atenção. Essa abordagem
permanece como um vasto campo de estudo e pesquisa, tanto quanto a abordagem
psicométrica. De acordo com essa abordagem, a inteligência pode ser compreendida
considerando os processos cognitivos que operam durante as atividades intelectuais, ou seja, a
inteligência não seria explicada em termos de fatores e, sim, pela identificação dos processos
mentais que determinam o comportamento inteligente.
Diante dos dados de pesquisa derivados da abordagem psicométrica, inúmeros testes
de inteligência foram criados e, ao longo do tempo, sofreram várias revisões e novas formas
de validação. Hogan (2006) aponta que todas essas adaptações comprovam a importância de
um instrumento de testagem comprometido com a qualidade da avaliação psicológica e com o
rigor científico que teste de qualidade deve ter, sempre no intuito de conservar a fidedignidade
e a validade esperadas.
Os testes que buscam identificar o QI (aqui entendido como Habilidades Intelectuais),
como aponta Atkinson et al. (2002) passaram por inúmeras adaptações e revisões para se
adaptarem às normas estatísticas visando a ganhar respaldo científico na psicometria. Entre
eles, vale destacar que, em 1916, após revisão de Stanford, os testes de Binet, pioneiros em
medir QI, passaram a se chamar Escala de Inteligência Stanford-Binet que, após revisões nos
anos 1937, 1960 e 1972, passou a utilizar escores de idade padrão em vez de escores de QI,
que consequentemente passaram a ser interpretados em termos de percentis (critério que
demonstra o percentual de indivíduos no grupo de padronização que ficam acima ou abaixo
de um determinado escore). Apesar de ainda utilizar o conceito de QI, a fórmula original não
48
é mais calculada com base na equação QI = IM/IC X 100
1
, e sim por meio de tabelas para
converter escores brutos em escores padronizados ajustados à média de cada idade. Na
revisão mais recente, outra mudança estrutural também foi realizada no intuito de que o teste
atenda a concepções mais atuais do conceito de inteligência. Para isso, a Escala Stanford-
Binet, a partir de 1986, subdividiu as provas em quatro grandes áreas: raciocínio verbal,
raciocínio abstrato/visual, raciocínio quantitativo e memória de curto prazo.
A partir desses conceitos e considerando os inúmeros testes desenvolvidos com base
nos estudos teóricos da inteligência geral ou fator ―g‖, alguns deles merecem destaque,
atualmente, em função de sua ampla utilização. O teste das Matrizes Progressivas de Raven,
um dos testes que se propõem a medir a habilidade cognitiva (capacidade edutiva) do avaliado
(Raven, 2002).
O teste das Matrizes Progressivas possui como referencial teórico a Teoria Bifatorial
de Spearman e tem como intuito avaliar a capacidade intelectual geral ou fator ―g‖, ou, mais
precisamente, pretende medir um dos componentes do fator ―g‖ que é a capacidade do
raciocínio lógico dedutivo, que consiste em extrair novas ideias e informações do que é
conhecido ou percebido. Tais relações são exploradas por meio de exercícios que avaliam as
operações de análise e de integração envolvidas nos processos do pensamento. Portanto,
medem também a capacidade do individuo de extrair significado de uma situação confusa,
desenvolver novas compreensões, habilidade para ir além das informações disponíveis para o
desenvolvimento de novas ideias e de uma nova estrutura (Angelini, Alves, Custódio, Duarte
& Duarte, 1999).
1
Dentre as variáveis que compõe a equação para cálculo de QI, onde lê-se: QI = Quociente de Inteligência; IM =
Idade Mental; IC = Idade Cronológica.
49
Sendo assim, segundo Davidoff (1983), é possível afirmar que o Teste de Raven avalia
a inteligência com base nos resultados fornecidos pelos indivíduos avaliados, isso é,
desconsidera os processos ou diferenças qualitativas que interferem nas suas respostas.
Outro teste de similar importância na avaliação das habilidades cognitivas do
indivíduo é a BPR-5 (Bateria de Provas de Raciocínio); que segundo Primi e Almeida (2000)
trata-se de um instrumento de avaliação das habilidades cognitivas humanas que oferece
estimativas do funcionamento cognitivo geral e das forças e fraquezas em cinco áreas
específicas: Raciocínio Verbal (RV); Raciocínio Abstrato (RA); Raciocínio Mecânico (RM);
Raciocínio Espacial (RE) e Raciocínio Numérico (RN).
Em estudos desenvolvidos por Primi e Almeida (2002) é possível concluir que a BPR-
5 é um instrumento que possui como base teórica fundamental as concepções fatoriais mais
recentes da inteligência segundo a teoria de Carrol e a teoria de Spearman, possibilitando
avaliação simultânea do fator ―g‖ (inteligência geral) e de fatores mais específicos. Segundo
Carroll (1993, p.624), ―há evidências abundantes de um fator geral de inteligência que domina
os fatores ou variáveis que enfatizam um nível de complexidade elevada possível de ser
dominado em tarefas de indução, raciocínio, visualização e compreensão linguística‖.
Segundo essa teoria, a inteligência se fundamenta em duas estruturas extremamente
relevantes: a primeira é a inteligência cristalizada, que prioriza o conhecimento, referindo-se
às informações aprendidas e adquiridas pelo processo de escolarização, que geralmente são
utilizadas na resolução de problemas similares aos foram vivenciados no passado e
acumulados sobre a forma de experiências, ou seja, são esquemas organizados de informação
sobre áreas especificas do conhecimento; a outra estrutura é a inteligência fluida, que prioriza
o raciocínio e refere-se à capacidade de processamento cognitivo e às operações mentais
geralmente utilizadas na resolução de problemas relativamente novos para os quais existem
50
poucos conhecimentos previamente memorizados, e que implica em habilidades para criação
de estratégias a partir da organização de informações disponíveis na situação e da
reorganização de esquemas disponíveis no estoque individual de conhecimentos, bem como
às habilidades de relacionar ideias complexas, formar conceitos abstratos, derivar implicações
lógicas a partir de regras gerais etc. (Ackerman, 1996; Ackerman & Heggestad, 1997,
Ackerman, Kyllonen & Roberts, 1999). Diante desse contexto, todas as provas aplicadas na
BPR-5 avaliam ora inteligência fluida e ora inteligência cristalizada.
Esses instrumentos de avaliação das habilidades cognitivas/intelectuais humanas, tanto
o teste Raven quanto a BPR-5, serão melhor descritos ao longo deste trabalho visto que foram
utilizados na metodologia da pesquisa.
Atualmente, encontramos um grande interesse da Psicologia cognitiva e, mais
especificamente, da área do conhecimento chamada de epidemiologia cognitiva, em
compreender o papel da inteligência nos comportamentos de risco, especialmente aqueles que
levam a riscos de saúde física.
Deary e Batty (2006) em seu artigo intitulado Commentary: Pre-morbid IQ and later
health - the rapidly evolving field of cognitive epidemiology
2
afirmam que o novo domínio da
epidemiologia conhecido como epidemiologia cognitiva tem crescido. Logo no início do
artigo, afirmam que pontuações de aptidões mentais (testes de QI) aplicados na infância e na
adolescência são bons preditores de saúde, especialmente de morte precoce, em muitos casos
na vida adulta. A primeira constatação empírica de tal associação foi, provavelmente, obtida
em 1933, quando um estudo obteve correlações moderadas (r = 43) entre o QI médio obtido
por crianças na cidade de Nova York e saúde dos seus habitantes, indicando que quanto maior
o QI (maiores habilidades cognitivas), mais saúde a amostra apresentava.
2
Tradução: QI pré-mórbido e saúde ao longo da vida - a rápida evolução da epidemiologia cognitiva",
Deary e Batty (2006).
51
Atualmente, são muitos os estudos que evidenciam correlações entre QI e causas de
mortalidade. Essa correlação é especialmente encontrada entre doenças derivadas de algum
tipo de comportamento de risco, seja na esfera da saúde ou legal/ética, e é razoavelmente bem
estabelecida, mas ainda perguntas a serem respondidas. Para quais doenças específicas é
possível correlacionar níveis de QI (habilidades cognitivas)? Existe uma relação linear entre
QI (habilidades cognitivas) e morte precoce? Essa correlação entre QI (habilidades
cognitivas) e doenças derivadas de comportamentos de risco é a mesma para os homens e as
mulheres? Quais são os outros fatores além do QI (habilidades cognitivas) que interferem
nessa relação entre QI e mortalidade? Qual é o papel dos fatores genéticos nessas
associações?
Um artigo que procurou esclarecer essas questões foi escrito por Hemmingsson,
Melin, Allebeck e Lundberg (2006). Os autores em seu relatório apontam conclusões claras
sobre associações entre QI baixo e mortalidade, especialmente em relação à mortalidade por
doenças cardiovasculares, mortalidade provocada por lesões (incluindo suicídios e acidentes),
e mortalidade provocada por consumo de álcool. Apesar de apresentar alguns problemas
procedurais como, por exemplo, a amostra ser exclusivamente masculina, a pesquisa
apresentou muitos pontos fortes: a amostra estudada foi grande (proporcionando alto poder
estatístico), a avaliação cognitiva (QI) foi feita no início da idade adulta, cuidando-se para que
o QI obtido não refletisse a influência das doenças, (sendo esse um critério de exclusão da
amostra) entre outros.
Hemmingsson et al. (2006), o constatou associação significativa com a morte por
câncer. A situação socioeconômica não foi uma fonte de co-variância entre os escores QI e
mortalidade, embora seja uma fonte de efeito que deva ser melhor investigada.
52
Batty et al. (2008) em seu artigo intitulado QI in late adolescence/early adulthood, risk
factors in middle age and later all-cause mortality in men: the Vietnam Experience Study”
3
também
analisou a relação QI e mortalidade. Nesse estudo, foram avaliados os resultados de QI de
4316 veteranos americanos da guerra do Vietnã obtidos durante a adolescência e no início da
idade adulta e essa medida foi correlacionada com a mortalidade e com o índice de morbidade
da amostra. Eles foram avaliados novamente quinze anos depois e os resultados apontaram
que a maior pontuação obtida em testes de QI foi associada com a redução das taxas de
mortalidade. Os riscos potenciais avaliados na meia-idade em relação à associação QI -
mortalidade com o estado civil, consumo de álcool, pressão arterial sistólica e diastólica,
pulsação, glicemia, índice de massa corporal, doenças psiquiátricas e doenças somáticas em
exame médico mostrou uma atenuação do risco para aqueles com QI mais altos.
Hart et al. (2003), da mesma forma que os autores apresentados anteriormente,
investigaram o modo pelo qual habilidades mentais infantis (QI) estão relacionadas com a
mortalidade e a morbidade advindas de comportamentos de risco, quando são também
considerados os fatores socioeconômicos. Os participantes tiveram seus QIs medidos na
infância e avaliaram-se a taxa de mortalidade, as internações hospitalares e a incidência do
câncer da amostra nos 25 anos após as medidas de QI. Esses índices foram investigados em
relação ao QI na infância, à classe social e ao nível de privações ao longo da vida.
Os resultados mostraram que o risco de morrer em 25 anos após a testagem inicial foi
17% superior em relação a cada desvio padrão de desvantagem observado na pontuação de QI
na infância. Fatores como classe social e grau de privação representaram, para alguns, mas
não para todos os participantes da amostra, maior risco de mortalidade e morbidade. A análise
por quartil do QI mostrou um substancial aumento do risco de morte para as pontuações mais
3
Tradução: “QI no final da adolescência e início da idade adulta, fatores de risco na meia idade e causas de
mortalidade em homens: estudo experimental no Vietnã”, Batty et al. (2008).
53
baixas (quartis inferiores). A modelagem de equações estruturais indicou que o efeito do QI
na infância sobre a mortalidade foi parcialmente influenciado por fatores sociais. A análise da
causa da mortalidade ou da quantidade de internações hospitalares revelou que quanto menor
o QI, maiores os riscos para todas as doenças cardiovasculares e doenças coronárias. Com
relação aos tipos de câncer, observou-se que quanto menor o QI, maior o risco para o câncer
de pulmão.
Lawlor, Clark e Leon (2007) analisaram a relação entre os escores em testes de
habilidade mental na infância e fatores de risco para a mortalidade prematura aos 30 anos de
idade. Os resultados mostraram que quanto maior o QI aos dez anos idade, menor a taxa de
tabagismo, obesidade e hipertensão na fase adulta. Não houve qualquer relação aparente entre
QI e diabetes. As medidas de correlação foram atenuadas, quando se utilizaram, na análise,
variáveis socioeconômicas ao longo da vida, especialmente no domínio da Educação.
Finalmente, Batty, Deary, Schoon e Gale (2007) examinaram correlações entre
inteligência na infância e internações hospitalares por lesões na fase adulta. Observaram-se
correlações negativas entre QI na infância e lesões não intencionais. Conclui-se, nesse estudo,
que inteligência na infância está relacionada com internações hospitalares por lesões na idade
adulta e que essa relação é, em parte, explicada pela formação escolar. A relação entre baixa
inteligência na infância e lesão observadas na fase adulta corrobora outras pesquisas que
apontam a relação entre rebaixamento das habilidades cognitivas na infância e mortalidade
prematura demonstrada em diversos estudos.
Alguns autores realizaram uma análise histórica das pesquisas que investigavam a
relação entre QI e delinquência. A maioria das pesquisas sobre o assunto concluíram que o QI
não seria fator importante para a delinquência, ou seja, o QI não seria condição suficiente e
54
necessária para a delinquência ou para comportamentos ilegais (Murchison, 1926; Zeleny,
1933).
Por outro lado, vários trabalhos mostraram, ao longo da evolução dos estudos, que
relação entre QI e delinquência e ainda apontaram o baixo QI como preditor da delinquência
(Hirschi, 1969; Reiss & Rhodes, 1961; Wolfgang, Figlio & Thorsten, 1972).
Hirschi e Hindelang (1977) afirmam que o QI tem, sim, importante correlação com a
delinquência. A relação que existe entre QI e delinquência independe de classe econômica ou
da raça, sendo mediada por uma série de variáveis escolares. Dessa forma, os autores
afirmaram que o baixo QI afeta a probabilidade de comportamento delinquente, devido ao seu
efeito sobre o desempenho escolar e ajustamento às normas sociais.
Esses estudos, no conjunto, apontam para o papel das habilidades cognitivas sobre os
comportamentos de risco. De forma geral, os estudos demonstram que déficits da habilidade
cognitiva parecem favorecer comportamentos de risco que levam ao aumento da taxa de
mortalidade e de morbidade nas diversas amostras estudadas. Essa relação, bem como a
existente entre inteligência e percepção de risco são o foco de interesse desta pesquisa.
Na próxima seção deste trabalho, os pressupostos e delineamentos científicos
considerados para a pesquisa serão aprofundados e destacados por meio da apresentação da
metodologia de pesquisa, do detalhamento dos procedimentos que foram seguidos e das
considerações essenciais que foram utilizadas para a realização do presente estudo,
considerando o rigor científico e ético que se faz necessário para a elaboração de uma
pesquisa comprometida com a qualidade e com o compromisso social que ela representa para
a Psicologia como ciência.
55
Objetivos do trabalho
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar a relação entre níveis de habilidades
cognitivas (inteligência verbal, não verbal e fator ―g‖) e percepção de risco e intenção em
apresentar comportamento de risco, em uma amostra de adolescentes em situação de
vulnerabilidade social que participam do Projeto de ação social denominado Agente Jovem.
A partir do objetivo geral, este trabalho tem como objetivos específicos:
Verificar a percepção de risco e a intenção de apresentar comportamentos de
risco nos adolescentes desta amostra.
Classificar níveis de habilidades cognitivas - fator ―g‖ (inteligência fluida) e
inteligência cristalizada, a partir dos testes BPR-5 e Raven.
Correlacionar habilidades cognitivas avaliadas pelos testes intelectuais (Raven
e BPR-5) com percepção e intenção de apresentar comportamento de risco.
Hipótese
A hipótese central do trabalho foi a de que adolescentes com altos níveis de
habilidades cognitivas/habilidades intelectuais apresentariam maior percepção do risco e se
engajariam menos em comportamentos de risco. Por outro lado, adolescentes com baixos
níveis de habilidades cognitivas/habilidades intelectuais apresentariam menor percepção do
risco e se engajariam mais em comportamentos de risco.
56
57
CAPÍTULO 4
METODOLOGIA
4.1 Participantes
Para a realização deste trabalho, participaram 48 adolescentes, com idades entre
quinze e dezessete anos, de ambos os sexos, sendo 26 mulheres (54,16%) e 22 homens
(45,83%), todos inscritos no Projeto ―Agente Jovem‖ de uma cidade do interior de Minas
Gerais e que concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXO C), bem como receberam autorização dos pais para participarem da pesquisa
mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos Pais e/ou
Responsáveis (ANEXO B).
4.2 Contexto
A pesquisa foi realizada no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) em
uma cidade do Triângulo Mineiro, na qual funciona um Projeto em parceria com os governos
federal e municipal, denominado ―Agente Jovem‖, que atende adolescentes em situação de
vulnerabilidade social. Não houve, com os adolescentes que formaram a amostra, nenhum
vínculo terapêutico, ou de qualquer outra natureza, por parte dos pesquisadores, uma vez que
tais jovens são atendidos por outros profissionais do CRAS da prefeitura citada. Dessa
maneira, a amostra utilizada não pode ser considerada um grupo vulnerável, que o
pesquisador não teve nenhuma relação profissional ou pessoal com o grupo a não ser a coleta
de dados da pesquisa.
