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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
DANIELA LIMA CHOW CASTILLO
ANÁLISE COMPARATIVA DO PERFIL DE SEGURANÇA E EFICÁCIA
ANALGÉSICA DA S(+)CETAMINA COM OU SEM MORFINA NA
ANESTESIA PERIDURAL PARA HISTERECTOMIA ABDOMINAL.
FORTALEZA
2009
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DANIELA LIMA CHOW CASTILLO
ANÁLISE COMPARATIVA DO PERFIL DE SEGURANÇA E
EFICÁCIA ANALGÉSICA DA S(+)CETAMINA COM OU SEM
MORFINA NA ANESTESIA PERIDURAL PARA HISTERECTOMIA
ABDOMINAL
Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia, do Departamento de Fisiologia e
Farmacologia, da Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Farmacologia.
Área de concentração: Farmacologia
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Elisabete Amaral de Moraes
FORTALEZA
2009
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DANIELA LIMA CHOW CASTILLO
ANÁLISE COMPARATIVA DO PERFIL DE SEGURANÇA E EFICÁCIA
ANALGÉSICA DA S(+)CETAMINA COM OU SEM MORFINA NA
ANESTESIA PERIDURAL PARA HISTERECTOMIA ABDOMINAL.
Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia,
do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, da Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Farmacologia.
Data de Aprovação: 18/05/2009
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Josenília Maria Alves Gomes
Universidade de Fortaleza
__________________________________________________
Profa. Dra. Cláudia Regina Fernandes
Universidade de Fortaleza
Dedico este trabalho à minha mãe, que tanto amo e admiro,
Zenóbia Lima Matos,
exemplo de caráter e amizade,
que procuro seguir em todos os momentos de minha vida.
AGRADECIMENTOS
Dirijo meus especiais agradecimentos àqueles que tornaram possível a realização
deste trabalho:
À minha mãe, Zenóbia e minha irmã, Carolina, pelo apoio nos momentos que mais
precisei;
À minha orientadora, professora Maria Elisabete Amaral de Moraes, que me ensinou
e despertou a paixão pela ensino e pesquisa, além de ser um exemplo de força e
determinação;
Aos professores Manoel Odorico de Moraes e Fernando Antônio Frota Bezerra por
transmitirem seus conhecimentos de forma segura, dedicada e gentil;
Ao professor Rodrigo Escalante pela orientação e incentivo para a realização desse
trabalho;
Ao Dr. Fábio Machado Landim, médico brilhante que se propôs a participar do
trabalho, mesmo com todos os preconceitos encontrados no início da execução do
projeto. E que mesmo não estando presente na finalização do trabalho também
participa da minha conquista;
Ao professor Francisco Vagnaldo Fechine Jamacaru, pela colaboração na análise
estatística do trabalho;
Aos médicos do Hospital Waldemar de Alcântara, Drs. Diana Mara, Hélio Félix,
Affonso Bruno e Dr. Marconi Tavares pela colaboração na execução dessa
pesquisa;
À Unidade de Farmacologia Clínica por ser fonte de inspiração na pesquisa clínica.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASA
American Society of Anesthesiology
IASP
Associação Internacional para Estudo da Dor
PGE2
Prostaglandina E2
AMPA
alfa-amino-3-hydroxi-5-metil-4-isoaxole propionato
NMDA
N-metil-D-Aspartato
5-HT1b
5-hidroxitriptamina subtipo 1b
5-HT2
5-hidroxitriptamina subtipo 2
NK1
Neurocinina 1
NK2
Neurocinina 2
NK3
Neurocinina 3
CPME
Corno Posterior da Medula Espinhal
O
2
Oxigênio
VEF1
Volume expiratório forçado no primeiro segundo
α
Alfa
μ
Mu
κ
Kappa
δ
Delta
ζ
Sigma
SNC
Sistema Nervoso Central
SNA
Sistema Nervoso Autônomo
paCO
2
Pressão parcial de dióxido de carbono
GABA
Ácido gama-aminobutírico
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Evolução temporal da pressão arterial média no grupo
Cetamina.
FIGURA 2 Evolução temporal da pressão arterial média no grupo
Cetamorf.
FIGURA 3 Evolução temporal da pressão arterial média no grupo Morfina.
FIGURA 4 Evolução temporal da pressão arterial média nos grupos
Cetamina, Cetamorf e Morfina.
FIGURA 5 Evolução temporal da freqüência cardíaca no grupo Cetamina.
FIGURA 6 Evolução temporal da freqüência cardíaca no grupo Cetamorf.
FIGURA 7 Evolução temporal da freqüência cardíaca no grupo Morfina.
FIGURA 8 Evolução temporal da freqüência cardíaca nos grupos
Cetamina, Cetamorf e Morfina.
FIGURA 9 Quantificação temporal do grau de sedação no grupo Cetamina,
conforme a escala de Ramsay.
FIGURA 10 Quantificação temporal do grau de sedação no grupo
Cetamorf, conforme a escala de Ramsay.
FIGURA 11 Quantificação temporal do grau de sedação no grupo Morfina,
conforme a escala de Ramsay.
FIGURA 12 Quantificação temporal do grau de sedação nos grupos
Cetamina, Cetamorf e Morfina, conforme a escala de Ramsay.
FIGURA 13 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor no grupo
Cetamina, conforme a escala de Bromage.
FIGURA 14 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor no grupo
Cetamorf, conforme a escala de Bromage.
FIGURA 15 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor no grupo
Morfina, conforme a escala de Bromage.
FIGURA 16 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor nos grupos
Cetamina, Cetamorf e Morfina, conforme a escala de Bromage.
FIGURA 17 Nível do bloqueio sensitivo no grupo Cetamina.
FIGURA 18 Nível do bloqueio sensitivo no grupo Cetamorf.
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57
FIGURA 19 Nível do bloqueio sensitivo no grupo Morfina
FIGURA 20 Nível do bloqueio sensitivo nos grupos Cetamina, Cetamorf e
Morfina.
FIGURA 21 Avaliação da analgesia 6 e 24 horas após a instalação do
bloqueio anestésico nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina, conforme a
escala visual analógica (EVA).
TABELA 1 Características das pacientes estudadas.
TABELA 2 Uso de vasoconstrictor (efedrina) durante o período intra-
operatório nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina.
TABELA 3 Uso de analgésicos durante as primeiras 6 horas após
instalação do bloqueio anestésico nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina.
TABELA 4 Uso de analgésicos durante as primeiras 24 horas após a
indução anestésica nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina.
TABELA 5 Ocorrência de náuseas e vômitos entre os pacientes dos
grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina durante as primeiras 6 horas após a
indução anestésica.
TABELA 6 Ocorrência de náuseas e vômitos entre os pacientes dos
grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina durante as primeiras 24 horas após a
indução anestésica.
57
58
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43
59
60
60
62
63
RESUMO
Análise Comparativa do Perfil de Segurança e Eficácia Analgésica da
S(+)cetamina com ou sem Morfina na Anestesia Peridural para Histerectomia
Abdominal. Daniela Lima Chow Castillo. Orientadora: Profa. Dra. Maria Elisabete
Amaral de Moraes. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Farmacologia do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceará para obtenção do título de Mestre em
Farmacologia.
A s(+)cetamina é o isômero levógiro da cetamina, antagonista do receptor NMDA
para glutamato que está envolvido na nese e manutenção do processo doloroso.
A analgesia multimodal consiste na utilização de combinação de fármacos
objetivando controle adequado da dor com redução dos efeitos adversos. O objetivo
deste estudo foi avaliar a eficiência da s(+)cetamina isoladamente e da associação
morfina/cetamina comparadas à morfina isoladamente combinadas a mistura
enantiomérica de bupivacaína (R75l25%) na anestesia peridural e analgesia pós-
operatória em pacientes submetidas à histerectomia abdominal. Foi realizado estudo
prospectivo, duplo cego e aleatório, com aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
da Universidade Federal do Ceará. Participaram do estudo 36 pacientes ASA I ou II
com idade de 20 a 60 anos submetidas à histerectomia abdominal com anestesia
peridural. As pacientes foram alocadas em três grupos: Grupo 1 - Grupo Cetamina
(GC): administração de mistura enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína associada
à s(+)cetamina; Grupo 2 Grupo Morfina (GM): administração de mistura
enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína associada à morfina e Grupo 3 - Grupo
Cetamina/Morfina(GCM): administração de mistura enantiométrica (R75-S25) de
bupivacaína associada à morfina e s(+)cetamina. Foram avaliados nível de bloqueio
motor e sensitivo, grau de sedação e parâmetros hemodinâmicos: pressão arterial e
frequência cardíaca a cada 15 minutos durante a cirurgia. No período pós-operatório
foi avaliado o consumo de analgésicos em 6 e 24 horas, além da incidência de
náuseas, vômitos e prurido. A análise estatística foi realizada utilizando os softwares
graphpad prisma 4.0 e Excel 2007. Não houve diferença entre a idade, tempo
cirúrgico e o estado físico (ASA) entre os grupos (p<0,05). A frequência cardíaca e
pressão arterial mantiveram-se dentro dos valores estabelecidos como normal sem
variação significativa entre os grupos. A avaliação da incidência de efeitos adversos
(náuseas, vômitos e prurido) não foi diferente entre os grupos. A analgesia pós-
operatória avaliada por consumo de analgésicos nas primeiras 6 horas não foi
diferente entre os grupos. Houve maior grau de bloqueio motor no grupo Cetamorf
no tempo T15. Houve conversão para anestesia geral em 4 pacientes por falha de
bloqueio, nos grupos cetamina-morfina (02 pacientes) e morfina (02 pacientes). Os
dados sugerem que a adição de s(+)cetamina e morfina nas doses avaliadas é
segura, eficaz e permite a redução de 50% na dose da morfina epidural mantendo-
se o perfil de controle de dor no pós operatório. No entanto, não se verificou redução
da incidência de náuseas, vômitos e prurido.
Palavras chave: s(+)cetamina, morfina, analgesia, mistura enantiométrica (R75-
S25) de bupivacaína, anestesia peridural.
ABSTRACT
Comparative Analysis of the Profile of Safety and analgesic efficacy of S (+)
ketamine with or without morphine in epidural anesthesia for Abdominal
Hysterectomy. Daniela Lima Chow Castillo. Professor Maria Elisabete Amaral de
Moraes. Dissertation presented for the degree of master in Pharmacology.
Department of Physiology and Pharmacology. Faculty of Medicine. Federal
University of Ceará.
The association of drugs with different mechanisms of action in the dorsal horn of the
spinal cord decreases postoperative pain, with a reduction in the incidence of side
effects. The aim of this study was to evaluate some intraoperative parameters as well
as postoperative analgesia and sedation by epidural morphine, S(+)ketamine and
S(+) ketamine- morphine associated with Bupivacaine Enantiomeric Mixture
(R75L25%) for abdominal hysterectomy. In this prospective, randomized, and
double-blinded clinical trial, the efficacy and safety of the administration of epidural
S(+)ketamine alone or with morphine were compared with epidural morphine alone
(control group) for efficacy and safety comparisons after abdominal hysterectomy. 36
female patients, physical status ASA I and II, participated in this study. These
patients were randomly allocated to one of the three treatment groups for having the
following drugs administered epidurally: 1. Ketamine Group - Bupivacaine
Enantiomeric Mixture (R75L25%) associated with S(+) ketamine (0.4 mg.kg-
1
); 2.
Ketamine-Morphine Group - Bupivacaine Enantiomeric Mixture (R75L25%)
associated S(+) ketamine (0.4 mg.kg
-1
) and morphine (1 mg) 3. Morphine Group,
Bupivacaine Enantiomeric Mixture (R75L25%) was associated with morphine (2mg).
During the intraoperative period the parameters analyzed were: blood pressure, heart
rate, motor blockade level, sensitive level, intraoperative use of vasoconstrictor and
sedation level. The time interval between each dada collection was 15 minutes. In the
postoperative period, analgesia were evaluated using analogue visual scale 2h, 6h
and 24h after the end of the surgery as well as the total amount of analgesics drugs
requirement during the first 24 postoperative hours. Values were analyzed
statistically using GraphPad Prisma 4.0 and Excel 2007. There were no differences
between the three groups with respect to age, sex, weight, or duration of the surgical
procedures (p<0,05). No differences were found between the groups during
intraoperative analysis related to blood pressure, heart rate, Ramsay scores,
vasoconstrictor use, and sensitive blockade level. Bromage’s scores were lower in
the morpine/s+ketamine group during the first fifteen minutes analysis. Sedation
scores were similar in both groups. The epidural blockade alone was not enough for
surgical anesthesia resulting in conversion to general anesthesia in 4 patients who
belong to Ketamine-morphine (02 patients) and Morphine (02 patients) groups,
respectively. None of the patients in either group developed respiratory depression.
