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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Mestrado
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Dienay Souza de Oliveira
RELAÇÕES ENTRE PERFIS COGNITIVOS DE
PERSONALIDADE E ESTRATÉGIAS DE
COPING EM ADULTOS
UBERLÂNDIA
2009
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Dienay Souza de Oliveira
RELAÇÕES ENTRE PERFIS COGNITIVOS DE
PERSONALIDADE E ESTRATÉGIAS DE
COPING EM ADULTOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Psicologia – Mestrado, do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal de Uberlândia, como requisito
parcial para a obtenção do Título de Mestre em
Psicologia Aplicada.
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Orientador(a): Profª Drª Renata F. Fernandes Lopes
UBERLÂNDIA
2009
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
O48r
Oliveira, Dienay Souza de, 1977-
Relações entre perfis cognitivos de personalidade e estratégias de
coping em adultos / Dienay Souza de Oliveira. - 2009.
158 f. : il.
Orientador: Renata F. Fernandes Lopes.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Uberlândia, Pro-
grama de Pós-Graduação em Psicologia.
Inclui bibliografia.
1. Personalidade - Teses. I. Lopes, Renata Ferrarez. Fernandes. II.
Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em
Psicologia. III. Título.
CDU: 159.923.2
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
Relações entre perfis cognitivos de personalidade e
estratégias de coping em adultos
Dienay Souza de Oliveira
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Psicologia – Mestrado, do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal de Uberlândia, como requisito
parcial para a obtenção do Título de Mestre em
Psicologia Aplicada.
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Orientador(a): Profª Drª Renata F. Fernandes Lopes
Banca Examinadora:
_______________________________________________
Profª Drª Renata F. Fernandes Lopes (Presidente)
Profª Drª do Instituto de Psicologia da UFU
_____________________________________
Profº Drº Ederaldo José Lopes
Profº Drº do Instituto de Psicologia da UFU
_______________________________________________
Profª Drª Carmem Beatriz Neufeld
Profª Drª do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP
UBERLÂNDIA
2009
Dedico esse trabalho a Deus, que sempre me deu forças
em todos os momentos de minha vida !!!!!
A minha filha Kalyara, que é a luz e inspiração da minha
vida.
A todas as pessoas que encontraram dificuldades em
enfrentar as adversidades da vida e conseguem de
alguma forma buscar o equilíbrio !!!!!
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os que me apoiaram, direta e indiretamente, para que este trabalho
pudesse ser alcançado.
Em especial, com carinho e gratidão, à minha orientadora Renata, pela dedicação, pela
paciência e pelos conhecimentos compartilhados comigo, que me possibilitaram chegar ao
resultado final do estudo.
Aos professores da Banca, cuja participação contribui para muito para melhoria deste
trabalho.
A todos os amigos e professores do Mestrado que, direta ou indiretamente, auxiliaram
nesse trabalho.
Aos professores Flávia, Maria Doroteia, Cristiane e o Padre Márcio, pelo apoio na
aplicação dos instrumentos em suas aulas.
Aos alunos que tiveram boa vontade e tempo para responder e ajudar na pesquisa.
Aos meus queridos amigos, que ajudaram e me apoiaram nesse processo.
Especialmente a Rosário, pelas palavras de carinho e incentivo que contribuíram para
minha construção pessoal.
A Luciane, que sempre me apoiou e me deu forças nessa trajetória.
A todos os meus familiares, que me apoiaram para que este sonho fosse possível.
Especialmente, ao meu companheiro Américo, pelo seu amor, pela paciência e pela
dedicação em todos os momentos de nossa vida.
A minha mãe Terezinha, pelo apoio e auxílio indispensáveis para eu este sonho fosse
possível.
A minha querida filha Kalyara que proporciona alegria à minha vida.
Ao meu irmão Astolfo pelo seu carinho.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi investigar a relação entre estratégias de enfrentamento,
estratégias comportamentais hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas dos perfis cognitivos de
personalidade. A amostra foi constituída por 120 estudantes universitários da Faculdade
Católica de Uberlândia e da Universidade Federal de Uberlândia, de ambos os sexos. Foram
utilizados dois instrumentos: PBQ-ST - Questionário de Crenças Pessoais de Beck (forma
reduzida) e scripts (narrativas que descreveram situações ativadoras de perfis cognitivos de
personalidade). As respostas dadas para os scripts avaliaram formas de enfrentamento
focalizadas na resolução de problemas, na emoção, na interação social, estratégias
comportamentais hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas dos transtornos de personalidade.
Realizou-se um estudo correlacional (correlação de Pearson), utilizou-se Teste t e Anova One-
Way para verificar diferenças de desempenho da amostra nos instrumentos utilizados. A
amostra mostrou um padrão não clínico nas escolhas e julgamentos das respostas de
enfrentamento: como primeira opção de escolha de enfrentamento, indicaram coping
focalizado na resolução de problemas; como segunda opção, indicaram estratégias
comportamentais subdesenvolvidas do transtorno de personalidade examinado; como terceira
opção, indicaram o coping focalizado na emoção; como quarta opção, indicaram coping
focado na interação social; e como última opção, indicaram estratégias hiperdesenvolvidas do
transtorno como formas de enfrentamento de uma situação estressante. Nas correlações entre
as subescalas do PBQ e as respostas de enfrentamento, pôde-se observar que pontuações altas
em respostas que caracterizavam o transtorno correlacionaram-se positivamente a estratégias
hiperdesenvolvidas do transtorno, sugerindo que o instrumento é hábil para medir diferenças
de personalidade e que, em situações mais próximas da psicopatologia da personalidade, as
estratégias desadaptativas são apontadas como uma forma de enfrentamento de situações
estressoras. Obtiveram-se, também, algumas correlações entre os escores das subescalas do
PBQ-ST e as respostas de enfrentamento focado na resolução de problemas, na emoção, nas
interações sociais e nas estratégias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas dos transtornos de
personalidade.
Palavras chave: coping, enfrentamento, personalidade, problemas, emoção, interação social,
estratégias.
ABSTRACT
The aim of this study was to investigate the relationship between coping strategies,
overdeveloped and underdeveloped compensatory behavior strategies and personality
cognitive profiles. The sample had 120 university students from Catholic Faculty and from
Federal University of Uberlândia, both sexes, random age and marital status. Two instruments
were used: Beck’s Personal Beliefs Questionnaire (PBQ-ST) In its reduced form and scripts
(reports on coping strategies which describe personality cognitive profiles activating
situations). Answers to scripts evaluated coping forms focused on problem solving, on
emotional regulation, on social interaction, on personality disorder overdeveloped and
underdeveloped compensatory behavior strategies. A Pearson’s correlation study was done
and used t test and Anova One-Way In order to identify sample performance differences In
both instruments. The sample showed a non clinical pattern In choices and judgments of
coping responses: as first option, they indicated coping focused on problem solving; as second
option, they pointed underdeveloped behavior strategies of the examined personality profile;
as third option, they chose emotion regulation focused coping; as fourth, they indicated social
interaction focused coping and as last option they pointed overdeveloped compensatory
disorder strategies as a way to face a stressing situation. On correlation between PBQ
subscales and coping responses it was possible to see that high scores In answers that
characterized the disorder had a positive correlation to overdeveloped compensatory
strategies. This prove that the instrument is good to measure personality differences and that
In situations which are closer to the personality psychopathology, unadapted strategies are
pointed as a stressing situation coping form. There were some correlations between PBQ-ST
subscales scores and coping answers focused on problem solving, emotion, social interaction
and on personality disorder overdeveloped and underdeveloped compensatory strategies.
Key words: coping, personality, problems, emotion, pro-social, strategies.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Estratégias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas dos transtornos de
personalidade .......................................................................................................... 33
Quadro 2 Critérios diagnósticos para 301.82 Transtorno da Personalidade Esquiva .............. 37
Quadro 3 Critérios diagnósticos para 301.6 Transtorno da Personalidade Dependente. ......... 38
Quadro 4 Critérios para pesquisas para Transtorno da Personalidade passivo-agressiva. ....... 40
Quadro 5 Critérios diagnósticos para 301.4 Transtorno da Personalidade Obsessivo-
Compulsiva ............................................................................................................. 41
Quadro 6 Critérios diagnósticos para 301.0 Transtorno da Personalidade Paranoide ............. 43
Quadro 7 Critérios diagnósticos para 301.7 Transtorno da Personalidade Antissocial ........... 44
Quadro 8 Critérios diagnósticos para 301.81 Transtorno da Personalidade Narcisista ........... 46
Quadro 9 Critérios Diagnósticos para 301.50 Transtorno da Personalidade Histriônica ......... 47
Quadro 10 Critérios diagnósticos para 301.20 Transtorno da Personalidade Esquizoide. ...... 48
Quadro 11 Padrão de julgamento dos scripts testados, ordenados em função da médias
dos julgamentos realizados pela amostra. .............................................................. 60
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Frequência absoluta, porcentagem dos participantes em função de sexo. ........... 54
TABELA 2 Distribuição da amostra em função da faixa etária dos participantes .................. 54
TABELA 3 Frequência absoluta e porcentagem da amostra em função curso
frequentado. ............................................................................................................. 55
TABELA 4 Exemplo (script esquiva) do resultados do teste post hoc
(Bonferroni)....................................................................................... ......... .............83
TABELA 5: Resultados dos testes post hoc ( Bonferroni) para as escalas do PBQ... ......... ...85
TABELA 6 Média e desvio padrão para homens e mulheres em cada subescala do PBQ ...... 86
TABELA 7 Valores do Teste t e nível de significância para diferenciar o desempenho
de homens e mulheres no PBQ ............................................................................... 86
TABELA 8 Comparação entre as médias e os desvios padrões das amostras brasileira e
americana ................................................................................................................ 87
TABELA 9 Tabela geral de correlações entre os escores obtidos nas subescalas do PBQ
e as afirmativas que avaliaram soluções para cada script................. ........ ..............91
TABELA 10 Correlações entre escore obtido no PBQ de esquiva e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil evitativo/esquiva ................... 92
TABELA 11 Correlações entre escore obtido no PBQ dependente e as afirmativas que
avaliaram soluções para o scritpt que ativou o perfil dependente ........................... 95
TABELA 12 Correlações entre Escore obtido no PBQ passivo-agressivo e as
afirmativas que avaliaram soluções para o script que ativou o perfil passivo-
agressivo .................................................................................................................. 98
TABELA 13 Correlações entre escore obtido no PBQ obsessivo-compulsivo e as
afirmativas que avaliaram soluções para o script que ativou o perfil
obsessivo-compulsivo ........................................................................................... 101
TABELA 14 Correlações entre escore obtido no PBQ paranoide e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil paranóide..............................................104
TABELA 15 Correlações entre escore obtido no PBQ antissocial e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil antissocial ........................... 107
TABELA 16 Correlações entre o escore obtido no PBQ narcísico e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil narcísico ............................. 111
TABELA 17 Correlações entre o escore obtido no PBQ histriônico e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil histriônico ........................... 115
TABELA 18 Correlações Entre o escore obtido no PBQ esquizoide e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil esquizoide ........................... 118
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em coping focalizado na
resolução de problemas ........................................................................................... 61
Figura 2 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em estratégias compensatórias
subdsenvolvidas do transtorno de personalidade .................................................... 66
Figura 3 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em coping focalizado na
emoção .................................................................................................................... 69
Figura 4 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em coping focalizado nas
relações interpessoais .............................................................................................. 74
Figura 5 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em estratégias compensatórias
hiperdesenvolvidas do transtorno de personalidade ................................................ 78
Figura 6 Médias obtidas pela amostra nas subscalas do PBQ (questionário de crenças
pessoais) .................................................................................................................. 84
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 15
Capítulo 1 - Estratégias de Coping/enfrentamento ............................................................. 15
1.1 Conceito de coping ......................................................................................................... 15
1.2 Visão cognitivo-comportamental do conceito de coping ............................................ 16
1.3 Situações estressoras e coping: o papel das variáveis moderadoras e mediadoras . 18
1.4 Estratégias de coping ..................................................................................................... 20
Coping focalizado na emoção .............................................................................................. 21
Coping focalizado na resolução de problema ..................................................................... 22
Coping focalizado na interação social ................................................................................ 22
Capítulo 2 -Teoria cognitiva dos transtornos de personalidade e das diferenças
individuais ............................................................................................................................... 25
Perfis Cognitivos .................................................................................................................... 36
2.1-Transtorno de personalidade evitativo/esquiva ........................................................... 36
2.2 Transtorno dependente de personalidade ................................................................... 37
2.3 Transtorno passivo-agressivo de personalidade ......................................................... 39
2.4 Transtorno obsessivo-compulsivo de personalidade .................................................. 41
2.5 Transtorno paranoide de personalidade ..................................................................... 42
2.6 Transtorno antissocial de personalidade ..................................................................... 43
2.7 Transtorno narcisista de personalidade ...................................................................... 45
2.8 Transtorno histriônico de personalidade...................................................................... 46
2.9 Transtorno esquizóide de personalidade ..................................................................... 48
Capítulo 3 - Relações entre personalidade e coping ............................................................ 49
Justificativa..............................................................................................................................52
Objetivos................................................. ...............................................................................53
Capítulo 4 - Metologia ............................................................................................................. 54
4.1 Participantes .................................................................................................................. 54
4.2 Instrumentos .................................................................................................................. 55
4.3 Procedimento ................................................................................................................. 56
4.4 Critérios de suspender e se retirar da pesquisa e responsabilidade do pesquisador.. 57
4.5 Aplicação dos instrumentos ........................................................................................... 57
4.6 Local de realização da coleta dos dados: ..................................................................... 58
Capítulo 5 - Descrição e discussão dos dados ..................................................................... 59
5.1 Padrão de resposta nos scripts ......................................................................................... 59
5.1.1 Coping focalizado no problema ................................................................................. 61
5.1.2 Estratégias subdesenvolvidas do transtorno de personalidade .............................. 65
5.1.3 Coping focalizado na emoção .................................................................................... 69
5.1.4 Coping focalizado na interação social ....................................................................... 74
5.1.5 Estratégias hiperdesenvolvidas dos transtornos de personalidade ........................ 77
5.2 Desempenho dos participantes nos intrumentos: Teste t ............................................. 82
5.2.1 Análise de julgamento das respostas – nos scripts ................................................... 82
5.2.2 Análise de julgamento das respostas - no PBQ ........................................................ 84
5.2.3 Análise de julgamento das respostas no Teste t – diferença entre os sexos .......... 85
5.3 Análise das correlações .................................................................................................... 90
5.3.1 Script 1 : Contexto Evitativo/esquiva ........................................................................ 92
5.3.2 Script 2: Contexto Dependente .................................................................................. 94
5.3.3 Script 3: Contexto Passivo-agressivo ........................................................................ 97
5.3.4 - Script 4: Contexto Obsessivo-compulsivo ............................................................ 100
5.3.5- Script 5: Contexto Paranóide ................................................................................. 103
5.3.6 - Script 6 : Contexto Antissocial .............................................................................. 106
5.3.7- Script 7 : Contexto Narcisico .................................................................................. 110
5.3.8 - Script 8 : Contexto Histriônico .............................................................................. 114
5.3.9- Script 9: Perfil Esquizóide ...................................................................................... 117
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 120
Referências ............................................................................................................................ 124
ANEXOS ................................................................................................................................ 131
ANEXO A: Questionário de Crenças Pessoais PBQ-ST ................................................... 132
ANEXO B: SCRIPTS...........................................................................................................135
ANEXO B1 Construção dos scripts .................................................................................. 136
ANEXO B2: Apresentação dos scripts no retroprojetor para os pesquisandos .......... 141
ANEXO B3: Folha de resposta dos scripts para os pesquisandos.................................147
ANEXO C: Escala EMEP............................................................... ....................................151
ANEXO D: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................. 156
14
INTRODUÇÃO:
As Ciências Sociais, da Saúde e do Comportamento Humano, como a Psicologia, têm
convergido seus estudos para a busca de explicações de como as pessoas lidam com
determinadas demandas da vida. Neste estudo, busca-se compreender e descrever se existe
uma relação entre estratégias de coping (enfrentamento) e perfis cognitivos de personalidade.
Esta pesquisa é uma importante contribuição para a ampliação dos estudos acerca de formas
de enfrentamento do estresse e a teoria cognitiva da personalidade.
Inicialmente será explanado o conceito de coping e as estratégias de enfrentamento
focalizadas na emoção vigente, na resolução de problemas e na busca de apoio através da
interação social. Em seguida será abordada a teoria cognitiva de personalidade proposta por
Aaron Beck, contemplando os perfis cognitivos de personalidade, a visão que possuem de si
mesmos, dos outros e do mundo, principais estratégias compensatórias utilizadas
hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas e a convergência entre coping e personalidade.
No terceiro capítulo será apresentada a metodologia de pesquisa, caracterização da
amostra estudada, apresentação dos instrumentos, procedimentos e analises estatísticas
utilizadas.
No quarto capítulo os dados serão descritos e discutidos com base na teoria de coping
e de personalidade segundo a abordagem cognitiva de Beck. Neste capítulo serão analisados:
o padrão de resposta dos scripts (a preferência da amostra por determinadas resposta de
coping); o desempenho dos participantes nos instrumentos e a análise das correlações entre as
respostas aos contextos/scripts e os perfis cognitivos de personalidade.
15
Capítulo 1 – Estratégias de Coping
Conceito de coping:
Coping ou estratégia de enfrentamento pode ser conceituado, originalmente, como:
“ [...] o conjunto das estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a
circunstâncias adversas. Os esforços despendidos pelos indivíduos para lidar com
situações estressantes, crônicas ou agudas, tem se constituído em objeto de estudo da
Psicologia social, clínica e da personalidade, encontrando-se fortemente atrelado ao
estudo das diferenças individuais.” (Antoniazzi, Dell’Aglio & Bandeira, 1998, p. 274).
Com a ampliação dos estudos sobre coping, diferentes perspectivas do conceito têm
sido destacadas. Savoia (1999) afirma que coping seriam as habilidades desenvolvidas para o
domínio das situações de estresse e adaptação a elas. Nesse contexto de habilidades de
enfrentamento, tem-se falado muito em estratégias ou processos de coping, em vez de
respostas de coping. Dessa forma, coping seria definido pela pesquisadora como todos os
esforços de controle de uma situação, contexto ou emoção, sem considerar suas
consequências, ou seja, trata-se de uma resposta ao estresse (comportamental ou cognitiva)
cuja finalidade é reduzir as qualidades aversivas de situações, contextos ou experiências
emocionais.
O conceito de coping será ainda, apresentado numa visão cognitivo-comportamental
como forma de ampliação e compreensão de como suas estratégias são utilizadas.
16
1.2 - Visão cognitivo-comportamental do conceito de coping:
Conforme Sanzovo e Coelho (2007), o processo de coping pode ser entendido como
um conjunto de respostas comportamentais que o indivíduo, diante de uma situação de
estresse, emite para modificar o ambiente na tentativa de adaptar-se da melhor forma possível
ao evento estressor, reduzindo ou minimizando seu caráter aversivo. Para explicar por que
essas estratégias são aprendidas e mantidas ou não no decorrer da vida de cada indivíduo, as
autoras sugerem que tais estratégias estejam relacionadas a esquemas de reforçamento aos
quais uma pessoa se submeteu ao longo de sua história ontogênica.
O desenvolvimento e a implementação de um repertório de habilidades de
enfrentamento, segundo Torres e Coelho (2004) pode levar à diminuição da adversidade e à
eliminação de respostas de fuga/esquiva, resultando em um aumento da percepção de controle
pessoal das situações e em maior possibilidade de enfrentamentos mais adaptativos.
Complementando as idéias anteriores sobre coping, estudos anteriores, como os de
Folkman e Lazarus (1980), já descreviam o conceito como um conjunto de esforços
cognitivos e comportamentais utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com
demandas específicas, internas ou externas, que surgem em situações de estresse e são
avaliadas como sobrecargas ou excedem seus recursos pessoais.
Antoniazzi, Dell’Aglio e Bandeira (1998) apresentam, de forma sucinta, o “modelo de
Folkman e Lazarus” (1980) composto por, quatro conceitos principais: (a) coping é um
processo ou uma interação que se dá entre o indivíduo e o ambiente; (b) sua função é
administração da situação estressora, em vez de controle ou domínio da referida situação; (c)
processos de coping dizem respeito á forma pela qual o fenômeno é percebido, interpretado e
cognitivamente representado na mente do indivíduo; (d) processo de coping representa uma
mobilização de esforço, por meio da qual os indivíduos empreenderão esforços cognitivos e
17
comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar) as demandas internas ou
externas que surgem da sua interação com o ambiente.
Lazarus afirma que as transações entre um indivíduo e seu ambiente são motivadas
pela avaliação cognitiva que inclui avaliar (1) se uma situação ou evento ameaça o bem-estar
do indivíduo; (2) se existem recursos pessoais suficientes disponíveis para lidar com a
demanda; e (3) se a estratégia da pessoa para lidar com a situação ou evento funciona (Straub,
2005). Ainda segundo Lazarus, avaliar o evento como estressante significa enxergá-lo como
desafio potencial, fonte de perigo ou ameaça para o bem-estar futuro do indivíduo. O desafio
é percebido quando a situação é difícil, mas pode ser superada e a pessoa pode ser beneficiada
por ela (Straub, 2005).
Sanzovo e Coelho (2007), na discussão da relação entre coping e estresse, cita
pesquisadores comportamentalistas como Banaco (2005), que aponta que, para a Análise do
Comportamento, o processo de estresse pode ser entendido como uma mudança na relação do
sujeito com o ambiente, devido a alterações ambientais aversivas, o que implicará a
necessidade de um novo repertório. Segundo essa visão, se o indivíduo, diante de uma
alteração ambiental aversiva, não apresentar respostas comportamentais adaptativas, pode-se
considerar que essa ausência de resposta constituirá um problema.
Ainda segundo Santos (1995) os estressores são absolutos, ou seja, o evento acontece;
no entanto, a maneira pela qual o indivíduo reagirá a esse evento é relativa, isso é, cada
pessoa pode reagir de maneira diferente a um mesmo evento estressor. Nesse sentido, deve-se
entender que cada indivíduo possui um nível de tolerância ao estresse diferente dos demais.
Pode-se concluir que o coping é uma resposta e/ou estratégia com o objetivo de
aumentar, criar ou manter a percepção de controle pessoal. A tendência a escolher uma
determinada estratégia de coping depende do repertório individual (muitas estratégias podem
ser úteis para uma mesma situação) e de experiências tipicamente reforçadas.
18
As funções de coping, segundo Savoia (1999), seriam duas: modificar a relação entre a
pessoa e o ambiente, controlando ou alterando o problema causador de "distress" (aumento de
estresse que dificulta a vida da pessoa) e adequar a resposta emocional ao problema. Em
geral, as formas de coping centradas na emoção são mais passíveis de ocorrer quando já tenha
havido uma avaliação de que nada pode ser feito para modificar as condições de dano, ameaça
ou desafio ambientais. Formas de coping centradas no problema, por outro lado, são mais
prováveis quando tais condições desafiadoras são avaliadas como fáceis de mudar.
Na próxima seção, serão apresentados os trabalhos de pesquisa sobre situações
estressoras e sua relação com o coping, bem como o papel das variáveis moderadoras e
mediadores desse processo.
1.3 - Situações estressoras e coping: o papel das variáveis moderadoras e
mediadoras:
Straub (2005) afirma que o modelo mais influente sobre o estresse como processo é o
modelo transacional (também chamado de modelo relacional), proposto por Richard Lazarus
e seus colaboradores. Esse modelo tem como idéia principal que não se pode compreender
completamente e estresse examinando eventos ambientais (estímulos) e pessoas (respostas)
como entidades separadas; em vez disso, deve-se considerá-los em conjunto, como numa
transação, na qual cada indivíduo deve ajustar-se de forma contínua aos desafios cotidianos.
Sanzovo e Coelho (2007) também descrevem a relação entre situações estressoras e
coping, sugerindo que a capacidade do ser humano de se adaptar a situações adversas se dá
por intermédio de comportamentos aprendidos a partir de regras ou diretamente pela
exposição às contingências. Essas condições de aprendizagem possibilitam meios para se
evitar e/ou enfrentar situações estressoras. Essa capacidade de adaptação, juntamente com a
19
ampliação de fontes sobre a informação estressora, permite considerar importantes avanços
em direção à melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Da mesma forma, trabalhos anteriores, como o de Savoia (1999), sugerem que existe
uma relação entre o coping centrado no problema (o indivíduo concentra-se na resolução de
problemas) e coping centrado na emoção (o indivíduo concentra-se na regulação da emoção)
caracterizada por uma influência mútua entre ambos os tipos de coping em situações
estressantes. Nesse sentido, os indivíduos utilizam ambas as formas de coping, o que poderia
impedir ou facilitar a manifestação de uma ou de outra forma. Isso quer dizer que, resolvendo
o problema, a emoção é “normalizada”, ou reduzindo e controlando as emoções, a pessoa
pode identificar estratégias de solução que não percebia antes, por estar sob o impacto da
emoção. O autor ainda sugere que as estratégias de ambos os tipos de coping serão
determinadas por recursos do indivíduo (que incluem saúde e energia), por crenças
existenciais, por habilidades de solução de problemas, por habilidades sociais, por suporte
social e por recursos materiais.
Estratégias de enfrentamento de estressores externos e/ou ambientais podem surgir, à
medida que o indivíduo faz uso de habilidades de solução de problemas e planejamento;
desenvolvimento de repertório apropriado para obtenção de fontes de reforçamento social,
como autocontrole e assertividade e ainda, busca de suporte social, religiosidade e lazer
(Seidl, Troccoli & Zannon, 2001).
Rudolph, Denning e Weisz, (1995) destacaram que o episódio de coping faz parte de
um processo que sofre influência de múltiplas variáveis (fatores moderadores e mediadores)
que se encontram envolvidas. Os fatores moderadores de coping são caracterizados como
variáveis que afetam a direção ou a intensidade da relação entre uma variável independente
(fatores estressores) e uma variável dependente (resposta de enfrentamento); essa variável
seria algo preexistente que influenciaria o resultado da resposta de coping. Fatores
20
moderadores refletem as características da pessoa (nível de desenvolvimento, gênero,
experiência prévia, temperamento), do estressor (tipo, nível de controlabilidade), do contexto
(influência paterna, suporte social) e a interação entre esses fatores.
Os fatores mediadores são definidos como mecanismos pelos quais a variável
independente (fatores estressores) é capaz de influenciar a variável dependente (resposta de
enfrentamento); esses mecanismos seriam exemplificados como a avaliação cognitiva e o
desenvolvimento da atenção. Sua característica principal é que eles seriam acionados durante
o episódio de coping, em oposição aos moderadores, que seriam preexistentes.
Nesta pesquisa, foram avaliados os perfis de personalidade dos participantes. Pode-se
hipotetizar, que cada perfil de personalidade constituiria variáveis moderadoras e o
julgamento das respostas de coping utilizada pelo indivíduo seriam variáveis mediadoras que
a pessoa utilizaria numa dada situação. As crenças do perfil (esquemas ou representações
mentais que as pessoas fazem de si mesmas, do mundo ou do futuro), bem como, as
estratégias instrumentais (formas de regular a realidade percebida), possivelmente, seriam os
moderadores do processo.
A seguir serão apresentadas as estratégias de coping (focadas na emoção, na resolução de
problema e na interação social) estudadas nesta pesquisa, como forma de enfrentamento de
situações estressantes.
1.4 - Estratégias de coping:
É importante diferenciar estratégias e estilos de coping. Embora os estilos possam
influenciar a extensão das estratégias de coping selecionadas, eles são fenômenos distintos e
têm diferentes origens teóricas. Os estilos de coping têm sido mais relacionados a fatores
disposicionais do indivíduo, como características de personalidade. As estratégias se referem
21
a ações cognitivas (pensamentos) ou a comportamentos executados, no curso de um episódio
particular de estresse, e são vinculadas a fatores situacionais.
Folkman e Lazarus (1986) enfatizaram o papel assumido pelas estratégias de coping.
Essas estratégias podem mudar de um momento para momento, durante os estágios de uma
situação estressante. Dadas essas modificações constantes nas reações individuais, esses
autores defendem a impossibilidade de se preverem respostas situacionais, a partir do estilo
típico de coping de uma pessoa. A saída, então, seria estudar as estratégias de coping.
Nesse sentido, Amirkhan (1990) identificou estratégias de coping mais comumente
usadas em respostas ao estresse e sugeriu a existência de três estágios. Para isso, utilizou uma
amostra grande, separada e heterogênea, revelando consistentemente três estratégias
fundamentais e mais extensamente utilizadas pelos indivíduos: (1) resolução de problemas;
(2) procura de sustentação social; (3) procura de regulação emocional. Em relação às origens
dessas estratégias, o autor sugere que elas correspondem a reações humanas frente à ameaça.
A estratégia de resolução de problema parece derivar de tendências primitivas de “luta”; a
estratégia de regulação da emoção parece derivar-se de inclinações de “fuga” e a estratégia de
procura/sustentação social parece mostrar uma necessidade primitiva de contato humano
desde épocas antigas, necessidade de conselho ou distração que o contato pode fornecer.
A seguir serão apresentadas as estratégias de coping estudadas neste trabalho:
Coping focalizado na emoção:
O coping focalizado na emoção é definido como um esforço para regular o estado
emocional que está associado ao estresse, ou é o resultado de eventos estressantes. Esses
esforços de coping são dirigidos a um nível somático (regular as sensações proprioceptivas
experimentadas em uma emoção) e/ou a um nível de sentimentos, tendo por objetivo alterar o
estado emocional do indivíduo. Por exemplo, fumar um cigarro, tomar um tranquilizante,
22
assistir a uma comédia na TV, sair para correr, são exemplos de estratégias dirigidas a um
nível somático de tensão emocional. A função dessas estratégias é reduzir a sensação física
desagradável de um estado de estresse produzido pelas emoções (Folkman, Lazarus, Dunkel-
Schetter, DeLongis, & Gruen, 1986; Antoniazzi et al., 1998; Seidl et al., 2001).
A seguir será apresentado o conceito de coping focado na resolução de problema
como forma de resolução da situação estressante.
Coping focalizado na resolução de problema:
O coping focalizado no problema constitui um esforço para atuar na situação que deu
origem ao estresse, tentando mudá-la. A função dessa estratégia é alterar o problema existente
na relação entre a pessoa e o ambiente que causa a tensão. A ação de coping pode ser
direcionada interna ou externamente. Quando o coping focalizado no problema é dirigido para
uma fonte externa de estresse, inclui estratégias tais como negociar para resolver um conflito
interpessoal ou solicitar ajuda prática de outras pessoas. Essa ajuda prática de outras pessoas é
denominada por vários autores como por Coyne e DeLongis (1986) e O’Brien e DeLongis
(1996) como coping focalizado na ajuda social. O coping focalizado no problema,
direcionado internamente, geralmente inclui reestruturação cognitiva como, por exemplo, a
redefinição do elemento estressor (Fokman et al., 1986; Antoniazzi et al., 2001; Seidl et al.,
2001).
Coping focalizado na interação social:
Por outro lado, coping focado na interação social caracteriza-se pela busca de apoio
nas pessoas do seu círculo social para a resolução da situação estressante (Antoniazzi et al.,
1998).
23
Complementarmente, Lipp (1984), em seu Inventário de Controle de Estresse,
descreve as seguintes estratégias de coping:
aspectos fisiológicos que englobam exercícios físicos, práticas gerais de nutrição e
saúde, formas de relaxamento;
sistemas de apoio, envolvendo o suporte social da família e de amigos, sessões de
psicoterapia, frequência a uma igreja;
trabalho voluntário, recreação e hobbies;
habilidades interpessoais e de controle que englobam treinamentos e experiências
de crescimento pessoal.
Os recursos socioecológicos podem atuar como fatores de risco e de resistência ao
ajustamento do indivíduo. Nesse sentido, os recursos de coping estão, segundo Beresford
(1994) fortemente vinculados à noção de vulnerabilidade, já que a vulnerabilidade aos efeitos
do estresse é mediada por recursos de coping. Dependendo da qualidade e da disponibilidade
desses recursos, o sujeito torna-se mais vulnerável ou mais resistente aos efeitos adversos do
estresse. É necessário lembrar que estresse e vulnerabilidade podem ser um círculo vicioso,
em que o primeiro afeta os recursos de coping e, por sua vez, essa falta de recursos de
enfrentamento amplia o senso de vulnerabilidade.
