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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
EMA MARIA EGERLAND
COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS
FLORIANÓPOLIS, SC
2009
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i
COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS
por
Ema Maria Egerland
Orientador: Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física
Área de Concentração de Teoria e Prática Pedagógica em Educação Física
Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina,
Como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Física.
Outubro, 2009
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA.
A dissertação: COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS
Elaborada por: Ema Maria Egerland
e aprovada em 29/10/2009, por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pelo
Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito parcial à obtenção do título de
MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Área de concentração
Teoria e Prática Pedagógica em Educação Física
____________________________________
Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Física
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________
Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento
_____________________________________________
Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs
_____________________________________________
Prof. Dra. Saray Giovana dos Santos
iii
AGRADECIMENTOS
Aos treinadores catarinenses que participaram da coleta de dados, disponibilizando seu
escasso tempo livre para responder aos questionários.
Às Fundações Municipais de Desporto do Estado de Santa Catarina pelo auxílio e
interesse nesta investigação.
Ao CAPES e FAPESC pelo apoio a esta investigação.
Ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de
Santa Catarina, aos coordenadores, Dr. Luis Guilherme Antonacci Guglielmo, Dra. Saray
Giovana dos Santos, sempre presentes nos momentos de incertezas incentivando na
caminhada, levarei vocês no coração.
Aos funcionários, Deni (secretário CDS), Thiago, Paulo (secretaria Pós-Graduação)
muito obrigada pela amizade e carinho.
Aos professores do mestrado da Universidade Federal de Santa Catarina, obrigada
pelos ensinamentos e amizade.
A UNOESC pela iniciativa e acolhida para realização do Minter Educação Física”.
A Universidade Regional de Blumenau (FURB) pela compreensão e estímulo.
Aos professores da FURB, Arthur José Novaes (com carinho especial), Ivo da Silva,
João de Aquino obrigada pelo incentivo constante.
Ao LAPE Laboratório de Pedagogia do Esporte da UFSC, obrigada pela acolhida e
paciência, à Carine Collet por estar sempre à disposição quando precisei, Júlio Rocha
obrigada pelas risadas, e demais colegas pela companhia.
Aos colegas do MINTER, pela amizade construída nesse período em que enfrentamos
a mesma luta, nunca esquecerei vocês.
Ao Jorge Both pela colaboração constante e parceria no percurso desta investigação.
Ao Professor Dr. Juarez Vieira do Nascimento meu orientador que durante esse
percurso contribuiu para meu crescimento pessoal e profissional, meus sinceros
agradecimentos.
Aos amigos inesquecíveis Yury, Solange e Ingrid e também minha família, amo vocês.
iv
SUMÁRIO
LISTA DE ANEXOS ...............................................................................................................vi
LISTA DE APÊNDICES........................................................................................................vii
LISTA DE TABELAS ...........................................................................................................viii
RESUMO..................................................................................................................................ix
ABSTRACT...............................................................................................................................x
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11
O problema do estudo .........................................................................................................11
Objetivos .............................................................................................................................13
Justificativa..........................................................................................................................14
Organização do trabalho......................................................................................................15
Referências Bibliográficas ..................................................................................................16
2 COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PERCEBIDA DE TREINADORES
ESPORTIVOS CATARINENSES ..................................................................................18
Introdução............................................................................................................................19
Método ................................................................................................................................20
Resultados e Discussão .......................................................................................................22
Conclusões ..........................................................................................................................30
Referências Bibliográficas ..................................................................................................30
3 AS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS
CATARINENSES .............................................................................................................34
Introdução............................................................................................................................35
Procedimentos Metodológicos ............................................................................................37
Resultados e Discussão .......................................................................................................39
Conclusões ..........................................................................................................................45
Referências Bibliográficas ..................................................................................................46
4 NÍVEL DE ASSOCIAÇÃO ENTRE A IMPORTÂNCIA ATRÍBUIDA E A
COMPETÊNCIA PERCEBIDA DE TREINADORES ESPORTIVOS .....................49
Introdução............................................................................................................................50
Procedimentos Metodológicos ............................................................................................52
Resultados e Discussão .......................................................................................................53
Conclusões ..........................................................................................................................60
Referências Bibliográficas ..................................................................................................60
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES .......................................................................................63
v
Síntese das conclusões ........................................................................................................63
Recomendações para investigações futuras na área............................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................65
APÊNDICES ...........................................................................................................................72
ANEXOS..................................................................................................................................84
vi
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A Parecer Consubstanciado Projeto nº337/08 .....................................................85
ANEXO B Certificado Comitê de Ética................................................................................86
vii
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A Termo de Consentimento Livre Esclarecido.................................................73
APÊNDICE B Carta de apresentação....................................................................................74
APÊNDICE C Matriz analítica..............................................................................................75
APÊNDICE D - Instrumento de pesquisa ................................................................................79
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características sócio-demográficas e profissionais dos treinadores considerando as
regiões do estado.......................................................................................................................23
Tabela 2 - Nível de competência profissional percebida considerando os ciclos vitais dos
treinadores.................................................................................................................................24
Tabela 3 - Nível de competência profissional percebida considerando os ciclos de
desenvolvimento profissional dos treinadores..........................................................................27
Tabela 4 - Nível de competência profissional percebida considerando o tipo de
modalidade que os treinadores atuam. ......................................................................................29
Tabela 1 - Características sócio-demográficas e profissionais dos treinadores considerando as
regiões do estado.......................................................................................................................39
Tabela 2 - Nível de importância atribuída às competências profissionais considerando a
formação acadêmica dos treinadores. .......................................................................................41
Tabela 3 - Nível de importância atribuída às competências profissionais considerando os
ciclos vitais dos treinadores. .....................................................................................................42
Tabela 4 - Nível de importância atribuída às competências profissionais considerando o nível
das competições que os treinadores atuam. ..............................................................................44
Tabela 1 - Nível de importância atribuída às competências profissionais pelos treinadores
esportivos catarinenses. ............................................................................................................54
Tabela 2 - Nível de competência profissional percebida pelos treinadores esportivos
catarinenses...............................................................................................................................54
Tabela 3 - Nível de correlação entre as dimensões e respectivos indicadores da importância
atribuída às competências profissionais pelos treinadores esportivos catarinenses. ................55
Tabela 4 - Nível de associação entre as dimensões e respectivos indicadores da competência
profissional percebida pelos treinadores esportivos catarinenses.............................................56
Tabela 5 - Nível de associação entre a importância atribuída e a competência percebida dos
treinadores esportivos catarinenses...........................................................................................58
ix
COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS
Ema Maria Egerland
Orientador: Juarez Vieira do Nascimento
Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar o nível de competência percebida e a
importância atribuída às competências profissionais de treinadores esportivos do estado de
Santa Catarina. Para tanto, foi necessário identificar o nível de competência profissional
percebida de treinadores, considerando os ciclos vitais, os ciclos de desenvolvimento
profissional e o tipo de modalidade que atuam; constatar o nível de importância atribuída às
competências profissionais de treinadores, considerando a formação acadêmica, os ciclos
vitais, o nível das competições que atuam e o pluriemprego; e verificar o nível de associação
entre a importância atribuída às competências e a competência profissional percebida de
treinadores. O processo de seleção da amostra foi estratificado de acordo com as regiões do
estado de Santa Catarina, participando da investigação 213 treinadores, de ambos os sexos,
que atuam em modalidades coletivas e individuais nas diferentes Fundações Municipais de
Esportes. Na coleta de dados foram empregadas as versões adaptada e modificada da Escala
de Auto-percepção de Competência (EAPC). Os testes qui-quadrado, de razão de
verossimilhança, de correlação de Spearman e a regressão logística binária, contidos no
programa SPSS versão 11.0, foram empregados na análise estatística dos dados, cujo nível de
significância adotado foi de 5%. Os resultados encontrados confirmam a elevada valorização
dos conhecimentos de biodinâmica, psico-sócio-culturais, gestão e legislação e teoria e
metodologia do esporte, bem como das habilidades de planejamento e gestão esportiva,
avaliação, comunicação e integração, auto-reflexão e atualização profissional para a
intervenção de treinadores esportivos. Os treinadores investigados revelaram elevada
percepção de competência profissional, bem como o maior domínio dos conhecimentos sobre
gestão e legislação do esporte pelos treinadores mais experientes e com idades mais
avançadas. O nível de competência percebida dos treinadores parece aumentar de acordo com
a progressão nos ciclos de desenvolvimento profissional. Além de confirmarem os constructos
das dimensões investigadas, as evidências encontradas auxiliaram na identificação de algumas
potencialidades e necessidades profissionais, destacando-se os conhecimentos profissionais de
Teoria e metodologia do treinamento esportivo.
Palavras-chave: Competências profissionais, Competência Percebida, Esporte, Treinadores.
x
PROFESSIONAL COMPETENCIES OF SPORT COACHES
Ema Maria Egerland
Advisor: Juarez Vieira do Nascimento
Abstract: The purpose of this study was the analysis of the perceived competence and the
assigned importance to professional competencies of the sport coaches in the Brazilian state
of Santa Catarina. For both, it was necessary to identify the level of the perceived
competence level of coaches, considering the vital cycles, the professional developing cycles
and their acting modality type; to note the assigned importance level to the professional
competences of coaches, considering the academic graduation, the vital cycles, the
competition level in which they act and the multiple jobs; and verify the association level
between the assigned importance to the competences and the perceived professional
competence of coaches. The process of sampling selection was stratified according to the
regions of the Brazilian state of Santa Catarina, in an investigation with 213 coaches, of both
genders, that act in collective and individual modalities in different Municipal Sport
Foundations. In the data collecting there were employed the adapted and modified version of
the Self-Perception Scale of Competence (EAPC). The chi square tests, the likelihood ratio,
the Spearman’s rank correlation coefficient and the binary logistic regression, contained in the
program SPSS version 11.0, were employed in the statistical data analysis, with significance
level of 5%. The results confirms the high recovery of knowledge in biodynamic, psycho-
socio-cultural, management and legislation and theory and methodology of sport, as well as
planning skills and sport management, assessment, communication and integration, self-
reflection and professional update for sport coaches intervention. The investigated coaches
revealed high perception of professional competence, as well as higher domain of sport
management and legislation by more experienced coaches and with advanced ages. The level
of perceived competence of coaches seems to be increased with the progression in their
professional developing cycles. Beyond the confirmation of the investigated dimensions of
the construct, the found evidences were helpful to identify some capabilities and professional
needs, highlighting the professional knowledge of the Theory and methodology of sport
coaching.
Key words: Professional Competences, Perceived Competence, Sport, Coaches.
11
INTRODUÇÃO
O problema do estudo
O sucesso em qualquer área profissional está ligado à dedicação, ao trabalho árduo,
ao planejamento e à busca constante de inovações. Além disso, há necessidade de utilizar
tecnologias avançadas nos estudos e pesquisas que atualizam os profissionais, e nisto, o
treinador esportivo não é exceção.
Na atualidade, as informações surgem de forma rápida, acelerando a busca do
conhecimento para melhoria pessoal e, consequentemente, profissional, aplicando estes
conhecimentos na prática. A busca da excelência na performance esportiva faz com que o
treinador reflita sobre os seus conhecimentos adquiridos no início da carreira para que possam
ser adaptados ou substituídos pelas novas informações geradas pelas pesquisas. Neste
processo, modificam-se os métodos de trabalho e são adquiridas novas habilidades
proporcionando segurança para o desempenho profissional.
O treinador é freqüentemente contratado para treinar uma equipe ou atletas de uma
modalidade, durante determinado período de tempo, recebendo uma remuneração bastante
modesta, tendo-se em conta as exigências da sua intervenção profissional. Embora a
compensação financeira de treinadores de equipes adultas e de alto rendimento seja maior
daquela recebida pelos treinadores que atuam com crianças e jovens, a permanência do
profissional no comando da equipe geralmente é garantida por meio do sucesso ou vitórias.
Entretanto, Nascimento (2002) comenta que nem sempre o sucesso da equipe pode garantir a
permanência do treinador, porque fatores como relação com os dirigentes e meios de
comunicação social podem proporcionar a rescisão do contrato.
O exercício da função de treinador, de acordo com Araújo (1997), implica na tomada
de decisões organizadas com base em critérios que seguem determinada ordem de prioridade
em domínios distintos, como a organização do treinamento, a liderança e as formas de
comunicação com os jogadores e auxiliares, bem como as estratégias e táticas decorrentes da
análise do jogo, a gestão e controle da capacidade de concentração e as pressões decorrentes
durante a competição. Em relação às competências que o treinador deve possuir, Balbino
12
(2005) acrescenta que é necessário dominar um conjunto de competências para resolver
desafios que têm significado múltiplo no processo de treinamento, as quais possam atender as
demandas físicas, mentais, sociais, emocionais e espirituais dos atletas. Essas competências
compreendem os domínios corporal sinestésico, verbal lingüístico, espacial, lógico,
interpessoal e intrapessoal.
Na literatura consultada observa-se que há determinado consenso sobre as principais
características de um bom treinador, no que diz respeito ao domínio de conhecimentos de
anatomia, cinesiologia, fisiologia, biomecânica, medicina esportiva e psicologia
(BARBANTI, 1996; BOMPA, 2005; DANTAS, 2003; SCHMOLINSKY, 1992;
VERKHOSHANSKI, 2001), bem como de física, matemática e computação (DANTAS,
2003; VERKHOSHANSKI, 2001). O treinador deve ser responsável pelo treinamento
técnico-tático e controle direto dos atletas, assumindo a liderança sobre a comissão técnica
(DANTAS, 2003), mantendo uma boa relação interpessoal com os jogadores, o emprego de
metodologia adequada, o planejamento das sessões, o domínio de conhecimentos das
características dos atletas, o gosto pelo que faz e saber motivar (CUNHA et al., 2000).
A intervenção em equipes esportivas não se restringe mais a preparação física e
técnica dos atletas, requerendo dos treinadores o domínio de conceitos de diferentes áreas,
assim como de habilidades e atitudes para auxiliar na formação do ser humano e também para
desempenhar atividades investigativas e de gestão. Além disso, o treinamento profissional é
uma atividade que exige versatilidade, nomeadamente em administrar a multiplicidade de
tarefas que envolvem diferentes dimensões (MEINBERG, 2002).
Ao comentarem sobre o papel do treinador no desenvolvimento esportivo, Moreno,
Del Villar (2004) e Pascual et al (2006) destacam que este profissional deve ter uma formação
acadêmica e profissional, necessita possuir um caráter reflexivo e crítico sobre sua prática,
uma profunda convicção da validade do trabalho coletivo e consiga se adequar aos avanços do
conhecimento científico, técnico e profissional do treinamento esportivo.
O sucesso de um treinador também depende de sua filosofia de vida e de trabalho,
que determina suas crenças e princípios que guiam suas ações. A filosofia adotada, além de
determinar o uso adequado dos conhecimentos, marca o estilo e os objetivos do treinador
(BOMPA, 2002a; MARTENS, 2002; SAMULSKI, MORAIS, 1999). Na investigação com
treinadores de alto rendimento, Ramirez (2002) observou a adoção de filosofia de treino
dinâmica, aberta e passível de mudanças, a qual estava necessariamente relacionada com a
forma de vida dos treinadores.
13
Apesar da carência de estudos sobre os conhecimentos, as habilidades e as atitudes
necessárias ao desempenho profissional de treinadores esportivos, alguns autores ressaltam
que é necessário possuir conhecimentos e experiências que ultrapassem as vivências de atleta
(ARAÚJO, 1997; ROSADO, 2000), porque somente o conhecimento específico da
modalidade não basta, tornando-se necessário acompanhar a evolução dos conhecimentos
científicos aplicados ao contexto esportivo (BALBINO, 2005). Destacam ainda a importância
de uma boa formação do treinador para garantir a organização e o alcance das metas no
processo de treinamento (FILIN, GOMES e SILVA, 1996; LIMA, 1998), assim como o
domínio de competências especiais que proporcionem a qualificação necessária para auxiliar
os principiantes a se tornarem atletas adultos confiantes e confiáveis (COTE, SALMELA e
RUSSELL, 1995) e para treinar equipes olímpicas (MATEOZO, 1971).
Na tentativa de identificar a percepção de competência de treinadores portugueses de
modalidades distintas, Simão (1998) constatou que os treinadores investigados apresentaram
menor percepção de domínio dos conhecimentos relacionados ao corpo humano e das
relações sócio-esportivas, quando comparados com as competências relativas à metodologia
do treinamento (conhecimentos de programação, planificação e estruturação). O instrumento
elaborado por Simão (1998) foi adaptado à modalidade de voleibol no estudo desenvolvido
por Resende, Mesquita e Fernandez (2007), o qual detectou que o sexo e a experiência
profissional são variáveis que não parecem interferir substancialmente nas concepções de
treinadores acerca das competências que necessitam dominar para o exercício qualificado da
função de treinador de voleibol.
Diante do exposto, o presente estudo foi realizado para responder ao seguinte
problema: Qual o nível de competência percebida e a importância atribuída às competências
profissionais de treinadores esportivos do Estado de Santa Catarina?
Objetivos
Objetivo geral
Investigar as características e as interações da competência percebida e a importância
atribuída às competências profissionais de treinadores esportivos do Estado de Santa Catarina.
14
Objetivos Específicos
a) Analisar o nível de competência profissional percebida de treinadores esportivos
considerando os ciclos vitais, os ciclos de desenvolvimento profissional e o tipo de
modalidade que atua.
b) Constatar a importância atribuída às competências profissionais pelos treinadores
esportivos considerando a formação acadêmica, os ciclos vitais, o nível de
competições que atua e o pluriemprego.
c) Verificar o nível de associação entre a importância atribuída as competências e a
competência profissional percebida de treinadores esportivos catarinenses.
Justificativa
A realização deste estudo se justifica pela iniciativa de fornecer dados relevantes
para a elaboração de projetos pedagógicos voltados à formação inicial de bacharéis em
Educação Física, a partir das competências consideradas necessárias pelos profissionais que
atuam na área. Além disso, as informações coletadas poderão contribuir para a formação
permanente e para a criação de um sistema de certificação profissional de treinadores
esportivos.
A formação dos treinadores tem se baseado em suas experiências como atletas e
numa formação acadêmica generalizada. As novas diretrizes curriculares de Educação Física
exigem a implementação de projetos pedagógicos que possam atender às demandas e
especificidades das áreas de intervenção profissional, nomeadamente a de treinador esportivo.
A escassez de estudos centradas no treinador e suas competências, também justifica a busca
de respostas referente à formação básica e a formação continuada necessária para ser treinador
no alto rendimento, uma das profissões mais almejadas pelos profissionais de Educação Física
nos tempos atuais.