Other side effects, such as pruritus, nausea, and vomiting, were also similar in both
groups. The addiction of s(+) ketamine was safety and efficient to Bupivacaine
Enantiomeric Mixture (R75L25%) in comparison with morphine.
Key Words: postoperative analgesia, multimodal analgesia, morphine, S(+)
Ketamine, Bupivacaine Enantiometric Mixture (R75L25%), epidural anesthesia.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
06
LISTA DE FIGURAS
07
RESUMO
09
ABSTRACT
10
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................
13
1.1 Considerações gerais
14
1.2 Fisiopatologia da dor aguda
14
1.3 Mecanismo da dor pós-operatória
18
1.4 Agressão cirúrgica e resposta biológica
21
1.5 Efeitos da agressão cirúrgica sobre o organismo
23
1.6 Manejo da dor pós-operatória
24
1.7 Fisiopatologia da Transmissão Dolorosa Pélvica
27
1.8 Tratamento da dor pós-operatória em cirurgias ginecológicas
28
1.9 Neurotoxicidade relacionada à cetamina
30
2 JUSTIFICATIVA .....................................................................................
31
3 OBJETIVOS ...........................................................................................
33
3.1 Objetivo geral
34
3.2 Objetivos específicos
34
4 MATERIAIS E MÉTODOS ………………………………………………
35
4.1 População
36
4.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
36
4.3 Desenho
37
4.4 Avaliação Pré-operatória.
37
4.5 Técnicas anestésicas
38
4.6 Parâmetros clínicos avaliados
38
4.7 Análise Estatística
40
5 RESULTADOS ..................................................................................
42
5.1 Características da amostra estudada
43
5.2 Variáveis estudadas no intraoperatório
43
5.2.1 Pressão Arterial Média
43
5.2.2 Frequência Cardíaca
46
5.2.3 Grau de Sedação
48
5.2.4 Grau de Bloqueio Motor
51
5.2.5 Avaliação do nível de bloqueio sensitivo
53
5.2.6 Uso de vasoconstritor intra-operatório
56
5.3 Variáveis estudadas no pós-operatório
56
5.3.1 Analgesia pós-operatória
56
5.3.2 Incidência de efeitos adversos
59
6 DISCUSSÃO ……………………………………………………………...
60
7 CONCLUSÃO …………………………………………………………….
65
8 REFERÊNCIAS ………………………………………………………….
67
9 ANEXOS ............................................................................................
75
9.2 Aprovação Comitê de Ëtica em Pesquisa da Universidade Federal
do Ceará
76
9.2 Ficha de Avaliação Clínica
77
9.3Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
79
INTRODUÇÃO
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações gerais
Até a década de 60, a dor era considerada uma resposta inevitável à lesão
tecidual, sendo seus aspectos relacionados, como componente afetivo, cognitivo,
diferenças genéticas, ansiedade e expectativa, pouco valorizados. Porém, muitos
foram os avanços relacionados aos mecanismos envolvidos no processo doloroso,
com significativa melhora no seu tratamento.
A melhor definição de dor é a proposta pela IASP (AGENCY OF HEALTH
CARE POLICY AND RESEARCH,1992) onde a dor é uma experiência emocional,
com sensação desagradável, associada à lesão tecidual presente, potencial ou
descrita como tal.
O sofrimento é uma resposta negativa induzida por inúmeros fatores, entre
os quais estão a dor, o medo, o estresse e a perda, aparecendo quando a
integridade física ou psicológica do indivíduo está ameaçada. Porém, nem todo
sofrimento causa dor, mas frequentemente ele é descrito nestes termos.
A existência de muitos tipos de dor pode ser compreendida pela
identificação da nocicepção, da percepção dolorosa, do sofrimento e do
comportamento doloroso. Subjacente a essas situações clínicas, podemos identificar
substrato anatômico, fisiológico e psicológico.
Do ponto de vista temporal, a dor é classificada como aguda ou crônica e,
em relação à fisiopatologia, pode ser descrita como associada à nocicepção, a
neuropatia ou desaferentação e à influência do sistema nervoso simpático. Por
vezes, um quadro aparentemente agudo, pelo tempo de desenvolvimento, tem uma
fisiopatologia que indica grande potencialidade de cronificação; os mecanismos
fisiopatológicos poucas vezes ocorrem isoladamente, havendo frequentemente uma
mescla de mecanismos, com eventual predomínio de um deles (MANNION, 1999).
15
1.2 Fisiopatologia da dor aguda
A dor aguda é aquela que está relacionada à instalação de um processo
patológico, seja ele de origem traumática ou de origem inflamatória. Deriva
normalmente do processo de nocicepção, porém pode resultar também da
sensibilização ou da hipoatividade do sistema supressor da dor (BENSSON et al.,
1999).
A nocicepção é a detecção de lesão tecidual por transdutores
especializados ligados a fibras dos nervos periféricos do tipo A delta e C. Esses
transdutores podem ser alterados por mudanças neurais ou inflamatórias no seu
meio ambiente mais próximo, tendo seu sinal amplificado ou inibido (BESSON et al,
1999). Na dor por nocicepção é importante identificar os transdutores de sinal
(nociceptores), as vias que conduzem o sinal e como este pode ser modulado tanto
por via neural como através de substâncias endógenas e/ou exógenas (CARVALHO
& LEMONICA - A, 1998).
Transdutores de sinal os nociceptores são transdutores encontrados nos
tecidos superficiais, profundos e vísceras, que, anatomicamente, se apresentam
como terminações nervosas livres. Sua principal característica eletrofisiológica é o
alto limiar de excitabilidade. Quando um estímulo mecânico, térmico ou químico
intenso, potencialmente lesivo é aplicado ao organismo, os nociceptores são
ativados e uma informação de agressão é encaminhada ao sistema nervoso central.
Podem ser classificados em: mecanoceptores, que são sensíveis a estímulos
mecânicos; termonociceptores, sensíveis a estímulos térmicos; e nociceptores
polimodais, que respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos.
Vias periféricas a informação caminha por fibras com baixa velocidade
de condução do tipo A delta e C, em direção à medula espinhal, atingindo-a através
do gânglio da raiz posterior, na sua maior parte. As fibras A delta conduzem a uma
velocidade de 2,5 a 20 m.seg
-1
, enquanto as fibras C conduzem a uma velocidade
menor que 2,5 m.seg
-1
.
Mediadores algogênicos e modulação periférica quando um estímulo
intenso provoca lesão tecidual, desencadeamento de um processo inflamatório
seguido de reparação.
16
As células lesadas liberam enzimas no seu interior, que no meio
extracelular, ciclizam os ácidos graxos de cadeia longa e agem sobre os
cininogênios, formando as cininas, principalmente a bradicinina, substância
algógena e vasoativa (CARVALHO & LEMONICA - A, 1998).
A partir da membrana celular, pela ação da fosfolipase A, libera-se ácido
araquidônico que, por ação da cicloxigenase e da lipoxigenase, origina,
respectivamente, prostaciclinas, prostaglandinas, tromboxano, leucotrienos e
lipoxinas (BONICA et al, 2001).
A biossíntese das prostaglandinas, principalmente PGE2, promove
diminuição do limiar de excitabilidade dos nociceptores fazendo com que estímulos
menos intensos sejam capazes de ativá-los.
Os macrófagos e leucócitos polimorfonucleares liberam fatores solúveis de
regulação de fase aguda, as citocinas (interleucina 1, 6 e fator alfa de necrose
tumoral), que vão estimular as células endoteliais a iniciar o processo de adesão.
As células do tecido lesado, juntamente com os macrófagos e neutrófilos,
liberam diversas substâncias oxidantes e enzimas, que resultam na formação de
espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Estas estimulam a produção de uma
segunda geração de produtos que tanto exercem função reparadora (catalases para
eliminar radicais livres, colagenases e esteromelisina com atividade de reparo
tecidual) como mantêm a inflamação com produção de citocinas e moléculas de
adesão (CARVALHO & LEMONICA - A, 1998).
Além dessa resposta inflamatória tecidual, também uma resposta
inflamatória neurogênica, com produção de vasodilatação e extravasamento de
proteínas plasmáticas e ação sobre as células inflamatórias, com liberação de
mediadores químicos.
A estimulação dos nociceptores produz um reflexo axônico local, que
libera substância P, com consequente vasodilatação e aumento da permeabilidade
vascular. Esses eventos resultam em produção de enzimas lisossômicas,
prostaglandina, interleucinas 1 e 6, além de síntese de óxido nítrico pelo endotélio
vascular, contribuindo tanto para a manutenção da inflamação como para a
sensibilização dos nociceptores (CARVALHO & LEMONICA - A, 1998).
17
Os mediadores inflamatórios agem em sinergismo, aumentando a
sensibilidade dos nociceptores, com consequente redução do seu limiar de
excitabilidade.
A série de eventos que decorre da lesão tecidual é conhecida como
sensibilização periférica (BESSON et al, 1999).
A sensibilização periférica é um mecanismo mais complexo e menos
elucidado que a sensibilização central, entretanto alguns fenômenos ligados aos
receptores parecem mediar a transdução neuroquímica da nocicepção tanto
periférica como centralmente.
Os mecanismos centrais envolvidos na nocicepção compreendem as vias
no sistema nervoso central na medula espinhal, os aferentes primários fazem
sinapse nas lâminas I, II e V, assim designados pela classificação de Rexed
(BONICA et al, 2001). A lâmina I ou camada marginal do corno posterior da medula
espinhal é o centro da recepção da informação que chega da periferia. Seus
neurônios fazem sinapse com os neurônios da lâmina II (substância gelatinosa de
Roland) que possuem uma substância inibitória e os sinais o retransmitidos
através dos neurônios da lâmina V em direção ao tálamo e córtex. Após deixarem a
lâmina V, os neurônios cruzam a linha média da medula espinhal e dirigem-se para o
tálamo através do fascículo anterolateral, que contêm os feixes espinotalâmico e
espinorreticular. Antes de penetrar na substância cinzenta, as fibras que entram
através do corno dorsal ascendem e descendem em alguns segmentos (cerca de
três), formando o trato de Lissauer, que parece desempenhar um importante papel
em algumas formas de dor, em que fibras autonômicas estão envolvidas. Uma vez
integrado neste sistema medular, o impulso nociceptivo caminha por feixes
ascendentes.
Em situações patológicas,quando lesão dos feixes ascendentes e os
impulsos são impedidos de transitar por estas vias, contribuem para a condução os
feixes espinocervicotalâmico e fibras pós-sinápticas do corno dorsal (BESSON et al,
1999).
O feixe espinotalâmico dirige-se ao tálamo para o complexo ventrobasal,
núcleo posterior e núcleos intralaminares; as informações processadas nestas áreas
são transmitidas ao córtex.
18
O feixe espinorreticular vai a formação reticular, onde diversas áreas
possuem papel relevante, como o núcleo gigantocelular e formação reticular bulbar
adjacente, formação reticular mesencefálica, substância cinzenta periaquedutal e
núcleo da rafe.
Além dos sistemas ascendentes, existe um sistema descendente que se
origina no córtex e na formação reticular, desce anatomicamente pelo funículo
dorsolateral e faz sinapse com os neurônios da lâmina II na medula espinhal. Este é
um sistema com função inibitória (CARVALHO & LEMONICA - A, 1998).
Um grande número de receptores está envolvido na transmissão dolorosa.
Estes receptores estão localizados pré e pós-sinapticamente na terminação central
do aferente primário nociceptivo. São observados em posição pré-sináptica
receptores opóides μ/δ, κ, GABA b, α-2-adrenérgicos, neurocinina 1 e 5-HT2. Na
posição pós-sináptica encontram-se receptores GABA a, b, AMPA, NMDA, μ, μ/δ, α-
2-adrenérgicos, 5-HT1b e adenosina (BESSON et al, 1999).
A riqueza de neurotransmissores e neuromoduladores receptores da
sinapse entre aferente primário e o neurônio do corno dorsal da medula espinhal
mostra a complexidade e a importância da área (BESSON et al, 1999).