Ainda sobre a interação entre coping e estresse, Gimenes e Queiroz (1997) mostram
uma concepção de enfrentamento segundo o modelo interativo do estresse que (a) enfatiza os
resultados adaptativos e não os aspectos psicopatológicos de possíveis respostas de
enfrentamento; (b) valoriza as diferenças individuais, tanto na avaliação quanto na utilização
das estratégias de enfrentamento; (c) compreende o enfrentamento no contexto da situação
específica e das demandas particulares; (d) enfatiza a noção de processo e o seu caráter
flexível, minimizando aspectos disposicionais ou de estilos de enfrentamento.
24
Muitas pesquisas têm sido realizadas para mensurar as estratégias de enfrentamento e
alguns instrumentos foram construídos e validados para a utilização em diferentes contextos e
em saúde. Nesse estudo, serão brevemente descritos dois instrumentos de mensuração das
estratégias de coping: o Ways of Coping e o EMEP - Escala de Modos de Enfrentar
Problemas, porque constituem a base teórica para a construção das estratégias de
enfrentamento relacionadas aos scripts de personalidade utilizados nesta pesquisa:
A Escala Modos de Enfrentar Problemas EMEP, que é uma tradução e adaptação para
o Português da escala de Vitaliano, Russo, Carr, Maiuro, e Becker, (1985) In Seidl et al.,
(2001), utilizando procedimentos de análise semântica e tradução reversa sem, no entanto,
proceder à investigação da sua estrutura fatorial. A Escala Modos de Enfrentar Problemas é
uma escala composta por 57 itens, possui oito subescalas que expressam cognições (ações
intrapsíquicas) e comportamentos (ações diretas) para lidar com eventos estressantes:
focalização no problema (quinze itens), pensamento positivo (seis itens), busca de apoio
social (seis itens), religiosidade (três itens), esquiva (dez itens) e culpabilização de outros (seis
itens). As respostas foram dadas em uma escala tipo likert de cinco pontos (1 = Eu nunca faço
isso; 2 = Eu faço isso um pouco; 3 = Eu faço isso às vezes; 4 = Eu faço isso muito; 5 = Eu
faço isso sempre) essa escala pode ser visualizada no Anexo C. Essa escala, juntamente com a
teoria cognitiva de personalidade, formou a base para a construção dos scripts e das respostas
de enfrentamento.
Até aqui, abordou-se o conceito de coping e suas estratégias mais utilizadas; a seguir,
serão apresentados o embasamento teórico e o modelo de personalidade que será aplicado
neste trabalho.
25
Capítulo 2 - Teoria Cognitiva dos Transtornos de Personalidade e das
Diferenças Individuais
Allport (1973) pontua as origens do termo “personalidade” em algumas línguas e sua
importância para a linguagem, autores como Max Muller (1888) in Allport (1973)
consideram que a palavra personalidade seria considerada como pessoa, sendo então uma
manifestação abstrata, não sendo masculina, nem feminina, nem jovem, nem velha.
Os termos personality, em inglês, personnalité, em francês, Personlichkeit, em
alemão, são muito semelhantes ao personalitas do latim medieval. No latim clássico, usava-se
apenas persona. Muitos eruditos admitem que essa palavra originalmente significava máscara.
Todavia, persona, começou a significar outras coisas, como: o ator colocado atrás da máscara,
com seu verdadeiro conjunto de qualidades íntimas e pessoais. Significando também, uma
pessoa importante (donde personage, parson). Uma definição famosa de persona é a
apresentada por Boécio, no século VI: Persona est substância individual de natureza racional.
(Allport, 1973).
Para Allport (1973) “personalidade é a organização dinâmica, no indivíduo, dos
sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e seu pensamento característico”.
O conceito de personalidade é bastante complexo e uma questão teórica aberta é
relacionada a uma definição precisa para o conceito em Psicologia. Caballo (2007), apresenta
quatro definições sobre personalidade:
“A personalidade é esse padrão de pensamentos, sentimentos e comprometimentos e
comportamentos característicos que distingue as pessoas entre si e que persiste ao
longe do tempo e por meio de situações.” (Phares, 1988, p. 4 In Caballo, 2007).
“A personalidade refere-se, normalmente, aos padrões distintivos de comportamento
(incluindo pensamentos e emoções) que caracterizam a adaptação de cada indivíduo
às situações de sua vida.” (Michel, 1986, p. 4, In Caballo, 2007).
“A personalidade é um padrão de características cognitivas, afetivas e
comportamentais, profundamente enraizadas e amplamente manifestas, que persistem
ao longo de amplos períodos de tempo.” (Millon e Evertly, 1985, p. 4, In Caballo,
2007).
“As características de personalidade são padrões persistentes de perceber, relacionar-
se com e pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo, que se manifestam em uma ampla
gama de contextos sociais e pessoais.” (APA, 2000, p. 686, In Caballo, 2007)
26
A partir dessas quatro definições, podemos concluir que a personalidade é a
manifestação de padrões ligados a características pessoais, afetos, comportamentos e
cognições que o indivíduo apresenta, de forma relativamente constante, durante toda a sua
vida, e que lhe permite significar e interagir com o ambiente em que vive.
Beck, Freeman e Davis (1993), em seus estudos sobre a teoria cognitiva da
personalidade, destacam os perfis de personalidade como os dotes inatos que podem interagir
com influências ambientais, de forma a produzir distinções quantitativas em padrões
cognitivos, afetivos e cognitivos característicos, conferindo diferenças individuais à
personalidade. Para esses autores, os indivíduos são dotados de diferentes padrões cognitivos
de personalidade que são produto da interação entre fatores de diátese (propensão biológica a
desenvolver determinados perfis de personalidade) e fatores de estresse (experiências e
aprendizagens ao longo da vida). Os indivíduos, então, transitam por perfis cognitivos de
personalidade (significações que o self dá para a realidade acerca de si mesmo, do outro e do
mundo), consistindo em variados graus de probabilidade para responder a uma situação
específica, dependendo da ativação ou não dos esquemas que compõem um perfil cognitivo
ou outro. Essa ativação depende tanto de fatores de diátese quanto de fatores ambientais. Por
exemplo, se alguém perde um objeto e ativa esquemas do perfil cognitivo obsessivo-
compulsivo, tende a interpretar a perda como um “erro pessoal”; por outro lado, se ativa um
perfil cognitivo evitativo, tende a “fugir e se esquivar” de pensar no objeto perdido.
Desde os primeiros estudos contemporâneos sobre personalidade humana, autores
como Kagan (1989) colocam que, apesar da ampla suposição de que o ambiente inicial seja
fundamental para o desenvolvimento da personalidade e da psicopatologia, há pouca pesquisa
que tenha realmente medido a experiência infantil e, posteriormente, avaliado a personalidade
no adulto maduro, o que torna difícil inferir que o processo de formação da personalidade seja
apenas maturacional e desenvolvimental.
27
Caminha, Wainer, Oliveira e Piccoloto (2003) procuram explicar a gênese e o
desenvolvimento da personalidade (e seus transtornos), através da aprendizagem. As
características de personalidade refletem estratégias que foram construídas no intuito de
facilitar a adaptação do indivíduo ao seu ambiente. Por exemplo, à medida que as pessoas vão
interagindo com o contexto no qual estão inseridas, procuram pela melhor maneira de
adaptar-se a ele, em um processo contínuo de aprendizagem que se inicia desde a mais tenra
idade, a partir das interações com seus modelos de referência (cuidadores). As estratégias
bem-sucedidas ficam inclinadas a manter-se e perpetuar-se, ao passo que aquelas que se
mostraram inadequadas tendem a extinguir-se. Fatores genéticos/evolutivos entram em jogo
na formação da personalidade de um indivíduo. Tais fatores, contudo, podem ser exacerbados
ou minimizados dependendo das interações que realizam com o ambiente.
É provável que um dos aspectos mais marcantes da teoria cognitiva de Beck seja a
teoria unificada de personalidade e psicopatologia. Nos transtornos de personalidade,
encontramos esquemas (crenças) rígidos, discretos, hiperativos que desempenham um papel
central e distorcido na hierarquia de possíveis significações da realidade interna e externa.
em amostras não clínicas, os mesmos temas que compõem um transtorno de personalidade
compõem uma forma de representação da realidade mais flexível e dinâmica.
Os esquemas segundo Beck et al., (1993) são regras específicas que regem o
processamento da informação e o comportamento e podem ser classificados em categorias
úteis, como esquemas pessoais, familiares, culturais, religiosos, de gênero e profissionais. Em
vista da importância das mudanças esquemáticas, as crenças centrais (visão de si mesmo) são
difíceis de mudar, sendo firmemente mantidas por elementos comportamentais, cognitivos e
afetivos.
28
Ao se pensar sobre a origem, o desenvolvimento e a função da personalidade na teoria
cognitiva de Beck, permanece a seguinte pergunta: Como os processos de personalidade são
formados e operam a serviço da adaptação?
Beck et al., (1993) tentam responder essa pergunta, sugerindo que os padrões de
personalidade derivam de uma herança filogenética: as estratégias geneticamente
determinadas que facilitaram a sobrevivência e a reprodução foram favorecidas pela seleção
natural. Derivados dessas estratégias primitivas são observados em uma forma exagerada nas
síndromes sintomáticas, como ansiedade e depressão e em transtornos de personalidade, como
a dependência. Beck (2004) pontua que padrões de funcionamento derivados da evolução
incluem comportamentos ou estratégias como: competitividade, dependência, evitação,
resistência, desconfiança, dramatização, controle, agressão, isolamento, e
autoengrandecimento e observa que as estratégias “representam a solução singular de cada
indivíduo para os problemas de conciliação das pressões internas por sobrevivência e vínculo
com os obstáculos, ameaças e demandas externas”. O indivíduo saudável, então, na sociedade
atual tecnologicamente avançada, emprega muitas dessas estratégias de forma adaptativa e em
circunstâncias específicas.
Caminha et al., (2003) concordam com as citações anteriores e discorrem que os
caracteres evolutivos permitem compreender e expandir o significado do condicionamento
vicário. Reações de medo por parte de outros significavam a proximidade de uma ameaça
potencial, de modo que a elevação dos níveis de ansiedade, com suas alterações características
do Sistema Nervoso Simpático – hipervigilância, taquicardia, direcionamento do fluxo
sanguíneo para o tecido muscular, etc. – era uma resposta adaptativa, na medida em que
facilitava as reações de luta ou fuga. A evolução corrobora o surgimento das fobias por
processos de modelação: a reação emocional de outros significa a presença de perigo, sendo a
fuga/esquiva fóbica uma reação adaptativa, relacionada à aptidão.
29
Ao discorrer sobre a interação entre disposições inatas e influências ambientais e sua
relação com traços de personalidade Beck et al., (1993) supõem que, pelo fato de atribuir
significados aos eventos, as estruturas cognitivas iniciem uma reação em cadeia, que
culminam nos tipos de comportamento manifestos (estratégias) atribuídos como traços de
personalidade. Esses padrões comportamentais e de disposições (“honesto”, “tímido”,
“comunicativo”), representam as estratégias interpessoais desenvolvidas nesse processo de
adaptação às exigências de um meio social, que foram selecionadas segundo os mesmos
princípios proposto por Darwin.
As crenças disfuncionais típicas (pensamentos desadaptativos utilizados na
significação dos fatos cotidianos) e as estratégias mal-adaptativas expressadas nos transtornos
de personalidade tornam os indivíduos suscetíveis às experiências de vida que geram sua
vulnerabilidade cognitiva. Em função dessa vulnerabilidade, os indivíduos passam a basear-se
em crenças extremas, rígidas e imperiosas. Beck et al., (1993), supõem que essas crenças
disfuncionais se tenham originado em consequência da interação entre a predisposição
genética do indivíduo e a exposição a influências indesejáveis de outras pessoas e
acontecimentos traumáticos específicos.
O conceito de evolução das estratégias interpessoais, proposto por Beck et al., (1993),
alinha-se ao conceito de comportamento programado proposto por Gilbert (1989), que explica
comportamentos selecionados de animais não-humanos tanto quanto de seres humanos. Para
esse autor, comportamentos observados em animais não-humanos refletiriam processos
subjacentes programados e expressos em comportamento manifesto, dependendo da interação
entre estruturas geneticamente determinadas e a experiência.
Ampliando o raciocínio de Gilbert, Beck et al., (1993) consideram que programas
cognitivo-afetivos-motivacionais de longa duração influenciam os processos automáticos
(mecanismo de significação da realidade de forma automática e, portanto, com um pequeno
30
uso de recursos atencionais). Assim, o modo pelo qual são significados os eventos, o que é
sentido e a disposição para agir, são derivados de programas envolvidos no processamento
cognitivo, afetivo, estímulo e motivação; esses programas podem ter evoluído como resultado
da capacidade de manter a vida e promover a reprodução.
Beck et al., (1993) e Caminha et al., (2003) também afirmam que a visão cognitiva
atual da personalidade leva em conta a história evolutiva na configuração dos padrões de
pensar, sentir e agir. Então, para entender melhor as estruturas, processos e funções da
personalidade, é fundamental ao examinar as atividades, os sentimentos e comportamento e
suas relações com estratégias etológicas de sobrevivência da espécie humana. Um mau
ajustamento ou dificuldade em adaptar-se pode representar, no desenvolvimento do
comportamento, um transtorno de personalidade. A variabilidade genética poderia responder
pelas diferentes possibilidades de estratégias para se lidar, a partir de perfis cognitivos de
personalidade, com os desafios do cotidiano. Por exemplo, um indivíduo apresentaria
predisposição a ficar e atacar diante do perigo, outro ficaria paralisado, e um terceiro evitaria
qualquer possível fonte de perigo. Essas diferenças nas estratégias e nas ações mostram
características duradouras, típicas de certos tipos de perfis de personalidade.
Podemos, então, dizer que um indivíduo, quando experimenta pressão interna para
satisfazer certos desejos de curto prazo, tais como obter prazer e aliviar a dor, pode, em algum
grau, estar realizando objetivos evolutivos de longo alcance (Beck et al., 1993).
Nos seres humanos então, o termo estratégia pode ser analogicamente aplicado a
formas de comportamento que podem ser adaptativos ou mal-adaptativos, dependendo das
circunstâncias. Egocentrismo, competitividade, exibicionismo e evitação do desprazer podem
ser adaptativos em certas situações, entretanto completamente mal-adaptados em outras. Ao
examinar os padrões afetivos e cognitivos, pode-se ver um relacionamento específico entre
certas crenças e atitudes, por um lado, e o comportamento, por outro.
31
Kagan (1989) afirma, em relação a interação entre fatores genéticos e interpessoais,
que existem fortes evidências de que certos tipos de temperamento e padrões de
comportamento relativamente estáveis já estejam presentes por ocasião do nascimento,
características inatas vistas como tendências, podendo ser acentuadas ou diminuídas pela
experiência.
Como foi dito anteriormente, Beck et al., (1993), em sua teoria, propõem que
programas cognitivos-afetivo-motivacionais integrados decidem o comportamento do
indivíduo e o diferenciam das outras pessoas. Em crianças maiores e adultos, a timidez, por
exemplo, constitui um derivativo de uma infraestrutura de atitudes tais como “é arriscado
expor o pescoço”, um baixo limiar de ansiedade em situações interpessoais, além de uma
motivação a retrair-se diante de novos conhecidos e estranhos. Essas crenças podem
perpetuar-se, em conseqüência da repetição de experiências traumáticas que parecem
confirmá-las.
A seguir, serão apresentados os perfis cognitivos de personalidade estabelecidos a
partir das pesquisas realizadas por Beck et al., (1993) destacando, especialmente, as
estratégias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas desses perfis.
Nesta pesquisa não foram incluídos os perfis de personalidade borderline e
esquizotípico. Esses dois transtornos não apresentam um conjunto idiossincrático típico de
crenças e estratégias, como os restantes. O transtorno borderline, por exemplo, consiste em
uma grande variedade de crenças e padrões de comportamento típicos, que são característicos
da ampla gama de transtornos da personalidade. O transtorno esquizotípico caracteriza-se,
mais precisamente, por peculiaridades de pensamento, e não por conteúdo idiossincrático
(Beck, Freeman & Davis, 2005).
32
Perfis cognitivos
Beck et al., (1993) apontam a importância dos padrões de comportamentos
hiperdesenvolvidos e subdesenvolvidos, afirmando que os indivíduos com transtorno de
personalidade tendem a apresentar certos padrões de comportamento hiperdesenvolvidos, ao
passo que outros padrões são subdesenvolvidos. As características comportamentais
deficientes geralmente são a contraparte das características fortes. Quando uma estratégia
interpessoal está hiperdesenvolvida, a estratégia que a equilibra não se desenvolve
adequadamente.
Para explicar essa dinâmica entre as estratégias, os autores afirmam que certas
estratégias hiperdesenvolvidas podem ser derivadas de processos compensatórios de um tipo
específico de autoconceito e de respostas evolutivas específicas, sem esquecer da importância
da identificação com outros membros da família (aprendizagem vicariante), pois alguns
indivíduos parecem adotar certos padrões disfuncionais de seus pais ou irmãos e construir
uma visão de mundo sobre tais padrões, à medida que crescem.
Em outros indivíduos, os transtornos de personalidade parecem evoluir a partir da
herança de uma forte predisposição maturacional. Pesquisas feitas por Kagan (1989) indicam
que uma timidez precocemente demonstrada tende a persistir. É possível que uma disposição
inata à timidez possa ser reforçada por experiências subsequentes, de modo que, em vez de
simplesmente ser não-assertivo, o indivíduo desenvolva uma personalidade evitativa.
Por outro lado, J. Beck (2007) destaca a importância de não avaliar as estratégias que
são utilizadas pelos indivíduos como boas ou más e, sim, como mais ou menos adaptativas, de
acordo com a situação e seus objetivos; pessoas com personalidades saudáveis são capazes de
utilizar eficientemente várias estratégias. A autora cita também Beck et al., (2005), que
sugerem que as estratégias superdesenvolvidas podem ter sido adequadas ou na etapa do ciclo
33
vital em que foram desenvolvidas, mas são causas de problemas posteriormente, quando esses
comportamentos se tornam compulsivos e os indivíduos se mostram incapazes de utilizar
outros métodos mais adequados à determinada situação; por exemplo, uma pessoa
hipervigilante quanto a ser maltratado pelas pessoas pode desconfiar também de uma pessoa
de confiança, como seus pais ou companheiro(a).
A seguir, será apresentado o Quadro 1, com os perfis cognitivos dos transtornos de
personalidade sugeridos por Beck et al., (1993) e suas respectivas estratégias
hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas:
Quadro 1 Estratégias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas dos transtornos de
personalidade
Perfis de Personalidade
Estratégias comportamentais Estratégia comportamentais
hiperdesenvolvidas subdesenvolvidas
Obsessivo-compulsivo
Controle Espontaneidade
Responsabilidade Graça
Sistematização
Dependente
Busca de ajuda Autossuficência
Apego Mobilidade
Passivo-agressivo
Autonomia Intimidade
Resistência Assertividade
Passividade Atividade
Sabotagem Cooperação
Paranoide
Vigilância Serenidade
Desconfiança Confiança
Suspeita Aceitação
Narcisista
Autoengrandecimento Compartilhamento
Competitividade Identificação com o grupo
Antissocial
Combatividade Empatia
Exploração Reciprocidade
Predação Sensibilidade social
Esquizoide
Autonomia Intimidade
Isolamento Reciprocidade
Evitativo
Vulnerabilidade Autoafirmação
Evitação Gregarismo
Inibição
Histriônico
Exibicionismo Reflexividade
Expressividade Controle
Impressionismo Sistematização
Quadro baseado em Beck, Freeman e Davis (1993)
34
Conforme a Coordenação mund. da saúde (1993) Classificação de Transtornos
Mentais e de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diagnósticas, o termo
“transtorno” é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores
inerentes ao uso de termos tais como “doença” ou “enfermidade”. “Transtorno” não é um
termo exato, todavia é usado aqui para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou de
comportamentos clinicamente reconhecíveis associados, na maioria dos casos, a sofrimento e
interferência com funções pessoais.
Os transtornos de personalidade abrangem padrões de comportamento profundamente
arraigados e permanentes, manifestando-se como respostas inflexíveis a uma ampla série de
situações pessoais e sociais. Eles representam desvios extremos ou significativos do modo
pelo qual o indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, sente e, particularmente,
relaciona-se com os outros. Tais padrões de comportamento tendem a ser estáveis e a abarcar
múltiplos domínios do comportamento e funcionamento psicológico. Eles estão
frequentemente, mas não sempre, associados a graus variados de angústia subjetiva e a
problemas no funcionamento e desempenho sociais (CID-10, 1993).
Já de acordo com a Associação Psiquiátrica Americana APA (2003) Manual
Diagnóstico e Estatístico para os Transtornos Mentais DSM-IV-TR (2003):
“Os traços de personalidade são padrões persistentes no modo de perceber, relacionar-
se e pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo, exibidos em uma ampla faixa de
contextos sociais e pessoais. Apenas quando são inflexíveis e mal adaptativos e
causam prejuízo funcional ou sofrimento significativo, os traços de personalidade
constituem Transtornos de Personalidade. A característica essencial do Transtorno da
Personalidade é um padrão persistente de vivência íntima e o comportamento que se
desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo e se manifesta em
pelo menos duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, funcionamento
interpessoal ou controle dos impulsos (Critério A). Este padrão persistente é inflexível
e abrange uma ampla faixa de situações pessoais e sociais (Critério B) e provoca
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo (Critério C).....”
(APA, 2003, p.642).
Caballo (2007) acrescenta que a característica essencial de um transtorno de
personalidade é um padrão persistente de comportamento e de vivência interna que se desvia
35
acentuadamente das expectativas da cultura do sujeito e que se manifesta em, pelo menos,
duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, funcionamento interpessoal e controle dos
impulsos.
Na APA (2003), os transtornos de personalidade são colocados em uma posição
categorial. Esse sistema de classificação estabelece três grandes grupos, que reúne os
diferentes transtornos da personalidade e assinala que poderiam ser consideradas dimensões
que representam a ampla categoria das disfunções da personalidade ao longo de um contínuo,
nas quais estariam incluídos transtornos do Eixo II:
- Grupo A - estranhos/excêntricos: paranoide, esquizoide, esquizotipico;
- Grupo B - dramáticos/emotivos/erráticos: antissocial, borderline, histriônico, ou
narcisista;
- Grupo C - ansiosos/temerosos: evitativo, dependente, ou obsessivo-compulsivo.
Nota-se que o transtorno passivo-agressivo não é contemplado por essa classificação
do APA (2003), dado que as características desse transtorno são comuns a vários outros
transtornos de personalidade. Ele é contemplado na APA (2003), no Apêndice B “Conjunto
de Critérios e Eixos Propostos para Estudos Adicionais” como “Transtorno da Personalidade
Sem Outra Especificação”.
Beck et al., (1993) sugerem que é possível oferecer um perfil distinto de cada um
desses transtornos, com base em suas características cognitivas, afetivas e comportamentais
típicas e lembram que indivíduos específicos podem apresentar características de mais de um
perfil de personalidade.
A partir deste ponto, abordaremos a descrição dos transtornos de personalidade com
seus perfis característicos com base na teoria cognitiva. É importante destacar que essa
pesquisa está interessada em estudar as relações entre perfis de personalidade e coping.
Considerando que a abordagem cognitiva tem uma teoria de personalidade e de
36
psicopatologia unificadas, apresentaremos, a seguir, as características dos transtornos de
personalidade, destacando que o perfil nada mais é do que essas mesmas características em
graus menos exacerbados com flexibilidade de pensamentos, ações e estratégias.
Perfis cognitivos específicos:
2.1-Transtorno de personalidade evitativo/esquiva
De acordo com Beck et al., (1993), pessoas portadoras do transtorno evitativo de
personalidade possuem o seguinte conflito-chave: elas gostariam de aproximar-se de outras
pessoas e de conseguir desenvolver todo o seu potencial intelectual e vocacional, mas temem
ser magoadas, rejeitadas, ou fracassar. A visão que têm de si é que são vulneráveis à
depreciação e à rejeição, que são socialmente incapazes e incompetentes. A visão que têm dos
outros é que eles são críticos, depreciadores e superiores. Suas principais crenças podem ser
vistas como: “é terrível ser rejeitado, rebaixado”, “se as pessoas conhecerem meu verdadeiro
eu, me rejeitarão”, “não consigo tolerar sentimentos desagradáveis”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas mais
utilizadas nesse transtorno são: evitar situações sociais; evitar chamar a atenção sobre si
mesmo; evitar revelar-se aos outros; desconfiar dos outros e evitar emoções negativas.
As estratégias compensatórias subdesenvolvidas desse transtorno são aproximar-se dos
outros; confiar na motivação positiva dos outros; procurar intimidade; pensar sobre situações
e problemas perturbadores.
37
A seguir será apresentada o Quadro 2, com critérios diagnósticos do transtorno de
personalidade evitativo da APA (2003).
Quadro 2 Critérios diagnósticos para 301.82 Transtorno da Personalidade Esquiva
Um padrão global de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, que
se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, indicado por, no mínimo,
quatro dos seguintes critérios:
(1) evita atividades ocupacionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de críticas,
desaprovação ou rejeição
(2) reluta a envolver-se, a menos que tenha certeza da estima da pessoa
(3) mostra-se reservado em relacionamentos íntimos, em razão do medo de passar vergonha ou ser
ridicularizado
(4) preocupação com críticas ou rejeição em situações sociais
(5) inibição em novas situações interpessoais, em virtude de sentimentos de inadequação
(6) vê a si mesmo como socialmente inepto, sem atrativos pessoais, ou inferior
(7) extraordinariamente reticente em assumir riscos pessoais ou envolver-se em quaisquer novas atividades,
porque essas poderiam provocar vergonha.
APA (2003) p.673
Cramer, Torgersen e Kringlen (2006), em um estudo populacional sobre personalidade
e qualidade de vida, mostraram que indivíduos com transtorno evitativo tiveram uma redução
forte e ampla de qualidade de vida; esses autores descobriram que pacientes com transtorno
evitativo tiveram pior ajustamento social e profissional comparativamente àqueles pacientes
que apresentavam fobia social; os dados da pesquisa mostram que, quanto maior a pontuação
apresentada no escores do transtorno evitativo, pior a qualidade de vida da pessoa,
especialmente nas relações interpessoais, o que evidencia a dificuldade em lidar com o outro.
2.2 -Transtorno dependente de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993), as pessoas com transtorno dependente de
personalidade veem a si mesmas como indefesas e, portanto, tentam vincular-se a alguma
figura mais forte, que lhes ofereça recursos para sua sobrevivência e felicidade. Têm uma
visão de si como carentes, fracas, indefesas e incompetentes; uma visão idealizada dos outros
como provedores, apoiadores e competentes; suas principais crenças são: “necessito das
38
pessoas para sobreviver, ser feliz”, “necessito de um fluxo contínuo de apoio e de
encorajamento”; sua principal estratégia seria cultivar relacionamentos de dependência.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdesenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
- Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: confiar nos outros; evitar decisões;
evitar resolver problemas com independência; tentar fazer os outros felizes; ser subjugadas
por outros; ser tímida e submissa.
- Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: resolver problemas com
independência; tomar de cisões; manter seu ponto de vista perante os outros.
A seguir será apresentado o Quadro 3, com critérios diagnósticos do transtorno
dependente da APA (2003):
Quadro 3 Critérios diagnósticos para 301.6 Transtorno da Personalidade Dependente.
Uma necessidade global e excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento submisso e aderente e a
temores de separação, que se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade de
contextos, indicado por, no mínimo, cinco dos seguintes critérios
(1)dificuldade em tomar decisões do dia-a-dia sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento
da parte de outras pessoas
(2) necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida
(3) dificuldade em expressar discordância de outros, pelo medo de perder apoio ou aprovação. Nota: Não incluir
temores realistas de retaliação.
(4) dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (em vista de uma falta de autoconfiança em
seu julgamento ou capacidades, não por falta de motivação ou energia)
(5) vai a extremos para obter carinho e apoio, a ponto de oferecer-se para fazer coisas desagradáveis
(6) sente desconforto ou desamparo quando só, em razão de temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si
próprio
(7) busca urgentemente um novo relacionamento como fonte de carinho e amparo, quando um relacionamento
íntimo é rompido
(8) preocupação irrealista com temores de ser abandonado à própria sorte.
APA (2003) p.677
Os dados do estudo de caso descrito por Zanin e Valerio (2004) corroboram com os
critérios da APA (2003) descrito no Quadro 3, em que a paciente estudada apresenta
comportamentos de briga, dependência e esquiva baseados na sua percepção distorcida acerca
de situações de insegurança em contexto social e a relacionamentos afetivo e interpessoal.
39
Esses autores pontuam que o processo cognitivo disfuncional da paciente demonstra estar
relacionado com sua história de vida, desenvolvimento de suas crenças centrais (sou
incapaz...; não consigo fazer nada sozinha; ...não sou amada...) e suas características
compensatórias: solicitar aos outros para reassegurar que gostem dela; fazer tudo o que os
outros pedem; solicitar aos outros que a ajudem no enfrentamento das dificuldades e esquivar-
se de situações sociais e de desempenho.
2.3 -Transtorno passivo-agressivo de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993), pessoas com esse transtorno apresentam um estilo
oposicional. O principal problema é um conflito entre seu desejo de obter benefícios por meio
das autoridades e seu desejo de manter a autonomia. Então procuram manter o
relacionamento, permanecendo passivos e submissos, mas, à medida que sentem a perda da
autonomia, subvertem a autoridade. Possuem uma visão de si como sendo autossuficientes,
vulneráveis ao controle e a interferência; veem os outros como intrusivos, exigentes,
interferentes, controladores e dominadores. Suas principais crenças são: “os outros interferem
em minha liberdade de ação”, “o controle por outros é intolerável”, “tenho de fazer as coisas a
minha maneira”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdesenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: fingir cooperação; evitar afirmações,
confronto e recusa direta; resistir ao controle dos outros; resistir a assumir responsabilidades;
resistir em atender às expectativas dos outros.
40
Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: cooperar assumir responsabilidades
razoáveis para si e para os outros; fazer de maneira direta a solução de problemas
interpessoais.
A seguir será apresentado o Quadro 4 com critérios diagnósticos do transtorno
passivo-agressivo da APA (2003):
Quadro 4 Critérios para pesquisas para Transtorno da Personalidade passivo-agressiva.
A.Um padrão invasivo de atitudes negativistas e resistência passiva às exigências de um desempenho adequado,
que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, indicado por quatro (ou
mais) dos seguintes critérios:
(1) resistência passiva à realização de tarefas sociais e ocupacionais rotineiras
(2) queixas de ser incompreendido e desconsiderado pelos outros
(3) mau humor e propensão a discussões
(4) críticas irracionais e desprezo pela autoridade
(5) inveja e ressentimento para com aqueles que aparentemente são mais afortunados
(6) queixas exageradas e persistentes de infortúnio pessoal
(7) alternância entre o desafio hostil e o arrependimento
B. Não ocorre exclusivamente durante Episódios Depressivos Maiores, nem é mais bem explicado por
Transtorno Distímico
APA (2003) p.739
Os dados de uma pesquisa que tem como tema “O estudo sobre amizade” (King &
Terrance, 2006) corroboram a teoria de Beck sobre o transtorno de personalidade passivo-
agressiva. Eles observaram que as pessoas portadoras desse transtorno tinham tendências para
exibir seu melhor amigo como inseguro, desonesto e suscetível de lhe causar sentimentos de
embaraço ou de desconforto durante uma interação. Na escala de segurança em relação à
amizade, esse perfil mostrou-se com pontuações menores que outros participantes da amostra.
Apresentaram o sentimento de amizade com insegurança e mostraram fortes sentimentos de
injustiça, ressentimento e sentimentos quando se sentiram mal interpretados e não
reconhecidos.
41
2.4 -Transtorno obsessivo-compulsivo de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993), as palavras-chave para esse transtorno são
“controle e dever”. Possuem uma visão de si como sendo pessoas responsáveis, confiáveis,
obstinadas, competentes; uma visão dos outros como irresponsáveis, negligentes,
incompetentes e autoindulgentes. Suas principais crenças são: “eu sei o que é melhor”, “os
detalhes são cruciais”, “as pessoas deveriam fazer melhor, tentar com mais afinco”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: controlar rigidamente a si mesmo e
aos outros; criar expectativas exageradas; assumir muita responsabilidade; buscar a perfeição.
Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: delegar autoridade; desenvolver
expectativas flexíveis, exercitar controle somente quando apropriado; tolerar indecisões; agir
espontaneamente e impulsivamente; procurar lazer e atividades agradáveis.
A seguir será, apresentado o Quadro 5, com critérios diagnósticos do transtorno
obsessivo-compulsivo da APA (2003):
Quadro 5 Critérios diagnósticos para 301.4 Transtorno da Personalidade Obsessivo-
Compulsiva
Um padrão global de preocupação com organização, perfeccionismo e controle mental e interpessoal, à custa de
flexibilidade, abertura e eficiência, que se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade
de contextos, indicado por, no mínimo, quatro dos seguintes critérios:
(1) preocupação tão extensa com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários, que o alvo principal
da atividade é perdido
(2) perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex., é incapaz de completar um projeto porque não
consegue atingir seus próprios padrões demasiadamente rígidos)
(3) devotamento excessivo ao trabalho e à produtividade, em detrimento de atividades de lazer e amizades (não
explicado por uma óbvia necessidade econômica)
(4) excessiva conscienciosidade, escrúpulos e inflexibilidade em questões de moralidade, ética ou valores (não
explicados por identificação cultural ou religiosa)
(5) incapacidade de desfazer-se de objetos usados ou inúteis, mesmo quando não têm valor sentimental
(6) relutância em delegar tarefas ou trabalhar em conjunto com outras pessoas, a menos que essas se submetam
a seu modo exato de fazer as coisas
(7) adoção de um estilo miserável quanto à gastos pessoais e com outras pessoas; o dinheiro é visto como algo
que deve ser reservado para catástrofes futuras
(8) rigidez e teimosia
APA (2003) p.680/681
42
Gallagher, South e Oltmanns (2003) em um estudo, verificaram que indivíduos com
transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo (TPOC) possuem intolerância de incerteza;
dificuldade na tomada de decisão; categorização; necessidade de repetição. Em um esforço
constante para manter a ansiedade sob controle, esses indivíduos, presumivelmente, esforçam-
se para manter um senso de controle e domínio das suas vidas. Isso corrobora com os dados
da APA (2003) de que o estilo cognitivo do TPOC (preocupação com os detalhes, cognitivo
rigidez) pode facilitar uma sensação de controle.
2.5 -Transtorno paranóide de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993), a palavra-chave para esse transtorno é a
“desconfiança”, essa personalidade adota essa postura na maioria, ou em todas as situações.
Pessoas com esse transtorno possuem uma visão de si mesmas como sendo indivíduos
corretos, inocentes, nobre e vulnerável; uma visão das outras como pessoas como
interferentes, maliciosas, discriminadoras e abusivas. Suas principais crenças são: “os motivos
são suspeitos”, “esteja em guarda”, “não confie”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdesenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: ser hipervigilante ao perigo; não
confiar em ninguém; supor motivações obscuras; ter expectativas de ser manipulado,
enganado e inferiorizado.
Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: confiar nos outros; relaxar; cooperar;
acreditar em boas intenções.
43
A seguir será apresentado o Quadro 6, com critérios diagnósticos do transtorno
paranóide da APA (2003):
Quadro 6 Critérios diagnósticos para 301.0 Transtorno da Personalidade Paranóide
A.Um padrão global de desconfiança e suspeitas em relação aos outros, de modo que nas intenções são
interpretadas como maldosos, que se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade
de contextos, indicado por, no mínimo, quatro dos seguintes critérios:
(1) suspeita, sem fundamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por terceiros
(2) preocupa-se com dúvidas infundadas acerca da lealdade ou confiabilidade de amigos ou colegas
(3) reluta em confiar nos outros por um medo infundado de que essas informações possam ser maldosamente
usadas contra si
(4) interpreta significados ocultos, de caráter humilhante ou ameaçador em observações ou acontecimentos
benignos
(5) guarda rancores persistentes, ou seja, é implacável com insultos, injúrias ou deslizes
(6) percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são visíveis pelos outros e reage rapidamente com raiva
ou contra-ataque
(7) tem suspeitas recorrentes, sem justificativa, quanto à fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia, Transtorno do Humor Com Características
Psicóticas ou outro Transtorno Psicótico, nem é decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição
médica geral.
Nota: Se os critérios são satisfeitos antes do início de Esquizofrenia, acrescentar ¨Pré-Mórbido¨, por exemplo,
¨Transtorno da Personalidade Paranóide (Pré-Mórbido)¨.
APA (2003) p.649
Cramer, Torgersen e Kringlen (2006), em um estudo populacional sobre personalidade e
qualidade de vida, observaram que indivíduos com altas pontuações no transtorno paranóide
mostraram reduções fortes e amplas na qualidade de vida. Concluíram que, quanto mais a
pessoa apresentava ideação paranoide, pior a qualidade de vida. Sastre, Vinsonneau, Chabrol
e Mulle (2005) correlacionaram respostas do transtorno paranoide com alto nível de
neuroticismo, indicando ansiedade e desajustamento emocional.
2.6 -Transtorno antissocial de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993) a personalidade antissocial pode assumir variadas
formas desde ser conivente, manipular e explorar, até o ataque direto. A visão que pessoas
com esse transtorno possuem de si é de que são seres solitários, autônomos e fortes. A visão
44
que possuem dos outros é que eles são vulneráveis e exploráveis. Suas principais crenças são:
“se acha no direito de infringir regras”, “os outros são otários, trouxas”, “os outros são
exploráveis”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: mentir; manipular ou levar vantagem
sobre os outros; ameaçar ou atacar os outros; resistir ao controle dos outros; agir
impulsivamente.
Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: cooperar com os outros; seguir regras
sociais; pensar sobre as consequências.
A seguir será apresentado o Quadro 7, com critérios diagnósticos do transtorno
antissocial da APA (2003):
Quadro 7 Critérios diagnósticos para 301.7 Transtorno da Personalidade Antissocial
A.Um padrão global de desrespeito e violação dos direitos alheios, que ocorre desde os quinze anos, indicado
por, no mínimo, três dos seguintes critérios:
(1) incapacidade de adequar-se às normas sociais com relação a comportamentos ilícitos, indicada pela
execução repetida de atos que constituem motivo de detenção
(2) propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para
obter vantagens pessoais ou prazer
(3) impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro
(4) irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas
(5) desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia
(6) irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral
consistente ou em honrar obrigações financeiras
(7) ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado
alguém
B. O indivíduo tem no mínimo dezoito anos de idade
C. Existem evidências de Transtorno da Conduta com início antes dos quinze anos de idade.
D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou
Episódio Maníaco.
APA (2003) p.660
45
Uma característica essencial do Transtorno de Personalidade Antissocial é a
impulsividade, que poderia ser definida como uma tendência para escolhas de
comportamentos que são arriscados, mal adaptados, pobremente planejados e prematuramente
executados. Estudos epidemiológicos mostram que esse transtorno é comum, com 2% a 3%
de comportamentos de risco durante a vida, causando sofrimento social significativo, como
desagregação familiar, criminalidade e violência, (Del-Bem, 2005).
2.7 -Transtorno narcisista de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993) a palavra-chave para esse transtorno é o
autoengrandecimento. Pessoas com essa personalidade possuem uma visão de si como se
fossem especiais, únicas, merecedoras de regras especiais, superiores; uma visão dos outros
como inferiores e admiradores dela. Suas principais crenças são: “visto que sou especial, eu
mereço regras especiais”, “eu estou acima das regras”, “eu sou melhor que os outros”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdesenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: exigir tratamento especial; ser
hipervigilante ao tratamento comum (ou normal); punir os outros quando se sentirem
insultados, diminuídos, disfóricos. Criticar, inferiorizar as pessoas, tentar competir e controlá-
las; tentar impressionar as pessoas com posses materiais, conquistas e amizades com pessoas
de alto nível social.
Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: cooperar com os outros para alcançar
um objetivo comum; trabalhar assiduamente, passo a passo, para alcançar as metas pessoais;
tolerar inconveniências, frustrações, não reconhecimento; satisfazer as expectativas dos outros
sem grande benefício para si próprio.
46
A seguir será apresentado o Quadro 8, com critérios diagnósticos do transtorno
narcisista da APA (2003):
Quadro 8 Critérios diagnósticos para 301.81 Transtorno da Personalidade Narcisista
Um padrão global de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de
empatia, que se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, indicado
por, no mínimo, cinco dos seguintes critérios:
(1) sentimento grandioso acerca da própria importância (p. ex., exagera realizações e talentos, espera ser
reconhecido como superior sem realizações à altura)
(2) preocupação com fantasias de ilimitado sucesso, poder, inteligência, beleza ou amor ideal
(3) crença de ser “especial” e único e de que somente pode ser compreendido ou deve associar-se a outras
pessoas (ou instituições) especiais ou de condição elevada.
(4) exigência de admiração excessiva
(5) presunção, ou seja, possui expectativas irracionais de receber um tratamento especialmente favorável ou
obediência automática às suas expectativas
(6) é explorador em relacionamentos interpessoais, isso é, tira vantagem de outros para atingir seus próprios
objetivos
(7) ausência de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades alheias
(8) frequentemente sente inveja de outras pessoas ou acredita ser alvo da inveja alheia
(9) comportamentos e atitudes arrogantes e insolentes.
APA (2003) p.670
Alguns estudos sobre pessoas com transtornos de personalidade narcisista corroboram
com o APA (2003), mostrando que os sujeitos com esse transtorno apresentam um modelo
inflado de autoconceito, avaliação negativa de outros, acreditam que os outros podem
ameaçar seu ego (Bursten, 1982 In Joiner, Petty, Perez, Sachs-Ericsson & Rudd, 2008).
Quando apresentam sintomas paranoides para manter o autoconceito elevado, geralmente
associam com emoções negativas e atitudes de suspeita e raiva em direção à fonte de ameaça,
possivelmente, com agressão, ansiedade e violência.
2.8 -Transtorno histriônico de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993) a palavra-chave para esse transtorno é a
expressividade; a pessoa que o possui incorpora a tendência a se emocionar ou a romancear
todas as situações e tentar impressionar e cativar os outros. A visão que possui de si é de ser
glamurosa e impressionante e a que possuem dos outros é de que são pessoas seduzíveis,
47
receptivas e admiradoras. Suas principais crenças são: “as pessoas estão aí para me servir ou
admirar”, “elas não têm o direito de negar meus justos direitos”, “eu posso seguir meus
sentimentos”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: ser extremamente dramático; vestir,
agir e falar de modo sedutor; divertir os outros, buscar elogios.
Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: ser quieto, obediente; concordar com os
outros; estabelecer padrões razoáveis de comportamento em relação aos outros pacientes; agir
dentro dos limites normais.
A seguir será apresentado o Quadro 9 com critérios diagnósticos do transtorno
histriônico da APA (2003):
Quadro 9 Critérios Diagnósticos para 301.50 Transtorno da Personalidade Histriônica
Um padrão global de excessiva emotividade e busca de atenção, que se manifesta no início da idade adulta e
está presente em uma variedade de contextos, indicado por, no mínimo, cinco dos seguintes critérios:
(1) desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções
(2) a interação com os outros freqüentemente se caracteriza por um comportamento inadequado, sexualmente
provocante ou sedutor
(3) mudanças rápidas e superficialidade na expressão das emoções
(4) constante utilização da aparência física para chamar a atenção sobre si próprio
(5) estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes
(6) dramaticidade, teatralidade e expressão emocional exagerada
(7) sugestionabilidade, ou seja, é facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias
(8) considerar os relacionamentos mais íntimos do que realmente são
APA (2003) p.667
Transtorno de personalidade histriônico, geralmente, é associado com aparência física.
Em um estudo sobre esse transtorno, foram examinados critérios de atração entre as pessoas
em um colégio; coerente com as expectativas, as mulheres com esse traço apresentaram-se
mais atraentes do que os homens e do que as pessoas que não apresentam esse traço. Outro
dado é que pessoas com esse transtorno tinham uma variada rede de suporte social, exibiram
48
mais comportamentos negativos em relação a outras relações, mostraram maior uso de defesas
imaturas, menos uso de distorção de imagem e autossacrificio (Bornstein, 1999).
2.9 -Transtorno esquizóide de personalidade
De acordo com Beck et al., (1993), pessoas com esse transtorno buscam o isolamento
e a autonomia. Apresentam uma visão de si como autossuficientes e solitárias; e uma visão
dos outros como intrusivos. Suas principais crenças: “os outros não são gratificantes”,
“relacionamentos são confusos e indesejáveis”.
De acordo com J. Beck (2007), as estratégias compensatórias tanto hiperdesenvolvidas
quanto subdesenvolvidas mais utilizadas nesse transtorno são:
Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: evitar contato com os outros; evitar
intimidade com as pessoas; envolver-se em atividades solitárias.
Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: possuir habilidades sociais comuns;
confiar nos outros.
A seguir será apresentado o quadro 10 que apresenta critérios diagnósticos do transtorno
esquizóide da APA (2003):
Quadro 10 Critérios diagnósticos para 301.20 Transtorno da Personalidade Esquizóide.
A. Um padrão global de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional em
contextos interpessoais, que se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade de
contextos, indicado por, no mínimo, quatro dos seguintes critérios:
(1) não deseja nem gosta de relacionamentos íntimos, incluindo fazer parte de uma família
(2) quase sempre opta por atividades solitárias
(3) manifesta pouco, se algum, interesse em ter experiências sexuais com um parceiro
(4) tem prazer em poucas atividades, se alguma
(5) não tem amigos íntimos ou confidentes, outros que não parentes em primeiro grau
(6) mostra-se indiferente a elogios ou críticas
(7) demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia, Transtorno do Humor Com Características
Psicóticas, outro transtorno Psicótico ou um Transtorno Global do Desenvolvimento, nem é decorrente
dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral.
NOTA: Se os critérios são satisfeitos antes do início de Esquizofrenia, acrescentar “Pré-Mórbido”, por
exemplo, “Transtorno da Personalidade Esquizoide (Pré-Mórbido)”.
APA (2003) p.652
Horan, Brow e Blanchard (2007) mostram, em seu estudo, que pessoas com
características esquizóides e esquizotípicas geralmente apresentam aversão a situações
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sociais, falta de amigos íntimos e afetos negativos para com outras pessoas. Em consonância
com seus baixos recursos sociais, utilizam menos estratégias sociais como buscar apoio
emocional.
Capítulo 3 - Relações entre personalidade e coping
Até aqui, foram focalizados os conceitos, tipos/estratégias de coping e sua relação com
os estressores e conceituaram-se perfis cognitivos dos transtornos de personalidade, buscando
responder algumas questões com base nas diferenças individuais.
Neste projeto de pesquisa, temos por objetivo ampliar os estudos sobre a relação entre
personalidade e estratégias de coping que eles provavelmente demandam. Nesse sentido,
serão apontados, a seguir, alguns estudos que averiguaram a relação entre estratégias de
coping e personalidade.
Antoniazzi et al., (1998), em seu artigo, falam de uma geração de pesquisadores que
têm estudado uma convergência entre coping e personalidade. Os traços de personalidade
mais amplamente estudados, que se relacionam às estratégias de coping, são otimismo,
rigidez, autoestima e locus de controle. (Carver & Scheier, 1994; Carver, Scheier &
Weintraub, 1989; Compas, Banez, Malcarne & Worsham, 1991; Lopez & Little, 1996;
Parkes, 1984 In Antoniazzi et al., (1998). Os autores sugerem que essa tendência tem sido
observada, uma vez que “fatores situacionais” não conseguem explicar toda a variação nas
estratégias de coping utilizadas pelas pessoas. Assim, observa-se um crescente interesse na
credibilidade científica dos estudos sobre os traços de personalidade, especialmente o modelo
dos Cinco Grandes Fatores, o “Big Five” (Holahan & Moos, 1985; McCrae & Costa, 1986;
O’Brien & DeLongis, 1996; Watson & Hubbard, 1996, In Antoniazzi et al., 1998).
Por outro lado, mesmo outros autores como Folkman, Lazarus, Gruen, e De Longis,
(1986) que consideram o coping (enfrentamento) como respostas a eventos específicos,
50
reconhecem, no entanto, que determinadas estratégias de enfrentamento podem sofrer maior
influência de características de personalidade, enquanto outras parecem sofrer maior
influência de aspectos situacionais ou do contexto.
Saklofske, Austin, Galloway e Davinson (2007), em uma pesquisa, correlacionaram
inteligência emocional (IE), locus de controle, personalidade, coping e comportamentos
voltados para a saúde, em seus resultados, propõem que os efeitos da personalidade são
mediados pelo/por meio do enfrentamento e indicam que (IE) tem aspectos mediadores que
relacionam coping com a personalidade.
Matthews (2000) In Saklofske et al. (2007), em outra pesquisa, fazem uma
associação entre coping e personalidade (usando o modelo do Big Five). Os autores sugerem
que coping focalizado na tarefa está associado com fatores como extroversão elevada,
comunicabilidade elevada e neuroticismo baixo, ao passo que, para coping focalizado na
emoção, essas associações são invertidas.
Watson e Hubbard (1996) apontam que a consistência do coping encontra-se
vinculada à noção de que as formas de lidar com situações estressoras são compatíveis com
traços de personalidade, que se mantêm por meio de uma variedade de situações e através do
tempo. Essa noção tem implicações para a associação entre personalidade e coping.
Butler, Beck e Cohen (2007) encontraram, em seus resultados, que o Questionário de
Crenças Pessoais forma reduzida (PBQ-SF) apresenta correlações positivas com instrumentos
que medem emoções como o (BDI) Inventário Beck de depressão e o (BAI) Inventário Beck
de ansiedade.
Estudos anteriores e citados por Butler et al. (2007) apontam que o BDI e os BAI
apresentaram correlações mais altas com a escala dependente e mostraram as correlações mais
baixas com a escala narcisista.
51
Butler et al., (2007) também apontam que as atitudes disfuncionais mais elevadas
correlacionaram-se positivamente com as escalas dos perfis evitativo e obsessivo-compulsivo
e moderadamente com as escalas dos perfis dependente, passivo-agressivo, histriônico e
paranoide.
O Neuroticismo, fator do Big Five que avalia ajustamento versus instabilidade
emocional, identifica indivíduos propensos a perturbações psicológicas, ideias irrealistas,
necessidades ou ânsias excessivas e respostas mal-adaptativas, foi correlacionado
positivamente com todas as escalas do PBQ-SF, o que leva os pesquisadores da área a inferir
que todos os perfis cognitivos de personalidade apresentaram certo grau de vulnerabilidade e
de instabilidade emocional.
Butler et al. (2007), também demonstram que o item “apoio social” mostrou as
correlações mais baixas, e negativas entre os pacientes que apresentaram altos índices nas
escala antissocial e paranoide. A partir desses, dados pode-se supor que os perfis que não
apresentam respostas voltadas para coping prossocial seriam pessoas com perfis de
personalidade antissocial e narcisista. Essa pesquisa também indicou que o nível de aflição
mostrou-se alto em todos os perfis, principalmente nas respostas que apresentavam valor
elevado de cada perfil: as respostas que apresentaram um valor elevado do perfil evitativo
estiveram associadas com as atitudes disfuncionais mais elevadas (DAS), funcionamento
psicossocial mais pobre (PES), depressão mais elevada (BDI) e ansiedade mais elevada
(BAI). As respostas que apresentaram um valor elevado do perfil dependente foram
associados com os sintomas mais elevados da depressão e de ansiedade e funcionamento
psicossocial mais pobre. As respostas que apresentaram um valor elevado na escala do perfil
obsessivo-compulsivo foram associadas com as atitudes disfuncionais mais elevadas. As
respostas que apresentaram um valor elevado do perfil narcisista foram associadas com
poucas atitudes disfuncionais, elevado funcionamento psicossocial, depressão e uma
52
ansiedade mais baixa. As respostas do perfil antissocial foram similares às respostas do perfil
narcisista. As respostas que apresentaram um valor elevado do perfil paranoide foram
associadas com as contagens mais baixas na sustentação social e no funcionamento
psicossocial. As respostas que apresentaram um valor elevado dos perfis passivo-agressivo,
histriônico, e esquizoide não se correlacionaram com as outras variáveis clínicas (Butler et al.,
2007).
Pessoas com perfil dependente parecem ter grande propensão a apresentar
enfrentamentos de situações-problema que focalizam a emoção, os outros perfis parecem
propensos a esse tipo de resposta de enfrentamento. Os perfis que, provavelmente,
apresentariam menos respostas voltadas ao coping focalizado na emoção seriam o narcisista e
o antissocial.
Foi feita uma vasta procura na literatura e não foram encontrados mais estudos sobre a
relação entre personalidade e coping.
Justificativa
Atualmente, a qualidade de condições de vida do ser humano torna-se mais desafiadora e
estressante, devido a vários fatores, como constantes crises econômicas que assolam a
população de uma forma global, fazendo com que, cada vez mais, as pessoas precisem
trabalhar, estudar e levar a vida de uma forma estressante.
Muitas pessoas conseguem enfrentar suas adversidades de formas mais adaptativas,
outras acabam tendo dificuldades em lidar com situações estressantes, entrando em crise e
buscando ajuda profissional em ambulatórios de saúde mental. São grandes os
questionamentos na prática clínica sobre esse movimento e o interesse é por tentar explicar
porque, diante de certas adversidades (situações estressantes) as pessoas enfrentam de formas
diferentes as suas demandas.
53
Este trabalho buscou descrever e explicar de que forma as diferenças individuais
(perfis cognitivos) influenciam formas diferentes de coping (enfrentamentos focalizando
resolução de problemas, focalizando a emoção experimentada no contexto de estresse,
focalizando a interação social) e respostas de enfrentamento baseadas em estratégias
comportamentais hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas pelo perfil de personalidade.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo geral investigar a relação entre coping (estratégias de
enfrentamento focalizadas na resolução de problema, na emoção e na interação social),
enfrentamentos baseados em estratégias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas e perfis
cognitivos de personalidade.
Os objetivos específicos desse trabalho são:
1- Investigar o padrão de opções de enfrentamento em cada um dos scripts testados.
2- Investigar se as formas de enfrentamento testadas para cada script foram percebidas
diferentemente pela amostra.
3- Caracterizar a amostra com relação ao seu desempenho no PBQ-ST.
4- Comparar o desempenho do PBQ-ST desta amostra com as amostras americanas.
5- Averiguar diferenças entre os sexos no desempenho dos instrumentos utilizados nesse
estudo (PBQ-ST e Scripts).
6- Investigar a relação entre respostas de enfrentamento baseadas em estratégias
subdesenvolvidas/hiperdesenvolvidas e as demais formas de coping estudadas em cada script
testado com as respectivas escalas no PBQ-ST.
54
Capítulo 4: Método
4.1 – Participantes
Os participantes da pesquisa foram estudantes universitários de duas faculdades de
Uberlândia, uma pública, a Universidade Federal de Uberlândia, e uma particular, a
Faculdade Católica de Uberlândia. Participaram do estudo 120 participantes, sendo, 60% do
sexo feminino (72 pessoas) e 40% do sexo masculino (48 pessoas), com idades que variaram
entre 17 e 58 anos (x = 24 anos, dp = 8,34). A maioria da amostra se concentra nas idades de
17 a 21 anos (53,33%), o que pode ser verificado na Tabela 2 e a minoria se concentrou após
os 32 anos. Os cursos universitários pesquisados foram: Matemática, Enfermagem, Geografia,
Jornalismo, Direito e Psicologia. O curso que teve mais participantes foi Direito com 36
sujeitos e o que teve menos participantes foi Matemática, com 6 sujeitos. Os dados obtidos
em relação ao sexo, idade pelos participantes da pesquisa podem ser vislumbrados
respectivamente nas Tabelas 1 e 2.
TABELA 1 Frequência absoluta, porcentagem dos participantes em função de sexo:
Sexo Frequência Absoluta %
Feminino
72 60,0
Masculino
48 40,0
Total
120 100,0
TABELA 2 Distribuição da amostra em função da faixa etária dos participantes:
Faixas Idade
Frequência
Absoluta %
1 17-21 64 53,33
2 22-26 26 21,67
3 27-31 14 11,67
4 32-39 8 6,66
5 43-58 8 6,67
55
Os dados obtidos em relação ao curso frequentado pelos participantes da pesquisa
podem ser vislumbrados na Tabela 3.
TABELA 3 Frequência absoluta e porcentagem da amostra em função curso freqüentado:
Curso
Frequência
Absoluta %
Matemática
6 5,0
Enfermagem
24 20,0
Geografia
14 11,7
Jornalismo
18 15,0
Direito
36 30,0
Psicologia
22 18,3
Total
120 100,0
4.2- Instrumentos
Foram aplicados dois instrumentos: o Questionário de Crenças Pessoais de Beck
(forma reduzida) PBQ-ST e os scripts descritivos de situações ativadoras de perfis cognitivos
de personalidade e avaliação de tipo coping/enfrentamento, criados pela pesquisadora.
(Anexos A e B). Os scripts foram criados pela pesquisadora especialmente para esta pesquisa.
O questionário de crenças pessoais – forma reduzida PBQ-ST (Anexo A) é um
inventário com 65 itens que apresentam afirmações autorreferenciadas englobando os nove
tipos de perfis cognitivos de personalidade estudados. As afirmações foram avaliadas a partir
de uma escala likert de cinco pontos. O instrumento foi originalmente construído com base
nos perfis cognitivos de personalidade sugeridos nos estudos de Beck et al., (1993).
A tradução do “Questionário de crenças pessoais forma reduzida- PBQ-ST” utilizada
nesta pesquisa foi retirada do livro do Leahy (2007). A validade e a fidedignidade do
instrumento foram aferidas e confirmadas pelo estudo de Butler et al. (2007) e apresentou um
coeficiente de consistência interna que variou de 0.77 a 0.93. Dessa forma, o PBQ - ST é uma
alternativa prática de avaliação dos perfis cognitivos de personalidade.
56
Os scripts (Anexo B) descritivos de situações ativadoras de perfis cognitivos (nove, no
total) foram baseados nas características dos transtornos de personalidade descritos por Beck
et al., (1993), levando-se em consideração a visão que a pessoa tem de si, dos outros e do
mundo, principais crenças e ameaças e estratégias instrumentais fundamentais que
caracterizam os perfis. A partir desses elementos, foram criadas situações desagradáveis que
pudessem ativar os perfis correspondentes à descrição. As respostas de enfrentamento
(coping) frente aos scripts foram baseadas na escala EMEP Escala de Modos de
enfrentamento de problema, Seidl et al. (2001), que se encontra no Anexo C. O Anexo B
referente aos scripts de enfrentamento está decomposto em três partes: Anexo B
1
“Construção
dos scripts”, Anexo B
2
“Apresentação dos scripts no retroprojetor para os pesquisandos” e
Anexo B
3
“Folha de resposta para os participantes”, contendo as instruções para responder ao
instrumento, as respostas aos scripts (letras a, b, c, d, e) e a escala likert de cinco pontos para
julgamento dos participantes.
4.3- Procedimento
Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, a pesquisadora entrou em contato,
pessoalmente, com os professores responsáveis por várias disciplinas nos cursos de
Matemática, Jornalismo, Geografia, Direito, Enfermagem e Psicologia da Universidade
Federal de Uberlândia-UFU e da Faculdade Católica de Uberlândia, em horário agendado e
esclareceu a respeito dos objetivos do estudo a ser realizado. Foram marcados dias e horários
para a explicação dos objetivos da pesquisa e os procedimentos de coleta dos dados para os
alunos em grupo.
57
4.4- Critérios de suspender e se retirar da pesquisa e responsabilidade do
pesquisador
O único critério para suspender ou encerrar a pesquisa foi se não houvesse
participantes que se disponibilizem a participar da coleta de dados.
Foi garantido ao participante também o sigilo quanto à identidade pessoal e o respeito
às normas éticas; foi-lhes comunicado que a participação seria livre e espontânea e que
poderiam retirar o consentimento a qualquer momento. Então, a pesquisadora entregou o
termo de consentimento livre e esclarecido para que os estudantes assinassem, evidenciando
sua concordância em colaborar com a pesquisa (Anexo D). O termo de consentimento livre e
esclarecido foi obtido e aplicado pela própria pesquisadora do estudo.
4.5- Aplicação dos instrumentos
A aplicação dos instrumentos foi feita de forma coletiva e durou uma única sessão. Foi
realizada pela própria pesquisadora com grupos de alunos na própria sala de aula da
faculdade.
No primeiro momento, foi aplicada a escala de crenças pessoais – forma reduzida:
após entregar o instrumento e ler as instruções de aplicação, foi dado o tempo de 30 minutos
para que os alunos pudessem responder ao questionário. Esse procedimento levou, em média,
quinze minutos. Os participantes responderam a uma escala likert de cinco pontos, foi-lhes
pedido que lessem as afirmações e avaliassem o quanto acreditavam em cada uma delas: “0 -
não acredito, 1 – acredito pouco, 2 – acredito moderadamente, 3 – acredito muito e 4 -
acredito totalmente”. As cinco alternativas foram julgadas pelos participantes.
58
No segundo momento, foram aplicados os scripts descritivos de situações ativadoras
de perfis cognitivos de personalidade. A pesquisadora distribuiu folhas de respostas para os
sujeitos da pesquisa e apresentou os textos dos scripts por meio de recursos audiovisuais,
sequencialmente, cinco lâminas (transparências), cada uma delas contendo dois scripts
descritivos de situações ativadoras de perfis cognitivos de personalidade. Apesar de haver
dois scripts em cada lâmina, apenas um por vez era exposto aos participantes. Para cada
script, o aluno teve cinco minutos para prencher a folha de respostas. Os alunos tiveram
apenas um número de identificação em cada instrumento e indicaram na mesma folha o sexo e
idade, a fim de manter o sigilo.
Foram apresentados nove scripts de enfrentamento de acordo com os nove tipos de
personalidade apontados por Beck et al., (1993), com três desfechos, respostas de
coping/enfrentamento: a) desfecho ligado a resolução de problemas; b) desfecho ligado a
emoção; c) desfecho ligado a relação interpessoal e dois desfechos referentes ao tipo de
estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas típicas de cada perfil de
personalidade (respostas “d” e “e”) .
O sujeito devia indicar numa escala likert de cinco pontos “0 - não acredito, 1 – acredito
pouco, 2 – acredito moderadamente, 3 – acredito muito e 4 - acredito totalmente”. As cinco
alternativas foram julgadas pelo participante.
4.6- Local de realização da coleta dos dados:
O local da coleta de dados foi a sala de aula em que o curso era ministrado (salas da
Universidade Federal de Uberlândia e da Faculdade Católica de Uberlândia), com toda
infraestrutura de assentos e mesas para os sujeitos responderem aos instrumentos, foram
utilizados recursos audiovisuais (retroprojetor e data-show), cedidos pelas respectivas
faculdades para a apresentação do instrumento dos scripts de enfrentamento. Em relação ao
59
uso e à destinação do material e/ou dados coletados, todo o material coletado e analisado foi
arquivado pelo pesquisador responsável.
Capítulo 5 - Descrição e Discussão dos Dados
A discussão dos dados foi estruturada para responder aos objetivos dessa pesquisa, que
procuram ampliar os estudos sobre a relação entre personalidade e estratégias de coping.
Tendo como objetivo geral investigar a relação entre coping e perfis de personalidade e
objetivos específicos investigar a relação entre estratégias de coping/enfrentamento: focado
no problema, na emoção e na interação social e os perfis cognitivos de personalidade,
averiguando, também, a escolha por estratégias hiperdesenvolvidas ou subdesenvolvidas dos
perfis cognitivos de personalidade. Além disso, buscou-se verificar diferenças de desempenho
de homens e mulheres nos instrumentos utilizados.
5.1- Padrão de resposta nos scripts
Nesta seção, será apresentada a preferência da amostra (padrão de julgamento) em relação
ao manejo da situação apresentada nos nove scripts testados. Os escores de julgamento
basearam-se no seguinte continuo: “0 - não acredito, 1 – acredito pouco, 2 – acredito
moderadamente, 3 – acredito muito e 4 - acredito totalmente”.