A expectativa de fornecer subsídios para área do treinamento esportivo, auxiliando
de uma maneira ampla e concreta no papel desempenhado pelo treinador, diagnosticando suas
necessidades e refletindo sobre seus domínios, constitui uma das metas desta investigação,
buscando assim a melhor performance profissional e com isto a qualidade necessária para
busca de resultados formativos e competitivos.
15
Organização do trabalho
O trabalho investigativo foi organizado em cinco capítulos, compreendendo a
apresentação do problema de estudo e sua importância, três artigos originais que foram
encaminhados aos periódicos indexados e qualificados da área e a síntese dos estudos e
sugestões.
No primeiro capítulo consta a introdução do estudo, na qual se buscou relatar o
problema que justificou a sua realização, bem como os objetivos geral e específicos.
Considerando que o sucesso de treinadores esportivos depende tanto da utilização
adequada de competências quanto do sentimento de segurança manifestado em relação às
competências inerentes ao desempenho profissional, o segundo capítulo compreende um
estudo descritivo que procurou analisar o nível de competência profissional percebida de
treinadores esportivos catarinenses, considerando os ciclos vitais, os ciclos de
desenvolvimento profissional e o tipo de modalidade que atuam. O artigo resultante deste
estudo foi encaminhado para publicação na Revista da Educação Física/UEM.
Diante do fato de que os estudos são mais sugestivos do que conclusivos sobre as
características que deve possuir um bom treinador, o terceiro capítulo procurou constatar o
nível de importância atribuída às competências profissionais de treinadores esportivos
catarinenses, considerando a formação acadêmica, os ciclos vitais e o nível das competições
que atuam. A realização da investigação foi justificada pela necessidade de fornecer dados
relevantes à formação inicial e permanente de treinadores, bem como contribuir no processo
de certificação profissional de treinadores esportivos. O artigo resultante deste estudo foi
aprovado para publicação na Revista Motriz.
Outro aspecto detectado é a carência de estudos que procuram abordar as
potencialidades e necessidades profissionais de treinadores, a partir da comparação da
importância atribuída às competências com o nível de competência percebida. Nesta
perspectiva, o quarto capítulo procurou constatar o nível de associação entre a importância
atribuída às competências e a competência profissional percebida de treinadores esportivos
catarinenses. O artigo resultante deste estudo foi encaminhado para publicação na Revista
Pensar a Prática.
16
Para finalizar, o quinto capítulo foi dedicado a síntese das conclusões dos estudos
realizados, como também às sugestões para realização de futuras investigações na área do
treinamento esportivo, nomeadamente de treinadores esportivos.
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17
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VERKHOSHANSKI, Y. V. Treinamento desportivo: teoria e metodologia. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
18
COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PERCEBIDA DE TREINADORES ESPORTIVOS
CATARINENSES
1
Ema Maria Egerland
Juarez Vieira do Nascimento
Jorge Both
Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar o nível de competência profissional percebida
de treinadores esportivos catarinenses, considerando os ciclos vitais, os ciclos de
desenvolvimento profissional e o tipo de modalidade que atuam. O processo de seleção da
amostra foi estratificado de acordo com as regiões do estado de Santa Catarina, participando
da investigação 213 treinadores. O instrumento de coleta de dados foi a Escala de Auto-
percepção de Competência (EAPC) adaptada de Simão (1998). Na análise estatística dos
dados foram empregados os testes qui-quadrado, razão de verossimilhança e a regressão
binária, contidos no programa SPSS versão 11.0, cujo nível de significância adotado foi de
5%. Os resultados evidenciaram a elevada percepção de competência dos treinadores, bem
como o maior domínio dos conhecimentos sobre gestão e legislação do esporte pelos
treinadores mais experientes e com idades mais avançadas. Conclui-se que o nível de
competência percebida dos treinadores parece aumentar de acordo com a progressão nos
ciclos de desenvolvimento profissional.
Palavras-chave: Competência percebida, Treinadores, Esportes.
PROFESSIONAL COMPETENCE PERCEIVED IN SPORTS COACHES FROM
SANTA CATARINA STATE
Abstract: The aim of this study was to analyze the degree of professional competence
perceived in sports coaches from Santa Catarina State, considering vital cycles, professional
developing cycles, and the kind of modality they perform. The selection process of the sample
occurred according to the regions of Santa Catarina State, participating of the investigation
213 coaches. The collecting data instrument was the Self-perception Competence Scale
adapted from Simão (1998). For the statistical data analysis the Chi-square test, likelihood
1
Artigo encaminhado para publicação na Revista da Educação Física/UEM.
19
ratio and regression binary logistic were used, from SPSS program version 11,0, whose
degree of significance adopted was 5%. The results showed the coaches' high perception of
competence, as well a higher knowledge about sports management and law by the oldest and
the most experienced coaches. It was concluded that the degree of competence perceived in
the coaches seems to increase according to the progression in the professional developing
cycles.
Key words: Competence perceived, Coaches, Sports.
Introdução
A investigação das percepções pessoais de competência é justificada freqüentemente
pela necessidade de registrar a percepção do ser humano no contexto que atua, bem como de
compreender o modo como o indivíduo identifica os seus resultados comportamentais nos
mais variados contextos, com destaque para os contextos de realização pessoal. Além disso,
busca entender o processo pelo qual determinadas ações influenciam e motivam a ação de um
indivíduo (FARIA, 2002; NASCIMENTO, 1999b e 2000)
A percepção de competência profissional tem sido usualmente definida como o
sentimento que o profissional revela em relação as suas capacidades para desempenhar
funções profissionais, considerando os conhecimentos adquiridos e as experiências
acumuladas no campo de sua especialização (BATISTA, 2008; BATISTA; GRAÇA;
MATOS, 2008; COSTA et al., 2004; COSTA; NASCIMENTO, 2006; NASCIMENTO, 2000;
ROSADO, 2000). Sobre este assunto, Batista (2008) e Nascimento (1999b e 2000)
esclarecem que o desempenho profissional competente resulta não só do nível de competência
adquirida, mas também da auto-avaliação que cada um faz das suas próprias competências.
O fato de o indivíduo acreditar nas suas próprias capacidades tem sem dúvida impacto
significativo no rendimento profissional. A avaliação da competência percebida possui um
valor importante na medida em que, de acordo com Bandura (1977 e 1986), as expectativas de
eficácia pessoal não só influenciam a quantidade de esforço a distender, mas também o grau
de persistência, em face aos obstáculos que os indivíduos se confrontam. Um aspecto a
destacar é que algumas investigações sobre as convicções pessoais de auto-eficácia (JESUS;
ABREU, 1994; LOSIER; WALLERAND, 1995; ONOFRE; COSTA, 1994; PAJARES, 1996;
RUDOLPH; MCAULEY, 1996; SACKS, 1995) têm providenciado importantes contribuições
20
para o aconselhamento vocacional, formação profissional e para definição de estratégias de
intervenção na carreira.
No caso específico do treinador esportivo, Rosado (2000) comenta que dominar as
competências profissionais significa saber quando, como e por que aplicá-las, reconhecendo a
preocupação do treinador com o desenvolvimento da capacidade de tomada de decisão que
possibilite a transferência da competência, tanto de contexto para contexto, quanto de situação
para situação. De fato, o treinador não transfere para o treino e para a competição qualquer
competência, mas a competência individual construída a partir da formação recebida para
desempenhar suas funções (BENTO, 2006). Da mesma forma, o desenvolvimento de
competências pode ocorrer de maneira mais acentuada por meio de uma série de experiências
planejadas, baseadas em interesses, necessidades e demandas profissionais.
Na tentativa de identificar a percepção de competência de treinadores portugueses de
modalidades distintas, Simão (1998) constatou que os treinadores investigados apresentaram
menor percepção de domínio dos conhecimentos relacionados ao corpo humano e das
relações sócio-esportivas, quando comparados com as competências relativas à metodologia
do treinamento (conhecimentos de programação, planificação e estruturação). O instrumento
elaborado por Simão (1998) foi adaptado à modalidade de voleibol no estudo desenvolvido
por Resende, Mesquita e Fernandes (2007), o qual detectou que o sexo e a experiência
profissional são variáveis que não parecem interferir substancialmente nas concepções de
treinadores acerca das competências que necessitam dominar para o exercício qualificado da
função de treinador de voleibol.
Diante do exposto e também considerando que o sucesso de treinadores esportivos
depende tanto da utilização adequada de competências quanto do sentimento de segurança
manifestado em relação às competências inerentes ao desempenho profissional, objetivo deste
estudo foi analisar o nível de competência profissional percebida de treinadores esportivos
catarinenses, considerando os ciclos vitais, os ciclos de desenvolvimento profissional e o tipo
de modalidade que atuam.
Método
Este estudo caracterizou-se uma pesquisa descritiva porque se preocupou com a
“descrição das características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de
relações entre as variáveis” (GIL, 2002, p. 45). Além da utilização de técnicas padronizadas
de coleta de dados (THOMAS; NELSON, 2002), há o emprego de recursos estatísticos na
21
análise dos dados, que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis (BEUREN,
2006).
A população deste estudo abrangeu todos os treinadores esportivos catarinenses que
atuam nas diferentes modalidades esportivas. A partir do processo de seleção estratificada por
região do estado de Santa Catarina, participaram do estudo 213 treinadores, de ambos os
sexos, de modalidades coletivas e individuais vinculados às fundações municipais de esporte e
ao esporte de alto rendimento, sendo 69 (32,4%) do Vale do Itajaí, 56 (26,3%) do Oeste, 44
(20,7%) do Norte e 44 (20,7%) da Grande Florianópolis, Sul e Planalto. As meso-regiões
Grande Florianópolis, Sul e Planalto foram agrupadas devido ao número reduzido de
participantes.
Na coleta de dados foi empregado um questionário, contemplando dados sócio-
demográficos e profissionais (sexo, ciclos vitais, estado civil, formação acadêmica, ciclo de
desenvolvimento profissional, tempo de serviço na instituição empregadora, pluriemprego,
experiência profissional e competitiva) bem como a escala de auto-percepção de competência
profissional de treinadores esportivos.
O nível de competência profissional percebida dos treinadores foi avaliado a partir da
Escala de Auto-Percepção de Competência (EAPC), a qual foi adaptada do instrumento
desenvolvido por Simão (1998). A matriz analítica é bi-dimensional, composta pelas
dimensões de Conhecimentos Profissionais (Gestão e legislação do esporte, Biodinâmica do
esporte, Psico-sócio-culturais do esporte e Teoria e metodologia do treinamento esportivo) e
Habilidades Profissionais (Planejamento e gestão esportiva, Avaliação do esporte,
Comunicação e integração no esporte e Auto-reflexão e atualização profissional no esporte).
O instrumento é composto de 39 questões fechadas, com uma escala de avaliação da
competência percebida de 1 a 5 pontos, sendo 1 = não domino, 2 = domino pouco, 3 =
domino razoavelmente, 4 = domino bem e 5 = domino muito bem.
Embora o instrumento de pesquisa já tenha sido validado para a realidade portuguesa
por Simão (1998), foi necessário inicialmente traduzi-lo e adaptá-lo à realidade brasileira,
para testar posteriormente a clareza e a objetividade da linguagem e a reprodutibilidade da
nova versão. A análise de clareza e objetividade da linguagem foi realizada com a
participação de 26 treinadores, cujo processo resultou na eliminação de seis questões, as quais
não apresentaram o nível esperado de consenso (80%). A avaliação da reprodutibilidade do
instrumento foi efetuada a partir do método de teste-reteste, com uma semana de intervalo
entre as testagens, envolvendo 50 treinadores esportivos. Os resultados dos coeficientes de
correlação foram considerados aceitáveis (superiores a 0,75).
22
A variável denominada ciclos vitais considerou a idade de cada treinador, cujas faixas
etárias foram estabelecidas a partir da classificação de Garcia (1995). Os anos de experiência
profissional desempenhando a função de treinador esportivo foram empregados na análise dos
ciclos de desenvolvimento profissional, seguindo a classificação adaptada de Nascimento e
Graça (1998). Enquanto que as modalidades coletivas compreenderam o basquetebol, o
futebol, o futsal, o handebol, o punhobol e o voleibol, as modalidades individuais envolveram
o atletismo, o caratê, o ciclismo, a ginástica artística e rítmica, o judô, a natação, o tênis, o
triatlo e o xadrez.
Após a aprovação do projeto junto ao Comitê de Ética de Pesquisa com Seres
Humanos (Processo 337/08), os questionários e os termos de consentimento livre-esclarecidos
foram encaminhados às Fundações Municipais de Desporto para serem distribuídos aos
treinadores de cada município.
A tabulação e categorização dos dados relativos às variáveis do estudo foram
realizadas na planilha eletrônica Microsoft Excel. Inicialmente utilizou-se uma equação de
ponderação, adaptada de Lemos (2007), com o objetivo de categorizar o nível de competência
percebida dos treinadores (domina ou não domina) considerando os indicadores, as dimensões
e avaliação global desta variável.
O teste qui-quadrado foi empregado na caracterização da amostra para avaliar o nível
de associação entre os dados sócio-demográficos e as diferentes regiões do estado de Santa
Catarina. Utilizou-se o teste da razão de verossimilhança para constatar as associações entre
os indicadores, as dimensões e a avaliação global da competência percebida com as variáveis
investigadas (ciclos vitais, ciclos de desenvolvimento profissional e tipo de modalidade
esportiva). Quando foi identificada associação entre as variáveis, a análise de regressão
logística binária foi empregada, onde se fixou como referência o grupo que relatou que não
dominava a competência avaliada para estabelecer as razões de chances (OR Odds Ratio,
IC95% Intervalo de Confiança de 95%). Todas as análises estatísticas foram realizadas no
pacote estatístico SPSS, versão 11.0, cujo nível de significância foi de 5%.
Resultados e Discussão
A Tabela 1 apresenta os dados descritivos das características sócio-demográficas e
profissionais dos participantes do estudo, revelando uma distribuição equilibrada nas
diferentes regiões do estado de Santa Catarina. A maioria dos participantes é do sexo
masculino (80,9%), com destaque das regiões do Vale do Itajaí (32,0%) e Oeste (27,8%).
23
No que diz respeito aos Ciclos Vitais, constatou-se que a maioria dos participantes
concentra-se nas faixas etárias 30-39 anos (35,7%) e 40-49 anos (31,0%), principalmente nas
regiões do Vale do Itajaí e Oeste. Quanto ao estado civil, observou-se que 59,1% dos
treinadores são casados, com maior freqüência na região do Vale do Itajaí (31,0%). Dentre os
treinadores que relataram a sua formação, constatou-se que 69,2% possuem curso de pós-
graduação.
Tabela 1 - Características sócio-demográficas e profissionais dos treinadores considerando as
regiões do estado.
Variáveis
Grande Florianópolis/
Sul/Planalto
Vale do Itajaí Norte Oeste Total
Sexo
Masculino 35(20,7%) 54(32,0%) 33(19,5%) 47(27,8%) 169(80,9%)
Feminino 9(22,5%) 14(35,0%) 8(20,0%) 9(22,5%) 40(19,1%)
Ciclos Vitais
Até 29 anos 15(30,0%) 19(38,0%) 6(12,0%) 10(20,0%) 50(23,5%)
Entre 30 e 39 anos 17(22,4%) 23(30,3%) 17(22,4%) 19(25,0%) 76(35,7%)
Entre 40 e 49 anos 7(10,6%) 21(31,8%) 15(22,7%) 23(34,8%) 66(31,0%)
50 anos ou mais 5(23,5%) 6(28,6%) 6(28,6%) 4(19,0%) 21(9,8%)
Estado Civil
Casado 22(17,5%) 39(31,0%) 32(25,4%) 33(26,2%) 126(59,1%)
Não Casado 22(25,3%) 30(34,5%) 12(13,8%) 23(26,4%) 87(40,9%)
Formação Acadêmica
Graduado 16(26,2%) 20(32,8%) 14(23,0%) 11(18,0%) 61(30,8%)
Pós-Graduado 27(19,7%) 43(31,4%) 26(19,0%) 41(29,9%) 137(69,2%)
Ciclos de Desenvolvimento Profissional
Entrada 10(25,6%) 15(38,5%) 5(12,8%) 9(23,1%) 39(18,5%)
Consolidação 7(17,5%) 16(40,0%) 6(15,0%) 11(27,5%) 40(18,9%)
Diversificação 18(23,7%) 23(30,3%) 17(22,4%) 18(23,7%) 76(36,0%)
Estabilização 8(14,3%) 15(26,8%) 15(26,8%) 18(32,1%) 56(26,5%)
Tempo de Serviço na Instituição Empregadora
Até 4 anos 18(32,1%) 18(32,1%) 10(17,9%) 10(17,9%) 56(27,7%)
Entre 5 e 12 anos 12(17,1%) 20(28,6%) 17(24,3%) 21(20,0%) 70(34,7%)
13 anos ou mais 12(15,8%) 24(31,6%) 15(19,7%) 25(32,9%) 76(37,6%)
Pluriemprego
Não Possui 5(10,9%) 13(28,3%) 11(23,9%) 17(37,0%) 46(21,6%)
Possui 39(23,4%) 56(33,5%) 33(19,8%) 39(23,4%) 167(78,4%)
Tipo de Modalidade
Esporte Individual 17(17,3%) 38(38,8%) 21(21,4%) 22(22,4%) 98(46,2%)
Esporte Coletivo 26(22,8%) 31(27,2%) 23(20,2%) 34(29,8%) 114(53,8%)
Nível de Competição
Estadual 23(27,1%) 26(30,6%) 12(14,1%) 24(28,2%) 85(40,1%)
Nacional 13(17,1%) 21(27,6%) 21(27,6%) 21(27,6%) 76(35,8%)
Internacional 8(15,7%) 21(41,2%) 11(21,6%) 11(21,6%) 51(24,1%)
Total 44(20,7%) 69(32,4%) 44(20,7%) 56(26,3%) 213(100%)
Com relação aos ciclos de desenvolvimento profissional, a maior parte dos treinadores
investigados encontra-se nos ciclos de diversificação (36,0%) e estabilização (26,5%), cujo
tempo de serviço na instituição empregadora é superior a cinco anos (72,3%).
24
Embora 78,4% dos treinadores investigados desempenham outra função remunerada,
destaca-se que 37,0% dos treinadores que atuam na região Oeste vivem exclusivamente desta
profissão. Enquanto que a maioria dos treinadores da região Oeste atua em modalidades
esportivas coletivas (29,8%), na região do Vale do Itajaí predomina os treinadores que atuam
em esportes individuais (38,8%).