A transmissão excitatória no sistema nervoso central é feita principalmente
pelo glutamato e secundariamente pelo aspartato, chamados aminoácidos
excitatórios. Em muitas sinapses, a liberação de glutamato é conjunta com a
liberação de substância P e neurocininas, que são designadas neuromoduladores
(BESSON et al, 1999).
1.3 Mecanismo da dor pós-operatória
A lesão tecidual produzida pelo trauma cirúrgico é o fator desencadeante
para o aparecimento da dor pós-operatória (CARVALHO & LEMONICA - A, 1998).
Terminações nervosas livres das fibras sensoriais A delta e C, presentes
em estruturas superficiais do tegumento, parede das vísceras, vasos sanguíneos e
sistema músculo-esquelético, podem sofrer estimulações térmicas, mecânicas e ou
químicas. No que se refere à nocicepção, as fibras C, responsáveis por 70 a 80%
19
das aferências sensitivas, constituem o grupo mais importante de fibras, com
receptores polimodais respondendo a estímulos térmicos, mecânicos e químicos.
(CARVALHO & LEMONICA A, 1998).
A ativação dos receptores específicos, denominados nociceptores ou
receptores nociceptivos ocorre por 3 fatores (CARVALHO & LEMONICA A, 1998):
- Células do tecido lesado e células inflamatórias (como mastócitos,
macrófagos e linfócitos), decorrentes do trauma, isquemia ou inflamação, liberam no
ambiente tecidual, substâncias algogênicas como bradicinina, acetilcolina,
prostaglandinas, serotonina, leucotrienos, histamina, substância P, tromboxano, fator
de ativação plaquetária, radicais ácido, íons potássio, citocinas, entre outras, que em
contato com os nociceptores, reduzem o limiar dos mesmos aos estímulos
nociceptivos, na área em que foram liberados (CARVALHO & LEMONICA A,
1998).
- Liberação retrógrada de neurotransmissores pelas fibras nervosas, como
calcitonina, neurocinina A e B, substância P, que, em situações patológicas,
contribuem para a sensibilização de nociceptores através da ativação de vários
mediadores químicos (CARVALHO & LEMONICA A, 1998).
- Influências noradrenérgicas, procedentes de eferências simpáticas,
alteram a vasoatividade local e sensibilizam os nociceptores (CARVALHO &
LEMONICA A, 1998).
A ativação destas terminações nervosas específicas resulta em atividade
generalizada das fibras nervosas, as quais se projetam no corno dorsal da medula
espinhal, dando início à transmissão do estímulo doloroso (CARVALHO &
LEMONICA A, 1998).
Estimulações repetitivas no campo receptivo ou nas imediações dos
nociceptores polimodais reduzem o limiar de ativação desses receptores e
aumentam a resposta aos estímulos, caracterizando a sensibilização periférica.
Sensibilização no sítio da lesão tecidual, caracterizada por limiar reduzido e dor,
sensibilidade aumentada a estímulos supraliminares e dor espontânea é
denominada hiperalgesia primária; o desenvolvimento de uma área aumentada de
hiperalgesia e alodínia, circundando o sítio da lesão é denominado hiperalgesia
secundária (CARVALHO & LEMONICA - B 1998).
20
O maior contingente de vias nervosas sensitivas aferentes penetra na
medula dorsal através das raízes posteriores. O corno posterior da medula espinhal,
que corresponde às seis primeiras lâminas das dez existentes na substância
cinzenta no sentido póstero-anterior, desempenha um papel fundamental na
transmissão dos estímulos dolorosos, contendo um complexo circuito com
numerosos neurônios, sinapses e uma variedade de neurotransmissores,
responsáveis pela abstração local, integração, seleção e dispersão apropriada dos
impulsos sensoriais (BONICA et al, 2001). Este circuito é ativado por fenômenos de
convergência e somação centrais, sofrendo influências excitatórias e inibitórias
vindas da periferia, de interneurônios locais e do sistema suprasegmentar. É neste
local que os aferentes nociceptivos entram em contato com os neurônios de
segunda ordem, liberando neurotransmissores, os quais desempenharão papéis
transmissores ou moduladores das mensagens nociceptivas vindas da periferia
(BONICA et al, 2001).
Dos neurotransmissores liberados pelos terminais aferentes primários, os
aminoácidos excitatórios, glutamato e aspartato, são considerados os mais
importantes. Após a liberação dos mesmos, receptores AMPA, ligados a canais
iônicos e os cainatos, ligados à proteína G e fosfolipase de membrana são
acionados imediatamente, estando envolvidos no mecanismo de localização
temporal, espacial e quantificação da dor. São conhecidos como receptores não
NMDA.
Os receptores NMDA são ativados pelo glutamato e substância P, atuando
centenas de milisegundos após a chegada do estímulo; os receptores de
neurocininas são ativados segundos após a liberação de taquiquininas, sendo de
três tipos: neurocinina-1 (NK1), neurocinina-2 (NK2) e neurocinina 3 (NK3). Tanto os
receptores NMDA como os das neurocininas estão relacionados com o mecanismo
de sensibilização dos neurônios (CARVALHO & LEMONICA - B, 1998).
A liberação inicial do glutamato pelos aferentes primários é seguida pela
rápida ativação dos receptores AMPA; em casos de estimulações frequentes e
intensas, ocorrerá uma liberação contínua pelo glutamato pelos aferentes primários,
levando a uma ativação tamm dos receptores NMDA (CARVALHO & LEMONICA -
B, 1998). A despolarização prolongada e repetitiva da membrana desloca o íon
magnésio, que habitualmente bloqueia esses receptores, e permite a entrada de
21
cálcio para o interior da célula, prolongando ainda mais a despolarização, e levando
à somação temporal, fenômeno conhecido como wind up. A substância P e o fator
neurotrófico liberados pelos aferentes primários modulam e modificam esses
eventos. A ativação dos receptores NMDA é, em última análise, o mecanismo
principal de sensibilização do corno posterior da medula, caracterizada por atividade
espontânea, redução do limiar ou aumento da resposta dos impulsos aferentes,
descargas prolongadas após estímulos repetidos e expansão dos campos receptivos
de neurônios do corno dorsal (CARVALHO & LEMONICA - B, 1998).
O tratamento efetivo da dor s-operatória tem a capacidade de evitar ou
minimizar o processo de neuroplasticidade (aumento da excitabilidade e frequência
dos impulsos nervosos provocados pelas substâncias algogênicas liberadas pelo
trauma, e que se dirigem ao CPME), que em última análise é o responsável pela
perpetuação do quadro doloroso (BREIVIK & STUBHAUG, 2008)
A partir da modulação que os impulsos dolorosos o submetidos, no
corno posterior da medula tanto inibitória descendente como inibitória medular
segmentar, os neurônios do CPME emitem axônios que cruzam a linha média em
direção ao lado oposto da medula, dando origem aos feixes neoespinotalâmicos,
paleoespinotalâmico e espinorreticular, que levam informações ao tálamo e
formação reticular. Deste local essas informações são levadas ao rtex sensorial,
onde finalmente a dor será percebida (CARVALHO & LEMONICA - B, 1998).
1.4 Agressão cirúrgica e resposta biológica
A agressão cirúrgica provoca respostas biológicas que repercutem em
todos os órgãos e sistemas. A magnitude destas respostas, que na verdade atuam
como mecanismos de defesa, depende do controle da dor perioperatória, a qual em
intensidade elevada ou subtratada, pode dar origem a complicações pós-
operatórias, aumentando a morbimortalidade e a permanência hospitalar (BREIVIK
& STUBHAUG, 2008).
A resposta biológica do organismo aos diferentes componentes
agressivos, tais como lesão tecidual, hipovolemia, estado de choque, sepse, dor, se
faz predominantemente através da ativação do feixe hipotálamo-hipófise-suprarrenal
22
e em última instância por alterações metabólicas (BREIVIK & STUBHAUG, 2008). O
feixe hipotálamo-hipófise-suprarrenal pode ser ativado por duas vias:
- Ativação do núcleo supra-óptico do tálamo pelas catecolaminas liberadas
pelo início da resposta com consequente ativação do hormônio adrenocorticotrófico
e cortisol.
- Ativação de nociceptores no local do trauma que conduzem estímulos
até o hipotálamo.
As alterações metabólicas decorrentes da agressão cirúrgica se
manifestam por uma fase inicial com redução do metabolismo, que dura até 24
horas, até uma fase tardia, que pode durar de 2 a 5 dias e se manifesta por um
estado hipercatabólico. Tanto a intensidade como a duração das alterações
catabólicas dependem do grau e da natureza da agressão cirúrgica (BREIVIK &
STUBHAUG, 2008).
Três tipos de resposta podem ser geradas a partir de um estímulo nocivo,
dependendo do local da transmissão do mesmo (AZEVEDO et al, 2003):
- Respostas reflexas segmentares (corno anterior e anterolateral da
medula): aumento do tônus e espasmo do músculo esquelético, associados ao
aumento do consumo de O
2
e produção de ácido lático; taquicardia, aumentos do
volume de ejeção, do trabalho cardíaco e do consumo de O
2
pelo miocárdio e
diminuição do tônus gastrointestinal e urinário, pela estimulação dos neurônios
simpáticos.
- Respostas reflexas suprasegmentares (trato espinotamico e
espinorreticular): aumento do tônus simpático e da estimulação hipotalâmica, com
consequente elevação do consumo de O
2
e do metabolismo.
- Respostas corticais (trato espinotalâmico e espinorreticular): integração e
percepção da dor, manifestadas pela dor e ansiedade.
23
1.5 Efeitos da agressão cirúrgica sobre o organismo
Ocorrem diversos efeitos fisiológicos relacionados à agressão cirúrgica
(AZEVEDO et al, 2003).
Efeitos na respiração (AZEVEDO et al, 2003) - A cirurgia e a dor pós-
operatória causam rigidez involuntária e espasmo muscular reflexo dos músculos
abdominais e torácicos, especialmente quando as incisões cirúrgicas situam-se no
tórax e abdome superior, levando a diminuições na capacidade vital, no volume
corrente, no volume residual e no volume expiratório forçado no 1
o
segundo (VEF1).
O aumento do tônus muscular associa-se também a um aumento no consumo de O2
e maior produção de ácido lático.
A função diafragmática pode ficar comprometida, especialmente quando
associada ao íleo, levando a uma síndrome restritiva pós-operatória, caracterizada
pela redução da distensibilidade pulmonar, rigidez muscular, impossibilidade de
respirar profundamente e tossir de forma efetiva, até hipóxia, hipercapnia, retenção
de secreções, atelectasia e pneumonia.
A incidência de complicações respiratórias pós-operatórias situam-se entre
5 e 28%, sendo a maior parte relacionada ao controle inapropriado da dor. São
considerados fatores de risco para complicações respiratórias: idade avançada,
obesidade, cirurgia de urgência, tipo e duração de cirurgia, tipo de anestesia,
tabagismo e patologia pulmonar prévia.
Efeitos cardiovasculares (AZEVEDO et al, 2003) - A dor estimula o
sistema cardiovascular através da liberação de neuro-hormônios adrenérgicos,
provocando taquicardia, aumento do volume sistólico, aumento do trabalho cardíaco
e aumento do consumo de O2 pelo miocárdio. Essas alterações elevam o risco de
isquemia e/ou infarto do miocárdio, especialmente em situações de hipoxemia e/ou
de patologia cardiovascular prévia. O risco de trombose venosa profunda está
elevado no período pós-operatório de pacientes com dor, uma vez que tais
pacientes m tendência à imobilidade, favorecendo a estase e a agregação
plaquetária.
24
Efeitos gastrointestinais e urinários (AZEVEDO et al, 2003) - O retardo do
esvaziamento gastrointestinal, por aumento do tempo de esvaziamento strico e
redução da motilidade intestinal, é causado pela estimulação nociceptiva das
vísceras e das estruturas somáticas, resultando em íleo paralítico, náuseas e
vômitos. Além de essa sintomatologia ser o principal motivo de queixas dos
pacientes no período pós-operatório, é também co-responsável pelo retardo na alta
hospitalar de pacientes cirúrgicos. Dificuldades urinárias podem ocorrer decorrente
da redução da motilidade da uretra e bexiga.