Os valores apresentados no Quadro 11 representam as médias e os desvios padrões do
julgamento da amostra das afirmativas que testaram o manejo da situação baseadas em coping
focalizado na resolução de problema, focalizado na emoção vigente e na interação social,
além das afirmativas que testaram o manejo da situação que apresentavam estratégias
subdesenvolvidas ou hiperdesenvolvidas pelo perfil de personalidade correspondente ao
contexto testado pelo script.
60
A seguir será apresentado o quadro 11 com as médias e os desvios padrões do julgamento da
amostra:
Quadro 11 Padrão de julgamento dos scripts testados, ordenados em função das médias dos
julgamentos realizados pela amostra.
1 Contexto favorecedor de Esquiva
Estratégia subdes. > Foco (res. de problemas) >Foco ( emoções) > Foco (relações interpessoais) > Estratégia hiperdes.
X= 2,78; dp = 1,23 X= 2,25; dp = 1,16 X= 2,13; dp = 1,34 X= 2,13;dp = 1,47 X= 0,73; dp= 1,17
2- Contexto favorecedor de dependência
Foco (res. de problema)> Foco (emoção) > Estratégia subdes. > Estratégia hiperdes. > Foco ( relações interpessoais).
X=3,34;dp=1,01 X=2,64;dp= 1,21 X= 1,18;dp1,11 X= 1,64; dp=1,45 X=0,75;dp=1,04
3- Contexto favorecedor de Passivo-agressidade
Foco (res. de problema) > Estratégia subdes. > Foco ( relações interpessoais)> Foco (emoção) > Estratégia hiperdes.
X=3,28;dp=0,91 X=2,39;dp= 1,10 X=2,36; dp=1,24 X= 2,18; dp=1,19 X=1,26; dp=1,16
4- Contexto favorecedor de obsessividade.
Foco (res. de problema) > Estratégia subdes. > Estratégia hiperdes .> Foco (emoção) > Foco ( relações interpessoais)
X=3,05;dp=1,08 X=2,8;dp= 1,16 X=1,96; dp=1,25 X= 1,67; dp=1,17 X=1,46; dp=1,26
5- Contexto favorecedor de paranoia.
Foco (res. de problema) > Estratégia hiperdes. > Foco ( relações interpessoais) > Foco (emoção) > Estratégia subdes.
X=2,13;dp=1,34 X=2,05;dp= 1,26 X=1,77; dp=1,27 X= 1,27; dp=1,18 X=1,24; dp=1,21
6- Contexto favorecedor de comportamento antissocial
Estratégia subdes. > Foco (emoção) > Foco ( relações interpessoais)> Foco (res. de problema)> Estratégia hiperdes.
X=3,4;dp=0,93 X=1,66;dp= 1,39 X=0,95; dp=1,21 X= 0,65; dp=1,18 X=0,5; dp=1,08
7- Contexto favorecedor de narcisismo
Estratégia subdes. > Foco (res. de problema) > Foco (emoção) > Estratégia hiperdes. > Foco ( relações interpessoais)
X=3,07;dp=1,24 X=0,89;dp= 1,19 X=0,83; dp=1,13 X= 0,72; dp=1,08 X=0,71; dp=1,09
8- Contexto favorecedor de histrionismo.
Foco (res. de problema) > Estratégia subdes. > Foco ( relações interpessoais) > Estratégia hiperdes. > Foco (emoção) .
X= 3,68;dp=0,53 X=3,5;dp=0,77 X=2,38;dp=1,27 X=1,15;1,18 X=0,49;dp=0,77
9- Contexto favorecedor de esquizotipia
Foco (res. de problema) > Estratégia subdes. > Foco ( relações interpessoais) > Foco (emoção) > Estratégia hiperdes.
X= 3,23;dp=0,91 X=2,3;dp=1,17 X=1,95;dp=1,34 X=1,87;dp=1,35 X=1,3;dp=1,22
Foco (res. de problema): Afirmativa apresentando uma estratégia de coping baseada no problema.
Foco ( relações interpessoais): Afirmativa apresentando uma estratégia de coping baseada na interação social.
Foco (emoção): Afirmativa apresentando uma estratégia de coping baseada na regulação da emoção.
Estratégia hiperdes.: Afirmativa apresentando uma estratégia hiperdesenvolvida do perfil de personalidade
correspondente ao contexto testado.
Estratégia subdes.:Afirmativa apresentando uma estratégia subdesenvolvida do perfil de personalidade
correspondente ao contexto testado.
61
5.1.1- Coping focalizado no problema
Os resultados mostraram que os escores mais altos (entre 3 e 4: acredito muito e acredito
totalmente, respectivamente) foram indicados para afirmativas que apresentavam soluções
para a situação descrita, baseadas em coping focado na resolução de problemas para a maioria
dos scripts testados. Nos scripts cujos contextos descritos favoreciam respostas histriônicas,
dependentes, passivo-agressivas, esquizóides e obsessivas, os escores giraram em torno de
uma média acima de 3. É interessante notar, entretanto, que os scripts baseados em contextos
favorecedores de respostas antissociais e narcisistas receberam os escores mais baixos (entre 0
e 1: não acredito e acredito pouco, respectivamente) para as afirmativas que apresentavam
soluções para a situação descrita, baseadas em coping focado na resolução de problemas.
(Figura 1)
Figura 1 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em coping focalizado na resolução
de problemas
O Coping focalizado no problema pode ser entendido como uma forma de enfrentar as
situações estressantes mudando a relação eu-ambiente. Esse tipo de enfrentamento é
instrumental e é centrado no problema. Esse conceito advém da teoria de Folkman e Lazarus
62
sobre esforços cognitivos e comportamentais para superar, reduzir ou tolerar as demandas
estressantes (Caballo, 2007).
Uma pessoa pode concentrar-se no problema ou na situação específica que surgiu,
tentando encontrar alguma forma de mudá-la ou evitá-la no futuro. As estratégias para
resolução de problemas incluem definir o problema, gerar soluções alternativas, avaliar as
alternativas em termos de vantagens e desvantagens, escolher entre elas e implantar a
alternativa escolhida (Atkinson, Atkinson, Smith, Bem & Nolen-Hoeksema, 2002).
A ação de coping pode ser direcionada interna ou externamente. Quando o coping
focalizado no problema é dirigido para uma fonte externa de estresse, inclui estratégias tais
como negociar para resolver um conflito interpessoal ou solicitar ajuda prática de outras
pessoas (denominada por outros autores como coping focalizado na ajuda social). O coping
focalizado no problema, direcionado internamente, geralmente inclui reestruturação cognitiva
como, por exemplo, a redefinição do elemento estressor (Folkman et al., 1986).
Em relação ao processo de resolução de problemas, Sternberg (2000) pontua que quando é
necessário superar obstáculos, a fim de responder a uma pergunta ou alcançar um objetivo,
deve-se resolver um problema. Os passos para uma resolução mais eficaz de problema seriam:
identificação do problema; definição e representação do problema para o entendimento de
como resolvê-lo; uma formulação de estratégia; uma organização da informação; alocação de
recursos; monitorização do processo de resolução de problema e, finalmente, avaliar a
solução, após finalizá-la. Pode-se observar esse processo de resolução de problemas de acordo
com a preferência da amostra, por exemplo nos scripts com contextos ativadores de
obsessividade e dependência. No contexto ativador de respostas dependentes “procurar
conversar com o companheiro(a), discutir pros e contras e entrar em acordo para melhorar o
relacionamento” parece ser uma boa opção para uma situação em que a pessoa se vê
ameaçada em ser abandonada pelo outro. No contexto ativador de respostas obsessivo-
63
compulsivas “diminuir a carga de trabalho e organizar melhor o tempo de modo com que
possa descansar e ficar mais com seus familiares” é resposta preferida pelos sujeitos em
situação em que a sobrecarga de trabalho e atividades está lhe causando certo grau de estresse.
D’Zurilla e Nezu (2006) também falam da importância na “resolução de problemas” e
“implementação de soluções”. Para esses autores “Resolução de problemas” pode ser definida
como um processo cognitivo-comportamental autodirigido, pelo qual a pessoa procura
identificar ou descobrir soluções efetivas ou adaptativas para determinados problemas
encontrados na vida cotidiana, é concebida como uma atividade consciente, racional,
determinada e intencional. O “problema” (ou “situação problemática”) é definido como
qualquer situação ou tarefa (presente ou prevista) que exija resposta para haver
funcionamento adaptativo, mas para a qual não haja uma resposta efetiva imediatamente
aparente ou disponível para a pessoa, devido à presença de obstáculos. Na amostra em
questão em um contexto ativador de crenças esquizoides, pode-se verificar essa escolha auto-
dirigida na resposta ao script “pediria para eles respeitarem seu espaço e ajudaria seu cunhado
a conseguir um emprego” mostrou ser a opção preferida para a situação em que o sujeito
percebe seu ambiente invadido pelos familiares.
Teorias da resolução de problemas diferenciam os conceitos de “resolução de problemas
e “implementação de soluções”. A “resolução de problemas” refere-se ao processo de
encontrar soluções para problemas específicos (as habilidades utilizadas são gerais), ao passo
que a “implementação de soluções” refere-se ao processo de executar essas soluções na
situação problemática em questão (habilidades utilizadas variam de acordo com a situação).
D’Zurilla e Nezu (2006). Essa “implementação de soluções” pode ser vista nos scripts dos
contextos ativadores de respostas histriônicas e passivo-agressivas. No contexto ativador de
crenças histriônicas “mudar de comportamento e procurar concentra-se no trabalho para ter
64
melhor desempenho” parece ser a melhor resposta para uma situação em que a pessoa poderá
ser mandada embora devido ao excesso de histrionismo.
E no contexto ativador de crenças passivo-agressivas “mostrar ao chefe que sabe o que
deve ser feito e que esta aumentando esforços para ser mais bem sucedido” mostrou ser a
opção solucionadora e descritiva de uma “práxis” para a situação em que a pessoa se vê sendo
controlada no ambiente de trabalho.
Para entender a preferência de sujeitos em alternativas que apresentam soluções para
situações estressantes como o enfrentamento focalizado na resolução de problema, é
importante refletir sobre fatores etológicos, que no decorrer da evolução humana ajudaram o
ser humano a modular seu comportamento em decorrência de necessidades básicas do
organismo; adequando-o a regras e contextos sociais, os quais muitas vezes se opõem a
impulsos e instintos biológicos básicos. Palmini (2004):
“[...] sendo mais específico, nossa evolução para seres-humanos-como-seres-sociais
deve-se ao desenvolvimento de estruturas cerebrais que modulam nossas respostas aos
múltiplos estímulos que “falam” diretamente aos nossos instintos e impulsos
biológicos básicos, adequando-as ao contexto de cada indivíduo, em cada situação
humana.” (Palmini 2004, p. 71).
Palmini (2004), apresenta um modelo psicobiológico de resolução de problemas e
descreve funções executivas que ajudam o ser humano a ter respostas mais adaptativas. Ele
afirma que, com a formação de hábitos e repetição de coisas no dia a dia, os indivíduos
produzem respostas a vários estímulos. O problema aparece quando a resposta não é adequada
ao contexto. Então, o indivíduo precisa aprender a inibir comportamentos impulsivos e
habituais; outra função executiva primordial para respostas mais assertivas é a working
memory é a função pela qual o cérebro revive as memórias que se relacionam aos estímulos
específicos que cada pessoa recebe a cada momento e sobre os quais deve agir. Assim a
65
working memory permite ao cérebro reviver brevemente o que já aconteceu e organizar um
comportamento de resposta voltado para um resultado futuro (Barkley, 1998; Fuster, 1997;
Stuss, Picton & Alexander, 2001; in Palmini, 2004).
Os participantes desta pesquisa, de forma geral, demonstraram adequação e
constituíram uma amostra não clínica, já que elegeram em quase todos os contextos avaliados
(scripts) como primeira escolha de resposta de enfrentamento, o coping focalizado na
resolução de problema; aqueles contextos que não suscitaram essa resposta como primeira
escolha, foram os que descreviam situações ativadoras dos perfis narcisista e o antissocial .
Nestes casos os participantes escolheram como primeira alternativa as estratégias
subdesenvolvidas dos transtornos de personalidade, indicando, também, um padrão não
clínica de escolha, já que se trata de um conjunto de estratégias adaptativas.
5.1.2- Estratégias subdesenvolvidas do transtorno de personalidade
As afirmativas que apresentaram soluções para a situação descrita nos scripts baseadas em
estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script foram a segunda opção de escolha da
amostra, ou seja, tipo de alternativa que recebeu escores mais altos (entre 3 e 4) depois das
afirmativas baseadas em coping focado no problema. Nos scripts cujos contextos favoreciam
respostas antissocial, narcisista e histriônico, os escores ficaram acima da média 3 (acredito
muito), as respostas do contexto de esquiva foram menores que três, mas apresentaram
solução nas estratégias subdesenvolvidas como primeira opção. Por outro lado, os scripts
66
cujos contextos favoreciam respostas dependentes e paranóides receberam os escores mais
baixos (em torno de 1, acredito pouco) (Figura 2).
Figura 2 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em estratégias subdesenvolvidas do
transtorno de personalidade
As estratégias subdesenvolvidas dos transtornos foram a segunda opção em preferência de
escolha dos sujeitos, indicando, também, um padrão não clínico, ou seja, eles utilizariam
estratégias que resolveriam adequadamente uma situação estressante nos contextos descritos;
em contraposição, os contextos que descreveram situações que ativariam perfis dependente e
paranoíde não suscitaram essa solução como segunda escolha dos participantes.
Tentando compreender como se dá esse padrão de escolha de resposta frente a eventos
estressantes nos seres humanos, temos que o termo “estratégia” é aplicado a formas de
comportamento que podem ser adaptativas ou desadaptativas, dependendo das circunstâncias.
Egocentrismo, competitividade, exibicionismo e evitação do que é desagradável podem ser
adaptativos em certas situações, mas grosseiramente desadaptativos em outras (Beck et al.,
2005).
Uma forma de ilustrar essa relação é examinar os processos exagerados que se
observam em indivíduos com variados transtornos da personalidade e comparar atitudes
típicas e específicas, de forma associada a esses transtornos, a partir das estratégias
67
correspondentes a cada transtorno de personalidade. Indivíduos com um tipo de transtorno da
personalidade apresentam certos padrões de comportamento que são hipertrofiados, ou
superdesenvolvidos, e outros que são subdesenvolvidos. Os aspectos deficientes em algumas
estratégias são, frequentemente, as contrapartes dos aspectos fortes. Quando uma estratégia
interpessoal está superdesenvolvida, a estratégia compensadora não consegue desenvolver-se
adequadamente (Beck et al., 2005). Quando um indivíduo é considerado normal, sem
patologia, geralmente ele não apresenta estratégias hiperdesenvolvidas e, sim, as
subdesenvolvidas. Observa-se esse caráter saudável na resposta ao script ativador de crenças
antissociais em que os sujeitos escolheram a alternativa “pensaria sobre as consequências de
seus atos e assumiria sua responsabilidade” em contraposição à estratégia hiperdesenvolvida
característica do transtorno de continuar mentindo e manipulando.
Pensando sobre a escolha das estratégias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas dos
transtornos, uma teoria abrangente incluiria os vários sistemas de comportamento humano
complexo, tais como sistemas comportamental, cognitivo, motivacional e emocional, e esses
devem estar relacionados a ambientes biológicos e sociais; descrendo da forma pela qual os
sistemas componentes inter-relacionam-se e influenciam uns aos outros, de como evoluíram
para adaptar-se ao ambiente, e de como os mecanismos de estabilidade e mudança operam.
(Beck & Alford, 2000). No contexto favorecedor da crença evitativa, a resposta adaptativa
que descreve estratégia subdesenvolvida “pensar que conseguiria ser autossuficiente e que
poderia ficar na festa e ficar” mostra uma adaptação ao contexto numa condição patológica, o
que não é o caso, a condição patológica seria interpretar o ambiente como hostil e a si mesmo
como socialmente inepto e indesejável em situações sociais ou de trabalho.
Beck (2004) também concorda que os padrões de funcionamento derivados da evolução
incluem comportamentos ou estratégias como competitividade, dependência, evitação,
resistência, desconfiança, dramatização, controle, agressão, isolamento, e
68
autoengrandecimento e formula que estratégias “representam a solução singular de cada
indivíduo para os problemas de conciliação das pressões internas por sobrevivência e vínculo
com os obstáculos, ameaças e demandas externas”. O indivíduo saudável, no caso os
estudantes universitários, emprega muitas dessas estratégias de forma adaptativa e em
circunstâncias específicas (como estratégias de enfrentamento e estratégias
subdesenvolvidas). Na amostra em questão, a estratégia adaptativa pode ser vista na resposta
do script ativador de crenças narcisistas “assumiria a responsabilidade do acidente como dos
dois, aceitando sua parte na culpa, se estivesse errado”, o que é uma resposta adaptativa a um
contexto que favoreceria o indivíduo a acreditar ser muito especial e que não necessitaria
prender-se a regras que se aplicam a outras pessoas caso se tratasse a um transtorno. No
contexto ativador de crenças histriônicas, cujos participantes preferiram a estratégia que busca
refletir mais sobre as suas posturas e ter mais controle sobre as emões e ações, agindo
dentro dos limites normais” mostra uma resposta mais adaptativa a um contexto que
favoreceria a crença de que é necessário chamar a atenção dos outros e que utiliza de exageros
supondo uma amostra de pessoas com transtorno histriônico de personalidade.
Ainda pensando em termos evolucionistas Beck (1999) fala das estratégias etológicas
de que os seres humanos necessitaram para sobreviver decorrer dos tempos evolutivos.
Inicialmente, ele pontua que os componentes estáveis de personalidade fazem uso de
estratégias filogeneticamente herdadas para encontrar as demandas e problemas da vida
diária; que são projetadas fundamentalmente para preencher os objetivos evolucionários de
adaptação ou “boa forma inclusiva”; especificamente, sobrevivência e procriação.
Estratégias podem ser consideradas formas de comportamento programado que são
planejadas para atender a objetivos biológicos e realizando objetivos evolutivos de longo
alcance (Beck et al., 2005).
69
5.1.3 Coping focalizado na emoção
As afirmativas que apresentaram soluções para a situação descrita nos scripts, baseadas
em coping focado na emoção foram, em geral, a terceira opção de escolha da amostra. Os
escores mais altos nestes casos giraram em torno de 2 (acredito moderadamente) e foram
observados, especialmente, nos scripts cujos contextos favoreciam respostas ligadas a
contextos que ativariam perfis dependentes, de esquiva e passivo-agressivas.
Por outro lado, os scripts cujos contextos descritos favoreciam a ativação de padrões
ligados a respostas histriônicas e narcisistas receberam os escores mais baixos (em torno de 0
- não acredito). (Figura 3).
Figura 3 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em coping focalizado na emoção
Do ponto de vista de Folkman e Lazarus, o estresse frequentemente provoca fortes
conflitos e reações emocionais. Para diminuir o mal-estar e a dor emocional, os indivíduos
utilizam estratégias de enfrentamento centradas na emoção (Caballo, 2007). Muitas pessoas
utilizam o enfrentamento focalizado na emoção, para impedir que suas emoções negativas as
dominem e as impossibilitem de agir; outras pessoas utilizam-na quando percebem que não
podem mudar um problema (Atkinson et al., 2002).
70
O coping focalizado na emoção pode ser entendido como um esforço para regular o
estado emocional que está associado ao estresse. Esses esforços de coping são dirigidos a um
nível somático (regular as sensações proprioceptivas experimentadas em uma emoção) e/ou
um nível de sentimentos, tendo por objetivo alterar o estado emocional do indivíduo
(Folkman et al., 1986).
Enfrentamento focalizado na emoção resulta em estratégias em que a pessoa tenta
mudar seus pensamentos e sentimentos sobre o evento que o aflige, tentando aprender algo
da situação, olhando no lado brilhante, ou expressando suas emoções negativas. Acredita-se,
frequentemente, que enfrentamentos focalizados na resolução de problemas são mais eficazes
do que estratégias focalizadas na emoção, embora a evidência empírica seja complexa
(Zeidner & Salkvisk, 1996, In Matthews & Deary, 1998)
A amostra composta de estudantes universitários mostrou respostas de coping
focalizado na emoção como terceira escolha entre as estratégias para enfrentar a situação
estressante; para entender essa opção, serão discutidos os conceitos de estresse emocional,
emoção e a relação com as adaptações etológicas que o ser humano tem desenvolvido através
dos tempos.
D’Zurilla e Nezu (2005) pontuam a importância do conceito de “estresse emocional” de
Lazarus (1999), que se refere às respostas emocionais imediatas de uma pessoa a um evento
estressante, modificadas ou transformadas por processos de avaliação e de enfrentamento.
Embora as respostas ao estresse emocional, muitas vezes, sejam negativas, incluindo
sentimentos como ansiedade, raiva, decepção e depressão, elas também podem ser de natureza
positiva (esperança, alívio, alegria). As emoções negativas, provavelmente, predominam
quando a pessoa (1) avalia o problema como nocivo ou ameaçador para o bem-estar, (2)
duvida de sua capacidade de lidar com a situação de maneira efetiva, e/ou (3) tem respostas
mal-adaptativas e ineficientes. Por outro lado, as emoções positivas podem ocorrer quando a
71
pessoa (1) avalia a situação de estresse como um desafio ou uma oportunidade para
benefícios, (2) acredita que é capaz de lidar coma situação de maneira efetiva, e (3) tem
respostas efetivas para reduzir as condições nocivas e ameaçadoras e/ou as emoções negativas
que elas geram. A escolha por responder a situações estressantes como as descritas nos scripts
dos contextos esquiva, dependente e passivo-agressivo, focalizando a emoção, mostra a
necessidade em aliviar esse estresse emocional.
No coping focado nas emoções, a compreensão do papel das emoções na vida mental
humana pode auxiliar melhor a compreensão dos dados obtidos.
Goleman (1995) coloca que todas as emoções são, em essência, impulsos, legados pela
evolução, para uma ação imediata, para planejamentos instantâneos que visam a lidar com a
vida. A própria raiz da palavra emoção é do latim movere – “mover” – acrescida do prefixo
“e-”, que denota “afastar-se”, o que indica que em qualquer emoção está implícita uma
propensão para um agir imediato; essa relação fica bem clara quando se observam animais ou
crianças.
Murray (1971) denomina as emoções como reações fisiológicas e psicológicas que
influem na percepção, na aprendizagem e no desempenho.
As emoções são fenômenos expressivos e propositivos, de curta duração, que
envolvem estados de sentimento e ativação e nos auxiliam na adaptação às oportunidades e
aos desafios que enfrentamos durante eventos importantes de nossa vida (Reeve, 2006)
As emoções são multidimensionais. Existem como fenômenos subjetivos, biológicos,
sociais e com um propósito (Izard, 1993 In Reeve, 2006). Em parte, as emoções são
sentimentos subjetivos, pois nos fazem sentir de determinado modo, tal como zangados (com
raiva) ou alegres. Mas as emoções são também reações biológicas, respostas mobilizadoras de
energias que preparam o corpo para adaptar-se às situações que enfrentamos, sejam elas quais
forem. As emoções são também agentes de um propósito, assim como a fome tem um
72
propósito. A raiva, por exemplo, cria um desejo motivacional de fazer aquilo que, não fosse
ela, poderíamos não fazer, tal como combater um inimigo ou protestar contra uma injustiça. E
as emoções são fenômenos sociais. Quando emocionados, emitimos sinais faciais, posturas e
vocais reconhecíveis que comunicam aos outros a qualidade e a intensidade da nossa emoção
(movimentos das sobrancelhas, tom da voz) (Reeve, 2006).
Lazarus (1991) In (Reeve, 2006) argumenta que, sem uma compreensão da
importância pessoal do impacto potencial de um evento sobre o bem-estar pessoal, não há
razão para uma resposta emocional. Os estímulos avaliados como irrelevantes não provocam
reações emocionais. A avaliação cognitiva que o indivíduo faz do significado de um evento (e
não o evento em si) cria as condições da experiência emocional. O processo gerador da
emoção não começa com o evento em si, nem coma reação biológica ao evento, mas com a
avaliação cognitiva do seu significado.
Do ponto de vista etológico, pode-se observar que as emoções não ocorreram
inesperadamente, elas evoluíram porque ajudaram os animais a lidarem com tarefas
fundamentais da vida (Ekman, 1994, In Reeve, 2006). Para sobreviver, os animais precisam
explorar seus ambientes, vomitar substâncias nocivas, desenvolver e manter relações, atender
imediatamente a emergências, evitar ferimentos, reproduzir-se, lutar, e também fornecer e
proporcionar cuidados. Todos esses comportamentos são produzidos por emoções e todos
facilitam a adaptação do indivíduo às modificações nos ambientes físico e social. As respostas
aos scripts que mostram o foco na emoção como uma melhor opção para resolução do
conflito apresentado foram dos contextos dependente, de esquiva e passivo-agressivo. No
contexto ativador de crenças dependentes “fazer tudo o que puder para diminuir sentimentos
ruins que estava sentindo”, parece ser uma forma adaptativa de enfrentar um contexto de
ameaça de abandono cuja crença parece associar-se a experiências fisiológicas típicas de
ansiedade (J. Beck, 2007). No contexto ativador de crenças esquivas “procuraria acreditar no
73
que eles disseram para diminuir sentimentos de desconforto, desejando mudar o modo pelo
qual estava sentindo” parece ser uma resposta adaptativa em uma situação em que o indivíduo
se vê vulnerável a critica alheia, que lhe gera sinais fisiológicos de ansiedade, os quais querem
evitar (J. Beck, 2007). No contexto ativador de crenças passivo-agressivas “ se sentiria mal
pela interferência de seu chefe e tentaria diminuir o desconforto emocional que estava
sentindo” parece ser uma resposta adaptativa em uma situação em que o indivíduo percebe
que o outro quer lhe controlar, esse controle parece gerar sinais fisiológicos de raiva (J. Beck,
2007). Estas escolhas mostraram ser formas de diminuir o estresse emocional e fisiológico
nestes indivíduos.
A escolha de coping focalizado nas emoções evitando o desconforto da situação
estressante, pode ser associado a maior experiência do papel do estresse e tensão vividos. Esse
aspecto é visto em pesquisas de Aldwin e Revenson, 1987; Kobasa, 1982; McCrae e Costa,
1986 In (Lease, 1999). Bowman e Stern (1995), In Lease (1999) . Esses autores observaram
que a dificuldade do enfrentamento em contextos de trabalho estava relacionada com afeto
negativo no trabalho e com a percepção de diminuição de enfrentamentos mais eficazes.
Embora estratégias emocionais e evitativas possam úteis para responder ao estresse agudo,
elas parecem ser ineficazes para o encontro de estressores na rotina diária. Lease (1999)
afirma que estratégias focalizadas na emoção podem estar relacionadas com alto nível de
estresse em contextos específicos como o trabalho e, algumas vezes, prejudicam a situação.
Os scripts foram montados com base em situações que ativassem estresse específico em cada
tipo de personalidade; a amostra, então, respondeu a esse nível de estresse com respostas
focadas na emoção em contextos ativadores de crenças dos perfis evitativo, dependente e
passivo-agressivo como terceira opção.
Neste estudo a pesquisas foi feita com estudantes universitários, considerada amostra
não clínica, a escolha em terceiro lugar como alternativa em enfrentar situações estressantes
74
parece ser resguardada a contextos que envolvem estressores específicos que ativariam
estratégias dependentes (a ansiedade despertada pela falta de um cuidador adequado),
evitativas (a ansiedade despertada nas situações de rejeição) e passivo-agressivas (a raiva
despertada em contextos de controle externo).
5.1.4 Coping focalizado na interação social
As afirmativas que apresentaram soluções para a situação descrita nos scripts baseadas em
coping focado na interação social foram, em geral, a quarta opção de escolha da amostra. Os
escores mais altos nesses casos, também giraram em torno de 2 (acredito moderadamente) e
foram observados nos scripts cujos contextos favoreciam respostas histriônicas e passivo-
agressivas. Inversamente, os scripts cujos contextos favoreciam respostas antissociais e
narcisistas receberam os escores mais baixos (em torno de 0, não acredito) (Figura 4).
Figura 4 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em coping focalizado na interação
social
Para alguns autores, enfrentamento focalizado na interação social seria uma elaboração do
coping focado na resolução de problemas; para outros, seria uma forma de ajudar a regulação
emocional. Straub (2005) avalia que o coping focalizado na interação social como estratégias
75
de coping focalizado no problema, por exemplo, desafios relacionados com a escola ou o com
trabalho, a pessoa buscaria auxílio de amigos. A qualidade do apoio social que uma pessoa
recebe depois de sofrer um trauma influencia muito o impacto daquele apoio sobre a saúde do
indivíduo (Rool, 1984 In Atkinson et al., 2002). E o apoio social positivo pode ajudar as
pessoas a se adaptarem emocionalmente ao estresse, por levá-las a evitar ruminação sobre o
estressor (Nolen-Hoeksema, 1991 In Atkinson et al., 2002).
Nesta pesquisa considerou-se que coping focado nas relações interpessoais
caracteriza-se pela busca de apoio nas pessoas do seu círculo social para a resolução da
situação estressante.
Bloom (1985) In D’Zurilla e Nezu (2005) afirmam que os “eventos estressantes da vida”
são experiências que impõem às pessoas fortes demandas por readaptação pessoal, social ou
biológica. A amostra julgou no contexto ativador de crenças histriônicas que “buscar ajuda de
alguém para falar como estava se sentindo e aprender a controlar suas emoções” seria uma
forma eficaz de enfrentar a situação estressante, o perfil histriônico continuamente necessita
de obter atenção alheia e de se expressar de forma exagerada, buscar ajuda social; nesse caso
foi uma forma de não perder o emprego, uma necessidade de readaptação social. Já no
contexto ativador de crenças passivo-agressivas “conversar com alguém sobre como está se
sentindo” mostrou ser uma alternativa adaptativa para o perfil que não aceita controle de
outros.
Skinner (1988) destaca o papel do estímulo social. Muitas vezes, uma outra pessoa é
fonte importante de estimulação para outra. Os estímulos sociais são importantes, porque os
reforçadores sociais com os quais um indivíduo se relaciona são importantes. O
comportamento pode ser muito diferente na presença ou na ausência de uma determinada
pessoa. Quando se vê uma pessoa, em um agrupamento, o repertório disponível
imediatamente muda. No perfil histriônico desadaptado, a presença do outro estimula
76
comportamentos exagerados em busca de atenção; no perfil passivo-agressivo, a presença do
outro é necessária, no entanto ele não aceita a dominação. Como os sujeitos da amostra
julgaram a interação social como forma adaptativa de enfrentamento nessas situações, vê-se
que “procurar ajuda de alguém para falar como está se sentindo e aprender a controlar suas
emoções” no contexto ativador de crenças histriônicas e “conversar com alguém sobre como
essa se sentindo” no contexto ativador de crenças passivo-agressivas foram escolhas eficazes
para diminuir o estresse desencadeado pelo contexto do script; colocando o outro como uma
fonte de estimulação social visando o controle do contexto.
O apoio social pode reduzir tensões em ambientes estressantes (House, 1981 In Lease,
1999). Leiter et al. (1994) In Lease (1999) constataram que as mulheres aceitam melhor o
apoio de colegas de trabalho e têm mais qualidade nos seus relacionamentos do que os
homens; além disso, novos profissionais recém-chegados ao ambiente de trabalho se
beneficiaram grandemente com o apoio de alguém que fosse seu mentor ou treinador para
normas e procedimentos da organização.
A amostra em questão respondeu que o apoio social reduz tensões em ambientes
estressantes, principalmente nos contextos ativadores de crenças histriônicas e passivo-
agressivas, no entanto, não houve diferenciação entre os sexos, nesta pesquisa, com relação a
esse tipo de questão.