58
4.3 Instrumentos
Para verificação das possíveis relações entre percepções de risco, intenção de
apresentar comportamento de risco e habilidades cognitivas, foram aplicados, ao longo de três
encontros de cerca de uma hora de duração cada, os seguintes instrumentos de avaliação das
variáveis desse estudo: Escala de percepção e de intenção de apresentar comportamento de
risco (Weber, Blais & Betz, 2002), traduzida e adaptada para o Brasil por Lopes, Lopes,
Barbosa-Tinoco e Mundim-Masini (em preparação), Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5)
e Teste das Matrizes Progressivas de Raven Escala Avançada. Os instrumentos utilizados
serão descritos a seguir.
4.3.1 Escala de percepção e de intenção de apresentar comportamento de risco
Trata-se de uma escala autoadministrável, que foi aplicada na presença do pesquisador
e é composta por perguntas referentes a assuntos ligados a fatores de risco. Esse instrumento
(ANEXO E) foi desenvolvido por Lopes et al. (em preparação) e foi construído com base no
trabalho de Weber et al. (2002) que aborda comportamento de risco a partir de uma escala
composta por 40 itens divididos em cinco domínios: decisões financeiras, saúde/segurança,
legal/ético, social e recreacional.
No intuito de adaptar a escala ao contexto brasileiro, realizou-se, inicialmente, a
tradução do instrumento, seguida de uma seleção a partir dos 40 itens originais, bem como
exclusão de alguns itens visando a adequação aos costumes e hábitos da cultura do Brasil.
Nesse processo, os itens do domínio recreacional foram excluídos e alguns incluídos, uma vez
que poderiam ser engajados nos itens de segurança e saúde. A partir de então, a escala foi
59
aplicada em 216 estudantes universitários de diferentes cursos, de ambos os sexos da cidade
de Uberlândia e os resultados coletados foram submetidos à análise fatorial em termos de
coeficientes de validade e fidedignidade (Mundim-Mazini, 2009).
A partir desses resultados, a escala de percepção e de intenção de apresentar
comportamento de risco de Lopes et al. (em preparação) passou a contar com 28 itens que
avaliam a percepção de risco em três fatores (risco legal/ético, risco à saúde/segurança e risco
social) e o comportamento de risco em quatro fatores (risco legal/ético, risco à
saúde/segurança, risco social e risco financeiro).
Na escala que avalia a percepção de risco, os sujeitos respondem em uma escala tipo
Likert de cinco pontos, variando entre nível 1 (Nenhum risco) e nível 5 (Risco extremo), a
intensidade de risco percebido em cada uma das 28 situações apresentadas. A análise fatorial
da escala de percepção de risco apontou boa consistência interna para a escala de percepção
com alpha = 0,89. Essa escala avalia a percepção de risco por meio de itens divididos em três
domínios:
1. Percepção de Risco Legal/ético: avalia quanto risco é percebido pelo indivíduo em
situações em que regras, leis ou convenções morais são rompidas e punições legais ou
éticas são aplicadas a quem cometeu tais atitudes.
2. Percepção de Risco à Saúde/Segurança: avalia quanto risco é percebido pela pessoa
diante de atitudes que causem prejuízos ao bem-estar biopsicológico de quem os
executa.
3. Percepção de Risco Social: avalia quanto risco a pessoa percebe em situações que têm
consequências sociais negativas para quem executa ações capazes de gerar
60
rompimento ou prejuízo em relacionamentos importantes para o indivíduo, tais como
família, cônjuge, amigos e chefia.
A Tabela 01 demonstra os itens que avaliam cada um dos três fatores da Percepção de
Risco conforme os resultados da análise fatorial.
TABELA 1- Itens e fatores da escala de percepção de risco
Fatores / Domínios
Itens da escala
Percepção de risco legal/
ético / financeiro
1. Comprar drogas ilegais
2. Gastar grande quantidade de dinheiro em loterias
3. Agredir fisicamente outra pessoa
4. Ser avalista de alguém
5. Dirigir bêbado
6. Falsificar documentos
7. Fazer cópias ilegais (xerocar livros, copiar CDs, etc.)
8. Roubar pequenos objetos (caneta, bala, folha de papel, etc.)
9. Usar drogas
10. Fumar cigarro
11. Gastar dinheiro impulsivamente sem pensar nas consequências
12. Dirigir em alta velocidade
13. Trair esposo (a), namorado (a) ou companheiro (a) com outra pessoa
14. Investir em um negócio que possui grandes chances de não dar certo
15. Emprestar para amigo/familiar a maior parte do seu salário ou renda
mensal
Percepção de risco saúde/
segurança
1. Consumir bebida alcoólica em excesso
2. Ignorar dor física persistente não indo ao médico
3. Fazer sexo sem usar preservativo (camisinha)
4. Não utilizar filtro solar
5. Não usar cinto de segurança
6. Praticar esportes radicais
7. Fazer ―gatos‖ de TV a cabo ou energia
Percepção de risco social
1. Admitir que sua opinião é diferente da opinião dos seus amigos
2. Criticar ou apontar defeitos de uma pessoa importante para você
3. Defender um assunto polêmico em uma ocasião social
4. Comprar objetos que estão em promoção sem haver necessidade
5. Vestir roupas não convencionais ou provocativas
6. Mentir para alguém
Assim como na percepção de risco, a escala de intenção de apresentar comportamento
arriscado foi desenvolvida para que os participantes respondessem, em uma escala tipo Likert
de cinco pontos, variando entre nível 1 (Muito improvável) e nível 5 (Muito provável), qual a
probabilidade que o indivíduo identifica de se engajar em cada comportamento descrito. A
análise fatorial da escala de intenção de comportar-se de forma arriscada apresentou boa
61
consistência interna para a escala de comportamento de risco com alpha = 0,80. Da mesma
forma, a escala também avalia a intenção de engajar-se em comportamento arriscado por meio
de 26 itens que avaliam quatro fatores cujos itens são apresentados na Tabela 2. Os fatores
são:
1. Comportamento de Risco Legal/ético: compreende a probabilidade de determinada
atitude que infrinja regras, leis ou convenções morais possa acarretar punições legais
ou éticas para quem a realiza.
2. Comportamento de Risco à Saúde e Segurança: entende-se como a probabilidade de
determinado comportamento ameaçar a saúde física e psicológica de quem o executa,
bem como gerar agravamento de doenças.
3. Comportamento de Risco Financeiro: relacionado à probabilidade de determinado
comportamento causar danos financeiros ou materiais para quem o executa, bem como
danos a propriedade.
4. Comportamento de Risco Social: aborda a probabilidade de determinada atitude ter
consequências sociais negativas relacionadas a prejuízos em suas relações
interpessoais.
A Tabela 02 apresenta os itens que avaliam cada um dos quatro fatores do
Comportamento de Risco conforme os resultados da análise fatorial.
62
TABELA 2 - Itens e fatores da escala de intenção de apresentar comportamento de risco
Fatores / Domínios
Itens da escala
1. Agredir fisicamente outra pessoa
2. Falsificar documentos
3. Fazer cópias ilegais (xerocar livros, copiar CDs, etc.)
4. Fazer sexo sem preservativo (camisinha)
Comportamento de risco
5. Não usar cinto de segurança
legal/ético
6. Praticar esportes radicais
7. Roubar pequenos objetos (caneta, bala, folha de papel, etc.)
8. Fazer ―gatos‖ de TV a cabo ou de energia
9. Dirigir em alta velocidade
10. Trair esposo (a), namorado (a) ou companheiro (a) com outra pessoa
11. Mentir para alguém
Comportamento de risco
1. Comprar drogas ilegais
saúde /segurança
2. Dirigir bêbado
3. Consumir bebida alcoólica em excesso
4. Usar drogas
5. Fumar cigarro
Comportamento de risco
1. Admitir que sua opinião é diferente da opinião dos seus amigos
Social
2. Criticar ou apontar defeitos de uma pessoa importante para você
3. Defender um assunto polêmico em uma ocasião social
4. Comprar objetos que estão em promoção sem haver necessidade
5. Vestir roupas não convencionais ou provocativas
Comportamento de risco
1. Gastar grande quantidade de dinheiro em loterias
financeiro
2. Ser avalista de alguém
3. Gastar dinheiro impulsivamente, sem pensar nas consequências
4. Investir em um negócio que possui grandes possibilidades de não dar certo
5. Emprestar para amigo/familiar a maior parte do seu salário ou renda
mensal
Lopes et al. (em preparação) ressaltam que alguns itens foram enquadrados em um
determinado fator para percepção de risco, mas o mesmo item constituiu outro fator quando
se considerou o comportamento de risco e fazem alguns apontamentos a esse respeito. Entre
eles, afirmam que o item referente a fazer ligações clandestinas na rede elétrica e de televisão
a cabo foi percebido como problema de segurança na rede elétrica, portanto, percepção de
risco à saúde e à segurança, em contrapartida, foi considerado como um comportamento de
risco legal/ético, provavelmente, por considerar o aspecto do furto de energia, suscetível a
penas legais.
63
No mesmo sentido, os itens usar drogas e fumar cigarros foram percebidos como
problemas de risco/legal/ético/financeiro, uma vez que podem ter sido considerados como
vícios geradores de prejuízos financeiros, contudo, tais comportamentos foram classificados
no que tange ao dano capaz de gerar à saúde e segurança de quem os executa, portanto, riscos
à saúde e segurança. No mesmo sentido, o item ―comprar drogas ilegais‖ foi considerado pela
ótica da ilegalidade e, portanto, percebido como risco legal/ético, o comportamento de
dependência da droga e consequente necessidade de aquisição da droga para manutenção do
vício, um risco à saúde e à segurança de quem se expõe a fazê-lo, ou seja, comportamento de
risco à saúde.
Por fim, vale ressaltar que ―Fazer sexo sem preservativo‖ sofreu movimento inverso,
uma vez que foi percebido como risco à saúde e à segurança considerando as consequências
ao bem-estar biopsicológico de quem executa e o possível agravamento de doenças
sexualmente transmissíveis, mas foi considerado comportamento de risco legal/ético,
provavelmente por gerar um risco ao parceiro de relações sexuais, portanto um risco ético.
A pesquisa de validação da escala de percepção e de intenção de apresentar
comportamento de risco de Lopes et al. (em preparação) foi submetida ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia e foi aprovada em 28 de setembro de 2007
(protocolo registro CEP/UFU: 237/07).
4.3.2 Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5)
A BPR-5 (Bateria de Provas de Raciocínio) foi desenvolvida por Ricardo Primi e
Leandro S. Almeida e teve validação e padronização para a população brasileira em 2002.
Primi et al. (2000) descrevem a BPR-5 como um instrumento utilizado para avaliação da
inteligência geral ou fator ―g‖, bem como oferecem estimativas do funcionamento cognitivo
64
global e das forças e fraquezas em cinco áreas específicas: Raciocínio Verbal, Raciocínio
Abstrato, Raciocínio Mecânico, Raciocínio Numérico e Raciocínio Espacial. Todas essas
habilidades são medidas por meio de cinco subtestes divididos em duas formas: Forma A,
para alunos da sexta à oitava séries do Ensino Fundamental e Forma B, para alunos da
primeira à terceira séries do Ensino Médio. As áreas específicas avaliam o seguinte:
Raciocínio Verbal (RV): Prova composta por 25 itens (dezoito itens comuns às
Formas A e B) envolvendo analogias entre palavras, que analisam a extensão do vocabulário
e a capacidade de estabelecer relações abstratas entre conceitos verbais por meio da
capacidade de usar o raciocínio abstrato entre palavras;
Raciocínio Abstrato (RA): Prova composta por 25 itens (dezenove itens são
comuns às formas A e B) de conteúdo abstrato no qual se verifica a capacidade de estabelecer
relações abstratas em situações novas para as quais se possui pouco conhecimento
previamente aprendido por meio da analogia com figuras geométricas;
Raciocínio Mecânico (RM): prova composta por 25 itens (dezenove itens são
comuns às formas A e B) que avaliam o conhecimento prático de mecânica e física por meio
de gravuras que retratam um problema e opções de resposta;
Raciocínio Espacial (RE): prova composta por vinte itens (doze itens são
comuns às formas A e B) verificando a capacidade de formar representações mentais e
manipulá-las, transformando-as em novas representações, por meio de exercícios em que
existem séries de cubos tridimensionais em diferentes posições que indicam movimentos;
Raciocínio Numérico (RN): prova composta por vinte itens (doze itens são
comuns às formas A e B), indicando a capacidade de realizar raciocínio com símbolos
numéricos em problemas quantitativos e conhecimento de operações aritméticas básicas, por
65
meio da análise da relação aritmética que rege as progressões nas séries e aplicá-la
respondendo quais seriam os dois últimos números que completariam a série.
A aplicação do teste foi coletiva e obedeceu aos tempos e instruções fornecidos no
manual de aplicação. O teste existe em duas formas (A e B), com cinco subtestes cada, com o
mesmo número de itens descritos, sendo que a Forma A aplica-se aos estudantes da sexta à
oitava séries do Ensino Fundamental e a Forma B aos alunos da primeira à terceira séries do
Ensino Médio.
Esse teste foi validado no ano 2000 pelos pesquisadores Ricardo Primi e Leandro S.
Almeida, que demonstraram no processo de validação que o teste possui coeficientes de
consistência interna que variaram de 0,62 a 0,84 e os de precisão pelo método das metades de
0,65 a 0,87. Segundo esses mesmos autores, apresentou-se como instrumento eficaz na
avaliação de uma medida composta de inteligência fluida, cristalizada, processamento visual e
habilidade quantitativa e conhecimento prático de mecânica (Primi et al., 2000).
4.3.3 Escala de Matrizes Progressivas de Raven Escala Avançada
Trata-se de um teste autoaplicável que permite a avaliação da inteligência não verbal e
que tem como objetivo investigar a qualidade do raciocínio lógico dedutivo por meio de
exercícios que exploram a capacidade do sujeito para deduzir relações, bem como avaliar o
raciocínio lógico e não-verbal dos sujeitos, com base na capacidade edutiva do avaliado
(Davidoff, 1983).
As Matrizes Progressivas de Raven constituem um teste cuja tarefa consiste no
preenchimento de figuras; realiza a sua avaliação por meio da maneira pela qual o indivíduo
66
escolhe as figuras abstratas que ele julga completar a matriz em branco. Após correção dos
itens respondidos, é possível identificar em seguida o ―índice de capacidade intelectual‖ como
é descrito no manual do teste; tal medida quantitativa se apresenta em termos de percentil, ao
passo que, na avaliação qualitativa, é possível afirmar que o teste mede a aptidão espacial, o
raciocínio indutivo e a precisão perceptiva (Raven, 2002).
Esse instrumento foi desenvolvido por John C. Raven, padronizado e publicado em
1938, na Escócia; seu modelo original era conhecido como SPM (Standard Progressive
Matrices). No Brasil, esse formato foi conhecido como Matrizes Progressivas Escala Geral
e abrange todas as faixas de desenvolvimento intelectual, independente da idade,
considerando, inclusive, as crianças que eram capazes de compreender a ideia de ―encontrar o
pedaço que falta para completar um desenho‖ (Angelini, et al., 1999). Contudo, em 1947,
outras duas escalas foram desenvolvidas a posteriori: as Matrizes Progressivas Coloridas
Escala Especial destinada a crianças entre cinco e onze anos de idade, idosos e deficientes
mentais; e as Matrizes Progressivas Escala Avançada destinada a testar pessoas com
escolaridade mais avançada, sendo sua utilização recomendada a partir das últimas séries do
Ensino Fundamental.
O teste Raven- Escala Avançada é uma evolução do Teste de Matrizes Progressivas
escala geral e a principal diferença é a avaliação do raciocínio dedutivo em sua acepção mais
elaborada e refinada. O Teste das Matrizes Progressivas de Raven Escala Avançada em sua
última edição que data de 1962, apresenta-se de forma que pode ser aplicado sob duas
modalidades com o mesmo valor: em tempo livre, no intuito de avaliar a capacidade integral
de observação e clareza de raciocínio da pessoa avaliada, ou então com tempo limitado, o que
garante a possibilidade de avaliar a eficiência do trabalho intelectual do examinado. O teste
pode ser aplicado a crianças e adultos, inclui 48 itens divididos em duas séries, sendo que a
série I é composta por doze exercícios que m como objetivo central introduzir a pessoa no
67
método de trabalho e, ainda, compreender todos os processos intelectuais necessários para se
obter sucesso na série II, que, por sua vez, é constituída por 36 exercícios que se assemelham
aos problemas de raciocínio apresentados na série anterior, contudo, a única diferença es nos
níveis de dificuldade e de complexidade, que aumentam gradativamente. A série I abrange
todas as habilidades intelectuais requeridas pelas séries A, B, C, D e E das Matrizes
Progressivas Escala geral; a série II busca explorar todas as operações de análise e
integração envolvidas nos mais elevados processos de pensamento e diferencia os níveis de
habilidade cognitiva entre as diferentes pessoas que respondem o teste (Raven, 2002).