Efeitos neuroendócrinos e metabólicos (AZEVEDO et al, 2003) - o
aumento do tônus simpático e da estimulação hipotalâmica levam a uma maior
liberação de catecolaminas e de hormônios catabolizantes e a uma redução dos
hormônios anabolizantes. Como consequência observa-se retenção de sódio e
água, aumento da glicemia, liberação de ácidos graxos livres e presença de corpos
cetônicos e lactatos, com aumento do metabolismo e do consumo de oxigênio. Com
a persistência do quadro ocorre a mobilização de substratos metabólicos a partir dos
depósitos até um estado metabólico, com balanço nitrogenado negativo.
Efeitos psicológicos (AZEVEDO et al, 2003) - A experiência dolorosa ou o
simples fato de que ela possa vir a ocorrer tem sido determinante do
desencadeamento do medo, da angústia e ansiedade nos pacientes internados.
Estímulos adrenérgicos adicionais, com todas as suas consequências são
desencadeados pela ansiedade.
Efeitos sócio-econômicos (AZEVEDO et al, 2003) - O subtratamento e
suas possíveis consequências aumentam o tempo de permanência hospitalar dos
pacientes operados, bem como os gastos da elevação da morbimortalidade.
1.6 Manejo da dor pós-operatória
A dor pós-operatória tem como principal mecanismo subjacente a dor
nociceptiva, entretanto a lesão de grandes ou pequenos nervos pode associar um
componente neuropático (CARR & GOUDAS, 1999; MCCORMACK & TWYCROSS,
2002). A incidência de dor pós-operatória - forma mais prevalente de dor aguda -
ainda é alta. Quando a base de analgesia é a administração intramuscular
25
intermitente de opióides, sua incidência varia de 20 a 75% (ZIMMMERMAN &
STEWART, 1993).
Os opióides são considerados agentes de eleição no tratamento da dor
aguda pós-operatória de intensidade elevada. Sua ação analgésica decorre da sua
ligação com receptores específicos no sistema nervoso central e sistema nervoso
periférico (PASTERNAK, 1993).
Receptores mu (μ) encontram-se em altas concentrações no córtex
cerebral e em pequenas concentrações na medula espinhal, mediando os efeitos
clássicos da morfina como analgesia, depressão respiratória e desenvolvimento de
tolerância e dependência física. Receptores kappa (κ) localizam-se difusamente pelo
córtex cerebral e cornos posteriores mediando a analgesia a nível espinhal.
Agonistas kappa (κ) produzem analgesia e sedação, sem provocar euforia e com
mínima incidência de dependência física e depressão respiratória. Os receptores
delta se distribuem difusamente por todo cérebro, mediando a analgesia a nível
espinhal e supraespinhal e são responsáveis pelas alterações metabólicas que
geram o fenômeno de estresse induzido pela dor. A ativação dos receptores sigma
(ζ) parece estar relacionada com os efeitos psicomiméticos dos opióides, como
alucinações. Receptores epsilon (ε) estão distribuídos pelo SNC e SNA e tamm
estão relacionados à resposta ao estresse (PASTERNAK, 1993).
A ação analgésica, que é a propriedade mais importante dos opióides, se
dá em diferentes níveis (PASTERNAK, 1993):
- No corno posterior da medula espinhal, inibindo a transmissão da
informação nociceptiva e a liberação pré-sináptica da substância P e reduzindo a
atividade aferente na via espinotalâmica.
- No mesencéfalo e diencéfalo reduzindo a aferência à substância cinzenta
e o tálamo.
- No sistema límbico e cortical suprimindo a sensibilidade dolorosa e
ativando os sistemas descendentes eferentes de transmissão.
Os efeitos adversos comuns a quase todos os opióides são náuseas,
vômitos, constipação, aumento das pressões biliares do esfíncter de Oddi, retenção
urinária, tolerância e dependência (com o uso crônico), rigidez muscular, sudorese,
prurido, bradicardia e hipotensão (MAO et al - A 1995).
26
A depressão respiratória ocorre por ação direta sobre os centros
respiratórios e é devida à ação nos receptores μ e ζ do tronco cerebral
(OSTERMEIER et al, 1999). Manifesta-se por diminuição da frequência respiratória,
aumento da paCO2, hipóxia e diminuição da sensibilidade do centro respiratório à
hipercapnia. O quadro é variável segundo o agente, a via de administração, a dose,
o estado geral do paciente e a administração concomitante de outros agentes
depressores. Pode se apresentar precocemente, poucos minutos após a
administração de morfina por via venosa, ou após horas, após a sua administração
por via espinhal.
Pacientes idosos, com patologias pulmonares, renais ou hepáticas, são
mais sensíveis à depressão respiratória (CHESTNUT, 2005). As vias preferenciais
para a administração de opióides para analgesia pós-operatória são: intramuscular,
subcutânea, venosa e espinhal.
A descoberta e a síntese de novos e potentes fármacos para combater a
dor, as diferentes vias de administração propostas para esses analgésicos bem
como novos métodos e equipamentos introduzidos recentemente na prática clínica,
não têm conseguido, ainda hoje, proporcionar um amplo e adequado manejo da dor
pós-operatória (MAO et al - B 1995). Inúmeras têm sido as razões para explicar
essas dificuldades: prescrições de doses fixas de opióides intramuscular, em horário
regular ou sob demanda, desconhecimento da fisiopatologia da dor e da
farmacocinética e farmacodinâmica dos diferentes analgésicos; tabus da equipe
médica e da população em geral quanto ao uso de opióides; dificuldade na utilização
das escalas de avaliação de dor; temor aos efeitos colaterais e variabilidade das
respostas dos pacientes aos analgésicos, estão entre as causas mais freqüentes
(THOMAS et al).
A cetamina foi sintetizada em 1963 (MURRAY, 1994) e a farmacologia
inicial foi investigada por McCarthy et al (1965). Esse anestésico ocupa lugar de
destaque na prática clínica. Desde sua liberação para o uso clínico (DOMINO et al,
1965), m surgido inúmeros trabalhos clínicos e experimentais, na busca do
anestésico intravenoso “ideal”. A cetamina interage com diversos receptores como
NMDA, opióides, monoaminérgicos, muscarínicos e canais de cálcio voltagem-
sensível (HIROTA & LAMBERT, 1996). Trata-se de um potente analgésico em
concentrações subanestésicas e seus efeitos analgésicos e anestésicos podem ser
27
mediados por diferentes mecanismos. Ao contrário dos demais anestésicos venosos,
não interage com receptores GABA (STOELTING, 1999). Os efeitos hemodinâmicos
da cetamina são complexos, incluindo-se ação cardíaca direta e ativação do sistema
nervoso autonômico (TWEED et al, 1972).
1.7 Fisiopatologia da Transmissão Dolorosa Pélvica
A inervação das vísceras pélvicas se faz através de troncos nervosos
cujos nervos aferentes viscerais conduzidos pelo sistema nervoso simpático têm
seus corpos celulares em distribuição tóraco-lombar (T6-L10), (BONICA et al, 2001)
e os que vão pelo sistema nervoso parassimpático têm seus corpos neuronais no
gânglio sacral (S2-S4). A inervação sensorial dos órgãos pélvicos depende de sua
raiz embriológica. As gônadas são originárias da crista urogenital; o útero, trompas e
vagina superior, de estruturas mullerianas, e genilia externa e vagina inferior
derivam do seio urogenital.
Os estímulos dolorosos da vagina superior, cérvice, corpo uterino, trompa
medial, ligamento largo, bexiga superior, ceco, apêndice e intestino grosso terminal
ascendem via simpático tóraco-lombar via nervo hipogástrico, para o plexo
hipogástrico superior. Os impulsos passam pelos ramos comunicantes brancos de
T11, T12 e L1 (MARION et al, 2000).
Os impulsos da vagina superior, cérvice e segmento uterino inferior
também ascendem pela via parassimpática dos segmentos espinhais de S2 a S4
(MARION et al, 2000).
A via aferente do ovário entra na cadeia simpática, no nível de L4, e
ascende para entrar na medula espinhal, no nível de T9 e T10. O mesmo acontece
com os dois terços distais da tuba uterina e ureter alto. O plexo hipogástrico superior
e o gânglio mesentérico inferior não contêm aferentes dessas estruturas (MARION et
al, 2000).
A inervação da perede abdominal baixa e do terço anterior da vulva se faz
por meio de nervos sensoriais sensitivos e motores que se originam das raízes
ventrais de L1 e L2. Os ramos dorsais de L1 e L2 inervam a região lombar baixa,
28
enquanto o períneo, o ânus e a vagina inferior são inervados por ramos somáticos
do nervo pudendo que se origina do 2
o
, 3
o
e 4
o
gânglio sacral (BONICA & LOESER,
2001).
1.8 Tratamento da dor pós-operatória em cirurgias ginecológicas
O tratamento da dor pós-operatória de cirurgias ginecológicas com
abertura da cavidade abdominal ooforectomia, salpingectomia, histerectomia
abdominal com ou sem esvaziamento ganglionar, vulvectomia são técnicas
analgésicas utilizadas em outras cirurgias abdominais de médio e grande porte
(ROCK et al, 2001). Cabe ressaltar que o tratamento da dor inicia ainda no pré-
operatório, pois o uso de técnicas anestésicas neuroaxiais espinhal ou peridural
por mecanismos diretos ou indiretamente relacionados ao melhor controle da dor
tem grande impacto na redução de eventos clínicos relacionados à mortalidade,
fenômenos tromboembólicos, transfusão, pneumonia, depressão respiratória, infarto
do miocárdio e insuficiência renal (RODGERS et al, 2000). Também, a analgesia
peridural reduz o tempo de íleo adinâmico, quando comparado ao uso de opióide
sistêmico em aproximadamente 36 horas (CASTRO & GARCIA, 2005).
Com relação ao manejo da dor, o momento em que se inicia a
administração peridural de anestésicos tem importância crucial. A administração p-
incisional de lidocaína e fentanil reduziu o consumo de morfina e a hiperalgesia,
comparado ao uso de anestésico peridural pós-incisional (KATZ et al, 2003).
Em revisão sistemática, a analgesia epidural com opióide não alterou a
incidência de infecções pulmonares e outras complicações pulmonares pós-
operatórias, embora tenha reduzido a incidência de atelectasias, em comparação
com opióides sistêmicos. (BALLANTYNE et al, 1998).
A utilização de opióides no neuroeixo data da década de 80, sendo
inumeráveis as vantagens dessa prática para analgesia no pós-operatório de
cirurgias de médio e grande porte (CHESTNUT, 2005). A utilização peridural de
opióides apresenta uma sensível redução da dose e consequentemente dos efeitos
29
colaterais em comparação com a utilização por via sistêmica, porém o risco de
depressão respiratória persiste, associado à retenção urinária, useas, mitos e
íleo paralítico que, nas cirurgias abdominais, pode ser responsável pelo
prolongamento do tempo de permanência hospitalar (WEINBROUM, 2003).
Vale ainda ressaltar que os opióides atuam pobremente sobre a dor
incidental, ou seja, aquela provocada pela movimentação e que restringe o doente
ao leito, impede respiração profunda e tosse aumentando o risco de complicações
pulmonares e tromboembólicas (THOMAS et al, 1998). Não se pode deixar de
considerar a ativação de sistemas pró-nociceptivos e a tolerância promovida pelos
opióides e que provavelmente pode ser inibida pela cetamina (WHITE et al, 1985).
A s(+)cetamina é um antagonista dos receptores NMDA que está
amplamente envolvido nos mecanismos de nocicepção (MURRAY et al, 1994,
KOHRS et al, 1998). A cetamina atua em diversos receptores, como os muscarínicos
e nicotínicos; os opióides mu, delta e capa; os monoaminérgicos e os canais de
cálcio voltagem-dependente; como antagonista não-competitivo, age na área
fenciclidina do complexo canal-receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) (WHITE et al,
1985). Bloqueia tamm os canais de sódio nos sistemas nervoso central e
periférico (SCHMID et al, 1999).
A molécula de cetamina contém quiralidade que produz dois isômeros
ópticos (KOHRS et al, 1998). O isômero S(+) da cetamina (levógiro), por sua
estereoafinidade quatro vezes maior pelo receptor fenciclidina no canal NMDA
inibindo de maneira não-competitiva a ativação do canal pelo glutamato, possui
propriedades analgésicas e anestésicas mais potentes, apesar de exibir perfil
farmacológico semelhante ao isômero R(-) da cetamina (dextrógiro) e à cetamina
racêmica (WHITE et al, 1985; PFENNINGER et al, 2002).
