uniões. E aquela é a progressão que naturalmente a realiza
da maneira mais harmoniosa. Pois quando de três números
ou áreas ou sólidos quaisquer, o do meio é tal que o
primeiro é em relação a si mesmo, o que é em relação ao
último, e inversamente, o que o último é em relação ao
médio, o médio sê-lo-á quanto ao primeiro e do último, o
último e o primeiro, o lugar médio; temos necessariamente
que todos os termos tem a mesma função, que todos
desempenham uns em relação aos outros o mesmo papel,
e neste caso, todos formam uma unidade perfeita. Se então
o Corpo do Todo devesse ter sido um plano sem espessura,
uma só mediação bastaria para atribuir-se a unidade e dá-la
aos termos que a acompanham. Mas, com efeito, convinha
que esse corpo fosse sólido, e, para harmonizar os sólidos,
uma só mediação nunca bastaria: é necessário sempre
duas. Assim Deus colocou o ar e a água no meio, entre o
fogo e a terra, e dispôs esses elementos uns relacionados
aos outros, tanto quanto seria possível numa mesma
relação, de tal modo que o fogo é para o ar, o ar foi para a
água, e o que o ar é para a água, a água o foi para a terra.
Por esses procedimentos e com a ajuda desses corpos
assim definidos em número de quatro, foi engendrado o
Corpo do Cosmos. Por sua proporção, e por essas
condições, é tão completo que, reunindo num único todo,
pôde nascer indissolúvel por qualquer outra potência que
não a que o uniu. [...]
E assim o compôs, antes para que o todo fosse tanto
quanto possível uma Alma perfeita, formada de partes
perfeitas e, para que fosse única, nada restando de que
pudesse nascer outra alma da mesma essência, e, enfim,
para que fosse isento de velhice e doença. Pois ele bem
sabia que num corpo composto, as substâncias quentes e
frias e, de maneira geral, todas as que possuem
propriedades energéticas, quando rodeiam esse composto
por fora e o fazem demasiadamente, o dissolvem, aí
introduzindo as doenças e a velhice, fazendo-o assim
perecer. Eis por que causas e segundo que lógica Deus
conformou esse Todo único, com o auxílio absoluto de
todos os Todos, tornando-o perfeito e inacessível à velhice
e às doenças.
É muito interessante observar como Platão descreve no Timeu (s/ d:
91-92), a dinâmica cognitiva da Alma do Mundo em relação aos dados
perceptivos e inteligíveis numa verdadeira teoria da relação Alma-Corpo e que
vale a pena ser reproduzida textualmente para melhor apreciação do leitor:
A Alma é então formada da natureza do Mesmo,
da natureza do Outro e da terceira substância. E composta
da mistura dessas três realidades, move-se por si só em
círculo, girando sobre si mesma. E na medida que entra em
contato com um objeto que possua uma substância divisível
ou com um objeto cuja substância seja indivisível, ela
proclama, movendo-se, por todo o seu ser próprio, a cuja
substância ele é idêntico e da qual ele difere. Mas difere, e
relativamente a que, sob que relação, de que maneira e em
que circunstâncias ele se remete às coisas que devem ter
em suas relações mútuas uma ou outra dessas
determinações ou modalidades, bem como suas relações