4.4 Procedimentos
4.4.1 Primeira etapa: Contato com o CRAS, Comitê de Ética, Pais e Adolescentes.
Para a realização da pesquisa, foi solicitado consentimento e autorização por meio de
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Conforme ANEXO A) à coordenação
responsável pelo Centro de Referência em Ação Social (CRAS), órgão em que é desenvolvido
o Projeto Agente Jovem, alvo deste trabalho.
Em seguida, o Projeto de pesquisa foi submetido à apreciação e avaliação do Comitê
de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Uberlândia e aprovado
em 14 de Novembro de 2008 (protocolo registro CEP/UFU: 598/08) Ver ANEXO D.
Após a aprovação do Comitê de Ética e com a aquiescência da coordenação do CRAS
pesquisado, foram consultados, inicialmente, os orientadores sociais, profissionais
responsáveis pelos grupos de adolescentes, no intuito de agendar horários e datas para a coleta
de dados das aplicações dos instrumentos, obedecendo aos horários de aulaorientação
68
cedidos por eles e respeitando a disponibilidade da instituição. Os locais definidos para a
realização das atividades da pesquisa foram os espaços disponibilizados pelo próprio CRAS e
aconteceram nas salas de atendimento em grupo dos próprios adolescentes.
Considerando que uma das condições para participar do Projeto era possuir idade
cronológica entre quinze e dezessete anos, concluiu-se que todos os adolescentes são menores
de idade e, portanto, os pais e/ou responsáveis foram consultados previamente e solicitados a
assinar uma autorização por escrito concordando que seu filho participasse da pesquisa. Para
tanto, foi enviada a cada pai uma carta contendo as explicações cabíveis sobre a pesquisa
realizada e os objetivos da aplicação de cada um dos instrumentos de maneira clara, assim
como o termo de consentimento e autorização para publicação dos dados (ANEXO B).
Por fim, os próprios adolescentes inscritos no Projeto Agente Jovem também foram
consultados previamente quanto ao seu desejo de participar ou não da pesquisa (ANEXO C),
sendo que tanto pais quanto os próprios adolescentes assinaram Termos de Consentimento
Livre e Esclarecido específicos, em linguagem adaptada a ambos os públicos nos quais
sempre foram informados os tipos de instrumentos de pesquisa utilizados; foi explicado a
todos que essa avaliação possuía apenas fins de pesquisa e não implicaria em atendimento
psicológico concomitante ao que já era oferecido a eles no Projeto. Foi também explicado que
uma resposta negativa quanto à participação na pesquisa em nada prejudicaria sua
participação no Projeto. Também foi preciso esclarecer para aqueles que aceitaram participar
da pesquisa que os instrumentos seriam aplicados nos horários cedidos pelos orientadores no
mesmo local e horário das orientações semanais oferecidas a eles no CRAS, visto que tal
medida visou a eliminar a necessidade de deslocamento excedente além daquele que os jovens
fazem regularmente.
69
4.4.2 Segunda etapa: preparação do contexto da pesquisa
Depois de autorizada pelos pais e pelos adolescentes, a pesquisa foi agendada para três
dias de encontro no espaço em que os adolescentes estavam habituados a realizar suas
orientações do Projeto duas vezes por semana durante uma hora.
A pesquisa foi realizada com adolescentes das três turmas de alunos existentes no
Projeto, que acontecem no mesmo dia, porém em horários diferentes, respeitando o número
máximo de 25 adolescentes por turma, conforme constituição original do próprio grupo.
Entretanto, considerando que o início da coleta de dados coincidiu com um período de
festas de encerramento de campanhas eleitorais para a prefeitura na cidade, bem como época
de feriado prolongado e recesso escolar, houve dificuldade em contar com a presença dos
agentes jovens nas primeiras reuniões agendadas, visto que o número de participantes nesse
intervalo sempre estava aquém do número de adolescentes que assinaram o termo de
participação. Para tanto, foi preciso reagendar o início das aplicações em duas das três turmas
por duas vezes. Apenas em uma das turmas o início acompanhou o cronograma previamente
estabelecido pela pesquisadora, sem necessidade de readaptação.
É importante destacar que apenas os adolescentes cujos pais assinaram a autorização
para a participação da pesquisa e para a publicação dos dados participaram.
4.4.3. Terceira etapa: aplicação dos testes
Para caracterizar o perfil dos adolescentes que frequentavam o Projeto, antes da aplicação
dos testes os alunos receberam instrução verbal para responderem alguns dados introdutórios
na folha de resposta dos testes, no intuito de coletar informações referentes a sexo, idade,
nível socioeconômico e nível de escolaridade deles e dos pais. Foi orientado aos adolescentes
70
que as escalas seriam aplicadas ao grupo como um todo, apesar de terem sido preenchidas
individualmente, tanto informações pessoais quanto as respostas do teste.
As instruções foram dadas de maneira simples e padronizada, conforme os manuais
dos testes e, nos casos em que foi necessário, a pesquisadora repetiu cada orientação, sem
modificação, para evitar vieses ou produções distintas em função do uso de uma ou outra
palavra inadequada.
Todas as turmas responderam os testes na mesma sequência de encontros: no primeiro
encontro, era aplicado o Raven; no segundo, eram aplicadas três das cinco provas da Bateria
BPR-5: Raciocínio Verbal (dez minutos) / Raciocínio Abstrato (doze minutos) e Raciocínio
Mecânico (quinze minutos); obedecendo-se o tempo de aplicação de cada uma; e no terceiro
encontro, eram aplicadas as duas últimas provas da BPR-5: Raciocínio Espacial (dezoito
minutos) e Raciocínio Numérico (dezoito minutos) e a escala de percepção e comportamento
de risco com tempo livre para preenchimento.
A pesquisadora orientou os participantes a começarem cada prova após a leitura das
instruções iniciais existentes nos cadernos de questões de cada prova; depois de esgotado o
tempo estabelecido, pediu que os alunos interrompessem a resolução e passassem ao próximo
subteste, iniciando, novamente, pela leitura das instruções e esclarecimento de dúvidas, e
assim até que concluídos os cinco subtestes.
A pesquisadora, a cada encontro, entregou as folhas de resposta de cada escala ou teste
junto com lápis ou caneta depois de encerradas as instruções para que todos marcassem as
alternativas que julgavam corretas na folha de resposta, e por fim, marcou o tempo de
realização de cada um dos testes.
Não houve resistência nem mesmo falta de colaboração dos agentes jovens durante a
pesquisa, visto que eles demonstraram envolvimento e comprometimento com o trabalho
realizado, o que pode ser observado pelo empenho em responder todos os testes, além de
71
terem demonstrado grande curiosidade quanto aos resultados e respostas consideradas
corretas para cada exercício.
Ao final de cada encontro, a pesquisadora respondeu as dúvidas e curiosidades dos
adolescentes do Projeto sobre o teste ou escala respondido naquele dia, conforme interesse e
necessidade de cada participante.
72
73
CAPÍTULO 5
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Em se tratando de uma pesquisa quantitativa, a análise dos dados obedeceu às normas
de correção da escala e de cada teste, conforme manuais de aplicação e, a seguir, os dados
foram compilados e analisados estatisticamente por meio do programa SPSS for Windows®
para estabelecimento das devidas correlações paramétricas entre os instrumentos e variáveis
utilizadas na pesquisa.
No intuito de tornar o texto mais claro e facilitar a leitura e a compreensão dos
resultados, as análises dos dados foram subdivididas em dois grandes tópicos, conforme a
caracterização geral da amostra pesquisada e, em seguida, conforme as habilidades
intelectuais da amostra. Dessa forma, nesse último tópico, os resultados das habilidades
intelectuais da amostra serão apresentados na seguinte ordem: resultados da bateria BPR-5,
resultados do teste Raven, dados da amostra com relação à percepção de risco e em seguida a
intenção de apresentar comportamento de risco.
5.1 Amostra Estudada e os Fatores de Risco
A amostra estudada por esta pesquisa foi composta de 48 adolescentes em situação de
vulnerabilidade social, que estão inscritos no Projeto de ação social denominado Agente
Jovem. Nesta seção, será apresentado o perfil da amostra estudada em função de algumas
características que a literatura da área destaca que podem interferir nas habilidades
intelectuais e cognitivas desse tipo de população.
74
A utilização de análises paramétricas para os dados foi viável, a despeito do número de
sujeitos da amostra, pois a análise de assimetria (skewness) dos dados indicou valores de x
2
superiores a 0,24
(Miles & Shevlin, 2001). (Ver Tabelas 03 e 04).
TABELA 3 - Valores de assimetria (Skewness): RAVEN e Bateria BPR-5
Raven
Raciocínio
verbal
Raciocínio
abstrato
Raciocínio
mecânico
Raciocínio
espacial
Raciocínio
numérico
N
48
48
48
48
48
48
Média
70,65% de
acerto
12,45
12,47
8,56
7,7
6,81
Desvio
Padrão
20,13
3,7
5,3
4,6
4,3
3,5
Skewness
0,356
0,264
0,387
0,335
0,366
0,323
N=48
TABELA 4 - Valores de assimetria (Skewness): Fatores da Escala de Risco
Comportamento
Risco
Legal- ético
Comportamento
Risco saúde
Comportamento
Risco financeiro
Comportamento
Risco social
Percepção
Risco
Legal-
ético
Percepção
Risco
Social
Percepção
Risco
Saúde-
segurança
N
48
48
48
48
48
48
Média
2,12
1,77
2,16
2,96
3,61
2,74
3,54
Desvio
Padrão
1,08
1,11
1,06
1,07
1,22
1,26
1,31
Skewness
0,393
0,399
0,361
0,268
0,241
0,311
0,474
N=48
De acordo com os dados da Tabela 05, a idade dos sujeitos variou de quinze a
dezessete anos, com média de 15,85 (DP = 0,75); desses adolescentes, 26 são do sexo
feminino (54,16%) e 22 do sexo masculino (45,83%).
75
TABELA 5 - Caracterização da amostra em função da idade
Idade
Frequência
Absoluta
Porcentagem
15
17
35,4
16
21
43,7
17
10
20,8
Total
48
100,0
N=48
Em relação à escolaridade, a Tabela 06 demonstra que a amostra variou entre a sexta
série do Ensino Fundamental e a terceira série do Ensino Médio. A partir desses dados, é
possível constatar que a maioria dos adolescentes pesquisados es cursando o Ensino Médio
e, mais precisamente o segundo ano (31,2%), e a minoria está no Ensino Fundamental, mais
precisamente na sétima série (2,2%).
Essas informações foram de grande relevância, pois determinaram os tipos de prova de
raciocínio na bateria BPR-5 a que cada um foi submetido, considerando seu nível de
escolaridade. Dessa forma, todos os alunos que no momento da aplicação dos instrumentos
cursavam o Ensino Fundamental foram submetidos à Forma A do teste (total de dezesseis
adolescentes) e todos os alunos que cursavam o Ensino Médio foram submetidos à Forma B
do teste (total de 32 adolescentes), conforme se observa na tabela 07. Outro dado que também
foi mensurado pela pesquisa é que 100% da amostra pesquisada frequenta escolas públicas da
cidade.
TABELA 6 - Caracterização da amostra em função da escolaridade
Frequência
Absoluta
Porcentagem
6 série
3
6,2
7 série
1
2,2
8 série
12
25,0
1 colegial
11
22,9
2 colegial
15
31,2
3 colegial
06
12,5
Total
48
100,0
N=48
76
TABELA 7 - Caracterização da amostra em função da forma de aplicação das provas de
raciocínio da BPR-5 e a variável sexo
Forma de
aplicação da
BPR-5
Frequência
Absoluta
Porcentagem
Sexo Feminino
Sexo Masculino
Frequência
Absoluta
Porcentagem
Frequência
Absoluta
Porcentagem
Forma A
16
33,3
8
30,77
8
36,36
Forma B
32
66,7
18
69,23
14
63,64
Total
48
100,0
26
100,0
22
100,0
N=48
O nível de escolaridade dos pais dos alunos submetidos à pesquisa também foi
investigado e, de acordo com os dados da Tabela 8, constatou-se que a maioria dos pais
possui escolaridade inferior à que os filhos alcançaram até o momento, visto que 52% das
mães concluíram o Ensino Fundamental incompleto e que 47,9% dos pais completaram essa
mesma escolaridade. O ingresso no Ensino Superior não é uma realidade dessas famílias, o
que pode ser evidenciado pelo baixo número de pais e mães que frequentaram universidade
nessa amostra, apenas três pais.
Além disso, outra informação que se apresenta como um dado relevante sobre a
realidade dessas famílias é que considerável número de agentes jovens desconhecem quem
são seus pais (14,6%), isto é, não informaram dados sobre a escolaridade, profissão e renda
dos progenitores do sexo masculino, alegando não saberem quem são, seja por não terem sido
registrados pelos pais, seja por terem sofrido abandono.
77
TABELA 8 - Caracterização da amostra em função da escolaridade dos pais e responsáveis
MÃES
PAIS
Frequência
Absoluta
Porcentagem
Frequência
Absoluta
Porcentagem
Fundamental
incompleto
25
52,0
23
47,9
Fundamental
Completo
5
10,4
5
10,4
Médio
Incompleto
9
18,7
6
12,5
Médio completo
6
12,5
6
12,5
Superior
3
6,2
1
2,0
Pós-graduação
-
-
-
-
Não informados
(Desconhecidos)
-
-
7
14,6.
Total
48
100
48
100
N=48
A renda familiar foi outra variável investigada pela pesquisa na amostra estudada e,
conforme se apresenta na Tabela 9, é possível perceber que a maioria das famílias dos agentes
jovens pesquisados possui renda familiar mensal oscilando entre um e dois salários-mínimos
(41,7%), seguidos por uma diferença pequena de famílias que sobrevivem com renda familiar
mensal oscilando entre dois e cinco salários-mínimos (37,5%).
TABELA 9 - Caracterização da amostra em função da Renda Familiar
Frequência
Absoluta
Porcentagem
Até 01 SM
7
14,6
>1 até 2 SM
20
41,7
>2 até 5 SM
18
37,5
>5 até 10 SM
2
4,17
>10 até 30 SM
1
2,0
>30 até 50 SM
-
-
Total
48
100,0
N=48
78
5.2 A amostra estudada e suas habilidades intelectuais
5.2.1 Resultados da bateria BPR-5
A amostra que respondeu o instrumento conhecido como BPR-5 apresentou um
desempenho médio (percentil médio = 48,04 (DP = 16,77), dado que corresponde à média do
número de acertos da amostra como um todo em todas as provas de raciocínio que compõem
o teste. A partir do cálculo da média do desempenho das mulheres dessa amostra, é possível
constatar percentil médio de 27,69 e para os homens um percentil médio de 31,54.
A análise dos dados das provas de raciocínio, bem como o cálculo do percentil
equivalente ao desempenho de cada agente jovem que participou da pesquisa foi realizada
conforme informações fornecidas pelos autores nas normas de correção do manual técnico do
teste BPR-5, assim como as classificações utilizadas nas tabelas posteriores foram baseadas
nas descrições verbais mencionadas nesse mesmo manual.
Segundo Primi e Almeida. (2000), as descrições verbais referem-se a intervalos
específicos da escala de QI de desvio segundo estudos de Thorndike, Hagen e Sattler, de 1986
e são apresentadas na Tabela 10. Tais dados são alcançados após transformar o número de
acertos em cada prova em valores de EPN (Escores Padrões Normalizados) e, em seguida, a
partir de uma tabela de conversão em percentis e são esses últimos que definem o nível de QI
em que o indivíduo se encontra frente à população em que foi validado o teste.
TABELA 10 - Descrições Verbais de classificação a partir das faixas de percentil da BPR-5
Percentil
Descrição Verbal
00 02
Muito Inferior
03 08
Inferior
09 23
Média Baixa
25 73
Média
74 90
Média Alta
91 97
Superior
98 99
Muito Superior
79
Os percentis e as classificações que demonstram os resultados do desempenho dos
adolescentes dessa pesquisa para cada tipo de raciocínio da BPR-5 foram calculados e podem
ser observados a partir da Tabela 11 até a Tabela 17.
Considerando os dados referentes ao desempenho da amostra como um todo, para
cada tipo de raciocínio avaliado na Bateria de Provas BPR-5, é possível constatar que a média
de desempenho se mantém sempre na classificação média, portanto, não apresentou
oscilações significativas de desempenho que demonstrem desvios extremos da normalidade.
A Tabela 11 apresenta os desempenhos da amostra como um todo e a partir do gênero da
população pesquisada.
TABELA 11 - Tabela indicativa de Média de desempenho e classificação em cada Prova de
Raciocínio avaliado na BPR-5 para amostra como um todo, mulheres e homens
Média de Desempenho
para toda a amostra
Média de
Desempenho
para mulheres
Média de Desempenho
para homens
Raciocínio Verbal
35,85
37,30
34,13
Raciocínio
Abstrato
35,08
33,92
36,45
Raciocínio
Mecânico
43,68
36,35
52,36
Raciocínio
Espacial
32,33
32,96
31,59
Raciocínio
Numérico
39,08
37,69
40,73
Nota. Valores de desempenho na BPR-5 entre 25 a 73 representam classificação média no teste.