A morfina, um opióide hidrofílico, produz analgesia espinhal por sua ação
nos receptores opióides mu2, capa1 e delta1, assim como supra-espinhal por sua
ação nos receptores opióides mu1, capa3 e delta2 (PASTERNAK GW, 1993).
evidências que sugerem que a perda de efetividade da morfina administrada no pós-
operatório seja decorrente da ativação dos receptores NMDA (WEINBROUM, 2003).
Estudos anteriores em animais evidenciaram que a cetamina reduz a
hiperalgesia e previne a indução de tolerância aos opióides (MAO et al B, 1995;
30
SNIJDELAAR et al, 2004). Outros estudos mostraram uma diminuição marcante no
consumo de opióides e na intensidade da dor na co-administração de opióides e
cetamina tanto na infusão intravenosa contínua (ROYTBLAT et al, 1993; JAVERY et
al, 1996) como por via epidural (CHIA et al, 1998).
As evidências que comprovem claramente os benefícios da s(+)cetamina
sobre a cetamina racêmica ainda são insuficientes. Não se conhece a equipotência
analgésica da morfina e da s(+)cetamina quando administrados pela via peridural,
bem como a associação com a mistura enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína
(WHITE et al, 1985). Desta forma, buscou-se avaliar a eficácia e segurança da
s(+)cetamina pela via peridural, fornecendo assim uma nova opção em droga
adjuvante com perfil analgésico que permitisse maior mobilização do paciente e
menor incidência de efeitos colaterais em relação à morfina no pós-operatório de
histerectomias abdominais (WHITE et al, 1985).
1.9 Neurotoxicidade relacionada à cetamina
Os estudos sobre a neurotoxicidade da cetamina o controversos.
Estudos realizados em macacos, ratos e coelhos após injeção única (0,3-0,6mg/Kg)
de cetamina com e sem o preservativo cloreto de benzetônio não mostraram
evidências de neurotoxicidade (MALINOVSKY et al, 1993; BORGBJERG et al,
1994). Em contraste, estudos em ratos reportaram evidências de neurotoxicidade
histopatológica com cetamina espinhal (AHUJA, 1983). Coelhos apresentaram
comprometimento no padrão da barreira hematoencefálica após injeção única de
3mg de cetamina com cloreto de benzetônio (MALINOVSKY et al, 1991), o mesmo
não ocorrendo com a cetamina sem preservativo (MALINOVSKY et al, 1993).
A partir destes trabalhos concluiu-se que a cetamina era segura para o
uso espinhal quando utilizada sem preservativo. Porém, estudo recente em coelhos
observou evidência de neurotoxicidade após injeções subaracnóideas repetidas de
s(+)cetamina sem preservativo comercialmente disponível (VRANKEN et al, 2006).
Relatos de caso em humanos também evidenciaram achados histopatológicos
sugestivos de neurotoxicidade após uso prolongado de cetamina associado a outras
drogas por via epidural (VRANKEN et al, 2005).
31
JUSTIFICATIVA
32
2 JUSTIFICATIVA
A prática médica tem experimentado verdadeira revolução desde as
últimas décadas do século passado. A anestesiologia, como uma ciência dentro do
contexto da medicina e assistência à saúde, não ficou de fora desses avanços. A
introdução de agentes cada vez mais seguros, técnicas refinadas, equipamentos
microprocessados para monitorização das funções vitais do paciente e para
administração de anestesia conferem segurança para o paciente anestesiado e
conforto para o anestesiologista.
A preocupação com o alívio da dor no pós-operatório acompanha os
estudos da prática anestésica há muitos anos. O conhecimento acerca dos fármacos
utilizados leva-nos a procurar novos métodos da analgesia mais eficazes e com
menos efeitos colaterais.
A escolha de comparar a s(+)cetamina à morfina decorreu por ser esta
última ser um opióide comumente prescrito na clínica cirúrgica, cujo uso vem sendo
questionado pela ocorrência de efeitos colaterais e hiperalgesia induzida. A
associação de s(+) cetamina e a mistura enantiométrica de bupivacaína no bloqueio
peridural não havia sido estudada até o momento do início desse estudo.
33
OBJETIVOS
34
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da utilização de
s(+)cetamina, morfina e da combinação morfina/s(+)cetamina em doses
subanestésicas sobre a qualidade do bloqueio peridural e analgesia pós-operatória
em pacientes submetidas à histerectomias abdominais.
3.2 Objetivos específicos
1. Estudar parâmetros hemodinâmicos, níveis de bloqueio motor e
sensitivo e níveis de sedação da s(+)cetamina comparados à morfina, ambas
associadas à mistura enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína em anestesia
epidural para histerectomia abdominal.
2. Estudar os efeitos analgésicos da s(+)cetamina através da Escala
Visual Analógica de Dor e do consumo de analgésicos comparados à utilização de
morfina isoladamente em pacientes submetidas à histerectomia abdominal.
3. Estudar a analgesia e incidência de efeitos adversos da associação da
morfina e s(+)cetamina comparando-os à utilização de morfina ou cetamina
isoladamente.
35
MATERIAIS E MÉTODOS
36
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 População
No período de julho de 2006 a julho de 2007 foram avaliadas 43 pacientes
com idade entre 20-60 anos que se submeteram à histerectomia abdominal no
Hospital Geral Dr. Waldemar de Alcântara, sendo excluídas as portadoras de doença
neurológica ou psiquiátrica que inviabilizaram a realização de anestesia peridural.
Houve distribuição das pacientes em três grupos:
- Grupo 1 - Grupo Cetamina (GC): administração de mistura
enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína associada à s(+)cetamina.
- Grupo 2 - Grupo Morfina (GM): administração de mistura enantiométrica
(R75-S25) de bupivacaína associada à morfina.
- Grupo 3 - Grupo Cetamina/Morfina (GCM): administração de mistura
enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína associada à morfina e s(+)cetamina.
Durante o estudo, quatro pacientes foram excluídas por problemas clínicos
(pico hipertensivo antes do bloqueio anestésico) e dificuldades técnicas. Foi
realizada conversão para anestesia geral em duas pacientes do grupo Morfina e
uma paciente do grupo Cetamina/Morfina.
4.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Ceará (ANEXO 9.1). As pacientes tomaram ciência do estudo através do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 9.2) assinado por elas.
37
4.3 Desenho
Foi realizado estudo prospectivo, aleatoriamente distribuído e duplamente
encoberto.
4.4 Avaliação Pré-operatória
As pacientes foram incluídas no estudo obedecendo aos seguintes
critérios:
a) Idade entre 20 e 60 anos.
b) Aceitar participar do estudo através do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido.
c) Não se recusar a submeter-se à anestesia peridural.
d) Não possuir nenhuma doença neurológica ou psiquiátrica que
inviabilize a anestesia do neuroeixo.
e) Pacientes classificadas como estado ASA I ou II.
De acordo com as Normas de Cuidados Anestésicos da American Society
of Anaesthesiologists (ASA), são classificados como estado físico ASA I pacientes
sem nenhuma alteração orgânica, fisiológica, bioquímica ou psiquiátrica, e pacientes
ASA II apresentam doença sistêmica leve ou moderada (AMERICAN SOCIETY OF
ANAESTHESIOLOGISTS, 1987).
38
4.5cnica anestésica
As pacientes receberam midazolam (0,1mg/kg) endovenoso como
medicação pré-anestésica, sendo monitorizadas com ometro de pulso, cardioscópio
e pressão arterial não-invasiva.
O bloqueio peridural foi realizado com as pacientes na posição sentada,
em L1-L2, com agulha de Tuohy e técnica da perda de resistência conforme
descrição de Dogliotti (1933). A punção peridural foi precedida por um botão
anestésico na pele com lidocaína 2% sem vasoconstrictor (5ml).
O volume de mistura enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína utilizado foi
de 28-30 ml, respeitando a dose máxima permitida de 3mg/kg. A dose de morfina foi
2mg e de s(+)cetamina 0,4mg/kg. No grupo onde ocorreu a associação das duas
drogas, as doses utilizadas foram morfina - 1mg e s(+)cetamina - 0,4mg/kg.
As doses de morfina utilizadas são as doses rotineiramente utilizadas por
via epidural para histerectomia abdominal na prática clínica diária. As doses
utilizadas da cetamina por via epidural variam de 0,25mg/kg até 1mg/kg. Optamos
pela utilização de uma dose intermediária que julgamos ser suficiente para
promoção da melhoria na qualidade do bloqueio epidural e da analgesia pós-
operatória, que objetivamos avaliar, tratando-se de uma dose considerada como
subanestésica e, portanto, com baixíssimo risco para desenvolvimento de efeitos
colaterais.
4.6 Parâmetros clínicos avaliados
No intra-operatório, foram avaliados os seguintes parâmetros:
a) Nível do bloqueio sensitivo utilizando o teste da picada da agulha.
Foi empregada a utilização de escores para a classificação de categorias
para os níveis sensitivos (WEIR, 1998).
- Categoria 1: bloqueio nível sensitivo >T4
39
- Categoria 2: bloqueio nível sensitivo T5-T6
- Categoria 3: bloqueio nível sensitivo < T7
b) Intensidade do bloqueio motor através da escala de Bromage
(BROMAGE, 1978).
O bloqueio motor foi avaliado utilizando a escala de Bromage a cada 15
minutos após final da administração do Anestésico por via epidural.
- Escala de Bromage
Nível 1 - Ausência de bloqueio motor.
Nível 2 - Paciente eleva membro fletindo o joelho.
Nível 3 - Paciente sem atividade motora evidente.
c) Nível de sedação através da Escala de Ramsay (MASON et al,
2006).
- Escala de Sedação de Ramsay
1. Paciente agitado pouco cooperativo.
2. Paciente acordado e responsivo a comandos.
3. Paciente sonolento, com resposta a estímulo verbal.
4. Paciente sonolento, com resposta rápida a estímulo glabelar.
5. Paciente com resposta lenta a estímulo glabelar.
6. Paciente sem resposta a estímulos.
d) Variáveis hemodinâmicas de pressão arterial (PA) e frequência
cardíaca (FC) em intervalos de 5 minutos.
As pacientes receberam vasoconstrictor sempre que a PA foi reduzida
30% abaixo do valor inicial associada à infusão rápida endovenosa de solução
cristalóide (Ringer Lactato).
40
Ao final da cirurgia, as pacientes foram encaminhadas à sala de
recuperação pós-anestésica. Foram analisados tempo para primeira solicitação de
analgésico no pós-operatório, avaliação da dor através da escala visual numérica nos
tempos 6 e 24 horas após o rmino da cirurgia e consumo de analgésico total nas
primeiras 24 horas de pós-operatório.
A analgesia foi realizada com cetoprofeno IV 100 mg 12/12 horas, onde
não existiu contra-indicação formal (gastrite, úlcera péptica, asma, alergia,
insuficiência renal, risco de sangramento) ou dipirona IV 1g 6/6 horas. Naqueles
casos onde a dor não for aliviada pelo AINE ou dipirona, foi utilizado cloridrato de
tramadol 50 mg por via intravenosa em intervalos de 6 horas.
4.7 Análise estatística
As variáveis quantitativas foram, inicialmente, analisadas pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade da distribuição. Para a estatística
descritiva, calcularam-se a média e o desvio padrão (dados paramétricos) ou a
mediana, intervalo interquartil e valores mínimo e máximo (dados não paramétricos).
Comparações intergrupos em cada tempo foram realizadas mediante o uso da
análise de variância (ANOVA) baseada em um fator (one-way analysis of variance),
associada ao teste de comparações múltiplas de Tukey (dados paramétricos), ou do
teste de Kruskal-Wallis, associado ao teste de comparações múltiplas de Dunn
(variáveis não paramétricas). Comparações intragrupos, ou seja, entre os diferentes
tempos num mesmo grupo, foram feitas mediante o uso da análise de variância
(ANOVA) para medidas repetidas complementada pelo teste de comparações
múltiplas de Tukey (dados paramétricos) ou do teste de Friedman associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn (variáveis não paramétricas) (ARMITAGE &
BERRY, 1994; MOTULSKY, 1995).
