perfis diferentes de uma mesma mulher, vistos por diferentes olhares que para
Merleau-Ponty (2006) acrescentam informações na percepção e no conhecimento
sobre a mulher em movimento, e não constroem análises substitutivas, ou seja, não é
o menos, a substituição, e, sim, o mais, o “e”: é a mulher percebida de cima, e de
baixo, e de costas, e de frente, e sua relação com os objetos, e com o mundo. Nossas
observações imagéticas são do corpo em movimento. A biomecânica é, portanto,
fundamental em nossa pesquisa, mas é sua forma poética de nos atravessar que nos
intriga.
É o corpo que nos personifica e nos torna presentes no mundo. É o
responsável por nos conectar com o mesmo. Apesar do limite físico de nossos
corpos, da nossa própria pele, ele é o nosso elo de comunicação com o meio
sociocultural, conceito reforçado por Castilho e Martins (2005:87):
“Padrões de comportamentos, traços da cultura, diálogos sócio-históricos
são aspectos que podem ser reconhecidos nos corpos, cuja realidade se
funde no caráter comunicacional dos seres humanos.”
Manifestações culturais de transformação corporal e suas vestimentas
existem por intermédio dos rituais de beleza, da demonstração de coragem das mais
diversas tribos primitivas, na utilização de tatuagens, escarificações, e, até mesmo,
nas deformações de determinadas partes do corpo.
Os costumes, através da vestimenta, marcaram épocas, como a estética
chinesa, anteriormente exemplificada pelos pés de lótus. Impuseram padrões
estéticos nas questões relativas ao vestuário: proporções, cores, formas, materiais,
como no comprimento da barra da saia lápis, a 42cm do chão, considerado ideal por
Balenciaga; ou da silhueta de ampulheta proposta por Dior em 1947, que marcaram
as décadas de 1940 e 1950, sucessivamente. Assim como os modismos
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e suas
imposições de padrões estéticos, o corpo também impôs padrões.
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Modismos ou tendências de moda são mecanismos de simulação e imposição de padrões estéticos,
entendidos como modelos (cores, proporções, formas, estampas, volumes, maquiagens, etc.),
encontrados como denominadores comuns de uma determinada estação, difundidos pelos desfiles de
moda, indústria têxtil, mídia e atitudes comportamentais. (Lipovetsky 1989; Mesquita, 2004; Jones,
2005; D’Almeida, 2007, dentre outros). Por exemplo, para o verão 2009, as franjas e babados
puderam ser consideradas tendências estéticas por estarem presentes nos desfiles de diversos
designers de moda: Jil Sander, Martin Margiela, Alexander McQueen, Reinaldo Lourenço, Chanel,
Gloria Coelho, Alexandre Herchcovitch, dentre outros.