Os resultados evidenciam que a amostra apresentou desempenho muito semelhante no
teste, o que quer dizer que grande parte da população pesquisada obteve escores que
caracterizam a população na classificação média para o teste. Contudo, apesar de se manter na
mesma classificação, é possível constatar desempenho relativamente superior na prova de
Raciocínio Mecânico (Média de QI=43,68), com diferença, inclusive, entre o desempenho dos
homens (Média de QI=52,36) e das mulheres (Média de QI=36,35).
80
É interessante destacar que, considerando a forma de aplicação do teste, tanto os
agentes jovens que responderam à Forma A de aplicação, quanto os que responderam a Forma
B apresentaram percentis que caracterizam desempenho na classificação média conforme
estabelecido pelo manual. Entretanto, é importante mencionar que, na prova de raciocínio
espacial, os adolescentes que pertencem ao grupo que respondeu a forma A de aplicação
tiveram desempenho inferior à média geral do manual e foram classificados em desempenho
médio inferior (Média de desempenho = 14,81), o que evidencia que eles encontraram maior
dificuldade em resolver os problemas da prova que exigem esse tipo de raciocínio como pode
ser observado na Tabela 12.
TABELA 12 - Média de desempenho e classificação nas Provas de Raciocínio da BPR-5
conforme forma de aplicação
Média de
Desempenho
FORMA A
Média de
Desempenho
FORMA B
Raciocínio Verbal
39,31
34,12
Raciocínio Abstrato
27,56
38,84
Raciocínio Mecânico
44,87
43,09
Raciocínio Espacial
14,81
41,09
Raciocínio Numérico
23,94
46,66
Nota. Valores de desempenho na BPR-5 entre 25 e 75 representam
classificação media no teste e os valores entre 09 e 23 representam
classificação média inferior no teste.
O desempenho dos agentes jovens em cada raciocínio avaliado pela BPR-5 foi
calculado e será apresentado por meio da dia de QI dos mesmos nas provas, da frequência,
porcentagem e classificação em cada subteste.
Com relação ao subteste que avalia o raciocínio verbal, é possível perceber que
56,25% da amostra apresentou percentil que evidencia QI na classificação média para forma
81
A de aplicação, enquanto 46,87% dos adolescentes da forma B de aplicação apresentam esse
mesmo desempenho.
Entretanto, vale destacar que, além da grande concentração de agentes jovens com QI
na classificação média, os demais que não se encontram nessa faixa ainda se apresentam em
uma faixa estabelecida pelo manual como média, apesar de ser denominada de média inferior
e média superior, ou seja, existe uma quantidade inexpressiva de agentes jovens nas faixas
que caracterizam os desvios extremos do teste, como pode se constatado na Tabela 13.
TABELA 13 - Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio VERBAL da BPR-5
Classificação - Descrição
Verbal de Percentis
Padronizados
FORMA A
FORMA B
Frequência
Absoluta
Porcentagem
da Amostra
Frequência
Absoluta
Porcentagem
da Amostra
Muito Inferior
(QI: 00 02)
0
-
0
-
Inferior
(QI: 03-08)
2
12,50
2
6,25
Médio Inferior
(QI: 09 24)
3
18,75
12
37,50
Médio
(QI: 25 74)
9
56,25
15
46,87
Médio Superior
(QI: 75 90)
2
12,50
2
6,25
Superior
(QI: 91 - 97)
0
-
1
3,12
Muito Superior
(QI: 98 99)
0
-
0
-
Total
16
100,00
32
100,00
82
A análise da prova de raciocínio abstrato da BPR-5 indicou que 31,25% da amostra
obteve desempenho médio nessa prova para forma A de aplicação, ao passo que 56,25% dos
adolescentes alcançaram tal desempenho na foram B de aplicação. Tais evidências podem ser
observadas na Tabela 14. Além disso, observa-se também que a maior parte da população que
não se encontra na faixa média de desempenho, obteve desempenho inferior à média.
TABELA 14 - Tabela indicativa da Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio ABSTRATO da BPR-5
Classificação - Descrição
Verbal de Percentis
Padronizados
FORMA A
FORMA B
Frequência
Absoluta
Porcentagem da
Amostra
Frequência
Absoluta
Porcentagem da
Amostra
Muito Inferior
(QI: 00 02)
1
6,25
2
6,25
Inferior
(QI: 03-08)
4
25,00
2
6,25
Médio Inferior
(QI: 09 24)
4
25,00
6
18,75
Médio
(QI: 25 74)
5
31,25
18
56,25
Médio Superior
(QI: 75 90)
2
12,50
2
6,25
Superior
(QI: 91 - 97)
0
-
2
6,25
Muito Superior
(QI: 98 99)
0
-
0
-
Total
16
100,00
32
100,00
Considerando o desempenho da amostra na prova de raciocínio mecânico, os
resultados indicam que 75% da amostra que respondeu à forma de aplicação A apresentaram
desempenho considerada médio para a prova que exige raciocínio mecânico para sua
resolução, enquanto a população que respondeu a forma B de aplicação mantém resultante
semelhante (43,75%), embora não tão expressivo, com desempenho também na classificação
média do teste conforme Tabela 15.
83
TABELA 15 - Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio MECÂNICO da BPR-5
Classificação - Descrição
Verbal de Percentis
Padronizados
FORMA A
FORMA B
Frequência
Absoluta
Porcentagem da
Amostra
Frequência
Absoluta
Porcentagem da
Amostra
Muito Inferior
(QI: 00 02)
1
6,25
0
-
Inferior
(QI: 03-08)
0
-
5
15,63
Médio Inferior
(QI: 09 24)
1
6,25
7
21,86
dio
(QI: 25 74)
12
75,00
14
43,75
Médio Superior
(QI: 75 90)
1
6,25
3
9,37
Superior
(QI: 91 - 97)
1
6,25
2
6,25
Muito Superior
(QI: 98 99)
0
-
1
3,12
Total
16
100,00
32
100,00
considerando a prova de raciocínio espacial da BPR-5, os agentes jovens da forma
A de aplicação mantiveram desempenho concentrado nas classificações média e média
inferior, ambos com 37,5%; além disso, não houve nenhum adolescente que tenha
apresentado desempenho maior que esse, o que evidencia baixo desempenho e maior
dificuldade em resolver tais exercícios. Contudo, em se tratando dos sujeitos que responderam
a forma B de aplicação, o desempenho apresentou-se relativamente melhor, com concentração
da maioria no desempenho médio (56,25%) e, ainda, com alguns casos de desempenho
superiores à média, inclusive com adolescentes apresentando desempenho na classificação
superior e muito superior. Tais resultados podem ser conferidos na Tabela 16.
84
TABELA 16 - Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio ESPACIAL da BPR-5
Classificação -
Descrição Verbal de
Percentis Padronizados
FORMA A
FORMA B
Frequência
Absoluta
Porcentagem da
Amostra
Frequência
Absoluta
Porcentagem
da Amostra
Muito Inferior
(QI: 00 02)
0
-
0
-
Inferior
(QI: 03-08)
4
25,00
3
9,37
Médio Inferior
(QI: 09 24)
6
37,50
8
25,00
Médio
(QI: 25 74)
6
37,50
18
56,25
Médio Superior
(QI: 75 90)
0
-
1
3,12
Superior
(QI: 91 - 97)
0
-
1
3,12
Muito Superior
(QI: 98 99)
0
-
1
3,12
Total
16
100,00
32
100,00
Analisando os resultados da amostra que respondeu a prova de raciocínio numérico da
BPR-5 por meio da Tabela 17, é possível perceber que a maioria da população, independente
da forma de aplicação, encontra-se na classificação média de desempenho, sendo 68,75% da
amostra na forma A e 75% da amostra na forma B obtiveram desempenho médio. Mais uma
vez, os agentes jovens da forma B de aplicação demonstraram desempenho considerado
superior e muito superior nessa prova, o que não aconteceu com os adolescentes da forma A
de aplicação.
85
TABELA 17 - Tabela indicativa de Média de desempenho, classificação, frequência e
porcentagens da amostra para desempenho na Prova de Raciocínio NUMÉRICO da BPR-5
Classificação - Descrição
Verbal de Percentis
Padronizados
FORMA A
FORMA B
Frequência
Absoluta
Porcentagem da
Amostra
Frequência
Absoluta
Porcentagem da
Amostra
Muito Inferior
(QI: 00 02)
0
-
0
-
Inferior
(QI: 03-08)
3
18,75
0
-
Médio Inferior
(QI: 09 24)
2
12,50
5
15,62
Médio
(QI: 25 74)
11
68,75
24
75,00
Médio Superior
(QI: 75 90)
0
-
1
3,12
Superior
(QI: 91 - 97)
0
-
1
3,12
Muito Superior
(QI: 98 99)
0
-
1
3,12
Total
16
100,00
32
100,00
As provas de raciocínio BPR-5 foram submetidas a análise de correlações de Pearson,
segundo a forma de aplicação, e os resultados e as correlações possíveis podem ser
observados nas Tabelas 18 e 19.
Quando se separou a amostra em função da forma de aplicação das provas da bateria
BPR-5 e a forma analisada foi a forma A (alunos que frequentam de sexta a oitava séries), não
se observou qualquer correlação significativa entre os subtestes da prova, conforme se
evidencia na Tabela 18. Porém quando se analisou a forma B de aplicação (alunos que
86
frequentam de primeira a terceira séries do segundo grau), todos os subtestes se
correlacionaram de acordo com a tabela 19.
TABELA 18 - Tabela de Correlações entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 para Forma A
de aplicação
Raciocínio
Verbal
Raciocínio
Abstrato
Raciocínio
Mecânico
Raciocínio
Espacial
Raciocínio
Numérico
Raciocínio Verbal
1
,047
,461
-,447
,293
Raciocínio Abstrato
1
,469
-,036
,004
Raciocínio Mecânico
1
,088
-,024
Raciocínio Espacial
1
,256
Raciocínio Numérico
1
Nota. **p<0,01. * p>0,05. N = 16
Tabela 19 Tabela de Correlações entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 para Forma B de
aplicação
Raciocínio
Verbal
Raciocínio
Abstrato
Raciocínio
Mecânico
Raciocínio
Espacial
Raciocínio
Numérico
Raciocínio Verbal
1
,646**
,546**
,688**
,702**
Raciocínio Abstrato
1
,335
,678**
,386*
Raciocínio Mecânico
1
,591**
,568**
Raciocínio Espacial
1
,738**
Raciocínio Numérico
1
Nota. **p<0,01. * p>0,05. N = 32
A parte da amostra que respondeu o teste na Forma A de aplicação é composta por
oito mulheres e oito homens, com desempenho médio de 18,63 (DP = 14,49). Para as
mulheres, o QI médio foi de 15,75 e para os homens o QI médio foi de 21,87.
Por meio da comparação entre as médias dos dois grupos, homens e mulheres que
responderam a Forma A de aplicação da BPR-5, obtidas a partir da análise dos dados pelo
87
Teste t, foi possível constatar que não há diferença significativa entre as formas de raciocínio
pesquisadas, como é possível constatar na Tabela 20.
TABELA 20 - Comparação entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma A de Aplicação
Teste t
T
DF
Sig(2 tailed)
Raciocínio
Verbal
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,788
-,788
14
12,113
,444
,446
Raciocínio
Abstrato
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,857
,857
14
13,865
,406
,406
Raciocínio
Mecânico
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,944
,944
14
11,041
,361
,365
Raciocínio
Espacial
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,581
,581
14
13,997
,571
,571
Raciocínio
Numérico
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,655
-,655
14
12,706
,523
,524
a parte da amostra que respondeu o teste sob a forma de aplicação B foi formada
por dezoito mulheres e quatorze homens, com média de QI igual 34,71 (DP = 27,05), com QI
médio de 33 para as mulheres e QI médio de 36,93 para os homens.
Considerando a Forma B de aplicação, de acordo com a Tabela 21, é possível
constatar que diferença significativa na performance entre homens e mulheres para
88
raciocínio mecânico (t(30)= 2,283 / p=0,030), com homens apresentando uma média de
quatro pontos brutos a mais que as mulheres.
TABELA 21 - Comparação entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma de Aplicação B
Teste t
T
DF
Sig. (2-tailed)
Raciocínio
Verbal
Variância igual assumida
Variância igual não
assumida
,113
,109
30
23,577
,910
,914
Raciocínio
Abstrato
Variância igual assumida
Variância igual não
assumida
-,833
-,757
30
15,998
,411
,460
Raciocínio
Mecânico
Variância igual assumida
Variância igual não
assumida
2,283
2,185
30
22,365
0,030
,040
Raciocínio
Espacial
Variância igual assumida
Variância igual não
assumida
,677
,658
30
24,429
,504
,517
Raciocínio
Numérico
Variância igual assumida
Variância igual não
assumida
,511
,496
30
24,217
,613
,625
89
5.2.2 Resultados do Teste Raven
Toda a amostra respondeu ao teste Raven e apresentou média de 70,65% de acertos no
teste como um todo (DP = 20,13). Os resultados apontaram que a maior parte da população
pesquisada (43,75%) apresentou desempenho médio, na faixa de percentil 50. Entretanto, é
possível constatar que uma parcela considerável dos adolescentes participantes se encontra
com percentil 95 (23%), o que é classificado como superior pelo manual do teste. Ainda
conforme o manual, a classificação do desempenho dos adolescentes da amostra pode ser
evidenciada na Tabela 22.
TABELA 22 - Caracterização da amostra para desempenho no Raven
Frequência
Porcentagem
Percentil 50
21
43,75
Percentil 75
07
14,6
Percentil 90
07
14,6
Percentil 95
11
23,00
Percentil acima de 95
02
4,17
Total
48
100,00
N=48
A partir de análise dos dados pelo Teste t, é possível constatar que não há diferença
significativa no desempenho entre homens e mulheres para o teste Raven (t(46) = 1,704 / p =
0,095), conforme pode se identificar na Tabela 23.
TABELA 23 - Comparação entre os desempenhos no teste Raven entre homens e mulheres
RAVEN
Teste t
T
DF
Sig. (2-tailed)
1,704
46
,095
Nota: Índice de Confiabilidade de 95%.
90
5.3 A Amostra Estudada com relação aos dados sobre PERCEPÇÃO DE RISCO
Por meio dos valores fornecidos pelos participantes da amostra a cada item da Escala
de percepção de risco e intenção de apresentar comportamento de risco de Lopes et al. (em
preparação), as médias e os desvios-padrão dos escores obtidos foram calculados e os
resultados podem ser observados na Tabela 24.
TABELA 24 - Médias e Desvios-padrão de percepção de risco e intenção de apresentar
comportamentos de risco para a amostra como um todo
Percep
Legal/ético
Percep
Saúde
Percep
Social
Comp
Legal/ético
Comp
Saúde
Comp
Financ
Comp
Social
Média
3,58
3,5
2,80
4,32
1,93
2,38
2,87
Desvio-
padrão
0,98
0,85
0,98
1,59
0,92
0,74
0,85
Nota: PERCEP = Percepção. COMP = Comportamento.
É possível observar a existência de valores equivalentes representando as maiores
médias entre as respostas da percepção de risco para risco legal/ético e para risco à saúde,
entretanto apenas o risco legal/ético se mantém como a maior média entre os riscos
identificados para intenção de apresentar comportamento arriscado.
quando se considerou a forma de aplicação da BPR-5 foi possível constatar, por
meio da Tabela 25, que entre os agentes jovens que responderam a forma A de aplicação, o
risco legal/ético foi percebido como o risco de maior intensidade, seguido pela percepção de
risco à saúde, enquanto, no comportamento de risco, todos foram classificados com
probabilidade semelhante de intenção de engajar-se, apesar de todos terem obtido valores
médios menores.
91
TABELA 25 - Médias e Desvios-padrão de percepção de risco e intenção de apresentar
comportamentos de risco conforme a forma de aplicação
Percep
Legal/
ético
Percep
Saúde
Percep
Social
Comp
Legal/
ético
Comp
Saúde
Comp
Financ
Comp
Social
FORMA A
Média
3,19
3,02
2,77
2,34
2,58
2,55
2,51
DP
1,15
1,04
0,90
0,95
0,71
0,84
0,87
FORMA B
Média
3,78
3,71
2,81
1,98
1,90
2,29
3,04
DP
0,83
0,65
1,01
1,15
0,80
0,68
0,79
Nota: PERCEP = Percepção. COMP = Comportamento.
Na Tabela 26, por sua vez, é possível identificar que não houve diferenças
significativas no que tange aos valores das médias e desvios-padrão entre homens e mulheres
quanto aos escores atribuídos na escala de percepção de risco e intenção de engajar-se em
comportamento arriscado de Lopes et al. (em preparação). A percepção de risco legal/ético
evidenciou maior média seguida pelo resultado da percepção de risco à saúde tanto entre os
homens quanto entre as mulheres da população pesquisada. Os menores escores foram
atribuídos à intenção de engajar-se em comportamentos de risco à saúde, o que indica que
independente do gênero, os adolescentes da amostra pesquisada possuem menor intenção de
engajar-se em ações que possam gerar prejuízos a seu bem-estar físico e psicológico e à sua
segurança.