As variáveis qualitativas nominais foram expressas como frequência
absoluta e relativa, e analisadas pelo teste do qui-quadrado. Para as variáveis
qualitativas ordinais, a estatística descritiva envolveu a determinação da mediana,
intervalo interquartil e valores mínimo e máximo. O teste não paramétrico de
41
Kruskal-Wallis foi usado para comparar os três grupos de tratamento num mesmo
tempo enquanto o teste de Friedman foi utilizado para verificar diferenças entre os
diversos tempos num mesmo grupo, ambos associados ao teste de comparações
múltiplas de Dunn. Por fim, utilizou-se o teste de Wilcoxon para comparar os tempos
6 e 24 horas num mesmo grupo (ARMITAGE & BERRY, 1994; MOTULSKY, 2003).
Em todas as análises, estabeleceu-se em 0,05 (5%) a probabilidade α do
erro tipo I (nível de significância), considerando como estatisticamente significante
um valor P bicaudal menor que 0,05.
O software GraphPad Prism
®
versão 5.00 para Windows
®
(GraphPad
Software, San Diego, California, USA, 2007) foi utilizado tanto para a realização dos
procedimentos estatísticos como para a elaboração dos gráficos.
42
RESULTADOS
43
5 RESULTADOS
5.1 Características da amostra estudada
Foram incluídas no estudo 36 pacientes. A idade, o peso das pacientes e
o tempo de cirurgia não apresentaram diferença estatisticamente significante, como
mostra a tabela 1.
TABELA 1 Características das pacientes estudadas. Não foram constatadas
diferenças estatisticamente significantes entre os três grupos.
Característica
Grupos
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Tamanho da amostra
11
14
11
Idade (anos)
1
47,000 ± 10,973
48,214 ± 7,084
43,273 ± 3,823
Tempo cirúrgico
(minutos)
2
70,909 ± 22,893
65,000 ± 17,650
61,364 ± 18,853
1. Média ± desvio padrão. P = 0,2868 (ANOVA).
2. Média ± desvio padrão. P = 0,5246 (ANOVA).
5.2 Variáveis estudadas no intraoperatório
5.2.1 Pressão Arterial Média
Foi analisada a evolução temporal dos níveis de pressão arterial média
nos três grupos estudados, bem como a comparação entre os três grupos entre si.
Os níveis pressóricos foram anotados a intervalos de 15 minutos. Não foram
encontradas diferenças com significância estatística nos grupos estudados,
considerando p=0,3049.
44
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
**
*
Tempos
Preso arterial
dia (mmHg)
FIGURA 1 Evolução temporal da pressão arterial média no grupo Cetamina.
Dados expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 11
pacientes. A análise de variância para medidas repetidas foi utilizada para comparar
os diferentes tempos, associada ao teste de comparações múltiplas de Tukey, para
verificar diferenças entre os tempos dois a dois. ANOVA: F = 3,0811; P = 0,0044. **P
< 0,01 : T0 > T15 ; *P < 0,05 : T0 maior que T20, T25, T30, T35, T40, T45 e TSR
(teste de Tukey).
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
***
Tempos
Preso arterial
dia (mmHg)
FIGURA 2 Evolução temporal da pressão arterial média no grupo Cetamorf. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 14 pacientes. A
análise de variância para medidas repetidas foi utilizada para comparar os diferentes
tempos, associada ao teste de comparações múltiplas de Tukey, para verificar
diferenças entre os tempos dois a dois. ANOVA: F = 12,4189 ; P < 0,0001. *** P <
0,001 : T0 maior que T20, T25, T30, T35, T40, T45 e TSR (teste de Tukey).
45
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
**
*
Tempos
Preso arterial
dia (mmHg)
FIGURA 3 Evolução temporal da pressão arterial média no grupo Morfina. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 11 pacientes. A
análise de variância para medidas repetidas foi utilizada para comparar os diferentes
tempos, associada ao teste de comparações múltiplas de Tukey, para verificar
diferenças entre os tempos dois a dois. ANOVA: F = 3,0811; P = 0,0044. **P < 0,01 :
T0 > T35; *P < 0,05 : T0 maior que T20, T25, T30, T45 e TSR (teste de Tukey).
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Tempos
Pressão arterial média (mmHg)
FIGURA 4 Evolução temporal da pressão arterial média nos grupos Cetamina,
Cetamorf e Morfina. Dados expressos como média e desvio padrão das medições
efetuadas em 11 pacientes dos grupos Cetamina e Morfina e 14 sujeitos do grupo
Cetamorf. A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para comparar os três grupos
de tratamento num mesmo tempo, associada ao teste de comparações múltiplas de
46
Tukey, para verificar diferenças entre os grupos dois a dois. o foram constatadas
diferenças estatisticamente significantes em nenhum dos tempos.
5.2.2 Frequência Cardíaca
Foi analisada a evolução temporal dos níveis de frequência cardíaca nos
três grupos estudados, bem como a comparação entre os três grupos entre si. Não
foram encontradas diferenças com significância estatística nos grupos estudados.
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
*
Tempos
Freqüência cardíaca
(batimentos/min)
FIGURA 5 Evolução temporal da frequência cardíaca no grupo Cetamina. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 11 pacientes. A
análise de variância para medidas repetidas foi utilizada para comparar os diferentes
tempos, associada ao teste de comparações múltiplas de Tukey, para verificar
diferenças entre os tempos dois a dois. ANOVA: F = 2,2543; P = 0,0316. *P < 0,05:
TSR menor que T15 e T25 (teste de Tukey).
47
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
***
*
+
+++
###
##
#
§§§
§
Tempos
Freqüência cardíaca
(batimentos/min)
FIGURA 6 Evolução temporal da frequência cardíaca no grupo Cetamorf. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 14 pacientes. A
análise de variância para medidas repetidas foi utilizada para comparar os diferentes
tempos, associada ao teste de comparações múltiplas de Tukey, para verificar
diferenças entre os tempos dois a dois. ANOVA: F = 15,20298; P < 0,0001. *P <
0,01: T0 > T25 ; ***P < 0,001: T0 maior que T30, T35, T40, T45 e TSR ; +P < 0,05 :
T15 maior que T30 e T35 ; +++P < 0,001 : T15 maior que T40, T45 e TSR ; #P <
0,05 : T20 > T35 ; ##P < 0,01 : T20 > T45 ; ###P < 0,001 : T20 maior que T40 e
TSR ; §P < 0,05 : TSR menor que T30 e T35 ; §§§P < 0,001 : TSR < T25 (teste de
Tukey).
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
**
*
Tempos
Freqüência cardíaca
(batimentos/min)
FIGURA 7 Evolução temporal da frequência cardíaca no grupo Morfina. Dados
expressos como média e desvio padrão das medições efetuadas em 10 pacientes. A
análise de variância para medidas repetidas foi utilizada para comparar os diferentes
tempos, associada ao teste de comparações múltiplas de Tukey, para verificar
diferenças entre os tempos dois a dois. ANOVA: F = 3,0474; P = 0,0052. **P < 0,01:
TSR < T0; *P < 0,05: TSR menor que T15 e T20 (teste de Tukey).
48
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
20
40
60
80
100
120
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Tempos
Freqüência cardíaca (batimentos/min)
FIGURA 8 Evolução temporal da frequência cardíaca nos grupos Cetamina,
Cetamorf e Morfina. Dados expressos como média e desvio padrão das medições
efetuadas em 11 pacientes do grupo Cetamina, 10 do grupo Morfina e 14 sujeitos do
grupo Cetamorf. A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para comparar os três
grupos de tratamento num mesmo tempo, associada ao teste de comparações
múltiplas de Tukey, para verificar diferenças entre os grupos dois a dois. Não foram
constatadas diferenças estatisticamente significantes em nenhum dos tempos.
5.2.3 Grau de Sedação
Foi analisada a quantificação temporal dos níveis de sedação nos três
grupos estudados através dos escores de Ramsay, bem como a comparação entre
os três grupos entre si. Não foram encontradas diferenças com significância
estatística nos grupos estudados.
49
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
5
Tempos
Grau de sedão
Escala de Ramsay (escores)
FIGURA 9 Quantificação temporal do grau de sedação no grupo Cetamina,
conforme a escala de Ramsay. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 11 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significantes.
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
5
Tempos
Grau de sedão
Escala de Ramsay (escores)
FIGURA 10 Quantificação temporal do grau de sedação no grupo Cetamorf,
conforme a escala de Ramsay. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 14 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significantes.
50
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
5
Tempos
Grau de sedão
Escala de Ramsay (escores)
FIGURA 11 Quantificação temporal do grau de sedação no grupo Morfina,
conforme a escala de Ramsay. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 11 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significantes.
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
5
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Tempos
Grau de sedão
Escala de Ramsay (escores)
FIGURA 12 Quantificação temporal do grau de sedação nos grupos Cetamina,
Cetamorf e Morfina, conforme a escala de Ramsay. Dados expressos como mediana
e intervalo interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 11
pacientes dos grupos Cetamina e Morfina e 14 sujeitos do grupo Cetamorf. O teste
de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar os três grupos de tratamento num
mesmo tempo, associado ao teste de comparações múltiplas de Dunn, para verificar
diferenças entre os grupos dois a dois. Não foram constatadas diferenças
estatisticamente significantes em nenhum dos tempos.
51
5.2.4 Grau de Bloqueio Motor
Foi analisada a quantificação temporal do grau de bloqueio motor nos três
grupos estudados através da escala de Bromage, bem como a comparação entre os
três grupos entre si. Não foram encontradas diferenças com significância estatística
nos grupos estudados.
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
**
Tempos
Bloqueio motor
Escala de Bromage (escores)
FIGURA 13 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor no grupo Cetamina,
conforme a escala de Bromage. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 11 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Teste de Friedman = 69,8182; P < 0,0001. **P < 0,01: T0 menor que T20, T25,
T30, T35, T40, T45 e TSR (teste de Dunn).
52
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
**
Tempos
Bloqueio motor
Escala de Bromage (escores)
FIGURA 14 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor no grupo Cetamorf,
conforme a escala de Bromage. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 13 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Teste de Friedman = 81,6794; P < 0,0001. **P < 0,01: T0 menor que T15, T20,
T25, T30, T35, T40, e T45 (teste de Dunn).
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
*
Tempos
Bloqueio motor
Escala de Bromage (escores)
FIGURA 15 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor no grupo Morfina,
conforme a escala de Bromage. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 11 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Teste de Friedman = 50,1888; P < 0,0001. *P < 0,05: T0 menor que T20, T25,
T30, T35, T40, e T45 (teste de Dunn).
53
T0
T15
T20
T25
T30
T35
T40
T45
TSR
0
1
2
3
4
Cetamina
Cetamorf
Morfina
*
Tempos
Bloqueio motor
Escala de Bromage (escores)
FIGURA 16 Quantificação temporal do grau de bloqueio motor nos grupos
Cetamina, Cetamorf e Morfina, conforme a escala de Bromage. Dados expressos
como mediana e intervalo interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições
efetuadas em 11 pacientes dos grupos Cetamina e Morfina e 13 sujeitos do grupo
Cetamorf. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar os três grupos de
tratamento num mesmo tempo, associado ao teste de comparações múltiplas de
Dunn, para verificar diferenças entre os grupos dois a dois.
Constatou-se que em T15 o bloqueio motor verificado no grupo Cetamorf
foi significantemente maior que o observado no grupo Morfina (*P < 0,05).
5.2.5 Avaliação do nível de bloqueio sensitivo
Foi analisada a quantificação temporal dos níveis de bloqueio sensitivo
nos três grupos estudados, bem como a comparação entre os três grupos entre si.
Foi empregada a utilização de escores para a classificação de categorias para os
níveis sensitivos.
- Categoria 1: bloqueio nível sensitivo >T4
- Categoria 2: bloqueio nível sensitivo T5-T6
- Categoria 3: bloqueio nível sensitivo < T7
54
Não foram encontradas diferenças com significância estatística entre os
grupos estudados.
T15
T20
T25
T30
T35
T45
TSR
0
1
2
3
4
Tempos
Nível do bloqueio
sensitivo (escores)
FIGURA 17 Nível do bloqueio sensitivo observado no grupo Cetamina nos tempos
T15, T20, T25, T30, T35, T45 e TSR. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 11 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significantes.
T15
T20
T25
T30
T35
T45
TSR
0
1
2
3
4
Tempos
Nível do bloqueio
sensitivo (escores)
FIGURA 18 Nível do bloqueio sensitivo observado no grupo Cetamorf nos tempos
T15, T20, T25, T30, T35, T45 e TSR. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 13 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significantes.