A única variável que apresentou diferença estatisticamente significativa (p=0,040)
entre as regiões de origem dos treinadores foi o nível das competições que os treinadores já
atuaram. Apesar de grande parte dos treinadores investigados atuarem somente em
competições estaduais (40,1%), os demais atuam em competições nacionais (35,8%) e
internacionais (24,1%), principalmente os treinadores da região do Vale do Itajaí.
Os resultados sobre o nível de competência percebida dos treinadores revelaram que a
maioria dos treinadores investigados apresenta elevada auto-percepção de competência
profissional (p<0,001), tanto na avaliação global (81,7%) quanto nas dimensões
conhecimentos (82,6%) e habilidades profissionais (90,1%). Tais resultados são similares aos
encontrados com professores (NASCIMENTO; GRAÇA, 1998) e treinadores portugueses
(SIMÃO, 1998), bem como de estudantes de Educação Física brasileiros (VIEIRA; VIEIRA;
FERNANDES, 2006). Entretanto, estas evidências divergem das investigações realizadas com
professores de Educação Física brasileiros (COSTA; NASCIMENTO, 2006; COSTA et al.,
2004) e portugueses (BATISTA, 2008; BATISTA; GRAÇA; MATOS, 2008), que
identificaram maior competência percebida nas habilidades do que nos conhecimentos.
Ao considerar os ciclos vitais dos treinadores (Tabela 2), constatou-se que há
diferenças significativas na competência percebida das habilidades profissionais referentes
aos indicadores avaliação do esporte (p=0,037) e auto-reflexão e atualização profissional do
esporte (p=0,022). Além disso, a dimensão habilidades profissionais (p=0,063) e o indicador
conhecimentos de gestão e legislação do esporte (p=0,058) evidenciaram fraca associação.
Tabela 2 - Nível de competência profissional percebida considerando os ciclos vitais dos
treinadores.
Competência Percebida
Ciclos Vitais
Não Domina Domina
p-valor*
Conhecimentos Profissionais 0,619
Até 29 anos 11(22,0%) 39(78,0%)
Entre 30 e 39 anos 10(13,2%) 66(86,8%)
Entre 40 e 49 anos 12(18,2%) 54(81,8%)
50 anos ou mais 4(19,0%) 17(81,0%)
Gestão e Legislação do Esporte 0,058
Até 29 anos 24(48,0%) 26(52,0%)
Entre 30 e 39 anos 28(36,8%) 48(63,2%)
25
Entre 40 e 49 anos 17(25,8%) 49(74,2%)
50 anos ou mais 5(23,8%) 16(76,2%)
Biodinâmica do Esporte 0,766
Até 29 anos 7(14,0%) 43(86,0%)
Entre 30 e 39 anos 14(18,4%) 62(81,6%)
Entre 40 e 49 anos 13(19,7%) 53(80,3%)
50 anos ou mais 5(23,8%) 16(76,2%)
Psico-Sócio-Culturais do Esporte 0,244
Até 29 anos 10(20,0%) 40(80,0%)
Entre 30 e 39 anos 6(7,9%) 80(92,1%)
Entre 40 e 49 anos 7(10,6%) 59(89,4%)
50 anos ou mais 3(14,3%) 18(85,7%)
Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo 0,819
Até 29 anos 3(6,0%) 47(94,0%)
Entre 30 e 39 anos 2(2,6%) 74(97,4%)
Entre 40 e 49 anos 3(4,5%) 63(95,5%)
50 anos ou mais 1(4,8%) 20(95,2%)
Habilidades Profissionais 0,063
Até 29 anos 9(18,0%) 41(82,0%)
Entre 30 e 39 anos 3(3,9%) 73(96,1%)
Entre 40 e 49 anos 6(9,1%) 60(90,9%)
50 anos ou mais 3(14,3%) 18(85,7%)
Planejamento e Gestão Esportiva 0,716
Até 29 anos 4(8,0%) 46(92,0%)
Entre 30 e 39 anos 3(3,9%) 73(96,1%)
Entre 40 e 49 anos 4(6,1%) 62(93,9%)
50 anos ou mais 2(9,5%) 19(90,5%)
Avaliação do Esporte 0,037
Até 29 anos 7(14,0%) 43(86,0%)
Entre 30 e 39 anos 4(5,3%) 72(94,7%)
Entre 40 e 49 anos 9(13,6%) 57(86,4%)
50 anos ou mais 6(28,6%) 15(71,4%)
Comunicação e Integração do Esporte 0,233
Até 29 anos 5(10,0%) 45(90,0%)
Entre 30 e 39 anos 4(5,3%) 72(94,7%)
Entre 40 e 49 anos 2(3,0%) 64(97,0%)
50 anos ou mais 3(14,3%) 18(85,7%)
Auto-reflexão e Atualização Profissional do Esporte 0,022
Até 29 anos 13(26,0%) 37(74,0%)
Entre 30 e 39 anos 5(6,6%) 71(93,4%)
Entre 40 e 49 anos 8(12,1%) 58(87,9%)
50 anos ou mais 2(9,5%) 19(90,5%)
Avaliação Global da Competência Percebida 0,351
Até 29 anos 13(26,0%) 37(74,0%)
Entre 30 e 39 anos 10(13,2%) 66(86,8%)
Entre 40 e 49 anos 12(18,2%) 54(81,8%)
50 anos ou mais 4(19,0%) 17(81,0%)
*p-valor estimado através do teste de razão de verossimilhança
Em relação ao indicador avaliação do esporte, constatou-se que os treinadores que
possuem entre 30 e 39 anos (94,7%) apresentam maior percepção de competência profissional
que os treinadores que possuem 50 anos ou mais (71,4%, OR=7,19, IC95%: 1,81-28,63).
Quando ao indicador auto-reflexão e atualização no esporte, os treinadores com idade até 29
anos (74,0%) demonstraram menor competência profissional percebida que os treinadores que
possuem entre 30 e 39 anos (93,4%, OR=4,99, IC95%: 1,65-15,06). Apesar de algumas
26
investigações confirmarem que os profissionais da área dominam a habilidade de avaliação
(NASCIMENTO, 1998; SIMÃO, 1998), acredita-se que algumas especificidades do processo
de treinamento esportivo, nomeadamente de estabelecer e avaliar o alcance das metas
(BÖHME, 1997; MACHADO; FERNANDES FILHO, 2001), possam resultar nas
dificuldades enfrentadas em estabelecer critérios de êxito bem como de avaliar a efetividade
do trabalho realizado. Destaca-se que a ausência de avaliações periódicas freqüentemente
ocasiona esforços físicos inadequados, os quais podem não encorajar os indivíduos a
participar das atividades programadas (BORIN; PRESTES; MOURA, 2007; GUEDES;
GUEDES, 2006). Em relação à auto-reflexão, treinadores de voleibol brasileiros investigados
consideram a reflexão sobre a prática e sobre o seu desenvolvimento profissional uma área
importante e necessária na formação do treinador, considerando a reflexão como uma
constante construção e reconstrução das situações para alcançar melhores resultados
(MARINHO, 2007).
No que diz respeito ao indicador gestão e legislação do esporte, os treinadores com
idade até 29 anos (52,0%) apresentaram menor competência percebida que os treinadores que
possuem entre 40 e 49 anos (74,2%, OR=0,38, IC95%: 0,17-0,82). Embora os resultados
sejam divergentes daqueles encontrados nos estudos de Costa e colaboradores (2004),
Nascimento; Graça (1998) e Simão (1998), as evidências confirmam que estes conhecimentos
têm sido ponto nevrálgico na intervenção profissional da área, bem como suscitado a sua
inclusão nos cursos de graduação. Além disso, a experiência profissional parece estar
proporcionando o domínio de tais conhecimentos, os quais apresentam importância vital para
o profissional atuar na área (ROSADO, 2000). A habilidade de organização e gestão foi
identificada como maior domínio percebido pelos formandos portugueses e menor domínio
pelos formandos brasileiros (NASCIMENTO, 1998).
Quando analisada a percepção de competência profissional de acordo com os ciclos de
desenvolvimento profissional (Tabela 3), constatou-se que os indicadores gestão e legislação
do esporte (p=0,003), avaliação do esporte (p=0,018) e auto-reflexão e atualização
profissional do esporte (p=0,002) apresentaram associação significativa. Além disso, a
dimensão habilidades profissionais (p=0,051) e a avaliação global da competência percebida
(p=0,068) demonstraram fraca associação. Os resultados revelaram que a competência
percebida dos treinadores (avaliação global) aumenta de acordo com a progressão nos ciclos
de desenvolvimento profissional, com maior domínio na fase de diversificação profissional. O
desenvolvimento profissional, de acordo com Garcia (1995 e 2009), não acontece de forma
linear, revelando a construção do eu profissional que evolui ao longo da carreira e que pode
27
ser afetada pela experiência adquirida e os contextos de intervenção. Alguns estudos nesta
área (COSTA et al., 2004; SHIGUNOV; FARIAS; NASCIMENTO, 2002; FOLLE;
NASCIMENTO, 2008; NASCIMENTO; GRAÇA, 1998) revelam que a fase de diversificação
compreende um período de experimentação e diversificação, onde os profissionais encontram-
se mais motivados, tanto na melhoria da qualidade do trabalho realizado, assim como na
vivência de novas experiências. Embora o desenvolvimento de competências seja um
processo contínuo e que varia entre os indivíduos (MATEOZO, 1971), o mercado de trabalho
tem exigido profissionais competentes, com formação e atualização profissional constante
(ALCOSER, 2006).
Tabela 3 - Nível de competência profissional percebida considerando os ciclos de
desenvolvimento profissional dos treinadores.
Competência Percebida
Ciclos de Desenvolvimento Profissional
Não Domina Domina
p-valor*
Conhecimentos Profissionais
0,198
Entrada 10(25,6%) 29(74,4%)
Consolidação 8(20,0%) 32(80,0%)
Diversificação 8(10,5%) 68(89,5%)
Estabilização 10(17,9%) 46(82,1%)
Gestão e Legislação do Esporte 0,003
Entrada 22(56,4%) 17(43,6%)
Consolidação 17(42,5%) 23(57,5%)
Diversificação 19(25,0%) 57(75,0%)
Estabilização 15(16,8%) 41(73,2%)
Biodinâmica do Esporte
0,432
Entrada 9(23,1%) 30(76,9%)
Consolidação 4(10,0%) 36(90,0%)
Diversificação 14(18,4%) 62(81,6%)
Estabilização 11(19,6%) 45(80,4%)
Psico-Sócio-Culturais do Esporte
0,199
Entrada 7(17,9%) 32(82,1%)
Consolidação 7(17,5%) 33(82,5%)
Diversificação 5(6,6%) 71(93,4%)
Estabilização 7(12,5%) 49(87,5%)
Teoria e Metodologia do Tre inamento Esportivo
0,346
Entrada 3(7,7%) 36(92,3%)
Consolidação 2(5,0%) 38(95,0%)
Diversificação 1(1,3%) 75(98,7%)
Estabilização 3(5,4%) 53(94,6%)
Habilidades Profissionais
0,051
Entrada 8(20,5%) 31(79,5%)
Consolidação 4(10,0%) 36(90,0%)
Diversificação 3(3,9%) 73(96,1%)
Estabilização 6(10,7%) 50(89,3%)
Planejamento e Gestão Esportiva
0,359
Entrada 4(10,3%) 35(89,7%)
Consolidação 3(7,5%) 37(92,5%)
Diversificação 2(2,6%) 74(97,4%)
Estabilização 4(7,1%) 52(92,9%)
28
Avaliação do Esporte
0,018
Entrada 7(17,9%) 32(82,1%)
Consolidação 4(10,0%) 36(90,0%)
Diversificação 3(3,9%) 73(96,1%)
Estabilização 11(19,6%) 45(80,4%)
Comunicação e Integração do Esporte
0,612
Entrada 4(10,3%) 35(89,7%)
Consolidação 3(7,5%) 37(92,5%)
Diversificação 3(3,9%) 73(96,1%)
Estabilização 4(7,1%) 52(92,9%)
Auto-reflexão e Atualização Profissional do Esporte
0,002
Entrada 13(33,3%) 26(66,7%)
Consolidação 5(12,5%) 35(87,5%)
Diversificação 5(6,6%) 71(93,4%)
Estabilização 5(8,9%) 51(91,1%)
Avaliação Global da Competência Percebida
0,068
Entrada 12(30,8%) 27(69,2%)
Consolidação 8(20,0%) 32(80,0%)
Diversificação 8(10,5%) 68(89,5%)
Estabilização 10(17,9%) 46(82,1%)
*p-valor estimado através do teste de razão de verossimilhança
A análise pormenorizada dos indicadores das dimensões revelou resultados similares
àqueles encontrados na variável denominada ciclos vitais. Os treinadores mais experientes dos
ciclos de diversificação (75,0%, OR=0,26, IC95%: 0,11-0,58) e estabilização (73,2%,
OR=0,28, IC95%: 0,12-0,67) relataram maior domínio de conhecimentos de gestão e
legislação do esporte do que os colegas menos experientes do ciclo de entrada (43,6%). Da
mesma forma, enquanto que os treinadores mais experientes (ciclo de estabilização)
revelaram menor domínio da habilidade avaliação do esporte (80,4%, OR=5,95, IC95%: 1,57-
22,48), os treinadores menos experientes (ciclo de entrada) sentem mais dificuldades na
habilidade de auto-reflexão e atualização profissional no esporte do que os treinadores dos
ciclos de consolidação (87,5%, OR=0,29, IC95%: 0,09-0,90), diversificação (93,4%,
OR=0,14, IC95%: 0,05-0,43) e estabilização (91,1%, OR=0,20, IC95%: 0,06-0,61). Dentre as
competências exigidas ao treinador de alto rendimento, MARQUES (2000) destaca o domínio
de habilidades práticas, conhecimentos científicos, capacidades de reflexão e tomada de
decisões. Neste sentido, a capacidade de auto-reflexão compreende um estado de vigilância e
observação a todos os pormenores das situações, que auxilia o treinador no controle e
avaliação do seu desempenho bem como na tomada de decisões mais seguras para atingir as
metas competitivas. Outro aspecto a destacar é que o desenvolvimento de competências pode
ocorrer de maneira acentuada através de uma série de experiências, interesses, necessidades e
demandas de treinadores (NASCIMENTO, 1998 e 1999a).
29
Os resultados da Tabela 4 revelaram que os treinadores de modalidades individuais
(75,5%, OR=2,14, IC95%: 1,05-4,36) demonstram menor percepção competência na
avaliação global (p=0,034) do que os treinadores de esportes coletivos (86,8%).
Tabela 4 - Nível de competência profissional percebida considerando o tipo de modalidade
que os treinadores atuam.
Competência Percebida
Tipo de Esporte
Não Domina Domina
p-valor*
Conhecimentos Profissionais 0,012
Individual 24(24,5%) 74(75,5%)
Coletivo 13(11,4%) 101(88,6%)
Gestão e Legislação do Esporte 0,819
Individual 35(35,7%) 63(64,3%)
Coletivo 39(34,2%) 75(65,8%)
Biodinâmica do Esporte 0,004
Individual 26(26,5%) 72(73,5%)
Coletivo 13(11,4%) 101(88,6%)
Psico-Sócio-Culturais do Esporte 0,211
Individual 15(15,3%) 83(84,7%)
Coletivo 11(9,6%) 103(90,4%)
Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo 0,567
Individual 5(5,1%) 93(94,9%)
Coletivo 4(3,5%) 110(96,5%)
Habilidades Profissionais 0,291
Individual 12(12,2%) 86(87,8%)
Coletivo 9(7,9%) 105(92,1%)
Planejamento e Gestão Esportiva 0,570
Individual 7(7,1%) 91(92,9%)
Coletivo 6(5,3%) 108(94,7%)
Avaliação do Esporte 0,681
Individual 13(13,3%) 85(86,7%)
Coletivo 13(11,4%) 101(88,6%)
Comunicação e Integração do Esporte 0,048
Individual 10(10,2%) 88(89,8%)
Coletivo 4(3,5%) 110(96,5%)
Auto-reflexão e Atualização Profissional do Esporte 0,403
Individual 15(15,3%) 83(84,7%)
Coletivo 13(11,4%) 101(88,6%)
Avaliação Global da Competência Percebida 0,034
Individual 24(24,5%) 74(75,5%)
Coletivo 15(13,2%) 99(86,8%)
*p-valor estimado através do teste de razão de verossimilhança
A análise de regressão logística binária detectou que os treinadores de modalidades
individuais (75,5%, OR=2,52, IC95%: 1,20-5,27) demonstraram menor domínio de
conhecimentos profissionais do que os treinadores de modalidades coletivas (88,6%). Além
disso, destacou que os treinadores de modalidades coletivas (88,6%, OR=0,36, IC95%: 0,17-
0,74) possuem maior domínio dos conhecimentos de biodinâmica do esporte do que os
treinadores de modalidades individuais (73,5%). Os resultados do teste de razão de
30
verossimilhança evidenciaram o maior domínio das habilidades de comunicação e integração
do esporte pelos treinadores de modalidades coletivas (96,5%).
Conclusões
Diante do exposto e considerando as limitações do estudo, especialmente aquelas
relacionadas à utilização de questionário com dados auto-registrados e com pequena
amplitude de variação das escalas de avaliação adotadas, as seguintes conclusões foram
elaboradas.
As evidências encontradas destacaram a elevada auto-percepção de competência
profissional dos treinadores investigados, tanto na dimensão conhecimentos quanto na
dimensão habilidades profissionais.
Ao considerar os ciclos vitais dos treinadores, constatou-se que os treinadores com
idades mais avançadas apresentaram maior domínio dos conhecimentos profissionais
referentes à gestão e legislação do esporte, porém relataram maiores dificuldades na
habilidade de avaliação do esporte do que os treinadores mais jovens. Os treinadores mais
jovens apresentaram menor domínio na habilidade de auto-reflexão e atualização no esporte.
O nível de competência percebida dos treinadores parece aumentar de acordo com a
progressão nos ciclos de desenvolvimento profissional, com maior domínio na fase de
diversificação profissional. Os treinadores mais experientes relataram maior domínio de
conhecimentos de gestão e legislação do esporte do que os colegas menos experientes.
Os treinadores que atuam em modalidades esportivas coletivas apresentaram maior
percepção de competência do que os colegas que atuam em modalidades individuais,
principalmente nos conhecimentos profissionais relativos à biodinâmica do esporte e nas
habilidades profissionais de comunicação e integração do esporte.