TABELA 26 - Médias e Desvios-padrão de percepção de risco e intenção de apresentar
comportamentos de risco conforme o gênero
Percep
Legal/
Ético
Percep
Saúde
Percep
Social
Comp
Legal/
ético
Comp
Saúde
Comp
Financ
Comp
Social
HOMENS
Média
3,55
3,47
2,80
2,62
1,96
2,39
2,58
DP
1,03
0,87
0,83
0,88
1,01
0,73
0,73
MULHERES
Média
3,61
3,48
2,79
2,40
1,89
2,36
3,11
DP
0,95
0,86
1,10
0,72
0,86
0,77
0,87
Nota: PERCEP = Percepção. COMP = Comportamento.
92
5.3.1 Análise das correlações
Observou-se apenas uma correlação positiva e moderada entre percepção de risco
legal/ético e Percepção de risco à saúde, ou seja, quanto maior a percepção de risco
legal/ético, maior a percepção de risco à saúde (r = 0, 696 para p<0,01) como se pode
constatar na Tabela 27.
TABELA 27 - Correlações de Pearson entre os fatores da escala de Percepção de Risco
Perc Risco
Legal/ético
Perc Risco
Social
Perc Risco Saúde
Perc Risco Legal/ético
1
,174
,696**
Perc Risco Social
,174
1
,267
Perc Risco Saúde
,696**
,267
1
Nota: PERCEP = Percepção. **p<0,01. *p>0,05. N = 48.
Quanto às correlações entre percepção de risco e às subescalas da BPR-5 para a
amostra como um todo, observou-se que existem correlações significativas entre raciocínio
verbal e percepção de risco legal/ético (r = 0,313, p<0,05) e entre raciocínio verbal e
percepção de risco à saúde (r = 0,312 p< 0,05), conforme Tabela 28.
Ainda na Tabela 28, é possível destacar que, quanto às correlações entre percepção de
risco e o percentual de acertos no Raven, existe apenas uma correlação significativa entre a
porcentagem de acertos no Raven e a percepção de risco legal/ética (r = 0, 298 para p< 0,05).
Essa correlação significa que quanto maior a porcentagem de acerto no Raven, maior a
percepção de risco legal/ético.
93
TABELA 28 - Correlações entre os fatores da escala de percepção de risco, as subescalas da
BPR-5 e a Prova de Raven para a amostra como um todo
Rac
Verbal
Rac
Abstrato
Rac
Mecânico
Rac
Espacial
Rac
Numérico
% no
Raven
Perc Risco
Legal/ético
,313*
,196
,128
,159
,230
,298*
Perc Risco
Social
,222
-,016
,275
,186
,230
,202
Perc Risco
Saúde
,312*
,225
,221
,202
,141
,211
Nota: PERCEP = Percepção. RAC = Raciocínio. **p<0,01. *p>0,05. N = 48.
Considerando a parte da amostra que respondeu a forma A de aplicação, foi possível
constatar que existem correlações significativas entre percepção de risco legal/ético e
percepção de risco social (r = 0,548 p< 0,05) e percepção de risco legal/ético e percepção de
risco à saúde (r = 0,803 p< 0,05). Tais correlações podem ser verificadas na Tabela 29.
TABELA 29 - Correlações de Pearson entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma de
Aplicação A e fatores da escala de Percepção de Risco
Rac
Verbal
Rac
Abstrato
Rac
Mecânico
Rac
Espacial
Rac
Numérico
Per
Legal
Per
Social
Per
Saúde
Raciocínio
Verbal
1
,047
,461
-,447
,293
,457
,365
,322
Raciocínio
Abstrato
1
,469
-,036
,004
,061
-,048
,032
Raciocínio
Mecânico
1
,088
-,024
,349
,465
,382
Raciocínio
Espacial
1
,256
-,337
,209
-,295
Raciocínio
Numérico
1
-,101
,315
-,212
Percepção
Legal
1
,548
,803
Percepção
Social
1
,357
Percepção
Saúde
1
Nota: PERCEP = Percepção. RAC = Raciocínio. **p<0,01. *p>0,05. N = 16.
94
Da mesma forma, a análise da parte da amostra que respondeu a forma de aplicação B
da BPR-5 demonstrou apenas uma correlação significativa entre percepção de risco legal/ético
e percepção de risco à saúde (r = 0,383 p< 0,05), conforme Tabela 30.
É interessante notar que a correlação entre a percepção de risco legal/ético e a
percepção de risco social desaparece e a percepção de risco legal/ético e a percepção de risco
à saúde diminui de magnitude.
TABELA 30 - Correlações de Pearson entre as Provas de Raciocínio da BPR-5 Forma de
Aplicação B e fatores da escala de Percepção de Risco
Rac
Verbal
Rac
Abstrato
Rac
Mecânico
Rac
Espacial
Rac
Numérico
Per
Legal
Per
Social
Per
Saúde
Raciocínio
Verbal
1
,646**
,546**
,688**
,702**
-,095
,180
,134
Raciocínio
Abstrato
1
,335
,678**
,386**
,019
,013
,213
Raciocínio
Mecânico
1
,591**
,568**
-,063
,229
,121
Raciocínio
Espacial
1
,738**
-,106
,259
,132
Raciocínio
Numérico
1
-,017
,291
,012
Percepção
Legal
1
-,053
,383*
Percepção
Social
1
,273
Percepção
Saúde
1
Nota: PERCEP = Percepção. RAC = Raciocínio. **p<0,01. *p>0,05. N = 32.
95
5.3.2 Análise da diferença entre os sexos
Realizou-se um Teste t para verificar a diferença entre os sexos para a amostra como
um todo, para a parte da amostra em que se aplicou a forma A e para a parte da amostra em
que se aplicou a forma B. A partir de tais análises, foi possível constatar que houve diferença
significativa entre homens e mulheres na amostra como um todo quando a variável estudada
foi percepção de risco legal/ético e percepção de risco à saúde, conforme a Tabela 31.
Esse resultado evidenciou que, apesar de se tratar de uma diferença relativamente
pequena, as mulheres apresentaram maior percepção de risco legal/ético assim como
percebem mais os riscos à saúde e à segurança, isto é, as mulheres compreendem ações que
ameaçam seu bem-estar biopsicológico e as ações geradoras de prejuízos legais e morais em
intensidade maior que os homens.
96
TABELA 31 - Comparação entre a Percepção de Risco e as Provas de Raciocínio da BPR-5
para a amostra como um todo, a Forma de Aplicação A e a Forma de Aplicação B
Teste t
T
DF
Sig. (2-tailed)
Percepção Risco
Legal/ético
TODO
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-3,544
-2,890
46
18,987
,001
,009
Percepção Risco
Social
TODO
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,157
,162
46
33,058
,876
,872
Percepção Risco
Saúde
TODO
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-2,507
-2,103
46
20,013
,016
,048
Percepção Risco
Legal/ético
Forma A
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,322
,322
14
13,806
,752
,752
Percepção Risco
Social
Forma A
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,000
,000
14
13,885
1,000
1,000
Percepção Risco
Saúde
Forma A
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
1,722
1,722
14
13,964
,107
,107
Percepção Risco
Legal/ético
Forma B
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,086
-,086
30
28,357
,932
,932
Percepção Risco
Social
FORMA B
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,229
,236
30
29,984
,821
,815
Percepção Risco
Saúde
FORMA B
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-1,225
-1,166
30
21,709
,230
,256
5.4 A Amostra Estudada com relação aos dados sobre intenção de apresentar
COMPORTAMENTO DE RISCO
5.4.1 Análise das correlações
No que tange às variáveis relativas à intenção de apresentar comportamento de risco
apresentaram-se correlações para a amostra como um todo entre comportamento de risco
legal/ético e comportamento de risco à saúde (r = 0,483 p< 0,01); comportamento de risco
97
legal/ético e comportamento de risco financeiro (r = 0,305 p < 0,05) e comportamento de
risco à saúde e comportamento de risco financeiro (r = 0,298 p < 0,05), segundo a Tabela 32.
A partir de tais análises, é possível indicar que, quanto maior a intenção de apresentar o
comportamento de risco legal/ético, maior o escore da intenção de apresentar comportamento
de risco à saúde (r = 0,483 p< 0,05), e maior também a intenção de apresentar o
comportamento de risco financeiro (r = 0,305 p< 0,05). Além disso, observa-se uma correlação
entre intenção de apresentar comportamento de risco à saúde e intenção de apresentar de risco
financeiro (r = 0,298 p< 0,05).
TABELA 32 Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco para a
amostra como um todo
Comp Risco
Legal/ético
Comp Risco
Saúde
Comp Risco
Financeiro
Comp Risco
Social
Comportamento
Risco
Legal/ético
1
,483*
,305*
,178
Comportamento
Risco Saúde
1
,298*
,281
Comportamento
Risco Financeiro
1
,217
Comportamento
Risco Social
1
Nota: **p<0,01. *p>0,05. N = 48.
Com relação à intenção de apresentar comportamento de risco e as subescalas do
BPR-5 para a amostra como um todo, é possível constatar na Tabela 33 que existe apenas
uma correlação positiva entre raciocínio verbal e comportamento de risco social (r = 0,296 p<
0,05).
Ainda a partir da observação da Tabela 33 é possível afirmar que não nenhuma
correlação entre as formas de comportamento de risco avaliadas e o percentil ou percentual de
acertos no Raven.
98
TABELA 33 - Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco, as
subescalas da BPR-5 e a Prova de Raven para a amostra como um todo
Raciocínio
Verbal
Raciocínio
Abstrato
Raciocínio
Mecânico
Raciocínio
Espacial
Raciocínio
Numérico
RAVEN
Comp. Risco
Legal/ético
,158
,116
,281
,155
-,012
,148
Comp. Risco
Saúde
,123
,020
,049
,034
-,058
,014
Comp. Risco
Financeiro
,140
-,181
,256
,015
-,035
-,068
Comp. Risco
Social
,296*
,175
,204
,134
,147
,164
Nota: COMP = Comportamento. **p<0,01. *p>0,05. N = 48.
Quando se separou a amostra em função da forma A de aplicação da BPR-5
observaram-se as seguintes correlações: entre comportamento de risco legal/ético e
comportamento de risco à saúde (r = 0,725 p< 0,01); comportamento de risco legal/ético e
comportamento de risco social (r = 0,573 p< 0,01) e por fim, comportamento de risco à saúde
e comportamento risco social (r = 0,652 p< 0,01). Essas correlações podem ser verificadas
segundo a Tabela 34.
TABELA 34 - Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco para a
Forma A de aplicação das subescalas da BPR-5
Comp
Legal/
ético
Comp
Saúde
Comp
Finan
Comp
Social
Rac
Verbal
Rac
Abstrato
Rac
Mec
Rac
Espacial
Rac
Numérico
Comp
Legal/ético
1
,725**
,488
,573*
-,022
-,275
-,220
-,378
-,631**
Comp
Saúde
1
,251
,652**
-,007
-,160
-,228
-,201
-,272
Comp
Finan.
1
,309
,160
-,257
,020
-,008
-,233
Comp
Social
1
,378
-,024
,145
-,266
-,155
Raciocínio
Verbal
1
,047
,461
-,447
,293
Raciocínio
Abstrato
1
,469
-,036
,004
Raciocínio
Mecânico
1
,088
-,024
Raciocínio
Espacial
1
,256
Raciocínio
Numérico
1
Nota: COMP = Comportamento. RAC = Raciocínio. RAC FINAN = Raciocínio Financeiro. RAC
MEC = Raciocínio Mecânico. **p<0,01. *p>0,05. N = 16.
99
a partir da observação e análise da Tabela 35, é possível perceber que na parte da
amostra que respondeu a Forma B de aplicação, não se observou qualquer correlação entre as
formas de comportamento de risco avaliadas. No entanto, foi possível verificar a presença de
correlações entre raciocínio mecânico e comportamento de risco legal/ético (r = 0,449 p<
0,01) e entre raciocínio mecânico e comportamento de risco financeiro (r = 0,386 p< 0,05).
TABELA 35 Correlações entre os fatores da escala de Comportamento de Risco e as
subescalas da BPR-5 para a Forma B
Comp
Legal/
ético
Comp
Saúde
Comp
Finan
Comp
Social
Rac
Verbal
Rac
Abstrato
Rac
Mec
Rac
Espacial
Rac
Numérico
Comp
Legal/ético
1
,330
,215
-,064
,232
,317
,449**
,253
,147
Comp
Saúde
1
,332
,075
,283
,214
,191
,191
,106
Comp
Finan.
1
,230
,203
-,079
,386*
,135
,167
Comp
Social
1
,136
,152
,196
,018
,037
Raciocínio
Verbal
1
,646**
,546**
,688**
,702**
Raciocínio
Abstrato
1
,335
,678**
,386*
Raciocínio
Mecânico
1
,591**
,568**
Raciocínio
Espacial
1
,738**
Raciocínio
Numérico
1
Nota: COMP = Comportamento. RAC = Raciocínio. COMP FINAN = Comportamento Financeiro.
RAC MEC = Raciocínio Mecânico. **p<0,01. *p>0,05. N = 32.
100
5.4.2 Análise da diferença entre os sexos
Realizou-se um Teste t para verificar a diferença entre os sexos para a amostra como
um todo, para a parte da amostra em que se aplicou a forma A e para a parte da amostra em
que se aplicou a forma B. Os resultados apontados na Tabela 36 indicam que não houve
diferença significativa em nenhuma das análises realizadas.
TABELA 36 - Comparação entre o Comportamento de Risco e as Provas de Raciocínio da
BPR-5 para a amostra como um todo, Forma de Aplicação A e a Forma de Aplicação B
Teste t
T
DF
Sig. (2-tailed)
Comportamento
Risco
Legal/ético
TODO
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,648
,639
46
41,241
,520
,527
Comportamento
Risco Saúde
TODO
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,528
,516
46
38,984
,600
,609
Comportamento
Risco Financeiro
TODO
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,249
-,250
46
45,648
,805
,803
Comportamento
Risco Social
TODO
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-1,288
-1,304
46
45,973
,204
,199
Comportamento
Risco
Legal/ético
Forma A
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,821
,821
14
13,713
,425
,425
Comportamento
Risco Saúde
Forma A
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,552
,552
14
12,141
,590
,591
Comportamento
Risco Financeiro
Forma A
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,191
-,191
14
13,641
,851
,851
Comportamento
Risco Social
Forma A
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,447
-,447
14
13,720
,662
,662
Comportamento
Risco
Legal/ético
Forma B
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,233
,227
30
24,549
,817
,823
Comportamento
Risco Saúde
Forma B
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,141
,140
30
26,721
,889
,890
Comportamento
Risco Financeiro
Forma B
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,213
-,221
30
29,955
,833
,827
Comportamento
Risco Social
Forma B
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-1,160
-1,180
30
29,528
,255
,247
101
5.5 Análise das amostras separadas pelas Formas (A e B) de aplicação da BPR-5
De acordo com a aplicação de um Teste t, para identificar diferenças no desempenho
das duas partes da amostra que responderam formas diferentes de aplicação da BPR-5 quanto
à intenção de apresentar comportamento de risco, foi possível observar, na Tabela 37, que
diferença significativa quanto ao comportamento de risco social. A parte da amostra relativa à
forma de aplicação B apresentou escores de intenção de apresentar comportamento de risco
social maior que a parte da amostra em que se aplicou a forma A.
É possível evidenciar, ainda, que há diferença significativa também entre os dois
grupos nos seguintes subtestes: raciocínio verbal, raciocínio abstrato, espacial e numérico. Em
todos os casos o grupo em que se aplicou a Forma B demonstrou escores maiores que o grupo
em que se aplicou a forma A.
102
TABELA 37 - Comparação entre o Comportamento de Risco e as Provas de Raciocínio da
BPR-5
Teste t
T
DF
Sig. (2-tailed)
Comportamento
Risco
Legal/ético
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,708
-,692
46
28,422
,483
,494
Comportamento
Risco Saúde
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,379
,337
46
22,623
,706
,739
Comportamento
Risco
Financeiro
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
,735
,686
46
25,274
,466
,499
Comportamento
Risco Social
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-2,002
-1,986
46
29,467
,051
,056
Raciocínio
Verbal
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-2,265
-2,107
46
25,076
,028
,045
Raciocínio
Abstrato
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-2,526
-2,348
46
25,017
,015
,027
Raciocínio
Mecânico
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-,790
-,901
46
41,969
,433
,373
Raciocínio
Espacial
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-4,779
-5,862
46
45,975
,000
,000
Raciocínio
Numérico
Variância igual assumida
Variância igual não assumida
-4,774
-5,050
46
35,050
,000
,000
No que tange às variáveis percepção e intenção de apresentar comportamento de risco,
não houve correlações significativas, o que pode indicar que, nessa amostra, percepção de
risco e intenção de comportar-se arriscadamente são fenômenos mentais independentes
conforme a Tabela 38.
103
TABELA 38 - Correlações de Pearson entre fatores da escala de Percepção de Risco e fatores
da escala de comportamento de risco
Comp
Legal/ético
Comp
Saúde
Comp
Financ
Comp
Social
Percep
Legal/ético
Percep
Saúde
Percep
Social
Comp
Legal/ético
1
,483**
,305*
,178
,019
-,035
,186
Comp
Saúde
1
,298*
,281
-,134
,054
,020
Comp
Financ
1
,217
-,194
,172
-,131
Comp
Social
1
,177
,054
,198
Percep
Legal/ético
1
,174
,696**
Percep
Saúde
1
,267
Percep
Social
1
Nota: COMP = Comportamento. PERCEP = Percepção. COMP FINAN = Comportamento.