Matthews e Deary (1998) comentam que a teoria de aprendizagem social de Albert
Bandura é moldada dentro de uma visão interacionaista da personalidade, denominada
determinismo recíproco. Dentro de uma situação dada, a pessoa escolhe como agir, mas a ação
é modificada, então, pelas respostas recebidas, assim formando outra pessoa e interagindo com
o ambiente mutuamente. A escolha da ação é guiada por cognições pessoais relacionadas,
formando a opinião da eficácia pessoal, se a atividade a ser executada obtiver sucesso. A
eficácia pessoal influencia e escolha de atividades, da motivação e das cognições e emoções
77
dentro da tarefa. Bandura (1977) in Matthews e Deary (1998) evidencia a importância para
evidência experimental da eficácia pessoal. Definição de eficácia pessoal é influenciada por
uma variedade de fatores, incluindo o sucesso da pessoa e as falhas que aconteceram. Alguns
fatores são sociais, como o modelamento. Estudos clássicos de Bandura de modelar
comportamentos agressivos em crianças novas mostram de que forma esse processo pode
contribuir para o desenvolvimento da personalidade. Crianças aprendem que não é somente
com a violência que eles podem ganhar, mas eles têm uma possibilidade boa de ganhar com
essa. Outra influência social importante é verbal, por persuasão. Pode-se inferir que
enfrentamento focalizado nas interações sociais ou busca de apoio prossocial pode ser
aprendido, modelado durante toda a vida. A amostra mostrou preferência em quarto lugar como
opção de enfrentamento de situações que geram estresse, os contextos ativadores de crenças
histriônicas e passivo-agressivas mostraram pontuações maiores nesse tipo de enfrentamento,
enfatizando a importância do outro como fonte estimuladora e reforçadora em momentos
difíceis.
5.1.5 Estratégias hiperdesenvolvidas dos transtornos de personalidade
Finalmente, a última opção da amostra foi relacionada com as afirmativas que
apresentavam soluções baseadas em estratégias hiperdesenvolvidas pelo script testado.
Apenas os scripts cujo contexto favorecia ativação de respostas ligadas aos perfis obsessivo e
paranoides receberam escore em torno de 2 (acredito moderadamente). A maioria dos scripts
recebeu escores em torno de 1 (acredito pouco) e os scripts cujos contextos favoreciam
respostas de esquiva, narcisistas e antissociais receberam os escores mais baixos, em torno de
0 (não acredito).
78
Os scripts obsessivo-compulsivo e paranóide tiveram escores mais altos do que os outros
scripts, mas, mesmo assim, as estratégias hiperdesenvolvidas não foram a primeira opção de
escolha desses scripts; no caso do obsessivo-compulsivo. A primeira escolha foi coping
focalizado no problema, seguida de estratégias subdesenvolvidas e em terceiro lugar
estratégias hiperdesenvolvidas; no caso do script paranóide, a primeira opção foi coping
focalizado na resolução de problemas e a segunda opção foi estratégia hiperdesenvolvida.
O significado dessa escolha será abordado a seguir.
Figura 5 Respostas de julgamento dos scripts de escolha em estratégias hiperdesenvolvidas do
transtorno de personalidade
Beck (1999) afirma que os componentes estáveis de personalidade fazem uso de
estratégias filogeneticamente herdadas para encontrar as demandas e problemas da vida
diária. Essas estratégias são projetadas, fundamentalmente, para preencher os objetivos
evolucionários de adaptação ou “boa forma inclusiva”; especificamente, sobrevivência e
procriação. Transtornos de personalidade podem surgir de uma distribuição de estratégias
adaptativas na doação genética ou de experiências adversas que atingem o indivíduo de uma
tal forma a produzir hipertrofia de algumas estratégias e atrofia de outras. O resultado final é
que as estratégias individuais para o enfrentamento são excessivas em algumas maneiras, e
79
deficiente em outras. As estratégias hiperdesenvolvidas dos transtornos de personalidade,
geralmente, são hipertrofias e exageros dos comportamentos, pensamentos e sentimentos
disfuncionais. No caso da amostra estudada, os participantes não apresentaram respostas altas
nos escores hiperdesenvolvidos, apenas pontuações moderadas em torno de “2” nos contextos
ativadores de crenças paranoides e obsessivas. O que denota que indivíduos não clínicos
também utilizam estratégias hiperdesenvolvidas quando necessárias para enfrentamento de
situações estressoras, especialmente aquelas que suscitam características como
responsabilidade, dedicação e desconfianças excessivas. Estas características são reforçadas
nas relações sociais e de trabalho/escolha.
Beck (1999) afirma que à medida que amadurecem, os indivíduos desenvolvem
estratégias e habilidades para lidar com os problemas da vida. Essas estratégias são também
usadas para compensar o núcleo de crenças negativas. Se o núcleo de crenças está hiperativo,
as estratégias podem-se tornar hipertrofiadas – como uma forma de excesso de compensação.
Estratégias de excesso de compensação são rígidas, muito generalizadas e, consequentemente
disfuncionais, podendo manter os transtornos de personalidade.
Certas estratégias superdesenvolvidas podem ser derivativos ou compensações de um
tipo específico de autoconceito e uma resposta a determinadas experiências
desenvolvimentais. A predisposição genética pode favorecer o desenvolvimento de um tipo
específico de padrão, em preferência a outros padrões possíveis (Beck et al., 2005)
Não se pode ignorar a importância da identificação com membros da família
(condicionamento vicariante). Alguns indivíduos parecem adotar certos padrões disfuncionais
dos pais ou irmãos e desenvolvê-los à medida que ficam mais velhos. Em outros, os
transtornos da personalidade parecem decorrer da herança de uma forte predisposição. Assim,
pesquisas de J. Kagan (1989) indicam que uma timidez que se manifesta cedo na vida tende a
persistir podendo no futuro se desenvolver em um transtorno.
80
Corroborando a teoria de que traços extremos, rígidos e inflexíveis são características
de transtornos de personalidade, a amostra estudada, não clínica, sustentou essa tese ao
escolher como última opção as estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas do transtorno
de personalidade.
No entanto, os scripts ativadores de crenças paranoides e obsessivas mostraram um
resultado diferenciado do restante do grupo, o que é interessante porque trata-se uma amostra
não clínica. A amostra estudada julgou acreditar moderadamente “2” em respostas
hiperdesenvolvidas dos transtornos da personalidade nos scripts cujos contextos ativavam
crenças obsessivo-compulsivas e paranoides, “aumentaria o controle da situação e continuaria
se sentindo muito responsável por tudo” (obsessivo-compulsiva), “continuaria desconfiado e
suspeitando que não pudesse ser verdade o que eles disseram” (paranoide); essas respostas
podem dever-se ao fato da amostra apresentar pontuações altas na subescala do PBQ
obsessivo-compulsivo e paranoide (Figura 6).
Enfim, Beck e Alford (2000), afirmam, em sua definição, que personalidade inclui
processos esquemáticos individuais, que determinam a operação dos principais sistemas de
análise psicológica (motivação, cognição, emoção etc). A perspectiva cognitiva enfatiza
padrões característicos do desenvolvimento e diferenciação de uma pessoa e sua adaptação a
ambientes sociais e biológicos. Suborganizações específicas desses sistemas básicos são
denominados estilos (Beck et al., 1993). Os estilos consistem de esquemas que contêm as
memórias específicas. Os transtornos da personalidade são conceituados simplesmente como
operações de sistemas hipervalentes mal-adaptativas (coordenadas como estilos) que são
específicas de estratégias primitivas. A operação de estilos disfuncionais, embora
presentemente mal-adaptativa, provavelmente servia em contextos mais primitivos para
assegurar adaptação/sobrevivência. Os vários estilos ativam estratégias programadas para
realizar categorias básicas de habilidades de sobrevivência, tais como defesa de predadores, o
81
ataque e a derrota de inimigos, a procriação e a conservação de energia (Barkow, Cosmides &
Tooby, 1992; Baron-Cohen, 1995, In Beck & Alford, 2000). De um modo geral, a amostra
escolheu como última opção as estratégias hiperdesenvolvidas de um transtorno, inclusive nos
contextos que ativavam crenças nos perfis antissocial, narcisista e esquivo notas entre “0 e 1”,
o que mostra padrões de escolhas adequadas a uma amostra não clínica.
82
5.2 - Desempenho dos participantes nos instrumentos: teste t
Realizou-se também um teste t para amostras independentes, para verificar se havia
diferença de desempenho entre homens e mulheres nos scripts. Os resultados não mostraram
diferença de desempenho em nenhum dos scripts testados.
5.2.1- Análise de julgamento das respostas – nos scripts
Uma Anova One Way foi realizada com a finalidade de verificar o desempenho da
amostra em relação as respostas aos scripts. Observou-se diferença significativa em todas as
respostas aos scripts:
esquivo - F (4,595) = 7,88; p=0,0001;
dependente - F (4,595) = 42,9; p=0,0001;
passivo-agressivo - F (4,595) = 15,62; p=0,0001;
obsessivo-compulsivo - F (4,595)=18,80; p=0,0001;
paranóide - F (4,595) = 2,56; p=0,0001;
anti-social - F (4,595) = 33,85; p=0,0001;
narcisista - F (4,595) = 37,2; p=0,0001;
histriônico - F (4,595) = 2,09; p=0,0001;
esquizóide - F (4,595) = 12,31; p= 0,001.
Observou-se que em todos os nove scripts (contextos) avaliados, há diferença
estatística dos julgamentos da amostra, ou seja, as respostas dadas para as afirmativas focadas
em coping e em enfrentamentos baseados em estratégias hiperdesenvolvidas e
subdesenvolvidas são avaliadas de maneira diferente pelos sujeitos, em todos os contextos
testados.
83
Esses resultados mostram que a amostra discriminou formas de coping e enfrentamento
baseados em estratégias hiperdesenvolvidas e subdesenvolvidas indicando que o instrumento
respondeu aos seus objetivos.
Análises pós hoc foram realizadas (Bonferoni) e indicaram diferenças entre todas as
respostas aos scripts. Um exemplo da análise feita pode ser observada na Tabela 4, todas as
outras análises seguem o mesmo padrão.
TABELA 4: Exemplo (script esquiva) do resultados do teste post hoc ( Bonferroni):
Comparação Múltipla - Variável dependente: Escores
Resposta Diferença de médias (I-J) Erro padrão Sig. 95% Intervalo de Confiança
(I) (j) Limite inferior Limite superior
a b 0,022* 0,212 0,008 -0,557 0,601
c 0,255* 0,208 0,007 -0,315 0,825
d 0,628* 0,203 0,018 0,071 1,184
e 1,173* 0,207 0,000 0,606 1,740
b a -0,022* 0,211 0,008 -0,601 0,557
c 0,233* 0,171 0,043 -0,235 0,701
d 0,606* 0,165 0,002 0,154 1,058
e 1,151* 0,170 0,000 0,686 1,616
c a -0,255* 0,208 0,007 -0,825 0,315
b -0,233* 0,171 0,043 -0,701 0,235
d 0,373* 0,161 0,014 -0,067 0,813
e 0,918* 0,166 0,000 0,465 1,371
d a -0,628* 0,203 0,018 -1,184 -0,071
b -0,606* 0,165 0,002 -1,058 -0,154
c -0,373* 0,161 0,014 -0,813 0,067
e 0,545* 0,159 0,016 0,1086 0,982
e a -1,173* 0,207 0,000 -1,740 -0,606
b -1,151* 0,170 0,000 -1,616 -0,686
c -0,918* 0,166 0,000 -1,371 -0,465
d -0,545* 0,159 0,006 -0,982 -0,109
Sig=Significância
a= foco na resolução de problema
b= foco na emoção
c= foco na interação social
d =estratégia hiperdesenvolvida
e=estratégia subdesenvolvida.
84
5.2.2 Análise de julgamento das respostas - no PBQ
Analisaram-se as respostas dadas pela amostra na escala de crenças pessoais (PBQ) e
observou-se que as médias mais altas foram obtidas nas subscalas que avaliaram
transtorno/perfil esquizoide, esquivo, passivo agressivo e obsessivo, respectivamente, e as
médias mais baixas foram obtidas nas subescalas que avaliaram transtorno/perfil narcisista e
antissocial, conforme pode ser observado na Figura 6.
O padrão de escolha e julgamento da amostra mostrou os perfis mais ativados durante
a avaliação, tendo-se os estudantes universitários com características de personalidade
composta de perfis: esquizóide, esquivo, passivo agressivo e obsessivo.
PBQ-ST
Médias
dos
escores
12,09
9,19
11,53
10,85
8,61
8,04
8,65
12,83
9,32
0
2
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Médias
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d
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paranoide
Figura 6 Médias obtidas pela amostra nas subscalas do PBQ (questionário de crenças
pessoais)
Um teste t foi utilizado para verificar se o desempenho (padrão de respostas no
questionário) da amostra se diferenciou nas subescalas aplicadas. Os resultados mostraram
que o desempenho foi diferente em todas elas, conforme pode ser observado na Tabela 5.
Esses resultados mostram que a amostra discriminou cada subescala do PBQ-ST.
Uma Anova One Way foi realizada com a finalidade de verificar o desempenho da
amostra em relação às sub-escalas do PBQ-ST. Observou-se diferença significativa no
desempenho das sub-escalas: F (8,1071) = 14,57; p=0,001.
85
Uma análise pós hoc foi realizada (Bonferoni) e indicou diferença entre todas as sub-escalas
do PBQ-ST, o que pode ser visto na Tabela 5.
TABELA 5: Resultados dos testes post hoc ( Bonferroni) para as escalas do PBQ.
Sub-escalas comparadas n Diferença
entre médias
Significância
ESQUIVO DEPENDENTE
120 2,97 0,000
ESQUIVO PASSIVO
120 -2,63 0,000
ESQUIVO OBSESSIVO
120 6,59 0,000
ESQUIVO ANTISOCIAL
120 -4,17 0,000
ESQUIVO NARCISISTA
120 -2,54 0,000
ESQUIVO HISTRIÔNICO
120 4,01 0,000
ESQUIVO ESQUISÓIDE
120 -2,08 0,000
ESQUIVO PARANOIDE
120 2,26 0,000
ESQUIVO BORDER
120 6,83 0,000
ESQUIVO OBSESSIVO
120 6,59 0,000
DEPENDENTE OBSESSIVO
120 3,16 0,000
PASSIVO OBSESSIVO
120 9,43 0,000
OBSESSIVOANTISOCIAL
120 -9,85 0,000
OBSESSIVONARCISISTA
120 -9,08 0,000
OBSESSIVOHISTRIÔNICO
120 -2,36 0,000
OBSESSIVO ESQUISÓIDE
120 -7,57 0,000
OBSESSIVO PARANOIDE
120 -3,85 0,000
OBSESSIVO BORDER
120 1,01 0,000
PARANOIDE BORDER
120 5,61 0,000
ESQUIZOIDE BORDER
120 8,43 0,000
HISTRIÔNICO BORDER
120 4,13 0,000
ANTISOCIAL BORDER
120 10,61 0,000
OBSESSIVO BORDER
120 1,01 0,000
NARCISISTA BORDER
120 10,53 0,000
PASS.-AGRESS. BORDER
120 9,56 0,000
DEPENDENTE BORDER
120 6,76 0,000
ESQUIZOIDE BORDER
120 6,83 0,000
5.2.3 Análise de julgamento das respostas no Teste t–diferença entre os sexos
Finalmente, um Teste t para amostras independentes foi utilizado, para verificar se
havia diferença de desempenho entre homens e mulheres nas várias subescalas aplicadas.
Observou-se diferença no desempenho entre homens e mulheres apenas em duas subescalas: a
86
que avaliou traço/perfil dependente t (118)= 1,94, p= 0,06 e a subescala que avaliou
transtorno/perfil paranoide: t (118) = - 2,37 p = 0,02, conforme Tabelas 6 e 7.
TABELA 6 Média e desvio padrão para homens e mulheres em cada subescala do PBQ
Perfis
sexo N Média dp
PBQ esquivo
feminino
72 11,54 3,63
masculino
48 12,91 5,19
PBQ dependente
feminino
72 9,91 5,20
masculino
48 8,10 4,69
PBQ Passivo-agressivo
feminino
72 11,27 4,25
masculino
48 11,91 5,25
PBQ Obsessivo-compulsivo
feminino
72 10,52 4,64
masculino
48 11,33 5,40
PBQ Antissocial
feminino
72 7,90 4,31
masculino
48 9,68 6,55
PBQ narcisista
feminino
72 7,90 3,72
masculino
48 8,25 5,39
PBQ histriônico
feminino
72 8,56 4,56
masculino
48 8,77 5,82
PBQ esquizóide
feminino
72 12,12 5,23
masculino
48 13,89 5,38
PBQ paranóico
feminino
72 8,40 4,53
masculino
48 10,70 6,11
TABELA 7 Valores de t e nível de significância para diferenciar o desempenho de homens e
mulheres no PBQ
t df Nível de significância
PBQ esquivo
Assumida a igualdade da variância
-1,71 118 0,09
PBQ dependente
Assumida a igualdade da variância
1,94 118 0,06
PBQ passivo-agressivo
Assumida a igualdade da variância
-0,73 118 0,47
PBQ
obsessivo-compulsivo
Assumida a igualdade da variância
-0,87 118 0,39
PBQ antissocial
Assumida a igualdade da variância
-1,80 118 0,07
PBQ narcisista
Assumida a igualdade da variância
-0,42 118 0,68
PBQ histriônico
Assumida a igualdade da variância
-0,21 118 0,83
PBQ esquizóide
Assumida a igualdade da variância
-1,80 118 0,08
PBQ paranóico
Assumida a igualdade da variância
-2,37 118 0,02
87
Um aspecto importante é que os escores médios dessa amostra de brasileiros no PBQ
são iguais ou, em sua maioria, maiores que os escores médios encontrados em dois estudos de
validação do PBQ em amostras americanas (Butler, Beck & Cohen, 2007; Leahy, 2007) A
Tabela 8 compara as médias e os desvios padrões das três amostras (uma brasileira e duas
americanas).
TABELA 8 Comparação entre as médias e os desvios padrões das amostras brasileira e
americana
PBQ
Média da
amostra
brasileira
Média da
amostra americana
(Butler, Beck, Cohen,2007)
Média da
amostra
americana
(Leahy,2007)
dp
amostra
brasileira
dp
amostra
americana
L
(Leahy,2007)
Dp
amostra
americana
(Butler, Beck,
Cohen,2007)
PBQ esquivo
12,09
Sem transtorno de
personalidade = 7,05
10,86 4,35 6,46 Sem TP=
5,27
Com TP esquivo = 15,05 Com TP
esquivo =
5,47
PBQ dependente
9,19
Sem transtorno de
personalidade =4,69
9,26 5,06 6,12 Sem TP=
5,28
Com TP dependente =14,08 Com TP
dependente =
6,9
PBQ passivo -
agressivo
11,53
Não informado 8,09 4,67 5,97 Não
informado
PBQ obsessivo
10,85
Sem transtorno de
personalidade = 8,14
10,56 4,95 7,20 Sem TP=
6,23
Com TP obsessivo = 12,81 Com TP
obsessivo =
7,23
PBQ antissocial
8,61
Não informado 4,25 5,37 4,30 Não
informado
PBQ narcisista
8,04
Sem transtorno de
personalidade = 2,14
3,42 4,44 4,23 Sem TP =
3,19
Com TP narcisista = 8,00 Com TP
narcisista =
5,87
PBQ histriônico
8,65
Não informado 6,47 5,08 6,09 Não
informado
PBQ esquizoide
12,83
Não informado 8,99 5,34 5,60 Não
informado
PBQ paranóico
9,32
Sem transtorno de
personalidade = 4,51
6,99 5,32 6,05 Sem TP=
4,88
Com TP paranoide = 13,00 Com TP
paranoide =
7,13
Butler, Beck, Cohen,(2007) : Amostra sem transtorno de personalidade – TP; N= 920; Amostra com TP de esquiva, N=79; Amostra com TP
dependente,N=26; Amostra com TP obsessivo, N=58; amostra com TP narcisista,N=26; Amostra com TP paranoide, N=27.
(Leahy,2007) : Amostra com N não informado.
Amostra brasileira= N=120.
Chama a atenção que a amostra brasileira tem os mesmos escores médios dos
americanos com transtorno narcísico, na subescala que avalia perfil/transtorno narcisista
estudada por Butler et al., (2007) . Além disso, os escores médios nas subescalas que avaliam
88
transtorno/perfil dependente e paranoide são o dobro dos escores encontrados na amostra
americana sem transtorno de personalidade (Butler, et al., 2007).
Nossos dados mostram claramente que há uma diferença cultural da população
Brasileira e Americana na percepção do instrumento e consequentemente nas respostas dos
sujeitos brasileiros. Indicando a necessidade de estudos de validação do PBQ-ST no país,
dado que os escores encontrados sugerem que em brasileiros, os escores de grupos normativos
não clínicos, são mais altos que os da amostra americana
Esta pesquisa teve como participantes estudantes universitários de ambos os sexos, foi
feito um test t para verificar se havia diferenças significativas nas respostas dos estudantes.
(Tabela 7). Foi encontrada diferença significativa apenas nos perfis cognitivos de
personalidade paranóide e dependente.
Os dados encontrados sobre a diferença entre os sexos no transtorno paranóide
apoiam-se nos dados da APA (2003), que mostram que, em amostras clínicas, esse transtorno
parece ser diagnosticado com maior frequência em homens. Indivíduos com transtorno
paranoide constantemente têm medo de ataque e, se formos pensar em estratégias etológicas,
esse medo pode ser um derivativo de estratégia de luta ou fuga.
A diferença de resposta entre os sexos no transtorno dependente pode ser descrita de
acordo com o APA (2003), que pontua as características específicas de cultura, idade e gênero
para o transtorno: a ênfase na passividade, na delicadeza e no tratamento respeitoso é
característica de algumas sociedades e pode ser interpretada erroneamente como traços de
Transtorno de Personalidade Dependente. Da mesma forma, as sociedades podem apoiar e
desencorajar de modo diferenciado o comportamento dependente em homens e mulheres.
Esse diagnóstico deve ser usado com grande cautela, se é que se aplica, em crianças e em
adolescentes, para os quais um comportamento dependente pode ser adequado em termos
evolutivos. Em contextos clínicos, esse transtorno é diagnosticado com maior frequência em
89
mulheres, embora alguns estudos usando avaliações estruturadas relatem taxas similares de
prevalência entre homens e mulheres.
Na amostra de estudantes universitários da pesquisa de Lengua e Stormshak (2000),
não foi encontrada diferença entre os sexos na forma de enfrentamento dos sintomas
estressantes, o gênero masculino previu menos sintomas depressivos, maiores aspectos
antissociais e uso de substancias; ao passo que o feminino mostrou menos aspectos
antissocias e uso de substâncias. Houve diferenças quanto ao desempenho de papéis e
personalidade diferentes para o gênero masculino e o gênero feminino.
Em outro estudo, Eurelings-Bontekoe, Slikke e Verschuur (1997) encontraram que as
mulheres utilizam menos enfrentamento ativo (focado na resolução de problemas) e mais
enfrentamento passivo (focado nas emoções) e um estilo de procurar com maior frequência o
apoio social em detrimentos dos sujeitos masculinos da pesquisa. Neste estudo, nota-se
também que masculino e feminino não diferem entre si quanto à prevalência de transtornos
psiquiátricos, com apenas uma exceção — a prevalência de transtorno dependente é maior
entre as mulheres do que entre os homens, corroborando com os dados desta pesquisa
apresentados no teste t em relação à diferença entre os sexos masculino e feminino no
transtorno dependente.
Leiter et al. (1994) In Lease (1999), em um estudo sobre estresse ocupacional,
afirmam que as mulheres relataram utilizar mais estratégias de enfrentamento focalizada nas
emoções, possivelmente porque se sentiam impotentes para mudar dificuldades em seu
trabalho Greenglass (1990) In Lease (1999) também apontam que as mulheres tendem a usar
mais estratégias de enfrentamento focado na interação pessoal buscando apoio do que os
homens. Pode ser que os homens apresentem mais dificuldades em socialização e em
compartilhamento de sentimentos do que as mulheres.
90
Em relação às diferenças sociais do gêneros masculino e feminino, Matthews e Deary
(1998) falam sobre a diferença dos papeis em relação ao sexo. Em uma perspectiva psicológica
social, o gênero social é construído, as crianças devem aprender o comportamento do gênero
apropriado e a aparência peculiar à sua cultura. Berna (1981) In Matthews e Deary (1998)
sugeriu essa identificação do papel do gênero depende do esquema do gênero, que é diferente
de pessoa para pessoa.
Culturalmente, papéis definidos de feminilidade e de masculinidade resultam em um
processamento esquemático de gêneros diferentes. Berna vê tais papéis tradicionais como
restritivos, pois é psicologicamente mais saudável ter uma flexibilildade maior de ação. No
processamento viso-espacial, masculinidade é vista com desempenho superior, por exemplo, em
esportes. No entanto, Hamilton (1995) In Matthews e Deary (1998) indica que há pouca
evidência direta de que os esquemas do gênero sejam responsáveis por diferenças individuais.
5.3- Análise das correlações
A seguir, serão apresentadas as correlações obtidas entre as cinco afirmativas que
apresentaram soluções de enfrentamento para os nove scripts descritivos de contextos que
favoreceram a ativação de um dos traços de personalidade avaliados e a subescala do PBQ
que avaliou o traço ativado em questão.
91
Tabela geral de correlações entre os escores obtidos nas subescalas do PBQ e as
afirmativas que avaliaram soluções para cada script.
TABELA 9 - Tabela geral de correlações entre os escores obtidos no PBQ e as afirmativas
que avaliaram soluções para o script que ativou o perfil específico: esquivo, dependente,
passivo-agressivo, obsessivo-compulsivo, paranóide, antissocial, narcisista, histriônico e
esquizóide:
PBQ
esquivo
PBQ
dependente
PBQ
passivo-
agressivo
PBQ
obsessivo-
compulsivo
PBQ
paranóide
PBQ
antissocial
PBQ
narcisista
PBQ
histriônico
PBQ
esquizóide
Res.Prob. r -0,068 0,065 0,029 0,041 -0,107 0,207(*) 0,161 -0,050 0,139
p 0,463 0,480 0,752 0,660 0,245 0,023 0,080 0,584 0,131
Emoção r 0,171 -0,218(*) 0,298(**) 0,286(**) 0,091 0,185(*) 0,310(**) 0,382(**) 0,289(**)
p 0,062 0,018 0,001 0,002 0,322 0,043 0,001 0,000 0,001
Int.Soci. r 0,037 0,224(*) 0,189(*) 0,024 0,193(*) 0,264(**) 0,192(*) 0,147 -0,202(*)
p 0,685 0,014 0,039 0,798 0,035 0,004 0,036 0,110 0,027
Hiperd. r 0,245(**) 0,187(*) 0,185(*) 0,314(**) 0,337(**) 0,299(**) 0,344(**) 0,307(**) 0,231(*)
p 0,007 0,042 0,043 0,000 0,000 0,001 0,000 0,001 0,011
Subdes. r 0,147 0,045 -0,165 -0,066 -0,185(*) -0,023 0,031 -0,043 -0,158
p 0,109 0,626 0,072 0,474 0,043 0,806 0,734 0,640 0,085
N 120 120 120 120 120 120 120 120 120
* p<0.05 ; ** p<0,01; N= numero de sujeitos da amostra; r=correlação de Pearson; p=nível de significância
Res.Prob.: Afirmativa apresentando uma estratégia de coping baseada no problema
Emoção: Afirmativa apresentando uma estratégia de coping baseada na emoção
Int.Soci.: Afirmativa apresentando uma estratégia coping baseada na interação social
Hiperd.: Afirmativa apresentando uma estratégia hiperdesenvolvida do perfil de personalidade correspondente ao
contexto testado
Subdes.: Afirmativa apresentando uma estratégia subdesenvolvida do perfil de personalidade correspondente ao
contexto testado
.
Neste item da análise das correlações, pode-se observar os dados mostrados na Tabela 9,
que em todos os contextos das sub-escalas dos perfis cognitivos de personalidade houveram
correlações positivas entre o escore obtido no PBQ e a afirmativa que apresentou a expressão
aberta de comportamentos que se baseiam em estratégias hiperdesenvolvidas pelo perfil de
personalidade; ou seja; quanto mais altas as respostas nos escores das sub-escalas do PBQ,
mostrando a tendência ao “transtorno” mais altas as respostas por estratégias
hiperdesenvolvidas que mantém e confirmam a parte exagerada do transtorno; assim nossos
dados corroboram com a teoria cognitiva dos transtornos de personalidade de Aaron Beck
(1993; 2005).
Adiante serão apresentados detalhadamente os dados das correlações entre as respostas
do PBQ e as afirmativas que demonstram opções de enfrentamento para cada Script testado.
92
5.3.1-Script 1 : Contexto Evitativo/esquiva
Observou-se apenas uma correlação positiva (r=0,245; p=0,07) entre o escore obtido
em PBQ (subscala esquiva) e a afirmativa que apresentou a expressão aberta de
comportamentos que se baseiam em estratégias hiperdesenvolvidas pelo perfil de
personalidade, ou seja, quanto mais altos os escores em PBQ para perfil evitativo, mais a
amostra tendeu a acreditar que experimentaria “vulnerabilidade” (pessoa acredita que não está
tão bem vestida quanto os outros e será ridicularizada) e que deveria evitar (ir embora) a
situação descrita no script (uma festa/ possível ridicularização), conforme se observa na
Tabela 10.
TABELA 10 Correlações entre escore obtido no PBQ de esquiva e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil evitativo/esquiva
PBQ
esquivo
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
-0,068
Nível de significância
0,463
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,171
Nível de significância
0,062
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,037
Nível de significância
0,685
N
120
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,245(**)
Nível de significância
0,007
N
120
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,147
Nível de significância
0,109
N
120
* p<0.05 .
** p<0,01.
A correlação positiva do PBQ-ST com as estratégias hiperdesenvolvidas do perfil
nesse script indica que, quanto mais os sujeitos pontuam em subitens do perfil de
personalidade evitativo, mais alta é a pontuação do julgamento das respostas de estratégias
93
que hiperdesenvolvem o perfil. Esses dados corroboram a literatura e estão de acordo com
Beck et al., (2005). A manifestação do transtorno de personalidade de esquiva geralmente se
apresenta com várias crenças disfuncionais que interferem no funcionamento social, que
refletem o entendimento do paciente de si mesmo e dos outros. Na infância, pessoas com esse
perfil podem ter tido uma pessoa significativa (genitor, professor, irmão, amigo)
extremamente crítica e rejeitadora; então elas desenvolvem certos esquemas a partir da
interação com essa pessoa, tais como: “Eu sou inadequado”; “Eu tenho defeitos”; “Não
mereço ser amado”; “Eu sou diferente”; “Eu não me encaixo”. Podem ter desenvolvido
crenças negativas sobre as outras pessoas: “As pessoas não se importam comigo”; “As
pessoas vão me rejeitar”. Então, procuram evitar situações e relacionamentos sociais, temendo
o tempo todo que outras pessoas encontrem falhas e as rejeitem.
Eurelings-Bontekoe, Slikke e Verschuur (1997) avaliaram “desconforto social” esta
pesquisa indicou que os transtornos de personalidade evitativo, esquizoide e esquizotipico
mostraram que pessoas que tem pontuação elevada nesses transtornos tendem a não procurar
apoio social. Esse dado correlacional não foi corroborado nesta pesquisa.
Pensamento evitativo e procrastinação foram positivamente relacionados com uma
identidade do ego difusa e negativamente relacionados com uma orientação para a identidade
(Díaz-Morales, Cohen & Ferrari, 2008). Esses mesmos autores afirmam que o estilo cognitivo
do evitativo reflete o seu perfil comportamental e motivacional e que esse tipo de pessoa
procura evitar informações concretas e realistas sobre si mesma e o seu ambiente, com receio
de expor fraquezas pessoais; a pessoa negativamente possui uma impressão positiva de si
mesma. No contexto favorecedor de crenças esquivas, pontuações altas em crenças evitativas
correlacionaram-se com pontuações altas em estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado
no script, mostrando que a crença de ser vulnerável está intimamente relacionada com o
comportamento de evitação observado no transtorno.
94
5.3.2 Script 2 – Contexto Dependente
Observaram-se duas correlações positivas nesta análise:
1-Entre escore obtido em PBQ (subescala dependente) e a afirmativa que apresentou a
expressão aberta de comportamentos que compõem estratégias baseadas nas características
hiperdesenvolvidas desse perfil de personalidade (r=0,187; p= 0,042), ou seja, quanto mais
altos os escores em PBQ para perfil dependente, mais a amostra tendeu a acreditar que
precisaria do auxilio do outro (mais forte) para resolver a situação (ameaça do companheiro
em romper o relacionamento), conforme pode ser observado na Tabela 11.