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34
AS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS
CATARINENSES
2
Ema Maria Egerland
Juarez Vieira do Nascimento
Jorge Both
Resumo: O objetivo deste estudo foi constatar o nível de importância atribuída às
competências profissionais de treinadores esportivos catarinenses, considerando a formação
acadêmica, os ciclos vitais e o nível das competições que atuam. O processo de seleção da
amostra foi estratificado de acordo com as regiões do estado de Santa Catarina, participando
da investigação 213 treinadores, de ambos os sexos, que atuam em modalidades coletivas e
individuais nas diferentes Fundações Municipais de Esportes. Na coleta de dados foi utilizada
a versão modificada da Escala de Auto-percepção de Competência (EAPC) adaptada de
Simão (1998). Os testes qui-quadrado e de razão de verossimilhança, contidos no programa
SPSS versão 11.0, foram empregados na análise estatística dos dados, cujo nível de
significância adotado foi de 5%. As evidências encontradas confirmam a elevada valorização
dos conhecimentos de biodinâmica, psico-sócio-culturais, gestão e legislação e teoria e
metodologia do esporte, bem como das habilidades de planejamento e gestão esportiva,
avaliação, comunicação e integração, auto-reflexão e atualização profissional para a
intervenção de treinadores esportivos. Enquanto que os treinadores pós-graduados atribuíram
maior importância às competências profissionais, os treinadores mais jovens e aqueles que
atuam em competições estaduais e nacionais evidenciaram os conhecimentos de biodinâmica
do esporte.
Palavras-chave: Competências profissionais, Esporte, Treinadores.
PROFESSIONAL COMPETENCES OF SPORTS COACHES OF SANTA CATARINA
STATE
Abstract: The aim of this study was to verify the degree of importance attributed to
professional competences of sports coaches of Santa Catarina State, taking into account the
educational background, vital cycles and degree of competitions in which they perform. The
sample selection process was done according to the regions of Santa Catarina State, taking
2
Artigo aceito para publicação na Revista Motriz.
35
part of the investigation 213 coaches, both genders, who work with groups and individuals in
different Municipal Sports Foundations. For data collecting it was used the modified version
of Scale of Self-perception of Competence (EAPC) adapted from Simão (1998). Tests Chi-
square and Likelihood Ratio, program SPSS version 11,0, were applied for statistical analysis
of data, whose degree of significance adopted was 5%. The evidences found confirmed the
high valorization of biodynamic knowledge, psyco-socio-cultural, management and
legislation and sports theory and methodology, as well of planning abilities and sports
management, evaluation, communication and integration, self-reflexion and professional
updating for professional sports coaches. While the post-graduated coaches attributed higher
importance to the professional competences, younger coaches who work in state and national
competitions emphasized the sports biodynamic knowledge.
Key words: Professional Competences, Sports, Coaches.
Introdução
Os postos de trabalho ocupados por treinadores existem desde a origem do esporte
competitivo e do treinamento sistemático. Apesar do treinamento esportivo por si só ser algo
antigo, a profissão do treinador esportivo é um fenômeno recente e em constante evolução,
devido principalmente ao grande destaque dos esportes na sociedade atual e a popularidade da
adoção do estilo de vida esportivo (MEINBERG, 2002).
Os treinadores esportivos atuam freqüentemente sob pressão para alcançar metas
competitivas, convivendo também com a contínua vigilância externa de seus
comportamentos. O nível das exigências alterou-se completamente, destacando-se o domínio
de um conjunto de competências, porque somente a intuição e a inspiração não favorecem a
obtenção de resultados (MARQUES, 2000). Sobre este assunto, Tani (2002) e Dantas (2003)
destacam que as exigências estão cada vez mais elevadas, especializadas e sofisticadas,
necessitando tanto de infra-estrutura complexa quanto de equipes multidisciplinares, com
profissionais de diferentes formações para tratar, dentre outras coisas, do marketing esportivo,
direito esportivo, nutrição esportiva e estatística.
Ao comentarem sobre o papel do treinador no desenvolvimento esportivo, Moreno e
Del Villar (2004) consideram que este profissional deve ter formação acadêmica e possuir
elevada capacidade de reflexão, aliadas à profunda convicção da validade do trabalho
coletivo. Além da necessidade de se adequar aos avanços do conhecimento científico e
36
profissional do treinamento esportivo, recomendam que o treinador deva aperfeiçoar-se
continuamente, adaptando-se ao contexto de forma responsável, equilibrada e participativa.
Alguns estudos (BOMPA, 2005; MARQUES, 2000; ROSADO; MESQUITA, 2007;
MILISTETD et al., 2008; SCHMOLINSKY, 1992) têm destacado o caráter formativo da
intervenção do treinador esportivo, promovendo o desenvolvimento global e a aprendizagem
dos atletas. Para tanto, evidenciam a capacidade do treinador de observar com espírito de
autocrítica as suas próprias atitudes e condutas, bem como a influência que exerce sobre seus
atletas, tornando um dos principais elementos de sucesso do trabalho educativo e instrutivo.
Apesar da carência de estudos sobre os conhecimentos, as habilidades e as atitudes
necessárias ao desempenho profissional de treinadores esportivos, alguns autores ressaltam
que é necessário possuir conhecimentos e experiências que ultrapassem as vivências de atleta
(ARAUJO, 1997; ROSADO, 2000), porque somente o conhecimento específico da
modalidade não basta, tornando-se necessário acompanhar a evolução dos conhecimentos
científicos aplicados ao contexto esportivo (BALBINO, 2005). Destacam ainda a importância
de uma boa formação do treinador para garantir a organização e o alcance das metas no
processo de treinamento (FILIN, GOMES e SILVA, 1996; LIMA, 1998), assim como o
domínio de competências especiais que proporcionem a qualificação necessária para auxiliar
os principiantes a se tornarem atletas adultos confiantes e confiáveis (COTE, SALMELA e
RUSSELL, 1995) e para treinar equipes olímpicas (MATEOZO, 1971).
Na literatura consultada observa-se que há determinado consenso sobre as principais
características de um bom treinador, no que diz respeito ao domínio de conhecimentos de
anatomia, cinesiologia, fisiologia, biomecânica, medicina esportiva e psicologia
(BARBANTI, 1996; BOMPA, 2005; DANTAS, 2003; SCHMOLINSKY, 1992;
VERKHOSHANSKI, 2001), bem como de física, matemática e computação (DANTAS,
2003; VERKHOSHANSKI, 2001). O treinador deve ser responsável pelo treinamento
técnico-tático e controle direto dos atletas, assumindo a liderança sobre a comissão técnica
(DANTAS, 2003), mantendo uma boa relação interpessoal com os jogadores, o emprego de
metodologia adequada, o planejamento das sessões, o domínio de conhecimentos das
características dos atletas, o gosto pelo que faz e saber motivar (CUNHA et al., 2000).
Diante do fato de que os estudos são mais sugestivos do que conclusivos sobre as
características que deve possuir um bom treinador, o objetivo deste estudo foi constatar o
nível de importância atribuída às competências profissionais de treinadores esportivos
catarinenses, considerando a formação acadêmica, os ciclos vitais e o nível das competições
que atuam. A realização da investigação é justificada pela necessidade de fornecer dados
37
relevantes à formação inicial e permanente de treinadores, bem como contribuir no processo
de certificação profissional de treinadores esportivos.
Procedimentos Metodológicos
Este estudo caracterizou-se uma pesquisa descritiva porque se preocupou com a
“descrição das características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de
relações entre as variáveis” (GIL, 2002, p.45). Além da utilização de técnicas padronizadas de
coleta de dados (THOMAS; NELSON, 2002), há o emprego de recursos estatísticos na
análise dos dados, que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis (BEUREN,
2006).
A população deste estudo abrangeu todos os treinadores esportivos catarinenses que
atuam nas diferentes modalidades esportivas. A partir do processo de seleção estratificada por
região do estado de Santa Catarina, participaram do estudo 213 treinadores, de ambos os
sexos, de modalidades coletivas e individuais vinculados às fundações municipais de esporte e
ao esporte de alto rendimento, sendo 69 (32,4%) do Vale do Itajaí, 56 (26,3%) do Oeste, 44
(20,7%) do Norte e 44 (20,7%) da Grande Florianópolis, Sul e Planalto. As meso-regiões
Grande Florianópolis, Sul e Planalto foram agrupadas devido ao número reduzido de
participantes.
Na coleta de dados foi empregado um questionário, contemplando dados sócio-
demográficos e profissionais (sexo, ciclos vitais, estado civil, formação acadêmica, ciclo de
desenvolvimento profissional, tempo de serviço na instituição empregadora, pluriemprego,
experiência profissional e competitiva) bem como a escala de importância atribuída às
competências profissionais de treinadores esportivos.
A versão modificada da Escala de Auto-Percepção de Competência (EAPC) foi
empregada para avaliar o nível de importância atribuída às competências profissionais. A
matriz analítica é bi-dimensional, composta pelas dimensões de Conhecimentos Profissionais
(Gestão e legislação do esporte, Biodinâmica do esporte, Psico-sócio-culturais do esporte e
Teoria e metodologia do treinamento esportivo) e Habilidades Profissionais (Planejamento e
gestão esportiva, Avaliação do esporte, Comunicação e integração no esporte e Auto-reflexão
e atualização profissional no esporte). O questionário foi composto por 39 questões fechadas,
porém com uma escala de avaliação da importância atribuída de 1 a 5 pontos, sendo 1 =
nenhuma importância, 2 = importância pequena, 3 = importância razoável, 4 = importância
grande e 5 = importância muito grande.
38
Embora o instrumento de pesquisa já tenha sido validado para a realidade portuguesa
por Simão (1998), foi necessário inicialmente traduzi-lo e adaptá-lo à realidade brasileira,
para testar posteriormente a clareza e a objetividade da linguagem e a reprodutibilidade da
nova versão.
A variável denominada ciclos vitais considerou a idade de cada treinador, cujas faixas
etárias foram estabelecidas a partir da classificação adaptada Garcia (1995), compreendendo
os ciclos de socialização (até 29 anos), transição e ambição (30 a 39 anos), maturidade (40 a
49 anos) e acomodação (50 anos ou mais). Enquanto que a formação acadêmica dos
investigados foi obtida por meio de auto-resposta, apresentando as opções de graduação e
pós-graduação (concluída), a variável nível das competições que os treinadores atuam foi
categorizada em estadual, nacional e internacional.
Após a aprovação do projeto junto ao Comitê de Ética de Pesquisa com Seres
Humanos (Processo 337/08), os questionários e os termos de consentimento livre-esclarecidos
foram encaminhados às Fundações Municipais de Desporto para serem distribuídos aos
treinadores de cada município.
A tabulação e categorização dos dados relativos às variáveis do estudo foram
realizadas na planilha eletrônica Microsoft Excel. Inicialmente utilizou-se uma equação de
ponderação, adaptada de Lemos (2007), com o objetivo de categorizar a percepção de
importância atribuída dos treinadores (importante ou não importante) considerando os
indicadores, as dimensões e avaliação global desta variável.
O teste qui-quadrado foi empregado na caracterização da amostra para avaliar o nível
de associação entre os dados sócio-demográficos e as diferentes regiões do estado de Santa
Catarina. Utilizou-se o teste da razão de verossimilhança para constatar as associações entre
os indicadores, as dimensões e a avaliação global da importância atribuída com as variáveis
investigadas (formação acadêmica, ciclos de vitais e tipo de modalidade esportiva). Quando
foi identificada associação entre as variáveis, a análise de regressão logística binária foi
empregada, onde se fixou como referência o grupo que relatou que não achava importante o
assunto avaliado para estabelecer as razões de chances (OR Odds Ratio, IC95% Intervalo
de Confiança de 95%). Todas as análises estatísticas foram realizadas no pacote estatístico
SPSS, versão 11.0, cujo nível de significância foi de 5%.
39
Resultados e Discussão
A Tabela 1 apresenta os dados descritivos das características sócio-demográficas e
profissionais dos participantes do estudo, revelando uma distribuição equilibrada nas
diferentes regiões do estado de Santa Catarina. A maioria dos participantes é do sexo
masculino (n=169; 80,9%), com destaque das regiões do Vale do Itajaí (n=54; 32,0%) e Oeste
(n=47; 27,8%).
No que diz respeito aos Ciclos Vitais, constatou-se que a maioria dos participantes
concentra-se nas faixas etárias 30-39 anos (n=76; 35,7%) e 40-49 anos (n=66; 31,0%),
principalmente nas regiões do Vale do Itajaí e Oeste. Quanto ao estado civil, observou-se que
59,1% dos treinadores são casados, com maior freqüência na região do Vale do Itajaí (n=39;
31,0%). Dentre os treinadores que relataram a sua formação, constatou-se que 69,2% possuem
curso de pós-graduação.
Com relação aos ciclos de desenvolvimento profissional, a maior parte dos treinadores
investigados encontra-se nos ciclos de diversificação (n=76; 36,0%) e estabilização (n=56;
26,5%), cujo tempo de serviço na instituição empregadora é superior a cinco anos (72,3%).
Tabela 1 - Características sócio-demográficas e profissionais dos treinadores considerando as
regiões do estado.
Variáveis
Grande Florianópolis/
Sul/Planalto
Vale do
Itajaí
Norte Oeste Total
Sexo
Masculino 35(20,7%) 54(32,0%) 33(19,5%) 47(27,8%) 69(80,9%)
Feminino 9(22,5%) 14(35,0%) 8(20,0%) 9(22,5%) 40(19,1%)
Ciclos Vitais
Até 29 anos 15(30,0%) 19(38,0%) 6(12,0%) 10(20,0%) 50(23,5%)
Entre 30 e 39
anos
17(22,4%) 23(30,3%) 17(22,4%) 19(25,0%) 76(35,7%)
Entre 40 e 49
anos
7(10,6%) 21(31,8%) 15(22,7%) 23(34,8%) 66(31,0%)
50 anos ou mais 5(23,5%) 6(28,6%) 6(28,6%) 4(19,0%) 21(9,8%)
Estado Civil
Casado 22(17,5%) 39(31,0%) 32(25,4%) 33(26,2%) 126(59,1%)
Não Casado 22(25,3%) 30(34,5%) 12(13,8%) 23(26,4%) 87(40,9%)
Formação Acadêmica
Graduado 16(26,2%) 20(32,8%) 14(23,0%) 11(18,0%) 61(30,8%)
Pós-Graduado 27(19,7%) 43(31,4%) 26(19,0%) 41(29,9%) 137(69,2%)
Ciclos de Desenvolvimento Profissional
Entrada 10(25,6%) 15(38,5%) 5(12,8%) 9(23,1%) 39(18,5%)
Consolidação 7(17,5%) 16(40,0%) 6(15,0%) 11(27,5%) 40(18,9%)
Diversificação 18(23,7%) 23(30,3%) 17(22,4%) 18(23,7%) 76(36,0%)
Estabilização 8(14,3%) 15(26,8%) 15(26,8%) 18(32,1%) 56(26,5%)
Tempo de Serviço na Instituição Empregadora
Até 4 anos 18(32,1%) 18(32,1%) 10(17,9%) 10(17,9%) 56(27,7%)
Entre 5 e 12 anos 12(17,1%) 20(28,6%) 17(24,3%) 21(20,0%) 70(34,7%)
40
13 anos ou mais 12(15,8%) 24(31,6%) 15(19,7%) 25(32,9%) 76(37,6%)
Pluriemprego
Não Possui 5(10,9%) 13(28,3%) 11(23,9%) 17(37,0%) 46(21,6%)
Possui 39(23,4%) 56(33,5%) 33(19,8%) 39(23,4%) 167(78,4%)
Tipo de Modalidade
Esporte
Individual
17(17,3%) 38(38,8%) 21(21,4%) 22(22,4%) 98(46,2%)
Esporte Coletivo 26(22,8%) 31(27,2%) 23(20,2%) 34(29,8%) 114(53,8%)
Nível de Competição
Estadual 23(27,1%) 26(30,6%) 12(14,1%) 24(28,2%) 85(40,1%)
Nacional 13(17,1%) 21(27,6%) 21(27,6%) 21(27,6%) 76(35,8%)
Internacional 8(15,7%) 21(41,2%) 11(21,6%) 11(21,6%) 51(24,1%)
Total 44(20,7%) 69(32,4%) 44(20,7%) 56(26,3%) 213(100%)
Embora 78,4% dos treinadores investigados desempenhem outra função remunerada,
destaca-se que 37,0% dos treinadores que atuam na região Oeste vivem exclusivamente desta
profissão. Enquanto que a maioria dos treinadores da região Oeste atua em modalidades
esportivas coletivas (n=34; 29,8%), na região do Vale do Itajaí predomina os treinadores que
atuam em esportes individuais (n=38; 38,8%).
A única variável que apresentou diferença estatisticamente significativa (p=0,04) entre
as regiões de origem dos treinadores foi o nível das competições que os treinadores já
atuaram. Apesar de grande parte dos treinadores investigados atuarem somente em
competições estaduais (n=85; 40,1%), os demais atuam em competições nacionais (n=76;
35,8%) e internacionais (n=51; 24,1%), principalmente os treinadores da região do Vale do
Itajaí.
Os resultados revelaram que a maioria dos treinadores investigados atribuiu elevada
importância às competências profissionais (p<0,001), tanto na avaliação global (n=187;
87,8%) quanto nas dimensões conhecimentos (n=190; 89,2%) e habilidades profissionais
(n=198; 93,0%). Embora os resultados sejam similares aos encontrados com treinadores
(SIMÃO, 1998) e professores de Educação de Física portugueses (NASCIMENTO; GRAÇA,
1998), as evidências encontradas divergem das investigações realizadas com profissionais de
Educação Física brasileiros (COSTA et al., 2004), que identificaram maior valorização das
habilidades do que dos conhecimentos profissionais.
Ao considerar a formação acadêmica dos treinadores (Tabela 2), constatou-se na
avaliação global que os treinadores pós-graduados (91,2%, OR=0,35, IC95%: 0,15-0,83)
atribuíram maior importância às competências profissionais do que os treinadores somente
graduados (78,7%) (p=0,018). As diferenças significativas foram observadas nos
conhecimentos profissionais, onde os treinadores pós-graduados (92,0%, OR=0,34, IC95%:
0,16-0,97) relataram maior importância atribuída que os treinadores esportivos que possuem
41
apenas o curso de graduação (82,0%) (p=0,046). Além disso, constatou-se fraca associação no
indicador que relata os conhecimentos psico-sócio-culturais do esporte (p=0,069). Neste caso,
observou-se que os treinadores que possuem pós-graduação atribuíram elevada importância
aos conhecimentos profissionais que permitem compreender e interpretar o comportamento
do público, o espírito esportivo e os ideais olímpicos, bem como o papel do esporte na
sociedade atual. Além disso, destacaram a necessidade de dominar conhecimentos de
estratégias que promovam o desenvolvimento de atitudes, valores e comportamentos sociais
aceitáveis e de psicologia do esporte que permitem conhecer o comportamento humano.