Financeiro. **p<0,01. *p>0,05. N = 48.
104
105
CAPÍTULO 6
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Essa discussão foi dividida em três tópicos, com a finalidade de facilitar a
compreensão do leitor acerca dos dados. A primeira parte discute as características da amostra
estudada e seus fatores de risco e a segunda e terceira partes discutem as correlações
encontradas nesse estudo.
6.1 A amostra estudada e os fatores de risco
Esta pesquisa teve como objetivo analisar as variáveis percepção de risco, intenção de
apresentar comportamento de risco e suas relações com os níveis de habilidades cognitivas
(inteligência), em uma amostra socialmente vulnerável a interferências de variáveis
socioeconômicas para o desenvolvimento integral de crianças e jovens na sociedade atual e
que por isso integravam o Projeto: Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano.
Esse projeto em parceria com a prefeitura de uma das cidades do Triângulo Mineiro atende
adolescentes carentes que vivem em situação de risco social e que estão cadastradas no Centro
de Referência a Assistência Social (CRAS). Dessa forma, cabe destacar que o grupo
escolhido, apesar de exposto a diversos desses fatores de risco, estava vinculado a um Projeto
de assistência social que se propunha a conservar a integridade social e humana desses jovens,
evitando que sejam afetados pelos riscos que os circundam.
Esses adolescentes apresentaram média de idade de dezesseis anos, escolarização
concentrada nos últimos anos dos ensinos Fundamental e Médio e pertencem a ambos os
106
sexos, como apontaram as Tabelas 5 e 6. Esses dados, associados à baixa escolaridade dos
pais (inferior à dos filhos) e à baixa condição socioeconômica, indicam que as características
da amostra estudada, por si, representam fatores que ampliam a situação de risco desses
participantes, conforme destacam Camargo (1999) e Feijó e Oliveira, (2001). Esses autores
destacam que a adolescência é o período mais propício para a busca de novas experiências e,
consequentemente, para adoção de novos comportamentos de risco.
Todavia, outros dados garantem que a população pesquisada se enquadra em outros
critérios que caracterizam a situação de vulnerabilidade social em que esses jovens e suas
respectivas famílias se encontram. O próprio CRAS, um dos órgãos responsáveis pelo Projeto
Agente Jovem, é definido pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) como uma
unidade pública, de base municipal, que compõe o Sistema Único de Assistência Social
(SUAS) e que deve ser instalado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco
social. Tem como meta de funcionamento a promoção de serviços e programas
socioassistenciais que viabilizem a proteção social básica às famílias e aos indivíduos que
pertencem a essas regiões. Isso significa que cada adolescente inscrito nesse Projeto, bem
como os demais membros de sua família, atende a pelo menos um dos requisitos de
participação e atendimento do CRAS.
Para tanto, vale destacar que os indicadores estabelecidos pelo MDS como critérios
que caracterizam vulnerabilidade social foram definidos pela Norma Operacional Básica do
SUAS, e assim como já foi destacado na introdução deste trabalho, são eles:
Questões relacionadas à precariedade de infraestrutura das residências das famílias do
bairro atendido;
presença de crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência em famílias com
renda até meio salário-mínimo;
107
famílias que possuem como responsáveis analfabetos ou pessoas com baixa
escolaridade;
famílias que possuem mulheres sem cônjuge como chefes de famílias;
famílias com responsáveis desempregados e sem outros membros que possam
colaborar para o sustento de seus membros;
Famílias em situação de trabalho infantil ou com presença de crianças e adolescentes
em idade escolar obrigatória fora da escola;
Além dos citados acima, o MDS considera outros indícios possíveis de serem obtidos
a partir das estatísticas nacionais que, combinados, podem representar situações agravantes de
vulnerabilidade social e de reprodução da pobreza entre gerações (Brasil, Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome MDS, n.d.).
Seguindo uma das exigências do MDS, o CRAS deve estar situado em um bairro
considerado de maior vulnerabilidade social da cidade, logo, é possível concluir que segundo
estudos promovidos pelo CEPEDE (Centro de Pesquisas e Apoio ao Desenvolvimento
Econômico e Social de Tupaciguara), arquivados e apresentados à pesquisadora pela equipe
responsável pelo Projeto Agente Jovem, a maioria da população atendida pelo Projeto vive
em um dos bairros considerados de periferia da cidade, no qual é possível constatar ausência
de asfaltamento em grande parte das ruas do bairro, casas sem infraestrutura mínima de
habitação, falta de iluminação pública em muitos locais do bairro, grande parte da população
que depende da doação ou do fornecimento de cestas básicas por órgãos assistenciais da
cidade, número elevado de famílias que dependem da renda fornecida pelo programa Bolsa-
Família do Governo Federal, bem como estruturas familiares marcadas por situações
destacadas por meio dos indicadores já apontados acima.
108
Além disso, vale ressaltar que, por meio de informações fornecidas por órgãos como o
IBGE e o SEBRAE MINAS, que o município conta com população estimada até o ano de
2004 de 23610 habitantes, a renda per capita do município não supera R$244,83, o IDH-M
(Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) até o ano 2000 era de 0,78 e a população
economicamente ativa (PEA) até o ano de 1998 era de 9245 habitantes. Desses, 55% da PEA
trabalha na agricultura e na pecuária, seguido pelo setor terciário com 33% e, por fim, o
secundário com 12%, segundo pesquisas do CEPEDE. Diante desse contexto, vale mencionar
que a cidade onde este trabalho foi realizado é considerada uma cidade pequena na região
norte do Triângulo Mineiro e que, segundo relato da equipe técnica responsável pelo projeto,
tem sofrido com o crescimento assustador da criminalidade e com o aumento do número de
ocorrências policiais envolvendo violência, tráfico de drogas e prostituição, em sua maioria
concentrados na região da cidade onde es instalado o CRAS e, consequentemente, bem
próximo à realidade dos agentes jovens estudados na pesquisa. Esse contexto é representativo
de inúmeras cidades pequenas do interior do País, o que torna os dados deste estudo
relevantes para esclarecer melhor alguns aspectos ligados à percepção e comportamento de
risco em amostras com essas peculiaridades.
Diante desses apontamentos, é interessante ressaltar novamente que a renda da família
dos participantes desse estudo oscilou entre um e dois salários-mínimos (com 47,5% das
respostas), seguida pela renda entre dois e cinco salários-mínimos (segunda resposta mais
frequente entre eles) como é possível constatar na Tabela 09.
A partir dessas informações, faz-se necessário destacar que uma renda mensal entre
dois e cinco salários-mínimos pode representar um orçamento relativamente alto para famílias
consideradas em situação de vulnerabilidade social, contudo a renda familiar não deve ser
analisada separadamente dos outros fatores assinalados pelo MDS, mesmo porque, conforme
determinação desse Ministério, a renda per capita da família assistida pelo CRAS não deve
109
superar meio salário-mínimo. Uma das explicações possíveis para esse dado é o fato de
existirem famílias com muitos membros que dependem desse orçamento para garantir sua
sobrevivência e que contribuem como força de trabalho assalariado, contudo a renda per
capita é pequena na família. Esse dado não foi investigado nesta pesquisa, já que essa
informação representa, por si , uma das condições para que o adolescente se inscreva no
Projeto Agente Jovem.
Outra informação que deve ser considerada na realidade desses jovens, segundo
informações fornecidas pela equipe técnica do Projeto, é o desconhecimento dos jovens do
valor real da renda familiar, em virtude de uma falta de comunicação entre os jovens e seu
núcleo familiar. Observa-se ainda, oscilações no valor da renda da família devido ao grande
número de membros, visto que, muitas vezes, as famílias dependem de doações para garantir
vestuário, alimentação e medicação suficiente para a sobrevivência de seus membros, o que
torna o orçamento familiar flutuante.
Além disso, durante a coleta de dados, vários participantes questionaram a
pesquisadora o valor do salário-mínimo. Tal desconhecimento pode ser atribuído à faixa
etária do grupo pesquisado, considerando que essa informação parece não despertar interesse
entre os adolescentes; ou ainda, em função de não ser o salário-mínimo um valor de referência
para os jovens dessa realidade social.
A presença constante de indícios que reforçam a marginalização econômica que essa
população vivencia em seu dia a dia era esperada, contudo vale destacar que as condições
socioeconômicas adversas na família se constituem como aspecto capaz de ampliar a situação
de risco de seus membros.
Recuperando o conceito de risco muito utilizado por autores da Psicologia do
desenvolvimento (Bandeira, Koller, Hutz, & Forster, 1996), constitui situação de risco toda
110
circunstância em que o desenvolvimento da criança e do adolescente não atende às
expectativas e o potencial esperado para a faixa etária do mesmo de acordo com os
parâmetros de sua cultura. Da mesma forma, Aun (2005) aponta para uma realidade em que as
famílias mais pobres se tornam mais suscetíveis a privações oriundas de desemprego,
trabalhos na informalidade e rendimentos incertos, o que faz o papel da família ficar
comprometido e, consequentemente, prejudica a garantia de apoio e proteção de que a criança
e o adolescente necessitam em seu processo de desenvolvimento.
Considerando as características da amostra pesquisada, é importante destacar que as
condições socioeconômicas precárias dos participantes estendem-se para além da família e
atingem o bairro, a rede de relacionamentos e as economias locais que se constituem como
possibilidades e empecilhos para o desenvolvimento adequado dos indivíduos e de suas
famílias e ampliam a vulnerabilidade a comportamentos de risco.
Diante desse contexto, Santos (2006) destaca um novo modelo de família que se vem
formando a partir das novas configurações sociais e familiares, principalmente marcado pela
mulher que assume a responsabilidade econômica da família, acarretando rupturas radicais na
autoridade parental que, culturalmente, esteve focada na figura masculina do pai. Nesse
sentido, outro dado se mostrou interessante, uma vez que 14,6% dos agentes jovens
desconhecem a identidade de seus progenitores do sexo masculino e não possuem
informações sobre a escolaridade, profissão ou idade dos pais, conforme se observa na Tabela
8, visto que não m afiliação paterna no registro de nascimento ou foram abandonados pelos
mesmos, o que reforça a figura materna como provedora do sustento familiar.
Contudo, a sobrecarga de papéis e funções para a mãe, somada ao abandono precoce
sofrido pelas crianças e pelos jovens constitui fator apto a ampliar a situação de risco dos
adolescentes, visto que tal abandono pode ser associado ao descrédito e pode conduzir o
jovem a engajar-se em comportamento de risco como forma de pertencimento a um grupo de
111
referência, que a família não consegue ser referência suficiente para ele (Sudbrack, 2004).
Essa idéia ficou ―sugerida‖ pelo fato de que vários participantes deixaram em branco o espaço
no questionário sobre as informações que diziam respeito aos pais e demonstraram grande
constrangimento em informar à pesquisadora que ―não tinham pai‖, expressão utilizada por
eles.
O nível de escolaridade dos pais apresentou resultados que também reforçam os
parâmetros de vulnerabilidade social estabelecidos pelos órgãos responsáveis do Governo,
pois demonstram níveis baixos de escolarização e tanto pais (47,5%) quanto as mães (52%)
cursaram o Ensino Fundamental incompleto como formação escolar limite. A Tabela 8 traz a
frequência dessas respostas detalhadamente, entretanto, nela, é possível constatar um dado
relevante e que chama a atenção: a maioria dos adolescentes inscritos no Projeto possui
tempo de formação escolar superior ao cursado pelos pais. Essa constatação pode sugerir
várias interpretações, entre elas a facilidade de acesso à escola nos dias atuais, a imposição do
Governo que obriga os filhos a frequentar a escola para que possam participar do Projeto
Agente Jovem e também para que os pais sejam beneficiados pelos programas sociais como o
BolsaFamília, por exemplo. Entretanto, tal dado pode indicar que os pais não tenham sido
modelo para os filhos no que tange à escolarização. Nesse sentido, é possível inferir que
outras pessoas ou até mesmo outras instituições possam servir de referência e exemplo para
esses adolescentes. Contudo, a investigação desses ―novos padrões de modelos de referência
foge do escopo deste trabalho.
Outro dado que merece destaque diz respeito à escolarização da própria amostra
estudada. Constatou-se que os adolescentes pesquisados apresentam um número de
reprovação escolar muito alto. Essa informação, apesar de não ter sido questionada
diretamente na pesquisa, foi obtida em função do instrumento BPR-5 utilizado na
112
metodologia, posto que esse teste possui duas versões possíveis de serem aplicadas e que se
diferenciam conforme a escolaridade dos respondentes. A discrepância entre a escolaridade e
a idade é o indicativo principal desse dado.
Dessa forma, considerando que o Projeto atende adolescentes na faixa etária entre
quinze e dezessete anos de idade, era esperado que todos, se estivessem em nos níveis
escolares adequados, cursassem o segundo grau, isso é, do primeiro ao terceiro ano do Ensino
Médio. Todavia, constatou-se o elevado número de participantes dessa faixa etária que ainda
permaneciam cursando o primeiro grau, de sexta a oitava séries do Ensino Fundamental
4
.
Dessa forma, foi preciso diferenciar o material respondido pelo grupo, subdividindo
em Forma A (alunos do Ensino Fundamental) e Forma B (alunos do Ensino Médio). A
aplicação permaneceu em grupo, como havia sido planejada, porém o material foi
diferenciado conforme tempo de formação escolar, o que não gerou nenhum constrangimento,
devido ao grande número de alunos com histórico de fracasso escolar entre os grupos.
A partir dessa informação, fez-se relevante iniciar algumas análises diferenciadas em
função da forma de aplicação utilizada. Por meio das fichas de acompanhamento dos agentes
jovens atendidos no CRAS e fornecidas pela equipe técnica responsável pelo Projeto, foi
possível constatar que, entre os adolescentes inscritos no Projeto, havia histórico de atraso
escolar, bem como alguns adolescentes que fazem uso de drogas, adolescentes com problemas
com a lei, menores infratores, abrigados em função de abandono, maus-tratos e abuso sexual.
Contudo, foi possível constatar que esses históricos são comuns aos dois grupos subdivididos
em função das normas de aplicação do teste BPR-5. Entretanto, entre os dezesseis agentes
jovens que responderam à forma A de aplicação, tais casos são mais comuns, sendo poucos os
4
Este trabalho faz referência aos períodos escolares conforme denominação usada no manual do teste da BPR-5.
Em fevereiro de 2006 foi publicada a Lei 11.274/2006, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o
Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade (BRASIL (2007) Ministério
da Educação). Consequentemente, desde 2007 as escolas adotam nova denominação em que intitula as séries
do Ensino Fundamental em anos, ou seja, considera-se, segundo a nova denominação, que a parte da amostra
que respondeu a Forma A de aplicação da BPR-5 cursa entre o 6º ano e o 9º ano.
113
casos de adolescentes que não possuem antecedentes marcados por episódios de tamanha
violência física e psicológica.
6.2 A amostra estudada e suas habilidades cognitivas
A análise dos resultados de desempenho dos participantes deste trabalho, nas provas
que mediam habilidades cognitivas e intelectuais, revela que, de maneira geral, a amostra
como um todo possui níveis de desempenho na faixa média para sua idade e escolaridade.
A BPR-5 apresentou percentil médio do grupo avaliado de 48,04, o que pode ser
classificado como nível médio conforme o manual do teste. Já o Raven apresentou uma média
de acerto no teste de 70,65%, desempenho também considerado na faixa mediana, segundo o
percentil (acima de 75) da população em que o teste foi validado.
De maneira geral, a população pesquisada demonstra possuir habilidades intelectuais
preservadas, o que permite inferir que a situação de vulnerabilidade social e de constante
exposição ao risco não comprometeu, até o momento, o desenvolvimento intelectual dessa
população.
Hutz e Koller (1997) destacam, em sua pesquisa sobre o desenvolvimento de crianças
em situação de rua, a incongruência nos estudos da Psicologia do Desenvolvimento que
envolve crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, destacando que os
desencontros nos achados dessas pesquisas são evidentes. Ora os pesquisadores destacam
vivências em situações de risco como prejudiciais e capazes de retardar o desenvolvimento
global de crianças e adolescentes, ora ressaltam as oportunidades e possibilidades de
desenvolvimento fornecidas pela rua e por situações de risco que aprimoram habilidades
como uso de operações matemáticas diante da necessidade de lidar com dinheiro, além da
facilidade na aprendizagem da música e habilidades computacionais.
114
Entretanto, ainda ressaltando a questão da constante repetência escolar entre os
participantes, deve-se considerar que o motivo do atraso na escolarização não pode ser
atribuído a problemas relacionados com déficits intelectuais, uma vez que todos os
adolescentes da amostra apresentaram escores de QI classificados na faixa considerada média
pelo manual da BPR-5, conforme demonstra a Tabela 11.
Os dados da Tabela 12 ainda reforçaram que, mesmo após a subdivisão segundo as
formas de aplicação da BPR-5, os adolescentes mantiveram desempenho na classificação
média. Sendo assim, os níveis de habilidades intelectuais medidos pelo teste da BPR-5 não
podem ser apontados como fator causal das repetências e do atraso na evolução dos estudos
desses adolescentes.