55
T15
T20
T25
T30
T35
T45
TSR
0
1
2
3
4
Tempos
Nível do bloqueio
sensitivo (escores)
FIGURA 19 Nível do bloqueio sensitivo observado no grupo Morfina nos tempos
T15, T20, T25, T30, T35, T45 e TSR. Dados expressos como mediana e intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas em 11 pacientes. O
teste de Friedman foi usado para comparar os diferentes tempos, associado ao teste
de comparações múltiplas de Dunn, para verificar diferenças entre os tempos dois a
dois. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significantes.
T15
T20
T25
T30
T35
T45
TSR
0
1
2
3
4
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Tempos
Nível do bloqueio sensitivo (escores)
FIGURA 20 Nível do bloqueio sensitivo observado nos grupos Cetamina, Cetamorf
e Morfina nos tempos T15, T20, T25, T30, T35, T45 e TSR. Dados expressos como
mediana e intervalo interquartil (percentil 25 percentil 75) das medições efetuadas
em 11 pacientes dos grupos Cetamina e Morfina e 14 sujeitos do grupo Cetamorf. O
teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar os três grupos de tratamento num
mesmo tempo, associado ao teste de comparações múltiplas de Dunn, para verificar
diferenças entre os grupos dois a dois. Não foram constatadas diferenças
estatisticamente significantes em nenhum dos tempos.
56
5.2.6 Uso de vasoconstritor intra-operatório
Foi analisado o uso de vasoconstritor (efedrina) durante o período intra-
operatório para correção de eventual hipotensão associada ao bloqueio simpático,
não sendo evidenciada diferença com significância estatística entre os grupos
estudados.
TABELA 2 Uso de vasoconstrictor (efedrina) durante o período intra-operatório
nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina. Dados expressos como o número de
pacientes que necessitou usar ou não vasoconstrictor e analisados pelo teste do qui-
quadrado. No nível de significância de 5%, não foi constatada diferença
estatisticamente significante entre os grupos em relação à proporção de pacientes
que necessitou usar vasoconstrictor (P = 0,3049).
Uso de
vasoconstrictor
Grupos
Total
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Sim
4
3
1
8
Não
7
11
10
28
Total
11
14
11
36
5.3 Variáveis estudadas no pós-operatório
5.3.1 Analgesia pós-operatória
A analgesia pós-operatória avaliada através da Escala Visual Analógica
(EVA) e do consumo de analgésicos nas primeiras 6 e 24 horas de pós-operatório
não foi diferente entre os grupos estudados.
57
0
2
4
6
8
10
6 horas 24 horas
EVA (escores)
FIGURA 21 Avaliação da analgesia 6 e 24 horas após instalação do bloqueio
anestésico nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina, conforme a escala visual
analógica (EVA). Foram avaliados dados expressos como mediana, intervalo
interquartil (percentil 25 percentil 75) e valores mínimo e máximo das medições
efetuadas em 11 pacientes dos grupos Cetamina e Morfina e 14 sujeitos do grupo
Cetamorf. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar os três grupos de
tratamento num mesmo tempo, associado ao teste de comparações múltiplas de
Dunn, para verificar diferenças entre os grupos dois a dois. Para comparar os dois
tempos num mesmo grupo, utilizou-se o teste de Wilcoxon. Não foram constatadas
diferenças estatisticamente significantes, quer na análise intragrupo quer nas
comparações intergrupos. Intergrupos: 6 horas (Kruskal-Wallis = 1,3566; P =
0,5075), 24 horas (Kruskal-Wallis = 0,2941; P = 0,8632). Intragrupo (teste de
Wilcoxon): Cetamina (P = 0,5497), Cetamorf (P = 0,7859), Morfina (P = 0,1997).
58
TABELA 3 Uso de analgésicos durante as primeiras 6 horas após instalação do
bloqueio anestésico nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina. Dados expressos
como o número de pacientes que necessitou usar ou não analgésicos e analisados
pelo teste do qui-quadrado. Ao nível de significância de 5%, não foi constatada
diferença estatisticamente significante entre os grupos em relação à proporção de
pacientes que necessitou usar analgésicos (P = 0,6404).
Uso de
analgésicos
Grupos
Total
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Sim
6
5
5
16
Não
5
9
6
20
Total
11
14
11
36
TABELA 4 Uso de analgésicos durante as primeiras 24 horas após a indução
anestésica nos grupos Cetamina, Cetamorf e Morfina. Dados expressos como o
número de pacientes que necessitou usar ou não analgésicos e analisados pelo
teste do qui-quadrado. Ao nível de significância de 5%, não foi constatada diferença
estatisticamente significante entre os grupos em relação à proporção de pacientes
que necessitou usar analgésicos (P = 0,0934).
Uso de
analgésicos
Grupos
Total
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Sim
11
10
7
28
Não
0
4
4
8
Total
11
14
11
36
59
5.3.2 Incidência de efeitos adversos
A avaliação da incidência de efeitos adversos (náuseas, mitos e
prurido) não foi diferente entre os grupos.
TABELA 5 Ocorrência de náuseas e vômitos entre os pacientes dos grupos
Cetamina, Cetamorf e Morfina durante as primeiras 6 horas após a indução
anestésica. Dados expressos como o número de pacientes que apresentou ou não
náuseas e vômitos e analisados pelo teste do qui-quadrado. Ao nível de significância
de 5%, não foi constatada diferença estatisticamente significante entre os grupos em
relação à proporção de pacientes apresentou náuseas e vômitos (P = 0,3969).
Incidência de
náusea e vômitos
em 24h
Grupos
Total
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Sim
2
6
3
11
Não
9
8
8
25
Total
11
14
11
36
TABELA 6 Ocorrência de náuseas e vômitos entre os pacientes dos grupos
Cetamina, Cetamorf e Morfina durante as primeiras 24 horas após a indução
anestésica. Dados expressos como o mero de pacientes que apresentou ou não
náuseas e vômitos e analisados pelo teste do qui-quadrado. Ao nível de significância
de 5%, não foi constatada diferença estatisticamente significante entre os grupos em
relação à proporção de pacientes apresentou náuseas e vômitos (P = 0,3544).
Incidência de
náusea e vômitos
em 24h
Grupos
Total
Cetamina
Cetamorf
Morfina
Sim
2
2
0
4
Não
9
12
11
32
Total
11
14
11
36
60
DISCUSSÃO
61
6 DISCUSSÃO
Apesar dos avanços no conhecimento da fisiopatologia e do advento de
recursos tecnológicos e de fármacos mais modernos e seguros, o tratamento da dor
aguda pós-operatória permanece como um desafio, uma meta a ser atingida,
infelizmente ainda longe do que poderia ser considerado como ideal. Em editorial
recente (BREIVIK & STUBHAUG, 2008), a revista Pain, periódico sob a
responsabilidade da Associação Internacional para Estudo da Dor (IASP) aponta a
persistência de uma série de obstáculos organizacionais que são agravados pela
crença fortemente difundida entre alguns profissionais e gestores dos serviços de
saúde, de que a dor pós-operatória tem curta duração e função biológica.
Outro aspecto importante em relação à inadequação do controle da dor
pós-operatória reside no receio de complicações decorrentes da utilização rotineira
dos analgésicos opióides, o que justifica a procura de alternativas que apresentem a
mesma eficácia analgésica com mais segurança. Analgesia multimodal consiste na
combinação de fármacos, atuando por diferentes mecanismos de analgesia no corno
dorsal da medula espinhal, acarretando diminuição da dor pós-operatória, com
menor incidência de efeitos colaterais (KEHLET H & DAHL, 1993).
As evidências da literatura em relação à eficácia analgésica da cetamina
quando administrada no neuroeixo indicam que, quando associada ao opióide, a
cetamina previne o desenvolvimento de tolerância e hiperalgesia, possui a
característica de ligar-se através de sítio estereoespecífico ao receptor de opióide
potencializando a analgesia do opióide (FINCK & NGAI, 1982), além de possuir
propriedades semelhantes ao anestésico local. Desta forma, baixas doses de
cetamina podem desempenhar um importante papel no tratamento da dor pós-
operatória quando usada em associação a anestésicos locais, opióides ou outros
agentes analgésicos (SCHMID et al, 1999). A adição de cetamina ao anestésico
local ou outros analgésicos na analgesia e anestesia periférica ou neuroaxial
evidenciou melhora ou prolongamento no alívio da dor pós-operatória
(HIMMELSEHER & DURIEUX, 2005).
Na administração de s(+)cetamina combinada com anestésico local em
anestesia peridural para cirurgia ortopédica, foi observado efeito analgésico
62
duradouro, cerca de 48 horas, sugerindo que uma dose única de s(+)cetamina
epidural pode reduzir a dor por tempo prolongado no pós-operatório
(HIMMELSEHER et al, 2001). Entretanto, outros estudos clínicos utilizando dose
epidural simples de cetamina racêmica antes da incisão cirúrgica falharam em
demonstrar efeito analgésico duradouro (ROYTBLAT et al, 1993).
No presente estudo, a s(+)cetamina foi adicionada ao anestésico local
(mistura enantiomérica R75% de bupivacaína) e morfina com o objetivo de promover
analgesia multimodal em pacientes submetidas à histerectomia abdominal. A
avaliação da eficácia analgésica foi realizada através da comparação com morfina
associada ao anestésico local, e o que se observou foi uma similaridade entre os
grupos nas primeiras 6 horas e 24 horas. O conceito de que a prevenção da dor
requer doses repetidas ou administração contínua durante todo o tempo de duração
do estímulo doloroso não foi evidenciado, visto que a cetamina atua, principalmente,
nos canais abertos para prevenir a neuroplasticidade Quando o fármaco é
administrado antes da cirurgia, os canais estão em estado fechado, pois não existe
estímulo para abri-los. Assim, o fármaco não bloqueia canais NMDA no período pré-
incisional, mas inicia sua atuação tão logo o estímulo doloroso seja iniciado e o
bloqueio perdura pelo tempo de duração do efeito da cetamina por via epidural
(GHORPADE & ADVOKAT, 1991). Outro estudo, contudo, demonstrou que o
momento da administração não foi importante para se atingir os benefícios
intraoperatórios de pequenas doses de cetamina também em cirurgia de joelho
(reconstrução do ligamento cruzado) (MENIGAUX et al, 2000).
Assim, pode-se observar que os dados da literatura são variados e
existem dúvidas relacionadas ao melhor momento e dose para administração da
cetamina por via epidural, eventuais diferenças na eficácia analgésica da mistura
racêmica e do isômero levógiro. Outro ponto relevante para discussão encontra-se
na identificação do padrão de dor predominante provocada pelo procedimento
cirúrgico, ou seja, somática versus visceral, pois os estudos que avaliaram a eficácia
analgésica em modelos onde existe um misto de dor visceral e somática, como em
cirurgias abdominais, verificam-se achados semelhantes aos apresentados pelo
presente estudo (SUBRAMANIAM B et al , 2001; CHIA et al, 1998; AIDA et al, 2000).
A cetamina quando administrada em doses previstas para utilização por
via endovenosa promove liberação de catecolaminas resultando em aumento da
63
frequência cardíaca e da pressão arterial (SUBRAMANIAM B et al , 2001). No
presente estudo, a análise das variáveis hemodinâmicas, pressão arterial e
frequência cardíaca, demonstra ausência de alterações hemodinâmicas importantes
com a utilização de s+cetamina por via epidural.
Estudos em animais evidenciam alterações cardiovasculares mínimas
com o uso de cetamina epidural (DAVID et al, 2008). A comparação entre cetamina
e outras drogas via caudal em crianças não apresentaram alterações
hemodinâmicas significativas (KUMAR et al, 2005). Por via endovenosa, a cetamina
em doses sub-anestésicas apresentam efeitos cardiovasculares poucos
significativos em pacientes submetidos à colocação de pinos neurocirúrgicos
(AGARWAL et al, 2001).
A análise da sedação promovida pela cetamina por via epidural,
isoladamente ou associada à morfina nas doses estudadas, demonstrou ausência
de sedação importante no intra-operatório e na sala de recuperação até o período de
6 horas de s-operatório quando comparada à morfina isoladamente por via
epidural. Dados que corroboram os achados previamente publicados por Schnaider
que, avaliando a associação de cetamina com morfina por via epidural junto à
ropivacaína em cirurgia de abdome superior, não verificou aumento da sedação em
relação à utilização de morfina isoladamente (SCHNAIDER et al, 2007). Entretanto,
Subramaniam utilizando morfina associada à cetamina por via peridural, em
intervenções cirúrgicas de abdome superior, constataram que os pacientes do grupo
em que foi administrada a associação apresentaram escores de sedação mais altos
em relação ao grupo que utilizou morfina isoladamente nas duas primeiras horas de
pós-operatório. Contudo os autores utilizaram uma dose de 1mg/kg de cetamina
corroborando com os resultados do presente estudo (SUBRAMANIAM K et al, 2001).