Tabela 2 - Nível de importância atribuída às competências profissionais considerando a
formação acadêmica dos treinadores.
Importância Atribuída
Competências / Formação Acadêmica
Não Importante Importante
p-valor*
Conhecimentos Profissionais
0,046
Graduado 11(18,0%) 50(82,0%)
s-Graduado 11(8,0%) 126(92,0%)
Gestão e Legislação do Esporte 0,255
Graduado 15(24,6%) 46(75,4%)
Pós-Graduado 24(17,5%) 113(82,5%)
Biodinâmica do Esporte 0,544
Graduado 5(8,2%) 56(91,8%)
Pós-Graduado 8(5,8%) 129(94,2%)
Psico-Sócio-Culturais do Esporte 0,069
Graduado 11(18,0%) 50(82,0%)
Pós-Graduado 12(8,8%) 125(91,2%)
Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo 0,419
Graduado 2(3,3%) 59(96,7%)
Pós-Graduado 2(1,5%) 135(98,5%)
Habilidades Profissionais
0,120
Graduado 7(11,5%) 54(88,5%)
Pós-Graduado 7(5,1%) 130(94,9%)
Planejamento e Gestão Esportiva 0,115
Graduado 5(8,2%) 56(91,8%)
Pós-Graduado 4(2,9%) 133(97,1%)
Avaliação do Esporte 0,120
Graduado 7(11,5%) 54(88,5%)
Pós-Graduado 7(5,1%) 130(94,9%)
Comunicação e Integração do Esporte 0,379
Graduado 4(6,6%) 57(93,4%)
Pós-Graduado 5(3,6%) 132(96,4%)
Auto-reflexão e Atualização Profissionais do Esporte 0,115
Graduado 13(21,3%) 48(78,7%)
Pós-Graduado 17(12,4%) 120(87,6%)
Avaliação Global da Importância Atribuída
0,018
Graduado 13(21,3%) 48(78,7%)
Pós-Graduado 12(8,8%) 125(91,2%)
*p-valor estimado através do teste de razão de verossimilhança
A formação continuada, em nível de pós-graduação, tem sido considerada importante
para melhoria da intervenção profissional na área, principalmente devido às deficiências
percebidas na formação inicial (NUNOMURA; PICCOLO, 2001; PEREIRA; HUNGER,
42
2003). Além disso, Rosado (2000) destaca que o treinador do século XXI necessita, de grande
domínio da modalidade e de sua metodologia, como também adotar uma nova atitude que
valorize os aspectos motivacionais dos atletas e o seu próprio desenvolvimento pessoal e
social. Ao ressaltar as responsabilidades do treinador sobre o desenvolvimento pessoal,
formação das qualidades esportivas e a construção dos fundamentos de uma carreira esportiva
de longa duração, Serpa (2003) complementa sobre a função motivadora do treinador,
nomeadamente para assegurar a adesão à prática, continuidade na prática, empenhamento na
prática e finalidade da prática esportiva.
No que diz respeito aos ciclos vitais dos treinadores, observou-se na Tabela 3 que os
treinadores com até 29 anos (96,0%, OR=0,13, IC95%: 0,02-0,76) e entre 30 e 39 anos
(97,4%, OR=0,09, IC95%: 0,02-0,49) atribuíram maior importância aos conhecimentos de
biodinâmica do esporte que os treinadores que possuem 50 anos ou mais (76,2%) (p=0,014).
Embora os resultados obtidos sejam divergentes daqueles encontrados no estudo realizado por
Resende, Mesquita e Fernandez (2007), onde a maioria dos treinadores portugueses mais
jovens atribuía maior importância ao domínio de conhecimentos da metodologia do
treinamento, as evidências parecem acompanhar a tendência atual de valorização das
investigações dos aspectos biodinâmicos da performance esportiva.
Nas habilidades profissionais, embora não tenha sido encontrada diferença
estatisticamente significativa, os treinadores com idades mais avançadas (50 anos ou mais)
atribuíram menor importância às habilidades de avaliação do esporte do que os treinadores
mais jovens. A habilidade de avaliação tem sido considerada essencial ao desempenho
profissional em Educação Física (NASCIMENTO, 1999) e, em especial, aos treinadores
esportivos (MARINHO, 2007), devido à necessidade de observar o desempenho dos
executantes nas dimensões físico, técnica, tática e psicológica para auxiliar no planejamento e
alcance das metas propostas. Um estudo com treinadores Portugueses confirma a importância
da avaliação no esporte onde treinadores muito experientes valorizaram significativamente a
importância aos conhecimentos sobre os fundamentos do comportamento motor (RESENDE;
MESQUITA; FERNANDEZ, 2007).
Tabela 3 - Nível de importância atribuída às competências profissionais considerando os
ciclos vitais dos treinadores.
Importância Atribuída
Competências / Ciclos Vitais
Não Importante Importante
p-valor*
Conhecimentos Profissionais
0,564
Até 29 anos 6(12,0%) 44(88,0%)
Entre 30 e 39 anos 6(7,9%) 70(92,1%)
43
Entre 40 e 49 anos 7(10,6%) 59(89,4%)
50 anos ou mais 4(19,0%) 17(81,0%)
Gestão e Legislação do Esporte 0,672
Até 29 anos 11(22,0%) 39(78,0%)
Entre 30 e 39 anos 13(17,1%) 63(82,9%)
Entre 40 e 49 anos 12(18,2%) 54(81,8%)
50 anos ou mais 6(28,6%) 15(71,4%)
Biodinâmica do Esporte 0,014
Até 29 anos 2(4,0%) 48(96,0%)
Entre 30 e 39 anos 2(2,6%) 74(97,4%)
Entre 40 e 49 anos 7(10,6%) 59(89,4%)
50 anos ou mais 5(23,8%) 16(76,2%)
Psico-Sócio-Culturais do Esporte 0,974
Até 29 anos 5(10,0%) 45(90,0%)
Entre 30 e 39 anos 9(11,8%) 67(88,2%)
Entre 40 e 49 anos 8(12,1%) 58(87,9%)
50 anos ou mais 2(9,5%) 19(90,5%)
Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo 0,833
Até 29 anos 1(2,0%) 49(98,0%)
Entre 30 e 39 anos 1(1,3%) 75(98,7%)
Entre 40 e 49 anos 1(1,5%) 65(98,5%)
50 anos ou mais 1(4,8%) 20(95,2%)
Habilidades Profissionais
0,606
Até 29 anos 3(6,0%) 47(94,0%)
Entre 30 e 39 anos 4(5,3%) 72(94,7%)
Entre 40 e 49 anos 5(7,6%) 61(92,4%)
50 anos ou mais 3(14,3%) 18(85,7%)
Planejamento e Gestão Esportiva 0,569
Até 29 anos 2(4,0%) 48(96,0%)
Entre 30 e 39 anos 2(2,6%) 74(97,4%)
Entre 40 e 49 anos 4(6,1%) 62(93,9%)
50 anos ou mais 2(9,5%) 19(90,5%)
Avaliação do Esporte 0,087
Até 29 anos 4(8,0%) 46(92,0%)
Entre 30 e 39 anos 2(2,6%) 74(97,4%)
Entre 40 e 49 anos 6(9,1%) 60(90,9%)
50 anos ou mais 4(19,0%) 17(81,0%)
Comunicação e Integração do Esporte 0,596
Até 29 anos 3(6,0%) 47(94,0%)
Entre 30 e 39 anos 2(2,6%) 74(97,4%)
Entre 40 e 49 anos 3(4,5%) 63(95,5%)
50 anos ou mais 2(9,5%) 19(90,5%)
Auto-reflexão e Atualização Profissionais do Esporte 0,977
Até 29 anos 7(14,0%) 43(86,0%)
Entre 30 e 39 anos 11(14,5%) 65(85,5%)
Entre 40 e 49 anos 11(16,7%) 55(83,3%)
50 anos ou mais 3(14,3%) 18(85,7%)
Avaliação Global da Importância Atribuída
0,652
Até 29 anos 7(14,0%) 43(86,0%)
Entre 30 e 39 anos 7(9,2%) 69(90,8%)
Entre 40 e 49 anos 8(12,1%) 58(87,9%)
50 anos ou mais 4(19,0%) 17(81,0%)
*p-valor estimado através do teste de razão de verossimilhança
Os treinadores que atuam em competições nacionais (98,7%) atribuíram maior
importância aos conhecimentos profissionais de biodinâmica do esporte do que os treinadores
que atuam em competições internacionais (86,3%, OR=11,93, IC95%: 1,42-100,21)
(p=0,011) (Tabela 4). As principais diferenças encontradas foram nos conhecimentos relativos
às qualidades físicas dos atletas, desenvolvimento motor humano, biomecânica do esporte e
44
fisiologia do exercício. Embora não haja dúvida de que o processo de treinamento esportivo
demanda cada vez mais conhecimentos científicos amplos e diversificados, ainda tem
prevalecido nesta área uma visão estreita que considera apenas os conhecimentos produzidos
pela biomecânica e fisiologia para o sucesso no esporte de rendimento. Os conhecimentos de
cineantropometria, psicologia do esporte, aprendizagem e controle motor somente
recentemente têm recebido a devida atenção (TANI, 2002), assim como os conhecimentos de
pedagogia do esporte relativos ao planejamento e organização das sessões de treinamento
(SHIGUNOV, 1998).
Tabela 4 - Nível de importância atribuída às competências profissionais considerando o nível
das competições que os treinadores atuam.
Importância Atribuída
Competências / Tipo de Competição
Não Importante Importante
p-valor*
Conhecimentos Profissionais
0,561
Estadual 11(12,9%) 74(87,1%)
Nacional 6(7,9%) 70(92,1%)
Internacional 6(11,8%) 45(88,2%)
Gestão e Legislação do Esporte 0,209
Estadual 20(23,5%) 65(76,5%)
Nacional 16(21,1%) 60(78,9%)
Internacional 6(11,8%) 45(88,2%)
Biodinâmica do Es porte 0,011
Estadual 8(9,4%) 77(90,6%)
Nacional 1(1,3%) 75(98,7%)
Internacional 7(13,7%) 44(86,3%)
Psico-Sócio-Culturais do Esporte 0,748
Estadual 8(9,4%) 77(90,6%)
Nacional 10(13,2%) 66(86,8%)
Internacional 6(11,8%) 45(88,2%)
Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo 0,145
Estadual 2(2,4%) 83(97,6%)
Nacional ---- 76(100,0%)
Internacional 2(3,9%) 49(96,1%)
Habilidades Profissionais
0,732
Estadual 7(8,2%) 78(91,8%)
Nacional 4(5,3%) 72(94,7%)
Internacional 4(7,8%) 47(92,2%)
Planejamento e Gestão Esportiva 0,535
Estadual 5(5,9%) 80(94,1%)
Nacional 2(2,6%) 74(97,4%)
Internacional 3(5,9%) 48(94,1%)
Avaliação do Esporte 0,083
Estadual 8(9,4%) 77(90,6%)
Nacional 2(2,6%) 74(97,4%)
Internacional 6(11,8%) 45(88,2%)
Comunicação e Integração do Esporte 0,535
Estadual 5(5,9%) 80(94,1%)
Nacional 2(2,6%) 74(97,4%)
Internacional 3(5,9%) 48(94,1%)
Auto-reflexão e Atualização Profissionais do Esporte 0,635
Estadual 15(17,6%) 70(82,4%)
45
Nacional 11(14,5%) 65(85,5%)
Internacional 6(11,8%) 45(88,2%)
Avaliação Global da Importância Atribuída
0,970
Estadual 11(12,9%) 74(87,4%)
Nacional 9(11,8%) 67(88,2%)
Internacional 6(11,8%) 45(88,2%)
*p-valor estimado através do teste de razão de verossimilhança
Apesar de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente significativas, os
treinadores que atuam em competições internacionais atribuíram menor importância à
habilidade profissional de avaliação do esporte. Os resultados encontrados divergem da
tendência apontada por Fernandes Filho e Machado (2001) de valorização da avaliação no
processo de treinamento. Quanto maior for o nível competitivo do indivíduo ou equipe, será
necessário que a avaliação seja mais profunda e precisa. De fato, quanto maior for o nível de
competição, menor será a diferença entre os atletas ou entre as equipes, sendo muitas vezes a
competição decidida por pequenos detalhes.
Conclusões
Diante dos resultados encontrados e considerando as limitações metodológicas de
estudos desta natureza, as seguintes conclusões foram elaboradas.
Os treinadores esportivos catarinenses atribuíram elevada importância às competências
profissionais relacionadas aos conhecimentos de biodinâmica, psico-sócio-culturais, gestão e
legislação e teoria e metodologia do esporte, assim como às habilidades de planejamento e
gestão esportiva, avaliação, comunicação e integração, auto-reflexão e atualização
profissional no esporte. De modo geral, os treinadores investigados destacaram um conjunto
de competências para superar os desafios que têm significado múltiplo no processo de
treinamento, as quais possam atender demandas distintas e também auxiliar no alcance das
metas formativas e competitivas.
Ao considerar as variáveis, formação acadêmica, ciclos vitais e nível das competições
que os treinadores atuam, constatou-se que os treinadores pós-graduados atribuíram maior
importância às competências profissionais do que os treinadores somente graduados,
principalmente nos conhecimentos psico-sócio-culturais do esporte. Enquanto que os
treinadores mais jovens e aqueles que atuam em competições estaduais e nacionais valorizam
os conhecimentos de biodinâmica do esporte, os treinadores com idades mais avançadas (50
anos ou mais) atribuíram menor importância às habilidades de avaliação do esporte do que os
treinadores mais jovens.
46
Embora a compensação financeira de treinadores de equipes adultas e de alto
rendimento seja maior daqueles que atuam com crianças e jovens, a remuneração dos
treinadores tem sido freqüentemente modesta, exigindo o desempenho de outras atividades
profissionais concomitantes. Neste sentido, a continuidade das investigações sobre esta
temática é sugerida para aprofundar o fato dos treinadores esportivos, que desempenham
outras funções remuneradas, atribuírem sempre maior importância às competências
profissionais do que os treinadores que se dedicam exclusivamente ao treinamento esportivo.
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49
NÍVEL DE ASSOCIAÇÃO ENTRE A IMPORTÂNCIA ATRÍBUIDA E A
COMPETÊNCIA PERCEBIDA DE TREINADORES ESPORTIVOS
3
Ema Maria Egerland
Juarez Vieira do Nascimento
Jorge Both
Resumo: O objetivo deste estudo foi constatar o nível de associação entre a importância
atribuída às competências e a competência profissional percebida de treinadores esportivos
catarinenses. Participaram da investigação 213 treinadores que atuam em modalidades
coletivas e individuais. Na coleta de dados foram empregadas as versões adaptada e
modificada da Escala de Auto-percepção de Competência (EAPC). Os testes de Qui-quadrado
para grupo único e de correlação de Spearman foram empregados na análise estatística dos
dados. Além de confirmarem os constructos das dimensões investigadas, as evidências
encontradas auxiliaram na identificação de algumas potencialidades e necessidades
profissionais, destacando-se os conhecimentos profissionais de Teoria e metodologia do
treinamento esportivo.
Palavras-chave: Competências profissionais, Competência percebida, Treinadores
esportivos.
ASSOCIATION LEVEL BETWEEN THE IMPORTANCE ATTRIBUTED AND
PERCEIVED COMPETENCE OF SPORTIVE COACHES
Abstract: The aim of this study was to verify the association level between the importance
attributed to the competences and the professional competence perceived of sportive coaches
from Santa Catarina State. 213 coaches who work with individual and team modalities
participated of the investigation. For data collection modified and adapted versions of Self-
perception Competence Scale were used. Chi-square test for single group and Spearman’s
correlation test were used for data statistical analysis. Besides confirming the constructs of
investigated dimensions, the evidences found helped the identification of some potentialities
3
Artigo encaminhado para publicação na Revista Pensar a Prática.
50
and professional needs, standing out professional knowledge of Theory and methodology of
sportive training.
Key words: Professional competences, Perceived competence, Coaches.
NIVEL DE ASOCIACIÓN ENTRE LA IMPORTANCIA ATRIBUIDA Y LA
COMPETENCIA PERCIBIDA DE ENTRENADORES DEPORTIVOS
Resumen: Este estudio buscó constatar el nivel de asociación entre la importancia atribuida a
las competencias y a la competencia profesional percibida de entrenadores deportivos
catarinenses. Participaron de la investigación 213 entrenadores que actúan en las modalidades
colectivas e individuales. Para la colecta de datos fueron empleadas las versiones adaptada y
modificada de la Escala de Auto-percepción de Competencia (EAPC). Los testes de Qui-
cuadrado para grupo único y el coeficiente de correlación de Spearman fueron utilizados para
los análisis estadísticos de datos. Además de se confirmar los constructos de las dimensiones
investigadas, las evidencias encontradas auxiliaron en la identificación de algunas
potencialidades y necesidades profesionales, poniendo de relieve los conocimientos
profesionales de Teoría y Metodología del entrenamiento deportivo.
Palabras-clave: Competencias profesionales. Competencia percibida. Entrenadores
deportivos.
Introdução
O ser humano, desde os primórdios, vem construindo e acumulando conhecimentos
que lhe permitem transformar a realidade, cujas transformações nunca se deram de forma tão
intensa e acelerada como na atualidade. Ao mesmo tempo em que dispõem das facilidades
proporcionadas pelos avanços tecnológicos, os profissionais de todas as áreas necessitam
aprimorar constantemente suas competências para enfrentar a alta competitividade do
mercado de trabalho. A área de esportes não é diferente, exigindo ao treinador lançar mão de
todos os recursos disponíveis para obter um bom desempenho profissional.
A intervenção em equipes esportivas não se restringe mais a preparação física e
técnica dos atletas, requerendo dos treinadores o domínio de conceitos de diferentes áreas,
assim como de habilidades e atitudes para auxiliar na formação do ser humano e também para
51
desempenhar atividades investigativas e de gestão. Além disso, o treinamento profissional é
uma atividade que exige versatilidade, nomeadamente em administrar a multiplicidade de
tarefas que envolvem diferentes dimensões (MEINBERG, 2002).