Em um dos estudos realizados por Primi e Almeida (2000) com alunos brasileiros e
portugueses para a validação do teste da BPR-5, os autores afirmam que, a partir dos dados
alcançados, não é possível esperar altos coeficientes de correlação entre as notas escolares e
as notas da BPR-5. E acrescenta que a variável nota escolar provavelmente não se reflete
exclusivamente nos aspectos cognitivos dos alunos, visto que a aprendizagem de novos
conteúdos escolares requer domínio das habilidades intelectuais envolvidas no ato de
raciocinar a partir de informações previamente aprendidas, isto é, as provas escolares exigem
maior organização esquemática do conhecimento aprendido, ao passo que as provas de
raciocínio da BPR-5 medem a capacidade de processamento de informação diante de
conhecimentos novos sobre os quais existe pouco conteúdo previamente informado (Hunt,
1999).
A estrutura das provas da BPR-5 é apresentada ao participante de forma a avaliar sua
capacidade de resolver problemas relativamente novos em relação ao conhecimento prévio
que o avaliado possui, a partir da análise de informações referentes à situação-problema, o
relacionamento dessas informações, a criação de novas concepções abstratas e a dedução de
115
respostas para o problema a partir dessas concepções. A partir daí, é possível afirmar que tais
provas exigem planejamento e execução de estratégia analítica de raciocínio em situações nas
quais é necessário o manuseio mental de um grande número de informações (Primi &
Almeida, 2000).
A BPR-5 avalia simultaneamente a inteligência geral ou fator ―g‖ e oferece
estimativas do funcionamento cognitivo geral e as forças e fraquezas de áreas específicas, por
meio de cinco subtestes que são, na verdade, provas de raciocínio. A descrição do que cada
subteste avalia está descrito na introdução deste trabalho.
O desempenho dos participantes nas provas demonstrou certa constância, contudo
algumas peculiaridades dessa amostra podem ser constatadas. O raciocínio mais desenvolvido
entre os participantes que responderam a forma A de aplicação foi o mecânico, seguido pelo
numérico, uma vez que, nessas provas, os adolescentes apresentaram desempenho com maior
concentração de pessoas na faixa de classificação média e alguns casos com desempenho
acima da média estabelecida pelo manual do teste, como demonstram as Tabelas 15 e 17. o
raciocínio que apresentou menor desempenho nesse grupo foi o espacial, que demonstrou
desempenhos medianos e vários outros desempenhos abaixo da média (Tabela 16). Esses
dados revelam que essa parte da amostra apresenta bons conhecimentos práticos de mecânica
e física, e é capaz de transpor conhecimentos anteriormente adquiridos em experiências
cotidianas independentemente da escolarização formal. Além disso, possui bom raciocínio
indutivo e dedutivo. Esses dados parecem corroborar os achados empíricos que ressaltam as
oportunidades e possibilidades de desenvolvimento fornecidas pela rua e por situações de
risco que aprimoram habilidades como uso de operações matemáticas diante da necessidade
de lidar com dinheiro (Hutz & Koller, 1997; Primi & Almeida, 2000).
116
Em contrapartida, o grupo que respondeu a forma B de aplicação demonstrou melhor
desempenho em todas as provas de raciocínio, quando comparado com o grupo da forma A. É
possível constatar, por meio das frequências de desempenho do grupo que respondeu a forma
B da BPR-5, escores maiores em todas as provas, entretanto, ainda é possível destacar o
resultado da prova de raciocínio numérico, conforme dados da Tabela 17, com maior número
de desempenhos medianos e o maior número de participantes com desempenho acima da
média. O raciocínio menos desenvolvido nesse grupo foi o verbal, que, se comparado ao
grupo A ainda foi melhor, porém apresentou maior variação de desempenho entre os
adolescentes, como se evidencia a Tabela 13.
No que tange à diferença entre gêneros, no desempenho do grupo que respondeu a
forma A de aplicação foi possível constatar que não houve diferença significativa entre as
formas de raciocínio pesquisadas como aponta a Tabela 20. Contudo, em relação à forma de
aplicação B, a Tabela 21 apresenta dados que realçam a diferença significativa no
desempenho de homens e mulheres para raciocínio mecânico, tendo os homens um resultado
melhor do que as mulheres.
Corroborando os resultados desta pesquisa, Colom, Quiroga e Juan-Espinosa (1999)
publicaram um estudo desenvolvido entre os anos de 1979 e 1995 e avaliaram as normas
espanholas do Differential Aptitude Tests (DAT) e do Primary Mental Abilities (PMA) e
constataram pontuações maiores dos sujeitos do sexo masculino nos subtestes de raciocínio
verbal, habilidade numérica, raciocínio abstrato, relações espaciais e raciocínio mecânico,
sendo que esse último demonstrou as maiores diferenças. As mulheres, por sua vez,
apresentaram pontuações maiores, apesar da pouca diferença, apenas na prova de velocidade e
de precisão.
117
6.3 A amostra estudada e a percepção de risco e a intenção de comportar-se de forma
arriscada
As variáveis percepção de risco e a intenção em engajar-se em comportamento de
risco foram investigadas por meio da aplicação de escalas de percepção e comportamento de
risco desenvolvidas por Lopes, Lopes, Barbosa-Tinoco e Mundim-Masini, (2008 - em
produção). Tais escalas avaliam a percepção de risco e a intenção de apresentar
comportamento de risco nos seguintes domínios: risco legal/ético, saúde/segurança, financeiro
e social.
Conforme apresentado na introdução deste trabalho, os domínios no que tange a
percepção de risco avaliam: Risco Legal/Ético (riscos percebidos em ações desviantes da
norma social associadas a infrações de regras, leis ou convenções morais passíveis de punição
legal); Risco à Saúde/Segurança (riscos percebidos em ações que possam causar prejuízos à
saúde física e psicológica, ameaçar a segurança ou promover o agravamento de doenças); e
Risco Social (riscos percebidos em ações que podem gerar consequências sociais negativas
como, por exemplo, rompimento ou prejuízo em relacionamentos importantes no ambiente
familiar, trabalho, amigos, etc.
Os domínios no que tange à intenção de comportar-se arriscadamente avaliam: Risco
Legal/Ético (relaciona-se a comportamentos caracterizados por infringir leis, regras ou
convenções morais e que podem gerar punições legais ou éticas para quem os realiza); Risco à
Saúde/Segurança (diz respeito a comportamentos capazes de gerar prejuízos ou danos a
segurança e a saúde psicológica e física de quem o executa); Risco Financeiro (relaciona-se a
toda ação que pode causar prejuízos financeiros ou danos materiais para a pessoa ou a
propriedade de quem os executa); e, por fim, Risco Social (ligado a comportamentos que
originam consequências sociais negativas para quem os realiza, como rompimento ou prejuízo
118
em relacionamentos importantes para o indivíduo tais como família, cônjuge, amigos e
chefia).
A partir desses dados, é possível observar, na Tabela 27, que houve apenas uma
correlação positiva e moderada entre percepção de risco legal/ético e percepção de risco à
saúde, ou seja, quanto maior a percepção de risco legal/ético, a saber, percepção das
consequências das ações que infringem regras, leis ou convenções morais, maior a percepção
de risco à saúde e à segurança, ou seja, percepção das consequências das ações que podem
prejudicar o próprio bem-estar biopsicossocial. Nesse sentido, é possível constatar que tanto
as regras e normas que constituem o risco legal/ético, quanto às medidas e ações capazes de
prejudicar a saúde de uma pessoa são regras claras e constantemente disseminadas entre as
pessoas e alardeadas em campanhas de prevenção de comportamentos de risco. Tal aspecto
pode explicar a correlação obtida nesta amostra, visto que, quando se trata de risco social, as
consequências de se infringir tais regras são implícitas e geralmente ocorrem no âmbito das
relações privadas. Ainda nesse sentido, é possível afirmar que, consequentemente, as
punições também são menos regulamentadas quando se refere a riscos sociais, uma vez que
são arbitrárias e variam conforme a sociedade, a cultura e as pessoas envolvidas na situação
considerada arriscada.
De forma semelhante, quanto maior a inteligência fluida (fator ―g‖) medido por meio
de acertos no Raven, maior a percepção de riscos que envolvem questões de natureza
legal/ética, conforme é possível verificar na Tabela 28. Sendo assim, é possível inferir que
quanto maior a habilidade intelectual geral, mais se percebe risco nessas áreas.
Corroborando nessa discussão, Dohmen, Huffman e Sunde (2007) investigaram a
relação entre habilidade cognitiva, aversão ao risco e impaciência numa amostra
representativa de 1000 alemães, que, por meio de dois testes relacionados às medidas de QI,
119
constataram que habilidade cognitiva mais baixa es associada à maior aversão ao risco e à
maior impaciência.
Considerando que os adolescentes pesquisados vivem expostos a inúmeros fatores de
risco, torna-se cada vez mais difícil manter preservadas as habilidades intelectuais
fundamentais que podem garantir-lhe o desenvolvimento integral, bem como mantê-lo
distante de ameaças de risco. Nesse sentido, Kolling, Silva, Carvalho, Cunha e Kristensenl
(2007) avaliaram o funcionamento cognitivo de doze alcoolistas e doze dependentes de
cocaína que estavam em tratamento em um centro de Recuperação para dependentes químicos
e, por meio de avaliação neuropsicológica, constataram diferenças significativas entre os
grupos: os indivíduos de ambos os vícios obtiveram desempenho abaixo da média nos testes
empregados, com prejuízo acentuado nas áreas da atenção, nas funções executivas e no
controle inibitório, com destaque para o desempenho inferior do grupo de pacientes
alcoolistas. Esse dado, em função de sua natureza transversal, pode reforçar a relação entre
baixo desempenho intelectual e maior predisposição a se envolver em comportamentos de
risco.
Foi possível constatar que, de forma geral, uma relação entre percepção de risco
legal/ético e raciocino verbal e entre percepção de risco à saúde e raciocínio verbal, como
apontam os resultados da pesquisa. Na Tabela 28, identifica-se que, quanto maior o raciocínio
verbal, ou seja, quanto mais eficientes as habilidades do participante envolvendo extensão e
profundidade do vocabulário, capacidade de estabelecer relações abstratas entre conceitos
verbais, desenvolvimento da linguagem, memória semântica, capacidade de associação
verbal, compreensão verbal e experiências educacionais, maior também será a percepção de
risco à saúde e de risco legal/ético.
120
Harty, Thorn, Kalmar, Newcorn e Halperin (2004) se propuseram a avaliar o impacto
do transtorno de conduta na infância em adolescentes, bem como a avaliar o QI dos jovens e o
uso de drogas. Em seus resultados, os autores constataram que escores altos de QI verbal
estavam associados a aumento no uso de drogas em adolescentes que apresentaram na
infância transtorno de conduta.
O raciocínio verbal nessa amostra é desenvolvido por meio de práticas e incentivos à
comunicação verbal, bem como de momentos de orientação em grupo, que acontecem duas
vezes por semana, em que os orientadores priorizam vivências e dinâmicas de grupo que
desenvolvam o potencial comunicativo dos agentes jovens, além de estarem expostos a
ambientes de grande estimulação verbal por meio do trabalho e das campanhas voltadas à
comunidade local como prioriza o Projeto.
Quando se considera o raciocínio verbal, segundo Primi e Almeida, (2000), é possível
afirmar que, para o sucesso das analogias verbais durante o exercício de raciocinar, é preciso
estabelecer uma combinação seletiva, que nada mais é do que a ativação e o relacionamento
de informações da memória de longo prazo com informações presentes na memória de
trabalho, atendendo a seguinte sequência: primeiro, busca-se no conhecimento previamente
adquirido o significado da palavra e, no instante seguinte, recuperam-se seletivamente os
atributos mais importantes das palavras relacionadas. Contudo, faz-se importante destacar que
a memória semântica desempenha papel fundamental no bom desempenho do raciocínio
verbal, visto que auxilia na internalização de significados dos aspectos vividos.
Nesse sentido, é possível inferir, ainda, que quanto maior a capacidade de memória
semântica, no que tange a comportamentos arriscados, mais facilmente a pessoa pode se
recordar das consequências negativas daquela ação (percepção e intenção de se comportar
infringido regras relacionadas à esfera legal/ética) e, consequentemente, ela se comporta de
forma menos arriscada. Quanto mais a pessoa se recorda de um roubo ou da punição aplicada
121
à pessoa que participou do tráfico de drogas, por exemplo, mais risco ela perceberá nessas
ações e menor será sua intenção de engajar-se nesses comportamentos, embora isso não
garanta que ela não se engajará em comportamentos envolvendo esse tipo de risco. De
maneira semelhante, conforme citado por Santos (2006), quanto mais a pessoa se recorda de
consequências punitivas oriundas de um comportamento de risco, maior a percepção de risco
daquele comportamento, uma vez que o risco legal/ético es diretamente associado à
internalização das normas e regras.
As Tabelas 29 e 30 apontam para mais correlações em que é possível verificar-se que,
em indivíduos com menor escolaridade (participantes que responderam a forma A da BPR-5),
quanto maior a percepção de risco legal/ético, maiores também são as percepções de risco à
saúde e de risco social, ou seja, quanto mais se percebe risco em ações que desafiam regras e
leis, mais se percebe também risco em ações que podem prejudicar a saúde e os
relacionamentos interpessoais. O mesmo ocorreu em participantes com maior escolaridade
(participantes que responderam a forma B da BPR-5), contudo a correlação com risco social
não ocorreu. Parece que obstáculos sociais percebidos quando se está em séries do Ensino
Fundamental, desaparecem mais tarde. É importante lembrar que a idade desses participantes
está na faixa entre os quinze e os dezessete anos e, portanto, trata-se de alunos repetentes. É
possível que a heterogeneidade de relações sociais com pares mais jovens e mais velhos, bem
como as consequências sociais advindas da repetência possam, de alguma forma, favorecer a
percepção de risco social nessa parte da amostra.
O raciocínio mecânico apresentou correlação com a intenção de apresentar
comportamento de risco legal/ético e com comportamento de risco financeiro, o que significa
que, quanto maior o raciocínio mecânico, ou seja, relacionado a conhecimentos mecânicos e
físicos adquiridos em experiências cotidianas e práticas, maior a intenção de emitir
122
comportamentos de risco legal/ético, isto é, comportamentos que infrinjam regras e leis e
comportamentos que possam causar prejuízos financeiros. Esses dados podem ser verificados
na Tabela 35. É importante lembrar que os homens apresentaram os maiores escores nesse
tipo de raciocínio, com média de acertos de 10,23 questões (DP = 5,26) em comparação às
mulheres, que apresentaram média de acertos 7,15 (DP = 3,54) para a prova de raciocínio
mecânico.
Dessa forma, é possível que a correlação obtida na verdade mostre um fator ―latente‖
que explique a correlação obtida. O fator latente pode ser o sexo masculino. De fato, a
intenção de comportar-se de forma arriscada no âmbito legal/ético é mais comum em homens.
Embora tenham apresentado diferença relativamente pequena, os dados desta pesquisa
corroboram esse fato, uma vez que os homens apresentaram escores médios superiores ao das
mulheres no fator risco legal/ético: homens apresentam média de 2,62 (DP = 0,88) e mulheres
escores médios de 2,40 (DP =0,72). No âmbito financeiro, os escores dos avaliados na escala
de percepção e de intenção de apresentar comportamento de risco financeiro demonstraram
que os homens apresentaram escores médios superiores (Média de 2,39, DP = 0,73) ao
verificados entre as mulheres (Média de 2,36, DP = 0,77), o que significa que os homens
reconhecem maior probabilidade de engajar-se em comportamentos que podem gerar
prejuízos financeiros.
Contudo, quando os dados foram submetidos a análise conforme o gênero, foi possível
perceber que não houve diferenças significativas entre os sexos quando se analisou percepção
de risco e comportamento de risco para a amostra como um todo, para a forma de aplicação A
e para a forma de aplicação B da BPR-5 a partir de um Teste t como se observa nas Tabelas
31 e 36.
Todavia são muitos os estudos que indicam que diferenças entre homens e
mulheres diante de decisões frente ao risco, o que contraria os resultados encontrados nesta
123
pesquisa. Alguns autores acreditam que as mulheres se engajem menos em comportamentos
de risco (Eckel & Grossman, 2005; Boverie, Scheuffele & Raymond, 1995; Spigner, Hawkins
& Loren, 1993; Stallen & Tomas, 1988).
Croson e Gneezy (2009) revisaram a literatura sobre diferença entre os gêneros e
tomada de decisão sobre o risco e concluíram que, de fato, as mulheres são mais avessas ao
risco do que os homens. Ainda nesse sentido, Byrnes, Miller e Schafer (1999) analisaram 150
estudos entre os anos de 1967 e 1997, em que a tendência ao risco de participantes do sexo
masculino e feminino foi comparada em uma variedade de configurações. Esses estudos
envolveram mais de 100.000 participantes e os resultados mostraram que em quatorze das
dezesseis tarefas da pesquisa, os homens foram mais propensos ao risco. Determinadas tarefas
como, por exemplo, intelectual e física, produziram maiores diferenças entre os gêneros do
que outras, tais como riscos para a saúde como o tabagismo.
