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título precário, ou até mesmo quando as mudanças sociais na sala tiveram o seu início; pelo
contrário, foi nesse momento que ele saiu em busca de soluções e respostas, participando de
congressos, cursos de especialização, com o objetivo de melhorar cada vez mais a
qualidade de suas aulas, tornando-as atrativas para seus alunos, pois entendia que essa era
uma das maneiras eficazes de combater a indisciplina e o desinteresse pela Matemática.
No meio dessas reflexões, podemos indagar: quais são as motivações que fizeram
com que esse professor, hoje com 40 anos de magistério, ainda mantenha acesos o gosto e o
entusiasmo pela atividade docente?
Em 1996, eu fiz um curso de especialização na PUC-Campinas. Foi muito
bom! Foi um curso excelente. Eu não fiz com o objetivo de dar aulas em
faculdade, foi pelo conhecimento mesmo. Eu queria muito conhecer o
outro lado da Matemática, a Matemática contextualizada, interessante,
bonita, e isto foi ficando cada vez mais empolgante. [...] Eu nunca parei
de estudar. Na minha profissão nenhum dia é igual ao anterior; todos os
dias eu me sinto desafiado, não tanto pelos alunos, mas no intuito de
buscar uma Matemática mais agradável ao jovem, eu tenho pesquisado
muito, tenho feito cursos, agora por último eu fiz um curso de verão na
USP sobre História da Matemática. [...] Estou escrevendo um livro sobre
Pitágoras; já escrevi um livro para o Ensino Fundamental que foi
aprovado pelo MEC. Eu não parei em momento algum; ainda me sinto em
plenas condições de produzir alguma coisa nova, continuo lutando pela
minha profissão, e agora surgiu uma nova oportunidade, o Ensino
Superior, uma faculdade aqui de Jundiaí, abriu um processo seletivo, fui
aprovado e talvez seja mais uma meta que eu tenha que cumprir, eu
acredito que minha profissão para mim é mais uma missão. Isto porque
em vários momentos de minha vida eu percebi e ainda percebo que a
Matemática serve como um canal de transmissão de outros
conhecimentos. Para o aluno, o professor é um espelho e, embora com
todo este massacre, que o professor vem sofrendo por parte da mídia e
dos dirigentes da educação, a figura do professor representa muito para
o aluno. Já houve dias em que só consegui ensinar alguma coisa de
Matemática depois de conversar com os alunos outros assuntos
relacionados com sua vida diária; normalmente valores humanos como
respeito, ética entre outros.[...] Uma coisa que mantém aceso o
entusiasmo com a sala de aula, e com o magistério, é o fato de encarar o
meu trabalho em alguns momentos como missão, não que com isto eu
tenha que ganhar mal, ser humilhado, e sujeitar-me a determinadas
situações de desprestígio, mas o caráter de missão está relacionado com
o fato de procurar fazer o meu trabalho da melhor forma possível; eu não
tenho reconhecimento da escola, diretores, coordenadores; eu tenho
reconhecimento dos meus alunos e é por eles que eu procuro fazer o meu
trabalho da melhor forma possível. É muito gratificante você saber que o
seu trabalho contribuiu, de alguma forma, para o sucesso do seu aluno,
como pessoa, como profissional. Este é o maior troféu do professor.
(Ariovaldo)