Ao comentarem sobre o papel do treinador no desenvolvimento esportivo, Moreno e
Del Villar (2004) e Pascual et al. (2006) destacam que este profissional deve ter uma
formação acadêmica e profissional, necessita possuir um caráter reflexivo e crítico sobre sua
prática, uma profunda convicção da validade do trabalho coletivo e consiga se adequar aos
avanços do conhecimento científico, técnico e profissional do treinamento esportivo.
O sucesso de um treinador também depende de sua filosofia de vida e de trabalho, que
determina suas crenças e princípios que guiam suas ações. A filosofia adotada, além de
determinar o uso adequado dos conhecimentos, marca o estilo e os objetivos do treinador
(BOMPA, 2002; MARTENS, 2002; SAMULSKI, MORAIS, 1999). Na investigação com
treinadores de alto rendimento, Ramirez (2002) observou a adoção de filosofia de treino
dinâmica, aberta e passível de mudanças, a qual estava necessariamente relacionada com a
forma de vida dos treinadores.
Embora o desenvolvimento de competências seja um processo contínuo e que varia
entre os indivíduos (MATEOZO, 1971), o mercado de trabalho tem exigido profissionais
competentes, com formação e atualização profissional constante (ALCOSER, 2006).
Enquanto que os treinadores de modalidades coletivas necessitam dominar freqüentemente
competências nos campos conceitual, comunicativo, técnico, relacionamentos pessoais e
moral-ética (BALBINO, 2005; BALBINO; WINTERSTEIN, 2008; MEINBERG, 2002a;
2002b), os treinadores de modalidades individuais necessitam de elevada criatividade para
tornar as sessões variadas e atrativas (BOMPA, 2002; LISITSKAYA, 1998).
Na literatura consultada (ARAUJO, 1997; LIMA, 1998; PRATA, 1998; ROSADO,
2000) constata-se que uma das etapas mais importante da construção da carreira de treinador é
quando o indivíduo manifesta a preocupação de aprimorar a eficácia de sua formação. É nesta
fase que percebe também a necessidade de assegurar a formação continuada para
desempenhar sua função no desenvolvimento da modalidade que atua, bem como melhorar a
efetividade da sua intervenção. Outro aspecto detectado é a carência de estudos que procuram
abordar as potencialidades e necessidades profissionais de treinadores, a partir da comparação
da importância atribuída às competências com o nível de competência percebida.
Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo foi constatar o nível de associação entre a
importância atribuída às competências e a competência profissional percebida de treinadores
esportivos catarinenses. A realização desta investigação é justificada pela necessidade de
52
fornecer dados relevantes à formação inicial e permanente de treinadores, bem como
contribuir na implementação do processo de certificação profissional de treinadores
esportivos.
Procedimentos Metodológicos
Este estudo caracterizou-se uma pesquisa descritiva correlacional porque se preocupou
em examinar a associação entre determinadas variáveis, sem presumir uma relação de causa e
efeito (THOMAS; NELSON, 2002).
A população do estudo abrangeu todos os treinadores esportivos catarinenses que
atuam nas diferentes modalidades esportivas. A partir do processo de seleção estratificada por
região do estado de Santa Catarina, participaram do estudo 213 treinadores, sendo 44 do sexo
feminino e 169 do sexo masculino, de modalidades coletivas e individuais vinculados às
fundações municipais de esporte e ao esporte de alto rendimento, sendo 69 (32,4%) do Vale
do Itajaí, 56 (26,3%) do Oeste, 44 (20,7%) do Norte e 44 (20,7%) da Grande Florianópolis,
Sul e Planalto. As meso-regiões Grande Florianópolis, Sul e Planalto foram agrupadas devido
ao número reduzido de participantes.
Os instrumentos de coleta dos dados foram dois questionários para avaliar a auto-
percepção de competência profissional bem como a importância atribuída às competências
pelos treinadores esportivos.
O nível de competência profissional percebida dos treinadores foi avaliado a partir da
Escala de Auto-Percepção de Competência (EAPC), a qual foi adaptada do instrumento
desenvolvido por Simão (1998). A matriz analítica é bi-dimensional, composta pelas
dimensões de Conhecimentos Profissionais (Gestão e legislação do esporte, Biodinâmica do
esporte, Psico-sócio-culturais do esporte e Teoria e metodologia do treinamento esportivo) e
Habilidades Profissionais (Planejamento e gestão esportiva, Avaliação do esporte,
Comunicação e integração no esporte e Auto-reflexão e atualização profissional no esporte).
O instrumento é composto de 39 questões fechadas, com uma escala de avaliação da
competência percebida de 1 a 5 pontos, sendo 1 = não domino, 2 = domino pouco, 3 =
domino razoavelmente, 4 = domino bem e 5 = domino muito bem.
Embora o instrumento de pesquisa já tenha sido validado para a realidade portuguesa
por Simão (1998), foi necessário inicialmente traduzi-lo e adaptá-lo à realidade brasileira,
para testar posteriormente a clareza e a objetividade da linguagem e a reprodutibilidade da
nova versão. A análise de clareza e objetividade da linguagem foi realizada com a
53
participação de 26 treinadores, cujo processo resultou na eliminação de seis questões, as quais
não apresentaram o nível esperado de consenso (80%). A avaliação da reprodutibilidade do
instrumento foi efetuada a partir do método de teste-reteste, com uma semana de intervalo
entre as testagens, envolvendo 50 treinadores esportivos. Os resultados dos coeficientes de
correlação foram considerados aceitáveis.
A versão modificada da EAPC foi empregada para avaliar o nível de importância
atribuída às competências profissionais. O questionário foi também composto por 39 questões
fechadas, porém com uma escala de avaliação da importância atribuída de 1 a 5 pontos, sendo
1 = nenhuma importância, 2 = importância pequena, 3 = importância razoável, 4 =
importância grande e 5 = importância muito grande.
Após a aprovação do projeto junto ao Comitê de Ética de Pesquisa com Seres
Humanos (Processo 337/08), os questionários e os termos de consentimento livre-esclarecidos
foram encaminhados às Fundações Municipais de Desporto para serem distribuídos aos
treinadores de cada município.
A tabulação e categorização dos dados relativos às variáveis do estudo foram
realizadas na planilha eletrônica Microsoft Excel. Após a categorização realizada através de
uma adaptação das equações de ponderação de Lemos (2007), empregou-se o teste Qui-
quadrado para grupo único, tendo como referencia 50,0% para verificar possíveis tendências
de respostas dos treinadores, e o teste de correlação de Spearman para observar a correlação
linear entre as variáveis. A análise estatística foi realizada no pacote estatístico SPSS, versão
11.0, cujo nível de significância foi de 5%.
Os índices de correlação foram classificados conforme os pontos de corte sugeridos
por Mitra e Lankford (1999), os quais estabelecem que correlações entre 0,20 e 0,40 são
consideradas como fraca, entre 0,40 e 0,60 são consideradas moderadas, e acima de 0,60 são
consideradas como forte. Os valores de correlação encontradas abaixo de 0,20 foram
considerados muito fracos.
Resultados e Discussão
Os resultados revelaram que os treinadores esportivos atribuíram elevada importância
(p<0,001) aos indicadores, dimensões e avaliação global das competências profissionais
(Tabela 1). Enquanto que os percentuais mais baixos de importância atribuída às
competências foram observados nos conhecimentos profissionais de Gestão e legislação do
54
esporte (80,3%), os percentuais mais altos foram encontrados nos conhecimentos
profissionais de Teoria e metodologia do treinamento esportivo (98,1%).
Tabela 1 - Nível de importância atribuída às competências profissionais pelos treinadores
esportivos catarinenses.
Importância Atribuída
Dimensões e Indicadores
Não Importante Importante
p-valor*
Conhecimentos Profissionais
23(10,8%) 190(89,2%) <0,001
Gestão e Legislação do Esporte 42(19,7%) 171(80,3%) <0,001
Biodinâmica do Esporte 16(7,5%) 197(92,5%) <0,001
Psico-Sócio-Culturais do Esporte 24(11,3%) 189(88,7%) <0,001
Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo 4(1,9%) 209(98,1%) <0,001
Habilidades Profissionais
15(7,0%) 198(93,0%) <0,001
Planejamento e Gestão Esportiva 10(4,7%) 203(95,3%) <0,001
Avaliação do Esporte 16(7,5%) 197(92,5%) <0,001
Comunicação e Integração do Esporte 10(4,7%) 203(95,3%) <0,001
Auto-reflexão e Atualização Profissionais do Esporte 32(15,0%) 181(85,0%) <0,001
Avaliação Global da Importância Atribuída
26(12,2%) 187(87,8%) <0,001
*p-valor estimado através do teste qui-quadrado para grupo único (referência = 50,0%)
Um aspecto a destacar é que 9 a cada 10 treinadores atribuíram elevada importância às
dimensões Conhecimentos Profissionais e Habilidades Profissionais. Estes resultados
refletiram na avaliação global da variável importância atribuída, a qual demonstrou índices
similares aos relatados nas duas dimensões que compõem a sua matriz analítica.
No que diz respeito à auto-percepção de competência profissional (Tabela 2),
constatou-se que a maioria dos treinadores domina os conhecimentos profissionais de Gestão
e legislação do esporte, Biodinâmica do esporte, Psico-sócio-culturais do esporte e de Teoria e
metodologia do treinamento esportivo. Além disso, os treinadores investigados relataram
dominar as habilidades profissionais de Planejamento e gestão esportiva, Avaliação do
esporte, Comunicação e integração do esporte, e Auto-reflexão e atualização profissionais do
esporte, o que refletiu na avaliação global da competência percebida (p<0,001). Destaca-se
que os treinadores apresentaram o menor domínio (65,3%) do indicador Gestão e legislação
do esporte em ambos os construtos.
Tabela 2 - Nível de competência profissional percebida pelos treinadores esportivos
catarinenses.
Competência Percebida
Dimensões e Indicadores
Não Domina Domina
p-valor*
Conhecimentos Profissionais
37(17,4%) 176(82,6%) <0,001
Gestão e Legislação do Esporte 74(34,7%) 139(65,3%) <0,001
Biodinâmica do Esporte 39(18,3%) 174(81,7%) <0,001
Psico-Sócio-Culturais do Esporte 26(12,2%) 187(87,8%) <0,001
Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo 9(4,2%) 204(95,8%) <0,001
55
Habilidades Profissionais
21(9,9%) 192(90,1%) <0,001
Planejamento e Gestão Esportiva 13(6,1%) 200(93,9%) <0,001
Avaliação do Esporte 26(12,2%) 187(87,8%) <0,001
Comunicação e Integração do Esporte 14(6,6%) 199(93,4%) <0,001
Auto-reflexão e Atualização Profissionais do Esporte 28(13,1%) 185(86,9%) <0,001
Avaliação Global da Competência Percebida
39(18,3%) 174(81,7%) <0,001
*p-valor estimado através do teste qui-quadrado para grupo único (referência = 50,0%)
Ao comparar os resultados percentuais das variáveis importância atribuída e
competência percebida, constatou-se que apenas na habilidade de Auto-reflexão e atualização
profissionais do esporte os treinadores evidenciaram que dominam mais do que acreditam ser
importante tal habilidade para a sua intervenção profissional. Nos demais indicadores,
dimensões e avaliações globais de ambos os constructos, os treinadores investigados
atribuíram sempre maior importância do que domínio das competências profissionais.
Com relação aos índices de correlação linear entre os indicadores, as dimensões e a
avaliação global da importância atribuída às competências (Tabela 3), os resultados revelaram
índices mais baixos de correlação entre os indicadores da dimensão conhecimentos
profissionais (um cruzamento com muito fraca correlação, dois cruzamentos considerados
com fraca correlação e três cruzamentos considerados com moderada correlação), do que
entre os indicadores da dimensão habilidades profissionais (cinco cruzamentos com
moderados índices de correlação e um com forte correlação).
Tabela 3 - Nível de correlação entre as dimensões e respectivos indicadores da importância
atribuída às competências profissionais pelos treinadores esportivos catarinenses.
Variáveis I.1.1 I.1.2 I.1.3 I.1.4 I.2.1 I.2.2 I.2.3 I.2.4 D.1 D.2 Geral
I.1.1
I.1.2
0,40**
I.1.3
0,50** 0,35**
I.1.4
0,19* 0,49** 0,39**
I.2.1
0,39** 0,53** 0,48** 0,62**
I.2.2
0,40** 0,66** 0,41** 0,49** 0,53**
I.2.3
0,34** 0,53** 0,55** 0,62** 0,58** 0,61**
I.2.4
0,45** 0,28** 0,47** 0,33** 0,47** 0,43** 0,40**
D.1
0,66** 0,65** 0,74** 0,40** 0,57** 0,59** 0,57** 0,49**
D.2
0,42** 0,48** 0,54** 0,50** 0,72** 0,76** 0,72** 0,60** 0,61**
Geral
0,64** 0,60** 0,68** 0,37** 0,60** 0,66** 0,60** 0,57** 0,93** 0,74**
Legenda: *p<0,01, **p<0,001 I.1.1 Gestão e Legislação do Esporte, I.1.2 Biodinâmica do Esporte, I.1.3
Psico-Sócio-Culturais do Esporte, I.1.4 Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo, I.2.1 Planejamento
e Gestão Esportiva, I.2.2 Avaliação do Esporte, I.2.3 Comunicação e Integração do Esporte, I.2.4 Auto-
reflexão e Atualização Profissional do Esporte, D.1 Conhecimentos Profissionais, D.2 Habilidades
Profissionais, Geral Avaliação Global da Importância Atribuída.
Ao analisar os cruzamentos dos indicadores das duas dimensões que compõem o
constructo importância atribuída às competências, constatou-se que a grande maioria das
associações foi considerada moderada (nove casos). Destaca-se que alta correlação somente
foi encontrada no cruzamento dos indicadores da habilidade de Avaliação do esporte e dos
56
conhecimentos de Biodinâmica do esporte (rs 0,66), bem como dos cruzamentos das
dimensões conhecimentos profissionais e habilidades profissionais (rs 0,61).
Na avaliação do nível de associação entre os indicadores com as respectivas
dimensões, a maioria dos indicadores apresentou fortes índices de correlação na dimensão
conhecimentos profissionais (Gestão e legislação do Esporte, rs 0,66; Biodinâmica do esporte,
rs 0,65; Psico-sócio-culturais do esporte, rs 0,74), exceto no indicador Teoria e metodologia
do treinamento esportivo que demonstrou moderada correlação (rs 0,40). Na dimensão
habilidades profissionais observou-se que todos os indicadores demonstraram forte associação
com a dimensão, cujos índices de correlação variaram entre rs 0,60 e 0,76.
Um aspecto a destacar é que a maioria dos indicadores (rs entre 0,60 e 0,68) e ambas
as dimensões (rs 0,93 e rs 0,74, respectivamente) demonstraram forte correlação com a
avaliação global da Importância Atribuída, exceto o indicador de conhecimentos de Teoria e
metodologia do treinamento esportivo que apresentou fraca correlação (rs 0,37) e o indicador
da habilidade Auto-reflexão e atualização profissionais do esporte que evidenciou moderada
correlação (rs 0,57).
Os índices de correlação linear entre os indicadores, as dimensões e a avaliação global
da competência percebida (Tabela 4) revelaram que a maioria das associações entre os
indicadores da dimensão habilidades profissionais foi considerada moderada (rs entre 0,40 e
0,54). Por outro lado, os indicadores da dimensão conhecimentos profissionais tenderam para
associações fracas ou muito fracas (rs abaixo de 0,20).
Tabela 4 - Nível de correlação entre as dimensões e respectivos indicadores da competência
profissional percebida pelos treinadores esportivos catarinenses.
Variáveis I.1.1 I.1.2 I.1.3 I.1.4 I.2.1 I.2.2 I.2.3 I.2.4 D.1 D.2 Geral
I.1.1
I.1.2
0,16*
I.1.3
0,36** 0,19*
I.1.4
0,24** 0,32** 0,42**
I.2.1
0,27** 0,39** 0,38** 0,73**
I.2.2
0,30** 0,38** 0,43** 0,49** 0,50**
I.2.3
0,28** 0,27** 0,60** 0,60** 0,49** 0,36**
I.2.4
0,42** 0,28** 0,58** 0,47** 0,54** 0,49** 0,40**
D.1
0,52** 0,52** 0,71** 0,46** 0,45** 0,51** 0,43** 0,52**
D.2
0,35** 0,37** 0,65** 0,64** 0,71** 0,74** 0,55** 0,71** 0,64**
Geral
0,55** 0,50** 0,71** 0,44** 0,49** 0,57** 0,41** 0,53** 0,97** 0,70**
Legenda: *p<0,01, **p<0,001 I.1.1 Gestão e Legislação do Esporte, I.1.2 Biodinâmica do Esporte, I.1.3
Psico-Sócio-Culturais do Esporte, I.1.4 Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo, I.2.1 Planejamento
e Gestão Esportiva, I.2.2 Avaliação do Esporte, I.2.3 Comunicação e Integração do Esporte, I.2.4 Auto-
reflexão e Atualização Profissional do Esporte, D.1 Conhecimentos Profissionais, D.2 Habilidades
Profissionais, Geral Avaliação Global da Competência Percebida.
Os cruzamentos entre os indicadores das diferentes dimensões evidenciaram que
somente três apresentaram índices forte de correlação. Os demais cruzamentos obtiveram
57
moderada (cinto associações) ou fraca (oito associações) correlação. No cômputo geral,
constatou-se uma forte correlação (rs 0,64) entre as dimensões conhecimentos profissionais e
habilidades profissionais.
Enquanto que a maioria dos indicadores de conhecimentos profissionais apresentou
índices moderados de correlação com a respectiva dimensão, os indicadores de habilidades
profissionais tenderam a índices fortes de correlação, com exceção do indicador da habilidade
Comunicação e integração do esporte que demonstrou moderada correlação (rs 0,55). Além
das dimensões conhecimentos profissionais (rs 0,97) e habilidades profissionais (rs 0,70), o
indicador de conhecimentos Psico-sócio-culturais do esporte (rs 0,71) evidenciou forte
associação com o conceito global da competência percebida. Os demais indicadores
demonstraram moderada associação com a avaliação global, cujos índices de correlação
variaram entre rs 0,41 e rs 0,57.