A análise da tabela 37 indicou que há diferença significativa quanto ao comportamento
de risco social e as diferentes formas de aplicação da BPR-5 para esta amostra. A parte da
amostra que respondeu a forma de aplicação B apresentou escores de comportamento de risco
social maior que os demais comportamentos de risco. Provavelmente isso se deva ao fato de
que o grupo que respondeu a forma A de aplicação experimentou prejuízos sociais maiores
que o grupo que respondeu a forma B, tais como situações de violência, problemas com a lei,
abandono familiar, preconceito, em função de terem vivido em abrigos ou por possuírem
grande número de reprovações escolares, etc., como foi informado pela equipe técnica
responsável pelo Projeto Agente Jovem. O fracasso escolar, por exemplo, caracterizado pelas
repetências, pode ser compreendido como uma ruptura de normas sociais, o que acarretaria
menor intenção de apresentar comportamento de risco social.
124
Esse dado pode explicar, ainda, o fato de os participantes que responderam a forma B
apresentarem maior intenção de engajamento em comportamentos de risco social. Nessa parte
da amostra, uma tendência maior a apresentar comportamentos que os levarão ao
rompimento ou prejuízo em relacionamentos importantes como família, amigos, colegas de
escola e chefia. É bom lembrar que essa parte da amostra apresentou histórico de vida repleto
de fatores estressores, como citado anteriormente, o que justificaria esse tipo de
comportamento mais impulsivo.
Considerando que apenas a intenção de apresentar comportamento de risco social foi
maior no grupo B do que no grupo A, é possível acreditar que esse comportamento independa
de conhecimentos formalmente adquiridos, ou seja, conhecimentos relativos à inteligência
cristalizada, dependendo muito mais de experiências de vida e da própria escolarização, que,
nessa amostra, é maior.
Contudo, Campos, Del Prette e Del Prette (2000) realizaram estudo com crianças e
adolescentes em situação de risco social que exerciam atividades como vigiar carros, vender
sorvetes, serviços diversos de office-boy, aquisição e venda de sucatas e pedir esmolas,
constataram em seus resultados que essas atividades exigiam aparentemente pouca ou
nenhuma qualificação formal, entretanto promoviam o desenvolvimento de habilidades
cognitivas de cálculo e planejamento de dinheiro para seu próprio uso ou das respectivas
famílias. Esses autores acrescentaram, ainda, que essas atividades estimulavam, sobretudo, os
relacionamentos interpessoais contínuos, em geral com pessoas desconhecidas, o que requer
habilidade para abordar pessoas, domínio de técnicas de conversação, negociação e cortesia:
competências sociais de grande relevância para essas crianças e adolescentes.
Nesse sentido, é importante destacar que um dos objetivos do Projeto Agente Jovem é
a profissionalização por meio de locais de aprendizado em que os adolescentes exercem
atividades laborais durante seis horas semanais. Entretanto, esse último aspecto deveria alertar
125
a equipe responsável, uma vez que não a parte da amostra que respondeu a forma A, mas
toda a população pesquisada, periodicamente experimenta situações de trabalho formal sem,
contudo, distinguir claramente os riscos sociais inerentes aos ambientes que frequentam
durante suas atividades.
126
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo indicou algumas correlações entre habilidades cognitivas (inteligência
verbal e não verbal), percepção de risco e a intenção de comportar-se arriscadamente de
adolescentes em situação de vulnerabilidade social que participam de um Projeto de ação
social no interior de Minas Gerais. Foi possível constatar algumas correlações entre formas de
percepção de risco e entre percepção de risco e inteligência, bem como a presença de
correlações entre ―tipos‖ de intenção em apresentar comportamentos arriscados e entre
intenção de apresentar comportamento arriscado e inteligência. Esses dados corroboram, de
certa forma, nossa hipótese inicial de que haja uma relação entre inteligência e percepção de
risco. Por outro lado, as correlações positivas entre intenção de comportar-se e raciocínio
mecânico não significam que pessoas mais inteligentes sejam mais propensas a arriscar-se
mais nem em aspectos ligados à legalidade e à ética, nem financeiramente. É importante
lembrar que esse tipo de raciocínio foi mais elevado em toda a amostra e que essa elevação
ocorreu em função do desempenho dos homens (Tabela 11). Isso pode sugerir que homens
tenham uma tendência maior a apresentar intenção de arriscar-se financeiramente e de forma
legal/ética.
Os resultados deste estudo reforçam a grande preocupação existente entre os autores
que estudam o tema e os profissionais que lidam direta ou indiretamente com jovens em
situações de risco. O contato com esses adolescentes em situação de vulnerabilidade social,
como foi o caso do contato estabelecido pela pesquisadora desse trabalho, fez perceber as
condições inóspitas em que o desenvolvimento global desses jovens es inserido e faz refletir
acerca da influência das condições de risco sobre as possibilidades de superação da situação
instalada para eles.
128
Entre os diversos resultados apresentados e discutidos nesse trabalho, merece destaque
o fato de que quase todas as correlações estão ligadas ao domínio do risco legal/ético.
Considerando mais uma vez que esse risco se remete a ações e situações em que regras, leis
ou convenções morais são rompidas e punições legais ou éticas são aplicadas a quem cometeu
tais atitudes, é possível inferir que habilidades intelectuais superiores ajudam a perceber
melhor riscos dessa natureza, mas não garantem a evitação de comportamentos que gerem tais
punições e sanções. É possível que a própria condição em que vivem, por si só, caracterize
uma ruptura dos direitos legais e morais básicos garantidos a todos os adolescentes, seja por
meio do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) ou da própria Constituição brasileira,
que prevê igualdade de direitos e dignidade a todos os cidadãos brasileiros, ou, ainda, da
consciência dos governantes e da população que convive com tamanha desigualdade.
Diante desse contexto, é possível constatar que a situação permanente de risco impõe a
essas famílias condições de vida ligada a ilegalidade, bem como a convivência constante com
meios também ilegais, que garantem a sobrevivência de pessoas em situação semelhantes à
sua, tais como convivência com assaltantes, pessoas ligadas ao tráfico de drogas, a ―gangues‖,
violência, etc.
Em contrapartida, é também por meio do reconhecimento (percepção) dos riscos legais
e éticos inerentes as inúmeras situações em que vivem, que esses adolescentes poderão buscar
sua inclusão social. Para tanto, o funcionamento de habilidades cognitivas e intelectuais pode
auxiliar na compreensão das normas e das leis vigentes e de suas consequências.
Muitos participantes (agentes jovens) desta pesquisa apresentaram habilidades
cognitivas dentro da média amostral, ou seja, habilidades intelectuais alinhadas à sua idade e
escolaridade. Boa habilidade intelectual pode representar um fator importante no
favorecimento da compreensão dos riscos que ameaçam a integridade do adolescente sob os
129
diversos fatores expostos neste trabalho, como situações que envolvem a lei, a moral, a saúde,
a segurança, a situação financeira e os relacionamentos interpessoais.
Todavia, não se pode ignorar o fato de que outras variáveis interfiram no processo de
tomada de decisão sobre o risco tais como as emoções, a disponibilidade de reforçadores
imediatos ou o distanciamento temporal da punição, por exemplo. Sendo assim, são
necessários estudos futuros que investiguem outros processos cognitivos (papel da atenção, da
tomada de decisão) ou de variáveis comportamentais (disponibilidade do reforço, operações
estabelecedoras, etc.) que podem ajudar a compreender melhor a questão do risco em crianças
e adolescentes e a protegê-los, amenizando a influência de fatores de risco, uma vez que
possibilitariam o ajustamento emocional e o desenvolvimento de habilidades sociais que
potencializariam a ocorrência de novas oportunidades a essas pessoas de romperem com a
exclusão social.
Por outro lado, não há como estudar ou trabalhar com risco fora da realidade
relacional dos indivíduos pesquisados e, nesse sentido, uma das contribuições possíveis
identificadas nesta pesquisa diz respeito ao Projeto Agente Jovem aqui descrito. A pesquisa
mensurou e revelou fatores extremamente relevantes para qualquer trabalho social que vise à
reflexão de um grupo, especialmente grupos cujo objetivo seja trabalhar a prevenção de riscos
na adolescência. Nesse sentido, somente a aplicação da escala de percepção e de intenção de
apresentar comportamento arriscado aparentemente despertou a curiosidade dos jovens e
demonstrou a contribuição desse programa social para a formação da consciência acerca dos
fatores de risco nos adolescentes nele envolvido. Possivelmente, essa conscientização tenha
sido obtida por meio de discussões e debates surgidos entre eles após as aplicações.
Por fim, é importante ressaltar a relevância teórica de estudos que envolvem projetos
sociais que tenham cunho preventivo e que vise adolescentes em risco. Contudo, esses
130
estudos são insuficientes e incipientes diante da necessidade e da relevância social que
pesquisas nessa área podem representar. Tais contribuições podem ser determinantes para a
construção de uma sociedade mais justa, humana e segura. Para tanto, futuras pesquisas nessa
área devem contar com pesquisadores comprometidos com a responsabilidade social que
exercem, bem como com a ética e com a qualidade dos instrumentos de avaliação psicológica
usados para realizar tais trabalhos.
131
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141
ANEXOS
142
143
Anexo A: Termo de autorização Coordenação do Centro de Referência em Ação Social
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA - CURSO DE MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PSICOLOGIA APLICADA
Bloco 2C Sala 46 Campus Umuarama Uberlândia MG CEP 38400-902 CP 593 - Fone: (34) 3218-2701
Site: www.pgpsi.ufu.br - E-mail: pgpsi@fapsi.ufu.br
Eu, ________________________________________________________________, na
qualidade de coordenadora do Centro de Referência em Assistência Social Nova Esperança (CRAS
Nova Esperança) e responsável pelo Projeto Agente Jovem desenvolvido no mesmo em parceria com a
Prefeitura Municipal de XXXXXXX, declaro que estou ciente de que os adolescentes do referido
Projeto farão parte da pesquisa intitulada ―RELAÇÃO ENTRE PERCEPÇÃO E
COMPORTAMENTO DE RISCO E NÍVEIS DE HABILIDADES COGNITIVAS EM UM GRUPO
DE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL‖, realizado como parte
dos estudo de Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia da pesquisadora
Janaina Aparecida Paulino, sob orientação da Profª Dra. Renata F. F. Lopes e co-orientação do Profº
Dr. Sinésio Gomide Junior, e autorizo que o mesmo seja desenvolvido nesse serviço, me
comprometendo a facilitar as condições necessárias para a realização do mesmo.
Estou informado (a) de que os agentes jovens o livres para desistir em qualquer momento,
sem correr o risco de discriminação ou represália por parte da pesquisadora, além de que os
adolescentes também, por iniciativa própria, poderão desistir de participar da pesquisa em qualquer
momento. Os agentes jovens não terão despesas ou ônus para participar desse estudo e seus pais e/ou
responsáveis serão consultados e solicitados a autorizarem a participação dos filhos por escrito.
Concordo que os agentes jovens sob minha responsabilidade sejam sujeitos da referida
pesquisa e estou ciente que os dados coletados serão utilizados para publicação científica, respeitando
a identificação pessoal dos participantes segundo a resolução do código de ética profissional,
resolução 196.
_____, de ________________________de 2008
________________________________________________
Elcy Divina de Oliveira Secretária de Trabalho, Promoção e Ação Social da Prefeitura
Municipal de XXXXXXX e Coordenadora do Centro de Referência em Ação Social - Nova
Esperança
144
145
Anexo B: Termo de consentimento livre e esclarecido para pais e/ou responsáveis
Estamos convidando seu filho a participar da pesquisa de mestrado intitulada ―Relação Entre
Percepção, Comportamento De Risco e Níveis De Habilidades Cognitivas em um Grupo de
Adolescentes em Situação de Vulnerabilidade Social‖ sob a responsabilidade dos pesquisadores
Janaina Aparecida Paulino (mestranda), Profª Dra. Renata F. F. Lopes e Profº Dr. Sinésio Gomide
Junior, todos do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia.
Para tanto, gostaria de poder contar com sua colaboração,
Sr(a)____________________________________________________________, responsável pelo
agente jovem____________________________________________________ autorizando o mesmo a
participar da pesquisa.
Nessa pesquisa buscamos entender a relação entre percepção de risco, comportamento de risco
e níveis de inteligência (habilidades intelectuais) em adolescentes que participam do Projeto Agente
Jovem. A aplicação dos testes será em conjunto com os demais agentes jovens e acontecerá nos dias e
horários de orientação (terças e quintas, às ___horas), cedidos pelos orientadores de seu filho no
Projeto.
A participação de seu filho consistirá em resolver os exercícios e tarefas propostas por 2 testes
de inteligência, que gastarão em média 30 minutos cada, bem como responderá uma escala em que
constam perguntas sobre a opinião dele diante de comportamentos de risco envolvendo adolescentes.
Em nenhum momento você nem seu filho serão identificados. Os resultados da pesquisa serão
publicados em congressos científicos e em revistas científicas e ainda assim a identidade de ambos
serão preservadas. Outra informação importante é que vocês (pais, responsáveis e o adolescente) não
terão nenhum gasto ou ganho financeiro por participar da pesquisa, como também não terão nenhum
risco. Na verdade vocês irão contribuir para o desenvolvimento de estudos relacionados à percepção
de risco e comportamento de risco na adolescência, trazendo assim, benefícios a todas as famílias de
adolescentes que se preocupam com a exposição dos mesmos a riscos.
Você é livre para não autorizar a participação do seu filho, assim como ele também é livre
para parar de participar a qualquer momento sem nenhum prejuízo para a participação dele no Projeto
agente jovem ou no atendimento psicológico que ele recebe por meio do Projeto no CRAS. Uma cópia
deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com o senhor(a).
Estamos prontamente disponíveis, caso você deseje esclarecer qualquer dúvida, mesmo que
essa possa afetar a sua vontade de autorizar seu filho a continuar participando. Assim, qualquer duvida
a respeito da pesquisa você poderá entrar em contato com:
Pesquisadores: Janaina Aparecida Paulino, Profª Dra. Renata F. Fernandes Lopes e Profº Dr. Sinésio
Gomide Junior. Avenida Pará, 1720, Bloco 2C, Uberlândia MG. Telefone: 3218-2235 ramal 38.
Comitê de Ética em Pesquisa: Av. João Naves de Ávila, 2121 Bloco 1J, Campus Santa Mônica
Uberlândia MG CEP 39400-902. Fone/Fax: (34) 3239-4531.
Eu autorizo meu filho(a)_________________________________________________________ a
participar do projeto citado cima, voluntariamente após ter sido esclarecido.
Assinatura do Pai e/ouResponsável:_______________________________________________
RG (pai / responsável): __________________________________________________________
Grau de Parentesco com o Agente Jovem: ___________________________________________
_____ de ___________________________ de 2008
146
147
Anexo C: Termo de consentimento livre e esclarecido para o adolescente
Você está sendo convidado para participar da pesquisa intitulada ―Relação Entre
Percepção E Comportamento De Risco E Níveis De Habilidades Cognitivas Em Um
Grupo De Adolescentes Em Situação De Vulnerabilidade Socialsob a responsabilidade
dos pesquisadores Janaina Aparecida Paulino (mestranda), Profª Dra. Renata F. F. Lopes e
Profº Dr. Sinésio Gomide Junior.
Nessa pesquisa buscamos entender a relação entre níveis de inteligência (habilidades
cognitivas), e a capacidade do adolescente de perceber risco e se comportar de forma
arriscada, que como você, estão regularmente inscritos e frequentam o Projeto Agente Jovem.
Na sua participação você responderá a perguntas que questionam sua opinião sobre
percepção de risco e comportamento de risco na adolescência e ainda responderá alguns
exercícios que avaliarão sua inteligência: raciocínio verbal, espacial, numérico, abstrato,
mecânico e gico; todos são exercícios em que você responderá individualmente e que não
exigirão que você se exponha frente aos demais colegas do seu grupo.
Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa serão
publicados e mesmo assim sua identidade será preservada. Você não terá nenhum prejuízo ou
ganho financeiro por participar da pesquisa. Não haverá risco para você, pois será mantido o
caráter confidencial das informações relacionadas com a sua privacidade.
Você é livre para parar de participar a qualquer momento sem nenhum prejuízo para
você, ou seja, caso desista de participar isso não terá qualquer implicação em sua participação
no Projeto Agente Jovem nem mesmo no atendimento psicológico que você recebe por meio
do Projeto no CRAS. Uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará
com você. Qualquer dúvida a respeito da pesquisa você poderá entrar em contato com os
pesquisadores:
Pesquisadores: Janaina Aparecida Paulino. Avenida Pará, 1720, Bloco 2C. Telefone: 3218-
2235 ramal 38
Profª Dra. Renata F. Fernandes Lopes. Avenida Pará, 1720, Bloco 2C. Telefone: 3218-2235
ramal 38
Profº Dr. Sinésio Gomide Junior. Avenida Pará, 1720, Bloco 2C. Telefone: 3218-2235
ramal 38
Comitê de ética em Pesquisa: Av. João Naves de Ávila, 2121 Bloco 1J, Campus Santa
Monica Uberlândia MG CEP 39400-902. Fone/Fax: (34) 3239-4531.
Uberlândia, _____ de ___________________________ de 2008.
Assinatura dos pesquisadores: __________________________________________________
Eu aceito participar do projeto citado cima, voluntariamente após ter sido esclarecido.
Participante da pesquisa: _______________________________________________________
RG do participante: ___________________________________________________________
_____ de ____________________________ de 2008
148
149
Anexo D: Termo do Comitê de Ética
150
151
Anexo E: Escala de percepção e de intenção de apresentar comportamento de risco
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