2- Entre escore obtido em PBQ (subescala dependente) e a afirmativa que apresentou
coping focado em interação social (r=0,224; p= 0,014), ou seja, quanto mais altos os escores
em PBQ para perfil dependente, mais a amostra tendeu a acreditar que o apoio oferecido pelo
circulo social poderia atenuar a situação estressante (falar com alguém que pudesse dissuadir
o companheiro/a da ideia de deixá-lo/a), conforme pode ser observado na Tabela 10.
Identificou-se, também, uma correlação negativa entre o escore obtido em PBQ
(subescala dependente) e a afirmativa que apresentou coping focado na regulação da emoção
como solução para a situação descrita (r= - 0,218; p=0,018), ou seja, quanto mais altos os
escores em PBQ para perfil dependente, menos a amostra tendeu a acreditar que deveria
buscar reduzir ou controlar a aflição emocional associada à situação (fazer algo para diminuir
95
a intensidade dos sentimentos evocados pela ameaça de separação do companheiro/a),
conforme pode ser observado na Tabela 11.
TABELA 11 Correlações entre Escore obtido no PBQ dependente e as afirmativas que
avaliaram soluções para o scritpt que ativou o perfil dependente
PBQ
dependente
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
0,065
Nível de significância
0,480
N
119
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
-0,218(*)
Nível de significância
0,018
N
118
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,224(*)
Nível de significância
0,014
N
119
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,187(*)
Nível de significância
0,042
N
119
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,045
Nível de significância
0,626
N
119
* p<0.05 .
** p<0,01.
A correlação positiva entre o escore obtido em PBQ (subescala dependente) e as
afirmativas que apresentaram coping focado nas relações interpessoais e nas estratégias
hiperdesenvolvidas do transtorno confirma a teoria proposta de Beck et al., (2005) que
afirmam que os indivíduos que possuem transtorno de personalidade dependente veem a si
mesmos como inerentemente inadequados e desamparados e, portanto, incapazes de lidar com
o mundo sozinhos. Eles veem o mundo como um lugar frio, solitário e, inclusive, perigoso
que, certamente, não conseguirão enfrentar sozinhos. Segundo, eles concluem que a solução
para o dilema de ser inadequado em um mundo assustador é tentar encontrar alguém que
pareça capaz de enfrentar a vida, proteja-os e cuide deles. Eles decidem que vale a pena
desistir das responsabilidades e subordinar suas próprias necessidades e desejos, em troca de
cuidados.
96
Essa dependência acarreta consequências adversas para a pessoa, como, por exemplo,
ao depender dos outros para enfrentar problemas e tomar decisões, a pessoa tem poucas
oportunidades de desenvolver as habilidades necessárias para ter autonomia; enquanto outras
não reconhecem as habilidades que têm e, portanto, não as utilizam, perpetuando, assim, sua
dependência. Portanto, a idéia de se tornar mais competente pode ser aterrorizante para o
indivíduo dependente (Beck et al., 2005). As correlações positivas nesse script mostram que,
no contexto favorecedor de crenças dependentes, quanto mais a amostra acreditava nessas
crenças desadaptadas, mais apresentava respostas voltadas a coping focalizado nas relações
interpessoais “falando com alguém que pudesse conversar com seu companheiro(a) para
tentar dissuadi-lo da ideia de deixá-lo” confirmando os dados expostos pelo autor acima de
perpetuação da dependência.
Em um estudo sobre a importância da amizade, King e Terrance (2006) observaram
que nas dimensões de “não ter dificuldade pessoal em manter a amizade” as repostas do perfil
dependente estavam bem relacionadas; atributos como “subordinar desejos para agradar aos
outros" foram respostas comuns do dependente que acreditava que poderia reduzir expressões
de crítica e negatividade do outros que pra eles eram prejudiciais. Na amostra, isso pode ser
visto na correlação positiva entre o escore obtido no PBQ (subescala dependente) e o coping
em interações sociais.
Em outro estudo sobre pacientes de uma clínica de saúde mental, observou-se que as
pacientes portadoras de transtorno dependente enfrentavam mais suas dificuldades com
enfrentamento focalizado na emoção e busca de apoio social/interação social, o que diverge
dos resultados desta pesquisa, que apresentou uma correlação negativa com o enfrentamento
focalizado na emoção (Eurelings-Bontekoe, et al., 1997). É possível que a presença de um
estado emocional incômodo possa ser uma justificativa para a necessidade de manter relações
97
interpessoais íntimas que, de alguma forma, minimizem essa sensação incômoda (J. Beck,
2007).
5.3.3 Script 3 - Contexto Passivo-agressivo
Três correlações positivas emergiram desta análise:
1-Entre o escore obtido em PBQ (subescala passivo-agressivo) e a afirmativa que
apresentou a expressão aberta de comportamentos que se baseiam em estratégias que se
estruturam a partir de características hiperdesenvolvidas pelo perfil de personalidade
(r=0,185; p= 0,043), ou seja, quanto mais altos os escores em PBQ para perfil passivo-
agressivo, mais a amostra tendeu a acreditar que precisaria fazer uma resistência passiva
(evitar situações de confronto, mas não cooperar) como saída para a situação descrita
(modificação de rotina de trabalho em função da visão do chefe) conforme se observa na
Tabela 12.
2- Entre o escore obtido em PBQ (subescala passivo-agressiva) e a afirmativa que
apresentou coping focado em interação social (r=0,189; p= 0,039), ou seja, quanto mais altos
os escores em PBQ para perfil passivo-agressivo, mais a amostra tendeu a acreditar que o
apoio oferecido pelo circulo social (conversar com alguém sobre como está se sentindo)
poderia atenuar a situação estressante (modificação de rotina de trabalho em função da visão
do chefe) conforme se observa na Tabela 12.
3- Entre o escore obtido em PBQ (subescala passivo-agressivo) e a afirmativa que
apresentou coping focado na emoção como solução para a situação descrita (r=0,298;
p=0,001), ou seja, quanto mais altos os escores em PBQ para traço passivo-agressivo, mais a
98
amostra tendeu a acreditar que deveria buscar reduzir ou controlar a aflição emocional
associada a situação (fazer algo para diminuir o desconforto emocional provocado pela
interferência do chefe na rotina de trabalho) conforme se observa na Tabela 12.
TABELA 12 Correlações entre Escore obtido no PBQ passivo-agressivo e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil passivo-agressivo
PBQ
Passivo-agressivo
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
0,029
Nível de significância
0,752
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,298(**)
Nível de significância
0,001
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,189(*)
Nível de significância
0,039
N
120
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,185(*)
Nível de significância
0,043
N
119
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
-0,165
Nível de significância
0,072
N
120
* p<0.05 .
** p<0,01
A correlação positiva entre escore obtido em PBQ (subescala passivo-agressivo) e as
afirmativas que apresentaram coping focado nas estratégias hiperdesenvolvidas do perfil
“como evitar afirmações, confronto e não cooperar com o chefe” confirma a teoria proposta
de Beck et al., (2005) que afirmam que os indivíduos que possuem transtorno de
personalidade passivo-agressivo têm, em sua cognição, crenças centrais, suposições
condicionais e estratégias compensatórias consistentes com negativismo, ambivalência,
resistência, relutância em satisfazer as expectativas alheias, além de um objetivo primordial
de manter a autonomia. Os pensamentos automáticos refletem seu inflexível ceticismo e
pessimismo. Isso influencia a sua visão de si mesmos, dos outros do mundo e todos os seus
desafios. O desejo de ser favorecido por aqueles que tem poder (dependência e
reconhecimento) entra em confronto direto com sua crença de que, para permanecer
99
autônomo, o indivíduo precisa frustrar ou ignorar as regras ou expectativas. Como um meio
de lidar com essa ambivalência, a independência é mantida pelo comportamento passivo, que
não confronta, nem desafia diretamente a autoridade. Ele mantém o controle e a autonomia,
evitando o conflito e a possível desaprovação (Beck et al., 2005).
As crenças centrais e os pensamentos automáticos relacionados do paciente têm como
tema controle e resistência (por exemplo: “Ninguém deve me controlar” e “Submeter-me
significa que não tenho nenhum controle”). A submissão é sinônimo de perda de controle, de
liberdade e de autonomia (condições que o paciente é incapaz de tolerar). Essa dificuldade ou
conflito referente a aceitar a influência dos outros é um aspecto fundamental da intensa
ambivalência que cria esse prejuízo social (Beck, Freeman & Davis, 2005). Essa extrema
ambivalência traz muita ansiedade para a pessoa, o que pode justificar, neste estudo, a
correlação positiva dos escores da subescala passivo-agressiva com coping focalizado nas
emoções como uma forma de lidar com a situação estressante, esse enfrentamento: “sentiria
mal pela interferência do seu chefe e tentaria diminuir o desconforto emocional que estava
sentindo” mostrou-se uma forma adaptativa de diminuir essas emoções.
Outra correlação positiva pode ser vislumbrada com os escores do PBQ subescala
passivo-agressiva com coping focado na interação social “conversar com alguém sobre como
está se sentindo” é uma forma de lidar com o contexto estressante descrito no script. Em sua
postulação (Beck et al., 2005) discorrem sobre as relações desses sujeitos e afirmam que
apresentam crenças compensatórias com o objetivo de manterem as boas graças das figuras de
autoridade, ao se submeterem de maneira aparente. Se essa submissão aparente se tornar
problemática em alguma situação, essas pessoas recorrem à crença de que lhe foi feita uma
grande injustiça. Os autores referem uma certa qualidade narcisista nessas estratégias
compensatórias como um mecanismo protetor, para evitar ou desviar a rejeição. Os dados do
estudo sobre amizade (King & Terrance, 2006) corroboram a teoria de Beck sobre o
100
transtorno de personalidade passivo-agressivo. Observando que as pessoas portadoras desse
transtorno tinham tendências para exibir seu melhor amigo como inseguro, desonesto e
suscetível de lhe causar sentimentos de embaraço ou desconforto durante uma interação.
Apresentaram o sentimento de amizade com insegurança e mostraram fortes sentimentos de
injustiça, ressentimento e sentimentos, quando se sentiram mal interpretados e não
reconhecidos. A correlação positiva obtida destacada no início deste parágrafo, pode indicar a
“necessidade de manter boas relações com figuras de autoridade”. É possível que o script não
tenha ativado a idéia de “controle” no contexto descrito para a parte da amostra com escores
mais altos na subescala passivo-agressiva.
5.3.4 - Script 4 - Contexto Obsessivo-compulsivo
Duas correlações positivas emergiram nesta análise:
1-Entre escore obtido em PBQ (subescala obsessivo-compulsivo) e a afirmativa que
apresentou a expressão aberta de comportamentos que compõem estratégias baseadas nas
características hiperdesenvolvidas pelo perfil de personalidade (r=0,314; p= 0,001), ou seja,
quanto mais altos os escores em PBQ para perfil obsessivo-compulsivo, mais a amostra
tendeu a acreditar que precisaria manter o controle e a sistematização da situação (aumentar o
controle da situação se sentido muito responsável por tudo), para resolver a situação
estressora apresentada (gerada pela grande carga de trabalho e por tarefas acadêmicas
sobrepostas) conforme se observa na Tabela 13.
2- Entre o escore obtido em PBQ (subescala obsessivo-compulsivo) e a afirmativa que
apresentou coping focado na emoção como solução para a situação descrita (r=0,286;
p=0,002), ou seja, quanto mais altos os escores em PBQ para traço obsessivo-compulsivo,
mais a amostra tendeu a acreditar que deveria buscar reduzir ou controlar a aflição emocional
101
associada a situação (diminuir sua ansiedade tentando dedicar-se mais às tarefas sobrepostas)
conforme se observa na Tabela 13.
TABELA 13 Correlações entre escore obtido no PBQ obsessivo-compulsivo e as afirmativas
que avaliaram soluções para o script que ativou o perfil obsessivo-compulsivo
PBQ
Obsessivo-compulsivo
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
0,041
Nível de significância
0,660
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,286(**)
Nível de significância
0,002
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,024
Nível de significância
0,798
N
119
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,314(**)
Nível de significância
0,000
N
120
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
-0,066
Nível de significância
0,474
N
120
* p<0.05 .
** p<0,01
Este estudo teve como resultados uma correlação positiva entre as pontuações do
sujeito nos escores da subescala do PBQ (obsessivo-compulsivo) com as estratégias
hiperdesenvolvidas do perfil no script: “Aumentaria o controle da situação e continuaria se
sentindo muito responsável por tudo”. Esses dados convergem com os dados da literatura e de
acordo com Beck et al., (2005) a manifestação do transtorno de personalidade obsessivo-
compulsivo indica certa obsessividade, perfeccionismo de não poder errar. Essas
características são vistas como aspectos problemáticos, pois o objetivo do indivíduo
compulsivo é eliminar os erros, não apenas minimizá-los. Isso resulta no desejo de total
controle sobre si mesmo e sobre o seu ambiente. Uma distorção característica importante
desses indivíduos é o pensamento dicotômico. Isso aparece na crença “Qualquer desvio do
que é certo, automaticamente, está errado”. Além de muitos problemas intrapessoais, essas
102
crenças levam a problemas interpessoais, pois os relacionamentos geralmente envolvem fortes
emoções e não têm respostas absolutamente corretas. Os relacionamentos também são
problemáticos, pois ameaçam distrair esses indivíduos do trabalho e, assim, podem provocar
erros. A solução da pessoa com esse transtorno de personalidade é evitar tanto as emoções
quanto as situações ambíguas. Daí sustentam-se os dados obtidos nesta pesquisa, com relação
ao enfrentamento focalizado na emoção, como uma necessidade de regulação emocional, pois
no contexto obsessivo descrito no script com muito trabalho, pouco lazer e gerador de estresse
os paraticipantes buscaram “tentar diminuir sua ansiedade dedicando-se mais as suas tarefas”,
indicando o movimento comum ao perfil: sistematizar e controlar como forma de ter domínio
sobre as emoções.
Outro dado apontado pode ser vislumbrado nos estudos de Sanderson (1994) In
Coolidge, Segal, Hook e Stewart (2000), que verificaram que os transtornos de personalidade
que mais apresentavam co-morbidade com transtornos ansiosos são os perfis evitativo,
obsessivo-compulsivo e dependente. Esses autores afirmam que o transtorno personalidade
que apresenta mais sinais de ansiedade co-mórbida é o evitativo seguido do perfil obsessivo-
compulsivo. Esses dados corroboram os dados desta pesquisa, que encontrou uma preferência
do grupo por estratégias de enfrentamento focalizadas na emoção em contextos ativadores de
crenças obsessivo-compulsivas: “tentaria diminuir sua ansiedade dedicando-se mais a suas
tarefas” como forma de enfrentamento da situação descrita no script.
103
5.3.5- Script 5: Contexto Paranóide
Observou-se duas correlações positivas nesta análise:
1-Entre o escore obtido em PBQ (subescala paranoia) e a afirmativa que apresentou a
expressão aberta de comportamentos que compõem estratégias baseadas nas características
hiperdesenvolvidas pelo perfil (r=0,337; p= 0,001), ou seja, quanto mais altos os escores em
PBQ para perfil paranoide, mais a amostra tendeu a acreditar que precisaria manter-se
vigilante e desconfiada (continuaria desconfiado e suspeitando que não pudesse ser verdade o
que outros disseram) para solucionar a situação (interrupção da conversa quando a pessoa
chegou na sala), conforme pode ser observado na Tabela 14 .
2- Entre escore obtido em PBQ (subescala paranoia) e a afirmativa que apresentou
coping focado em interação social (r=0,193; p= 0,035), ou seja quanto mais altos os escores
em PBQ para perfil paranoide, mais a amostra tendeu a acreditar que o apoio oferecido pelo
circulo social poderia atenuar a situação estressante (acreditaria, mas precisaria conversar
sobre o que houve com outras pessoas para reassegurar que tudo esteja bem), conforme pode
ser observado na Tabela 14.
Identificou-se também uma correlação negativa entre escore obtido em PBQ
(subescala paranoia) e a afirmativa que apresentou estratégia subdesenvolvida pelo perfil de
personalidade (r= - 0,185; p=0,043), ou seja, quanto mais altos os escores em PBQ para perfil
paranoide, menos a amostra tendeu a acreditar que confiar fosse uma estratégia adequada para
104
a situação (acreditaria e confiaria no que eles me disseram) conforme pode ser observado na
Tabela 14.
TABELA 14: Correlações entre escore obtido no PBQ paranoide e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil paranóide.
PBQ
paranoide
Foco na resolução de Problema
-0,107
Nível de significância
0,245
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,091
Nível de significância
0,322
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,193(*)
Nível de significância
0,035
N
120
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,337(**)
Nível de significância
0,000
N
120
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
-0,185(*)
Nível de significância
0,043
N
120
* p<0.05 .
** p<0,01
Nesses dados, observaram-se duas correlações positivas, envolvendo as respostas dos
escores nas afirmativas que apresentaram pontuações altas no perfil de personalidade
paranoide no PBQ e as estratégias hiperdesenvolvidas do perfil que manifestam e mantêm o
perfil e a busca de apoio pelo outro para atenuar a situação estressante.
Em relação à escolha por estratégias hiperdesenvolvidas, os dados desta pesquisa
confirmam a teoria proposta por Beck et al., (2005) que afirmam que os indivíduos que
possuem transtorno de personalidade paranoide precisam ficar atentos e hipervigilantes o
tempo todo.
A busca de apoio social pode ser explicada pelo aspecto persecutório do próprio
transtorno. As suspeitas do indivíduo em relação aos outros e suas ruminações sobre
105
perseguição e mau tratamento nas mãos alheias não são centrais no transtorno, mas são
racionalizações usadas para reduzir o sofrimento subjetivo do indivíduo. Essa visão é
apresentada a análise cognitiva realizada pelo autor (Beck, Freeman, et al., 1990; Freeman,
Pretzer, Fleming & Simon, 1990; Pretzer, 1985; Pretzer & Beck, 1996, In Beck et al., 2005).
Pessoas com esse transtorno evitam proximidade, por medo de que o envolvimento e a
abertura emocional dos relacionamentos íntimos aumentem sua vulnerabilidade. Então, esses
sujeitos podem desejar apoio social, mas encontram dificuldade em confiar no outro. Nossos
dados mostraram, possivelmente, o desejo de interação social no script descrito uma vez que a
escolha foi “você acreditaria, mas precisaria conversar sobre o que aconteceu com outras
pessoas para reassegurar que tudo esteja bem”.
Obteve-se uma correlação negativa nesse tópico, entre as respostas dadas na subescala
do transtorno paranoide do PBQ e as estratégias subdesenvolvidas do transtorno, indicando a
característica não clínica da amostra estudada, que procura encontrar respostas mais
adaptativas em situações que desencadeiam estresse em contextos paranoides.
Sastre, Vinsonneau, Chabrol e Mullet (2005), em um estudo, identificaram que itens
como “indisponibilidade de perdoar” e “vontade de vingar-se”, foram apresentados em grande
parte por uma amostra de sujeitos paranoides, mas esses itens não se limitam à personalidade
paranoide e podem ser utilizados em população em geral. Em suas correlações, eles
perceberam que os resultados dos indivíduos paranóicos se correlacionaram com alto nível de
neuroticismo, indicando ansiedade e desajustamento emocional. Esses resultados são
consistentes com a conceituação cognitiva do transtorno da personalidade paranoide em Beck
et al. (1993) e enfatizam que o pressuposto básico da personalidade paranoide é de que os
outros são maléficos, enganosos, e prontos para atacar quando chegar a oportunidade. Crenças
secundárias nesse transtorno paranoide mostram que nenhuma fraqueza deve ser mostrada e
que qualquer ataque é malicioso e intencional e merece retaliação e uma atitude de não
106
perdoar. Esse resultado tem implicações para a prática do perdão e orientada para o
aconselhamento (Enright & Fitzgibbons, 2000, In Sastre et al., 2005). Todos esses dados de
literatura sustentam a correlação entre o script testado e as estratégias hiperdesenvolvidas
apresentadas “continuaria desconfiado e suspeitando que não pudesse ser verdade o que eles
disseram” do perfil no contexto desencadeador de crenças paranoides.
5.3.6 - Script 6 : Contexto Antissocial
Quatro correlações positivas emergiram nesta análise:
1-Entre o escore obtido em PBQ (subescala antissocial) e a afirmativa que apresentou
a expressão aberta de comportamentos que compõem estratégias baseadas nas características
hiperdesenvolvidas pelo perfil de personalidade(r=0,299; p= 0,001), ou seja, quanto mais
altos os escores em PBQ para perfil antissocial, mais a amostra tendeu a acreditar que
exploração e predação (continuaria mentindo e manipularia seus colegas a depor ao seu favor,
numa situação em que se está errado) fossem soluções para a situação estressora em curso
(colar durante a prova e acusar outro como o autor da cola), conforme se observa na Tabela
15.
2- Entre o escore obtido em PBQ (subescala antissocial ) e a afirmativa que apresentou
coping focado em interação social (r=0,264; p= 0,004), ou seja, quanto mais altos os escores
em PBQ para perfil antissocial, mais a amostra tendeu a acreditar que o apoio oferecido pelo
círculo social poderia atenuar a situação estressante (pediria a outras pessoas para lhe
ajudarem com a questão), conforme se observa na Tabela 14.
107
3- Entre o escore obtido em PBQ (subescala antissocial) e a afirmativa que apresentou
coping focado na emoção como solução para a situação descrita (r=0,185; p=0,043), ou seja,
quanto mais altos os escores em PBQ para o perfil antissocial, mais a amostra tendeu a
acreditar que deveria buscar reduzir ou controlar a aflição emocional
associada a situação (ficaria ansioso com a situação frente a professora e tentaria minimizar
sua ansiedade, mais do que qualquer coisa ) conforme se observa na Tabela 15.
4- Entre o escore obtido em PBQ (subescala antissocial) e a afirmativa que apresentou
coping focado na solução do problema como solução para a situação descrita (r=0,207;
p=0,023), ou seja, quanto mais altos os escores em PBQ para o perfil antissocial, mais a
amostra tendeu a acreditar que deveria esforçar-se para atuar na situação que deu origem ao
estresse e tentar mudá-la (continuaria insistindo e lutando pelo que quer, afirmando que você
estava sendo “honesto”- e isso não era verdade) Tabela 15.
TABELA 15 Correlações entre escore obtido no PBQ antissocial e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil antissocial
PBQ
Antissocial
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
0,207(*)
Nível de significância
0,023
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,185(*)
Nível de significância
0,043
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,264(**)
Nível de significância
0,004
N
120
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,299(**)
Nível de significância
0,001
N
120
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
-0,023
Nível de significância
0,806
N
120
* p<0.05 .
** p<0,01
108
Esses resultados mostram o quanto a dinâmica da personalidade antissocial
pode ser complexa e buscar várias formas para não entrar em sofrimento e resolver as
situações estressantes. Os dados mostram que quanto mais altas a pontuação no subitem
antissocial no PBQ, mais a amostra procura enfrentar sua situação por meio de resolução de
problemas, emoção, interação social e utilizar de estratégias hiperdesenvolvidas que ativam e
mantém ainda mais o perfil antissocial. Beck et al., postulam que as pessoas com transtorno
de personalidade antissocial têm uma visão de mundo pessoal, nunca interpessoal. Não
conseguem assumir o papel do outro. Pensam de maneira linear, só antecipando reações dos
outros, depois de responder aos próprios desejos. Suas ações não se baseiam em escolhas, em
um sentido social, por causa dessas limitações cognitivas. Sua visão de si mesmas consiste em
um sistema de avaliações e atribuições autoprotetoras.
Pode-se prever esse comportamento antissocial a partir de estratégias etológicas
durante os tempos. Alguns padrões derivados da evolução tornaram-se problemáticos na
presente cultura moderna, porque interferem nos objetivos pessoais ou entram em conflito
com as normas do grupo. Estratégias predatórias ou competitivas extremamente
desenvolvidas, que poderiam promover a sobrevivência em condições primitivas, podem ser
pouco indicadas para um meio social e podem resultar em um “transtorno da personalidade
antissocial” (Beck et al., 2005). Altas pontuações em crenças que ativam esse perfil
correlacionam-se positivamente com as estratégias hiperdesenvolvidas, podendo ser vistas
como respostas nesse contexto ativador de crenças antissociais como “continuaria mentindo,
manipularia seus colegas a deporem a seu favor” como forma de enfrentar o contexto
estressante descrito. A correlação positiva com “continuaria insistindo e lutando pelo que
quer, afirmando que estava sendo ‘honesto’ seria outra forma de enfrentamento focalizado na
resolução de problemas como alternativa escolhida para lidar com a situação estressante.
109
Alguns estudiosos encontraram resultados que indivíduos com personalidade
antissocial geralmente se apresentam com outras co-morbidades psiquiátricas, como a
prevalência do uso de álcool e outras substâncias que provocam dependência; essas pesquisas
não encontraram diferenças entre homens e mulheres com personalidade antissocial quanto ao
abuso de substâncias (Bucholz, Hesselbrock, Heath, Kramer & Schuckit, 2000). Esse abuso
de substâncias pode ser uma forma constante de busca de prazer e falta de limites.
A correlação positiva com enfrentamento focalizado na emoção “ficaria ansioso com
situação frente à orientadora e tentaria diminuir sua ansiedade, mais do que qualquer outra
coisa” mostra que, nesse contexto ativador de crenças antissociais, a diminuição do
desconforto é a contraparte da busca de prazer.
No estudo sobre amizade, King e Terrance (2006) apontam que pessoas com
personalidade antissocial percebem seus amigos com insegurança, como desonestos e que
podem causar sentimentos de embaraço ou desconforto durante uma interação. Esses
resultados podem ser justificados pela percepção de sentimento de injustiça, ressentimento e
sentimentos de ser mal interpretado e não reconhecido. Os indivíduos apresentaram também
aspectos de rancores e reação a críticas com raiva e vergonha. Daí a necessidade de
manipulação alheia, no contexto ativador de crenças antissociais quanto mais altas as
respostas na subescala do PBQ antissocial, também encontram-se altas as respostas ao
enfrentamento focado na interação social “pediria a outras pessoas para lhe ajudarem com a
questão” essa manipulação do outro pode ser uma forma de lidar com o estresse descrito no
script.
Na pesquisa sobre herdabilidade genética de transtornos de personalidade verificou-se
que transtorno de conduta teve alto coeficiente de hereditariedade, outros autores tiveram
descobertas similares, de que o comportamento juvenil antissocial possui também coeficientes
de hereditaridade (Jang et al.,, 1996; Leve & Devore, 1997, In Coolidge, Thede, & Jang,
110
2001). No estudo citado, comportamento antissocial e violência interpessoal podem ter fortes
contribuições genéticas na sua gênese. Ao mesmo tempo, modelos animais envolvendo a
neuroquímica e a biologia de comportamento agressivo têm mostrado que esses
comportamentos podem ser significativamente alterados por meio de modificação de sistemas
particulares de neurotransmissor químico (Hen, 1996, In Coolidge, Thede, & Jang, 2001).
Esses estudos corroboram os estudos de Beck e et al. (2005) descritos acima, de que o
comportamento antissocial pode ser explicado a partir de estratégias etológicas desenvolvidas
ao longo do tempo, sendo padrões evolutivos derivados que se tornaram problemáticos na
atualidade, já que entram em conflito com as normas do grupo. Então, as respostas do PBQ
(antissocial) correlacionam-se positivamente com quatro formas diferentes de enfrentamento
visando a aliviar o estresse ativado pelo script: resolvendo o problema, focando a emoção,
buscando interação social e manifestando publicamente respostas que ativam e mantêm esse
perfil.
5.3.7- Script 7 : Contexto Narcísico
Três correlações positivas emergiram nesta análise:
1-Entre o escore obtido em PBQ (subescala narcisista) e a afirmativa que apresentou a
expressão aberta de comportamentos que compõem estratégias baseadas nas características
hiperdesenvolvidas pelo perfil de personalidade (r=0,344; p= 0,001), ou seja, quanto mais
altos os escores em PBQ para perfil narcísico, mais a amostra tendeu a acreditar que
autoengrandecer-se e a competir (exigir tratamento especial) fossem soluções para a situação
estressora em curso (acidente de trânsito), conforme se observa na Tabela 16.
111
2- Entre o escore obtido em PBQ (subescala narcísica ) e a afirmativa que apresentou
coping focado em interação social (r=0,192; p= 0,036), ou seja, quanto mais altos os escores
em PBQ para perfil narcísico, mais a amostra tendeu a acreditar que o apoio oferecido pelo
circulo social poderia atenuar a situação estressante (na situação de acidente de transito falar
para as pessoas que estava certo (quando estava errado) e convencê-las a depor ao seu favor),
conforme se observa na Tabela 16.
3- Entre o escore obtido em PBQ (subescala narcísica) e a afirmativa que apresentou
coping focado na emoção como solução para a situação descrita (r=0,310; p=0,001), ou seja,
quanto mais altos os escores em PBQ para o perfil narcísico, mais a amostra tendeu a
acreditar que deveria buscar reduzir ou controlar a aflição emocional associada a situação
(extravasando seus sentimentos ) conforme se observa na Tabela 16.
TABELA 16 Correlações Entre o escore obtido no PBQ narcísico e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil narcísico
PBQ
narcisista
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
0,161
Nível de significância
0,080
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,310(**)
Nível de significância
0,001
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,192(*)
Nível de significância
0,036
N
119
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,344(**)
Nível de significância
0,000
N
120
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,031
Nível de significância
0,734
N
120
* p<0.05 .
** p<0,01
112
Nestes resultados observaram-se três correlações positivas entre altas pontuações no
subitem narcisista do PBQ e estratégias hiperdesenvolvidas que ativam e mantêm o
transtorno,interação social e enfrentamento focalizado na emoção.
Beck, Freeman e Davis (2005) afirmam que pessoas portadoras desse perfil
apresentam um esquema de si mesmas como “carentes de ser especial e superior”. Esse
esquema pode ser uma estratégia para escapar à inferioridade e pode ser desenvolvido de
diversas maneiras. Tendências narcísicas podem ser herdadas (Livesley, Jang, Schroeder &
Jackson, 1993, In Beck et al., 2005) e moldadas por pais que supercompensam sentimentos
de inferioridade ou insignificância. Tentativas de superar, a qualquer custo, os sentimentos de
inferioridade e manter uma autoestima positiva são ampliadas em estratégias
superdesenvolvidas de autoengrandecimento. Aqui nesse estudo, a correlação positiva entre
respostas que caracterizam esse perfil no PBQ e estratégias hiperdesenvolvidas do transtorno
narcísico como ser uma pessoa especial e achar que tem direito a tratamento e privilégios
especiais são expressas na afirmativa “exigiria um tratamento especial pelo policial já que
acredita que é um ótimo motorista” e são formas de enfrentar a situação estressante
desencadeada pelo script.
A correlação positiva entre a subescala do PBQ antissocial e o coping focado na
interação social “falaria as pessoas que estavam próximas ao acidente, que estava certo e
pediria para elas deporem a seu favor” e a estratégia hiperdesenvolvida do perfil testado no
script “ exigiria um tratamento especial pelo policial já que acredita que é um ótimo
motorista” como formas de enfrentar a situação estressante do script podem ser explicadas
pelo fato de que os indivíduos com escores mais altos do PBQ no subitem narcisismo
mostram necessidade de apoio social desde que esse outro possa lhe prestar engrandecimento.
A presença de talentos, atributos ou posições especiais, culturalmente valorizados, elicia
respostas sociais que reforçam o esquema superior/especial. Não receber feedback negativo e
113
ser constantemente reforçado por comportamentos de autoexibição e exploração confirmam
as crenças compensatórias de superioridade pessoal. A fantasia oferece a recitação cognitiva
da grandiosidade e da autopreocupação, mantendo as estratégias superdesenvolvidas. Embora
suas estratégias ativas sejam potencialmente adaptativas na busca de sucesso, os pacientes
narcisistas parecem cruzar a linha do desadaptativo, ao buscar autointeresses, superagindo
rigidamente a ameaças à autoimagem, explorando posições de poder e falhando em
desenvolver ou usar habilidades adaptativas, especialmente a capacidade de compartilhar e
identificar-se com o grupo (Beck et al., 2005).