Os resultados do nível de associação entre a competência profissional percebida e a
importância atribuída às competências (Tabela 5) auxiliou na identificação de algumas
potencialidades e necessidades profissionais dos treinadores investigados. Os conhecimentos
profissionais de Teoria e metodologia do treinamento esportivo destacaram-se das demais
competências por apresentarem forte correlação entre a importância atribuída e a competência
percebida (rs 0,66). De fato, esta competência compreende uma potencialidade dos
treinadores investigados que, além de a considerarem muito importante (98,1%) para sua
intervenção profissional, revelaram maior auto-percepção de competência (95,8%).
Resultados similares foram encontrados com as habilidades profissionais de Planejamento e
gestão do esporte e de Comunicação e integração do esporte, as quais também foram
consideradas competências muito importantes (95,3%) e os treinadores relataram alto domínio
(93,9% e 93,4%, respectivamente), apesar das correlações terem sido moderadas (rs 0,50 e rs
0,57, respectivamente).
58
Tabela 5 - Nível de correlação entre a importância atribuída e a competência percebida dos
treinadores esportivos catarinenses.
Variáveis CPI.1.1 CPI.1.2 CPI.1.3 CPI.1.4 CPI.2.1 CPI.2.2 CPI.2.3 CPI.2.4 CPD.1 CPD.2 CPGeral
IAI.1.1
0,41** 0,22** 0,32** 0,19* 0,17* 0,25** 0,30** 0,23** 0,33** 0,19* 0,32**
IAI.1.2
0,28** 0,46** 0,28** 0,38** 0,37** 0,49** 0,36** 0,21** 0,48** 0,38** 0,46**
IAI.1.3
0,21** 0,22* 0,50** 0,37** 0,34** 0,23** 0,51** 0,30** 0,39** 0,33** 0,37**
IAI.1.4
0,19* 0,29** 0,37** 0,66** 0,54** 0,37** 0,52** 0,36** 0,30** 0,42** 0,29**
IAI.2.1
0,26** 0,24** 0,32** 0,40** 0,50** 0,32** 0,48** 0,31** 0,25** 0,37** 0,24**
IAI.2.2
0,20** 0,51** 0,28** 0,38** 0,45** 0,49** 0,36** 0,31** 0,39** 0,38** 0,37**
IAI.2.3
0,21* 0,28** 0,46** 0,51** 0,50** 0,39** 0,57** 0,37** 0,37** 0,45** 0,35**
IAI.2.4
0,27** 0,38** 0,37** 0,24** 0,28** 0,25** 0,37** 0,34** 0,29** 0,30** 0,28**
IAD.1
0,29** 0,38** 0,38** 0,38** 0,35** 0,38** 0,52** 0,31** 0,40** 0,34** 0,38**
IAD.2
0,19* 0,39** 0,31** 0,31** 0,39** 0,35** 0,52** 0,27** 0,26** 0,34** 0,25**
IAGeral
0,27** 0,42** 0,34** 0,35** 0,32** 0,39** 0,48** 0,28** 0,36** 0,31** 0,34**
Legenda: *p<0,01, **p<0,001 CPI.1.1 Gestão e Legislação do Esporte, CPI.1.2 Biodinâmica do Esporte, CPI.1.3 Psico-Sócio -
Culturais do Esporte, CPI.1.4 Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo, CPI.2.1 Planejamento e Gestão Esportiva, CPI.2.2
Avaliação do Esporte, CPI.2.3 Comunicação e Integração do Esporte, CPI.2.4 Auto-reflexão e Atualização Profissional do Esporte,
CPD.1 Conhecimentos Profissionais, CPD.2 Habilidades Profissionais, CPGeral Avaliação Global da Competência Percebida, IAI.1.1
Gestão e Legislação do Esporte, IAI.1.2 Biodinâmica do Esporte, IAI.1.3 Psico-Sócio-Culturais do Esporte, IAI.1.4 Teoria e
Metodologia do Treinamento Esportivo, IAI.2.1 Planejamento e Gestão Esportiva, IAI.2.2 Avaliação do Esporte, IAI.2.3
Comunicação e Integração do Esporte, IAI.2.4 Auto-reflexão e Atualização Profissional do Esporte, IAD.1 Conhecimentos Profissionais,
IAD.2 Habilidades Profissionais, IAGeral Avaliação Global da Importância Atribuída.
As demais associações entre os correspondentes indicadores de ambos os construtos
demonstraram moderadas correlações, exceto o indicador da habilidade de Auto-reflexão a
atualização profissionais no esporte que obteve fraca correlação (rs 0,34). Esta habilidade
pode ser considerada uma necessidade profissional juntamente com a habilidade de Avaliação
do esporte, devido a importância relativa à intervenção na área (85,0% e 92,5%,
respectivamente), bem como o menor domínio percebido entre os treinadores investigados
(86,5% e 87,8%, respectivamente). Da mesma forma, os conhecimentos profissionais de
Gestão e legislação do esporte e de Biodinâmica do esporte podem ser considerados
necessidades profissionais, os quais também receberam importância relativa (80,3% e 92,5%,
respectivamente), mas com menor competência percebida pelos treinadores catarinenses
(65,3% e 81,7%, respectivamente).
Os resultados sobre a importância atribuída às competências são similares aqueles
encontrados com treinadores (SIMÃO, 1998) e professores de Educação de Física
portugueses (NASCIMENTO; GRAÇA, 1998). Além disso, parecem confirmar as
necessidades do treinador do século XXI, apontadas por Rosado (2000), nomeadamente de
grande domínio da modalidade e de sua metodologia, como também adotar uma nova atitude
que valorize os aspectos motivacionais dos atletas e o seu próprio desenvolvimento pessoal e
social.
Apesar do processo de treinamento esportivo demandar cada vez mais conhecimentos
científicos amplos e diversificados, ainda tem prevalecido nesta área uma visão estreita que
considera apenas os conhecimentos produzidos pela biomecânica e fisiologia para o sucesso
no esporte de rendimento. As evidências parecem acompanhar a tendência atual de
59
valorização das investigações dos aspectos biodinâmicos da performance esportiva. De fato,
os conhecimentos de cineantropometria, psicologia do esporte, aprendizagem e controle
motor somente recentemente têm recebido a devida atenção (TANI, 2002), assim como os
conhecimentos de pedagogia do esporte relativos ao planejamento e organização das sessões
de treinamento (SHIGUNOV, 1998).
A habilidade de avaliação tem sido considerada essencial ao desempenho profissional
em Educação Física (NASCIMENTO, 1999) e, em especial, aos treinadores esportivos
(MARINHO, 2007), devido à necessidade de observar o desempenho dos executantes nas
dimensões físico, técnica, tática e psicológica para auxiliar no planejamento e alcance das
metas propostas. Um estudo com treinadores Portugueses confirma a importância da
avaliação no esporte onde treinadores muito experientes valorizaram significativamente os
conhecimentos sobre os fundamentos do comportamento motor (REZENDE, MESQUITA,
FERNANDEZ, 2007).
Os resultados revelaram que a maioria dos treinadores investigados apresenta elevada
auto-percepção de competência profissional, tanto na avaliação global quanto nas dimensões
conhecimentos e habilidades profissionais. Tais resultados são similares aos encontrados com
professores (NASCIMENTO; GRAÇA, 1998) e treinadores portugueses (SIMÃO, 1998),
bem como de estudantes de Educação Física brasileiros (VIEIRA; VIEIRA; FERNANDES,
2006). Além disso, confirmam as competências exigidas ao treinador de alto rendimento
ressaltadas por Marques (2000), nomeadamente o domínio de habilidades práticas,
conhecimentos científicos, capacidades de reflexão e tomada de decisões.
Apesar de algumas investigações revelarem que os profissionais da área dominam a
habilidade de avaliação (NASCIMENTO, 1998; SIMÃO, 1998), acredita-se que algumas
especificidades do processo de treinamento esportivo, nomeadamente de estabelecer e avaliar
o alcance das metas (BÖHME, 1997; MACHADO; FERNANDES FILHO, 2001), possam
resultar nas dificuldades enfrentadas em estabelecer critérios de êxito bem como de avaliar a
efetividade do trabalho realizado. Destaca-se que a ausência de avaliações periódicas
freqüentemente ocasiona esforços físicos inadequados, os quais podem não encorajar os
indivíduos a participar das atividades programadas (BORIN; PRESTES; MOURA, 2007;
GUEDES; GUEDES, 2006). Em relação à auto-reflexão, treinadores de voleibol brasileiros
investigados consideram a reflexão sobre a prática e sobre o seu desenvolvimento profissional
uma área importante e necessária na formação do treinador, considerando a reflexão como
uma constante construção e reconstrução das situações para alcançar melhores resultados
(MARINHO, 2007).
60
Conclusões
As evidências encontradas confirmam a elevada importância atribuída aos indicadores,
dimensões e avaliação global das competências profissionais de treinadores esportivos. A
maioria dos treinadores investigados acredita também que domina os conhecimentos e as
habilidades necessárias para intervenção profissional nesta área. De modo geral, os
treinadores atribuíram sempre maior importância do que domínio das competências
profissionais.
Além de confirmarem os constructos das dimensões investigadas, os índices de
correlação encontrados auxiliaram na identificação de algumas potencialidades e necessidades
profissionais. Enquanto que os conhecimentos de Teoria e metodologia do treinamento
esportivo e as habilidades de Planejamento e gestão do esporte e de Comunicação e
integração do esporte destacaram-se como potencialidades, os conhecimentos de Biodinâmica
do esporte e Gestão e legislação do esporte e as habilidades de Auto-reflexão a atualização
profissionais no esporte e Avaliação do esporte compreendem algumas necessidades
profissionais que justificam a implementação de ações de formação continuada para melhoria
da intervenção profissional de treinadores esportivos.
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63
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Síntese das conclusões
Diante do exposto e considerando as limitações do estudo, especialmente aquelas
relacionadas à utilização de questionário com dados auto-registrados e com pequena
amplitude de variação das escalas de avaliação adotadas, as seguintes conclusões foram
possíveis de ser formuladas.
As evidências encontradas destacaram a elevada auto-percepção de competência
profissional dos treinadores investigados, tanto na dimensão conhecimentos quanto na
dimensão habilidades profissionais. Ao considerar os ciclos vitais dos treinadores, constatou-
se que os treinadores com idades mais avançadas apresentaram maior domínio dos
conhecimentos profissionais referentes à gestão e legislação do esporte, porém relataram
maiores dificuldades na avaliação do esporte do que os treinadores mais jovens. Os
treinadores mais jovens apresentaram menor domínio na habilidade de auto-reflexão e
atualização no esporte.
O nível de competência percebida dos treinadores parece aumentar de acordo com a
progressão nos ciclos de desenvolvimento profissional, com maior domínio na fase de
diversificação profissional. Os treinadores mais experientes relataram maior domínio de
conhecimentos de gestão e legislação do esporte do que os colegas menos experientes. Por
outro lado, os treinadores que atuam em modalidades esportivas coletivas apresentaram maior
percepção de competência do que os colegas que atuam em modalidades individuais,
principalmente nos conhecimentos profissionais relativos à biodinâmica do esporte e nas
habilidades profissionais de comunicação e integração do esporte.
Os treinadores esportivos catarinenses atribuíram elevada importância às
competências profissionais relacionadas aos conhecimentos de biodinâmica, psico-sócio-
culturais, gestão e legislação e teoria e metodologia do esporte, assim como às habilidades de
planejamento e gestão esportiva, avaliação, comunicação e integração, auto-reflexão e
atualização profissional no esporte.
Ao considerar as variáveis formação acadêmica, ciclos vitais e nível das competições
que os treinadores atuam, constatou-se que os treinadores pós-graduados atribuíram maior
64
importância às competências profissionais do que os treinadores somente graduados,
principalmente nos conhecimentos psico-sócio-culturais do esporte. Enquanto que os
treinadores mais jovens e aqueles que atuam em competições estaduais e nacionais valorizam
os conhecimentos de biodinâmica do esporte, os treinadores com idades mais avançadas (50
anos ou mais) atribuíram menor importância às habilidades de avaliação do esporte do que os
treinadores mais jovens.
Os resultados encontrados enfatizam a elevada importância atribuída aos indicadores,
dimensões e avaliação global das competências profissionais de treinadores esportivos. A
maioria dos treinadores investigados acredita também que domina os conhecimentos e as
habilidades necessárias para intervenção profissional nesta área. De modo geral, os
treinadores atribuíram sempre maior importância do que domínio das competências
profissionais.
Além de demonstrarem os constructos das dimensões investigadas, os índices de
correlação encontrados auxiliaram na identificação de algumas potencialidades e necessidades
profissionais. Enquanto que os conhecimentos de Teoria e metodologia do treinamento
esportivo e as habilidades de Planejamento e gestão do esporte e de Comunicação e
integração do esporte destacaram-se como potencialidades, os conhecimentos de Biodinâmica
do esporte e Gestão e legislação do esporte e as habilidades de Auto-reflexão a atualização
profissionais no esporte e Avaliação do esporte compreendem algumas necessidades
profissionais que justificam a implementação de ações de formação continuada para melhoria
da intervenção profissional de treinadores esportivos.
Recomendações para investigações futuras na área
As investigações futuras nesta área necessitam abordar um maior número de
treinadores esportivos, de diferentes regiões e estados brasileiros, bem como empregar
procedimentos que possibilitem realizar análise quantitativa e qualitativa das competências
profissionais.
A continuidade das investigações é sugerida para aprofundar o fato dos treinadores
esportivos, que desempenham outras funções remuneradas, atribuírem sempre maior
importância às competências profissionais do que os treinadores que se dedicam
exclusivamente ao treinamento esportivo.
65
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relação à sua própria formação. 1998. 215 f. Dissertação (Mestrado) Faculdade de
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72
APÊNDICES
73
APÊNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Campus Universitário Trindade Florianópolis/SC CEP: 88040-900
Fone: (48) 3721-9926 Fax: (48) 3721-9792 e-mail: [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Considerando a Resolução nº. 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde
e as determinações da Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal
de Santa Catarina, gostaríamos de convidá-lo a participar da pesquisa intitulada: “COMPETÊNCIAS
PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS DO ESTADO DE SANTA
CATARINA.
A presente investigação propõe-se a analisar o nível de competência percebida e a importância
atribuída às competências profissionais de treinadores esportivos participantes dos Jogos Abertos de
Santa Catarina. A sua participação nesta pesquisa será através do preenchimento de um questionário,
composto por questões fechadas e abertas.
A sua colaboração será imprescindível para o desenvolvimento desse estudo. Salienta-se que
sua identidade será sigilosamente preservada e que as informações fornecidas serão utilizadas
exclusivamente nesse estudo e para fins do objetivo mencionado acima.
Desde já agradecemos à atenção dispensada e o interesse em participar dessa pesquisa, e
colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos, por meio do endereço eletrônico:
[email protected] ou pelo telefone: (48) 3271-8529 (Laboratório de Pedagogia do Esporte).
___________________________________
Ema Maria Egerland
(Pesquisadora Principal)
Eu, __________________________________________________________________, declaro estar
plenamente esclarecido (a) e concordo voluntariamente em participar da pesquisa intitulada:
““COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DE TREINADORES ESPORTIVOS DO ESTADO DE
SANTA CATARINA..
Assinatura: _______________________________________________ Data: __/ __/ ______
74
APÊNDICE B CARTA DE APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Professor(a)
Este questionário faz parte da pesquisa Competências Profissionais de Treinadores
Esportivos do Estado de Santa Catarina”, que objetiva analisar as potencialidades e necessidades
profissionais dos treinadores das equipes esportivas participantes dos Jogos Abertos de Santa Catarina
de 2008.
Espera-se que esta investigação possa resultar no estabelecimento do perfil das
potencialidades e necessidades profissionais de treinadores esportivos, contribuindo na elaboração de
projetos pedagógicos na formação inicial de bacharéis em Educação Física, bem como auxiliar na
concretização do sistema de certificação profissional e na formação permanente nesta área.
Para tanto, solicitamos que dedique alguns minutos ao preenchimento do questionário.
A fim de conservar o anonimato, por favor, não assine o questionário.
Os dados serão tratados com impessoalidade (anonimato) devida, bem como serão utilizados
apenas para fins de investigação.
Agradecemos desde já a sua participação neste estudo.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
Programa de Pós-Graduação em Educação Física
Campus Universitário - Trindade - Florianópolis/SC - CEP 88040-900
Fone (48) 3721-9926 Fax (48) 3721-9792 [email protected]
75
APÊNDICE C MATRIZ ANALÍTICA
Prezado(a) Professor(a):
Atualmente estamos realizando a avaliação da validade de conteúdo de um instrumento que busca medir o
nível de competência percebida de treinadores esportivos. Este instrumento foi adaptado do questionário
desenvolvido por Rosado et al. (2004) para treinadores portugueses, a partir da tradução para o português
brasileiro e revisão da matriz analítica.
Nesta perspectiva, solicitamos que proceda à análise de conteúdo do instrumento procurando identificar quais
competências (conhecimentos e habilidades) podem ser consideradas representativas dos indicadores das
respectivas dimensões que compõem a matriz de análise. Caso seja necessária a realização de reformulações,
indique as suas sugestões para a melhoria da matriz analítica do instrumento. No espaço em branco, após cada
competência, solicitamos colocar o número de apenas um indicador correspondente da matriz analítica (Por
exemplo: 1.1, 2.3, ...)
Salientamos ainda que a sua contribuição tornou-se imprescindível para a validação deste instrumento de
medida, considerando especialmente sua qualificação e experiência nesta área.
Assim, desde já, agradecemos a sua participação, e colocamos a disposição para qualquer esclarecimento
necessário ([email protected]).
MATRIZ ANALÍTICA
VARIÁVEL: Competências de Treinadores Esportivos
DIMENSÃO 1 Conhecimentos Profissionais de Treinadores Esportivos
Indicador 1.1. Conhecimentos de Gestão e Legislação do Esporte
Conhecimentos sobre gestão e organizações esportivas, administração e coordenação de equipes, bem como
das regras e da legislação que rege o sistema esportivo.
1- Dominar conhecimentos sobre gestão e organização do esporte.
20- Dominar conhecimentos sobre a legislação básica que regulamenta o sistema esportivo.
29- Dominar conhecimentos sobre legislação do “doping” no esporte.
38- Dominar conhecimentos para exercer funções diretivas (gestão) no esporte.
Indicador 1.2. Conhecimentos de Biodinâmica do Esporte
Conhecimentos sobre o ser humano nos aspectos morfológicos, fisiológicos e biomecânicos.
2- Dominar conhecimentos sobre as qualidades físicas dos atletas.
3- Dominar conhecimentos sobre o desenvolvimento motor humano.
10- Dominar conhecimentos sobre biomecânica do esporte.