Investigação em seres humanos avaliando segurança e eficácia da
associação da cetamina à morfina por via peridural, no pós-operatório de
intervenções cirúrgicas de abdômen superior, constatou que a adição da cetamina
melhora a analgesia sem aumentar os efeitos colaterais (SUBRAMANIAM K et al,
2001).
Durante a análise dos dados constatou-se que em T15 o bloqueio motor
verificado no grupo Cetamorf foi significantemente maior que o observado no grupo
Morfina (*P < 0,05). Estudos avaliaram a combinação de bupivacaína com diferentes
64
doses de cetamina o evidenciando alterações entre o grau de bloqueio motor
entre os grupos (WEIR et al, 1998). Estudos anteriores não evidenciaram alterações
no grau de bloqueio motor comparando-se a cetamina e morfina na anestesia
peridural. Porém quando estudado o uso intratecal de bupivacaína isolada e
associada à cetamina e a mistura de cetamina/midazolam, apresentou menor
bloqueio motor no grupo cetamina em humanos (KRISHNA et al, 2008).
Aproximadamente 90% das cirurgias ginecológicas são realizadas para
tratar patologias benignas, tendo como objetivo a melhora da qualidade de vida
(ROCK, 2001). A dor s-operatória em ginecologia tende a piorar com a
deambulação; é de intensidade moderada a intensa e interrompe o sono em 30%
das pacientes nas primeiras duas noites subsequentes à cirurgia (MARION et al,
2000). A dor pós-operatória foi o único preditor de atraso na recuperação pós-
operatória monitorada pelo telefone, sendo um fator que permitiu identificar as
pacientes que necessitavam de assistência médica adicional (HORVATH , 2003).
Essas implicações clínicas, sociais e econômicas do período de
convalescença determinam a busca de técnicas analgésicas que possam influenciar
desfechos como morbidade e qualidade de vida (MARION et al, 2000, CASTRO et
al, 2005). A histerectomia abdominal é considerada uma cirurgia de médio porte
bastante associada a dor pós-operatória de média a grande intensidade, tornando
mais difícil a recuperação das pacientes e prolongando o seu tempo de internamento
(CASTRO et al, 2005).
Após consideração das evidências sugestivas de neurotoxicidade da
s(+)cetamina, decidimos por encerrar nosso estudo apesar de não alcançarmos o
número de participantes previsto inicialmente de 60 pessoas.
65
CONCLUSÃO
66
7 CONCLUSÃO
Em histerectomias abdominais no grupo de pacientes avaliadas,
constatou-se que a associação de mistura enantiométrica (R75-S25) de bupivacaína
e s(+)cetamina mostrou-se segura e igualmente eficaz à morfina para o controle da
analgesia no pós-operatório, porém não reduziu a incidência de efeitos adversos
como náuseas e vômitos. A eficácia desta associação permitiu a redução de 50% da
dose de morfina na combinação com cetamina em termos de analgesia pós-
operatória.
67
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ketamine isomers. Studies in volunteers. British Journal of Anaesthesia, n. 57, p.
197-203, 1985.
74
ZIMMMERMAN DL E STEWART J, Postoperative Pain Management and Acute Pain
Service activity in Canada; Canadian Journal of Anaesthesia, n. 40, p. 568-575,
1993.
75
ANEXOS
76
9 ANEXOS
9.1 APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEA
77
9.2 FICHA DE AVALIAÇÃO CLÍNICA PROTOCOLO LEVOBUPI/S(+)CETAMINA-
MORFINA
Identificação
Nome:_____________________________________Sexo:____ Idade______ Nº DO PACIENTE____
Prontuário:_________________ Enf:________ Leito:______ Clínica:__________
Cirurgia Proposta:______________________________ Reoperação: S___N____
II- Técnica
PERIDURAL com ______ml de Novabupivacaína 0,5%(Dose ______mg)
SEDAÇÃO:
Midazolam Dose:___mg Ramsay: ____
Duração da Cirurgia:_____ Complicação no Trans operatório: S/ N
Qual?_____________________________________________________________
Transfusão sanguinea trans-operatória: S___ N___
Indicação:__________________________________________________________
Momento da Indicação:___________(tempo entre inicio da cirurgia e indicação)
Colhidos Ht ____ Hb____ Valores:_______________-
III- Avaliação Trans-operatória (1ª hora)
Evento/tempo
T0´
T5’
T10’
T15’
T20’
T25’
T30’
T35’
T40’
T45’
T50’
T55’
T60’
Bloq sensitivo
Bromage
Ramsay
FC
PA
(x) Uso de metaraminol queda de pressão >/= 30% valor inicial
(*) Uso de atropina Queda de FC a valores </= 45bpm
Avaliação trans-operatória 2
a
. hora
Evento/tempo
T65´
T70’
T75’
T80’
T85’
T90’
T95’
T100’
T105’
T110’
T120’
Bloq sensitivo
Bromage
Ramsay
FC
PA
(x) Uso de metaraminol queda de pressão >/= 30% valor inicial
(*) Uso de atropina Queda de FC a valores </= 45bpm
IV- Encaminhamento para Sala de Recuperação
Dados Hemodinâmicos: PA___________ FC___________
78
Ramsay___________
Bromage__________
Nível sensitivo__________
V PÓS OPERATÓRIO TEMPOS 6, 24 HORAS
Ramsay
T6
T24
Bromage
EVN
NAUSEAS/VÕMITOS
COMPLICAÇÃO
ANALGÉSICO
PROTOCOLO
IDADE 20 60 ANOS
ASA I E II SEM DOENÇA NEUROLÓGICA OU PSIQUIÁTRICA
CIRURGIA HISTERECTOMIA ABDOMINAL
DROGAS
MIDAZOLAM 0,1MG/KG
NOVABUPI 28-30 ML(3MG/KG)
GRUPOS
GM MORFINA 2MG
GC CETAMINA 0,4 MG/KG
GCM 1MG DE MORFINA + 0,4 MG/KG DE CETAMINA
Escala de Bromage
1 -Ausência de bloqueio motor
2 -Pte eleva membro fletindo o joelho
3 Pte sem atividade motora evidente
Escala de Sedação de Ramsay
1 -Pte agitado pouco cooperativo
2 -Pte acordado e responsivo a comandos
3 Pte sonolento, com resposta a estímulo verbal
4 Pte sonolento, com resposta rápida a estímulo glabelar
5 Pte com resposta lenta a estímulo glabelar
6 Pte s/ resposta
79
9.3 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU
RESPONSÁVEL LEGAL
1. NOME DO PACIENTE___________________________________________
DOCUMENTO DE IDENTIDADE N
O
: ______________________ SEXO: M( ) F( )
DATA DO NASCIMENTO: ___/___/___
ENDEREÇO:_________________________________N
O
:______APTO:_________
BAIRRO:______________________CIDADE:_________________CEP:__________
TELEFONES: DDD (____) _____________________________________
2. RESPONSÁVEL LEGAL
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador, etc):_________________________
DOCUMENTO DE IDENTIDADE N
O
: ______________________ SEXO: M( ) F( )
DATA DO NASCIMENTO: ___/___/___
ENDEREÇO:_________________________________N
O
:______APTO:_________
BAIRRO:______________________CIDADE:_________________CEP:__________
TELEFONES: DDD (____) _____________________________________
II DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
TÍTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA: ANÁLISE COMPARATIVA DO PERFIL
DE SEGURANÇA E EFICÁCIA ANALGÉSICA DA S(+)CETAMINA COM OU SEM
MORFINA NA ANESTESIA PERIDURAL PARA HISTERECTOMIA ABDOMINAL.
PESQUISADOR: Daniela Lima Chow Castillo
CARGO/FUNÇÃO: médica anestesiologista
INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA: 8097
UNIDADE HOSPITALAR: CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL WALDEMAR DE
ALCÂNTARA
DURAÇÃO DA PESQUISA: 08 meses
80
A cirurgia para retirada do útero é chamada de histerectomia e
normalmente é realizada com anestesia peridural, aquela que é feita nas costas e que
deixa o corpo adormecido da cintura para baixo. Neste tipo de anestesia o remédio
que deixa dormente é colocado no espaço no espaço que fica entre os ossos da
coluna. A histerectomia é uma cirurgia que dói muito quando passa o efeito da
anestesia. Para diminuir a dor depois que passa o efeito do remédio que adormece
(anestésico local) sempre que se faz a cirurgia para retirada do útero juntamente com
o remédio que anestesia (na mesma injeção) é colocado um remédio muito forte para
diminuir a dor. Este remédio se chama morfina. A morfina é um remédio muito bom e
que realmente melhora muito a dor depois que passa a anestesia. Mas tem alguns
efeitos que ela provoca que incomodam, principalmente a coceira e a vontade de
vomitar. Este estudo está sendo feito para ver se outro remédio, chamado
s(+)cetamina, que é um analgésico forte e também, como a morfina pode ser colocado
na anestesia junto com o remédio para adormecer serve para diminuir a dor depois
que passa o efeito da anestesia. O que nós estamos procurando ver é se a
s(+)cetamina tira a dor tão bem como a morfina, sem a coceira e vômitos que
incomodam depois da cirurgia.
Todo procedimento ocorrerá como é feito normalmente no hospital para
todas as pacientes que fazem este tipo de cirurgia. Você deverá se internar para a
cirurgia, como de costume para qualquer operação. Você ficará em jejum após a
meia-noite. A operação ocorrerá normalmente, a anestesia peridural iniciando às 08
horas. Durante o procedimento serão a pressão arterial e a frequência do coração.
Logo após a aplicação da anestesia serão aplicados testes de sensibilidade usando
algodão frio ou ponta de agulha aplicada delicadamente sob a pele para que se possa
saber em que altura ficou sua anestesia. Imediatamente após o final da cirurgia será
avaliado o grau de sonolência observando se responde a chamados e atende a
pedidos simples. A dor será avaliada utilizando uma régua onde você poderá ver
rostos felizes ou tristes e você apontará com o dedo qual o rosto mais parece no
momento da avaliação. Estas avaliações serão repetidas 6 horas e 24 hora depois de
terminada a sua cirurgia. Tudo será conduzido proporcionando o seu conforto. Não
existe risco adicional nesta pesquisa, que tanto a morfina como a s(+)cetamina
são medicações utilizadas neste tipo de anestesia para este e outro tipos de cirurgias.
Os benefícios esperados com a realização desta pesquisa são um melhor controle da
dor depois da cirurgia para retirada do útero diminuindo os incômodos da morfina,
81
principalmente os mitos e a coceira. Você estará sempre acompanhado por um
médico. Esta pesquisa será realizada no Hospital Waldemar de Alcântara e sua
segurança, sigilo e privacidade serão mantidos sempre. Você poderá se retirar da
pesquisa a qualquer momento sem prejuízo para seu atendimento. O tempo de
duração da pesquisa será de 24 horas para cada voluntário e oito meses de duração
total. Caso aconteça alguma reação indesejável: tontura, visão borrada, alucinações
ou outra aqui não relacionada e que tenha relação com algum dos remédios utilizados
você terá total assistência médica pela pesquisadora. Se desejar maiores
esclarecimentos, entrar em contato com a Dra Daniela Chow tel: 99226212 -
32198339, ou Comitê de Ética em Pesquisa tel 40098338.
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que, após convenientemente
esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em
participar do presente Protocolo de Pesquisa.
Data - ___/___/___
Assinatura do voluntário:______________________________________
Assinatura do pesquisador (carimbo):_____________________________
82
C347s Castillo, Daniela Lima Chow
Análise comparativa do perfil de segurança e eficácia analgésica da
s(+)cetamina com ou sem morfina na anestesia peridural para
histerectomia abdominal / Daniela Lima Chow Castillo. Fortaleza,
2009.
81f. : il.
Orientadora: Profª. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Ceará.
Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Farmacologia.
1. Ketamina 2. Morfina 3. Bupivacaína 4. Analgesia I. Moraes, Maria
Elisabete Amaral de (Orient.) II. Título.
CDD: 617.964
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