Uma pessoa com um núcleo de crenças “Eu sou fraco e inferior”, por exemplo, pode
compensar isso desenvolvendo uma estratégia narcisista em excesso para demonstrar seu
poder e sua competência. Essa estratégia pode ser direcionada não apenas para destacar-se,
mas também para fornecer sua superioridade para outras pessoas. Ele negocia, na crença de
que é intitulado a receber atenção especial, para renunciar regras e regulamentos e obter maior
reconhecimento. Entretanto, essa estratégia obviamente não evita a ocorrência de problemas e
decepções. Quando suas crenças narcísicas são desacreditadas por outras pessoas ou
fracassam em alcançar seus objetivos perfeccionistas, ficam propensos a experimentar
autodúvidas (dúvidas sobre si mesmas) em relação à sua superioridade e sentir então dor
psíquica (Beck, 1999), o que explicaria, as respostas da parte da amostra com notas mais altas
em PBQ (narcisismo) em buscar coping focalizado na emoção como forma de enfrentar o
contexto estressante do script descrito.
Causar má impressão, sentir-se mal, perder um status especial ou se deparar com
limites, tudo isso é percebido como ameaça à autoimagem. Essa ameaça à autoimagem pode
ser vista como “insulto narcísico”. Beck et al., (2005) consideram que, quando a pessoa se
depara com o estresse do insulto narcísico, fica zangada e autoprotege-se, podendo agir com
surpreendente desconsideração pelos outros. Além disso, o paciente narcisista tem pouca
114
tolerância ao desconforto e ao afeto negativo. Queixas, exigências e ataques de raiva podem
fazer o paciente sentir-se poderoso e, frequentemente, funcionam para restaurar o senso de
superioridade. Diante de emoções difíceis de lidar, a parte da amostra com escores mais altos
em PBQ (narcisismo) mostrou preferir enfrentar esse estresse com coping focalizado na
emoção “preocuparia em apenas extravasar seus sentimentos”, conforme indicam nossos
dados.
5.3.8 - Script 8 : Contexto Histriônico
Duas correlações positivas emergiram nesta análise:
1-Entre o escore obtido em PBQ (subescala histriônico ) e a afirmativa que apresentou
a expressão aberta de comportamentos que compõem estratégias baseadas nas características
hiperdesenvolvidas pelo perfil de personalidade (r=0,307; p= 0,001), ou seja, quanto mais
altos os escores em PBQ para perfil histriônico, mais a amostra tendeu a acreditar que o
exibicionismo, a expressividade e o impressionismo (expressar suas emoções e tentaria
impressionar o chefe) seriam soluções para a situação estressora em curso (ameaça de ser
despedido por não cumprir as atividades de trabalho), conforme se observa na Tabela 17.
2- Entre o escore obtido em PBQ (subescala histriônico) e a afirmativa que apresentou
coping focado nas emoções como solução para a situação descrita (r=0,382; p=0,001), ou
seja, quanto mais altos os escores em PBQ para o perfil histriônico, mais a amostra tende a
acreditar que deveria buscar reduzir ou controlar a aflição emocional associada à situação
(extravasando seus sentimentos, pois refrear sentimentos positivos aumentaria os sentimentos
negativos ).
115
Essas correlações podem ser observadas na Tabela 17.
TABELA 17 Correlações Entre o escore obtido no PBQ histriônico e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil histriônico
PBQ
histriônico
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
-0,050
Nível de significância
0,584
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,382(**)
Nível de significância
0,000
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
0,147
Nível de significância
0,110
N
119
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,307(**)
Nível de significância
0,001
N
120
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
-0,043
Nível de significância
0,640
N
120
* p<0.05 .
** p<0,01
Observa-se, nesses dados, duas correlações positivas envolvendo as respostas dos
escores nas afirmativas que apresentaram pontuações altas no perfil de personalidade
histriônico no PBQ e as estratégias hiperdesenvolvidas do perfil que manifestam e mantêm o
perfil e o enfrentamento focalizado na emoção para atenuar a situação estressante.
De acordo com Beck et al., (2005), pessoas com esse transtorno de personalidade
percebem que precisam do outro e terão de encontrar maneiras de fazer com que eles tomem
conta delas, buscando obter atenção e aprovação. No entanto, seus relacionamentos tendem a
ser vazios, superficiais e baseados no desempenho de papéis. Essas pessoas veem a si mesmas
como sociáveis, amistosas e agradáveis e, de fato, muitas vezes são percebidas como
encantadoras no início de um relacionamento. No entanto, conforme o relacionamento
prossegue, o encanto parece diminuir e elas passam a ser vistas como excessivamente
exigentes e precisando de constante reasseguramento. Os dados da amostra mostram que altas
pontuações na subescala do PBQ (histriônico) se correlacionam positivamente com estratégias
116
hiperdesenvolvidas do perfil testado no script descrito “continuaria expressando suas emoções
e tentaria impressionar seu chefe que dessa forma você ajudaria a melhorar o clima no
ambiente de trabalho” em que a manifestação dessas crenças histriônicas poderiam ser uma
forma de lidar com a situação estressante, pelo menos na parte da amostra com escores mais
altos em PBQ subescala (histriônico).
Dado que ser direto envolve o risco de rejeição, para obter atenção o indivíduo com
frequência usa abordagens mais indiretas, como manipulação, recorrendo a ameaças, coação,
ataques de raiva e ameaças de suicídio, se métodos mais sutis não funcionarem. Isso denota
uma preferência por coping focado na emoção como forma de diminuir situações estressantes
no script descrito no estudo.
A cognição no Transtorno de personalidade histriônico é global e carente de detalhes,
levando a varias distorções cognitivas e pensamento dicotônico, levando, também, a um senso
impressionista de si mesmo, em vez de julgamento baseado em características e realizações
específicas. Eles dão muita vazão à emoção e se comportam dessa forma (Beck et al., 2005).
Justifica-se a preferência por coping focalizado na emoção, tentando regular a emoção
(expressando-a) seria uma forma de enfrentar o contexto ameaçador descrito no script
histriônico “se recusaria a acreditar no que o seu chefe havia dito e continuaria a fazer a
mesma coisa, pois refrear seus sentimentos positivos seriam uma forma de aumentar
sentimentos negativos”.
A correlação obtida entre notas altas em PBQ subescala (histriônico) e enfrentamento
baseado em estratégias hiperdesenvolvidas do transtorno estão de acordo com Beck et al.,
(2005) que argumentam que os indivíduos com transtorno de personalidade histriônica
costumam ter a crença básica de que é necessário serem amados por todos e por tudo o que
fazem. Isso os leva a um medo muito forte de rejeição. Elas sentem uma constante pressão
para buscar essa atenção das maneiras que aprenderam serem efetivas, cumprindo um
117
estereótipo extremo de seu papel sexual. Compreensivelmente, então, tanto os homens, quanto
as mulheres histriônicas aprendem a focar a atenção no desempenho de papéis e na
“apresentação” para os outros. O estudo de Bornstein (1999) também corrobora com Beck et
al., (2005) averiguando associação entre o transtorno de personalidade histriônico e aparência
física, e os sujeitos apresentavam variada rede de suporte social, exibiram mais
comportamentos negativos em relação a outras relações, mostraram maior uso de defesas
imaturas, menos uso de distorção de imagem e autossacrificio.
5.3.9- Script 9- Perfil Esquizóide
Duas correlações positivas emergiram nesta análise:
1- Entre o escore obtido em PBQ (subescala esquizóide) e a afirmativa que apresentou
a expressão aberta de comportamentos que compõem estratégias baseadas nas características
hiperdesenvolvidas pelo perfil de personalidade (r=0,231; p= 0,011), ou seja, quanto mais
altos os escores em PBQ para perfil esquizóide, mais a amostra tendeu a acreditar que
autonomia e isolamento (continuaria fazendo meus afazeres e evitaria o contato com os meus
familiares) fossem soluções para a situação estressora em curso (mudança da família da irmã
para sua casa), conforme se observa na Tabela 18.
2- Entre o escore obtido em PBQ (subescala esquizóide) e a afirmativa que apresentou
coping focado na emoção como solução para a situação descrita (r=0,289; p=0,001), ou seja,
quanto mais altos os escores em PBQ para o perfil esquizóide, mais a amostra tendeu a
acreditar que deveria buscar reduzir ou controlar a aflição emocional associada a situação
(permaneceria mais tempo dentro do seu quarto tentando diminuir a ansiedade provocada pela
nova situação) conforme se observa na Tabela 18.
118
Observou-se uma correlação negativa entre escore obtido em PBQ (subescala
esquizoide) e a afirmativa que apresentou coping focado em interação social (r= - 0,202; p=
0,027), ou seja, quanto mais altos os escores em PBQ para perfil esquizóide, menos a amostra
tende a acreditar que o apoio oferecido pelo círculo social poderia atenuar a situação
estressante (pedir orientação para alguém sobre o que fazer para resolver o problema),
conforme se observa na Tabela 18.
TABELA 18 Correlações Entre o escore obtido no PBQ esquizóide e as afirmativas que
avaliaram soluções para o script que ativou o perfil esquizóide
PBQ
esquizóide
Foco na resolução de Problema Correlação (Pearson)
0,139
Nível de significância
0,131
N
120
Foco na regulação da emoção Correlação (Pearson)
0,289(**)
Nível de significância
0,001
N
120
Foco na Interação social Correlação (Pearson)
-0,202(*)
Nível de significância
0,027
N
120
Estratégias hiperdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
0,231(*)
Nível de significância
0,011
N
120
Estratégias subdesenvolvidas do perfil testado no script Correlação (Pearson)
-0,158
Sig. (2-tailed)
0,085
N
120
* p<0.05 .
Os dados mostram que houve duas correlações positivas envolvendo as respostas dos
escores nas afirmativas que apresentaram pontuações altas no perfil de personalidade
esquizóide no PBQ e as estratégias hiperdesenvolvidas do perfil que manifestam; a forma de
enfrentamento que esses sujeitos encontraram foi o enfrentamento focalizado na emoção.
Em relação à escolha por estratégias hiperdesenvolvidas que ativam e mantém o
transtorno “continuaria fazendo seus afazeres, evitando contato com seus familiares” é uma
119
forma de enfrentar a situação estressante descrita no contexto do script em que ter outras
pessoas morando na sua casa e modificando suas coisas é uma situação difícil de lidar para
esse transtorno; conforme a teoria proposta por Beck et al., (2005), as pessoas com transtorno
da personalidade esquizóide, frequentemente, apresentam uma história com o tema da rejeição
e da intimidação por parte dos seus pares; essas pessoas costumam se sentir diferentes da
unidade familiar mais próxima ou, de alguma forma,
diminuídas em comparação aos outros. Então, elas passam a se ver como diferentes em um
sentido negativo, a ver os outros como não-bondosos e não-disponíveis, e as interações
sociais, como difíceis e prejudiciais. Como resultado, eles desenvolvem uma série de regras
ou suposições para lhes dar “segurança” e adotam um estilo de vida de solidão e ausência de
envolvimentos. A outra correlação positiva da subescala do PBQ esquizóide e o coping
focalizado na emoção mostra que a resposta “permaneceria mais tempo dentro do seu quarto
buscando diminuir sua ansiedade provocada pela nova situação” é uma forma que esse perfil
tem de regular suas emoções; evitando o contato com o outro.
Pontuações altas em respostas que mantêm crenças esquizóides se correlacionaram
negativamente com respostas focalizadas na interação social, indicando que “pedir orientação
a alguém sobre o que fazer para resolver o problema” não seria uma escolha para quem
apresenta altos escores em PBQ subescala (esquizóide) em contextos que ativam crenças do
transtorno como no script; esses dados podem ser confirmados em uma pesquisa centrada no
“desconforto social”, em que os transtornos de personalidade esquizóide, evitativo e
esquizotípico mostraram que pessoas que têm pontuação elevada nesses transtornos tendem a
não procurar apoio social (Eurelings-Bontekoe et al.,1997).
120
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou descrever e explicar, por meio da avaliação das diferenças
individuais (perfis de personalidade), por que as pessoas enfrentam de formas diferentes os
tipos de adversidades que as acompanham no seu dia a dia. Os perfis de personalidade foram
obtidos por meio do instrumento Questionário de Crenças Pessoais de Beck (forma reduzida)
PBQ-ST; e foram utilizados também, scripts de enfrentamento (histórias apresentando
situações de estresse que pudessem ativar os perfis/transtornos de personalidade). As
respostas a essas histórias mostraram as possíveis formas de enfrentamento (coping focalizado
no problema, nas emoções ou na interação social) que os sujeitos podem escolher em
situações estressante, de acordo com cada perfil de personalidade avaliado.
O padrão de escolha e julgamento da amostra (estudantes universitários) mostrou que
os perfis mais ativados durante a avaliação foram os perfis esquizoide, esquivo, passivo
agressivo e obsessivo. É possível que esse padrão tenha ocorrido porque, de forma geral,
estudantes universitários voltam-se mais frequentemente para introspecção interna, visando a
avançar academicamente, cumprir tarefas acadêmicas, objetivando sucesso profissional a
médio e longo prazos. Essa dinâmica denota também certa ansiedade em lidar com o outro.
Os dados sugerem que essa amostra parece mais egocentrada, o que pode ser efeito tanto de
uma dinâmica universitária que não enfatiza o coletivo e destaca o valor pessoal e individual,
ou, mais amplamente, de uma sociedade que destaca a importância do bem-estar pessoal a
despeito do coletivo..
A amostra mostrou um padrão “não-clínico” quanto à escolha e ao julgamento das
respostas de enfrentamento em situações de adversidade, sendo coping focalizado na
resolução de problemas a primeira opção de enfrentamento (o que é considerado mais
adaptativo, segundo uma perspectiva evolucionista, já que utiliza estratégias de resolução de
121
problemas), seguida da escolha de estratégias subdesenvolvidas dos transtornos de
personalidade (estratégias de enfrentamento adaptadas), seguidas de coping focalizado na
emoção (procurando regular ou extravasar as emoções diante uma situação estressante); em
quarto lugar, buscariam coping focado na interação social (provavelmente devido às
características dos perfis esquizoides, esquivo, passivo-agressivo e obsessivo apresentadas
mais frequentemente por essa amostra, e que têm em comum uma certa egocentricidade e uma
dificuldade de lidar com o outro); e como última opção escolhida para enfrentar as
adversidades utilizariam estratégias hiperdesenvolvidas do transtorno (estratégias
desadaptadas). Esse padrão sugere uma característica não clínica de forma de enfrentamento.
Sugerimos novas pesquisas que explorem esses padrões em amostras clínicas, e em sujeitos
“não-universitários”, que podem revelar padrões diferentes de coping.
O debate sobre aspectos disposicionais (personalidade) versus condições ambientais
(situações estressores) tem sido estudado em vários aspectos. Lazarus (1980) afirma que
coping é um processo entre o indivíduo e o ambiente, que tem como função administrar a
situação estressora, em vez de controlá-la. Seus processos envolvem a avaliação (como o
fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado na mente do indivíduo),
constituindo-se como uma mobilização de esforço, no qual os indivíduos empreenderão
esforços cognitivos e comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar ) as
demandas internas ou externas que surgem da sua interação com o ambiente. Esse trabalho
procurou responder de que maneira as pessoas respondem a essas demandas estressantes por
meio de diferenças da personalidade. Parece que os perfis de personalidade influenciam as
principais etapas do processo de coping em amostras clínicas. Em amostras não-clínicas, a
avaliação do contexto parece ser realizada de forma realística. A mobilização de esforços,
nessas amostras, acionam recursos adaptados do perfil (coping focado no problema, seguido
de formas subdesenvolvidas do transtorno de personalidade para lidar com a situação
122
desafiadora). Não podemos afirmar o que ocorreria em amostras clínicas. Possivelmente,
encontraríamos padrões desadaptativos (estratégias hiperdesenvolvidas nos transtornos de
personalidade) como estratégias de primeira escolha. Pelo menos, é o que indica a literatura
da área (Beck et al., 1993; 2005).
Em uma análise microscópica da amostra (selecionando os indivíduos que
apresentavam pontuações altas no transtorno de personalidade nas subescalas do PBQ),
observamos que eles também apresentavam pontuações altas das respostas dos scripts em
estratégias hiperdesenvolvidas dos transtornos; essa correlação positiva sugere não apenas a
validade e fidedignidade dos instrumentos utilizados, mas indicam também que, em situações
mais próximas do patológico, a opção de enfrentamento parece ser a estratégia desadaptativa
do perfil.
De acordo com Beck et al., (1993; 2005), cada transtorno de personalidade tem uma
visão diferente de si mesmo, do outro e do mundo; suas crenças foram desenvolvidas de
formas variadas, utilizando estratégias cognitivas, comportamentais e instrumentais de formas
diferentes.
Considerando que esta pesquisa tem um caráter descritivo e exploratório, tentou-se
testar a hipótese de que cada perfil cognitivo de personalidade apresentaria diferentes
formas/estratégias de responder a situações estressantes. Os resultados das correlações entre
as subescalas dos transtornos de personalidade do PBQ-ST e as respostas dos scripts apontam
essa diferença. Isso quer dizer que a amostra foi capaz de discriminar adequadamente
estratégias diferentes para cada um dos contextos estressores examinados, indicando que cada
contexto desafiador é percebido, avaliado e enfrentado de forma distinta.
Em suma, outras pesquisas são necessárias para esclarecer a questão do enfrentamento
frente às adversidades da vida, por meio de aspectos disposicionais (personalidade) versus
situacionais (scripts de enfrentamento). Provavelmente, seria interessante estudar sujeitos que
123
apresentassem alguma forma de psicopatologia, em especial os transtornos de personalidade.
Da mesma forma, seria interessante estudar outras amostras não clínicas (por exemplo,
adolescentes) visando a obter correlações e estabelecer comparações com esta amostra
estudada.
124
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130
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131
ANEXOS
132
ANEXO A: Questionário de Crenças Pessoais PBQ-ST
133
Participante nº______
Idade:______
Sexo:_______
Questionário de Crenças Pessoais – forma reduzida.
Por favor, leia as afirmações abaixo e avalie quanto acredita em cada uma delas. Tente avaliar como se sente
acerca de cada afirmação a maior parte do tempo. Não deixe nenhuma afirmação em branco.
4 – Acredito totalmente
3 – Acredito muito
2 – Acredito moderadamente
1 – Acredito pouco
0 – Não acredito
1. Ser exposto como inferior ou inadequado é intolerável. 4 3 2 1 0
2. Devo evitar situações desagradáveis a qualquer custo. 4 3 2 1 0
3. Se as pessoas agem amigavelmente, devem estar 4 3 2 1 0
tentando me usar ou me explorar.
4. Devo resistir ao domínio de autoridades, mas ao mesmo 4 3 2 1 0
tempo manter sua aprovação e aceitação.
5. Não consigo tolerar sentimentos desagradáveis. 4 3 2 1 0
6. Falhas, defeitos ou erros são intoleráveis. 4 3 2 1 0
7. As outras pessoas são freqüentemente muito exigentes. 4 3 2 1 0
8. Devo ser o centro das atenções. 4 3 2 1 0
9. Se eu não tiver sistemas, tudo vai desabar. 4 3 2 1 0
10. É intolerável se não recebo o devido respeito ou não 4 3 2 1 0
consigo o que tenho direito.
11. É importante ser perfeito em tudo o que eu faço. 4 3 2 1 0
12. Gosto mais de fazer as coisas sozinho do que com 4 3 2 1 0
outras pessoas.
13. As outras pessoas tentarão me usar ou me manipular 4 3 2 1 0
se eu não ficar atento.
14. As outras pessoas tem razões ocultas. 4 3 2 1 0
15. A pior coisa possível seria ser abandonado. 4 3 2 1 0
16. As outras pessoas deveriam reconhecer o quanto 4 3 2 1 0
sou especial.
17. Os outros tentam deliberadamente me humilhar. 4 3 2 1 0
18. Preciso que outros me ajudem a tomar decisões ou 4 3 2 1 0
me digam o que fazer.
19. Os detalhes são extremamente importantes. 4 3 2 1 0
20. Se considero as pessoas como sendo muito mandonas, 4 3 2 1 0
tenho o direito de desconsiderar suas exigências.
21. Figuras autoritárias tendem a ser inoportunas, exigentes, 4 3 2 1 0
intrometidas e controladoras.
22. O jeito de conseguir o que quero é impressionar ou 4 3 2 1 0
agradar as pessoas.
23. Devo fazer qualquer coisa para me safar. 4 3 2 1 0
24. Se as outras pessoas descobrirem coisas a meu respeito, 4 3 2 1 0
vão usá-las contra mim.
25. Os relacionamentos são confusos e interferem na liberdade. 4 3 2 1 0
26. Só pessoas tão brilhantes quanto eu me compreendem. 4 3 2 1 0
27. Como sou tão superior, tenho direito a tratamento especial 4 3 2 1 0
e a privilégios.
28. É importante para mim ser livre e independente dos outros. 4 3 2 1 0
29. Em muitas situações fico melhor sozinho. 4 3 2 1 0
(continuação)
134
Participante nº______
Idade:______
Sexo:_______
Questionário de Crenças Pessoais – forma reduzida.
30. É necessário fixar-se a padrões mais elevados o tempo todo, 4 3 2 1 0
ou as coisas desabam.
31. Sentimentos desagradáveis vão aumentar e fugir ao controle. 4 3 2 1 0
32. Vivemos em uma selva e a pessoa mais forte é quem sobrevive. 4 3 2 1 0
33. Devo evitar situações nas quais eu atraia a atenção, ou ser 4 3 2 1 0
tão discreto quanto possível.
34. Se eu não mantenho outras pessoas ligadas, elas 4 3 2 1 0
não vão gostar de mim.
35. Se eu quero algo, devo fazer qualquer coisa que seja 4 3 2 1 0
necessário para consegui-lo.
36. É melhor estar sozinho do que ficar preso a outras pessoas. 4 3 2 1 0
37. A menos que eu distraia ou impressione as pessoas, 4 3 2 1 0
não sou nada.
38. As pessoas vão me criticar se eu não as criticar primeiro. 4 3 2 1 0
39. Quaisquer sinais de tensão em um relacionamento indicam 4 3 2 1 0
que ele vai mal; portanto, devo rompê-lo.
40. Se meu desempenho não for o mais elevado, vou falhar. 4 3 2 1 0
41. Estabelecer prazos, cumprir exigências e obedecer são 4 3 2 1 0
golpes diretos no meu orgulho e auto-suficiência.
42. Tenho sido injustamente tratado e tenho o direito de obter 4 3 2 1 0
minha cota de justiça por quaisquer meios que consiga.
43. Se as pessoas se aproximarem de mim, elas descobrirão 4 3 2 1 0
meu eu “verdadeiro” e irão me rejeitar.
44. Sou carente e fraco. 4 3 2 1 0
45. Fico impotente quando me deixam sozinho. 4 3 2 1 0
46. Outras pessoas deveriam satisfazer minhas necessidades. 4 3 2 1 0
47. Se seguir as regras do jeito que os outros esperam, isso irá 4 3 2 1 0
cercear minha liberdade de ação.
48. As pessoas irão se aproveitar de mim se eu lhes der chance. 4 3 2 1 0
49. Preciso estar em guarda o tempo todo. 4 3 2 1 0
50. Minha privacidade é muito mais importante para mim 4 3 2 1 0
do que a proximidade com as pessoas.
51. Regras são arbitrárias e me sufocam. 4 3 2 1 0
52. É terrível quando as pessoas me ignoram. 4 3 2 1 0
53. Não me importo como que os outros pensam. 4 3 2 1 0
54. Para ser feliz preciso que outras pessoas prestem 4 3 2 1 0
atenção em mim.
55. Se distrair as pessoas, elas não vão notar minha fraqueza. 4 3 2 1 0
56. Preciso de alguém disponível e por perto o tempo todo para 4 3 2 1 0
me ajudar a realizar o que preciso ou caso algo ruim aconteça.
57. Qualquer falha ou imperfeição no meu desempenho pode 4 3 2 1 0
levar a uma catástrofe.
58. Já que sou tão talentoso, as pessoas deveriam sair de seu 4 3 2 1 0
caminho para promover minha carreira.
59. Se eu não pressionar outras pessoas, serei pressionado. 4 3 2 1 0
60. Não tenho que seguir as regras que se aplicam a outras pessoas. 4 3 2 1 0
61. Força ou astúcia são a melhor maneira de se conseguir as coisas. 4 3 2 1 0
62. Devo ser acessível o tempo todo a quem me sustenta ou 4 3 2 1 0
me ajuda.
63. Sou basicamente sozinho – a menos que possa me vincular 4 3 2 1 0
a uma pessoa mais forte.
64. Não posso confiar em outras pessoas. 4 3 2 1 0
65. Não consigo lidar com as situações como as outras pessoas. 4 3 2 1 0
135
ANEXO B: SCRIPTS
136
ANEXO B1 Construção dos scripts
Os scripts descritivos de situações ativadoras de perfis cognitivos são baseados nas
características dos perfis de personalidade descritos por Beck, Freeman & Davis (1993),
levando-se em consideração a visão que a pessoa tem de si, dos outros e do mundo, principais
crenças e ameaças e estratégias instrumentais fundamentais que caracterizam os perfis. A
partir desses elementos, foram criadas situações desagradáveis que possam ativar os perfis
correspondentes à descrição. As respostas de enfrentamento (coping) frente aos scripts, foram
baseadas na escala EMEP Escala de Modos de enfrentamento de problema, (apresentada no
Anexo C) (Seidl et al., 2001).
As respostas aos scripts possuem três desfechos (respostas de coping/enfrentamento):
a) desfecho ligado à resolução de problemas;
b) desfecho ligado à emoção;
c) desfecho ligado à relação interpessoal;
E dois desfechos referentes ao tipo de estratégias compensatórias típicas de cada perfil de
personalidade:
d) estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas;
e) estratégias compensatórias subdesenvolvidas.
- Obs. As letras correspondem às respostas dos scripts:
a) Coping focalizado no problema: constituiu um esforço para atuar na situação que deu
origem ao estresse, tentando mudá-la;
b) Coping focalizado na emoção: busca reduzir ou controlar a aflição emocional que é
associada com a situação;
c) Coping focalizado nas relações interpessoais ou pró-social: busca apoio nas pessoas do seu
circulo social para a resolução da situação estressante;
d) Estratégias compensatórias hiperdesenvolvidas: estratégias ou comportamentos que dão
forças para a manutenção do perfil de personalidade;
e )Estratégias compensatórias subdesenvolvidas: estratégias ou comportamentos que
diminuem a força de um perfil de personalidade.
137
Script 1: Perfil evitativo / esquiva
“Uma pessoa foi a uma festa, as pessoas estavam conversando e rindo em pequenos
grupos, essa pessoa sentiu-se constrangida, pois achava que não estava bem vestido/a, e que
as outras pessoas poderiam estar rindo dela. Perguntou a algumas pessoas sobre o que elas
estavam falando, elas responderam que era sobre um assunto que não tinha nada a ver com
essa pessoa”. Se você estivesse na situação dessa pessoa você:
a) Não agiria precipitadamente, pensaria a respeito, acreditaria no que eles tivessem dito e
permaneceria na festa. (baseado no coping nº 32 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
b) Você procuraria acreditar no que eles disseram para diminuir seus sentimentos de
desconforto, desejando mudar o modo como estava se sentindo. (baseado no coping nº18
apresentado na escala EMEP no Anexo C)
c) Para você acreditar precisaria conversar com um amigo ou parente para assegurar-se que
tudo esta bem. (baseado no coping nº 07 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
d) Você pensaria: sou vulnerável, preciso evitar essa situação e iria embora. (baseado na
estratégia compensatória hiperdesenvolvida do perfil evitativo).
e) Pensaria: consigo ser autossuficiente e posso ficar com as pessoas e ficaria na festa.
(baseado na estratégia compensatória subdesenvolvida do perfil evitativo).
Script 2: Perfil Dependente
“Uma pessoa possui um relacionamento amoroso que está passando por crises, seu
companheiro(a), é uma pessoa forte e protetora, ele(a) ameaçou terminar a relação, só de
pensar em ficar sozinho(a) a pessoa sentiu insegurança, tristeza e ansiedade”. Se você
estivesse na situação dessa pessoa você:
a) Procuraria conversar com seu companheiro(a), discutir pros e contras e entrar em acordo
para melhorar a relação de vocês. (baseado nos coping
s
42, 10, 36 apresentado na escala
EMEP no Anexo C)
b) Faria tudo que pudesse para diminuir os sentimentos ruins que estava sentindo. (baseado no
coping nº 35 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
c) Falaria com alguém que pudesse conversar com seu companheiro(a)para tentar dissuadi-lo
da idéia de deixá-lo(a). (baseado no coping nº 31 apresentado na escala EMEP no Anexo
C)
d) Buscaria ajuda dele(a) ou de alguém mais forte. (baseado na estratégia compensatória
hiperdesenvolvida do perfil dependente)
e) Pensaria que é auto-suficiente e que não precisaria dele(a). (baseado na estratégia
compensatória subdesenvolvida do perfil dependente)
Script 3: Perfil Passivo-agressivo
“Uma pessoa cuida do departamento de compras, averigua o que falta e compra os
itens necessários, eventualmente seu chefe procura modificar o trabalho de acordo com a
visão dele; essa situação gera desconforto, pois a pessoa acha que não precisa desse controle,
já que acredita que desempenha bem seu papel, então essa pessoa acaba concordando com o
chefe, mas faz o que realmente acha que é necessário”. Se você estivesse nesta situação você:
138
a) Você procuraria mostrar ao seu chefe que sabe o que deve ser feito e está aumentando
esforços para ser mais bem sucedido. (baseado no coping nº 24 apresentado na escala EMEP
no Anexo C)
b) Você se sentiria mal pela interferência do seu chefe e tentaria diminuir o desconforto
emocional que está sentindo. (baseado no coping nº 23 apresentado na escala EMEP no
Anexo C)
c) Você conversa com alguém sobre como está se sentindo. (baseado no coping nº09
apresentado na escala EMEP no Anexo C)
d) Você evitaria afirmações, confronto, mas não cooperaria com seu chefe. (baseado na
estratégia compensatória hiperdesenvolvida do perfil passivo-agressivo)
e) Você cooperaria com seu chefe. (baseado na estratégia compensatória subdesenvolvida
do perfil passivo-agressivo)
Script 4: Perfil Obsessivo-compulsivo
“Para aumentar a sua renda financeira e ter ascensão profissional, uma pessoa trabalha
em dois empregos e estuda à noite, mesmo cansado(a), não consegue deixar tarefas do
trabalho ou da escola para depois, não participa muito de atividades recreativas, preocupa-se
com os detalhes e com a perfeição de suas tarefas, isso vem-lhe gerando algum grau de
estresse”. Se você estivesse na situação dessa pessoa você:
a)Diminuiria a carga de trabalho e organizaria melhor seu tempo de modo com que pudesse
descansar e ficar mais com seus familiares, concentrando-se em cada passo de uma vez.
(baseado no coping nº 36 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
b) Tentaria diminuir sua ansiedade dedicando-se mais a suas tarefas. (baseado no coping nº 12
apresentado na escala EMEP no Anexo C)
c) Deixaria com que seus familiares o ajudassem a organizar seu tempo. (baseado no coping
nº 31 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
d) Aumentaria o controle da situação e continuaria se sentindo muito responsável por tudo.
(baseado na estratégia compensatória hiperdesenvolvida do perfil obsessivo-compulsivo)
e)Tentaria ser mais espontâneo(a), procurando ver a vida com mais graça e sem tanta
exigência. (baseado na estratégia compensatória subdesenvolvida do perfil obsessivo-
compulsivo)
Script 5: Perfil Paranóide
“Uma pessoa chega a um lugar, uma sala e as pessoas param de conversar. Essa
pessoa pensa que estão falando mal dela, pergunta sobre o que eles estão conversando, eles
respondem que estão falando sobre um assunto que não diz respeito a ela”, Se você estivesse
no lugar dessa pessoa você:
a) Você acreditaria e tentaria evitar que seus sentimentos atrapalhassem suas atividades.