19- Dominar conhecimentos sobre os efeitos das atividades e/ou exercícios físicos
21- Dominar conhecimentos sobre fisiologia do exercício
28- Dominar conhecimentos sobre a recuperação após o esforço físico.
37- Dominar conhecimentos sobre a alimentação esportiva
UNIVERSIDADE FEDER
AL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
Programa de Pós-Graduação em Educação Física
Campus Universitário - Trindade - Florianópolis/SC - CEP 88040-900
Fone (48) 3721-9926 Fax (48) 3721-9792 [email protected]
76
Indicador 1.3. Conhecimentos Psico-sócio-culturais do Esporte
Conhecimentos filosóficos, antropológicos, sociológicos que enfocam aspectos éticos, culturais, estéticos e
psicológicos da prática esportiva.
11- Dominar conhecimentos que permitem compreender e interpretar o comportamento do
público
22- Dominar conhecimentos que permitem compreender e interpretar o espírito esportivo e
os ideais olímpicos
27- Dominar conhecimentos que permitem conhecer e compreender o papel do esporte na
sociedade atual
31- Dominar conhecimentos de estratégias que promovam o desenvolvimento de atitudes,
valores e comportamentos sociais aceitáveis.
36- Dominar conhecimentos de psicologia do esporte que permitem conhecer o
comportamento humano.
Indicadores 1.4. Conhecimentos de Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo
Conhecimentos de princípios pedagógicos e técnicas de avaliação da intervenção profissional no âmbito
esportivo, de procedimentos e meios utilizados para se conduzir um atleta ao melhor desempenho num período
determinado.
4- Dominar conhecimentos sobre os aspectos técnicos e táticos do esporte.
9- Dominar conhecimentos sobre teoria e metodologia do treino esportivo.
12- Dominar conhecimentos sobre iniciação esportiva.
15- Dominar conhecimentos sobre técnicas de avaliação nos esportes.
18- Dominar conhecimentos sobre programação, planificação e estruturação do treinamento
26- Dominar conhecimentos de princípios pedagógicos para ministrar sessões de
treinamento
35- Dominar conhecimentos sobre os conteúdos técnico-táticos da modalidade que atua
DIMENSÃO 2 Habilidades Profissionais de Treinadores Esportivos
Indicador 2.1. Habilidades de Planejamento e Gestão Esportiva
Habilidades de planejamento das sessões de treinamento, bem como de organização e gestão do esporte.
16- Ser capaz de planejar e executar programas de treinamento esportivo.
17- Ser capaz de selecionar as progressões, os métodos e as estratégias de ensino mais
adequadas
23- Ser capaz de coordenar comissão técnica de equipe esportiva
30- Ser capaz de organizar e planejar a prática de atividades esportivas.
Indicador 2.2. Habilidades Avaliação do Esporte
Habilidades de avaliação do desempenho e nível maturacional dos atletas, bem como dos programas de
treinamento esportivo.
5- Ser capaz de avaliar, de modo objetivo, as diferenças na maturação biológica dos atletas
34- Ser capaz de estabelecer parâmetros e critérios de avaliação do desempenho esportivo
e da sua evolução
39- Ser capaz de avaliar programas de treinamento esportivo
Indicador 2.3. Habilidades de Comunicação e Integração no Esporte
Habilidades de comunicação pessoal e de grupo, de transmissão dos conteúdos, de integração social e de
prestar atendimentos de urgência.
6- Ser capaz de se comunicar com os atletas, individualmente e em grupo
8- Ser capaz de prestar atendimento de primeiros socorros.
14- Ser capaz de promover a integração dos atletas com dificuldades
25-Ser capaz de promover a integração dos atletas provenientes de minorias étnicas.
33- Ser capaz de transmitir, de uma forma lógica, clara e concisa, o conteúdo informativo
77
Indicador 2.4. Habilidades de Auto-reflexão e Atualização Profissional no Esporte
Habilidades de reflexão e de investigação do próprio trabalho, que demonstra o desenvolvimento do espírito de
auto-crítica e atitude de atualização profissional, bem como de auxiliar na formação de treinadores esportivos.
7- Ser capaz de reajustar a atuação profissional em função dos elementos decorrentes de
uma permanente atitude investigativa e de atualização profissional
13- Ser capaz de formular questões para pesquisa.
24- Ser capaz de cooperar na formação de treinadores
32- Ser capaz de analisar necessidades profissionais e conceber programas de formação de
treinadores esportivos.
Competências
Dimensão
1- Dominar conhecimentos sobre gestão e organização do esporte.
1.1
2- Dominar conhecimentos sobre as qualidades físicas dos atletas.
1.2
3- Dominar conhecimentos sobre o desenvolvimento motor humano.
1.2
4- Dominar conhecimentos sobre os aspectos técnicos e táticos do esporte.
1.4
5- Ser capaz de avaliar, de modo objetivo, as diferenças na maturação
biológica dos atletas.
2.2
6- Ser capaz de se comunicar com os atletas, individualmente e em grupo.
2.3
7- Ser capaz de reajustar a atuação profissional em função dos elementos
decorrentes de uma permanente atitude investigativa e de atualização
profissional.
2.4
8- Ser capaz de prestar atendimento de primeiros socorros.
2.3
9- Dominar conhecimentos sobre teoria e metodologia do treino esportivo.
1.4
10- Dominar conhecimentos sobre biomecânica do esporte.
1.2
11- Dominar conhecimentos que permitem compreender e interpretar o
comportamento do público.
1.3
12- Dominar conhecimentos sobre iniciação esportiva.
1.4
13- Ser capaz de formular questões para pesquisa.
2.4
14- Ser capaz de promover a integração dos atletas com dificuldades.
2.3
15- Dominar conhecimentos sobre técnicas de avaliação nos esportes.
1.4
16- Ser capaz de planejar e executar programas de treinamento esportivo.
2.1
17- Ser capaz de selecionar as progressões, os métodos e as estratégias de
ensino mais adequadas.
2.1
18- Dominar conhecimentos sobre programação, planificação e estruturação
do treinamento.
1.4
19- Dominar conhecimentos sobre os efeitos das atividades e/ou exercícios
físicos.
1.2
20- Dominar conhecimentos sobre a legislação básica que regulamenta o
sistema esportivo.
1.1
21- Dominar conhecimentos sobre fisiologia do exercício.
1.2
22- Dominar conhecimentos que permitem compreender e interpretar o
espírito esportivo e os ideais olímpicos.
1.3
23- Ser capaz de coordenar comissão técnica de equipe esportiva
2.1
24- Ser capaz de cooperar na formação de treinadores.
2.4
25-Ser capaz de promover a integração dos atletas provenientes de minorias
étnicas.
2.3
26- Dominar conhecimentos de princípios pedagógicos para ministrar
sessões de treinamento.
1.4
27- Dominar conhecimentos que permitem conhecer e compreender o papel
do esporte na sociedade atual.
1.3
28- Dominar conhecimentos sobre a recuperação após o esforço físico.
1.2
78
29- Dominar conhecimentos sobre legislação do “doping” no esporte.
1.1
30- Ser capaz de organizar e planejar a prática de atividades esportivas.
2.1
31- Dominar conhecimentos de estratégias que promovam o
desenvolvimento de atitudes, valores e comportamentos sociais aceitáveis.
1.3
32- Ser capaz de analisar necessidades profissionais e conceber programas
de formação de treinadores esportivos.
2.4
33-
Ser capaz de transmitir, de uma forma lógica, clara e concisa, o conteúdo
informativo.
2.3
34- Ser capaz de estabelecer parâmetros e critérios de avaliação do
desempenho esportivo e da sua evolução.
2.2
35- Dominar conhecimentos sobre os conteúdos técnico-táticos da
modalidade que atua.
1.4
36- Dominar conhecimentos de psicologia do esporte que permitem
conhecer o comportamento humano.
1.3
37- Dominar conhecimentos sobre a alimentação esportiva.
1.2
38- Dominar conhecimentos para exercer funções diretivas (gestão) no
esporte.
1.1
39- Ser capaz de avaliar programas de treinamento esportivo
2.2
79
APÊNDICE D - INSTRUMENTO DE PESQUISA
QUESTIONÁRIO
1. Dados Gerais
1.1. Modalidade Esportiva que atua: ______________________
1.2. Sexo: ( ) Masc ( ) Fem
1.3. Idade: ____ anos
1.4. Estado Civil: ( )casado ( ) solteiro ( ) outros
1.5. Formação acadêmica: ( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado
1.6. Tempo de atuação profissional como treinador esportivo: ____anos
1.7. Tempo de atuação profissional como treinador na modalidade esportiva: ____anos
1.8. Nível das competições que atua como treinador:
( ) Estadual ( ) Nacional ( ) Internacional
1.9. Tempo de serviço no Município (Fundações Desportivas): _______anos
1.10. Exerce outra função remunerada: ( ) Escola
( ) Clube
( ) Academia
( ) Outros:_________________________
1.11. Tempo de expe riência como atleta na modalidade esportiva: ____anos
80
Prezado(a) Treinador(a):
Estamos realizando uma investigação para avaliar o nível de competência percebida de treinadores esportivos. Para tanto,
a sua participação tornou-se imprescindível no processo de avaliação da reprodutibilidade da escala de competência
percebida (conhecimentos e habilidades profissionais) elaborada especialmente para esta investigação.
Nesta perspectiva, solicitamos alguns minutos do seu tempo disponível para o preenchimento deste instrumento.
A fim de conservar o anonimato, por favor, não assine o questionário.
Desde já, agradecemos a sua participação e colocamos a disposição para qualquer esclarecimento necessário.
Juarez Vieira do Nascimento Ema Maria Egerland
Leia com atenção todas as questões, escolhendo apenas uma alternativa que melhor define sua opinião.
Domino Muito Bem
Domino Bem
Domino Razoavelmente
Domino Pouco
Não Domino
1- Dominar conhecimentos sobre gestão e organização do esporte.
1 2 3 4 5
2- Dominar conhecimentos sobre as qualidades físicas dos atletas.
1 2 3 4 5
3- Dominar conhecimentos sobre o desenvolvimento motor humano.
1 2 3 4 5
4- Dominar conhecimentos sobre os aspectos técnicos e táticos do esporte.
1 2 3 4 5
5- Ser capaz de avaliar, de modo objetivo, as diferenças na maturação biológica
dos atletas.
1 2 3 4 5
6- Ser capaz de se comunicar com os atletas, individualmente e em grupo.
1 2 3 4 5
7- Ser capaz de reajustar a atuação profissional em função dos elementos
decorrentes de uma permanente atitude investigativa e de atualização profissional.
1 2 3 4 5
8- Ser capaz de prestar atendimento de primeiros socorros.
1 2 3 4 5
9- Dominar conhecimentos sobre teoria e metodologia do treino esportivo.
1 2 3 4 5
10- Dominar conhecimentos sobre biomecânica do esporte.
1 2 3 4 5
11- Dominar conhecimentos que permitem compreender e interpretar o
comportamento do público.
1 2 3 4 5
12- Dominar conhecimentos sobre iniciação esportiva.
1 2 3 4 5
13- Ser capaz de formular questões para pesquisa.
1 2 3 4 5
14- Ser capaz de promover a integração dos atletas com dificuldades.
1 2 3 4 5
15- Dominar conhecimentos sobre técnicas de avaliação nos esportes.
1 2 3 4 5
16- Ser capaz de planejar e executar programas de treinamento esportivo.
1 2 3 4 5
17- Ser capaz de selecionar as progressões, os métodos e as estratégias de ensino
mais adequadas.
1 2 3 4 5
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
Programa de Pós-Graduação em Educação Física
Campus Universitário - Trindade - Florianópolis/SC - CEP 88040-900
Fone (48) 3721-9926 Fax (48) 3721-9792 [email protected]
81
Domino Muito Bem
Domino Bem
Domino Razoavelmente
Domino Pouco
Não Domino
18- Dominar conhecimentos sobre programação, planificação e estruturação do
treinamento.
1 2 3 4 5
19- Dominar conhecimentos sobre os efeitos das atividades e/ou exercícios físicos.
1 2 3 4 5
20- Dominar conhecimentos sobre a legislação básica que regulamenta o sistema
esportivo.
1 2 3 4 5
21- Dominar conhecimentos sobre fisiologia do exercício.
1 2 3 4 5
22- Dominar conhecimentos que permitem compreender e interpretar o espírito
esportivo e os ideais olímpicos.
1 2 3 4 5
23- Ser capaz de coordenar comissão técnica de equipe esportiva
1 2 3 4 5
24- Ser capaz de cooperar na formação de treinadores.
1 2 3 4 5
25-Ser capaz de promover a integração dos atletas provenientes de minorias
étnicas.
1 2 3 4 5
26- Dominar conhecimentos de princípios pedagógicos para ministrar sessões de
treinamento.
1 2 3 4 5
27- Dominar conhecimentos que permitem conhecer e compreender o papel do
esporte na sociedade atual.
1 2 3 4 5
28- Dominar conhecimentos sobre a recuperação após o esforço físico.
1 2 3 4 5
29- Dominar conhecimentos sobre legislação do “doping” no esporte.
1 2 3 4 5
30- Ser capaz de organizar e planejar a prática de atividades esportivas.
1 2 3 4 5
31- Dominar conhecimentos de estratégias que promovam o desenvolvimento de
atitudes, valores e comportamentos sociais aceitáveis.
1 2 3 4 5
32- Ser capaz de analisar necessidades profissionais e conceber programas de
formação de treinadores esportivos.
1 2 3 4 5
33- Ser capaz de transmitir, de uma forma lógica, clara e concisa, o conteúdo
informativo.
1 2 3 4 5
34- Ser capaz de estabelecer parâmetros e critérios de avaliação do desempenho
esportivo e da sua evolução.
1 2 3 4 5
35- Dominar conhecimentos sobre os conteúdos técnico-táticos da modalidade que
atua.
1 2 3 4 5
36- Dominar conhecimentos de psicologia do esporte que permitem conhecer o
comportamento humano.
1 2 3 4 5
37- Dominar conhecimentos sobre a alimentação esportiva.
1 2 3 4 5
38- Dominar conhecimentos para exercer funções diretivas (gestão) no esporte.
1 2 3 4 5
39- Ser capaz de avaliar programas de treinamento esportivo
1 2 3 4 5
82
COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS
Importância Muito Grande
Importância Grande
Importância Razoável
Importância Pequena
Nenhuma Importância
1-Conhecimentos sobre as qualidades físicas dos atletas
1
2
3
4
5
2-Conhecimentos sobre os aspectos técnicos e táticos.
1 2 3 4 5
3-Conhecimentos sobre a alimentação esportiva.
1 2 3 4 5
4-Conhecimentos sobre a recuperação após o esforço físico.
1 2 3 4 5
5-Conhecimentos sobre biomecânica do esporte.
1 2 3 4 5
6-Habilidades para prestar atendimento de primeiros socorros.
1 2 3 4 5
7-Conhecimentos sobre programação, planificação e estruturação do treinamento.
1 2 3 4 5
8-Conhecimento para exercer funções diretivas (Gestão).
1 2 3 4 5
9-Conhecimentos sobre teoria e metodologia do treino esportivo.
1 2 3 4 5
10-Conhecimento sobre fisiologia do esforço.
1 2 3 4 5
11-Conhecimentos sobre os efeitos das atividades e/ou exercícios físicos.
1 2 3 4 5
12-Conhecimentos sobre o desenvolvimento motor humano.
1 2 3 4 5
13-Conhecimentos para exercer funções de treinamento.
1 2 3 4 5
14-Conhecimentos sobre iniciação esportiva.
1 2 3 4 5
15-Conhecimentos sobre os conteúdos técnico-táticos da modalidade.
1 2 3 4 5
16-Conhecimentos sobre técnicas de ensino que facilitem o desenvolvimento de
atitudes, valores e comportamentos sociais aceitáveis.
1 2 3 4 5
17-Conhecimento sobre técnicas de avaliação.
1 2 3 4 5
18-Conhecimentos de psicologia do esporte que permitem conhecer o
comportamento humano.
1 2 3 4 5
19-Conhecimentos sobre a legislação básica que regulamenta o sistema esportivo.
1 2 3 4 5
20-Conhecimentos que permitem conhecer e compreender o papel do esporte na
sociedade atual.
1 2 3 4 5
21-Habilidades para avaliar, de modo objetivo, as diferenças na maturação
biológica dos indivíduos.
1 2 3 4 5
22-Habilidades para operacionalizar a transmissão dos conteúdos, selecionando as
progressões, os métodos e as estratégias mais adequadas.
1 2 3 4 5
23-Habilidades para organizar e planejar a prática da atividade esportiva.
1 2 3 4 5
24-Habilidades para transmitir, de uma forma lógica, clara e concisa, o conteúdo
informativo.
1 2 3 4 5
25-Habilidades para promover a integração dos jovens com dificuldades.
1 2 3 4 5
26-Habilidades para promover a integração de jovens provenientes de minoria
étnicas.
1 2 3 4 5
27-Habilidades para reajustar a atuação profissional em função dos elementos
decorrentes de uma permanente atitude investigativa e de atualização profissional.
1 2 3 4 5
83
Importância Muito Grande
Importância Grande
Importância Razoável
Importância Pequena
Nenhuma Importância
28-Habilidades para estabelecer parâmetros e critérios de avaliação do
desempenho motor, aptidão física e da sua evolução.
1 2 3 4 5
29-Habilidades de comunicação pessoal e de grupo.
1 2 3 4 5
30-Habilidades para planejar, executar e avaliar programas de treinamento
esportivo.
1 2 3 4 5
3l-Habilidades para formular questões de pesquisa.
1 2 3 4 5
32-Habilidades para cooperar na formação de treinadores.
1 2 3 4 5
33-Habilidades para analisar necessidades e conceber programas de formação.
1 2 3 4 5
34-Habilidades para coordenar comissão técnica de equipe esportiva.
1 2 3 4 5
35-Conhecimentos sobre gestão e organização do esporte.
1 2 3 4 5
36-Conhecimentos sobre “doping” no esporte.
1 2 3 4 5
37-Conhecimentos que permitem compreender e interpretar o comportamento do
público.
1 2 3 4 5
38-Conhecimentos que permitem compreender e interpretar o espírito esportivo e
os ideais olímpicos.
1 2 3 4 5
39- Ser capaz de avaliar programas de treinamento esportivo
1 2 3 4 5
84
ANEXOS
85
ANEXO APARECER CONSUBSTANCIADO PROJETO Nº337/08
86
ANEXO BCERTIFICADO COMITÊ DE ÉTICA
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