(baseado no coping nº 16 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
b) Você não acreditaria, continuaria pensando que eles estavam falando mal de você e
demonstraria raiva. (baseado no coping nº 20 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
c) Você acreditaria, mas precisaria conversar sobre o que aconteceu com outras pessoas para
reassegurar que tudo esteja bem. (baseado no coping nº43 apresentado na escala EMEP no
Anexo C)
139
d) Você continuaria desconfiado e suspeitando que não pudesse ser verdade o que eles
disseram. (baseado na estratégia compensatória hiperdesenvolvida do perfil paranóide)
e) Você acreditaria e confiaria no que eles disseram. (baseado na estratégia compensatória
subdesenvolvida do perfil paranóide)
Script 6: Perfil Anti-social
“Uma pessoa queria ter êxito e obter o melhor desempenho da classe, em um exame na
escola não estudou o suficiente para fazer a prova, então fez uma cola e colocou ao lado da
mesa, a professora observou e quis tomar a prova, então essa pessoa disse que não era sua e
sim da sua colega ao lado, a colega não aceitou e discutiu com a pessoa; todos foram para a
sala da orientadora”, se você estivesse no lugar dessa pessoa então você:
a) Continuaria insistindo e lutando pelo que quer, afirmando que você que estava sendo
“honesto”. (baseado no coping nº 10 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
b) Sentiria-se ansioso com a situação frente a orientadora e tentaria minimizar sua
ansiedade, mais do que qualquer outra coisa. (baseado no coping nº29 apresentado na escala
EMEP no Anexo C)
c) Pediria a outras pessoas para lhe ajudarem com a questão. (baseado no coping nº 31
apresentado na escala EMEP no Anexo C)
d) Continuaria mentindo, manipularia seus colegas a deporem a seu favor. (baseado na
estratégia compensatória hiperdesenvolvida do perfil anti-social)
e) Pensaria sobre as conseqüências de seus atos e assumiria sua responsabilidade. (baseado na
estratégia compensatória subdesenvolvida do perfil anti-social)
Script 7: Perfil Narcisista
“Todos os dias no trajeto trabalho-casa e vice e versa, uma pessoa se estressa com o
trânsito, engarrafamento, pessoas correndo de repente na frente do carro, motociclistas
imprudentes, buzinas incessantes e outros motoristas também estressados que não respeitam
as regras do trânsito; então essa pessoa acredita que os outros deveriam lhe dar passagem, e
respeitar sua trajetória já que é um ótimo motorista e uma pessoa especial, mas nem sempre
isso acontece. Outro dia, em um cruzamento de vias, um carro bate na sua lateral, a
preferência de passagem era do outro motorista, mas a pessoa fica furiosa e chama a policia”.
Se você estivesse no lugar dessa pessoa, então você:
a) Falaria ao policial que estava certo, que é um ótimo motorista e exigiria retratação para o
outro motorista. (baseado no coping nº 10 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
b) Preocuparia apenas em extravasar seus sentimentos. (baseado no coping nº 13 e 29
apresentado na escala EMEP no Anexo C)
c) Falaria para as pessoas que estavam próximas ao acidente, que você estava certo e pediria
para elas deporem ao seu favor. (baseado no coping nº 31 apresentado na escala EMEP no
Anexo C)
d) Exigiria um tratamento especial pelo policial já que acredita que é um ótimo motorista.
(baseado na estratégia compensatória hiperdesenvolvida do perfil narcisista)
e) Assumiria a responsabilidade do acidente como dos dois, aceitando sua parte na culpa,
se estivesse errado. (baseado na estratégia compensatória subdesenvolvida do perfil
narcisista)
140
Script 8: Perfil Histriônico
“Uma pessoa recebe continuamente repreensões do seu chefe, pois não consegue
terminar os afazeres do trabalho no tempo estabelecido, permanece boa parte do seu tempo,
brincando, rindo e fazendo palhaçadas para divertir seus colegas, sempre se esquecendo do
que é importante para ser feito; quando é pressionado pelo chefe tem acessos de choro e raiva,
e fala que vai melhorar porque está passando por crise emocional, seu chefe lhe deu uma
semana para melhorar seu desempenho ou então será demitido(a)”. Se você estivesse no lugar
dessa pessoa, então você:
a) Mudaria de comportamento e procuraria concentrar-se no seu trabalho para ter um melhor
desempenho. (baseado no coping nº 36 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
b) Se recusaria a acreditar no que o seu chefe havia lhe dito e continuaria a fazer a mesma
coisa, pois refrear seus sentimentos positivos seriam uma forma de aumentar sentimentos
negativos. (baseado no coping nº 11, 20 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
c) Procuraria ajuda de alguém para falar como está se sentindo e aprender a controlar suas
emoções. (baseado no coping. nº 09 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
d) Continuaria expressando suas emoções e tentaria impressionar o seu chefe que dessa
forma você ajudaria a melhorar o clima no ambiente de trabalho. (baseado na estratégia
compensatória hiperdesenvolvida do perfil histriônico)
e) Refletiria mais sobre suas posturas e procuraria ter mais controle sobre suas emoções e
ações, agindo dentro dos limites normais. (baseado na estratégia compensatória
subdesenvolvida do perfil histriônico)
Script 9: Perfil Esquizóide
“Uma pessoa vivia isolada e isso nunca lhe gerou tristeza, pelo contrário, sempre
gostou de seu isolamento e autonomia; na última semana, sua irmã com os quatro filhos, seu
cunhado e sua mãe vieram de malas prontas para sua casa, pois seu cunhado ficou
desempregado e não pode pagar o aluguel; sua casa ficou uma confusão, criança correndo e
gritando por todos os lados, sua mãe e irmã querendo mudar tudo de lugar e organizar suas
coisas, isso o incomodou muito”. Se você estivesse no lugar dessa pessoa, então você:
a) Pediria para eles respeitarem seu espaço e ajudaria seu cunhado a conseguir um emprego.
(baseado no coping nº 42 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
b) Permaneceria mais tempo dentro do seu quarto buscando diminuir sua ansiedade provocada
pela nova situação. (baseado no coping nº 34 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
c) Pediria orientação a alguém sobre o que fazer para resolver seu problema. (baseado no
coping nº 31 apresentado na escala EMEP no Anexo C)
d) Continuaria fazendo seus afazeres, evitando contato com seus familiares. (baseado na
estratégia compensatória hiperdesenvolvida do perfil esquizóide)
e) Procuraria ter mais intimidade com seus familiares, deixando com que eles o ajudassem nas
tarefas domesticas. (baseado na estratégia compensatória subdesenvolvida do perfil
esquizóide).
141
ANEXO B2: Apresentação dos scripts no retroprojetor para os
pesquisandos
142
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:_________
Scripts de enfrentamento
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na história:
4 - Acredito totalmente
3 - Acredito muito
2 - Acredito moderadamente
1 - Acredito pouco
0 - Não acredito
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
Script 1:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Uma pessoa foi a uma festa, as pessoas estavam conversando e rindo em pequenos grupos, essa pessoa sentiu
constrangida pois achava que não estava bem vestido/a, e que as outras pessoas poderiam estar rindo dela. Perguntou
a algumas pessoas sobre o que eles estavam falando, eles responderam que era sobre um assunto que não tinha nada a
ver com essa pessoa”, se você estivesse na situação dessa pessoa você:
a) Não agiria precipitadamente, pensaria a respeito, acreditaria no que 4 3 2 1 0
eles tivessem dito e permaneceria na festa:
b) Você procuraria acreditar no que eles disseram para diminuir seus 4 3 2 1 0
sentimentos de desconforto, desejando mudar o modo como estava
se sentindo
c) Para você acreditar precisaria conversar com um amigo ou parente 4 3 2 1 0
para assegurar-se que tudo esta bem:
d) Você pensaria: sou vulnerável, preciso evitar essa situação e iria embora: 4 3 2 1 0
e) Pensaria: consigo ser auto suficiente e posso ficar com as pessoas 4 3 2 1 0
e ficaria na festa:
143
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:________
Script 2:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Uma pessoa possui um relacionamento amoroso que está passando por crises, seu companheiro(a), é uma pessoa
forte e protetora, ele(a) ameaçou terminar a relação, só de pensar em ficar sozinho(a) a pessoa sentiu insegurança,
tristeza e ansiedade”, se você estivesse na situação dessa pessoa você:
a) Procuraria conversar com seu companheiro(a), discutir pros e contras e 4 3 2 1 0
entrar em acordo para melhorar a relação de vocês:
b) Faria tudo que pudesse para diminuir os sentimentos ruins que estava 4 3 2 1 0
sentindo
c) Falaria com alguém que pudesse conversar com seu companheiro(a) 4 3 2 1 0
para tentar dissuadi-lo da idéia de deixa-lo(a):
d) Buscaria ajuda dele(a) ou de alguém mais forte: 4 3 2 1 0
e) Pensaria que é auto-suficiente e que não precisaria dele(a): 4 3 2 1 0
Script 3:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Uma pessoa cuida do departamento de compras, averigua o que falta e compra os itens necessários,
eventualmente seu chefe procura modificar o trabalho de acordo com a visão dele, essa situação gera desconforto pois
a pessoa acha que não precisa desse controle, já que acredita que desempenha bem seu papel, então essa pessoa acaba
concordando com o chefe, mas faz o que realmente acha que é necessário”, se você estivesse nesta situação você:
a) Você procuraria mostrar ao seu chefe que sabe o que deve ser feito e 4 3 2 1 0
está aumentando esforços para ser mais bem sucedido:
b) Você se sentiria mal pela interferência do seu chefe e tentaria diminuir 4 3 2 1 0
o desconforto emocional que está sentindo:
c) Você conversa com alguém sobre como está se sentindo: 4 3 2 1 0
d) Você evitaria afirmações, confronto, mas não cooperaria com seu chefe: 4 3 2 1 0
e) Você cooperaria com seu chefe: 4 3 2 1 0
144
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:_________
Script 4:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Para aumentar a sua renda financeira e ter ascensão profissional, uma pessoa trabalha em dois empregos e
estuda à noite, mesmo cansado(a), não consegue deixar tarefas do trabalho ou da escola para depois, não participa
muito de atividades recreativas, preocupa-se com os detalhes e com a perfeição de suas tarefas, isso vem lhe gerando
algum grau de estresse”. Se você estivesse na situação dessa pessoa você:
a)Diminuiria a carga de trabalho e organizaria melhor seu tempo de modo 4 3 2 1 0
com que pudesse descansar e ficar mais com seus familiares,
concentrando-se em cada passo de uma vez:
b) Tentaria diminuir sua ansiedade dedicando-se mais a suas tarefas: 4 3 2 1 0
c) Deixaria com que seus familiares lhe ajudasse a organizar seu tempo: 4 3 2 1 0
d) Aumentaria o controle da situação e continuaria se sentindo muito
responsável por tudo:
e)Tentaria ser mais espontâneo(a), procurando ver a vida com mais graça e 4 3 2 1 0
sem tanta exigência:
Script 5:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Uma pessoa chega a um lugar, uma sala e as pessoas param de conversar. Essa pessoa pensa que estão falando
mal dela, pergunta sobre o que eles estão conversando, eles respondem que estão falando sobre um assunto que não
diz respeito a ela”, Se você estivesse no lugar dessa pessoa você:
a) Você acreditaria e tentaria evitar que seus sentimentos atrapalhassem 4 3 2 1 0
suas atividades:
b) Você não acreditaria, continuaria pensando que eles estavam falando 4 3 2 1 0
mal de você e demonstraria raiva:
c) Você acreditaria, mas precisaria conversar sobre o que aconteceu 4 3 2 1 0
com outras pessoas para reassegurar que tudo esteja bem:
d) Você continuaria desconfiado e suspeitando que não pudesse ser verdade 4 3 2 1 0
o que eles disseram:
e) Você acreditaria e confiaria no que eles disseram: 4 3 2 1 0
145
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:_________
Script 6:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Uma pessoa queria ter êxito e obter o melhor desempenho da classe, em um exame na escola não estudou o
suficiente para fazer a prova, então fez uma cola e colocou ao lado da mesa, a professora observou e quis tomar a
prova, então essa pessoa disse que não era sua e sim da sua colega ao lado, a colega não aceitou e discutiu com a
pessoa; todos foram para a sala da orientadora”, se você estivesse no lugar dessa pessoa então você:
a) Continuaria insistindo e lutando pelo que quer, afirmando que você que 4 3 2 1 0
estava sendo “honesto”:
b) Sentiria-se ansioso com a situação frente a orientadora e tentaria minimizar 4 3 2 1 0
sua ansiedade, mais do que qualquer outra coisa:
c) Pediria a outras pessoas para lhe ajudarem com a questão: 4 3 2 1 0
d) Continuaria mentindo, manipularia seus colegas a deporem a seu favor: 4 3 2 1 0
e) Pensaria sobre as conseqüências de seus atos e assumiria sua 4 3 2 1 0
responsabilidade:
Script 7:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Todos os dias no trajeto trabalho-casa e vice e versa, uma pessoa se estressa com o trânsito, engarrafamento,
pessoas correndo de repente na frente do carro, motociclistas imprudentes, buzinas incessantes e outros motoristas
também estressados que não respeitam as regras do trânsito; então essa pessoa acredita que os outros deveriam lhe
dar passagem, e respeitar sua trajetória já que é um ótimo motorista e uma pessoa especial, mas nem sempre isso
acontece. Outro dia em um cruzamento de vias, um carro bate na sua lateral, a preferência de passagem era do outro
motorista, mas a pessoa fica furiosa e chama a policia”, se você estivesse no lugar dessa pessoa, então você:
a) Falaria ao policial que estava certo, que é um ótimo motorista e 4 3 2 1 0
exigiria retratação para o outro motorista:
b) Preocuparia-se apenas em extravasar seus sentimentos: 4 3 2 1 0
c) Falaria para as pessoas que estavam próximas ao acidente, que 4 3 2 1 0
você estava certo e pediria para elas deporem ao seu favor:
d) Exigiria um tratamento especial pelo policial já que acredita que é 4 3 2 1 0
um aótimo motorista:
e) Assumiria a responsabilidade do acidente como dos dois, aceitando 4 3 2 1 0
sua parte na culpa, se estivesse errado:
146
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:_________
Script 8:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Uma pessoa recebe continuamente repreensões do seu chefe, pois não consegue terminar os afazeres do trabalho
no tempo estabelecido, permanece boa parte do seu tempo, brincando, rindo e fazendo palhaçadas para divertir seus
colegas, sempre se esquecendo do que é importante para ser feito; quando é pressionado pelo chefe tem acessos de
choro e raiva, e fala que vai melhorar porque está passando por crise emocional, seu chefe lhe deu uma semana para
melhorar seu desempenho ou então será demitido(a)”, se você estivesse no lugar dessa pessoa, então você:
a) Mudaria de comportamento e procuraria concentrar-se no seu 4 3 2 1 0
trabalho para ter um melhor desempenho:
b) Se recusaria a acreditar no que o seu chefe havia lhe dito e continuaria a 4 3 2 1 0
fazer a mesma coisa, pois refrear seus sentimentos positivos seriam
uma forma de aumentar sentimentos negativos:
c) Procuraria ajuda de alguém para falar como está se sentindo e aprender a 4 3 2 1 0
controlar suas emoções:
d) Continuaria expressando suas emoções e tentaria impressionar o seu chefe 4 3 2 1 0
que dessa forma você ajudaria a melhorar o clima no ambiente de trabalho:
e) Refletiria mais sobre suas posturas e procuraria ter mais controle sobre 4 3 2 1 0
suas emoções e ações, agindo dentro dos limites normais:
Script 9:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
“Uma pessoa vivia isolada e isso nunca lhe gerou tristeza, pelo contrário, sempre gostou de seu isolamento e
autonomia, na ultima semana sua irmã com os 4 filhos, seu cunhado e sua mãe vieram de malas prontas para sua casa
pois, seu cunhado ficou desempregado e não pode pagar o aluguel; sua casa ficou uma confusão, criança correndo e
gritando por todos os lados, sua mãe e irmã querendo mudar tudo de lugar e organizar suas coisas, isso lhe
incomodou muito”, se você estivesse no lugar dessa pessoa, então você:
a) Pediria para eles respeitarem seu espaço e ajudaria seu cunhado a 4 3 2 1 0
conseguir um emprego:
b) Permaneceria mais tempo dentro do seu quarto buscando diminuir 4 3 2 1 0
sua ansiedade provocada pela nova situação :
c) Pediria orientação a alguém sobre o que fazer para resolver seu problema: 4 3 2 1 0
d) Continuaria fazendo seus afazeres, evitando contato com seus familiares: 4 3 2 1 0
e) Procuraria ter mais intimidade com seus familiares, deixando com que 4 3 2 1 0
eles lhe ajudassem nas tarefas domesticas:
147
ANEXO B3 – Folha de resposta dos scripts para os pesquisandos.
148
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:_________
Scripts de enfrentamento:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
4 - Acredito totalmente
3 - Acredito muito
2 - Acredito moderadamente
1 - Acredito pouco
0 - Não acredito
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
Script 1:
a) Não agiria precipitadamente, pensaria a respeito, acreditaria no que 4 3 2 1 0
eles tivessem dito e permaneceria na festa:
b) Você procuraria acreditar no que eles disseram para diminuir seus 4 3 2 1 0
sentimentos de desconforto, desejando mudar o modo como estava
se sentindo
c) Para você acreditar precisaria conversar com um amigo ou parente 4 3 2 1 0
para assegurar-se que tudo esta bem:
d) Você pensaria: sou vulnerável, preciso evitar essa situação e iria embora: 4 3 2 1 0
e) Pensaria: consigo ser auto suficiente e posso ficar com as pessoas 4 3 2 1 0
e ficaria na festa:
Script 2:
a) Procuraria conversar com seu companheiro(a), discutir pros e contras e 4 3 2 1 0
entrar em acordo para melhorar a relação de vocês:
b) Faria tudo que pudesse para diminuir os sentimentos ruins que estava 4 3 2 1 0
sentindo
c) Falaria com alguém que pudesse conversar com seu companheiro(a) 4 3 2 1 0
para tentar dissuadi-lo da idéia de deixa-lo(a):
d) Buscaria ajuda dele(a) ou de alguém mais forte: 4 3 2 1 0
e) Pensaria que é auto-suficiente e que não precisaria dele(a): 4 3 2 1 0
Script 3:
a) Você procuraria mostrar ao seu chefe que sabe o que deve ser feito e 4 3 2 1 0
está aumentando esforços para ser mais bem sucedido:
b) Você se sentiria mal pela interferência do seu chefe e tentaria diminuir 4 3 2 1 0
o desconforto emocional que está sentindo:
c) Você conversa com alguém sobre como está se sentindo: 4 3 2 1 0
d) Você evitaria afirmações, confronto, mas não cooperaria com seu chefe: 4 3 2 1 0
e) Você cooperaria com seu chefe: 4 3 2 1 0
149
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:_________
Scripts de enfrentamento:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
4 - Acredito totalmente
3 - Acredito muito
2 - Acredito moderadamente
1 - Acredito pouco
0 - Não acredito
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
Script 4:
a)Diminuiria a carga de trabalho e organizaria melhor seu tempo de modo 4 3 2 1 0
com que pudesse descansar e ficar mais com seus familiares,
concentrando-se em cada passo de uma vez:
b) Tentaria diminuir sua ansiedade dedicando-se mais a suas tarefas: 4 3 2 1 0
c) Deixaria com que seus familiares lhe ajudasse a organizar seu tempo: 4 3 2 1 0
d) Aumentaria o controle da situação e continuaria se sentindo muito
responsável por tudo:
e)Tentaria ser mais espontâneo(a), procurando ver a vida com mais graça e 4 3 2 1 0
sem tanta exigência:
Script 5:
a) Você acreditaria e tentaria evitar que seus sentimentos atrapalhassem 4 3 2 1 0
suas atividades:
b) Você não acreditaria, continuaria pensando que eles estavam falando 4 3 2 1 0
mal de você e demonstraria raiva:
c) Você acreditaria, mas precisaria conversar sobre o que aconteceu 4 3 2 1 0
com outras pessoas para reassegurar que tudo esteja bem:
d) Você continuaria desconfiado e suspeitando que não pudesse ser verdade 4 3 2 1 0
o que eles disseram:
e) Você acreditaria e confiaria no que eles disseram: 4 3 2 1 0
Script 6:
a) Continuaria insistindo e lutando pelo que quer, afirmando que você que 4 3 2 1 0
estava sendo “honesto”:
b) Sentiria-se ansioso com a situação frente a orientadora e tentaria minimizar 4 3 2 1 0
sua ansiedade, mais do que qualquer outra coisa:
c) Pediria a outras pessoas para lhe ajudarem com a questão: 4 3 2 1 0
d) Continuaria mentindo, manipularia seus colegas a deporem a seu favor: 4 3 2 1 0
e) Pensaria sobre as conseqüências de seus atos e assumiria sua 4 3 2 1 0
responsabilidade:
150
Participante nº_________
Idade: _________
Sexo:_________
Scripts de enfrentamento:
Após ler o script responda qual dessas opções acredita encaixar-se melhor na historia:
4 - Acredito totalmente
3 - Acredito muito
2 - Acredito moderadamente
1 - Acredito pouco
0 - Não acredito
Acredito
Totalmente
Acredito Muito Acredito/Moderadamente Acredito Pouco Não Acredito
4 3 2 1 0
Script 7:
a) Falaria ao policial que estava certo, que é um ótimo motorista e 4 3 2 1 0
exigiria retratação para o outro motorista:
b) Preocuparia-se apenas em extravasar seus sentimentos: 4 3 2 1 0
c) Falaria para as pessoas que estavam próximas ao acidente, que 4 3 2 1 0
você estava certo e pediria para elas deporem ao seu favor:
d) Exigiria um tratamento especial pelo policial já que acredita que é 4 3 2 1 0
um aótimo motorista:
e) Assumiria a responsabilidade do acidente como dos dois, aceitando 4 3 2 1 0
sua parte na culpa, se estivesse errado:
Script 8:
a) Mudaria de comportamento e procuraria concentrar-se no seu 4 3 2 1 0
trabalho para ter um melhor desempenho:
b) Se recusaria a acreditar no que o seu chefe havia lhe dito e continuaria a 4 3 2 1 0
fazer a mesma coisa, pois refrear seus sentimentos positivos seriam
uma forma de aumentar sentimentos negativos:
c) Procuraria ajuda de alguém para falar como está se sentindo e aprender a 4 3 2 1 0
controlar suas emoções:
d) Continuaria expressando suas emoções e tentaria impressionar o seu chefe 4 3 2 1 0
que dessa forma você ajudaria a melhorar o clima no ambiente de trabalho:
e) Refletiria mais sobre suas posturas e procuraria ter mais controle sobre 4 3 2 1 0
suas emoções e ações, agindo dentro dos limites normais:
Script 9:
a) Pediria para eles respeitarem seu espaço e ajudaria seu cunhado a 4 3 2 1 0
conseguir um emprego:
b) Permaneceria mais tempo dentro do seu quarto buscando diminuir 4 3 2 1 0
sua ansiedade provocada pela nova situação :
c) Pediria orientação a alguém sobre o que fazer para resolver seu problema: 4 3 2 1 0
d) Continuaria fazendo seus afazeres, evitando contato com seus familiares: 4 3 2 1 0
e) Procuraria ter mais intimidade com seus familiares, deixando com que 4 3 2 1 0
eles lhe ajudassem nas tarefas domesticas:
151
ANEXO C: ESCALA EMEP
152
As pessoas reagem de diferentes maneiras a situações difíceis ou estressantes. Para responder
a este questionário, pense sobre como você está lidando com a sua enfermidade, neste momento do
seu tratamento. Concentre-se nas coisas que você faz, pensa ou sente para enfrentar o problema
desta condição de saúde, no momento atual.
Veja um exemplo:
Eu estou buscando ajuda profissional para enfrentar o meu problema de saúde
1 2 3 4 5
Eu nunca faço
isso
Eu faço isso
um pouco
Eu faço isso
às vezes
Eu faço isso
muito
Eu faço isso
sempre
Você deve assinalar a alternativa que corresponde melhor ao que você está fazendo quanto à
busca de ajuda profissional para enfrentar o seu problema de saúde. Se você não
está buscando
ajuda profissional, marque com um X ou um círculo o número 1 (nunca faço isso); se você está
buscando sempre esse tipo de ajuda, marque o número 5 (eu faço isso sempre). Se a sua busca de
ajuda profissional é diferente dessas duas opções, marque 2, 3 ou 4, conforme ela está ocorrendo.
Não há respostas certas ou erradas. O que importa é como você está lidando com a situação.
Pedimos que você responda a todas as questões, não deixando nenhuma em branco.
Muito obrigado pela sua participação!
Registro: __________________
Nome do paciente: ___________________________Data de nascimento: ____/____/____ Idade:
_______
Escolaridade: _______________________________ Profissão: ______________________
Procedência: ______________________
153
1 2 3 4 5
Eu nunca faço
isso
Eu faço isso
um pouco
Eu faço isso
às vezes
Eu faço isso muito Eu faço isso sempre
1. Eu levo em conta o lado positivo das coisas. ................................................. 1 2 3 4 5
2. Eu me culpo. ..................................................................................................1 2 3 4 5
3. Eu me concentro em alguma coisa boa que pode vir desta situação. ........ 1 2 3 4 5
4. Eu tento guardar meus sentimentos para mim mesmo. .............................1 2 3 4 5
5. Procuro um culpado para a situação. ............................................................1 2 3 4 5
6. Espero que um milagre aconteça. .................................................................1 2 3 4 5
7. Peço conselho a um parente ou a um amigo que eu respeite. ......................1 2 3 4 5
8. Eu rezo/ oro. .....................................................................................................1 2 3 4 5
9. Converso com alguém sobre como estou me sentindo. ..................................1 2 3 4 5
10. Eu insisto e luto pelo que eu quero. ..............................................................1 2 3 4 5
11. Eu me recuso a acreditar que isto esteja acontecendo. ...............................1 2 3 4 5
12. Eu brigo comigo mesmo; eu fico falando comigo mesmo o que devo fazer. 1 2 3 4 5
13. Desconto em outras pessoas. ......................................................................... 1 2 3 4 5
14. Encontro diferentes soluções para o meu problema. ................................ 1 2 3 4 5
15. Tento ser uma pessoa mais forte e otimista. ................................................1 2 3 4 5
16. Eu tento evitar que os meus sentimentos atrapalhem em outras . ................1 2 3 4 5
coisas na minha vida.
17. Eu me concentro nas coisas boas da minha vida. ........................................1 2 3 4 5
18. Eu desejaria mudar o modo como eu me sinto. ..........................................1 2 3 4 5
154
1 2 3 4 5
Eu nunca faço
isso
Eu faço isso
um pouco
Eu faço isso
às vezes
Eu faço isso muito Eu faço isso sempre
19. Aceito a simpatia e a compreensão de alguém. ......................................... 1 2 3 4 5
20. Demonstro raiva para as pessoas que causaram o problema. ................. 1 2 3 4 5
21. Pratico mais a religião desde que tenho esse problema. ........................... 1 2 3 4 5
22. Eu percebo que eu mesmo trouxe o problema para mim. .......................... 1 2 3 4 5
23. Eu me sinto mal por não ter podido evitar o problema. ......................... 1 2 3 4 5
24. Eu sei o que deve ser feito e estou aumentando meus esforços ................. 1 2 3 4 5
para ser bem sucedido.
25. Eu acho que as pessoas foram injustas comigo. ......................................... 1 2 3 4 5
26. Eu sonho ou imagino um tempo melhor do que aquele em que estou. .... 1 2 3 4 5
27. Tento esquecer o problema todo. ................................................................. 1 2 3 4 5
28. Estou mudando e me tornando uma pessoa mais experiente. .................. 1 2 3 4 5
29. Eu culpo os outros. ....................................................................................... 1 2 3 4 5
30. Eu fico me lembrando que as coisas poderiam ser piores. .......................... 1 2 3 4 5
31. Converso com alguém que possa fazer alguma coisa para ......................... 1 2 3 4 5
resolver o meu problema.
32. Eu tento não agir tão precipitadamente ou seguir minha ........................ 1 2 3 4 5
primeira idéia.
33. Mudo alguma coisa para que as coisas acabem dando certo. ................. 1 2 3 4 5
34. Procuro me afastar das pessoas em geral. ................................................... 1 2 3 4 5
35. Eu imagino e tenho desejos sobre como as coisas poderiam acontecer. .. 1 2 3 4 5
36. Encaro a situação por etapas, fazendo uma coisa de cada vez. ................ 1 2 3 4 5
37. Descubro quem mais é ou foi responsável. ................................................ 1 2 3 4 5
155
1 2 3 4 5
Eu nunca faço
isso
Eu faço isso
um pouco
Eu faço isso
às vezes
Eu faço isso muito Eu faço isso quase
sempre
38. Penso em coisas fantásticas ou irreais (como uma vingança perfeita ......... 1 2 3 4 5
ou achar muito dinheiro) que me fazem sentir melhor.
39. Eu sairei dessa experiência melhor do que entrei nela. ............................ 1 2 3 4 5
40. Eu digo a mim mesmo o quanto já consegui. ...............................................1 2 3 4 5
41. Eu desejaria poder mudar o que aconteceu comigo. ............................... 1 2 3 4 5
Eu fiz um plano de ação para resolver o meu problema e o estou ................. 1 2 3 4 5
cumprindo.
42. Converso com alguém para obter informações sobre a situação. .......... 1 2 3 4 5
44.Eu me apego à minha fé para superar esta situação. ............................... 1 2 3 4 5
45. Eu tento não fechar portas atrás de mim. Tento deixar em aberto . ...... 1 2 3 4 5
várias saídas para o problema.
Você tem feito alguma outra coisa para enfrentar ou lidar com a sua enfermidade?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Favor verificar se todos os itens foram preenchidos.
156
ANEXO D: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
157
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar da pesquisa: “RELAÇÕES ENTRE PERFIS
COGNITIVOS DE PERSONALIDADE E ESTRATÉGIAS DE COPING EM
ADULTOS”, sob a responsabilidade dos pesquisadores: Profa. Dra. Renata F. F. Lopes e
Dienay Souza de Oliveira.
Nesta pesquisa nós buscamos entender a relação entre estratégias de
coping/enfrentamento e perfis de personalidade.
Na sua participação você responderá a dois questionários.
Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa serão
publicados e ainda assim a sua identidade será preservada.
Você não terá nenhum ônus e ganho financeiro por participar da pesquisa.
Não haverá nenhum risco, e os benefícios são de uma perspectiva do avanço
conceitual da teoria cognitiva da personalidade.
Você é livre para parar de participar a qualquer momento sem nenhum prejuízo para o
senhor(a).
Uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com o
senhor(a).
Qualquer dúvida a respeito da pesquisa o senhor(a) poderá entrar em contato com as
pesquisadoras:
Dienay Souza de Oliveira. Telefone: 3231-9213 / 9192-4773 [email protected]
Prof.a. Dr.a. Renata F. Avenida Para 1720, Bloco 2C. Telefone: 3218-2235- ramal 38
Comitê de Ética em Pesquisa: Av. João Naves de Ávila, 2121 - Bloco 1J, Campus Santa
Mônica Uberlândia - MG CEP 39.400-902 · Fone/Fax: (34) 3239 - 4334 - e-mail:
Uberlândia, ................. de 2008
Equipe de pesquisadores:
_________________________ ______________________
Prof.ª Dra. Renata F. F. Lopes Dienay Souza de Oliveira
158
AUTORIZAÇÃO:
Eu ____________________________________________________________________
Abaixo assinado, concordo em participar da pesquisa intitulada “RELAÇÕES ENTRE
PERFIS COGNITIVOS DE PERSONALIDADE E ESTRATÉGIAS DE COPING EM
ADULTOS.” e autorizo a apresentação dos dados desta pesquisa em congressos científicos
e a publicação dos mesmos em revistas científicas, desde que seja mantido em sigilo minha
identidade .
RG n.º ____________________________Data : _____/____/_______
Ass.Participante_________________________________________
Ass.Pesquisadora:________________________________________
Ass.Avaliador: _________________________________
Endereço e telefone de contato dos pesquisadores:
Dienay Souza de Oliveira. Telefone: 3231-9213 / 9192-4773 [email protected]
Prof.a. Dr.a. Renata F. Fernandes Lopes: Avenida Para 1720, Bloco 2C. Telefone: 3218-
2235- ramal 38
Comitê de Ética em Pesquisa: Av. João Naves de Ávila, 2121 - Bloco 1J, Campus Santa
Mônica Uberlândia - MG CEP 39.400-902 · Fone/Fax: (34) 3239 - 4334 - e-mail:
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